131
INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE ESTADO-MAIOR (2004/2006) TRABALHO INDIVIDUAL DE LONGA DURAÇÃO A POSTURA POLÍTICO-ESTRATÉGICA DA ESPANHA. IMPACTO NAS OPÇÕES ESTRATÉGICAS NACIONAIS Rui Pedro Magro do Gago Major de Artilharia Presidente do Júri: TGEN José Luís Pinto Ramalho Arguente principal: COR INF António Noé Pereira Agostinho Arguente: MAJ INF José Augusto Amaral Lopes Arguente: MAJ CAV Paulo Jorge Lopes da Silva

INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de

INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES

CURSO DE ESTADO-MAIOR

(20042006)

TRABALHO INDIVIDUAL DE LONGA DURACcedilAtildeO

A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

Rui Pedro Magro do Gago Major de Artilharia

Presidente do Juacuteri TGEN Joseacute Luiacutes Pinto Ramalho

Arguente principal COR INF Antoacutenio Noeacute Pereira Agostinho

Arguente MAJ INF Joseacute Augusto Amaral Lopes

Arguente MAJ CAV Paulo Jorge Lopes da Silva

ESTE TRABALHO Eacute PROPRIEDADE DO INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES

ESTE TRABALHO FOI ELABORADO COM UMA FINALIDADE ESSENCIALMENTE ESCOLAR DURANTE A FREQUEcircNCIA DE UM CURSO NO INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CUMULATIVAMENTE COM A ACTIVIDADE ESCOLAR NORMAL AS OPINIOtildeES DO AUTOR EXPRESSAS COM TOTAL LIBERDADE ACADEacuteMICA REPORTANDO-SE AO PERIacuteODO EM QUE FORAM ESCRITAS PODEM NAtildeO REPRESENTAR DOUTRINA SUSTENTADA PELO INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES

O PROFESSOR ORIENTADOR

Joseacute Alberto Dias Martins Major de Artilharia

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg ii

RESUMO

Desde o iniacutecio do seacuteculo passado ateacute agrave deacutecada de 1980 as relaccedilotildees entre Portugal e a

Espanha foram caracterizadas pela desconfianccedila e pela divergecircncia As orientaccedilotildees poliacutetico-

estrateacutegicas do paiacutes vizinho motivaram quase sempre um caminho diametralmente oposto aos

desiacutegnios estrateacutegicos nacionais como forma de garantir a tatildeo necessaacuteria diferenciaccedilatildeo

peninsular Sendo raras as situaccedilotildees em que as orientaccedilotildees estrateacutegicas seguiram rumos comuns

quando existiram determinaram uma desvantagem expressiva para Portugal

O curso da histoacuteria determinou aos dois Estados peninsulares a partir do final do seacuteculo XX

uma realidade ateacute entatildeo desconhecida para ambos Se ateacute aqui os paiacuteses tinham estado de costas

voltadas o projecto de construccedilatildeo europeu e a inserccedilatildeo no quadro da Alianccedila Atlacircntica permitiu

uma convivecircncia ateacute entatildeo desconhecida Este novo quadro de relacionamento determinou a

abertura de ambos ao exterior e a partilha de responsabilidades e interesses Eacute neste contexto

que se pretende determinar se as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha influenciam as opccedilotildees

estrateacutegicas nacionais

A metodologia empregue incidiu na realizaccedilatildeo de consultas a vaacuterias obras literaacuterias na

procura de artigos publicados em jornais e revistas na pesquisa de alguns siacutetios da Internet

ainda na realizaccedilatildeo de entrevistas a algumas personalidades com estudos realizados neste acircmbito

A investigaccedilatildeo realizada foi orientada para a obtenccedilatildeo da resposta agrave questatildeo central inicialmente

colocada ldquoPoderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de

Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo A

resposta encontrada foi afirmativa e inequiacutevoca pelo que ao concluir o trabalho sugerimos

algumas recomendaccedilotildees que consideraacutemos pertinentes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg iii

ABSTRACT

From the beginning of the 20th century until 1980rsquos the relations between Portugal and Spain

have been characterized by suspicion and divergence The political and strategic guide-lines of

Spain have always determined the opposite action from the portuguese nation thus assuring the

peninsular differences There were only a few situations in which both countries have taken the

same options but always with a notorious disadvantage to Portugal

By the end of the 20th century a new reality totally unknown so far has been imposed to both

countries The Project of a new Europe and joining the Atlantic Alliance have made the relations

between them become closer This new situation made both countries face the world and at the

same time share responsabilities and interests It is under these circumstances that we must find

out if the political and strategical options of Spain are influencing the portuguese strategy

This study has been based on the search of diverse literary books newspapers and magazines

articles websites as well as on interviews made to some personalities who have worked and

studied these subjects This investigation has been developed to get the answer to the main

question ldquowill the spanish political and strategical options influence the national strategy

under the actual international contextrdquo The answer obtained is afirmative what makes us

conclude this essay leaving some recommendations we consider relevant

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg iv

DEDICATOacuteRIA

Este trabalho eacute dedicado agrave Paula Alexandra a

minha mulher pela inesgotaacutevel paciecircncia

compreensatildeo e apoio que jamais questionou Ao

Rodrigo o meu filho pelo pouco tempo que lhe

pude dedicar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg v

AGRADECIMENTO

O autor deste trabalho expressa o seu reconhecimento a todos quantos contribuiacuteram para a sua

realizaccedilatildeo Destes cabe um especial agradecimento ao Major de Artilharia Dias Martins pela

total disponibilidade demonstrada e pelas oportunas recomendaccedilotildees efectuadas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vi

LISTA DE ABREVIATURAS

BBVA - Banco Bibao Vizcaya Argentaria

BSCH - Banco Santander Central Hispano

CEDA - Confederaccedilatildeo Espanhola dos Grupos Autoacutenomos de Direita

CEDN - Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

CEE - Comunidade Econoacutemica Europeia

CPLP - Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

DDN - Directiva de Defensa Nacional 12004

EDP - Electricidade de Portugal

EFTA - Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

Hab - Habitantes

JC Lisbon - Joint Command Lisbon

MIBEL - Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica

OCDE - Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OI - Organizaccedilatildeo Internacional

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OCS - Oacutergatildeos de Comunicaccedilatildeo Social

OSCE - Organizaccedilatildeo para a Seguranccedila e Cooperaccedilatildeo Europeia

OTAN - Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte

PESC - Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

PHNE - Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha

PIB - Produto Interno Bruto

ppc - Paridade de Poder de Compra

PP - Partido Popular

PS - Partido Socialista

PSD - Partido Social Democrata

PSOE - Partido Socialista Obrero Espantildeol

PT - Portugal Telecom

PTM - Paiacuteses Terceiros do Mediterracircneo

TCE - Tratado Constitucional Europeu

TEM - Telefoacutenica Moacuteviles

UE - Uniatildeo Europeia

UEM - Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

URSS - Uniatildeo das Repuacuteblicas Socialistas Sovieacuteticas

VAB - Valor Acrescentado Bruto

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vii

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 1

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS 4 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas 4

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento 4 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular 7 113 A supremacia internacional de Portugal9

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas10 13 A questatildeo econoacutemica 12

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES15 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico15 22 Portugal e Espanha em factos comparados 17

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila 18 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais19 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo 21 224 O mercado de trabalho 22 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo 22

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia 23 231 O sector energeacutetico24 232 A partilha de recursos hiacutedricos25 233 O sector bancaacuterio26 234 O sector das telecomunicaccedilotildees27

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL 29 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica29

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE29 312 O relacionamento econoacutemico32 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia34

32 A Alianccedila Atlacircntica36 33 Os espaccedilos regionais 41

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa41 332 O Mediterracircneo e o Magreb 42 333 A Ibero-Ameacuterica 43

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES45

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia 45 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa 47 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento52

431 O modelo tradicional de relacionamento 53 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo54

44 A resposta de Portugal57

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES 60

APEcircNDICES

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

INTRODUCcedilAtildeO

Ao abordar a questatildeo do relacionamento entre Portugal e Espanha vem-nos logo agrave ideia o

velho proveacuterbio portuguecircs no qual se refere que ldquode Espanha nem bom vento nem bom

casamentordquo De facto ao longo da jaacute velha histoacuteria nacional as relaccedilotildees entre as duas naccedilotildees

foram caracterizadas por inuacutemeros conflitos a maior parte deles traduzidos pela forccedila das armas

Poucos foram os momentos em que os dois paiacuteses natildeo estiveram de costas voltadas No entanto

eacute incontestaacutevel a ideia de que satildeo duas grandes naccedilotildees que procuraram ao longo da histoacuteria a

respectiva afirmaccedilatildeo tanto no seu espaccedilo regional como num mundo jaacute partilhado pelo Tratado

de Tordesilhas

A matriz de relacionamento entre os dois Estados peninsulares foi ateacute 1985 determinada pela

divergecircncia e desconfianccedila permanente Os traccedilos fundamentais dessa relaccedilatildeo assentavam na

permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico o

qual mantinha como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Contudo nos

momentos em que os paiacuteses se encontraram no mesmo quadro de alianccedilas a balanccedila pendeu

sempre em desfavor de Portugal Estas eram as alturas em que o Paiacutes voltava a procurar

separaccedilatildeo da Espanha apoiando-se numa alianccedila estrateacutegica oposta A ligaccedilatildeo extra-peninsular

permitiu a Portugal manter a sua individualidade e identidade constituindo-se tambeacutem como

suporte fundamental da sua soberania

Apoacutes a entrada de Portugal e da Espanha na Comunidade Econoacutemica Europeia (CEE) e na

Alianccedila Atlacircntica surgiu um novo paradigma de relacionamento A partilha de interesses nestes

espaccedilos determinou a impossibilidade de uma diferenciaccedilatildeo expliacutecita considerando a

necessidade de recurso a um alinhamento estrateacutegico diferenciado A partir daquele momento os

paiacuteses despertavam para uma realidade que lhes permitia a convivecircncia sem a necessidade de

recurso aos velhos receios de perca de soberania

Se ateacute entatildeo o relacionamento bilateral se resumia ao acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico apoacutes

aquele momento pocircde ser alargado a outras aacutereas como a econoacutemica a comercial e a cultural A

evoluccedilatildeo foi retratada pelo Professor Doutor Adriano Moreira que sobre o assunto referiu ldquoa

experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem

mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de

cooperaccedilatildeordquo1 expressatildeo que muito bem cabe ao caso peninsular

1 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nos dias de hoje Portugal e Espanha assumiram finalmente caminhos comuns Ambos fazem

parte das duas Organizaccedilotildees Internacionais (OI) provavelmente mais relevantes do planeta a

Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte (OTAN) e a Uniatildeo Europeia (UE) nelas querendo

fazer valer os seus interesses estrateacutegicos e procurando a sua afirmaccedilatildeo num mundo globalizado

no qual a sobrevivecircncia individualizada poderaacute ser posta em causa

Eacute pois neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico de toda a pertinecircncia avaliar em que medida os

dois Estados poderatildeo seguir um rumo comum assumindo as respectivas individualidades e

particularidades procurando contribuir para o desenvolvimento das OI onde se encontram

inseridos Ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular determinaratildeo a Portugal a

necessidade de assumir uma orientaccedilatildeo oposta mantendo assim a tendecircncia da histoacuteria

Em face da vastidatildeo do objecto delimitaacutemos o estudo desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute aos

nossos dias enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees poliacutetico-

estrateacutegicas tomadas no seio da UE e da Alianccedila Atlacircntica OI que determinam o actual

enquadramento geoeconoacutemico geopoliacutetico e geoestrateacutegico de ambos os Estados Contudo natildeo

deixamos de abordar outros aspectos do relacionamento bilateral confinados agrave realidade

peninsular mas que consideraacutemos ser um contributo necessaacuterio para a conclusatildeo do estudo

A metodologia empregue versou fundamentalmente na realizaccedilatildeo de uma pesquisa

bibliograacutefica na qual se incluiu a consulta de vaacuterias obras literaacuterias vaacuterios artigos publicados em

jornais e revistas de caraacutecter generalista mas tambeacutem da especialidade e ainda alguns siacutetios da

Internet A investigaccedilatildeo incluiu a realizaccedilatildeo de entrevistas a personalidades com estudos

realizados neste acircmbito Nestas incluem-se o General Loureiro dos Santos o Professor Doutor

Carlos Gaspar o Professor Doutor Medeiros Ferreira o Professor Doutor Antoacutenio Joseacute Telo o

Professor Doutor Nuno Severiano Teixeira e o Professor Doutor Adriano Moreira

Para o desenvolvimento do trabalho definimos a seguinte questatildeo central ldquoPoderatildeo as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual

ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo Desta extraiacutemos as

seguintes questotildees derivadas ldquoQual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica

da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo ldquoQual o impacto de uma

orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas

nacionaisrdquo por uacuteltimo ldquoSeraacute a orientaccedilatildeo estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar

Portugal no seio das OI onde se encontra inseridordquo

Das questotildees apresentadas extraiacutemos as seguintes hipoacuteteses ldquoDada a menor dimensatildeo de

Portugal as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionam as opccedilotildees estrateacutegicas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

nacionaisrdquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da

poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo por uacuteltimo ldquoUma

orientaccedilatildeo estrateacutegica comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio

das OI onde se encontra inseridordquo

O trabalho encontra-se organizado em quatro capiacutetulos No primeiro que surge apoacutes a

presente introduccedilatildeo pretendemos apresentar o enquadramento histoacuterico do relacionamento

peninsular Assim desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da UE e da

OTAN pretende-se mostrar como as orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha influenciaram

as orientaccedilotildees estrateacutegicas nacionais

No segundo capiacutetulo efectuamos um enquadramento geopoliacutetico e geoestrateacutegico dos dois

paiacuteses Neste pretendemos apresentar as duas realidades ibeacutericas recorrendo a alguns aspectos

comparativos como os sistemas poliacuteticos e a organizaccedilatildeo administrativa dados relativos agrave

populaccedilatildeo e agrave situaccedilatildeo macro-econoacutemica assim como aspectos que poderatildeo determinar a

existecircncia de factores de dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

O terceiro capiacutetulo versa sobre o momento de coabitaccedilatildeo internacional actualmente vivido

pelos dois Estados Inicialmente abordaacutemos a UE sobre a qual analisamos a integraccedilatildeo e a

participaccedilatildeo de ambos os paiacuteses no processo de construccedilatildeo europeu o relacionamento

econoacutemico e ainda a premente questatildeo da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila

Comum (PESC) Segue-se uma abordagem agrave participaccedilatildeo de Portugal e da Espanha na OTAN

terminando com uma pequena referecircncia agrave postura individual em espaccedilos regionais preferenciais

O capiacutetulo final para aleacutem de se constituir como um espaccedilo de anaacutelise nele pretendemos

incluir uma siacutentese conclusiva Aqui se confronta Portugal com as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da

Espanha Para tal iniciamos efectuando uma breve abordagem ao plano bilateral apoacutes o que

salientamos as grandes linhas da poliacutetica externa de ambos que nos permitem responder agraves

primeira e segunda questotildees derivadas Seguidamente procuramos expor os modelos de

relacionamento encontrados momento considerado oportuno para responder agrave terceira questatildeo

derivada e ainda agrave questatildeo central do trabalho Por uacuteltimo terminamos efectuando uma

abordagem ao que consideraacutemos ser a mais adequada resposta de Portugal

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS

A histoacuteria dos paiacuteses ibeacutericos cruza-se tanto quanto poderia determinar a realidade de uma

vizinhanccedila muitas vezes designada por fatalidade geograacutefica Os dois Estados tiveram uma

evoluccedilatildeo poliacutetica proacutepria (Apecircndices A e B) e orientada pelo decurso dos acontecimentos

internos que de tatildeo intensos determinaram a tomada de opccedilotildees tendentes a apoiar ou a

contrariar a orientaccedilatildeo do vizinho peninsular Neste acircmbito destaca-se a guerra civil espanhola

cujo desfecho os responsaacuteveis nacionais entenderam ser determinante para a manutenccedilatildeo da

estabilidade poliacutetica portuguesa A mesma postura foi adoptada para fazer face aos grandes

acontecimentos europeus dos quais se destacam dois conflitos mundiais e os consequentes

arranjos poliacutetico-estrateacutegicos que se lhes seguiram O parco relacionamento econoacutemico eacute outro

dos reflexos de uma vivecircncia bilateral que se revelou quase exiacutegua na eacutepoca a que se refere o

presente capiacutetulo No entanto a questatildeo econoacutemica iria sofrer uma significativa inversatildeo com o

decorrer dos acontecimentos

11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

No periacuteodo em anaacutelise Portugal e Espanha mantiveram-se tradicionalmente afastados

seguindo alinhamentos estrateacutegicos opostos que estiveram na base de um distanciamento das

relaccedilotildees bilaterais em grande parte do seacuteculo XX Os momentos em que o posicionamento

poliacutetico-estrateacutegico de ambos coincidiu apesar de muito raros caracterizaram-se pela

valorizaccedilatildeo da Espanha em detrimento de Portugal

O Pacto Peninsular foi no seacuteculo que haacute pouco terminou um dos momentos marcantes das

relaccedilotildees ibeacutericas A sua realizaccedilatildeo teve por base a necessidade de garantir a neutralidade na II

Guerra Mundial pelo que haveria que conseguir retirar a relevacircncia estrateacutegica do espaccedilo

peninsular O seacuteculo termina com ambos os paiacuteses a coabitarem os mesmos espaccedilos poliacutetico

econoacutemico e de defesa facto que determinou uma nova era nas relaccedilotildees bilaterais

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento

Portugal terminava o seacuteculo XIX em crise com o seu velho aliado inglecircs Em 1890 a

Inglaterra fazia ao nosso Paiacutes um ultimato que iria pocircr fim agraves aspiraccedilotildees nacionais de unir os

territoacuterios de Angola e de Moccedilambique do Atlacircntico ao Iacutendico O projecto representado pelo

Mapa Cor-de-rosa colidia no entanto com a ambiccedilatildeo britacircnica de estabelecer uma ligaccedilatildeo

contiacutenua do Cabo ao Cairo Atraveacutes do documento entregue ao Governo em 11 de Janeiro de

1890 a Inglaterra exigia a retirada imediata das forccedilas expedicionaacuterias portuguesas da regiatildeo do

Noroeste de Moccedilambique apesar deste territoacuterio ldquopertencer a Portugalrdquo (MATTOSO et al 1994

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

p 38) Como retaliaccedilatildeo ameaccedilava com o corte das relaccedilotildees diplomaacuteticas e com o emprego da

forccedila O facto fez desencadear um amplo movimento de protesto e foi encarado como uma

humilhante lanccedila no orgulho nacional O governo caiu mas respondeu afirmativamente aos

ingleses

Tinha-se desenvolvido um forte e generalizado ldquosentimento antibritacircnicordquo (FERREIRA

1989 p 18) que teve como consequecircncia o regresso agrave realidade peninsular Em face da posiccedilatildeo

britacircnica seu tradicional aliado Portugal voltava-se para a Espanha seu tradicional inimigo Do

lado espanhol as opiniotildees variaram desde uma cautelosa posiccedilatildeo monaacuterquica a um declarado

apoio republicano Os medos estavam vencidos os desentendimentos esquecidos e descobriam-

se afinidades de tal forma que ganhava alguma projecccedilatildeo o sentimento iberista portuguecircs que

para os mais radicais passava por uma federaccedilatildeo das repuacuteblicas ibeacutericas Para os demais o

relacionamento com a Espanha passava por uma alianccedila que consideravam indispensaacutevel para a

afirmaccedilatildeo internacional da Peniacutensula Ibeacuterica O Tratado assinado em Agosto de 1891 punha

fim agrave contenda com os britacircnicos contudo deixava claro a sua influecircncia no desenrolar das

opccedilotildees politico-estrateacutegicas nacionais

No iniacutecio do seacuteculo XX as pretensotildees alematildes no Norte de Aacutefrica designadamente sobre

Marrocos determinaram uma alteraccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica dos paiacuteses peninsulares As

possessotildees espanholas no continente africano motivam uma aproximaccedilatildeo de franceses e ingleses

agrave Espanha que culmina na assinatura de tratados com ambas as potecircncias Sobre Portugal os

britacircnicos passaram a consideraacute-lo de menor valor estrateacutegico em face das possibilidades

fornecidas pela posiccedilatildeo geograacutefica da Espanha que permitia o controlo sobre o Mediterracircneo

Ocidental e o Norte de Aacutefrica Ficava no entanto uma ressalva quanto agrave importacircncia das ilhas

atlacircnticas portuguesas que segundo Winston Churchill natildeo deveriam cair ldquonas matildeos de alguma

potecircncia hostil a Londresrdquo (FERREIRA 1989 p 24)

Portugal via-se secundarizado perante a entrada da Espanha nas tradicionais posiccedilotildees

estrateacutegicas nacionais O facto natildeo escapou agrave percepccedilatildeo dos responsaacuteveis portugueses que

procuraram outra acircncora externa que pudesse conferir ao Paiacutes a centralidade estrateacutegica que lhe

permitisse dispor de uma maior capacidade negocial O papel passava a ser desempenhado pela

Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas

accedilorianas e outras facilidades agrave navegaccedilatildeo Desta forma Portugal procurou defender a sua

individualidade diferenciando a sua alianccedila externa da do vizinho espanhol

Na I Guerra Mundial a neutralidade espanhola faria Portugal dispor de uma oportunidade de

ouro para obter a tatildeo indispensaacutevel diferenciaccedilatildeo peninsular e colocar o Paiacutes no seu alinhamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 6

tradicional ldquoUm dos motivos que decidiu a Repuacuteblica agrave participaccedilatildeo na guerra ao lado dos

aliados foi sem duacutevida a disputa da representatividade internacional da Peniacutensula Ibeacutericardquo

(FERREIRA 1992 p 49) Franco Nogueira ao designar uma ldquopreocupaccedilatildeo sincerardquo

(NOGUEIRA 2000a p239) pretendia referir-se agrave integridade territorial do ultramar apenas

assegurada com a presenccedila de Portugal na Conferecircncia de Paz e no futuro organismo

internacional que dela resultasse Assim sendo Portugal decidiu-se pela participaccedilatildeo cedendo a

base naval de Leixotildees aos franceses permitindo que fosse estabelecida uma base naval norte-

americana em Ponta Delgada e enviando um corpo expedicionaacuterio para o teatro de operaccedilotildees

europeu

Sobre as razotildees que teratildeo levado os ingleses a preferir a participaccedilatildeo portuguesa relativamente

agrave espanhola Medeiros Ferreira refere a existecircncia de um documento britacircnico2 do Foreign

Office datado de 1917 o qual refere as exigecircncias efectuadas pelo Estado espanhol como o

factor decisivo para a recusa Estas englobavam Tacircnger Gibraltar e ldquomatildeo livre em Portugalrdquo

Desta uacuteltima explica natildeo se tratar da anexaccedilatildeo mas de uma tentativa de ldquoamarraacute-lo por qualquer

tipo de tratado ou de alianccedila que assegurasse a presenccedila do domiacutenio espanhol nas deliberaccedilotildees

portuguesas (hellip)rdquo (FERREIRA 1989 p32)

Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a

notoriedade internacional pretendida Entrava na guerra ao lado dos aliados diferenciava-se da

neutralidade espanhola e obtinha o assento na Conferecircncia de Paz em Paris Contudo natildeo era

previsiacutevel o enorme reveacutes que se seguiu Discutia-se a fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildees

organizaccedilatildeo na qual Portugal se arrogava no direito de integrar ocupando um lugar compatiacutevel

com o de uma potecircncia beligerante A actividade diplomaacutetica nacional desenvolvia-se junto do

velho aliado na tentativa de assegurar a presenccedila no futuro Conselho Executivo

Ao mesmo tempo a Espanha acercava-se dos Estados Unidos da Ameacuterica (EUA) e do seu

presidente Woodrow Wilson ldquoprincipal decisor na fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildeesrdquo

(FERREIRA 1992 p51) sobre quem exerceu um apertado cerco diplomaacutetico tambeacutem

desenvolvido sobre a Franccedila e a Gratilde-Bretanha no sentido de vir a tornar-se Membro Permanente

do Conselho Executivo O resultado final desta intensa batalha diplomaacutetica foi em desfavor de

Portugal A Espanha eacute efectivamente convidada a fazer parte em representaccedilatildeo dos paiacuteses

neutrais embora como Membro Natildeo Permanente enquanto que Portugal se viu relegado para

uma posiccedilatildeo secundaacuteria

2 ldquoPotential Value of Spain as na Allyrdquo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 7

Ao ver-se afastada daquele organismo em favor da Espanha que natildeo tinha desenvolvido

qualquer esforccedilo de guerra a delegaccedilatildeo portuguesa manifestava-se fazendo sentir o seu

desagrado Franco Nogueira retratou desta forma o facto ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria

nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo

Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho

Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido

(hellip)rdquo (NOGUEIRA 2000b p67)

112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular

No periacuteodo que se seguiu agrave I Guerra Mundial as relaccedilotildees entre os dois Estados conheceram

distintos graus de intensidade Inicialmente o relacionamento poliacutetico foi problemaacutetico com

responsabilidades dirigidas a Afonso XIII e agrave sua apetecircncia para chegar ao domiacutenio ibeacuterico O rei

procurava ldquoum pretexto de intervenccedilatildeo em Portugal e tentava obter a complacecircncia da Inglaterra

para o efeitordquo (NOGUEIRA 2000a p 245) A fricccedilatildeo poliacutetica manteve-se ateacute 1926 quando

surge no poder um regime de ditadura militar com o qual o vizinho peninsular demonstrou

alguma simpatia tendo como consequecircncia ldquoum imediato incremento a partir de 1927rdquo

(FERREIRA 1989 p44)

A partir de 1931 iniciado jaacute em Portugal o periacuteodo do Estado Novo as relaccedilotildees ibeacutericas

regressaram a uma fase de maior tensatildeo Este facto para Medeiros Ferreira natildeo deveria ser

imputado agrave natureza diferente dos regimes mas sim ao apoio que os republicanos espanhoacuteis

prestavam aos democratas Portugueses Para Antoacutenio de Oliveira Salazar o triunfo da esquerda

em Espanha representava ldquoum duplo perigo o revolucionaacuterio e o iberistardquo (FERREIRA 1989

p47) pelo que preparava as Forccedilas Armadas para uma hipoteacutetica guerra com a Espanha

A guerra civil espanhola obrigou Portugal a exercer uma intensa actividade diplomaacutetica O

conflito que opunha nacionalistas e republicanos representava segundo o governo portuguecircs um

perigo substancial para a seguranccedila e a independecircncia do Paiacutes Os responsaacuteveis portugueses

procuravam sensibilizar ingleses franceses alematildees e italianos embora aos dois uacuteltimos apenas

tivesse recorrido pela ausecircncia de resposta dos primeiros bem como pela crescente influecircncia da

actividade sovieacutetica

Para o Governo portuguecircs a questatildeo era simples e directa ldquovitoacuteria do exeacutercito espanhol ou

implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo (NOGUEIRA 2000a p274) tornando-se Portugal

pela sua situaccedilatildeo geograacutefica no Paiacutes mais directamente ameaccedilado jaacute que os partidos

republicanos espanhoacuteis natildeo escondiam a sua apetecircncia pelo federalismo ibeacuterico Apesar da

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 8

cedecircncia agrave pressatildeo anglo-francesa de natildeo-intervenccedilatildeo que nos levaria agrave assinatura de um

compromisso3 Portugal apoiou os nacionalistas juntamente com a Alemanha e a Itaacutelia em

contraponto ao apoio sovieacutetico prestado ao governo de Madrid

Apoacutes a guerra civil ainda em 1939 Portugal e a Espanha assinam um Tratado de Natildeo-

Agressatildeo4 Para Portugal o acordo permitia travar as tendecircncias iberistas espanholas e no

conjunto peninsular mantinha os paiacuteses numa situaccedilatildeo de neutralidade relativamente ao conflito

generalizado que se avizinhava Para o efeito o nosso Paiacutes teria de permanecer afastado das

obrigaccedilotildees a que o Tratado luso-britacircnico obrigava assim como as posiccedilotildees da Alemanha e da

Itaacutelia natildeo deveriam arrastar a Espanha5 para uma posiccedilatildeo beligerante Seria a forma de eliminar a

possibilidade de entrada na guerra de ambos os paiacuteses sob influecircncia dos respectivos aliados

externos

A situaccedilatildeo de neutralidade da Peniacutensula Ibeacuterica deveria estar dependente do entendimento

entre a Alemanha e a Ruacutessia que num cenaacuterio de confronto com os aliados procurariam o

isolamento dos EUA Este facto implicava a formaccedilatildeo de uma ldquoesfera de influecircncia alematilde num

hemisfeacuterio orientalrdquo (GASPAR p168) que por um lado permitisse a ligaccedilatildeo da Europa agrave Aacutefrica

e por outro a ocupaccedilatildeo das ilhas atlacircnticas de forma a estabelecer uma fronteira com o

hemisfeacuterio de influecircncia americano O cenaacuterio segundo Carlos Gaspar exigiria ainda a

constituiccedilatildeo de um bloco continental formado pela Franccedila e pela Espanha ldquoassim como fechar o

Mediterracircneo para isolar a Gratilde-Bretanha e estabelecer nos estreitos uma ligaccedilatildeo segura com o

Norte de Aacutefricardquo (GASPAR p168)

A invasatildeo da Ruacutessia pela Alemanha e a tomada do Norte de Aacutefrica pelos aliados

proporcionou a ldquodesvalorizaccedilatildeo da posiccedilatildeo peninsularrdquo (GASPAR p169) permitindo manter a

Peniacutensula afastada dos confrontos Contudo a entrada na guerra da Espanha mantinha-se uma

incoacutegnita A ala intervencionista protagonizada por Serrano Suntildeer exercia forte influecircncia junto

de Franco levando-o a expor perante Hitler as condiccedilotildees para a participaccedilatildeo na guerra entre as

quais constavam a recuperaccedilatildeo de Gibraltar e vaacuterias concessotildees no Norte de Aacutefrica A Espanha

aderia a ldquoum pacto secreto com a Alemanha e a Itaacuteliardquo (GASPAR p179) no entanto nunca se

comprometendo com uma data para a participaccedilatildeo no conflito Portugal demarcava-se mais uma

3 Assinaram o tratado de natildeo-intervenccedilatildeo a Alemanha Aacuteustria Beacutelgica Bulgaacuteria Checoslovaacutequia Dinamarca Finlacircndia Franccedila Gratilde-Bretanha Hungria Irlanda Itaacutelia Jugoslaacutevia Noruega Paiacuteses Baixos Poloacutenia Portugal Repuacuteblicas Baacutelticas Romeacutenia Ruacutessia e Sueacutecia 4 Pacto Peninsular em Portugal Pacto Ibeacuterico em Espanha 5 Sobre o assunto interessa salientar que a neutralidade espanhola era de grande conveniecircncia para a Gratilde-bretanha visto que assim poderia proceder mais facilmente agrave defesa de Gibraltar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 9

vez da posiccedilatildeo espanhola e cedia os Accedilores aos aliados passando de uma ldquoneutralidade

geomeacutetrica a uma neutralidade activardquo (GASPAR p181)

113 A supremacia internacional de Portugal

O poacutes-guerra proporcionou ao mundo um novo quadro estrateacutegico no qual emergiam os EUA

e a Uniatildeo Sovieacutetica formando dois poacutelos antagoacutenicos onde cada qual procurava aglutinar as

alianccedilas que mais e melhores vantagens pudessem acrescentar agraves suas esferas de influecircncia e agraves

respectivas potencialidades estrateacutegicas Perante esta nova realidade haveria que encontrar

respostas raacutepidas para travar o avanccedilo de influecircncias indesejaacuteveis Iniciavam-se assim as

conversaccedilotildees para a implementaccedilatildeo de um Tratado do qual fariam parte os Paiacuteses do Pacto de

Bruxelas6 os EUA o Canadaacute e ainda a Noruega a Dinamarca a Islacircndia e Portugal

O convite endereccedilado a Portugal motivou uma reacccedilatildeo imediata do paiacutes vizinho que ao ver-

se excluiacutedo se apressou a condicionar a adesatildeo portuguesa agrave existecircncia do Pacto Peninsular

levando mesmo Franco a querer ldquoimpedir a entrada de Portugalrdquo (ANTUNES 2003 p30) A

questatildeo centrava-se no artigo que alude agrave defesa muacutetua em caso de agressatildeo facto que poderia

inviabilizar a possibilidade de colaboraccedilatildeo com a Espanha quando confrontado com o previsto

na redacccedilatildeo do Pacto Peninsular Apesar da pressatildeo espanhola Portugal reafirma a

compatibilidade dos dois Pactos assumindo-se como paiacutes fundador No entanto desencadeou

esforccedilos no sentido de que o vizinho peninsular pudesse tambeacutem integrar a Alianccedila agrave data da sua

formaccedilatildeo

A Espanha atravessava um periacuteodo de isolamento internacional decorrente das posiccedilotildees

assumidas no decurso da II Guerra Mundial bem como do autoritarismo do seu regime poliacutetico

Portugal vivia um periacuteodo de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica efectiva no contexto ibeacuterico e afirmava a

supremacia na representatividade peninsular constituindo-se como a uacutenica possibilidade de

ligaccedilatildeo da Espanha ao exterior

A partir de 1953 a Espanha assina com os EUA os conveacutenios sobre ajuda de defesa e ajuda

econoacutemica que iriam permitir a instalaccedilatildeo de bases militares no territoacuterio e o apoio financeiro

para a recuperaccedilatildeo econoacutemica do paiacutes7 Era o momento a partir do qual a Espanha punha um

ponto final no periacuteodo de isolamento internacional passando os dois paiacuteses a partilhar a mesma

alianccedila externa A adesatildeo agrave Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) eacute efectuada em simultacircneo

e definitivamente anula a dependecircncia que a Espanha tinha de Portugal para o relacionamento

externo Ao inveacutes Portugal entrava agora numa fase de marginalizaccedilatildeo internacional motivada 6 Beacutelgica Franccedila Gratilde-Bretanha Holanda e Luxemburgo 7 Sublinha-se o facto de que a Espanha tinha ficado excluiacuteda da ajuda financeira proporcionada pelo Plano Marchall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 10

pela questatildeo colonial contudo ambos os paiacuteses seriam afastados do processo de integraccedilatildeo

europeia

Em 1974 e 1975 Portugal e Espanha alteraram respectivamente a natureza dos seus regimes

poliacuteticos O processo nacional foi mais atribulado dado que decorreu da realizaccedilatildeo de um golpe

militar Em Espanha Franco preparou a sua sucessatildeo para que apoacutes a sua morte o rei Juan

Carlos I assumisse a Chefia do Estado transformando o regime de forma paciacutefica numa

monarquia parlamentar Em Portugal o processo revolucionaacuterio que se seguiu ao golpe militar

foi atentamente acompanhado pelo regime espanhol que com receio de contaminaccedilatildeo

fronteiriccedila ldquoos serviccedilos de informaccedilatildeo franquistas foram imediatamente em forccedila para Lisboa

(hellip) Franco tinha interesse especial em ver as imagens que lhe chegavam de Portugalrdquo8

(ANTUNES 2003 p31) Apoacutes a democratizaccedilatildeo dos sistemas poliacuteticos as relaccedilotildees entre os

dois Estados assumiram outras proporccedilotildees multiplicando-se as visitas oficiais As consequecircncias

ao niacutevel da inserccedilatildeo internacional estavam tambeacutem visiacuteveis e culminaram na aceitaccedilatildeo do pedido

de adesatildeo agrave CEE organizaccedilatildeo para a qual entraram em simultacircneo

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas

Tradicionalmente os paiacuteses da Peniacutensula Ibeacuterica adoptaram uma poliacutetica de alianccedilas

orientada sob os desiacutegnios da divergecircncia Portugal procurou sempre a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica

peninsular recorrendo a uma alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante no caso a Gratilde-

Bretanha As vantagens eram muacutetuas no entanto para Portugal tornara-se essencial para

assegurar a sua identidade e independecircncia assim como a manutenccedilatildeo do vasto impeacuterio colonial

A Espanha inicia o seacuteculo precisamente ao lado daqueles que tradicionalmente eram os

aliados dos portugueses sendo as questotildees africanas a motivar a aproximaccedilatildeo aos ingleses e

franceses Com a I Guerra Mundial o vizinho peninsular regressa agrave sua postura de neutralidade

em contraponto com a posiccedilatildeo portuguesa que se manteacutem ao lado do velho aliado procurando o

protagonismo internacional e um lugar entre as grandes naccedilotildees Contudo eacute a Espanha que

recorrendo aos EUA garante um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

Na guerra civil espanhola as facccedilotildees em confronto apercebem-se da importacircncia da cativaccedilatildeo

de apoio externo Enquanto os nacionalistas cativavam a atenccedilatildeo da Alemanha e da Itaacutelia o

governo republicano obtinha a simpatia da Ruacutessia que contribuiu com equipamento militar O

governo portuguecircs natildeo se quedou por uma atitude passiva com receio das consequecircncias de uma

vitoacuteria republicana perseguiu os seus interesses realizando uma intensa actividade diplomaacutetica

8 Referecircncia feita a declaraccedilotildees de Raul Morodo a Joseacute Freire Antunes em 1999

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 11

que lhe permitiu contornar o acordo de natildeo-intervenccedilatildeo patrocinado por ingleses e franceses e

prestar o apoio agraves forccedilas do Generaliacutessimo

Com o final do conflito interno espanhol surgia uma nova prioridade para os paiacuteses ibeacutericos

A necessidade de neutralidade perante a possibilidade de um novo conflito mundial determinou

o estabelecimento de uma nova poliacutetica de alianccedilas Referimo-nos ao Pacto Peninsular assinado

em 17 de Marccedilo de 1939 que Portugal encarou natildeo como substituiccedilatildeo do seu alinhamento

tradicional mas como uma adiccedilatildeo agrave alianccedila com a potecircncia mariacutetima existente jaacute que o

submeteu agrave apreciaccedilatildeo do aliado inglecircs

No regime espanhol existiam duas facccedilotildees uma personificada por Serrano Suntildeer ministro

da governaccedilatildeo era partidaacuteria do intervencionismo ao lado das forccedilas do eixo A outra liderada

por Juan Beigbeder ministro dos negoacutecios estrangeiros era mais moderada e consciente da

necessidade da eliminaccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica da Peniacutensula Ibeacuterica para a qual a

reafirmaccedilatildeo do Pacto Peninsular era imprescindiacutevel As acccedilotildees poliacutetico-diplomaacuteticas entre os

dois Estados levaram agrave assinatura de um protocolo adicional ao Pacto que garantia a natildeo-

intervenccedilatildeo inglesa em Portugal e mantinha a Espanha afastada da influecircncia alematilde

Apesar das conversaccedilotildees e pactos assinados o vizinho ibeacuterico mantinha as diligecircncias

intervencionistas junto da Alemanha que motivaram a participaccedilatildeo em 23 de Outubro na

cimeira de Hendaia e consequentemente a adesatildeo ao Pacto Tripartido Contudo natildeo se

comprometeria com uma data para entrar na guerra O decurso do conflito determinou a efectiva

neutralidade dos dois paiacuteses e a 13 de Fevereiro de 1942 na cimeira luso-espanhola de Sevilha

era reafirmado o Bloco Peninsular e o entendimento comum sobre a neutralidade da peniacutensula

Com o final da II Guerra Mundial a Espanha ficou isolada internacionalmente funcionando

Portugal como o interlocutor ibeacuterico A supremacia peninsular nacional ficou reflectida no

alinhamento internacional que se seguiu atraveacutes da adesatildeo em 1949 agrave OTAN O emergir

internacional de Portugal teve como consequecircncia a desvalorizaccedilatildeo da alianccedila ibeacuterica A

Espanha iniciava a normalizaccedilatildeo do seu relacionamento internacional ainda em 1949 assinando

com os EUA um acordo de cooperaccedilatildeo militar reafirmado em 1953 e em 1976 Sendo neste

uacuteltimo conseguido o acordo sobre a Zona de Interesse Comum9 Em 1982 o pedido de adesatildeo

da Espanha agrave OTAN colocava os dois paiacuteses ibeacutericos junto da potecircncia mariacutetima

O periacuteodo em anaacutelise foi caracterizado por momentos de alinhamento internacional

coincidente isto eacute ambos coabitando numa mesma alianccedila extra-ibeacuterica momentos de

alinhamento oposto e outros em que a alianccedila peninsular foi uma realidade Contudo os Pactos 9 A Zona de Interesse Comum engloba o espaccedilo mariacutetimo que une o Atlacircntico ao Mediterracircneo Ocidental englobando as ilhas Baleares Canaacuterias arquipeacutelago da Madeira ehellip Portugal continental

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 12

estabelecidos por cada um tiveram uma caracteriacutestica que deve ser salientada Enquanto

Portugal manteve o seu alinhamento tradicional atribuindo-lhe um caraacutecter estrutural a Espanha

fez flutuar a sua orientaccedilatildeo internacional de acordo com os interesses estrateacutegicos do momento

conferindo-lhes um caraacutecter conjuntural No entanto foi niacutetida a desvantagem nacional quando

verificados os periacuteodos de alinhamento coincidente nos quais a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de

Portugal foi uma evidencia

13 A questatildeo econoacutemica

No decorrer do seacuteculo XX o relacionamento econoacutemico entre os dois Estados ibeacutericos

conheceu duas fases distintas (ALVES 2001 p32) Na primeira ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 70 o

relacionamento entre ambos decorreu essencialmente no patamar poliacutetico A segunda fase a

partir da deacutecada de 70 e apoacutes o periacuteodo de transiccedilatildeo para um regime democraacutetico vivido pelos

dois paiacuteses quase em simultacircneo evoluiu progressivamente enquadrando para aleacutem do aspecto

poliacutetico entre outras a aacuterea econoacutemica e cultural

O relacionamento econoacutemico nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica poderia

justificar natildeo obstante alguns acordos terem sido assinados sobre esta mateacuteria (Apecircndice C) De

forma a ilustrar o niacutevel de relacionamento entre ambos vejam-se os dados relativos a 1942 as

importaccedilotildees portuguesas de Espanha representavam 365 do total (ALVES 2001 p45)

enquanto que as exportaccedilotildees se situavam nos 193 Em 1944 os mesmos valores atingiam uma

maior expressatildeo passando para 454 e 351 respectivamente para nos anos seguintes

diminuiacuterem progressivamente de importacircncia De salientar que os valores mais elevados entre

os anos de 1946 e 1955 relativos agraves mesmas trocas comerciais se situaram em 266 e 188

respectivamente (ALVES 2001 p45)

O periacuteodo de isolamento internacional espanhol terminou ainda em 1949 com a assinatura de

um acordo com os EUA permitindo-lhe aceder a um creacutedito para apoio agrave reconstruccedilatildeo do paiacutes e

ao relanccedilamento econoacutemico No mesmo ano com o objectivo de proceder agrave substituiccedilatildeo dos

acordos estabelecidos ateacute aquela data entre os dois vizinhos peninsulares Portugal assinou com a

Espanha um acordo10 econoacutemico que se limitava agrave indicaccedilatildeo de alguns produtos a incluir em

eventuais transacccedilotildees assim como a uma limitada cooperaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica (ALVES

2001 p34) Este contrariamente agrave vontade espanhola em nada contribuiu para desenvolver o

relacionamento econoacutemico e comercial entre os dois dado que Portugal receava a dependecircncia

econoacutemica da Espanha e a sua influecircncia nas coloacutenias

10 Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 13

As deacutecadas seguintes marcaram o iniacutecio da abertura econoacutemica da Espanha e de Portugal

assim como o afastamento do relacionamento bilateral Neste periacuteodo Portugal adere em 1948

como membro fundador agrave Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (OCDE)

em 1959 tambeacutem como membro fundador agrave Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre (EFTA)

ao Fundo Monetaacuterio Internacional e ao Banco Mundial A Espanha em 1953 assinava os

Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e Ajuda Econoacutemica com os Estados Unidos Adere

em 1958 agrave OCDE em 1962 inicia os primeiros contactos com vista agrave adesatildeo agrave CEE que

culminaram em 1970 com a assinatura de um acordo comercial entre ambos

A internacionalizaccedilatildeo das economias portuguesa e espanhola processou-se de forma diferente

(ALVES 2001 p34) Enquanto Portugal no quadro do relacionamento luso-britacircnico procurou

expandir a sua economia atraveacutes da EFTA que ao mesmo tempo lhe assegurava a manutenccedilatildeo

da sua poliacutetica colonial a Espanha procurou adquirir outros parceiros comerciais na Ameacuterica

Latina paiacuteses Aacuterabes do Proacuteximo e Extremo Oriente e na Europa de Leste Em 1960 eacute assinado

um novo acordo comercial entre os dois Estados ibeacutericos que incidia principalmente sobre

questotildees aduaneiras natildeo alterando em nenhum aspecto o acircmbito das relaccedilotildees comerciais da

eacutepoca

A reaproximaccedilatildeo entre os dois Estados eacute motivada pela assinatura dos acordos comerciais

com a CEE assim como pelo pedido formal efectuado em 1977 em simultacircneo para a adesatildeo

agraves Comunidades Europeias As negociaccedilotildees tiveram iniacutecio em Portugal no ano de 1978

enquanto que na Espanha desenvolveram-se a partir do ano seguinte Em 1980 a governaccedilatildeo

espanhola assinou com a EFTA um compromisso que deu origem ao Acordo de Comeacutercio

Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

A orientaccedilatildeo do comeacutercio externo portuguecircs no iniacutecio da deacutecada de 70 privilegiou os paiacuteses

europeus constituintes da CEE11 e da EFTA12 Os motivos centraram-se na assinatura do

Acordo13 de Comeacutercio Livre com a CEE e a Comunidade Europeia do Carvatildeo e do Accedilo bem

como na independecircncia dos territoacuterios ultramarinos (ALVES 2001 p39) A Espanha tinha nos

paiacuteses do centro da Europa os seus principais parceiros comerciais no entanto estes

representavam um peso menor do que no caso portuguecircs (ALVES 2001 p 42) dado que o

vizinho ibeacuterico tinha jaacute na deacutecada de 60 diversificado o seu relacionamento comercial externo

para regiotildees exteriores agrave Europa

11 Da qual faziam parte a Alemanha Franccedila Reino Unido Irlanda Dinamarca Itaacutelia Holanda Beacutelgica e Luxemburgo 12 Faziam parte desta organizaccedilatildeo em 1973 para aleacutem de Portugal a Sueacutecia Suiccedila Aacuteustria Noruega Finlacircndia e Islacircndia 13 Este facto determinava abertura da economia portuguesa agrave Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 14

Apoacutes a adesatildeo de Portugal e Espanha agraves Comunidades Europeias em 1985 o relacionamento

econoacutemico e comercial de ambos conheceu um incremento significativo tanto com os paiacuteses

Europeus como entre si A Espanha que no iniacutecio da deacutecada de 80 representava cerca de 5 do

comeacutercio externo nacional passou para cerca de 19 em 1995 (Anexo A) tornando-se o

principal parceiro comercial de Portugal No caso do paiacutes vizinho o fenoacutemeno ocorreu de forma

semelhante mas com uma dimensatildeo menor Em 1981 Portugal representava cerca de 1 do

comeacutercio externo espanhol passando a representar cerca de 5 em 1995 (Anexo B) O

relacionamento econoacutemico entre os paiacuteses ibeacutericos na actualidade efectua-se a um ritmo nunca

antes assinalado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 15

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES

Os Paiacuteses peninsulares natildeo se encontram confinados agrave sua aacuterea geograacutefica continental Em

ambos os casos a descontinuidade territorial determinada pela posse de regiotildees autoacutenomas

localizadas no Oceano Atlacircntico e no Mar Mediterracircneo permitem projectar os respectivos

espaccedilos de interesse para o interior dos referidos mares Sendo certo que a descontinuidade lhes

confere algumas vulnerabilidades especialmente a Portugal tendo em conta a sua menor

dimensatildeo geograacutefica permite definir tambeacutem vaacuterias potencialidades Destas poderemos desde jaacute

destacar o espaccedilo adicional com importantes reflexos geopoliacuteticos e geoeconoacutemicos uma

consideraacutevel profundidade estrateacutegica importante tanto para o espaccedilo peninsular como para o

europeu e a possibilidade de se constituiacuterem como importantes pontos de apoio agrave projecccedilatildeo de

poder de controlo do espaccedilo mariacutetimo e agraves rotas de navegaccedilatildeo

A histoacuteria tem vindo a reservar aos dois actores peninsulares papeacuteis distintos

consubstanciados num posicionamento poliacutetico-estrateacutegico diferenciado Na actualidade o facto

de ambos se encontrarem inseridos nos mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e

geoestrateacutegico materializados na UE e OTAN determina a necessidade de partilhar interesses e

objectivos O relacionamento entre os dois Estados tem vindo a ser aprofundado tanto por via da

globalizaccedilatildeo como na tentativa de resoluccedilatildeo de aspectos conflituais que se mantecircm e que

exigem a Portugal a adopccedilatildeo de uma postura firme na defesa dos seus interesses poliacuteticos

econoacutemicos ou na gestatildeo de recursos naturais comuns

21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico

Quis a histoacuteria que a Peniacutensula Ibeacuterica fosse constituiacuteda por dois Estados independentes

cabendo a Portugal um pequeno rectacircngulo situado na faixa ocidental do territoacuterio A realidade

geograacutefica (Apecircndice D) determinou-nos a convivecircncia com dois parceiros De um lado o Mar

que tem vindo a contribuir para a nossa riqueza modo de vida e valorizaccedilatildeo estrateacutegica e do

outro a Espanha parceiro e foco de preocupaccedilatildeo constante Neste enquadramento Portugal vecirc-

se dependente da Espanha para dar seguimento aos fluxos de relacionamento com destino ao

centro da Europa

Contudo natildeo cabe apenas agrave ldquofatalidade geograacuteficardquo (FIEL 2005 p7) determinar por si soacute a

realidade estrateacutegica dos paiacuteses ibeacutericos Neste contexto considerando tambeacutem as vertentes

fiacutesica poliacutetica econoacutemica e cultural ambos se encontram inseridos na realidade Europeia O

caminho foi escolhido ao decidirem participar num projecto de construccedilatildeo inicialmente em

1985 com a integraccedilatildeo numa Europa econoacutemica que gradualmente tem vindo a alargar o acircmbito

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 16

da partilha de interesses caminhando para os domiacutenios da poliacutetica externa e quem sabe ateacute para

uma poleacutemica integraccedilatildeo poliacutetica de cariz federal Em resumo procurando fugir ao consequente

isolamento que o ldquonatildeo estar presenterdquo poderia determinar a necessidade de captaccedilatildeo de apoios

econoacutemicos que garantissem a uniformizaccedilatildeo do desenvolvimento estrutural no seio da UE e

ainda o recente alargamento a Leste para aleacutem de um direito e um dever determinam que a

integraccedilatildeo europeia seja uma necessidade imperativa para os dois Estados

Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa mais uma vez os dois paiacuteses vivem uma

situaccedilatildeo de comunhatildeo de interesses integrando a OTAN14 e participando no desenvolvimento e

implementaccedilatildeo da PESC Neste acircmbito eacute de salientar o facto de que a adesatildeo agrave OTAN foi

efectuada em momentos distintos Enquanto Portugal adere em 1949 como membro fundador a

entrada da Espanha foi recusada vindo a integrar a organizaccedilatildeo apenas em 1982 A este facto

certamente natildeo foi alheia a importacircncia estrateacutegica conferida ao espaccedilo portuguecircs (Apecircndice E)

assim como as tomadas de posiccedilatildeo da Espanha do decurso da II Guerra Mundial que motivaram

um prolongado isolamento internacional

Apoacutes o final da guerra-fria a queda do muro de Berlim e o desmembrar de todo o bloco

socialista sovieacutetico surgiu um novo quadro internacional com uma tendecircncia de equiliacutebrio ainda

natildeo completamente definida do qual se destaca a posiccedilatildeo hegemoacutenica dos EUA Eacute neste

contexto que a OTAN tem procurado adequar o seu posicionamento e onde se pretende que a

PESC venha a desempenhar um importante papel de complementaridade

Os dois paiacuteses natildeo poderatildeo dissociar a sua acccedilatildeo estrateacutegica individual da preconizada pelas

organizaccedilotildees de que fazem parte Eacute desta forma que Portugal se enquadra no ambiente

estrateacutegico da actualidade garantindo a sua individualidade e disponibilizando a sua mais valia

estrateacutegica de forma a contribuir para o sucesso das organizaccedilotildees que integra A Espanha pelo

contraacuterio define a Europa como ldquoaacuterea de interesse prioritaacuteriordquo assumindo contudo a

compatibilidade desta opccedilatildeo com a manutenccedilatildeo de uma ldquorelaccedilatildeo transatlacircntica robusta e

equilibradardquo e uma presenccedila na OTAN respeitando os compromissos assumidos orientaccedilotildees

bem expressas pela Directiva de Defensa Nacional 12004 (DDN)

As caracteriacutesticas mediterracircnicas dos dois paiacuteses estatildeo de tal forma vincadas que permitem

ser salientadas como parte das respectivas matrizes de identidade Estas caracteriacutesticas tecircm maior

incidecircncia na Espanha por razotildees geograacuteficas dado que uma parte da sua costa eacute banhada por

aquele mar transformando-a numa regiatildeo de particular interesse para o Estado espanhol

14 Os 26 Paiacuteses integrantes da OTAN Beacutelgica Bulgaacuteria Canadaacute Repuacuteblica Checa Dinamarca Estados Unidos da Ameacuterica Estoacutenia Franccedila Alemanha Greacutecia Hungria Islacircndia Itaacutelia Letoacutenia Lituacircnia Luxemburgo Holanda Noruega Poloacutenia Portugal Romeacutenia Eslovaacutequia Esloveacutenia Espanha Turquia Reino Unido

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 17

Tambeacutem Portugal pelo seu posicionamento geograacutefico ldquojunto agraves portas do Mediterracircneordquo

(ALMEIDA 1990 p362) poderaacute reclamar para si uma boa parte destas caracteriacutesticas

Relativamente aos paiacuteses do Norte de Aacutefrica o facto de existirem significativos focos de

instabilidade a proximidade geograacutefica bem como a dependecircncia energeacutetica justificam a

inclusatildeo do Magreb no Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural (Anexo C) Se

duacutevidas houvesse quanto agrave importacircncia da regiatildeo mediterracircnica para o nosso Paiacutes seriam

dissipadas quando constatada a relevacircncia e a atenccedilatildeo conferida tanto pela OTAN como pela

UE sobre esta aacuterea do Globo Neste acircmbito Portugal encontra-se numa posiccedilatildeo de vantagem

podendo afirmar-se como um interlocutor privilegiado precisamente com os paiacuteses do

Mediterracircneo Ocidental com os quais ao contraacuterio da Espanha natildeo tem ressentimentos

coloniais nem qualquer contencioso territorial

Restam as questotildees de ldquoafinidades e interesses em aacutereas que transcendem o posicionamento

geograacuteficordquo (ALMEIDA 1990 p362) Portugal tem com os paiacuteses lusoacutefonos uma relaccedilatildeo

histoacuterica alicerccedilada num passado secular comum junto dos quais tratou de resolver os traumas

decorrentes da eacutepoca colonial Para aleacutem da possibilidade de difusatildeo da cultura e liacutengua comuns

estaacute tambeacutem um importante mercado para o onde os grupos econoacutemicos nacionais se poderatildeo

expandir bem como assumir um papel de destaque no relacionamento entre estes paiacuteses os EUA

e a UE Neste acircmbito a Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa (CPLP)15 poderaacute vir a

desempenhar um papel importante tanto na afirmaccedilatildeo da cultura e liacutengua nacional como do

proacuteprio Paiacutes Por sua vez a Espanha tem como aacuterea preferencial de relacionamento os paiacuteses

pertencentes agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees16 Com eles manteacutem um relacionamento

bilateral diverso que nalguns casos inclui a cooperaccedilatildeo militar

Fica assim expressa a matriz de identidade de cada Estado bem como as diferentes

possibilidades de orientaccedilatildeo politico-estrateacutegica A tatildeo propalada posiccedilatildeo perifeacuterica peninsular

tendo em conta a enquadrante europeia eacute assim contrariada quando considerada a enquadrante

de seguranccedila e defesa sob a eacutegide da OTAN que transporta a regiatildeo para uma posiccedilatildeo central

tendo em conta a distribuiccedilatildeo geograacutefica dos Estados que compotildeem esta Organizaccedilatildeo

22 Portugal e Espanha em factos comparados

Consideraacutemos de grande pertinecircncia efectuar uma anaacutelise comparativa das duas realidades

peninsulares Para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que de forma sinteacutetica mas

15 Fazem parte da CPLP Angola Brasil Cabo Verde Guineacute-Bissau Moccedilambique Portugal S Tomeacute e Priacutencipe e Timor-leste 16 Fazem parte da Comunidade Ibero Ameacuterica de Naccedilotildees Andorra Argentina Boliacutevia Brasil Colocircmbia Costa Rica Cuba Chile Equador Espanha Guatemala Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Paraguai Peru Portugal Repuacuteblica Dominicana Uruguai e Repuacuteblica Bolivariana de Venezuela

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 18

objectiva nos permitam visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados alguns aspectos

representativos da interacccedilatildeo bilateral e outros relativos a questotildees prementes que se encontram

em discussatildeo na actual agenda poliacutetica dos respectivos governos Destes poderemos destacar as

questotildees regionais e a indicaccedilatildeo de alguns factores que poderatildeo vir a determinar situaccedilotildees de

dependecircncia econoacutemica relativamente ao nosso vizinho da Peniacutensula Ibeacuterica

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila

Ambos os paiacuteses vivem sob sistemas poliacuteticos democraacuteticos pelos quais se bateram no

decurso do seacuteculo XX e onde o papel desempenhando pelos cidadatildeos representa um suporte

fundamental para a soberania Contudo estes sistemas poliacuteticos apresentam naturezas distintas

Em Portugal foi adoptado um sistema de cariz republicano na sua forma semi-presidencialista

no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica eleito por sufraacutegio universal directo e

secreto por mandatos de 5 anos Das suas competecircncias destaca-se o direito de veto17 e a

possibilidade de nos termos previstos pela constituiccedilatildeo dissolver a Assembleia da Repuacuteblica e

exonerar o Governo

A Assembleia da Repuacuteblica eacute o oacutergatildeo representativo ldquode todos os cidadatildeos portuguesesrdquo18

sendo os deputados que a compotildeem eleitos por mandatos de 4 anos utilizando um sistema de

representaccedilatildeo proporcional ao nuacutemero de cidadatildeos inscritos em cada ciacuterculo eleitoral O

Governo ldquoeacute o oacutergatildeo de conduccedilatildeo da poliacutetica geral do Paiacutesrdquo19 representa o poder executivo e eacute o

oacutergatildeo de administraccedilatildeo superior do Estado O poder judicial eacute exercido pelos tribunais que tecircm a

ldquocompetecircncia para administrar a justiccedila em nome do povordquo20

A Espanha adoptou uma monarquia parlamentar na qual a Coroa eacute transmitida de forma

hereditaacuteria e o Rei se assume como o Chefe de Estado21 Das suas competecircncias destaca-se o

facto de natildeo incluiacuterem o direito de veto nem tatildeo pouco a possibilidade de exoneraccedilatildeo do

Governo Estas competecircncias encontram-se atribuiacutedas no primeiro caso ao Senado enquanto

que a exoneraccedilatildeo do Governo decorre da aprovaccedilatildeo por maioria absoluta de uma Moccedilatildeo de

Censura22 de iniciativa do Congresso de Deputados A dissoluccedilatildeo23 do Congresso do Senado ou

17 Segundo o artigo 136ordm da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa o Presidente da Repuacuteblica poderaacute exercer o direito de veto com o intuito de solicitar nova apreciaccedilatildeo sobre qualquer decreto emanado pela Assembleia da Repuacuteblica do Governo ou sobre decisotildees do Tribunal Constitucional desde que este uacuteltimo natildeo emita um parecer de inconstitucionalidade Normalizam ainda a aplicaccedilatildeo do direito de veto os artigos 278ordm e 279ordm do mesmo documento 18 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 147ordm 19 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 182ordm 20 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 202ordm 21 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 56ordm 22 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 113ordm 23 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 115ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 19

ateacute das Cortes tem origem num decreto assinado pelo Rei mas decorre sempre de uma proposta

efectuada pelo Presidente do Governo apoacutes deliberaccedilatildeo do Conselho de Ministros

As Cortes oacutergatildeo representativo do povo espanhol satildeo constituiacutedas24 pelo Congresso de

Deputados e pelo Senado que assumem em conjunto o poder legislativo Entre outras

responsabilidades assumem o dever de controlar a acccedilatildeo do governo Os deputados do

Congresso satildeo eleitos por mandatos de 4 anos atraveacutes de um sufraacutegio universal livre directo e

secreto A eleiccedilatildeo eacute efectuada em cada circunscriccedilatildeo25 eleitoral obedecendo aos criteacuterios de

representatividade proporcional26 O Senado eacute cacircmara de representaccedilatildeo territorial27 sendo os

senadores eleitos28 de forma idecircntica aos deputados do Congresso por mandatos de 4 anos

O Governo a quem cabe exercer a funccedilatildeo executiva da governaccedilatildeo dirige a poliacutetica interna e

externa a administraccedilatildeo civil e militar e a defesa do Estado29 respondendo pela sua acccedilatildeo

governativa perante o Congresso30 O poder judicial31 emana do povo e eacute administrado em nome

do Rei por juiacutezes e magistrados independentes inamoviacuteveis responsaacuteveis e unicamente

submetidos ao imperativo da lei

222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais

Relativamente agrave organizaccedilatildeo administrativa Portugal encontra-se dividido em 18 distritos e

duas Regiotildees Autoacutenomas Na sua base o Paiacutes eacute composto por 308 municiacutepios que por sua vez

se subdividem em cerca de 4000 freguesias Apesar de Portugal se constituir como um Estado

unitaacuterio consagra a existecircncia de ldquovaacuterios niacuteveis de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa o

mais importante dos quais eacute o regime autonoacutemico insularrdquo (PINTO et al 2005 p180) Este

materializa-se na existecircncia nas regiotildees autoacutenomas de oacutergatildeos legislativos e de direcccedilatildeo poliacutetica

proacuteprios bem como de um estatuto poliacutetico-administrativo proacuteprio A Constituiccedilatildeo Portuguesa

consagra tambeacutem a autonomia das autarquias locais traduzida na existecircncia de entidades e

oacutergatildeos proacuteprios com atributos especiacuteficos cujos titulares satildeo eleitos pelo povo e ainda a

descentralizaccedilatildeo da administraccedilatildeo puacuteblica

24 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 66ordm 25 O nordm 2 do artigo 68ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que a circunscriccedilatildeo eleitoral eacute a proviacutencia Para a ocupaccedilatildeo dos lugares do Congresso seraacute definida uma representaccedilatildeo miacutenima inicial para cada circunscriccedilatildeo sendo os restantes lugares ocupados de acordo com o princiacutepio da proporcionalidade de populaccedilatildeo em cada circunscriccedilatildeo As cidades de Ceuta e Melilla teratildeo um representante por cada uma 26 Constitucion Espantildeola ndash nordm 3 artigo 68ordm 27 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 69ordm 28 O artigo 69ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que cada proviacutencia elegeraacute 4 senadores As comunidades autoacutenomas designaram 1 senador por cada milhatildeo de habitantes Ceuta e Melilla elegem 2 senadores por cada uma Nas proviacutencias insulares por cada ilha ou agrupamento de ilhas seraacute constituiacuteda uma circunscriccedilatildeo eleitoral que elegeraacute 3 senadores na Gran Canaacuteria Maiorca e Tenerife e 1 senador em Ibiza-Formentera Menorca Fuerteventura Gomera Hierro Lanzarote e La Palma 29 Constitucion Espantildeola ndash artigo 97ordm 30 Constitucion Espantildeola ndash artigo 108ordm 31 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 117ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 20

Tecircm sido comuns os discursos poliacuteticos que reclamam as reformas da administraccedilatildeo puacuteblica

de descentralizaccedilatildeo administrativa ou ateacute de regionalizaccedilatildeo Este assunto em breve ocuparaacute um

lugar de destaque na agenda poliacutetica portuguesa Sobre o tema considera-se a necessidade entre

outras questotildees de reequacionar a actual divisatildeo administrativa assim como a atribuiccedilatildeo de

novas competecircncias agraves eventuais regiotildees com o intuito de ldquoviabilizar a execuccedilatildeo de planos de

desenvolvimento regional integrados articulando investimentos e visando proporcionar um

protagonismo regional capaz de dinamizar as diferentes zonas do Paiacutes particularmente as do

interiorrdquo (OLIVEIRA et al 1996 p502)

A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas32 e duas cidades

agraves quais lhes foi tambeacutem atribuiacutedo um estatuto de autonomia designadamente as cidades de

Ceuta e Melilla A Galiza o Paiacutes Basco e a Catalunha a par do estatuto de autonomia gozam

igualmente da condiccedilatildeo de nacionalidade histoacuterica reconhecida pela constituiccedilatildeo Este estatuto

traduziu-se na obtenccedilatildeo de uma maior capacidade de decisatildeo e soberania relativamente agraves

restantes comunidades

As regiotildees possuem um parlamento proacuteprio um governo regional e um sistema de justiccedila que

conta com um Supremo Tribunal de Justiccedila de cada zona De salientar ainda o facto de o Paiacutes

Basco a Catalunha e Navarra contarem com um sistema policial proacuteprio O poder central reserva

para si entre outras o controlo das Forccedilas Armadas e de Seguranccedila as relaccedilotildees externas a

seguranccedila social os serviccedilos secretos jogos e apostas desportivas a emissatildeo de moeda o Banco

de Espanha os portos e aeroportos e os caminhos-de-ferro

Na actualidade este modelo parece ter atingido o seu limite e os sinais de tal facto reflectem-

se nas ldquoexigecircncias da maioria das regiotildees autoacutenomas algumas delas claramente soberanistasrdquo

(CALLE 2005 p68) Deste processo o Plano Ibarretxe apresentado em Dezembro de 2004

pelo presidente do governo do Paiacutes Basco Juan Joseacute Ibarretxe eacute claramente um exemplo O

plano apesar de derrotado no Congresso propunha um novo modelo de relacionamento com o

Estado e previa a realizaccedilatildeo de ldquoum plebiscito para tornar voluntaacuteria a adesatildeo ao Estado

espanholrdquo (MEIRELES 2005 p64)

Torna-se inevitaacutevel a necessidade de levar a cabo uma reforma constitucional No entanto as

exigecircncias (Apecircndice F) satisfeitas a qualquer das comunidades autoacutenomas seratildeo certamente

disputadas pelas restantes regiotildees (Anexo F) podendo os seus efeitos tornar-se numa verdadeira

bola de neve natildeo sendo descabido considerar o cenaacuterio da transformaccedilatildeo da Espanha num

Estado federal 32 Uma comunidade autoacutenoma eacute uma entidade territorial que no ordenamento constitucional do Estado espanhol eacute dotada de autonomia legislativa e competecircncias executivas bem como da faculdade de se administrar mediante representantes proacuteprios

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 21

223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo

O diferencial demograacutefico existente entre os dois paiacuteses eacute no momento cerca de 30 milhotildees

de habitantes (Anexo D) A populaccedilatildeo portuguesa atinge os 10356117 hab enquanto que em

Espanha os nuacutemeros ascendem aos 40847371 hab Apesar deste significativo diferencial a

densidade populacional nacional eacute superior atingindo os 113 habkm2 em oposiccedilatildeo aos 84

habkm2 verificados em Espanha (Anexo E) Tomando por referecircncia todo o espaccedilo peninsular

(Anexo F) poderemos concluir que as regiotildees de maior concentraccedilatildeo populacional se encontram

junto agrave costa atlacircntica e mediterracircnica exceptuando-se a regiatildeo de Madrid situada bem no centro

da peniacutensula

As tendecircncias de evoluccedilatildeo para um horizonte ateacute 2040 dizem-nos que enquanto em Portugal

se prevecirc uma diminuiccedilatildeo ateacute aos 98 milhotildees de habitantes em Espanha espera-se um

crescimento ateacute aos 52 milhotildees (Anexo G) Analisando as piracircmides etaacuterias de ambos os Estados

verificamos a existecircncia de uma quase sobreposiccedilatildeo encontrando-se a maior parte da populaccedilatildeo

compreendida entre os 24 e os 40 anos (Anexo H) Contudo se atendermos agrave relaccedilatildeo entre as

taxas de natalidade e mortalidade poderemos constatar que em Espanha ambas seguem a mesma

tendecircncia de crescimento enquanto que em Portugal tendem para a convergecircncia isto eacute

verifica-se uma diminuiccedilatildeo da taxa de natalidade e um aumento da taxa de mortalidade (Anexo

I)

Na aacuterea da educaccedilatildeo deveraacute salientar-se a taxa de abandono escolar que apesar de se

encontrar em franca queda foi em 2003 no nosso Paiacutes claramente superior agrave verificada na

Espanha (Anexo J) Outro dado curioso diz respeito ao nuacutemero de mulheres que frequentam o

ensino superior no nosso Paiacutes (Anexo K) Este representa um adicional de 10 relativamente ao

valor atingido no vizinho espanhol Apesar dos fracos resultados obtidos nos exames de acesso

ao ensino superior os gastos na educaccedilatildeo representam em Portugal cerca de 6 do PIB

enquanto que na Espanha os valores representam apenas 44 (Anexo L)

Sobre a questatildeo da utilizaccedilatildeo de novas tecnologias nomeadamente a percentagem de

alojamentos com computador Portugal enquadra-se entre os 18 e os 30 com excepccedilatildeo da

regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo que se situa entre os 30 e os 35 Pelo contraacuterio a Espanha

enquadra a maior parte do seu territoacuterio em valores acima dos 30 atingindo mesmo o intervalo

entre os 35 e os 50 em regiotildees como Madrid Catalunha Paiacutes Basco Navarra e Aragatildeo

assim como em todas as regiotildees insulares incluindo Ceuta e Melilla (Anexo M)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 22

224 O mercado de trabalho

Considerando a distribuiccedilatildeo da populaccedilatildeo empregada por sector de actividade (Anexo N)

verifica-se que 636 da populaccedilatildeo espanhola activa se encontra empregada no sector dos

serviccedilos 308 na induacutestria e apenas 56 na agricultura Em Portugal 544 da populaccedilatildeo

activa estaacute empregada no sector dos serviccedilos 328 na induacutestria e 128 na agricultura Eacute no

miacutenimo estranho que um Paiacutes com menor superfiacutecie para cultivo tenha em termos

proporcionais mais do dobro da populaccedilatildeo empregada no sector agriacutecola

Importa salientar que actualmente as economias de ambos os paiacuteses se encontram cada vez

mais baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos Em Portugal (Anexo O) este sector

contribui com 67 do Valor Acrescentado Bruto (VAB) enquanto que o sector da induacutestria

construccedilatildeo e energia contribui com 29 e a agricultura com apenas 4 A Espanha (Anexo P)

apresenta proporcionalmente um quadro semelhante com o sector dos serviccedilos a contribuir com

6030 do PIB o sector da Industria construccedilatildeo e energia com 2663 do PIB e a agricultura

com apenas 299 do PIB

Relativamente agrave taxa de actividade feminina (Anexo Q) verifica-se que eacute favoraacutevel a Portugal

situando-se entre os 45 e os 55 valor apenas igualado nas regiotildees espanholas de Madrid da

Catalunha e do Paiacutes Basco Na maioria das restantes regiotildees da Espanha o valor situa-se entre os

30 e os 40 A vantagem portuguesa natildeo poderaacute ser dissociada tanto da necessidade de uma

maior contribuiccedilatildeo para o orccedilamento familiar como do facto da taxa de desemprego em Portugal

assumir um valor significativamente inferior agrave espanhola Enquanto que o nosso Paiacutes manteacutem

este indicador em 61 o espanhol atinge os 111 (Anexo R)

Relativamente agraves horas semanais efectivamente trabalhadas elas equivalem-se nos dois paiacuteses

situando-se nas 38 horas Contudo analisando os dias natildeo trabalhados devido a greves (Anexo

S) por cada mil empregados constata-se em Portugal uma constacircncia nos 29 dias enquanto que

na Espanha se verifica alguma irregularidade identificando-se os periacuteodos de maior contestaccedilatildeo

social que em 2000 atingiu os cerca de 300 dias Em 2002 o mesmo iacutendice mantinha-se 30 dias

acima do valor verificado em Portugal

225 As contas nacionais e o comeacutercio externo

Iniciaremos a anaacutelise abordando a taxa de crescimento anual do PIB a preccedilos constantes

(Anexo T) e de imediato se constata que ambos os paiacuteses apresentam tendecircncias opostas

Portugal apresenta a partir do ano 2000 um acentuado decreacutescimo decaindo dos cerca de 35

obtidos naquele ano ateacute aos cerca de -12 obtido em 2003 A Espanha iniciava em 2000 um

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 23

periacuteodo de decreacutescimo desde os cerca de 4 ateacute aos 2 de 2002 ano a partir do qual inicia a

tendecircncia de subida ateacute aos cerca de 24 em 2003

Relativamente ao PIB per capita a preccedilos correntes (Anexo U) a diferenccedila de valores entre os

dois paiacuteses eacute substancial contudo entre os anos de 1998 e 2002 verificou-se uma tendecircncia

semelhante de crescimento dos valores meacutedios deste iacutendice Dos 9900 euro obtidos em 1998

Portugal conseguiu atingir os 12500 euro em 2002 O vizinho peninsular nos mesmos anos passou

dos 13300 euro para os 17200 euro Neste paiacutes verificam-se valores mais elevados em Madrid

Catalunha Paiacutes Basco Navarra La Rioja Aragatildeo e as Ilhas Baleares os quais se situam entre os

17000 euro e os 23000 euro Em Portugal apenas se destaca a regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo onde se

obteacutem valores compreendidos entre os 14000 euro e os 17000 euro (Anexo V)

A Espanha eacute hoje em dia o principal parceiro comercial de Portugal ocupando a posiccedilatildeo

cimeira (Anexo W) As importaccedilotildees representam 291 enquanto que as exportaccedilotildees ascendem

aos 227 Relativamente agraves importaccedilotildees espanholas (Anexo X) o nosso Paiacutes ocupa a seacutetima

posiccedilatildeo com 32 surgindo em quinto lugar com 93 quando referidas as exportaccedilotildees

Relativamente agraves trocas comerciais com os restantes paiacuteses da UE (Anexo Y) constata-se uma

maior dependecircncia de Portugal representando em 2003 79 das exportaccedilotildees nacionais contra

os 71 espanhoacuteis e 77 das importaccedilotildees contra os 66 espanhoacuteis

Os principais produtos comercializados (Anexo Z) na direcccedilatildeo do paiacutes vizinho satildeo os veiacuteculos

automoacuteveis e os respectivos componentes com 134 seguindo-se o vestuaacuterio e acessoacuterios com

112 o equipamento eleacutectrico com 56 o ferro e o accedilo com 46 os produtos metaacutelicos

fabricados com 40 e os manufacturados de minerais natildeo metaacutelicos com 38 As exportaccedilotildees

da Espanha para o nosso Paiacutes revelam em primeiro lugar os veiacuteculos automoacuteveis e

componentes com 119 seguindo-se os artigos manufacturados diversos com 55 o vestuaacuterio

e acessoacuterios com 49 os equipamentos eleacutectricos com 45 papel e cartatildeo com 39 e as

maacutequinas de processamento de dados com 37

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia

Assentando as economias dos paiacuteses ibeacutericos fundamentalmente no sector dos serviccedilos

consideramos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de

actividade que constituem a estrutura base do sector Assim iremos analisar de forma breve o

sector energeacutetico sobre o qual tem estado na ordem do dia o impasse da implementaccedilatildeo do

Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica (MIBEL) a partilha de recursos hiacutedricos tema sempre

actual e directamente relacionado agrave produccedilatildeo de energia o sector bancaacuterio que tem representado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 24

a principal aacuterea de investimento espanhol no nosso Paiacutes e finalmente o sector das

telecomunicaccedilotildees que representa uma das aacutereas de partilha de investimento externo de maior

significado no acircmbito peninsular

231 O sector energeacutetico

O facto de Portugal e a Espanha natildeo serem auto-suficientes em termos energeacuteticos origina que

ambos dependam de fontes externas para alimentarem as suas necessidades tanto para os fins

domeacutesticos como para a sustentaccedilatildeo do seu tecido econoacutemico O consumo de energia primaacuteria

(Anexo AA) revela-nos que o petroacuteleo e os seus derivados ocupam o lugar cimeiro nas

necessidades dos dois paiacuteses representando 63 em Portugal e 52 na Espanha No nosso Paiacutes

seguem-se o carvatildeo com 16 outras energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 8 e a

energia hiacutedrica com 4 Na Espanha a ordem dos factores eacute semelhante surgindo na segunda

posiccedilatildeo o carvatildeo com 17 a energia nuclear com 13 o gaacutes natural com 12 outras energias

renovaacuteveis com 4 e finalmente a energia hiacutedrica com 2

No consumo final (Anexo AB) o petroacuteleo e os seus derivados representam 68 em Portugal

e 63 na Espanha Seguem-se relativamente a Portugal o sector eleacutectrico com 18 as outras

energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 4 e o carvatildeo com 2 Para a Espanha a

segunda posiccedilatildeo eacute ocupada pelo sector eleacutectrico com 18 seguindo-se o gaacutes natural com 14

as outras energias renovaacuteveis com 4 e finalmente o carvatildeo com 1

Para o sector estaacute prevista a implementaccedilatildeo de um acordo assinado entre os governos dos

dois paiacuteses no sentido da criaccedilatildeo do MIBEL Inicialmente previsto para 01 de Janeiro de 2003 o

projecto tem conhecido sucessivos adiamentos a que natildeo seraacute alheia a sensibilidade suscitada

pela questatildeo energeacutetica Eacute notoacuteria a dependecircncia de ambos os paiacuteses de recursos energeacuteticos

externos No entanto a Espanha apresenta no que diz respeito agrave produccedilatildeo maior diversidade de

recursos dado que ao contraacuterio de Portugal recorreu agrave produccedilatildeo nuclear

No que diz respeito agrave liberalizaccedilatildeo do sector a Espanha deteacutem um avanccedilo significativo

relativamente a Portugal Enquanto que o paiacutes vizinho dispotildee de vaacuterias empresas produtoras e

distribuidoras de energia com significativa importacircncia em Portugal apenas a Electricidade de

Portugal (EDP) se apresenta como a uacutenica com permissatildeo para operar no mercado Em face da

sua dimensatildeo as empresas espanholas poderatildeo intervir no mercado portuguecircs assumindo o

controlo tanto ao niacutevel de produccedilatildeo como na distribuiccedilatildeo A Iberdrola ldquoeacute o maior accionista

privado da EDPrdquo (MARTINS 2005b p15) e ldquoeacute jaacute o segundo maior investidor estrangeiro em

Portugalrdquo (MARTINS 2005b p15) No entanto desde Julho de 2004 que a empresa portuguesa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 25

assumiu o controlo pleno da espanhola Hidrocantaacutebrico que tambeacutem opera no mercado de gaacutes

natural

A questatildeo energeacutetica apresenta-se como uma das mais sensiacuteveis no relacionamento entre os

dois paiacuteses A situaccedilatildeo geograacutefica de Portugal impotildee que a maior parte das importaccedilotildees de

energia se efectuem atraveacutes do territoacuterio espanhol nomeadamente no que diz respeito agrave

importaccedilatildeo de gaacutes natural via gasoduto (Anexo AC) Esta fonte de energia primaacuteria atinge o

territoacuterio nacional atraveacutes da rede ibeacuterica de gasodutos que por sua vez chega agrave peniacutensula pelo

Estreito de Gibraltar utilizando a rede euro-magrebina com proveniencia na Argeacutelia Neste

quadro a possibilidade de recorrer ao Gaacutes Natural Liquefeito utilizando o porto de Sines poderaacute

minimizar o factor de dependecircncia exposto

232 A partilha de recursos hiacutedricos

A importacircncia atribuiacuteda agrave questatildeo dos recursos hiacutedricos decorre do facto de cinco dos

principais rios que percorrem o territoacuterio nacional terem a sua nascente no paiacutes vizinho

Referimo-nos aos rios Minho Lima Douro Tejo e Guadiana Para uma correcta avaliaccedilatildeo da

questatildeo hiacutedrica torna-se essencial conhecer as dimensotildees das respectivas bacias hidrograacuteficas

(SANTOS 2002) Relativamente ao rio Minho ela estende-se por 17080 km2 o rio Lima atinge

os 2480 km2 o Douro os 97600 km2 o Tejo 80600 km2 e o Guadiana os 66 800 km2 Das aacutereas

mencionadas percorrem territoacuterio nacional 5 48 19 31 e 17 respectivamente Os

recursos hiacutedricos superficiais gerados nas bacias hidrograacuteficas referidas representam cerca de

62900 hm3 o que corresponde a 45 do total dos recursos hiacutedricos de superfiacutecie gerados na

Peniacutensula Ibeacuterica isto eacute 140800 hm3 (SANTOS 2002)

Por outro lado a fronteira que separa os dois paiacuteses tem cerca de 1200 km de extensatildeo e 23

eacute estabelecida por rios O territoacuterio continental eacute assim constituiacutedo em mais de dois terccedilos por

bacias hidrograacuteficas cujos rios nascem do outro lado da fronteira Para gerir esta questatildeo

Portugal e a Espanha tecircm ao longo do tempo assinado vaacuterios conveacutenios nos quais ficaram

definidas regras como limites fronteiriccedilos o aproveitamento hidroeleacutectrico do rio Douro ou o

aproveitamento hidraacuteulico dos troccedilos internacionais dos rios Minho Lima Tejo Guadiana

Chanccedila e seus afluentes

O Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha surgiu no iniacutecio da deacutecada de 90 e foi apresentado

pelo executivo espanhol como sendo um instrumento fundamental para definir os objectivos da

poliacutetica de recursos hiacutedricos e os meios para os alcanccedilar A preocupaccedilatildeo surge quando nele se

refere a necessidade de efectuar transvazes dos rios Douro Tejo e Guadiana consideradas bacias

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 26

com capacidade excedentaacuteria para aacutereas geograacuteficas onde se verificassem situaccedilotildees de deacutefice

hiacutedrico Sendo a bacia do rio Douro considerada como a segunda de maior excedente de aacutegua a

ela caberia fornecer as bacias dos rios Tejo e Ebro num total ateacute 2012 que poderia atingir os

900 hm3 de aacutegua Contudo conjugando os transvazes com o aumento dos consumos de aacutegua a

diminuiccedilatildeo da afluecircncia agravequela bacia poderia atingir os 1600 hm3 Neste plano a bacia do rio

Tejo haveria de funcionar como charneira para a transferecircncia de aacutegua entre as regiotildees Norte e

Sul recebendo cerca de 1050 hm3 provenientes do Ebro e do Norte-Douro cedendo cerca de 900

hm3 distribuiacutedos pelas bacias do Segura Guadalquivir e do Guadiana

Os especialistas nacionais foram unacircnimes na criacutetica efectuada ao programa dizendo que

quaisquer que fossem as reduccedilotildees nos caudais dos rios internacionais teriam resultados

significativamente negativos podendo mesmo vir a afectar o equiliacutebrio hiacutedrico nacional Em

resultado de pressotildees internas e externas o documento foi abandonado e em 2001 o governo

espanhol apresentou um novo Plano Hidroloacutegico mais modesto nas ambiccedilotildees que prevecirc a

realizaccedilatildeo de transvazes apenas em rios natildeo internacionais

O posicionamento geograacutefico dos paiacuteses determina a desvantagem portuguesa tornando-o

dependente das acccedilotildees levadas a cabo no vizinho espanhol A necessidade de acompanhar as

tomadas de posiccedilatildeo espanholas sobre a questatildeo eacute permanente obrigando os responsaacuteveis

portugueses a desencadear um apurado relacionamento poliacutetico diplomaacutetico bem como um

adequado acompanhamento teacutecnico tendente a defender os interesses nacionais que poderatildeo estar

em causa

233 O sector bancaacuterio

A banca eacute uma das aacutereas mais importantes de investimento espanhol no nosso Paiacutes Vaacuterios

grupos espanhoacuteis do sector adquiriram importantes participaccedilotildees em destacados grupos

bancaacuterios portugueses como eacute o caso do Banco Santander Central Hispano (BSCH) que adquiriu

o Banco Totta e Accedilores o Creacutedito Predial Portuguecircs o Banco Santander Portugal e o Banco

Santander de Negoacutecios Pelo facto de o Banco Totta e Accedilores ser o quarto maior grupo nacional

(Anexo AD) em termos de activos e o terceiro relativamente aos grupos privados com uma cota

de mercado com cerca de 11 permitiu tornar o BSCH no maior da Peniacutensula Ibeacuterica

O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) o segundo maior banco espanhol deteacutem uma

cota no mercado portuguecircs que natildeo ultrapassa o 1 concentrando-se fundamentalmente no

segmento de mercado meacutedio e alto O Banco Sabadell de Barcelona participa num acordo de

participaccedilatildeo cruzada com o Banco Comercial Portuguecircs deteacutem cerca de 31 deste uacuteltimo que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 27

por sua vez deteacutem cerca de 3 do Sabadell podendo cada um aumentar a sua participaccedilatildeo ateacute

aos 20

Relativamente agrave participaccedilatildeo portuguesa em Espanha deveremos destacar a Caixa Geral de

Depoacutesitos o maior banco nacional ainda sob controlo estatal que eacute a instituiccedilatildeo bancaacuteria com

maior investimento em Espanha A sua intervenccedilatildeo naquele mercado iniciou-se em 1991 com a

aquisiccedilatildeo do Banco Extremadura o Banco Luso-espanhol e em 1995 o Banco Simeoacuten A

presenccedila da banca portuguesa em Espanha alarga-se tambeacutem a grupos privados destacando-se

o Banco Espiacuterito Santo que ldquose instalou com uma pequena rede de sucursais e adquiriu duas das

casas espanholas de bolsa a Benito y Monjardiacuten e a GES Capitalrdquo (CHISLETT 2004)

Eacute um facto que no sector da banca os espanhoacuteis se encontram em franca expansatildeo tendo

abandonando definitivamente o mercado domeacutestico (ALVES 2001 p158) O alvo preferencial eacute

o mercado portuguecircs que pela sua menor dimensatildeo natildeo tem no momento argumentos

financeiros que lhe permitam competir da mesma forma no mercado vizinho A absorccedilatildeo das

instituiccedilotildees bancaacuterias portuguesas por grupos espanhoacuteis deveraacute constituir uma preocupaccedilatildeo seacuteria

para os responsaacuteveis governativos portugueses dado que o desniacutevel eacute tatildeo expressivo que poderaacute

criar-se uma situaccedilatildeo de dependecircncia da banca portuguesa relativamente agrave espanhola

234 O sector das telecomunicaccedilotildees

A Portugal Telecom (PT) e a Telefoacutenica Moacuteviles (TEM) satildeo as duas empresas liacutederes do

ramo das telecomunicaccedilotildees nos respectivos paiacuteses Ambas mantecircm um acordo de participaccedilatildeo

cruzada ao abrigo do qual a empresa espanhola deteacutem 8 da portuguesa e a PT cerca de 1 da

TEM Para aleacutem deste acordo as empresas tecircm desenvolvido uma alianccedila estrateacutegica para o

Norte de Africa e Ameacuterica Latina Neste uacuteltimo continente designadamente no Brasil estas

empresas criaram a Vivo a marca comercial da Brasilcel que se tornou na maior operadora de

telefones moacuteveis natildeo soacute no Brasil mas em toda a Ameacuterica Latina Esta empresa conquistou uma

cota de mercado que ronda os 56 o que representa cerca de 23 milhotildees e meio de clientes

O Brasil eacute o uacutenico paiacutes da Ameacuterica Latina onde opera a PT no entanto a TEM eacute liacuteder de

mercado na Argentina Chile e Peru ocupando o segundo lugar no Meacutexico Esta uacuteltima empresa

reforccedilou a sua participaccedilatildeo noutros paiacuteses da regiatildeo adquirindo em Maio de 2004 a Bellsouth

operaccedilatildeo que lhe garantiu um adicional de 116 milhotildees de clientes transformando-a no quarto

maior operador de telefones moacuteveis do mundo Ambas as empresas investiram em finais de

2004 cerca de 425 milhotildees de euros de forma a aumentar a participaccedilatildeo em mais quatro

empresas brasileiras do sector a Telesudeste a Teleleste Celular a CTR Celular e a Tele Centro

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 28

Celular Em Marrocos o outro local do globo onde a parceria estrateacutegica das duas empresas

desenvolve as suas actividades adquiriram a operadora de telefones moacuteveis GSM Medi

Telecom conhecida tradicionalmente por Meacuteditel conferindo-lhes uma cota de mercado de

cerca de 43

Este eacute outro dos sectores pelo qual o Governo portuguecircs tem manifestado uma particular

atenccedilatildeo apesar de natildeo atingir niacuteveis de conflitualidade comparaacuteveis aos do sector dos recursos

hiacutedricos O facto ficou demonstrado na recente poleacutemica desencadeada entre as duas empresas e

que teve como origem a limitaccedilatildeo imposta agrave TEM em ultrapassar o limite de 1033 no capital da

PT O Estado portuguecircs accionista da PT ldquonatildeo achou por bem que a Telefoacutenica ultrapassasse o

patamar dos 10rdquo34 orientaccedilatildeo transmitida ao conselho de accionistas que acolheu a decisatildeo

evitando o confronto com o governo A TEM reagiu com dureza agrave decisatildeo fazendo questatildeo de

manifestar o seu desacordo atraveacutes de uma carta enviada ao conselho de accionistas onde

ameaccedilava ldquorecorrer aos meios necessaacuterios para salvaguardar os seus direitosrdquo (MARTINS

2005a) O diferendo aparentemente encontra-se solucionado e para isso deveraacute ter contribuiacutedo o

acordo na escolha do CEO da Vivo assim como do ldquoChairmanrdquo agora ambos brasileiros

33 A aquisiccedilatildeo do capital na PT teria por base o programa de compra de acccedilotildees proacuteprias da empresa Contudo os estatutos da PT determinam que nenhum accionista que exerccedila a mesma actividade que a operadora de telecomunicaccedilotildees pode ter na sua posse mais de 10 do capital salvo se autorizado pela Assembleia-geral 34 Entrevista de Miguel Horta e Costa CEO da PT ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 29

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL

O relacionamento entre Portugal e Espanha estava assente num modelo caracterizado pela

desconfianccedila e afastamento muacutetuo sentimentos justificados pelas posturas conflituais histoacutericas

que determinaram a necessidade de Portugal recorrer a uma alianccedila externa diferenciada da

desenvolvida pela Espanha como suporte da identidade e independecircncia nacionais A adesatildeo aos

espaccedilos comuns poliacutetico econoacutemico e de defesa determinaram a implementaccedilatildeo de um novo

figurino de relacionamento

A partir daquele momento os paiacuteses peninsulares deixaram de abraccedilar alianccedilas opostas

partilhando objectivos meios e dificuldades para os atingir O presente capiacutetulo aborda a questatildeo

da coabitaccedilatildeo de Portugal e da Espanha em espaccedilos comuns representados pela UE e Alianccedila

Atlacircntica assim como a ligaccedilatildeo aos espaccedilos regionais com os quais desenvolveram laccedilos

histoacutericos seculares e nos quais mantecircm interesses partilhados

31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica

A integraccedilatildeo na CEE representou para as populaccedilotildees de ambos os paiacuteses a possibilidade de

aspirarem agraves condiccedilotildees de vida existentes nos Estados mais evoluiacutedos da Europa O caminho

europeu foi entatildeo assumido por uma unanimidade sem precedentes nomeadamente na Espanha

onde todas as forccedilas poliacuteticas subscreveram os desiacutegnios da adesatildeo A inserccedilatildeo no projecto

europeu permitiu para aleacutem de alteraccedilotildees estruturais com o objectivo da convergecircncia com a

Europa mais desenvolvida o incremento do relacionamento econoacutemico e comercial nunca antes

atingido Hoje em dia o projecto de construccedilatildeo da UE envolve outros aspectos da vida dos

Estados prevendo-se a necessidade de se efectivarem cada vez mais transferecircncias de poderes

para as instituiccedilotildees europeias que determinam o surgimento de outros interesses na relaccedilatildeo de

poderes entre os Estados-membros

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE

Apoacutes os processos de democratizaccedilatildeo dos dois Estados impunha-se a Portugal muito mais do

que agrave Espanha para aleacutem da questatildeo do desenvolvimento econoacutemico a necessidade de redefinir

novas prioridades de relacionamento externo Para os dois paiacuteses o processo de adesatildeo e a

consequente integraccedilatildeo na CEE significava no plano interno a ldquoirreversibilidade do processo

democraacuteticordquo (SEABRA 1995 p7) assim como a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e

social que seguiriam a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental No plano externo abriam-se

novas oportunidades que punham fim ao isolamento internacional de ambos e os aproximaria

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 30

dos ldquocentros de decisatildeo europeusrdquo (SOUSA 2005a p8) assim como incrementava a

possibilidade de desenvolvimento de novas oportunidades de relacionamento bilateral

O ldquoduplo significado interno e externordquo (SEABRA 1995 p15) da integraccedilatildeo europeia

encontra-se espelhado nos objectivos referidos pelo Ministro das Financcedilas do Governo de

Portugal agrave data do processo negocial Ernacircni Lopes definidos para o meacutedio e longo prazo ldquoum

novo e outro o de semprerdquo (SOUSA 2005a p5) O ldquonovordquo referindo-se ao processo de

desenvolvimento econoacutemico e social o qual partia da premissa de que a economia portuguesa

necessitaria de um estiacutemulo exterior que a obrigasse a desencadear as mudanccedilas estruturais

necessaacuterias Para a consecuccedilatildeo deste objectivo estavam delineados os ldquocenaacuterios das trecircs linhasrdquo

(SOUSA 2005a p4) que determinavam trecircs possibilidades de colocaccedilatildeo da linha de separaccedilatildeo

entre o centro e a periferia da economia mundial O primeiro era o ldquocenaacuterio Pirineacuteusrdquo que

colocava a Peniacutensula Ibeacuterica na periferia subdesenvolvida o segundo o ldquocenaacuterio Vilar

Formosordquo considerado desastroso para Portugal que determinava uma Espanha integrada e

Portugal na zona perifeacuterica por uacuteltimo o ldquocenaacuterio Gibraltarrdquo que colocava a linha divisoacuteria em

Gibraltar inserindo os dois paiacuteses peninsulares na Europa Comunitaacuteria Com o ldquoobjectivo de

semprerdquo pretendia aludir agrave necessidade histoacuterica de assegurar a individualidade e a

sobrevivecircncia de Portugal neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico Daiacute a afirmaccedilatildeo de que a

nossa relaccedilatildeo com a Espanha tem de passar por Bruxelas

Relativamente agrave opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo europeia espanhola Portugal procurou

individualizar o seu processo negocial Por um lado tentou apresentar o pedido de adesatildeo antes

da Espanha e por outro deixava claro a existecircncia de duas realidades distintas Era sua intenccedilatildeo

evitar que fosse analisado o conjunto dada a forte convicccedilatildeo portuguesa de que havendo a

hipoacutetese de ldquoum bloqueio ao alargamento ele seria suscitado por causa da Espanhardquo (PEREIRA

2005 p9) pelas questotildees agriacutecolas Contudo os europeus pretendiam uma adesatildeo em

simultacircneo mesmo que como veio a ocorrer Portugal visse o seu processo de adesatildeo resolvido

antes do Espanhol Os alematildees eram os principais defensores da tese de entrada simultacircnea

evitando-se deste modo uma ldquohumilhaccedilatildeo desnecessaacuteriardquo (SOUSA 2005b p11) ao paiacutes

excluiacutedo Por outro lado para os europeus era importante manter o equiliacutebrio poliacutetico e

econoacutemico na Peniacutensula Ibeacuterica considerando que seria muito afectado no caso de se verificar a

adesatildeo de apenas um dos Estados

Concretizada a adesatildeo em simultacircneo a 1 de Janeiro de 1986 Portugal e a Espanha

mantiveram posicionamentos estruturalmente divergentes As opccedilotildees espanholas

frequentemente associadas agraves francesas e alematildes de reforccedilo da supranacionalidade e aceitaccedilatildeo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 31

de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e de convicccedilatildeo da

necessidade de implementaccedilatildeo de uma maior coordenaccedilatildeo e integraccedilatildeo da poliacutetica externa

europeia justificavam a oposiccedilatildeo de Portugal contrariando a necessidade de aprofundamento da

integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas

pela OTAN

Lanccedilada a temaacutetica da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria (UEM) e do aprofundamento da uniatildeo

poliacutetica no iniacutecio da deacutecada de 1990 a Espanha defenderia nas Conferecircncias

Intergovernamentais respectivas para aleacutem das posiccedilotildees jaacute referidas o reforccedilo dos poderes do

Parlamento Europeu e o princiacutepio de votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC Por outro lado

apoia o projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica e a coesatildeo econoacutemica e social assuntos sobre os

quais Portugal manifestava a sua total concordacircncia Contudo prevaleciam as diferenccedilas quando

abordadas as restantes questotildees nomeadamente quanto agrave votaccedilatildeo por maioria qualificada na

PESC onde entendia que a cada Estado deveria corresponder um voto

Na cimeira de Maastrich Portugal via concretizados os seus ldquoobjectivos centraisrdquo (SEABRA

1995 p23) vendo consagrado no Tratado a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia Tendo a

Espanha como protagonista os dois Estados desenvolvem nesta fase uma acccedilatildeo concertada para

a consecuccedilatildeo de objectivos comuns como a aprovaccedilatildeo do Fundo de Coesatildeo e do Pacote Delors

II No entanto no periacuteodo que se seguiu agrave sua assinatura a posiccedilatildeo espanhola iria divergir

novamente Estabelecera como objectivo prioritaacuterio colocar-se junto dos quatro grandes paiacuteses

europeus35 incentivando a diferenciaccedilatildeo entre paiacuteses grandes e pequenos na expectativa de vir a

reforccedilar os seus poderes objectivo a que Portugal e outros se opuseram com sucesso

O Tratado de Nice tendo em vista os futuros alargamentos introduziu algumas alteraccedilotildees ao

funcionamento da UE designadamente procedendo agrave reorganizaccedilatildeo das trecircs instituiccedilotildees

principais No Conselho Europeu (Apecircndice G) a principal instituiccedilatildeo decisoacuteria da Uniatildeo na

qual o nuacutemero de votos de que dispotildee cada paiacutes eacute ponderado em funccedilatildeo da dimensatildeo relativa da

sua populaccedilatildeo a Espanha aspirava colocar-se a par dos ldquoquatro grandesrdquo No entanto apesar de

ter visto crescer o nuacutemero de votos o resultado final natildeo lhe permitiu cumprir o objectivo a que

se propusera Na Comissatildeo Europeia as alteraccedilotildees centraram-se na atribuiccedilatildeo de um comissaacuterio

por Estado-membro enquanto que no Parlamento Europeu (Apecircndice H) agrave excepccedilatildeo da

Alemanha todos os paiacuteses viram diminuiacutedos a representaccedilatildeo de deputados

Mais uma vez se sublinha o desempenho diferenciado dos dois paiacuteses no processo de

construccedilatildeo europeia A Espanha manteve sempre um papel activo na edificaccedilatildeo da Europa

35 Alemanha Franccedila Gratilde-Bretanha e Itaacutelia

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 32

poliacutetica favoraacutevel ao reforccedilo da supranacionalidade agrave federalizaccedilatildeo europeia e agrave criaccedilatildeo de um

pilar de defesa autoacutenomo Jaacute Portugal manteve uma atitude cautelosa procurando uma evoluccedilatildeo

poliacutetica gradual defendendo a manutenccedilatildeo da sua posiccedilatildeo relativa nas instituiccedilotildees negando-se a

aceitar uma Europa a diferentes velocidades e apoiando o pilar europeu da OTAN No entanto

existiram periacuteodos em que os dois assumiram posiccedilotildees conjuntas de forma a atingirem objectivos

comuns Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social da obtenccedilatildeo dos diversos fundos financeiros e

da implementaccedilatildeo da moeda uacutenica

A actual crise vivida no seio da UE relativamente agrave validaccedilatildeo do texto do Tratado

Constitucional Europeu (TCE) documento jaacute aprovado pela Espanha em referendo poderaacute ser a

confirmaccedilatildeo da necessidade de manter algumas precauccedilotildees sobre as ambiccedilotildees de

aprofundamento poliacutetico na UE Contudo os responsaacuteveis portugueses tecircm mantido um discurso

favoraacutevel agrave evoluccedilatildeo preconizada e coincidente com a posiccedilatildeo espanhola Entendemos que ainda

natildeo estatildeo verdadeiramente dimensionadas as repercussotildees do ldquonatildeordquo francecircs e holandecircs na

evoluccedilatildeo da UE Portugal manteacutem uma posiccedilatildeo cautelosa consciente de que novas negaccedilotildees ao

texto do Tratado poderatildeo ter consequecircncias dramaacuteticas para o processo de construccedilatildeo europeu

312 O relacionamento econoacutemico

A adesatildeo agrave CEE conferiu agraves relaccedilotildees econoacutemicas e comerciais entre os dois vizinhos

peninsulares uma dinacircmica nunca antes conseguida Se ateacute aqui o relacionamento se quedava no

acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico era agora a vez da aacuterea econoacutemica conhecer um significativo

impulso Os reflexos econoacutemicos da integraccedilatildeo europeia fizeram-se sentir tanto no incremento

das trocas comerciais e no investimento bilateral como no crescimento e amadurecimento das

economias dos dois Estados

Analisando o desenvolvimento econoacutemico verifica-se uma significativa evoluccedilatildeo no sentido

da aproximaccedilatildeo agraves economias mais evoluiacutedas da Europa O rendimento per capita em Espanha

passou de um valor de aproximadamente 74 da meacutedia europeia em 1985 para 88 em 2004

enquanto que em Portugal o mesmo iacutendice passou no mesmo periacuteodo de 56 para cerca de

68 (Anexo AE) Entre 1994 e 2004 a Espanha atingia um crescimento econoacutemico anual meacutedio

de 3 do PIB enquanto que Portugal no mesmo periacuteodo se ficava pelos 23 (CHISLETT

2004)

O cenaacuterio macro econoacutemico nacional natildeo se apresentou nos uacuteltimos anos muito favoraacutevel

Para tal contribuiu o facto de natildeo ter sido cumprido o Pacto de Estabilidade e Crescimento

(PEC) em 2001 tendo-se atingido os 44 do PIB contra o equilibrado deacutefice espanhol Apesar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 33

de nos anos de 2002 e 2003 ter sido cumprido o limite de 3 imposto pela UE com 27 e

28 respectivamente os mesmos foram conseguidos com recurso a receitas extraordinaacuterias

designadamente a alienaccedilatildeo de patrimoacutenio No corrente ano tudo aponta para que o mesmo

limite seja novamente ultrapassado Contudo o Governo portuguecircs anunciou jaacute que natildeo iria

recorrer a medidas extraordinaacuterias para o controle do deacutefice Em contraponto deveremos

salientar o anuacutencio efectuado em 25 de Agosto uacuteltimo pelo Governo espanhol no qual deu conta

da eliminaccedilatildeo do deacutefice orccedilamental em 2006 ldquoprevendo jaacute um excedente orccedilamental de 02 do

PIBrdquo36

O investimento directo de Espanha em Portugal (Anexo AF) tem-se vindo a efectuar nos

mais diversos sectores de actividade nomeadamente no financeiro construccedilatildeo civil

supermercados e grandes armazeacutens serviccedilos combustiacuteveis turismo etc Estes valores

alcanccedilaram entre 1993 e 2003 a meacutedia anual de 1111 milhotildees de euros enquanto que os

investimentos directos meacutedios anuais de Portugal em Espanha referentes ao mesmo periacuteodo se

ficaram pelos 362 milhotildees de euros A aquisiccedilatildeo de grandes empresas nacionais por empresas

espanholas permite a abertura aos mercados exteriores onde aquelas jaacute se encontram fortemente

implantadas como eacute o caso do Brasil China e tambeacutem Angola e outros paiacuteses africanos

lusoacutefonos

No sector da construccedilatildeo operam no mercado nacional as principais empresas espanholas

como a Sacyr Vallehermoso detentora da Somague a Ferrovial a Dragados ou a FCC bem

como outras de menor dimensatildeo Os principais investimentos nacionais nesta aacuterea em territoacuterio

espanhol satildeo efectuados pela Cimpor a grande cimenteira nacional O sector dos combustiacuteveis eacute

tambeacutem amplamente explorado por empresas espanholas A Cepsa a primeira empresa a

instalar-se hoje em dia conta com mais de 150 estaccedilotildees de serviccedilo permitindo-lhe controlar uma

cota de mercado de aproximadamente 8 A Repsol que depois de ter adquirido em Julho de

2004 as 303 estaccedilotildees de serviccedilo da Shell portuguesa quadruplicou a sua cota de mercado

passando de 5 para os 19 Ainda assim em Portugal a Galp lidera com uma cota de mercado

de 45 atingindo os 5 de implantaccedilatildeo no paiacutes vizinho

Na aacuterea do vestuaacuterio a Espanha dispotildee de importantes empresas competindo em Portugal O

grupo Inditex o Cortefiel e o Corte Inglecircs satildeo as maiores do sector Relativamente ao primeiro

satildeo cerca de 200 lojas Entre outras destacam-se a Pull amp Bear Zara Massimo Dutti e

Stradivarius que representam um quarto das lojas que este importante grupo deteacutem fora da

Espanha O sector alimentar eacute tambeacutem uma aacuterea chave onde os espanhoacuteis apostam na expansatildeo

36 Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 34

internacional Satildeo os nossos principais fornecedores de carne peixe produtos laacutecteos frutas e

verduras salientando-se a forte implantaccedilatildeo da Pescanova ou Panrico

No acircmbito do relacionamento bilateral entendemos destacar o que se verifica entre a regiatildeo da

Galiza e o Norte de Portugal Estas satildeo as regiotildees dos dois paiacuteses que tecircm desenvolvido um

relacionamento de maior proximidade (CHISLETT 2004) Para tal tem contribuiacutedo o facto de

que como comunidade autoacutenoma a Galiza dispotildee de alguma liberdade para tratar determinadas

questotildees directamente com o governo Portuguecircs Nesta dinacircmica os principais actores tecircm sido

o sector privado Galego e o sector empresarial localizado na aacuterea metropolitana do Porto

Contudo a balanccedila tende mais uma vez claramente para o lado Espanhol Este relacionamento

tem sido incentivado pela poliacutetica regional da UE que atraveacutes da transferecircncia de verbas de

fundos especiacuteficos37 a aplicar em regiotildees cujo PIB per capita eacute 75 da meacutedia europeia

desenvolve projectos para promover a cooperaccedilatildeo transfronteiriccedila como eacute o caso do INTERREG

(Apecircndice I)

O actual niacutevel de relacionamento comercial e econoacutemico tende a crescer designadamente em

sectores que poderatildeo ser considerados estrateacutegicos para ambos os paiacuteses A exemplo o mercado

ibeacuterico de energia eleacutectrica e o idealizado projecto comum de gaacutes natural ou ainda o projecto

comum de ligaccedilatildeo ferroviaacuteria de alta velocidade que possibilitaraacute uma ligaccedilatildeo raacutepida entre as

mais importantes regiotildees portuguesas e espanholas Enfim o maior potencial econoacutemico do

nosso vizinho peninsular tem permitido agraves suas empresas uma faacutecil expansatildeo internacional na

qual o mercado portuguecircs tem desempenhado pela sua proximidade geograacutefica um papel de

iniciador O ldquoavanccedilo espanholrdquo a ldquoarmada espanholardquo ou a ldquoinvasatildeo espanholardquo satildeo designaccedilotildees

empregues pelos OCS nacionais para retratar a dinacircmica econoacutemica imposta pela Espanha no

mercado nacional

313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia

O actual enquadramento estrateacutegico mundial a par do alargamento progressivo do espaccedilo

europeu levou a UE a considerar a possibilidade de desenvolvimento de uma PESC Apesar do

gradual desenvolvimento do processo poliacutetico e do reforccedilo da supranacionalidade as questotildees de

poliacutetica externa e de seguranccedila e defesa satildeo assuntos sobre os quais os Estados-membros da UE

mantecircm um controlo independente Neste caso a Comissatildeo Europeia e o Parlamento Europeu

desempenham ainda um papel de pouca relevacircncia tendo em conta que as acccedilotildees desenvolvidas

neste acircmbito deveratildeo ser decididas por concertaccedilatildeo intergovernamental

37 FEDER

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 35

Para conferir capacidade interventora no acircmbito da seguranccedila e defesa o Conselho Europeu

de Helsiacutenquia em 1999 delineou um Headline Goal que previa ateacute 2003 estar em condiccedilotildees de

colocar no terreno num prazo de 60 dias uma Forccedila militar com cerca de 60000 efectivos com

apoio naval e aeacutereo a qual designou de Forccedila de Reacccedilatildeo Raacutepida Para a coordenaccedilatildeo da Forccedila

a UE passava a contar38 com o Comiteacute Poliacutetico e de Seguranccedila o Comiteacute Militar da Uniatildeo

Europeia e o Estado-Maior da Uniatildeo Europeia colocados sob a autoridade do Conselho

Europeu

Com a elaboraccedilatildeo do ldquodocumento Solanardquo foram definidas ldquoas cinco ameaccedilas mais

importantesrdquo (CHARLES 2005 p70) agrave seguranccedila europeia o terrorismo a proliferaccedilatildeo de

armas de destruiccedilatildeo maciccedila os conflitos regionais os Estados falhados e o crime organizado

Em face desta tipologia de ameaccedilas foi constatada a necessidade de conferir maior flexibilidade

e prontidatildeo agrave Forccedila Europeia pelo que por uma iniciativa franco-britacircnica procedeu-se agrave

revisatildeo dos objectivos definidos pela Headline Goal surgindo o actual conceito de Battle

Groups Trata-se de agrupamentos taacutecticos formados por cerca de 1500 efectivos dotados de

capacidade de projecccedilatildeo com possibilidades de sustentaccedilatildeo entre 30 a 120 dias

A Espanha espera poder operar duas destas unidades taacutecticas ateacute 2007 facto a que Portugal

natildeo deveraacute ficar indiferente A participaccedilatildeo nacional prevista tambeacutem para 2007 seraacute a da

constituiccedilatildeo de um Battle Group estando ainda por definir a contribuiccedilatildeo no segundo semestre

daquele ano39 para a formaccedilatildeo de outra unidade semelhante Atendendo agrave diferenccedila de potencial

econoacutemico e militar entre os dois paiacuteses entende-se que a participaccedilatildeo nacional possa ser de

menor dimensatildeo Contudo Portugal natildeo deveraacute esquecer que a UE vive uma fase de

alargamento para mais dez paiacuteses a qual exige um processo de reorganizaccedilatildeo interna onde os

Estados de menor dimensatildeo procuram natildeo perder o statu quo adquirido Assim eacute de relevante

importacircncia a participaccedilatildeo nas iniciativas europeias de forma a conseguir maior visibilidade e

credibilidade para que a voz portuguesa possa ser audiacutevel e natildeo associada apenas ao grupo dos

destinataacuterios de fundos

A adesatildeo dos paiacuteses ibeacutericos agrave UE permitiu a envolvecircncia de novos destinos nos desiacutegnios da

poliacutetica externa comunitaacuteria Eacute sabido que Portugal e Espanha desenvolveram ao longo dos anos

relaccedilotildees privilegiadas com aqueles que foram os seus territoacuterios de expansatildeo Sobre Portugal

referimo-nos agrave Aacutefrica lusoacutefona e ao Brasil relativamente ao vizinho Espanhol agrave Ameacuterica do Sul

e a Marrocos Por outro lado a inserccedilatildeo mediterracircnica de ambos acentua as perspectivas de

relacionamento entre a UE e os paiacuteses do flanco sul do Mar Mediterracircneo que por ser a fronteira 38 A partir do Conselho Europeu de Nice em 2000 39 Presidecircncia portuguesa da UE

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 36

Sul da UE e ao mesmo tempo uma regiatildeo instaacutevel em termos de seguranccedila eacute objecto de

particular preocupaccedilatildeo O interesse estrateacutegico da regiatildeo mediterracircnica ficou bem patente pela

realizaccedilatildeo em Novembro de 2005 da cimeira de Barcelona efectuada por iniciativa espanhola e

italiana e que contou com o apoio de Portugal

Os fluxos migratoacuterios ilegais utilizam os paiacuteses peninsulares como a porta de entrada num

espaccedilo que representa a esperanccedila para uma vida melhor A afinidade cultural eacute para sul-

americanos africanos e ateacute de proveniecircncia do Leste Europeu a justificaccedilatildeo para que se

submetam ao risco de um regresso de ldquomatildeos vaziasrdquo e em alguns casos ateacute a morte A esta

situaccedilatildeo natildeo ficou indiferente o crime organizado que tem tirado partido da ilusatildeo provocada

pela possibilidade de entrada no espaccedilo europeu Esta questatildeo tem suscitado um acreacutescimo de

responsabilidade perante os restantes parceiros europeus pelo que o controle dos fluxos

migratoacuterios representa um importante impulsionador do relacionamento bilateral

32 A Alianccedila Atlacircntica

O periacuteodo do poacutes-II Guerra Mundial em Portugal foi dominado pela discussatildeo da forma

como o Paiacutes se deveria integrar no sistema militar de defesa ocidental A poleacutemica40 confrontava

dois modelos de um lado aquele que foi idealizado pelo General Santos Costa e que se apoiava

no conceito de ldquobastiatildeo ibeacutericordquo Estava encontrada a forma de revitalizar o Pacto Peninsular

definindo os Pirineacuteus como o ponto ideal para em conjunto Portugal e Espanha procederem agrave

defesa da Peniacutensula Ibeacuterica de uma possiacutevel invasatildeo Sovieacutetica O segundo modelo

protagonizado pelo General Raul Esteves contrariava a tese ibeacuterica referindo que por um lado

os Pirineacuteus natildeo seriam um obstaacuteculo inibidor dado que poderiam ser contornados por outro a

defesa naquele sistema montanhoso pela sua proximidade e localizaccedilatildeo jaacute bem no extremo

ocidental europeu natildeo interessava nem a Portugal nem agrave Europa

Dando razatildeo agrave orientaccedilatildeo proposta pelo General Raul Esteves eacute endereccedilado a Portugal o

convite para integrar o bloco de paiacuteses que participariam no sistema defensivo do Atlacircntico

Norte No entanto o processo de integraccedilatildeo de Portugal natildeo seria afastado de uma acesa

poleacutemica Embora nada tendo a ver com a redacccedilatildeo do texto do Tratado natildeo deixava de levantar

determinadas questotildees41 (FERREIRA 1989 p59) Em primeiro lugar encontrava-se a

referecircncia agrave Carta da ONU OI a que o Paiacutes natildeo pertencia em segundo as referecircncias ao modelo

democraacutetico parlamentar e por uacuteltimo a sua duraccedilatildeo que se prolongava por vinte anos sendo

40 Assunto que Joseacute Medeiros Ferreira faz referecircncia nas suas obras ldquoUm Seacuteculo de Problemas As Relaccedilotildees Luso-Espanholas da Uniatildeo Ibeacuterica agrave Comunidade Europeiardquo e ldquoA Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeiasrdquo 41 Em referecircncia a uma alocuccedilatildeo de Nuno Severiano Teixeira

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 37

neste caso as reservas portuguesas justificadas pelo periacuteodo considerado demasiado alargado

podendo pocircr em causa o estatuto de neutralidade mantido ateacute agrave data

Contudo o factor de maior poleacutemica reservava-se para a questatildeo espanhola novamente a

questatildeo espanhola O vizinho peninsular permanecia sob um regime de isolamento imposto pela

comunidade internacional que o impedia de se inserir no arranjo estrateacutegico do poacutes-guerra

Apesar da importacircncia estrateacutegica atribuiacuteda a Portugal e do lugar de destaque que

consequentemente passaria a ocupar o Presidente do Conselho mostrava fortes reservas agrave

exclusatildeo da Espanha Em primeiro lugar estava o facto do vazio geograacutefico e estrateacutegico que a

ausecircncia espanhola originava em segundo a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia

proporcionar e por fim porque a adesatildeo portuguesa teria significados distintos nos casos da

Espanha estar ou natildeo incluiacuteda no grupo dos assinantes do Tratado

Para o Governo Portuguecircs liderado por Oliveira Salazar a Peniacutensula Ibeacuterica constituiacutea uma

ldquounidade geograacutefica e estrateacutegicardquo (VICENTE 2003 p242) e natildeo seria possiacutevel estabelecer um

sistema defensivo eficaz sem a inclusatildeo do vizinho de sempre Por outro lado considerava que

uma alteraccedilatildeo poliacutetica motivada por uma orientaccedilatildeo sovieacutetica teria reflexos directos em

Portugal e na Europa Ocidental Os motivos justificavam a forte acccedilatildeo diplomaacutetica desenvolvida

pelo governo nacional no sentido da Espanha ser incluiacuteda nos subscritores iniciais do Tratado

Para os parceiros ocidentais o afastamento da Espanha era motivado pelo regime poliacutetico

vigente e pela postura poliacutetico-estrateacutegica que o paiacutes desenvolveu desde o periacuteodo da guerra

civil ateacute ao conflito mundial que haacute pouco terminara Sobre o tema acrescenta Antoacutenio Telo era

uma forma dos aliados reduzirem o nuacutemero de parceiros com quem dividir a ajuda militar

americana assim como de evitarem a tentaccedilatildeo de defender a Europa nos Pirineacuteus sacrificando

paiacuteses como a Alemanha Franccedila ou Itaacutelia (TELO 1999 p78)

Franco fazia saber da disponibilidade da Espanha em participar dos acordos estabelecidos

pelos paiacuteses ocidentais enquanto que o seu irmatildeo representante diplomaacutetico em Portugal

mostrava a sua preocupaccedilatildeo na exclusatildeo espanhola em face da participaccedilatildeo portuguesa

considerando que seria criada uma situaccedilatildeo de dependecircncia que reforccedilava o isolamento

internacional Procurando evitar a entrada de Portugal a Espanha alude agrave consequente

desvalorizaccedilatildeo do Pacto Peninsular afirmando que no seio do Tratado do Atlacircntico natildeo seria

possiacutevel ao Estado portuguecircs manter os compromissos bilaterais anteriormente assumidos As

conversaccedilotildees entre ambos levaram a que o Pacto Peninsular fosse reafirmado e prorrogado por

mais dez anos recebendo a Espanha as garantias de que o novo enquadramento estrateacutegico

portuguecircs em nada influiria no cumprimento das claacuteusulas previstas no Acordo peninsular

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 38

Portugal encontrava-se colocado numa situaccedilatildeo de primazia assumindo a representatividade

Ibeacuterica no bloco ocidental A importacircncia geopoliacutetica e geoestrateacutegica do espaccedilo portuguecircs

particularmente a posiccedilatildeo dos Accedilores era reconhecida internacionalmente bem como o estatuto

de diferenciaccedilatildeo relativamente ao vizinho ibeacuterico Desta forma mantinha-se a vocaccedilatildeo atlacircntica

nacional assim como se achava o substituto britacircnico para a alianccedila com a potecircncia mariacutetima

No entanto a Espanha encontrava no relacionamento bilateral com os EUA a hipoacutetese que lhe

escapou no quadro multilateral Ainda em 1949 assinava um acordo de concessatildeo de creacutedito42

com os EUA que permitiu em 1953 a assinatura do Conveacutenio Sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

o Conveacutenio sobre Ajuda Econoacutemica

A permanecircncia de Portugal na Organizaccedilatildeo permitiu cumprir alguns programas de

reequipamento das Forccedilas Armadas e ainda efectuar a actualizaccedilatildeo teacutecnica e operacional dos

seus quadros colocando-os a par da doutrina seguida pelos paiacuteses ocidentais Contudo a guerra

no ultramar motivou um periacuteodo de afastamento de Portugal das actividades desenvolvidas pela

OTAN que impedia o empenhamento do material cedido no acircmbito do Tratado no esforccedilo de

guerra ultramarino Apesar dos motivos que desencadearam o afastamento nunca foi posta em

causa a permanecircncia portuguesa na OTAN mantendo-se a cooperaccedilatildeo tanto no quadro

multilateral como no quadro bilateral O relacionamento prolongou-se pelo periacuteodo de

instabilidade no decorrer do processo de alteraccedilatildeo do regime sendo o assunto da permanecircncia

no seio da Organizaccedilatildeo uma questatildeo de amplo consenso entre os principais partidos poliacuteticos

nacionais

A Espanha assinou em Maio de 1982 o protocolo de adesatildeo agrave OTAN No entanto o pedido

espanhol tinha desencadeado movimentos de oposiccedilatildeo por parte de socialistas e comunistas

originando um processo que natildeo se revelava de conclusatildeo faacutecil O PSOE ao assumir o poder

mudava de opiniatildeo contudo fazia desencadear um processo de consulta popular que iria

confirmar a opccedilatildeo de entrada na concertaccedilatildeo estrateacutegica ocidental A adesatildeo espanhola trazia

uma situaccedilatildeo nova agraves relaccedilotildees bilaterais Os dois paiacuteses encontravam-se agora verdadeiramente

integrados nas mesmas alianccedilas eram parceiros econoacutemicos numa comunidade com ambiccedilotildees de

integraccedilatildeo poliacutetica e pertenciam ao mesmo tratado poliacutetico-militar A situaccedilatildeo era tatildeo nova que

natildeo deixa de ser salientada por Maria Joatildeo Seabra da seguinte forma ldquoCom a entrada da

Espanha na NATO Portugal sentiu-se ameaccedilado pelas suas possiacuteveis ambiccedilotildees

geosestrateacutegicasrdquo Era a tomada de consciecircncia por parte de Portugal no sentido de pensar que a

42 Recorda-se que a Espanha se viu afastada do apoio concedido no acircmbito do Plano Marshall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 39

nossa diferenciaccedilatildeo estrateacutegica poderia natildeo permitir o peso suficientemente deixando de

constituir o garante de identidade

Os receios apesar de justificados natildeo encontraram correspondecircncia na praacutetica O interesse

geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na

Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses Foi o

caso da integraccedilatildeo de todo o territoacuterio nacional sob o mesmo Comando OTAN e ainda a

permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa relevacircncia como

foram o IBERLANT o SOUTHLANT e eacute actualmente o JC Lisbon (Anexo AG) Neste acircmbito

no quadro do relacionamento bilateral com a Espanha Portugal apoiou a localizaccedilatildeo de um

Comando da OTAN no seu territoacuterio (Anexo AH) o que se viria a verificar apoacutes a sua entrada na

estrutura militar da Alianccedila

A adesatildeo espanhola colocou os dois paiacuteses ibeacutericos numa situaccedilatildeo de partilha e convivecircncia

no seio da mesma alianccedila poliacutetico-militar para a qual tecircm contribuiacutedo activamente em diversas

missotildees sob a tutela da OTAN A disponibilidade de forccedilas eacute compatiacutevel com a realidade

econoacutemica de cada um dos paiacuteses no entanto ambos consideram necessaacuterio o empenhamento no

sentido de tornar efectivo o conceito de ldquoseguranccedila partilhada e cooperativardquo (ARMESTRE

2005 p7) para assim tambeacutem colmatarem as respectivas vulnerabilidades estrateacutegicas

Contudo apoacutes uma anaacutelise efectuada aos documentos43 que determinam as directivas

estrateacutegicas de defesa nacional constata-se o facto de cada um atribuir um grau de prioridade

diferente ao papel a desempenhar no seio da OTAN

Para a Espanha eacute clara a prioridade Europeia bem expressa no primeiro paraacutegrafo do ponto 2

da DDN a qual refere que ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de

intereacutes prioritario somos Europa y nuestra seguridad estaacute indisolublemente unida a la del

continenterdquo ainda que ldquoEspantildea promoveraacute e impulsionaraacute una autentica poliacutetica europea de

seguridad y defensa (hellip)rdquo As referecircncias agrave OTAN estatildeo inseridas no acircmbito do relacionamento

transatlacircntico Sobre o assunto diz ldquoEsta prioridad es compatible com una relacioacuten

transatlacircntica robusta y equilibrada un elemento tambieacuten esencial de la defensa europea (hellip)rdquo

ldquoEn este sentido Espantildea es un aliado firme e claramente comprometido com la Alianza

Atlacircntica y ademaacutes mantiene una relacioacuten estrecha y consolidada com los Estados Unidos una

relacioacuten que debe estar articulada sobre la lealtad el diaacutelogo la confianza y el respeto

reciacuteprocosrdquo Fica pois clara a tradicional posiccedilatildeo espanhola junto da UE jaacute referida no sub-

capiacutetulo anterior dando clara preferecircncia agrave criaccedilatildeo de um pilar de defesa europeu autoacutenomo

43 Espanha Directiva de Defensa Nacional 12004 Portugal Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 40

Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma oposta O Conceito Estrateacutegico de Defesa

Nacional (CEDN) no seu ponto 72 define que ldquoo sistema de seguranccedila e defesa de Portugal

tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo e prossegue salientando que ldquoa NATO

corresponde agrave melhor opccedilatildeo de Portugal no quadro de defesa do nosso espaccedilo estrateacutegico e da

nossa valorizaccedilatildeo estrateacutegicardquo No que diz respeito ao viacutenculo transatlacircntico o mesmo

documento sublinha a necessidade de se manter o bom relacionamento entre a Europa e os EUA

expressando a posiccedilatildeo nacional relativamente agrave opccedilatildeo pela ldquovisatildeo de complementaridade e

articulaccedilatildeo entre as poliacuteticas de defesa e seguranccedila que se desenvolvem na NATO e na UE (hellip)rdquo

em alusatildeo ao reforccedilo do pilar europeu da NATO Eacute clara a tendecircncia atlacircntica portuguesa no

acircmbito da seguranccedila e defesa complementada com a opccedilatildeo pelo pilar europeu da OTAN

posiccedilatildeo tradicionalmente assumida por Portugal no seio das instituiccedilotildees europeias

Pese embora a diferenccedila de colocaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica dos dois paiacuteses peninsulares foi no

acircmbito do relacionamento multilateral e da coabitaccedilatildeo no seio das OI referidas neste trabalho

que Portugal e Espanha assumiram uma tomada de posiccedilatildeo comum Referimo-nos ao apoio

prestado aos EUA por altura da realizaccedilatildeo da Cimeira dos Accedilores e que motivou a acccedilatildeo militar

no Iraque Enquanto Portugal manteve o seu alinhamento tradicional a Espanha toma uma

posiccedilatildeo que a afasta do quadro habitual das suas alianccedilas isto eacute junto do eixo Franco-Alematildeo O

assunto poderaacute natildeo ser alheio agrave orientaccedilatildeo poliacutetica do governo espanhol dado que apoacutes as

eleiccedilotildees Joseacute Luiacutes Zapatero apesar de natildeo retirar o apoio poliacutetico aos EUA faz regressar o

efectivo militar espanhol presente no Iraque Fica desta forma expressa a possibilidade de apesar

de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas poderem assumir diferentes

orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

O facto de serem assumidas posiccedilotildees distintas relativamente ao papel a desempenhar pelas

duas organizaccedilotildees na seguranccedila e defesa europeia eacute numa perspectiva de complementaridade e

de colaboraccedilatildeo que estas tecircm desempenhado as suas acccedilotildees Neste acircmbito foram assinados

vaacuterios acordos de cooperaccedilatildeo que contribuiacuteram por um lado para o reforccedilo da Identidade

Europeia de Seguranccedila e Defesa por outro para evitar duplicaccedilotildees de recursos Neste quadro de

complementaridade deveraacute ser salientada a preocupaccedilatildeo comum sobre os espaccedilos regionais dos

quais se destaca a questatildeo da regiatildeo Sul do Mediterracircneo com particular interesse para Portugal

e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 41

33 Os espaccedilos regionais

Para aleacutem dos interesses de Portugal e da Espanha se encontrarem bem expressos nos espaccedilos

de coabitaccedilatildeo jaacute referidos outros existem que consideramos de significativa relevacircncia os

relacionados com a respectiva identidade histoacuterica formada ao longo dos seacuteculos e que deixaram

linhas de contacto insoluacuteveis pelo tempo Neste acircmbito abordaacutemos a presenccedila de cada um dos

Estados nos espaccedilos regionais preferenciais no caso portuguecircs a CPLP relativamente agrave

Espanha a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas que Portugal tambeacutem integra e ainda a

aacuterea Sul do Mediterracircneo de significativa importacircncia tambeacutem para a UE e a OTAN

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

A CPLP deu os seus primeiros passos quando em Novembro de 1989 o Presidente brasileiro

Joseacute Sarney tomou a iniciativa de realizar uma cimeira entre os sete paiacuteses de liacutengua oficial

portuguesa44 No evento onde participaram os respectivos Chefes de Estado ficou decidida a

criaccedilatildeo do Instituto Internacional de Liacutengua Portuguesa com o objectivo de difundir o idioma

que irmanava os Estados participantes Seguiram-se diversas iniciativas de acircmbito ministerial as

quais deram origem agrave realizaccedilatildeo em 17 de Julho de 1996 da cimeira final de criaccedilatildeo da CPLP

que hoje conta com a participaccedilatildeo de Timor-Leste45

A organizaccedilatildeo representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo

geograacutefico multicontinental e descontinuo onde as eventuais desvantagens que daqui decorrem

satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que culminaram numa identidade

cultural proacutepria alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial A comunhatildeo de identidade

permitiu tambeacutem uma comunhatildeo de interesses que motivaram a definiccedilatildeo dos objectivos

gerais46 da Comunidade centrados na concertaccedilatildeo poliacutetico-diplomaacutetica entre os seus Estados-

membros na cooperaccedilatildeo nos diversos domiacutenios da governaccedilatildeo assim como na promoccedilatildeo e

difusatildeo da liacutengua portuguesa

As acccedilotildees ateacute agora desenvolvidas por Portugal tecircm-lhe permitido assumir um papel

determinante no desenhar do futuro das naccedilotildees lusoacutefonas africanas como foi o caso da

participaccedilatildeo nos vaacuterios processos de paz que o transformaram num actor determinante Os

diversos projectos de cooperaccedilatildeo jaacute desenvolvidos tecircm contribuiacutedo tambeacutem para que o Paiacutes

possa vir a ocupar o lugar de principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as

desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil 44 Angola Brasil Cabo Verde Moccedilambique Portugal Guineacute e Satildeo Tomeacute e Priacutencipe 45 Timor-Leste concretizou a sua adesatildeo em 20 de Maio de 2002 depois de concluiacutedo o processo de reconquista da sua independecircncia 46 httpwwwcplporg

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 42

Este eacute o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da

OTAN O facto de ser o uacutenico Paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-

lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a

cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE Desta forma ter acesso aos recursos naturais e

mateacuterias-primas de Aacutefrica e Brasil bem como agraves Organizaccedilotildees de cariz econoacutemico a que cada

um dos paiacuteses pertence

332 O Mediterracircneo e o Magreb

O relacionamento com os paiacuteses da regiatildeo Sul do Mediterracircneo tem sido de particular

preocupaccedilatildeo para a UE e a OTAN Para aleacutem da instabilidade poliacutetica e de seguranccedila que

caracteriza alguns dos Estados eacute uma zona economicamente carenciada de parco

desenvolvimento social e onde o factor extremismo religioso se faz sentir com elevada

intensidade Eacute pois uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e potencialmente geradora de situaccedilotildees

de crise o que lhe confere uma relevacircncia estrateacutegica que tem justificado o desenvolvimento de

programas especiais com o objectivo de promover a seguranccedila o desenvolvimento econoacutemico e

a estabilidade poliacutetica

Apesar de Portugal e Espanha partilharem de uma forma geral da sensibilidade europeia

sobre esta zona do Globo eacute sobre o Magreb que concentram as suas principais atenccedilotildees As

preocupaccedilotildees de ambos os paiacuteses manifestam-se de forma coincidente com as referidas no

paraacutegrafo anterior que em caso de agravamento poderatildeo motivar a degradaccedilatildeo social e a

provaacutevel expansatildeo dos reflexos da crise ao Sul da Europa com especial incidecircncia na Peniacutensula

Ibeacuterica O aumento dos fluxos migratoacuterios em busca de seguranccedila e prosperidade transformam

os paiacuteses da peniacutensula especialmente a Espanha na porta de entrada para o espaccedilo europeu

Agraves preocupaccedilotildees jaacute referidas deveraacute adicionar-se a questatildeo da seguranccedila do gasoduto euro-

magrebino Esta infra-estrutura tem a finalidade de proceder ao abastecimento da Peniacutensula

Ibeacuterica de gaacutes natural tornando-se por isso de capital importacircncia para os dois Estados As

necessidades de garantir um abastecimento energeacutetico seguro representam outro dos factores que

colocam o relacionamento bilateral e multilateral com os paiacuteses do Magreb num patamar que

transcende as questotildees de identidade histoacuterica e cultural colocando-as num patamar de acircmbito

poliacutetico-estrateacutegica

Enquanto que as acccedilotildees de cariz bilateral satildeo enquadradas no acircmbito das cimeiras que

Portugal e Espanha individualmente desenvolvem eacute no campo multilateral que tecircm sido

edificadas as iniciativas de maior impacto No acircmbito da OTAN o ldquoDiaacutelogo para o

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 43

Mediterracircneordquo onde Portugal Espanha Itaacutelia Greacutecia e por vezes com o apoio dos EUA

desenvolvem iniciativas com vista ao incremento das condiccedilotildees de estabilidade e de seguranccedila

regional No acircmbito da UE deveremos salientar aquele que ficou conhecido pelo ldquoProcesso de

Barcelonardquo Esta iniciativa desenvolvida no decurso da presidecircncia espanhola decorreu em

Novembro de 1995 e contou com a participaccedilatildeo dos quinze da UE e de doze PTM47 A

negociaccedilatildeo incidiu em trecircs aacutereas distintas a ldquocooperaccedilatildeo poliacutetica e de seguranccedila a cooperaccedilatildeo

econoacutemica e a cooperaccedilatildeo social cultural e humanardquo (CRAVINHO et al 1996 p162) definindo

objectivos que se estendem ateacute ao ano de 2010

Portugal e Espanha tecircm na regiatildeo mediterracircnica fundamentalmente sobre o Magreb um

elevado nuacutemero de interesses comuns que se estendem agraves OI onde se encontram inseridos Pela

proximidade geograacutefica identidade histoacuterica e cultural os dois paiacuteses poderatildeo continuar a

desempenhar um papel determinante no desenvolvimento destas iniciativas de cooperaccedilatildeo Em

face da maior visibilidade e empenhamento espanhol do qual natildeo eacute alheia a questatildeo colonial e a

actual posse das Praccedilas de Ceuta e Melilla Portugal tem sabido impor a sua presenccedila nos

diferentes fora de negociaccedilatildeo podendo inclusive tirar partido das relaccedilotildees de crispaccedilatildeo entre

Espanha e Marrocos que por vezes a questatildeo territorial provoca

333 A Ibero-Ameacuterica

Por definiccedilatildeo a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados

soberanos da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Assim apesar

de nos referirmos a dois grandes continentes a questatildeo limita-se ao espaccedilo regional que sofreu a

influecircncia colonizadora de Portugal e Espanha isto eacute o Brasil e as Ameacutericas Central e do Sul

Natildeo obstante os dois Estados ibeacutericos terem marcado profundamente a evoluccedilatildeo histoacuterica da

regiatildeo sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute

concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a maior capacidade de

intervenccedilatildeo portuguesa no Brasil

Com a adesatildeo de Portugal e Espanha agrave CEE esta organizaccedilatildeo adquiriu novas e poderosas

capacidades de negociaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e intervenccedilatildeo numa zona do Globo com a qual ateacute aiacute

mantinha apenas relaccedilotildees bilaterais de caraacutecter eminentemente comercial sem qualquer caraacutecter

de prioridade As similitudes histoacutericas culturais e linguiacutesticas fazem dos dois paiacuteses os

interlocutores privilegiados da UE numa regiatildeo particularmente rica em mateacuterias-primas e

47 Argeacutelia Chipre Egipto Israel Jordacircnia Liacutebano Malta Marrocos Siacuteria Tuniacutesia Turquia e a Autoridade Palestiniana A Liacutebia foi o uacutenico Paiacutes da regiatildeo que natildeo foi convidado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 44

recursos naturais onde se encontram constituiacutedas vaacuterias Organizaccedilotildees Internacionais48 do tipo

econoacutemico e comercial com as quais a UE poderaacute relacionar-se

As Cimeiras Ibero-Americanas realizadas anualmente satildeo o foacuterum privilegiado para o

relacionamento entre os vinte e um membros desta Comunidade de Naccedilotildees Nelas satildeo debatidos

problemas comuns assim como questotildees prementes do acircmbito internacional dado que contam

com as representaccedilotildees efectuadas ao niacutevel dos Chefes de Estado e de Governo dos Estados-

membros sendo de salientar que este eacute o uacutenico foacuterum internacional no qual o Rei de Espanha

marca presenccedila regular Poderatildeo tambeacutem assistir relevantes figuras da cena internacional

ocupando o lugar de convidados

A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da

Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos (MALAMUD

2005) Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global natildeo deixando contudo de considerar

necessaacuterio estabelecer associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou

com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

(MALAMUD 2005)

48 Entre outras a ALCA Grupo Andino e Mercosul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 45

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE

CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES

No presente capiacutetulo pretendemos efectuar a validaccedilatildeo ou natildeo das hipoacuteteses estabelecidas

para o desenvolvimento do trabalho Para isso vamos avaliar inicialmente no acircmbito

exclusivamente peninsular as consequecircncias da tomada de algumas decisotildees em aacutereas

consideradas determinantes que poderatildeo desencadear situaccedilotildees de dependecircncia relativamente agrave

Espanha Seguidamente passaremos em revista as opccedilotildees de poliacutetica externa onde poderemos

determinar as grandes linhas de orientaccedilatildeo estrateacutegica de cada um dos paiacuteses apoacutes o que iremos

confrontar os dois modelos de relacionamento estabelecidos O capiacutetulo iraacute terminar com

algumas recomendaccedilotildees relativas agrave postura internacional de Portugal

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia

Uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia extraiacuteda do ingresso de Portugal e da Espanha na

UE eacute sem duacutevida o assentuado desenvolvimento da interacccedilatildeo econoacutemica Se ateacute entatildeo o

relacionamento bilateral apenas se remetia ao acircmbito poliacutetico a partir daquele instante

desenvolveram-se novas perspectivas nas quais o sector econoacutemico assumiu um lugar de relevo

As trocas comerciais foram incrementadas sucediam-se os investimentos e cada territoacuterio

constituiacutea um mercado apeteciacutevel para as empresas do paiacutes vizinho

Com o decorrer dos anos a dimensatildeo econoacutemica de cada um dos Estados deixava expresso

qual o lado para onde haveria de pender a balanccedila da hegemonia peninsular O nosso vizinho

histoacuterico eacute ldquosignificativamente mais poderoso que Portugal com uma populaccedilatildeo que eacute hoje

quase quatro vezes maior e uma economia que multiplica a portuguesa por cincordquo (TELO 2005

p198) O potencial espanhol encontra-se tambeacutem reflectido nos resultados do exerciacutecio

econoacutemico do seu governo que jaacute anunciou a anulaccedilatildeo do tatildeo propalado deacutefice puacuteblico tendo

mesmo previsto para 2006 a existecircncia de um excedente orccedilamental de 02 do PIB Pelo

contraacuterio a realidade de Portugal apenas permite estabelecer ateacute ao final do corrente ano o

limitado objectivo de reduccedilatildeo daquele indicador para os 48 do PIB

A dinacircmica econoacutemica e comercial incutida pela Espanha transformou-nos no primeiro

patamar de internacionalizaccedilatildeo das suas empresas Na actualidade encontram-se implantadas no

nosso paiacutes cerca de 3000 empresas espanholas dos mais diversos ramos de actividade enquanto

que no sentido inverso o nuacutemero natildeo ultrapassa as 300 (CHISLETT 2005) Sobre o assunto

muito se tem escrito e falado tendo mesmo sido associado a jaacute mencionada expressatildeo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 46

ldquoinvasatildeo espanholardquo agrave ideia de que a Espanha estaacute a conseguir pela via econoacutemica o que natildeo

lhe foi permitido pela via das armas (SEABRA 1995 p25)

A questatildeo energeacutetica deveraacute ocupar uma posiccedilatildeo de destaque junto das principais

preocupaccedilotildees do governo de Portugal Em primeiro lugar porque a dimensatildeo do mercado

energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao portuguecircs A Oferta Puacuteblica de Aquisiccedilatildeo

efectuada pela Gas Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu

de energia (SANTOS 2005 p2) este facto permite visualizar a desproporccedilatildeo actual dos

mercados com previsiacuteveis reflexos no futuro do MIBEL Em segundo lugar pela maior

dependecircncia que Portugal apresenta relativamente ao Petroacuteleo ficando por isso mais exposto agraves

consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos praticada pelos paiacuteses produtores Em

contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de uma maior diversidade de opccedilotildees das quais importa destacar

a possibilidade de recurso agrave energia nuclear Por uacuteltimo a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do

territoacuterio portuguecircs na Peniacutensula Ibeacuteria a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela

necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante da importaccedilatildeo

O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo ldquoquatro vezes maior do que o

portuguecircs quando medido por activos nos balanccedilos das instituiccedilotildeesrdquo (ALVES 2001 p152) Este

facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector

tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos

nacionais A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tem decorrido a um ritmo

acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso

paiacutes De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos referir que seis anos de lucros

do BSCH ou do BBVA eram suficientes em 2000 para adquirir o BCP (ALVES 2001 p161)

O sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas

portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as

suas concorrentes espanholas Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses

consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a espanhola

TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute

limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados

proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere

espanhola A tendecircncia expansionista da TEM permitiu-lhe atingir a terceira posiccedilatildeo mundial no

que toca ao conjunto das redes de comunicaccedilotildees fixa e moacutevel com cerca de 140 milhotildees de

clientes (MARTINS 2005c p10)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 47

Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente

dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica eacute soberana e determinou

que os cinco principais rios portugueses tenham origem em Espanha A sua importacircncia vecirc-se

incrementada quando associados a factores como a produccedilatildeo de energia eleacutectrica agricultura

pesca abastecimento de aacutegua para consumo ou a qualidade ambiental Se duacutevidas houvessem

quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial o qual previa a possibilidade

de execuccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais cujas bacias hidrograacuteficas eram consideradas

excedentaacuterias para aacutereas onde a avaliaccedilatildeo determinasse a existecircncia de um deacutefice hiacutedrico De

referir que as qualificaccedilotildees de ldquobacias excedentaacuteriasrdquo e ldquoaacutereas de deacutefice hiacutedricordquo resultavam

exclusivamente da avaliaccedilatildeo espanhola Apoacutes forte pressatildeo do governo portuguecircs a soluccedilatildeo foi

reconsiderada e abandonada prevendo o actual PHNE apenas a realizaccedilatildeo de transvazes em rios

exclusivamente espanhoacuteis

Ficam identificadas algumas das aacutereas do relacionamento bilateral onde os interesses de

Portugal e Espanha poderatildeo colidir e desencadear situaccedilotildees de conflitualidade A questatildeo

agrava-se quando estes mesmos aspectos demonstram a existecircncia de indiacutecios de dependecircncia

econoacutemica em aacutereas que por serem consideradas transversais (ALVES 2001 p152) tecircm

impacto directo em todas as actividades econoacutemicas Pretende-se assim demonstrar que no

acircmbito exclusivamente bilateral as posturas poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha tecircm reflexos em

Portugal A situaccedilatildeo exige do governo uma atitude de vigilacircncia perspicaacutecia proactividade

ambiccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo de toda a sociedade portuguesa para que se enquadre na dinacircmica de

competitividade proacutepria de um jaacute velho Estado da UE de forma a converter provaacuteveis situaccedilotildees

desvantajosas em oportunidades

42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa

Ao abordar a questatildeo das opccedilotildees ou prioridades da poliacutetica externa de cada um dos Estados

peninsulares achamos por bem recordar que muito recentemente ambos viram alterada a

orientaccedilatildeo poliacutetica do partido a quem competia formar governo Na Espanha ainda no decorrer

do primeiro quadrimestre de 2004 o PSOE rendeu na governaccedilatildeo o PP enquanto que em

Portugal foi tambeacutem o Partido Socialista (PS) que em Fevereiro de 2005 substituiu o Partido

Social Democrata (PSD) na responsabilidade de liderar os destinos do Paiacutes

Na Espanha o PP governava desde 1996 com Joseacute Mariacutea Aznar na Presidecircncia do Governo

Intitulando-se um reformador de centro direita (AZNAR 2005 p197) definiu como principal

ambiccedilatildeo enquanto liacuteder do governo espanhol a colocaccedilatildeo do Paiacutes entre as democracias mais

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 48

importantes (AZNAR 2005 p270) da Europa e do Mundo Estava convicto de que a Espanha

poderia vir a desempenhar um papel de protagonista na cena internacional desiacutegnio de que

considera ter-se mantido alheada no decurso de toda a histoacuteria do seacuteculo XX Esta uacuteltima

referecircncia natildeo eacute propriamente dirigida ao facto de natildeo terem sido atingidas as metas propostas

mas sim por terem sido alcanccediladas tardiamente e por isso de uma forma que considerou menos

brilhante

Da identidade da Naccedilatildeo espanhola salientava a sua vertente atlacircntica questionando-se com a

seguinte expressatildeo ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica

Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX ha sido justamente estar

ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo (AZNAR 2005

p267) A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental era uma caracteriacutestica vincadamente expressa nas

definiccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas do seu governo A relaccedilatildeo transatlacircntica assentava

fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem aparentava ter um relacionamento de

cumplicidade fundamentado primeiramente no apoio concedido agrave Espanha no caso Perejil49

onde a mediaccedilatildeo com Marrocos ldquofoi feita pelos EUA e natildeo pela UErdquo (ABU-TARBUSH 2004

p26) em segundo lugar na presenccedila na Cimeira dos Accedilores que antecedeu a invasatildeo militar do

Iraque

A OTAN desempenhou tambeacutem um papel importante na relaccedilatildeo de proximidade

transatlacircntica constituindo-se num pilar fundamental sem o qual pensava ser impossiacutevel encarar

com tranquilidade as questotildees da seguranccedila europeia ldquoEs que la OTAN es el instrumento baacutesico

fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos com Europa Hay que aumentar las

capacidades de Defensa de Europa y de los paiacuteses europeos Hay que ser capaces de asumir

maacutes competecircncias y un papel maacutes relevante Debemos ir maacutes allaacute del simple compromisso de

intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes

estrateacutegicos y de seguridadrdquo (AZNAR 2004 p177) Mantinha a ideia de que o relacionamento

transatlacircntico deveria colocar-se num patamar de complementaridade e cooperaccedilatildeo evitando as

posturas de conflitualidade

Para este Chefe de Governo uma Espanha atlacircntica natildeo era incompatiacutevel com uma Espanha

europeia assim como a Europa era indissociaacutevel desta mesma orientaccedilatildeo atlacircntica (AZNAR

2004 p195) O papel interventivo da Espanha no processo de construccedilatildeo europeu natildeo foi

esquecido Recorda-se o esforccedilo que desenvolveu no decurso das negociaccedilotildees para a conclusatildeo

do Tratado de Nice no sentido de dotar o paiacutes de maior peso no seio das instituiccedilotildees europeias

49 No Veratildeo de 2002 forccedilas militares marroquinas ocuparam o ilheacuteu de Perejil de soberania espanhola

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 49

A equiparaccedilatildeo da Espanha aos maiores paiacuteses europeus era um objectivo prioritaacuterio claramente

dentro do espiacuterito definido para a sua governaccedilatildeo e postura internacional

Ao mesmo tempo em Portugal o governo era liderado pelo socialista Antoacutenio Guterres que

assumia um relacionamento cordial com o seu homoacutelogo espanhol As divergecircncias situavam-se

ao niacutevel dos assuntos relativos agrave construccedilatildeo europeia sobre os quais a Espanha apresentava uma

concepccedilatildeo diferente No entanto sempre que possiacutevel designadamente quando as questotildees natildeo

determinavam posiccedilotildees opostas procuravam apoiar-se mutuamente (AZNAR 2005 p193)

Antoacutenio Guterres abdicou da governaccedilatildeo em 2002 motivando a realizaccedilatildeo de um processo

eleitoral que levou Joseacute Manuel Duratildeo Barroso Presidente do PSD a assumir o cargo de

Primeiro-Ministro O facto de Duratildeo Barroso pertencer agrave mesma famiacutelia poliacutetica de Aznar foi

determinante para o bom entendimento que era evidente

O posicionamento comum relativamente agrave opccedilatildeo por um alinhamento atlacircntico eacute o corolaacuterio

de um periacuteodo de faacutecil relacionamento bilateral A Cimeira dos Accedilores e o apoio conferido aos

EUA na acccedilatildeo militar sobre o Iraque eacute o momento mais expressivo do que acabamos de referir

Em plena divisatildeo europeia Portugal e Espanha encontravam-se lado a lado o que no periacuteodo em

anaacutelise era uma situaccedilatildeo ineacutedita No entanto consideramos importante salientar que enquanto

Portugal mantinha o seu tradicional alinhamento a Espanha assumia uma posiccedilatildeo conjuntural agrave

qual o facto de ter sido eleita Membro Natildeo Permanente do Conselho de Seguranccedila da ONU

poderaacute natildeo ter sido indiferente

Consideramos ser este o momento oportuno para abordar a primeira das questotildees derivadas

Qual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa da Espanha

nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Ao assumir uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica a

Espanha entra naquela que foi durante largos anos a marca estrutural das nossas opccedilotildees

estrateacutegicas Embora a questatildeo da independecircncia natildeo seja hoje em dia uma consequecircncia

equacionaacutevel jaacute no que diz respeito agrave identidade nacional o mesmo natildeo poderaacute ser afirmado

Neste contexto mantendo Portugal uma atitude voluntariamente passiva na partilha com a

Espanha da mesma orientaccedilatildeo estrateacutegica o risco de uma situaccedilatildeo de sub-representatividade

relativamente ao vizinho ibeacuterico assume um caraacutecter real Neste sentido tambeacutem a consequente

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do espaccedilo nacional eacute outro dos riscos a ponderar

Que postura deveraacute Portugal desenvolver Justificaraacute esta situaccedilatildeo a procura de uma

orientaccedilatildeo diametralmente oposta agrave da Espanha na tradicional busca da diferenciaccedilatildeo

peninsular Por outras palavras deveraacute Portugal reforccedilar a sua opccedilatildeo europeia em detrimento da

orientaccedilatildeo atlacircntica Em nossa opiniatildeo o quadro actual natildeo permite uma abordagem tatildeo linear

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 50

Eacute um facto que o Governo portuguecircs deva explorar as oportunidades surgidas em

consequecircncia da alteraccedilatildeo das prioridades do relacionamento externo da Espanha No entanto

natildeo nos parece que o abandono da orientaccedilatildeo atlacircntica seja a opccedilatildeo correcta para Portugal De

uma sub-representatividade provaacutevel passariacuteamos a uma sub-representatividade efectiva

assumindo a Espanha o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago Pelos factos apresentados

poderemos agora confirmar a hipoacutetese na qual se afirma que ldquoUma orientaccedilatildeo

predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa

portuguesardquo

A chegada ao poder de um novo governo liderado por Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

determinou uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica espanhola As linhas de mudanccedila

assentaram em dois aspectos fundamentais por um lado a dimensatildeo europeia da sua poliacutetica

externa e por outro a prioridade conferida agrave relaccedilatildeo transatlacircntica Com a primeira pretendeu

reposicionar a Espanha junto agrave Franccedila e agrave Alemanha assumindo a prioridade de relacionamento

com a Europa continental retomando a orientaccedilatildeo tradicional A segunda referia-se agrave

consequecircncia do inevitaacutevel afastamento do principal parceiro transatlacircntico que se iria reflectir

na retirada das tropas espanholas do Iraque

Considerando que ldquolo que es bueno para Europa es bueno para Espantildeardquo50 Zapatero

conferia agrave Espanha um alinhamento prioritaacuterio para o interior europeu no qual procurou o

restabelecimento do consenso perdido com o caso Iraque Os reflexos da viragem foram

recebidos com agrado por parte dos presidentes da Franccedila e da Alemanha que no decurso da

quase imediata deslocaccedilatildeo de Zapatero a estes paiacuteses Chirac manifestava a intenccedilatildeo de levar em

frente a criaccedilatildeo do eixo Berlim-Paris-Madrid (ARENAL p117) assim como a integraccedilatildeo da

Espanha no nuacutecleo duro da Europa A participaccedilatildeo do Presidente do Governo espanhol na

campanha eleitoral francesa relativa ao acto referendaacuterio do TCE junto a Chirac e aos demais

partidaacuterios do ldquoSimrdquo eacute suficientemente elucidativa da alteraccedilatildeo de prioridade do alinhamento

espanhol Sobre o assunto eacute de salientar o facto de ter sido o vizinho peninsular o primeiro paiacutes

a referendar o texto do Tratado o qual recebeu a aprovaccedilatildeo por uma margem significativa de

cidadatildeos espanhoacuteis

O relacionamento com os EUA apesar da primazia ser atribuiacuteda agrave opccedilatildeo europeia seraacute

mantido como um pilar que entende ser essencial para as relaccedilotildees externas considerando

possiacutevel que as duas orientaccedilotildees podem coabitar sem que daiacute advenha qualquer

constrangimento Contudo a retirada das forccedilas militares espanholas do Iraque originou um

50 Discurso de Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero na sessatildeo de tomada de posse como Presidente do Governo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 51

refrear do relacionamento bilateral A questatildeo foi reparada apoacutes a intensa actividade diplomaacutetica

desenvolvida pelos ministros da Defesa e dos Assuntos Exteriores Joseacute Bono e Miguel Angel

Moratinos respectivamente junto de Donald Rumsfeld e Condoleza Rice No encontro o

governo espanhol apresentou propostas concretas (RIBEIRO 2005 p4) para o apoio agrave instruccedilatildeo

dos militares das forccedilas armadas e policiais iraquianas assim como para um maior envolvimento

militar no Afeganistatildeo

E Portugal Portugal acompanhou a Espanha na mais recente viragem poliacutetica ao socialismo

Apoacutes a saiacuteda de Joseacute Manuel Duratildeo Barroso para ocupar a presidecircncia da Comissatildeo Europeia e

a breve passagem pelo governo de Pedro Santana Lopes as eleiccedilotildees legislativas antecipadas

realizadas em Fevereiro de 2005 determinaram uma nova alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica

portuguesa O desenrolar dos acontecimentos voltava a colocar ao leme dos destinos de ambos

os paiacuteses ibeacutericos dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica Apesar da alteraccedilatildeo os reflexos na

conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo satildeo significativos Relativamente agrave questatildeo europeia eacute

colocado grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo nomeadamente

no desenvolvimento do ldquoespaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedilardquo51 no alargamento a

Leste na legitimaccedilatildeo do TCE e no esforccedilo pela normalizaccedilatildeo do diaacutelogo euro-atlacircntico A par

destas questotildees surgem algumas preocupaccedilotildees que parecem merecer uma atenccedilatildeo especial Eacute o

caso da negociaccedilatildeo das perspectivas financeiras para o periacuteodo 2007-2013 a ldquoconcretizaccedilatildeo da

Estrateacutegia de Lisboardquo o processo de decisatildeo europeia e o processo de internacionalizaccedilatildeo da

economia

A prioridade europeia consubstanciada na aproximaccedilatildeo agrave Franccedila e agrave Alemanha que passou a

constar da acccedilatildeo de poliacutetica externa do actual governo espanhol natildeo encontra correspondecircncia

na postura externa portuguesa Apesar do empenhamento na edificaccedilatildeo do projecto europeu o

factor de identidade atlacircntica manteacutem-se presente e encontra-se reflectido nas abordagens agraves

questotildees de seguranccedila e defesa O assunto merece uma alusatildeo clara no programa de governo

quando depois das referecircncias efectuadas aos diversos elos de ligaccedilatildeo no contexto multilateral

salienta no plano bilateral ldquoas relaccedilotildees com os seus aliados tradicionaisrdquo52 das quais destaca

ldquoem primeiro lugarrdquo os EUA com quem Portugal manteacutem um ldquoAcordo de Cooperaccedilatildeo e

Defesardquo seguindo-se ldquoos parceiros europeus da NATO e da UE (hellip)rdquo

O viacutenculo transatlacircntico no contexto europeu eacute tambeacutem realccedilado sendo considerado um

ldquoinstrumento fundamental de partilha de responsabilidades na preservaccedilatildeo de conflitos e no

reforccedilo da seguranccedila colectiva (designadamente no quadro da Alianccedila Atlacircntica) e de partilha de 51 Programa do XVII Governo Constitucional p 152 52 Programa do XVII Governo Constitucional p 160

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 52

objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo Contudo eacute no CEDN onde se

encontra bem expressa a prioridade conferida agrave participaccedilatildeo da OTAN na seguranccedila do espaccedilo

geograacutefico portuguecircs assim como numa oacuteptica de complementaridade na seguranccedila europeia

A segunda questatildeo derivada coloca a seguinte interrogaccedilatildeo Qual o impacto de uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola A soluccedilatildeo

enquadra-se nos argumentos apresentados na resposta agrave primeira questatildeo O risco de sub-

representatividade no quadro do relacionamento europeu eacute de novo uma realidade agravada

pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal no seio das instituiccedilotildees

da UE Actualmente o nosso vizinho ibeacuterico assumiu uma orientaccedilatildeo externa claramente de

pendor europeu aliando-se agrave Franccedila e agrave Alemanha na tentativa de igualar a forccedila que estes

grandes paiacuteses detecircm nas instituiccedilotildees da UE

Os riscos de criaccedilatildeo do proclamado eixo Berlim-Paris-Madrid reacendem os receios

associados ao surgimento de um directoacuterio europeu Desta forma a Espanha vecirc facilitada a

possibilidade de poder impor os seus interesses atraveacutes de uma cada vez mais usual votaccedilatildeo por

maioria qualificada assumindo a representatividade peninsular e subalternizando Portugal a

quem jaacute considera parte integrante do seu mercado econoacutemico

Cada alargamento vai transformando Portugal num dos mais antigos membros da UE no

entanto enquadra-se no grupo de paiacuteses de limitados recursos cada vez mais empurrado para a

periferia da Europa Neste sentido o fortalecimento do relacionamento transatlacircntico e o reforccedilo

da importacircncia da OTAN no quadro da defesa europeia seria a forma de reatribuir ao Paiacutes a

centralidade estrateacutegica cada vez mais difiacutecil de manter Eacute pois de validar a hipoacutetese na qual se

afirma que ldquouma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo

43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento

O relacionamento com a Espanha foi enquadrado em dois modelos distintos Inicialmente o

modelo tradicional que sustentou as relaccedilotildees peninsulares durante a maior parte do seacuteculo XX

assentava na necessidade de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica como suporte de identidade e

independecircncia de Portugal O segundo eacute caracterizado pela partilha dos mesmos espaccedilos

poliacutetico econoacutemico e de seguranccedila determinando uma nova forma de encarar as relaccedilotildees entre

os dois Estados peninsulares De uma postura de divergecircncia haveria que passar a assumir uma

de partilha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 53

431 O modelo tradicional de relacionamento

No iniacutecio do seacuteculo XX a Espanha assumia um alinhamento poliacutetico-estrateacutegico num espaccedilo

tradicionalmente ocupado por Portugal Os riscos revelavam-se enormes e estavam na

consciecircncia dos responsaacuteveis portugueses que manifestaram a sua preocupaccedilatildeo junto do

governo britacircnico A consequecircncia foi a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do territoacuterio portuguecircs

levando inclusive Winston Churchill a considerar a Espanha como uma mais valia estrateacutegica

relativamente a Portugal e agraves suas possessotildees em Aacutefrica

A posiccedilatildeo expressa por Churchill apresentava apenas uma condicionante a necessidade de

manutenccedilatildeo das ilhas atlacircnticas portuguesas sob influecircncia britacircnica A reacccedilatildeo portuguesa natildeo

se faria esperar e procurando a diferenciaccedilatildeo peninsular e a revalorizaccedilatildeo estrateacutegica do

territoacuterio Portugal ensaia a aproximaccedilatildeo agrave Alemanha a quem aliciou ao investimento em Aacutefrica

e agrave utilizaccedilatildeo das posiccedilotildees insulares para que aiacute pudesse estabelecer os seus depoacutesitos de carvatildeo

Decidida a neutralidade da Espanha na I Guerra Mundial Portugal mais uma vez

percepcionou a necessidade de se diferenciar do seu vizinho Estava assim decidida em 1916 a

participaccedilatildeo de Portugal no conflito que assinalava tambeacutem o regresso do Paiacutes ao seu

alinhamento estrateacutegico habitual A participaccedilatildeo na guerra visava colocar Portugal agrave mesa das

negociaccedilotildees junto dos vencedores bem como numa posiccedilatildeo de relevacircncia no arranjo estrateacutegico

que daiacute pudesse resultar Foi a forma que os governantes nacionais encontraram para legitimar o

regime manter a posse das coloacutenias e assumir a representatividade ibeacuterica reatribuindo ao

territoacuterio nacional a importacircncia estrateacutegica que havia perdido Portugal viu-se contudo

defraudado nas suas intenccedilotildees Foi a Espanha que mediante uma forte acccedilatildeo diplomaacutetica junto

do principal dinamizador da Sociedade das Naccedilotildees os EUA assumiu o lugar em representaccedilatildeo

dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

No conflito mundial que se seguiu a Espanha mostrou a sua preferecircncia pelas posiccedilotildees do

Eixo chegando mesmo a aderir a um tratado tripartido com a Alemanha e a Itaacutelia A tentativa de

manter a peniacutensula ibeacuterica fora da zona beligerante foi um esforccedilo comum que levou agrave

assinatura de um pacto de natildeo-agressatildeo entre os dois paiacuteses ibeacutericos mas havia que conseguir a

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da peniacutensula Assegurado o estatuto de neutralidade Portugal e a

Espanha permaneceram junto dos seus tradicionais aliados embora cada um orientado para o

lado oposto da barreira natildeo deixando de assinalar a marca da diferenciaccedilatildeo que lhes era

caracteriacutestica

O periacuteodo poacutes-guerra foi fatal para a Espanha que se viu envolta nas malhas de um castigador

isolamento internacional Portugal tinha conseguido o seu grande objectivo agrave sua postura de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 54

diferenciaccedilatildeo associava agora o da hegemonia peninsular tornando-se no ponto de contacto da

Espanha com o mundo O marco fundamental do momento que se seguiu foi o convite efectuado

pelos EUA no sentido de Portugal vir a integrar o grupo de paiacuteses fundadores da Alianccedila

Atlacircntica O ingresso do Paiacutes na OTAN contou com a oposiccedilatildeo espanhola que via Portugal

assumir uma posiccedilatildeo de destaque no contexto estrateacutegico europeu

O desenlace da guerra civil espanhola preocupava o governo portuguecircs Neste caso seria a

influecircncia que o regime republicano espanhol poderia exercer na evoluccedilatildeo poliacutetica nacional Esta

preocupaccedilatildeo encontrava fundamento na influecircncia comunista no governo republicano de Madrid

e a sua difusatildeo ao territoacuterio portuguecircs assim como no movimento iberista que lhe estava

associado A preocupaccedilatildeo demonstrada teve reflexos no apoio conferido pelos portugueses aos

nacionalistas liderados por Francisco Franco em contraponto ao apoio sovieacutetico prestado aos

republicanos

A histoacuteria do seacuteculo XX reservou a Portugal e agrave Espanha um importante papel no contexto

peninsular europeu e mundial A geopoliacutetica e a geoestrateacutegia do espaccedilo peninsular conferiu

aos dois paiacuteses uma centralidade que natildeo lhes permitiu manter-se alheios agraves ocorrecircncias Os

vaacuterios factos da histoacuteria europeia e a postura poliacutetico-estrateacutegica do vizinho peninsular

determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o

objectivo de se diferenciar no contexto ibeacuterico procurando a sua valorizaccedilatildeo estrateacutegica de

forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a manutenccedilatildeo da sua individualidade e

independecircncia A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas

premissas fundamentais Em primeiro lugar a valorizaccedilatildeo permanente da velha alianccedila com a

Gratilde-Bretanha papel desempenhado posteriormente pelos EUA Em segundo lugar pela jaacute

referida necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica numa alianccedila diametralmente

oposta agrave da Espanha

432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo53

Os desiacutegnios da histoacuteria levaram a que Portugal e Espanha viessem a encontrar-se pela

primeira vez comungando os mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e geoestrateacutegico Esta

nova realidade inviabiliza o modelo tradicional de relacionamento natildeo permitindo a existecircncia

de um quadro diferenciador expliacutecito Por outro lado decorrente do processo de transformaccedilatildeo

do regime Portugal deixou de ser possuidor do impeacuterio colonial em funccedilatildeo do qual tantas vezes

condicionou o desenvolvimento da sua poliacutetica externa A grande novidade revela-se na

53 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor deste trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 55

passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia estrateacutegica para outra onde a convergecircncia eacute uma

realidade uma necessidade e tambeacutem uma oportunidade Sua Excelecircncia o Ministro da Defesa

Nacional Dr Luiacutes Amado iria referir-se ao facto da seguinte forma ldquopassamos de uma situaccedilatildeo

de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsularrdquo (AMADO 2005 p211)

A realidade da convergecircncia acima mencionada encontra-se jaacute comprovada pela presenccedila

simultacircnea nas principais OI designadamente na OTAN e na UE ambas mencionadas no acircmbito

deste trabalho Sendo o factor necessidade intriacutenseco agrave partilha de interesses nos diversos

espaccedilos por demais referidos jaacute o factor oportunidade decorre da forma como satildeo encaradas as

situaccedilotildees eventualmente desvantajosas Ou Portugal encara as desvantagens como um fado

inevitaacutevel remetendo-se a uma lamentaccedilatildeo inconsequente ou decide tirar partido das situaccedilotildees

transformando-as em oportunidades definindo objectivos de meacutedio e longo prazo aos quais

deveraacute associar a melhor orientaccedilatildeo estrateacutegica para os atingir

A opccedilatildeo europeia afigurava-se como uma soluccedilatildeo uacutenica e imprescindiacutevel perante a previsiacutevel

adesatildeo da Espanha Colocar o cenaacuterio de uma integraccedilatildeo espanhola com a exclusatildeo de Portugal

era algo que se afigurava desastroso dado que remetia o Paiacutes para uma situaccedilatildeo de isolamento

no extremo ocidental da Europa fora da centralidade econoacutemica e dos incentivos de

desenvolvimento proclamados pela CEE De uma certa forma a UE representou o apoio externo

que o Paiacutes necessitava54 Este conceito estava associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o

relacionamento bilateral deveria assentar na mediaccedilatildeo multilateral de Bruxelas algo que a

expressatildeo ldquochegar a Madrid via Bruxelasrdquo55 (SOUSA 1996 p164) definia muito bem

As diferentes posiccedilotildees assumidas nas instituiccedilotildees europeias satildeo marcas evidentes de que o

facto de ambos pertencerem agrave Uniatildeo natildeo impede a existecircncia de interesses estrateacutegicos

diferenciados O posicionamento relativamente agrave defesa europeia eacute uma questatildeo de divergecircncia

que constitui um bom exemplo do que acabamos de afirmar A Espanha pretende que seja

constituiacutedo um pilar autoacutenomo de defesa enquanto Portugal defende que esse pilar venha a ser

desenvolvido de uma forma complementar e em articulaccedilatildeo com a Alianccedila Atlacircntica

A recente reaproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e agrave Alemanha tem reacendido a ideia de

criaccedilatildeo de um directoacuterio europeu constituiacutedo pelos quatro maiores paiacuteses da UE aos quais se

deveria juntar o nosso vizinho peninsular A procura de mais poder dentro das instituiccedilotildees

europeias tem sido uma ambiccedilatildeo permanente dos espanhoacuteis que provavelmente acabaraacute por dar

frutos Esta eacute uma preocupaccedilatildeo que deveraacute manter-se sempre presente no espiacuterito dos

54 Ideia expressa pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho 55 SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas Janus 97 p 164

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 56

governantes portugueses A orientaccedilatildeo estrateacutegica que acabamos de referir associada agrave adopccedilatildeo

de um sistema de votaccedilatildeo favorecendo os Estados demograficamente mais importantes poderaacute

ter consequecircncias gravosas para Portugal como a sub-representatividade ou a subalternizaccedilatildeo

em aacutereas tatildeo importantes como a Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

O quadro presente permite tambeacutem visualizar a possibilidade de tomada de posiccedilotildees

conjuntas como aliaacutes jaacute no passado recente foi possiacutevel Temos na memoacuteria o esforccedilo comum

desenvolvido no sentido garantir a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia ou o acesso aos

diversos fundos utilizados como suporte ao desenvolvimento econoacutemico posiccedilotildees que foram

reflectidas na expressatildeo ldquochegar a Bruxelas via Madridrdquo A comunhatildeo de objectivos tem

encontrado reflexos tambeacutem noutras aacutereas da poliacutetica externa como eacute o caso dos interesses nos

espaccedilos regionais onde jaacute foram definidas estrateacutegias comuns tanto no seio da UE como na

OTAN Contudo eacute necessaacuterio deixar claro que a coincidecircncia de posiccedilotildees deveraacute ocorrer ldquopor

vontade proacutepriardquo56 e ldquoresultando em prol do interesse nacionalrdquo57 de forma a afastar a ideia da

sub-representatividade ou subalternizaccedilatildeo jaacute anteriormente referidas

Eacute agora o momento oportuno para abordar a uacuteltima das questotildees derivadas Seraacute a orientaccedilatildeo

estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar Portugal no seio das OI onde se encontra

inserido A resposta encontra-se reflectida na anaacutelise efectuada ao relacionamento entre os dois

Estados quando enquadrado no acircmbito multilateral Se o anterior quadro de relacionamento

justificaria uma assentuaccedilatildeo claramente negativa no contexto actual seraacute o interesse nacional a

orientar o sentido positivo ou negativo da resposta Situaccedilotildees ocorreram nomeadamente no seio

da UE em que uma tomada de posiccedilatildeo conjunta foi determinante para a consecuccedilatildeo dos

objectivos pretendidos Contudo outros se verificaram em que o afastamento voltou a ser uma

prioridade Neste contexto natildeo poderemos validar a hipoacutetese onde se afirma que ldquouma

orientaccedilatildeo externa comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio das

OI onde se encontra inseridordquo

A relaccedilatildeo transatlacircntica eacute um assunto que assumidamente preocupa os governantes de ambos

os paiacuteses Caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre

poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas Natildeo deveremos

esquecer a crise a que foram sujeitas no contexto europeu logo apoacutes as tomadas de posiccedilatildeo

relativamente agrave intervenccedilatildeo no Iraque Portugal e a Espanha estiveram juntos ao lado dos EUA

assumindo-o perante o mundo na mediatizada Cimeira dos Accedilores No entanto Joseacute Mariacutea

Aznar revelou que o seu protagonismo foi tatildeo longe que inclusivamente a ele pertence a ideia 56 General Loureiro dos Santos em entrevista concedida ao autor do trabalho em 8 de Abril de 2005 57 Dr Joseacute Medeiros Ferreira em entrevista concedida ao autor do trabalho em 24 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 57

do local de realizaccedilatildeo do encontro (AZNAR 2005 p266) Ainda deveremos ter em memoacuteria as

referecircncias agrave fotografia de conjunto em cujas legendas os perioacutedicos internacionais se

esqueciam de referir o nome do quarto participante

Este enquadramento revelou que a possibilidade de um maior ou menor pendor atlacircntico

poderaacute constituir um modo diferenciador da postura estrateacutegica Contudo Portugal encontra-se

empenhado no processo de construccedilatildeo da Europa sendo esse o espaccedilo geograacutefico onde se

encontra inserido Seraacute aiacute que o paiacutes deveraacute exercer preferencialmente o seu esforccedilo e atenccedilatildeo

No entanto para Portugal torna-se indispensaacutevel que o relacionamento transatlacircntico atinja a

normalidade perdida com os acontecimentos do Iraque Indispensaacutevel para a Europa porque lhe

atribui a estrutura de seguranccedila que ainda natildeo possui e para Portugal porque lhe confere uma

centralidade estrateacutegica que uma exclusiva opccedilatildeo europeia natildeo permite O ldquoequiliacutebrio euro-

atlacircnticordquo58 torna-se uma opccedilatildeo ajustada que permitiraacute acompanhar a construccedilatildeo europeia e as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas assim como contrariar o ldquodeslocamento do centro de

gravidade da poliacutetica europeia para Lesterdquo (MONGIARDIM 2004 p183)

Este eacute o momento de enfrentar a questatildeo que definiu a orientaccedilatildeo do estudo desenvolvido

Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no

actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Em face das

soluccedilotildees encontradas para as questotildees derivadas assim como todas as outras consideraccedilotildees

efectuadas ao longo do desenvolvimento do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser

inequivocamente positiva validando a hipoacutetese central colocada A afirmaccedilatildeo entatildeo proferida

revelou-se um facto relativamente ao anterior modelo de relacionamento onde se impunha uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica oposta mantendo-se como um facto no jaacute designado ldquonovo paradigma

peninsularrdquo

44 A resposta de Portugal

A pergunta para a qual nos falta obter uma resposta diz respeito agrave melhor forma de Portugal

fazer face a uma Espanha ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

Como poderaacute Portugal encontrar uma nova foacutermula diferenciadora que se enquadre nesta nova

matriz de relacionamento Estamos certos de que a resposta seraacute muito mais faacutecil de dar do que

obter a sua implementaccedilatildeo praacutetica No entanto acreditamos que o Paiacutes prosseguiraacute vencendo as

dificuldades encontrando as soluccedilotildees mais adequadas para continuar a afirmar-se na Europa e

no Mundo

58 Expressatildeo empregue pelo Doutor Carlos Gaspar em entrevista concedida em 28 de Abril de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 58

Para tal Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

nomeadamente na UE e na OTAN defendendo de forma firme e determinada o interesse

nacional Deveraacute estabelecer metas definir objectivos e as formas mais eficazes para os atingir

Ainda sobre a presenccedila nas OI Portugal teraacute que afastar as tendecircncias de sub-representatividade

relativamente agrave Espanha fazendo-se representar nos mesmos fora que o seu vizinho peninsular

ou caso contraacuterio ldquoMadrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo

esbater-se-aacuterdquo (AMADO 2005 p215)

Sendo a UE um dos elementos determinantes para a definiccedilatildeo da matriz de identidade

portuguesa e provavelmente o ponto aglutinador da maior parte do esforccedilo estrateacutegico nacional

natildeo poderemos esquecer as restantes vertentes que contribuem para a caracterizaccedilatildeo desta

mesma matriz Assim teremos que considerar a identificaccedilatildeo mariacutetima com o Oceano Atlacircntico

que encerra em si mesmo uma parte fundamental da soluccedilatildeo Permite a potenciaccedilatildeo

geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica o acesso a recursos e fontes de rendimento

e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica de forma a

obter a diversificaccedilatildeo de relacionamento

Por outro lado eacute incontornaacutevel a questatildeo da lusofonia talvez um dos aspectos mais

importantes da marca diferenciadora de Portugal Eacute necessaacuterio defendecirc-la estimulaacute-la e

expandi-la para que possa contribuir para a indispensaacutevel afirmaccedilatildeo de Portugal no contexto

internacional Neste acircmbito tambeacutem a CPLP se afigura como incontornaacutevel cabendo-lhe o

papel de principal meio de defesa de uma liacutengua e cultura comuns a cerca de 200 milhotildees de

pessoas tendo Portugal a responsabilidade de tomar a iniciativa dinamizadora e determinar a

melhor forma para explorar as suas potencialidades

No acircmbito do relacionamento bilateral com a Espanha haveraacute que reduzir ao miacutenimo os

factores que poderatildeo determinar qualquer tipo de dependecircncia procurando alternativas externas

agrave Peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica Neste contexto o porto de Sines poderaacute

desempenhar um papel determinante no que diz respeito agrave possibilidade de importaccedilatildeo de gaacutes

natural liquefeito estabelecendo-se como alternativa segura ao gasoduto euro-magrebino

Contudo deveraacute manter-se em aberto a possibilidade de recurso a outras fontes energeacuteticas

nomeadamente no campo nuclear

A internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas eacute tambeacutem uma necessidade e uma

possibilidade apenas percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios Eacute opiniatildeo generalizada

dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino

preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 59

um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute fornecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade

na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses estabelecendo-se

tambeacutem aqui a diferenciaccedilatildeo positiva de Portugal

Natildeo seraacute menos importante a questatildeo da preparaccedilatildeo das futuras geraccedilotildees de portugueses a

quem temos a responsabilidade de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para

que possam continuar Portugal O Paiacutes seraacute o que os portugueses quiserem A noacutes cabe a

responsabilidade de dar continuidade a uma gloriosa histoacuteria de mais de oito longos seacuteculos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 60

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES

ABU-TARBUSH Joseacute ndash Poliacutetica exterior espanhola Mudanccedila ou continuidade O Mundo Portuguecircs

ISSN 0874-4882 (Mar 2004) 24-27

ALMEIDA Poliacutebio F A Valente ndash Do poder do pequeno Estado enquadramento geopoliacutetico da

hierarquia das potecircncias Lisboa Instituto de Relaccedilotildees Internacionais 1990 ISBN 972-9229-13-9

ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados 1ordf ed Lisboa ldquoOrdem dos Economistas e Gabinete de Estudos e

Prospectiva Econoacutemicardquo 2001 266 p ISBN 972-8170-79-3

AMADO Luiacutes ndash Portugal e Espanha In Visotildees de Poliacutetica Externa Portuguesa Sociedade de

Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios Estrangeiros Lisboa 2005

ISBN 972-98963-4-8 p 211-215

ANTUNES Joseacute Freire ndash Os espanhoacuteis e Portugal 1ordf ed Lisboa ldquoOficina do Livrordquo 2003 733 p

ISBN 989-555-050-2

ARENAL Celestino del ndash La poliacutetica exterior del gobierno Socialista Poliacutetica Exterior ISSN 0213-6856

JuacutelioAgosto nordm 100 p 111-126

ARMESTRE Pedro ndash Um compromisso comum com a seguranccedila e defesa europeias Jornal Puacuteblico (12

Set 2005) 7

AZNAR Joseacute Maria ndash Ocho Antildeos de Gobierno una vision personal de Espantildea 3ordf ed Barcelona

ldquoEditorial Planetardquo 2004 248 p ISBN 84-08-05225-X

AZNAR Joseacute Maria ndash Retratos y Perfiles de Fraga a Bush 2ordf ed Barcelona ldquoEditorial Planetardquo

2005 400 p ISBN 84-08-05940-8

CALLE Angel Luiacutes de la ndash O processo de emancipaccedilatildeo Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) 68

CARNEIRO Roberto MATOS Antoacutenio Teodoro de [et al] ndash Memoacuteria de Portugal o mileacutenio

portuguecircs 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 2001 574 p ISBN 972-42-2594-1

CARR Raymond [et al] ndash Histoacuteria concisa de Espanha 1ordf ed Mem Martins ldquoEuropa-Ameacutericardquo 2004

304 p ISBN 972-1-05412-7

CHARLES Powell [et al] ndash Construir Europa desde Espantildea los nuevos desafios de la poliacutetica europea

[em linha] 2005 [consult Em 15 Jun 2005) Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosinforme20europapdf ISBN 169-885X

CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos [Em linha]

09Dec04 [consult em 15 Mar 2005] Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanocomdocumentos155asp

Constitucion Espantildeola [Em linha] [consult 15 de Ago 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfconstitucionpdf

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 61

CRAVINHO Joatildeo Gomes BRITO Alexandra de ndash As Relaccedilotildees Ibero-mediterracircnicas e Ibero-

Americanas Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de

Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996)p 162

CRP [Em linha] [consult em 20 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwcneptLegislacaodlfilescrp_pt2004_integralpdf

Cuadernos de estrateacutegia nordm 129 La seguridad y la defensa de la Unioacuten Europea retos y opotunidades

Instituto Espantildeol de Estuacutedio Estrateacutegicos [Em linha] [Consult 20 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwieeeesarchivossubidosdocumentacionCE-129pdf

Deacutecimoquarta Cumbre Iberoamericana San Joseacute de Costa Rica ndash Ministeacuterio de Assuntos Exteriores y de

Cooperacion Direccioacuten General de Comunicacioacuten Exterior [Em linha] [consult em 12 de Set de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwmaeesdocumento000000066714cumbreiberoamericanapdf

Directiva de Defensa Nacional 12004 [Em linha] [consult em 12 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwmdeesdescargaddn_2004pdf

Discurso de tomada de posse de Joseacute Luiacutes Zapatero [Em linha] [consult em 16 de Jun de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwla-moncloaeswebPDFDISCURSO20DE20INVESTIDURApdf

DRAIN Michel ndash Geografia da Peniacutensula Ibeacuterica 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1964 143 p

Entrevista de Miguel Horta e Costa ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

FERNANDES Antoacutenio Horta DUARTE Antoacutenio Paulo ndash Portugal e o Equiliacutebrio Peninsular

passado presente e futuro 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 1998 184 p ISBN

072-1-04409-1

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash A Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeias Almedina

Lisboa 2002

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Portugal na conferecircncia de paz Paris 1919 1ordf ed Lisboa ldquoQuetzal

Editoresrdquo 1992 115 p ISBN 972-564-140-X

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Um seacuteculo de problemas as relaccedilotildees luso-espanholas da uniatildeo ibeacuterica

agrave Comunidade Europeia 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1989 84 p ISBN 972-24-0715-5

FIEL Jorge ndash Que medo Expresso Caderno de Economia e Internacional (30 Jun 2005) 7

GASPAR Carlos ndash Estruturas alianccedilas e regimes As relaccedilotildees entre Portugal e a Espanha (1926-1974) I

Encontro Internacional Relaccedilotildees Portugal-Espanha Lisboa 165-209

GIRAtildeO Amorim ndash Geografia de Portugal 1ordf ed Porto ldquoPortucalense Editora SARLrdquo 1941 479 p

MALAMUD Carlos [et al] ndash La Poliacutetica Espantildeola Hacia Ameacuterica Latina Primar lo Bilateral para Ganar

en lo Global [em linha] 2005 [Consultado em 15 em 15 Abr 05] 2005 Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosInf_3pdf

MARTINS Christiana (2005a) ndash A carta roubada Expresso Caderno de Economia e Internacional (7

Maio 2005)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 62

MARTINS Christiana (2005b) ndash Iberdrola disponiacutevel Expresso Caderno de Economia e Internacional

(25 Jun 2005) 15

MARTINS Christiana (2005c) ndash Telefoacutenica aperta o cerco agrave PT Expresso Caderno de Economia e

Internacional (4 Jun 2005) 10

MATTOSO Joseacute [et al] ndash Histoacuteria de Portugal 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 1994 683 p

ISBN 972-42-0971-7 vol 6

MEIRELES Luiacutesa ndash Nacionalismo (s) agrave prova Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) p 64-66

MONJARDIN Maria Regina ndash O alargamento da Uniatildeo Europeia Novos vizinhos 1ordf ed Lisboa

ldquoPrefaacuteciordquo 2004 198 p ISBN 972-8816-32-4

NOGUEIRA Franco (2000a) ndash As crises e os homens 2ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000

347 p ISBN 972-26-1760-5

NOGUEIRA Franco (2000b) ndash Juiacutezo final 7ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000 217 p ISBN

972-26-1772-9

O estado das autonomias ldquoExpresso Uacutenicardquo (16 Abr 2005) p 71-73

OLIVEIRA Ceacutesar [et al] ndash Histoacuteria dos municiacutepios e do poder local dos finais da idade meacutedia agrave

Uniatildeo Europeia 1ordf ed Lisboa Circulo de Leitores 1996 591 p ISBN 972-42-1300-5

PEREIRA Helena ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar de outros negociadores Jornal

Puacuteblico (12 Jun 2005) 9

PINTO Ricardo Leite CORREIA Joseacute de Matos SEARA Fernando Reboredo ndash Ciecircncia poliacutetica e

direito constitucional teoria geral do Estado e formas de governo 3ordf ed Lisboa ldquoUniversidade

Lusiacuteada Editorardquo 2005 319 p ISBN 972-8883-22-6

Programa do XVII Governo Constitucional [Em linha] [consult 14 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwportugalgovptNRrdonlyres631A5B3F-5470-4AD7-AE0F-

D8324A3AF4010ProgramaGovernoXVIIpdf

Resoluccedilatildeo do Conselho de Ministros nordm 62003 DR I-B Seacuterie 16 (2003-01-20) 279-287

RIBEIRO Nuno ndash Contributos de Espanha para agradar a Washington Jornal Puacuteblico (11 Fev 2005) 4

SANTOS Joseacute Alberto Loureiro dos ndash Convulsotildees Ano III da Guerra ao Terrorismo Reflexotildees

Sobre Estrateacutegia IV 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 2004 308 p ISBN 972-1-

05382-1

SANTOS Nicolau ndash Indignaccedilotildees e erros agrave volta de uma OPA Expresso caderno de economia (10 Set

2005) 2

SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da aacutegua Instituto Superior de Ciecircncias de Ciecircncias

Sociais e Poliacuteticas 2002 Tese de mestrado

SEABRA Maria Joatildeo ndash Vizinhanccedila Inconstante Portugal e Espanha na Europa 1ordf ed Lisboa

Instituto de Estudos Estrateacutegicos e Internacionais 1995 42 p ISBN 972-8109-09-1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 63

SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas In Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores

Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996) 164-165

SOUSA Teresa de (2005a) ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar do poliacutetico e protagonista

Jornal Puacuteblico (12 Jun 2005) 8

SOUSA Teresa de (2005b) ndash O olhar de um historiador Jornal Puacuteblico (13 Jun 2005) 11

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A importacircncia da OTAN para Portugal In Portugal e os 50 anos da

Alianccedila Atlacircntica 1949-1999 MDN ISBN 972-95256-1-7 (1999) p 71-105

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A dualidade de um espaccedilo comum ndash In Visotildees de Poliacutetica Externa

Portuguesa Sociedade de Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios

Estrangeiros Lisboa 2005 ISBN 972-98963-4-8 p 197-208

Un Antildeo de Gobierno [Em linha] Abril de 2005 Ministerio de la Presidecircncia Secretaria de Estado de

Comunicacioacuten [consult 15 de Jun de 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfunanigobpdf

VICENTE Antoacutenio Pedro ndash Espanha e Portugal Um Olhar Sobre as Relaccedilotildees Peninsulares no Seacutec

XX 1ordf ed Lisboa ldquoTribunardquo 2003 393 p ISBN 972-8799-01-2

SITIOS DA INTERNET CONSULTADOS

httpeuropaeuintabc12lessonsindex4_pthtm

httpeuropaeuintabc12lessonsindex5_pthtm

httpwwwcplporg

httpwwwonocomptCPLPdocumentoaspdocumento=5

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AA ndash CONSUMO DE ENERGIA PRIMAacuteRIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

Carvatildeo 1600

Outras Renovaacuteveis900

Gaacutes Natural 800

Hiacutedrica 400

Petroacuteleoe Derivados

6300

Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

Petroacuteleo e Derivados5200

Hiacutedrica200

Outras Renovaacuteveis400

Gaacutes Natural 1200

Nuclear1300

Carvatildeo1700

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AB ndash CONSUMO FINAL DE ENERGIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo Final de EnergiaPortugal 2000

Derivados Petroacuteleo68

Carvatildeo2

Renovaacuteveis9

Gaacutes Natural4

Eleacutectricidade17

Consumo Final de EnergiaEspanha 2000

DerivadosPetroacuteleo

63

Carvatildeo1

Gaacutes Natural14

Renovaacuteveis4

Eleacutectricidade18

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AC ndash REDE IBEacuteRICA DE GAacuteS NATURAL

Fonte GALP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AD ndash PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fortaleza

de

Capital

Tamanho

de

Activos

Solidez

Ratio

CapitalActivos

Retorno

Sobre Activos

Ratio

CustoCreacutedito Bancos

(Milhotildees de doacutelares) () () ()

Banco Comercial

Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355

Caixa Geral de

Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569

Banco Espiacuterito

Santo 3271 54664 598 083 5061

Bano Totta e

Accedilores 1806 36403 496 11 4991

Santander Central

Hispano 21408 444012 482 117 631

Banco Bilbao

Vizcaya

Argentaria

18176 362655 501 133 5677

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AE ndash PIB PER CAacutePITA POR PARIDADE DE PODER DE COMPRA

PIB Per Caacutepita Por Paridade de Poder de Compra

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Portugal UE 15 Portugal Espanha Espanha UE 15

Fonte Eurostat citado em CHISLET William ndash Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios

incoacutemodos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AF ndash INVESTIMENTO DIRECTO BILATERAL

Milhotildees de euros

Incluem os fundos em Entidades de Tenencia de Valores Estranjeros

Fonte Direccioacuten General Espantildeola de Comercio e Inversiones citado em CHISLET William ndash

Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

Investimento Directo Bruto de Espanha em Portugal e Portugal em Espanha

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Em Portugal 462 370 1352 497 740 467 790 3454 1140 1033 1916

Em Espanha 141 83 92 164 96 228 149 1844 9169 1086 107

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AG ndash NATO COMMAND ARRANGEMENTS (NCA)

Fonte Joint Command Lisbon

NATO HQ Brussels - Belgium

Allied Command Transformation Norfolk - USA

Allied Command Operations

Mons - Belgium

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AH ndash NATO COMMAND STRUCTURE ndash ALLIED COMMAND OPERATIONS

Fonte Joint Command Lisbon

ACO Mons - Belgium

JFC North Brunssum NL

JFC South Naples IT

JC Lisbon Lisbon PO

HQ Land-North Heidelberg GE

HQ Air-North Ramstein GE

HQ Nav-North Northwood UK

HQ Air-South Izmir GE

HQ Nav-North Naples IT

(LCC-HQ) Madrid SP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo B ndash COMEacuteRCIO EXTERNO DA ESPANHA POR ZONAS GEOGRAacuteFICAS

Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados p 43

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo C ndash O ESPACcedilO ESTRATEacuteGICO DE INTERESSE NACIONAL

1 Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Permanente

A poliacutetica de defesa nacional tem como um dos objectivos a seguranccedila e defesa do territoacuterio

nacional em toda a sua extensatildeo que abrange o continente os Accedilores e a Madeira Na definiccedilatildeo

dessa poliacutetica devem inscrever-se os seguintes elementos matriciais

bull O territoacuterio ndash Define-se nas suas referecircncias cardeais entre o ponto mais a Norte no

concelho de Melgaccedilo ateacute ao ponto mais a Sul nas ilhas Selvagens e do seu ponto mais

a Oeste na ilha das Flores ateacute ao ponto mais a Leste no concelho de Miranda do

Douro

bull O espaccedilo de circulaccedilatildeo ndash Entre as parcelas do territoacuterio nacional dado o seu caraacutecter

descontiacutenuo

bull O espaccedilo aeacutereo e mariacutetimo ndash Sob responsabilidade nacional as nossas aacuteguas territoriais

os fundos marinhos contiacuteguos a zona econoacutemica exclusiva e a zona que resultar do

processo de alargamento da plataforma continental

2 O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural

Decorre da avaliaccedilatildeo da conjuntura internacional e da definiccedilatildeo da capacidade nacional tendo

em conta as prioridades da poliacutetica externa e de defesa os actores em presenccedila e as diversas

organizaccedilotildees em que nos inserimos Nesse sentido satildeo aacutereas prioritaacuterias com interesse relevante

para a definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de interesse nacional conjuntural as seguintes

bull O espaccedilo euro-atlacircntico ndash compreendendo a Europa onde nos integramos o espaccedilo

atlacircntico em geral e o relacionamento com os Estados Unidos da Ameacuterica

bull O relacionamento com os Estados limiacutetrofes

bull O Magreb ndash No quadro das relaccedilotildees bilaterais e do diaacutelogo com o Mediterracircneo

bull O Atlacircntico Sul em especial e o relacionamento com o Brasil

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull A Aacutefrica lusoacutefona e Timor-Leste

bull Os paiacuteses em que existem fortes comunidades de emigrantes portugueses

bull Os paiacuteses ou regiotildees em que Portugal tenha presenccedila histoacuterica e cultural nomeadamente

a Regiatildeo Administrativa Especial de Macau

bull Paiacuteses de origem das comunidades imigrantes em Portugal

3 Podem considerar-se aacutereas de interesse relevante para definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de

interesse nacional conjuntural para aleacutem das mencionadas quaisquer outras zonas do globo

em que em certo momento os interesses nacionais estejam em causa ou tenham lugar

acontecimentos que os possam afectar

Fonte Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo D ndash POPULACcedilAtildeO

POPULACcedilAtildeO 2001

PORTUGAL 10356117

Norte 3687293

Lisboa e Vale do Tejo 3467483

Centro 1783596

Alentejo 535753

Algarve 395218

Madeira 245011

Accedilores 241763

ESPANHA 40847371

Andaluzia 7357558

Catalunha 6343110

Madrid (Comunidade de) 5423384

Comunidade Valenciana 4162776

Galiza 2695880

Castela e Leatildeo 2456474

Paiacutes Basco 2082587

Castela-La Mancha 1760516

Canaacuterias 1694477

Aragatildeo 1204215

Muacutercia (Regiatildeo de) 1197646

Astuacuterias (Principado de) 1062998

Estremadura 1058503

Baleares (Ilhas) 841669

Navarra (Comunidade Foral de) 555829

Cantaacutebria 535131

La Rioja 276702

Ceuta 71505

Melilla 66411

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo E ndash DENSIDADE POPULACIONAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

DENSIDADE POPULACIONAL 2003

(habkm2)

UE 15 120

Alemanha 231

Franccedila 110

Reino Unido 243

Itaacutelia 190

Espanha 84

Paiacuteses Baixos 476

Greacutecia 83

Portugal 113

Beacutelgica 334

Sueacutecia 22

Aacuteustria 96

Dinamarca 125

Finlacircndia 17

Irlanda 57

Luxemburgo 149

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo F ndash DENSIDADE POPULACIONAL POR REGIOtildeES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo G ndash PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO NA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)

Cenaacuterio BaseAnos da previsatildeo 2010 2025 2040

Portugal 106 104 98

Espanha 457 501 527

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo H ndash PIRAcircMIDE ETAacuteRIA

PIRAcircMIDE ETAacuteRIA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo I ndash EVOLUCcedilAtildeO DAS TAXAS DE NATALIDADE E MORTALIDADE

Evoluccedilatildeo das Taxas de Natalidade e Mortalidade

0

2

4

6

8

10

12

14

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Portugal

Espanha

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo J ndash TAXA DE ABANDONO ESCOLAR

Taxa de Abandono Escolar ()

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Portugal Espanha

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo K ndash POPULACcedilAtildeO FEMININA QUE FREQUENTA O ENSINO SUPERIOR

POPULACcedilAtildeO FEMININA

NO

ENSINO SUPERIOR 2001

UE 15 559

Portugal 671

Finlacircndia 611

Sueacutecia 585

Itaacutelia 573

Espanha 572

Dinamarca 565

Beacutelgica 561

Irlanda 560

Reino Unido 559

Franccedila 555

Paiacuteses Baixos 547

Alemanha 516

Aacuteustria 515

Luxemburgo nd

Greacutecia nd

nd ndash Natildeo disponiacutevel

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo L ndash DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO

DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO 2001

( PIB)

UE 15 51

Dinamarca 85

Sueacutecia 73

Finlacircndia 62

Beacutelgica 61

Portugal 59

Aacuteustria 58

Franccedila 57

Itaacutelia 50

Paiacuteses Baixos 50

Reino Unido 47

Alemanha 46

Espanha 44

Irlanda 44

Greacutecia 39

Luxemburgo 39

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo M ndash ALOJAMENTOS COM COMPUTADOR

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo N ndash POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACIVIDADE

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE

2003 Total (1000) Agricultura Induacutestria Serviccedilos

UE 15 163758 38 265 645

Aacuteustria 3693 55 287 657

Beacutelgica 4055 17 249 733

Alemanha 35927 24 314 662

Dinamarca 2704 33 231 734

Espanha 16666 56 308 636

Finlacircndia 2401 52 266 677

Franccedila 24041 43 245 706

Greacutecia 4015 163 220 617

Irlanda 1778 64 277 656

Itaacutelia 22057 47 318 635

Luxemburgo 188 27 191 782

Paiacuteses Baixos 8176 29 210 761

Portugal 5118 128 328 544

Sueacutecia 4352 26 226 748

Reino Unido 28637 12 235 751

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo O ndash VALOR DO VAB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - PORTUGAL

Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade 2001

AgriculturaSilvicultura

Pescas400

Serviccedilos6700

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2900

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo P ndash VALOR DO PIB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - ESPANHA

Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

Serviccedilos6030

AgriculturaPescas299

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2663

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Q ndash TAXA DE ACTIVIDADE FEMININA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo R ndash TAXA DE DESEMPREGO POR REGIOtildeES 2003 ()

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo S ndash DIAS NAtildeO TRABALHADOS DEVIDO A GREVES

Dias natildeo Trabalhados Devido a Greves (p1000 empregados)

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8

Espanha Portugal

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1995 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo T ndash TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB A PRECcedilOS CONSTANTES

Taxa de Crescimento Anual do PIB a Preccedilos Constantes ()

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo U ndash EVOLUCcedilAtildeO DO PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Milhares de euros 1998 2000 2002

UE 15 203 227 241

Luxemburgo 396 485 502

Dinamarca 291 321 341

Irlanda 209 271 331

Sueacutecia 250 293 287

Reino Unido 218 266 280

Paiacuteses Baixos 224 253 275

Aacuteustria 237 258 271

Finlacircndia 224 251 269

Alemanha 234 247 256

Beacutelgica 219 242 252

Franccedila 216 234 248

Itaacutelia 186 202 217

Espanha 133 153 172

Greacutecia 101 113 129

Portugal 99 113 125

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo V ndash PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES 2002

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo W ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DE PORTUGAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Portugal

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291

2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147

3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99

4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64

5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49

6ordm Itaacutelia 48 6ordm Paiacuteses Baixos 46

7ordm Beacutelgica 46 7ordm Beacutelgica 29

8ordm Paiacuteses Baixos 39 8ordm EUA 19

9ordm Angola 23 9ordm Japatildeo 17

10ordm Sueacutecia 13 10ordm Nigeacuteria 17

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo X ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DA ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Espanha

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Franccedila 191 1ordm Franccedila 168

2ordm Alemanha 119 2ordm Alemanha 166

3ordm Itaacutelia 96 3ordm Itaacutelia 88

4ordm Reino Unido 93 4ordm Reino Unido 65

5ordm Portugal 93 5ordm Paiacuteses Baixos 48

6ordm EUA 42 6ordm Beacutelgica 35

7ordm Paiacuteses Baixos 34 7ordm Portugal 32

8ordm Beacutelgica 30 8ordm China 32

9ordm Meacutexico 16 9ordm EUA 31

10ordm Marrocos 13 10ordm Japatildeo 21

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Y ndash TROCAS COMERCIAIS COM A UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Exportaccedilotildees para a UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

Importaccedilotildees da UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Z ndash PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL A ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA 2003

Portugal exporta para Espanha Espanha exporta para Portugal

1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 134 1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 119

2ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 112 2ordm Artigos manufacturados diversos 50

3ordm Equipamento eleacutectrico 56 3ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 49

4ordm Ferro e accedilo 46 4ordm Equipamento eleacutectrico 45

5ordm Produtos metaacutelicos fabricados 40 5ordm Papel e cartatildeo 39

6ordm Manufacturas de minerais natildeo metaacutelicos 38 6ordm Maacutequinas de escritoacuterio e de

processamento de dados 37

7ordm Fibras tecidos e produtos tecircxteis 36 7ordm Maacutequinas e equipamento industrial 36

8ordm Mobiliaacuterio e componentes 36 8ordm Peixe crustaacuteceos e moluscos 35

9ordm Madeira e produtos de madeira 33 9ordm Ferro e accedilo 33

10ordm Papel e cartatildeo 32 10ordm Produtos metaacutelicos fabricados 33

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

APEcircNDICES

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice A ndash SINTESE HISTOacuteRICA DA ESPANHA

No iniacutecio do seacuteculo XX saboreava ainda a Espanha a receacutem instaurada monarquia e a

implementaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1876 quando sofreu o dissabor que a histoacuteria designou

simplesmente como ldquoo desastrerdquo A expressatildeo pretendeu caracterizar a crise vivida no final do

seacuteculo XIX em 1898 que teve como consequecircncia a perda das coloacutenias de Porto Rico Cuba e

Filipinas Apesar do regime ter resistido a tais acontecimentos sobressaiam as vozes criticas os

movimentos de protesto e os incitamentos agrave implementaccedilatildeo de reformas inicialmente por acccedilatildeo

do movimento regeneracionista liderado por Joaquim Costa Embora natildeo tenha conseguido as

esperadas adesotildees pretendia mobilizar a classe poliacutetica para que fossem encetadas as desejadas

reformas social econoacutemica e educacional

O ressurgimento do movimento republicano era tambeacutem uma consequecircncia inevitaacutevel que a

partir de 1900 tomava duas direcccedilotildees distintas De um lado surgia Alejandro Lerroux ldquoherdeiro

da velha tradiccedilatildeo revolucionaacuteria urbanardquo (CARR et al 2004 p204) explorando o

descontentamento dos trabalhadores marginalizados que viviam nos bairros de lata das grandes

cidades As suas acccedilotildees visavam atingir os ideais da burguesia atraveacutes do renascimento do

anticlericalismo violento da deacutecada de 1830 Do outro situava-se a ala burguesa representada

pelo Partido Republicano Reformista caracterizado pela qualidade intelectual dos seus

dirigentes onde despontavam jovens como Manuel Azantildea que viria a desempenhar um papel

relevante no periacuteodo da Segunda Repuacuteblica

Esta ala reformista pretendia modernizar o paiacutes democratizar e actualizar a legislaccedilatildeo social e

educacional assim como afirmava ser possiacutevel a convivecircncia com o regime monaacuterquico desde

que este pudesse assegurar os valores e os princiacutepios reformistas pretendidos O movimento teve

uma larga implantaccedilatildeo nas grandes cidades onde nas eleiccedilotildees regionais obteve resultados

superiores aos da monarquia contudo no interior rural as votaccedilotildees natildeo foram nada positivas

Neste contexto alguns movimentos nacionalistas atingiam dimensotildees de relevo O

catalanismo iniciado na deacutecada de 1830 como um movimento de renascimento literaacuterio da

liacutengua e cultura catalatilde assumia em 1890 uma dimensatildeo poliacutetica que reivindicava a

possibilidade de constituir um governo autoacutectone A direcccedilatildeo estava a cargo de Prat de la Riba

que apesar das suas reivindicaccedilotildees de acircmbito nacionalista recusavam os movimentos de caris

radical Em 1906 tendo em vista as eleiccedilotildees do ano seguinte surge o ldquoSolidaritat Catalanrdquo que

resultou da uniatildeo de todos os movimentos com excepccedilatildeo do liderado por Lerroux Apesar das

exigecircncias de criaccedilatildeo de um governo catalatildeo permanecerem por satisfazer Prat de la Riba

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

promovia a liacutengua e cultura catalatilde Em 1922 o catalanismo poliacutetico dava origem agrave Acccedilatildeo Catalatilde

que assumia os princiacutepios da esquerda republicana que sob a lideranccedila do Coronel Francesc

Maciaacute se tornava num movimento separatista lutando pela Catalunha como uma repuacuteblica livre

num Estado federal

Os Bascos que ainda sofriam as consequecircncias das rebeliotildees carlistas do periacuteodo de 1833-39

desenvolviam um tipo de nacionalismo que por natildeo possuiacuterem a unidade poliacutetica do movimento

catalatildeo natildeo representava qualquer ameaccedila ao regime Foi Sabino de Arana que desenvolveu o

sentido de uniatildeo entre os bascos designando a uniatildeo nacional por Euzkadi e assumindo o

desiacutegnio de separaccedilatildeo do Estado espanhol A par da liacutengua basca fundou o Partido Nacionalista

Basco que desenvolvia um nacionalismo essencialmente racista mas ao contraacuterio do movimento

nacionalista catalatildeo natildeo se colocou na ala esquerda do sector poliacutetico A partir da deacutecada de

1960 os nacionalistas radicais adoptaram a acccedilatildeo terrorista como meacutetodo para atingirem os fins

propostos

Outra das forccedilas poliacuteticas que despontava era o Partido Socialista Obrero Espantildeol (PSOE)

fundado em 1879 por Pablo Igleacutesias Encontrava-se significativamente implantado nos distritos

das minas de carvatildeo das Astuacuterias e das minas de ferro e da induacutestria metaluacutergica de Bilbau No

entanto a sua implantaccedilatildeo natildeo chegava ao interior rural onde se sobrepunham os sindicatos

catoacutelicos em Navarra e Castela e os movimentos anarquistas na Andaluzia e Levante

A igreja opunha-se agraves tendecircncias reformistas e de modernizaccedilatildeo entatildeo proclamadas Para

combater estes movimentos que encarava como ameaccedila alargava a actividade missionaacuteria e

empenhava a Acccedilatildeo Catoacutelica na mobilizaccedilatildeo dos leigos Entretanto as ordens religiosas

ldquoapoderavam-se das funccedilotildees de bem-estar e educacionais que o governo natildeo conseguia

financiarrdquo (CARR et al 2004 p210)

Com a restauraccedilatildeo monaacuterquica em 1876 os governos desenvolviam a sua acccedilatildeo em regime de

alternacircncia partidaacuteria entre liberais e conservadores Contudo as querelas partidaacuterias e a

corrupccedilatildeo poliacutetica natildeo permitiam aos partidos estabelecerem governos estaacuteveis Esta

instabilidade originou entre 1902 e 1923 a tomada de posse de 34 governos nuacutemeros que

reflectem a precariedade do sistema poliacutetico a que o rei Afonso XIII deveria fazer face

Em 1923 atraveacutes de um pronunciamiento1 o General Primo de Rivera tomou o poder e foi

reconhecido pelo rei como ditador militar Era sua intenccedilatildeo conseguir o afastamento dos

poliacuteticos corruptos e ineficazes de forma a entregar o Paiacutes aos verdadeiros patriotas O seu

programa de governo assentava na realizaccedilatildeo de inuacutemeros projectos de obras puacuteblicas e na

1 Revolta militar com o objectivo da tomada do poder

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

protecccedilatildeo da economia tornando-a fechada e auto-suficiente O seu programa falha por

dificuldades orccedilamentais falhando tambeacutem o projecto poliacutetico de criaccedilatildeo de um vasto

movimento patrioacutetico que deveria dar origem agrave Uniatildeo Poliacutetica Nacional Primo de Rivera eacute

afastado pelo rei em 1930 apoacutes a tentativa de encetar uma reforma no Exeacutercito No entanto os

custos satildeo vastos caindo tambeacutem o regime monaacuterquico

A 2ordf Repuacuteblica proclamada a 14 de Abril de 1931 transmitia a esperanccedila proacutepria de um

regime democraacutetico O novo sistema poliacutetico pretendia levar a cabo reformas radicais de acircmbito

social e cultural que de uma forma geral se resumiam ao alargamento dos direitos agraves minorias

ao reconhecimento das reivindicaccedilotildees autonoacutemicas das regiotildees histoacutericas na atribuiccedilatildeo de

melhores salaacuterios e mais direitos sindicais Para os sectores mais tradicionais da sociedade

espanhola as transformaccedilotildees e as reformas eram vistas como uma ameaccedila aos seus interesses

bem como agrave identidade da proacutepria Espanha Assim a igreja temia a progressiva laicizaccedilatildeo da

sociedade os latifundiaacuterios e os industriais receavam os anuacutencios de subida de salaacuterios e o

aumento dos direitos sindicais e a ala conservadora do Exeacutercito encarava o reconhecimento das

autonomias regionais como uma ameaccedila agrave integridade territorial do paiacutes

O governo formado por republicanos e socialistas dirigido inicialmente por Alcalaacute Zamora e

posteriormente por Manuel Azantildea demonstrava os primeiros sinais do desgaste provocado pelas

elevadas expectativas criadas bem como pelas poleacutemicas reformas pretendidas Em 1933 surgia

a oposiccedilatildeo da Confederaccedilatildeo dos Grupos Autoacutenomos de Direita (CEDA) dirigida por Joseacute Maria

Gil Robles que se assumia como o principal partido do parlamento a partir das eleiccedilotildees

realizadas no final do ano Este facto permitia-lhe apoiar um governo minoritaacuterio da ala direita

dos republicanos radicais

Em 1935 os escacircndalos de corrupccedilatildeo ocorridos no seio da coligaccedilatildeo de direita levaram agrave

convocaccedilatildeo de eleiccedilotildees que recolocaram no governo a Frente Popular antiga alianccedila eleitoral

entre socialistas e republicanos de Manuel Azantildea e Idaleacutecio Prieto Contudo a instabilidade

social e o fraccionamento poliacutetico da Espanha que opunha de um lado os republicanos apoiados

pela esquerda e do outro a direita que ldquopretendia desestabilizar a repuacuteblica atraveacutes da desordem

civilrdquo (CARR et al 2004 p230) faziam prever a realizaccedilatildeo de um golpe militar com o objectivo

de instaurar um regime autoritaacuterio e implicitamente derrubar o regime O assassiacutenio de Joseacute

Calvo Sotelo um monaacuterquico autoritaacuterio de direita e liacuteder do Bloco Nacional foi o catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe que se iniciou a 17 de Julho com a sublevaccedilatildeo do Exeacutercito

em Marrocos Ao falhar este golpe mergulhou a Espanha num prolongado e sangrento conflito

interno

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

A guerra civil opocircs os partidaacuterios do regime aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo

Francisco Franco tambeacutem conhecido pela designaccedilatildeo de ldquocaudilhordquo Os revoltosos pretendiam

a derrota da democracia e o consequente restabelecimento de um regime autoritaacuterio assim como

a restauraccedilatildeo do papel da igreja catoacutelica e a salvaguarda da integridade territorial das ambiccedilotildees

separatistas de bascos e catalatildees A intensidade dos combates e os provaacuteveis riscos de uma

vitoacuteria republicana para a estabilidade da Europa em especial para Portugal levaram a que o

apoio externo fosse considerado um factor determinante para o sucesso Assim enquanto os

nacionalistas cativaram a simpatia da Alemanha Itaacutelia e de Portugal os republicanos

asseguravam o suporte sovieacutetico

A Franccedila e a Gratilde-Bretanha receando o contaacutegio do conflito agrave Europa propuseram a assinatura

de um acordo de natildeo-intervenccedilatildeo assim como a criaccedilatildeo de uma comissatildeo que acompanhasse a

sua implementaccedilatildeo Apesar de assinado pelas potecircncias europeias jaacute referidas de nada valeu

verificando-se violaccedilotildees por parte da Alemanha e da Itaacutelia que contribuiacuteram com aviotildees para o

transporte de tropas nomeadamente das forccedilas revoltosas sedeadas em Marrocos armas e

homens Tambeacutem o Governo de Portugal natildeo deixaria de prestar o seu contributo para o ecircxito

nacionalista desempenhando um papel fundamental no apoio logiacutestico agraves suas forccedilas Mais

tarde a Ruacutessia efectivava o apoio ao regime cedendo material de guerra A 27 de Marccedilo de 1939

os nacionalistas tomavam Madrid e trecircs dias depois a guerra era dada por terminada

Seguiu-se um periacuteodo de regime conservador e autoritaacuterio liderado por Francisco Franco

cujo poder assentava na igreja no Exeacutercito e na receacutem criada Falange O regime suportou o

periacuteodo de guerra generalizada que se seguiu na Europa na qual apesar da sua alegada

neutralidade deixou claro o alinhamento com as naccedilotildees do eixo A entrada na guerra chegou a

ser negociada facto que poderia arrastar a Peniacutensula para o conflito

O alinhamento espanhol e a manutenccedilatildeo de um regime autoritaacuterio estiveram na base de um

periacuteodo de isolamento imposto pela comunidade internacional As consequecircncias de maior

visibilidade foram o afastamento do Plano Marshal a natildeo entrada na OTAN na ONU e na CEE

Este periacuteodo foi mantido ateacute 1953 ano em que foram assinados os acordos de cooperaccedilatildeo com

os EUA que permitiram o estacionamento de bases militares no territoacuterio em troca de ajuda

financeira

Economicamente a Espanha encontrava-se numa situaccedilatildeo catastroacutefica motivada pela

prolongada guerra civil pela guerra mundial pelo auto-isolamento econoacutemico patrocinado pelo

regime e pelo isolamento externo imposto pela comunidade internacional A partir de 1959

Franco aceitava alterar a poliacutetica econoacutemica pondo em praacutetica um plano de estabilidade que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

originou importantes resultados Contudo a agitaccedilatildeo social crescia fruto da incompatibilidade

entre reformas e modernizaccedilatildeo e a existecircncia de um regime autoritaacuterio

Ressurgem tambeacutem os movimentos nacionalistas regionais que provocam um rude golpe

quando em 1973 a ETA assassina Carrero Blanco Primeiro-Ministro de Franco Com a morte

do Chefe de Estado em 1975 eacute coroado rei Juan Carlos I entretanto regressado de Portugal O

regime de Francisco Franco eacute desmantelado e eacute instaurada a democracia que tem vindo a

proporcionar uma alternacircncia de governos entre o PSOE e o PP dos quais Felipe Gonzaacutelez Joseacute

Maria Aznar e Joseacute Luiacutes Zapatero satildeo os mais recentes interpretes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice B ndash SINTESE HISTOacuteRICA DE PORTUGAL

Ao virar do seacuteculo Portugal encontrava-se numa difiacutecil situaccedilatildeo financeira agravada pela

diminuiccedilatildeo das receitas externas provenientes das exportaccedilotildees agriacutecolas e das receitas

monetaacuterias dos emigrantes Em 1892 os ldquocredores suspenderam os empreacutestimos agrave coroa

portuguesardquo (CARNEIRO et al 2001 p488) provocando mesmo a entrada do Estado na

situaccedilatildeo de bancarrota A agitaccedilatildeo social fazia sentir-se com intensidade a par de numerosas

manifestaccedilotildees em favor da Repuacuteblica Na eacutepoca estava ainda muito presente a constrangedora

questatildeo do ultimato inglecircs que em resposta agraves aspiraccedilotildees nacionais do Mapa Cor-de-rosa1 que

colidiam com as pretensotildees coloniais britacircnicas2 pressionaram Portugal a abandonar o projecto

pondo a nu a influecircncia inglesa nos desiacutegnios nacionais

O regime monaacuterquico encontrava-se em crise assim como o proacuteprio sistema liberal

constitucional Os primeiros anos do novo seacuteculo foram caracterizados por uma vincada

instabilidade governativa Os escacircndalos poliacuteticos avolumavam-se retirando credibilidade agrave

classe poliacutetica e agrave autoridade do proacuteprio Estado Tambeacutem os partidos poliacuteticos natildeo eram alheios

agrave turbulecircncia entatildeo instalada sucedendo-se as cisotildees novos partidos nasciam representando

outras facccedilotildees Os governos sucediam-se ateacute que a instabilidade faz desencadear em 28 de

Janeiro de 1908 uma intentona republicana para derrubar o regime O clima de agitaccedilatildeo social e

de confrontaccedilatildeo poliacutetica culminou em 1 de Fevereiro com o assassiacutenio do rei D Carlos e do

priacutencipe herdeiro D Luiacutes Filipe

A tentativa de D Manuel II para manter o regime monaacuterquico natildeo surtiu efeito e num

movimento liderado pelo Almirante Cacircndido dos Reis e por D Miguel Bombarda eacute implantada

a Repuacuteblica a 5 de Outubro de 1910 Nos primeiros anos entre 1911 e 1917 mantinha-se um

ambiente de forte instabilidade podendo identificar-se quatro (CARNEIRO et al 2001 p494)

periacuteodos poliacuteticos distintos o primeiro compreendido entre 1911 e 1913 foi caracterizado pela

formaccedilatildeo de governos de coligaccedilatildeo o segundo entre 1913 e 1915 no qual acccedilatildeo governativa foi

exercida pelo Partido Democraacutetico liderado por Afonso Costa no terceiro confinado ao ano de

1915 surgia o periacuteodo de ditadura do General Pimenta de Castro por uacuteltimo o periacuteodo

compreendido entre os anos de 1916 e 1917 no qual governaram os executivos que decidiram a

posiccedilatildeo beligerante de Portugal na I Guerra Mundial

1 O Mapa Cor-de-rosa representava o projecto portuguecircs de unir os territoacuterios de Angola e Moccedilambique 2 Os ingleses pretendiam criar um corredor contiacutenuo do Cairo ateacute agrave cidade do Cabo na Aacutefrica do Sul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Na fase que se seguiu agrave implantaccedilatildeo da repuacuteblica foi considerada de grande premecircncia a

necessidade de proceder agrave consolidaccedilatildeo do regime e agrave criaccedilatildeo de um clima de pacificaccedilatildeo

nacional e de ordem puacuteblica pelo que deveria dar-se inicio agrave implementaccedilatildeo das promessas

efectuadas pelo Partido Republicano A constituiccedilatildeo surgiu em 1911 e com ela apareceram

reformas de vulto para a eacutepoca tais como a laicizaccedilatildeo do Estado a expulsatildeo das ordens

religiosas a proibiccedilatildeo do ensino religioso nas escolas puacuteblicas e a regulamentaccedilatildeo da greve

Contudo as medidas reformistas desencadearam desentendimentos e um grande

descontentamento nalguns sectores da sociedade portuguesa Por um lado eram lesados

interesses haacute muito instalados considerando as medidas muito excessivas por outro

consideravam-nas insuficientes

A participaccedilatildeo das Tropas portuguesas na I Guerra Mundial teve em Afonso Costa e

Bernardino Machado os seus maiores entusiastas Para tal foram apresentadas trecircs razotildees

distintas a primeira a ldquotese colonialrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) defendia que seria a

uacutenica forma de Portugal manter a soberania sobre as coloacutenias contrariando as pretensotildees alematildes

e mantendo-se ao lado dos aliados para assim ter assento no concerto das naccedilotildees apoacutes o final da

guerra A segunda a ldquotese europeia peninsularrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) que deixava

expliacutecito a necessidade de um Portugal beligerante em face da neutralidade espanhola seria a

forma de fortalecer a posiccedilatildeo do Paiacutes junto da Gratilde-Bretanha e conferir importacircncia estrateacutegica

ao territoacuterio diferenciando-o no quadro peninsular Por uacuteltimo a tese que afirmava que a

participaccedilatildeo num conflito mundial ao lado das grandes potecircncias europeias deveria atribuir

legitimidade ao regime permitindo a sua consolidaccedilatildeo poliacutetica

A permanente instabilidade poliacutetica e as fortes contestaccedilotildees sociais levaram agrave revoluccedilatildeo de 5

de Dezembro de 1917 na qual Sidoacutenio Pais assumiu o poder transformando o regime

parlamentar num regime presidencialista autoritaacuterio e corporativo Sidoacutenio Pais era assassinado

em 14 de Dezembro de 1918 facto que motivou o regresso do anterior sistema multipartidaacuterio

ou de partido dominante Apesar da mudanccedila mantinha-se o quadro de situaccedilatildeo anteriormente

descrito que tendo como aliado a precaacuteria situaccedilatildeo econoacutemica representava o factor catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe militar de 28 de Maio de 1926 que mergulhou o Paiacutes num

periacuteodo de ditadura militar Sucediam-se as situaccedilotildees de conspiraccedilatildeo e tentativas revolucionaacuterias

contra a ditadura que ficaram conhecidas pelo ldquoreviralhismordquo

Jaacute com Antoacutenio de Oliveira Salazar na pasta das financcedilas desde Abril de 1928 eclodia o

Estado Novo que o levaria agrave Presidecircncia do Conselho de Ministros em 1932 Criada a Uniatildeo

Nacional que congregava as forccedilas poliacuteticas apoiantes do regime iniciava-se um periacuteodo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

regime autoritaacuterio que governaria Portugal cerca de quarenta anos Da eacutepoca citada destacam-se

acontecimentos importantes a que o Paiacutes teve que dar resposta designadamente a guerra civil de

Espanha na qual apesar do pacto de natildeo-intervenccedilatildeo Portugal tomou uma posiccedilatildeo de apoio aos

nacionalistas liderados pelo General Francisco Franco a II Guerra Mundial sobre a qual pocircde

manter um estatuto de neutralidade embora colaborando com as forccedilas aliadas e finalmente o

novo enquadramento geoestrateacutegico decorrente dos acontecimentos que precederam o conflito e

que culminaram na aproximaccedilatildeo aos EUA e no convite para em 1949 integrar a OTAN

O autoritarismo do regime e a sua poliacutetica colonial determinaram ao Paiacutes um momento de

isolamento internacional motivo pelo qual Portugal viria a sofrer forte pressatildeo externa Goa

Damatildeo e Dio satildeo ocupadas pelas forccedilas indianas e ao mesmo tempo eclodiam movimentos

autonomistas nos restantes territoacuterios A guerra teve iniacutecio em Angola e rapidamente se

propagou agraves restantes coloacutenias prolongando-se ateacute 1974 ano em que um golpe de Estado potildee

fim ao regime e agrave guerra colonial Seguiu-se um processo revolucionaacuterio que terminou em 25 de

Novembro de 1975 ldquoabrindo-se caminho agrave instauraccedilatildeo de uma democracia parlamentarrdquo

(CARNEIRO et al 2001 p496)

Seguiu-se um periacuteodo de transiccedilatildeo caracterizado por grande instabilidade governativa

Apenas a partir das eleiccedilotildees antecipadas de 1987 foi possiacutevel constituir governos de maioria

absoluta que permitiram a estabilidade poliacutetica necessaacuteria agrave implementaccedilatildeo de reformas

estruturais indispensaacuteveis a um processo de evoluccedilatildeo consolidada A transiccedilatildeo para um regime

democraacutetico foi determinante para que fosse concluiacutedo o processo de adesatildeo agrave CEE tratado

assinado em 1985 juntamente com a Espanha no Mosteiro dos Jeroacutenimos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

Apecircndice C ndash CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES

1939 - Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo e Protocolo Adicional que previa a consulta

muacutetua entre os dois estados relativamente a acontecimentos que pudessem por em

causa a seguranccedila e independecircncia dos dois paiacuteses

1940 - Acordo tripartido entre Portugal a Espanha e o Reino Unido que permitia ao

vizinho peninsular importar produtos das coloacutenias portuguesas com base numa

linha de creacutedito concedida pelo Reino Unido Este Acordo visava garantir o

fornecimento de produtos essenciais agrave Espanha de modo a suprir as carecircncias

originadas pela guerra civil de 1936-39 e evitar a participaccedilatildeo espanhola na II

Guerra Mundial

194143 - Assinatura de novos Acordos comerciais entre Portugal e Espanha com o mesmo

objectivo do anterior

1945 A partir deste ano realizaram-se reuniotildees anuais da Comissatildeo Mista Luso-

espanhola de acompanhamento dos acordos comerciais e de pagamentos assinados

anteriormente

1946 - A ONU decreta o boicote agrave Espanha

1948 - Pacto Peninsular ndash Prorrogaccedilatildeo do Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo por mais

dez anos

- Portugal eacute membro fundador da OCDE

- Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os EUA que permitiu a utilizaccedilatildeo da Base

Militar nos Accedilores

1949 - Portugal eacute membro fundador da OTAN

- Recusada a adesatildeo espanhola facto que motivou o arrefecimento temporaacuterio das

relaccedilotildees entre os dois paiacuteses A Espanha considerava que a adesatildeo de Portugal agrave

OTAN contrariava o Tratado de Amizade assinado entre ambos

- Inicia-se um processo de cooperaccedilatildeo militar entre os dois paiacuteses que englobava a

realizaccedilatildeo de manobras conjuntas para a defesa dos Pirineacuteus em caso de tentativa

de invasatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica

- Assinatura do Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e

Espanha que veio substituir os Acordos Comerciais assinados anteriormente

- Assinatura de acordos para a concessatildeo de creacutedito entre a Espanha e os EUA

marcando o iniacutecio do fim do isolamento internacional da Espanha

Eliminado ltspgt

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Eliminado A

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado agrave Espanha

Eliminado

Eliminado deste paiacutes

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado Portugal eacute membro fundador da OCDE Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os

