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i INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE DEFICIÊNCIAS EM PLATAFORMAS FPSO OPERANDO NO PRÉ-SAL BRASILEIRO André Luis Rodrigues Barros da Silva Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes Rio de Janeiro Dezembro de 2017

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INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE

DEFICIÊNCIAS EM PLATAFORMAS FPSO OPERANDO

NO PRÉ-SAL BRASILEIRO

André Luis Rodrigues Barros da Silva

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Naval e Oceânica, Escola

Politécnica, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro Naval e Oceânico.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Rio de Janeiro

Dezembro de 2017

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INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE

DEFICIÊNCIAS EM PLATAFORMAS FPSO OPERANDO

NO PRÉ-SAL BRASILEIRO

André Luis Rodrigues Barros da Silva

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO NAVAL E OCEÂNICO.

Examinado por:

Orientadora: Prof.ª Marta Cecilia Tapia Reyes, D.Sc.

Prof. Julio Cesar Ramalho Cyrino, D.Sc.

Prof. Severino Fonseca da Silva Neto, D.Sc.

Eng. Isaias Quaresma Masetti, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

DEZEMBRO DE 2017

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da Silva, André Luis Rodrigues Barros

Inspeções Offshore: Análise de histórico de

deficiências em Plataformas FPSO operando no Pré-Sal

brasileiro/ André Luis Rodrigues Barros da Silva - Rio de

Janeiro: UFRJ/ ESCOLA POLITÉCNICA, 2017

X, 80 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Projeto de Graduação - UFRJ/ POLI/ Engenharia

Naval e Oceânica, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 54-55.

1. Inspeção 2. Vistoria 3. Offshore 4. FPSO 5. Pré-sal

I. Tapia Reyes, Marta Cecilia. II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia Naval e Oceânica. III.

Inspeções Offshore: Análise de histórico de deficiências

em Plataformas FPSO operando no Pré-Sal brasileiro.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço à minha família, a base de tudo que já fui, sou e ainda serei.

Obrigado pela educação, pelo carinho e amor incondicional, nos momentos bons e ruins. À minha

mãe Ana Paula, meu pai Antonio, meus irmão João Pedro e Ana Beatriz, minhas avós Joseli

(Rainha) e Maria. Ao meu falecido avô Abel, jamais será esquecido. O caráter do homem que se

forma hoje é soma da influência de todos vocês e eu os amo por isso. Vocês são meu espelho e

minha maior fonte de inspiração.

Agradeço à professora Marta pela orientação neste trabalho. Suas aulas magníficas de TSO II e III

me ajudaram a resgatar a paixão pela Engenharia Naval. Obrigado pela didática, pela ética e

profissionalismo em sala de aula. Obrigado pela dedicação e acompanhamento do meu projeto

final. Obrigado pelas visitas técnicas organizadas ao longo da minha estadia nesta universidade.

Obrigado pela indicação no estágio.

Agradeço aos colegas de trabalho, que me receberam muito bem e continuam a me passar lições

valiosíssimas. Sou grato pela amizade e orientação de vocês. Osvaldo, Rodrigo, Fernando,

Carolina, Luiz, Francesco, André e Emerson, muito obrigado.

Agradeço a todos os amigos que dividiram esses últimos anos comigo, tanto os da UFRJ quanto

os da Tijuca. A presença de vocês melhorou todos os momentos bons e amenizou todos os

momentos ruins. Ao Yuri, Pará, Nic, Fran, Adele, Sambaquy, Bruno/Hugo, Alan, Dantas,

Laurinha, Sâm, Thais, Charles, Otto, Daniboy, Marcelão, Lual, entre tantos outros que deixaram

suas marcas. Obrigado por compartilharem todas essas experiências comigo.

Por fim, agradeço à minha musa Clara. Está por perto há menos tempo que os demais, mas vai

ganhar um parágrafo inteiro dedicado ela. Sou muito grato pelo seu companheirismo, apoio

mútuo, inspiração. Como eu tenho sorte de te ter por perto! Você me trouxe a estabilidade

emocional e o foco que me faltaram ao longo de tanto tempo. Obrigado pela paciência,

persistência e comprometimento em me fazer uma pessoa melhor. Obrigado pela tranquilidade e

pela paz que você transmite, pelo porto seguro que você representa. Você é um exemplo de ser

humano! Obrigado por dividir e contruir sua vida comigo. Juntos ainda vamos muito mais longe.

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v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

Inspeções Offshore: Análise de histórico de deficiências em

Plataformas FPSO operando no Pré-Sal brasileiro

André Luis Rodrigues Barros da Silva

Dezembro/2017

Orientadora: Marta Cecília Tapia Reyes

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

O trabalho consiste na análise do histórico de deficiências de Sociedade Classificadora,

Administração de Bandeira e Autoridade Costeira Local de uma frota de cinco (05)

plataformas FPSO operando na Bacia de Santos, região do Pré-Sal brasileiro,

identificando pontos de atenção de acordo com tendências sugeridas pelos dados e

propondo medidas para reduzir a emissão de novas ocorrências.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Naval and Ocean Engineer.

Offshore Inspections: Analysis of deficiencies history in FPSO

Platforms operating in Brazil’s pre-salt

André Luis Rodrigues Barros da Silva

December/2017

Advisor: Marta Cecilia Tapia Reyes

Graduation: Naval and Ocean Engineering

This paper consists in analyzing the deficiencies history records of Classification Society,

Flag Administration and Local Coast Authority of a fleet composed by five (05) FPSO

platforms operating in Santos Basin, pre-salt region offshore Brazil, identifying attention

points according to the trends suggested by the data and proposing measures to reduce the

issuance of more deficiencies.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1

1.1 Descrição das Atividades e Objetivo do Trabalho ............................................................ 3

2 AS PLATAFORMAS FPSO E SUAS PRINCIPAIS TECNOLOGIAS .................................................... 5

2.1 Conversão ......................................................................................................................... 5

2.2 Sistemas de Ancoragem ................................................................................................... 8

2.2.1 Spread Mooring ...................................................................................................... 11

2.2.2 Single Point Mooring .............................................................................................. 14

2.3 Risers e Umbilicais .......................................................................................................... 17

2.4 Planta de Processamento (Topside) ............................................................................... 19

2.5 Tanques de Armazenamento.......................................................................................... 22

2.6 Sistemas de Offloading ................................................................................................... 23

3 CONTEXTO REGULAMENTÁRIO APLICADO A UNIDADES FPSO .............................................. 26

3.1 Administração do Estado de Bandeira ........................................................................... 30

3.2 Autoridade Costeira Local............................................................................................... 32

3.3 Sociedade Classificadora ................................................................................................ 35

4 ESTUDO DE CASO .................................................................................................................... 39

4.1 Metodologia e Tratamento de Dados ............................................................................ 40

4.2 Resultados Obtidos ......................................................................................................... 42

4.3 Interpretação dos Resultados ......................................................................................... 48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO ................................................................................. 52

6 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 54

7 ANEXOS ................................................................................................................................... 56

7.1 ANEXO I – Tratamento das deficiências referentes a Bandeira ..................................... 57

7.2 ANEXO II – Tratamento das deficiências referentes a Marinha ..................................... 60

7.3 ANEXO III – Tratamento das deficiências referentes à Classificadora ............................ 65

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Reservatórios do Pré-sal brasileiro ................................................................................ 1

Figura 1.2 - Evolução das lâminas d'água de exploração de petróleo no Brasil ............................... 2

Figura 2.1 - Conversão da proa para receber estrutura de ancoragem single point........................ 7

Figura 2.2 - Linha em catenária (A) x Linha em taut leg (B) ............................................................. 8

Figura 2.3 - Exemplo de arranjo de uma linha de ancoragem .......................................................... 9

Figura 2.4 - Detalhe do acoplamento entre amarra e cabo de poliéster ......................................... 9

Figura 2.5 - Exemplo de interação ancoragem-risers ..................................................................... 10

Figura 2.6 - Esquema de ancoragem em Spread Mooring ............................................................. 11

Figura 2.7 - Esquema evidenciando funcionamento do chain stopper .......................................... 12

Figura 2.8 - Mecanismo do fairlead ................................................................................................ 13

Figura 2.9 - Conjunto de fairleads, chain stoppers, chain jack e paiol de amarras (sobre trilhos) 14

Figura 2.10 - Esquema de ancoragem em Single Point Mooring .................................................... 15

Figura 2.11 - FPSO com turret externo ........................................................................................... 16

Figura 2.12 - FPSO com turret interno ............................................................................................ 16

Figura 2.13 - Riser e suas tecnologias ............................................................................................. 17

Figura 2.14 - Umbilical e suas tecnologias ...................................................................................... 17

Figura 2.15 - Riser Balcony no costado de um FPSO (em conversão, sem risers conectados) ....... 18

Figura 2.16 - Risers acoplados a sistema de turret ......................................................................... 19

Figura 2.17 - Módulo sobre pancake sustentado por picadeiros do tipo stools ............................ 20

Figura 2.18 - Separação primária de água-óleo-gás ....................................................................... 20

Figura 2.19 - Fluxograma de processamento da produção no topside .......................................... 21

Figura 2.20 - Limpeza de tanque em andamento ........................................................................... 22

Figura 2.21 - Transferência de óleo entre FPSO e aliviador ........................................................... 23

Figura 2.22 - Sistema de acoplamento pela proa de um navio aliviador ....................................... 24

Figura 2.23 - Hawser tracionado durante operação de offloading ................................................ 24

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Figura 2.24 - Mangotes de offloading (direita) e hawser (esquerda) armazenados em FPSO ....... 25

Figura 3.1 - Semelhanças nos logotipos da ONU e IMO ................................................................. 27

Figura 3.2 - Esquema simplificado da organização entre agentes regulamentários ...................... 28

Figura 3.3 - Linha do Tempo ........................................................................................................... 29

Figura 3.4 - Exemplo de relatos de deficiências de Bandeira ......................................................... 31

Figura 3.5 - Maiores frotas em Arqueação Bruta de Estados de Bandeira (2012) ......................... 32

Figura 3.6 - Exemplo de relatos de deficiências no Relatório de Perícia Técnica ........................... 34

Figura 3.7 - Datas e janelas de Vistorias de Classe ......................................................................... 37

Figura 3.8 - Exemplo de relato (fictício) de uma Condição de Classe ............................................. 37

Figura 3.9 - Interface do site de uma classificadora ....................................................................... 38

Figura 4.1 - Resumo das unidades estudadas ................................................................................ 39

Figura 4.2 - Informações de Construção e Conversão das unidades .............................................. 40

Figura 4.3 - Exemplo fictício e adaptado da classificação de deficiências quanto a família .......... 42

Figura 4.4 – Tabela contendo quantidade de deficiências emitidas nos relatórios ....................... 42

Figura 4.5 - Tabela contendo quantidade de deficiências levantadas por família – Bandeira ....... 43

Figura 4.6 - Gráfico contendo proporção de deficiências por família – Bandeira .......................... 43

Figura 4.7 - Tabela contendo quantidade de deficiências levantadas por família – Marinha ....... 44

Figura 4.8 - Gráfico contendo proporção de deficiências por família – Marinha........................... 44

Figura 4.9 - Tabela contendo quantidade de deficiências levantadas por família – Classificadora ........................................................................................................................................................ 45

Figura 4.10 - Gráfico contendo proporção de deficiências por família – Classificadora ................ 45

Figura 4.11 - Tabela contendo quantidade de deficiências levantadas por família – Todas as Autoridades .................................................................................................................................... 46

Figura 4.12 - Gráfico contendo proporção de deficiências por família – Todas as Autoridades .... 46

Figura 4.13 – Histograma contendo deficiências separadas por unidade – Todas as Autoridades ........................................................................................................................................................ 47

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TERMOS TÉCNICOS, ABREVIAÇÕES E DEFINIÇÕES

Termo Definição

UEP Unidade Estacionária de Produção

FPSO Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Descarga

VLCC Very Large Crude Carrier

ULCC Ultra Large Crude Carrier

CG Centro de Gravidade

Heave(*) Movimento de translação de uma embarcação pelo eixo vertical do CG

Surge(*) Movimento de translação de uma embarcação pelo eixo longitudinal do CG

Sway(*) Movimento de translação de uma embarcação pelo eixo transversal do CG

Yaw (*) Movimento de rotação de uma embarcação em torno do eixo vertical do CG

Roll(*) Movimento de rotação de uma embarcação em torno do eixo longitudinal do CG

Pitch (*) Movimento de rotação de uma embarcação em torno do eixo transversal do CG

Metocean Estudo meteorológico-oceanográfico de determinada região

Pancake Plataforma suspensa sobre convés na qual se instalam equipamentos

Pull-In Operação de instalação de elementos subsea na plataforma, geralmente risers

Flare Torre de queima de elementos químicos descartados da produção

(*) Consultar Figura abaixo para melhor identificação.

Graus de liberdade de uma embarcação

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1 INTRODUÇÃO

O petróleo é responsável por grande parte da geração de energia mundial. Sua exploração ainda

em terra começou no século XIX, popularizando-se a partir da Segunda Revolução Industrial. À

medida que reservas submarinas foram sendo descobertas, a indústria petrolífera e as tecnologias

as acompanharam pelos mares. No Brasil, a PETROBRAS já vem explorando suas reservas

desde antes dos anos 70. Entretanto, nos últimos anos ocorreu um grande aumento na produção

de petróleo na costa brasileira, principalmente após a descoberta de jazidas na região do Pré-sal,

região abaixo da camada de sal da crosta terrestre.

O conjunto de campos petrolíferos do Pré-sal situa-se a profundidades que variam de 1.000 a

2.000 metros de lâmina d'água e entre 4.000 e 6.000 metros de profundidade no subsolo. A

profundidade total, ou seja, a distância entre a superfície do mar e os reservatórios de petróleo

abaixo da camada de sal, pode chegar a 8.000 metros. A extensão do Pré-sal ocupa uma faixa de

aproximadamente 800 quilômetros de comprimento ao longo do litoral brasileiro, chegando a até

300 quilômetros de distância da costa. A área estende-se do norte da Bacia de Campos ao sul da

Bacia de Santos e desde o Alto Vitória (Espírito Santo) até o Alto de Florianópolis (Santa

Catarina).

Figura 1.1 - Reservatórios do Pré-sal brasileiro

Antes mesmo da descoberta do Pré-sal, a exploração de petróleo já vinha acontecendo em

profundidades cada vez maiores na costa brasileira. Nos anos 70, a lâmina d’agua de exploração

no Brasil atingia até aproximadamente 130 metros, ao passo que em 2009 na Bacia de Santos já

se explorava óleo a mais de 2000 m de profundidade.

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Figura 1.2 - Evolução das lâminas d'água de exploração de petróleo no Brasil

Com o aumento da produção do Pré-sal nos últimos anos, muitas UEPs têm entrado em

operação. No entanto, maiores lâminas d’água significam maiores desafios tanto para engenharia

quanto para operação das UEPs, uma vez que pedem tecnologias mais avançadas e caras. A

presença de ácido sulfídrico e gás carbônico na composição do óleo típico dos poços do Pré-sal

brasileiro aparece como um agravante para reduzir a viabilidade econômica dos projetos. Ainda,

a exportação do óleo produzido também se torna uma questão relevante, visto que a instalação

de dutos submarinos para este fim torna-se mais cara com o aumento da profundidade.

Dessa forma, plataformas do tipo FPSO são preferidas em detrimento a outras soluções

conhecidas para exploração de óleo em alto mar, como semi-submersíveis, SPARs e TLPs, por

possuírem grande capacidade de armazenamento da produção in situ. A exportação do óleo

estocado pode então ser feita através de navios aliviadores, dispensando assim os oleodutos.

Dados o alto valor agregado e riscos envolvidos na exploração de óleo no ambiente offshore,

estamos interessados em avaliar o desempenho das unidades FPSO ao longo de sua vida útil.

Devemos nos atentar, portanto, ao contexto regulamentário que rege sua construção e operação,

entendendo os padrões segurança e qualidade a que esse tipo de plataforma está submetido. A

IMO é o órgão internacional responsável por emitir os códigos e convenções aplicáveis aos mais

diversos tipos de embarcação existente, incluindo FPSOs. Os países envolvidos na administração

e operação das embarcações fazem cumprir tais leis a partir de suas autoridades marítimas. Há

ainda o envolvimento da Sociedade Classificadora como agente não governamental

independente, com vasta experiência agregada e regras particulares sobre como gerenciar as

plataformas, visando a segurança da vida, da propriedade e do meio ambiente.

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3

1.1 Descrição das Atividades e Objetivo do Trabalho

Introduzida a temática, faremos uma breve descrição do conteúdo que se segue nos próximos

capítulos deste trabalho.

O conteúdo do capítulo 2 consiste em uma dissertação sobre as principais características e

peculiaridades relativas a plataformas do tipo FPSO, abordando de forma geral as tecnologias e

arranjos de Engenharia Naval que podem ser encontrados, com foco nas restrições impostas pelo

contexto do Pré-sal brasileiro. Optou-se por prosseguir dessa forma para garantir ao leitor certa

familiarização com os termos que serão abordados nos capítulos subsequentes. Os pontos

visitados são a conversão do casco, o sistema de ancoragem e sua instalação, os arranjos de

risers e umbilicais ao serem conectados ao casco, a planta de processamento e seus sistemas

principais para tratamento do óleo, os tanques de armazenamento e os sistemas de exportação da

produção. Eles são colocados na ordem de tal forma a seguir o caminho percorrido pelo óleo em

suas instalações, sendo antes abordadas as atividades realizadas previamente ao início da

produção.

