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415 IV COBRAE - Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas - Salvador-BA Instabilizações de taludes, por infiltrações, drenagens, e equilíbrio força-deslocamento: erros históricos; correções. Larocca, E.S. Victor F.B. de Mello & Associados S/C Ltda, São Paulo, SP, Brasil, [email protected] Meireles, E.B. Victor F.B. de Mello & Associados S/C Ltda, São Paulo, SP, Brasil, [email protected] Quintanilha, R. Victor F.B. de Mello & Associados S/C Ltda, São Paulo, SP, Brasil, [email protected] Mello, V.F.B. Victor F.B. de Mello & Associados S/C Ltda, São Paulo, SP, Brasil, [email protected] Resumo: Refere-se aos complexos fatores de Azares e Riscos dominantes naturais erráticos, bem imprevisíveis, a favor das análises via Estatística-Probabilidades (EP) Gaussiana simples convidativa, para maximizar os fatores Atuantes e minimizar os Resistentes nos extremos da distribuição probabilística (P). Nas análises de instabilizações de taludes, demonstrou-se que uma hipótese simplificadora de Terzaghi, crismada por Taylor e tacitamente acatada por todos os métodos de análises (Bishop e demais mentores) gerou um “gene poluidor” prevalecente através dos 67 anos. Ressaltam-se: as diferenças entre cargas Moles e Duras; a relevância de diferenciar of fatores naturais Atmosféricos, Topográficos, e Subterrâneos; referente às infiltrações verticais, o franco desconhecimento das sucções como incremento à carga altimétrica; finalmente, o efeito de dilatações repetitivas indiretamente ilustrado por caso-tipo bem definido, levando às rupturas após longos períodos de rastejos aplicáveis a taludes de Fatores de Segurança (FS) baixos, segundo confirmado por ensaios “tensão-controlada” de 3,5 anos. Abstract: One mentions the complex factors of Hazards and Risks of Nature’s erraticities, very unpredictable, imposing simple inviting Gaussian Statistical-Probabilistic analyses for maximizing Actuating factors, and minimizing Resisting ones, at the extemities of the probability distribution. In analyses of slope destabilizations one concludes that a simplifying assumption by Terzaghi ratified by Taylor and tacitly accepted in all the methods of analyses (Bishop and other mentors) generated a “polluting gene” persisting through 67 years. One stresses: differences between Soft

Instabilizações de taludes, por infiltrações ... · Faltou expor o conceito básico para a revisão da Edição. ... tência, e estabilidade de taludes, repete a postulação

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415IV COBRAE - Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas - Salvador-BA

Instabilizações de taludes, por infiltrações, drenagens,e equilíbrio força-deslocamento: erros históricos;correções.

Larocca, E.S.Victor F.B. de Mello & Associados S/C Ltda, São Paulo, SP, Brasil, [email protected]

Meireles, E.B.Victor F.B. de Mello & Associados S/C Ltda, São Paulo, SP, Brasil, [email protected]

Quintanilha, R.Victor F.B. de Mello & Associados S/C Ltda, São Paulo, SP, Brasil, [email protected]

Mello, V.F.B.Victor F.B. de Mello & Associados S/C Ltda, São Paulo, SP, Brasil, [email protected]

Resumo: Refere-se aos complexos fatores de Azares e Riscos dominantes naturais erráticos, bemimprevisíveis, a favor das análises via Estatística-Probabilidades (EP) Gaussiana simplesconvidativa, para maximizar os fatores Atuantes e minimizar os Resistentes nos extremos dadistribuição probabilística (P). Nas análises de instabilizações de taludes, demonstrou-se que umahipótese simplificadora de Terzaghi, crismada por Taylor e tacitamente acatada por todos os métodosde análises (Bishop e demais mentores) gerou um “gene poluidor” prevalecente através dos 67anos. Ressaltam-se: as diferenças entre cargas Moles e Duras; a relevância de diferenciar offatores naturais Atmosféricos, Topográficos, e Subterrâneos; referente às infiltrações verticais, ofranco desconhecimento das sucções como incremento à carga altimétrica; finalmente, o efeito dedilatações repetitivas indiretamente ilustrado por caso-tipo bem definido, levando às rupturasapós longos períodos de rastejos aplicáveis a taludes de Fatores de Segurança (FS) baixos, segundoconfirmado por ensaios “tensão-controlada” de 3,5 anos.

Abstract: One mentions the complex factors of Hazards and Risks of Nature’s erraticities, veryunpredictable, imposing simple inviting Gaussian Statistical-Probabilistic analyses for maximizingActuating factors, and minimizing Resisting ones, at the extemities of the probability distribution.In analyses of slope destabilizations one concludes that a simplifying assumption by Terzaghiratified by Taylor and tacitly accepted in all the methods of analyses (Bishop and other mentors)generated a “polluting gene” persisting through 67 years. One stresses: differences between Soft

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and Hard loads; relevance in distinguishing Nature’s factors classified as atmospheric,topographical, and underground; regarding vertical infiltrations, the blatant ignorances on suctionsas increments to the elevation head; finally, the effect of repetitive dilatations (indirectly illustratedby a case-type clearly defined) that lead to failures after long periods of creep of slopes of lowSafety Factors, as confirmed by “stress-control” tests through 3.5 years .