Eliminado

Eliminado de 3para

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1951 - Portugal renova o acordo de defesa com os EUA que seria novamente prorrogado

em 1957

1953 - A Espanha assina com os EUA os Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

sobre Ajuda Econoacutemica Estes permitem a utilizaccedilatildeo do territoacuterio espanhol para

fins de defesa e prolongam a ajuda econoacutemica iniciada em 1949 que vai permitir

a reconstruccedilatildeo e o relanccedilamento econoacutemico do paiacutes

1955 - Portugal e Espanha aderem agrave ONU pondo fim em definitivo ao isolamento

internacional do nosso vizinho peninsular

1956 - A Espanha concede a independecircncia a Marrocos dando corpo a uma poliacutetica

africana oposta agrave portuguesa

1958 - A Espanha adere agrave OCDE Banco Mundial e ao FMI dando iniacutecio ao processo de

abertura internacional da sua economia

1959 - Portugal no mesmo ano em que adere ao FMI e ao Banco Mundial eacute um dos

membros fundadores da EFTA tomando uma opccedilatildeo de internacionalizaccedilatildeo e de

abertura da sua economia que se enquadrava na tradicional alianccedila Luso-britacircnica

que serve de base agrave manutenccedilatildeo da sua poliacutetica colonial

- A Espanha inicia a internacionalizaccedilatildeo da sua economia atraveacutes do alargamento do

nuacutemero dos seus parceiros comerciais a vaacuterias regiotildees do mundo

1960 - Assinatura de um novo acordo comercial ibeacuterico que incidia essencialmente sobre

as pautas aduaneiras em vigor entre os dois paiacuteses Este acordo natildeo representou

nenhuma alteraccedilatildeo relativamente agrave poliacutetica portuguesa de limitar as relaccedilotildees

econoacutemicas com a Espanha de modo a proteger as coloacutenias dos investidores e das

empresas deste paiacutes

1962 - A Espanha realiza contactos informais com vista agrave adesatildeo agrave CEE Dada a incerteza

da entrada os responsaacuteveis espanhoacuteis preferiram concentrar-se na assinatura de

um acordo comercial preferencial com a CEE

1963 - Data de realizaccedilatildeo do uacuteltimo encontro entre Oliveira Salazar e Francisco Franco

Apoacutes 1963 e ateacute ao final da deacutecada natildeo houve encontros entre altos responsaacuteveis

de Portugal e da Espanha mostrando bem a menor importacircncia dada por ambos agraves

relaccedilotildees ibeacutericas

- A Espanha concede autonomia agrave Guineacute espanhola

1968 - Independecircncia da Guineacute espanhola

1970 - Assinatura e entrada em vigor do acordo comercial da Espanha com a CEE

Eliminado ltspgt

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Tabela formatada

Eliminado

Eliminado de 3para

[1]

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1972 - Portugal assina acordos comerciais preferenciais com a CEE e com a CECA que

entram em vigor em 1973

1974 - Em Portugal com o golpe militar realizado em 25 de Abril de 1974 inicia-se o

processo de transiccedilatildeo para a instauraccedilatildeo de um sistema poliacutetico democraacutetico

1975 - A Espanha daacute iniacutecio ao seu processo de transiccedilatildeo para a democracia Morre

Francisco Franco e eacute coroado o rei D Juan Carlos I

1977 - Portugal e Espanha efectuam em simultacircneo o pedido de adesatildeo agrave CEE

1978 - Iniacutecio das negociaccedilotildees de Portugal para a adesatildeo agrave CEE

1979 - Iniacutecio das negociaccedilotildees da Espanha para a adesatildeo agraves Comunidades Europeias As

negociaccedilotildees definem a estrateacutegia de ambos os paiacuteses de integraccedilatildeo na Europa

Ocidental iniciando-se o processo de abertura do espaccedilo econoacutemico ibeacuterico

1980 - A Espanha assina um acordo com a EFTA no acircmbito do qual se estabelece o

Acordo de Comeacutercio Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

1982 - A Espanha apresenta o pedido de adesatildeo agrave OTAN

1983 - Realizaccedilatildeo da I Cimeira Luso-espanhola com a presenccedila dos Chefes de Governo

dos dois paiacuteses dando iniacutecio a um processo regular de consulta entre ambos para

discussatildeo dos assuntos de interesse comum especialmente os de iacutendole bilateral

1986 - Adesatildeo de Portugal e da Espanha agrave CEE

- Realizaccedilatildeo do referendo que confirma a entrada da Espanha na OTAN

1990 - Portugal e Espanha aderem agrave Uniatildeo Europeia Ocidental

1992 - Portugal e Espanha assinam o tratado de Maastricht onde se encontra previsto a

criaccedilatildeo de uma UEM

- Entrada do escudo e da peseta no Sistema Monetaacuterio Europeu

1993 - Entra em vigor o Mercado Uacutenico Europeu

1996 - Os dois paiacuteses assinam o Tratado de Amesterdatildeo

1999 - Entrada em vigor do Euro ndash Moeda Uacutenica Europeia

- Iniacutecio da terceira e uacuteltima fase da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

Eliminado ltspgt

Eliminado

Eliminado de 3para

Tabela formatada

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Paacutegina 2 [1] Eliminado Rui Pedro M Gago 09102005 234500

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice D ndash A GEOGRAFIA E A GEOETNOGRAFIA DA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Para efectuar uma caracterizaccedilatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica atendendo ao acircmbito do trabalho e por

muito superficial que esta deva ser parece-nos loacutegico iniciaacute-la efectuando um enquadramento

geograacutefico da aacuterea em estudo Assim se incidirmos o olhar sobre o globo terrestre e procurarmos

o bloco geograacutefico que constitui a Peniacutensula Ibeacuterica ao colocaacute-la no centro do olhar verificamos

que se insere no extremo Sudoeste da placa continental europeia Deste conjunto europeu

destaca-se a ldquobem pronunciada posiccedilatildeo geograacutefica centralrdquo (GIRAtildeO 1941 p10) caracteriacutestica

que lhe atribui a designaccedilatildeo de ldquoponto de concentraccedilatildeo dos continentesrdquo1

A Peniacutensula Ibeacuterica apresenta-se numa ldquoposiccedilatildeo geograficamente excecircntricardquo (DRAIN 1964

p11) relativamente agrave plataforma continental europeia da qual se encontra separada pelos

Pirineacuteus A mesma projecta-se no Oceano Atlacircntico tornando-se ldquona mais ocidental e

meridional peniacutensulardquo (GIRAtildeO 1941 p9) da Europa Encontra-se enquadrada pelo Oceano

Atlacircntico que banha as suas vertentes costeiras Norte Oeste e Sul e pelo Mar Mediterracircneo que

complementa a delimitaccedilatildeo oceacircnica na faixa costeira Sul banhando tambeacutem a faixa Sudeste

que se prolonga ateacute agrave cadeia montanhosa dos Pirineacuteus

Sendo o Atlacircntico Norte e o Mediterracircneo o seu espaccedilo de inserccedilatildeo mariacutetima a Peniacutensula

Ibeacuterica enquadra-se nas cercanias de duas grandes massas continentais A jaacute referida Europa e a

Sul o continente Africano com o qual o Estreito de Gibraltar representa a mais curta distacircncia

de transposiccedilatildeo e ainda a porta entre os mares acima designados Esta posiccedilatildeo geograacutefica

permitiu por um lado projectar a Europa no mundo em direcccedilatildeo agraves Ameacutericas e Aacutesia

empregando o caminho mariacutetimo e por outro constituir-se numa espeacutecie de ponte para o

continente Africano

Em termos geomorfoloacutegicos a peniacutensula assemelha-se a ldquoum quadrilaacuteterordquo (FERNANDES et

al 1998 p21) com uma aacuterea com cerca de 589000 km2 cabendo agrave Espanha cerca de 500000

km2 e a Portugal Continental 89106 km2 Eacute uma regiatildeo de planaltos dos mais elevados do

continente europeu entre os quais se destaca Maciccedilo Central Ibeacuterico tambeacutem designada por

Meseta Ibeacuterica Esta tem uma altitude meacutedia de 650 m e uma aacuterea aproximada de 210000 km2

encontrando-se separada na parte central pela Cordilheira Central que a transforma em duas

Submesetas Este grande planalto encontra-se rodeado por vaacuterias planiacutecies costeiras na sua

1 Referecircncia de Amorim Giratildeo a Vidal de La Blanche salientando que se procurarmos em que parte do mundo a Aacutesia a Aacutefrica e a Ameacuterica se aproximam mais uma das outras rapidamente se conclui que eacute na Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

maioria de pequenas dimensotildees das quais se podem destacar a planiacutecie do Ebro a Nordeste a do

Guadalquivir a Sul do Tejo e do Sado a Ocidente

A orientaccedilatildeo geral do conjunto estaacute estabelecida em direcccedilatildeo agrave vertente atlacircntica facto que

determina a direcccedilatildeo dos grandes rios ibeacutericos O Lima o Minho o Douro o Tejo e o Guadiana

satildeo os rios portugueses de maior importacircncia com nascente em Espanha e que vecircm o seu curso

dirigi-los para a respectiva foz no Oceano Atlacircntico Do lado espanhol o Guadalquibir segue a

mesma orientaccedilatildeo no entanto o Ebro eacute o uacutenico rio de grande envergadura que corre sob uma

orientaccedilatildeo Noroeste-Sudeste desaguando no mediterracircneo

A realidade geograacutefica influencia de forma directa o clima peninsular que de uma forma

geral poderaacute ser considerado temperado distinguindo-se entre as vaacuterias regiotildees devido agraves

influecircncias de vaacuterios factores Assim poderemos definir um clima de influecircncia Atlacircntica a

Norte e Noroeste dos Pirineacuteus ateacute agrave Galiza caracterizado por uma fraca oscilaccedilatildeo da

temperatura meacutedia abundacircncia de chuva e ventos soprando do lado do mar De influecircncia

continental na regiatildeo central caracterizado por Invernos frios e prolongados ocorrecircncia de neve

e Verotildees quentes e secos Por uacuteltimo um clima de influecircncia mediterracircnea na regiatildeo Sul

caracterizado por Invernos temperados reduzida pluviosidade e Verotildees muito quentes

A geoetnografia peninsular foi caracterizada pela existecircncia de uma significativa ldquodivisatildeo

socioculturalrdquo (FERNANDES et al 1998 p18) que ao longo de vaacuterios seacuteculos esteve na base

da estruturaccedilatildeo Ibeacuterica Esta divisatildeo seguiu de uma forma geral a orientaccedilatildeo do Sistema Central

que opunha a Norte um ambiente rural e de pastoriacutecio proacuteximo das culturas do Norte da

Europa e a Sul uma cultura urbana e agriacutecola tradicionalmente ligadas agrave cultura mediterracircnea e

africana Foi principalmente nesta regiatildeo que se fez sentir a presenccedila dos colonizadores romanos

e muccedilulmanos com reflexos evidentes nas sociedades que se seguiram

Os traccedilos gerais acima apresentados caracterizam as grandes diferenccedilas no entanto tiveram

reflexos importantes na definiccedilatildeo de particularidades regionais onde assentaram as entidades

autoacutenomas peninsulares Neste princiacutepio de uma forma geral deveremos considerar a

implantaccedilatildeo de catalatildees castelhanos bascos e navarros assim como uma forte influecircncia

mourisca e mediterracircnea na regiatildeo de Valecircncia e de Granada A planiacutecie ocidental esteve na

base tanto do Estado portuguecircs como da autonomia galega Contudo um factor revelou-se de

manifesta importacircncia para o suporte da diferenciaccedilatildeo nacional o aproveitamento do espaccedilo

mariacutetimo tirando partido dos estuaacuterios oferecidos pelos grandes rios peninsulares Este facto foi

determinante para a diferenciaccedilatildeo e a estruturaccedilatildeo de uma identidade proacutepria na qual assentou a

independecircncia nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice E ndash O TRIAcircNGULO ESTRATEacuteGICO PORTUGUEcircS E O EIXO

ESTRATEacuteGICO DA ESPANHA

O Oceano atlacircntico o quadro territorial e a vizinhanccedila com a Espanha representam as

ldquomarcas geneacuteticas de Portugalrdquo (SANTOS 2004 p136) Conjugando as duas primeiras

deparamo-nos com a descontinuidade do territoacuterio nacional que determina a existecircncia do

denominado ldquoTriangulo Estrateacutegico Portuguecircsrdquo (SANTOS 2004 p138) Este eacute definido pelos

veacutertices que se encontram apoiados no territoacuterio continental no arquipeacutelago da Madeira e no

arquipeacutelago dos Accedilores A superfiacutecie total deste espaccedilo enquadrante1 sendo grande parte dele

mariacutetimo representa uma aacuterea com cerca de 2300000 km2 isto eacute 25 vezes superior agraves terras

emersas de Portugal

Os veacutertices definem um espaccedilo estrateacutegico que pela sua posiccedilatildeo geograacutefica designadamente

a sua projecccedilatildeo oceacircnica permite que se constitua num importante ponto de apoio e controlo do

traacutefego mariacutetimo e aeacutereo efectuado entre os diversos continentes inseridos no espaccedilo atlacircntico

assim como das rotas de entrada e saiacuteda do Mar Mediterracircneo Este espaccedilo poderaacute ainda

desempenhar a funccedilatildeo de plataforma de projecccedilatildeo de forccedilas com diversos destinos

Deste vasta aacuterea entendemos dever destacar em primeiro lugar o arquipeacutelago dos Accedilores

que para aleacutem da profundidade que confere ao espaccedilo estrateacutegico portuguecircs representa um

importante e relevante ponto de apoio para os EUA e para a OTAN A Base das Lages tem

desempenhado um papel determinante nas diversas acccedilotildees militares americanas constituindo-se

ainda como pista de aterragem alternativa para aos Vaiveacutem nos regressos dos voos espaciais O

veacutertice seguinte representado pelo arquipeacutelago da Madeira permite controlar os movimentos de

aproximaccedilatildeo provenientes do Norte de Aacutefrica assim como manter sob vigilacircncia os movimentos

ocorridos no Estreito de Gibraltar Por uacuteltimo embora natildeo menos importante o veacutertice

continental que confere a capacidade de projecccedilatildeo de forccedilas constituindo-se tambeacutem numa

retaguarda agraves acccedilotildees desenvolvidas no continente europeu

O Eixo Estrateacutegico da Espanha encontra-se definido pela linha imaginaacuteria que une as Ilhas

Canaacuterias-Estreito de Gibraltar-Ilhas Baleares e representa o uacutenico canal que liga o Mar

Mediterracircneo ao Oceano Atlacircntico Esta linha imaginaacuteria quando prolongada poderaacute atingir os

Paiacuteses da Ameacuterica do Sul que integram a Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees Na sua

funccedilatildeo primaacuteria este eixo permite o controlo sobre o Norte de Aacutefrica assim como de todo o

movimento mariacutetimo e aeacutereo efectuado no mediterracircneo assim como aquele destinado a

1 Janus97 ndash Anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores p 11

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

prosseguir na imensidatildeo do atlacircntico Este eixo poder-se-aacute apoiar nas cidades autoacutenomas de

Ceuta e Melilla localizadas na costa africana contudo juntamente com Gibraltar constituem

uma das questotildees territoriais que a Espanha tem ainda por resolver

Relativamente ao triacircngulo estrateacutegico portuguecircs o eixo estrateacutegico espanhol apresenta-se

ldquodemasiado proacuteximo para se resguardar de ameaccedilas directasrdquo (SANTOS 2004 p139) enquanto

que o espaccedilo portuguecircs ldquoestaacute suficientemente proacuteximo para a partir dele se projectarem forccedilas

e bastante afastado para garantir a seguranccedila relativamente a projecccedilotildees continentaisrdquo

(SANTOS 2004 p136)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice F ndash AS COMUNIDADES AUTOacuteNOMAS E AS PRINCIPAIS ASPIRACcedilOtildeES

1 ANDALUZIA

bull As suas proviacutencias Sevilha Maacutelaga Granada Caacutediz Huelva Almeriacutea e Jaeacuten

bull Pretende

Um novo sistema de participaccedilatildeo regional nas decisotildees do Estado

Uma nova ordenaccedilatildeo territorial

Um espaccedilo fiscal proacuteprio gerido por uma agecircncia tributaacuteria andaluza

2 ARAGAtildeO

bull As suas proviacutencias Saragoccedila Huesca e Teruel

bull Pretende

Novas competecircncias no domiacutenio da justiccedila

Convocar eleiccedilotildees autonoacutemicas fora do calendaacuterio geral

3 ASTUacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Astuacuterias

bull Pretende

A obtenccedilatildeo das competecircncias do Instituto Social da Marinha

A administraccedilatildeo da justiccedila

O PP partido poliacutetico na oposiccedilatildeo pretende uma reforma mais ambiciosa de forma a

equiparar as Astuacuterias agraves comunidades mais avanccediladas em transferecircncias de autonomia

4 BALEARES

bull As suas proviacutencias Maiorca Menorca e Ibiza

bull Pretende

Uma poliacutecia autonoacutemica proacutepria

Novo sistema de financiamento

De uma forma geral pretende que lhe sejam atribuiacutedas o maacuteximo de competecircncias

autonoacutemicas possiacuteveis

5 CATALUNHA

bull As suas proviacutencias Barcelona Tarragona Leacuterida e Gerona

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Uma nova formula de relacionamento com o Estado central

Novo sistema de financiamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nova formula de representaccedilatildeo no Parlamento Europeu

Obter a supervisatildeo do sector bancaacuterio assim como rever o regime de competiccedilatildeo

Sistema de seguranccedila social

A gestatildeo de portos aeroportos e estradas

A capacidade de convocaccedilatildeo de referendos

Esta comunidade autoacutenoma pretende no total a transferecircncia de 88 novas

competecircncias

6 CANAacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Gran Canaacuteria e Tenerife

bull Pretende

A cedecircncia de quarenta novas competecircncias jaacute cedidas pelo Estado

7 CANTAacuteBRIA

bull As suas proviacutencias Cantaacutebria

bull Pretende

A transferecircncia de competecircncias no acircmbito da justiccedila Fundo Especial de Garantia

Agraacuteria Instituto Social da Marinha e Instituto da Mulher

8 CASTELA-LA-MANCHA

bull As suas proviacutencias Toledo Ciudad Real Cuenca Guadalajara e Albacete

bull Pretende

Um novo sistema de financiamento para a sauacutede e a educaccedilatildeo

A administraccedilatildeo da justiccedila

9 CASTELA LEAtildeO

bull As suas proviacutencias Valladolid Leatildeo Salamanca Segoacutevia Palencia Burgos Zamora

bull Pretende

Novas responsabilidades administrativas

A Administraccedilatildeo da justiccedila

A Administraccedilatildeo da aacutegua

10 COMUNIDADE VALENCIANA

bull As suas proviacutencias Valecircncia Alicante Castelloacuten

bull Pretende

Novas direitos de cidadania

Corpo policial autoacutenomo

11 EXTREMADURA

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

bull As suas proviacutencias Caacuteceres Badajoz

bull Pretende

Mais do que as reformas do estatuto proacuteprio pretende que o Estado corrija os

desequiliacutebrios entre as regiotildees ricas e as pobres

Corpo policial autonoacutemico

12 PAIacuteS BASCO

bull As suas proviacutencias Aacutelava Guipuacutezcoa Biscaia

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Um novo modelo de relacionamento com o Estado que preveja a ldquoassociaccedilatildeo livrerdquo

isto eacute tornar voluntaacuteria a associaccedilatildeo ao Estado espanhol

O projecto de reformas foi conhecido pelo ldquoPlano Ibarretxerdquo em alusatildeo ao presidente

do governo do Paiacutes Basco

13 NAVARRA

bull As suas proviacutencias Navarra

bull Pretende

Assumir a competecircncia exclusiva da gestatildeo do tracircnsito

Ver revogada a quarta disposiccedilatildeo transitoacuteria da Constituiccedilatildeo que regula o processo que

os navarros deveriam seguir no caso de decidirem a uniatildeo com o Paiacutes Basco

14 MUacuteRCIA

bull As suas proviacutencias Muacutercia

bull Pretende

Um corpo policial autonoacutemico

Que as alteraccedilotildees nos restantes estatutos salvaguardem a coesatildeo territorial e sejam

limitadas pelos princiacutepios da solidariedade entre autonomias

15 MADRID

bull As suas proviacutencias Madrid

bull Pretende

Como capital do Estado reclama do Governo central uma lei adaptada ao seu estatuto

de capital

Uma nova divisatildeo do mapa eleitoral com dez novas circunscriccedilotildees que permitam aos

madrilenos eleger mais directamente os seus representantes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

16 GALIZA

bull As suas proviacutencias Corunha Lugo Orense Pontevedra

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

A gestatildeo total dos seus portos e aeroportos

A aprovaccedilatildeo de um estatuto que reconheccedila aos galegos o direito de decisatildeo sobre o seu

destino

17 LA RIOJA

bull As suas proviacutencias La Rioja

bull Pretende

A administraccedilatildeo da justiccedila

Um novo modelo de financiamento

Fonte MEIRELES Isabel ndash Expresso Uacutenica (16Abr05)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice G ndash VOTOS ATRIBUIacuteDOS A CADA PAIacuteS NO CONSELHO EUROPEU

Entre 1 de Maio de 2004 e 1 de Novembro de 2004 vigorou um mecanismo provisoacuterio de votaccedilatildeo

Eram necessaacuterios 62 votos (713) para uma deliberaccedilatildeo por maioria qualificada

Passaram a ser considerados necessaacuterios 232 votos (723) para a obtenccedilatildeo da mesma maioria qualificada

Fonte Uniatildeo Europeia

VOTACcedilAtildeO NO CONSELHO EUROPEU

Paiacuteses Membros Ateacute 1 de Maio

de 2004

A partir de 1

de Novembro

de 2004

Alemanha 10 29

Aacuteustria 4 10

Beacutelgica 5 12

Chipre 4

Dinamarca 3 7

Eslovaacutequia 7

Esloveacutenia 4

Espanha 8 27

Estoacutenia 4

Finlacircndia 3 7

Franccedila 10 29

Greacutecia 5 12

Hungria 12

Irlanda 3 7

Itaacutelia 10 29

Letoacutenia 4

Lituacircnia 7

Luxemburgo 2 4

Malta 3

Paiacuteses Baixos 5 13

Poloacutenia 27

Portugal 5 12

Reino Unido 10 29

Repuacuteblica Checa 12

Sueacutecia 4 10

TOTAL 87 321

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice H ndash MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Fonte Uniatildeo Europeia

MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Paiacuteses Membros 1999-2004 2004-2007 2007-2009

Alemanha 99 99 99

Aacuteustria 21 18 18

Beacutelgica 25 24 24

Bulgaacuteria 18

Chipre 6 6

Dinamarca 16 14 14

Eslovaacutequia 14 14

Esloveacutenia 7 7

Espanha 64 54 54

Estoacutenia 6 6

Finlacircndia 16 14 14

Franccedila 87 78 78

Greacutecia 25 24 24

Hungria 24 24

Irlanda 15 13 13

Itaacutelia 87 78 78

Letoacutenia 9 9

Lituacircnia 13 13

Luxemburgo 6 6 6

Malta 5 5

Paiacuteses Baixos 31 27 27

Poloacutenia 54 54

Portugal 25 24 24

Reino Unido 87 78 78

Repuacuteblica Checa 24 24

Romeacutenia 36

Sueacutecia 22 19 19

TOTAL 626 732 786

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice I ndash PROJECTO INTERREG

1 O Projecto INTERREG eacute um programa de iniciativa comunitaacuteria financiado pelo FEDER

2000-2006

2 Princiacutepios Gerais

bull Implemantaccedilatildeo de estrateacutegias conjuntas transfronteiriccedilas transnacionais e programas

de desenvolvimento

bull Aprofundamento de parceiros entre diferentes niacuteveis de administraccedilatildeo com os agentes

econoacutemico-sociais relevantes

bull Coordenaccedilatildeo entre o INTERREG III e os instrumentos de poliacutetica externa da UE

especialmente tendo em vista o seu alargamento

3 Vertentes de Cooperaccedilatildeo

bull Vertente A ndash Cooperaccedilatildeo Transfronteiriccedila

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees fronteiriccedilas vizinhas com o objectivo de desenvolver a

cooperaccedilatildeo econoacutemica e social atraveacutes de estrateacutegias conjuntas e programas de

desenvolvimento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull Vertente B ndash Cooperaccedilatildeo Transnacional

Cooperaccedilatildeo entre grandes grupos de regiotildees europeias com o objectivo de prosseguir

o desenvolvimento e uma maior integraccedilatildeo territorial na UE e com os paiacuteses

candidatos e outros vizinhos

bull Vertente C ndash Cooperaccedilatildeo Inter-regional

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees no territoacuterio da UE e paiacuteses vizinhos para aumentar a

coesatildeo e o desenvolvimento regional mediante a constituiccedilatildeo de redes especialmente

no caso das regiotildees menos desenvolvidas e das regiotildees em reconversatildeo

Fonte http wwwqcaptini_comunitriasinterreghtm1

  • TILD_MAJ GAGO_CEM 04_06
    • 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
      • 111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento
      • 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular
      • 113 A supremacia internacional de Portugal
        • 12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas
        • 13 A questatildeo econoacutemica
        • 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
        • 22 Portugal e Espanha em factos comparados
          • 221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila
          • 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais
          • 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo
          • 224 O mercado de trabalho
          • 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo
            • 23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia
              • 231 O sector energeacutetico
              • 232 A partilha de recursos hiacutedricos
              • 233 O sector bancaacuterio
              • 234 O sector das telecomunicaccedilotildees
                • 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica
                  • 311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE
                  • 312 O relacionamento econoacutemico
                  • 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia
                    • 32 A Alianccedila Atlacircntica
                    • 33 Os espaccedilos regionais
                      • 331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa
                      • 332 O Mediterracircneo e o Magreb
                      • 333 A Ibero-Ameacuterica
                        • 41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia
                        • 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                        • 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                          • 431 O modelo tradicional de relacionamento
                          • 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo
                            • 44 A resposta de Portugal
                            • BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES
                              • Anexos
                                • Capa Anexos
                                • Anexo AA_Consumo de Energia Primaacuteria_2002
                                • Anexo AB_Consumo de Energia Final_2000
                                • Anexo AC_Rede Ibeacuterica de Gaacutes Natural
                                • Anexo AD_Principais Bancos Ibeacutericos
                                • Anexo AE_PIB per capita por PPC
                                • Anexo AF_Investimento Directo Bilateral
                                • Anexo AG_NATO Command Operations_NCA
                                • Anexo AH_NATO Command Structure_ACO
                                • Anexo B_Comeacutercio Externo da Espanha por Zonas Geograacuteficas
                                • Anexo C_O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional
                                • Anexo D_Populaccedilatildeo_2001
                                • Anexo E_Densidade Populacional_2003
                                • Anexo F_Densidade Populacional na Peniacutensula_2001
                                • Anexo G_Projecccedilotildees da Populaccedilatildeo na Peniacutensula Ibeacuterica
                                • Anexo H_Piracircmide Etaacuteria_2003
                                • Anexo I_Relaccedilatildeo Natalidade_Mortalidade
                                • Anexo J_Taxa de Abandono Escolar
                                • Anexo K_Populaccedilatildeo Feminina que Frequenta Ensino Superior_200
                                • Anexo L_Despesa Puacuteblica em Educaccedilatildeo_2001
                                • Anexo M_Alojamentos com Computador_2002
                                • Anexo N_Populaccedilatildeo Empregada por Sector de Actividade_2003
                                • Anexo O_Valor VAB Sector Acvtividade Por_2001
                                • Anexo P_Valor PIB Sector Acvtividade Esp_2003
                                • Anexo Q_Taxa de Actividade Feminina_2003
                                • Anexo R_Taxa de Desemprego_2003
                                • Anexo S_Dias natildeo trabalhados devido a greves
                                • Anexo T_Taxa de Crescimento do PIB a Preccedilos Constantes
                                • Anexo U_PIB Per Capita a Preccedilos Correntes
                                • Anexo V_PIB Per capita a preccedilos correntes regiotildees_2002
                                • Anexo W_Principais Parceiros Comerciais de Portugal_2003
                                • Anexo X_Principais Parceiros Comerciais da Espanha_2003
                                • Anexo Y_Trocas comerciais com a UE 15
                                • Anexo Z_Produtos mais inportantes trocas comerciais_2003
                                  • Apecircndices
                                    • Capa Apecircndices
                                    • Apecircndice A_Sintese histoacuterica da Espanha
                                    • Apecircndice B_Sintese histoacuterica de Portugal
                                    • Apecircndice C_Cronologia dos acontecimentos + importantes
                                    • Apecircndice D_A Geografia e Geoetnografia da Peniacutensula Ib
                                    • Apecircndice E_O Triangulo Estrateacutegico PO vs Eixo Est ESP
                                    • Apecircndice F_As 17 Comunidades Autoacutenomas e Aspiraccedilotildees
                                    • Apecircndice G_Votos no Conselho Europeu
                                    • Apecircndice H_Votos no Parlamento Europeu
                                    • Apecircndice I_Projecto INTERREG
                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA
                                          IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
                                          CURSO DE ESTADO-MAIOR 0406
                                          TRABALHO INDIVIDUAL DE LONGA DURACcedilAtildeO

                                          Rui Pedro Magro do Gago
                                          Major de Artilharia

                                          Bom dia meus senhores sou o Major de Artilharia Rui Gago e cabe-me hoje a mim efectuar a apresentaccedilatildeo do Trabalho Individual de Longa Duraccedilatildeo que me foi proposto subordinado ao tema ldquoA Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionaisrdquo

                                          Ao analisarmos a longa histoacuteria destas duas jaacute velhas naccedilotildees podemos constatar que na maior parte do tempo a sua matriz de relacionamento eacute muito bem caracterizada pela jaacute famosa expressatildeo ldquode costas voltadasrdquo

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          ATEacute

                                          1985

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          DIVERGEcircNCIA

                                          E DESCONFIANCcedilA

                                          NECESSIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          ESTRATEacuteGICA

                                          MATRIZ

                                          DE

                                          RELACIONAMENTO

                                          IMPOSSIBILIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          EXPLIacuteCITA

                                          CONVIVEcircNCIA

                                          E QUEBRA

                                          DE RECEIOS

                                          APOacuteS

                                          1985

                                          Eacute no entanto notoacuterio que esta mesma matriz de relacionamento sofreu uma significativa alteraccedilatildeo a partir do momento em que os dois paiacuteses passaram a partilhar o mesmo espaccedilo econoacutemico e de defesa Pretendo referir-me agrave Comunidade Econoacutemica Europeia e agrave Alianccedila Atlacircntica

                                          Atendendo a que a Espanha aderiu agrave OTAN em 1982 e os dois em simultacircneo assinaram o Tratado de adesatildeo CEE em 1985 vamos considerar esta uacuteltima data como o ponto de referecircncia para a viragem

                                          Assim ateacute 1985 os traccedilos fundamentais desta relaccedilatildeo assentavam numa permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico relativamente agrave Espanha mantendo como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Esta era a base para a postura de divergecircncia e de desconfianccedila que condicionou o relacionamento entre os dois paiacuteses

                                          Apoacutes 1985 a partilha destes dois grandes espaccedilos econoacutemico e de defesa determinou a Portugal a impossibilidade de recorrer a uma diferenciaccedilatildeo estrateacutegica expliacutecita

                                          Eacute a partir deste momento que a realidade do relacionamento passa permitir a convivecircncia bilateral que anteriormente apenas se enquadrava no acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico e agora se alargava aos domiacutenios econoacutemico comercial e cultural

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          Prof Doutor Adriano Moreira

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Julgo que evoluccedilatildeo exposta no slide anterior se encontra muito bem retratada por esta frase proferida pelo Professor Adriano Moreira

                                          Surge de facto um novo paradigma de relacionamento neste caso no plano peninsular

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          IMPORTAcircNCIA DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Neste contexto ambos os paiacuteses integram os mesmos espaccedilos poliacutetico econoacutemico e de defesa

                                          E nelas querendo fazer valer os seus interesses assim como contribuir para as sinergias que concorram para a consecuccedilatildeo dos interesses globais destas Instituiccedilotildees

                                          Consideraacutemos pois ser de toda a pertinecircncia avaliar se em face deste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico em que medida os caminhos de ambos os Estados poderatildeo ser comuns ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular poderatildeo determinar a Portugal a necessidade de procurar uma orientaccedilatildeo oposta mantendo-se desta forma a tendecircncia da histoacuteria

                                          ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          SEacuteCULO XX

                                          POLIacuteTICA

                                          EXTERNA

                                          UEOTAN

                                          ESPACcedilOS

                                          REGIONAIS

                                          BILATERAL

                                          FACTORES

                                          DE

                                          DEPENDEcircNCIA

                                          Em face da vastidatildeo do objecto decidimos delimitar o estudo no acircmbito temporal ao seacuteculo XX enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees tomadas no seio da UE e da OTAN natildeo deixando contudo de fazer uma referecircncia embora breve aos espaccedilos regionais preferenciais de cada um dos paiacuteses

                                          No plano bilateral vamos abordar a existecircncia de alguns factores que poderatildeo determinar alguma dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

                                          METODOLOGIA

                                          • Pesquisa bibliograacutefica
                                              • Consulta de jornais e revistas
                                                  • Consulta de siacutetios da Internet
                                                      • Realizaccedilatildeo de entrevistas
                                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          A metodologia empregue versou fundamentalmente na pesquisa em vaacuterias fontes onde se incluiu a realizaccedilatildeo de algumas entrevistas efectuadas a personalidades que desenvolveram conhecimentos nesta aacuterea

                                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                          QUESTAtildeO CENTRAL

                                                          Para a resoluccedilatildeo do problema proposto definimos a seguinte Questatildeo Central

                                                          Eacute a partir dela que todo o trabalho foi desenvolvido procurando obter uma resposta clara e sustentada

                                                          ldquoPoderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo

                                                          AGENDA

                                                          • Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses
                                                              • A coabitaccedilatildeo internacional
                                                                  • Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha
                                                                      • Conclusotildees e recomendaccedilotildees
                                                                          • Introduccedilatildeo
                                                                              • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento
                                                                                • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                  Assim sendo proponho uma agenda constituiacuteda pelos seguintes pontos

                                                                                  • No primeiro pretendemos efectuar o enquadramento histoacuterico do relacionamento bilateral Desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da CEE e da OTAN
                                                                                  • No segundo pretendemos apresentar as duas realidades peninsulares
                                                                                  • No terceiro abordamos a questatildeo da coabitaccedilatildeo internacional
                                                                                  • No quarto
                                                                                  • No quinto e uacuteltimo ponto
                                                                                    • Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                      Iniacutecio do seacuteculo XX

                                                                                      Desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal

                                                                                      Aproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e Inglaterra

                                                                                      Possessotildees espanholas em Aacutefrica

                                                                                      Aproximaccedilatildeo de Portugal agrave Alemanha determinada pela necessidade de manter uma acircncora externa diferenciada da do vizinho peninsular

                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                        • Os primeiros anos do seacuteculo XX trouxeram-nos outro facto curioso as possessotildees espanholas em Aacutefrica motivaram o interesse alematildeo tendo em vista o controle do mediterracircneo ocidental

                                                                                          Este facto esteve na origem da aproximaccedilatildeo entre ingleses franceses e espanhoacuteis (culminando com a assinatura de acordos com ambos os paiacuteses (1907 Cartagena1906 Algeciras-1912 correcccedilatildeo)) assumindo assim as mesmas alianccedilas extrapeninsulares que Portugal

                                                                                          Apesar de ter sido afirmado o contraacuterio existem documentos que sustentam a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal perante a Inglaterra que passou a considerar a Espanha estrategicamente e militarmente mais importante do que Portugal Deixavam no entanto uma ressalva relativamente agraves ilhas atlacircnticas que natildeo deveriam cair em matildeos de qualquer potecircncia hostil a Londres

                                                                                          Eacute neste contexto que Portugal procura outra acircncora externa que permitisse manter a sua identidade a sua independecircncia e o diferenciasse do vizinho peninsular O papel passa a ser desempenhado pela Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a possibilidade de instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas accedilorianas

                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                          • Questatildeo colonial
                                                                                            • Beligeracircncia portuguesa

                                                                                              Neutralidade da Espanha

                                                                                              Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a notoriedade internacional pretendida

                                                                                              • Questatildeo peninsular
                                                                                                  • Afirmaccedilatildeo do regime
                                                                                                    • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                        • Outro dos acontecimentos que nos permitem visualizar muito bem a forma como as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionaram as opccedilotildees portuguesas neste modelo de relacionamento eacute a IGM

                                                                                                          Este foi o momento que permitiu a Portugal regressar ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                          A opccedilatildeo da Espanha pela neutralidade conferia ao nosso Paiacutes uma excelente oportunidade de conseguir a tatildeo necessaacuteria diferenciaccedilatildeo e ainda procurar a notoriedade internacional que lhe permitisse por um lado estar presente na Conferecircncia de Paz e por outro ter assento no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

                                                                                                          Foi contudo inesperado o reveacutes que se seguiu

                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                                          Conferecircncia de Paz em Paris

                                                                                                          ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido (hellip)rdquo

                                                                                                          Franco Nogueira

                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                            • Apesar de todo o esforccedilo portuguecircs junto dos seus histoacutericos aliados foi a Espanha a escolhida para integrar o Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees em representaccedilatildeo dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                              A guerra civil espanhola

                                                                                                              ldquo(hellip) vitoacuteria do exeacutercito espanhol ou implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo

                                                                                                              Franco Nogueira

                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                              • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                • Portugal desenvolve intensa

                                                                                                                  actividade diplomaacutetica

                                                                                                                  Apoio portuguecircs

                                                                                                                  aos nacionalistas

                                                                                                                  Outro dos acontecimentos do seacuteculo a que Portugal teve que fazer face foi a Guerra Civil espanhola

                                                                                                                  Este conflito opocircs os partidaacuterios do regime republicano apoiados pela esquerda espanhola aos nacionalistas apoiados pela direita

                                                                                                                  Em Portugal decorria jaacute periacuteodo do Estado Novo para quem a vitoacuteria da esquerda representava um duplo perigo o revolucionaacuterio associado agrave provaacutevel implantaccedilatildeo do comunismo em Espanha e o consequente alastramento a Portugal e o iberista associado agraves ideias de integraccedilatildeo de Portugal na Espanha

                                                                                                                  Por esta razatildeo Portugal acabou por desempenhar um papel significativo apoio aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo Francisco Franco contribuindo decisivamente para a implantaccedilatildeo do regime autoritaacuterio liderado por Franco

                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                  II Guerra Mundial

                                                                                                                  Impedir as

                                                                                                                  tendecircncias iberistas

                                                                                                                  Espanholas

                                                                                                                  Contribuir para a

                                                                                                                  neutralidade

                                                                                                                  peninsular

                                                                                                                  O Pacto Peninsular

                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                  • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                    • A ordem cronoloacutegica dos acontecimentos levam-nos ateacute agrave II Guerra Mundial e agrave intenccedilatildeo dos responsaacuteveis de ambos os Estados peninsulares de manterem os respectivos paiacuteses neutrais relativamente ao conflito Uma neutralidade provavelmente mais importante para a Espanha que tiha saiacutedo de um devastador conflito interno nesse sentido eacute proposta a Portugal a assinatura de um pacto de natildeo agressatildeo que contribuiu de forma decisiva para a garantia dessa neutralidade e segundo Oliveira Salazar impedia tambeacutem as tendecircncias iberistas espanholas

                                                                                                                      O desenrolar dos acontecimentos permitiu a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da Peniacutensula e a manutenccedilatildeo do estatuto de neutralidade apresar de tanto Portugal como a Espanha manterem os respectivos alinhamentos estrateacutegicos

                                                                                                                      I Fase

                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                      O Poacutes II Guerra Mundial

                                                                                                                      Novo

                                                                                                                      enquadramento

                                                                                                                      estrateacutegico

                                                                                                                      mundial

                                                                                                                      Isolamento

                                                                                                                      internacional

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      integra

                                                                                                                      a OTAN

                                                                                                                      Diferenciaccedilatildeo

                                                                                                                      efectiva de

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      assume

                                                                                                                      representatividade

                                                                                                                      ibeacuterica

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      uacutenica porta

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      para o mundo

                                                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                        • O relacionamento ibeacuterico no periacuteodo poacutes II Guerra Mundial eacute enquadrado por trecircs factores importantes o primeiro eacute o novo quadro estrateacutegico de onde emergiram os dois protagonistas os EUA e a Ruacutessia em segundo lugar o convite endereccedilado a Portugal para integrar a OTAN este uacuteltimo com grande impacto no relacionamento peninsular dado que Franco ao ver a Espanha excluiacuteda se apressou a impedir a adesatildeo de Portugal ao Pacto Atlacircntico afirmando a incompatibilidade com o Pacto Peninsular e finalmente o isolamento imposto pela comunidade internacional agrave Espanha tanto pela postura tida durante a II GM como pela natureza autoritaacuteria do regime

                                                                                                                          Portugal conseguia nesta I Fase do poacutes-guerra afirmar a sua diferenciaccedilatildeo efectiva relativamente agrave Espanha assumindo a representatividade ibeacuterica junto da comunidade internacional o que o transformou na uacutenica porta da Espanha para o mundo

                                                                                                                          II Fase

                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                          Guerra Fria

                                                                                                                          Adesatildeo

                                                                                                                          dos paiacuteses

                                                                                                                          agrave ONU

                                                                                                                          Pressatildeo

                                                                                                                          internacional

                                                                                                                          sobre Portugal

                                                                                                                          Fim da

                                                                                                                          dependecircncia

                                                                                                                          espanhola

                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                          Afastamento

                                                                                                                          do processo

                                                                                                                          de integraccedilatildeo

                                                                                                                          europeia

                                                                                                                          Alteraccedilatildeo

                                                                                                                          da natureza

                                                                                                                          dos regimes

                                                                                                                          1974 e 1975

                                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                            • O periacuteodo que se seguiu ao ano de 1949 foi caracterizado pelo progressivo fim da dependecircncia espanhola de Portugal inicialmente com os acordos firmados em 1949 e 1953 com os EUA e finalmente efectivado apoacutes o ingresso de ambos em simultacircneo na ONU em 1955

                                                                                                                              A partir deste instante os papeis invertiam-se e Portugal entrava agora num periacuteodo de isolamento internacional no qual a questatildeo colonial motivava a pressatildeo exercida sobre o paiacutes por parte da comunidade internacional

                                                                                                                              Contudo foi a natureza de ambos os regimes que determinou o afastamento do processo de adesatildeo agrave CEE

                                                                                                                              Os anos de 1974 e 1975 marcaram respectivamente em Portugal e na Espanha o final de um ciclo poliacutetico proporcionando as condiccedilotildees para todas as alteraccedilotildees que viriam a ocorrer

                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                              • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                  O relacionamento econoacutemico bilateral

                                                                                                                                  Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                  Uma palavra sobre o relacionamento econoacutemico neste periacuteodo que nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica faria supor

                                                                                                                                  Analisando os valores relativos agraves trocas comerciais neste periacuteodo poderemos constatar os valores satildeo quase insignificantes

                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                                  • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      A internacionalizaccedilatildeo das economias

                                                                                                                                      Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                      ESPANHA

                                                                                                                                      PORTUGAL

                                                                                                                                      Curioso seraacute ver a forma diferenciada como cada um procurou efectuar a internacionalizaccedilatildeo econoacutemica enquanto a Espanha opta por diversificar os seus parceiros econoacutemicos para os paiacuteses da Ameacuterica Latina paiacuteses Aacuterabes e da Europa de Leste

                                                                                                                                      Portugal no quadro do relacionamento Luso-Britacircnico opta pelos Europeus nomeadamente pela adesatildeo agrave EFTA que lhe permitia resguardar a questatildeo colonial

                                                                                                                                      O relacionamento econoacutemico bilateral eacute significativamente incrementado apoacutes a assinatura do tratado de adesatildeo agrave CEE em 1985 (5-19) e (1-5)

                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      Matriz de Identidade

                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                        • Aquilo que muitos designam por ldquofatalidade geograacuteficardquo natildeo define por si soacute todas as vertentes que compotildeem a matriz de identidade dos dois paiacuteses Assim ambos se encontram inseridos na realidade europeia Para aleacutem da inserccedilatildeo geograacutefica contribuem para esta identificaccedilatildeo a realidade poliacutetica econoacutemica e cultural E foi este o caminho escolhido pelos dois paiacuteses quando decidiram abraccedilar o projecto de construccedilatildeo europeu

                                                                                                                                          Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa os dois paiacuteses vivem hoje uma situaccedilatildeo de partilha de interesses integrando a OTAN e participando activamente no desenvolvimento e implementaccedilatildeo da poliacutetica externa e de seguranccedila do espaccedilo europeu Eacute atraveacutes destas instituiccedilotildees que Portugal e Espanha pretendem enquadrar-se na actual realidade geopoliacutetica e geoestrateacutegica dando o seu contributo para a actual noccedilatildeo de seguranccedila e defesa parilhadas

                                                                                                                                          As caracteriacutesticas mediterracircnicas de ambos encontram-se tambeacutem visivelmente vincadas na respectiva matriz de identidade Apesar de incidirem de forma mais visiacutevel no paiacutes vizinho por razotildees geograacuteficas e histoacutericas tambeacutem Portugal poderaacute reclamar para si uma boa parte dessas caracteriacutesticas jaacute que se encontra implantado ldquoagraves portas do mediterracircneordquo

                                                                                                                                          Neste acircmbito o Norte de Aacutefrica eacute tambeacutem responsaacutevel por uma boa parte da identidade dos paiacuteses peninsulares Novamente o factor histoacuterico aliado ao factor de proximidade geograacutefica determinaram influecircncias significativas no desenvolvimento da identidade de portugueses e espanhoacuteis

                                                                                                                                          O Mediterracircneo e o Magreb satildeo de facto duas regiotildees de particular interesse geopoliacutetico e geoestrateacutegico tanto por serem regiotildees associadas a focos de instabilidade como pela preocupaccedilatildeo causada por outras questotildees associadas sendo exemplo a dependecircncia energeacutetica ou as questotildees relativas agrave emigraccedilatildeo ilegal

                                                                                                                                          Na referecircncia agrave Matriz de Identidade de cada um dos Estados peninsulares natildeo poderiam faltar as afinidades histoacutericas linguiacutestica e cultural que permaneceram ao longo dos seacuteculos apesar do afastamento geograacutefico

                                                                                                                                          Relativamente a Portugal refiro-me agrave CPLP Organizaccedilatildeo na qual o Paiacutes deveraacute desempenhar um papel cada vez mais importante na defesa e afirmaccedilatildeo da cultura e da liacutengua Para aleacutem de outras aacutereas de interesse comum

                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha refiro-me agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees que eacute de facto apesar de Portugal tambeacutem estar presente um espaccedilo preferencialmente seu

                                                                                                                                          Sistemas

                                                                                                                                          Poliacuteticos

                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                          Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                          Administrativa

                                                                                                                                          A Realidade Comparada

                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                          • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                            • No estudo que elaboraacutemos consideraacutemos pertinente efectuar uma comparaccedilatildeo entre as duas realidades peninsulares e para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que nos permitiratildeo visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados

                                                                                                                                              Os sistema poliacuteticos actualmente sistemas democraacuteticos apresentam contudo naturezas distintas Enquanto que Portugal manteve um sistema de cariz republicano agora na sua forma semi-presidencialista no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica A Espanha optou por um sistema monaacuterquico parlamentar

                                                                                                                                              Tambeacutem a organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais demonstram diferenccedilas significativas Poderemos recordar que Portugal se encontra dividido em 18 distritos e duas regiotildees autoacutenomas e apesar de se constituir como um Estado unitaacuterio prevecirc algum grau de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa

                                                                                                                                              A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas e duas cidades (Ceuta e Melilla) agraves quais tambeacutem lhes foi atribuiacutedo um estatuto de autonomia Estas comunidades possuem um significativo estatuto autonoacutemico muito superior ao conferido agraves nossas regiotildees autoacutenomas

                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                              A Realidade Comparada

                                                                                                                                              Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                              • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                • Os dados demograacuteficos fazem-nos salientar o diferencial de populaccedilatildeo

                                                                                                                                                  E ainda a tendecircncia decrescente da populaccedilatildeo portuguesa ateacute 2040 em contraponto com a tendecircncia de crescimento da populaccedilatildeo espanhola

                                                                                                                                                  Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                  A Realidade Comparada

                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                  • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      Relativamente ao mercado de trabalho verificamos que existe uma coincidecircncia no sector que mais emprego daacute agrave populaccedilatildeo de cada um dos paiacuteses

                                                                                                                                                      As economias de ambos encontram-se baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos

                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      A Realidade Comparada

                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                        • Apoacutes a adesatildeo agrave CEE uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia eacute sem duacutevida a integraccedilatildeo econoacutemica As trocas comerciais foram significativamente incrementadas e na actualidade a Espanha tornou-se no nosso principal parceiro econoacutemico e comercial

                                                                                                                                                          Contudo a balanccedila da hegemonia pendeu para o lado espanhol eacute um paiacutes muito mais poderoso com uma populaccedilatildeo quatro vezes mais numerosa e uma economia que multiplica por cinco a portuguesa

                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                          • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Fonte AIE Energi Policies of IEA Countrties 2002 Review

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              630

                                                                                                                                                              Hiacutedrica 40

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 80

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 90

                                                                                                                                                              Carvatildeo 160

                                                                                                                                                              Carvatildeo 170

                                                                                                                                                              Nuclear 130

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 120

                                                                                                                                                              Hiacutedrica

                                                                                                                                                              20

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 40

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              520

                                                                                                                                                              O Sector Energeacutetico

                                                                                                                                                              Assentando ambas as economias fundamentalmente no sector dos serviccedilos consideraacutemos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de actividade que constituem a estrutura base do sector Pretendemos referir-nos no acircmbito bilateral ao Sector Energeacutetico ao Sector Bancaacuterio e ao Sector das Telecomunicaccedilotildees aos quais acrescentamos a questatildeo da Partilha de Recursos Hiacutedricos pela importacircncia que assume neste contexto

                                                                                                                                                              Esta questatildeo eacute de facto uma questatildeo de grande sensibilidade e que deveraacute ocupar um lugar de destaque nas preocupaccedilotildees dos responsaacuteveis do nosso paiacutes

                                                                                                                                                              Em primeiro lugar ndash porque a dimensatildeo do mercado energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao nosso E aqui recordo a oferta puacuteblica de aquisiccedilatildeo efectuada pela Gaacutes Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu de energia

                                                                                                                                                              Em segundo lugar ndash pela maior dependecircncia que Portugal apresenta relativamente aos produtos petroliacuteferos ficando mais exposto agraves consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos Em contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de maior diversidade de opccedilotildees jaacute que recorreu agrave energia nuclear

                                                                                                                                                              Por uacuteltimo ndash a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do territoacuterio portuguecircs a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante a importaccedilatildeo

                                                                                                                                                              EVIDENTE DEPENDEcircNCIA

                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Transvazes

                                                                                                                                                              A Partilha de Recursos Hiacutedricos

                                                                                                                                                              SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da Aacutegua

                                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                              • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                • Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica foi soberana e determinou que 5 dos principais rios portugueses tivessem a sua nascente em Espanha

                                                                                                                                                                  Se duacutevidas houvesse quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial que previa a realizaccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais para aacutereas onde os espanhoacuteis entendessem existir um deacutefice hiacutedrico

                                                                                                                                                                  Foi a forte pressatildeo do governo portuguecircs e alguma pressatildeo interna motivou a alteraccedilatildeo do programa e em 2001 foi apresentado outra versatildeo deste Plano que apenas prevecirc a realizaccedilatildeo de transvazes de rios espanhoacuteis

                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                  O Sector Bancaacuterio

                                                                                                                                                                  Fonte CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

                                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                  • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                    • O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo quatro vezes superior ao mercado nacional Este facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos nacionais

                                                                                                                                                                      A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tecircm decorrido a um ritmo acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso paiacutes

                                                                                                                                                                      De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos dizer que seis anos dos lucros do BSCH ou do BBVA eram suficientes para em 2000 adquirir o BCP

                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                      O Sector das Telcomunicaccedilotildees

                                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                      • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                        • Relativamente ao sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as suas congeacuteneres espanholas

                                                                                                                                                                          Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a Espanhola TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere espanhola

                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                          Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                          A Adesatildeo

                                                                                                                                                                          Interno

                                                                                                                                                                          A irreversibilidade do processo democraacutetico

                                                                                                                                                                          A modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social

                                                                                                                                                                          Diversidade de relacionamento externo

                                                                                                                                                                          Aproximaccedilatildeo dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                          Externo

                                                                                                                                                                          Objectivos

                                                                                                                                                                          A procura de um estiacutemulo externo para o

                                                                                                                                                                          desenvolvimento da economia

                                                                                                                                                                          A procura de uma acircncora externa

                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                          • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                            • O processo de adesatildeo teve para os dois paiacuteses um duplo significado

                                                                                                                                                                              No plano interno ndash representava a irreversibilidade do processo democraacutetico e a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social que seguiram a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental

                                                                                                                                                                              No plano externo ndash representava novas oportunidades de relacionamento que os aproximaria dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                              Este duplo significado encontra-se directamente relacionado com os objectivos definidos para o meacutedio e longo prazo salientados pelo Professor Doutor Hernacircni Lopes ldquoo novo e o de semprerdquo

                                                                                                                                                                              O novo ndash fazendo alusatildeo agrave necessidade de proporcionar um estiacutemulo exterior agrave economia portuguesa que a obrigasse a desencadear as alteraccedilotildees estruturais de que carecia

                                                                                                                                                                              O objectivo de sempre ndash pretendia aludir agrave histoacuterica necessidade portuguesa de procurar afirmar a sua individualidade atraveacutes de um apoio externo

                                                                                                                                                                              Divergecircncia

                                                                                                                                                                              Integraccedilatildeo

                                                                                                                                                                              Poliacutetica

                                                                                                                                                                              Maioria

                                                                                                                                                                              Qualificada

                                                                                                                                                                              PESC

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Supranacionalidade

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Poderes

                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                              Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                              Convergecircncia

                                                                                                                                                                              Coesatildeo

                                                                                                                                                                              Econoacutemica

                                                                                                                                                                              Social

                                                                                                                                                                              Moeda

                                                                                                                                                                              Uacutenica

                                                                                                                                                                              Cidadania

                                                                                                                                                                              Europeia

                                                                                                                                                                              Tratado

                                                                                                                                                                              Constitucional

                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                              • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                • Portugal e Espanha mantiveram contudo posicionamentos estruturalmente divergentes no decurso da construccedilatildeo europeia

                                                                                                                                                                                  Agraves opccedilotildees espanholas frequentemente associadas agraves alematildes e francesas de reforccedilo da supranacionalidade ateacute agrave aceitaccedilatildeo de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e da convicccedilatildeo da necessidade de uma maior integraccedilatildeo da poliacutetica externa comum Portugal opunha-se contrariando a necessidade de aprofundamento da integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas pela OTAN A estas divergecircncias juntar-se-ia mais tarde a questatildeo da votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC

                                                                                                                                                                                  No entanto existiram assuntos que permitiram a convergecircncia de posturas que levou ao desenvolvimento de um esforccedilo comum Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social de cidadania europeia e do projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica

                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                  A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                  A Poleacutemica

                                                                                                                                                                                  Adesatildeo de

                                                                                                                                                                                  Portugal

                                                                                                                                                                                  A Questatildeo Espanhola

                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                  • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                    • Relativamente agrave OTAN e ao processo de adesatildeo de Portugal ele despertou uma acesa poleacutemica provocada pela questatildeo espanhola e a oposiccedilatildeo que desencadeou para impedir a adesatildeo de Portugal factos que jaacute anteriormente referi

                                                                                                                                                                                      Era curiosa a postura portuguesa Finalmente atingia a diferenciaccedilatildeo absoluta que colocava o paiacutes numa situaccedilatildeo de supremacia no contexto peninsular contudo tudo fez para que a Espanha pudesse aderir ao Pacto e integrar o mesmo quadro de alianccedilas Esta posiccedilatildeo aparentemente estranha encontrava a justificaccedilatildeo na forma como o Presidente do Conselho encarava a seguranccedila do Paiacutes e da Europa Ocidental Assim justificava a sua posiccedilatildeo por 3 factores O primeiro relacionava-se com o vazio estrateacutegico que a ausecircncia da Espanha provocava o segundo relacionava-se com a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia proporcionar e por uacuteltimo dizia que a adesatildeo portuguesa teria significados distintos caso a Espanha estivesse ou natildeo presente no Pacto A preocupaccedilatildeo era a influecircncia sovieacutetica e as consequecircncias que poderiam advir para Portugal no caso da Espanha decidir a aproximaccedilatildeo ao Bloco oposto

                                                                                                                                                                                      A questatildeo foi amenizada atraveacutes do relacionamento bilateral com os EUA que proporcionaram agrave Espanha a possibilidade de ainda em 1949 assinarem um acordo de cooperaccedilatildeo reafirmado em 1953

                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                      A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                      As

                                                                                                                                                                                      Prioridades

                                                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                                                                                      A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                      • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                        • ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de intereacutes prioritariordquo

                                                                                                                                                                                          Directiva de Defensa Nacional 12004

                                                                                                                                                                                          ldquoO sistema de seguranccedila e defesa de Portugal tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo

                                                                                                                                                                                          Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

                                                                                                                                                                                          Neste contexto se algum receio pudesse subsistir de Portugal poder cair outra vez numa situaccedilatildeo de desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica em favor da Espanha este receio natildeo encontrou correspondecircncia na praacutetica O interesse geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses reflectidos de certa forma na permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa importacircncia

                                                                                                                                                                                          Apesar da seguranccedila partilhada ser um conceito assumido por ambos contudo os documentos que determinam as directivas estrateacutegicas de defesa nacional atribuem um grau de prioridade diferente ao papel a desempenhar por cada um no seio da Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                          Enquanto que para a Espanha eacute clara a prioridade europeia

                                                                                                                                                                                          Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma diferente bem expressa na redacccedilatildeo do CEDN Sendo clara a tendecircncia atlacircntica

                                                                                                                                                                                          Este facto permite concluir que apesar de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas podem assumir orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas diferenciadas

                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                          • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

                                                                                                                                                                                              Espaccedilo

                                                                                                                                                                                              Geograacutefico

                                                                                                                                                                                              Multicontinental

                                                                                                                                                                                              Descontiacutenuo

                                                                                                                                                                                              Partilha

                                                                                                                                                                                              de Seacuteculos

                                                                                                                                                                                              de Histoacuteria

                                                                                                                                                                                              Identidade

                                                                                                                                                                                              Cultural

                                                                                                                                                                                              Proacutepria

                                                                                                                                                                                              Mesma

                                                                                                                                                                                              Liacutengua

                                                                                                                                                                                              Oficial

                                                                                                                                                                                              Comunhatildeo

                                                                                                                                                                                              de

                                                                                                                                                                                              Interesses

                                                                                                                                                                                              Representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo geograacutefico multicontinental e descontiacutenuo No entanto pensamos que as eventuais desvantagens que poderatildeo decorrer deste facto satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que permitiram estabelecer uma identidade cultural proacutepria que eacute alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial e que no seu conjunto permite estabelecer uma significativa comunhatildeo de interesses

                                                                                                                                                                                              Este eacute sem duacutevida o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da OTAN Acrescendo o facto de ser o uacutenico paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE

                                                                                                                                                                                              Estes factos poderatildeo contribuir para colocar o Paiacutes como principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil

                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              Ibero-Ameacuterica

                                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                              • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                • A Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a capacidade de intervenccedilatildeo portuguesa ao Brasil

                                                                                                                                                                                                  A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos do paiacutes Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global no entanto estabelecem associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                  O Mediterracircneo e o Magreb

                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                  OTAN

                                                                                                                                                                                                  Processo de Barcelona

                                                                                                                                                                                                  Diaacutelogo

                                                                                                                                                                                                  para o Mediterracircneo

                                                                                                                                                                                                  Multilateral

                                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                                  • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                    • Eacute uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e sobre a qual Portugal e Espanha partilham da preocupaccedilatildeo da comunidade internacional no entanto eacute sobre o Magreb que concentram a sua principal atenccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      A instabilidade poliacutetica e de seguranccedila a questatildeo religiosa o fraco desenvolvimento econoacutemico e social aliado agrave proximidade geograacutefica e ao facto da Espanha possuir neste territoacuterio duas cidadeshellip justificam esta preocupaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      Os fluxos migratoacuterios em busca da seguranccedila e da prosperidade transformam os paiacuteses da peniacutensula na porta de entrada para no espaccedilo europeu a que se junta a questatildeo da seguranccedila sobre o gasoduto euro-magrebino que abastece de gaacutes natural a Peniacutensula Ibeacuterica

                                                                                                                                                                                                      Para aleacutem do relacionamento bilateral existem espaccedilos privilegiados de acircmbito multilateral para estabelecer conversaccedilotildees com estes paiacuteses Queremos referir-nos no acircmbito da OTAN ao Diaacutelogo para o Mediterracircneo e no acircmbito da UE o processo de Barcelona que agora viu realizada mais um encontro

                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                      ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX haacute sido justamente estar ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      ldquoEs que laacute OTAN es el instrumento baacutesico fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos con Europa (hellip) Debemos ir maacutes allaacute del simples compomisso de intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes estrateacutegicos e de seguridadrdquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                      • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                        • A Espanha

                                                                                                                                                                                                          Quando decidimos passar em revista as opccedilotildees de poliacutetica-externa dos dois paiacuteses optaacutemos por fazecirc-lo nesta uacuteltima deacutecada isto eacute desde 1996 ateacute agrave realidade poliacutetica actual Porquecirc Porque incidindo primeiramente a anaacutelise sobre a realidade espanhola pudemos dispor de dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica oposta com prioridades distintas que nos permitiram analisar e confrontar comportamentos poliacutetico-estrateacutegico diferenciados

                                                                                                                                                                                                          Assim a Espanha contou em 1996 com a subida agrave cadeira governativa do liacuteder do PP Joseacute Maria Aznar Eacute um homem que se define como um reformador de centro direita e que teve como ambiccedilatildeo colocar a Espanha entre as democracias mais importantes do mundo Neste aspecto pretendeu realccedilar uma vertente da identidade da naccedilatildeo espanhola que considerou ateacute aiacute muito descurada e que foi a sua vertente atlacircntica

                                                                                                                                                                                                          A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental foi pois uma das caracteriacutesticas vincadamente expressas nas definiccedilotildees poliacutetco-estrateacutegicas do seu governo

                                                                                                                                                                                                          Neste contexto a relaccedilatildeo transatlacircntica ocupou um lugar destacado nas suas opccedilotildees e assentava fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem pode manter um relacionamento de alguma cumplicidade

                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                          • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                            • Portugal

                                                                                                                                                                                                              Este periacuteodo foi acompanhado em Portugal por dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica distinta

                                                                                                                                                                                                              Contudo pretendemos incidir a anaacutelise no segundo que punha aos destinos dos paiacuteses dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica

                                                                                                                                                                                                              Desde logo o que se me oferece destacar foi de facto o faacutecil entendimento entre ambos

                                                                                                                                                                                                              No entanto deste entendimento pretendemos salientar a simpatia pela opccedilatildeo atlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Surgiu neste periacuteodo um acontecimento de niacutevel internacional no qual o PM de Portugal decidiu que o Paiacutes deveria ter um papel interventivo Queremos referir-nos agrave Cimeira dos Accedilores e ao posterior apoio agrave intervenccedilatildeo militar americana no Iraque

                                                                                                                                                                                                              Devo destacar que apesar de Portugal e Espanha assumirem uma posiccedilatildeo comum eacute Portugal a manter-se no seu alinhamento tradicional e natildeo a Espanha que neste caso assume uma posiccedilatildeo conjuntural

                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                              ldquoLo que es bueno para Europa es bueno para Espanhardquo

                                                                                                                                                                                                              Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

                                                                                                                                                                                                              Prioridade europeia

                                                                                                                                                                                                              da poliacutetica externa

                                                                                                                                                                                                              Secundarizaccedilatildeo da

                                                                                                                                                                                                              relaccedilatildeo transatlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                              • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                • A Espanha

                                                                                                                                                                                                                  Apoacutes as eleiccedilotildees de 2004 ascende agrave cadeira da governaccedilatildeo o liacuteder do PSOE Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero Esta alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do liacuteder do governo origina tambeacutem uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica do paiacutes que marca o regresso da Espanha ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                                                                                                                                  As consequecircncias desta alteraccedilatildeo fizeram sentir-se de imediato junto dos liacutederes da Franccedila e da Alemanha que desde logo manifestaram o seu apoio agrave Espanha manifestando a possibilidade de criaccedilatildeo de um eixo Berlim-Paris-Madrid e a integraccedilatildeo da Espanha no nuacutecleo duro da Europa

                                                                                                                                                                                                                  Recordo aqui que a primeira deslocaccedilatildeo externa do presidente do governo espanhol eacute precisamente agrave Franccedila e agrave Alemanha

                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                                  O desenvolvimento do espaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedila

                                                                                                                                                                                                                  O alargamento da UE a Leste

                                                                                                                                                                                                                  A legitimaccedilatildeo do TCE

                                                                                                                                                                                                                  Normalizaccedilatildeo do diaacutelogo transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  Viacutenculo

                                                                                                                                                                                                                  Transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  ldquoEacute um instrumento de partilha de responsabilidade na prevenccedilatildeo de conflitos e no reforccedilo da seguranccedila colectiva e de partilha de objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo

                                                                                                                                                                                                                  Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                  • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                                                                                      Portugal acompanhou a Espanha nesta recente alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do governo Contudo os reflexos na conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo foram significativos

                                                                                                                                                                                                                      Relativamente agrave questatildeo europeia o governo no seu programa coloca grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo europeu poreacutem no que diz respeito ao factor de identidade atlacircntica as orientaccedilotildees estabelecidas pelos documentos estruturantes mantiveram-se inalteradas

                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                      • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                        • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O Modelo Tradicional de Relacionamento

                                                                                                                                                                                                                          Alinhamento

                                                                                                                                                                                                                          Estrateacutegico

                                                                                                                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                                                                                                                          Valorizaccedilatildeo da Alianccedila

                                                                                                                                                                                                                          Com a Potencia Mariacutetima

                                                                                                                                                                                                                          Diferenciaccedilatildeo Estrateacutegica

                                                                                                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                          A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o objectivo de se diferenciar no contexto peninsular procurando a valorizaccedilatildeo estrateacutegica de forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a sua individualidade e independecircncia

                                                                                                                                                                                                                          A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas premissas fundamentais em primeiro lugar ndash na valorizaccedilatildeo permanente da alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante

                                                                                                                                                                                                                          Em segundo lugar ndash pela necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica relativamente agrave Espanha numa alianccedila diametralmente oposta

                                                                                                                                                                                                                          Contudo agrave que salientar que os momentos em que Portugal e a Espanha se situaram num alinhamento estrateacutegica coincidente Portugal viu-se relegado para uma posiccedilatildeo secundaacuteria em favor do nosso vizinho peninsular

                                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O ldquoNovo Paradigma Peninsularrdquo

                                                                                                                                                                                                                          () Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira

                                                                                                                                                                                                                          ldquoPassaacutemos de uma situaccedilatildeo de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsular ()rdquo

                                                                                                                                                                                                                          Dr Luiacutes Amado

                                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                          • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                            • A grande novidade revela-se na passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia para outra de convergecircncia Contudo a presenccedila na UE representou e ainda representa para Portugal um dos apoios externos que o Paiacutes tanto necessita Este conceito encontra-se associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o relacionamento com a Espanha deveraacute assentar na mediaccedilatildeo multilateral com Bruxelas algo que a conhecida expressatildeo ldquoChegar a Madrid via Bruxelasrdquo define muito bem

                                                                                                                                                                                                                              No entanto tambeacutem eacute possiacutevel a tomada de posiccedilotildees conjuntas e que da mesma forma jaacute por demais referimos neste caso caberaacute a oportuna expressatildeo de ldquoChegar a Bruxelas via Madridrdquo

                                                                                                                                                                                                                              O relacionamento transatlacircntico efectuado quer no acircmbito bilateral quer no acircmbito multilateral eacute um assunto que apesar dos diferentes graus de prioridade atribuiacutedos assumidamente preocupa os governantes de ambos os paiacuteses caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas

                                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                              QUESTAtildeO CENTRAL

                                                                                                                                                                                                                              Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                                                                                                                                                                                              Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                              • A resposta agrave questatildeo central
                                                                                                                                                                                                                                • Penso que conseguimos comprovar que apesar deste novo enquadramento das relaccedilotildees peninsulares eacute possiacutevel diferenciar a postura estrateacutegica de Portugal relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Contudo deveraacute a postura poliacutetico-estreateacutegica da Espanha determinar a Portugal a tomada de uma opccedilatildeo oposta Isto eacute implicaraacute uma opccedilatildeo tendencialmente atlacircntica ou europeia da Espanha a necessidade de Portugal se diferenciar optando por uma soluccedilatildeo oposta

                                                                                                                                                                                                                                  Em nossa opiniatildeo o enquadramento actual natildeo permite uma abordagem tatildeo directa Eacute um facto que Portugal deva explorar as oportunidades que uma ausecircncia espanhola em qualquer dos espaccedilos poderaacute permitir no entanto natildeo nos parece que a escolha de uma opccedilatildeo oposta agrave da Espanha seja uma soluccedilatildeo sensata

                                                                                                                                                                                                                                  Neste caso o risco de sub-representatividade surge de forma bem visiacutevel permitindo ao paiacutes vizinho ocupar o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago

                                                                                                                                                                                                                                  Designadamente na UE o risco de sub-representatividade estaria potenciado tanto pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal como pelo facto de poder vir a integrar um previsiacutevel directoacuterio europeu ficando Portugal agrave mercecirc da cada vez mais valorizada votaccedilatildeo por maioria qualificada Neste caso estariacuteamos perante uma situaccedilatildeo de subalternizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Natildeo deveratildeo ficar duacutevidas que as posiccedilotildees assumidas ocorrem por vontade proacutepria e resultando em prol do interesse nacional

                                                                                                                                                                                                                                  Procurando responder agrave questatildeo que determinou a orientaccedilatildeo do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser inequivocamente positiva Sendo vaacutelida para o anterior quadro de relacionamento como para esta nova realidade

                                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                  Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                                  • A resposta de Portugal
                                                                                                                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      Marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar as vantagens da lusoacutefonia

                                                                                                                                                                                                                                      Reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia da Espanha

                                                                                                                                                                                                                                      Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas

                                                                                                                                                                                                                                      Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      Perante todo este cenaacuterio qual deveraacute ser a melhor forma de Portugal fazer face a uma Espanha tatildeo ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

                                                                                                                                                                                                                                      Preconizaacutemos algumas respostas para esta questatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1 ndash Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido ndash De forma a defender firmemente o interesse nacional Afastando as tendecircncias de sub-representatividade ou subaltermnizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha caso contraacuterio Madrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo esbater-se-aacute

                                                                                                                                                                                                                                      2 ndash Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico Jaacute que permite a potenciaccedilatildeo geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica do acesso a recursos e fontes de rendimento e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica procurando obter a diversificaccedilatildeo d relacionamento

                                                                                                                                                                                                                                      3 ndash Potenciar as vantagens da lusoacutefonia ndash eacute uma questatildeo incontornaacutevel jaacute que eacute uma das marcas diferenciadoras de Portugal mais importantes para a qual a CPLP se torna um meio indispensaacutevel

                                                                                                                                                                                                                                      4 ndash No acircmbito do relacionamento bilateral reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia procurando alternativas externas agrave peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica

                                                                                                                                                                                                                                      5 ndash Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas ndash eacute uma necessidade que apenas foi percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios contudo eacute opiniatildeo generalizada dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute oferecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      6 ndash Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses a quem temos a obrigaccedilatildeo de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para que possam continuar Portugal

                                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      ldquoLa verdad es que cuando miro el mapa no entiendo por queacute Portugal no es Espantildeardquo

                                                                                                                                                                                                                                      Alonso Aznar

                                                                                                                                                                                                                                      Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade

                                                                                                                                                                                                                                      2001

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                                                                                                      Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      900

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo

                                                                                                                                                                                                                                      e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      6300

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      5200

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica

                                                                                                                                                                                                                                      200

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200

                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear

                                                                                                                                                                                                                                      1300

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1700

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-0xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico3

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      063
                                                                                                                                                                                                                                      016
                                                                                                                                                                                                                                      009
                                                                                                                                                                                                                                      008
                                                                                                                                                                                                                                      004

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-1xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico4

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      052
                                                                                                                                                                                                                                      017
                                                                                                                                                                                                                                      013
                                                                                                                                                                                                                                      012
                                                                                                                                                                                                                                      004
                                                                                                                                                                                                                                      002

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                  PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA
                                                                                                                                                                  Bancos FortalezadeCapital TamanhodeActivos SolidezRatioCapitalActivos RetornoSobre Activos RatioCustoCreacutedito
                                                                                                                                                                  (Milhotildees de doacutelares) () () ()
                                                                                                                                                                  Banco Comercial Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355
                                                                                                                                                                  Caixa Geral de Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569
                                                                                                                                                                  Banco Espiacuterito Santo 3271 54664 598 083 5061
                                                                                                                                                                  Bano Totta e Accedilores 1806 36403 496 11 4991
                                                                                                                                                                  Santander Central Hispano 21408 444012 482 117 631
                                                                                                                                                                  Banco Bilbao Vizcaya Argentaria 18176 362655 501 133 5677
                                                                                                                                                              BaciasHidrograacuteficas TerritoacuterioNacional
                                                                                                                                                              Douro 97600 km2 19
                                                                                                                                                              Guadiana 66800 km2 17
                                                                                                                                                              Lima 2480 km2 48
                                                                                                                                                              Minho 17080 km 2 5
                                                                                                                                                              Tejo 80600 km 2 31
                                                                                                                                                      PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003
                                                                                                                                                      Portugal
                                                                                                                                                      Exportaccedilotildees Importaccedilotildees
                                                                                                                                                      1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291
                                                                                                                                                      2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147
                                                                                                                                                      3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99
                                                                                                                                                      4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64
                                                                                                                                                      5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49
                                                                                                                                                  POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE
                                                                                                                                                  2003 () Total Agricultura Induacutestria Serviccedilos
                                                                                                                                                  UE 15 163758 38 265 645
                                                                                                                                                  Espanha 16666 56 308 636
                                                                                                                                                  Portugal 5118 128 328 544
                                                                                                                                              POPULACcedilAtildeO 2001
                                                                                                                                              PORTUGAL 10356117
                                                                                                                                              ESPANHA 40847371
                                                                                                                                              PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)
                                                                                                                                              Cenaacuterio Base 2010 2025 2040
                                                                                                                                              Portugal 106 104 98
                                                                                                                                              Espanha 457 501 527
                                                                                                                                  () Importaccedilotildees Exportaccedilotildees
                                                                                                                                  1942 365 195
                                                                                                                                  1944 454 351
                                                                                                                                  1946-1955 266 188
Page 2: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de

ESTE TRABALHO Eacute PROPRIEDADE DO INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES

ESTE TRABALHO FOI ELABORADO COM UMA FINALIDADE ESSENCIALMENTE ESCOLAR DURANTE A FREQUEcircNCIA DE UM CURSO NO INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CUMULATIVAMENTE COM A ACTIVIDADE ESCOLAR NORMAL AS OPINIOtildeES DO AUTOR EXPRESSAS COM TOTAL LIBERDADE ACADEacuteMICA REPORTANDO-SE AO PERIacuteODO EM QUE FORAM ESCRITAS PODEM NAtildeO REPRESENTAR DOUTRINA SUSTENTADA PELO INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES

O PROFESSOR ORIENTADOR

Joseacute Alberto Dias Martins Major de Artilharia

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg ii

RESUMO

Desde o iniacutecio do seacuteculo passado ateacute agrave deacutecada de 1980 as relaccedilotildees entre Portugal e a

Espanha foram caracterizadas pela desconfianccedila e pela divergecircncia As orientaccedilotildees poliacutetico-

estrateacutegicas do paiacutes vizinho motivaram quase sempre um caminho diametralmente oposto aos

desiacutegnios estrateacutegicos nacionais como forma de garantir a tatildeo necessaacuteria diferenciaccedilatildeo

peninsular Sendo raras as situaccedilotildees em que as orientaccedilotildees estrateacutegicas seguiram rumos comuns

quando existiram determinaram uma desvantagem expressiva para Portugal

O curso da histoacuteria determinou aos dois Estados peninsulares a partir do final do seacuteculo XX

uma realidade ateacute entatildeo desconhecida para ambos Se ateacute aqui os paiacuteses tinham estado de costas

voltadas o projecto de construccedilatildeo europeu e a inserccedilatildeo no quadro da Alianccedila Atlacircntica permitiu

uma convivecircncia ateacute entatildeo desconhecida Este novo quadro de relacionamento determinou a

abertura de ambos ao exterior e a partilha de responsabilidades e interesses Eacute neste contexto

que se pretende determinar se as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha influenciam as opccedilotildees

estrateacutegicas nacionais

A metodologia empregue incidiu na realizaccedilatildeo de consultas a vaacuterias obras literaacuterias na

procura de artigos publicados em jornais e revistas na pesquisa de alguns siacutetios da Internet

ainda na realizaccedilatildeo de entrevistas a algumas personalidades com estudos realizados neste acircmbito

A investigaccedilatildeo realizada foi orientada para a obtenccedilatildeo da resposta agrave questatildeo central inicialmente

colocada ldquoPoderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de

Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo A

resposta encontrada foi afirmativa e inequiacutevoca pelo que ao concluir o trabalho sugerimos

algumas recomendaccedilotildees que consideraacutemos pertinentes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg iii

ABSTRACT

From the beginning of the 20th century until 1980rsquos the relations between Portugal and Spain

have been characterized by suspicion and divergence The political and strategic guide-lines of

Spain have always determined the opposite action from the portuguese nation thus assuring the

peninsular differences There were only a few situations in which both countries have taken the

same options but always with a notorious disadvantage to Portugal

By the end of the 20th century a new reality totally unknown so far has been imposed to both

countries The Project of a new Europe and joining the Atlantic Alliance have made the relations

between them become closer This new situation made both countries face the world and at the

same time share responsabilities and interests It is under these circumstances that we must find

out if the political and strategical options of Spain are influencing the portuguese strategy

This study has been based on the search of diverse literary books newspapers and magazines

articles websites as well as on interviews made to some personalities who have worked and

studied these subjects This investigation has been developed to get the answer to the main

question ldquowill the spanish political and strategical options influence the national strategy

under the actual international contextrdquo The answer obtained is afirmative what makes us

conclude this essay leaving some recommendations we consider relevant

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg iv

DEDICATOacuteRIA

Este trabalho eacute dedicado agrave Paula Alexandra a

minha mulher pela inesgotaacutevel paciecircncia

compreensatildeo e apoio que jamais questionou Ao

Rodrigo o meu filho pelo pouco tempo que lhe

pude dedicar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg v

AGRADECIMENTO

O autor deste trabalho expressa o seu reconhecimento a todos quantos contribuiacuteram para a sua

realizaccedilatildeo Destes cabe um especial agradecimento ao Major de Artilharia Dias Martins pela

total disponibilidade demonstrada e pelas oportunas recomendaccedilotildees efectuadas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vi

LISTA DE ABREVIATURAS

BBVA - Banco Bibao Vizcaya Argentaria

BSCH - Banco Santander Central Hispano

CEDA - Confederaccedilatildeo Espanhola dos Grupos Autoacutenomos de Direita

CEDN - Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

CEE - Comunidade Econoacutemica Europeia

CPLP - Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

DDN - Directiva de Defensa Nacional 12004

EDP - Electricidade de Portugal

EFTA - Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

Hab - Habitantes

JC Lisbon - Joint Command Lisbon

MIBEL - Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica

OCDE - Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OI - Organizaccedilatildeo Internacional

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OCS - Oacutergatildeos de Comunicaccedilatildeo Social

OSCE - Organizaccedilatildeo para a Seguranccedila e Cooperaccedilatildeo Europeia

OTAN - Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte

PESC - Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

PHNE - Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha

PIB - Produto Interno Bruto

ppc - Paridade de Poder de Compra

PP - Partido Popular

PS - Partido Socialista

PSD - Partido Social Democrata

PSOE - Partido Socialista Obrero Espantildeol

PT - Portugal Telecom

PTM - Paiacuteses Terceiros do Mediterracircneo

TCE - Tratado Constitucional Europeu

TEM - Telefoacutenica Moacuteviles

UE - Uniatildeo Europeia

UEM - Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

URSS - Uniatildeo das Repuacuteblicas Socialistas Sovieacuteticas

VAB - Valor Acrescentado Bruto

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vii

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 1

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS 4 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas 4

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento 4 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular 7 113 A supremacia internacional de Portugal9

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas10 13 A questatildeo econoacutemica 12

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES15 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico15 22 Portugal e Espanha em factos comparados 17

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila 18 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais19 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo 21 224 O mercado de trabalho 22 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo 22

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia 23 231 O sector energeacutetico24 232 A partilha de recursos hiacutedricos25 233 O sector bancaacuterio26 234 O sector das telecomunicaccedilotildees27

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL 29 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica29

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE29 312 O relacionamento econoacutemico32 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia34

32 A Alianccedila Atlacircntica36 33 Os espaccedilos regionais 41

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa41 332 O Mediterracircneo e o Magreb 42 333 A Ibero-Ameacuterica 43

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES45

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia 45 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa 47 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento52

431 O modelo tradicional de relacionamento 53 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo54

44 A resposta de Portugal57

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES 60

APEcircNDICES

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

INTRODUCcedilAtildeO

Ao abordar a questatildeo do relacionamento entre Portugal e Espanha vem-nos logo agrave ideia o

velho proveacuterbio portuguecircs no qual se refere que ldquode Espanha nem bom vento nem bom

casamentordquo De facto ao longo da jaacute velha histoacuteria nacional as relaccedilotildees entre as duas naccedilotildees

foram caracterizadas por inuacutemeros conflitos a maior parte deles traduzidos pela forccedila das armas

Poucos foram os momentos em que os dois paiacuteses natildeo estiveram de costas voltadas No entanto

eacute incontestaacutevel a ideia de que satildeo duas grandes naccedilotildees que procuraram ao longo da histoacuteria a

respectiva afirmaccedilatildeo tanto no seu espaccedilo regional como num mundo jaacute partilhado pelo Tratado

de Tordesilhas

A matriz de relacionamento entre os dois Estados peninsulares foi ateacute 1985 determinada pela

divergecircncia e desconfianccedila permanente Os traccedilos fundamentais dessa relaccedilatildeo assentavam na

permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico o

qual mantinha como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Contudo nos

momentos em que os paiacuteses se encontraram no mesmo quadro de alianccedilas a balanccedila pendeu

sempre em desfavor de Portugal Estas eram as alturas em que o Paiacutes voltava a procurar

separaccedilatildeo da Espanha apoiando-se numa alianccedila estrateacutegica oposta A ligaccedilatildeo extra-peninsular

permitiu a Portugal manter a sua individualidade e identidade constituindo-se tambeacutem como

suporte fundamental da sua soberania

Apoacutes a entrada de Portugal e da Espanha na Comunidade Econoacutemica Europeia (CEE) e na

Alianccedila Atlacircntica surgiu um novo paradigma de relacionamento A partilha de interesses nestes

espaccedilos determinou a impossibilidade de uma diferenciaccedilatildeo expliacutecita considerando a

necessidade de recurso a um alinhamento estrateacutegico diferenciado A partir daquele momento os

paiacuteses despertavam para uma realidade que lhes permitia a convivecircncia sem a necessidade de

recurso aos velhos receios de perca de soberania

Se ateacute entatildeo o relacionamento bilateral se resumia ao acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico apoacutes

aquele momento pocircde ser alargado a outras aacutereas como a econoacutemica a comercial e a cultural A

evoluccedilatildeo foi retratada pelo Professor Doutor Adriano Moreira que sobre o assunto referiu ldquoa

experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem

mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de

cooperaccedilatildeordquo1 expressatildeo que muito bem cabe ao caso peninsular

1 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nos dias de hoje Portugal e Espanha assumiram finalmente caminhos comuns Ambos fazem

parte das duas Organizaccedilotildees Internacionais (OI) provavelmente mais relevantes do planeta a

Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte (OTAN) e a Uniatildeo Europeia (UE) nelas querendo

fazer valer os seus interesses estrateacutegicos e procurando a sua afirmaccedilatildeo num mundo globalizado

no qual a sobrevivecircncia individualizada poderaacute ser posta em causa

Eacute pois neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico de toda a pertinecircncia avaliar em que medida os

dois Estados poderatildeo seguir um rumo comum assumindo as respectivas individualidades e

particularidades procurando contribuir para o desenvolvimento das OI onde se encontram

inseridos Ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular determinaratildeo a Portugal a

necessidade de assumir uma orientaccedilatildeo oposta mantendo assim a tendecircncia da histoacuteria

Em face da vastidatildeo do objecto delimitaacutemos o estudo desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute aos

nossos dias enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees poliacutetico-

estrateacutegicas tomadas no seio da UE e da Alianccedila Atlacircntica OI que determinam o actual

enquadramento geoeconoacutemico geopoliacutetico e geoestrateacutegico de ambos os Estados Contudo natildeo

deixamos de abordar outros aspectos do relacionamento bilateral confinados agrave realidade

peninsular mas que consideraacutemos ser um contributo necessaacuterio para a conclusatildeo do estudo

A metodologia empregue versou fundamentalmente na realizaccedilatildeo de uma pesquisa

bibliograacutefica na qual se incluiu a consulta de vaacuterias obras literaacuterias vaacuterios artigos publicados em

jornais e revistas de caraacutecter generalista mas tambeacutem da especialidade e ainda alguns siacutetios da

Internet A investigaccedilatildeo incluiu a realizaccedilatildeo de entrevistas a personalidades com estudos

realizados neste acircmbito Nestas incluem-se o General Loureiro dos Santos o Professor Doutor

Carlos Gaspar o Professor Doutor Medeiros Ferreira o Professor Doutor Antoacutenio Joseacute Telo o

Professor Doutor Nuno Severiano Teixeira e o Professor Doutor Adriano Moreira

Para o desenvolvimento do trabalho definimos a seguinte questatildeo central ldquoPoderatildeo as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual

ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo Desta extraiacutemos as

seguintes questotildees derivadas ldquoQual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica

da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo ldquoQual o impacto de uma

orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas

nacionaisrdquo por uacuteltimo ldquoSeraacute a orientaccedilatildeo estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar

Portugal no seio das OI onde se encontra inseridordquo

Das questotildees apresentadas extraiacutemos as seguintes hipoacuteteses ldquoDada a menor dimensatildeo de

Portugal as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionam as opccedilotildees estrateacutegicas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

nacionaisrdquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da

poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo por uacuteltimo ldquoUma

orientaccedilatildeo estrateacutegica comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio

das OI onde se encontra inseridordquo

O trabalho encontra-se organizado em quatro capiacutetulos No primeiro que surge apoacutes a

presente introduccedilatildeo pretendemos apresentar o enquadramento histoacuterico do relacionamento

peninsular Assim desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da UE e da

OTAN pretende-se mostrar como as orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha influenciaram

as orientaccedilotildees estrateacutegicas nacionais

No segundo capiacutetulo efectuamos um enquadramento geopoliacutetico e geoestrateacutegico dos dois

paiacuteses Neste pretendemos apresentar as duas realidades ibeacutericas recorrendo a alguns aspectos

comparativos como os sistemas poliacuteticos e a organizaccedilatildeo administrativa dados relativos agrave

populaccedilatildeo e agrave situaccedilatildeo macro-econoacutemica assim como aspectos que poderatildeo determinar a

existecircncia de factores de dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

O terceiro capiacutetulo versa sobre o momento de coabitaccedilatildeo internacional actualmente vivido

pelos dois Estados Inicialmente abordaacutemos a UE sobre a qual analisamos a integraccedilatildeo e a

participaccedilatildeo de ambos os paiacuteses no processo de construccedilatildeo europeu o relacionamento

econoacutemico e ainda a premente questatildeo da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila

Comum (PESC) Segue-se uma abordagem agrave participaccedilatildeo de Portugal e da Espanha na OTAN

terminando com uma pequena referecircncia agrave postura individual em espaccedilos regionais preferenciais

O capiacutetulo final para aleacutem de se constituir como um espaccedilo de anaacutelise nele pretendemos

incluir uma siacutentese conclusiva Aqui se confronta Portugal com as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da

Espanha Para tal iniciamos efectuando uma breve abordagem ao plano bilateral apoacutes o que

salientamos as grandes linhas da poliacutetica externa de ambos que nos permitem responder agraves

primeira e segunda questotildees derivadas Seguidamente procuramos expor os modelos de

relacionamento encontrados momento considerado oportuno para responder agrave terceira questatildeo

derivada e ainda agrave questatildeo central do trabalho Por uacuteltimo terminamos efectuando uma

abordagem ao que consideraacutemos ser a mais adequada resposta de Portugal

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS

A histoacuteria dos paiacuteses ibeacutericos cruza-se tanto quanto poderia determinar a realidade de uma

vizinhanccedila muitas vezes designada por fatalidade geograacutefica Os dois Estados tiveram uma

evoluccedilatildeo poliacutetica proacutepria (Apecircndices A e B) e orientada pelo decurso dos acontecimentos

internos que de tatildeo intensos determinaram a tomada de opccedilotildees tendentes a apoiar ou a

contrariar a orientaccedilatildeo do vizinho peninsular Neste acircmbito destaca-se a guerra civil espanhola

cujo desfecho os responsaacuteveis nacionais entenderam ser determinante para a manutenccedilatildeo da

estabilidade poliacutetica portuguesa A mesma postura foi adoptada para fazer face aos grandes

acontecimentos europeus dos quais se destacam dois conflitos mundiais e os consequentes

arranjos poliacutetico-estrateacutegicos que se lhes seguiram O parco relacionamento econoacutemico eacute outro

dos reflexos de uma vivecircncia bilateral que se revelou quase exiacutegua na eacutepoca a que se refere o

presente capiacutetulo No entanto a questatildeo econoacutemica iria sofrer uma significativa inversatildeo com o

decorrer dos acontecimentos

11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

No periacuteodo em anaacutelise Portugal e Espanha mantiveram-se tradicionalmente afastados

seguindo alinhamentos estrateacutegicos opostos que estiveram na base de um distanciamento das

relaccedilotildees bilaterais em grande parte do seacuteculo XX Os momentos em que o posicionamento

poliacutetico-estrateacutegico de ambos coincidiu apesar de muito raros caracterizaram-se pela

valorizaccedilatildeo da Espanha em detrimento de Portugal

O Pacto Peninsular foi no seacuteculo que haacute pouco terminou um dos momentos marcantes das

relaccedilotildees ibeacutericas A sua realizaccedilatildeo teve por base a necessidade de garantir a neutralidade na II

Guerra Mundial pelo que haveria que conseguir retirar a relevacircncia estrateacutegica do espaccedilo

peninsular O seacuteculo termina com ambos os paiacuteses a coabitarem os mesmos espaccedilos poliacutetico

econoacutemico e de defesa facto que determinou uma nova era nas relaccedilotildees bilaterais

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento

Portugal terminava o seacuteculo XIX em crise com o seu velho aliado inglecircs Em 1890 a

Inglaterra fazia ao nosso Paiacutes um ultimato que iria pocircr fim agraves aspiraccedilotildees nacionais de unir os

territoacuterios de Angola e de Moccedilambique do Atlacircntico ao Iacutendico O projecto representado pelo

Mapa Cor-de-rosa colidia no entanto com a ambiccedilatildeo britacircnica de estabelecer uma ligaccedilatildeo

contiacutenua do Cabo ao Cairo Atraveacutes do documento entregue ao Governo em 11 de Janeiro de

1890 a Inglaterra exigia a retirada imediata das forccedilas expedicionaacuterias portuguesas da regiatildeo do

Noroeste de Moccedilambique apesar deste territoacuterio ldquopertencer a Portugalrdquo (MATTOSO et al 1994

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

p 38) Como retaliaccedilatildeo ameaccedilava com o corte das relaccedilotildees diplomaacuteticas e com o emprego da

forccedila O facto fez desencadear um amplo movimento de protesto e foi encarado como uma

humilhante lanccedila no orgulho nacional O governo caiu mas respondeu afirmativamente aos

ingleses

Tinha-se desenvolvido um forte e generalizado ldquosentimento antibritacircnicordquo (FERREIRA

1989 p 18) que teve como consequecircncia o regresso agrave realidade peninsular Em face da posiccedilatildeo

britacircnica seu tradicional aliado Portugal voltava-se para a Espanha seu tradicional inimigo Do

lado espanhol as opiniotildees variaram desde uma cautelosa posiccedilatildeo monaacuterquica a um declarado

apoio republicano Os medos estavam vencidos os desentendimentos esquecidos e descobriam-

se afinidades de tal forma que ganhava alguma projecccedilatildeo o sentimento iberista portuguecircs que

para os mais radicais passava por uma federaccedilatildeo das repuacuteblicas ibeacutericas Para os demais o

relacionamento com a Espanha passava por uma alianccedila que consideravam indispensaacutevel para a

afirmaccedilatildeo internacional da Peniacutensula Ibeacuterica O Tratado assinado em Agosto de 1891 punha

fim agrave contenda com os britacircnicos contudo deixava claro a sua influecircncia no desenrolar das

opccedilotildees politico-estrateacutegicas nacionais

No iniacutecio do seacuteculo XX as pretensotildees alematildes no Norte de Aacutefrica designadamente sobre

Marrocos determinaram uma alteraccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica dos paiacuteses peninsulares As

possessotildees espanholas no continente africano motivam uma aproximaccedilatildeo de franceses e ingleses

agrave Espanha que culmina na assinatura de tratados com ambas as potecircncias Sobre Portugal os

britacircnicos passaram a consideraacute-lo de menor valor estrateacutegico em face das possibilidades

fornecidas pela posiccedilatildeo geograacutefica da Espanha que permitia o controlo sobre o Mediterracircneo

Ocidental e o Norte de Aacutefrica Ficava no entanto uma ressalva quanto agrave importacircncia das ilhas

atlacircnticas portuguesas que segundo Winston Churchill natildeo deveriam cair ldquonas matildeos de alguma

potecircncia hostil a Londresrdquo (FERREIRA 1989 p 24)

Portugal via-se secundarizado perante a entrada da Espanha nas tradicionais posiccedilotildees

estrateacutegicas nacionais O facto natildeo escapou agrave percepccedilatildeo dos responsaacuteveis portugueses que

procuraram outra acircncora externa que pudesse conferir ao Paiacutes a centralidade estrateacutegica que lhe

permitisse dispor de uma maior capacidade negocial O papel passava a ser desempenhado pela

Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas

accedilorianas e outras facilidades agrave navegaccedilatildeo Desta forma Portugal procurou defender a sua

individualidade diferenciando a sua alianccedila externa da do vizinho espanhol

Na I Guerra Mundial a neutralidade espanhola faria Portugal dispor de uma oportunidade de

ouro para obter a tatildeo indispensaacutevel diferenciaccedilatildeo peninsular e colocar o Paiacutes no seu alinhamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 6

tradicional ldquoUm dos motivos que decidiu a Repuacuteblica agrave participaccedilatildeo na guerra ao lado dos

aliados foi sem duacutevida a disputa da representatividade internacional da Peniacutensula Ibeacutericardquo

(FERREIRA 1992 p 49) Franco Nogueira ao designar uma ldquopreocupaccedilatildeo sincerardquo

(NOGUEIRA 2000a p239) pretendia referir-se agrave integridade territorial do ultramar apenas

assegurada com a presenccedila de Portugal na Conferecircncia de Paz e no futuro organismo

internacional que dela resultasse Assim sendo Portugal decidiu-se pela participaccedilatildeo cedendo a

base naval de Leixotildees aos franceses permitindo que fosse estabelecida uma base naval norte-

americana em Ponta Delgada e enviando um corpo expedicionaacuterio para o teatro de operaccedilotildees

europeu

Sobre as razotildees que teratildeo levado os ingleses a preferir a participaccedilatildeo portuguesa relativamente

agrave espanhola Medeiros Ferreira refere a existecircncia de um documento britacircnico2 do Foreign

Office datado de 1917 o qual refere as exigecircncias efectuadas pelo Estado espanhol como o

factor decisivo para a recusa Estas englobavam Tacircnger Gibraltar e ldquomatildeo livre em Portugalrdquo

Desta uacuteltima explica natildeo se tratar da anexaccedilatildeo mas de uma tentativa de ldquoamarraacute-lo por qualquer

tipo de tratado ou de alianccedila que assegurasse a presenccedila do domiacutenio espanhol nas deliberaccedilotildees

portuguesas (hellip)rdquo (FERREIRA 1989 p32)

Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a

notoriedade internacional pretendida Entrava na guerra ao lado dos aliados diferenciava-se da

neutralidade espanhola e obtinha o assento na Conferecircncia de Paz em Paris Contudo natildeo era

previsiacutevel o enorme reveacutes que se seguiu Discutia-se a fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildees

organizaccedilatildeo na qual Portugal se arrogava no direito de integrar ocupando um lugar compatiacutevel

com o de uma potecircncia beligerante A actividade diplomaacutetica nacional desenvolvia-se junto do

velho aliado na tentativa de assegurar a presenccedila no futuro Conselho Executivo

Ao mesmo tempo a Espanha acercava-se dos Estados Unidos da Ameacuterica (EUA) e do seu

presidente Woodrow Wilson ldquoprincipal decisor na fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildeesrdquo

(FERREIRA 1992 p51) sobre quem exerceu um apertado cerco diplomaacutetico tambeacutem

desenvolvido sobre a Franccedila e a Gratilde-Bretanha no sentido de vir a tornar-se Membro Permanente

do Conselho Executivo O resultado final desta intensa batalha diplomaacutetica foi em desfavor de

Portugal A Espanha eacute efectivamente convidada a fazer parte em representaccedilatildeo dos paiacuteses

neutrais embora como Membro Natildeo Permanente enquanto que Portugal se viu relegado para

uma posiccedilatildeo secundaacuteria

2 ldquoPotential Value of Spain as na Allyrdquo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 7

Ao ver-se afastada daquele organismo em favor da Espanha que natildeo tinha desenvolvido

qualquer esforccedilo de guerra a delegaccedilatildeo portuguesa manifestava-se fazendo sentir o seu

desagrado Franco Nogueira retratou desta forma o facto ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria

nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo

Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho

Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido

(hellip)rdquo (NOGUEIRA 2000b p67)

112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular

No periacuteodo que se seguiu agrave I Guerra Mundial as relaccedilotildees entre os dois Estados conheceram

distintos graus de intensidade Inicialmente o relacionamento poliacutetico foi problemaacutetico com

responsabilidades dirigidas a Afonso XIII e agrave sua apetecircncia para chegar ao domiacutenio ibeacuterico O rei

procurava ldquoum pretexto de intervenccedilatildeo em Portugal e tentava obter a complacecircncia da Inglaterra

para o efeitordquo (NOGUEIRA 2000a p 245) A fricccedilatildeo poliacutetica manteve-se ateacute 1926 quando

surge no poder um regime de ditadura militar com o qual o vizinho peninsular demonstrou

alguma simpatia tendo como consequecircncia ldquoum imediato incremento a partir de 1927rdquo

(FERREIRA 1989 p44)

A partir de 1931 iniciado jaacute em Portugal o periacuteodo do Estado Novo as relaccedilotildees ibeacutericas

regressaram a uma fase de maior tensatildeo Este facto para Medeiros Ferreira natildeo deveria ser

imputado agrave natureza diferente dos regimes mas sim ao apoio que os republicanos espanhoacuteis

prestavam aos democratas Portugueses Para Antoacutenio de Oliveira Salazar o triunfo da esquerda

em Espanha representava ldquoum duplo perigo o revolucionaacuterio e o iberistardquo (FERREIRA 1989

p47) pelo que preparava as Forccedilas Armadas para uma hipoteacutetica guerra com a Espanha

A guerra civil espanhola obrigou Portugal a exercer uma intensa actividade diplomaacutetica O

conflito que opunha nacionalistas e republicanos representava segundo o governo portuguecircs um

perigo substancial para a seguranccedila e a independecircncia do Paiacutes Os responsaacuteveis portugueses

procuravam sensibilizar ingleses franceses alematildees e italianos embora aos dois uacuteltimos apenas

tivesse recorrido pela ausecircncia de resposta dos primeiros bem como pela crescente influecircncia da

actividade sovieacutetica

Para o Governo portuguecircs a questatildeo era simples e directa ldquovitoacuteria do exeacutercito espanhol ou

implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo (NOGUEIRA 2000a p274) tornando-se Portugal

pela sua situaccedilatildeo geograacutefica no Paiacutes mais directamente ameaccedilado jaacute que os partidos

republicanos espanhoacuteis natildeo escondiam a sua apetecircncia pelo federalismo ibeacuterico Apesar da

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 8

cedecircncia agrave pressatildeo anglo-francesa de natildeo-intervenccedilatildeo que nos levaria agrave assinatura de um

compromisso3 Portugal apoiou os nacionalistas juntamente com a Alemanha e a Itaacutelia em

contraponto ao apoio sovieacutetico prestado ao governo de Madrid

Apoacutes a guerra civil ainda em 1939 Portugal e a Espanha assinam um Tratado de Natildeo-

Agressatildeo4 Para Portugal o acordo permitia travar as tendecircncias iberistas espanholas e no

conjunto peninsular mantinha os paiacuteses numa situaccedilatildeo de neutralidade relativamente ao conflito

generalizado que se avizinhava Para o efeito o nosso Paiacutes teria de permanecer afastado das

obrigaccedilotildees a que o Tratado luso-britacircnico obrigava assim como as posiccedilotildees da Alemanha e da

Itaacutelia natildeo deveriam arrastar a Espanha5 para uma posiccedilatildeo beligerante Seria a forma de eliminar a

possibilidade de entrada na guerra de ambos os paiacuteses sob influecircncia dos respectivos aliados

externos

A situaccedilatildeo de neutralidade da Peniacutensula Ibeacuterica deveria estar dependente do entendimento

entre a Alemanha e a Ruacutessia que num cenaacuterio de confronto com os aliados procurariam o

isolamento dos EUA Este facto implicava a formaccedilatildeo de uma ldquoesfera de influecircncia alematilde num

hemisfeacuterio orientalrdquo (GASPAR p168) que por um lado permitisse a ligaccedilatildeo da Europa agrave Aacutefrica

e por outro a ocupaccedilatildeo das ilhas atlacircnticas de forma a estabelecer uma fronteira com o

hemisfeacuterio de influecircncia americano O cenaacuterio segundo Carlos Gaspar exigiria ainda a

constituiccedilatildeo de um bloco continental formado pela Franccedila e pela Espanha ldquoassim como fechar o

Mediterracircneo para isolar a Gratilde-Bretanha e estabelecer nos estreitos uma ligaccedilatildeo segura com o

Norte de Aacutefricardquo (GASPAR p168)

A invasatildeo da Ruacutessia pela Alemanha e a tomada do Norte de Aacutefrica pelos aliados

proporcionou a ldquodesvalorizaccedilatildeo da posiccedilatildeo peninsularrdquo (GASPAR p169) permitindo manter a

Peniacutensula afastada dos confrontos Contudo a entrada na guerra da Espanha mantinha-se uma

incoacutegnita A ala intervencionista protagonizada por Serrano Suntildeer exercia forte influecircncia junto

de Franco levando-o a expor perante Hitler as condiccedilotildees para a participaccedilatildeo na guerra entre as

quais constavam a recuperaccedilatildeo de Gibraltar e vaacuterias concessotildees no Norte de Aacutefrica A Espanha

aderia a ldquoum pacto secreto com a Alemanha e a Itaacuteliardquo (GASPAR p179) no entanto nunca se

comprometendo com uma data para a participaccedilatildeo no conflito Portugal demarcava-se mais uma

3 Assinaram o tratado de natildeo-intervenccedilatildeo a Alemanha Aacuteustria Beacutelgica Bulgaacuteria Checoslovaacutequia Dinamarca Finlacircndia Franccedila Gratilde-Bretanha Hungria Irlanda Itaacutelia Jugoslaacutevia Noruega Paiacuteses Baixos Poloacutenia Portugal Repuacuteblicas Baacutelticas Romeacutenia Ruacutessia e Sueacutecia 4 Pacto Peninsular em Portugal Pacto Ibeacuterico em Espanha 5 Sobre o assunto interessa salientar que a neutralidade espanhola era de grande conveniecircncia para a Gratilde-bretanha visto que assim poderia proceder mais facilmente agrave defesa de Gibraltar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 9

vez da posiccedilatildeo espanhola e cedia os Accedilores aos aliados passando de uma ldquoneutralidade

geomeacutetrica a uma neutralidade activardquo (GASPAR p181)

113 A supremacia internacional de Portugal

O poacutes-guerra proporcionou ao mundo um novo quadro estrateacutegico no qual emergiam os EUA

e a Uniatildeo Sovieacutetica formando dois poacutelos antagoacutenicos onde cada qual procurava aglutinar as

alianccedilas que mais e melhores vantagens pudessem acrescentar agraves suas esferas de influecircncia e agraves

respectivas potencialidades estrateacutegicas Perante esta nova realidade haveria que encontrar

respostas raacutepidas para travar o avanccedilo de influecircncias indesejaacuteveis Iniciavam-se assim as

conversaccedilotildees para a implementaccedilatildeo de um Tratado do qual fariam parte os Paiacuteses do Pacto de

Bruxelas6 os EUA o Canadaacute e ainda a Noruega a Dinamarca a Islacircndia e Portugal

O convite endereccedilado a Portugal motivou uma reacccedilatildeo imediata do paiacutes vizinho que ao ver-

se excluiacutedo se apressou a condicionar a adesatildeo portuguesa agrave existecircncia do Pacto Peninsular

levando mesmo Franco a querer ldquoimpedir a entrada de Portugalrdquo (ANTUNES 2003 p30) A

questatildeo centrava-se no artigo que alude agrave defesa muacutetua em caso de agressatildeo facto que poderia

inviabilizar a possibilidade de colaboraccedilatildeo com a Espanha quando confrontado com o previsto

na redacccedilatildeo do Pacto Peninsular Apesar da pressatildeo espanhola Portugal reafirma a

compatibilidade dos dois Pactos assumindo-se como paiacutes fundador No entanto desencadeou

esforccedilos no sentido de que o vizinho peninsular pudesse tambeacutem integrar a Alianccedila agrave data da sua

formaccedilatildeo

A Espanha atravessava um periacuteodo de isolamento internacional decorrente das posiccedilotildees

assumidas no decurso da II Guerra Mundial bem como do autoritarismo do seu regime poliacutetico

Portugal vivia um periacuteodo de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica efectiva no contexto ibeacuterico e afirmava a

supremacia na representatividade peninsular constituindo-se como a uacutenica possibilidade de

ligaccedilatildeo da Espanha ao exterior

A partir de 1953 a Espanha assina com os EUA os conveacutenios sobre ajuda de defesa e ajuda

econoacutemica que iriam permitir a instalaccedilatildeo de bases militares no territoacuterio e o apoio financeiro

para a recuperaccedilatildeo econoacutemica do paiacutes7 Era o momento a partir do qual a Espanha punha um

ponto final no periacuteodo de isolamento internacional passando os dois paiacuteses a partilhar a mesma

alianccedila externa A adesatildeo agrave Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) eacute efectuada em simultacircneo

e definitivamente anula a dependecircncia que a Espanha tinha de Portugal para o relacionamento

externo Ao inveacutes Portugal entrava agora numa fase de marginalizaccedilatildeo internacional motivada 6 Beacutelgica Franccedila Gratilde-Bretanha Holanda e Luxemburgo 7 Sublinha-se o facto de que a Espanha tinha ficado excluiacuteda da ajuda financeira proporcionada pelo Plano Marchall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 10

pela questatildeo colonial contudo ambos os paiacuteses seriam afastados do processo de integraccedilatildeo

europeia

Em 1974 e 1975 Portugal e Espanha alteraram respectivamente a natureza dos seus regimes

poliacuteticos O processo nacional foi mais atribulado dado que decorreu da realizaccedilatildeo de um golpe

militar Em Espanha Franco preparou a sua sucessatildeo para que apoacutes a sua morte o rei Juan

Carlos I assumisse a Chefia do Estado transformando o regime de forma paciacutefica numa

monarquia parlamentar Em Portugal o processo revolucionaacuterio que se seguiu ao golpe militar

foi atentamente acompanhado pelo regime espanhol que com receio de contaminaccedilatildeo

fronteiriccedila ldquoos serviccedilos de informaccedilatildeo franquistas foram imediatamente em forccedila para Lisboa

(hellip) Franco tinha interesse especial em ver as imagens que lhe chegavam de Portugalrdquo8

(ANTUNES 2003 p31) Apoacutes a democratizaccedilatildeo dos sistemas poliacuteticos as relaccedilotildees entre os

dois Estados assumiram outras proporccedilotildees multiplicando-se as visitas oficiais As consequecircncias

ao niacutevel da inserccedilatildeo internacional estavam tambeacutem visiacuteveis e culminaram na aceitaccedilatildeo do pedido

de adesatildeo agrave CEE organizaccedilatildeo para a qual entraram em simultacircneo

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas

Tradicionalmente os paiacuteses da Peniacutensula Ibeacuterica adoptaram uma poliacutetica de alianccedilas

orientada sob os desiacutegnios da divergecircncia Portugal procurou sempre a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica

peninsular recorrendo a uma alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante no caso a Gratilde-

Bretanha As vantagens eram muacutetuas no entanto para Portugal tornara-se essencial para

assegurar a sua identidade e independecircncia assim como a manutenccedilatildeo do vasto impeacuterio colonial

A Espanha inicia o seacuteculo precisamente ao lado daqueles que tradicionalmente eram os

aliados dos portugueses sendo as questotildees africanas a motivar a aproximaccedilatildeo aos ingleses e

franceses Com a I Guerra Mundial o vizinho peninsular regressa agrave sua postura de neutralidade

em contraponto com a posiccedilatildeo portuguesa que se manteacutem ao lado do velho aliado procurando o

protagonismo internacional e um lugar entre as grandes naccedilotildees Contudo eacute a Espanha que

recorrendo aos EUA garante um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

Na guerra civil espanhola as facccedilotildees em confronto apercebem-se da importacircncia da cativaccedilatildeo

de apoio externo Enquanto os nacionalistas cativavam a atenccedilatildeo da Alemanha e da Itaacutelia o

governo republicano obtinha a simpatia da Ruacutessia que contribuiu com equipamento militar O

governo portuguecircs natildeo se quedou por uma atitude passiva com receio das consequecircncias de uma

vitoacuteria republicana perseguiu os seus interesses realizando uma intensa actividade diplomaacutetica

8 Referecircncia feita a declaraccedilotildees de Raul Morodo a Joseacute Freire Antunes em 1999

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 11

que lhe permitiu contornar o acordo de natildeo-intervenccedilatildeo patrocinado por ingleses e franceses e

prestar o apoio agraves forccedilas do Generaliacutessimo

Com o final do conflito interno espanhol surgia uma nova prioridade para os paiacuteses ibeacutericos

A necessidade de neutralidade perante a possibilidade de um novo conflito mundial determinou

o estabelecimento de uma nova poliacutetica de alianccedilas Referimo-nos ao Pacto Peninsular assinado

em 17 de Marccedilo de 1939 que Portugal encarou natildeo como substituiccedilatildeo do seu alinhamento

tradicional mas como uma adiccedilatildeo agrave alianccedila com a potecircncia mariacutetima existente jaacute que o

submeteu agrave apreciaccedilatildeo do aliado inglecircs

No regime espanhol existiam duas facccedilotildees uma personificada por Serrano Suntildeer ministro

da governaccedilatildeo era partidaacuteria do intervencionismo ao lado das forccedilas do eixo A outra liderada

por Juan Beigbeder ministro dos negoacutecios estrangeiros era mais moderada e consciente da

necessidade da eliminaccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica da Peniacutensula Ibeacuterica para a qual a

reafirmaccedilatildeo do Pacto Peninsular era imprescindiacutevel As acccedilotildees poliacutetico-diplomaacuteticas entre os

dois Estados levaram agrave assinatura de um protocolo adicional ao Pacto que garantia a natildeo-

intervenccedilatildeo inglesa em Portugal e mantinha a Espanha afastada da influecircncia alematilde

Apesar das conversaccedilotildees e pactos assinados o vizinho ibeacuterico mantinha as diligecircncias

intervencionistas junto da Alemanha que motivaram a participaccedilatildeo em 23 de Outubro na

cimeira de Hendaia e consequentemente a adesatildeo ao Pacto Tripartido Contudo natildeo se

comprometeria com uma data para entrar na guerra O decurso do conflito determinou a efectiva

neutralidade dos dois paiacuteses e a 13 de Fevereiro de 1942 na cimeira luso-espanhola de Sevilha

era reafirmado o Bloco Peninsular e o entendimento comum sobre a neutralidade da peniacutensula

Com o final da II Guerra Mundial a Espanha ficou isolada internacionalmente funcionando

Portugal como o interlocutor ibeacuterico A supremacia peninsular nacional ficou reflectida no

alinhamento internacional que se seguiu atraveacutes da adesatildeo em 1949 agrave OTAN O emergir

internacional de Portugal teve como consequecircncia a desvalorizaccedilatildeo da alianccedila ibeacuterica A

Espanha iniciava a normalizaccedilatildeo do seu relacionamento internacional ainda em 1949 assinando

com os EUA um acordo de cooperaccedilatildeo militar reafirmado em 1953 e em 1976 Sendo neste

uacuteltimo conseguido o acordo sobre a Zona de Interesse Comum9 Em 1982 o pedido de adesatildeo

da Espanha agrave OTAN colocava os dois paiacuteses ibeacutericos junto da potecircncia mariacutetima

O periacuteodo em anaacutelise foi caracterizado por momentos de alinhamento internacional

coincidente isto eacute ambos coabitando numa mesma alianccedila extra-ibeacuterica momentos de

alinhamento oposto e outros em que a alianccedila peninsular foi uma realidade Contudo os Pactos 9 A Zona de Interesse Comum engloba o espaccedilo mariacutetimo que une o Atlacircntico ao Mediterracircneo Ocidental englobando as ilhas Baleares Canaacuterias arquipeacutelago da Madeira ehellip Portugal continental

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 12

estabelecidos por cada um tiveram uma caracteriacutestica que deve ser salientada Enquanto

Portugal manteve o seu alinhamento tradicional atribuindo-lhe um caraacutecter estrutural a Espanha

fez flutuar a sua orientaccedilatildeo internacional de acordo com os interesses estrateacutegicos do momento

conferindo-lhes um caraacutecter conjuntural No entanto foi niacutetida a desvantagem nacional quando

verificados os periacuteodos de alinhamento coincidente nos quais a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de

Portugal foi uma evidencia

13 A questatildeo econoacutemica

No decorrer do seacuteculo XX o relacionamento econoacutemico entre os dois Estados ibeacutericos

conheceu duas fases distintas (ALVES 2001 p32) Na primeira ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 70 o

relacionamento entre ambos decorreu essencialmente no patamar poliacutetico A segunda fase a

partir da deacutecada de 70 e apoacutes o periacuteodo de transiccedilatildeo para um regime democraacutetico vivido pelos

dois paiacuteses quase em simultacircneo evoluiu progressivamente enquadrando para aleacutem do aspecto

poliacutetico entre outras a aacuterea econoacutemica e cultural

O relacionamento econoacutemico nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica poderia

justificar natildeo obstante alguns acordos terem sido assinados sobre esta mateacuteria (Apecircndice C) De

forma a ilustrar o niacutevel de relacionamento entre ambos vejam-se os dados relativos a 1942 as

importaccedilotildees portuguesas de Espanha representavam 365 do total (ALVES 2001 p45)

enquanto que as exportaccedilotildees se situavam nos 193 Em 1944 os mesmos valores atingiam uma

maior expressatildeo passando para 454 e 351 respectivamente para nos anos seguintes

diminuiacuterem progressivamente de importacircncia De salientar que os valores mais elevados entre

os anos de 1946 e 1955 relativos agraves mesmas trocas comerciais se situaram em 266 e 188

respectivamente (ALVES 2001 p45)

O periacuteodo de isolamento internacional espanhol terminou ainda em 1949 com a assinatura de

um acordo com os EUA permitindo-lhe aceder a um creacutedito para apoio agrave reconstruccedilatildeo do paiacutes e

ao relanccedilamento econoacutemico No mesmo ano com o objectivo de proceder agrave substituiccedilatildeo dos

acordos estabelecidos ateacute aquela data entre os dois vizinhos peninsulares Portugal assinou com a

Espanha um acordo10 econoacutemico que se limitava agrave indicaccedilatildeo de alguns produtos a incluir em

eventuais transacccedilotildees assim como a uma limitada cooperaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica (ALVES

2001 p34) Este contrariamente agrave vontade espanhola em nada contribuiu para desenvolver o

relacionamento econoacutemico e comercial entre os dois dado que Portugal receava a dependecircncia

econoacutemica da Espanha e a sua influecircncia nas coloacutenias

10 Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 13

As deacutecadas seguintes marcaram o iniacutecio da abertura econoacutemica da Espanha e de Portugal

assim como o afastamento do relacionamento bilateral Neste periacuteodo Portugal adere em 1948

como membro fundador agrave Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (OCDE)

em 1959 tambeacutem como membro fundador agrave Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre (EFTA)

ao Fundo Monetaacuterio Internacional e ao Banco Mundial A Espanha em 1953 assinava os

Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e Ajuda Econoacutemica com os Estados Unidos Adere

em 1958 agrave OCDE em 1962 inicia os primeiros contactos com vista agrave adesatildeo agrave CEE que

culminaram em 1970 com a assinatura de um acordo comercial entre ambos

A internacionalizaccedilatildeo das economias portuguesa e espanhola processou-se de forma diferente

(ALVES 2001 p34) Enquanto Portugal no quadro do relacionamento luso-britacircnico procurou

expandir a sua economia atraveacutes da EFTA que ao mesmo tempo lhe assegurava a manutenccedilatildeo

da sua poliacutetica colonial a Espanha procurou adquirir outros parceiros comerciais na Ameacuterica

Latina paiacuteses Aacuterabes do Proacuteximo e Extremo Oriente e na Europa de Leste Em 1960 eacute assinado

um novo acordo comercial entre os dois Estados ibeacutericos que incidia principalmente sobre

questotildees aduaneiras natildeo alterando em nenhum aspecto o acircmbito das relaccedilotildees comerciais da

eacutepoca

A reaproximaccedilatildeo entre os dois Estados eacute motivada pela assinatura dos acordos comerciais

com a CEE assim como pelo pedido formal efectuado em 1977 em simultacircneo para a adesatildeo

agraves Comunidades Europeias As negociaccedilotildees tiveram iniacutecio em Portugal no ano de 1978

enquanto que na Espanha desenvolveram-se a partir do ano seguinte Em 1980 a governaccedilatildeo

espanhola assinou com a EFTA um compromisso que deu origem ao Acordo de Comeacutercio

Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

A orientaccedilatildeo do comeacutercio externo portuguecircs no iniacutecio da deacutecada de 70 privilegiou os paiacuteses

europeus constituintes da CEE11 e da EFTA12 Os motivos centraram-se na assinatura do

Acordo13 de Comeacutercio Livre com a CEE e a Comunidade Europeia do Carvatildeo e do Accedilo bem

como na independecircncia dos territoacuterios ultramarinos (ALVES 2001 p39) A Espanha tinha nos

paiacuteses do centro da Europa os seus principais parceiros comerciais no entanto estes

representavam um peso menor do que no caso portuguecircs (ALVES 2001 p 42) dado que o

vizinho ibeacuterico tinha jaacute na deacutecada de 60 diversificado o seu relacionamento comercial externo

para regiotildees exteriores agrave Europa

11 Da qual faziam parte a Alemanha Franccedila Reino Unido Irlanda Dinamarca Itaacutelia Holanda Beacutelgica e Luxemburgo 12 Faziam parte desta organizaccedilatildeo em 1973 para aleacutem de Portugal a Sueacutecia Suiccedila Aacuteustria Noruega Finlacircndia e Islacircndia 13 Este facto determinava abertura da economia portuguesa agrave Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 14

Apoacutes a adesatildeo de Portugal e Espanha agraves Comunidades Europeias em 1985 o relacionamento

econoacutemico e comercial de ambos conheceu um incremento significativo tanto com os paiacuteses

Europeus como entre si A Espanha que no iniacutecio da deacutecada de 80 representava cerca de 5 do

comeacutercio externo nacional passou para cerca de 19 em 1995 (Anexo A) tornando-se o

principal parceiro comercial de Portugal No caso do paiacutes vizinho o fenoacutemeno ocorreu de forma

semelhante mas com uma dimensatildeo menor Em 1981 Portugal representava cerca de 1 do

comeacutercio externo espanhol passando a representar cerca de 5 em 1995 (Anexo B) O

relacionamento econoacutemico entre os paiacuteses ibeacutericos na actualidade efectua-se a um ritmo nunca

antes assinalado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 15

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES

Os Paiacuteses peninsulares natildeo se encontram confinados agrave sua aacuterea geograacutefica continental Em

ambos os casos a descontinuidade territorial determinada pela posse de regiotildees autoacutenomas

localizadas no Oceano Atlacircntico e no Mar Mediterracircneo permitem projectar os respectivos

espaccedilos de interesse para o interior dos referidos mares Sendo certo que a descontinuidade lhes

confere algumas vulnerabilidades especialmente a Portugal tendo em conta a sua menor

dimensatildeo geograacutefica permite definir tambeacutem vaacuterias potencialidades Destas poderemos desde jaacute

destacar o espaccedilo adicional com importantes reflexos geopoliacuteticos e geoeconoacutemicos uma

consideraacutevel profundidade estrateacutegica importante tanto para o espaccedilo peninsular como para o

europeu e a possibilidade de se constituiacuterem como importantes pontos de apoio agrave projecccedilatildeo de

poder de controlo do espaccedilo mariacutetimo e agraves rotas de navegaccedilatildeo

A histoacuteria tem vindo a reservar aos dois actores peninsulares papeacuteis distintos

consubstanciados num posicionamento poliacutetico-estrateacutegico diferenciado Na actualidade o facto

de ambos se encontrarem inseridos nos mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e

geoestrateacutegico materializados na UE e OTAN determina a necessidade de partilhar interesses e

objectivos O relacionamento entre os dois Estados tem vindo a ser aprofundado tanto por via da

globalizaccedilatildeo como na tentativa de resoluccedilatildeo de aspectos conflituais que se mantecircm e que

exigem a Portugal a adopccedilatildeo de uma postura firme na defesa dos seus interesses poliacuteticos

econoacutemicos ou na gestatildeo de recursos naturais comuns

21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico

Quis a histoacuteria que a Peniacutensula Ibeacuterica fosse constituiacuteda por dois Estados independentes

cabendo a Portugal um pequeno rectacircngulo situado na faixa ocidental do territoacuterio A realidade

geograacutefica (Apecircndice D) determinou-nos a convivecircncia com dois parceiros De um lado o Mar

que tem vindo a contribuir para a nossa riqueza modo de vida e valorizaccedilatildeo estrateacutegica e do

outro a Espanha parceiro e foco de preocupaccedilatildeo constante Neste enquadramento Portugal vecirc-

se dependente da Espanha para dar seguimento aos fluxos de relacionamento com destino ao

centro da Europa

Contudo natildeo cabe apenas agrave ldquofatalidade geograacuteficardquo (FIEL 2005 p7) determinar por si soacute a

realidade estrateacutegica dos paiacuteses ibeacutericos Neste contexto considerando tambeacutem as vertentes

fiacutesica poliacutetica econoacutemica e cultural ambos se encontram inseridos na realidade Europeia O

caminho foi escolhido ao decidirem participar num projecto de construccedilatildeo inicialmente em

1985 com a integraccedilatildeo numa Europa econoacutemica que gradualmente tem vindo a alargar o acircmbito

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 16

da partilha de interesses caminhando para os domiacutenios da poliacutetica externa e quem sabe ateacute para

uma poleacutemica integraccedilatildeo poliacutetica de cariz federal Em resumo procurando fugir ao consequente

isolamento que o ldquonatildeo estar presenterdquo poderia determinar a necessidade de captaccedilatildeo de apoios

econoacutemicos que garantissem a uniformizaccedilatildeo do desenvolvimento estrutural no seio da UE e

ainda o recente alargamento a Leste para aleacutem de um direito e um dever determinam que a

integraccedilatildeo europeia seja uma necessidade imperativa para os dois Estados

Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa mais uma vez os dois paiacuteses vivem uma

situaccedilatildeo de comunhatildeo de interesses integrando a OTAN14 e participando no desenvolvimento e

implementaccedilatildeo da PESC Neste acircmbito eacute de salientar o facto de que a adesatildeo agrave OTAN foi

efectuada em momentos distintos Enquanto Portugal adere em 1949 como membro fundador a

entrada da Espanha foi recusada vindo a integrar a organizaccedilatildeo apenas em 1982 A este facto

certamente natildeo foi alheia a importacircncia estrateacutegica conferida ao espaccedilo portuguecircs (Apecircndice E)

assim como as tomadas de posiccedilatildeo da Espanha do decurso da II Guerra Mundial que motivaram

um prolongado isolamento internacional

Apoacutes o final da guerra-fria a queda do muro de Berlim e o desmembrar de todo o bloco

socialista sovieacutetico surgiu um novo quadro internacional com uma tendecircncia de equiliacutebrio ainda

natildeo completamente definida do qual se destaca a posiccedilatildeo hegemoacutenica dos EUA Eacute neste

contexto que a OTAN tem procurado adequar o seu posicionamento e onde se pretende que a

PESC venha a desempenhar um importante papel de complementaridade

Os dois paiacuteses natildeo poderatildeo dissociar a sua acccedilatildeo estrateacutegica individual da preconizada pelas

organizaccedilotildees de que fazem parte Eacute desta forma que Portugal se enquadra no ambiente

estrateacutegico da actualidade garantindo a sua individualidade e disponibilizando a sua mais valia

estrateacutegica de forma a contribuir para o sucesso das organizaccedilotildees que integra A Espanha pelo

contraacuterio define a Europa como ldquoaacuterea de interesse prioritaacuteriordquo assumindo contudo a

compatibilidade desta opccedilatildeo com a manutenccedilatildeo de uma ldquorelaccedilatildeo transatlacircntica robusta e

equilibradardquo e uma presenccedila na OTAN respeitando os compromissos assumidos orientaccedilotildees

bem expressas pela Directiva de Defensa Nacional 12004 (DDN)

As caracteriacutesticas mediterracircnicas dos dois paiacuteses estatildeo de tal forma vincadas que permitem

ser salientadas como parte das respectivas matrizes de identidade Estas caracteriacutesticas tecircm maior

incidecircncia na Espanha por razotildees geograacuteficas dado que uma parte da sua costa eacute banhada por

aquele mar transformando-a numa regiatildeo de particular interesse para o Estado espanhol

14 Os 26 Paiacuteses integrantes da OTAN Beacutelgica Bulgaacuteria Canadaacute Repuacuteblica Checa Dinamarca Estados Unidos da Ameacuterica Estoacutenia Franccedila Alemanha Greacutecia Hungria Islacircndia Itaacutelia Letoacutenia Lituacircnia Luxemburgo Holanda Noruega Poloacutenia Portugal Romeacutenia Eslovaacutequia Esloveacutenia Espanha Turquia Reino Unido

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 17

Tambeacutem Portugal pelo seu posicionamento geograacutefico ldquojunto agraves portas do Mediterracircneordquo

(ALMEIDA 1990 p362) poderaacute reclamar para si uma boa parte destas caracteriacutesticas

Relativamente aos paiacuteses do Norte de Aacutefrica o facto de existirem significativos focos de

instabilidade a proximidade geograacutefica bem como a dependecircncia energeacutetica justificam a

inclusatildeo do Magreb no Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural (Anexo C) Se

duacutevidas houvesse quanto agrave importacircncia da regiatildeo mediterracircnica para o nosso Paiacutes seriam

dissipadas quando constatada a relevacircncia e a atenccedilatildeo conferida tanto pela OTAN como pela

UE sobre esta aacuterea do Globo Neste acircmbito Portugal encontra-se numa posiccedilatildeo de vantagem

podendo afirmar-se como um interlocutor privilegiado precisamente com os paiacuteses do

Mediterracircneo Ocidental com os quais ao contraacuterio da Espanha natildeo tem ressentimentos

coloniais nem qualquer contencioso territorial

Restam as questotildees de ldquoafinidades e interesses em aacutereas que transcendem o posicionamento

geograacuteficordquo (ALMEIDA 1990 p362) Portugal tem com os paiacuteses lusoacutefonos uma relaccedilatildeo

histoacuterica alicerccedilada num passado secular comum junto dos quais tratou de resolver os traumas

decorrentes da eacutepoca colonial Para aleacutem da possibilidade de difusatildeo da cultura e liacutengua comuns

estaacute tambeacutem um importante mercado para o onde os grupos econoacutemicos nacionais se poderatildeo

expandir bem como assumir um papel de destaque no relacionamento entre estes paiacuteses os EUA

e a UE Neste acircmbito a Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa (CPLP)15 poderaacute vir a

desempenhar um papel importante tanto na afirmaccedilatildeo da cultura e liacutengua nacional como do

proacuteprio Paiacutes Por sua vez a Espanha tem como aacuterea preferencial de relacionamento os paiacuteses

pertencentes agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees16 Com eles manteacutem um relacionamento

bilateral diverso que nalguns casos inclui a cooperaccedilatildeo militar

Fica assim expressa a matriz de identidade de cada Estado bem como as diferentes

possibilidades de orientaccedilatildeo politico-estrateacutegica A tatildeo propalada posiccedilatildeo perifeacuterica peninsular

tendo em conta a enquadrante europeia eacute assim contrariada quando considerada a enquadrante

de seguranccedila e defesa sob a eacutegide da OTAN que transporta a regiatildeo para uma posiccedilatildeo central

tendo em conta a distribuiccedilatildeo geograacutefica dos Estados que compotildeem esta Organizaccedilatildeo

22 Portugal e Espanha em factos comparados

Consideraacutemos de grande pertinecircncia efectuar uma anaacutelise comparativa das duas realidades

peninsulares Para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que de forma sinteacutetica mas

15 Fazem parte da CPLP Angola Brasil Cabo Verde Guineacute-Bissau Moccedilambique Portugal S Tomeacute e Priacutencipe e Timor-leste 16 Fazem parte da Comunidade Ibero Ameacuterica de Naccedilotildees Andorra Argentina Boliacutevia Brasil Colocircmbia Costa Rica Cuba Chile Equador Espanha Guatemala Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Paraguai Peru Portugal Repuacuteblica Dominicana Uruguai e Repuacuteblica Bolivariana de Venezuela

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 18

objectiva nos permitam visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados alguns aspectos

representativos da interacccedilatildeo bilateral e outros relativos a questotildees prementes que se encontram

em discussatildeo na actual agenda poliacutetica dos respectivos governos Destes poderemos destacar as

questotildees regionais e a indicaccedilatildeo de alguns factores que poderatildeo vir a determinar situaccedilotildees de

dependecircncia econoacutemica relativamente ao nosso vizinho da Peniacutensula Ibeacuterica

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila

Ambos os paiacuteses vivem sob sistemas poliacuteticos democraacuteticos pelos quais se bateram no

decurso do seacuteculo XX e onde o papel desempenhando pelos cidadatildeos representa um suporte

fundamental para a soberania Contudo estes sistemas poliacuteticos apresentam naturezas distintas

Em Portugal foi adoptado um sistema de cariz republicano na sua forma semi-presidencialista

no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica eleito por sufraacutegio universal directo e

secreto por mandatos de 5 anos Das suas competecircncias destaca-se o direito de veto17 e a

possibilidade de nos termos previstos pela constituiccedilatildeo dissolver a Assembleia da Repuacuteblica e

exonerar o Governo

A Assembleia da Repuacuteblica eacute o oacutergatildeo representativo ldquode todos os cidadatildeos portuguesesrdquo18

sendo os deputados que a compotildeem eleitos por mandatos de 4 anos utilizando um sistema de

representaccedilatildeo proporcional ao nuacutemero de cidadatildeos inscritos em cada ciacuterculo eleitoral O

Governo ldquoeacute o oacutergatildeo de conduccedilatildeo da poliacutetica geral do Paiacutesrdquo19 representa o poder executivo e eacute o

oacutergatildeo de administraccedilatildeo superior do Estado O poder judicial eacute exercido pelos tribunais que tecircm a

ldquocompetecircncia para administrar a justiccedila em nome do povordquo20

A Espanha adoptou uma monarquia parlamentar na qual a Coroa eacute transmitida de forma

hereditaacuteria e o Rei se assume como o Chefe de Estado21 Das suas competecircncias destaca-se o

facto de natildeo incluiacuterem o direito de veto nem tatildeo pouco a possibilidade de exoneraccedilatildeo do

Governo Estas competecircncias encontram-se atribuiacutedas no primeiro caso ao Senado enquanto

que a exoneraccedilatildeo do Governo decorre da aprovaccedilatildeo por maioria absoluta de uma Moccedilatildeo de

Censura22 de iniciativa do Congresso de Deputados A dissoluccedilatildeo23 do Congresso do Senado ou

17 Segundo o artigo 136ordm da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa o Presidente da Repuacuteblica poderaacute exercer o direito de veto com o intuito de solicitar nova apreciaccedilatildeo sobre qualquer decreto emanado pela Assembleia da Repuacuteblica do Governo ou sobre decisotildees do Tribunal Constitucional desde que este uacuteltimo natildeo emita um parecer de inconstitucionalidade Normalizam ainda a aplicaccedilatildeo do direito de veto os artigos 278ordm e 279ordm do mesmo documento 18 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 147ordm 19 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 182ordm 20 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 202ordm 21 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 56ordm 22 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 113ordm 23 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 115ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 19

ateacute das Cortes tem origem num decreto assinado pelo Rei mas decorre sempre de uma proposta

efectuada pelo Presidente do Governo apoacutes deliberaccedilatildeo do Conselho de Ministros

As Cortes oacutergatildeo representativo do povo espanhol satildeo constituiacutedas24 pelo Congresso de

Deputados e pelo Senado que assumem em conjunto o poder legislativo Entre outras

responsabilidades assumem o dever de controlar a acccedilatildeo do governo Os deputados do

Congresso satildeo eleitos por mandatos de 4 anos atraveacutes de um sufraacutegio universal livre directo e

secreto A eleiccedilatildeo eacute efectuada em cada circunscriccedilatildeo25 eleitoral obedecendo aos criteacuterios de

representatividade proporcional26 O Senado eacute cacircmara de representaccedilatildeo territorial27 sendo os

senadores eleitos28 de forma idecircntica aos deputados do Congresso por mandatos de 4 anos

O Governo a quem cabe exercer a funccedilatildeo executiva da governaccedilatildeo dirige a poliacutetica interna e

externa a administraccedilatildeo civil e militar e a defesa do Estado29 respondendo pela sua acccedilatildeo

governativa perante o Congresso30 O poder judicial31 emana do povo e eacute administrado em nome

do Rei por juiacutezes e magistrados independentes inamoviacuteveis responsaacuteveis e unicamente

submetidos ao imperativo da lei

222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais

Relativamente agrave organizaccedilatildeo administrativa Portugal encontra-se dividido em 18 distritos e

duas Regiotildees Autoacutenomas Na sua base o Paiacutes eacute composto por 308 municiacutepios que por sua vez

se subdividem em cerca de 4000 freguesias Apesar de Portugal se constituir como um Estado

unitaacuterio consagra a existecircncia de ldquovaacuterios niacuteveis de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa o

mais importante dos quais eacute o regime autonoacutemico insularrdquo (PINTO et al 2005 p180) Este

materializa-se na existecircncia nas regiotildees autoacutenomas de oacutergatildeos legislativos e de direcccedilatildeo poliacutetica

proacuteprios bem como de um estatuto poliacutetico-administrativo proacuteprio A Constituiccedilatildeo Portuguesa

consagra tambeacutem a autonomia das autarquias locais traduzida na existecircncia de entidades e

oacutergatildeos proacuteprios com atributos especiacuteficos cujos titulares satildeo eleitos pelo povo e ainda a

descentralizaccedilatildeo da administraccedilatildeo puacuteblica

24 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 66ordm 25 O nordm 2 do artigo 68ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que a circunscriccedilatildeo eleitoral eacute a proviacutencia Para a ocupaccedilatildeo dos lugares do Congresso seraacute definida uma representaccedilatildeo miacutenima inicial para cada circunscriccedilatildeo sendo os restantes lugares ocupados de acordo com o princiacutepio da proporcionalidade de populaccedilatildeo em cada circunscriccedilatildeo As cidades de Ceuta e Melilla teratildeo um representante por cada uma 26 Constitucion Espantildeola ndash nordm 3 artigo 68ordm 27 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 69ordm 28 O artigo 69ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que cada proviacutencia elegeraacute 4 senadores As comunidades autoacutenomas designaram 1 senador por cada milhatildeo de habitantes Ceuta e Melilla elegem 2 senadores por cada uma Nas proviacutencias insulares por cada ilha ou agrupamento de ilhas seraacute constituiacuteda uma circunscriccedilatildeo eleitoral que elegeraacute 3 senadores na Gran Canaacuteria Maiorca e Tenerife e 1 senador em Ibiza-Formentera Menorca Fuerteventura Gomera Hierro Lanzarote e La Palma 29 Constitucion Espantildeola ndash artigo 97ordm 30 Constitucion Espantildeola ndash artigo 108ordm 31 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 117ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 20

Tecircm sido comuns os discursos poliacuteticos que reclamam as reformas da administraccedilatildeo puacuteblica

de descentralizaccedilatildeo administrativa ou ateacute de regionalizaccedilatildeo Este assunto em breve ocuparaacute um

lugar de destaque na agenda poliacutetica portuguesa Sobre o tema considera-se a necessidade entre

outras questotildees de reequacionar a actual divisatildeo administrativa assim como a atribuiccedilatildeo de

novas competecircncias agraves eventuais regiotildees com o intuito de ldquoviabilizar a execuccedilatildeo de planos de

desenvolvimento regional integrados articulando investimentos e visando proporcionar um

protagonismo regional capaz de dinamizar as diferentes zonas do Paiacutes particularmente as do

interiorrdquo (OLIVEIRA et al 1996 p502)

A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas32 e duas cidades

agraves quais lhes foi tambeacutem atribuiacutedo um estatuto de autonomia designadamente as cidades de

Ceuta e Melilla A Galiza o Paiacutes Basco e a Catalunha a par do estatuto de autonomia gozam

igualmente da condiccedilatildeo de nacionalidade histoacuterica reconhecida pela constituiccedilatildeo Este estatuto

traduziu-se na obtenccedilatildeo de uma maior capacidade de decisatildeo e soberania relativamente agraves

restantes comunidades

As regiotildees possuem um parlamento proacuteprio um governo regional e um sistema de justiccedila que

conta com um Supremo Tribunal de Justiccedila de cada zona De salientar ainda o facto de o Paiacutes

Basco a Catalunha e Navarra contarem com um sistema policial proacuteprio O poder central reserva

para si entre outras o controlo das Forccedilas Armadas e de Seguranccedila as relaccedilotildees externas a

seguranccedila social os serviccedilos secretos jogos e apostas desportivas a emissatildeo de moeda o Banco

de Espanha os portos e aeroportos e os caminhos-de-ferro

Na actualidade este modelo parece ter atingido o seu limite e os sinais de tal facto reflectem-

se nas ldquoexigecircncias da maioria das regiotildees autoacutenomas algumas delas claramente soberanistasrdquo

(CALLE 2005 p68) Deste processo o Plano Ibarretxe apresentado em Dezembro de 2004

pelo presidente do governo do Paiacutes Basco Juan Joseacute Ibarretxe eacute claramente um exemplo O

plano apesar de derrotado no Congresso propunha um novo modelo de relacionamento com o

Estado e previa a realizaccedilatildeo de ldquoum plebiscito para tornar voluntaacuteria a adesatildeo ao Estado

espanholrdquo (MEIRELES 2005 p64)

Torna-se inevitaacutevel a necessidade de levar a cabo uma reforma constitucional No entanto as

exigecircncias (Apecircndice F) satisfeitas a qualquer das comunidades autoacutenomas seratildeo certamente

disputadas pelas restantes regiotildees (Anexo F) podendo os seus efeitos tornar-se numa verdadeira

bola de neve natildeo sendo descabido considerar o cenaacuterio da transformaccedilatildeo da Espanha num

Estado federal 32 Uma comunidade autoacutenoma eacute uma entidade territorial que no ordenamento constitucional do Estado espanhol eacute dotada de autonomia legislativa e competecircncias executivas bem como da faculdade de se administrar mediante representantes proacuteprios

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 21

223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo

O diferencial demograacutefico existente entre os dois paiacuteses eacute no momento cerca de 30 milhotildees

de habitantes (Anexo D) A populaccedilatildeo portuguesa atinge os 10356117 hab enquanto que em

Espanha os nuacutemeros ascendem aos 40847371 hab Apesar deste significativo diferencial a

densidade populacional nacional eacute superior atingindo os 113 habkm2 em oposiccedilatildeo aos 84

habkm2 verificados em Espanha (Anexo E) Tomando por referecircncia todo o espaccedilo peninsular

(Anexo F) poderemos concluir que as regiotildees de maior concentraccedilatildeo populacional se encontram

junto agrave costa atlacircntica e mediterracircnica exceptuando-se a regiatildeo de Madrid situada bem no centro

da peniacutensula

As tendecircncias de evoluccedilatildeo para um horizonte ateacute 2040 dizem-nos que enquanto em Portugal

se prevecirc uma diminuiccedilatildeo ateacute aos 98 milhotildees de habitantes em Espanha espera-se um

crescimento ateacute aos 52 milhotildees (Anexo G) Analisando as piracircmides etaacuterias de ambos os Estados

verificamos a existecircncia de uma quase sobreposiccedilatildeo encontrando-se a maior parte da populaccedilatildeo

compreendida entre os 24 e os 40 anos (Anexo H) Contudo se atendermos agrave relaccedilatildeo entre as

taxas de natalidade e mortalidade poderemos constatar que em Espanha ambas seguem a mesma

tendecircncia de crescimento enquanto que em Portugal tendem para a convergecircncia isto eacute

verifica-se uma diminuiccedilatildeo da taxa de natalidade e um aumento da taxa de mortalidade (Anexo

I)

Na aacuterea da educaccedilatildeo deveraacute salientar-se a taxa de abandono escolar que apesar de se

encontrar em franca queda foi em 2003 no nosso Paiacutes claramente superior agrave verificada na

Espanha (Anexo J) Outro dado curioso diz respeito ao nuacutemero de mulheres que frequentam o

ensino superior no nosso Paiacutes (Anexo K) Este representa um adicional de 10 relativamente ao

valor atingido no vizinho espanhol Apesar dos fracos resultados obtidos nos exames de acesso

ao ensino superior os gastos na educaccedilatildeo representam em Portugal cerca de 6 do PIB

enquanto que na Espanha os valores representam apenas 44 (Anexo L)

Sobre a questatildeo da utilizaccedilatildeo de novas tecnologias nomeadamente a percentagem de

alojamentos com computador Portugal enquadra-se entre os 18 e os 30 com excepccedilatildeo da

regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo que se situa entre os 30 e os 35 Pelo contraacuterio a Espanha

enquadra a maior parte do seu territoacuterio em valores acima dos 30 atingindo mesmo o intervalo

entre os 35 e os 50 em regiotildees como Madrid Catalunha Paiacutes Basco Navarra e Aragatildeo

assim como em todas as regiotildees insulares incluindo Ceuta e Melilla (Anexo M)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 22

224 O mercado de trabalho

Considerando a distribuiccedilatildeo da populaccedilatildeo empregada por sector de actividade (Anexo N)

verifica-se que 636 da populaccedilatildeo espanhola activa se encontra empregada no sector dos

serviccedilos 308 na induacutestria e apenas 56 na agricultura Em Portugal 544 da populaccedilatildeo

activa estaacute empregada no sector dos serviccedilos 328 na induacutestria e 128 na agricultura Eacute no

miacutenimo estranho que um Paiacutes com menor superfiacutecie para cultivo tenha em termos

proporcionais mais do dobro da populaccedilatildeo empregada no sector agriacutecola

Importa salientar que actualmente as economias de ambos os paiacuteses se encontram cada vez

mais baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos Em Portugal (Anexo O) este sector

contribui com 67 do Valor Acrescentado Bruto (VAB) enquanto que o sector da induacutestria

construccedilatildeo e energia contribui com 29 e a agricultura com apenas 4 A Espanha (Anexo P)

apresenta proporcionalmente um quadro semelhante com o sector dos serviccedilos a contribuir com

6030 do PIB o sector da Industria construccedilatildeo e energia com 2663 do PIB e a agricultura

com apenas 299 do PIB

Relativamente agrave taxa de actividade feminina (Anexo Q) verifica-se que eacute favoraacutevel a Portugal

situando-se entre os 45 e os 55 valor apenas igualado nas regiotildees espanholas de Madrid da

Catalunha e do Paiacutes Basco Na maioria das restantes regiotildees da Espanha o valor situa-se entre os

30 e os 40 A vantagem portuguesa natildeo poderaacute ser dissociada tanto da necessidade de uma

maior contribuiccedilatildeo para o orccedilamento familiar como do facto da taxa de desemprego em Portugal

assumir um valor significativamente inferior agrave espanhola Enquanto que o nosso Paiacutes manteacutem

este indicador em 61 o espanhol atinge os 111 (Anexo R)

Relativamente agraves horas semanais efectivamente trabalhadas elas equivalem-se nos dois paiacuteses

situando-se nas 38 horas Contudo analisando os dias natildeo trabalhados devido a greves (Anexo

S) por cada mil empregados constata-se em Portugal uma constacircncia nos 29 dias enquanto que

na Espanha se verifica alguma irregularidade identificando-se os periacuteodos de maior contestaccedilatildeo

social que em 2000 atingiu os cerca de 300 dias Em 2002 o mesmo iacutendice mantinha-se 30 dias

acima do valor verificado em Portugal

225 As contas nacionais e o comeacutercio externo

Iniciaremos a anaacutelise abordando a taxa de crescimento anual do PIB a preccedilos constantes

(Anexo T) e de imediato se constata que ambos os paiacuteses apresentam tendecircncias opostas

Portugal apresenta a partir do ano 2000 um acentuado decreacutescimo decaindo dos cerca de 35

obtidos naquele ano ateacute aos cerca de -12 obtido em 2003 A Espanha iniciava em 2000 um

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 23

periacuteodo de decreacutescimo desde os cerca de 4 ateacute aos 2 de 2002 ano a partir do qual inicia a

tendecircncia de subida ateacute aos cerca de 24 em 2003

Relativamente ao PIB per capita a preccedilos correntes (Anexo U) a diferenccedila de valores entre os

dois paiacuteses eacute substancial contudo entre os anos de 1998 e 2002 verificou-se uma tendecircncia

semelhante de crescimento dos valores meacutedios deste iacutendice Dos 9900 euro obtidos em 1998

Portugal conseguiu atingir os 12500 euro em 2002 O vizinho peninsular nos mesmos anos passou

dos 13300 euro para os 17200 euro Neste paiacutes verificam-se valores mais elevados em Madrid

Catalunha Paiacutes Basco Navarra La Rioja Aragatildeo e as Ilhas Baleares os quais se situam entre os

17000 euro e os 23000 euro Em Portugal apenas se destaca a regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo onde se

obteacutem valores compreendidos entre os 14000 euro e os 17000 euro (Anexo V)

A Espanha eacute hoje em dia o principal parceiro comercial de Portugal ocupando a posiccedilatildeo

cimeira (Anexo W) As importaccedilotildees representam 291 enquanto que as exportaccedilotildees ascendem

aos 227 Relativamente agraves importaccedilotildees espanholas (Anexo X) o nosso Paiacutes ocupa a seacutetima

posiccedilatildeo com 32 surgindo em quinto lugar com 93 quando referidas as exportaccedilotildees

Relativamente agraves trocas comerciais com os restantes paiacuteses da UE (Anexo Y) constata-se uma

maior dependecircncia de Portugal representando em 2003 79 das exportaccedilotildees nacionais contra

os 71 espanhoacuteis e 77 das importaccedilotildees contra os 66 espanhoacuteis

Os principais produtos comercializados (Anexo Z) na direcccedilatildeo do paiacutes vizinho satildeo os veiacuteculos

automoacuteveis e os respectivos componentes com 134 seguindo-se o vestuaacuterio e acessoacuterios com

112 o equipamento eleacutectrico com 56 o ferro e o accedilo com 46 os produtos metaacutelicos

fabricados com 40 e os manufacturados de minerais natildeo metaacutelicos com 38 As exportaccedilotildees

da Espanha para o nosso Paiacutes revelam em primeiro lugar os veiacuteculos automoacuteveis e

componentes com 119 seguindo-se os artigos manufacturados diversos com 55 o vestuaacuterio

e acessoacuterios com 49 os equipamentos eleacutectricos com 45 papel e cartatildeo com 39 e as

maacutequinas de processamento de dados com 37

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia

Assentando as economias dos paiacuteses ibeacutericos fundamentalmente no sector dos serviccedilos

consideramos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de

actividade que constituem a estrutura base do sector Assim iremos analisar de forma breve o

sector energeacutetico sobre o qual tem estado na ordem do dia o impasse da implementaccedilatildeo do

Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica (MIBEL) a partilha de recursos hiacutedricos tema sempre

actual e directamente relacionado agrave produccedilatildeo de energia o sector bancaacuterio que tem representado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 24

a principal aacuterea de investimento espanhol no nosso Paiacutes e finalmente o sector das

telecomunicaccedilotildees que representa uma das aacutereas de partilha de investimento externo de maior

significado no acircmbito peninsular

231 O sector energeacutetico

O facto de Portugal e a Espanha natildeo serem auto-suficientes em termos energeacuteticos origina que

ambos dependam de fontes externas para alimentarem as suas necessidades tanto para os fins

domeacutesticos como para a sustentaccedilatildeo do seu tecido econoacutemico O consumo de energia primaacuteria

(Anexo AA) revela-nos que o petroacuteleo e os seus derivados ocupam o lugar cimeiro nas

necessidades dos dois paiacuteses representando 63 em Portugal e 52 na Espanha No nosso Paiacutes

seguem-se o carvatildeo com 16 outras energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 8 e a

energia hiacutedrica com 4 Na Espanha a ordem dos factores eacute semelhante surgindo na segunda

posiccedilatildeo o carvatildeo com 17 a energia nuclear com 13 o gaacutes natural com 12 outras energias

renovaacuteveis com 4 e finalmente a energia hiacutedrica com 2

No consumo final (Anexo AB) o petroacuteleo e os seus derivados representam 68 em Portugal

e 63 na Espanha Seguem-se relativamente a Portugal o sector eleacutectrico com 18 as outras

energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 4 e o carvatildeo com 2 Para a Espanha a

segunda posiccedilatildeo eacute ocupada pelo sector eleacutectrico com 18 seguindo-se o gaacutes natural com 14

as outras energias renovaacuteveis com 4 e finalmente o carvatildeo com 1

Para o sector estaacute prevista a implementaccedilatildeo de um acordo assinado entre os governos dos

dois paiacuteses no sentido da criaccedilatildeo do MIBEL Inicialmente previsto para 01 de Janeiro de 2003 o

projecto tem conhecido sucessivos adiamentos a que natildeo seraacute alheia a sensibilidade suscitada

pela questatildeo energeacutetica Eacute notoacuteria a dependecircncia de ambos os paiacuteses de recursos energeacuteticos

externos No entanto a Espanha apresenta no que diz respeito agrave produccedilatildeo maior diversidade de

recursos dado que ao contraacuterio de Portugal recorreu agrave produccedilatildeo nuclear

No que diz respeito agrave liberalizaccedilatildeo do sector a Espanha deteacutem um avanccedilo significativo

relativamente a Portugal Enquanto que o paiacutes vizinho dispotildee de vaacuterias empresas produtoras e

distribuidoras de energia com significativa importacircncia em Portugal apenas a Electricidade de

Portugal (EDP) se apresenta como a uacutenica com permissatildeo para operar no mercado Em face da

sua dimensatildeo as empresas espanholas poderatildeo intervir no mercado portuguecircs assumindo o

controlo tanto ao niacutevel de produccedilatildeo como na distribuiccedilatildeo A Iberdrola ldquoeacute o maior accionista

privado da EDPrdquo (MARTINS 2005b p15) e ldquoeacute jaacute o segundo maior investidor estrangeiro em

Portugalrdquo (MARTINS 2005b p15) No entanto desde Julho de 2004 que a empresa portuguesa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 25

assumiu o controlo pleno da espanhola Hidrocantaacutebrico que tambeacutem opera no mercado de gaacutes

natural

A questatildeo energeacutetica apresenta-se como uma das mais sensiacuteveis no relacionamento entre os

dois paiacuteses A situaccedilatildeo geograacutefica de Portugal impotildee que a maior parte das importaccedilotildees de

energia se efectuem atraveacutes do territoacuterio espanhol nomeadamente no que diz respeito agrave

importaccedilatildeo de gaacutes natural via gasoduto (Anexo AC) Esta fonte de energia primaacuteria atinge o

territoacuterio nacional atraveacutes da rede ibeacuterica de gasodutos que por sua vez chega agrave peniacutensula pelo

Estreito de Gibraltar utilizando a rede euro-magrebina com proveniencia na Argeacutelia Neste

quadro a possibilidade de recorrer ao Gaacutes Natural Liquefeito utilizando o porto de Sines poderaacute

minimizar o factor de dependecircncia exposto

232 A partilha de recursos hiacutedricos

A importacircncia atribuiacuteda agrave questatildeo dos recursos hiacutedricos decorre do facto de cinco dos

principais rios que percorrem o territoacuterio nacional terem a sua nascente no paiacutes vizinho

Referimo-nos aos rios Minho Lima Douro Tejo e Guadiana Para uma correcta avaliaccedilatildeo da

questatildeo hiacutedrica torna-se essencial conhecer as dimensotildees das respectivas bacias hidrograacuteficas

(SANTOS 2002) Relativamente ao rio Minho ela estende-se por 17080 km2 o rio Lima atinge

os 2480 km2 o Douro os 97600 km2 o Tejo 80600 km2 e o Guadiana os 66 800 km2 Das aacutereas

mencionadas percorrem territoacuterio nacional 5 48 19 31 e 17 respectivamente Os

recursos hiacutedricos superficiais gerados nas bacias hidrograacuteficas referidas representam cerca de

62900 hm3 o que corresponde a 45 do total dos recursos hiacutedricos de superfiacutecie gerados na

Peniacutensula Ibeacuterica isto eacute 140800 hm3 (SANTOS 2002)

Por outro lado a fronteira que separa os dois paiacuteses tem cerca de 1200 km de extensatildeo e 23

eacute estabelecida por rios O territoacuterio continental eacute assim constituiacutedo em mais de dois terccedilos por

bacias hidrograacuteficas cujos rios nascem do outro lado da fronteira Para gerir esta questatildeo

Portugal e a Espanha tecircm ao longo do tempo assinado vaacuterios conveacutenios nos quais ficaram

definidas regras como limites fronteiriccedilos o aproveitamento hidroeleacutectrico do rio Douro ou o

aproveitamento hidraacuteulico dos troccedilos internacionais dos rios Minho Lima Tejo Guadiana

Chanccedila e seus afluentes

O Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha surgiu no iniacutecio da deacutecada de 90 e foi apresentado

pelo executivo espanhol como sendo um instrumento fundamental para definir os objectivos da

poliacutetica de recursos hiacutedricos e os meios para os alcanccedilar A preocupaccedilatildeo surge quando nele se

refere a necessidade de efectuar transvazes dos rios Douro Tejo e Guadiana consideradas bacias

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 26

com capacidade excedentaacuteria para aacutereas geograacuteficas onde se verificassem situaccedilotildees de deacutefice

hiacutedrico Sendo a bacia do rio Douro considerada como a segunda de maior excedente de aacutegua a

ela caberia fornecer as bacias dos rios Tejo e Ebro num total ateacute 2012 que poderia atingir os

900 hm3 de aacutegua Contudo conjugando os transvazes com o aumento dos consumos de aacutegua a

diminuiccedilatildeo da afluecircncia agravequela bacia poderia atingir os 1600 hm3 Neste plano a bacia do rio

Tejo haveria de funcionar como charneira para a transferecircncia de aacutegua entre as regiotildees Norte e

Sul recebendo cerca de 1050 hm3 provenientes do Ebro e do Norte-Douro cedendo cerca de 900

hm3 distribuiacutedos pelas bacias do Segura Guadalquivir e do Guadiana

Os especialistas nacionais foram unacircnimes na criacutetica efectuada ao programa dizendo que

quaisquer que fossem as reduccedilotildees nos caudais dos rios internacionais teriam resultados

significativamente negativos podendo mesmo vir a afectar o equiliacutebrio hiacutedrico nacional Em

resultado de pressotildees internas e externas o documento foi abandonado e em 2001 o governo

espanhol apresentou um novo Plano Hidroloacutegico mais modesto nas ambiccedilotildees que prevecirc a

realizaccedilatildeo de transvazes apenas em rios natildeo internacionais

O posicionamento geograacutefico dos paiacuteses determina a desvantagem portuguesa tornando-o

dependente das acccedilotildees levadas a cabo no vizinho espanhol A necessidade de acompanhar as

tomadas de posiccedilatildeo espanholas sobre a questatildeo eacute permanente obrigando os responsaacuteveis

portugueses a desencadear um apurado relacionamento poliacutetico diplomaacutetico bem como um

adequado acompanhamento teacutecnico tendente a defender os interesses nacionais que poderatildeo estar

em causa

233 O sector bancaacuterio

A banca eacute uma das aacutereas mais importantes de investimento espanhol no nosso Paiacutes Vaacuterios

grupos espanhoacuteis do sector adquiriram importantes participaccedilotildees em destacados grupos

bancaacuterios portugueses como eacute o caso do Banco Santander Central Hispano (BSCH) que adquiriu

o Banco Totta e Accedilores o Creacutedito Predial Portuguecircs o Banco Santander Portugal e o Banco

Santander de Negoacutecios Pelo facto de o Banco Totta e Accedilores ser o quarto maior grupo nacional

(Anexo AD) em termos de activos e o terceiro relativamente aos grupos privados com uma cota

de mercado com cerca de 11 permitiu tornar o BSCH no maior da Peniacutensula Ibeacuterica

O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) o segundo maior banco espanhol deteacutem uma

cota no mercado portuguecircs que natildeo ultrapassa o 1 concentrando-se fundamentalmente no

segmento de mercado meacutedio e alto O Banco Sabadell de Barcelona participa num acordo de

participaccedilatildeo cruzada com o Banco Comercial Portuguecircs deteacutem cerca de 31 deste uacuteltimo que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 27

por sua vez deteacutem cerca de 3 do Sabadell podendo cada um aumentar a sua participaccedilatildeo ateacute

aos 20

Relativamente agrave participaccedilatildeo portuguesa em Espanha deveremos destacar a Caixa Geral de

Depoacutesitos o maior banco nacional ainda sob controlo estatal que eacute a instituiccedilatildeo bancaacuteria com

maior investimento em Espanha A sua intervenccedilatildeo naquele mercado iniciou-se em 1991 com a

aquisiccedilatildeo do Banco Extremadura o Banco Luso-espanhol e em 1995 o Banco Simeoacuten A

presenccedila da banca portuguesa em Espanha alarga-se tambeacutem a grupos privados destacando-se

o Banco Espiacuterito Santo que ldquose instalou com uma pequena rede de sucursais e adquiriu duas das

casas espanholas de bolsa a Benito y Monjardiacuten e a GES Capitalrdquo (CHISLETT 2004)

Eacute um facto que no sector da banca os espanhoacuteis se encontram em franca expansatildeo tendo

abandonando definitivamente o mercado domeacutestico (ALVES 2001 p158) O alvo preferencial eacute

o mercado portuguecircs que pela sua menor dimensatildeo natildeo tem no momento argumentos

financeiros que lhe permitam competir da mesma forma no mercado vizinho A absorccedilatildeo das

instituiccedilotildees bancaacuterias portuguesas por grupos espanhoacuteis deveraacute constituir uma preocupaccedilatildeo seacuteria

para os responsaacuteveis governativos portugueses dado que o desniacutevel eacute tatildeo expressivo que poderaacute

criar-se uma situaccedilatildeo de dependecircncia da banca portuguesa relativamente agrave espanhola

234 O sector das telecomunicaccedilotildees

A Portugal Telecom (PT) e a Telefoacutenica Moacuteviles (TEM) satildeo as duas empresas liacutederes do

ramo das telecomunicaccedilotildees nos respectivos paiacuteses Ambas mantecircm um acordo de participaccedilatildeo

cruzada ao abrigo do qual a empresa espanhola deteacutem 8 da portuguesa e a PT cerca de 1 da

TEM Para aleacutem deste acordo as empresas tecircm desenvolvido uma alianccedila estrateacutegica para o

Norte de Africa e Ameacuterica Latina Neste uacuteltimo continente designadamente no Brasil estas

empresas criaram a Vivo a marca comercial da Brasilcel que se tornou na maior operadora de

telefones moacuteveis natildeo soacute no Brasil mas em toda a Ameacuterica Latina Esta empresa conquistou uma

cota de mercado que ronda os 56 o que representa cerca de 23 milhotildees e meio de clientes

O Brasil eacute o uacutenico paiacutes da Ameacuterica Latina onde opera a PT no entanto a TEM eacute liacuteder de

mercado na Argentina Chile e Peru ocupando o segundo lugar no Meacutexico Esta uacuteltima empresa

reforccedilou a sua participaccedilatildeo noutros paiacuteses da regiatildeo adquirindo em Maio de 2004 a Bellsouth

operaccedilatildeo que lhe garantiu um adicional de 116 milhotildees de clientes transformando-a no quarto

maior operador de telefones moacuteveis do mundo Ambas as empresas investiram em finais de

2004 cerca de 425 milhotildees de euros de forma a aumentar a participaccedilatildeo em mais quatro

empresas brasileiras do sector a Telesudeste a Teleleste Celular a CTR Celular e a Tele Centro

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 28

Celular Em Marrocos o outro local do globo onde a parceria estrateacutegica das duas empresas

desenvolve as suas actividades adquiriram a operadora de telefones moacuteveis GSM Medi

Telecom conhecida tradicionalmente por Meacuteditel conferindo-lhes uma cota de mercado de

cerca de 43

Este eacute outro dos sectores pelo qual o Governo portuguecircs tem manifestado uma particular

atenccedilatildeo apesar de natildeo atingir niacuteveis de conflitualidade comparaacuteveis aos do sector dos recursos

hiacutedricos O facto ficou demonstrado na recente poleacutemica desencadeada entre as duas empresas e

que teve como origem a limitaccedilatildeo imposta agrave TEM em ultrapassar o limite de 1033 no capital da

PT O Estado portuguecircs accionista da PT ldquonatildeo achou por bem que a Telefoacutenica ultrapassasse o

patamar dos 10rdquo34 orientaccedilatildeo transmitida ao conselho de accionistas que acolheu a decisatildeo

evitando o confronto com o governo A TEM reagiu com dureza agrave decisatildeo fazendo questatildeo de

manifestar o seu desacordo atraveacutes de uma carta enviada ao conselho de accionistas onde

ameaccedilava ldquorecorrer aos meios necessaacuterios para salvaguardar os seus direitosrdquo (MARTINS

2005a) O diferendo aparentemente encontra-se solucionado e para isso deveraacute ter contribuiacutedo o

acordo na escolha do CEO da Vivo assim como do ldquoChairmanrdquo agora ambos brasileiros

33 A aquisiccedilatildeo do capital na PT teria por base o programa de compra de acccedilotildees proacuteprias da empresa Contudo os estatutos da PT determinam que nenhum accionista que exerccedila a mesma actividade que a operadora de telecomunicaccedilotildees pode ter na sua posse mais de 10 do capital salvo se autorizado pela Assembleia-geral 34 Entrevista de Miguel Horta e Costa CEO da PT ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 29

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL

O relacionamento entre Portugal e Espanha estava assente num modelo caracterizado pela

desconfianccedila e afastamento muacutetuo sentimentos justificados pelas posturas conflituais histoacutericas

que determinaram a necessidade de Portugal recorrer a uma alianccedila externa diferenciada da

desenvolvida pela Espanha como suporte da identidade e independecircncia nacionais A adesatildeo aos

espaccedilos comuns poliacutetico econoacutemico e de defesa determinaram a implementaccedilatildeo de um novo

figurino de relacionamento

A partir daquele momento os paiacuteses peninsulares deixaram de abraccedilar alianccedilas opostas

partilhando objectivos meios e dificuldades para os atingir O presente capiacutetulo aborda a questatildeo

da coabitaccedilatildeo de Portugal e da Espanha em espaccedilos comuns representados pela UE e Alianccedila

Atlacircntica assim como a ligaccedilatildeo aos espaccedilos regionais com os quais desenvolveram laccedilos

histoacutericos seculares e nos quais mantecircm interesses partilhados

31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica

A integraccedilatildeo na CEE representou para as populaccedilotildees de ambos os paiacuteses a possibilidade de

aspirarem agraves condiccedilotildees de vida existentes nos Estados mais evoluiacutedos da Europa O caminho

europeu foi entatildeo assumido por uma unanimidade sem precedentes nomeadamente na Espanha

onde todas as forccedilas poliacuteticas subscreveram os desiacutegnios da adesatildeo A inserccedilatildeo no projecto

europeu permitiu para aleacutem de alteraccedilotildees estruturais com o objectivo da convergecircncia com a

Europa mais desenvolvida o incremento do relacionamento econoacutemico e comercial nunca antes

atingido Hoje em dia o projecto de construccedilatildeo da UE envolve outros aspectos da vida dos

Estados prevendo-se a necessidade de se efectivarem cada vez mais transferecircncias de poderes

para as instituiccedilotildees europeias que determinam o surgimento de outros interesses na relaccedilatildeo de

poderes entre os Estados-membros

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE

Apoacutes os processos de democratizaccedilatildeo dos dois Estados impunha-se a Portugal muito mais do

que agrave Espanha para aleacutem da questatildeo do desenvolvimento econoacutemico a necessidade de redefinir

novas prioridades de relacionamento externo Para os dois paiacuteses o processo de adesatildeo e a

consequente integraccedilatildeo na CEE significava no plano interno a ldquoirreversibilidade do processo

democraacuteticordquo (SEABRA 1995 p7) assim como a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e

social que seguiriam a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental No plano externo abriam-se

novas oportunidades que punham fim ao isolamento internacional de ambos e os aproximaria

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 30

dos ldquocentros de decisatildeo europeusrdquo (SOUSA 2005a p8) assim como incrementava a

possibilidade de desenvolvimento de novas oportunidades de relacionamento bilateral

O ldquoduplo significado interno e externordquo (SEABRA 1995 p15) da integraccedilatildeo europeia

encontra-se espelhado nos objectivos referidos pelo Ministro das Financcedilas do Governo de

Portugal agrave data do processo negocial Ernacircni Lopes definidos para o meacutedio e longo prazo ldquoum

novo e outro o de semprerdquo (SOUSA 2005a p5) O ldquonovordquo referindo-se ao processo de

desenvolvimento econoacutemico e social o qual partia da premissa de que a economia portuguesa

necessitaria de um estiacutemulo exterior que a obrigasse a desencadear as mudanccedilas estruturais

necessaacuterias Para a consecuccedilatildeo deste objectivo estavam delineados os ldquocenaacuterios das trecircs linhasrdquo

(SOUSA 2005a p4) que determinavam trecircs possibilidades de colocaccedilatildeo da linha de separaccedilatildeo

entre o centro e a periferia da economia mundial O primeiro era o ldquocenaacuterio Pirineacuteusrdquo que

colocava a Peniacutensula Ibeacuterica na periferia subdesenvolvida o segundo o ldquocenaacuterio Vilar

Formosordquo considerado desastroso para Portugal que determinava uma Espanha integrada e

Portugal na zona perifeacuterica por uacuteltimo o ldquocenaacuterio Gibraltarrdquo que colocava a linha divisoacuteria em

Gibraltar inserindo os dois paiacuteses peninsulares na Europa Comunitaacuteria Com o ldquoobjectivo de

semprerdquo pretendia aludir agrave necessidade histoacuterica de assegurar a individualidade e a

sobrevivecircncia de Portugal neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico Daiacute a afirmaccedilatildeo de que a

nossa relaccedilatildeo com a Espanha tem de passar por Bruxelas

Relativamente agrave opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo europeia espanhola Portugal procurou

individualizar o seu processo negocial Por um lado tentou apresentar o pedido de adesatildeo antes

da Espanha e por outro deixava claro a existecircncia de duas realidades distintas Era sua intenccedilatildeo

evitar que fosse analisado o conjunto dada a forte convicccedilatildeo portuguesa de que havendo a

hipoacutetese de ldquoum bloqueio ao alargamento ele seria suscitado por causa da Espanhardquo (PEREIRA

2005 p9) pelas questotildees agriacutecolas Contudo os europeus pretendiam uma adesatildeo em

simultacircneo mesmo que como veio a ocorrer Portugal visse o seu processo de adesatildeo resolvido

antes do Espanhol Os alematildees eram os principais defensores da tese de entrada simultacircnea

evitando-se deste modo uma ldquohumilhaccedilatildeo desnecessaacuteriardquo (SOUSA 2005b p11) ao paiacutes

excluiacutedo Por outro lado para os europeus era importante manter o equiliacutebrio poliacutetico e

econoacutemico na Peniacutensula Ibeacuterica considerando que seria muito afectado no caso de se verificar a

adesatildeo de apenas um dos Estados

Concretizada a adesatildeo em simultacircneo a 1 de Janeiro de 1986 Portugal e a Espanha

mantiveram posicionamentos estruturalmente divergentes As opccedilotildees espanholas

frequentemente associadas agraves francesas e alematildes de reforccedilo da supranacionalidade e aceitaccedilatildeo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 31

de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e de convicccedilatildeo da

necessidade de implementaccedilatildeo de uma maior coordenaccedilatildeo e integraccedilatildeo da poliacutetica externa

europeia justificavam a oposiccedilatildeo de Portugal contrariando a necessidade de aprofundamento da

integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas

pela OTAN

Lanccedilada a temaacutetica da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria (UEM) e do aprofundamento da uniatildeo

poliacutetica no iniacutecio da deacutecada de 1990 a Espanha defenderia nas Conferecircncias

Intergovernamentais respectivas para aleacutem das posiccedilotildees jaacute referidas o reforccedilo dos poderes do

Parlamento Europeu e o princiacutepio de votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC Por outro lado

apoia o projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica e a coesatildeo econoacutemica e social assuntos sobre os

quais Portugal manifestava a sua total concordacircncia Contudo prevaleciam as diferenccedilas quando

abordadas as restantes questotildees nomeadamente quanto agrave votaccedilatildeo por maioria qualificada na

PESC onde entendia que a cada Estado deveria corresponder um voto

Na cimeira de Maastrich Portugal via concretizados os seus ldquoobjectivos centraisrdquo (SEABRA

1995 p23) vendo consagrado no Tratado a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia Tendo a

Espanha como protagonista os dois Estados desenvolvem nesta fase uma acccedilatildeo concertada para

a consecuccedilatildeo de objectivos comuns como a aprovaccedilatildeo do Fundo de Coesatildeo e do Pacote Delors

II No entanto no periacuteodo que se seguiu agrave sua assinatura a posiccedilatildeo espanhola iria divergir

novamente Estabelecera como objectivo prioritaacuterio colocar-se junto dos quatro grandes paiacuteses

europeus35 incentivando a diferenciaccedilatildeo entre paiacuteses grandes e pequenos na expectativa de vir a

reforccedilar os seus poderes objectivo a que Portugal e outros se opuseram com sucesso

O Tratado de Nice tendo em vista os futuros alargamentos introduziu algumas alteraccedilotildees ao

funcionamento da UE designadamente procedendo agrave reorganizaccedilatildeo das trecircs instituiccedilotildees

principais No Conselho Europeu (Apecircndice G) a principal instituiccedilatildeo decisoacuteria da Uniatildeo na

qual o nuacutemero de votos de que dispotildee cada paiacutes eacute ponderado em funccedilatildeo da dimensatildeo relativa da

sua populaccedilatildeo a Espanha aspirava colocar-se a par dos ldquoquatro grandesrdquo No entanto apesar de

ter visto crescer o nuacutemero de votos o resultado final natildeo lhe permitiu cumprir o objectivo a que

se propusera Na Comissatildeo Europeia as alteraccedilotildees centraram-se na atribuiccedilatildeo de um comissaacuterio

por Estado-membro enquanto que no Parlamento Europeu (Apecircndice H) agrave excepccedilatildeo da

Alemanha todos os paiacuteses viram diminuiacutedos a representaccedilatildeo de deputados

Mais uma vez se sublinha o desempenho diferenciado dos dois paiacuteses no processo de

construccedilatildeo europeia A Espanha manteve sempre um papel activo na edificaccedilatildeo da Europa

35 Alemanha Franccedila Gratilde-Bretanha e Itaacutelia

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 32

poliacutetica favoraacutevel ao reforccedilo da supranacionalidade agrave federalizaccedilatildeo europeia e agrave criaccedilatildeo de um

pilar de defesa autoacutenomo Jaacute Portugal manteve uma atitude cautelosa procurando uma evoluccedilatildeo

poliacutetica gradual defendendo a manutenccedilatildeo da sua posiccedilatildeo relativa nas instituiccedilotildees negando-se a

aceitar uma Europa a diferentes velocidades e apoiando o pilar europeu da OTAN No entanto

existiram periacuteodos em que os dois assumiram posiccedilotildees conjuntas de forma a atingirem objectivos

comuns Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social da obtenccedilatildeo dos diversos fundos financeiros e

da implementaccedilatildeo da moeda uacutenica

A actual crise vivida no seio da UE relativamente agrave validaccedilatildeo do texto do Tratado

Constitucional Europeu (TCE) documento jaacute aprovado pela Espanha em referendo poderaacute ser a

confirmaccedilatildeo da necessidade de manter algumas precauccedilotildees sobre as ambiccedilotildees de

aprofundamento poliacutetico na UE Contudo os responsaacuteveis portugueses tecircm mantido um discurso

favoraacutevel agrave evoluccedilatildeo preconizada e coincidente com a posiccedilatildeo espanhola Entendemos que ainda

natildeo estatildeo verdadeiramente dimensionadas as repercussotildees do ldquonatildeordquo francecircs e holandecircs na

evoluccedilatildeo da UE Portugal manteacutem uma posiccedilatildeo cautelosa consciente de que novas negaccedilotildees ao

texto do Tratado poderatildeo ter consequecircncias dramaacuteticas para o processo de construccedilatildeo europeu

312 O relacionamento econoacutemico

A adesatildeo agrave CEE conferiu agraves relaccedilotildees econoacutemicas e comerciais entre os dois vizinhos

peninsulares uma dinacircmica nunca antes conseguida Se ateacute aqui o relacionamento se quedava no

acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico era agora a vez da aacuterea econoacutemica conhecer um significativo

impulso Os reflexos econoacutemicos da integraccedilatildeo europeia fizeram-se sentir tanto no incremento

das trocas comerciais e no investimento bilateral como no crescimento e amadurecimento das

economias dos dois Estados

Analisando o desenvolvimento econoacutemico verifica-se uma significativa evoluccedilatildeo no sentido

da aproximaccedilatildeo agraves economias mais evoluiacutedas da Europa O rendimento per capita em Espanha

passou de um valor de aproximadamente 74 da meacutedia europeia em 1985 para 88 em 2004

enquanto que em Portugal o mesmo iacutendice passou no mesmo periacuteodo de 56 para cerca de

68 (Anexo AE) Entre 1994 e 2004 a Espanha atingia um crescimento econoacutemico anual meacutedio

de 3 do PIB enquanto que Portugal no mesmo periacuteodo se ficava pelos 23 (CHISLETT

2004)

O cenaacuterio macro econoacutemico nacional natildeo se apresentou nos uacuteltimos anos muito favoraacutevel

Para tal contribuiu o facto de natildeo ter sido cumprido o Pacto de Estabilidade e Crescimento

(PEC) em 2001 tendo-se atingido os 44 do PIB contra o equilibrado deacutefice espanhol Apesar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 33

de nos anos de 2002 e 2003 ter sido cumprido o limite de 3 imposto pela UE com 27 e

28 respectivamente os mesmos foram conseguidos com recurso a receitas extraordinaacuterias

designadamente a alienaccedilatildeo de patrimoacutenio No corrente ano tudo aponta para que o mesmo

limite seja novamente ultrapassado Contudo o Governo portuguecircs anunciou jaacute que natildeo iria

recorrer a medidas extraordinaacuterias para o controle do deacutefice Em contraponto deveremos

salientar o anuacutencio efectuado em 25 de Agosto uacuteltimo pelo Governo espanhol no qual deu conta

da eliminaccedilatildeo do deacutefice orccedilamental em 2006 ldquoprevendo jaacute um excedente orccedilamental de 02 do

PIBrdquo36

O investimento directo de Espanha em Portugal (Anexo AF) tem-se vindo a efectuar nos

mais diversos sectores de actividade nomeadamente no financeiro construccedilatildeo civil

supermercados e grandes armazeacutens serviccedilos combustiacuteveis turismo etc Estes valores

alcanccedilaram entre 1993 e 2003 a meacutedia anual de 1111 milhotildees de euros enquanto que os

investimentos directos meacutedios anuais de Portugal em Espanha referentes ao mesmo periacuteodo se

ficaram pelos 362 milhotildees de euros A aquisiccedilatildeo de grandes empresas nacionais por empresas

espanholas permite a abertura aos mercados exteriores onde aquelas jaacute se encontram fortemente

implantadas como eacute o caso do Brasil China e tambeacutem Angola e outros paiacuteses africanos

lusoacutefonos

No sector da construccedilatildeo operam no mercado nacional as principais empresas espanholas

como a Sacyr Vallehermoso detentora da Somague a Ferrovial a Dragados ou a FCC bem

como outras de menor dimensatildeo Os principais investimentos nacionais nesta aacuterea em territoacuterio

espanhol satildeo efectuados pela Cimpor a grande cimenteira nacional O sector dos combustiacuteveis eacute

tambeacutem amplamente explorado por empresas espanholas A Cepsa a primeira empresa a

instalar-se hoje em dia conta com mais de 150 estaccedilotildees de serviccedilo permitindo-lhe controlar uma

cota de mercado de aproximadamente 8 A Repsol que depois de ter adquirido em Julho de

2004 as 303 estaccedilotildees de serviccedilo da Shell portuguesa quadruplicou a sua cota de mercado

passando de 5 para os 19 Ainda assim em Portugal a Galp lidera com uma cota de mercado

de 45 atingindo os 5 de implantaccedilatildeo no paiacutes vizinho

Na aacuterea do vestuaacuterio a Espanha dispotildee de importantes empresas competindo em Portugal O

grupo Inditex o Cortefiel e o Corte Inglecircs satildeo as maiores do sector Relativamente ao primeiro

satildeo cerca de 200 lojas Entre outras destacam-se a Pull amp Bear Zara Massimo Dutti e

Stradivarius que representam um quarto das lojas que este importante grupo deteacutem fora da

Espanha O sector alimentar eacute tambeacutem uma aacuterea chave onde os espanhoacuteis apostam na expansatildeo

36 Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 34

internacional Satildeo os nossos principais fornecedores de carne peixe produtos laacutecteos frutas e

verduras salientando-se a forte implantaccedilatildeo da Pescanova ou Panrico

No acircmbito do relacionamento bilateral entendemos destacar o que se verifica entre a regiatildeo da

Galiza e o Norte de Portugal Estas satildeo as regiotildees dos dois paiacuteses que tecircm desenvolvido um

relacionamento de maior proximidade (CHISLETT 2004) Para tal tem contribuiacutedo o facto de

que como comunidade autoacutenoma a Galiza dispotildee de alguma liberdade para tratar determinadas

questotildees directamente com o governo Portuguecircs Nesta dinacircmica os principais actores tecircm sido

o sector privado Galego e o sector empresarial localizado na aacuterea metropolitana do Porto

Contudo a balanccedila tende mais uma vez claramente para o lado Espanhol Este relacionamento

tem sido incentivado pela poliacutetica regional da UE que atraveacutes da transferecircncia de verbas de

fundos especiacuteficos37 a aplicar em regiotildees cujo PIB per capita eacute 75 da meacutedia europeia

desenvolve projectos para promover a cooperaccedilatildeo transfronteiriccedila como eacute o caso do INTERREG

(Apecircndice I)

O actual niacutevel de relacionamento comercial e econoacutemico tende a crescer designadamente em

sectores que poderatildeo ser considerados estrateacutegicos para ambos os paiacuteses A exemplo o mercado

ibeacuterico de energia eleacutectrica e o idealizado projecto comum de gaacutes natural ou ainda o projecto

comum de ligaccedilatildeo ferroviaacuteria de alta velocidade que possibilitaraacute uma ligaccedilatildeo raacutepida entre as

mais importantes regiotildees portuguesas e espanholas Enfim o maior potencial econoacutemico do

nosso vizinho peninsular tem permitido agraves suas empresas uma faacutecil expansatildeo internacional na

qual o mercado portuguecircs tem desempenhado pela sua proximidade geograacutefica um papel de

iniciador O ldquoavanccedilo espanholrdquo a ldquoarmada espanholardquo ou a ldquoinvasatildeo espanholardquo satildeo designaccedilotildees

empregues pelos OCS nacionais para retratar a dinacircmica econoacutemica imposta pela Espanha no

mercado nacional

313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia

O actual enquadramento estrateacutegico mundial a par do alargamento progressivo do espaccedilo

europeu levou a UE a considerar a possibilidade de desenvolvimento de uma PESC Apesar do

gradual desenvolvimento do processo poliacutetico e do reforccedilo da supranacionalidade as questotildees de

poliacutetica externa e de seguranccedila e defesa satildeo assuntos sobre os quais os Estados-membros da UE

mantecircm um controlo independente Neste caso a Comissatildeo Europeia e o Parlamento Europeu

desempenham ainda um papel de pouca relevacircncia tendo em conta que as acccedilotildees desenvolvidas

neste acircmbito deveratildeo ser decididas por concertaccedilatildeo intergovernamental

37 FEDER

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 35

Para conferir capacidade interventora no acircmbito da seguranccedila e defesa o Conselho Europeu

de Helsiacutenquia em 1999 delineou um Headline Goal que previa ateacute 2003 estar em condiccedilotildees de

colocar no terreno num prazo de 60 dias uma Forccedila militar com cerca de 60000 efectivos com

apoio naval e aeacutereo a qual designou de Forccedila de Reacccedilatildeo Raacutepida Para a coordenaccedilatildeo da Forccedila

a UE passava a contar38 com o Comiteacute Poliacutetico e de Seguranccedila o Comiteacute Militar da Uniatildeo

Europeia e o Estado-Maior da Uniatildeo Europeia colocados sob a autoridade do Conselho

Europeu

Com a elaboraccedilatildeo do ldquodocumento Solanardquo foram definidas ldquoas cinco ameaccedilas mais

importantesrdquo (CHARLES 2005 p70) agrave seguranccedila europeia o terrorismo a proliferaccedilatildeo de

armas de destruiccedilatildeo maciccedila os conflitos regionais os Estados falhados e o crime organizado

Em face desta tipologia de ameaccedilas foi constatada a necessidade de conferir maior flexibilidade

e prontidatildeo agrave Forccedila Europeia pelo que por uma iniciativa franco-britacircnica procedeu-se agrave

revisatildeo dos objectivos definidos pela Headline Goal surgindo o actual conceito de Battle

Groups Trata-se de agrupamentos taacutecticos formados por cerca de 1500 efectivos dotados de

capacidade de projecccedilatildeo com possibilidades de sustentaccedilatildeo entre 30 a 120 dias

A Espanha espera poder operar duas destas unidades taacutecticas ateacute 2007 facto a que Portugal

natildeo deveraacute ficar indiferente A participaccedilatildeo nacional prevista tambeacutem para 2007 seraacute a da

constituiccedilatildeo de um Battle Group estando ainda por definir a contribuiccedilatildeo no segundo semestre

daquele ano39 para a formaccedilatildeo de outra unidade semelhante Atendendo agrave diferenccedila de potencial

econoacutemico e militar entre os dois paiacuteses entende-se que a participaccedilatildeo nacional possa ser de

menor dimensatildeo Contudo Portugal natildeo deveraacute esquecer que a UE vive uma fase de

alargamento para mais dez paiacuteses a qual exige um processo de reorganizaccedilatildeo interna onde os

Estados de menor dimensatildeo procuram natildeo perder o statu quo adquirido Assim eacute de relevante

importacircncia a participaccedilatildeo nas iniciativas europeias de forma a conseguir maior visibilidade e

credibilidade para que a voz portuguesa possa ser audiacutevel e natildeo associada apenas ao grupo dos

destinataacuterios de fundos

A adesatildeo dos paiacuteses ibeacutericos agrave UE permitiu a envolvecircncia de novos destinos nos desiacutegnios da

poliacutetica externa comunitaacuteria Eacute sabido que Portugal e Espanha desenvolveram ao longo dos anos

relaccedilotildees privilegiadas com aqueles que foram os seus territoacuterios de expansatildeo Sobre Portugal

referimo-nos agrave Aacutefrica lusoacutefona e ao Brasil relativamente ao vizinho Espanhol agrave Ameacuterica do Sul

e a Marrocos Por outro lado a inserccedilatildeo mediterracircnica de ambos acentua as perspectivas de

relacionamento entre a UE e os paiacuteses do flanco sul do Mar Mediterracircneo que por ser a fronteira 38 A partir do Conselho Europeu de Nice em 2000 39 Presidecircncia portuguesa da UE

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 36

Sul da UE e ao mesmo tempo uma regiatildeo instaacutevel em termos de seguranccedila eacute objecto de

particular preocupaccedilatildeo O interesse estrateacutegico da regiatildeo mediterracircnica ficou bem patente pela

realizaccedilatildeo em Novembro de 2005 da cimeira de Barcelona efectuada por iniciativa espanhola e

italiana e que contou com o apoio de Portugal

Os fluxos migratoacuterios ilegais utilizam os paiacuteses peninsulares como a porta de entrada num

espaccedilo que representa a esperanccedila para uma vida melhor A afinidade cultural eacute para sul-

americanos africanos e ateacute de proveniecircncia do Leste Europeu a justificaccedilatildeo para que se

submetam ao risco de um regresso de ldquomatildeos vaziasrdquo e em alguns casos ateacute a morte A esta

situaccedilatildeo natildeo ficou indiferente o crime organizado que tem tirado partido da ilusatildeo provocada

pela possibilidade de entrada no espaccedilo europeu Esta questatildeo tem suscitado um acreacutescimo de

responsabilidade perante os restantes parceiros europeus pelo que o controle dos fluxos

migratoacuterios representa um importante impulsionador do relacionamento bilateral

32 A Alianccedila Atlacircntica

O periacuteodo do poacutes-II Guerra Mundial em Portugal foi dominado pela discussatildeo da forma

como o Paiacutes se deveria integrar no sistema militar de defesa ocidental A poleacutemica40 confrontava

dois modelos de um lado aquele que foi idealizado pelo General Santos Costa e que se apoiava

no conceito de ldquobastiatildeo ibeacutericordquo Estava encontrada a forma de revitalizar o Pacto Peninsular

definindo os Pirineacuteus como o ponto ideal para em conjunto Portugal e Espanha procederem agrave

defesa da Peniacutensula Ibeacuterica de uma possiacutevel invasatildeo Sovieacutetica O segundo modelo

protagonizado pelo General Raul Esteves contrariava a tese ibeacuterica referindo que por um lado

os Pirineacuteus natildeo seriam um obstaacuteculo inibidor dado que poderiam ser contornados por outro a

defesa naquele sistema montanhoso pela sua proximidade e localizaccedilatildeo jaacute bem no extremo

ocidental europeu natildeo interessava nem a Portugal nem agrave Europa

Dando razatildeo agrave orientaccedilatildeo proposta pelo General Raul Esteves eacute endereccedilado a Portugal o

convite para integrar o bloco de paiacuteses que participariam no sistema defensivo do Atlacircntico

Norte No entanto o processo de integraccedilatildeo de Portugal natildeo seria afastado de uma acesa

poleacutemica Embora nada tendo a ver com a redacccedilatildeo do texto do Tratado natildeo deixava de levantar

determinadas questotildees41 (FERREIRA 1989 p59) Em primeiro lugar encontrava-se a

referecircncia agrave Carta da ONU OI a que o Paiacutes natildeo pertencia em segundo as referecircncias ao modelo

democraacutetico parlamentar e por uacuteltimo a sua duraccedilatildeo que se prolongava por vinte anos sendo

40 Assunto que Joseacute Medeiros Ferreira faz referecircncia nas suas obras ldquoUm Seacuteculo de Problemas As Relaccedilotildees Luso-Espanholas da Uniatildeo Ibeacuterica agrave Comunidade Europeiardquo e ldquoA Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeiasrdquo 41 Em referecircncia a uma alocuccedilatildeo de Nuno Severiano Teixeira

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 37

neste caso as reservas portuguesas justificadas pelo periacuteodo considerado demasiado alargado

podendo pocircr em causa o estatuto de neutralidade mantido ateacute agrave data

Contudo o factor de maior poleacutemica reservava-se para a questatildeo espanhola novamente a

questatildeo espanhola O vizinho peninsular permanecia sob um regime de isolamento imposto pela

comunidade internacional que o impedia de se inserir no arranjo estrateacutegico do poacutes-guerra

Apesar da importacircncia estrateacutegica atribuiacuteda a Portugal e do lugar de destaque que

consequentemente passaria a ocupar o Presidente do Conselho mostrava fortes reservas agrave

exclusatildeo da Espanha Em primeiro lugar estava o facto do vazio geograacutefico e estrateacutegico que a

ausecircncia espanhola originava em segundo a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia

proporcionar e por fim porque a adesatildeo portuguesa teria significados distintos nos casos da

Espanha estar ou natildeo incluiacuteda no grupo dos assinantes do Tratado

Para o Governo Portuguecircs liderado por Oliveira Salazar a Peniacutensula Ibeacuterica constituiacutea uma

ldquounidade geograacutefica e estrateacutegicardquo (VICENTE 2003 p242) e natildeo seria possiacutevel estabelecer um

sistema defensivo eficaz sem a inclusatildeo do vizinho de sempre Por outro lado considerava que

uma alteraccedilatildeo poliacutetica motivada por uma orientaccedilatildeo sovieacutetica teria reflexos directos em

Portugal e na Europa Ocidental Os motivos justificavam a forte acccedilatildeo diplomaacutetica desenvolvida

pelo governo nacional no sentido da Espanha ser incluiacuteda nos subscritores iniciais do Tratado

Para os parceiros ocidentais o afastamento da Espanha era motivado pelo regime poliacutetico

vigente e pela postura poliacutetico-estrateacutegica que o paiacutes desenvolveu desde o periacuteodo da guerra

civil ateacute ao conflito mundial que haacute pouco terminara Sobre o tema acrescenta Antoacutenio Telo era

uma forma dos aliados reduzirem o nuacutemero de parceiros com quem dividir a ajuda militar

americana assim como de evitarem a tentaccedilatildeo de defender a Europa nos Pirineacuteus sacrificando

paiacuteses como a Alemanha Franccedila ou Itaacutelia (TELO 1999 p78)

Franco fazia saber da disponibilidade da Espanha em participar dos acordos estabelecidos

pelos paiacuteses ocidentais enquanto que o seu irmatildeo representante diplomaacutetico em Portugal

mostrava a sua preocupaccedilatildeo na exclusatildeo espanhola em face da participaccedilatildeo portuguesa

considerando que seria criada uma situaccedilatildeo de dependecircncia que reforccedilava o isolamento

internacional Procurando evitar a entrada de Portugal a Espanha alude agrave consequente

desvalorizaccedilatildeo do Pacto Peninsular afirmando que no seio do Tratado do Atlacircntico natildeo seria

possiacutevel ao Estado portuguecircs manter os compromissos bilaterais anteriormente assumidos As

conversaccedilotildees entre ambos levaram a que o Pacto Peninsular fosse reafirmado e prorrogado por

mais dez anos recebendo a Espanha as garantias de que o novo enquadramento estrateacutegico

portuguecircs em nada influiria no cumprimento das claacuteusulas previstas no Acordo peninsular

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 38

Portugal encontrava-se colocado numa situaccedilatildeo de primazia assumindo a representatividade

Ibeacuterica no bloco ocidental A importacircncia geopoliacutetica e geoestrateacutegica do espaccedilo portuguecircs

particularmente a posiccedilatildeo dos Accedilores era reconhecida internacionalmente bem como o estatuto

de diferenciaccedilatildeo relativamente ao vizinho ibeacuterico Desta forma mantinha-se a vocaccedilatildeo atlacircntica

nacional assim como se achava o substituto britacircnico para a alianccedila com a potecircncia mariacutetima

No entanto a Espanha encontrava no relacionamento bilateral com os EUA a hipoacutetese que lhe

escapou no quadro multilateral Ainda em 1949 assinava um acordo de concessatildeo de creacutedito42

com os EUA que permitiu em 1953 a assinatura do Conveacutenio Sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

o Conveacutenio sobre Ajuda Econoacutemica

A permanecircncia de Portugal na Organizaccedilatildeo permitiu cumprir alguns programas de

reequipamento das Forccedilas Armadas e ainda efectuar a actualizaccedilatildeo teacutecnica e operacional dos

seus quadros colocando-os a par da doutrina seguida pelos paiacuteses ocidentais Contudo a guerra

no ultramar motivou um periacuteodo de afastamento de Portugal das actividades desenvolvidas pela

OTAN que impedia o empenhamento do material cedido no acircmbito do Tratado no esforccedilo de

guerra ultramarino Apesar dos motivos que desencadearam o afastamento nunca foi posta em

causa a permanecircncia portuguesa na OTAN mantendo-se a cooperaccedilatildeo tanto no quadro

multilateral como no quadro bilateral O relacionamento prolongou-se pelo periacuteodo de

instabilidade no decorrer do processo de alteraccedilatildeo do regime sendo o assunto da permanecircncia

no seio da Organizaccedilatildeo uma questatildeo de amplo consenso entre os principais partidos poliacuteticos

nacionais

A Espanha assinou em Maio de 1982 o protocolo de adesatildeo agrave OTAN No entanto o pedido

espanhol tinha desencadeado movimentos de oposiccedilatildeo por parte de socialistas e comunistas

originando um processo que natildeo se revelava de conclusatildeo faacutecil O PSOE ao assumir o poder

mudava de opiniatildeo contudo fazia desencadear um processo de consulta popular que iria

confirmar a opccedilatildeo de entrada na concertaccedilatildeo estrateacutegica ocidental A adesatildeo espanhola trazia

uma situaccedilatildeo nova agraves relaccedilotildees bilaterais Os dois paiacuteses encontravam-se agora verdadeiramente

integrados nas mesmas alianccedilas eram parceiros econoacutemicos numa comunidade com ambiccedilotildees de

integraccedilatildeo poliacutetica e pertenciam ao mesmo tratado poliacutetico-militar A situaccedilatildeo era tatildeo nova que

natildeo deixa de ser salientada por Maria Joatildeo Seabra da seguinte forma ldquoCom a entrada da

Espanha na NATO Portugal sentiu-se ameaccedilado pelas suas possiacuteveis ambiccedilotildees

geosestrateacutegicasrdquo Era a tomada de consciecircncia por parte de Portugal no sentido de pensar que a

42 Recorda-se que a Espanha se viu afastada do apoio concedido no acircmbito do Plano Marshall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 39

nossa diferenciaccedilatildeo estrateacutegica poderia natildeo permitir o peso suficientemente deixando de

constituir o garante de identidade

Os receios apesar de justificados natildeo encontraram correspondecircncia na praacutetica O interesse

geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na

Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses Foi o

caso da integraccedilatildeo de todo o territoacuterio nacional sob o mesmo Comando OTAN e ainda a

permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa relevacircncia como

foram o IBERLANT o SOUTHLANT e eacute actualmente o JC Lisbon (Anexo AG) Neste acircmbito

no quadro do relacionamento bilateral com a Espanha Portugal apoiou a localizaccedilatildeo de um

Comando da OTAN no seu territoacuterio (Anexo AH) o que se viria a verificar apoacutes a sua entrada na

estrutura militar da Alianccedila

A adesatildeo espanhola colocou os dois paiacuteses ibeacutericos numa situaccedilatildeo de partilha e convivecircncia

no seio da mesma alianccedila poliacutetico-militar para a qual tecircm contribuiacutedo activamente em diversas

missotildees sob a tutela da OTAN A disponibilidade de forccedilas eacute compatiacutevel com a realidade

econoacutemica de cada um dos paiacuteses no entanto ambos consideram necessaacuterio o empenhamento no

sentido de tornar efectivo o conceito de ldquoseguranccedila partilhada e cooperativardquo (ARMESTRE

2005 p7) para assim tambeacutem colmatarem as respectivas vulnerabilidades estrateacutegicas

Contudo apoacutes uma anaacutelise efectuada aos documentos43 que determinam as directivas

estrateacutegicas de defesa nacional constata-se o facto de cada um atribuir um grau de prioridade

diferente ao papel a desempenhar no seio da OTAN

Para a Espanha eacute clara a prioridade Europeia bem expressa no primeiro paraacutegrafo do ponto 2

da DDN a qual refere que ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de

intereacutes prioritario somos Europa y nuestra seguridad estaacute indisolublemente unida a la del

continenterdquo ainda que ldquoEspantildea promoveraacute e impulsionaraacute una autentica poliacutetica europea de

seguridad y defensa (hellip)rdquo As referecircncias agrave OTAN estatildeo inseridas no acircmbito do relacionamento

transatlacircntico Sobre o assunto diz ldquoEsta prioridad es compatible com una relacioacuten

transatlacircntica robusta y equilibrada un elemento tambieacuten esencial de la defensa europea (hellip)rdquo

ldquoEn este sentido Espantildea es un aliado firme e claramente comprometido com la Alianza

Atlacircntica y ademaacutes mantiene una relacioacuten estrecha y consolidada com los Estados Unidos una

relacioacuten que debe estar articulada sobre la lealtad el diaacutelogo la confianza y el respeto

reciacuteprocosrdquo Fica pois clara a tradicional posiccedilatildeo espanhola junto da UE jaacute referida no sub-

capiacutetulo anterior dando clara preferecircncia agrave criaccedilatildeo de um pilar de defesa europeu autoacutenomo

43 Espanha Directiva de Defensa Nacional 12004 Portugal Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 40

Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma oposta O Conceito Estrateacutegico de Defesa

Nacional (CEDN) no seu ponto 72 define que ldquoo sistema de seguranccedila e defesa de Portugal

tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo e prossegue salientando que ldquoa NATO

corresponde agrave melhor opccedilatildeo de Portugal no quadro de defesa do nosso espaccedilo estrateacutegico e da

nossa valorizaccedilatildeo estrateacutegicardquo No que diz respeito ao viacutenculo transatlacircntico o mesmo

documento sublinha a necessidade de se manter o bom relacionamento entre a Europa e os EUA

expressando a posiccedilatildeo nacional relativamente agrave opccedilatildeo pela ldquovisatildeo de complementaridade e

articulaccedilatildeo entre as poliacuteticas de defesa e seguranccedila que se desenvolvem na NATO e na UE (hellip)rdquo

em alusatildeo ao reforccedilo do pilar europeu da NATO Eacute clara a tendecircncia atlacircntica portuguesa no

acircmbito da seguranccedila e defesa complementada com a opccedilatildeo pelo pilar europeu da OTAN

posiccedilatildeo tradicionalmente assumida por Portugal no seio das instituiccedilotildees europeias

Pese embora a diferenccedila de colocaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica dos dois paiacuteses peninsulares foi no

acircmbito do relacionamento multilateral e da coabitaccedilatildeo no seio das OI referidas neste trabalho

que Portugal e Espanha assumiram uma tomada de posiccedilatildeo comum Referimo-nos ao apoio

prestado aos EUA por altura da realizaccedilatildeo da Cimeira dos Accedilores e que motivou a acccedilatildeo militar

no Iraque Enquanto Portugal manteve o seu alinhamento tradicional a Espanha toma uma

posiccedilatildeo que a afasta do quadro habitual das suas alianccedilas isto eacute junto do eixo Franco-Alematildeo O

assunto poderaacute natildeo ser alheio agrave orientaccedilatildeo poliacutetica do governo espanhol dado que apoacutes as

eleiccedilotildees Joseacute Luiacutes Zapatero apesar de natildeo retirar o apoio poliacutetico aos EUA faz regressar o

efectivo militar espanhol presente no Iraque Fica desta forma expressa a possibilidade de apesar

de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas poderem assumir diferentes

orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

O facto de serem assumidas posiccedilotildees distintas relativamente ao papel a desempenhar pelas

duas organizaccedilotildees na seguranccedila e defesa europeia eacute numa perspectiva de complementaridade e

de colaboraccedilatildeo que estas tecircm desempenhado as suas acccedilotildees Neste acircmbito foram assinados

vaacuterios acordos de cooperaccedilatildeo que contribuiacuteram por um lado para o reforccedilo da Identidade

Europeia de Seguranccedila e Defesa por outro para evitar duplicaccedilotildees de recursos Neste quadro de

complementaridade deveraacute ser salientada a preocupaccedilatildeo comum sobre os espaccedilos regionais dos

quais se destaca a questatildeo da regiatildeo Sul do Mediterracircneo com particular interesse para Portugal

e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 41

33 Os espaccedilos regionais

Para aleacutem dos interesses de Portugal e da Espanha se encontrarem bem expressos nos espaccedilos

de coabitaccedilatildeo jaacute referidos outros existem que consideramos de significativa relevacircncia os

relacionados com a respectiva identidade histoacuterica formada ao longo dos seacuteculos e que deixaram

linhas de contacto insoluacuteveis pelo tempo Neste acircmbito abordaacutemos a presenccedila de cada um dos

Estados nos espaccedilos regionais preferenciais no caso portuguecircs a CPLP relativamente agrave

Espanha a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas que Portugal tambeacutem integra e ainda a

aacuterea Sul do Mediterracircneo de significativa importacircncia tambeacutem para a UE e a OTAN

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

A CPLP deu os seus primeiros passos quando em Novembro de 1989 o Presidente brasileiro

Joseacute Sarney tomou a iniciativa de realizar uma cimeira entre os sete paiacuteses de liacutengua oficial

portuguesa44 No evento onde participaram os respectivos Chefes de Estado ficou decidida a

criaccedilatildeo do Instituto Internacional de Liacutengua Portuguesa com o objectivo de difundir o idioma

que irmanava os Estados participantes Seguiram-se diversas iniciativas de acircmbito ministerial as

quais deram origem agrave realizaccedilatildeo em 17 de Julho de 1996 da cimeira final de criaccedilatildeo da CPLP

que hoje conta com a participaccedilatildeo de Timor-Leste45

A organizaccedilatildeo representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo

geograacutefico multicontinental e descontinuo onde as eventuais desvantagens que daqui decorrem

satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que culminaram numa identidade

cultural proacutepria alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial A comunhatildeo de identidade

permitiu tambeacutem uma comunhatildeo de interesses que motivaram a definiccedilatildeo dos objectivos

gerais46 da Comunidade centrados na concertaccedilatildeo poliacutetico-diplomaacutetica entre os seus Estados-

membros na cooperaccedilatildeo nos diversos domiacutenios da governaccedilatildeo assim como na promoccedilatildeo e

difusatildeo da liacutengua portuguesa

As acccedilotildees ateacute agora desenvolvidas por Portugal tecircm-lhe permitido assumir um papel

determinante no desenhar do futuro das naccedilotildees lusoacutefonas africanas como foi o caso da

participaccedilatildeo nos vaacuterios processos de paz que o transformaram num actor determinante Os

diversos projectos de cooperaccedilatildeo jaacute desenvolvidos tecircm contribuiacutedo tambeacutem para que o Paiacutes

possa vir a ocupar o lugar de principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as

desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil 44 Angola Brasil Cabo Verde Moccedilambique Portugal Guineacute e Satildeo Tomeacute e Priacutencipe 45 Timor-Leste concretizou a sua adesatildeo em 20 de Maio de 2002 depois de concluiacutedo o processo de reconquista da sua independecircncia 46 httpwwwcplporg

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 42

Este eacute o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da

OTAN O facto de ser o uacutenico Paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-

lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a

cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE Desta forma ter acesso aos recursos naturais e

mateacuterias-primas de Aacutefrica e Brasil bem como agraves Organizaccedilotildees de cariz econoacutemico a que cada

um dos paiacuteses pertence

332 O Mediterracircneo e o Magreb

O relacionamento com os paiacuteses da regiatildeo Sul do Mediterracircneo tem sido de particular

preocupaccedilatildeo para a UE e a OTAN Para aleacutem da instabilidade poliacutetica e de seguranccedila que

caracteriza alguns dos Estados eacute uma zona economicamente carenciada de parco

desenvolvimento social e onde o factor extremismo religioso se faz sentir com elevada

intensidade Eacute pois uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e potencialmente geradora de situaccedilotildees

de crise o que lhe confere uma relevacircncia estrateacutegica que tem justificado o desenvolvimento de

programas especiais com o objectivo de promover a seguranccedila o desenvolvimento econoacutemico e

a estabilidade poliacutetica

Apesar de Portugal e Espanha partilharem de uma forma geral da sensibilidade europeia

sobre esta zona do Globo eacute sobre o Magreb que concentram as suas principais atenccedilotildees As

preocupaccedilotildees de ambos os paiacuteses manifestam-se de forma coincidente com as referidas no

paraacutegrafo anterior que em caso de agravamento poderatildeo motivar a degradaccedilatildeo social e a

provaacutevel expansatildeo dos reflexos da crise ao Sul da Europa com especial incidecircncia na Peniacutensula

Ibeacuterica O aumento dos fluxos migratoacuterios em busca de seguranccedila e prosperidade transformam

os paiacuteses da peniacutensula especialmente a Espanha na porta de entrada para o espaccedilo europeu

Agraves preocupaccedilotildees jaacute referidas deveraacute adicionar-se a questatildeo da seguranccedila do gasoduto euro-

magrebino Esta infra-estrutura tem a finalidade de proceder ao abastecimento da Peniacutensula

Ibeacuterica de gaacutes natural tornando-se por isso de capital importacircncia para os dois Estados As

necessidades de garantir um abastecimento energeacutetico seguro representam outro dos factores que

colocam o relacionamento bilateral e multilateral com os paiacuteses do Magreb num patamar que

transcende as questotildees de identidade histoacuterica e cultural colocando-as num patamar de acircmbito

poliacutetico-estrateacutegica

Enquanto que as acccedilotildees de cariz bilateral satildeo enquadradas no acircmbito das cimeiras que

Portugal e Espanha individualmente desenvolvem eacute no campo multilateral que tecircm sido

edificadas as iniciativas de maior impacto No acircmbito da OTAN o ldquoDiaacutelogo para o

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 43

Mediterracircneordquo onde Portugal Espanha Itaacutelia Greacutecia e por vezes com o apoio dos EUA

desenvolvem iniciativas com vista ao incremento das condiccedilotildees de estabilidade e de seguranccedila

regional No acircmbito da UE deveremos salientar aquele que ficou conhecido pelo ldquoProcesso de

Barcelonardquo Esta iniciativa desenvolvida no decurso da presidecircncia espanhola decorreu em

Novembro de 1995 e contou com a participaccedilatildeo dos quinze da UE e de doze PTM47 A

negociaccedilatildeo incidiu em trecircs aacutereas distintas a ldquocooperaccedilatildeo poliacutetica e de seguranccedila a cooperaccedilatildeo

econoacutemica e a cooperaccedilatildeo social cultural e humanardquo (CRAVINHO et al 1996 p162) definindo

objectivos que se estendem ateacute ao ano de 2010

Portugal e Espanha tecircm na regiatildeo mediterracircnica fundamentalmente sobre o Magreb um

elevado nuacutemero de interesses comuns que se estendem agraves OI onde se encontram inseridos Pela

proximidade geograacutefica identidade histoacuterica e cultural os dois paiacuteses poderatildeo continuar a

desempenhar um papel determinante no desenvolvimento destas iniciativas de cooperaccedilatildeo Em

face da maior visibilidade e empenhamento espanhol do qual natildeo eacute alheia a questatildeo colonial e a

actual posse das Praccedilas de Ceuta e Melilla Portugal tem sabido impor a sua presenccedila nos

diferentes fora de negociaccedilatildeo podendo inclusive tirar partido das relaccedilotildees de crispaccedilatildeo entre

Espanha e Marrocos que por vezes a questatildeo territorial provoca

333 A Ibero-Ameacuterica

Por definiccedilatildeo a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados

soberanos da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Assim apesar

de nos referirmos a dois grandes continentes a questatildeo limita-se ao espaccedilo regional que sofreu a

influecircncia colonizadora de Portugal e Espanha isto eacute o Brasil e as Ameacutericas Central e do Sul

Natildeo obstante os dois Estados ibeacutericos terem marcado profundamente a evoluccedilatildeo histoacuterica da

regiatildeo sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute

concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a maior capacidade de

intervenccedilatildeo portuguesa no Brasil

Com a adesatildeo de Portugal e Espanha agrave CEE esta organizaccedilatildeo adquiriu novas e poderosas

capacidades de negociaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e intervenccedilatildeo numa zona do Globo com a qual ateacute aiacute

mantinha apenas relaccedilotildees bilaterais de caraacutecter eminentemente comercial sem qualquer caraacutecter

de prioridade As similitudes histoacutericas culturais e linguiacutesticas fazem dos dois paiacuteses os

interlocutores privilegiados da UE numa regiatildeo particularmente rica em mateacuterias-primas e

47 Argeacutelia Chipre Egipto Israel Jordacircnia Liacutebano Malta Marrocos Siacuteria Tuniacutesia Turquia e a Autoridade Palestiniana A Liacutebia foi o uacutenico Paiacutes da regiatildeo que natildeo foi convidado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 44

recursos naturais onde se encontram constituiacutedas vaacuterias Organizaccedilotildees Internacionais48 do tipo

econoacutemico e comercial com as quais a UE poderaacute relacionar-se

As Cimeiras Ibero-Americanas realizadas anualmente satildeo o foacuterum privilegiado para o

relacionamento entre os vinte e um membros desta Comunidade de Naccedilotildees Nelas satildeo debatidos

problemas comuns assim como questotildees prementes do acircmbito internacional dado que contam

com as representaccedilotildees efectuadas ao niacutevel dos Chefes de Estado e de Governo dos Estados-

membros sendo de salientar que este eacute o uacutenico foacuterum internacional no qual o Rei de Espanha

marca presenccedila regular Poderatildeo tambeacutem assistir relevantes figuras da cena internacional

ocupando o lugar de convidados

A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da

Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos (MALAMUD

2005) Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global natildeo deixando contudo de considerar

necessaacuterio estabelecer associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou

com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

(MALAMUD 2005)

48 Entre outras a ALCA Grupo Andino e Mercosul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 45

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE

CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES

No presente capiacutetulo pretendemos efectuar a validaccedilatildeo ou natildeo das hipoacuteteses estabelecidas

para o desenvolvimento do trabalho Para isso vamos avaliar inicialmente no acircmbito

exclusivamente peninsular as consequecircncias da tomada de algumas decisotildees em aacutereas

consideradas determinantes que poderatildeo desencadear situaccedilotildees de dependecircncia relativamente agrave

Espanha Seguidamente passaremos em revista as opccedilotildees de poliacutetica externa onde poderemos

determinar as grandes linhas de orientaccedilatildeo estrateacutegica de cada um dos paiacuteses apoacutes o que iremos

confrontar os dois modelos de relacionamento estabelecidos O capiacutetulo iraacute terminar com

algumas recomendaccedilotildees relativas agrave postura internacional de Portugal

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia

Uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia extraiacuteda do ingresso de Portugal e da Espanha na

UE eacute sem duacutevida o assentuado desenvolvimento da interacccedilatildeo econoacutemica Se ateacute entatildeo o

relacionamento bilateral apenas se remetia ao acircmbito poliacutetico a partir daquele instante

desenvolveram-se novas perspectivas nas quais o sector econoacutemico assumiu um lugar de relevo

As trocas comerciais foram incrementadas sucediam-se os investimentos e cada territoacuterio

constituiacutea um mercado apeteciacutevel para as empresas do paiacutes vizinho

Com o decorrer dos anos a dimensatildeo econoacutemica de cada um dos Estados deixava expresso

qual o lado para onde haveria de pender a balanccedila da hegemonia peninsular O nosso vizinho

histoacuterico eacute ldquosignificativamente mais poderoso que Portugal com uma populaccedilatildeo que eacute hoje

quase quatro vezes maior e uma economia que multiplica a portuguesa por cincordquo (TELO 2005

p198) O potencial espanhol encontra-se tambeacutem reflectido nos resultados do exerciacutecio

econoacutemico do seu governo que jaacute anunciou a anulaccedilatildeo do tatildeo propalado deacutefice puacuteblico tendo

mesmo previsto para 2006 a existecircncia de um excedente orccedilamental de 02 do PIB Pelo

contraacuterio a realidade de Portugal apenas permite estabelecer ateacute ao final do corrente ano o

limitado objectivo de reduccedilatildeo daquele indicador para os 48 do PIB

A dinacircmica econoacutemica e comercial incutida pela Espanha transformou-nos no primeiro

patamar de internacionalizaccedilatildeo das suas empresas Na actualidade encontram-se implantadas no

nosso paiacutes cerca de 3000 empresas espanholas dos mais diversos ramos de actividade enquanto

que no sentido inverso o nuacutemero natildeo ultrapassa as 300 (CHISLETT 2005) Sobre o assunto

muito se tem escrito e falado tendo mesmo sido associado a jaacute mencionada expressatildeo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 46

ldquoinvasatildeo espanholardquo agrave ideia de que a Espanha estaacute a conseguir pela via econoacutemica o que natildeo

lhe foi permitido pela via das armas (SEABRA 1995 p25)

A questatildeo energeacutetica deveraacute ocupar uma posiccedilatildeo de destaque junto das principais

preocupaccedilotildees do governo de Portugal Em primeiro lugar porque a dimensatildeo do mercado

energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao portuguecircs A Oferta Puacuteblica de Aquisiccedilatildeo

efectuada pela Gas Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu

de energia (SANTOS 2005 p2) este facto permite visualizar a desproporccedilatildeo actual dos

mercados com previsiacuteveis reflexos no futuro do MIBEL Em segundo lugar pela maior

dependecircncia que Portugal apresenta relativamente ao Petroacuteleo ficando por isso mais exposto agraves

consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos praticada pelos paiacuteses produtores Em

contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de uma maior diversidade de opccedilotildees das quais importa destacar

a possibilidade de recurso agrave energia nuclear Por uacuteltimo a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do

territoacuterio portuguecircs na Peniacutensula Ibeacuteria a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela

necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante da importaccedilatildeo

O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo ldquoquatro vezes maior do que o

portuguecircs quando medido por activos nos balanccedilos das instituiccedilotildeesrdquo (ALVES 2001 p152) Este

facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector

tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos

nacionais A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tem decorrido a um ritmo

acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso

paiacutes De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos referir que seis anos de lucros

do BSCH ou do BBVA eram suficientes em 2000 para adquirir o BCP (ALVES 2001 p161)

O sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas

portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as

suas concorrentes espanholas Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses

consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a espanhola

TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute

limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados

proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere

espanhola A tendecircncia expansionista da TEM permitiu-lhe atingir a terceira posiccedilatildeo mundial no

que toca ao conjunto das redes de comunicaccedilotildees fixa e moacutevel com cerca de 140 milhotildees de

clientes (MARTINS 2005c p10)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 47

Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente

dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica eacute soberana e determinou

que os cinco principais rios portugueses tenham origem em Espanha A sua importacircncia vecirc-se

incrementada quando associados a factores como a produccedilatildeo de energia eleacutectrica agricultura

pesca abastecimento de aacutegua para consumo ou a qualidade ambiental Se duacutevidas houvessem

quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial o qual previa a possibilidade

de execuccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais cujas bacias hidrograacuteficas eram consideradas

excedentaacuterias para aacutereas onde a avaliaccedilatildeo determinasse a existecircncia de um deacutefice hiacutedrico De

referir que as qualificaccedilotildees de ldquobacias excedentaacuteriasrdquo e ldquoaacutereas de deacutefice hiacutedricordquo resultavam

exclusivamente da avaliaccedilatildeo espanhola Apoacutes forte pressatildeo do governo portuguecircs a soluccedilatildeo foi

reconsiderada e abandonada prevendo o actual PHNE apenas a realizaccedilatildeo de transvazes em rios

exclusivamente espanhoacuteis

Ficam identificadas algumas das aacutereas do relacionamento bilateral onde os interesses de

Portugal e Espanha poderatildeo colidir e desencadear situaccedilotildees de conflitualidade A questatildeo

agrava-se quando estes mesmos aspectos demonstram a existecircncia de indiacutecios de dependecircncia

econoacutemica em aacutereas que por serem consideradas transversais (ALVES 2001 p152) tecircm

impacto directo em todas as actividades econoacutemicas Pretende-se assim demonstrar que no

acircmbito exclusivamente bilateral as posturas poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha tecircm reflexos em

Portugal A situaccedilatildeo exige do governo uma atitude de vigilacircncia perspicaacutecia proactividade

ambiccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo de toda a sociedade portuguesa para que se enquadre na dinacircmica de

competitividade proacutepria de um jaacute velho Estado da UE de forma a converter provaacuteveis situaccedilotildees

desvantajosas em oportunidades

42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa

Ao abordar a questatildeo das opccedilotildees ou prioridades da poliacutetica externa de cada um dos Estados

peninsulares achamos por bem recordar que muito recentemente ambos viram alterada a

orientaccedilatildeo poliacutetica do partido a quem competia formar governo Na Espanha ainda no decorrer

do primeiro quadrimestre de 2004 o PSOE rendeu na governaccedilatildeo o PP enquanto que em

Portugal foi tambeacutem o Partido Socialista (PS) que em Fevereiro de 2005 substituiu o Partido

Social Democrata (PSD) na responsabilidade de liderar os destinos do Paiacutes

Na Espanha o PP governava desde 1996 com Joseacute Mariacutea Aznar na Presidecircncia do Governo

Intitulando-se um reformador de centro direita (AZNAR 2005 p197) definiu como principal

ambiccedilatildeo enquanto liacuteder do governo espanhol a colocaccedilatildeo do Paiacutes entre as democracias mais

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 48

importantes (AZNAR 2005 p270) da Europa e do Mundo Estava convicto de que a Espanha

poderia vir a desempenhar um papel de protagonista na cena internacional desiacutegnio de que

considera ter-se mantido alheada no decurso de toda a histoacuteria do seacuteculo XX Esta uacuteltima

referecircncia natildeo eacute propriamente dirigida ao facto de natildeo terem sido atingidas as metas propostas

mas sim por terem sido alcanccediladas tardiamente e por isso de uma forma que considerou menos

brilhante

Da identidade da Naccedilatildeo espanhola salientava a sua vertente atlacircntica questionando-se com a

seguinte expressatildeo ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica

Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX ha sido justamente estar

ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo (AZNAR 2005

p267) A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental era uma caracteriacutestica vincadamente expressa nas

definiccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas do seu governo A relaccedilatildeo transatlacircntica assentava

fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem aparentava ter um relacionamento de

cumplicidade fundamentado primeiramente no apoio concedido agrave Espanha no caso Perejil49

onde a mediaccedilatildeo com Marrocos ldquofoi feita pelos EUA e natildeo pela UErdquo (ABU-TARBUSH 2004

p26) em segundo lugar na presenccedila na Cimeira dos Accedilores que antecedeu a invasatildeo militar do

Iraque

A OTAN desempenhou tambeacutem um papel importante na relaccedilatildeo de proximidade

transatlacircntica constituindo-se num pilar fundamental sem o qual pensava ser impossiacutevel encarar

com tranquilidade as questotildees da seguranccedila europeia ldquoEs que la OTAN es el instrumento baacutesico

fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos com Europa Hay que aumentar las

capacidades de Defensa de Europa y de los paiacuteses europeos Hay que ser capaces de asumir

maacutes competecircncias y un papel maacutes relevante Debemos ir maacutes allaacute del simple compromisso de

intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes

estrateacutegicos y de seguridadrdquo (AZNAR 2004 p177) Mantinha a ideia de que o relacionamento

transatlacircntico deveria colocar-se num patamar de complementaridade e cooperaccedilatildeo evitando as

posturas de conflitualidade

Para este Chefe de Governo uma Espanha atlacircntica natildeo era incompatiacutevel com uma Espanha

europeia assim como a Europa era indissociaacutevel desta mesma orientaccedilatildeo atlacircntica (AZNAR

2004 p195) O papel interventivo da Espanha no processo de construccedilatildeo europeu natildeo foi

esquecido Recorda-se o esforccedilo que desenvolveu no decurso das negociaccedilotildees para a conclusatildeo

do Tratado de Nice no sentido de dotar o paiacutes de maior peso no seio das instituiccedilotildees europeias

49 No Veratildeo de 2002 forccedilas militares marroquinas ocuparam o ilheacuteu de Perejil de soberania espanhola

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 49

A equiparaccedilatildeo da Espanha aos maiores paiacuteses europeus era um objectivo prioritaacuterio claramente

dentro do espiacuterito definido para a sua governaccedilatildeo e postura internacional

Ao mesmo tempo em Portugal o governo era liderado pelo socialista Antoacutenio Guterres que

assumia um relacionamento cordial com o seu homoacutelogo espanhol As divergecircncias situavam-se

ao niacutevel dos assuntos relativos agrave construccedilatildeo europeia sobre os quais a Espanha apresentava uma

concepccedilatildeo diferente No entanto sempre que possiacutevel designadamente quando as questotildees natildeo

determinavam posiccedilotildees opostas procuravam apoiar-se mutuamente (AZNAR 2005 p193)

Antoacutenio Guterres abdicou da governaccedilatildeo em 2002 motivando a realizaccedilatildeo de um processo

eleitoral que levou Joseacute Manuel Duratildeo Barroso Presidente do PSD a assumir o cargo de

Primeiro-Ministro O facto de Duratildeo Barroso pertencer agrave mesma famiacutelia poliacutetica de Aznar foi

determinante para o bom entendimento que era evidente

O posicionamento comum relativamente agrave opccedilatildeo por um alinhamento atlacircntico eacute o corolaacuterio

de um periacuteodo de faacutecil relacionamento bilateral A Cimeira dos Accedilores e o apoio conferido aos

EUA na acccedilatildeo militar sobre o Iraque eacute o momento mais expressivo do que acabamos de referir

Em plena divisatildeo europeia Portugal e Espanha encontravam-se lado a lado o que no periacuteodo em

anaacutelise era uma situaccedilatildeo ineacutedita No entanto consideramos importante salientar que enquanto

Portugal mantinha o seu tradicional alinhamento a Espanha assumia uma posiccedilatildeo conjuntural agrave

qual o facto de ter sido eleita Membro Natildeo Permanente do Conselho de Seguranccedila da ONU

poderaacute natildeo ter sido indiferente

Consideramos ser este o momento oportuno para abordar a primeira das questotildees derivadas

Qual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa da Espanha

nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Ao assumir uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica a

Espanha entra naquela que foi durante largos anos a marca estrutural das nossas opccedilotildees

estrateacutegicas Embora a questatildeo da independecircncia natildeo seja hoje em dia uma consequecircncia

equacionaacutevel jaacute no que diz respeito agrave identidade nacional o mesmo natildeo poderaacute ser afirmado

Neste contexto mantendo Portugal uma atitude voluntariamente passiva na partilha com a

Espanha da mesma orientaccedilatildeo estrateacutegica o risco de uma situaccedilatildeo de sub-representatividade

relativamente ao vizinho ibeacuterico assume um caraacutecter real Neste sentido tambeacutem a consequente

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do espaccedilo nacional eacute outro dos riscos a ponderar

Que postura deveraacute Portugal desenvolver Justificaraacute esta situaccedilatildeo a procura de uma

orientaccedilatildeo diametralmente oposta agrave da Espanha na tradicional busca da diferenciaccedilatildeo

peninsular Por outras palavras deveraacute Portugal reforccedilar a sua opccedilatildeo europeia em detrimento da

orientaccedilatildeo atlacircntica Em nossa opiniatildeo o quadro actual natildeo permite uma abordagem tatildeo linear

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 50

Eacute um facto que o Governo portuguecircs deva explorar as oportunidades surgidas em

consequecircncia da alteraccedilatildeo das prioridades do relacionamento externo da Espanha No entanto

natildeo nos parece que o abandono da orientaccedilatildeo atlacircntica seja a opccedilatildeo correcta para Portugal De

uma sub-representatividade provaacutevel passariacuteamos a uma sub-representatividade efectiva

assumindo a Espanha o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago Pelos factos apresentados

poderemos agora confirmar a hipoacutetese na qual se afirma que ldquoUma orientaccedilatildeo

predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa

portuguesardquo

A chegada ao poder de um novo governo liderado por Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

determinou uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica espanhola As linhas de mudanccedila

assentaram em dois aspectos fundamentais por um lado a dimensatildeo europeia da sua poliacutetica

externa e por outro a prioridade conferida agrave relaccedilatildeo transatlacircntica Com a primeira pretendeu

reposicionar a Espanha junto agrave Franccedila e agrave Alemanha assumindo a prioridade de relacionamento

com a Europa continental retomando a orientaccedilatildeo tradicional A segunda referia-se agrave

consequecircncia do inevitaacutevel afastamento do principal parceiro transatlacircntico que se iria reflectir

na retirada das tropas espanholas do Iraque

Considerando que ldquolo que es bueno para Europa es bueno para Espantildeardquo50 Zapatero

conferia agrave Espanha um alinhamento prioritaacuterio para o interior europeu no qual procurou o

restabelecimento do consenso perdido com o caso Iraque Os reflexos da viragem foram

recebidos com agrado por parte dos presidentes da Franccedila e da Alemanha que no decurso da

quase imediata deslocaccedilatildeo de Zapatero a estes paiacuteses Chirac manifestava a intenccedilatildeo de levar em

frente a criaccedilatildeo do eixo Berlim-Paris-Madrid (ARENAL p117) assim como a integraccedilatildeo da