O conteúdo do capítulo 3 consiste inicialmente em uma breve aula sobre a história da navegação,

expondo o contexto que se deu para o surgimento das Sociedades Classificadoras e dos órgãos

internacionais regulamentadores, que trabalham até hoje para garantir a segurança da vida, da

propriedade e do meio ambiente. Em seguida, são apresentadas as autoridades governamentais

envolvidas na fiscalização do cumprimento dos códigos e convenções internacionais, ditos

estatutários, durante a vida útil do navio. Estas autoridades marítimas nacionais são vinculadas

aos países que assinam tais códigos e convenções internacionais. São elas a Administração do

Estado de Bandeira e a Autoridade Costeira Local. A primeira é escolhida pelo armador de

acordo com o Estado onde quer registrar sua embarcação. A segunda é imposta ao armador de

acordo com o local onde se pretende operar a embarcação. São apresentados os escopos

pertinentes a cada autoridade e a forma como elas se relacionam com o armador e se organizam

quanto à forma de trabalhar e reportar deficiências. Este capítulo desenvolve-se de forma a

considerar o cenário do Pré-sal brasileiro, portanto a Marinha do Brasil é diretamente

referenciada como Autoridade Costeira Local, ao passo que é deixado de forma geral qualquer

explicação referente a Administração do Estado de Bandeira. Em seguida, é resgatado o contexto

em que se inclui a Sociedade Classificadora, explicando seu papel e seu caráter técnico. São

apresentados os escopos das vistorias mais relevantes realizadas por este agente, junto da forma

como se relaciona com o armador e se organizam quanto à forma de trabalhar e reportar

deficiências. Para as três entidades, considerou-se apenas o escopo das vistorias aplicáveis a

plataformas FPSO.

O conteúdo do capítulo 4 consiste em um estudo dos relatórios de inspeção, perícia técnica e

vistoria das autoridades apresentadas no capítulo anterior, aplicando-se aos dados tratamento

tanto de qualitativo quanto quantitativo. Inicialmente são apresentadas cinco plataformas e suas

características mais relevantes para o estudo, definindo o universo ao qual estamos nos

restringindo. Em seguida explica-se a metodologia empregada para demonstrar ao leitor como os

dados serão tratados e transmitir clareza suficiente para atingir o melhor e mais fácil

entendimento possível. Os resultados obtidos são apresentados na forma de tabelas, gráficos e

histograma, para em seguida serem analisados e interpretados de acordo com as peculiaridades

de cada autoridade e plataforma estudada. Desse modo, tendências e pontos de atenção podem

ser levantados, abrindo margem para que hipóteses possam ser levantadas.

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O conteúdo do capítulo 5 consiste em recomendações técnicas baseadas nos pontos de atenção

levantados e tendências identificadas a partir dos resultados do estudo do capítulo anterior. São

sugestões endereçadas tanto ao armador quanto às autoridades visando atingir melhoras no

desempenho da operação e das vistorias, no que diz respeito a segurança da vida humana,

integridade da plataforma e preservação do meio ambiente. Ainda, para o caso de uma hipótese

levantada a partir da análise dos resultados, estudos futuros são propostos para maior

aprofundamento na questão e avaliação da validade de tal hipótese. Feitas as recomendações,

sugestões e propostas, o trabalho é concluído.

Bibliografia e anexos são apresentados nos capítulos posteriores. O anexo contém o tratamento

dos dados aplicado no estudo apresentado no capítulo 4.

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5

2 AS PLATAFORMAS FPSO E SUAS PRINCIPAIS TECNOLOGIAS

Algumas das características mais marcantes de UEPs (Unidade Estacionária de Produção) do

tipo FPSO são denunciadas imediatamente ao analisarmos a própria sigla: “Floating Production

Storage Offloading”.

Em português traduz-se como unidade flutuante de produção, armazenamento e descarga/alívio.

Ou seja, diferente das outras soluções conhecidas para exploração offshore, o FPSO tem a

capacidade de armazenar grandes volumes de óleo produzido. Isso lhe garante enorme vantagem

em localidades remotas onde não existe malha de oleodutos para exportação e escoamento do

óleo, que é o caso do Pré-sal brasileiro e explica o porquê desse tipo de tecnologia ser

amplamente empregado na região. Ainda, possui sistema de alívio para efetuar a transferência

segura do óleo armazenado para outro casco (navio aliviador, se retornarmos ao exemplo do Pré-

sal. Será abordado adiante mais a fundo no capítulo). Por praticidade, a partir de agora o termo

offloading será usado para se referir ao alívio de carga do FPSO.

Fisicamente, podemos descrever, de forma simplificada e preliminar, que um FPSO consiste

num casco típico de navio – geralmente petroleiro VLCC ou ULCC – que recebe em seu convés

principal uma grande planta de processamento de óleo, conhecida como topside. Parece uma

disposição atraente se nos atentarmos que petroleiros já são operados desde o final do século

XIX [1] (ou seja, muita experiência já foi adquirida ao longo dos anos até os dias atuais) e fazem

uso de tecnologias consolidadas para garantir excelência operacional, tais como bombas

suficientemente potentes para movimentação de fluidos viscosos, separador água e óleo, tanques

dedicados a sedimentação e decantação da carga, sistemas de gás inerte, entre outros.

Características hidrodinâmicas e de estabilidade para petroleiros também já são disciplinas

conhecidas de longa data, portanto diversos procedimentos marítimos já estão mapeados e bem

estabelecidos para manutenção segura desses elementos.

Na presente etapa deste trabalho é interessante descrever as peculiaridades do FPSO,

apresentando-o com enfoque na embarcação e nas tecnologias mais relevantes do ponto de vista

da Engenharia Naval, visando passar ao leitor maior intimidade com a plataforma para um

melhor entendimento dos capítulos subsequentes. Os tópicos a seguir seguem a ordem

cronológica do processo de instalação e operação da UEP, acompanhando o caminho do óleo

pelos sistemas até sua descarga.

2.1 Conversão

Como mencionado anteriormente, FPSOs geralmente possuem casco de petroleiro para

armazenar óleo produzido. Historicamente, os armadores ao redor do mundo voltaram sua

atenção para a conversão de petroleiros já existentes, pois o custo das obras e o tempo de entrega

são menores (18 a 36 meses) do que seriam para uma construção completamente nova [2].

Atualmente, a Ásia concentra o maior pólo de conversão de FPSOs, abrigando estaleiros

especializados no serviço em países como China, Cingapura e Coréia do Sul. No entanto,

podemos verificar um crescimento no número de FPSOs provenientes de nova construção ao

longo dos anos. [3]

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6

As obras de conversão têm como objetivo transformar um petroleiro navegante, geralmente

velho e em final de vida útil, em uma unidade estacionária que deverá operar ininterruptamente

pelos próximos 20 ou 30 anos. Ao docar o navio para conversão, uma vistoria completa é

realizada para avaliar a estrutura e os equipamentos, promovendo-se os testes e medições

necessários. Cálculos estruturais, hidrodinâmicos e de estabilidade são efetuados levando em

consideração o novo escopo de operação a ser garantido à embarcação. O plano de carregamento

da embarcação costuma ser alterado devido às novas condições que serão aplicadas e,

consequentemente, o arranjo de tanques também sofre alteração.

Uma vez aprovado o projeto da nova estrutura baseado nesses cálculos de engenharia, o navio

passa por um intenso tratamento/troca de chapas, recebendo nova pintura com tinta especial ao

longo de todo seu casco. Os tanques também são pintados internamente e recebem reforços

estruturais no fundo, costado e teto. O costado pode receber uma bolina – elemento de

amortecimento para movimentos de roll – e uma série de anodos de sacrifício para amenizar a

corrosão. Equipamentos devem ser trocados se forem reprovados nas vistorias, mas podem

também ser substituídos a desejo do armador, ainda que estejam em bom funcionamento, como é

feito pela PETROBRAS, que em suas conversões aproveita apenas o casco, descartando os

elementos antigos e instalando tudo novo. O convés é reforçado para receber alguns elementos

fundamentais para a operação do navio (serão abordados nas próximas seções do capítulo), tais

como:

Balcão de risers e seu sistema de pull-in (operação de instalação);

Módulos da Planta de Processamento (incluindo flare);

Elementos do sistema de offloading;

Elementos do sistema de ancoragem;

Helideque; entre outros.

Em casos onde o FPSO será ancorado a partir de um sistema em single point, a proa é

completamente removida e em seu lugar entram estruturas que vão se conectar ao elemento de

revolução (protuberância de sustentação do turret ou yoke). Esse tópico será melhor explicado

ainda neste capítulo na seção 2.2, referente a Sistemas de Ancoragem. A Figura 2.1 mostra um

navio cuja proa foi removida durante a conversão.

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Figura 2.1 - Conversão da proa para receber estrutura de ancoragem single point

São descomissionados diversos elementos que não são relevantes para operação da plataforma

como unidade estacionária, nos quais se incluem os motores principais, eixos principais, hélices

e todo o sistema de movimentação do leme, sendo ainda este último travado na posição “reta”

(direção longitudinal) para evitar influências durante as manobras de instalação ou reboque. Para

casos onde o FPSO será transportado até o país de operação através de propulsão própria, o

conjunto motor-eixo-hélice-leme é mantido operacional até a chegada em algum estaleiro local,

onde é descomissionado na fase de ajustes finais. Ainda que desativados, esses elementos

costumam ser mantidos a bordo da embarcação, pois, além do alto custo extra que existiria para

removê-los, seu considerável peso concentra-se à ré atuando como “lastro” fixo e ajudando a

compensar o trim negativo gerado pelo peso da planta de processamento.

No contexto brasileiro, os FPSOs que chegam do exterior costumam fundear-se em algum

estaleiro para receber os ajustes finais, cumprindo com a lei de conteúdo mínimo local. O escopo

dos ajustes pode consistir na instalação de alguns módulos restantes da planta de processamento,

revisão ou completa remoção e troca das acomodações para atender algum requisito específico

de projeto, revisão da instalação de equipamentos críticos, preparações para os procedimentos de

instalação da plataforma, entre outros. Costuma-se receber diversas inspeções durante essa fase

final, tanto técnicas quanto regulatórias.

Para FPSOs construídos do zero (novas construções), as diretrizes são as mesmas dos que

passam por conversão, pois os mesmos sistemas e elementos devem ser instalados e os mesmos

reforços devem ser aplicados. A maior diferença é a dispensa de reparos e modificações, pois o

projeto será trabalhado por inteiro desde o conceito inicial até a execução final. No presente

trabalho, mencionamos as novas construções somente para indicar que existem soluções

diferentes da conversão, pois o foco do estudo consiste na análise apenas de FPSOs convertidos.

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2.2 Sistemas de Ancoragem

Recuperando o termo “UEP”, relembramos que a letra “E” significa “Estacionária”, ou seja,

aquilo que se mantém no mesmo lugar. Portanto, a ancoragem de uma UEP é necessária por

definição, já que a mesma deve permanecer sobre determinada área durante toda sua vida útil,

superando todas as cargas ambientais (onda, vento e corrente) atuantes durante o domínio do

tempo.

As chamadas linhas de ancoragem são os elementos físicos que ligam o casco ao leito marinho,

acoplando sua extremidade inferior a uma âncora. No presente trabalho, falaremos apenas de

linhas dispostas em taut leg, não abordando as catenárias a fundo. Optamos por essa abordagem

pois as unidades estudadas são todas ancoradas em taut leg. No entanto é importante saber que

as catenárias têm geralmente grandes comprimentos e formam raios de ancoragem maiores.

Num arranjo em taut leg, as linhas de ancoragem são retesadas, permitindo menores raios de

ancoragem em comparação à catenária, como pode ser visto na Figura 2.2. Para maiores

informações sobre linhas em catenária, recomenda-se a leitura da Referência [4].

Figura 2.2 - Linha em catenária (A) x Linha em taut leg (B)

Dependendo dos parâmetros de projeto, uma linha pode ser composta por diversos elementos,

sendo que para unidades em taut leg ela geralmente é composta por um conjunto intercalado de

amarras (segmentos de corrente de aço) e cabos de poliéster. Este último possui maior

flexibilidade axial e menor peso por unidade de comprimento do que a primeira, enquanto

ambos possuem a mesma carga de ruptura nominal. Desse modo pode-se reduzir o peso das

linhas de ancoragem sem modificar os limites de tração do sistema, o que se mostra uma grande

vantagem no Pré-sal visto que a exploração deste envolve grandes lâminas d’água (o peso da

linha aumenta com a profundidade devido a seu maior comprimento). Quando há mais de uma

seção de poliéster no conjunto, a amarra intermediária entre dois poliésteres é chamada amarra

espaçadora. Ao passo que a profundidade aumenta, aumenta-se também a quantidade de

componentes de amarras separadoras e cabos de poliéster no arranjo da linha.

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Figura 2.3 - Exemplo de arranjo de uma linha de ancoragem

Figura 2.4 - Detalhe do acoplamento entre amarra e cabo de poliéster

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A ancoragem de uma UEP está intrinsecamente ligada ao conjunto de risers conectados à

unidade. Esses equipamentos serão melhor abordados na próxima seção, mas a essa altura do

texto é importante saber apenas que eles também se conectam ao leito marinho e são cruciais

para a operação, além de possuírem valor agregado muito alto. O arranjo de ancoragem deve

sempre se dar de modo a preservar a integridade dos risers ao minimizar o efeito das cargas

ambientais, isto é, evitando que as tensões geradas – principalmente – pela movimentação da

unidade sejam transmitidas aos risers de forma crítica. Desse modo, a ancoragem é projetada

com a intenção de limitar a amplitude dos movimentos da UEP no plano da linha d’água

(conhecido como “passeio” da embarcação), recebendo a tensão antes que esta possa ser

transmitida aos risers. Com o aumento da profundidade e maior severidade das condições

ambientais, os projetos de ancoragem tendem a apresentar um número maior de linhas.

A Figura 2.5 mostra um exemplo de arranjo de ancoragem de uma UEP. É possível perceber que

as linhas de ancoragem (amarelas) ficam tracionadas para permitir que as linhas de risers

(multicoloridas, ao centro) percebam o mínimo possível dos movimentos da UEP, mantendo-se

em sua posição padrão de operação. Fazendo um breve exercício, supondo que haja uma carga

ambiental resultante atuando na plataforma deslocando-a para leste, o conjunto de linhas irá

responder de modo a gerar uma resultante a oeste, opositiva e restauradora.

Figura 2.5 - Exemplo de interação ancoragem-risers

Existem diversos tipos de âncoras e arranjos diferentes dos elementos submersos, mas que não

serão abordadas nesse trabalho. Nossa proposta é mais ligada às tecnologias relacionadas aos

FPSOs e menos aos arranjos e inúmeras possibilidades existentes no mundo da engenharia de

ancoragem e subsea. Entretanto, é válido mencionar que a maioria dos FPSOs instalados no Pré-

sal faz uso de âncoras do tipo estaca torpedo. Elas são utilizadas pois, além de sua capacidade de

resistir a forças horizontais, possuem também resistência vertical, fundamental para viabilizar o

arranjo em taut leg. Por apresentar linhas retesadas, o arranjo acaba gerando componentes de

forças verticais atuando na âncora, que precisam ser vencidas para que ela não tenda a se

desenterrar.

A seguir, discutiremos sobre a extremidade emersa da ancoragem e seus arranjos mais comuns

nas plantas dos FPSOs.

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2.2.1 Spread Mooring

Spread Mooring, do inglês, ancoragem espalhada ou em pontos múltiplos. Consiste em distribuir

as linhas de amarração em vários pontos diferentes do FPSO. Geralmente são usadas estações de

ancoragem, localizadas nos extremos de ré e vante do casco e em ambos os bordos, sendo eles

Proa-Bombordo, Proa-Boreste, Popa-Bombordo, Popa-Boreste, como ilustrado na Figura 2.6. As

linhas se distribuem em grupos, tendo a quantidade de componentes por grupo definida por

parâmetros de projeto.

Figura 2.6 - Esquema de ancoragem em Spread Mooring

Uma característica marcante da maioria dos arranjos em spread mooring é que travam o FPSO

em aproamento fixo. O ângulo de aproamento fixo é definido ainda na etapa de projeto, onde se

faz uso de bancos de dados de estudos meteorológicos e oceanográficos (metocean) da região

onde irá operar para identificar as ondas mais críticas (decenária, centenária, milenar; a depender

do critério adotado) para análise de resistência estrutural, e a onda de maior frequência (anual),

para análise de fadiga. A plataforma é então alinhada com a onda de forma que a viga-navio

possa trabalhar integralmente, aproveitando toda a extensão de sua estrutura para resistir e

superar as cargas ambientais máxima e mais frequente recebidas.

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No entanto, existem outras soluções que utilizam o arranjo em spread mooring sem

necessariamente fixar seu aproamento, como é o caso do DICAS (Differentiated Compliance

Anchoring System - Sistema de Ancoragem com Complacência Diferenciada), desenvolvido pela

PETROBRAS [16]. Consiste em dimensionar rigidez diferente para as linhas de ancoragem da

proa e da popa, garantindo ainda alguma complacência rotacional de acordo com as cargas

ambientais predominantes.

A conexão da amarra superior com o casco é feita através de um dispositivo conhecido como

chain stopper, instalado geralmente no convés principal. Ele consiste num sistema mordente que

permite que os elos da amarra corram axialmente em uma direção, mas sejam travados ao tentar

se deslocar na direção oposta à permitida. Para cada linha de ancoragem existe um chain stopper

para travá-la. A Figura 2.7 apresenta o dispositivo e ilustra o travamento mencionado.

Figura 2.7 - Esquema evidenciando funcionamento do chain stopper

Entretanto, os chain stoppers tradicionais só conseguem receber uma amarra que vem

verticalmente de baixo para cima, ao passo que esta tende a variar o ângulo de contato devido

aos movimentos relativos da unidade. Conectar diretamente a ancoragem no chain stopper

geraria esforços não axiais que sobrecarregariam o dispositivo, a amarra e a estrutura do convés,

comprometendo a integridade local e aumentando o risco de rompimento.1

Para solucionar esse problema, fairleads são instalados ainda na fase de conversão do FPSO para

direcionar cada amarra paralelamente ao seu costado, isto é, de forma adequada para o

acoplamento com cada devido chain stopper. Esses sistemas, pelos quais as amarras

provenientes do fundo passam, consistem em roletes articulados tanto horizontal quanto

verticalmente, o que garante a flexibilidade necessária no ponto de contato para responder bem

aos movimentos relativos da unidade. A Figura 2.8 ilustra o mecanismo e o contato com a

amarra.

1 Existem soluções de chain stopper que têm flexibilidade angular atuando junto a um sistema de rótulas, podendo

se acoplar a amarras não verticais, mas estes ainda são pouco difundidos devido a maior demanda por manutenção.

