Upload
vanngoc
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
0
INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA - IEP Mestrado Profissional em Educação em Diabetes
Adriane de Carvalho Oliveira
DIABETES MELLITUS: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS
GRADUANDOS DE ENFERMAGEM
EM INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE BELO HORIZONTE/MG
Belo Horizonte
2015
1
ADRIANE DE CARVALHO OLIVEIRA
DIABETES MELLITUS: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS
GRADUANDOS DE ENFERMAGEM
EM INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE BELO HORIZONTE/MG
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP, do
Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em Educação
em Diabetes.
Orientadora: Profª Drª Maria Regina Calsolari
Pereira de Souza
Belo Horizonte
2015
2
“Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer
meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte.”
Oliveira, Adriane de Carvalho.
O482d Diabetes Mellitus: avaliação do conhecimento dos graduandos de enfermagem em instituições particulares de Belo Horizonte – MG./ Adriane de Carvalho Oliveira. – Belo Horizonte/MG, 2015.
73f.; il. enc.
Orientadora: Dra. Maria Regina Calsolari Pereira de Souza.
Dissertação (Programa de Pós-graduação Stricto Sensu. Mestrado Profissional em Educação em Diabetes).
1. Diabetes Mellitus. 2. Bacharelado em enfermagem. 3. Educação em enfermagem. I. Adriane de Carvalho Oliveira. II. Título. III. Grupo Santa Casa de Belo Horizonte. IV. IEP.
CDD: 616.462
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, Formador e Criador de tudo, que mesmo sem eu pronunciar palavras, ouviu
a voz do meu coração e cumpriu mais um grande desejo e sonho de minha vida.
Ao meu amado esposo Jader, meu apoiador incondicional.
Aos meus filhos: Sara (futura enfermeira!) Marcos (futuro engenheiro!) e Raquel
(ainda indecisa) alegrias da minha vida!!
Aos meus pais, por me proporcionarem condições para estudar e acreditarem na
sua importância em nossas vidas.
A Drª Maria Regina Calsolari, minha orientadora, que com sua confiança e
disposição me impulsionou para concluir este trabalho.
Aos responsáveis pelas Instituições de Ensino Superior que participaram da
Pesquisa, que me apoiaram e se esforçaram para a concretização deste trabalho.
Aos alunos, que participaram da Pesquisa, respondendo prontamente ao
questionário, apesar do cansaço de final de semestre.
6
“O coração do entendido adquire o conhecimento; e o
ouvido dos sábios busca a ciência.” Prov. 18:15
7
RESUMO
O Enfermeiro atua dentro de sua área de capacitação, sendo apto a assistir, orientar e desenvolver habilidades de autocuidado ao diabético, cuidados imprescindíveis para a evolução favorável do mesmo. O interesse desta pesquisa foi avaliar o conhecimento adquirido pelos estudantes de cursos de graduação em enfermagem de instituições particulares de Belo Horizonte/MG em relação ao tema Diabetes Mellitus. Participaram desta pesquisa 04 instituições particulares de ensino superior de Belo Horizonte/MG, com uma amostra de 151 alunos. Aplicou-se instrumento com 20 questões compreendendo 10 domínios. O ponto de corte utilizado foi de 60%, sendo o mínimo encontrado de 15% e o máximo 85% e a média de acerto foi de 10 questões. Na distribuição das médias de acerto total entre as instituições, houve diferença significativa entre a instituição B e C. Para o domínio Hemoglobina Glicada, observou-se uma diferença significativa, na qual a instituição C apresentou um percentual maior de acerto quando comparada com as demais instituições. No domínio Infecção houve uma diferença significativa, onde as instituições A e D apresentaram maiores percentuais que as instituições B e C. Sugere-se que o tema Diabetes Mellitus deva ser reestruturado nas instituições particulares de ensino superior pesquisadas no Município de Belo Horizonte/MG.
Palavras chaves: Diabetes Mellitus. Bacharelado em enfermagem. Educação em
enfermagem.
8
ABSTRACT
Nurses act within their training area, being able to assist, guide and develop self-care skills in diabetic people, an essential care for their favorable evolution. The research aimed at assessing the knowledge acquired by students of undergraduate courses in nursing from private institutions in Belo Horizonte/MG regarding the topic of Diabetes Mellitus. Four private institutions of higher education in Belo Horizonte/MG were part of this research, which had a sample of 151 students. An instrument with 20 questions was applied to 10 subgroups. The success rate was of 10 questions, the minimum observed was 15%, and the maximum, 85%. There was significative difference between institutions B and C on the average distribution of success rate. For Hemoglobin Glycated domain, a significant difference was observed in which the institution C showed a greater percentage of accuracy when compared with the other institutions. On the infection domain, there was significant difference where institutions A and D had higher percentages than institutions B and C. It suggests that the subject Diabetes Mellitus must be restructured in all private higher education institutions in the city of Belo Horizonte/MG.
Keywords: Diabetes Mellitus. Education, Nursing, Baccalaureate. Education,
Nursing.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1. Análise percentual de cada resposta do instrumento em todas as IES .... 38
Gráfico 2. Análise percentual de alunos que não tinham conhecimento sobre cada questão do instrumento em todas as IES .................................................................. 39
Gráfico 3. Análise percentual das respostas certas do instrumento em todas as IES .................................................................................................................................. 39
Gráfico 4. Análise das respostas certas para o domínio Conceito e Diagnóstico em Diabetes em todas as IES ......................................................................................... 40
Gráfico 5. Análise das respostas certas para o domínio Conceito e Diagnostico em Diabetes por IES ....................................................................................................... 41
Gráfico 6. Análise das respostas certas para o domínio Exercício Físico em todas as IES ............................................................................................................................ 41
Gráfico 7. Análise das respostas certas para o domínio Exercício Físico por IES .... 42
Gráfico 8. Análise das respostas certas para o domínio Nutrição em todas as IES .. 42
Gráfico 9. Análise das respostas certas para o domínio Nutrição por IES ................ 43
Gráfico 10. Análise das respostas certas para o domínio Hipoglicemia para todas as IES ............................................................................................................................ 43
Gráfico 11. Análise das respostas certas para o domínio Hipoglicemia por IES ....... 44
Gráfico 12. Análise das respostas para o domínio Hemoglobina Glicada para todas as IES ............................................................................................................................ 44
Gráfico 13. Análise das respostas para o domínio Hemoglobina Glicada por IES .... 45
Gráfico 14. Análise das respostas certas para o domínio Infecção para todas as IES .................................................................................................................................. 45
Gráfico 15. Análise das respostas certas para o domínio Infecção por IES .............. 46
Gráfico 16. Análise das respostas certas para o domínio Pé diabético por IES ........ 46
Gráfico 17. Análise das respostas para o domínio Cuidados com Insulina em todas as IES ............................................................................................................................ 47
Gráfico 18. Análise das respostas certas para o domínio Automonitorização Glicêmica por IES ...................................................................................................................... 48
Gráfico 19. Distribuição percentual de alunos segundo percentual de acerto para a somatória total do instrumento em todas as IES ....................................................... 48
10
Gráfico 20. Distribuição das médias e o intervalo de confiança (95% para a média) para os percentuais de acerto total do instrumento entre as Instituições. ................. 49
11
LISTA DE ABREVIATURAS
ABEn: Associação Brasileira de Enfermagem aC: antes de Cristo ADA: American Diabetes Association ANOVA: analysis of variance Art.: artigo BVS: biblioteca virtual da saúde CAAE: certificado de apresentação para apreciação ética CAD: cetoacidose diabética Capes: coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior CEP: comitê de ética em pesquisa CES: câmara de educação superior CEUCLAR: Centro Universitário Claretiano CEUNIH: Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix CNE: Conselho Nacional de Educação COFEN: Conselho Federal de Enfermagem dC: depois de Cristo DCNT: doenças crônicas não transmissíveis Decs: descritores em ciências da saúde DKT: Diabetes knowledge test DM: Diabetes Mellitus DM1: Diabetes Mellitus tipo 1 DM2: Diabetes Mellitus tipo 2 DMS: diferença mínima significativa DNSP: departamento nacional de saúde pública EHH: estado hiperglicêmico hiperosmolar FACEMG: Faculdade de Ensino de Minas Gerais FAMINAS – BH: Faculdade de Minas – Belo Horizonte FCMMG: Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais FESBH: Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte FIBH: Faculdade Iseib de Belo Horizonte FPAS: Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte GJ: glicemia de jejum GRAF: gráfico GSC-BH: grupo Santa Casa de Belo Horizonte HbA1c: hemoglobina glicada HDL: high density lipoprotein HZ: hertz I: Inciso IBECS: índice bibliográfico espanhol em ciências da saúde IEP: instituto de ensino e pesquisa IES: instituição de ensino superior LADA: latente autoimune diabetes in adults LILACS: literatura latino-americana e do Caribe em ciências da saúde MEC: ministério da educação e cultura MEDLINE: medical literature analysis and retrieval system online MeSH: medical subject headings mg/dL: miligramas por decilitros
12
MG: Minas Gerais n: número Nº: número NPH: neutral protamine hagedorn OMS: organização mundial de saúde p: prevalência PUBMED: public medline or publisher medline PUC MINAS: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais SBD: Sociedade Brasileira de Diabetes SCIELO: scientific eletronic library online Sec: século SPSS: statistical package of social sciences SUS: Sistema Único de Saúde TCLE: termo de consentimento livre e esclarecido TOTG: teste oral de tolerância a glicose UBS: unidade básica de saúde UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais UNA: Centro Universitário Una UNI-BH: Centro Universitário de Belo Horizonte UNICOR: Universidade Vale do Rio Verde UNIFENAS: Universidade José do Rosário Vellano UNIVERSO: Universidade Salgado de Oliveira z: distribuição normal
13
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15
REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 17
2.1 A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO ....... 17
2.2 DIABETES MELLITUS ................................................................................ 20
2.2.1 HISTÓRIA E CONCEITO DO DIABETES MELLITUS.................................. 20
2.2.2 EPIDEMIOLOGIA ......................................................................................... 21
2.2.3 CLASSIFICAÇÃO ......................................................................................... 21
2.2.4 DIAGNÓSTICO ........................................................................................... 22
2.2.5 TRATAMENTO ............................................................................................ 23
2.2.6 COMPLICAÇÕES ........................................................................................ 24
2.2.7 NUTRIÇÃO .................................................................................................. 27
2.2.8 ATIVIDADE FÍSICA ..................................................................................... 27
2.3 EDUCAÇÃO EM DIABETES ....................................................................... 28
METODOLOGIA ........................................................................................... 31
3.1 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS .................................................................. 31
3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ................................................ 34
3.3 INSTRUMENTO ........................................................................................... 34
3.4 AMOSTRA ................................................................................................... 35
3.4.1 CÁLCULO AMOSTRAL ................................................................................ 36
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................. 36
14
3.5.1 ANÁLISE DO INSTRUMENTO ................................................................... 36
3.5.2 ANÁLISE DAS RESPOSTAS DO INSTRUMENTO ..................................... 37
RESULTADOS ............................................................................................ 38
4.1 ANÁLISE POR RESPOSTA ........................................................................ 38
4.2 ANÁLISE POR DOMÍNIO ............................................................................ 40
4.3 ANÁLISE DO PERCENTUAL TOTAL DO INSTRUMENTO ....................... 48
DISCUSSÃO ................................................................................................ 50
CONCLUSÃO............................................................................................... 60
PROPOSIÇÕES ........................................................................................... 62
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO EM DIABETES MELLITUS .............................................................................................. 67
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-TCLE ... 71
ANEXO A - GUIA DE BOLSO PARA EXAME DOS PÉS (O EXAME DO PÉ DIABÉTICO, TESTE DE MONOFILAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO) ....... 72
ANEXO B - GUIA DE BOLSO PARA EXAME DOS PÉS (CLASSIFICAÇÃO DE ÚLCERAS, INDICAÇÕES DE DISPOSITIVOS, INFECÇÃO DO PÉ DIABÉTICO E PRESCRIÇÃO DE CALÇADOS) ............................................................................... 73
15
INTRODUÇÃO
A meta para um atendimento de qualidade ao diabético está pautada na assistência
baseada em evidências científicas, prestada por equipe multiprofissional, tendo como
pilares do tratamento a terapia medicamentosa, orientação nutricional e atividade
física.1 O profissional Enfermeiro, como parte integrante desta equipe necessita de
conhecimentos específicos para atuar de forma produtiva e eficaz, sendo capaz de
educar para o autocuidado.
Considerando o diabetes uma epidemia mundial, onde temos a expectativa de no ano
2035 alcançarmos uma população mundial de 592 milhões de diabéticos, e em
conjunto com o compromisso firmado como meta pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) de impedir o aumento do número de casos de diabetes, faz-se necessário a
formação de profissionais capacitados para atendimento desta população. 2
No Brasil, a estimativa do número de diabéticos adultos (20-79 anos) é de
aproximadamente 12 milhões de pessoas, sendo a prevalência nacional da doença
de 9,04%. O gasto médio de um diabético brasileiro, durante o ano, para tratar a
doença é de R$3.437, 56 (cotação US$1 = R$2,32). Em 2013, o número de mortes
relacionadas ao diabetes (20-79 anos) foi de 124.687. 2
O estudo torna-se relevante, ao reconhecermos o momento atual de avaliação de
nossos Processos Pedagógicos nas Instituições de Ensino Superior (IES), onde o
aluno deve se apresentar como sujeito no processo de aprendizagem, além da
necessidade de articulação teórico-prática e produção de novos conhecimentos.3
Dado a magnitude do Diabetes Mellitus é imprescindível aos Enfermeiros o
entendimento sobre o tema, alicerçando a qualidade da assistência destes
profissionais, tanto na prevenção como no tratamento do diabético.
Dentro da unidade de atendimento hospitalar ou ambulatorial, o Enfermeiro é o
profissional responsável pelo treinamento e acompanhamento de toda a equipe de
técnicos e auxiliares de enfermagem. Com base na Lei do Exercício Profissional da
16
Enfermagem (Lei Nº 7.498/86), no Art. 11 I c), que descreve as competências do
enfermeiro como “o planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação
dos serviços assistência de enfermagem”3, faz-se necessário que este profissional,
seja capacitado para exercer suas funções na assistência e na coordenação do
serviço de enfermagem.
Na consulta de enfermagem ao diabético, uma série de cuidados e orientações devem
ser despendidas ao cliente. O autocuidado é um dos assuntos de competência do
Enfermeiro para transmitir ao usuário, tornando-o capaz de autogerir o tratamento.