Espanha no nuacutecleo duro da Europa A participaccedilatildeo do Presidente do Governo espanhol na

campanha eleitoral francesa relativa ao acto referendaacuterio do TCE junto a Chirac e aos demais

partidaacuterios do ldquoSimrdquo eacute suficientemente elucidativa da alteraccedilatildeo de prioridade do alinhamento

espanhol Sobre o assunto eacute de salientar o facto de ter sido o vizinho peninsular o primeiro paiacutes

a referendar o texto do Tratado o qual recebeu a aprovaccedilatildeo por uma margem significativa de

cidadatildeos espanhoacuteis

O relacionamento com os EUA apesar da primazia ser atribuiacuteda agrave opccedilatildeo europeia seraacute

mantido como um pilar que entende ser essencial para as relaccedilotildees externas considerando

possiacutevel que as duas orientaccedilotildees podem coabitar sem que daiacute advenha qualquer

constrangimento Contudo a retirada das forccedilas militares espanholas do Iraque originou um

50 Discurso de Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero na sessatildeo de tomada de posse como Presidente do Governo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 51

refrear do relacionamento bilateral A questatildeo foi reparada apoacutes a intensa actividade diplomaacutetica

desenvolvida pelos ministros da Defesa e dos Assuntos Exteriores Joseacute Bono e Miguel Angel

Moratinos respectivamente junto de Donald Rumsfeld e Condoleza Rice No encontro o

governo espanhol apresentou propostas concretas (RIBEIRO 2005 p4) para o apoio agrave instruccedilatildeo

dos militares das forccedilas armadas e policiais iraquianas assim como para um maior envolvimento

militar no Afeganistatildeo

E Portugal Portugal acompanhou a Espanha na mais recente viragem poliacutetica ao socialismo

Apoacutes a saiacuteda de Joseacute Manuel Duratildeo Barroso para ocupar a presidecircncia da Comissatildeo Europeia e

a breve passagem pelo governo de Pedro Santana Lopes as eleiccedilotildees legislativas antecipadas

realizadas em Fevereiro de 2005 determinaram uma nova alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica

portuguesa O desenrolar dos acontecimentos voltava a colocar ao leme dos destinos de ambos

os paiacuteses ibeacutericos dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica Apesar da alteraccedilatildeo os reflexos na

conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo satildeo significativos Relativamente agrave questatildeo europeia eacute

colocado grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo nomeadamente

no desenvolvimento do ldquoespaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedilardquo51 no alargamento a

Leste na legitimaccedilatildeo do TCE e no esforccedilo pela normalizaccedilatildeo do diaacutelogo euro-atlacircntico A par

destas questotildees surgem algumas preocupaccedilotildees que parecem merecer uma atenccedilatildeo especial Eacute o

caso da negociaccedilatildeo das perspectivas financeiras para o periacuteodo 2007-2013 a ldquoconcretizaccedilatildeo da

Estrateacutegia de Lisboardquo o processo de decisatildeo europeia e o processo de internacionalizaccedilatildeo da

economia

A prioridade europeia consubstanciada na aproximaccedilatildeo agrave Franccedila e agrave Alemanha que passou a

constar da acccedilatildeo de poliacutetica externa do actual governo espanhol natildeo encontra correspondecircncia

na postura externa portuguesa Apesar do empenhamento na edificaccedilatildeo do projecto europeu o

factor de identidade atlacircntica manteacutem-se presente e encontra-se reflectido nas abordagens agraves

questotildees de seguranccedila e defesa O assunto merece uma alusatildeo clara no programa de governo

quando depois das referecircncias efectuadas aos diversos elos de ligaccedilatildeo no contexto multilateral

salienta no plano bilateral ldquoas relaccedilotildees com os seus aliados tradicionaisrdquo52 das quais destaca

ldquoem primeiro lugarrdquo os EUA com quem Portugal manteacutem um ldquoAcordo de Cooperaccedilatildeo e

Defesardquo seguindo-se ldquoos parceiros europeus da NATO e da UE (hellip)rdquo

O viacutenculo transatlacircntico no contexto europeu eacute tambeacutem realccedilado sendo considerado um

ldquoinstrumento fundamental de partilha de responsabilidades na preservaccedilatildeo de conflitos e no

reforccedilo da seguranccedila colectiva (designadamente no quadro da Alianccedila Atlacircntica) e de partilha de 51 Programa do XVII Governo Constitucional p 152 52 Programa do XVII Governo Constitucional p 160

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 52

objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo Contudo eacute no CEDN onde se

encontra bem expressa a prioridade conferida agrave participaccedilatildeo da OTAN na seguranccedila do espaccedilo

geograacutefico portuguecircs assim como numa oacuteptica de complementaridade na seguranccedila europeia

A segunda questatildeo derivada coloca a seguinte interrogaccedilatildeo Qual o impacto de uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola A soluccedilatildeo

enquadra-se nos argumentos apresentados na resposta agrave primeira questatildeo O risco de sub-

representatividade no quadro do relacionamento europeu eacute de novo uma realidade agravada

pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal no seio das instituiccedilotildees

da UE Actualmente o nosso vizinho ibeacuterico assumiu uma orientaccedilatildeo externa claramente de

pendor europeu aliando-se agrave Franccedila e agrave Alemanha na tentativa de igualar a forccedila que estes

grandes paiacuteses detecircm nas instituiccedilotildees da UE

Os riscos de criaccedilatildeo do proclamado eixo Berlim-Paris-Madrid reacendem os receios

associados ao surgimento de um directoacuterio europeu Desta forma a Espanha vecirc facilitada a

possibilidade de poder impor os seus interesses atraveacutes de uma cada vez mais usual votaccedilatildeo por

maioria qualificada assumindo a representatividade peninsular e subalternizando Portugal a

quem jaacute considera parte integrante do seu mercado econoacutemico

Cada alargamento vai transformando Portugal num dos mais antigos membros da UE no

entanto enquadra-se no grupo de paiacuteses de limitados recursos cada vez mais empurrado para a

periferia da Europa Neste sentido o fortalecimento do relacionamento transatlacircntico e o reforccedilo

da importacircncia da OTAN no quadro da defesa europeia seria a forma de reatribuir ao Paiacutes a

centralidade estrateacutegica cada vez mais difiacutecil de manter Eacute pois de validar a hipoacutetese na qual se

afirma que ldquouma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo

43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento

O relacionamento com a Espanha foi enquadrado em dois modelos distintos Inicialmente o

modelo tradicional que sustentou as relaccedilotildees peninsulares durante a maior parte do seacuteculo XX

assentava na necessidade de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica como suporte de identidade e

independecircncia de Portugal O segundo eacute caracterizado pela partilha dos mesmos espaccedilos

poliacutetico econoacutemico e de seguranccedila determinando uma nova forma de encarar as relaccedilotildees entre

os dois Estados peninsulares De uma postura de divergecircncia haveria que passar a assumir uma

de partilha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 53

431 O modelo tradicional de relacionamento

No iniacutecio do seacuteculo XX a Espanha assumia um alinhamento poliacutetico-estrateacutegico num espaccedilo

tradicionalmente ocupado por Portugal Os riscos revelavam-se enormes e estavam na

consciecircncia dos responsaacuteveis portugueses que manifestaram a sua preocupaccedilatildeo junto do

governo britacircnico A consequecircncia foi a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do territoacuterio portuguecircs

levando inclusive Winston Churchill a considerar a Espanha como uma mais valia estrateacutegica

relativamente a Portugal e agraves suas possessotildees em Aacutefrica

A posiccedilatildeo expressa por Churchill apresentava apenas uma condicionante a necessidade de

manutenccedilatildeo das ilhas atlacircnticas portuguesas sob influecircncia britacircnica A reacccedilatildeo portuguesa natildeo

se faria esperar e procurando a diferenciaccedilatildeo peninsular e a revalorizaccedilatildeo estrateacutegica do

territoacuterio Portugal ensaia a aproximaccedilatildeo agrave Alemanha a quem aliciou ao investimento em Aacutefrica

e agrave utilizaccedilatildeo das posiccedilotildees insulares para que aiacute pudesse estabelecer os seus depoacutesitos de carvatildeo

Decidida a neutralidade da Espanha na I Guerra Mundial Portugal mais uma vez

percepcionou a necessidade de se diferenciar do seu vizinho Estava assim decidida em 1916 a

participaccedilatildeo de Portugal no conflito que assinalava tambeacutem o regresso do Paiacutes ao seu

alinhamento estrateacutegico habitual A participaccedilatildeo na guerra visava colocar Portugal agrave mesa das

negociaccedilotildees junto dos vencedores bem como numa posiccedilatildeo de relevacircncia no arranjo estrateacutegico

que daiacute pudesse resultar Foi a forma que os governantes nacionais encontraram para legitimar o

regime manter a posse das coloacutenias e assumir a representatividade ibeacuterica reatribuindo ao

territoacuterio nacional a importacircncia estrateacutegica que havia perdido Portugal viu-se contudo

defraudado nas suas intenccedilotildees Foi a Espanha que mediante uma forte acccedilatildeo diplomaacutetica junto

do principal dinamizador da Sociedade das Naccedilotildees os EUA assumiu o lugar em representaccedilatildeo

dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

No conflito mundial que se seguiu a Espanha mostrou a sua preferecircncia pelas posiccedilotildees do

Eixo chegando mesmo a aderir a um tratado tripartido com a Alemanha e a Itaacutelia A tentativa de

manter a peniacutensula ibeacuterica fora da zona beligerante foi um esforccedilo comum que levou agrave

assinatura de um pacto de natildeo-agressatildeo entre os dois paiacuteses ibeacutericos mas havia que conseguir a

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da peniacutensula Assegurado o estatuto de neutralidade Portugal e a

Espanha permaneceram junto dos seus tradicionais aliados embora cada um orientado para o

lado oposto da barreira natildeo deixando de assinalar a marca da diferenciaccedilatildeo que lhes era

caracteriacutestica

O periacuteodo poacutes-guerra foi fatal para a Espanha que se viu envolta nas malhas de um castigador

isolamento internacional Portugal tinha conseguido o seu grande objectivo agrave sua postura de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 54

diferenciaccedilatildeo associava agora o da hegemonia peninsular tornando-se no ponto de contacto da

Espanha com o mundo O marco fundamental do momento que se seguiu foi o convite efectuado

pelos EUA no sentido de Portugal vir a integrar o grupo de paiacuteses fundadores da Alianccedila

Atlacircntica O ingresso do Paiacutes na OTAN contou com a oposiccedilatildeo espanhola que via Portugal

assumir uma posiccedilatildeo de destaque no contexto estrateacutegico europeu

O desenlace da guerra civil espanhola preocupava o governo portuguecircs Neste caso seria a

influecircncia que o regime republicano espanhol poderia exercer na evoluccedilatildeo poliacutetica nacional Esta

preocupaccedilatildeo encontrava fundamento na influecircncia comunista no governo republicano de Madrid

e a sua difusatildeo ao territoacuterio portuguecircs assim como no movimento iberista que lhe estava

associado A preocupaccedilatildeo demonstrada teve reflexos no apoio conferido pelos portugueses aos

nacionalistas liderados por Francisco Franco em contraponto ao apoio sovieacutetico prestado aos

republicanos

A histoacuteria do seacuteculo XX reservou a Portugal e agrave Espanha um importante papel no contexto

peninsular europeu e mundial A geopoliacutetica e a geoestrateacutegia do espaccedilo peninsular conferiu

aos dois paiacuteses uma centralidade que natildeo lhes permitiu manter-se alheios agraves ocorrecircncias Os

vaacuterios factos da histoacuteria europeia e a postura poliacutetico-estrateacutegica do vizinho peninsular

determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o

objectivo de se diferenciar no contexto ibeacuterico procurando a sua valorizaccedilatildeo estrateacutegica de

forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a manutenccedilatildeo da sua individualidade e

independecircncia A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas

premissas fundamentais Em primeiro lugar a valorizaccedilatildeo permanente da velha alianccedila com a

Gratilde-Bretanha papel desempenhado posteriormente pelos EUA Em segundo lugar pela jaacute

referida necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica numa alianccedila diametralmente

oposta agrave da Espanha

432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo53

Os desiacutegnios da histoacuteria levaram a que Portugal e Espanha viessem a encontrar-se pela

primeira vez comungando os mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e geoestrateacutegico Esta

nova realidade inviabiliza o modelo tradicional de relacionamento natildeo permitindo a existecircncia

de um quadro diferenciador expliacutecito Por outro lado decorrente do processo de transformaccedilatildeo

do regime Portugal deixou de ser possuidor do impeacuterio colonial em funccedilatildeo do qual tantas vezes

condicionou o desenvolvimento da sua poliacutetica externa A grande novidade revela-se na

53 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor deste trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 55

passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia estrateacutegica para outra onde a convergecircncia eacute uma

realidade uma necessidade e tambeacutem uma oportunidade Sua Excelecircncia o Ministro da Defesa

Nacional Dr Luiacutes Amado iria referir-se ao facto da seguinte forma ldquopassamos de uma situaccedilatildeo

de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsularrdquo (AMADO 2005 p211)

A realidade da convergecircncia acima mencionada encontra-se jaacute comprovada pela presenccedila

simultacircnea nas principais OI designadamente na OTAN e na UE ambas mencionadas no acircmbito

deste trabalho Sendo o factor necessidade intriacutenseco agrave partilha de interesses nos diversos

espaccedilos por demais referidos jaacute o factor oportunidade decorre da forma como satildeo encaradas as

situaccedilotildees eventualmente desvantajosas Ou Portugal encara as desvantagens como um fado

inevitaacutevel remetendo-se a uma lamentaccedilatildeo inconsequente ou decide tirar partido das situaccedilotildees

transformando-as em oportunidades definindo objectivos de meacutedio e longo prazo aos quais

deveraacute associar a melhor orientaccedilatildeo estrateacutegica para os atingir

A opccedilatildeo europeia afigurava-se como uma soluccedilatildeo uacutenica e imprescindiacutevel perante a previsiacutevel

adesatildeo da Espanha Colocar o cenaacuterio de uma integraccedilatildeo espanhola com a exclusatildeo de Portugal

era algo que se afigurava desastroso dado que remetia o Paiacutes para uma situaccedilatildeo de isolamento

no extremo ocidental da Europa fora da centralidade econoacutemica e dos incentivos de

desenvolvimento proclamados pela CEE De uma certa forma a UE representou o apoio externo

que o Paiacutes necessitava54 Este conceito estava associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o

relacionamento bilateral deveria assentar na mediaccedilatildeo multilateral de Bruxelas algo que a

expressatildeo ldquochegar a Madrid via Bruxelasrdquo55 (SOUSA 1996 p164) definia muito bem

As diferentes posiccedilotildees assumidas nas instituiccedilotildees europeias satildeo marcas evidentes de que o

facto de ambos pertencerem agrave Uniatildeo natildeo impede a existecircncia de interesses estrateacutegicos

diferenciados O posicionamento relativamente agrave defesa europeia eacute uma questatildeo de divergecircncia

que constitui um bom exemplo do que acabamos de afirmar A Espanha pretende que seja

constituiacutedo um pilar autoacutenomo de defesa enquanto Portugal defende que esse pilar venha a ser

desenvolvido de uma forma complementar e em articulaccedilatildeo com a Alianccedila Atlacircntica

A recente reaproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e agrave Alemanha tem reacendido a ideia de

criaccedilatildeo de um directoacuterio europeu constituiacutedo pelos quatro maiores paiacuteses da UE aos quais se

deveria juntar o nosso vizinho peninsular A procura de mais poder dentro das instituiccedilotildees

europeias tem sido uma ambiccedilatildeo permanente dos espanhoacuteis que provavelmente acabaraacute por dar

frutos Esta eacute uma preocupaccedilatildeo que deveraacute manter-se sempre presente no espiacuterito dos

54 Ideia expressa pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho 55 SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas Janus 97 p 164

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 56

governantes portugueses A orientaccedilatildeo estrateacutegica que acabamos de referir associada agrave adopccedilatildeo

de um sistema de votaccedilatildeo favorecendo os Estados demograficamente mais importantes poderaacute

ter consequecircncias gravosas para Portugal como a sub-representatividade ou a subalternizaccedilatildeo

em aacutereas tatildeo importantes como a Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

O quadro presente permite tambeacutem visualizar a possibilidade de tomada de posiccedilotildees

conjuntas como aliaacutes jaacute no passado recente foi possiacutevel Temos na memoacuteria o esforccedilo comum

desenvolvido no sentido garantir a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia ou o acesso aos

diversos fundos utilizados como suporte ao desenvolvimento econoacutemico posiccedilotildees que foram

reflectidas na expressatildeo ldquochegar a Bruxelas via Madridrdquo A comunhatildeo de objectivos tem

encontrado reflexos tambeacutem noutras aacutereas da poliacutetica externa como eacute o caso dos interesses nos

espaccedilos regionais onde jaacute foram definidas estrateacutegias comuns tanto no seio da UE como na

OTAN Contudo eacute necessaacuterio deixar claro que a coincidecircncia de posiccedilotildees deveraacute ocorrer ldquopor

vontade proacutepriardquo56 e ldquoresultando em prol do interesse nacionalrdquo57 de forma a afastar a ideia da

sub-representatividade ou subalternizaccedilatildeo jaacute anteriormente referidas

Eacute agora o momento oportuno para abordar a uacuteltima das questotildees derivadas Seraacute a orientaccedilatildeo

estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar Portugal no seio das OI onde se encontra

inserido A resposta encontra-se reflectida na anaacutelise efectuada ao relacionamento entre os dois

Estados quando enquadrado no acircmbito multilateral Se o anterior quadro de relacionamento

justificaria uma assentuaccedilatildeo claramente negativa no contexto actual seraacute o interesse nacional a

orientar o sentido positivo ou negativo da resposta Situaccedilotildees ocorreram nomeadamente no seio

da UE em que uma tomada de posiccedilatildeo conjunta foi determinante para a consecuccedilatildeo dos

objectivos pretendidos Contudo outros se verificaram em que o afastamento voltou a ser uma

prioridade Neste contexto natildeo poderemos validar a hipoacutetese onde se afirma que ldquouma

orientaccedilatildeo externa comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio das

OI onde se encontra inseridordquo

A relaccedilatildeo transatlacircntica eacute um assunto que assumidamente preocupa os governantes de ambos

os paiacuteses Caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre

poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas Natildeo deveremos

esquecer a crise a que foram sujeitas no contexto europeu logo apoacutes as tomadas de posiccedilatildeo

relativamente agrave intervenccedilatildeo no Iraque Portugal e a Espanha estiveram juntos ao lado dos EUA

assumindo-o perante o mundo na mediatizada Cimeira dos Accedilores No entanto Joseacute Mariacutea

Aznar revelou que o seu protagonismo foi tatildeo longe que inclusivamente a ele pertence a ideia 56 General Loureiro dos Santos em entrevista concedida ao autor do trabalho em 8 de Abril de 2005 57 Dr Joseacute Medeiros Ferreira em entrevista concedida ao autor do trabalho em 24 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 57

do local de realizaccedilatildeo do encontro (AZNAR 2005 p266) Ainda deveremos ter em memoacuteria as

referecircncias agrave fotografia de conjunto em cujas legendas os perioacutedicos internacionais se

esqueciam de referir o nome do quarto participante

Este enquadramento revelou que a possibilidade de um maior ou menor pendor atlacircntico

poderaacute constituir um modo diferenciador da postura estrateacutegica Contudo Portugal encontra-se

empenhado no processo de construccedilatildeo da Europa sendo esse o espaccedilo geograacutefico onde se

encontra inserido Seraacute aiacute que o paiacutes deveraacute exercer preferencialmente o seu esforccedilo e atenccedilatildeo

No entanto para Portugal torna-se indispensaacutevel que o relacionamento transatlacircntico atinja a

normalidade perdida com os acontecimentos do Iraque Indispensaacutevel para a Europa porque lhe

atribui a estrutura de seguranccedila que ainda natildeo possui e para Portugal porque lhe confere uma

centralidade estrateacutegica que uma exclusiva opccedilatildeo europeia natildeo permite O ldquoequiliacutebrio euro-

atlacircnticordquo58 torna-se uma opccedilatildeo ajustada que permitiraacute acompanhar a construccedilatildeo europeia e as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas assim como contrariar o ldquodeslocamento do centro de

gravidade da poliacutetica europeia para Lesterdquo (MONGIARDIM 2004 p183)

Este eacute o momento de enfrentar a questatildeo que definiu a orientaccedilatildeo do estudo desenvolvido

Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no

actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Em face das

soluccedilotildees encontradas para as questotildees derivadas assim como todas as outras consideraccedilotildees

efectuadas ao longo do desenvolvimento do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser

inequivocamente positiva validando a hipoacutetese central colocada A afirmaccedilatildeo entatildeo proferida

revelou-se um facto relativamente ao anterior modelo de relacionamento onde se impunha uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica oposta mantendo-se como um facto no jaacute designado ldquonovo paradigma

peninsularrdquo

44 A resposta de Portugal

A pergunta para a qual nos falta obter uma resposta diz respeito agrave melhor forma de Portugal

fazer face a uma Espanha ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

Como poderaacute Portugal encontrar uma nova foacutermula diferenciadora que se enquadre nesta nova

matriz de relacionamento Estamos certos de que a resposta seraacute muito mais faacutecil de dar do que

obter a sua implementaccedilatildeo praacutetica No entanto acreditamos que o Paiacutes prosseguiraacute vencendo as

dificuldades encontrando as soluccedilotildees mais adequadas para continuar a afirmar-se na Europa e

no Mundo

58 Expressatildeo empregue pelo Doutor Carlos Gaspar em entrevista concedida em 28 de Abril de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 58

Para tal Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

nomeadamente na UE e na OTAN defendendo de forma firme e determinada o interesse

nacional Deveraacute estabelecer metas definir objectivos e as formas mais eficazes para os atingir

Ainda sobre a presenccedila nas OI Portugal teraacute que afastar as tendecircncias de sub-representatividade

relativamente agrave Espanha fazendo-se representar nos mesmos fora que o seu vizinho peninsular

ou caso contraacuterio ldquoMadrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo

esbater-se-aacuterdquo (AMADO 2005 p215)

Sendo a UE um dos elementos determinantes para a definiccedilatildeo da matriz de identidade

portuguesa e provavelmente o ponto aglutinador da maior parte do esforccedilo estrateacutegico nacional

natildeo poderemos esquecer as restantes vertentes que contribuem para a caracterizaccedilatildeo desta

mesma matriz Assim teremos que considerar a identificaccedilatildeo mariacutetima com o Oceano Atlacircntico

que encerra em si mesmo uma parte fundamental da soluccedilatildeo Permite a potenciaccedilatildeo

geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica o acesso a recursos e fontes de rendimento

e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica de forma a

obter a diversificaccedilatildeo de relacionamento

Por outro lado eacute incontornaacutevel a questatildeo da lusofonia talvez um dos aspectos mais

importantes da marca diferenciadora de Portugal Eacute necessaacuterio defendecirc-la estimulaacute-la e

expandi-la para que possa contribuir para a indispensaacutevel afirmaccedilatildeo de Portugal no contexto

internacional Neste acircmbito tambeacutem a CPLP se afigura como incontornaacutevel cabendo-lhe o

papel de principal meio de defesa de uma liacutengua e cultura comuns a cerca de 200 milhotildees de

pessoas tendo Portugal a responsabilidade de tomar a iniciativa dinamizadora e determinar a

melhor forma para explorar as suas potencialidades

No acircmbito do relacionamento bilateral com a Espanha haveraacute que reduzir ao miacutenimo os

factores que poderatildeo determinar qualquer tipo de dependecircncia procurando alternativas externas

agrave Peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica Neste contexto o porto de Sines poderaacute

desempenhar um papel determinante no que diz respeito agrave possibilidade de importaccedilatildeo de gaacutes

natural liquefeito estabelecendo-se como alternativa segura ao gasoduto euro-magrebino

Contudo deveraacute manter-se em aberto a possibilidade de recurso a outras fontes energeacuteticas

nomeadamente no campo nuclear

A internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas eacute tambeacutem uma necessidade e uma

possibilidade apenas percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios Eacute opiniatildeo generalizada

dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino

preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 59

um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute fornecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade

na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses estabelecendo-se

tambeacutem aqui a diferenciaccedilatildeo positiva de Portugal

Natildeo seraacute menos importante a questatildeo da preparaccedilatildeo das futuras geraccedilotildees de portugueses a

quem temos a responsabilidade de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para

que possam continuar Portugal O Paiacutes seraacute o que os portugueses quiserem A noacutes cabe a

responsabilidade de dar continuidade a uma gloriosa histoacuteria de mais de oito longos seacuteculos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 60

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES

ABU-TARBUSH Joseacute ndash Poliacutetica exterior espanhola Mudanccedila ou continuidade O Mundo Portuguecircs

ISSN 0874-4882 (Mar 2004) 24-27

ALMEIDA Poliacutebio F A Valente ndash Do poder do pequeno Estado enquadramento geopoliacutetico da

hierarquia das potecircncias Lisboa Instituto de Relaccedilotildees Internacionais 1990 ISBN 972-9229-13-9

ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados 1ordf ed Lisboa ldquoOrdem dos Economistas e Gabinete de Estudos e

Prospectiva Econoacutemicardquo 2001 266 p ISBN 972-8170-79-3

AMADO Luiacutes ndash Portugal e Espanha In Visotildees de Poliacutetica Externa Portuguesa Sociedade de

Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios Estrangeiros Lisboa 2005

ISBN 972-98963-4-8 p 211-215

ANTUNES Joseacute Freire ndash Os espanhoacuteis e Portugal 1ordf ed Lisboa ldquoOficina do Livrordquo 2003 733 p

ISBN 989-555-050-2

ARENAL Celestino del ndash La poliacutetica exterior del gobierno Socialista Poliacutetica Exterior ISSN 0213-6856

JuacutelioAgosto nordm 100 p 111-126

ARMESTRE Pedro ndash Um compromisso comum com a seguranccedila e defesa europeias Jornal Puacuteblico (12

Set 2005) 7

AZNAR Joseacute Maria ndash Ocho Antildeos de Gobierno una vision personal de Espantildea 3ordf ed Barcelona

ldquoEditorial Planetardquo 2004 248 p ISBN 84-08-05225-X

AZNAR Joseacute Maria ndash Retratos y Perfiles de Fraga a Bush 2ordf ed Barcelona ldquoEditorial Planetardquo

2005 400 p ISBN 84-08-05940-8

CALLE Angel Luiacutes de la ndash O processo de emancipaccedilatildeo Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) 68

CARNEIRO Roberto MATOS Antoacutenio Teodoro de [et al] ndash Memoacuteria de Portugal o mileacutenio

portuguecircs 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 2001 574 p ISBN 972-42-2594-1

CARR Raymond [et al] ndash Histoacuteria concisa de Espanha 1ordf ed Mem Martins ldquoEuropa-Ameacutericardquo 2004

304 p ISBN 972-1-05412-7

CHARLES Powell [et al] ndash Construir Europa desde Espantildea los nuevos desafios de la poliacutetica europea

[em linha] 2005 [consult Em 15 Jun 2005) Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosinforme20europapdf ISBN 169-885X

CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos [Em linha]

09Dec04 [consult em 15 Mar 2005] Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanocomdocumentos155asp

Constitucion Espantildeola [Em linha] [consult 15 de Ago 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfconstitucionpdf

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 61

CRAVINHO Joatildeo Gomes BRITO Alexandra de ndash As Relaccedilotildees Ibero-mediterracircnicas e Ibero-

Americanas Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de

Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996)p 162

CRP [Em linha] [consult em 20 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwcneptLegislacaodlfilescrp_pt2004_integralpdf

Cuadernos de estrateacutegia nordm 129 La seguridad y la defensa de la Unioacuten Europea retos y opotunidades

Instituto Espantildeol de Estuacutedio Estrateacutegicos [Em linha] [Consult 20 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwieeeesarchivossubidosdocumentacionCE-129pdf

Deacutecimoquarta Cumbre Iberoamericana San Joseacute de Costa Rica ndash Ministeacuterio de Assuntos Exteriores y de

Cooperacion Direccioacuten General de Comunicacioacuten Exterior [Em linha] [consult em 12 de Set de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwmaeesdocumento000000066714cumbreiberoamericanapdf

Directiva de Defensa Nacional 12004 [Em linha] [consult em 12 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwmdeesdescargaddn_2004pdf

Discurso de tomada de posse de Joseacute Luiacutes Zapatero [Em linha] [consult em 16 de Jun de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwla-moncloaeswebPDFDISCURSO20DE20INVESTIDURApdf

DRAIN Michel ndash Geografia da Peniacutensula Ibeacuterica 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1964 143 p

Entrevista de Miguel Horta e Costa ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

FERNANDES Antoacutenio Horta DUARTE Antoacutenio Paulo ndash Portugal e o Equiliacutebrio Peninsular

passado presente e futuro 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 1998 184 p ISBN

072-1-04409-1

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash A Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeias Almedina

Lisboa 2002

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Portugal na conferecircncia de paz Paris 1919 1ordf ed Lisboa ldquoQuetzal

Editoresrdquo 1992 115 p ISBN 972-564-140-X

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Um seacuteculo de problemas as relaccedilotildees luso-espanholas da uniatildeo ibeacuterica

agrave Comunidade Europeia 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1989 84 p ISBN 972-24-0715-5

FIEL Jorge ndash Que medo Expresso Caderno de Economia e Internacional (30 Jun 2005) 7

GASPAR Carlos ndash Estruturas alianccedilas e regimes As relaccedilotildees entre Portugal e a Espanha (1926-1974) I

Encontro Internacional Relaccedilotildees Portugal-Espanha Lisboa 165-209

GIRAtildeO Amorim ndash Geografia de Portugal 1ordf ed Porto ldquoPortucalense Editora SARLrdquo 1941 479 p

MALAMUD Carlos [et al] ndash La Poliacutetica Espantildeola Hacia Ameacuterica Latina Primar lo Bilateral para Ganar

en lo Global [em linha] 2005 [Consultado em 15 em 15 Abr 05] 2005 Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosInf_3pdf

MARTINS Christiana (2005a) ndash A carta roubada Expresso Caderno de Economia e Internacional (7

Maio 2005)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 62

MARTINS Christiana (2005b) ndash Iberdrola disponiacutevel Expresso Caderno de Economia e Internacional

(25 Jun 2005) 15

MARTINS Christiana (2005c) ndash Telefoacutenica aperta o cerco agrave PT Expresso Caderno de Economia e

Internacional (4 Jun 2005) 10

MATTOSO Joseacute [et al] ndash Histoacuteria de Portugal 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 1994 683 p

ISBN 972-42-0971-7 vol 6

MEIRELES Luiacutesa ndash Nacionalismo (s) agrave prova Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) p 64-66

MONJARDIN Maria Regina ndash O alargamento da Uniatildeo Europeia Novos vizinhos 1ordf ed Lisboa

ldquoPrefaacuteciordquo 2004 198 p ISBN 972-8816-32-4

NOGUEIRA Franco (2000a) ndash As crises e os homens 2ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000

347 p ISBN 972-26-1760-5

NOGUEIRA Franco (2000b) ndash Juiacutezo final 7ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000 217 p ISBN

972-26-1772-9

O estado das autonomias ldquoExpresso Uacutenicardquo (16 Abr 2005) p 71-73

OLIVEIRA Ceacutesar [et al] ndash Histoacuteria dos municiacutepios e do poder local dos finais da idade meacutedia agrave

Uniatildeo Europeia 1ordf ed Lisboa Circulo de Leitores 1996 591 p ISBN 972-42-1300-5

PEREIRA Helena ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar de outros negociadores Jornal

Puacuteblico (12 Jun 2005) 9

PINTO Ricardo Leite CORREIA Joseacute de Matos SEARA Fernando Reboredo ndash Ciecircncia poliacutetica e

direito constitucional teoria geral do Estado e formas de governo 3ordf ed Lisboa ldquoUniversidade

Lusiacuteada Editorardquo 2005 319 p ISBN 972-8883-22-6

Programa do XVII Governo Constitucional [Em linha] [consult 14 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwportugalgovptNRrdonlyres631A5B3F-5470-4AD7-AE0F-

D8324A3AF4010ProgramaGovernoXVIIpdf

Resoluccedilatildeo do Conselho de Ministros nordm 62003 DR I-B Seacuterie 16 (2003-01-20) 279-287

RIBEIRO Nuno ndash Contributos de Espanha para agradar a Washington Jornal Puacuteblico (11 Fev 2005) 4

SANTOS Joseacute Alberto Loureiro dos ndash Convulsotildees Ano III da Guerra ao Terrorismo Reflexotildees

Sobre Estrateacutegia IV 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 2004 308 p ISBN 972-1-

05382-1

SANTOS Nicolau ndash Indignaccedilotildees e erros agrave volta de uma OPA Expresso caderno de economia (10 Set

2005) 2

SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da aacutegua Instituto Superior de Ciecircncias de Ciecircncias

Sociais e Poliacuteticas 2002 Tese de mestrado

SEABRA Maria Joatildeo ndash Vizinhanccedila Inconstante Portugal e Espanha na Europa 1ordf ed Lisboa

Instituto de Estudos Estrateacutegicos e Internacionais 1995 42 p ISBN 972-8109-09-1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 63

SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas In Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores

Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996) 164-165

SOUSA Teresa de (2005a) ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar do poliacutetico e protagonista

Jornal Puacuteblico (12 Jun 2005) 8

SOUSA Teresa de (2005b) ndash O olhar de um historiador Jornal Puacuteblico (13 Jun 2005) 11

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A importacircncia da OTAN para Portugal In Portugal e os 50 anos da

Alianccedila Atlacircntica 1949-1999 MDN ISBN 972-95256-1-7 (1999) p 71-105

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A dualidade de um espaccedilo comum ndash In Visotildees de Poliacutetica Externa

Portuguesa Sociedade de Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios

Estrangeiros Lisboa 2005 ISBN 972-98963-4-8 p 197-208

Un Antildeo de Gobierno [Em linha] Abril de 2005 Ministerio de la Presidecircncia Secretaria de Estado de

Comunicacioacuten [consult 15 de Jun de 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfunanigobpdf

VICENTE Antoacutenio Pedro ndash Espanha e Portugal Um Olhar Sobre as Relaccedilotildees Peninsulares no Seacutec

XX 1ordf ed Lisboa ldquoTribunardquo 2003 393 p ISBN 972-8799-01-2

SITIOS DA INTERNET CONSULTADOS

httpeuropaeuintabc12lessonsindex4_pthtm

httpeuropaeuintabc12lessonsindex5_pthtm

httpwwwcplporg

httpwwwonocomptCPLPdocumentoaspdocumento=5

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AA ndash CONSUMO DE ENERGIA PRIMAacuteRIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

Carvatildeo 1600

Outras Renovaacuteveis900

Gaacutes Natural 800

Hiacutedrica 400

Petroacuteleoe Derivados

6300

Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

Petroacuteleo e Derivados5200

Hiacutedrica200

Outras Renovaacuteveis400

Gaacutes Natural 1200

Nuclear1300

Carvatildeo1700

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AB ndash CONSUMO FINAL DE ENERGIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo Final de EnergiaPortugal 2000

Derivados Petroacuteleo68

Carvatildeo2

Renovaacuteveis9

Gaacutes Natural4

Eleacutectricidade17

Consumo Final de EnergiaEspanha 2000

DerivadosPetroacuteleo

63

Carvatildeo1

Gaacutes Natural14

Renovaacuteveis4

Eleacutectricidade18

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AC ndash REDE IBEacuteRICA DE GAacuteS NATURAL

Fonte GALP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AD ndash PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fortaleza

de

Capital

Tamanho

de

Activos

Solidez

Ratio

CapitalActivos

Retorno

Sobre Activos

Ratio

CustoCreacutedito Bancos

(Milhotildees de doacutelares) () () ()

Banco Comercial

Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355

Caixa Geral de

Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569

Banco Espiacuterito

Santo 3271 54664 598 083 5061

Bano Totta e

Accedilores 1806 36403 496 11 4991

Santander Central

Hispano 21408 444012 482 117 631

Banco Bilbao

Vizcaya

Argentaria

18176 362655 501 133 5677

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AE ndash PIB PER CAacutePITA POR PARIDADE DE PODER DE COMPRA

PIB Per Caacutepita Por Paridade de Poder de Compra

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Portugal UE 15 Portugal Espanha Espanha UE 15

Fonte Eurostat citado em CHISLET William ndash Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios

incoacutemodos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AF ndash INVESTIMENTO DIRECTO BILATERAL

Milhotildees de euros

Incluem os fundos em Entidades de Tenencia de Valores Estranjeros

Fonte Direccioacuten General Espantildeola de Comercio e Inversiones citado em CHISLET William ndash

Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

Investimento Directo Bruto de Espanha em Portugal e Portugal em Espanha

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Em Portugal 462 370 1352 497 740 467 790 3454 1140 1033 1916

Em Espanha 141 83 92 164 96 228 149 1844 9169 1086 107

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AG ndash NATO COMMAND ARRANGEMENTS (NCA)

Fonte Joint Command Lisbon

NATO HQ Brussels - Belgium

Allied Command Transformation Norfolk - USA

Allied Command Operations

Mons - Belgium

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AH ndash NATO COMMAND STRUCTURE ndash ALLIED COMMAND OPERATIONS

Fonte Joint Command Lisbon

ACO Mons - Belgium

JFC North Brunssum NL

JFC South Naples IT

JC Lisbon Lisbon PO

HQ Land-North Heidelberg GE

HQ Air-North Ramstein GE

HQ Nav-North Northwood UK

HQ Air-South Izmir GE

HQ Nav-North Naples IT

(LCC-HQ) Madrid SP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo B ndash COMEacuteRCIO EXTERNO DA ESPANHA POR ZONAS GEOGRAacuteFICAS

Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados p 43

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo C ndash O ESPACcedilO ESTRATEacuteGICO DE INTERESSE NACIONAL

1 Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Permanente

A poliacutetica de defesa nacional tem como um dos objectivos a seguranccedila e defesa do territoacuterio

nacional em toda a sua extensatildeo que abrange o continente os Accedilores e a Madeira Na definiccedilatildeo

dessa poliacutetica devem inscrever-se os seguintes elementos matriciais

bull O territoacuterio ndash Define-se nas suas referecircncias cardeais entre o ponto mais a Norte no

concelho de Melgaccedilo ateacute ao ponto mais a Sul nas ilhas Selvagens e do seu ponto mais

a Oeste na ilha das Flores ateacute ao ponto mais a Leste no concelho de Miranda do

Douro

bull O espaccedilo de circulaccedilatildeo ndash Entre as parcelas do territoacuterio nacional dado o seu caraacutecter

descontiacutenuo

bull O espaccedilo aeacutereo e mariacutetimo ndash Sob responsabilidade nacional as nossas aacuteguas territoriais

os fundos marinhos contiacuteguos a zona econoacutemica exclusiva e a zona que resultar do

processo de alargamento da plataforma continental

2 O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural

Decorre da avaliaccedilatildeo da conjuntura internacional e da definiccedilatildeo da capacidade nacional tendo

em conta as prioridades da poliacutetica externa e de defesa os actores em presenccedila e as diversas

organizaccedilotildees em que nos inserimos Nesse sentido satildeo aacutereas prioritaacuterias com interesse relevante

para a definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de interesse nacional conjuntural as seguintes

bull O espaccedilo euro-atlacircntico ndash compreendendo a Europa onde nos integramos o espaccedilo

atlacircntico em geral e o relacionamento com os Estados Unidos da Ameacuterica

bull O relacionamento com os Estados limiacutetrofes

bull O Magreb ndash No quadro das relaccedilotildees bilaterais e do diaacutelogo com o Mediterracircneo

bull O Atlacircntico Sul em especial e o relacionamento com o Brasil

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull A Aacutefrica lusoacutefona e Timor-Leste

bull Os paiacuteses em que existem fortes comunidades de emigrantes portugueses

bull Os paiacuteses ou regiotildees em que Portugal tenha presenccedila histoacuterica e cultural nomeadamente

a Regiatildeo Administrativa Especial de Macau

bull Paiacuteses de origem das comunidades imigrantes em Portugal

3 Podem considerar-se aacutereas de interesse relevante para definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de

interesse nacional conjuntural para aleacutem das mencionadas quaisquer outras zonas do globo

em que em certo momento os interesses nacionais estejam em causa ou tenham lugar

acontecimentos que os possam afectar

Fonte Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo D ndash POPULACcedilAtildeO

POPULACcedilAtildeO 2001

PORTUGAL 10356117

Norte 3687293

Lisboa e Vale do Tejo 3467483

Centro 1783596

Alentejo 535753

Algarve 395218

Madeira 245011

Accedilores 241763

ESPANHA 40847371

Andaluzia 7357558

Catalunha 6343110

Madrid (Comunidade de) 5423384

Comunidade Valenciana 4162776

Galiza 2695880

Castela e Leatildeo 2456474

Paiacutes Basco 2082587

Castela-La Mancha 1760516

Canaacuterias 1694477

Aragatildeo 1204215

Muacutercia (Regiatildeo de) 1197646

Astuacuterias (Principado de) 1062998

Estremadura 1058503

Baleares (Ilhas) 841669

Navarra (Comunidade Foral de) 555829

Cantaacutebria 535131

La Rioja 276702

Ceuta 71505

Melilla 66411

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo E ndash DENSIDADE POPULACIONAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

DENSIDADE POPULACIONAL 2003

(habkm2)

UE 15 120

Alemanha 231

Franccedila 110

Reino Unido 243

Itaacutelia 190

Espanha 84

Paiacuteses Baixos 476

Greacutecia 83

Portugal 113

Beacutelgica 334

Sueacutecia 22

Aacuteustria 96

Dinamarca 125

Finlacircndia 17

Irlanda 57

Luxemburgo 149

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo F ndash DENSIDADE POPULACIONAL POR REGIOtildeES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo G ndash PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO NA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)

Cenaacuterio BaseAnos da previsatildeo 2010 2025 2040

Portugal 106 104 98

Espanha 457 501 527

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo H ndash PIRAcircMIDE ETAacuteRIA

PIRAcircMIDE ETAacuteRIA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo I ndash EVOLUCcedilAtildeO DAS TAXAS DE NATALIDADE E MORTALIDADE

Evoluccedilatildeo das Taxas de Natalidade e Mortalidade

0

2

4

6

8

10

12

14

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Portugal

Espanha

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo J ndash TAXA DE ABANDONO ESCOLAR

Taxa de Abandono Escolar ()

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Portugal Espanha

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo K ndash POPULACcedilAtildeO FEMININA QUE FREQUENTA O ENSINO SUPERIOR

POPULACcedilAtildeO FEMININA

NO

ENSINO SUPERIOR 2001

UE 15 559

Portugal 671

Finlacircndia 611

Sueacutecia 585

Itaacutelia 573

Espanha 572

Dinamarca 565

Beacutelgica 561

Irlanda 560

Reino Unido 559

Franccedila 555

Paiacuteses Baixos 547

Alemanha 516

Aacuteustria 515

Luxemburgo nd

Greacutecia nd

nd ndash Natildeo disponiacutevel

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo L ndash DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO

DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO 2001

( PIB)

UE 15 51

Dinamarca 85

Sueacutecia 73

Finlacircndia 62

Beacutelgica 61

Portugal 59

Aacuteustria 58

Franccedila 57

Itaacutelia 50

Paiacuteses Baixos 50

Reino Unido 47

Alemanha 46

Espanha 44

Irlanda 44

Greacutecia 39

Luxemburgo 39

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo M ndash ALOJAMENTOS COM COMPUTADOR

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo N ndash POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACIVIDADE

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE

2003 Total (1000) Agricultura Induacutestria Serviccedilos

UE 15 163758 38 265 645

Aacuteustria 3693 55 287 657

Beacutelgica 4055 17 249 733

Alemanha 35927 24 314 662

Dinamarca 2704 33 231 734

Espanha 16666 56 308 636

Finlacircndia 2401 52 266 677

Franccedila 24041 43 245 706

Greacutecia 4015 163 220 617

Irlanda 1778 64 277 656

Itaacutelia 22057 47 318 635

Luxemburgo 188 27 191 782

Paiacuteses Baixos 8176 29 210 761

Portugal 5118 128 328 544

Sueacutecia 4352 26 226 748

Reino Unido 28637 12 235 751

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo O ndash VALOR DO VAB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - PORTUGAL

Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade 2001

AgriculturaSilvicultura

Pescas400

Serviccedilos6700

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2900

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo P ndash VALOR DO PIB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - ESPANHA

Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

Serviccedilos6030

AgriculturaPescas299

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2663

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Q ndash TAXA DE ACTIVIDADE FEMININA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo R ndash TAXA DE DESEMPREGO POR REGIOtildeES 2003 ()

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo S ndash DIAS NAtildeO TRABALHADOS DEVIDO A GREVES

Dias natildeo Trabalhados Devido a Greves (p1000 empregados)

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8

Espanha Portugal

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1995 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo T ndash TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB A PRECcedilOS CONSTANTES

Taxa de Crescimento Anual do PIB a Preccedilos Constantes ()

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo U ndash EVOLUCcedilAtildeO DO PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Milhares de euros 1998 2000 2002

UE 15 203 227 241

Luxemburgo 396 485 502

Dinamarca 291 321 341

Irlanda 209 271 331

Sueacutecia 250 293 287

Reino Unido 218 266 280

Paiacuteses Baixos 224 253 275

Aacuteustria 237 258 271

Finlacircndia 224 251 269

Alemanha 234 247 256

Beacutelgica 219 242 252

Franccedila 216 234 248

Itaacutelia 186 202 217

Espanha 133 153 172

Greacutecia 101 113 129

Portugal 99 113 125

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo V ndash PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES 2002

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo W ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DE PORTUGAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Portugal

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291

2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147

3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99

4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64

5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49

6ordm Itaacutelia 48 6ordm Paiacuteses Baixos 46

7ordm Beacutelgica 46 7ordm Beacutelgica 29

8ordm Paiacuteses Baixos 39 8ordm EUA 19

9ordm Angola 23 9ordm Japatildeo 17

10ordm Sueacutecia 13 10ordm Nigeacuteria 17

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo X ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DA ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Espanha

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Franccedila 191 1ordm Franccedila 168

2ordm Alemanha 119 2ordm Alemanha 166

3ordm Itaacutelia 96 3ordm Itaacutelia 88

4ordm Reino Unido 93 4ordm Reino Unido 65

5ordm Portugal 93 5ordm Paiacuteses Baixos 48

6ordm EUA 42 6ordm Beacutelgica 35

7ordm Paiacuteses Baixos 34 7ordm Portugal 32

8ordm Beacutelgica 30 8ordm China 32

9ordm Meacutexico 16 9ordm EUA 31

10ordm Marrocos 13 10ordm Japatildeo 21

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Y ndash TROCAS COMERCIAIS COM A UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Exportaccedilotildees para a UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

Importaccedilotildees da UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Z ndash PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL A ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA 2003

Portugal exporta para Espanha Espanha exporta para Portugal

1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 134 1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 119

2ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 112 2ordm Artigos manufacturados diversos 50

3ordm Equipamento eleacutectrico 56 3ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 49

4ordm Ferro e accedilo 46 4ordm Equipamento eleacutectrico 45

5ordm Produtos metaacutelicos fabricados 40 5ordm Papel e cartatildeo 39

6ordm Manufacturas de minerais natildeo metaacutelicos 38 6ordm Maacutequinas de escritoacuterio e de

processamento de dados 37

7ordm Fibras tecidos e produtos tecircxteis 36 7ordm Maacutequinas e equipamento industrial 36

8ordm Mobiliaacuterio e componentes 36 8ordm Peixe crustaacuteceos e moluscos 35

9ordm Madeira e produtos de madeira 33 9ordm Ferro e accedilo 33

10ordm Papel e cartatildeo 32 10ordm Produtos metaacutelicos fabricados 33

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

APEcircNDICES

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice A ndash SINTESE HISTOacuteRICA DA ESPANHA

No iniacutecio do seacuteculo XX saboreava ainda a Espanha a receacutem instaurada monarquia e a

implementaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1876 quando sofreu o dissabor que a histoacuteria designou

simplesmente como ldquoo desastrerdquo A expressatildeo pretendeu caracterizar a crise vivida no final do

seacuteculo XIX em 1898 que teve como consequecircncia a perda das coloacutenias de Porto Rico Cuba e

Filipinas Apesar do regime ter resistido a tais acontecimentos sobressaiam as vozes criticas os

movimentos de protesto e os incitamentos agrave implementaccedilatildeo de reformas inicialmente por acccedilatildeo

do movimento regeneracionista liderado por Joaquim Costa Embora natildeo tenha conseguido as

esperadas adesotildees pretendia mobilizar a classe poliacutetica para que fossem encetadas as desejadas

reformas social econoacutemica e educacional

O ressurgimento do movimento republicano era tambeacutem uma consequecircncia inevitaacutevel que a

partir de 1900 tomava duas direcccedilotildees distintas De um lado surgia Alejandro Lerroux ldquoherdeiro

da velha tradiccedilatildeo revolucionaacuteria urbanardquo (CARR et al 2004 p204) explorando o

descontentamento dos trabalhadores marginalizados que viviam nos bairros de lata das grandes

cidades As suas acccedilotildees visavam atingir os ideais da burguesia atraveacutes do renascimento do

anticlericalismo violento da deacutecada de 1830 Do outro situava-se a ala burguesa representada

pelo Partido Republicano Reformista caracterizado pela qualidade intelectual dos seus

dirigentes onde despontavam jovens como Manuel Azantildea que viria a desempenhar um papel

relevante no periacuteodo da Segunda Repuacuteblica

Esta ala reformista pretendia modernizar o paiacutes democratizar e actualizar a legislaccedilatildeo social e

educacional assim como afirmava ser possiacutevel a convivecircncia com o regime monaacuterquico desde

que este pudesse assegurar os valores e os princiacutepios reformistas pretendidos O movimento teve

uma larga implantaccedilatildeo nas grandes cidades onde nas eleiccedilotildees regionais obteve resultados

superiores aos da monarquia contudo no interior rural as votaccedilotildees natildeo foram nada positivas

Neste contexto alguns movimentos nacionalistas atingiam dimensotildees de relevo O

catalanismo iniciado na deacutecada de 1830 como um movimento de renascimento literaacuterio da

liacutengua e cultura catalatilde assumia em 1890 uma dimensatildeo poliacutetica que reivindicava a

possibilidade de constituir um governo autoacutectone A direcccedilatildeo estava a cargo de Prat de la Riba

que apesar das suas reivindicaccedilotildees de acircmbito nacionalista recusavam os movimentos de caris

radical Em 1906 tendo em vista as eleiccedilotildees do ano seguinte surge o ldquoSolidaritat Catalanrdquo que

resultou da uniatildeo de todos os movimentos com excepccedilatildeo do liderado por Lerroux Apesar das

exigecircncias de criaccedilatildeo de um governo catalatildeo permanecerem por satisfazer Prat de la Riba

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

promovia a liacutengua e cultura catalatilde Em 1922 o catalanismo poliacutetico dava origem agrave Acccedilatildeo Catalatilde

que assumia os princiacutepios da esquerda republicana que sob a lideranccedila do Coronel Francesc

Maciaacute se tornava num movimento separatista lutando pela Catalunha como uma repuacuteblica livre

num Estado federal

Os Bascos que ainda sofriam as consequecircncias das rebeliotildees carlistas do periacuteodo de 1833-39

desenvolviam um tipo de nacionalismo que por natildeo possuiacuterem a unidade poliacutetica do movimento

catalatildeo natildeo representava qualquer ameaccedila ao regime Foi Sabino de Arana que desenvolveu o

sentido de uniatildeo entre os bascos designando a uniatildeo nacional por Euzkadi e assumindo o

desiacutegnio de separaccedilatildeo do Estado espanhol A par da liacutengua basca fundou o Partido Nacionalista

Basco que desenvolvia um nacionalismo essencialmente racista mas ao contraacuterio do movimento

nacionalista catalatildeo natildeo se colocou na ala esquerda do sector poliacutetico A partir da deacutecada de

1960 os nacionalistas radicais adoptaram a acccedilatildeo terrorista como meacutetodo para atingirem os fins

propostos

Outra das forccedilas poliacuteticas que despontava era o Partido Socialista Obrero Espantildeol (PSOE)

fundado em 1879 por Pablo Igleacutesias Encontrava-se significativamente implantado nos distritos

das minas de carvatildeo das Astuacuterias e das minas de ferro e da induacutestria metaluacutergica de Bilbau No

entanto a sua implantaccedilatildeo natildeo chegava ao interior rural onde se sobrepunham os sindicatos

catoacutelicos em Navarra e Castela e os movimentos anarquistas na Andaluzia e Levante

A igreja opunha-se agraves tendecircncias reformistas e de modernizaccedilatildeo entatildeo proclamadas Para

combater estes movimentos que encarava como ameaccedila alargava a actividade missionaacuteria e

empenhava a Acccedilatildeo Catoacutelica na mobilizaccedilatildeo dos leigos Entretanto as ordens religiosas

ldquoapoderavam-se das funccedilotildees de bem-estar e educacionais que o governo natildeo conseguia

financiarrdquo (CARR et al 2004 p210)

Com a restauraccedilatildeo monaacuterquica em 1876 os governos desenvolviam a sua acccedilatildeo em regime de

alternacircncia partidaacuteria entre liberais e conservadores Contudo as querelas partidaacuterias e a

corrupccedilatildeo poliacutetica natildeo permitiam aos partidos estabelecerem governos estaacuteveis Esta

instabilidade originou entre 1902 e 1923 a tomada de posse de 34 governos nuacutemeros que

reflectem a precariedade do sistema poliacutetico a que o rei Afonso XIII deveria fazer face

Em 1923 atraveacutes de um pronunciamiento1 o General Primo de Rivera tomou o poder e foi

reconhecido pelo rei como ditador militar Era sua intenccedilatildeo conseguir o afastamento dos

poliacuteticos corruptos e ineficazes de forma a entregar o Paiacutes aos verdadeiros patriotas O seu

programa de governo assentava na realizaccedilatildeo de inuacutemeros projectos de obras puacuteblicas e na

1 Revolta militar com o objectivo da tomada do poder

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

protecccedilatildeo da economia tornando-a fechada e auto-suficiente O seu programa falha por

dificuldades orccedilamentais falhando tambeacutem o projecto poliacutetico de criaccedilatildeo de um vasto

movimento patrioacutetico que deveria dar origem agrave Uniatildeo Poliacutetica Nacional Primo de Rivera eacute

afastado pelo rei em 1930 apoacutes a tentativa de encetar uma reforma no Exeacutercito No entanto os

custos satildeo vastos caindo tambeacutem o regime monaacuterquico

A 2ordf Repuacuteblica proclamada a 14 de Abril de 1931 transmitia a esperanccedila proacutepria de um

regime democraacutetico O novo sistema poliacutetico pretendia levar a cabo reformas radicais de acircmbito

social e cultural que de uma forma geral se resumiam ao alargamento dos direitos agraves minorias

ao reconhecimento das reivindicaccedilotildees autonoacutemicas das regiotildees histoacutericas na atribuiccedilatildeo de

melhores salaacuterios e mais direitos sindicais Para os sectores mais tradicionais da sociedade

espanhola as transformaccedilotildees e as reformas eram vistas como uma ameaccedila aos seus interesses

bem como agrave identidade da proacutepria Espanha Assim a igreja temia a progressiva laicizaccedilatildeo da

sociedade os latifundiaacuterios e os industriais receavam os anuacutencios de subida de salaacuterios e o

aumento dos direitos sindicais e a ala conservadora do Exeacutercito encarava o reconhecimento das

autonomias regionais como uma ameaccedila agrave integridade territorial do paiacutes

O governo formado por republicanos e socialistas dirigido inicialmente por Alcalaacute Zamora e

posteriormente por Manuel Azantildea demonstrava os primeiros sinais do desgaste provocado pelas

elevadas expectativas criadas bem como pelas poleacutemicas reformas pretendidas Em 1933 surgia

a oposiccedilatildeo da Confederaccedilatildeo dos Grupos Autoacutenomos de Direita (CEDA) dirigida por Joseacute Maria

Gil Robles que se assumia como o principal partido do parlamento a partir das eleiccedilotildees

realizadas no final do ano Este facto permitia-lhe apoiar um governo minoritaacuterio da ala direita

dos republicanos radicais

Em 1935 os escacircndalos de corrupccedilatildeo ocorridos no seio da coligaccedilatildeo de direita levaram agrave

convocaccedilatildeo de eleiccedilotildees que recolocaram no governo a Frente Popular antiga alianccedila eleitoral

entre socialistas e republicanos de Manuel Azantildea e Idaleacutecio Prieto Contudo a instabilidade

social e o fraccionamento poliacutetico da Espanha que opunha de um lado os republicanos apoiados

pela esquerda e do outro a direita que ldquopretendia desestabilizar a repuacuteblica atraveacutes da desordem

civilrdquo (CARR et al 2004 p230) faziam prever a realizaccedilatildeo de um golpe militar com o objectivo

de instaurar um regime autoritaacuterio e implicitamente derrubar o regime O assassiacutenio de Joseacute

Calvo Sotelo um monaacuterquico autoritaacuterio de direita e liacuteder do Bloco Nacional foi o catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe que se iniciou a 17 de Julho com a sublevaccedilatildeo do Exeacutercito

em Marrocos Ao falhar este golpe mergulhou a Espanha num prolongado e sangrento conflito

interno

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

A guerra civil opocircs os partidaacuterios do regime aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo

Francisco Franco tambeacutem conhecido pela designaccedilatildeo de ldquocaudilhordquo Os revoltosos pretendiam

a derrota da democracia e o consequente restabelecimento de um regime autoritaacuterio assim como

a restauraccedilatildeo do papel da igreja catoacutelica e a salvaguarda da integridade territorial das ambiccedilotildees

separatistas de bascos e catalatildees A intensidade dos combates e os provaacuteveis riscos de uma

vitoacuteria republicana para a estabilidade da Europa em especial para Portugal levaram a que o

apoio externo fosse considerado um factor determinante para o sucesso Assim enquanto os

nacionalistas cativaram a simpatia da Alemanha Itaacutelia e de Portugal os republicanos

asseguravam o suporte sovieacutetico

A Franccedila e a Gratilde-Bretanha receando o contaacutegio do conflito agrave Europa propuseram a assinatura

de um acordo de natildeo-intervenccedilatildeo assim como a criaccedilatildeo de uma comissatildeo que acompanhasse a

sua implementaccedilatildeo Apesar de assinado pelas potecircncias europeias jaacute referidas de nada valeu

verificando-se violaccedilotildees por parte da Alemanha e da Itaacutelia que contribuiacuteram com aviotildees para o

transporte de tropas nomeadamente das forccedilas revoltosas sedeadas em Marrocos armas e

homens Tambeacutem o Governo de Portugal natildeo deixaria de prestar o seu contributo para o ecircxito

nacionalista desempenhando um papel fundamental no apoio logiacutestico agraves suas forccedilas Mais

tarde a Ruacutessia efectivava o apoio ao regime cedendo material de guerra A 27 de Marccedilo de 1939

os nacionalistas tomavam Madrid e trecircs dias depois a guerra era dada por terminada

Seguiu-se um periacuteodo de regime conservador e autoritaacuterio liderado por Francisco Franco

cujo poder assentava na igreja no Exeacutercito e na receacutem criada Falange O regime suportou o

periacuteodo de guerra generalizada que se seguiu na Europa na qual apesar da sua alegada

neutralidade deixou claro o alinhamento com as naccedilotildees do eixo A entrada na guerra chegou a

ser negociada facto que poderia arrastar a Peniacutensula para o conflito

O alinhamento espanhol e a manutenccedilatildeo de um regime autoritaacuterio estiveram na base de um

periacuteodo de isolamento imposto pela comunidade internacional As consequecircncias de maior

visibilidade foram o afastamento do Plano Marshal a natildeo entrada na OTAN na ONU e na CEE

Este periacuteodo foi mantido ateacute 1953 ano em que foram assinados os acordos de cooperaccedilatildeo com

os EUA que permitiram o estacionamento de bases militares no territoacuterio em troca de ajuda

financeira

Economicamente a Espanha encontrava-se numa situaccedilatildeo catastroacutefica motivada pela

prolongada guerra civil pela guerra mundial pelo auto-isolamento econoacutemico patrocinado pelo

regime e pelo isolamento externo imposto pela comunidade internacional A partir de 1959

Franco aceitava alterar a poliacutetica econoacutemica pondo em praacutetica um plano de estabilidade que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

originou importantes resultados Contudo a agitaccedilatildeo social crescia fruto da incompatibilidade

entre reformas e modernizaccedilatildeo e a existecircncia de um regime autoritaacuterio

Ressurgem tambeacutem os movimentos nacionalistas regionais que provocam um rude golpe

quando em 1973 a ETA assassina Carrero Blanco Primeiro-Ministro de Franco Com a morte

do Chefe de Estado em 1975 eacute coroado rei Juan Carlos I entretanto regressado de Portugal O

regime de Francisco Franco eacute desmantelado e eacute instaurada a democracia que tem vindo a

proporcionar uma alternacircncia de governos entre o PSOE e o PP dos quais Felipe Gonzaacutelez Joseacute

Maria Aznar e Joseacute Luiacutes Zapatero satildeo os mais recentes interpretes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice B ndash SINTESE HISTOacuteRICA DE PORTUGAL

Ao virar do seacuteculo Portugal encontrava-se numa difiacutecil situaccedilatildeo financeira agravada pela

diminuiccedilatildeo das receitas externas provenientes das exportaccedilotildees agriacutecolas e das receitas

monetaacuterias dos emigrantes Em 1892 os ldquocredores suspenderam os empreacutestimos agrave coroa

portuguesardquo (CARNEIRO et al 2001 p488) provocando mesmo a entrada do Estado na

situaccedilatildeo de bancarrota A agitaccedilatildeo social fazia sentir-se com intensidade a par de numerosas

manifestaccedilotildees em favor da Repuacuteblica Na eacutepoca estava ainda muito presente a constrangedora

questatildeo do ultimato inglecircs que em resposta agraves aspiraccedilotildees nacionais do Mapa Cor-de-rosa1 que

colidiam com as pretensotildees coloniais britacircnicas2 pressionaram Portugal a abandonar o projecto

pondo a nu a influecircncia inglesa nos desiacutegnios nacionais

O regime monaacuterquico encontrava-se em crise assim como o proacuteprio sistema liberal

constitucional Os primeiros anos do novo seacuteculo foram caracterizados por uma vincada

instabilidade governativa Os escacircndalos poliacuteticos avolumavam-se retirando credibilidade agrave

classe poliacutetica e agrave autoridade do proacuteprio Estado Tambeacutem os partidos poliacuteticos natildeo eram alheios

agrave turbulecircncia entatildeo instalada sucedendo-se as cisotildees novos partidos nasciam representando

outras facccedilotildees Os governos sucediam-se ateacute que a instabilidade faz desencadear em 28 de

Janeiro de 1908 uma intentona republicana para derrubar o regime O clima de agitaccedilatildeo social e

de confrontaccedilatildeo poliacutetica culminou em 1 de Fevereiro com o assassiacutenio do rei D Carlos e do

priacutencipe herdeiro D Luiacutes Filipe

A tentativa de D Manuel II para manter o regime monaacuterquico natildeo surtiu efeito e num

movimento liderado pelo Almirante Cacircndido dos Reis e por D Miguel Bombarda eacute implantada

a Repuacuteblica a 5 de Outubro de 1910 Nos primeiros anos entre 1911 e 1917 mantinha-se um

ambiente de forte instabilidade podendo identificar-se quatro (CARNEIRO et al 2001 p494)

periacuteodos poliacuteticos distintos o primeiro compreendido entre 1911 e 1913 foi caracterizado pela

formaccedilatildeo de governos de coligaccedilatildeo o segundo entre 1913 e 1915 no qual acccedilatildeo governativa foi

exercida pelo Partido Democraacutetico liderado por Afonso Costa no terceiro confinado ao ano de

1915 surgia o periacuteodo de ditadura do General Pimenta de Castro por uacuteltimo o periacuteodo

compreendido entre os anos de 1916 e 1917 no qual governaram os executivos que decidiram a

posiccedilatildeo beligerante de Portugal na I Guerra Mundial

1 O Mapa Cor-de-rosa representava o projecto portuguecircs de unir os territoacuterios de Angola e Moccedilambique 2 Os ingleses pretendiam criar um corredor contiacutenuo do Cairo ateacute agrave cidade do Cabo na Aacutefrica do Sul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Na fase que se seguiu agrave implantaccedilatildeo da repuacuteblica foi considerada de grande premecircncia a

necessidade de proceder agrave consolidaccedilatildeo do regime e agrave criaccedilatildeo de um clima de pacificaccedilatildeo

nacional e de ordem puacuteblica pelo que deveria dar-se inicio agrave implementaccedilatildeo das promessas

efectuadas pelo Partido Republicano A constituiccedilatildeo surgiu em 1911 e com ela apareceram

reformas de vulto para a eacutepoca tais como a laicizaccedilatildeo do Estado a expulsatildeo das ordens

religiosas a proibiccedilatildeo do ensino religioso nas escolas puacuteblicas e a regulamentaccedilatildeo da greve

Contudo as medidas reformistas desencadearam desentendimentos e um grande

descontentamento nalguns sectores da sociedade portuguesa Por um lado eram lesados

interesses haacute muito instalados considerando as medidas muito excessivas por outro

consideravam-nas insuficientes

A participaccedilatildeo das Tropas portuguesas na I Guerra Mundial teve em Afonso Costa e

Bernardino Machado os seus maiores entusiastas Para tal foram apresentadas trecircs razotildees

distintas a primeira a ldquotese colonialrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) defendia que seria a

uacutenica forma de Portugal manter a soberania sobre as coloacutenias contrariando as pretensotildees alematildes

e mantendo-se ao lado dos aliados para assim ter assento no concerto das naccedilotildees apoacutes o final da

guerra A segunda a ldquotese europeia peninsularrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) que deixava

expliacutecito a necessidade de um Portugal beligerante em face da neutralidade espanhola seria a

forma de fortalecer a posiccedilatildeo do Paiacutes junto da Gratilde-Bretanha e conferir importacircncia estrateacutegica

ao territoacuterio diferenciando-o no quadro peninsular Por uacuteltimo a tese que afirmava que a

participaccedilatildeo num conflito mundial ao lado das grandes potecircncias europeias deveria atribuir

legitimidade ao regime permitindo a sua consolidaccedilatildeo poliacutetica

A permanente instabilidade poliacutetica e as fortes contestaccedilotildees sociais levaram agrave revoluccedilatildeo de 5

de Dezembro de 1917 na qual Sidoacutenio Pais assumiu o poder transformando o regime

parlamentar num regime presidencialista autoritaacuterio e corporativo Sidoacutenio Pais era assassinado

em 14 de Dezembro de 1918 facto que motivou o regresso do anterior sistema multipartidaacuterio

ou de partido dominante Apesar da mudanccedila mantinha-se o quadro de situaccedilatildeo anteriormente

descrito que tendo como aliado a precaacuteria situaccedilatildeo econoacutemica representava o factor catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe militar de 28 de Maio de 1926 que mergulhou o Paiacutes num

periacuteodo de ditadura militar Sucediam-se as situaccedilotildees de conspiraccedilatildeo e tentativas revolucionaacuterias

contra a ditadura que ficaram conhecidas pelo ldquoreviralhismordquo

Jaacute com Antoacutenio de Oliveira Salazar na pasta das financcedilas desde Abril de 1928 eclodia o

Estado Novo que o levaria agrave Presidecircncia do Conselho de Ministros em 1932 Criada a Uniatildeo

Nacional que congregava as forccedilas poliacuteticas apoiantes do regime iniciava-se um periacuteodo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

regime autoritaacuterio que governaria Portugal cerca de quarenta anos Da eacutepoca citada destacam-se

acontecimentos importantes a que o Paiacutes teve que dar resposta designadamente a guerra civil de

Espanha na qual apesar do pacto de natildeo-intervenccedilatildeo Portugal tomou uma posiccedilatildeo de apoio aos

nacionalistas liderados pelo General Francisco Franco a II Guerra Mundial sobre a qual pocircde

manter um estatuto de neutralidade embora colaborando com as forccedilas aliadas e finalmente o

novo enquadramento geoestrateacutegico decorrente dos acontecimentos que precederam o conflito e

que culminaram na aproximaccedilatildeo aos EUA e no convite para em 1949 integrar a OTAN

O autoritarismo do regime e a sua poliacutetica colonial determinaram ao Paiacutes um momento de

isolamento internacional motivo pelo qual Portugal viria a sofrer forte pressatildeo externa Goa

Damatildeo e Dio satildeo ocupadas pelas forccedilas indianas e ao mesmo tempo eclodiam movimentos

autonomistas nos restantes territoacuterios A guerra teve iniacutecio em Angola e rapidamente se

propagou agraves restantes coloacutenias prolongando-se ateacute 1974 ano em que um golpe de Estado potildee

fim ao regime e agrave guerra colonial Seguiu-se um processo revolucionaacuterio que terminou em 25 de

Novembro de 1975 ldquoabrindo-se caminho agrave instauraccedilatildeo de uma democracia parlamentarrdquo

(CARNEIRO et al 2001 p496)

Seguiu-se um periacuteodo de transiccedilatildeo caracterizado por grande instabilidade governativa

Apenas a partir das eleiccedilotildees antecipadas de 1987 foi possiacutevel constituir governos de maioria

absoluta que permitiram a estabilidade poliacutetica necessaacuteria agrave implementaccedilatildeo de reformas

estruturais indispensaacuteveis a um processo de evoluccedilatildeo consolidada A transiccedilatildeo para um regime

democraacutetico foi determinante para que fosse concluiacutedo o processo de adesatildeo agrave CEE tratado

assinado em 1985 juntamente com a Espanha no Mosteiro dos Jeroacutenimos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

Apecircndice C ndash CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES

1939 - Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo e Protocolo Adicional que previa a consulta

muacutetua entre os dois estados relativamente a acontecimentos que pudessem por em

causa a seguranccedila e independecircncia dos dois paiacuteses

1940 - Acordo tripartido entre Portugal a Espanha e o Reino Unido que permitia ao

vizinho peninsular importar produtos das coloacutenias portuguesas com base numa

linha de creacutedito concedida pelo Reino Unido Este Acordo visava garantir o

fornecimento de produtos essenciais agrave Espanha de modo a suprir as carecircncias

originadas pela guerra civil de 1936-39 e evitar a participaccedilatildeo espanhola na II

Guerra Mundial

194143 - Assinatura de novos Acordos comerciais entre Portugal e Espanha com o mesmo

objectivo do anterior

1945 A partir deste ano realizaram-se reuniotildees anuais da Comissatildeo Mista Luso-

espanhola de acompanhamento dos acordos comerciais e de pagamentos assinados

anteriormente

1946 - A ONU decreta o boicote agrave Espanha

1948 - Pacto Peninsular ndash Prorrogaccedilatildeo do Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo por mais

dez anos

- Portugal eacute membro fundador da OCDE

- Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os EUA que permitiu a utilizaccedilatildeo da Base

Militar nos Accedilores

1949 - Portugal eacute membro fundador da OTAN

- Recusada a adesatildeo espanhola facto que motivou o arrefecimento temporaacuterio das

relaccedilotildees entre os dois paiacuteses A Espanha considerava que a adesatildeo de Portugal agrave

OTAN contrariava o Tratado de Amizade assinado entre ambos

- Inicia-se um processo de cooperaccedilatildeo militar entre os dois paiacuteses que englobava a

realizaccedilatildeo de manobras conjuntas para a defesa dos Pirineacuteus em caso de tentativa

de invasatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica

- Assinatura do Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e

Espanha que veio substituir os Acordos Comerciais assinados anteriormente

- Assinatura de acordos para a concessatildeo de creacutedito entre a Espanha e os EUA

marcando o iniacutecio do fim do isolamento internacional da Espanha

Eliminado ltspgt

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Eliminado A

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado agrave Espanha

Eliminado

Eliminado deste paiacutes

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado Portugal eacute membro fundador da OCDE Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os

Eliminado

Eliminado de 3para

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1951 - Portugal renova o acordo de defesa com os EUA que seria novamente prorrogado

em 1957

1953 - A Espanha assina com os EUA os Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

sobre Ajuda Econoacutemica Estes permitem a utilizaccedilatildeo do territoacuterio espanhol para

fins de defesa e prolongam a ajuda econoacutemica iniciada em 1949 que vai permitir

a reconstruccedilatildeo e o relanccedilamento econoacutemico do paiacutes

1955 - Portugal e Espanha aderem agrave ONU pondo fim em definitivo ao isolamento

internacional do nosso vizinho peninsular

1956 - A Espanha concede a independecircncia a Marrocos dando corpo a uma poliacutetica

africana oposta agrave portuguesa

1958 - A Espanha adere agrave OCDE Banco Mundial e ao FMI dando iniacutecio ao processo de

abertura internacional da sua economia

1959 - Portugal no mesmo ano em que adere ao FMI e ao Banco Mundial eacute um dos

membros fundadores da EFTA tomando uma opccedilatildeo de internacionalizaccedilatildeo e de

abertura da sua economia que se enquadrava na tradicional alianccedila Luso-britacircnica

que serve de base agrave manutenccedilatildeo da sua poliacutetica colonial

- A Espanha inicia a internacionalizaccedilatildeo da sua economia atraveacutes do alargamento do

nuacutemero dos seus parceiros comerciais a vaacuterias regiotildees do mundo

1960 - Assinatura de um novo acordo comercial ibeacuterico que incidia essencialmente sobre

as pautas aduaneiras em vigor entre os dois paiacuteses Este acordo natildeo representou

nenhuma alteraccedilatildeo relativamente agrave poliacutetica portuguesa de limitar as relaccedilotildees

econoacutemicas com a Espanha de modo a proteger as coloacutenias dos investidores e das

empresas deste paiacutes

1962 - A Espanha realiza contactos informais com vista agrave adesatildeo agrave CEE Dada a incerteza

da entrada os responsaacuteveis espanhoacuteis preferiram concentrar-se na assinatura de

um acordo comercial preferencial com a CEE

1963 - Data de realizaccedilatildeo do uacuteltimo encontro entre Oliveira Salazar e Francisco Franco

Apoacutes 1963 e ateacute ao final da deacutecada natildeo houve encontros entre altos responsaacuteveis

de Portugal e da Espanha mostrando bem a menor importacircncia dada por ambos agraves

relaccedilotildees ibeacutericas

- A Espanha concede autonomia agrave Guineacute espanhola

1968 - Independecircncia da Guineacute espanhola

1970 - Assinatura e entrada em vigor do acordo comercial da Espanha com a CEE

Eliminado ltspgt

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Tabela formatada

Eliminado

Eliminado de 3para

[1]

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1972 - Portugal assina acordos comerciais preferenciais com a CEE e com a CECA que

entram em vigor em 1973

1974 - Em Portugal com o golpe militar realizado em 25 de Abril de 1974 inicia-se o

processo de transiccedilatildeo para a instauraccedilatildeo de um sistema poliacutetico democraacutetico

1975 - A Espanha daacute iniacutecio ao seu processo de transiccedilatildeo para a democracia Morre

Francisco Franco e eacute coroado o rei D Juan Carlos I

1977 - Portugal e Espanha efectuam em simultacircneo o pedido de adesatildeo agrave CEE

1978 - Iniacutecio das negociaccedilotildees de Portugal para a adesatildeo agrave CEE

1979 - Iniacutecio das negociaccedilotildees da Espanha para a adesatildeo agraves Comunidades Europeias As

negociaccedilotildees definem a estrateacutegia de ambos os paiacuteses de integraccedilatildeo na Europa

Ocidental iniciando-se o processo de abertura do espaccedilo econoacutemico ibeacuterico

1980 - A Espanha assina um acordo com a EFTA no acircmbito do qual se estabelece o

Acordo de Comeacutercio Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

1982 - A Espanha apresenta o pedido de adesatildeo agrave OTAN

1983 - Realizaccedilatildeo da I Cimeira Luso-espanhola com a presenccedila dos Chefes de Governo

dos dois paiacuteses dando iniacutecio a um processo regular de consulta entre ambos para

discussatildeo dos assuntos de interesse comum especialmente os de iacutendole bilateral

1986 - Adesatildeo de Portugal e da Espanha agrave CEE

- Realizaccedilatildeo do referendo que confirma a entrada da Espanha na OTAN

1990 - Portugal e Espanha aderem agrave Uniatildeo Europeia Ocidental

1992 - Portugal e Espanha assinam o tratado de Maastricht onde se encontra previsto a

criaccedilatildeo de uma UEM

- Entrada do escudo e da peseta no Sistema Monetaacuterio Europeu

1993 - Entra em vigor o Mercado Uacutenico Europeu

1996 - Os dois paiacuteses assinam o Tratado de Amesterdatildeo

1999 - Entrada em vigor do Euro ndash Moeda Uacutenica Europeia

- Iniacutecio da terceira e uacuteltima fase da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

Eliminado ltspgt

Eliminado

Eliminado de 3para

Tabela formatada

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Paacutegina 2 [1] Eliminado Rui Pedro M Gago 09102005 234500

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice D ndash A GEOGRAFIA E A GEOETNOGRAFIA DA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Para efectuar uma caracterizaccedilatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica atendendo ao acircmbito do trabalho e por

muito superficial que esta deva ser parece-nos loacutegico iniciaacute-la efectuando um enquadramento

geograacutefico da aacuterea em estudo Assim se incidirmos o olhar sobre o globo terrestre e procurarmos

o bloco geograacutefico que constitui a Peniacutensula Ibeacuterica ao colocaacute-la no centro do olhar verificamos

que se insere no extremo Sudoeste da placa continental europeia Deste conjunto europeu

destaca-se a ldquobem pronunciada posiccedilatildeo geograacutefica centralrdquo (GIRAtildeO 1941 p10) caracteriacutestica

que lhe atribui a designaccedilatildeo de ldquoponto de concentraccedilatildeo dos continentesrdquo1

A Peniacutensula Ibeacuterica apresenta-se numa ldquoposiccedilatildeo geograficamente excecircntricardquo (DRAIN 1964

p11) relativamente agrave plataforma continental europeia da qual se encontra separada pelos

Pirineacuteus A mesma projecta-se no Oceano Atlacircntico tornando-se ldquona mais ocidental e

meridional peniacutensulardquo (GIRAtildeO 1941 p9) da Europa Encontra-se enquadrada pelo Oceano

Atlacircntico que banha as suas vertentes costeiras Norte Oeste e Sul e pelo Mar Mediterracircneo que

complementa a delimitaccedilatildeo oceacircnica na faixa costeira Sul banhando tambeacutem a faixa Sudeste

que se prolonga ateacute agrave cadeia montanhosa dos Pirineacuteus

Sendo o Atlacircntico Norte e o Mediterracircneo o seu espaccedilo de inserccedilatildeo mariacutetima a Peniacutensula

Ibeacuterica enquadra-se nas cercanias de duas grandes massas continentais A jaacute referida Europa e a

Sul o continente Africano com o qual o Estreito de Gibraltar representa a mais curta distacircncia

de transposiccedilatildeo e ainda a porta entre os mares acima designados Esta posiccedilatildeo geograacutefica

permitiu por um lado projectar a Europa no mundo em direcccedilatildeo agraves Ameacutericas e Aacutesia

empregando o caminho mariacutetimo e por outro constituir-se numa espeacutecie de ponte para o

continente Africano

Em termos geomorfoloacutegicos a peniacutensula assemelha-se a ldquoum quadrilaacuteterordquo (FERNANDES et

al 1998 p21) com uma aacuterea com cerca de 589000 km2 cabendo agrave Espanha cerca de 500000

km2 e a Portugal Continental 89106 km2 Eacute uma regiatildeo de planaltos dos mais elevados do

continente europeu entre os quais se destaca Maciccedilo Central Ibeacuterico tambeacutem designada por

Meseta Ibeacuterica Esta tem uma altitude meacutedia de 650 m e uma aacuterea aproximada de 210000 km2

encontrando-se separada na parte central pela Cordilheira Central que a transforma em duas

Submesetas Este grande planalto encontra-se rodeado por vaacuterias planiacutecies costeiras na sua

1 Referecircncia de Amorim Giratildeo a Vidal de La Blanche salientando que se procurarmos em que parte do mundo a Aacutesia a Aacutefrica e a Ameacuterica se aproximam mais uma das outras rapidamente se conclui que eacute na Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

maioria de pequenas dimensotildees das quais se podem destacar a planiacutecie do Ebro a Nordeste a do

Guadalquivir a Sul do Tejo e do Sado a Ocidente

A orientaccedilatildeo geral do conjunto estaacute estabelecida em direcccedilatildeo agrave vertente atlacircntica facto que

determina a direcccedilatildeo dos grandes rios ibeacutericos O Lima o Minho o Douro o Tejo e o Guadiana

satildeo os rios portugueses de maior importacircncia com nascente em Espanha e que vecircm o seu curso

dirigi-los para a respectiva foz no Oceano Atlacircntico Do lado espanhol o Guadalquibir segue a

mesma orientaccedilatildeo no entanto o Ebro eacute o uacutenico rio de grande envergadura que corre sob uma

orientaccedilatildeo Noroeste-Sudeste desaguando no mediterracircneo

A realidade geograacutefica influencia de forma directa o clima peninsular que de uma forma

geral poderaacute ser considerado temperado distinguindo-se entre as vaacuterias regiotildees devido agraves

influecircncias de vaacuterios factores Assim poderemos definir um clima de influecircncia Atlacircntica a

Norte e Noroeste dos Pirineacuteus ateacute agrave Galiza caracterizado por uma fraca oscilaccedilatildeo da

temperatura meacutedia abundacircncia de chuva e ventos soprando do lado do mar De influecircncia

continental na regiatildeo central caracterizado por Invernos frios e prolongados ocorrecircncia de neve

e Verotildees quentes e secos Por uacuteltimo um clima de influecircncia mediterracircnea na regiatildeo Sul

caracterizado por Invernos temperados reduzida pluviosidade e Verotildees muito quentes

A geoetnografia peninsular foi caracterizada pela existecircncia de uma significativa ldquodivisatildeo

socioculturalrdquo (FERNANDES et al 1998 p18) que ao longo de vaacuterios seacuteculos esteve na base

da estruturaccedilatildeo Ibeacuterica Esta divisatildeo seguiu de uma forma geral a orientaccedilatildeo do Sistema Central

que opunha a Norte um ambiente rural e de pastoriacutecio proacuteximo das culturas do Norte da

Europa e a Sul uma cultura urbana e agriacutecola tradicionalmente ligadas agrave cultura mediterracircnea e

africana Foi principalmente nesta regiatildeo que se fez sentir a presenccedila dos colonizadores romanos

e muccedilulmanos com reflexos evidentes nas sociedades que se seguiram

Os traccedilos gerais acima apresentados caracterizam as grandes diferenccedilas no entanto tiveram

reflexos importantes na definiccedilatildeo de particularidades regionais onde assentaram as entidades

autoacutenomas peninsulares Neste princiacutepio de uma forma geral deveremos considerar a

implantaccedilatildeo de catalatildees castelhanos bascos e navarros assim como uma forte influecircncia

mourisca e mediterracircnea na regiatildeo de Valecircncia e de Granada A planiacutecie ocidental esteve na

base tanto do Estado portuguecircs como da autonomia galega Contudo um factor revelou-se de

manifesta importacircncia para o suporte da diferenciaccedilatildeo nacional o aproveitamento do espaccedilo

mariacutetimo tirando partido dos estuaacuterios oferecidos pelos grandes rios peninsulares Este facto foi

determinante para a diferenciaccedilatildeo e a estruturaccedilatildeo de uma identidade proacutepria na qual assentou a

independecircncia nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice E ndash O TRIAcircNGULO ESTRATEacuteGICO PORTUGUEcircS E O EIXO

ESTRATEacuteGICO DA ESPANHA

O Oceano atlacircntico o quadro territorial e a vizinhanccedila com a Espanha representam as

ldquomarcas geneacuteticas de Portugalrdquo (SANTOS 2004 p136) Conjugando as duas primeiras

deparamo-nos com a descontinuidade do territoacuterio nacional que determina a existecircncia do

denominado ldquoTriangulo Estrateacutegico Portuguecircsrdquo (SANTOS 2004 p138) Este eacute definido pelos

veacutertices que se encontram apoiados no territoacuterio continental no arquipeacutelago da Madeira e no

arquipeacutelago dos Accedilores A superfiacutecie total deste espaccedilo enquadrante1 sendo grande parte dele

mariacutetimo representa uma aacuterea com cerca de 2300000 km2 isto eacute 25 vezes superior agraves terras

emersas de Portugal

Os veacutertices definem um espaccedilo estrateacutegico que pela sua posiccedilatildeo geograacutefica designadamente

a sua projecccedilatildeo oceacircnica permite que se constitua num importante ponto de apoio e controlo do

traacutefego mariacutetimo e aeacutereo efectuado entre os diversos continentes inseridos no espaccedilo atlacircntico

assim como das rotas de entrada e saiacuteda do Mar Mediterracircneo Este espaccedilo poderaacute ainda

desempenhar a funccedilatildeo de plataforma de projecccedilatildeo de forccedilas com diversos destinos

Deste vasta aacuterea entendemos dever destacar em primeiro lugar o arquipeacutelago dos Accedilores

que para aleacutem da profundidade que confere ao espaccedilo estrateacutegico portuguecircs representa um

importante e relevante ponto de apoio para os EUA e para a OTAN A Base das Lages tem

desempenhado um papel determinante nas diversas acccedilotildees militares americanas constituindo-se

ainda como pista de aterragem alternativa para aos Vaiveacutem nos regressos dos voos espaciais O

veacutertice seguinte representado pelo arquipeacutelago da Madeira permite controlar os movimentos de

aproximaccedilatildeo provenientes do Norte de Aacutefrica assim como manter sob vigilacircncia os movimentos

ocorridos no Estreito de Gibraltar Por uacuteltimo embora natildeo menos importante o veacutertice

continental que confere a capacidade de projecccedilatildeo de forccedilas constituindo-se tambeacutem numa

retaguarda agraves acccedilotildees desenvolvidas no continente europeu

O Eixo Estrateacutegico da Espanha encontra-se definido pela linha imaginaacuteria que une as Ilhas

Canaacuterias-Estreito de Gibraltar-Ilhas Baleares e representa o uacutenico canal que liga o Mar

Mediterracircneo ao Oceano Atlacircntico Esta linha imaginaacuteria quando prolongada poderaacute atingir os

Paiacuteses da Ameacuterica do Sul que integram a Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees Na sua

funccedilatildeo primaacuteria este eixo permite o controlo sobre o Norte de Aacutefrica assim como de todo o

movimento mariacutetimo e aeacutereo efectuado no mediterracircneo assim como aquele destinado a

1 Janus97 ndash Anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores p 11

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

prosseguir na imensidatildeo do atlacircntico Este eixo poder-se-aacute apoiar nas cidades autoacutenomas de

Ceuta e Melilla localizadas na costa africana contudo juntamente com Gibraltar constituem

uma das questotildees territoriais que a Espanha tem ainda por resolver

Relativamente ao triacircngulo estrateacutegico portuguecircs o eixo estrateacutegico espanhol apresenta-se

ldquodemasiado proacuteximo para se resguardar de ameaccedilas directasrdquo (SANTOS 2004 p139) enquanto

que o espaccedilo portuguecircs ldquoestaacute suficientemente proacuteximo para a partir dele se projectarem forccedilas

e bastante afastado para garantir a seguranccedila relativamente a projecccedilotildees continentaisrdquo

(SANTOS 2004 p136)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice F ndash AS COMUNIDADES AUTOacuteNOMAS E AS PRINCIPAIS ASPIRACcedilOtildeES

1 ANDALUZIA

bull As suas proviacutencias Sevilha Maacutelaga Granada Caacutediz Huelva Almeriacutea e Jaeacuten

bull Pretende

Um novo sistema de participaccedilatildeo regional nas decisotildees do Estado

Uma nova ordenaccedilatildeo territorial

Um espaccedilo fiscal proacuteprio gerido por uma agecircncia tributaacuteria andaluza

2 ARAGAtildeO

bull As suas proviacutencias Saragoccedila Huesca e Teruel

bull Pretende

Novas competecircncias no domiacutenio da justiccedila

Convocar eleiccedilotildees autonoacutemicas fora do calendaacuterio geral

3 ASTUacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Astuacuterias

bull Pretende

A obtenccedilatildeo das competecircncias do Instituto Social da Marinha

A administraccedilatildeo da justiccedila

O PP partido poliacutetico na oposiccedilatildeo pretende uma reforma mais ambiciosa de forma a

equiparar as Astuacuterias agraves comunidades mais avanccediladas em transferecircncias de autonomia

4 BALEARES

bull As suas proviacutencias Maiorca Menorca e Ibiza

bull Pretende

Uma poliacutecia autonoacutemica proacutepria

Novo sistema de financiamento

De uma forma geral pretende que lhe sejam atribuiacutedas o maacuteximo de competecircncias

autonoacutemicas possiacuteveis

5 CATALUNHA

bull As suas proviacutencias Barcelona Tarragona Leacuterida e Gerona

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Uma nova formula de relacionamento com o Estado central

Novo sistema de financiamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nova formula de representaccedilatildeo no Parlamento Europeu

Obter a supervisatildeo do sector bancaacuterio assim como rever o regime de competiccedilatildeo

Sistema de seguranccedila social

A gestatildeo de portos aeroportos e estradas

A capacidade de convocaccedilatildeo de referendos

Esta comunidade autoacutenoma pretende no total a transferecircncia de 88 novas

competecircncias

6 CANAacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Gran Canaacuteria e Tenerife

bull Pretende

A cedecircncia de quarenta novas competecircncias jaacute cedidas pelo Estado

7 CANTAacuteBRIA

bull As suas proviacutencias Cantaacutebria

bull Pretende

A transferecircncia de competecircncias no acircmbito da justiccedila Fundo Especial de Garantia

Agraacuteria Instituto Social da Marinha e Instituto da Mulher

8 CASTELA-LA-MANCHA

bull As suas proviacutencias Toledo Ciudad Real Cuenca Guadalajara e Albacete

bull Pretende

Um novo sistema de financiamento para a sauacutede e a educaccedilatildeo

A administraccedilatildeo da justiccedila

9 CASTELA LEAtildeO

bull As suas proviacutencias Valladolid Leatildeo Salamanca Segoacutevia Palencia Burgos Zamora

bull Pretende

Novas responsabilidades administrativas

A Administraccedilatildeo da justiccedila

A Administraccedilatildeo da aacutegua

10 COMUNIDADE VALENCIANA

bull As suas proviacutencias Valecircncia Alicante Castelloacuten

bull Pretende

Novas direitos de cidadania

Corpo policial autoacutenomo

11 EXTREMADURA

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

bull As suas proviacutencias Caacuteceres Badajoz

bull Pretende

Mais do que as reformas do estatuto proacuteprio pretende que o Estado corrija os

desequiliacutebrios entre as regiotildees ricas e as pobres

Corpo policial autonoacutemico

12 PAIacuteS BASCO

bull As suas proviacutencias Aacutelava Guipuacutezcoa Biscaia

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Um novo modelo de relacionamento com o Estado que preveja a ldquoassociaccedilatildeo livrerdquo

isto eacute tornar voluntaacuteria a associaccedilatildeo ao Estado espanhol

O projecto de reformas foi conhecido pelo ldquoPlano Ibarretxerdquo em alusatildeo ao presidente

do governo do Paiacutes Basco

13 NAVARRA

bull As suas proviacutencias Navarra

bull Pretende

Assumir a competecircncia exclusiva da gestatildeo do tracircnsito

Ver revogada a quarta disposiccedilatildeo transitoacuteria da Constituiccedilatildeo que regula o processo que

os navarros deveriam seguir no caso de decidirem a uniatildeo com o Paiacutes Basco

14 MUacuteRCIA

bull As suas proviacutencias Muacutercia

bull Pretende

Um corpo policial autonoacutemico

Que as alteraccedilotildees nos restantes estatutos salvaguardem a coesatildeo territorial e sejam

limitadas pelos princiacutepios da solidariedade entre autonomias

15 MADRID

bull As suas proviacutencias Madrid

bull Pretende

Como capital do Estado reclama do Governo central uma lei adaptada ao seu estatuto

de capital

Uma nova divisatildeo do mapa eleitoral com dez novas circunscriccedilotildees que permitam aos

madrilenos eleger mais directamente os seus representantes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

16 GALIZA

bull As suas proviacutencias Corunha Lugo Orense Pontevedra

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

A gestatildeo total dos seus portos e aeroportos

A aprovaccedilatildeo de um estatuto que reconheccedila aos galegos o direito de decisatildeo sobre o seu

destino

17 LA RIOJA

bull As suas proviacutencias La Rioja

bull Pretende

A administraccedilatildeo da justiccedila

Um novo modelo de financiamento

Fonte MEIRELES Isabel ndash Expresso Uacutenica (16Abr05)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice G ndash VOTOS ATRIBUIacuteDOS A CADA PAIacuteS NO CONSELHO EUROPEU

Entre 1 de Maio de 2004 e 1 de Novembro de 2004 vigorou um mecanismo provisoacuterio de votaccedilatildeo

Eram necessaacuterios 62 votos (713) para uma deliberaccedilatildeo por maioria qualificada

Passaram a ser considerados necessaacuterios 232 votos (723) para a obtenccedilatildeo da mesma maioria qualificada

Fonte Uniatildeo Europeia

VOTACcedilAtildeO NO CONSELHO EUROPEU

Paiacuteses Membros Ateacute 1 de Maio

de 2004

A partir de 1

de Novembro

de 2004

Alemanha 10 29

Aacuteustria 4 10

Beacutelgica 5 12

Chipre 4

Dinamarca 3 7

Eslovaacutequia 7

Esloveacutenia 4

Espanha 8 27

Estoacutenia 4

Finlacircndia 3 7

Franccedila 10 29

Greacutecia 5 12

Hungria 12

Irlanda 3 7

Itaacutelia 10 29

Letoacutenia 4

Lituacircnia 7

Luxemburgo 2 4

Malta 3

Paiacuteses Baixos 5 13

Poloacutenia 27

Portugal 5 12

Reino Unido 10 29

Repuacuteblica Checa 12

Sueacutecia 4 10

TOTAL 87 321

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice H ndash MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Fonte Uniatildeo Europeia

MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Paiacuteses Membros 1999-2004 2004-2007 2007-2009

Alemanha 99 99 99

Aacuteustria 21 18 18

Beacutelgica 25 24 24

Bulgaacuteria 18

Chipre 6 6

Dinamarca 16 14 14

Eslovaacutequia 14 14

Esloveacutenia 7 7

Espanha 64 54 54

Estoacutenia 6 6

Finlacircndia 16 14 14

Franccedila 87 78 78

Greacutecia 25 24 24

Hungria 24 24

Irlanda 15 13 13

Itaacutelia 87 78 78

Letoacutenia 9 9

Lituacircnia 13 13

Luxemburgo 6 6 6

Malta 5 5

Paiacuteses Baixos 31 27 27

Poloacutenia 54 54

Portugal 25 24 24

Reino Unido 87 78 78

Repuacuteblica Checa 24 24

Romeacutenia 36

Sueacutecia 22 19 19

TOTAL 626 732 786

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice I ndash PROJECTO INTERREG

1 O Projecto INTERREG eacute um programa de iniciativa comunitaacuteria financiado pelo FEDER

2000-2006

2 Princiacutepios Gerais

bull Implemantaccedilatildeo de estrateacutegias conjuntas transfronteiriccedilas transnacionais e programas

de desenvolvimento

bull Aprofundamento de parceiros entre diferentes niacuteveis de administraccedilatildeo com os agentes

econoacutemico-sociais relevantes

bull Coordenaccedilatildeo entre o INTERREG III e os instrumentos de poliacutetica externa da UE

especialmente tendo em vista o seu alargamento

3 Vertentes de Cooperaccedilatildeo

bull Vertente A ndash Cooperaccedilatildeo Transfronteiriccedila

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees fronteiriccedilas vizinhas com o objectivo de desenvolver a

cooperaccedilatildeo econoacutemica e social atraveacutes de estrateacutegias conjuntas e programas de

desenvolvimento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull Vertente B ndash Cooperaccedilatildeo Transnacional

Cooperaccedilatildeo entre grandes grupos de regiotildees europeias com o objectivo de prosseguir

o desenvolvimento e uma maior integraccedilatildeo territorial na UE e com os paiacuteses

candidatos e outros vizinhos

bull Vertente C ndash Cooperaccedilatildeo Inter-regional

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees no territoacuterio da UE e paiacuteses vizinhos para aumentar a

coesatildeo e o desenvolvimento regional mediante a constituiccedilatildeo de redes especialmente

no caso das regiotildees menos desenvolvidas e das regiotildees em reconversatildeo

Fonte http wwwqcaptini_comunitriasinterreghtm1

  • TILD_MAJ GAGO_CEM 04_06
    • 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
      • 111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento
      • 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular
      • 113 A supremacia internacional de Portugal
        • 12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas
        • 13 A questatildeo econoacutemica
        • 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
        • 22 Portugal e Espanha em factos comparados
          • 221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila
          • 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais
          • 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo
          • 224 O mercado de trabalho
          • 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo
            • 23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia
              • 231 O sector energeacutetico
              • 232 A partilha de recursos hiacutedricos
              • 233 O sector bancaacuterio
              • 234 O sector das telecomunicaccedilotildees
                • 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica
                  • 311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE
                  • 312 O relacionamento econoacutemico
                  • 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia
                    • 32 A Alianccedila Atlacircntica
                    • 33 Os espaccedilos regionais
                      • 331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa
                      • 332 O Mediterracircneo e o Magreb
                      • 333 A Ibero-Ameacuterica
                        • 41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia
                        • 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                        • 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                          • 431 O modelo tradicional de relacionamento
                          • 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo
                            • 44 A resposta de Portugal
                            • BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES
                              • Anexos
                                • Capa Anexos
                                • Anexo AA_Consumo de Energia Primaacuteria_2002
                                • Anexo AB_Consumo de Energia Final_2000
                                • Anexo AC_Rede Ibeacuterica de Gaacutes Natural
                                • Anexo AD_Principais Bancos Ibeacutericos
                                • Anexo AE_PIB per capita por PPC
                                • Anexo AF_Investimento Directo Bilateral
                                • Anexo AG_NATO Command Operations_NCA
                                • Anexo AH_NATO Command Structure_ACO
                                • Anexo B_Comeacutercio Externo da Espanha por Zonas Geograacuteficas
                                • Anexo C_O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional
                                • Anexo D_Populaccedilatildeo_2001
                                • Anexo E_Densidade Populacional_2003
                                • Anexo F_Densidade Populacional na Peniacutensula_2001
                                • Anexo G_Projecccedilotildees da Populaccedilatildeo na Peniacutensula Ibeacuterica
                                • Anexo H_Piracircmide Etaacuteria_2003
                                • Anexo I_Relaccedilatildeo Natalidade_Mortalidade
                                • Anexo J_Taxa de Abandono Escolar
                                • Anexo K_Populaccedilatildeo Feminina que Frequenta Ensino Superior_200
                                • Anexo L_Despesa Puacuteblica em Educaccedilatildeo_2001
                                • Anexo M_Alojamentos com Computador_2002
                                • Anexo N_Populaccedilatildeo Empregada por Sector de Actividade_2003
                                • Anexo O_Valor VAB Sector Acvtividade Por_2001
                                • Anexo P_Valor PIB Sector Acvtividade Esp_2003
                                • Anexo Q_Taxa de Actividade Feminina_2003
                                • Anexo R_Taxa de Desemprego_2003
                                • Anexo S_Dias natildeo trabalhados devido a greves
                                • Anexo T_Taxa de Crescimento do PIB a Preccedilos Constantes
                                • Anexo U_PIB Per Capita a Preccedilos Correntes
                                • Anexo V_PIB Per capita a preccedilos correntes regiotildees_2002
                                • Anexo W_Principais Parceiros Comerciais de Portugal_2003
                                • Anexo X_Principais Parceiros Comerciais da Espanha_2003
                                • Anexo Y_Trocas comerciais com a UE 15
                                • Anexo Z_Produtos mais inportantes trocas comerciais_2003
                                  • Apecircndices
                                    • Capa Apecircndices
                                    • Apecircndice A_Sintese histoacuterica da Espanha
                                    • Apecircndice B_Sintese histoacuterica de Portugal
                                    • Apecircndice C_Cronologia dos acontecimentos + importantes
                                    • Apecircndice D_A Geografia e Geoetnografia da Peniacutensula Ib
                                    • Apecircndice E_O Triangulo Estrateacutegico PO vs Eixo Est ESP
                                    • Apecircndice F_As 17 Comunidades Autoacutenomas e Aspiraccedilotildees
                                    • Apecircndice G_Votos no Conselho Europeu
                                    • Apecircndice H_Votos no Parlamento Europeu
                                    • Apecircndice I_Projecto INTERREG
                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA
                                          IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
                                          CURSO DE ESTADO-MAIOR 0406
                                          TRABALHO INDIVIDUAL DE LONGA DURACcedilAtildeO

                                          Rui Pedro Magro do Gago
                                          Major de Artilharia

                                          Bom dia meus senhores sou o Major de Artilharia Rui Gago e cabe-me hoje a mim efectuar a apresentaccedilatildeo do Trabalho Individual de Longa Duraccedilatildeo que me foi proposto subordinado ao tema ldquoA Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionaisrdquo

                                          Ao analisarmos a longa histoacuteria destas duas jaacute velhas naccedilotildees podemos constatar que na maior parte do tempo a sua matriz de relacionamento eacute muito bem caracterizada pela jaacute famosa expressatildeo ldquode costas voltadasrdquo

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          ATEacute

                                          1985

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          DIVERGEcircNCIA

                                          E DESCONFIANCcedilA

                                          NECESSIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          ESTRATEacuteGICA

                                          MATRIZ

                                          DE

                                          RELACIONAMENTO

                                          IMPOSSIBILIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          EXPLIacuteCITA

                                          CONVIVEcircNCIA

                                          E QUEBRA

                                          DE RECEIOS

                                          APOacuteS

                                          1985

                                          Eacute no entanto notoacuterio que esta mesma matriz de relacionamento sofreu uma significativa alteraccedilatildeo a partir do momento em que os dois paiacuteses passaram a partilhar o mesmo espaccedilo econoacutemico e de defesa Pretendo referir-me agrave Comunidade Econoacutemica Europeia e agrave Alianccedila Atlacircntica

                                          Atendendo a que a Espanha aderiu agrave OTAN em 1982 e os dois em simultacircneo assinaram o Tratado de adesatildeo CEE em 1985 vamos considerar esta uacuteltima data como o ponto de referecircncia para a viragem

                                          Assim ateacute 1985 os traccedilos fundamentais desta relaccedilatildeo assentavam numa permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico relativamente agrave Espanha mantendo como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Esta era a base para a postura de divergecircncia e de desconfianccedila que condicionou o relacionamento entre os dois paiacuteses

                                          Apoacutes 1985 a partilha destes dois grandes espaccedilos econoacutemico e de defesa determinou a Portugal a impossibilidade de recorrer a uma diferenciaccedilatildeo estrateacutegica expliacutecita

                                          Eacute a partir deste momento que a realidade do relacionamento passa permitir a convivecircncia bilateral que anteriormente apenas se enquadrava no acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico e agora se alargava aos domiacutenios econoacutemico comercial e cultural

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          Prof Doutor Adriano Moreira

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Julgo que evoluccedilatildeo exposta no slide anterior se encontra muito bem retratada por esta frase proferida pelo Professor Adriano Moreira

                                          Surge de facto um novo paradigma de relacionamento neste caso no plano peninsular

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          IMPORTAcircNCIA DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Neste contexto ambos os paiacuteses integram os mesmos espaccedilos poliacutetico econoacutemico e de defesa

                                          E nelas querendo fazer valer os seus interesses assim como contribuir para as sinergias que concorram para a consecuccedilatildeo dos interesses globais destas Instituiccedilotildees

                                          Consideraacutemos pois ser de toda a pertinecircncia avaliar se em face deste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico em que medida os caminhos de ambos os Estados poderatildeo ser comuns ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular poderatildeo determinar a Portugal a necessidade de procurar uma orientaccedilatildeo oposta mantendo-se desta forma a tendecircncia da histoacuteria

                                          ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          SEacuteCULO XX

                                          POLIacuteTICA

                                          EXTERNA

                                          UEOTAN

                                          ESPACcedilOS

                                          REGIONAIS

                                          BILATERAL

                                          FACTORES

                                          DE

                                          DEPENDEcircNCIA

                                          Em face da vastidatildeo do objecto decidimos delimitar o estudo no acircmbito temporal ao seacuteculo XX enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees tomadas no seio da UE e da OTAN natildeo deixando contudo de fazer uma referecircncia embora breve aos espaccedilos regionais preferenciais de cada um dos paiacuteses

                                          No plano bilateral vamos abordar a existecircncia de alguns factores que poderatildeo determinar alguma dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

                                          METODOLOGIA

                                          • Pesquisa bibliograacutefica
                                              • Consulta de jornais e revistas
                                                  • Consulta de siacutetios da Internet
                                                      • Realizaccedilatildeo de entrevistas
                                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          A metodologia empregue versou fundamentalmente na pesquisa em vaacuterias fontes onde se incluiu a realizaccedilatildeo de algumas entrevistas efectuadas a personalidades que desenvolveram conhecimentos nesta aacuterea

                                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                          QUESTAtildeO CENTRAL

                                                          Para a resoluccedilatildeo do problema proposto definimos a seguinte Questatildeo Central

                                                          Eacute a partir dela que todo o trabalho foi desenvolvido procurando obter uma resposta clara e sustentada

                                                          ldquoPoderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo

                                                          AGENDA

                                                          • Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses
                                                              • A coabitaccedilatildeo internacional
                                                                  • Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha
                                                                      • Conclusotildees e recomendaccedilotildees
                                                                          • Introduccedilatildeo
                                                                              • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento
                                                                                • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                  Assim sendo proponho uma agenda constituiacuteda pelos seguintes pontos

                                                                                  • No primeiro pretendemos efectuar o enquadramento histoacuterico do relacionamento bilateral Desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da CEE e da OTAN
                                                                                  • No segundo pretendemos apresentar as duas realidades peninsulares
                                                                                  • No terceiro abordamos a questatildeo da coabitaccedilatildeo internacional
                                                                                  • No quarto
                                                                                  • No quinto e uacuteltimo ponto
                                                                                    • Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                      Iniacutecio do seacuteculo XX

                                                                                      Desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal

                                                                                      Aproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e Inglaterra

                                                                                      Possessotildees espanholas em Aacutefrica

                                                                                      Aproximaccedilatildeo de Portugal agrave Alemanha determinada pela necessidade de manter uma acircncora externa diferenciada da do vizinho peninsular

                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                        • Os primeiros anos do seacuteculo XX trouxeram-nos outro facto curioso as possessotildees espanholas em Aacutefrica motivaram o interesse alematildeo tendo em vista o controle do mediterracircneo ocidental

                                                                                          Este facto esteve na origem da aproximaccedilatildeo entre ingleses franceses e espanhoacuteis (culminando com a assinatura de acordos com ambos os paiacuteses (1907 Cartagena1906 Algeciras-1912 correcccedilatildeo)) assumindo assim as mesmas alianccedilas extrapeninsulares que Portugal

                                                                                          Apesar de ter sido afirmado o contraacuterio existem documentos que sustentam a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal perante a Inglaterra que passou a considerar a Espanha estrategicamente e militarmente mais importante do que Portugal Deixavam no entanto uma ressalva relativamente agraves ilhas atlacircnticas que natildeo deveriam cair em matildeos de qualquer potecircncia hostil a Londres

                                                                                          Eacute neste contexto que Portugal procura outra acircncora externa que permitisse manter a sua identidade a sua independecircncia e o diferenciasse do vizinho peninsular O papel passa a ser desempenhado pela Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a possibilidade de instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas accedilorianas

                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                          • Questatildeo colonial
                                                                                            • Beligeracircncia portuguesa

                                                                                              Neutralidade da Espanha

                                                                                              Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a notoriedade internacional pretendida

                                                                                              • Questatildeo peninsular
                                                                                                  • Afirmaccedilatildeo do regime
                                                                                                    • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                        • Outro dos acontecimentos que nos permitem visualizar muito bem a forma como as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionaram as opccedilotildees portuguesas neste modelo de relacionamento eacute a IGM

                                                                                                          Este foi o momento que permitiu a Portugal regressar ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                          A opccedilatildeo da Espanha pela neutralidade conferia ao nosso Paiacutes uma excelente oportunidade de conseguir a tatildeo necessaacuteria diferenciaccedilatildeo e ainda procurar a notoriedade internacional que lhe permitisse por um lado estar presente na Conferecircncia de Paz e por outro ter assento no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

                                                                                                          Foi contudo inesperado o reveacutes que se seguiu

                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                                          Conferecircncia de Paz em Paris

                                                                                                          ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido (hellip)rdquo

                                                                                                          Franco Nogueira

                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                            • Apesar de todo o esforccedilo portuguecircs junto dos seus histoacutericos aliados foi a Espanha a escolhida para integrar o Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees em representaccedilatildeo dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                              A guerra civil espanhola

                                                                                                              ldquo(hellip) vitoacuteria do exeacutercito espanhol ou implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo

                                                                                                              Franco Nogueira

                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                              • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                • Portugal desenvolve intensa

                                                                                                                  actividade diplomaacutetica

                                                                                                                  Apoio portuguecircs

                                                                                                                  aos nacionalistas

                                                                                                                  Outro dos acontecimentos do seacuteculo a que Portugal teve que fazer face foi a Guerra Civil espanhola

                                                                                                                  Este conflito opocircs os partidaacuterios do regime republicano apoiados pela esquerda espanhola aos nacionalistas apoiados pela direita

                                                                                                                  Em Portugal decorria jaacute periacuteodo do Estado Novo para quem a vitoacuteria da esquerda representava um duplo perigo o revolucionaacuterio associado agrave provaacutevel implantaccedilatildeo do comunismo em Espanha e o consequente alastramento a Portugal e o iberista associado agraves ideias de integraccedilatildeo de Portugal na Espanha

                                                                                                                  Por esta razatildeo Portugal acabou por desempenhar um papel significativo apoio aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo Francisco Franco contribuindo decisivamente para a implantaccedilatildeo do regime autoritaacuterio liderado por Franco

                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                  II Guerra Mundial

                                                                                                                  Impedir as

                                                                                                                  tendecircncias iberistas

                                                                                                                  Espanholas

                                                                                                                  Contribuir para a

                                                                                                                  neutralidade

                                                                                                                  peninsular

                                                                                                                  O Pacto Peninsular

                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                  • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                    • A ordem cronoloacutegica dos acontecimentos levam-nos ateacute agrave II Guerra Mundial e agrave intenccedilatildeo dos responsaacuteveis de ambos os Estados peninsulares de manterem os respectivos paiacuteses neutrais relativamente ao conflito Uma neutralidade provavelmente mais importante para a Espanha que tiha saiacutedo de um devastador conflito interno nesse sentido eacute proposta a Portugal a assinatura de um pacto de natildeo agressatildeo que contribuiu de forma decisiva para a garantia dessa neutralidade e segundo Oliveira Salazar impedia tambeacutem as tendecircncias iberistas espanholas

                                                                                                                      O desenrolar dos acontecimentos permitiu a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da Peniacutensula e a manutenccedilatildeo do estatuto de neutralidade apresar de tanto Portugal como a Espanha manterem os respectivos alinhamentos estrateacutegicos

                                                                                                                      I Fase

                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                      O Poacutes II Guerra Mundial

                                                                                                                      Novo

                                                                                                                      enquadramento

                                                                                                                      estrateacutegico

                                                                                                                      mundial

                                                                                                                      Isolamento

                                                                                                                      internacional

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      integra

                                                                                                                      a OTAN

                                                                                                                      Diferenciaccedilatildeo

                                                                                                                      efectiva de

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      assume

                                                                                                                      representatividade

                                                                                                                      ibeacuterica

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      uacutenica porta

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      para o mundo

                                                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                        • O relacionamento ibeacuterico no periacuteodo poacutes II Guerra Mundial eacute enquadrado por trecircs factores importantes o primeiro eacute o novo quadro estrateacutegico de onde emergiram os dois protagonistas os EUA e a Ruacutessia em segundo lugar o convite endereccedilado a Portugal para integrar a OTAN este uacuteltimo com grande impacto no relacionamento peninsular dado que Franco ao ver a Espanha excluiacuteda se apressou a impedir a adesatildeo de Portugal ao Pacto Atlacircntico afirmando a incompatibilidade com o Pacto Peninsular e finalmente o isolamento imposto pela comunidade internacional agrave Espanha tanto pela postura tida durante a II GM como pela natureza autoritaacuteria do regime

                                                                                                                          Portugal conseguia nesta I Fase do poacutes-guerra afirmar a sua diferenciaccedilatildeo efectiva relativamente agrave Espanha assumindo a representatividade ibeacuterica junto da comunidade internacional o que o transformou na uacutenica porta da Espanha para o mundo

                                                                                                                          II Fase

                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                          Guerra Fria

                                                                                                                          Adesatildeo

                                                                                                                          dos paiacuteses

                                                                                                                          agrave ONU

                                                                                                                          Pressatildeo

                                                                                                                          internacional

                                                                                                                          sobre Portugal

                                                                                                                          Fim da

                                                                                                                          dependecircncia

                                                                                                                          espanhola

                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                          Afastamento

                                                                                                                          do processo

                                                                                                                          de integraccedilatildeo

                                                                                                                          europeia

                                                                                                                          Alteraccedilatildeo

                                                                                                                          da natureza

                                                                                                                          dos regimes

                                                                                                                          1974 e 1975

                                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                            • O periacuteodo que se seguiu ao ano de 1949 foi caracterizado pelo progressivo fim da dependecircncia espanhola de Portugal inicialmente com os acordos firmados em 1949 e 1953 com os EUA e finalmente efectivado apoacutes o ingresso de ambos em simultacircneo na ONU em 1955

                                                                                                                              A partir deste instante os papeis invertiam-se e Portugal entrava agora num periacuteodo de isolamento internacional no qual a questatildeo colonial motivava a pressatildeo exercida sobre o paiacutes por parte da comunidade internacional

                                                                                                                              Contudo foi a natureza de ambos os regimes que determinou o afastamento do processo de adesatildeo agrave CEE

                                                                                                                              Os anos de 1974 e 1975 marcaram respectivamente em Portugal e na Espanha o final de um ciclo poliacutetico proporcionando as condiccedilotildees para todas as alteraccedilotildees que viriam a ocorrer

                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                              • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                  O relacionamento econoacutemico bilateral

                                                                                                                                  Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                  Uma palavra sobre o relacionamento econoacutemico neste periacuteodo que nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica faria supor

                                                                                                                                  Analisando os valores relativos agraves trocas comerciais neste periacuteodo poderemos constatar os valores satildeo quase insignificantes

                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                                  • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      A internacionalizaccedilatildeo das economias

                                                                                                                                      Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                      ESPANHA

                                                                                                                                      PORTUGAL

                                                                                                                                      Curioso seraacute ver a forma diferenciada como cada um procurou efectuar a internacionalizaccedilatildeo econoacutemica enquanto a Espanha opta por diversificar os seus parceiros econoacutemicos para os paiacuteses da Ameacuterica Latina paiacuteses Aacuterabes e da Europa de Leste

                                                                                                                                      Portugal no quadro do relacionamento Luso-Britacircnico opta pelos Europeus nomeadamente pela adesatildeo agrave EFTA que lhe permitia resguardar a questatildeo colonial

                                                                                                                                      O relacionamento econoacutemico bilateral eacute significativamente incrementado apoacutes a assinatura do tratado de adesatildeo agrave CEE em 1985 (5-19) e (1-5)

                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      Matriz de Identidade

                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                        • Aquilo que muitos designam por ldquofatalidade geograacuteficardquo natildeo define por si soacute todas as vertentes que compotildeem a matriz de identidade dos dois paiacuteses Assim ambos se encontram inseridos na realidade europeia Para aleacutem da inserccedilatildeo geograacutefica contribuem para esta identificaccedilatildeo a realidade poliacutetica econoacutemica e cultural E foi este o caminho escolhido pelos dois paiacuteses quando decidiram abraccedilar o projecto de construccedilatildeo europeu

                                                                                                                                          Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa os dois paiacuteses vivem hoje uma situaccedilatildeo de partilha de interesses integrando a OTAN e participando activamente no desenvolvimento e implementaccedilatildeo da poliacutetica externa e de seguranccedila do espaccedilo europeu Eacute atraveacutes destas instituiccedilotildees que Portugal e Espanha pretendem enquadrar-se na actual realidade geopoliacutetica e geoestrateacutegica dando o seu contributo para a actual noccedilatildeo de seguranccedila e defesa parilhadas

                                                                                                                                          As caracteriacutesticas mediterracircnicas de ambos encontram-se tambeacutem visivelmente vincadas na respectiva matriz de identidade Apesar de incidirem de forma mais visiacutevel no paiacutes vizinho por razotildees geograacuteficas e histoacutericas tambeacutem Portugal poderaacute reclamar para si uma boa parte dessas caracteriacutesticas jaacute que se encontra implantado ldquoagraves portas do mediterracircneordquo

                                                                                                                                          Neste acircmbito o Norte de Aacutefrica eacute tambeacutem responsaacutevel por uma boa parte da identidade dos paiacuteses peninsulares Novamente o factor histoacuterico aliado ao factor de proximidade geograacutefica determinaram influecircncias significativas no desenvolvimento da identidade de portugueses e espanhoacuteis

                                                                                                                                          O Mediterracircneo e o Magreb satildeo de facto duas regiotildees de particular interesse geopoliacutetico e geoestrateacutegico tanto por serem regiotildees associadas a focos de instabilidade como pela preocupaccedilatildeo causada por outras questotildees associadas sendo exemplo a dependecircncia energeacutetica ou as questotildees relativas agrave emigraccedilatildeo ilegal

                                                                                                                                          Na referecircncia agrave Matriz de Identidade de cada um dos Estados peninsulares natildeo poderiam faltar as afinidades histoacutericas linguiacutestica e cultural que permaneceram ao longo dos seacuteculos apesar do afastamento geograacutefico

                                                                                                                                          Relativamente a Portugal refiro-me agrave CPLP Organizaccedilatildeo na qual o Paiacutes deveraacute desempenhar um papel cada vez mais importante na defesa e afirmaccedilatildeo da cultura e da liacutengua Para aleacutem de outras aacutereas de interesse comum

                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha refiro-me agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees que eacute de facto apesar de Portugal tambeacutem estar presente um espaccedilo preferencialmente seu

                                                                                                                                          Sistemas

                                                                                                                                          Poliacuteticos

                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                          Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                          Administrativa

                                                                                                                                          A Realidade Comparada

                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                          • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                            • No estudo que elaboraacutemos consideraacutemos pertinente efectuar uma comparaccedilatildeo entre as duas realidades peninsulares e para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que nos permitiratildeo visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados

                                                                                                                                              Os sistema poliacuteticos actualmente sistemas democraacuteticos apresentam contudo naturezas distintas Enquanto que Portugal manteve um sistema de cariz republicano agora na sua forma semi-presidencialista no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica A Espanha optou por um sistema monaacuterquico parlamentar

                                                                                                                                              Tambeacutem a organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais demonstram diferenccedilas significativas Poderemos recordar que Portugal se encontra dividido em 18 distritos e duas regiotildees autoacutenomas e apesar de se constituir como um Estado unitaacuterio prevecirc algum grau de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa

                                                                                                                                              A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas e duas cidades (Ceuta e Melilla) agraves quais tambeacutem lhes foi atribuiacutedo um estatuto de autonomia Estas comunidades possuem um significativo estatuto autonoacutemico muito superior ao conferido agraves nossas regiotildees autoacutenomas

                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                              A Realidade Comparada

                                                                                                                                              Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                              • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                • Os dados demograacuteficos fazem-nos salientar o diferencial de populaccedilatildeo

                                                                                                                                                  E ainda a tendecircncia decrescente da populaccedilatildeo portuguesa ateacute 2040 em contraponto com a tendecircncia de crescimento da populaccedilatildeo espanhola

                                                                                                                                                  Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                  A Realidade Comparada

                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                  • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      Relativamente ao mercado de trabalho verificamos que existe uma coincidecircncia no sector que mais emprego daacute agrave populaccedilatildeo de cada um dos paiacuteses

                                                                                                                                                      As economias de ambos encontram-se baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos

                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      A Realidade Comparada

                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                        • Apoacutes a adesatildeo agrave CEE uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia eacute sem duacutevida a integraccedilatildeo econoacutemica As trocas comerciais foram significativamente incrementadas e na actualidade a Espanha tornou-se no nosso principal parceiro econoacutemico e comercial

                                                                                                                                                          Contudo a balanccedila da hegemonia pendeu para o lado espanhol eacute um paiacutes muito mais poderoso com uma populaccedilatildeo quatro vezes mais numerosa e uma economia que multiplica por cinco a portuguesa

                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                          • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Fonte AIE Energi Policies of IEA Countrties 2002 Review

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              630

                                                                                                                                                              Hiacutedrica 40

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 80

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 90

                                                                                                                                                              Carvatildeo 160

                                                                                                                                                              Carvatildeo 170

                                                                                                                                                              Nuclear 130

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 120

                                                                                                                                                              Hiacutedrica

                                                                                                                                                              20

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 40

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              520

                                                                                                                                                              O Sector Energeacutetico

                                                                                                                                                              Assentando ambas as economias fundamentalmente no sector dos serviccedilos consideraacutemos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de actividade que constituem a estrutura base do sector Pretendemos referir-nos no acircmbito bilateral ao Sector Energeacutetico ao Sector Bancaacuterio e ao Sector das Telecomunicaccedilotildees aos quais acrescentamos a questatildeo da Partilha de Recursos Hiacutedricos pela importacircncia que assume neste contexto

                                                                                                                                                              Esta questatildeo eacute de facto uma questatildeo de grande sensibilidade e que deveraacute ocupar um lugar de destaque nas preocupaccedilotildees dos responsaacuteveis do nosso paiacutes

                                                                                                                                                              Em primeiro lugar ndash porque a dimensatildeo do mercado energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao nosso E aqui recordo a oferta puacuteblica de aquisiccedilatildeo efectuada pela Gaacutes Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu de energia

                                                                                                                                                              Em segundo lugar ndash pela maior dependecircncia que Portugal apresenta relativamente aos produtos petroliacuteferos ficando mais exposto agraves consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos Em contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de maior diversidade de opccedilotildees jaacute que recorreu agrave energia nuclear

                                                                                                                                                              Por uacuteltimo ndash a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do territoacuterio portuguecircs a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante a importaccedilatildeo

                                                                                                                                                              EVIDENTE DEPENDEcircNCIA

                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Transvazes

                                                                                                                                                              A Partilha de Recursos Hiacutedricos

                                                                                                                                                              SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da Aacutegua

                                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                              • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                • Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica foi soberana e determinou que 5 dos principais rios portugueses tivessem a sua nascente em Espanha

                                                                                                                                                                  Se duacutevidas houvesse quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial que previa a realizaccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais para aacutereas onde os espanhoacuteis entendessem existir um deacutefice hiacutedrico

                                                                                                                                                                  Foi a forte pressatildeo do governo portuguecircs e alguma pressatildeo interna motivou a alteraccedilatildeo do programa e em 2001 foi apresentado outra versatildeo deste Plano que apenas prevecirc a realizaccedilatildeo de transvazes de rios espanhoacuteis

                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                  O Sector Bancaacuterio

                                                                                                                                                                  Fonte CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

                                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                  • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                    • O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo quatro vezes superior ao mercado nacional Este facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos nacionais

                                                                                                                                                                      A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tecircm decorrido a um ritmo acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso paiacutes

                                                                                                                                                                      De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos dizer que seis anos dos lucros do BSCH ou do BBVA eram suficientes para em 2000 adquirir o BCP

                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                      O Sector das Telcomunicaccedilotildees

                                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                      • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                        • Relativamente ao sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as suas congeacuteneres espanholas

                                                                                                                                                                          Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a Espanhola TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere espanhola

                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                          Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                          A Adesatildeo

                                                                                                                                                                          Interno

                                                                                                                                                                          A irreversibilidade do processo democraacutetico

                                                                                                                                                                          A modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social

                                                                                                                                                                          Diversidade de relacionamento externo

                                                                                                                                                                          Aproximaccedilatildeo dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                          Externo

                                                                                                                                                                          Objectivos

                                                                                                                                                                          A procura de um estiacutemulo externo para o

                                                                                                                                                                          desenvolvimento da economia

                                                                                                                                                                          A procura de uma acircncora externa

                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                          • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                            • O processo de adesatildeo teve para os dois paiacuteses um duplo significado

                                                                                                                                                                              No plano interno ndash representava a irreversibilidade do processo democraacutetico e a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social que seguiram a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental

                                                                                                                                                                              No plano externo ndash representava novas oportunidades de relacionamento que os aproximaria dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                              Este duplo significado encontra-se directamente relacionado com os objectivos definidos para o meacutedio e longo prazo salientados pelo Professor Doutor Hernacircni Lopes ldquoo novo e o de semprerdquo

                                                                                                                                                                              O novo ndash fazendo alusatildeo agrave necessidade de proporcionar um estiacutemulo exterior agrave economia portuguesa que a obrigasse a desencadear as alteraccedilotildees estruturais de que carecia

                                                                                                                                                                              O objectivo de sempre ndash pretendia aludir agrave histoacuterica necessidade portuguesa de procurar afirmar a sua individualidade atraveacutes de um apoio externo

                                                                                                                                                                              Divergecircncia

                                                                                                                                                                              Integraccedilatildeo

                                                                                                                                                                              Poliacutetica

                                                                                                                                                                              Maioria

                                                                                                                                                                              Qualificada

                                                                                                                                                                              PESC

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Supranacionalidade

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Poderes

                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                              Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                              Convergecircncia

                                                                                                                                                                              Coesatildeo

                                                                                                                                                                              Econoacutemica

                                                                                                                                                                              Social

                                                                                                                                                                              Moeda

                                                                                                                                                                              Uacutenica

                                                                                                                                                                              Cidadania

                                                                                                                                                                              Europeia

                                                                                                                                                                              Tratado

                                                                                                                                                                              Constitucional

                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                              • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                • Portugal e Espanha mantiveram contudo posicionamentos estruturalmente divergentes no decurso da construccedilatildeo europeia

                                                                                                                                                                                  Agraves opccedilotildees espanholas frequentemente associadas agraves alematildes e francesas de reforccedilo da supranacionalidade ateacute agrave aceitaccedilatildeo de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e da convicccedilatildeo da necessidade de uma maior integraccedilatildeo da poliacutetica externa comum Portugal opunha-se contrariando a necessidade de aprofundamento da integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas pela OTAN A estas divergecircncias juntar-se-ia mais tarde a questatildeo da votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC

                                                                                                                                                                                  No entanto existiram assuntos que permitiram a convergecircncia de posturas que levou ao desenvolvimento de um esforccedilo comum Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social de cidadania europeia e do projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica

                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                  A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                  A Poleacutemica

                                                                                                                                                                                  Adesatildeo de

                                                                                                                                                                                  Portugal

                                                                                                                                                                                  A Questatildeo Espanhola

                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                  • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                    • Relativamente agrave OTAN e ao processo de adesatildeo de Portugal ele despertou uma acesa poleacutemica provocada pela questatildeo espanhola e a oposiccedilatildeo que desencadeou para impedir a adesatildeo de Portugal factos que jaacute anteriormente referi

                                                                                                                                                                                      Era curiosa a postura portuguesa Finalmente atingia a diferenciaccedilatildeo absoluta que colocava o paiacutes numa situaccedilatildeo de supremacia no contexto peninsular contudo tudo fez para que a Espanha pudesse aderir ao Pacto e integrar o mesmo quadro de alianccedilas Esta posiccedilatildeo aparentemente estranha encontrava a justificaccedilatildeo na forma como o Presidente do Conselho encarava a seguranccedila do Paiacutes e da Europa Ocidental Assim justificava a sua posiccedilatildeo por 3 factores O primeiro relacionava-se com o vazio estrateacutegico que a ausecircncia da Espanha provocava o segundo relacionava-se com a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia proporcionar e por uacuteltimo dizia que a adesatildeo portuguesa teria significados distintos caso a Espanha estivesse ou natildeo presente no Pacto A preocupaccedilatildeo era a influecircncia sovieacutetica e as consequecircncias que poderiam advir para Portugal no caso da Espanha decidir a aproximaccedilatildeo ao Bloco oposto

                                                                                                                                                                                      A questatildeo foi amenizada atraveacutes do relacionamento bilateral com os EUA que proporcionaram agrave Espanha a possibilidade de ainda em 1949 assinarem um acordo de cooperaccedilatildeo reafirmado em 1953

                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                      A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                      As

                                                                                                                                                                                      Prioridades

                                                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                                                                                      A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                      • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                        • ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de intereacutes prioritariordquo

                                                                                                                                                                                          Directiva de Defensa Nacional 12004

                                                                                                                                                                                          ldquoO sistema de seguranccedila e defesa de Portugal tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo

                                                                                                                                                                                          Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

                                                                                                                                                                                          Neste contexto se algum receio pudesse subsistir de Portugal poder cair outra vez numa situaccedilatildeo de desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica em favor da Espanha este receio natildeo encontrou correspondecircncia na praacutetica O interesse geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses reflectidos de certa forma na permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa importacircncia

                                                                                                                                                                                          Apesar da seguranccedila partilhada ser um conceito assumido por ambos contudo os documentos que determinam as directivas estrateacutegicas de defesa nacional atribuem um grau de prioridade diferente ao papel a desempenhar por cada um no seio da Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                          Enquanto que para a Espanha eacute clara a prioridade europeia

                                                                                                                                                                                          Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma diferente bem expressa na redacccedilatildeo do CEDN Sendo clara a tendecircncia atlacircntica

                                                                                                                                                                                          Este facto permite concluir que apesar de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas podem assumir orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas diferenciadas

                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                          • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

                                                                                                                                                                                              Espaccedilo

                                                                                                                                                                                              Geograacutefico

                                                                                                                                                                                              Multicontinental

                                                                                                                                                                                              Descontiacutenuo

                                                                                                                                                                                              Partilha

                                                                                                                                                                                              de Seacuteculos

                                                                                                                                                                                              de Histoacuteria

                                                                                                                                                                                              Identidade

                                                                                                                                                                                              Cultural

                                                                                                                                                                                              Proacutepria

                                                                                                                                                                                              Mesma

                                                                                                                                                                                              Liacutengua

                                                                                                                                                                                              Oficial

                                                                                                                                                                                              Comunhatildeo

                                                                                                                                                                                              de

                                                                                                                                                                                              Interesses

                                                                                                                                                                                              Representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo geograacutefico multicontinental e descontiacutenuo No entanto pensamos que as eventuais desvantagens que poderatildeo decorrer deste facto satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que permitiram estabelecer uma identidade cultural proacutepria que eacute alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial e que no seu conjunto permite estabelecer uma significativa comunhatildeo de interesses

                                                                                                                                                                                              Este eacute sem duacutevida o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da OTAN Acrescendo o facto de ser o uacutenico paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE

                                                                                                                                                                                              Estes factos poderatildeo contribuir para colocar o Paiacutes como principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil

                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              Ibero-Ameacuterica

                                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                              • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                • A Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a capacidade de intervenccedilatildeo portuguesa ao Brasil

                                                                                                                                                                                                  A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos do paiacutes Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global no entanto estabelecem associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                  O Mediterracircneo e o Magreb

                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                  OTAN

                                                                                                                                                                                                  Processo de Barcelona

                                                                                                                                                                                                  Diaacutelogo

                                                                                                                                                                                                  para o Mediterracircneo

                                                                                                                                                                                                  Multilateral

                                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                                  • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                    • Eacute uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e sobre a qual Portugal e Espanha partilham da preocupaccedilatildeo da comunidade internacional no entanto eacute sobre o Magreb que concentram a sua principal atenccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      A instabilidade poliacutetica e de seguranccedila a questatildeo religiosa o fraco desenvolvimento econoacutemico e social aliado agrave proximidade geograacutefica e ao facto da Espanha possuir neste territoacuterio duas cidadeshellip justificam esta preocupaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      Os fluxos migratoacuterios em busca da seguranccedila e da prosperidade transformam os paiacuteses da peniacutensula na porta de entrada para no espaccedilo europeu a que se junta a questatildeo da seguranccedila sobre o gasoduto euro-magrebino que abastece de gaacutes natural a Peniacutensula Ibeacuterica

                                                                                                                                                                                                      Para aleacutem do relacionamento bilateral existem espaccedilos privilegiados de acircmbito multilateral para estabelecer conversaccedilotildees com estes paiacuteses Queremos referir-nos no acircmbito da OTAN ao Diaacutelogo para o Mediterracircneo e no acircmbito da UE o processo de Barcelona que agora viu realizada mais um encontro

                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                      ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX haacute sido justamente estar ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      ldquoEs que laacute OTAN es el instrumento baacutesico fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos con Europa (hellip) Debemos ir maacutes allaacute del simples compomisso de intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes estrateacutegicos e de seguridadrdquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                      • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                        • A Espanha

                                                                                                                                                                                                          Quando decidimos passar em revista as opccedilotildees de poliacutetica-externa dos dois paiacuteses optaacutemos por fazecirc-lo nesta uacuteltima deacutecada isto eacute desde 1996 ateacute agrave realidade poliacutetica actual Porquecirc Porque incidindo primeiramente a anaacutelise sobre a realidade espanhola pudemos dispor de dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica oposta com prioridades distintas que nos permitiram analisar e confrontar comportamentos poliacutetico-estrateacutegico diferenciados

                                                                                                                                                                                                          Assim a Espanha contou em 1996 com a subida agrave cadeira governativa do liacuteder do PP Joseacute Maria Aznar Eacute um homem que se define como um reformador de centro direita e que teve como ambiccedilatildeo colocar a Espanha entre as democracias mais importantes do mundo Neste aspecto pretendeu realccedilar uma vertente da identidade da naccedilatildeo espanhola que considerou ateacute aiacute muito descurada e que foi a sua vertente atlacircntica

                                                                                                                                                                                                          A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental foi pois uma das caracteriacutesticas vincadamente expressas nas definiccedilotildees poliacutetco-estrateacutegicas do seu governo

                                                                                                                                                                                                          Neste contexto a relaccedilatildeo transatlacircntica ocupou um lugar destacado nas suas opccedilotildees e assentava fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem pode manter um relacionamento de alguma cumplicidade

                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                          • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                            • Portugal

                                                                                                                                                                                                              Este periacuteodo foi acompanhado em Portugal por dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica distinta

                                                                                                                                                                                                              Contudo pretendemos incidir a anaacutelise no segundo que punha aos destinos dos paiacuteses dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica

                                                                                                                                                                                                              Desde logo o que se me oferece destacar foi de facto o faacutecil entendimento entre ambos

                                                                                                                                                                                                              No entanto deste entendimento pretendemos salientar a simpatia pela opccedilatildeo atlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Surgiu neste periacuteodo um acontecimento de niacutevel internacional no qual o PM de Portugal decidiu que o Paiacutes deveria ter um papel interventivo Queremos referir-nos agrave Cimeira dos Accedilores e ao posterior apoio agrave intervenccedilatildeo militar americana no Iraque

                                                                                                                                                                                                              Devo destacar que apesar de Portugal e Espanha assumirem uma posiccedilatildeo comum eacute Portugal a manter-se no seu alinhamento tradicional e natildeo a Espanha que neste caso assume uma posiccedilatildeo conjuntural

                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                              ldquoLo que es bueno para Europa es bueno para Espanhardquo

                                                                                                                                                                                                              Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

                                                                                                                                                                                                              Prioridade europeia

                                                                                                                                                                                                              da poliacutetica externa

                                                                                                                                                                                                              Secundarizaccedilatildeo da

                                                                                                                                                                                                              relaccedilatildeo transatlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                              • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                • A Espanha

                                                                                                                                                                                                                  Apoacutes as eleiccedilotildees de 2004 ascende agrave cadeira da governaccedilatildeo o liacuteder do PSOE Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero Esta alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do liacuteder do governo origina tambeacutem uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica do paiacutes que marca o regresso da Espanha ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                                                                                                                                  As consequecircncias desta alteraccedilatildeo fizeram sentir-se de imediato junto dos liacutederes da Franccedila e da Alemanha que desde logo manifestaram o seu apoio agrave Espanha manifestando a possibilidade de criaccedilatildeo de um eixo Berlim-Paris-Madrid e a integraccedilatildeo da Espanha no nuacutecleo duro da Europa

                                                                                                                                                                                                                  Recordo aqui que a primeira deslocaccedilatildeo externa do presidente do governo espanhol eacute precisamente agrave Franccedila e agrave Alemanha

                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                                  O desenvolvimento do espaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedila

                                                                                                                                                                                                                  O alargamento da UE a Leste

                                                                                                                                                                                                                  A legitimaccedilatildeo do TCE

                                                                                                                                                                                                                  Normalizaccedilatildeo do diaacutelogo transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  Viacutenculo

                                                                                                                                                                                                                  Transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  ldquoEacute um instrumento de partilha de responsabilidade na prevenccedilatildeo de conflitos e no reforccedilo da seguranccedila colectiva e de partilha de objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo

                                                                                                                                                                                                                  Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                  • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                                                                                      Portugal acompanhou a Espanha nesta recente alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do governo Contudo os reflexos na conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo foram significativos

                                                                                                                                                                                                                      Relativamente agrave questatildeo europeia o governo no seu programa coloca grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo europeu poreacutem no que diz respeito ao factor de identidade atlacircntica as orientaccedilotildees estabelecidas pelos documentos estruturantes mantiveram-se inalteradas

                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                      • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                        • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O Modelo Tradicional de Relacionamento

                                                                                                                                                                                                                          Alinhamento

                                                                                                                                                                                                                          Estrateacutegico

                                                                                                                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                                                                                                                          Valorizaccedilatildeo da Alianccedila

                                                                                                                                                                                                                          Com a Potencia Mariacutetima

                                                                                                                                                                                                                          Diferenciaccedilatildeo Estrateacutegica

                                                                                                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                          A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o objectivo de se diferenciar no contexto peninsular procurando a valorizaccedilatildeo estrateacutegica de forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a sua individualidade e independecircncia

                                                                                                                                                                                                                          A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas premissas fundamentais em primeiro lugar ndash na valorizaccedilatildeo permanente da alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante

                                                                                                                                                                                                                          Em segundo lugar ndash pela necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica relativamente agrave Espanha numa alianccedila diametralmente oposta

                                                                                                                                                                                                                          Contudo agrave que salientar que os momentos em que Portugal e a Espanha se situaram num alinhamento estrateacutegica coincidente Portugal viu-se relegado para uma posiccedilatildeo secundaacuteria em favor do nosso vizinho peninsular

                                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O ldquoNovo Paradigma Peninsularrdquo

                                                                                                                                                                                                                          () Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira

                                                                                                                                                                                                                          ldquoPassaacutemos de uma situaccedilatildeo de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsular ()rdquo

                                                                                                                                                                                                                          Dr Luiacutes Amado

                                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                          • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                            • A grande novidade revela-se na passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia para outra de convergecircncia Contudo a presenccedila na UE representou e ainda representa para Portugal um dos apoios externos que o Paiacutes tanto necessita Este conceito encontra-se associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o relacionamento com a Espanha deveraacute assentar na mediaccedilatildeo multilateral com Bruxelas algo que a conhecida expressatildeo ldquoChegar a Madrid via Bruxelasrdquo define muito bem

                                                                                                                                                                                                                              No entanto tambeacutem eacute possiacutevel a tomada de posiccedilotildees conjuntas e que da mesma forma jaacute por demais referimos neste caso caberaacute a oportuna expressatildeo de ldquoChegar a Bruxelas via Madridrdquo

                                                                                                                                                                                                                              O relacionamento transatlacircntico efectuado quer no acircmbito bilateral quer no acircmbito multilateral eacute um assunto que apesar dos diferentes graus de prioridade atribuiacutedos assumidamente preocupa os governantes de ambos os paiacuteses caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas

                                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                              QUESTAtildeO CENTRAL

                                                                                                                                                                                                                              Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                                                                                                                                                                                              Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                              • A resposta agrave questatildeo central
                                                                                                                                                                                                                                • Penso que conseguimos comprovar que apesar deste novo enquadramento das relaccedilotildees peninsulares eacute possiacutevel diferenciar a postura estrateacutegica de Portugal relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Contudo deveraacute a postura poliacutetico-estreateacutegica da Espanha determinar a Portugal a tomada de uma opccedilatildeo oposta Isto eacute implicaraacute uma opccedilatildeo tendencialmente atlacircntica ou europeia da Espanha a necessidade de Portugal se diferenciar optando por uma soluccedilatildeo oposta

                                                                                                                                                                                                                                  Em nossa opiniatildeo o enquadramento actual natildeo permite uma abordagem tatildeo directa Eacute um facto que Portugal deva explorar as oportunidades que uma ausecircncia espanhola em qualquer dos espaccedilos poderaacute permitir no entanto natildeo nos parece que a escolha de uma opccedilatildeo oposta agrave da Espanha seja uma soluccedilatildeo sensata

                                                                                                                                                                                                                                  Neste caso o risco de sub-representatividade surge de forma bem visiacutevel permitindo ao paiacutes vizinho ocupar o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago

                                                                                                                                                                                                                                  Designadamente na UE o risco de sub-representatividade estaria potenciado tanto pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal como pelo facto de poder vir a integrar um previsiacutevel directoacuterio europeu ficando Portugal agrave mercecirc da cada vez mais valorizada votaccedilatildeo por maioria qualificada Neste caso estariacuteamos perante uma situaccedilatildeo de subalternizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Natildeo deveratildeo ficar duacutevidas que as posiccedilotildees assumidas ocorrem por vontade proacutepria e resultando em prol do interesse nacional

                                                                                                                                                                                                                                  Procurando responder agrave questatildeo que determinou a orientaccedilatildeo do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser inequivocamente positiva Sendo vaacutelida para o anterior quadro de relacionamento como para esta nova realidade

                                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                  Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                                  • A resposta de Portugal
                                                                                                                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      Marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar as vantagens da lusoacutefonia

                                                                                                                                                                                                                                      Reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia da Espanha

                                                                                                                                                                                                                                      Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas

                                                                                                                                                                                                                                      Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      Perante todo este cenaacuterio qual deveraacute ser a melhor forma de Portugal fazer face a uma Espanha tatildeo ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

                                                                                                                                                                                                                                      Preconizaacutemos algumas respostas para esta questatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1 ndash Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido ndash De forma a defender firmemente o interesse nacional Afastando as tendecircncias de sub-representatividade ou subaltermnizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha caso contraacuterio Madrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo esbater-se-aacute

                                                                                                                                                                                                                                      2 ndash Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico Jaacute que permite a potenciaccedilatildeo geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica do acesso a recursos e fontes de rendimento e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica procurando obter a diversificaccedilatildeo d relacionamento

                                                                                                                                                                                                                                      3 ndash Potenciar as vantagens da lusoacutefonia ndash eacute uma questatildeo incontornaacutevel jaacute que eacute uma das marcas diferenciadoras de Portugal mais importantes para a qual a CPLP se torna um meio indispensaacutevel

                                                                                                                                                                                                                                      4 ndash No acircmbito do relacionamento bilateral reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia procurando alternativas externas agrave peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica

                                                                                                                                                                                                                                      5 ndash Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas ndash eacute uma necessidade que apenas foi percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios contudo eacute opiniatildeo generalizada dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute oferecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      6 ndash Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses a quem temos a obrigaccedilatildeo de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para que possam continuar Portugal

                                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      ldquoLa verdad es que cuando miro el mapa no entiendo por queacute Portugal no es Espantildeardquo

                                                                                                                                                                                                                                      Alonso Aznar

                                                                                                                                                                                                                                      Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade

                                                                                                                                                                                                                                      2001

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                                                                                                      Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      900

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo

                                                                                                                                                                                                                                      e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      6300

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      5200

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica

                                                                                                                                                                                                                                      200

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200

                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear

                                                                                                                                                                                                                                      1300

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1700

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-0xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico3

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      063
                                                                                                                                                                                                                                      016
                                                                                                                                                                                                                                      009
                                                                                                                                                                                                                                      008
                                                                                                                                                                                                                                      004

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-1xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico4

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      052
                                                                                                                                                                                                                                      017
                                                                                                                                                                                                                                      013
                                                                                                                                                                                                                                      012
                                                                                                                                                                                                                                      004
                                                                                                                                                                                                                                      002

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                  PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA
                                                                                                                                                                  Bancos FortalezadeCapital TamanhodeActivos SolidezRatioCapitalActivos RetornoSobre Activos RatioCustoCreacutedito
                                                                                                                                                                  (Milhotildees de doacutelares) () () ()
                                                                                                                                                                  Banco Comercial Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355
                                                                                                                                                                  Caixa Geral de Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569
                                                                                                                                                                  Banco Espiacuterito Santo 3271 54664 598 083 5061
                                                                                                                                                                  Bano Totta e Accedilores 1806 36403 496 11 4991
                                                                                                                                                                  Santander Central Hispano 21408 444012 482 117 631
                                                                                                                                                                  Banco Bilbao Vizcaya Argentaria 18176 362655 501 133 5677
                                                                                                                                                              BaciasHidrograacuteficas TerritoacuterioNacional
                                                                                                                                                              Douro 97600 km2 19
                                                                                                                                                              Guadiana 66800 km2 17
                                                                                                                                                              Lima 2480 km2 48
                                                                                                                                                              Minho 17080 km 2 5
                                                                                                                                                              Tejo 80600 km 2 31
                                                                                                                                                      PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003
                                                                                                                                                      Portugal
                                                                                                                                                      Exportaccedilotildees Importaccedilotildees
                                                                                                                                                      1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291
                                                                                                                                                      2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147
                                                                                                                                                      3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99
                                                                                                                                                      4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64
                                                                                                                                                      5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49
                                                                                                                                                  POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE
                                                                                                                                                  2003 () Total Agricultura Induacutestria Serviccedilos
                                                                                                                                                  UE 15 163758 38 265 645
                                                                                                                                                  Espanha 16666 56 308 636
                                                                                                                                                  Portugal 5118 128 328 544
                                                                                                                                              POPULACcedilAtildeO 2001
                                                                                                                                              PORTUGAL 10356117
                                                                                                                                              ESPANHA 40847371
                                                                                                                                              PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)
                                                                                                                                              Cenaacuterio Base 2010 2025 2040
                                                                                                                                              Portugal 106 104 98
                                                                                                                                              Espanha 457 501 527
                                                                                                                                  () Importaccedilotildees Exportaccedilotildees
                                                                                                                                  1942 365 195
                                                                                                                                  1944 454 351
                                                                                                                                  1946-1955 266 188
Page 3: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg ii

RESUMO

Desde o iniacutecio do seacuteculo passado ateacute agrave deacutecada de 1980 as relaccedilotildees entre Portugal e a

Espanha foram caracterizadas pela desconfianccedila e pela divergecircncia As orientaccedilotildees poliacutetico-

estrateacutegicas do paiacutes vizinho motivaram quase sempre um caminho diametralmente oposto aos

desiacutegnios estrateacutegicos nacionais como forma de garantir a tatildeo necessaacuteria diferenciaccedilatildeo

peninsular Sendo raras as situaccedilotildees em que as orientaccedilotildees estrateacutegicas seguiram rumos comuns

quando existiram determinaram uma desvantagem expressiva para Portugal

O curso da histoacuteria determinou aos dois Estados peninsulares a partir do final do seacuteculo XX

uma realidade ateacute entatildeo desconhecida para ambos Se ateacute aqui os paiacuteses tinham estado de costas

voltadas o projecto de construccedilatildeo europeu e a inserccedilatildeo no quadro da Alianccedila Atlacircntica permitiu

uma convivecircncia ateacute entatildeo desconhecida Este novo quadro de relacionamento determinou a

abertura de ambos ao exterior e a partilha de responsabilidades e interesses Eacute neste contexto

que se pretende determinar se as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha influenciam as opccedilotildees

estrateacutegicas nacionais

A metodologia empregue incidiu na realizaccedilatildeo de consultas a vaacuterias obras literaacuterias na

procura de artigos publicados em jornais e revistas na pesquisa de alguns siacutetios da Internet

ainda na realizaccedilatildeo de entrevistas a algumas personalidades com estudos realizados neste acircmbito

A investigaccedilatildeo realizada foi orientada para a obtenccedilatildeo da resposta agrave questatildeo central inicialmente

colocada ldquoPoderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de

Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo A

resposta encontrada foi afirmativa e inequiacutevoca pelo que ao concluir o trabalho sugerimos

algumas recomendaccedilotildees que consideraacutemos pertinentes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg iii

ABSTRACT

From the beginning of the 20th century until 1980rsquos the relations between Portugal and Spain

have been characterized by suspicion and divergence The political and strategic guide-lines of

Spain have always determined the opposite action from the portuguese nation thus assuring the

peninsular differences There were only a few situations in which both countries have taken the

same options but always with a notorious disadvantage to Portugal

By the end of the 20th century a new reality totally unknown so far has been imposed to both

countries The Project of a new Europe and joining the Atlantic Alliance have made the relations

between them become closer This new situation made both countries face the world and at the

same time share responsabilities and interests It is under these circumstances that we must find

out if the political and strategical options of Spain are influencing the portuguese strategy

This study has been based on the search of diverse literary books newspapers and magazines

articles websites as well as on interviews made to some personalities who have worked and

studied these subjects This investigation has been developed to get the answer to the main

question ldquowill the spanish political and strategical options influence the national strategy

under the actual international contextrdquo The answer obtained is afirmative what makes us

conclude this essay leaving some recommendations we consider relevant

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg iv

DEDICATOacuteRIA

Este trabalho eacute dedicado agrave Paula Alexandra a

minha mulher pela inesgotaacutevel paciecircncia

compreensatildeo e apoio que jamais questionou Ao

Rodrigo o meu filho pelo pouco tempo que lhe

pude dedicar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg v

AGRADECIMENTO

O autor deste trabalho expressa o seu reconhecimento a todos quantos contribuiacuteram para a sua

realizaccedilatildeo Destes cabe um especial agradecimento ao Major de Artilharia Dias Martins pela

total disponibilidade demonstrada e pelas oportunas recomendaccedilotildees efectuadas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vi

LISTA DE ABREVIATURAS

BBVA - Banco Bibao Vizcaya Argentaria

BSCH - Banco Santander Central Hispano

CEDA - Confederaccedilatildeo Espanhola dos Grupos Autoacutenomos de Direita

CEDN - Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

CEE - Comunidade Econoacutemica Europeia

CPLP - Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

DDN - Directiva de Defensa Nacional 12004

EDP - Electricidade de Portugal

EFTA - Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

Hab - Habitantes

JC Lisbon - Joint Command Lisbon

MIBEL - Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica

OCDE - Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OI - Organizaccedilatildeo Internacional

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OCS - Oacutergatildeos de Comunicaccedilatildeo Social

OSCE - Organizaccedilatildeo para a Seguranccedila e Cooperaccedilatildeo Europeia

OTAN - Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte

PESC - Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

PHNE - Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha

PIB - Produto Interno Bruto

ppc - Paridade de Poder de Compra

PP - Partido Popular

PS - Partido Socialista

PSD - Partido Social Democrata

PSOE - Partido Socialista Obrero Espantildeol

PT - Portugal Telecom

PTM - Paiacuteses Terceiros do Mediterracircneo

TCE - Tratado Constitucional Europeu

TEM - Telefoacutenica Moacuteviles

UE - Uniatildeo Europeia

UEM - Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

URSS - Uniatildeo das Repuacuteblicas Socialistas Sovieacuteticas

VAB - Valor Acrescentado Bruto

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vii

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 1

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS 4 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas 4

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento 4 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular 7 113 A supremacia internacional de Portugal9

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas10 13 A questatildeo econoacutemica 12

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES15 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico15 22 Portugal e Espanha em factos comparados 17

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila 18 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais19 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo 21 224 O mercado de trabalho 22 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo 22

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia 23 231 O sector energeacutetico24 232 A partilha de recursos hiacutedricos25 233 O sector bancaacuterio26 234 O sector das telecomunicaccedilotildees27

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL 29 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica29

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE29 312 O relacionamento econoacutemico32 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia34

32 A Alianccedila Atlacircntica36 33 Os espaccedilos regionais 41

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa41 332 O Mediterracircneo e o Magreb 42 333 A Ibero-Ameacuterica 43

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES45

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia 45 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa 47 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento52

431 O modelo tradicional de relacionamento 53 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo54

44 A resposta de Portugal57

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES 60

APEcircNDICES

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

INTRODUCcedilAtildeO

Ao abordar a questatildeo do relacionamento entre Portugal e Espanha vem-nos logo agrave ideia o

velho proveacuterbio portuguecircs no qual se refere que ldquode Espanha nem bom vento nem bom

casamentordquo De facto ao longo da jaacute velha histoacuteria nacional as relaccedilotildees entre as duas naccedilotildees

foram caracterizadas por inuacutemeros conflitos a maior parte deles traduzidos pela forccedila das armas

Poucos foram os momentos em que os dois paiacuteses natildeo estiveram de costas voltadas No entanto

eacute incontestaacutevel a ideia de que satildeo duas grandes naccedilotildees que procuraram ao longo da histoacuteria a

respectiva afirmaccedilatildeo tanto no seu espaccedilo regional como num mundo jaacute partilhado pelo Tratado

de Tordesilhas

A matriz de relacionamento entre os dois Estados peninsulares foi ateacute 1985 determinada pela

divergecircncia e desconfianccedila permanente Os traccedilos fundamentais dessa relaccedilatildeo assentavam na

permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico o

qual mantinha como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Contudo nos

momentos em que os paiacuteses se encontraram no mesmo quadro de alianccedilas a balanccedila pendeu

sempre em desfavor de Portugal Estas eram as alturas em que o Paiacutes voltava a procurar

separaccedilatildeo da Espanha apoiando-se numa alianccedila estrateacutegica oposta A ligaccedilatildeo extra-peninsular

permitiu a Portugal manter a sua individualidade e identidade constituindo-se tambeacutem como

suporte fundamental da sua soberania

Apoacutes a entrada de Portugal e da Espanha na Comunidade Econoacutemica Europeia (CEE) e na

Alianccedila Atlacircntica surgiu um novo paradigma de relacionamento A partilha de interesses nestes

espaccedilos determinou a impossibilidade de uma diferenciaccedilatildeo expliacutecita considerando a

necessidade de recurso a um alinhamento estrateacutegico diferenciado A partir daquele momento os

paiacuteses despertavam para uma realidade que lhes permitia a convivecircncia sem a necessidade de

recurso aos velhos receios de perca de soberania

Se ateacute entatildeo o relacionamento bilateral se resumia ao acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico apoacutes

aquele momento pocircde ser alargado a outras aacutereas como a econoacutemica a comercial e a cultural A

evoluccedilatildeo foi retratada pelo Professor Doutor Adriano Moreira que sobre o assunto referiu ldquoa

experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem

mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de

cooperaccedilatildeordquo1 expressatildeo que muito bem cabe ao caso peninsular

1 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nos dias de hoje Portugal e Espanha assumiram finalmente caminhos comuns Ambos fazem

parte das duas Organizaccedilotildees Internacionais (OI) provavelmente mais relevantes do planeta a

Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte (OTAN) e a Uniatildeo Europeia (UE) nelas querendo

fazer valer os seus interesses estrateacutegicos e procurando a sua afirmaccedilatildeo num mundo globalizado

no qual a sobrevivecircncia individualizada poderaacute ser posta em causa

Eacute pois neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico de toda a pertinecircncia avaliar em que medida os

dois Estados poderatildeo seguir um rumo comum assumindo as respectivas individualidades e

particularidades procurando contribuir para o desenvolvimento das OI onde se encontram

inseridos Ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular determinaratildeo a Portugal a

necessidade de assumir uma orientaccedilatildeo oposta mantendo assim a tendecircncia da histoacuteria

Em face da vastidatildeo do objecto delimitaacutemos o estudo desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute aos

nossos dias enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees poliacutetico-

estrateacutegicas tomadas no seio da UE e da Alianccedila Atlacircntica OI que determinam o actual

enquadramento geoeconoacutemico geopoliacutetico e geoestrateacutegico de ambos os Estados Contudo natildeo

deixamos de abordar outros aspectos do relacionamento bilateral confinados agrave realidade

peninsular mas que consideraacutemos ser um contributo necessaacuterio para a conclusatildeo do estudo

A metodologia empregue versou fundamentalmente na realizaccedilatildeo de uma pesquisa

bibliograacutefica na qual se incluiu a consulta de vaacuterias obras literaacuterias vaacuterios artigos publicados em

jornais e revistas de caraacutecter generalista mas tambeacutem da especialidade e ainda alguns siacutetios da

Internet A investigaccedilatildeo incluiu a realizaccedilatildeo de entrevistas a personalidades com estudos

realizados neste acircmbito Nestas incluem-se o General Loureiro dos Santos o Professor Doutor

Carlos Gaspar o Professor Doutor Medeiros Ferreira o Professor Doutor Antoacutenio Joseacute Telo o

Professor Doutor Nuno Severiano Teixeira e o Professor Doutor Adriano Moreira

Para o desenvolvimento do trabalho definimos a seguinte questatildeo central ldquoPoderatildeo as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual

ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo Desta extraiacutemos as

seguintes questotildees derivadas ldquoQual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica

da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo ldquoQual o impacto de uma

orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas

nacionaisrdquo por uacuteltimo ldquoSeraacute a orientaccedilatildeo estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar

Portugal no seio das OI onde se encontra inseridordquo

Das questotildees apresentadas extraiacutemos as seguintes hipoacuteteses ldquoDada a menor dimensatildeo de

Portugal as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionam as opccedilotildees estrateacutegicas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

nacionaisrdquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da

poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo por uacuteltimo ldquoUma

orientaccedilatildeo estrateacutegica comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio

das OI onde se encontra inseridordquo

O trabalho encontra-se organizado em quatro capiacutetulos No primeiro que surge apoacutes a

presente introduccedilatildeo pretendemos apresentar o enquadramento histoacuterico do relacionamento

peninsular Assim desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da UE e da

OTAN pretende-se mostrar como as orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha influenciaram

as orientaccedilotildees estrateacutegicas nacionais

No segundo capiacutetulo efectuamos um enquadramento geopoliacutetico e geoestrateacutegico dos dois

paiacuteses Neste pretendemos apresentar as duas realidades ibeacutericas recorrendo a alguns aspectos

comparativos como os sistemas poliacuteticos e a organizaccedilatildeo administrativa dados relativos agrave

populaccedilatildeo e agrave situaccedilatildeo macro-econoacutemica assim como aspectos que poderatildeo determinar a

existecircncia de factores de dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

O terceiro capiacutetulo versa sobre o momento de coabitaccedilatildeo internacional actualmente vivido

pelos dois Estados Inicialmente abordaacutemos a UE sobre a qual analisamos a integraccedilatildeo e a

participaccedilatildeo de ambos os paiacuteses no processo de construccedilatildeo europeu o relacionamento

econoacutemico e ainda a premente questatildeo da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila

Comum (PESC) Segue-se uma abordagem agrave participaccedilatildeo de Portugal e da Espanha na OTAN

terminando com uma pequena referecircncia agrave postura individual em espaccedilos regionais preferenciais

O capiacutetulo final para aleacutem de se constituir como um espaccedilo de anaacutelise nele pretendemos

incluir uma siacutentese conclusiva Aqui se confronta Portugal com as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da

Espanha Para tal iniciamos efectuando uma breve abordagem ao plano bilateral apoacutes o que

salientamos as grandes linhas da poliacutetica externa de ambos que nos permitem responder agraves

primeira e segunda questotildees derivadas Seguidamente procuramos expor os modelos de

relacionamento encontrados momento considerado oportuno para responder agrave terceira questatildeo

derivada e ainda agrave questatildeo central do trabalho Por uacuteltimo terminamos efectuando uma

abordagem ao que consideraacutemos ser a mais adequada resposta de Portugal

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS

A histoacuteria dos paiacuteses ibeacutericos cruza-se tanto quanto poderia determinar a realidade de uma

vizinhanccedila muitas vezes designada por fatalidade geograacutefica Os dois Estados tiveram uma

evoluccedilatildeo poliacutetica proacutepria (Apecircndices A e B) e orientada pelo decurso dos acontecimentos

internos que de tatildeo intensos determinaram a tomada de opccedilotildees tendentes a apoiar ou a

contrariar a orientaccedilatildeo do vizinho peninsular Neste acircmbito destaca-se a guerra civil espanhola

cujo desfecho os responsaacuteveis nacionais entenderam ser determinante para a manutenccedilatildeo da

estabilidade poliacutetica portuguesa A mesma postura foi adoptada para fazer face aos grandes

acontecimentos europeus dos quais se destacam dois conflitos mundiais e os consequentes

arranjos poliacutetico-estrateacutegicos que se lhes seguiram O parco relacionamento econoacutemico eacute outro

dos reflexos de uma vivecircncia bilateral que se revelou quase exiacutegua na eacutepoca a que se refere o

presente capiacutetulo No entanto a questatildeo econoacutemica iria sofrer uma significativa inversatildeo com o

decorrer dos acontecimentos

11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

No periacuteodo em anaacutelise Portugal e Espanha mantiveram-se tradicionalmente afastados

seguindo alinhamentos estrateacutegicos opostos que estiveram na base de um distanciamento das

relaccedilotildees bilaterais em grande parte do seacuteculo XX Os momentos em que o posicionamento

poliacutetico-estrateacutegico de ambos coincidiu apesar de muito raros caracterizaram-se pela

valorizaccedilatildeo da Espanha em detrimento de Portugal

O Pacto Peninsular foi no seacuteculo que haacute pouco terminou um dos momentos marcantes das

relaccedilotildees ibeacutericas A sua realizaccedilatildeo teve por base a necessidade de garantir a neutralidade na II

Guerra Mundial pelo que haveria que conseguir retirar a relevacircncia estrateacutegica do espaccedilo

peninsular O seacuteculo termina com ambos os paiacuteses a coabitarem os mesmos espaccedilos poliacutetico

econoacutemico e de defesa facto que determinou uma nova era nas relaccedilotildees bilaterais

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento

Portugal terminava o seacuteculo XIX em crise com o seu velho aliado inglecircs Em 1890 a

Inglaterra fazia ao nosso Paiacutes um ultimato que iria pocircr fim agraves aspiraccedilotildees nacionais de unir os

territoacuterios de Angola e de Moccedilambique do Atlacircntico ao Iacutendico O projecto representado pelo

Mapa Cor-de-rosa colidia no entanto com a ambiccedilatildeo britacircnica de estabelecer uma ligaccedilatildeo

contiacutenua do Cabo ao Cairo Atraveacutes do documento entregue ao Governo em 11 de Janeiro de

1890 a Inglaterra exigia a retirada imediata das forccedilas expedicionaacuterias portuguesas da regiatildeo do

Noroeste de Moccedilambique apesar deste territoacuterio ldquopertencer a Portugalrdquo (MATTOSO et al 1994

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

p 38) Como retaliaccedilatildeo ameaccedilava com o corte das relaccedilotildees diplomaacuteticas e com o emprego da

forccedila O facto fez desencadear um amplo movimento de protesto e foi encarado como uma

humilhante lanccedila no orgulho nacional O governo caiu mas respondeu afirmativamente aos

ingleses

Tinha-se desenvolvido um forte e generalizado ldquosentimento antibritacircnicordquo (FERREIRA

1989 p 18) que teve como consequecircncia o regresso agrave realidade peninsular Em face da posiccedilatildeo

britacircnica seu tradicional aliado Portugal voltava-se para a Espanha seu tradicional inimigo Do

lado espanhol as opiniotildees variaram desde uma cautelosa posiccedilatildeo monaacuterquica a um declarado

apoio republicano Os medos estavam vencidos os desentendimentos esquecidos e descobriam-

se afinidades de tal forma que ganhava alguma projecccedilatildeo o sentimento iberista portuguecircs que

para os mais radicais passava por uma federaccedilatildeo das repuacuteblicas ibeacutericas Para os demais o

relacionamento com a Espanha passava por uma alianccedila que consideravam indispensaacutevel para a

afirmaccedilatildeo internacional da Peniacutensula Ibeacuterica O Tratado assinado em Agosto de 1891 punha

fim agrave contenda com os britacircnicos contudo deixava claro a sua influecircncia no desenrolar das

opccedilotildees politico-estrateacutegicas nacionais

No iniacutecio do seacuteculo XX as pretensotildees alematildes no Norte de Aacutefrica designadamente sobre

Marrocos determinaram uma alteraccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica dos paiacuteses peninsulares As

possessotildees espanholas no continente africano motivam uma aproximaccedilatildeo de franceses e ingleses

agrave Espanha que culmina na assinatura de tratados com ambas as potecircncias Sobre Portugal os

britacircnicos passaram a consideraacute-lo de menor valor estrateacutegico em face das possibilidades

fornecidas pela posiccedilatildeo geograacutefica da Espanha que permitia o controlo sobre o Mediterracircneo

Ocidental e o Norte de Aacutefrica Ficava no entanto uma ressalva quanto agrave importacircncia das ilhas

atlacircnticas portuguesas que segundo Winston Churchill natildeo deveriam cair ldquonas matildeos de alguma

potecircncia hostil a Londresrdquo (FERREIRA 1989 p 24)

Portugal via-se secundarizado perante a entrada da Espanha nas tradicionais posiccedilotildees

estrateacutegicas nacionais O facto natildeo escapou agrave percepccedilatildeo dos responsaacuteveis portugueses que

procuraram outra acircncora externa que pudesse conferir ao Paiacutes a centralidade estrateacutegica que lhe

permitisse dispor de uma maior capacidade negocial O papel passava a ser desempenhado pela

Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas

accedilorianas e outras facilidades agrave navegaccedilatildeo Desta forma Portugal procurou defender a sua

individualidade diferenciando a sua alianccedila externa da do vizinho espanhol

Na I Guerra Mundial a neutralidade espanhola faria Portugal dispor de uma oportunidade de

ouro para obter a tatildeo indispensaacutevel diferenciaccedilatildeo peninsular e colocar o Paiacutes no seu alinhamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 6

tradicional ldquoUm dos motivos que decidiu a Repuacuteblica agrave participaccedilatildeo na guerra ao lado dos

aliados foi sem duacutevida a disputa da representatividade internacional da Peniacutensula Ibeacutericardquo

(FERREIRA 1992 p 49) Franco Nogueira ao designar uma ldquopreocupaccedilatildeo sincerardquo

(NOGUEIRA 2000a p239) pretendia referir-se agrave integridade territorial do ultramar apenas

assegurada com a presenccedila de Portugal na Conferecircncia de Paz e no futuro organismo

internacional que dela resultasse Assim sendo Portugal decidiu-se pela participaccedilatildeo cedendo a

base naval de Leixotildees aos franceses permitindo que fosse estabelecida uma base naval norte-

americana em Ponta Delgada e enviando um corpo expedicionaacuterio para o teatro de operaccedilotildees

europeu

Sobre as razotildees que teratildeo levado os ingleses a preferir a participaccedilatildeo portuguesa relativamente

agrave espanhola Medeiros Ferreira refere a existecircncia de um documento britacircnico2 do Foreign

Office datado de 1917 o qual refere as exigecircncias efectuadas pelo Estado espanhol como o

factor decisivo para a recusa Estas englobavam Tacircnger Gibraltar e ldquomatildeo livre em Portugalrdquo

Desta uacuteltima explica natildeo se tratar da anexaccedilatildeo mas de uma tentativa de ldquoamarraacute-lo por qualquer

tipo de tratado ou de alianccedila que assegurasse a presenccedila do domiacutenio espanhol nas deliberaccedilotildees

portuguesas (hellip)rdquo (FERREIRA 1989 p32)

Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a

notoriedade internacional pretendida Entrava na guerra ao lado dos aliados diferenciava-se da

neutralidade espanhola e obtinha o assento na Conferecircncia de Paz em Paris Contudo natildeo era

previsiacutevel o enorme reveacutes que se seguiu Discutia-se a fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildees

organizaccedilatildeo na qual Portugal se arrogava no direito de integrar ocupando um lugar compatiacutevel

com o de uma potecircncia beligerante A actividade diplomaacutetica nacional desenvolvia-se junto do

velho aliado na tentativa de assegurar a presenccedila no futuro Conselho Executivo

Ao mesmo tempo a Espanha acercava-se dos Estados Unidos da Ameacuterica (EUA) e do seu

presidente Woodrow Wilson ldquoprincipal decisor na fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildeesrdquo

(FERREIRA 1992 p51) sobre quem exerceu um apertado cerco diplomaacutetico tambeacutem

desenvolvido sobre a Franccedila e a Gratilde-Bretanha no sentido de vir a tornar-se Membro Permanente

do Conselho Executivo O resultado final desta intensa batalha diplomaacutetica foi em desfavor de

Portugal A Espanha eacute efectivamente convidada a fazer parte em representaccedilatildeo dos paiacuteses

neutrais embora como Membro Natildeo Permanente enquanto que Portugal se viu relegado para

uma posiccedilatildeo secundaacuteria

2 ldquoPotential Value of Spain as na Allyrdquo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 7

Ao ver-se afastada daquele organismo em favor da Espanha que natildeo tinha desenvolvido

qualquer esforccedilo de guerra a delegaccedilatildeo portuguesa manifestava-se fazendo sentir o seu

desagrado Franco Nogueira retratou desta forma o facto ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria

nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo

Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho

Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido

(hellip)rdquo (NOGUEIRA 2000b p67)

112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular

No periacuteodo que se seguiu agrave I Guerra Mundial as relaccedilotildees entre os dois Estados conheceram

distintos graus de intensidade Inicialmente o relacionamento poliacutetico foi problemaacutetico com

responsabilidades dirigidas a Afonso XIII e agrave sua apetecircncia para chegar ao domiacutenio ibeacuterico O rei

procurava ldquoum pretexto de intervenccedilatildeo em Portugal e tentava obter a complacecircncia da Inglaterra

para o efeitordquo (NOGUEIRA 2000a p 245) A fricccedilatildeo poliacutetica manteve-se ateacute 1926 quando

surge no poder um regime de ditadura militar com o qual o vizinho peninsular demonstrou

alguma simpatia tendo como consequecircncia ldquoum imediato incremento a partir de 1927rdquo

(FERREIRA 1989 p44)

A partir de 1931 iniciado jaacute em Portugal o periacuteodo do Estado Novo as relaccedilotildees ibeacutericas

regressaram a uma fase de maior tensatildeo Este facto para Medeiros Ferreira natildeo deveria ser

imputado agrave natureza diferente dos regimes mas sim ao apoio que os republicanos espanhoacuteis

prestavam aos democratas Portugueses Para Antoacutenio de Oliveira Salazar o triunfo da esquerda

em Espanha representava ldquoum duplo perigo o revolucionaacuterio e o iberistardquo (FERREIRA 1989

p47) pelo que preparava as Forccedilas Armadas para uma hipoteacutetica guerra com a Espanha

A guerra civil espanhola obrigou Portugal a exercer uma intensa actividade diplomaacutetica O

conflito que opunha nacionalistas e republicanos representava segundo o governo portuguecircs um

perigo substancial para a seguranccedila e a independecircncia do Paiacutes Os responsaacuteveis portugueses

procuravam sensibilizar ingleses franceses alematildees e italianos embora aos dois uacuteltimos apenas

tivesse recorrido pela ausecircncia de resposta dos primeiros bem como pela crescente influecircncia da

actividade sovieacutetica

Para o Governo portuguecircs a questatildeo era simples e directa ldquovitoacuteria do exeacutercito espanhol ou

implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo (NOGUEIRA 2000a p274) tornando-se Portugal

pela sua situaccedilatildeo geograacutefica no Paiacutes mais directamente ameaccedilado jaacute que os partidos

republicanos espanhoacuteis natildeo escondiam a sua apetecircncia pelo federalismo ibeacuterico Apesar da

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 8

cedecircncia agrave pressatildeo anglo-francesa de natildeo-intervenccedilatildeo que nos levaria agrave assinatura de um

compromisso3 Portugal apoiou os nacionalistas juntamente com a Alemanha e a Itaacutelia em

contraponto ao apoio sovieacutetico prestado ao governo de Madrid

Apoacutes a guerra civil ainda em 1939 Portugal e a Espanha assinam um Tratado de Natildeo-

Agressatildeo4 Para Portugal o acordo permitia travar as tendecircncias iberistas espanholas e no

conjunto peninsular mantinha os paiacuteses numa situaccedilatildeo de neutralidade relativamente ao conflito

generalizado que se avizinhava Para o efeito o nosso Paiacutes teria de permanecer afastado das

obrigaccedilotildees a que o Tratado luso-britacircnico obrigava assim como as posiccedilotildees da Alemanha e da

Itaacutelia natildeo deveriam arrastar a Espanha5 para uma posiccedilatildeo beligerante Seria a forma de eliminar a

possibilidade de entrada na guerra de ambos os paiacuteses sob influecircncia dos respectivos aliados

externos

A situaccedilatildeo de neutralidade da Peniacutensula Ibeacuterica deveria estar dependente do entendimento

entre a Alemanha e a Ruacutessia que num cenaacuterio de confronto com os aliados procurariam o

isolamento dos EUA Este facto implicava a formaccedilatildeo de uma ldquoesfera de influecircncia alematilde num

hemisfeacuterio orientalrdquo (GASPAR p168) que por um lado permitisse a ligaccedilatildeo da Europa agrave Aacutefrica

e por outro a ocupaccedilatildeo das ilhas atlacircnticas de forma a estabelecer uma fronteira com o

hemisfeacuterio de influecircncia americano O cenaacuterio segundo Carlos Gaspar exigiria ainda a

constituiccedilatildeo de um bloco continental formado pela Franccedila e pela Espanha ldquoassim como fechar o

Mediterracircneo para isolar a Gratilde-Bretanha e estabelecer nos estreitos uma ligaccedilatildeo segura com o

Norte de Aacutefricardquo (GASPAR p168)

A invasatildeo da Ruacutessia pela Alemanha e a tomada do Norte de Aacutefrica pelos aliados

proporcionou a ldquodesvalorizaccedilatildeo da posiccedilatildeo peninsularrdquo (GASPAR p169) permitindo manter a

Peniacutensula afastada dos confrontos Contudo a entrada na guerra da Espanha mantinha-se uma

incoacutegnita A ala intervencionista protagonizada por Serrano Suntildeer exercia forte influecircncia junto

de Franco levando-o a expor perante Hitler as condiccedilotildees para a participaccedilatildeo na guerra entre as

quais constavam a recuperaccedilatildeo de Gibraltar e vaacuterias concessotildees no Norte de Aacutefrica A Espanha

aderia a ldquoum pacto secreto com a Alemanha e a Itaacuteliardquo (GASPAR p179) no entanto nunca se

comprometendo com uma data para a participaccedilatildeo no conflito Portugal demarcava-se mais uma

3 Assinaram o tratado de natildeo-intervenccedilatildeo a Alemanha Aacuteustria Beacutelgica Bulgaacuteria Checoslovaacutequia Dinamarca Finlacircndia Franccedila Gratilde-Bretanha Hungria Irlanda Itaacutelia Jugoslaacutevia Noruega Paiacuteses Baixos Poloacutenia Portugal Repuacuteblicas Baacutelticas Romeacutenia Ruacutessia e Sueacutecia 4 Pacto Peninsular em Portugal Pacto Ibeacuterico em Espanha 5 Sobre o assunto interessa salientar que a neutralidade espanhola era de grande conveniecircncia para a Gratilde-bretanha visto que assim poderia proceder mais facilmente agrave defesa de Gibraltar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 9

vez da posiccedilatildeo espanhola e cedia os Accedilores aos aliados passando de uma ldquoneutralidade

geomeacutetrica a uma neutralidade activardquo (GASPAR p181)

113 A supremacia internacional de Portugal

O poacutes-guerra proporcionou ao mundo um novo quadro estrateacutegico no qual emergiam os EUA

e a Uniatildeo Sovieacutetica formando dois poacutelos antagoacutenicos onde cada qual procurava aglutinar as

alianccedilas que mais e melhores vantagens pudessem acrescentar agraves suas esferas de influecircncia e agraves

respectivas potencialidades estrateacutegicas Perante esta nova realidade haveria que encontrar

respostas raacutepidas para travar o avanccedilo de influecircncias indesejaacuteveis Iniciavam-se assim as

conversaccedilotildees para a implementaccedilatildeo de um Tratado do qual fariam parte os Paiacuteses do Pacto de

Bruxelas6 os EUA o Canadaacute e ainda a Noruega a Dinamarca a Islacircndia e Portugal

O convite endereccedilado a Portugal motivou uma reacccedilatildeo imediata do paiacutes vizinho que ao ver-

se excluiacutedo se apressou a condicionar a adesatildeo portuguesa agrave existecircncia do Pacto Peninsular

levando mesmo Franco a querer ldquoimpedir a entrada de Portugalrdquo (ANTUNES 2003 p30) A

questatildeo centrava-se no artigo que alude agrave defesa muacutetua em caso de agressatildeo facto que poderia

inviabilizar a possibilidade de colaboraccedilatildeo com a Espanha quando confrontado com o previsto

na redacccedilatildeo do Pacto Peninsular Apesar da pressatildeo espanhola Portugal reafirma a

compatibilidade dos dois Pactos assumindo-se como paiacutes fundador No entanto desencadeou

esforccedilos no sentido de que o vizinho peninsular pudesse tambeacutem integrar a Alianccedila agrave data da sua

formaccedilatildeo

A Espanha atravessava um periacuteodo de isolamento internacional decorrente das posiccedilotildees

assumidas no decurso da II Guerra Mundial bem como do autoritarismo do seu regime poliacutetico

Portugal vivia um periacuteodo de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica efectiva no contexto ibeacuterico e afirmava a

supremacia na representatividade peninsular constituindo-se como a uacutenica possibilidade de

ligaccedilatildeo da Espanha ao exterior

A partir de 1953 a Espanha assina com os EUA os conveacutenios sobre ajuda de defesa e ajuda

econoacutemica que iriam permitir a instalaccedilatildeo de bases militares no territoacuterio e o apoio financeiro

para a recuperaccedilatildeo econoacutemica do paiacutes7 Era o momento a partir do qual a Espanha punha um

ponto final no periacuteodo de isolamento internacional passando os dois paiacuteses a partilhar a mesma

alianccedila externa A adesatildeo agrave Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) eacute efectuada em simultacircneo

e definitivamente anula a dependecircncia que a Espanha tinha de Portugal para o relacionamento

externo Ao inveacutes Portugal entrava agora numa fase de marginalizaccedilatildeo internacional motivada 6 Beacutelgica Franccedila Gratilde-Bretanha Holanda e Luxemburgo 7 Sublinha-se o facto de que a Espanha tinha ficado excluiacuteda da ajuda financeira proporcionada pelo Plano Marchall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 10

pela questatildeo colonial contudo ambos os paiacuteses seriam afastados do processo de integraccedilatildeo

europeia

Em 1974 e 1975 Portugal e Espanha alteraram respectivamente a natureza dos seus regimes

poliacuteticos O processo nacional foi mais atribulado dado que decorreu da realizaccedilatildeo de um golpe

militar Em Espanha Franco preparou a sua sucessatildeo para que apoacutes a sua morte o rei Juan

Carlos I assumisse a Chefia do Estado transformando o regime de forma paciacutefica numa

monarquia parlamentar Em Portugal o processo revolucionaacuterio que se seguiu ao golpe militar

foi atentamente acompanhado pelo regime espanhol que com receio de contaminaccedilatildeo

fronteiriccedila ldquoos serviccedilos de informaccedilatildeo franquistas foram imediatamente em forccedila para Lisboa

(hellip) Franco tinha interesse especial em ver as imagens que lhe chegavam de Portugalrdquo8

(ANTUNES 2003 p31) Apoacutes a democratizaccedilatildeo dos sistemas poliacuteticos as relaccedilotildees entre os

dois Estados assumiram outras proporccedilotildees multiplicando-se as visitas oficiais As consequecircncias

ao niacutevel da inserccedilatildeo internacional estavam tambeacutem visiacuteveis e culminaram na aceitaccedilatildeo do pedido

de adesatildeo agrave CEE organizaccedilatildeo para a qual entraram em simultacircneo

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas

Tradicionalmente os paiacuteses da Peniacutensula Ibeacuterica adoptaram uma poliacutetica de alianccedilas

orientada sob os desiacutegnios da divergecircncia Portugal procurou sempre a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica

peninsular recorrendo a uma alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante no caso a Gratilde-

Bretanha As vantagens eram muacutetuas no entanto para Portugal tornara-se essencial para

assegurar a sua identidade e independecircncia assim como a manutenccedilatildeo do vasto impeacuterio colonial

A Espanha inicia o seacuteculo precisamente ao lado daqueles que tradicionalmente eram os

aliados dos portugueses sendo as questotildees africanas a motivar a aproximaccedilatildeo aos ingleses e

franceses Com a I Guerra Mundial o vizinho peninsular regressa agrave sua postura de neutralidade

em contraponto com a posiccedilatildeo portuguesa que se manteacutem ao lado do velho aliado procurando o

protagonismo internacional e um lugar entre as grandes naccedilotildees Contudo eacute a Espanha que

recorrendo aos EUA garante um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

Na guerra civil espanhola as facccedilotildees em confronto apercebem-se da importacircncia da cativaccedilatildeo

de apoio externo Enquanto os nacionalistas cativavam a atenccedilatildeo da Alemanha e da Itaacutelia o

governo republicano obtinha a simpatia da Ruacutessia que contribuiu com equipamento militar O

governo portuguecircs natildeo se quedou por uma atitude passiva com receio das consequecircncias de uma

vitoacuteria republicana perseguiu os seus interesses realizando uma intensa actividade diplomaacutetica

8 Referecircncia feita a declaraccedilotildees de Raul Morodo a Joseacute Freire Antunes em 1999

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 11

que lhe permitiu contornar o acordo de natildeo-intervenccedilatildeo patrocinado por ingleses e franceses e

prestar o apoio agraves forccedilas do Generaliacutessimo

Com o final do conflito interno espanhol surgia uma nova prioridade para os paiacuteses ibeacutericos

A necessidade de neutralidade perante a possibilidade de um novo conflito mundial determinou

o estabelecimento de uma nova poliacutetica de alianccedilas Referimo-nos ao Pacto Peninsular assinado

em 17 de Marccedilo de 1939 que Portugal encarou natildeo como substituiccedilatildeo do seu alinhamento

tradicional mas como uma adiccedilatildeo agrave alianccedila com a potecircncia mariacutetima existente jaacute que o

submeteu agrave apreciaccedilatildeo do aliado inglecircs

No regime espanhol existiam duas facccedilotildees uma personificada por Serrano Suntildeer ministro

da governaccedilatildeo era partidaacuteria do intervencionismo ao lado das forccedilas do eixo A outra liderada

por Juan Beigbeder ministro dos negoacutecios estrangeiros era mais moderada e consciente da

necessidade da eliminaccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica da Peniacutensula Ibeacuterica para a qual a

reafirmaccedilatildeo do Pacto Peninsular era imprescindiacutevel As acccedilotildees poliacutetico-diplomaacuteticas entre os

dois Estados levaram agrave assinatura de um protocolo adicional ao Pacto que garantia a natildeo-

intervenccedilatildeo inglesa em Portugal e mantinha a Espanha afastada da influecircncia alematilde

Apesar das conversaccedilotildees e pactos assinados o vizinho ibeacuterico mantinha as diligecircncias

intervencionistas junto da Alemanha que motivaram a participaccedilatildeo em 23 de Outubro na

cimeira de Hendaia e consequentemente a adesatildeo ao Pacto Tripartido Contudo natildeo se

comprometeria com uma data para entrar na guerra O decurso do conflito determinou a efectiva

neutralidade dos dois paiacuteses e a 13 de Fevereiro de 1942 na cimeira luso-espanhola de Sevilha

era reafirmado o Bloco Peninsular e o entendimento comum sobre a neutralidade da peniacutensula

Com o final da II Guerra Mundial a Espanha ficou isolada internacionalmente funcionando

Portugal como o interlocutor ibeacuterico A supremacia peninsular nacional ficou reflectida no

alinhamento internacional que se seguiu atraveacutes da adesatildeo em 1949 agrave OTAN O emergir

internacional de Portugal teve como consequecircncia a desvalorizaccedilatildeo da alianccedila ibeacuterica A

Espanha iniciava a normalizaccedilatildeo do seu relacionamento internacional ainda em 1949 assinando

com os EUA um acordo de cooperaccedilatildeo militar reafirmado em 1953 e em 1976 Sendo neste

uacuteltimo conseguido o acordo sobre a Zona de Interesse Comum9 Em 1982 o pedido de adesatildeo

da Espanha agrave OTAN colocava os dois paiacuteses ibeacutericos junto da potecircncia mariacutetima

O periacuteodo em anaacutelise foi caracterizado por momentos de alinhamento internacional

coincidente isto eacute ambos coabitando numa mesma alianccedila extra-ibeacuterica momentos de

alinhamento oposto e outros em que a alianccedila peninsular foi uma realidade Contudo os Pactos 9 A Zona de Interesse Comum engloba o espaccedilo mariacutetimo que une o Atlacircntico ao Mediterracircneo Ocidental englobando as ilhas Baleares Canaacuterias arquipeacutelago da Madeira ehellip Portugal continental

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 12

estabelecidos por cada um tiveram uma caracteriacutestica que deve ser salientada Enquanto

Portugal manteve o seu alinhamento tradicional atribuindo-lhe um caraacutecter estrutural a Espanha

fez flutuar a sua orientaccedilatildeo internacional de acordo com os interesses estrateacutegicos do momento

conferindo-lhes um caraacutecter conjuntural No entanto foi niacutetida a desvantagem nacional quando

verificados os periacuteodos de alinhamento coincidente nos quais a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de

Portugal foi uma evidencia

13 A questatildeo econoacutemica

No decorrer do seacuteculo XX o relacionamento econoacutemico entre os dois Estados ibeacutericos

conheceu duas fases distintas (ALVES 2001 p32) Na primeira ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 70 o

relacionamento entre ambos decorreu essencialmente no patamar poliacutetico A segunda fase a

partir da deacutecada de 70 e apoacutes o periacuteodo de transiccedilatildeo para um regime democraacutetico vivido pelos

dois paiacuteses quase em simultacircneo evoluiu progressivamente enquadrando para aleacutem do aspecto

poliacutetico entre outras a aacuterea econoacutemica e cultural

O relacionamento econoacutemico nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica poderia

justificar natildeo obstante alguns acordos terem sido assinados sobre esta mateacuteria (Apecircndice C) De

forma a ilustrar o niacutevel de relacionamento entre ambos vejam-se os dados relativos a 1942 as

importaccedilotildees portuguesas de Espanha representavam 365 do total (ALVES 2001 p45)

enquanto que as exportaccedilotildees se situavam nos 193 Em 1944 os mesmos valores atingiam uma

maior expressatildeo passando para 454 e 351 respectivamente para nos anos seguintes

diminuiacuterem progressivamente de importacircncia De salientar que os valores mais elevados entre

os anos de 1946 e 1955 relativos agraves mesmas trocas comerciais se situaram em 266 e 188

respectivamente (ALVES 2001 p45)

O periacuteodo de isolamento internacional espanhol terminou ainda em 1949 com a assinatura de

um acordo com os EUA permitindo-lhe aceder a um creacutedito para apoio agrave reconstruccedilatildeo do paiacutes e

ao relanccedilamento econoacutemico No mesmo ano com o objectivo de proceder agrave substituiccedilatildeo dos

acordos estabelecidos ateacute aquela data entre os dois vizinhos peninsulares Portugal assinou com a

Espanha um acordo10 econoacutemico que se limitava agrave indicaccedilatildeo de alguns produtos a incluir em

eventuais transacccedilotildees assim como a uma limitada cooperaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica (ALVES

2001 p34) Este contrariamente agrave vontade espanhola em nada contribuiu para desenvolver o

relacionamento econoacutemico e comercial entre os dois dado que Portugal receava a dependecircncia

econoacutemica da Espanha e a sua influecircncia nas coloacutenias

10 Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 13

As deacutecadas seguintes marcaram o iniacutecio da abertura econoacutemica da Espanha e de Portugal

assim como o afastamento do relacionamento bilateral Neste periacuteodo Portugal adere em 1948

como membro fundador agrave Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (OCDE)

em 1959 tambeacutem como membro fundador agrave Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre (EFTA)

ao Fundo Monetaacuterio Internacional e ao Banco Mundial A Espanha em 1953 assinava os

Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e Ajuda Econoacutemica com os Estados Unidos Adere

em 1958 agrave OCDE em 1962 inicia os primeiros contactos com vista agrave adesatildeo agrave CEE que

culminaram em 1970 com a assinatura de um acordo comercial entre ambos

A internacionalizaccedilatildeo das economias portuguesa e espanhola processou-se de forma diferente

(ALVES 2001 p34) Enquanto Portugal no quadro do relacionamento luso-britacircnico procurou

expandir a sua economia atraveacutes da EFTA que ao mesmo tempo lhe assegurava a manutenccedilatildeo

da sua poliacutetica colonial a Espanha procurou adquirir outros parceiros comerciais na Ameacuterica

Latina paiacuteses Aacuterabes do Proacuteximo e Extremo Oriente e na Europa de Leste Em 1960 eacute assinado

um novo acordo comercial entre os dois Estados ibeacutericos que incidia principalmente sobre

questotildees aduaneiras natildeo alterando em nenhum aspecto o acircmbito das relaccedilotildees comerciais da

eacutepoca

A reaproximaccedilatildeo entre os dois Estados eacute motivada pela assinatura dos acordos comerciais

com a CEE assim como pelo pedido formal efectuado em 1977 em simultacircneo para a adesatildeo

agraves Comunidades Europeias As negociaccedilotildees tiveram iniacutecio em Portugal no ano de 1978

enquanto que na Espanha desenvolveram-se a partir do ano seguinte Em 1980 a governaccedilatildeo

espanhola assinou com a EFTA um compromisso que deu origem ao Acordo de Comeacutercio

Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

A orientaccedilatildeo do comeacutercio externo portuguecircs no iniacutecio da deacutecada de 70 privilegiou os paiacuteses

europeus constituintes da CEE11 e da EFTA12 Os motivos centraram-se na assinatura do

Acordo13 de Comeacutercio Livre com a CEE e a Comunidade Europeia do Carvatildeo e do Accedilo bem

como na independecircncia dos territoacuterios ultramarinos (ALVES 2001 p39) A Espanha tinha nos

paiacuteses do centro da Europa os seus principais parceiros comerciais no entanto estes

representavam um peso menor do que no caso portuguecircs (ALVES 2001 p 42) dado que o

vizinho ibeacuterico tinha jaacute na deacutecada de 60 diversificado o seu relacionamento comercial externo

para regiotildees exteriores agrave Europa

11 Da qual faziam parte a Alemanha Franccedila Reino Unido Irlanda Dinamarca Itaacutelia Holanda Beacutelgica e Luxemburgo 12 Faziam parte desta organizaccedilatildeo em 1973 para aleacutem de Portugal a Sueacutecia Suiccedila Aacuteustria Noruega Finlacircndia e Islacircndia 13 Este facto determinava abertura da economia portuguesa agrave Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 14

Apoacutes a adesatildeo de Portugal e Espanha agraves Comunidades Europeias em 1985 o relacionamento

econoacutemico e comercial de ambos conheceu um incremento significativo tanto com os paiacuteses

Europeus como entre si A Espanha que no iniacutecio da deacutecada de 80 representava cerca de 5 do

comeacutercio externo nacional passou para cerca de 19 em 1995 (Anexo A) tornando-se o

principal parceiro comercial de Portugal No caso do paiacutes vizinho o fenoacutemeno ocorreu de forma

semelhante mas com uma dimensatildeo menor Em 1981 Portugal representava cerca de 1 do

comeacutercio externo espanhol passando a representar cerca de 5 em 1995 (Anexo B) O

relacionamento econoacutemico entre os paiacuteses ibeacutericos na actualidade efectua-se a um ritmo nunca

antes assinalado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 15

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES

Os Paiacuteses peninsulares natildeo se encontram confinados agrave sua aacuterea geograacutefica continental Em

ambos os casos a descontinuidade territorial determinada pela posse de regiotildees autoacutenomas

localizadas no Oceano Atlacircntico e no Mar Mediterracircneo permitem projectar os respectivos

espaccedilos de interesse para o interior dos referidos mares Sendo certo que a descontinuidade lhes

confere algumas vulnerabilidades especialmente a Portugal tendo em conta a sua menor

dimensatildeo geograacutefica permite definir tambeacutem vaacuterias potencialidades Destas poderemos desde jaacute

destacar o espaccedilo adicional com importantes reflexos geopoliacuteticos e geoeconoacutemicos uma

consideraacutevel profundidade estrateacutegica importante tanto para o espaccedilo peninsular como para o

europeu e a possibilidade de se constituiacuterem como importantes pontos de apoio agrave projecccedilatildeo de

poder de controlo do espaccedilo mariacutetimo e agraves rotas de navegaccedilatildeo

A histoacuteria tem vindo a reservar aos dois actores peninsulares papeacuteis distintos

consubstanciados num posicionamento poliacutetico-estrateacutegico diferenciado Na actualidade o facto

de ambos se encontrarem inseridos nos mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e

geoestrateacutegico materializados na UE e OTAN determina a necessidade de partilhar interesses e

objectivos O relacionamento entre os dois Estados tem vindo a ser aprofundado tanto por via da

globalizaccedilatildeo como na tentativa de resoluccedilatildeo de aspectos conflituais que se mantecircm e que

exigem a Portugal a adopccedilatildeo de uma postura firme na defesa dos seus interesses poliacuteticos

econoacutemicos ou na gestatildeo de recursos naturais comuns

21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico

Quis a histoacuteria que a Peniacutensula Ibeacuterica fosse constituiacuteda por dois Estados independentes

cabendo a Portugal um pequeno rectacircngulo situado na faixa ocidental do territoacuterio A realidade

geograacutefica (Apecircndice D) determinou-nos a convivecircncia com dois parceiros De um lado o Mar

que tem vindo a contribuir para a nossa riqueza modo de vida e valorizaccedilatildeo estrateacutegica e do

outro a Espanha parceiro e foco de preocupaccedilatildeo constante Neste enquadramento Portugal vecirc-

se dependente da Espanha para dar seguimento aos fluxos de relacionamento com destino ao

centro da Europa

Contudo natildeo cabe apenas agrave ldquofatalidade geograacuteficardquo (FIEL 2005 p7) determinar por si soacute a

realidade estrateacutegica dos paiacuteses ibeacutericos Neste contexto considerando tambeacutem as vertentes

fiacutesica poliacutetica econoacutemica e cultural ambos se encontram inseridos na realidade Europeia O

caminho foi escolhido ao decidirem participar num projecto de construccedilatildeo inicialmente em

1985 com a integraccedilatildeo numa Europa econoacutemica que gradualmente tem vindo a alargar o acircmbito

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 16

da partilha de interesses caminhando para os domiacutenios da poliacutetica externa e quem sabe ateacute para

uma poleacutemica integraccedilatildeo poliacutetica de cariz federal Em resumo procurando fugir ao consequente

isolamento que o ldquonatildeo estar presenterdquo poderia determinar a necessidade de captaccedilatildeo de apoios

econoacutemicos que garantissem a uniformizaccedilatildeo do desenvolvimento estrutural no seio da UE e

ainda o recente alargamento a Leste para aleacutem de um direito e um dever determinam que a

integraccedilatildeo europeia seja uma necessidade imperativa para os dois Estados

Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa mais uma vez os dois paiacuteses vivem uma

situaccedilatildeo de comunhatildeo de interesses integrando a OTAN14 e participando no desenvolvimento e

implementaccedilatildeo da PESC Neste acircmbito eacute de salientar o facto de que a adesatildeo agrave OTAN foi

efectuada em momentos distintos Enquanto Portugal adere em 1949 como membro fundador a

entrada da Espanha foi recusada vindo a integrar a organizaccedilatildeo apenas em 1982 A este facto

certamente natildeo foi alheia a importacircncia estrateacutegica conferida ao espaccedilo portuguecircs (Apecircndice E)

assim como as tomadas de posiccedilatildeo da Espanha do decurso da II Guerra Mundial que motivaram

um prolongado isolamento internacional

Apoacutes o final da guerra-fria a queda do muro de Berlim e o desmembrar de todo o bloco

socialista sovieacutetico surgiu um novo quadro internacional com uma tendecircncia de equiliacutebrio ainda

natildeo completamente definida do qual se destaca a posiccedilatildeo hegemoacutenica dos EUA Eacute neste

contexto que a OTAN tem procurado adequar o seu posicionamento e onde se pretende que a

PESC venha a desempenhar um importante papel de complementaridade

Os dois paiacuteses natildeo poderatildeo dissociar a sua acccedilatildeo estrateacutegica individual da preconizada pelas

organizaccedilotildees de que fazem parte Eacute desta forma que Portugal se enquadra no ambiente

estrateacutegico da actualidade garantindo a sua individualidade e disponibilizando a sua mais valia

estrateacutegica de forma a contribuir para o sucesso das organizaccedilotildees que integra A Espanha pelo

contraacuterio define a Europa como ldquoaacuterea de interesse prioritaacuteriordquo assumindo contudo a

compatibilidade desta opccedilatildeo com a manutenccedilatildeo de uma ldquorelaccedilatildeo transatlacircntica robusta e

equilibradardquo e uma presenccedila na OTAN respeitando os compromissos assumidos orientaccedilotildees

bem expressas pela Directiva de Defensa Nacional 12004 (DDN)

As caracteriacutesticas mediterracircnicas dos dois paiacuteses estatildeo de tal forma vincadas que permitem

ser salientadas como parte das respectivas matrizes de identidade Estas caracteriacutesticas tecircm maior

incidecircncia na Espanha por razotildees geograacuteficas dado que uma parte da sua costa eacute banhada por

aquele mar transformando-a numa regiatildeo de particular interesse para o Estado espanhol

14 Os 26 Paiacuteses integrantes da OTAN Beacutelgica Bulgaacuteria Canadaacute Repuacuteblica Checa Dinamarca Estados Unidos da Ameacuterica Estoacutenia Franccedila Alemanha Greacutecia Hungria Islacircndia Itaacutelia Letoacutenia Lituacircnia Luxemburgo Holanda Noruega Poloacutenia Portugal Romeacutenia Eslovaacutequia Esloveacutenia Espanha Turquia Reino Unido

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 17

Tambeacutem Portugal pelo seu posicionamento geograacutefico ldquojunto agraves portas do Mediterracircneordquo

(ALMEIDA 1990 p362) poderaacute reclamar para si uma boa parte destas caracteriacutesticas

Relativamente aos paiacuteses do Norte de Aacutefrica o facto de existirem significativos focos de

instabilidade a proximidade geograacutefica bem como a dependecircncia energeacutetica justificam a

inclusatildeo do Magreb no Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural (Anexo C) Se

duacutevidas houvesse quanto agrave importacircncia da regiatildeo mediterracircnica para o nosso Paiacutes seriam

dissipadas quando constatada a relevacircncia e a atenccedilatildeo conferida tanto pela OTAN como pela

UE sobre esta aacuterea do Globo Neste acircmbito Portugal encontra-se numa posiccedilatildeo de vantagem

podendo afirmar-se como um interlocutor privilegiado precisamente com os paiacuteses do

Mediterracircneo Ocidental com os quais ao contraacuterio da Espanha natildeo tem ressentimentos

coloniais nem qualquer contencioso territorial

Restam as questotildees de ldquoafinidades e interesses em aacutereas que transcendem o posicionamento

geograacuteficordquo (ALMEIDA 1990 p362) Portugal tem com os paiacuteses lusoacutefonos uma relaccedilatildeo

histoacuterica alicerccedilada num passado secular comum junto dos quais tratou de resolver os traumas

decorrentes da eacutepoca colonial Para aleacutem da possibilidade de difusatildeo da cultura e liacutengua comuns

estaacute tambeacutem um importante mercado para o onde os grupos econoacutemicos nacionais se poderatildeo

expandir bem como assumir um papel de destaque no relacionamento entre estes paiacuteses os EUA

e a UE Neste acircmbito a Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa (CPLP)15 poderaacute vir a

desempenhar um papel importante tanto na afirmaccedilatildeo da cultura e liacutengua nacional como do

proacuteprio Paiacutes Por sua vez a Espanha tem como aacuterea preferencial de relacionamento os paiacuteses

pertencentes agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees16 Com eles manteacutem um relacionamento

bilateral diverso que nalguns casos inclui a cooperaccedilatildeo militar

Fica assim expressa a matriz de identidade de cada Estado bem como as diferentes

possibilidades de orientaccedilatildeo politico-estrateacutegica A tatildeo propalada posiccedilatildeo perifeacuterica peninsular

tendo em conta a enquadrante europeia eacute assim contrariada quando considerada a enquadrante

de seguranccedila e defesa sob a eacutegide da OTAN que transporta a regiatildeo para uma posiccedilatildeo central

tendo em conta a distribuiccedilatildeo geograacutefica dos Estados que compotildeem esta Organizaccedilatildeo

22 Portugal e Espanha em factos comparados

Consideraacutemos de grande pertinecircncia efectuar uma anaacutelise comparativa das duas realidades

peninsulares Para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que de forma sinteacutetica mas

15 Fazem parte da CPLP Angola Brasil Cabo Verde Guineacute-Bissau Moccedilambique Portugal S Tomeacute e Priacutencipe e Timor-leste 16 Fazem parte da Comunidade Ibero Ameacuterica de Naccedilotildees Andorra Argentina Boliacutevia Brasil Colocircmbia Costa Rica Cuba Chile Equador Espanha Guatemala Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Paraguai Peru Portugal Repuacuteblica Dominicana Uruguai e Repuacuteblica Bolivariana de Venezuela

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 18

objectiva nos permitam visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados alguns aspectos

representativos da interacccedilatildeo bilateral e outros relativos a questotildees prementes que se encontram

em discussatildeo na actual agenda poliacutetica dos respectivos governos Destes poderemos destacar as

questotildees regionais e a indicaccedilatildeo de alguns factores que poderatildeo vir a determinar situaccedilotildees de

dependecircncia econoacutemica relativamente ao nosso vizinho da Peniacutensula Ibeacuterica

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila

Ambos os paiacuteses vivem sob sistemas poliacuteticos democraacuteticos pelos quais se bateram no

decurso do seacuteculo XX e onde o papel desempenhando pelos cidadatildeos representa um suporte

fundamental para a soberania Contudo estes sistemas poliacuteticos apresentam naturezas distintas

Em Portugal foi adoptado um sistema de cariz republicano na sua forma semi-presidencialista

no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica eleito por sufraacutegio universal directo e

secreto por mandatos de 5 anos Das suas competecircncias destaca-se o direito de veto17 e a

possibilidade de nos termos previstos pela constituiccedilatildeo dissolver a Assembleia da Repuacuteblica e

exonerar o Governo

A Assembleia da Repuacuteblica eacute o oacutergatildeo representativo ldquode todos os cidadatildeos portuguesesrdquo18

sendo os deputados que a compotildeem eleitos por mandatos de 4 anos utilizando um sistema de

representaccedilatildeo proporcional ao nuacutemero de cidadatildeos inscritos em cada ciacuterculo eleitoral O

Governo ldquoeacute o oacutergatildeo de conduccedilatildeo da poliacutetica geral do Paiacutesrdquo19 representa o poder executivo e eacute o

oacutergatildeo de administraccedilatildeo superior do Estado O poder judicial eacute exercido pelos tribunais que tecircm a

ldquocompetecircncia para administrar a justiccedila em nome do povordquo20

A Espanha adoptou uma monarquia parlamentar na qual a Coroa eacute transmitida de forma

hereditaacuteria e o Rei se assume como o Chefe de Estado21 Das suas competecircncias destaca-se o

facto de natildeo incluiacuterem o direito de veto nem tatildeo pouco a possibilidade de exoneraccedilatildeo do

Governo Estas competecircncias encontram-se atribuiacutedas no primeiro caso ao Senado enquanto

que a exoneraccedilatildeo do Governo decorre da aprovaccedilatildeo por maioria absoluta de uma Moccedilatildeo de

Censura22 de iniciativa do Congresso de Deputados A dissoluccedilatildeo23 do Congresso do Senado ou

17 Segundo o artigo 136ordm da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa o Presidente da Repuacuteblica poderaacute exercer o direito de veto com o intuito de solicitar nova apreciaccedilatildeo sobre qualquer decreto emanado pela Assembleia da Repuacuteblica do Governo ou sobre decisotildees do Tribunal Constitucional desde que este uacuteltimo natildeo emita um parecer de inconstitucionalidade Normalizam ainda a aplicaccedilatildeo do direito de veto os artigos 278ordm e 279ordm do mesmo documento 18 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 147ordm 19 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 182ordm 20 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 202ordm 21 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 56ordm 22 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 113ordm 23 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 115ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 19

ateacute das Cortes tem origem num decreto assinado pelo Rei mas decorre sempre de uma proposta

efectuada pelo Presidente do Governo apoacutes deliberaccedilatildeo do Conselho de Ministros

As Cortes oacutergatildeo representativo do povo espanhol satildeo constituiacutedas24 pelo Congresso de

Deputados e pelo Senado que assumem em conjunto o poder legislativo Entre outras

responsabilidades assumem o dever de controlar a acccedilatildeo do governo Os deputados do

Congresso satildeo eleitos por mandatos de 4 anos atraveacutes de um sufraacutegio universal livre directo e

secreto A eleiccedilatildeo eacute efectuada em cada circunscriccedilatildeo25 eleitoral obedecendo aos criteacuterios de

representatividade proporcional26 O Senado eacute cacircmara de representaccedilatildeo territorial27 sendo os

senadores eleitos28 de forma idecircntica aos deputados do Congresso por mandatos de 4 anos

O Governo a quem cabe exercer a funccedilatildeo executiva da governaccedilatildeo dirige a poliacutetica interna e

externa a administraccedilatildeo civil e militar e a defesa do Estado29 respondendo pela sua acccedilatildeo

governativa perante o Congresso30 O poder judicial31 emana do povo e eacute administrado em nome

do Rei por juiacutezes e magistrados independentes inamoviacuteveis responsaacuteveis e unicamente

submetidos ao imperativo da lei

222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais

Relativamente agrave organizaccedilatildeo administrativa Portugal encontra-se dividido em 18 distritos e

duas Regiotildees Autoacutenomas Na sua base o Paiacutes eacute composto por 308 municiacutepios que por sua vez

se subdividem em cerca de 4000 freguesias Apesar de Portugal se constituir como um Estado

unitaacuterio consagra a existecircncia de ldquovaacuterios niacuteveis de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa o

mais importante dos quais eacute o regime autonoacutemico insularrdquo (PINTO et al 2005 p180) Este

materializa-se na existecircncia nas regiotildees autoacutenomas de oacutergatildeos legislativos e de direcccedilatildeo poliacutetica

proacuteprios bem como de um estatuto poliacutetico-administrativo proacuteprio A Constituiccedilatildeo Portuguesa

consagra tambeacutem a autonomia das autarquias locais traduzida na existecircncia de entidades e

oacutergatildeos proacuteprios com atributos especiacuteficos cujos titulares satildeo eleitos pelo povo e ainda a

descentralizaccedilatildeo da administraccedilatildeo puacuteblica

24 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 66ordm 25 O nordm 2 do artigo 68ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que a circunscriccedilatildeo eleitoral eacute a proviacutencia Para a ocupaccedilatildeo dos lugares do Congresso seraacute definida uma representaccedilatildeo miacutenima inicial para cada circunscriccedilatildeo sendo os restantes lugares ocupados de acordo com o princiacutepio da proporcionalidade de populaccedilatildeo em cada circunscriccedilatildeo As cidades de Ceuta e Melilla teratildeo um representante por cada uma 26 Constitucion Espantildeola ndash nordm 3 artigo 68ordm 27 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 69ordm 28 O artigo 69ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que cada proviacutencia elegeraacute 4 senadores As comunidades autoacutenomas designaram 1 senador por cada milhatildeo de habitantes Ceuta e Melilla elegem 2 senadores por cada uma Nas proviacutencias insulares por cada ilha ou agrupamento de ilhas seraacute constituiacuteda uma circunscriccedilatildeo eleitoral que elegeraacute 3 senadores na Gran Canaacuteria Maiorca e Tenerife e 1 senador em Ibiza-Formentera Menorca Fuerteventura Gomera Hierro Lanzarote e La Palma 29 Constitucion Espantildeola ndash artigo 97ordm 30 Constitucion Espantildeola ndash artigo 108ordm 31 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 117ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 20

Tecircm sido comuns os discursos poliacuteticos que reclamam as reformas da administraccedilatildeo puacuteblica

de descentralizaccedilatildeo administrativa ou ateacute de regionalizaccedilatildeo Este assunto em breve ocuparaacute um

lugar de destaque na agenda poliacutetica portuguesa Sobre o tema considera-se a necessidade entre

outras questotildees de reequacionar a actual divisatildeo administrativa assim como a atribuiccedilatildeo de

novas competecircncias agraves eventuais regiotildees com o intuito de ldquoviabilizar a execuccedilatildeo de planos de

desenvolvimento regional integrados articulando investimentos e visando proporcionar um

protagonismo regional capaz de dinamizar as diferentes zonas do Paiacutes particularmente as do

interiorrdquo (OLIVEIRA et al 1996 p502)

A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas32 e duas cidades

agraves quais lhes foi tambeacutem atribuiacutedo um estatuto de autonomia designadamente as cidades de

Ceuta e Melilla A Galiza o Paiacutes Basco e a Catalunha a par do estatuto de autonomia gozam

igualmente da condiccedilatildeo de nacionalidade histoacuterica reconhecida pela constituiccedilatildeo Este estatuto

traduziu-se na obtenccedilatildeo de uma maior capacidade de decisatildeo e soberania relativamente agraves

restantes comunidades

As regiotildees possuem um parlamento proacuteprio um governo regional e um sistema de justiccedila que

conta com um Supremo Tribunal de Justiccedila de cada zona De salientar ainda o facto de o Paiacutes

Basco a Catalunha e Navarra contarem com um sistema policial proacuteprio O poder central reserva

para si entre outras o controlo das Forccedilas Armadas e de Seguranccedila as relaccedilotildees externas a

seguranccedila social os serviccedilos secretos jogos e apostas desportivas a emissatildeo de moeda o Banco

de Espanha os portos e aeroportos e os caminhos-de-ferro

Na actualidade este modelo parece ter atingido o seu limite e os sinais de tal facto reflectem-

se nas ldquoexigecircncias da maioria das regiotildees autoacutenomas algumas delas claramente soberanistasrdquo

(CALLE 2005 p68) Deste processo o Plano Ibarretxe apresentado em Dezembro de 2004

pelo presidente do governo do Paiacutes Basco Juan Joseacute Ibarretxe eacute claramente um exemplo O

plano apesar de derrotado no Congresso propunha um novo modelo de relacionamento com o

Estado e previa a realizaccedilatildeo de ldquoum plebiscito para tornar voluntaacuteria a adesatildeo ao Estado

espanholrdquo (MEIRELES 2005 p64)

Torna-se inevitaacutevel a necessidade de levar a cabo uma reforma constitucional No entanto as

exigecircncias (Apecircndice F) satisfeitas a qualquer das comunidades autoacutenomas seratildeo certamente

disputadas pelas restantes regiotildees (Anexo F) podendo os seus efeitos tornar-se numa verdadeira

bola de neve natildeo sendo descabido considerar o cenaacuterio da transformaccedilatildeo da Espanha num

Estado federal 32 Uma comunidade autoacutenoma eacute uma entidade territorial que no ordenamento constitucional do Estado espanhol eacute dotada de autonomia legislativa e competecircncias executivas bem como da faculdade de se administrar mediante representantes proacuteprios

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 21

223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo

O diferencial demograacutefico existente entre os dois paiacuteses eacute no momento cerca de 30 milhotildees

de habitantes (Anexo D) A populaccedilatildeo portuguesa atinge os 10356117 hab enquanto que em

Espanha os nuacutemeros ascendem aos 40847371 hab Apesar deste significativo diferencial a

densidade populacional nacional eacute superior atingindo os 113 habkm2 em oposiccedilatildeo aos 84

habkm2 verificados em Espanha (Anexo E) Tomando por referecircncia todo o espaccedilo peninsular

(Anexo F) poderemos concluir que as regiotildees de maior concentraccedilatildeo populacional se encontram

junto agrave costa atlacircntica e mediterracircnica exceptuando-se a regiatildeo de Madrid situada bem no centro

da peniacutensula

As tendecircncias de evoluccedilatildeo para um horizonte ateacute 2040 dizem-nos que enquanto em Portugal

se prevecirc uma diminuiccedilatildeo ateacute aos 98 milhotildees de habitantes em Espanha espera-se um

crescimento ateacute aos 52 milhotildees (Anexo G) Analisando as piracircmides etaacuterias de ambos os Estados

verificamos a existecircncia de uma quase sobreposiccedilatildeo encontrando-se a maior parte da populaccedilatildeo

compreendida entre os 24 e os 40 anos (Anexo H) Contudo se atendermos agrave relaccedilatildeo entre as

taxas de natalidade e mortalidade poderemos constatar que em Espanha ambas seguem a mesma

tendecircncia de crescimento enquanto que em Portugal tendem para a convergecircncia isto eacute

verifica-se uma diminuiccedilatildeo da taxa de natalidade e um aumento da taxa de mortalidade (Anexo

I)

Na aacuterea da educaccedilatildeo deveraacute salientar-se a taxa de abandono escolar que apesar de se

encontrar em franca queda foi em 2003 no nosso Paiacutes claramente superior agrave verificada na

Espanha (Anexo J) Outro dado curioso diz respeito ao nuacutemero de mulheres que frequentam o

ensino superior no nosso Paiacutes (Anexo K) Este representa um adicional de 10 relativamente ao

valor atingido no vizinho espanhol Apesar dos fracos resultados obtidos nos exames de acesso

ao ensino superior os gastos na educaccedilatildeo representam em Portugal cerca de 6 do PIB

enquanto que na Espanha os valores representam apenas 44 (Anexo L)

Sobre a questatildeo da utilizaccedilatildeo de novas tecnologias nomeadamente a percentagem de

alojamentos com computador Portugal enquadra-se entre os 18 e os 30 com excepccedilatildeo da

regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo que se situa entre os 30 e os 35 Pelo contraacuterio a Espanha

enquadra a maior parte do seu territoacuterio em valores acima dos 30 atingindo mesmo o intervalo

entre os 35 e os 50 em regiotildees como Madrid Catalunha Paiacutes Basco Navarra e Aragatildeo

assim como em todas as regiotildees insulares incluindo Ceuta e Melilla (Anexo M)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 22

224 O mercado de trabalho

Considerando a distribuiccedilatildeo da populaccedilatildeo empregada por sector de actividade (Anexo N)

verifica-se que 636 da populaccedilatildeo espanhola activa se encontra empregada no sector dos

serviccedilos 308 na induacutestria e apenas 56 na agricultura Em Portugal 544 da populaccedilatildeo

activa estaacute empregada no sector dos serviccedilos 328 na induacutestria e 128 na agricultura Eacute no

miacutenimo estranho que um Paiacutes com menor superfiacutecie para cultivo tenha em termos

proporcionais mais do dobro da populaccedilatildeo empregada no sector agriacutecola

Importa salientar que actualmente as economias de ambos os paiacuteses se encontram cada vez

mais baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos Em Portugal (Anexo O) este sector

contribui com 67 do Valor Acrescentado Bruto (VAB) enquanto que o sector da induacutestria

construccedilatildeo e energia contribui com 29 e a agricultura com apenas 4 A Espanha (Anexo P)

apresenta proporcionalmente um quadro semelhante com o sector dos serviccedilos a contribuir com

6030 do PIB o sector da Industria construccedilatildeo e energia com 2663 do PIB e a agricultura

com apenas 299 do PIB

Relativamente agrave taxa de actividade feminina (Anexo Q) verifica-se que eacute favoraacutevel a Portugal

situando-se entre os 45 e os 55 valor apenas igualado nas regiotildees espanholas de Madrid da

Catalunha e do Paiacutes Basco Na maioria das restantes regiotildees da Espanha o valor situa-se entre os

30 e os 40 A vantagem portuguesa natildeo poderaacute ser dissociada tanto da necessidade de uma

maior contribuiccedilatildeo para o orccedilamento familiar como do facto da taxa de desemprego em Portugal

assumir um valor significativamente inferior agrave espanhola Enquanto que o nosso Paiacutes manteacutem

este indicador em 61 o espanhol atinge os 111 (Anexo R)

Relativamente agraves horas semanais efectivamente trabalhadas elas equivalem-se nos dois paiacuteses

situando-se nas 38 horas Contudo analisando os dias natildeo trabalhados devido a greves (Anexo

S) por cada mil empregados constata-se em Portugal uma constacircncia nos 29 dias enquanto que

na Espanha se verifica alguma irregularidade identificando-se os periacuteodos de maior contestaccedilatildeo

social que em 2000 atingiu os cerca de 300 dias Em 2002 o mesmo iacutendice mantinha-se 30 dias

acima do valor verificado em Portugal

225 As contas nacionais e o comeacutercio externo

Iniciaremos a anaacutelise abordando a taxa de crescimento anual do PIB a preccedilos constantes

(Anexo T) e de imediato se constata que ambos os paiacuteses apresentam tendecircncias opostas

Portugal apresenta a partir do ano 2000 um acentuado decreacutescimo decaindo dos cerca de 35

obtidos naquele ano ateacute aos cerca de -12 obtido em 2003 A Espanha iniciava em 2000 um

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 23

periacuteodo de decreacutescimo desde os cerca de 4 ateacute aos 2 de 2002 ano a partir do qual inicia a

tendecircncia de subida ateacute aos cerca de 24 em 2003

Relativamente ao PIB per capita a preccedilos correntes (Anexo U) a diferenccedila de valores entre os

dois paiacuteses eacute substancial contudo entre os anos de 1998 e 2002 verificou-se uma tendecircncia

semelhante de crescimento dos valores meacutedios deste iacutendice Dos 9900 euro obtidos em 1998

Portugal conseguiu atingir os 12500 euro em 2002 O vizinho peninsular nos mesmos anos passou

dos 13300 euro para os 17200 euro Neste paiacutes verificam-se valores mais elevados em Madrid

Catalunha Paiacutes Basco Navarra La Rioja Aragatildeo e as Ilhas Baleares os quais se situam entre os

17000 euro e os 23000 euro Em Portugal apenas se destaca a regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo onde se

obteacutem valores compreendidos entre os 14000 euro e os 17000 euro (Anexo V)

A Espanha eacute hoje em dia o principal parceiro comercial de Portugal ocupando a posiccedilatildeo

cimeira (Anexo W) As importaccedilotildees representam 291 enquanto que as exportaccedilotildees ascendem

aos 227 Relativamente agraves importaccedilotildees espanholas (Anexo X) o nosso Paiacutes ocupa a seacutetima

posiccedilatildeo com 32 surgindo em quinto lugar com 93 quando referidas as exportaccedilotildees

Relativamente agraves trocas comerciais com os restantes paiacuteses da UE (Anexo Y) constata-se uma

maior dependecircncia de Portugal representando em 2003 79 das exportaccedilotildees nacionais contra

os 71 espanhoacuteis e 77 das importaccedilotildees contra os 66 espanhoacuteis

Os principais produtos comercializados (Anexo Z) na direcccedilatildeo do paiacutes vizinho satildeo os veiacuteculos

automoacuteveis e os respectivos componentes com 134 seguindo-se o vestuaacuterio e acessoacuterios com

112 o equipamento eleacutectrico com 56 o ferro e o accedilo com 46 os produtos metaacutelicos

fabricados com 40 e os manufacturados de minerais natildeo metaacutelicos com 38 As exportaccedilotildees

da Espanha para o nosso Paiacutes revelam em primeiro lugar os veiacuteculos automoacuteveis e

componentes com 119 seguindo-se os artigos manufacturados diversos com 55 o vestuaacuterio

e acessoacuterios com 49 os equipamentos eleacutectricos com 45 papel e cartatildeo com 39 e as

maacutequinas de processamento de dados com 37

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia

Assentando as economias dos paiacuteses ibeacutericos fundamentalmente no sector dos serviccedilos

consideramos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de

actividade que constituem a estrutura base do sector Assim iremos analisar de forma breve o

sector energeacutetico sobre o qual tem estado na ordem do dia o impasse da implementaccedilatildeo do

Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica (MIBEL) a partilha de recursos hiacutedricos tema sempre

actual e directamente relacionado agrave produccedilatildeo de energia o sector bancaacuterio que tem representado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 24

a principal aacuterea de investimento espanhol no nosso Paiacutes e finalmente o sector das

telecomunicaccedilotildees que representa uma das aacutereas de partilha de investimento externo de maior

significado no acircmbito peninsular

231 O sector energeacutetico

O facto de Portugal e a Espanha natildeo serem auto-suficientes em termos energeacuteticos origina que

ambos dependam de fontes externas para alimentarem as suas necessidades tanto para os fins

domeacutesticos como para a sustentaccedilatildeo do seu tecido econoacutemico O consumo de energia primaacuteria

(Anexo AA) revela-nos que o petroacuteleo e os seus derivados ocupam o lugar cimeiro nas

necessidades dos dois paiacuteses representando 63 em Portugal e 52 na Espanha No nosso Paiacutes

seguem-se o carvatildeo com 16 outras energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 8 e a

energia hiacutedrica com 4 Na Espanha a ordem dos factores eacute semelhante surgindo na segunda

posiccedilatildeo o carvatildeo com 17 a energia nuclear com 13 o gaacutes natural com 12 outras energias

renovaacuteveis com 4 e finalmente a energia hiacutedrica com 2

No consumo final (Anexo AB) o petroacuteleo e os seus derivados representam 68 em Portugal

e 63 na Espanha Seguem-se relativamente a Portugal o sector eleacutectrico com 18 as outras

energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 4 e o carvatildeo com 2 Para a Espanha a

segunda posiccedilatildeo eacute ocupada pelo sector eleacutectrico com 18 seguindo-se o gaacutes natural com 14

as outras energias renovaacuteveis com 4 e finalmente o carvatildeo com 1

Para o sector estaacute prevista a implementaccedilatildeo de um acordo assinado entre os governos dos

dois paiacuteses no sentido da criaccedilatildeo do MIBEL Inicialmente previsto para 01 de Janeiro de 2003 o

projecto tem conhecido sucessivos adiamentos a que natildeo seraacute alheia a sensibilidade suscitada

pela questatildeo energeacutetica Eacute notoacuteria a dependecircncia de ambos os paiacuteses de recursos energeacuteticos

externos No entanto a Espanha apresenta no que diz respeito agrave produccedilatildeo maior diversidade de

recursos dado que ao contraacuterio de Portugal recorreu agrave produccedilatildeo nuclear

No que diz respeito agrave liberalizaccedilatildeo do sector a Espanha deteacutem um avanccedilo significativo

relativamente a Portugal Enquanto que o paiacutes vizinho dispotildee de vaacuterias empresas produtoras e

distribuidoras de energia com significativa importacircncia em Portugal apenas a Electricidade de

Portugal (EDP) se apresenta como a uacutenica com permissatildeo para operar no mercado Em face da

sua dimensatildeo as empresas espanholas poderatildeo intervir no mercado portuguecircs assumindo o

controlo tanto ao niacutevel de produccedilatildeo como na distribuiccedilatildeo A Iberdrola ldquoeacute o maior accionista

privado da EDPrdquo (MARTINS 2005b p15) e ldquoeacute jaacute o segundo maior investidor estrangeiro em

Portugalrdquo (MARTINS 2005b p15) No entanto desde Julho de 2004 que a empresa portuguesa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 25

assumiu o controlo pleno da espanhola Hidrocantaacutebrico que tambeacutem opera no mercado de gaacutes

natural

A questatildeo energeacutetica apresenta-se como uma das mais sensiacuteveis no relacionamento entre os

dois paiacuteses A situaccedilatildeo geograacutefica de Portugal impotildee que a maior parte das importaccedilotildees de

energia se efectuem atraveacutes do territoacuterio espanhol nomeadamente no que diz respeito agrave

importaccedilatildeo de gaacutes natural via gasoduto (Anexo AC) Esta fonte de energia primaacuteria atinge o

territoacuterio nacional atraveacutes da rede ibeacuterica de gasodutos que por sua vez chega agrave peniacutensula pelo

Estreito de Gibraltar utilizando a rede euro-magrebina com proveniencia na Argeacutelia Neste

quadro a possibilidade de recorrer ao Gaacutes Natural Liquefeito utilizando o porto de Sines poderaacute

minimizar o factor de dependecircncia exposto

232 A partilha de recursos hiacutedricos

A importacircncia atribuiacuteda agrave questatildeo dos recursos hiacutedricos decorre do facto de cinco dos

principais rios que percorrem o territoacuterio nacional terem a sua nascente no paiacutes vizinho