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Figura 2.8 - Mecanismo do fairlead

Para içar e tracionar amarras, geralmente um grande macaco hidráulico vertical é instalado em

cada estação de ancoragem do FPSO. Este elemento, conhecido como chain jack, deve ser capaz

de tracionar grandes cargas axiais até que cada amarra atinja a tração especificada no projeto,

medida através de células de carga instaladas em cada chain stopper. Ao passo que o macaco

traciona as linhas, elo por elo, um sistema de calhas direcionadoras despeja as amarra de

instalação num contêiner de armazenamento, conhecido como paiol de amarras.

Cada chain jack dispõe-se sobre um sistema de trilhos que o permite se deslocar horizontalmente

ao longo da fileira de amarras em cada estação de ancoragem. Desta forma, cada macaco

consegue efetuar a operação de determinado número de linhas, evitando que fosse necessário um

macaco exclusivo para cada linha, o que acarretaria em um custo exorbitante de imobilização de

equipamentos para o armador.

A Figura 2.9 ilustra de maneira didática todos os sistemas mencionados até o momento,

peculiares à ancoragem em spread mooring.

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Figura 2.9 - Conjunto de fairleads, chain stoppers, chain jack e paiol de amarras (sobre trilhos)

2.2.2 Single Point Mooring

Single Point Mooring, do inglês, ancoragem em ponto único. Consiste em concentrar todas as

linhas de ancoragem em determinada região, sendo esta restringida ao corpo de um equipamento

ao qual o FPSO se conecta podendo rotacionar 360 graus em torno dele devido à existência de

rótulas e mancais de rolamento em sua composição. A Figura 2.10 ilustra a disposição das linhas

nesse tipo de ancoragem. Por ser muito pequena em comparação às dimensões do navio, a área

onde as linhas se concentram é considerada como sendo um ponto único.

Apesar de não haver unidades com esse tipo de ancoragem no estudo apresentado no trabalho,

julgamos importante mencioná-la devido aos inúmeros impactos que a utilização desse sistema

pode gerar em questões de arranjo e carregamentos do FPSO. Ainda, caso futuros estudos que

contemplem unidades em single point mooring sejam realizados, este texto poderá ser usado

como base ou referência.

Ao contrário do spread mooring, a característica positiva mais importante de ancoragens em

single point é a complacência com as cargas ambientais, garantida a partir da adição de um eixo

de rotação extra pelo equipamento. Nessa alternativa, é permitido ao navio mudar seu

aproamento de acordo com a combinação ambiental reinante na região, isto é, o navio sempre se

aproará na direção da força resultante ambiental, pois no plano da linha d’água o somatório dos

momentos em relação ao eixo rotacional é igual à zero. Essa maior flexibilidade rotacional

permite ainda que haja uma redução considerável do número de linhas de ancoragem em

comparação com o sistema de aproamento fixo [4].

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Figura 2.10 - Esquema de ancoragem em Single Point Mooring

Existem algumas concepções diferentes para o elemento rotacional, estando entre elas os

sistemas CALM (Catenary Anchor Leg Mooring) e SALM (Single Anchor Leg Mooring)

contectados ao navio por estrutura treliçada yoke. Essas soluções, no entanto, são pouco

difundidas no cenário brasileiro, direcionando o foco deste trabalho ao sistema de turret.

O turret é o equipamento que serve como ponto fixo de revolução do FPSO. Ele recebe

radialmente em suas extremidades os grupos de linhas de ancoragem, enquanto no centro

conectam-se os risers, como pode ser visto nas Figuras 2.11 e 2.12. Em sua parte superior

encontram-se os sistemas de mancais e rótulas já mencionados, bem como o swivel e sua ligação

com a planta de processo, compondo uma estrutura que pode atingir vários andares de altura.

Dentro do universo dos turrets, podemos classificá-los por tipo, entre as opções externo ou

interno. Diz-se turret externo quando este se encontra fora do casco do navio, estando inclusive

suspenso sobre o plano de flutuação. Essa configuração só é possível devido a uma estrutura

lançada que é adicionada à proa durante a conversão, que serve para comportar o acoplamento

com os elementos do turret e sustentar seu peso, salvando ainda seu espaço de convés original.

Já a versão interna consiste na instalação do sistema ocupando volume dentro do casco,

dispensando a adição da estrutura à proa e protegendo melhor os equipamentos contra o

ambiente adverso, porém consumindo espaço interno que poderia ser utilizado para

armazenamento da produção.

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Figura 2.11 - FPSO com turret externo

Figura 2.12 - FPSO com turret interno

Há ainda a possibilidade de o turret ser desconectável ou não, tanto a versão externa quanto a

interna. Esta opção costuma ser escolhida em regiões propensas a ocorrência de furacões ou

tsunamis, onde o FPSO poderia se desconectar temporariamente das amarras e risers e buscar

abrigo para proteger os ativos da eventual catástrofe ambiental.

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2.3 Risers e Umbilicais

Como já mencionado brevemente, risers são trechos suspensos de tubulações que interligam a

UEP a equipamentos de produção subsea, assentados no leito marinho. Trata-se de dutos que

conduzem os fluidos produzidos pelo poço para unidades de produção, sendo portanto cruciais

para a operação. Podem também ser utilizados para interligação de uma unidade a outra, para

injeção ou descarte de fluidos em reservatórios ou para a exportação da produção a terra. Os

risers podem ser flexíveis ou rígidos. Já os umbilicais são mecanismos eletro-hidráulicos

constituídos por um conjunto de mangueiras e cabos elétricos, utilizados para operar

remotamente equipamentos e válvulas submarinas, injetar produtos químicos e monitorar

parâmetros operacionais de poços, como temperatura e pressão [5]. As Figuras 2.13 e 2.14

expõem os elementos mencionados.

Figura 2.13 - Riser e suas tecnologias

Figura 2.14 - Umbilical e suas tecnologias

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Por lidarem com o transporte de fluxos de fluidos ricos em hidrocarbonetos, podemos dizer que

o riser é o coração da operação offshore. Eles são os maiores responsáveis por concluir o

objetivo principal do investimento, que é a retirada de óleo e gás dos reservatórios. O alto risco

ambiental inerente à produção influencia o desenvolvimento contínuo de tecnologias e inovações

aos risers, fazendo com que seu valor agregado seja cada vez maior, acompanhado de alto custo.

Portanto, é duplamente interessante para o projeto de uma UEP que a integridade desses

elementos seja garantida, demandando muita atenção durante a engenharia e projeto da

ancoragem, como já mencionado no texto.

Em um FPSO em spread mooring, os risers chegam ao convés através de uma bancada

desenvolvida com acoplamentos próprios para recebê-los. Conhecida como balcão de risers

(riser balcony), geralmente localiza-se à meia nau (para minimizar efeitos de pitch e yaw sobre

as linhas) e debruçada sobre uma plataforma anexa ao costado, podendo ser a boreste ou a

bombordo, dependendo do projeto.

Um guincho de grande capacidade de içamento é instalado para promover as operações de pull-

in (conexão dos risers na plataforma), geralmente sobre trilhos que se estendem pelo

comprimento do balcão de risers, – de forma semelhante aos chain jacks para a ancoragem –

possibilitando atuação na instalação de todos os risers e umbilicais. Quando não é disposto sobre

trilhos, um sistema de roldanas móveis é aplicado para garantir a mesma versatilidade da

primeira solução apresentada.

Figura 2.15 - Riser Balcony no costado de um FPSO (em conversão, sem risers conectados)

Em sistemas que utilizam ancoragem em single point com turret, a base do turret é onde se

concentram os acoplamentos próprios para receber a extremidade dos risers, dispensando o

balcão de risers.

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Figura 2.16 - Risers acoplados a sistema de turret

Seguindo a proposta de acompanhar o caminho do óleo pelos sistemas, podemos dizer que os

risers são a “porta de entrada” da unidade para os fluidos produzidos. Eles conectam os poços

reservatórios à planta de processamento, onde serão tratados e distribuídos de acordo. Para

fluidos que serão reinjetados ou exportados via tubulações submarinas após o tratamento,

servem também como “porta de saída” da unidade. Ao chegar à unidade, o óleo é conduzido por

dutos rígidos padrão, próprios de unidades fabris convencionais, e se distribui pelos sistemas de

processamento que serão descritos no próximo tópico.

2.4 Planta de Processamento (Topside)

Conhecida em inglês como topside, a planta de processamento recebe o óleo que chega pelos

risers através do balcão de risers, direcionando em seguida o fluxo para o devido tratamento.

Divide-se de forma modular, realizando em seus módulos todas as atividades principais do

processamento, sendo cada um responsável por uma etapa. Concentra grande quantidade de

tubulações, bombas, válvulas, turbinas, separadores e outros equipamentos e acessórios. Ficam

assentados no convés principal do FPSO sobre plataformas pancake, instaladas em cima de

picadeiros especiais do tipo stool ou paliteiro [6], que servem para distribuir o peso dos módulos

pela superfície convés, evitando concentração de carregamentos sobre uma única área.

O óleo chega à unidade pelos risers e se dirige imediatamente a um equipamento conhecido

como manifold de produção, responsável pela coleta de todas as linhas de fluxo e convergência

destas para um único duto. Ao ser extraído dos poços, o fluido chega à plataforma em forma de

mistura pastosa, contendo óleo, gás e água. Portanto, a partir do manifold de produção a pasta

oleosa é conduzida para um módulo de separação primária onde ocorrerá segregação mais

grosseira dos componentes da mistura, que seguirão seu caminho sofrendo tratamentos

diferentes.

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Figura 2.17 - Módulo sobre pancake sustentado por picadeiros do tipo stools

Figura 2.18 - Separação primária de água-óleo-gás

O óleo é encaminhado para tanques de decantação onde se separa da água, em sua maior parte.

No entanto, ainda resta algum conteúdo de água emulsificada no óleo, de difícil separação, que

deve sofrer tratamento eletrostático para que se desprenda adequadamente, a partir da atuação de

campos elétricos. Em seguida o óleo chega a um separador atmosférico onde o gás se separa do

óleo por pressão, emergindo ou evaporando os últimos componentes leves. O óleo “limpo” é

então bombeado até os tanques de carga do FPSO, onde ficam armazenados.

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O tratamento da água tem como finalidade recuperar parte do óleo nela presente em emulsão e

condicioná-la para descarte. A água oleosa proveniente dos separadores e tratadores de óleo

segue para um vaso desgaseificador, onde ocorre a separação do gás e encaminhamento deste

para o sistema de queima, através do flare. Em seguida, a água ainda oleosa é encaminhada para

um sistema de hidrociclones, que separam água do óleo a partir da força centrífuga. A água

continua seu caminho para o flotador, onde gás é borbulhado em sua base para que o óleo

remanescente se separe da água, sendo posteriormente recuperado para o processo. A água pode

então ser descartada ao mar por meio de válvulas de overboard.

O gás segue, após a separação primária, para o módulo de tratamento e compressão onde

inicialmente sofre depuração, que consiste em remover óleo contido no gás. Em seguida, se dá o

processo de dessulfurização, removendo o conteúdo de gás carbônico (CO2) e ácido sulfídrico

(H2S), quando presente. Dependendo da proporção de H2S no gás, este deve ser um processo

separado do processo de remoção de CO2, e em alguns casos, deve ser criado um módulo inteiro

para a remoção do ácido sulfídrico do gás. Após dessulfurização, o gás é comprimido e enviado

para desidratação, para que seja removida a água presente em forma de vapor. O gás pode então

ser exportado por gasodutos para terra, reinjetado nos poços para alimentar processos de gas-lift,

ou pode ser usado para geração de energia na própria unidade.

A Figura 2.19 demonstra de forma didática os processos ocorrendo em cada módulo, tanto para

óleo quanto para água e gás.

Figura 2.19 - Fluxograma de processamento da produção no topside

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Cada planta de processamento tem características diferentes, que vão depender de fatores como

viscosidade do óleo sendo explorado, quantidade de gás presente na composição do poço,

presença de ácido sulfídrico, entre outros, deixando em aberto muitas possibilidades de arranjo e

tratamento. Foi feita neste capítulo apenas uma breve descrição geral dos procedimentos de uma

planta padrão típica do Pré-sal, sem entrar em detalhes mecânicos ou químicos dos sistemas.

2.5 Tanques de Armazenamento

O óleo devidamente tratado é armazenado nos tanques de carga, que são originais do VLCC

convertido ou construídos de acordo com o projeto, no caso de novas construções. No caso dos

convertidos, são reforçados para receber o peso dos módulos do topside, acima deles. O plano de

carregamento é redefinido para se adequar à nova operação como FPSO, sendo comum a

utilização dos antigos tanques de carga centrais do VLCC como novos tanques de lastro no

FPSO.

Como já mencionado, a capacidade de armazenamento garantida pelos tanques de carga é

responsável pela maior vantagem do FPSO sobre outros tipos de plataforma de exploração

offshore. Tais tanques viabilizam o armazenamento de grandes volumes de óleo mantidos em

condições seguras de temperatura e pressão, com sistema de gás inerte para controlar os fumos.

Sistemas de aquecimento de carga são necessários para viabilizar a movimentação do fluido

pelas tubulações, tornando-o menos viscoso.

Tanques de carga possuem ainda sistemas de limpeza e drenagem, reformados durante a

conversão do VLCC antigo, para esvaziamento e limpeza periódica pré-programados. É

importante manter a verificação de elementos estruturais em dia devido a potenciais

necessidades de reparo ao longo da vida útil, para casos de corrosão acentuada, trincas, desgaste

da pintura, deformações etc.

Figura 2.20 - Limpeza de tanque em andamento

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A capacidade de armazenar carga garante que as operações de offloading do FPSO sejam mais

espaçadas no tempo, permitindo melhor planejamento da logística de navios aliviadores de modo

a minimizar custos. Possuir uma cadeia de offloading consistente é importante, pois desta forma

descarta-se a necessidade de instalação de uma rede de oleodutos para exportação. Esse fato é de

muita importância no cenário do Pré-sal, onde lidamos com lâminas d’água muito extensas, pois

o custo de instalação de oleodutos aumenta exponencialmente com a profundidade.

2.6 Sistemas de Offloading

Trata-se do sistema responsável pelas operações de alívio da carga do FPSO, isto é, transferência

do óleo armazenado para casco de outra embarcação (ou monobóia). Assim como são os risers

de exportação para o gás e as válvulas de overboard para a água produzida, também pode ser

considerado como a “porta de saída” do FPSO para o óleo produzido.

Consiste em uma linha composta por seções de mangotes flexíveis, flutuantes em sua maioria,

que se conectam ao FPSO por uma extremidade e ao navio aliviador pela outra, com o auxílio de

válvulas borboleta especiais. Uma vez conectados, estabelece-se o fluxo de carga entre os dois

cascos.

Figura 2.21 - Transferência de óleo entre FPSO e aliviador

No cenário do Pré-sal brasileiro, os offloadings são realizados com acoplamento pela proa do

navio aliviador, munido de um plugue e um sistema especial de captação de mangotes (Figura

2.22), de acordo com requisitos da maior cliente de óleo e gás do país, a Petrobras. Pelo lado da

plataforma, os mangotes se conectam à válvula presente no carretel de armazenamento.

O carretel pode ser instalado sobre o convés da embarcação ou sobre uma plataforma lançada

para fora dos limites do casco, adicionada à estrutura na fase de conversão. É geralmente um

equipamento muito pesado, obrigando a inclusão de reforços locais onde quer que ele seja

instalado.

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Figura 2.22 - Sistema de acoplamento pela proa de um navio aliviador

Para se fixar ao aliviador, um cabo naval conhecido como hawser é lançado e amarrado ao

navio. A resultante das forças ambientais deve estar sempre no sentido de afastar o aliviador do

FPSO, de modo a deixar o hawser tracionado durante todo o tempo de conexão. Caso a

resultante ambiental mude a direção no meio da operação e o cabo se afrouxe, uma célula de

carga identifica a perda de tração e automaticamente ativa um sistema de corte do fluxo e

desacoplamento da linha de mangotes/hawser, para que o navio possa se distanciar da

plataforma e evitar a colisão. Todo FPSO em spread mooring no Brasil, por não possuir

capacidade de complacência com as forças da natureza, possui dois terminais de offloading, um

à proa e outro à popa, para que haja flexibilidade de realizar as operações em diferentes

condições ambientais.

Figura 2.23 - Hawser tracionado durante operação de offloading

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Em geral, elementos de offloading requerem muita atenção quanto à sua manutenção, pois uma

falha implicaria em derramamento de óleo ao mar. A manutenção dos sistemas deve estar

sempre em dia e os procedimentos operacionais devem estar muito bem alinhados com a

tripulação do navio aliviador.

Figura 2.24 - Mangotes de offloading (direita) e hawser (esquerda) armazenados em FPSO

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3 CONTEXTO REGULAMENTÁRIO APLICADO A UNIDADES FPSO

Uma vez explicadas as peculiaridades do FPSO, faremos uma breve explanação sobre o contexto

regulamentário das embarcações, introduzindo os órgãos e entidades existentes bem como os

regulamentos estabelecidos para uma operação considerada ótima.

Iniciaremos a contextualização retornando a Londres do século XVII, época de grandes

navegações para o Oriente (navios à vela), quando o comércio era quase que exclusivamente

relacionado à navegação. Como não havia padrões de referência ou registro histórico confiável

para selecionar um navio para viagem, o processo de decisão para contratação de um navio era

muito caro e assumia altos riscos. Os contratantes da carga buscavam então firmar contratos de

seguro com os bancos para garantir retorno financeiro em caso de algum desastre durante a

viagem. Dessa forma, os bancos passaram a se questionar sobre quais navios apresentavam

maior ou menor risco de obter êxito na missão, para poder dessa forma regular o valor das

apólices de seguro a serem cobrados do contratante da carga. Eles encontravam essas respostas

em um estabelecimento próximo ao porto de Southampton, o Lloyd’s Coffee House. [8]

Diz a história que nesse bar fazia-se o registro e rankeamento das embarcações que atracavam

no porto. Esse rankeamento era feito pelos capitães dos navios e classificava o casco e os

equipamentos a bordo de acordo com seu estado de conservação e qualidade. Além disso,

obtinham melhor colocação os navios que entregavam toda a carga no menor espaço de tempo.

Com o passar dos anos e adentrando o século XVIII, os rankings vão ficando mais técnicos,

surgindo regras e normas desenvolvidas para aplicação na construção e manutenção dos navios,

sendo cada vez mais sofisticadas e baseadas na experiência dos estudiosos. Assim, os bancos

passaram a delegar a tarefa de avaliação dos navios para entidades independentes que vinham

surgindo, não vinculadas ao governo e sem fins lucrativos – era a origem das Classificadoras.