Percebe-se que a atuação de Enfermeiros na assistência e educação em diabetes em
Belo Horizonte/MG está restrita a profissionais lotados em unidades de referência do
serviço público e privado. Na atenção básica, o Enfermeiro é responsável pelo
atendimento ao diabético, como membro da equipe multiprofissional.
A formação generalista do Enfermeiro pressupõe que o mesmo tenha um
conhecimento mínimo sobre diabetes, sendo capaz de atuar na prevenção, tratamento
e reabilitação da pessoa com Diabetes Mellitus (DM), no atendimento ambulatorial,
domiciliar e hospitalar.5 Um tema tão complexo e que causa tanto impacto, inclusive
econômico, mereceria uma abordagem mais ampla e aprofundada, incentivando a
participação ativa deste profissional.
Conhecendo a magnitude desta patologia, seu reflexo a nível de indivíduo e sociedade
a curto, médio e longo prazo,1 e a necessidade de uma atuação de qualidade do
Enfermeiro é necessário avaliar se, o conhecimento ministrado nas instituições
particulares de ensino superior do Município de Belo Horizonte/MG é capaz de formar
profissionais qualificados para assistência ao diabético.
Este trabalho tem como objetivo avaliar o conhecimento dos alunos dos cursos de
ensino particular de graduação em enfermagem de Belo Horizonte/MG em relação ao
tema Diabetes Mellitus. Parte-se da hipótese de que o saber em Diabetes Mellitus,
ministrado nas Instituições de Ensino Superior não é suficiente para a formação de
Enfermeiros qualificados para a educação em diabetes.
17
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A história da enfermagem e formação do Enfermeiro
Inicialmente entendida como um trabalho doméstico, manual e sem treinamento, a
Enfermagem emerge como profissão, a partir de Florence Nightingale.6
Nascida em 1820, filha de família rica de ingleses, Florence era diferente das moças
de sua época, estudou grego e latim e falava diversos idiomas, além de grande
conhecimento em matemática. Aos 24 anos quis começar a prática em hospitais, mas
seus pais não concordaram pela situação precária em que estes se encontravam. Na
época, as pessoas que atendiam aos doentes, ou eram católicos anglicanos, sendo
estes um pequeno número, ou pessoas sem estudos e sem moral, que representavam
um grande número. Aos 31 anos, Florence iniciou seus estágios em hospitais, realizou
viagens a França, Alemanha, Áustria e Itália, onde observou a enfermagem e publicou
estudos comparativos das mesmas.7
Reconhecida como fundadora da enfermagem moderna, Florence voluntariou-se na
Guerra da Criméia, onde atuou corajosamente, num local despreparado para a
assistência e com grande número de enfermos graves. Após a Guerra da Criméia
(1853-1856) organizou e fundou a Escola para Formação de Enfermeiras no Hospital
Saint Thomas, em Londres (1860). O cuidado da enfermagem, antes pautado na
abnegação, vocação divina e caridade, a partir de então se transformou em
aprendizado técnico-científico.6
Outra precursora na história da enfermagem é Anna Justina Ferreira Nery (mais
conhecida como Anna Nery), brasileira que se voluntariou na Guerra do Paraguai
(1864-1870). Anna Nery, mesmo não tendo formação profissional como enfermeira,
foi nomeada como tal por D. Pedro II, em reconhecimento a sua dedicação a soldados
brasileiros ou não.6
18
No ano de 1890, a partir do Decreto Federal 791 (de 27 de setembro de 1890),8 houve
o início oficial da formação de profissionais de enfermagem no Brasil, com a criação
pelo governo, da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, junto ao Hospital
Nacional de Alienados do Ministério dos Negócios do Interior, no Rio de Janeiro.
Atualmente denominada Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, pertencente a
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Na época, a necessidade imediata
de profissionais era na saúde pública, pois havia grande urgência em solucionar o
problema das doenças infectocontagiosas, as quais acometiam a população e que
interferiam a ponto de tornar-se um problema socioeconômico no país.9
Em 1923, governo brasileiro e americano fazem acordo, através de Carlos Chagas,
na época Diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), e por
intermédio de enfermeiras americanas organizam a Escola de Enfermagem Anna
Nery, conhecida posteriormente como “Escola Padrão”. As candidatas eram
selecionadas e detinham nível de escolaridade mais alto, diferente das demais
escolas, que exigiam apenas conhecimentos elementares. Através do Decreto 20.109
de 15/06/31,10 todas as escolas de enfermagem deveriam se enquadrar aos padrões
da Escola Anna Nery.9
A Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras, fundada em 1926,
atualmente denominada Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) teve papel
ativo na história da enfermagem, tanto no aspecto de legislação como de educação.
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e os Conselhos Regionais de
Enfermagem (CORENs) foram criados em 12 de julho de 1973, através da Lei 5.905.
Estes órgãos são responsáveis por normatizar e fiscalizar o exercício profissional dos
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem em todo o âmbito nacional. 9,11
Em 06 de agosto de 1949, foi promulgada a Lei nº 775,11 que dispõe sobre o ensino
de Enfermagem no país, e sua regulamentação ocorreu com o Decreto nº 27.42613
de 14 de novembro do mesmo ano. Conseguindo assim um controle da ampliação
dos cursos de enfermagem, determinando que os mesmos se concentrassem em
centros universitários. A partir de então todas as escolas passam a exigir o curso
secundário para ingresso ao curso de Enfermagem.14 Em 17 de setembro de 1955
é sancionada a Lei 2.604, que regula o exercício da enfermagem profissional, onde a
19
direção de escolas de enfermagem e de auxiliar de enfermagem é designada como
função do Enfermeiro.15
Um marco na história da educação é a Lei 4.024 de 20 de dezembro de 1961, que
estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e através de suas premissas
que ressalta a necessidade de mudanças curriculares e acadêmicas nos cursos de
graduação,16 mas apenas pela Resolução CNE/CES Nº 03 de 7/11/2001 foram
definidas as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em
Enfermagem.14,5
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem, o
perfil do egresso/profissional Enfermeiro é aquele com formação generalista,
humanista, crítica e reflexiva, além de ser um profissional qualificado para o exercício
de Enfermagem, com base no rigor científico e intelectual e pautado em princípios
éticos.5 Além do mais, a resolução norteia as IES para a construção dos Currículos da
Enfermagem e o ensino do diabetes é um tópico de estudo, dentro das disciplinas.
De acordo com a Resolução Nº 4, de 6 de abril de 2009 está definida para os cursos
de graduação em enfermagem a carga horária mínima de 4.000 horas/aula e limite
mínimo para integralização de 5 (cinco) anos.17 E como objetivo dos novos currículos
o Art 6º no Parágrafo 1º descreve:
“Os conteúdos curriculares, as competências e as habilidades a serem assimilados e adquiridos no nível de graduação do enfermeiro devem conferir-lhe terminalidade e capacidade acadêmica e/ou profissional, considerando as demandas e necessidades prevalentes e prioritárias da população conforme o quadro epidemiológico do país/região”.17
“A educação em enfermagem é construída de acordo com os limites e possibilidades
de seu espaço histórico-cultural, que não é estático e está sujeito a transformações
contínuas”18, neste enfoque entende-se que, a formação do Enfermeiro dentro de um
currículo mínimo preestabelecido, sofre interferência regional, além da capacitação e
envolvimento do corpo docente.
Desta forma, cabe à IES a elaboração e construção de conteúdo curricular que
contemple as necessidades regionais, visando o desenvolvimento e formação do
acadêmico tornando-o capaz de atuar nas diversas áreas da saúde. O processo não
20
é simples e deve ser realizado em conjunto e com o apoio de uma assessoria
pedagógica.
Ser educador em saúde está implícito na laboração do Enfermeiro, onde não se pode
desvincular o papel de educador do ser Enfermeiro. No § III do Art. 14 da Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem, está descrito que a
estrutura do Curso de Graduação em Enfermagem deverá assegurar que o aluno
tenha uma visão de educar para a cidadania.5
O propósito é formar profissionais capacitados para assistência de indivíduos, tanto a
nível ambulatorial, domiciliar e hospitalar, na promoção da saúde, prevenção e
tratamento das diversas enfermidades, principalmente as prevalentes na região.
2.2 Diabetes Mellitus
2.2.1 História e conceito do Diabetes Mellitus
A História do diabetes nos reporta ao Egito a cerca de 1.500 aC., onde no papiro de
Ebers (descoberto pelo alemão Gerg Ebers) há descrito doença com “urina frequente
e volumosa”. Apenas no Séc. II dC. Aretaeus, na Grécia Antiga, denomina a
enfermidade de diabetes, “passar através de”, pelo grande volume de urina
assemelhando-se à passagem de água através de um sifão. Em 1815, Chevreul
denominou de glicosúria, o açúcar na urina do diabético. No ano de 1869 Paul
Langerhans fez a descrição das ilhotas de Langerhans, confundindo-as com gânglios
linfáticos. O grande marco histórico do diabetes se deu na descoberta da insulina por
Banting e Best, no Laboratório de MacLeod, em Toronto no ano de 1921. A
administração terapêutica da primeira dose de insulina foi em 11/01/1922 em Leonard
Thompson, a partir de então houve uma revolução no tratamento da doença.19
Diabetes Mellitus (DM) “é um grupo de doenças metabólicas, com etiologias diversas,
caracterizado por hiperglicemia que resulta de uma deficiente secreção de insulina
pelas células β, resistência periférica a ação da insulina, ou ambas” e como
consequência da falta de insulina, o portador evolui com hiperglicemias que levam ao
dano de vários órgãos (olhos, rins, coração...).20
21
DM é descrita como uma epidemia em curso, onde o aumento de sua prevalência
deve-se ao envelhecimento populacional, maior urbanização, crescente prevalência
de obesidade e sedentarismo, e ainda, à maior sobrevida dos pacientes.21 Um fato
interessante é que, dos 5,8 milhões brasileiros diabéticos estimados no período, a
metade desconhecia ter a doença.21 Essas informações corroboram com as Diretrizes
da Sociedade Brasileira de Diabetes, incluindo o fato de que cerca de dois terços da
população com DM vivem em países em desenvolvimento, estando presente em
proporção crescente em jovens, além de coexistir com as doenças infecciosas
presente nestes países.1
2.2.2 Epidemiologia
Enfrentamos hoje um problema de grande magnitude, onde a expectativa de
crescimento do diabetes vem aumentando a cada ano, ganhando o título de
epidemia.1
A estimativa de 30 milhões de adultos diabéticos no mundo em 1985, passou para
135 milhões em 1995, alcançou 173 milhões em 2002 e deve atingir o patamar de 300
milhões em 2030. A evolução desenfreada do número de diabéticos se dá pelo
crescimento da população e seu envelhecimento, além do aumento da urbanização,
sedentarismo e obesidade.1
Com um número de 12 milhões de brasileiros diabéticos², podemos contar com custos
cada vez mais altos para controle e tratamento da doença, o que corresponde de 2,5%
a 15% do orçamento anual de saúde do pais.¹
2.2.3 Classificação
O DM é classificado em:
Diabetes Tipo 1 (DM1), resultado da destruição das células β geralmente
levando a deficiência absoluta de insulina;
Diabetes Tipo 2 (DM2), resultado de defeito progressivo na produção de
insulina e resistência periférica a insulina;
22
Outras formas de Diabetes, causado por defeitos genéticos que alteram
a função das células β, defeitos genéticos na função da insulina,
doenças do pâncreas endócrino e o uso de algumas drogas.
Diabetes Gestacional, diabetes diagnosticado durante a gravidez.22
O DM1 corresponde a aproximadamente 5-10% dos casos de DM, decorrente da
destruição progressiva das células β pancreáticas, levando ao quadro de deficiência
total e absoluta de produção de insulina. Surge em qualquer idade, sendo mais
frequente em crianças, adolescentes e adultos jovens, quando ocorre em adultos é
denominada Latente Autoimune Diabetes in Adults (LADA).22
DM2 equivale a 90-95% dos casos de diabetes, devido à resistência periférica à ação
insulínica e deficiência na sua produção, além do aumento da produção de glicose
hepática. Manifesta-se normalmente após os 40 anos de idade, sendo que 80% dos
portadores são obesos. O DM2 também está associado a síndrome metabólica,
acarretando como consequência o risco cardiovascular elevado, na sua maioria
assintomáticos e estima-se um atraso de diagnóstico de quatro a oito anos.23
2.2.4 Diagnóstico
O diagnóstico do diabetes pode ser clínico e/ou laboratorial e para os exames os
testes devem ser certificados e padronizados. As orientações são importantes sendo
necessário para glicemia de jejum: ausência de ingestão calórica a pelo menos 8
horas, Teste Oral de Tolerância a Glicose: 2 horas após ingestão de 75 g de glicose
anidra dissolvida em água.22
Os critérios para diagnóstico de diabetes são: Glicemia de jejum (GJ) ≥ 126 mg/dL, ou
Teste Oral de Tolerância a Glicose (TOTG) ≥ 200 mg/dL, ou Hemoglobina Glicada
(HbA1c) ≥ 6,5%.22
Indivíduos cujos níveis de glicemia não preenchem os critérios para diagnóstico de
diabetes, mas que também tem resultados elevados, e que não podem ser
considerados normais são classificados como pré-diabéticos, ou de risco aumentado
para diabetes.22
23
Os valores de referência para categoria de risco aumentado para diabetes (pré-
diabetes) são: Glicemia de jejum (GJ) de 100 a 125 mg/dL, ou Teste Oral de
Tolerância a Glicose (TOTG) de 140 a 199 mg/dL, ou Hemoglobina Glicada (HbA1c)
de 5,7 a 6,4%.22
2.2.5 Tratamento
O tratamento farmacológico em diabetes é realizado através de hipoglicemiantes orais
e insulina. A indicação, prescrição e alteração destes medicamentos é realizada pelo
médico que acompanha o diabético, levando em consideração vários fatores, entre
eles o tipo de diabetes, o perfil do paciente e as metas glicêmicas a serem alcançadas.
O tratamento do DM1, obrigatoriamente se fará com a insulina e o DM2 será avaliado
quanto a necessidade do uso de hipoglicemiantes orais e/ou insulina.1
Hoje, o mercado farmacêutico oferece uma grande diversidade de hipoglicemiantes
orais e de insulina, sendo necessário aos profissionais que assistem aos diabéticos,
conhecimento atualizado, afim de que o usuário receba o que há de melhor disponível.
O Enfermeiro não prescreve tratamento farmacológico, mas deve orientar o uso dos
fármacos. No caso da insulina, o diabético deve ser capaz de conhecer os tipos de
insulina, pico de ação, duração do efeito, preparo, locais de aplicação, administração,
manuseio e uso correto dos instrumentos de administração, rodizio, conservação,
cuidados para transporte e descarte adequado de perfuro-cortantes.¹ Tornar o
paciente capaz de administrar corretamente a insulina fará grande diferença para o
tratamento, assim o Enfermeiro deve ter consciência da importância de sua atuação
e com qualidade.