Referimo-nos aos rios Minho Lima Douro Tejo e Guadiana Para uma correcta avaliaccedilatildeo da

questatildeo hiacutedrica torna-se essencial conhecer as dimensotildees das respectivas bacias hidrograacuteficas

(SANTOS 2002) Relativamente ao rio Minho ela estende-se por 17080 km2 o rio Lima atinge

os 2480 km2 o Douro os 97600 km2 o Tejo 80600 km2 e o Guadiana os 66 800 km2 Das aacutereas

mencionadas percorrem territoacuterio nacional 5 48 19 31 e 17 respectivamente Os

recursos hiacutedricos superficiais gerados nas bacias hidrograacuteficas referidas representam cerca de

62900 hm3 o que corresponde a 45 do total dos recursos hiacutedricos de superfiacutecie gerados na

Peniacutensula Ibeacuterica isto eacute 140800 hm3 (SANTOS 2002)

Por outro lado a fronteira que separa os dois paiacuteses tem cerca de 1200 km de extensatildeo e 23

eacute estabelecida por rios O territoacuterio continental eacute assim constituiacutedo em mais de dois terccedilos por

bacias hidrograacuteficas cujos rios nascem do outro lado da fronteira Para gerir esta questatildeo

Portugal e a Espanha tecircm ao longo do tempo assinado vaacuterios conveacutenios nos quais ficaram

definidas regras como limites fronteiriccedilos o aproveitamento hidroeleacutectrico do rio Douro ou o

aproveitamento hidraacuteulico dos troccedilos internacionais dos rios Minho Lima Tejo Guadiana

Chanccedila e seus afluentes

O Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha surgiu no iniacutecio da deacutecada de 90 e foi apresentado

pelo executivo espanhol como sendo um instrumento fundamental para definir os objectivos da

poliacutetica de recursos hiacutedricos e os meios para os alcanccedilar A preocupaccedilatildeo surge quando nele se

refere a necessidade de efectuar transvazes dos rios Douro Tejo e Guadiana consideradas bacias

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 26

com capacidade excedentaacuteria para aacutereas geograacuteficas onde se verificassem situaccedilotildees de deacutefice

hiacutedrico Sendo a bacia do rio Douro considerada como a segunda de maior excedente de aacutegua a

ela caberia fornecer as bacias dos rios Tejo e Ebro num total ateacute 2012 que poderia atingir os

900 hm3 de aacutegua Contudo conjugando os transvazes com o aumento dos consumos de aacutegua a

diminuiccedilatildeo da afluecircncia agravequela bacia poderia atingir os 1600 hm3 Neste plano a bacia do rio

Tejo haveria de funcionar como charneira para a transferecircncia de aacutegua entre as regiotildees Norte e

Sul recebendo cerca de 1050 hm3 provenientes do Ebro e do Norte-Douro cedendo cerca de 900

hm3 distribuiacutedos pelas bacias do Segura Guadalquivir e do Guadiana

Os especialistas nacionais foram unacircnimes na criacutetica efectuada ao programa dizendo que

quaisquer que fossem as reduccedilotildees nos caudais dos rios internacionais teriam resultados

significativamente negativos podendo mesmo vir a afectar o equiliacutebrio hiacutedrico nacional Em

resultado de pressotildees internas e externas o documento foi abandonado e em 2001 o governo

espanhol apresentou um novo Plano Hidroloacutegico mais modesto nas ambiccedilotildees que prevecirc a

realizaccedilatildeo de transvazes apenas em rios natildeo internacionais

O posicionamento geograacutefico dos paiacuteses determina a desvantagem portuguesa tornando-o

dependente das acccedilotildees levadas a cabo no vizinho espanhol A necessidade de acompanhar as

tomadas de posiccedilatildeo espanholas sobre a questatildeo eacute permanente obrigando os responsaacuteveis

portugueses a desencadear um apurado relacionamento poliacutetico diplomaacutetico bem como um

adequado acompanhamento teacutecnico tendente a defender os interesses nacionais que poderatildeo estar

em causa

233 O sector bancaacuterio

A banca eacute uma das aacutereas mais importantes de investimento espanhol no nosso Paiacutes Vaacuterios

grupos espanhoacuteis do sector adquiriram importantes participaccedilotildees em destacados grupos

bancaacuterios portugueses como eacute o caso do Banco Santander Central Hispano (BSCH) que adquiriu

o Banco Totta e Accedilores o Creacutedito Predial Portuguecircs o Banco Santander Portugal e o Banco

Santander de Negoacutecios Pelo facto de o Banco Totta e Accedilores ser o quarto maior grupo nacional

(Anexo AD) em termos de activos e o terceiro relativamente aos grupos privados com uma cota

de mercado com cerca de 11 permitiu tornar o BSCH no maior da Peniacutensula Ibeacuterica

O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) o segundo maior banco espanhol deteacutem uma

cota no mercado portuguecircs que natildeo ultrapassa o 1 concentrando-se fundamentalmente no

segmento de mercado meacutedio e alto O Banco Sabadell de Barcelona participa num acordo de

participaccedilatildeo cruzada com o Banco Comercial Portuguecircs deteacutem cerca de 31 deste uacuteltimo que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 27

por sua vez deteacutem cerca de 3 do Sabadell podendo cada um aumentar a sua participaccedilatildeo ateacute

aos 20

Relativamente agrave participaccedilatildeo portuguesa em Espanha deveremos destacar a Caixa Geral de

Depoacutesitos o maior banco nacional ainda sob controlo estatal que eacute a instituiccedilatildeo bancaacuteria com

maior investimento em Espanha A sua intervenccedilatildeo naquele mercado iniciou-se em 1991 com a

aquisiccedilatildeo do Banco Extremadura o Banco Luso-espanhol e em 1995 o Banco Simeoacuten A

presenccedila da banca portuguesa em Espanha alarga-se tambeacutem a grupos privados destacando-se

o Banco Espiacuterito Santo que ldquose instalou com uma pequena rede de sucursais e adquiriu duas das

casas espanholas de bolsa a Benito y Monjardiacuten e a GES Capitalrdquo (CHISLETT 2004)

Eacute um facto que no sector da banca os espanhoacuteis se encontram em franca expansatildeo tendo

abandonando definitivamente o mercado domeacutestico (ALVES 2001 p158) O alvo preferencial eacute

o mercado portuguecircs que pela sua menor dimensatildeo natildeo tem no momento argumentos

financeiros que lhe permitam competir da mesma forma no mercado vizinho A absorccedilatildeo das

instituiccedilotildees bancaacuterias portuguesas por grupos espanhoacuteis deveraacute constituir uma preocupaccedilatildeo seacuteria

para os responsaacuteveis governativos portugueses dado que o desniacutevel eacute tatildeo expressivo que poderaacute

criar-se uma situaccedilatildeo de dependecircncia da banca portuguesa relativamente agrave espanhola

234 O sector das telecomunicaccedilotildees

A Portugal Telecom (PT) e a Telefoacutenica Moacuteviles (TEM) satildeo as duas empresas liacutederes do

ramo das telecomunicaccedilotildees nos respectivos paiacuteses Ambas mantecircm um acordo de participaccedilatildeo

cruzada ao abrigo do qual a empresa espanhola deteacutem 8 da portuguesa e a PT cerca de 1 da

TEM Para aleacutem deste acordo as empresas tecircm desenvolvido uma alianccedila estrateacutegica para o

Norte de Africa e Ameacuterica Latina Neste uacuteltimo continente designadamente no Brasil estas

empresas criaram a Vivo a marca comercial da Brasilcel que se tornou na maior operadora de

telefones moacuteveis natildeo soacute no Brasil mas em toda a Ameacuterica Latina Esta empresa conquistou uma

cota de mercado que ronda os 56 o que representa cerca de 23 milhotildees e meio de clientes

O Brasil eacute o uacutenico paiacutes da Ameacuterica Latina onde opera a PT no entanto a TEM eacute liacuteder de

mercado na Argentina Chile e Peru ocupando o segundo lugar no Meacutexico Esta uacuteltima empresa

reforccedilou a sua participaccedilatildeo noutros paiacuteses da regiatildeo adquirindo em Maio de 2004 a Bellsouth

operaccedilatildeo que lhe garantiu um adicional de 116 milhotildees de clientes transformando-a no quarto

maior operador de telefones moacuteveis do mundo Ambas as empresas investiram em finais de

2004 cerca de 425 milhotildees de euros de forma a aumentar a participaccedilatildeo em mais quatro

empresas brasileiras do sector a Telesudeste a Teleleste Celular a CTR Celular e a Tele Centro

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 28

Celular Em Marrocos o outro local do globo onde a parceria estrateacutegica das duas empresas

desenvolve as suas actividades adquiriram a operadora de telefones moacuteveis GSM Medi

Telecom conhecida tradicionalmente por Meacuteditel conferindo-lhes uma cota de mercado de

cerca de 43

Este eacute outro dos sectores pelo qual o Governo portuguecircs tem manifestado uma particular

atenccedilatildeo apesar de natildeo atingir niacuteveis de conflitualidade comparaacuteveis aos do sector dos recursos

hiacutedricos O facto ficou demonstrado na recente poleacutemica desencadeada entre as duas empresas e

que teve como origem a limitaccedilatildeo imposta agrave TEM em ultrapassar o limite de 1033 no capital da

PT O Estado portuguecircs accionista da PT ldquonatildeo achou por bem que a Telefoacutenica ultrapassasse o

patamar dos 10rdquo34 orientaccedilatildeo transmitida ao conselho de accionistas que acolheu a decisatildeo

evitando o confronto com o governo A TEM reagiu com dureza agrave decisatildeo fazendo questatildeo de

manifestar o seu desacordo atraveacutes de uma carta enviada ao conselho de accionistas onde

ameaccedilava ldquorecorrer aos meios necessaacuterios para salvaguardar os seus direitosrdquo (MARTINS

2005a) O diferendo aparentemente encontra-se solucionado e para isso deveraacute ter contribuiacutedo o

acordo na escolha do CEO da Vivo assim como do ldquoChairmanrdquo agora ambos brasileiros

33 A aquisiccedilatildeo do capital na PT teria por base o programa de compra de acccedilotildees proacuteprias da empresa Contudo os estatutos da PT determinam que nenhum accionista que exerccedila a mesma actividade que a operadora de telecomunicaccedilotildees pode ter na sua posse mais de 10 do capital salvo se autorizado pela Assembleia-geral 34 Entrevista de Miguel Horta e Costa CEO da PT ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 29

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL

O relacionamento entre Portugal e Espanha estava assente num modelo caracterizado pela

desconfianccedila e afastamento muacutetuo sentimentos justificados pelas posturas conflituais histoacutericas

que determinaram a necessidade de Portugal recorrer a uma alianccedila externa diferenciada da

desenvolvida pela Espanha como suporte da identidade e independecircncia nacionais A adesatildeo aos

espaccedilos comuns poliacutetico econoacutemico e de defesa determinaram a implementaccedilatildeo de um novo

figurino de relacionamento

A partir daquele momento os paiacuteses peninsulares deixaram de abraccedilar alianccedilas opostas

partilhando objectivos meios e dificuldades para os atingir O presente capiacutetulo aborda a questatildeo

da coabitaccedilatildeo de Portugal e da Espanha em espaccedilos comuns representados pela UE e Alianccedila

Atlacircntica assim como a ligaccedilatildeo aos espaccedilos regionais com os quais desenvolveram laccedilos

histoacutericos seculares e nos quais mantecircm interesses partilhados

31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica

A integraccedilatildeo na CEE representou para as populaccedilotildees de ambos os paiacuteses a possibilidade de

aspirarem agraves condiccedilotildees de vida existentes nos Estados mais evoluiacutedos da Europa O caminho

europeu foi entatildeo assumido por uma unanimidade sem precedentes nomeadamente na Espanha

onde todas as forccedilas poliacuteticas subscreveram os desiacutegnios da adesatildeo A inserccedilatildeo no projecto

europeu permitiu para aleacutem de alteraccedilotildees estruturais com o objectivo da convergecircncia com a

Europa mais desenvolvida o incremento do relacionamento econoacutemico e comercial nunca antes

atingido Hoje em dia o projecto de construccedilatildeo da UE envolve outros aspectos da vida dos

Estados prevendo-se a necessidade de se efectivarem cada vez mais transferecircncias de poderes

para as instituiccedilotildees europeias que determinam o surgimento de outros interesses na relaccedilatildeo de

poderes entre os Estados-membros

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE

Apoacutes os processos de democratizaccedilatildeo dos dois Estados impunha-se a Portugal muito mais do

que agrave Espanha para aleacutem da questatildeo do desenvolvimento econoacutemico a necessidade de redefinir

novas prioridades de relacionamento externo Para os dois paiacuteses o processo de adesatildeo e a

consequente integraccedilatildeo na CEE significava no plano interno a ldquoirreversibilidade do processo

democraacuteticordquo (SEABRA 1995 p7) assim como a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e

social que seguiriam a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental No plano externo abriam-se

novas oportunidades que punham fim ao isolamento internacional de ambos e os aproximaria

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 30

dos ldquocentros de decisatildeo europeusrdquo (SOUSA 2005a p8) assim como incrementava a

possibilidade de desenvolvimento de novas oportunidades de relacionamento bilateral

O ldquoduplo significado interno e externordquo (SEABRA 1995 p15) da integraccedilatildeo europeia

encontra-se espelhado nos objectivos referidos pelo Ministro das Financcedilas do Governo de

Portugal agrave data do processo negocial Ernacircni Lopes definidos para o meacutedio e longo prazo ldquoum

novo e outro o de semprerdquo (SOUSA 2005a p5) O ldquonovordquo referindo-se ao processo de

desenvolvimento econoacutemico e social o qual partia da premissa de que a economia portuguesa

necessitaria de um estiacutemulo exterior que a obrigasse a desencadear as mudanccedilas estruturais

necessaacuterias Para a consecuccedilatildeo deste objectivo estavam delineados os ldquocenaacuterios das trecircs linhasrdquo

(SOUSA 2005a p4) que determinavam trecircs possibilidades de colocaccedilatildeo da linha de separaccedilatildeo

entre o centro e a periferia da economia mundial O primeiro era o ldquocenaacuterio Pirineacuteusrdquo que

colocava a Peniacutensula Ibeacuterica na periferia subdesenvolvida o segundo o ldquocenaacuterio Vilar

Formosordquo considerado desastroso para Portugal que determinava uma Espanha integrada e

Portugal na zona perifeacuterica por uacuteltimo o ldquocenaacuterio Gibraltarrdquo que colocava a linha divisoacuteria em

Gibraltar inserindo os dois paiacuteses peninsulares na Europa Comunitaacuteria Com o ldquoobjectivo de

semprerdquo pretendia aludir agrave necessidade histoacuterica de assegurar a individualidade e a

sobrevivecircncia de Portugal neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico Daiacute a afirmaccedilatildeo de que a

nossa relaccedilatildeo com a Espanha tem de passar por Bruxelas

Relativamente agrave opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo europeia espanhola Portugal procurou

individualizar o seu processo negocial Por um lado tentou apresentar o pedido de adesatildeo antes

da Espanha e por outro deixava claro a existecircncia de duas realidades distintas Era sua intenccedilatildeo

evitar que fosse analisado o conjunto dada a forte convicccedilatildeo portuguesa de que havendo a

hipoacutetese de ldquoum bloqueio ao alargamento ele seria suscitado por causa da Espanhardquo (PEREIRA

2005 p9) pelas questotildees agriacutecolas Contudo os europeus pretendiam uma adesatildeo em

simultacircneo mesmo que como veio a ocorrer Portugal visse o seu processo de adesatildeo resolvido

antes do Espanhol Os alematildees eram os principais defensores da tese de entrada simultacircnea

evitando-se deste modo uma ldquohumilhaccedilatildeo desnecessaacuteriardquo (SOUSA 2005b p11) ao paiacutes

excluiacutedo Por outro lado para os europeus era importante manter o equiliacutebrio poliacutetico e

econoacutemico na Peniacutensula Ibeacuterica considerando que seria muito afectado no caso de se verificar a

adesatildeo de apenas um dos Estados

Concretizada a adesatildeo em simultacircneo a 1 de Janeiro de 1986 Portugal e a Espanha

mantiveram posicionamentos estruturalmente divergentes As opccedilotildees espanholas

frequentemente associadas agraves francesas e alematildes de reforccedilo da supranacionalidade e aceitaccedilatildeo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 31

de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e de convicccedilatildeo da

necessidade de implementaccedilatildeo de uma maior coordenaccedilatildeo e integraccedilatildeo da poliacutetica externa

europeia justificavam a oposiccedilatildeo de Portugal contrariando a necessidade de aprofundamento da

integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas

pela OTAN

Lanccedilada a temaacutetica da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria (UEM) e do aprofundamento da uniatildeo

poliacutetica no iniacutecio da deacutecada de 1990 a Espanha defenderia nas Conferecircncias

Intergovernamentais respectivas para aleacutem das posiccedilotildees jaacute referidas o reforccedilo dos poderes do

Parlamento Europeu e o princiacutepio de votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC Por outro lado

apoia o projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica e a coesatildeo econoacutemica e social assuntos sobre os

quais Portugal manifestava a sua total concordacircncia Contudo prevaleciam as diferenccedilas quando

abordadas as restantes questotildees nomeadamente quanto agrave votaccedilatildeo por maioria qualificada na

PESC onde entendia que a cada Estado deveria corresponder um voto

Na cimeira de Maastrich Portugal via concretizados os seus ldquoobjectivos centraisrdquo (SEABRA

1995 p23) vendo consagrado no Tratado a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia Tendo a

Espanha como protagonista os dois Estados desenvolvem nesta fase uma acccedilatildeo concertada para

a consecuccedilatildeo de objectivos comuns como a aprovaccedilatildeo do Fundo de Coesatildeo e do Pacote Delors

II No entanto no periacuteodo que se seguiu agrave sua assinatura a posiccedilatildeo espanhola iria divergir

novamente Estabelecera como objectivo prioritaacuterio colocar-se junto dos quatro grandes paiacuteses

europeus35 incentivando a diferenciaccedilatildeo entre paiacuteses grandes e pequenos na expectativa de vir a

reforccedilar os seus poderes objectivo a que Portugal e outros se opuseram com sucesso

O Tratado de Nice tendo em vista os futuros alargamentos introduziu algumas alteraccedilotildees ao

funcionamento da UE designadamente procedendo agrave reorganizaccedilatildeo das trecircs instituiccedilotildees

principais No Conselho Europeu (Apecircndice G) a principal instituiccedilatildeo decisoacuteria da Uniatildeo na

qual o nuacutemero de votos de que dispotildee cada paiacutes eacute ponderado em funccedilatildeo da dimensatildeo relativa da

sua populaccedilatildeo a Espanha aspirava colocar-se a par dos ldquoquatro grandesrdquo No entanto apesar de

ter visto crescer o nuacutemero de votos o resultado final natildeo lhe permitiu cumprir o objectivo a que

se propusera Na Comissatildeo Europeia as alteraccedilotildees centraram-se na atribuiccedilatildeo de um comissaacuterio

por Estado-membro enquanto que no Parlamento Europeu (Apecircndice H) agrave excepccedilatildeo da

Alemanha todos os paiacuteses viram diminuiacutedos a representaccedilatildeo de deputados

Mais uma vez se sublinha o desempenho diferenciado dos dois paiacuteses no processo de

construccedilatildeo europeia A Espanha manteve sempre um papel activo na edificaccedilatildeo da Europa

35 Alemanha Franccedila Gratilde-Bretanha e Itaacutelia

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 32

poliacutetica favoraacutevel ao reforccedilo da supranacionalidade agrave federalizaccedilatildeo europeia e agrave criaccedilatildeo de um

pilar de defesa autoacutenomo Jaacute Portugal manteve uma atitude cautelosa procurando uma evoluccedilatildeo

poliacutetica gradual defendendo a manutenccedilatildeo da sua posiccedilatildeo relativa nas instituiccedilotildees negando-se a

aceitar uma Europa a diferentes velocidades e apoiando o pilar europeu da OTAN No entanto

existiram periacuteodos em que os dois assumiram posiccedilotildees conjuntas de forma a atingirem objectivos

comuns Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social da obtenccedilatildeo dos diversos fundos financeiros e

da implementaccedilatildeo da moeda uacutenica

A actual crise vivida no seio da UE relativamente agrave validaccedilatildeo do texto do Tratado

Constitucional Europeu (TCE) documento jaacute aprovado pela Espanha em referendo poderaacute ser a

confirmaccedilatildeo da necessidade de manter algumas precauccedilotildees sobre as ambiccedilotildees de

aprofundamento poliacutetico na UE Contudo os responsaacuteveis portugueses tecircm mantido um discurso

favoraacutevel agrave evoluccedilatildeo preconizada e coincidente com a posiccedilatildeo espanhola Entendemos que ainda

natildeo estatildeo verdadeiramente dimensionadas as repercussotildees do ldquonatildeordquo francecircs e holandecircs na

evoluccedilatildeo da UE Portugal manteacutem uma posiccedilatildeo cautelosa consciente de que novas negaccedilotildees ao

texto do Tratado poderatildeo ter consequecircncias dramaacuteticas para o processo de construccedilatildeo europeu

312 O relacionamento econoacutemico

A adesatildeo agrave CEE conferiu agraves relaccedilotildees econoacutemicas e comerciais entre os dois vizinhos

peninsulares uma dinacircmica nunca antes conseguida Se ateacute aqui o relacionamento se quedava no

acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico era agora a vez da aacuterea econoacutemica conhecer um significativo

impulso Os reflexos econoacutemicos da integraccedilatildeo europeia fizeram-se sentir tanto no incremento

das trocas comerciais e no investimento bilateral como no crescimento e amadurecimento das

economias dos dois Estados

Analisando o desenvolvimento econoacutemico verifica-se uma significativa evoluccedilatildeo no sentido

da aproximaccedilatildeo agraves economias mais evoluiacutedas da Europa O rendimento per capita em Espanha

passou de um valor de aproximadamente 74 da meacutedia europeia em 1985 para 88 em 2004

enquanto que em Portugal o mesmo iacutendice passou no mesmo periacuteodo de 56 para cerca de

68 (Anexo AE) Entre 1994 e 2004 a Espanha atingia um crescimento econoacutemico anual meacutedio

de 3 do PIB enquanto que Portugal no mesmo periacuteodo se ficava pelos 23 (CHISLETT

2004)

O cenaacuterio macro econoacutemico nacional natildeo se apresentou nos uacuteltimos anos muito favoraacutevel

Para tal contribuiu o facto de natildeo ter sido cumprido o Pacto de Estabilidade e Crescimento

(PEC) em 2001 tendo-se atingido os 44 do PIB contra o equilibrado deacutefice espanhol Apesar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 33

de nos anos de 2002 e 2003 ter sido cumprido o limite de 3 imposto pela UE com 27 e

28 respectivamente os mesmos foram conseguidos com recurso a receitas extraordinaacuterias

designadamente a alienaccedilatildeo de patrimoacutenio No corrente ano tudo aponta para que o mesmo

limite seja novamente ultrapassado Contudo o Governo portuguecircs anunciou jaacute que natildeo iria

recorrer a medidas extraordinaacuterias para o controle do deacutefice Em contraponto deveremos

salientar o anuacutencio efectuado em 25 de Agosto uacuteltimo pelo Governo espanhol no qual deu conta

da eliminaccedilatildeo do deacutefice orccedilamental em 2006 ldquoprevendo jaacute um excedente orccedilamental de 02 do

PIBrdquo36

O investimento directo de Espanha em Portugal (Anexo AF) tem-se vindo a efectuar nos

mais diversos sectores de actividade nomeadamente no financeiro construccedilatildeo civil

supermercados e grandes armazeacutens serviccedilos combustiacuteveis turismo etc Estes valores

alcanccedilaram entre 1993 e 2003 a meacutedia anual de 1111 milhotildees de euros enquanto que os

investimentos directos meacutedios anuais de Portugal em Espanha referentes ao mesmo periacuteodo se

ficaram pelos 362 milhotildees de euros A aquisiccedilatildeo de grandes empresas nacionais por empresas

espanholas permite a abertura aos mercados exteriores onde aquelas jaacute se encontram fortemente

implantadas como eacute o caso do Brasil China e tambeacutem Angola e outros paiacuteses africanos

lusoacutefonos

No sector da construccedilatildeo operam no mercado nacional as principais empresas espanholas

como a Sacyr Vallehermoso detentora da Somague a Ferrovial a Dragados ou a FCC bem

como outras de menor dimensatildeo Os principais investimentos nacionais nesta aacuterea em territoacuterio

espanhol satildeo efectuados pela Cimpor a grande cimenteira nacional O sector dos combustiacuteveis eacute

tambeacutem amplamente explorado por empresas espanholas A Cepsa a primeira empresa a

instalar-se hoje em dia conta com mais de 150 estaccedilotildees de serviccedilo permitindo-lhe controlar uma

cota de mercado de aproximadamente 8 A Repsol que depois de ter adquirido em Julho de

2004 as 303 estaccedilotildees de serviccedilo da Shell portuguesa quadruplicou a sua cota de mercado

passando de 5 para os 19 Ainda assim em Portugal a Galp lidera com uma cota de mercado

de 45 atingindo os 5 de implantaccedilatildeo no paiacutes vizinho

Na aacuterea do vestuaacuterio a Espanha dispotildee de importantes empresas competindo em Portugal O

grupo Inditex o Cortefiel e o Corte Inglecircs satildeo as maiores do sector Relativamente ao primeiro

satildeo cerca de 200 lojas Entre outras destacam-se a Pull amp Bear Zara Massimo Dutti e

Stradivarius que representam um quarto das lojas que este importante grupo deteacutem fora da

Espanha O sector alimentar eacute tambeacutem uma aacuterea chave onde os espanhoacuteis apostam na expansatildeo

36 Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 34

internacional Satildeo os nossos principais fornecedores de carne peixe produtos laacutecteos frutas e

verduras salientando-se a forte implantaccedilatildeo da Pescanova ou Panrico

No acircmbito do relacionamento bilateral entendemos destacar o que se verifica entre a regiatildeo da

Galiza e o Norte de Portugal Estas satildeo as regiotildees dos dois paiacuteses que tecircm desenvolvido um

relacionamento de maior proximidade (CHISLETT 2004) Para tal tem contribuiacutedo o facto de

que como comunidade autoacutenoma a Galiza dispotildee de alguma liberdade para tratar determinadas

questotildees directamente com o governo Portuguecircs Nesta dinacircmica os principais actores tecircm sido

o sector privado Galego e o sector empresarial localizado na aacuterea metropolitana do Porto

Contudo a balanccedila tende mais uma vez claramente para o lado Espanhol Este relacionamento

tem sido incentivado pela poliacutetica regional da UE que atraveacutes da transferecircncia de verbas de

fundos especiacuteficos37 a aplicar em regiotildees cujo PIB per capita eacute 75 da meacutedia europeia

desenvolve projectos para promover a cooperaccedilatildeo transfronteiriccedila como eacute o caso do INTERREG

(Apecircndice I)

O actual niacutevel de relacionamento comercial e econoacutemico tende a crescer designadamente em

sectores que poderatildeo ser considerados estrateacutegicos para ambos os paiacuteses A exemplo o mercado

ibeacuterico de energia eleacutectrica e o idealizado projecto comum de gaacutes natural ou ainda o projecto

comum de ligaccedilatildeo ferroviaacuteria de alta velocidade que possibilitaraacute uma ligaccedilatildeo raacutepida entre as

mais importantes regiotildees portuguesas e espanholas Enfim o maior potencial econoacutemico do

nosso vizinho peninsular tem permitido agraves suas empresas uma faacutecil expansatildeo internacional na

qual o mercado portuguecircs tem desempenhado pela sua proximidade geograacutefica um papel de

iniciador O ldquoavanccedilo espanholrdquo a ldquoarmada espanholardquo ou a ldquoinvasatildeo espanholardquo satildeo designaccedilotildees

empregues pelos OCS nacionais para retratar a dinacircmica econoacutemica imposta pela Espanha no

mercado nacional

313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia

O actual enquadramento estrateacutegico mundial a par do alargamento progressivo do espaccedilo

europeu levou a UE a considerar a possibilidade de desenvolvimento de uma PESC Apesar do

gradual desenvolvimento do processo poliacutetico e do reforccedilo da supranacionalidade as questotildees de

poliacutetica externa e de seguranccedila e defesa satildeo assuntos sobre os quais os Estados-membros da UE

mantecircm um controlo independente Neste caso a Comissatildeo Europeia e o Parlamento Europeu

desempenham ainda um papel de pouca relevacircncia tendo em conta que as acccedilotildees desenvolvidas

neste acircmbito deveratildeo ser decididas por concertaccedilatildeo intergovernamental

37 FEDER

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 35

Para conferir capacidade interventora no acircmbito da seguranccedila e defesa o Conselho Europeu

de Helsiacutenquia em 1999 delineou um Headline Goal que previa ateacute 2003 estar em condiccedilotildees de

colocar no terreno num prazo de 60 dias uma Forccedila militar com cerca de 60000 efectivos com

apoio naval e aeacutereo a qual designou de Forccedila de Reacccedilatildeo Raacutepida Para a coordenaccedilatildeo da Forccedila

a UE passava a contar38 com o Comiteacute Poliacutetico e de Seguranccedila o Comiteacute Militar da Uniatildeo

Europeia e o Estado-Maior da Uniatildeo Europeia colocados sob a autoridade do Conselho

Europeu

Com a elaboraccedilatildeo do ldquodocumento Solanardquo foram definidas ldquoas cinco ameaccedilas mais

importantesrdquo (CHARLES 2005 p70) agrave seguranccedila europeia o terrorismo a proliferaccedilatildeo de

armas de destruiccedilatildeo maciccedila os conflitos regionais os Estados falhados e o crime organizado

Em face desta tipologia de ameaccedilas foi constatada a necessidade de conferir maior flexibilidade

e prontidatildeo agrave Forccedila Europeia pelo que por uma iniciativa franco-britacircnica procedeu-se agrave

revisatildeo dos objectivos definidos pela Headline Goal surgindo o actual conceito de Battle

Groups Trata-se de agrupamentos taacutecticos formados por cerca de 1500 efectivos dotados de

capacidade de projecccedilatildeo com possibilidades de sustentaccedilatildeo entre 30 a 120 dias

A Espanha espera poder operar duas destas unidades taacutecticas ateacute 2007 facto a que Portugal

natildeo deveraacute ficar indiferente A participaccedilatildeo nacional prevista tambeacutem para 2007 seraacute a da

constituiccedilatildeo de um Battle Group estando ainda por definir a contribuiccedilatildeo no segundo semestre

daquele ano39 para a formaccedilatildeo de outra unidade semelhante Atendendo agrave diferenccedila de potencial

econoacutemico e militar entre os dois paiacuteses entende-se que a participaccedilatildeo nacional possa ser de

menor dimensatildeo Contudo Portugal natildeo deveraacute esquecer que a UE vive uma fase de

alargamento para mais dez paiacuteses a qual exige um processo de reorganizaccedilatildeo interna onde os

Estados de menor dimensatildeo procuram natildeo perder o statu quo adquirido Assim eacute de relevante

importacircncia a participaccedilatildeo nas iniciativas europeias de forma a conseguir maior visibilidade e

credibilidade para que a voz portuguesa possa ser audiacutevel e natildeo associada apenas ao grupo dos

destinataacuterios de fundos

A adesatildeo dos paiacuteses ibeacutericos agrave UE permitiu a envolvecircncia de novos destinos nos desiacutegnios da

poliacutetica externa comunitaacuteria Eacute sabido que Portugal e Espanha desenvolveram ao longo dos anos

relaccedilotildees privilegiadas com aqueles que foram os seus territoacuterios de expansatildeo Sobre Portugal

referimo-nos agrave Aacutefrica lusoacutefona e ao Brasil relativamente ao vizinho Espanhol agrave Ameacuterica do Sul

e a Marrocos Por outro lado a inserccedilatildeo mediterracircnica de ambos acentua as perspectivas de

relacionamento entre a UE e os paiacuteses do flanco sul do Mar Mediterracircneo que por ser a fronteira 38 A partir do Conselho Europeu de Nice em 2000 39 Presidecircncia portuguesa da UE

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 36

Sul da UE e ao mesmo tempo uma regiatildeo instaacutevel em termos de seguranccedila eacute objecto de

particular preocupaccedilatildeo O interesse estrateacutegico da regiatildeo mediterracircnica ficou bem patente pela

realizaccedilatildeo em Novembro de 2005 da cimeira de Barcelona efectuada por iniciativa espanhola e

italiana e que contou com o apoio de Portugal

Os fluxos migratoacuterios ilegais utilizam os paiacuteses peninsulares como a porta de entrada num

espaccedilo que representa a esperanccedila para uma vida melhor A afinidade cultural eacute para sul-

americanos africanos e ateacute de proveniecircncia do Leste Europeu a justificaccedilatildeo para que se

submetam ao risco de um regresso de ldquomatildeos vaziasrdquo e em alguns casos ateacute a morte A esta

situaccedilatildeo natildeo ficou indiferente o crime organizado que tem tirado partido da ilusatildeo provocada

pela possibilidade de entrada no espaccedilo europeu Esta questatildeo tem suscitado um acreacutescimo de

responsabilidade perante os restantes parceiros europeus pelo que o controle dos fluxos

migratoacuterios representa um importante impulsionador do relacionamento bilateral

32 A Alianccedila Atlacircntica

O periacuteodo do poacutes-II Guerra Mundial em Portugal foi dominado pela discussatildeo da forma

como o Paiacutes se deveria integrar no sistema militar de defesa ocidental A poleacutemica40 confrontava

dois modelos de um lado aquele que foi idealizado pelo General Santos Costa e que se apoiava

no conceito de ldquobastiatildeo ibeacutericordquo Estava encontrada a forma de revitalizar o Pacto Peninsular

definindo os Pirineacuteus como o ponto ideal para em conjunto Portugal e Espanha procederem agrave

defesa da Peniacutensula Ibeacuterica de uma possiacutevel invasatildeo Sovieacutetica O segundo modelo

protagonizado pelo General Raul Esteves contrariava a tese ibeacuterica referindo que por um lado

os Pirineacuteus natildeo seriam um obstaacuteculo inibidor dado que poderiam ser contornados por outro a

defesa naquele sistema montanhoso pela sua proximidade e localizaccedilatildeo jaacute bem no extremo

ocidental europeu natildeo interessava nem a Portugal nem agrave Europa

Dando razatildeo agrave orientaccedilatildeo proposta pelo General Raul Esteves eacute endereccedilado a Portugal o

convite para integrar o bloco de paiacuteses que participariam no sistema defensivo do Atlacircntico

Norte No entanto o processo de integraccedilatildeo de Portugal natildeo seria afastado de uma acesa

poleacutemica Embora nada tendo a ver com a redacccedilatildeo do texto do Tratado natildeo deixava de levantar

determinadas questotildees41 (FERREIRA 1989 p59) Em primeiro lugar encontrava-se a

referecircncia agrave Carta da ONU OI a que o Paiacutes natildeo pertencia em segundo as referecircncias ao modelo

democraacutetico parlamentar e por uacuteltimo a sua duraccedilatildeo que se prolongava por vinte anos sendo

40 Assunto que Joseacute Medeiros Ferreira faz referecircncia nas suas obras ldquoUm Seacuteculo de Problemas As Relaccedilotildees Luso-Espanholas da Uniatildeo Ibeacuterica agrave Comunidade Europeiardquo e ldquoA Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeiasrdquo 41 Em referecircncia a uma alocuccedilatildeo de Nuno Severiano Teixeira

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 37

neste caso as reservas portuguesas justificadas pelo periacuteodo considerado demasiado alargado

podendo pocircr em causa o estatuto de neutralidade mantido ateacute agrave data

Contudo o factor de maior poleacutemica reservava-se para a questatildeo espanhola novamente a

questatildeo espanhola O vizinho peninsular permanecia sob um regime de isolamento imposto pela

comunidade internacional que o impedia de se inserir no arranjo estrateacutegico do poacutes-guerra

Apesar da importacircncia estrateacutegica atribuiacuteda a Portugal e do lugar de destaque que

consequentemente passaria a ocupar o Presidente do Conselho mostrava fortes reservas agrave

exclusatildeo da Espanha Em primeiro lugar estava o facto do vazio geograacutefico e estrateacutegico que a

ausecircncia espanhola originava em segundo a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia

proporcionar e por fim porque a adesatildeo portuguesa teria significados distintos nos casos da

Espanha estar ou natildeo incluiacuteda no grupo dos assinantes do Tratado

Para o Governo Portuguecircs liderado por Oliveira Salazar a Peniacutensula Ibeacuterica constituiacutea uma

ldquounidade geograacutefica e estrateacutegicardquo (VICENTE 2003 p242) e natildeo seria possiacutevel estabelecer um

sistema defensivo eficaz sem a inclusatildeo do vizinho de sempre Por outro lado considerava que

uma alteraccedilatildeo poliacutetica motivada por uma orientaccedilatildeo sovieacutetica teria reflexos directos em

Portugal e na Europa Ocidental Os motivos justificavam a forte acccedilatildeo diplomaacutetica desenvolvida

pelo governo nacional no sentido da Espanha ser incluiacuteda nos subscritores iniciais do Tratado

Para os parceiros ocidentais o afastamento da Espanha era motivado pelo regime poliacutetico

vigente e pela postura poliacutetico-estrateacutegica que o paiacutes desenvolveu desde o periacuteodo da guerra

civil ateacute ao conflito mundial que haacute pouco terminara Sobre o tema acrescenta Antoacutenio Telo era

uma forma dos aliados reduzirem o nuacutemero de parceiros com quem dividir a ajuda militar

americana assim como de evitarem a tentaccedilatildeo de defender a Europa nos Pirineacuteus sacrificando

paiacuteses como a Alemanha Franccedila ou Itaacutelia (TELO 1999 p78)

Franco fazia saber da disponibilidade da Espanha em participar dos acordos estabelecidos

pelos paiacuteses ocidentais enquanto que o seu irmatildeo representante diplomaacutetico em Portugal

mostrava a sua preocupaccedilatildeo na exclusatildeo espanhola em face da participaccedilatildeo portuguesa

considerando que seria criada uma situaccedilatildeo de dependecircncia que reforccedilava o isolamento

internacional Procurando evitar a entrada de Portugal a Espanha alude agrave consequente

desvalorizaccedilatildeo do Pacto Peninsular afirmando que no seio do Tratado do Atlacircntico natildeo seria

possiacutevel ao Estado portuguecircs manter os compromissos bilaterais anteriormente assumidos As

conversaccedilotildees entre ambos levaram a que o Pacto Peninsular fosse reafirmado e prorrogado por

mais dez anos recebendo a Espanha as garantias de que o novo enquadramento estrateacutegico

portuguecircs em nada influiria no cumprimento das claacuteusulas previstas no Acordo peninsular

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 38

Portugal encontrava-se colocado numa situaccedilatildeo de primazia assumindo a representatividade

Ibeacuterica no bloco ocidental A importacircncia geopoliacutetica e geoestrateacutegica do espaccedilo portuguecircs

particularmente a posiccedilatildeo dos Accedilores era reconhecida internacionalmente bem como o estatuto

de diferenciaccedilatildeo relativamente ao vizinho ibeacuterico Desta forma mantinha-se a vocaccedilatildeo atlacircntica

nacional assim como se achava o substituto britacircnico para a alianccedila com a potecircncia mariacutetima

No entanto a Espanha encontrava no relacionamento bilateral com os EUA a hipoacutetese que lhe

escapou no quadro multilateral Ainda em 1949 assinava um acordo de concessatildeo de creacutedito42

com os EUA que permitiu em 1953 a assinatura do Conveacutenio Sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

o Conveacutenio sobre Ajuda Econoacutemica

A permanecircncia de Portugal na Organizaccedilatildeo permitiu cumprir alguns programas de

reequipamento das Forccedilas Armadas e ainda efectuar a actualizaccedilatildeo teacutecnica e operacional dos

seus quadros colocando-os a par da doutrina seguida pelos paiacuteses ocidentais Contudo a guerra

no ultramar motivou um periacuteodo de afastamento de Portugal das actividades desenvolvidas pela

OTAN que impedia o empenhamento do material cedido no acircmbito do Tratado no esforccedilo de

guerra ultramarino Apesar dos motivos que desencadearam o afastamento nunca foi posta em

causa a permanecircncia portuguesa na OTAN mantendo-se a cooperaccedilatildeo tanto no quadro

multilateral como no quadro bilateral O relacionamento prolongou-se pelo periacuteodo de

instabilidade no decorrer do processo de alteraccedilatildeo do regime sendo o assunto da permanecircncia

no seio da Organizaccedilatildeo uma questatildeo de amplo consenso entre os principais partidos poliacuteticos

nacionais

A Espanha assinou em Maio de 1982 o protocolo de adesatildeo agrave OTAN No entanto o pedido

espanhol tinha desencadeado movimentos de oposiccedilatildeo por parte de socialistas e comunistas

originando um processo que natildeo se revelava de conclusatildeo faacutecil O PSOE ao assumir o poder

mudava de opiniatildeo contudo fazia desencadear um processo de consulta popular que iria

confirmar a opccedilatildeo de entrada na concertaccedilatildeo estrateacutegica ocidental A adesatildeo espanhola trazia

uma situaccedilatildeo nova agraves relaccedilotildees bilaterais Os dois paiacuteses encontravam-se agora verdadeiramente

integrados nas mesmas alianccedilas eram parceiros econoacutemicos numa comunidade com ambiccedilotildees de

integraccedilatildeo poliacutetica e pertenciam ao mesmo tratado poliacutetico-militar A situaccedilatildeo era tatildeo nova que

natildeo deixa de ser salientada por Maria Joatildeo Seabra da seguinte forma ldquoCom a entrada da

Espanha na NATO Portugal sentiu-se ameaccedilado pelas suas possiacuteveis ambiccedilotildees

geosestrateacutegicasrdquo Era a tomada de consciecircncia por parte de Portugal no sentido de pensar que a

42 Recorda-se que a Espanha se viu afastada do apoio concedido no acircmbito do Plano Marshall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 39

nossa diferenciaccedilatildeo estrateacutegica poderia natildeo permitir o peso suficientemente deixando de

constituir o garante de identidade

Os receios apesar de justificados natildeo encontraram correspondecircncia na praacutetica O interesse

geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na

Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses Foi o

caso da integraccedilatildeo de todo o territoacuterio nacional sob o mesmo Comando OTAN e ainda a

permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa relevacircncia como

foram o IBERLANT o SOUTHLANT e eacute actualmente o JC Lisbon (Anexo AG) Neste acircmbito

no quadro do relacionamento bilateral com a Espanha Portugal apoiou a localizaccedilatildeo de um

Comando da OTAN no seu territoacuterio (Anexo AH) o que se viria a verificar apoacutes a sua entrada na

estrutura militar da Alianccedila

A adesatildeo espanhola colocou os dois paiacuteses ibeacutericos numa situaccedilatildeo de partilha e convivecircncia

no seio da mesma alianccedila poliacutetico-militar para a qual tecircm contribuiacutedo activamente em diversas

missotildees sob a tutela da OTAN A disponibilidade de forccedilas eacute compatiacutevel com a realidade

econoacutemica de cada um dos paiacuteses no entanto ambos consideram necessaacuterio o empenhamento no

sentido de tornar efectivo o conceito de ldquoseguranccedila partilhada e cooperativardquo (ARMESTRE

2005 p7) para assim tambeacutem colmatarem as respectivas vulnerabilidades estrateacutegicas

Contudo apoacutes uma anaacutelise efectuada aos documentos43 que determinam as directivas

estrateacutegicas de defesa nacional constata-se o facto de cada um atribuir um grau de prioridade

diferente ao papel a desempenhar no seio da OTAN

Para a Espanha eacute clara a prioridade Europeia bem expressa no primeiro paraacutegrafo do ponto 2

da DDN a qual refere que ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de

intereacutes prioritario somos Europa y nuestra seguridad estaacute indisolublemente unida a la del

continenterdquo ainda que ldquoEspantildea promoveraacute e impulsionaraacute una autentica poliacutetica europea de

seguridad y defensa (hellip)rdquo As referecircncias agrave OTAN estatildeo inseridas no acircmbito do relacionamento

transatlacircntico Sobre o assunto diz ldquoEsta prioridad es compatible com una relacioacuten

transatlacircntica robusta y equilibrada un elemento tambieacuten esencial de la defensa europea (hellip)rdquo

ldquoEn este sentido Espantildea es un aliado firme e claramente comprometido com la Alianza

Atlacircntica y ademaacutes mantiene una relacioacuten estrecha y consolidada com los Estados Unidos una

relacioacuten que debe estar articulada sobre la lealtad el diaacutelogo la confianza y el respeto

reciacuteprocosrdquo Fica pois clara a tradicional posiccedilatildeo espanhola junto da UE jaacute referida no sub-

capiacutetulo anterior dando clara preferecircncia agrave criaccedilatildeo de um pilar de defesa europeu autoacutenomo

43 Espanha Directiva de Defensa Nacional 12004 Portugal Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 40

Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma oposta O Conceito Estrateacutegico de Defesa

Nacional (CEDN) no seu ponto 72 define que ldquoo sistema de seguranccedila e defesa de Portugal

tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo e prossegue salientando que ldquoa NATO

corresponde agrave melhor opccedilatildeo de Portugal no quadro de defesa do nosso espaccedilo estrateacutegico e da

nossa valorizaccedilatildeo estrateacutegicardquo No que diz respeito ao viacutenculo transatlacircntico o mesmo

documento sublinha a necessidade de se manter o bom relacionamento entre a Europa e os EUA

expressando a posiccedilatildeo nacional relativamente agrave opccedilatildeo pela ldquovisatildeo de complementaridade e

articulaccedilatildeo entre as poliacuteticas de defesa e seguranccedila que se desenvolvem na NATO e na UE (hellip)rdquo

em alusatildeo ao reforccedilo do pilar europeu da NATO Eacute clara a tendecircncia atlacircntica portuguesa no

acircmbito da seguranccedila e defesa complementada com a opccedilatildeo pelo pilar europeu da OTAN

posiccedilatildeo tradicionalmente assumida por Portugal no seio das instituiccedilotildees europeias

Pese embora a diferenccedila de colocaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica dos dois paiacuteses peninsulares foi no

acircmbito do relacionamento multilateral e da coabitaccedilatildeo no seio das OI referidas neste trabalho

que Portugal e Espanha assumiram uma tomada de posiccedilatildeo comum Referimo-nos ao apoio

prestado aos EUA por altura da realizaccedilatildeo da Cimeira dos Accedilores e que motivou a acccedilatildeo militar

no Iraque Enquanto Portugal manteve o seu alinhamento tradicional a Espanha toma uma

posiccedilatildeo que a afasta do quadro habitual das suas alianccedilas isto eacute junto do eixo Franco-Alematildeo O

assunto poderaacute natildeo ser alheio agrave orientaccedilatildeo poliacutetica do governo espanhol dado que apoacutes as

eleiccedilotildees Joseacute Luiacutes Zapatero apesar de natildeo retirar o apoio poliacutetico aos EUA faz regressar o

efectivo militar espanhol presente no Iraque Fica desta forma expressa a possibilidade de apesar

de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas poderem assumir diferentes

orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

O facto de serem assumidas posiccedilotildees distintas relativamente ao papel a desempenhar pelas

duas organizaccedilotildees na seguranccedila e defesa europeia eacute numa perspectiva de complementaridade e

de colaboraccedilatildeo que estas tecircm desempenhado as suas acccedilotildees Neste acircmbito foram assinados

vaacuterios acordos de cooperaccedilatildeo que contribuiacuteram por um lado para o reforccedilo da Identidade

Europeia de Seguranccedila e Defesa por outro para evitar duplicaccedilotildees de recursos Neste quadro de

complementaridade deveraacute ser salientada a preocupaccedilatildeo comum sobre os espaccedilos regionais dos

quais se destaca a questatildeo da regiatildeo Sul do Mediterracircneo com particular interesse para Portugal

e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 41

33 Os espaccedilos regionais

Para aleacutem dos interesses de Portugal e da Espanha se encontrarem bem expressos nos espaccedilos

de coabitaccedilatildeo jaacute referidos outros existem que consideramos de significativa relevacircncia os

relacionados com a respectiva identidade histoacuterica formada ao longo dos seacuteculos e que deixaram

linhas de contacto insoluacuteveis pelo tempo Neste acircmbito abordaacutemos a presenccedila de cada um dos

Estados nos espaccedilos regionais preferenciais no caso portuguecircs a CPLP relativamente agrave

Espanha a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas que Portugal tambeacutem integra e ainda a

aacuterea Sul do Mediterracircneo de significativa importacircncia tambeacutem para a UE e a OTAN

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

A CPLP deu os seus primeiros passos quando em Novembro de 1989 o Presidente brasileiro

Joseacute Sarney tomou a iniciativa de realizar uma cimeira entre os sete paiacuteses de liacutengua oficial

portuguesa44 No evento onde participaram os respectivos Chefes de Estado ficou decidida a

criaccedilatildeo do Instituto Internacional de Liacutengua Portuguesa com o objectivo de difundir o idioma

que irmanava os Estados participantes Seguiram-se diversas iniciativas de acircmbito ministerial as

quais deram origem agrave realizaccedilatildeo em 17 de Julho de 1996 da cimeira final de criaccedilatildeo da CPLP

que hoje conta com a participaccedilatildeo de Timor-Leste45

A organizaccedilatildeo representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo

geograacutefico multicontinental e descontinuo onde as eventuais desvantagens que daqui decorrem

satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que culminaram numa identidade

cultural proacutepria alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial A comunhatildeo de identidade

permitiu tambeacutem uma comunhatildeo de interesses que motivaram a definiccedilatildeo dos objectivos

gerais46 da Comunidade centrados na concertaccedilatildeo poliacutetico-diplomaacutetica entre os seus Estados-

membros na cooperaccedilatildeo nos diversos domiacutenios da governaccedilatildeo assim como na promoccedilatildeo e

difusatildeo da liacutengua portuguesa

As acccedilotildees ateacute agora desenvolvidas por Portugal tecircm-lhe permitido assumir um papel

determinante no desenhar do futuro das naccedilotildees lusoacutefonas africanas como foi o caso da

participaccedilatildeo nos vaacuterios processos de paz que o transformaram num actor determinante Os

diversos projectos de cooperaccedilatildeo jaacute desenvolvidos tecircm contribuiacutedo tambeacutem para que o Paiacutes

possa vir a ocupar o lugar de principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as

desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil 44 Angola Brasil Cabo Verde Moccedilambique Portugal Guineacute e Satildeo Tomeacute e Priacutencipe 45 Timor-Leste concretizou a sua adesatildeo em 20 de Maio de 2002 depois de concluiacutedo o processo de reconquista da sua independecircncia 46 httpwwwcplporg

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 42

Este eacute o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da

OTAN O facto de ser o uacutenico Paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-

lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a

cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE Desta forma ter acesso aos recursos naturais e

mateacuterias-primas de Aacutefrica e Brasil bem como agraves Organizaccedilotildees de cariz econoacutemico a que cada

um dos paiacuteses pertence

332 O Mediterracircneo e o Magreb

O relacionamento com os paiacuteses da regiatildeo Sul do Mediterracircneo tem sido de particular

preocupaccedilatildeo para a UE e a OTAN Para aleacutem da instabilidade poliacutetica e de seguranccedila que

caracteriza alguns dos Estados eacute uma zona economicamente carenciada de parco

desenvolvimento social e onde o factor extremismo religioso se faz sentir com elevada

intensidade Eacute pois uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e potencialmente geradora de situaccedilotildees

de crise o que lhe confere uma relevacircncia estrateacutegica que tem justificado o desenvolvimento de

programas especiais com o objectivo de promover a seguranccedila o desenvolvimento econoacutemico e

a estabilidade poliacutetica

Apesar de Portugal e Espanha partilharem de uma forma geral da sensibilidade europeia

sobre esta zona do Globo eacute sobre o Magreb que concentram as suas principais atenccedilotildees As

preocupaccedilotildees de ambos os paiacuteses manifestam-se de forma coincidente com as referidas no

paraacutegrafo anterior que em caso de agravamento poderatildeo motivar a degradaccedilatildeo social e a

provaacutevel expansatildeo dos reflexos da crise ao Sul da Europa com especial incidecircncia na Peniacutensula

Ibeacuterica O aumento dos fluxos migratoacuterios em busca de seguranccedila e prosperidade transformam

os paiacuteses da peniacutensula especialmente a Espanha na porta de entrada para o espaccedilo europeu

Agraves preocupaccedilotildees jaacute referidas deveraacute adicionar-se a questatildeo da seguranccedila do gasoduto euro-

magrebino Esta infra-estrutura tem a finalidade de proceder ao abastecimento da Peniacutensula

Ibeacuterica de gaacutes natural tornando-se por isso de capital importacircncia para os dois Estados As

necessidades de garantir um abastecimento energeacutetico seguro representam outro dos factores que

colocam o relacionamento bilateral e multilateral com os paiacuteses do Magreb num patamar que

transcende as questotildees de identidade histoacuterica e cultural colocando-as num patamar de acircmbito

poliacutetico-estrateacutegica

Enquanto que as acccedilotildees de cariz bilateral satildeo enquadradas no acircmbito das cimeiras que

Portugal e Espanha individualmente desenvolvem eacute no campo multilateral que tecircm sido

edificadas as iniciativas de maior impacto No acircmbito da OTAN o ldquoDiaacutelogo para o

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 43

Mediterracircneordquo onde Portugal Espanha Itaacutelia Greacutecia e por vezes com o apoio dos EUA

desenvolvem iniciativas com vista ao incremento das condiccedilotildees de estabilidade e de seguranccedila

regional No acircmbito da UE deveremos salientar aquele que ficou conhecido pelo ldquoProcesso de

Barcelonardquo Esta iniciativa desenvolvida no decurso da presidecircncia espanhola decorreu em

Novembro de 1995 e contou com a participaccedilatildeo dos quinze da UE e de doze PTM47 A

negociaccedilatildeo incidiu em trecircs aacutereas distintas a ldquocooperaccedilatildeo poliacutetica e de seguranccedila a cooperaccedilatildeo

econoacutemica e a cooperaccedilatildeo social cultural e humanardquo (CRAVINHO et al 1996 p162) definindo

objectivos que se estendem ateacute ao ano de 2010

Portugal e Espanha tecircm na regiatildeo mediterracircnica fundamentalmente sobre o Magreb um

elevado nuacutemero de interesses comuns que se estendem agraves OI onde se encontram inseridos Pela

proximidade geograacutefica identidade histoacuterica e cultural os dois paiacuteses poderatildeo continuar a

desempenhar um papel determinante no desenvolvimento destas iniciativas de cooperaccedilatildeo Em

face da maior visibilidade e empenhamento espanhol do qual natildeo eacute alheia a questatildeo colonial e a

actual posse das Praccedilas de Ceuta e Melilla Portugal tem sabido impor a sua presenccedila nos

diferentes fora de negociaccedilatildeo podendo inclusive tirar partido das relaccedilotildees de crispaccedilatildeo entre

Espanha e Marrocos que por vezes a questatildeo territorial provoca

333 A Ibero-Ameacuterica

Por definiccedilatildeo a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados

soberanos da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Assim apesar

de nos referirmos a dois grandes continentes a questatildeo limita-se ao espaccedilo regional que sofreu a

influecircncia colonizadora de Portugal e Espanha isto eacute o Brasil e as Ameacutericas Central e do Sul

Natildeo obstante os dois Estados ibeacutericos terem marcado profundamente a evoluccedilatildeo histoacuterica da

regiatildeo sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute

concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a maior capacidade de

intervenccedilatildeo portuguesa no Brasil

Com a adesatildeo de Portugal e Espanha agrave CEE esta organizaccedilatildeo adquiriu novas e poderosas

capacidades de negociaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e intervenccedilatildeo numa zona do Globo com a qual ateacute aiacute

mantinha apenas relaccedilotildees bilaterais de caraacutecter eminentemente comercial sem qualquer caraacutecter

de prioridade As similitudes histoacutericas culturais e linguiacutesticas fazem dos dois paiacuteses os

interlocutores privilegiados da UE numa regiatildeo particularmente rica em mateacuterias-primas e

47 Argeacutelia Chipre Egipto Israel Jordacircnia Liacutebano Malta Marrocos Siacuteria Tuniacutesia Turquia e a Autoridade Palestiniana A Liacutebia foi o uacutenico Paiacutes da regiatildeo que natildeo foi convidado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 44

recursos naturais onde se encontram constituiacutedas vaacuterias Organizaccedilotildees Internacionais48 do tipo

econoacutemico e comercial com as quais a UE poderaacute relacionar-se

As Cimeiras Ibero-Americanas realizadas anualmente satildeo o foacuterum privilegiado para o

relacionamento entre os vinte e um membros desta Comunidade de Naccedilotildees Nelas satildeo debatidos

problemas comuns assim como questotildees prementes do acircmbito internacional dado que contam

com as representaccedilotildees efectuadas ao niacutevel dos Chefes de Estado e de Governo dos Estados-

membros sendo de salientar que este eacute o uacutenico foacuterum internacional no qual o Rei de Espanha

marca presenccedila regular Poderatildeo tambeacutem assistir relevantes figuras da cena internacional

ocupando o lugar de convidados

A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da

Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos (MALAMUD

2005) Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global natildeo deixando contudo de considerar

necessaacuterio estabelecer associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou

com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

(MALAMUD 2005)

48 Entre outras a ALCA Grupo Andino e Mercosul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 45

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE

CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES

No presente capiacutetulo pretendemos efectuar a validaccedilatildeo ou natildeo das hipoacuteteses estabelecidas

para o desenvolvimento do trabalho Para isso vamos avaliar inicialmente no acircmbito

exclusivamente peninsular as consequecircncias da tomada de algumas decisotildees em aacutereas

consideradas determinantes que poderatildeo desencadear situaccedilotildees de dependecircncia relativamente agrave

Espanha Seguidamente passaremos em revista as opccedilotildees de poliacutetica externa onde poderemos

determinar as grandes linhas de orientaccedilatildeo estrateacutegica de cada um dos paiacuteses apoacutes o que iremos

confrontar os dois modelos de relacionamento estabelecidos O capiacutetulo iraacute terminar com

algumas recomendaccedilotildees relativas agrave postura internacional de Portugal

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia

Uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia extraiacuteda do ingresso de Portugal e da Espanha na

UE eacute sem duacutevida o assentuado desenvolvimento da interacccedilatildeo econoacutemica Se ateacute entatildeo o

relacionamento bilateral apenas se remetia ao acircmbito poliacutetico a partir daquele instante

desenvolveram-se novas perspectivas nas quais o sector econoacutemico assumiu um lugar de relevo

As trocas comerciais foram incrementadas sucediam-se os investimentos e cada territoacuterio

constituiacutea um mercado apeteciacutevel para as empresas do paiacutes vizinho

Com o decorrer dos anos a dimensatildeo econoacutemica de cada um dos Estados deixava expresso

qual o lado para onde haveria de pender a balanccedila da hegemonia peninsular O nosso vizinho

histoacuterico eacute ldquosignificativamente mais poderoso que Portugal com uma populaccedilatildeo que eacute hoje

quase quatro vezes maior e uma economia que multiplica a portuguesa por cincordquo (TELO 2005

p198) O potencial espanhol encontra-se tambeacutem reflectido nos resultados do exerciacutecio

econoacutemico do seu governo que jaacute anunciou a anulaccedilatildeo do tatildeo propalado deacutefice puacuteblico tendo

mesmo previsto para 2006 a existecircncia de um excedente orccedilamental de 02 do PIB Pelo

contraacuterio a realidade de Portugal apenas permite estabelecer ateacute ao final do corrente ano o

limitado objectivo de reduccedilatildeo daquele indicador para os 48 do PIB

A dinacircmica econoacutemica e comercial incutida pela Espanha transformou-nos no primeiro

patamar de internacionalizaccedilatildeo das suas empresas Na actualidade encontram-se implantadas no

nosso paiacutes cerca de 3000 empresas espanholas dos mais diversos ramos de actividade enquanto

que no sentido inverso o nuacutemero natildeo ultrapassa as 300 (CHISLETT 2005) Sobre o assunto

muito se tem escrito e falado tendo mesmo sido associado a jaacute mencionada expressatildeo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 46

ldquoinvasatildeo espanholardquo agrave ideia de que a Espanha estaacute a conseguir pela via econoacutemica o que natildeo

lhe foi permitido pela via das armas (SEABRA 1995 p25)

A questatildeo energeacutetica deveraacute ocupar uma posiccedilatildeo de destaque junto das principais

preocupaccedilotildees do governo de Portugal Em primeiro lugar porque a dimensatildeo do mercado

energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao portuguecircs A Oferta Puacuteblica de Aquisiccedilatildeo

efectuada pela Gas Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu

de energia (SANTOS 2005 p2) este facto permite visualizar a desproporccedilatildeo actual dos

mercados com previsiacuteveis reflexos no futuro do MIBEL Em segundo lugar pela maior

dependecircncia que Portugal apresenta relativamente ao Petroacuteleo ficando por isso mais exposto agraves

consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos praticada pelos paiacuteses produtores Em

contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de uma maior diversidade de opccedilotildees das quais importa destacar

a possibilidade de recurso agrave energia nuclear Por uacuteltimo a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do

territoacuterio portuguecircs na Peniacutensula Ibeacuteria a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela

necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante da importaccedilatildeo

O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo ldquoquatro vezes maior do que o

portuguecircs quando medido por activos nos balanccedilos das instituiccedilotildeesrdquo (ALVES 2001 p152) Este

facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector

tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos

nacionais A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tem decorrido a um ritmo

acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso

paiacutes De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos referir que seis anos de lucros

do BSCH ou do BBVA eram suficientes em 2000 para adquirir o BCP (ALVES 2001 p161)

O sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas

portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as

suas concorrentes espanholas Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses

consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a espanhola

TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute

limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados

proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere

espanhola A tendecircncia expansionista da TEM permitiu-lhe atingir a terceira posiccedilatildeo mundial no

que toca ao conjunto das redes de comunicaccedilotildees fixa e moacutevel com cerca de 140 milhotildees de

clientes (MARTINS 2005c p10)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 47

Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente

dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica eacute soberana e determinou

que os cinco principais rios portugueses tenham origem em Espanha A sua importacircncia vecirc-se

incrementada quando associados a factores como a produccedilatildeo de energia eleacutectrica agricultura

pesca abastecimento de aacutegua para consumo ou a qualidade ambiental Se duacutevidas houvessem

quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial o qual previa a possibilidade

de execuccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais cujas bacias hidrograacuteficas eram consideradas

excedentaacuterias para aacutereas onde a avaliaccedilatildeo determinasse a existecircncia de um deacutefice hiacutedrico De

referir que as qualificaccedilotildees de ldquobacias excedentaacuteriasrdquo e ldquoaacutereas de deacutefice hiacutedricordquo resultavam

exclusivamente da avaliaccedilatildeo espanhola Apoacutes forte pressatildeo do governo portuguecircs a soluccedilatildeo foi

reconsiderada e abandonada prevendo o actual PHNE apenas a realizaccedilatildeo de transvazes em rios

exclusivamente espanhoacuteis

Ficam identificadas algumas das aacutereas do relacionamento bilateral onde os interesses de

Portugal e Espanha poderatildeo colidir e desencadear situaccedilotildees de conflitualidade A questatildeo

agrava-se quando estes mesmos aspectos demonstram a existecircncia de indiacutecios de dependecircncia

econoacutemica em aacutereas que por serem consideradas transversais (ALVES 2001 p152) tecircm

impacto directo em todas as actividades econoacutemicas Pretende-se assim demonstrar que no

acircmbito exclusivamente bilateral as posturas poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha tecircm reflexos em

Portugal A situaccedilatildeo exige do governo uma atitude de vigilacircncia perspicaacutecia proactividade

ambiccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo de toda a sociedade portuguesa para que se enquadre na dinacircmica de

competitividade proacutepria de um jaacute velho Estado da UE de forma a converter provaacuteveis situaccedilotildees

desvantajosas em oportunidades

42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa

Ao abordar a questatildeo das opccedilotildees ou prioridades da poliacutetica externa de cada um dos Estados

peninsulares achamos por bem recordar que muito recentemente ambos viram alterada a

orientaccedilatildeo poliacutetica do partido a quem competia formar governo Na Espanha ainda no decorrer

do primeiro quadrimestre de 2004 o PSOE rendeu na governaccedilatildeo o PP enquanto que em

Portugal foi tambeacutem o Partido Socialista (PS) que em Fevereiro de 2005 substituiu o Partido

Social Democrata (PSD) na responsabilidade de liderar os destinos do Paiacutes

Na Espanha o PP governava desde 1996 com Joseacute Mariacutea Aznar na Presidecircncia do Governo

Intitulando-se um reformador de centro direita (AZNAR 2005 p197) definiu como principal

ambiccedilatildeo enquanto liacuteder do governo espanhol a colocaccedilatildeo do Paiacutes entre as democracias mais

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 48

importantes (AZNAR 2005 p270) da Europa e do Mundo Estava convicto de que a Espanha

poderia vir a desempenhar um papel de protagonista na cena internacional desiacutegnio de que

considera ter-se mantido alheada no decurso de toda a histoacuteria do seacuteculo XX Esta uacuteltima

referecircncia natildeo eacute propriamente dirigida ao facto de natildeo terem sido atingidas as metas propostas

mas sim por terem sido alcanccediladas tardiamente e por isso de uma forma que considerou menos

brilhante

Da identidade da Naccedilatildeo espanhola salientava a sua vertente atlacircntica questionando-se com a

seguinte expressatildeo ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica

Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX ha sido justamente estar

ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo (AZNAR 2005

p267) A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental era uma caracteriacutestica vincadamente expressa nas

definiccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas do seu governo A relaccedilatildeo transatlacircntica assentava

fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem aparentava ter um relacionamento de

cumplicidade fundamentado primeiramente no apoio concedido agrave Espanha no caso Perejil49

onde a mediaccedilatildeo com Marrocos ldquofoi feita pelos EUA e natildeo pela UErdquo (ABU-TARBUSH 2004

p26) em segundo lugar na presenccedila na Cimeira dos Accedilores que antecedeu a invasatildeo militar do

Iraque

A OTAN desempenhou tambeacutem um papel importante na relaccedilatildeo de proximidade

transatlacircntica constituindo-se num pilar fundamental sem o qual pensava ser impossiacutevel encarar

com tranquilidade as questotildees da seguranccedila europeia ldquoEs que la OTAN es el instrumento baacutesico

fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos com Europa Hay que aumentar las

capacidades de Defensa de Europa y de los paiacuteses europeos Hay que ser capaces de asumir

maacutes competecircncias y un papel maacutes relevante Debemos ir maacutes allaacute del simple compromisso de

intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes

estrateacutegicos y de seguridadrdquo (AZNAR 2004 p177) Mantinha a ideia de que o relacionamento

transatlacircntico deveria colocar-se num patamar de complementaridade e cooperaccedilatildeo evitando as

posturas de conflitualidade

Para este Chefe de Governo uma Espanha atlacircntica natildeo era incompatiacutevel com uma Espanha

europeia assim como a Europa era indissociaacutevel desta mesma orientaccedilatildeo atlacircntica (AZNAR

2004 p195) O papel interventivo da Espanha no processo de construccedilatildeo europeu natildeo foi

esquecido Recorda-se o esforccedilo que desenvolveu no decurso das negociaccedilotildees para a conclusatildeo

do Tratado de Nice no sentido de dotar o paiacutes de maior peso no seio das instituiccedilotildees europeias

49 No Veratildeo de 2002 forccedilas militares marroquinas ocuparam o ilheacuteu de Perejil de soberania espanhola

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 49

A equiparaccedilatildeo da Espanha aos maiores paiacuteses europeus era um objectivo prioritaacuterio claramente

dentro do espiacuterito definido para a sua governaccedilatildeo e postura internacional

Ao mesmo tempo em Portugal o governo era liderado pelo socialista Antoacutenio Guterres que

assumia um relacionamento cordial com o seu homoacutelogo espanhol As divergecircncias situavam-se

ao niacutevel dos assuntos relativos agrave construccedilatildeo europeia sobre os quais a Espanha apresentava uma

concepccedilatildeo diferente No entanto sempre que possiacutevel designadamente quando as questotildees natildeo

determinavam posiccedilotildees opostas procuravam apoiar-se mutuamente (AZNAR 2005 p193)

Antoacutenio Guterres abdicou da governaccedilatildeo em 2002 motivando a realizaccedilatildeo de um processo

eleitoral que levou Joseacute Manuel Duratildeo Barroso Presidente do PSD a assumir o cargo de

Primeiro-Ministro O facto de Duratildeo Barroso pertencer agrave mesma famiacutelia poliacutetica de Aznar foi

determinante para o bom entendimento que era evidente

O posicionamento comum relativamente agrave opccedilatildeo por um alinhamento atlacircntico eacute o corolaacuterio

de um periacuteodo de faacutecil relacionamento bilateral A Cimeira dos Accedilores e o apoio conferido aos

EUA na acccedilatildeo militar sobre o Iraque eacute o momento mais expressivo do que acabamos de referir

Em plena divisatildeo europeia Portugal e Espanha encontravam-se lado a lado o que no periacuteodo em

anaacutelise era uma situaccedilatildeo ineacutedita No entanto consideramos importante salientar que enquanto

Portugal mantinha o seu tradicional alinhamento a Espanha assumia uma posiccedilatildeo conjuntural agrave

qual o facto de ter sido eleita Membro Natildeo Permanente do Conselho de Seguranccedila da ONU

poderaacute natildeo ter sido indiferente

Consideramos ser este o momento oportuno para abordar a primeira das questotildees derivadas

Qual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa da Espanha

nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Ao assumir uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica a

Espanha entra naquela que foi durante largos anos a marca estrutural das nossas opccedilotildees

estrateacutegicas Embora a questatildeo da independecircncia natildeo seja hoje em dia uma consequecircncia

equacionaacutevel jaacute no que diz respeito agrave identidade nacional o mesmo natildeo poderaacute ser afirmado

Neste contexto mantendo Portugal uma atitude voluntariamente passiva na partilha com a

Espanha da mesma orientaccedilatildeo estrateacutegica o risco de uma situaccedilatildeo de sub-representatividade

relativamente ao vizinho ibeacuterico assume um caraacutecter real Neste sentido tambeacutem a consequente

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do espaccedilo nacional eacute outro dos riscos a ponderar

Que postura deveraacute Portugal desenvolver Justificaraacute esta situaccedilatildeo a procura de uma

orientaccedilatildeo diametralmente oposta agrave da Espanha na tradicional busca da diferenciaccedilatildeo

peninsular Por outras palavras deveraacute Portugal reforccedilar a sua opccedilatildeo europeia em detrimento da

orientaccedilatildeo atlacircntica Em nossa opiniatildeo o quadro actual natildeo permite uma abordagem tatildeo linear

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 50

Eacute um facto que o Governo portuguecircs deva explorar as oportunidades surgidas em

consequecircncia da alteraccedilatildeo das prioridades do relacionamento externo da Espanha No entanto

natildeo nos parece que o abandono da orientaccedilatildeo atlacircntica seja a opccedilatildeo correcta para Portugal De

uma sub-representatividade provaacutevel passariacuteamos a uma sub-representatividade efectiva

assumindo a Espanha o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago Pelos factos apresentados

poderemos agora confirmar a hipoacutetese na qual se afirma que ldquoUma orientaccedilatildeo

predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa

portuguesardquo

A chegada ao poder de um novo governo liderado por Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

determinou uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica espanhola As linhas de mudanccedila

assentaram em dois aspectos fundamentais por um lado a dimensatildeo europeia da sua poliacutetica

externa e por outro a prioridade conferida agrave relaccedilatildeo transatlacircntica Com a primeira pretendeu

reposicionar a Espanha junto agrave Franccedila e agrave Alemanha assumindo a prioridade de relacionamento

com a Europa continental retomando a orientaccedilatildeo tradicional A segunda referia-se agrave

consequecircncia do inevitaacutevel afastamento do principal parceiro transatlacircntico que se iria reflectir

na retirada das tropas espanholas do Iraque

Considerando que ldquolo que es bueno para Europa es bueno para Espantildeardquo50 Zapatero

conferia agrave Espanha um alinhamento prioritaacuterio para o interior europeu no qual procurou o

restabelecimento do consenso perdido com o caso Iraque Os reflexos da viragem foram

recebidos com agrado por parte dos presidentes da Franccedila e da Alemanha que no decurso da

quase imediata deslocaccedilatildeo de Zapatero a estes paiacuteses Chirac manifestava a intenccedilatildeo de levar em

frente a criaccedilatildeo do eixo Berlim-Paris-Madrid (ARENAL p117) assim como a integraccedilatildeo da

Espanha no nuacutecleo duro da Europa A participaccedilatildeo do Presidente do Governo espanhol na

campanha eleitoral francesa relativa ao acto referendaacuterio do TCE junto a Chirac e aos demais

partidaacuterios do ldquoSimrdquo eacute suficientemente elucidativa da alteraccedilatildeo de prioridade do alinhamento

espanhol Sobre o assunto eacute de salientar o facto de ter sido o vizinho peninsular o primeiro paiacutes

a referendar o texto do Tratado o qual recebeu a aprovaccedilatildeo por uma margem significativa de

cidadatildeos espanhoacuteis

O relacionamento com os EUA apesar da primazia ser atribuiacuteda agrave opccedilatildeo europeia seraacute

mantido como um pilar que entende ser essencial para as relaccedilotildees externas considerando

possiacutevel que as duas orientaccedilotildees podem coabitar sem que daiacute advenha qualquer

constrangimento Contudo a retirada das forccedilas militares espanholas do Iraque originou um

50 Discurso de Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero na sessatildeo de tomada de posse como Presidente do Governo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 51

refrear do relacionamento bilateral A questatildeo foi reparada apoacutes a intensa actividade diplomaacutetica

desenvolvida pelos ministros da Defesa e dos Assuntos Exteriores Joseacute Bono e Miguel Angel

Moratinos respectivamente junto de Donald Rumsfeld e Condoleza Rice No encontro o

governo espanhol apresentou propostas concretas (RIBEIRO 2005 p4) para o apoio agrave instruccedilatildeo

dos militares das forccedilas armadas e policiais iraquianas assim como para um maior envolvimento

militar no Afeganistatildeo

E Portugal Portugal acompanhou a Espanha na mais recente viragem poliacutetica ao socialismo

Apoacutes a saiacuteda de Joseacute Manuel Duratildeo Barroso para ocupar a presidecircncia da Comissatildeo Europeia e

a breve passagem pelo governo de Pedro Santana Lopes as eleiccedilotildees legislativas antecipadas

realizadas em Fevereiro de 2005 determinaram uma nova alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica

portuguesa O desenrolar dos acontecimentos voltava a colocar ao leme dos destinos de ambos

os paiacuteses ibeacutericos dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica Apesar da alteraccedilatildeo os reflexos na

conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo satildeo significativos Relativamente agrave questatildeo europeia eacute

colocado grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo nomeadamente

no desenvolvimento do ldquoespaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedilardquo51 no alargamento a

Leste na legitimaccedilatildeo do TCE e no esforccedilo pela normalizaccedilatildeo do diaacutelogo euro-atlacircntico A par

destas questotildees surgem algumas preocupaccedilotildees que parecem merecer uma atenccedilatildeo especial Eacute o

caso da negociaccedilatildeo das perspectivas financeiras para o periacuteodo 2007-2013 a ldquoconcretizaccedilatildeo da

Estrateacutegia de Lisboardquo o processo de decisatildeo europeia e o processo de internacionalizaccedilatildeo da

economia

A prioridade europeia consubstanciada na aproximaccedilatildeo agrave Franccedila e agrave Alemanha que passou a

constar da acccedilatildeo de poliacutetica externa do actual governo espanhol natildeo encontra correspondecircncia

na postura externa portuguesa Apesar do empenhamento na edificaccedilatildeo do projecto europeu o

factor de identidade atlacircntica manteacutem-se presente e encontra-se reflectido nas abordagens agraves

questotildees de seguranccedila e defesa O assunto merece uma alusatildeo clara no programa de governo

quando depois das referecircncias efectuadas aos diversos elos de ligaccedilatildeo no contexto multilateral

salienta no plano bilateral ldquoas relaccedilotildees com os seus aliados tradicionaisrdquo52 das quais destaca

ldquoem primeiro lugarrdquo os EUA com quem Portugal manteacutem um ldquoAcordo de Cooperaccedilatildeo e

Defesardquo seguindo-se ldquoos parceiros europeus da NATO e da UE (hellip)rdquo

O viacutenculo transatlacircntico no contexto europeu eacute tambeacutem realccedilado sendo considerado um

ldquoinstrumento fundamental de partilha de responsabilidades na preservaccedilatildeo de conflitos e no

reforccedilo da seguranccedila colectiva (designadamente no quadro da Alianccedila Atlacircntica) e de partilha de 51 Programa do XVII Governo Constitucional p 152 52 Programa do XVII Governo Constitucional p 160

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 52

objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo Contudo eacute no CEDN onde se

encontra bem expressa a prioridade conferida agrave participaccedilatildeo da OTAN na seguranccedila do espaccedilo

geograacutefico portuguecircs assim como numa oacuteptica de complementaridade na seguranccedila europeia

A segunda questatildeo derivada coloca a seguinte interrogaccedilatildeo Qual o impacto de uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola A soluccedilatildeo

enquadra-se nos argumentos apresentados na resposta agrave primeira questatildeo O risco de sub-

representatividade no quadro do relacionamento europeu eacute de novo uma realidade agravada

pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal no seio das instituiccedilotildees

da UE Actualmente o nosso vizinho ibeacuterico assumiu uma orientaccedilatildeo externa claramente de

pendor europeu aliando-se agrave Franccedila e agrave Alemanha na tentativa de igualar a forccedila que estes

grandes paiacuteses detecircm nas instituiccedilotildees da UE

Os riscos de criaccedilatildeo do proclamado eixo Berlim-Paris-Madrid reacendem os receios

associados ao surgimento de um directoacuterio europeu Desta forma a Espanha vecirc facilitada a

possibilidade de poder impor os seus interesses atraveacutes de uma cada vez mais usual votaccedilatildeo por

maioria qualificada assumindo a representatividade peninsular e subalternizando Portugal a

quem jaacute considera parte integrante do seu mercado econoacutemico

Cada alargamento vai transformando Portugal num dos mais antigos membros da UE no

entanto enquadra-se no grupo de paiacuteses de limitados recursos cada vez mais empurrado para a

periferia da Europa Neste sentido o fortalecimento do relacionamento transatlacircntico e o reforccedilo

da importacircncia da OTAN no quadro da defesa europeia seria a forma de reatribuir ao Paiacutes a

centralidade estrateacutegica cada vez mais difiacutecil de manter Eacute pois de validar a hipoacutetese na qual se

afirma que ldquouma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo

43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento

O relacionamento com a Espanha foi enquadrado em dois modelos distintos Inicialmente o

modelo tradicional que sustentou as relaccedilotildees peninsulares durante a maior parte do seacuteculo XX

assentava na necessidade de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica como suporte de identidade e

independecircncia de Portugal O segundo eacute caracterizado pela partilha dos mesmos espaccedilos

poliacutetico econoacutemico e de seguranccedila determinando uma nova forma de encarar as relaccedilotildees entre

os dois Estados peninsulares De uma postura de divergecircncia haveria que passar a assumir uma

de partilha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 53

431 O modelo tradicional de relacionamento

No iniacutecio do seacuteculo XX a Espanha assumia um alinhamento poliacutetico-estrateacutegico num espaccedilo

tradicionalmente ocupado por Portugal Os riscos revelavam-se enormes e estavam na

consciecircncia dos responsaacuteveis portugueses que manifestaram a sua preocupaccedilatildeo junto do

governo britacircnico A consequecircncia foi a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do territoacuterio portuguecircs

levando inclusive Winston Churchill a considerar a Espanha como uma mais valia estrateacutegica

relativamente a Portugal e agraves suas possessotildees em Aacutefrica

A posiccedilatildeo expressa por Churchill apresentava apenas uma condicionante a necessidade de

manutenccedilatildeo das ilhas atlacircnticas portuguesas sob influecircncia britacircnica A reacccedilatildeo portuguesa natildeo

se faria esperar e procurando a diferenciaccedilatildeo peninsular e a revalorizaccedilatildeo estrateacutegica do

territoacuterio Portugal ensaia a aproximaccedilatildeo agrave Alemanha a quem aliciou ao investimento em Aacutefrica

e agrave utilizaccedilatildeo das posiccedilotildees insulares para que aiacute pudesse estabelecer os seus depoacutesitos de carvatildeo

Decidida a neutralidade da Espanha na I Guerra Mundial Portugal mais uma vez

percepcionou a necessidade de se diferenciar do seu vizinho Estava assim decidida em 1916 a

participaccedilatildeo de Portugal no conflito que assinalava tambeacutem o regresso do Paiacutes ao seu

alinhamento estrateacutegico habitual A participaccedilatildeo na guerra visava colocar Portugal agrave mesa das

negociaccedilotildees junto dos vencedores bem como numa posiccedilatildeo de relevacircncia no arranjo estrateacutegico

que daiacute pudesse resultar Foi a forma que os governantes nacionais encontraram para legitimar o

regime manter a posse das coloacutenias e assumir a representatividade ibeacuterica reatribuindo ao

territoacuterio nacional a importacircncia estrateacutegica que havia perdido Portugal viu-se contudo

defraudado nas suas intenccedilotildees Foi a Espanha que mediante uma forte acccedilatildeo diplomaacutetica junto

do principal dinamizador da Sociedade das Naccedilotildees os EUA assumiu o lugar em representaccedilatildeo

dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

No conflito mundial que se seguiu a Espanha mostrou a sua preferecircncia pelas posiccedilotildees do

Eixo chegando mesmo a aderir a um tratado tripartido com a Alemanha e a Itaacutelia A tentativa de

manter a peniacutensula ibeacuterica fora da zona beligerante foi um esforccedilo comum que levou agrave

assinatura de um pacto de natildeo-agressatildeo entre os dois paiacuteses ibeacutericos mas havia que conseguir a

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da peniacutensula Assegurado o estatuto de neutralidade Portugal e a

Espanha permaneceram junto dos seus tradicionais aliados embora cada um orientado para o

lado oposto da barreira natildeo deixando de assinalar a marca da diferenciaccedilatildeo que lhes era

caracteriacutestica

O periacuteodo poacutes-guerra foi fatal para a Espanha que se viu envolta nas malhas de um castigador

isolamento internacional Portugal tinha conseguido o seu grande objectivo agrave sua postura de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 54

diferenciaccedilatildeo associava agora o da hegemonia peninsular tornando-se no ponto de contacto da

Espanha com o mundo O marco fundamental do momento que se seguiu foi o convite efectuado

pelos EUA no sentido de Portugal vir a integrar o grupo de paiacuteses fundadores da Alianccedila

Atlacircntica O ingresso do Paiacutes na OTAN contou com a oposiccedilatildeo espanhola que via Portugal

assumir uma posiccedilatildeo de destaque no contexto estrateacutegico europeu

O desenlace da guerra civil espanhola preocupava o governo portuguecircs Neste caso seria a

influecircncia que o regime republicano espanhol poderia exercer na evoluccedilatildeo poliacutetica nacional Esta

preocupaccedilatildeo encontrava fundamento na influecircncia comunista no governo republicano de Madrid

e a sua difusatildeo ao territoacuterio portuguecircs assim como no movimento iberista que lhe estava

associado A preocupaccedilatildeo demonstrada teve reflexos no apoio conferido pelos portugueses aos

nacionalistas liderados por Francisco Franco em contraponto ao apoio sovieacutetico prestado aos

republicanos

A histoacuteria do seacuteculo XX reservou a Portugal e agrave Espanha um importante papel no contexto

peninsular europeu e mundial A geopoliacutetica e a geoestrateacutegia do espaccedilo peninsular conferiu

aos dois paiacuteses uma centralidade que natildeo lhes permitiu manter-se alheios agraves ocorrecircncias Os

vaacuterios factos da histoacuteria europeia e a postura poliacutetico-estrateacutegica do vizinho peninsular

determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o

objectivo de se diferenciar no contexto ibeacuterico procurando a sua valorizaccedilatildeo estrateacutegica de

forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a manutenccedilatildeo da sua individualidade e

independecircncia A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas

premissas fundamentais Em primeiro lugar a valorizaccedilatildeo permanente da velha alianccedila com a

Gratilde-Bretanha papel desempenhado posteriormente pelos EUA Em segundo lugar pela jaacute

referida necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica numa alianccedila diametralmente

oposta agrave da Espanha

432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo53

Os desiacutegnios da histoacuteria levaram a que Portugal e Espanha viessem a encontrar-se pela

primeira vez comungando os mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e geoestrateacutegico Esta

nova realidade inviabiliza o modelo tradicional de relacionamento natildeo permitindo a existecircncia

de um quadro diferenciador expliacutecito Por outro lado decorrente do processo de transformaccedilatildeo

do regime Portugal deixou de ser possuidor do impeacuterio colonial em funccedilatildeo do qual tantas vezes

condicionou o desenvolvimento da sua poliacutetica externa A grande novidade revela-se na

53 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor deste trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 55

passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia estrateacutegica para outra onde a convergecircncia eacute uma

realidade uma necessidade e tambeacutem uma oportunidade Sua Excelecircncia o Ministro da Defesa

Nacional Dr Luiacutes Amado iria referir-se ao facto da seguinte forma ldquopassamos de uma situaccedilatildeo

de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsularrdquo (AMADO 2005 p211)

A realidade da convergecircncia acima mencionada encontra-se jaacute comprovada pela presenccedila

simultacircnea nas principais OI designadamente na OTAN e na UE ambas mencionadas no acircmbito

deste trabalho Sendo o factor necessidade intriacutenseco agrave partilha de interesses nos diversos

espaccedilos por demais referidos jaacute o factor oportunidade decorre da forma como satildeo encaradas as

situaccedilotildees eventualmente desvantajosas Ou Portugal encara as desvantagens como um fado

inevitaacutevel remetendo-se a uma lamentaccedilatildeo inconsequente ou decide tirar partido das situaccedilotildees

transformando-as em oportunidades definindo objectivos de meacutedio e longo prazo aos quais

deveraacute associar a melhor orientaccedilatildeo estrateacutegica para os atingir

A opccedilatildeo europeia afigurava-se como uma soluccedilatildeo uacutenica e imprescindiacutevel perante a previsiacutevel

adesatildeo da Espanha Colocar o cenaacuterio de uma integraccedilatildeo espanhola com a exclusatildeo de Portugal

era algo que se afigurava desastroso dado que remetia o Paiacutes para uma situaccedilatildeo de isolamento

no extremo ocidental da Europa fora da centralidade econoacutemica e dos incentivos de

desenvolvimento proclamados pela CEE De uma certa forma a UE representou o apoio externo

que o Paiacutes necessitava54 Este conceito estava associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o

relacionamento bilateral deveria assentar na mediaccedilatildeo multilateral de Bruxelas algo que a

expressatildeo ldquochegar a Madrid via Bruxelasrdquo55 (SOUSA 1996 p164) definia muito bem

As diferentes posiccedilotildees assumidas nas instituiccedilotildees europeias satildeo marcas evidentes de que o

facto de ambos pertencerem agrave Uniatildeo natildeo impede a existecircncia de interesses estrateacutegicos

diferenciados O posicionamento relativamente agrave defesa europeia eacute uma questatildeo de divergecircncia

que constitui um bom exemplo do que acabamos de afirmar A Espanha pretende que seja

constituiacutedo um pilar autoacutenomo de defesa enquanto Portugal defende que esse pilar venha a ser

desenvolvido de uma forma complementar e em articulaccedilatildeo com a Alianccedila Atlacircntica

A recente reaproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e agrave Alemanha tem reacendido a ideia de

criaccedilatildeo de um directoacuterio europeu constituiacutedo pelos quatro maiores paiacuteses da UE aos quais se

deveria juntar o nosso vizinho peninsular A procura de mais poder dentro das instituiccedilotildees

europeias tem sido uma ambiccedilatildeo permanente dos espanhoacuteis que provavelmente acabaraacute por dar

frutos Esta eacute uma preocupaccedilatildeo que deveraacute manter-se sempre presente no espiacuterito dos

54 Ideia expressa pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho 55 SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas Janus 97 p 164

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 56

governantes portugueses A orientaccedilatildeo estrateacutegica que acabamos de referir associada agrave adopccedilatildeo

de um sistema de votaccedilatildeo favorecendo os Estados demograficamente mais importantes poderaacute

ter consequecircncias gravosas para Portugal como a sub-representatividade ou a subalternizaccedilatildeo

em aacutereas tatildeo importantes como a Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

O quadro presente permite tambeacutem visualizar a possibilidade de tomada de posiccedilotildees

conjuntas como aliaacutes jaacute no passado recente foi possiacutevel Temos na memoacuteria o esforccedilo comum

desenvolvido no sentido garantir a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia ou o acesso aos

diversos fundos utilizados como suporte ao desenvolvimento econoacutemico posiccedilotildees que foram

reflectidas na expressatildeo ldquochegar a Bruxelas via Madridrdquo A comunhatildeo de objectivos tem

encontrado reflexos tambeacutem noutras aacutereas da poliacutetica externa como eacute o caso dos interesses nos

espaccedilos regionais onde jaacute foram definidas estrateacutegias comuns tanto no seio da UE como na

OTAN Contudo eacute necessaacuterio deixar claro que a coincidecircncia de posiccedilotildees deveraacute ocorrer ldquopor

vontade proacutepriardquo56 e ldquoresultando em prol do interesse nacionalrdquo57 de forma a afastar a ideia da

sub-representatividade ou subalternizaccedilatildeo jaacute anteriormente referidas

Eacute agora o momento oportuno para abordar a uacuteltima das questotildees derivadas Seraacute a orientaccedilatildeo

estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar Portugal no seio das OI onde se encontra

inserido A resposta encontra-se reflectida na anaacutelise efectuada ao relacionamento entre os dois

Estados quando enquadrado no acircmbito multilateral Se o anterior quadro de relacionamento

justificaria uma assentuaccedilatildeo claramente negativa no contexto actual seraacute o interesse nacional a

orientar o sentido positivo ou negativo da resposta Situaccedilotildees ocorreram nomeadamente no seio

da UE em que uma tomada de posiccedilatildeo conjunta foi determinante para a consecuccedilatildeo dos

objectivos pretendidos Contudo outros se verificaram em que o afastamento voltou a ser uma

prioridade Neste contexto natildeo poderemos validar a hipoacutetese onde se afirma que ldquouma

orientaccedilatildeo externa comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio das

OI onde se encontra inseridordquo

A relaccedilatildeo transatlacircntica eacute um assunto que assumidamente preocupa os governantes de ambos

os paiacuteses Caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre

poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas Natildeo deveremos

esquecer a crise a que foram sujeitas no contexto europeu logo apoacutes as tomadas de posiccedilatildeo

relativamente agrave intervenccedilatildeo no Iraque Portugal e a Espanha estiveram juntos ao lado dos EUA

assumindo-o perante o mundo na mediatizada Cimeira dos Accedilores No entanto Joseacute Mariacutea

Aznar revelou que o seu protagonismo foi tatildeo longe que inclusivamente a ele pertence a ideia 56 General Loureiro dos Santos em entrevista concedida ao autor do trabalho em 8 de Abril de 2005 57 Dr Joseacute Medeiros Ferreira em entrevista concedida ao autor do trabalho em 24 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 57

do local de realizaccedilatildeo do encontro (AZNAR 2005 p266) Ainda deveremos ter em memoacuteria as

referecircncias agrave fotografia de conjunto em cujas legendas os perioacutedicos internacionais se

esqueciam de referir o nome do quarto participante

Este enquadramento revelou que a possibilidade de um maior ou menor pendor atlacircntico

poderaacute constituir um modo diferenciador da postura estrateacutegica Contudo Portugal encontra-se

empenhado no processo de construccedilatildeo da Europa sendo esse o espaccedilo geograacutefico onde se

encontra inserido Seraacute aiacute que o paiacutes deveraacute exercer preferencialmente o seu esforccedilo e atenccedilatildeo

No entanto para Portugal torna-se indispensaacutevel que o relacionamento transatlacircntico atinja a

normalidade perdida com os acontecimentos do Iraque Indispensaacutevel para a Europa porque lhe

atribui a estrutura de seguranccedila que ainda natildeo possui e para Portugal porque lhe confere uma

centralidade estrateacutegica que uma exclusiva opccedilatildeo europeia natildeo permite O ldquoequiliacutebrio euro-

atlacircnticordquo58 torna-se uma opccedilatildeo ajustada que permitiraacute acompanhar a construccedilatildeo europeia e as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas assim como contrariar o ldquodeslocamento do centro de

gravidade da poliacutetica europeia para Lesterdquo (MONGIARDIM 2004 p183)

Este eacute o momento de enfrentar a questatildeo que definiu a orientaccedilatildeo do estudo desenvolvido

Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no

actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Em face das

soluccedilotildees encontradas para as questotildees derivadas assim como todas as outras consideraccedilotildees

efectuadas ao longo do desenvolvimento do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser

inequivocamente positiva validando a hipoacutetese central colocada A afirmaccedilatildeo entatildeo proferida

revelou-se um facto relativamente ao anterior modelo de relacionamento onde se impunha uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica oposta mantendo-se como um facto no jaacute designado ldquonovo paradigma

peninsularrdquo

44 A resposta de Portugal

A pergunta para a qual nos falta obter uma resposta diz respeito agrave melhor forma de Portugal

fazer face a uma Espanha ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

Como poderaacute Portugal encontrar uma nova foacutermula diferenciadora que se enquadre nesta nova

matriz de relacionamento Estamos certos de que a resposta seraacute muito mais faacutecil de dar do que

obter a sua implementaccedilatildeo praacutetica No entanto acreditamos que o Paiacutes prosseguiraacute vencendo as

dificuldades encontrando as soluccedilotildees mais adequadas para continuar a afirmar-se na Europa e

no Mundo

58 Expressatildeo empregue pelo Doutor Carlos Gaspar em entrevista concedida em 28 de Abril de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 58

Para tal Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

nomeadamente na UE e na OTAN defendendo de forma firme e determinada o interesse

nacional Deveraacute estabelecer metas definir objectivos e as formas mais eficazes para os atingir

Ainda sobre a presenccedila nas OI Portugal teraacute que afastar as tendecircncias de sub-representatividade

relativamente agrave Espanha fazendo-se representar nos mesmos fora que o seu vizinho peninsular

ou caso contraacuterio ldquoMadrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo

esbater-se-aacuterdquo (AMADO 2005 p215)

Sendo a UE um dos elementos determinantes para a definiccedilatildeo da matriz de identidade

portuguesa e provavelmente o ponto aglutinador da maior parte do esforccedilo estrateacutegico nacional

natildeo poderemos esquecer as restantes vertentes que contribuem para a caracterizaccedilatildeo desta

mesma matriz Assim teremos que considerar a identificaccedilatildeo mariacutetima com o Oceano Atlacircntico

que encerra em si mesmo uma parte fundamental da soluccedilatildeo Permite a potenciaccedilatildeo

geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica o acesso a recursos e fontes de rendimento

e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica de forma a

obter a diversificaccedilatildeo de relacionamento

Por outro lado eacute incontornaacutevel a questatildeo da lusofonia talvez um dos aspectos mais

importantes da marca diferenciadora de Portugal Eacute necessaacuterio defendecirc-la estimulaacute-la e

expandi-la para que possa contribuir para a indispensaacutevel afirmaccedilatildeo de Portugal no contexto

internacional Neste acircmbito tambeacutem a CPLP se afigura como incontornaacutevel cabendo-lhe o

papel de principal meio de defesa de uma liacutengua e cultura comuns a cerca de 200 milhotildees de

pessoas tendo Portugal a responsabilidade de tomar a iniciativa dinamizadora e determinar a

melhor forma para explorar as suas potencialidades

No acircmbito do relacionamento bilateral com a Espanha haveraacute que reduzir ao miacutenimo os

factores que poderatildeo determinar qualquer tipo de dependecircncia procurando alternativas externas

agrave Peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica Neste contexto o porto de Sines poderaacute

desempenhar um papel determinante no que diz respeito agrave possibilidade de importaccedilatildeo de gaacutes

natural liquefeito estabelecendo-se como alternativa segura ao gasoduto euro-magrebino

Contudo deveraacute manter-se em aberto a possibilidade de recurso a outras fontes energeacuteticas

nomeadamente no campo nuclear

A internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas eacute tambeacutem uma necessidade e uma

possibilidade apenas percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios Eacute opiniatildeo generalizada

dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino

preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 59

um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute fornecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade

na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses estabelecendo-se

tambeacutem aqui a diferenciaccedilatildeo positiva de Portugal

Natildeo seraacute menos importante a questatildeo da preparaccedilatildeo das futuras geraccedilotildees de portugueses a

quem temos a responsabilidade de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para

que possam continuar Portugal O Paiacutes seraacute o que os portugueses quiserem A noacutes cabe a

responsabilidade de dar continuidade a uma gloriosa histoacuteria de mais de oito longos seacuteculos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 60

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES

ABU-TARBUSH Joseacute ndash Poliacutetica exterior espanhola Mudanccedila ou continuidade O Mundo Portuguecircs

ISSN 0874-4882 (Mar 2004) 24-27

ALMEIDA Poliacutebio F A Valente ndash Do poder do pequeno Estado enquadramento geopoliacutetico da

hierarquia das potecircncias Lisboa Instituto de Relaccedilotildees Internacionais 1990 ISBN 972-9229-13-9

ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados 1ordf ed Lisboa ldquoOrdem dos Economistas e Gabinete de Estudos e

Prospectiva Econoacutemicardquo 2001 266 p ISBN 972-8170-79-3

AMADO Luiacutes ndash Portugal e Espanha In Visotildees de Poliacutetica Externa Portuguesa Sociedade de

Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios Estrangeiros Lisboa 2005

ISBN 972-98963-4-8 p 211-215

ANTUNES Joseacute Freire ndash Os espanhoacuteis e Portugal 1ordf ed Lisboa ldquoOficina do Livrordquo 2003 733 p

ISBN 989-555-050-2

ARENAL Celestino del ndash La poliacutetica exterior del gobierno Socialista Poliacutetica Exterior ISSN 0213-6856

JuacutelioAgosto nordm 100 p 111-126

ARMESTRE Pedro ndash Um compromisso comum com a seguranccedila e defesa europeias Jornal Puacuteblico (12

Set 2005) 7

AZNAR Joseacute Maria ndash Ocho Antildeos de Gobierno una vision personal de Espantildea 3ordf ed Barcelona

ldquoEditorial Planetardquo 2004 248 p ISBN 84-08-05225-X

AZNAR Joseacute Maria ndash Retratos y Perfiles de Fraga a Bush 2ordf ed Barcelona ldquoEditorial Planetardquo

2005 400 p ISBN 84-08-05940-8

CALLE Angel Luiacutes de la ndash O processo de emancipaccedilatildeo Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) 68

CARNEIRO Roberto MATOS Antoacutenio Teodoro de [et al] ndash Memoacuteria de Portugal o mileacutenio

portuguecircs 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 2001 574 p ISBN 972-42-2594-1

CARR Raymond [et al] ndash Histoacuteria concisa de Espanha 1ordf ed Mem Martins ldquoEuropa-Ameacutericardquo 2004

304 p ISBN 972-1-05412-7

CHARLES Powell [et al] ndash Construir Europa desde Espantildea los nuevos desafios de la poliacutetica europea

[em linha] 2005 [consult Em 15 Jun 2005) Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosinforme20europapdf ISBN 169-885X

CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos [Em linha]

09Dec04 [consult em 15 Mar 2005] Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanocomdocumentos155asp

Constitucion Espantildeola [Em linha] [consult 15 de Ago 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfconstitucionpdf

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 61

CRAVINHO Joatildeo Gomes BRITO Alexandra de ndash As Relaccedilotildees Ibero-mediterracircnicas e Ibero-

Americanas Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de

Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996)p 162

CRP [Em linha] [consult em 20 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwcneptLegislacaodlfilescrp_pt2004_integralpdf

Cuadernos de estrateacutegia nordm 129 La seguridad y la defensa de la Unioacuten Europea retos y opotunidades

Instituto Espantildeol de Estuacutedio Estrateacutegicos [Em linha] [Consult 20 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwieeeesarchivossubidosdocumentacionCE-129pdf

Deacutecimoquarta Cumbre Iberoamericana San Joseacute de Costa Rica ndash Ministeacuterio de Assuntos Exteriores y de

Cooperacion Direccioacuten General de Comunicacioacuten Exterior [Em linha] [consult em 12 de Set de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwmaeesdocumento000000066714cumbreiberoamericanapdf

Directiva de Defensa Nacional 12004 [Em linha] [consult em 12 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwmdeesdescargaddn_2004pdf

Discurso de tomada de posse de Joseacute Luiacutes Zapatero [Em linha] [consult em 16 de Jun de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwla-moncloaeswebPDFDISCURSO20DE20INVESTIDURApdf

DRAIN Michel ndash Geografia da Peniacutensula Ibeacuterica 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1964 143 p

Entrevista de Miguel Horta e Costa ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

FERNANDES Antoacutenio Horta DUARTE Antoacutenio Paulo ndash Portugal e o Equiliacutebrio Peninsular

passado presente e futuro 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 1998 184 p ISBN

072-1-04409-1

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash A Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeias Almedina

Lisboa 2002

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Portugal na conferecircncia de paz Paris 1919 1ordf ed Lisboa ldquoQuetzal

Editoresrdquo 1992 115 p ISBN 972-564-140-X

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Um seacuteculo de problemas as relaccedilotildees luso-espanholas da uniatildeo ibeacuterica

agrave Comunidade Europeia 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1989 84 p ISBN 972-24-0715-5

FIEL Jorge ndash Que medo Expresso Caderno de Economia e Internacional (30 Jun 2005) 7

GASPAR Carlos ndash Estruturas alianccedilas e regimes As relaccedilotildees entre Portugal e a Espanha (1926-1974) I

Encontro Internacional Relaccedilotildees Portugal-Espanha Lisboa 165-209

GIRAtildeO Amorim ndash Geografia de Portugal 1ordf ed Porto ldquoPortucalense Editora SARLrdquo 1941 479 p

MALAMUD Carlos [et al] ndash La Poliacutetica Espantildeola Hacia Ameacuterica Latina Primar lo Bilateral para Ganar

en lo Global [em linha] 2005 [Consultado em 15 em 15 Abr 05] 2005 Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosInf_3pdf

MARTINS Christiana (2005a) ndash A carta roubada Expresso Caderno de Economia e Internacional (7

Maio 2005)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 62

MARTINS Christiana (2005b) ndash Iberdrola disponiacutevel Expresso Caderno de Economia e Internacional

(25 Jun 2005) 15

MARTINS Christiana (2005c) ndash Telefoacutenica aperta o cerco agrave PT Expresso Caderno de Economia e

Internacional (4 Jun 2005) 10

MATTOSO Joseacute [et al] ndash Histoacuteria de Portugal 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 1994 683 p

ISBN 972-42-0971-7 vol 6

MEIRELES Luiacutesa ndash Nacionalismo (s) agrave prova Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) p 64-66

MONJARDIN Maria Regina ndash O alargamento da Uniatildeo Europeia Novos vizinhos 1ordf ed Lisboa

ldquoPrefaacuteciordquo 2004 198 p ISBN 972-8816-32-4

NOGUEIRA Franco (2000a) ndash As crises e os homens 2ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000

347 p ISBN 972-26-1760-5

NOGUEIRA Franco (2000b) ndash Juiacutezo final 7ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000 217 p ISBN

972-26-1772-9

O estado das autonomias ldquoExpresso Uacutenicardquo (16 Abr 2005) p 71-73

OLIVEIRA Ceacutesar [et al] ndash Histoacuteria dos municiacutepios e do poder local dos finais da idade meacutedia agrave

Uniatildeo Europeia 1ordf ed Lisboa Circulo de Leitores 1996 591 p ISBN 972-42-1300-5

PEREIRA Helena ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar de outros negociadores Jornal

Puacuteblico (12 Jun 2005) 9

PINTO Ricardo Leite CORREIA Joseacute de Matos SEARA Fernando Reboredo ndash Ciecircncia poliacutetica e

direito constitucional teoria geral do Estado e formas de governo 3ordf ed Lisboa ldquoUniversidade

Lusiacuteada Editorardquo 2005 319 p ISBN 972-8883-22-6

Programa do XVII Governo Constitucional [Em linha] [consult 14 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwportugalgovptNRrdonlyres631A5B3F-5470-4AD7-AE0F-

D8324A3AF4010ProgramaGovernoXVIIpdf

Resoluccedilatildeo do Conselho de Ministros nordm 62003 DR I-B Seacuterie 16 (2003-01-20) 279-287

RIBEIRO Nuno ndash Contributos de Espanha para agradar a Washington Jornal Puacuteblico (11 Fev 2005) 4

SANTOS Joseacute Alberto Loureiro dos ndash Convulsotildees Ano III da Guerra ao Terrorismo Reflexotildees

Sobre Estrateacutegia IV 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 2004 308 p ISBN 972-1-

05382-1

SANTOS Nicolau ndash Indignaccedilotildees e erros agrave volta de uma OPA Expresso caderno de economia (10 Set

2005) 2

SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da aacutegua Instituto Superior de Ciecircncias de Ciecircncias

Sociais e Poliacuteticas 2002 Tese de mestrado

SEABRA Maria Joatildeo ndash Vizinhanccedila Inconstante Portugal e Espanha na Europa 1ordf ed Lisboa

Instituto de Estudos Estrateacutegicos e Internacionais 1995 42 p ISBN 972-8109-09-1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 63

SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas In Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores

Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996) 164-165

SOUSA Teresa de (2005a) ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar do poliacutetico e protagonista

Jornal Puacuteblico (12 Jun 2005) 8

SOUSA Teresa de (2005b) ndash O olhar de um historiador Jornal Puacuteblico (13 Jun 2005) 11

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A importacircncia da OTAN para Portugal In Portugal e os 50 anos da

Alianccedila Atlacircntica 1949-1999 MDN ISBN 972-95256-1-7 (1999) p 71-105

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A dualidade de um espaccedilo comum ndash In Visotildees de Poliacutetica Externa

Portuguesa Sociedade de Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios

Estrangeiros Lisboa 2005 ISBN 972-98963-4-8 p 197-208

Un Antildeo de Gobierno [Em linha] Abril de 2005 Ministerio de la Presidecircncia Secretaria de Estado de

Comunicacioacuten [consult 15 de Jun de 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfunanigobpdf

VICENTE Antoacutenio Pedro ndash Espanha e Portugal Um Olhar Sobre as Relaccedilotildees Peninsulares no Seacutec

XX 1ordf ed Lisboa ldquoTribunardquo 2003 393 p ISBN 972-8799-01-2

SITIOS DA INTERNET CONSULTADOS

httpeuropaeuintabc12lessonsindex4_pthtm

httpeuropaeuintabc12lessonsindex5_pthtm

httpwwwcplporg

httpwwwonocomptCPLPdocumentoaspdocumento=5

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AA ndash CONSUMO DE ENERGIA PRIMAacuteRIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

Carvatildeo 1600

Outras Renovaacuteveis900

Gaacutes Natural 800

Hiacutedrica 400

Petroacuteleoe Derivados

6300

Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

Petroacuteleo e Derivados5200

Hiacutedrica200

Outras Renovaacuteveis400

Gaacutes Natural 1200

Nuclear1300

Carvatildeo1700

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AB ndash CONSUMO FINAL DE ENERGIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo Final de EnergiaPortugal 2000

Derivados Petroacuteleo68

Carvatildeo2

Renovaacuteveis9

Gaacutes Natural4

Eleacutectricidade17

Consumo Final de EnergiaEspanha 2000

DerivadosPetroacuteleo

63

Carvatildeo1

Gaacutes Natural14

Renovaacuteveis4

Eleacutectricidade18

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AC ndash REDE IBEacuteRICA DE GAacuteS NATURAL

Fonte GALP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AD ndash PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fortaleza

de

Capital

Tamanho

de

Activos

Solidez

Ratio

CapitalActivos

Retorno

Sobre Activos

Ratio

CustoCreacutedito Bancos

(Milhotildees de doacutelares) () () ()

Banco Comercial

Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355

Caixa Geral de

Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569

Banco Espiacuterito

Santo 3271 54664 598 083 5061

Bano Totta e

Accedilores 1806 36403 496 11 4991

Santander Central

Hispano 21408 444012 482 117 631

Banco Bilbao

Vizcaya

Argentaria

18176 362655 501 133 5677

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AE ndash PIB PER CAacutePITA POR PARIDADE DE PODER DE COMPRA

PIB Per Caacutepita Por Paridade de Poder de Compra

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Portugal UE 15 Portugal Espanha Espanha UE 15

Fonte Eurostat citado em CHISLET William ndash Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios

incoacutemodos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AF ndash INVESTIMENTO DIRECTO BILATERAL

Milhotildees de euros

Incluem os fundos em Entidades de Tenencia de Valores Estranjeros

Fonte Direccioacuten General Espantildeola de Comercio e Inversiones citado em CHISLET William ndash

Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

Investimento Directo Bruto de Espanha em Portugal e Portugal em Espanha

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Em Portugal 462 370 1352 497 740 467 790 3454 1140 1033 1916

Em Espanha 141 83 92 164 96 228 149 1844 9169 1086 107

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AG ndash NATO COMMAND ARRANGEMENTS (NCA)

Fonte Joint Command Lisbon

NATO HQ Brussels - Belgium

Allied Command Transformation Norfolk - USA

Allied Command Operations

Mons - Belgium

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AH ndash NATO COMMAND STRUCTURE ndash ALLIED COMMAND OPERATIONS

Fonte Joint Command Lisbon

ACO Mons - Belgium

JFC North Brunssum NL

JFC South Naples IT

JC Lisbon Lisbon PO

HQ Land-North Heidelberg GE

HQ Air-North Ramstein GE

HQ Nav-North Northwood UK

HQ Air-South Izmir GE

HQ Nav-North Naples IT

(LCC-HQ) Madrid SP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo B ndash COMEacuteRCIO EXTERNO DA ESPANHA POR ZONAS GEOGRAacuteFICAS

Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados p 43

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo C ndash O ESPACcedilO ESTRATEacuteGICO DE INTERESSE NACIONAL

1 Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Permanente

A poliacutetica de defesa nacional tem como um dos objectivos a seguranccedila e defesa do territoacuterio

nacional em toda a sua extensatildeo que abrange o continente os Accedilores e a Madeira Na definiccedilatildeo

dessa poliacutetica devem inscrever-se os seguintes elementos matriciais

bull O territoacuterio ndash Define-se nas suas referecircncias cardeais entre o ponto mais a Norte no

concelho de Melgaccedilo ateacute ao ponto mais a Sul nas ilhas Selvagens e do seu ponto mais

a Oeste na ilha das Flores ateacute ao ponto mais a Leste no concelho de Miranda do

Douro

bull O espaccedilo de circulaccedilatildeo ndash Entre as parcelas do territoacuterio nacional dado o seu caraacutecter

descontiacutenuo

bull O espaccedilo aeacutereo e mariacutetimo ndash Sob responsabilidade nacional as nossas aacuteguas territoriais

os fundos marinhos contiacuteguos a zona econoacutemica exclusiva e a zona que resultar do

processo de alargamento da plataforma continental

2 O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural

Decorre da avaliaccedilatildeo da conjuntura internacional e da definiccedilatildeo da capacidade nacional tendo

em conta as prioridades da poliacutetica externa e de defesa os actores em presenccedila e as diversas

organizaccedilotildees em que nos inserimos Nesse sentido satildeo aacutereas prioritaacuterias com interesse relevante

para a definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de interesse nacional conjuntural as seguintes

bull O espaccedilo euro-atlacircntico ndash compreendendo a Europa onde nos integramos o espaccedilo

atlacircntico em geral e o relacionamento com os Estados Unidos da Ameacuterica

bull O relacionamento com os Estados limiacutetrofes

bull O Magreb ndash No quadro das relaccedilotildees bilaterais e do diaacutelogo com o Mediterracircneo

bull O Atlacircntico Sul em especial e o relacionamento com o Brasil

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull A Aacutefrica lusoacutefona e Timor-Leste

bull Os paiacuteses em que existem fortes comunidades de emigrantes portugueses

bull Os paiacuteses ou regiotildees em que Portugal tenha presenccedila histoacuterica e cultural nomeadamente

a Regiatildeo Administrativa Especial de Macau

bull Paiacuteses de origem das comunidades imigrantes em Portugal

3 Podem considerar-se aacutereas de interesse relevante para definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de

interesse nacional conjuntural para aleacutem das mencionadas quaisquer outras zonas do globo

em que em certo momento os interesses nacionais estejam em causa ou tenham lugar

acontecimentos que os possam afectar

Fonte Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo D ndash POPULACcedilAtildeO

POPULACcedilAtildeO 2001

PORTUGAL 10356117

Norte 3687293

Lisboa e Vale do Tejo 3467483

Centro 1783596

Alentejo 535753

Algarve 395218

Madeira 245011

Accedilores 241763

ESPANHA 40847371

Andaluzia 7357558

Catalunha 6343110

Madrid (Comunidade de) 5423384

Comunidade Valenciana 4162776

Galiza 2695880

Castela e Leatildeo 2456474

Paiacutes Basco 2082587

Castela-La Mancha 1760516

Canaacuterias 1694477

Aragatildeo 1204215

Muacutercia (Regiatildeo de) 1197646

Astuacuterias (Principado de) 1062998

Estremadura 1058503

Baleares (Ilhas) 841669

Navarra (Comunidade Foral de) 555829

Cantaacutebria 535131

La Rioja 276702

Ceuta 71505

Melilla 66411

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo E ndash DENSIDADE POPULACIONAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

DENSIDADE POPULACIONAL 2003

(habkm2)

UE 15 120

Alemanha 231

Franccedila 110

Reino Unido 243

Itaacutelia 190

Espanha 84

Paiacuteses Baixos 476

Greacutecia 83

Portugal 113

Beacutelgica 334

Sueacutecia 22

Aacuteustria 96

Dinamarca 125

Finlacircndia 17

Irlanda 57

Luxemburgo 149

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo F ndash DENSIDADE POPULACIONAL POR REGIOtildeES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo G ndash PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO NA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)

Cenaacuterio BaseAnos da previsatildeo 2010 2025 2040

Portugal 106 104 98

Espanha 457 501 527

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo H ndash PIRAcircMIDE ETAacuteRIA

PIRAcircMIDE ETAacuteRIA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo I ndash EVOLUCcedilAtildeO DAS TAXAS DE NATALIDADE E MORTALIDADE

Evoluccedilatildeo das Taxas de Natalidade e Mortalidade

0

2

4

6

8

10

12

14

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Portugal

Espanha

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo J ndash TAXA DE ABANDONO ESCOLAR

Taxa de Abandono Escolar ()

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Portugal Espanha

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo K ndash POPULACcedilAtildeO FEMININA QUE FREQUENTA O ENSINO SUPERIOR

POPULACcedilAtildeO FEMININA

NO

ENSINO SUPERIOR 2001

UE 15 559

Portugal 671

Finlacircndia 611

Sueacutecia 585

Itaacutelia 573

Espanha 572

Dinamarca 565

Beacutelgica 561

Irlanda 560

Reino Unido 559

Franccedila 555

Paiacuteses Baixos 547

Alemanha 516

Aacuteustria 515

Luxemburgo nd

Greacutecia nd

nd ndash Natildeo disponiacutevel

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo L ndash DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO

DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO 2001

( PIB)

UE 15 51

Dinamarca 85

Sueacutecia 73

Finlacircndia 62

Beacutelgica 61

Portugal 59

Aacuteustria 58

Franccedila 57

Itaacutelia 50

Paiacuteses Baixos 50

Reino Unido 47

Alemanha 46

Espanha 44

Irlanda 44

Greacutecia 39

Luxemburgo 39

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo M ndash ALOJAMENTOS COM COMPUTADOR

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo N ndash POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACIVIDADE

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE

2003 Total (1000) Agricultura Induacutestria Serviccedilos

UE 15 163758 38 265 645

Aacuteustria 3693 55 287 657

Beacutelgica 4055 17 249 733

Alemanha 35927 24 314 662

Dinamarca 2704 33 231 734

Espanha 16666 56 308 636

Finlacircndia 2401 52 266 677

Franccedila 24041 43 245 706

Greacutecia 4015 163 220 617

Irlanda 1778 64 277 656

Itaacutelia 22057 47 318 635

Luxemburgo 188 27 191 782

Paiacuteses Baixos 8176 29 210 761

Portugal 5118 128 328 544

Sueacutecia 4352 26 226 748

Reino Unido 28637 12 235 751

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo O ndash VALOR DO VAB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - PORTUGAL

Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade 2001

AgriculturaSilvicultura

Pescas400

Serviccedilos6700

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2900

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo P ndash VALOR DO PIB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - ESPANHA

Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

Serviccedilos6030

AgriculturaPescas299

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2663

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Q ndash TAXA DE ACTIVIDADE FEMININA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo R ndash TAXA DE DESEMPREGO POR REGIOtildeES 2003 ()

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo S ndash DIAS NAtildeO TRABALHADOS DEVIDO A GREVES

Dias natildeo Trabalhados Devido a Greves (p1000 empregados)

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8

Espanha Portugal

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1995 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo T ndash TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB A PRECcedilOS CONSTANTES

Taxa de Crescimento Anual do PIB a Preccedilos Constantes ()

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo U ndash EVOLUCcedilAtildeO DO PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Milhares de euros 1998 2000 2002

UE 15 203 227 241

Luxemburgo 396 485 502

Dinamarca 291 321 341

Irlanda 209 271 331

Sueacutecia 250 293 287

Reino Unido 218 266 280

Paiacuteses Baixos 224 253 275

Aacuteustria 237 258 271

Finlacircndia 224 251 269

Alemanha 234 247 256

Beacutelgica 219 242 252

Franccedila 216 234 248

Itaacutelia 186 202 217

Espanha 133 153 172

Greacutecia 101 113 129

Portugal 99 113 125

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo V ndash PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES 2002

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo W ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DE PORTUGAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Portugal

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291

2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147

3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99

4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64

5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49

6ordm Itaacutelia 48 6ordm Paiacuteses Baixos 46

7ordm Beacutelgica 46 7ordm Beacutelgica 29

8ordm Paiacuteses Baixos 39 8ordm EUA 19

9ordm Angola 23 9ordm Japatildeo 17

10ordm Sueacutecia 13 10ordm Nigeacuteria 17

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo X ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DA ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Espanha

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Franccedila 191 1ordm Franccedila 168

2ordm Alemanha 119 2ordm Alemanha 166

3ordm Itaacutelia 96 3ordm Itaacutelia 88

4ordm Reino Unido 93 4ordm Reino Unido 65

5ordm Portugal 93 5ordm Paiacuteses Baixos 48

6ordm EUA 42 6ordm Beacutelgica 35

7ordm Paiacuteses Baixos 34 7ordm Portugal 32

8ordm Beacutelgica 30 8ordm China 32

9ordm Meacutexico 16 9ordm EUA 31

10ordm Marrocos 13 10ordm Japatildeo 21

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Y ndash TROCAS COMERCIAIS COM A UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Exportaccedilotildees para a UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

Importaccedilotildees da UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Z ndash PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL A ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA 2003

Portugal exporta para Espanha Espanha exporta para Portugal

1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 134 1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 119

2ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 112 2ordm Artigos manufacturados diversos 50

3ordm Equipamento eleacutectrico 56 3ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 49

4ordm Ferro e accedilo 46 4ordm Equipamento eleacutectrico 45

5ordm Produtos metaacutelicos fabricados 40 5ordm Papel e cartatildeo 39

6ordm Manufacturas de minerais natildeo metaacutelicos 38 6ordm Maacutequinas de escritoacuterio e de

processamento de dados 37

7ordm Fibras tecidos e produtos tecircxteis 36 7ordm Maacutequinas e equipamento industrial 36

8ordm Mobiliaacuterio e componentes 36 8ordm Peixe crustaacuteceos e moluscos 35

9ordm Madeira e produtos de madeira 33 9ordm Ferro e accedilo 33

10ordm Papel e cartatildeo 32 10ordm Produtos metaacutelicos fabricados 33

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

APEcircNDICES

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice A ndash SINTESE HISTOacuteRICA DA ESPANHA

No iniacutecio do seacuteculo XX saboreava ainda a Espanha a receacutem instaurada monarquia e a

implementaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1876 quando sofreu o dissabor que a histoacuteria designou

simplesmente como ldquoo desastrerdquo A expressatildeo pretendeu caracterizar a crise vivida no final do

seacuteculo XIX em 1898 que teve como consequecircncia a perda das coloacutenias de Porto Rico Cuba e

Filipinas Apesar do regime ter resistido a tais acontecimentos sobressaiam as vozes criticas os

movimentos de protesto e os incitamentos agrave implementaccedilatildeo de reformas inicialmente por acccedilatildeo

do movimento regeneracionista liderado por Joaquim Costa Embora natildeo tenha conseguido as

esperadas adesotildees pretendia mobilizar a classe poliacutetica para que fossem encetadas as desejadas

reformas social econoacutemica e educacional

O ressurgimento do movimento republicano era tambeacutem uma consequecircncia inevitaacutevel que a

partir de 1900 tomava duas direcccedilotildees distintas De um lado surgia Alejandro Lerroux ldquoherdeiro

da velha tradiccedilatildeo revolucionaacuteria urbanardquo (CARR et al 2004 p204) explorando o

descontentamento dos trabalhadores marginalizados que viviam nos bairros de lata das grandes

cidades As suas acccedilotildees visavam atingir os ideais da burguesia atraveacutes do renascimento do

anticlericalismo violento da deacutecada de 1830 Do outro situava-se a ala burguesa representada

pelo Partido Republicano Reformista caracterizado pela qualidade intelectual dos seus

dirigentes onde despontavam jovens como Manuel Azantildea que viria a desempenhar um papel

relevante no periacuteodo da Segunda Repuacuteblica

Esta ala reformista pretendia modernizar o paiacutes democratizar e actualizar a legislaccedilatildeo social e

educacional assim como afirmava ser possiacutevel a convivecircncia com o regime monaacuterquico desde

que este pudesse assegurar os valores e os princiacutepios reformistas pretendidos O movimento teve

uma larga implantaccedilatildeo nas grandes cidades onde nas eleiccedilotildees regionais obteve resultados

superiores aos da monarquia contudo no interior rural as votaccedilotildees natildeo foram nada positivas

Neste contexto alguns movimentos nacionalistas atingiam dimensotildees de relevo O

catalanismo iniciado na deacutecada de 1830 como um movimento de renascimento literaacuterio da

liacutengua e cultura catalatilde assumia em 1890 uma dimensatildeo poliacutetica que reivindicava a

possibilidade de constituir um governo autoacutectone A direcccedilatildeo estava a cargo de Prat de la Riba

que apesar das suas reivindicaccedilotildees de acircmbito nacionalista recusavam os movimentos de caris

radical Em 1906 tendo em vista as eleiccedilotildees do ano seguinte surge o ldquoSolidaritat Catalanrdquo que

resultou da uniatildeo de todos os movimentos com excepccedilatildeo do liderado por Lerroux Apesar das

exigecircncias de criaccedilatildeo de um governo catalatildeo permanecerem por satisfazer Prat de la Riba

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

promovia a liacutengua e cultura catalatilde Em 1922 o catalanismo poliacutetico dava origem agrave Acccedilatildeo Catalatilde

que assumia os princiacutepios da esquerda republicana que sob a lideranccedila do Coronel Francesc

Maciaacute se tornava num movimento separatista lutando pela Catalunha como uma repuacuteblica livre

num Estado federal

Os Bascos que ainda sofriam as consequecircncias das rebeliotildees carlistas do periacuteodo de 1833-39

desenvolviam um tipo de nacionalismo que por natildeo possuiacuterem a unidade poliacutetica do movimento

catalatildeo natildeo representava qualquer ameaccedila ao regime Foi Sabino de Arana que desenvolveu o

sentido de uniatildeo entre os bascos designando a uniatildeo nacional por Euzkadi e assumindo o

desiacutegnio de separaccedilatildeo do Estado espanhol A par da liacutengua basca fundou o Partido Nacionalista

Basco que desenvolvia um nacionalismo essencialmente racista mas ao contraacuterio do movimento

nacionalista catalatildeo natildeo se colocou na ala esquerda do sector poliacutetico A partir da deacutecada de

1960 os nacionalistas radicais adoptaram a acccedilatildeo terrorista como meacutetodo para atingirem os fins

propostos

Outra das forccedilas poliacuteticas que despontava era o Partido Socialista Obrero Espantildeol (PSOE)

fundado em 1879 por Pablo Igleacutesias Encontrava-se significativamente implantado nos distritos

das minas de carvatildeo das Astuacuterias e das minas de ferro e da induacutestria metaluacutergica de Bilbau No

entanto a sua implantaccedilatildeo natildeo chegava ao interior rural onde se sobrepunham os sindicatos

catoacutelicos em Navarra e Castela e os movimentos anarquistas na Andaluzia e Levante

A igreja opunha-se agraves tendecircncias reformistas e de modernizaccedilatildeo entatildeo proclamadas Para

combater estes movimentos que encarava como ameaccedila alargava a actividade missionaacuteria e

empenhava a Acccedilatildeo Catoacutelica na mobilizaccedilatildeo dos leigos Entretanto as ordens religiosas

ldquoapoderavam-se das funccedilotildees de bem-estar e educacionais que o governo natildeo conseguia

financiarrdquo (CARR et al 2004 p210)

Com a restauraccedilatildeo monaacuterquica em 1876 os governos desenvolviam a sua acccedilatildeo em regime de

alternacircncia partidaacuteria entre liberais e conservadores Contudo as querelas partidaacuterias e a

corrupccedilatildeo poliacutetica natildeo permitiam aos partidos estabelecerem governos estaacuteveis Esta

instabilidade originou entre 1902 e 1923 a tomada de posse de 34 governos nuacutemeros que

reflectem a precariedade do sistema poliacutetico a que o rei Afonso XIII deveria fazer face

Em 1923 atraveacutes de um pronunciamiento1 o General Primo de Rivera tomou o poder e foi

reconhecido pelo rei como ditador militar Era sua intenccedilatildeo conseguir o afastamento dos

poliacuteticos corruptos e ineficazes de forma a entregar o Paiacutes aos verdadeiros patriotas O seu

programa de governo assentava na realizaccedilatildeo de inuacutemeros projectos de obras puacuteblicas e na

1 Revolta militar com o objectivo da tomada do poder

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

protecccedilatildeo da economia tornando-a fechada e auto-suficiente O seu programa falha por

dificuldades orccedilamentais falhando tambeacutem o projecto poliacutetico de criaccedilatildeo de um vasto

movimento patrioacutetico que deveria dar origem agrave Uniatildeo Poliacutetica Nacional Primo de Rivera eacute

afastado pelo rei em 1930 apoacutes a tentativa de encetar uma reforma no Exeacutercito No entanto os

custos satildeo vastos caindo tambeacutem o regime monaacuterquico

A 2ordf Repuacuteblica proclamada a 14 de Abril de 1931 transmitia a esperanccedila proacutepria de um

regime democraacutetico O novo sistema poliacutetico pretendia levar a cabo reformas radicais de acircmbito

social e cultural que de uma forma geral se resumiam ao alargamento dos direitos agraves minorias

ao reconhecimento das reivindicaccedilotildees autonoacutemicas das regiotildees histoacutericas na atribuiccedilatildeo de

melhores salaacuterios e mais direitos sindicais Para os sectores mais tradicionais da sociedade

espanhola as transformaccedilotildees e as reformas eram vistas como uma ameaccedila aos seus interesses

bem como agrave identidade da proacutepria Espanha Assim a igreja temia a progressiva laicizaccedilatildeo da

sociedade os latifundiaacuterios e os industriais receavam os anuacutencios de subida de salaacuterios e o

aumento dos direitos sindicais e a ala conservadora do Exeacutercito encarava o reconhecimento das

autonomias regionais como uma ameaccedila agrave integridade territorial do paiacutes

O governo formado por republicanos e socialistas dirigido inicialmente por Alcalaacute Zamora e

posteriormente por Manuel Azantildea demonstrava os primeiros sinais do desgaste provocado pelas

elevadas expectativas criadas bem como pelas poleacutemicas reformas pretendidas Em 1933 surgia

a oposiccedilatildeo da Confederaccedilatildeo dos Grupos Autoacutenomos de Direita (CEDA) dirigida por Joseacute Maria

Gil Robles que se assumia como o principal partido do parlamento a partir das eleiccedilotildees

realizadas no final do ano Este facto permitia-lhe apoiar um governo minoritaacuterio da ala direita

dos republicanos radicais

Em 1935 os escacircndalos de corrupccedilatildeo ocorridos no seio da coligaccedilatildeo de direita levaram agrave

convocaccedilatildeo de eleiccedilotildees que recolocaram no governo a Frente Popular antiga alianccedila eleitoral

entre socialistas e republicanos de Manuel Azantildea e Idaleacutecio Prieto Contudo a instabilidade

social e o fraccionamento poliacutetico da Espanha que opunha de um lado os republicanos apoiados

pela esquerda e do outro a direita que ldquopretendia desestabilizar a repuacuteblica atraveacutes da desordem

civilrdquo (CARR et al 2004 p230) faziam prever a realizaccedilatildeo de um golpe militar com o objectivo

de instaurar um regime autoritaacuterio e implicitamente derrubar o regime O assassiacutenio de Joseacute

Calvo Sotelo um monaacuterquico autoritaacuterio de direita e liacuteder do Bloco Nacional foi o catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe que se iniciou a 17 de Julho com a sublevaccedilatildeo do Exeacutercito

em Marrocos Ao falhar este golpe mergulhou a Espanha num prolongado e sangrento conflito

interno

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

A guerra civil opocircs os partidaacuterios do regime aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo

Francisco Franco tambeacutem conhecido pela designaccedilatildeo de ldquocaudilhordquo Os revoltosos pretendiam

a derrota da democracia e o consequente restabelecimento de um regime autoritaacuterio assim como

a restauraccedilatildeo do papel da igreja catoacutelica e a salvaguarda da integridade territorial das ambiccedilotildees

separatistas de bascos e catalatildees A intensidade dos combates e os provaacuteveis riscos de uma

vitoacuteria republicana para a estabilidade da Europa em especial para Portugal levaram a que o

apoio externo fosse considerado um factor determinante para o sucesso Assim enquanto os

nacionalistas cativaram a simpatia da Alemanha Itaacutelia e de Portugal os republicanos

asseguravam o suporte sovieacutetico

A Franccedila e a Gratilde-Bretanha receando o contaacutegio do conflito agrave Europa propuseram a assinatura

de um acordo de natildeo-intervenccedilatildeo assim como a criaccedilatildeo de uma comissatildeo que acompanhasse a

sua implementaccedilatildeo Apesar de assinado pelas potecircncias europeias jaacute referidas de nada valeu

verificando-se violaccedilotildees por parte da Alemanha e da Itaacutelia que contribuiacuteram com aviotildees para o

transporte de tropas nomeadamente das forccedilas revoltosas sedeadas em Marrocos armas e

homens Tambeacutem o Governo de Portugal natildeo deixaria de prestar o seu contributo para o ecircxito

nacionalista desempenhando um papel fundamental no apoio logiacutestico agraves suas forccedilas Mais

tarde a Ruacutessia efectivava o apoio ao regime cedendo material de guerra A 27 de Marccedilo de 1939

os nacionalistas tomavam Madrid e trecircs dias depois a guerra era dada por terminada

Seguiu-se um periacuteodo de regime conservador e autoritaacuterio liderado por Francisco Franco

cujo poder assentava na igreja no Exeacutercito e na receacutem criada Falange O regime suportou o

periacuteodo de guerra generalizada que se seguiu na Europa na qual apesar da sua alegada

neutralidade deixou claro o alinhamento com as naccedilotildees do eixo A entrada na guerra chegou a

ser negociada facto que poderia arrastar a Peniacutensula para o conflito

O alinhamento espanhol e a manutenccedilatildeo de um regime autoritaacuterio estiveram na base de um

periacuteodo de isolamento imposto pela comunidade internacional As consequecircncias de maior

visibilidade foram o afastamento do Plano Marshal a natildeo entrada na OTAN na ONU e na CEE

Este periacuteodo foi mantido ateacute 1953 ano em que foram assinados os acordos de cooperaccedilatildeo com

os EUA que permitiram o estacionamento de bases militares no territoacuterio em troca de ajuda

financeira

Economicamente a Espanha encontrava-se numa situaccedilatildeo catastroacutefica motivada pela

prolongada guerra civil pela guerra mundial pelo auto-isolamento econoacutemico patrocinado pelo

regime e pelo isolamento externo imposto pela comunidade internacional A partir de 1959

Franco aceitava alterar a poliacutetica econoacutemica pondo em praacutetica um plano de estabilidade que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

originou importantes resultados Contudo a agitaccedilatildeo social crescia fruto da incompatibilidade

entre reformas e modernizaccedilatildeo e a existecircncia de um regime autoritaacuterio

Ressurgem tambeacutem os movimentos nacionalistas regionais que provocam um rude golpe

quando em 1973 a ETA assassina Carrero Blanco Primeiro-Ministro de Franco Com a morte

do Chefe de Estado em 1975 eacute coroado rei Juan Carlos I entretanto regressado de Portugal O

regime de Francisco Franco eacute desmantelado e eacute instaurada a democracia que tem vindo a

proporcionar uma alternacircncia de governos entre o PSOE e o PP dos quais Felipe Gonzaacutelez Joseacute

Maria Aznar e Joseacute Luiacutes Zapatero satildeo os mais recentes interpretes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice B ndash SINTESE HISTOacuteRICA DE PORTUGAL

Ao virar do seacuteculo Portugal encontrava-se numa difiacutecil situaccedilatildeo financeira agravada pela

diminuiccedilatildeo das receitas externas provenientes das exportaccedilotildees agriacutecolas e das receitas

monetaacuterias dos emigrantes Em 1892 os ldquocredores suspenderam os empreacutestimos agrave coroa

portuguesardquo (CARNEIRO et al 2001 p488) provocando mesmo a entrada do Estado na

situaccedilatildeo de bancarrota A agitaccedilatildeo social fazia sentir-se com intensidade a par de numerosas

manifestaccedilotildees em favor da Repuacuteblica Na eacutepoca estava ainda muito presente a constrangedora

questatildeo do ultimato inglecircs que em resposta agraves aspiraccedilotildees nacionais do Mapa Cor-de-rosa1 que

colidiam com as pretensotildees coloniais britacircnicas2 pressionaram Portugal a abandonar o projecto

pondo a nu a influecircncia inglesa nos desiacutegnios nacionais

O regime monaacuterquico encontrava-se em crise assim como o proacuteprio sistema liberal

constitucional Os primeiros anos do novo seacuteculo foram caracterizados por uma vincada

instabilidade governativa Os escacircndalos poliacuteticos avolumavam-se retirando credibilidade agrave

classe poliacutetica e agrave autoridade do proacuteprio Estado Tambeacutem os partidos poliacuteticos natildeo eram alheios

agrave turbulecircncia entatildeo instalada sucedendo-se as cisotildees novos partidos nasciam representando

outras facccedilotildees Os governos sucediam-se ateacute que a instabilidade faz desencadear em 28 de

Janeiro de 1908 uma intentona republicana para derrubar o regime O clima de agitaccedilatildeo social e

de confrontaccedilatildeo poliacutetica culminou em 1 de Fevereiro com o assassiacutenio do rei D Carlos e do

priacutencipe herdeiro D Luiacutes Filipe

A tentativa de D Manuel II para manter o regime monaacuterquico natildeo surtiu efeito e num

movimento liderado pelo Almirante Cacircndido dos Reis e por D Miguel Bombarda eacute implantada

a Repuacuteblica a 5 de Outubro de 1910 Nos primeiros anos entre 1911 e 1917 mantinha-se um

ambiente de forte instabilidade podendo identificar-se quatro (CARNEIRO et al 2001 p494)

periacuteodos poliacuteticos distintos o primeiro compreendido entre 1911 e 1913 foi caracterizado pela

formaccedilatildeo de governos de coligaccedilatildeo o segundo entre 1913 e 1915 no qual acccedilatildeo governativa foi

exercida pelo Partido Democraacutetico liderado por Afonso Costa no terceiro confinado ao ano de

1915 surgia o periacuteodo de ditadura do General Pimenta de Castro por uacuteltimo o periacuteodo

compreendido entre os anos de 1916 e 1917 no qual governaram os executivos que decidiram a

posiccedilatildeo beligerante de Portugal na I Guerra Mundial

1 O Mapa Cor-de-rosa representava o projecto portuguecircs de unir os territoacuterios de Angola e Moccedilambique 2 Os ingleses pretendiam criar um corredor contiacutenuo do Cairo ateacute agrave cidade do Cabo na Aacutefrica do Sul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Na fase que se seguiu agrave implantaccedilatildeo da repuacuteblica foi considerada de grande premecircncia a

necessidade de proceder agrave consolidaccedilatildeo do regime e agrave criaccedilatildeo de um clima de pacificaccedilatildeo

nacional e de ordem puacuteblica pelo que deveria dar-se inicio agrave implementaccedilatildeo das promessas

efectuadas pelo Partido Republicano A constituiccedilatildeo surgiu em 1911 e com ela apareceram

reformas de vulto para a eacutepoca tais como a laicizaccedilatildeo do Estado a expulsatildeo das ordens

religiosas a proibiccedilatildeo do ensino religioso nas escolas puacuteblicas e a regulamentaccedilatildeo da greve

Contudo as medidas reformistas desencadearam desentendimentos e um grande

descontentamento nalguns sectores da sociedade portuguesa Por um lado eram lesados

interesses haacute muito instalados considerando as medidas muito excessivas por outro

consideravam-nas insuficientes

A participaccedilatildeo das Tropas portuguesas na I Guerra Mundial teve em Afonso Costa e

Bernardino Machado os seus maiores entusiastas Para tal foram apresentadas trecircs razotildees

distintas a primeira a ldquotese colonialrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) defendia que seria a

uacutenica forma de Portugal manter a soberania sobre as coloacutenias contrariando as pretensotildees alematildes

e mantendo-se ao lado dos aliados para assim ter assento no concerto das naccedilotildees apoacutes o final da

guerra A segunda a ldquotese europeia peninsularrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) que deixava

expliacutecito a necessidade de um Portugal beligerante em face da neutralidade espanhola seria a

forma de fortalecer a posiccedilatildeo do Paiacutes junto da Gratilde-Bretanha e conferir importacircncia estrateacutegica

ao territoacuterio diferenciando-o no quadro peninsular Por uacuteltimo a tese que afirmava que a

participaccedilatildeo num conflito mundial ao lado das grandes potecircncias europeias deveria atribuir

legitimidade ao regime permitindo a sua consolidaccedilatildeo poliacutetica

A permanente instabilidade poliacutetica e as fortes contestaccedilotildees sociais levaram agrave revoluccedilatildeo de 5

de Dezembro de 1917 na qual Sidoacutenio Pais assumiu o poder transformando o regime

parlamentar num regime presidencialista autoritaacuterio e corporativo Sidoacutenio Pais era assassinado

em 14 de Dezembro de 1918 facto que motivou o regresso do anterior sistema multipartidaacuterio

ou de partido dominante Apesar da mudanccedila mantinha-se o quadro de situaccedilatildeo anteriormente

descrito que tendo como aliado a precaacuteria situaccedilatildeo econoacutemica representava o factor catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe militar de 28 de Maio de 1926 que mergulhou o Paiacutes num

periacuteodo de ditadura militar Sucediam-se as situaccedilotildees de conspiraccedilatildeo e tentativas revolucionaacuterias

contra a ditadura que ficaram conhecidas pelo ldquoreviralhismordquo

Jaacute com Antoacutenio de Oliveira Salazar na pasta das financcedilas desde Abril de 1928 eclodia o

Estado Novo que o levaria agrave Presidecircncia do Conselho de Ministros em 1932 Criada a Uniatildeo

Nacional que congregava as forccedilas poliacuteticas apoiantes do regime iniciava-se um periacuteodo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

regime autoritaacuterio que governaria Portugal cerca de quarenta anos Da eacutepoca citada destacam-se

acontecimentos importantes a que o Paiacutes teve que dar resposta designadamente a guerra civil de

Espanha na qual apesar do pacto de natildeo-intervenccedilatildeo Portugal tomou uma posiccedilatildeo de apoio aos

nacionalistas liderados pelo General Francisco Franco a II Guerra Mundial sobre a qual pocircde

manter um estatuto de neutralidade embora colaborando com as forccedilas aliadas e finalmente o

novo enquadramento geoestrateacutegico decorrente dos acontecimentos que precederam o conflito e

que culminaram na aproximaccedilatildeo aos EUA e no convite para em 1949 integrar a OTAN

O autoritarismo do regime e a sua poliacutetica colonial determinaram ao Paiacutes um momento de

isolamento internacional motivo pelo qual Portugal viria a sofrer forte pressatildeo externa Goa

Damatildeo e Dio satildeo ocupadas pelas forccedilas indianas e ao mesmo tempo eclodiam movimentos

autonomistas nos restantes territoacuterios A guerra teve iniacutecio em Angola e rapidamente se

propagou agraves restantes coloacutenias prolongando-se ateacute 1974 ano em que um golpe de Estado potildee

fim ao regime e agrave guerra colonial Seguiu-se um processo revolucionaacuterio que terminou em 25 de

Novembro de 1975 ldquoabrindo-se caminho agrave instauraccedilatildeo de uma democracia parlamentarrdquo

(CARNEIRO et al 2001 p496)

Seguiu-se um periacuteodo de transiccedilatildeo caracterizado por grande instabilidade governativa

Apenas a partir das eleiccedilotildees antecipadas de 1987 foi possiacutevel constituir governos de maioria

absoluta que permitiram a estabilidade poliacutetica necessaacuteria agrave implementaccedilatildeo de reformas

estruturais indispensaacuteveis a um processo de evoluccedilatildeo consolidada A transiccedilatildeo para um regime

democraacutetico foi determinante para que fosse concluiacutedo o processo de adesatildeo agrave CEE tratado

assinado em 1985 juntamente com a Espanha no Mosteiro dos Jeroacutenimos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

Apecircndice C ndash CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES

1939 - Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo e Protocolo Adicional que previa a consulta

muacutetua entre os dois estados relativamente a acontecimentos que pudessem por em

causa a seguranccedila e independecircncia dos dois paiacuteses

1940 - Acordo tripartido entre Portugal a Espanha e o Reino Unido que permitia ao

vizinho peninsular importar produtos das coloacutenias portuguesas com base numa

linha de creacutedito concedida pelo Reino Unido Este Acordo visava garantir o

fornecimento de produtos essenciais agrave Espanha de modo a suprir as carecircncias

originadas pela guerra civil de 1936-39 e evitar a participaccedilatildeo espanhola na II

Guerra Mundial

194143 - Assinatura de novos Acordos comerciais entre Portugal e Espanha com o mesmo

objectivo do anterior

1945 A partir deste ano realizaram-se reuniotildees anuais da Comissatildeo Mista Luso-

espanhola de acompanhamento dos acordos comerciais e de pagamentos assinados

anteriormente

1946 - A ONU decreta o boicote agrave Espanha

1948 - Pacto Peninsular ndash Prorrogaccedilatildeo do Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo por mais

dez anos

- Portugal eacute membro fundador da OCDE

- Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os EUA que permitiu a utilizaccedilatildeo da Base

Militar nos Accedilores

1949 - Portugal eacute membro fundador da OTAN

- Recusada a adesatildeo espanhola facto que motivou o arrefecimento temporaacuterio das

relaccedilotildees entre os dois paiacuteses A Espanha considerava que a adesatildeo de Portugal agrave

OTAN contrariava o Tratado de Amizade assinado entre ambos

- Inicia-se um processo de cooperaccedilatildeo militar entre os dois paiacuteses que englobava a

realizaccedilatildeo de manobras conjuntas para a defesa dos Pirineacuteus em caso de tentativa

de invasatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica

- Assinatura do Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e

Espanha que veio substituir os Acordos Comerciais assinados anteriormente

- Assinatura de acordos para a concessatildeo de creacutedito entre a Espanha e os EUA

marcando o iniacutecio do fim do isolamento internacional da Espanha

Eliminado ltspgt

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Eliminado A

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado agrave Espanha

Eliminado

Eliminado deste paiacutes

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado Portugal eacute membro fundador da OCDE Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os

Eliminado

Eliminado de 3para

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1951 - Portugal renova o acordo de defesa com os EUA que seria novamente prorrogado

em 1957

1953 - A Espanha assina com os EUA os Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

sobre Ajuda Econoacutemica Estes permitem a utilizaccedilatildeo do territoacuterio espanhol para

fins de defesa e prolongam a ajuda econoacutemica iniciada em 1949 que vai permitir

a reconstruccedilatildeo e o relanccedilamento econoacutemico do paiacutes

1955 - Portugal e Espanha aderem agrave ONU pondo fim em definitivo ao isolamento

internacional do nosso vizinho peninsular

1956 - A Espanha concede a independecircncia a Marrocos dando corpo a uma poliacutetica

africana oposta agrave portuguesa

1958 - A Espanha adere agrave OCDE Banco Mundial e ao FMI dando iniacutecio ao processo de

abertura internacional da sua economia

1959 - Portugal no mesmo ano em que adere ao FMI e ao Banco Mundial eacute um dos

membros fundadores da EFTA tomando uma opccedilatildeo de internacionalizaccedilatildeo e de

abertura da sua economia que se enquadrava na tradicional alianccedila Luso-britacircnica

que serve de base agrave manutenccedilatildeo da sua poliacutetica colonial

- A Espanha inicia a internacionalizaccedilatildeo da sua economia atraveacutes do alargamento do

nuacutemero dos seus parceiros comerciais a vaacuterias regiotildees do mundo

1960 - Assinatura de um novo acordo comercial ibeacuterico que incidia essencialmente sobre

as pautas aduaneiras em vigor entre os dois paiacuteses Este acordo natildeo representou

nenhuma alteraccedilatildeo relativamente agrave poliacutetica portuguesa de limitar as relaccedilotildees

econoacutemicas com a Espanha de modo a proteger as coloacutenias dos investidores e das

empresas deste paiacutes

1962 - A Espanha realiza contactos informais com vista agrave adesatildeo agrave CEE Dada a incerteza

da entrada os responsaacuteveis espanhoacuteis preferiram concentrar-se na assinatura de

um acordo comercial preferencial com a CEE

1963 - Data de realizaccedilatildeo do uacuteltimo encontro entre Oliveira Salazar e Francisco Franco

Apoacutes 1963 e ateacute ao final da deacutecada natildeo houve encontros entre altos responsaacuteveis

de Portugal e da Espanha mostrando bem a menor importacircncia dada por ambos agraves

relaccedilotildees ibeacutericas

- A Espanha concede autonomia agrave Guineacute espanhola

1968 - Independecircncia da Guineacute espanhola

1970 - Assinatura e entrada em vigor do acordo comercial da Espanha com a CEE

Eliminado ltspgt

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Tabela formatada

Eliminado

Eliminado de 3para

[1]

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1972 - Portugal assina acordos comerciais preferenciais com a CEE e com a CECA que

entram em vigor em 1973

1974 - Em Portugal com o golpe militar realizado em 25 de Abril de 1974 inicia-se o

processo de transiccedilatildeo para a instauraccedilatildeo de um sistema poliacutetico democraacutetico

1975 - A Espanha daacute iniacutecio ao seu processo de transiccedilatildeo para a democracia Morre

Francisco Franco e eacute coroado o rei D Juan Carlos I

1977 - Portugal e Espanha efectuam em simultacircneo o pedido de adesatildeo agrave CEE

1978 - Iniacutecio das negociaccedilotildees de Portugal para a adesatildeo agrave CEE

1979 - Iniacutecio das negociaccedilotildees da Espanha para a adesatildeo agraves Comunidades Europeias As

negociaccedilotildees definem a estrateacutegia de ambos os paiacuteses de integraccedilatildeo na Europa

Ocidental iniciando-se o processo de abertura do espaccedilo econoacutemico ibeacuterico

1980 - A Espanha assina um acordo com a EFTA no acircmbito do qual se estabelece o

Acordo de Comeacutercio Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

1982 - A Espanha apresenta o pedido de adesatildeo agrave OTAN

1983 - Realizaccedilatildeo da I Cimeira Luso-espanhola com a presenccedila dos Chefes de Governo

dos dois paiacuteses dando iniacutecio a um processo regular de consulta entre ambos para

discussatildeo dos assuntos de interesse comum especialmente os de iacutendole bilateral

1986 - Adesatildeo de Portugal e da Espanha agrave CEE

- Realizaccedilatildeo do referendo que confirma a entrada da Espanha na OTAN

1990 - Portugal e Espanha aderem agrave Uniatildeo Europeia Ocidental

1992 - Portugal e Espanha assinam o tratado de Maastricht onde se encontra previsto a

criaccedilatildeo de uma UEM

- Entrada do escudo e da peseta no Sistema Monetaacuterio Europeu

1993 - Entra em vigor o Mercado Uacutenico Europeu

1996 - Os dois paiacuteses assinam o Tratado de Amesterdatildeo

1999 - Entrada em vigor do Euro ndash Moeda Uacutenica Europeia

- Iniacutecio da terceira e uacuteltima fase da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

Eliminado ltspgt

Eliminado

Eliminado de 3para

Tabela formatada

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Paacutegina 2 [1] Eliminado Rui Pedro M Gago 09102005 234500

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice D ndash A GEOGRAFIA E A GEOETNOGRAFIA DA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Para efectuar uma caracterizaccedilatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica atendendo ao acircmbito do trabalho e por

muito superficial que esta deva ser parece-nos loacutegico iniciaacute-la efectuando um enquadramento

geograacutefico da aacuterea em estudo Assim se incidirmos o olhar sobre o globo terrestre e procurarmos

o bloco geograacutefico que constitui a Peniacutensula Ibeacuterica ao colocaacute-la no centro do olhar verificamos

que se insere no extremo Sudoeste da placa continental europeia Deste conjunto europeu

destaca-se a ldquobem pronunciada posiccedilatildeo geograacutefica centralrdquo (GIRAtildeO 1941 p10) caracteriacutestica

que lhe atribui a designaccedilatildeo de ldquoponto de concentraccedilatildeo dos continentesrdquo1

A Peniacutensula Ibeacuterica apresenta-se numa ldquoposiccedilatildeo geograficamente excecircntricardquo (DRAIN 1964

p11) relativamente agrave plataforma continental europeia da qual se encontra separada pelos

Pirineacuteus A mesma projecta-se no Oceano Atlacircntico tornando-se ldquona mais ocidental e

meridional peniacutensulardquo (GIRAtildeO 1941 p9) da Europa Encontra-se enquadrada pelo Oceano

Atlacircntico que banha as suas vertentes costeiras Norte Oeste e Sul e pelo Mar Mediterracircneo que

complementa a delimitaccedilatildeo oceacircnica na faixa costeira Sul banhando tambeacutem a faixa Sudeste

que se prolonga ateacute agrave cadeia montanhosa dos Pirineacuteus

Sendo o Atlacircntico Norte e o Mediterracircneo o seu espaccedilo de inserccedilatildeo mariacutetima a Peniacutensula

Ibeacuterica enquadra-se nas cercanias de duas grandes massas continentais A jaacute referida Europa e a

Sul o continente Africano com o qual o Estreito de Gibraltar representa a mais curta distacircncia

de transposiccedilatildeo e ainda a porta entre os mares acima designados Esta posiccedilatildeo geograacutefica

permitiu por um lado projectar a Europa no mundo em direcccedilatildeo agraves Ameacutericas e Aacutesia

empregando o caminho mariacutetimo e por outro constituir-se numa espeacutecie de ponte para o

continente Africano

Em termos geomorfoloacutegicos a peniacutensula assemelha-se a ldquoum quadrilaacuteterordquo (FERNANDES et

al 1998 p21) com uma aacuterea com cerca de 589000 km2 cabendo agrave Espanha cerca de 500000

km2 e a Portugal Continental 89106 km2 Eacute uma regiatildeo de planaltos dos mais elevados do

continente europeu entre os quais se destaca Maciccedilo Central Ibeacuterico tambeacutem designada por

Meseta Ibeacuterica Esta tem uma altitude meacutedia de 650 m e uma aacuterea aproximada de 210000 km2

encontrando-se separada na parte central pela Cordilheira Central que a transforma em duas

Submesetas Este grande planalto encontra-se rodeado por vaacuterias planiacutecies costeiras na sua

1 Referecircncia de Amorim Giratildeo a Vidal de La Blanche salientando que se procurarmos em que parte do mundo a Aacutesia a Aacutefrica e a Ameacuterica se aproximam mais uma das outras rapidamente se conclui que eacute na Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

maioria de pequenas dimensotildees das quais se podem destacar a planiacutecie do Ebro a Nordeste a do

Guadalquivir a Sul do Tejo e do Sado a Ocidente

A orientaccedilatildeo geral do conjunto estaacute estabelecida em direcccedilatildeo agrave vertente atlacircntica facto que

determina a direcccedilatildeo dos grandes rios ibeacutericos O Lima o Minho o Douro o Tejo e o Guadiana

satildeo os rios portugueses de maior importacircncia com nascente em Espanha e que vecircm o seu curso

dirigi-los para a respectiva foz no Oceano Atlacircntico Do lado espanhol o Guadalquibir segue a

mesma orientaccedilatildeo no entanto o Ebro eacute o uacutenico rio de grande envergadura que corre sob uma

orientaccedilatildeo Noroeste-Sudeste desaguando no mediterracircneo

A realidade geograacutefica influencia de forma directa o clima peninsular que de uma forma

geral poderaacute ser considerado temperado distinguindo-se entre as vaacuterias regiotildees devido agraves

influecircncias de vaacuterios factores Assim poderemos definir um clima de influecircncia Atlacircntica a

Norte e Noroeste dos Pirineacuteus ateacute agrave Galiza caracterizado por uma fraca oscilaccedilatildeo da

temperatura meacutedia abundacircncia de chuva e ventos soprando do lado do mar De influecircncia

continental na regiatildeo central caracterizado por Invernos frios e prolongados ocorrecircncia de neve

e Verotildees quentes e secos Por uacuteltimo um clima de influecircncia mediterracircnea na regiatildeo Sul

caracterizado por Invernos temperados reduzida pluviosidade e Verotildees muito quentes

A geoetnografia peninsular foi caracterizada pela existecircncia de uma significativa ldquodivisatildeo

socioculturalrdquo (FERNANDES et al 1998 p18) que ao longo de vaacuterios seacuteculos esteve na base

da estruturaccedilatildeo Ibeacuterica Esta divisatildeo seguiu de uma forma geral a orientaccedilatildeo do Sistema Central

que opunha a Norte um ambiente rural e de pastoriacutecio proacuteximo das culturas do Norte da

Europa e a Sul uma cultura urbana e agriacutecola tradicionalmente ligadas agrave cultura mediterracircnea e

africana Foi principalmente nesta regiatildeo que se fez sentir a presenccedila dos colonizadores romanos

e muccedilulmanos com reflexos evidentes nas sociedades que se seguiram

Os traccedilos gerais acima apresentados caracterizam as grandes diferenccedilas no entanto tiveram

reflexos importantes na definiccedilatildeo de particularidades regionais onde assentaram as entidades

autoacutenomas peninsulares Neste princiacutepio de uma forma geral deveremos considerar a

implantaccedilatildeo de catalatildees castelhanos bascos e navarros assim como uma forte influecircncia

mourisca e mediterracircnea na regiatildeo de Valecircncia e de Granada A planiacutecie ocidental esteve na

base tanto do Estado portuguecircs como da autonomia galega Contudo um factor revelou-se de

manifesta importacircncia para o suporte da diferenciaccedilatildeo nacional o aproveitamento do espaccedilo

mariacutetimo tirando partido dos estuaacuterios oferecidos pelos grandes rios peninsulares Este facto foi

determinante para a diferenciaccedilatildeo e a estruturaccedilatildeo de uma identidade proacutepria na qual assentou a

independecircncia nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice E ndash O TRIAcircNGULO ESTRATEacuteGICO PORTUGUEcircS E O EIXO

ESTRATEacuteGICO DA ESPANHA

O Oceano atlacircntico o quadro territorial e a vizinhanccedila com a Espanha representam as

ldquomarcas geneacuteticas de Portugalrdquo (SANTOS 2004 p136) Conjugando as duas primeiras

deparamo-nos com a descontinuidade do territoacuterio nacional que determina a existecircncia do

denominado ldquoTriangulo Estrateacutegico Portuguecircsrdquo (SANTOS 2004 p138) Este eacute definido pelos

veacutertices que se encontram apoiados no territoacuterio continental no arquipeacutelago da Madeira e no

arquipeacutelago dos Accedilores A superfiacutecie total deste espaccedilo enquadrante1 sendo grande parte dele

mariacutetimo representa uma aacuterea com cerca de 2300000 km2 isto eacute 25 vezes superior agraves terras

emersas de Portugal

Os veacutertices definem um espaccedilo estrateacutegico que pela sua posiccedilatildeo geograacutefica designadamente

a sua projecccedilatildeo oceacircnica permite que se constitua num importante ponto de apoio e controlo do

traacutefego mariacutetimo e aeacutereo efectuado entre os diversos continentes inseridos no espaccedilo atlacircntico

assim como das rotas de entrada e saiacuteda do Mar Mediterracircneo Este espaccedilo poderaacute ainda

desempenhar a funccedilatildeo de plataforma de projecccedilatildeo de forccedilas com diversos destinos

Deste vasta aacuterea entendemos dever destacar em primeiro lugar o arquipeacutelago dos Accedilores

que para aleacutem da profundidade que confere ao espaccedilo estrateacutegico portuguecircs representa um

importante e relevante ponto de apoio para os EUA e para a OTAN A Base das Lages tem

desempenhado um papel determinante nas diversas acccedilotildees militares americanas constituindo-se

ainda como pista de aterragem alternativa para aos Vaiveacutem nos regressos dos voos espaciais O

veacutertice seguinte representado pelo arquipeacutelago da Madeira permite controlar os movimentos de

aproximaccedilatildeo provenientes do Norte de Aacutefrica assim como manter sob vigilacircncia os movimentos

ocorridos no Estreito de Gibraltar Por uacuteltimo embora natildeo menos importante o veacutertice

continental que confere a capacidade de projecccedilatildeo de forccedilas constituindo-se tambeacutem numa

retaguarda agraves acccedilotildees desenvolvidas no continente europeu

O Eixo Estrateacutegico da Espanha encontra-se definido pela linha imaginaacuteria que une as Ilhas

Canaacuterias-Estreito de Gibraltar-Ilhas Baleares e representa o uacutenico canal que liga o Mar

Mediterracircneo ao Oceano Atlacircntico Esta linha imaginaacuteria quando prolongada poderaacute atingir os

Paiacuteses da Ameacuterica do Sul que integram a Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees Na sua

funccedilatildeo primaacuteria este eixo permite o controlo sobre o Norte de Aacutefrica assim como de todo o

movimento mariacutetimo e aeacutereo efectuado no mediterracircneo assim como aquele destinado a

1 Janus97 ndash Anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores p 11

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

prosseguir na imensidatildeo do atlacircntico Este eixo poder-se-aacute apoiar nas cidades autoacutenomas de

Ceuta e Melilla localizadas na costa africana contudo juntamente com Gibraltar constituem

uma das questotildees territoriais que a Espanha tem ainda por resolver

Relativamente ao triacircngulo estrateacutegico portuguecircs o eixo estrateacutegico espanhol apresenta-se

ldquodemasiado proacuteximo para se resguardar de ameaccedilas directasrdquo (SANTOS 2004 p139) enquanto

que o espaccedilo portuguecircs ldquoestaacute suficientemente proacuteximo para a partir dele se projectarem forccedilas

e bastante afastado para garantir a seguranccedila relativamente a projecccedilotildees continentaisrdquo

(SANTOS 2004 p136)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice F ndash AS COMUNIDADES AUTOacuteNOMAS E AS PRINCIPAIS ASPIRACcedilOtildeES

1 ANDALUZIA

bull As suas proviacutencias Sevilha Maacutelaga Granada Caacutediz Huelva Almeriacutea e Jaeacuten

bull Pretende

Um novo sistema de participaccedilatildeo regional nas decisotildees do Estado

Uma nova ordenaccedilatildeo territorial

Um espaccedilo fiscal proacuteprio gerido por uma agecircncia tributaacuteria andaluza

2 ARAGAtildeO

bull As suas proviacutencias Saragoccedila Huesca e Teruel

bull Pretende

Novas competecircncias no domiacutenio da justiccedila

Convocar eleiccedilotildees autonoacutemicas fora do calendaacuterio geral

3 ASTUacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Astuacuterias

bull Pretende

A obtenccedilatildeo das competecircncias do Instituto Social da Marinha

A administraccedilatildeo da justiccedila

O PP partido poliacutetico na oposiccedilatildeo pretende uma reforma mais ambiciosa de forma a

equiparar as Astuacuterias agraves comunidades mais avanccediladas em transferecircncias de autonomia

4 BALEARES

bull As suas proviacutencias Maiorca Menorca e Ibiza

bull Pretende

Uma poliacutecia autonoacutemica proacutepria

Novo sistema de financiamento

De uma forma geral pretende que lhe sejam atribuiacutedas o maacuteximo de competecircncias

autonoacutemicas possiacuteveis

5 CATALUNHA

bull As suas proviacutencias Barcelona Tarragona Leacuterida e Gerona

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Uma nova formula de relacionamento com o Estado central

Novo sistema de financiamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nova formula de representaccedilatildeo no Parlamento Europeu

Obter a supervisatildeo do sector bancaacuterio assim como rever o regime de competiccedilatildeo

Sistema de seguranccedila social

A gestatildeo de portos aeroportos e estradas

A capacidade de convocaccedilatildeo de referendos

Esta comunidade autoacutenoma pretende no total a transferecircncia de 88 novas

competecircncias

6 CANAacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Gran Canaacuteria e Tenerife

bull Pretende

A cedecircncia de quarenta novas competecircncias jaacute cedidas pelo Estado

7 CANTAacuteBRIA

bull As suas proviacutencias Cantaacutebria

bull Pretende

A transferecircncia de competecircncias no acircmbito da justiccedila Fundo Especial de Garantia

Agraacuteria Instituto Social da Marinha e Instituto da Mulher

8 CASTELA-LA-MANCHA

bull As suas proviacutencias Toledo Ciudad Real Cuenca Guadalajara e Albacete

bull Pretende

Um novo sistema de financiamento para a sauacutede e a educaccedilatildeo

A administraccedilatildeo da justiccedila

9 CASTELA LEAtildeO

bull As suas proviacutencias Valladolid Leatildeo Salamanca Segoacutevia Palencia Burgos Zamora

bull Pretende

Novas responsabilidades administrativas

A Administraccedilatildeo da justiccedila

A Administraccedilatildeo da aacutegua

10 COMUNIDADE VALENCIANA

bull As suas proviacutencias Valecircncia Alicante Castelloacuten

bull Pretende

Novas direitos de cidadania

Corpo policial autoacutenomo

11 EXTREMADURA

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

bull As suas proviacutencias Caacuteceres Badajoz

bull Pretende

Mais do que as reformas do estatuto proacuteprio pretende que o Estado corrija os

desequiliacutebrios entre as regiotildees ricas e as pobres

Corpo policial autonoacutemico

12 PAIacuteS BASCO

bull As suas proviacutencias Aacutelava Guipuacutezcoa Biscaia

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Um novo modelo de relacionamento com o Estado que preveja a ldquoassociaccedilatildeo livrerdquo

isto eacute tornar voluntaacuteria a associaccedilatildeo ao Estado espanhol

O projecto de reformas foi conhecido pelo ldquoPlano Ibarretxerdquo em alusatildeo ao presidente

do governo do Paiacutes Basco

13 NAVARRA

bull As suas proviacutencias Navarra

bull Pretende

Assumir a competecircncia exclusiva da gestatildeo do tracircnsito

Ver revogada a quarta disposiccedilatildeo transitoacuteria da Constituiccedilatildeo que regula o processo que

os navarros deveriam seguir no caso de decidirem a uniatildeo com o Paiacutes Basco

14 MUacuteRCIA

bull As suas proviacutencias Muacutercia

bull Pretende

Um corpo policial autonoacutemico

Que as alteraccedilotildees nos restantes estatutos salvaguardem a coesatildeo territorial e sejam

limitadas pelos princiacutepios da solidariedade entre autonomias

15 MADRID

bull As suas proviacutencias Madrid

bull Pretende

Como capital do Estado reclama do Governo central uma lei adaptada ao seu estatuto

de capital

Uma nova divisatildeo do mapa eleitoral com dez novas circunscriccedilotildees que permitam aos

madrilenos eleger mais directamente os seus representantes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

16 GALIZA

bull As suas proviacutencias Corunha Lugo Orense Pontevedra

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

A gestatildeo total dos seus portos e aeroportos

A aprovaccedilatildeo de um estatuto que reconheccedila aos galegos o direito de decisatildeo sobre o seu

destino

17 LA RIOJA

bull As suas proviacutencias La Rioja

bull Pretende

A administraccedilatildeo da justiccedila

Um novo modelo de financiamento

Fonte MEIRELES Isabel ndash Expresso Uacutenica (16Abr05)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice G ndash VOTOS ATRIBUIacuteDOS A CADA PAIacuteS NO CONSELHO EUROPEU

Entre 1 de Maio de 2004 e 1 de Novembro de 2004 vigorou um mecanismo provisoacuterio de votaccedilatildeo

Eram necessaacuterios 62 votos (713) para uma deliberaccedilatildeo por maioria qualificada

Passaram a ser considerados necessaacuterios 232 votos (723) para a obtenccedilatildeo da mesma maioria qualificada

Fonte Uniatildeo Europeia

VOTACcedilAtildeO NO CONSELHO EUROPEU

Paiacuteses Membros Ateacute 1 de Maio

de 2004

A partir de 1

de Novembro

de 2004

Alemanha 10 29

Aacuteustria 4 10

Beacutelgica 5 12

Chipre 4

Dinamarca 3 7

Eslovaacutequia 7

Esloveacutenia 4

Espanha 8 27

Estoacutenia 4

Finlacircndia 3 7

Franccedila 10 29

Greacutecia 5 12

Hungria 12

Irlanda 3 7

Itaacutelia 10 29

Letoacutenia 4

Lituacircnia 7

Luxemburgo 2 4

Malta 3

Paiacuteses Baixos 5 13

Poloacutenia 27

Portugal 5 12

Reino Unido 10 29

Repuacuteblica Checa 12

Sueacutecia 4 10

TOTAL 87 321

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice H ndash MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Fonte Uniatildeo Europeia

MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Paiacuteses Membros 1999-2004 2004-2007 2007-2009

Alemanha 99 99 99

Aacuteustria 21 18 18

Beacutelgica 25 24 24

Bulgaacuteria 18

Chipre 6 6

Dinamarca 16 14 14

Eslovaacutequia 14 14

Esloveacutenia 7 7

Espanha 64 54 54

Estoacutenia 6 6

Finlacircndia 16 14 14

Franccedila 87 78 78

Greacutecia 25 24 24

Hungria 24 24

Irlanda 15 13 13

Itaacutelia 87 78 78

Letoacutenia 9 9

Lituacircnia 13 13

Luxemburgo 6 6 6

Malta 5 5

Paiacuteses Baixos 31 27 27

Poloacutenia 54 54

Portugal 25 24 24

Reino Unido 87 78 78

Repuacuteblica Checa 24 24

Romeacutenia 36

Sueacutecia 22 19 19

TOTAL 626 732 786

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice I ndash PROJECTO INTERREG

1 O Projecto INTERREG eacute um programa de iniciativa comunitaacuteria financiado pelo FEDER

2000-2006

2 Princiacutepios Gerais

bull Implemantaccedilatildeo de estrateacutegias conjuntas transfronteiriccedilas transnacionais e programas

de desenvolvimento

bull Aprofundamento de parceiros entre diferentes niacuteveis de administraccedilatildeo com os agentes

econoacutemico-sociais relevantes

bull Coordenaccedilatildeo entre o INTERREG III e os instrumentos de poliacutetica externa da UE

especialmente tendo em vista o seu alargamento

3 Vertentes de Cooperaccedilatildeo

bull Vertente A ndash Cooperaccedilatildeo Transfronteiriccedila

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees fronteiriccedilas vizinhas com o objectivo de desenvolver a

cooperaccedilatildeo econoacutemica e social atraveacutes de estrateacutegias conjuntas e programas de

desenvolvimento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull Vertente B ndash Cooperaccedilatildeo Transnacional

Cooperaccedilatildeo entre grandes grupos de regiotildees europeias com o objectivo de prosseguir

o desenvolvimento e uma maior integraccedilatildeo territorial na UE e com os paiacuteses

candidatos e outros vizinhos

bull Vertente C ndash Cooperaccedilatildeo Inter-regional

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees no territoacuterio da UE e paiacuteses vizinhos para aumentar a

coesatildeo e o desenvolvimento regional mediante a constituiccedilatildeo de redes especialmente

no caso das regiotildees menos desenvolvidas e das regiotildees em reconversatildeo

Fonte http wwwqcaptini_comunitriasinterreghtm1

  • TILD_MAJ GAGO_CEM 04_06
    • 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
      • 111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento
      • 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular
      • 113 A supremacia internacional de Portugal
        • 12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas
        • 13 A questatildeo econoacutemica
        • 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
        • 22 Portugal e Espanha em factos comparados
          • 221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila
          • 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais
          • 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo
          • 224 O mercado de trabalho
          • 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo
            • 23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia
              • 231 O sector energeacutetico
              • 232 A partilha de recursos hiacutedricos
              • 233 O sector bancaacuterio
              • 234 O sector das telecomunicaccedilotildees
                • 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica
                  • 311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE
                  • 312 O relacionamento econoacutemico
                  • 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia
                    • 32 A Alianccedila Atlacircntica
                    • 33 Os espaccedilos regionais
                      • 331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa
                      • 332 O Mediterracircneo e o Magreb
                      • 333 A Ibero-Ameacuterica
                        • 41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia
                        • 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                        • 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                          • 431 O modelo tradicional de relacionamento
                          • 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo
                            • 44 A resposta de Portugal
                            • BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES
                              • Anexos
                                • Capa Anexos
                                • Anexo AA_Consumo de Energia Primaacuteria_2002
                                • Anexo AB_Consumo de Energia Final_2000
                                • Anexo AC_Rede Ibeacuterica de Gaacutes Natural
                                • Anexo AD_Principais Bancos Ibeacutericos
                                • Anexo AE_PIB per capita por PPC
                                • Anexo AF_Investimento Directo Bilateral
                                • Anexo AG_NATO Command Operations_NCA
                                • Anexo AH_NATO Command Structure_ACO
                                • Anexo B_Comeacutercio Externo da Espanha por Zonas Geograacuteficas
                                • Anexo C_O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional
                                • Anexo D_Populaccedilatildeo_2001
                                • Anexo E_Densidade Populacional_2003
                                • Anexo F_Densidade Populacional na Peniacutensula_2001
                                • Anexo G_Projecccedilotildees da Populaccedilatildeo na Peniacutensula Ibeacuterica
                                • Anexo H_Piracircmide Etaacuteria_2003
                                • Anexo I_Relaccedilatildeo Natalidade_Mortalidade
                                • Anexo J_Taxa de Abandono Escolar
                                • Anexo K_Populaccedilatildeo Feminina que Frequenta Ensino Superior_200
                                • Anexo L_Despesa Puacuteblica em Educaccedilatildeo_2001
                                • Anexo M_Alojamentos com Computador_2002
                                • Anexo N_Populaccedilatildeo Empregada por Sector de Actividade_2003
                                • Anexo O_Valor VAB Sector Acvtividade Por_2001
                                • Anexo P_Valor PIB Sector Acvtividade Esp_2003
                                • Anexo Q_Taxa de Actividade Feminina_2003
                                • Anexo R_Taxa de Desemprego_2003
                                • Anexo S_Dias natildeo trabalhados devido a greves
                                • Anexo T_Taxa de Crescimento do PIB a Preccedilos Constantes
                                • Anexo U_PIB Per Capita a Preccedilos Correntes
                                • Anexo V_PIB Per capita a preccedilos correntes regiotildees_2002
                                • Anexo W_Principais Parceiros Comerciais de Portugal_2003
                                • Anexo X_Principais Parceiros Comerciais da Espanha_2003
                                • Anexo Y_Trocas comerciais com a UE 15
                                • Anexo Z_Produtos mais inportantes trocas comerciais_2003
                                  • Apecircndices
                                    • Capa Apecircndices
                                    • Apecircndice A_Sintese histoacuterica da Espanha
                                    • Apecircndice B_Sintese histoacuterica de Portugal
                                    • Apecircndice C_Cronologia dos acontecimentos + importantes
                                    • Apecircndice D_A Geografia e Geoetnografia da Peniacutensula Ib
                                    • Apecircndice E_O Triangulo Estrateacutegico PO vs Eixo Est ESP
                                    • Apecircndice F_As 17 Comunidades Autoacutenomas e Aspiraccedilotildees
                                    • Apecircndice G_Votos no Conselho Europeu
                                    • Apecircndice H_Votos no Parlamento Europeu
                                    • Apecircndice I_Projecto INTERREG
                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA
                                          IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
                                          CURSO DE ESTADO-MAIOR 0406
                                          TRABALHO INDIVIDUAL DE LONGA DURACcedilAtildeO

                                          Rui Pedro Magro do Gago
                                          Major de Artilharia

                                          Bom dia meus senhores sou o Major de Artilharia Rui Gago e cabe-me hoje a mim efectuar a apresentaccedilatildeo do Trabalho Individual de Longa Duraccedilatildeo que me foi proposto subordinado ao tema ldquoA Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionaisrdquo

                                          Ao analisarmos a longa histoacuteria destas duas jaacute velhas naccedilotildees podemos constatar que na maior parte do tempo a sua matriz de relacionamento eacute muito bem caracterizada pela jaacute famosa expressatildeo ldquode costas voltadasrdquo

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          ATEacute

                                          1985

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          DIVERGEcircNCIA

                                          E DESCONFIANCcedilA

                                          NECESSIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          ESTRATEacuteGICA

                                          MATRIZ

                                          DE

                                          RELACIONAMENTO

                                          IMPOSSIBILIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          EXPLIacuteCITA

                                          CONVIVEcircNCIA

                                          E QUEBRA

                                          DE RECEIOS

                                          APOacuteS

                                          1985

                                          Eacute no entanto notoacuterio que esta mesma matriz de relacionamento sofreu uma significativa alteraccedilatildeo a partir do momento em que os dois paiacuteses passaram a partilhar o mesmo espaccedilo econoacutemico e de defesa Pretendo referir-me agrave Comunidade Econoacutemica Europeia e agrave Alianccedila Atlacircntica

                                          Atendendo a que a Espanha aderiu agrave OTAN em 1982 e os dois em simultacircneo assinaram o Tratado de adesatildeo CEE em 1985 vamos considerar esta uacuteltima data como o ponto de referecircncia para a viragem

                                          Assim ateacute 1985 os traccedilos fundamentais desta relaccedilatildeo assentavam numa permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico relativamente agrave Espanha mantendo como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Esta era a base para a postura de divergecircncia e de desconfianccedila que condicionou o relacionamento entre os dois paiacuteses

                                          Apoacutes 1985 a partilha destes dois grandes espaccedilos econoacutemico e de defesa determinou a Portugal a impossibilidade de recorrer a uma diferenciaccedilatildeo estrateacutegica expliacutecita

                                          Eacute a partir deste momento que a realidade do relacionamento passa permitir a convivecircncia bilateral que anteriormente apenas se enquadrava no acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico e agora se alargava aos domiacutenios econoacutemico comercial e cultural

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          Prof Doutor Adriano Moreira

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Julgo que evoluccedilatildeo exposta no slide anterior se encontra muito bem retratada por esta frase proferida pelo Professor Adriano Moreira

                                          Surge de facto um novo paradigma de relacionamento neste caso no plano peninsular

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          IMPORTAcircNCIA DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Neste contexto ambos os paiacuteses integram os mesmos espaccedilos poliacutetico econoacutemico e de defesa

                                          E nelas querendo fazer valer os seus interesses assim como contribuir para as sinergias que concorram para a consecuccedilatildeo dos interesses globais destas Instituiccedilotildees

                                          Consideraacutemos pois ser de toda a pertinecircncia avaliar se em face deste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico em que medida os caminhos de ambos os Estados poderatildeo ser comuns ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular poderatildeo determinar a Portugal a necessidade de procurar uma orientaccedilatildeo oposta mantendo-se desta forma a tendecircncia da histoacuteria

                                          ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          SEacuteCULO XX

                                          POLIacuteTICA

                                          EXTERNA

                                          UEOTAN

                                          ESPACcedilOS

                                          REGIONAIS

                                          BILATERAL

                                          FACTORES

                                          DE

                                          DEPENDEcircNCIA

                                          Em face da vastidatildeo do objecto decidimos delimitar o estudo no acircmbito temporal ao seacuteculo XX enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees tomadas no seio da UE e da OTAN natildeo deixando contudo de fazer uma referecircncia embora breve aos espaccedilos regionais preferenciais de cada um dos paiacuteses

                                          No plano bilateral vamos abordar a existecircncia de alguns factores que poderatildeo determinar alguma dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

                                          METODOLOGIA

                                          • Pesquisa bibliograacutefica
                                              • Consulta de jornais e revistas
                                                  • Consulta de siacutetios da Internet
                                                      • Realizaccedilatildeo de entrevistas
                                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          A metodologia empregue versou fundamentalmente na pesquisa em vaacuterias fontes onde se incluiu a realizaccedilatildeo de algumas entrevistas efectuadas a personalidades que desenvolveram conhecimentos nesta aacuterea

                                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                          QUESTAtildeO CENTRAL

                                                          Para a resoluccedilatildeo do problema proposto definimos a seguinte Questatildeo Central

                                                          Eacute a partir dela que todo o trabalho foi desenvolvido procurando obter uma resposta clara e sustentada

                                                          ldquoPoderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo

                                                          AGENDA

                                                          • Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses
                                                              • A coabitaccedilatildeo internacional
                                                                  • Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha
                                                                      • Conclusotildees e recomendaccedilotildees
                                                                          • Introduccedilatildeo
                                                                              • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento
                                                                                • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                  Assim sendo proponho uma agenda constituiacuteda pelos seguintes pontos

                                                                                  • No primeiro pretendemos efectuar o enquadramento histoacuterico do relacionamento bilateral Desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da CEE e da OTAN
                                                                                  • No segundo pretendemos apresentar as duas realidades peninsulares
                                                                                  • No terceiro abordamos a questatildeo da coabitaccedilatildeo internacional
                                                                                  • No quarto
                                                                                  • No quinto e uacuteltimo ponto
                                                                                    • Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                      Iniacutecio do seacuteculo XX

                                                                                      Desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal

                                                                                      Aproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e Inglaterra

                                                                                      Possessotildees espanholas em Aacutefrica

                                                                                      Aproximaccedilatildeo de Portugal agrave Alemanha determinada pela necessidade de manter uma acircncora externa diferenciada da do vizinho peninsular

                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                        • Os primeiros anos do seacuteculo XX trouxeram-nos outro facto curioso as possessotildees espanholas em Aacutefrica motivaram o interesse alematildeo tendo em vista o controle do mediterracircneo ocidental

                                                                                          Este facto esteve na origem da aproximaccedilatildeo entre ingleses franceses e espanhoacuteis (culminando com a assinatura de acordos com ambos os paiacuteses (1907 Cartagena1906 Algeciras-1912 correcccedilatildeo)) assumindo assim as mesmas alianccedilas extrapeninsulares que Portugal

                                                                                          Apesar de ter sido afirmado o contraacuterio existem documentos que sustentam a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal perante a Inglaterra que passou a considerar a Espanha estrategicamente e militarmente mais importante do que Portugal Deixavam no entanto uma ressalva relativamente agraves ilhas atlacircnticas que natildeo deveriam cair em matildeos de qualquer potecircncia hostil a Londres

                                                                                          Eacute neste contexto que Portugal procura outra acircncora externa que permitisse manter a sua identidade a sua independecircncia e o diferenciasse do vizinho peninsular O papel passa a ser desempenhado pela Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a possibilidade de instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas accedilorianas

                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                          • Questatildeo colonial
                                                                                            • Beligeracircncia portuguesa

                                                                                              Neutralidade da Espanha

                                                                                              Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a notoriedade internacional pretendida

                                                                                              • Questatildeo peninsular
                                                                                                  • Afirmaccedilatildeo do regime
                                                                                                    • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                        • Outro dos acontecimentos que nos permitem visualizar muito bem a forma como as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionaram as opccedilotildees portuguesas neste modelo de relacionamento eacute a IGM

                                                                                                          Este foi o momento que permitiu a Portugal regressar ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                          A opccedilatildeo da Espanha pela neutralidade conferia ao nosso Paiacutes uma excelente oportunidade de conseguir a tatildeo necessaacuteria diferenciaccedilatildeo e ainda procurar a notoriedade internacional que lhe permitisse por um lado estar presente na Conferecircncia de Paz e por outro ter assento no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

                                                                                                          Foi contudo inesperado o reveacutes que se seguiu

                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                                          Conferecircncia de Paz em Paris

                                                                                                          ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido (hellip)rdquo

                                                                                                          Franco Nogueira

                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                            • Apesar de todo o esforccedilo portuguecircs junto dos seus histoacutericos aliados foi a Espanha a escolhida para integrar o Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees em representaccedilatildeo dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                              A guerra civil espanhola

                                                                                                              ldquo(hellip) vitoacuteria do exeacutercito espanhol ou implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo

                                                                                                              Franco Nogueira

                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                              • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                • Portugal desenvolve intensa

                                                                                                                  actividade diplomaacutetica

                                                                                                                  Apoio portuguecircs

                                                                                                                  aos nacionalistas

                                                                                                                  Outro dos acontecimentos do seacuteculo a que Portugal teve que fazer face foi a Guerra Civil espanhola

                                                                                                                  Este conflito opocircs os partidaacuterios do regime republicano apoiados pela esquerda espanhola aos nacionalistas apoiados pela direita

                                                                                                                  Em Portugal decorria jaacute periacuteodo do Estado Novo para quem a vitoacuteria da esquerda representava um duplo perigo o revolucionaacuterio associado agrave provaacutevel implantaccedilatildeo do comunismo em Espanha e o consequente alastramento a Portugal e o iberista associado agraves ideias de integraccedilatildeo de Portugal na Espanha

                                                                                                                  Por esta razatildeo Portugal acabou por desempenhar um papel significativo apoio aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo Francisco Franco contribuindo decisivamente para a implantaccedilatildeo do regime autoritaacuterio liderado por Franco

                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                  II Guerra Mundial

                                                                                                                  Impedir as

                                                                                                                  tendecircncias iberistas

                                                                                                                  Espanholas

                                                                                                                  Contribuir para a

                                                                                                                  neutralidade

                                                                                                                  peninsular

                                                                                                                  O Pacto Peninsular

                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                  • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                    • A ordem cronoloacutegica dos acontecimentos levam-nos ateacute agrave II Guerra Mundial e agrave intenccedilatildeo dos responsaacuteveis de ambos os Estados peninsulares de manterem os respectivos paiacuteses neutrais relativamente ao conflito Uma neutralidade provavelmente mais importante para a Espanha que tiha saiacutedo de um devastador conflito interno nesse sentido eacute proposta a Portugal a assinatura de um pacto de natildeo agressatildeo que contribuiu de forma decisiva para a garantia dessa neutralidade e segundo Oliveira Salazar impedia tambeacutem as tendecircncias iberistas espanholas

                                                                                                                      O desenrolar dos acontecimentos permitiu a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da Peniacutensula e a manutenccedilatildeo do estatuto de neutralidade apresar de tanto Portugal como a Espanha manterem os respectivos alinhamentos estrateacutegicos

                                                                                                                      I Fase

                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                      O Poacutes II Guerra Mundial

                                                                                                                      Novo

                                                                                                                      enquadramento

                                                                                                                      estrateacutegico

                                                                                                                      mundial

                                                                                                                      Isolamento

                                                                                                                      internacional

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      integra

                                                                                                                      a OTAN

                                                                                                                      Diferenciaccedilatildeo

                                                                                                                      efectiva de

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      assume

                                                                                                                      representatividade

                                                                                                                      ibeacuterica

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      uacutenica porta

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      para o mundo

                                                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                        • O relacionamento ibeacuterico no periacuteodo poacutes II Guerra Mundial eacute enquadrado por trecircs factores importantes o primeiro eacute o novo quadro estrateacutegico de onde emergiram os dois protagonistas os EUA e a Ruacutessia em segundo lugar o convite endereccedilado a Portugal para integrar a OTAN este uacuteltimo com grande impacto no relacionamento peninsular dado que Franco ao ver a Espanha excluiacuteda se apressou a impedir a adesatildeo de Portugal ao Pacto Atlacircntico afirmando a incompatibilidade com o Pacto Peninsular e finalmente o isolamento imposto pela comunidade internacional agrave Espanha tanto pela postura tida durante a II GM como pela natureza autoritaacuteria do regime

                                                                                                                          Portugal conseguia nesta I Fase do poacutes-guerra afirmar a sua diferenciaccedilatildeo efectiva relativamente agrave Espanha assumindo a representatividade ibeacuterica junto da comunidade internacional o que o transformou na uacutenica porta da Espanha para o mundo

                                                                                                                          II Fase

                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                          Guerra Fria

                                                                                                                          Adesatildeo

                                                                                                                          dos paiacuteses

                                                                                                                          agrave ONU

                                                                                                                          Pressatildeo

                                                                                                                          internacional

                                                                                                                          sobre Portugal

                                                                                                                          Fim da

                                                                                                                          dependecircncia

                                                                                                                          espanhola

                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                          Afastamento

                                                                                                                          do processo

                                                                                                                          de integraccedilatildeo

                                                                                                                          europeia

                                                                                                                          Alteraccedilatildeo

                                                                                                                          da natureza

                                                                                                                          dos regimes

                                                                                                                          1974 e 1975

                                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                            • O periacuteodo que se seguiu ao ano de 1949 foi caracterizado pelo progressivo fim da dependecircncia espanhola de Portugal inicialmente com os acordos firmados em 1949 e 1953 com os EUA e finalmente efectivado apoacutes o ingresso de ambos em simultacircneo na ONU em 1955

                                                                                                                              A partir deste instante os papeis invertiam-se e Portugal entrava agora num periacuteodo de isolamento internacional no qual a questatildeo colonial motivava a pressatildeo exercida sobre o paiacutes por parte da comunidade internacional

                                                                                                                              Contudo foi a natureza de ambos os regimes que determinou o afastamento do processo de adesatildeo agrave CEE

                                                                                                                              Os anos de 1974 e 1975 marcaram respectivamente em Portugal e na Espanha o final de um ciclo poliacutetico proporcionando as condiccedilotildees para todas as alteraccedilotildees que viriam a ocorrer

                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                              • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                  O relacionamento econoacutemico bilateral

                                                                                                                                  Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                  Uma palavra sobre o relacionamento econoacutemico neste periacuteodo que nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica faria supor

                                                                                                                                  Analisando os valores relativos agraves trocas comerciais neste periacuteodo poderemos constatar os valores satildeo quase insignificantes

                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                                  • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      A internacionalizaccedilatildeo das economias

                                                                                                                                      Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                      ESPANHA

                                                                                                                                      PORTUGAL

                                                                                                                                      Curioso seraacute ver a forma diferenciada como cada um procurou efectuar a internacionalizaccedilatildeo econoacutemica enquanto a Espanha opta por diversificar os seus parceiros econoacutemicos para os paiacuteses da Ameacuterica Latina paiacuteses Aacuterabes e da Europa de Leste

                                                                                                                                      Portugal no quadro do relacionamento Luso-Britacircnico opta pelos Europeus nomeadamente pela adesatildeo agrave EFTA que lhe permitia resguardar a questatildeo colonial

                                                                                                                                      O relacionamento econoacutemico bilateral eacute significativamente incrementado apoacutes a assinatura do tratado de adesatildeo agrave CEE em 1985 (5-19) e (1-5)

                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      Matriz de Identidade

                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                        • Aquilo que muitos designam por ldquofatalidade geograacuteficardquo natildeo define por si soacute todas as vertentes que compotildeem a matriz de identidade dos dois paiacuteses Assim ambos se encontram inseridos na realidade europeia Para aleacutem da inserccedilatildeo geograacutefica contribuem para esta identificaccedilatildeo a realidade poliacutetica econoacutemica e cultural E foi este o caminho escolhido pelos dois paiacuteses quando decidiram abraccedilar o projecto de construccedilatildeo europeu

                                                                                                                                          Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa os dois paiacuteses vivem hoje uma situaccedilatildeo de partilha de interesses integrando a OTAN e participando activamente no desenvolvimento e implementaccedilatildeo da poliacutetica externa e de seguranccedila do espaccedilo europeu Eacute atraveacutes destas instituiccedilotildees que Portugal e Espanha pretendem enquadrar-se na actual realidade geopoliacutetica e geoestrateacutegica dando o seu contributo para a actual noccedilatildeo de seguranccedila e defesa parilhadas

                                                                                                                                          As caracteriacutesticas mediterracircnicas de ambos encontram-se tambeacutem visivelmente vincadas na respectiva matriz de identidade Apesar de incidirem de forma mais visiacutevel no paiacutes vizinho por razotildees geograacuteficas e histoacutericas tambeacutem Portugal poderaacute reclamar para si uma boa parte dessas caracteriacutesticas jaacute que se encontra implantado ldquoagraves portas do mediterracircneordquo

                                                                                                                                          Neste acircmbito o Norte de Aacutefrica eacute tambeacutem responsaacutevel por uma boa parte da identidade dos paiacuteses peninsulares Novamente o factor histoacuterico aliado ao factor de proximidade geograacutefica determinaram influecircncias significativas no desenvolvimento da identidade de portugueses e espanhoacuteis

                                                                                                                                          O Mediterracircneo e o Magreb satildeo de facto duas regiotildees de particular interesse geopoliacutetico e geoestrateacutegico tanto por serem regiotildees associadas a focos de instabilidade como pela preocupaccedilatildeo causada por outras questotildees associadas sendo exemplo a dependecircncia energeacutetica ou as questotildees relativas agrave emigraccedilatildeo ilegal

                                                                                                                                          Na referecircncia agrave Matriz de Identidade de cada um dos Estados peninsulares natildeo poderiam faltar as afinidades histoacutericas linguiacutestica e cultural que permaneceram ao longo dos seacuteculos apesar do afastamento geograacutefico

                                                                                                                                          Relativamente a Portugal refiro-me agrave CPLP Organizaccedilatildeo na qual o Paiacutes deveraacute desempenhar um papel cada vez mais importante na defesa e afirmaccedilatildeo da cultura e da liacutengua Para aleacutem de outras aacutereas de interesse comum

                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha refiro-me agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees que eacute de facto apesar de Portugal tambeacutem estar presente um espaccedilo preferencialmente seu

                                                                                                                                          Sistemas

                                                                                                                                          Poliacuteticos

                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                          Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                          Administrativa

                                                                                                                                          A Realidade Comparada

                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                          • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                            • No estudo que elaboraacutemos consideraacutemos pertinente efectuar uma comparaccedilatildeo entre as duas realidades peninsulares e para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que nos permitiratildeo visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados

                                                                                                                                              Os sistema poliacuteticos actualmente sistemas democraacuteticos apresentam contudo naturezas distintas Enquanto que Portugal manteve um sistema de cariz republicano agora na sua forma semi-presidencialista no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica A Espanha optou por um sistema monaacuterquico parlamentar

                                                                                                                                              Tambeacutem a organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais demonstram diferenccedilas significativas Poderemos recordar que Portugal se encontra dividido em 18 distritos e duas regiotildees autoacutenomas e apesar de se constituir como um Estado unitaacuterio prevecirc algum grau de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa

                                                                                                                                              A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas e duas cidades (Ceuta e Melilla) agraves quais tambeacutem lhes foi atribuiacutedo um estatuto de autonomia Estas comunidades possuem um significativo estatuto autonoacutemico muito superior ao conferido agraves nossas regiotildees autoacutenomas

                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                              A Realidade Comparada

                                                                                                                                              Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                              • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                • Os dados demograacuteficos fazem-nos salientar o diferencial de populaccedilatildeo

                                                                                                                                                  E ainda a tendecircncia decrescente da populaccedilatildeo portuguesa ateacute 2040 em contraponto com a tendecircncia de crescimento da populaccedilatildeo espanhola

                                                                                                                                                  Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                  A Realidade Comparada

                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                  • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      Relativamente ao mercado de trabalho verificamos que existe uma coincidecircncia no sector que mais emprego daacute agrave populaccedilatildeo de cada um dos paiacuteses

                                                                                                                                                      As economias de ambos encontram-se baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos

                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      A Realidade Comparada

                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                        • Apoacutes a adesatildeo agrave CEE uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia eacute sem duacutevida a integraccedilatildeo econoacutemica As trocas comerciais foram significativamente incrementadas e na actualidade a Espanha tornou-se no nosso principal parceiro econoacutemico e comercial

                                                                                                                                                          Contudo a balanccedila da hegemonia pendeu para o lado espanhol eacute um paiacutes muito mais poderoso com uma populaccedilatildeo quatro vezes mais numerosa e uma economia que multiplica por cinco a portuguesa

                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                          • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Fonte AIE Energi Policies of IEA Countrties 2002 Review

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              630

                                                                                                                                                              Hiacutedrica 40

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 80

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 90

                                                                                                                                                              Carvatildeo 160

                                                                                                                                                              Carvatildeo 170

                                                                                                                                                              Nuclear 130

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 120

                                                                                                                                                              Hiacutedrica

                                                                                                                                                              20

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 40

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              520

                                                                                                                                                              O Sector Energeacutetico

                                                                                                                                                              Assentando ambas as economias fundamentalmente no sector dos serviccedilos consideraacutemos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de actividade que constituem a estrutura base do sector Pretendemos referir-nos no acircmbito bilateral ao Sector Energeacutetico ao Sector Bancaacuterio e ao Sector das Telecomunicaccedilotildees aos quais acrescentamos a questatildeo da Partilha de Recursos Hiacutedricos pela importacircncia que assume neste contexto

                                                                                                                                                              Esta questatildeo eacute de facto uma questatildeo de grande sensibilidade e que deveraacute ocupar um lugar de destaque nas preocupaccedilotildees dos responsaacuteveis do nosso paiacutes

                                                                                                                                                              Em primeiro lugar ndash porque a dimensatildeo do mercado energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao nosso E aqui recordo a oferta puacuteblica de aquisiccedilatildeo efectuada pela Gaacutes Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu de energia

                                                                                                                                                              Em segundo lugar ndash pela maior dependecircncia que Portugal apresenta relativamente aos produtos petroliacuteferos ficando mais exposto agraves consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos Em contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de maior diversidade de opccedilotildees jaacute que recorreu agrave energia nuclear

                                                                                                                                                              Por uacuteltimo ndash a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do territoacuterio portuguecircs a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante a importaccedilatildeo

                                                                                                                                                              EVIDENTE DEPENDEcircNCIA

                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Transvazes

                                                                                                                                                              A Partilha de Recursos Hiacutedricos

                                                                                                                                                              SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da Aacutegua

                                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                              • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                • Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica foi soberana e determinou que 5 dos principais rios portugueses tivessem a sua nascente em Espanha

                                                                                                                                                                  Se duacutevidas houvesse quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial que previa a realizaccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais para aacutereas onde os espanhoacuteis entendessem existir um deacutefice hiacutedrico

                                                                                                                                                                  Foi a forte pressatildeo do governo portuguecircs e alguma pressatildeo interna motivou a alteraccedilatildeo do programa e em 2001 foi apresentado outra versatildeo deste Plano que apenas prevecirc a realizaccedilatildeo de transvazes de rios espanhoacuteis

                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                  O Sector Bancaacuterio

                                                                                                                                                                  Fonte CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

                                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                  • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                    • O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo quatro vezes superior ao mercado nacional Este facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos nacionais

                                                                                                                                                                      A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tecircm decorrido a um ritmo acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso paiacutes

                                                                                                                                                                      De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos dizer que seis anos dos lucros do BSCH ou do BBVA eram suficientes para em 2000 adquirir o BCP

                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                      O Sector das Telcomunicaccedilotildees

                                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                      • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                        • Relativamente ao sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as suas congeacuteneres espanholas

                                                                                                                                                                          Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a Espanhola TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere espanhola

                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                          Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                          A Adesatildeo

                                                                                                                                                                          Interno

                                                                                                                                                                          A irreversibilidade do processo democraacutetico

                                                                                                                                                                          A modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social

                                                                                                                                                                          Diversidade de relacionamento externo

                                                                                                                                                                          Aproximaccedilatildeo dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                          Externo

                                                                                                                                                                          Objectivos

                                                                                                                                                                          A procura de um estiacutemulo externo para o

                                                                                                                                                                          desenvolvimento da economia

                                                                                                                                                                          A procura de uma acircncora externa

                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                          • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                            • O processo de adesatildeo teve para os dois paiacuteses um duplo significado

                                                                                                                                                                              No plano interno ndash representava a irreversibilidade do processo democraacutetico e a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social que seguiram a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental

                                                                                                                                                                              No plano externo ndash representava novas oportunidades de relacionamento que os aproximaria dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                              Este duplo significado encontra-se directamente relacionado com os objectivos definidos para o meacutedio e longo prazo salientados pelo Professor Doutor Hernacircni Lopes ldquoo novo e o de semprerdquo

                                                                                                                                                                              O novo ndash fazendo alusatildeo agrave necessidade de proporcionar um estiacutemulo exterior agrave economia portuguesa que a obrigasse a desencadear as alteraccedilotildees estruturais de que carecia

                                                                                                                                                                              O objectivo de sempre ndash pretendia aludir agrave histoacuterica necessidade portuguesa de procurar afirmar a sua individualidade atraveacutes de um apoio externo

                                                                                                                                                                              Divergecircncia

                                                                                                                                                                              Integraccedilatildeo

                                                                                                                                                                              Poliacutetica

                                                                                                                                                                              Maioria

                                                                                                                                                                              Qualificada

                                                                                                                                                                              PESC

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Supranacionalidade

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Poderes

                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                              Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                              Convergecircncia

                                                                                                                                                                              Coesatildeo

                                                                                                                                                                              Econoacutemica

                                                                                                                                                                              Social

                                                                                                                                                                              Moeda

                                                                                                                                                                              Uacutenica

                                                                                                                                                                              Cidadania

                                                                                                                                                                              Europeia

                                                                                                                                                                              Tratado

                                                                                                                                                                              Constitucional

                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                              • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                • Portugal e Espanha mantiveram contudo posicionamentos estruturalmente divergentes no decurso da construccedilatildeo europeia

                                                                                                                                                                                  Agraves opccedilotildees espanholas frequentemente associadas agraves alematildes e francesas de reforccedilo da supranacionalidade ateacute agrave aceitaccedilatildeo de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e da convicccedilatildeo da necessidade de uma maior integraccedilatildeo da poliacutetica externa comum Portugal opunha-se contrariando a necessidade de aprofundamento da integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas pela OTAN A estas divergecircncias juntar-se-ia mais tarde a questatildeo da votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC

                                                                                                                                                                                  No entanto existiram assuntos que permitiram a convergecircncia de posturas que levou ao desenvolvimento de um esforccedilo comum Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social de cidadania europeia e do projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica

                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                  A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                  A Poleacutemica

                                                                                                                                                                                  Adesatildeo de

                                                                                                                                                                                  Portugal

                                                                                                                                                                                  A Questatildeo Espanhola

                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                  • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                    • Relativamente agrave OTAN e ao processo de adesatildeo de Portugal ele despertou uma acesa poleacutemica provocada pela questatildeo espanhola e a oposiccedilatildeo que desencadeou para impedir a adesatildeo de Portugal factos que jaacute anteriormente referi

                                                                                                                                                                                      Era curiosa a postura portuguesa Finalmente atingia a diferenciaccedilatildeo absoluta que colocava o paiacutes numa situaccedilatildeo de supremacia no contexto peninsular contudo tudo fez para que a Espanha pudesse aderir ao Pacto e integrar o mesmo quadro de alianccedilas Esta posiccedilatildeo aparentemente estranha encontrava a justificaccedilatildeo na forma como o Presidente do Conselho encarava a seguranccedila do Paiacutes e da Europa Ocidental Assim justificava a sua posiccedilatildeo por 3 factores O primeiro relacionava-se com o vazio estrateacutegico que a ausecircncia da Espanha provocava o segundo relacionava-se com a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia proporcionar e por uacuteltimo dizia que a adesatildeo portuguesa teria significados distintos caso a Espanha estivesse ou natildeo presente no Pacto A preocupaccedilatildeo era a influecircncia sovieacutetica e as consequecircncias que poderiam advir para Portugal no caso da Espanha decidir a aproximaccedilatildeo ao Bloco oposto

                                                                                                                                                                                      A questatildeo foi amenizada atraveacutes do relacionamento bilateral com os EUA que proporcionaram agrave Espanha a possibilidade de ainda em 1949 assinarem um acordo de cooperaccedilatildeo reafirmado em 1953

                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                      A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                      As

                                                                                                                                                                                      Prioridades

                                                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                                                                                      A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                      • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                        • ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de intereacutes prioritariordquo

                                                                                                                                                                                          Directiva de Defensa Nacional 12004

                                                                                                                                                                                          ldquoO sistema de seguranccedila e defesa de Portugal tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo

                                                                                                                                                                                          Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

                                                                                                                                                                                          Neste contexto se algum receio pudesse subsistir de Portugal poder cair outra vez numa situaccedilatildeo de desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica em favor da Espanha este receio natildeo encontrou correspondecircncia na praacutetica O interesse geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses reflectidos de certa forma na permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa importacircncia

                                                                                                                                                                                          Apesar da seguranccedila partilhada ser um conceito assumido por ambos contudo os documentos que determinam as directivas estrateacutegicas de defesa nacional atribuem um grau de prioridade diferente ao papel a desempenhar por cada um no seio da Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                          Enquanto que para a Espanha eacute clara a prioridade europeia

                                                                                                                                                                                          Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma diferente bem expressa na redacccedilatildeo do CEDN Sendo clara a tendecircncia atlacircntica

                                                                                                                                                                                          Este facto permite concluir que apesar de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas podem assumir orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas diferenciadas

                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                          • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

                                                                                                                                                                                              Espaccedilo

                                                                                                                                                                                              Geograacutefico

                                                                                                                                                                                              Multicontinental

                                                                                                                                                                                              Descontiacutenuo

                                                                                                                                                                                              Partilha

                                                                                                                                                                                              de Seacuteculos

                                                                                                                                                                                              de Histoacuteria

                                                                                                                                                                                              Identidade

                                                                                                                                                                                              Cultural

                                                                                                                                                                                              Proacutepria

                                                                                                                                                                                              Mesma

                                                                                                                                                                                              Liacutengua

                                                                                                                                                                                              Oficial

                                                                                                                                                                                              Comunhatildeo

                                                                                                                                                                                              de

                                                                                                                                                                                              Interesses

                                                                                                                                                                                              Representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo geograacutefico multicontinental e descontiacutenuo No entanto pensamos que as eventuais desvantagens que poderatildeo decorrer deste facto satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que permitiram estabelecer uma identidade cultural proacutepria que eacute alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial e que no seu conjunto permite estabelecer uma significativa comunhatildeo de interesses

                                                                                                                                                                                              Este eacute sem duacutevida o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da OTAN Acrescendo o facto de ser o uacutenico paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE

                                                                                                                                                                                              Estes factos poderatildeo contribuir para colocar o Paiacutes como principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil

                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              Ibero-Ameacuterica

                                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                              • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                • A Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a capacidade de intervenccedilatildeo portuguesa ao Brasil

                                                                                                                                                                                                  A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos do paiacutes Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global no entanto estabelecem associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                  O Mediterracircneo e o Magreb

                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                  OTAN

                                                                                                                                                                                                  Processo de Barcelona

                                                                                                                                                                                                  Diaacutelogo

                                                                                                                                                                                                  para o Mediterracircneo

                                                                                                                                                                                                  Multilateral

                                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                                  • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                    • Eacute uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e sobre a qual Portugal e Espanha partilham da preocupaccedilatildeo da comunidade internacional no entanto eacute sobre o Magreb que concentram a sua principal atenccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      A instabilidade poliacutetica e de seguranccedila a questatildeo religiosa o fraco desenvolvimento econoacutemico e social aliado agrave proximidade geograacutefica e ao facto da Espanha possuir neste territoacuterio duas cidadeshellip justificam esta preocupaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      Os fluxos migratoacuterios em busca da seguranccedila e da prosperidade transformam os paiacuteses da peniacutensula na porta de entrada para no espaccedilo europeu a que se junta a questatildeo da seguranccedila sobre o gasoduto euro-magrebino que abastece de gaacutes natural a Peniacutensula Ibeacuterica

                                                                                                                                                                                                      Para aleacutem do relacionamento bilateral existem espaccedilos privilegiados de acircmbito multilateral para estabelecer conversaccedilotildees com estes paiacuteses Queremos referir-nos no acircmbito da OTAN ao Diaacutelogo para o Mediterracircneo e no acircmbito da UE o processo de Barcelona que agora viu realizada mais um encontro

                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                      ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX haacute sido justamente estar ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      ldquoEs que laacute OTAN es el instrumento baacutesico fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos con Europa (hellip) Debemos ir maacutes allaacute del simples compomisso de intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes estrateacutegicos e de seguridadrdquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                      • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                        • A Espanha

                                                                                                                                                                                                          Quando decidimos passar em revista as opccedilotildees de poliacutetica-externa dos dois paiacuteses optaacutemos por fazecirc-lo nesta uacuteltima deacutecada isto eacute desde 1996 ateacute agrave realidade poliacutetica actual Porquecirc Porque incidindo primeiramente a anaacutelise sobre a realidade espanhola pudemos dispor de dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica oposta com prioridades distintas que nos permitiram analisar e confrontar comportamentos poliacutetico-estrateacutegico diferenciados

                                                                                                                                                                                                          Assim a Espanha contou em 1996 com a subida agrave cadeira governativa do liacuteder do PP Joseacute Maria Aznar Eacute um homem que se define como um reformador de centro direita e que teve como ambiccedilatildeo colocar a Espanha entre as democracias mais importantes do mundo Neste aspecto pretendeu realccedilar uma vertente da identidade da naccedilatildeo espanhola que considerou ateacute aiacute muito descurada e que foi a sua vertente atlacircntica

                                                                                                                                                                                                          A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental foi pois uma das caracteriacutesticas vincadamente expressas nas definiccedilotildees poliacutetco-estrateacutegicas do seu governo

                                                                                                                                                                                                          Neste contexto a relaccedilatildeo transatlacircntica ocupou um lugar destacado nas suas opccedilotildees e assentava fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem pode manter um relacionamento de alguma cumplicidade

                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                          • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                            • Portugal

                                                                                                                                                                                                              Este periacuteodo foi acompanhado em Portugal por dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica distinta

                                                                                                                                                                                                              Contudo pretendemos incidir a anaacutelise no segundo que punha aos destinos dos paiacuteses dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica

                                                                                                                                                                                                              Desde logo o que se me oferece destacar foi de facto o faacutecil entendimento entre ambos

                                                                                                                                                                                                              No entanto deste entendimento pretendemos salientar a simpatia pela opccedilatildeo atlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Surgiu neste periacuteodo um acontecimento de niacutevel internacional no qual o PM de Portugal decidiu que o Paiacutes deveria ter um papel interventivo Queremos referir-nos agrave Cimeira dos Accedilores e ao posterior apoio agrave intervenccedilatildeo militar americana no Iraque

                                                                                                                                                                                                              Devo destacar que apesar de Portugal e Espanha assumirem uma posiccedilatildeo comum eacute Portugal a manter-se no seu alinhamento tradicional e natildeo a Espanha que neste caso assume uma posiccedilatildeo conjuntural

                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                              ldquoLo que es bueno para Europa es bueno para Espanhardquo

                                                                                                                                                                                                              Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

                                                                                                                                                                                                              Prioridade europeia

                                                                                                                                                                                                              da poliacutetica externa

                                                                                                                                                                                                              Secundarizaccedilatildeo da

                                                                                                                                                                                                              relaccedilatildeo transatlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                              • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                • A Espanha

                                                                                                                                                                                                                  Apoacutes as eleiccedilotildees de 2004 ascende agrave cadeira da governaccedilatildeo o liacuteder do PSOE Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero Esta alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do liacuteder do governo origina tambeacutem uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica do paiacutes que marca o regresso da Espanha ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                                                                                                                                  As consequecircncias desta alteraccedilatildeo fizeram sentir-se de imediato junto dos liacutederes da Franccedila e da Alemanha que desde logo manifestaram o seu apoio agrave Espanha manifestando a possibilidade de criaccedilatildeo de um eixo Berlim-Paris-Madrid e a integraccedilatildeo da Espanha no nuacutecleo duro da Europa

                                                                                                                                                                                                                  Recordo aqui que a primeira deslocaccedilatildeo externa do presidente do governo espanhol eacute precisamente agrave Franccedila e agrave Alemanha

                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                                  O desenvolvimento do espaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedila

                                                                                                                                                                                                                  O alargamento da UE a Leste

                                                                                                                                                                                                                  A legitimaccedilatildeo do TCE

                                                                                                                                                                                                                  Normalizaccedilatildeo do diaacutelogo transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  Viacutenculo

                                                                                                                                                                                                                  Transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  ldquoEacute um instrumento de partilha de responsabilidade na prevenccedilatildeo de conflitos e no reforccedilo da seguranccedila colectiva e de partilha de objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo

                                                                                                                                                                                                                  Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                  • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                                                                                      Portugal acompanhou a Espanha nesta recente alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do governo Contudo os reflexos na conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo foram significativos

                                                                                                                                                                                                                      Relativamente agrave questatildeo europeia o governo no seu programa coloca grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo europeu poreacutem no que diz respeito ao factor de identidade atlacircntica as orientaccedilotildees estabelecidas pelos documentos estruturantes mantiveram-se inalteradas

                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                      • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                        • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O Modelo Tradicional de Relacionamento

                                                                                                                                                                                                                          Alinhamento

                                                                                                                                                                                                                          Estrateacutegico

                                                                                                                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                                                                                                                          Valorizaccedilatildeo da Alianccedila

                                                                                                                                                                                                                          Com a Potencia Mariacutetima

                                                                                                                                                                                                                          Diferenciaccedilatildeo Estrateacutegica

                                                                                                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                          A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o objectivo de se diferenciar no contexto peninsular procurando a valorizaccedilatildeo estrateacutegica de forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a sua individualidade e independecircncia

                                                                                                                                                                                                                          A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas premissas fundamentais em primeiro lugar ndash na valorizaccedilatildeo permanente da alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante

                                                                                                                                                                                                                          Em segundo lugar ndash pela necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica relativamente agrave Espanha numa alianccedila diametralmente oposta

                                                                                                                                                                                                                          Contudo agrave que salientar que os momentos em que Portugal e a Espanha se situaram num alinhamento estrateacutegica coincidente Portugal viu-se relegado para uma posiccedilatildeo secundaacuteria em favor do nosso vizinho peninsular

                                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O ldquoNovo Paradigma Peninsularrdquo

                                                                                                                                                                                                                          () Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira

                                                                                                                                                                                                                          ldquoPassaacutemos de uma situaccedilatildeo de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsular ()rdquo

                                                                                                                                                                                                                          Dr Luiacutes Amado

                                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                          • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                            • A grande novidade revela-se na passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia para outra de convergecircncia Contudo a presenccedila na UE representou e ainda representa para Portugal um dos apoios externos que o Paiacutes tanto necessita Este conceito encontra-se associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o relacionamento com a Espanha deveraacute assentar na mediaccedilatildeo multilateral com Bruxelas algo que a conhecida expressatildeo ldquoChegar a Madrid via Bruxelasrdquo define muito bem

                                                                                                                                                                                                                              No entanto tambeacutem eacute possiacutevel a tomada de posiccedilotildees conjuntas e que da mesma forma jaacute por demais referimos neste caso caberaacute a oportuna expressatildeo de ldquoChegar a Bruxelas via Madridrdquo

                                                                                                                                                                                                                              O relacionamento transatlacircntico efectuado quer no acircmbito bilateral quer no acircmbito multilateral eacute um assunto que apesar dos diferentes graus de prioridade atribuiacutedos assumidamente preocupa os governantes de ambos os paiacuteses caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas

                                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                              QUESTAtildeO CENTRAL

                                                                                                                                                                                                                              Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                                                                                                                                                                                              Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                              • A resposta agrave questatildeo central
                                                                                                                                                                                                                                • Penso que conseguimos comprovar que apesar deste novo enquadramento das relaccedilotildees peninsulares eacute possiacutevel diferenciar a postura estrateacutegica de Portugal relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Contudo deveraacute a postura poliacutetico-estreateacutegica da Espanha determinar a Portugal a tomada de uma opccedilatildeo oposta Isto eacute implicaraacute uma opccedilatildeo tendencialmente atlacircntica ou europeia da Espanha a necessidade de Portugal se diferenciar optando por uma soluccedilatildeo oposta

                                                                                                                                                                                                                                  Em nossa opiniatildeo o enquadramento actual natildeo permite uma abordagem tatildeo directa Eacute um facto que Portugal deva explorar as oportunidades que uma ausecircncia espanhola em qualquer dos espaccedilos poderaacute permitir no entanto natildeo nos parece que a escolha de uma opccedilatildeo oposta agrave da Espanha seja uma soluccedilatildeo sensata

                                                                                                                                                                                                                                  Neste caso o risco de sub-representatividade surge de forma bem visiacutevel permitindo ao paiacutes vizinho ocupar o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago

                                                                                                                                                                                                                                  Designadamente na UE o risco de sub-representatividade estaria potenciado tanto pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal como pelo facto de poder vir a integrar um previsiacutevel directoacuterio europeu ficando Portugal agrave mercecirc da cada vez mais valorizada votaccedilatildeo por maioria qualificada Neste caso estariacuteamos perante uma situaccedilatildeo de subalternizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Natildeo deveratildeo ficar duacutevidas que as posiccedilotildees assumidas ocorrem por vontade proacutepria e resultando em prol do interesse nacional

                                                                                                                                                                                                                                  Procurando responder agrave questatildeo que determinou a orientaccedilatildeo do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser inequivocamente positiva Sendo vaacutelida para o anterior quadro de relacionamento como para esta nova realidade

                                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                  Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                                  • A resposta de Portugal
                                                                                                                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      Marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar as vantagens da lusoacutefonia

                                                                                                                                                                                                                                      Reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia da Espanha

                                                                                                                                                                                                                                      Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas

                                                                                                                                                                                                                                      Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      Perante todo este cenaacuterio qual deveraacute ser a melhor forma de Portugal fazer face a uma Espanha tatildeo ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

                                                                                                                                                                                                                                      Preconizaacutemos algumas respostas para esta questatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1 ndash Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido ndash De forma a defender firmemente o interesse nacional Afastando as tendecircncias de sub-representatividade ou subaltermnizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha caso contraacuterio Madrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo esbater-se-aacute

                                                                                                                                                                                                                                      2 ndash Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico Jaacute que permite a potenciaccedilatildeo geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica do acesso a recursos e fontes de rendimento e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica procurando obter a diversificaccedilatildeo d relacionamento

                                                                                                                                                                                                                                      3 ndash Potenciar as vantagens da lusoacutefonia ndash eacute uma questatildeo incontornaacutevel jaacute que eacute uma das marcas diferenciadoras de Portugal mais importantes para a qual a CPLP se torna um meio indispensaacutevel

                                                                                                                                                                                                                                      4 ndash No acircmbito do relacionamento bilateral reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia procurando alternativas externas agrave peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica

                                                                                                                                                                                                                                      5 ndash Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas ndash eacute uma necessidade que apenas foi percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios contudo eacute opiniatildeo generalizada dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute oferecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      6 ndash Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses a quem temos a obrigaccedilatildeo de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para que possam continuar Portugal

                                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      ldquoLa verdad es que cuando miro el mapa no entiendo por queacute Portugal no es Espantildeardquo

                                                                                                                                                                                                                                      Alonso Aznar

                                                                                                                                                                                                                                      Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade

                                                                                                                                                                                                                                      2001

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                                                                                                      Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      900

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo

                                                                                                                                                                                                                                      e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      6300

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      5200

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica

                                                                                                                                                                                                                                      200

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200

                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear

                                                                                                                                                                                                                                      1300

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1700

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-0xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico3

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      063
                                                                                                                                                                                                                                      016
                                                                                                                                                                                                                                      009
                                                                                                                                                                                                                                      008
                                                                                                                                                                                                                                      004

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-1xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico4

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      052
                                                                                                                                                                                                                                      017
                                                                                                                                                                                                                                      013
                                                                                                                                                                                                                                      012
                                                                                                                                                                                                                                      004
                                                                                                                                                                                                                                      002

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                  PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA
                                                                                                                                                                  Bancos FortalezadeCapital TamanhodeActivos SolidezRatioCapitalActivos RetornoSobre Activos RatioCustoCreacutedito
                                                                                                                                                                  (Milhotildees de doacutelares) () () ()
                                                                                                                                                                  Banco Comercial Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355
                                                                                                                                                                  Caixa Geral de Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569
                                                                                                                                                                  Banco Espiacuterito Santo 3271 54664 598 083 5061
                                                                                                                                                                  Bano Totta e Accedilores 1806 36403 496 11 4991
                                                                                                                                                                  Santander Central Hispano 21408 444012 482 117 631
                                                                                                                                                                  Banco Bilbao Vizcaya Argentaria 18176 362655 501 133 5677
                                                                                                                                                              BaciasHidrograacuteficas TerritoacuterioNacional
                                                                                                                                                              Douro 97600 km2 19
                                                                                                                                                              Guadiana 66800 km2 17
                                                                                                                                                              Lima 2480 km2 48
                                                                                                                                                              Minho 17080 km 2 5
                                                                                                                                                              Tejo 80600 km 2 31
                                                                                                                                                      PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003
                                                                                                                                                      Portugal
                                                                                                                                                      Exportaccedilotildees Importaccedilotildees
                                                                                                                                                      1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291
                                                                                                                                                      2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147
                                                                                                                                                      3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99
                                                                                                                                                      4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64
                                                                                                                                                      5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49
                                                                                                                                                  POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE
                                                                                                                                                  2003 () Total Agricultura Induacutestria Serviccedilos
                                                                                                                                                  UE 15 163758 38 265 645
                                                                                                                                                  Espanha 16666 56 308 636
                                                                                                                                                  Portugal 5118 128 328 544
                                                                                                                                              POPULACcedilAtildeO 2001
                                                                                                                                              PORTUGAL 10356117
                                                                                                                                              ESPANHA 40847371
                                                                                                                                              PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)
                                                                                                                                              Cenaacuterio Base 2010 2025 2040
                                                                                                                                              Portugal 106 104 98
                                                                                                                                              Espanha 457 501 527
                                                                                                                                  () Importaccedilotildees Exportaccedilotildees
                                                                                                                                  1942 365 195
                                                                                                                                  1944 454 351
                                                                                                                                  1946-1955 266 188
Page 4: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg iii

ABSTRACT

From the beginning of the 20th century until 1980rsquos the relations between Portugal and Spain

have been characterized by suspicion and divergence The political and strategic guide-lines of

Spain have always determined the opposite action from the portuguese nation thus assuring the

peninsular differences There were only a few situations in which both countries have taken the

same options but always with a notorious disadvantage to Portugal

By the end of the 20th century a new reality totally unknown so far has been imposed to both

countries The Project of a new Europe and joining the Atlantic Alliance have made the relations

between them become closer This new situation made both countries face the world and at the

same time share responsabilities and interests It is under these circumstances that we must find

out if the political and strategical options of Spain are influencing the portuguese strategy

This study has been based on the search of diverse literary books newspapers and magazines

articles websites as well as on interviews made to some personalities who have worked and

studied these subjects This investigation has been developed to get the answer to the main

question ldquowill the spanish political and strategical options influence the national strategy

under the actual international contextrdquo The answer obtained is afirmative what makes us

conclude this essay leaving some recommendations we consider relevant

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg iv

DEDICATOacuteRIA

Este trabalho eacute dedicado agrave Paula Alexandra a

minha mulher pela inesgotaacutevel paciecircncia

compreensatildeo e apoio que jamais questionou Ao

Rodrigo o meu filho pelo pouco tempo que lhe

pude dedicar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg v

AGRADECIMENTO

O autor deste trabalho expressa o seu reconhecimento a todos quantos contribuiacuteram para a sua

realizaccedilatildeo Destes cabe um especial agradecimento ao Major de Artilharia Dias Martins pela

total disponibilidade demonstrada e pelas oportunas recomendaccedilotildees efectuadas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vi

LISTA DE ABREVIATURAS

BBVA - Banco Bibao Vizcaya Argentaria

BSCH - Banco Santander Central Hispano

CEDA - Confederaccedilatildeo Espanhola dos Grupos Autoacutenomos de Direita

CEDN - Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

CEE - Comunidade Econoacutemica Europeia

CPLP - Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

DDN - Directiva de Defensa Nacional 12004

EDP - Electricidade de Portugal

EFTA - Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

Hab - Habitantes

JC Lisbon - Joint Command Lisbon

MIBEL - Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica

OCDE - Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OI - Organizaccedilatildeo Internacional

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OCS - Oacutergatildeos de Comunicaccedilatildeo Social

OSCE - Organizaccedilatildeo para a Seguranccedila e Cooperaccedilatildeo Europeia

OTAN - Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte

PESC - Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

PHNE - Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha

PIB - Produto Interno Bruto

ppc - Paridade de Poder de Compra

PP - Partido Popular

PS - Partido Socialista

PSD - Partido Social Democrata

PSOE - Partido Socialista Obrero Espantildeol

PT - Portugal Telecom

PTM - Paiacuteses Terceiros do Mediterracircneo

TCE - Tratado Constitucional Europeu

TEM - Telefoacutenica Moacuteviles

UE - Uniatildeo Europeia

UEM - Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

URSS - Uniatildeo das Repuacuteblicas Socialistas Sovieacuteticas

VAB - Valor Acrescentado Bruto

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vii

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 1

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS 4 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas 4

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento 4 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular 7 113 A supremacia internacional de Portugal9

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas10 13 A questatildeo econoacutemica 12

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES15 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico15 22 Portugal e Espanha em factos comparados 17

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila 18 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais19 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo 21 224 O mercado de trabalho 22 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo 22

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia 23 231 O sector energeacutetico24 232 A partilha de recursos hiacutedricos25 233 O sector bancaacuterio26 234 O sector das telecomunicaccedilotildees27

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL 29 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica29

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE29 312 O relacionamento econoacutemico32 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia34

32 A Alianccedila Atlacircntica36 33 Os espaccedilos regionais 41

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa41 332 O Mediterracircneo e o Magreb 42 333 A Ibero-Ameacuterica 43

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES45

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia 45 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa 47 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento52

431 O modelo tradicional de relacionamento 53 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo54

44 A resposta de Portugal57

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES 60

APEcircNDICES

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

INTRODUCcedilAtildeO

Ao abordar a questatildeo do relacionamento entre Portugal e Espanha vem-nos logo agrave ideia o

velho proveacuterbio portuguecircs no qual se refere que ldquode Espanha nem bom vento nem bom

casamentordquo De facto ao longo da jaacute velha histoacuteria nacional as relaccedilotildees entre as duas naccedilotildees

foram caracterizadas por inuacutemeros conflitos a maior parte deles traduzidos pela forccedila das armas

Poucos foram os momentos em que os dois paiacuteses natildeo estiveram de costas voltadas No entanto

eacute incontestaacutevel a ideia de que satildeo duas grandes naccedilotildees que procuraram ao longo da histoacuteria a

respectiva afirmaccedilatildeo tanto no seu espaccedilo regional como num mundo jaacute partilhado pelo Tratado

de Tordesilhas

A matriz de relacionamento entre os dois Estados peninsulares foi ateacute 1985 determinada pela

divergecircncia e desconfianccedila permanente Os traccedilos fundamentais dessa relaccedilatildeo assentavam na

permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico o

qual mantinha como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Contudo nos

momentos em que os paiacuteses se encontraram no mesmo quadro de alianccedilas a balanccedila pendeu

sempre em desfavor de Portugal Estas eram as alturas em que o Paiacutes voltava a procurar

separaccedilatildeo da Espanha apoiando-se numa alianccedila estrateacutegica oposta A ligaccedilatildeo extra-peninsular

permitiu a Portugal manter a sua individualidade e identidade constituindo-se tambeacutem como

suporte fundamental da sua soberania

Apoacutes a entrada de Portugal e da Espanha na Comunidade Econoacutemica Europeia (CEE) e na