Em 1760 surge a primeira Sociedade Classificadora, a Lloyd’s Register (Inglaterra). Outras

como Det Norske Veritas (Noruega), Bureau Veritas (Bélgica), Germanischer Lloyd

(Alemanha), American Bureau of Shipping (Estados Unidos) e Nippon Kaiji Kyokai (Japão)

surgem a partir de 1800. [8]

Apesar dos esforços para agregar conhecimento técnico à construção e manutenção de navios, a

navegação em si seguiu sem uma legislação internacional bem definida. Em plena Revolução

Industrial, tratados chegaram a ser estabelecidos entre países para facilitação do comércio e

tráfego de bens, porém estes não eram suficientemente abrangentes. O naufrágio do Titanic em

1912 levantou muitas questões sobre a segurança na navegação e em 1914 ocorreu a primeira

convenção internacional para discutir a salvaguarda da vida no mar, que resultou numa versão

primitiva do que conhecemos hoje como a Convenção SOLAS (Safety of Life at Sea).

Em 1945, ao término da Segunda Guerra Mundial, o clima de cooperação global encadeia no

advento da ONU – Organização das Nações Unidas – e posteriormente, na Conferência de

Genebra de 1948, da IMO – International Maritime Organization. Junto da criação da IMO, no

mesmo ano ocorreu a primeira publicação da Convenção SOLAS (terceira revisão da versão

anterior, originada em 1914. Foi revista mais duas vezes até sua emissão atualmente vigente,

datada de 1974). Em 1958 a IMO ganha vigência internacional.

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Figura 3.1 - Semelhanças nos logotipos da ONU e IMO

A IMO é uma agência especializada da ONU que tem o objetivo de promover o transporte

marítimo seguro, protegido, sustentável e eficiente sobre oceanos cada vez mais limpos. Isso é

atingido através da adoção dos mais altos padrões e normas de segurança marítima, eficiência da

navegação e controle e prevenção da poluição marinha por navios e unidades marítimas [9]. É

composta hoje por mais de 170 estados membros, que assinam seus termos e ratificam suas

publicações. O Brasil tornou-se estado membro da IMO em 1963, internalizando as normas,

padrões e recomendações internacionais em suas leis marítimas nacionais, as NORMAM’s

(Normas da Autoridade Marítima).

A IMO se dedica à publicação e revisão de Convenções e Códigos para garantir o cumprimento

de seu objetivo como agência, divulgando os padrões e normas a serem cumpridos, bem como

melhorias no modo de operar dos diversos tipos de embarcações e unidades à medida que novos

problemas se apresentam. Existem ainda Resoluções publicadas posteriormente para

complementar ou inserir adendos às Convenções e Códigos, sendo numerosas e tratando dos

mais variados escopos. Dentre as diversas publicações da IMO, destacam-se como as mais

importantes e aplicáveis a FPSOs:

Convenções:

- SOLAS – Safety of life at Sea: Salvaguarda da Vida Humana no Mar;

- MARPOL – Maritime Pollution: Prevenção da Poluição Marítima;

- BORDA LIVRE – Convention on Load Lines: Linhas de carregamento e

reservas de flutuabilidade (marcas de borda livre), resistência e integridade

estrutural e estanque, garantia de estabilidade intacta e em avaria;

- STCW – Standards of Training, Certification, and Watchkeeping for Seafarers:

Treinamento e Certificação da Tripulação;

- COLREG – Regullations for Prevention of Collisions at Sea: Regras para evitar

o abalroamento no mar (colisões em tráfego);

Códigos:

- MODU Code - Mobile Offshore Drilling Unit: Código para Construção e

Aparelhamento de Unidades Móveis de Perfuração Marítima;

- LSA Code – Life Saving Appliances: Código Internacional de Dispositivos Salva-

Vidas;

- ISM Code – International Safety Management: Código Internacional para o

Gerenciamento da Operação Segura de Navios e para a Prevenção da Poluição;

- ISPS Code – International Ship and Port Facility Security: Código Internacional

para a Proteção de Navios e Instalações Portuárias.

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Figura 3.2 - Esquema simplificado da organização entre agentes regulamentários

São ditos estatutários todos os códigos e convenções internacionais publicados pela IMO. Cada

uma dessas publicações recomenda diferentes normas e padrões a serem adotados e todas as

embarcações vinculadas a estados membros devem estar em conformidade com tais requisitos

estatutários para poderem operar. Não cabe ao escopo do presente trabalho entrar nos detalhes de

cada publicação, pois cada uma delas é bastante abrangente. Para o momento, basta saber que

elas existem e qual sua importância, dentro de cada valência.

Por outro lado, ao longo dos quase dois séculos que separam o surgimento da primeira sociedade

classificadora do advento da IMO, diversas regras e normas técnicas foram desenvolvidas para o

projeto, construção e manutenção de embarcações, sendo porém criadas de forma individual de

acordo com a experiência de cada classificadora. Elas passam a se adequar às publicações da

IMO uma vez que esta ganha vigência internacional. Toda classificadora têm como missão

principal promover a segurança da vida, da propriedade e do meio ambiente.

Em 1968, surge a IACS (International Association of Classification Societies), uma organização

internacional não governamental de sociedades classificadoras criada para unificar as

interpretações das diversas normas técnicas existentes, bem como para estabelecer o background

técnico e requisitos mínimos comuns às regras de todas as entidades membro [10]. Estas se

diferenciam e competem entre si por contratos de acordo com fatores econômicos e/ou técnicos,

que vão além dos requisitos mínimos definidos pela IACS. A IMO passa então a ter o suporte da

IACS no que diz respeito a questões técnicas.

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Figura 3.3 - Linha do Tempo

Para cumprir com os requisitos estatutários e de classificação – seja na fase de projeto,

construção, manutenção/operação de uma embarcação – e, consequentemente, garantir a

segurança da vida, da propriedade e do meio ambiente, um extenso programa de vistorias e

inspeções é sugerido e posto em prática por diversas autoridades pertinentes. Além da sociedade

classificadora, o armador deve lidar ainda com outras duas autoridades de escopo estatutário,

vinculadas a Estados, sendo um referente ao registro e administração do ativo, e outro às águas

onde ele irá operar.

Segundo o SOLAS, Parte A, Capítulo 1, Regulamento 2 (b), Administração significa o Governo

do Estado cuja bandeira o navio está autorizado a arvorar. O Estado de Bandeira é definido

como sendo o Estado sob cujas leis um navio comercial está registrado ou licenciado, e, uma vez

registrado, torna-se sujeito à legislação nacional do Estado em questão. Qualquer Estado

membro da IMO pode ser um Estado de Bandeira, ainda que não possua qualquer fronteira

marítima em seu território. [11]

A Autoridade Local é definida pelo Estado onde um determinado navio pretende operar. Uma

vez dentro das águas territoriais de um Estado que seja diferente da Administração, o operador

se depara com essas duas legislações nacionais diferentes, onde ambas devem ser cumpridas.

Essa situação, no entanto, não costuma ser um problema uma vez que a Autoridade Local seja

também membro da IMO, pois estarão internalizadas em suas leis nacionais todas as convenções

e códigos internacionais aplicáveis. Dessa forma, grande parte das normas a serem cumpridas

será comum aos dois Estados. No entanto, onde houver discordância entre essas regras,

prevalecerá a legislação que for mais restritiva. Se um armador mantiver seu navio em

conformidade com as publicações da IMO, grandes serão as chances de ele estar cumprindo

também com os requisitos dos dois Estados em questão.

É importante reforçar que o armador/operador é o único responsável pela manutenção adequada

do navio (estrutura, equipamentos, sistemas etc.), e pelo cumprimento das normas vigentes. O

vistoriador apenas atesta que, no momento da verificação, os elementos vistoriados foram

encontrados de acordo com os requisitos das regras.

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3.1 Administração do Estado de Bandeira

Segundo convenção da ONU, a Administração deve estabelecer os requisitos mínimos

necessários para a atribuição da sua nacionalidade e registro em seu território aos navios

candidatos. Também devem exercer efetivamente sua jurisdição e controle acerca de questões

administrativas, técnicas e sociais sobre todos os navios de sua frota e seus respectivos capitães,

oficiais e tripulação.

Para facilidade de comunicação, a partir deste ponto do trabalho será usado apenas o termo

“Bandeira” para se referir aos Estados de Bandeira.

A Bandeira é responsável ainda por emitir toda a certificação pertinente relacionada às

publicações da IMO que ratifica e deve tomar as medidas necessárias para garantir a segurança

no mar de acordo com as convenções e códigos internacionais. Tais medidas devem incluir as

ações necessárias para se assegurar que:

Cada navio seja examinado, antes e depois de seu registro, por um inspetor naval

devidamente qualificado e certificado, a intervalos regulares apropriados definidos por

cada administração de Bandeira;

Cada navio possua a bordo as cartas, publicações marítimas, livros de registro e

instrumentos apropriados para garantir a segurança da navegação/operação;

Cada navio esteja confiado a um capitão e oficiais devidamente qualificados e

certificados por escolas reconhecidas pela administração de Bandeira, bem como possua

número de tripulantes apropriados para o tipo e tamanho do navio;

Os capitães, oficiais e tripulação conheçam perfeitamente os regulamentos internacionais

aplicáveis ao gerenciamento da segurança, prevenção da poluição e prevenção de

abalroamentos, estando sempre a par dos devidos treinamentos e procedimentos

previstos.

A Administração deve possuir infraestrutura suficiente, em termos de pessoal, escritórios e

equipamentos qualificados e competentes, para garantir o cumprimento de suas obrigações de

acordo com os tratados internacionais. Para arcar com essa responsabilidade, as Bandeiras

podem adotar diversas estratégias, sendo dentre elas mais popular a medida de delegar funções a

sociedades classificadoras. De acordo com a Resolução A.739 da IMO, as Bandeiras devem

estabelecer controles adequados sobre organizações (como as classificadoras) nomeadas para

realizar vistorias e emitir certificados em seu nome, devendo para tal possuir recursos adequados

para essas tarefas administrativas, como sistemas consolidados de verificação/acompanhamento

de atividades e adequação do trabalho. A delegação de funções de vistoria e emissão de

certificados deve ser restrita a organismos internacionalmente reconhecidos, como os membros

da IACS.

Atendendo a prazos estabelecidos nas convenções e códigos da IMO, a frequência das inspeções

de Bandeira é anual. Geralmente toma-se como referência a data de registro da embarcação sob

o Estado de Bandeira, conhecida como “data de aniversário”. A inspeção pode ser efetuada

dentro de uma janela de três meses antes até três meses após a data de aniversário.

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Ao ser realizada uma inspeção, a Administração deve emitir um Relatório de Inspeção onde

constam todas as observações que julgar pertinentes, de acordo com os padrões estabelecidos

pelo Estado em questão. Dentre elas, estarão presentes as anotações sobre quaisquer deficiências

encontradas, juntamente a algum código de referência à norma que descumpre e acompanhadas

do prazo concedido ao operador para que a reverta. Extensões de prazo podem ser solicitadas

pelo armador se houver argumentos bem fundamentados para justificar a impossibilidade de

solução dentro do prazo inicialmente estipulado, porém não há garantia de que a Administração

irá concedê-las.

Figura 3.4 - Exemplo de relatos de deficiências de Bandeira

Do ponto de vista do armador, ao escolher um Estado para registrar sua embarcação, ele pode

optar por uma Bandeira cuja Administração siga padrões uniformes e restritos, em plena

conformidade com as exigências internacionais, o que teoricamente agrega valor e qualidade na

operação de sua frota. No entanto, nada impede que excelentes padrões de qualidade sejam

alcançados por Bandeiras menos exigentes, ao passo que a qualidade não é garantida pura e

simplesmente por adotar uma Administração mais restritiva. Em termos práticos, a postura do

operador de se manter em conformidade ou não é o que irá ditar se a operação de fato é segura e

de qualidade.

Por outro lado, o fator econômico atua de forma decisiva para os armadores, o que justifica a

adoção das chamadas Bandeiras de Conveniência. Esse termo é usado para descrever a prática

empresarial de registrar uma embarcação em um Estado soberano diferente do qual o

proprietário do ativo é originário. A redução dos custos operacionais e menor burocracia são os

maiores atrativos para a escolha de uma Bandeira de Conveniência. Países como Panamá,

Libéria e Ilhas Marshall são as escolhas favoritas para Bandeira, pois garantem incentivos de

ordem fiscal, oferecem facilidade de registro, não impõem vínculo entre o Estado de registro e o

navio, permitem a contratação de tripulações não nacionais, entre outros atrativos para os cofres

do armador. Juntos, esses três países concentram os registros de quase 42% da frota mundial

[11].

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Figura 3.5 - Maiores frotas em Arqueação Bruta de Estados de Bandeira (2012)

Caso seja do desejo do armador, é possível mudar de Administração ao longo da vida útil do

navio, através de uma transferência de registro. No entanto, cabe ao novo Estado de registro

aceitar ou não o navio membro de outra Bandeira anterior, de acordo com seus requisitos

mínimos. A Administração anterior tem, por definição em estatuto internacional, a obrigação de

passar todas as informações existentes para a avaliação da nova Bandeira.

3.2 Autoridade Costeira Local

Até o presente momento, os termos “navio” e “embarcação” foram amplamente utilizados dentro

do escopo deste capítulo para se referir à propriedade do armador. Eles abrangem todos os tipos

de corpos flutuantes passíveis de classificação e regulamentação, incluindo as unidades

estacionárias. No entanto, as plataformas apresentam a particularidade de lidar apenas com uma

única Autoridade Costeira Local durante toda sua vida útil, podendo ser considerado uma

vantagem sobre os navios mercantes, que em cada porto estrangeiro onde atracam estarão

lidando com leis nacionais diferentes.

Dado o tema proposto para o trabalho, focaremos nossas atenções no Brasil como Autoridade

Costeira Local. A moldura legal do país baseia-se em leis e decretos sancionados pelo poder

público federal, das quais se destacam no escopo marítimo a Lei de Segurança do Tráfego

Aquaviário em Águas sob Jurisdição Nacional (LESTA) [12] e o Regulamento de Segurança do

Tráfego Aquaviário em Águas sob Jurisdição Nacional (RLESTA) [13].

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A partir dessas sanções, define-se que a Autoridade Marítima Brasileira é exercida pelo

Ministério da Marinha (ou seja, a Marinha do Brasil) e que a ela cabe promover a execução das

leis e a elaboração de normas para uma série de temas relacionados, que consequentemente vêm

a ser as Normas da Autoridade Marítima (NORMAMs), refletindo a legislação internacional

ratificada pelo estado. A Marinha se divide em diversas organizações militares dentre as quais se

encontra a Diretoria dos Portos e Costas (DPC), sendo esta responsável pela formulação e

atualização das NORMAMs, e pelo gerenciamento de vistorias e inspeções de navios nacionais

ou estrangeiros, dentre outras atividades relacionadas à segurança do tráfego aquaviário.

As NORMAMs são verificadas somente para embarcações e plataformas autorizadas a operar

em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB). A NORMAM 04 contém as normas aplicáveis a

plataformas de Bandeira estrangeira em AJB, definindo toda a certificação relativa a operações e

perícias aplicáveis. Antes da chegada, o armador deverá solicitar autorização para operar em

AJB por meio de requerimento à DPC e agendar uma perícia técnica inicial. Essa perícia inclui a

verificação das condições materiais da unidade, dos equipamentos, da habilitação da tripulação,

da documentação exigida pela legislação brasileira aplicável e por convenções internacionais

ratificadas pelo governo brasileiro e para estabelecimento do Cartão de Tripulação de Segurança

(CTS).

Caso a perícia técnica não apresente deficiências, será emitido um Atestado de Inscrição

Temporária (AIT) de embarcação estrangeira. A validade do AIT é igual ou menor à validade do

contrato de afretamento. Para o caso de plataformas, anualmente deve ser realizada uma perícia

técnica específica que irá garantir, na ausência de deficiências, um documento intitulado

Declaração de Conformidade para Operação de Plataforma, que tem validade de um ano a partir

da data de emissão. Os requisitos para uma embarcação operar em AJB estão detalhados no

Capítulo 2, Seção I da NORMAM 04.

Caso surjam deficiências durante a perícia técnica que não representem risco à plataforma,

poderá ser emitida uma Declaração Provisória para Operação de Plataforma. Uma lista contendo

as deficiências encontradas e os prazos para saná-las deve estar anexa ao relatório da perícia. O

armador terá, no máximo, 90 dias de validade para a declaração provisória. Após a retirada das

deficiências, será emitida nova Declaração de Conformidade, datada de acordo com a perícia

original onde foram levantados tais itens.

A lei brasileira nos dá definições parecidas para os termos “inspeção” e “vistoria”, mas que

apresentam uma singela diferença. No site da DPC [14] podemos encontrar a seguinte

explicação para cada um deles:

A. “O que é Vistoria Naval?

É uma Perícia Técnica que visa a verificação do cumprimento, por parte da embarcação

vistoriada, dos requisitos pertinentes de segurança da navegação, salvaguarda da vida

humana no mar e prevenção da poluição ambiental preconizados nas Normas da Autoridade

Marítima (NORMAM) e nas Convenções e Códigos Internacionais, emitindo-se, em

consequência, os certificados ou atestados correspondentes. É uma ação programada e

acertada entre o Armador ou seu representante e o Agente da Autoridade Marítima, com o

propósito de manter a embarcação com a documentação legal exigida”.

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B. “O que é Inspeção Naval?

É a atividade de cunho administrativo, que consiste na fiscalização do cumprimento desta

Lei, das normas e regulamentos dela decorrentes, e dos atos e resoluções internacionais

ratificados pelo Brasil, no que se refere exclusivamente à salvaguarda da vida humana e à

segurança da navegação, no mar aberto e em hidrovias interiores, e à prevenção da poluição

ambiental por parte de embarcações, plataformas ou suas instalações de apoio”.

Digerindo a informação, entendemos que uma vistoria (ou perícia técnica) tem caráter

verificatório, isto é, um vistoriador atenderá ao navio a pedido do armador e, de acordo com o

estado das instalações, decidirá pela emissão ou não de novos certificados e/ou documentos,

apontando as deficiências encontradas e estabelecendo prazos para soluções.