Há alguns anos contávamos apenas a seringa para aplicação de insulina, atualmente
encontramos disponíveis no mercado outros instrumentos, como a caneta
(descartável e recarregável) e a bomba de insulina.23 A disponibilização destes
insumos aos diabéticos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) acontece de formas
diferentes nos Municípios, os quais constroem seus protocolos e criam critérios para
o fornecimento.
24
Mesmo não tendo formação como especialista na área, o Enfermeiro que assiste ao
diabético deve orientar a correta administração das medicações prescritas e o
manuseio dos instrumentos de aplicação. Para isso, a boa formação acadêmica é
fundamental para a correta e eficaz administração dos tratamentos da doença.
Fatores individuais devem ser avaliados, pois complicações como a diminuição da
acuidade visual, podem interferir de maneira a afetar negativamente os resultados
esperados.
2.2.6 Complicações
Complicações agudas e crônicas acompanham a vida do diabético e a prevenção é
essencial para evita-las ou postergar seu aparecimento.
A hipoglicemia é a complicação aguda mais frequente em diabéticos, causando
morbidade recorrente e eventualmente fatal nos DM1, desta forma é necessário que
todo diabético e familiar saiba reconhecer os sinais e sintomas e tomar atitudes
necessárias para a reversão do quadro. A hipoglicemia além de alterações orgânicas
causa mudanças comportamentais nos diabéticos, principalmente pelo medo de uma
nova crise, o que pode piorar a situação.21
Como complicações agudas hiperglicêmicas que podem acometer o diabético temos
a Cetoacidose Diabética (CAD), principalmente no DM1 e o Estado Hiperglicêmico
Hiperosmolar (EHH), principalmente no DM2. Estas são complicações agudas graves
que necessitam de diagnóstico precoce e preciso, além do tratamento adequado,
imprescindíveis para a redução da morbimortalidade por estas complicações.1
Como complicações crônicas hiperglicêmicas temos a neuropatia diabética, a
nefropatia e a retinopatia, devido a microangiopatia, sendo o controle glicêmico, entre
outros, recomendado para melhorias destas complicações. Qualquer redução da
HbA1c é vantajosa para o desenvolvimento ou progressão da Retinopatia Diabética e
demais complicações, sendo seu alvo um valor <7%.1
25
Complicações crônicas se desenvolvem de forma silenciosa, ou pouco sintomática
levando a ilusão de que tudo vai bem, até que seja feito um diagnóstico, assim o ideal
é que se faça a prevenção.1
A doença macrovascular do diabético é a própria doença aterosclerótica da população
não diabética, sendo mais precoce, mais frequente, além de mais grave. Como maior
causa de morbimortalidade temos a doença cardiovarcular.¹
A prevenção primária da doença macrovascular está relacionada com a própria
prevenção do diabetes, ou seja, a mudança do estilo de vida através de dieta e
exercícios, já a prevenção secundária no controle da dislipidemia e da hipertensão
arterial e comorbidades associadas ao diabetes, sendo ainda, obrigatória a cessação
do tabagismo.1
Alguns dos elementos em que se pode trabalhar a prevenção das complicações
macrovasculares (Doença Arterial Coronariana (DAC), Acidente Vascular Cerebral
(AVC), Doença Vascular Periférica (DVP)) são também fatores de risco para o
surgimento de complicações microvasculares (retinopatia diabética, nefropatia
diabética, neuropatia diabética)22 assim é essencial o conhecimento sobre a
importância do tratamento e a participação do diabético para um efetivo resultado.
Nas complicações crônicas como a neuropatia diabética, o Enfermeiro pode ter
grande atuação, tanto na prevenção quanto no diagnóstico precoce e no tratamento.
A incidência cumulativa de ulceração (pé diabético) durante a vida de um diabético é
estimada em 25%, sendo que 85% precedem amputações.1
Avaliação clínica e exame dos pés são procedimentos simples e que não estão na
prática diária dos profissionais que atendem aos diabéticos. Examinar os pés, orientar
uso de calçados e meias adequadas, o corte das unhas e higiene dos pés deveria
estar na rotina de atendimento anual do diabético. Ao se perceber alterações, deve-
se proceder o teste de sensibilidade protetora plantar, com o uso de monofilamentos,
diapasão 128 HZ e pino de madeira (palito). 1 ANEXOS A e B.
26
A presença das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no cenário de saúde
mundial, poderão se apresentar como regra epidemiológica, seu impacto pode ser
devastador se atitudes não forem tomadas, principalmente por causa da antiga crença
onde estas são doenças da população mais rica, enquanto as infecções sexualmente
transmissíveis, predominantes da classe pobre.24
Na relação de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), o diabetes tem um
importante papel como fator de risco para as demais doenças, colaborando assim
para a alta morbimortalidade deste grupo.24 Em 2010 as taxas de mortalidade por DM
(por 100.000 habitantes) no Brasil apresentaram um crescente aumento com o
avançar da idade, estando em torno de 0,50 para a faixa etária de 0 a 29 anos a 213,4
para a de 60 anos ou mais.1
O Diabetes Mellitus “é uma doença crônica que exige mudanças de hábitos e
desenvolvimento de comportamentos especiais de autocuidado que deverão ser
mantidos por toda a vida”.1 Ser acompanhado por equipe multiprofissional é
imprescindível para aprender a se cuidar e alcançar uma vida saudável. O papel dos
profissionais de saúde na assistência aos diagnosticados com DCNT, deve
potencializar capacidades como por exemplo, o trabalho em equipe.24
A cada atendimento o Enfermeiro deve abordar o paciente e perceber se este
compreende o tratamento e suas implicações. A equipe de saúde deve trabalhar com
diversos recursos para apoiar e atender seu usuário e família, facilitando sua
participação no cuidado.
O governo estabelece modelos de controle das DCNT, entre eles o apoio à auto-
gestão dos pacientes, encorajando os mesmos a exercerem um papel ativo nos
cuidados de sua própria saúde. 22
A gestão do cuidado em diabetes deve ser planejada não só pela equipe profissional,
mas deve ter também a participação ativa do paciente e de sua família, favorecendo
assim o cumprimento das metas.22
27
2.2.7 Nutrição
A orientação nutricional enfatiza uma alimentação saudável e é de grande importância
para o acompanhamento e tratamento do diabético. Conhecer os alimentos e
benefícios produzidos numa alimentação variada e de qualidade, estimula a adesão
do diabético às propostas de dieta sugeridas pelo nutricionista.1 Em parceria com este
profissional, o Enfermeiro é capaz de estimular a aceitação de mudanças no estilo
alimentar, sendo que neste processo é muito importante a agregar a família.
A orientação nutricional deve ser feita de forma individual e baseada no momento atual
do diabético, assim estará passível de mudanças durante o decorrer do tratamento.0
O diabético deve estar ciente desta possibilidade, o que pode tornar mais fácil a
adesão ao cardápio proposto. Além disso o nutricionista deve fornecer uma tabela de
substituições de alimentos, para que a pessoa possa estar mais livre e adequar, até
financeiramente, suas possibilidades de alimentos dentro da dieta saudável.
O acompanhamento nutricional é capaz de reduzir a incidência de DM2, e para o DM1
a terapia insulínica deve ser ajustada ao plano alimentar. Vislumbrando o controle
metabólico adequado em ambos os casos deve-se inserir a atividade física ao
conjunto.22
2.2.8 Atividade física
Da mesma forma que a alimentação e cuidados de higiene estão no nosso cotidiano
e os fazemos até de forma automática, a atividade física precisa estar inserida no dia-
a-dia do ser humano, precisamos entender que o homem foi feito para se movimentar.
O sedentarismo não é uma atitude saudável, mas talvez a mais cômoda.
A vida do homem moderno é cercada de muitos afazeres, estresse, pressa, uma
verdadeira luta contra o tempo, que nunca é o suficiente para tudo. Com a
modernidade e automatização de muitos objetos e utensílios, não gastamos energia
nem para abrir a janela do carro. Com tanta facilidade não é fácil convencer uma
pessoa à prática regular de exercícios físicos, para tanto, este tem que reconhecer
seus benefícios e desejar mudar de atitude.
28
O exercício físico como prevenção e tratamento do DM atua na resistência insulínica,
além da redução do peso corporal agindo ainda no controle glicêmico e sobre fatores
de comorbidades. Sua prática deve ser estimulada, mas uma avaliação médica é
indicada para seu início, além do acompanhamento já preconizado durante todo seu
tratamento.20
Múltiplos benefícios são descritos pela prática de exercícios físicos regulares para o
DM2, como o auxílio a manutenção do peso corporal, aumento da sensibilidade
insulínica, redução da pressão arterial e níveis de colesterol Low density lipoprotein
(LDL), hipertrofia da musculatura esquelética, redução de perda de massa óssea, de
depressão e ansiedade, além da determinação do bem-estar.25
Toda prática de exercícios físicos deve ser orientada e acompanhada por profissionais
capacitados para tal, em especial os diabéticos que apresentarão respostas
glicêmicas diferentes de acordo com a modalidade, duração e intensidade do
exercício, horário da prática, entre outros. Assim o médico responsável deverá
compartilhar a assistência com o educador físico que orientará as melhores práticas
para as metas propostas serem alcançadas.25
Conhecedor dos inúmeros benefícios da atividade física para os diabéticos e para a
população em geral, o Enfermeiro como parte integrante da equipe multiprofissional
deve orientar e incentivar sua prática diária.
2.3 Educação em diabetes
Educar em saúde é uma das primícias do profissional Enfermeiro, sendo responsável
pela preparação do cliente para assumir seu autocuidado. Essa educação não se
restringe apenas aos clientes, mas estende-se ao importante papel de educação a
outros enfermeiros.26
A educação em diabetes é um elemento essencial para a melhoria dos resultados do
paciente, engloba a educação de forma contínua e capaz de fornecer conhecimento
e desenvolver habilidades para o controle e autocuidado do diabetes. O conhecimento
29
leva à mudança de comportamento (autocuidado), que reflete na melhora dos
resultados clínicos e consequentemente resulta em qualidade de vida.27
A “educação dos pacientes consiste no processo de auxiliar as pessoas a aprenderem
comportamentos relacionados à saúde que possam ser incorporados à vida diária com
o objetivo de otimizar a saúde e a independência no autocuidado”,26 e isso é muito
claro quando se trata do diabético, pois é imprescindível que este assuma seu papel
como gestor de sua saúde, uma vez que o médico, Enfermeiro, farmacêutico ou outro
profissional que o assista não está junto a ele todos os dias, e muito menos o dia todo.
Assim, assumir o controle de seu tratamento, com habilidade e competência é
fundamental para um desfecho favorável de sua saúde.
Nos países em desenvolvimento, a educação em diabetes em geral é inexistente, e
que a análise concomitante de falta de acesso a serviços de qualidade e falta de
educação em diabetes reflete em resultados clínicos desastrosos, qualidade de vida
inadequada e elevação dos custos de saúde.28 Pode-se ver nesta descrição a
realidade de assistência da maioria de nossos serviços, onde a educação em
diabetes, parte substancial da assistência, não se efetua de maneira concreta.
Estar inscrito em programa de educação especial para diabéticos é pressuposto legal
e condição para o recebimento dos medicamentos, materiais e insumos29, assim
pode-se sentir a fragilidade de nossa assistência, onde nem todos serviços de saúde
mantem programas de educação em diabetes. A intenção na construção da Lei era o
fornecimento de insumos atrelados a educação para seu uso e consequente melhoria
na qualidade de vida.
Educar em diabetes é dar oportunidade ao diabético de conhecer sobre sua doença e
seu tratamento, de identificar problemas precocemente, de aderir as práticas de
autocuidado e de modificar seus hábitos, afim de faze-los saudáveis.28 Além da
participação ativa do diabético é importante a presença da família nos cuidados
simples aos elaborados, sendo esta, um ponto de apoio para facilitar a convivência
com a doença e o seu tratamento.
30
Trabalhos europeus comprovam que a assistência prestada por Enfermeiros pode
reduzir internações hospitalares, o que consequentemente reduz custos e melhora a
qualidade de vida do diabético. Os Enfermeiros podem assistir aos diabéticos com
qualidade, assumindo áreas até então de domínio exclusivo dos médicos.24
A educação em Diabetes é importante para o manejo adequado da patologia e
prevenção de complicações, devendo-se incluindo a mesma na prática diária de
atendimento de todos os profissionais de saúde. O processo de educação pode se
dar de forma individual e em grupo, sendo que cada modalidade intervém em
determinado aspecto, faixa etária ou grupo sócio econômico, sendo que há evidências
científicas sobre os benefícios das duas abordagens.1
Na participação efetiva do Enfermeiro na assistência ao diabético está a orientação e
o treinamento para a automonitorização glicêmica, uma técnica de controle e
monitoramento dos níveis glicêmicos, onde o diabético realiza o exame e a partir do
resultado obtido toma condutas para adequação, quando necessário.22 Manuseio e
cuidados com o aparelho de glicemia capilar, punção digital, interpretação de
resultados, tomada de condutas frente aos resultados, descarte adequado do material
utilizado, são exemplos de instruções de responsabilidade do enfermeiro que assiste
ao diabético, desta forma o profissional deve ser habilitado para tal, a fim de não gerar
dúvidas ou inseguranças ao usuário.
O Enfermeiro deve trabalhar em parceria com os demais profissionais da equipe
multiprofissional, provendo uma assistência de qualidade, onde os resultados
esperados são diabéticos controlados e com boa qualidade de vida.
Pelo exposto percebe-se a importância de termos profissionais Enfermeiros
capacitados para o atendimento ao diabético, mas não foram encontrados trabalhos
atuais que analisam o perfil do conhecimento em diabetes dos alunos que ainda não
saíram para o mercado de trabalho. Dada a essa escassez de informações sobre o
assunto é que se propõe o presente trabalho.
31
METODOLOGIA
A pesquisa é do tipo transversal e descritiva, cujo o interesse foi avaliar o
conhecimento adquirido pelos estudantes dos cursos de graduação em enfermagem
do sistema privado de ensino de Belo Horizonte/MG em relação ao tema Diabetes
Mellitus. A pesquisa foi norteada pela seguinte questão: “O conhecimento adquirido
pelos alunos dos cursos de graduação em enfermagem, das instituições particulares
de Belo Horizonte/MG, em relação ao tema Diabetes Mellitus está adequado para uma
assistência de qualidade ao diabético?”