1 INTRODUÇÃO

Os Desafios de Previsões vs. Comportamentosna geotecnia expuseram erros amplos,sistêmicos e erráticos. A respeito enfatizou-se(de Mello, 1977) que a engenharia civil-geotécnica não procura predizer que comporta-mento exato se confirma, nem adquire experiên-cia em tal meta: o profissional quer prever o quenão permitir acontecer. Tal meta determinística,de minimizar Azares (PROBABILIDADE P) pas-sou à busca de RUPTURAS (RUPT), mas real-mente atendendo a minimizar Riscos (composi-ção das P dos azares com as P de danoscausáveis). Exige-se acumular dados ESTATÍS-TICOS (E) pré-ruptura para análises EP por viasimples-convidativa da FUNÇÃO DE DISTRI-BUIÇÃO PROBABILÍSTICA (PDF) Gaussiana,para abraçar maior número de casos, semprediferenciados.

Face ao complexo e errático, Natural e dedados, do passado ou futuro, cabe afastar so-fisticações como acadêmicas estéreis. Falhassobressaem, e variantes da EP e PDF substitu-em-se melhor por maior amostra E. Concentra-se nos 25% extremos para fatores atuantes/re-sistentes em seqüência conjugada minimizar/maximizar no ousado superior, vs. maximizar/minimizar no temeroso inferior (ERRATA ref. DeMello et al 2004c). Nas soluções profissionaisalcançadas conferir as “velocidades” e “acele-rações” de efeitos gerados por variações dosfatores porque as condições críticas possíveissão postuladas, e a Projetista deve avaliar oritmo com que ameacem afetar o ∆FS.

Decisões oscilam entre evitar excesso carode segurança para o investidor, porém sem bai-xar a boa segurança frente aos riscos a prever.Em deslizamentos de massas de porte cabe apre-ciar em sucessão os 3 níveis de fatores em co-tas: atmosférico meteorológico-hidrológico, atopografia gerada pela geomorfologia, e o geo-lógico. São bem prioritárias as variações locaisdas pluviografias (a distinguir de pluviometriase isohietas), delas dependendo as sucções comvariações pela própria infiltração. Trata-se doassunto nos Itens 5 e 8.

Figura 1 reproduz o modelo mental didáticoda instabilização por infiltrações, na elabora-ção de ábacos dos FS via círculos de Mohr.Simplicidade o insere no subconsciente, per-dura. Cabem variações locais geológicas dofundo impermeável, e assim da espessura dis-ponível para fluxo: exemplifica porquedeslizamentos são locais, em área extensa degeologia e pluviografia qualificadamente iguais.

Frisa-se o princípio liminar nunca respeita-do de complementar retroanálises de área rom-pida, também com as das áreas contíguas, emcima e de cada lado, que não romperam. Ageotecnia tem que investigar a diferença localimprevi(sta)(sível). Só é conhecível o SIM quan-do complementado pelo NÃO. Também frisa-seo inquestionável (de Mello 1972; 1979) de que,pela Teoria dos Erros, o procedimento a usar éo de calcular pelo mesmo método as estabilida-des inicial, e final: obtêm-se a diferença ∆FS ≡FS

f - FS

i associada a cada Mudança de Condi-

ções. Isto porém não apaga erros “genéticos”dominantes que permeiem todos os métodos

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de computações resultando quase iguais(Wright 1973): de Mello (1977) adverte que se-rem quase iguais não os torna quase corretos.

2 CARGAS MOLES, em TESE CONSTANTESINDEPENDENTE DA DEFORMAÇÃO EMJOGO, E as DURAS, DEPENDENTES DA DE-FORMAÇÃO GERAD(A)(ORA).

Comparando as duas edições de Terzaghi-Peck(1948, 1967) destaca-se a diferença da misturaerrônea (1948) comparada vs. a que separa(1967), correta, as cargas moles e duras, no cál-culo da estabilidade por Fellenius, equilíbrio deMomentos.

O Peso é carga mole, a RESISTÊNCIA (R) aolongo do círculo carga dura. Designando osMomentos da direita e da esquerda do centrode rotação como MD e ME, e com R, as equa-ções foram FS = (ME+R)/MD (1948) e FS = R/(MD-ME) (1967). A correção leva, no círculocrítico arbitrário adotado, a erros de ≈ 25 a 40%para mais na relação incorreto/correto em con-dições correntes na prática, 1,2 < FS < 1,6, bai-xando a 5 a 10% em ruptura FS ≈ 0,8 (de Mello etal. 2004a, b). Faltou expor o conceito básico paraa revisão da Edição.

Figura 1: Tensões em talude infinito com rede paralelade percolação à superfície. Super-idealização didáticaviciante (Taylor 1948).

O caso supra empregara as tensões totais, enão as efetivas, que em seguida se promulga-ram avassaladoramente, (Conferência deBoulder, ASCE, 1960), consagrando as PRES-SÕES NEUTRAS DE FRONTEIRA (PNFU), queconstituem o foco da importante exposição do“primeiro gene poluidor”. Frisa-se que tais Uspassaram a ser tanto erradamente as devidas àspercolações (moles) pelo maciço (Item 4), comocorretamente as devidas às sobrepressões neu-tras transientes (duras) de compressões ao lon-go do círculo deslizante (assunto não aborda-do aqui).

