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UNIVERSIDADE PORTUCALENSE INFANTE D. HENRIQUE. SEMINÁRIO DO MESTRADO EM FINANÇAS, DIA 25/11/2008. ORADOR: Prof. Doutor Vasco Jorge Salazar Soares INSOLVÊNCIA DO SECTOR BANCÁRIO, MERCADO IMOBILIÁRIO E CICLO TECNOLÓGICO: O PASSADO E O FUTURO.

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UNIVERSIDADE PORTUCALENSE INFANTE D. HENRIQUE.

SEMINÁRIO DO MESTRADO EM FINANÇAS, DIA 25/11/2008.

ORADOR: Prof. Doutor Vasco Jorge Salazar Soares

INSOLVÊNCIA DO SECTOR BANCÁRIO, MERCADO IMOBILIÁRIO E CICLO TECNOLÓGICO: O PASSADO E O

FUTURO.

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INSOLVÊNCIA DO SECTOR BANCÁRIO, MERCADO IMOBILIÁRIO E CICLO TECNOLÓGICO: O PASSADO E O FUTURO.

• ÍNDICE.• 1. Introdução.

• 2 – A Evolução do Mercado Imobiliário e da Economia no último século e a ligação ao sector bancário.Mercado dos EUA entre 1890 e 2004.

• 3 – Desvalorização do Mercado Residencial Norte-Americano nos últimos 12 meses ( última actualização: 11/4/2008).

• 4 – O Efeito Contágio entre EUA e resto do Mundo.

• 5 – Consequências da Crise do Sub-Prime.

• 6 . O Passado: A explicação dos ciclos tecnológicos.

• 7. Conclusões.

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INSOLVÊNCIA DO SECTOR BANCÁRIO, MERCADO IMOBILIÁRIO E CICLO TECNOLÓGICO: O PASSADO E O FUTURO.

1. Introdução.

Esta apresentação visa mostrar que a recente crise do sub-prime é consequência do esgotamento do ciclo tecnológico que terá ocorrido entre 2001 e 2006.

A intervenção do Estado apenas possibilitou que a correcção não se iniciasse no ano 2000, agravando no entanto o problema de sobreavaliação do mercado imobiliário.

Devido ao facto da última inovação ter permitido uma efectiva globalização em tempo real das economias, as consequências são imediatamente transmitidas a nível global.

Olhamos para o passado, nomeadamente para o que ocorreu nos tecnológicos ao longo dos últimos 400 anos para explicar como as bolsas têm sido importantes na expansão e término dos ciclos de inovação e no movimento exuberante e altamente especulativo que caracteriza a fase final de cada ciclo.

Esperamos que a presente apresentação desperte nos seus leitores para uma melhor compreensão do fenómeno bolsista e da sua ligação ao ciclo da inovação.

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2 – A Evolução do Mercado Imobiliário e da Economia no último século e a ligação ao sector bancário.

Mercado dos EUA entre 1890 e 2004

-Shiller mostra que a evolução ajustada pela inflação doos preços das casas nos Estados

Unidos cresceu 0,4% ao ano entre 1890 e 2004, 0,7% ao ano entre 1940 e 2004

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2– A Evolução do Mercado Imobiliário e da Economia no último século e a ligação ao sector bancário.

Mercado dos EUA entre 1890 e 2004

• Alguns comentários:• As bolhas especulativas só podem ser definitivamente identificadas depois de uma correcção dos

mercados, a qual começou em 2005-2006.

• O então presidente da FED, Alan Greenspan disse “we had a bubble in housing" e também referiu no início da onda da crise do subprime em 2007"I really didn't get it until very late in 2005 and 2006." A crise do crédito hipotecário surgiu pelo facto de um número muito elevado de proprietários de casas ser incapaz de pagar a hipoteca, uma vez terminado o período introdutório de pagamento com uma baixa taxa de juros, à medida que as hipotecas voltaram a ter as taxas de juro regulares.

• Freddie Mac CEO Richard Syron concluiu, "We had a bubble", e concordou com o aviso do economista de Yake, Robert Shiller's, referindo que os preços das casas estavam sobreavaliados e que uma correcção desse valor poderia demorar anos com triliões de USD de valor das casas a serem perdidos.

• Só em 2008, o Governo dos Estados Unidos alocou cerca de 900 billiões de USD para socorrer o sistema financeiro norte-americano, com quase metade desse valor a ser aplicado nas quase instituições governamentais da Fannie Mae, Freddie Mac, e da Federal Housing Administration.