Alianccedila Atlacircntica surgiu um novo paradigma de relacionamento A partilha de interesses nestes

espaccedilos determinou a impossibilidade de uma diferenciaccedilatildeo expliacutecita considerando a

necessidade de recurso a um alinhamento estrateacutegico diferenciado A partir daquele momento os

paiacuteses despertavam para uma realidade que lhes permitia a convivecircncia sem a necessidade de

recurso aos velhos receios de perca de soberania

Se ateacute entatildeo o relacionamento bilateral se resumia ao acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico apoacutes

aquele momento pocircde ser alargado a outras aacutereas como a econoacutemica a comercial e a cultural A

evoluccedilatildeo foi retratada pelo Professor Doutor Adriano Moreira que sobre o assunto referiu ldquoa

experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem

mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de

cooperaccedilatildeordquo1 expressatildeo que muito bem cabe ao caso peninsular

1 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nos dias de hoje Portugal e Espanha assumiram finalmente caminhos comuns Ambos fazem

parte das duas Organizaccedilotildees Internacionais (OI) provavelmente mais relevantes do planeta a

Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte (OTAN) e a Uniatildeo Europeia (UE) nelas querendo

fazer valer os seus interesses estrateacutegicos e procurando a sua afirmaccedilatildeo num mundo globalizado

no qual a sobrevivecircncia individualizada poderaacute ser posta em causa

Eacute pois neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico de toda a pertinecircncia avaliar em que medida os

dois Estados poderatildeo seguir um rumo comum assumindo as respectivas individualidades e

particularidades procurando contribuir para o desenvolvimento das OI onde se encontram

inseridos Ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular determinaratildeo a Portugal a

necessidade de assumir uma orientaccedilatildeo oposta mantendo assim a tendecircncia da histoacuteria

Em face da vastidatildeo do objecto delimitaacutemos o estudo desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute aos

nossos dias enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees poliacutetico-

estrateacutegicas tomadas no seio da UE e da Alianccedila Atlacircntica OI que determinam o actual

enquadramento geoeconoacutemico geopoliacutetico e geoestrateacutegico de ambos os Estados Contudo natildeo

deixamos de abordar outros aspectos do relacionamento bilateral confinados agrave realidade

peninsular mas que consideraacutemos ser um contributo necessaacuterio para a conclusatildeo do estudo

A metodologia empregue versou fundamentalmente na realizaccedilatildeo de uma pesquisa

bibliograacutefica na qual se incluiu a consulta de vaacuterias obras literaacuterias vaacuterios artigos publicados em

jornais e revistas de caraacutecter generalista mas tambeacutem da especialidade e ainda alguns siacutetios da

Internet A investigaccedilatildeo incluiu a realizaccedilatildeo de entrevistas a personalidades com estudos

realizados neste acircmbito Nestas incluem-se o General Loureiro dos Santos o Professor Doutor

Carlos Gaspar o Professor Doutor Medeiros Ferreira o Professor Doutor Antoacutenio Joseacute Telo o

Professor Doutor Nuno Severiano Teixeira e o Professor Doutor Adriano Moreira

Para o desenvolvimento do trabalho definimos a seguinte questatildeo central ldquoPoderatildeo as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual

ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo Desta extraiacutemos as

seguintes questotildees derivadas ldquoQual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica

da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo ldquoQual o impacto de uma

orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas

nacionaisrdquo por uacuteltimo ldquoSeraacute a orientaccedilatildeo estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar

Portugal no seio das OI onde se encontra inseridordquo

Das questotildees apresentadas extraiacutemos as seguintes hipoacuteteses ldquoDada a menor dimensatildeo de

Portugal as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionam as opccedilotildees estrateacutegicas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

nacionaisrdquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da

poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo por uacuteltimo ldquoUma

orientaccedilatildeo estrateacutegica comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio

das OI onde se encontra inseridordquo

O trabalho encontra-se organizado em quatro capiacutetulos No primeiro que surge apoacutes a

presente introduccedilatildeo pretendemos apresentar o enquadramento histoacuterico do relacionamento

peninsular Assim desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da UE e da

OTAN pretende-se mostrar como as orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha influenciaram

as orientaccedilotildees estrateacutegicas nacionais

No segundo capiacutetulo efectuamos um enquadramento geopoliacutetico e geoestrateacutegico dos dois

paiacuteses Neste pretendemos apresentar as duas realidades ibeacutericas recorrendo a alguns aspectos

comparativos como os sistemas poliacuteticos e a organizaccedilatildeo administrativa dados relativos agrave

populaccedilatildeo e agrave situaccedilatildeo macro-econoacutemica assim como aspectos que poderatildeo determinar a

existecircncia de factores de dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

O terceiro capiacutetulo versa sobre o momento de coabitaccedilatildeo internacional actualmente vivido

pelos dois Estados Inicialmente abordaacutemos a UE sobre a qual analisamos a integraccedilatildeo e a

participaccedilatildeo de ambos os paiacuteses no processo de construccedilatildeo europeu o relacionamento

econoacutemico e ainda a premente questatildeo da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila

Comum (PESC) Segue-se uma abordagem agrave participaccedilatildeo de Portugal e da Espanha na OTAN

terminando com uma pequena referecircncia agrave postura individual em espaccedilos regionais preferenciais

O capiacutetulo final para aleacutem de se constituir como um espaccedilo de anaacutelise nele pretendemos

incluir uma siacutentese conclusiva Aqui se confronta Portugal com as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da

Espanha Para tal iniciamos efectuando uma breve abordagem ao plano bilateral apoacutes o que

salientamos as grandes linhas da poliacutetica externa de ambos que nos permitem responder agraves

primeira e segunda questotildees derivadas Seguidamente procuramos expor os modelos de

relacionamento encontrados momento considerado oportuno para responder agrave terceira questatildeo

derivada e ainda agrave questatildeo central do trabalho Por uacuteltimo terminamos efectuando uma

abordagem ao que consideraacutemos ser a mais adequada resposta de Portugal

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS

A histoacuteria dos paiacuteses ibeacutericos cruza-se tanto quanto poderia determinar a realidade de uma

vizinhanccedila muitas vezes designada por fatalidade geograacutefica Os dois Estados tiveram uma

evoluccedilatildeo poliacutetica proacutepria (Apecircndices A e B) e orientada pelo decurso dos acontecimentos

internos que de tatildeo intensos determinaram a tomada de opccedilotildees tendentes a apoiar ou a

contrariar a orientaccedilatildeo do vizinho peninsular Neste acircmbito destaca-se a guerra civil espanhola

cujo desfecho os responsaacuteveis nacionais entenderam ser determinante para a manutenccedilatildeo da

estabilidade poliacutetica portuguesa A mesma postura foi adoptada para fazer face aos grandes

acontecimentos europeus dos quais se destacam dois conflitos mundiais e os consequentes

arranjos poliacutetico-estrateacutegicos que se lhes seguiram O parco relacionamento econoacutemico eacute outro

dos reflexos de uma vivecircncia bilateral que se revelou quase exiacutegua na eacutepoca a que se refere o

presente capiacutetulo No entanto a questatildeo econoacutemica iria sofrer uma significativa inversatildeo com o

decorrer dos acontecimentos

11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

No periacuteodo em anaacutelise Portugal e Espanha mantiveram-se tradicionalmente afastados

seguindo alinhamentos estrateacutegicos opostos que estiveram na base de um distanciamento das

relaccedilotildees bilaterais em grande parte do seacuteculo XX Os momentos em que o posicionamento

poliacutetico-estrateacutegico de ambos coincidiu apesar de muito raros caracterizaram-se pela

valorizaccedilatildeo da Espanha em detrimento de Portugal

O Pacto Peninsular foi no seacuteculo que haacute pouco terminou um dos momentos marcantes das

relaccedilotildees ibeacutericas A sua realizaccedilatildeo teve por base a necessidade de garantir a neutralidade na II

Guerra Mundial pelo que haveria que conseguir retirar a relevacircncia estrateacutegica do espaccedilo

peninsular O seacuteculo termina com ambos os paiacuteses a coabitarem os mesmos espaccedilos poliacutetico

econoacutemico e de defesa facto que determinou uma nova era nas relaccedilotildees bilaterais

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento

Portugal terminava o seacuteculo XIX em crise com o seu velho aliado inglecircs Em 1890 a

Inglaterra fazia ao nosso Paiacutes um ultimato que iria pocircr fim agraves aspiraccedilotildees nacionais de unir os

territoacuterios de Angola e de Moccedilambique do Atlacircntico ao Iacutendico O projecto representado pelo

Mapa Cor-de-rosa colidia no entanto com a ambiccedilatildeo britacircnica de estabelecer uma ligaccedilatildeo

contiacutenua do Cabo ao Cairo Atraveacutes do documento entregue ao Governo em 11 de Janeiro de

1890 a Inglaterra exigia a retirada imediata das forccedilas expedicionaacuterias portuguesas da regiatildeo do

Noroeste de Moccedilambique apesar deste territoacuterio ldquopertencer a Portugalrdquo (MATTOSO et al 1994

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

p 38) Como retaliaccedilatildeo ameaccedilava com o corte das relaccedilotildees diplomaacuteticas e com o emprego da

forccedila O facto fez desencadear um amplo movimento de protesto e foi encarado como uma

humilhante lanccedila no orgulho nacional O governo caiu mas respondeu afirmativamente aos

ingleses

Tinha-se desenvolvido um forte e generalizado ldquosentimento antibritacircnicordquo (FERREIRA

1989 p 18) que teve como consequecircncia o regresso agrave realidade peninsular Em face da posiccedilatildeo

britacircnica seu tradicional aliado Portugal voltava-se para a Espanha seu tradicional inimigo Do

lado espanhol as opiniotildees variaram desde uma cautelosa posiccedilatildeo monaacuterquica a um declarado

apoio republicano Os medos estavam vencidos os desentendimentos esquecidos e descobriam-

se afinidades de tal forma que ganhava alguma projecccedilatildeo o sentimento iberista portuguecircs que

para os mais radicais passava por uma federaccedilatildeo das repuacuteblicas ibeacutericas Para os demais o

relacionamento com a Espanha passava por uma alianccedila que consideravam indispensaacutevel para a

afirmaccedilatildeo internacional da Peniacutensula Ibeacuterica O Tratado assinado em Agosto de 1891 punha

fim agrave contenda com os britacircnicos contudo deixava claro a sua influecircncia no desenrolar das

opccedilotildees politico-estrateacutegicas nacionais

No iniacutecio do seacuteculo XX as pretensotildees alematildes no Norte de Aacutefrica designadamente sobre

Marrocos determinaram uma alteraccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica dos paiacuteses peninsulares As

possessotildees espanholas no continente africano motivam uma aproximaccedilatildeo de franceses e ingleses

agrave Espanha que culmina na assinatura de tratados com ambas as potecircncias Sobre Portugal os

britacircnicos passaram a consideraacute-lo de menor valor estrateacutegico em face das possibilidades

fornecidas pela posiccedilatildeo geograacutefica da Espanha que permitia o controlo sobre o Mediterracircneo

Ocidental e o Norte de Aacutefrica Ficava no entanto uma ressalva quanto agrave importacircncia das ilhas

atlacircnticas portuguesas que segundo Winston Churchill natildeo deveriam cair ldquonas matildeos de alguma

potecircncia hostil a Londresrdquo (FERREIRA 1989 p 24)

Portugal via-se secundarizado perante a entrada da Espanha nas tradicionais posiccedilotildees

estrateacutegicas nacionais O facto natildeo escapou agrave percepccedilatildeo dos responsaacuteveis portugueses que

procuraram outra acircncora externa que pudesse conferir ao Paiacutes a centralidade estrateacutegica que lhe

permitisse dispor de uma maior capacidade negocial O papel passava a ser desempenhado pela

Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas

accedilorianas e outras facilidades agrave navegaccedilatildeo Desta forma Portugal procurou defender a sua

individualidade diferenciando a sua alianccedila externa da do vizinho espanhol

Na I Guerra Mundial a neutralidade espanhola faria Portugal dispor de uma oportunidade de

ouro para obter a tatildeo indispensaacutevel diferenciaccedilatildeo peninsular e colocar o Paiacutes no seu alinhamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 6

tradicional ldquoUm dos motivos que decidiu a Repuacuteblica agrave participaccedilatildeo na guerra ao lado dos

aliados foi sem duacutevida a disputa da representatividade internacional da Peniacutensula Ibeacutericardquo

(FERREIRA 1992 p 49) Franco Nogueira ao designar uma ldquopreocupaccedilatildeo sincerardquo

(NOGUEIRA 2000a p239) pretendia referir-se agrave integridade territorial do ultramar apenas

assegurada com a presenccedila de Portugal na Conferecircncia de Paz e no futuro organismo

internacional que dela resultasse Assim sendo Portugal decidiu-se pela participaccedilatildeo cedendo a

base naval de Leixotildees aos franceses permitindo que fosse estabelecida uma base naval norte-

americana em Ponta Delgada e enviando um corpo expedicionaacuterio para o teatro de operaccedilotildees

europeu

Sobre as razotildees que teratildeo levado os ingleses a preferir a participaccedilatildeo portuguesa relativamente

agrave espanhola Medeiros Ferreira refere a existecircncia de um documento britacircnico2 do Foreign

Office datado de 1917 o qual refere as exigecircncias efectuadas pelo Estado espanhol como o

factor decisivo para a recusa Estas englobavam Tacircnger Gibraltar e ldquomatildeo livre em Portugalrdquo

Desta uacuteltima explica natildeo se tratar da anexaccedilatildeo mas de uma tentativa de ldquoamarraacute-lo por qualquer

tipo de tratado ou de alianccedila que assegurasse a presenccedila do domiacutenio espanhol nas deliberaccedilotildees

portuguesas (hellip)rdquo (FERREIRA 1989 p32)

Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a

notoriedade internacional pretendida Entrava na guerra ao lado dos aliados diferenciava-se da

neutralidade espanhola e obtinha o assento na Conferecircncia de Paz em Paris Contudo natildeo era

previsiacutevel o enorme reveacutes que se seguiu Discutia-se a fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildees

organizaccedilatildeo na qual Portugal se arrogava no direito de integrar ocupando um lugar compatiacutevel

com o de uma potecircncia beligerante A actividade diplomaacutetica nacional desenvolvia-se junto do

velho aliado na tentativa de assegurar a presenccedila no futuro Conselho Executivo

Ao mesmo tempo a Espanha acercava-se dos Estados Unidos da Ameacuterica (EUA) e do seu

presidente Woodrow Wilson ldquoprincipal decisor na fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildeesrdquo

(FERREIRA 1992 p51) sobre quem exerceu um apertado cerco diplomaacutetico tambeacutem

desenvolvido sobre a Franccedila e a Gratilde-Bretanha no sentido de vir a tornar-se Membro Permanente

do Conselho Executivo O resultado final desta intensa batalha diplomaacutetica foi em desfavor de

Portugal A Espanha eacute efectivamente convidada a fazer parte em representaccedilatildeo dos paiacuteses

neutrais embora como Membro Natildeo Permanente enquanto que Portugal se viu relegado para

uma posiccedilatildeo secundaacuteria

2 ldquoPotential Value of Spain as na Allyrdquo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 7

Ao ver-se afastada daquele organismo em favor da Espanha que natildeo tinha desenvolvido

qualquer esforccedilo de guerra a delegaccedilatildeo portuguesa manifestava-se fazendo sentir o seu

desagrado Franco Nogueira retratou desta forma o facto ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria

nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo

Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho

Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido

(hellip)rdquo (NOGUEIRA 2000b p67)

112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular

No periacuteodo que se seguiu agrave I Guerra Mundial as relaccedilotildees entre os dois Estados conheceram

distintos graus de intensidade Inicialmente o relacionamento poliacutetico foi problemaacutetico com

responsabilidades dirigidas a Afonso XIII e agrave sua apetecircncia para chegar ao domiacutenio ibeacuterico O rei

procurava ldquoum pretexto de intervenccedilatildeo em Portugal e tentava obter a complacecircncia da Inglaterra

para o efeitordquo (NOGUEIRA 2000a p 245) A fricccedilatildeo poliacutetica manteve-se ateacute 1926 quando

surge no poder um regime de ditadura militar com o qual o vizinho peninsular demonstrou

alguma simpatia tendo como consequecircncia ldquoum imediato incremento a partir de 1927rdquo

(FERREIRA 1989 p44)

A partir de 1931 iniciado jaacute em Portugal o periacuteodo do Estado Novo as relaccedilotildees ibeacutericas

regressaram a uma fase de maior tensatildeo Este facto para Medeiros Ferreira natildeo deveria ser

imputado agrave natureza diferente dos regimes mas sim ao apoio que os republicanos espanhoacuteis

prestavam aos democratas Portugueses Para Antoacutenio de Oliveira Salazar o triunfo da esquerda

em Espanha representava ldquoum duplo perigo o revolucionaacuterio e o iberistardquo (FERREIRA 1989

p47) pelo que preparava as Forccedilas Armadas para uma hipoteacutetica guerra com a Espanha

A guerra civil espanhola obrigou Portugal a exercer uma intensa actividade diplomaacutetica O

conflito que opunha nacionalistas e republicanos representava segundo o governo portuguecircs um

perigo substancial para a seguranccedila e a independecircncia do Paiacutes Os responsaacuteveis portugueses

procuravam sensibilizar ingleses franceses alematildees e italianos embora aos dois uacuteltimos apenas

tivesse recorrido pela ausecircncia de resposta dos primeiros bem como pela crescente influecircncia da

actividade sovieacutetica

Para o Governo portuguecircs a questatildeo era simples e directa ldquovitoacuteria do exeacutercito espanhol ou

implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo (NOGUEIRA 2000a p274) tornando-se Portugal

pela sua situaccedilatildeo geograacutefica no Paiacutes mais directamente ameaccedilado jaacute que os partidos

republicanos espanhoacuteis natildeo escondiam a sua apetecircncia pelo federalismo ibeacuterico Apesar da

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 8

cedecircncia agrave pressatildeo anglo-francesa de natildeo-intervenccedilatildeo que nos levaria agrave assinatura de um

compromisso3 Portugal apoiou os nacionalistas juntamente com a Alemanha e a Itaacutelia em

contraponto ao apoio sovieacutetico prestado ao governo de Madrid

Apoacutes a guerra civil ainda em 1939 Portugal e a Espanha assinam um Tratado de Natildeo-

Agressatildeo4 Para Portugal o acordo permitia travar as tendecircncias iberistas espanholas e no

conjunto peninsular mantinha os paiacuteses numa situaccedilatildeo de neutralidade relativamente ao conflito

generalizado que se avizinhava Para o efeito o nosso Paiacutes teria de permanecer afastado das

obrigaccedilotildees a que o Tratado luso-britacircnico obrigava assim como as posiccedilotildees da Alemanha e da

Itaacutelia natildeo deveriam arrastar a Espanha5 para uma posiccedilatildeo beligerante Seria a forma de eliminar a

possibilidade de entrada na guerra de ambos os paiacuteses sob influecircncia dos respectivos aliados

externos

A situaccedilatildeo de neutralidade da Peniacutensula Ibeacuterica deveria estar dependente do entendimento

entre a Alemanha e a Ruacutessia que num cenaacuterio de confronto com os aliados procurariam o

isolamento dos EUA Este facto implicava a formaccedilatildeo de uma ldquoesfera de influecircncia alematilde num

hemisfeacuterio orientalrdquo (GASPAR p168) que por um lado permitisse a ligaccedilatildeo da Europa agrave Aacutefrica

e por outro a ocupaccedilatildeo das ilhas atlacircnticas de forma a estabelecer uma fronteira com o

hemisfeacuterio de influecircncia americano O cenaacuterio segundo Carlos Gaspar exigiria ainda a

constituiccedilatildeo de um bloco continental formado pela Franccedila e pela Espanha ldquoassim como fechar o

Mediterracircneo para isolar a Gratilde-Bretanha e estabelecer nos estreitos uma ligaccedilatildeo segura com o

Norte de Aacutefricardquo (GASPAR p168)

A invasatildeo da Ruacutessia pela Alemanha e a tomada do Norte de Aacutefrica pelos aliados

proporcionou a ldquodesvalorizaccedilatildeo da posiccedilatildeo peninsularrdquo (GASPAR p169) permitindo manter a

Peniacutensula afastada dos confrontos Contudo a entrada na guerra da Espanha mantinha-se uma

incoacutegnita A ala intervencionista protagonizada por Serrano Suntildeer exercia forte influecircncia junto

de Franco levando-o a expor perante Hitler as condiccedilotildees para a participaccedilatildeo na guerra entre as

quais constavam a recuperaccedilatildeo de Gibraltar e vaacuterias concessotildees no Norte de Aacutefrica A Espanha

aderia a ldquoum pacto secreto com a Alemanha e a Itaacuteliardquo (GASPAR p179) no entanto nunca se

comprometendo com uma data para a participaccedilatildeo no conflito Portugal demarcava-se mais uma

3 Assinaram o tratado de natildeo-intervenccedilatildeo a Alemanha Aacuteustria Beacutelgica Bulgaacuteria Checoslovaacutequia Dinamarca Finlacircndia Franccedila Gratilde-Bretanha Hungria Irlanda Itaacutelia Jugoslaacutevia Noruega Paiacuteses Baixos Poloacutenia Portugal Repuacuteblicas Baacutelticas Romeacutenia Ruacutessia e Sueacutecia 4 Pacto Peninsular em Portugal Pacto Ibeacuterico em Espanha 5 Sobre o assunto interessa salientar que a neutralidade espanhola era de grande conveniecircncia para a Gratilde-bretanha visto que assim poderia proceder mais facilmente agrave defesa de Gibraltar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 9

vez da posiccedilatildeo espanhola e cedia os Accedilores aos aliados passando de uma ldquoneutralidade

geomeacutetrica a uma neutralidade activardquo (GASPAR p181)

113 A supremacia internacional de Portugal

O poacutes-guerra proporcionou ao mundo um novo quadro estrateacutegico no qual emergiam os EUA

e a Uniatildeo Sovieacutetica formando dois poacutelos antagoacutenicos onde cada qual procurava aglutinar as

alianccedilas que mais e melhores vantagens pudessem acrescentar agraves suas esferas de influecircncia e agraves

respectivas potencialidades estrateacutegicas Perante esta nova realidade haveria que encontrar

respostas raacutepidas para travar o avanccedilo de influecircncias indesejaacuteveis Iniciavam-se assim as

conversaccedilotildees para a implementaccedilatildeo de um Tratado do qual fariam parte os Paiacuteses do Pacto de

Bruxelas6 os EUA o Canadaacute e ainda a Noruega a Dinamarca a Islacircndia e Portugal

O convite endereccedilado a Portugal motivou uma reacccedilatildeo imediata do paiacutes vizinho que ao ver-

se excluiacutedo se apressou a condicionar a adesatildeo portuguesa agrave existecircncia do Pacto Peninsular

levando mesmo Franco a querer ldquoimpedir a entrada de Portugalrdquo (ANTUNES 2003 p30) A

questatildeo centrava-se no artigo que alude agrave defesa muacutetua em caso de agressatildeo facto que poderia

inviabilizar a possibilidade de colaboraccedilatildeo com a Espanha quando confrontado com o previsto

na redacccedilatildeo do Pacto Peninsular Apesar da pressatildeo espanhola Portugal reafirma a

compatibilidade dos dois Pactos assumindo-se como paiacutes fundador No entanto desencadeou

esforccedilos no sentido de que o vizinho peninsular pudesse tambeacutem integrar a Alianccedila agrave data da sua

formaccedilatildeo

A Espanha atravessava um periacuteodo de isolamento internacional decorrente das posiccedilotildees

assumidas no decurso da II Guerra Mundial bem como do autoritarismo do seu regime poliacutetico

Portugal vivia um periacuteodo de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica efectiva no contexto ibeacuterico e afirmava a

supremacia na representatividade peninsular constituindo-se como a uacutenica possibilidade de

ligaccedilatildeo da Espanha ao exterior

A partir de 1953 a Espanha assina com os EUA os conveacutenios sobre ajuda de defesa e ajuda

econoacutemica que iriam permitir a instalaccedilatildeo de bases militares no territoacuterio e o apoio financeiro

para a recuperaccedilatildeo econoacutemica do paiacutes7 Era o momento a partir do qual a Espanha punha um

ponto final no periacuteodo de isolamento internacional passando os dois paiacuteses a partilhar a mesma

alianccedila externa A adesatildeo agrave Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) eacute efectuada em simultacircneo

e definitivamente anula a dependecircncia que a Espanha tinha de Portugal para o relacionamento

externo Ao inveacutes Portugal entrava agora numa fase de marginalizaccedilatildeo internacional motivada 6 Beacutelgica Franccedila Gratilde-Bretanha Holanda e Luxemburgo 7 Sublinha-se o facto de que a Espanha tinha ficado excluiacuteda da ajuda financeira proporcionada pelo Plano Marchall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 10

pela questatildeo colonial contudo ambos os paiacuteses seriam afastados do processo de integraccedilatildeo

europeia

Em 1974 e 1975 Portugal e Espanha alteraram respectivamente a natureza dos seus regimes

poliacuteticos O processo nacional foi mais atribulado dado que decorreu da realizaccedilatildeo de um golpe

militar Em Espanha Franco preparou a sua sucessatildeo para que apoacutes a sua morte o rei Juan

Carlos I assumisse a Chefia do Estado transformando o regime de forma paciacutefica numa

monarquia parlamentar Em Portugal o processo revolucionaacuterio que se seguiu ao golpe militar

foi atentamente acompanhado pelo regime espanhol que com receio de contaminaccedilatildeo

fronteiriccedila ldquoos serviccedilos de informaccedilatildeo franquistas foram imediatamente em forccedila para Lisboa

(hellip) Franco tinha interesse especial em ver as imagens que lhe chegavam de Portugalrdquo8

(ANTUNES 2003 p31) Apoacutes a democratizaccedilatildeo dos sistemas poliacuteticos as relaccedilotildees entre os

dois Estados assumiram outras proporccedilotildees multiplicando-se as visitas oficiais As consequecircncias

ao niacutevel da inserccedilatildeo internacional estavam tambeacutem visiacuteveis e culminaram na aceitaccedilatildeo do pedido

de adesatildeo agrave CEE organizaccedilatildeo para a qual entraram em simultacircneo

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas

Tradicionalmente os paiacuteses da Peniacutensula Ibeacuterica adoptaram uma poliacutetica de alianccedilas

orientada sob os desiacutegnios da divergecircncia Portugal procurou sempre a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica

peninsular recorrendo a uma alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante no caso a Gratilde-

Bretanha As vantagens eram muacutetuas no entanto para Portugal tornara-se essencial para

assegurar a sua identidade e independecircncia assim como a manutenccedilatildeo do vasto impeacuterio colonial

A Espanha inicia o seacuteculo precisamente ao lado daqueles que tradicionalmente eram os

aliados dos portugueses sendo as questotildees africanas a motivar a aproximaccedilatildeo aos ingleses e

franceses Com a I Guerra Mundial o vizinho peninsular regressa agrave sua postura de neutralidade

em contraponto com a posiccedilatildeo portuguesa que se manteacutem ao lado do velho aliado procurando o

protagonismo internacional e um lugar entre as grandes naccedilotildees Contudo eacute a Espanha que

recorrendo aos EUA garante um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

Na guerra civil espanhola as facccedilotildees em confronto apercebem-se da importacircncia da cativaccedilatildeo

de apoio externo Enquanto os nacionalistas cativavam a atenccedilatildeo da Alemanha e da Itaacutelia o

governo republicano obtinha a simpatia da Ruacutessia que contribuiu com equipamento militar O

governo portuguecircs natildeo se quedou por uma atitude passiva com receio das consequecircncias de uma

vitoacuteria republicana perseguiu os seus interesses realizando uma intensa actividade diplomaacutetica

8 Referecircncia feita a declaraccedilotildees de Raul Morodo a Joseacute Freire Antunes em 1999

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 11

que lhe permitiu contornar o acordo de natildeo-intervenccedilatildeo patrocinado por ingleses e franceses e

prestar o apoio agraves forccedilas do Generaliacutessimo

Com o final do conflito interno espanhol surgia uma nova prioridade para os paiacuteses ibeacutericos

A necessidade de neutralidade perante a possibilidade de um novo conflito mundial determinou

o estabelecimento de uma nova poliacutetica de alianccedilas Referimo-nos ao Pacto Peninsular assinado

em 17 de Marccedilo de 1939 que Portugal encarou natildeo como substituiccedilatildeo do seu alinhamento

tradicional mas como uma adiccedilatildeo agrave alianccedila com a potecircncia mariacutetima existente jaacute que o

submeteu agrave apreciaccedilatildeo do aliado inglecircs

No regime espanhol existiam duas facccedilotildees uma personificada por Serrano Suntildeer ministro

da governaccedilatildeo era partidaacuteria do intervencionismo ao lado das forccedilas do eixo A outra liderada

por Juan Beigbeder ministro dos negoacutecios estrangeiros era mais moderada e consciente da

necessidade da eliminaccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica da Peniacutensula Ibeacuterica para a qual a

reafirmaccedilatildeo do Pacto Peninsular era imprescindiacutevel As acccedilotildees poliacutetico-diplomaacuteticas entre os

dois Estados levaram agrave assinatura de um protocolo adicional ao Pacto que garantia a natildeo-

intervenccedilatildeo inglesa em Portugal e mantinha a Espanha afastada da influecircncia alematilde

Apesar das conversaccedilotildees e pactos assinados o vizinho ibeacuterico mantinha as diligecircncias

intervencionistas junto da Alemanha que motivaram a participaccedilatildeo em 23 de Outubro na

cimeira de Hendaia e consequentemente a adesatildeo ao Pacto Tripartido Contudo natildeo se

comprometeria com uma data para entrar na guerra O decurso do conflito determinou a efectiva

neutralidade dos dois paiacuteses e a 13 de Fevereiro de 1942 na cimeira luso-espanhola de Sevilha

era reafirmado o Bloco Peninsular e o entendimento comum sobre a neutralidade da peniacutensula

Com o final da II Guerra Mundial a Espanha ficou isolada internacionalmente funcionando

Portugal como o interlocutor ibeacuterico A supremacia peninsular nacional ficou reflectida no

alinhamento internacional que se seguiu atraveacutes da adesatildeo em 1949 agrave OTAN O emergir

internacional de Portugal teve como consequecircncia a desvalorizaccedilatildeo da alianccedila ibeacuterica A

Espanha iniciava a normalizaccedilatildeo do seu relacionamento internacional ainda em 1949 assinando

com os EUA um acordo de cooperaccedilatildeo militar reafirmado em 1953 e em 1976 Sendo neste

uacuteltimo conseguido o acordo sobre a Zona de Interesse Comum9 Em 1982 o pedido de adesatildeo

da Espanha agrave OTAN colocava os dois paiacuteses ibeacutericos junto da potecircncia mariacutetima

O periacuteodo em anaacutelise foi caracterizado por momentos de alinhamento internacional

coincidente isto eacute ambos coabitando numa mesma alianccedila extra-ibeacuterica momentos de

alinhamento oposto e outros em que a alianccedila peninsular foi uma realidade Contudo os Pactos 9 A Zona de Interesse Comum engloba o espaccedilo mariacutetimo que une o Atlacircntico ao Mediterracircneo Ocidental englobando as ilhas Baleares Canaacuterias arquipeacutelago da Madeira ehellip Portugal continental

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 12

estabelecidos por cada um tiveram uma caracteriacutestica que deve ser salientada Enquanto

Portugal manteve o seu alinhamento tradicional atribuindo-lhe um caraacutecter estrutural a Espanha

fez flutuar a sua orientaccedilatildeo internacional de acordo com os interesses estrateacutegicos do momento

conferindo-lhes um caraacutecter conjuntural No entanto foi niacutetida a desvantagem nacional quando

verificados os periacuteodos de alinhamento coincidente nos quais a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de

Portugal foi uma evidencia

13 A questatildeo econoacutemica

No decorrer do seacuteculo XX o relacionamento econoacutemico entre os dois Estados ibeacutericos

conheceu duas fases distintas (ALVES 2001 p32) Na primeira ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 70 o

relacionamento entre ambos decorreu essencialmente no patamar poliacutetico A segunda fase a

partir da deacutecada de 70 e apoacutes o periacuteodo de transiccedilatildeo para um regime democraacutetico vivido pelos

dois paiacuteses quase em simultacircneo evoluiu progressivamente enquadrando para aleacutem do aspecto

poliacutetico entre outras a aacuterea econoacutemica e cultural

O relacionamento econoacutemico nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica poderia

justificar natildeo obstante alguns acordos terem sido assinados sobre esta mateacuteria (Apecircndice C) De

forma a ilustrar o niacutevel de relacionamento entre ambos vejam-se os dados relativos a 1942 as

importaccedilotildees portuguesas de Espanha representavam 365 do total (ALVES 2001 p45)

enquanto que as exportaccedilotildees se situavam nos 193 Em 1944 os mesmos valores atingiam uma

maior expressatildeo passando para 454 e 351 respectivamente para nos anos seguintes

diminuiacuterem progressivamente de importacircncia De salientar que os valores mais elevados entre

os anos de 1946 e 1955 relativos agraves mesmas trocas comerciais se situaram em 266 e 188

respectivamente (ALVES 2001 p45)

O periacuteodo de isolamento internacional espanhol terminou ainda em 1949 com a assinatura de

um acordo com os EUA permitindo-lhe aceder a um creacutedito para apoio agrave reconstruccedilatildeo do paiacutes e

ao relanccedilamento econoacutemico No mesmo ano com o objectivo de proceder agrave substituiccedilatildeo dos

acordos estabelecidos ateacute aquela data entre os dois vizinhos peninsulares Portugal assinou com a

Espanha um acordo10 econoacutemico que se limitava agrave indicaccedilatildeo de alguns produtos a incluir em

eventuais transacccedilotildees assim como a uma limitada cooperaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica (ALVES

2001 p34) Este contrariamente agrave vontade espanhola em nada contribuiu para desenvolver o

relacionamento econoacutemico e comercial entre os dois dado que Portugal receava a dependecircncia

econoacutemica da Espanha e a sua influecircncia nas coloacutenias

10 Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 13

As deacutecadas seguintes marcaram o iniacutecio da abertura econoacutemica da Espanha e de Portugal

assim como o afastamento do relacionamento bilateral Neste periacuteodo Portugal adere em 1948

como membro fundador agrave Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (OCDE)

em 1959 tambeacutem como membro fundador agrave Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre (EFTA)

ao Fundo Monetaacuterio Internacional e ao Banco Mundial A Espanha em 1953 assinava os

Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e Ajuda Econoacutemica com os Estados Unidos Adere

em 1958 agrave OCDE em 1962 inicia os primeiros contactos com vista agrave adesatildeo agrave CEE que

culminaram em 1970 com a assinatura de um acordo comercial entre ambos

A internacionalizaccedilatildeo das economias portuguesa e espanhola processou-se de forma diferente

(ALVES 2001 p34) Enquanto Portugal no quadro do relacionamento luso-britacircnico procurou

expandir a sua economia atraveacutes da EFTA que ao mesmo tempo lhe assegurava a manutenccedilatildeo

da sua poliacutetica colonial a Espanha procurou adquirir outros parceiros comerciais na Ameacuterica

Latina paiacuteses Aacuterabes do Proacuteximo e Extremo Oriente e na Europa de Leste Em 1960 eacute assinado

um novo acordo comercial entre os dois Estados ibeacutericos que incidia principalmente sobre

questotildees aduaneiras natildeo alterando em nenhum aspecto o acircmbito das relaccedilotildees comerciais da

eacutepoca

A reaproximaccedilatildeo entre os dois Estados eacute motivada pela assinatura dos acordos comerciais

com a CEE assim como pelo pedido formal efectuado em 1977 em simultacircneo para a adesatildeo

agraves Comunidades Europeias As negociaccedilotildees tiveram iniacutecio em Portugal no ano de 1978

enquanto que na Espanha desenvolveram-se a partir do ano seguinte Em 1980 a governaccedilatildeo

espanhola assinou com a EFTA um compromisso que deu origem ao Acordo de Comeacutercio

Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

A orientaccedilatildeo do comeacutercio externo portuguecircs no iniacutecio da deacutecada de 70 privilegiou os paiacuteses

europeus constituintes da CEE11 e da EFTA12 Os motivos centraram-se na assinatura do

Acordo13 de Comeacutercio Livre com a CEE e a Comunidade Europeia do Carvatildeo e do Accedilo bem

como na independecircncia dos territoacuterios ultramarinos (ALVES 2001 p39) A Espanha tinha nos

paiacuteses do centro da Europa os seus principais parceiros comerciais no entanto estes

representavam um peso menor do que no caso portuguecircs (ALVES 2001 p 42) dado que o

vizinho ibeacuterico tinha jaacute na deacutecada de 60 diversificado o seu relacionamento comercial externo

para regiotildees exteriores agrave Europa

11 Da qual faziam parte a Alemanha Franccedila Reino Unido Irlanda Dinamarca Itaacutelia Holanda Beacutelgica e Luxemburgo 12 Faziam parte desta organizaccedilatildeo em 1973 para aleacutem de Portugal a Sueacutecia Suiccedila Aacuteustria Noruega Finlacircndia e Islacircndia 13 Este facto determinava abertura da economia portuguesa agrave Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 14

Apoacutes a adesatildeo de Portugal e Espanha agraves Comunidades Europeias em 1985 o relacionamento

econoacutemico e comercial de ambos conheceu um incremento significativo tanto com os paiacuteses

Europeus como entre si A Espanha que no iniacutecio da deacutecada de 80 representava cerca de 5 do

comeacutercio externo nacional passou para cerca de 19 em 1995 (Anexo A) tornando-se o

principal parceiro comercial de Portugal No caso do paiacutes vizinho o fenoacutemeno ocorreu de forma

semelhante mas com uma dimensatildeo menor Em 1981 Portugal representava cerca de 1 do

comeacutercio externo espanhol passando a representar cerca de 5 em 1995 (Anexo B) O

relacionamento econoacutemico entre os paiacuteses ibeacutericos na actualidade efectua-se a um ritmo nunca

antes assinalado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 15

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES

Os Paiacuteses peninsulares natildeo se encontram confinados agrave sua aacuterea geograacutefica continental Em

ambos os casos a descontinuidade territorial determinada pela posse de regiotildees autoacutenomas

localizadas no Oceano Atlacircntico e no Mar Mediterracircneo permitem projectar os respectivos

espaccedilos de interesse para o interior dos referidos mares Sendo certo que a descontinuidade lhes

confere algumas vulnerabilidades especialmente a Portugal tendo em conta a sua menor

dimensatildeo geograacutefica permite definir tambeacutem vaacuterias potencialidades Destas poderemos desde jaacute

destacar o espaccedilo adicional com importantes reflexos geopoliacuteticos e geoeconoacutemicos uma

consideraacutevel profundidade estrateacutegica importante tanto para o espaccedilo peninsular como para o

europeu e a possibilidade de se constituiacuterem como importantes pontos de apoio agrave projecccedilatildeo de

poder de controlo do espaccedilo mariacutetimo e agraves rotas de navegaccedilatildeo

A histoacuteria tem vindo a reservar aos dois actores peninsulares papeacuteis distintos

consubstanciados num posicionamento poliacutetico-estrateacutegico diferenciado Na actualidade o facto

de ambos se encontrarem inseridos nos mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e

geoestrateacutegico materializados na UE e OTAN determina a necessidade de partilhar interesses e

objectivos O relacionamento entre os dois Estados tem vindo a ser aprofundado tanto por via da

globalizaccedilatildeo como na tentativa de resoluccedilatildeo de aspectos conflituais que se mantecircm e que

exigem a Portugal a adopccedilatildeo de uma postura firme na defesa dos seus interesses poliacuteticos

econoacutemicos ou na gestatildeo de recursos naturais comuns

21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico

Quis a histoacuteria que a Peniacutensula Ibeacuterica fosse constituiacuteda por dois Estados independentes

cabendo a Portugal um pequeno rectacircngulo situado na faixa ocidental do territoacuterio A realidade

geograacutefica (Apecircndice D) determinou-nos a convivecircncia com dois parceiros De um lado o Mar

que tem vindo a contribuir para a nossa riqueza modo de vida e valorizaccedilatildeo estrateacutegica e do

outro a Espanha parceiro e foco de preocupaccedilatildeo constante Neste enquadramento Portugal vecirc-

se dependente da Espanha para dar seguimento aos fluxos de relacionamento com destino ao

centro da Europa

Contudo natildeo cabe apenas agrave ldquofatalidade geograacuteficardquo (FIEL 2005 p7) determinar por si soacute a

realidade estrateacutegica dos paiacuteses ibeacutericos Neste contexto considerando tambeacutem as vertentes

fiacutesica poliacutetica econoacutemica e cultural ambos se encontram inseridos na realidade Europeia O

caminho foi escolhido ao decidirem participar num projecto de construccedilatildeo inicialmente em

1985 com a integraccedilatildeo numa Europa econoacutemica que gradualmente tem vindo a alargar o acircmbito

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 16

da partilha de interesses caminhando para os domiacutenios da poliacutetica externa e quem sabe ateacute para

uma poleacutemica integraccedilatildeo poliacutetica de cariz federal Em resumo procurando fugir ao consequente

isolamento que o ldquonatildeo estar presenterdquo poderia determinar a necessidade de captaccedilatildeo de apoios

econoacutemicos que garantissem a uniformizaccedilatildeo do desenvolvimento estrutural no seio da UE e

ainda o recente alargamento a Leste para aleacutem de um direito e um dever determinam que a

integraccedilatildeo europeia seja uma necessidade imperativa para os dois Estados

Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa mais uma vez os dois paiacuteses vivem uma

situaccedilatildeo de comunhatildeo de interesses integrando a OTAN14 e participando no desenvolvimento e

implementaccedilatildeo da PESC Neste acircmbito eacute de salientar o facto de que a adesatildeo agrave OTAN foi

efectuada em momentos distintos Enquanto Portugal adere em 1949 como membro fundador a

entrada da Espanha foi recusada vindo a integrar a organizaccedilatildeo apenas em 1982 A este facto

certamente natildeo foi alheia a importacircncia estrateacutegica conferida ao espaccedilo portuguecircs (Apecircndice E)

assim como as tomadas de posiccedilatildeo da Espanha do decurso da II Guerra Mundial que motivaram

um prolongado isolamento internacional

Apoacutes o final da guerra-fria a queda do muro de Berlim e o desmembrar de todo o bloco

socialista sovieacutetico surgiu um novo quadro internacional com uma tendecircncia de equiliacutebrio ainda

natildeo completamente definida do qual se destaca a posiccedilatildeo hegemoacutenica dos EUA Eacute neste

contexto que a OTAN tem procurado adequar o seu posicionamento e onde se pretende que a

PESC venha a desempenhar um importante papel de complementaridade

Os dois paiacuteses natildeo poderatildeo dissociar a sua acccedilatildeo estrateacutegica individual da preconizada pelas

organizaccedilotildees de que fazem parte Eacute desta forma que Portugal se enquadra no ambiente

estrateacutegico da actualidade garantindo a sua individualidade e disponibilizando a sua mais valia

estrateacutegica de forma a contribuir para o sucesso das organizaccedilotildees que integra A Espanha pelo

contraacuterio define a Europa como ldquoaacuterea de interesse prioritaacuteriordquo assumindo contudo a

compatibilidade desta opccedilatildeo com a manutenccedilatildeo de uma ldquorelaccedilatildeo transatlacircntica robusta e

equilibradardquo e uma presenccedila na OTAN respeitando os compromissos assumidos orientaccedilotildees

bem expressas pela Directiva de Defensa Nacional 12004 (DDN)

As caracteriacutesticas mediterracircnicas dos dois paiacuteses estatildeo de tal forma vincadas que permitem

ser salientadas como parte das respectivas matrizes de identidade Estas caracteriacutesticas tecircm maior

incidecircncia na Espanha por razotildees geograacuteficas dado que uma parte da sua costa eacute banhada por

aquele mar transformando-a numa regiatildeo de particular interesse para o Estado espanhol

14 Os 26 Paiacuteses integrantes da OTAN Beacutelgica Bulgaacuteria Canadaacute Repuacuteblica Checa Dinamarca Estados Unidos da Ameacuterica Estoacutenia Franccedila Alemanha Greacutecia Hungria Islacircndia Itaacutelia Letoacutenia Lituacircnia Luxemburgo Holanda Noruega Poloacutenia Portugal Romeacutenia Eslovaacutequia Esloveacutenia Espanha Turquia Reino Unido

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 17

Tambeacutem Portugal pelo seu posicionamento geograacutefico ldquojunto agraves portas do Mediterracircneordquo

(ALMEIDA 1990 p362) poderaacute reclamar para si uma boa parte destas caracteriacutesticas

Relativamente aos paiacuteses do Norte de Aacutefrica o facto de existirem significativos focos de

instabilidade a proximidade geograacutefica bem como a dependecircncia energeacutetica justificam a

inclusatildeo do Magreb no Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural (Anexo C) Se

duacutevidas houvesse quanto agrave importacircncia da regiatildeo mediterracircnica para o nosso Paiacutes seriam

dissipadas quando constatada a relevacircncia e a atenccedilatildeo conferida tanto pela OTAN como pela

UE sobre esta aacuterea do Globo Neste acircmbito Portugal encontra-se numa posiccedilatildeo de vantagem

podendo afirmar-se como um interlocutor privilegiado precisamente com os paiacuteses do

Mediterracircneo Ocidental com os quais ao contraacuterio da Espanha natildeo tem ressentimentos

coloniais nem qualquer contencioso territorial

Restam as questotildees de ldquoafinidades e interesses em aacutereas que transcendem o posicionamento

geograacuteficordquo (ALMEIDA 1990 p362) Portugal tem com os paiacuteses lusoacutefonos uma relaccedilatildeo

histoacuterica alicerccedilada num passado secular comum junto dos quais tratou de resolver os traumas

decorrentes da eacutepoca colonial Para aleacutem da possibilidade de difusatildeo da cultura e liacutengua comuns

estaacute tambeacutem um importante mercado para o onde os grupos econoacutemicos nacionais se poderatildeo

expandir bem como assumir um papel de destaque no relacionamento entre estes paiacuteses os EUA

e a UE Neste acircmbito a Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa (CPLP)15 poderaacute vir a

desempenhar um papel importante tanto na afirmaccedilatildeo da cultura e liacutengua nacional como do

proacuteprio Paiacutes Por sua vez a Espanha tem como aacuterea preferencial de relacionamento os paiacuteses

pertencentes agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees16 Com eles manteacutem um relacionamento

bilateral diverso que nalguns casos inclui a cooperaccedilatildeo militar

Fica assim expressa a matriz de identidade de cada Estado bem como as diferentes

possibilidades de orientaccedilatildeo politico-estrateacutegica A tatildeo propalada posiccedilatildeo perifeacuterica peninsular

tendo em conta a enquadrante europeia eacute assim contrariada quando considerada a enquadrante

de seguranccedila e defesa sob a eacutegide da OTAN que transporta a regiatildeo para uma posiccedilatildeo central

tendo em conta a distribuiccedilatildeo geograacutefica dos Estados que compotildeem esta Organizaccedilatildeo

22 Portugal e Espanha em factos comparados

Consideraacutemos de grande pertinecircncia efectuar uma anaacutelise comparativa das duas realidades

peninsulares Para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que de forma sinteacutetica mas

15 Fazem parte da CPLP Angola Brasil Cabo Verde Guineacute-Bissau Moccedilambique Portugal S Tomeacute e Priacutencipe e Timor-leste 16 Fazem parte da Comunidade Ibero Ameacuterica de Naccedilotildees Andorra Argentina Boliacutevia Brasil Colocircmbia Costa Rica Cuba Chile Equador Espanha Guatemala Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Paraguai Peru Portugal Repuacuteblica Dominicana Uruguai e Repuacuteblica Bolivariana de Venezuela

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 18

objectiva nos permitam visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados alguns aspectos

representativos da interacccedilatildeo bilateral e outros relativos a questotildees prementes que se encontram

em discussatildeo na actual agenda poliacutetica dos respectivos governos Destes poderemos destacar as

questotildees regionais e a indicaccedilatildeo de alguns factores que poderatildeo vir a determinar situaccedilotildees de

dependecircncia econoacutemica relativamente ao nosso vizinho da Peniacutensula Ibeacuterica

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila

Ambos os paiacuteses vivem sob sistemas poliacuteticos democraacuteticos pelos quais se bateram no

decurso do seacuteculo XX e onde o papel desempenhando pelos cidadatildeos representa um suporte

fundamental para a soberania Contudo estes sistemas poliacuteticos apresentam naturezas distintas

Em Portugal foi adoptado um sistema de cariz republicano na sua forma semi-presidencialista

no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica eleito por sufraacutegio universal directo e

secreto por mandatos de 5 anos Das suas competecircncias destaca-se o direito de veto17 e a

possibilidade de nos termos previstos pela constituiccedilatildeo dissolver a Assembleia da Repuacuteblica e

exonerar o Governo

A Assembleia da Repuacuteblica eacute o oacutergatildeo representativo ldquode todos os cidadatildeos portuguesesrdquo18

sendo os deputados que a compotildeem eleitos por mandatos de 4 anos utilizando um sistema de

representaccedilatildeo proporcional ao nuacutemero de cidadatildeos inscritos em cada ciacuterculo eleitoral O

Governo ldquoeacute o oacutergatildeo de conduccedilatildeo da poliacutetica geral do Paiacutesrdquo19 representa o poder executivo e eacute o

oacutergatildeo de administraccedilatildeo superior do Estado O poder judicial eacute exercido pelos tribunais que tecircm a

ldquocompetecircncia para administrar a justiccedila em nome do povordquo20

A Espanha adoptou uma monarquia parlamentar na qual a Coroa eacute transmitida de forma

hereditaacuteria e o Rei se assume como o Chefe de Estado21 Das suas competecircncias destaca-se o

facto de natildeo incluiacuterem o direito de veto nem tatildeo pouco a possibilidade de exoneraccedilatildeo do

Governo Estas competecircncias encontram-se atribuiacutedas no primeiro caso ao Senado enquanto

que a exoneraccedilatildeo do Governo decorre da aprovaccedilatildeo por maioria absoluta de uma Moccedilatildeo de

Censura22 de iniciativa do Congresso de Deputados A dissoluccedilatildeo23 do Congresso do Senado ou

17 Segundo o artigo 136ordm da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa o Presidente da Repuacuteblica poderaacute exercer o direito de veto com o intuito de solicitar nova apreciaccedilatildeo sobre qualquer decreto emanado pela Assembleia da Repuacuteblica do Governo ou sobre decisotildees do Tribunal Constitucional desde que este uacuteltimo natildeo emita um parecer de inconstitucionalidade Normalizam ainda a aplicaccedilatildeo do direito de veto os artigos 278ordm e 279ordm do mesmo documento 18 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 147ordm 19 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 182ordm 20 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 202ordm 21 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 56ordm 22 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 113ordm 23 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 115ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 19

ateacute das Cortes tem origem num decreto assinado pelo Rei mas decorre sempre de uma proposta

efectuada pelo Presidente do Governo apoacutes deliberaccedilatildeo do Conselho de Ministros

As Cortes oacutergatildeo representativo do povo espanhol satildeo constituiacutedas24 pelo Congresso de

Deputados e pelo Senado que assumem em conjunto o poder legislativo Entre outras

responsabilidades assumem o dever de controlar a acccedilatildeo do governo Os deputados do

Congresso satildeo eleitos por mandatos de 4 anos atraveacutes de um sufraacutegio universal livre directo e

secreto A eleiccedilatildeo eacute efectuada em cada circunscriccedilatildeo25 eleitoral obedecendo aos criteacuterios de

representatividade proporcional26 O Senado eacute cacircmara de representaccedilatildeo territorial27 sendo os

senadores eleitos28 de forma idecircntica aos deputados do Congresso por mandatos de 4 anos

O Governo a quem cabe exercer a funccedilatildeo executiva da governaccedilatildeo dirige a poliacutetica interna e

externa a administraccedilatildeo civil e militar e a defesa do Estado29 respondendo pela sua acccedilatildeo

governativa perante o Congresso30 O poder judicial31 emana do povo e eacute administrado em nome

do Rei por juiacutezes e magistrados independentes inamoviacuteveis responsaacuteveis e unicamente

submetidos ao imperativo da lei

222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais

Relativamente agrave organizaccedilatildeo administrativa Portugal encontra-se dividido em 18 distritos e

duas Regiotildees Autoacutenomas Na sua base o Paiacutes eacute composto por 308 municiacutepios que por sua vez

se subdividem em cerca de 4000 freguesias Apesar de Portugal se constituir como um Estado

unitaacuterio consagra a existecircncia de ldquovaacuterios niacuteveis de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa o

mais importante dos quais eacute o regime autonoacutemico insularrdquo (PINTO et al 2005 p180) Este

materializa-se na existecircncia nas regiotildees autoacutenomas de oacutergatildeos legislativos e de direcccedilatildeo poliacutetica

proacuteprios bem como de um estatuto poliacutetico-administrativo proacuteprio A Constituiccedilatildeo Portuguesa

consagra tambeacutem a autonomia das autarquias locais traduzida na existecircncia de entidades e

oacutergatildeos proacuteprios com atributos especiacuteficos cujos titulares satildeo eleitos pelo povo e ainda a

descentralizaccedilatildeo da administraccedilatildeo puacuteblica

24 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 66ordm 25 O nordm 2 do artigo 68ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que a circunscriccedilatildeo eleitoral eacute a proviacutencia Para a ocupaccedilatildeo dos lugares do Congresso seraacute definida uma representaccedilatildeo miacutenima inicial para cada circunscriccedilatildeo sendo os restantes lugares ocupados de acordo com o princiacutepio da proporcionalidade de populaccedilatildeo em cada circunscriccedilatildeo As cidades de Ceuta e Melilla teratildeo um representante por cada uma 26 Constitucion Espantildeola ndash nordm 3 artigo 68ordm 27 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 69ordm 28 O artigo 69ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que cada proviacutencia elegeraacute 4 senadores As comunidades autoacutenomas designaram 1 senador por cada milhatildeo de habitantes Ceuta e Melilla elegem 2 senadores por cada uma Nas proviacutencias insulares por cada ilha ou agrupamento de ilhas seraacute constituiacuteda uma circunscriccedilatildeo eleitoral que elegeraacute 3 senadores na Gran Canaacuteria Maiorca e Tenerife e 1 senador em Ibiza-Formentera Menorca Fuerteventura Gomera Hierro Lanzarote e La Palma 29 Constitucion Espantildeola ndash artigo 97ordm 30 Constitucion Espantildeola ndash artigo 108ordm 31 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 117ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 20

Tecircm sido comuns os discursos poliacuteticos que reclamam as reformas da administraccedilatildeo puacuteblica

de descentralizaccedilatildeo administrativa ou ateacute de regionalizaccedilatildeo Este assunto em breve ocuparaacute um

lugar de destaque na agenda poliacutetica portuguesa Sobre o tema considera-se a necessidade entre

outras questotildees de reequacionar a actual divisatildeo administrativa assim como a atribuiccedilatildeo de

novas competecircncias agraves eventuais regiotildees com o intuito de ldquoviabilizar a execuccedilatildeo de planos de

desenvolvimento regional integrados articulando investimentos e visando proporcionar um

protagonismo regional capaz de dinamizar as diferentes zonas do Paiacutes particularmente as do

interiorrdquo (OLIVEIRA et al 1996 p502)

A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas32 e duas cidades

agraves quais lhes foi tambeacutem atribuiacutedo um estatuto de autonomia designadamente as cidades de

Ceuta e Melilla A Galiza o Paiacutes Basco e a Catalunha a par do estatuto de autonomia gozam

igualmente da condiccedilatildeo de nacionalidade histoacuterica reconhecida pela constituiccedilatildeo Este estatuto

traduziu-se na obtenccedilatildeo de uma maior capacidade de decisatildeo e soberania relativamente agraves

restantes comunidades

As regiotildees possuem um parlamento proacuteprio um governo regional e um sistema de justiccedila que

conta com um Supremo Tribunal de Justiccedila de cada zona De salientar ainda o facto de o Paiacutes

Basco a Catalunha e Navarra contarem com um sistema policial proacuteprio O poder central reserva

para si entre outras o controlo das Forccedilas Armadas e de Seguranccedila as relaccedilotildees externas a

seguranccedila social os serviccedilos secretos jogos e apostas desportivas a emissatildeo de moeda o Banco

de Espanha os portos e aeroportos e os caminhos-de-ferro

Na actualidade este modelo parece ter atingido o seu limite e os sinais de tal facto reflectem-

se nas ldquoexigecircncias da maioria das regiotildees autoacutenomas algumas delas claramente soberanistasrdquo

(CALLE 2005 p68) Deste processo o Plano Ibarretxe apresentado em Dezembro de 2004

pelo presidente do governo do Paiacutes Basco Juan Joseacute Ibarretxe eacute claramente um exemplo O

plano apesar de derrotado no Congresso propunha um novo modelo de relacionamento com o

Estado e previa a realizaccedilatildeo de ldquoum plebiscito para tornar voluntaacuteria a adesatildeo ao Estado

espanholrdquo (MEIRELES 2005 p64)

Torna-se inevitaacutevel a necessidade de levar a cabo uma reforma constitucional No entanto as

exigecircncias (Apecircndice F) satisfeitas a qualquer das comunidades autoacutenomas seratildeo certamente

disputadas pelas restantes regiotildees (Anexo F) podendo os seus efeitos tornar-se numa verdadeira

bola de neve natildeo sendo descabido considerar o cenaacuterio da transformaccedilatildeo da Espanha num

Estado federal 32 Uma comunidade autoacutenoma eacute uma entidade territorial que no ordenamento constitucional do Estado espanhol eacute dotada de autonomia legislativa e competecircncias executivas bem como da faculdade de se administrar mediante representantes proacuteprios

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 21

223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo

O diferencial demograacutefico existente entre os dois paiacuteses eacute no momento cerca de 30 milhotildees

de habitantes (Anexo D) A populaccedilatildeo portuguesa atinge os 10356117 hab enquanto que em

Espanha os nuacutemeros ascendem aos 40847371 hab Apesar deste significativo diferencial a

densidade populacional nacional eacute superior atingindo os 113 habkm2 em oposiccedilatildeo aos 84

habkm2 verificados em Espanha (Anexo E) Tomando por referecircncia todo o espaccedilo peninsular

(Anexo F) poderemos concluir que as regiotildees de maior concentraccedilatildeo populacional se encontram

junto agrave costa atlacircntica e mediterracircnica exceptuando-se a regiatildeo de Madrid situada bem no centro

da peniacutensula

As tendecircncias de evoluccedilatildeo para um horizonte ateacute 2040 dizem-nos que enquanto em Portugal

se prevecirc uma diminuiccedilatildeo ateacute aos 98 milhotildees de habitantes em Espanha espera-se um

crescimento ateacute aos 52 milhotildees (Anexo G) Analisando as piracircmides etaacuterias de ambos os Estados

verificamos a existecircncia de uma quase sobreposiccedilatildeo encontrando-se a maior parte da populaccedilatildeo

compreendida entre os 24 e os 40 anos (Anexo H) Contudo se atendermos agrave relaccedilatildeo entre as

taxas de natalidade e mortalidade poderemos constatar que em Espanha ambas seguem a mesma

tendecircncia de crescimento enquanto que em Portugal tendem para a convergecircncia isto eacute

verifica-se uma diminuiccedilatildeo da taxa de natalidade e um aumento da taxa de mortalidade (Anexo

I)

Na aacuterea da educaccedilatildeo deveraacute salientar-se a taxa de abandono escolar que apesar de se

encontrar em franca queda foi em 2003 no nosso Paiacutes claramente superior agrave verificada na

Espanha (Anexo J) Outro dado curioso diz respeito ao nuacutemero de mulheres que frequentam o

ensino superior no nosso Paiacutes (Anexo K) Este representa um adicional de 10 relativamente ao

valor atingido no vizinho espanhol Apesar dos fracos resultados obtidos nos exames de acesso

ao ensino superior os gastos na educaccedilatildeo representam em Portugal cerca de 6 do PIB

enquanto que na Espanha os valores representam apenas 44 (Anexo L)

Sobre a questatildeo da utilizaccedilatildeo de novas tecnologias nomeadamente a percentagem de

alojamentos com computador Portugal enquadra-se entre os 18 e os 30 com excepccedilatildeo da

regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo que se situa entre os 30 e os 35 Pelo contraacuterio a Espanha

enquadra a maior parte do seu territoacuterio em valores acima dos 30 atingindo mesmo o intervalo

entre os 35 e os 50 em regiotildees como Madrid Catalunha Paiacutes Basco Navarra e Aragatildeo

assim como em todas as regiotildees insulares incluindo Ceuta e Melilla (Anexo M)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 22

224 O mercado de trabalho

Considerando a distribuiccedilatildeo da populaccedilatildeo empregada por sector de actividade (Anexo N)

verifica-se que 636 da populaccedilatildeo espanhola activa se encontra empregada no sector dos

serviccedilos 308 na induacutestria e apenas 56 na agricultura Em Portugal 544 da populaccedilatildeo

activa estaacute empregada no sector dos serviccedilos 328 na induacutestria e 128 na agricultura Eacute no

miacutenimo estranho que um Paiacutes com menor superfiacutecie para cultivo tenha em termos

proporcionais mais do dobro da populaccedilatildeo empregada no sector agriacutecola

Importa salientar que actualmente as economias de ambos os paiacuteses se encontram cada vez

mais baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos Em Portugal (Anexo O) este sector

contribui com 67 do Valor Acrescentado Bruto (VAB) enquanto que o sector da induacutestria

construccedilatildeo e energia contribui com 29 e a agricultura com apenas 4 A Espanha (Anexo P)

apresenta proporcionalmente um quadro semelhante com o sector dos serviccedilos a contribuir com

6030 do PIB o sector da Industria construccedilatildeo e energia com 2663 do PIB e a agricultura

com apenas 299 do PIB

Relativamente agrave taxa de actividade feminina (Anexo Q) verifica-se que eacute favoraacutevel a Portugal

situando-se entre os 45 e os 55 valor apenas igualado nas regiotildees espanholas de Madrid da

Catalunha e do Paiacutes Basco Na maioria das restantes regiotildees da Espanha o valor situa-se entre os

30 e os 40 A vantagem portuguesa natildeo poderaacute ser dissociada tanto da necessidade de uma

maior contribuiccedilatildeo para o orccedilamento familiar como do facto da taxa de desemprego em Portugal

assumir um valor significativamente inferior agrave espanhola Enquanto que o nosso Paiacutes manteacutem

este indicador em 61 o espanhol atinge os 111 (Anexo R)

Relativamente agraves horas semanais efectivamente trabalhadas elas equivalem-se nos dois paiacuteses

situando-se nas 38 horas Contudo analisando os dias natildeo trabalhados devido a greves (Anexo

S) por cada mil empregados constata-se em Portugal uma constacircncia nos 29 dias enquanto que

na Espanha se verifica alguma irregularidade identificando-se os periacuteodos de maior contestaccedilatildeo

social que em 2000 atingiu os cerca de 300 dias Em 2002 o mesmo iacutendice mantinha-se 30 dias

acima do valor verificado em Portugal

225 As contas nacionais e o comeacutercio externo

Iniciaremos a anaacutelise abordando a taxa de crescimento anual do PIB a preccedilos constantes

(Anexo T) e de imediato se constata que ambos os paiacuteses apresentam tendecircncias opostas

Portugal apresenta a partir do ano 2000 um acentuado decreacutescimo decaindo dos cerca de 35

obtidos naquele ano ateacute aos cerca de -12 obtido em 2003 A Espanha iniciava em 2000 um

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 23

periacuteodo de decreacutescimo desde os cerca de 4 ateacute aos 2 de 2002 ano a partir do qual inicia a

tendecircncia de subida ateacute aos cerca de 24 em 2003

Relativamente ao PIB per capita a preccedilos correntes (Anexo U) a diferenccedila de valores entre os

dois paiacuteses eacute substancial contudo entre os anos de 1998 e 2002 verificou-se uma tendecircncia

semelhante de crescimento dos valores meacutedios deste iacutendice Dos 9900 euro obtidos em 1998

Portugal conseguiu atingir os 12500 euro em 2002 O vizinho peninsular nos mesmos anos passou

dos 13300 euro para os 17200 euro Neste paiacutes verificam-se valores mais elevados em Madrid

Catalunha Paiacutes Basco Navarra La Rioja Aragatildeo e as Ilhas Baleares os quais se situam entre os

17000 euro e os 23000 euro Em Portugal apenas se destaca a regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo onde se

obteacutem valores compreendidos entre os 14000 euro e os 17000 euro (Anexo V)

A Espanha eacute hoje em dia o principal parceiro comercial de Portugal ocupando a posiccedilatildeo

cimeira (Anexo W) As importaccedilotildees representam 291 enquanto que as exportaccedilotildees ascendem

aos 227 Relativamente agraves importaccedilotildees espanholas (Anexo X) o nosso Paiacutes ocupa a seacutetima

posiccedilatildeo com 32 surgindo em quinto lugar com 93 quando referidas as exportaccedilotildees

Relativamente agraves trocas comerciais com os restantes paiacuteses da UE (Anexo Y) constata-se uma

maior dependecircncia de Portugal representando em 2003 79 das exportaccedilotildees nacionais contra

os 71 espanhoacuteis e 77 das importaccedilotildees contra os 66 espanhoacuteis

Os principais produtos comercializados (Anexo Z) na direcccedilatildeo do paiacutes vizinho satildeo os veiacuteculos

automoacuteveis e os respectivos componentes com 134 seguindo-se o vestuaacuterio e acessoacuterios com

112 o equipamento eleacutectrico com 56 o ferro e o accedilo com 46 os produtos metaacutelicos

fabricados com 40 e os manufacturados de minerais natildeo metaacutelicos com 38 As exportaccedilotildees

da Espanha para o nosso Paiacutes revelam em primeiro lugar os veiacuteculos automoacuteveis e

componentes com 119 seguindo-se os artigos manufacturados diversos com 55 o vestuaacuterio

e acessoacuterios com 49 os equipamentos eleacutectricos com 45 papel e cartatildeo com 39 e as

maacutequinas de processamento de dados com 37

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia

Assentando as economias dos paiacuteses ibeacutericos fundamentalmente no sector dos serviccedilos

consideramos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de

actividade que constituem a estrutura base do sector Assim iremos analisar de forma breve o

sector energeacutetico sobre o qual tem estado na ordem do dia o impasse da implementaccedilatildeo do

Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica (MIBEL) a partilha de recursos hiacutedricos tema sempre

actual e directamente relacionado agrave produccedilatildeo de energia o sector bancaacuterio que tem representado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 24

a principal aacuterea de investimento espanhol no nosso Paiacutes e finalmente o sector das

telecomunicaccedilotildees que representa uma das aacutereas de partilha de investimento externo de maior

significado no acircmbito peninsular

231 O sector energeacutetico

O facto de Portugal e a Espanha natildeo serem auto-suficientes em termos energeacuteticos origina que

ambos dependam de fontes externas para alimentarem as suas necessidades tanto para os fins

domeacutesticos como para a sustentaccedilatildeo do seu tecido econoacutemico O consumo de energia primaacuteria

(Anexo AA) revela-nos que o petroacuteleo e os seus derivados ocupam o lugar cimeiro nas

necessidades dos dois paiacuteses representando 63 em Portugal e 52 na Espanha No nosso Paiacutes

seguem-se o carvatildeo com 16 outras energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 8 e a

energia hiacutedrica com 4 Na Espanha a ordem dos factores eacute semelhante surgindo na segunda

posiccedilatildeo o carvatildeo com 17 a energia nuclear com 13 o gaacutes natural com 12 outras energias

renovaacuteveis com 4 e finalmente a energia hiacutedrica com 2

No consumo final (Anexo AB) o petroacuteleo e os seus derivados representam 68 em Portugal

e 63 na Espanha Seguem-se relativamente a Portugal o sector eleacutectrico com 18 as outras

energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 4 e o carvatildeo com 2 Para a Espanha a

segunda posiccedilatildeo eacute ocupada pelo sector eleacutectrico com 18 seguindo-se o gaacutes natural com 14

as outras energias renovaacuteveis com 4 e finalmente o carvatildeo com 1

Para o sector estaacute prevista a implementaccedilatildeo de um acordo assinado entre os governos dos

dois paiacuteses no sentido da criaccedilatildeo do MIBEL Inicialmente previsto para 01 de Janeiro de 2003 o

projecto tem conhecido sucessivos adiamentos a que natildeo seraacute alheia a sensibilidade suscitada

pela questatildeo energeacutetica Eacute notoacuteria a dependecircncia de ambos os paiacuteses de recursos energeacuteticos

externos No entanto a Espanha apresenta no que diz respeito agrave produccedilatildeo maior diversidade de

recursos dado que ao contraacuterio de Portugal recorreu agrave produccedilatildeo nuclear

No que diz respeito agrave liberalizaccedilatildeo do sector a Espanha deteacutem um avanccedilo significativo

relativamente a Portugal Enquanto que o paiacutes vizinho dispotildee de vaacuterias empresas produtoras e

distribuidoras de energia com significativa importacircncia em Portugal apenas a Electricidade de

Portugal (EDP) se apresenta como a uacutenica com permissatildeo para operar no mercado Em face da

sua dimensatildeo as empresas espanholas poderatildeo intervir no mercado portuguecircs assumindo o

controlo tanto ao niacutevel de produccedilatildeo como na distribuiccedilatildeo A Iberdrola ldquoeacute o maior accionista

privado da EDPrdquo (MARTINS 2005b p15) e ldquoeacute jaacute o segundo maior investidor estrangeiro em

Portugalrdquo (MARTINS 2005b p15) No entanto desde Julho de 2004 que a empresa portuguesa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 25

assumiu o controlo pleno da espanhola Hidrocantaacutebrico que tambeacutem opera no mercado de gaacutes

natural

A questatildeo energeacutetica apresenta-se como uma das mais sensiacuteveis no relacionamento entre os

dois paiacuteses A situaccedilatildeo geograacutefica de Portugal impotildee que a maior parte das importaccedilotildees de

energia se efectuem atraveacutes do territoacuterio espanhol nomeadamente no que diz respeito agrave

importaccedilatildeo de gaacutes natural via gasoduto (Anexo AC) Esta fonte de energia primaacuteria atinge o

territoacuterio nacional atraveacutes da rede ibeacuterica de gasodutos que por sua vez chega agrave peniacutensula pelo

Estreito de Gibraltar utilizando a rede euro-magrebina com proveniencia na Argeacutelia Neste

quadro a possibilidade de recorrer ao Gaacutes Natural Liquefeito utilizando o porto de Sines poderaacute

minimizar o factor de dependecircncia exposto

232 A partilha de recursos hiacutedricos

A importacircncia atribuiacuteda agrave questatildeo dos recursos hiacutedricos decorre do facto de cinco dos

principais rios que percorrem o territoacuterio nacional terem a sua nascente no paiacutes vizinho

Referimo-nos aos rios Minho Lima Douro Tejo e Guadiana Para uma correcta avaliaccedilatildeo da

questatildeo hiacutedrica torna-se essencial conhecer as dimensotildees das respectivas bacias hidrograacuteficas

(SANTOS 2002) Relativamente ao rio Minho ela estende-se por 17080 km2 o rio Lima atinge

os 2480 km2 o Douro os 97600 km2 o Tejo 80600 km2 e o Guadiana os 66 800 km2 Das aacutereas

mencionadas percorrem territoacuterio nacional 5 48 19 31 e 17 respectivamente Os

recursos hiacutedricos superficiais gerados nas bacias hidrograacuteficas referidas representam cerca de

62900 hm3 o que corresponde a 45 do total dos recursos hiacutedricos de superfiacutecie gerados na

Peniacutensula Ibeacuterica isto eacute 140800 hm3 (SANTOS 2002)

Por outro lado a fronteira que separa os dois paiacuteses tem cerca de 1200 km de extensatildeo e 23

eacute estabelecida por rios O territoacuterio continental eacute assim constituiacutedo em mais de dois terccedilos por

bacias hidrograacuteficas cujos rios nascem do outro lado da fronteira Para gerir esta questatildeo

Portugal e a Espanha tecircm ao longo do tempo assinado vaacuterios conveacutenios nos quais ficaram

definidas regras como limites fronteiriccedilos o aproveitamento hidroeleacutectrico do rio Douro ou o

aproveitamento hidraacuteulico dos troccedilos internacionais dos rios Minho Lima Tejo Guadiana

Chanccedila e seus afluentes

O Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha surgiu no iniacutecio da deacutecada de 90 e foi apresentado

pelo executivo espanhol como sendo um instrumento fundamental para definir os objectivos da

poliacutetica de recursos hiacutedricos e os meios para os alcanccedilar A preocupaccedilatildeo surge quando nele se

refere a necessidade de efectuar transvazes dos rios Douro Tejo e Guadiana consideradas bacias

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 26

com capacidade excedentaacuteria para aacutereas geograacuteficas onde se verificassem situaccedilotildees de deacutefice

hiacutedrico Sendo a bacia do rio Douro considerada como a segunda de maior excedente de aacutegua a

ela caberia fornecer as bacias dos rios Tejo e Ebro num total ateacute 2012 que poderia atingir os

900 hm3 de aacutegua Contudo conjugando os transvazes com o aumento dos consumos de aacutegua a

diminuiccedilatildeo da afluecircncia agravequela bacia poderia atingir os 1600 hm3 Neste plano a bacia do rio

Tejo haveria de funcionar como charneira para a transferecircncia de aacutegua entre as regiotildees Norte e

Sul recebendo cerca de 1050 hm3 provenientes do Ebro e do Norte-Douro cedendo cerca de 900

hm3 distribuiacutedos pelas bacias do Segura Guadalquivir e do Guadiana

Os especialistas nacionais foram unacircnimes na criacutetica efectuada ao programa dizendo que

quaisquer que fossem as reduccedilotildees nos caudais dos rios internacionais teriam resultados

significativamente negativos podendo mesmo vir a afectar o equiliacutebrio hiacutedrico nacional Em

resultado de pressotildees internas e externas o documento foi abandonado e em 2001 o governo

espanhol apresentou um novo Plano Hidroloacutegico mais modesto nas ambiccedilotildees que prevecirc a

realizaccedilatildeo de transvazes apenas em rios natildeo internacionais

O posicionamento geograacutefico dos paiacuteses determina a desvantagem portuguesa tornando-o

dependente das acccedilotildees levadas a cabo no vizinho espanhol A necessidade de acompanhar as

tomadas de posiccedilatildeo espanholas sobre a questatildeo eacute permanente obrigando os responsaacuteveis

portugueses a desencadear um apurado relacionamento poliacutetico diplomaacutetico bem como um

adequado acompanhamento teacutecnico tendente a defender os interesses nacionais que poderatildeo estar

em causa

233 O sector bancaacuterio

A banca eacute uma das aacutereas mais importantes de investimento espanhol no nosso Paiacutes Vaacuterios

grupos espanhoacuteis do sector adquiriram importantes participaccedilotildees em destacados grupos

bancaacuterios portugueses como eacute o caso do Banco Santander Central Hispano (BSCH) que adquiriu

o Banco Totta e Accedilores o Creacutedito Predial Portuguecircs o Banco Santander Portugal e o Banco

Santander de Negoacutecios Pelo facto de o Banco Totta e Accedilores ser o quarto maior grupo nacional

(Anexo AD) em termos de activos e o terceiro relativamente aos grupos privados com uma cota

de mercado com cerca de 11 permitiu tornar o BSCH no maior da Peniacutensula Ibeacuterica

O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) o segundo maior banco espanhol deteacutem uma

cota no mercado portuguecircs que natildeo ultrapassa o 1 concentrando-se fundamentalmente no

segmento de mercado meacutedio e alto O Banco Sabadell de Barcelona participa num acordo de

participaccedilatildeo cruzada com o Banco Comercial Portuguecircs deteacutem cerca de 31 deste uacuteltimo que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 27

por sua vez deteacutem cerca de 3 do Sabadell podendo cada um aumentar a sua participaccedilatildeo ateacute

aos 20

Relativamente agrave participaccedilatildeo portuguesa em Espanha deveremos destacar a Caixa Geral de

Depoacutesitos o maior banco nacional ainda sob controlo estatal que eacute a instituiccedilatildeo bancaacuteria com

maior investimento em Espanha A sua intervenccedilatildeo naquele mercado iniciou-se em 1991 com a

aquisiccedilatildeo do Banco Extremadura o Banco Luso-espanhol e em 1995 o Banco Simeoacuten A

presenccedila da banca portuguesa em Espanha alarga-se tambeacutem a grupos privados destacando-se

o Banco Espiacuterito Santo que ldquose instalou com uma pequena rede de sucursais e adquiriu duas das

casas espanholas de bolsa a Benito y Monjardiacuten e a GES Capitalrdquo (CHISLETT 2004)

Eacute um facto que no sector da banca os espanhoacuteis se encontram em franca expansatildeo tendo

abandonando definitivamente o mercado domeacutestico (ALVES 2001 p158) O alvo preferencial eacute

o mercado portuguecircs que pela sua menor dimensatildeo natildeo tem no momento argumentos

financeiros que lhe permitam competir da mesma forma no mercado vizinho A absorccedilatildeo das

instituiccedilotildees bancaacuterias portuguesas por grupos espanhoacuteis deveraacute constituir uma preocupaccedilatildeo seacuteria

para os responsaacuteveis governativos portugueses dado que o desniacutevel eacute tatildeo expressivo que poderaacute

criar-se uma situaccedilatildeo de dependecircncia da banca portuguesa relativamente agrave espanhola

234 O sector das telecomunicaccedilotildees

A Portugal Telecom (PT) e a Telefoacutenica Moacuteviles (TEM) satildeo as duas empresas liacutederes do

ramo das telecomunicaccedilotildees nos respectivos paiacuteses Ambas mantecircm um acordo de participaccedilatildeo

cruzada ao abrigo do qual a empresa espanhola deteacutem 8 da portuguesa e a PT cerca de 1 da

TEM Para aleacutem deste acordo as empresas tecircm desenvolvido uma alianccedila estrateacutegica para o

Norte de Africa e Ameacuterica Latina Neste uacuteltimo continente designadamente no Brasil estas

empresas criaram a Vivo a marca comercial da Brasilcel que se tornou na maior operadora de

telefones moacuteveis natildeo soacute no Brasil mas em toda a Ameacuterica Latina Esta empresa conquistou uma

cota de mercado que ronda os 56 o que representa cerca de 23 milhotildees e meio de clientes

O Brasil eacute o uacutenico paiacutes da Ameacuterica Latina onde opera a PT no entanto a TEM eacute liacuteder de

mercado na Argentina Chile e Peru ocupando o segundo lugar no Meacutexico Esta uacuteltima empresa

reforccedilou a sua participaccedilatildeo noutros paiacuteses da regiatildeo adquirindo em Maio de 2004 a Bellsouth

operaccedilatildeo que lhe garantiu um adicional de 116 milhotildees de clientes transformando-a no quarto

maior operador de telefones moacuteveis do mundo Ambas as empresas investiram em finais de

2004 cerca de 425 milhotildees de euros de forma a aumentar a participaccedilatildeo em mais quatro

empresas brasileiras do sector a Telesudeste a Teleleste Celular a CTR Celular e a Tele Centro

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 28

Celular Em Marrocos o outro local do globo onde a parceria estrateacutegica das duas empresas

desenvolve as suas actividades adquiriram a operadora de telefones moacuteveis GSM Medi

Telecom conhecida tradicionalmente por Meacuteditel conferindo-lhes uma cota de mercado de

cerca de 43

Este eacute outro dos sectores pelo qual o Governo portuguecircs tem manifestado uma particular

atenccedilatildeo apesar de natildeo atingir niacuteveis de conflitualidade comparaacuteveis aos do sector dos recursos

hiacutedricos O facto ficou demonstrado na recente poleacutemica desencadeada entre as duas empresas e

que teve como origem a limitaccedilatildeo imposta agrave TEM em ultrapassar o limite de 1033 no capital da

PT O Estado portuguecircs accionista da PT ldquonatildeo achou por bem que a Telefoacutenica ultrapassasse o

patamar dos 10rdquo34 orientaccedilatildeo transmitida ao conselho de accionistas que acolheu a decisatildeo

evitando o confronto com o governo A TEM reagiu com dureza agrave decisatildeo fazendo questatildeo de

manifestar o seu desacordo atraveacutes de uma carta enviada ao conselho de accionistas onde

ameaccedilava ldquorecorrer aos meios necessaacuterios para salvaguardar os seus direitosrdquo (MARTINS

2005a) O diferendo aparentemente encontra-se solucionado e para isso deveraacute ter contribuiacutedo o

acordo na escolha do CEO da Vivo assim como do ldquoChairmanrdquo agora ambos brasileiros

33 A aquisiccedilatildeo do capital na PT teria por base o programa de compra de acccedilotildees proacuteprias da empresa Contudo os estatutos da PT determinam que nenhum accionista que exerccedila a mesma actividade que a operadora de telecomunicaccedilotildees pode ter na sua posse mais de 10 do capital salvo se autorizado pela Assembleia-geral 34 Entrevista de Miguel Horta e Costa CEO da PT ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 29

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL

O relacionamento entre Portugal e Espanha estava assente num modelo caracterizado pela

desconfianccedila e afastamento muacutetuo sentimentos justificados pelas posturas conflituais histoacutericas

que determinaram a necessidade de Portugal recorrer a uma alianccedila externa diferenciada da

desenvolvida pela Espanha como suporte da identidade e independecircncia nacionais A adesatildeo aos

espaccedilos comuns poliacutetico econoacutemico e de defesa determinaram a implementaccedilatildeo de um novo

figurino de relacionamento

A partir daquele momento os paiacuteses peninsulares deixaram de abraccedilar alianccedilas opostas

partilhando objectivos meios e dificuldades para os atingir O presente capiacutetulo aborda a questatildeo

da coabitaccedilatildeo de Portugal e da Espanha em espaccedilos comuns representados pela UE e Alianccedila

Atlacircntica assim como a ligaccedilatildeo aos espaccedilos regionais com os quais desenvolveram laccedilos

histoacutericos seculares e nos quais mantecircm interesses partilhados

31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica

A integraccedilatildeo na CEE representou para as populaccedilotildees de ambos os paiacuteses a possibilidade de

aspirarem agraves condiccedilotildees de vida existentes nos Estados mais evoluiacutedos da Europa O caminho

europeu foi entatildeo assumido por uma unanimidade sem precedentes nomeadamente na Espanha

onde todas as forccedilas poliacuteticas subscreveram os desiacutegnios da adesatildeo A inserccedilatildeo no projecto

europeu permitiu para aleacutem de alteraccedilotildees estruturais com o objectivo da convergecircncia com a

Europa mais desenvolvida o incremento do relacionamento econoacutemico e comercial nunca antes

atingido Hoje em dia o projecto de construccedilatildeo da UE envolve outros aspectos da vida dos

Estados prevendo-se a necessidade de se efectivarem cada vez mais transferecircncias de poderes

para as instituiccedilotildees europeias que determinam o surgimento de outros interesses na relaccedilatildeo de

poderes entre os Estados-membros

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE

Apoacutes os processos de democratizaccedilatildeo dos dois Estados impunha-se a Portugal muito mais do

que agrave Espanha para aleacutem da questatildeo do desenvolvimento econoacutemico a necessidade de redefinir

novas prioridades de relacionamento externo Para os dois paiacuteses o processo de adesatildeo e a

consequente integraccedilatildeo na CEE significava no plano interno a ldquoirreversibilidade do processo

democraacuteticordquo (SEABRA 1995 p7) assim como a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e

social que seguiriam a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental No plano externo abriam-se

novas oportunidades que punham fim ao isolamento internacional de ambos e os aproximaria

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 30

dos ldquocentros de decisatildeo europeusrdquo (SOUSA 2005a p8) assim como incrementava a

possibilidade de desenvolvimento de novas oportunidades de relacionamento bilateral

O ldquoduplo significado interno e externordquo (SEABRA 1995 p15) da integraccedilatildeo europeia

encontra-se espelhado nos objectivos referidos pelo Ministro das Financcedilas do Governo de

Portugal agrave data do processo negocial Ernacircni Lopes definidos para o meacutedio e longo prazo ldquoum

novo e outro o de semprerdquo (SOUSA 2005a p5) O ldquonovordquo referindo-se ao processo de

desenvolvimento econoacutemico e social o qual partia da premissa de que a economia portuguesa

necessitaria de um estiacutemulo exterior que a obrigasse a desencadear as mudanccedilas estruturais

necessaacuterias Para a consecuccedilatildeo deste objectivo estavam delineados os ldquocenaacuterios das trecircs linhasrdquo

(SOUSA 2005a p4) que determinavam trecircs possibilidades de colocaccedilatildeo da linha de separaccedilatildeo

entre o centro e a periferia da economia mundial O primeiro era o ldquocenaacuterio Pirineacuteusrdquo que

colocava a Peniacutensula Ibeacuterica na periferia subdesenvolvida o segundo o ldquocenaacuterio Vilar

Formosordquo considerado desastroso para Portugal que determinava uma Espanha integrada e

Portugal na zona perifeacuterica por uacuteltimo o ldquocenaacuterio Gibraltarrdquo que colocava a linha divisoacuteria em

Gibraltar inserindo os dois paiacuteses peninsulares na Europa Comunitaacuteria Com o ldquoobjectivo de

semprerdquo pretendia aludir agrave necessidade histoacuterica de assegurar a individualidade e a

sobrevivecircncia de Portugal neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico Daiacute a afirmaccedilatildeo de que a

nossa relaccedilatildeo com a Espanha tem de passar por Bruxelas

Relativamente agrave opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo europeia espanhola Portugal procurou

individualizar o seu processo negocial Por um lado tentou apresentar o pedido de adesatildeo antes

da Espanha e por outro deixava claro a existecircncia de duas realidades distintas Era sua intenccedilatildeo

evitar que fosse analisado o conjunto dada a forte convicccedilatildeo portuguesa de que havendo a

hipoacutetese de ldquoum bloqueio ao alargamento ele seria suscitado por causa da Espanhardquo (PEREIRA

2005 p9) pelas questotildees agriacutecolas Contudo os europeus pretendiam uma adesatildeo em

simultacircneo mesmo que como veio a ocorrer Portugal visse o seu processo de adesatildeo resolvido

antes do Espanhol Os alematildees eram os principais defensores da tese de entrada simultacircnea

evitando-se deste modo uma ldquohumilhaccedilatildeo desnecessaacuteriardquo (SOUSA 2005b p11) ao paiacutes

excluiacutedo Por outro lado para os europeus era importante manter o equiliacutebrio poliacutetico e

econoacutemico na Peniacutensula Ibeacuterica considerando que seria muito afectado no caso de se verificar a

adesatildeo de apenas um dos Estados

Concretizada a adesatildeo em simultacircneo a 1 de Janeiro de 1986 Portugal e a Espanha

mantiveram posicionamentos estruturalmente divergentes As opccedilotildees espanholas

frequentemente associadas agraves francesas e alematildes de reforccedilo da supranacionalidade e aceitaccedilatildeo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 31

de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e de convicccedilatildeo da

necessidade de implementaccedilatildeo de uma maior coordenaccedilatildeo e integraccedilatildeo da poliacutetica externa

europeia justificavam a oposiccedilatildeo de Portugal contrariando a necessidade de aprofundamento da

integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas

pela OTAN

Lanccedilada a temaacutetica da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria (UEM) e do aprofundamento da uniatildeo

poliacutetica no iniacutecio da deacutecada de 1990 a Espanha defenderia nas Conferecircncias

Intergovernamentais respectivas para aleacutem das posiccedilotildees jaacute referidas o reforccedilo dos poderes do

Parlamento Europeu e o princiacutepio de votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC Por outro lado

apoia o projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica e a coesatildeo econoacutemica e social assuntos sobre os

quais Portugal manifestava a sua total concordacircncia Contudo prevaleciam as diferenccedilas quando

abordadas as restantes questotildees nomeadamente quanto agrave votaccedilatildeo por maioria qualificada na

PESC onde entendia que a cada Estado deveria corresponder um voto

Na cimeira de Maastrich Portugal via concretizados os seus ldquoobjectivos centraisrdquo (SEABRA

1995 p23) vendo consagrado no Tratado a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia Tendo a

Espanha como protagonista os dois Estados desenvolvem nesta fase uma acccedilatildeo concertada para

a consecuccedilatildeo de objectivos comuns como a aprovaccedilatildeo do Fundo de Coesatildeo e do Pacote Delors

II No entanto no periacuteodo que se seguiu agrave sua assinatura a posiccedilatildeo espanhola iria divergir

novamente Estabelecera como objectivo prioritaacuterio colocar-se junto dos quatro grandes paiacuteses

europeus35 incentivando a diferenciaccedilatildeo entre paiacuteses grandes e pequenos na expectativa de vir a

reforccedilar os seus poderes objectivo a que Portugal e outros se opuseram com sucesso

O Tratado de Nice tendo em vista os futuros alargamentos introduziu algumas alteraccedilotildees ao

funcionamento da UE designadamente procedendo agrave reorganizaccedilatildeo das trecircs instituiccedilotildees

principais No Conselho Europeu (Apecircndice G) a principal instituiccedilatildeo decisoacuteria da Uniatildeo na

qual o nuacutemero de votos de que dispotildee cada paiacutes eacute ponderado em funccedilatildeo da dimensatildeo relativa da

sua populaccedilatildeo a Espanha aspirava colocar-se a par dos ldquoquatro grandesrdquo No entanto apesar de

ter visto crescer o nuacutemero de votos o resultado final natildeo lhe permitiu cumprir o objectivo a que

se propusera Na Comissatildeo Europeia as alteraccedilotildees centraram-se na atribuiccedilatildeo de um comissaacuterio

por Estado-membro enquanto que no Parlamento Europeu (Apecircndice H) agrave excepccedilatildeo da

Alemanha todos os paiacuteses viram diminuiacutedos a representaccedilatildeo de deputados

Mais uma vez se sublinha o desempenho diferenciado dos dois paiacuteses no processo de

construccedilatildeo europeia A Espanha manteve sempre um papel activo na edificaccedilatildeo da Europa

35 Alemanha Franccedila Gratilde-Bretanha e Itaacutelia

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 32

poliacutetica favoraacutevel ao reforccedilo da supranacionalidade agrave federalizaccedilatildeo europeia e agrave criaccedilatildeo de um

pilar de defesa autoacutenomo Jaacute Portugal manteve uma atitude cautelosa procurando uma evoluccedilatildeo

poliacutetica gradual defendendo a manutenccedilatildeo da sua posiccedilatildeo relativa nas instituiccedilotildees negando-se a

aceitar uma Europa a diferentes velocidades e apoiando o pilar europeu da OTAN No entanto

existiram periacuteodos em que os dois assumiram posiccedilotildees conjuntas de forma a atingirem objectivos

comuns Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social da obtenccedilatildeo dos diversos fundos financeiros e

da implementaccedilatildeo da moeda uacutenica

A actual crise vivida no seio da UE relativamente agrave validaccedilatildeo do texto do Tratado

Constitucional Europeu (TCE) documento jaacute aprovado pela Espanha em referendo poderaacute ser a

confirmaccedilatildeo da necessidade de manter algumas precauccedilotildees sobre as ambiccedilotildees de

aprofundamento poliacutetico na UE Contudo os responsaacuteveis portugueses tecircm mantido um discurso

favoraacutevel agrave evoluccedilatildeo preconizada e coincidente com a posiccedilatildeo espanhola Entendemos que ainda

natildeo estatildeo verdadeiramente dimensionadas as repercussotildees do ldquonatildeordquo francecircs e holandecircs na

evoluccedilatildeo da UE Portugal manteacutem uma posiccedilatildeo cautelosa consciente de que novas negaccedilotildees ao

texto do Tratado poderatildeo ter consequecircncias dramaacuteticas para o processo de construccedilatildeo europeu

312 O relacionamento econoacutemico

A adesatildeo agrave CEE conferiu agraves relaccedilotildees econoacutemicas e comerciais entre os dois vizinhos

peninsulares uma dinacircmica nunca antes conseguida Se ateacute aqui o relacionamento se quedava no

acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico era agora a vez da aacuterea econoacutemica conhecer um significativo

impulso Os reflexos econoacutemicos da integraccedilatildeo europeia fizeram-se sentir tanto no incremento

das trocas comerciais e no investimento bilateral como no crescimento e amadurecimento das

economias dos dois Estados

Analisando o desenvolvimento econoacutemico verifica-se uma significativa evoluccedilatildeo no sentido

da aproximaccedilatildeo agraves economias mais evoluiacutedas da Europa O rendimento per capita em Espanha

passou de um valor de aproximadamente 74 da meacutedia europeia em 1985 para 88 em 2004

enquanto que em Portugal o mesmo iacutendice passou no mesmo periacuteodo de 56 para cerca de

68 (Anexo AE) Entre 1994 e 2004 a Espanha atingia um crescimento econoacutemico anual meacutedio

de 3 do PIB enquanto que Portugal no mesmo periacuteodo se ficava pelos 23 (CHISLETT

2004)

O cenaacuterio macro econoacutemico nacional natildeo se apresentou nos uacuteltimos anos muito favoraacutevel

Para tal contribuiu o facto de natildeo ter sido cumprido o Pacto de Estabilidade e Crescimento

(PEC) em 2001 tendo-se atingido os 44 do PIB contra o equilibrado deacutefice espanhol Apesar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 33

de nos anos de 2002 e 2003 ter sido cumprido o limite de 3 imposto pela UE com 27 e

28 respectivamente os mesmos foram conseguidos com recurso a receitas extraordinaacuterias

designadamente a alienaccedilatildeo de patrimoacutenio No corrente ano tudo aponta para que o mesmo

limite seja novamente ultrapassado Contudo o Governo portuguecircs anunciou jaacute que natildeo iria

recorrer a medidas extraordinaacuterias para o controle do deacutefice Em contraponto deveremos

salientar o anuacutencio efectuado em 25 de Agosto uacuteltimo pelo Governo espanhol no qual deu conta

da eliminaccedilatildeo do deacutefice orccedilamental em 2006 ldquoprevendo jaacute um excedente orccedilamental de 02 do

PIBrdquo36

O investimento directo de Espanha em Portugal (Anexo AF) tem-se vindo a efectuar nos

mais diversos sectores de actividade nomeadamente no financeiro construccedilatildeo civil

supermercados e grandes armazeacutens serviccedilos combustiacuteveis turismo etc Estes valores

alcanccedilaram entre 1993 e 2003 a meacutedia anual de 1111 milhotildees de euros enquanto que os

investimentos directos meacutedios anuais de Portugal em Espanha referentes ao mesmo periacuteodo se

ficaram pelos 362 milhotildees de euros A aquisiccedilatildeo de grandes empresas nacionais por empresas

espanholas permite a abertura aos mercados exteriores onde aquelas jaacute se encontram fortemente

implantadas como eacute o caso do Brasil China e tambeacutem Angola e outros paiacuteses africanos

lusoacutefonos

No sector da construccedilatildeo operam no mercado nacional as principais empresas espanholas

como a Sacyr Vallehermoso detentora da Somague a Ferrovial a Dragados ou a FCC bem

como outras de menor dimensatildeo Os principais investimentos nacionais nesta aacuterea em territoacuterio

espanhol satildeo efectuados pela Cimpor a grande cimenteira nacional O sector dos combustiacuteveis eacute

tambeacutem amplamente explorado por empresas espanholas A Cepsa a primeira empresa a

instalar-se hoje em dia conta com mais de 150 estaccedilotildees de serviccedilo permitindo-lhe controlar uma

cota de mercado de aproximadamente 8 A Repsol que depois de ter adquirido em Julho de

2004 as 303 estaccedilotildees de serviccedilo da Shell portuguesa quadruplicou a sua cota de mercado

passando de 5 para os 19 Ainda assim em Portugal a Galp lidera com uma cota de mercado

de 45 atingindo os 5 de implantaccedilatildeo no paiacutes vizinho

Na aacuterea do vestuaacuterio a Espanha dispotildee de importantes empresas competindo em Portugal O

grupo Inditex o Cortefiel e o Corte Inglecircs satildeo as maiores do sector Relativamente ao primeiro

satildeo cerca de 200 lojas Entre outras destacam-se a Pull amp Bear Zara Massimo Dutti e

Stradivarius que representam um quarto das lojas que este importante grupo deteacutem fora da

Espanha O sector alimentar eacute tambeacutem uma aacuterea chave onde os espanhoacuteis apostam na expansatildeo

36 Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 34

internacional Satildeo os nossos principais fornecedores de carne peixe produtos laacutecteos frutas e

verduras salientando-se a forte implantaccedilatildeo da Pescanova ou Panrico

No acircmbito do relacionamento bilateral entendemos destacar o que se verifica entre a regiatildeo da

Galiza e o Norte de Portugal Estas satildeo as regiotildees dos dois paiacuteses que tecircm desenvolvido um

relacionamento de maior proximidade (CHISLETT 2004) Para tal tem contribuiacutedo o facto de

que como comunidade autoacutenoma a Galiza dispotildee de alguma liberdade para tratar determinadas

questotildees directamente com o governo Portuguecircs Nesta dinacircmica os principais actores tecircm sido

o sector privado Galego e o sector empresarial localizado na aacuterea metropolitana do Porto

Contudo a balanccedila tende mais uma vez claramente para o lado Espanhol Este relacionamento

tem sido incentivado pela poliacutetica regional da UE que atraveacutes da transferecircncia de verbas de

fundos especiacuteficos37 a aplicar em regiotildees cujo PIB per capita eacute 75 da meacutedia europeia

desenvolve projectos para promover a cooperaccedilatildeo transfronteiriccedila como eacute o caso do INTERREG

(Apecircndice I)

O actual niacutevel de relacionamento comercial e econoacutemico tende a crescer designadamente em

sectores que poderatildeo ser considerados estrateacutegicos para ambos os paiacuteses A exemplo o mercado

ibeacuterico de energia eleacutectrica e o idealizado projecto comum de gaacutes natural ou ainda o projecto

comum de ligaccedilatildeo ferroviaacuteria de alta velocidade que possibilitaraacute uma ligaccedilatildeo raacutepida entre as

mais importantes regiotildees portuguesas e espanholas Enfim o maior potencial econoacutemico do

nosso vizinho peninsular tem permitido agraves suas empresas uma faacutecil expansatildeo internacional na

qual o mercado portuguecircs tem desempenhado pela sua proximidade geograacutefica um papel de

iniciador O ldquoavanccedilo espanholrdquo a ldquoarmada espanholardquo ou a ldquoinvasatildeo espanholardquo satildeo designaccedilotildees

empregues pelos OCS nacionais para retratar a dinacircmica econoacutemica imposta pela Espanha no

mercado nacional

313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia

O actual enquadramento estrateacutegico mundial a par do alargamento progressivo do espaccedilo

europeu levou a UE a considerar a possibilidade de desenvolvimento de uma PESC Apesar do

gradual desenvolvimento do processo poliacutetico e do reforccedilo da supranacionalidade as questotildees de

poliacutetica externa e de seguranccedila e defesa satildeo assuntos sobre os quais os Estados-membros da UE

mantecircm um controlo independente Neste caso a Comissatildeo Europeia e o Parlamento Europeu

desempenham ainda um papel de pouca relevacircncia tendo em conta que as acccedilotildees desenvolvidas

neste acircmbito deveratildeo ser decididas por concertaccedilatildeo intergovernamental

37 FEDER

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 35

Para conferir capacidade interventora no acircmbito da seguranccedila e defesa o Conselho Europeu

de Helsiacutenquia em 1999 delineou um Headline Goal que previa ateacute 2003 estar em condiccedilotildees de

colocar no terreno num prazo de 60 dias uma Forccedila militar com cerca de 60000 efectivos com

apoio naval e aeacutereo a qual designou de Forccedila de Reacccedilatildeo Raacutepida Para a coordenaccedilatildeo da Forccedila

a UE passava a contar38 com o Comiteacute Poliacutetico e de Seguranccedila o Comiteacute Militar da Uniatildeo

Europeia e o Estado-Maior da Uniatildeo Europeia colocados sob a autoridade do Conselho

Europeu

Com a elaboraccedilatildeo do ldquodocumento Solanardquo foram definidas ldquoas cinco ameaccedilas mais

importantesrdquo (CHARLES 2005 p70) agrave seguranccedila europeia o terrorismo a proliferaccedilatildeo de

armas de destruiccedilatildeo maciccedila os conflitos regionais os Estados falhados e o crime organizado

Em face desta tipologia de ameaccedilas foi constatada a necessidade de conferir maior flexibilidade

e prontidatildeo agrave Forccedila Europeia pelo que por uma iniciativa franco-britacircnica procedeu-se agrave

revisatildeo dos objectivos definidos pela Headline Goal surgindo o actual conceito de Battle

Groups Trata-se de agrupamentos taacutecticos formados por cerca de 1500 efectivos dotados de

capacidade de projecccedilatildeo com possibilidades de sustentaccedilatildeo entre 30 a 120 dias

A Espanha espera poder operar duas destas unidades taacutecticas ateacute 2007 facto a que Portugal

natildeo deveraacute ficar indiferente A participaccedilatildeo nacional prevista tambeacutem para 2007 seraacute a da

constituiccedilatildeo de um Battle Group estando ainda por definir a contribuiccedilatildeo no segundo semestre

daquele ano39 para a formaccedilatildeo de outra unidade semelhante Atendendo agrave diferenccedila de potencial

econoacutemico e militar entre os dois paiacuteses entende-se que a participaccedilatildeo nacional possa ser de

menor dimensatildeo Contudo Portugal natildeo deveraacute esquecer que a UE vive uma fase de

alargamento para mais dez paiacuteses a qual exige um processo de reorganizaccedilatildeo interna onde os

Estados de menor dimensatildeo procuram natildeo perder o statu quo adquirido Assim eacute de relevante

importacircncia a participaccedilatildeo nas iniciativas europeias de forma a conseguir maior visibilidade e

credibilidade para que a voz portuguesa possa ser audiacutevel e natildeo associada apenas ao grupo dos

destinataacuterios de fundos

A adesatildeo dos paiacuteses ibeacutericos agrave UE permitiu a envolvecircncia de novos destinos nos desiacutegnios da

poliacutetica externa comunitaacuteria Eacute sabido que Portugal e Espanha desenvolveram ao longo dos anos

relaccedilotildees privilegiadas com aqueles que foram os seus territoacuterios de expansatildeo Sobre Portugal

referimo-nos agrave Aacutefrica lusoacutefona e ao Brasil relativamente ao vizinho Espanhol agrave Ameacuterica do Sul

e a Marrocos Por outro lado a inserccedilatildeo mediterracircnica de ambos acentua as perspectivas de

relacionamento entre a UE e os paiacuteses do flanco sul do Mar Mediterracircneo que por ser a fronteira 38 A partir do Conselho Europeu de Nice em 2000 39 Presidecircncia portuguesa da UE

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 36

Sul da UE e ao mesmo tempo uma regiatildeo instaacutevel em termos de seguranccedila eacute objecto de

particular preocupaccedilatildeo O interesse estrateacutegico da regiatildeo mediterracircnica ficou bem patente pela

realizaccedilatildeo em Novembro de 2005 da cimeira de Barcelona efectuada por iniciativa espanhola e

italiana e que contou com o apoio de Portugal

Os fluxos migratoacuterios ilegais utilizam os paiacuteses peninsulares como a porta de entrada num

espaccedilo que representa a esperanccedila para uma vida melhor A afinidade cultural eacute para sul-

americanos africanos e ateacute de proveniecircncia do Leste Europeu a justificaccedilatildeo para que se

submetam ao risco de um regresso de ldquomatildeos vaziasrdquo e em alguns casos ateacute a morte A esta

situaccedilatildeo natildeo ficou indiferente o crime organizado que tem tirado partido da ilusatildeo provocada

pela possibilidade de entrada no espaccedilo europeu Esta questatildeo tem suscitado um acreacutescimo de

responsabilidade perante os restantes parceiros europeus pelo que o controle dos fluxos

migratoacuterios representa um importante impulsionador do relacionamento bilateral

32 A Alianccedila Atlacircntica

O periacuteodo do poacutes-II Guerra Mundial em Portugal foi dominado pela discussatildeo da forma

como o Paiacutes se deveria integrar no sistema militar de defesa ocidental A poleacutemica40 confrontava

dois modelos de um lado aquele que foi idealizado pelo General Santos Costa e que se apoiava

no conceito de ldquobastiatildeo ibeacutericordquo Estava encontrada a forma de revitalizar o Pacto Peninsular

definindo os Pirineacuteus como o ponto ideal para em conjunto Portugal e Espanha procederem agrave

defesa da Peniacutensula Ibeacuterica de uma possiacutevel invasatildeo Sovieacutetica O segundo modelo

protagonizado pelo General Raul Esteves contrariava a tese ibeacuterica referindo que por um lado

os Pirineacuteus natildeo seriam um obstaacuteculo inibidor dado que poderiam ser contornados por outro a

defesa naquele sistema montanhoso pela sua proximidade e localizaccedilatildeo jaacute bem no extremo

ocidental europeu natildeo interessava nem a Portugal nem agrave Europa

Dando razatildeo agrave orientaccedilatildeo proposta pelo General Raul Esteves eacute endereccedilado a Portugal o

convite para integrar o bloco de paiacuteses que participariam no sistema defensivo do Atlacircntico

Norte No entanto o processo de integraccedilatildeo de Portugal natildeo seria afastado de uma acesa

poleacutemica Embora nada tendo a ver com a redacccedilatildeo do texto do Tratado natildeo deixava de levantar

determinadas questotildees41 (FERREIRA 1989 p59) Em primeiro lugar encontrava-se a

referecircncia agrave Carta da ONU OI a que o Paiacutes natildeo pertencia em segundo as referecircncias ao modelo

democraacutetico parlamentar e por uacuteltimo a sua duraccedilatildeo que se prolongava por vinte anos sendo

40 Assunto que Joseacute Medeiros Ferreira faz referecircncia nas suas obras ldquoUm Seacuteculo de Problemas As Relaccedilotildees Luso-Espanholas da Uniatildeo Ibeacuterica agrave Comunidade Europeiardquo e ldquoA Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeiasrdquo 41 Em referecircncia a uma alocuccedilatildeo de Nuno Severiano Teixeira

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 37

neste caso as reservas portuguesas justificadas pelo periacuteodo considerado demasiado alargado

podendo pocircr em causa o estatuto de neutralidade mantido ateacute agrave data

Contudo o factor de maior poleacutemica reservava-se para a questatildeo espanhola novamente a

questatildeo espanhola O vizinho peninsular permanecia sob um regime de isolamento imposto pela

comunidade internacional que o impedia de se inserir no arranjo estrateacutegico do poacutes-guerra

Apesar da importacircncia estrateacutegica atribuiacuteda a Portugal e do lugar de destaque que

consequentemente passaria a ocupar o Presidente do Conselho mostrava fortes reservas agrave

exclusatildeo da Espanha Em primeiro lugar estava o facto do vazio geograacutefico e estrateacutegico que a

ausecircncia espanhola originava em segundo a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia

proporcionar e por fim porque a adesatildeo portuguesa teria significados distintos nos casos da

Espanha estar ou natildeo incluiacuteda no grupo dos assinantes do Tratado

Para o Governo Portuguecircs liderado por Oliveira Salazar a Peniacutensula Ibeacuterica constituiacutea uma

ldquounidade geograacutefica e estrateacutegicardquo (VICENTE 2003 p242) e natildeo seria possiacutevel estabelecer um

sistema defensivo eficaz sem a inclusatildeo do vizinho de sempre Por outro lado considerava que

uma alteraccedilatildeo poliacutetica motivada por uma orientaccedilatildeo sovieacutetica teria reflexos directos em

Portugal e na Europa Ocidental Os motivos justificavam a forte acccedilatildeo diplomaacutetica desenvolvida

pelo governo nacional no sentido da Espanha ser incluiacuteda nos subscritores iniciais do Tratado

Para os parceiros ocidentais o afastamento da Espanha era motivado pelo regime poliacutetico

vigente e pela postura poliacutetico-estrateacutegica que o paiacutes desenvolveu desde o periacuteodo da guerra

civil ateacute ao conflito mundial que haacute pouco terminara Sobre o tema acrescenta Antoacutenio Telo era

uma forma dos aliados reduzirem o nuacutemero de parceiros com quem dividir a ajuda militar

americana assim como de evitarem a tentaccedilatildeo de defender a Europa nos Pirineacuteus sacrificando

paiacuteses como a Alemanha Franccedila ou Itaacutelia (TELO 1999 p78)

Franco fazia saber da disponibilidade da Espanha em participar dos acordos estabelecidos

pelos paiacuteses ocidentais enquanto que o seu irmatildeo representante diplomaacutetico em Portugal

mostrava a sua preocupaccedilatildeo na exclusatildeo espanhola em face da participaccedilatildeo portuguesa

considerando que seria criada uma situaccedilatildeo de dependecircncia que reforccedilava o isolamento

internacional Procurando evitar a entrada de Portugal a Espanha alude agrave consequente

desvalorizaccedilatildeo do Pacto Peninsular afirmando que no seio do Tratado do Atlacircntico natildeo seria

possiacutevel ao Estado portuguecircs manter os compromissos bilaterais anteriormente assumidos As

conversaccedilotildees entre ambos levaram a que o Pacto Peninsular fosse reafirmado e prorrogado por

mais dez anos recebendo a Espanha as garantias de que o novo enquadramento estrateacutegico

portuguecircs em nada influiria no cumprimento das claacuteusulas previstas no Acordo peninsular

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 38

Portugal encontrava-se colocado numa situaccedilatildeo de primazia assumindo a representatividade

Ibeacuterica no bloco ocidental A importacircncia geopoliacutetica e geoestrateacutegica do espaccedilo portuguecircs

particularmente a posiccedilatildeo dos Accedilores era reconhecida internacionalmente bem como o estatuto

de diferenciaccedilatildeo relativamente ao vizinho ibeacuterico Desta forma mantinha-se a vocaccedilatildeo atlacircntica

nacional assim como se achava o substituto britacircnico para a alianccedila com a potecircncia mariacutetima

No entanto a Espanha encontrava no relacionamento bilateral com os EUA a hipoacutetese que lhe

escapou no quadro multilateral Ainda em 1949 assinava um acordo de concessatildeo de creacutedito42

com os EUA que permitiu em 1953 a assinatura do Conveacutenio Sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

o Conveacutenio sobre Ajuda Econoacutemica

A permanecircncia de Portugal na Organizaccedilatildeo permitiu cumprir alguns programas de

reequipamento das Forccedilas Armadas e ainda efectuar a actualizaccedilatildeo teacutecnica e operacional dos

seus quadros colocando-os a par da doutrina seguida pelos paiacuteses ocidentais Contudo a guerra

no ultramar motivou um periacuteodo de afastamento de Portugal das actividades desenvolvidas pela

OTAN que impedia o empenhamento do material cedido no acircmbito do Tratado no esforccedilo de

guerra ultramarino Apesar dos motivos que desencadearam o afastamento nunca foi posta em

causa a permanecircncia portuguesa na OTAN mantendo-se a cooperaccedilatildeo tanto no quadro

multilateral como no quadro bilateral O relacionamento prolongou-se pelo periacuteodo de

instabilidade no decorrer do processo de alteraccedilatildeo do regime sendo o assunto da permanecircncia

no seio da Organizaccedilatildeo uma questatildeo de amplo consenso entre os principais partidos poliacuteticos

nacionais

A Espanha assinou em Maio de 1982 o protocolo de adesatildeo agrave OTAN No entanto o pedido

espanhol tinha desencadeado movimentos de oposiccedilatildeo por parte de socialistas e comunistas

originando um processo que natildeo se revelava de conclusatildeo faacutecil O PSOE ao assumir o poder

mudava de opiniatildeo contudo fazia desencadear um processo de consulta popular que iria

confirmar a opccedilatildeo de entrada na concertaccedilatildeo estrateacutegica ocidental A adesatildeo espanhola trazia

uma situaccedilatildeo nova agraves relaccedilotildees bilaterais Os dois paiacuteses encontravam-se agora verdadeiramente

integrados nas mesmas alianccedilas eram parceiros econoacutemicos numa comunidade com ambiccedilotildees de

integraccedilatildeo poliacutetica e pertenciam ao mesmo tratado poliacutetico-militar A situaccedilatildeo era tatildeo nova que

natildeo deixa de ser salientada por Maria Joatildeo Seabra da seguinte forma ldquoCom a entrada da

Espanha na NATO Portugal sentiu-se ameaccedilado pelas suas possiacuteveis ambiccedilotildees

geosestrateacutegicasrdquo Era a tomada de consciecircncia por parte de Portugal no sentido de pensar que a

42 Recorda-se que a Espanha se viu afastada do apoio concedido no acircmbito do Plano Marshall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 39

nossa diferenciaccedilatildeo estrateacutegica poderia natildeo permitir o peso suficientemente deixando de

constituir o garante de identidade

Os receios apesar de justificados natildeo encontraram correspondecircncia na praacutetica O interesse

geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na

Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses Foi o

caso da integraccedilatildeo de todo o territoacuterio nacional sob o mesmo Comando OTAN e ainda a

permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa relevacircncia como

foram o IBERLANT o SOUTHLANT e eacute actualmente o JC Lisbon (Anexo AG) Neste acircmbito

no quadro do relacionamento bilateral com a Espanha Portugal apoiou a localizaccedilatildeo de um

Comando da OTAN no seu territoacuterio (Anexo AH) o que se viria a verificar apoacutes a sua entrada na

estrutura militar da Alianccedila

A adesatildeo espanhola colocou os dois paiacuteses ibeacutericos numa situaccedilatildeo de partilha e convivecircncia

no seio da mesma alianccedila poliacutetico-militar para a qual tecircm contribuiacutedo activamente em diversas

missotildees sob a tutela da OTAN A disponibilidade de forccedilas eacute compatiacutevel com a realidade

econoacutemica de cada um dos paiacuteses no entanto ambos consideram necessaacuterio o empenhamento no

sentido de tornar efectivo o conceito de ldquoseguranccedila partilhada e cooperativardquo (ARMESTRE

2005 p7) para assim tambeacutem colmatarem as respectivas vulnerabilidades estrateacutegicas

Contudo apoacutes uma anaacutelise efectuada aos documentos43 que determinam as directivas

estrateacutegicas de defesa nacional constata-se o facto de cada um atribuir um grau de prioridade

diferente ao papel a desempenhar no seio da OTAN

Para a Espanha eacute clara a prioridade Europeia bem expressa no primeiro paraacutegrafo do ponto 2

da DDN a qual refere que ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de

intereacutes prioritario somos Europa y nuestra seguridad estaacute indisolublemente unida a la del

continenterdquo ainda que ldquoEspantildea promoveraacute e impulsionaraacute una autentica poliacutetica europea de

seguridad y defensa (hellip)rdquo As referecircncias agrave OTAN estatildeo inseridas no acircmbito do relacionamento

transatlacircntico Sobre o assunto diz ldquoEsta prioridad es compatible com una relacioacuten

transatlacircntica robusta y equilibrada un elemento tambieacuten esencial de la defensa europea (hellip)rdquo

ldquoEn este sentido Espantildea es un aliado firme e claramente comprometido com la Alianza

Atlacircntica y ademaacutes mantiene una relacioacuten estrecha y consolidada com los Estados Unidos una

relacioacuten que debe estar articulada sobre la lealtad el diaacutelogo la confianza y el respeto

reciacuteprocosrdquo Fica pois clara a tradicional posiccedilatildeo espanhola junto da UE jaacute referida no sub-

capiacutetulo anterior dando clara preferecircncia agrave criaccedilatildeo de um pilar de defesa europeu autoacutenomo

43 Espanha Directiva de Defensa Nacional 12004 Portugal Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 40

Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma oposta O Conceito Estrateacutegico de Defesa

Nacional (CEDN) no seu ponto 72 define que ldquoo sistema de seguranccedila e defesa de Portugal

tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo e prossegue salientando que ldquoa NATO

corresponde agrave melhor opccedilatildeo de Portugal no quadro de defesa do nosso espaccedilo estrateacutegico e da

nossa valorizaccedilatildeo estrateacutegicardquo No que diz respeito ao viacutenculo transatlacircntico o mesmo

documento sublinha a necessidade de se manter o bom relacionamento entre a Europa e os EUA

expressando a posiccedilatildeo nacional relativamente agrave opccedilatildeo pela ldquovisatildeo de complementaridade e

articulaccedilatildeo entre as poliacuteticas de defesa e seguranccedila que se desenvolvem na NATO e na UE (hellip)rdquo

em alusatildeo ao reforccedilo do pilar europeu da NATO Eacute clara a tendecircncia atlacircntica portuguesa no

acircmbito da seguranccedila e defesa complementada com a opccedilatildeo pelo pilar europeu da OTAN

posiccedilatildeo tradicionalmente assumida por Portugal no seio das instituiccedilotildees europeias

Pese embora a diferenccedila de colocaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica dos dois paiacuteses peninsulares foi no

acircmbito do relacionamento multilateral e da coabitaccedilatildeo no seio das OI referidas neste trabalho

que Portugal e Espanha assumiram uma tomada de posiccedilatildeo comum Referimo-nos ao apoio

prestado aos EUA por altura da realizaccedilatildeo da Cimeira dos Accedilores e que motivou a acccedilatildeo militar

no Iraque Enquanto Portugal manteve o seu alinhamento tradicional a Espanha toma uma

posiccedilatildeo que a afasta do quadro habitual das suas alianccedilas isto eacute junto do eixo Franco-Alematildeo O

assunto poderaacute natildeo ser alheio agrave orientaccedilatildeo poliacutetica do governo espanhol dado que apoacutes as

eleiccedilotildees Joseacute Luiacutes Zapatero apesar de natildeo retirar o apoio poliacutetico aos EUA faz regressar o

efectivo militar espanhol presente no Iraque Fica desta forma expressa a possibilidade de apesar

de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas poderem assumir diferentes

orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

O facto de serem assumidas posiccedilotildees distintas relativamente ao papel a desempenhar pelas

duas organizaccedilotildees na seguranccedila e defesa europeia eacute numa perspectiva de complementaridade e

de colaboraccedilatildeo que estas tecircm desempenhado as suas acccedilotildees Neste acircmbito foram assinados

vaacuterios acordos de cooperaccedilatildeo que contribuiacuteram por um lado para o reforccedilo da Identidade

Europeia de Seguranccedila e Defesa por outro para evitar duplicaccedilotildees de recursos Neste quadro de

complementaridade deveraacute ser salientada a preocupaccedilatildeo comum sobre os espaccedilos regionais dos

quais se destaca a questatildeo da regiatildeo Sul do Mediterracircneo com particular interesse para Portugal

e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 41

33 Os espaccedilos regionais

Para aleacutem dos interesses de Portugal e da Espanha se encontrarem bem expressos nos espaccedilos

de coabitaccedilatildeo jaacute referidos outros existem que consideramos de significativa relevacircncia os

relacionados com a respectiva identidade histoacuterica formada ao longo dos seacuteculos e que deixaram

linhas de contacto insoluacuteveis pelo tempo Neste acircmbito abordaacutemos a presenccedila de cada um dos

Estados nos espaccedilos regionais preferenciais no caso portuguecircs a CPLP relativamente agrave

Espanha a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas que Portugal tambeacutem integra e ainda a

aacuterea Sul do Mediterracircneo de significativa importacircncia tambeacutem para a UE e a OTAN

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

A CPLP deu os seus primeiros passos quando em Novembro de 1989 o Presidente brasileiro

Joseacute Sarney tomou a iniciativa de realizar uma cimeira entre os sete paiacuteses de liacutengua oficial

portuguesa44 No evento onde participaram os respectivos Chefes de Estado ficou decidida a

criaccedilatildeo do Instituto Internacional de Liacutengua Portuguesa com o objectivo de difundir o idioma

que irmanava os Estados participantes Seguiram-se diversas iniciativas de acircmbito ministerial as

quais deram origem agrave realizaccedilatildeo em 17 de Julho de 1996 da cimeira final de criaccedilatildeo da CPLP

que hoje conta com a participaccedilatildeo de Timor-Leste45

A organizaccedilatildeo representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo

geograacutefico multicontinental e descontinuo onde as eventuais desvantagens que daqui decorrem

satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que culminaram numa identidade

cultural proacutepria alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial A comunhatildeo de identidade

permitiu tambeacutem uma comunhatildeo de interesses que motivaram a definiccedilatildeo dos objectivos

gerais46 da Comunidade centrados na concertaccedilatildeo poliacutetico-diplomaacutetica entre os seus Estados-

membros na cooperaccedilatildeo nos diversos domiacutenios da governaccedilatildeo assim como na promoccedilatildeo e

difusatildeo da liacutengua portuguesa

As acccedilotildees ateacute agora desenvolvidas por Portugal tecircm-lhe permitido assumir um papel

determinante no desenhar do futuro das naccedilotildees lusoacutefonas africanas como foi o caso da

participaccedilatildeo nos vaacuterios processos de paz que o transformaram num actor determinante Os

diversos projectos de cooperaccedilatildeo jaacute desenvolvidos tecircm contribuiacutedo tambeacutem para que o Paiacutes

possa vir a ocupar o lugar de principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as

desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil 44 Angola Brasil Cabo Verde Moccedilambique Portugal Guineacute e Satildeo Tomeacute e Priacutencipe 45 Timor-Leste concretizou a sua adesatildeo em 20 de Maio de 2002 depois de concluiacutedo o processo de reconquista da sua independecircncia 46 httpwwwcplporg

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 42

Este eacute o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da

OTAN O facto de ser o uacutenico Paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-

lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a

cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE Desta forma ter acesso aos recursos naturais e

mateacuterias-primas de Aacutefrica e Brasil bem como agraves Organizaccedilotildees de cariz econoacutemico a que cada

um dos paiacuteses pertence

332 O Mediterracircneo e o Magreb

O relacionamento com os paiacuteses da regiatildeo Sul do Mediterracircneo tem sido de particular

preocupaccedilatildeo para a UE e a OTAN Para aleacutem da instabilidade poliacutetica e de seguranccedila que

caracteriza alguns dos Estados eacute uma zona economicamente carenciada de parco

desenvolvimento social e onde o factor extremismo religioso se faz sentir com elevada

intensidade Eacute pois uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e potencialmente geradora de situaccedilotildees

de crise o que lhe confere uma relevacircncia estrateacutegica que tem justificado o desenvolvimento de

programas especiais com o objectivo de promover a seguranccedila o desenvolvimento econoacutemico e

a estabilidade poliacutetica

Apesar de Portugal e Espanha partilharem de uma forma geral da sensibilidade europeia

sobre esta zona do Globo eacute sobre o Magreb que concentram as suas principais atenccedilotildees As

preocupaccedilotildees de ambos os paiacuteses manifestam-se de forma coincidente com as referidas no

paraacutegrafo anterior que em caso de agravamento poderatildeo motivar a degradaccedilatildeo social e a

provaacutevel expansatildeo dos reflexos da crise ao Sul da Europa com especial incidecircncia na Peniacutensula

Ibeacuterica O aumento dos fluxos migratoacuterios em busca de seguranccedila e prosperidade transformam

os paiacuteses da peniacutensula especialmente a Espanha na porta de entrada para o espaccedilo europeu

Agraves preocupaccedilotildees jaacute referidas deveraacute adicionar-se a questatildeo da seguranccedila do gasoduto euro-

magrebino Esta infra-estrutura tem a finalidade de proceder ao abastecimento da Peniacutensula

Ibeacuterica de gaacutes natural tornando-se por isso de capital importacircncia para os dois Estados As

necessidades de garantir um abastecimento energeacutetico seguro representam outro dos factores que

colocam o relacionamento bilateral e multilateral com os paiacuteses do Magreb num patamar que

transcende as questotildees de identidade histoacuterica e cultural colocando-as num patamar de acircmbito

poliacutetico-estrateacutegica

Enquanto que as acccedilotildees de cariz bilateral satildeo enquadradas no acircmbito das cimeiras que

Portugal e Espanha individualmente desenvolvem eacute no campo multilateral que tecircm sido

edificadas as iniciativas de maior impacto No acircmbito da OTAN o ldquoDiaacutelogo para o

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 43

Mediterracircneordquo onde Portugal Espanha Itaacutelia Greacutecia e por vezes com o apoio dos EUA

desenvolvem iniciativas com vista ao incremento das condiccedilotildees de estabilidade e de seguranccedila

regional No acircmbito da UE deveremos salientar aquele que ficou conhecido pelo ldquoProcesso de

Barcelonardquo Esta iniciativa desenvolvida no decurso da presidecircncia espanhola decorreu em

Novembro de 1995 e contou com a participaccedilatildeo dos quinze da UE e de doze PTM47 A

negociaccedilatildeo incidiu em trecircs aacutereas distintas a ldquocooperaccedilatildeo poliacutetica e de seguranccedila a cooperaccedilatildeo

econoacutemica e a cooperaccedilatildeo social cultural e humanardquo (CRAVINHO et al 1996 p162) definindo

objectivos que se estendem ateacute ao ano de 2010

Portugal e Espanha tecircm na regiatildeo mediterracircnica fundamentalmente sobre o Magreb um

elevado nuacutemero de interesses comuns que se estendem agraves OI onde se encontram inseridos Pela

proximidade geograacutefica identidade histoacuterica e cultural os dois paiacuteses poderatildeo continuar a

desempenhar um papel determinante no desenvolvimento destas iniciativas de cooperaccedilatildeo Em

face da maior visibilidade e empenhamento espanhol do qual natildeo eacute alheia a questatildeo colonial e a

actual posse das Praccedilas de Ceuta e Melilla Portugal tem sabido impor a sua presenccedila nos

diferentes fora de negociaccedilatildeo podendo inclusive tirar partido das relaccedilotildees de crispaccedilatildeo entre

Espanha e Marrocos que por vezes a questatildeo territorial provoca

333 A Ibero-Ameacuterica

Por definiccedilatildeo a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados

soberanos da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Assim apesar

de nos referirmos a dois grandes continentes a questatildeo limita-se ao espaccedilo regional que sofreu a

influecircncia colonizadora de Portugal e Espanha isto eacute o Brasil e as Ameacutericas Central e do Sul

Natildeo obstante os dois Estados ibeacutericos terem marcado profundamente a evoluccedilatildeo histoacuterica da

regiatildeo sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute

concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a maior capacidade de

intervenccedilatildeo portuguesa no Brasil

Com a adesatildeo de Portugal e Espanha agrave CEE esta organizaccedilatildeo adquiriu novas e poderosas

capacidades de negociaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e intervenccedilatildeo numa zona do Globo com a qual ateacute aiacute

mantinha apenas relaccedilotildees bilaterais de caraacutecter eminentemente comercial sem qualquer caraacutecter

de prioridade As similitudes histoacutericas culturais e linguiacutesticas fazem dos dois paiacuteses os

interlocutores privilegiados da UE numa regiatildeo particularmente rica em mateacuterias-primas e

47 Argeacutelia Chipre Egipto Israel Jordacircnia Liacutebano Malta Marrocos Siacuteria Tuniacutesia Turquia e a Autoridade Palestiniana A Liacutebia foi o uacutenico Paiacutes da regiatildeo que natildeo foi convidado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 44

recursos naturais onde se encontram constituiacutedas vaacuterias Organizaccedilotildees Internacionais48 do tipo

econoacutemico e comercial com as quais a UE poderaacute relacionar-se

As Cimeiras Ibero-Americanas realizadas anualmente satildeo o foacuterum privilegiado para o

relacionamento entre os vinte e um membros desta Comunidade de Naccedilotildees Nelas satildeo debatidos

problemas comuns assim como questotildees prementes do acircmbito internacional dado que contam

com as representaccedilotildees efectuadas ao niacutevel dos Chefes de Estado e de Governo dos Estados-

membros sendo de salientar que este eacute o uacutenico foacuterum internacional no qual o Rei de Espanha

marca presenccedila regular Poderatildeo tambeacutem assistir relevantes figuras da cena internacional

ocupando o lugar de convidados

A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da

Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos (MALAMUD

2005) Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global natildeo deixando contudo de considerar

necessaacuterio estabelecer associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou

com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

(MALAMUD 2005)

48 Entre outras a ALCA Grupo Andino e Mercosul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 45

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE

CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES

No presente capiacutetulo pretendemos efectuar a validaccedilatildeo ou natildeo das hipoacuteteses estabelecidas

para o desenvolvimento do trabalho Para isso vamos avaliar inicialmente no acircmbito

exclusivamente peninsular as consequecircncias da tomada de algumas decisotildees em aacutereas

consideradas determinantes que poderatildeo desencadear situaccedilotildees de dependecircncia relativamente agrave

Espanha Seguidamente passaremos em revista as opccedilotildees de poliacutetica externa onde poderemos

determinar as grandes linhas de orientaccedilatildeo estrateacutegica de cada um dos paiacuteses apoacutes o que iremos

confrontar os dois modelos de relacionamento estabelecidos O capiacutetulo iraacute terminar com

algumas recomendaccedilotildees relativas agrave postura internacional de Portugal

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia

Uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia extraiacuteda do ingresso de Portugal e da Espanha na

UE eacute sem duacutevida o assentuado desenvolvimento da interacccedilatildeo econoacutemica Se ateacute entatildeo o

relacionamento bilateral apenas se remetia ao acircmbito poliacutetico a partir daquele instante

desenvolveram-se novas perspectivas nas quais o sector econoacutemico assumiu um lugar de relevo

As trocas comerciais foram incrementadas sucediam-se os investimentos e cada territoacuterio

constituiacutea um mercado apeteciacutevel para as empresas do paiacutes vizinho

Com o decorrer dos anos a dimensatildeo econoacutemica de cada um dos Estados deixava expresso

qual o lado para onde haveria de pender a balanccedila da hegemonia peninsular O nosso vizinho

histoacuterico eacute ldquosignificativamente mais poderoso que Portugal com uma populaccedilatildeo que eacute hoje

quase quatro vezes maior e uma economia que multiplica a portuguesa por cincordquo (TELO 2005

p198) O potencial espanhol encontra-se tambeacutem reflectido nos resultados do exerciacutecio

econoacutemico do seu governo que jaacute anunciou a anulaccedilatildeo do tatildeo propalado deacutefice puacuteblico tendo

mesmo previsto para 2006 a existecircncia de um excedente orccedilamental de 02 do PIB Pelo

contraacuterio a realidade de Portugal apenas permite estabelecer ateacute ao final do corrente ano o

limitado objectivo de reduccedilatildeo daquele indicador para os 48 do PIB

A dinacircmica econoacutemica e comercial incutida pela Espanha transformou-nos no primeiro

patamar de internacionalizaccedilatildeo das suas empresas Na actualidade encontram-se implantadas no

nosso paiacutes cerca de 3000 empresas espanholas dos mais diversos ramos de actividade enquanto

que no sentido inverso o nuacutemero natildeo ultrapassa as 300 (CHISLETT 2005) Sobre o assunto

muito se tem escrito e falado tendo mesmo sido associado a jaacute mencionada expressatildeo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 46

ldquoinvasatildeo espanholardquo agrave ideia de que a Espanha estaacute a conseguir pela via econoacutemica o que natildeo

lhe foi permitido pela via das armas (SEABRA 1995 p25)

A questatildeo energeacutetica deveraacute ocupar uma posiccedilatildeo de destaque junto das principais

preocupaccedilotildees do governo de Portugal Em primeiro lugar porque a dimensatildeo do mercado

energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao portuguecircs A Oferta Puacuteblica de Aquisiccedilatildeo

efectuada pela Gas Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu

de energia (SANTOS 2005 p2) este facto permite visualizar a desproporccedilatildeo actual dos

mercados com previsiacuteveis reflexos no futuro do MIBEL Em segundo lugar pela maior

dependecircncia que Portugal apresenta relativamente ao Petroacuteleo ficando por isso mais exposto agraves

consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos praticada pelos paiacuteses produtores Em

contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de uma maior diversidade de opccedilotildees das quais importa destacar

a possibilidade de recurso agrave energia nuclear Por uacuteltimo a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do

territoacuterio portuguecircs na Peniacutensula Ibeacuteria a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela

necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante da importaccedilatildeo

O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo ldquoquatro vezes maior do que o

portuguecircs quando medido por activos nos balanccedilos das instituiccedilotildeesrdquo (ALVES 2001 p152) Este

facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector

tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos

nacionais A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tem decorrido a um ritmo

acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso

paiacutes De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos referir que seis anos de lucros

do BSCH ou do BBVA eram suficientes em 2000 para adquirir o BCP (ALVES 2001 p161)

O sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas

portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as

suas concorrentes espanholas Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses

consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a espanhola

TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute

limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados

proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere

espanhola A tendecircncia expansionista da TEM permitiu-lhe atingir a terceira posiccedilatildeo mundial no

que toca ao conjunto das redes de comunicaccedilotildees fixa e moacutevel com cerca de 140 milhotildees de

clientes (MARTINS 2005c p10)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 47

Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente

dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica eacute soberana e determinou

que os cinco principais rios portugueses tenham origem em Espanha A sua importacircncia vecirc-se

incrementada quando associados a factores como a produccedilatildeo de energia eleacutectrica agricultura

pesca abastecimento de aacutegua para consumo ou a qualidade ambiental Se duacutevidas houvessem

quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial o qual previa a possibilidade

de execuccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais cujas bacias hidrograacuteficas eram consideradas

excedentaacuterias para aacutereas onde a avaliaccedilatildeo determinasse a existecircncia de um deacutefice hiacutedrico De

referir que as qualificaccedilotildees de ldquobacias excedentaacuteriasrdquo e ldquoaacutereas de deacutefice hiacutedricordquo resultavam

exclusivamente da avaliaccedilatildeo espanhola Apoacutes forte pressatildeo do governo portuguecircs a soluccedilatildeo foi

reconsiderada e abandonada prevendo o actual PHNE apenas a realizaccedilatildeo de transvazes em rios

exclusivamente espanhoacuteis

Ficam identificadas algumas das aacutereas do relacionamento bilateral onde os interesses de

Portugal e Espanha poderatildeo colidir e desencadear situaccedilotildees de conflitualidade A questatildeo

agrava-se quando estes mesmos aspectos demonstram a existecircncia de indiacutecios de dependecircncia

econoacutemica em aacutereas que por serem consideradas transversais (ALVES 2001 p152) tecircm

impacto directo em todas as actividades econoacutemicas Pretende-se assim demonstrar que no

acircmbito exclusivamente bilateral as posturas poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha tecircm reflexos em

Portugal A situaccedilatildeo exige do governo uma atitude de vigilacircncia perspicaacutecia proactividade

ambiccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo de toda a sociedade portuguesa para que se enquadre na dinacircmica de

competitividade proacutepria de um jaacute velho Estado da UE de forma a converter provaacuteveis situaccedilotildees

desvantajosas em oportunidades

42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa

Ao abordar a questatildeo das opccedilotildees ou prioridades da poliacutetica externa de cada um dos Estados

peninsulares achamos por bem recordar que muito recentemente ambos viram alterada a

orientaccedilatildeo poliacutetica do partido a quem competia formar governo Na Espanha ainda no decorrer

do primeiro quadrimestre de 2004 o PSOE rendeu na governaccedilatildeo o PP enquanto que em

Portugal foi tambeacutem o Partido Socialista (PS) que em Fevereiro de 2005 substituiu o Partido

Social Democrata (PSD) na responsabilidade de liderar os destinos do Paiacutes

Na Espanha o PP governava desde 1996 com Joseacute Mariacutea Aznar na Presidecircncia do Governo

Intitulando-se um reformador de centro direita (AZNAR 2005 p197) definiu como principal

ambiccedilatildeo enquanto liacuteder do governo espanhol a colocaccedilatildeo do Paiacutes entre as democracias mais

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 48

importantes (AZNAR 2005 p270) da Europa e do Mundo Estava convicto de que a Espanha

poderia vir a desempenhar um papel de protagonista na cena internacional desiacutegnio de que

considera ter-se mantido alheada no decurso de toda a histoacuteria do seacuteculo XX Esta uacuteltima

referecircncia natildeo eacute propriamente dirigida ao facto de natildeo terem sido atingidas as metas propostas

mas sim por terem sido alcanccediladas tardiamente e por isso de uma forma que considerou menos

brilhante

Da identidade da Naccedilatildeo espanhola salientava a sua vertente atlacircntica questionando-se com a

seguinte expressatildeo ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica

Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX ha sido justamente estar

ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo (AZNAR 2005

p267) A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental era uma caracteriacutestica vincadamente expressa nas

definiccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas do seu governo A relaccedilatildeo transatlacircntica assentava

fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem aparentava ter um relacionamento de

cumplicidade fundamentado primeiramente no apoio concedido agrave Espanha no caso Perejil49

onde a mediaccedilatildeo com Marrocos ldquofoi feita pelos EUA e natildeo pela UErdquo (ABU-TARBUSH 2004

p26) em segundo lugar na presenccedila na Cimeira dos Accedilores que antecedeu a invasatildeo militar do

Iraque

A OTAN desempenhou tambeacutem um papel importante na relaccedilatildeo de proximidade

transatlacircntica constituindo-se num pilar fundamental sem o qual pensava ser impossiacutevel encarar

com tranquilidade as questotildees da seguranccedila europeia ldquoEs que la OTAN es el instrumento baacutesico

fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos com Europa Hay que aumentar las

capacidades de Defensa de Europa y de los paiacuteses europeos Hay que ser capaces de asumir

maacutes competecircncias y un papel maacutes relevante Debemos ir maacutes allaacute del simple compromisso de

intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes

estrateacutegicos y de seguridadrdquo (AZNAR 2004 p177) Mantinha a ideia de que o relacionamento

transatlacircntico deveria colocar-se num patamar de complementaridade e cooperaccedilatildeo evitando as

posturas de conflitualidade

Para este Chefe de Governo uma Espanha atlacircntica natildeo era incompatiacutevel com uma Espanha

europeia assim como a Europa era indissociaacutevel desta mesma orientaccedilatildeo atlacircntica (AZNAR

2004 p195) O papel interventivo da Espanha no processo de construccedilatildeo europeu natildeo foi

esquecido Recorda-se o esforccedilo que desenvolveu no decurso das negociaccedilotildees para a conclusatildeo

do Tratado de Nice no sentido de dotar o paiacutes de maior peso no seio das instituiccedilotildees europeias

49 No Veratildeo de 2002 forccedilas militares marroquinas ocuparam o ilheacuteu de Perejil de soberania espanhola

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 49

A equiparaccedilatildeo da Espanha aos maiores paiacuteses europeus era um objectivo prioritaacuterio claramente

dentro do espiacuterito definido para a sua governaccedilatildeo e postura internacional

Ao mesmo tempo em Portugal o governo era liderado pelo socialista Antoacutenio Guterres que

assumia um relacionamento cordial com o seu homoacutelogo espanhol As divergecircncias situavam-se

ao niacutevel dos assuntos relativos agrave construccedilatildeo europeia sobre os quais a Espanha apresentava uma

concepccedilatildeo diferente No entanto sempre que possiacutevel designadamente quando as questotildees natildeo

determinavam posiccedilotildees opostas procuravam apoiar-se mutuamente (AZNAR 2005 p193)

Antoacutenio Guterres abdicou da governaccedilatildeo em 2002 motivando a realizaccedilatildeo de um processo

eleitoral que levou Joseacute Manuel Duratildeo Barroso Presidente do PSD a assumir o cargo de

Primeiro-Ministro O facto de Duratildeo Barroso pertencer agrave mesma famiacutelia poliacutetica de Aznar foi

determinante para o bom entendimento que era evidente

O posicionamento comum relativamente agrave opccedilatildeo por um alinhamento atlacircntico eacute o corolaacuterio

de um periacuteodo de faacutecil relacionamento bilateral A Cimeira dos Accedilores e o apoio conferido aos

EUA na acccedilatildeo militar sobre o Iraque eacute o momento mais expressivo do que acabamos de referir

Em plena divisatildeo europeia Portugal e Espanha encontravam-se lado a lado o que no periacuteodo em

anaacutelise era uma situaccedilatildeo ineacutedita No entanto consideramos importante salientar que enquanto

Portugal mantinha o seu tradicional alinhamento a Espanha assumia uma posiccedilatildeo conjuntural agrave

qual o facto de ter sido eleita Membro Natildeo Permanente do Conselho de Seguranccedila da ONU

poderaacute natildeo ter sido indiferente

Consideramos ser este o momento oportuno para abordar a primeira das questotildees derivadas

Qual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa da Espanha

nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Ao assumir uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica a

Espanha entra naquela que foi durante largos anos a marca estrutural das nossas opccedilotildees

estrateacutegicas Embora a questatildeo da independecircncia natildeo seja hoje em dia uma consequecircncia

equacionaacutevel jaacute no que diz respeito agrave identidade nacional o mesmo natildeo poderaacute ser afirmado

Neste contexto mantendo Portugal uma atitude voluntariamente passiva na partilha com a

Espanha da mesma orientaccedilatildeo estrateacutegica o risco de uma situaccedilatildeo de sub-representatividade

relativamente ao vizinho ibeacuterico assume um caraacutecter real Neste sentido tambeacutem a consequente

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do espaccedilo nacional eacute outro dos riscos a ponderar

Que postura deveraacute Portugal desenvolver Justificaraacute esta situaccedilatildeo a procura de uma

orientaccedilatildeo diametralmente oposta agrave da Espanha na tradicional busca da diferenciaccedilatildeo

peninsular Por outras palavras deveraacute Portugal reforccedilar a sua opccedilatildeo europeia em detrimento da

orientaccedilatildeo atlacircntica Em nossa opiniatildeo o quadro actual natildeo permite uma abordagem tatildeo linear

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 50

Eacute um facto que o Governo portuguecircs deva explorar as oportunidades surgidas em

consequecircncia da alteraccedilatildeo das prioridades do relacionamento externo da Espanha No entanto

natildeo nos parece que o abandono da orientaccedilatildeo atlacircntica seja a opccedilatildeo correcta para Portugal De

uma sub-representatividade provaacutevel passariacuteamos a uma sub-representatividade efectiva

assumindo a Espanha o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago Pelos factos apresentados

poderemos agora confirmar a hipoacutetese na qual se afirma que ldquoUma orientaccedilatildeo

predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa

portuguesardquo

A chegada ao poder de um novo governo liderado por Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

determinou uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica espanhola As linhas de mudanccedila

assentaram em dois aspectos fundamentais por um lado a dimensatildeo europeia da sua poliacutetica

externa e por outro a prioridade conferida agrave relaccedilatildeo transatlacircntica Com a primeira pretendeu

reposicionar a Espanha junto agrave Franccedila e agrave Alemanha assumindo a prioridade de relacionamento

com a Europa continental retomando a orientaccedilatildeo tradicional A segunda referia-se agrave

consequecircncia do inevitaacutevel afastamento do principal parceiro transatlacircntico que se iria reflectir

na retirada das tropas espanholas do Iraque

Considerando que ldquolo que es bueno para Europa es bueno para Espantildeardquo50 Zapatero

conferia agrave Espanha um alinhamento prioritaacuterio para o interior europeu no qual procurou o

restabelecimento do consenso perdido com o caso Iraque Os reflexos da viragem foram

recebidos com agrado por parte dos presidentes da Franccedila e da Alemanha que no decurso da

quase imediata deslocaccedilatildeo de Zapatero a estes paiacuteses Chirac manifestava a intenccedilatildeo de levar em

frente a criaccedilatildeo do eixo Berlim-Paris-Madrid (ARENAL p117) assim como a integraccedilatildeo da

Espanha no nuacutecleo duro da Europa A participaccedilatildeo do Presidente do Governo espanhol na

campanha eleitoral francesa relativa ao acto referendaacuterio do TCE junto a Chirac e aos demais

partidaacuterios do ldquoSimrdquo eacute suficientemente elucidativa da alteraccedilatildeo de prioridade do alinhamento

espanhol Sobre o assunto eacute de salientar o facto de ter sido o vizinho peninsular o primeiro paiacutes

a referendar o texto do Tratado o qual recebeu a aprovaccedilatildeo por uma margem significativa de

cidadatildeos espanhoacuteis

O relacionamento com os EUA apesar da primazia ser atribuiacuteda agrave opccedilatildeo europeia seraacute

mantido como um pilar que entende ser essencial para as relaccedilotildees externas considerando

possiacutevel que as duas orientaccedilotildees podem coabitar sem que daiacute advenha qualquer

constrangimento Contudo a retirada das forccedilas militares espanholas do Iraque originou um

50 Discurso de Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero na sessatildeo de tomada de posse como Presidente do Governo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 51

refrear do relacionamento bilateral A questatildeo foi reparada apoacutes a intensa actividade diplomaacutetica

desenvolvida pelos ministros da Defesa e dos Assuntos Exteriores Joseacute Bono e Miguel Angel

Moratinos respectivamente junto de Donald Rumsfeld e Condoleza Rice No encontro o

governo espanhol apresentou propostas concretas (RIBEIRO 2005 p4) para o apoio agrave instruccedilatildeo

dos militares das forccedilas armadas e policiais iraquianas assim como para um maior envolvimento

militar no Afeganistatildeo

E Portugal Portugal acompanhou a Espanha na mais recente viragem poliacutetica ao socialismo

Apoacutes a saiacuteda de Joseacute Manuel Duratildeo Barroso para ocupar a presidecircncia da Comissatildeo Europeia e

a breve passagem pelo governo de Pedro Santana Lopes as eleiccedilotildees legislativas antecipadas

realizadas em Fevereiro de 2005 determinaram uma nova alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica

portuguesa O desenrolar dos acontecimentos voltava a colocar ao leme dos destinos de ambos

os paiacuteses ibeacutericos dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica Apesar da alteraccedilatildeo os reflexos na

conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo satildeo significativos Relativamente agrave questatildeo europeia eacute

colocado grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo nomeadamente

no desenvolvimento do ldquoespaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedilardquo51 no alargamento a

Leste na legitimaccedilatildeo do TCE e no esforccedilo pela normalizaccedilatildeo do diaacutelogo euro-atlacircntico A par

destas questotildees surgem algumas preocupaccedilotildees que parecem merecer uma atenccedilatildeo especial Eacute o

caso da negociaccedilatildeo das perspectivas financeiras para o periacuteodo 2007-2013 a ldquoconcretizaccedilatildeo da

Estrateacutegia de Lisboardquo o processo de decisatildeo europeia e o processo de internacionalizaccedilatildeo da

economia

A prioridade europeia consubstanciada na aproximaccedilatildeo agrave Franccedila e agrave Alemanha que passou a

constar da acccedilatildeo de poliacutetica externa do actual governo espanhol natildeo encontra correspondecircncia

na postura externa portuguesa Apesar do empenhamento na edificaccedilatildeo do projecto europeu o

factor de identidade atlacircntica manteacutem-se presente e encontra-se reflectido nas abordagens agraves

questotildees de seguranccedila e defesa O assunto merece uma alusatildeo clara no programa de governo

quando depois das referecircncias efectuadas aos diversos elos de ligaccedilatildeo no contexto multilateral

salienta no plano bilateral ldquoas relaccedilotildees com os seus aliados tradicionaisrdquo52 das quais destaca

ldquoem primeiro lugarrdquo os EUA com quem Portugal manteacutem um ldquoAcordo de Cooperaccedilatildeo e

Defesardquo seguindo-se ldquoos parceiros europeus da NATO e da UE (hellip)rdquo

O viacutenculo transatlacircntico no contexto europeu eacute tambeacutem realccedilado sendo considerado um

ldquoinstrumento fundamental de partilha de responsabilidades na preservaccedilatildeo de conflitos e no

reforccedilo da seguranccedila colectiva (designadamente no quadro da Alianccedila Atlacircntica) e de partilha de 51 Programa do XVII Governo Constitucional p 152 52 Programa do XVII Governo Constitucional p 160

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 52

objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo Contudo eacute no CEDN onde se

encontra bem expressa a prioridade conferida agrave participaccedilatildeo da OTAN na seguranccedila do espaccedilo

geograacutefico portuguecircs assim como numa oacuteptica de complementaridade na seguranccedila europeia

A segunda questatildeo derivada coloca a seguinte interrogaccedilatildeo Qual o impacto de uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola A soluccedilatildeo

enquadra-se nos argumentos apresentados na resposta agrave primeira questatildeo O risco de sub-

representatividade no quadro do relacionamento europeu eacute de novo uma realidade agravada

pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal no seio das instituiccedilotildees

da UE Actualmente o nosso vizinho ibeacuterico assumiu uma orientaccedilatildeo externa claramente de

pendor europeu aliando-se agrave Franccedila e agrave Alemanha na tentativa de igualar a forccedila que estes

grandes paiacuteses detecircm nas instituiccedilotildees da UE

Os riscos de criaccedilatildeo do proclamado eixo Berlim-Paris-Madrid reacendem os receios

associados ao surgimento de um directoacuterio europeu Desta forma a Espanha vecirc facilitada a

possibilidade de poder impor os seus interesses atraveacutes de uma cada vez mais usual votaccedilatildeo por

maioria qualificada assumindo a representatividade peninsular e subalternizando Portugal a

quem jaacute considera parte integrante do seu mercado econoacutemico

Cada alargamento vai transformando Portugal num dos mais antigos membros da UE no

entanto enquadra-se no grupo de paiacuteses de limitados recursos cada vez mais empurrado para a

periferia da Europa Neste sentido o fortalecimento do relacionamento transatlacircntico e o reforccedilo

da importacircncia da OTAN no quadro da defesa europeia seria a forma de reatribuir ao Paiacutes a

centralidade estrateacutegica cada vez mais difiacutecil de manter Eacute pois de validar a hipoacutetese na qual se

afirma que ldquouma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo

43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento

O relacionamento com a Espanha foi enquadrado em dois modelos distintos Inicialmente o

modelo tradicional que sustentou as relaccedilotildees peninsulares durante a maior parte do seacuteculo XX

assentava na necessidade de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica como suporte de identidade e

independecircncia de Portugal O segundo eacute caracterizado pela partilha dos mesmos espaccedilos

poliacutetico econoacutemico e de seguranccedila determinando uma nova forma de encarar as relaccedilotildees entre

os dois Estados peninsulares De uma postura de divergecircncia haveria que passar a assumir uma

de partilha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 53

431 O modelo tradicional de relacionamento

No iniacutecio do seacuteculo XX a Espanha assumia um alinhamento poliacutetico-estrateacutegico num espaccedilo

tradicionalmente ocupado por Portugal Os riscos revelavam-se enormes e estavam na

consciecircncia dos responsaacuteveis portugueses que manifestaram a sua preocupaccedilatildeo junto do

governo britacircnico A consequecircncia foi a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do territoacuterio portuguecircs

levando inclusive Winston Churchill a considerar a Espanha como uma mais valia estrateacutegica

relativamente a Portugal e agraves suas possessotildees em Aacutefrica

A posiccedilatildeo expressa por Churchill apresentava apenas uma condicionante a necessidade de

manutenccedilatildeo das ilhas atlacircnticas portuguesas sob influecircncia britacircnica A reacccedilatildeo portuguesa natildeo

se faria esperar e procurando a diferenciaccedilatildeo peninsular e a revalorizaccedilatildeo estrateacutegica do

territoacuterio Portugal ensaia a aproximaccedilatildeo agrave Alemanha a quem aliciou ao investimento em Aacutefrica

e agrave utilizaccedilatildeo das posiccedilotildees insulares para que aiacute pudesse estabelecer os seus depoacutesitos de carvatildeo

Decidida a neutralidade da Espanha na I Guerra Mundial Portugal mais uma vez

percepcionou a necessidade de se diferenciar do seu vizinho Estava assim decidida em 1916 a

participaccedilatildeo de Portugal no conflito que assinalava tambeacutem o regresso do Paiacutes ao seu

alinhamento estrateacutegico habitual A participaccedilatildeo na guerra visava colocar Portugal agrave mesa das

negociaccedilotildees junto dos vencedores bem como numa posiccedilatildeo de relevacircncia no arranjo estrateacutegico

que daiacute pudesse resultar Foi a forma que os governantes nacionais encontraram para legitimar o

regime manter a posse das coloacutenias e assumir a representatividade ibeacuterica reatribuindo ao

territoacuterio nacional a importacircncia estrateacutegica que havia perdido Portugal viu-se contudo

defraudado nas suas intenccedilotildees Foi a Espanha que mediante uma forte acccedilatildeo diplomaacutetica junto

do principal dinamizador da Sociedade das Naccedilotildees os EUA assumiu o lugar em representaccedilatildeo

dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

No conflito mundial que se seguiu a Espanha mostrou a sua preferecircncia pelas posiccedilotildees do

Eixo chegando mesmo a aderir a um tratado tripartido com a Alemanha e a Itaacutelia A tentativa de

manter a peniacutensula ibeacuterica fora da zona beligerante foi um esforccedilo comum que levou agrave

assinatura de um pacto de natildeo-agressatildeo entre os dois paiacuteses ibeacutericos mas havia que conseguir a

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da peniacutensula Assegurado o estatuto de neutralidade Portugal e a

Espanha permaneceram junto dos seus tradicionais aliados embora cada um orientado para o

lado oposto da barreira natildeo deixando de assinalar a marca da diferenciaccedilatildeo que lhes era

caracteriacutestica

O periacuteodo poacutes-guerra foi fatal para a Espanha que se viu envolta nas malhas de um castigador

isolamento internacional Portugal tinha conseguido o seu grande objectivo agrave sua postura de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 54

diferenciaccedilatildeo associava agora o da hegemonia peninsular tornando-se no ponto de contacto da

Espanha com o mundo O marco fundamental do momento que se seguiu foi o convite efectuado

pelos EUA no sentido de Portugal vir a integrar o grupo de paiacuteses fundadores da Alianccedila

Atlacircntica O ingresso do Paiacutes na OTAN contou com a oposiccedilatildeo espanhola que via Portugal

assumir uma posiccedilatildeo de destaque no contexto estrateacutegico europeu

O desenlace da guerra civil espanhola preocupava o governo portuguecircs Neste caso seria a

influecircncia que o regime republicano espanhol poderia exercer na evoluccedilatildeo poliacutetica nacional Esta

preocupaccedilatildeo encontrava fundamento na influecircncia comunista no governo republicano de Madrid

e a sua difusatildeo ao territoacuterio portuguecircs assim como no movimento iberista que lhe estava

associado A preocupaccedilatildeo demonstrada teve reflexos no apoio conferido pelos portugueses aos

nacionalistas liderados por Francisco Franco em contraponto ao apoio sovieacutetico prestado aos

republicanos

A histoacuteria do seacuteculo XX reservou a Portugal e agrave Espanha um importante papel no contexto

peninsular europeu e mundial A geopoliacutetica e a geoestrateacutegia do espaccedilo peninsular conferiu

aos dois paiacuteses uma centralidade que natildeo lhes permitiu manter-se alheios agraves ocorrecircncias Os

vaacuterios factos da histoacuteria europeia e a postura poliacutetico-estrateacutegica do vizinho peninsular

determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o

objectivo de se diferenciar no contexto ibeacuterico procurando a sua valorizaccedilatildeo estrateacutegica de

forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a manutenccedilatildeo da sua individualidade e

independecircncia A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas

premissas fundamentais Em primeiro lugar a valorizaccedilatildeo permanente da velha alianccedila com a

Gratilde-Bretanha papel desempenhado posteriormente pelos EUA Em segundo lugar pela jaacute

referida necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica numa alianccedila diametralmente

oposta agrave da Espanha

432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo53

Os desiacutegnios da histoacuteria levaram a que Portugal e Espanha viessem a encontrar-se pela

primeira vez comungando os mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e geoestrateacutegico Esta

nova realidade inviabiliza o modelo tradicional de relacionamento natildeo permitindo a existecircncia

de um quadro diferenciador expliacutecito Por outro lado decorrente do processo de transformaccedilatildeo

do regime Portugal deixou de ser possuidor do impeacuterio colonial em funccedilatildeo do qual tantas vezes

condicionou o desenvolvimento da sua poliacutetica externa A grande novidade revela-se na

53 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor deste trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 55

passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia estrateacutegica para outra onde a convergecircncia eacute uma

realidade uma necessidade e tambeacutem uma oportunidade Sua Excelecircncia o Ministro da Defesa

Nacional Dr Luiacutes Amado iria referir-se ao facto da seguinte forma ldquopassamos de uma situaccedilatildeo

de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsularrdquo (AMADO 2005 p211)

A realidade da convergecircncia acima mencionada encontra-se jaacute comprovada pela presenccedila

simultacircnea nas principais OI designadamente na OTAN e na UE ambas mencionadas no acircmbito

deste trabalho Sendo o factor necessidade intriacutenseco agrave partilha de interesses nos diversos

espaccedilos por demais referidos jaacute o factor oportunidade decorre da forma como satildeo encaradas as

situaccedilotildees eventualmente desvantajosas Ou Portugal encara as desvantagens como um fado

inevitaacutevel remetendo-se a uma lamentaccedilatildeo inconsequente ou decide tirar partido das situaccedilotildees

transformando-as em oportunidades definindo objectivos de meacutedio e longo prazo aos quais

deveraacute associar a melhor orientaccedilatildeo estrateacutegica para os atingir

A opccedilatildeo europeia afigurava-se como uma soluccedilatildeo uacutenica e imprescindiacutevel perante a previsiacutevel

adesatildeo da Espanha Colocar o cenaacuterio de uma integraccedilatildeo espanhola com a exclusatildeo de Portugal

era algo que se afigurava desastroso dado que remetia o Paiacutes para uma situaccedilatildeo de isolamento

no extremo ocidental da Europa fora da centralidade econoacutemica e dos incentivos de

desenvolvimento proclamados pela CEE De uma certa forma a UE representou o apoio externo

que o Paiacutes necessitava54 Este conceito estava associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o

relacionamento bilateral deveria assentar na mediaccedilatildeo multilateral de Bruxelas algo que a

expressatildeo ldquochegar a Madrid via Bruxelasrdquo55 (SOUSA 1996 p164) definia muito bem

As diferentes posiccedilotildees assumidas nas instituiccedilotildees europeias satildeo marcas evidentes de que o

facto de ambos pertencerem agrave Uniatildeo natildeo impede a existecircncia de interesses estrateacutegicos

diferenciados O posicionamento relativamente agrave defesa europeia eacute uma questatildeo de divergecircncia

que constitui um bom exemplo do que acabamos de afirmar A Espanha pretende que seja

constituiacutedo um pilar autoacutenomo de defesa enquanto Portugal defende que esse pilar venha a ser

desenvolvido de uma forma complementar e em articulaccedilatildeo com a Alianccedila Atlacircntica

A recente reaproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e agrave Alemanha tem reacendido a ideia de

criaccedilatildeo de um directoacuterio europeu constituiacutedo pelos quatro maiores paiacuteses da UE aos quais se

deveria juntar o nosso vizinho peninsular A procura de mais poder dentro das instituiccedilotildees

europeias tem sido uma ambiccedilatildeo permanente dos espanhoacuteis que provavelmente acabaraacute por dar

frutos Esta eacute uma preocupaccedilatildeo que deveraacute manter-se sempre presente no espiacuterito dos

54 Ideia expressa pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho 55 SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas Janus 97 p 164

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 56

governantes portugueses A orientaccedilatildeo estrateacutegica que acabamos de referir associada agrave adopccedilatildeo

de um sistema de votaccedilatildeo favorecendo os Estados demograficamente mais importantes poderaacute

ter consequecircncias gravosas para Portugal como a sub-representatividade ou a subalternizaccedilatildeo

em aacutereas tatildeo importantes como a Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

O quadro presente permite tambeacutem visualizar a possibilidade de tomada de posiccedilotildees

conjuntas como aliaacutes jaacute no passado recente foi possiacutevel Temos na memoacuteria o esforccedilo comum

desenvolvido no sentido garantir a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia ou o acesso aos

diversos fundos utilizados como suporte ao desenvolvimento econoacutemico posiccedilotildees que foram

reflectidas na expressatildeo ldquochegar a Bruxelas via Madridrdquo A comunhatildeo de objectivos tem

encontrado reflexos tambeacutem noutras aacutereas da poliacutetica externa como eacute o caso dos interesses nos

espaccedilos regionais onde jaacute foram definidas estrateacutegias comuns tanto no seio da UE como na

OTAN Contudo eacute necessaacuterio deixar claro que a coincidecircncia de posiccedilotildees deveraacute ocorrer ldquopor

vontade proacutepriardquo56 e ldquoresultando em prol do interesse nacionalrdquo57 de forma a afastar a ideia da

sub-representatividade ou subalternizaccedilatildeo jaacute anteriormente referidas

Eacute agora o momento oportuno para abordar a uacuteltima das questotildees derivadas Seraacute a orientaccedilatildeo

estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar Portugal no seio das OI onde se encontra

inserido A resposta encontra-se reflectida na anaacutelise efectuada ao relacionamento entre os dois

Estados quando enquadrado no acircmbito multilateral Se o anterior quadro de relacionamento

justificaria uma assentuaccedilatildeo claramente negativa no contexto actual seraacute o interesse nacional a

orientar o sentido positivo ou negativo da resposta Situaccedilotildees ocorreram nomeadamente no seio

da UE em que uma tomada de posiccedilatildeo conjunta foi determinante para a consecuccedilatildeo dos

objectivos pretendidos Contudo outros se verificaram em que o afastamento voltou a ser uma

prioridade Neste contexto natildeo poderemos validar a hipoacutetese onde se afirma que ldquouma

orientaccedilatildeo externa comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio das

OI onde se encontra inseridordquo

A relaccedilatildeo transatlacircntica eacute um assunto que assumidamente preocupa os governantes de ambos

os paiacuteses Caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre

poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas Natildeo deveremos

esquecer a crise a que foram sujeitas no contexto europeu logo apoacutes as tomadas de posiccedilatildeo

relativamente agrave intervenccedilatildeo no Iraque Portugal e a Espanha estiveram juntos ao lado dos EUA

assumindo-o perante o mundo na mediatizada Cimeira dos Accedilores No entanto Joseacute Mariacutea

Aznar revelou que o seu protagonismo foi tatildeo longe que inclusivamente a ele pertence a ideia 56 General Loureiro dos Santos em entrevista concedida ao autor do trabalho em 8 de Abril de 2005 57 Dr Joseacute Medeiros Ferreira em entrevista concedida ao autor do trabalho em 24 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 57

do local de realizaccedilatildeo do encontro (AZNAR 2005 p266) Ainda deveremos ter em memoacuteria as

referecircncias agrave fotografia de conjunto em cujas legendas os perioacutedicos internacionais se

esqueciam de referir o nome do quarto participante

Este enquadramento revelou que a possibilidade de um maior ou menor pendor atlacircntico

poderaacute constituir um modo diferenciador da postura estrateacutegica Contudo Portugal encontra-se

empenhado no processo de construccedilatildeo da Europa sendo esse o espaccedilo geograacutefico onde se

encontra inserido Seraacute aiacute que o paiacutes deveraacute exercer preferencialmente o seu esforccedilo e atenccedilatildeo

No entanto para Portugal torna-se indispensaacutevel que o relacionamento transatlacircntico atinja a

normalidade perdida com os acontecimentos do Iraque Indispensaacutevel para a Europa porque lhe

atribui a estrutura de seguranccedila que ainda natildeo possui e para Portugal porque lhe confere uma

centralidade estrateacutegica que uma exclusiva opccedilatildeo europeia natildeo permite O ldquoequiliacutebrio euro-

atlacircnticordquo58 torna-se uma opccedilatildeo ajustada que permitiraacute acompanhar a construccedilatildeo europeia e as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas assim como contrariar o ldquodeslocamento do centro de

gravidade da poliacutetica europeia para Lesterdquo (MONGIARDIM 2004 p183)

Este eacute o momento de enfrentar a questatildeo que definiu a orientaccedilatildeo do estudo desenvolvido

Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no

actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Em face das

soluccedilotildees encontradas para as questotildees derivadas assim como todas as outras consideraccedilotildees

efectuadas ao longo do desenvolvimento do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser

inequivocamente positiva validando a hipoacutetese central colocada A afirmaccedilatildeo entatildeo proferida

revelou-se um facto relativamente ao anterior modelo de relacionamento onde se impunha uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica oposta mantendo-se como um facto no jaacute designado ldquonovo paradigma

peninsularrdquo

44 A resposta de Portugal

A pergunta para a qual nos falta obter uma resposta diz respeito agrave melhor forma de Portugal

fazer face a uma Espanha ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

Como poderaacute Portugal encontrar uma nova foacutermula diferenciadora que se enquadre nesta nova

matriz de relacionamento Estamos certos de que a resposta seraacute muito mais faacutecil de dar do que

obter a sua implementaccedilatildeo praacutetica No entanto acreditamos que o Paiacutes prosseguiraacute vencendo as

dificuldades encontrando as soluccedilotildees mais adequadas para continuar a afirmar-se na Europa e

no Mundo

58 Expressatildeo empregue pelo Doutor Carlos Gaspar em entrevista concedida em 28 de Abril de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 58

Para tal Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

nomeadamente na UE e na OTAN defendendo de forma firme e determinada o interesse

nacional Deveraacute estabelecer metas definir objectivos e as formas mais eficazes para os atingir

Ainda sobre a presenccedila nas OI Portugal teraacute que afastar as tendecircncias de sub-representatividade

relativamente agrave Espanha fazendo-se representar nos mesmos fora que o seu vizinho peninsular

ou caso contraacuterio ldquoMadrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo

esbater-se-aacuterdquo (AMADO 2005 p215)

Sendo a UE um dos elementos determinantes para a definiccedilatildeo da matriz de identidade

portuguesa e provavelmente o ponto aglutinador da maior parte do esforccedilo estrateacutegico nacional

natildeo poderemos esquecer as restantes vertentes que contribuem para a caracterizaccedilatildeo desta

mesma matriz Assim teremos que considerar a identificaccedilatildeo mariacutetima com o Oceano Atlacircntico

que encerra em si mesmo uma parte fundamental da soluccedilatildeo Permite a potenciaccedilatildeo

geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica o acesso a recursos e fontes de rendimento

e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica de forma a

obter a diversificaccedilatildeo de relacionamento

Por outro lado eacute incontornaacutevel a questatildeo da lusofonia talvez um dos aspectos mais

importantes da marca diferenciadora de Portugal Eacute necessaacuterio defendecirc-la estimulaacute-la e

expandi-la para que possa contribuir para a indispensaacutevel afirmaccedilatildeo de Portugal no contexto

internacional Neste acircmbito tambeacutem a CPLP se afigura como incontornaacutevel cabendo-lhe o

papel de principal meio de defesa de uma liacutengua e cultura comuns a cerca de 200 milhotildees de

pessoas tendo Portugal a responsabilidade de tomar a iniciativa dinamizadora e determinar a

melhor forma para explorar as suas potencialidades

No acircmbito do relacionamento bilateral com a Espanha haveraacute que reduzir ao miacutenimo os

factores que poderatildeo determinar qualquer tipo de dependecircncia procurando alternativas externas

agrave Peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica Neste contexto o porto de Sines poderaacute

desempenhar um papel determinante no que diz respeito agrave possibilidade de importaccedilatildeo de gaacutes

natural liquefeito estabelecendo-se como alternativa segura ao gasoduto euro-magrebino

Contudo deveraacute manter-se em aberto a possibilidade de recurso a outras fontes energeacuteticas

nomeadamente no campo nuclear

A internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas eacute tambeacutem uma necessidade e uma

possibilidade apenas percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios Eacute opiniatildeo generalizada

dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino

preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 59

um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute fornecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade

na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses estabelecendo-se

tambeacutem aqui a diferenciaccedilatildeo positiva de Portugal

Natildeo seraacute menos importante a questatildeo da preparaccedilatildeo das futuras geraccedilotildees de portugueses a

quem temos a responsabilidade de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para

que possam continuar Portugal O Paiacutes seraacute o que os portugueses quiserem A noacutes cabe a

responsabilidade de dar continuidade a uma gloriosa histoacuteria de mais de oito longos seacuteculos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 60

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES

ABU-TARBUSH Joseacute ndash Poliacutetica exterior espanhola Mudanccedila ou continuidade O Mundo Portuguecircs

ISSN 0874-4882 (Mar 2004) 24-27

ALMEIDA Poliacutebio F A Valente ndash Do poder do pequeno Estado enquadramento geopoliacutetico da

hierarquia das potecircncias Lisboa Instituto de Relaccedilotildees Internacionais 1990 ISBN 972-9229-13-9

ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados 1ordf ed Lisboa ldquoOrdem dos Economistas e Gabinete de Estudos e

Prospectiva Econoacutemicardquo 2001 266 p ISBN 972-8170-79-3

AMADO Luiacutes ndash Portugal e Espanha In Visotildees de Poliacutetica Externa Portuguesa Sociedade de

Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios Estrangeiros Lisboa 2005

ISBN 972-98963-4-8 p 211-215

ANTUNES Joseacute Freire ndash Os espanhoacuteis e Portugal 1ordf ed Lisboa ldquoOficina do Livrordquo 2003 733 p

ISBN 989-555-050-2

ARENAL Celestino del ndash La poliacutetica exterior del gobierno Socialista Poliacutetica Exterior ISSN 0213-6856

JuacutelioAgosto nordm 100 p 111-126

ARMESTRE Pedro ndash Um compromisso comum com a seguranccedila e defesa europeias Jornal Puacuteblico (12

Set 2005) 7

AZNAR Joseacute Maria ndash Ocho Antildeos de Gobierno una vision personal de Espantildea 3ordf ed Barcelona

ldquoEditorial Planetardquo 2004 248 p ISBN 84-08-05225-X

AZNAR Joseacute Maria ndash Retratos y Perfiles de Fraga a Bush 2ordf ed Barcelona ldquoEditorial Planetardquo

2005 400 p ISBN 84-08-05940-8

CALLE Angel Luiacutes de la ndash O processo de emancipaccedilatildeo Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) 68

CARNEIRO Roberto MATOS Antoacutenio Teodoro de [et al] ndash Memoacuteria de Portugal o mileacutenio

portuguecircs 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 2001 574 p ISBN 972-42-2594-1

CARR Raymond [et al] ndash Histoacuteria concisa de Espanha 1ordf ed Mem Martins ldquoEuropa-Ameacutericardquo 2004

304 p ISBN 972-1-05412-7

CHARLES Powell [et al] ndash Construir Europa desde Espantildea los nuevos desafios de la poliacutetica europea

[em linha] 2005 [consult Em 15 Jun 2005) Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosinforme20europapdf ISBN 169-885X

CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos [Em linha]

09Dec04 [consult em 15 Mar 2005] Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanocomdocumentos155asp

Constitucion Espantildeola [Em linha] [consult 15 de Ago 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfconstitucionpdf

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 61

CRAVINHO Joatildeo Gomes BRITO Alexandra de ndash As Relaccedilotildees Ibero-mediterracircnicas e Ibero-

Americanas Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de

Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996)p 162

CRP [Em linha] [consult em 20 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwcneptLegislacaodlfilescrp_pt2004_integralpdf

Cuadernos de estrateacutegia nordm 129 La seguridad y la defensa de la Unioacuten Europea retos y opotunidades

Instituto Espantildeol de Estuacutedio Estrateacutegicos [Em linha] [Consult 20 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwieeeesarchivossubidosdocumentacionCE-129pdf

Deacutecimoquarta Cumbre Iberoamericana San Joseacute de Costa Rica ndash Ministeacuterio de Assuntos Exteriores y de

Cooperacion Direccioacuten General de Comunicacioacuten Exterior [Em linha] [consult em 12 de Set de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwmaeesdocumento000000066714cumbreiberoamericanapdf

Directiva de Defensa Nacional 12004 [Em linha] [consult em 12 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwmdeesdescargaddn_2004pdf

Discurso de tomada de posse de Joseacute Luiacutes Zapatero [Em linha] [consult em 16 de Jun de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwla-moncloaeswebPDFDISCURSO20DE20INVESTIDURApdf

DRAIN Michel ndash Geografia da Peniacutensula Ibeacuterica 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1964 143 p

Entrevista de Miguel Horta e Costa ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

FERNANDES Antoacutenio Horta DUARTE Antoacutenio Paulo ndash Portugal e o Equiliacutebrio Peninsular

passado presente e futuro 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 1998 184 p ISBN

072-1-04409-1

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash A Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeias Almedina

Lisboa 2002

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Portugal na conferecircncia de paz Paris 1919 1ordf ed Lisboa ldquoQuetzal

Editoresrdquo 1992 115 p ISBN 972-564-140-X

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Um seacuteculo de problemas as relaccedilotildees luso-espanholas da uniatildeo ibeacuterica

agrave Comunidade Europeia 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1989 84 p ISBN 972-24-0715-5

FIEL Jorge ndash Que medo Expresso Caderno de Economia e Internacional (30 Jun 2005) 7

GASPAR Carlos ndash Estruturas alianccedilas e regimes As relaccedilotildees entre Portugal e a Espanha (1926-1974) I

Encontro Internacional Relaccedilotildees Portugal-Espanha Lisboa 165-209

GIRAtildeO Amorim ndash Geografia de Portugal 1ordf ed Porto ldquoPortucalense Editora SARLrdquo 1941 479 p

MALAMUD Carlos [et al] ndash La Poliacutetica Espantildeola Hacia Ameacuterica Latina Primar lo Bilateral para Ganar

en lo Global [em linha] 2005 [Consultado em 15 em 15 Abr 05] 2005 Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosInf_3pdf

MARTINS Christiana (2005a) ndash A carta roubada Expresso Caderno de Economia e Internacional (7

Maio 2005)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 62

MARTINS Christiana (2005b) ndash Iberdrola disponiacutevel Expresso Caderno de Economia e Internacional

(25 Jun 2005) 15

MARTINS Christiana (2005c) ndash Telefoacutenica aperta o cerco agrave PT Expresso Caderno de Economia e

Internacional (4 Jun 2005) 10

MATTOSO Joseacute [et al] ndash Histoacuteria de Portugal 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 1994 683 p

ISBN 972-42-0971-7 vol 6

MEIRELES Luiacutesa ndash Nacionalismo (s) agrave prova Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) p 64-66

MONJARDIN Maria Regina ndash O alargamento da Uniatildeo Europeia Novos vizinhos 1ordf ed Lisboa

ldquoPrefaacuteciordquo 2004 198 p ISBN 972-8816-32-4

NOGUEIRA Franco (2000a) ndash As crises e os homens 2ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000

347 p ISBN 972-26-1760-5

NOGUEIRA Franco (2000b) ndash Juiacutezo final 7ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000 217 p ISBN

972-26-1772-9

O estado das autonomias ldquoExpresso Uacutenicardquo (16 Abr 2005) p 71-73

OLIVEIRA Ceacutesar [et al] ndash Histoacuteria dos municiacutepios e do poder local dos finais da idade meacutedia agrave

Uniatildeo Europeia 1ordf ed Lisboa Circulo de Leitores 1996 591 p ISBN 972-42-1300-5

PEREIRA Helena ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar de outros negociadores Jornal

Puacuteblico (12 Jun 2005) 9

PINTO Ricardo Leite CORREIA Joseacute de Matos SEARA Fernando Reboredo ndash Ciecircncia poliacutetica e

direito constitucional teoria geral do Estado e formas de governo 3ordf ed Lisboa ldquoUniversidade

Lusiacuteada Editorardquo 2005 319 p ISBN 972-8883-22-6

Programa do XVII Governo Constitucional [Em linha] [consult 14 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwportugalgovptNRrdonlyres631A5B3F-5470-4AD7-AE0F-

D8324A3AF4010ProgramaGovernoXVIIpdf

Resoluccedilatildeo do Conselho de Ministros nordm 62003 DR I-B Seacuterie 16 (2003-01-20) 279-287

RIBEIRO Nuno ndash Contributos de Espanha para agradar a Washington Jornal Puacuteblico (11 Fev 2005) 4

SANTOS Joseacute Alberto Loureiro dos ndash Convulsotildees Ano III da Guerra ao Terrorismo Reflexotildees

Sobre Estrateacutegia IV 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 2004 308 p ISBN 972-1-

05382-1

SANTOS Nicolau ndash Indignaccedilotildees e erros agrave volta de uma OPA Expresso caderno de economia (10 Set

2005) 2

SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da aacutegua Instituto Superior de Ciecircncias de Ciecircncias

Sociais e Poliacuteticas 2002 Tese de mestrado

SEABRA Maria Joatildeo ndash Vizinhanccedila Inconstante Portugal e Espanha na Europa 1ordf ed Lisboa

Instituto de Estudos Estrateacutegicos e Internacionais 1995 42 p ISBN 972-8109-09-1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 63

SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas In Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores

Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996) 164-165

SOUSA Teresa de (2005a) ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar do poliacutetico e protagonista

Jornal Puacuteblico (12 Jun 2005) 8

SOUSA Teresa de (2005b) ndash O olhar de um historiador Jornal Puacuteblico (13 Jun 2005) 11

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A importacircncia da OTAN para Portugal In Portugal e os 50 anos da

Alianccedila Atlacircntica 1949-1999 MDN ISBN 972-95256-1-7 (1999) p 71-105

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A dualidade de um espaccedilo comum ndash In Visotildees de Poliacutetica Externa

Portuguesa Sociedade de Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios

Estrangeiros Lisboa 2005 ISBN 972-98963-4-8 p 197-208

Un Antildeo de Gobierno [Em linha] Abril de 2005 Ministerio de la Presidecircncia Secretaria de Estado de

Comunicacioacuten [consult 15 de Jun de 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfunanigobpdf

VICENTE Antoacutenio Pedro ndash Espanha e Portugal Um Olhar Sobre as Relaccedilotildees Peninsulares no Seacutec

XX 1ordf ed Lisboa ldquoTribunardquo 2003 393 p ISBN 972-8799-01-2

SITIOS DA INTERNET CONSULTADOS

httpeuropaeuintabc12lessonsindex4_pthtm

httpeuropaeuintabc12lessonsindex5_pthtm

httpwwwcplporg

httpwwwonocomptCPLPdocumentoaspdocumento=5

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AA ndash CONSUMO DE ENERGIA PRIMAacuteRIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

Carvatildeo 1600

Outras Renovaacuteveis900

Gaacutes Natural 800

Hiacutedrica 400

Petroacuteleoe Derivados

6300

Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

Petroacuteleo e Derivados5200

Hiacutedrica200

Outras Renovaacuteveis400

Gaacutes Natural 1200

Nuclear1300

Carvatildeo1700

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AB ndash CONSUMO FINAL DE ENERGIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo Final de EnergiaPortugal 2000

Derivados Petroacuteleo68

Carvatildeo2

Renovaacuteveis9

Gaacutes Natural4

Eleacutectricidade17

Consumo Final de EnergiaEspanha 2000

DerivadosPetroacuteleo

63

Carvatildeo1

Gaacutes Natural14

Renovaacuteveis4

Eleacutectricidade18

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AC ndash REDE IBEacuteRICA DE GAacuteS NATURAL

Fonte GALP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AD ndash PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fortaleza

de

Capital

Tamanho

de

Activos

Solidez

Ratio

CapitalActivos

Retorno

Sobre Activos

Ratio

CustoCreacutedito Bancos

(Milhotildees de doacutelares) () () ()

Banco Comercial

Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355

Caixa Geral de

Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569

Banco Espiacuterito

Santo 3271 54664 598 083 5061

Bano Totta e

Accedilores 1806 36403 496 11 4991

Santander Central

Hispano 21408 444012 482 117 631

Banco Bilbao

Vizcaya

Argentaria

18176 362655 501 133 5677

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AE ndash PIB PER CAacutePITA POR PARIDADE DE PODER DE COMPRA

PIB Per Caacutepita Por Paridade de Poder de Compra

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Portugal UE 15 Portugal Espanha Espanha UE 15

Fonte Eurostat citado em CHISLET William ndash Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios

incoacutemodos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AF ndash INVESTIMENTO DIRECTO BILATERAL

Milhotildees de euros

Incluem os fundos em Entidades de Tenencia de Valores Estranjeros

Fonte Direccioacuten General Espantildeola de Comercio e Inversiones citado em CHISLET William ndash

Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

Investimento Directo Bruto de Espanha em Portugal e Portugal em Espanha

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Em Portugal 462 370 1352 497 740 467 790 3454 1140 1033 1916

Em Espanha 141 83 92 164 96 228 149 1844 9169 1086 107

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AG ndash NATO COMMAND ARRANGEMENTS (NCA)

Fonte Joint Command Lisbon

NATO HQ Brussels - Belgium

Allied Command Transformation Norfolk - USA

Allied Command Operations

Mons - Belgium

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AH ndash NATO COMMAND STRUCTURE ndash ALLIED COMMAND OPERATIONS

Fonte Joint Command Lisbon

ACO Mons - Belgium

JFC North Brunssum NL

JFC South Naples IT

JC Lisbon Lisbon PO

HQ Land-North Heidelberg GE

HQ Air-North Ramstein GE

HQ Nav-North Northwood UK

HQ Air-South Izmir GE

HQ Nav-North Naples IT

(LCC-HQ) Madrid SP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo B ndash COMEacuteRCIO EXTERNO DA ESPANHA POR ZONAS GEOGRAacuteFICAS

Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados p 43

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo C ndash O ESPACcedilO ESTRATEacuteGICO DE INTERESSE NACIONAL

1 Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Permanente

A poliacutetica de defesa nacional tem como um dos objectivos a seguranccedila e defesa do territoacuterio

nacional em toda a sua extensatildeo que abrange o continente os Accedilores e a Madeira Na definiccedilatildeo

dessa poliacutetica devem inscrever-se os seguintes elementos matriciais

bull O territoacuterio ndash Define-se nas suas referecircncias cardeais entre o ponto mais a Norte no

concelho de Melgaccedilo ateacute ao ponto mais a Sul nas ilhas Selvagens e do seu ponto mais

a Oeste na ilha das Flores ateacute ao ponto mais a Leste no concelho de Miranda do

Douro

bull O espaccedilo de circulaccedilatildeo ndash Entre as parcelas do territoacuterio nacional dado o seu caraacutecter

descontiacutenuo

bull O espaccedilo aeacutereo e mariacutetimo ndash Sob responsabilidade nacional as nossas aacuteguas territoriais

os fundos marinhos contiacuteguos a zona econoacutemica exclusiva e a zona que resultar do

processo de alargamento da plataforma continental

2 O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural

Decorre da avaliaccedilatildeo da conjuntura internacional e da definiccedilatildeo da capacidade nacional tendo

em conta as prioridades da poliacutetica externa e de defesa os actores em presenccedila e as diversas

organizaccedilotildees em que nos inserimos Nesse sentido satildeo aacutereas prioritaacuterias com interesse relevante

para a definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de interesse nacional conjuntural as seguintes

bull O espaccedilo euro-atlacircntico ndash compreendendo a Europa onde nos integramos o espaccedilo

atlacircntico em geral e o relacionamento com os Estados Unidos da Ameacuterica

bull O relacionamento com os Estados limiacutetrofes

bull O Magreb ndash No quadro das relaccedilotildees bilaterais e do diaacutelogo com o Mediterracircneo

bull O Atlacircntico Sul em especial e o relacionamento com o Brasil

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull A Aacutefrica lusoacutefona e Timor-Leste

bull Os paiacuteses em que existem fortes comunidades de emigrantes portugueses

bull Os paiacuteses ou regiotildees em que Portugal tenha presenccedila histoacuterica e cultural nomeadamente

a Regiatildeo Administrativa Especial de Macau

bull Paiacuteses de origem das comunidades imigrantes em Portugal

3 Podem considerar-se aacutereas de interesse relevante para definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de

interesse nacional conjuntural para aleacutem das mencionadas quaisquer outras zonas do globo

em que em certo momento os interesses nacionais estejam em causa ou tenham lugar

acontecimentos que os possam afectar

Fonte Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo D ndash POPULACcedilAtildeO

POPULACcedilAtildeO 2001

PORTUGAL 10356117

Norte 3687293

Lisboa e Vale do Tejo 3467483

Centro 1783596

Alentejo 535753

Algarve 395218

Madeira 245011

Accedilores 241763

ESPANHA 40847371

Andaluzia 7357558

Catalunha 6343110

Madrid (Comunidade de) 5423384

Comunidade Valenciana 4162776

Galiza 2695880

Castela e Leatildeo 2456474

Paiacutes Basco 2082587

Castela-La Mancha 1760516

Canaacuterias 1694477

Aragatildeo 1204215

Muacutercia (Regiatildeo de) 1197646

Astuacuterias (Principado de) 1062998

Estremadura 1058503

Baleares (Ilhas) 841669

Navarra (Comunidade Foral de) 555829

Cantaacutebria 535131

La Rioja 276702

Ceuta 71505

Melilla 66411

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo E ndash DENSIDADE POPULACIONAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

DENSIDADE POPULACIONAL 2003

(habkm2)

UE 15 120

Alemanha 231

Franccedila 110

Reino Unido 243

Itaacutelia 190

Espanha 84

Paiacuteses Baixos 476

Greacutecia 83

Portugal 113

Beacutelgica 334

Sueacutecia 22

Aacuteustria 96

Dinamarca 125

Finlacircndia 17

Irlanda 57

Luxemburgo 149

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo F ndash DENSIDADE POPULACIONAL POR REGIOtildeES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo G ndash PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO NA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)

Cenaacuterio BaseAnos da previsatildeo 2010 2025 2040

Portugal 106 104 98

Espanha 457 501 527

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo H ndash PIRAcircMIDE ETAacuteRIA

PIRAcircMIDE ETAacuteRIA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo I ndash EVOLUCcedilAtildeO DAS TAXAS DE NATALIDADE E MORTALIDADE

Evoluccedilatildeo das Taxas de Natalidade e Mortalidade

0

2

4

6

8

10

12

14

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Portugal

Espanha

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo J ndash TAXA DE ABANDONO ESCOLAR

Taxa de Abandono Escolar ()

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Portugal Espanha

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo K ndash POPULACcedilAtildeO FEMININA QUE FREQUENTA O ENSINO SUPERIOR

POPULACcedilAtildeO FEMININA

NO

ENSINO SUPERIOR 2001

UE 15 559

Portugal 671

Finlacircndia 611

Sueacutecia 585

Itaacutelia 573

Espanha 572

Dinamarca 565

Beacutelgica 561

Irlanda 560

Reino Unido 559

Franccedila 555

Paiacuteses Baixos 547

Alemanha 516

Aacuteustria 515

Luxemburgo nd

Greacutecia nd

nd ndash Natildeo disponiacutevel

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo L ndash DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO

DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO 2001

( PIB)

UE 15 51

Dinamarca 85

Sueacutecia 73

Finlacircndia 62

Beacutelgica 61

Portugal 59

Aacuteustria 58

Franccedila 57

Itaacutelia 50

Paiacuteses Baixos 50

Reino Unido 47

Alemanha 46

Espanha 44

Irlanda 44

Greacutecia 39

Luxemburgo 39

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo M ndash ALOJAMENTOS COM COMPUTADOR

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo N ndash POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACIVIDADE

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE

2003 Total (1000) Agricultura Induacutestria Serviccedilos

UE 15 163758 38 265 645

Aacuteustria 3693 55 287 657

Beacutelgica 4055 17 249 733

Alemanha 35927 24 314 662

Dinamarca 2704 33 231 734

Espanha 16666 56 308 636

Finlacircndia 2401 52 266 677

Franccedila 24041 43 245 706

Greacutecia 4015 163 220 617

Irlanda 1778 64 277 656

Itaacutelia 22057 47 318 635

Luxemburgo 188 27 191 782

Paiacuteses Baixos 8176 29 210 761

Portugal 5118 128 328 544

Sueacutecia 4352 26 226 748

Reino Unido 28637 12 235 751

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo O ndash VALOR DO VAB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - PORTUGAL

Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade 2001

AgriculturaSilvicultura

Pescas400

Serviccedilos6700

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2900

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo P ndash VALOR DO PIB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - ESPANHA

Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

Serviccedilos6030

AgriculturaPescas299

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2663

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Q ndash TAXA DE ACTIVIDADE FEMININA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo R ndash TAXA DE DESEMPREGO POR REGIOtildeES 2003 ()

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo S ndash DIAS NAtildeO TRABALHADOS DEVIDO A GREVES

Dias natildeo Trabalhados Devido a Greves (p1000 empregados)

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8

Espanha Portugal

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1995 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo T ndash TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB A PRECcedilOS CONSTANTES

Taxa de Crescimento Anual do PIB a Preccedilos Constantes ()

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo U ndash EVOLUCcedilAtildeO DO PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Milhares de euros 1998 2000 2002

UE 15 203 227 241

Luxemburgo 396 485 502

Dinamarca 291 321 341

Irlanda 209 271 331

Sueacutecia 250 293 287

Reino Unido 218 266 280

Paiacuteses Baixos 224 253 275

Aacuteustria 237 258 271

Finlacircndia 224 251 269

Alemanha 234 247 256

Beacutelgica 219 242 252

Franccedila 216 234 248

Itaacutelia 186 202 217

Espanha 133 153 172

Greacutecia 101 113 129

Portugal 99 113 125

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo V ndash PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES 2002

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo W ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DE PORTUGAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Portugal

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291

2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147

3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99

4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64

5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49

6ordm Itaacutelia 48 6ordm Paiacuteses Baixos 46

7ordm Beacutelgica 46 7ordm Beacutelgica 29

8ordm Paiacuteses Baixos 39 8ordm EUA 19

9ordm Angola 23 9ordm Japatildeo 17

10ordm Sueacutecia 13 10ordm Nigeacuteria 17

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo X ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DA ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Espanha

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Franccedila 191 1ordm Franccedila 168

2ordm Alemanha 119 2ordm Alemanha 166

3ordm Itaacutelia 96 3ordm Itaacutelia 88

4ordm Reino Unido 93 4ordm Reino Unido 65

5ordm Portugal 93 5ordm Paiacuteses Baixos 48

6ordm EUA 42 6ordm Beacutelgica 35

7ordm Paiacuteses Baixos 34 7ordm Portugal 32

8ordm Beacutelgica 30 8ordm China 32

9ordm Meacutexico 16 9ordm EUA 31

10ordm Marrocos 13 10ordm Japatildeo 21

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Y ndash TROCAS COMERCIAIS COM A UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Exportaccedilotildees para a UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

Importaccedilotildees da UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Z ndash PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL A ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA 2003

Portugal exporta para Espanha Espanha exporta para Portugal

1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 134 1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 119

2ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 112 2ordm Artigos manufacturados diversos 50

3ordm Equipamento eleacutectrico 56 3ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 49

4ordm Ferro e accedilo 46 4ordm Equipamento eleacutectrico 45

5ordm Produtos metaacutelicos fabricados 40 5ordm Papel e cartatildeo 39

6ordm Manufacturas de minerais natildeo metaacutelicos 38 6ordm Maacutequinas de escritoacuterio e de

processamento de dados 37

7ordm Fibras tecidos e produtos tecircxteis 36 7ordm Maacutequinas e equipamento industrial 36

8ordm Mobiliaacuterio e componentes 36 8ordm Peixe crustaacuteceos e moluscos 35

9ordm Madeira e produtos de madeira 33 9ordm Ferro e accedilo 33

10ordm Papel e cartatildeo 32 10ordm Produtos metaacutelicos fabricados 33

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

APEcircNDICES

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice A ndash SINTESE HISTOacuteRICA DA ESPANHA

No iniacutecio do seacuteculo XX saboreava ainda a Espanha a receacutem instaurada monarquia e a

implementaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1876 quando sofreu o dissabor que a histoacuteria designou

simplesmente como ldquoo desastrerdquo A expressatildeo pretendeu caracterizar a crise vivida no final do

seacuteculo XIX em 1898 que teve como consequecircncia a perda das coloacutenias de Porto Rico Cuba e

Filipinas Apesar do regime ter resistido a tais acontecimentos sobressaiam as vozes criticas os

movimentos de protesto e os incitamentos agrave implementaccedilatildeo de reformas inicialmente por acccedilatildeo

do movimento regeneracionista liderado por Joaquim Costa Embora natildeo tenha conseguido as

esperadas adesotildees pretendia mobilizar a classe poliacutetica para que fossem encetadas as desejadas

reformas social econoacutemica e educacional

O ressurgimento do movimento republicano era tambeacutem uma consequecircncia inevitaacutevel que a

partir de 1900 tomava duas direcccedilotildees distintas De um lado surgia Alejandro Lerroux ldquoherdeiro

da velha tradiccedilatildeo revolucionaacuteria urbanardquo (CARR et al 2004 p204) explorando o

descontentamento dos trabalhadores marginalizados que viviam nos bairros de lata das grandes

cidades As suas acccedilotildees visavam atingir os ideais da burguesia atraveacutes do renascimento do

anticlericalismo violento da deacutecada de 1830 Do outro situava-se a ala burguesa representada

pelo Partido Republicano Reformista caracterizado pela qualidade intelectual dos seus

dirigentes onde despontavam jovens como Manuel Azantildea que viria a desempenhar um papel

relevante no periacuteodo da Segunda Repuacuteblica

Esta ala reformista pretendia modernizar o paiacutes democratizar e actualizar a legislaccedilatildeo social e

educacional assim como afirmava ser possiacutevel a convivecircncia com o regime monaacuterquico desde

que este pudesse assegurar os valores e os princiacutepios reformistas pretendidos O movimento teve

uma larga implantaccedilatildeo nas grandes cidades onde nas eleiccedilotildees regionais obteve resultados

superiores aos da monarquia contudo no interior rural as votaccedilotildees natildeo foram nada positivas

Neste contexto alguns movimentos nacionalistas atingiam dimensotildees de relevo O

catalanismo iniciado na deacutecada de 1830 como um movimento de renascimento literaacuterio da

liacutengua e cultura catalatilde assumia em 1890 uma dimensatildeo poliacutetica que reivindicava a

possibilidade de constituir um governo autoacutectone A direcccedilatildeo estava a cargo de Prat de la Riba

que apesar das suas reivindicaccedilotildees de acircmbito nacionalista recusavam os movimentos de caris

radical Em 1906 tendo em vista as eleiccedilotildees do ano seguinte surge o ldquoSolidaritat Catalanrdquo que

resultou da uniatildeo de todos os movimentos com excepccedilatildeo do liderado por Lerroux Apesar das

exigecircncias de criaccedilatildeo de um governo catalatildeo permanecerem por satisfazer Prat de la Riba

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

promovia a liacutengua e cultura catalatilde Em 1922 o catalanismo poliacutetico dava origem agrave Acccedilatildeo Catalatilde

que assumia os princiacutepios da esquerda republicana que sob a lideranccedila do Coronel Francesc

Maciaacute se tornava num movimento separatista lutando pela Catalunha como uma repuacuteblica livre

num Estado federal

Os Bascos que ainda sofriam as consequecircncias das rebeliotildees carlistas do periacuteodo de 1833-39

desenvolviam um tipo de nacionalismo que por natildeo possuiacuterem a unidade poliacutetica do movimento

catalatildeo natildeo representava qualquer ameaccedila ao regime Foi Sabino de Arana que desenvolveu o

sentido de uniatildeo entre os bascos designando a uniatildeo nacional por Euzkadi e assumindo o

desiacutegnio de separaccedilatildeo do Estado espanhol A par da liacutengua basca fundou o Partido Nacionalista

Basco que desenvolvia um nacionalismo essencialmente racista mas ao contraacuterio do movimento

nacionalista catalatildeo natildeo se colocou na ala esquerda do sector poliacutetico A partir da deacutecada de

1960 os nacionalistas radicais adoptaram a acccedilatildeo terrorista como meacutetodo para atingirem os fins

propostos

Outra das forccedilas poliacuteticas que despontava era o Partido Socialista Obrero Espantildeol (PSOE)

fundado em 1879 por Pablo Igleacutesias Encontrava-se significativamente implantado nos distritos

das minas de carvatildeo das Astuacuterias e das minas de ferro e da induacutestria metaluacutergica de Bilbau No

entanto a sua implantaccedilatildeo natildeo chegava ao interior rural onde se sobrepunham os sindicatos

catoacutelicos em Navarra e Castela e os movimentos anarquistas na Andaluzia e Levante

A igreja opunha-se agraves tendecircncias reformistas e de modernizaccedilatildeo entatildeo proclamadas Para

combater estes movimentos que encarava como ameaccedila alargava a actividade missionaacuteria e

empenhava a Acccedilatildeo Catoacutelica na mobilizaccedilatildeo dos leigos Entretanto as ordens religiosas

ldquoapoderavam-se das funccedilotildees de bem-estar e educacionais que o governo natildeo conseguia

financiarrdquo (CARR et al 2004 p210)

Com a restauraccedilatildeo monaacuterquica em 1876 os governos desenvolviam a sua acccedilatildeo em regime de

alternacircncia partidaacuteria entre liberais e conservadores Contudo as querelas partidaacuterias e a

corrupccedilatildeo poliacutetica natildeo permitiam aos partidos estabelecerem governos estaacuteveis Esta

instabilidade originou entre 1902 e 1923 a tomada de posse de 34 governos nuacutemeros que

reflectem a precariedade do sistema poliacutetico a que o rei Afonso XIII deveria fazer face

Em 1923 atraveacutes de um pronunciamiento1 o General Primo de Rivera tomou o poder e foi

reconhecido pelo rei como ditador militar Era sua intenccedilatildeo conseguir o afastamento dos

poliacuteticos corruptos e ineficazes de forma a entregar o Paiacutes aos verdadeiros patriotas O seu

programa de governo assentava na realizaccedilatildeo de inuacutemeros projectos de obras puacuteblicas e na

1 Revolta militar com o objectivo da tomada do poder

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

protecccedilatildeo da economia tornando-a fechada e auto-suficiente O seu programa falha por

dificuldades orccedilamentais falhando tambeacutem o projecto poliacutetico de criaccedilatildeo de um vasto

movimento patrioacutetico que deveria dar origem agrave Uniatildeo Poliacutetica Nacional Primo de Rivera eacute

afastado pelo rei em 1930 apoacutes a tentativa de encetar uma reforma no Exeacutercito No entanto os

custos satildeo vastos caindo tambeacutem o regime monaacuterquico

A 2ordf Repuacuteblica proclamada a 14 de Abril de 1931 transmitia a esperanccedila proacutepria de um

regime democraacutetico O novo sistema poliacutetico pretendia levar a cabo reformas radicais de acircmbito

social e cultural que de uma forma geral se resumiam ao alargamento dos direitos agraves minorias

ao reconhecimento das reivindicaccedilotildees autonoacutemicas das regiotildees histoacutericas na atribuiccedilatildeo de

melhores salaacuterios e mais direitos sindicais Para os sectores mais tradicionais da sociedade

espanhola as transformaccedilotildees e as reformas eram vistas como uma ameaccedila aos seus interesses

bem como agrave identidade da proacutepria Espanha Assim a igreja temia a progressiva laicizaccedilatildeo da

sociedade os latifundiaacuterios e os industriais receavam os anuacutencios de subida de salaacuterios e o

aumento dos direitos sindicais e a ala conservadora do Exeacutercito encarava o reconhecimento das

autonomias regionais como uma ameaccedila agrave integridade territorial do paiacutes

O governo formado por republicanos e socialistas dirigido inicialmente por Alcalaacute Zamora e

posteriormente por Manuel Azantildea demonstrava os primeiros sinais do desgaste provocado pelas

elevadas expectativas criadas bem como pelas poleacutemicas reformas pretendidas Em 1933 surgia

a oposiccedilatildeo da Confederaccedilatildeo dos Grupos Autoacutenomos de Direita (CEDA) dirigida por Joseacute Maria

Gil Robles que se assumia como o principal partido do parlamento a partir das eleiccedilotildees

realizadas no final do ano Este facto permitia-lhe apoiar um governo minoritaacuterio da ala direita

dos republicanos radicais

Em 1935 os escacircndalos de corrupccedilatildeo ocorridos no seio da coligaccedilatildeo de direita levaram agrave

convocaccedilatildeo de eleiccedilotildees que recolocaram no governo a Frente Popular antiga alianccedila eleitoral

entre socialistas e republicanos de Manuel Azantildea e Idaleacutecio Prieto Contudo a instabilidade

social e o fraccionamento poliacutetico da Espanha que opunha de um lado os republicanos apoiados

pela esquerda e do outro a direita que ldquopretendia desestabilizar a repuacuteblica atraveacutes da desordem

civilrdquo (CARR et al 2004 p230) faziam prever a realizaccedilatildeo de um golpe militar com o objectivo

de instaurar um regime autoritaacuterio e implicitamente derrubar o regime O assassiacutenio de Joseacute

Calvo Sotelo um monaacuterquico autoritaacuterio de direita e liacuteder do Bloco Nacional foi o catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe que se iniciou a 17 de Julho com a sublevaccedilatildeo do Exeacutercito

em Marrocos Ao falhar este golpe mergulhou a Espanha num prolongado e sangrento conflito

interno

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

A guerra civil opocircs os partidaacuterios do regime aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo

Francisco Franco tambeacutem conhecido pela designaccedilatildeo de ldquocaudilhordquo Os revoltosos pretendiam

a derrota da democracia e o consequente restabelecimento de um regime autoritaacuterio assim como

a restauraccedilatildeo do papel da igreja catoacutelica e a salvaguarda da integridade territorial das ambiccedilotildees

separatistas de bascos e catalatildees A intensidade dos combates e os provaacuteveis riscos de uma

vitoacuteria republicana para a estabilidade da Europa em especial para Portugal levaram a que o

apoio externo fosse considerado um factor determinante para o sucesso Assim enquanto os

nacionalistas cativaram a simpatia da Alemanha Itaacutelia e de Portugal os republicanos

asseguravam o suporte sovieacutetico

A Franccedila e a Gratilde-Bretanha receando o contaacutegio do conflito agrave Europa propuseram a assinatura

de um acordo de natildeo-intervenccedilatildeo assim como a criaccedilatildeo de uma comissatildeo que acompanhasse a

sua implementaccedilatildeo Apesar de assinado pelas potecircncias europeias jaacute referidas de nada valeu

verificando-se violaccedilotildees por parte da Alemanha e da Itaacutelia que contribuiacuteram com aviotildees para o

transporte de tropas nomeadamente das forccedilas revoltosas sedeadas em Marrocos armas e

homens Tambeacutem o Governo de Portugal natildeo deixaria de prestar o seu contributo para o ecircxito

nacionalista desempenhando um papel fundamental no apoio logiacutestico agraves suas forccedilas Mais

tarde a Ruacutessia efectivava o apoio ao regime cedendo material de guerra A 27 de Marccedilo de 1939

os nacionalistas tomavam Madrid e trecircs dias depois a guerra era dada por terminada

Seguiu-se um periacuteodo de regime conservador e autoritaacuterio liderado por Francisco Franco

cujo poder assentava na igreja no Exeacutercito e na receacutem criada Falange O regime suportou o

periacuteodo de guerra generalizada que se seguiu na Europa na qual apesar da sua alegada

neutralidade deixou claro o alinhamento com as naccedilotildees do eixo A entrada na guerra chegou a

ser negociada facto que poderia arrastar a Peniacutensula para o conflito

O alinhamento espanhol e a manutenccedilatildeo de um regime autoritaacuterio estiveram na base de um

periacuteodo de isolamento imposto pela comunidade internacional As consequecircncias de maior

visibilidade foram o afastamento do Plano Marshal a natildeo entrada na OTAN na ONU e na CEE

Este periacuteodo foi mantido ateacute 1953 ano em que foram assinados os acordos de cooperaccedilatildeo com

os EUA que permitiram o estacionamento de bases militares no territoacuterio em troca de ajuda

financeira

Economicamente a Espanha encontrava-se numa situaccedilatildeo catastroacutefica motivada pela

prolongada guerra civil pela guerra mundial pelo auto-isolamento econoacutemico patrocinado pelo

regime e pelo isolamento externo imposto pela comunidade internacional A partir de 1959

Franco aceitava alterar a poliacutetica econoacutemica pondo em praacutetica um plano de estabilidade que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

originou importantes resultados Contudo a agitaccedilatildeo social crescia fruto da incompatibilidade

entre reformas e modernizaccedilatildeo e a existecircncia de um regime autoritaacuterio

Ressurgem tambeacutem os movimentos nacionalistas regionais que provocam um rude golpe

quando em 1973 a ETA assassina Carrero Blanco Primeiro-Ministro de Franco Com a morte

do Chefe de Estado em 1975 eacute coroado rei Juan Carlos I entretanto regressado de Portugal O

regime de Francisco Franco eacute desmantelado e eacute instaurada a democracia que tem vindo a

proporcionar uma alternacircncia de governos entre o PSOE e o PP dos quais Felipe Gonzaacutelez Joseacute

Maria Aznar e Joseacute Luiacutes Zapatero satildeo os mais recentes interpretes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice B ndash SINTESE HISTOacuteRICA DE PORTUGAL

Ao virar do seacuteculo Portugal encontrava-se numa difiacutecil situaccedilatildeo financeira agravada pela

diminuiccedilatildeo das receitas externas provenientes das exportaccedilotildees agriacutecolas e das receitas

monetaacuterias dos emigrantes Em 1892 os ldquocredores suspenderam os empreacutestimos agrave coroa

portuguesardquo (CARNEIRO et al 2001 p488) provocando mesmo a entrada do Estado na

situaccedilatildeo de bancarrota A agitaccedilatildeo social fazia sentir-se com intensidade a par de numerosas

manifestaccedilotildees em favor da Repuacuteblica Na eacutepoca estava ainda muito presente a constrangedora

questatildeo do ultimato inglecircs que em resposta agraves aspiraccedilotildees nacionais do Mapa Cor-de-rosa1 que

colidiam com as pretensotildees coloniais britacircnicas2 pressionaram Portugal a abandonar o projecto

pondo a nu a influecircncia inglesa nos desiacutegnios nacionais

O regime monaacuterquico encontrava-se em crise assim como o proacuteprio sistema liberal

constitucional Os primeiros anos do novo seacuteculo foram caracterizados por uma vincada

instabilidade governativa Os escacircndalos poliacuteticos avolumavam-se retirando credibilidade agrave

classe poliacutetica e agrave autoridade do proacuteprio Estado Tambeacutem os partidos poliacuteticos natildeo eram alheios

agrave turbulecircncia entatildeo instalada sucedendo-se as cisotildees novos partidos nasciam representando

outras facccedilotildees Os governos sucediam-se ateacute que a instabilidade faz desencadear em 28 de

Janeiro de 1908 uma intentona republicana para derrubar o regime O clima de agitaccedilatildeo social e

de confrontaccedilatildeo poliacutetica culminou em 1 de Fevereiro com o assassiacutenio do rei D Carlos e do

priacutencipe herdeiro D Luiacutes Filipe

A tentativa de D Manuel II para manter o regime monaacuterquico natildeo surtiu efeito e num

movimento liderado pelo Almirante Cacircndido dos Reis e por D Miguel Bombarda eacute implantada

a Repuacuteblica a 5 de Outubro de 1910 Nos primeiros anos entre 1911 e 1917 mantinha-se um

ambiente de forte instabilidade podendo identificar-se quatro (CARNEIRO et al 2001 p494)

periacuteodos poliacuteticos distintos o primeiro compreendido entre 1911 e 1913 foi caracterizado pela

formaccedilatildeo de governos de coligaccedilatildeo o segundo entre 1913 e 1915 no qual acccedilatildeo governativa foi

exercida pelo Partido Democraacutetico liderado por Afonso Costa no terceiro confinado ao ano de

1915 surgia o periacuteodo de ditadura do General Pimenta de Castro por uacuteltimo o periacuteodo

compreendido entre os anos de 1916 e 1917 no qual governaram os executivos que decidiram a

posiccedilatildeo beligerante de Portugal na I Guerra Mundial

1 O Mapa Cor-de-rosa representava o projecto portuguecircs de unir os territoacuterios de Angola e Moccedilambique 2 Os ingleses pretendiam criar um corredor contiacutenuo do Cairo ateacute agrave cidade do Cabo na Aacutefrica do Sul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Na fase que se seguiu agrave implantaccedilatildeo da repuacuteblica foi considerada de grande premecircncia a

necessidade de proceder agrave consolidaccedilatildeo do regime e agrave criaccedilatildeo de um clima de pacificaccedilatildeo

nacional e de ordem puacuteblica pelo que deveria dar-se inicio agrave implementaccedilatildeo das promessas

efectuadas pelo Partido Republicano A constituiccedilatildeo surgiu em 1911 e com ela apareceram

reformas de vulto para a eacutepoca tais como a laicizaccedilatildeo do Estado a expulsatildeo das ordens

religiosas a proibiccedilatildeo do ensino religioso nas escolas puacuteblicas e a regulamentaccedilatildeo da greve

Contudo as medidas reformistas desencadearam desentendimentos e um grande

descontentamento nalguns sectores da sociedade portuguesa Por um lado eram lesados

interesses haacute muito instalados considerando as medidas muito excessivas por outro

consideravam-nas insuficientes

A participaccedilatildeo das Tropas portuguesas na I Guerra Mundial teve em Afonso Costa e

Bernardino Machado os seus maiores entusiastas Para tal foram apresentadas trecircs razotildees

distintas a primeira a ldquotese colonialrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) defendia que seria a

uacutenica forma de Portugal manter a soberania sobre as coloacutenias contrariando as pretensotildees alematildes

e mantendo-se ao lado dos aliados para assim ter assento no concerto das naccedilotildees apoacutes o final da

guerra A segunda a ldquotese europeia peninsularrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) que deixava

expliacutecito a necessidade de um Portugal beligerante em face da neutralidade espanhola seria a

forma de fortalecer a posiccedilatildeo do Paiacutes junto da Gratilde-Bretanha e conferir importacircncia estrateacutegica

ao territoacuterio diferenciando-o no quadro peninsular Por uacuteltimo a tese que afirmava que a

participaccedilatildeo num conflito mundial ao lado das grandes potecircncias europeias deveria atribuir

legitimidade ao regime permitindo a sua consolidaccedilatildeo poliacutetica

A permanente instabilidade poliacutetica e as fortes contestaccedilotildees sociais levaram agrave revoluccedilatildeo de 5

de Dezembro de 1917 na qual Sidoacutenio Pais assumiu o poder transformando o regime

parlamentar num regime presidencialista autoritaacuterio e corporativo Sidoacutenio Pais era assassinado

em 14 de Dezembro de 1918 facto que motivou o regresso do anterior sistema multipartidaacuterio

ou de partido dominante Apesar da mudanccedila mantinha-se o quadro de situaccedilatildeo anteriormente

descrito que tendo como aliado a precaacuteria situaccedilatildeo econoacutemica representava o factor catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe militar de 28 de Maio de 1926 que mergulhou o Paiacutes num

periacuteodo de ditadura militar Sucediam-se as situaccedilotildees de conspiraccedilatildeo e tentativas revolucionaacuterias

contra a ditadura que ficaram conhecidas pelo ldquoreviralhismordquo

Jaacute com Antoacutenio de Oliveira Salazar na pasta das financcedilas desde Abril de 1928 eclodia o

Estado Novo que o levaria agrave Presidecircncia do Conselho de Ministros em 1932 Criada a Uniatildeo

Nacional que congregava as forccedilas poliacuteticas apoiantes do regime iniciava-se um periacuteodo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

regime autoritaacuterio que governaria Portugal cerca de quarenta anos Da eacutepoca citada destacam-se

acontecimentos importantes a que o Paiacutes teve que dar resposta designadamente a guerra civil de

Espanha na qual apesar do pacto de natildeo-intervenccedilatildeo Portugal tomou uma posiccedilatildeo de apoio aos

nacionalistas liderados pelo General Francisco Franco a II Guerra Mundial sobre a qual pocircde

manter um estatuto de neutralidade embora colaborando com as forccedilas aliadas e finalmente o

novo enquadramento geoestrateacutegico decorrente dos acontecimentos que precederam o conflito e

que culminaram na aproximaccedilatildeo aos EUA e no convite para em 1949 integrar a OTAN

O autoritarismo do regime e a sua poliacutetica colonial determinaram ao Paiacutes um momento de

isolamento internacional motivo pelo qual Portugal viria a sofrer forte pressatildeo externa Goa

Damatildeo e Dio satildeo ocupadas pelas forccedilas indianas e ao mesmo tempo eclodiam movimentos

autonomistas nos restantes territoacuterios A guerra teve iniacutecio em Angola e rapidamente se

propagou agraves restantes coloacutenias prolongando-se ateacute 1974 ano em que um golpe de Estado potildee

fim ao regime e agrave guerra colonial Seguiu-se um processo revolucionaacuterio que terminou em 25 de

Novembro de 1975 ldquoabrindo-se caminho agrave instauraccedilatildeo de uma democracia parlamentarrdquo

(CARNEIRO et al 2001 p496)

Seguiu-se um periacuteodo de transiccedilatildeo caracterizado por grande instabilidade governativa

Apenas a partir das eleiccedilotildees antecipadas de 1987 foi possiacutevel constituir governos de maioria

absoluta que permitiram a estabilidade poliacutetica necessaacuteria agrave implementaccedilatildeo de reformas

estruturais indispensaacuteveis a um processo de evoluccedilatildeo consolidada A transiccedilatildeo para um regime

democraacutetico foi determinante para que fosse concluiacutedo o processo de adesatildeo agrave CEE tratado

assinado em 1985 juntamente com a Espanha no Mosteiro dos Jeroacutenimos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

Apecircndice C ndash CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES

1939 - Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo e Protocolo Adicional que previa a consulta

muacutetua entre os dois estados relativamente a acontecimentos que pudessem por em

causa a seguranccedila e independecircncia dos dois paiacuteses

1940 - Acordo tripartido entre Portugal a Espanha e o Reino Unido que permitia ao

vizinho peninsular importar produtos das coloacutenias portuguesas com base numa

linha de creacutedito concedida pelo Reino Unido Este Acordo visava garantir o

fornecimento de produtos essenciais agrave Espanha de modo a suprir as carecircncias

originadas pela guerra civil de 1936-39 e evitar a participaccedilatildeo espanhola na II

Guerra Mundial

194143 - Assinatura de novos Acordos comerciais entre Portugal e Espanha com o mesmo

objectivo do anterior

1945 A partir deste ano realizaram-se reuniotildees anuais da Comissatildeo Mista Luso-

espanhola de acompanhamento dos acordos comerciais e de pagamentos assinados

anteriormente

1946 - A ONU decreta o boicote agrave Espanha

1948 - Pacto Peninsular ndash Prorrogaccedilatildeo do Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo por mais

dez anos

- Portugal eacute membro fundador da OCDE

- Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os EUA que permitiu a utilizaccedilatildeo da Base

Militar nos Accedilores

1949 - Portugal eacute membro fundador da OTAN

- Recusada a adesatildeo espanhola facto que motivou o arrefecimento temporaacuterio das

relaccedilotildees entre os dois paiacuteses A Espanha considerava que a adesatildeo de Portugal agrave

OTAN contrariava o Tratado de Amizade assinado entre ambos

- Inicia-se um processo de cooperaccedilatildeo militar entre os dois paiacuteses que englobava a

realizaccedilatildeo de manobras conjuntas para a defesa dos Pirineacuteus em caso de tentativa

de invasatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica

- Assinatura do Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e

Espanha que veio substituir os Acordos Comerciais assinados anteriormente

- Assinatura de acordos para a concessatildeo de creacutedito entre a Espanha e os EUA

marcando o iniacutecio do fim do isolamento internacional da Espanha

Eliminado ltspgt

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Eliminado A

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado agrave Espanha

Eliminado

Eliminado deste paiacutes

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado Portugal eacute membro fundador da OCDE Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os

Eliminado

Eliminado de 3para

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1951 - Portugal renova o acordo de defesa com os EUA que seria novamente prorrogado

em 1957

1953 - A Espanha assina com os EUA os Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

sobre Ajuda Econoacutemica Estes permitem a utilizaccedilatildeo do territoacuterio espanhol para

fins de defesa e prolongam a ajuda econoacutemica iniciada em 1949 que vai permitir

a reconstruccedilatildeo e o relanccedilamento econoacutemico do paiacutes

1955 - Portugal e Espanha aderem agrave ONU pondo fim em definitivo ao isolamento

internacional do nosso vizinho peninsular

1956 - A Espanha concede a independecircncia a Marrocos dando corpo a uma poliacutetica

africana oposta agrave portuguesa

1958 - A Espanha adere agrave OCDE Banco Mundial e ao FMI dando iniacutecio ao processo de

abertura internacional da sua economia

1959 - Portugal no mesmo ano em que adere ao FMI e ao Banco Mundial eacute um dos

membros fundadores da EFTA tomando uma opccedilatildeo de internacionalizaccedilatildeo e de

abertura da sua economia que se enquadrava na tradicional alianccedila Luso-britacircnica

que serve de base agrave manutenccedilatildeo da sua poliacutetica colonial

- A Espanha inicia a internacionalizaccedilatildeo da sua economia atraveacutes do alargamento do

nuacutemero dos seus parceiros comerciais a vaacuterias regiotildees do mundo

1960 - Assinatura de um novo acordo comercial ibeacuterico que incidia essencialmente sobre

as pautas aduaneiras em vigor entre os dois paiacuteses Este acordo natildeo representou

nenhuma alteraccedilatildeo relativamente agrave poliacutetica portuguesa de limitar as relaccedilotildees

econoacutemicas com a Espanha de modo a proteger as coloacutenias dos investidores e das

empresas deste paiacutes

1962 - A Espanha realiza contactos informais com vista agrave adesatildeo agrave CEE Dada a incerteza

da entrada os responsaacuteveis espanhoacuteis preferiram concentrar-se na assinatura de

um acordo comercial preferencial com a CEE

1963 - Data de realizaccedilatildeo do uacuteltimo encontro entre Oliveira Salazar e Francisco Franco

Apoacutes 1963 e ateacute ao final da deacutecada natildeo houve encontros entre altos responsaacuteveis

de Portugal e da Espanha mostrando bem a menor importacircncia dada por ambos agraves

relaccedilotildees ibeacutericas

- A Espanha concede autonomia agrave Guineacute espanhola

1968 - Independecircncia da Guineacute espanhola

1970 - Assinatura e entrada em vigor do acordo comercial da Espanha com a CEE

Eliminado ltspgt

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Tabela formatada

Eliminado

Eliminado de 3para

[1]

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1972 - Portugal assina acordos comerciais preferenciais com a CEE e com a CECA que

entram em vigor em 1973

1974 - Em Portugal com o golpe militar realizado em 25 de Abril de 1974 inicia-se o

processo de transiccedilatildeo para a instauraccedilatildeo de um sistema poliacutetico democraacutetico

1975 - A Espanha daacute iniacutecio ao seu processo de transiccedilatildeo para a democracia Morre

Francisco Franco e eacute coroado o rei D Juan Carlos I

1977 - Portugal e Espanha efectuam em simultacircneo o pedido de adesatildeo agrave CEE

1978 - Iniacutecio das negociaccedilotildees de Portugal para a adesatildeo agrave CEE

1979 - Iniacutecio das negociaccedilotildees da Espanha para a adesatildeo agraves Comunidades Europeias As

negociaccedilotildees definem a estrateacutegia de ambos os paiacuteses de integraccedilatildeo na Europa

Ocidental iniciando-se o processo de abertura do espaccedilo econoacutemico ibeacuterico

1980 - A Espanha assina um acordo com a EFTA no acircmbito do qual se estabelece o

Acordo de Comeacutercio Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

1982 - A Espanha apresenta o pedido de adesatildeo agrave OTAN

1983 - Realizaccedilatildeo da I Cimeira Luso-espanhola com a presenccedila dos Chefes de Governo

dos dois paiacuteses dando iniacutecio a um processo regular de consulta entre ambos para

discussatildeo dos assuntos de interesse comum especialmente os de iacutendole bilateral

1986 - Adesatildeo de Portugal e da Espanha agrave CEE

- Realizaccedilatildeo do referendo que confirma a entrada da Espanha na OTAN

1990 - Portugal e Espanha aderem agrave Uniatildeo Europeia Ocidental

1992 - Portugal e Espanha assinam o tratado de Maastricht onde se encontra previsto a

criaccedilatildeo de uma UEM

- Entrada do escudo e da peseta no Sistema Monetaacuterio Europeu

1993 - Entra em vigor o Mercado Uacutenico Europeu

1996 - Os dois paiacuteses assinam o Tratado de Amesterdatildeo

1999 - Entrada em vigor do Euro ndash Moeda Uacutenica Europeia

- Iniacutecio da terceira e uacuteltima fase da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

Eliminado ltspgt

Eliminado

Eliminado de 3para

Tabela formatada

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Paacutegina 2 [1] Eliminado Rui Pedro M Gago 09102005 234500

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice D ndash A GEOGRAFIA E A GEOETNOGRAFIA DA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Para efectuar uma caracterizaccedilatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica atendendo ao acircmbito do trabalho e por

muito superficial que esta deva ser parece-nos loacutegico iniciaacute-la efectuando um enquadramento

geograacutefico da aacuterea em estudo Assim se incidirmos o olhar sobre o globo terrestre e procurarmos

o bloco geograacutefico que constitui a Peniacutensula Ibeacuterica ao colocaacute-la no centro do olhar verificamos

que se insere no extremo Sudoeste da placa continental europeia Deste conjunto europeu

destaca-se a ldquobem pronunciada posiccedilatildeo geograacutefica centralrdquo (GIRAtildeO 1941 p10) caracteriacutestica

que lhe atribui a designaccedilatildeo de ldquoponto de concentraccedilatildeo dos continentesrdquo1

A Peniacutensula Ibeacuterica apresenta-se numa ldquoposiccedilatildeo geograficamente excecircntricardquo (DRAIN 1964

p11) relativamente agrave plataforma continental europeia da qual se encontra separada pelos

Pirineacuteus A mesma projecta-se no Oceano Atlacircntico tornando-se ldquona mais ocidental e

meridional peniacutensulardquo (GIRAtildeO 1941 p9) da Europa Encontra-se enquadrada pelo Oceano

Atlacircntico que banha as suas vertentes costeiras Norte Oeste e Sul e pelo Mar Mediterracircneo que

complementa a delimitaccedilatildeo oceacircnica na faixa costeira Sul banhando tambeacutem a faixa Sudeste

que se prolonga ateacute agrave cadeia montanhosa dos Pirineacuteus

Sendo o Atlacircntico Norte e o Mediterracircneo o seu espaccedilo de inserccedilatildeo mariacutetima a Peniacutensula

Ibeacuterica enquadra-se nas cercanias de duas grandes massas continentais A jaacute referida Europa e a

Sul o continente Africano com o qual o Estreito de Gibraltar representa a mais curta distacircncia

de transposiccedilatildeo e ainda a porta entre os mares acima designados Esta posiccedilatildeo geograacutefica

permitiu por um lado projectar a Europa no mundo em direcccedilatildeo agraves Ameacutericas e Aacutesia

empregando o caminho mariacutetimo e por outro constituir-se numa espeacutecie de ponte para o

continente Africano

Em termos geomorfoloacutegicos a peniacutensula assemelha-se a ldquoum quadrilaacuteterordquo (FERNANDES et

al 1998 p21) com uma aacuterea com cerca de 589000 km2 cabendo agrave Espanha cerca de 500000

km2 e a Portugal Continental 89106 km2 Eacute uma regiatildeo de planaltos dos mais elevados do

continente europeu entre os quais se destaca Maciccedilo Central Ibeacuterico tambeacutem designada por

Meseta Ibeacuterica Esta tem uma altitude meacutedia de 650 m e uma aacuterea aproximada de 210000 km2

encontrando-se separada na parte central pela Cordilheira Central que a transforma em duas

Submesetas Este grande planalto encontra-se rodeado por vaacuterias planiacutecies costeiras na sua

1 Referecircncia de Amorim Giratildeo a Vidal de La Blanche salientando que se procurarmos em que parte do mundo a Aacutesia a Aacutefrica e a Ameacuterica se aproximam mais uma das outras rapidamente se conclui que eacute na Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

maioria de pequenas dimensotildees das quais se podem destacar a planiacutecie do Ebro a Nordeste a do

Guadalquivir a Sul do Tejo e do Sado a Ocidente

A orientaccedilatildeo geral do conjunto estaacute estabelecida em direcccedilatildeo agrave vertente atlacircntica facto que

determina a direcccedilatildeo dos grandes rios ibeacutericos O Lima o Minho o Douro o Tejo e o Guadiana

satildeo os rios portugueses de maior importacircncia com nascente em Espanha e que vecircm o seu curso

dirigi-los para a respectiva foz no Oceano Atlacircntico Do lado espanhol o Guadalquibir segue a

mesma orientaccedilatildeo no entanto o Ebro eacute o uacutenico rio de grande envergadura que corre sob uma

orientaccedilatildeo Noroeste-Sudeste desaguando no mediterracircneo

A realidade geograacutefica influencia de forma directa o clima peninsular que de uma forma

geral poderaacute ser considerado temperado distinguindo-se entre as vaacuterias regiotildees devido agraves

influecircncias de vaacuterios factores Assim poderemos definir um clima de influecircncia Atlacircntica a

Norte e Noroeste dos Pirineacuteus ateacute agrave Galiza caracterizado por uma fraca oscilaccedilatildeo da

temperatura meacutedia abundacircncia de chuva e ventos soprando do lado do mar De influecircncia

continental na regiatildeo central caracterizado por Invernos frios e prolongados ocorrecircncia de neve

e Verotildees quentes e secos Por uacuteltimo um clima de influecircncia mediterracircnea na regiatildeo Sul

caracterizado por Invernos temperados reduzida pluviosidade e Verotildees muito quentes

A geoetnografia peninsular foi caracterizada pela existecircncia de uma significativa ldquodivisatildeo

socioculturalrdquo (FERNANDES et al 1998 p18) que ao longo de vaacuterios seacuteculos esteve na base

da estruturaccedilatildeo Ibeacuterica Esta divisatildeo seguiu de uma forma geral a orientaccedilatildeo do Sistema Central

que opunha a Norte um ambiente rural e de pastoriacutecio proacuteximo das culturas do Norte da