Não há qualquer associação das forças mo-les como solicitantes, e as duras como resisten-tes, nem o oposto. A dicotomia entre forçasmoles e dura, é inquestionável para a MECÂ-NICA DAS ROCHAS (MEC ROCH). Cargas“moles” apareceram na MEC ROCH nas barra-gens-gravidade de concreto: com pressõeshidrostáticas de dezenas a centenas, de metros,altos FS de projeto, e deslizamento diminuto,decímetros, material rochoso já passaria seu pico“rígido-friável”, sem sobrepressões de compres-são no cisalhamento, carga “dura”.

Nas Figuras 2 e 3 relembram-se pontos bási-cos da resistência nas equações Mohr-Coulombvariando segundo admitidas DEFORMAÇÕESESPECÍFICAS (DEF ESP) constantes, e só ohistórico uso dos ensaios de DEF ESP – CON-TROLADA (CONTR) para bem definir “o picode ruptura” ao qual aplicar o FS. Nas curvastensão-deformação anota-se a grande diferen-ça entre: (1) o comportamento dúctil sob altapressão, coincidindo os máximos de (σ

1-σ

3) e

de (σ1’/σ

3’), argilas amolgadas-readensadas dos

ensaios acadêmicos; e (2) a trajetória sob bai-xas tensões com sobreadensamento e/ouSENSITIVIDADE (S

t,) quando o (σ

1-σ

3)

max se

antecipa ao (σ1’/σ

3’)

max de máxima obliqüidade.

A involução de (1) para (2) configura “quebras

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de estrutura” difíceis de precisar em obra, mo-tivando adotar por prudência o que ocorre pri-meiro na trajetória de tensões. O assunto exi-ge atenção especial (Item 6) onde se frisa queinstabilizações subordinam-se a FORÇA (cons-tante) -DESLOCAMENTO (F-DESL) com de-generação à TENSÃO (TENS)-CONTROLADA(CONTR) para trabalhar com pressões efeti-vas.

Nas fundações rochosas com juntas de per-sistências (extensões) finitas, com “pontes”mais sãs entre suas extremidades, também re-sulta frustrado qualquer acompanhamentoTENS-DEF ESP pós-pico. Esquecem-se as “pon-tes” sempre!

Todas as análises admitiram primeiro nasobras de pequeno porte da época de Rankine,

Coulomb, et al., a deformação nula, rígido-plás-tica. Em trintena de anos depois, a MEC ROCHadmitiu para as “resistências mobilizadas”, umacondição elasto-plástica de DEF ESP constan-te (De Mello 1966). Há uma trintena de anos sedifundiram programas de computação de DIFE-RENÇAS e/ou ELEMENTOS FINITOS (FEM),determinando TENS e DEF bem variadas nomaciço: não houve ajustes das ANÁLISES- LI-MITE a tais realismos disponíveis para obrasgrandes.

Fração diminuta das publicações evoluiupara as meticulosas medições das TENS-DEFPRÉ-RUPT (Sapporo 1994; Torino 1999; Lyon2003) e para a configuração respectiva nas duasfases (Figura 3) freqüentes em argilasindeformadas de S

t ≥ 3 a 5.

Figura 2: Envoltórias (q,p’) Mohr-Coulomb sucessivas “elásticas”, e trajetórias de tensões (Janbu 1980).

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3 ALGUNS PRINCÍPIOS LIMINARES QUES-TIONADOS.

Terzaghi (1936) adotou a “hipótesesimplificadora” para “aterro livremente drenante”instabilizado por chuva (Figura 4): ofereceu oprincípio de que as PNFU levem, para elementode solo entre pares de equipotênciais e fluxos, àequivalência de Pressão Total – PNFU ≡ Resul-tante dos Vetores de Pressões Efetivas de Gravi-dade e de Fluxo. Ressalvou quanto à segundaforma que “um tal sistema de forças não podeainda ser calculado, todos os nossos métodosde cálculo são necessariamente baseados emadmitir condições radicalmente simplificadoras”.Terzaghi (1943) mantém o mesmo procedimentopara o ABAIXAMENTO RÁPIDO DO RESER-VATÓRIO (ARR) do talude de montante de bar-ragens de terra.

Figura 3: Curva TENS-DEF aprimorada .

Taylor (1948), consagrado principalmentepor seus trabalhos sobre adensamento, resis-tência, e estabilidade de taludes, repete apostulação de Terzaghi; porém, a ratifica e es-tende “As considerações para um pequeno ele-mento podem ser facilmente estendidas parauma grande massa pela somatória das forçasatuantes em todos os elementos de volume quecompõem a massa” . Com todo respeito pelopassado frisa-se que deveria ser corrigida a“somatória de forças” para “somatória(integração) das condições de equilíbrio”: o erroamplia com o porte do maciço.

Bishop (1952) distingue as U de fluxo dasde sobrepressões, mas prioriza enfocar estaspela “moda”profissional em voga e solossaturados Ingleses. A U de fluxo é até descritacomo “pressão neutra independente do estadode tensões no solo” (i.é. mole). Reflita- se comRankine “Tensões são um conceito filosófico.A deformação é a realidade física”. Bishop ge-rador do primeiro FEM, promoveu a U de com-pressões e parceria com Bjerrum. Citam:

(a) Uso de redução da resistência: “o pro-cedimento ... consiste em encontrar por tenta-tiva e erros, a superfície deslizante para a qualas forças Atuantes e Resistentes estejam noequilíbrio para a mínima redução da resistên-cia”. Esta condição condiz com RUPTs (naEscandinávia) dos taludes brandos de argilassuper- St lixiviadas, perdendo a resistência alongo prazo (ver Item 7 importante).