Já a inspeção possui caráter fiscalizatório e inopinado, isto é, um inspetor atenderá ao navio

inadvertidamente para fiscalizar o cumprimento das normas, anotando todas as não-

conformidades e emitindo um relatório de inspeção que lista todas as deficiências, garantindo

prazos para que o armador as resolva. Não tem objetivo de emitir certificados ou declarações.

Dependendo da gravidade das deficiências, o inspetor pode decidir pela detenção de uma

embarcação, impossibilitando-a de operar até que as não-conformidades sejam sanadas. Para fins

didáticos, pode ser comparada a uma blitz rodoviária.

Figura 3.6 - Exemplo de relatos de deficiências no Relatório de Perícia Técnica

A partir da comparação das Figuras 3.4 e 3.6, podemos identificar semelhanças no modo como

Administração de Bandeira e Autoridade Local (nesse caso, a brasileira) reportam suas vistorias.

A Marinha brasileira, no entanto, prefere enunciar o prazo para cumprimento da pendência

através de dias corridos a partir da data da inspeção, como os “60d” (60 dias) apresentados no

exemplo acima. Podemos notar também que cada deficiência é referenciada à norma que

infringe, como os “S74/CI/R11” (SOLAS 74, Capítulo I, Regulamento 11) apresentados no

exemplo acima.

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3.3 Sociedade Classificadora

Como já mencionado no início do capítulo, as classificadoras são agências não governamentais e

sem fins lucrativos que existem desde o século XVIII e possuem grande experiência técnica

relativa a projeto, construção e manutenção de embarcações ao longo de sua vida.

Regulamentadas pela IACS, cada uma possui livros de regras e normas particulares, produzidas

a partir da coleta e organização de dados e experiências adquiridas ao longo de seus anos de

existência. Todas são voltadas para a preservação e segurança da vida humana, da propriedade e

do meio ambiente, alinhando-se em grande parte com o que é prezado pelas convenções e

códigos internacionais. Costumam ser consideradas como grande sinalizador de qualidade e

confiança em questões relacionadas a seguro e contratos.

Retomados o contexto do surgimento das classificadoras e os conceitos a que remetem ao

escrever suas regras, essa seção dará foco às vistorias realizadas durante a vida útil de um navio,

especificando as diferenças aplicáveis a FPSOs quando relevante. No entanto, é importante saber

que existem regras e procedimentos de classe relacionados também aos cálculos e concepções de

projeto, certificação do material e equipamentos a serem usados, processos de soldagem e

verificação da qualidade, instalação e comissionamento etc.

Durante a construção/conversão de uma embarcação, as obras no estaleiro devem ser

supervisionadas por vistoriadores durante a fabricação de blocos, edificação estrutural e

montagem de equipamentos e sistemas. Eles atestarão o cumprimento das regras e emitirão os

devidos certificados de classe e/ou estatutários (caso a Bandeira resolva delegar essa última

função), para formalizar a entrada em classe.

Para a fase de pós-construção/conversão, a classificadora apresenta também um livro de regras

que rege a periodicidade do programa de manutenção, com a finalidade de garantir que a

embarcação se mantenha em classe. O navio será mantido em classe desde que a estrutura, os

equipamentos, os sistemas navais e de segurança sejam mantidos em conformidade com os

requisitos das regras de classificação, até onde isso possa ser verificado.

As vistorias mais relevantes para um FPSO durante sua vida útil são as seguintes:

Vistorias Especiais ou de Renovação de Classe:

Devida a cada 5 anos. Divide-se entre vistoria de casco e de máquinas. É a vistoria mais

abrangente e minuciosa dentre as vistorias e todas as outras abrangem apenas parcela do

escopo examinado nesta.

Para casco, consiste em uma vistoria compreensiva da estrutura do navio, incluindo exames

visuais, medições de espessura e testes em anteparas. Busca avaliar a condição da estrutura

quanto à corrosão e integridade, buscando por trincas, deformações e avarias que possam

colocar em risco a viga navio. Os tanques de carga e lastro estão incluídos nesse escopo,

assim como os tanques destinados a serem espaços vazios. Também avalia a integridade dos

sistemas de fundeio e governo, porém não seu desempenho, pois não fazem parte da

operação de um FPSO.

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Para máquinas, inclui exames compreensivos dos equipamentos, componentes e sistemas

auxiliares essenciais. Bombas de carga, lastro e incêndio, sistemas de lavagem de óleo cru,

refrigeração e aquecimento, geradores, turbinas, caldeiras e quadros elétricos estão entre

alguns dos equipamentos alvo do escopo dessa vistoria.

Vistorias Anuais:

São vistorias realizadas em uma janela de três meses antes a três meses após a data de

aniversário da última Vistoria Especial creditada. Consistem num exame geral de itens

estruturais, de convés e de máquinas.

Vistorias Intermediárias:

Substitui a segunda ou a terceira vistoria anual em cada ciclo de 5 anos.

Equivalente a uma vistoria anual, mas com acréscimo de verificações suplementares e

compreensivas da estrutura em função da idade do navio. Essas verificações adicionais

podem ser equivalentes aos requisitos de uma vistoria especial de casco.

Vistorias Contínuas:

Um sistema de vistorias contínuas pode ser solicitado pelo armador/operador e deve ser

aprovado pela classificadora. Vistorias regulares são realizadas num sistema de rotação para

atender a todos os requisitos da última vistoria especial ao longo dos próximos cinco anos

seguintes. O arranjo mais comumente proposto é que sejam vistoriados por ano

aproximadamente 20% dos itens devidos, completando 100% ao final dos cinco anos e às

vésperas da próxima vistoria especial.

Vistorias UWILD:

Vistoria substitutiva da Docagem. UWILD é sigla para Underwater Inspection in lieu of Dry

Docking, que em português significa Inspeção Subaquática em Substituição da Docagem.

Um FPSO deve permanecer operando no mesmo local durante toda sua vida útil e por isso

não tem condições de realizar docagem. Sendo assim, o UWILD é a solução aceita para

manutenção da classe.

Devida duas vezes a cada 5 anos, uma delas obrigatória durante a vistoria especial de casco e

a outra costuma ser casada com a intermediária, para aproveitar a mão de obra do vistoriador

que já está à bordo. O intervalo máximo entre as duas deve ser de, no máximo, três anos. Seu

escopo abrange tanto casco quanto as linhas de ancoragem.

Para casco, são tomadas imagens a partir de câmeras em ROVs e mergulhadores para avaliar

as condições de itens como caixas de mar, válvulas de overboard, sistemas de proteção

catódica anti-incrustação (anodos de sacrifício), cruzamento de soldas. Também são

vistoriados os fairleads, a parte submersa do balcão de risers, hélice e leme para avaliar nível

de degradação. Como medidas preventivas, pode incluir limpeza de incrustação, testes de

abertura e fechamento de válvulas, medições de espessura, leitura catódica ou soldas

subaquáticas.

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37

Para ancoragem, são tomadas imagens a partir de câmeras em ROVs para avaliar as

condições dos itens de ancoragem, como as amarras e cabos polyester. Ferramentas especiais

são aplicadas para limpeza e medição de espessura de elos, visando acompanhar a

degradação da ancoragem ao longo do tempo.

As datas e janelas das vistorias apresentadas estão resumidas, em meses, na Figura 3.7:

Figura 3.7 - Datas e janelas de Vistorias de Classe

Realizada uma vistoria, se constatada alguma irregularidade ou necessidade de reparo,

dependendo de sua natureza técnica, poderá ser atribuída à embarcação em questão uma não-

conformidade. A ferramenta de relato é análoga às de deficiências emitidas por Bandeira e PSC,

onde é exposta uma breve descrição da não-conformidade e um prazo para seu cumprimento é

determinado. Uma anotação de deficiência poderá também estabelecer restrições operacionais

e/ou monitorações a serem tomadas até que o reparo seja executado. A cada uma delas é dado

um código estabelecido segundo critérios da classificadora, para melhor identificação por parte

dos envolvidos.

Caso uma não-conformidade descreva um reparo muito complexo, que demande grande

mobilização de pessoal e perdure por muito tempo, o armador/operador pode solicitar extensão

de prazo à classificadora, desde que apresente evidências de que está se movimentando e

tomando todas as medidas a seu alcance para o fechamento da pendência. Nesse caso,

certificados interinos serão emitidos garantindo a manutenção da classe geralmente por mais três

meses a partir da data do vencimento da pendência.

Figura 3.8 - Exemplo de relato (fictício) de uma Condição de Classe

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38

Há casos onde uma deficiência é parcialmente atendida. Em outros casos, as ações tomadas para

atendê-la geram outras irregularidades menores que a original. Ainda, existem outras que

descrevem uma lista de elementos a serem reparados, onde o armador vai aos poucos resolvendo

uma a uma. Para tais casos, é comum que a classificadora dê baixa na não-conformidade

anterior, transcrevendo-a para o seu histórico de registros, e emita nova condição referenciando a

anterior e descrevendo o ocorrido no relatório.

Devido ao avanço da tecnologia e a facilidade atual de comunicação, as sociedades

classificadoras costumam manter em seus sites toda a informação das embarcações classificadas

sob seus serviços e a documentação relacionada às suas atividades em determinado navio, como

um grande gerenciador online que garante acesso ao armador/operador para que este possa

acompanhar em tempo real o relatório das vistorias e a geração de novas deficiências, bem como

acessar o histórico de pendências emitidas desde a fase de construção do navio.

Na Figura 3.9 pode ser visto um exemplo dessa interface, retirada do site de uma sociedade

classificadora membro da IACS.

Figura 3.9 - Interface do site de uma classificadora

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39

4 ESTUDO DE CASO

Apresentado o contexto regulamentário ao qual está submetida a frota mundial, em particular as

unidades FPSO operando em águas brasileiras, podemos enfim introduzir o estudo que foi

proposto.

Para uma frota de cinco unidades FPSO operando na Bacia de Santos, região do pré-sal

brasileiro, obteve-se acesso aos relatórios de inspeções, perícias e vistorias de Administração de

Bandeira, Autoridade Local e Sociedade Classificadora para o triênio 2014-2015-2016.

Para Administração de Bandeira, os relatórios anuais de inspeção foram analisados, somando um

total de três documentos para cada unidade FPSO estudada, coletando as deficiências emitidas.

Para Autoridade Local, os relatórios anuais de perícia técnica foram analisados, somando um

total de três documentos para cada unidade FPSO estudada, coletando as deficiências emitidas.

Para Sociedade Classificadora, foi utilizado o seu gerenciador online para coletar todas as

deficiências emitidas em vistorias realizadas na janela dos três anos mencionados.

O estudo consiste em analisar tendências na emissão de deficiências por parte das autoridades, o

que teoricamente transcreveria as maiores dificuldades enfrentadas pelo operador das unidades

no que diz respeito à manutenção da segurança da vida, da propriedade e do meio ambiente. A

partir do tratamento e análise adequados dos dados coletados, espera-se poder identificar pontos

críticos e sugerir melhorias operacionais ou de manutenção, visando minimizar o número de

emissões de não-conformidades.

As informações das plataformas analisadas seguem na Figura 4.1:

Unidade Tipo Local de

Operação Ancoragem

Conversão ou Nova Construção

Lâmina d'Água aproximada (m)

Primeiro Óleo

Plataforma A

FPSO Bacia de Santos

Spread Mooring Taut Leg

Conversão 1300 2010

Plataforma B

FPSO Bacia de Santos

Spread Mooring Taut Leg

Conversão 2150 2010

Plataforma C

FPSO Bacia de Santos

Spread Mooring Taut Leg

Conversão 2100 2013

Plataforma D

FPSO Bacia de Santos

Spread Mooring Taut Leg

Conversão 2200 2014

Plataforma E

FPSO Bacia de Santos

Spread Mooring Taut Leg

Conversão 2250 2015

Figura 4.1 - Resumo das unidades estudadas

Analisando as informações, podemos constatar que as unidades estudadas são semelhantes no

que diz respeito a operação, ancoragem e o fato de terem sido convertidas e não novas

construções, variando apenas a profundidade da lâmina d’água onde estão instaladas e a data em

que entraram em operação. Todas apresentam também as mesmas Administração de Bandeira e

Sociedade Classificadora, sendo estas filiadas à IMO e IACS, respectivamente. É sabido que esta

Classificadora é autorizada por esta Bandeira para atuar em seu nome quando necessário.

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40

A Plataforma-E apresenta a data de primeiro óleo em 2015, o que significa que em 2014 não

recebeu a perícia técnica de Declaração de Conformidade de Plataforma pela Marinha do Brasil

nem a inspeção anual de Bandeira. No entanto, ela recebeu vistorias de Classe durante a fase de

conversão no estaleiro. Esse detalhe deve ser levado em consideração na conclusão final, após o

tratamento dos dados, pois para essa unidade apenas dois anos de operação estarão sendo

considerados.

Ainda, como todas as unidades estudadas foram convertidas de outros projetos de petroleiro, é

interessante analisar as informações de idade do navio na época da conversão, para tentar

identificar relações entre idade e emissões de deficiência. As informações foram coletadas no

site da Sociedade Classificadora e seguem abaixo na Figura 4.2:

Unidade VLCC FPSO Idade até

Conversão (anos) Construção Local Conversão Local

Plataforma A

1973 Espanha 2009 China 36

Plataforma B

1990 Japão 2010 China 20

Plataforma C

1992 Coréia do Sul 2010 China 18

Plataforma D

1990 Coréia do Sul 2012 China 22

Plataforma E

1999 Coréia do Sul 2013 China 14

Figura 4.2 - Informações de Construção e Conversão das unidades

A seguir, discorreremos sobre o tratamento aplicado aos dados para cobrir a análise de maneira

adequada aos objetivos propostos.

4.1 Metodologia e Tratamento de Dados

Devido à grande quantidade de dados coletados, uma estratégia de tratamento bem

fundamentada deve ser utilizada para garantir a consistência dos resultados e, consequentemente,

das conclusões a serem tiradas e decisões a serem tomadas.

Análises quantitativas podem ser tomadas de forma mais direta apenas ao contar quantas

deficiências cada plataforma apresentou, sob a ótica de uma mesma autoridade, comparando

uma com a outra e avaliando o desempenho. No entanto, devido ao caráter subjetivo que uma

vistoria pode apresentar, esse método não é apontado como mais adequado ou fiel à realidade.

Por outro lado, critérios podem ser criados para analisar os dados de forma qualitativa,

permitindo que se identifiquem padrões e tendências de acordo com a interpretação e escopo de

cada autoridade. Essa abordagem parece ser a mais adequada para cumprir com o objetivo

proposto, embora pequenas análises quantitativas possam estar inseridas dentro da análise

qualitativa.

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Nesse sentido, levando em conta as deficiências e o modo que cada autoridade as relata, foram

geradas oito “famílias” para classificar cada uma dessas deficiências de acordo com o que

tratam. As famílias criadas foram as seguintes:

1. Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo – abrange, de forma geral, os relatos envolvendo

os problemas de corrosão, danos, avarias e furo, muito comuns no ambiente offshore.

Pode se referir a uma larga gama de aplicações, indo desde uma pequena corrosão na

balaustrada até furos nos dutos de ventilação, por exemplo;

2. Pintura / Marcação / Indicação – abrange os relatos envolvendo pintura desgastada ou

insuficiente, falhas em marcações e identificações previstas em norma (como, por

exemplo, marcação dos abafadores de incêndio com o espaço ao qual servem), entre

outros;

3. Tanques: Limpeza / Inspeção / Reparo – abrange os relatos envolvendo os tanques da

plataforma e elementos associados, sua limpeza, inspeção e reparo, quando aplicável.

Refere-se a tanque de carga, tanques de lastro e tanques cofferdam ou void (tanques que

devem permanecer vazios e isolados, por propósitos de proteção contra explosões e de

estabilidade, respectivamente);

4. Equipamentos e Outfitting: Instalação / Operação / Reparo / Substituição – abrange os

relatos envolvendo instalação, operação, reparo e substituição de equipamentos e

outffiting da plataforma;

5. Casco e Ancoragem: Estrutura e Integridade – abrange os relatos envolvendo a estrutura

e integridade do casco e do sistema de ancoragem;

6. Dispositivos de Emergência e Incêndio / Aplicações Salva-Vidas – abrange os relatos

envolvendo dispositivos de aplicações salva vidas, emergência e incêndio;

7. Documentos / Relatórios / Planos de Ação – abrange os relatos envolvendo documentos,

relatórios ou planos de reparo a serem preparados e submetidos à autoridade pertinente;

8. Ações Contínuas: Inspeções, Vistorias ou Testes a serem completados / Extensões a

serem concedidas – abrange os relatos envolvendo ações contínuas solicitadas pela

autoridade pertinente para manutenção dos certificados.

Cada deficiência relatada foi colocada em uma linha de uma planilha e cada família foi colocada

em uma coluna subsequente. Desta forma, cada item foi lido e classificado de acordo com as

famílias onde se encaixavam, a partir da marcação de um “x” na célula de interseção entre a

linha da deficiência e a coluna da família, como pode ser visto no exemplo fictício da Figura 4.3.

O título das famílias nas colunas foi adaptado para que a imagem coubesse no corpo do texto.

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42

Figura 4.3 - Exemplo fictício e adaptado da classificação de deficiências quanto a família

Com todos os itens devidamente avaliados para as cinco plataformas, ao longo de três anos e

pelas três autoridades mencionadas, podemos gerar gráficos de proporção para as famílias. A

partir do recurso “CONT.SE” da planilha, contamos o número de “x” em cada coluna de acordo

com a combinação de fatores que desejarmos analisar, constituindo a parcela quantitativa do

estudo. É importante apontar que uma deficiência pode se encaixar em mais de uma família ao

mesmo tempo, como explicitado no exemplo anterior, o que significa que o número de “x”

contados será maior que o número de deficiências relatadas de fato, o que constitui a parcela

qualitativa do estudo.

Os dados classificados de acordo com as famílias encontram-se anexos a este trabalho. As

descrições das deficiências foram omitidas em respeito aos operadores das plataformas.

4.2 Resultados Obtidos

Foram analisados qualitativamente mais de 710 itens.