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3 – Desvalorização do Mercado Residencial Norte-Americano nos últimos 12 meses ( última actualização: 11/4/2008)

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4 – O Efeito Contágio entre EUA e resto do Mundo.

• Os investidores hoje são globais, pelo que se perdem valor em activos num mercado importante como o norte-americano isso vai-se reflectir globalmente nas carteiras dos investidores em todo o mundo e nos mercados imobiliários locais também, afectando o mercado bancário, dependendo da situação da bolha imobiliária.

• Veja a evolução de alguns indicesBolsistas:

• Nasdaq, Dow Jones e PSI-20 de 1995 a 2008.

90120150180210240270300330360390420450480510540570600630660690720750780810840870900930960990

102010501080111011401170

Percent

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 200816/11/1993 12/11/2008

PSI 20

DOW JON

NASDAQ

PSI 20DOW JONES 30NASDAQ 100

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4 – O Efeito Contágio entre EUA e resto do Mundo.

• Veja a evolução de alguns indicesBolsistas:

• Dow Jones-30, PSI-20,IBEX25; Dax30 e Shangai Índex de 1995 a 2008. .

30.0

45.0

60.0

75.0

90.0

105.0

120.0

135.0

150.0

165.0

180.0

195.0

210.0

225.0

240.0

255.0

270.0

285.0

300.0

315.0

330.0

345.0

360.0

375.0

390.0

405.0

420.0

435.0

450.0

465.0

480.0

495.0

Percent

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 200816/11/1993 12/11/2008

PSI 20

DAX 30

IBEX 35

DOW JON

SHANGAI

PSI 20DAX 30IBEX 35DOW JONES 30SHANGAI COMPOSI

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5 – Consequência da Crise do Sub-Prime:

• Bancos estavam muito expostos ao Mercado imobiliário e as garantias (valor das casas) não asseguram o valor do crédito. Como os bancos têm baixa autonomia isso é sinal de fortes dificuldades de liquidez e problemas de sobrevivência….A correcção dos preços do mercado imobiliário é estrutural….

• Falta de liquidez e confiança entre bancos gera menor liquidez, ou seja, menor capacidade de empréstimos. Isto vai ainda deteriorar mais a capacidade de financiamento de empresas e famílias.

• O Estado, depois de esgotar a capacidade de intervenção vai ter de passar para a política orçamental, aumentando os gastos públicos e fazendo subir os défices orçamentais, desejavelmente a curto prazo para impulsionar as economias.

• Denota-se um esgotamento do ciclo de crescimento baseado no transístor (1947) que permitiu a “revolução do conhecimento”, nomeadamente todo o desenvolvimento dos meios de comunicação, informática e internet, ao mesmo tempo que as energias fósseis dão sinais de não poder alimentar um novo ciclo de crescimento económico….urge revolucionar os combustíveis do futuro e desenvolver inovação para que desta surjam uma ou várias tecnologias que permitam um novo ciclo de crescimento futuro.

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6 . O PASSADO: A explicação dos ciclos tecnológicos.

• Quatro séculos de altas e baixas das bolsas

• Entre euforia e depressão, a bolsa faz e desfaz fortunas colossais há 400 anos.

• MERCANTILISTMO

• No século XV, surgiu a Bolsa da Antuérpia, na Bélgica, a primeira bolsa estabelecida num lugar definido.

• Dentro ela, eram realizadas transacções com títulos e mercadorias. No início dos anos de 1600, foram formadas as primeiras sociedades anónimas. Eram empresas divididas em pequenos pedaços negociáveis. A primeira delas foi a Companhia Holandesa das Índias Orientais, formada em 1602.

• Por volta do ano de 1637, ocorreu o primeiro crash – quebra - do mercado de capitais: o rompimento da bolha da “tulipomania”. Os preços excessivamente inflacionados de bolbos das flores tulipas -que poderiam valer fortunas - foram de repente à falência.

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6 . O PASSADO: A explicação dos ciclos tecnológicos.

• Quatro séculos de altas e baixas das bolsas

• Entre euforia e depressão, a bolsa faz e desfaz fortunas colossais há 400 anos.

• "Tulipomania" e primeiras vertigens

• Rapidamente é desencadeada a primeira crise da história, a crise "das tulipas". Na Holanda, a flor tinha chegado a um nível de popularidade tal que os bolbos das tulipas eram cotados em bolsa a preços estratosféricos. Certos comerciantes começaram a vender os bolbos das flores antes de plantar, o que lembra a crise actual.