Europa e a Sul uma cultura urbana e agriacutecola tradicionalmente ligadas agrave cultura mediterracircnea e

africana Foi principalmente nesta regiatildeo que se fez sentir a presenccedila dos colonizadores romanos

e muccedilulmanos com reflexos evidentes nas sociedades que se seguiram

Os traccedilos gerais acima apresentados caracterizam as grandes diferenccedilas no entanto tiveram

reflexos importantes na definiccedilatildeo de particularidades regionais onde assentaram as entidades

autoacutenomas peninsulares Neste princiacutepio de uma forma geral deveremos considerar a

implantaccedilatildeo de catalatildees castelhanos bascos e navarros assim como uma forte influecircncia

mourisca e mediterracircnea na regiatildeo de Valecircncia e de Granada A planiacutecie ocidental esteve na

base tanto do Estado portuguecircs como da autonomia galega Contudo um factor revelou-se de

manifesta importacircncia para o suporte da diferenciaccedilatildeo nacional o aproveitamento do espaccedilo

mariacutetimo tirando partido dos estuaacuterios oferecidos pelos grandes rios peninsulares Este facto foi

determinante para a diferenciaccedilatildeo e a estruturaccedilatildeo de uma identidade proacutepria na qual assentou a

independecircncia nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice E ndash O TRIAcircNGULO ESTRATEacuteGICO PORTUGUEcircS E O EIXO

ESTRATEacuteGICO DA ESPANHA

O Oceano atlacircntico o quadro territorial e a vizinhanccedila com a Espanha representam as

ldquomarcas geneacuteticas de Portugalrdquo (SANTOS 2004 p136) Conjugando as duas primeiras

deparamo-nos com a descontinuidade do territoacuterio nacional que determina a existecircncia do

denominado ldquoTriangulo Estrateacutegico Portuguecircsrdquo (SANTOS 2004 p138) Este eacute definido pelos

veacutertices que se encontram apoiados no territoacuterio continental no arquipeacutelago da Madeira e no

arquipeacutelago dos Accedilores A superfiacutecie total deste espaccedilo enquadrante1 sendo grande parte dele

mariacutetimo representa uma aacuterea com cerca de 2300000 km2 isto eacute 25 vezes superior agraves terras

emersas de Portugal

Os veacutertices definem um espaccedilo estrateacutegico que pela sua posiccedilatildeo geograacutefica designadamente

a sua projecccedilatildeo oceacircnica permite que se constitua num importante ponto de apoio e controlo do

traacutefego mariacutetimo e aeacutereo efectuado entre os diversos continentes inseridos no espaccedilo atlacircntico

assim como das rotas de entrada e saiacuteda do Mar Mediterracircneo Este espaccedilo poderaacute ainda

desempenhar a funccedilatildeo de plataforma de projecccedilatildeo de forccedilas com diversos destinos

Deste vasta aacuterea entendemos dever destacar em primeiro lugar o arquipeacutelago dos Accedilores

que para aleacutem da profundidade que confere ao espaccedilo estrateacutegico portuguecircs representa um

importante e relevante ponto de apoio para os EUA e para a OTAN A Base das Lages tem

desempenhado um papel determinante nas diversas acccedilotildees militares americanas constituindo-se

ainda como pista de aterragem alternativa para aos Vaiveacutem nos regressos dos voos espaciais O

veacutertice seguinte representado pelo arquipeacutelago da Madeira permite controlar os movimentos de

aproximaccedilatildeo provenientes do Norte de Aacutefrica assim como manter sob vigilacircncia os movimentos

ocorridos no Estreito de Gibraltar Por uacuteltimo embora natildeo menos importante o veacutertice

continental que confere a capacidade de projecccedilatildeo de forccedilas constituindo-se tambeacutem numa

retaguarda agraves acccedilotildees desenvolvidas no continente europeu

O Eixo Estrateacutegico da Espanha encontra-se definido pela linha imaginaacuteria que une as Ilhas

Canaacuterias-Estreito de Gibraltar-Ilhas Baleares e representa o uacutenico canal que liga o Mar

Mediterracircneo ao Oceano Atlacircntico Esta linha imaginaacuteria quando prolongada poderaacute atingir os

Paiacuteses da Ameacuterica do Sul que integram a Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees Na sua

funccedilatildeo primaacuteria este eixo permite o controlo sobre o Norte de Aacutefrica assim como de todo o

movimento mariacutetimo e aeacutereo efectuado no mediterracircneo assim como aquele destinado a

1 Janus97 ndash Anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores p 11

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

prosseguir na imensidatildeo do atlacircntico Este eixo poder-se-aacute apoiar nas cidades autoacutenomas de

Ceuta e Melilla localizadas na costa africana contudo juntamente com Gibraltar constituem

uma das questotildees territoriais que a Espanha tem ainda por resolver

Relativamente ao triacircngulo estrateacutegico portuguecircs o eixo estrateacutegico espanhol apresenta-se

ldquodemasiado proacuteximo para se resguardar de ameaccedilas directasrdquo (SANTOS 2004 p139) enquanto

que o espaccedilo portuguecircs ldquoestaacute suficientemente proacuteximo para a partir dele se projectarem forccedilas

e bastante afastado para garantir a seguranccedila relativamente a projecccedilotildees continentaisrdquo

(SANTOS 2004 p136)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice F ndash AS COMUNIDADES AUTOacuteNOMAS E AS PRINCIPAIS ASPIRACcedilOtildeES

1 ANDALUZIA

bull As suas proviacutencias Sevilha Maacutelaga Granada Caacutediz Huelva Almeriacutea e Jaeacuten

bull Pretende

Um novo sistema de participaccedilatildeo regional nas decisotildees do Estado

Uma nova ordenaccedilatildeo territorial

Um espaccedilo fiscal proacuteprio gerido por uma agecircncia tributaacuteria andaluza

2 ARAGAtildeO

bull As suas proviacutencias Saragoccedila Huesca e Teruel

bull Pretende

Novas competecircncias no domiacutenio da justiccedila

Convocar eleiccedilotildees autonoacutemicas fora do calendaacuterio geral

3 ASTUacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Astuacuterias

bull Pretende

A obtenccedilatildeo das competecircncias do Instituto Social da Marinha

A administraccedilatildeo da justiccedila

O PP partido poliacutetico na oposiccedilatildeo pretende uma reforma mais ambiciosa de forma a

equiparar as Astuacuterias agraves comunidades mais avanccediladas em transferecircncias de autonomia

4 BALEARES

bull As suas proviacutencias Maiorca Menorca e Ibiza

bull Pretende

Uma poliacutecia autonoacutemica proacutepria

Novo sistema de financiamento

De uma forma geral pretende que lhe sejam atribuiacutedas o maacuteximo de competecircncias

autonoacutemicas possiacuteveis

5 CATALUNHA

bull As suas proviacutencias Barcelona Tarragona Leacuterida e Gerona

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Uma nova formula de relacionamento com o Estado central

Novo sistema de financiamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nova formula de representaccedilatildeo no Parlamento Europeu

Obter a supervisatildeo do sector bancaacuterio assim como rever o regime de competiccedilatildeo

Sistema de seguranccedila social

A gestatildeo de portos aeroportos e estradas

A capacidade de convocaccedilatildeo de referendos

Esta comunidade autoacutenoma pretende no total a transferecircncia de 88 novas

competecircncias

6 CANAacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Gran Canaacuteria e Tenerife

bull Pretende

A cedecircncia de quarenta novas competecircncias jaacute cedidas pelo Estado

7 CANTAacuteBRIA

bull As suas proviacutencias Cantaacutebria

bull Pretende

A transferecircncia de competecircncias no acircmbito da justiccedila Fundo Especial de Garantia

Agraacuteria Instituto Social da Marinha e Instituto da Mulher

8 CASTELA-LA-MANCHA

bull As suas proviacutencias Toledo Ciudad Real Cuenca Guadalajara e Albacete

bull Pretende

Um novo sistema de financiamento para a sauacutede e a educaccedilatildeo

A administraccedilatildeo da justiccedila

9 CASTELA LEAtildeO

bull As suas proviacutencias Valladolid Leatildeo Salamanca Segoacutevia Palencia Burgos Zamora

bull Pretende

Novas responsabilidades administrativas

A Administraccedilatildeo da justiccedila

A Administraccedilatildeo da aacutegua

10 COMUNIDADE VALENCIANA

bull As suas proviacutencias Valecircncia Alicante Castelloacuten

bull Pretende

Novas direitos de cidadania

Corpo policial autoacutenomo

11 EXTREMADURA

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

bull As suas proviacutencias Caacuteceres Badajoz

bull Pretende

Mais do que as reformas do estatuto proacuteprio pretende que o Estado corrija os

desequiliacutebrios entre as regiotildees ricas e as pobres

Corpo policial autonoacutemico

12 PAIacuteS BASCO

bull As suas proviacutencias Aacutelava Guipuacutezcoa Biscaia

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Um novo modelo de relacionamento com o Estado que preveja a ldquoassociaccedilatildeo livrerdquo

isto eacute tornar voluntaacuteria a associaccedilatildeo ao Estado espanhol

O projecto de reformas foi conhecido pelo ldquoPlano Ibarretxerdquo em alusatildeo ao presidente

do governo do Paiacutes Basco

13 NAVARRA

bull As suas proviacutencias Navarra

bull Pretende

Assumir a competecircncia exclusiva da gestatildeo do tracircnsito

Ver revogada a quarta disposiccedilatildeo transitoacuteria da Constituiccedilatildeo que regula o processo que

os navarros deveriam seguir no caso de decidirem a uniatildeo com o Paiacutes Basco

14 MUacuteRCIA

bull As suas proviacutencias Muacutercia

bull Pretende

Um corpo policial autonoacutemico

Que as alteraccedilotildees nos restantes estatutos salvaguardem a coesatildeo territorial e sejam

limitadas pelos princiacutepios da solidariedade entre autonomias

15 MADRID

bull As suas proviacutencias Madrid

bull Pretende

Como capital do Estado reclama do Governo central uma lei adaptada ao seu estatuto

de capital

Uma nova divisatildeo do mapa eleitoral com dez novas circunscriccedilotildees que permitam aos

madrilenos eleger mais directamente os seus representantes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

16 GALIZA

bull As suas proviacutencias Corunha Lugo Orense Pontevedra

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

A gestatildeo total dos seus portos e aeroportos

A aprovaccedilatildeo de um estatuto que reconheccedila aos galegos o direito de decisatildeo sobre o seu

destino

17 LA RIOJA

bull As suas proviacutencias La Rioja

bull Pretende

A administraccedilatildeo da justiccedila

Um novo modelo de financiamento

Fonte MEIRELES Isabel ndash Expresso Uacutenica (16Abr05)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice G ndash VOTOS ATRIBUIacuteDOS A CADA PAIacuteS NO CONSELHO EUROPEU

Entre 1 de Maio de 2004 e 1 de Novembro de 2004 vigorou um mecanismo provisoacuterio de votaccedilatildeo

Eram necessaacuterios 62 votos (713) para uma deliberaccedilatildeo por maioria qualificada

Passaram a ser considerados necessaacuterios 232 votos (723) para a obtenccedilatildeo da mesma maioria qualificada

Fonte Uniatildeo Europeia

VOTACcedilAtildeO NO CONSELHO EUROPEU

Paiacuteses Membros Ateacute 1 de Maio

de 2004

A partir de 1

de Novembro

de 2004

Alemanha 10 29

Aacuteustria 4 10

Beacutelgica 5 12

Chipre 4

Dinamarca 3 7

Eslovaacutequia 7

Esloveacutenia 4

Espanha 8 27

Estoacutenia 4

Finlacircndia 3 7

Franccedila 10 29

Greacutecia 5 12

Hungria 12

Irlanda 3 7

Itaacutelia 10 29

Letoacutenia 4

Lituacircnia 7

Luxemburgo 2 4

Malta 3

Paiacuteses Baixos 5 13

Poloacutenia 27

Portugal 5 12

Reino Unido 10 29

Repuacuteblica Checa 12

Sueacutecia 4 10

TOTAL 87 321

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice H ndash MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Fonte Uniatildeo Europeia

MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Paiacuteses Membros 1999-2004 2004-2007 2007-2009

Alemanha 99 99 99

Aacuteustria 21 18 18

Beacutelgica 25 24 24

Bulgaacuteria 18

Chipre 6 6

Dinamarca 16 14 14

Eslovaacutequia 14 14

Esloveacutenia 7 7

Espanha 64 54 54

Estoacutenia 6 6

Finlacircndia 16 14 14

Franccedila 87 78 78

Greacutecia 25 24 24

Hungria 24 24

Irlanda 15 13 13

Itaacutelia 87 78 78

Letoacutenia 9 9

Lituacircnia 13 13

Luxemburgo 6 6 6

Malta 5 5

Paiacuteses Baixos 31 27 27

Poloacutenia 54 54

Portugal 25 24 24

Reino Unido 87 78 78

Repuacuteblica Checa 24 24

Romeacutenia 36

Sueacutecia 22 19 19

TOTAL 626 732 786

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice I ndash PROJECTO INTERREG

1 O Projecto INTERREG eacute um programa de iniciativa comunitaacuteria financiado pelo FEDER

2000-2006

2 Princiacutepios Gerais

bull Implemantaccedilatildeo de estrateacutegias conjuntas transfronteiriccedilas transnacionais e programas

de desenvolvimento

bull Aprofundamento de parceiros entre diferentes niacuteveis de administraccedilatildeo com os agentes

econoacutemico-sociais relevantes

bull Coordenaccedilatildeo entre o INTERREG III e os instrumentos de poliacutetica externa da UE

especialmente tendo em vista o seu alargamento

3 Vertentes de Cooperaccedilatildeo

bull Vertente A ndash Cooperaccedilatildeo Transfronteiriccedila

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees fronteiriccedilas vizinhas com o objectivo de desenvolver a

cooperaccedilatildeo econoacutemica e social atraveacutes de estrateacutegias conjuntas e programas de

desenvolvimento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull Vertente B ndash Cooperaccedilatildeo Transnacional

Cooperaccedilatildeo entre grandes grupos de regiotildees europeias com o objectivo de prosseguir

o desenvolvimento e uma maior integraccedilatildeo territorial na UE e com os paiacuteses

candidatos e outros vizinhos

bull Vertente C ndash Cooperaccedilatildeo Inter-regional

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees no territoacuterio da UE e paiacuteses vizinhos para aumentar a

coesatildeo e o desenvolvimento regional mediante a constituiccedilatildeo de redes especialmente

no caso das regiotildees menos desenvolvidas e das regiotildees em reconversatildeo

Fonte http wwwqcaptini_comunitriasinterreghtm1

  • TILD_MAJ GAGO_CEM 04_06
    • 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
      • 111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento
      • 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular
      • 113 A supremacia internacional de Portugal
        • 12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas
        • 13 A questatildeo econoacutemica
        • 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
        • 22 Portugal e Espanha em factos comparados
          • 221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila
          • 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais
          • 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo
          • 224 O mercado de trabalho
          • 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo
            • 23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia
              • 231 O sector energeacutetico
              • 232 A partilha de recursos hiacutedricos
              • 233 O sector bancaacuterio
              • 234 O sector das telecomunicaccedilotildees
                • 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica
                  • 311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE
                  • 312 O relacionamento econoacutemico
                  • 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia
                    • 32 A Alianccedila Atlacircntica
                    • 33 Os espaccedilos regionais
                      • 331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa
                      • 332 O Mediterracircneo e o Magreb
                      • 333 A Ibero-Ameacuterica
                        • 41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia
                        • 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                        • 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                          • 431 O modelo tradicional de relacionamento
                          • 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo
                            • 44 A resposta de Portugal
                            • BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES
                              • Anexos
                                • Capa Anexos
                                • Anexo AA_Consumo de Energia Primaacuteria_2002
                                • Anexo AB_Consumo de Energia Final_2000
                                • Anexo AC_Rede Ibeacuterica de Gaacutes Natural
                                • Anexo AD_Principais Bancos Ibeacutericos
                                • Anexo AE_PIB per capita por PPC
                                • Anexo AF_Investimento Directo Bilateral
                                • Anexo AG_NATO Command Operations_NCA
                                • Anexo AH_NATO Command Structure_ACO
                                • Anexo B_Comeacutercio Externo da Espanha por Zonas Geograacuteficas
                                • Anexo C_O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional
                                • Anexo D_Populaccedilatildeo_2001
                                • Anexo E_Densidade Populacional_2003
                                • Anexo F_Densidade Populacional na Peniacutensula_2001
                                • Anexo G_Projecccedilotildees da Populaccedilatildeo na Peniacutensula Ibeacuterica
                                • Anexo H_Piracircmide Etaacuteria_2003
                                • Anexo I_Relaccedilatildeo Natalidade_Mortalidade
                                • Anexo J_Taxa de Abandono Escolar
                                • Anexo K_Populaccedilatildeo Feminina que Frequenta Ensino Superior_200
                                • Anexo L_Despesa Puacuteblica em Educaccedilatildeo_2001
                                • Anexo M_Alojamentos com Computador_2002
                                • Anexo N_Populaccedilatildeo Empregada por Sector de Actividade_2003
                                • Anexo O_Valor VAB Sector Acvtividade Por_2001
                                • Anexo P_Valor PIB Sector Acvtividade Esp_2003
                                • Anexo Q_Taxa de Actividade Feminina_2003
                                • Anexo R_Taxa de Desemprego_2003
                                • Anexo S_Dias natildeo trabalhados devido a greves
                                • Anexo T_Taxa de Crescimento do PIB a Preccedilos Constantes
                                • Anexo U_PIB Per Capita a Preccedilos Correntes
                                • Anexo V_PIB Per capita a preccedilos correntes regiotildees_2002
                                • Anexo W_Principais Parceiros Comerciais de Portugal_2003
                                • Anexo X_Principais Parceiros Comerciais da Espanha_2003
                                • Anexo Y_Trocas comerciais com a UE 15
                                • Anexo Z_Produtos mais inportantes trocas comerciais_2003
                                  • Apecircndices
                                    • Capa Apecircndices
                                    • Apecircndice A_Sintese histoacuterica da Espanha
                                    • Apecircndice B_Sintese histoacuterica de Portugal
                                    • Apecircndice C_Cronologia dos acontecimentos + importantes
                                    • Apecircndice D_A Geografia e Geoetnografia da Peniacutensula Ib
                                    • Apecircndice E_O Triangulo Estrateacutegico PO vs Eixo Est ESP
                                    • Apecircndice F_As 17 Comunidades Autoacutenomas e Aspiraccedilotildees
                                    • Apecircndice G_Votos no Conselho Europeu
                                    • Apecircndice H_Votos no Parlamento Europeu
                                    • Apecircndice I_Projecto INTERREG
                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA
                                          IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
                                          CURSO DE ESTADO-MAIOR 0406
                                          TRABALHO INDIVIDUAL DE LONGA DURACcedilAtildeO

                                          Rui Pedro Magro do Gago
                                          Major de Artilharia

                                          Bom dia meus senhores sou o Major de Artilharia Rui Gago e cabe-me hoje a mim efectuar a apresentaccedilatildeo do Trabalho Individual de Longa Duraccedilatildeo que me foi proposto subordinado ao tema ldquoA Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionaisrdquo

                                          Ao analisarmos a longa histoacuteria destas duas jaacute velhas naccedilotildees podemos constatar que na maior parte do tempo a sua matriz de relacionamento eacute muito bem caracterizada pela jaacute famosa expressatildeo ldquode costas voltadasrdquo

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          ATEacute

                                          1985

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          DIVERGEcircNCIA

                                          E DESCONFIANCcedilA

                                          NECESSIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          ESTRATEacuteGICA

                                          MATRIZ

                                          DE

                                          RELACIONAMENTO

                                          IMPOSSIBILIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          EXPLIacuteCITA

                                          CONVIVEcircNCIA

                                          E QUEBRA

                                          DE RECEIOS

                                          APOacuteS

                                          1985

                                          Eacute no entanto notoacuterio que esta mesma matriz de relacionamento sofreu uma significativa alteraccedilatildeo a partir do momento em que os dois paiacuteses passaram a partilhar o mesmo espaccedilo econoacutemico e de defesa Pretendo referir-me agrave Comunidade Econoacutemica Europeia e agrave Alianccedila Atlacircntica

                                          Atendendo a que a Espanha aderiu agrave OTAN em 1982 e os dois em simultacircneo assinaram o Tratado de adesatildeo CEE em 1985 vamos considerar esta uacuteltima data como o ponto de referecircncia para a viragem

                                          Assim ateacute 1985 os traccedilos fundamentais desta relaccedilatildeo assentavam numa permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico relativamente agrave Espanha mantendo como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Esta era a base para a postura de divergecircncia e de desconfianccedila que condicionou o relacionamento entre os dois paiacuteses

                                          Apoacutes 1985 a partilha destes dois grandes espaccedilos econoacutemico e de defesa determinou a Portugal a impossibilidade de recorrer a uma diferenciaccedilatildeo estrateacutegica expliacutecita

                                          Eacute a partir deste momento que a realidade do relacionamento passa permitir a convivecircncia bilateral que anteriormente apenas se enquadrava no acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico e agora se alargava aos domiacutenios econoacutemico comercial e cultural

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          Prof Doutor Adriano Moreira

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Julgo que evoluccedilatildeo exposta no slide anterior se encontra muito bem retratada por esta frase proferida pelo Professor Adriano Moreira

                                          Surge de facto um novo paradigma de relacionamento neste caso no plano peninsular

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          IMPORTAcircNCIA DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Neste contexto ambos os paiacuteses integram os mesmos espaccedilos poliacutetico econoacutemico e de defesa

                                          E nelas querendo fazer valer os seus interesses assim como contribuir para as sinergias que concorram para a consecuccedilatildeo dos interesses globais destas Instituiccedilotildees

                                          Consideraacutemos pois ser de toda a pertinecircncia avaliar se em face deste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico em que medida os caminhos de ambos os Estados poderatildeo ser comuns ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular poderatildeo determinar a Portugal a necessidade de procurar uma orientaccedilatildeo oposta mantendo-se desta forma a tendecircncia da histoacuteria

                                          ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          SEacuteCULO XX

                                          POLIacuteTICA

                                          EXTERNA

                                          UEOTAN

                                          ESPACcedilOS

                                          REGIONAIS

                                          BILATERAL

                                          FACTORES

                                          DE

                                          DEPENDEcircNCIA

                                          Em face da vastidatildeo do objecto decidimos delimitar o estudo no acircmbito temporal ao seacuteculo XX enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees tomadas no seio da UE e da OTAN natildeo deixando contudo de fazer uma referecircncia embora breve aos espaccedilos regionais preferenciais de cada um dos paiacuteses

                                          No plano bilateral vamos abordar a existecircncia de alguns factores que poderatildeo determinar alguma dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

                                          METODOLOGIA

                                          • Pesquisa bibliograacutefica
                                              • Consulta de jornais e revistas
                                                  • Consulta de siacutetios da Internet
                                                      • Realizaccedilatildeo de entrevistas
                                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          A metodologia empregue versou fundamentalmente na pesquisa em vaacuterias fontes onde se incluiu a realizaccedilatildeo de algumas entrevistas efectuadas a personalidades que desenvolveram conhecimentos nesta aacuterea

                                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                          QUESTAtildeO CENTRAL

                                                          Para a resoluccedilatildeo do problema proposto definimos a seguinte Questatildeo Central

                                                          Eacute a partir dela que todo o trabalho foi desenvolvido procurando obter uma resposta clara e sustentada

                                                          ldquoPoderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo

                                                          AGENDA

                                                          • Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses
                                                              • A coabitaccedilatildeo internacional
                                                                  • Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha
                                                                      • Conclusotildees e recomendaccedilotildees
                                                                          • Introduccedilatildeo
                                                                              • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento
                                                                                • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                  Assim sendo proponho uma agenda constituiacuteda pelos seguintes pontos

                                                                                  • No primeiro pretendemos efectuar o enquadramento histoacuterico do relacionamento bilateral Desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da CEE e da OTAN
                                                                                  • No segundo pretendemos apresentar as duas realidades peninsulares
                                                                                  • No terceiro abordamos a questatildeo da coabitaccedilatildeo internacional
                                                                                  • No quarto
                                                                                  • No quinto e uacuteltimo ponto
                                                                                    • Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                      Iniacutecio do seacuteculo XX

                                                                                      Desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal

                                                                                      Aproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e Inglaterra

                                                                                      Possessotildees espanholas em Aacutefrica

                                                                                      Aproximaccedilatildeo de Portugal agrave Alemanha determinada pela necessidade de manter uma acircncora externa diferenciada da do vizinho peninsular

                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                        • Os primeiros anos do seacuteculo XX trouxeram-nos outro facto curioso as possessotildees espanholas em Aacutefrica motivaram o interesse alematildeo tendo em vista o controle do mediterracircneo ocidental

                                                                                          Este facto esteve na origem da aproximaccedilatildeo entre ingleses franceses e espanhoacuteis (culminando com a assinatura de acordos com ambos os paiacuteses (1907 Cartagena1906 Algeciras-1912 correcccedilatildeo)) assumindo assim as mesmas alianccedilas extrapeninsulares que Portugal

                                                                                          Apesar de ter sido afirmado o contraacuterio existem documentos que sustentam a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal perante a Inglaterra que passou a considerar a Espanha estrategicamente e militarmente mais importante do que Portugal Deixavam no entanto uma ressalva relativamente agraves ilhas atlacircnticas que natildeo deveriam cair em matildeos de qualquer potecircncia hostil a Londres

                                                                                          Eacute neste contexto que Portugal procura outra acircncora externa que permitisse manter a sua identidade a sua independecircncia e o diferenciasse do vizinho peninsular O papel passa a ser desempenhado pela Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a possibilidade de instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas accedilorianas

                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                          • Questatildeo colonial
                                                                                            • Beligeracircncia portuguesa

                                                                                              Neutralidade da Espanha

                                                                                              Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a notoriedade internacional pretendida

                                                                                              • Questatildeo peninsular
                                                                                                  • Afirmaccedilatildeo do regime
                                                                                                    • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                        • Outro dos acontecimentos que nos permitem visualizar muito bem a forma como as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionaram as opccedilotildees portuguesas neste modelo de relacionamento eacute a IGM

                                                                                                          Este foi o momento que permitiu a Portugal regressar ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                          A opccedilatildeo da Espanha pela neutralidade conferia ao nosso Paiacutes uma excelente oportunidade de conseguir a tatildeo necessaacuteria diferenciaccedilatildeo e ainda procurar a notoriedade internacional que lhe permitisse por um lado estar presente na Conferecircncia de Paz e por outro ter assento no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

                                                                                                          Foi contudo inesperado o reveacutes que se seguiu

                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                                          Conferecircncia de Paz em Paris

                                                                                                          ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido (hellip)rdquo

                                                                                                          Franco Nogueira

                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                            • Apesar de todo o esforccedilo portuguecircs junto dos seus histoacutericos aliados foi a Espanha a escolhida para integrar o Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees em representaccedilatildeo dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                              A guerra civil espanhola

                                                                                                              ldquo(hellip) vitoacuteria do exeacutercito espanhol ou implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo

                                                                                                              Franco Nogueira

                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                              • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                • Portugal desenvolve intensa

                                                                                                                  actividade diplomaacutetica

                                                                                                                  Apoio portuguecircs

                                                                                                                  aos nacionalistas

                                                                                                                  Outro dos acontecimentos do seacuteculo a que Portugal teve que fazer face foi a Guerra Civil espanhola

                                                                                                                  Este conflito opocircs os partidaacuterios do regime republicano apoiados pela esquerda espanhola aos nacionalistas apoiados pela direita

                                                                                                                  Em Portugal decorria jaacute periacuteodo do Estado Novo para quem a vitoacuteria da esquerda representava um duplo perigo o revolucionaacuterio associado agrave provaacutevel implantaccedilatildeo do comunismo em Espanha e o consequente alastramento a Portugal e o iberista associado agraves ideias de integraccedilatildeo de Portugal na Espanha

                                                                                                                  Por esta razatildeo Portugal acabou por desempenhar um papel significativo apoio aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo Francisco Franco contribuindo decisivamente para a implantaccedilatildeo do regime autoritaacuterio liderado por Franco

                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                  II Guerra Mundial

                                                                                                                  Impedir as

                                                                                                                  tendecircncias iberistas

                                                                                                                  Espanholas

                                                                                                                  Contribuir para a

                                                                                                                  neutralidade

                                                                                                                  peninsular

                                                                                                                  O Pacto Peninsular

                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                  • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                    • A ordem cronoloacutegica dos acontecimentos levam-nos ateacute agrave II Guerra Mundial e agrave intenccedilatildeo dos responsaacuteveis de ambos os Estados peninsulares de manterem os respectivos paiacuteses neutrais relativamente ao conflito Uma neutralidade provavelmente mais importante para a Espanha que tiha saiacutedo de um devastador conflito interno nesse sentido eacute proposta a Portugal a assinatura de um pacto de natildeo agressatildeo que contribuiu de forma decisiva para a garantia dessa neutralidade e segundo Oliveira Salazar impedia tambeacutem as tendecircncias iberistas espanholas

                                                                                                                      O desenrolar dos acontecimentos permitiu a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da Peniacutensula e a manutenccedilatildeo do estatuto de neutralidade apresar de tanto Portugal como a Espanha manterem os respectivos alinhamentos estrateacutegicos

                                                                                                                      I Fase

                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                      O Poacutes II Guerra Mundial

                                                                                                                      Novo

                                                                                                                      enquadramento

                                                                                                                      estrateacutegico

                                                                                                                      mundial

                                                                                                                      Isolamento

                                                                                                                      internacional

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      integra

                                                                                                                      a OTAN

                                                                                                                      Diferenciaccedilatildeo

                                                                                                                      efectiva de

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      assume

                                                                                                                      representatividade

                                                                                                                      ibeacuterica

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      uacutenica porta

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      para o mundo

                                                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                        • O relacionamento ibeacuterico no periacuteodo poacutes II Guerra Mundial eacute enquadrado por trecircs factores importantes o primeiro eacute o novo quadro estrateacutegico de onde emergiram os dois protagonistas os EUA e a Ruacutessia em segundo lugar o convite endereccedilado a Portugal para integrar a OTAN este uacuteltimo com grande impacto no relacionamento peninsular dado que Franco ao ver a Espanha excluiacuteda se apressou a impedir a adesatildeo de Portugal ao Pacto Atlacircntico afirmando a incompatibilidade com o Pacto Peninsular e finalmente o isolamento imposto pela comunidade internacional agrave Espanha tanto pela postura tida durante a II GM como pela natureza autoritaacuteria do regime

                                                                                                                          Portugal conseguia nesta I Fase do poacutes-guerra afirmar a sua diferenciaccedilatildeo efectiva relativamente agrave Espanha assumindo a representatividade ibeacuterica junto da comunidade internacional o que o transformou na uacutenica porta da Espanha para o mundo

                                                                                                                          II Fase

                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                          Guerra Fria

                                                                                                                          Adesatildeo

                                                                                                                          dos paiacuteses

                                                                                                                          agrave ONU

                                                                                                                          Pressatildeo

                                                                                                                          internacional

                                                                                                                          sobre Portugal

                                                                                                                          Fim da

                                                                                                                          dependecircncia

                                                                                                                          espanhola

                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                          Afastamento

                                                                                                                          do processo

                                                                                                                          de integraccedilatildeo

                                                                                                                          europeia

                                                                                                                          Alteraccedilatildeo

                                                                                                                          da natureza

                                                                                                                          dos regimes

                                                                                                                          1974 e 1975

                                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                            • O periacuteodo que se seguiu ao ano de 1949 foi caracterizado pelo progressivo fim da dependecircncia espanhola de Portugal inicialmente com os acordos firmados em 1949 e 1953 com os EUA e finalmente efectivado apoacutes o ingresso de ambos em simultacircneo na ONU em 1955

                                                                                                                              A partir deste instante os papeis invertiam-se e Portugal entrava agora num periacuteodo de isolamento internacional no qual a questatildeo colonial motivava a pressatildeo exercida sobre o paiacutes por parte da comunidade internacional

                                                                                                                              Contudo foi a natureza de ambos os regimes que determinou o afastamento do processo de adesatildeo agrave CEE

                                                                                                                              Os anos de 1974 e 1975 marcaram respectivamente em Portugal e na Espanha o final de um ciclo poliacutetico proporcionando as condiccedilotildees para todas as alteraccedilotildees que viriam a ocorrer

                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                              • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                  O relacionamento econoacutemico bilateral

                                                                                                                                  Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                  Uma palavra sobre o relacionamento econoacutemico neste periacuteodo que nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica faria supor

                                                                                                                                  Analisando os valores relativos agraves trocas comerciais neste periacuteodo poderemos constatar os valores satildeo quase insignificantes

                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                                  • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      A internacionalizaccedilatildeo das economias

                                                                                                                                      Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                      ESPANHA

                                                                                                                                      PORTUGAL

                                                                                                                                      Curioso seraacute ver a forma diferenciada como cada um procurou efectuar a internacionalizaccedilatildeo econoacutemica enquanto a Espanha opta por diversificar os seus parceiros econoacutemicos para os paiacuteses da Ameacuterica Latina paiacuteses Aacuterabes e da Europa de Leste

                                                                                                                                      Portugal no quadro do relacionamento Luso-Britacircnico opta pelos Europeus nomeadamente pela adesatildeo agrave EFTA que lhe permitia resguardar a questatildeo colonial

                                                                                                                                      O relacionamento econoacutemico bilateral eacute significativamente incrementado apoacutes a assinatura do tratado de adesatildeo agrave CEE em 1985 (5-19) e (1-5)

                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      Matriz de Identidade

                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                        • Aquilo que muitos designam por ldquofatalidade geograacuteficardquo natildeo define por si soacute todas as vertentes que compotildeem a matriz de identidade dos dois paiacuteses Assim ambos se encontram inseridos na realidade europeia Para aleacutem da inserccedilatildeo geograacutefica contribuem para esta identificaccedilatildeo a realidade poliacutetica econoacutemica e cultural E foi este o caminho escolhido pelos dois paiacuteses quando decidiram abraccedilar o projecto de construccedilatildeo europeu

                                                                                                                                          Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa os dois paiacuteses vivem hoje uma situaccedilatildeo de partilha de interesses integrando a OTAN e participando activamente no desenvolvimento e implementaccedilatildeo da poliacutetica externa e de seguranccedila do espaccedilo europeu Eacute atraveacutes destas instituiccedilotildees que Portugal e Espanha pretendem enquadrar-se na actual realidade geopoliacutetica e geoestrateacutegica dando o seu contributo para a actual noccedilatildeo de seguranccedila e defesa parilhadas

                                                                                                                                          As caracteriacutesticas mediterracircnicas de ambos encontram-se tambeacutem visivelmente vincadas na respectiva matriz de identidade Apesar de incidirem de forma mais visiacutevel no paiacutes vizinho por razotildees geograacuteficas e histoacutericas tambeacutem Portugal poderaacute reclamar para si uma boa parte dessas caracteriacutesticas jaacute que se encontra implantado ldquoagraves portas do mediterracircneordquo

                                                                                                                                          Neste acircmbito o Norte de Aacutefrica eacute tambeacutem responsaacutevel por uma boa parte da identidade dos paiacuteses peninsulares Novamente o factor histoacuterico aliado ao factor de proximidade geograacutefica determinaram influecircncias significativas no desenvolvimento da identidade de portugueses e espanhoacuteis

                                                                                                                                          O Mediterracircneo e o Magreb satildeo de facto duas regiotildees de particular interesse geopoliacutetico e geoestrateacutegico tanto por serem regiotildees associadas a focos de instabilidade como pela preocupaccedilatildeo causada por outras questotildees associadas sendo exemplo a dependecircncia energeacutetica ou as questotildees relativas agrave emigraccedilatildeo ilegal

                                                                                                                                          Na referecircncia agrave Matriz de Identidade de cada um dos Estados peninsulares natildeo poderiam faltar as afinidades histoacutericas linguiacutestica e cultural que permaneceram ao longo dos seacuteculos apesar do afastamento geograacutefico

                                                                                                                                          Relativamente a Portugal refiro-me agrave CPLP Organizaccedilatildeo na qual o Paiacutes deveraacute desempenhar um papel cada vez mais importante na defesa e afirmaccedilatildeo da cultura e da liacutengua Para aleacutem de outras aacutereas de interesse comum

                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha refiro-me agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees que eacute de facto apesar de Portugal tambeacutem estar presente um espaccedilo preferencialmente seu

                                                                                                                                          Sistemas

                                                                                                                                          Poliacuteticos

                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                          Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                          Administrativa

                                                                                                                                          A Realidade Comparada

                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                          • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                            • No estudo que elaboraacutemos consideraacutemos pertinente efectuar uma comparaccedilatildeo entre as duas realidades peninsulares e para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que nos permitiratildeo visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados

                                                                                                                                              Os sistema poliacuteticos actualmente sistemas democraacuteticos apresentam contudo naturezas distintas Enquanto que Portugal manteve um sistema de cariz republicano agora na sua forma semi-presidencialista no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica A Espanha optou por um sistema monaacuterquico parlamentar

                                                                                                                                              Tambeacutem a organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais demonstram diferenccedilas significativas Poderemos recordar que Portugal se encontra dividido em 18 distritos e duas regiotildees autoacutenomas e apesar de se constituir como um Estado unitaacuterio prevecirc algum grau de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa

                                                                                                                                              A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas e duas cidades (Ceuta e Melilla) agraves quais tambeacutem lhes foi atribuiacutedo um estatuto de autonomia Estas comunidades possuem um significativo estatuto autonoacutemico muito superior ao conferido agraves nossas regiotildees autoacutenomas

                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                              A Realidade Comparada

                                                                                                                                              Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                              • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                • Os dados demograacuteficos fazem-nos salientar o diferencial de populaccedilatildeo

                                                                                                                                                  E ainda a tendecircncia decrescente da populaccedilatildeo portuguesa ateacute 2040 em contraponto com a tendecircncia de crescimento da populaccedilatildeo espanhola

                                                                                                                                                  Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                  A Realidade Comparada

                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                  • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      Relativamente ao mercado de trabalho verificamos que existe uma coincidecircncia no sector que mais emprego daacute agrave populaccedilatildeo de cada um dos paiacuteses

                                                                                                                                                      As economias de ambos encontram-se baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos

                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      A Realidade Comparada

                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                        • Apoacutes a adesatildeo agrave CEE uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia eacute sem duacutevida a integraccedilatildeo econoacutemica As trocas comerciais foram significativamente incrementadas e na actualidade a Espanha tornou-se no nosso principal parceiro econoacutemico e comercial

                                                                                                                                                          Contudo a balanccedila da hegemonia pendeu para o lado espanhol eacute um paiacutes muito mais poderoso com uma populaccedilatildeo quatro vezes mais numerosa e uma economia que multiplica por cinco a portuguesa

                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                          • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Fonte AIE Energi Policies of IEA Countrties 2002 Review

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              630

                                                                                                                                                              Hiacutedrica 40

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 80

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 90

                                                                                                                                                              Carvatildeo 160

                                                                                                                                                              Carvatildeo 170

                                                                                                                                                              Nuclear 130

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 120

                                                                                                                                                              Hiacutedrica

                                                                                                                                                              20

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 40

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              520

                                                                                                                                                              O Sector Energeacutetico

                                                                                                                                                              Assentando ambas as economias fundamentalmente no sector dos serviccedilos consideraacutemos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de actividade que constituem a estrutura base do sector Pretendemos referir-nos no acircmbito bilateral ao Sector Energeacutetico ao Sector Bancaacuterio e ao Sector das Telecomunicaccedilotildees aos quais acrescentamos a questatildeo da Partilha de Recursos Hiacutedricos pela importacircncia que assume neste contexto

                                                                                                                                                              Esta questatildeo eacute de facto uma questatildeo de grande sensibilidade e que deveraacute ocupar um lugar de destaque nas preocupaccedilotildees dos responsaacuteveis do nosso paiacutes

                                                                                                                                                              Em primeiro lugar ndash porque a dimensatildeo do mercado energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao nosso E aqui recordo a oferta puacuteblica de aquisiccedilatildeo efectuada pela Gaacutes Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu de energia

                                                                                                                                                              Em segundo lugar ndash pela maior dependecircncia que Portugal apresenta relativamente aos produtos petroliacuteferos ficando mais exposto agraves consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos Em contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de maior diversidade de opccedilotildees jaacute que recorreu agrave energia nuclear

                                                                                                                                                              Por uacuteltimo ndash a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do territoacuterio portuguecircs a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante a importaccedilatildeo

                                                                                                                                                              EVIDENTE DEPENDEcircNCIA

                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Transvazes

                                                                                                                                                              A Partilha de Recursos Hiacutedricos

                                                                                                                                                              SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da Aacutegua

                                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                              • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                • Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica foi soberana e determinou que 5 dos principais rios portugueses tivessem a sua nascente em Espanha

                                                                                                                                                                  Se duacutevidas houvesse quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial que previa a realizaccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais para aacutereas onde os espanhoacuteis entendessem existir um deacutefice hiacutedrico

                                                                                                                                                                  Foi a forte pressatildeo do governo portuguecircs e alguma pressatildeo interna motivou a alteraccedilatildeo do programa e em 2001 foi apresentado outra versatildeo deste Plano que apenas prevecirc a realizaccedilatildeo de transvazes de rios espanhoacuteis

                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                  O Sector Bancaacuterio

                                                                                                                                                                  Fonte CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

                                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                  • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                    • O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo quatro vezes superior ao mercado nacional Este facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos nacionais

                                                                                                                                                                      A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tecircm decorrido a um ritmo acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso paiacutes

                                                                                                                                                                      De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos dizer que seis anos dos lucros do BSCH ou do BBVA eram suficientes para em 2000 adquirir o BCP

                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                      O Sector das Telcomunicaccedilotildees

                                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                      • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                        • Relativamente ao sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as suas congeacuteneres espanholas

                                                                                                                                                                          Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a Espanhola TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere espanhola

                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                          Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                          A Adesatildeo

                                                                                                                                                                          Interno

                                                                                                                                                                          A irreversibilidade do processo democraacutetico

                                                                                                                                                                          A modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social

                                                                                                                                                                          Diversidade de relacionamento externo

                                                                                                                                                                          Aproximaccedilatildeo dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                          Externo

                                                                                                                                                                          Objectivos

                                                                                                                                                                          A procura de um estiacutemulo externo para o

                                                                                                                                                                          desenvolvimento da economia

                                                                                                                                                                          A procura de uma acircncora externa

                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                          • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                            • O processo de adesatildeo teve para os dois paiacuteses um duplo significado

                                                                                                                                                                              No plano interno ndash representava a irreversibilidade do processo democraacutetico e a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social que seguiram a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental

                                                                                                                                                                              No plano externo ndash representava novas oportunidades de relacionamento que os aproximaria dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                              Este duplo significado encontra-se directamente relacionado com os objectivos definidos para o meacutedio e longo prazo salientados pelo Professor Doutor Hernacircni Lopes ldquoo novo e o de semprerdquo

                                                                                                                                                                              O novo ndash fazendo alusatildeo agrave necessidade de proporcionar um estiacutemulo exterior agrave economia portuguesa que a obrigasse a desencadear as alteraccedilotildees estruturais de que carecia

                                                                                                                                                                              O objectivo de sempre ndash pretendia aludir agrave histoacuterica necessidade portuguesa de procurar afirmar a sua individualidade atraveacutes de um apoio externo

                                                                                                                                                                              Divergecircncia

                                                                                                                                                                              Integraccedilatildeo

                                                                                                                                                                              Poliacutetica

                                                                                                                                                                              Maioria

                                                                                                                                                                              Qualificada

                                                                                                                                                                              PESC

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Supranacionalidade

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Poderes

                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                              Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                              Convergecircncia

                                                                                                                                                                              Coesatildeo

                                                                                                                                                                              Econoacutemica

                                                                                                                                                                              Social

                                                                                                                                                                              Moeda

                                                                                                                                                                              Uacutenica

                                                                                                                                                                              Cidadania

                                                                                                                                                                              Europeia

                                                                                                                                                                              Tratado

                                                                                                                                                                              Constitucional

                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                              • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                • Portugal e Espanha mantiveram contudo posicionamentos estruturalmente divergentes no decurso da construccedilatildeo europeia

                                                                                                                                                                                  Agraves opccedilotildees espanholas frequentemente associadas agraves alematildes e francesas de reforccedilo da supranacionalidade ateacute agrave aceitaccedilatildeo de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e da convicccedilatildeo da necessidade de uma maior integraccedilatildeo da poliacutetica externa comum Portugal opunha-se contrariando a necessidade de aprofundamento da integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas pela OTAN A estas divergecircncias juntar-se-ia mais tarde a questatildeo da votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC

                                                                                                                                                                                  No entanto existiram assuntos que permitiram a convergecircncia de posturas que levou ao desenvolvimento de um esforccedilo comum Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social de cidadania europeia e do projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica

                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                  A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                  A Poleacutemica

                                                                                                                                                                                  Adesatildeo de

                                                                                                                                                                                  Portugal

                                                                                                                                                                                  A Questatildeo Espanhola

                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                  • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                    • Relativamente agrave OTAN e ao processo de adesatildeo de Portugal ele despertou uma acesa poleacutemica provocada pela questatildeo espanhola e a oposiccedilatildeo que desencadeou para impedir a adesatildeo de Portugal factos que jaacute anteriormente referi

                                                                                                                                                                                      Era curiosa a postura portuguesa Finalmente atingia a diferenciaccedilatildeo absoluta que colocava o paiacutes numa situaccedilatildeo de supremacia no contexto peninsular contudo tudo fez para que a Espanha pudesse aderir ao Pacto e integrar o mesmo quadro de alianccedilas Esta posiccedilatildeo aparentemente estranha encontrava a justificaccedilatildeo na forma como o Presidente do Conselho encarava a seguranccedila do Paiacutes e da Europa Ocidental Assim justificava a sua posiccedilatildeo por 3 factores O primeiro relacionava-se com o vazio estrateacutegico que a ausecircncia da Espanha provocava o segundo relacionava-se com a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia proporcionar e por uacuteltimo dizia que a adesatildeo portuguesa teria significados distintos caso a Espanha estivesse ou natildeo presente no Pacto A preocupaccedilatildeo era a influecircncia sovieacutetica e as consequecircncias que poderiam advir para Portugal no caso da Espanha decidir a aproximaccedilatildeo ao Bloco oposto

                                                                                                                                                                                      A questatildeo foi amenizada atraveacutes do relacionamento bilateral com os EUA que proporcionaram agrave Espanha a possibilidade de ainda em 1949 assinarem um acordo de cooperaccedilatildeo reafirmado em 1953

                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                      A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                      As

                                                                                                                                                                                      Prioridades

                                                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                                                                                      A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                      • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                        • ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de intereacutes prioritariordquo

                                                                                                                                                                                          Directiva de Defensa Nacional 12004

                                                                                                                                                                                          ldquoO sistema de seguranccedila e defesa de Portugal tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo

                                                                                                                                                                                          Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

                                                                                                                                                                                          Neste contexto se algum receio pudesse subsistir de Portugal poder cair outra vez numa situaccedilatildeo de desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica em favor da Espanha este receio natildeo encontrou correspondecircncia na praacutetica O interesse geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses reflectidos de certa forma na permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa importacircncia

                                                                                                                                                                                          Apesar da seguranccedila partilhada ser um conceito assumido por ambos contudo os documentos que determinam as directivas estrateacutegicas de defesa nacional atribuem um grau de prioridade diferente ao papel a desempenhar por cada um no seio da Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                          Enquanto que para a Espanha eacute clara a prioridade europeia

                                                                                                                                                                                          Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma diferente bem expressa na redacccedilatildeo do CEDN Sendo clara a tendecircncia atlacircntica

                                                                                                                                                                                          Este facto permite concluir que apesar de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas podem assumir orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas diferenciadas

                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                          • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

                                                                                                                                                                                              Espaccedilo

                                                                                                                                                                                              Geograacutefico

                                                                                                                                                                                              Multicontinental

                                                                                                                                                                                              Descontiacutenuo

                                                                                                                                                                                              Partilha

                                                                                                                                                                                              de Seacuteculos

                                                                                                                                                                                              de Histoacuteria

                                                                                                                                                                                              Identidade

                                                                                                                                                                                              Cultural

                                                                                                                                                                                              Proacutepria

                                                                                                                                                                                              Mesma

                                                                                                                                                                                              Liacutengua

                                                                                                                                                                                              Oficial

                                                                                                                                                                                              Comunhatildeo

                                                                                                                                                                                              de

                                                                                                                                                                                              Interesses

                                                                                                                                                                                              Representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo geograacutefico multicontinental e descontiacutenuo No entanto pensamos que as eventuais desvantagens que poderatildeo decorrer deste facto satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que permitiram estabelecer uma identidade cultural proacutepria que eacute alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial e que no seu conjunto permite estabelecer uma significativa comunhatildeo de interesses

                                                                                                                                                                                              Este eacute sem duacutevida o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da OTAN Acrescendo o facto de ser o uacutenico paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE

                                                                                                                                                                                              Estes factos poderatildeo contribuir para colocar o Paiacutes como principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil

                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              Ibero-Ameacuterica

                                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                              • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                • A Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a capacidade de intervenccedilatildeo portuguesa ao Brasil

                                                                                                                                                                                                  A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos do paiacutes Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global no entanto estabelecem associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                  O Mediterracircneo e o Magreb

                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                  OTAN

                                                                                                                                                                                                  Processo de Barcelona

                                                                                                                                                                                                  Diaacutelogo

                                                                                                                                                                                                  para o Mediterracircneo

                                                                                                                                                                                                  Multilateral

                                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                                  • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                    • Eacute uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e sobre a qual Portugal e Espanha partilham da preocupaccedilatildeo da comunidade internacional no entanto eacute sobre o Magreb que concentram a sua principal atenccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      A instabilidade poliacutetica e de seguranccedila a questatildeo religiosa o fraco desenvolvimento econoacutemico e social aliado agrave proximidade geograacutefica e ao facto da Espanha possuir neste territoacuterio duas cidadeshellip justificam esta preocupaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      Os fluxos migratoacuterios em busca da seguranccedila e da prosperidade transformam os paiacuteses da peniacutensula na porta de entrada para no espaccedilo europeu a que se junta a questatildeo da seguranccedila sobre o gasoduto euro-magrebino que abastece de gaacutes natural a Peniacutensula Ibeacuterica

                                                                                                                                                                                                      Para aleacutem do relacionamento bilateral existem espaccedilos privilegiados de acircmbito multilateral para estabelecer conversaccedilotildees com estes paiacuteses Queremos referir-nos no acircmbito da OTAN ao Diaacutelogo para o Mediterracircneo e no acircmbito da UE o processo de Barcelona que agora viu realizada mais um encontro

                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                      ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX haacute sido justamente estar ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      ldquoEs que laacute OTAN es el instrumento baacutesico fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos con Europa (hellip) Debemos ir maacutes allaacute del simples compomisso de intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes estrateacutegicos e de seguridadrdquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                      • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                        • A Espanha

                                                                                                                                                                                                          Quando decidimos passar em revista as opccedilotildees de poliacutetica-externa dos dois paiacuteses optaacutemos por fazecirc-lo nesta uacuteltima deacutecada isto eacute desde 1996 ateacute agrave realidade poliacutetica actual Porquecirc Porque incidindo primeiramente a anaacutelise sobre a realidade espanhola pudemos dispor de dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica oposta com prioridades distintas que nos permitiram analisar e confrontar comportamentos poliacutetico-estrateacutegico diferenciados

                                                                                                                                                                                                          Assim a Espanha contou em 1996 com a subida agrave cadeira governativa do liacuteder do PP Joseacute Maria Aznar Eacute um homem que se define como um reformador de centro direita e que teve como ambiccedilatildeo colocar a Espanha entre as democracias mais importantes do mundo Neste aspecto pretendeu realccedilar uma vertente da identidade da naccedilatildeo espanhola que considerou ateacute aiacute muito descurada e que foi a sua vertente atlacircntica

                                                                                                                                                                                                          A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental foi pois uma das caracteriacutesticas vincadamente expressas nas definiccedilotildees poliacutetco-estrateacutegicas do seu governo

                                                                                                                                                                                                          Neste contexto a relaccedilatildeo transatlacircntica ocupou um lugar destacado nas suas opccedilotildees e assentava fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem pode manter um relacionamento de alguma cumplicidade

                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                          • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                            • Portugal

                                                                                                                                                                                                              Este periacuteodo foi acompanhado em Portugal por dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica distinta

                                                                                                                                                                                                              Contudo pretendemos incidir a anaacutelise no segundo que punha aos destinos dos paiacuteses dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica

                                                                                                                                                                                                              Desde logo o que se me oferece destacar foi de facto o faacutecil entendimento entre ambos

                                                                                                                                                                                                              No entanto deste entendimento pretendemos salientar a simpatia pela opccedilatildeo atlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Surgiu neste periacuteodo um acontecimento de niacutevel internacional no qual o PM de Portugal decidiu que o Paiacutes deveria ter um papel interventivo Queremos referir-nos agrave Cimeira dos Accedilores e ao posterior apoio agrave intervenccedilatildeo militar americana no Iraque

                                                                                                                                                                                                              Devo destacar que apesar de Portugal e Espanha assumirem uma posiccedilatildeo comum eacute Portugal a manter-se no seu alinhamento tradicional e natildeo a Espanha que neste caso assume uma posiccedilatildeo conjuntural

                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                              ldquoLo que es bueno para Europa es bueno para Espanhardquo

                                                                                                                                                                                                              Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

                                                                                                                                                                                                              Prioridade europeia

                                                                                                                                                                                                              da poliacutetica externa

                                                                                                                                                                                                              Secundarizaccedilatildeo da

                                                                                                                                                                                                              relaccedilatildeo transatlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                              • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                • A Espanha

                                                                                                                                                                                                                  Apoacutes as eleiccedilotildees de 2004 ascende agrave cadeira da governaccedilatildeo o liacuteder do PSOE Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero Esta alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do liacuteder do governo origina tambeacutem uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica do paiacutes que marca o regresso da Espanha ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                                                                                                                                  As consequecircncias desta alteraccedilatildeo fizeram sentir-se de imediato junto dos liacutederes da Franccedila e da Alemanha que desde logo manifestaram o seu apoio agrave Espanha manifestando a possibilidade de criaccedilatildeo de um eixo Berlim-Paris-Madrid e a integraccedilatildeo da Espanha no nuacutecleo duro da Europa

                                                                                                                                                                                                                  Recordo aqui que a primeira deslocaccedilatildeo externa do presidente do governo espanhol eacute precisamente agrave Franccedila e agrave Alemanha

                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                                  O desenvolvimento do espaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedila

                                                                                                                                                                                                                  O alargamento da UE a Leste

                                                                                                                                                                                                                  A legitimaccedilatildeo do TCE

                                                                                                                                                                                                                  Normalizaccedilatildeo do diaacutelogo transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  Viacutenculo

                                                                                                                                                                                                                  Transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  ldquoEacute um instrumento de partilha de responsabilidade na prevenccedilatildeo de conflitos e no reforccedilo da seguranccedila colectiva e de partilha de objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo

                                                                                                                                                                                                                  Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                  • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                                                                                      Portugal acompanhou a Espanha nesta recente alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do governo Contudo os reflexos na conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo foram significativos

                                                                                                                                                                                                                      Relativamente agrave questatildeo europeia o governo no seu programa coloca grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo europeu poreacutem no que diz respeito ao factor de identidade atlacircntica as orientaccedilotildees estabelecidas pelos documentos estruturantes mantiveram-se inalteradas

                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                      • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                        • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O Modelo Tradicional de Relacionamento

                                                                                                                                                                                                                          Alinhamento

                                                                                                                                                                                                                          Estrateacutegico

                                                                                                                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                                                                                                                          Valorizaccedilatildeo da Alianccedila

                                                                                                                                                                                                                          Com a Potencia Mariacutetima

                                                                                                                                                                                                                          Diferenciaccedilatildeo Estrateacutegica

                                                                                                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                          A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o objectivo de se diferenciar no contexto peninsular procurando a valorizaccedilatildeo estrateacutegica de forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a sua individualidade e independecircncia

                                                                                                                                                                                                                          A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas premissas fundamentais em primeiro lugar ndash na valorizaccedilatildeo permanente da alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante

                                                                                                                                                                                                                          Em segundo lugar ndash pela necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica relativamente agrave Espanha numa alianccedila diametralmente oposta

                                                                                                                                                                                                                          Contudo agrave que salientar que os momentos em que Portugal e a Espanha se situaram num alinhamento estrateacutegica coincidente Portugal viu-se relegado para uma posiccedilatildeo secundaacuteria em favor do nosso vizinho peninsular

                                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O ldquoNovo Paradigma Peninsularrdquo

                                                                                                                                                                                                                          () Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira

                                                                                                                                                                                                                          ldquoPassaacutemos de uma situaccedilatildeo de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsular ()rdquo

                                                                                                                                                                                                                          Dr Luiacutes Amado

                                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                          • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                            • A grande novidade revela-se na passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia para outra de convergecircncia Contudo a presenccedila na UE representou e ainda representa para Portugal um dos apoios externos que o Paiacutes tanto necessita Este conceito encontra-se associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o relacionamento com a Espanha deveraacute assentar na mediaccedilatildeo multilateral com Bruxelas algo que a conhecida expressatildeo ldquoChegar a Madrid via Bruxelasrdquo define muito bem

                                                                                                                                                                                                                              No entanto tambeacutem eacute possiacutevel a tomada de posiccedilotildees conjuntas e que da mesma forma jaacute por demais referimos neste caso caberaacute a oportuna expressatildeo de ldquoChegar a Bruxelas via Madridrdquo

                                                                                                                                                                                                                              O relacionamento transatlacircntico efectuado quer no acircmbito bilateral quer no acircmbito multilateral eacute um assunto que apesar dos diferentes graus de prioridade atribuiacutedos assumidamente preocupa os governantes de ambos os paiacuteses caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas

                                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                              QUESTAtildeO CENTRAL

                                                                                                                                                                                                                              Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                                                                                                                                                                                              Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                              • A resposta agrave questatildeo central
                                                                                                                                                                                                                                • Penso que conseguimos comprovar que apesar deste novo enquadramento das relaccedilotildees peninsulares eacute possiacutevel diferenciar a postura estrateacutegica de Portugal relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Contudo deveraacute a postura poliacutetico-estreateacutegica da Espanha determinar a Portugal a tomada de uma opccedilatildeo oposta Isto eacute implicaraacute uma opccedilatildeo tendencialmente atlacircntica ou europeia da Espanha a necessidade de Portugal se diferenciar optando por uma soluccedilatildeo oposta

                                                                                                                                                                                                                                  Em nossa opiniatildeo o enquadramento actual natildeo permite uma abordagem tatildeo directa Eacute um facto que Portugal deva explorar as oportunidades que uma ausecircncia espanhola em qualquer dos espaccedilos poderaacute permitir no entanto natildeo nos parece que a escolha de uma opccedilatildeo oposta agrave da Espanha seja uma soluccedilatildeo sensata

                                                                                                                                                                                                                                  Neste caso o risco de sub-representatividade surge de forma bem visiacutevel permitindo ao paiacutes vizinho ocupar o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago

                                                                                                                                                                                                                                  Designadamente na UE o risco de sub-representatividade estaria potenciado tanto pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal como pelo facto de poder vir a integrar um previsiacutevel directoacuterio europeu ficando Portugal agrave mercecirc da cada vez mais valorizada votaccedilatildeo por maioria qualificada Neste caso estariacuteamos perante uma situaccedilatildeo de subalternizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Natildeo deveratildeo ficar duacutevidas que as posiccedilotildees assumidas ocorrem por vontade proacutepria e resultando em prol do interesse nacional

                                                                                                                                                                                                                                  Procurando responder agrave questatildeo que determinou a orientaccedilatildeo do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser inequivocamente positiva Sendo vaacutelida para o anterior quadro de relacionamento como para esta nova realidade

                                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                  Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                                  • A resposta de Portugal
                                                                                                                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      Marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar as vantagens da lusoacutefonia

                                                                                                                                                                                                                                      Reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia da Espanha

                                                                                                                                                                                                                                      Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas

                                                                                                                                                                                                                                      Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      Perante todo este cenaacuterio qual deveraacute ser a melhor forma de Portugal fazer face a uma Espanha tatildeo ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

                                                                                                                                                                                                                                      Preconizaacutemos algumas respostas para esta questatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1 ndash Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido ndash De forma a defender firmemente o interesse nacional Afastando as tendecircncias de sub-representatividade ou subaltermnizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha caso contraacuterio Madrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo esbater-se-aacute

                                                                                                                                                                                                                                      2 ndash Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico Jaacute que permite a potenciaccedilatildeo geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica do acesso a recursos e fontes de rendimento e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica procurando obter a diversificaccedilatildeo d relacionamento

                                                                                                                                                                                                                                      3 ndash Potenciar as vantagens da lusoacutefonia ndash eacute uma questatildeo incontornaacutevel jaacute que eacute uma das marcas diferenciadoras de Portugal mais importantes para a qual a CPLP se torna um meio indispensaacutevel

                                                                                                                                                                                                                                      4 ndash No acircmbito do relacionamento bilateral reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia procurando alternativas externas agrave peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica

                                                                                                                                                                                                                                      5 ndash Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas ndash eacute uma necessidade que apenas foi percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios contudo eacute opiniatildeo generalizada dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute oferecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      6 ndash Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses a quem temos a obrigaccedilatildeo de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para que possam continuar Portugal

                                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      ldquoLa verdad es que cuando miro el mapa no entiendo por queacute Portugal no es Espantildeardquo

                                                                                                                                                                                                                                      Alonso Aznar

                                                                                                                                                                                                                                      Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade

                                                                                                                                                                                                                                      2001

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                                                                                                      Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      900

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo

                                                                                                                                                                                                                                      e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      6300

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      5200

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica

                                                                                                                                                                                                                                      200

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200

                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear

                                                                                                                                                                                                                                      1300

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1700

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-0xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico3

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      063
                                                                                                                                                                                                                                      016
                                                                                                                                                                                                                                      009
                                                                                                                                                                                                                                      008
                                                                                                                                                                                                                                      004

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-1xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico4

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      052
                                                                                                                                                                                                                                      017
                                                                                                                                                                                                                                      013
                                                                                                                                                                                                                                      012
                                                                                                                                                                                                                                      004
                                                                                                                                                                                                                                      002

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                  PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA
                                                                                                                                                                  Bancos FortalezadeCapital TamanhodeActivos SolidezRatioCapitalActivos RetornoSobre Activos RatioCustoCreacutedito
                                                                                                                                                                  (Milhotildees de doacutelares) () () ()
                                                                                                                                                                  Banco Comercial Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355
                                                                                                                                                                  Caixa Geral de Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569
                                                                                                                                                                  Banco Espiacuterito Santo 3271 54664 598 083 5061
                                                                                                                                                                  Bano Totta e Accedilores 1806 36403 496 11 4991
                                                                                                                                                                  Santander Central Hispano 21408 444012 482 117 631
                                                                                                                                                                  Banco Bilbao Vizcaya Argentaria 18176 362655 501 133 5677
                                                                                                                                                              BaciasHidrograacuteficas TerritoacuterioNacional
                                                                                                                                                              Douro 97600 km2 19
                                                                                                                                                              Guadiana 66800 km2 17
                                                                                                                                                              Lima 2480 km2 48
                                                                                                                                                              Minho 17080 km 2 5
                                                                                                                                                              Tejo 80600 km 2 31
                                                                                                                                                      PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003
                                                                                                                                                      Portugal
                                                                                                                                                      Exportaccedilotildees Importaccedilotildees
                                                                                                                                                      1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291
                                                                                                                                                      2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147
                                                                                                                                                      3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99
                                                                                                                                                      4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64
                                                                                                                                                      5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49
                                                                                                                                                  POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE
                                                                                                                                                  2003 () Total Agricultura Induacutestria Serviccedilos
                                                                                                                                                  UE 15 163758 38 265 645
                                                                                                                                                  Espanha 16666 56 308 636
                                                                                                                                                  Portugal 5118 128 328 544
                                                                                                                                              POPULACcedilAtildeO 2001
                                                                                                                                              PORTUGAL 10356117
                                                                                                                                              ESPANHA 40847371
                                                                                                                                              PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)
                                                                                                                                              Cenaacuterio Base 2010 2025 2040
                                                                                                                                              Portugal 106 104 98
                                                                                                                                              Espanha 457 501 527
                                                                                                                                  () Importaccedilotildees Exportaccedilotildees
                                                                                                                                  1942 365 195
                                                                                                                                  1944 454 351
                                                                                                                                  1946-1955 266 188
Page 5: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg iv

DEDICATOacuteRIA

Este trabalho eacute dedicado agrave Paula Alexandra a

minha mulher pela inesgotaacutevel paciecircncia

compreensatildeo e apoio que jamais questionou Ao

Rodrigo o meu filho pelo pouco tempo que lhe

pude dedicar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg v

AGRADECIMENTO

O autor deste trabalho expressa o seu reconhecimento a todos quantos contribuiacuteram para a sua

realizaccedilatildeo Destes cabe um especial agradecimento ao Major de Artilharia Dias Martins pela

total disponibilidade demonstrada e pelas oportunas recomendaccedilotildees efectuadas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vi

LISTA DE ABREVIATURAS

BBVA - Banco Bibao Vizcaya Argentaria

BSCH - Banco Santander Central Hispano

CEDA - Confederaccedilatildeo Espanhola dos Grupos Autoacutenomos de Direita

CEDN - Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

CEE - Comunidade Econoacutemica Europeia

CPLP - Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

DDN - Directiva de Defensa Nacional 12004

EDP - Electricidade de Portugal

EFTA - Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

Hab - Habitantes

JC Lisbon - Joint Command Lisbon

MIBEL - Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica

OCDE - Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OI - Organizaccedilatildeo Internacional

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OCS - Oacutergatildeos de Comunicaccedilatildeo Social

OSCE - Organizaccedilatildeo para a Seguranccedila e Cooperaccedilatildeo Europeia

OTAN - Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte

PESC - Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

PHNE - Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha

PIB - Produto Interno Bruto

ppc - Paridade de Poder de Compra

PP - Partido Popular

PS - Partido Socialista

PSD - Partido Social Democrata

PSOE - Partido Socialista Obrero Espantildeol

PT - Portugal Telecom

PTM - Paiacuteses Terceiros do Mediterracircneo

TCE - Tratado Constitucional Europeu

TEM - Telefoacutenica Moacuteviles

UE - Uniatildeo Europeia

UEM - Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

URSS - Uniatildeo das Repuacuteblicas Socialistas Sovieacuteticas

VAB - Valor Acrescentado Bruto

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vii

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 1

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS 4 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas 4

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento 4 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular 7 113 A supremacia internacional de Portugal9

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas10 13 A questatildeo econoacutemica 12

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES15 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico15 22 Portugal e Espanha em factos comparados 17

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila 18 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais19 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo 21 224 O mercado de trabalho 22 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo 22

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia 23 231 O sector energeacutetico24 232 A partilha de recursos hiacutedricos25 233 O sector bancaacuterio26 234 O sector das telecomunicaccedilotildees27

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL 29 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica29

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE29 312 O relacionamento econoacutemico32 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia34

32 A Alianccedila Atlacircntica36 33 Os espaccedilos regionais 41

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa41 332 O Mediterracircneo e o Magreb 42 333 A Ibero-Ameacuterica 43

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES45

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia 45 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa 47 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento52

431 O modelo tradicional de relacionamento 53 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo54

44 A resposta de Portugal57

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES 60

APEcircNDICES

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

INTRODUCcedilAtildeO

Ao abordar a questatildeo do relacionamento entre Portugal e Espanha vem-nos logo agrave ideia o

velho proveacuterbio portuguecircs no qual se refere que ldquode Espanha nem bom vento nem bom

casamentordquo De facto ao longo da jaacute velha histoacuteria nacional as relaccedilotildees entre as duas naccedilotildees

foram caracterizadas por inuacutemeros conflitos a maior parte deles traduzidos pela forccedila das armas

Poucos foram os momentos em que os dois paiacuteses natildeo estiveram de costas voltadas No entanto

eacute incontestaacutevel a ideia de que satildeo duas grandes naccedilotildees que procuraram ao longo da histoacuteria a

respectiva afirmaccedilatildeo tanto no seu espaccedilo regional como num mundo jaacute partilhado pelo Tratado

de Tordesilhas

A matriz de relacionamento entre os dois Estados peninsulares foi ateacute 1985 determinada pela

divergecircncia e desconfianccedila permanente Os traccedilos fundamentais dessa relaccedilatildeo assentavam na

permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico o

qual mantinha como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Contudo nos

momentos em que os paiacuteses se encontraram no mesmo quadro de alianccedilas a balanccedila pendeu

sempre em desfavor de Portugal Estas eram as alturas em que o Paiacutes voltava a procurar

separaccedilatildeo da Espanha apoiando-se numa alianccedila estrateacutegica oposta A ligaccedilatildeo extra-peninsular

permitiu a Portugal manter a sua individualidade e identidade constituindo-se tambeacutem como

suporte fundamental da sua soberania

Apoacutes a entrada de Portugal e da Espanha na Comunidade Econoacutemica Europeia (CEE) e na

Alianccedila Atlacircntica surgiu um novo paradigma de relacionamento A partilha de interesses nestes

espaccedilos determinou a impossibilidade de uma diferenciaccedilatildeo expliacutecita considerando a

necessidade de recurso a um alinhamento estrateacutegico diferenciado A partir daquele momento os

paiacuteses despertavam para uma realidade que lhes permitia a convivecircncia sem a necessidade de

recurso aos velhos receios de perca de soberania

Se ateacute entatildeo o relacionamento bilateral se resumia ao acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico apoacutes

aquele momento pocircde ser alargado a outras aacutereas como a econoacutemica a comercial e a cultural A

evoluccedilatildeo foi retratada pelo Professor Doutor Adriano Moreira que sobre o assunto referiu ldquoa

experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem

mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de

cooperaccedilatildeordquo1 expressatildeo que muito bem cabe ao caso peninsular

1 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nos dias de hoje Portugal e Espanha assumiram finalmente caminhos comuns Ambos fazem

parte das duas Organizaccedilotildees Internacionais (OI) provavelmente mais relevantes do planeta a

Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte (OTAN) e a Uniatildeo Europeia (UE) nelas querendo

fazer valer os seus interesses estrateacutegicos e procurando a sua afirmaccedilatildeo num mundo globalizado

no qual a sobrevivecircncia individualizada poderaacute ser posta em causa

Eacute pois neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico de toda a pertinecircncia avaliar em que medida os

dois Estados poderatildeo seguir um rumo comum assumindo as respectivas individualidades e

particularidades procurando contribuir para o desenvolvimento das OI onde se encontram

inseridos Ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular determinaratildeo a Portugal a

necessidade de assumir uma orientaccedilatildeo oposta mantendo assim a tendecircncia da histoacuteria

Em face da vastidatildeo do objecto delimitaacutemos o estudo desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute aos

nossos dias enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees poliacutetico-

estrateacutegicas tomadas no seio da UE e da Alianccedila Atlacircntica OI que determinam o actual

enquadramento geoeconoacutemico geopoliacutetico e geoestrateacutegico de ambos os Estados Contudo natildeo

deixamos de abordar outros aspectos do relacionamento bilateral confinados agrave realidade

peninsular mas que consideraacutemos ser um contributo necessaacuterio para a conclusatildeo do estudo

A metodologia empregue versou fundamentalmente na realizaccedilatildeo de uma pesquisa

bibliograacutefica na qual se incluiu a consulta de vaacuterias obras literaacuterias vaacuterios artigos publicados em

jornais e revistas de caraacutecter generalista mas tambeacutem da especialidade e ainda alguns siacutetios da

Internet A investigaccedilatildeo incluiu a realizaccedilatildeo de entrevistas a personalidades com estudos

realizados neste acircmbito Nestas incluem-se o General Loureiro dos Santos o Professor Doutor

Carlos Gaspar o Professor Doutor Medeiros Ferreira o Professor Doutor Antoacutenio Joseacute Telo o

Professor Doutor Nuno Severiano Teixeira e o Professor Doutor Adriano Moreira

Para o desenvolvimento do trabalho definimos a seguinte questatildeo central ldquoPoderatildeo as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual

ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo Desta extraiacutemos as

seguintes questotildees derivadas ldquoQual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica

da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo ldquoQual o impacto de uma

orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas

nacionaisrdquo por uacuteltimo ldquoSeraacute a orientaccedilatildeo estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar

Portugal no seio das OI onde se encontra inseridordquo

Das questotildees apresentadas extraiacutemos as seguintes hipoacuteteses ldquoDada a menor dimensatildeo de

Portugal as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionam as opccedilotildees estrateacutegicas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

nacionaisrdquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da

poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo por uacuteltimo ldquoUma

orientaccedilatildeo estrateacutegica comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio

das OI onde se encontra inseridordquo

O trabalho encontra-se organizado em quatro capiacutetulos No primeiro que surge apoacutes a

presente introduccedilatildeo pretendemos apresentar o enquadramento histoacuterico do relacionamento

peninsular Assim desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da UE e da

OTAN pretende-se mostrar como as orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha influenciaram

as orientaccedilotildees estrateacutegicas nacionais

No segundo capiacutetulo efectuamos um enquadramento geopoliacutetico e geoestrateacutegico dos dois

paiacuteses Neste pretendemos apresentar as duas realidades ibeacutericas recorrendo a alguns aspectos

comparativos como os sistemas poliacuteticos e a organizaccedilatildeo administrativa dados relativos agrave

populaccedilatildeo e agrave situaccedilatildeo macro-econoacutemica assim como aspectos que poderatildeo determinar a

existecircncia de factores de dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

O terceiro capiacutetulo versa sobre o momento de coabitaccedilatildeo internacional actualmente vivido

pelos dois Estados Inicialmente abordaacutemos a UE sobre a qual analisamos a integraccedilatildeo e a

participaccedilatildeo de ambos os paiacuteses no processo de construccedilatildeo europeu o relacionamento

econoacutemico e ainda a premente questatildeo da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila

Comum (PESC) Segue-se uma abordagem agrave participaccedilatildeo de Portugal e da Espanha na OTAN

terminando com uma pequena referecircncia agrave postura individual em espaccedilos regionais preferenciais

O capiacutetulo final para aleacutem de se constituir como um espaccedilo de anaacutelise nele pretendemos

incluir uma siacutentese conclusiva Aqui se confronta Portugal com as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da

Espanha Para tal iniciamos efectuando uma breve abordagem ao plano bilateral apoacutes o que

salientamos as grandes linhas da poliacutetica externa de ambos que nos permitem responder agraves

primeira e segunda questotildees derivadas Seguidamente procuramos expor os modelos de

relacionamento encontrados momento considerado oportuno para responder agrave terceira questatildeo

derivada e ainda agrave questatildeo central do trabalho Por uacuteltimo terminamos efectuando uma

abordagem ao que consideraacutemos ser a mais adequada resposta de Portugal

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS

A histoacuteria dos paiacuteses ibeacutericos cruza-se tanto quanto poderia determinar a realidade de uma

vizinhanccedila muitas vezes designada por fatalidade geograacutefica Os dois Estados tiveram uma

evoluccedilatildeo poliacutetica proacutepria (Apecircndices A e B) e orientada pelo decurso dos acontecimentos

internos que de tatildeo intensos determinaram a tomada de opccedilotildees tendentes a apoiar ou a

contrariar a orientaccedilatildeo do vizinho peninsular Neste acircmbito destaca-se a guerra civil espanhola

cujo desfecho os responsaacuteveis nacionais entenderam ser determinante para a manutenccedilatildeo da

estabilidade poliacutetica portuguesa A mesma postura foi adoptada para fazer face aos grandes

acontecimentos europeus dos quais se destacam dois conflitos mundiais e os consequentes

arranjos poliacutetico-estrateacutegicos que se lhes seguiram O parco relacionamento econoacutemico eacute outro

dos reflexos de uma vivecircncia bilateral que se revelou quase exiacutegua na eacutepoca a que se refere o

presente capiacutetulo No entanto a questatildeo econoacutemica iria sofrer uma significativa inversatildeo com o

decorrer dos acontecimentos

11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

No periacuteodo em anaacutelise Portugal e Espanha mantiveram-se tradicionalmente afastados

seguindo alinhamentos estrateacutegicos opostos que estiveram na base de um distanciamento das

relaccedilotildees bilaterais em grande parte do seacuteculo XX Os momentos em que o posicionamento

poliacutetico-estrateacutegico de ambos coincidiu apesar de muito raros caracterizaram-se pela

valorizaccedilatildeo da Espanha em detrimento de Portugal

O Pacto Peninsular foi no seacuteculo que haacute pouco terminou um dos momentos marcantes das

relaccedilotildees ibeacutericas A sua realizaccedilatildeo teve por base a necessidade de garantir a neutralidade na II

Guerra Mundial pelo que haveria que conseguir retirar a relevacircncia estrateacutegica do espaccedilo

peninsular O seacuteculo termina com ambos os paiacuteses a coabitarem os mesmos espaccedilos poliacutetico

econoacutemico e de defesa facto que determinou uma nova era nas relaccedilotildees bilaterais

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento

Portugal terminava o seacuteculo XIX em crise com o seu velho aliado inglecircs Em 1890 a

Inglaterra fazia ao nosso Paiacutes um ultimato que iria pocircr fim agraves aspiraccedilotildees nacionais de unir os

territoacuterios de Angola e de Moccedilambique do Atlacircntico ao Iacutendico O projecto representado pelo

Mapa Cor-de-rosa colidia no entanto com a ambiccedilatildeo britacircnica de estabelecer uma ligaccedilatildeo

contiacutenua do Cabo ao Cairo Atraveacutes do documento entregue ao Governo em 11 de Janeiro de

1890 a Inglaterra exigia a retirada imediata das forccedilas expedicionaacuterias portuguesas da regiatildeo do

Noroeste de Moccedilambique apesar deste territoacuterio ldquopertencer a Portugalrdquo (MATTOSO et al 1994

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

p 38) Como retaliaccedilatildeo ameaccedilava com o corte das relaccedilotildees diplomaacuteticas e com o emprego da

forccedila O facto fez desencadear um amplo movimento de protesto e foi encarado como uma

humilhante lanccedila no orgulho nacional O governo caiu mas respondeu afirmativamente aos

ingleses

Tinha-se desenvolvido um forte e generalizado ldquosentimento antibritacircnicordquo (FERREIRA

1989 p 18) que teve como consequecircncia o regresso agrave realidade peninsular Em face da posiccedilatildeo

britacircnica seu tradicional aliado Portugal voltava-se para a Espanha seu tradicional inimigo Do

lado espanhol as opiniotildees variaram desde uma cautelosa posiccedilatildeo monaacuterquica a um declarado

apoio republicano Os medos estavam vencidos os desentendimentos esquecidos e descobriam-

se afinidades de tal forma que ganhava alguma projecccedilatildeo o sentimento iberista portuguecircs que

para os mais radicais passava por uma federaccedilatildeo das repuacuteblicas ibeacutericas Para os demais o

relacionamento com a Espanha passava por uma alianccedila que consideravam indispensaacutevel para a

afirmaccedilatildeo internacional da Peniacutensula Ibeacuterica O Tratado assinado em Agosto de 1891 punha

fim agrave contenda com os britacircnicos contudo deixava claro a sua influecircncia no desenrolar das

opccedilotildees politico-estrateacutegicas nacionais

No iniacutecio do seacuteculo XX as pretensotildees alematildes no Norte de Aacutefrica designadamente sobre

Marrocos determinaram uma alteraccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica dos paiacuteses peninsulares As

possessotildees espanholas no continente africano motivam uma aproximaccedilatildeo de franceses e ingleses

agrave Espanha que culmina na assinatura de tratados com ambas as potecircncias Sobre Portugal os

britacircnicos passaram a consideraacute-lo de menor valor estrateacutegico em face das possibilidades

fornecidas pela posiccedilatildeo geograacutefica da Espanha que permitia o controlo sobre o Mediterracircneo

Ocidental e o Norte de Aacutefrica Ficava no entanto uma ressalva quanto agrave importacircncia das ilhas

atlacircnticas portuguesas que segundo Winston Churchill natildeo deveriam cair ldquonas matildeos de alguma

potecircncia hostil a Londresrdquo (FERREIRA 1989 p 24)

Portugal via-se secundarizado perante a entrada da Espanha nas tradicionais posiccedilotildees

estrateacutegicas nacionais O facto natildeo escapou agrave percepccedilatildeo dos responsaacuteveis portugueses que

procuraram outra acircncora externa que pudesse conferir ao Paiacutes a centralidade estrateacutegica que lhe

permitisse dispor de uma maior capacidade negocial O papel passava a ser desempenhado pela

Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas

accedilorianas e outras facilidades agrave navegaccedilatildeo Desta forma Portugal procurou defender a sua

individualidade diferenciando a sua alianccedila externa da do vizinho espanhol

Na I Guerra Mundial a neutralidade espanhola faria Portugal dispor de uma oportunidade de

ouro para obter a tatildeo indispensaacutevel diferenciaccedilatildeo peninsular e colocar o Paiacutes no seu alinhamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 6

tradicional ldquoUm dos motivos que decidiu a Repuacuteblica agrave participaccedilatildeo na guerra ao lado dos

aliados foi sem duacutevida a disputa da representatividade internacional da Peniacutensula Ibeacutericardquo

(FERREIRA 1992 p 49) Franco Nogueira ao designar uma ldquopreocupaccedilatildeo sincerardquo

(NOGUEIRA 2000a p239) pretendia referir-se agrave integridade territorial do ultramar apenas

assegurada com a presenccedila de Portugal na Conferecircncia de Paz e no futuro organismo

internacional que dela resultasse Assim sendo Portugal decidiu-se pela participaccedilatildeo cedendo a

base naval de Leixotildees aos franceses permitindo que fosse estabelecida uma base naval norte-

americana em Ponta Delgada e enviando um corpo expedicionaacuterio para o teatro de operaccedilotildees

europeu

Sobre as razotildees que teratildeo levado os ingleses a preferir a participaccedilatildeo portuguesa relativamente

agrave espanhola Medeiros Ferreira refere a existecircncia de um documento britacircnico2 do Foreign

Office datado de 1917 o qual refere as exigecircncias efectuadas pelo Estado espanhol como o

factor decisivo para a recusa Estas englobavam Tacircnger Gibraltar e ldquomatildeo livre em Portugalrdquo

Desta uacuteltima explica natildeo se tratar da anexaccedilatildeo mas de uma tentativa de ldquoamarraacute-lo por qualquer

tipo de tratado ou de alianccedila que assegurasse a presenccedila do domiacutenio espanhol nas deliberaccedilotildees

portuguesas (hellip)rdquo (FERREIRA 1989 p32)

Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a

notoriedade internacional pretendida Entrava na guerra ao lado dos aliados diferenciava-se da

neutralidade espanhola e obtinha o assento na Conferecircncia de Paz em Paris Contudo natildeo era

previsiacutevel o enorme reveacutes que se seguiu Discutia-se a fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildees

organizaccedilatildeo na qual Portugal se arrogava no direito de integrar ocupando um lugar compatiacutevel

com o de uma potecircncia beligerante A actividade diplomaacutetica nacional desenvolvia-se junto do

velho aliado na tentativa de assegurar a presenccedila no futuro Conselho Executivo

Ao mesmo tempo a Espanha acercava-se dos Estados Unidos da Ameacuterica (EUA) e do seu

presidente Woodrow Wilson ldquoprincipal decisor na fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildeesrdquo

(FERREIRA 1992 p51) sobre quem exerceu um apertado cerco diplomaacutetico tambeacutem

desenvolvido sobre a Franccedila e a Gratilde-Bretanha no sentido de vir a tornar-se Membro Permanente

do Conselho Executivo O resultado final desta intensa batalha diplomaacutetica foi em desfavor de

Portugal A Espanha eacute efectivamente convidada a fazer parte em representaccedilatildeo dos paiacuteses

neutrais embora como Membro Natildeo Permanente enquanto que Portugal se viu relegado para

uma posiccedilatildeo secundaacuteria

2 ldquoPotential Value of Spain as na Allyrdquo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 7

Ao ver-se afastada daquele organismo em favor da Espanha que natildeo tinha desenvolvido

qualquer esforccedilo de guerra a delegaccedilatildeo portuguesa manifestava-se fazendo sentir o seu

desagrado Franco Nogueira retratou desta forma o facto ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria

nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo

Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho

Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido

(hellip)rdquo (NOGUEIRA 2000b p67)

112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular

No periacuteodo que se seguiu agrave I Guerra Mundial as relaccedilotildees entre os dois Estados conheceram

distintos graus de intensidade Inicialmente o relacionamento poliacutetico foi problemaacutetico com

responsabilidades dirigidas a Afonso XIII e agrave sua apetecircncia para chegar ao domiacutenio ibeacuterico O rei

procurava ldquoum pretexto de intervenccedilatildeo em Portugal e tentava obter a complacecircncia da Inglaterra

para o efeitordquo (NOGUEIRA 2000a p 245) A fricccedilatildeo poliacutetica manteve-se ateacute 1926 quando

surge no poder um regime de ditadura militar com o qual o vizinho peninsular demonstrou

alguma simpatia tendo como consequecircncia ldquoum imediato incremento a partir de 1927rdquo

(FERREIRA 1989 p44)

A partir de 1931 iniciado jaacute em Portugal o periacuteodo do Estado Novo as relaccedilotildees ibeacutericas

regressaram a uma fase de maior tensatildeo Este facto para Medeiros Ferreira natildeo deveria ser

imputado agrave natureza diferente dos regimes mas sim ao apoio que os republicanos espanhoacuteis

prestavam aos democratas Portugueses Para Antoacutenio de Oliveira Salazar o triunfo da esquerda

em Espanha representava ldquoum duplo perigo o revolucionaacuterio e o iberistardquo (FERREIRA 1989

p47) pelo que preparava as Forccedilas Armadas para uma hipoteacutetica guerra com a Espanha

A guerra civil espanhola obrigou Portugal a exercer uma intensa actividade diplomaacutetica O

conflito que opunha nacionalistas e republicanos representava segundo o governo portuguecircs um

perigo substancial para a seguranccedila e a independecircncia do Paiacutes Os responsaacuteveis portugueses

procuravam sensibilizar ingleses franceses alematildees e italianos embora aos dois uacuteltimos apenas

tivesse recorrido pela ausecircncia de resposta dos primeiros bem como pela crescente influecircncia da

actividade sovieacutetica

Para o Governo portuguecircs a questatildeo era simples e directa ldquovitoacuteria do exeacutercito espanhol ou

implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo (NOGUEIRA 2000a p274) tornando-se Portugal

pela sua situaccedilatildeo geograacutefica no Paiacutes mais directamente ameaccedilado jaacute que os partidos

republicanos espanhoacuteis natildeo escondiam a sua apetecircncia pelo federalismo ibeacuterico Apesar da

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 8

cedecircncia agrave pressatildeo anglo-francesa de natildeo-intervenccedilatildeo que nos levaria agrave assinatura de um

compromisso3 Portugal apoiou os nacionalistas juntamente com a Alemanha e a Itaacutelia em

contraponto ao apoio sovieacutetico prestado ao governo de Madrid

Apoacutes a guerra civil ainda em 1939 Portugal e a Espanha assinam um Tratado de Natildeo-

Agressatildeo4 Para Portugal o acordo permitia travar as tendecircncias iberistas espanholas e no

conjunto peninsular mantinha os paiacuteses numa situaccedilatildeo de neutralidade relativamente ao conflito

generalizado que se avizinhava Para o efeito o nosso Paiacutes teria de permanecer afastado das

obrigaccedilotildees a que o Tratado luso-britacircnico obrigava assim como as posiccedilotildees da Alemanha e da

Itaacutelia natildeo deveriam arrastar a Espanha5 para uma posiccedilatildeo beligerante Seria a forma de eliminar a

possibilidade de entrada na guerra de ambos os paiacuteses sob influecircncia dos respectivos aliados

externos

A situaccedilatildeo de neutralidade da Peniacutensula Ibeacuterica deveria estar dependente do entendimento

entre a Alemanha e a Ruacutessia que num cenaacuterio de confronto com os aliados procurariam o

isolamento dos EUA Este facto implicava a formaccedilatildeo de uma ldquoesfera de influecircncia alematilde num

hemisfeacuterio orientalrdquo (GASPAR p168) que por um lado permitisse a ligaccedilatildeo da Europa agrave Aacutefrica

e por outro a ocupaccedilatildeo das ilhas atlacircnticas de forma a estabelecer uma fronteira com o

hemisfeacuterio de influecircncia americano O cenaacuterio segundo Carlos Gaspar exigiria ainda a

constituiccedilatildeo de um bloco continental formado pela Franccedila e pela Espanha ldquoassim como fechar o

Mediterracircneo para isolar a Gratilde-Bretanha e estabelecer nos estreitos uma ligaccedilatildeo segura com o

Norte de Aacutefricardquo (GASPAR p168)

A invasatildeo da Ruacutessia pela Alemanha e a tomada do Norte de Aacutefrica pelos aliados

proporcionou a ldquodesvalorizaccedilatildeo da posiccedilatildeo peninsularrdquo (GASPAR p169) permitindo manter a

Peniacutensula afastada dos confrontos Contudo a entrada na guerra da Espanha mantinha-se uma

incoacutegnita A ala intervencionista protagonizada por Serrano Suntildeer exercia forte influecircncia junto

de Franco levando-o a expor perante Hitler as condiccedilotildees para a participaccedilatildeo na guerra entre as

quais constavam a recuperaccedilatildeo de Gibraltar e vaacuterias concessotildees no Norte de Aacutefrica A Espanha

aderia a ldquoum pacto secreto com a Alemanha e a Itaacuteliardquo (GASPAR p179) no entanto nunca se

comprometendo com uma data para a participaccedilatildeo no conflito Portugal demarcava-se mais uma

3 Assinaram o tratado de natildeo-intervenccedilatildeo a Alemanha Aacuteustria Beacutelgica Bulgaacuteria Checoslovaacutequia Dinamarca Finlacircndia Franccedila Gratilde-Bretanha Hungria Irlanda Itaacutelia Jugoslaacutevia Noruega Paiacuteses Baixos Poloacutenia Portugal Repuacuteblicas Baacutelticas Romeacutenia Ruacutessia e Sueacutecia 4 Pacto Peninsular em Portugal Pacto Ibeacuterico em Espanha 5 Sobre o assunto interessa salientar que a neutralidade espanhola era de grande conveniecircncia para a Gratilde-bretanha visto que assim poderia proceder mais facilmente agrave defesa de Gibraltar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 9

vez da posiccedilatildeo espanhola e cedia os Accedilores aos aliados passando de uma ldquoneutralidade

geomeacutetrica a uma neutralidade activardquo (GASPAR p181)

113 A supremacia internacional de Portugal

O poacutes-guerra proporcionou ao mundo um novo quadro estrateacutegico no qual emergiam os EUA

e a Uniatildeo Sovieacutetica formando dois poacutelos antagoacutenicos onde cada qual procurava aglutinar as

alianccedilas que mais e melhores vantagens pudessem acrescentar agraves suas esferas de influecircncia e agraves

respectivas potencialidades estrateacutegicas Perante esta nova realidade haveria que encontrar

respostas raacutepidas para travar o avanccedilo de influecircncias indesejaacuteveis Iniciavam-se assim as

conversaccedilotildees para a implementaccedilatildeo de um Tratado do qual fariam parte os Paiacuteses do Pacto de

Bruxelas6 os EUA o Canadaacute e ainda a Noruega a Dinamarca a Islacircndia e Portugal

O convite endereccedilado a Portugal motivou uma reacccedilatildeo imediata do paiacutes vizinho que ao ver-

se excluiacutedo se apressou a condicionar a adesatildeo portuguesa agrave existecircncia do Pacto Peninsular

levando mesmo Franco a querer ldquoimpedir a entrada de Portugalrdquo (ANTUNES 2003 p30) A

questatildeo centrava-se no artigo que alude agrave defesa muacutetua em caso de agressatildeo facto que poderia

inviabilizar a possibilidade de colaboraccedilatildeo com a Espanha quando confrontado com o previsto

na redacccedilatildeo do Pacto Peninsular Apesar da pressatildeo espanhola Portugal reafirma a

compatibilidade dos dois Pactos assumindo-se como paiacutes fundador No entanto desencadeou

esforccedilos no sentido de que o vizinho peninsular pudesse tambeacutem integrar a Alianccedila agrave data da sua

formaccedilatildeo

A Espanha atravessava um periacuteodo de isolamento internacional decorrente das posiccedilotildees

assumidas no decurso da II Guerra Mundial bem como do autoritarismo do seu regime poliacutetico

Portugal vivia um periacuteodo de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica efectiva no contexto ibeacuterico e afirmava a

supremacia na representatividade peninsular constituindo-se como a uacutenica possibilidade de

ligaccedilatildeo da Espanha ao exterior

A partir de 1953 a Espanha assina com os EUA os conveacutenios sobre ajuda de defesa e ajuda

econoacutemica que iriam permitir a instalaccedilatildeo de bases militares no territoacuterio e o apoio financeiro

para a recuperaccedilatildeo econoacutemica do paiacutes7 Era o momento a partir do qual a Espanha punha um

ponto final no periacuteodo de isolamento internacional passando os dois paiacuteses a partilhar a mesma

alianccedila externa A adesatildeo agrave Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) eacute efectuada em simultacircneo

e definitivamente anula a dependecircncia que a Espanha tinha de Portugal para o relacionamento

externo Ao inveacutes Portugal entrava agora numa fase de marginalizaccedilatildeo internacional motivada 6 Beacutelgica Franccedila Gratilde-Bretanha Holanda e Luxemburgo 7 Sublinha-se o facto de que a Espanha tinha ficado excluiacuteda da ajuda financeira proporcionada pelo Plano Marchall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 10

pela questatildeo colonial contudo ambos os paiacuteses seriam afastados do processo de integraccedilatildeo

europeia

Em 1974 e 1975 Portugal e Espanha alteraram respectivamente a natureza dos seus regimes

poliacuteticos O processo nacional foi mais atribulado dado que decorreu da realizaccedilatildeo de um golpe

militar Em Espanha Franco preparou a sua sucessatildeo para que apoacutes a sua morte o rei Juan

Carlos I assumisse a Chefia do Estado transformando o regime de forma paciacutefica numa

monarquia parlamentar Em Portugal o processo revolucionaacuterio que se seguiu ao golpe militar

foi atentamente acompanhado pelo regime espanhol que com receio de contaminaccedilatildeo

fronteiriccedila ldquoos serviccedilos de informaccedilatildeo franquistas foram imediatamente em forccedila para Lisboa

(hellip) Franco tinha interesse especial em ver as imagens que lhe chegavam de Portugalrdquo8

(ANTUNES 2003 p31) Apoacutes a democratizaccedilatildeo dos sistemas poliacuteticos as relaccedilotildees entre os

dois Estados assumiram outras proporccedilotildees multiplicando-se as visitas oficiais As consequecircncias

ao niacutevel da inserccedilatildeo internacional estavam tambeacutem visiacuteveis e culminaram na aceitaccedilatildeo do pedido

de adesatildeo agrave CEE organizaccedilatildeo para a qual entraram em simultacircneo

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas

Tradicionalmente os paiacuteses da Peniacutensula Ibeacuterica adoptaram uma poliacutetica de alianccedilas

orientada sob os desiacutegnios da divergecircncia Portugal procurou sempre a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica

peninsular recorrendo a uma alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante no caso a Gratilde-

Bretanha As vantagens eram muacutetuas no entanto para Portugal tornara-se essencial para

assegurar a sua identidade e independecircncia assim como a manutenccedilatildeo do vasto impeacuterio colonial

A Espanha inicia o seacuteculo precisamente ao lado daqueles que tradicionalmente eram os

aliados dos portugueses sendo as questotildees africanas a motivar a aproximaccedilatildeo aos ingleses e

franceses Com a I Guerra Mundial o vizinho peninsular regressa agrave sua postura de neutralidade

em contraponto com a posiccedilatildeo portuguesa que se manteacutem ao lado do velho aliado procurando o

protagonismo internacional e um lugar entre as grandes naccedilotildees Contudo eacute a Espanha que

recorrendo aos EUA garante um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

Na guerra civil espanhola as facccedilotildees em confronto apercebem-se da importacircncia da cativaccedilatildeo

de apoio externo Enquanto os nacionalistas cativavam a atenccedilatildeo da Alemanha e da Itaacutelia o

governo republicano obtinha a simpatia da Ruacutessia que contribuiu com equipamento militar O

governo portuguecircs natildeo se quedou por uma atitude passiva com receio das consequecircncias de uma

vitoacuteria republicana perseguiu os seus interesses realizando uma intensa actividade diplomaacutetica

8 Referecircncia feita a declaraccedilotildees de Raul Morodo a Joseacute Freire Antunes em 1999

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 11

que lhe permitiu contornar o acordo de natildeo-intervenccedilatildeo patrocinado por ingleses e franceses e

prestar o apoio agraves forccedilas do Generaliacutessimo

Com o final do conflito interno espanhol surgia uma nova prioridade para os paiacuteses ibeacutericos

A necessidade de neutralidade perante a possibilidade de um novo conflito mundial determinou

o estabelecimento de uma nova poliacutetica de alianccedilas Referimo-nos ao Pacto Peninsular assinado

em 17 de Marccedilo de 1939 que Portugal encarou natildeo como substituiccedilatildeo do seu alinhamento

tradicional mas como uma adiccedilatildeo agrave alianccedila com a potecircncia mariacutetima existente jaacute que o

submeteu agrave apreciaccedilatildeo do aliado inglecircs

No regime espanhol existiam duas facccedilotildees uma personificada por Serrano Suntildeer ministro

da governaccedilatildeo era partidaacuteria do intervencionismo ao lado das forccedilas do eixo A outra liderada

por Juan Beigbeder ministro dos negoacutecios estrangeiros era mais moderada e consciente da

necessidade da eliminaccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica da Peniacutensula Ibeacuterica para a qual a

reafirmaccedilatildeo do Pacto Peninsular era imprescindiacutevel As acccedilotildees poliacutetico-diplomaacuteticas entre os

dois Estados levaram agrave assinatura de um protocolo adicional ao Pacto que garantia a natildeo-

intervenccedilatildeo inglesa em Portugal e mantinha a Espanha afastada da influecircncia alematilde

Apesar das conversaccedilotildees e pactos assinados o vizinho ibeacuterico mantinha as diligecircncias

intervencionistas junto da Alemanha que motivaram a participaccedilatildeo em 23 de Outubro na

cimeira de Hendaia e consequentemente a adesatildeo ao Pacto Tripartido Contudo natildeo se

comprometeria com uma data para entrar na guerra O decurso do conflito determinou a efectiva

neutralidade dos dois paiacuteses e a 13 de Fevereiro de 1942 na cimeira luso-espanhola de Sevilha

era reafirmado o Bloco Peninsular e o entendimento comum sobre a neutralidade da peniacutensula

Com o final da II Guerra Mundial a Espanha ficou isolada internacionalmente funcionando

Portugal como o interlocutor ibeacuterico A supremacia peninsular nacional ficou reflectida no

alinhamento internacional que se seguiu atraveacutes da adesatildeo em 1949 agrave OTAN O emergir

internacional de Portugal teve como consequecircncia a desvalorizaccedilatildeo da alianccedila ibeacuterica A

Espanha iniciava a normalizaccedilatildeo do seu relacionamento internacional ainda em 1949 assinando

com os EUA um acordo de cooperaccedilatildeo militar reafirmado em 1953 e em 1976 Sendo neste

uacuteltimo conseguido o acordo sobre a Zona de Interesse Comum9 Em 1982 o pedido de adesatildeo

da Espanha agrave OTAN colocava os dois paiacuteses ibeacutericos junto da potecircncia mariacutetima

O periacuteodo em anaacutelise foi caracterizado por momentos de alinhamento internacional

coincidente isto eacute ambos coabitando numa mesma alianccedila extra-ibeacuterica momentos de

alinhamento oposto e outros em que a alianccedila peninsular foi uma realidade Contudo os Pactos 9 A Zona de Interesse Comum engloba o espaccedilo mariacutetimo que une o Atlacircntico ao Mediterracircneo Ocidental englobando as ilhas Baleares Canaacuterias arquipeacutelago da Madeira ehellip Portugal continental

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 12

estabelecidos por cada um tiveram uma caracteriacutestica que deve ser salientada Enquanto

Portugal manteve o seu alinhamento tradicional atribuindo-lhe um caraacutecter estrutural a Espanha

fez flutuar a sua orientaccedilatildeo internacional de acordo com os interesses estrateacutegicos do momento

conferindo-lhes um caraacutecter conjuntural No entanto foi niacutetida a desvantagem nacional quando

verificados os periacuteodos de alinhamento coincidente nos quais a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de

Portugal foi uma evidencia

13 A questatildeo econoacutemica

No decorrer do seacuteculo XX o relacionamento econoacutemico entre os dois Estados ibeacutericos

conheceu duas fases distintas (ALVES 2001 p32) Na primeira ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 70 o

relacionamento entre ambos decorreu essencialmente no patamar poliacutetico A segunda fase a

partir da deacutecada de 70 e apoacutes o periacuteodo de transiccedilatildeo para um regime democraacutetico vivido pelos

dois paiacuteses quase em simultacircneo evoluiu progressivamente enquadrando para aleacutem do aspecto

poliacutetico entre outras a aacuterea econoacutemica e cultural

O relacionamento econoacutemico nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica poderia

justificar natildeo obstante alguns acordos terem sido assinados sobre esta mateacuteria (Apecircndice C) De

forma a ilustrar o niacutevel de relacionamento entre ambos vejam-se os dados relativos a 1942 as

importaccedilotildees portuguesas de Espanha representavam 365 do total (ALVES 2001 p45)

enquanto que as exportaccedilotildees se situavam nos 193 Em 1944 os mesmos valores atingiam uma

maior expressatildeo passando para 454 e 351 respectivamente para nos anos seguintes

diminuiacuterem progressivamente de importacircncia De salientar que os valores mais elevados entre

os anos de 1946 e 1955 relativos agraves mesmas trocas comerciais se situaram em 266 e 188

respectivamente (ALVES 2001 p45)

O periacuteodo de isolamento internacional espanhol terminou ainda em 1949 com a assinatura de

um acordo com os EUA permitindo-lhe aceder a um creacutedito para apoio agrave reconstruccedilatildeo do paiacutes e

ao relanccedilamento econoacutemico No mesmo ano com o objectivo de proceder agrave substituiccedilatildeo dos

acordos estabelecidos ateacute aquela data entre os dois vizinhos peninsulares Portugal assinou com a

Espanha um acordo10 econoacutemico que se limitava agrave indicaccedilatildeo de alguns produtos a incluir em

eventuais transacccedilotildees assim como a uma limitada cooperaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica (ALVES

2001 p34) Este contrariamente agrave vontade espanhola em nada contribuiu para desenvolver o

relacionamento econoacutemico e comercial entre os dois dado que Portugal receava a dependecircncia

econoacutemica da Espanha e a sua influecircncia nas coloacutenias

10 Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 13

As deacutecadas seguintes marcaram o iniacutecio da abertura econoacutemica da Espanha e de Portugal

assim como o afastamento do relacionamento bilateral Neste periacuteodo Portugal adere em 1948

como membro fundador agrave Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (OCDE)

em 1959 tambeacutem como membro fundador agrave Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre (EFTA)

ao Fundo Monetaacuterio Internacional e ao Banco Mundial A Espanha em 1953 assinava os

Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e Ajuda Econoacutemica com os Estados Unidos Adere

em 1958 agrave OCDE em 1962 inicia os primeiros contactos com vista agrave adesatildeo agrave CEE que

culminaram em 1970 com a assinatura de um acordo comercial entre ambos

A internacionalizaccedilatildeo das economias portuguesa e espanhola processou-se de forma diferente

(ALVES 2001 p34) Enquanto Portugal no quadro do relacionamento luso-britacircnico procurou

expandir a sua economia atraveacutes da EFTA que ao mesmo tempo lhe assegurava a manutenccedilatildeo

da sua poliacutetica colonial a Espanha procurou adquirir outros parceiros comerciais na Ameacuterica

Latina paiacuteses Aacuterabes do Proacuteximo e Extremo Oriente e na Europa de Leste Em 1960 eacute assinado

um novo acordo comercial entre os dois Estados ibeacutericos que incidia principalmente sobre

questotildees aduaneiras natildeo alterando em nenhum aspecto o acircmbito das relaccedilotildees comerciais da

eacutepoca

A reaproximaccedilatildeo entre os dois Estados eacute motivada pela assinatura dos acordos comerciais

com a CEE assim como pelo pedido formal efectuado em 1977 em simultacircneo para a adesatildeo

agraves Comunidades Europeias As negociaccedilotildees tiveram iniacutecio em Portugal no ano de 1978

enquanto que na Espanha desenvolveram-se a partir do ano seguinte Em 1980 a governaccedilatildeo

espanhola assinou com a EFTA um compromisso que deu origem ao Acordo de Comeacutercio

Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

A orientaccedilatildeo do comeacutercio externo portuguecircs no iniacutecio da deacutecada de 70 privilegiou os paiacuteses

europeus constituintes da CEE11 e da EFTA12 Os motivos centraram-se na assinatura do

Acordo13 de Comeacutercio Livre com a CEE e a Comunidade Europeia do Carvatildeo e do Accedilo bem

como na independecircncia dos territoacuterios ultramarinos (ALVES 2001 p39) A Espanha tinha nos

paiacuteses do centro da Europa os seus principais parceiros comerciais no entanto estes

representavam um peso menor do que no caso portuguecircs (ALVES 2001 p 42) dado que o

vizinho ibeacuterico tinha jaacute na deacutecada de 60 diversificado o seu relacionamento comercial externo

para regiotildees exteriores agrave Europa

11 Da qual faziam parte a Alemanha Franccedila Reino Unido Irlanda Dinamarca Itaacutelia Holanda Beacutelgica e Luxemburgo 12 Faziam parte desta organizaccedilatildeo em 1973 para aleacutem de Portugal a Sueacutecia Suiccedila Aacuteustria Noruega Finlacircndia e Islacircndia 13 Este facto determinava abertura da economia portuguesa agrave Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 14

Apoacutes a adesatildeo de Portugal e Espanha agraves Comunidades Europeias em 1985 o relacionamento

econoacutemico e comercial de ambos conheceu um incremento significativo tanto com os paiacuteses

Europeus como entre si A Espanha que no iniacutecio da deacutecada de 80 representava cerca de 5 do

comeacutercio externo nacional passou para cerca de 19 em 1995 (Anexo A) tornando-se o

principal parceiro comercial de Portugal No caso do paiacutes vizinho o fenoacutemeno ocorreu de forma

semelhante mas com uma dimensatildeo menor Em 1981 Portugal representava cerca de 1 do

comeacutercio externo espanhol passando a representar cerca de 5 em 1995 (Anexo B) O

relacionamento econoacutemico entre os paiacuteses ibeacutericos na actualidade efectua-se a um ritmo nunca

antes assinalado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 15

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES

Os Paiacuteses peninsulares natildeo se encontram confinados agrave sua aacuterea geograacutefica continental Em

ambos os casos a descontinuidade territorial determinada pela posse de regiotildees autoacutenomas

localizadas no Oceano Atlacircntico e no Mar Mediterracircneo permitem projectar os respectivos

espaccedilos de interesse para o interior dos referidos mares Sendo certo que a descontinuidade lhes

confere algumas vulnerabilidades especialmente a Portugal tendo em conta a sua menor

dimensatildeo geograacutefica permite definir tambeacutem vaacuterias potencialidades Destas poderemos desde jaacute

destacar o espaccedilo adicional com importantes reflexos geopoliacuteticos e geoeconoacutemicos uma

consideraacutevel profundidade estrateacutegica importante tanto para o espaccedilo peninsular como para o

europeu e a possibilidade de se constituiacuterem como importantes pontos de apoio agrave projecccedilatildeo de

poder de controlo do espaccedilo mariacutetimo e agraves rotas de navegaccedilatildeo

A histoacuteria tem vindo a reservar aos dois actores peninsulares papeacuteis distintos

consubstanciados num posicionamento poliacutetico-estrateacutegico diferenciado Na actualidade o facto

de ambos se encontrarem inseridos nos mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e

geoestrateacutegico materializados na UE e OTAN determina a necessidade de partilhar interesses e

objectivos O relacionamento entre os dois Estados tem vindo a ser aprofundado tanto por via da

globalizaccedilatildeo como na tentativa de resoluccedilatildeo de aspectos conflituais que se mantecircm e que

exigem a Portugal a adopccedilatildeo de uma postura firme na defesa dos seus interesses poliacuteticos

econoacutemicos ou na gestatildeo de recursos naturais comuns

21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico

Quis a histoacuteria que a Peniacutensula Ibeacuterica fosse constituiacuteda por dois Estados independentes

cabendo a Portugal um pequeno rectacircngulo situado na faixa ocidental do territoacuterio A realidade

geograacutefica (Apecircndice D) determinou-nos a convivecircncia com dois parceiros De um lado o Mar

que tem vindo a contribuir para a nossa riqueza modo de vida e valorizaccedilatildeo estrateacutegica e do

outro a Espanha parceiro e foco de preocupaccedilatildeo constante Neste enquadramento Portugal vecirc-

se dependente da Espanha para dar seguimento aos fluxos de relacionamento com destino ao

centro da Europa

Contudo natildeo cabe apenas agrave ldquofatalidade geograacuteficardquo (FIEL 2005 p7) determinar por si soacute a

realidade estrateacutegica dos paiacuteses ibeacutericos Neste contexto considerando tambeacutem as vertentes

fiacutesica poliacutetica econoacutemica e cultural ambos se encontram inseridos na realidade Europeia O

caminho foi escolhido ao decidirem participar num projecto de construccedilatildeo inicialmente em

1985 com a integraccedilatildeo numa Europa econoacutemica que gradualmente tem vindo a alargar o acircmbito

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 16

da partilha de interesses caminhando para os domiacutenios da poliacutetica externa e quem sabe ateacute para

uma poleacutemica integraccedilatildeo poliacutetica de cariz federal Em resumo procurando fugir ao consequente

isolamento que o ldquonatildeo estar presenterdquo poderia determinar a necessidade de captaccedilatildeo de apoios

econoacutemicos que garantissem a uniformizaccedilatildeo do desenvolvimento estrutural no seio da UE e

ainda o recente alargamento a Leste para aleacutem de um direito e um dever determinam que a

integraccedilatildeo europeia seja uma necessidade imperativa para os dois Estados

Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa mais uma vez os dois paiacuteses vivem uma

situaccedilatildeo de comunhatildeo de interesses integrando a OTAN14 e participando no desenvolvimento e

implementaccedilatildeo da PESC Neste acircmbito eacute de salientar o facto de que a adesatildeo agrave OTAN foi

efectuada em momentos distintos Enquanto Portugal adere em 1949 como membro fundador a

entrada da Espanha foi recusada vindo a integrar a organizaccedilatildeo apenas em 1982 A este facto

certamente natildeo foi alheia a importacircncia estrateacutegica conferida ao espaccedilo portuguecircs (Apecircndice E)

assim como as tomadas de posiccedilatildeo da Espanha do decurso da II Guerra Mundial que motivaram

um prolongado isolamento internacional

Apoacutes o final da guerra-fria a queda do muro de Berlim e o desmembrar de todo o bloco

socialista sovieacutetico surgiu um novo quadro internacional com uma tendecircncia de equiliacutebrio ainda

natildeo completamente definida do qual se destaca a posiccedilatildeo hegemoacutenica dos EUA Eacute neste

contexto que a OTAN tem procurado adequar o seu posicionamento e onde se pretende que a

PESC venha a desempenhar um importante papel de complementaridade

Os dois paiacuteses natildeo poderatildeo dissociar a sua acccedilatildeo estrateacutegica individual da preconizada pelas

organizaccedilotildees de que fazem parte Eacute desta forma que Portugal se enquadra no ambiente

estrateacutegico da actualidade garantindo a sua individualidade e disponibilizando a sua mais valia

estrateacutegica de forma a contribuir para o sucesso das organizaccedilotildees que integra A Espanha pelo

contraacuterio define a Europa como ldquoaacuterea de interesse prioritaacuteriordquo assumindo contudo a

compatibilidade desta opccedilatildeo com a manutenccedilatildeo de uma ldquorelaccedilatildeo transatlacircntica robusta e

equilibradardquo e uma presenccedila na OTAN respeitando os compromissos assumidos orientaccedilotildees

bem expressas pela Directiva de Defensa Nacional 12004 (DDN)

As caracteriacutesticas mediterracircnicas dos dois paiacuteses estatildeo de tal forma vincadas que permitem

ser salientadas como parte das respectivas matrizes de identidade Estas caracteriacutesticas tecircm maior

incidecircncia na Espanha por razotildees geograacuteficas dado que uma parte da sua costa eacute banhada por

aquele mar transformando-a numa regiatildeo de particular interesse para o Estado espanhol

14 Os 26 Paiacuteses integrantes da OTAN Beacutelgica Bulgaacuteria Canadaacute Repuacuteblica Checa Dinamarca Estados Unidos da Ameacuterica Estoacutenia Franccedila Alemanha Greacutecia Hungria Islacircndia Itaacutelia Letoacutenia Lituacircnia Luxemburgo Holanda Noruega Poloacutenia Portugal Romeacutenia Eslovaacutequia Esloveacutenia Espanha Turquia Reino Unido

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 17

Tambeacutem Portugal pelo seu posicionamento geograacutefico ldquojunto agraves portas do Mediterracircneordquo

(ALMEIDA 1990 p362) poderaacute reclamar para si uma boa parte destas caracteriacutesticas

Relativamente aos paiacuteses do Norte de Aacutefrica o facto de existirem significativos focos de

instabilidade a proximidade geograacutefica bem como a dependecircncia energeacutetica justificam a

inclusatildeo do Magreb no Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural (Anexo C) Se

duacutevidas houvesse quanto agrave importacircncia da regiatildeo mediterracircnica para o nosso Paiacutes seriam

dissipadas quando constatada a relevacircncia e a atenccedilatildeo conferida tanto pela OTAN como pela

UE sobre esta aacuterea do Globo Neste acircmbito Portugal encontra-se numa posiccedilatildeo de vantagem

podendo afirmar-se como um interlocutor privilegiado precisamente com os paiacuteses do

Mediterracircneo Ocidental com os quais ao contraacuterio da Espanha natildeo tem ressentimentos

coloniais nem qualquer contencioso territorial

Restam as questotildees de ldquoafinidades e interesses em aacutereas que transcendem o posicionamento

geograacuteficordquo (ALMEIDA 1990 p362) Portugal tem com os paiacuteses lusoacutefonos uma relaccedilatildeo

histoacuterica alicerccedilada num passado secular comum junto dos quais tratou de resolver os traumas

decorrentes da eacutepoca colonial Para aleacutem da possibilidade de difusatildeo da cultura e liacutengua comuns

estaacute tambeacutem um importante mercado para o onde os grupos econoacutemicos nacionais se poderatildeo

expandir bem como assumir um papel de destaque no relacionamento entre estes paiacuteses os EUA

e a UE Neste acircmbito a Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa (CPLP)15 poderaacute vir a

desempenhar um papel importante tanto na afirmaccedilatildeo da cultura e liacutengua nacional como do

proacuteprio Paiacutes Por sua vez a Espanha tem como aacuterea preferencial de relacionamento os paiacuteses

pertencentes agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees16 Com eles manteacutem um relacionamento

bilateral diverso que nalguns casos inclui a cooperaccedilatildeo militar

Fica assim expressa a matriz de identidade de cada Estado bem como as diferentes

possibilidades de orientaccedilatildeo politico-estrateacutegica A tatildeo propalada posiccedilatildeo perifeacuterica peninsular

tendo em conta a enquadrante europeia eacute assim contrariada quando considerada a enquadrante

de seguranccedila e defesa sob a eacutegide da OTAN que transporta a regiatildeo para uma posiccedilatildeo central

tendo em conta a distribuiccedilatildeo geograacutefica dos Estados que compotildeem esta Organizaccedilatildeo

22 Portugal e Espanha em factos comparados

Consideraacutemos de grande pertinecircncia efectuar uma anaacutelise comparativa das duas realidades

peninsulares Para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que de forma sinteacutetica mas

15 Fazem parte da CPLP Angola Brasil Cabo Verde Guineacute-Bissau Moccedilambique Portugal S Tomeacute e Priacutencipe e Timor-leste 16 Fazem parte da Comunidade Ibero Ameacuterica de Naccedilotildees Andorra Argentina Boliacutevia Brasil Colocircmbia Costa Rica Cuba Chile Equador Espanha Guatemala Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Paraguai Peru Portugal Repuacuteblica Dominicana Uruguai e Repuacuteblica Bolivariana de Venezuela

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 18

objectiva nos permitam visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados alguns aspectos

representativos da interacccedilatildeo bilateral e outros relativos a questotildees prementes que se encontram

em discussatildeo na actual agenda poliacutetica dos respectivos governos Destes poderemos destacar as

questotildees regionais e a indicaccedilatildeo de alguns factores que poderatildeo vir a determinar situaccedilotildees de

dependecircncia econoacutemica relativamente ao nosso vizinho da Peniacutensula Ibeacuterica

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila

Ambos os paiacuteses vivem sob sistemas poliacuteticos democraacuteticos pelos quais se bateram no

decurso do seacuteculo XX e onde o papel desempenhando pelos cidadatildeos representa um suporte

fundamental para a soberania Contudo estes sistemas poliacuteticos apresentam naturezas distintas

Em Portugal foi adoptado um sistema de cariz republicano na sua forma semi-presidencialista

no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica eleito por sufraacutegio universal directo e

secreto por mandatos de 5 anos Das suas competecircncias destaca-se o direito de veto17 e a

possibilidade de nos termos previstos pela constituiccedilatildeo dissolver a Assembleia da Repuacuteblica e

exonerar o Governo

A Assembleia da Repuacuteblica eacute o oacutergatildeo representativo ldquode todos os cidadatildeos portuguesesrdquo18

sendo os deputados que a compotildeem eleitos por mandatos de 4 anos utilizando um sistema de

representaccedilatildeo proporcional ao nuacutemero de cidadatildeos inscritos em cada ciacuterculo eleitoral O

Governo ldquoeacute o oacutergatildeo de conduccedilatildeo da poliacutetica geral do Paiacutesrdquo19 representa o poder executivo e eacute o

oacutergatildeo de administraccedilatildeo superior do Estado O poder judicial eacute exercido pelos tribunais que tecircm a

ldquocompetecircncia para administrar a justiccedila em nome do povordquo20

A Espanha adoptou uma monarquia parlamentar na qual a Coroa eacute transmitida de forma

hereditaacuteria e o Rei se assume como o Chefe de Estado21 Das suas competecircncias destaca-se o

facto de natildeo incluiacuterem o direito de veto nem tatildeo pouco a possibilidade de exoneraccedilatildeo do

Governo Estas competecircncias encontram-se atribuiacutedas no primeiro caso ao Senado enquanto

que a exoneraccedilatildeo do Governo decorre da aprovaccedilatildeo por maioria absoluta de uma Moccedilatildeo de

Censura22 de iniciativa do Congresso de Deputados A dissoluccedilatildeo23 do Congresso do Senado ou

17 Segundo o artigo 136ordm da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa o Presidente da Repuacuteblica poderaacute exercer o direito de veto com o intuito de solicitar nova apreciaccedilatildeo sobre qualquer decreto emanado pela Assembleia da Repuacuteblica do Governo ou sobre decisotildees do Tribunal Constitucional desde que este uacuteltimo natildeo emita um parecer de inconstitucionalidade Normalizam ainda a aplicaccedilatildeo do direito de veto os artigos 278ordm e 279ordm do mesmo documento 18 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 147ordm 19 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 182ordm 20 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 202ordm 21 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 56ordm 22 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 113ordm 23 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 115ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 19

ateacute das Cortes tem origem num decreto assinado pelo Rei mas decorre sempre de uma proposta

efectuada pelo Presidente do Governo apoacutes deliberaccedilatildeo do Conselho de Ministros

As Cortes oacutergatildeo representativo do povo espanhol satildeo constituiacutedas24 pelo Congresso de

Deputados e pelo Senado que assumem em conjunto o poder legislativo Entre outras

responsabilidades assumem o dever de controlar a acccedilatildeo do governo Os deputados do

Congresso satildeo eleitos por mandatos de 4 anos atraveacutes de um sufraacutegio universal livre directo e

secreto A eleiccedilatildeo eacute efectuada em cada circunscriccedilatildeo25 eleitoral obedecendo aos criteacuterios de

representatividade proporcional26 O Senado eacute cacircmara de representaccedilatildeo territorial27 sendo os

senadores eleitos28 de forma idecircntica aos deputados do Congresso por mandatos de 4 anos

O Governo a quem cabe exercer a funccedilatildeo executiva da governaccedilatildeo dirige a poliacutetica interna e

externa a administraccedilatildeo civil e militar e a defesa do Estado29 respondendo pela sua acccedilatildeo

governativa perante o Congresso30 O poder judicial31 emana do povo e eacute administrado em nome

do Rei por juiacutezes e magistrados independentes inamoviacuteveis responsaacuteveis e unicamente

submetidos ao imperativo da lei

222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais

Relativamente agrave organizaccedilatildeo administrativa Portugal encontra-se dividido em 18 distritos e

duas Regiotildees Autoacutenomas Na sua base o Paiacutes eacute composto por 308 municiacutepios que por sua vez

se subdividem em cerca de 4000 freguesias Apesar de Portugal se constituir como um Estado

unitaacuterio consagra a existecircncia de ldquovaacuterios niacuteveis de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa o

mais importante dos quais eacute o regime autonoacutemico insularrdquo (PINTO et al 2005 p180) Este

materializa-se na existecircncia nas regiotildees autoacutenomas de oacutergatildeos legislativos e de direcccedilatildeo poliacutetica

proacuteprios bem como de um estatuto poliacutetico-administrativo proacuteprio A Constituiccedilatildeo Portuguesa

consagra tambeacutem a autonomia das autarquias locais traduzida na existecircncia de entidades e

oacutergatildeos proacuteprios com atributos especiacuteficos cujos titulares satildeo eleitos pelo povo e ainda a

descentralizaccedilatildeo da administraccedilatildeo puacuteblica

24 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 66ordm 25 O nordm 2 do artigo 68ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que a circunscriccedilatildeo eleitoral eacute a proviacutencia Para a ocupaccedilatildeo dos lugares do Congresso seraacute definida uma representaccedilatildeo miacutenima inicial para cada circunscriccedilatildeo sendo os restantes lugares ocupados de acordo com o princiacutepio da proporcionalidade de populaccedilatildeo em cada circunscriccedilatildeo As cidades de Ceuta e Melilla teratildeo um representante por cada uma 26 Constitucion Espantildeola ndash nordm 3 artigo 68ordm 27 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 69ordm 28 O artigo 69ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que cada proviacutencia elegeraacute 4 senadores As comunidades autoacutenomas designaram 1 senador por cada milhatildeo de habitantes Ceuta e Melilla elegem 2 senadores por cada uma Nas proviacutencias insulares por cada ilha ou agrupamento de ilhas seraacute constituiacuteda uma circunscriccedilatildeo eleitoral que elegeraacute 3 senadores na Gran Canaacuteria Maiorca e Tenerife e 1 senador em Ibiza-Formentera Menorca Fuerteventura Gomera Hierro Lanzarote e La Palma 29 Constitucion Espantildeola ndash artigo 97ordm 30 Constitucion Espantildeola ndash artigo 108ordm 31 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 117ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 20

Tecircm sido comuns os discursos poliacuteticos que reclamam as reformas da administraccedilatildeo puacuteblica

de descentralizaccedilatildeo administrativa ou ateacute de regionalizaccedilatildeo Este assunto em breve ocuparaacute um

lugar de destaque na agenda poliacutetica portuguesa Sobre o tema considera-se a necessidade entre

outras questotildees de reequacionar a actual divisatildeo administrativa assim como a atribuiccedilatildeo de

novas competecircncias agraves eventuais regiotildees com o intuito de ldquoviabilizar a execuccedilatildeo de planos de

desenvolvimento regional integrados articulando investimentos e visando proporcionar um

protagonismo regional capaz de dinamizar as diferentes zonas do Paiacutes particularmente as do

interiorrdquo (OLIVEIRA et al 1996 p502)

A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas32 e duas cidades

agraves quais lhes foi tambeacutem atribuiacutedo um estatuto de autonomia designadamente as cidades de

Ceuta e Melilla A Galiza o Paiacutes Basco e a Catalunha a par do estatuto de autonomia gozam

igualmente da condiccedilatildeo de nacionalidade histoacuterica reconhecida pela constituiccedilatildeo Este estatuto

traduziu-se na obtenccedilatildeo de uma maior capacidade de decisatildeo e soberania relativamente agraves

restantes comunidades

As regiotildees possuem um parlamento proacuteprio um governo regional e um sistema de justiccedila que

conta com um Supremo Tribunal de Justiccedila de cada zona De salientar ainda o facto de o Paiacutes

Basco a Catalunha e Navarra contarem com um sistema policial proacuteprio O poder central reserva

para si entre outras o controlo das Forccedilas Armadas e de Seguranccedila as relaccedilotildees externas a

seguranccedila social os serviccedilos secretos jogos e apostas desportivas a emissatildeo de moeda o Banco

de Espanha os portos e aeroportos e os caminhos-de-ferro

Na actualidade este modelo parece ter atingido o seu limite e os sinais de tal facto reflectem-

se nas ldquoexigecircncias da maioria das regiotildees autoacutenomas algumas delas claramente soberanistasrdquo

(CALLE 2005 p68) Deste processo o Plano Ibarretxe apresentado em Dezembro de 2004

pelo presidente do governo do Paiacutes Basco Juan Joseacute Ibarretxe eacute claramente um exemplo O

plano apesar de derrotado no Congresso propunha um novo modelo de relacionamento com o

Estado e previa a realizaccedilatildeo de ldquoum plebiscito para tornar voluntaacuteria a adesatildeo ao Estado

espanholrdquo (MEIRELES 2005 p64)

Torna-se inevitaacutevel a necessidade de levar a cabo uma reforma constitucional No entanto as

exigecircncias (Apecircndice F) satisfeitas a qualquer das comunidades autoacutenomas seratildeo certamente

disputadas pelas restantes regiotildees (Anexo F) podendo os seus efeitos tornar-se numa verdadeira

bola de neve natildeo sendo descabido considerar o cenaacuterio da transformaccedilatildeo da Espanha num

Estado federal 32 Uma comunidade autoacutenoma eacute uma entidade territorial que no ordenamento constitucional do Estado espanhol eacute dotada de autonomia legislativa e competecircncias executivas bem como da faculdade de se administrar mediante representantes proacuteprios

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 21

223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo

O diferencial demograacutefico existente entre os dois paiacuteses eacute no momento cerca de 30 milhotildees

de habitantes (Anexo D) A populaccedilatildeo portuguesa atinge os 10356117 hab enquanto que em

Espanha os nuacutemeros ascendem aos 40847371 hab Apesar deste significativo diferencial a

densidade populacional nacional eacute superior atingindo os 113 habkm2 em oposiccedilatildeo aos 84

habkm2 verificados em Espanha (Anexo E) Tomando por referecircncia todo o espaccedilo peninsular

(Anexo F) poderemos concluir que as regiotildees de maior concentraccedilatildeo populacional se encontram

junto agrave costa atlacircntica e mediterracircnica exceptuando-se a regiatildeo de Madrid situada bem no centro

da peniacutensula

As tendecircncias de evoluccedilatildeo para um horizonte ateacute 2040 dizem-nos que enquanto em Portugal

se prevecirc uma diminuiccedilatildeo ateacute aos 98 milhotildees de habitantes em Espanha espera-se um

crescimento ateacute aos 52 milhotildees (Anexo G) Analisando as piracircmides etaacuterias de ambos os Estados

verificamos a existecircncia de uma quase sobreposiccedilatildeo encontrando-se a maior parte da populaccedilatildeo

compreendida entre os 24 e os 40 anos (Anexo H) Contudo se atendermos agrave relaccedilatildeo entre as

taxas de natalidade e mortalidade poderemos constatar que em Espanha ambas seguem a mesma

tendecircncia de crescimento enquanto que em Portugal tendem para a convergecircncia isto eacute

verifica-se uma diminuiccedilatildeo da taxa de natalidade e um aumento da taxa de mortalidade (Anexo

I)

Na aacuterea da educaccedilatildeo deveraacute salientar-se a taxa de abandono escolar que apesar de se

encontrar em franca queda foi em 2003 no nosso Paiacutes claramente superior agrave verificada na

Espanha (Anexo J) Outro dado curioso diz respeito ao nuacutemero de mulheres que frequentam o

ensino superior no nosso Paiacutes (Anexo K) Este representa um adicional de 10 relativamente ao

valor atingido no vizinho espanhol Apesar dos fracos resultados obtidos nos exames de acesso

ao ensino superior os gastos na educaccedilatildeo representam em Portugal cerca de 6 do PIB

enquanto que na Espanha os valores representam apenas 44 (Anexo L)

Sobre a questatildeo da utilizaccedilatildeo de novas tecnologias nomeadamente a percentagem de

alojamentos com computador Portugal enquadra-se entre os 18 e os 30 com excepccedilatildeo da

regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo que se situa entre os 30 e os 35 Pelo contraacuterio a Espanha

enquadra a maior parte do seu territoacuterio em valores acima dos 30 atingindo mesmo o intervalo

entre os 35 e os 50 em regiotildees como Madrid Catalunha Paiacutes Basco Navarra e Aragatildeo

assim como em todas as regiotildees insulares incluindo Ceuta e Melilla (Anexo M)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 22

224 O mercado de trabalho

Considerando a distribuiccedilatildeo da populaccedilatildeo empregada por sector de actividade (Anexo N)

verifica-se que 636 da populaccedilatildeo espanhola activa se encontra empregada no sector dos

serviccedilos 308 na induacutestria e apenas 56 na agricultura Em Portugal 544 da populaccedilatildeo

activa estaacute empregada no sector dos serviccedilos 328 na induacutestria e 128 na agricultura Eacute no

miacutenimo estranho que um Paiacutes com menor superfiacutecie para cultivo tenha em termos

proporcionais mais do dobro da populaccedilatildeo empregada no sector agriacutecola

Importa salientar que actualmente as economias de ambos os paiacuteses se encontram cada vez

mais baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos Em Portugal (Anexo O) este sector

contribui com 67 do Valor Acrescentado Bruto (VAB) enquanto que o sector da induacutestria

construccedilatildeo e energia contribui com 29 e a agricultura com apenas 4 A Espanha (Anexo P)

apresenta proporcionalmente um quadro semelhante com o sector dos serviccedilos a contribuir com

6030 do PIB o sector da Industria construccedilatildeo e energia com 2663 do PIB e a agricultura

com apenas 299 do PIB

Relativamente agrave taxa de actividade feminina (Anexo Q) verifica-se que eacute favoraacutevel a Portugal

situando-se entre os 45 e os 55 valor apenas igualado nas regiotildees espanholas de Madrid da

Catalunha e do Paiacutes Basco Na maioria das restantes regiotildees da Espanha o valor situa-se entre os

30 e os 40 A vantagem portuguesa natildeo poderaacute ser dissociada tanto da necessidade de uma

maior contribuiccedilatildeo para o orccedilamento familiar como do facto da taxa de desemprego em Portugal

assumir um valor significativamente inferior agrave espanhola Enquanto que o nosso Paiacutes manteacutem

este indicador em 61 o espanhol atinge os 111 (Anexo R)

Relativamente agraves horas semanais efectivamente trabalhadas elas equivalem-se nos dois paiacuteses

situando-se nas 38 horas Contudo analisando os dias natildeo trabalhados devido a greves (Anexo

S) por cada mil empregados constata-se em Portugal uma constacircncia nos 29 dias enquanto que

na Espanha se verifica alguma irregularidade identificando-se os periacuteodos de maior contestaccedilatildeo

social que em 2000 atingiu os cerca de 300 dias Em 2002 o mesmo iacutendice mantinha-se 30 dias

acima do valor verificado em Portugal

225 As contas nacionais e o comeacutercio externo

Iniciaremos a anaacutelise abordando a taxa de crescimento anual do PIB a preccedilos constantes

(Anexo T) e de imediato se constata que ambos os paiacuteses apresentam tendecircncias opostas

Portugal apresenta a partir do ano 2000 um acentuado decreacutescimo decaindo dos cerca de 35

obtidos naquele ano ateacute aos cerca de -12 obtido em 2003 A Espanha iniciava em 2000 um

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 23

periacuteodo de decreacutescimo desde os cerca de 4 ateacute aos 2 de 2002 ano a partir do qual inicia a

tendecircncia de subida ateacute aos cerca de 24 em 2003

Relativamente ao PIB per capita a preccedilos correntes (Anexo U) a diferenccedila de valores entre os

dois paiacuteses eacute substancial contudo entre os anos de 1998 e 2002 verificou-se uma tendecircncia

semelhante de crescimento dos valores meacutedios deste iacutendice Dos 9900 euro obtidos em 1998

Portugal conseguiu atingir os 12500 euro em 2002 O vizinho peninsular nos mesmos anos passou

dos 13300 euro para os 17200 euro Neste paiacutes verificam-se valores mais elevados em Madrid

Catalunha Paiacutes Basco Navarra La Rioja Aragatildeo e as Ilhas Baleares os quais se situam entre os

17000 euro e os 23000 euro Em Portugal apenas se destaca a regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo onde se

obteacutem valores compreendidos entre os 14000 euro e os 17000 euro (Anexo V)

A Espanha eacute hoje em dia o principal parceiro comercial de Portugal ocupando a posiccedilatildeo

cimeira (Anexo W) As importaccedilotildees representam 291 enquanto que as exportaccedilotildees ascendem

aos 227 Relativamente agraves importaccedilotildees espanholas (Anexo X) o nosso Paiacutes ocupa a seacutetima

posiccedilatildeo com 32 surgindo em quinto lugar com 93 quando referidas as exportaccedilotildees

Relativamente agraves trocas comerciais com os restantes paiacuteses da UE (Anexo Y) constata-se uma

maior dependecircncia de Portugal representando em 2003 79 das exportaccedilotildees nacionais contra

os 71 espanhoacuteis e 77 das importaccedilotildees contra os 66 espanhoacuteis

Os principais produtos comercializados (Anexo Z) na direcccedilatildeo do paiacutes vizinho satildeo os veiacuteculos

automoacuteveis e os respectivos componentes com 134 seguindo-se o vestuaacuterio e acessoacuterios com

112 o equipamento eleacutectrico com 56 o ferro e o accedilo com 46 os produtos metaacutelicos

fabricados com 40 e os manufacturados de minerais natildeo metaacutelicos com 38 As exportaccedilotildees

da Espanha para o nosso Paiacutes revelam em primeiro lugar os veiacuteculos automoacuteveis e

componentes com 119 seguindo-se os artigos manufacturados diversos com 55 o vestuaacuterio

e acessoacuterios com 49 os equipamentos eleacutectricos com 45 papel e cartatildeo com 39 e as

maacutequinas de processamento de dados com 37

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia

Assentando as economias dos paiacuteses ibeacutericos fundamentalmente no sector dos serviccedilos

consideramos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de

actividade que constituem a estrutura base do sector Assim iremos analisar de forma breve o

sector energeacutetico sobre o qual tem estado na ordem do dia o impasse da implementaccedilatildeo do

Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica (MIBEL) a partilha de recursos hiacutedricos tema sempre

actual e directamente relacionado agrave produccedilatildeo de energia o sector bancaacuterio que tem representado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 24

a principal aacuterea de investimento espanhol no nosso Paiacutes e finalmente o sector das

telecomunicaccedilotildees que representa uma das aacutereas de partilha de investimento externo de maior

significado no acircmbito peninsular

231 O sector energeacutetico

O facto de Portugal e a Espanha natildeo serem auto-suficientes em termos energeacuteticos origina que

ambos dependam de fontes externas para alimentarem as suas necessidades tanto para os fins

domeacutesticos como para a sustentaccedilatildeo do seu tecido econoacutemico O consumo de energia primaacuteria

(Anexo AA) revela-nos que o petroacuteleo e os seus derivados ocupam o lugar cimeiro nas

necessidades dos dois paiacuteses representando 63 em Portugal e 52 na Espanha No nosso Paiacutes

seguem-se o carvatildeo com 16 outras energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 8 e a

energia hiacutedrica com 4 Na Espanha a ordem dos factores eacute semelhante surgindo na segunda

posiccedilatildeo o carvatildeo com 17 a energia nuclear com 13 o gaacutes natural com 12 outras energias

renovaacuteveis com 4 e finalmente a energia hiacutedrica com 2

No consumo final (Anexo AB) o petroacuteleo e os seus derivados representam 68 em Portugal

e 63 na Espanha Seguem-se relativamente a Portugal o sector eleacutectrico com 18 as outras

energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 4 e o carvatildeo com 2 Para a Espanha a

segunda posiccedilatildeo eacute ocupada pelo sector eleacutectrico com 18 seguindo-se o gaacutes natural com 14

as outras energias renovaacuteveis com 4 e finalmente o carvatildeo com 1

Para o sector estaacute prevista a implementaccedilatildeo de um acordo assinado entre os governos dos

dois paiacuteses no sentido da criaccedilatildeo do MIBEL Inicialmente previsto para 01 de Janeiro de 2003 o

projecto tem conhecido sucessivos adiamentos a que natildeo seraacute alheia a sensibilidade suscitada

pela questatildeo energeacutetica Eacute notoacuteria a dependecircncia de ambos os paiacuteses de recursos energeacuteticos

externos No entanto a Espanha apresenta no que diz respeito agrave produccedilatildeo maior diversidade de

recursos dado que ao contraacuterio de Portugal recorreu agrave produccedilatildeo nuclear

No que diz respeito agrave liberalizaccedilatildeo do sector a Espanha deteacutem um avanccedilo significativo

relativamente a Portugal Enquanto que o paiacutes vizinho dispotildee de vaacuterias empresas produtoras e

distribuidoras de energia com significativa importacircncia em Portugal apenas a Electricidade de

Portugal (EDP) se apresenta como a uacutenica com permissatildeo para operar no mercado Em face da

sua dimensatildeo as empresas espanholas poderatildeo intervir no mercado portuguecircs assumindo o

controlo tanto ao niacutevel de produccedilatildeo como na distribuiccedilatildeo A Iberdrola ldquoeacute o maior accionista

privado da EDPrdquo (MARTINS 2005b p15) e ldquoeacute jaacute o segundo maior investidor estrangeiro em

Portugalrdquo (MARTINS 2005b p15) No entanto desde Julho de 2004 que a empresa portuguesa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 25

assumiu o controlo pleno da espanhola Hidrocantaacutebrico que tambeacutem opera no mercado de gaacutes

natural

A questatildeo energeacutetica apresenta-se como uma das mais sensiacuteveis no relacionamento entre os

dois paiacuteses A situaccedilatildeo geograacutefica de Portugal impotildee que a maior parte das importaccedilotildees de

energia se efectuem atraveacutes do territoacuterio espanhol nomeadamente no que diz respeito agrave

importaccedilatildeo de gaacutes natural via gasoduto (Anexo AC) Esta fonte de energia primaacuteria atinge o

territoacuterio nacional atraveacutes da rede ibeacuterica de gasodutos que por sua vez chega agrave peniacutensula pelo

Estreito de Gibraltar utilizando a rede euro-magrebina com proveniencia na Argeacutelia Neste

quadro a possibilidade de recorrer ao Gaacutes Natural Liquefeito utilizando o porto de Sines poderaacute

minimizar o factor de dependecircncia exposto

232 A partilha de recursos hiacutedricos

A importacircncia atribuiacuteda agrave questatildeo dos recursos hiacutedricos decorre do facto de cinco dos

principais rios que percorrem o territoacuterio nacional terem a sua nascente no paiacutes vizinho

Referimo-nos aos rios Minho Lima Douro Tejo e Guadiana Para uma correcta avaliaccedilatildeo da

questatildeo hiacutedrica torna-se essencial conhecer as dimensotildees das respectivas bacias hidrograacuteficas

(SANTOS 2002) Relativamente ao rio Minho ela estende-se por 17080 km2 o rio Lima atinge

os 2480 km2 o Douro os 97600 km2 o Tejo 80600 km2 e o Guadiana os 66 800 km2 Das aacutereas

mencionadas percorrem territoacuterio nacional 5 48 19 31 e 17 respectivamente Os

recursos hiacutedricos superficiais gerados nas bacias hidrograacuteficas referidas representam cerca de

62900 hm3 o que corresponde a 45 do total dos recursos hiacutedricos de superfiacutecie gerados na

Peniacutensula Ibeacuterica isto eacute 140800 hm3 (SANTOS 2002)

Por outro lado a fronteira que separa os dois paiacuteses tem cerca de 1200 km de extensatildeo e 23

eacute estabelecida por rios O territoacuterio continental eacute assim constituiacutedo em mais de dois terccedilos por

bacias hidrograacuteficas cujos rios nascem do outro lado da fronteira Para gerir esta questatildeo

Portugal e a Espanha tecircm ao longo do tempo assinado vaacuterios conveacutenios nos quais ficaram

definidas regras como limites fronteiriccedilos o aproveitamento hidroeleacutectrico do rio Douro ou o

aproveitamento hidraacuteulico dos troccedilos internacionais dos rios Minho Lima Tejo Guadiana

Chanccedila e seus afluentes

O Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha surgiu no iniacutecio da deacutecada de 90 e foi apresentado

pelo executivo espanhol como sendo um instrumento fundamental para definir os objectivos da

poliacutetica de recursos hiacutedricos e os meios para os alcanccedilar A preocupaccedilatildeo surge quando nele se

refere a necessidade de efectuar transvazes dos rios Douro Tejo e Guadiana consideradas bacias

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 26

com capacidade excedentaacuteria para aacutereas geograacuteficas onde se verificassem situaccedilotildees de deacutefice

hiacutedrico Sendo a bacia do rio Douro considerada como a segunda de maior excedente de aacutegua a

ela caberia fornecer as bacias dos rios Tejo e Ebro num total ateacute 2012 que poderia atingir os

900 hm3 de aacutegua Contudo conjugando os transvazes com o aumento dos consumos de aacutegua a

diminuiccedilatildeo da afluecircncia agravequela bacia poderia atingir os 1600 hm3 Neste plano a bacia do rio

Tejo haveria de funcionar como charneira para a transferecircncia de aacutegua entre as regiotildees Norte e

Sul recebendo cerca de 1050 hm3 provenientes do Ebro e do Norte-Douro cedendo cerca de 900

hm3 distribuiacutedos pelas bacias do Segura Guadalquivir e do Guadiana

Os especialistas nacionais foram unacircnimes na criacutetica efectuada ao programa dizendo que

quaisquer que fossem as reduccedilotildees nos caudais dos rios internacionais teriam resultados

significativamente negativos podendo mesmo vir a afectar o equiliacutebrio hiacutedrico nacional Em

resultado de pressotildees internas e externas o documento foi abandonado e em 2001 o governo

espanhol apresentou um novo Plano Hidroloacutegico mais modesto nas ambiccedilotildees que prevecirc a

realizaccedilatildeo de transvazes apenas em rios natildeo internacionais

O posicionamento geograacutefico dos paiacuteses determina a desvantagem portuguesa tornando-o

dependente das acccedilotildees levadas a cabo no vizinho espanhol A necessidade de acompanhar as

tomadas de posiccedilatildeo espanholas sobre a questatildeo eacute permanente obrigando os responsaacuteveis

portugueses a desencadear um apurado relacionamento poliacutetico diplomaacutetico bem como um

adequado acompanhamento teacutecnico tendente a defender os interesses nacionais que poderatildeo estar

em causa

233 O sector bancaacuterio

A banca eacute uma das aacutereas mais importantes de investimento espanhol no nosso Paiacutes Vaacuterios

grupos espanhoacuteis do sector adquiriram importantes participaccedilotildees em destacados grupos

bancaacuterios portugueses como eacute o caso do Banco Santander Central Hispano (BSCH) que adquiriu

o Banco Totta e Accedilores o Creacutedito Predial Portuguecircs o Banco Santander Portugal e o Banco

Santander de Negoacutecios Pelo facto de o Banco Totta e Accedilores ser o quarto maior grupo nacional

(Anexo AD) em termos de activos e o terceiro relativamente aos grupos privados com uma cota

de mercado com cerca de 11 permitiu tornar o BSCH no maior da Peniacutensula Ibeacuterica

O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) o segundo maior banco espanhol deteacutem uma

cota no mercado portuguecircs que natildeo ultrapassa o 1 concentrando-se fundamentalmente no

segmento de mercado meacutedio e alto O Banco Sabadell de Barcelona participa num acordo de

participaccedilatildeo cruzada com o Banco Comercial Portuguecircs deteacutem cerca de 31 deste uacuteltimo que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 27

por sua vez deteacutem cerca de 3 do Sabadell podendo cada um aumentar a sua participaccedilatildeo ateacute

aos 20

Relativamente agrave participaccedilatildeo portuguesa em Espanha deveremos destacar a Caixa Geral de

Depoacutesitos o maior banco nacional ainda sob controlo estatal que eacute a instituiccedilatildeo bancaacuteria com

maior investimento em Espanha A sua intervenccedilatildeo naquele mercado iniciou-se em 1991 com a

aquisiccedilatildeo do Banco Extremadura o Banco Luso-espanhol e em 1995 o Banco Simeoacuten A

presenccedila da banca portuguesa em Espanha alarga-se tambeacutem a grupos privados destacando-se

o Banco Espiacuterito Santo que ldquose instalou com uma pequena rede de sucursais e adquiriu duas das

casas espanholas de bolsa a Benito y Monjardiacuten e a GES Capitalrdquo (CHISLETT 2004)

Eacute um facto que no sector da banca os espanhoacuteis se encontram em franca expansatildeo tendo

abandonando definitivamente o mercado domeacutestico (ALVES 2001 p158) O alvo preferencial eacute

o mercado portuguecircs que pela sua menor dimensatildeo natildeo tem no momento argumentos

financeiros que lhe permitam competir da mesma forma no mercado vizinho A absorccedilatildeo das

instituiccedilotildees bancaacuterias portuguesas por grupos espanhoacuteis deveraacute constituir uma preocupaccedilatildeo seacuteria

para os responsaacuteveis governativos portugueses dado que o desniacutevel eacute tatildeo expressivo que poderaacute

criar-se uma situaccedilatildeo de dependecircncia da banca portuguesa relativamente agrave espanhola

234 O sector das telecomunicaccedilotildees

A Portugal Telecom (PT) e a Telefoacutenica Moacuteviles (TEM) satildeo as duas empresas liacutederes do

ramo das telecomunicaccedilotildees nos respectivos paiacuteses Ambas mantecircm um acordo de participaccedilatildeo

cruzada ao abrigo do qual a empresa espanhola deteacutem 8 da portuguesa e a PT cerca de 1 da

TEM Para aleacutem deste acordo as empresas tecircm desenvolvido uma alianccedila estrateacutegica para o

Norte de Africa e Ameacuterica Latina Neste uacuteltimo continente designadamente no Brasil estas

empresas criaram a Vivo a marca comercial da Brasilcel que se tornou na maior operadora de

telefones moacuteveis natildeo soacute no Brasil mas em toda a Ameacuterica Latina Esta empresa conquistou uma

cota de mercado que ronda os 56 o que representa cerca de 23 milhotildees e meio de clientes

O Brasil eacute o uacutenico paiacutes da Ameacuterica Latina onde opera a PT no entanto a TEM eacute liacuteder de

mercado na Argentina Chile e Peru ocupando o segundo lugar no Meacutexico Esta uacuteltima empresa

reforccedilou a sua participaccedilatildeo noutros paiacuteses da regiatildeo adquirindo em Maio de 2004 a Bellsouth

operaccedilatildeo que lhe garantiu um adicional de 116 milhotildees de clientes transformando-a no quarto

maior operador de telefones moacuteveis do mundo Ambas as empresas investiram em finais de

2004 cerca de 425 milhotildees de euros de forma a aumentar a participaccedilatildeo em mais quatro

empresas brasileiras do sector a Telesudeste a Teleleste Celular a CTR Celular e a Tele Centro

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 28

Celular Em Marrocos o outro local do globo onde a parceria estrateacutegica das duas empresas

desenvolve as suas actividades adquiriram a operadora de telefones moacuteveis GSM Medi

Telecom conhecida tradicionalmente por Meacuteditel conferindo-lhes uma cota de mercado de

cerca de 43

Este eacute outro dos sectores pelo qual o Governo portuguecircs tem manifestado uma particular

atenccedilatildeo apesar de natildeo atingir niacuteveis de conflitualidade comparaacuteveis aos do sector dos recursos

hiacutedricos O facto ficou demonstrado na recente poleacutemica desencadeada entre as duas empresas e

que teve como origem a limitaccedilatildeo imposta agrave TEM em ultrapassar o limite de 1033 no capital da

PT O Estado portuguecircs accionista da PT ldquonatildeo achou por bem que a Telefoacutenica ultrapassasse o

patamar dos 10rdquo34 orientaccedilatildeo transmitida ao conselho de accionistas que acolheu a decisatildeo

evitando o confronto com o governo A TEM reagiu com dureza agrave decisatildeo fazendo questatildeo de

manifestar o seu desacordo atraveacutes de uma carta enviada ao conselho de accionistas onde

ameaccedilava ldquorecorrer aos meios necessaacuterios para salvaguardar os seus direitosrdquo (MARTINS

2005a) O diferendo aparentemente encontra-se solucionado e para isso deveraacute ter contribuiacutedo o

acordo na escolha do CEO da Vivo assim como do ldquoChairmanrdquo agora ambos brasileiros

33 A aquisiccedilatildeo do capital na PT teria por base o programa de compra de acccedilotildees proacuteprias da empresa Contudo os estatutos da PT determinam que nenhum accionista que exerccedila a mesma actividade que a operadora de telecomunicaccedilotildees pode ter na sua posse mais de 10 do capital salvo se autorizado pela Assembleia-geral 34 Entrevista de Miguel Horta e Costa CEO da PT ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 29

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL

O relacionamento entre Portugal e Espanha estava assente num modelo caracterizado pela

desconfianccedila e afastamento muacutetuo sentimentos justificados pelas posturas conflituais histoacutericas

que determinaram a necessidade de Portugal recorrer a uma alianccedila externa diferenciada da

desenvolvida pela Espanha como suporte da identidade e independecircncia nacionais A adesatildeo aos

espaccedilos comuns poliacutetico econoacutemico e de defesa determinaram a implementaccedilatildeo de um novo

figurino de relacionamento

A partir daquele momento os paiacuteses peninsulares deixaram de abraccedilar alianccedilas opostas

partilhando objectivos meios e dificuldades para os atingir O presente capiacutetulo aborda a questatildeo

da coabitaccedilatildeo de Portugal e da Espanha em espaccedilos comuns representados pela UE e Alianccedila

Atlacircntica assim como a ligaccedilatildeo aos espaccedilos regionais com os quais desenvolveram laccedilos

histoacutericos seculares e nos quais mantecircm interesses partilhados

31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica

A integraccedilatildeo na CEE representou para as populaccedilotildees de ambos os paiacuteses a possibilidade de

aspirarem agraves condiccedilotildees de vida existentes nos Estados mais evoluiacutedos da Europa O caminho

europeu foi entatildeo assumido por uma unanimidade sem precedentes nomeadamente na Espanha

onde todas as forccedilas poliacuteticas subscreveram os desiacutegnios da adesatildeo A inserccedilatildeo no projecto

europeu permitiu para aleacutem de alteraccedilotildees estruturais com o objectivo da convergecircncia com a

Europa mais desenvolvida o incremento do relacionamento econoacutemico e comercial nunca antes

atingido Hoje em dia o projecto de construccedilatildeo da UE envolve outros aspectos da vida dos

Estados prevendo-se a necessidade de se efectivarem cada vez mais transferecircncias de poderes

para as instituiccedilotildees europeias que determinam o surgimento de outros interesses na relaccedilatildeo de

poderes entre os Estados-membros

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE

Apoacutes os processos de democratizaccedilatildeo dos dois Estados impunha-se a Portugal muito mais do

que agrave Espanha para aleacutem da questatildeo do desenvolvimento econoacutemico a necessidade de redefinir

novas prioridades de relacionamento externo Para os dois paiacuteses o processo de adesatildeo e a

consequente integraccedilatildeo na CEE significava no plano interno a ldquoirreversibilidade do processo

democraacuteticordquo (SEABRA 1995 p7) assim como a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e

social que seguiriam a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental No plano externo abriam-se

novas oportunidades que punham fim ao isolamento internacional de ambos e os aproximaria

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 30

dos ldquocentros de decisatildeo europeusrdquo (SOUSA 2005a p8) assim como incrementava a

possibilidade de desenvolvimento de novas oportunidades de relacionamento bilateral

O ldquoduplo significado interno e externordquo (SEABRA 1995 p15) da integraccedilatildeo europeia

encontra-se espelhado nos objectivos referidos pelo Ministro das Financcedilas do Governo de

Portugal agrave data do processo negocial Ernacircni Lopes definidos para o meacutedio e longo prazo ldquoum

novo e outro o de semprerdquo (SOUSA 2005a p5) O ldquonovordquo referindo-se ao processo de

desenvolvimento econoacutemico e social o qual partia da premissa de que a economia portuguesa

necessitaria de um estiacutemulo exterior que a obrigasse a desencadear as mudanccedilas estruturais

necessaacuterias Para a consecuccedilatildeo deste objectivo estavam delineados os ldquocenaacuterios das trecircs linhasrdquo

(SOUSA 2005a p4) que determinavam trecircs possibilidades de colocaccedilatildeo da linha de separaccedilatildeo

entre o centro e a periferia da economia mundial O primeiro era o ldquocenaacuterio Pirineacuteusrdquo que

colocava a Peniacutensula Ibeacuterica na periferia subdesenvolvida o segundo o ldquocenaacuterio Vilar

Formosordquo considerado desastroso para Portugal que determinava uma Espanha integrada e

Portugal na zona perifeacuterica por uacuteltimo o ldquocenaacuterio Gibraltarrdquo que colocava a linha divisoacuteria em

Gibraltar inserindo os dois paiacuteses peninsulares na Europa Comunitaacuteria Com o ldquoobjectivo de

semprerdquo pretendia aludir agrave necessidade histoacuterica de assegurar a individualidade e a

sobrevivecircncia de Portugal neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico Daiacute a afirmaccedilatildeo de que a

nossa relaccedilatildeo com a Espanha tem de passar por Bruxelas

Relativamente agrave opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo europeia espanhola Portugal procurou

individualizar o seu processo negocial Por um lado tentou apresentar o pedido de adesatildeo antes

da Espanha e por outro deixava claro a existecircncia de duas realidades distintas Era sua intenccedilatildeo

evitar que fosse analisado o conjunto dada a forte convicccedilatildeo portuguesa de que havendo a

hipoacutetese de ldquoum bloqueio ao alargamento ele seria suscitado por causa da Espanhardquo (PEREIRA

2005 p9) pelas questotildees agriacutecolas Contudo os europeus pretendiam uma adesatildeo em

simultacircneo mesmo que como veio a ocorrer Portugal visse o seu processo de adesatildeo resolvido

antes do Espanhol Os alematildees eram os principais defensores da tese de entrada simultacircnea

evitando-se deste modo uma ldquohumilhaccedilatildeo desnecessaacuteriardquo (SOUSA 2005b p11) ao paiacutes

excluiacutedo Por outro lado para os europeus era importante manter o equiliacutebrio poliacutetico e

econoacutemico na Peniacutensula Ibeacuterica considerando que seria muito afectado no caso de se verificar a

adesatildeo de apenas um dos Estados

Concretizada a adesatildeo em simultacircneo a 1 de Janeiro de 1986 Portugal e a Espanha

mantiveram posicionamentos estruturalmente divergentes As opccedilotildees espanholas

frequentemente associadas agraves francesas e alematildes de reforccedilo da supranacionalidade e aceitaccedilatildeo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 31

de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e de convicccedilatildeo da

necessidade de implementaccedilatildeo de uma maior coordenaccedilatildeo e integraccedilatildeo da poliacutetica externa

europeia justificavam a oposiccedilatildeo de Portugal contrariando a necessidade de aprofundamento da

integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas

pela OTAN

Lanccedilada a temaacutetica da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria (UEM) e do aprofundamento da uniatildeo

poliacutetica no iniacutecio da deacutecada de 1990 a Espanha defenderia nas Conferecircncias

Intergovernamentais respectivas para aleacutem das posiccedilotildees jaacute referidas o reforccedilo dos poderes do

Parlamento Europeu e o princiacutepio de votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC Por outro lado

apoia o projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica e a coesatildeo econoacutemica e social assuntos sobre os

quais Portugal manifestava a sua total concordacircncia Contudo prevaleciam as diferenccedilas quando

abordadas as restantes questotildees nomeadamente quanto agrave votaccedilatildeo por maioria qualificada na

PESC onde entendia que a cada Estado deveria corresponder um voto

Na cimeira de Maastrich Portugal via concretizados os seus ldquoobjectivos centraisrdquo (SEABRA

1995 p23) vendo consagrado no Tratado a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia Tendo a

Espanha como protagonista os dois Estados desenvolvem nesta fase uma acccedilatildeo concertada para

a consecuccedilatildeo de objectivos comuns como a aprovaccedilatildeo do Fundo de Coesatildeo e do Pacote Delors

II No entanto no periacuteodo que se seguiu agrave sua assinatura a posiccedilatildeo espanhola iria divergir

novamente Estabelecera como objectivo prioritaacuterio colocar-se junto dos quatro grandes paiacuteses

europeus35 incentivando a diferenciaccedilatildeo entre paiacuteses grandes e pequenos na expectativa de vir a

reforccedilar os seus poderes objectivo a que Portugal e outros se opuseram com sucesso

O Tratado de Nice tendo em vista os futuros alargamentos introduziu algumas alteraccedilotildees ao

funcionamento da UE designadamente procedendo agrave reorganizaccedilatildeo das trecircs instituiccedilotildees

principais No Conselho Europeu (Apecircndice G) a principal instituiccedilatildeo decisoacuteria da Uniatildeo na

qual o nuacutemero de votos de que dispotildee cada paiacutes eacute ponderado em funccedilatildeo da dimensatildeo relativa da

sua populaccedilatildeo a Espanha aspirava colocar-se a par dos ldquoquatro grandesrdquo No entanto apesar de

ter visto crescer o nuacutemero de votos o resultado final natildeo lhe permitiu cumprir o objectivo a que

se propusera Na Comissatildeo Europeia as alteraccedilotildees centraram-se na atribuiccedilatildeo de um comissaacuterio

por Estado-membro enquanto que no Parlamento Europeu (Apecircndice H) agrave excepccedilatildeo da

Alemanha todos os paiacuteses viram diminuiacutedos a representaccedilatildeo de deputados

Mais uma vez se sublinha o desempenho diferenciado dos dois paiacuteses no processo de

construccedilatildeo europeia A Espanha manteve sempre um papel activo na edificaccedilatildeo da Europa

35 Alemanha Franccedila Gratilde-Bretanha e Itaacutelia

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 32

poliacutetica favoraacutevel ao reforccedilo da supranacionalidade agrave federalizaccedilatildeo europeia e agrave criaccedilatildeo de um

pilar de defesa autoacutenomo Jaacute Portugal manteve uma atitude cautelosa procurando uma evoluccedilatildeo

poliacutetica gradual defendendo a manutenccedilatildeo da sua posiccedilatildeo relativa nas instituiccedilotildees negando-se a

aceitar uma Europa a diferentes velocidades e apoiando o pilar europeu da OTAN No entanto

existiram periacuteodos em que os dois assumiram posiccedilotildees conjuntas de forma a atingirem objectivos

comuns Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social da obtenccedilatildeo dos diversos fundos financeiros e

da implementaccedilatildeo da moeda uacutenica

A actual crise vivida no seio da UE relativamente agrave validaccedilatildeo do texto do Tratado

Constitucional Europeu (TCE) documento jaacute aprovado pela Espanha em referendo poderaacute ser a

confirmaccedilatildeo da necessidade de manter algumas precauccedilotildees sobre as ambiccedilotildees de

aprofundamento poliacutetico na UE Contudo os responsaacuteveis portugueses tecircm mantido um discurso

favoraacutevel agrave evoluccedilatildeo preconizada e coincidente com a posiccedilatildeo espanhola Entendemos que ainda

natildeo estatildeo verdadeiramente dimensionadas as repercussotildees do ldquonatildeordquo francecircs e holandecircs na

evoluccedilatildeo da UE Portugal manteacutem uma posiccedilatildeo cautelosa consciente de que novas negaccedilotildees ao

texto do Tratado poderatildeo ter consequecircncias dramaacuteticas para o processo de construccedilatildeo europeu

312 O relacionamento econoacutemico

A adesatildeo agrave CEE conferiu agraves relaccedilotildees econoacutemicas e comerciais entre os dois vizinhos

peninsulares uma dinacircmica nunca antes conseguida Se ateacute aqui o relacionamento se quedava no

acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico era agora a vez da aacuterea econoacutemica conhecer um significativo

impulso Os reflexos econoacutemicos da integraccedilatildeo europeia fizeram-se sentir tanto no incremento

das trocas comerciais e no investimento bilateral como no crescimento e amadurecimento das

economias dos dois Estados

Analisando o desenvolvimento econoacutemico verifica-se uma significativa evoluccedilatildeo no sentido

da aproximaccedilatildeo agraves economias mais evoluiacutedas da Europa O rendimento per capita em Espanha

passou de um valor de aproximadamente 74 da meacutedia europeia em 1985 para 88 em 2004

enquanto que em Portugal o mesmo iacutendice passou no mesmo periacuteodo de 56 para cerca de

68 (Anexo AE) Entre 1994 e 2004 a Espanha atingia um crescimento econoacutemico anual meacutedio

de 3 do PIB enquanto que Portugal no mesmo periacuteodo se ficava pelos 23 (CHISLETT

2004)

O cenaacuterio macro econoacutemico nacional natildeo se apresentou nos uacuteltimos anos muito favoraacutevel

Para tal contribuiu o facto de natildeo ter sido cumprido o Pacto de Estabilidade e Crescimento

(PEC) em 2001 tendo-se atingido os 44 do PIB contra o equilibrado deacutefice espanhol Apesar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 33

de nos anos de 2002 e 2003 ter sido cumprido o limite de 3 imposto pela UE com 27 e

28 respectivamente os mesmos foram conseguidos com recurso a receitas extraordinaacuterias

designadamente a alienaccedilatildeo de patrimoacutenio No corrente ano tudo aponta para que o mesmo

limite seja novamente ultrapassado Contudo o Governo portuguecircs anunciou jaacute que natildeo iria

recorrer a medidas extraordinaacuterias para o controle do deacutefice Em contraponto deveremos

salientar o anuacutencio efectuado em 25 de Agosto uacuteltimo pelo Governo espanhol no qual deu conta

da eliminaccedilatildeo do deacutefice orccedilamental em 2006 ldquoprevendo jaacute um excedente orccedilamental de 02 do

PIBrdquo36

O investimento directo de Espanha em Portugal (Anexo AF) tem-se vindo a efectuar nos

mais diversos sectores de actividade nomeadamente no financeiro construccedilatildeo civil

supermercados e grandes armazeacutens serviccedilos combustiacuteveis turismo etc Estes valores

alcanccedilaram entre 1993 e 2003 a meacutedia anual de 1111 milhotildees de euros enquanto que os

investimentos directos meacutedios anuais de Portugal em Espanha referentes ao mesmo periacuteodo se

ficaram pelos 362 milhotildees de euros A aquisiccedilatildeo de grandes empresas nacionais por empresas

espanholas permite a abertura aos mercados exteriores onde aquelas jaacute se encontram fortemente

implantadas como eacute o caso do Brasil China e tambeacutem Angola e outros paiacuteses africanos

lusoacutefonos

No sector da construccedilatildeo operam no mercado nacional as principais empresas espanholas

como a Sacyr Vallehermoso detentora da Somague a Ferrovial a Dragados ou a FCC bem

como outras de menor dimensatildeo Os principais investimentos nacionais nesta aacuterea em territoacuterio

espanhol satildeo efectuados pela Cimpor a grande cimenteira nacional O sector dos combustiacuteveis eacute

tambeacutem amplamente explorado por empresas espanholas A Cepsa a primeira empresa a

instalar-se hoje em dia conta com mais de 150 estaccedilotildees de serviccedilo permitindo-lhe controlar uma

cota de mercado de aproximadamente 8 A Repsol que depois de ter adquirido em Julho de

2004 as 303 estaccedilotildees de serviccedilo da Shell portuguesa quadruplicou a sua cota de mercado

passando de 5 para os 19 Ainda assim em Portugal a Galp lidera com uma cota de mercado

de 45 atingindo os 5 de implantaccedilatildeo no paiacutes vizinho

Na aacuterea do vestuaacuterio a Espanha dispotildee de importantes empresas competindo em Portugal O

grupo Inditex o Cortefiel e o Corte Inglecircs satildeo as maiores do sector Relativamente ao primeiro

satildeo cerca de 200 lojas Entre outras destacam-se a Pull amp Bear Zara Massimo Dutti e

Stradivarius que representam um quarto das lojas que este importante grupo deteacutem fora da

Espanha O sector alimentar eacute tambeacutem uma aacuterea chave onde os espanhoacuteis apostam na expansatildeo

36 Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 34

internacional Satildeo os nossos principais fornecedores de carne peixe produtos laacutecteos frutas e

verduras salientando-se a forte implantaccedilatildeo da Pescanova ou Panrico

No acircmbito do relacionamento bilateral entendemos destacar o que se verifica entre a regiatildeo da

Galiza e o Norte de Portugal Estas satildeo as regiotildees dos dois paiacuteses que tecircm desenvolvido um

relacionamento de maior proximidade (CHISLETT 2004) Para tal tem contribuiacutedo o facto de

que como comunidade autoacutenoma a Galiza dispotildee de alguma liberdade para tratar determinadas

questotildees directamente com o governo Portuguecircs Nesta dinacircmica os principais actores tecircm sido

o sector privado Galego e o sector empresarial localizado na aacuterea metropolitana do Porto

Contudo a balanccedila tende mais uma vez claramente para o lado Espanhol Este relacionamento

tem sido incentivado pela poliacutetica regional da UE que atraveacutes da transferecircncia de verbas de

fundos especiacuteficos37 a aplicar em regiotildees cujo PIB per capita eacute 75 da meacutedia europeia

desenvolve projectos para promover a cooperaccedilatildeo transfronteiriccedila como eacute o caso do INTERREG

(Apecircndice I)

O actual niacutevel de relacionamento comercial e econoacutemico tende a crescer designadamente em

sectores que poderatildeo ser considerados estrateacutegicos para ambos os paiacuteses A exemplo o mercado

ibeacuterico de energia eleacutectrica e o idealizado projecto comum de gaacutes natural ou ainda o projecto

comum de ligaccedilatildeo ferroviaacuteria de alta velocidade que possibilitaraacute uma ligaccedilatildeo raacutepida entre as

mais importantes regiotildees portuguesas e espanholas Enfim o maior potencial econoacutemico do

nosso vizinho peninsular tem permitido agraves suas empresas uma faacutecil expansatildeo internacional na

qual o mercado portuguecircs tem desempenhado pela sua proximidade geograacutefica um papel de

iniciador O ldquoavanccedilo espanholrdquo a ldquoarmada espanholardquo ou a ldquoinvasatildeo espanholardquo satildeo designaccedilotildees

empregues pelos OCS nacionais para retratar a dinacircmica econoacutemica imposta pela Espanha no

mercado nacional

313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia

O actual enquadramento estrateacutegico mundial a par do alargamento progressivo do espaccedilo

europeu levou a UE a considerar a possibilidade de desenvolvimento de uma PESC Apesar do

gradual desenvolvimento do processo poliacutetico e do reforccedilo da supranacionalidade as questotildees de

poliacutetica externa e de seguranccedila e defesa satildeo assuntos sobre os quais os Estados-membros da UE

mantecircm um controlo independente Neste caso a Comissatildeo Europeia e o Parlamento Europeu

desempenham ainda um papel de pouca relevacircncia tendo em conta que as acccedilotildees desenvolvidas

neste acircmbito deveratildeo ser decididas por concertaccedilatildeo intergovernamental

37 FEDER

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 35

Para conferir capacidade interventora no acircmbito da seguranccedila e defesa o Conselho Europeu

de Helsiacutenquia em 1999 delineou um Headline Goal que previa ateacute 2003 estar em condiccedilotildees de

colocar no terreno num prazo de 60 dias uma Forccedila militar com cerca de 60000 efectivos com

apoio naval e aeacutereo a qual designou de Forccedila de Reacccedilatildeo Raacutepida Para a coordenaccedilatildeo da Forccedila

a UE passava a contar38 com o Comiteacute Poliacutetico e de Seguranccedila o Comiteacute Militar da Uniatildeo

Europeia e o Estado-Maior da Uniatildeo Europeia colocados sob a autoridade do Conselho

Europeu

Com a elaboraccedilatildeo do ldquodocumento Solanardquo foram definidas ldquoas cinco ameaccedilas mais

importantesrdquo (CHARLES 2005 p70) agrave seguranccedila europeia o terrorismo a proliferaccedilatildeo de

armas de destruiccedilatildeo maciccedila os conflitos regionais os Estados falhados e o crime organizado

Em face desta tipologia de ameaccedilas foi constatada a necessidade de conferir maior flexibilidade

e prontidatildeo agrave Forccedila Europeia pelo que por uma iniciativa franco-britacircnica procedeu-se agrave

revisatildeo dos objectivos definidos pela Headline Goal surgindo o actual conceito de Battle

Groups Trata-se de agrupamentos taacutecticos formados por cerca de 1500 efectivos dotados de

capacidade de projecccedilatildeo com possibilidades de sustentaccedilatildeo entre 30 a 120 dias

A Espanha espera poder operar duas destas unidades taacutecticas ateacute 2007 facto a que Portugal

natildeo deveraacute ficar indiferente A participaccedilatildeo nacional prevista tambeacutem para 2007 seraacute a da

constituiccedilatildeo de um Battle Group estando ainda por definir a contribuiccedilatildeo no segundo semestre

daquele ano39 para a formaccedilatildeo de outra unidade semelhante Atendendo agrave diferenccedila de potencial

econoacutemico e militar entre os dois paiacuteses entende-se que a participaccedilatildeo nacional possa ser de

menor dimensatildeo Contudo Portugal natildeo deveraacute esquecer que a UE vive uma fase de

alargamento para mais dez paiacuteses a qual exige um processo de reorganizaccedilatildeo interna onde os

Estados de menor dimensatildeo procuram natildeo perder o statu quo adquirido Assim eacute de relevante

importacircncia a participaccedilatildeo nas iniciativas europeias de forma a conseguir maior visibilidade e

credibilidade para que a voz portuguesa possa ser audiacutevel e natildeo associada apenas ao grupo dos

destinataacuterios de fundos

A adesatildeo dos paiacuteses ibeacutericos agrave UE permitiu a envolvecircncia de novos destinos nos desiacutegnios da

poliacutetica externa comunitaacuteria Eacute sabido que Portugal e Espanha desenvolveram ao longo dos anos

relaccedilotildees privilegiadas com aqueles que foram os seus territoacuterios de expansatildeo Sobre Portugal

referimo-nos agrave Aacutefrica lusoacutefona e ao Brasil relativamente ao vizinho Espanhol agrave Ameacuterica do Sul

e a Marrocos Por outro lado a inserccedilatildeo mediterracircnica de ambos acentua as perspectivas de

relacionamento entre a UE e os paiacuteses do flanco sul do Mar Mediterracircneo que por ser a fronteira 38 A partir do Conselho Europeu de Nice em 2000 39 Presidecircncia portuguesa da UE

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 36

Sul da UE e ao mesmo tempo uma regiatildeo instaacutevel em termos de seguranccedila eacute objecto de

particular preocupaccedilatildeo O interesse estrateacutegico da regiatildeo mediterracircnica ficou bem patente pela

realizaccedilatildeo em Novembro de 2005 da cimeira de Barcelona efectuada por iniciativa espanhola e

italiana e que contou com o apoio de Portugal

Os fluxos migratoacuterios ilegais utilizam os paiacuteses peninsulares como a porta de entrada num

espaccedilo que representa a esperanccedila para uma vida melhor A afinidade cultural eacute para sul-

americanos africanos e ateacute de proveniecircncia do Leste Europeu a justificaccedilatildeo para que se

submetam ao risco de um regresso de ldquomatildeos vaziasrdquo e em alguns casos ateacute a morte A esta

situaccedilatildeo natildeo ficou indiferente o crime organizado que tem tirado partido da ilusatildeo provocada

pela possibilidade de entrada no espaccedilo europeu Esta questatildeo tem suscitado um acreacutescimo de

responsabilidade perante os restantes parceiros europeus pelo que o controle dos fluxos

migratoacuterios representa um importante impulsionador do relacionamento bilateral

32 A Alianccedila Atlacircntica

O periacuteodo do poacutes-II Guerra Mundial em Portugal foi dominado pela discussatildeo da forma

como o Paiacutes se deveria integrar no sistema militar de defesa ocidental A poleacutemica40 confrontava

dois modelos de um lado aquele que foi idealizado pelo General Santos Costa e que se apoiava

no conceito de ldquobastiatildeo ibeacutericordquo Estava encontrada a forma de revitalizar o Pacto Peninsular

definindo os Pirineacuteus como o ponto ideal para em conjunto Portugal e Espanha procederem agrave

defesa da Peniacutensula Ibeacuterica de uma possiacutevel invasatildeo Sovieacutetica O segundo modelo

protagonizado pelo General Raul Esteves contrariava a tese ibeacuterica referindo que por um lado

os Pirineacuteus natildeo seriam um obstaacuteculo inibidor dado que poderiam ser contornados por outro a

defesa naquele sistema montanhoso pela sua proximidade e localizaccedilatildeo jaacute bem no extremo

ocidental europeu natildeo interessava nem a Portugal nem agrave Europa

Dando razatildeo agrave orientaccedilatildeo proposta pelo General Raul Esteves eacute endereccedilado a Portugal o

convite para integrar o bloco de paiacuteses que participariam no sistema defensivo do Atlacircntico

Norte No entanto o processo de integraccedilatildeo de Portugal natildeo seria afastado de uma acesa

poleacutemica Embora nada tendo a ver com a redacccedilatildeo do texto do Tratado natildeo deixava de levantar

determinadas questotildees41 (FERREIRA 1989 p59) Em primeiro lugar encontrava-se a

referecircncia agrave Carta da ONU OI a que o Paiacutes natildeo pertencia em segundo as referecircncias ao modelo

democraacutetico parlamentar e por uacuteltimo a sua duraccedilatildeo que se prolongava por vinte anos sendo

40 Assunto que Joseacute Medeiros Ferreira faz referecircncia nas suas obras ldquoUm Seacuteculo de Problemas As Relaccedilotildees Luso-Espanholas da Uniatildeo Ibeacuterica agrave Comunidade Europeiardquo e ldquoA Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeiasrdquo 41 Em referecircncia a uma alocuccedilatildeo de Nuno Severiano Teixeira

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 37

neste caso as reservas portuguesas justificadas pelo periacuteodo considerado demasiado alargado

podendo pocircr em causa o estatuto de neutralidade mantido ateacute agrave data

Contudo o factor de maior poleacutemica reservava-se para a questatildeo espanhola novamente a

questatildeo espanhola O vizinho peninsular permanecia sob um regime de isolamento imposto pela

comunidade internacional que o impedia de se inserir no arranjo estrateacutegico do poacutes-guerra

Apesar da importacircncia estrateacutegica atribuiacuteda a Portugal e do lugar de destaque que

consequentemente passaria a ocupar o Presidente do Conselho mostrava fortes reservas agrave

exclusatildeo da Espanha Em primeiro lugar estava o facto do vazio geograacutefico e estrateacutegico que a

ausecircncia espanhola originava em segundo a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia

proporcionar e por fim porque a adesatildeo portuguesa teria significados distintos nos casos da

Espanha estar ou natildeo incluiacuteda no grupo dos assinantes do Tratado

Para o Governo Portuguecircs liderado por Oliveira Salazar a Peniacutensula Ibeacuterica constituiacutea uma

ldquounidade geograacutefica e estrateacutegicardquo (VICENTE 2003 p242) e natildeo seria possiacutevel estabelecer um

sistema defensivo eficaz sem a inclusatildeo do vizinho de sempre Por outro lado considerava que

uma alteraccedilatildeo poliacutetica motivada por uma orientaccedilatildeo sovieacutetica teria reflexos directos em

Portugal e na Europa Ocidental Os motivos justificavam a forte acccedilatildeo diplomaacutetica desenvolvida

pelo governo nacional no sentido da Espanha ser incluiacuteda nos subscritores iniciais do Tratado

Para os parceiros ocidentais o afastamento da Espanha era motivado pelo regime poliacutetico

vigente e pela postura poliacutetico-estrateacutegica que o paiacutes desenvolveu desde o periacuteodo da guerra

civil ateacute ao conflito mundial que haacute pouco terminara Sobre o tema acrescenta Antoacutenio Telo era

uma forma dos aliados reduzirem o nuacutemero de parceiros com quem dividir a ajuda militar

americana assim como de evitarem a tentaccedilatildeo de defender a Europa nos Pirineacuteus sacrificando

paiacuteses como a Alemanha Franccedila ou Itaacutelia (TELO 1999 p78)

Franco fazia saber da disponibilidade da Espanha em participar dos acordos estabelecidos

pelos paiacuteses ocidentais enquanto que o seu irmatildeo representante diplomaacutetico em Portugal

mostrava a sua preocupaccedilatildeo na exclusatildeo espanhola em face da participaccedilatildeo portuguesa

considerando que seria criada uma situaccedilatildeo de dependecircncia que reforccedilava o isolamento

internacional Procurando evitar a entrada de Portugal a Espanha alude agrave consequente

desvalorizaccedilatildeo do Pacto Peninsular afirmando que no seio do Tratado do Atlacircntico natildeo seria

possiacutevel ao Estado portuguecircs manter os compromissos bilaterais anteriormente assumidos As

conversaccedilotildees entre ambos levaram a que o Pacto Peninsular fosse reafirmado e prorrogado por

mais dez anos recebendo a Espanha as garantias de que o novo enquadramento estrateacutegico

portuguecircs em nada influiria no cumprimento das claacuteusulas previstas no Acordo peninsular

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 38

Portugal encontrava-se colocado numa situaccedilatildeo de primazia assumindo a representatividade

Ibeacuterica no bloco ocidental A importacircncia geopoliacutetica e geoestrateacutegica do espaccedilo portuguecircs

particularmente a posiccedilatildeo dos Accedilores era reconhecida internacionalmente bem como o estatuto

de diferenciaccedilatildeo relativamente ao vizinho ibeacuterico Desta forma mantinha-se a vocaccedilatildeo atlacircntica

nacional assim como se achava o substituto britacircnico para a alianccedila com a potecircncia mariacutetima

No entanto a Espanha encontrava no relacionamento bilateral com os EUA a hipoacutetese que lhe

escapou no quadro multilateral Ainda em 1949 assinava um acordo de concessatildeo de creacutedito42

com os EUA que permitiu em 1953 a assinatura do Conveacutenio Sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

o Conveacutenio sobre Ajuda Econoacutemica

A permanecircncia de Portugal na Organizaccedilatildeo permitiu cumprir alguns programas de

reequipamento das Forccedilas Armadas e ainda efectuar a actualizaccedilatildeo teacutecnica e operacional dos

seus quadros colocando-os a par da doutrina seguida pelos paiacuteses ocidentais Contudo a guerra

no ultramar motivou um periacuteodo de afastamento de Portugal das actividades desenvolvidas pela

OTAN que impedia o empenhamento do material cedido no acircmbito do Tratado no esforccedilo de

guerra ultramarino Apesar dos motivos que desencadearam o afastamento nunca foi posta em

causa a permanecircncia portuguesa na OTAN mantendo-se a cooperaccedilatildeo tanto no quadro

multilateral como no quadro bilateral O relacionamento prolongou-se pelo periacuteodo de

instabilidade no decorrer do processo de alteraccedilatildeo do regime sendo o assunto da permanecircncia

no seio da Organizaccedilatildeo uma questatildeo de amplo consenso entre os principais partidos poliacuteticos

nacionais

A Espanha assinou em Maio de 1982 o protocolo de adesatildeo agrave OTAN No entanto o pedido

espanhol tinha desencadeado movimentos de oposiccedilatildeo por parte de socialistas e comunistas

originando um processo que natildeo se revelava de conclusatildeo faacutecil O PSOE ao assumir o poder

mudava de opiniatildeo contudo fazia desencadear um processo de consulta popular que iria

confirmar a opccedilatildeo de entrada na concertaccedilatildeo estrateacutegica ocidental A adesatildeo espanhola trazia

uma situaccedilatildeo nova agraves relaccedilotildees bilaterais Os dois paiacuteses encontravam-se agora verdadeiramente

integrados nas mesmas alianccedilas eram parceiros econoacutemicos numa comunidade com ambiccedilotildees de

integraccedilatildeo poliacutetica e pertenciam ao mesmo tratado poliacutetico-militar A situaccedilatildeo era tatildeo nova que

natildeo deixa de ser salientada por Maria Joatildeo Seabra da seguinte forma ldquoCom a entrada da

Espanha na NATO Portugal sentiu-se ameaccedilado pelas suas possiacuteveis ambiccedilotildees

geosestrateacutegicasrdquo Era a tomada de consciecircncia por parte de Portugal no sentido de pensar que a

42 Recorda-se que a Espanha se viu afastada do apoio concedido no acircmbito do Plano Marshall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 39

nossa diferenciaccedilatildeo estrateacutegica poderia natildeo permitir o peso suficientemente deixando de

constituir o garante de identidade

Os receios apesar de justificados natildeo encontraram correspondecircncia na praacutetica O interesse

geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na

Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses Foi o

caso da integraccedilatildeo de todo o territoacuterio nacional sob o mesmo Comando OTAN e ainda a

permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa relevacircncia como

foram o IBERLANT o SOUTHLANT e eacute actualmente o JC Lisbon (Anexo AG) Neste acircmbito

no quadro do relacionamento bilateral com a Espanha Portugal apoiou a localizaccedilatildeo de um

Comando da OTAN no seu territoacuterio (Anexo AH) o que se viria a verificar apoacutes a sua entrada na

estrutura militar da Alianccedila

A adesatildeo espanhola colocou os dois paiacuteses ibeacutericos numa situaccedilatildeo de partilha e convivecircncia

no seio da mesma alianccedila poliacutetico-militar para a qual tecircm contribuiacutedo activamente em diversas

missotildees sob a tutela da OTAN A disponibilidade de forccedilas eacute compatiacutevel com a realidade

econoacutemica de cada um dos paiacuteses no entanto ambos consideram necessaacuterio o empenhamento no

sentido de tornar efectivo o conceito de ldquoseguranccedila partilhada e cooperativardquo (ARMESTRE

2005 p7) para assim tambeacutem colmatarem as respectivas vulnerabilidades estrateacutegicas

Contudo apoacutes uma anaacutelise efectuada aos documentos43 que determinam as directivas

estrateacutegicas de defesa nacional constata-se o facto de cada um atribuir um grau de prioridade

diferente ao papel a desempenhar no seio da OTAN

Para a Espanha eacute clara a prioridade Europeia bem expressa no primeiro paraacutegrafo do ponto 2

da DDN a qual refere que ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de

intereacutes prioritario somos Europa y nuestra seguridad estaacute indisolublemente unida a la del

continenterdquo ainda que ldquoEspantildea promoveraacute e impulsionaraacute una autentica poliacutetica europea de

seguridad y defensa (hellip)rdquo As referecircncias agrave OTAN estatildeo inseridas no acircmbito do relacionamento

transatlacircntico Sobre o assunto diz ldquoEsta prioridad es compatible com una relacioacuten

transatlacircntica robusta y equilibrada un elemento tambieacuten esencial de la defensa europea (hellip)rdquo

ldquoEn este sentido Espantildea es un aliado firme e claramente comprometido com la Alianza

Atlacircntica y ademaacutes mantiene una relacioacuten estrecha y consolidada com los Estados Unidos una

relacioacuten que debe estar articulada sobre la lealtad el diaacutelogo la confianza y el respeto

reciacuteprocosrdquo Fica pois clara a tradicional posiccedilatildeo espanhola junto da UE jaacute referida no sub-

capiacutetulo anterior dando clara preferecircncia agrave criaccedilatildeo de um pilar de defesa europeu autoacutenomo

43 Espanha Directiva de Defensa Nacional 12004 Portugal Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 40

Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma oposta O Conceito Estrateacutegico de Defesa

Nacional (CEDN) no seu ponto 72 define que ldquoo sistema de seguranccedila e defesa de Portugal

tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo e prossegue salientando que ldquoa NATO

corresponde agrave melhor opccedilatildeo de Portugal no quadro de defesa do nosso espaccedilo estrateacutegico e da

nossa valorizaccedilatildeo estrateacutegicardquo No que diz respeito ao viacutenculo transatlacircntico o mesmo

documento sublinha a necessidade de se manter o bom relacionamento entre a Europa e os EUA

expressando a posiccedilatildeo nacional relativamente agrave opccedilatildeo pela ldquovisatildeo de complementaridade e

articulaccedilatildeo entre as poliacuteticas de defesa e seguranccedila que se desenvolvem na NATO e na UE (hellip)rdquo

em alusatildeo ao reforccedilo do pilar europeu da NATO Eacute clara a tendecircncia atlacircntica portuguesa no

acircmbito da seguranccedila e defesa complementada com a opccedilatildeo pelo pilar europeu da OTAN

posiccedilatildeo tradicionalmente assumida por Portugal no seio das instituiccedilotildees europeias

Pese embora a diferenccedila de colocaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica dos dois paiacuteses peninsulares foi no

acircmbito do relacionamento multilateral e da coabitaccedilatildeo no seio das OI referidas neste trabalho

que Portugal e Espanha assumiram uma tomada de posiccedilatildeo comum Referimo-nos ao apoio

prestado aos EUA por altura da realizaccedilatildeo da Cimeira dos Accedilores e que motivou a acccedilatildeo militar

no Iraque Enquanto Portugal manteve o seu alinhamento tradicional a Espanha toma uma

posiccedilatildeo que a afasta do quadro habitual das suas alianccedilas isto eacute junto do eixo Franco-Alematildeo O

assunto poderaacute natildeo ser alheio agrave orientaccedilatildeo poliacutetica do governo espanhol dado que apoacutes as

eleiccedilotildees Joseacute Luiacutes Zapatero apesar de natildeo retirar o apoio poliacutetico aos EUA faz regressar o

efectivo militar espanhol presente no Iraque Fica desta forma expressa a possibilidade de apesar

de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas poderem assumir diferentes

orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

O facto de serem assumidas posiccedilotildees distintas relativamente ao papel a desempenhar pelas

duas organizaccedilotildees na seguranccedila e defesa europeia eacute numa perspectiva de complementaridade e

de colaboraccedilatildeo que estas tecircm desempenhado as suas acccedilotildees Neste acircmbito foram assinados

vaacuterios acordos de cooperaccedilatildeo que contribuiacuteram por um lado para o reforccedilo da Identidade

Europeia de Seguranccedila e Defesa por outro para evitar duplicaccedilotildees de recursos Neste quadro de

complementaridade deveraacute ser salientada a preocupaccedilatildeo comum sobre os espaccedilos regionais dos

quais se destaca a questatildeo da regiatildeo Sul do Mediterracircneo com particular interesse para Portugal

e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 41

33 Os espaccedilos regionais

Para aleacutem dos interesses de Portugal e da Espanha se encontrarem bem expressos nos espaccedilos

de coabitaccedilatildeo jaacute referidos outros existem que consideramos de significativa relevacircncia os

relacionados com a respectiva identidade histoacuterica formada ao longo dos seacuteculos e que deixaram

linhas de contacto insoluacuteveis pelo tempo Neste acircmbito abordaacutemos a presenccedila de cada um dos

Estados nos espaccedilos regionais preferenciais no caso portuguecircs a CPLP relativamente agrave

Espanha a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas que Portugal tambeacutem integra e ainda a

aacuterea Sul do Mediterracircneo de significativa importacircncia tambeacutem para a UE e a OTAN

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

A CPLP deu os seus primeiros passos quando em Novembro de 1989 o Presidente brasileiro

Joseacute Sarney tomou a iniciativa de realizar uma cimeira entre os sete paiacuteses de liacutengua oficial

portuguesa44 No evento onde participaram os respectivos Chefes de Estado ficou decidida a

criaccedilatildeo do Instituto Internacional de Liacutengua Portuguesa com o objectivo de difundir o idioma

que irmanava os Estados participantes Seguiram-se diversas iniciativas de acircmbito ministerial as

quais deram origem agrave realizaccedilatildeo em 17 de Julho de 1996 da cimeira final de criaccedilatildeo da CPLP

que hoje conta com a participaccedilatildeo de Timor-Leste45

A organizaccedilatildeo representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo

geograacutefico multicontinental e descontinuo onde as eventuais desvantagens que daqui decorrem

satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que culminaram numa identidade

cultural proacutepria alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial A comunhatildeo de identidade

permitiu tambeacutem uma comunhatildeo de interesses que motivaram a definiccedilatildeo dos objectivos

gerais46 da Comunidade centrados na concertaccedilatildeo poliacutetico-diplomaacutetica entre os seus Estados-

membros na cooperaccedilatildeo nos diversos domiacutenios da governaccedilatildeo assim como na promoccedilatildeo e

difusatildeo da liacutengua portuguesa

As acccedilotildees ateacute agora desenvolvidas por Portugal tecircm-lhe permitido assumir um papel

determinante no desenhar do futuro das naccedilotildees lusoacutefonas africanas como foi o caso da

participaccedilatildeo nos vaacuterios processos de paz que o transformaram num actor determinante Os

diversos projectos de cooperaccedilatildeo jaacute desenvolvidos tecircm contribuiacutedo tambeacutem para que o Paiacutes

possa vir a ocupar o lugar de principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as

desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil 44 Angola Brasil Cabo Verde Moccedilambique Portugal Guineacute e Satildeo Tomeacute e Priacutencipe 45 Timor-Leste concretizou a sua adesatildeo em 20 de Maio de 2002 depois de concluiacutedo o processo de reconquista da sua independecircncia 46 httpwwwcplporg

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 42

Este eacute o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da

OTAN O facto de ser o uacutenico Paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-

lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a

cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE Desta forma ter acesso aos recursos naturais e

mateacuterias-primas de Aacutefrica e Brasil bem como agraves Organizaccedilotildees de cariz econoacutemico a que cada

um dos paiacuteses pertence

332 O Mediterracircneo e o Magreb

O relacionamento com os paiacuteses da regiatildeo Sul do Mediterracircneo tem sido de particular

preocupaccedilatildeo para a UE e a OTAN Para aleacutem da instabilidade poliacutetica e de seguranccedila que

caracteriza alguns dos Estados eacute uma zona economicamente carenciada de parco

desenvolvimento social e onde o factor extremismo religioso se faz sentir com elevada

intensidade Eacute pois uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e potencialmente geradora de situaccedilotildees

de crise o que lhe confere uma relevacircncia estrateacutegica que tem justificado o desenvolvimento de

programas especiais com o objectivo de promover a seguranccedila o desenvolvimento econoacutemico e

a estabilidade poliacutetica

Apesar de Portugal e Espanha partilharem de uma forma geral da sensibilidade europeia

sobre esta zona do Globo eacute sobre o Magreb que concentram as suas principais atenccedilotildees As

preocupaccedilotildees de ambos os paiacuteses manifestam-se de forma coincidente com as referidas no

paraacutegrafo anterior que em caso de agravamento poderatildeo motivar a degradaccedilatildeo social e a

provaacutevel expansatildeo dos reflexos da crise ao Sul da Europa com especial incidecircncia na Peniacutensula

Ibeacuterica O aumento dos fluxos migratoacuterios em busca de seguranccedila e prosperidade transformam

os paiacuteses da peniacutensula especialmente a Espanha na porta de entrada para o espaccedilo europeu

Agraves preocupaccedilotildees jaacute referidas deveraacute adicionar-se a questatildeo da seguranccedila do gasoduto euro-

magrebino Esta infra-estrutura tem a finalidade de proceder ao abastecimento da Peniacutensula

Ibeacuterica de gaacutes natural tornando-se por isso de capital importacircncia para os dois Estados As

necessidades de garantir um abastecimento energeacutetico seguro representam outro dos factores que

colocam o relacionamento bilateral e multilateral com os paiacuteses do Magreb num patamar que

transcende as questotildees de identidade histoacuterica e cultural colocando-as num patamar de acircmbito

poliacutetico-estrateacutegica

Enquanto que as acccedilotildees de cariz bilateral satildeo enquadradas no acircmbito das cimeiras que

Portugal e Espanha individualmente desenvolvem eacute no campo multilateral que tecircm sido

edificadas as iniciativas de maior impacto No acircmbito da OTAN o ldquoDiaacutelogo para o

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 43

Mediterracircneordquo onde Portugal Espanha Itaacutelia Greacutecia e por vezes com o apoio dos EUA

desenvolvem iniciativas com vista ao incremento das condiccedilotildees de estabilidade e de seguranccedila

regional No acircmbito da UE deveremos salientar aquele que ficou conhecido pelo ldquoProcesso de

Barcelonardquo Esta iniciativa desenvolvida no decurso da presidecircncia espanhola decorreu em

Novembro de 1995 e contou com a participaccedilatildeo dos quinze da UE e de doze PTM47 A

negociaccedilatildeo incidiu em trecircs aacutereas distintas a ldquocooperaccedilatildeo poliacutetica e de seguranccedila a cooperaccedilatildeo

econoacutemica e a cooperaccedilatildeo social cultural e humanardquo (CRAVINHO et al 1996 p162) definindo

objectivos que se estendem ateacute ao ano de 2010

Portugal e Espanha tecircm na regiatildeo mediterracircnica fundamentalmente sobre o Magreb um

elevado nuacutemero de interesses comuns que se estendem agraves OI onde se encontram inseridos Pela

proximidade geograacutefica identidade histoacuterica e cultural os dois paiacuteses poderatildeo continuar a

desempenhar um papel determinante no desenvolvimento destas iniciativas de cooperaccedilatildeo Em

face da maior visibilidade e empenhamento espanhol do qual natildeo eacute alheia a questatildeo colonial e a

actual posse das Praccedilas de Ceuta e Melilla Portugal tem sabido impor a sua presenccedila nos

diferentes fora de negociaccedilatildeo podendo inclusive tirar partido das relaccedilotildees de crispaccedilatildeo entre

Espanha e Marrocos que por vezes a questatildeo territorial provoca

333 A Ibero-Ameacuterica

Por definiccedilatildeo a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados

soberanos da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Assim apesar

de nos referirmos a dois grandes continentes a questatildeo limita-se ao espaccedilo regional que sofreu a

influecircncia colonizadora de Portugal e Espanha isto eacute o Brasil e as Ameacutericas Central e do Sul

Natildeo obstante os dois Estados ibeacutericos terem marcado profundamente a evoluccedilatildeo histoacuterica da

regiatildeo sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute

concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a maior capacidade de

intervenccedilatildeo portuguesa no Brasil

Com a adesatildeo de Portugal e Espanha agrave CEE esta organizaccedilatildeo adquiriu novas e poderosas

capacidades de negociaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e intervenccedilatildeo numa zona do Globo com a qual ateacute aiacute

mantinha apenas relaccedilotildees bilaterais de caraacutecter eminentemente comercial sem qualquer caraacutecter

de prioridade As similitudes histoacutericas culturais e linguiacutesticas fazem dos dois paiacuteses os

interlocutores privilegiados da UE numa regiatildeo particularmente rica em mateacuterias-primas e

47 Argeacutelia Chipre Egipto Israel Jordacircnia Liacutebano Malta Marrocos Siacuteria Tuniacutesia Turquia e a Autoridade Palestiniana A Liacutebia foi o uacutenico Paiacutes da regiatildeo que natildeo foi convidado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 44

recursos naturais onde se encontram constituiacutedas vaacuterias Organizaccedilotildees Internacionais48 do tipo

econoacutemico e comercial com as quais a UE poderaacute relacionar-se

As Cimeiras Ibero-Americanas realizadas anualmente satildeo o foacuterum privilegiado para o

relacionamento entre os vinte e um membros desta Comunidade de Naccedilotildees Nelas satildeo debatidos

problemas comuns assim como questotildees prementes do acircmbito internacional dado que contam

com as representaccedilotildees efectuadas ao niacutevel dos Chefes de Estado e de Governo dos Estados-

membros sendo de salientar que este eacute o uacutenico foacuterum internacional no qual o Rei de Espanha

marca presenccedila regular Poderatildeo tambeacutem assistir relevantes figuras da cena internacional

ocupando o lugar de convidados

A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da

Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos (MALAMUD

2005) Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global natildeo deixando contudo de considerar

necessaacuterio estabelecer associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou

com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

(MALAMUD 2005)

48 Entre outras a ALCA Grupo Andino e Mercosul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 45

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE

CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES

No presente capiacutetulo pretendemos efectuar a validaccedilatildeo ou natildeo das hipoacuteteses estabelecidas

para o desenvolvimento do trabalho Para isso vamos avaliar inicialmente no acircmbito

exclusivamente peninsular as consequecircncias da tomada de algumas decisotildees em aacutereas

consideradas determinantes que poderatildeo desencadear situaccedilotildees de dependecircncia relativamente agrave

Espanha Seguidamente passaremos em revista as opccedilotildees de poliacutetica externa onde poderemos

determinar as grandes linhas de orientaccedilatildeo estrateacutegica de cada um dos paiacuteses apoacutes o que iremos

confrontar os dois modelos de relacionamento estabelecidos O capiacutetulo iraacute terminar com

algumas recomendaccedilotildees relativas agrave postura internacional de Portugal

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia

Uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia extraiacuteda do ingresso de Portugal e da Espanha na

UE eacute sem duacutevida o assentuado desenvolvimento da interacccedilatildeo econoacutemica Se ateacute entatildeo o

relacionamento bilateral apenas se remetia ao acircmbito poliacutetico a partir daquele instante

desenvolveram-se novas perspectivas nas quais o sector econoacutemico assumiu um lugar de relevo

As trocas comerciais foram incrementadas sucediam-se os investimentos e cada territoacuterio

constituiacutea um mercado apeteciacutevel para as empresas do paiacutes vizinho

Com o decorrer dos anos a dimensatildeo econoacutemica de cada um dos Estados deixava expresso

qual o lado para onde haveria de pender a balanccedila da hegemonia peninsular O nosso vizinho

histoacuterico eacute ldquosignificativamente mais poderoso que Portugal com uma populaccedilatildeo que eacute hoje

quase quatro vezes maior e uma economia que multiplica a portuguesa por cincordquo (TELO 2005

p198) O potencial espanhol encontra-se tambeacutem reflectido nos resultados do exerciacutecio

econoacutemico do seu governo que jaacute anunciou a anulaccedilatildeo do tatildeo propalado deacutefice puacuteblico tendo

mesmo previsto para 2006 a existecircncia de um excedente orccedilamental de 02 do PIB Pelo

contraacuterio a realidade de Portugal apenas permite estabelecer ateacute ao final do corrente ano o

limitado objectivo de reduccedilatildeo daquele indicador para os 48 do PIB

A dinacircmica econoacutemica e comercial incutida pela Espanha transformou-nos no primeiro

patamar de internacionalizaccedilatildeo das suas empresas Na actualidade encontram-se implantadas no

nosso paiacutes cerca de 3000 empresas espanholas dos mais diversos ramos de actividade enquanto

que no sentido inverso o nuacutemero natildeo ultrapassa as 300 (CHISLETT 2005) Sobre o assunto

muito se tem escrito e falado tendo mesmo sido associado a jaacute mencionada expressatildeo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 46

ldquoinvasatildeo espanholardquo agrave ideia de que a Espanha estaacute a conseguir pela via econoacutemica o que natildeo

lhe foi permitido pela via das armas (SEABRA 1995 p25)

A questatildeo energeacutetica deveraacute ocupar uma posiccedilatildeo de destaque junto das principais

preocupaccedilotildees do governo de Portugal Em primeiro lugar porque a dimensatildeo do mercado

energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao portuguecircs A Oferta Puacuteblica de Aquisiccedilatildeo

efectuada pela Gas Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu

de energia (SANTOS 2005 p2) este facto permite visualizar a desproporccedilatildeo actual dos

mercados com previsiacuteveis reflexos no futuro do MIBEL Em segundo lugar pela maior

dependecircncia que Portugal apresenta relativamente ao Petroacuteleo ficando por isso mais exposto agraves

consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos praticada pelos paiacuteses produtores Em

contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de uma maior diversidade de opccedilotildees das quais importa destacar

a possibilidade de recurso agrave energia nuclear Por uacuteltimo a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do

territoacuterio portuguecircs na Peniacutensula Ibeacuteria a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela

necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante da importaccedilatildeo

O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo ldquoquatro vezes maior do que o

portuguecircs quando medido por activos nos balanccedilos das instituiccedilotildeesrdquo (ALVES 2001 p152) Este

facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector

tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos

nacionais A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tem decorrido a um ritmo

acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso

paiacutes De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos referir que seis anos de lucros

do BSCH ou do BBVA eram suficientes em 2000 para adquirir o BCP (ALVES 2001 p161)

O sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas

portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as

suas concorrentes espanholas Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses

consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a espanhola

TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute

limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados

proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere

espanhola A tendecircncia expansionista da TEM permitiu-lhe atingir a terceira posiccedilatildeo mundial no

que toca ao conjunto das redes de comunicaccedilotildees fixa e moacutevel com cerca de 140 milhotildees de

clientes (MARTINS 2005c p10)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 47

Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente

dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica eacute soberana e determinou

que os cinco principais rios portugueses tenham origem em Espanha A sua importacircncia vecirc-se

incrementada quando associados a factores como a produccedilatildeo de energia eleacutectrica agricultura

pesca abastecimento de aacutegua para consumo ou a qualidade ambiental Se duacutevidas houvessem

quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial o qual previa a possibilidade

de execuccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais cujas bacias hidrograacuteficas eram consideradas

excedentaacuterias para aacutereas onde a avaliaccedilatildeo determinasse a existecircncia de um deacutefice hiacutedrico De

referir que as qualificaccedilotildees de ldquobacias excedentaacuteriasrdquo e ldquoaacutereas de deacutefice hiacutedricordquo resultavam

exclusivamente da avaliaccedilatildeo espanhola Apoacutes forte pressatildeo do governo portuguecircs a soluccedilatildeo foi

reconsiderada e abandonada prevendo o actual PHNE apenas a realizaccedilatildeo de transvazes em rios

exclusivamente espanhoacuteis

Ficam identificadas algumas das aacutereas do relacionamento bilateral onde os interesses de

Portugal e Espanha poderatildeo colidir e desencadear situaccedilotildees de conflitualidade A questatildeo

agrava-se quando estes mesmos aspectos demonstram a existecircncia de indiacutecios de dependecircncia

econoacutemica em aacutereas que por serem consideradas transversais (ALVES 2001 p152) tecircm

impacto directo em todas as actividades econoacutemicas Pretende-se assim demonstrar que no

acircmbito exclusivamente bilateral as posturas poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha tecircm reflexos em

Portugal A situaccedilatildeo exige do governo uma atitude de vigilacircncia perspicaacutecia proactividade

ambiccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo de toda a sociedade portuguesa para que se enquadre na dinacircmica de

competitividade proacutepria de um jaacute velho Estado da UE de forma a converter provaacuteveis situaccedilotildees

desvantajosas em oportunidades

42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa

Ao abordar a questatildeo das opccedilotildees ou prioridades da poliacutetica externa de cada um dos Estados

peninsulares achamos por bem recordar que muito recentemente ambos viram alterada a

orientaccedilatildeo poliacutetica do partido a quem competia formar governo Na Espanha ainda no decorrer

do primeiro quadrimestre de 2004 o PSOE rendeu na governaccedilatildeo o PP enquanto que em

Portugal foi tambeacutem o Partido Socialista (PS) que em Fevereiro de 2005 substituiu o Partido

Social Democrata (PSD) na responsabilidade de liderar os destinos do Paiacutes

Na Espanha o PP governava desde 1996 com Joseacute Mariacutea Aznar na Presidecircncia do Governo

Intitulando-se um reformador de centro direita (AZNAR 2005 p197) definiu como principal

ambiccedilatildeo enquanto liacuteder do governo espanhol a colocaccedilatildeo do Paiacutes entre as democracias mais

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 48

importantes (AZNAR 2005 p270) da Europa e do Mundo Estava convicto de que a Espanha

poderia vir a desempenhar um papel de protagonista na cena internacional desiacutegnio de que

considera ter-se mantido alheada no decurso de toda a histoacuteria do seacuteculo XX Esta uacuteltima

referecircncia natildeo eacute propriamente dirigida ao facto de natildeo terem sido atingidas as metas propostas

mas sim por terem sido alcanccediladas tardiamente e por isso de uma forma que considerou menos

brilhante

Da identidade da Naccedilatildeo espanhola salientava a sua vertente atlacircntica questionando-se com a

seguinte expressatildeo ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica

Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX ha sido justamente estar

ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo (AZNAR 2005

p267) A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental era uma caracteriacutestica vincadamente expressa nas

definiccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas do seu governo A relaccedilatildeo transatlacircntica assentava

fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem aparentava ter um relacionamento de

cumplicidade fundamentado primeiramente no apoio concedido agrave Espanha no caso Perejil49

onde a mediaccedilatildeo com Marrocos ldquofoi feita pelos EUA e natildeo pela UErdquo (ABU-TARBUSH 2004

p26) em segundo lugar na presenccedila na Cimeira dos Accedilores que antecedeu a invasatildeo militar do

Iraque

A OTAN desempenhou tambeacutem um papel importante na relaccedilatildeo de proximidade

transatlacircntica constituindo-se num pilar fundamental sem o qual pensava ser impossiacutevel encarar

com tranquilidade as questotildees da seguranccedila europeia ldquoEs que la OTAN es el instrumento baacutesico

fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos com Europa Hay que aumentar las

capacidades de Defensa de Europa y de los paiacuteses europeos Hay que ser capaces de asumir

maacutes competecircncias y un papel maacutes relevante Debemos ir maacutes allaacute del simple compromisso de

intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes

estrateacutegicos y de seguridadrdquo (AZNAR 2004 p177) Mantinha a ideia de que o relacionamento

transatlacircntico deveria colocar-se num patamar de complementaridade e cooperaccedilatildeo evitando as

posturas de conflitualidade

Para este Chefe de Governo uma Espanha atlacircntica natildeo era incompatiacutevel com uma Espanha

europeia assim como a Europa era indissociaacutevel desta mesma orientaccedilatildeo atlacircntica (AZNAR

2004 p195) O papel interventivo da Espanha no processo de construccedilatildeo europeu natildeo foi

esquecido Recorda-se o esforccedilo que desenvolveu no decurso das negociaccedilotildees para a conclusatildeo

do Tratado de Nice no sentido de dotar o paiacutes de maior peso no seio das instituiccedilotildees europeias

49 No Veratildeo de 2002 forccedilas militares marroquinas ocuparam o ilheacuteu de Perejil de soberania espanhola

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 49

A equiparaccedilatildeo da Espanha aos maiores paiacuteses europeus era um objectivo prioritaacuterio claramente

dentro do espiacuterito definido para a sua governaccedilatildeo e postura internacional

Ao mesmo tempo em Portugal o governo era liderado pelo socialista Antoacutenio Guterres que

assumia um relacionamento cordial com o seu homoacutelogo espanhol As divergecircncias situavam-se

ao niacutevel dos assuntos relativos agrave construccedilatildeo europeia sobre os quais a Espanha apresentava uma

concepccedilatildeo diferente No entanto sempre que possiacutevel designadamente quando as questotildees natildeo

determinavam posiccedilotildees opostas procuravam apoiar-se mutuamente (AZNAR 2005 p193)

Antoacutenio Guterres abdicou da governaccedilatildeo em 2002 motivando a realizaccedilatildeo de um processo

eleitoral que levou Joseacute Manuel Duratildeo Barroso Presidente do PSD a assumir o cargo de

Primeiro-Ministro O facto de Duratildeo Barroso pertencer agrave mesma famiacutelia poliacutetica de Aznar foi

determinante para o bom entendimento que era evidente

O posicionamento comum relativamente agrave opccedilatildeo por um alinhamento atlacircntico eacute o corolaacuterio

de um periacuteodo de faacutecil relacionamento bilateral A Cimeira dos Accedilores e o apoio conferido aos

EUA na acccedilatildeo militar sobre o Iraque eacute o momento mais expressivo do que acabamos de referir

Em plena divisatildeo europeia Portugal e Espanha encontravam-se lado a lado o que no periacuteodo em

anaacutelise era uma situaccedilatildeo ineacutedita No entanto consideramos importante salientar que enquanto

Portugal mantinha o seu tradicional alinhamento a Espanha assumia uma posiccedilatildeo conjuntural agrave

qual o facto de ter sido eleita Membro Natildeo Permanente do Conselho de Seguranccedila da ONU

poderaacute natildeo ter sido indiferente

Consideramos ser este o momento oportuno para abordar a primeira das questotildees derivadas

Qual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa da Espanha

nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Ao assumir uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica a

Espanha entra naquela que foi durante largos anos a marca estrutural das nossas opccedilotildees

estrateacutegicas Embora a questatildeo da independecircncia natildeo seja hoje em dia uma consequecircncia

equacionaacutevel jaacute no que diz respeito agrave identidade nacional o mesmo natildeo poderaacute ser afirmado

Neste contexto mantendo Portugal uma atitude voluntariamente passiva na partilha com a

Espanha da mesma orientaccedilatildeo estrateacutegica o risco de uma situaccedilatildeo de sub-representatividade

relativamente ao vizinho ibeacuterico assume um caraacutecter real Neste sentido tambeacutem a consequente

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do espaccedilo nacional eacute outro dos riscos a ponderar

Que postura deveraacute Portugal desenvolver Justificaraacute esta situaccedilatildeo a procura de uma

orientaccedilatildeo diametralmente oposta agrave da Espanha na tradicional busca da diferenciaccedilatildeo

peninsular Por outras palavras deveraacute Portugal reforccedilar a sua opccedilatildeo europeia em detrimento da

orientaccedilatildeo atlacircntica Em nossa opiniatildeo o quadro actual natildeo permite uma abordagem tatildeo linear

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 50

Eacute um facto que o Governo portuguecircs deva explorar as oportunidades surgidas em

consequecircncia da alteraccedilatildeo das prioridades do relacionamento externo da Espanha No entanto

natildeo nos parece que o abandono da orientaccedilatildeo atlacircntica seja a opccedilatildeo correcta para Portugal De

uma sub-representatividade provaacutevel passariacuteamos a uma sub-representatividade efectiva

assumindo a Espanha o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago Pelos factos apresentados

poderemos agora confirmar a hipoacutetese na qual se afirma que ldquoUma orientaccedilatildeo

predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa

portuguesardquo

A chegada ao poder de um novo governo liderado por Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

determinou uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica espanhola As linhas de mudanccedila

assentaram em dois aspectos fundamentais por um lado a dimensatildeo europeia da sua poliacutetica

externa e por outro a prioridade conferida agrave relaccedilatildeo transatlacircntica Com a primeira pretendeu

reposicionar a Espanha junto agrave Franccedila e agrave Alemanha assumindo a prioridade de relacionamento

com a Europa continental retomando a orientaccedilatildeo tradicional A segunda referia-se agrave

consequecircncia do inevitaacutevel afastamento do principal parceiro transatlacircntico que se iria reflectir

na retirada das tropas espanholas do Iraque

Considerando que ldquolo que es bueno para Europa es bueno para Espantildeardquo50 Zapatero

conferia agrave Espanha um alinhamento prioritaacuterio para o interior europeu no qual procurou o

restabelecimento do consenso perdido com o caso Iraque Os reflexos da viragem foram

recebidos com agrado por parte dos presidentes da Franccedila e da Alemanha que no decurso da

quase imediata deslocaccedilatildeo de Zapatero a estes paiacuteses Chirac manifestava a intenccedilatildeo de levar em

frente a criaccedilatildeo do eixo Berlim-Paris-Madrid (ARENAL p117) assim como a integraccedilatildeo da

Espanha no nuacutecleo duro da Europa A participaccedilatildeo do Presidente do Governo espanhol na

campanha eleitoral francesa relativa ao acto referendaacuterio do TCE junto a Chirac e aos demais

partidaacuterios do ldquoSimrdquo eacute suficientemente elucidativa da alteraccedilatildeo de prioridade do alinhamento

espanhol Sobre o assunto eacute de salientar o facto de ter sido o vizinho peninsular o primeiro paiacutes

a referendar o texto do Tratado o qual recebeu a aprovaccedilatildeo por uma margem significativa de

cidadatildeos espanhoacuteis

O relacionamento com os EUA apesar da primazia ser atribuiacuteda agrave opccedilatildeo europeia seraacute

mantido como um pilar que entende ser essencial para as relaccedilotildees externas considerando

possiacutevel que as duas orientaccedilotildees podem coabitar sem que daiacute advenha qualquer

constrangimento Contudo a retirada das forccedilas militares espanholas do Iraque originou um

50 Discurso de Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero na sessatildeo de tomada de posse como Presidente do Governo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 51

refrear do relacionamento bilateral A questatildeo foi reparada apoacutes a intensa actividade diplomaacutetica

desenvolvida pelos ministros da Defesa e dos Assuntos Exteriores Joseacute Bono e Miguel Angel

Moratinos respectivamente junto de Donald Rumsfeld e Condoleza Rice No encontro o

governo espanhol apresentou propostas concretas (RIBEIRO 2005 p4) para o apoio agrave instruccedilatildeo

dos militares das forccedilas armadas e policiais iraquianas assim como para um maior envolvimento

militar no Afeganistatildeo

E Portugal Portugal acompanhou a Espanha na mais recente viragem poliacutetica ao socialismo

Apoacutes a saiacuteda de Joseacute Manuel Duratildeo Barroso para ocupar a presidecircncia da Comissatildeo Europeia e

a breve passagem pelo governo de Pedro Santana Lopes as eleiccedilotildees legislativas antecipadas

realizadas em Fevereiro de 2005 determinaram uma nova alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica

portuguesa O desenrolar dos acontecimentos voltava a colocar ao leme dos destinos de ambos

os paiacuteses ibeacutericos dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica Apesar da alteraccedilatildeo os reflexos na

conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo satildeo significativos Relativamente agrave questatildeo europeia eacute

colocado grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo nomeadamente

no desenvolvimento do ldquoespaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedilardquo51 no alargamento a

Leste na legitimaccedilatildeo do TCE e no esforccedilo pela normalizaccedilatildeo do diaacutelogo euro-atlacircntico A par

destas questotildees surgem algumas preocupaccedilotildees que parecem merecer uma atenccedilatildeo especial Eacute o

caso da negociaccedilatildeo das perspectivas financeiras para o periacuteodo 2007-2013 a ldquoconcretizaccedilatildeo da

Estrateacutegia de Lisboardquo o processo de decisatildeo europeia e o processo de internacionalizaccedilatildeo da

economia

A prioridade europeia consubstanciada na aproximaccedilatildeo agrave Franccedila e agrave Alemanha que passou a

constar da acccedilatildeo de poliacutetica externa do actual governo espanhol natildeo encontra correspondecircncia

na postura externa portuguesa Apesar do empenhamento na edificaccedilatildeo do projecto europeu o

factor de identidade atlacircntica manteacutem-se presente e encontra-se reflectido nas abordagens agraves

questotildees de seguranccedila e defesa O assunto merece uma alusatildeo clara no programa de governo

quando depois das referecircncias efectuadas aos diversos elos de ligaccedilatildeo no contexto multilateral

salienta no plano bilateral ldquoas relaccedilotildees com os seus aliados tradicionaisrdquo52 das quais destaca

ldquoem primeiro lugarrdquo os EUA com quem Portugal manteacutem um ldquoAcordo de Cooperaccedilatildeo e

Defesardquo seguindo-se ldquoos parceiros europeus da NATO e da UE (hellip)rdquo

O viacutenculo transatlacircntico no contexto europeu eacute tambeacutem realccedilado sendo considerado um

ldquoinstrumento fundamental de partilha de responsabilidades na preservaccedilatildeo de conflitos e no

reforccedilo da seguranccedila colectiva (designadamente no quadro da Alianccedila Atlacircntica) e de partilha de 51 Programa do XVII Governo Constitucional p 152 52 Programa do XVII Governo Constitucional p 160

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 52

objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo Contudo eacute no CEDN onde se

encontra bem expressa a prioridade conferida agrave participaccedilatildeo da OTAN na seguranccedila do espaccedilo

geograacutefico portuguecircs assim como numa oacuteptica de complementaridade na seguranccedila europeia

A segunda questatildeo derivada coloca a seguinte interrogaccedilatildeo Qual o impacto de uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola A soluccedilatildeo

enquadra-se nos argumentos apresentados na resposta agrave primeira questatildeo O risco de sub-

representatividade no quadro do relacionamento europeu eacute de novo uma realidade agravada

pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal no seio das instituiccedilotildees

da UE Actualmente o nosso vizinho ibeacuterico assumiu uma orientaccedilatildeo externa claramente de

pendor europeu aliando-se agrave Franccedila e agrave Alemanha na tentativa de igualar a forccedila que estes

grandes paiacuteses detecircm nas instituiccedilotildees da UE

Os riscos de criaccedilatildeo do proclamado eixo Berlim-Paris-Madrid reacendem os receios

associados ao surgimento de um directoacuterio europeu Desta forma a Espanha vecirc facilitada a

possibilidade de poder impor os seus interesses atraveacutes de uma cada vez mais usual votaccedilatildeo por

maioria qualificada assumindo a representatividade peninsular e subalternizando Portugal a

quem jaacute considera parte integrante do seu mercado econoacutemico

Cada alargamento vai transformando Portugal num dos mais antigos membros da UE no

entanto enquadra-se no grupo de paiacuteses de limitados recursos cada vez mais empurrado para a

periferia da Europa Neste sentido o fortalecimento do relacionamento transatlacircntico e o reforccedilo

da importacircncia da OTAN no quadro da defesa europeia seria a forma de reatribuir ao Paiacutes a

centralidade estrateacutegica cada vez mais difiacutecil de manter Eacute pois de validar a hipoacutetese na qual se

afirma que ldquouma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo

43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento

O relacionamento com a Espanha foi enquadrado em dois modelos distintos Inicialmente o

modelo tradicional que sustentou as relaccedilotildees peninsulares durante a maior parte do seacuteculo XX

assentava na necessidade de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica como suporte de identidade e

independecircncia de Portugal O segundo eacute caracterizado pela partilha dos mesmos espaccedilos

poliacutetico econoacutemico e de seguranccedila determinando uma nova forma de encarar as relaccedilotildees entre

os dois Estados peninsulares De uma postura de divergecircncia haveria que passar a assumir uma

de partilha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 53

431 O modelo tradicional de relacionamento

No iniacutecio do seacuteculo XX a Espanha assumia um alinhamento poliacutetico-estrateacutegico num espaccedilo

tradicionalmente ocupado por Portugal Os riscos revelavam-se enormes e estavam na

consciecircncia dos responsaacuteveis portugueses que manifestaram a sua preocupaccedilatildeo junto do

governo britacircnico A consequecircncia foi a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do territoacuterio portuguecircs

levando inclusive Winston Churchill a considerar a Espanha como uma mais valia estrateacutegica

relativamente a Portugal e agraves suas possessotildees em Aacutefrica

A posiccedilatildeo expressa por Churchill apresentava apenas uma condicionante a necessidade de

manutenccedilatildeo das ilhas atlacircnticas portuguesas sob influecircncia britacircnica A reacccedilatildeo portuguesa natildeo

se faria esperar e procurando a diferenciaccedilatildeo peninsular e a revalorizaccedilatildeo estrateacutegica do

territoacuterio Portugal ensaia a aproximaccedilatildeo agrave Alemanha a quem aliciou ao investimento em Aacutefrica

e agrave utilizaccedilatildeo das posiccedilotildees insulares para que aiacute pudesse estabelecer os seus depoacutesitos de carvatildeo

Decidida a neutralidade da Espanha na I Guerra Mundial Portugal mais uma vez

percepcionou a necessidade de se diferenciar do seu vizinho Estava assim decidida em 1916 a

participaccedilatildeo de Portugal no conflito que assinalava tambeacutem o regresso do Paiacutes ao seu

alinhamento estrateacutegico habitual A participaccedilatildeo na guerra visava colocar Portugal agrave mesa das

negociaccedilotildees junto dos vencedores bem como numa posiccedilatildeo de relevacircncia no arranjo estrateacutegico

que daiacute pudesse resultar Foi a forma que os governantes nacionais encontraram para legitimar o

regime manter a posse das coloacutenias e assumir a representatividade ibeacuterica reatribuindo ao

territoacuterio nacional a importacircncia estrateacutegica que havia perdido Portugal viu-se contudo

defraudado nas suas intenccedilotildees Foi a Espanha que mediante uma forte acccedilatildeo diplomaacutetica junto

do principal dinamizador da Sociedade das Naccedilotildees os EUA assumiu o lugar em representaccedilatildeo

dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

No conflito mundial que se seguiu a Espanha mostrou a sua preferecircncia pelas posiccedilotildees do

Eixo chegando mesmo a aderir a um tratado tripartido com a Alemanha e a Itaacutelia A tentativa de

manter a peniacutensula ibeacuterica fora da zona beligerante foi um esforccedilo comum que levou agrave

assinatura de um pacto de natildeo-agressatildeo entre os dois paiacuteses ibeacutericos mas havia que conseguir a

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da peniacutensula Assegurado o estatuto de neutralidade Portugal e a

Espanha permaneceram junto dos seus tradicionais aliados embora cada um orientado para o

lado oposto da barreira natildeo deixando de assinalar a marca da diferenciaccedilatildeo que lhes era

caracteriacutestica

O periacuteodo poacutes-guerra foi fatal para a Espanha que se viu envolta nas malhas de um castigador

isolamento internacional Portugal tinha conseguido o seu grande objectivo agrave sua postura de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 54

diferenciaccedilatildeo associava agora o da hegemonia peninsular tornando-se no ponto de contacto da

Espanha com o mundo O marco fundamental do momento que se seguiu foi o convite efectuado

pelos EUA no sentido de Portugal vir a integrar o grupo de paiacuteses fundadores da Alianccedila

Atlacircntica O ingresso do Paiacutes na OTAN contou com a oposiccedilatildeo espanhola que via Portugal

assumir uma posiccedilatildeo de destaque no contexto estrateacutegico europeu

O desenlace da guerra civil espanhola preocupava o governo portuguecircs Neste caso seria a

influecircncia que o regime republicano espanhol poderia exercer na evoluccedilatildeo poliacutetica nacional Esta

preocupaccedilatildeo encontrava fundamento na influecircncia comunista no governo republicano de Madrid

e a sua difusatildeo ao territoacuterio portuguecircs assim como no movimento iberista que lhe estava

associado A preocupaccedilatildeo demonstrada teve reflexos no apoio conferido pelos portugueses aos

nacionalistas liderados por Francisco Franco em contraponto ao apoio sovieacutetico prestado aos

republicanos

A histoacuteria do seacuteculo XX reservou a Portugal e agrave Espanha um importante papel no contexto

peninsular europeu e mundial A geopoliacutetica e a geoestrateacutegia do espaccedilo peninsular conferiu

aos dois paiacuteses uma centralidade que natildeo lhes permitiu manter-se alheios agraves ocorrecircncias Os

vaacuterios factos da histoacuteria europeia e a postura poliacutetico-estrateacutegica do vizinho peninsular

determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o

objectivo de se diferenciar no contexto ibeacuterico procurando a sua valorizaccedilatildeo estrateacutegica de

forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a manutenccedilatildeo da sua individualidade e

independecircncia A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas

premissas fundamentais Em primeiro lugar a valorizaccedilatildeo permanente da velha alianccedila com a

Gratilde-Bretanha papel desempenhado posteriormente pelos EUA Em segundo lugar pela jaacute

referida necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica numa alianccedila diametralmente

oposta agrave da Espanha

432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo53

Os desiacutegnios da histoacuteria levaram a que Portugal e Espanha viessem a encontrar-se pela

primeira vez comungando os mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e geoestrateacutegico Esta

nova realidade inviabiliza o modelo tradicional de relacionamento natildeo permitindo a existecircncia

de um quadro diferenciador expliacutecito Por outro lado decorrente do processo de transformaccedilatildeo

do regime Portugal deixou de ser possuidor do impeacuterio colonial em funccedilatildeo do qual tantas vezes

condicionou o desenvolvimento da sua poliacutetica externa A grande novidade revela-se na

53 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor deste trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 55

passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia estrateacutegica para outra onde a convergecircncia eacute uma

realidade uma necessidade e tambeacutem uma oportunidade Sua Excelecircncia o Ministro da Defesa

Nacional Dr Luiacutes Amado iria referir-se ao facto da seguinte forma ldquopassamos de uma situaccedilatildeo

de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsularrdquo (AMADO 2005 p211)