A seguir, os resultados do tratamento dos dados:

Unidade Bandeira Marinha Classe

2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016

Plataforma-A 2 12 3 21 20 17 58 22 39

Plataforma-B 25 10 4 5 16 20 15 45 73

Plataforma-C 8 5 2 2 8 8 33 25 55

Plataforma-D 0 4 1 9 3 6 5 10 49

Plataforma-E - 0 2 - 19 0 23 13 14

TOTAL: 78 TOTAL: 154 TOTAL: 479

Figura 4.4 – Tabela contendo quantidade de deficiências emitidas nos relatórios

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BANDEIRA

Famílias de deficiência

Unidade

Total Plataforma A

Plataforma B

Plataforma C

Plataforma D

Plataforma E

Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo 4 7 3 1 0 15

Pintura / Marcação / Indicação 5 6 3 0 0 14

Tanques: Limpeza / Inspeção / Reparo

0 0 0 1 0 1

Equipamentos e Outfitting: Instalação / Operação / Reparo / Substituição

13 26 6 4 2 51

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade 3 2 2 1 0 8

Dispositivos de Emergência & Incêndio / Aplicações Salva-Vidas

4 13 2 1 1 21

Documentos / Planos de Ação & Reparo / Relatórios

1 4 8 0 0 13

Ações Contínuas: Inspeções, Vistorias ou Testes a serem

completados / Extensões a serem concedidas 1 7 2 0 1 11

Total 31 65 26 8 4

Figura 4.5 - Tabela contendo quantidade de deficiências levantadas por família – Bandeira

Figura 4.6 - Gráfico contendo proporção de deficiências por família – Bandeira

11,2%

10,4% 0,7%

38,1% 6,0%

15,7%

9,7%

8,2%

BANDEIRA Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo

Pintura / Marcação / Indicação

Tanques:Limpeza / Inspeção / Reparo

Equipamentos e Outfitting:Instalação / Operação / Reparo / Substituição

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade

Dispositivos de Emergência & Incêndio /Aplicações Salva-Vidas

Documentos / Planos de Ação & Reparo /Relatórios

Ações Contínuas:Inspeções, Vistorias ou Testes a seremcompletados / Extensões a serem concedidas

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MARINHA

Famílias de deficiência

Unidade

Total Plataforma A

Plataforma B

Plataforma C

Plataforma D

Plataforma E

Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo 15 14 5 1 1 36

Pintura / Marcação / Indicação 3 0 0 0 1 4

Tanques: Limpeza / Inspeção / Reparo

1 0 0 0 0 1

Equipamentos e Outfitting: Instalação / Operação / Reparo / Substituição

48 34 17 13 11 123

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade 1 1 0 0 5 7

Dispositivos de Emergência & Incêndio / Aplicações Salva-Vidas

14 9 6 2 4 35

Documentos / Planos de Ação & Reparo / Relatórios

4 5 2 5 6 22

Ações Contínuas: Inspeções, Vistorias ou Testes a serem

completados / Extensões a serem concedidas 2 0 0 0 0 2

Total 88 63 30 21 28

Figura 4.7 - Tabela contendo quantidade de deficiências levantadas por família – Marinha

Figura 4.8 - Gráfico contendo proporção de deficiências por família – Marinha

15,7% 1,7%

0,4%

53,5%

3,0%

15,2%

9,6%

0,9%

MARINHA Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo

Pintura / Marcação / Indicação

Tanques:Limpeza / Inspeção / Reparo

Equipamentos e Outfitting:Instalação / Operação / Reparo / Substituição

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade

Dispositivos de Emergência & Incêndio /Aplicações Salva-Vidas

Documentos / Planos de Ação & Reparo /Relatórios

Ações Contínuas:Inspeções, Vistorias ou Testes a seremcompletados / Extensões a serem concedidas

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CLASSIFICADORA

Famílias de deficiência

Unidade

Total Plataforma A

Plataforma B

Plataforma C

Plataforma D

Plataforma E

Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo 16 16 11 3 22 68

Pintura / Marcação / Indicação 0 22 2 4 0 28

Tanques: Limpeza / Inspeção / Reparo

9 7 22 10 8 56

Equipamentos e Outfitting: Instalação / Operação / Reparo / Substituição

41 71 37 21 8 178

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade 15 7 21 12 27 82

Dispositivos de Emergência & Incêndio / Aplicações Salva-Vidas

9 26 0 2 2 39

Documentos / Planos de Ação & Reparo / Relatórios

43 36 40 30 20 169

Ações Contínuas: Inspeções, Vistorias ou Testes a serem

completados / Extensões a serem concedidas 27 9 17 11 4 68

Total 160 194 150 93 91

Figura 4.9 - Tabela contendo quantidade de deficiências levantadas por família – Classificadora

Figura 4.10 - Gráfico contendo proporção de deficiências por família – Classificadora

9,9% 4,1%

8,1%

25,9%

11,9%

5,7%

24,6%

9,9%

CLASSIFICADORA Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo

Pintura / Marcação / Indicação

Tanques:Limpeza / Inspeção / Reparo

Equipamentos & Outfitting:Instalação / Operação / Reparo / Substituição

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade

Dispositivos de Emergência & Incêndio /Aplicações Salva-Vidas

Documentos / Planos de Ação & Reparo /Relatórios

Ações Contínuas:Inspeções, Vistorias ou Testes a seremcompletados / Extensões a serem concedidas

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Podemos também agrupar as pendências de todas as autoridades em uma única tabela:

TODAS AS AUTORIDADES

Famílias de deficiência

Unidade

Total Plataforma A

Plataforma B

Plataforma C

Plataforma D

Plataforma E

Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo 35 37 19 5 23 119

Pintura / Marcação / Indicação 8 28 5 4 1 46

Tanques: Limpeza / Inspeção / Reparo

10 7 22 11 8 58

Equipamentos & Outfitting: Instalação / Operação / Reparo / Substituição

102 131 60 38 21 352

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade 19 10 23 13 32 97

Dispositivos de Emergência & Incêndio / Aplicações Salva-Vidas

27 48 8 5 7 95

Documentos / Planos de Ação & Reparo / Relatórios

48 45 50 35 26 204

Ações Contínuas: Inspeções, Vistorias ou Testes a serem

completados / Extensões a serem concedidas 30 16 19 11 5 81

Total 279 322 206 122 123

Figura 4.11 - Tabela contendo quantidade de deficiências levantadas por família – Todas as Autoridades

Figura 4.12 - Gráfico contendo proporção de deficiências por família – Todas as Autoridades

11%

4%

6%

34%

9%

9%

19%

8%

TODAS AS AUTORIDADES Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo

Pintura / Marcação / Indicação

Tanques:Limpeza / Inspeção / Reparo

Equipamentos & Outfitting:Instalação / Operação / Reparo / Substituição

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade

Dispositivos de Emergência & Incêndio /Aplicações Salva-Vidas

Documentos / Planos de Ação & Reparo /Relatórios

Ações Contínuas:Inspeções, Vistorias ou Testes a seremcompletados / Extensões a serem concedidas

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Figura 4.13 – Histograma contendo deficiências separadas por unidade – Todas as Autoridades

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

PlataformaA

PlataformaB

PlataformaC

PlataformaD

PlataformaE

TODAS AS AUTORIDADES Corrosão Geral / Dano / Avaria / Furo

Pintura / Marcação / Indicação

Tanques:Limpeza / Inspeção / Reparo

Equipamentos & Outfitting:Instalação / Operação / Reparo /Substituição

Casco e Ancoragem: Estrutura &Integridade

Dispositivos de Emergência &Incêndio / Aplicações Salva-Vidas

Documentos / Planos de Ação &Reparo / Relatórios

Ações Contínuas:Inspeções, Vistorias ou Testes a seremcompletados / Extensões a seremconcedidas

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48

4.3 Interpretação dos Resultados

Os gráficos e tabelas apresentados na seção anterior nos permitem extrair algumas informações

valiosas que podem confirmar ou se opor ao que foi apresentado no capítulo anterior, no que se

refere a escopo de cada uma das autoridades estudadas. Ainda, nos permitem observar quais são

as áreas consideradas de maior importância para as autoridades em suas vistorias, ao conferir a

proporção de deficiências levantadas por família.

Ao analisar a Figura 4.4, que apresenta a quantidade de deficiências levantadas nos relatórios

emitidos, identificamos que 67% dos dados foram gerados pelas vistorias da sociedade

classificadora, enquanto que 22% vieram das perícias da Marinha e 11% das inspeções de

Bandeira. Isso pode ser explicado pela pluralidade de tipos de vistorias da Sociedade

Classificadora ao longo de todas as fases da vida de uma plataforma, somado a sua característica

de vistorias contínuas que garante presença frequente de vistoriadores a bordo.

Nas Figuras 4.5, 4.7 e 4.9, tratamos os dados de acordo com as famílias de deficiências

levantadas, expondo a tabela de distribuição de deficiências arranjadas para cada família sendo

cruzadas com a plataforma que as originou, para cada autoridade. Dessa forma, pudemos usar

esses dados para plotar os gráficos, expostos nas Figuras 4.6 (Bandeira), 4.8 (Marinha) e 4.10

(Classificadora). Ainda, fizemos um apanhado geral das deficiências levantadas para todas as

autoridades e geramos a tabela, gráfico e histograma das Figuras 4.11, 4.12 e 4.13.

Analisando a tabela e gráfico relativos a Bandeira, temos uma maior proporção de deficiências

relacionadas a “Equipamentos e Outfitting” (38,1%), seguida de “Dispositivos de Emergência e

Incêndio/Aplicações Salva-Vidas” (15,7%) e “Corrosão Geral/Dano/Avaria/Furo” (11,2%). Foi

demonstrado também que entre as autoridades estudadas, a Bandeira foi responsável por apontar

a maior proporção de itens relacionados a “Pintura/Marcação/Indicação” (10,4%). A família de

itens relacionados a “Tanques: Limpeza/Inspeção/Reparo” não teve muita expressão (0,7%). Isso

pode indicar que a Bandeira delegou as funções relacionadas a inspeção de tanques à

Classificadora, que é qualificada para atuar em seu nome. As outras famílias receberam o mesmo

grau de atenção, variando sua proporção de 6% a 10%.

Analisando a tabela e gráfico relativos a Marinha, temos uma emissão esmagadora de itens

relacionados a “Equipamentos e Outfitting” (53,5%), ao passo que as famílias de itens

relacionados a “Tanques: Limpeza/Inspeção/Reparo” (0,4%), “Ações Contínuas: Inspeções,

Vistorias ou Testes a serem completados/Extensões a serem concedidas” (0,9%) e

“Pintura/Marcação/Indicação” (1,7%) tiveram pouca expressão. A família relacionada a “Casco

e Ancoragem: Estrutura & Integridade” também apresentou pouca expressão (3,0%), sendo

mencionada apenas quando houve alguma deficiência detectada a olhos nus, como alguma

irregularidade na estrutura do convés ou casaria. Itens relacionados a “Corrosão

Geral/Dano/Avaria/Furo” (15,7%) e “Dispositivos de Emergência e Incêndio/Aplicações Salva-

Vidas” (15,2%) somaram pouco mais de 30% do total das deficiências relatadas.

Analisando a tabela e gráfico relativos à Classificadora, temos um cenário de maior equilíbrio

entre as famílias de deficiências. Isso pode ser explicado pelo extenso programa de vistorias

proposto para que as embarcações se mantenham em classe. Diversas vistorias são programadas

e realizadas a cada ano e, dessa forma, a Classificadora pode ir mais a fundo na avaliação das

condições das unidades, gerando maior número de deficiências e abrangendo todas as áreas.

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49

Ainda assim, a tabela e o gráfico relativos à Classificadora apresentam maior proporção de

deficiências na família de “Equipamentos e Outfitting” (25,9%), mas esta é imediatamente

seguida da família de “Documentos/Planos de Ação & Reparo/Relatórios” (24,6%), o que

evidencia o caráter de acompanhamento contínuo agregado à Classificadora. Ela apresenta

também as maiores proporções de itens reportados das famílias “Casco e Ancoragem: Estrutura

& Integridade” (11,9%) e “Tanques: Limpeza/Inspeção/Reparo” (8,1%), evidenciando que a

devida atenção está sendo dada a estes itens tão importantes para manutenção da segurança da

vida, propriedade e meio ambiente, justificando a confiança de Bandeira e Marinha ao

delegarem funções a esta terceira autoridade.

Verificando os resultados da tabela e do gráfico relativos às três autoridades juntas, podemos

identificar que a família “Equipamentos e Outfitting” apresenta-se como a área que mais gera

deficiências sob a ótica das autoridades em questão. Isso pode ser justificado pela grande

quantidade de bombas, separadores, geradores, motores, turbinas, queimadores, trocadores de

calor, caldeiras, guinchos, guindastes, válvulas, tubulações, flanges, cabos, dutos, suspiros,

abafadores, escotilhas, filtros, balaustradas, escadas, grades, luzes, rolamentos, dilúvios, travas,

sondas etc, que se empregam na operação do FPSO. Um escopo tão grande como esse

naturalmente representa um grande desafio de manutenção, principalmente quando submetido a

um ambiente tão severo como o alto mar.

Apesar de manter-se próximo dos 10% tanto para Marinha quanto para Bandeira, a família

“Documentos/Planos de Ação & Reparo/Relatórios” aparece com quase 25% das ocorrências

relatadas pela Classificadora. Isso pode ser justificado pelo fato de muitas falhas exigirem testes

ou investigações mais profundas para avaliar a condição dos itens reportados, gerando relatórios

que devem ser submetidos aos vistoriadores para avaliação, ou exigindo planos de ação e reparo

que devem ser aprovados pelos vistoriadores.

Deficiências das famílias “Corrosão Geral/Dano/Avaria/Furo” e “Dispositivos de Emergência e

Incêndio/Aplicações Salva-Vidas” apresentaram proporção semelhante de modo geral, sendo

relevantes para as três autoridades, porém ficando em segundo plano quando comparadas a

“Equipamentos e Outfitting” e “Documentos/Planos de Ação & Reparo/Relatórios”. No entanto,

isso não significa, de forma alguma, que aqueles são menos importantes que estes.

Analisando o histograma, podemos comparar graficamente as plataformas estudadas em relação

à quantidade de deficiências emitidas. Intuitivamente, as unidades mais antigas deveriam

apresentar maior número de ocorrências do que as mais novas devido ao maior tempo em

operação, expostas às severas condições do mar. Os dados confirmam a intuição ao apresentar

maior concentração de ocorrências na Plataforma-A e Plataforma-B, seguidas pela Plataforma-C.

Ao analisar o desempenho da Plataforma-E na Figura 4.13, identificamos uma significante

inversão na tendência das condições emitidas em relação às outras unidades estudadas. Notamos

uma predominância de itens relacionados a “Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade” e

“Corrosão Geral/Dano/Avaria/Furo”, que não são tão gritantes nas outras plataformas em relação

às demais famílias. Isso pode ser explicado pela idade do FPSO, que esteve em fase de

conversão no estaleiro em 2014. Como mencionado no Capítulo 3, a fase de conversão envolve

intensa troca/reparo de chapas e inclusão de reforços de acordo com os testes e medições

realizados nas vistorias da Classificadora, além de potenciais modificações quanto aos arranjos

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estruturais devido aos esforços e carregamentos diferentes que o casco irá sofrer operando como

um FPSO.

Analisando em conjunto as tabelas contidas nas Figuras 4.1 e 4.2, podemos cruzar suas

informações com os dados obtidos através do estudo. Interpretando os resultados, podemos

afirmar que a idade do petroleiro original não necessariamente indica que o FPSO convertido

apresentará maior número de deficiências, como pode ser comprovado a partir da comparação

entre a Plataforma-A e a Plataforma-B, que apresentam praticamente o mesmo tempo em

operação (primeiro óleo no mesmo ano). Mesmo tendo sido convertido de um navio mais velho

(36 anos), a Plataforma-A apresentou menor índice de emissão de não-conformidades do que a

Plataforma-B, proveniente de um navio menos velho (20 anos).

Por outro lado, o que chama a atenção na comparação entre as Figuras 4.1 e 4.2 é o tempo

decorrido entre o fim da conversão das unidades até o primeiro óleo das mesmas. Enquanto

Plataforma-C, Plataforma-D e Plataforma-E apresentam de 2 a 3 anos entre conversão e primeiro

óleo, a Plataforma-A e a Plataforma-B apresentam de 0 a 1 ano entre as mesmas atividades. Se

nos atentarmos de que entre o fim da conversão e o primeiro óleo de um FPSO existem ainda

etapas como navegação do estaleiro até o país de operação, ajustes finais em estaleiro local,

reboque até o campo de exploração, instalação da ancoragem e instalação dos risers, podemos

assumir que a Plataforma-A e a Plataforma-B passaram menos de um ano nesse processo. A

Figura 4.14 apresenta essa comparação de uma maneira mais didática.

Unidade Entrega da Conversão

Primeiro Óleo

Diferença (anos)

Plataforma-A 2009 2010 1

Plataforma-B 2010 2010 0

Plataforma-C 2010 2013 3

Plataforma-D 2012 2014 2

Plataforma-E 2013 2015 2

Figura 4.14 - Diferença de tempo entre Conversão e Primeiro Óleo

Dado este novo fato, ainda que essas unidades tenham passado maior tempo em operação,

podemos indicar como hipótese que o menor tempo entre a entrega da conversão e o início da

operação é também um dos responsáveis pelo maior número de emissões de deficiências.

Como as unidades provêm de conversão na China, assumindo distância e velocidade de serviço

aproximadamente igual, podemos dizer que o tempo em viagem até o Brasil foi o mesmo para

todas. Como elas se encontram na Bacia de Santos, podemos assumir que o tempo gasto com

reboque até o campo e instalação de ancoragem e risers foram aproximadamente os mesmos

(salvos possíveis diferenças no número de linhas de ancoragem e de risers instalados em cada

uma). Desta forma, resta apenas a fase de ajustes finais em estaleiro local para explicar a

diferença de tempo decorrido entre o fim da conversão e o primeiro óleo de cada unidade.