(b) Crismou as retro- análises de RUPTs complasticidade perfeita: “conferir nos casos emque é sabido que o fator de segurança é 1,00.Esta é provavelmente a mais importante con-firmação entre todas”.

Relembra-se as muitas discussões a favordo critério mais corrente de aumentar esforçosatuantes, visão nata de obra. Frisa- se tambémo relegar das Us de redes a segundo plano(Bishop 1955) Em mini- resumo deveu- se à Con-ferência de Boulder 1960 que reuniu seletiva-

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mente o entusiasmo pelas medidas de pressõesneutras, tanto de laboratório como de campo:suprimiram suspeita da ainda baixa precisão dosprimeiros, e da inviabilidade prática dos segun-dos, particularmente para fins de retro-análisesde RUPTs. Bishop & Bjerrum 1960 submetemcasos distinguindo entre FS 1,30 como está-veis e, deslizados retro-analisados que força-ram respeitar o princípio de FS = 1,00. Ocorridaa ruptura são inevitáveis os retardos demobilização, instalação, e resposta dospiezômetros, enfatizando o requisito de regis-trar a pressão no plano e momento deslizante.Ademais as sobrepressões são pontuais, einterpolações para pontos de interesse são des-providas de “pano de fundo” probabilistica-mente confiável. O Item 8 aborda a necessidadede pré-monitoramentos de locais especificamen-te escolhidos, para melhora dos conhecimen-tos.

Cabe frisar um avanço marcante. São osmicro-sensores desenvolvidos capazes de

monitorar nos cp de ensaios laboratoriais ∆(DEF e TENS) locais com precisões milhar devezes menores do que tudo do passado: DEFESP inferiores a 10-4 (que já é bem adequadopara a prática, 1% do viável anterior, com suasconhecidas erraticidades por outros fatores).Também via ondas microsísmicas decisalhamento medem- se, para obter a “rigidez”,as Gs e suas variações G/G

0 referidas a um “má-

ximo inicial sem DEF”. Criou-se assim, impelidopara estudo de microsismicidades cumulativase liquefações de areias fofas, a rica seqüênciade Congressos, a partir de Firenze (ECSMFE1991) de PREFAILURE DEFORMATIONS OFGEOMATERIALS, para todos os solos (ex. Refs.Sapporo 1994, Torino 1999, Lyon 2003). Derivaassim, há 15 anos, o avanço conceitual marcanteda avaliação do comportamento DEF ESP vsrigidez PRÉ- RUPT, meta indissociável das ne-cessidades para previsões de projeto!! Faltaainda muito para alcançar incorporar às previ-sões para Obras: o laboratório é sempre o pri-meiro passo. Não cabe aqui ampliar esta brevemenção. Note-se porém para comparação, opassado: exigia ensaios DEF-CONTR para pre-sumida melhora do conhecimento da RUPT ,para FS; não se suspeitou que para obras pro-gressivamente maiores o realismo exige TENS-CONTR (das forças moles), e a RUPT respecti-va tem que ter pico menor (Item 7) especialmen-te nas argilas de maior St. Nas amostras bastan-te “indeformadas” de “boa” qualidade atingi-am-se picos DEF-CONTR a 1% (De Mello 1981),e a St (adensada-rápida CU) observada até 20%era (é) corrigida para assintota na resistênciatotalmente amolgada. Nos casos CU (com me-didas de U) eram (são) obtidas as curvas TENS-DEF e St quase só pela subtração algébrica σ’ =(σ - u).

Bishop 1957 demonstrou o óbvioenrijecimento por etapas sucessivas de drena-gem-adensante (i.é. σ’ alcançado por U ≈ 0) comrelação às barragens Usk e Selset. Curiosamen-

Figura 4: Origem do “1º GENE POLUIDOR”.

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te porém não ocorreu na publicação imediata(Bishop-Bjerrum 1960) nem nos 46 anos decor-ridos, ressaltar-se o conceito, e pesquisar-seem diferentes St convencionais (sem drenagem,σ’ ≡ σ - u) quais os correspondentes St, obvia-mente menores, com σ’ = σ para U≡0! Faz imen-sa falta tal reconhecimento conceitual e práti-co. Frisa-se a coincidência de que nos últimos30 anos quase desapareceram os ensaios con-vencionais St e seus valores, parâmetro impor-tante caracterizando as argilas, amostras e cp.Nas refs PRÉ-RUPT o total de 700 artigos e 5610páginas não incluiu uma só alusão a S

t. Enseja-

se reconhecer as St em pares PÓS-RUPT, deensaios CU com medida de U, e ensaios drena-dos StD, enrijecidos. De forma análoga pode-se obter agora também o par de valores PRÉ-RUPT. Os últimos são os associados ao com-portamento TENS-CONTR (Item 7).