3.1 Aspectos éticos e legais
A pesquisa foi iniciada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do
Instituto de Ensino e Pesquisa/Grupo Santa Casa de Belo Horizonte (IEP/GSC-BH),
aprovada sob o Parecer nº 982.872, com Registro CEP: CAAE
38516214.1.0000.5138. Realizado contato com as instituições de ensino superior,
selecionadas de forma aleatória e que assinaram a Carta de Anuência. De posse dos
planos de ensino e grades curriculares das IES, os mesmos foram comparados,
quanto ao período (semestre letivo) em que o tema é lecionado e os tópicos
ministrados.
Por meio de contato pessoal, por telefone e/ou email a pesquisadora esclareceu aos
responsáveis pelos Curso de Enfermagem a proposta da pesquisa e sua metodologia.
A seguir a Carta de Anuência foi encaminhada aos responsáveis pelas IES para
assinatura e formalização da autorização da pesquisa nas instituições. Para aplicação
do questionário, todos os pesquisados leram, entenderam, concordaram e assinaram
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (APÊNDICE A). O documento
esclarece a natureza da pesquisa e suas implicações, sendo fornecido em duas vias,
uma arquivada com o pesquisador e outra entregue ao sujeito da pesquisa. No
documento ainda consta o caráter sigiloso e não coercivo da pesquisa
32
Estes documentos foram encaminhados ao Comitê de Ética em Pesquisa do
IEP/GSC-BH, como procedimento que se destina a acatar aos dispositivos da
Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466, de 12 de dezembro de 2012, que
regulamentam a realização de pesquisas envolvendo seres humanos.
Para guiar o presente estudo, foi elaborada a seguinte questão: O conhecimento
adquirido pelos alunos dos cursos de graduação em enfermagem do ensino particular
de Belo Horizonte/MG, em relação ao tema Diabetes Mellitus está adequado para uma
assistência de qualidade ao diabético? A partir desta pergunta realizou-se busca nas
bases de dados eletrônicas da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS): Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library
Online (SciELO), Biblioteca COCHRANE, Índice Bibliográfico Espanhol em Ciências
da Saúde (IBECS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
(MEDLINE) e Portal de Periódicos Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior).
Os descritores selecionados foram: Diabetes Mellitus AND Bacharelado em
enfermagem AND Educação em enfermagem (Descritores em Português), de acordo
com Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Diabetes Mellitus AND Education,
Nursing, Baccalaureate AND Education, Nursing (Descritores em Inglês) de acordo
com Descritores MEDLINE (MeSH). Não foi delimitado ano ou idioma para a busca,
pois o intuito foi de conhecer o que já se tem escrito na literatura sobre o tema
proposto.
No Portal Capes foram encontrados 275 (duzentos e setenta e cinco) artigos, os quais
sofreram refinamento com inclusão dos termos: Diabetes Mellitus, nursing, diabetes,
nurses, diabetics, humans, education, diabetes: nursing e exclusão os demais, com
um resultado final de 55 (cinquenta e cinco) artigos, sendo que após leitura dos
resumos destes artigos, apenas 1 (um) foi selecionado. Na PUBMED foram
encontrados 29 (vinte e nove) artigos, onde 2 (dois) foram selecionados. Na BVS
(Biblioteca Virtual de Saúde) 15 (quinze) artigos foram encontrados e 2 (dois)
selecionados. Concluiu-se a busca com um total de 2 (dois) artigos sobre o tema, pois
estes se repetem nas bases de dados.
33
Desta forma, visualiza-se como é escasso trabalhos sobre o tema, tornando relevante
a pesquisa em questão e reforçando a necessidade de construção de mais trabalhos
afins.
Através de busca nos sites oficiais do Conselho Nacional de Educação e Ministério da
Educação encontrou-se um total de 18 (dezoito) instituições de ensino superior
credenciadas para a formação de Enfermeiros em Belo Horizonte/MG, destas 17
(dezessete) apresentam o formato presencial e 1 (uma) formato a distância. Entre
todas as IES apenas uma é gratuita, sendo as demais financiadas pelos alunos e/ou
por programas do governo de incentivo a formação de nível superior.30
Cursos presenciais:
1. Centro Universitário de Belo Horizonte - UNI-BH – Unidade Cristiano Machado
2. Centro Universitário de Belo Horizonte - UNI-BH – Unidade Estoril
3. Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – CEUNIH
4. Centro Universitário Newton Paiva - Newton Paiva
5. Centro Universitário Una – UNA
6. Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais – FCMMG
7. Faculdade de Ensino de Minas Gerais – FACEMG
8. Faculdade de Minas BH – FAMINAS – BH
9. Faculdade Estácio De Sá de Belo Horizonte – FESBH
10. Faculdade Iseib de Belo Horizonte – FIBH
11. Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte – FPAS
12. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC MINAS – Unidade Coração
Eucarístico
13. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC MINAS – Unidade Barreiro
14. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
15. Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS
16. Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO
17. Universidade Vale do Rio Verde – UNICOR30
34
Cursos a distância:
1. Centro Universitário Claretiano – CEUCLAR30
3.2 Critérios de inclusão e exclusão
Os critérios de inclusão e exclusão que definiram a amostra da pesquisa foram os
seguintes: CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: alunos do curso presencial de graduação em
enfermagem de Belo Horizonte/MG; alunos que já cursaram disciplina que contemple
o tema diabetes (a partir do 6º período); uma ou mais turmas por
Faculdade/Universidade, de acordo com a disponibilidade dos alunos e do
pesquisador; alunos matriculados de forma regular no curso de enfermagem.
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO: alunos que trabalham como acadêmicos ou com outra
formação profissional em serviços de atendimentos a diabéticos; alunos que possuem
outro curso de graduação na área de saúde; alunos diabéticos e/ou que tenham
familiares próximos diabéticos; alunos que não desejarem participar do estudo.
3.3 Instrumento
Analisados os critérios de inclusão e exclusão, os alunos selecionados receberam um
questionário com 20 (vinte) perguntas fechadas, contendo 5 (cinco) opções de
respostas, sendo apenas uma resposta correta, e a última opção deveria ser
assinalada quando não tivesse conhecimento sobre o assunto.
O questionário foi adaptado a partir do Diabetes Knowledge Test (DKT),31 questionário
criado para avaliar o conhecimento de diabéticos em vários aspectos relacionados ao
Diabetes Mellitus. Para a adaptação do instrumento seguiu-se as orientações de
Chagas,32 levando-se em consideração o conhecimento mínimo que o Enfermeiro
deve ter para atender com qualidade ao diabético. O instrumento foi previamente
avaliado por um professor de IES que leciona o tema Diabetes Mellitus, e por 3 (três)
enfermeiros capacitados em diversas áreas.
35
O instrumento aplicado contém 20 questões que foram agrupadas em 10 domínios de
conhecimento, a saber: Conceito e diagnostico em diabetes (questões 1, 2 e 3),
Exercício físico (questões 4 e 5), Nutrição (questões 6 e 7), Hipoglicemia (questões 8,
10 e 11), Hemoglobina glicada (questão 9), Infecção (questão 12), Pé diabético
(questão 13), Complicações do diabetes (questão 14), Cuidados com a Insulina
(questões 15, 16, 17, 18 e 19) e Automonitorização glicêmica (questão 20).
Realizou-se um teste piloto com 10 alunos de enfermagem (não inclusos na pesquisa)
para avaliação do questionário e do tempo gasto para seu preenchimento, a partir de
então implementou-se as adaptações que se fizeram necessárias.
Antes da entrada do pesquisador em sala de aula, foi realizada reunião com cada
coordenador de Curso de Enfermagem, onde foi apresentada a proposta da pesquisa
e após o aceite para a mesma, agendou-se data para a sua realização. Para a
aplicação do questionário foram necessárias duas visitas a cada IES, sendo que em
duas as visitas foram diurnas e nas outras duas IES as visitas foram noturnas. O
tempo gasto para responder o questionário em todas as IES foi de aproximadamente
20 minutos.
O ponto de corte utilizado nesta pesquisa foi de 60% de acerto. Baseado na média de
pontuação (60%) para aprovação nas disciplinas das instituições de ensino particular
pesquisadas.
3.4 Amostra
A pesquisa contemplou alunos de 04 (quatro) Instituições de Ensino Superior de
sistema privado de graduação em Enfermagem de Belo Horizonte/MG, que já
realizaram a disciplina onde é lecionado o tema Diabetes Mellitus. Cinco
Faculdades/Universidades foram selecionadas de forma aleatória, sendo que uma
não aceitou participar da pesquisa e as demais concordaram e confirmaram o aceite
através do responsável pelo Serviço para a realização da pesquisa. O número de
alunos foi distribuído de forma mais igualitária possível pelas IES participantes.
36
3.4.1 Cálculo amostral
Para o cálculo amostral, a amostra mínima para significância estatística, de acordo
com n=p.(1-p) z² n= 384, Ɛ², onde: p = Prevalência na literatura ou prevalência padrão
(0,5), z = Distribuição normal e Ɛ = significância estatística
Portanto para a presente pesquisa eram necessários no mínimo 115 indivíduos, com
amostra ideal de 384 indivíduos. A suficiência amostral deve ser entendida como parte
integrante de todo o desenvolvimento metodológico do estudo, análise e interpretação
dos resultados, garantindo o sucesso da investigação.
Participaram deste estudo 151 alunos de 4 (quatro) IEP da região metropolitana de
Belo Horizonte/MG, sendo 33 (21,9%) oriundos da instituição A, 51 (33,8%) da
instituição B, 34 (22,5%) da instituição C e 33 (21,9%) da instituição D. A média de
idade dos alunos foi 27,39 ± 6,1 anos. Em relação aos períodos em que os alunos
cursavam no momento da pesquisa observou-se 26 (17,2%) no 6º período, 11 (7,3%)
no 7º período, 72 (47,7%) no 8º período, 33 (21,9%) no 9º e 9 (6%) no 10º período.
3.5 Análise estatística
Após aplicação do questionário a todos os voluntários, os dados foram analisados
estatisticamente e representados em gráficos.
3.5.1 Análise do instrumento
Para saber se o instrumento tem a capacidade de medir aquilo para o qual foi
construído, procedeu-se a sua análise. As respostas dos participantes foram
codificadas numa planilha da versão 21.0 software Statistical Package of Social
Sciences (SPSS) e submetidas a análises estatísticas descritivas, à análise fatorial
exploratória e ao cálculo do alfa de Cronbach. Os dados foram examinados quanto a
normalidade, colinearidade e distribuição de outliers, e a fatorabilidade da amostra foi
testada pelo índice de Kaiser-Meyer-Olkin. Os itens foram extraídos da análise de
componentes principais com rotação ortogonal (varimax), e a estrutura dos fatores foi
investigada usando comunalidades, eigenvalues com valores acima de 1,0.33
37
Encontrou-se um alfa de Cronbach para o conjunto de 20 itens de 0,81. Este valor é
considerado aceitável. 34,35
3.5.2 Análise das respostas do instrumento
Primeiramente realizou-se a frequência absoluta de todas as respostas para verificar
se haviam erros de digitação, após este passo, procedeu-se a análise estatística
propriamente dita. Todas as respostas foram codificadas como 0 para as respostas
erradas, 1 para as respostas certas e 9 para a opção “não tenho conhecimento sobre
esse assunto”. Em seguida foram realizadas análises percentuais para verificar a
distribuição de cada resposta. Após as respostas certo e errado foram transformadas
em porcentagem para a construção de cada domínio (sendo este o número de
respostas certas * 100 divido pelo número de perguntas de cada domínio). Cada
domínio foi analisado em percentual de respostas certas em relação ao percentual de
respostas erradas. Nas comparações dos grupos de instituições em relação ao
percentual de respostas certas e erradas para os domínios utilizou-se o teste Qui-
quadrado de Pearson. Para análise da idade em relação ao percentual de respostas
certas e erradas utilizou-se o teste t. Na análise da resposta total do instrumento, uma
vez que esta apresentou várias categorias de percentuais, optou-se pela análise
quantitativa do percentual. O percentual da resposta total foi analisado em relação a
sua distribuição de normalidade pelo teste de Shapiro Wilk, e mostrou-se normal. Seus
resultados foram apresentados na forma de média e desvio padrão. Para análise da
resposta total do instrumento em relação a instituição utilizou-se o teste ANOVA, e a
análise da diferença mínima significativa (DMS) para identificar em qual grupo a
diferença foi significativa. A análise da idade em relação a resposta total do
instrumento foi realizada por meio da correlação de Pearson e apresentado
graficamente por meio da estimação da curva de regressão linear. Todos os
resultados foram apresentados em tabelas de distribuição e gráficos. Foi considerado
significativo os valores de p<0,05.
38
RESULTADOS
4.1 Análise por resposta
No gráfico 1 (GRAF 1) estão descritos os percentuais de alunos que não tinham
conhecimento sobre o assunto, acertaram ou erraram cada questão do instrumento,
onde todas as questões foram respondidas, ou seja, o gráfico mostra 100% das
respostas de todos os 151 respondentes.
Percebe-se que 14 (quatorze) das 20 (vinte) questões propostas no instrumento
apresentaram mais de 10% de respostas como “não tenho conhecimento sobre o
assunto”, e foram mantidas e analisadas nesta pesquisa, pela importância e
necessidade dos temas abordados para a atuação do Enfermeiro na assistência ao
diabético.
Gráfico 1. Análise percentual de cada resposta do instrumento em todas as IES
n:151 alunos Fonte: Dados da pesquisa, 2014
Em relação ao percentual de alunos que “não tinham conhecimento sobre o assunto”
(GRAF 2), pode-se observar que a questão número 15 apresentou o maior percentual
com 62,3% (94), seguido da pergunta 9 com 43,7% (66). A pergunta 15 refere-se ao
0,7 0,711,914,6
17,2
0
21,215,9
43,7
5,3
33,129,1
9,3 5,3
62,3
16,627,2
15,917,915,9
94 95,4
23,2
57
78,1
78,827,840,4
21,9
57
25,251,7
64,2
93,4
6
40,423,236,4
60,370,9
5,3 4
64,9
28,5
4,621,2
51 43,734,437,741,7
19,226,5
1,3
31,843 49,747,7
21,913,2
0
20
40
60
80
100
120
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Porc
enta
gem
de a
lunos
Questões do instrumento
Não responderam % Certo % Errado %
39
tema sobre técnica de mistura de insulinas e a pergunta número 9 tem como tema a
Hemoglobina Glicada.