• Resultado: em 1637 explode a primeira bolha especulativa que provoca a bancarrota de centenas de pessoas.

• Nessa época, entre os séculos 17 e 18, surgiram numerosas empresas sérias que financiavam projectos ambiciosos graças à emissão de acções. Outras são criadas por simples escroques como a Sociedade para Transformar Chumbo em Prata.

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6 . O PASSADO: A explicação dos ciclos tecnológicos.

• Quatro séculos de altas e baixas das bolsas

• Entre euforia e depressão, a bolsa faz e desfaz fortunas colossais há 400 anos.

• "A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

• No século 19, o sistema bolsista entra na "puberdade". A revolução industrial, a colonização, as grandes infra-estruturas, em particular a área ferroviária, absorve enormes capitais que só podem ser conseguidos nas bolsas de valores.

• Esse desenvolvimento fulgurante do capitalismo provoca excessos. O banco “Overend” é um exemplo. Em 1865, essa instituição inglesa de crédito é transformada em sociedade anónima. Deixa, portanto, de depender da fortuna familiar que a havia criado – e que visivelmente refreava as especulações –e passa a fazer investimentos de alto risco que provocam sua falência no ano seguinte, desencadeando a primeira "sexta-feira negra" da história da bolsa de Londres.

• Mas o século 19 também tem sucessos industriais enormes, como testemunham as acções de companhias como Siemens ou Standart Oil Company, propriedade de John Davison Rockfeller.

• A CRISE DE 1929 – O TERMO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

• http://www.videosift.com/video/The-1929-Stock-Market-Crash-News-Footage

• O mais famoso crash da história ocorreu em Outubro de 1929. Depois de uma série de declínios no início de Outubro, o Mercado mergulhou dramaticamente no dia 24 de Outubro. Esta queda foi seguida da segunda-feira negra e pela terça-feira negra em 28 e 29 de Outubro do mesmo ano.

• No final da semana terminada a 3 de Setembro de 1929, o índice DowJones Industrial que inicialmente cotava a 377 pontos., caiu para os 228 pontos, uma queda de 39,5%.

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6 . O PASSADO: A explicação dos ciclos tecnológicos.

Quatro séculos de altas e baixas das bolsas

Entre euforia e depressão, a bolsa faz e desfaz fortunas colossais há 400 anos.

O crash de 1929 – O TERMO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

O gráfico do Dow Jones entre 1890 e 2008 (apresentado do lado direito) evidencia o movimento de correcção forte em 1929, da qual sóviria a recuperar para níveis identicos no final da década de 50 do século XX.

45.2

54.7

66.2

80.1

97.0

117

142

171

207

251

304

368

445

539

652

789

955

1156

1399

1692

2048

2478

2999

3628

4390

5313

6428

7778

9412

11388

13780

Pontos

0.623

1.61

4.19

10.8

28.2

73.2

189

492

1277

3313

DolaresX 1M

19141918192219261930193419381942194619501954195819621966197019741978198219861990199419982002200615/10/1909 21/11/2008

DOW JONES 30

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6 . O PASSADO: A explicação dos ciclos tecnológicos.• CICLO TECNOLÓGICO, CRESCIMENTO, ESPECULAÇÃO E DEPRESSÃO:

• Ao longo da história humana, com particular incidência nos últimos 4 séculos, o ciclo longo tecnológico tem sido caracterizado por:

• 1º - Inovação gera um determinado invento ou conjunto de inventos que potenciam a transformação do modelo de sociedade.

• 2º - Rapidamente as aplicações desses inventos são aproveitadas pelos mais empreendedores que enriquecem exponencialmente ao aproveitar esses inventos.

• 3º - Existe um desenvolvimento da tecnologia da inovação permitindo melhores performances e mais crescimento económico.

• 4º - O crescimento económico acelerado cria uma acumulação de riqueza sem precedentes no período e isso gera uma onda de exuberância e de hábitos de consumo excessivos.

• 5º - A acumulação de capital é aplicada em novos desenvolvimentos da inovação que parecem gerar expectativas infinitas ou quase de rendimentos futuros para os investidores. Devido ao avançado ciclo da utilização da inovação o risco é mais elevado para os investidores que não o percepcionam e desprezam.