4 A SIMPLIFICAÇÃO PNFU DEMONSTRA-DA BEM ERRADA EMPREGANDO CASO IDE-ALIZADO: 1o “GENE POLUIDOR”.

Muitos cortes de estradas terminam com pata-mar superior subhorizontal, caso mais crítico.Usa- se este caso para análise simplística dainstabilização por rede de infiltração desde asuperfície. Nos primórdios tais escavações soblençóis d’água altos empregavam, por moti-vos construtivos da época, pequenos “túneismineiros” na rocha fraturada bem atrás, e abai-xo (Figura 5B2). Nos anos 1950, apareceu a“Hydrauger” de perfuração subhorizontal defuros drenantes a partir do pé do talude. Mui-tos pormenores práticos desta drenagem ge-ram usos e desusos, problemas e soluções,etc.: em casos esmerados, consegue- se dre-nar o correto bem mais adentro, enquanto amaioria o atraem para o pé (Figura 5A2). Namaioria dos casos executados no estio,monitorando aumento e vazões captadas edescida do lençol, o resultado ilude. Influi tam-bém o quanto recua o lençol: o principal é aimposição engenheiril de conferir para condi-

ções críticas futuras das infiltrações, a postu-lar sempre.

A comparação das duas alternativas empre-gou um programa de FEM FLAC (1995), pro-vendo as redes de fluxo e as TENS e DEF. Co-meçou-se adotando as condições-aos-limites,e as feições controlantes dos fluxos. Os artifíci-os internos empregaram (a) drenos livres, D1 eD2 dispostos judiciosamente, e (b) duas “MEM-BRANAS IMPERMEÁVEIS” (MI) (seja, linhasde fluxo fixadas “a olho”, equivalentes: nenhu-ma gota d’água cruza uma linha de fluxo). Ocaso A1 constituiu uma rede de máximainstabilização drenante para o pé. Resultou odiagrama PNFU a impor igual na segunda con-dição.

Em seguida, esforçou-se esboçar com omesmo diagrama PNFU, uma rede maximamenteestabilizante, com drenagem dominante para tráse abaixo. Forçaram-se vetores de fluxo dirigi-dos para a direita minimizando ForçasSolicitantes, e/ou causando vetores normais àsuperfície crítica, maximizando as Forças Res-tauradoras pelo atrito. Manteve-se fixa a super-fície deslizante. Após várias redes esboçadas àmão para alcançar bem o mesmo PNFU, confir-mou-se com precisão pelo FLAC.

É obrigatório enfocar só um parâmetro decada vez. Portanto os cálculos de estabilidadecomparativos foram da rotina corrente, masusando apenas Equilíbrio de Momentos. Osparâmetros de solo empregados foram γ

nat =

19 kN/m3, E = 30000 kPa, µ = 0,3, e s = 65+ σ´tg270 kPa, todos de grandezas razoáveis. Re-sultados numéricos diferentes não invalidama conclusão visada e alcançada, do erroconceitual do apoio nas PNFU de redes paraos cálculos de estabilidade. Estes foram reali-zados com o programa STABL-STEDwin 2.39(2000), método de Bishop (1955) com PNFUs.Para os dois casos, B1 instabilizante, e B2estabilizante, os FS respeitaram ser iguais (cf.Tabela). Relembre-se que as presumidas For-ças Efetivas para os equilíbrios estáticos ∑V,∑H, e ∑M, são obtidas de Forças Totais –

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PNFUs. Na realidade, porém, o comportamentopor pressões efetivas decorre da composiçãodos vetores mássicos efetivos, gravitacionais ede fluxos iγγγγγa

; isto é, das FEM de redes e detensões-deformações. Correspondentementediferenciam-se muito os FS, 1,01 mínimo, e 1,95máximo, representando erros entre +42% e –36% relativos aos FS aproximados postuladoscomo corretos, na teorização corrente.

Antecipando algum questionamento relati-vo ao emprego apenas de ∑M = 0, frisa-se asugestão clássica da Teoria das Estruturas(Spofford 1939) do proveito em usar somenteesta equação, no mínimo 3 vezes (fácil e preferi-velmente muitas vezes) com centros de rotaçãobem procurados para não ficarem espacialmen-te nos mesmos “traços”, tridimensionalmente.Cada elemento da malha fornece os vetores ne-

cessários: para praticidade juntaram-se gruposde elementos contíguos da malha, reduzindoos cálculos, ainda manuais laboriosos. Infere-se que tal postulação inovadora na geotecniapode ser bem útil em muitos casos típicos. En-tende-se o uso histórico sempre dos pesos comoagentes atuantes: em solos pré-adensados istoinverteria. Hipóteses diferentes empregadaspara as forças V e H como atuantes ou reagentesmerecem reapreciação. Extenso trabalho (sepa-rado, em publicação) materializa e ilustra o pro-cedimento. Da integração das deformações re-sultam os deslocamentos; o DESL compostoda superfície crítica determina o desequilíbrioglobal F-DESL.

5 INSTABILIZAÇÕES DE ENCOSTASINSATURADAS POR CHUVAS, SUCÇÕES.

É impositivo e proveitoso apreciar os tópi-cos historicamente: avanços significativos, di-ficuldades e lacunas, inclusive que continuem.Desde 1972 o Gov. de Hong Kong desenvolve

Fig. 5: Demonstração idealizada, com infiltrações desde a superfície, do erro PNFU comparando mediante vetoresefetivos V = iγγγγγa Instabilizantes (A1; B1) vs. Estabilizantes (A2; B2).

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programa amplo e intenso relativo a azares eriscos de seus taludes insaturados, segundodiretrizes em que participou este autor Sênior,até 1979, conjuntamente com Morgenstern etal.

Reconhecem-se as dificuldades de medidasde sucções e suas variações, antes dostransdutores muito sensíveis (≈1992): variaçõescom profundidades e porosimetria capilar, prin-cipalmente argilosa; com clima; com o “avançodescendente da frente de molhagem”; com efei-tos secundários das próprias variações destesavanços; etc. Foi grande a participação deMorgenstern na Estabilidade de Taludes e nes-te programa e local.

O assunto continua um dos mais desconhe-cidos segundo se infere de El-Ramly,Morgenstern et al (2005), a despeito dos 30 anosde contínuos estudos. Morgenstern e Matos(1975) frisam a condição insaturada dos hori-zontes residuais, a temperatura elevada e eva-poração, a umidade do ar e a chuva intensa.Frise-se que a despeito do nível primário demedições de sucções na época, concentramatenção neste fator. Frisa-se o grande fator daspressões hidrostáticas em fendas e buracos deraízes mortas comidas (“clefwater pressures”)na topografia superior ao corte. Pela lei de so-brevivência as árvores em crescimento enfiamas raízes nas descontinuidades, que se abrempela intumescência. É fator-tempo progressivo,sob fortes chuvas: esquecido; atendível pordrenagens judiciosas.

Concentraram em: “Potenciais gravitacio-nais e capilares se juntam a induzir a infiltra-ção no solo insaturado aumentando a satura-ção ...: a eliminação da sucção e redução conse-qüente da coesão parece ser o principal fatorinstabilizante”. Esbarram porém na própria so-lução da descida da “frente molhante”. Usamsolução de Philip (1957) da infiltração em soloinsaturado a partir de um espelho d’água su-

perficial, expondo depender dos parâmetros dofluxo insaturado e da umidade natural. A Figura6 resume só a imensa variabilidade do perfil atri-buível: é mais lata a variação da sucção comumidade (não reproduzida, figura seguinte dapublicação).

De Mello et al. (2004a) ampliaram a buscapor referências teóricas clássicas (ex. Mein &Larson 1973, Muskat 1946, etc...) para avançaralgo. Mas a inclusão de “interface de 2 fluídosincompressíveis” nas fórmulas para “FONTESe RALOS” de infiltrações não adiantou. A Figu-ra 7 ilustra um resultado, porém ainda sem suc-ção.

A frustração se selou com El-Ramly,Morgenstern et al. (2005) discutindo o azar as-sociado a um caso de 1999 (Figura 8) estudadopara e pelo Gov. de Hong Kong em nível mundi-al insuperado. É patente a incapacidade de ana-lisar a ruptura, mesmo com amplos dadosmonitorados (se só com pós-monitoramento).Resultou solução banalizada: recorre- se só acorte abrandado; o azar avaliado só qualitati-vo; e erros, como p. ex., usar triaxiais saturadosconvencionais de carregamento, quando o cor-te sofre alívio e é insaturado; etc...

Retornando ao gradiente de fluxo compos-to, surge a magna incógnita de se incrementara instabilização por vetores efetivos iγγγγγa des-cendentes “chupados”, e não apenas as PNFUsda rede. Em tal hipótese o incremento de gradi-entes seria análogo ao caso do ∆u = f(∆V) decompressão superposto à PNFU (de Mello etal. 2004a).

Imagina-se que a sucção aplique um incre-mento não distante da diferença de altimetriaentre o espelho d’água da cota superior com arede permanente quase saturada (drenada)? Istoestaria olvidado, e fator atuante bem grande,simultâneo ou defasado? (Ver Item 7). Uma redenormal já acopla as cargas Piezométrica eAltimétrica de Bernoulli, excluindo tal ∆(iγa).

424 IV COBRAE - Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas - Salvador-BA

Figura 6: Condutividade hidráulica vs. umidade.

Figura 7: Instabilizações de taludes por REDETRANSIENTE IDEALIZÁVEL de infiltrações pluvi-ais sob análises mais amplas.

6 EFEITOS CÍCLICOS DE INSTABILIZAÇÕESPROGRESSIVAS NOS TALUDES SOB REDESSIMPLES DE INFILTRAÇÕES.

Vê-se que monitoramentos vetorizados das en-costas insaturadas sofrem de lacunas compreen-síveis. Eram tradicionais os cálculos dos ARR comoinstabilizantes dos taludes de MONTANTE dasbarragens de terra: ajuda ser material homogêneo.Decisões de prudência são: saturação; REDE“PERMANENTE” (RP) de Reservatório Cheio; erapidez (instantaneidade) do ARR. Ocorremciclicamente ARRs até a soleira da tomada d’água(ou do vertedor). É útil usar a barragem para ilus-trar o princípio, facultando quantificações.