Gráfico 2. Análise percentual de alunos que não tinham conhecimento sobre cada questão do instrumento em todas as IES
n:151 alunos Fonte: Dados da pesquisa, 2014
Quanto ao percentual de acerto (GRAF 3), observa-se que os percentuais acima de
90 se apresentam na questão 2 com 95,4% (144), seguida da questão 1 com 94%
(142) e questão 14 com 93,4% (141). Estas perguntas referem-se aos sintomas mais
comuns, conceito e principais complicações do diabetes, respectivamente.
Gráfico 3. Análise percentual das respostas certas do instrumento em todas as IES
n:151 alunos Fonte: Dados da pesquisa, 2014
0,7 0,7
11,914,6
17,2
0
21,215,9
43,7
5,3
33,129,1
9,35,3
62,3
16,6
27,2
15,917,9
15,9
0
10
20
30
40
50
60
70
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Porc
enta
gem
de a
lunos q
ue
não t
inham
conhecim
ento
sobre
o a
ssunto
Questões do Instrumento
94 95,4
23,2
57
78,1 78,8
27,8
40,4
21,9
57
25,2
51,7
64,2
93,4
6
40,4
23,2
36,4
60,3
70,9
0
20
40
60
80
100
120
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Porc
enta
gem
de a
lunos q
ue
respondera
m c
ert
o
Questões do Instrumento
40
Acerto acima de 60% são encontrados para as questões 1, 2, 5, 6, 13, 14, 19 e 20, ou
seja, em apenas 8 das 20 questões do instrumento. As questões se referem
respectivamente ao conceito, sintomas mais comuns, exercício físico, plano de dieta
alimentar, pé diabético, principais complicações, dor durante a aplicação da insulina e
automonitorização glicêmica do diabetes.
4.2 Análise por domínio
Os resultados estão apresentados a seguir para cada domínio de conhecimento
separadamente, analisado percentuais em todas as instituições e individualmente.
Observa-se no domínio Conceito e Diagnóstico em Diabetes que 11,9% (18) dos
alunos não souberam responder as questões. Dos que responderam 0,8% (1) dos
alunos erraram todas as questões, 5,3% (7) dos alunos acertaram 33% das questões,
71,4% (95) dos alunos acertaram 66% das questões e 22,6% (30) dos alunos
acertaram todas as questões. Não houve diferença significativa entre as instituições
(GRAF 4) para esse domínio. Não houve diferença significativa (p=0,07) entre a idade
dos participantes dentre os percentuais de acerto.
Gráfico 4. Análise das respostas certas para o domínio Conceito e Diagnóstico em Diabetes em todas as IES
n:133 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
No GRAF 5 observa-se que as instituições tiveram percentuais variados de acerto
para este domínio, mas não significativo. Na instituição C, 3,2% (1) dos alunos não
,85,3
71,4
22,6
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
0% 33,33% 66,66% 100%
Porc
enta
gem
de a
lunos
Porcentagem de acertos
41
acertaram nenhuma questão e 38,7% (12) acertaram 100% das questões,
correspondendo aos menores e maiores percentuais encontrados. As demais
instituições não apresentaram nenhum aluno com 0% de acerto neste domínio,
apresentando o maior percentual de acerto correspondendo a 66,66%.
Gráfico 5. Análise das respostas certas para o domínio Conceito e Diagnostico em Diabetes por IES
n: 133 alunos Teste Qui-quadrado: p=0,32 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
Em relação ao domínio Exercício Físico, observa-se que 27,2% (41) dos alunos não
tinham conhecimento sobre as questões deste domínio. Dentre os que responderam
4,5% (5) dos alunos erraram as respostas, 29,1% (32) dos alunos acertaram 50% das
repostas e 66,4% (73) dos alunos acertaram todas as questões.
Gráfico 6. Análise das respostas certas para o domínio Exercício Físico em todas as IES
n: 110 alunos Teste Qui-quadrado: p=0,56 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
0,0% 0,0% 3,2% 0,0%6,7% 7,1%
0,0%6,7%
73,3%78,6%
58,1%
73,3%
20,0%14,3%
38,7%
20,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
Instituição A Instituição B Instituição C Instituição D
Porc
enta
gem
de a
lunos
Instituições de Ensino Superior
0% 33,33% 66,66% 100%
4,5
29,1
66,4
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
,00 50,00 100,00
Porc
enta
gem
de a
lunos
Percentual de acerto
42
Não foram encontradas diferenças significativas entre os percentuais de acerto dentre
as instituições (p=0,56) (GRAF 7), e entre a idade e os percentuais de acerto (p=0,52).
Observa-se na instituição C o maior percentual de acerto, 75% (12) e nas instituições
A e D os maiores percentuais de erro 8,3% (1).
Gráfico 7. Análise das respostas certas para o domínio Exercício Físico por IES
n: 110 alunos Teste Qui-quadrado: p=0,56 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
Observa-se para o domínio Nutrição um percentual de 21.2% (32) alunos que não
tinham conhecimento sobre estas questões. Dentre os que responderam 16,8% (20)
dos alunos erraram as questões, 50,4% (60) dos alunos acertaram metade (50%) das
questões e 32,8% (39) dos alunos acertaram todas as questões (GRAF 08).
Gráfico 8. Análise das respostas certas para o domínio Nutrição em todas as IES
n:119 alunos Fonte: Dados da pesquisa, 2014
8,3%
0,0%3,6%
8,3%
33,3%29,4%
21,4%
33,3%
58,3%
70,6% 75,0%
58,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
Instituição A Instituição B Instituição C Instituição D
Porc
enta
gem
de a
lunos
Instituições de Ensino Superior0% 50% 100%
16,8%
50,4%
32,8%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
0% 50% 100%Poecenta
gem
de a
lunos
Percentual de acerto
43
Em relação ao percentual de respostas dentre as instituições (GRAF 09), observa-se
uma diferença significativa (p=0,02), onde a instituição B apresenta maiores escores
de acerto, quando comparada com as demais instituições. Não houve diferença
significativa (p=0,66) entre os percentuais de acerto e a idade.
Gráfico 9. Análise das respostas certas para o domínio Nutrição por IES
n:119 Teste Qui-quadrado: p=0,02 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
No domínio Hipoglicemia 44,4% (67) dos alunos não tinham conhecimento sobre as
questões referentes a este domínio. Dentre os que souberam responder, observa-se
que 13,1% (11) dos alunos erraram todas as questões, 35,7% (30) dos alunos
acertaram 33,3% das questões, 41,7% (35) dos alunos acertaram 66,6% das questões
e 9,5% (8) dos alunos acertaram todas as questões (GAF 10).
Gráfico 10. Análise das respostas certas para o domínio Hipoglicemia para todas as IES
n: 84 alunos Fonte: Dados da pesquisa, 2014
19,2%15,4% 14,3%
19,2%
65,4%
33,3%
46,4%
65,4%
15,4%
51,3%
39,3%
15,4%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Instituição A Instituição B Instituição C Instituição D
Porc
enta
gem
de a
lunos
Instituições de Ensino Superior
0% 50% 100%
13,1%
35,7%41,7%
9,5%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
0% 33,33% 66,66% 100%Porc
enta
gem
de a
lunos
Percentual de acerto
44
A distribuição percentual entre as instituições (GRAF 11) não apresentou diferença
significativa (p=0,28), bem com a idade entre os percentuais de acerto (p=0,70).
Gráfico 11. Análise das respostas certas para o domínio Hipoglicemia por IES
n: 84 alunos Teste Qui-quadrado: p=0,28 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
O domínio Hemoglobina Glicada apresentou também, importante percentual de
alunos que não sabiam responder, ou seja, não tinham conhecimento sobre o assunto
que corresponderam a 43,7% (66). Dentre os que responderam, observa-se um
percentual de respostas erradas para 61,2% (62) dos alunos e de respostas certas
para 38,8% (33) dos alunos (GRAF 12).
Gráfico 12. Análise das respostas para o domínio Hemoglobina Glicada para todas as IES
n: 85 alunos Fonte: Dados da pesquisa, 2014
21,1%
7,7%5,0%
21,1%
31,6%
42,3%
35,0%31,6%
42,1% 46,2%
35,0%
42,1%
5,3% 3,8%
25,0%
5,3%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
45,0%
50,0%
Instituição A Instituição B Instituição C Instituição D
Porc
enta
gem
de a
lunos
Instituições de Ensino Superior
0% 33,33% 66,66% 100%
61,2%
38,8%
Errou Acertou
45
Foi observada uma diferença significativa deste percentual quando analisado entre as
instituições (GRAF 13), onde a instituição C apresentou um percentual maior de acerto
quando comparado com as demais instituições (p=0,00). Não foi observado diferença
significativa entre a idade dos alunos e o percentual de acerto (p=0,67).
Gráfico 13. Análise das respostas para o domínio Hemoglobina Glicada por IES
n: 85 alunos Teste Qui-quadrado: p=0,00 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
No domínio Infecção, observa-se que 29,1% (44) dos alunos declararam que não
tinham conhecimento sobre o assunto. Dos que responderam, 72,9% (78) dos alunos
acertaram e 27,1 (29) dos alunos erraram (GRAF 14).
Gráfico 14. Análise das respostas certas para o domínio Infecção para todas as IES
N: 107 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
77,8%85,0%
24,1%
77,8%
22,2%15,0%
75,9%
22,2%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
Instituição A Instituição B Instituição C Instituição D
Porc
enta
gem
de a
lunos
Instituições de Ensino Superior
Errou Acertou
27,10%
72,90%
Errou Acertou
46
A análise destes percentuais entre as instituições (GRAF 15) mostra uma diferença
significativa (p=0,03), onde as instituições A e D apresentaram maiores percentuais
que as instituições B e C.
Gráfico 15. Análise das respostas certas para o domínio Infecção por IES
N: 107 Teste Qui-quadrado: p=0,03 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
Para o domínio Pé Diabético um percentual de 9,3% (14) de alunos não souberam
responder. Dentre os que responderam, observa-se 29,2% (40) de respostas erradas
e 70,8% (97) de respostas certas. A análise entre as instituições (GRAF 16) e o
percentual de acerto não foi significativa (p=0,95), e também não houve diferença
entre a idade para o percentual de acerto (p=0,88).
Gráfico 16. Análise das respostas certas para o domínio Pé diabético por IES
n: 137 alunos Teste Qui-quadrado: p=0,95 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
13,00%
40,60%34,50%
13,00%
87,00%
59,40%65,50%
87,00%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Instituição A Instituição B Instituição C Instituição DPorc
enta
gem
de a
lunos
Instituições de Ensino Superior
Errou Acertou
31,3%26,2% 29,0% 31,3%
68,8%73,8%
71,0%68,8%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
Instituição A Instituição B Instituição C Instituição D
Porc
enta
gem
de a
lunos
Instituições de Ensino Superior
Errou Acertou
47
No domínio Complicações do Diabetes, observa-se que 5,3% (8) dos alunos não
tinham conhecimento sobre o assunto. Dentre os que responderam, 98,6% (141)
acertaram as questões. Não foram observadas diferenças significativas entre as
instituições (p=0,65). Não foram observadas diferenças significativas para idade em
relação ao percentual de acertos (p=0,97).
Quando analisado o domínio Cuidados com Insulina (GRAF 17) observa-se um
percentual expressivo de alunos que não souberam responder (não tinham
conhecimento sobre o assunto) 70,9% (107). Não foi observado nenhum aluno com
100% de acerto neste domínio. Não foi observado diferença significativa (p=0, 61)
entre as instituições neste domínio. A idade dos alunos para os percentuais de acertos
também não foi diferente significativamente (p=0,57).
Gráfico 17. Análise das respostas para o domínio Cuidados com Insulina em todas as IES
n: 137 alunos Teste Qui-quadrado: p=0,65 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
No último domínio e questão do instrumento, observa-se um percentual de 15,9% (24)
de alunos que não souberam responder as perguntas do domínio Automonitorização
Glicêmica. Dos alunos que responderam 84,3% (107) acertaram e 15,7% (20)
erraram. A distribuição percentual dos acertos entre as instituições (GRAF 18) não foi
significativa (p=0,26). A idade dos alunos não foi diferente significativamente entre os
percentuais de acerto (p=0,81).
1,3 4,09,9 8,6 5,3
70,9
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
Erraram 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% Nãosouberamresponder
Porc
enta
gem
de a
lunos
Erraram 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% Não souberam responder
Porcentagem de acerto
48
Gráfico 18. Análise das respostas certas para o domínio Automonitorização Glicêmica por IES
n: 127 alunos Teste Qui-quadrado: p=0,26 2. Fonte: Dados da pesquisa, 2014
4.3 Análise do percentual total do instrumento
O percentual de acerto apresentou distribuição normal (GRAF 19). A média observada
foi de 52,2 ± 14,2, sendo o mínimo observado de 15% e o máximo 85%. Nenhum
aluno errou ou acertou todas as questões.
Gráfico 19. Distribuição percentual de alunos segundo percentual de acerto para a somatória total do instrumento em todas as IES
n: 151 alunos Fonte: Dados da pesquisa, 2014
Analisou-se a distribuição das médias dos percentuais de acerto total entre as
instituições (GRAF 20). Houve diferença significativa (p=0,03) entre as instituições
para os percentuais de acerto total do instrumento. A análise da variância permitiu
10,30%15,40%
26,70%
10,30%
89,70% 84,60%
73,30%
89,70%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Instituição A Instituição B Instituição C Instituição D
Porc
enta
gem
de a
lunos
Instituições de Ensino Superior
Errou Acertou
2,0,7 ,7
4,0 4,0
16,6
11,9 11,3 11,3 11,9
9,3
12,6
2,0,7 1,3
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
Porc
enta
gem
de a
lunos
Percentual de acerto
49
identificar que a diferença significativa está entre a instituição B e C (p=0,03), onde
pode-se observar que a instituição C possui média maior e significativa que a
Instituição B, para as demais não foram observadas diferenças significativas.
Gráfico 20. Distribuição das médias e o intervalo de confiança (95% para a média) para os percentuais de acerto total do instrumento entre as Instituições.
n: 151 alunos ANOVA: p=0,03 DMS: B-C: p=0,03 Fonte: Dados da pesquisa, 2014
A instituição C apresenta uma diferença significativa, representado por média maior
de acerto em relação à instituição B e a relação entre as demais instituições não
apresenta essa diferença.
50
DISCUSSÃO
Ao observar as respostas do questionário, percebe-se grande diversidade nos
resultados, com questões de elevado percentual de acerto e outras de erro, e ainda
questões onde elevado percentual de alunos não souberam responder, o que pode
sugerir que o assunto não foi apreendido pelo aluno ou talvez não foi abordado na
disciplina.