• 6º - Os preços dos activos financeiros e dos imóveis sobem a níveis sem precedentes, sendo que os valores dos imóveis sobem mais na fase final do ciclo, quando as acções já não potenciam especulação tão forte.

• 7º - O tempo vem mostrar que as avaliações dos negócios e dos imóveis são incompatíveis com a realidade e existe então a correcção entre a economia financeira e a economia real.

• 8º - O Estado intervém apoiando o desenvolvimento da inovação, depois de perceber que os interesses económicos pela inovação anterior começam a ter os dias contados e que é necessário gerar inovação mais depressa que permita que um(ns) novo(s) invento(s) possibilitem o reinício do processo.

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6 . O PASSADO: A explicação dos ciclos tecnológicos.MERCANTILISMO

• 1º - Inovações na área dos instrumentos de apoio à navegação e na área da construção naval, potenciam a possibilidade de comunicação via marítima, expandindo as possibilidades de desenvolvimento do comércio.

• 2º - Rapidamente as inovações são aplicadas no desejo de expansão marítima portuguesa, aparecendo a burguesia mercantil.

• 3º - Novos continentes são descobertos e o potencial de riqueza existente dinamiza o comércio e a manufactura europeia, alavancando de forma exponencial o crescimento económico.

• 4º - O crescimento económico acelerado cria uma acumulação de riqueza sem precedentes no período e isso gera uma onda de exuberância e de hábitos de consumo excessivos.

• 5º - A acumulação de capital é aplicada em novos desenvolvimentos da inovação que parecem gerar expectativas infinitas ou quase de rendimentos futuros para os investidores, nomeadamente através da constituição das primeiras sociedades anónimas (Companhia das Índias Orientais em 1602), bem como, o desenvolvimento do mercado bolsista de tulipas na Holanda.

• 6º - Os preços dos activos financeiros (acções e das tulipas) sobem a níveis sem precedentes, sendo que os valores das tulipas atingem valores inimagináveis.

• 7º - O tempo vem mostrar que as avaliações dos negócios e dos imóveis são incompatíveis com a realidade e existe então a correcção entre a economia financeira e a economia real (crash no mercado das tulipas em 1637).

• 8º - O Estado intervém apoiando o desenvolvimento da inovação, depois de perceber que os interesses económicos pela inovação anterior começam a ter os dias contados e que é necessário gerar inovação mais depressa que permita que um(ns) novo(s) invento(s) possibilitem o reinício do processo. É o aparecimento do iluminismo no século XVIII que possibilita a geração de mais inovação no Reino Unido que vai possibilitar uma nova onda de inventos que gerará o ciclo tecnológico seguinte.

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6 . O PASSADO: A explicação dos ciclos tecnológicos.REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

• 1º - Inovação gera o motor de explosão e o carvão numa primeira fase, e o petróleo numa segunda fase, vão dinamizar a indústria ferroviária e a automóvel, ao mesmo tempo que a invenção da energia eléctrica permite o desenvolvimento da General Eletric, a mais antiga empresa cotada que se mantém no índice Dow Jones, criado há mais de um século.

• 2º - Rapidamente as aplicações desses inventos são aproveitadas pelos mais empreendedores da indústria automóvel, ferroviária, marítima e eléctrica, gerando um nível de riqueza sem precedentes, uma vez que a produção passa a ser realizada em massa e não a nível artesanal.

• 3º - Existe um desenvolvimento da tecnologia da inovação do motor de explosão, passando a utilizar derivados do petróleo em vez do carvão, facto que permite a dinamização da indústria automóvel, permitindo melhores performances e mais crescimento económico.

• 4º - O crescimento económico acelerado cria uma acumulação de riqueza sem precedentes no período e isso gera uma onda de exuberância e de hábitos de consumo excessivos. O Titanic e a tragédia que se seguiu, é um sinal claro da ostentação e luxo que fazia parte da vivência da época.

• 5º - A acumulação de capital é aplicada em novos desenvolvimentos da inovação que parecem gerar expectativas infinitas ou quase de rendimentos futuros para os investidores, nomeadamente no forte desenvolvimento da indústria automóvel e componentes. Devido ao avançado ciclo da utilização da inovação o risco é mais elevado para os investidores que não o percepcionam e desprezam.

• 6º - Os preços dos activos financeiros e dos imóveis sobem a níveis sem precedentes, sendo que os valores dos imóveis sobem mais na fase final do ciclo, quando as acções já não potenciam especulação tão forte.