A realidade da convergecircncia acima mencionada encontra-se jaacute comprovada pela presenccedila

simultacircnea nas principais OI designadamente na OTAN e na UE ambas mencionadas no acircmbito

deste trabalho Sendo o factor necessidade intriacutenseco agrave partilha de interesses nos diversos

espaccedilos por demais referidos jaacute o factor oportunidade decorre da forma como satildeo encaradas as

situaccedilotildees eventualmente desvantajosas Ou Portugal encara as desvantagens como um fado

inevitaacutevel remetendo-se a uma lamentaccedilatildeo inconsequente ou decide tirar partido das situaccedilotildees

transformando-as em oportunidades definindo objectivos de meacutedio e longo prazo aos quais

deveraacute associar a melhor orientaccedilatildeo estrateacutegica para os atingir

A opccedilatildeo europeia afigurava-se como uma soluccedilatildeo uacutenica e imprescindiacutevel perante a previsiacutevel

adesatildeo da Espanha Colocar o cenaacuterio de uma integraccedilatildeo espanhola com a exclusatildeo de Portugal

era algo que se afigurava desastroso dado que remetia o Paiacutes para uma situaccedilatildeo de isolamento

no extremo ocidental da Europa fora da centralidade econoacutemica e dos incentivos de

desenvolvimento proclamados pela CEE De uma certa forma a UE representou o apoio externo

que o Paiacutes necessitava54 Este conceito estava associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o

relacionamento bilateral deveria assentar na mediaccedilatildeo multilateral de Bruxelas algo que a

expressatildeo ldquochegar a Madrid via Bruxelasrdquo55 (SOUSA 1996 p164) definia muito bem

As diferentes posiccedilotildees assumidas nas instituiccedilotildees europeias satildeo marcas evidentes de que o

facto de ambos pertencerem agrave Uniatildeo natildeo impede a existecircncia de interesses estrateacutegicos

diferenciados O posicionamento relativamente agrave defesa europeia eacute uma questatildeo de divergecircncia

que constitui um bom exemplo do que acabamos de afirmar A Espanha pretende que seja

constituiacutedo um pilar autoacutenomo de defesa enquanto Portugal defende que esse pilar venha a ser

desenvolvido de uma forma complementar e em articulaccedilatildeo com a Alianccedila Atlacircntica

A recente reaproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e agrave Alemanha tem reacendido a ideia de

criaccedilatildeo de um directoacuterio europeu constituiacutedo pelos quatro maiores paiacuteses da UE aos quais se

deveria juntar o nosso vizinho peninsular A procura de mais poder dentro das instituiccedilotildees

europeias tem sido uma ambiccedilatildeo permanente dos espanhoacuteis que provavelmente acabaraacute por dar

frutos Esta eacute uma preocupaccedilatildeo que deveraacute manter-se sempre presente no espiacuterito dos

54 Ideia expressa pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho 55 SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas Janus 97 p 164

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 56

governantes portugueses A orientaccedilatildeo estrateacutegica que acabamos de referir associada agrave adopccedilatildeo

de um sistema de votaccedilatildeo favorecendo os Estados demograficamente mais importantes poderaacute

ter consequecircncias gravosas para Portugal como a sub-representatividade ou a subalternizaccedilatildeo

em aacutereas tatildeo importantes como a Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

O quadro presente permite tambeacutem visualizar a possibilidade de tomada de posiccedilotildees

conjuntas como aliaacutes jaacute no passado recente foi possiacutevel Temos na memoacuteria o esforccedilo comum

desenvolvido no sentido garantir a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia ou o acesso aos

diversos fundos utilizados como suporte ao desenvolvimento econoacutemico posiccedilotildees que foram

reflectidas na expressatildeo ldquochegar a Bruxelas via Madridrdquo A comunhatildeo de objectivos tem

encontrado reflexos tambeacutem noutras aacutereas da poliacutetica externa como eacute o caso dos interesses nos

espaccedilos regionais onde jaacute foram definidas estrateacutegias comuns tanto no seio da UE como na

OTAN Contudo eacute necessaacuterio deixar claro que a coincidecircncia de posiccedilotildees deveraacute ocorrer ldquopor

vontade proacutepriardquo56 e ldquoresultando em prol do interesse nacionalrdquo57 de forma a afastar a ideia da

sub-representatividade ou subalternizaccedilatildeo jaacute anteriormente referidas

Eacute agora o momento oportuno para abordar a uacuteltima das questotildees derivadas Seraacute a orientaccedilatildeo

estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar Portugal no seio das OI onde se encontra

inserido A resposta encontra-se reflectida na anaacutelise efectuada ao relacionamento entre os dois

Estados quando enquadrado no acircmbito multilateral Se o anterior quadro de relacionamento

justificaria uma assentuaccedilatildeo claramente negativa no contexto actual seraacute o interesse nacional a

orientar o sentido positivo ou negativo da resposta Situaccedilotildees ocorreram nomeadamente no seio

da UE em que uma tomada de posiccedilatildeo conjunta foi determinante para a consecuccedilatildeo dos

objectivos pretendidos Contudo outros se verificaram em que o afastamento voltou a ser uma

prioridade Neste contexto natildeo poderemos validar a hipoacutetese onde se afirma que ldquouma

orientaccedilatildeo externa comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio das

OI onde se encontra inseridordquo

A relaccedilatildeo transatlacircntica eacute um assunto que assumidamente preocupa os governantes de ambos

os paiacuteses Caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre

poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas Natildeo deveremos

esquecer a crise a que foram sujeitas no contexto europeu logo apoacutes as tomadas de posiccedilatildeo

relativamente agrave intervenccedilatildeo no Iraque Portugal e a Espanha estiveram juntos ao lado dos EUA

assumindo-o perante o mundo na mediatizada Cimeira dos Accedilores No entanto Joseacute Mariacutea

Aznar revelou que o seu protagonismo foi tatildeo longe que inclusivamente a ele pertence a ideia 56 General Loureiro dos Santos em entrevista concedida ao autor do trabalho em 8 de Abril de 2005 57 Dr Joseacute Medeiros Ferreira em entrevista concedida ao autor do trabalho em 24 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 57

do local de realizaccedilatildeo do encontro (AZNAR 2005 p266) Ainda deveremos ter em memoacuteria as

referecircncias agrave fotografia de conjunto em cujas legendas os perioacutedicos internacionais se

esqueciam de referir o nome do quarto participante

Este enquadramento revelou que a possibilidade de um maior ou menor pendor atlacircntico

poderaacute constituir um modo diferenciador da postura estrateacutegica Contudo Portugal encontra-se

empenhado no processo de construccedilatildeo da Europa sendo esse o espaccedilo geograacutefico onde se

encontra inserido Seraacute aiacute que o paiacutes deveraacute exercer preferencialmente o seu esforccedilo e atenccedilatildeo

No entanto para Portugal torna-se indispensaacutevel que o relacionamento transatlacircntico atinja a

normalidade perdida com os acontecimentos do Iraque Indispensaacutevel para a Europa porque lhe

atribui a estrutura de seguranccedila que ainda natildeo possui e para Portugal porque lhe confere uma

centralidade estrateacutegica que uma exclusiva opccedilatildeo europeia natildeo permite O ldquoequiliacutebrio euro-

atlacircnticordquo58 torna-se uma opccedilatildeo ajustada que permitiraacute acompanhar a construccedilatildeo europeia e as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas assim como contrariar o ldquodeslocamento do centro de

gravidade da poliacutetica europeia para Lesterdquo (MONGIARDIM 2004 p183)

Este eacute o momento de enfrentar a questatildeo que definiu a orientaccedilatildeo do estudo desenvolvido

Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no

actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Em face das

soluccedilotildees encontradas para as questotildees derivadas assim como todas as outras consideraccedilotildees

efectuadas ao longo do desenvolvimento do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser

inequivocamente positiva validando a hipoacutetese central colocada A afirmaccedilatildeo entatildeo proferida

revelou-se um facto relativamente ao anterior modelo de relacionamento onde se impunha uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica oposta mantendo-se como um facto no jaacute designado ldquonovo paradigma

peninsularrdquo

44 A resposta de Portugal

A pergunta para a qual nos falta obter uma resposta diz respeito agrave melhor forma de Portugal

fazer face a uma Espanha ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

Como poderaacute Portugal encontrar uma nova foacutermula diferenciadora que se enquadre nesta nova

matriz de relacionamento Estamos certos de que a resposta seraacute muito mais faacutecil de dar do que

obter a sua implementaccedilatildeo praacutetica No entanto acreditamos que o Paiacutes prosseguiraacute vencendo as

dificuldades encontrando as soluccedilotildees mais adequadas para continuar a afirmar-se na Europa e

no Mundo

58 Expressatildeo empregue pelo Doutor Carlos Gaspar em entrevista concedida em 28 de Abril de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 58

Para tal Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

nomeadamente na UE e na OTAN defendendo de forma firme e determinada o interesse

nacional Deveraacute estabelecer metas definir objectivos e as formas mais eficazes para os atingir

Ainda sobre a presenccedila nas OI Portugal teraacute que afastar as tendecircncias de sub-representatividade

relativamente agrave Espanha fazendo-se representar nos mesmos fora que o seu vizinho peninsular

ou caso contraacuterio ldquoMadrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo

esbater-se-aacuterdquo (AMADO 2005 p215)

Sendo a UE um dos elementos determinantes para a definiccedilatildeo da matriz de identidade

portuguesa e provavelmente o ponto aglutinador da maior parte do esforccedilo estrateacutegico nacional

natildeo poderemos esquecer as restantes vertentes que contribuem para a caracterizaccedilatildeo desta

mesma matriz Assim teremos que considerar a identificaccedilatildeo mariacutetima com o Oceano Atlacircntico

que encerra em si mesmo uma parte fundamental da soluccedilatildeo Permite a potenciaccedilatildeo

geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica o acesso a recursos e fontes de rendimento

e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica de forma a

obter a diversificaccedilatildeo de relacionamento

Por outro lado eacute incontornaacutevel a questatildeo da lusofonia talvez um dos aspectos mais

importantes da marca diferenciadora de Portugal Eacute necessaacuterio defendecirc-la estimulaacute-la e

expandi-la para que possa contribuir para a indispensaacutevel afirmaccedilatildeo de Portugal no contexto

internacional Neste acircmbito tambeacutem a CPLP se afigura como incontornaacutevel cabendo-lhe o

papel de principal meio de defesa de uma liacutengua e cultura comuns a cerca de 200 milhotildees de

pessoas tendo Portugal a responsabilidade de tomar a iniciativa dinamizadora e determinar a

melhor forma para explorar as suas potencialidades

No acircmbito do relacionamento bilateral com a Espanha haveraacute que reduzir ao miacutenimo os

factores que poderatildeo determinar qualquer tipo de dependecircncia procurando alternativas externas

agrave Peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica Neste contexto o porto de Sines poderaacute

desempenhar um papel determinante no que diz respeito agrave possibilidade de importaccedilatildeo de gaacutes

natural liquefeito estabelecendo-se como alternativa segura ao gasoduto euro-magrebino

Contudo deveraacute manter-se em aberto a possibilidade de recurso a outras fontes energeacuteticas

nomeadamente no campo nuclear

A internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas eacute tambeacutem uma necessidade e uma

possibilidade apenas percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios Eacute opiniatildeo generalizada

dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino

preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 59

um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute fornecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade

na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses estabelecendo-se

tambeacutem aqui a diferenciaccedilatildeo positiva de Portugal

Natildeo seraacute menos importante a questatildeo da preparaccedilatildeo das futuras geraccedilotildees de portugueses a

quem temos a responsabilidade de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para

que possam continuar Portugal O Paiacutes seraacute o que os portugueses quiserem A noacutes cabe a

responsabilidade de dar continuidade a uma gloriosa histoacuteria de mais de oito longos seacuteculos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 60

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES

ABU-TARBUSH Joseacute ndash Poliacutetica exterior espanhola Mudanccedila ou continuidade O Mundo Portuguecircs

ISSN 0874-4882 (Mar 2004) 24-27

ALMEIDA Poliacutebio F A Valente ndash Do poder do pequeno Estado enquadramento geopoliacutetico da

hierarquia das potecircncias Lisboa Instituto de Relaccedilotildees Internacionais 1990 ISBN 972-9229-13-9

ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados 1ordf ed Lisboa ldquoOrdem dos Economistas e Gabinete de Estudos e

Prospectiva Econoacutemicardquo 2001 266 p ISBN 972-8170-79-3

AMADO Luiacutes ndash Portugal e Espanha In Visotildees de Poliacutetica Externa Portuguesa Sociedade de

Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios Estrangeiros Lisboa 2005

ISBN 972-98963-4-8 p 211-215

ANTUNES Joseacute Freire ndash Os espanhoacuteis e Portugal 1ordf ed Lisboa ldquoOficina do Livrordquo 2003 733 p

ISBN 989-555-050-2

ARENAL Celestino del ndash La poliacutetica exterior del gobierno Socialista Poliacutetica Exterior ISSN 0213-6856

JuacutelioAgosto nordm 100 p 111-126

ARMESTRE Pedro ndash Um compromisso comum com a seguranccedila e defesa europeias Jornal Puacuteblico (12

Set 2005) 7

AZNAR Joseacute Maria ndash Ocho Antildeos de Gobierno una vision personal de Espantildea 3ordf ed Barcelona

ldquoEditorial Planetardquo 2004 248 p ISBN 84-08-05225-X

AZNAR Joseacute Maria ndash Retratos y Perfiles de Fraga a Bush 2ordf ed Barcelona ldquoEditorial Planetardquo

2005 400 p ISBN 84-08-05940-8

CALLE Angel Luiacutes de la ndash O processo de emancipaccedilatildeo Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) 68

CARNEIRO Roberto MATOS Antoacutenio Teodoro de [et al] ndash Memoacuteria de Portugal o mileacutenio

portuguecircs 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 2001 574 p ISBN 972-42-2594-1

CARR Raymond [et al] ndash Histoacuteria concisa de Espanha 1ordf ed Mem Martins ldquoEuropa-Ameacutericardquo 2004

304 p ISBN 972-1-05412-7

CHARLES Powell [et al] ndash Construir Europa desde Espantildea los nuevos desafios de la poliacutetica europea

[em linha] 2005 [consult Em 15 Jun 2005) Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosinforme20europapdf ISBN 169-885X

CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos [Em linha]

09Dec04 [consult em 15 Mar 2005] Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanocomdocumentos155asp

Constitucion Espantildeola [Em linha] [consult 15 de Ago 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfconstitucionpdf

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 61

CRAVINHO Joatildeo Gomes BRITO Alexandra de ndash As Relaccedilotildees Ibero-mediterracircnicas e Ibero-

Americanas Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de

Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996)p 162

CRP [Em linha] [consult em 20 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwcneptLegislacaodlfilescrp_pt2004_integralpdf

Cuadernos de estrateacutegia nordm 129 La seguridad y la defensa de la Unioacuten Europea retos y opotunidades

Instituto Espantildeol de Estuacutedio Estrateacutegicos [Em linha] [Consult 20 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwieeeesarchivossubidosdocumentacionCE-129pdf

Deacutecimoquarta Cumbre Iberoamericana San Joseacute de Costa Rica ndash Ministeacuterio de Assuntos Exteriores y de

Cooperacion Direccioacuten General de Comunicacioacuten Exterior [Em linha] [consult em 12 de Set de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwmaeesdocumento000000066714cumbreiberoamericanapdf

Directiva de Defensa Nacional 12004 [Em linha] [consult em 12 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwmdeesdescargaddn_2004pdf

Discurso de tomada de posse de Joseacute Luiacutes Zapatero [Em linha] [consult em 16 de Jun de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwla-moncloaeswebPDFDISCURSO20DE20INVESTIDURApdf

DRAIN Michel ndash Geografia da Peniacutensula Ibeacuterica 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1964 143 p

Entrevista de Miguel Horta e Costa ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

FERNANDES Antoacutenio Horta DUARTE Antoacutenio Paulo ndash Portugal e o Equiliacutebrio Peninsular

passado presente e futuro 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 1998 184 p ISBN

072-1-04409-1

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash A Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeias Almedina

Lisboa 2002

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Portugal na conferecircncia de paz Paris 1919 1ordf ed Lisboa ldquoQuetzal

Editoresrdquo 1992 115 p ISBN 972-564-140-X

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Um seacuteculo de problemas as relaccedilotildees luso-espanholas da uniatildeo ibeacuterica

agrave Comunidade Europeia 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1989 84 p ISBN 972-24-0715-5

FIEL Jorge ndash Que medo Expresso Caderno de Economia e Internacional (30 Jun 2005) 7

GASPAR Carlos ndash Estruturas alianccedilas e regimes As relaccedilotildees entre Portugal e a Espanha (1926-1974) I

Encontro Internacional Relaccedilotildees Portugal-Espanha Lisboa 165-209

GIRAtildeO Amorim ndash Geografia de Portugal 1ordf ed Porto ldquoPortucalense Editora SARLrdquo 1941 479 p

MALAMUD Carlos [et al] ndash La Poliacutetica Espantildeola Hacia Ameacuterica Latina Primar lo Bilateral para Ganar

en lo Global [em linha] 2005 [Consultado em 15 em 15 Abr 05] 2005 Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosInf_3pdf

MARTINS Christiana (2005a) ndash A carta roubada Expresso Caderno de Economia e Internacional (7

Maio 2005)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 62

MARTINS Christiana (2005b) ndash Iberdrola disponiacutevel Expresso Caderno de Economia e Internacional

(25 Jun 2005) 15

MARTINS Christiana (2005c) ndash Telefoacutenica aperta o cerco agrave PT Expresso Caderno de Economia e

Internacional (4 Jun 2005) 10

MATTOSO Joseacute [et al] ndash Histoacuteria de Portugal 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 1994 683 p

ISBN 972-42-0971-7 vol 6

MEIRELES Luiacutesa ndash Nacionalismo (s) agrave prova Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) p 64-66

MONJARDIN Maria Regina ndash O alargamento da Uniatildeo Europeia Novos vizinhos 1ordf ed Lisboa

ldquoPrefaacuteciordquo 2004 198 p ISBN 972-8816-32-4

NOGUEIRA Franco (2000a) ndash As crises e os homens 2ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000

347 p ISBN 972-26-1760-5

NOGUEIRA Franco (2000b) ndash Juiacutezo final 7ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000 217 p ISBN

972-26-1772-9

O estado das autonomias ldquoExpresso Uacutenicardquo (16 Abr 2005) p 71-73

OLIVEIRA Ceacutesar [et al] ndash Histoacuteria dos municiacutepios e do poder local dos finais da idade meacutedia agrave

Uniatildeo Europeia 1ordf ed Lisboa Circulo de Leitores 1996 591 p ISBN 972-42-1300-5

PEREIRA Helena ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar de outros negociadores Jornal

Puacuteblico (12 Jun 2005) 9

PINTO Ricardo Leite CORREIA Joseacute de Matos SEARA Fernando Reboredo ndash Ciecircncia poliacutetica e

direito constitucional teoria geral do Estado e formas de governo 3ordf ed Lisboa ldquoUniversidade

Lusiacuteada Editorardquo 2005 319 p ISBN 972-8883-22-6

Programa do XVII Governo Constitucional [Em linha] [consult 14 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwportugalgovptNRrdonlyres631A5B3F-5470-4AD7-AE0F-

D8324A3AF4010ProgramaGovernoXVIIpdf

Resoluccedilatildeo do Conselho de Ministros nordm 62003 DR I-B Seacuterie 16 (2003-01-20) 279-287

RIBEIRO Nuno ndash Contributos de Espanha para agradar a Washington Jornal Puacuteblico (11 Fev 2005) 4

SANTOS Joseacute Alberto Loureiro dos ndash Convulsotildees Ano III da Guerra ao Terrorismo Reflexotildees

Sobre Estrateacutegia IV 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 2004 308 p ISBN 972-1-

05382-1

SANTOS Nicolau ndash Indignaccedilotildees e erros agrave volta de uma OPA Expresso caderno de economia (10 Set

2005) 2

SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da aacutegua Instituto Superior de Ciecircncias de Ciecircncias

Sociais e Poliacuteticas 2002 Tese de mestrado

SEABRA Maria Joatildeo ndash Vizinhanccedila Inconstante Portugal e Espanha na Europa 1ordf ed Lisboa

Instituto de Estudos Estrateacutegicos e Internacionais 1995 42 p ISBN 972-8109-09-1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 63

SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas In Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores

Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996) 164-165

SOUSA Teresa de (2005a) ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar do poliacutetico e protagonista

Jornal Puacuteblico (12 Jun 2005) 8

SOUSA Teresa de (2005b) ndash O olhar de um historiador Jornal Puacuteblico (13 Jun 2005) 11

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A importacircncia da OTAN para Portugal In Portugal e os 50 anos da

Alianccedila Atlacircntica 1949-1999 MDN ISBN 972-95256-1-7 (1999) p 71-105

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A dualidade de um espaccedilo comum ndash In Visotildees de Poliacutetica Externa

Portuguesa Sociedade de Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios

Estrangeiros Lisboa 2005 ISBN 972-98963-4-8 p 197-208

Un Antildeo de Gobierno [Em linha] Abril de 2005 Ministerio de la Presidecircncia Secretaria de Estado de

Comunicacioacuten [consult 15 de Jun de 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfunanigobpdf

VICENTE Antoacutenio Pedro ndash Espanha e Portugal Um Olhar Sobre as Relaccedilotildees Peninsulares no Seacutec

XX 1ordf ed Lisboa ldquoTribunardquo 2003 393 p ISBN 972-8799-01-2

SITIOS DA INTERNET CONSULTADOS

httpeuropaeuintabc12lessonsindex4_pthtm

httpeuropaeuintabc12lessonsindex5_pthtm

httpwwwcplporg

httpwwwonocomptCPLPdocumentoaspdocumento=5

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AA ndash CONSUMO DE ENERGIA PRIMAacuteRIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

Carvatildeo 1600

Outras Renovaacuteveis900

Gaacutes Natural 800

Hiacutedrica 400

Petroacuteleoe Derivados

6300

Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

Petroacuteleo e Derivados5200

Hiacutedrica200

Outras Renovaacuteveis400

Gaacutes Natural 1200

Nuclear1300

Carvatildeo1700

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AB ndash CONSUMO FINAL DE ENERGIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo Final de EnergiaPortugal 2000

Derivados Petroacuteleo68

Carvatildeo2

Renovaacuteveis9

Gaacutes Natural4

Eleacutectricidade17

Consumo Final de EnergiaEspanha 2000

DerivadosPetroacuteleo

63

Carvatildeo1

Gaacutes Natural14

Renovaacuteveis4

Eleacutectricidade18

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AC ndash REDE IBEacuteRICA DE GAacuteS NATURAL

Fonte GALP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AD ndash PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fortaleza

de

Capital

Tamanho

de

Activos

Solidez

Ratio

CapitalActivos

Retorno

Sobre Activos

Ratio

CustoCreacutedito Bancos

(Milhotildees de doacutelares) () () ()

Banco Comercial

Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355

Caixa Geral de

Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569

Banco Espiacuterito

Santo 3271 54664 598 083 5061

Bano Totta e

Accedilores 1806 36403 496 11 4991

Santander Central

Hispano 21408 444012 482 117 631

Banco Bilbao

Vizcaya

Argentaria

18176 362655 501 133 5677

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AE ndash PIB PER CAacutePITA POR PARIDADE DE PODER DE COMPRA

PIB Per Caacutepita Por Paridade de Poder de Compra

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Portugal UE 15 Portugal Espanha Espanha UE 15

Fonte Eurostat citado em CHISLET William ndash Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios

incoacutemodos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AF ndash INVESTIMENTO DIRECTO BILATERAL

Milhotildees de euros

Incluem os fundos em Entidades de Tenencia de Valores Estranjeros

Fonte Direccioacuten General Espantildeola de Comercio e Inversiones citado em CHISLET William ndash

Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

Investimento Directo Bruto de Espanha em Portugal e Portugal em Espanha

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Em Portugal 462 370 1352 497 740 467 790 3454 1140 1033 1916

Em Espanha 141 83 92 164 96 228 149 1844 9169 1086 107

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AG ndash NATO COMMAND ARRANGEMENTS (NCA)

Fonte Joint Command Lisbon

NATO HQ Brussels - Belgium

Allied Command Transformation Norfolk - USA

Allied Command Operations

Mons - Belgium

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AH ndash NATO COMMAND STRUCTURE ndash ALLIED COMMAND OPERATIONS

Fonte Joint Command Lisbon

ACO Mons - Belgium

JFC North Brunssum NL

JFC South Naples IT

JC Lisbon Lisbon PO

HQ Land-North Heidelberg GE

HQ Air-North Ramstein GE

HQ Nav-North Northwood UK

HQ Air-South Izmir GE

HQ Nav-North Naples IT

(LCC-HQ) Madrid SP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo B ndash COMEacuteRCIO EXTERNO DA ESPANHA POR ZONAS GEOGRAacuteFICAS

Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados p 43

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo C ndash O ESPACcedilO ESTRATEacuteGICO DE INTERESSE NACIONAL

1 Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Permanente

A poliacutetica de defesa nacional tem como um dos objectivos a seguranccedila e defesa do territoacuterio

nacional em toda a sua extensatildeo que abrange o continente os Accedilores e a Madeira Na definiccedilatildeo

dessa poliacutetica devem inscrever-se os seguintes elementos matriciais

bull O territoacuterio ndash Define-se nas suas referecircncias cardeais entre o ponto mais a Norte no

concelho de Melgaccedilo ateacute ao ponto mais a Sul nas ilhas Selvagens e do seu ponto mais

a Oeste na ilha das Flores ateacute ao ponto mais a Leste no concelho de Miranda do

Douro

bull O espaccedilo de circulaccedilatildeo ndash Entre as parcelas do territoacuterio nacional dado o seu caraacutecter

descontiacutenuo

bull O espaccedilo aeacutereo e mariacutetimo ndash Sob responsabilidade nacional as nossas aacuteguas territoriais

os fundos marinhos contiacuteguos a zona econoacutemica exclusiva e a zona que resultar do

processo de alargamento da plataforma continental

2 O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural

Decorre da avaliaccedilatildeo da conjuntura internacional e da definiccedilatildeo da capacidade nacional tendo

em conta as prioridades da poliacutetica externa e de defesa os actores em presenccedila e as diversas

organizaccedilotildees em que nos inserimos Nesse sentido satildeo aacutereas prioritaacuterias com interesse relevante

para a definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de interesse nacional conjuntural as seguintes

bull O espaccedilo euro-atlacircntico ndash compreendendo a Europa onde nos integramos o espaccedilo

atlacircntico em geral e o relacionamento com os Estados Unidos da Ameacuterica

bull O relacionamento com os Estados limiacutetrofes

bull O Magreb ndash No quadro das relaccedilotildees bilaterais e do diaacutelogo com o Mediterracircneo

bull O Atlacircntico Sul em especial e o relacionamento com o Brasil

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull A Aacutefrica lusoacutefona e Timor-Leste

bull Os paiacuteses em que existem fortes comunidades de emigrantes portugueses

bull Os paiacuteses ou regiotildees em que Portugal tenha presenccedila histoacuterica e cultural nomeadamente

a Regiatildeo Administrativa Especial de Macau

bull Paiacuteses de origem das comunidades imigrantes em Portugal

3 Podem considerar-se aacutereas de interesse relevante para definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de

interesse nacional conjuntural para aleacutem das mencionadas quaisquer outras zonas do globo

em que em certo momento os interesses nacionais estejam em causa ou tenham lugar

acontecimentos que os possam afectar

Fonte Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo D ndash POPULACcedilAtildeO

POPULACcedilAtildeO 2001

PORTUGAL 10356117

Norte 3687293

Lisboa e Vale do Tejo 3467483

Centro 1783596

Alentejo 535753

Algarve 395218

Madeira 245011

Accedilores 241763

ESPANHA 40847371

Andaluzia 7357558

Catalunha 6343110

Madrid (Comunidade de) 5423384

Comunidade Valenciana 4162776

Galiza 2695880

Castela e Leatildeo 2456474

Paiacutes Basco 2082587

Castela-La Mancha 1760516

Canaacuterias 1694477

Aragatildeo 1204215

Muacutercia (Regiatildeo de) 1197646

Astuacuterias (Principado de) 1062998

Estremadura 1058503

Baleares (Ilhas) 841669

Navarra (Comunidade Foral de) 555829

Cantaacutebria 535131

La Rioja 276702

Ceuta 71505

Melilla 66411

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo E ndash DENSIDADE POPULACIONAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

DENSIDADE POPULACIONAL 2003

(habkm2)

UE 15 120

Alemanha 231

Franccedila 110

Reino Unido 243

Itaacutelia 190

Espanha 84

Paiacuteses Baixos 476

Greacutecia 83

Portugal 113

Beacutelgica 334

Sueacutecia 22

Aacuteustria 96

Dinamarca 125

Finlacircndia 17

Irlanda 57

Luxemburgo 149

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo F ndash DENSIDADE POPULACIONAL POR REGIOtildeES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo G ndash PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO NA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)

Cenaacuterio BaseAnos da previsatildeo 2010 2025 2040

Portugal 106 104 98

Espanha 457 501 527

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo H ndash PIRAcircMIDE ETAacuteRIA

PIRAcircMIDE ETAacuteRIA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo I ndash EVOLUCcedilAtildeO DAS TAXAS DE NATALIDADE E MORTALIDADE

Evoluccedilatildeo das Taxas de Natalidade e Mortalidade

0

2

4

6

8

10

12

14

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Portugal

Espanha

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo J ndash TAXA DE ABANDONO ESCOLAR

Taxa de Abandono Escolar ()

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Portugal Espanha

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo K ndash POPULACcedilAtildeO FEMININA QUE FREQUENTA O ENSINO SUPERIOR

POPULACcedilAtildeO FEMININA

NO

ENSINO SUPERIOR 2001

UE 15 559

Portugal 671

Finlacircndia 611

Sueacutecia 585

Itaacutelia 573

Espanha 572

Dinamarca 565

Beacutelgica 561

Irlanda 560

Reino Unido 559

Franccedila 555

Paiacuteses Baixos 547

Alemanha 516

Aacuteustria 515

Luxemburgo nd

Greacutecia nd

nd ndash Natildeo disponiacutevel

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo L ndash DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO

DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO 2001

( PIB)

UE 15 51

Dinamarca 85

Sueacutecia 73

Finlacircndia 62

Beacutelgica 61

Portugal 59

Aacuteustria 58

Franccedila 57

Itaacutelia 50

Paiacuteses Baixos 50

Reino Unido 47

Alemanha 46

Espanha 44

Irlanda 44

Greacutecia 39

Luxemburgo 39

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo M ndash ALOJAMENTOS COM COMPUTADOR

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo N ndash POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACIVIDADE

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE

2003 Total (1000) Agricultura Induacutestria Serviccedilos

UE 15 163758 38 265 645

Aacuteustria 3693 55 287 657

Beacutelgica 4055 17 249 733

Alemanha 35927 24 314 662

Dinamarca 2704 33 231 734

Espanha 16666 56 308 636

Finlacircndia 2401 52 266 677

Franccedila 24041 43 245 706

Greacutecia 4015 163 220 617

Irlanda 1778 64 277 656

Itaacutelia 22057 47 318 635

Luxemburgo 188 27 191 782

Paiacuteses Baixos 8176 29 210 761

Portugal 5118 128 328 544

Sueacutecia 4352 26 226 748

Reino Unido 28637 12 235 751

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo O ndash VALOR DO VAB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - PORTUGAL

Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade 2001

AgriculturaSilvicultura

Pescas400

Serviccedilos6700

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2900

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo P ndash VALOR DO PIB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - ESPANHA

Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

Serviccedilos6030

AgriculturaPescas299

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2663

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Q ndash TAXA DE ACTIVIDADE FEMININA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo R ndash TAXA DE DESEMPREGO POR REGIOtildeES 2003 ()

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo S ndash DIAS NAtildeO TRABALHADOS DEVIDO A GREVES

Dias natildeo Trabalhados Devido a Greves (p1000 empregados)

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8

Espanha Portugal

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1995 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo T ndash TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB A PRECcedilOS CONSTANTES

Taxa de Crescimento Anual do PIB a Preccedilos Constantes ()

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo U ndash EVOLUCcedilAtildeO DO PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Milhares de euros 1998 2000 2002

UE 15 203 227 241

Luxemburgo 396 485 502

Dinamarca 291 321 341

Irlanda 209 271 331

Sueacutecia 250 293 287

Reino Unido 218 266 280

Paiacuteses Baixos 224 253 275

Aacuteustria 237 258 271

Finlacircndia 224 251 269

Alemanha 234 247 256

Beacutelgica 219 242 252

Franccedila 216 234 248

Itaacutelia 186 202 217

Espanha 133 153 172

Greacutecia 101 113 129

Portugal 99 113 125

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo V ndash PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES 2002

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo W ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DE PORTUGAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Portugal

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291

2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147

3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99

4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64

5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49

6ordm Itaacutelia 48 6ordm Paiacuteses Baixos 46

7ordm Beacutelgica 46 7ordm Beacutelgica 29

8ordm Paiacuteses Baixos 39 8ordm EUA 19

9ordm Angola 23 9ordm Japatildeo 17

10ordm Sueacutecia 13 10ordm Nigeacuteria 17

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo X ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DA ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Espanha

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Franccedila 191 1ordm Franccedila 168

2ordm Alemanha 119 2ordm Alemanha 166

3ordm Itaacutelia 96 3ordm Itaacutelia 88

4ordm Reino Unido 93 4ordm Reino Unido 65

5ordm Portugal 93 5ordm Paiacuteses Baixos 48

6ordm EUA 42 6ordm Beacutelgica 35

7ordm Paiacuteses Baixos 34 7ordm Portugal 32

8ordm Beacutelgica 30 8ordm China 32

9ordm Meacutexico 16 9ordm EUA 31

10ordm Marrocos 13 10ordm Japatildeo 21

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Y ndash TROCAS COMERCIAIS COM A UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Exportaccedilotildees para a UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

Importaccedilotildees da UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Z ndash PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL A ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA 2003

Portugal exporta para Espanha Espanha exporta para Portugal

1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 134 1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 119

2ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 112 2ordm Artigos manufacturados diversos 50

3ordm Equipamento eleacutectrico 56 3ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 49

4ordm Ferro e accedilo 46 4ordm Equipamento eleacutectrico 45

5ordm Produtos metaacutelicos fabricados 40 5ordm Papel e cartatildeo 39

6ordm Manufacturas de minerais natildeo metaacutelicos 38 6ordm Maacutequinas de escritoacuterio e de

processamento de dados 37

7ordm Fibras tecidos e produtos tecircxteis 36 7ordm Maacutequinas e equipamento industrial 36

8ordm Mobiliaacuterio e componentes 36 8ordm Peixe crustaacuteceos e moluscos 35

9ordm Madeira e produtos de madeira 33 9ordm Ferro e accedilo 33

10ordm Papel e cartatildeo 32 10ordm Produtos metaacutelicos fabricados 33

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

APEcircNDICES

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice A ndash SINTESE HISTOacuteRICA DA ESPANHA

No iniacutecio do seacuteculo XX saboreava ainda a Espanha a receacutem instaurada monarquia e a

implementaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1876 quando sofreu o dissabor que a histoacuteria designou

simplesmente como ldquoo desastrerdquo A expressatildeo pretendeu caracterizar a crise vivida no final do

seacuteculo XIX em 1898 que teve como consequecircncia a perda das coloacutenias de Porto Rico Cuba e

Filipinas Apesar do regime ter resistido a tais acontecimentos sobressaiam as vozes criticas os

movimentos de protesto e os incitamentos agrave implementaccedilatildeo de reformas inicialmente por acccedilatildeo

do movimento regeneracionista liderado por Joaquim Costa Embora natildeo tenha conseguido as

esperadas adesotildees pretendia mobilizar a classe poliacutetica para que fossem encetadas as desejadas

reformas social econoacutemica e educacional

O ressurgimento do movimento republicano era tambeacutem uma consequecircncia inevitaacutevel que a

partir de 1900 tomava duas direcccedilotildees distintas De um lado surgia Alejandro Lerroux ldquoherdeiro

da velha tradiccedilatildeo revolucionaacuteria urbanardquo (CARR et al 2004 p204) explorando o

descontentamento dos trabalhadores marginalizados que viviam nos bairros de lata das grandes

cidades As suas acccedilotildees visavam atingir os ideais da burguesia atraveacutes do renascimento do

anticlericalismo violento da deacutecada de 1830 Do outro situava-se a ala burguesa representada

pelo Partido Republicano Reformista caracterizado pela qualidade intelectual dos seus

dirigentes onde despontavam jovens como Manuel Azantildea que viria a desempenhar um papel

relevante no periacuteodo da Segunda Repuacuteblica

Esta ala reformista pretendia modernizar o paiacutes democratizar e actualizar a legislaccedilatildeo social e

educacional assim como afirmava ser possiacutevel a convivecircncia com o regime monaacuterquico desde

que este pudesse assegurar os valores e os princiacutepios reformistas pretendidos O movimento teve

uma larga implantaccedilatildeo nas grandes cidades onde nas eleiccedilotildees regionais obteve resultados

superiores aos da monarquia contudo no interior rural as votaccedilotildees natildeo foram nada positivas

Neste contexto alguns movimentos nacionalistas atingiam dimensotildees de relevo O

catalanismo iniciado na deacutecada de 1830 como um movimento de renascimento literaacuterio da

liacutengua e cultura catalatilde assumia em 1890 uma dimensatildeo poliacutetica que reivindicava a

possibilidade de constituir um governo autoacutectone A direcccedilatildeo estava a cargo de Prat de la Riba

que apesar das suas reivindicaccedilotildees de acircmbito nacionalista recusavam os movimentos de caris

radical Em 1906 tendo em vista as eleiccedilotildees do ano seguinte surge o ldquoSolidaritat Catalanrdquo que

resultou da uniatildeo de todos os movimentos com excepccedilatildeo do liderado por Lerroux Apesar das

exigecircncias de criaccedilatildeo de um governo catalatildeo permanecerem por satisfazer Prat de la Riba

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

promovia a liacutengua e cultura catalatilde Em 1922 o catalanismo poliacutetico dava origem agrave Acccedilatildeo Catalatilde

que assumia os princiacutepios da esquerda republicana que sob a lideranccedila do Coronel Francesc

Maciaacute se tornava num movimento separatista lutando pela Catalunha como uma repuacuteblica livre

num Estado federal

Os Bascos que ainda sofriam as consequecircncias das rebeliotildees carlistas do periacuteodo de 1833-39

desenvolviam um tipo de nacionalismo que por natildeo possuiacuterem a unidade poliacutetica do movimento

catalatildeo natildeo representava qualquer ameaccedila ao regime Foi Sabino de Arana que desenvolveu o

sentido de uniatildeo entre os bascos designando a uniatildeo nacional por Euzkadi e assumindo o

desiacutegnio de separaccedilatildeo do Estado espanhol A par da liacutengua basca fundou o Partido Nacionalista

Basco que desenvolvia um nacionalismo essencialmente racista mas ao contraacuterio do movimento

nacionalista catalatildeo natildeo se colocou na ala esquerda do sector poliacutetico A partir da deacutecada de

1960 os nacionalistas radicais adoptaram a acccedilatildeo terrorista como meacutetodo para atingirem os fins

propostos

Outra das forccedilas poliacuteticas que despontava era o Partido Socialista Obrero Espantildeol (PSOE)

fundado em 1879 por Pablo Igleacutesias Encontrava-se significativamente implantado nos distritos

das minas de carvatildeo das Astuacuterias e das minas de ferro e da induacutestria metaluacutergica de Bilbau No

entanto a sua implantaccedilatildeo natildeo chegava ao interior rural onde se sobrepunham os sindicatos

catoacutelicos em Navarra e Castela e os movimentos anarquistas na Andaluzia e Levante

A igreja opunha-se agraves tendecircncias reformistas e de modernizaccedilatildeo entatildeo proclamadas Para

combater estes movimentos que encarava como ameaccedila alargava a actividade missionaacuteria e

empenhava a Acccedilatildeo Catoacutelica na mobilizaccedilatildeo dos leigos Entretanto as ordens religiosas

ldquoapoderavam-se das funccedilotildees de bem-estar e educacionais que o governo natildeo conseguia

financiarrdquo (CARR et al 2004 p210)

Com a restauraccedilatildeo monaacuterquica em 1876 os governos desenvolviam a sua acccedilatildeo em regime de

alternacircncia partidaacuteria entre liberais e conservadores Contudo as querelas partidaacuterias e a

corrupccedilatildeo poliacutetica natildeo permitiam aos partidos estabelecerem governos estaacuteveis Esta

instabilidade originou entre 1902 e 1923 a tomada de posse de 34 governos nuacutemeros que

reflectem a precariedade do sistema poliacutetico a que o rei Afonso XIII deveria fazer face

Em 1923 atraveacutes de um pronunciamiento1 o General Primo de Rivera tomou o poder e foi

reconhecido pelo rei como ditador militar Era sua intenccedilatildeo conseguir o afastamento dos

poliacuteticos corruptos e ineficazes de forma a entregar o Paiacutes aos verdadeiros patriotas O seu

programa de governo assentava na realizaccedilatildeo de inuacutemeros projectos de obras puacuteblicas e na

1 Revolta militar com o objectivo da tomada do poder

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

protecccedilatildeo da economia tornando-a fechada e auto-suficiente O seu programa falha por

dificuldades orccedilamentais falhando tambeacutem o projecto poliacutetico de criaccedilatildeo de um vasto

movimento patrioacutetico que deveria dar origem agrave Uniatildeo Poliacutetica Nacional Primo de Rivera eacute

afastado pelo rei em 1930 apoacutes a tentativa de encetar uma reforma no Exeacutercito No entanto os

custos satildeo vastos caindo tambeacutem o regime monaacuterquico

A 2ordf Repuacuteblica proclamada a 14 de Abril de 1931 transmitia a esperanccedila proacutepria de um

regime democraacutetico O novo sistema poliacutetico pretendia levar a cabo reformas radicais de acircmbito

social e cultural que de uma forma geral se resumiam ao alargamento dos direitos agraves minorias

ao reconhecimento das reivindicaccedilotildees autonoacutemicas das regiotildees histoacutericas na atribuiccedilatildeo de

melhores salaacuterios e mais direitos sindicais Para os sectores mais tradicionais da sociedade

espanhola as transformaccedilotildees e as reformas eram vistas como uma ameaccedila aos seus interesses

bem como agrave identidade da proacutepria Espanha Assim a igreja temia a progressiva laicizaccedilatildeo da

sociedade os latifundiaacuterios e os industriais receavam os anuacutencios de subida de salaacuterios e o

aumento dos direitos sindicais e a ala conservadora do Exeacutercito encarava o reconhecimento das

autonomias regionais como uma ameaccedila agrave integridade territorial do paiacutes

O governo formado por republicanos e socialistas dirigido inicialmente por Alcalaacute Zamora e

posteriormente por Manuel Azantildea demonstrava os primeiros sinais do desgaste provocado pelas

elevadas expectativas criadas bem como pelas poleacutemicas reformas pretendidas Em 1933 surgia

a oposiccedilatildeo da Confederaccedilatildeo dos Grupos Autoacutenomos de Direita (CEDA) dirigida por Joseacute Maria

Gil Robles que se assumia como o principal partido do parlamento a partir das eleiccedilotildees

realizadas no final do ano Este facto permitia-lhe apoiar um governo minoritaacuterio da ala direita

dos republicanos radicais

Em 1935 os escacircndalos de corrupccedilatildeo ocorridos no seio da coligaccedilatildeo de direita levaram agrave

convocaccedilatildeo de eleiccedilotildees que recolocaram no governo a Frente Popular antiga alianccedila eleitoral

entre socialistas e republicanos de Manuel Azantildea e Idaleacutecio Prieto Contudo a instabilidade

social e o fraccionamento poliacutetico da Espanha que opunha de um lado os republicanos apoiados

pela esquerda e do outro a direita que ldquopretendia desestabilizar a repuacuteblica atraveacutes da desordem

civilrdquo (CARR et al 2004 p230) faziam prever a realizaccedilatildeo de um golpe militar com o objectivo

de instaurar um regime autoritaacuterio e implicitamente derrubar o regime O assassiacutenio de Joseacute

Calvo Sotelo um monaacuterquico autoritaacuterio de direita e liacuteder do Bloco Nacional foi o catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe que se iniciou a 17 de Julho com a sublevaccedilatildeo do Exeacutercito

em Marrocos Ao falhar este golpe mergulhou a Espanha num prolongado e sangrento conflito

interno

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

A guerra civil opocircs os partidaacuterios do regime aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo

Francisco Franco tambeacutem conhecido pela designaccedilatildeo de ldquocaudilhordquo Os revoltosos pretendiam

a derrota da democracia e o consequente restabelecimento de um regime autoritaacuterio assim como

a restauraccedilatildeo do papel da igreja catoacutelica e a salvaguarda da integridade territorial das ambiccedilotildees

separatistas de bascos e catalatildees A intensidade dos combates e os provaacuteveis riscos de uma

vitoacuteria republicana para a estabilidade da Europa em especial para Portugal levaram a que o

apoio externo fosse considerado um factor determinante para o sucesso Assim enquanto os

nacionalistas cativaram a simpatia da Alemanha Itaacutelia e de Portugal os republicanos

asseguravam o suporte sovieacutetico

A Franccedila e a Gratilde-Bretanha receando o contaacutegio do conflito agrave Europa propuseram a assinatura

de um acordo de natildeo-intervenccedilatildeo assim como a criaccedilatildeo de uma comissatildeo que acompanhasse a

sua implementaccedilatildeo Apesar de assinado pelas potecircncias europeias jaacute referidas de nada valeu

verificando-se violaccedilotildees por parte da Alemanha e da Itaacutelia que contribuiacuteram com aviotildees para o

transporte de tropas nomeadamente das forccedilas revoltosas sedeadas em Marrocos armas e

homens Tambeacutem o Governo de Portugal natildeo deixaria de prestar o seu contributo para o ecircxito

nacionalista desempenhando um papel fundamental no apoio logiacutestico agraves suas forccedilas Mais

tarde a Ruacutessia efectivava o apoio ao regime cedendo material de guerra A 27 de Marccedilo de 1939

os nacionalistas tomavam Madrid e trecircs dias depois a guerra era dada por terminada

Seguiu-se um periacuteodo de regime conservador e autoritaacuterio liderado por Francisco Franco

cujo poder assentava na igreja no Exeacutercito e na receacutem criada Falange O regime suportou o

periacuteodo de guerra generalizada que se seguiu na Europa na qual apesar da sua alegada

neutralidade deixou claro o alinhamento com as naccedilotildees do eixo A entrada na guerra chegou a

ser negociada facto que poderia arrastar a Peniacutensula para o conflito

O alinhamento espanhol e a manutenccedilatildeo de um regime autoritaacuterio estiveram na base de um

periacuteodo de isolamento imposto pela comunidade internacional As consequecircncias de maior

visibilidade foram o afastamento do Plano Marshal a natildeo entrada na OTAN na ONU e na CEE

Este periacuteodo foi mantido ateacute 1953 ano em que foram assinados os acordos de cooperaccedilatildeo com

os EUA que permitiram o estacionamento de bases militares no territoacuterio em troca de ajuda

financeira

Economicamente a Espanha encontrava-se numa situaccedilatildeo catastroacutefica motivada pela

prolongada guerra civil pela guerra mundial pelo auto-isolamento econoacutemico patrocinado pelo

regime e pelo isolamento externo imposto pela comunidade internacional A partir de 1959

Franco aceitava alterar a poliacutetica econoacutemica pondo em praacutetica um plano de estabilidade que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

originou importantes resultados Contudo a agitaccedilatildeo social crescia fruto da incompatibilidade

entre reformas e modernizaccedilatildeo e a existecircncia de um regime autoritaacuterio

Ressurgem tambeacutem os movimentos nacionalistas regionais que provocam um rude golpe

quando em 1973 a ETA assassina Carrero Blanco Primeiro-Ministro de Franco Com a morte

do Chefe de Estado em 1975 eacute coroado rei Juan Carlos I entretanto regressado de Portugal O

regime de Francisco Franco eacute desmantelado e eacute instaurada a democracia que tem vindo a

proporcionar uma alternacircncia de governos entre o PSOE e o PP dos quais Felipe Gonzaacutelez Joseacute

Maria Aznar e Joseacute Luiacutes Zapatero satildeo os mais recentes interpretes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice B ndash SINTESE HISTOacuteRICA DE PORTUGAL

Ao virar do seacuteculo Portugal encontrava-se numa difiacutecil situaccedilatildeo financeira agravada pela

diminuiccedilatildeo das receitas externas provenientes das exportaccedilotildees agriacutecolas e das receitas

monetaacuterias dos emigrantes Em 1892 os ldquocredores suspenderam os empreacutestimos agrave coroa

portuguesardquo (CARNEIRO et al 2001 p488) provocando mesmo a entrada do Estado na

situaccedilatildeo de bancarrota A agitaccedilatildeo social fazia sentir-se com intensidade a par de numerosas

manifestaccedilotildees em favor da Repuacuteblica Na eacutepoca estava ainda muito presente a constrangedora

questatildeo do ultimato inglecircs que em resposta agraves aspiraccedilotildees nacionais do Mapa Cor-de-rosa1 que

colidiam com as pretensotildees coloniais britacircnicas2 pressionaram Portugal a abandonar o projecto

pondo a nu a influecircncia inglesa nos desiacutegnios nacionais

O regime monaacuterquico encontrava-se em crise assim como o proacuteprio sistema liberal

constitucional Os primeiros anos do novo seacuteculo foram caracterizados por uma vincada

instabilidade governativa Os escacircndalos poliacuteticos avolumavam-se retirando credibilidade agrave

classe poliacutetica e agrave autoridade do proacuteprio Estado Tambeacutem os partidos poliacuteticos natildeo eram alheios

agrave turbulecircncia entatildeo instalada sucedendo-se as cisotildees novos partidos nasciam representando

outras facccedilotildees Os governos sucediam-se ateacute que a instabilidade faz desencadear em 28 de

Janeiro de 1908 uma intentona republicana para derrubar o regime O clima de agitaccedilatildeo social e

de confrontaccedilatildeo poliacutetica culminou em 1 de Fevereiro com o assassiacutenio do rei D Carlos e do

priacutencipe herdeiro D Luiacutes Filipe

A tentativa de D Manuel II para manter o regime monaacuterquico natildeo surtiu efeito e num

movimento liderado pelo Almirante Cacircndido dos Reis e por D Miguel Bombarda eacute implantada

a Repuacuteblica a 5 de Outubro de 1910 Nos primeiros anos entre 1911 e 1917 mantinha-se um

ambiente de forte instabilidade podendo identificar-se quatro (CARNEIRO et al 2001 p494)

periacuteodos poliacuteticos distintos o primeiro compreendido entre 1911 e 1913 foi caracterizado pela

formaccedilatildeo de governos de coligaccedilatildeo o segundo entre 1913 e 1915 no qual acccedilatildeo governativa foi

exercida pelo Partido Democraacutetico liderado por Afonso Costa no terceiro confinado ao ano de

1915 surgia o periacuteodo de ditadura do General Pimenta de Castro por uacuteltimo o periacuteodo

compreendido entre os anos de 1916 e 1917 no qual governaram os executivos que decidiram a

posiccedilatildeo beligerante de Portugal na I Guerra Mundial

1 O Mapa Cor-de-rosa representava o projecto portuguecircs de unir os territoacuterios de Angola e Moccedilambique 2 Os ingleses pretendiam criar um corredor contiacutenuo do Cairo ateacute agrave cidade do Cabo na Aacutefrica do Sul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Na fase que se seguiu agrave implantaccedilatildeo da repuacuteblica foi considerada de grande premecircncia a

necessidade de proceder agrave consolidaccedilatildeo do regime e agrave criaccedilatildeo de um clima de pacificaccedilatildeo

nacional e de ordem puacuteblica pelo que deveria dar-se inicio agrave implementaccedilatildeo das promessas

efectuadas pelo Partido Republicano A constituiccedilatildeo surgiu em 1911 e com ela apareceram

reformas de vulto para a eacutepoca tais como a laicizaccedilatildeo do Estado a expulsatildeo das ordens

religiosas a proibiccedilatildeo do ensino religioso nas escolas puacuteblicas e a regulamentaccedilatildeo da greve

Contudo as medidas reformistas desencadearam desentendimentos e um grande

descontentamento nalguns sectores da sociedade portuguesa Por um lado eram lesados

interesses haacute muito instalados considerando as medidas muito excessivas por outro

consideravam-nas insuficientes

A participaccedilatildeo das Tropas portuguesas na I Guerra Mundial teve em Afonso Costa e

Bernardino Machado os seus maiores entusiastas Para tal foram apresentadas trecircs razotildees

distintas a primeira a ldquotese colonialrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) defendia que seria a

uacutenica forma de Portugal manter a soberania sobre as coloacutenias contrariando as pretensotildees alematildes

e mantendo-se ao lado dos aliados para assim ter assento no concerto das naccedilotildees apoacutes o final da

guerra A segunda a ldquotese europeia peninsularrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) que deixava

expliacutecito a necessidade de um Portugal beligerante em face da neutralidade espanhola seria a

forma de fortalecer a posiccedilatildeo do Paiacutes junto da Gratilde-Bretanha e conferir importacircncia estrateacutegica

ao territoacuterio diferenciando-o no quadro peninsular Por uacuteltimo a tese que afirmava que a

participaccedilatildeo num conflito mundial ao lado das grandes potecircncias europeias deveria atribuir

legitimidade ao regime permitindo a sua consolidaccedilatildeo poliacutetica

A permanente instabilidade poliacutetica e as fortes contestaccedilotildees sociais levaram agrave revoluccedilatildeo de 5

de Dezembro de 1917 na qual Sidoacutenio Pais assumiu o poder transformando o regime

parlamentar num regime presidencialista autoritaacuterio e corporativo Sidoacutenio Pais era assassinado

em 14 de Dezembro de 1918 facto que motivou o regresso do anterior sistema multipartidaacuterio

ou de partido dominante Apesar da mudanccedila mantinha-se o quadro de situaccedilatildeo anteriormente

descrito que tendo como aliado a precaacuteria situaccedilatildeo econoacutemica representava o factor catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe militar de 28 de Maio de 1926 que mergulhou o Paiacutes num

periacuteodo de ditadura militar Sucediam-se as situaccedilotildees de conspiraccedilatildeo e tentativas revolucionaacuterias

contra a ditadura que ficaram conhecidas pelo ldquoreviralhismordquo

Jaacute com Antoacutenio de Oliveira Salazar na pasta das financcedilas desde Abril de 1928 eclodia o

Estado Novo que o levaria agrave Presidecircncia do Conselho de Ministros em 1932 Criada a Uniatildeo

Nacional que congregava as forccedilas poliacuteticas apoiantes do regime iniciava-se um periacuteodo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

regime autoritaacuterio que governaria Portugal cerca de quarenta anos Da eacutepoca citada destacam-se

acontecimentos importantes a que o Paiacutes teve que dar resposta designadamente a guerra civil de

Espanha na qual apesar do pacto de natildeo-intervenccedilatildeo Portugal tomou uma posiccedilatildeo de apoio aos

nacionalistas liderados pelo General Francisco Franco a II Guerra Mundial sobre a qual pocircde

manter um estatuto de neutralidade embora colaborando com as forccedilas aliadas e finalmente o

novo enquadramento geoestrateacutegico decorrente dos acontecimentos que precederam o conflito e

que culminaram na aproximaccedilatildeo aos EUA e no convite para em 1949 integrar a OTAN

O autoritarismo do regime e a sua poliacutetica colonial determinaram ao Paiacutes um momento de

isolamento internacional motivo pelo qual Portugal viria a sofrer forte pressatildeo externa Goa

Damatildeo e Dio satildeo ocupadas pelas forccedilas indianas e ao mesmo tempo eclodiam movimentos

autonomistas nos restantes territoacuterios A guerra teve iniacutecio em Angola e rapidamente se

propagou agraves restantes coloacutenias prolongando-se ateacute 1974 ano em que um golpe de Estado potildee

fim ao regime e agrave guerra colonial Seguiu-se um processo revolucionaacuterio que terminou em 25 de

Novembro de 1975 ldquoabrindo-se caminho agrave instauraccedilatildeo de uma democracia parlamentarrdquo

(CARNEIRO et al 2001 p496)

Seguiu-se um periacuteodo de transiccedilatildeo caracterizado por grande instabilidade governativa

Apenas a partir das eleiccedilotildees antecipadas de 1987 foi possiacutevel constituir governos de maioria

absoluta que permitiram a estabilidade poliacutetica necessaacuteria agrave implementaccedilatildeo de reformas

estruturais indispensaacuteveis a um processo de evoluccedilatildeo consolidada A transiccedilatildeo para um regime

democraacutetico foi determinante para que fosse concluiacutedo o processo de adesatildeo agrave CEE tratado

assinado em 1985 juntamente com a Espanha no Mosteiro dos Jeroacutenimos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

Apecircndice C ndash CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES

1939 - Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo e Protocolo Adicional que previa a consulta

muacutetua entre os dois estados relativamente a acontecimentos que pudessem por em

causa a seguranccedila e independecircncia dos dois paiacuteses

1940 - Acordo tripartido entre Portugal a Espanha e o Reino Unido que permitia ao

vizinho peninsular importar produtos das coloacutenias portuguesas com base numa

linha de creacutedito concedida pelo Reino Unido Este Acordo visava garantir o

fornecimento de produtos essenciais agrave Espanha de modo a suprir as carecircncias

originadas pela guerra civil de 1936-39 e evitar a participaccedilatildeo espanhola na II

Guerra Mundial

194143 - Assinatura de novos Acordos comerciais entre Portugal e Espanha com o mesmo

objectivo do anterior

1945 A partir deste ano realizaram-se reuniotildees anuais da Comissatildeo Mista Luso-

espanhola de acompanhamento dos acordos comerciais e de pagamentos assinados

anteriormente

1946 - A ONU decreta o boicote agrave Espanha

1948 - Pacto Peninsular ndash Prorrogaccedilatildeo do Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo por mais

dez anos

- Portugal eacute membro fundador da OCDE

- Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os EUA que permitiu a utilizaccedilatildeo da Base

Militar nos Accedilores

1949 - Portugal eacute membro fundador da OTAN

- Recusada a adesatildeo espanhola facto que motivou o arrefecimento temporaacuterio das

relaccedilotildees entre os dois paiacuteses A Espanha considerava que a adesatildeo de Portugal agrave

OTAN contrariava o Tratado de Amizade assinado entre ambos

- Inicia-se um processo de cooperaccedilatildeo militar entre os dois paiacuteses que englobava a

realizaccedilatildeo de manobras conjuntas para a defesa dos Pirineacuteus em caso de tentativa

de invasatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica

- Assinatura do Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e

Espanha que veio substituir os Acordos Comerciais assinados anteriormente

- Assinatura de acordos para a concessatildeo de creacutedito entre a Espanha e os EUA

marcando o iniacutecio do fim do isolamento internacional da Espanha

Eliminado ltspgt

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Eliminado A

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado agrave Espanha

Eliminado

Eliminado deste paiacutes

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado Portugal eacute membro fundador da OCDE Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os

Eliminado

Eliminado de 3para

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1951 - Portugal renova o acordo de defesa com os EUA que seria novamente prorrogado

em 1957

1953 - A Espanha assina com os EUA os Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

sobre Ajuda Econoacutemica Estes permitem a utilizaccedilatildeo do territoacuterio espanhol para

fins de defesa e prolongam a ajuda econoacutemica iniciada em 1949 que vai permitir

a reconstruccedilatildeo e o relanccedilamento econoacutemico do paiacutes

1955 - Portugal e Espanha aderem agrave ONU pondo fim em definitivo ao isolamento

internacional do nosso vizinho peninsular

1956 - A Espanha concede a independecircncia a Marrocos dando corpo a uma poliacutetica

africana oposta agrave portuguesa

1958 - A Espanha adere agrave OCDE Banco Mundial e ao FMI dando iniacutecio ao processo de

abertura internacional da sua economia

1959 - Portugal no mesmo ano em que adere ao FMI e ao Banco Mundial eacute um dos

membros fundadores da EFTA tomando uma opccedilatildeo de internacionalizaccedilatildeo e de

abertura da sua economia que se enquadrava na tradicional alianccedila Luso-britacircnica

que serve de base agrave manutenccedilatildeo da sua poliacutetica colonial

- A Espanha inicia a internacionalizaccedilatildeo da sua economia atraveacutes do alargamento do

nuacutemero dos seus parceiros comerciais a vaacuterias regiotildees do mundo

1960 - Assinatura de um novo acordo comercial ibeacuterico que incidia essencialmente sobre

as pautas aduaneiras em vigor entre os dois paiacuteses Este acordo natildeo representou

nenhuma alteraccedilatildeo relativamente agrave poliacutetica portuguesa de limitar as relaccedilotildees

econoacutemicas com a Espanha de modo a proteger as coloacutenias dos investidores e das

empresas deste paiacutes

1962 - A Espanha realiza contactos informais com vista agrave adesatildeo agrave CEE Dada a incerteza

da entrada os responsaacuteveis espanhoacuteis preferiram concentrar-se na assinatura de

um acordo comercial preferencial com a CEE

1963 - Data de realizaccedilatildeo do uacuteltimo encontro entre Oliveira Salazar e Francisco Franco

Apoacutes 1963 e ateacute ao final da deacutecada natildeo houve encontros entre altos responsaacuteveis

de Portugal e da Espanha mostrando bem a menor importacircncia dada por ambos agraves

relaccedilotildees ibeacutericas

- A Espanha concede autonomia agrave Guineacute espanhola

1968 - Independecircncia da Guineacute espanhola

1970 - Assinatura e entrada em vigor do acordo comercial da Espanha com a CEE

Eliminado ltspgt

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Tabela formatada

Eliminado

Eliminado de 3para

[1]

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1972 - Portugal assina acordos comerciais preferenciais com a CEE e com a CECA que

entram em vigor em 1973

1974 - Em Portugal com o golpe militar realizado em 25 de Abril de 1974 inicia-se o

processo de transiccedilatildeo para a instauraccedilatildeo de um sistema poliacutetico democraacutetico

1975 - A Espanha daacute iniacutecio ao seu processo de transiccedilatildeo para a democracia Morre

Francisco Franco e eacute coroado o rei D Juan Carlos I

1977 - Portugal e Espanha efectuam em simultacircneo o pedido de adesatildeo agrave CEE

1978 - Iniacutecio das negociaccedilotildees de Portugal para a adesatildeo agrave CEE

1979 - Iniacutecio das negociaccedilotildees da Espanha para a adesatildeo agraves Comunidades Europeias As

negociaccedilotildees definem a estrateacutegia de ambos os paiacuteses de integraccedilatildeo na Europa

Ocidental iniciando-se o processo de abertura do espaccedilo econoacutemico ibeacuterico

1980 - A Espanha assina um acordo com a EFTA no acircmbito do qual se estabelece o

Acordo de Comeacutercio Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

1982 - A Espanha apresenta o pedido de adesatildeo agrave OTAN

1983 - Realizaccedilatildeo da I Cimeira Luso-espanhola com a presenccedila dos Chefes de Governo

dos dois paiacuteses dando iniacutecio a um processo regular de consulta entre ambos para

discussatildeo dos assuntos de interesse comum especialmente os de iacutendole bilateral

1986 - Adesatildeo de Portugal e da Espanha agrave CEE

- Realizaccedilatildeo do referendo que confirma a entrada da Espanha na OTAN

1990 - Portugal e Espanha aderem agrave Uniatildeo Europeia Ocidental

1992 - Portugal e Espanha assinam o tratado de Maastricht onde se encontra previsto a

criaccedilatildeo de uma UEM

- Entrada do escudo e da peseta no Sistema Monetaacuterio Europeu

1993 - Entra em vigor o Mercado Uacutenico Europeu

1996 - Os dois paiacuteses assinam o Tratado de Amesterdatildeo

1999 - Entrada em vigor do Euro ndash Moeda Uacutenica Europeia

- Iniacutecio da terceira e uacuteltima fase da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

Eliminado ltspgt

Eliminado

Eliminado de 3para

Tabela formatada

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Paacutegina 2 [1] Eliminado Rui Pedro M Gago 09102005 234500

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice D ndash A GEOGRAFIA E A GEOETNOGRAFIA DA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Para efectuar uma caracterizaccedilatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica atendendo ao acircmbito do trabalho e por

muito superficial que esta deva ser parece-nos loacutegico iniciaacute-la efectuando um enquadramento

geograacutefico da aacuterea em estudo Assim se incidirmos o olhar sobre o globo terrestre e procurarmos

o bloco geograacutefico que constitui a Peniacutensula Ibeacuterica ao colocaacute-la no centro do olhar verificamos

que se insere no extremo Sudoeste da placa continental europeia Deste conjunto europeu

destaca-se a ldquobem pronunciada posiccedilatildeo geograacutefica centralrdquo (GIRAtildeO 1941 p10) caracteriacutestica

que lhe atribui a designaccedilatildeo de ldquoponto de concentraccedilatildeo dos continentesrdquo1

A Peniacutensula Ibeacuterica apresenta-se numa ldquoposiccedilatildeo geograficamente excecircntricardquo (DRAIN 1964

p11) relativamente agrave plataforma continental europeia da qual se encontra separada pelos

Pirineacuteus A mesma projecta-se no Oceano Atlacircntico tornando-se ldquona mais ocidental e

meridional peniacutensulardquo (GIRAtildeO 1941 p9) da Europa Encontra-se enquadrada pelo Oceano

Atlacircntico que banha as suas vertentes costeiras Norte Oeste e Sul e pelo Mar Mediterracircneo que

complementa a delimitaccedilatildeo oceacircnica na faixa costeira Sul banhando tambeacutem a faixa Sudeste

que se prolonga ateacute agrave cadeia montanhosa dos Pirineacuteus

Sendo o Atlacircntico Norte e o Mediterracircneo o seu espaccedilo de inserccedilatildeo mariacutetima a Peniacutensula

Ibeacuterica enquadra-se nas cercanias de duas grandes massas continentais A jaacute referida Europa e a

Sul o continente Africano com o qual o Estreito de Gibraltar representa a mais curta distacircncia

de transposiccedilatildeo e ainda a porta entre os mares acima designados Esta posiccedilatildeo geograacutefica

permitiu por um lado projectar a Europa no mundo em direcccedilatildeo agraves Ameacutericas e Aacutesia

empregando o caminho mariacutetimo e por outro constituir-se numa espeacutecie de ponte para o

continente Africano

Em termos geomorfoloacutegicos a peniacutensula assemelha-se a ldquoum quadrilaacuteterordquo (FERNANDES et

al 1998 p21) com uma aacuterea com cerca de 589000 km2 cabendo agrave Espanha cerca de 500000

km2 e a Portugal Continental 89106 km2 Eacute uma regiatildeo de planaltos dos mais elevados do

continente europeu entre os quais se destaca Maciccedilo Central Ibeacuterico tambeacutem designada por

Meseta Ibeacuterica Esta tem uma altitude meacutedia de 650 m e uma aacuterea aproximada de 210000 km2

encontrando-se separada na parte central pela Cordilheira Central que a transforma em duas

Submesetas Este grande planalto encontra-se rodeado por vaacuterias planiacutecies costeiras na sua

1 Referecircncia de Amorim Giratildeo a Vidal de La Blanche salientando que se procurarmos em que parte do mundo a Aacutesia a Aacutefrica e a Ameacuterica se aproximam mais uma das outras rapidamente se conclui que eacute na Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

maioria de pequenas dimensotildees das quais se podem destacar a planiacutecie do Ebro a Nordeste a do

Guadalquivir a Sul do Tejo e do Sado a Ocidente

A orientaccedilatildeo geral do conjunto estaacute estabelecida em direcccedilatildeo agrave vertente atlacircntica facto que

determina a direcccedilatildeo dos grandes rios ibeacutericos O Lima o Minho o Douro o Tejo e o Guadiana

satildeo os rios portugueses de maior importacircncia com nascente em Espanha e que vecircm o seu curso

dirigi-los para a respectiva foz no Oceano Atlacircntico Do lado espanhol o Guadalquibir segue a

mesma orientaccedilatildeo no entanto o Ebro eacute o uacutenico rio de grande envergadura que corre sob uma

orientaccedilatildeo Noroeste-Sudeste desaguando no mediterracircneo

A realidade geograacutefica influencia de forma directa o clima peninsular que de uma forma

geral poderaacute ser considerado temperado distinguindo-se entre as vaacuterias regiotildees devido agraves

influecircncias de vaacuterios factores Assim poderemos definir um clima de influecircncia Atlacircntica a

Norte e Noroeste dos Pirineacuteus ateacute agrave Galiza caracterizado por uma fraca oscilaccedilatildeo da

temperatura meacutedia abundacircncia de chuva e ventos soprando do lado do mar De influecircncia

continental na regiatildeo central caracterizado por Invernos frios e prolongados ocorrecircncia de neve

e Verotildees quentes e secos Por uacuteltimo um clima de influecircncia mediterracircnea na regiatildeo Sul

caracterizado por Invernos temperados reduzida pluviosidade e Verotildees muito quentes

A geoetnografia peninsular foi caracterizada pela existecircncia de uma significativa ldquodivisatildeo

socioculturalrdquo (FERNANDES et al 1998 p18) que ao longo de vaacuterios seacuteculos esteve na base

da estruturaccedilatildeo Ibeacuterica Esta divisatildeo seguiu de uma forma geral a orientaccedilatildeo do Sistema Central

que opunha a Norte um ambiente rural e de pastoriacutecio proacuteximo das culturas do Norte da

Europa e a Sul uma cultura urbana e agriacutecola tradicionalmente ligadas agrave cultura mediterracircnea e

africana Foi principalmente nesta regiatildeo que se fez sentir a presenccedila dos colonizadores romanos

e muccedilulmanos com reflexos evidentes nas sociedades que se seguiram

Os traccedilos gerais acima apresentados caracterizam as grandes diferenccedilas no entanto tiveram

reflexos importantes na definiccedilatildeo de particularidades regionais onde assentaram as entidades

autoacutenomas peninsulares Neste princiacutepio de uma forma geral deveremos considerar a

implantaccedilatildeo de catalatildees castelhanos bascos e navarros assim como uma forte influecircncia

mourisca e mediterracircnea na regiatildeo de Valecircncia e de Granada A planiacutecie ocidental esteve na

base tanto do Estado portuguecircs como da autonomia galega Contudo um factor revelou-se de

manifesta importacircncia para o suporte da diferenciaccedilatildeo nacional o aproveitamento do espaccedilo

mariacutetimo tirando partido dos estuaacuterios oferecidos pelos grandes rios peninsulares Este facto foi

determinante para a diferenciaccedilatildeo e a estruturaccedilatildeo de uma identidade proacutepria na qual assentou a

independecircncia nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice E ndash O TRIAcircNGULO ESTRATEacuteGICO PORTUGUEcircS E O EIXO

ESTRATEacuteGICO DA ESPANHA

O Oceano atlacircntico o quadro territorial e a vizinhanccedila com a Espanha representam as

ldquomarcas geneacuteticas de Portugalrdquo (SANTOS 2004 p136) Conjugando as duas primeiras

deparamo-nos com a descontinuidade do territoacuterio nacional que determina a existecircncia do

denominado ldquoTriangulo Estrateacutegico Portuguecircsrdquo (SANTOS 2004 p138) Este eacute definido pelos

veacutertices que se encontram apoiados no territoacuterio continental no arquipeacutelago da Madeira e no

arquipeacutelago dos Accedilores A superfiacutecie total deste espaccedilo enquadrante1 sendo grande parte dele

mariacutetimo representa uma aacuterea com cerca de 2300000 km2 isto eacute 25 vezes superior agraves terras

emersas de Portugal

Os veacutertices definem um espaccedilo estrateacutegico que pela sua posiccedilatildeo geograacutefica designadamente

a sua projecccedilatildeo oceacircnica permite que se constitua num importante ponto de apoio e controlo do

traacutefego mariacutetimo e aeacutereo efectuado entre os diversos continentes inseridos no espaccedilo atlacircntico

assim como das rotas de entrada e saiacuteda do Mar Mediterracircneo Este espaccedilo poderaacute ainda

desempenhar a funccedilatildeo de plataforma de projecccedilatildeo de forccedilas com diversos destinos

Deste vasta aacuterea entendemos dever destacar em primeiro lugar o arquipeacutelago dos Accedilores

que para aleacutem da profundidade que confere ao espaccedilo estrateacutegico portuguecircs representa um

importante e relevante ponto de apoio para os EUA e para a OTAN A Base das Lages tem

desempenhado um papel determinante nas diversas acccedilotildees militares americanas constituindo-se

ainda como pista de aterragem alternativa para aos Vaiveacutem nos regressos dos voos espaciais O

veacutertice seguinte representado pelo arquipeacutelago da Madeira permite controlar os movimentos de

aproximaccedilatildeo provenientes do Norte de Aacutefrica assim como manter sob vigilacircncia os movimentos

ocorridos no Estreito de Gibraltar Por uacuteltimo embora natildeo menos importante o veacutertice

continental que confere a capacidade de projecccedilatildeo de forccedilas constituindo-se tambeacutem numa

retaguarda agraves acccedilotildees desenvolvidas no continente europeu

O Eixo Estrateacutegico da Espanha encontra-se definido pela linha imaginaacuteria que une as Ilhas

Canaacuterias-Estreito de Gibraltar-Ilhas Baleares e representa o uacutenico canal que liga o Mar

Mediterracircneo ao Oceano Atlacircntico Esta linha imaginaacuteria quando prolongada poderaacute atingir os

Paiacuteses da Ameacuterica do Sul que integram a Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees Na sua

funccedilatildeo primaacuteria este eixo permite o controlo sobre o Norte de Aacutefrica assim como de todo o

movimento mariacutetimo e aeacutereo efectuado no mediterracircneo assim como aquele destinado a

1 Janus97 ndash Anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores p 11

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

prosseguir na imensidatildeo do atlacircntico Este eixo poder-se-aacute apoiar nas cidades autoacutenomas de

Ceuta e Melilla localizadas na costa africana contudo juntamente com Gibraltar constituem

uma das questotildees territoriais que a Espanha tem ainda por resolver

Relativamente ao triacircngulo estrateacutegico portuguecircs o eixo estrateacutegico espanhol apresenta-se

ldquodemasiado proacuteximo para se resguardar de ameaccedilas directasrdquo (SANTOS 2004 p139) enquanto

que o espaccedilo portuguecircs ldquoestaacute suficientemente proacuteximo para a partir dele se projectarem forccedilas

e bastante afastado para garantir a seguranccedila relativamente a projecccedilotildees continentaisrdquo

(SANTOS 2004 p136)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice F ndash AS COMUNIDADES AUTOacuteNOMAS E AS PRINCIPAIS ASPIRACcedilOtildeES

1 ANDALUZIA

bull As suas proviacutencias Sevilha Maacutelaga Granada Caacutediz Huelva Almeriacutea e Jaeacuten

bull Pretende

Um novo sistema de participaccedilatildeo regional nas decisotildees do Estado

Uma nova ordenaccedilatildeo territorial

Um espaccedilo fiscal proacuteprio gerido por uma agecircncia tributaacuteria andaluza

2 ARAGAtildeO

bull As suas proviacutencias Saragoccedila Huesca e Teruel

bull Pretende

Novas competecircncias no domiacutenio da justiccedila

Convocar eleiccedilotildees autonoacutemicas fora do calendaacuterio geral

3 ASTUacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Astuacuterias

bull Pretende

A obtenccedilatildeo das competecircncias do Instituto Social da Marinha

A administraccedilatildeo da justiccedila

O PP partido poliacutetico na oposiccedilatildeo pretende uma reforma mais ambiciosa de forma a

equiparar as Astuacuterias agraves comunidades mais avanccediladas em transferecircncias de autonomia

4 BALEARES

bull As suas proviacutencias Maiorca Menorca e Ibiza

bull Pretende

Uma poliacutecia autonoacutemica proacutepria

Novo sistema de financiamento

De uma forma geral pretende que lhe sejam atribuiacutedas o maacuteximo de competecircncias

autonoacutemicas possiacuteveis

5 CATALUNHA

bull As suas proviacutencias Barcelona Tarragona Leacuterida e Gerona

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Uma nova formula de relacionamento com o Estado central

Novo sistema de financiamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nova formula de representaccedilatildeo no Parlamento Europeu

Obter a supervisatildeo do sector bancaacuterio assim como rever o regime de competiccedilatildeo

Sistema de seguranccedila social

A gestatildeo de portos aeroportos e estradas

A capacidade de convocaccedilatildeo de referendos

Esta comunidade autoacutenoma pretende no total a transferecircncia de 88 novas

competecircncias

6 CANAacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Gran Canaacuteria e Tenerife

bull Pretende

A cedecircncia de quarenta novas competecircncias jaacute cedidas pelo Estado

7 CANTAacuteBRIA

bull As suas proviacutencias Cantaacutebria

bull Pretende

A transferecircncia de competecircncias no acircmbito da justiccedila Fundo Especial de Garantia

Agraacuteria Instituto Social da Marinha e Instituto da Mulher

8 CASTELA-LA-MANCHA

bull As suas proviacutencias Toledo Ciudad Real Cuenca Guadalajara e Albacete

bull Pretende

Um novo sistema de financiamento para a sauacutede e a educaccedilatildeo

A administraccedilatildeo da justiccedila

9 CASTELA LEAtildeO

bull As suas proviacutencias Valladolid Leatildeo Salamanca Segoacutevia Palencia Burgos Zamora

bull Pretende

Novas responsabilidades administrativas

A Administraccedilatildeo da justiccedila

A Administraccedilatildeo da aacutegua

10 COMUNIDADE VALENCIANA

bull As suas proviacutencias Valecircncia Alicante Castelloacuten

bull Pretende

Novas direitos de cidadania

Corpo policial autoacutenomo

11 EXTREMADURA

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

bull As suas proviacutencias Caacuteceres Badajoz

bull Pretende

Mais do que as reformas do estatuto proacuteprio pretende que o Estado corrija os

desequiliacutebrios entre as regiotildees ricas e as pobres

Corpo policial autonoacutemico

12 PAIacuteS BASCO

bull As suas proviacutencias Aacutelava Guipuacutezcoa Biscaia

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Um novo modelo de relacionamento com o Estado que preveja a ldquoassociaccedilatildeo livrerdquo

isto eacute tornar voluntaacuteria a associaccedilatildeo ao Estado espanhol

O projecto de reformas foi conhecido pelo ldquoPlano Ibarretxerdquo em alusatildeo ao presidente

do governo do Paiacutes Basco

13 NAVARRA

bull As suas proviacutencias Navarra

bull Pretende

Assumir a competecircncia exclusiva da gestatildeo do tracircnsito

Ver revogada a quarta disposiccedilatildeo transitoacuteria da Constituiccedilatildeo que regula o processo que

os navarros deveriam seguir no caso de decidirem a uniatildeo com o Paiacutes Basco

14 MUacuteRCIA

bull As suas proviacutencias Muacutercia

bull Pretende

Um corpo policial autonoacutemico

Que as alteraccedilotildees nos restantes estatutos salvaguardem a coesatildeo territorial e sejam

limitadas pelos princiacutepios da solidariedade entre autonomias

15 MADRID

bull As suas proviacutencias Madrid

bull Pretende

Como capital do Estado reclama do Governo central uma lei adaptada ao seu estatuto

de capital

Uma nova divisatildeo do mapa eleitoral com dez novas circunscriccedilotildees que permitam aos

madrilenos eleger mais directamente os seus representantes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

16 GALIZA

bull As suas proviacutencias Corunha Lugo Orense Pontevedra

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

A gestatildeo total dos seus portos e aeroportos

A aprovaccedilatildeo de um estatuto que reconheccedila aos galegos o direito de decisatildeo sobre o seu

destino

17 LA RIOJA

bull As suas proviacutencias La Rioja

bull Pretende

A administraccedilatildeo da justiccedila

Um novo modelo de financiamento

Fonte MEIRELES Isabel ndash Expresso Uacutenica (16Abr05)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice G ndash VOTOS ATRIBUIacuteDOS A CADA PAIacuteS NO CONSELHO EUROPEU

Entre 1 de Maio de 2004 e 1 de Novembro de 2004 vigorou um mecanismo provisoacuterio de votaccedilatildeo

Eram necessaacuterios 62 votos (713) para uma deliberaccedilatildeo por maioria qualificada

Passaram a ser considerados necessaacuterios 232 votos (723) para a obtenccedilatildeo da mesma maioria qualificada

Fonte Uniatildeo Europeia

VOTACcedilAtildeO NO CONSELHO EUROPEU

Paiacuteses Membros Ateacute 1 de Maio

de 2004

A partir de 1

de Novembro

de 2004

Alemanha 10 29

Aacuteustria 4 10

Beacutelgica 5 12

Chipre 4

Dinamarca 3 7

Eslovaacutequia 7

Esloveacutenia 4

Espanha 8 27

Estoacutenia 4

Finlacircndia 3 7

Franccedila 10 29

Greacutecia 5 12

Hungria 12

Irlanda 3 7

Itaacutelia 10 29

Letoacutenia 4

Lituacircnia 7

Luxemburgo 2 4

Malta 3

Paiacuteses Baixos 5 13

Poloacutenia 27

Portugal 5 12

Reino Unido 10 29

Repuacuteblica Checa 12

Sueacutecia 4 10

TOTAL 87 321

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice H ndash MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Fonte Uniatildeo Europeia

MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Paiacuteses Membros 1999-2004 2004-2007 2007-2009

Alemanha 99 99 99

Aacuteustria 21 18 18

Beacutelgica 25 24 24

Bulgaacuteria 18

Chipre 6 6

Dinamarca 16 14 14

Eslovaacutequia 14 14

Esloveacutenia 7 7

Espanha 64 54 54

Estoacutenia 6 6

Finlacircndia 16 14 14

Franccedila 87 78 78

Greacutecia 25 24 24

Hungria 24 24

Irlanda 15 13 13

Itaacutelia 87 78 78

Letoacutenia 9 9

Lituacircnia 13 13

Luxemburgo 6 6 6

Malta 5 5

Paiacuteses Baixos 31 27 27

Poloacutenia 54 54

Portugal 25 24 24

Reino Unido 87 78 78

Repuacuteblica Checa 24 24

Romeacutenia 36

Sueacutecia 22 19 19

TOTAL 626 732 786

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice I ndash PROJECTO INTERREG

1 O Projecto INTERREG eacute um programa de iniciativa comunitaacuteria financiado pelo FEDER

2000-2006

2 Princiacutepios Gerais

bull Implemantaccedilatildeo de estrateacutegias conjuntas transfronteiriccedilas transnacionais e programas

de desenvolvimento

bull Aprofundamento de parceiros entre diferentes niacuteveis de administraccedilatildeo com os agentes

econoacutemico-sociais relevantes

bull Coordenaccedilatildeo entre o INTERREG III e os instrumentos de poliacutetica externa da UE

especialmente tendo em vista o seu alargamento

3 Vertentes de Cooperaccedilatildeo

bull Vertente A ndash Cooperaccedilatildeo Transfronteiriccedila

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees fronteiriccedilas vizinhas com o objectivo de desenvolver a

cooperaccedilatildeo econoacutemica e social atraveacutes de estrateacutegias conjuntas e programas de

desenvolvimento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull Vertente B ndash Cooperaccedilatildeo Transnacional

Cooperaccedilatildeo entre grandes grupos de regiotildees europeias com o objectivo de prosseguir

o desenvolvimento e uma maior integraccedilatildeo territorial na UE e com os paiacuteses

candidatos e outros vizinhos

bull Vertente C ndash Cooperaccedilatildeo Inter-regional

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees no territoacuterio da UE e paiacuteses vizinhos para aumentar a

coesatildeo e o desenvolvimento regional mediante a constituiccedilatildeo de redes especialmente

no caso das regiotildees menos desenvolvidas e das regiotildees em reconversatildeo

Fonte http wwwqcaptini_comunitriasinterreghtm1

  • TILD_MAJ GAGO_CEM 04_06
    • 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
      • 111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento
      • 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular
      • 113 A supremacia internacional de Portugal
        • 12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas
        • 13 A questatildeo econoacutemica
        • 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
        • 22 Portugal e Espanha em factos comparados
          • 221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila
          • 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais
          • 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo
          • 224 O mercado de trabalho
          • 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo
            • 23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia
              • 231 O sector energeacutetico
              • 232 A partilha de recursos hiacutedricos
              • 233 O sector bancaacuterio
              • 234 O sector das telecomunicaccedilotildees
                • 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica
                  • 311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE
                  • 312 O relacionamento econoacutemico
                  • 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia
                    • 32 A Alianccedila Atlacircntica
                    • 33 Os espaccedilos regionais
                      • 331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa
                      • 332 O Mediterracircneo e o Magreb
                      • 333 A Ibero-Ameacuterica
                        • 41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia
                        • 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                        • 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                          • 431 O modelo tradicional de relacionamento
                          • 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo
                            • 44 A resposta de Portugal
                            • BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES
                              • Anexos
                                • Capa Anexos
                                • Anexo AA_Consumo de Energia Primaacuteria_2002
                                • Anexo AB_Consumo de Energia Final_2000
                                • Anexo AC_Rede Ibeacuterica de Gaacutes Natural
                                • Anexo AD_Principais Bancos Ibeacutericos
                                • Anexo AE_PIB per capita por PPC
                                • Anexo AF_Investimento Directo Bilateral
                                • Anexo AG_NATO Command Operations_NCA
                                • Anexo AH_NATO Command Structure_ACO
                                • Anexo B_Comeacutercio Externo da Espanha por Zonas Geograacuteficas
                                • Anexo C_O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional
                                • Anexo D_Populaccedilatildeo_2001
                                • Anexo E_Densidade Populacional_2003
                                • Anexo F_Densidade Populacional na Peniacutensula_2001
                                • Anexo G_Projecccedilotildees da Populaccedilatildeo na Peniacutensula Ibeacuterica
                                • Anexo H_Piracircmide Etaacuteria_2003
                                • Anexo I_Relaccedilatildeo Natalidade_Mortalidade
                                • Anexo J_Taxa de Abandono Escolar
                                • Anexo K_Populaccedilatildeo Feminina que Frequenta Ensino Superior_200
                                • Anexo L_Despesa Puacuteblica em Educaccedilatildeo_2001
                                • Anexo M_Alojamentos com Computador_2002
                                • Anexo N_Populaccedilatildeo Empregada por Sector de Actividade_2003
                                • Anexo O_Valor VAB Sector Acvtividade Por_2001
                                • Anexo P_Valor PIB Sector Acvtividade Esp_2003
                                • Anexo Q_Taxa de Actividade Feminina_2003
                                • Anexo R_Taxa de Desemprego_2003
                                • Anexo S_Dias natildeo trabalhados devido a greves
                                • Anexo T_Taxa de Crescimento do PIB a Preccedilos Constantes
                                • Anexo U_PIB Per Capita a Preccedilos Correntes
                                • Anexo V_PIB Per capita a preccedilos correntes regiotildees_2002
                                • Anexo W_Principais Parceiros Comerciais de Portugal_2003
                                • Anexo X_Principais Parceiros Comerciais da Espanha_2003
                                • Anexo Y_Trocas comerciais com a UE 15
                                • Anexo Z_Produtos mais inportantes trocas comerciais_2003
                                  • Apecircndices
                                    • Capa Apecircndices
                                    • Apecircndice A_Sintese histoacuterica da Espanha
                                    • Apecircndice B_Sintese histoacuterica de Portugal
                                    • Apecircndice C_Cronologia dos acontecimentos + importantes
                                    • Apecircndice D_A Geografia e Geoetnografia da Peniacutensula Ib
                                    • Apecircndice E_O Triangulo Estrateacutegico PO vs Eixo Est ESP
                                    • Apecircndice F_As 17 Comunidades Autoacutenomas e Aspiraccedilotildees
                                    • Apecircndice G_Votos no Conselho Europeu
                                    • Apecircndice H_Votos no Parlamento Europeu
                                    • Apecircndice I_Projecto INTERREG
                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA
                                          IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
                                          CURSO DE ESTADO-MAIOR 0406
                                          TRABALHO INDIVIDUAL DE LONGA DURACcedilAtildeO

                                          Rui Pedro Magro do Gago
                                          Major de Artilharia

                                          Bom dia meus senhores sou o Major de Artilharia Rui Gago e cabe-me hoje a mim efectuar a apresentaccedilatildeo do Trabalho Individual de Longa Duraccedilatildeo que me foi proposto subordinado ao tema ldquoA Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionaisrdquo

                                          Ao analisarmos a longa histoacuteria destas duas jaacute velhas naccedilotildees podemos constatar que na maior parte do tempo a sua matriz de relacionamento eacute muito bem caracterizada pela jaacute famosa expressatildeo ldquode costas voltadasrdquo

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          ATEacute

                                          1985

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          DIVERGEcircNCIA

                                          E DESCONFIANCcedilA

                                          NECESSIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          ESTRATEacuteGICA

                                          MATRIZ

                                          DE

                                          RELACIONAMENTO

                                          IMPOSSIBILIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          EXPLIacuteCITA

                                          CONVIVEcircNCIA

                                          E QUEBRA

                                          DE RECEIOS

                                          APOacuteS

                                          1985

                                          Eacute no entanto notoacuterio que esta mesma matriz de relacionamento sofreu uma significativa alteraccedilatildeo a partir do momento em que os dois paiacuteses passaram a partilhar o mesmo espaccedilo econoacutemico e de defesa Pretendo referir-me agrave Comunidade Econoacutemica Europeia e agrave Alianccedila Atlacircntica

                                          Atendendo a que a Espanha aderiu agrave OTAN em 1982 e os dois em simultacircneo assinaram o Tratado de adesatildeo CEE em 1985 vamos considerar esta uacuteltima data como o ponto de referecircncia para a viragem

                                          Assim ateacute 1985 os traccedilos fundamentais desta relaccedilatildeo assentavam numa permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico relativamente agrave Espanha mantendo como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Esta era a base para a postura de divergecircncia e de desconfianccedila que condicionou o relacionamento entre os dois paiacuteses

                                          Apoacutes 1985 a partilha destes dois grandes espaccedilos econoacutemico e de defesa determinou a Portugal a impossibilidade de recorrer a uma diferenciaccedilatildeo estrateacutegica expliacutecita

                                          Eacute a partir deste momento que a realidade do relacionamento passa permitir a convivecircncia bilateral que anteriormente apenas se enquadrava no acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico e agora se alargava aos domiacutenios econoacutemico comercial e cultural

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          Prof Doutor Adriano Moreira

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Julgo que evoluccedilatildeo exposta no slide anterior se encontra muito bem retratada por esta frase proferida pelo Professor Adriano Moreira

                                          Surge de facto um novo paradigma de relacionamento neste caso no plano peninsular

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          IMPORTAcircNCIA DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Neste contexto ambos os paiacuteses integram os mesmos espaccedilos poliacutetico econoacutemico e de defesa

                                          E nelas querendo fazer valer os seus interesses assim como contribuir para as sinergias que concorram para a consecuccedilatildeo dos interesses globais destas Instituiccedilotildees

                                          Consideraacutemos pois ser de toda a pertinecircncia avaliar se em face deste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico em que medida os caminhos de ambos os Estados poderatildeo ser comuns ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular poderatildeo determinar a Portugal a necessidade de procurar uma orientaccedilatildeo oposta mantendo-se desta forma a tendecircncia da histoacuteria

                                          ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          SEacuteCULO XX

                                          POLIacuteTICA

                                          EXTERNA

                                          UEOTAN

                                          ESPACcedilOS

                                          REGIONAIS

                                          BILATERAL

                                          FACTORES

                                          DE

                                          DEPENDEcircNCIA

                                          Em face da vastidatildeo do objecto decidimos delimitar o estudo no acircmbito temporal ao seacuteculo XX enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees tomadas no seio da UE e da OTAN natildeo deixando contudo de fazer uma referecircncia embora breve aos espaccedilos regionais preferenciais de cada um dos paiacuteses

                                          No plano bilateral vamos abordar a existecircncia de alguns factores que poderatildeo determinar alguma dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

                                          METODOLOGIA

                                          • Pesquisa bibliograacutefica
                                              • Consulta de jornais e revistas
                                                  • Consulta de siacutetios da Internet
                                                      • Realizaccedilatildeo de entrevistas
                                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          A metodologia empregue versou fundamentalmente na pesquisa em vaacuterias fontes onde se incluiu a realizaccedilatildeo de algumas entrevistas efectuadas a personalidades que desenvolveram conhecimentos nesta aacuterea

                                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                          QUESTAtildeO CENTRAL

                                                          Para a resoluccedilatildeo do problema proposto definimos a seguinte Questatildeo Central

                                                          Eacute a partir dela que todo o trabalho foi desenvolvido procurando obter uma resposta clara e sustentada

                                                          ldquoPoderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo

                                                          AGENDA

                                                          • Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses
                                                              • A coabitaccedilatildeo internacional
                                                                  • Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha
                                                                      • Conclusotildees e recomendaccedilotildees
                                                                          • Introduccedilatildeo
                                                                              • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento
                                                                                • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                  Assim sendo proponho uma agenda constituiacuteda pelos seguintes pontos

                                                                                  • No primeiro pretendemos efectuar o enquadramento histoacuterico do relacionamento bilateral Desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da CEE e da OTAN
                                                                                  • No segundo pretendemos apresentar as duas realidades peninsulares
                                                                                  • No terceiro abordamos a questatildeo da coabitaccedilatildeo internacional
                                                                                  • No quarto
                                                                                  • No quinto e uacuteltimo ponto
                                                                                    • Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                      Iniacutecio do seacuteculo XX

                                                                                      Desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal

                                                                                      Aproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e Inglaterra

                                                                                      Possessotildees espanholas em Aacutefrica

                                                                                      Aproximaccedilatildeo de Portugal agrave Alemanha determinada pela necessidade de manter uma acircncora externa diferenciada da do vizinho peninsular

                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                        • Os primeiros anos do seacuteculo XX trouxeram-nos outro facto curioso as possessotildees espanholas em Aacutefrica motivaram o interesse alematildeo tendo em vista o controle do mediterracircneo ocidental

                                                                                          Este facto esteve na origem da aproximaccedilatildeo entre ingleses franceses e espanhoacuteis (culminando com a assinatura de acordos com ambos os paiacuteses (1907 Cartagena1906 Algeciras-1912 correcccedilatildeo)) assumindo assim as mesmas alianccedilas extrapeninsulares que Portugal

                                                                                          Apesar de ter sido afirmado o contraacuterio existem documentos que sustentam a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal perante a Inglaterra que passou a considerar a Espanha estrategicamente e militarmente mais importante do que Portugal Deixavam no entanto uma ressalva relativamente agraves ilhas atlacircnticas que natildeo deveriam cair em matildeos de qualquer potecircncia hostil a Londres

                                                                                          Eacute neste contexto que Portugal procura outra acircncora externa que permitisse manter a sua identidade a sua independecircncia e o diferenciasse do vizinho peninsular O papel passa a ser desempenhado pela Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a possibilidade de instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas accedilorianas

                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                          • Questatildeo colonial
                                                                                            • Beligeracircncia portuguesa

                                                                                              Neutralidade da Espanha

                                                                                              Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a notoriedade internacional pretendida

                                                                                              • Questatildeo peninsular
                                                                                                  • Afirmaccedilatildeo do regime
                                                                                                    • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                        • Outro dos acontecimentos que nos permitem visualizar muito bem a forma como as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionaram as opccedilotildees portuguesas neste modelo de relacionamento eacute a IGM

                                                                                                          Este foi o momento que permitiu a Portugal regressar ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                          A opccedilatildeo da Espanha pela neutralidade conferia ao nosso Paiacutes uma excelente oportunidade de conseguir a tatildeo necessaacuteria diferenciaccedilatildeo e ainda procurar a notoriedade internacional que lhe permitisse por um lado estar presente na Conferecircncia de Paz e por outro ter assento no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

                                                                                                          Foi contudo inesperado o reveacutes que se seguiu

                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                                          Conferecircncia de Paz em Paris

                                                                                                          ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido (hellip)rdquo

                                                                                                          Franco Nogueira

                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                            • Apesar de todo o esforccedilo portuguecircs junto dos seus histoacutericos aliados foi a Espanha a escolhida para integrar o Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees em representaccedilatildeo dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                              A guerra civil espanhola

                                                                                                              ldquo(hellip) vitoacuteria do exeacutercito espanhol ou implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo

                                                                                                              Franco Nogueira

                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                              • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                • Portugal desenvolve intensa

                                                                                                                  actividade diplomaacutetica

                                                                                                                  Apoio portuguecircs

                                                                                                                  aos nacionalistas

                                                                                                                  Outro dos acontecimentos do seacuteculo a que Portugal teve que fazer face foi a Guerra Civil espanhola

                                                                                                                  Este conflito opocircs os partidaacuterios do regime republicano apoiados pela esquerda espanhola aos nacionalistas apoiados pela direita

                                                                                                                  Em Portugal decorria jaacute periacuteodo do Estado Novo para quem a vitoacuteria da esquerda representava um duplo perigo o revolucionaacuterio associado agrave provaacutevel implantaccedilatildeo do comunismo em Espanha e o consequente alastramento a Portugal e o iberista associado agraves ideias de integraccedilatildeo de Portugal na Espanha

                                                                                                                  Por esta razatildeo Portugal acabou por desempenhar um papel significativo apoio aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo Francisco Franco contribuindo decisivamente para a implantaccedilatildeo do regime autoritaacuterio liderado por Franco

                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                  II Guerra Mundial

                                                                                                                  Impedir as

                                                                                                                  tendecircncias iberistas

                                                                                                                  Espanholas

                                                                                                                  Contribuir para a

                                                                                                                  neutralidade

                                                                                                                  peninsular

                                                                                                                  O Pacto Peninsular

                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                  • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                    • A ordem cronoloacutegica dos acontecimentos levam-nos ateacute agrave II Guerra Mundial e agrave intenccedilatildeo dos responsaacuteveis de ambos os Estados peninsulares de manterem os respectivos paiacuteses neutrais relativamente ao conflito Uma neutralidade provavelmente mais importante para a Espanha que tiha saiacutedo de um devastador conflito interno nesse sentido eacute proposta a Portugal a assinatura de um pacto de natildeo agressatildeo que contribuiu de forma decisiva para a garantia dessa neutralidade e segundo Oliveira Salazar impedia tambeacutem as tendecircncias iberistas espanholas

                                                                                                                      O desenrolar dos acontecimentos permitiu a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da Peniacutensula e a manutenccedilatildeo do estatuto de neutralidade apresar de tanto Portugal como a Espanha manterem os respectivos alinhamentos estrateacutegicos

                                                                                                                      I Fase

                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                      O Poacutes II Guerra Mundial

                                                                                                                      Novo

                                                                                                                      enquadramento

                                                                                                                      estrateacutegico

                                                                                                                      mundial

                                                                                                                      Isolamento

                                                                                                                      internacional

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      integra

                                                                                                                      a OTAN

                                                                                                                      Diferenciaccedilatildeo

                                                                                                                      efectiva de

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      assume

                                                                                                                      representatividade

                                                                                                                      ibeacuterica

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      uacutenica porta

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      para o mundo

                                                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                        • O relacionamento ibeacuterico no periacuteodo poacutes II Guerra Mundial eacute enquadrado por trecircs factores importantes o primeiro eacute o novo quadro estrateacutegico de onde emergiram os dois protagonistas os EUA e a Ruacutessia em segundo lugar o convite endereccedilado a Portugal para integrar a OTAN este uacuteltimo com grande impacto no relacionamento peninsular dado que Franco ao ver a Espanha excluiacuteda se apressou a impedir a adesatildeo de Portugal ao Pacto Atlacircntico afirmando a incompatibilidade com o Pacto Peninsular e finalmente o isolamento imposto pela comunidade internacional agrave Espanha tanto pela postura tida durante a II GM como pela natureza autoritaacuteria do regime

                                                                                                                          Portugal conseguia nesta I Fase do poacutes-guerra afirmar a sua diferenciaccedilatildeo efectiva relativamente agrave Espanha assumindo a representatividade ibeacuterica junto da comunidade internacional o que o transformou na uacutenica porta da Espanha para o mundo

                                                                                                                          II Fase

                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                          Guerra Fria

                                                                                                                          Adesatildeo

                                                                                                                          dos paiacuteses

                                                                                                                          agrave ONU

                                                                                                                          Pressatildeo

                                                                                                                          internacional

                                                                                                                          sobre Portugal

                                                                                                                          Fim da

                                                                                                                          dependecircncia

                                                                                                                          espanhola

                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                          Afastamento

                                                                                                                          do processo

                                                                                                                          de integraccedilatildeo

                                                                                                                          europeia

                                                                                                                          Alteraccedilatildeo

                                                                                                                          da natureza

                                                                                                                          dos regimes

                                                                                                                          1974 e 1975

                                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                            • O periacuteodo que se seguiu ao ano de 1949 foi caracterizado pelo progressivo fim da dependecircncia espanhola de Portugal inicialmente com os acordos firmados em 1949 e 1953 com os EUA e finalmente efectivado apoacutes o ingresso de ambos em simultacircneo na ONU em 1955

                                                                                                                              A partir deste instante os papeis invertiam-se e Portugal entrava agora num periacuteodo de isolamento internacional no qual a questatildeo colonial motivava a pressatildeo exercida sobre o paiacutes por parte da comunidade internacional

                                                                                                                              Contudo foi a natureza de ambos os regimes que determinou o afastamento do processo de adesatildeo agrave CEE

                                                                                                                              Os anos de 1974 e 1975 marcaram respectivamente em Portugal e na Espanha o final de um ciclo poliacutetico proporcionando as condiccedilotildees para todas as alteraccedilotildees que viriam a ocorrer

                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                              • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                  O relacionamento econoacutemico bilateral

                                                                                                                                  Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                  Uma palavra sobre o relacionamento econoacutemico neste periacuteodo que nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica faria supor

                                                                                                                                  Analisando os valores relativos agraves trocas comerciais neste periacuteodo poderemos constatar os valores satildeo quase insignificantes

                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                                  • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      A internacionalizaccedilatildeo das economias

                                                                                                                                      Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                      ESPANHA

                                                                                                                                      PORTUGAL

                                                                                                                                      Curioso seraacute ver a forma diferenciada como cada um procurou efectuar a internacionalizaccedilatildeo econoacutemica enquanto a Espanha opta por diversificar os seus parceiros econoacutemicos para os paiacuteses da Ameacuterica Latina paiacuteses Aacuterabes e da Europa de Leste

                                                                                                                                      Portugal no quadro do relacionamento Luso-Britacircnico opta pelos Europeus nomeadamente pela adesatildeo agrave EFTA que lhe permitia resguardar a questatildeo colonial

                                                                                                                                      O relacionamento econoacutemico bilateral eacute significativamente incrementado apoacutes a assinatura do tratado de adesatildeo agrave CEE em 1985 (5-19) e (1-5)

                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      Matriz de Identidade

                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                        • Aquilo que muitos designam por ldquofatalidade geograacuteficardquo natildeo define por si soacute todas as vertentes que compotildeem a matriz de identidade dos dois paiacuteses Assim ambos se encontram inseridos na realidade europeia Para aleacutem da inserccedilatildeo geograacutefica contribuem para esta identificaccedilatildeo a realidade poliacutetica econoacutemica e cultural E foi este o caminho escolhido pelos dois paiacuteses quando decidiram abraccedilar o projecto de construccedilatildeo europeu

                                                                                                                                          Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa os dois paiacuteses vivem hoje uma situaccedilatildeo de partilha de interesses integrando a OTAN e participando activamente no desenvolvimento e implementaccedilatildeo da poliacutetica externa e de seguranccedila do espaccedilo europeu Eacute atraveacutes destas instituiccedilotildees que Portugal e Espanha pretendem enquadrar-se na actual realidade geopoliacutetica e geoestrateacutegica dando o seu contributo para a actual noccedilatildeo de seguranccedila e defesa parilhadas

                                                                                                                                          As caracteriacutesticas mediterracircnicas de ambos encontram-se tambeacutem visivelmente vincadas na respectiva matriz de identidade Apesar de incidirem de forma mais visiacutevel no paiacutes vizinho por razotildees geograacuteficas e histoacutericas tambeacutem Portugal poderaacute reclamar para si uma boa parte dessas caracteriacutesticas jaacute que se encontra implantado ldquoagraves portas do mediterracircneordquo

                                                                                                                                          Neste acircmbito o Norte de Aacutefrica eacute tambeacutem responsaacutevel por uma boa parte da identidade dos paiacuteses peninsulares Novamente o factor histoacuterico aliado ao factor de proximidade geograacutefica determinaram influecircncias significativas no desenvolvimento da identidade de portugueses e espanhoacuteis

                                                                                                                                          O Mediterracircneo e o Magreb satildeo de facto duas regiotildees de particular interesse geopoliacutetico e geoestrateacutegico tanto por serem regiotildees associadas a focos de instabilidade como pela preocupaccedilatildeo causada por outras questotildees associadas sendo exemplo a dependecircncia energeacutetica ou as questotildees relativas agrave emigraccedilatildeo ilegal

                                                                                                                                          Na referecircncia agrave Matriz de Identidade de cada um dos Estados peninsulares natildeo poderiam faltar as afinidades histoacutericas linguiacutestica e cultural que permaneceram ao longo dos seacuteculos apesar do afastamento geograacutefico

                                                                                                                                          Relativamente a Portugal refiro-me agrave CPLP Organizaccedilatildeo na qual o Paiacutes deveraacute desempenhar um papel cada vez mais importante na defesa e afirmaccedilatildeo da cultura e da liacutengua Para aleacutem de outras aacutereas de interesse comum

                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha refiro-me agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees que eacute de facto apesar de Portugal tambeacutem estar presente um espaccedilo preferencialmente seu

                                                                                                                                          Sistemas

                                                                                                                                          Poliacuteticos

                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                          Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                          Administrativa

                                                                                                                                          A Realidade Comparada

                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                          • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                            • No estudo que elaboraacutemos consideraacutemos pertinente efectuar uma comparaccedilatildeo entre as duas realidades peninsulares e para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que nos permitiratildeo visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados

                                                                                                                                              Os sistema poliacuteticos actualmente sistemas democraacuteticos apresentam contudo naturezas distintas Enquanto que Portugal manteve um sistema de cariz republicano agora na sua forma semi-presidencialista no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica A Espanha optou por um sistema monaacuterquico parlamentar

                                                                                                                                              Tambeacutem a organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais demonstram diferenccedilas significativas Poderemos recordar que Portugal se encontra dividido em 18 distritos e duas regiotildees autoacutenomas e apesar de se constituir como um Estado unitaacuterio prevecirc algum grau de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa

                                                                                                                                              A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas e duas cidades (Ceuta e Melilla) agraves quais tambeacutem lhes foi atribuiacutedo um estatuto de autonomia Estas comunidades possuem um significativo estatuto autonoacutemico muito superior ao conferido agraves nossas regiotildees autoacutenomas

                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                              A Realidade Comparada

                                                                                                                                              Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                              • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                • Os dados demograacuteficos fazem-nos salientar o diferencial de populaccedilatildeo

                                                                                                                                                  E ainda a tendecircncia decrescente da populaccedilatildeo portuguesa ateacute 2040 em contraponto com a tendecircncia de crescimento da populaccedilatildeo espanhola

                                                                                                                                                  Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                  A Realidade Comparada

                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                  • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      Relativamente ao mercado de trabalho verificamos que existe uma coincidecircncia no sector que mais emprego daacute agrave populaccedilatildeo de cada um dos paiacuteses

                                                                                                                                                      As economias de ambos encontram-se baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos

                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      A Realidade Comparada

                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                        • Apoacutes a adesatildeo agrave CEE uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia eacute sem duacutevida a integraccedilatildeo econoacutemica As trocas comerciais foram significativamente incrementadas e na actualidade a Espanha tornou-se no nosso principal parceiro econoacutemico e comercial

                                                                                                                                                          Contudo a balanccedila da hegemonia pendeu para o lado espanhol eacute um paiacutes muito mais poderoso com uma populaccedilatildeo quatro vezes mais numerosa e uma economia que multiplica por cinco a portuguesa

                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                          • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Fonte AIE Energi Policies of IEA Countrties 2002 Review

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              630

                                                                                                                                                              Hiacutedrica 40

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 80

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 90

                                                                                                                                                              Carvatildeo 160

                                                                                                                                                              Carvatildeo 170

                                                                                                                                                              Nuclear 130

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 120

                                                                                                                                                              Hiacutedrica

                                                                                                                                                              20

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 40

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              520

                                                                                                                                                              O Sector Energeacutetico

                                                                                                                                                              Assentando ambas as economias fundamentalmente no sector dos serviccedilos consideraacutemos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de actividade que constituem a estrutura base do sector Pretendemos referir-nos no acircmbito bilateral ao Sector Energeacutetico ao Sector Bancaacuterio e ao Sector das Telecomunicaccedilotildees aos quais acrescentamos a questatildeo da Partilha de Recursos Hiacutedricos pela importacircncia que assume neste contexto

                                                                                                                                                              Esta questatildeo eacute de facto uma questatildeo de grande sensibilidade e que deveraacute ocupar um lugar de destaque nas preocupaccedilotildees dos responsaacuteveis do nosso paiacutes

                                                                                                                                                              Em primeiro lugar ndash porque a dimensatildeo do mercado energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao nosso E aqui recordo a oferta puacuteblica de aquisiccedilatildeo efectuada pela Gaacutes Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu de energia

                                                                                                                                                              Em segundo lugar ndash pela maior dependecircncia que Portugal apresenta relativamente aos produtos petroliacuteferos ficando mais exposto agraves consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos Em contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de maior diversidade de opccedilotildees jaacute que recorreu agrave energia nuclear

                                                                                                                                                              Por uacuteltimo ndash a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do territoacuterio portuguecircs a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante a importaccedilatildeo

                                                                                                                                                              EVIDENTE DEPENDEcircNCIA

                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Transvazes

                                                                                                                                                              A Partilha de Recursos Hiacutedricos

                                                                                                                                                              SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da Aacutegua

                                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                              • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                • Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica foi soberana e determinou que 5 dos principais rios portugueses tivessem a sua nascente em Espanha

                                                                                                                                                                  Se duacutevidas houvesse quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial que previa a realizaccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais para aacutereas onde os espanhoacuteis entendessem existir um deacutefice hiacutedrico

                                                                                                                                                                  Foi a forte pressatildeo do governo portuguecircs e alguma pressatildeo interna motivou a alteraccedilatildeo do programa e em 2001 foi apresentado outra versatildeo deste Plano que apenas prevecirc a realizaccedilatildeo de transvazes de rios espanhoacuteis

                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                  O Sector Bancaacuterio

                                                                                                                                                                  Fonte CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

                                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                  • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                    • O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo quatro vezes superior ao mercado nacional Este facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos nacionais

                                                                                                                                                                      A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tecircm decorrido a um ritmo acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso paiacutes

                                                                                                                                                                      De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos dizer que seis anos dos lucros do BSCH ou do BBVA eram suficientes para em 2000 adquirir o BCP

                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                      O Sector das Telcomunicaccedilotildees

                                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                      • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                        • Relativamente ao sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as suas congeacuteneres espanholas

                                                                                                                                                                          Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a Espanhola TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere espanhola

                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                          Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                          A Adesatildeo

                                                                                                                                                                          Interno

                                                                                                                                                                          A irreversibilidade do processo democraacutetico

                                                                                                                                                                          A modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social

                                                                                                                                                                          Diversidade de relacionamento externo

                                                                                                                                                                          Aproximaccedilatildeo dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                          Externo

                                                                                                                                                                          Objectivos

                                                                                                                                                                          A procura de um estiacutemulo externo para o

                                                                                                                                                                          desenvolvimento da economia

                                                                                                                                                                          A procura de uma acircncora externa

                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                          • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                            • O processo de adesatildeo teve para os dois paiacuteses um duplo significado

                                                                                                                                                                              No plano interno ndash representava a irreversibilidade do processo democraacutetico e a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social que seguiram a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental

                                                                                                                                                                              No plano externo ndash representava novas oportunidades de relacionamento que os aproximaria dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                              Este duplo significado encontra-se directamente relacionado com os objectivos definidos para o meacutedio e longo prazo salientados pelo Professor Doutor Hernacircni Lopes ldquoo novo e o de semprerdquo

                                                                                                                                                                              O novo ndash fazendo alusatildeo agrave necessidade de proporcionar um estiacutemulo exterior agrave economia portuguesa que a obrigasse a desencadear as alteraccedilotildees estruturais de que carecia

                                                                                                                                                                              O objectivo de sempre ndash pretendia aludir agrave histoacuterica necessidade portuguesa de procurar afirmar a sua individualidade atraveacutes de um apoio externo

                                                                                                                                                                              Divergecircncia

                                                                                                                                                                              Integraccedilatildeo

                                                                                                                                                                              Poliacutetica

                                                                                                                                                                              Maioria

                                                                                                                                                                              Qualificada

                                                                                                                                                                              PESC

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Supranacionalidade

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Poderes

                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                              Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                              Convergecircncia

                                                                                                                                                                              Coesatildeo

                                                                                                                                                                              Econoacutemica

                                                                                                                                                                              Social

                                                                                                                                                                              Moeda

                                                                                                                                                                              Uacutenica

                                                                                                                                                                              Cidadania

                                                                                                                                                                              Europeia

                                                                                                                                                                              Tratado

                                                                                                                                                                              Constitucional

                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                              • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                • Portugal e Espanha mantiveram contudo posicionamentos estruturalmente divergentes no decurso da construccedilatildeo europeia

                                                                                                                                                                                  Agraves opccedilotildees espanholas frequentemente associadas agraves alematildes e francesas de reforccedilo da supranacionalidade ateacute agrave aceitaccedilatildeo de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e da convicccedilatildeo da necessidade de uma maior integraccedilatildeo da poliacutetica externa comum Portugal opunha-se contrariando a necessidade de aprofundamento da integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas pela OTAN A estas divergecircncias juntar-se-ia mais tarde a questatildeo da votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC

                                                                                                                                                                                  No entanto existiram assuntos que permitiram a convergecircncia de posturas que levou ao desenvolvimento de um esforccedilo comum Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social de cidadania europeia e do projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica

                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                  A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                  A Poleacutemica

                                                                                                                                                                                  Adesatildeo de

                                                                                                                                                                                  Portugal

                                                                                                                                                                                  A Questatildeo Espanhola

                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                  • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                    • Relativamente agrave OTAN e ao processo de adesatildeo de Portugal ele despertou uma acesa poleacutemica provocada pela questatildeo espanhola e a oposiccedilatildeo que desencadeou para impedir a adesatildeo de Portugal factos que jaacute anteriormente referi

                                                                                                                                                                                      Era curiosa a postura portuguesa Finalmente atingia a diferenciaccedilatildeo absoluta que colocava o paiacutes numa situaccedilatildeo de supremacia no contexto peninsular contudo tudo fez para que a Espanha pudesse aderir ao Pacto e integrar o mesmo quadro de alianccedilas Esta posiccedilatildeo aparentemente estranha encontrava a justificaccedilatildeo na forma como o Presidente do Conselho encarava a seguranccedila do Paiacutes e da Europa Ocidental Assim justificava a sua posiccedilatildeo por 3 factores O primeiro relacionava-se com o vazio estrateacutegico que a ausecircncia da Espanha provocava o segundo relacionava-se com a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia proporcionar e por uacuteltimo dizia que a adesatildeo portuguesa teria significados distintos caso a Espanha estivesse ou natildeo presente no Pacto A preocupaccedilatildeo era a influecircncia sovieacutetica e as consequecircncias que poderiam advir para Portugal no caso da Espanha decidir a aproximaccedilatildeo ao Bloco oposto

                                                                                                                                                                                      A questatildeo foi amenizada atraveacutes do relacionamento bilateral com os EUA que proporcionaram agrave Espanha a possibilidade de ainda em 1949 assinarem um acordo de cooperaccedilatildeo reafirmado em 1953

                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                      A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                      As

                                                                                                                                                                                      Prioridades

                                                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                                                                                      A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                      • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                        • ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de intereacutes prioritariordquo

                                                                                                                                                                                          Directiva de Defensa Nacional 12004

                                                                                                                                                                                          ldquoO sistema de seguranccedila e defesa de Portugal tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo

                                                                                                                                                                                          Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

                                                                                                                                                                                          Neste contexto se algum receio pudesse subsistir de Portugal poder cair outra vez numa situaccedilatildeo de desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica em favor da Espanha este receio natildeo encontrou correspondecircncia na praacutetica O interesse geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses reflectidos de certa forma na permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa importacircncia

                                                                                                                                                                                          Apesar da seguranccedila partilhada ser um conceito assumido por ambos contudo os documentos que determinam as directivas estrateacutegicas de defesa nacional atribuem um grau de prioridade diferente ao papel a desempenhar por cada um no seio da Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                          Enquanto que para a Espanha eacute clara a prioridade europeia

                                                                                                                                                                                          Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma diferente bem expressa na redacccedilatildeo do CEDN Sendo clara a tendecircncia atlacircntica

                                                                                                                                                                                          Este facto permite concluir que apesar de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas podem assumir orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas diferenciadas

                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                          • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

                                                                                                                                                                                              Espaccedilo

                                                                                                                                                                                              Geograacutefico

                                                                                                                                                                                              Multicontinental

                                                                                                                                                                                              Descontiacutenuo

                                                                                                                                                                                              Partilha

                                                                                                                                                                                              de Seacuteculos

                                                                                                                                                                                              de Histoacuteria

                                                                                                                                                                                              Identidade

                                                                                                                                                                                              Cultural

                                                                                                                                                                                              Proacutepria

                                                                                                                                                                                              Mesma

                                                                                                                                                                                              Liacutengua

                                                                                                                                                                                              Oficial

                                                                                                                                                                                              Comunhatildeo

                                                                                                                                                                                              de

                                                                                                                                                                                              Interesses

                                                                                                                                                                                              Representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo geograacutefico multicontinental e descontiacutenuo No entanto pensamos que as eventuais desvantagens que poderatildeo decorrer deste facto satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que permitiram estabelecer uma identidade cultural proacutepria que eacute alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial e que no seu conjunto permite estabelecer uma significativa comunhatildeo de interesses

                                                                                                                                                                                              Este eacute sem duacutevida o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da OTAN Acrescendo o facto de ser o uacutenico paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE

                                                                                                                                                                                              Estes factos poderatildeo contribuir para colocar o Paiacutes como principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil

                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              Ibero-Ameacuterica

                                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                              • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                • A Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a capacidade de intervenccedilatildeo portuguesa ao Brasil

                                                                                                                                                                                                  A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos do paiacutes Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global no entanto estabelecem associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                  O Mediterracircneo e o Magreb

                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                  OTAN

                                                                                                                                                                                                  Processo de Barcelona

                                                                                                                                                                                                  Diaacutelogo

                                                                                                                                                                                                  para o Mediterracircneo

                                                                                                                                                                                                  Multilateral

                                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                                  • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                    • Eacute uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e sobre a qual Portugal e Espanha partilham da preocupaccedilatildeo da comunidade internacional no entanto eacute sobre o Magreb que concentram a sua principal atenccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      A instabilidade poliacutetica e de seguranccedila a questatildeo religiosa o fraco desenvolvimento econoacutemico e social aliado agrave proximidade geograacutefica e ao facto da Espanha possuir neste territoacuterio duas cidadeshellip justificam esta preocupaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      Os fluxos migratoacuterios em busca da seguranccedila e da prosperidade transformam os paiacuteses da peniacutensula na porta de entrada para no espaccedilo europeu a que se junta a questatildeo da seguranccedila sobre o gasoduto euro-magrebino que abastece de gaacutes natural a Peniacutensula Ibeacuterica

                                                                                                                                                                                                      Para aleacutem do relacionamento bilateral existem espaccedilos privilegiados de acircmbito multilateral para estabelecer conversaccedilotildees com estes paiacuteses Queremos referir-nos no acircmbito da OTAN ao Diaacutelogo para o Mediterracircneo e no acircmbito da UE o processo de Barcelona que agora viu realizada mais um encontro

                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                      ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX haacute sido justamente estar ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      ldquoEs que laacute OTAN es el instrumento baacutesico fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos con Europa (hellip) Debemos ir maacutes allaacute del simples compomisso de intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes estrateacutegicos e de seguridadrdquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                      • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                        • A Espanha

                                                                                                                                                                                                          Quando decidimos passar em revista as opccedilotildees de poliacutetica-externa dos dois paiacuteses optaacutemos por fazecirc-lo nesta uacuteltima deacutecada isto eacute desde 1996 ateacute agrave realidade poliacutetica actual Porquecirc Porque incidindo primeiramente a anaacutelise sobre a realidade espanhola pudemos dispor de dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica oposta com prioridades distintas que nos permitiram analisar e confrontar comportamentos poliacutetico-estrateacutegico diferenciados

                                                                                                                                                                                                          Assim a Espanha contou em 1996 com a subida agrave cadeira governativa do liacuteder do PP Joseacute Maria Aznar Eacute um homem que se define como um reformador de centro direita e que teve como ambiccedilatildeo colocar a Espanha entre as democracias mais importantes do mundo Neste aspecto pretendeu realccedilar uma vertente da identidade da naccedilatildeo espanhola que considerou ateacute aiacute muito descurada e que foi a sua vertente atlacircntica

                                                                                                                                                                                                          A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental foi pois uma das caracteriacutesticas vincadamente expressas nas definiccedilotildees poliacutetco-estrateacutegicas do seu governo

                                                                                                                                                                                                          Neste contexto a relaccedilatildeo transatlacircntica ocupou um lugar destacado nas suas opccedilotildees e assentava fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem pode manter um relacionamento de alguma cumplicidade

                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                          • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                            • Portugal

                                                                                                                                                                                                              Este periacuteodo foi acompanhado em Portugal por dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica distinta

                                                                                                                                                                                                              Contudo pretendemos incidir a anaacutelise no segundo que punha aos destinos dos paiacuteses dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica

                                                                                                                                                                                                              Desde logo o que se me oferece destacar foi de facto o faacutecil entendimento entre ambos

                                                                                                                                                                                                              No entanto deste entendimento pretendemos salientar a simpatia pela opccedilatildeo atlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Surgiu neste periacuteodo um acontecimento de niacutevel internacional no qual o PM de Portugal decidiu que o Paiacutes deveria ter um papel interventivo Queremos referir-nos agrave Cimeira dos Accedilores e ao posterior apoio agrave intervenccedilatildeo militar americana no Iraque

                                                                                                                                                                                                              Devo destacar que apesar de Portugal e Espanha assumirem uma posiccedilatildeo comum eacute Portugal a manter-se no seu alinhamento tradicional e natildeo a Espanha que neste caso assume uma posiccedilatildeo conjuntural

                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                              ldquoLo que es bueno para Europa es bueno para Espanhardquo

                                                                                                                                                                                                              Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

                                                                                                                                                                                                              Prioridade europeia

                                                                                                                                                                                                              da poliacutetica externa

                                                                                                                                                                                                              Secundarizaccedilatildeo da

                                                                                                                                                                                                              relaccedilatildeo transatlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                              • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                • A Espanha

                                                                                                                                                                                                                  Apoacutes as eleiccedilotildees de 2004 ascende agrave cadeira da governaccedilatildeo o liacuteder do PSOE Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero Esta alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do liacuteder do governo origina tambeacutem uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica do paiacutes que marca o regresso da Espanha ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                                                                                                                                  As consequecircncias desta alteraccedilatildeo fizeram sentir-se de imediato junto dos liacutederes da Franccedila e da Alemanha que desde logo manifestaram o seu apoio agrave Espanha manifestando a possibilidade de criaccedilatildeo de um eixo Berlim-Paris-Madrid e a integraccedilatildeo da Espanha no nuacutecleo duro da Europa

                                                                                                                                                                                                                  Recordo aqui que a primeira deslocaccedilatildeo externa do presidente do governo espanhol eacute precisamente agrave Franccedila e agrave Alemanha

                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                                  O desenvolvimento do espaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedila

                                                                                                                                                                                                                  O alargamento da UE a Leste

                                                                                                                                                                                                                  A legitimaccedilatildeo do TCE

                                                                                                                                                                                                                  Normalizaccedilatildeo do diaacutelogo transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  Viacutenculo

                                                                                                                                                                                                                  Transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  ldquoEacute um instrumento de partilha de responsabilidade na prevenccedilatildeo de conflitos e no reforccedilo da seguranccedila colectiva e de partilha de objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo

                                                                                                                                                                                                                  Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                  • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                                                                                      Portugal acompanhou a Espanha nesta recente alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do governo Contudo os reflexos na conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo foram significativos

                                                                                                                                                                                                                      Relativamente agrave questatildeo europeia o governo no seu programa coloca grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo europeu poreacutem no que diz respeito ao factor de identidade atlacircntica as orientaccedilotildees estabelecidas pelos documentos estruturantes mantiveram-se inalteradas

                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                      • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                        • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O Modelo Tradicional de Relacionamento

                                                                                                                                                                                                                          Alinhamento

                                                                                                                                                                                                                          Estrateacutegico

                                                                                                                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                                                                                                                          Valorizaccedilatildeo da Alianccedila

                                                                                                                                                                                                                          Com a Potencia Mariacutetima

                                                                                                                                                                                                                          Diferenciaccedilatildeo Estrateacutegica

                                                                                                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                          A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o objectivo de se diferenciar no contexto peninsular procurando a valorizaccedilatildeo estrateacutegica de forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a sua individualidade e independecircncia

                                                                                                                                                                                                                          A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas premissas fundamentais em primeiro lugar ndash na valorizaccedilatildeo permanente da alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante

                                                                                                                                                                                                                          Em segundo lugar ndash pela necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica relativamente agrave Espanha numa alianccedila diametralmente oposta

                                                                                                                                                                                                                          Contudo agrave que salientar que os momentos em que Portugal e a Espanha se situaram num alinhamento estrateacutegica coincidente Portugal viu-se relegado para uma posiccedilatildeo secundaacuteria em favor do nosso vizinho peninsular

                                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O ldquoNovo Paradigma Peninsularrdquo

                                                                                                                                                                                                                          () Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira

                                                                                                                                                                                                                          ldquoPassaacutemos de uma situaccedilatildeo de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsular ()rdquo

                                                                                                                                                                                                                          Dr Luiacutes Amado

                                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                          • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                            • A grande novidade revela-se na passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia para outra de convergecircncia Contudo a presenccedila na UE representou e ainda representa para Portugal um dos apoios externos que o Paiacutes tanto necessita Este conceito encontra-se associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o relacionamento com a Espanha deveraacute assentar na mediaccedilatildeo multilateral com Bruxelas algo que a conhecida expressatildeo ldquoChegar a Madrid via Bruxelasrdquo define muito bem

                                                                                                                                                                                                                              No entanto tambeacutem eacute possiacutevel a tomada de posiccedilotildees conjuntas e que da mesma forma jaacute por demais referimos neste caso caberaacute a oportuna expressatildeo de ldquoChegar a Bruxelas via Madridrdquo

                                                                                                                                                                                                                              O relacionamento transatlacircntico efectuado quer no acircmbito bilateral quer no acircmbito multilateral eacute um assunto que apesar dos diferentes graus de prioridade atribuiacutedos assumidamente preocupa os governantes de ambos os paiacuteses caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas

                                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                              QUESTAtildeO CENTRAL

                                                                                                                                                                                                                              Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                                                                                                                                                                                              Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                              • A resposta agrave questatildeo central
                                                                                                                                                                                                                                • Penso que conseguimos comprovar que apesar deste novo enquadramento das relaccedilotildees peninsulares eacute possiacutevel diferenciar a postura estrateacutegica de Portugal relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Contudo deveraacute a postura poliacutetico-estreateacutegica da Espanha determinar a Portugal a tomada de uma opccedilatildeo oposta Isto eacute implicaraacute uma opccedilatildeo tendencialmente atlacircntica ou europeia da Espanha a necessidade de Portugal se diferenciar optando por uma soluccedilatildeo oposta

                                                                                                                                                                                                                                  Em nossa opiniatildeo o enquadramento actual natildeo permite uma abordagem tatildeo directa Eacute um facto que Portugal deva explorar as oportunidades que uma ausecircncia espanhola em qualquer dos espaccedilos poderaacute permitir no entanto natildeo nos parece que a escolha de uma opccedilatildeo oposta agrave da Espanha seja uma soluccedilatildeo sensata

                                                                                                                                                                                                                                  Neste caso o risco de sub-representatividade surge de forma bem visiacutevel permitindo ao paiacutes vizinho ocupar o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago

                                                                                                                                                                                                                                  Designadamente na UE o risco de sub-representatividade estaria potenciado tanto pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal como pelo facto de poder vir a integrar um previsiacutevel directoacuterio europeu ficando Portugal agrave mercecirc da cada vez mais valorizada votaccedilatildeo por maioria qualificada Neste caso estariacuteamos perante uma situaccedilatildeo de subalternizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Natildeo deveratildeo ficar duacutevidas que as posiccedilotildees assumidas ocorrem por vontade proacutepria e resultando em prol do interesse nacional

                                                                                                                                                                                                                                  Procurando responder agrave questatildeo que determinou a orientaccedilatildeo do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser inequivocamente positiva Sendo vaacutelida para o anterior quadro de relacionamento como para esta nova realidade

                                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                  Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                                  • A resposta de Portugal
                                                                                                                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      Marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar as vantagens da lusoacutefonia

                                                                                                                                                                                                                                      Reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia da Espanha

                                                                                                                                                                                                                                      Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas

                                                                                                                                                                                                                                      Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      Perante todo este cenaacuterio qual deveraacute ser a melhor forma de Portugal fazer face a uma Espanha tatildeo ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

                                                                                                                                                                                                                                      Preconizaacutemos algumas respostas para esta questatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1 ndash Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido ndash De forma a defender firmemente o interesse nacional Afastando as tendecircncias de sub-representatividade ou subaltermnizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha caso contraacuterio Madrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo esbater-se-aacute

                                                                                                                                                                                                                                      2 ndash Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico Jaacute que permite a potenciaccedilatildeo geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica do acesso a recursos e fontes de rendimento e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica procurando obter a diversificaccedilatildeo d relacionamento

                                                                                                                                                                                                                                      3 ndash Potenciar as vantagens da lusoacutefonia ndash eacute uma questatildeo incontornaacutevel jaacute que eacute uma das marcas diferenciadoras de Portugal mais importantes para a qual a CPLP se torna um meio indispensaacutevel

                                                                                                                                                                                                                                      4 ndash No acircmbito do relacionamento bilateral reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia procurando alternativas externas agrave peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica

                                                                                                                                                                                                                                      5 ndash Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas ndash eacute uma necessidade que apenas foi percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios contudo eacute opiniatildeo generalizada dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute oferecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      6 ndash Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses a quem temos a obrigaccedilatildeo de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para que possam continuar Portugal

                                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      ldquoLa verdad es que cuando miro el mapa no entiendo por queacute Portugal no es Espantildeardquo

                                                                                                                                                                                                                                      Alonso Aznar

                                                                                                                                                                                                                                      Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade

                                                                                                                                                                                                                                      2001

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                                                                                                      Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      900

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo

                                                                                                                                                                                                                                      e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      6300

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      5200

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica

                                                                                                                                                                                                                                      200

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200

                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear

                                                                                                                                                                                                                                      1300

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1700

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-0xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico3

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      063
                                                                                                                                                                                                                                      016
                                                                                                                                                                                                                                      009
                                                                                                                                                                                                                                      008
                                                                                                                                                                                                                                      004

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-1xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico4

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      052
                                                                                                                                                                                                                                      017
                                                                                                                                                                                                                                      013
                                                                                                                                                                                                                                      012
                                                                                                                                                                                                                                      004
                                                                                                                                                                                                                                      002

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                  PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA
                                                                                                                                                                  Bancos FortalezadeCapital TamanhodeActivos SolidezRatioCapitalActivos RetornoSobre Activos RatioCustoCreacutedito
                                                                                                                                                                  (Milhotildees de doacutelares) () () ()
                                                                                                                                                                  Banco Comercial Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355
                                                                                                                                                                  Caixa Geral de Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569
                                                                                                                                                                  Banco Espiacuterito Santo 3271 54664 598 083 5061
                                                                                                                                                                  Bano Totta e Accedilores 1806 36403 496 11 4991
                                                                                                                                                                  Santander Central Hispano 21408 444012 482 117 631
                                                                                                                                                                  Banco Bilbao Vizcaya Argentaria 18176 362655 501 133 5677
                                                                                                                                                              BaciasHidrograacuteficas TerritoacuterioNacional
                                                                                                                                                              Douro 97600 km2 19
                                                                                                                                                              Guadiana 66800 km2 17
                                                                                                                                                              Lima 2480 km2 48
                                                                                                                                                              Minho 17080 km 2 5
                                                                                                                                                              Tejo 80600 km 2 31
                                                                                                                                                      PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003
                                                                                                                                                      Portugal
                                                                                                                                                      Exportaccedilotildees Importaccedilotildees
                                                                                                                                                      1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291
                                                                                                                                                      2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147
                                                                                                                                                      3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99
                                                                                                                                                      4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64
                                                                                                                                                      5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49
                                                                                                                                                  POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE
                                                                                                                                                  2003 () Total Agricultura Induacutestria Serviccedilos
                                                                                                                                                  UE 15 163758 38 265 645
                                                                                                                                                  Espanha 16666 56 308 636
                                                                                                                                                  Portugal 5118 128 328 544
                                                                                                                                              POPULACcedilAtildeO 2001
                                                                                                                                              PORTUGAL 10356117
                                                                                                                                              ESPANHA 40847371
                                                                                                                                              PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)
                                                                                                                                              Cenaacuterio Base 2010 2025 2040
                                                                                                                                              Portugal 106 104 98
                                                                                                                                              Espanha 457 501 527
                                                                                                                                  () Importaccedilotildees Exportaccedilotildees
                                                                                                                                  1942 365 195
                                                                                                                                  1944 454 351
                                                                                                                                  1946-1955 266 188
Page 6: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg v

AGRADECIMENTO

O autor deste trabalho expressa o seu reconhecimento a todos quantos contribuiacuteram para a sua

realizaccedilatildeo Destes cabe um especial agradecimento ao Major de Artilharia Dias Martins pela

total disponibilidade demonstrada e pelas oportunas recomendaccedilotildees efectuadas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vi

LISTA DE ABREVIATURAS

BBVA - Banco Bibao Vizcaya Argentaria

BSCH - Banco Santander Central Hispano

CEDA - Confederaccedilatildeo Espanhola dos Grupos Autoacutenomos de Direita

CEDN - Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

CEE - Comunidade Econoacutemica Europeia

CPLP - Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

DDN - Directiva de Defensa Nacional 12004

EDP - Electricidade de Portugal

EFTA - Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

Hab - Habitantes

JC Lisbon - Joint Command Lisbon

MIBEL - Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica

OCDE - Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OI - Organizaccedilatildeo Internacional

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OCS - Oacutergatildeos de Comunicaccedilatildeo Social

OSCE - Organizaccedilatildeo para a Seguranccedila e Cooperaccedilatildeo Europeia

OTAN - Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte

PESC - Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

PHNE - Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha

PIB - Produto Interno Bruto

ppc - Paridade de Poder de Compra

PP - Partido Popular

PS - Partido Socialista

PSD - Partido Social Democrata

PSOE - Partido Socialista Obrero Espantildeol

PT - Portugal Telecom

PTM - Paiacuteses Terceiros do Mediterracircneo

TCE - Tratado Constitucional Europeu

TEM - Telefoacutenica Moacuteviles

UE - Uniatildeo Europeia

UEM - Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

URSS - Uniatildeo das Repuacuteblicas Socialistas Sovieacuteticas

VAB - Valor Acrescentado Bruto

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg vii

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 1

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS 4 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas 4

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento 4 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular 7 113 A supremacia internacional de Portugal9

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas10 13 A questatildeo econoacutemica 12

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES15 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico15 22 Portugal e Espanha em factos comparados 17

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila 18 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais19 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo 21 224 O mercado de trabalho 22 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo 22

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia 23 231 O sector energeacutetico24 232 A partilha de recursos hiacutedricos25 233 O sector bancaacuterio26 234 O sector das telecomunicaccedilotildees27

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL 29 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica29

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE29 312 O relacionamento econoacutemico32 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia34

32 A Alianccedila Atlacircntica36 33 Os espaccedilos regionais 41

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa41 332 O Mediterracircneo e o Magreb 42 333 A Ibero-Ameacuterica 43

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES45

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia 45 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa 47 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento52

431 O modelo tradicional de relacionamento 53 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo54

44 A resposta de Portugal57

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES 60

APEcircNDICES

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

INTRODUCcedilAtildeO

Ao abordar a questatildeo do relacionamento entre Portugal e Espanha vem-nos logo agrave ideia o

velho proveacuterbio portuguecircs no qual se refere que ldquode Espanha nem bom vento nem bom

casamentordquo De facto ao longo da jaacute velha histoacuteria nacional as relaccedilotildees entre as duas naccedilotildees

foram caracterizadas por inuacutemeros conflitos a maior parte deles traduzidos pela forccedila das armas

Poucos foram os momentos em que os dois paiacuteses natildeo estiveram de costas voltadas No entanto

eacute incontestaacutevel a ideia de que satildeo duas grandes naccedilotildees que procuraram ao longo da histoacuteria a

respectiva afirmaccedilatildeo tanto no seu espaccedilo regional como num mundo jaacute partilhado pelo Tratado

de Tordesilhas

A matriz de relacionamento entre os dois Estados peninsulares foi ateacute 1985 determinada pela

divergecircncia e desconfianccedila permanente Os traccedilos fundamentais dessa relaccedilatildeo assentavam na

permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico o

qual mantinha como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Contudo nos

momentos em que os paiacuteses se encontraram no mesmo quadro de alianccedilas a balanccedila pendeu

sempre em desfavor de Portugal Estas eram as alturas em que o Paiacutes voltava a procurar

separaccedilatildeo da Espanha apoiando-se numa alianccedila estrateacutegica oposta A ligaccedilatildeo extra-peninsular

permitiu a Portugal manter a sua individualidade e identidade constituindo-se tambeacutem como

suporte fundamental da sua soberania

Apoacutes a entrada de Portugal e da Espanha na Comunidade Econoacutemica Europeia (CEE) e na

Alianccedila Atlacircntica surgiu um novo paradigma de relacionamento A partilha de interesses nestes

espaccedilos determinou a impossibilidade de uma diferenciaccedilatildeo expliacutecita considerando a

necessidade de recurso a um alinhamento estrateacutegico diferenciado A partir daquele momento os

paiacuteses despertavam para uma realidade que lhes permitia a convivecircncia sem a necessidade de

recurso aos velhos receios de perca de soberania

Se ateacute entatildeo o relacionamento bilateral se resumia ao acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico apoacutes

aquele momento pocircde ser alargado a outras aacutereas como a econoacutemica a comercial e a cultural A

evoluccedilatildeo foi retratada pelo Professor Doutor Adriano Moreira que sobre o assunto referiu ldquoa

experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem

mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de

cooperaccedilatildeordquo1 expressatildeo que muito bem cabe ao caso peninsular

1 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nos dias de hoje Portugal e Espanha assumiram finalmente caminhos comuns Ambos fazem

parte das duas Organizaccedilotildees Internacionais (OI) provavelmente mais relevantes do planeta a

Organizaccedilatildeo do Tratado do Atlacircntico Norte (OTAN) e a Uniatildeo Europeia (UE) nelas querendo

fazer valer os seus interesses estrateacutegicos e procurando a sua afirmaccedilatildeo num mundo globalizado

no qual a sobrevivecircncia individualizada poderaacute ser posta em causa

Eacute pois neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico de toda a pertinecircncia avaliar em que medida os

dois Estados poderatildeo seguir um rumo comum assumindo as respectivas individualidades e

particularidades procurando contribuir para o desenvolvimento das OI onde se encontram

inseridos Ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular determinaratildeo a Portugal a

necessidade de assumir uma orientaccedilatildeo oposta mantendo assim a tendecircncia da histoacuteria

Em face da vastidatildeo do objecto delimitaacutemos o estudo desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute aos

nossos dias enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees poliacutetico-

estrateacutegicas tomadas no seio da UE e da Alianccedila Atlacircntica OI que determinam o actual

enquadramento geoeconoacutemico geopoliacutetico e geoestrateacutegico de ambos os Estados Contudo natildeo

deixamos de abordar outros aspectos do relacionamento bilateral confinados agrave realidade

peninsular mas que consideraacutemos ser um contributo necessaacuterio para a conclusatildeo do estudo

A metodologia empregue versou fundamentalmente na realizaccedilatildeo de uma pesquisa

bibliograacutefica na qual se incluiu a consulta de vaacuterias obras literaacuterias vaacuterios artigos publicados em

jornais e revistas de caraacutecter generalista mas tambeacutem da especialidade e ainda alguns siacutetios da

Internet A investigaccedilatildeo incluiu a realizaccedilatildeo de entrevistas a personalidades com estudos

realizados neste acircmbito Nestas incluem-se o General Loureiro dos Santos o Professor Doutor

Carlos Gaspar o Professor Doutor Medeiros Ferreira o Professor Doutor Antoacutenio Joseacute Telo o

Professor Doutor Nuno Severiano Teixeira e o Professor Doutor Adriano Moreira

Para o desenvolvimento do trabalho definimos a seguinte questatildeo central ldquoPoderatildeo as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual

ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo Desta extraiacutemos as

seguintes questotildees derivadas ldquoQual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica

da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo ldquoQual o impacto de uma

orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa da Espanha nas opccedilotildees estrateacutegicas

nacionaisrdquo por uacuteltimo ldquoSeraacute a orientaccedilatildeo estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar

Portugal no seio das OI onde se encontra inseridordquo

Das questotildees apresentadas extraiacutemos as seguintes hipoacuteteses ldquoDada a menor dimensatildeo de

Portugal as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionam as opccedilotildees estrateacutegicas

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

nacionaisrdquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo ldquoUma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da

poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo por uacuteltimo ldquoUma

orientaccedilatildeo estrateacutegica comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio

das OI onde se encontra inseridordquo

O trabalho encontra-se organizado em quatro capiacutetulos No primeiro que surge apoacutes a

presente introduccedilatildeo pretendemos apresentar o enquadramento histoacuterico do relacionamento

peninsular Assim desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da UE e da

OTAN pretende-se mostrar como as orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha influenciaram

as orientaccedilotildees estrateacutegicas nacionais

No segundo capiacutetulo efectuamos um enquadramento geopoliacutetico e geoestrateacutegico dos dois

paiacuteses Neste pretendemos apresentar as duas realidades ibeacutericas recorrendo a alguns aspectos

comparativos como os sistemas poliacuteticos e a organizaccedilatildeo administrativa dados relativos agrave

populaccedilatildeo e agrave situaccedilatildeo macro-econoacutemica assim como aspectos que poderatildeo determinar a

existecircncia de factores de dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

O terceiro capiacutetulo versa sobre o momento de coabitaccedilatildeo internacional actualmente vivido

pelos dois Estados Inicialmente abordaacutemos a UE sobre a qual analisamos a integraccedilatildeo e a

participaccedilatildeo de ambos os paiacuteses no processo de construccedilatildeo europeu o relacionamento

econoacutemico e ainda a premente questatildeo da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila

Comum (PESC) Segue-se uma abordagem agrave participaccedilatildeo de Portugal e da Espanha na OTAN

terminando com uma pequena referecircncia agrave postura individual em espaccedilos regionais preferenciais

O capiacutetulo final para aleacutem de se constituir como um espaccedilo de anaacutelise nele pretendemos

incluir uma siacutentese conclusiva Aqui se confronta Portugal com as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da

Espanha Para tal iniciamos efectuando uma breve abordagem ao plano bilateral apoacutes o que

salientamos as grandes linhas da poliacutetica externa de ambos que nos permitem responder agraves

primeira e segunda questotildees derivadas Seguidamente procuramos expor os modelos de

relacionamento encontrados momento considerado oportuno para responder agrave terceira questatildeo

derivada e ainda agrave questatildeo central do trabalho Por uacuteltimo terminamos efectuando uma

abordagem ao que consideraacutemos ser a mais adequada resposta de Portugal

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

1 PORTUGAL E ESPANHA OS INIMIGOS IacuteNTIMOS

A histoacuteria dos paiacuteses ibeacutericos cruza-se tanto quanto poderia determinar a realidade de uma

vizinhanccedila muitas vezes designada por fatalidade geograacutefica Os dois Estados tiveram uma

evoluccedilatildeo poliacutetica proacutepria (Apecircndices A e B) e orientada pelo decurso dos acontecimentos

internos que de tatildeo intensos determinaram a tomada de opccedilotildees tendentes a apoiar ou a

contrariar a orientaccedilatildeo do vizinho peninsular Neste acircmbito destaca-se a guerra civil espanhola

cujo desfecho os responsaacuteveis nacionais entenderam ser determinante para a manutenccedilatildeo da

estabilidade poliacutetica portuguesa A mesma postura foi adoptada para fazer face aos grandes

acontecimentos europeus dos quais se destacam dois conflitos mundiais e os consequentes

arranjos poliacutetico-estrateacutegicos que se lhes seguiram O parco relacionamento econoacutemico eacute outro

dos reflexos de uma vivecircncia bilateral que se revelou quase exiacutegua na eacutepoca a que se refere o

presente capiacutetulo No entanto a questatildeo econoacutemica iria sofrer uma significativa inversatildeo com o

decorrer dos acontecimentos

11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

No periacuteodo em anaacutelise Portugal e Espanha mantiveram-se tradicionalmente afastados

seguindo alinhamentos estrateacutegicos opostos que estiveram na base de um distanciamento das

relaccedilotildees bilaterais em grande parte do seacuteculo XX Os momentos em que o posicionamento

poliacutetico-estrateacutegico de ambos coincidiu apesar de muito raros caracterizaram-se pela

valorizaccedilatildeo da Espanha em detrimento de Portugal

O Pacto Peninsular foi no seacuteculo que haacute pouco terminou um dos momentos marcantes das

relaccedilotildees ibeacutericas A sua realizaccedilatildeo teve por base a necessidade de garantir a neutralidade na II

Guerra Mundial pelo que haveria que conseguir retirar a relevacircncia estrateacutegica do espaccedilo

peninsular O seacuteculo termina com ambos os paiacuteses a coabitarem os mesmos espaccedilos poliacutetico

econoacutemico e de defesa facto que determinou uma nova era nas relaccedilotildees bilaterais

111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento

Portugal terminava o seacuteculo XIX em crise com o seu velho aliado inglecircs Em 1890 a

Inglaterra fazia ao nosso Paiacutes um ultimato que iria pocircr fim agraves aspiraccedilotildees nacionais de unir os

territoacuterios de Angola e de Moccedilambique do Atlacircntico ao Iacutendico O projecto representado pelo

Mapa Cor-de-rosa colidia no entanto com a ambiccedilatildeo britacircnica de estabelecer uma ligaccedilatildeo

contiacutenua do Cabo ao Cairo Atraveacutes do documento entregue ao Governo em 11 de Janeiro de

1890 a Inglaterra exigia a retirada imediata das forccedilas expedicionaacuterias portuguesas da regiatildeo do

Noroeste de Moccedilambique apesar deste territoacuterio ldquopertencer a Portugalrdquo (MATTOSO et al 1994

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

p 38) Como retaliaccedilatildeo ameaccedilava com o corte das relaccedilotildees diplomaacuteticas e com o emprego da

forccedila O facto fez desencadear um amplo movimento de protesto e foi encarado como uma

humilhante lanccedila no orgulho nacional O governo caiu mas respondeu afirmativamente aos

ingleses

Tinha-se desenvolvido um forte e generalizado ldquosentimento antibritacircnicordquo (FERREIRA

1989 p 18) que teve como consequecircncia o regresso agrave realidade peninsular Em face da posiccedilatildeo

britacircnica seu tradicional aliado Portugal voltava-se para a Espanha seu tradicional inimigo Do

lado espanhol as opiniotildees variaram desde uma cautelosa posiccedilatildeo monaacuterquica a um declarado

apoio republicano Os medos estavam vencidos os desentendimentos esquecidos e descobriam-

se afinidades de tal forma que ganhava alguma projecccedilatildeo o sentimento iberista portuguecircs que

para os mais radicais passava por uma federaccedilatildeo das repuacuteblicas ibeacutericas Para os demais o

relacionamento com a Espanha passava por uma alianccedila que consideravam indispensaacutevel para a

afirmaccedilatildeo internacional da Peniacutensula Ibeacuterica O Tratado assinado em Agosto de 1891 punha

fim agrave contenda com os britacircnicos contudo deixava claro a sua influecircncia no desenrolar das

opccedilotildees politico-estrateacutegicas nacionais

No iniacutecio do seacuteculo XX as pretensotildees alematildes no Norte de Aacutefrica designadamente sobre

Marrocos determinaram uma alteraccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica dos paiacuteses peninsulares As

possessotildees espanholas no continente africano motivam uma aproximaccedilatildeo de franceses e ingleses

agrave Espanha que culmina na assinatura de tratados com ambas as potecircncias Sobre Portugal os

britacircnicos passaram a consideraacute-lo de menor valor estrateacutegico em face das possibilidades

fornecidas pela posiccedilatildeo geograacutefica da Espanha que permitia o controlo sobre o Mediterracircneo

Ocidental e o Norte de Aacutefrica Ficava no entanto uma ressalva quanto agrave importacircncia das ilhas

atlacircnticas portuguesas que segundo Winston Churchill natildeo deveriam cair ldquonas matildeos de alguma

potecircncia hostil a Londresrdquo (FERREIRA 1989 p 24)

Portugal via-se secundarizado perante a entrada da Espanha nas tradicionais posiccedilotildees

estrateacutegicas nacionais O facto natildeo escapou agrave percepccedilatildeo dos responsaacuteveis portugueses que

procuraram outra acircncora externa que pudesse conferir ao Paiacutes a centralidade estrateacutegica que lhe

permitisse dispor de uma maior capacidade negocial O papel passava a ser desempenhado pela

Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas

accedilorianas e outras facilidades agrave navegaccedilatildeo Desta forma Portugal procurou defender a sua

individualidade diferenciando a sua alianccedila externa da do vizinho espanhol

Na I Guerra Mundial a neutralidade espanhola faria Portugal dispor de uma oportunidade de

ouro para obter a tatildeo indispensaacutevel diferenciaccedilatildeo peninsular e colocar o Paiacutes no seu alinhamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 6

tradicional ldquoUm dos motivos que decidiu a Repuacuteblica agrave participaccedilatildeo na guerra ao lado dos

aliados foi sem duacutevida a disputa da representatividade internacional da Peniacutensula Ibeacutericardquo

(FERREIRA 1992 p 49) Franco Nogueira ao designar uma ldquopreocupaccedilatildeo sincerardquo

(NOGUEIRA 2000a p239) pretendia referir-se agrave integridade territorial do ultramar apenas

assegurada com a presenccedila de Portugal na Conferecircncia de Paz e no futuro organismo

internacional que dela resultasse Assim sendo Portugal decidiu-se pela participaccedilatildeo cedendo a

base naval de Leixotildees aos franceses permitindo que fosse estabelecida uma base naval norte-

americana em Ponta Delgada e enviando um corpo expedicionaacuterio para o teatro de operaccedilotildees

europeu

Sobre as razotildees que teratildeo levado os ingleses a preferir a participaccedilatildeo portuguesa relativamente

agrave espanhola Medeiros Ferreira refere a existecircncia de um documento britacircnico2 do Foreign

Office datado de 1917 o qual refere as exigecircncias efectuadas pelo Estado espanhol como o

factor decisivo para a recusa Estas englobavam Tacircnger Gibraltar e ldquomatildeo livre em Portugalrdquo

Desta uacuteltima explica natildeo se tratar da anexaccedilatildeo mas de uma tentativa de ldquoamarraacute-lo por qualquer

tipo de tratado ou de alianccedila que assegurasse a presenccedila do domiacutenio espanhol nas deliberaccedilotildees

portuguesas (hellip)rdquo (FERREIRA 1989 p32)

Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a

notoriedade internacional pretendida Entrava na guerra ao lado dos aliados diferenciava-se da

neutralidade espanhola e obtinha o assento na Conferecircncia de Paz em Paris Contudo natildeo era

previsiacutevel o enorme reveacutes que se seguiu Discutia-se a fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildees

organizaccedilatildeo na qual Portugal se arrogava no direito de integrar ocupando um lugar compatiacutevel

com o de uma potecircncia beligerante A actividade diplomaacutetica nacional desenvolvia-se junto do

velho aliado na tentativa de assegurar a presenccedila no futuro Conselho Executivo

Ao mesmo tempo a Espanha acercava-se dos Estados Unidos da Ameacuterica (EUA) e do seu

presidente Woodrow Wilson ldquoprincipal decisor na fundaccedilatildeo da Sociedade das Naccedilotildeesrdquo

(FERREIRA 1992 p51) sobre quem exerceu um apertado cerco diplomaacutetico tambeacutem

desenvolvido sobre a Franccedila e a Gratilde-Bretanha no sentido de vir a tornar-se Membro Permanente

do Conselho Executivo O resultado final desta intensa batalha diplomaacutetica foi em desfavor de

Portugal A Espanha eacute efectivamente convidada a fazer parte em representaccedilatildeo dos paiacuteses

neutrais embora como Membro Natildeo Permanente enquanto que Portugal se viu relegado para

uma posiccedilatildeo secundaacuteria

2 ldquoPotential Value of Spain as na Allyrdquo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 7

Ao ver-se afastada daquele organismo em favor da Espanha que natildeo tinha desenvolvido

qualquer esforccedilo de guerra a delegaccedilatildeo portuguesa manifestava-se fazendo sentir o seu

desagrado Franco Nogueira retratou desta forma o facto ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria

nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo

Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho

Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido

(hellip)rdquo (NOGUEIRA 2000b p67)

112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular

No periacuteodo que se seguiu agrave I Guerra Mundial as relaccedilotildees entre os dois Estados conheceram

distintos graus de intensidade Inicialmente o relacionamento poliacutetico foi problemaacutetico com

responsabilidades dirigidas a Afonso XIII e agrave sua apetecircncia para chegar ao domiacutenio ibeacuterico O rei

procurava ldquoum pretexto de intervenccedilatildeo em Portugal e tentava obter a complacecircncia da Inglaterra

para o efeitordquo (NOGUEIRA 2000a p 245) A fricccedilatildeo poliacutetica manteve-se ateacute 1926 quando

surge no poder um regime de ditadura militar com o qual o vizinho peninsular demonstrou

alguma simpatia tendo como consequecircncia ldquoum imediato incremento a partir de 1927rdquo

(FERREIRA 1989 p44)

A partir de 1931 iniciado jaacute em Portugal o periacuteodo do Estado Novo as relaccedilotildees ibeacutericas

regressaram a uma fase de maior tensatildeo Este facto para Medeiros Ferreira natildeo deveria ser

imputado agrave natureza diferente dos regimes mas sim ao apoio que os republicanos espanhoacuteis

prestavam aos democratas Portugueses Para Antoacutenio de Oliveira Salazar o triunfo da esquerda

em Espanha representava ldquoum duplo perigo o revolucionaacuterio e o iberistardquo (FERREIRA 1989

p47) pelo que preparava as Forccedilas Armadas para uma hipoteacutetica guerra com a Espanha

A guerra civil espanhola obrigou Portugal a exercer uma intensa actividade diplomaacutetica O

conflito que opunha nacionalistas e republicanos representava segundo o governo portuguecircs um

perigo substancial para a seguranccedila e a independecircncia do Paiacutes Os responsaacuteveis portugueses

procuravam sensibilizar ingleses franceses alematildees e italianos embora aos dois uacuteltimos apenas

tivesse recorrido pela ausecircncia de resposta dos primeiros bem como pela crescente influecircncia da

actividade sovieacutetica

Para o Governo portuguecircs a questatildeo era simples e directa ldquovitoacuteria do exeacutercito espanhol ou

implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo (NOGUEIRA 2000a p274) tornando-se Portugal

pela sua situaccedilatildeo geograacutefica no Paiacutes mais directamente ameaccedilado jaacute que os partidos

republicanos espanhoacuteis natildeo escondiam a sua apetecircncia pelo federalismo ibeacuterico Apesar da

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 8

cedecircncia agrave pressatildeo anglo-francesa de natildeo-intervenccedilatildeo que nos levaria agrave assinatura de um

compromisso3 Portugal apoiou os nacionalistas juntamente com a Alemanha e a Itaacutelia em

contraponto ao apoio sovieacutetico prestado ao governo de Madrid

Apoacutes a guerra civil ainda em 1939 Portugal e a Espanha assinam um Tratado de Natildeo-

Agressatildeo4 Para Portugal o acordo permitia travar as tendecircncias iberistas espanholas e no

conjunto peninsular mantinha os paiacuteses numa situaccedilatildeo de neutralidade relativamente ao conflito

generalizado que se avizinhava Para o efeito o nosso Paiacutes teria de permanecer afastado das

obrigaccedilotildees a que o Tratado luso-britacircnico obrigava assim como as posiccedilotildees da Alemanha e da

Itaacutelia natildeo deveriam arrastar a Espanha5 para uma posiccedilatildeo beligerante Seria a forma de eliminar a

possibilidade de entrada na guerra de ambos os paiacuteses sob influecircncia dos respectivos aliados

externos

A situaccedilatildeo de neutralidade da Peniacutensula Ibeacuterica deveria estar dependente do entendimento

entre a Alemanha e a Ruacutessia que num cenaacuterio de confronto com os aliados procurariam o

isolamento dos EUA Este facto implicava a formaccedilatildeo de uma ldquoesfera de influecircncia alematilde num

hemisfeacuterio orientalrdquo (GASPAR p168) que por um lado permitisse a ligaccedilatildeo da Europa agrave Aacutefrica

e por outro a ocupaccedilatildeo das ilhas atlacircnticas de forma a estabelecer uma fronteira com o

hemisfeacuterio de influecircncia americano O cenaacuterio segundo Carlos Gaspar exigiria ainda a

constituiccedilatildeo de um bloco continental formado pela Franccedila e pela Espanha ldquoassim como fechar o

Mediterracircneo para isolar a Gratilde-Bretanha e estabelecer nos estreitos uma ligaccedilatildeo segura com o

Norte de Aacutefricardquo (GASPAR p168)

A invasatildeo da Ruacutessia pela Alemanha e a tomada do Norte de Aacutefrica pelos aliados

proporcionou a ldquodesvalorizaccedilatildeo da posiccedilatildeo peninsularrdquo (GASPAR p169) permitindo manter a

Peniacutensula afastada dos confrontos Contudo a entrada na guerra da Espanha mantinha-se uma

incoacutegnita A ala intervencionista protagonizada por Serrano Suntildeer exercia forte influecircncia junto

de Franco levando-o a expor perante Hitler as condiccedilotildees para a participaccedilatildeo na guerra entre as

quais constavam a recuperaccedilatildeo de Gibraltar e vaacuterias concessotildees no Norte de Aacutefrica A Espanha

aderia a ldquoum pacto secreto com a Alemanha e a Itaacuteliardquo (GASPAR p179) no entanto nunca se

comprometendo com uma data para a participaccedilatildeo no conflito Portugal demarcava-se mais uma

3 Assinaram o tratado de natildeo-intervenccedilatildeo a Alemanha Aacuteustria Beacutelgica Bulgaacuteria Checoslovaacutequia Dinamarca Finlacircndia Franccedila Gratilde-Bretanha Hungria Irlanda Itaacutelia Jugoslaacutevia Noruega Paiacuteses Baixos Poloacutenia Portugal Repuacuteblicas Baacutelticas Romeacutenia Ruacutessia e Sueacutecia 4 Pacto Peninsular em Portugal Pacto Ibeacuterico em Espanha 5 Sobre o assunto interessa salientar que a neutralidade espanhola era de grande conveniecircncia para a Gratilde-bretanha visto que assim poderia proceder mais facilmente agrave defesa de Gibraltar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 9

vez da posiccedilatildeo espanhola e cedia os Accedilores aos aliados passando de uma ldquoneutralidade

geomeacutetrica a uma neutralidade activardquo (GASPAR p181)

113 A supremacia internacional de Portugal

O poacutes-guerra proporcionou ao mundo um novo quadro estrateacutegico no qual emergiam os EUA

e a Uniatildeo Sovieacutetica formando dois poacutelos antagoacutenicos onde cada qual procurava aglutinar as

alianccedilas que mais e melhores vantagens pudessem acrescentar agraves suas esferas de influecircncia e agraves

respectivas potencialidades estrateacutegicas Perante esta nova realidade haveria que encontrar

respostas raacutepidas para travar o avanccedilo de influecircncias indesejaacuteveis Iniciavam-se assim as

conversaccedilotildees para a implementaccedilatildeo de um Tratado do qual fariam parte os Paiacuteses do Pacto de

Bruxelas6 os EUA o Canadaacute e ainda a Noruega a Dinamarca a Islacircndia e Portugal

O convite endereccedilado a Portugal motivou uma reacccedilatildeo imediata do paiacutes vizinho que ao ver-

se excluiacutedo se apressou a condicionar a adesatildeo portuguesa agrave existecircncia do Pacto Peninsular

levando mesmo Franco a querer ldquoimpedir a entrada de Portugalrdquo (ANTUNES 2003 p30) A

questatildeo centrava-se no artigo que alude agrave defesa muacutetua em caso de agressatildeo facto que poderia

inviabilizar a possibilidade de colaboraccedilatildeo com a Espanha quando confrontado com o previsto

na redacccedilatildeo do Pacto Peninsular Apesar da pressatildeo espanhola Portugal reafirma a

compatibilidade dos dois Pactos assumindo-se como paiacutes fundador No entanto desencadeou

esforccedilos no sentido de que o vizinho peninsular pudesse tambeacutem integrar a Alianccedila agrave data da sua

formaccedilatildeo

A Espanha atravessava um periacuteodo de isolamento internacional decorrente das posiccedilotildees

assumidas no decurso da II Guerra Mundial bem como do autoritarismo do seu regime poliacutetico

Portugal vivia um periacuteodo de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica efectiva no contexto ibeacuterico e afirmava a

supremacia na representatividade peninsular constituindo-se como a uacutenica possibilidade de

ligaccedilatildeo da Espanha ao exterior

A partir de 1953 a Espanha assina com os EUA os conveacutenios sobre ajuda de defesa e ajuda

econoacutemica que iriam permitir a instalaccedilatildeo de bases militares no territoacuterio e o apoio financeiro

para a recuperaccedilatildeo econoacutemica do paiacutes7 Era o momento a partir do qual a Espanha punha um

ponto final no periacuteodo de isolamento internacional passando os dois paiacuteses a partilhar a mesma

alianccedila externa A adesatildeo agrave Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) eacute efectuada em simultacircneo

e definitivamente anula a dependecircncia que a Espanha tinha de Portugal para o relacionamento

externo Ao inveacutes Portugal entrava agora numa fase de marginalizaccedilatildeo internacional motivada 6 Beacutelgica Franccedila Gratilde-Bretanha Holanda e Luxemburgo 7 Sublinha-se o facto de que a Espanha tinha ficado excluiacuteda da ajuda financeira proporcionada pelo Plano Marchall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 10

pela questatildeo colonial contudo ambos os paiacuteses seriam afastados do processo de integraccedilatildeo

europeia

Em 1974 e 1975 Portugal e Espanha alteraram respectivamente a natureza dos seus regimes

poliacuteticos O processo nacional foi mais atribulado dado que decorreu da realizaccedilatildeo de um golpe

militar Em Espanha Franco preparou a sua sucessatildeo para que apoacutes a sua morte o rei Juan

Carlos I assumisse a Chefia do Estado transformando o regime de forma paciacutefica numa

monarquia parlamentar Em Portugal o processo revolucionaacuterio que se seguiu ao golpe militar

foi atentamente acompanhado pelo regime espanhol que com receio de contaminaccedilatildeo

fronteiriccedila ldquoos serviccedilos de informaccedilatildeo franquistas foram imediatamente em forccedila para Lisboa

(hellip) Franco tinha interesse especial em ver as imagens que lhe chegavam de Portugalrdquo8

(ANTUNES 2003 p31) Apoacutes a democratizaccedilatildeo dos sistemas poliacuteticos as relaccedilotildees entre os

dois Estados assumiram outras proporccedilotildees multiplicando-se as visitas oficiais As consequecircncias

ao niacutevel da inserccedilatildeo internacional estavam tambeacutem visiacuteveis e culminaram na aceitaccedilatildeo do pedido

de adesatildeo agrave CEE organizaccedilatildeo para a qual entraram em simultacircneo

12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas

Tradicionalmente os paiacuteses da Peniacutensula Ibeacuterica adoptaram uma poliacutetica de alianccedilas

orientada sob os desiacutegnios da divergecircncia Portugal procurou sempre a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica

peninsular recorrendo a uma alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante no caso a Gratilde-

Bretanha As vantagens eram muacutetuas no entanto para Portugal tornara-se essencial para

assegurar a sua identidade e independecircncia assim como a manutenccedilatildeo do vasto impeacuterio colonial

A Espanha inicia o seacuteculo precisamente ao lado daqueles que tradicionalmente eram os

aliados dos portugueses sendo as questotildees africanas a motivar a aproximaccedilatildeo aos ingleses e

franceses Com a I Guerra Mundial o vizinho peninsular regressa agrave sua postura de neutralidade

em contraponto com a posiccedilatildeo portuguesa que se manteacutem ao lado do velho aliado procurando o

protagonismo internacional e um lugar entre as grandes naccedilotildees Contudo eacute a Espanha que

recorrendo aos EUA garante um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

Na guerra civil espanhola as facccedilotildees em confronto apercebem-se da importacircncia da cativaccedilatildeo

de apoio externo Enquanto os nacionalistas cativavam a atenccedilatildeo da Alemanha e da Itaacutelia o

governo republicano obtinha a simpatia da Ruacutessia que contribuiu com equipamento militar O

governo portuguecircs natildeo se quedou por uma atitude passiva com receio das consequecircncias de uma

vitoacuteria republicana perseguiu os seus interesses realizando uma intensa actividade diplomaacutetica

8 Referecircncia feita a declaraccedilotildees de Raul Morodo a Joseacute Freire Antunes em 1999

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 11

que lhe permitiu contornar o acordo de natildeo-intervenccedilatildeo patrocinado por ingleses e franceses e

prestar o apoio agraves forccedilas do Generaliacutessimo

Com o final do conflito interno espanhol surgia uma nova prioridade para os paiacuteses ibeacutericos

A necessidade de neutralidade perante a possibilidade de um novo conflito mundial determinou

o estabelecimento de uma nova poliacutetica de alianccedilas Referimo-nos ao Pacto Peninsular assinado

em 17 de Marccedilo de 1939 que Portugal encarou natildeo como substituiccedilatildeo do seu alinhamento

tradicional mas como uma adiccedilatildeo agrave alianccedila com a potecircncia mariacutetima existente jaacute que o

submeteu agrave apreciaccedilatildeo do aliado inglecircs

No regime espanhol existiam duas facccedilotildees uma personificada por Serrano Suntildeer ministro

da governaccedilatildeo era partidaacuteria do intervencionismo ao lado das forccedilas do eixo A outra liderada

por Juan Beigbeder ministro dos negoacutecios estrangeiros era mais moderada e consciente da

necessidade da eliminaccedilatildeo da importacircncia estrateacutegica da Peniacutensula Ibeacuterica para a qual a

reafirmaccedilatildeo do Pacto Peninsular era imprescindiacutevel As acccedilotildees poliacutetico-diplomaacuteticas entre os

dois Estados levaram agrave assinatura de um protocolo adicional ao Pacto que garantia a natildeo-

intervenccedilatildeo inglesa em Portugal e mantinha a Espanha afastada da influecircncia alematilde

Apesar das conversaccedilotildees e pactos assinados o vizinho ibeacuterico mantinha as diligecircncias

intervencionistas junto da Alemanha que motivaram a participaccedilatildeo em 23 de Outubro na

cimeira de Hendaia e consequentemente a adesatildeo ao Pacto Tripartido Contudo natildeo se

comprometeria com uma data para entrar na guerra O decurso do conflito determinou a efectiva

neutralidade dos dois paiacuteses e a 13 de Fevereiro de 1942 na cimeira luso-espanhola de Sevilha

era reafirmado o Bloco Peninsular e o entendimento comum sobre a neutralidade da peniacutensula

Com o final da II Guerra Mundial a Espanha ficou isolada internacionalmente funcionando

Portugal como o interlocutor ibeacuterico A supremacia peninsular nacional ficou reflectida no

alinhamento internacional que se seguiu atraveacutes da adesatildeo em 1949 agrave OTAN O emergir

internacional de Portugal teve como consequecircncia a desvalorizaccedilatildeo da alianccedila ibeacuterica A

Espanha iniciava a normalizaccedilatildeo do seu relacionamento internacional ainda em 1949 assinando

com os EUA um acordo de cooperaccedilatildeo militar reafirmado em 1953 e em 1976 Sendo neste

uacuteltimo conseguido o acordo sobre a Zona de Interesse Comum9 Em 1982 o pedido de adesatildeo

da Espanha agrave OTAN colocava os dois paiacuteses ibeacutericos junto da potecircncia mariacutetima

O periacuteodo em anaacutelise foi caracterizado por momentos de alinhamento internacional

coincidente isto eacute ambos coabitando numa mesma alianccedila extra-ibeacuterica momentos de

alinhamento oposto e outros em que a alianccedila peninsular foi uma realidade Contudo os Pactos 9 A Zona de Interesse Comum engloba o espaccedilo mariacutetimo que une o Atlacircntico ao Mediterracircneo Ocidental englobando as ilhas Baleares Canaacuterias arquipeacutelago da Madeira ehellip Portugal continental

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 12

estabelecidos por cada um tiveram uma caracteriacutestica que deve ser salientada Enquanto

Portugal manteve o seu alinhamento tradicional atribuindo-lhe um caraacutecter estrutural a Espanha

fez flutuar a sua orientaccedilatildeo internacional de acordo com os interesses estrateacutegicos do momento

conferindo-lhes um caraacutecter conjuntural No entanto foi niacutetida a desvantagem nacional quando

verificados os periacuteodos de alinhamento coincidente nos quais a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de

Portugal foi uma evidencia

13 A questatildeo econoacutemica

No decorrer do seacuteculo XX o relacionamento econoacutemico entre os dois Estados ibeacutericos

conheceu duas fases distintas (ALVES 2001 p32) Na primeira ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 70 o

relacionamento entre ambos decorreu essencialmente no patamar poliacutetico A segunda fase a

partir da deacutecada de 70 e apoacutes o periacuteodo de transiccedilatildeo para um regime democraacutetico vivido pelos

dois paiacuteses quase em simultacircneo evoluiu progressivamente enquadrando para aleacutem do aspecto

poliacutetico entre outras a aacuterea econoacutemica e cultural

O relacionamento econoacutemico nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica poderia

justificar natildeo obstante alguns acordos terem sido assinados sobre esta mateacuteria (Apecircndice C) De

forma a ilustrar o niacutevel de relacionamento entre ambos vejam-se os dados relativos a 1942 as

importaccedilotildees portuguesas de Espanha representavam 365 do total (ALVES 2001 p45)

enquanto que as exportaccedilotildees se situavam nos 193 Em 1944 os mesmos valores atingiam uma

maior expressatildeo passando para 454 e 351 respectivamente para nos anos seguintes

diminuiacuterem progressivamente de importacircncia De salientar que os valores mais elevados entre

os anos de 1946 e 1955 relativos agraves mesmas trocas comerciais se situaram em 266 e 188

respectivamente (ALVES 2001 p45)

O periacuteodo de isolamento internacional espanhol terminou ainda em 1949 com a assinatura de

um acordo com os EUA permitindo-lhe aceder a um creacutedito para apoio agrave reconstruccedilatildeo do paiacutes e

ao relanccedilamento econoacutemico No mesmo ano com o objectivo de proceder agrave substituiccedilatildeo dos

acordos estabelecidos ateacute aquela data entre os dois vizinhos peninsulares Portugal assinou com a

Espanha um acordo10 econoacutemico que se limitava agrave indicaccedilatildeo de alguns produtos a incluir em

eventuais transacccedilotildees assim como a uma limitada cooperaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica (ALVES

2001 p34) Este contrariamente agrave vontade espanhola em nada contribuiu para desenvolver o

relacionamento econoacutemico e comercial entre os dois dado que Portugal receava a dependecircncia

econoacutemica da Espanha e a sua influecircncia nas coloacutenias

10 Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 13

As deacutecadas seguintes marcaram o iniacutecio da abertura econoacutemica da Espanha e de Portugal

assim como o afastamento do relacionamento bilateral Neste periacuteodo Portugal adere em 1948

como membro fundador agrave Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (OCDE)

em 1959 tambeacutem como membro fundador agrave Associaccedilatildeo Europeia de Comeacutercio Livre (EFTA)

ao Fundo Monetaacuterio Internacional e ao Banco Mundial A Espanha em 1953 assinava os

Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e Ajuda Econoacutemica com os Estados Unidos Adere

em 1958 agrave OCDE em 1962 inicia os primeiros contactos com vista agrave adesatildeo agrave CEE que

culminaram em 1970 com a assinatura de um acordo comercial entre ambos

A internacionalizaccedilatildeo das economias portuguesa e espanhola processou-se de forma diferente

(ALVES 2001 p34) Enquanto Portugal no quadro do relacionamento luso-britacircnico procurou

expandir a sua economia atraveacutes da EFTA que ao mesmo tempo lhe assegurava a manutenccedilatildeo

da sua poliacutetica colonial a Espanha procurou adquirir outros parceiros comerciais na Ameacuterica

Latina paiacuteses Aacuterabes do Proacuteximo e Extremo Oriente e na Europa de Leste Em 1960 eacute assinado

um novo acordo comercial entre os dois Estados ibeacutericos que incidia principalmente sobre

questotildees aduaneiras natildeo alterando em nenhum aspecto o acircmbito das relaccedilotildees comerciais da

eacutepoca

A reaproximaccedilatildeo entre os dois Estados eacute motivada pela assinatura dos acordos comerciais

com a CEE assim como pelo pedido formal efectuado em 1977 em simultacircneo para a adesatildeo

agraves Comunidades Europeias As negociaccedilotildees tiveram iniacutecio em Portugal no ano de 1978

enquanto que na Espanha desenvolveram-se a partir do ano seguinte Em 1980 a governaccedilatildeo

espanhola assinou com a EFTA um compromisso que deu origem ao Acordo de Comeacutercio

Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

A orientaccedilatildeo do comeacutercio externo portuguecircs no iniacutecio da deacutecada de 70 privilegiou os paiacuteses

europeus constituintes da CEE11 e da EFTA12 Os motivos centraram-se na assinatura do

Acordo13 de Comeacutercio Livre com a CEE e a Comunidade Europeia do Carvatildeo e do Accedilo bem

como na independecircncia dos territoacuterios ultramarinos (ALVES 2001 p39) A Espanha tinha nos

paiacuteses do centro da Europa os seus principais parceiros comerciais no entanto estes

representavam um peso menor do que no caso portuguecircs (ALVES 2001 p 42) dado que o

vizinho ibeacuterico tinha jaacute na deacutecada de 60 diversificado o seu relacionamento comercial externo

para regiotildees exteriores agrave Europa

11 Da qual faziam parte a Alemanha Franccedila Reino Unido Irlanda Dinamarca Itaacutelia Holanda Beacutelgica e Luxemburgo 12 Faziam parte desta organizaccedilatildeo em 1973 para aleacutem de Portugal a Sueacutecia Suiccedila Aacuteustria Noruega Finlacircndia e Islacircndia 13 Este facto determinava abertura da economia portuguesa agrave Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 14

Apoacutes a adesatildeo de Portugal e Espanha agraves Comunidades Europeias em 1985 o relacionamento

econoacutemico e comercial de ambos conheceu um incremento significativo tanto com os paiacuteses

Europeus como entre si A Espanha que no iniacutecio da deacutecada de 80 representava cerca de 5 do

comeacutercio externo nacional passou para cerca de 19 em 1995 (Anexo A) tornando-se o

principal parceiro comercial de Portugal No caso do paiacutes vizinho o fenoacutemeno ocorreu de forma

semelhante mas com uma dimensatildeo menor Em 1981 Portugal representava cerca de 1 do

comeacutercio externo espanhol passando a representar cerca de 5 em 1995 (Anexo B) O

relacionamento econoacutemico entre os paiacuteses ibeacutericos na actualidade efectua-se a um ritmo nunca

antes assinalado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 15

2 UMA VISAtildeO GEOPOLIacuteTICA DOS PAIacuteSES

Os Paiacuteses peninsulares natildeo se encontram confinados agrave sua aacuterea geograacutefica continental Em

ambos os casos a descontinuidade territorial determinada pela posse de regiotildees autoacutenomas

localizadas no Oceano Atlacircntico e no Mar Mediterracircneo permitem projectar os respectivos

espaccedilos de interesse para o interior dos referidos mares Sendo certo que a descontinuidade lhes

confere algumas vulnerabilidades especialmente a Portugal tendo em conta a sua menor

dimensatildeo geograacutefica permite definir tambeacutem vaacuterias potencialidades Destas poderemos desde jaacute

destacar o espaccedilo adicional com importantes reflexos geopoliacuteticos e geoeconoacutemicos uma

consideraacutevel profundidade estrateacutegica importante tanto para o espaccedilo peninsular como para o

europeu e a possibilidade de se constituiacuterem como importantes pontos de apoio agrave projecccedilatildeo de

poder de controlo do espaccedilo mariacutetimo e agraves rotas de navegaccedilatildeo

A histoacuteria tem vindo a reservar aos dois actores peninsulares papeacuteis distintos

consubstanciados num posicionamento poliacutetico-estrateacutegico diferenciado Na actualidade o facto

de ambos se encontrarem inseridos nos mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e

geoestrateacutegico materializados na UE e OTAN determina a necessidade de partilhar interesses e

objectivos O relacionamento entre os dois Estados tem vindo a ser aprofundado tanto por via da

globalizaccedilatildeo como na tentativa de resoluccedilatildeo de aspectos conflituais que se mantecircm e que

exigem a Portugal a adopccedilatildeo de uma postura firme na defesa dos seus interesses poliacuteticos

econoacutemicos ou na gestatildeo de recursos naturais comuns

21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico

Quis a histoacuteria que a Peniacutensula Ibeacuterica fosse constituiacuteda por dois Estados independentes

cabendo a Portugal um pequeno rectacircngulo situado na faixa ocidental do territoacuterio A realidade

geograacutefica (Apecircndice D) determinou-nos a convivecircncia com dois parceiros De um lado o Mar

que tem vindo a contribuir para a nossa riqueza modo de vida e valorizaccedilatildeo estrateacutegica e do

outro a Espanha parceiro e foco de preocupaccedilatildeo constante Neste enquadramento Portugal vecirc-

se dependente da Espanha para dar seguimento aos fluxos de relacionamento com destino ao

centro da Europa

Contudo natildeo cabe apenas agrave ldquofatalidade geograacuteficardquo (FIEL 2005 p7) determinar por si soacute a

realidade estrateacutegica dos paiacuteses ibeacutericos Neste contexto considerando tambeacutem as vertentes

fiacutesica poliacutetica econoacutemica e cultural ambos se encontram inseridos na realidade Europeia O

caminho foi escolhido ao decidirem participar num projecto de construccedilatildeo inicialmente em

1985 com a integraccedilatildeo numa Europa econoacutemica que gradualmente tem vindo a alargar o acircmbito

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 16

da partilha de interesses caminhando para os domiacutenios da poliacutetica externa e quem sabe ateacute para

uma poleacutemica integraccedilatildeo poliacutetica de cariz federal Em resumo procurando fugir ao consequente

isolamento que o ldquonatildeo estar presenterdquo poderia determinar a necessidade de captaccedilatildeo de apoios

econoacutemicos que garantissem a uniformizaccedilatildeo do desenvolvimento estrutural no seio da UE e

ainda o recente alargamento a Leste para aleacutem de um direito e um dever determinam que a

integraccedilatildeo europeia seja uma necessidade imperativa para os dois Estados

Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa mais uma vez os dois paiacuteses vivem uma

situaccedilatildeo de comunhatildeo de interesses integrando a OTAN14 e participando no desenvolvimento e

implementaccedilatildeo da PESC Neste acircmbito eacute de salientar o facto de que a adesatildeo agrave OTAN foi

efectuada em momentos distintos Enquanto Portugal adere em 1949 como membro fundador a

entrada da Espanha foi recusada vindo a integrar a organizaccedilatildeo apenas em 1982 A este facto

certamente natildeo foi alheia a importacircncia estrateacutegica conferida ao espaccedilo portuguecircs (Apecircndice E)

assim como as tomadas de posiccedilatildeo da Espanha do decurso da II Guerra Mundial que motivaram

um prolongado isolamento internacional

Apoacutes o final da guerra-fria a queda do muro de Berlim e o desmembrar de todo o bloco

socialista sovieacutetico surgiu um novo quadro internacional com uma tendecircncia de equiliacutebrio ainda

natildeo completamente definida do qual se destaca a posiccedilatildeo hegemoacutenica dos EUA Eacute neste

contexto que a OTAN tem procurado adequar o seu posicionamento e onde se pretende que a

PESC venha a desempenhar um importante papel de complementaridade

Os dois paiacuteses natildeo poderatildeo dissociar a sua acccedilatildeo estrateacutegica individual da preconizada pelas

organizaccedilotildees de que fazem parte Eacute desta forma que Portugal se enquadra no ambiente

estrateacutegico da actualidade garantindo a sua individualidade e disponibilizando a sua mais valia

estrateacutegica de forma a contribuir para o sucesso das organizaccedilotildees que integra A Espanha pelo

contraacuterio define a Europa como ldquoaacuterea de interesse prioritaacuteriordquo assumindo contudo a

compatibilidade desta opccedilatildeo com a manutenccedilatildeo de uma ldquorelaccedilatildeo transatlacircntica robusta e

equilibradardquo e uma presenccedila na OTAN respeitando os compromissos assumidos orientaccedilotildees

bem expressas pela Directiva de Defensa Nacional 12004 (DDN)

As caracteriacutesticas mediterracircnicas dos dois paiacuteses estatildeo de tal forma vincadas que permitem

ser salientadas como parte das respectivas matrizes de identidade Estas caracteriacutesticas tecircm maior

incidecircncia na Espanha por razotildees geograacuteficas dado que uma parte da sua costa eacute banhada por

aquele mar transformando-a numa regiatildeo de particular interesse para o Estado espanhol

14 Os 26 Paiacuteses integrantes da OTAN Beacutelgica Bulgaacuteria Canadaacute Repuacuteblica Checa Dinamarca Estados Unidos da Ameacuterica Estoacutenia Franccedila Alemanha Greacutecia Hungria Islacircndia Itaacutelia Letoacutenia Lituacircnia Luxemburgo Holanda Noruega Poloacutenia Portugal Romeacutenia Eslovaacutequia Esloveacutenia Espanha Turquia Reino Unido

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 17

Tambeacutem Portugal pelo seu posicionamento geograacutefico ldquojunto agraves portas do Mediterracircneordquo

(ALMEIDA 1990 p362) poderaacute reclamar para si uma boa parte destas caracteriacutesticas

Relativamente aos paiacuteses do Norte de Aacutefrica o facto de existirem significativos focos de

instabilidade a proximidade geograacutefica bem como a dependecircncia energeacutetica justificam a

inclusatildeo do Magreb no Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural (Anexo C) Se

duacutevidas houvesse quanto agrave importacircncia da regiatildeo mediterracircnica para o nosso Paiacutes seriam

dissipadas quando constatada a relevacircncia e a atenccedilatildeo conferida tanto pela OTAN como pela

UE sobre esta aacuterea do Globo Neste acircmbito Portugal encontra-se numa posiccedilatildeo de vantagem

podendo afirmar-se como um interlocutor privilegiado precisamente com os paiacuteses do

Mediterracircneo Ocidental com os quais ao contraacuterio da Espanha natildeo tem ressentimentos

coloniais nem qualquer contencioso territorial

Restam as questotildees de ldquoafinidades e interesses em aacutereas que transcendem o posicionamento

geograacuteficordquo (ALMEIDA 1990 p362) Portugal tem com os paiacuteses lusoacutefonos uma relaccedilatildeo

histoacuterica alicerccedilada num passado secular comum junto dos quais tratou de resolver os traumas

decorrentes da eacutepoca colonial Para aleacutem da possibilidade de difusatildeo da cultura e liacutengua comuns

estaacute tambeacutem um importante mercado para o onde os grupos econoacutemicos nacionais se poderatildeo

expandir bem como assumir um papel de destaque no relacionamento entre estes paiacuteses os EUA

e a UE Neste acircmbito a Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa (CPLP)15 poderaacute vir a

desempenhar um papel importante tanto na afirmaccedilatildeo da cultura e liacutengua nacional como do

proacuteprio Paiacutes Por sua vez a Espanha tem como aacuterea preferencial de relacionamento os paiacuteses

pertencentes agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees16 Com eles manteacutem um relacionamento

bilateral diverso que nalguns casos inclui a cooperaccedilatildeo militar

Fica assim expressa a matriz de identidade de cada Estado bem como as diferentes

possibilidades de orientaccedilatildeo politico-estrateacutegica A tatildeo propalada posiccedilatildeo perifeacuterica peninsular

tendo em conta a enquadrante europeia eacute assim contrariada quando considerada a enquadrante

de seguranccedila e defesa sob a eacutegide da OTAN que transporta a regiatildeo para uma posiccedilatildeo central

tendo em conta a distribuiccedilatildeo geograacutefica dos Estados que compotildeem esta Organizaccedilatildeo

22 Portugal e Espanha em factos comparados

Consideraacutemos de grande pertinecircncia efectuar uma anaacutelise comparativa das duas realidades

peninsulares Para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que de forma sinteacutetica mas

15 Fazem parte da CPLP Angola Brasil Cabo Verde Guineacute-Bissau Moccedilambique Portugal S Tomeacute e Priacutencipe e Timor-leste 16 Fazem parte da Comunidade Ibero Ameacuterica de Naccedilotildees Andorra Argentina Boliacutevia Brasil Colocircmbia Costa Rica Cuba Chile Equador Espanha Guatemala Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Paraguai Peru Portugal Repuacuteblica Dominicana Uruguai e Repuacuteblica Bolivariana de Venezuela

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 18

objectiva nos permitam visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados alguns aspectos

representativos da interacccedilatildeo bilateral e outros relativos a questotildees prementes que se encontram

em discussatildeo na actual agenda poliacutetica dos respectivos governos Destes poderemos destacar as

questotildees regionais e a indicaccedilatildeo de alguns factores que poderatildeo vir a determinar situaccedilotildees de

dependecircncia econoacutemica relativamente ao nosso vizinho da Peniacutensula Ibeacuterica

221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila

Ambos os paiacuteses vivem sob sistemas poliacuteticos democraacuteticos pelos quais se bateram no

decurso do seacuteculo XX e onde o papel desempenhando pelos cidadatildeos representa um suporte

fundamental para a soberania Contudo estes sistemas poliacuteticos apresentam naturezas distintas

Em Portugal foi adoptado um sistema de cariz republicano na sua forma semi-presidencialista

no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica eleito por sufraacutegio universal directo e

secreto por mandatos de 5 anos Das suas competecircncias destaca-se o direito de veto17 e a

possibilidade de nos termos previstos pela constituiccedilatildeo dissolver a Assembleia da Repuacuteblica e

exonerar o Governo

A Assembleia da Repuacuteblica eacute o oacutergatildeo representativo ldquode todos os cidadatildeos portuguesesrdquo18

sendo os deputados que a compotildeem eleitos por mandatos de 4 anos utilizando um sistema de

representaccedilatildeo proporcional ao nuacutemero de cidadatildeos inscritos em cada ciacuterculo eleitoral O

Governo ldquoeacute o oacutergatildeo de conduccedilatildeo da poliacutetica geral do Paiacutesrdquo19 representa o poder executivo e eacute o

oacutergatildeo de administraccedilatildeo superior do Estado O poder judicial eacute exercido pelos tribunais que tecircm a

ldquocompetecircncia para administrar a justiccedila em nome do povordquo20

A Espanha adoptou uma monarquia parlamentar na qual a Coroa eacute transmitida de forma

hereditaacuteria e o Rei se assume como o Chefe de Estado21 Das suas competecircncias destaca-se o

facto de natildeo incluiacuterem o direito de veto nem tatildeo pouco a possibilidade de exoneraccedilatildeo do

Governo Estas competecircncias encontram-se atribuiacutedas no primeiro caso ao Senado enquanto

que a exoneraccedilatildeo do Governo decorre da aprovaccedilatildeo por maioria absoluta de uma Moccedilatildeo de

Censura22 de iniciativa do Congresso de Deputados A dissoluccedilatildeo23 do Congresso do Senado ou

17 Segundo o artigo 136ordm da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa o Presidente da Repuacuteblica poderaacute exercer o direito de veto com o intuito de solicitar nova apreciaccedilatildeo sobre qualquer decreto emanado pela Assembleia da Repuacuteblica do Governo ou sobre decisotildees do Tribunal Constitucional desde que este uacuteltimo natildeo emita um parecer de inconstitucionalidade Normalizam ainda a aplicaccedilatildeo do direito de veto os artigos 278ordm e 279ordm do mesmo documento 18 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 147ordm 19 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 182ordm 20 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Portuguesa ndash artigo 202ordm 21 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 56ordm 22 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 113ordm 23 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 115ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 19

ateacute das Cortes tem origem num decreto assinado pelo Rei mas decorre sempre de uma proposta

efectuada pelo Presidente do Governo apoacutes deliberaccedilatildeo do Conselho de Ministros

As Cortes oacutergatildeo representativo do povo espanhol satildeo constituiacutedas24 pelo Congresso de

Deputados e pelo Senado que assumem em conjunto o poder legislativo Entre outras

responsabilidades assumem o dever de controlar a acccedilatildeo do governo Os deputados do

Congresso satildeo eleitos por mandatos de 4 anos atraveacutes de um sufraacutegio universal livre directo e

secreto A eleiccedilatildeo eacute efectuada em cada circunscriccedilatildeo25 eleitoral obedecendo aos criteacuterios de

representatividade proporcional26 O Senado eacute cacircmara de representaccedilatildeo territorial27 sendo os

senadores eleitos28 de forma idecircntica aos deputados do Congresso por mandatos de 4 anos

O Governo a quem cabe exercer a funccedilatildeo executiva da governaccedilatildeo dirige a poliacutetica interna e

externa a administraccedilatildeo civil e militar e a defesa do Estado29 respondendo pela sua acccedilatildeo

governativa perante o Congresso30 O poder judicial31 emana do povo e eacute administrado em nome

do Rei por juiacutezes e magistrados independentes inamoviacuteveis responsaacuteveis e unicamente

submetidos ao imperativo da lei

222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais

Relativamente agrave organizaccedilatildeo administrativa Portugal encontra-se dividido em 18 distritos e

duas Regiotildees Autoacutenomas Na sua base o Paiacutes eacute composto por 308 municiacutepios que por sua vez

se subdividem em cerca de 4000 freguesias Apesar de Portugal se constituir como um Estado

unitaacuterio consagra a existecircncia de ldquovaacuterios niacuteveis de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa o

mais importante dos quais eacute o regime autonoacutemico insularrdquo (PINTO et al 2005 p180) Este

materializa-se na existecircncia nas regiotildees autoacutenomas de oacutergatildeos legislativos e de direcccedilatildeo poliacutetica

proacuteprios bem como de um estatuto poliacutetico-administrativo proacuteprio A Constituiccedilatildeo Portuguesa

consagra tambeacutem a autonomia das autarquias locais traduzida na existecircncia de entidades e

oacutergatildeos proacuteprios com atributos especiacuteficos cujos titulares satildeo eleitos pelo povo e ainda a

descentralizaccedilatildeo da administraccedilatildeo puacuteblica

24 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 66ordm 25 O nordm 2 do artigo 68ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que a circunscriccedilatildeo eleitoral eacute a proviacutencia Para a ocupaccedilatildeo dos lugares do Congresso seraacute definida uma representaccedilatildeo miacutenima inicial para cada circunscriccedilatildeo sendo os restantes lugares ocupados de acordo com o princiacutepio da proporcionalidade de populaccedilatildeo em cada circunscriccedilatildeo As cidades de Ceuta e Melilla teratildeo um representante por cada uma 26 Constitucion Espantildeola ndash nordm 3 artigo 68ordm 27 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 69ordm 28 O artigo 69ordm da Constituiccedilatildeo Espanhola define que cada proviacutencia elegeraacute 4 senadores As comunidades autoacutenomas designaram 1 senador por cada milhatildeo de habitantes Ceuta e Melilla elegem 2 senadores por cada uma Nas proviacutencias insulares por cada ilha ou agrupamento de ilhas seraacute constituiacuteda uma circunscriccedilatildeo eleitoral que elegeraacute 3 senadores na Gran Canaacuteria Maiorca e Tenerife e 1 senador em Ibiza-Formentera Menorca Fuerteventura Gomera Hierro Lanzarote e La Palma 29 Constitucion Espantildeola ndash artigo 97ordm 30 Constitucion Espantildeola ndash artigo 108ordm 31 Constitucion Espantildeola ndash nordm 1 artigo 117ordm

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 20

Tecircm sido comuns os discursos poliacuteticos que reclamam as reformas da administraccedilatildeo puacuteblica

de descentralizaccedilatildeo administrativa ou ateacute de regionalizaccedilatildeo Este assunto em breve ocuparaacute um

lugar de destaque na agenda poliacutetica portuguesa Sobre o tema considera-se a necessidade entre

outras questotildees de reequacionar a actual divisatildeo administrativa assim como a atribuiccedilatildeo de

novas competecircncias agraves eventuais regiotildees com o intuito de ldquoviabilizar a execuccedilatildeo de planos de

desenvolvimento regional integrados articulando investimentos e visando proporcionar um

protagonismo regional capaz de dinamizar as diferentes zonas do Paiacutes particularmente as do

interiorrdquo (OLIVEIRA et al 1996 p502)

A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas32 e duas cidades

agraves quais lhes foi tambeacutem atribuiacutedo um estatuto de autonomia designadamente as cidades de

Ceuta e Melilla A Galiza o Paiacutes Basco e a Catalunha a par do estatuto de autonomia gozam

igualmente da condiccedilatildeo de nacionalidade histoacuterica reconhecida pela constituiccedilatildeo Este estatuto

traduziu-se na obtenccedilatildeo de uma maior capacidade de decisatildeo e soberania relativamente agraves

restantes comunidades

As regiotildees possuem um parlamento proacuteprio um governo regional e um sistema de justiccedila que

conta com um Supremo Tribunal de Justiccedila de cada zona De salientar ainda o facto de o Paiacutes

Basco a Catalunha e Navarra contarem com um sistema policial proacuteprio O poder central reserva

para si entre outras o controlo das Forccedilas Armadas e de Seguranccedila as relaccedilotildees externas a

seguranccedila social os serviccedilos secretos jogos e apostas desportivas a emissatildeo de moeda o Banco

de Espanha os portos e aeroportos e os caminhos-de-ferro

Na actualidade este modelo parece ter atingido o seu limite e os sinais de tal facto reflectem-

se nas ldquoexigecircncias da maioria das regiotildees autoacutenomas algumas delas claramente soberanistasrdquo

(CALLE 2005 p68) Deste processo o Plano Ibarretxe apresentado em Dezembro de 2004

pelo presidente do governo do Paiacutes Basco Juan Joseacute Ibarretxe eacute claramente um exemplo O

plano apesar de derrotado no Congresso propunha um novo modelo de relacionamento com o

Estado e previa a realizaccedilatildeo de ldquoum plebiscito para tornar voluntaacuteria a adesatildeo ao Estado

espanholrdquo (MEIRELES 2005 p64)

Torna-se inevitaacutevel a necessidade de levar a cabo uma reforma constitucional No entanto as

exigecircncias (Apecircndice F) satisfeitas a qualquer das comunidades autoacutenomas seratildeo certamente

disputadas pelas restantes regiotildees (Anexo F) podendo os seus efeitos tornar-se numa verdadeira

bola de neve natildeo sendo descabido considerar o cenaacuterio da transformaccedilatildeo da Espanha num

Estado federal 32 Uma comunidade autoacutenoma eacute uma entidade territorial que no ordenamento constitucional do Estado espanhol eacute dotada de autonomia legislativa e competecircncias executivas bem como da faculdade de se administrar mediante representantes proacuteprios

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 21

223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo

O diferencial demograacutefico existente entre os dois paiacuteses eacute no momento cerca de 30 milhotildees

de habitantes (Anexo D) A populaccedilatildeo portuguesa atinge os 10356117 hab enquanto que em

Espanha os nuacutemeros ascendem aos 40847371 hab Apesar deste significativo diferencial a

densidade populacional nacional eacute superior atingindo os 113 habkm2 em oposiccedilatildeo aos 84

habkm2 verificados em Espanha (Anexo E) Tomando por referecircncia todo o espaccedilo peninsular

(Anexo F) poderemos concluir que as regiotildees de maior concentraccedilatildeo populacional se encontram

junto agrave costa atlacircntica e mediterracircnica exceptuando-se a regiatildeo de Madrid situada bem no centro

da peniacutensula

As tendecircncias de evoluccedilatildeo para um horizonte ateacute 2040 dizem-nos que enquanto em Portugal

se prevecirc uma diminuiccedilatildeo ateacute aos 98 milhotildees de habitantes em Espanha espera-se um

crescimento ateacute aos 52 milhotildees (Anexo G) Analisando as piracircmides etaacuterias de ambos os Estados

verificamos a existecircncia de uma quase sobreposiccedilatildeo encontrando-se a maior parte da populaccedilatildeo

compreendida entre os 24 e os 40 anos (Anexo H) Contudo se atendermos agrave relaccedilatildeo entre as

taxas de natalidade e mortalidade poderemos constatar que em Espanha ambas seguem a mesma

tendecircncia de crescimento enquanto que em Portugal tendem para a convergecircncia isto eacute

verifica-se uma diminuiccedilatildeo da taxa de natalidade e um aumento da taxa de mortalidade (Anexo

I)

Na aacuterea da educaccedilatildeo deveraacute salientar-se a taxa de abandono escolar que apesar de se

encontrar em franca queda foi em 2003 no nosso Paiacutes claramente superior agrave verificada na

Espanha (Anexo J) Outro dado curioso diz respeito ao nuacutemero de mulheres que frequentam o

ensino superior no nosso Paiacutes (Anexo K) Este representa um adicional de 10 relativamente ao

valor atingido no vizinho espanhol Apesar dos fracos resultados obtidos nos exames de acesso

ao ensino superior os gastos na educaccedilatildeo representam em Portugal cerca de 6 do PIB

enquanto que na Espanha os valores representam apenas 44 (Anexo L)

Sobre a questatildeo da utilizaccedilatildeo de novas tecnologias nomeadamente a percentagem de

alojamentos com computador Portugal enquadra-se entre os 18 e os 30 com excepccedilatildeo da

regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo que se situa entre os 30 e os 35 Pelo contraacuterio a Espanha

enquadra a maior parte do seu territoacuterio em valores acima dos 30 atingindo mesmo o intervalo

entre os 35 e os 50 em regiotildees como Madrid Catalunha Paiacutes Basco Navarra e Aragatildeo

assim como em todas as regiotildees insulares incluindo Ceuta e Melilla (Anexo M)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 22

224 O mercado de trabalho

Considerando a distribuiccedilatildeo da populaccedilatildeo empregada por sector de actividade (Anexo N)

verifica-se que 636 da populaccedilatildeo espanhola activa se encontra empregada no sector dos

serviccedilos 308 na induacutestria e apenas 56 na agricultura Em Portugal 544 da populaccedilatildeo

activa estaacute empregada no sector dos serviccedilos 328 na induacutestria e 128 na agricultura Eacute no

miacutenimo estranho que um Paiacutes com menor superfiacutecie para cultivo tenha em termos

proporcionais mais do dobro da populaccedilatildeo empregada no sector agriacutecola

Importa salientar que actualmente as economias de ambos os paiacuteses se encontram cada vez

mais baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos Em Portugal (Anexo O) este sector

contribui com 67 do Valor Acrescentado Bruto (VAB) enquanto que o sector da induacutestria

construccedilatildeo e energia contribui com 29 e a agricultura com apenas 4 A Espanha (Anexo P)

apresenta proporcionalmente um quadro semelhante com o sector dos serviccedilos a contribuir com

6030 do PIB o sector da Industria construccedilatildeo e energia com 2663 do PIB e a agricultura

com apenas 299 do PIB

Relativamente agrave taxa de actividade feminina (Anexo Q) verifica-se que eacute favoraacutevel a Portugal

situando-se entre os 45 e os 55 valor apenas igualado nas regiotildees espanholas de Madrid da

Catalunha e do Paiacutes Basco Na maioria das restantes regiotildees da Espanha o valor situa-se entre os

30 e os 40 A vantagem portuguesa natildeo poderaacute ser dissociada tanto da necessidade de uma

maior contribuiccedilatildeo para o orccedilamento familiar como do facto da taxa de desemprego em Portugal

assumir um valor significativamente inferior agrave espanhola Enquanto que o nosso Paiacutes manteacutem

este indicador em 61 o espanhol atinge os 111 (Anexo R)

Relativamente agraves horas semanais efectivamente trabalhadas elas equivalem-se nos dois paiacuteses

situando-se nas 38 horas Contudo analisando os dias natildeo trabalhados devido a greves (Anexo

S) por cada mil empregados constata-se em Portugal uma constacircncia nos 29 dias enquanto que

na Espanha se verifica alguma irregularidade identificando-se os periacuteodos de maior contestaccedilatildeo

social que em 2000 atingiu os cerca de 300 dias Em 2002 o mesmo iacutendice mantinha-se 30 dias

acima do valor verificado em Portugal

225 As contas nacionais e o comeacutercio externo

Iniciaremos a anaacutelise abordando a taxa de crescimento anual do PIB a preccedilos constantes

(Anexo T) e de imediato se constata que ambos os paiacuteses apresentam tendecircncias opostas

Portugal apresenta a partir do ano 2000 um acentuado decreacutescimo decaindo dos cerca de 35

obtidos naquele ano ateacute aos cerca de -12 obtido em 2003 A Espanha iniciava em 2000 um

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 23

periacuteodo de decreacutescimo desde os cerca de 4 ateacute aos 2 de 2002 ano a partir do qual inicia a

tendecircncia de subida ateacute aos cerca de 24 em 2003

Relativamente ao PIB per capita a preccedilos correntes (Anexo U) a diferenccedila de valores entre os

dois paiacuteses eacute substancial contudo entre os anos de 1998 e 2002 verificou-se uma tendecircncia

semelhante de crescimento dos valores meacutedios deste iacutendice Dos 9900 euro obtidos em 1998

Portugal conseguiu atingir os 12500 euro em 2002 O vizinho peninsular nos mesmos anos passou

dos 13300 euro para os 17200 euro Neste paiacutes verificam-se valores mais elevados em Madrid

Catalunha Paiacutes Basco Navarra La Rioja Aragatildeo e as Ilhas Baleares os quais se situam entre os

17000 euro e os 23000 euro Em Portugal apenas se destaca a regiatildeo de Lisboa e Vale do Tejo onde se

obteacutem valores compreendidos entre os 14000 euro e os 17000 euro (Anexo V)

A Espanha eacute hoje em dia o principal parceiro comercial de Portugal ocupando a posiccedilatildeo

cimeira (Anexo W) As importaccedilotildees representam 291 enquanto que as exportaccedilotildees ascendem

aos 227 Relativamente agraves importaccedilotildees espanholas (Anexo X) o nosso Paiacutes ocupa a seacutetima

posiccedilatildeo com 32 surgindo em quinto lugar com 93 quando referidas as exportaccedilotildees

Relativamente agraves trocas comerciais com os restantes paiacuteses da UE (Anexo Y) constata-se uma

maior dependecircncia de Portugal representando em 2003 79 das exportaccedilotildees nacionais contra

os 71 espanhoacuteis e 77 das importaccedilotildees contra os 66 espanhoacuteis

Os principais produtos comercializados (Anexo Z) na direcccedilatildeo do paiacutes vizinho satildeo os veiacuteculos

automoacuteveis e os respectivos componentes com 134 seguindo-se o vestuaacuterio e acessoacuterios com

112 o equipamento eleacutectrico com 56 o ferro e o accedilo com 46 os produtos metaacutelicos

fabricados com 40 e os manufacturados de minerais natildeo metaacutelicos com 38 As exportaccedilotildees

da Espanha para o nosso Paiacutes revelam em primeiro lugar os veiacuteculos automoacuteveis e

componentes com 119 seguindo-se os artigos manufacturados diversos com 55 o vestuaacuterio

e acessoacuterios com 49 os equipamentos eleacutectricos com 45 papel e cartatildeo com 39 e as

maacutequinas de processamento de dados com 37

23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia

Assentando as economias dos paiacuteses ibeacutericos fundamentalmente no sector dos serviccedilos

consideramos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de

actividade que constituem a estrutura base do sector Assim iremos analisar de forma breve o

sector energeacutetico sobre o qual tem estado na ordem do dia o impasse da implementaccedilatildeo do

Mercado Ibeacuterico de Energia Eleacutectrica (MIBEL) a partilha de recursos hiacutedricos tema sempre

actual e directamente relacionado agrave produccedilatildeo de energia o sector bancaacuterio que tem representado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 24

a principal aacuterea de investimento espanhol no nosso Paiacutes e finalmente o sector das

telecomunicaccedilotildees que representa uma das aacutereas de partilha de investimento externo de maior

significado no acircmbito peninsular

231 O sector energeacutetico

O facto de Portugal e a Espanha natildeo serem auto-suficientes em termos energeacuteticos origina que

ambos dependam de fontes externas para alimentarem as suas necessidades tanto para os fins

domeacutesticos como para a sustentaccedilatildeo do seu tecido econoacutemico O consumo de energia primaacuteria

(Anexo AA) revela-nos que o petroacuteleo e os seus derivados ocupam o lugar cimeiro nas

necessidades dos dois paiacuteses representando 63 em Portugal e 52 na Espanha No nosso Paiacutes

seguem-se o carvatildeo com 16 outras energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 8 e a

energia hiacutedrica com 4 Na Espanha a ordem dos factores eacute semelhante surgindo na segunda

posiccedilatildeo o carvatildeo com 17 a energia nuclear com 13 o gaacutes natural com 12 outras energias

renovaacuteveis com 4 e finalmente a energia hiacutedrica com 2

No consumo final (Anexo AB) o petroacuteleo e os seus derivados representam 68 em Portugal

e 63 na Espanha Seguem-se relativamente a Portugal o sector eleacutectrico com 18 as outras

energias renovaacuteveis com 9 o gaacutes natural com 4 e o carvatildeo com 2 Para a Espanha a

segunda posiccedilatildeo eacute ocupada pelo sector eleacutectrico com 18 seguindo-se o gaacutes natural com 14

as outras energias renovaacuteveis com 4 e finalmente o carvatildeo com 1

Para o sector estaacute prevista a implementaccedilatildeo de um acordo assinado entre os governos dos

dois paiacuteses no sentido da criaccedilatildeo do MIBEL Inicialmente previsto para 01 de Janeiro de 2003 o

projecto tem conhecido sucessivos adiamentos a que natildeo seraacute alheia a sensibilidade suscitada

pela questatildeo energeacutetica Eacute notoacuteria a dependecircncia de ambos os paiacuteses de recursos energeacuteticos

externos No entanto a Espanha apresenta no que diz respeito agrave produccedilatildeo maior diversidade de

recursos dado que ao contraacuterio de Portugal recorreu agrave produccedilatildeo nuclear

No que diz respeito agrave liberalizaccedilatildeo do sector a Espanha deteacutem um avanccedilo significativo

relativamente a Portugal Enquanto que o paiacutes vizinho dispotildee de vaacuterias empresas produtoras e

distribuidoras de energia com significativa importacircncia em Portugal apenas a Electricidade de

Portugal (EDP) se apresenta como a uacutenica com permissatildeo para operar no mercado Em face da

sua dimensatildeo as empresas espanholas poderatildeo intervir no mercado portuguecircs assumindo o

controlo tanto ao niacutevel de produccedilatildeo como na distribuiccedilatildeo A Iberdrola ldquoeacute o maior accionista

privado da EDPrdquo (MARTINS 2005b p15) e ldquoeacute jaacute o segundo maior investidor estrangeiro em

Portugalrdquo (MARTINS 2005b p15) No entanto desde Julho de 2004 que a empresa portuguesa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 25

assumiu o controlo pleno da espanhola Hidrocantaacutebrico que tambeacutem opera no mercado de gaacutes

natural

A questatildeo energeacutetica apresenta-se como uma das mais sensiacuteveis no relacionamento entre os

dois paiacuteses A situaccedilatildeo geograacutefica de Portugal impotildee que a maior parte das importaccedilotildees de

energia se efectuem atraveacutes do territoacuterio espanhol nomeadamente no que diz respeito agrave

importaccedilatildeo de gaacutes natural via gasoduto (Anexo AC) Esta fonte de energia primaacuteria atinge o

territoacuterio nacional atraveacutes da rede ibeacuterica de gasodutos que por sua vez chega agrave peniacutensula pelo

Estreito de Gibraltar utilizando a rede euro-magrebina com proveniencia na Argeacutelia Neste

quadro a possibilidade de recorrer ao Gaacutes Natural Liquefeito utilizando o porto de Sines poderaacute

minimizar o factor de dependecircncia exposto

232 A partilha de recursos hiacutedricos

A importacircncia atribuiacuteda agrave questatildeo dos recursos hiacutedricos decorre do facto de cinco dos

principais rios que percorrem o territoacuterio nacional terem a sua nascente no paiacutes vizinho

Referimo-nos aos rios Minho Lima Douro Tejo e Guadiana Para uma correcta avaliaccedilatildeo da

questatildeo hiacutedrica torna-se essencial conhecer as dimensotildees das respectivas bacias hidrograacuteficas

(SANTOS 2002) Relativamente ao rio Minho ela estende-se por 17080 km2 o rio Lima atinge

os 2480 km2 o Douro os 97600 km2 o Tejo 80600 km2 e o Guadiana os 66 800 km2 Das aacutereas

mencionadas percorrem territoacuterio nacional 5 48 19 31 e 17 respectivamente Os

recursos hiacutedricos superficiais gerados nas bacias hidrograacuteficas referidas representam cerca de

62900 hm3 o que corresponde a 45 do total dos recursos hiacutedricos de superfiacutecie gerados na

Peniacutensula Ibeacuterica isto eacute 140800 hm3 (SANTOS 2002)

Por outro lado a fronteira que separa os dois paiacuteses tem cerca de 1200 km de extensatildeo e 23

eacute estabelecida por rios O territoacuterio continental eacute assim constituiacutedo em mais de dois terccedilos por

bacias hidrograacuteficas cujos rios nascem do outro lado da fronteira Para gerir esta questatildeo

Portugal e a Espanha tecircm ao longo do tempo assinado vaacuterios conveacutenios nos quais ficaram

definidas regras como limites fronteiriccedilos o aproveitamento hidroeleacutectrico do rio Douro ou o

aproveitamento hidraacuteulico dos troccedilos internacionais dos rios Minho Lima Tejo Guadiana

Chanccedila e seus afluentes

O Plano Hidroloacutegico Nacional de Espanha surgiu no iniacutecio da deacutecada de 90 e foi apresentado

pelo executivo espanhol como sendo um instrumento fundamental para definir os objectivos da

poliacutetica de recursos hiacutedricos e os meios para os alcanccedilar A preocupaccedilatildeo surge quando nele se

refere a necessidade de efectuar transvazes dos rios Douro Tejo e Guadiana consideradas bacias

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 26

com capacidade excedentaacuteria para aacutereas geograacuteficas onde se verificassem situaccedilotildees de deacutefice

hiacutedrico Sendo a bacia do rio Douro considerada como a segunda de maior excedente de aacutegua a

ela caberia fornecer as bacias dos rios Tejo e Ebro num total ateacute 2012 que poderia atingir os

900 hm3 de aacutegua Contudo conjugando os transvazes com o aumento dos consumos de aacutegua a

diminuiccedilatildeo da afluecircncia agravequela bacia poderia atingir os 1600 hm3 Neste plano a bacia do rio

Tejo haveria de funcionar como charneira para a transferecircncia de aacutegua entre as regiotildees Norte e

Sul recebendo cerca de 1050 hm3 provenientes do Ebro e do Norte-Douro cedendo cerca de 900

hm3 distribuiacutedos pelas bacias do Segura Guadalquivir e do Guadiana

Os especialistas nacionais foram unacircnimes na criacutetica efectuada ao programa dizendo que

quaisquer que fossem as reduccedilotildees nos caudais dos rios internacionais teriam resultados

significativamente negativos podendo mesmo vir a afectar o equiliacutebrio hiacutedrico nacional Em

resultado de pressotildees internas e externas o documento foi abandonado e em 2001 o governo

espanhol apresentou um novo Plano Hidroloacutegico mais modesto nas ambiccedilotildees que prevecirc a

realizaccedilatildeo de transvazes apenas em rios natildeo internacionais

O posicionamento geograacutefico dos paiacuteses determina a desvantagem portuguesa tornando-o

dependente das acccedilotildees levadas a cabo no vizinho espanhol A necessidade de acompanhar as

tomadas de posiccedilatildeo espanholas sobre a questatildeo eacute permanente obrigando os responsaacuteveis

portugueses a desencadear um apurado relacionamento poliacutetico diplomaacutetico bem como um

adequado acompanhamento teacutecnico tendente a defender os interesses nacionais que poderatildeo estar

em causa

233 O sector bancaacuterio

A banca eacute uma das aacutereas mais importantes de investimento espanhol no nosso Paiacutes Vaacuterios

grupos espanhoacuteis do sector adquiriram importantes participaccedilotildees em destacados grupos

bancaacuterios portugueses como eacute o caso do Banco Santander Central Hispano (BSCH) que adquiriu

o Banco Totta e Accedilores o Creacutedito Predial Portuguecircs o Banco Santander Portugal e o Banco

Santander de Negoacutecios Pelo facto de o Banco Totta e Accedilores ser o quarto maior grupo nacional

(Anexo AD) em termos de activos e o terceiro relativamente aos grupos privados com uma cota

de mercado com cerca de 11 permitiu tornar o BSCH no maior da Peniacutensula Ibeacuterica

O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) o segundo maior banco espanhol deteacutem uma

cota no mercado portuguecircs que natildeo ultrapassa o 1 concentrando-se fundamentalmente no

segmento de mercado meacutedio e alto O Banco Sabadell de Barcelona participa num acordo de

participaccedilatildeo cruzada com o Banco Comercial Portuguecircs deteacutem cerca de 31 deste uacuteltimo que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 27

por sua vez deteacutem cerca de 3 do Sabadell podendo cada um aumentar a sua participaccedilatildeo ateacute

aos 20

Relativamente agrave participaccedilatildeo portuguesa em Espanha deveremos destacar a Caixa Geral de

Depoacutesitos o maior banco nacional ainda sob controlo estatal que eacute a instituiccedilatildeo bancaacuteria com

maior investimento em Espanha A sua intervenccedilatildeo naquele mercado iniciou-se em 1991 com a

aquisiccedilatildeo do Banco Extremadura o Banco Luso-espanhol e em 1995 o Banco Simeoacuten A

presenccedila da banca portuguesa em Espanha alarga-se tambeacutem a grupos privados destacando-se

o Banco Espiacuterito Santo que ldquose instalou com uma pequena rede de sucursais e adquiriu duas das

casas espanholas de bolsa a Benito y Monjardiacuten e a GES Capitalrdquo (CHISLETT 2004)

Eacute um facto que no sector da banca os espanhoacuteis se encontram em franca expansatildeo tendo

abandonando definitivamente o mercado domeacutestico (ALVES 2001 p158) O alvo preferencial eacute

o mercado portuguecircs que pela sua menor dimensatildeo natildeo tem no momento argumentos

financeiros que lhe permitam competir da mesma forma no mercado vizinho A absorccedilatildeo das

instituiccedilotildees bancaacuterias portuguesas por grupos espanhoacuteis deveraacute constituir uma preocupaccedilatildeo seacuteria

para os responsaacuteveis governativos portugueses dado que o desniacutevel eacute tatildeo expressivo que poderaacute

criar-se uma situaccedilatildeo de dependecircncia da banca portuguesa relativamente agrave espanhola

234 O sector das telecomunicaccedilotildees

A Portugal Telecom (PT) e a Telefoacutenica Moacuteviles (TEM) satildeo as duas empresas liacutederes do

ramo das telecomunicaccedilotildees nos respectivos paiacuteses Ambas mantecircm um acordo de participaccedilatildeo

cruzada ao abrigo do qual a empresa espanhola deteacutem 8 da portuguesa e a PT cerca de 1 da

TEM Para aleacutem deste acordo as empresas tecircm desenvolvido uma alianccedila estrateacutegica para o

Norte de Africa e Ameacuterica Latina Neste uacuteltimo continente designadamente no Brasil estas

empresas criaram a Vivo a marca comercial da Brasilcel que se tornou na maior operadora de

telefones moacuteveis natildeo soacute no Brasil mas em toda a Ameacuterica Latina Esta empresa conquistou uma

cota de mercado que ronda os 56 o que representa cerca de 23 milhotildees e meio de clientes

O Brasil eacute o uacutenico paiacutes da Ameacuterica Latina onde opera a PT no entanto a TEM eacute liacuteder de

mercado na Argentina Chile e Peru ocupando o segundo lugar no Meacutexico Esta uacuteltima empresa

reforccedilou a sua participaccedilatildeo noutros paiacuteses da regiatildeo adquirindo em Maio de 2004 a Bellsouth

operaccedilatildeo que lhe garantiu um adicional de 116 milhotildees de clientes transformando-a no quarto

maior operador de telefones moacuteveis do mundo Ambas as empresas investiram em finais de

2004 cerca de 425 milhotildees de euros de forma a aumentar a participaccedilatildeo em mais quatro

empresas brasileiras do sector a Telesudeste a Teleleste Celular a CTR Celular e a Tele Centro

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 28

Celular Em Marrocos o outro local do globo onde a parceria estrateacutegica das duas empresas

desenvolve as suas actividades adquiriram a operadora de telefones moacuteveis GSM Medi

Telecom conhecida tradicionalmente por Meacuteditel conferindo-lhes uma cota de mercado de

cerca de 43

Este eacute outro dos sectores pelo qual o Governo portuguecircs tem manifestado uma particular

atenccedilatildeo apesar de natildeo atingir niacuteveis de conflitualidade comparaacuteveis aos do sector dos recursos

hiacutedricos O facto ficou demonstrado na recente poleacutemica desencadeada entre as duas empresas e

que teve como origem a limitaccedilatildeo imposta agrave TEM em ultrapassar o limite de 1033 no capital da

PT O Estado portuguecircs accionista da PT ldquonatildeo achou por bem que a Telefoacutenica ultrapassasse o

patamar dos 10rdquo34 orientaccedilatildeo transmitida ao conselho de accionistas que acolheu a decisatildeo

evitando o confronto com o governo A TEM reagiu com dureza agrave decisatildeo fazendo questatildeo de

manifestar o seu desacordo atraveacutes de uma carta enviada ao conselho de accionistas onde

ameaccedilava ldquorecorrer aos meios necessaacuterios para salvaguardar os seus direitosrdquo (MARTINS

2005a) O diferendo aparentemente encontra-se solucionado e para isso deveraacute ter contribuiacutedo o

acordo na escolha do CEO da Vivo assim como do ldquoChairmanrdquo agora ambos brasileiros

33 A aquisiccedilatildeo do capital na PT teria por base o programa de compra de acccedilotildees proacuteprias da empresa Contudo os estatutos da PT determinam que nenhum accionista que exerccedila a mesma actividade que a operadora de telecomunicaccedilotildees pode ter na sua posse mais de 10 do capital salvo se autorizado pela Assembleia-geral 34 Entrevista de Miguel Horta e Costa CEO da PT ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 29

3 A COABITACcedilAtildeO INTERNACIONAL

O relacionamento entre Portugal e Espanha estava assente num modelo caracterizado pela

desconfianccedila e afastamento muacutetuo sentimentos justificados pelas posturas conflituais histoacutericas

que determinaram a necessidade de Portugal recorrer a uma alianccedila externa diferenciada da

desenvolvida pela Espanha como suporte da identidade e independecircncia nacionais A adesatildeo aos

espaccedilos comuns poliacutetico econoacutemico e de defesa determinaram a implementaccedilatildeo de um novo

figurino de relacionamento

A partir daquele momento os paiacuteses peninsulares deixaram de abraccedilar alianccedilas opostas

partilhando objectivos meios e dificuldades para os atingir O presente capiacutetulo aborda a questatildeo

da coabitaccedilatildeo de Portugal e da Espanha em espaccedilos comuns representados pela UE e Alianccedila

Atlacircntica assim como a ligaccedilatildeo aos espaccedilos regionais com os quais desenvolveram laccedilos

histoacutericos seculares e nos quais mantecircm interesses partilhados

31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica

A integraccedilatildeo na CEE representou para as populaccedilotildees de ambos os paiacuteses a possibilidade de

aspirarem agraves condiccedilotildees de vida existentes nos Estados mais evoluiacutedos da Europa O caminho

europeu foi entatildeo assumido por uma unanimidade sem precedentes nomeadamente na Espanha

onde todas as forccedilas poliacuteticas subscreveram os desiacutegnios da adesatildeo A inserccedilatildeo no projecto

europeu permitiu para aleacutem de alteraccedilotildees estruturais com o objectivo da convergecircncia com a

Europa mais desenvolvida o incremento do relacionamento econoacutemico e comercial nunca antes

atingido Hoje em dia o projecto de construccedilatildeo da UE envolve outros aspectos da vida dos

Estados prevendo-se a necessidade de se efectivarem cada vez mais transferecircncias de poderes

para as instituiccedilotildees europeias que determinam o surgimento de outros interesses na relaccedilatildeo de

poderes entre os Estados-membros

311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE

Apoacutes os processos de democratizaccedilatildeo dos dois Estados impunha-se a Portugal muito mais do

que agrave Espanha para aleacutem da questatildeo do desenvolvimento econoacutemico a necessidade de redefinir

novas prioridades de relacionamento externo Para os dois paiacuteses o processo de adesatildeo e a

consequente integraccedilatildeo na CEE significava no plano interno a ldquoirreversibilidade do processo

democraacuteticordquo (SEABRA 1995 p7) assim como a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e

social que seguiriam a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental No plano externo abriam-se

novas oportunidades que punham fim ao isolamento internacional de ambos e os aproximaria

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 30

dos ldquocentros de decisatildeo europeusrdquo (SOUSA 2005a p8) assim como incrementava a

possibilidade de desenvolvimento de novas oportunidades de relacionamento bilateral

O ldquoduplo significado interno e externordquo (SEABRA 1995 p15) da integraccedilatildeo europeia

encontra-se espelhado nos objectivos referidos pelo Ministro das Financcedilas do Governo de

Portugal agrave data do processo negocial Ernacircni Lopes definidos para o meacutedio e longo prazo ldquoum

novo e outro o de semprerdquo (SOUSA 2005a p5) O ldquonovordquo referindo-se ao processo de

desenvolvimento econoacutemico e social o qual partia da premissa de que a economia portuguesa

necessitaria de um estiacutemulo exterior que a obrigasse a desencadear as mudanccedilas estruturais

necessaacuterias Para a consecuccedilatildeo deste objectivo estavam delineados os ldquocenaacuterios das trecircs linhasrdquo

(SOUSA 2005a p4) que determinavam trecircs possibilidades de colocaccedilatildeo da linha de separaccedilatildeo

entre o centro e a periferia da economia mundial O primeiro era o ldquocenaacuterio Pirineacuteusrdquo que

colocava a Peniacutensula Ibeacuterica na periferia subdesenvolvida o segundo o ldquocenaacuterio Vilar

Formosordquo considerado desastroso para Portugal que determinava uma Espanha integrada e

Portugal na zona perifeacuterica por uacuteltimo o ldquocenaacuterio Gibraltarrdquo que colocava a linha divisoacuteria em

Gibraltar inserindo os dois paiacuteses peninsulares na Europa Comunitaacuteria Com o ldquoobjectivo de

semprerdquo pretendia aludir agrave necessidade histoacuterica de assegurar a individualidade e a

sobrevivecircncia de Portugal neste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico Daiacute a afirmaccedilatildeo de que a

nossa relaccedilatildeo com a Espanha tem de passar por Bruxelas

Relativamente agrave opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo europeia espanhola Portugal procurou

individualizar o seu processo negocial Por um lado tentou apresentar o pedido de adesatildeo antes

da Espanha e por outro deixava claro a existecircncia de duas realidades distintas Era sua intenccedilatildeo

evitar que fosse analisado o conjunto dada a forte convicccedilatildeo portuguesa de que havendo a

hipoacutetese de ldquoum bloqueio ao alargamento ele seria suscitado por causa da Espanhardquo (PEREIRA