Da mesma forma que esta pesquisa, trabalho encontrado nas bases de dados foi
realizada em 1976, e avaliou o conhecimento de 144 estudantes de enfermagem em
relação ao tema Diabetes Mellitus, em quatro instituições de ensino (2 públicas e 2
privadas). Utilizou o questionário DKT e considerou como adequado o aluno que
acertasse a todas as questões, seu resultado corrobora com esta pesquisa, onde em
seu estudo nenhum aluno acertou ou errou todas as questões, variando os acertos
entre 12 e 31 questões (em 34 questões).36
Em relação ao percentual de alunos que “não tinham conhecimento sobre o assunto”
as questões 15 (técnica de mistura de insulinas) e 9 (hemoglobina glicada)
apresentaram o maior percentual com 62,3% (94) e 43,7% (66), respectivamente.
A associação de dois tipos de insulinas numa mesma seringa, ou seja, a mistura de
insulina, pode ser realizada com o intuito de diminuir o número de injeções. A seringa
com agulha fixa é a única opção para aplicação segura e precisa. A mistura é possível
entre as insulinas de ação intermediária e as de ação rápida ou ultrarrápida, no caso
da mistura da insulina intermediaria com a de ação rápida, esta poderá ser
armazenada e utilizada posteriormente, mas nas misturas com insulina de ação
ultrarrápida, o seu uso deve ser imediato.1
Conhecer sobre a técnica de mistura de insulina é essencial ao enfermeiro, uma vez
que sua aplicação favorecerá ao diabético, que diminuirá o número de aplicações
diárias de insulina e consequente diminuição da dor sentida durante as mesmas, além
do benefício financeiro com diminuição de gastos com seringas e agulhas. Outra
51
grande vantagem é a possiblidade de preparo antecipado da mistura (no caso de
insulina de ação intermediária com a de ação rápida) para portadores de deficiência
visual, que poderão ter a medição armazenada para uso posterior.1
Juntamente com os testes glicêmicos, a Hemoglobina Glicada (HbA1c) é utilizada
para avaliação do controle glicêmico e traduz o nível de glicemia referente a
aproximadamente 3 (três) meses, que tem correspondência ao nível de glicemia
média estimada do indivíduo. A meta adotada é o nível de HbA1c <7%, que será
avaliada pelo médico assistente para cada paciente. Todo diabético deve realizar o
teste de HbA1c pelo menos duas vezes ao ano e quatro vezes ao ano para aqueles
que tiveram esquema terapêutico alterado ou não atingiram os objetivos.1
Para o acompanhamento do diabetes, conhecer o nível de HbA1c é fundamental, uma
vez que seu resultado expressa uma retrospectiva de seu nível glicêmico. Em mãos
com estes resultados, o profissional enfermeiro é capaz de avaliar se seu cliente está
mantendo níveis desejáveis de glicemia e conduzir, juntamente com a equipe
multiprofissional o tratamento proposto.
No domínio Conceito e Diagnóstico em Diabetes 5,3% (7) dos alunos acertaram 33%
das questões, 71,4% (95) acertaram 66% e 22,6% (30) dos alunos acertaram todas
as questões. Não houve diferença significativa entre as instituições para esse domínio.
No estudo de 1976, 2,1% (3) dos alunos acertaram 33% das questões sobre conceitos
gerais de Diabetes, 15,3% (22) acertaram 66% e 82,6% (119) acertaram todas as
questões, resultado discordante ao encontrado neste estudo, onde a grande maioria
dos alunos acertou apenas 66% das questões.36
Conceito, sinais e sintomas e valor de referência para diagnóstico de DM são
conteúdos básicos e necessários para a assistência ao diabético. Na análise dos
resultados o maior percentual de alunos acertou no mínimo 66% das questões. Ao
comparar o GRAF 3 com o GRAF 4, percebe-se que o maior percentual de acerto se
deu para as questões 1 e 2 (94% e 95,4%) enquanto a questão 3 representou apenas
24% de acerto, sendo o resultado para todas as instituições. A questão 1 se refere ao
conceito de Diabetes, a questão 2 aos seus sintomas mais comuns e a questão 3 ao
valor de referência da glicemia de jejum para diagnóstico de DM.
52
Diabetes Mellitus é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que possuem em
comum a hiperglicemia, resultantes de defeitos na ação da insulina, na secreção da
insulina, ou em ambas.1 Ter ciência desta definição é primordial ao profissional, pois
ainda temos embutido na cultura popular muitas crendices acerca do diabetes,
levando a interpretações e tratamentos errôneos sobre o assunto.
Sintomas de poliúria, polidipsia e perda ponderal, acrescidos de glicemia de jejum
casual > 200 mg/ dL é dos três critérios aceitos atualmente para diagnóstico de DM.1
Durante seu atendimento diário, o Enfermeiro deve estar atento as queixas dos
usuários do serviço, realizando a mensuração da glicemia capilar na presença de
sintomas sugestivos para diagnóstico de DM. A captação precoce e seu
encaminhamento para tratamento minimiza as complicações agudas da doença.
O valor de referência de glicemia de jejum para diagnóstico de DM é valor ≥ 126
mg/dL.22,1 Quanto a este conhecimento é necessária uma atualização no ensino deste
assunto, pois mesmo o resultado do domínio tendo se apresentado como satisfatória,
o resultado individual da questão 3 é insuficiente, ou seja, a grande maioria dos
alunos, independente da instituição em que estuda, desconhece o valor de referência
da glicemia de jejum para diagnóstico do Diabetes Mellitus.
Os critérios para diagnóstico de diabetes são: Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL, ou
Teste Oral de Tolerância a Glicose ≥ 200 mg/dL, ou Hemoglobina Glicada ≥ 6,5%.22
O GRAF 6 apresenta os resultados sobre o domínio Exercício Físico, observa-se que
27,2% (41) dos alunos não tinham conhecimento sobre o assunto. Dentre os que
responderam, 4,5% (5) dos alunos erraram as respostas, 29,1% (32) dos alunos
acertaram 50% das repostas e 66,4% (73) dos alunos acertaram todas as questões.
Atualmente existem evidências científicas que comprovam a eficiência e eficácia do
exercício físico na prevenção e no tratamento do DM, atuando no controle glicêmico
e nas comorbidades, o que diminui o risco cardiovascular.1 As orientações básicas
sobre o tema devem ser de conhecimento de todos os profissionais, os quais devem
encaminhar os diabéticos a profissionais educadores físicos, que acompanharão a
continuidade do tratamento nesta modalidade.
53
Crianças com diabetes ou pré-diabetes deve ser encorajadas a participar em pelo
menos 60 min de atividade física diária, já os adultos com diabetes devem ser
orientados a executar, pelo menos, 150 min/semana de moderada intensidade
distribuídos por pelo menos 3 dias/semana, com não mais do que dois dias
consecutivos sem exercício.22
Antes de iniciar o exercício físico e após em caráter periódico, o diabético dever
realizar uma avaliação médica, afim de minimizar as complicações desta patologia.1
O Enfermeiro deve fornecer orientações específicas ao diabético em uso de insulina
antes de iniciar seus exercícios físicos, como por exemplo, não administrar insulina
na região a ser muito exercitada, pelo aumento da absorção da mesma, além de não
se exercitar no horário de pico de ação da insulina. Como consequência do exercício
físico, o diabético poderá ter hipoglicemia, assim deverá dosar sua glicemia antes,
durante e após sua execução, além de possuir em mãos carboidratos de rápida
absorção. Quanto as doses de insulina antes e após o exercício físico, o diabético
deve ser orientado a conversar com seu médico que prescreverá as alterações
necessárias para cada tipo de insulina e exercício físico praticado.1
No domínio Nutrição observa-se uma diferença significativa (p=0,02), a instituição B
apresenta maiores escores de acerto quando comparados com as demais instituições.
50,4% (60) alunos acertaram metade (50%) das questões e 32,8% (39) dos alunos
acertaram todas as questões.
A terapia nutricional é recomendada para os diabéticos tipo 1 e tipo 2, e possui efeitos
benéficos comprovados pela literatura científica.22 A prescrição de macronutrientes e
micronutrientes, no intuito de produzir uma nutrição equilibrada, deve ser feita de
forma individualizada e basear-se nos objetivos do tratamento.1
A partir do diagnóstico, indivíduos DM1, DM2 e seus familiares devem ser inseridos
num programa de educação nutricional, para conscientização das escolhas
alimentares, seus efeitos e benefícios.22 A família tem papel importante neste assunto,
pois para consumir a alimentação proposta é necessário a aderência de todos e não
54
só do diabético. Um fato importante é que a proposta alimentar não é uma dieta para
diabético, mas uma dieta saudável e que está indicada a toda a população.
Quanto ao domínio Hipoglicemia, observa-se no GRAF 11, que o maior percentual de
alunos, independente da instituição de origem, acertou 66,6% das questões. Ao
comparar o GRAF 11 - Análise das respostas certas para o domínio Hipoglicemia
segundo IES, com o GRAF 3 - Análise percentual das respostas certas do instrumento,
encontra-se a questão 8, 10 e 11 com 40,4%, 57% e 25,2% de acerto
respectivamente. A questão 8 se refere ao que não deve ser usado para tratar a
hipoglicemia, a questão 10, aos sintomas de hipoglicemia e a questão 11 a melhor
opção para tratamento de hipoglicemia do paciente comatoso em domicílio.
Percebe-se nesta comparação que muitos alunos, independente da instituição de
origem, tem dúvidas sobre o que não deve ser usado para tratar a hipoglicemia e um
elevado percentual não sabe a melhor opção para tratamento de hipoglicemia do
paciente comatoso em domicílio.
Na ocorrência de hipoglicemia é necessária a ingestão de 15 g a 20 g de glicose ou a
partir de alimentos fontes de carboidratos de rápida absorção. Para os pacientes
inconscientes, em domicilio, é indicado esfregar na gengiva e parte de dentro da
bochecha, sem fazer o paciente engolir, 15 g de glicose em gel ou mel ou açúcar.1
Este conhecimento dever ser repassado ao diabético e seus familiares para que
possam atuar de forma precoce e correta, já que a hipoglicemia é uma complicação
aguda e frequente.
No GRAF 13, em relação ao domínio hemoglobina glicada, observa-se que a
instituição C abordou o tema com mais efetividade, sendo significativa a diferença das
demais instituições acerca do tema (p=0,00). Com exceção da instituição C as outras
alcançaram um percentual inferior a 25% de acerto, sendo um conhecimento
insuficiente sobre o assunto.
A hemoglobina glicada é um conjunto de substancias formadas pela reação entre a
hemoglobina e alguns açúcares e mais especificamente na Hb1Ac essa ligação é
estável e irreversível. Níveis normais de Hb1Ac vão de 4% a 6%, sendo que valores
55
maiores de 7% estão relacionados a um risco progressivamente maior de
complicações.1
O resultado da Hb1Ac é “representativa da média ponderada global das glicemias
médias diárias (incluindo glicemias de jejum e pós-prandial) durante os últimos dois a
três meses.” 1Neste resultado tem impacto maior (50%) a glicemia do último e 25% 2
meses antes e o restante nos 3-4 meses anteriores.1
No domínio Infecção, a análise dos percentuais entre as instituições mostra uma
diferença significativa (p=0,03), onde as instituições A e D apresentaram maiores
percentuais que as instituições B e C.
Dentre as causas de hiperglicemia (CAD e EHH), as infecções estão entre os fatores
precipitantes mais comuns, sendo as mais frequentes as do trato respiratório alto, as
pneumonias e as infecções de vias urinarias.1
Para o domínio Pé Diabético 9,3% (14) de alunos não souberam responder. Dentre
os que responderam, 29,2% (40) erraram e 70,8% (97) acertaram. A análise entre as
instituições e o percentual de acertos não foi significativa (p=0,95), e também não
houve diferença entre a idade para o percentual de acerto (p=0,88).
O paciente deve ser instruído sobre os calçados apropriados e não andar descalço,
mesmo dentro de casa, realizar a inspeção diária dos pés e observar o espaço entre
os dedos e a planta dos pés. Ele deve ainda informar imediatamente a ocorrência de
qualquer lesão, descoloração ou edema dos pés.37
Para o cuidado adequado com os pés, o diabético deve ser orientado a observar
diariamente os pés e a perceber de mudança de sensibilidade dos mesmos. No
cuidado com o pé do diabético não é indicado deixar os pés de molho e o uso de
hidratantes não deve ser feito entre os dedos. O corte das unhas deve ser com
cortador de unhas e de forma reta, não o fazendo nas extremidades.38
Os calçados devem ser apropriados e os critérios globais mínimos para a sua
confecção estão nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes.1 Deve-se ainda
evitar chinelos de dedo, salto alto e calçados abertos.38
56
No domínio Complicações do Diabetes, 5,3% dos alunos informou que não tinham
conhecimento sobre o assunto e 1,4% errou a questão. Complicações agudas e
crônicas acompanham a vida do diabético, sendo que seu tratamento adequado e
precoce reduz a morbimortalidade nesta patologia. Dentre as complicações crônicas
estão presentes as nefropatias, retinopatias, cardiopatias e as neuropatias.
Comorbidades como a hipertensão arterial e a dislipidemia colaboram para a piora do
prognóstico do diabético.1
O domínio Cuidados com a insulina consta de 5 (cinco) questões (15, 16, 17, 18 e 19)
referentes respectivamente a: técnica de mistura de insulinas, conservação da insulina
lacrada, seringa para administração de insulina, administração de insulina e cuidado
que pode minimizar a dor durante a aplicação da insulina. Todos esses assuntos
deveriam ser de domínio do Enfermeiro, uma vez que este é o profissional responsável
por orientar o diabético para a administração da insulina.
Neste domínio, 70,9% dos alunos informou não ter conhecimento sobre o assunto e a
questão 15 representa 62,3%, conforme o GRAF 2 – Análise percentual de alunos que
não souberam responder a cada questão do instrumento. O assunto desta questão é
a mistura de insulinas, um procedimento simples e que traz benefícios ao diabético,
diminuindo o número de aplicações de insulina.
A insulina é reconhecida mundialmente pelos seus benefícios, com melhoria da
qualidade de vida aos diabéticos e redução de morbimortalidade desde sua
descoberta até os dias de hoje. Nos últimos anos, sua produção e forma de utilização
sofreram grandes avanços, sendo necessário ao enfermeiro conhecer sobre o assunto
e manter-se atualizado.1
Em relação à recomendação para conservação da insulina é descrito que, abaixo de
2°C, a insulina congela e perde seu efeito, desta forma, deve ser conservada na parte
inferior da geladeira (2 a 8º C) e não deve ser conservada na porta da geladeira, pela
maior variação da temperatura e excessiva movimentação do frasco durante a
abertura da porta.1
As seringas disponíveis no mercado são para concentração de insulina U=100, de
agulhas fixas, ou removíveis, graduadas de 2/2, 1/1 ou ½ / ½ unidades e com
57
capacidade de volume para 30, 50 ou 100 unidades e diferentes calibres e tamanhos
de agulhas.1,23 Cada modelo tem uma indicação e sua distribuição deve ser avaliada
para evitar erros na administração.