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51

No entanto, estudos mais aprofundados e direcionados a esse mérito devem ser realizados para

de fato comprovar a hipótese. As suposições feitas nos parágrafos anteriores são fundamentadas

apenas na observação dos dados de deficiências emitidas e nas datas de entrega da conversão e

primeiro óleo das unidades. Uma análise completa dos relatórios da Sociedade Classificadora

durante as fases de conversão e ajustes finais em estaleiro local das unidades seria um bom ponto

de partida para tais estudos. Mapeando a história de cada uma seria possível ter uma noção

melhor de tempo decorrido em cada estaleiro e em cada operação.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO

Como informado no início do trabalho, este consistiu na análise do histórico de deficiências de

Sociedade Classificadora, Administração de Bandeira e Autoridade Costeira Local de uma frota

de cinco plataformas do tipo FPSO operando na Bacia de Santos, região do Pré-sal brasileiro. O

objetivo seria identificar pontos de atenção de acordo com as tendências sugeridas pelos dados

levantados, propondo medidas para reduzir a emissão de novas ocorrências.

Primeiramente, identificamos a partir do capítulo 3 que o contexto regulamentário existe com o

propósito de preservar a vida humana, a propriedade do armador e o meio ambiente. As regras e

convenções aplicáveis partem de órgãos internacionais e são baseadas em vasta experiência de

navegação adquiridas ao longo de mais de dois séculos. Desta forma, seguir as recomendações

dessas entidades e estar sempre em conformidade com suas normas, além de ser uma obrigação

imposta ao armador sob pena de detenção e impedimento da unidade, seria uma maneira de

garantir a operação segura da plataforma, em respeito às pessoas a bordo e à natureza.

É compreensível que muitas dificuldades sejam encontradas por parte do operador, uma vez que

as condições às quais se submetem os ativos são adversas e extremamente desafiadoras.

Deficiências serão inevitáveis, bem como as não-conformidades emitidas pelas autoridades

pertinentes, mas entendemos que a filosofia por trás da operação deve ser tal de forma a

minimizar tais emissões. Mão de obra suficiente deve ser mobilizada para atacar as pendências

adequadamente.

Considerando o tratamento de dados e a interpretação de resultados efetuados ao longo do

capítulo 4, podemos considerar que a essa altura do trabalho o objetivo já foi parcialmente

atendido, uma vez que diversos pontos de atenção foram identificados. No entanto, nos compete

ainda a tarefa de propor medidas para redução de novas emissões de não-conformidades. Desta

forma, nos dirigimos agora ao armador para sugerir melhorias no modo como ele opera suas

unidades e se relaciona com as autoridades e o contexto regulamentário que rege a operação de

um FPSO.

Como identificado no capítulo anterior, a maior proporção de não-conformidades emitidas está

relacionada aos equipamentos e outfitting das unidades, tratando desde a instalação até a

operação, reparo e substituição destes. Para minimizar esse alto índice, seria interessante a

implementação de um programa sólido de manutenções preventiva e preditiva, com premissas

bem fundamentadas e rotinas bem estabelecidas, contando com profissionais de manutenção

experientes e dedicados exclusivamente à sua execução, para antecipar os defeitos que podem

vir a ocorrer, sanando-os antes que se tornem não-conformidades durante as inspeções, perícias

técnicas e vistorias. Essa medida ainda seria interessante para o armador devido ao grande

potencial de redução de custo que a acompanha. De modo geral, as manutenções preventiva e

preditiva diminuem o tempo de indisponibilidade do equipamento e maiores transtornos que

possam vir a ocorrer devido à adoção de medidas paliativas ou corretivas – sendo eles inclusive

financeiros, associados à compra e tempo de entrega de novos equipamentos –, garantindo maior

confiança na operação.

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53

Outra sugestão seria realizar estudos mais aprofundados para os FPSOs em questão, que

indiquem local, equipamento e defeito exatos que surgiram nas pendências – como foi feito para

plataformas semi submersíveis no estudo contido na Referência [15]. As informações adquiridas

serviriam de base para estabelecer as premissas e rotinas da equipe de manutenção, mapeando as

prioridades e os pontos críticos a serem endereçados.

Em segundo plano, temos as não-conformidades relacionadas a relatos envolvendo

irregularidade ou insuficiência na emissão e submissão de documentos, relatórios ou planos de

ação e reparo para as autoridades envolvidas. Apesar de não parecer crítico para a operação da

plataforma, é um requisito que costuma indicar a forma como se dá o relacionamento entre o

operador e as autoridades. Se existirem muitas pendências desse tipo, isso provavelmente indica

que a comunicação pode ser melhorada, ao passo que se existirem poucas pendências desse tipo,

isso provavelmente indica que o armador está bem alinhado com as autoridades e suas

exigências. Para melhorar nesse quesito, o armador pode estabelecer internamente um grupo de

pessoas com experiência em Sociedades Classificadoras, a Autoridade Costeira Local e a

Administração de Bandeira para atuar como ponto focal, concentrando toda a comunicação e

transmissão de informações aplicáveis a cada autoridade.

Atividades relacionadas a integridade estrutural do casco e da ancoragem, bem como atividades

de limpeza, inspeção e reparo de tanques devem seguir os programas de inspeção contínua

sugerido pela Classificadora. Atividades ligadas ao combate à corrosão e outros defeitos

relacionados devem ser executadas frequentemente e de forma rotineira. O estabelecimento de

uma frequência mínima para realização de campanhas de renovação e pintura com tinta especial

contra corrosão pode se mostrar como um bom método para amenizar a emissão de pendências

desse tipo.

Sobre a hipótese levantada na parte final da seção 4.3, sugerimos que futuros estudos sejam

realizados para avaliar se o menor tempo gasto entre o fim da conversão e o primeiro óleo da

unidade é um bom indicador da qualidade das instalações, confirmando ou rejeitando a hipótese,

integralmente ou com restrições. Ainda, caso seja realizado, seria interessante mapear e registrar

o histórico de navegação, ajustes finais e instalação de cada unidade para tentar vincular, remeter

ou explicar a origem das deficiências emitidas pelas autoridades devido a possíveis erros ou más

práticas de engenharia que possam ter vindo a acontecer durante essas atividades.

Dados os levantamentos e discussões gerados, concluímos que este trabalho atingiu o objetivo

proposto de identificar pontos de atenção de acordo com as tendências dos dados e sugerir

medidas para reduzir a emissão de novas ocorrências. O trabalho ainda foi além, levantando uma

hipótese e sugerindo estudos futuros para confirmá-la ou rejeitá-la. O desfecho deixa o autor

satisfeito com os resultados alcançados.

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54

6 BIBLIOGRAFIA

[1] – AL. Calado, Jornal Canal 16, “Mundo Naval #2: Navios Petroleiros”, Disponível em:

http://jornalcanal16.com.br/site/pt/pt/mundo-naval-2-navios-petroleiros-2/

Acessado no dia 05/11/2017.

[2] – VME, “Floating Production Systems”, Disponível em:

https://vmecompanies.com/fpso-topsides/

Acessado no dia 03/10/2017.

[3] – da Costa, L.V.F. (2015). Conversão de VLCC em FPSO – Implicações Estruturais.

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[4] – Tapia Reyes, M.C. Apostila de Tecnologia de Sistemas Oceânicos III. Construa.

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[5] – Pedro Gabriel, TecPetro, “Equipamentos Submarinos”, Disponível em:

https://tecpetro.com/2014/05/11/equipamentos-submarinos/

Acessado no dia 19/10/2017.

[6] – Wollner, G.C. (2016). Arranjos de convés de FPSOs para operação no pré-sal.

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[7] – Petrowiki, “History of Offshore Drilling Units”, Disponível em:

http://petrowiki.org/History_of_offshore_drilling_units#The_first_MODU

Acessado no dia 24/10/2017.

[8] – Paulo Fonseca, Cultura Naval, “Qual a diferença entre Classe e Estatutário?”, Disponível

em:

http://www.culturanaval.com/videos-gratuitos

Acessado em 24/10/2017.

[9] – International Maritime Organization, “Brief History of IMO”, Disponível em:

http://www.imo.org/en/About/HistoryOfIMO/Pages/Default.aspx

Acessado em 30/10/2017.

Page 65: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

55

[10] – Shilavadra Bhattachariee, Marine Insight, “What is International Association of

Classification Societies (IACS)?”, Disponível em:

https://www.marineinsight.com/maritime-law/what-are-international-classification-society-

international-association-of-classification-societies-iacs/

Acessado em 06/11/2017.

[11] – Alvaro Sardinha, Coleção Mar Fundamental, “Registo de navios Estados de bandeira”,

Disponível em:

https://transportemaritimoglobal.files.wordpress.com/2013/09/registo-de-navios-estados-de-

bandeira.pdf

Acessado em 07/11/2017.

[12] – Lei Nº 9.537/1997. Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário em Águas sob Jurisdição

Nacional. República Federativa do Brasil.

[13] – Decreto Nº 2.596/1998. Regulamento de Segurança do Tráfego Aquaviário em Águas sob

Jurisdição Nacional. República Federativa do Brasil.

[14] – Diretoria de Portos e Costas, Marinha do Brasil, “Inspeção e Vistoria Naval”, Disponível

em:

https://www.dpc.mar.mil.br/pt-br/comunicacao-social/perguntas-frequentes/inspecao-e-vistoria-

naval

Acessado em 08/11/2017.

[15] – Machado, G.C. (2016). Análise de histórico de Condições de Classe de unidades de

produção “offshore” em operação. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[16] – Masetti, I.Q.; 1997, Análise Dinâmica de Navios Ancorados com Complacência

Diferenciada. Tese DSc., COPPE/UFRJ.

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56

7 ANEXOS

Os anexos se encontram nas próximas páginas.

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7.1 ANEXO I – Tratamento das deficiências referentes a Bandeira

# Autoridade Plataforma Ano Corrosão Geral / Dano / Avaria

/ Furo

Pintura / Marcação

/ Indicação

Tanques: Limpeza / Inspeção /

Reparo

Equipamentos & Outfitting:

Instalação / Operação / Reparo

/ Substituição

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade

Dispositivos de Emergência &

Incêndio / Aplicações Salva-

Vidas

Documentos / Planos de Ação &

Reparo / Relatórios

Ações Contínuas: Inspeções, Vistorias ou

Testes a serem completados / Extensões

a serem concedidas

1 BANDEIRA A 2014 x x x x

2 BANDEIRA A 2014 x x

3 BANDEIRA A 2015 x x

4 BANDEIRA A 2015 x x

5 BANDEIRA A 2015 x x

6 BANDEIRA A 2015 x

7 BANDEIRA A 2015 x x x x

8 BANDEIRA A 2015 x x

9 BANDEIRA A 2015 x

10 BANDEIRA A 2015 x

11 BANDEIRA A 2015 x

12 BANDEIRA A 2015 x

13 BANDEIRA A 2015 x

14 BANDEIRA A 2015 x

15 BANDEIRA A 2016 x x x x

16 BANDEIRA A 2016 x

17 BANDEIRA A 2016 x

18 BANDEIRA B 2014 x x

19 BANDEIRA B 2014 x

20 BANDEIRA B 2014 x

21 BANDEIRA B 2014 x

22 BANDEIRA B 2014 x x

23 BANDEIRA B 2014 x x x

24 BANDEIRA B 2014 x

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58

25 BANDEIRA B 2014 x

26 BANDEIRA B 2014 x

27 BANDEIRA B 2014 x x

28 BANDEIRA B 2014 x

29 BANDEIRA B 2014 x

30 BANDEIRA B 2014 x

31 BANDEIRA B 2014 x

32 BANDEIRA B 2014 x x

33 BANDEIRA B 2014 x x x

34 BANDEIRA B 2014 x

35 BANDEIRA B 2014 x x

36 BANDEIRA B 2014 x

37 BANDEIRA B 2014 x

38 BANDEIRA B 2014 x

39 BANDEIRA B 2014 x

40 BANDEIRA B 2014 x x

41 BANDEIRA B 2014 x x

42 BANDEIRA B 2014 x x

43 BANDEIRA B 2015 x x

44 BANDEIRA B 2015 x x x x

45 BANDEIRA B 2015 x x

46 BANDEIRA B 2015 x x

47 BANDEIRA B 2015 x x

48 BANDEIRA B 2015 x x

49 BANDEIRA B 2015 x

50 BANDEIRA B 2015 x x

51 BANDEIRA B 2015 x x

52 BANDEIRA B 2015 x x

53 BANDEIRA B 2016 x x x x

54 BANDEIRA B 2016 x

55 BANDEIRA B 2016 x

56 BANDEIRA B 2016 x

57 BANDEIRA C 2014 x

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59

58 BANDEIRA C 2014 x

59 BANDEIRA C 2014 x

60 BANDEIRA C 2014 x

61 BANDEIRA C 2014 x x

62 BANDEIRA C 2014 x x

63 BANDEIRA C 2014 x

64 BANDEIRA C 2014 x x

65 BANDEIRA C 2015 x

66 BANDEIRA C 2015 x

67 BANDEIRA C 2015 x x

68 BANDEIRA C 2015 x x

69 BANDEIRA C 2015 x x x x

70 BANDEIRA C 2016 x x x x

71 BANDEIRA C 2016 x

72 BANDEIRA D 2015 x

73 BANDEIRA D 2015 x x

74 BANDEIRA D 2015 x

75 BANDEIRA D 2015 x x x

76 BANDEIRA D 2016 x

77 BANDEIRA E 2016 x x

78 BANDEIRA E 2016 x x

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60

7.2 ANEXO II – Tratamento das deficiências referentes a Marinha

# Autoridade Plataforma Ano

Corrosão Geral / Dano

/ Avaria / Furo

Pintura / Marcação / Indicação

Tanques: Limpeza / Inspeção /

Reparo

Equipamentos & Outfitting:

Instalação / Operação / Reparo

/ Substituição

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade

Dispositivos de Emergência &

Incêndio / Aplicações Salva-

Vidas

Documentos / Planos de Ação &

Reparo / Relatórios

Ações Contínuas: Inspeções, Vistorias ou

Testes a serem completados / Extensões

a serem concedidas

79 MARINHA A 2014 x

80 MARINHA A 2014 x

81 MARINHA A 2014 x

82 MARINHA A 2014 x

83 MARINHA A 2014 x

84 MARINHA A 2014 x

85 MARINHA A 2014 x x

86 MARINHA A 2014 x

87 MARINHA A 2014 x x

88 MARINHA A 2014 x

89 MARINHA A 2014 x

90 MARINHA A 2014 x

91 MARINHA A 2014 x x

92 MARINHA A 2014 x x

93 MARINHA A 2014 x x x

94 MARINHA A 2014 x x x

95 MARINHA A 2014 x x x

96 MARINHA A 2014 x

97 MARINHA A 2014 x

98 MARINHA A 2014 x

99 MARINHA A 2014 x

100 MARINHA A 2015 x

101 MARINHA A 2015 x x

102 MARINHA A 2015 x

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61

103 MARINHA A 2015 x x

104 MARINHA A 2015 x x

105 MARINHA A 2015 x

106 MARINHA A 2015 x x

107 MARINHA A 2015 x

108 MARINHA A 2015 x

109 MARINHA A 2015 x

110 MARINHA A 2015 x

111 MARINHA A 2015 x

112 MARINHA A 2015 x

113 MARINHA A 2015 x

114 MARINHA A 2015 x

115 MARINHA A 2015 x

116 MARINHA A 2015 x x

117 MARINHA A 2015 x x

118 MARINHA A 2015 x

119 MARINHA A 2015 x

120 MARINHA A 2016 x

121 MARINHA A 2016 x

122 MARINHA A 2016 x x

123 MARINHA A 2016 x

124 MARINHA A 2016 x x x

125 MARINHA A 2016 x

126 MARINHA A 2016 x x

127 MARINHA A 2016 x x

128 MARINHA A 2016 x

129 MARINHA A 2016 x x x

130 MARINHA A 2016 x x

131 MARINHA A 2016 x x

132 MARINHA A 2016 x

133 MARINHA A 2016 x

134 MARINHA A 2016 x x x

135 MARINHA A 2016 x x x

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62

136 MARINHA A 2016 x x

137 MARINHA B 2014 x x

138 MARINHA B 2014 x x

139 MARINHA B 2014 x x

140 MARINHA B 2014 x x

141 MARINHA B 2014 x x

142 MARINHA B 2015 x

143 MARINHA B 2015 x x

144 MARINHA B 2015 x x

145 MARINHA B 2015 x

146 MARINHA B 2015 x x

147 MARINHA B 2015 x

148 MARINHA B 2015 x

149 MARINHA B 2015 x

150 MARINHA B 2015 x

151 MARINHA B 2015 x

152 MARINHA B 2015 x

153 MARINHA B 2015 x

154 MARINHA B 2015 x x

155 MARINHA B 2015 x x

156 MARINHA B 2015 x

157 MARINHA B 2015 x

158 MARINHA B 2016 x

159 MARINHA B 2016 x x

160 MARINHA B 2016 x x

161 MARINHA B 2016 x

162 MARINHA B 2016 x x

163 MARINHA B 2016 x

164 MARINHA B 2016 x x

165 MARINHA B 2016 x

166 MARINHA B 2016 x

167 MARINHA B 2016 x

168 MARINHA B 2016 x

Page 73: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

63

169 MARINHA B 2016 x

170 MARINHA B 2016 x x

171 MARINHA B 2016 x

172 MARINHA B 2016 x

173 MARINHA B 2016 x

174 MARINHA B 2016 x x x

175 MARINHA B 2016 x x x

176 MARINHA B 2016 x x

177 MARINHA B 2016 x x x

178 MARINHA C 2014 x

179 MARINHA C 2014 x x

180 MARINHA C 2015 x x

181 MARINHA C 2015 x x

182 MARINHA C 2015 x x

183 MARINHA C 2015 x x

184 MARINHA C 2015 x

185 MARINHA C 2015 x

186 MARINHA C 2015 x x x

187 MARINHA C 2015 x

188 MARINHA C 2016 x

189 MARINHA C 2016 x

190 MARINHA C 2016 x

191 MARINHA C 2016 x x

192 MARINHA C 2016 x

193 MARINHA C 2016 x

194 MARINHA C 2016 x x

195 MARINHA C 2016 x x x x

196 MARINHA D 2014 x

197 MARINHA D 2014 x

198 MARINHA D 2014 x

199 MARINHA D 2014 x

200 MARINHA D 2014 x

201 MARINHA D 2014 x x

Page 74: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

64

202 MARINHA D 2014 x

203 MARINHA D 2014 x x

204 MARINHA D 2014 x

205 MARINHA D 2015 x

206 MARINHA D 2015 x

207 MARINHA D 2015 x x

208 MARINHA D 2016 x

209 MARINHA D 2016 x

210 MARINHA D 2016 x

211 MARINHA D 2016 x

212 MARINHA D 2016 x

213 MARINHA D 2016 x

214 MARINHA E 2015 x x

215 MARINHA E 2015 x x

216 MARINHA E 2015 x

217 MARINHA E 2015 x

218 MARINHA E 2015 x x

219 MARINHA E 2015 x x

220 MARINHA E 2015 x x

221 MARINHA E 2015 x x

222 MARINHA E 2015 x

223 MARINHA E 2015 x

224 MARINHA E 2015 x

225 MARINHA E 2015 x

226 MARINHA E 2015 x

227 MARINHA E 2015 x

228 MARINHA E 2015 x x

229 MARINHA E 2015 x x

230 MARINHA E 2015 x

231 MARINHA E 2015 x

232 MARINHA E 2015 x x

Page 75: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

65

7.3 ANEXO III – Tratamento das deficiências referentes à Classificadora

# Autoridade Plataforma Ano

Corrosão Geral / Dano

/ Avaria / Furo

Pintura / Marcação / Indicação

Tanques: Limpeza / Inspeção /

Reparo

Equipamentos & Outfitting:

Instalação / Operação / Reparo

/ Substituição

Casco e Ancoragem: Estrutura & Integridade

Dispositivos de Emergência &

Incêndio / Aplicações Salva-

Vidas

Documentos / Planos de Ação &

Reparo / Relatórios

Ações Contínuas: Inspeções, Vistorias ou

Testes a serem completados /

Extensões a serem concedidas

233 CLASSIFICADORA A 2014 x

234 CLASSIFICADORA A 2014 x

235 CLASSIFICADORA A 2014 x x x

236 CLASSIFICADORA A 2014 x

237 CLASSIFICADORA A 2014 x x

238 CLASSIFICADORA A 2014 x x

239 CLASSIFICADORA A 2014 x x

240 CLASSIFICADORA A 2014 x

241 CLASSIFICADORA A 2014 x

242 CLASSIFICADORA A 2014 x

243 CLASSIFICADORA A 2014 x

244 CLASSIFICADORA A 2014 x x x

245 CLASSIFICADORA A 2014 x

246 CLASSIFICADORA A 2014 x

247 CLASSIFICADORA A 2014 x

248 CLASSIFICADORA A 2014 x

249 CLASSIFICADORA A 2014 x x

250 CLASSIFICADORA A 2014 x x x x

251 CLASSIFICADORA A 2014 x

252 CLASSIFICADORA A 2014 x x

253 CLASSIFICADORA A 2014 x

254 CLASSIFICADORA A 2014 x

255 CLASSIFICADORA A 2014 x

256 CLASSIFICADORA A 2014 x

Page 76: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

66

257 CLASSIFICADORA A 2014 x

258 CLASSIFICADORA A 2014 x

259 CLASSIFICADORA A 2014 x

260 CLASSIFICADORA A 2014 x

261 CLASSIFICADORA A 2014 x

262 CLASSIFICADORA A 2014 x

263 CLASSIFICADORA A 2014 x

264 CLASSIFICADORA A 2014 x

265 CLASSIFICADORA A 2014 x x

266 CLASSIFICADORA A 2014 x x

267 CLASSIFICADORA A 2014 x

268 CLASSIFICADORA A 2014 x

269 CLASSIFICADORA A 2014 x

270 CLASSIFICADORA A 2014 x

271 CLASSIFICADORA A 2014 x

272 CLASSIFICADORA A 2014 x

273 CLASSIFICADORA A 2014 x

274 CLASSIFICADORA A 2014 x

275 CLASSIFICADORA A 2014 x x x

276 CLASSIFICADORA A 2014 x

277 CLASSIFICADORA A 2014 x x x

278 CLASSIFICADORA A 2014 x

279 CLASSIFICADORA A 2014 x

280 CLASSIFICADORA A 2014 x x

281 CLASSIFICADORA A 2014 x

282 CLASSIFICADORA A 2014 x

283 CLASSIFICADORA A 2014 x x

284 CLASSIFICADORA A 2014 x x x

285 CLASSIFICADORA A 2014 x

286 CLASSIFICADORA A 2014 x

287 CLASSIFICADORA A 2014 x

288 CLASSIFICADORA A 2014 x

289 CLASSIFICADORA A 2014 x

Page 77: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

67

290 CLASSIFICADORA A 2014 x

291 CLASSIFICADORA A 2015 x x x

292 CLASSIFICADORA A 2015 x x

293 CLASSIFICADORA A 2015 x x

294 CLASSIFICADORA A 2015 x

295 CLASSIFICADORA A 2015 x

296 CLASSIFICADORA A 2015 x

297 CLASSIFICADORA A 2015 x

298 CLASSIFICADORA A 2015 x

299 CLASSIFICADORA A 2015 x

300 CLASSIFICADORA A 2015 x

301 CLASSIFICADORA A 2015 x

302 CLASSIFICADORA A 2015 x

303 CLASSIFICADORA A 2015 x

304 CLASSIFICADORA A 2015 x

305 CLASSIFICADORA A 2015 x

306 CLASSIFICADORA A 2015 x

307 CLASSIFICADORA A 2015 x

308 CLASSIFICADORA A 2015 x

309 CLASSIFICADORA A 2015 x

310 CLASSIFICADORA A 2015 x x

311 CLASSIFICADORA A 2015 x

312 CLASSIFICADORA A 2015 x x

313 CLASSIFICADORA A 2016 x

314 CLASSIFICADORA A 2016 x

315 CLASSIFICADORA A 2016 x

316 CLASSIFICADORA A 2016 x

317 CLASSIFICADORA A 2016 x x

318 CLASSIFICADORA A 2016 x

319 CLASSIFICADORA A 2016 x

320 CLASSIFICADORA A 2016 x x

321 CLASSIFICADORA A 2016 x

322 CLASSIFICADORA A 2016 x

Page 78: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

68

323 CLASSIFICADORA A 2016 x

324 CLASSIFICADORA A 2016 x

325 CLASSIFICADORA A 2016 x

326 CLASSIFICADORA A 2016 x

327 CLASSIFICADORA A 2016 x

328 CLASSIFICADORA A 2016 x

329 CLASSIFICADORA A 2016 x

330 CLASSIFICADORA A 2016 x x

331 CLASSIFICADORA A 2016 x x

332 CLASSIFICADORA A 2016 x x

333 CLASSIFICADORA A 2016 x x

334 CLASSIFICADORA A 2016 x

335 CLASSIFICADORA A 2016 x x

336 CLASSIFICADORA A 2016 x

337 CLASSIFICADORA A 2016 x

338 CLASSIFICADORA A 2016 x

339 CLASSIFICADORA A 2016 x

340 CLASSIFICADORA A 2016 x

341 CLASSIFICADORA A 2016 x

342 CLASSIFICADORA A 2016 x

343 CLASSIFICADORA A 2016 x

344 CLASSIFICADORA A 2016 x

345 CLASSIFICADORA A 2016 x x

346 CLASSIFICADORA A 2016 x x

347 CLASSIFICADORA A 2016 x

348 CLASSIFICADORA A 2016 x x

349 CLASSIFICADORA A 2016 x x

350 CLASSIFICADORA A 2016 x x

351 CLASSIFICADORA A 2016 x x

352 CLASSIFICADORA B 2014 x

353 CLASSIFICADORA B 2014 x

354 CLASSIFICADORA B 2014 x

355 CLASSIFICADORA B 2014 x

Page 79: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

69

356 CLASSIFICADORA B 2014 x x

357 CLASSIFICADORA B 2014 x

358 CLASSIFICADORA B 2014 x

359 CLASSIFICADORA B 2014 x x

360 CLASSIFICADORA B 2014 x x

361 CLASSIFICADORA B 2014 x x

362 CLASSIFICADORA B 2014 x x

363 CLASSIFICADORA B 2014 x

364 CLASSIFICADORA B 2014 x

365 CLASSIFICADORA B 2014 x

366 CLASSIFICADORA B 2014 x

367 CLASSIFICADORA B 2015 x

368 CLASSIFICADORA B 2015 x

369 CLASSIFICADORA B 2015 x

370 CLASSIFICADORA B 2015 x x

371 CLASSIFICADORA B 2015 x

372 CLASSIFICADORA B 2015 x

373 CLASSIFICADORA B 2015 x

374 CLASSIFICADORA B 2015 x

375 CLASSIFICADORA B 2015 x

376 CLASSIFICADORA B 2015 x

377 CLASSIFICADORA B 2015 x

378 CLASSIFICADORA B 2015 x

379 CLASSIFICADORA B 2015 x x

380 CLASSIFICADORA B 2015 x

381 CLASSIFICADORA B 2015 x

382 CLASSIFICADORA B 2015 x x

383 CLASSIFICADORA B 2015 x x

384 CLASSIFICADORA B 2015 x

385 CLASSIFICADORA B 2015 x

386 CLASSIFICADORA B 2015 x

387 CLASSIFICADORA B 2015 x

388 CLASSIFICADORA B 2015 x x x

Page 80: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

70

389 CLASSIFICADORA B 2015 x

390 CLASSIFICADORA B 2015 x

391 CLASSIFICADORA B 2015 x

392 CLASSIFICADORA B 2015 x

393 CLASSIFICADORA B 2015 x

394 CLASSIFICADORA B 2015 x

395 CLASSIFICADORA B 2015 x

396 CLASSIFICADORA B 2015 x x x

397 CLASSIFICADORA B 2015 x

398 CLASSIFICADORA B 2015 x x

399 CLASSIFICADORA B 2015 x

400 CLASSIFICADORA B 2015 x

401 CLASSIFICADORA B 2015 x

402 CLASSIFICADORA B 2015 x

403 CLASSIFICADORA B 2015 x x x

404 CLASSIFICADORA B 2015 x

405 CLASSIFICADORA B 2015 x x x

406 CLASSIFICADORA B 2015 x x x

407 CLASSIFICADORA B 2015 x

408 CLASSIFICADORA B 2015 x

409 CLASSIFICADORA B 2015 x x

410 CLASSIFICADORA B 2015 x

411 CLASSIFICADORA B 2015 x

412 CLASSIFICADORA B 2016 x

413 CLASSIFICADORA B 2016 x

414 CLASSIFICADORA B 2016 x

415 CLASSIFICADORA B 2016 x x

416 CLASSIFICADORA B 2016 x

417 CLASSIFICADORA B 2016 x x

418 CLASSIFICADORA B 2016 x

419 CLASSIFICADORA B 2016 x

420 CLASSIFICADORA B 2016 x x

421 CLASSIFICADORA B 2016 x x

Page 81: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

71

422 CLASSIFICADORA B 2016 x x

423 CLASSIFICADORA B 2016 x

424 CLASSIFICADORA B 2016 x

425 CLASSIFICADORA B 2016 x

426 CLASSIFICADORA B 2016 x

427 CLASSIFICADORA B 2016 x x

428 CLASSIFICADORA B 2016 x x

429 CLASSIFICADORA B 2016 x

430 CLASSIFICADORA B 2016 x

431 CLASSIFICADORA B 2016 x x

432 CLASSIFICADORA B 2016 x x

433 CLASSIFICADORA B 2016 x x x

434 CLASSIFICADORA B 2016 x x x

435 CLASSIFICADORA B 2016 x x

436 CLASSIFICADORA B 2016 x x

437 CLASSIFICADORA B 2016 x

438 CLASSIFICADORA B 2016 x

439 CLASSIFICADORA B 2016 x

440 CLASSIFICADORA B 2016 x

441 CLASSIFICADORA B 2016 x

442 CLASSIFICADORA B 2016 x x

443 CLASSIFICADORA B 2016 x x

444 CLASSIFICADORA B 2016 x x

445 CLASSIFICADORA B 2016 x

446 CLASSIFICADORA B 2016 x

447 CLASSIFICADORA B 2016 x x

448 CLASSIFICADORA B 2016 x

449 CLASSIFICADORA B 2016 x

450 CLASSIFICADORA B 2016 x

451 CLASSIFICADORA B 2016 x

452 CLASSIFICADORA B 2016 x

453 CLASSIFICADORA B 2016 x

454 CLASSIFICADORA B 2016 x x

Page 82: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

72

455 CLASSIFICADORA B 2016 x x x

456 CLASSIFICADORA B 2016 x x x

457 CLASSIFICADORA B 2016 x

458 CLASSIFICADORA B 2016 x

459 CLASSIFICADORA B 2016 x x

460 CLASSIFICADORA B 2016 x x

461 CLASSIFICADORA B 2016 x x x

462 CLASSIFICADORA B 2016 x x

463 CLASSIFICADORA B 2016 x

464 CLASSIFICADORA B 2016 x

465 CLASSIFICADORA B 2016 x x x

466 CLASSIFICADORA B 2016 x x

467 CLASSIFICADORA B 2016 x x x

468 CLASSIFICADORA B 2016 x x

469 CLASSIFICADORA B 2016 x x

470 CLASSIFICADORA B 2016 x

471 CLASSIFICADORA B 2016 x

472 CLASSIFICADORA B 2016 x

473 CLASSIFICADORA B 2016 x

474 CLASSIFICADORA B 2016 x x x

475 CLASSIFICADORA B 2016 x x

476 CLASSIFICADORA B 2016 x

477 CLASSIFICADORA B 2016 x

478 CLASSIFICADORA B 2016 x

479 CLASSIFICADORA B 2016 x

480 CLASSIFICADORA B 2016 x

481 CLASSIFICADORA B 2016 x

482 CLASSIFICADORA B 2016 x

483 CLASSIFICADORA B 2016 x

484 CLASSIFICADORA B 2016 x x

485 CLASSIFICADORA C 2014 x

486 CLASSIFICADORA C 2014 x

487 CLASSIFICADORA C 2014 x

Page 83: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

73

488 CLASSIFICADORA C 2014 x

489 CLASSIFICADORA C 2014 x

490 CLASSIFICADORA C 2014 x

491 CLASSIFICADORA C 2014 x x

492 CLASSIFICADORA C 2014 x

493 CLASSIFICADORA C 2014 x

494 CLASSIFICADORA C 2014 x

495 CLASSIFICADORA C 2014 x

496 CLASSIFICADORA C 2014 x

497 CLASSIFICADORA C 2014 x

498 CLASSIFICADORA C 2014 x

499 CLASSIFICADORA C 2014 x x x

500 CLASSIFICADORA C 2014 x

501 CLASSIFICADORA C 2014 x x

502 CLASSIFICADORA C 2014 x

503 CLASSIFICADORA C 2014 x

504 CLASSIFICADORA C 2014 x

505 CLASSIFICADORA C 2014 x

506 CLASSIFICADORA C 2014 x

507 CLASSIFICADORA C 2014 x

508 CLASSIFICADORA C 2014 x

509 CLASSIFICADORA C 2014 x

510 CLASSIFICADORA C 2014 x

511 CLASSIFICADORA C 2014 x

512 CLASSIFICADORA C 2014 x

513 CLASSIFICADORA C 2014 x x

514 CLASSIFICADORA C 2014 x x

515 CLASSIFICADORA C 2014 x

516 CLASSIFICADORA C 2014 x

517 CLASSIFICADORA C 2014 x

518 CLASSIFICADORA C 2015 x

519 CLASSIFICADORA C 2015 x

520 CLASSIFICADORA C 2015 x

Page 84: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

74

521 CLASSIFICADORA C 2015 x x

522 CLASSIFICADORA C 2015 x

523 CLASSIFICADORA C 2015 x

524 CLASSIFICADORA C 2015 x

525 CLASSIFICADORA C 2015 x

526 CLASSIFICADORA C 2015 x

527 CLASSIFICADORA C 2015 x

528 CLASSIFICADORA C 2015 x

529 CLASSIFICADORA C 2015 x

530 CLASSIFICADORA C 2015 x x

531 CLASSIFICADORA C 2015 x

532 CLASSIFICADORA C 2015 x

533 CLASSIFICADORA C 2015 x

534 CLASSIFICADORA C 2015 x

535 CLASSIFICADORA C 2015 x

536 CLASSIFICADORA C 2015 x

537 CLASSIFICADORA C 2015 x x x

538 CLASSIFICADORA C 2015 x

539 CLASSIFICADORA C 2015 x x

540 CLASSIFICADORA C 2015 x

541 CLASSIFICADORA C 2015 x

542 CLASSIFICADORA C 2015 x

543 CLASSIFICADORA C 2016 x x x

544 CLASSIFICADORA C 2016 x x x

545 CLASSIFICADORA C 2016 x x

546 CLASSIFICADORA C 2016 x x

547 CLASSIFICADORA C 2016 x

548 CLASSIFICADORA C 2016 x

549 CLASSIFICADORA C 2016 x

550 CLASSIFICADORA C 2016 x

551 CLASSIFICADORA C 2016 x

552 CLASSIFICADORA C 2016 x

553 CLASSIFICADORA C 2016 x

Page 85: INSPEÇÕES OFFSHORE: ANÁLISE DE HISTÓRICO DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023475.pdf · DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA ... Laurinha,

75

554 CLASSIFICADORA C 2016 x x x

555 CLASSIFICADORA C 2016 x x x

556 CLASSIFICADORA C 2016 x x x

557 CLASSIFICADORA C 2016 x

558 CLASSIFICADORA C 2016 x

559 CLASSIFICADORA C 2016 x

560 CLASSIFICADORA C 2016 x x

561 CLASSIFICADORA C 2016 x x

562 CLASSIFICADORA C 2016 x

563 CLASSIFICADORA C 2016 x

564 CLASSIFICADORA C 2016 x

565 CLASSIFICADORA C 2016 x x x

566 CLASSIFICADORA C 2016 x

567 CLASSIFICADORA C 2016 x

568 CLASSIFICADORA C 2016 x

569 CLASSIFICADORA C 2016 x

570 CLASSIFICADORA C 2016 x

571 CLASSIFICADORA C 2016 x

572 CLASSIFICADORA C 2016 x

573 CLASSIFICADORA C 2016 x x

574 CLASSIFICADORA C 2016 x x

575 CLASSIFICADORA C 2016 x

576 CLASSIFICADORA C 2016 x x x

577 CLASSIFICADORA C 2016 x x x

578 CLASSIFICADORA C 2016 x x x

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