2005 p9) pelas questotildees agriacutecolas Contudo os europeus pretendiam uma adesatildeo em

simultacircneo mesmo que como veio a ocorrer Portugal visse o seu processo de adesatildeo resolvido

antes do Espanhol Os alematildees eram os principais defensores da tese de entrada simultacircnea

evitando-se deste modo uma ldquohumilhaccedilatildeo desnecessaacuteriardquo (SOUSA 2005b p11) ao paiacutes

excluiacutedo Por outro lado para os europeus era importante manter o equiliacutebrio poliacutetico e

econoacutemico na Peniacutensula Ibeacuterica considerando que seria muito afectado no caso de se verificar a

adesatildeo de apenas um dos Estados

Concretizada a adesatildeo em simultacircneo a 1 de Janeiro de 1986 Portugal e a Espanha

mantiveram posicionamentos estruturalmente divergentes As opccedilotildees espanholas

frequentemente associadas agraves francesas e alematildes de reforccedilo da supranacionalidade e aceitaccedilatildeo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 31

de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e de convicccedilatildeo da

necessidade de implementaccedilatildeo de uma maior coordenaccedilatildeo e integraccedilatildeo da poliacutetica externa

europeia justificavam a oposiccedilatildeo de Portugal contrariando a necessidade de aprofundamento da

integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas

pela OTAN

Lanccedilada a temaacutetica da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria (UEM) e do aprofundamento da uniatildeo

poliacutetica no iniacutecio da deacutecada de 1990 a Espanha defenderia nas Conferecircncias

Intergovernamentais respectivas para aleacutem das posiccedilotildees jaacute referidas o reforccedilo dos poderes do

Parlamento Europeu e o princiacutepio de votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC Por outro lado

apoia o projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica e a coesatildeo econoacutemica e social assuntos sobre os

quais Portugal manifestava a sua total concordacircncia Contudo prevaleciam as diferenccedilas quando

abordadas as restantes questotildees nomeadamente quanto agrave votaccedilatildeo por maioria qualificada na

PESC onde entendia que a cada Estado deveria corresponder um voto

Na cimeira de Maastrich Portugal via concretizados os seus ldquoobjectivos centraisrdquo (SEABRA

1995 p23) vendo consagrado no Tratado a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia Tendo a

Espanha como protagonista os dois Estados desenvolvem nesta fase uma acccedilatildeo concertada para

a consecuccedilatildeo de objectivos comuns como a aprovaccedilatildeo do Fundo de Coesatildeo e do Pacote Delors

II No entanto no periacuteodo que se seguiu agrave sua assinatura a posiccedilatildeo espanhola iria divergir

novamente Estabelecera como objectivo prioritaacuterio colocar-se junto dos quatro grandes paiacuteses

europeus35 incentivando a diferenciaccedilatildeo entre paiacuteses grandes e pequenos na expectativa de vir a

reforccedilar os seus poderes objectivo a que Portugal e outros se opuseram com sucesso

O Tratado de Nice tendo em vista os futuros alargamentos introduziu algumas alteraccedilotildees ao

funcionamento da UE designadamente procedendo agrave reorganizaccedilatildeo das trecircs instituiccedilotildees

principais No Conselho Europeu (Apecircndice G) a principal instituiccedilatildeo decisoacuteria da Uniatildeo na

qual o nuacutemero de votos de que dispotildee cada paiacutes eacute ponderado em funccedilatildeo da dimensatildeo relativa da

sua populaccedilatildeo a Espanha aspirava colocar-se a par dos ldquoquatro grandesrdquo No entanto apesar de

ter visto crescer o nuacutemero de votos o resultado final natildeo lhe permitiu cumprir o objectivo a que

se propusera Na Comissatildeo Europeia as alteraccedilotildees centraram-se na atribuiccedilatildeo de um comissaacuterio

por Estado-membro enquanto que no Parlamento Europeu (Apecircndice H) agrave excepccedilatildeo da

Alemanha todos os paiacuteses viram diminuiacutedos a representaccedilatildeo de deputados

Mais uma vez se sublinha o desempenho diferenciado dos dois paiacuteses no processo de

construccedilatildeo europeia A Espanha manteve sempre um papel activo na edificaccedilatildeo da Europa

35 Alemanha Franccedila Gratilde-Bretanha e Itaacutelia

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 32

poliacutetica favoraacutevel ao reforccedilo da supranacionalidade agrave federalizaccedilatildeo europeia e agrave criaccedilatildeo de um

pilar de defesa autoacutenomo Jaacute Portugal manteve uma atitude cautelosa procurando uma evoluccedilatildeo

poliacutetica gradual defendendo a manutenccedilatildeo da sua posiccedilatildeo relativa nas instituiccedilotildees negando-se a

aceitar uma Europa a diferentes velocidades e apoiando o pilar europeu da OTAN No entanto

existiram periacuteodos em que os dois assumiram posiccedilotildees conjuntas de forma a atingirem objectivos

comuns Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social da obtenccedilatildeo dos diversos fundos financeiros e

da implementaccedilatildeo da moeda uacutenica

A actual crise vivida no seio da UE relativamente agrave validaccedilatildeo do texto do Tratado

Constitucional Europeu (TCE) documento jaacute aprovado pela Espanha em referendo poderaacute ser a

confirmaccedilatildeo da necessidade de manter algumas precauccedilotildees sobre as ambiccedilotildees de

aprofundamento poliacutetico na UE Contudo os responsaacuteveis portugueses tecircm mantido um discurso

favoraacutevel agrave evoluccedilatildeo preconizada e coincidente com a posiccedilatildeo espanhola Entendemos que ainda

natildeo estatildeo verdadeiramente dimensionadas as repercussotildees do ldquonatildeordquo francecircs e holandecircs na

evoluccedilatildeo da UE Portugal manteacutem uma posiccedilatildeo cautelosa consciente de que novas negaccedilotildees ao

texto do Tratado poderatildeo ter consequecircncias dramaacuteticas para o processo de construccedilatildeo europeu

312 O relacionamento econoacutemico

A adesatildeo agrave CEE conferiu agraves relaccedilotildees econoacutemicas e comerciais entre os dois vizinhos

peninsulares uma dinacircmica nunca antes conseguida Se ateacute aqui o relacionamento se quedava no

acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico era agora a vez da aacuterea econoacutemica conhecer um significativo

impulso Os reflexos econoacutemicos da integraccedilatildeo europeia fizeram-se sentir tanto no incremento

das trocas comerciais e no investimento bilateral como no crescimento e amadurecimento das

economias dos dois Estados

Analisando o desenvolvimento econoacutemico verifica-se uma significativa evoluccedilatildeo no sentido

da aproximaccedilatildeo agraves economias mais evoluiacutedas da Europa O rendimento per capita em Espanha

passou de um valor de aproximadamente 74 da meacutedia europeia em 1985 para 88 em 2004

enquanto que em Portugal o mesmo iacutendice passou no mesmo periacuteodo de 56 para cerca de

68 (Anexo AE) Entre 1994 e 2004 a Espanha atingia um crescimento econoacutemico anual meacutedio

de 3 do PIB enquanto que Portugal no mesmo periacuteodo se ficava pelos 23 (CHISLETT

2004)

O cenaacuterio macro econoacutemico nacional natildeo se apresentou nos uacuteltimos anos muito favoraacutevel

Para tal contribuiu o facto de natildeo ter sido cumprido o Pacto de Estabilidade e Crescimento

(PEC) em 2001 tendo-se atingido os 44 do PIB contra o equilibrado deacutefice espanhol Apesar

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 33

de nos anos de 2002 e 2003 ter sido cumprido o limite de 3 imposto pela UE com 27 e

28 respectivamente os mesmos foram conseguidos com recurso a receitas extraordinaacuterias

designadamente a alienaccedilatildeo de patrimoacutenio No corrente ano tudo aponta para que o mesmo

limite seja novamente ultrapassado Contudo o Governo portuguecircs anunciou jaacute que natildeo iria

recorrer a medidas extraordinaacuterias para o controle do deacutefice Em contraponto deveremos

salientar o anuacutencio efectuado em 25 de Agosto uacuteltimo pelo Governo espanhol no qual deu conta

da eliminaccedilatildeo do deacutefice orccedilamental em 2006 ldquoprevendo jaacute um excedente orccedilamental de 02 do

PIBrdquo36

O investimento directo de Espanha em Portugal (Anexo AF) tem-se vindo a efectuar nos

mais diversos sectores de actividade nomeadamente no financeiro construccedilatildeo civil

supermercados e grandes armazeacutens serviccedilos combustiacuteveis turismo etc Estes valores

alcanccedilaram entre 1993 e 2003 a meacutedia anual de 1111 milhotildees de euros enquanto que os

investimentos directos meacutedios anuais de Portugal em Espanha referentes ao mesmo periacuteodo se

ficaram pelos 362 milhotildees de euros A aquisiccedilatildeo de grandes empresas nacionais por empresas

espanholas permite a abertura aos mercados exteriores onde aquelas jaacute se encontram fortemente

implantadas como eacute o caso do Brasil China e tambeacutem Angola e outros paiacuteses africanos

lusoacutefonos

No sector da construccedilatildeo operam no mercado nacional as principais empresas espanholas

como a Sacyr Vallehermoso detentora da Somague a Ferrovial a Dragados ou a FCC bem

como outras de menor dimensatildeo Os principais investimentos nacionais nesta aacuterea em territoacuterio

espanhol satildeo efectuados pela Cimpor a grande cimenteira nacional O sector dos combustiacuteveis eacute

tambeacutem amplamente explorado por empresas espanholas A Cepsa a primeira empresa a

instalar-se hoje em dia conta com mais de 150 estaccedilotildees de serviccedilo permitindo-lhe controlar uma

cota de mercado de aproximadamente 8 A Repsol que depois de ter adquirido em Julho de

2004 as 303 estaccedilotildees de serviccedilo da Shell portuguesa quadruplicou a sua cota de mercado

passando de 5 para os 19 Ainda assim em Portugal a Galp lidera com uma cota de mercado

de 45 atingindo os 5 de implantaccedilatildeo no paiacutes vizinho

Na aacuterea do vestuaacuterio a Espanha dispotildee de importantes empresas competindo em Portugal O

grupo Inditex o Cortefiel e o Corte Inglecircs satildeo as maiores do sector Relativamente ao primeiro

satildeo cerca de 200 lojas Entre outras destacam-se a Pull amp Bear Zara Massimo Dutti e

Stradivarius que representam um quarto das lojas que este importante grupo deteacutem fora da

Espanha O sector alimentar eacute tambeacutem uma aacuterea chave onde os espanhoacuteis apostam na expansatildeo

36 Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 34

internacional Satildeo os nossos principais fornecedores de carne peixe produtos laacutecteos frutas e

verduras salientando-se a forte implantaccedilatildeo da Pescanova ou Panrico

No acircmbito do relacionamento bilateral entendemos destacar o que se verifica entre a regiatildeo da

Galiza e o Norte de Portugal Estas satildeo as regiotildees dos dois paiacuteses que tecircm desenvolvido um

relacionamento de maior proximidade (CHISLETT 2004) Para tal tem contribuiacutedo o facto de

que como comunidade autoacutenoma a Galiza dispotildee de alguma liberdade para tratar determinadas

questotildees directamente com o governo Portuguecircs Nesta dinacircmica os principais actores tecircm sido

o sector privado Galego e o sector empresarial localizado na aacuterea metropolitana do Porto

Contudo a balanccedila tende mais uma vez claramente para o lado Espanhol Este relacionamento

tem sido incentivado pela poliacutetica regional da UE que atraveacutes da transferecircncia de verbas de

fundos especiacuteficos37 a aplicar em regiotildees cujo PIB per capita eacute 75 da meacutedia europeia

desenvolve projectos para promover a cooperaccedilatildeo transfronteiriccedila como eacute o caso do INTERREG

(Apecircndice I)

O actual niacutevel de relacionamento comercial e econoacutemico tende a crescer designadamente em

sectores que poderatildeo ser considerados estrateacutegicos para ambos os paiacuteses A exemplo o mercado

ibeacuterico de energia eleacutectrica e o idealizado projecto comum de gaacutes natural ou ainda o projecto

comum de ligaccedilatildeo ferroviaacuteria de alta velocidade que possibilitaraacute uma ligaccedilatildeo raacutepida entre as

mais importantes regiotildees portuguesas e espanholas Enfim o maior potencial econoacutemico do

nosso vizinho peninsular tem permitido agraves suas empresas uma faacutecil expansatildeo internacional na

qual o mercado portuguecircs tem desempenhado pela sua proximidade geograacutefica um papel de

iniciador O ldquoavanccedilo espanholrdquo a ldquoarmada espanholardquo ou a ldquoinvasatildeo espanholardquo satildeo designaccedilotildees

empregues pelos OCS nacionais para retratar a dinacircmica econoacutemica imposta pela Espanha no

mercado nacional

313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia

O actual enquadramento estrateacutegico mundial a par do alargamento progressivo do espaccedilo

europeu levou a UE a considerar a possibilidade de desenvolvimento de uma PESC Apesar do

gradual desenvolvimento do processo poliacutetico e do reforccedilo da supranacionalidade as questotildees de

poliacutetica externa e de seguranccedila e defesa satildeo assuntos sobre os quais os Estados-membros da UE

mantecircm um controlo independente Neste caso a Comissatildeo Europeia e o Parlamento Europeu

desempenham ainda um papel de pouca relevacircncia tendo em conta que as acccedilotildees desenvolvidas

neste acircmbito deveratildeo ser decididas por concertaccedilatildeo intergovernamental

37 FEDER

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 35

Para conferir capacidade interventora no acircmbito da seguranccedila e defesa o Conselho Europeu

de Helsiacutenquia em 1999 delineou um Headline Goal que previa ateacute 2003 estar em condiccedilotildees de

colocar no terreno num prazo de 60 dias uma Forccedila militar com cerca de 60000 efectivos com

apoio naval e aeacutereo a qual designou de Forccedila de Reacccedilatildeo Raacutepida Para a coordenaccedilatildeo da Forccedila

a UE passava a contar38 com o Comiteacute Poliacutetico e de Seguranccedila o Comiteacute Militar da Uniatildeo

Europeia e o Estado-Maior da Uniatildeo Europeia colocados sob a autoridade do Conselho

Europeu

Com a elaboraccedilatildeo do ldquodocumento Solanardquo foram definidas ldquoas cinco ameaccedilas mais

importantesrdquo (CHARLES 2005 p70) agrave seguranccedila europeia o terrorismo a proliferaccedilatildeo de

armas de destruiccedilatildeo maciccedila os conflitos regionais os Estados falhados e o crime organizado

Em face desta tipologia de ameaccedilas foi constatada a necessidade de conferir maior flexibilidade

e prontidatildeo agrave Forccedila Europeia pelo que por uma iniciativa franco-britacircnica procedeu-se agrave

revisatildeo dos objectivos definidos pela Headline Goal surgindo o actual conceito de Battle

Groups Trata-se de agrupamentos taacutecticos formados por cerca de 1500 efectivos dotados de

capacidade de projecccedilatildeo com possibilidades de sustentaccedilatildeo entre 30 a 120 dias

A Espanha espera poder operar duas destas unidades taacutecticas ateacute 2007 facto a que Portugal

natildeo deveraacute ficar indiferente A participaccedilatildeo nacional prevista tambeacutem para 2007 seraacute a da

constituiccedilatildeo de um Battle Group estando ainda por definir a contribuiccedilatildeo no segundo semestre

daquele ano39 para a formaccedilatildeo de outra unidade semelhante Atendendo agrave diferenccedila de potencial

econoacutemico e militar entre os dois paiacuteses entende-se que a participaccedilatildeo nacional possa ser de

menor dimensatildeo Contudo Portugal natildeo deveraacute esquecer que a UE vive uma fase de

alargamento para mais dez paiacuteses a qual exige um processo de reorganizaccedilatildeo interna onde os

Estados de menor dimensatildeo procuram natildeo perder o statu quo adquirido Assim eacute de relevante

importacircncia a participaccedilatildeo nas iniciativas europeias de forma a conseguir maior visibilidade e

credibilidade para que a voz portuguesa possa ser audiacutevel e natildeo associada apenas ao grupo dos

destinataacuterios de fundos

A adesatildeo dos paiacuteses ibeacutericos agrave UE permitiu a envolvecircncia de novos destinos nos desiacutegnios da

poliacutetica externa comunitaacuteria Eacute sabido que Portugal e Espanha desenvolveram ao longo dos anos

relaccedilotildees privilegiadas com aqueles que foram os seus territoacuterios de expansatildeo Sobre Portugal

referimo-nos agrave Aacutefrica lusoacutefona e ao Brasil relativamente ao vizinho Espanhol agrave Ameacuterica do Sul

e a Marrocos Por outro lado a inserccedilatildeo mediterracircnica de ambos acentua as perspectivas de

relacionamento entre a UE e os paiacuteses do flanco sul do Mar Mediterracircneo que por ser a fronteira 38 A partir do Conselho Europeu de Nice em 2000 39 Presidecircncia portuguesa da UE

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 36

Sul da UE e ao mesmo tempo uma regiatildeo instaacutevel em termos de seguranccedila eacute objecto de

particular preocupaccedilatildeo O interesse estrateacutegico da regiatildeo mediterracircnica ficou bem patente pela

realizaccedilatildeo em Novembro de 2005 da cimeira de Barcelona efectuada por iniciativa espanhola e

italiana e que contou com o apoio de Portugal

Os fluxos migratoacuterios ilegais utilizam os paiacuteses peninsulares como a porta de entrada num

espaccedilo que representa a esperanccedila para uma vida melhor A afinidade cultural eacute para sul-

americanos africanos e ateacute de proveniecircncia do Leste Europeu a justificaccedilatildeo para que se

submetam ao risco de um regresso de ldquomatildeos vaziasrdquo e em alguns casos ateacute a morte A esta

situaccedilatildeo natildeo ficou indiferente o crime organizado que tem tirado partido da ilusatildeo provocada

pela possibilidade de entrada no espaccedilo europeu Esta questatildeo tem suscitado um acreacutescimo de

responsabilidade perante os restantes parceiros europeus pelo que o controle dos fluxos

migratoacuterios representa um importante impulsionador do relacionamento bilateral

32 A Alianccedila Atlacircntica

O periacuteodo do poacutes-II Guerra Mundial em Portugal foi dominado pela discussatildeo da forma

como o Paiacutes se deveria integrar no sistema militar de defesa ocidental A poleacutemica40 confrontava

dois modelos de um lado aquele que foi idealizado pelo General Santos Costa e que se apoiava

no conceito de ldquobastiatildeo ibeacutericordquo Estava encontrada a forma de revitalizar o Pacto Peninsular

definindo os Pirineacuteus como o ponto ideal para em conjunto Portugal e Espanha procederem agrave

defesa da Peniacutensula Ibeacuterica de uma possiacutevel invasatildeo Sovieacutetica O segundo modelo

protagonizado pelo General Raul Esteves contrariava a tese ibeacuterica referindo que por um lado

os Pirineacuteus natildeo seriam um obstaacuteculo inibidor dado que poderiam ser contornados por outro a

defesa naquele sistema montanhoso pela sua proximidade e localizaccedilatildeo jaacute bem no extremo

ocidental europeu natildeo interessava nem a Portugal nem agrave Europa

Dando razatildeo agrave orientaccedilatildeo proposta pelo General Raul Esteves eacute endereccedilado a Portugal o

convite para integrar o bloco de paiacuteses que participariam no sistema defensivo do Atlacircntico

Norte No entanto o processo de integraccedilatildeo de Portugal natildeo seria afastado de uma acesa

poleacutemica Embora nada tendo a ver com a redacccedilatildeo do texto do Tratado natildeo deixava de levantar

determinadas questotildees41 (FERREIRA 1989 p59) Em primeiro lugar encontrava-se a

referecircncia agrave Carta da ONU OI a que o Paiacutes natildeo pertencia em segundo as referecircncias ao modelo

democraacutetico parlamentar e por uacuteltimo a sua duraccedilatildeo que se prolongava por vinte anos sendo

40 Assunto que Joseacute Medeiros Ferreira faz referecircncia nas suas obras ldquoUm Seacuteculo de Problemas As Relaccedilotildees Luso-Espanholas da Uniatildeo Ibeacuterica agrave Comunidade Europeiardquo e ldquoA Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeiasrdquo 41 Em referecircncia a uma alocuccedilatildeo de Nuno Severiano Teixeira

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 37

neste caso as reservas portuguesas justificadas pelo periacuteodo considerado demasiado alargado

podendo pocircr em causa o estatuto de neutralidade mantido ateacute agrave data

Contudo o factor de maior poleacutemica reservava-se para a questatildeo espanhola novamente a

questatildeo espanhola O vizinho peninsular permanecia sob um regime de isolamento imposto pela

comunidade internacional que o impedia de se inserir no arranjo estrateacutegico do poacutes-guerra

Apesar da importacircncia estrateacutegica atribuiacuteda a Portugal e do lugar de destaque que

consequentemente passaria a ocupar o Presidente do Conselho mostrava fortes reservas agrave

exclusatildeo da Espanha Em primeiro lugar estava o facto do vazio geograacutefico e estrateacutegico que a

ausecircncia espanhola originava em segundo a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia

proporcionar e por fim porque a adesatildeo portuguesa teria significados distintos nos casos da

Espanha estar ou natildeo incluiacuteda no grupo dos assinantes do Tratado

Para o Governo Portuguecircs liderado por Oliveira Salazar a Peniacutensula Ibeacuterica constituiacutea uma

ldquounidade geograacutefica e estrateacutegicardquo (VICENTE 2003 p242) e natildeo seria possiacutevel estabelecer um

sistema defensivo eficaz sem a inclusatildeo do vizinho de sempre Por outro lado considerava que

uma alteraccedilatildeo poliacutetica motivada por uma orientaccedilatildeo sovieacutetica teria reflexos directos em

Portugal e na Europa Ocidental Os motivos justificavam a forte acccedilatildeo diplomaacutetica desenvolvida

pelo governo nacional no sentido da Espanha ser incluiacuteda nos subscritores iniciais do Tratado

Para os parceiros ocidentais o afastamento da Espanha era motivado pelo regime poliacutetico

vigente e pela postura poliacutetico-estrateacutegica que o paiacutes desenvolveu desde o periacuteodo da guerra

civil ateacute ao conflito mundial que haacute pouco terminara Sobre o tema acrescenta Antoacutenio Telo era

uma forma dos aliados reduzirem o nuacutemero de parceiros com quem dividir a ajuda militar

americana assim como de evitarem a tentaccedilatildeo de defender a Europa nos Pirineacuteus sacrificando

paiacuteses como a Alemanha Franccedila ou Itaacutelia (TELO 1999 p78)

Franco fazia saber da disponibilidade da Espanha em participar dos acordos estabelecidos

pelos paiacuteses ocidentais enquanto que o seu irmatildeo representante diplomaacutetico em Portugal

mostrava a sua preocupaccedilatildeo na exclusatildeo espanhola em face da participaccedilatildeo portuguesa

considerando que seria criada uma situaccedilatildeo de dependecircncia que reforccedilava o isolamento

internacional Procurando evitar a entrada de Portugal a Espanha alude agrave consequente

desvalorizaccedilatildeo do Pacto Peninsular afirmando que no seio do Tratado do Atlacircntico natildeo seria

possiacutevel ao Estado portuguecircs manter os compromissos bilaterais anteriormente assumidos As

conversaccedilotildees entre ambos levaram a que o Pacto Peninsular fosse reafirmado e prorrogado por

mais dez anos recebendo a Espanha as garantias de que o novo enquadramento estrateacutegico

portuguecircs em nada influiria no cumprimento das claacuteusulas previstas no Acordo peninsular

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 38

Portugal encontrava-se colocado numa situaccedilatildeo de primazia assumindo a representatividade

Ibeacuterica no bloco ocidental A importacircncia geopoliacutetica e geoestrateacutegica do espaccedilo portuguecircs

particularmente a posiccedilatildeo dos Accedilores era reconhecida internacionalmente bem como o estatuto

de diferenciaccedilatildeo relativamente ao vizinho ibeacuterico Desta forma mantinha-se a vocaccedilatildeo atlacircntica

nacional assim como se achava o substituto britacircnico para a alianccedila com a potecircncia mariacutetima

No entanto a Espanha encontrava no relacionamento bilateral com os EUA a hipoacutetese que lhe

escapou no quadro multilateral Ainda em 1949 assinava um acordo de concessatildeo de creacutedito42

com os EUA que permitiu em 1953 a assinatura do Conveacutenio Sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

o Conveacutenio sobre Ajuda Econoacutemica

A permanecircncia de Portugal na Organizaccedilatildeo permitiu cumprir alguns programas de

reequipamento das Forccedilas Armadas e ainda efectuar a actualizaccedilatildeo teacutecnica e operacional dos

seus quadros colocando-os a par da doutrina seguida pelos paiacuteses ocidentais Contudo a guerra

no ultramar motivou um periacuteodo de afastamento de Portugal das actividades desenvolvidas pela

OTAN que impedia o empenhamento do material cedido no acircmbito do Tratado no esforccedilo de

guerra ultramarino Apesar dos motivos que desencadearam o afastamento nunca foi posta em

causa a permanecircncia portuguesa na OTAN mantendo-se a cooperaccedilatildeo tanto no quadro

multilateral como no quadro bilateral O relacionamento prolongou-se pelo periacuteodo de

instabilidade no decorrer do processo de alteraccedilatildeo do regime sendo o assunto da permanecircncia

no seio da Organizaccedilatildeo uma questatildeo de amplo consenso entre os principais partidos poliacuteticos

nacionais

A Espanha assinou em Maio de 1982 o protocolo de adesatildeo agrave OTAN No entanto o pedido

espanhol tinha desencadeado movimentos de oposiccedilatildeo por parte de socialistas e comunistas

originando um processo que natildeo se revelava de conclusatildeo faacutecil O PSOE ao assumir o poder

mudava de opiniatildeo contudo fazia desencadear um processo de consulta popular que iria

confirmar a opccedilatildeo de entrada na concertaccedilatildeo estrateacutegica ocidental A adesatildeo espanhola trazia

uma situaccedilatildeo nova agraves relaccedilotildees bilaterais Os dois paiacuteses encontravam-se agora verdadeiramente

integrados nas mesmas alianccedilas eram parceiros econoacutemicos numa comunidade com ambiccedilotildees de

integraccedilatildeo poliacutetica e pertenciam ao mesmo tratado poliacutetico-militar A situaccedilatildeo era tatildeo nova que

natildeo deixa de ser salientada por Maria Joatildeo Seabra da seguinte forma ldquoCom a entrada da

Espanha na NATO Portugal sentiu-se ameaccedilado pelas suas possiacuteveis ambiccedilotildees

geosestrateacutegicasrdquo Era a tomada de consciecircncia por parte de Portugal no sentido de pensar que a

42 Recorda-se que a Espanha se viu afastada do apoio concedido no acircmbito do Plano Marshall

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 39

nossa diferenciaccedilatildeo estrateacutegica poderia natildeo permitir o peso suficientemente deixando de

constituir o garante de identidade

Os receios apesar de justificados natildeo encontraram correspondecircncia na praacutetica O interesse

geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na

Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses Foi o

caso da integraccedilatildeo de todo o territoacuterio nacional sob o mesmo Comando OTAN e ainda a

permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa relevacircncia como

foram o IBERLANT o SOUTHLANT e eacute actualmente o JC Lisbon (Anexo AG) Neste acircmbito

no quadro do relacionamento bilateral com a Espanha Portugal apoiou a localizaccedilatildeo de um

Comando da OTAN no seu territoacuterio (Anexo AH) o que se viria a verificar apoacutes a sua entrada na

estrutura militar da Alianccedila

A adesatildeo espanhola colocou os dois paiacuteses ibeacutericos numa situaccedilatildeo de partilha e convivecircncia

no seio da mesma alianccedila poliacutetico-militar para a qual tecircm contribuiacutedo activamente em diversas

missotildees sob a tutela da OTAN A disponibilidade de forccedilas eacute compatiacutevel com a realidade

econoacutemica de cada um dos paiacuteses no entanto ambos consideram necessaacuterio o empenhamento no

sentido de tornar efectivo o conceito de ldquoseguranccedila partilhada e cooperativardquo (ARMESTRE

2005 p7) para assim tambeacutem colmatarem as respectivas vulnerabilidades estrateacutegicas

Contudo apoacutes uma anaacutelise efectuada aos documentos43 que determinam as directivas

estrateacutegicas de defesa nacional constata-se o facto de cada um atribuir um grau de prioridade

diferente ao papel a desempenhar no seio da OTAN

Para a Espanha eacute clara a prioridade Europeia bem expressa no primeiro paraacutegrafo do ponto 2

da DDN a qual refere que ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de

intereacutes prioritario somos Europa y nuestra seguridad estaacute indisolublemente unida a la del

continenterdquo ainda que ldquoEspantildea promoveraacute e impulsionaraacute una autentica poliacutetica europea de

seguridad y defensa (hellip)rdquo As referecircncias agrave OTAN estatildeo inseridas no acircmbito do relacionamento

transatlacircntico Sobre o assunto diz ldquoEsta prioridad es compatible com una relacioacuten

transatlacircntica robusta y equilibrada un elemento tambieacuten esencial de la defensa europea (hellip)rdquo

ldquoEn este sentido Espantildea es un aliado firme e claramente comprometido com la Alianza

Atlacircntica y ademaacutes mantiene una relacioacuten estrecha y consolidada com los Estados Unidos una

relacioacuten que debe estar articulada sobre la lealtad el diaacutelogo la confianza y el respeto

reciacuteprocosrdquo Fica pois clara a tradicional posiccedilatildeo espanhola junto da UE jaacute referida no sub-

capiacutetulo anterior dando clara preferecircncia agrave criaccedilatildeo de um pilar de defesa europeu autoacutenomo

43 Espanha Directiva de Defensa Nacional 12004 Portugal Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 40

Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma oposta O Conceito Estrateacutegico de Defesa

Nacional (CEDN) no seu ponto 72 define que ldquoo sistema de seguranccedila e defesa de Portugal

tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo e prossegue salientando que ldquoa NATO

corresponde agrave melhor opccedilatildeo de Portugal no quadro de defesa do nosso espaccedilo estrateacutegico e da

nossa valorizaccedilatildeo estrateacutegicardquo No que diz respeito ao viacutenculo transatlacircntico o mesmo

documento sublinha a necessidade de se manter o bom relacionamento entre a Europa e os EUA

expressando a posiccedilatildeo nacional relativamente agrave opccedilatildeo pela ldquovisatildeo de complementaridade e

articulaccedilatildeo entre as poliacuteticas de defesa e seguranccedila que se desenvolvem na NATO e na UE (hellip)rdquo

em alusatildeo ao reforccedilo do pilar europeu da NATO Eacute clara a tendecircncia atlacircntica portuguesa no

acircmbito da seguranccedila e defesa complementada com a opccedilatildeo pelo pilar europeu da OTAN

posiccedilatildeo tradicionalmente assumida por Portugal no seio das instituiccedilotildees europeias

Pese embora a diferenccedila de colocaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica dos dois paiacuteses peninsulares foi no

acircmbito do relacionamento multilateral e da coabitaccedilatildeo no seio das OI referidas neste trabalho

que Portugal e Espanha assumiram uma tomada de posiccedilatildeo comum Referimo-nos ao apoio

prestado aos EUA por altura da realizaccedilatildeo da Cimeira dos Accedilores e que motivou a acccedilatildeo militar

no Iraque Enquanto Portugal manteve o seu alinhamento tradicional a Espanha toma uma

posiccedilatildeo que a afasta do quadro habitual das suas alianccedilas isto eacute junto do eixo Franco-Alematildeo O

assunto poderaacute natildeo ser alheio agrave orientaccedilatildeo poliacutetica do governo espanhol dado que apoacutes as

eleiccedilotildees Joseacute Luiacutes Zapatero apesar de natildeo retirar o apoio poliacutetico aos EUA faz regressar o

efectivo militar espanhol presente no Iraque Fica desta forma expressa a possibilidade de apesar

de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas poderem assumir diferentes

orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas

O facto de serem assumidas posiccedilotildees distintas relativamente ao papel a desempenhar pelas

duas organizaccedilotildees na seguranccedila e defesa europeia eacute numa perspectiva de complementaridade e

de colaboraccedilatildeo que estas tecircm desempenhado as suas acccedilotildees Neste acircmbito foram assinados

vaacuterios acordos de cooperaccedilatildeo que contribuiacuteram por um lado para o reforccedilo da Identidade

Europeia de Seguranccedila e Defesa por outro para evitar duplicaccedilotildees de recursos Neste quadro de

complementaridade deveraacute ser salientada a preocupaccedilatildeo comum sobre os espaccedilos regionais dos

quais se destaca a questatildeo da regiatildeo Sul do Mediterracircneo com particular interesse para Portugal

e Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 41

33 Os espaccedilos regionais

Para aleacutem dos interesses de Portugal e da Espanha se encontrarem bem expressos nos espaccedilos

de coabitaccedilatildeo jaacute referidos outros existem que consideramos de significativa relevacircncia os

relacionados com a respectiva identidade histoacuterica formada ao longo dos seacuteculos e que deixaram

linhas de contacto insoluacuteveis pelo tempo Neste acircmbito abordaacutemos a presenccedila de cada um dos

Estados nos espaccedilos regionais preferenciais no caso portuguecircs a CPLP relativamente agrave

Espanha a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas que Portugal tambeacutem integra e ainda a

aacuterea Sul do Mediterracircneo de significativa importacircncia tambeacutem para a UE e a OTAN

331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

A CPLP deu os seus primeiros passos quando em Novembro de 1989 o Presidente brasileiro

Joseacute Sarney tomou a iniciativa de realizar uma cimeira entre os sete paiacuteses de liacutengua oficial

portuguesa44 No evento onde participaram os respectivos Chefes de Estado ficou decidida a

criaccedilatildeo do Instituto Internacional de Liacutengua Portuguesa com o objectivo de difundir o idioma

que irmanava os Estados participantes Seguiram-se diversas iniciativas de acircmbito ministerial as

quais deram origem agrave realizaccedilatildeo em 17 de Julho de 1996 da cimeira final de criaccedilatildeo da CPLP

que hoje conta com a participaccedilatildeo de Timor-Leste45

A organizaccedilatildeo representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo

geograacutefico multicontinental e descontinuo onde as eventuais desvantagens que daqui decorrem

satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que culminaram numa identidade

cultural proacutepria alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial A comunhatildeo de identidade

permitiu tambeacutem uma comunhatildeo de interesses que motivaram a definiccedilatildeo dos objectivos

gerais46 da Comunidade centrados na concertaccedilatildeo poliacutetico-diplomaacutetica entre os seus Estados-

membros na cooperaccedilatildeo nos diversos domiacutenios da governaccedilatildeo assim como na promoccedilatildeo e

difusatildeo da liacutengua portuguesa

As acccedilotildees ateacute agora desenvolvidas por Portugal tecircm-lhe permitido assumir um papel

determinante no desenhar do futuro das naccedilotildees lusoacutefonas africanas como foi o caso da

participaccedilatildeo nos vaacuterios processos de paz que o transformaram num actor determinante Os

diversos projectos de cooperaccedilatildeo jaacute desenvolvidos tecircm contribuiacutedo tambeacutem para que o Paiacutes

possa vir a ocupar o lugar de principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as

desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil 44 Angola Brasil Cabo Verde Moccedilambique Portugal Guineacute e Satildeo Tomeacute e Priacutencipe 45 Timor-Leste concretizou a sua adesatildeo em 20 de Maio de 2002 depois de concluiacutedo o processo de reconquista da sua independecircncia 46 httpwwwcplporg

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 42

Este eacute o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da

OTAN O facto de ser o uacutenico Paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-

lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a

cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE Desta forma ter acesso aos recursos naturais e

mateacuterias-primas de Aacutefrica e Brasil bem como agraves Organizaccedilotildees de cariz econoacutemico a que cada

um dos paiacuteses pertence

332 O Mediterracircneo e o Magreb

O relacionamento com os paiacuteses da regiatildeo Sul do Mediterracircneo tem sido de particular

preocupaccedilatildeo para a UE e a OTAN Para aleacutem da instabilidade poliacutetica e de seguranccedila que

caracteriza alguns dos Estados eacute uma zona economicamente carenciada de parco

desenvolvimento social e onde o factor extremismo religioso se faz sentir com elevada

intensidade Eacute pois uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e potencialmente geradora de situaccedilotildees

de crise o que lhe confere uma relevacircncia estrateacutegica que tem justificado o desenvolvimento de

programas especiais com o objectivo de promover a seguranccedila o desenvolvimento econoacutemico e

a estabilidade poliacutetica

Apesar de Portugal e Espanha partilharem de uma forma geral da sensibilidade europeia

sobre esta zona do Globo eacute sobre o Magreb que concentram as suas principais atenccedilotildees As

preocupaccedilotildees de ambos os paiacuteses manifestam-se de forma coincidente com as referidas no

paraacutegrafo anterior que em caso de agravamento poderatildeo motivar a degradaccedilatildeo social e a

provaacutevel expansatildeo dos reflexos da crise ao Sul da Europa com especial incidecircncia na Peniacutensula

Ibeacuterica O aumento dos fluxos migratoacuterios em busca de seguranccedila e prosperidade transformam

os paiacuteses da peniacutensula especialmente a Espanha na porta de entrada para o espaccedilo europeu

Agraves preocupaccedilotildees jaacute referidas deveraacute adicionar-se a questatildeo da seguranccedila do gasoduto euro-

magrebino Esta infra-estrutura tem a finalidade de proceder ao abastecimento da Peniacutensula

Ibeacuterica de gaacutes natural tornando-se por isso de capital importacircncia para os dois Estados As

necessidades de garantir um abastecimento energeacutetico seguro representam outro dos factores que

colocam o relacionamento bilateral e multilateral com os paiacuteses do Magreb num patamar que

transcende as questotildees de identidade histoacuterica e cultural colocando-as num patamar de acircmbito

poliacutetico-estrateacutegica

Enquanto que as acccedilotildees de cariz bilateral satildeo enquadradas no acircmbito das cimeiras que

Portugal e Espanha individualmente desenvolvem eacute no campo multilateral que tecircm sido

edificadas as iniciativas de maior impacto No acircmbito da OTAN o ldquoDiaacutelogo para o

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 43

Mediterracircneordquo onde Portugal Espanha Itaacutelia Greacutecia e por vezes com o apoio dos EUA

desenvolvem iniciativas com vista ao incremento das condiccedilotildees de estabilidade e de seguranccedila

regional No acircmbito da UE deveremos salientar aquele que ficou conhecido pelo ldquoProcesso de

Barcelonardquo Esta iniciativa desenvolvida no decurso da presidecircncia espanhola decorreu em

Novembro de 1995 e contou com a participaccedilatildeo dos quinze da UE e de doze PTM47 A

negociaccedilatildeo incidiu em trecircs aacutereas distintas a ldquocooperaccedilatildeo poliacutetica e de seguranccedila a cooperaccedilatildeo

econoacutemica e a cooperaccedilatildeo social cultural e humanardquo (CRAVINHO et al 1996 p162) definindo

objectivos que se estendem ateacute ao ano de 2010

Portugal e Espanha tecircm na regiatildeo mediterracircnica fundamentalmente sobre o Magreb um

elevado nuacutemero de interesses comuns que se estendem agraves OI onde se encontram inseridos Pela

proximidade geograacutefica identidade histoacuterica e cultural os dois paiacuteses poderatildeo continuar a

desempenhar um papel determinante no desenvolvimento destas iniciativas de cooperaccedilatildeo Em

face da maior visibilidade e empenhamento espanhol do qual natildeo eacute alheia a questatildeo colonial e a

actual posse das Praccedilas de Ceuta e Melilla Portugal tem sabido impor a sua presenccedila nos

diferentes fora de negociaccedilatildeo podendo inclusive tirar partido das relaccedilotildees de crispaccedilatildeo entre

Espanha e Marrocos que por vezes a questatildeo territorial provoca

333 A Ibero-Ameacuterica

Por definiccedilatildeo a Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados

soberanos da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Assim apesar

de nos referirmos a dois grandes continentes a questatildeo limita-se ao espaccedilo regional que sofreu a

influecircncia colonizadora de Portugal e Espanha isto eacute o Brasil e as Ameacutericas Central e do Sul

Natildeo obstante os dois Estados ibeacutericos terem marcado profundamente a evoluccedilatildeo histoacuterica da

regiatildeo sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute

concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a maior capacidade de

intervenccedilatildeo portuguesa no Brasil

Com a adesatildeo de Portugal e Espanha agrave CEE esta organizaccedilatildeo adquiriu novas e poderosas

capacidades de negociaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e intervenccedilatildeo numa zona do Globo com a qual ateacute aiacute

mantinha apenas relaccedilotildees bilaterais de caraacutecter eminentemente comercial sem qualquer caraacutecter

de prioridade As similitudes histoacutericas culturais e linguiacutesticas fazem dos dois paiacuteses os

interlocutores privilegiados da UE numa regiatildeo particularmente rica em mateacuterias-primas e

47 Argeacutelia Chipre Egipto Israel Jordacircnia Liacutebano Malta Marrocos Siacuteria Tuniacutesia Turquia e a Autoridade Palestiniana A Liacutebia foi o uacutenico Paiacutes da regiatildeo que natildeo foi convidado

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 44

recursos naturais onde se encontram constituiacutedas vaacuterias Organizaccedilotildees Internacionais48 do tipo

econoacutemico e comercial com as quais a UE poderaacute relacionar-se

As Cimeiras Ibero-Americanas realizadas anualmente satildeo o foacuterum privilegiado para o

relacionamento entre os vinte e um membros desta Comunidade de Naccedilotildees Nelas satildeo debatidos

problemas comuns assim como questotildees prementes do acircmbito internacional dado que contam

com as representaccedilotildees efectuadas ao niacutevel dos Chefes de Estado e de Governo dos Estados-

membros sendo de salientar que este eacute o uacutenico foacuterum internacional no qual o Rei de Espanha

marca presenccedila regular Poderatildeo tambeacutem assistir relevantes figuras da cena internacional

ocupando o lugar de convidados

A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da

Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos (MALAMUD

2005) Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global natildeo deixando contudo de considerar

necessaacuterio estabelecer associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou

com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

(MALAMUD 2005)

48 Entre outras a ALCA Grupo Andino e Mercosul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 45

4 PORTUGAL E AS OPCcedilOtildeES POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICAS DA ESPANHA SIacuteNTESE

CONCLUSIVA E RECOMENDACcedilOtildeES

No presente capiacutetulo pretendemos efectuar a validaccedilatildeo ou natildeo das hipoacuteteses estabelecidas

para o desenvolvimento do trabalho Para isso vamos avaliar inicialmente no acircmbito

exclusivamente peninsular as consequecircncias da tomada de algumas decisotildees em aacutereas

consideradas determinantes que poderatildeo desencadear situaccedilotildees de dependecircncia relativamente agrave

Espanha Seguidamente passaremos em revista as opccedilotildees de poliacutetica externa onde poderemos

determinar as grandes linhas de orientaccedilatildeo estrateacutegica de cada um dos paiacuteses apoacutes o que iremos

confrontar os dois modelos de relacionamento estabelecidos O capiacutetulo iraacute terminar com

algumas recomendaccedilotildees relativas agrave postura internacional de Portugal

41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia

Uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia extraiacuteda do ingresso de Portugal e da Espanha na

UE eacute sem duacutevida o assentuado desenvolvimento da interacccedilatildeo econoacutemica Se ateacute entatildeo o

relacionamento bilateral apenas se remetia ao acircmbito poliacutetico a partir daquele instante

desenvolveram-se novas perspectivas nas quais o sector econoacutemico assumiu um lugar de relevo

As trocas comerciais foram incrementadas sucediam-se os investimentos e cada territoacuterio

constituiacutea um mercado apeteciacutevel para as empresas do paiacutes vizinho

Com o decorrer dos anos a dimensatildeo econoacutemica de cada um dos Estados deixava expresso

qual o lado para onde haveria de pender a balanccedila da hegemonia peninsular O nosso vizinho

histoacuterico eacute ldquosignificativamente mais poderoso que Portugal com uma populaccedilatildeo que eacute hoje

quase quatro vezes maior e uma economia que multiplica a portuguesa por cincordquo (TELO 2005

p198) O potencial espanhol encontra-se tambeacutem reflectido nos resultados do exerciacutecio

econoacutemico do seu governo que jaacute anunciou a anulaccedilatildeo do tatildeo propalado deacutefice puacuteblico tendo

mesmo previsto para 2006 a existecircncia de um excedente orccedilamental de 02 do PIB Pelo

contraacuterio a realidade de Portugal apenas permite estabelecer ateacute ao final do corrente ano o

limitado objectivo de reduccedilatildeo daquele indicador para os 48 do PIB

A dinacircmica econoacutemica e comercial incutida pela Espanha transformou-nos no primeiro

patamar de internacionalizaccedilatildeo das suas empresas Na actualidade encontram-se implantadas no

nosso paiacutes cerca de 3000 empresas espanholas dos mais diversos ramos de actividade enquanto

que no sentido inverso o nuacutemero natildeo ultrapassa as 300 (CHISLETT 2005) Sobre o assunto

muito se tem escrito e falado tendo mesmo sido associado a jaacute mencionada expressatildeo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 46

ldquoinvasatildeo espanholardquo agrave ideia de que a Espanha estaacute a conseguir pela via econoacutemica o que natildeo

lhe foi permitido pela via das armas (SEABRA 1995 p25)

A questatildeo energeacutetica deveraacute ocupar uma posiccedilatildeo de destaque junto das principais

preocupaccedilotildees do governo de Portugal Em primeiro lugar porque a dimensatildeo do mercado

energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao portuguecircs A Oferta Puacuteblica de Aquisiccedilatildeo

efectuada pela Gas Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu

de energia (SANTOS 2005 p2) este facto permite visualizar a desproporccedilatildeo actual dos

mercados com previsiacuteveis reflexos no futuro do MIBEL Em segundo lugar pela maior

dependecircncia que Portugal apresenta relativamente ao Petroacuteleo ficando por isso mais exposto agraves

consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos praticada pelos paiacuteses produtores Em

contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de uma maior diversidade de opccedilotildees das quais importa destacar

a possibilidade de recurso agrave energia nuclear Por uacuteltimo a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do

territoacuterio portuguecircs na Peniacutensula Ibeacuteria a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela

necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante da importaccedilatildeo

O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo ldquoquatro vezes maior do que o

portuguecircs quando medido por activos nos balanccedilos das instituiccedilotildeesrdquo (ALVES 2001 p152) Este

facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector

tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos

nacionais A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tem decorrido a um ritmo

acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso

paiacutes De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos referir que seis anos de lucros

do BSCH ou do BBVA eram suficientes em 2000 para adquirir o BCP (ALVES 2001 p161)

O sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas

portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as

suas concorrentes espanholas Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses

consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a espanhola

TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute

limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados

proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere

espanhola A tendecircncia expansionista da TEM permitiu-lhe atingir a terceira posiccedilatildeo mundial no

que toca ao conjunto das redes de comunicaccedilotildees fixa e moacutevel com cerca de 140 milhotildees de

clientes (MARTINS 2005c p10)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 47

Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente

dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica eacute soberana e determinou

que os cinco principais rios portugueses tenham origem em Espanha A sua importacircncia vecirc-se

incrementada quando associados a factores como a produccedilatildeo de energia eleacutectrica agricultura

pesca abastecimento de aacutegua para consumo ou a qualidade ambiental Se duacutevidas houvessem

quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial o qual previa a possibilidade

de execuccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais cujas bacias hidrograacuteficas eram consideradas

excedentaacuterias para aacutereas onde a avaliaccedilatildeo determinasse a existecircncia de um deacutefice hiacutedrico De

referir que as qualificaccedilotildees de ldquobacias excedentaacuteriasrdquo e ldquoaacutereas de deacutefice hiacutedricordquo resultavam

exclusivamente da avaliaccedilatildeo espanhola Apoacutes forte pressatildeo do governo portuguecircs a soluccedilatildeo foi

reconsiderada e abandonada prevendo o actual PHNE apenas a realizaccedilatildeo de transvazes em rios

exclusivamente espanhoacuteis

Ficam identificadas algumas das aacutereas do relacionamento bilateral onde os interesses de

Portugal e Espanha poderatildeo colidir e desencadear situaccedilotildees de conflitualidade A questatildeo

agrava-se quando estes mesmos aspectos demonstram a existecircncia de indiacutecios de dependecircncia

econoacutemica em aacutereas que por serem consideradas transversais (ALVES 2001 p152) tecircm

impacto directo em todas as actividades econoacutemicas Pretende-se assim demonstrar que no

acircmbito exclusivamente bilateral as posturas poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha tecircm reflexos em

Portugal A situaccedilatildeo exige do governo uma atitude de vigilacircncia perspicaacutecia proactividade

ambiccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo de toda a sociedade portuguesa para que se enquadre na dinacircmica de

competitividade proacutepria de um jaacute velho Estado da UE de forma a converter provaacuteveis situaccedilotildees

desvantajosas em oportunidades

42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa

Ao abordar a questatildeo das opccedilotildees ou prioridades da poliacutetica externa de cada um dos Estados

peninsulares achamos por bem recordar que muito recentemente ambos viram alterada a

orientaccedilatildeo poliacutetica do partido a quem competia formar governo Na Espanha ainda no decorrer

do primeiro quadrimestre de 2004 o PSOE rendeu na governaccedilatildeo o PP enquanto que em

Portugal foi tambeacutem o Partido Socialista (PS) que em Fevereiro de 2005 substituiu o Partido

Social Democrata (PSD) na responsabilidade de liderar os destinos do Paiacutes

Na Espanha o PP governava desde 1996 com Joseacute Mariacutea Aznar na Presidecircncia do Governo

Intitulando-se um reformador de centro direita (AZNAR 2005 p197) definiu como principal

ambiccedilatildeo enquanto liacuteder do governo espanhol a colocaccedilatildeo do Paiacutes entre as democracias mais

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 48

importantes (AZNAR 2005 p270) da Europa e do Mundo Estava convicto de que a Espanha

poderia vir a desempenhar um papel de protagonista na cena internacional desiacutegnio de que

considera ter-se mantido alheada no decurso de toda a histoacuteria do seacuteculo XX Esta uacuteltima

referecircncia natildeo eacute propriamente dirigida ao facto de natildeo terem sido atingidas as metas propostas

mas sim por terem sido alcanccediladas tardiamente e por isso de uma forma que considerou menos

brilhante

Da identidade da Naccedilatildeo espanhola salientava a sua vertente atlacircntica questionando-se com a

seguinte expressatildeo ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica

Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX ha sido justamente estar

ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo (AZNAR 2005

p267) A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental era uma caracteriacutestica vincadamente expressa nas

definiccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas do seu governo A relaccedilatildeo transatlacircntica assentava

fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem aparentava ter um relacionamento de

cumplicidade fundamentado primeiramente no apoio concedido agrave Espanha no caso Perejil49

onde a mediaccedilatildeo com Marrocos ldquofoi feita pelos EUA e natildeo pela UErdquo (ABU-TARBUSH 2004

p26) em segundo lugar na presenccedila na Cimeira dos Accedilores que antecedeu a invasatildeo militar do

Iraque

A OTAN desempenhou tambeacutem um papel importante na relaccedilatildeo de proximidade

transatlacircntica constituindo-se num pilar fundamental sem o qual pensava ser impossiacutevel encarar

com tranquilidade as questotildees da seguranccedila europeia ldquoEs que la OTAN es el instrumento baacutesico

fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos com Europa Hay que aumentar las

capacidades de Defensa de Europa y de los paiacuteses europeos Hay que ser capaces de asumir

maacutes competecircncias y un papel maacutes relevante Debemos ir maacutes allaacute del simple compromisso de

intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes

estrateacutegicos y de seguridadrdquo (AZNAR 2004 p177) Mantinha a ideia de que o relacionamento

transatlacircntico deveria colocar-se num patamar de complementaridade e cooperaccedilatildeo evitando as

posturas de conflitualidade

Para este Chefe de Governo uma Espanha atlacircntica natildeo era incompatiacutevel com uma Espanha

europeia assim como a Europa era indissociaacutevel desta mesma orientaccedilatildeo atlacircntica (AZNAR

2004 p195) O papel interventivo da Espanha no processo de construccedilatildeo europeu natildeo foi

esquecido Recorda-se o esforccedilo que desenvolveu no decurso das negociaccedilotildees para a conclusatildeo

do Tratado de Nice no sentido de dotar o paiacutes de maior peso no seio das instituiccedilotildees europeias

49 No Veratildeo de 2002 forccedilas militares marroquinas ocuparam o ilheacuteu de Perejil de soberania espanhola

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 49

A equiparaccedilatildeo da Espanha aos maiores paiacuteses europeus era um objectivo prioritaacuterio claramente

dentro do espiacuterito definido para a sua governaccedilatildeo e postura internacional

Ao mesmo tempo em Portugal o governo era liderado pelo socialista Antoacutenio Guterres que

assumia um relacionamento cordial com o seu homoacutelogo espanhol As divergecircncias situavam-se

ao niacutevel dos assuntos relativos agrave construccedilatildeo europeia sobre os quais a Espanha apresentava uma

concepccedilatildeo diferente No entanto sempre que possiacutevel designadamente quando as questotildees natildeo

determinavam posiccedilotildees opostas procuravam apoiar-se mutuamente (AZNAR 2005 p193)

Antoacutenio Guterres abdicou da governaccedilatildeo em 2002 motivando a realizaccedilatildeo de um processo

eleitoral que levou Joseacute Manuel Duratildeo Barroso Presidente do PSD a assumir o cargo de

Primeiro-Ministro O facto de Duratildeo Barroso pertencer agrave mesma famiacutelia poliacutetica de Aznar foi

determinante para o bom entendimento que era evidente

O posicionamento comum relativamente agrave opccedilatildeo por um alinhamento atlacircntico eacute o corolaacuterio

de um periacuteodo de faacutecil relacionamento bilateral A Cimeira dos Accedilores e o apoio conferido aos

EUA na acccedilatildeo militar sobre o Iraque eacute o momento mais expressivo do que acabamos de referir

Em plena divisatildeo europeia Portugal e Espanha encontravam-se lado a lado o que no periacuteodo em

anaacutelise era uma situaccedilatildeo ineacutedita No entanto consideramos importante salientar que enquanto

Portugal mantinha o seu tradicional alinhamento a Espanha assumia uma posiccedilatildeo conjuntural agrave

qual o facto de ter sido eleita Membro Natildeo Permanente do Conselho de Seguranccedila da ONU

poderaacute natildeo ter sido indiferente

Consideramos ser este o momento oportuno para abordar a primeira das questotildees derivadas

Qual o impacto de uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa da Espanha

nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Ao assumir uma orientaccedilatildeo predominantemente atlacircntica a

Espanha entra naquela que foi durante largos anos a marca estrutural das nossas opccedilotildees

estrateacutegicas Embora a questatildeo da independecircncia natildeo seja hoje em dia uma consequecircncia

equacionaacutevel jaacute no que diz respeito agrave identidade nacional o mesmo natildeo poderaacute ser afirmado

Neste contexto mantendo Portugal uma atitude voluntariamente passiva na partilha com a

Espanha da mesma orientaccedilatildeo estrateacutegica o risco de uma situaccedilatildeo de sub-representatividade

relativamente ao vizinho ibeacuterico assume um caraacutecter real Neste sentido tambeacutem a consequente

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do espaccedilo nacional eacute outro dos riscos a ponderar

Que postura deveraacute Portugal desenvolver Justificaraacute esta situaccedilatildeo a procura de uma

orientaccedilatildeo diametralmente oposta agrave da Espanha na tradicional busca da diferenciaccedilatildeo

peninsular Por outras palavras deveraacute Portugal reforccedilar a sua opccedilatildeo europeia em detrimento da

orientaccedilatildeo atlacircntica Em nossa opiniatildeo o quadro actual natildeo permite uma abordagem tatildeo linear

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 50

Eacute um facto que o Governo portuguecircs deva explorar as oportunidades surgidas em

consequecircncia da alteraccedilatildeo das prioridades do relacionamento externo da Espanha No entanto

natildeo nos parece que o abandono da orientaccedilatildeo atlacircntica seja a opccedilatildeo correcta para Portugal De

uma sub-representatividade provaacutevel passariacuteamos a uma sub-representatividade efectiva

assumindo a Espanha o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago Pelos factos apresentados

poderemos agora confirmar a hipoacutetese na qual se afirma que ldquoUma orientaccedilatildeo

predominantemente atlacircntica da poliacutetica externa espanhola condiciona a poliacutetica externa

portuguesardquo

A chegada ao poder de um novo governo liderado por Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

determinou uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica espanhola As linhas de mudanccedila

assentaram em dois aspectos fundamentais por um lado a dimensatildeo europeia da sua poliacutetica

externa e por outro a prioridade conferida agrave relaccedilatildeo transatlacircntica Com a primeira pretendeu

reposicionar a Espanha junto agrave Franccedila e agrave Alemanha assumindo a prioridade de relacionamento

com a Europa continental retomando a orientaccedilatildeo tradicional A segunda referia-se agrave

consequecircncia do inevitaacutevel afastamento do principal parceiro transatlacircntico que se iria reflectir

na retirada das tropas espanholas do Iraque

Considerando que ldquolo que es bueno para Europa es bueno para Espantildeardquo50 Zapatero

conferia agrave Espanha um alinhamento prioritaacuterio para o interior europeu no qual procurou o

restabelecimento do consenso perdido com o caso Iraque Os reflexos da viragem foram

recebidos com agrado por parte dos presidentes da Franccedila e da Alemanha que no decurso da

quase imediata deslocaccedilatildeo de Zapatero a estes paiacuteses Chirac manifestava a intenccedilatildeo de levar em

frente a criaccedilatildeo do eixo Berlim-Paris-Madrid (ARENAL p117) assim como a integraccedilatildeo da

Espanha no nuacutecleo duro da Europa A participaccedilatildeo do Presidente do Governo espanhol na

campanha eleitoral francesa relativa ao acto referendaacuterio do TCE junto a Chirac e aos demais

partidaacuterios do ldquoSimrdquo eacute suficientemente elucidativa da alteraccedilatildeo de prioridade do alinhamento

espanhol Sobre o assunto eacute de salientar o facto de ter sido o vizinho peninsular o primeiro paiacutes

a referendar o texto do Tratado o qual recebeu a aprovaccedilatildeo por uma margem significativa de

cidadatildeos espanhoacuteis

O relacionamento com os EUA apesar da primazia ser atribuiacuteda agrave opccedilatildeo europeia seraacute

mantido como um pilar que entende ser essencial para as relaccedilotildees externas considerando

possiacutevel que as duas orientaccedilotildees podem coabitar sem que daiacute advenha qualquer

constrangimento Contudo a retirada das forccedilas militares espanholas do Iraque originou um

50 Discurso de Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero na sessatildeo de tomada de posse como Presidente do Governo

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 51

refrear do relacionamento bilateral A questatildeo foi reparada apoacutes a intensa actividade diplomaacutetica

desenvolvida pelos ministros da Defesa e dos Assuntos Exteriores Joseacute Bono e Miguel Angel

Moratinos respectivamente junto de Donald Rumsfeld e Condoleza Rice No encontro o

governo espanhol apresentou propostas concretas (RIBEIRO 2005 p4) para o apoio agrave instruccedilatildeo

dos militares das forccedilas armadas e policiais iraquianas assim como para um maior envolvimento

militar no Afeganistatildeo

E Portugal Portugal acompanhou a Espanha na mais recente viragem poliacutetica ao socialismo

Apoacutes a saiacuteda de Joseacute Manuel Duratildeo Barroso para ocupar a presidecircncia da Comissatildeo Europeia e

a breve passagem pelo governo de Pedro Santana Lopes as eleiccedilotildees legislativas antecipadas

realizadas em Fevereiro de 2005 determinaram uma nova alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica

portuguesa O desenrolar dos acontecimentos voltava a colocar ao leme dos destinos de ambos

os paiacuteses ibeacutericos dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica Apesar da alteraccedilatildeo os reflexos na

conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo satildeo significativos Relativamente agrave questatildeo europeia eacute

colocado grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo nomeadamente

no desenvolvimento do ldquoespaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedilardquo51 no alargamento a

Leste na legitimaccedilatildeo do TCE e no esforccedilo pela normalizaccedilatildeo do diaacutelogo euro-atlacircntico A par

destas questotildees surgem algumas preocupaccedilotildees que parecem merecer uma atenccedilatildeo especial Eacute o

caso da negociaccedilatildeo das perspectivas financeiras para o periacuteodo 2007-2013 a ldquoconcretizaccedilatildeo da

Estrateacutegia de Lisboardquo o processo de decisatildeo europeia e o processo de internacionalizaccedilatildeo da

economia

A prioridade europeia consubstanciada na aproximaccedilatildeo agrave Franccedila e agrave Alemanha que passou a

constar da acccedilatildeo de poliacutetica externa do actual governo espanhol natildeo encontra correspondecircncia

na postura externa portuguesa Apesar do empenhamento na edificaccedilatildeo do projecto europeu o

factor de identidade atlacircntica manteacutem-se presente e encontra-se reflectido nas abordagens agraves

questotildees de seguranccedila e defesa O assunto merece uma alusatildeo clara no programa de governo

quando depois das referecircncias efectuadas aos diversos elos de ligaccedilatildeo no contexto multilateral

salienta no plano bilateral ldquoas relaccedilotildees com os seus aliados tradicionaisrdquo52 das quais destaca

ldquoem primeiro lugarrdquo os EUA com quem Portugal manteacutem um ldquoAcordo de Cooperaccedilatildeo e

Defesardquo seguindo-se ldquoos parceiros europeus da NATO e da UE (hellip)rdquo

O viacutenculo transatlacircntico no contexto europeu eacute tambeacutem realccedilado sendo considerado um

ldquoinstrumento fundamental de partilha de responsabilidades na preservaccedilatildeo de conflitos e no

reforccedilo da seguranccedila colectiva (designadamente no quadro da Alianccedila Atlacircntica) e de partilha de 51 Programa do XVII Governo Constitucional p 152 52 Programa do XVII Governo Constitucional p 160

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 52

objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo Contudo eacute no CEDN onde se

encontra bem expressa a prioridade conferida agrave participaccedilatildeo da OTAN na seguranccedila do espaccedilo

geograacutefico portuguecircs assim como numa oacuteptica de complementaridade na seguranccedila europeia

A segunda questatildeo derivada coloca a seguinte interrogaccedilatildeo Qual o impacto de uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola A soluccedilatildeo

enquadra-se nos argumentos apresentados na resposta agrave primeira questatildeo O risco de sub-

representatividade no quadro do relacionamento europeu eacute de novo uma realidade agravada

pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal no seio das instituiccedilotildees

da UE Actualmente o nosso vizinho ibeacuterico assumiu uma orientaccedilatildeo externa claramente de

pendor europeu aliando-se agrave Franccedila e agrave Alemanha na tentativa de igualar a forccedila que estes

grandes paiacuteses detecircm nas instituiccedilotildees da UE

Os riscos de criaccedilatildeo do proclamado eixo Berlim-Paris-Madrid reacendem os receios

associados ao surgimento de um directoacuterio europeu Desta forma a Espanha vecirc facilitada a

possibilidade de poder impor os seus interesses atraveacutes de uma cada vez mais usual votaccedilatildeo por

maioria qualificada assumindo a representatividade peninsular e subalternizando Portugal a

quem jaacute considera parte integrante do seu mercado econoacutemico

Cada alargamento vai transformando Portugal num dos mais antigos membros da UE no

entanto enquadra-se no grupo de paiacuteses de limitados recursos cada vez mais empurrado para a

periferia da Europa Neste sentido o fortalecimento do relacionamento transatlacircntico e o reforccedilo

da importacircncia da OTAN no quadro da defesa europeia seria a forma de reatribuir ao Paiacutes a

centralidade estrateacutegica cada vez mais difiacutecil de manter Eacute pois de validar a hipoacutetese na qual se

afirma que ldquouma orientaccedilatildeo predominantemente europeia da poliacutetica externa espanhola

condiciona a poliacutetica externa portuguesardquo

43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento

O relacionamento com a Espanha foi enquadrado em dois modelos distintos Inicialmente o

modelo tradicional que sustentou as relaccedilotildees peninsulares durante a maior parte do seacuteculo XX

assentava na necessidade de diferenciaccedilatildeo estrateacutegica como suporte de identidade e

independecircncia de Portugal O segundo eacute caracterizado pela partilha dos mesmos espaccedilos

poliacutetico econoacutemico e de seguranccedila determinando uma nova forma de encarar as relaccedilotildees entre

os dois Estados peninsulares De uma postura de divergecircncia haveria que passar a assumir uma

de partilha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 53

431 O modelo tradicional de relacionamento

No iniacutecio do seacuteculo XX a Espanha assumia um alinhamento poliacutetico-estrateacutegico num espaccedilo

tradicionalmente ocupado por Portugal Os riscos revelavam-se enormes e estavam na

consciecircncia dos responsaacuteveis portugueses que manifestaram a sua preocupaccedilatildeo junto do

governo britacircnico A consequecircncia foi a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica do territoacuterio portuguecircs

levando inclusive Winston Churchill a considerar a Espanha como uma mais valia estrateacutegica

relativamente a Portugal e agraves suas possessotildees em Aacutefrica

A posiccedilatildeo expressa por Churchill apresentava apenas uma condicionante a necessidade de

manutenccedilatildeo das ilhas atlacircnticas portuguesas sob influecircncia britacircnica A reacccedilatildeo portuguesa natildeo

se faria esperar e procurando a diferenciaccedilatildeo peninsular e a revalorizaccedilatildeo estrateacutegica do

territoacuterio Portugal ensaia a aproximaccedilatildeo agrave Alemanha a quem aliciou ao investimento em Aacutefrica

e agrave utilizaccedilatildeo das posiccedilotildees insulares para que aiacute pudesse estabelecer os seus depoacutesitos de carvatildeo

Decidida a neutralidade da Espanha na I Guerra Mundial Portugal mais uma vez

percepcionou a necessidade de se diferenciar do seu vizinho Estava assim decidida em 1916 a

participaccedilatildeo de Portugal no conflito que assinalava tambeacutem o regresso do Paiacutes ao seu

alinhamento estrateacutegico habitual A participaccedilatildeo na guerra visava colocar Portugal agrave mesa das

negociaccedilotildees junto dos vencedores bem como numa posiccedilatildeo de relevacircncia no arranjo estrateacutegico

que daiacute pudesse resultar Foi a forma que os governantes nacionais encontraram para legitimar o

regime manter a posse das coloacutenias e assumir a representatividade ibeacuterica reatribuindo ao

territoacuterio nacional a importacircncia estrateacutegica que havia perdido Portugal viu-se contudo

defraudado nas suas intenccedilotildees Foi a Espanha que mediante uma forte acccedilatildeo diplomaacutetica junto

do principal dinamizador da Sociedade das Naccedilotildees os EUA assumiu o lugar em representaccedilatildeo

dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

No conflito mundial que se seguiu a Espanha mostrou a sua preferecircncia pelas posiccedilotildees do

Eixo chegando mesmo a aderir a um tratado tripartido com a Alemanha e a Itaacutelia A tentativa de

manter a peniacutensula ibeacuterica fora da zona beligerante foi um esforccedilo comum que levou agrave

assinatura de um pacto de natildeo-agressatildeo entre os dois paiacuteses ibeacutericos mas havia que conseguir a

desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da peniacutensula Assegurado o estatuto de neutralidade Portugal e a

Espanha permaneceram junto dos seus tradicionais aliados embora cada um orientado para o

lado oposto da barreira natildeo deixando de assinalar a marca da diferenciaccedilatildeo que lhes era

caracteriacutestica

O periacuteodo poacutes-guerra foi fatal para a Espanha que se viu envolta nas malhas de um castigador

isolamento internacional Portugal tinha conseguido o seu grande objectivo agrave sua postura de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 54

diferenciaccedilatildeo associava agora o da hegemonia peninsular tornando-se no ponto de contacto da

Espanha com o mundo O marco fundamental do momento que se seguiu foi o convite efectuado

pelos EUA no sentido de Portugal vir a integrar o grupo de paiacuteses fundadores da Alianccedila

Atlacircntica O ingresso do Paiacutes na OTAN contou com a oposiccedilatildeo espanhola que via Portugal

assumir uma posiccedilatildeo de destaque no contexto estrateacutegico europeu

O desenlace da guerra civil espanhola preocupava o governo portuguecircs Neste caso seria a

influecircncia que o regime republicano espanhol poderia exercer na evoluccedilatildeo poliacutetica nacional Esta

preocupaccedilatildeo encontrava fundamento na influecircncia comunista no governo republicano de Madrid

e a sua difusatildeo ao territoacuterio portuguecircs assim como no movimento iberista que lhe estava

associado A preocupaccedilatildeo demonstrada teve reflexos no apoio conferido pelos portugueses aos

nacionalistas liderados por Francisco Franco em contraponto ao apoio sovieacutetico prestado aos

republicanos

A histoacuteria do seacuteculo XX reservou a Portugal e agrave Espanha um importante papel no contexto

peninsular europeu e mundial A geopoliacutetica e a geoestrateacutegia do espaccedilo peninsular conferiu

aos dois paiacuteses uma centralidade que natildeo lhes permitiu manter-se alheios agraves ocorrecircncias Os

vaacuterios factos da histoacuteria europeia e a postura poliacutetico-estrateacutegica do vizinho peninsular

determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o

objectivo de se diferenciar no contexto ibeacuterico procurando a sua valorizaccedilatildeo estrateacutegica de

forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a manutenccedilatildeo da sua individualidade e

independecircncia A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas

premissas fundamentais Em primeiro lugar a valorizaccedilatildeo permanente da velha alianccedila com a

Gratilde-Bretanha papel desempenhado posteriormente pelos EUA Em segundo lugar pela jaacute

referida necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica numa alianccedila diametralmente

oposta agrave da Espanha

432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo53

Os desiacutegnios da histoacuteria levaram a que Portugal e Espanha viessem a encontrar-se pela

primeira vez comungando os mesmos espaccedilos geopoliacutetico geoeconoacutemico e geoestrateacutegico Esta

nova realidade inviabiliza o modelo tradicional de relacionamento natildeo permitindo a existecircncia

de um quadro diferenciador expliacutecito Por outro lado decorrente do processo de transformaccedilatildeo

do regime Portugal deixou de ser possuidor do impeacuterio colonial em funccedilatildeo do qual tantas vezes

condicionou o desenvolvimento da sua poliacutetica externa A grande novidade revela-se na

53 Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor deste trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 55

passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia estrateacutegica para outra onde a convergecircncia eacute uma

realidade uma necessidade e tambeacutem uma oportunidade Sua Excelecircncia o Ministro da Defesa

Nacional Dr Luiacutes Amado iria referir-se ao facto da seguinte forma ldquopassamos de uma situaccedilatildeo

de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsularrdquo (AMADO 2005 p211)

A realidade da convergecircncia acima mencionada encontra-se jaacute comprovada pela presenccedila

simultacircnea nas principais OI designadamente na OTAN e na UE ambas mencionadas no acircmbito

deste trabalho Sendo o factor necessidade intriacutenseco agrave partilha de interesses nos diversos

espaccedilos por demais referidos jaacute o factor oportunidade decorre da forma como satildeo encaradas as

situaccedilotildees eventualmente desvantajosas Ou Portugal encara as desvantagens como um fado

inevitaacutevel remetendo-se a uma lamentaccedilatildeo inconsequente ou decide tirar partido das situaccedilotildees

transformando-as em oportunidades definindo objectivos de meacutedio e longo prazo aos quais

deveraacute associar a melhor orientaccedilatildeo estrateacutegica para os atingir

A opccedilatildeo europeia afigurava-se como uma soluccedilatildeo uacutenica e imprescindiacutevel perante a previsiacutevel

adesatildeo da Espanha Colocar o cenaacuterio de uma integraccedilatildeo espanhola com a exclusatildeo de Portugal

era algo que se afigurava desastroso dado que remetia o Paiacutes para uma situaccedilatildeo de isolamento

no extremo ocidental da Europa fora da centralidade econoacutemica e dos incentivos de

desenvolvimento proclamados pela CEE De uma certa forma a UE representou o apoio externo

que o Paiacutes necessitava54 Este conceito estava associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o

relacionamento bilateral deveria assentar na mediaccedilatildeo multilateral de Bruxelas algo que a

expressatildeo ldquochegar a Madrid via Bruxelasrdquo55 (SOUSA 1996 p164) definia muito bem

As diferentes posiccedilotildees assumidas nas instituiccedilotildees europeias satildeo marcas evidentes de que o

facto de ambos pertencerem agrave Uniatildeo natildeo impede a existecircncia de interesses estrateacutegicos

diferenciados O posicionamento relativamente agrave defesa europeia eacute uma questatildeo de divergecircncia

que constitui um bom exemplo do que acabamos de afirmar A Espanha pretende que seja

constituiacutedo um pilar autoacutenomo de defesa enquanto Portugal defende que esse pilar venha a ser

desenvolvido de uma forma complementar e em articulaccedilatildeo com a Alianccedila Atlacircntica

A recente reaproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e agrave Alemanha tem reacendido a ideia de

criaccedilatildeo de um directoacuterio europeu constituiacutedo pelos quatro maiores paiacuteses da UE aos quais se

deveria juntar o nosso vizinho peninsular A procura de mais poder dentro das instituiccedilotildees

europeias tem sido uma ambiccedilatildeo permanente dos espanhoacuteis que provavelmente acabaraacute por dar

frutos Esta eacute uma preocupaccedilatildeo que deveraacute manter-se sempre presente no espiacuterito dos

54 Ideia expressa pelo Professor Doutor Adriano Moreira em entrevista concedida em 23 de Setembro de 2005 ao autor do trabalho 55 SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas Janus 97 p 164

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 56

governantes portugueses A orientaccedilatildeo estrateacutegica que acabamos de referir associada agrave adopccedilatildeo

de um sistema de votaccedilatildeo favorecendo os Estados demograficamente mais importantes poderaacute

ter consequecircncias gravosas para Portugal como a sub-representatividade ou a subalternizaccedilatildeo

em aacutereas tatildeo importantes como a Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

O quadro presente permite tambeacutem visualizar a possibilidade de tomada de posiccedilotildees

conjuntas como aliaacutes jaacute no passado recente foi possiacutevel Temos na memoacuteria o esforccedilo comum

desenvolvido no sentido garantir a coesatildeo econoacutemica e a cidadania europeia ou o acesso aos

diversos fundos utilizados como suporte ao desenvolvimento econoacutemico posiccedilotildees que foram

reflectidas na expressatildeo ldquochegar a Bruxelas via Madridrdquo A comunhatildeo de objectivos tem

encontrado reflexos tambeacutem noutras aacutereas da poliacutetica externa como eacute o caso dos interesses nos

espaccedilos regionais onde jaacute foram definidas estrateacutegias comuns tanto no seio da UE como na

OTAN Contudo eacute necessaacuterio deixar claro que a coincidecircncia de posiccedilotildees deveraacute ocorrer ldquopor

vontade proacutepriardquo56 e ldquoresultando em prol do interesse nacionalrdquo57 de forma a afastar a ideia da

sub-representatividade ou subalternizaccedilatildeo jaacute anteriormente referidas

Eacute agora o momento oportuno para abordar a uacuteltima das questotildees derivadas Seraacute a orientaccedilatildeo

estrateacutegica comum a melhor forma de afirmar Portugal no seio das OI onde se encontra

inserido A resposta encontra-se reflectida na anaacutelise efectuada ao relacionamento entre os dois

Estados quando enquadrado no acircmbito multilateral Se o anterior quadro de relacionamento

justificaria uma assentuaccedilatildeo claramente negativa no contexto actual seraacute o interesse nacional a

orientar o sentido positivo ou negativo da resposta Situaccedilotildees ocorreram nomeadamente no seio

da UE em que uma tomada de posiccedilatildeo conjunta foi determinante para a consecuccedilatildeo dos

objectivos pretendidos Contudo outros se verificaram em que o afastamento voltou a ser uma

prioridade Neste contexto natildeo poderemos validar a hipoacutetese onde se afirma que ldquouma

orientaccedilatildeo externa comum natildeo eacute a melhor forma de afirmar os interesses de Portugal no seio das

OI onde se encontra inseridordquo

A relaccedilatildeo transatlacircntica eacute um assunto que assumidamente preocupa os governantes de ambos

os paiacuteses Caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre

poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas Natildeo deveremos

esquecer a crise a que foram sujeitas no contexto europeu logo apoacutes as tomadas de posiccedilatildeo

relativamente agrave intervenccedilatildeo no Iraque Portugal e a Espanha estiveram juntos ao lado dos EUA

assumindo-o perante o mundo na mediatizada Cimeira dos Accedilores No entanto Joseacute Mariacutea

Aznar revelou que o seu protagonismo foi tatildeo longe que inclusivamente a ele pertence a ideia 56 General Loureiro dos Santos em entrevista concedida ao autor do trabalho em 8 de Abril de 2005 57 Dr Joseacute Medeiros Ferreira em entrevista concedida ao autor do trabalho em 24 de Maio de 2005

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 57

do local de realizaccedilatildeo do encontro (AZNAR 2005 p266) Ainda deveremos ter em memoacuteria as

referecircncias agrave fotografia de conjunto em cujas legendas os perioacutedicos internacionais se

esqueciam de referir o nome do quarto participante

Este enquadramento revelou que a possibilidade de um maior ou menor pendor atlacircntico

poderaacute constituir um modo diferenciador da postura estrateacutegica Contudo Portugal encontra-se

empenhado no processo de construccedilatildeo da Europa sendo esse o espaccedilo geograacutefico onde se

encontra inserido Seraacute aiacute que o paiacutes deveraacute exercer preferencialmente o seu esforccedilo e atenccedilatildeo

No entanto para Portugal torna-se indispensaacutevel que o relacionamento transatlacircntico atinja a

normalidade perdida com os acontecimentos do Iraque Indispensaacutevel para a Europa porque lhe

atribui a estrutura de seguranccedila que ainda natildeo possui e para Portugal porque lhe confere uma

centralidade estrateacutegica que uma exclusiva opccedilatildeo europeia natildeo permite O ldquoequiliacutebrio euro-

atlacircnticordquo58 torna-se uma opccedilatildeo ajustada que permitiraacute acompanhar a construccedilatildeo europeia e as

opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas assim como contrariar o ldquodeslocamento do centro de

gravidade da poliacutetica europeia para Lesterdquo (MONGIARDIM 2004 p183)

Este eacute o momento de enfrentar a questatildeo que definiu a orientaccedilatildeo do estudo desenvolvido

Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no

actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais Em face das

soluccedilotildees encontradas para as questotildees derivadas assim como todas as outras consideraccedilotildees

efectuadas ao longo do desenvolvimento do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser

inequivocamente positiva validando a hipoacutetese central colocada A afirmaccedilatildeo entatildeo proferida

revelou-se um facto relativamente ao anterior modelo de relacionamento onde se impunha uma

orientaccedilatildeo estrateacutegica oposta mantendo-se como um facto no jaacute designado ldquonovo paradigma

peninsularrdquo

44 A resposta de Portugal

A pergunta para a qual nos falta obter uma resposta diz respeito agrave melhor forma de Portugal

fazer face a uma Espanha ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

Como poderaacute Portugal encontrar uma nova foacutermula diferenciadora que se enquadre nesta nova

matriz de relacionamento Estamos certos de que a resposta seraacute muito mais faacutecil de dar do que

obter a sua implementaccedilatildeo praacutetica No entanto acreditamos que o Paiacutes prosseguiraacute vencendo as

dificuldades encontrando as soluccedilotildees mais adequadas para continuar a afirmar-se na Europa e

no Mundo

58 Expressatildeo empregue pelo Doutor Carlos Gaspar em entrevista concedida em 28 de Abril de 2005 ao autor do trabalho

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 58

Para tal Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

nomeadamente na UE e na OTAN defendendo de forma firme e determinada o interesse

nacional Deveraacute estabelecer metas definir objectivos e as formas mais eficazes para os atingir

Ainda sobre a presenccedila nas OI Portugal teraacute que afastar as tendecircncias de sub-representatividade

relativamente agrave Espanha fazendo-se representar nos mesmos fora que o seu vizinho peninsular

ou caso contraacuterio ldquoMadrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo

esbater-se-aacuterdquo (AMADO 2005 p215)

Sendo a UE um dos elementos determinantes para a definiccedilatildeo da matriz de identidade

portuguesa e provavelmente o ponto aglutinador da maior parte do esforccedilo estrateacutegico nacional

natildeo poderemos esquecer as restantes vertentes que contribuem para a caracterizaccedilatildeo desta

mesma matriz Assim teremos que considerar a identificaccedilatildeo mariacutetima com o Oceano Atlacircntico

que encerra em si mesmo uma parte fundamental da soluccedilatildeo Permite a potenciaccedilatildeo

geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica o acesso a recursos e fontes de rendimento

e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica de forma a

obter a diversificaccedilatildeo de relacionamento

Por outro lado eacute incontornaacutevel a questatildeo da lusofonia talvez um dos aspectos mais

importantes da marca diferenciadora de Portugal Eacute necessaacuterio defendecirc-la estimulaacute-la e

expandi-la para que possa contribuir para a indispensaacutevel afirmaccedilatildeo de Portugal no contexto

internacional Neste acircmbito tambeacutem a CPLP se afigura como incontornaacutevel cabendo-lhe o

papel de principal meio de defesa de uma liacutengua e cultura comuns a cerca de 200 milhotildees de

pessoas tendo Portugal a responsabilidade de tomar a iniciativa dinamizadora e determinar a

melhor forma para explorar as suas potencialidades

No acircmbito do relacionamento bilateral com a Espanha haveraacute que reduzir ao miacutenimo os

factores que poderatildeo determinar qualquer tipo de dependecircncia procurando alternativas externas

agrave Peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica Neste contexto o porto de Sines poderaacute

desempenhar um papel determinante no que diz respeito agrave possibilidade de importaccedilatildeo de gaacutes

natural liquefeito estabelecendo-se como alternativa segura ao gasoduto euro-magrebino

Contudo deveraacute manter-se em aberto a possibilidade de recurso a outras fontes energeacuteticas

nomeadamente no campo nuclear

A internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas eacute tambeacutem uma necessidade e uma

possibilidade apenas percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios Eacute opiniatildeo generalizada

dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino

preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 59

um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute fornecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade

na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses estabelecendo-se

tambeacutem aqui a diferenciaccedilatildeo positiva de Portugal

Natildeo seraacute menos importante a questatildeo da preparaccedilatildeo das futuras geraccedilotildees de portugueses a

quem temos a responsabilidade de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para

que possam continuar Portugal O Paiacutes seraacute o que os portugueses quiserem A noacutes cabe a

responsabilidade de dar continuidade a uma gloriosa histoacuteria de mais de oito longos seacuteculos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 60

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES

ABU-TARBUSH Joseacute ndash Poliacutetica exterior espanhola Mudanccedila ou continuidade O Mundo Portuguecircs

ISSN 0874-4882 (Mar 2004) 24-27

ALMEIDA Poliacutebio F A Valente ndash Do poder do pequeno Estado enquadramento geopoliacutetico da

hierarquia das potecircncias Lisboa Instituto de Relaccedilotildees Internacionais 1990 ISBN 972-9229-13-9

ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados 1ordf ed Lisboa ldquoOrdem dos Economistas e Gabinete de Estudos e

Prospectiva Econoacutemicardquo 2001 266 p ISBN 972-8170-79-3

AMADO Luiacutes ndash Portugal e Espanha In Visotildees de Poliacutetica Externa Portuguesa Sociedade de

Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios Estrangeiros Lisboa 2005

ISBN 972-98963-4-8 p 211-215

ANTUNES Joseacute Freire ndash Os espanhoacuteis e Portugal 1ordf ed Lisboa ldquoOficina do Livrordquo 2003 733 p

ISBN 989-555-050-2

ARENAL Celestino del ndash La poliacutetica exterior del gobierno Socialista Poliacutetica Exterior ISSN 0213-6856

JuacutelioAgosto nordm 100 p 111-126

ARMESTRE Pedro ndash Um compromisso comum com a seguranccedila e defesa europeias Jornal Puacuteblico (12

Set 2005) 7

AZNAR Joseacute Maria ndash Ocho Antildeos de Gobierno una vision personal de Espantildea 3ordf ed Barcelona

ldquoEditorial Planetardquo 2004 248 p ISBN 84-08-05225-X

AZNAR Joseacute Maria ndash Retratos y Perfiles de Fraga a Bush 2ordf ed Barcelona ldquoEditorial Planetardquo

2005 400 p ISBN 84-08-05940-8

CALLE Angel Luiacutes de la ndash O processo de emancipaccedilatildeo Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) 68

CARNEIRO Roberto MATOS Antoacutenio Teodoro de [et al] ndash Memoacuteria de Portugal o mileacutenio

portuguecircs 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 2001 574 p ISBN 972-42-2594-1

CARR Raymond [et al] ndash Histoacuteria concisa de Espanha 1ordf ed Mem Martins ldquoEuropa-Ameacutericardquo 2004

304 p ISBN 972-1-05412-7

CHARLES Powell [et al] ndash Construir Europa desde Espantildea los nuevos desafios de la poliacutetica europea

[em linha] 2005 [consult Em 15 Jun 2005) Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosinforme20europapdf ISBN 169-885X

CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos [Em linha]

09Dec04 [consult em 15 Mar 2005] Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanocomdocumentos155asp

Constitucion Espantildeola [Em linha] [consult 15 de Ago 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfconstitucionpdf

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 61

CRAVINHO Joatildeo Gomes BRITO Alexandra de ndash As Relaccedilotildees Ibero-mediterracircnicas e Ibero-

Americanas Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de

Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996)p 162

CRP [Em linha] [consult em 20 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwcneptLegislacaodlfilescrp_pt2004_integralpdf

Cuadernos de estrateacutegia nordm 129 La seguridad y la defensa de la Unioacuten Europea retos y opotunidades

Instituto Espantildeol de Estuacutedio Estrateacutegicos [Em linha] [Consult 20 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwieeeesarchivossubidosdocumentacionCE-129pdf

Deacutecimoquarta Cumbre Iberoamericana San Joseacute de Costa Rica ndash Ministeacuterio de Assuntos Exteriores y de

Cooperacion Direccioacuten General de Comunicacioacuten Exterior [Em linha] [consult em 12 de Set de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwmaeesdocumento000000066714cumbreiberoamericanapdf

Directiva de Defensa Nacional 12004 [Em linha] [consult em 12 de Ago de 2005] Disponiacutevel em

httpwwwmdeesdescargaddn_2004pdf

Discurso de tomada de posse de Joseacute Luiacutes Zapatero [Em linha] [consult em 16 de Jun de 2005]

Disponiacutevel em httpwwwla-moncloaeswebPDFDISCURSO20DE20INVESTIDURApdf

DRAIN Michel ndash Geografia da Peniacutensula Ibeacuterica 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1964 143 p

Entrevista de Miguel Horta e Costa ao jornal Expresso publicada em 21 de Maio de 2005

Expresso 27 de Agosto de 2005 24 horas Caderno Principal p 1

FERNANDES Antoacutenio Horta DUARTE Antoacutenio Paulo ndash Portugal e o Equiliacutebrio Peninsular

passado presente e futuro 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 1998 184 p ISBN

072-1-04409-1

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash A Estrateacutegia para a Adesatildeo agraves Instituiccedilotildees Europeias Almedina

Lisboa 2002

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Portugal na conferecircncia de paz Paris 1919 1ordf ed Lisboa ldquoQuetzal

Editoresrdquo 1992 115 p ISBN 972-564-140-X

FERREIRA Joseacute Medeiros ndash Um seacuteculo de problemas as relaccedilotildees luso-espanholas da uniatildeo ibeacuterica

agrave Comunidade Europeia 1ordf ed Lisboa ldquoLivros Horizonterdquo 1989 84 p ISBN 972-24-0715-5

FIEL Jorge ndash Que medo Expresso Caderno de Economia e Internacional (30 Jun 2005) 7

GASPAR Carlos ndash Estruturas alianccedilas e regimes As relaccedilotildees entre Portugal e a Espanha (1926-1974) I

Encontro Internacional Relaccedilotildees Portugal-Espanha Lisboa 165-209

GIRAtildeO Amorim ndash Geografia de Portugal 1ordf ed Porto ldquoPortucalense Editora SARLrdquo 1941 479 p

MALAMUD Carlos [et al] ndash La Poliacutetica Espantildeola Hacia Ameacuterica Latina Primar lo Bilateral para Ganar

en lo Global [em linha] 2005 [Consultado em 15 em 15 Abr 05] 2005 Disponiacutevel em

httpwwwrealinstitutoelcanoorgpublicacioneslibrosInf_3pdf

MARTINS Christiana (2005a) ndash A carta roubada Expresso Caderno de Economia e Internacional (7

Maio 2005)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 62

MARTINS Christiana (2005b) ndash Iberdrola disponiacutevel Expresso Caderno de Economia e Internacional

(25 Jun 2005) 15

MARTINS Christiana (2005c) ndash Telefoacutenica aperta o cerco agrave PT Expresso Caderno de Economia e

Internacional (4 Jun 2005) 10

MATTOSO Joseacute [et al] ndash Histoacuteria de Portugal 1ordf ed Mem Martins Circulo de Leitores 1994 683 p

ISBN 972-42-0971-7 vol 6

MEIRELES Luiacutesa ndash Nacionalismo (s) agrave prova Expresso Uacutenica (16 Abr 2005) p 64-66

MONJARDIN Maria Regina ndash O alargamento da Uniatildeo Europeia Novos vizinhos 1ordf ed Lisboa

ldquoPrefaacuteciordquo 2004 198 p ISBN 972-8816-32-4

NOGUEIRA Franco (2000a) ndash As crises e os homens 2ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000

347 p ISBN 972-26-1760-5

NOGUEIRA Franco (2000b) ndash Juiacutezo final 7ordf ed Porto Livraria Civilizaccedilatildeo Editora 2000 217 p ISBN

972-26-1772-9

O estado das autonomias ldquoExpresso Uacutenicardquo (16 Abr 2005) p 71-73

OLIVEIRA Ceacutesar [et al] ndash Histoacuteria dos municiacutepios e do poder local dos finais da idade meacutedia agrave

Uniatildeo Europeia 1ordf ed Lisboa Circulo de Leitores 1996 591 p ISBN 972-42-1300-5

PEREIRA Helena ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar de outros negociadores Jornal

Puacuteblico (12 Jun 2005) 9

PINTO Ricardo Leite CORREIA Joseacute de Matos SEARA Fernando Reboredo ndash Ciecircncia poliacutetica e

direito constitucional teoria geral do Estado e formas de governo 3ordf ed Lisboa ldquoUniversidade

Lusiacuteada Editorardquo 2005 319 p ISBN 972-8883-22-6

Programa do XVII Governo Constitucional [Em linha] [consult 14 Jun 2005] Disponiacutevel em

httpwwwportugalgovptNRrdonlyres631A5B3F-5470-4AD7-AE0F-

D8324A3AF4010ProgramaGovernoXVIIpdf

Resoluccedilatildeo do Conselho de Ministros nordm 62003 DR I-B Seacuterie 16 (2003-01-20) 279-287

RIBEIRO Nuno ndash Contributos de Espanha para agradar a Washington Jornal Puacuteblico (11 Fev 2005) 4

SANTOS Joseacute Alberto Loureiro dos ndash Convulsotildees Ano III da Guerra ao Terrorismo Reflexotildees

Sobre Estrateacutegia IV 1ordf ed Mem Martins ldquoPublicaccedilotildees Europa Ameacutericardquo 2004 308 p ISBN 972-1-

05382-1

SANTOS Nicolau ndash Indignaccedilotildees e erros agrave volta de uma OPA Expresso caderno de economia (10 Set

2005) 2

SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da aacutegua Instituto Superior de Ciecircncias de Ciecircncias

Sociais e Poliacuteticas 2002 Tese de mestrado

SEABRA Maria Joatildeo ndash Vizinhanccedila Inconstante Portugal e Espanha na Europa 1ordf ed Lisboa

Instituto de Estudos Estrateacutegicos e Internacionais 1995 42 p ISBN 972-8109-09-1

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 63

SOUSA Teresa ndash De Lisboa a Madrid via Bruxelas In Janus 97 anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores

Lisboa Jornal Puacuteblico e Universidade Autoacutenoma de Lisboa ISBN 972-8179-13-8 (1996) 164-165

SOUSA Teresa de (2005a) ndash 20 anos da adesatildeo de Portugal agrave CEE O olhar do poliacutetico e protagonista

Jornal Puacuteblico (12 Jun 2005) 8

SOUSA Teresa de (2005b) ndash O olhar de um historiador Jornal Puacuteblico (13 Jun 2005) 11

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A importacircncia da OTAN para Portugal In Portugal e os 50 anos da

Alianccedila Atlacircntica 1949-1999 MDN ISBN 972-95256-1-7 (1999) p 71-105

TELO Antoacutenio Joseacute Barreiros ndash A dualidade de um espaccedilo comum ndash In Visotildees de Poliacutetica Externa

Portuguesa Sociedade de Geografia de Lisboa e Instituto Diplomaacutetico do Ministeacuterio dos Negoacutecios

Estrangeiros Lisboa 2005 ISBN 972-98963-4-8 p 197-208

Un Antildeo de Gobierno [Em linha] Abril de 2005 Ministerio de la Presidecircncia Secretaria de Estado de

Comunicacioacuten [consult 15 de Jun de 2005] Disponiacutevel em httpwwwla-

moncloaeswebpdfunanigobpdf

VICENTE Antoacutenio Pedro ndash Espanha e Portugal Um Olhar Sobre as Relaccedilotildees Peninsulares no Seacutec

XX 1ordf ed Lisboa ldquoTribunardquo 2003 393 p ISBN 972-8799-01-2

SITIOS DA INTERNET CONSULTADOS

httpeuropaeuintabc12lessonsindex4_pthtm

httpeuropaeuintabc12lessonsindex5_pthtm

httpwwwcplporg

httpwwwonocomptCPLPdocumentoaspdocumento=5

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

ANEXOS

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AA ndash CONSUMO DE ENERGIA PRIMAacuteRIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

Carvatildeo 1600

Outras Renovaacuteveis900

Gaacutes Natural 800

Hiacutedrica 400

Petroacuteleoe Derivados

6300

Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

Petroacuteleo e Derivados5200

Hiacutedrica200

Outras Renovaacuteveis400

Gaacutes Natural 1200

Nuclear1300

Carvatildeo1700

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AB ndash CONSUMO FINAL DE ENERGIA

Fonte AIE Energi Policies of IEA Countries 2002 Review

Consumo Final de EnergiaPortugal 2000

Derivados Petroacuteleo68

Carvatildeo2

Renovaacuteveis9

Gaacutes Natural4

Eleacutectricidade17

Consumo Final de EnergiaEspanha 2000

DerivadosPetroacuteleo

63

Carvatildeo1

Gaacutes Natural14

Renovaacuteveis4

Eleacutectricidade18

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AC ndash REDE IBEacuteRICA DE GAacuteS NATURAL

Fonte GALP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AD ndash PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA

Fortaleza

de

Capital

Tamanho

de

Activos

Solidez

Ratio

CapitalActivos

Retorno

Sobre Activos

Ratio

CustoCreacutedito Bancos

(Milhotildees de doacutelares) () () ()

Banco Comercial

Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355

Caixa Geral de

Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569

Banco Espiacuterito

Santo 3271 54664 598 083 5061

Bano Totta e

Accedilores 1806 36403 496 11 4991

Santander Central

Hispano 21408 444012 482 117 631

Banco Bilbao

Vizcaya

Argentaria

18176 362655 501 133 5677

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AE ndash PIB PER CAacutePITA POR PARIDADE DE PODER DE COMPRA

PIB Per Caacutepita Por Paridade de Poder de Compra

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Portugal UE 15 Portugal Espanha Espanha UE 15

Fonte Eurostat citado em CHISLET William ndash Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios

incoacutemodos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AF ndash INVESTIMENTO DIRECTO BILATERAL

Milhotildees de euros

Incluem os fundos em Entidades de Tenencia de Valores Estranjeros

Fonte Direccioacuten General Espantildeola de Comercio e Inversiones citado em CHISLET William ndash

Espantildea e Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

Investimento Directo Bruto de Espanha em Portugal e Portugal em Espanha

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Em Portugal 462 370 1352 497 740 467 790 3454 1140 1033 1916

Em Espanha 141 83 92 164 96 228 149 1844 9169 1086 107

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AG ndash NATO COMMAND ARRANGEMENTS (NCA)

Fonte Joint Command Lisbon

NATO HQ Brussels - Belgium

Allied Command Transformation Norfolk - USA

Allied Command Operations

Mons - Belgium

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo AH ndash NATO COMMAND STRUCTURE ndash ALLIED COMMAND OPERATIONS

Fonte Joint Command Lisbon

ACO Mons - Belgium

JFC North Brunssum NL

JFC South Naples IT

JC Lisbon Lisbon PO

HQ Land-North Heidelberg GE

HQ Air-North Ramstein GE

HQ Nav-North Northwood UK

HQ Air-South Izmir GE

HQ Nav-North Naples IT

(LCC-HQ) Madrid SP

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo B ndash COMEacuteRCIO EXTERNO DA ESPANHA POR ZONAS GEOGRAacuteFICAS

Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e

Liberalizaccedilatildeo dos Mercados p 43

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo C ndash O ESPACcedilO ESTRATEacuteGICO DE INTERESSE NACIONAL

1 Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Permanente

A poliacutetica de defesa nacional tem como um dos objectivos a seguranccedila e defesa do territoacuterio

nacional em toda a sua extensatildeo que abrange o continente os Accedilores e a Madeira Na definiccedilatildeo

dessa poliacutetica devem inscrever-se os seguintes elementos matriciais

bull O territoacuterio ndash Define-se nas suas referecircncias cardeais entre o ponto mais a Norte no

concelho de Melgaccedilo ateacute ao ponto mais a Sul nas ilhas Selvagens e do seu ponto mais

a Oeste na ilha das Flores ateacute ao ponto mais a Leste no concelho de Miranda do

Douro

bull O espaccedilo de circulaccedilatildeo ndash Entre as parcelas do territoacuterio nacional dado o seu caraacutecter

descontiacutenuo

bull O espaccedilo aeacutereo e mariacutetimo ndash Sob responsabilidade nacional as nossas aacuteguas territoriais

os fundos marinhos contiacuteguos a zona econoacutemica exclusiva e a zona que resultar do

processo de alargamento da plataforma continental

2 O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional Conjuntural

Decorre da avaliaccedilatildeo da conjuntura internacional e da definiccedilatildeo da capacidade nacional tendo

em conta as prioridades da poliacutetica externa e de defesa os actores em presenccedila e as diversas

organizaccedilotildees em que nos inserimos Nesse sentido satildeo aacutereas prioritaacuterias com interesse relevante

para a definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de interesse nacional conjuntural as seguintes

bull O espaccedilo euro-atlacircntico ndash compreendendo a Europa onde nos integramos o espaccedilo

atlacircntico em geral e o relacionamento com os Estados Unidos da Ameacuterica

bull O relacionamento com os Estados limiacutetrofes

bull O Magreb ndash No quadro das relaccedilotildees bilaterais e do diaacutelogo com o Mediterracircneo

bull O Atlacircntico Sul em especial e o relacionamento com o Brasil

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull A Aacutefrica lusoacutefona e Timor-Leste

bull Os paiacuteses em que existem fortes comunidades de emigrantes portugueses

bull Os paiacuteses ou regiotildees em que Portugal tenha presenccedila histoacuterica e cultural nomeadamente

a Regiatildeo Administrativa Especial de Macau

bull Paiacuteses de origem das comunidades imigrantes em Portugal

3 Podem considerar-se aacutereas de interesse relevante para definiccedilatildeo do espaccedilo estrateacutegico de

interesse nacional conjuntural para aleacutem das mencionadas quaisquer outras zonas do globo

em que em certo momento os interesses nacionais estejam em causa ou tenham lugar

acontecimentos que os possam afectar

Fonte Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo D ndash POPULACcedilAtildeO

POPULACcedilAtildeO 2001

PORTUGAL 10356117

Norte 3687293

Lisboa e Vale do Tejo 3467483

Centro 1783596

Alentejo 535753

Algarve 395218

Madeira 245011

Accedilores 241763

ESPANHA 40847371

Andaluzia 7357558

Catalunha 6343110

Madrid (Comunidade de) 5423384

Comunidade Valenciana 4162776

Galiza 2695880

Castela e Leatildeo 2456474

Paiacutes Basco 2082587

Castela-La Mancha 1760516

Canaacuterias 1694477

Aragatildeo 1204215

Muacutercia (Regiatildeo de) 1197646

Astuacuterias (Principado de) 1062998

Estremadura 1058503

Baleares (Ilhas) 841669

Navarra (Comunidade Foral de) 555829

Cantaacutebria 535131

La Rioja 276702

Ceuta 71505

Melilla 66411

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo E ndash DENSIDADE POPULACIONAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

DENSIDADE POPULACIONAL 2003

(habkm2)

UE 15 120

Alemanha 231

Franccedila 110

Reino Unido 243

Itaacutelia 190

Espanha 84

Paiacuteses Baixos 476

Greacutecia 83

Portugal 113

Beacutelgica 334

Sueacutecia 22

Aacuteustria 96

Dinamarca 125

Finlacircndia 17

Irlanda 57

Luxemburgo 149

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo F ndash DENSIDADE POPULACIONAL POR REGIOtildeES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo G ndash PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO NA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)

Cenaacuterio BaseAnos da previsatildeo 2010 2025 2040

Portugal 106 104 98

Espanha 457 501 527

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo H ndash PIRAcircMIDE ETAacuteRIA

PIRAcircMIDE ETAacuteRIA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo I ndash EVOLUCcedilAtildeO DAS TAXAS DE NATALIDADE E MORTALIDADE

Evoluccedilatildeo das Taxas de Natalidade e Mortalidade

0

2

4

6

8

10

12

14

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Taxa de Natalidade

Taxa de Mortalidade

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Portugal

Espanha

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo J ndash TAXA DE ABANDONO ESCOLAR

Taxa de Abandono Escolar ()

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Portugal Espanha

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo K ndash POPULACcedilAtildeO FEMININA QUE FREQUENTA O ENSINO SUPERIOR

POPULACcedilAtildeO FEMININA

NO

ENSINO SUPERIOR 2001

UE 15 559

Portugal 671

Finlacircndia 611

Sueacutecia 585

Itaacutelia 573

Espanha 572

Dinamarca 565

Beacutelgica 561

Irlanda 560

Reino Unido 559

Franccedila 555

Paiacuteses Baixos 547

Alemanha 516

Aacuteustria 515

Luxemburgo nd

Greacutecia nd

nd ndash Natildeo disponiacutevel

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo L ndash DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO

DESPESA PUacuteBLICA EM EDUCACcedilAtildeO 2001

( PIB)

UE 15 51

Dinamarca 85

Sueacutecia 73

Finlacircndia 62

Beacutelgica 61

Portugal 59

Aacuteustria 58

Franccedila 57

Itaacutelia 50

Paiacuteses Baixos 50

Reino Unido 47

Alemanha 46

Espanha 44

Irlanda 44

Greacutecia 39

Luxemburgo 39

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo M ndash ALOJAMENTOS COM COMPUTADOR

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo N ndash POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACIVIDADE

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE

2003 Total (1000) Agricultura Induacutestria Serviccedilos

UE 15 163758 38 265 645

Aacuteustria 3693 55 287 657

Beacutelgica 4055 17 249 733

Alemanha 35927 24 314 662

Dinamarca 2704 33 231 734

Espanha 16666 56 308 636

Finlacircndia 2401 52 266 677

Franccedila 24041 43 245 706

Greacutecia 4015 163 220 617

Irlanda 1778 64 277 656

Itaacutelia 22057 47 318 635

Luxemburgo 188 27 191 782

Paiacuteses Baixos 8176 29 210 761

Portugal 5118 128 328 544

Sueacutecia 4352 26 226 748

Reino Unido 28637 12 235 751

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo O ndash VALOR DO VAB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - PORTUGAL

Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade 2001

AgriculturaSilvicultura

Pescas400

Serviccedilos6700

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2900

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo P ndash VALOR DO PIB POR SECTOR DE ACTIVIDADE - ESPANHA

Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

Serviccedilos6030

AgriculturaPescas299

InduacutestriaConstruccedilatildeo

Energia2663

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Q ndash TAXA DE ACTIVIDADE FEMININA 2003

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo R ndash TAXA DE DESEMPREGO POR REGIOtildeES 2003 ()

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo S ndash DIAS NAtildeO TRABALHADOS DEVIDO A GREVES

Dias natildeo Trabalhados Devido a Greves (p1000 empregados)

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8

Espanha Portugal

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

1995 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo T ndash TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB A PRECcedilOS CONSTANTES

Taxa de Crescimento Anual do PIB a Preccedilos Constantes ()

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo U ndash EVOLUCcedilAtildeO DO PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES

Milhares de euros 1998 2000 2002

UE 15 203 227 241

Luxemburgo 396 485 502

Dinamarca 291 321 341

Irlanda 209 271 331

Sueacutecia 250 293 287

Reino Unido 218 266 280

Paiacuteses Baixos 224 253 275

Aacuteustria 237 258 271

Finlacircndia 224 251 269

Alemanha 234 247 256

Beacutelgica 219 242 252

Franccedila 216 234 248

Itaacutelia 186 202 217

Espanha 133 153 172

Greacutecia 101 113 129

Portugal 99 113 125

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo V ndash PIB PER CAPITA A PRECcedilOS CORRENTES 2002

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo W ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DE PORTUGAL

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Portugal

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291

2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147

3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99

4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64

5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49

6ordm Itaacutelia 48 6ordm Paiacuteses Baixos 46

7ordm Beacutelgica 46 7ordm Beacutelgica 29

8ordm Paiacuteses Baixos 39 8ordm EUA 19

9ordm Angola 23 9ordm Japatildeo 17

10ordm Sueacutecia 13 10ordm Nigeacuteria 17

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo X ndash PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DA ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003

Espanha

Exportaccedilotildees Importaccedilotildees

1ordm Franccedila 191 1ordm Franccedila 168

2ordm Alemanha 119 2ordm Alemanha 166

3ordm Itaacutelia 96 3ordm Itaacutelia 88

4ordm Reino Unido 93 4ordm Reino Unido 65

5ordm Portugal 93 5ordm Paiacuteses Baixos 48

6ordm EUA 42 6ordm Beacutelgica 35

7ordm Paiacuteses Baixos 34 7ordm Portugal 32

8ordm Beacutelgica 30 8ordm China 32

9ordm Meacutexico 16 9ordm EUA 31

10ordm Marrocos 13 10ordm Japatildeo 21

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Y ndash TROCAS COMERCIAIS COM A UE 15

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

Exportaccedilotildees para a UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

Importaccedilotildees da UE 15

0102030405060708090

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Portugal Espanha

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Anexo Z ndash PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL A ESPANHA

Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

PRINCIPAIS TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA 2003

Portugal exporta para Espanha Espanha exporta para Portugal

1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 134 1ordm Veiacuteculos automoacuteveis e componentes 119

2ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 112 2ordm Artigos manufacturados diversos 50

3ordm Equipamento eleacutectrico 56 3ordm Vestuaacuterio e acessoacuterios 49

4ordm Ferro e accedilo 46 4ordm Equipamento eleacutectrico 45

5ordm Produtos metaacutelicos fabricados 40 5ordm Papel e cartatildeo 39

6ordm Manufacturas de minerais natildeo metaacutelicos 38 6ordm Maacutequinas de escritoacuterio e de

processamento de dados 37

7ordm Fibras tecidos e produtos tecircxteis 36 7ordm Maacutequinas e equipamento industrial 36

8ordm Mobiliaacuterio e componentes 36 8ordm Peixe crustaacuteceos e moluscos 35

9ordm Madeira e produtos de madeira 33 9ordm Ferro e accedilo 33

10ordm Papel e cartatildeo 32 10ordm Produtos metaacutelicos fabricados 33

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago

APEcircNDICES

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice A ndash SINTESE HISTOacuteRICA DA ESPANHA

No iniacutecio do seacuteculo XX saboreava ainda a Espanha a receacutem instaurada monarquia e a

implementaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1876 quando sofreu o dissabor que a histoacuteria designou

simplesmente como ldquoo desastrerdquo A expressatildeo pretendeu caracterizar a crise vivida no final do

seacuteculo XIX em 1898 que teve como consequecircncia a perda das coloacutenias de Porto Rico Cuba e

Filipinas Apesar do regime ter resistido a tais acontecimentos sobressaiam as vozes criticas os

movimentos de protesto e os incitamentos agrave implementaccedilatildeo de reformas inicialmente por acccedilatildeo

do movimento regeneracionista liderado por Joaquim Costa Embora natildeo tenha conseguido as

esperadas adesotildees pretendia mobilizar a classe poliacutetica para que fossem encetadas as desejadas

reformas social econoacutemica e educacional

O ressurgimento do movimento republicano era tambeacutem uma consequecircncia inevitaacutevel que a

partir de 1900 tomava duas direcccedilotildees distintas De um lado surgia Alejandro Lerroux ldquoherdeiro

da velha tradiccedilatildeo revolucionaacuteria urbanardquo (CARR et al 2004 p204) explorando o

descontentamento dos trabalhadores marginalizados que viviam nos bairros de lata das grandes

cidades As suas acccedilotildees visavam atingir os ideais da burguesia atraveacutes do renascimento do

anticlericalismo violento da deacutecada de 1830 Do outro situava-se a ala burguesa representada

pelo Partido Republicano Reformista caracterizado pela qualidade intelectual dos seus

dirigentes onde despontavam jovens como Manuel Azantildea que viria a desempenhar um papel

relevante no periacuteodo da Segunda Repuacuteblica

Esta ala reformista pretendia modernizar o paiacutes democratizar e actualizar a legislaccedilatildeo social e

educacional assim como afirmava ser possiacutevel a convivecircncia com o regime monaacuterquico desde

que este pudesse assegurar os valores e os princiacutepios reformistas pretendidos O movimento teve

uma larga implantaccedilatildeo nas grandes cidades onde nas eleiccedilotildees regionais obteve resultados

superiores aos da monarquia contudo no interior rural as votaccedilotildees natildeo foram nada positivas

Neste contexto alguns movimentos nacionalistas atingiam dimensotildees de relevo O

catalanismo iniciado na deacutecada de 1830 como um movimento de renascimento literaacuterio da

liacutengua e cultura catalatilde assumia em 1890 uma dimensatildeo poliacutetica que reivindicava a

possibilidade de constituir um governo autoacutectone A direcccedilatildeo estava a cargo de Prat de la Riba

que apesar das suas reivindicaccedilotildees de acircmbito nacionalista recusavam os movimentos de caris

radical Em 1906 tendo em vista as eleiccedilotildees do ano seguinte surge o ldquoSolidaritat Catalanrdquo que

resultou da uniatildeo de todos os movimentos com excepccedilatildeo do liderado por Lerroux Apesar das

exigecircncias de criaccedilatildeo de um governo catalatildeo permanecerem por satisfazer Prat de la Riba

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

promovia a liacutengua e cultura catalatilde Em 1922 o catalanismo poliacutetico dava origem agrave Acccedilatildeo Catalatilde

que assumia os princiacutepios da esquerda republicana que sob a lideranccedila do Coronel Francesc

Maciaacute se tornava num movimento separatista lutando pela Catalunha como uma repuacuteblica livre

num Estado federal

Os Bascos que ainda sofriam as consequecircncias das rebeliotildees carlistas do periacuteodo de 1833-39

desenvolviam um tipo de nacionalismo que por natildeo possuiacuterem a unidade poliacutetica do movimento

catalatildeo natildeo representava qualquer ameaccedila ao regime Foi Sabino de Arana que desenvolveu o

sentido de uniatildeo entre os bascos designando a uniatildeo nacional por Euzkadi e assumindo o

desiacutegnio de separaccedilatildeo do Estado espanhol A par da liacutengua basca fundou o Partido Nacionalista

Basco que desenvolvia um nacionalismo essencialmente racista mas ao contraacuterio do movimento

nacionalista catalatildeo natildeo se colocou na ala esquerda do sector poliacutetico A partir da deacutecada de

1960 os nacionalistas radicais adoptaram a acccedilatildeo terrorista como meacutetodo para atingirem os fins

propostos

Outra das forccedilas poliacuteticas que despontava era o Partido Socialista Obrero Espantildeol (PSOE)

fundado em 1879 por Pablo Igleacutesias Encontrava-se significativamente implantado nos distritos

das minas de carvatildeo das Astuacuterias e das minas de ferro e da induacutestria metaluacutergica de Bilbau No

entanto a sua implantaccedilatildeo natildeo chegava ao interior rural onde se sobrepunham os sindicatos

catoacutelicos em Navarra e Castela e os movimentos anarquistas na Andaluzia e Levante

A igreja opunha-se agraves tendecircncias reformistas e de modernizaccedilatildeo entatildeo proclamadas Para

combater estes movimentos que encarava como ameaccedila alargava a actividade missionaacuteria e

empenhava a Acccedilatildeo Catoacutelica na mobilizaccedilatildeo dos leigos Entretanto as ordens religiosas

ldquoapoderavam-se das funccedilotildees de bem-estar e educacionais que o governo natildeo conseguia

financiarrdquo (CARR et al 2004 p210)

Com a restauraccedilatildeo monaacuterquica em 1876 os governos desenvolviam a sua acccedilatildeo em regime de

alternacircncia partidaacuteria entre liberais e conservadores Contudo as querelas partidaacuterias e a

corrupccedilatildeo poliacutetica natildeo permitiam aos partidos estabelecerem governos estaacuteveis Esta

instabilidade originou entre 1902 e 1923 a tomada de posse de 34 governos nuacutemeros que

reflectem a precariedade do sistema poliacutetico a que o rei Afonso XIII deveria fazer face

Em 1923 atraveacutes de um pronunciamiento1 o General Primo de Rivera tomou o poder e foi

reconhecido pelo rei como ditador militar Era sua intenccedilatildeo conseguir o afastamento dos

poliacuteticos corruptos e ineficazes de forma a entregar o Paiacutes aos verdadeiros patriotas O seu

programa de governo assentava na realizaccedilatildeo de inuacutemeros projectos de obras puacuteblicas e na

1 Revolta militar com o objectivo da tomada do poder

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

protecccedilatildeo da economia tornando-a fechada e auto-suficiente O seu programa falha por

dificuldades orccedilamentais falhando tambeacutem o projecto poliacutetico de criaccedilatildeo de um vasto

movimento patrioacutetico que deveria dar origem agrave Uniatildeo Poliacutetica Nacional Primo de Rivera eacute

afastado pelo rei em 1930 apoacutes a tentativa de encetar uma reforma no Exeacutercito No entanto os

custos satildeo vastos caindo tambeacutem o regime monaacuterquico

A 2ordf Repuacuteblica proclamada a 14 de Abril de 1931 transmitia a esperanccedila proacutepria de um

regime democraacutetico O novo sistema poliacutetico pretendia levar a cabo reformas radicais de acircmbito

social e cultural que de uma forma geral se resumiam ao alargamento dos direitos agraves minorias

ao reconhecimento das reivindicaccedilotildees autonoacutemicas das regiotildees histoacutericas na atribuiccedilatildeo de

melhores salaacuterios e mais direitos sindicais Para os sectores mais tradicionais da sociedade

espanhola as transformaccedilotildees e as reformas eram vistas como uma ameaccedila aos seus interesses

bem como agrave identidade da proacutepria Espanha Assim a igreja temia a progressiva laicizaccedilatildeo da

sociedade os latifundiaacuterios e os industriais receavam os anuacutencios de subida de salaacuterios e o

aumento dos direitos sindicais e a ala conservadora do Exeacutercito encarava o reconhecimento das

autonomias regionais como uma ameaccedila agrave integridade territorial do paiacutes

O governo formado por republicanos e socialistas dirigido inicialmente por Alcalaacute Zamora e

posteriormente por Manuel Azantildea demonstrava os primeiros sinais do desgaste provocado pelas

elevadas expectativas criadas bem como pelas poleacutemicas reformas pretendidas Em 1933 surgia

a oposiccedilatildeo da Confederaccedilatildeo dos Grupos Autoacutenomos de Direita (CEDA) dirigida por Joseacute Maria

Gil Robles que se assumia como o principal partido do parlamento a partir das eleiccedilotildees

realizadas no final do ano Este facto permitia-lhe apoiar um governo minoritaacuterio da ala direita

dos republicanos radicais

Em 1935 os escacircndalos de corrupccedilatildeo ocorridos no seio da coligaccedilatildeo de direita levaram agrave

convocaccedilatildeo de eleiccedilotildees que recolocaram no governo a Frente Popular antiga alianccedila eleitoral

entre socialistas e republicanos de Manuel Azantildea e Idaleacutecio Prieto Contudo a instabilidade

social e o fraccionamento poliacutetico da Espanha que opunha de um lado os republicanos apoiados

pela esquerda e do outro a direita que ldquopretendia desestabilizar a repuacuteblica atraveacutes da desordem

civilrdquo (CARR et al 2004 p230) faziam prever a realizaccedilatildeo de um golpe militar com o objectivo

de instaurar um regime autoritaacuterio e implicitamente derrubar o regime O assassiacutenio de Joseacute

Calvo Sotelo um monaacuterquico autoritaacuterio de direita e liacuteder do Bloco Nacional foi o catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe que se iniciou a 17 de Julho com a sublevaccedilatildeo do Exeacutercito

em Marrocos Ao falhar este golpe mergulhou a Espanha num prolongado e sangrento conflito

interno

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

A guerra civil opocircs os partidaacuterios do regime aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo

Francisco Franco tambeacutem conhecido pela designaccedilatildeo de ldquocaudilhordquo Os revoltosos pretendiam

a derrota da democracia e o consequente restabelecimento de um regime autoritaacuterio assim como

a restauraccedilatildeo do papel da igreja catoacutelica e a salvaguarda da integridade territorial das ambiccedilotildees

separatistas de bascos e catalatildees A intensidade dos combates e os provaacuteveis riscos de uma

vitoacuteria republicana para a estabilidade da Europa em especial para Portugal levaram a que o

apoio externo fosse considerado um factor determinante para o sucesso Assim enquanto os

nacionalistas cativaram a simpatia da Alemanha Itaacutelia e de Portugal os republicanos

asseguravam o suporte sovieacutetico

A Franccedila e a Gratilde-Bretanha receando o contaacutegio do conflito agrave Europa propuseram a assinatura

de um acordo de natildeo-intervenccedilatildeo assim como a criaccedilatildeo de uma comissatildeo que acompanhasse a

sua implementaccedilatildeo Apesar de assinado pelas potecircncias europeias jaacute referidas de nada valeu

verificando-se violaccedilotildees por parte da Alemanha e da Itaacutelia que contribuiacuteram com aviotildees para o

transporte de tropas nomeadamente das forccedilas revoltosas sedeadas em Marrocos armas e

homens Tambeacutem o Governo de Portugal natildeo deixaria de prestar o seu contributo para o ecircxito

nacionalista desempenhando um papel fundamental no apoio logiacutestico agraves suas forccedilas Mais

tarde a Ruacutessia efectivava o apoio ao regime cedendo material de guerra A 27 de Marccedilo de 1939

os nacionalistas tomavam Madrid e trecircs dias depois a guerra era dada por terminada

Seguiu-se um periacuteodo de regime conservador e autoritaacuterio liderado por Francisco Franco

cujo poder assentava na igreja no Exeacutercito e na receacutem criada Falange O regime suportou o

periacuteodo de guerra generalizada que se seguiu na Europa na qual apesar da sua alegada

neutralidade deixou claro o alinhamento com as naccedilotildees do eixo A entrada na guerra chegou a

ser negociada facto que poderia arrastar a Peniacutensula para o conflito

O alinhamento espanhol e a manutenccedilatildeo de um regime autoritaacuterio estiveram na base de um

periacuteodo de isolamento imposto pela comunidade internacional As consequecircncias de maior

visibilidade foram o afastamento do Plano Marshal a natildeo entrada na OTAN na ONU e na CEE

Este periacuteodo foi mantido ateacute 1953 ano em que foram assinados os acordos de cooperaccedilatildeo com

os EUA que permitiram o estacionamento de bases militares no territoacuterio em troca de ajuda

financeira

Economicamente a Espanha encontrava-se numa situaccedilatildeo catastroacutefica motivada pela

prolongada guerra civil pela guerra mundial pelo auto-isolamento econoacutemico patrocinado pelo

regime e pelo isolamento externo imposto pela comunidade internacional A partir de 1959

Franco aceitava alterar a poliacutetica econoacutemica pondo em praacutetica um plano de estabilidade que

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 5

originou importantes resultados Contudo a agitaccedilatildeo social crescia fruto da incompatibilidade

entre reformas e modernizaccedilatildeo e a existecircncia de um regime autoritaacuterio

Ressurgem tambeacutem os movimentos nacionalistas regionais que provocam um rude golpe

quando em 1973 a ETA assassina Carrero Blanco Primeiro-Ministro de Franco Com a morte

do Chefe de Estado em 1975 eacute coroado rei Juan Carlos I entretanto regressado de Portugal O

regime de Francisco Franco eacute desmantelado e eacute instaurada a democracia que tem vindo a

proporcionar uma alternacircncia de governos entre o PSOE e o PP dos quais Felipe Gonzaacutelez Joseacute

Maria Aznar e Joseacute Luiacutes Zapatero satildeo os mais recentes interpretes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice B ndash SINTESE HISTOacuteRICA DE PORTUGAL

Ao virar do seacuteculo Portugal encontrava-se numa difiacutecil situaccedilatildeo financeira agravada pela

diminuiccedilatildeo das receitas externas provenientes das exportaccedilotildees agriacutecolas e das receitas

monetaacuterias dos emigrantes Em 1892 os ldquocredores suspenderam os empreacutestimos agrave coroa

portuguesardquo (CARNEIRO et al 2001 p488) provocando mesmo a entrada do Estado na

situaccedilatildeo de bancarrota A agitaccedilatildeo social fazia sentir-se com intensidade a par de numerosas

manifestaccedilotildees em favor da Repuacuteblica Na eacutepoca estava ainda muito presente a constrangedora

questatildeo do ultimato inglecircs que em resposta agraves aspiraccedilotildees nacionais do Mapa Cor-de-rosa1 que

colidiam com as pretensotildees coloniais britacircnicas2 pressionaram Portugal a abandonar o projecto

pondo a nu a influecircncia inglesa nos desiacutegnios nacionais

O regime monaacuterquico encontrava-se em crise assim como o proacuteprio sistema liberal

constitucional Os primeiros anos do novo seacuteculo foram caracterizados por uma vincada

instabilidade governativa Os escacircndalos poliacuteticos avolumavam-se retirando credibilidade agrave

classe poliacutetica e agrave autoridade do proacuteprio Estado Tambeacutem os partidos poliacuteticos natildeo eram alheios

agrave turbulecircncia entatildeo instalada sucedendo-se as cisotildees novos partidos nasciam representando

outras facccedilotildees Os governos sucediam-se ateacute que a instabilidade faz desencadear em 28 de

Janeiro de 1908 uma intentona republicana para derrubar o regime O clima de agitaccedilatildeo social e

de confrontaccedilatildeo poliacutetica culminou em 1 de Fevereiro com o assassiacutenio do rei D Carlos e do

priacutencipe herdeiro D Luiacutes Filipe

A tentativa de D Manuel II para manter o regime monaacuterquico natildeo surtiu efeito e num

movimento liderado pelo Almirante Cacircndido dos Reis e por D Miguel Bombarda eacute implantada

a Repuacuteblica a 5 de Outubro de 1910 Nos primeiros anos entre 1911 e 1917 mantinha-se um

ambiente de forte instabilidade podendo identificar-se quatro (CARNEIRO et al 2001 p494)

periacuteodos poliacuteticos distintos o primeiro compreendido entre 1911 e 1913 foi caracterizado pela

formaccedilatildeo de governos de coligaccedilatildeo o segundo entre 1913 e 1915 no qual acccedilatildeo governativa foi

exercida pelo Partido Democraacutetico liderado por Afonso Costa no terceiro confinado ao ano de

1915 surgia o periacuteodo de ditadura do General Pimenta de Castro por uacuteltimo o periacuteodo

compreendido entre os anos de 1916 e 1917 no qual governaram os executivos que decidiram a

posiccedilatildeo beligerante de Portugal na I Guerra Mundial

1 O Mapa Cor-de-rosa representava o projecto portuguecircs de unir os territoacuterios de Angola e Moccedilambique 2 Os ingleses pretendiam criar um corredor contiacutenuo do Cairo ateacute agrave cidade do Cabo na Aacutefrica do Sul

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Na fase que se seguiu agrave implantaccedilatildeo da repuacuteblica foi considerada de grande premecircncia a

necessidade de proceder agrave consolidaccedilatildeo do regime e agrave criaccedilatildeo de um clima de pacificaccedilatildeo

nacional e de ordem puacuteblica pelo que deveria dar-se inicio agrave implementaccedilatildeo das promessas

efectuadas pelo Partido Republicano A constituiccedilatildeo surgiu em 1911 e com ela apareceram

reformas de vulto para a eacutepoca tais como a laicizaccedilatildeo do Estado a expulsatildeo das ordens

religiosas a proibiccedilatildeo do ensino religioso nas escolas puacuteblicas e a regulamentaccedilatildeo da greve

Contudo as medidas reformistas desencadearam desentendimentos e um grande

descontentamento nalguns sectores da sociedade portuguesa Por um lado eram lesados

interesses haacute muito instalados considerando as medidas muito excessivas por outro

consideravam-nas insuficientes

A participaccedilatildeo das Tropas portuguesas na I Guerra Mundial teve em Afonso Costa e

Bernardino Machado os seus maiores entusiastas Para tal foram apresentadas trecircs razotildees

distintas a primeira a ldquotese colonialrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) defendia que seria a

uacutenica forma de Portugal manter a soberania sobre as coloacutenias contrariando as pretensotildees alematildes

e mantendo-se ao lado dos aliados para assim ter assento no concerto das naccedilotildees apoacutes o final da

guerra A segunda a ldquotese europeia peninsularrdquo (CARNEIRO et al 2001 p496) que deixava

expliacutecito a necessidade de um Portugal beligerante em face da neutralidade espanhola seria a

forma de fortalecer a posiccedilatildeo do Paiacutes junto da Gratilde-Bretanha e conferir importacircncia estrateacutegica

ao territoacuterio diferenciando-o no quadro peninsular Por uacuteltimo a tese que afirmava que a

participaccedilatildeo num conflito mundial ao lado das grandes potecircncias europeias deveria atribuir

legitimidade ao regime permitindo a sua consolidaccedilatildeo poliacutetica

A permanente instabilidade poliacutetica e as fortes contestaccedilotildees sociais levaram agrave revoluccedilatildeo de 5

de Dezembro de 1917 na qual Sidoacutenio Pais assumiu o poder transformando o regime

parlamentar num regime presidencialista autoritaacuterio e corporativo Sidoacutenio Pais era assassinado

em 14 de Dezembro de 1918 facto que motivou o regresso do anterior sistema multipartidaacuterio

ou de partido dominante Apesar da mudanccedila mantinha-se o quadro de situaccedilatildeo anteriormente

descrito que tendo como aliado a precaacuteria situaccedilatildeo econoacutemica representava o factor catalizador

necessaacuterio para a realizaccedilatildeo do golpe militar de 28 de Maio de 1926 que mergulhou o Paiacutes num

periacuteodo de ditadura militar Sucediam-se as situaccedilotildees de conspiraccedilatildeo e tentativas revolucionaacuterias

contra a ditadura que ficaram conhecidas pelo ldquoreviralhismordquo

Jaacute com Antoacutenio de Oliveira Salazar na pasta das financcedilas desde Abril de 1928 eclodia o

Estado Novo que o levaria agrave Presidecircncia do Conselho de Ministros em 1932 Criada a Uniatildeo

Nacional que congregava as forccedilas poliacuteticas apoiantes do regime iniciava-se um periacuteodo de

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

regime autoritaacuterio que governaria Portugal cerca de quarenta anos Da eacutepoca citada destacam-se

acontecimentos importantes a que o Paiacutes teve que dar resposta designadamente a guerra civil de

Espanha na qual apesar do pacto de natildeo-intervenccedilatildeo Portugal tomou uma posiccedilatildeo de apoio aos

nacionalistas liderados pelo General Francisco Franco a II Guerra Mundial sobre a qual pocircde

manter um estatuto de neutralidade embora colaborando com as forccedilas aliadas e finalmente o

novo enquadramento geoestrateacutegico decorrente dos acontecimentos que precederam o conflito e

que culminaram na aproximaccedilatildeo aos EUA e no convite para em 1949 integrar a OTAN

O autoritarismo do regime e a sua poliacutetica colonial determinaram ao Paiacutes um momento de

isolamento internacional motivo pelo qual Portugal viria a sofrer forte pressatildeo externa Goa

Damatildeo e Dio satildeo ocupadas pelas forccedilas indianas e ao mesmo tempo eclodiam movimentos

autonomistas nos restantes territoacuterios A guerra teve iniacutecio em Angola e rapidamente se

propagou agraves restantes coloacutenias prolongando-se ateacute 1974 ano em que um golpe de Estado potildee

fim ao regime e agrave guerra colonial Seguiu-se um processo revolucionaacuterio que terminou em 25 de

Novembro de 1975 ldquoabrindo-se caminho agrave instauraccedilatildeo de uma democracia parlamentarrdquo

(CARNEIRO et al 2001 p496)

Seguiu-se um periacuteodo de transiccedilatildeo caracterizado por grande instabilidade governativa

Apenas a partir das eleiccedilotildees antecipadas de 1987 foi possiacutevel constituir governos de maioria

absoluta que permitiram a estabilidade poliacutetica necessaacuteria agrave implementaccedilatildeo de reformas

estruturais indispensaacuteveis a um processo de evoluccedilatildeo consolidada A transiccedilatildeo para um regime

democraacutetico foi determinante para que fosse concluiacutedo o processo de adesatildeo agrave CEE tratado

assinado em 1985 juntamente com a Espanha no Mosteiro dos Jeroacutenimos

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

Apecircndice C ndash CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES

1939 - Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo e Protocolo Adicional que previa a consulta

muacutetua entre os dois estados relativamente a acontecimentos que pudessem por em

causa a seguranccedila e independecircncia dos dois paiacuteses

1940 - Acordo tripartido entre Portugal a Espanha e o Reino Unido que permitia ao

vizinho peninsular importar produtos das coloacutenias portuguesas com base numa

linha de creacutedito concedida pelo Reino Unido Este Acordo visava garantir o

fornecimento de produtos essenciais agrave Espanha de modo a suprir as carecircncias

originadas pela guerra civil de 1936-39 e evitar a participaccedilatildeo espanhola na II

Guerra Mundial

194143 - Assinatura de novos Acordos comerciais entre Portugal e Espanha com o mesmo

objectivo do anterior

1945 A partir deste ano realizaram-se reuniotildees anuais da Comissatildeo Mista Luso-

espanhola de acompanhamento dos acordos comerciais e de pagamentos assinados

anteriormente

1946 - A ONU decreta o boicote agrave Espanha

1948 - Pacto Peninsular ndash Prorrogaccedilatildeo do Tratado de Amizade e Natildeo Agressatildeo por mais

dez anos

- Portugal eacute membro fundador da OCDE

- Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os EUA que permitiu a utilizaccedilatildeo da Base

Militar nos Accedilores

1949 - Portugal eacute membro fundador da OTAN

- Recusada a adesatildeo espanhola facto que motivou o arrefecimento temporaacuterio das

relaccedilotildees entre os dois paiacuteses A Espanha considerava que a adesatildeo de Portugal agrave

OTAN contrariava o Tratado de Amizade assinado entre ambos

- Inicia-se um processo de cooperaccedilatildeo militar entre os dois paiacuteses que englobava a

realizaccedilatildeo de manobras conjuntas para a defesa dos Pirineacuteus em caso de tentativa

de invasatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica

- Assinatura do Acordo Preliminar de Cooperaccedilatildeo Econoacutemica entre Portugal e

Espanha que veio substituir os Acordos Comerciais assinados anteriormente

- Assinatura de acordos para a concessatildeo de creacutedito entre a Espanha e os EUA

marcando o iniacutecio do fim do isolamento internacional da Espanha

Eliminado ltspgt

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Tabela formatada

Eliminado A

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado agrave Espanha

Eliminado

Eliminado deste paiacutes

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado

Eliminado -

Eliminado Portugal eacute membro fundador da OCDE Formalizaccedilatildeo do Acordo de Defesa com os

Eliminado

Eliminado de 3para

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1951 - Portugal renova o acordo de defesa com os EUA que seria novamente prorrogado

em 1957

1953 - A Espanha assina com os EUA os Conveacutenios sobre Ajuda para Muacutetua Defesa e

sobre Ajuda Econoacutemica Estes permitem a utilizaccedilatildeo do territoacuterio espanhol para

fins de defesa e prolongam a ajuda econoacutemica iniciada em 1949 que vai permitir

a reconstruccedilatildeo e o relanccedilamento econoacutemico do paiacutes

1955 - Portugal e Espanha aderem agrave ONU pondo fim em definitivo ao isolamento

internacional do nosso vizinho peninsular

1956 - A Espanha concede a independecircncia a Marrocos dando corpo a uma poliacutetica

africana oposta agrave portuguesa

1958 - A Espanha adere agrave OCDE Banco Mundial e ao FMI dando iniacutecio ao processo de

abertura internacional da sua economia

1959 - Portugal no mesmo ano em que adere ao FMI e ao Banco Mundial eacute um dos

membros fundadores da EFTA tomando uma opccedilatildeo de internacionalizaccedilatildeo e de

abertura da sua economia que se enquadrava na tradicional alianccedila Luso-britacircnica

que serve de base agrave manutenccedilatildeo da sua poliacutetica colonial

- A Espanha inicia a internacionalizaccedilatildeo da sua economia atraveacutes do alargamento do

nuacutemero dos seus parceiros comerciais a vaacuterias regiotildees do mundo

1960 - Assinatura de um novo acordo comercial ibeacuterico que incidia essencialmente sobre

as pautas aduaneiras em vigor entre os dois paiacuteses Este acordo natildeo representou

nenhuma alteraccedilatildeo relativamente agrave poliacutetica portuguesa de limitar as relaccedilotildees

econoacutemicas com a Espanha de modo a proteger as coloacutenias dos investidores e das

empresas deste paiacutes

1962 - A Espanha realiza contactos informais com vista agrave adesatildeo agrave CEE Dada a incerteza

da entrada os responsaacuteveis espanhoacuteis preferiram concentrar-se na assinatura de

um acordo comercial preferencial com a CEE

1963 - Data de realizaccedilatildeo do uacuteltimo encontro entre Oliveira Salazar e Francisco Franco

Apoacutes 1963 e ateacute ao final da deacutecada natildeo houve encontros entre altos responsaacuteveis

de Portugal e da Espanha mostrando bem a menor importacircncia dada por ambos agraves

relaccedilotildees ibeacutericas

- A Espanha concede autonomia agrave Guineacute espanhola

1968 - Independecircncia da Guineacute espanhola

1970 - Assinatura e entrada em vigor do acordo comercial da Espanha com a CEE

Eliminado ltspgt

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Tabela formatada

Eliminado

Eliminado de 3para

[1]

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

Formatada Tabulaccedilotildees 468pto Direita + Natildeo em 4252pto

1972 - Portugal assina acordos comerciais preferenciais com a CEE e com a CECA que

entram em vigor em 1973

1974 - Em Portugal com o golpe militar realizado em 25 de Abril de 1974 inicia-se o

processo de transiccedilatildeo para a instauraccedilatildeo de um sistema poliacutetico democraacutetico

1975 - A Espanha daacute iniacutecio ao seu processo de transiccedilatildeo para a democracia Morre

Francisco Franco e eacute coroado o rei D Juan Carlos I

1977 - Portugal e Espanha efectuam em simultacircneo o pedido de adesatildeo agrave CEE

1978 - Iniacutecio das negociaccedilotildees de Portugal para a adesatildeo agrave CEE

1979 - Iniacutecio das negociaccedilotildees da Espanha para a adesatildeo agraves Comunidades Europeias As

negociaccedilotildees definem a estrateacutegia de ambos os paiacuteses de integraccedilatildeo na Europa

Ocidental iniciando-se o processo de abertura do espaccedilo econoacutemico ibeacuterico

1980 - A Espanha assina um acordo com a EFTA no acircmbito do qual se estabelece o

Acordo de Comeacutercio Bilateral Luso-espanhol ndash Anexo P (relativo a Portugal)

1982 - A Espanha apresenta o pedido de adesatildeo agrave OTAN

1983 - Realizaccedilatildeo da I Cimeira Luso-espanhola com a presenccedila dos Chefes de Governo

dos dois paiacuteses dando iniacutecio a um processo regular de consulta entre ambos para

discussatildeo dos assuntos de interesse comum especialmente os de iacutendole bilateral

1986 - Adesatildeo de Portugal e da Espanha agrave CEE

- Realizaccedilatildeo do referendo que confirma a entrada da Espanha na OTAN

1990 - Portugal e Espanha aderem agrave Uniatildeo Europeia Ocidental

1992 - Portugal e Espanha assinam o tratado de Maastricht onde se encontra previsto a

criaccedilatildeo de uma UEM

- Entrada do escudo e da peseta no Sistema Monetaacuterio Europeu

1993 - Entra em vigor o Mercado Uacutenico Europeu

1996 - Os dois paiacuteses assinam o Tratado de Amesterdatildeo

1999 - Entrada em vigor do Euro ndash Moeda Uacutenica Europeia

- Iniacutecio da terceira e uacuteltima fase da Uniatildeo Econoacutemica e Monetaacuteria

Eliminado ltspgt

Eliminado

Eliminado de 3para

Tabela formatada

Formatada Tipo de letraItaacutelico

Paacutegina 2 [1] Eliminado Rui Pedro M Gago 09102005 234500

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice D ndash A GEOGRAFIA E A GEOETNOGRAFIA DA PENIacuteNSULA IBEacuteRICA

Para efectuar uma caracterizaccedilatildeo da Peniacutensula Ibeacuterica atendendo ao acircmbito do trabalho e por

muito superficial que esta deva ser parece-nos loacutegico iniciaacute-la efectuando um enquadramento

geograacutefico da aacuterea em estudo Assim se incidirmos o olhar sobre o globo terrestre e procurarmos

o bloco geograacutefico que constitui a Peniacutensula Ibeacuterica ao colocaacute-la no centro do olhar verificamos

que se insere no extremo Sudoeste da placa continental europeia Deste conjunto europeu

destaca-se a ldquobem pronunciada posiccedilatildeo geograacutefica centralrdquo (GIRAtildeO 1941 p10) caracteriacutestica

que lhe atribui a designaccedilatildeo de ldquoponto de concentraccedilatildeo dos continentesrdquo1

A Peniacutensula Ibeacuterica apresenta-se numa ldquoposiccedilatildeo geograficamente excecircntricardquo (DRAIN 1964

p11) relativamente agrave plataforma continental europeia da qual se encontra separada pelos

Pirineacuteus A mesma projecta-se no Oceano Atlacircntico tornando-se ldquona mais ocidental e

meridional peniacutensulardquo (GIRAtildeO 1941 p9) da Europa Encontra-se enquadrada pelo Oceano

Atlacircntico que banha as suas vertentes costeiras Norte Oeste e Sul e pelo Mar Mediterracircneo que

complementa a delimitaccedilatildeo oceacircnica na faixa costeira Sul banhando tambeacutem a faixa Sudeste

que se prolonga ateacute agrave cadeia montanhosa dos Pirineacuteus

Sendo o Atlacircntico Norte e o Mediterracircneo o seu espaccedilo de inserccedilatildeo mariacutetima a Peniacutensula

Ibeacuterica enquadra-se nas cercanias de duas grandes massas continentais A jaacute referida Europa e a

Sul o continente Africano com o qual o Estreito de Gibraltar representa a mais curta distacircncia

de transposiccedilatildeo e ainda a porta entre os mares acima designados Esta posiccedilatildeo geograacutefica

permitiu por um lado projectar a Europa no mundo em direcccedilatildeo agraves Ameacutericas e Aacutesia

empregando o caminho mariacutetimo e por outro constituir-se numa espeacutecie de ponte para o

continente Africano

Em termos geomorfoloacutegicos a peniacutensula assemelha-se a ldquoum quadrilaacuteterordquo (FERNANDES et

al 1998 p21) com uma aacuterea com cerca de 589000 km2 cabendo agrave Espanha cerca de 500000

km2 e a Portugal Continental 89106 km2 Eacute uma regiatildeo de planaltos dos mais elevados do

continente europeu entre os quais se destaca Maciccedilo Central Ibeacuterico tambeacutem designada por

Meseta Ibeacuterica Esta tem uma altitude meacutedia de 650 m e uma aacuterea aproximada de 210000 km2

encontrando-se separada na parte central pela Cordilheira Central que a transforma em duas

Submesetas Este grande planalto encontra-se rodeado por vaacuterias planiacutecies costeiras na sua

1 Referecircncia de Amorim Giratildeo a Vidal de La Blanche salientando que se procurarmos em que parte do mundo a Aacutesia a Aacutefrica e a Ameacuterica se aproximam mais uma das outras rapidamente se conclui que eacute na Europa

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

maioria de pequenas dimensotildees das quais se podem destacar a planiacutecie do Ebro a Nordeste a do

Guadalquivir a Sul do Tejo e do Sado a Ocidente

A orientaccedilatildeo geral do conjunto estaacute estabelecida em direcccedilatildeo agrave vertente atlacircntica facto que

determina a direcccedilatildeo dos grandes rios ibeacutericos O Lima o Minho o Douro o Tejo e o Guadiana

satildeo os rios portugueses de maior importacircncia com nascente em Espanha e que vecircm o seu curso

dirigi-los para a respectiva foz no Oceano Atlacircntico Do lado espanhol o Guadalquibir segue a

mesma orientaccedilatildeo no entanto o Ebro eacute o uacutenico rio de grande envergadura que corre sob uma

orientaccedilatildeo Noroeste-Sudeste desaguando no mediterracircneo

A realidade geograacutefica influencia de forma directa o clima peninsular que de uma forma

geral poderaacute ser considerado temperado distinguindo-se entre as vaacuterias regiotildees devido agraves

influecircncias de vaacuterios factores Assim poderemos definir um clima de influecircncia Atlacircntica a

Norte e Noroeste dos Pirineacuteus ateacute agrave Galiza caracterizado por uma fraca oscilaccedilatildeo da

temperatura meacutedia abundacircncia de chuva e ventos soprando do lado do mar De influecircncia

continental na regiatildeo central caracterizado por Invernos frios e prolongados ocorrecircncia de neve

e Verotildees quentes e secos Por uacuteltimo um clima de influecircncia mediterracircnea na regiatildeo Sul

caracterizado por Invernos temperados reduzida pluviosidade e Verotildees muito quentes

A geoetnografia peninsular foi caracterizada pela existecircncia de uma significativa ldquodivisatildeo

socioculturalrdquo (FERNANDES et al 1998 p18) que ao longo de vaacuterios seacuteculos esteve na base

da estruturaccedilatildeo Ibeacuterica Esta divisatildeo seguiu de uma forma geral a orientaccedilatildeo do Sistema Central

que opunha a Norte um ambiente rural e de pastoriacutecio proacuteximo das culturas do Norte da

Europa e a Sul uma cultura urbana e agriacutecola tradicionalmente ligadas agrave cultura mediterracircnea e

africana Foi principalmente nesta regiatildeo que se fez sentir a presenccedila dos colonizadores romanos

e muccedilulmanos com reflexos evidentes nas sociedades que se seguiram

Os traccedilos gerais acima apresentados caracterizam as grandes diferenccedilas no entanto tiveram

reflexos importantes na definiccedilatildeo de particularidades regionais onde assentaram as entidades

autoacutenomas peninsulares Neste princiacutepio de uma forma geral deveremos considerar a

implantaccedilatildeo de catalatildees castelhanos bascos e navarros assim como uma forte influecircncia

mourisca e mediterracircnea na regiatildeo de Valecircncia e de Granada A planiacutecie ocidental esteve na

base tanto do Estado portuguecircs como da autonomia galega Contudo um factor revelou-se de

manifesta importacircncia para o suporte da diferenciaccedilatildeo nacional o aproveitamento do espaccedilo

mariacutetimo tirando partido dos estuaacuterios oferecidos pelos grandes rios peninsulares Este facto foi

determinante para a diferenciaccedilatildeo e a estruturaccedilatildeo de uma identidade proacutepria na qual assentou a

independecircncia nacional

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice E ndash O TRIAcircNGULO ESTRATEacuteGICO PORTUGUEcircS E O EIXO

ESTRATEacuteGICO DA ESPANHA

O Oceano atlacircntico o quadro territorial e a vizinhanccedila com a Espanha representam as

ldquomarcas geneacuteticas de Portugalrdquo (SANTOS 2004 p136) Conjugando as duas primeiras

deparamo-nos com a descontinuidade do territoacuterio nacional que determina a existecircncia do

denominado ldquoTriangulo Estrateacutegico Portuguecircsrdquo (SANTOS 2004 p138) Este eacute definido pelos

veacutertices que se encontram apoiados no territoacuterio continental no arquipeacutelago da Madeira e no

arquipeacutelago dos Accedilores A superfiacutecie total deste espaccedilo enquadrante1 sendo grande parte dele

mariacutetimo representa uma aacuterea com cerca de 2300000 km2 isto eacute 25 vezes superior agraves terras

emersas de Portugal

Os veacutertices definem um espaccedilo estrateacutegico que pela sua posiccedilatildeo geograacutefica designadamente

a sua projecccedilatildeo oceacircnica permite que se constitua num importante ponto de apoio e controlo do

traacutefego mariacutetimo e aeacutereo efectuado entre os diversos continentes inseridos no espaccedilo atlacircntico

assim como das rotas de entrada e saiacuteda do Mar Mediterracircneo Este espaccedilo poderaacute ainda

desempenhar a funccedilatildeo de plataforma de projecccedilatildeo de forccedilas com diversos destinos

Deste vasta aacuterea entendemos dever destacar em primeiro lugar o arquipeacutelago dos Accedilores

que para aleacutem da profundidade que confere ao espaccedilo estrateacutegico portuguecircs representa um

importante e relevante ponto de apoio para os EUA e para a OTAN A Base das Lages tem

desempenhado um papel determinante nas diversas acccedilotildees militares americanas constituindo-se

ainda como pista de aterragem alternativa para aos Vaiveacutem nos regressos dos voos espaciais O

veacutertice seguinte representado pelo arquipeacutelago da Madeira permite controlar os movimentos de

aproximaccedilatildeo provenientes do Norte de Aacutefrica assim como manter sob vigilacircncia os movimentos

ocorridos no Estreito de Gibraltar Por uacuteltimo embora natildeo menos importante o veacutertice

continental que confere a capacidade de projecccedilatildeo de forccedilas constituindo-se tambeacutem numa

retaguarda agraves acccedilotildees desenvolvidas no continente europeu

O Eixo Estrateacutegico da Espanha encontra-se definido pela linha imaginaacuteria que une as Ilhas

Canaacuterias-Estreito de Gibraltar-Ilhas Baleares e representa o uacutenico canal que liga o Mar

Mediterracircneo ao Oceano Atlacircntico Esta linha imaginaacuteria quando prolongada poderaacute atingir os

Paiacuteses da Ameacuterica do Sul que integram a Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees Na sua

funccedilatildeo primaacuteria este eixo permite o controlo sobre o Norte de Aacutefrica assim como de todo o

movimento mariacutetimo e aeacutereo efectuado no mediterracircneo assim como aquele destinado a

1 Janus97 ndash Anuaacuterio de relaccedilotildees exteriores p 11

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

prosseguir na imensidatildeo do atlacircntico Este eixo poder-se-aacute apoiar nas cidades autoacutenomas de

Ceuta e Melilla localizadas na costa africana contudo juntamente com Gibraltar constituem

uma das questotildees territoriais que a Espanha tem ainda por resolver

Relativamente ao triacircngulo estrateacutegico portuguecircs o eixo estrateacutegico espanhol apresenta-se

ldquodemasiado proacuteximo para se resguardar de ameaccedilas directasrdquo (SANTOS 2004 p139) enquanto

que o espaccedilo portuguecircs ldquoestaacute suficientemente proacuteximo para a partir dele se projectarem forccedilas

e bastante afastado para garantir a seguranccedila relativamente a projecccedilotildees continentaisrdquo

(SANTOS 2004 p136)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice F ndash AS COMUNIDADES AUTOacuteNOMAS E AS PRINCIPAIS ASPIRACcedilOtildeES

1 ANDALUZIA

bull As suas proviacutencias Sevilha Maacutelaga Granada Caacutediz Huelva Almeriacutea e Jaeacuten

bull Pretende

Um novo sistema de participaccedilatildeo regional nas decisotildees do Estado

Uma nova ordenaccedilatildeo territorial

Um espaccedilo fiscal proacuteprio gerido por uma agecircncia tributaacuteria andaluza

2 ARAGAtildeO

bull As suas proviacutencias Saragoccedila Huesca e Teruel

bull Pretende

Novas competecircncias no domiacutenio da justiccedila

Convocar eleiccedilotildees autonoacutemicas fora do calendaacuterio geral

3 ASTUacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Astuacuterias

bull Pretende

A obtenccedilatildeo das competecircncias do Instituto Social da Marinha

A administraccedilatildeo da justiccedila

O PP partido poliacutetico na oposiccedilatildeo pretende uma reforma mais ambiciosa de forma a

equiparar as Astuacuterias agraves comunidades mais avanccediladas em transferecircncias de autonomia

4 BALEARES

bull As suas proviacutencias Maiorca Menorca e Ibiza

bull Pretende

Uma poliacutecia autonoacutemica proacutepria

Novo sistema de financiamento

De uma forma geral pretende que lhe sejam atribuiacutedas o maacuteximo de competecircncias

autonoacutemicas possiacuteveis

5 CATALUNHA

bull As suas proviacutencias Barcelona Tarragona Leacuterida e Gerona

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Uma nova formula de relacionamento com o Estado central

Novo sistema de financiamento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

Nova formula de representaccedilatildeo no Parlamento Europeu

Obter a supervisatildeo do sector bancaacuterio assim como rever o regime de competiccedilatildeo

Sistema de seguranccedila social

A gestatildeo de portos aeroportos e estradas

A capacidade de convocaccedilatildeo de referendos

Esta comunidade autoacutenoma pretende no total a transferecircncia de 88 novas

competecircncias

6 CANAacuteRIAS

bull As suas proviacutencias Gran Canaacuteria e Tenerife

bull Pretende

A cedecircncia de quarenta novas competecircncias jaacute cedidas pelo Estado

7 CANTAacuteBRIA

bull As suas proviacutencias Cantaacutebria

bull Pretende

A transferecircncia de competecircncias no acircmbito da justiccedila Fundo Especial de Garantia

Agraacuteria Instituto Social da Marinha e Instituto da Mulher

8 CASTELA-LA-MANCHA

bull As suas proviacutencias Toledo Ciudad Real Cuenca Guadalajara e Albacete

bull Pretende

Um novo sistema de financiamento para a sauacutede e a educaccedilatildeo

A administraccedilatildeo da justiccedila

9 CASTELA LEAtildeO

bull As suas proviacutencias Valladolid Leatildeo Salamanca Segoacutevia Palencia Burgos Zamora

bull Pretende

Novas responsabilidades administrativas

A Administraccedilatildeo da justiccedila

A Administraccedilatildeo da aacutegua

10 COMUNIDADE VALENCIANA

bull As suas proviacutencias Valecircncia Alicante Castelloacuten

bull Pretende

Novas direitos de cidadania

Corpo policial autoacutenomo

11 EXTREMADURA

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 3

bull As suas proviacutencias Caacuteceres Badajoz

bull Pretende

Mais do que as reformas do estatuto proacuteprio pretende que o Estado corrija os

desequiliacutebrios entre as regiotildees ricas e as pobres

Corpo policial autonoacutemico

12 PAIacuteS BASCO

bull As suas proviacutencias Aacutelava Guipuacutezcoa Biscaia

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

Um novo modelo de relacionamento com o Estado que preveja a ldquoassociaccedilatildeo livrerdquo

isto eacute tornar voluntaacuteria a associaccedilatildeo ao Estado espanhol

O projecto de reformas foi conhecido pelo ldquoPlano Ibarretxerdquo em alusatildeo ao presidente

do governo do Paiacutes Basco

13 NAVARRA

bull As suas proviacutencias Navarra

bull Pretende

Assumir a competecircncia exclusiva da gestatildeo do tracircnsito

Ver revogada a quarta disposiccedilatildeo transitoacuteria da Constituiccedilatildeo que regula o processo que

os navarros deveriam seguir no caso de decidirem a uniatildeo com o Paiacutes Basco

14 MUacuteRCIA

bull As suas proviacutencias Muacutercia

bull Pretende

Um corpo policial autonoacutemico

Que as alteraccedilotildees nos restantes estatutos salvaguardem a coesatildeo territorial e sejam

limitadas pelos princiacutepios da solidariedade entre autonomias

15 MADRID

bull As suas proviacutencias Madrid

bull Pretende

Como capital do Estado reclama do Governo central uma lei adaptada ao seu estatuto

de capital

Uma nova divisatildeo do mapa eleitoral com dez novas circunscriccedilotildees que permitam aos

madrilenos eleger mais directamente os seus representantes

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 4

16 GALIZA

bull As suas proviacutencias Corunha Lugo Orense Pontevedra

bull Pretende

O estatuto de Naccedilatildeo

A gestatildeo total dos seus portos e aeroportos

A aprovaccedilatildeo de um estatuto que reconheccedila aos galegos o direito de decisatildeo sobre o seu

destino

17 LA RIOJA

bull As suas proviacutencias La Rioja

bull Pretende

A administraccedilatildeo da justiccedila

Um novo modelo de financiamento

Fonte MEIRELES Isabel ndash Expresso Uacutenica (16Abr05)

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice G ndash VOTOS ATRIBUIacuteDOS A CADA PAIacuteS NO CONSELHO EUROPEU

Entre 1 de Maio de 2004 e 1 de Novembro de 2004 vigorou um mecanismo provisoacuterio de votaccedilatildeo

Eram necessaacuterios 62 votos (713) para uma deliberaccedilatildeo por maioria qualificada

Passaram a ser considerados necessaacuterios 232 votos (723) para a obtenccedilatildeo da mesma maioria qualificada

Fonte Uniatildeo Europeia

VOTACcedilAtildeO NO CONSELHO EUROPEU

Paiacuteses Membros Ateacute 1 de Maio

de 2004

A partir de 1

de Novembro

de 2004

Alemanha 10 29

Aacuteustria 4 10

Beacutelgica 5 12

Chipre 4

Dinamarca 3 7

Eslovaacutequia 7

Esloveacutenia 4

Espanha 8 27

Estoacutenia 4

Finlacircndia 3 7

Franccedila 10 29

Greacutecia 5 12

Hungria 12

Irlanda 3 7

Itaacutelia 10 29

Letoacutenia 4

Lituacircnia 7

Luxemburgo 2 4

Malta 3

Paiacuteses Baixos 5 13

Poloacutenia 27

Portugal 5 12

Reino Unido 10 29

Repuacuteblica Checa 12

Sueacutecia 4 10

TOTAL 87 321

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice H ndash MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Fonte Uniatildeo Europeia

MANDATOS POR PAIacuteS NO PARLAMENTO EUROPEU

Paiacuteses Membros 1999-2004 2004-2007 2007-2009

Alemanha 99 99 99

Aacuteustria 21 18 18

Beacutelgica 25 24 24

Bulgaacuteria 18

Chipre 6 6

Dinamarca 16 14 14

Eslovaacutequia 14 14

Esloveacutenia 7 7

Espanha 64 54 54

Estoacutenia 6 6

Finlacircndia 16 14 14

Franccedila 87 78 78

Greacutecia 25 24 24

Hungria 24 24

Irlanda 15 13 13

Itaacutelia 87 78 78

Letoacutenia 9 9

Lituacircnia 13 13

Luxemburgo 6 6 6

Malta 5 5

Paiacuteses Baixos 31 27 27

Poloacutenia 54 54

Portugal 25 24 24

Reino Unido 87 78 78

Repuacuteblica Checa 24 24

Romeacutenia 36

Sueacutecia 22 19 19

TOTAL 626 732 786

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 1

Apecircndice I ndash PROJECTO INTERREG

1 O Projecto INTERREG eacute um programa de iniciativa comunitaacuteria financiado pelo FEDER

2000-2006

2 Princiacutepios Gerais

bull Implemantaccedilatildeo de estrateacutegias conjuntas transfronteiriccedilas transnacionais e programas

de desenvolvimento

bull Aprofundamento de parceiros entre diferentes niacuteveis de administraccedilatildeo com os agentes

econoacutemico-sociais relevantes

bull Coordenaccedilatildeo entre o INTERREG III e os instrumentos de poliacutetica externa da UE

especialmente tendo em vista o seu alargamento

3 Vertentes de Cooperaccedilatildeo

bull Vertente A ndash Cooperaccedilatildeo Transfronteiriccedila

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees fronteiriccedilas vizinhas com o objectivo de desenvolver a

cooperaccedilatildeo econoacutemica e social atraveacutes de estrateacutegias conjuntas e programas de

desenvolvimento

A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha O impacto nas opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

TILDCEM 04-06MajArt Rui Pedro Magro do Gago paacuteg 2

bull Vertente B ndash Cooperaccedilatildeo Transnacional

Cooperaccedilatildeo entre grandes grupos de regiotildees europeias com o objectivo de prosseguir

o desenvolvimento e uma maior integraccedilatildeo territorial na UE e com os paiacuteses

candidatos e outros vizinhos

bull Vertente C ndash Cooperaccedilatildeo Inter-regional

Cooperaccedilatildeo entre regiotildees no territoacuterio da UE e paiacuteses vizinhos para aumentar a

coesatildeo e o desenvolvimento regional mediante a constituiccedilatildeo de redes especialmente

no caso das regiotildees menos desenvolvidas e das regiotildees em reconversatildeo

Fonte http wwwqcaptini_comunitriasinterreghtm1

  • TILD_MAJ GAGO_CEM 04_06
    • 11 Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
      • 111 Da aproximaccedilatildeo ao afastamento
      • 112 Portugal a guerra civil e a procura da neutralidade peninsular
      • 113 A supremacia internacional de Portugal
        • 12 Portugal e Espanha na poliacutetica de alianccedilas
        • 13 A questatildeo econoacutemica
        • 21 O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
        • 22 Portugal e Espanha em factos comparados
          • 221 Os sistemas poliacuteticos em presenccedila
          • 222 A organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais
          • 223 A populaccedilatildeo e a educaccedilatildeo
          • 224 O mercado de trabalho
          • 225 As contas nacionais e o comeacutercio externo
            • 23 Alguns aspectos especiacuteficos de dependecircncia
              • 231 O sector energeacutetico
              • 232 A partilha de recursos hiacutedricos
              • 233 O sector bancaacuterio
              • 234 O sector das telecomunicaccedilotildees
                • 31 A Uniatildeo Europeia uniatildeo poliacutetica e econoacutemica
                  • 311 A integraccedilatildeo e a participaccedilatildeo no projecto de construccedilatildeo da UE
                  • 312 O relacionamento econoacutemico
                  • 313 A poliacutetica externa e a seguranccedila europeia
                    • 32 A Alianccedila Atlacircntica
                    • 33 Os espaccedilos regionais
                      • 331 A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa
                      • 332 O Mediterracircneo e o Magreb
                      • 333 A Ibero-Ameacuterica
                        • 41 A dinacircmica de expansatildeo e os provaacuteveis factores de dependecircncia
                        • 42 Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                        • 43 A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                          • 431 O modelo tradicional de relacionamento
                          • 432 O ldquonovo paradigma peninsularrdquo
                            • 44 A resposta de Portugal
                            • BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES
                              • Anexos
                                • Capa Anexos
                                • Anexo AA_Consumo de Energia Primaacuteria_2002
                                • Anexo AB_Consumo de Energia Final_2000
                                • Anexo AC_Rede Ibeacuterica de Gaacutes Natural
                                • Anexo AD_Principais Bancos Ibeacutericos
                                • Anexo AE_PIB per capita por PPC
                                • Anexo AF_Investimento Directo Bilateral
                                • Anexo AG_NATO Command Operations_NCA
                                • Anexo AH_NATO Command Structure_ACO
                                • Anexo B_Comeacutercio Externo da Espanha por Zonas Geograacuteficas
                                • Anexo C_O Espaccedilo Estrateacutegico de Interesse Nacional
                                • Anexo D_Populaccedilatildeo_2001
                                • Anexo E_Densidade Populacional_2003
                                • Anexo F_Densidade Populacional na Peniacutensula_2001
                                • Anexo G_Projecccedilotildees da Populaccedilatildeo na Peniacutensula Ibeacuterica
                                • Anexo H_Piracircmide Etaacuteria_2003
                                • Anexo I_Relaccedilatildeo Natalidade_Mortalidade
                                • Anexo J_Taxa de Abandono Escolar
                                • Anexo K_Populaccedilatildeo Feminina que Frequenta Ensino Superior_200
                                • Anexo L_Despesa Puacuteblica em Educaccedilatildeo_2001
                                • Anexo M_Alojamentos com Computador_2002
                                • Anexo N_Populaccedilatildeo Empregada por Sector de Actividade_2003
                                • Anexo O_Valor VAB Sector Acvtividade Por_2001
                                • Anexo P_Valor PIB Sector Acvtividade Esp_2003
                                • Anexo Q_Taxa de Actividade Feminina_2003
                                • Anexo R_Taxa de Desemprego_2003
                                • Anexo S_Dias natildeo trabalhados devido a greves
                                • Anexo T_Taxa de Crescimento do PIB a Preccedilos Constantes
                                • Anexo U_PIB Per Capita a Preccedilos Correntes
                                • Anexo V_PIB Per capita a preccedilos correntes regiotildees_2002
                                • Anexo W_Principais Parceiros Comerciais de Portugal_2003
                                • Anexo X_Principais Parceiros Comerciais da Espanha_2003
                                • Anexo Y_Trocas comerciais com a UE 15
                                • Anexo Z_Produtos mais inportantes trocas comerciais_2003
                                  • Apecircndices
                                    • Capa Apecircndices
                                    • Apecircndice A_Sintese histoacuterica da Espanha
                                    • Apecircndice B_Sintese histoacuterica de Portugal
                                    • Apecircndice C_Cronologia dos acontecimentos + importantes
                                    • Apecircndice D_A Geografia e Geoetnografia da Peniacutensula Ib
                                    • Apecircndice E_O Triangulo Estrateacutegico PO vs Eixo Est ESP
                                    • Apecircndice F_As 17 Comunidades Autoacutenomas e Aspiraccedilotildees
                                    • Apecircndice G_Votos no Conselho Europeu
                                    • Apecircndice H_Votos no Parlamento Europeu
                                    • Apecircndice I_Projecto INTERREG
                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA
                                          IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
                                          CURSO DE ESTADO-MAIOR 0406
                                          TRABALHO INDIVIDUAL DE LONGA DURACcedilAtildeO

                                          Rui Pedro Magro do Gago
                                          Major de Artilharia

                                          Bom dia meus senhores sou o Major de Artilharia Rui Gago e cabe-me hoje a mim efectuar a apresentaccedilatildeo do Trabalho Individual de Longa Duraccedilatildeo que me foi proposto subordinado ao tema ldquoA Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionaisrdquo

                                          Ao analisarmos a longa histoacuteria destas duas jaacute velhas naccedilotildees podemos constatar que na maior parte do tempo a sua matriz de relacionamento eacute muito bem caracterizada pela jaacute famosa expressatildeo ldquode costas voltadasrdquo

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          ATEacute

                                          1985

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          DIVERGEcircNCIA

                                          E DESCONFIANCcedilA

                                          NECESSIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          ESTRATEacuteGICA

                                          MATRIZ

                                          DE

                                          RELACIONAMENTO

                                          IMPOSSIBILIDADE

                                          DE DIFERENCIACcedilAtildeO

                                          EXPLIacuteCITA

                                          CONVIVEcircNCIA

                                          E QUEBRA

                                          DE RECEIOS

                                          APOacuteS

                                          1985

                                          Eacute no entanto notoacuterio que esta mesma matriz de relacionamento sofreu uma significativa alteraccedilatildeo a partir do momento em que os dois paiacuteses passaram a partilhar o mesmo espaccedilo econoacutemico e de defesa Pretendo referir-me agrave Comunidade Econoacutemica Europeia e agrave Alianccedila Atlacircntica

                                          Atendendo a que a Espanha aderiu agrave OTAN em 1982 e os dois em simultacircneo assinaram o Tratado de adesatildeo CEE em 1985 vamos considerar esta uacuteltima data como o ponto de referecircncia para a viragem

                                          Assim ateacute 1985 os traccedilos fundamentais desta relaccedilatildeo assentavam numa permanente necessidade portuguesa de procurar a diferenciaccedilatildeo do alinhamento estrateacutegico relativamente agrave Espanha mantendo como marca estruturante a ligaccedilatildeo agrave potecircncia mariacutetima dominante Esta era a base para a postura de divergecircncia e de desconfianccedila que condicionou o relacionamento entre os dois paiacuteses

                                          Apoacutes 1985 a partilha destes dois grandes espaccedilos econoacutemico e de defesa determinou a Portugal a impossibilidade de recorrer a uma diferenciaccedilatildeo estrateacutegica expliacutecita

                                          Eacute a partir deste momento que a realidade do relacionamento passa permitir a convivecircncia bilateral que anteriormente apenas se enquadrava no acircmbito poliacutetico e diplomaacutetico e agora se alargava aos domiacutenios econoacutemico comercial e cultural

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          Prof Doutor Adriano Moreira

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Julgo que evoluccedilatildeo exposta no slide anterior se encontra muito bem retratada por esta frase proferida pelo Professor Adriano Moreira

                                          Surge de facto um novo paradigma de relacionamento neste caso no plano peninsular

                                          ldquoA experiecircncia da conflitualidade entre os Estados europeus em termos de frequentemente serem mais inimigos do que vizinhos fez emergir um novo paradigma de convergecircncia e de cooperaccedilatildeordquo

                                          IMPORTAcircNCIA DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          Neste contexto ambos os paiacuteses integram os mesmos espaccedilos poliacutetico econoacutemico e de defesa

                                          E nelas querendo fazer valer os seus interesses assim como contribuir para as sinergias que concorram para a consecuccedilatildeo dos interesses globais destas Instituiccedilotildees

                                          Consideraacutemos pois ser de toda a pertinecircncia avaliar se em face deste novo quadro poliacutetico-estrateacutegico em que medida os caminhos de ambos os Estados poderatildeo ser comuns ou ao contraacuterio as opccedilotildees tomadas pelo vizinho peninsular poderatildeo determinar a Portugal a necessidade de procurar uma orientaccedilatildeo oposta mantendo-se desta forma a tendecircncia da histoacuteria

                                          ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                          SEacuteCULO XX

                                          POLIacuteTICA

                                          EXTERNA

                                          UEOTAN

                                          ESPACcedilOS

                                          REGIONAIS

                                          BILATERAL

                                          FACTORES

                                          DE

                                          DEPENDEcircNCIA

                                          Em face da vastidatildeo do objecto decidimos delimitar o estudo no acircmbito temporal ao seacuteculo XX enquadrando-o no acircmbito da poliacutetica externa designadamente nas opccedilotildees tomadas no seio da UE e da OTAN natildeo deixando contudo de fazer uma referecircncia embora breve aos espaccedilos regionais preferenciais de cada um dos paiacuteses

                                          No plano bilateral vamos abordar a existecircncia de alguns factores que poderatildeo determinar alguma dependecircncia de Portugal relativamente agrave Espanha

                                          METODOLOGIA

                                          • Pesquisa bibliograacutefica
                                              • Consulta de jornais e revistas
                                                  • Consulta de siacutetios da Internet
                                                      • Realizaccedilatildeo de entrevistas
                                                        • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          A metodologia empregue versou fundamentalmente na pesquisa em vaacuterias fontes onde se incluiu a realizaccedilatildeo de algumas entrevistas efectuadas a personalidades que desenvolveram conhecimentos nesta aacuterea

                                                          A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                          Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                          QUESTAtildeO CENTRAL

                                                          Para a resoluccedilatildeo do problema proposto definimos a seguinte Questatildeo Central

                                                          Eacute a partir dela que todo o trabalho foi desenvolvido procurando obter uma resposta clara e sustentada

                                                          ldquoPoderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionaisrdquo

                                                          AGENDA

                                                          • Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses
                                                              • A coabitaccedilatildeo internacional
                                                                  • Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha
                                                                      • Conclusotildees e recomendaccedilotildees
                                                                          • Introduccedilatildeo
                                                                              • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento
                                                                                • A POSTURA POLIacuteTICO-ESTRATEacuteGICA DA ESPANHA IMPACTO NAS OPCcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS NACIONAIS

                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                  Assim sendo proponho uma agenda constituiacuteda pelos seguintes pontos

                                                                                  • No primeiro pretendemos efectuar o enquadramento histoacuterico do relacionamento bilateral Desde o iniacutecio do seacuteculo XX ateacute agrave partilha de posiccedilotildees no seio da CEE e da OTAN
                                                                                  • No segundo pretendemos apresentar as duas realidades peninsulares
                                                                                  • No terceiro abordamos a questatildeo da coabitaccedilatildeo internacional
                                                                                  • No quarto
                                                                                  • No quinto e uacuteltimo ponto
                                                                                    • Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                      Iniacutecio do seacuteculo XX

                                                                                      Desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal

                                                                                      Aproximaccedilatildeo da Espanha agrave Franccedila e Inglaterra

                                                                                      Possessotildees espanholas em Aacutefrica

                                                                                      Aproximaccedilatildeo de Portugal agrave Alemanha determinada pela necessidade de manter uma acircncora externa diferenciada da do vizinho peninsular

                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                        • Os primeiros anos do seacuteculo XX trouxeram-nos outro facto curioso as possessotildees espanholas em Aacutefrica motivaram o interesse alematildeo tendo em vista o controle do mediterracircneo ocidental

                                                                                          Este facto esteve na origem da aproximaccedilatildeo entre ingleses franceses e espanhoacuteis (culminando com a assinatura de acordos com ambos os paiacuteses (1907 Cartagena1906 Algeciras-1912 correcccedilatildeo)) assumindo assim as mesmas alianccedilas extrapeninsulares que Portugal

                                                                                          Apesar de ter sido afirmado o contraacuterio existem documentos que sustentam a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica de Portugal perante a Inglaterra que passou a considerar a Espanha estrategicamente e militarmente mais importante do que Portugal Deixavam no entanto uma ressalva relativamente agraves ilhas atlacircnticas que natildeo deveriam cair em matildeos de qualquer potecircncia hostil a Londres

                                                                                          Eacute neste contexto que Portugal procura outra acircncora externa que permitisse manter a sua identidade a sua independecircncia e o diferenciasse do vizinho peninsular O papel passa a ser desempenhado pela Alemanha paiacutes com quem Portugal negociou a possibilidade de instalaccedilatildeo de depoacutesitos de carvatildeo nas ilhas accedilorianas

                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                          • Questatildeo colonial
                                                                                            • Beligeracircncia portuguesa

                                                                                              Neutralidade da Espanha

                                                                                              Estava conseguido o objectivo de diferenciar Portugal na Peniacutensula Ibeacuterica conferindo-lhe a notoriedade internacional pretendida

                                                                                              • Questatildeo peninsular
                                                                                                  • Afirmaccedilatildeo do regime
                                                                                                    • Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                        • Outro dos acontecimentos que nos permitem visualizar muito bem a forma como as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas espanholas condicionaram as opccedilotildees portuguesas neste modelo de relacionamento eacute a IGM

                                                                                                          Este foi o momento que permitiu a Portugal regressar ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                          A opccedilatildeo da Espanha pela neutralidade conferia ao nosso Paiacutes uma excelente oportunidade de conseguir a tatildeo necessaacuteria diferenciaccedilatildeo e ainda procurar a notoriedade internacional que lhe permitisse por um lado estar presente na Conferecircncia de Paz e por outro ter assento no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees

                                                                                                          Foi contudo inesperado o reveacutes que se seguiu

                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                          I Guerra Mundial

                                                                                                          Conferecircncia de Paz em Paris

                                                                                                          ldquo(hellip) regressaacutemos a casa sem gloacuteria nem benefiacutecio material ou poliacutetico e sem a gratidatildeo dos aliados e nem ao menos o apreccedilo Foram para a Espanha as homenagens dos aliados e agravequela foi atribuiacutedo um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees o que foi negado a Portugal beligerante que havia sido (hellip)rdquo

                                                                                                          Franco Nogueira

                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                            • Apesar de todo o esforccedilo portuguecircs junto dos seus histoacutericos aliados foi a Espanha a escolhida para integrar o Conselho Executivo da Sociedade das Naccedilotildees em representaccedilatildeo dos paiacuteses neutrais embora como Membro Natildeo Permanente

                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                              A guerra civil espanhola

                                                                                                              ldquo(hellip) vitoacuteria do exeacutercito espanhol ou implantaccedilatildeo do comunismo a breve prazordquo

                                                                                                              Franco Nogueira

                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                              • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                • Portugal desenvolve intensa

                                                                                                                  actividade diplomaacutetica

                                                                                                                  Apoio portuguecircs

                                                                                                                  aos nacionalistas

                                                                                                                  Outro dos acontecimentos do seacuteculo a que Portugal teve que fazer face foi a Guerra Civil espanhola

                                                                                                                  Este conflito opocircs os partidaacuterios do regime republicano apoiados pela esquerda espanhola aos nacionalistas apoiados pela direita

                                                                                                                  Em Portugal decorria jaacute periacuteodo do Estado Novo para quem a vitoacuteria da esquerda representava um duplo perigo o revolucionaacuterio associado agrave provaacutevel implantaccedilatildeo do comunismo em Espanha e o consequente alastramento a Portugal e o iberista associado agraves ideias de integraccedilatildeo de Portugal na Espanha

                                                                                                                  Por esta razatildeo Portugal acabou por desempenhar um papel significativo apoio aos nacionalistas liderados pelo Generaliacutessimo Francisco Franco contribuindo decisivamente para a implantaccedilatildeo do regime autoritaacuterio liderado por Franco

                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                  II Guerra Mundial

                                                                                                                  Impedir as

                                                                                                                  tendecircncias iberistas

                                                                                                                  Espanholas

                                                                                                                  Contribuir para a

                                                                                                                  neutralidade

                                                                                                                  peninsular

                                                                                                                  O Pacto Peninsular

                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                  • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                    • A ordem cronoloacutegica dos acontecimentos levam-nos ateacute agrave II Guerra Mundial e agrave intenccedilatildeo dos responsaacuteveis de ambos os Estados peninsulares de manterem os respectivos paiacuteses neutrais relativamente ao conflito Uma neutralidade provavelmente mais importante para a Espanha que tiha saiacutedo de um devastador conflito interno nesse sentido eacute proposta a Portugal a assinatura de um pacto de natildeo agressatildeo que contribuiu de forma decisiva para a garantia dessa neutralidade e segundo Oliveira Salazar impedia tambeacutem as tendecircncias iberistas espanholas

                                                                                                                      O desenrolar dos acontecimentos permitiu a desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica da Peniacutensula e a manutenccedilatildeo do estatuto de neutralidade apresar de tanto Portugal como a Espanha manterem os respectivos alinhamentos estrateacutegicos

                                                                                                                      I Fase

                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                      O Poacutes II Guerra Mundial

                                                                                                                      Novo

                                                                                                                      enquadramento

                                                                                                                      estrateacutegico

                                                                                                                      mundial

                                                                                                                      Isolamento

                                                                                                                      internacional

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      integra

                                                                                                                      a OTAN

                                                                                                                      Diferenciaccedilatildeo

                                                                                                                      efectiva de

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      assume

                                                                                                                      representatividade

                                                                                                                      ibeacuterica

                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                      uacutenica porta

                                                                                                                      da Espanha

                                                                                                                      para o mundo

                                                                                                                      Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                      • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                        • O relacionamento ibeacuterico no periacuteodo poacutes II Guerra Mundial eacute enquadrado por trecircs factores importantes o primeiro eacute o novo quadro estrateacutegico de onde emergiram os dois protagonistas os EUA e a Ruacutessia em segundo lugar o convite endereccedilado a Portugal para integrar a OTAN este uacuteltimo com grande impacto no relacionamento peninsular dado que Franco ao ver a Espanha excluiacuteda se apressou a impedir a adesatildeo de Portugal ao Pacto Atlacircntico afirmando a incompatibilidade com o Pacto Peninsular e finalmente o isolamento imposto pela comunidade internacional agrave Espanha tanto pela postura tida durante a II GM como pela natureza autoritaacuteria do regime

                                                                                                                          Portugal conseguia nesta I Fase do poacutes-guerra afirmar a sua diferenciaccedilatildeo efectiva relativamente agrave Espanha assumindo a representatividade ibeacuterica junto da comunidade internacional o que o transformou na uacutenica porta da Espanha para o mundo

                                                                                                                          II Fase

                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                          Guerra Fria

                                                                                                                          Adesatildeo

                                                                                                                          dos paiacuteses

                                                                                                                          agrave ONU

                                                                                                                          Pressatildeo

                                                                                                                          internacional

                                                                                                                          sobre Portugal

                                                                                                                          Fim da

                                                                                                                          dependecircncia

                                                                                                                          espanhola

                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                          Afastamento

                                                                                                                          do processo

                                                                                                                          de integraccedilatildeo

                                                                                                                          europeia

                                                                                                                          Alteraccedilatildeo

                                                                                                                          da natureza

                                                                                                                          dos regimes

                                                                                                                          1974 e 1975

                                                                                                                          Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                          • Portugal Espanha e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas
                                                                                                                            • O periacuteodo que se seguiu ao ano de 1949 foi caracterizado pelo progressivo fim da dependecircncia espanhola de Portugal inicialmente com os acordos firmados em 1949 e 1953 com os EUA e finalmente efectivado apoacutes o ingresso de ambos em simultacircneo na ONU em 1955

                                                                                                                              A partir deste instante os papeis invertiam-se e Portugal entrava agora num periacuteodo de isolamento internacional no qual a questatildeo colonial motivava a pressatildeo exercida sobre o paiacutes por parte da comunidade internacional

                                                                                                                              Contudo foi a natureza de ambos os regimes que determinou o afastamento do processo de adesatildeo agrave CEE

                                                                                                                              Os anos de 1974 e 1975 marcaram respectivamente em Portugal e na Espanha o final de um ciclo poliacutetico proporcionando as condiccedilotildees para todas as alteraccedilotildees que viriam a ocorrer

                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                              Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                              • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                  O relacionamento econoacutemico bilateral

                                                                                                                                  Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                  Uma palavra sobre o relacionamento econoacutemico neste periacuteodo que nunca foi aquele que a proximidade geograacutefica faria supor

                                                                                                                                  Analisando os valores relativos agraves trocas comerciais neste periacuteodo poderemos constatar os valores satildeo quase insignificantes

                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                  Portugal e Espanha no modelo tradicional de relacionamento

                                                                                                                                  • A questatildeo econoacutemica
                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      A internacionalizaccedilatildeo das economias

                                                                                                                                      Fonte ALVES Ricardo Pinheiro ndash Portugal As Relaccedilotildees Ibeacutericas no Acircmbito da Globalizaccedilatildeo e Liberalizaccedilatildeo dos Mercados

                                                                                                                                      ESPANHA

                                                                                                                                      PORTUGAL

                                                                                                                                      Curioso seraacute ver a forma diferenciada como cada um procurou efectuar a internacionalizaccedilatildeo econoacutemica enquanto a Espanha opta por diversificar os seus parceiros econoacutemicos para os paiacuteses da Ameacuterica Latina paiacuteses Aacuterabes e da Europa de Leste

                                                                                                                                      Portugal no quadro do relacionamento Luso-Britacircnico opta pelos Europeus nomeadamente pela adesatildeo agrave EFTA que lhe permitia resguardar a questatildeo colonial

                                                                                                                                      O relacionamento econoacutemico bilateral eacute significativamente incrementado apoacutes a assinatura do tratado de adesatildeo agrave CEE em 1985 (5-19) e (1-5)

                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                      Matriz de Identidade

                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                        • Aquilo que muitos designam por ldquofatalidade geograacuteficardquo natildeo define por si soacute todas as vertentes que compotildeem a matriz de identidade dos dois paiacuteses Assim ambos se encontram inseridos na realidade europeia Para aleacutem da inserccedilatildeo geograacutefica contribuem para esta identificaccedilatildeo a realidade poliacutetica econoacutemica e cultural E foi este o caminho escolhido pelos dois paiacuteses quando decidiram abraccedilar o projecto de construccedilatildeo europeu

                                                                                                                                          Relativamente agraves questotildees de seguranccedila e defesa os dois paiacuteses vivem hoje uma situaccedilatildeo de partilha de interesses integrando a OTAN e participando activamente no desenvolvimento e implementaccedilatildeo da poliacutetica externa e de seguranccedila do espaccedilo europeu Eacute atraveacutes destas instituiccedilotildees que Portugal e Espanha pretendem enquadrar-se na actual realidade geopoliacutetica e geoestrateacutegica dando o seu contributo para a actual noccedilatildeo de seguranccedila e defesa parilhadas

                                                                                                                                          As caracteriacutesticas mediterracircnicas de ambos encontram-se tambeacutem visivelmente vincadas na respectiva matriz de identidade Apesar de incidirem de forma mais visiacutevel no paiacutes vizinho por razotildees geograacuteficas e histoacutericas tambeacutem Portugal poderaacute reclamar para si uma boa parte dessas caracteriacutesticas jaacute que se encontra implantado ldquoagraves portas do mediterracircneordquo

                                                                                                                                          Neste acircmbito o Norte de Aacutefrica eacute tambeacutem responsaacutevel por uma boa parte da identidade dos paiacuteses peninsulares Novamente o factor histoacuterico aliado ao factor de proximidade geograacutefica determinaram influecircncias significativas no desenvolvimento da identidade de portugueses e espanhoacuteis

                                                                                                                                          O Mediterracircneo e o Magreb satildeo de facto duas regiotildees de particular interesse geopoliacutetico e geoestrateacutegico tanto por serem regiotildees associadas a focos de instabilidade como pela preocupaccedilatildeo causada por outras questotildees associadas sendo exemplo a dependecircncia energeacutetica ou as questotildees relativas agrave emigraccedilatildeo ilegal

                                                                                                                                          Na referecircncia agrave Matriz de Identidade de cada um dos Estados peninsulares natildeo poderiam faltar as afinidades histoacutericas linguiacutestica e cultural que permaneceram ao longo dos seacuteculos apesar do afastamento geograacutefico

                                                                                                                                          Relativamente a Portugal refiro-me agrave CPLP Organizaccedilatildeo na qual o Paiacutes deveraacute desempenhar um papel cada vez mais importante na defesa e afirmaccedilatildeo da cultura e da liacutengua Para aleacutem de outras aacutereas de interesse comum

                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha refiro-me agrave Comunidade Ibero-americana de Naccedilotildees que eacute de facto apesar de Portugal tambeacutem estar presente um espaccedilo preferencialmente seu

                                                                                                                                          Sistemas

                                                                                                                                          Poliacuteticos

                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                          Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                          Administrativa

                                                                                                                                          A Realidade Comparada

                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                          • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                            • No estudo que elaboraacutemos consideraacutemos pertinente efectuar uma comparaccedilatildeo entre as duas realidades peninsulares e para o efeito seleccionaacutemos alguns dados e questotildees que nos permitiratildeo visualizar a dimensatildeo relativa de ambos os Estados

                                                                                                                                              Os sistema poliacuteticos actualmente sistemas democraacuteticos apresentam contudo naturezas distintas Enquanto que Portugal manteve um sistema de cariz republicano agora na sua forma semi-presidencialista no qual o Chefe de Estado eacute o Presidente da Repuacuteblica A Espanha optou por um sistema monaacuterquico parlamentar

                                                                                                                                              Tambeacutem a organizaccedilatildeo administrativa e as autonomias regionais demonstram diferenccedilas significativas Poderemos recordar que Portugal se encontra dividido em 18 distritos e duas regiotildees autoacutenomas e apesar de se constituir como um Estado unitaacuterio prevecirc algum grau de descentralizaccedilatildeo poliacutetica e administrativa

                                                                                                                                              A Espanha por sua vez encontra-se dividida em 17 comunidades autoacutenomas e duas cidades (Ceuta e Melilla) agraves quais tambeacutem lhes foi atribuiacutedo um estatuto de autonomia Estas comunidades possuem um significativo estatuto autonoacutemico muito superior ao conferido agraves nossas regiotildees autoacutenomas

                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                              A Realidade Comparada

                                                                                                                                              Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                              • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                • Os dados demograacuteficos fazem-nos salientar o diferencial de populaccedilatildeo

                                                                                                                                                  E ainda a tendecircncia decrescente da populaccedilatildeo portuguesa ateacute 2040 em contraponto com a tendecircncia de crescimento da populaccedilatildeo espanhola

                                                                                                                                                  Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                  A Realidade Comparada

                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                  • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                      Industria

                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      Relativamente ao mercado de trabalho verificamos que existe uma coincidecircncia no sector que mais emprego daacute agrave populaccedilatildeo de cada um dos paiacuteses

                                                                                                                                                      As economias de ambos encontram-se baseadas em termos estruturais no sector dos serviccedilos

                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                      Fonte Instituto Nacional de Estatiacutestica

                                                                                                                                                      A Realidade Comparada

                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                      • O posicionamento geopoliacutetico e geoestrateacutegico
                                                                                                                                                        • Apoacutes a adesatildeo agrave CEE uma das constataccedilotildees de maior evidecircncia eacute sem duacutevida a integraccedilatildeo econoacutemica As trocas comerciais foram significativamente incrementadas e na actualidade a Espanha tornou-se no nosso principal parceiro econoacutemico e comercial

                                                                                                                                                          Contudo a balanccedila da hegemonia pendeu para o lado espanhol eacute um paiacutes muito mais poderoso com uma populaccedilatildeo quatro vezes mais numerosa e uma economia que multiplica por cinco a portuguesa

                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                          Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                          • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Fonte AIE Energi Policies of IEA Countrties 2002 Review

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              630

                                                                                                                                                              Hiacutedrica 40

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 80

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 90

                                                                                                                                                              Carvatildeo 160

                                                                                                                                                              Carvatildeo 170

                                                                                                                                                              Nuclear 130

                                                                                                                                                              Gaacutes Natural 120

                                                                                                                                                              Hiacutedrica

                                                                                                                                                              20

                                                                                                                                                              Outras Renovaacuteveis 40

                                                                                                                                                              Petroacuteleo

                                                                                                                                                              Derivados

                                                                                                                                                              520

                                                                                                                                                              O Sector Energeacutetico

                                                                                                                                                              Assentando ambas as economias fundamentalmente no sector dos serviccedilos consideraacutemos vantajoso visualizar a interdependecircncia que actualmente existe em aacutereas de actividade que constituem a estrutura base do sector Pretendemos referir-nos no acircmbito bilateral ao Sector Energeacutetico ao Sector Bancaacuterio e ao Sector das Telecomunicaccedilotildees aos quais acrescentamos a questatildeo da Partilha de Recursos Hiacutedricos pela importacircncia que assume neste contexto

                                                                                                                                                              Esta questatildeo eacute de facto uma questatildeo de grande sensibilidade e que deveraacute ocupar um lugar de destaque nas preocupaccedilotildees dos responsaacuteveis do nosso paiacutes

                                                                                                                                                              Em primeiro lugar ndash porque a dimensatildeo do mercado energeacutetico espanhol eacute significativamente superior ao nosso E aqui recordo a oferta puacuteblica de aquisiccedilatildeo efectuada pela Gaacutes Natural sobre a Endesa deveraacute dar origem ao quarto maior operador europeu de energia

                                                                                                                                                              Em segundo lugar ndash pela maior dependecircncia que Portugal apresenta relativamente aos produtos petroliacuteferos ficando mais exposto agraves consequecircncias derivadas da poliacutetica crescente de preccedilos Em contraposiccedilatildeo a Espanha dispotildee de maior diversidade de opccedilotildees jaacute que recorreu agrave energia nuclear

                                                                                                                                                              Por uacuteltimo ndash a questatildeo da inserccedilatildeo geograacutefica do territoacuterio portuguecircs a qual impotildee algumas desvantagens nomeadamente pela necessidade de fazer passar pelo territoacuterio espanhol a energia resultante a importaccedilatildeo

                                                                                                                                                              EVIDENTE DEPENDEcircNCIA

                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                              Transvazes

                                                                                                                                                              A Partilha de Recursos Hiacutedricos

                                                                                                                                                              SANTOS Seacutergio Paulo Alves dos ndash A geopoliacutetica da Aacutegua

                                                                                                                                                              Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                              • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                • Os recursos hiacutedricos comuns apresentam-se como um dos factores que revelam uma evidente dependecircncia portuguesa do vizinho peninsular A realidade geograacutefica foi soberana e determinou que 5 dos principais rios portugueses tivessem a sua nascente em Espanha

                                                                                                                                                                  Se duacutevidas houvesse quanto agrave sensibilidade desta questatildeo recordemos o PHNE inicial que previa a realizaccedilatildeo de transvazes dos rios internacionais para aacutereas onde os espanhoacuteis entendessem existir um deacutefice hiacutedrico

                                                                                                                                                                  Foi a forte pressatildeo do governo portuguecircs e alguma pressatildeo interna motivou a alteraccedilatildeo do programa e em 2001 foi apresentado outra versatildeo deste Plano que apenas prevecirc a realizaccedilatildeo de transvazes de rios espanhoacuteis

                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                  O Sector Bancaacuterio

                                                                                                                                                                  Fonte CHISLETT William ndash Espantildea y Portugal de vecinos distantes a soacutecios incoacutemodos

                                                                                                                                                                  Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                  • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                    • O mercado bancaacuterio espanhol apresenta uma dimensatildeo quatro vezes superior ao mercado nacional Este facto permitiu atingir o objectivo da internacionalizaccedilatildeo dos grupos econoacutemicos do sector tirando partido da proximidade geograacutefica e dos menores argumentos financeiros dos grupos nacionais

                                                                                                                                                                      A aquisiccedilatildeo de participaccedilotildees nos bancos portugueses tecircm decorrido a um ritmo acentuado tornando-se numa das mais importantes aacutereas de investimento espanhol no nosso paiacutes

                                                                                                                                                                      De forma a exemplificar o diferencial existente poderemos dizer que seis anos dos lucros do BSCH ou do BBVA eram suficientes para em 2000 adquirir o BCP

                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                      O Sector das Telcomunicaccedilotildees

                                                                                                                                                                      Uma visatildeo geopoliacutetica dos paiacuteses

                                                                                                                                                                      • A questatildeo bilateral
                                                                                                                                                                        • Relativamente ao sector das telecomunicaccedilotildees eacute outra das aacutereas estruturantes da economia onde as empresas portuguesas apresentam uma dimensatildeo substancialmente reduzida quando comparadas com as suas congeacuteneres espanholas

                                                                                                                                                                          Relativamente agraves principais empresas de cada um dos paiacuteses consideraacutemos importante salientar os diferentes niacuteveis de ambiccedilatildeo Enquanto que a Espanhola TEM pretende manter uma posiccedilatildeo entre as cinco maiores empresas mundiais a PT deveraacute limitar-se aos mercados de liacutengua oficial portuguesa onde se inclui o Brasil ou a mercados proacuteximos como o de Marrocos contando para o efeito com a colaboraccedilatildeo da sua congeacutenere espanhola

                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                          Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                          A Adesatildeo

                                                                                                                                                                          Interno

                                                                                                                                                                          A irreversibilidade do processo democraacutetico

                                                                                                                                                                          A modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social

                                                                                                                                                                          Diversidade de relacionamento externo

                                                                                                                                                                          Aproximaccedilatildeo dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                          Externo

                                                                                                                                                                          Objectivos

                                                                                                                                                                          A procura de um estiacutemulo externo para o

                                                                                                                                                                          desenvolvimento da economia

                                                                                                                                                                          A procura de uma acircncora externa

                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                          • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                            • O processo de adesatildeo teve para os dois paiacuteses um duplo significado

                                                                                                                                                                              No plano interno ndash representava a irreversibilidade do processo democraacutetico e a modernizaccedilatildeo dos sistemas econoacutemico e social que seguiram a orientaccedilatildeo do modelo europeu ocidental

                                                                                                                                                                              No plano externo ndash representava novas oportunidades de relacionamento que os aproximaria dos centros de decisatildeo europeus

                                                                                                                                                                              Este duplo significado encontra-se directamente relacionado com os objectivos definidos para o meacutedio e longo prazo salientados pelo Professor Doutor Hernacircni Lopes ldquoo novo e o de semprerdquo

                                                                                                                                                                              O novo ndash fazendo alusatildeo agrave necessidade de proporcionar um estiacutemulo exterior agrave economia portuguesa que a obrigasse a desencadear as alteraccedilotildees estruturais de que carecia

                                                                                                                                                                              O objectivo de sempre ndash pretendia aludir agrave histoacuterica necessidade portuguesa de procurar afirmar a sua individualidade atraveacutes de um apoio externo

                                                                                                                                                                              Divergecircncia

                                                                                                                                                                              Integraccedilatildeo

                                                                                                                                                                              Poliacutetica

                                                                                                                                                                              Maioria

                                                                                                                                                                              Qualificada

                                                                                                                                                                              PESC

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Supranacionalidade

                                                                                                                                                                              Reforccedilo

                                                                                                                                                                              Poderes

                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                              Portugal e Espanha no Projecto de Construccedilatildeo da UE

                                                                                                                                                                              Convergecircncia

                                                                                                                                                                              Coesatildeo

                                                                                                                                                                              Econoacutemica

                                                                                                                                                                              Social

                                                                                                                                                                              Moeda

                                                                                                                                                                              Uacutenica

                                                                                                                                                                              Cidadania

                                                                                                                                                                              Europeia

                                                                                                                                                                              Tratado

                                                                                                                                                                              Constitucional

                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                              • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                • Portugal e Espanha mantiveram contudo posicionamentos estruturalmente divergentes no decurso da construccedilatildeo europeia

                                                                                                                                                                                  Agraves opccedilotildees espanholas frequentemente associadas agraves alematildes e francesas de reforccedilo da supranacionalidade ateacute agrave aceitaccedilatildeo de uma Europa federal de criaccedilatildeo de um pilar europeu autoacutenomo de defesa e da convicccedilatildeo da necessidade de uma maior integraccedilatildeo da poliacutetica externa comum Portugal opunha-se contrariando a necessidade de aprofundamento da integraccedilatildeo poliacutetica e sublinhando que as questotildees de seguranccedila e defesa deveriam ser absorvidas pela OTAN A estas divergecircncias juntar-se-ia mais tarde a questatildeo da votaccedilatildeo por maioria qualificada na PESC

                                                                                                                                                                                  No entanto existiram assuntos que permitiram a convergecircncia de posturas que levou ao desenvolvimento de um esforccedilo comum Foi o caso da coesatildeo econoacutemica e social de cidadania europeia e do projecto de criaccedilatildeo da moeda uacutenica

                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                  A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                  A Poleacutemica

                                                                                                                                                                                  Adesatildeo de

                                                                                                                                                                                  Portugal

                                                                                                                                                                                  A Questatildeo Espanhola

                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                  • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                    • Relativamente agrave OTAN e ao processo de adesatildeo de Portugal ele despertou uma acesa poleacutemica provocada pela questatildeo espanhola e a oposiccedilatildeo que desencadeou para impedir a adesatildeo de Portugal factos que jaacute anteriormente referi

                                                                                                                                                                                      Era curiosa a postura portuguesa Finalmente atingia a diferenciaccedilatildeo absoluta que colocava o paiacutes numa situaccedilatildeo de supremacia no contexto peninsular contudo tudo fez para que a Espanha pudesse aderir ao Pacto e integrar o mesmo quadro de alianccedilas Esta posiccedilatildeo aparentemente estranha encontrava a justificaccedilatildeo na forma como o Presidente do Conselho encarava a seguranccedila do Paiacutes e da Europa Ocidental Assim justificava a sua posiccedilatildeo por 3 factores O primeiro relacionava-se com o vazio estrateacutegico que a ausecircncia da Espanha provocava o segundo relacionava-se com a efectiva contribuiccedilatildeo que aquele paiacutes poderia proporcionar e por uacuteltimo dizia que a adesatildeo portuguesa teria significados distintos caso a Espanha estivesse ou natildeo presente no Pacto A preocupaccedilatildeo era a influecircncia sovieacutetica e as consequecircncias que poderiam advir para Portugal no caso da Espanha decidir a aproximaccedilatildeo ao Bloco oposto

                                                                                                                                                                                      A questatildeo foi amenizada atraveacutes do relacionamento bilateral com os EUA que proporcionaram agrave Espanha a possibilidade de ainda em 1949 assinarem um acordo de cooperaccedilatildeo reafirmado em 1953

                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                      A Alianccedila Atlacircntica

                                                                                                                                                                                      As

                                                                                                                                                                                      Prioridades

                                                                                                                                                                                      Espanha

                                                                                                                                                                                      Portugal

                                                                                                                                                                                      A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                      • Os grandes espaccedilos
                                                                                                                                                                                        • ldquoEn cuestiones de seguridad y defensa Europa es nuestra aacuterea de intereacutes prioritariordquo

                                                                                                                                                                                          Directiva de Defensa Nacional 12004

                                                                                                                                                                                          ldquoO sistema de seguranccedila e defesa de Portugal tem como eixo estruturante a Alianccedila Atlacircntica (hellip)rdquo

                                                                                                                                                                                          Conceito Estrateacutegico de Defesa Nacional

                                                                                                                                                                                          Neste contexto se algum receio pudesse subsistir de Portugal poder cair outra vez numa situaccedilatildeo de desvalorizaccedilatildeo estrateacutegica em favor da Espanha este receio natildeo encontrou correspondecircncia na praacutetica O interesse geoestrateacutegico no espaccedilo nacional tem sido uma marca estruturante da presenccedila nacional na Organizaccedilatildeo Por outro lado o Estado portuguecircs tem sabido fazer valer os seus interesses reflectidos de certa forma na permanente presenccedila em Portugal de um Comando Regional de significativa importacircncia

                                                                                                                                                                                          Apesar da seguranccedila partilhada ser um conceito assumido por ambos contudo os documentos que determinam as directivas estrateacutegicas de defesa nacional atribuem um grau de prioridade diferente ao papel a desempenhar por cada um no seio da Organizaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                          Enquanto que para a Espanha eacute clara a prioridade europeia

                                                                                                                                                                                          Para Portugal a questatildeo eacute encarada de forma diferente bem expressa na redacccedilatildeo do CEDN Sendo clara a tendecircncia atlacircntica

                                                                                                                                                                                          Este facto permite concluir que apesar de ambos os paiacuteses pertencerem ao mesmo quadro de alianccedilas podem assumir orientaccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas diferenciadas

                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                          A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                          • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                            • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              A Comunidade de Paiacuteses de Liacutengua Portuguesa

                                                                                                                                                                                              Espaccedilo

                                                                                                                                                                                              Geograacutefico

                                                                                                                                                                                              Multicontinental

                                                                                                                                                                                              Descontiacutenuo

                                                                                                                                                                                              Partilha

                                                                                                                                                                                              de Seacuteculos

                                                                                                                                                                                              de Histoacuteria

                                                                                                                                                                                              Identidade

                                                                                                                                                                                              Cultural

                                                                                                                                                                                              Proacutepria

                                                                                                                                                                                              Mesma

                                                                                                                                                                                              Liacutengua

                                                                                                                                                                                              Oficial

                                                                                                                                                                                              Comunhatildeo

                                                                                                                                                                                              de

                                                                                                                                                                                              Interesses

                                                                                                                                                                                              Representa cerca de 220 milhotildees de pessoas e encontra-se inserida num espaccedilo geograacutefico multicontinental e descontiacutenuo No entanto pensamos que as eventuais desvantagens que poderatildeo decorrer deste facto satildeo ultrapassadas pela partilha de vaacuterios seacuteculos de histoacuteria que permitiram estabelecer uma identidade cultural proacutepria que eacute alicerccedilada pelo emprego da mesma liacutengua oficial e que no seu conjunto permite estabelecer uma significativa comunhatildeo de interesses

                                                                                                                                                                                              Este eacute sem duacutevida o espaccedilo preferencial de actuaccedilatildeo externa de Portugal fora do quadro da UE e da OTAN Acrescendo o facto de ser o uacutenico paiacutes europeu a pertencer a esta Comunidade de Estados confere-lhe a oportunidade de poder vir a ocupar a posiccedilatildeo de poacutelo mediador tendo em vista a cooperaccedilatildeo multilateral pretendida pela UE

                                                                                                                                                                                              Estes factos poderatildeo contribuir para colocar o Paiacutes como principal dinamizador da CPLP e assim minimizar as desvantagens decorrentes da menor capacidade econoacutemica relativamente ao Brasil

                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                              Ibero-Ameacuterica

                                                                                                                                                                                              A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                              • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                • A Comunidade de Naccedilotildees Ibero-Americanas engloba todos os Estados da Ameacuterica e da Europa cuja liacutengua oficial eacute o portuguecircs e o espanhol Sendo um espaccedilo onde maioritariamente se fala a liacutengua espanhola facilmente se poderaacute concluir que o protagonismo eacute mais uma vez da Espanha resumindo-se a capacidade de intervenccedilatildeo portuguesa ao Brasil

                                                                                                                                                                                                  A prioridade concedida pela poliacutetica externa espanhola ao relacionamento com os paiacuteses da Ameacuterica Latina tem sido uma particularidade que eacute comum aos diversos governos do paiacutes Estes tecircm encarado a regiatildeo de uma forma global no entanto estabelecem associaccedilotildees estrateacutegicas bilaterais com os paiacuteses de maior dimensatildeo ou com aqueles que demonstram possuir maiores capacidades de lideranccedila no contexto regional

                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                  O Mediterracircneo e o Magreb

                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                  OTAN

                                                                                                                                                                                                  Processo de Barcelona

                                                                                                                                                                                                  Diaacutelogo

                                                                                                                                                                                                  para o Mediterracircneo

                                                                                                                                                                                                  Multilateral

                                                                                                                                                                                                  A coabitaccedilatildeo internacional

                                                                                                                                                                                                  • Os espaccedilos regionais preferenciais
                                                                                                                                                                                                    • Eacute uma regiatildeo particularmente sensiacutevel e sobre a qual Portugal e Espanha partilham da preocupaccedilatildeo da comunidade internacional no entanto eacute sobre o Magreb que concentram a sua principal atenccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      A instabilidade poliacutetica e de seguranccedila a questatildeo religiosa o fraco desenvolvimento econoacutemico e social aliado agrave proximidade geograacutefica e ao facto da Espanha possuir neste territoacuterio duas cidadeshellip justificam esta preocupaccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                      Os fluxos migratoacuterios em busca da seguranccedila e da prosperidade transformam os paiacuteses da peniacutensula na porta de entrada para no espaccedilo europeu a que se junta a questatildeo da seguranccedila sobre o gasoduto euro-magrebino que abastece de gaacutes natural a Peniacutensula Ibeacuterica

                                                                                                                                                                                                      Para aleacutem do relacionamento bilateral existem espaccedilos privilegiados de acircmbito multilateral para estabelecer conversaccedilotildees com estes paiacuteses Queremos referir-nos no acircmbito da OTAN ao Diaacutelogo para o Mediterracircneo e no acircmbito da UE o processo de Barcelona que agora viu realizada mais um encontro

                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                      ldquoComo se puede llegar a concebir una Espantildea sin la dimensioacuten atlacircntica Uno de los defectos de la poliacutetica espantildeola a lo largo del siglo XX haacute sido justamente estar ausentes en los capiacutetulos maacutes importantes de definicioacuten de la poliacutetica atlacircnticardquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      ldquoEs que laacute OTAN es el instrumento baacutesico fundamental que garantiza las relaciones de Estados Unidos con Europa (hellip) Debemos ir maacutes allaacute del simples compomisso de intervencioacuten humanitaria y comprender que los paiacuteses europeos tenemos interesses comunes estrateacutegicos e de seguridadrdquo

                                                                                                                                                                                                      Joseacute Maria Aznar

                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                      • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                        • A Espanha

                                                                                                                                                                                                          Quando decidimos passar em revista as opccedilotildees de poliacutetica-externa dos dois paiacuteses optaacutemos por fazecirc-lo nesta uacuteltima deacutecada isto eacute desde 1996 ateacute agrave realidade poliacutetica actual Porquecirc Porque incidindo primeiramente a anaacutelise sobre a realidade espanhola pudemos dispor de dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica oposta com prioridades distintas que nos permitiram analisar e confrontar comportamentos poliacutetico-estrateacutegico diferenciados

                                                                                                                                                                                                          Assim a Espanha contou em 1996 com a subida agrave cadeira governativa do liacuteder do PP Joseacute Maria Aznar Eacute um homem que se define como um reformador de centro direita e que teve como ambiccedilatildeo colocar a Espanha entre as democracias mais importantes do mundo Neste aspecto pretendeu realccedilar uma vertente da identidade da naccedilatildeo espanhola que considerou ateacute aiacute muito descurada e que foi a sua vertente atlacircntica

                                                                                                                                                                                                          A orientaccedilatildeo mariacutetima ocidental foi pois uma das caracteriacutesticas vincadamente expressas nas definiccedilotildees poliacutetco-estrateacutegicas do seu governo

                                                                                                                                                                                                          Neste contexto a relaccedilatildeo transatlacircntica ocupou um lugar destacado nas suas opccedilotildees e assentava fundamentalmente na proximidade aos EUA com quem pode manter um relacionamento de alguma cumplicidade

                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                          • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                            • Portugal

                                                                                                                                                                                                              Este periacuteodo foi acompanhado em Portugal por dois governos de orientaccedilatildeo poliacutetica distinta

                                                                                                                                                                                                              Contudo pretendemos incidir a anaacutelise no segundo que punha aos destinos dos paiacuteses dois governos da mesma famiacutelia poliacutetica

                                                                                                                                                                                                              Desde logo o que se me oferece destacar foi de facto o faacutecil entendimento entre ambos

                                                                                                                                                                                                              No entanto deste entendimento pretendemos salientar a simpatia pela opccedilatildeo atlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Surgiu neste periacuteodo um acontecimento de niacutevel internacional no qual o PM de Portugal decidiu que o Paiacutes deveria ter um papel interventivo Queremos referir-nos agrave Cimeira dos Accedilores e ao posterior apoio agrave intervenccedilatildeo militar americana no Iraque

                                                                                                                                                                                                              Devo destacar que apesar de Portugal e Espanha assumirem uma posiccedilatildeo comum eacute Portugal a manter-se no seu alinhamento tradicional e natildeo a Espanha que neste caso assume uma posiccedilatildeo conjuntural

                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                              ldquoLo que es bueno para Europa es bueno para Espanhardquo

                                                                                                                                                                                                              Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero

                                                                                                                                                                                                              Prioridade europeia

                                                                                                                                                                                                              da poliacutetica externa

                                                                                                                                                                                                              Secundarizaccedilatildeo da

                                                                                                                                                                                                              relaccedilatildeo transatlacircntica

                                                                                                                                                                                                              Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                              • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                • A Espanha

                                                                                                                                                                                                                  Apoacutes as eleiccedilotildees de 2004 ascende agrave cadeira da governaccedilatildeo o liacuteder do PSOE Joseacute Luiacutes Rodriacuteguez Zapatero Esta alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do liacuteder do governo origina tambeacutem uma alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetico-estrateacutegica do paiacutes que marca o regresso da Espanha ao seu alinhamento externo tradicional

                                                                                                                                                                                                                  As consequecircncias desta alteraccedilatildeo fizeram sentir-se de imediato junto dos liacutederes da Franccedila e da Alemanha que desde logo manifestaram o seu apoio agrave Espanha manifestando a possibilidade de criaccedilatildeo de um eixo Berlim-Paris-Madrid e a integraccedilatildeo da Espanha no nuacutecleo duro da Europa

                                                                                                                                                                                                                  Recordo aqui que a primeira deslocaccedilatildeo externa do presidente do governo espanhol eacute precisamente agrave Franccedila e agrave Alemanha

                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                  A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                  UE

                                                                                                                                                                                                                  O desenvolvimento do espaccedilo europeu de liberdade seguranccedila e justiccedila

                                                                                                                                                                                                                  O alargamento da UE a Leste

                                                                                                                                                                                                                  A legitimaccedilatildeo do TCE

                                                                                                                                                                                                                  Normalizaccedilatildeo do diaacutelogo transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  Viacutenculo

                                                                                                                                                                                                                  Transatlacircntico

                                                                                                                                                                                                                  ldquoEacute um instrumento de partilha de responsabilidade na prevenccedilatildeo de conflitos e no reforccedilo da seguranccedila colectiva e de partilha de objectivos na soluccedilatildeo dos grandes problemas da agenda mundialrdquo

                                                                                                                                                                                                                  Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                  • Os Estados e as opccedilotildees de poliacutetica externa
                                                                                                                                                                                                                    • Portugal

                                                                                                                                                                                                                      Portugal acompanhou a Espanha nesta recente alteraccedilatildeo da orientaccedilatildeo poliacutetica do governo Contudo os reflexos na conduccedilatildeo da poliacutetica externa natildeo foram significativos

                                                                                                                                                                                                                      Relativamente agrave questatildeo europeia o governo no seu programa coloca grande ecircnfase na participaccedilatildeo de Portugal no processo de construccedilatildeo europeu poreacutem no que diz respeito ao factor de identidade atlacircntica as orientaccedilotildees estabelecidas pelos documentos estruturantes mantiveram-se inalteradas

                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                      Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                      • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                        • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O Modelo Tradicional de Relacionamento

                                                                                                                                                                                                                          Alinhamento

                                                                                                                                                                                                                          Estrateacutegico

                                                                                                                                                                                                                          de Portugal

                                                                                                                                                                                                                          Valorizaccedilatildeo da Alianccedila

                                                                                                                                                                                                                          Com a Potencia Mariacutetima

                                                                                                                                                                                                                          Diferenciaccedilatildeo Estrateacutegica

                                                                                                                                                                                                                          Relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                          A postura poliacutetico-estrateacutegica da Espanha determinaram sempre a Portugal a necessidade de desenvolver uma reacccedilatildeo proacutepria com o objectivo de se diferenciar no contexto peninsular procurando a valorizaccedilatildeo estrateacutegica de forma a garantir um apoio externo que contribuiacutesse para a sua individualidade e independecircncia

                                                                                                                                                                                                                          A marca estrutural do alinhamento estrateacutegico portuguecircs assentou em duas premissas fundamentais em primeiro lugar ndash na valorizaccedilatildeo permanente da alianccedila com a potecircncia mariacutetima dominante

                                                                                                                                                                                                                          Em segundo lugar ndash pela necessidade de conseguir a diferenciaccedilatildeo estrateacutegica relativamente agrave Espanha numa alianccedila diametralmente oposta

                                                                                                                                                                                                                          Contudo agrave que salientar que os momentos em que Portugal e a Espanha se situaram num alinhamento estrateacutegica coincidente Portugal viu-se relegado para uma posiccedilatildeo secundaacuteria em favor do nosso vizinho peninsular

                                                                                                                                                                                                                          Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                          A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                          O ldquoNovo Paradigma Peninsularrdquo

                                                                                                                                                                                                                          () Expressatildeo empregue pelo Professor Doutor Adriano Moreira

                                                                                                                                                                                                                          ldquoPassaacutemos de uma situaccedilatildeo de divoacutercio peninsular para uma convergecircncia peninsular ()rdquo

                                                                                                                                                                                                                          Dr Luiacutes Amado

                                                                                                                                                                                                                          Portugal e as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha

                                                                                                                                                                                                                          • A confrontaccedilatildeo dos modelos de relacionamento
                                                                                                                                                                                                                            • A grande novidade revela-se na passagem de uma situaccedilatildeo de divergecircncia para outra de convergecircncia Contudo a presenccedila na UE representou e ainda representa para Portugal um dos apoios externos que o Paiacutes tanto necessita Este conceito encontra-se associado agrave ideia de que sempre que necessaacuterio o relacionamento com a Espanha deveraacute assentar na mediaccedilatildeo multilateral com Bruxelas algo que a conhecida expressatildeo ldquoChegar a Madrid via Bruxelasrdquo define muito bem

                                                                                                                                                                                                                              No entanto tambeacutem eacute possiacutevel a tomada de posiccedilotildees conjuntas e que da mesma forma jaacute por demais referimos neste caso caberaacute a oportuna expressatildeo de ldquoChegar a Bruxelas via Madridrdquo

                                                                                                                                                                                                                              O relacionamento transatlacircntico efectuado quer no acircmbito bilateral quer no acircmbito multilateral eacute um assunto que apesar dos diferentes graus de prioridade atribuiacutedos assumidamente preocupa os governantes de ambos os paiacuteses caso contraacuterio natildeo lhe dispensariam tantas referecircncias nos diversos documentos sobre poliacutetica externa nomeadamente quanto agrave necessidade de serem normalizadas

                                                                                                                                                                                                                              Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                              A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                              QUESTAtildeO CENTRAL

                                                                                                                                                                                                                              Poderatildeo as opccedilotildees poliacutetico-estrateacutegicas da Espanha em face da menor dimensatildeo de Portugal no actual ambiente internacional condicionar as opccedilotildees estrateacutegicas nacionais

                                                                                                                                                                                                                              Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                              • A resposta agrave questatildeo central
                                                                                                                                                                                                                                • Penso que conseguimos comprovar que apesar deste novo enquadramento das relaccedilotildees peninsulares eacute possiacutevel diferenciar a postura estrateacutegica de Portugal relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Contudo deveraacute a postura poliacutetico-estreateacutegica da Espanha determinar a Portugal a tomada de uma opccedilatildeo oposta Isto eacute implicaraacute uma opccedilatildeo tendencialmente atlacircntica ou europeia da Espanha a necessidade de Portugal se diferenciar optando por uma soluccedilatildeo oposta

                                                                                                                                                                                                                                  Em nossa opiniatildeo o enquadramento actual natildeo permite uma abordagem tatildeo directa Eacute um facto que Portugal deva explorar as oportunidades que uma ausecircncia espanhola em qualquer dos espaccedilos poderaacute permitir no entanto natildeo nos parece que a escolha de uma opccedilatildeo oposta agrave da Espanha seja uma soluccedilatildeo sensata

                                                                                                                                                                                                                                  Neste caso o risco de sub-representatividade surge de forma bem visiacutevel permitindo ao paiacutes vizinho ocupar o espaccedilo estrateacutegico por noacutes deixado vago

                                                                                                                                                                                                                                  Designadamente na UE o risco de sub-representatividade estaria potenciado tanto pelo peso desproporcional que a Espanha tem relativamente a Portugal como pelo facto de poder vir a integrar um previsiacutevel directoacuterio europeu ficando Portugal agrave mercecirc da cada vez mais valorizada votaccedilatildeo por maioria qualificada Neste caso estariacuteamos perante uma situaccedilatildeo de subalternizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha

                                                                                                                                                                                                                                  Natildeo deveratildeo ficar duacutevidas que as posiccedilotildees assumidas ocorrem por vontade proacutepria e resultando em prol do interesse nacional

                                                                                                                                                                                                                                  Procurando responder agrave questatildeo que determinou a orientaccedilatildeo do trabalho entendemos que a resposta teraacute que ser inequivocamente positiva Sendo vaacutelida para o anterior quadro de relacionamento como para esta nova realidade

                                                                                                                                                                                                                                  Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                  Conclusatildeo e recomendaccedilotildees

                                                                                                                                                                                                                                  • A resposta de Portugal
                                                                                                                                                                                                                                    • A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      Marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico

                                                                                                                                                                                                                                      Potenciar as vantagens da lusoacutefonia

                                                                                                                                                                                                                                      Reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia da Espanha

                                                                                                                                                                                                                                      Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas

                                                                                                                                                                                                                                      Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      Perante todo este cenaacuterio qual deveraacute ser a melhor forma de Portugal fazer face a uma Espanha tatildeo ambiciosa determinada e confiante na consecuccedilatildeo dos seus objectivos

                                                                                                                                                                                                                                      Preconizaacutemos algumas respostas para esta questatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1 ndash Portugal deveraacute marcar uma forte presenccedila nas OI onde se encontra inserido ndash De forma a defender firmemente o interesse nacional Afastando as tendecircncias de sub-representatividade ou subaltermnizaccedilatildeo relativamente agrave Espanha caso contraacuterio Madrid representaraacute Lisboa e a imagem de diferenciaccedilatildeo perante o mundo esbater-se-aacute

                                                                                                                                                                                                                                      2 ndash Potenciar a identificaccedilatildeo com o oceano atlacircntico Jaacute que permite a potenciaccedilatildeo geoestrateacutegica do territoacuterio da ligaccedilatildeo transatlacircntica do acesso a recursos e fontes de rendimento e ainda a possibilidade de estabelecer fluxos privilegiados com as Ameacutericas e Aacutefrica procurando obter a diversificaccedilatildeo d relacionamento

                                                                                                                                                                                                                                      3 ndash Potenciar as vantagens da lusoacutefonia ndash eacute uma questatildeo incontornaacutevel jaacute que eacute uma das marcas diferenciadoras de Portugal mais importantes para a qual a CPLP se torna um meio indispensaacutevel

                                                                                                                                                                                                                                      4 ndash No acircmbito do relacionamento bilateral reduzir ao miacutenimo os factores de dependecircncia procurando alternativas externas agrave peniacutensula designadamente na questatildeo energeacutetica

                                                                                                                                                                                                                                      5 ndash Patrocinar a internacionalizaccedilatildeo das empresas portuguesas ndash eacute uma necessidade que apenas foi percepcionada por alguns dos nossos empresaacuterios contudo eacute opiniatildeo generalizada dos principais analistas econoacutemicos de que o mercado espanhol se antevecirc como um destino preferencial e incontornaacutevel dos nossos grupos econoacutemicos com todas as potencialidades que um mercado de 40 milhotildees de pessoas poderaacute oferecer Daiacute que haveraacute que apostar na qualidade na inovaccedilatildeo e na competitividade dos produtos e serviccedilos portugueses

                                                                                                                                                                                                                                      6 ndash Preparar as futuras geraccedilotildees de portugueses a quem temos a obrigaccedilatildeo de ensinar e dotar dos melhores argumentos e competecircncias para que possam continuar Portugal

                                                                                                                                                                                                                                      Instituto de Estudos Superiores Militares ndash CEM 0406

                                                                                                                                                                                                                                      A Postura Poliacutetico-Estrateacutegica da Espanha Impacto nas Opccedilotildees Estrateacutegicas Nacionais

                                                                                                                                                                                                                                      ldquoLa verdad es que cuando miro el mapa no entiendo por queacute Portugal no es Espantildeardquo

                                                                                                                                                                                                                                      Alonso Aznar

                                                                                                                                                                                                                                      Reparticcedilatildeo do VAB por Sector de Actividade

                                                                                                                                                                                                                                      2001

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Silvicultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6700

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2900

                                                                                                                                                                                                                                      Valor do PIB por Sector de Actividade 2003

                                                                                                                                                                                                                                      Serviccedilos

                                                                                                                                                                                                                                      6030

                                                                                                                                                                                                                                      Agricultura

                                                                                                                                                                                                                                      Pescas

                                                                                                                                                                                                                                      299

                                                                                                                                                                                                                                      Induacutestria

                                                                                                                                                                                                                                      Construccedilatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      Energia

                                                                                                                                                                                                                                      2663

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      900

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo

                                                                                                                                                                                                                                      e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      6300

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados

                                                                                                                                                                                                                                      5200

                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica

                                                                                                                                                                                                                                      200

                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis

                                                                                                                                                                                                                                      400

                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200

                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear

                                                                                                                                                                                                                                      1300

                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo

                                                                                                                                                                                                                                      1700

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-0xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico3

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      063
                                                                                                                                                                                                                                      016
                                                                                                                                                                                                                                      009
                                                                                                                                                                                                                                      008
                                                                                                                                                                                                                                      004

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      UNKNOWN-1xls

                                                                                                                                                                                                                                      Graacutefico4

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      052
                                                                                                                                                                                                                                      017
                                                                                                                                                                                                                                      013
                                                                                                                                                                                                                                      012
                                                                                                                                                                                                                                      004
                                                                                                                                                                                                                                      002

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Folha1

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Portugal 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados6300
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica 400
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 800
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 900
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo 1600

                                                                                                                                                                                                                                      Folha2

                                                                                                                                                                                                                                      Consumo de Energia Primaacuteria Espanha 2002
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo1700
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear1300
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural 1200
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis 400
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados 5200

                                                                                                                                                                                                                                      Folha3

                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Nuclear
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Outras Renovaacuteveis Gaacutes Natural Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      6300 1600 900 800 400
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados Carvatildeo Nuclear Gaacutes Natural Outras Renovaacuteveis Hiacutedrica
                                                                                                                                                                                                                                      5200 1700 1300 1200 400 200
                                                                                                                                                                                                                                      Petroacuteleo e Derivados
                                                                                                                                                                                                                                      Carvatildeo
                                                                                                                                                                                                                                      Outras Renovaacuteveis
                                                                                                                                                                                                                                      Gaacutes Natural
                                                                                                                                                                                                                                      Hiacutedrica
                                                                                                                                                                  PRINCIPAIS BANCOS DE PORTUGAL E ESPANHA
                                                                                                                                                                  Bancos FortalezadeCapital TamanhodeActivos SolidezRatioCapitalActivos RetornoSobre Activos RatioCustoCreacutedito
                                                                                                                                                                  (Milhotildees de doacutelares) () () ()
                                                                                                                                                                  Banco Comercial Portuguecircs 4819 85486 564 079 6355
                                                                                                                                                                  Caixa Geral de Depoacutesitos 3640 93676 389 11 569
                                                                                                                                                                  Banco Espiacuterito Santo 3271 54664 598 083 5061
                                                                                                                                                                  Bano Totta e Accedilores 1806 36403 496 11 4991
                                                                                                                                                                  Santander Central Hispano 21408 444012 482 117 631
                                                                                                                                                                  Banco Bilbao Vizcaya Argentaria 18176 362655 501 133 5677
                                                                                                                                                              BaciasHidrograacuteficas TerritoacuterioNacional
                                                                                                                                                              Douro 97600 km2 19
                                                                                                                                                              Guadiana 66800 km2 17
                                                                                                                                                              Lima 2480 km2 48
                                                                                                                                                              Minho 17080 km 2 5
                                                                                                                                                              Tejo 80600 km 2 31
                                                                                                                                                      PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS 2003
                                                                                                                                                      Portugal
                                                                                                                                                      Exportaccedilotildees Importaccedilotildees
                                                                                                                                                      1ordm Espanha 277 1ordm Espanha 291
                                                                                                                                                      2ordm Alemanha 152 2ordm Alemanha 147
                                                                                                                                                      3ordm Franccedila 129 3ordm Franccedila 99
                                                                                                                                                      4ordm Reino Unido 105 4ordm Itaacutelia 64
                                                                                                                                                      5ordm EUA 58 5ordm Reino Unido 49
                                                                                                                                                  POPULACcedilAtildeO EMPREGADA POR SECTOR DE ACTIVIDADE
                                                                                                                                                  2003 () Total Agricultura Induacutestria Serviccedilos
                                                                                                                                                  UE 15 163758 38 265 645
                                                                                                                                                  Espanha 16666 56 308 636
                                                                                                                                                  Portugal 5118 128 328 544
                                                                                                                                              POPULACcedilAtildeO 2001
                                                                                                                                              PORTUGAL 10356117
                                                                                                                                              ESPANHA 40847371
                                                                                                                                              PROJECCcedilAtildeO DA POPULACcedilAtildeO (milhotildees de pessoas)
                                                                                                                                              Cenaacuterio Base 2010 2025 2040
                                                                                                                                              Portugal 106 104 98
                                                                                                                                              Espanha 457 501 527
                                                                                                                                  () Importaccedilotildees Exportaccedilotildees
                                                                                                                                  1942 365 195
                                                                                                                                  1944 454 351
                                                                                                                                  1946-1955 266 188
Page 7: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 8: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 9: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 10: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 11: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 12: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 13: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 14: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 15: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 16: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 17: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 18: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 19: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 20: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 21: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 22: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 23: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 24: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 25: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 26: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 27: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 28: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 29: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 30: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 31: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 32: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 33: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 34: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 35: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 36: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 37: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 38: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 39: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 40: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 41: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 42: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 43: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 44: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 45: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 46: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 47: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 48: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 49: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 50: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 51: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 52: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 53: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 54: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 55: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 56: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 57: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 58: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 59: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 60: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 61: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 62: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 63: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 64: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 65: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 66: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 67: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 68: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 69: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 70: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 71: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 72: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 73: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 74: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 75: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 76: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 77: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 78: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 79: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 80: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 81: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 82: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 83: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 84: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 85: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 86: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 87: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 88: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 89: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 90: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 91: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 92: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 93: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 94: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 95: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 96: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 97: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 98: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 99: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 100: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 101: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 102: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 103: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 104: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 105: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 106: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 107: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 108: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 109: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 110: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 111: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 112: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 113: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 114: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 115: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 116: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 117: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 118: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 119: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 120: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 121: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 122: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 123: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 124: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 125: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 126: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 127: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 128: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 129: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 130: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 131: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 132: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 133: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 134: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 135: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 136: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 137: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 138: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 139: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 140: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 141: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 142: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de
Page 143: INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE … · 2017. 4. 20. · militares este trabalho foi elaborado com uma finalidade essencialmente escolar, durante a frequÊncia de