Figura 8: Condições de infiltração e nível d’água paraShek Kip Mei Landslide (El-Ramly et al 2005)

Análises FLAC forneceram variações devolumes (bidimensionais) idealizados (ver Fi-gura 9), empregando os mesmos parâmetros doItem 3, constantes. O resultado dispensa co-mentários, relembrando-se apenas que, depen-dendo da condição do projeto, ocorrem trechossujeitos a contrações, favoráveis, e outros àsdilatações, desfavoráveis. Com as repetições,pode ocorrer, após alguns anos, a RUPT, admi-tida dever surpreender. Frisa-se porém adicotomia admitida a favor da prudência. A “mu-dança de redes” crítica é a instantânea: porém,para que variações volumétricas ocorram, emsolo realmente saturado é necessário admitir acondição lenta para o ∆V.

425IV COBRAE - Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas - Salvador-BA

7 RASTEJOS DE LONGO PRAZO, SOB TENS-CONTR: RUPTURAS SÚBITAS GERÁVEIS.

Nos Itens 2 e 3 consignaram-se as seqüências dehipóteses, decisões, e declarações dos principaismentores da Geotecnia histórica: esclarecem a tri-lha de coincidências pela qual as primeiras teoriase práticas se firmaram como verdades respeita-das, inabaláveis até agora. Interveio a sofregui-dão com que a atenção se concentrou em progra-mas de computação com a evolução exponencialinimaginável dos computadores. Os dois campos,computação e geotecnia, muito exigentes e dife-renciados, dificilmente seriam atendíveis por úni-ca pessoa. Ademais criou-se uma inércia peranteas pedras fundamentais; esta se associou ao di-minuto acesso às origens bibliográficas, e ao res-peito pelos Nomes em questão.

Lida-se atualmente com obras de grandesdimensões, e deformações-limite muito peque-nas. Pelas dimensões da massa sobre a superfí-cie deslizante reconhece-se que as Forças Atu-antes, de pesos e percolações, permanecem cons-tantes, dentro das precisões dos parâmetros deseus cálculos, durante o pequeno deslocamen-to, da ordem de decímetros a poucos metros. Porexemplo, admitindo uma argila indeformada comalta porcentagem de argilo-mineral lamelar e “Es-trutura” muito aberta (de “castelo de cartas”) ésabido que deslocamento em cisalhamento dire-to de 1000 a 10000 vezes a partícula (2 a 20 mm) jáas achata todas, levando a “superfície espelho”.Considera-se que são dois os avanços marcantesque requerem reapreciações do passado: (1)ROSCOE MEMORIAL SYMP. 1971, com con-firmação de que: (a) a Resist. ao Cis. (max.Obliqüidade) se define bem por (σ

1’/σ

3’)

max; (b)

as variações volumétricas ∆V, geradoras dos∆Us, são função de (σ

1+σ

2+σ

3)/3, fator bem me-

nos definível que afeta a trajetória desde (σ1-

σ3)

max em diante, na qual prepondera a

interveniência do ∆U positivo. É isto que justifi-ca a adoção do (σ

1-σ

3)

max quando ocorre primei-

ro. (2) As micro-medições PRE-RUPT da rigidezG/G

0 vs DEF ESP. O interesse concentrado nos

G/G0 começado em Firenze 1991 já foi menciona-

do no item 3.

Figura 9: Condições correntes em reservatórios,depleções operacionais max. (de Mello et 2004b)

O fator tempo acompanha toda Obra, pois,que todas as ditas permanentes têm que durardécadas a século(s). Alguns Mestres publica-

1 A partir do revelado no ROSCOE MEMORIALSYMP, é interpretável-previsível que a convencionalS

t não-drenada POS RUPT seja maior do que a

respectiva drenada StD. Faltam os ensaios, ou coleta-los. Feitas as correlações, a St convencional será rápidosubstituível por ensaios de palheta com cp idênticos.Questiona-se de novo a rotina de reverter às medidasdas TENS por facilidade rápida corrente da busca dosσ’ via subtração σ

t-U. (Nota Técnica elaborada, em

publicação).

426 IV COBRAE - Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas - Salvador-BA

ram ensaios de DEF-CONTR, de prazos curtos.Por razões práticas compreensíveis, recorre-sea apenas uma, notável publicação de Bishop &Lovenbury (1969) acompanhada em ensaiosDrenados ao longo de 3,5 anos (Figura 10). Osensinamentos constituem paradigmas: concen-tra-se atenção na London Clay (veja-se o pri-meiro ensaio, que acompanhou “pós-pico” até3,7% DEF ESP, e o da Pisa (Pancone) Clay). Estarecebe a denominação de não-St por seguir ahipérbole (Kondner et al.) na qual o (σ

1’/σ

3’)

max

coincide com o (σ1-σ

3)

max. Na London Clay 1

avalia-se a convencional St ≈ 2,5 aplicando-a à

curva TENS DEF pós-pico, calculada via (σ1-

σ3)/(σ

1-σ

3)

f (f = RUPT NOMINAL (NOM) do

ensaio DEF ESP CONTR). Os dois casos representados (nas escalas

DEF ESP diferentes) interpretam-se como auto-explicativos. Resultam dois aspectos bem dife-rentes do ensinado e esperado corrente. Emambos solos, mesmo sob as TENS bem inferio-res às de RUPT-NOM, DEF CONTR, não preva-lece o enrijecimento semilog com tempo, dascompressões secundárias “confinadas”(edométricas). Destacam-se: (1) a DEF ESP con-tinuar crescente; (2) numa fase delongada in-clusive a aparência de ocorrer umadesestruturação adicional por “fadiga”.

Perante prisma acadêmico de pesquisar sóum fator por passo, nos ensaios meticulososnão-confinados, os Autores excusam-se das va-riabilidades por fatores secundários, trepida-ções, descontroles das TENS, temperaturas,etc... Porém sob prisma prático lembra-se queestas e outras variabilidades são inexoráveis,impedindo o repouso perfeito colimado da pes-quisa: por ex. gelo-degelo, infiltrações, níveisd’água, secas, etc...

Conclusão muito importante, de alerta sé-rio, é a da súbita “explosão” na TENS CONTR(mesmo drenada) entre 87% e 98% (médios) doFS NOM com fatores secundários de ± 7,5 %do FS NOM. Isto com apenas 3,7% de DEF ESP1.

Obviamente recomenda-se abandonar as StPÓS RUPT pela lógica de preferir tudo PRÉRUPT. Haveria assim quatro valores St, parainvestigações EP: as pré-ruptura, via as G/G

0,

específicas, tanto a volume constante com me-dida de U, como Drenadas; e as PÓS RUPT.

Conclui-se que o desenvolvimento dassobrepressões U de cisalhamento, para se po-der basear em σ

t’, resulta não-acompanhável pró-

ximo à RUPT mesmo em ensaios. Ratifica o usodo (σ

1-σ

3)

max como indicador crítico, e a ojeriza

prática, por muitas razões, a monitoramentosde Us em obra. A elevada precisão dos ensaioscom medições de G/G

0 deve facultar determinar

as duas Stpré-ruptura

. Como a drenagem “cicatri-za” uma parte da desestruturação os S

tCD de-

vem ser menores do que os respectivos StCU

.

Figura 10: Ensaios Paradigma sob TENS CONTR efe-tivas controladas; rastejos de longo prazo (Bishop &Lovenbury 1969)

427IV COBRAE - Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas - Salvador-BA

8 PROGRAMAÇÃO ATUALIZADA CONSCI-ENCIOSA PARA CONSTITUIR “ESCOLA”.

Resultam impressões de que a profissãodispende(u) muitos esforços sem a otimizaçãode uma árvore de decisão e ação que estabeleçaa espinha dorsal de investimento coletivo. E acada sucesso parcial, iludente, postergam-secorreções. Frise-se p. ex. as publicações desdehá trintena de anos, sobre escorregamentos de-penderem de grandes chuvas, documentadas apartir de isohietas de pluviometrias diárias dis-tantes, interpoladas: condição associável neces-sária, mas não suficiente, nem perspicaz. O quedetermina é a infiltração mássica, e as pressõeshidrostáticas de descontinuidades enchidas pelapluviografia local, de intensidades maiores doque algum valor. Análogo aos sismógrafos sóacionados por relays com tremores acima de al-gum valor, seriam monitoradas chuvas acima decertas intensidades, etc... Deseja-se estabelecera curto prazo a EP que abranja o prazo calendá-rio, médio a longo, da operacionalidade prevista:número de pontos vezes anos à escolha “benefí-cio-custo conceitual”.

Ilustre-se com o sucesso rápido alcançadonas plataformas de petróleo do Mar do Norte,sujeitas a ondas de até 40m. Primeiro é necessá-rio escolher AREAS-PARADIGMA (AR PRD),com relação tanto aos parâmetros intervenientes(Atuantes, Fixos, e Resistentes) quanto aosazares e riscos decorrentes. Segundo importaconcentrar nas observações de maior priorida-de e freqüência.

São inquestionavelmente as chuvas, de in-tensidades conseqüentes muito diferenciadas,várias por ano. Tem que compor a E de AR PRDa substituir o “uniforme” segundo isohietas,topografia, e geologia. As duas últimas tem avantagem de serem fixas: podem ser definidastanto antes como depois, bem como, conformeenfatizado, tanto na área escorregada como aci-ma e dos dois lados, não escorregados.

Nas AR PRD realizar investigaçõesgeotécnicas e estabelecer os pré-monitoramentos (perfis de sucções e varia-ções, com variações de umidade): tanto os queresultem inócuos, como os que ameacem ge-rando rastejos, e os da RUPT. O ponto chavesegue (adotado em 1º grau pela COBAST-LIGHT em Cubatão, 1949). Para evitarincontáveis instalações e pré-monitoramentosdelongados, esperançosos das coincidênciasde não resultarem estéreis, recomenda-se: quea interveniência da pluviografia, segundo ainformação EP coletada, seja aplicada judicio-samente por chuvas artificiais controladas.Estas são produzíveis por “toldo-fronha” den-tro do qual sejam aplicáveis diferentes pres-sões, alterando as intensidades à vontade.Exemplo sugerido pela intuição da experiênciaé o de manter por dias pequena intensidade,maximizar a infiltração e perda de sucção: emseguida, em curto episódio (“tromba d’água”sempre pontual) aumentar muito a intensida-de para nutrir as pressões hidrostáticas de fen-das e macro-poros, e mantê-los cheios a des-peito de aberturas. Serão as FORÇAS cons-tantes moles, provocando os DESLOCAMEN-TOS.

Progressivamente estabelecer o universo Epara compor os universos P coletados dos 3níveis de cota referidos.

9 AGRADECIMENTO

Agradece-se o apoio recebido da CONSTRU-TORA ANDRADE GUTIERREZ S.A. na elabo-ração deste trabalho.

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