Outro cuidado importante na administração da insulina é a homogeneização da
suspensão (insulina humana de ação intermediária – NPH e a bifásica), que deve ser
realizada com movimentos suaves e por vinte vezes, tanto a seringa, quanto a
caneta.1
A prega subcutânea deve ser realizada preferencialmente com os dedos polegar e
indicador e possui comprovação científica de sua eficácia, contribuindo para a
administração na via subcutânea. A prega deve ser mantida durante a administração
da insulina e somente deve ser desfeita após 5 a10 segundos (respectivamente para
seringa e caneta) e então proceder a retirada da agulha. Para agulhas de 4 a 5 mm a
prega pode ser dispensada, mas é conveniente avaliar a região quanto a quantidade
de tecido subcutâneo, principalmente em crianças, adolescentes e adultos muito
magros.1
Alguns cuidados podem minimizar a dor durante a aplicação da insulina, como por
exemplo retirar a insulina da geladeira 15 minutos antes de sua aplicação, eliminar
bolhas de ar da seringa e administrar de forma lenta.1
Além das seringas, o mercado médico-hospitalar oferece a praticidade das canetas
injetoras de insulina, nos modelos descartáveis e recarregáveis. O manuseio e a
conservação neste dispositivo facilitam a vida diária do diabético. Apesar de ser mais
oneroso, alguns municípios disponibilizam aos seus usuários, como é o caso de Belo
Horizonte/MG, onde os diabéticos contam com mais este recurso para seu tratamento,
através de um protocolo as canetas descartáveis e recarregáveis são fornecidas nas
Unidades Básicas de Saúde.
Cuidados para preparo, administração, conservação, transporte e descarte de
materiais relacionados a insulina, deveriam ser de conhecimento de todos os
enfermeiros, não especialistas, que compõem a grande maioria de profissionais que
assistem aos diabéticos.
58
“Em seu posicionamento oficial“Standards of Medical Care in Diabetes-2008”, a American
Diabetes Association (ADA) considera o automonitoramento glicêmico (AMG) parte integrante do conjunto de intervenções e componente essencial de uma efetiva estratégia terapêutica para o controle adequado do diabetes”.1
Na última questão, domínio automonitorização glicêmica, 84,3% (107) dos alunos que
responderam, acertaram a questão. Este é um procedimento simples, rápido e de
grande importância para o diabético, pois através de seu resultado, pode-se prevenir
a hipoglicemia, detectar precocemente a hipo e hiperglicemia não sintomáticas, além
de auxiliar no ajuste das doses de medicamentos, tanto para o DM1, quanto para o
DM2.1
A frequência dos testes de glicemia capilar será indicada pelo profissional, de forma
individualizada para cada diabético, com testes pré-prandiais, pós-prandiais, na hora
de dormir e de madrugada. O teste pode ser realizado ainda na presença de
sintomatologia ou suspeita de alteração glicêmica.1
Estudiosos relatam que em levantamento realizado nos currículos dos cursos de
enfermagem em 1990, com o intuito de avaliar a necessidade de desenvolvimento de
material educativo atualizado sobre diabetes, para auxiliar as faculdades de
enfermagem, constatou-se que os programas de ensino desenvolvem apenas um
conhecimento básico sobre várias doenças, sendo necessário a criação de material
complementar. Através de questionários enviados aos professores de diabetes, onde
apenas 52% foram respondidos, os dados mostram que 5 horas e 54 minutos são
gastos com fisiopatologia, 4 horas e 6 minutos com regime terapêutico e 3 horas e 24
minutos com educação/psicologia. Constatou-se ainda que muitos tópicos são
omitidos dos currículos escolares. A participação em programas de educação em
diabetes foi assegurada em apenas 35% dos respondentes.39
Para se ter uma noção de perspectiva mundial das práticas educativas em diabetes,
trabalho apresentado em 2000 mostrou o resultado de análise de 122 questionários
referentes a 57 países, divididos em 7 regiões: África (7), Leste Mediterrâneo e Oriente
Médio (5), Europa (35), América do Norte (6), América do Sul e Central (18), Sudeste
Asiático (8) Sudeste do Pacífico (36). O resultado obtido desvenda um cenário de
profissionais educadores em diabetes onde 74% são médicos, 20% farmacêuticos e
apenas 6% Enfermeiros.40
59
Este estudo confirma os resultados da pesquisa em questão, pois mostra a
necessidade de capacitação de Enfermeiros para atuação na área de educação em
diabetes. Uma vez que este profissional está presente em todos os serviços de saúde
e em número superior ao de profissionais médicos, a atuação do Enfermeiro como
educador em diabetes pode atingir um maior número de diabéticos e gerar resultados
positivos.
60
CONCLUSÃO
Nos Cursos de graduação em enfermagem de Belo Horizonte/MG, em relação ao
conhecimento adquirido sobre o tema Diabetes Mellitus, o percentual de acerto é
bastante heterogêneo, variando entre as questões e os domínios avaliados.
Concluiu-se que os temas que os alunos “não tinham conhecimento sobre o assunto”
foram sobre a técnica de mistura de insulinas com 62,3% (94) e hemoglobina glicada
com 43,7% (66). O maior percentual de acerto foi observado nos temas sintomas mais
comuns com 95,4% (144), conceito com 94% (142) e principais complicações do
diabetes, 93,4% (141).
No domínio Conceito e Diagnóstico em Diabetes, 22,6% (30) alunos acertaram todas
as questões, no domínio Exercício Físico, 66,4% (73) dos alunos, para o domínio
Nutrição 32,8% (39), no domínio Hipoglicemia 9,5% (8), no domínio Complicações do
Diabetes, 98,6% (141) acertaram todas as questões e no domínio Automonitorização
Glicêmica, dos alunos que responderam, 84,3% (107) acertaram todas as questões.
Não houve diferença significativa entre as instituições e entre as idades para estes
domínios.
Para o domínio Hemoglobina Glicada, observou-se um percentual de respostas certas
para 38,8% (33) dos alunos e uma diferença significativa deste percentual quando
analisado entre as instituições, onde a instituição C apresentou um percentual maior
de acerto quando comparado com as demais instituições (p=0,00). Não foi observado
diferença significativa entre a idade dos alunos e o percentual de acerto (p=0,67).
No domínio Infecção 72,9% (78) dos alunos acertaram a questão e na análise entre
as instituições houve uma diferença significativa (p=0,03), onde as instituições A e D,
que apresentaram maiores percentuais que as instituições B e C.
Na análise do domínio Cuidados com Insulina, 70,9% (107) dos alunos “não tinham
conhecimento sobre o assunto”. Não foi observado nenhum aluno com 100% de
acerto neste domínio.
61
Na análise total do instrumento a média observada foi de 52,2 ± 14,2, sendo o mínimo
observado de 15% e o máximo 85%. Nenhum aluno errou ou acertou todas as
questões. Houve diferença significativa (p=0,03) entre as instituições para os
percentuais de acerto total do instrumento e a diferença significativa está entre a
instituição B e C (p=0,03) e para as demais não foram observadas diferenças
significativas.
O tema Diabetes Mellitus é ministrado em disciplinas lecionadas no 6º (e/ou7º) período
(parte teórica), e complementadas no 8º, 9º e 10º períodos com atividades práticas
(estágios) por profissionais Enfermeiros, a carga horária dispensada para ensinar o
tema (teoria) é de aproximadamente 6 horas/aula, dentro de uma disciplina de 120
horas/aula.
O Enfermeiro ao término de seu curso deve ser capaz de prestar uma assistência de
qualidade ao diabético, orientando-o para o autocuidado, favorecendo sua autonomia
e melhoria da qualidade de vida.
Atuar de forma eficiente e eficaz, esclarecer dúvidas, executar procedimentos,
prescrever cuidados, prevenir complicações são algumas das atividades do
Enfermeiro, quer na atenção primária, secundária, terciária e ainda domiciliar.
As Instituições de Ensino Superior devem estar preparadas para formar Enfermeiros
capacitados a atuar na assistência ao diabético, visto a importância deste profissional
no prevenção, tratamento e minimização das complicações advindas desta patologia.
62
PROPOSIÇÕES
Recomenda-se que durante o ensino de diabetes, os alunos possam ter contato com
pacientes e desenvolver atividades de atendimento individual e em grupo.
Os docentes ministrantes da disciplina participem de curso de capacitação sobre
Diabetes Mellitus, e mantenham-se atualizados sobre o tema, de acordo com as
Diretrizes Internacionais.
Preferencialmente, o tema Diabetes Mellitus seja ministrado por um profissional
Educador em Diabetes.
O tema Diabetes Mellitus deve ser reestruturado nas instituições particulares de
ensino superior do Município de Belo Horizonte/MG, com descrição dos assuntos a
serem abordados, contemplando no mínimo os conteúdos de: conceito, diagnóstico,
sinais e sintomas, fisiopatologia, complicações agudas e crônicas, assistência de
enfermagem nas complicações crônicas e agudas, valores de referência e exames
para diagnóstico, hemoglobina glicada, exercício físico, nutrição, pé diabético e ainda
administração, preparo, mistura, tipos, conservação e transporte de insulina (com os
diversos insumos disponíveis no mercado) e automonitorização glicêmica. Todo
conteúdo teórico deve ser complementado com ensinamento prático, incluindo
atendimento individual e em grupo.
Sugere-se a criação de disciplina optativa para abordar o tema Diabetes Mellitus, no
contexto de atuação multiprofissional, focando a educação em diabetes.
Propõe-se a realização de exame de avaliação de conhecimentos aos profissionais
recém-formados, para concessão de Carteira Profissional no Conselho Regional de
Enfermagem como profissional habilitado.
As Unidades Hospitais e Ambulatoriais, para a contratação de profissional para
atendimento ao diabético, proceda exame de seleção com avaliação de conhecimento
mínimo necessário para exercer a função.
63
A assistência ao diabético perpassa pela atuação do Enfermeiro, sendo necessário
que este profissional esteja capacitado para atuar de forma produtiva e capaz de
agregar qualidade de vida ao diabético. Para isso, a IES é responsável por ministrar
conhecimento de qualidade e atualizado aos graduandos de enfermagem. A
capacidade de compreensão e apreensão do conhecimento por parte do aluno é um
fator também a ser avaliado, e que necessita de estudos para complementação desta
pesquisa.
64
REFERÊNCIAS
1 Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da sociedade brasileira de
diabetes: 2013-2014. São Paulo: AC Farmacêutica; 2014. 2 International Diabetes Federation. World guide to IDF BRIDGES 2013.
[monografia na Internet]. Brussels,Belgium; Word Diabetes Day; 2013 [acesso em 27 dez 2014]. Disponível em: http://www.idf.org/sites/default/files/attachments/IDF-BRIDGES-World-Guide-2013.pdf
3 Silva MG, Fernandes JD, Teixeira GAS, Silva RMO. Processo de formação da(o) enfermeira(o) na Contemporaneidade: desafios e perspectivas. [internet], Texto Contexto Enferm, Florianópolis. 2010; 19(1): 176-84. [acesso em 30 abr 2015]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v19n1/v19n1a21.pdf
4 Brasil. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Regulamentação do exercício profissional da enfermagem. Diário Oficial da União 25 jun 1986; 165(98).
5 Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES nº3. de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. [Internet]. Diário Oficial da União 1 de out 2001; Seção 1, [acesso em 18 maio 2014]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf.
6 Oguisso T, Campos, PFS, Freitas GF organizadores. Pesquisa em história da enfermagem. 2. ed. Barueri: Manole; 2011.
7 Paixão W. História da enfermagem. 5 ed. Rio de Janeiro. J. C. Reis; 1979. 8 Brasil. Decreto nº 791, de 27 de Setembro de 1890. Crêa no Hospicio Nacional
de Alienados uma escola profissional de enfermeiros e enfermeiras. [Internet]. Diário Oficial da União 27 set 1890. [acesso em 13 maio 2014]. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-791-27-setembro-1890-503459-publicacaooriginal-1-pe.html
9 Geovanini, T. História da enfermagem: versões e interpretações. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2010. p.104-13; 118; 1122.
10 Brasil. Decreto Lei n° 20.109, de 15 de junho de 1931. Regula o exercício da Enfermagem no Brasil e fixa as condições para a equiparação das Escolas de Enfermagem e Instruções Relativas ao Processo de Exame para Revalidação de Diplomas. [Internet]. Diário Oficial República Federativa do Brasil 1931; 10516. [acesso em 14 maio 2014]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D20109.htm
11 Conselho Federal de Enfermagem. [Internet] [acesso em 14 junho 2015]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/o-cofen
12 Brasil. Lei n° 775, de 6 de agosto de 1949. Dispõe sobre o ensino de Enfermagem no Brasil e dá outras providências. [Internet]. Diário Oficial República Federativa do Brasil 1949 ago. 11729. [acesso em 14 maio 2014]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/L775.htm.
13 Brasil. Decreto n° 27.426, de 14 de novembro de 1949. Aprova o Regulamento Básico para os Cursos de Enfermagem e de Auxiliar de Enfermagem. [Internet]. Diário Oficial República Federativa do Brasil 1949 nov. 14. [acesso em 14 maio 2014]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D27426.htm
65
14 Fernandes JD, Xavier IM, Ceribelli MIPF, Bianco MHC, Maeda D, Rodrigues
MVC. Diretrizes curriculares e estratégias para implantação de uma nova proposta pedagógica.[internet], Rev Esc Enferm USP. 2005; 39(4):443-49. [acesso em 12 maio 2014]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v39n4/10.pdf
15 Brasil. Lei n. 2.604 de 17 de setembro de 1955. Regula o exercício da enfermagem profissional. [Internet]. Diário Oficial da União 1955 Set 17. . [acesso em 18 maio 2014]. Disponível em: http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/128873/mensagem-326-01
16 Brasil. Lei n. 4.024 de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. [Internet]. Diário Oficial da União 1961 Dez 20. [acesso em 18 maio 2014]. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-normaatualizada-pl.pdf
17 Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução nº4. De 6 de abril 2009. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização e duração dos cursos de graduação em Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Terapia Ocupacional, bacharelados, na modalidade presencial. [Internet]. Diário Oficial da União 2009 abril 7 [acesso em 26 ago 2014]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rces004_09.pdf.