• 7º - O tempo vem mostrar que as avaliações dos negócios e dos imóveis são incompatíveis com a realidade e existe então a correcção entre a economia financeira e a economia real. Dá-se o crash de 1929.

• 8º - O Estado e as empresas mais robustas intervêm apoiando o desenvolvimento da inovação, depois de perceber que os interesses económicos pela inovação anterior começam a ter os dias contados e que énecessário gerar inovação mais depressa que permita que um(ns) novo(s) invento(s) possibilitem o reinício do processo. É o que acontece com a AT&T (empresa de telecomunicações) que desenvolve no seu seio, uma nova inovação que vai possibilitar a sociedade da informação.

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6 . O PASSADO: A explicação dos ciclos tecnológicos.REVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO/GLOBALIZAÇÃO

• 1º - A Inovação gerada pela invenção do transístor, em 1947 (AT&T), vai permitir um forte crescimento económico e o desenvolvimento de novas tecnologias, nomeadamente na vertente da televisão e meios de comunicação (telefone) que potenciam a transformação do modelo de sociedade.

• 2º - Rapidamente as aplicações desses inventos são aproveitadas pelos mais empreendedores que enriquecem exponencialmente ao aproveitar esses inventos no desenvolvimento da indústria televisiva, radiofónica, cinematográfica,etc.

• 3º - Existe um desenvolvimento da tecnologia da inovação, passando o transístor para a área do desenvolvimento da área informática, permitindo melhores performances e mais crescimento económico. A informática expande-se a nível global com o desenvolvimento paralelo da indústria de software, a partir dos anos 70, tornando banal a utilização de computadores pelas empresas e pelas pessoas.

• 4º - O crescimento económico acelerado cria uma acumulação de riqueza sem precedentes no período e isso gera uma onda de exuberância e de hábitos de consumo excessivos. Ao mesmo tempo surge a internet, como um sistema que permite ligar os computadores em rede a nível mundial.

• 5º - A acumulação de capital é aplicada em massa na Internet que parece gerar expectativas infinitas, ou quase, de rendimentos futuros para os investidores. Devido ao avançado ciclo da utilização da inovação o risco é mais elevado para os investidores que não o percepcionam e desprezam. É a fase da globalização no seu auge com a livre circulação de capitais e bens que permite gerar mais negócios de forma mais rápida.

• 6º - Os preços dos activos financeiros e dos imóveis sobem a níveis sem precedentes, sendo que os valores dos imóveis sobem mais na fase final do ciclo, quando as acções já não potenciam especulação tão forte. Nomeadamente após a correcção do crash do Nasdaq de 2000. A especulação imobiliária acentua-se na fase final.

• 7º - O tempo vem mostrar que as avaliações dos imóveis são incompatíveis com a realidade e existe então a correcção entre a economia financeira e a economia real. Dá-se aqui a crise do “sub-prime” e os bancos, sobreexpostos ao sector habitacional, não conseguem recuperar o capital emprestado com a venda dos imóveis dos insolventes, gerando-se a correcção dos preços do mercado imobiliário que arrastam muitos bancos para a situação de pré-falência.

• 8º - Os Estados, numa época de globalização, intervêm, apoiando a manutenção do sistema financeiro (nos EUA será um Trilião de USD . Assiste-se ao esgotamento do modelo do ciclo energético do petróleo e a economia procura desesperadamente energia barata e novas inovações que permitam maior processamento de dados.

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7. conclusões.• 1º - A inovação é a fonte de crescimento económico de longo prazo.•• 2º - A inovação permite forte crescimento e acumulação de capital, abrindo novas

oportunidades de acumulação de capital e riqueza.

• 3º - A especulação exagera nas estimativas de crescimento na fase final e gera um valor de avaliação desfasado do que irá ocorrer.

• 4º - As pessoas vivem acima das possibilidades dentro do ambiente especulativo geral e quando se dá a correcção do mercado bolsista (crash), assistimos a uma correcção do mercado imobiliário. Este movimento gera a depressão.

• 5º - Só uma nova inovação possibilita novas perspectivas de maior criação de riqueza e novos investimentos em massa. O Estado tem aqui um papel fulcral no incentivo à geração da inovação, através do apoio público.

• 6º - A natureza humana não muda, facto que explica que nos últimos 400 anos o processo se tenha repetido sempre que se gera e esgota o ciclo da inovação.