18 Erdmann AL, Fernandes JD, Teixeira GA. Panorama da educação em enfermagem no Brasil: graduação e pós-graduação. Enferm em Foco. 2011; 2: 2(suppl): 89-93.
19 Arduino F. Diabetes Mellitus. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1980. p.1-3.
20 Forti A et al. Diabetes Mellitus: classificação e diagnóstico. In: Vilar L, Kater CE, Naves LA, Freitas MC, Bruno OD. Endocrinologia Clínica. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2009. p. 585-598.
21 Gama, RA (Ed.) Endocrinologia: vol 1. São Paulo: SJT; 2010. p. 71, 92 22 American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes - 2014.
Diabetes Care. [Internet] 2014; 37(suppl 1). [acesso em 28 ago 2014]. Disponível em http://care.diabetesjournals.org/content/37/Supplement_1/S14.full.pdf+html
23 Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional Rio de Janeiro. Informações importantes sobre aplicação de insulina. [Internet]. [acesso em 15 mai 2015]. Disponível em http://www.sbemrj.org.br/aplicacao_insulina.html
24 Goulart, FAA. Doenças crônicas não transmissíveis: estratégias de controle e desafios e para os sistemas de saúde. [Internet] Brasília: Organização Pan-
Americana de Saúde; 2011. [acesso em 15 abril 2014]. Disponível em: http://apsredes.org/site2012/wp-content/uploads/2012/06/Condicoes-Cronicas_flavio1.pdf
25 Vivolo, MA, Ferreira, SR. Atividade física diabetes. In: Lyra, Ruy e Cavalcanti, Ney. Diabetes Mellitus. 3 ed. São Paulo: A C Farmacêutica; 2013. p. 254-263.
26 Bastable, SB. O enfermeiro como educador: princípios de ensino-aprendizagem para a prática de enfermagem. 3 ed. Porto Alegre: Artmed; 2010. p. 26
27 Funnell MM, Brown TL, Childs BP, Haas LB, Hosey GM, Jensen B. et al. National Standards for Diabetes Self-Management Education. Diabetes Care. 2008; 31(suppl 1).
66
28 Menezes Filho, RS, Nóbrega, AC, Costa, P. O. Papel da educação no
tratamento do diabético. In: Lyra, Ruy; Cavalcanti, Ney. Diabetes Mellitus. 3. ed. São Paulo: A.C.Farmacêutica; 2013. p. 229-39.
29 Brasil. Lei nº 11.347 de 27 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a distribuição gratuita de medicamentos e materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar aos portadores de diabetes inscritos em programas de educação para diabéticos. [Internet]. Diário Oficial da União 2006 set 28. [acesso em 22 set 2014]. Disponível em: http://www.adifi.org.br/PDF/Lei_Federal.pdf
30 Brasil. Ministério da Educação. Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados [Internet]. Brasília; 2014 [acesso em 22 set 2014]. Disponível em: http://emec.mec.gov.br/
31 Michigan Diabetes Research and Training Center: survey instruments: diabetes knowledge test. [internet] Michigan: EUA, 2015 [acesso em 05 jan 2015]. Disponível em: http://www.med.umich.edu/mdrtc/profs/survey.html
32 Chagas, ATR. O questionário na pesquisa científica. Adm on-line: prat-pes-ens [Internet]. 2000 [acesso em 20 abril 2014]; 1(1) Disponível em: http://www.fecap.br/adm_online/art11/anival.htm
33 Polit, DF., Hungler, BP. Nursing Research: principles and methods. 6. ed. Philadelphia: J.B. Lippincott; 1999.
34 George, D, Mallery. P. SPSS for windows step by step: a simple guide and reference, 11.0 Update. 4. ed. Boston: Allyn & Bacon; 2002.
35 Figueiredo DB. Uso da análise fatorial exploratória em psicologia. Aval. psicol. [Internet]. 2012; 11(2): 213-28. [acesso em 10 fev 2015]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712012000200007&lng=pt.
36 Feustel, DE. Nursing students’ knowledge about diabetes mellitus. Nursing Research. 1976 jan; 25(1): 4-8
37 American Diabetes Association. Guia de bolso para exame dos pés [Internet]. 2014 [acesso em 03 jan 2015]. Disponível em: http://www.glicemiasonline.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/05/exame_pe_diabetico.pdf
38 Secretaria de Estado de Saúde/RJ. Doenças Crônicas não Transmissíveis – DCNT. Cartilha pé diabético. [Internet]. 2013. [acesso em 03 jan 2015]. Disponível em: http://www.saude.rj.gov.br/arquivos-para-baixar/atencao-a-saude/8282-cartilha-pe-diabetico-2013/file.html
39 Haire-Joshu D. Funnell, MM, Warren-Boulton E. Survey diabetes of curriculum in schools of nursing. Diabetes Care. 1990; 13(7): 812-13
40 Diabetes Education Federation. Diabetes Atlas [Internet] 2. ed. Belgium: IDF; 2003 [acesso em 30 set 2014]. Disponível em: http://www.idf.org/sites/default/files/IDF_Diabetes_Atlas_2ndEd.pdf
67
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO EM
DIABETES MELLITUS
Identificação do respondente:
NOME: _____________________________________________________________
IDADE: ________________ PERÍODO EM CURSO: _________________________
FACULDADE/UNIVERSIDADE: _________________________________________
CARO ALUNO:
O presente questionário tem a intensão de avaliar o conhecimento adquirido pelos
alunos dos cursos de graduação em enfermagem de Belo Horizonte/MG, com o intuito
de conhecer a realidade do ensino em relação ao assunto diabetes mellitus. A
pesquisa é de caráter cientifico e não tem interesse depreciativo.
É importante a participação dos alunos, para que a partir dos dados obtidos, possam
se traçar metas, com o objetivo da melhoria da qualidade do ensino em enfermagem
e consequente assistência aos diabéticos.
O questionário foi construído com base no Diabetes Knowledge Test (DKT) e aulas
do Mestrado em Diabetes.
Instruções para responder ao questionário:
1. Leia atentamente a todos as questões antes de responde-las;
2. Não “chute” respostas, quando não souber, assinale a alternativa “não
tenho conhecimento sobre o assunto”;
3. Responda a todas as questões, não deixando nenhuma em branco.
68
QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO EM DIABETES MELLITUS (adaptado
Diabetes Knowledge Test - DKT):
1. Diabetes Mellitus (DM): a. É causada pela ingestão de muito açúcar e alimentos doces; b. Caracterizado por uma deficiência absoluta ou relativa de insulina; c. Resulta quando o rim não pode controlar o açúcar na urina; d. É causada por insuficiência hepática; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
2. Os sintomas mais comuns de DM são:
a. Dor de cabeça, dor no peito; b. Sudorese, ansiedade; c. Micção frequente, fome, sede; d. Desejo por doces; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
3. O valor de referência de glicemia de jejum para diagnóstico de DM é: a. < 110 mg/dL, b. ≥ 110 mg/dL, c. > 200 mg/dL, d. ≥ 126 mg/dL, e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
4. Para uma pessoa com um bom controle, que efeito o exercício tem sobre a glicemia?
a. Abaixa; b. Eleva; c. Não altera; d. Atua sobre níveis de Pressão arterial e não de glicemia; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
5. Quantas vezes a pessoa com diabetes deve realizar exercícios físicos?
a. A maioria dos dias da semana para pelo menos 30 minutos; b. Uma vez por semana durante pelo menos 30 minutos; c. Uma vez por mês, durante uma hora; d. Pelo menos a cada quinze dias, durante duas horas; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
6. Um plano de dieta alimentar para diabéticos:
a. É uma dieta que requer muitos alimentos especiais; b. Deve ser individualizado para atender às necessidades; c. Não permite que se coma todos os nutrientes; d. Permite que se coma doces sempre que quiser; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
7. Qual o efeito do suco de fruta, sem açúcar, sobre a glicemia?
a. Abaixa; b. Não tem efeito; c. Eleva; d. Não tem efeito se tomado pela manhã; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
8. O que não deve ser usado para tratar a hipoglicemia?
a. 3 balas moles; b. 1 copo de refrigerante diet; c. 1 copo de suco de laranja; d. 2 colheres de sopa de leite condensado; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
69
9. A hemoglobina glicada é um teste onde se tem o nível médio de glicemia retroativo a:
a. Um dia; b. Uma semana; c. De 2-3 meses; d. De 6 meses; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
10. São sintomas de hipoglicemia:
a. Sudorese, febre, tontura, dispneia, convulsão; b. Sudorese, fome, disúria, cefaleia, vômito; c. Sudorese, poliúria, polidipsia, dor no peito, tremor; d. Sudorese, fome, palpitação, cefaleia, tremor; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
11. Para o paciente comatoso (em domicílio) a melhor opção para tratamento de hipoglicemia é:
a. Esfregar na gengiva e parte de dentro da bochecha, sem fazer o paciente engolir 15 g de glicose em gel ou mel ou açúcar;
b. Encaminhar para atendimento hospitalar imediatamente; c. Oferecer dieta açucarada liquida até melhora do quadro; d. Oferecer dieta açucarada em forma pastosa, evitando a aspiração do alimento; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
12. Um processo infeccioso num diabético pode causar:
a. Uma diminuição da glicemia; b. Nenhuma mudança na glicemia; c. Um aumento da glicemia; d. As infecções de trato respiratório não trazem complicações aos diabéticos; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
13. A melhor maneira de cuidar dos pés do diabético é:
a. Olhar e lavá-los todos os dias; b. Massageá-los com álcool todos os dias; c. Mergulhá-los por uma hora por dia em água morna; d. Comprar sapatos um tamanho maior do que o habitual; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
14. Qual das seguintes complicações não é associada ao mau controle do DM:
a. Retinopatia; b. Nefropatia; c. Neuropatia; d. Hanseníase; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
15. Referente a técnica de mistura de insulinas é correto:
a. Realizar mistura e administrar em uma única seringa qualquer tipo de insulina, contanto que as unidades a serem administradas sejam as prescritas pelo médico;
b. É possível a mistura apenas as insulinas rápidas com as de ação intermediária (NPH) c. É possível a mistura as insulinas rápidas ou ultrarrápidas com as de ação intermediária
(NPH) d. Numa mistura de insulinas deve-se sempre aspirar primeiro a NPH e depois a rápida
ou ultrarrápida, pois como estas farão efeito primeiro devem ser administradas antes da NPH;
e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”. 16. Em relação à conservação da insulina lacrada (frasco e refil) é correto:
a. 2°C a 8°C, na parte interna inferior da geladeira doméstica b. 2°C a 8°C, na porta da geladeira doméstica; c. 4°C a 18°C, na parte interna inferior da geladeira doméstica; d. No congelador da geladeira doméstica a fim de melhor conservação e extensão do
prazo de validade; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
70
17. Em relação a seringa para administração de insulina é incorreto:
a. Estão disponíveis no mercado seringas de 100 UI = 1 ml, 50 UI = 0,5 ml e 30 UI = 0,3 ml;
b. As seringas podem possuir agulhas acopladas ou removíveis, não sendo indicado o uso de seringa com agulha removível para a realização de misturas de insulinas;
c. Todas as seringas são graduadas de 1 em 1 UI; d. Fator que também interfere na dor a aplicação é o diâmetro e o comprimento da agulha; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
18. Na administração de insulina é indicado:
a. Realizar massagem após a aplicação; b. É dispensável a aspiração, antes da administração da insulina; c. A realização da prega subcutânea está indicada apenas para crianças, adolescentes
e gestantes; d. Independente o comprimento da agulha a recomendação para angulação da agulha no
momento da aplicação é de ângulo de 45 graus e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
19. É um cuidado que pode minimizar a dor durante a aplicação da insulina.
a. Aplicar insulina imediatamente após retirá-la da geladeira; b. Massagem o local da aplicação; c. Aplicar o mais rápido possível; d. Eliminar as bolhas de ar na seringa; e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
20. Em relação a automonitorização glicêmica, ou seja, a medida da glicemia capilar (“ponta de
dedo”) é correto: a. Apenas os diabéticos DM1 devem realizar a automonitorização glicêmica; b. A frequência dos testes deve ser sempre de 3x ao dia; c. Os locais preferenciais para punção são as laterais dos dedos e deve-se realizar o
rodizio dos dedos nas punções. d. Os glicosímetros apresentam sinais de alerta com os seguintes significados: HI:
hipoglicemia grave e Lo: hiperglicemia (em média superior a 600 mg/dL); e. “Não tenho conhecimento sobre o assunto”.
71
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-TCLE
Meu nome é Adriane de Carvalho Oliveira, sou enfermeira e mestranda do Curso de Mestrado em Educação em Diabetes do Instituto de Ensino e Pesquisa do serviço de Pós-graduação da Santa Casa de Belo Horizonte e estou desenvolvendo uma pesquisa intitulada DIABETES MELLITUS: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE BELO HORIZONTE/MG, com o intuito de avaliar o conhecimento dos alunos de enfermagem em relação ao tema Diabetes Mellitus e analisar o plano de ensino da disciplina referente ao tema em questão.
Sua participação no referido estudo será no sentido de responder ao questionário sobre o tema Diabetes Mellitus, o qual contém questões de múltiplas escolhas, abordando o conceito, diagnóstico, prevenção, tratamento farmacológico e não farmacológico e assistência de enfermagem ao diabético. O questionário será respondido, uma única vez, em sala de aula, na presença do pesquisador.
Sendo os resultados da pesquisa publicados, sua privacidade será respeitada, ou seja, seu nome ou qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma identifica-lo será mantido em sigilo.
Esclareço também que sua participação no estudo é voluntária e não acarretará ganho financeiro, ou outra forma de pagamento, podendo retirar seu consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar-se, e por desejar sair da pesquisa e não sofrerá qualquer prejuízo ou depreciação.
Em qualquer momento, poderá solicitar esclarecimentos sobre o estudo pelo meu telefone (31) 92646703. No caso de dúvidas em relações éticas à pesquisa, poderá entrar em contato com Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa do Serviço de Pós-graduação da Santa Casa Belo Horizonte, pelo telefone (31) 3238-8933, sito a Rua Domingos Vieira, 590 – Santa Efigênia, Belo Horizonte.
Belo Horizonte, _______ de ____________________________ de 2014.
Sujeito da Pesquisa:
Nome:____________________________Assinatura: ______________________
Endereço: _______________________________________________________
RG: _______________________Fone:________________________________
______________________________________________________________
Pesquisadora: Adriane de Carvalho Oliveira
72
ANEXO A - GUIA DE BOLSO PARA EXAME DOS PÉS (O EXAME DO PÉ
DIABÉTICO, TESTE DE MONOFILAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO)