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INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS SECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO, CIÊNCIA AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE E NUCLEARES E TECNOLOGIA SÃO PAULO DISTRIBUIÇÃO DO PRODUTO DE FISSÃO ZIRCONIO NAS DIFERENTES FASES DO PROCESSO PUREX Jane Shu Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares como parte dos requisitos para a obtenção do grau de "Mestre — Área de Reatores Nucleares de Potência e Tecnologia do Combustível Nuclear". Orientadora: Dra. Bertha Floh de Araujo PAS E'-ff I o T- . N 1982

INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICASpelicano.ipen.br/PosG30/TextoCompleto/Jane Shu_M.pdf · ção dos parâmetros de extração do zircônio no sistema fosfa to de tri-n-butila (TBP)

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INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS

SECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO, CIÊNCIA

A U T A R Q U I A ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE

E NUCLEARES

E T E C N O L O G I A

SÃO PAULO

DISTRIBUIÇÃO DO PRODUTO DE FISSÃO ZIRCONIO NAS

DIFERENTES FASES DO PROCESSO PUREX

Jane Shu

Dissertação apresentada ao Instituto de

Pesquisas Energéticas e Nucleares como

parte dos requisitos para a obtenção do

grau de "Mestre — Área de Reatores

Nucleares de Potência e Tecnologia do

Combustível Nuclear".

Orientadora: Dra. Bertha Floh de Araujo

P A S E ' - f f I o T- . N

1982

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AGRADECIMENTOS

Bertha Floh de Araújo

José Adroaldo de Araújo

Harko Tamura Matsuda

Alcídio Abrão

Todos os colegas da Ãrea de Reprocessamento e

do Centro de Engenharia Química.

Pela orientação, colaboração e in

centivo na execução deste trabalho.

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SUMÁRIO

Página

RESUMO i

ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . ii

I. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . 1

1.1. Reprocessamento . . . . . . . . . . . . 4

1.1.1. Processo Purex . . . . . . . . 10

I.1.1.1. Descrição do proces

so Purex . . . . . . 11

1.2. Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . 12

II. O ZIRCÔNIO NAS DIVERSAS FASES DO TRATAMENTO DO

COMBUSTÍVEL NUCLEAR IRRADIADO . . . . . . . . . 14

1.1.1. Características nucleares . . . . . . . 14

II. 2. Comportamento químico . 15

II.3. Diminuição da extração do zircônio como

produto de fissão na recuperação dos ac

tinldios com TBP/diluente . . . . . . . 21

11.3.1. Pré-tratamentos das soluções

de dissolução do combustível

irradiado . . . . . . . . . . 22

11.3.2. Diminuição da extração do zir

cônio por TBP/diluente pela va

riação das condições do siste

III. REAGENTES. EQUIPAMENTOS. MÉTODOS ANALÍTICOS . „ 25

III.1. Reagentes . . . . . . . . . . . . . . . 25

111.1.1. Solução estoque de zircônio . 25

111.1.2. Solução traçadora de zircônio-

9 S ? R

111.1. 3 . Fase orgânica 26

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III.1.4. Nitrato de uranilo 26

III. 2. Equipamentos 27

III. 3. Métodos analíticos 28 95

111.3.1. Determinação de Zr por espec

trometria gama . . . . . . . . 28

111.3.2. Determinação de zircônio por

espectrofotometria de absorção

molecular . . . . . 28

111.3.3. Determinação da acidez livre

das soluções de zircônio . . . 28

111.3.4. Determinação da acidez livre

das soluções de urânio . . . . 29

III. 3.5. Determinação potenciométrica

de urânio . . . . . . . . . . 29

III. 4. Experimentos de extração 29

III. 5. Definição de alguns termos relacionados

com a extração liquido-liquido . . . . . 30

III. 6. Abreviações dos termos usados neste tra

IV. DADOS EXPERIMENTAIS 35

IV.1. Tempo de equilíbrio na extração do zircô

nio com TBP 30% - varsol . . . . . . . . 36

IV.2. Influência da concentração de zircônio e

da acidez livre na fase aquosa de alimen

tacão - Diagrama de equilíbrio . . . . . 38

IV.3. Influência da concentração de TBP no sol

vente na extração do zircônio . . . . . 41

IV.4. Influência da variação da relação volume

trica entre as fases na extração do zir

cônio com TBP 30% - varsol . . . . . . . 41

IV.5. Influência da temperatura na extração do

zircônio com TBP 30% - varsol . . . . . 43

IV.6. Efeito da concentração do agente salifi

cador na extração do zircônio com TBP

30% - varsol . . . . . . . . . . . . . . 45

IV.7. Efeito da saturação do solvente em

U0 2(NO^) 2 na extração do zircônio com

TBP 30% - varsol . . . . . . . . . . . . 47

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IV.8. Influência da concentração dos produtos

de degradação do solvente na extração do

zircônio com TBP 30% - varsol 50

V. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES . . . . . . 53

V.l. Esquema para o tratamento de combustível

de urânio irradiado 56

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . 59

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DISTRIBUIÇÃO DO PRODUTO DE FISSÃO ZIRCÔNIO NAS DIFERENTES

FASES DO PROCESSO PUREX "

JAWE SHU

RESUMO

Neste trabalho estudou-se o comportamento de

extração do zircônio, de modo a conduzir a um aumento da des

contaminação desse elemento nos esquemas de tratamento do

combustível de urânio irradiado segundo o processo Purex.

A parte experimental consistiu na determina

ção dos parâmetros de extração do zircônio no sistema fosfa

to de tri-n-butila (TBP) - varsol - ácido nítrico - água, u

~ -2 tilizando-se uma concentração de zircônio da ordem de 10 a

10~ 3 M.

As variáveis estudadas foram: concentração de

TBP, relação volumétrica entre as fases, influência da con

centração do agente salificador e a saturação da fase orgâni

ca em urânio. Verificou-se, também, a influência dos produ

tos de degradação do TBP sobre o comportamento de extração

do zircônio.

Os resultados obtidos indicam que com um ajus

te das variáveis do sistema de extração, o urânio pode ser

convenientemente purificado com níveis mínimos de contamina

ção pelo zircônio.

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ZIRCONIUM BEHAVIOUR IN PUREX PROCESS SOLUTIONS

JAWE SHU

ABSTRACT

This paper deals with the extraction behav iour of zirconium, as fission product, in TBP/diluent- HNO^-H^O systems, simulating Purex solutions. The main purpose is to attain an increasing in the zirconium decontamination fac tor by adjusting the extraction parameters.

Equilibrium diagram, TBP concentration, aqueous:organic ratio, salting-out effects and, uranium loading in the organic phase were the main factors studied. All these experiments had been made with zirconium in the

-2 -3 10 - 10 M concentration range. The extractant degrada tion products influence uppon the zirconium behaviour was also verified.

With the obtained data it was possible to introduce some modification in the standard Purex flow-sheet in order to obtain the uranium product with higher zirconium decontamination.

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I. INTRODUÇÃO

Considerando-se que a demanda de energia ele

trica é cada vez maior, torna-se necessário que se desenvol

vam fontes alternativas de energia, para se manter o desen

volvimento da tecnologia mundial. Assim, a energia nuclear

surge como uma alternativa promissora podendo competir, em

alguns países, com a energia gerada pelos combustíveis fós_

seis.

Conceitualmente, a geração núcleo-elétrica ê

obtida a partir da fissão dos núcleos dos elementos pesados.

Entretanto, a grande vantagem da energia nuclear está na pro

priedade de certos elementos, dito férteis, em se transforma

rem em núcleos físseis. O combustível nuclear, numa associa

ção de elementos físseis e férteis pode se automanter. Isto

significa que, ao mesmo tempo em que o combustível é consumi

do pela queima dos elementos físseis, por reação de captura

neutrõnica dos elementos férteis, há a formação de novos nu

clídios físseis.

Nos reatores do tipo super-regeneradores, a

pós a sua utilização na geração elétrica, o combustível apre

senta um teor de elementos físseis maior que o existente an

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tes da sua queima. Nesses casos, diz-se que a taxa de conver

são é maior que a unidade. Esta característica ünica dos com

bustíveis nucleares torna a energia nuclear uma fonte quase

que inesgotável de energia.

0 plutónio, por exemplo, é um elemento arti_

ficial e físsil cuja formação ê obtida quando da queima do

urânio-238; o mesmo acontece com o urânio-233 obtido por in

termêdio do tório-232, segundo as reações:

238TT ^ 1 239 3~ 239 |3~ 239„ U + n -> 9 2 U * 3Np -» 9 4Pu y z ° y / 23,5 min J 3 2,3 d

e

232 m l , . 233m, (3~ 233„ 3~ 233TT

Th (n,y) g n > 9 1

P a ~ » oo u

J 1 y u 22,4 min J L 27 d "

Ao mesmo tempo em que se formam os produtos

239 2 33

de irradiação neutronica ( Pu ou " ' ü ) formam-se, tam

bem, os elementos provenientes da fissão. Alguns destes, pos_

suem elevada secção de choque de absorção de nêutrons e, a

pós certo tempo, passam a competir pelos nêutrons disponí

veis no reator. Devido a esses produtos de fissão e ao seu

conteúdo em elementos férteis e físseis, ê necessário que

após um certo tempo de uso, o combustível seja retirado do

reator e reprocessado para posterior reutilização.

O reprocessamento é uma das fases do chamado

ciclo do combustível nuclear (Figura 1) 3 0 e permite que um

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fabricação d o

elem enío

combustível

pre pa ração

d o

combustível

R E A T O R

r e sf r iamento

re processam entoi

enriquecimento

isotópico

\

estocagem e

disposição

de

resíduo

\ conversão

\ • \ U F 6

\ \

u r a n i o

n a t u r a l

F I G U R A ! - D i a g r a m a e s q u e m á t i c o do c i c lo do c o m b u s t í v e l .

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combustível seja reconstituído para nova utilização. 0 repro

cessamento visa, fundamentalmente:

i) a recuperação dos materiais com valor econômico signifi

235 ~ 239 cativo: U que nao foi fissionado, o Pu gerado e o

2 38

U que não foi consumido,

ii) a eliminação dos produtos de fissão.

0 tratamento do combustível gasto pode ser

realizado por processos químicos e os chamados processos via

seca ou pirometalürgicos.

Este trabalho refere-se aos tratamentos quími_

cos cujos aspectos principais serão descritos a seguir.

I.1. Reprocessamento

Diz-se que o combustível de urânio recuperado

e purificado nas operações do reprocessamento químico, ou

simplesmente reprocessamento, esta em condições de ser rec\i

ciado quando a sua atividade 3 e y estiver com um nível i

gual àquele do urânio natural*3.

No reprocessamento podem-se empregar todos os

métodos químicos de separação existentes. Os fatores que de

* Atividade 3 do urânio natural: 0,67 \xCi/g

Atividade y do urânio natural: 0,16 \iCi/g

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cidirão na sua escolha caracterizam-se pelo tipo do reator e

as especificações dos produtos. Assim, os parâmetros determi

nantes são:

1) o tipo do combustível

2) a taxa de queima do combustível

3) a radioatividade envolvida

4) a perda permissível de físseis e férteis

5) o custo global do processo.

Ha diferenças entre as instalações químicas

convencionais e as de reprocessamento. Nas primeiras, pode-

se considerar como puro o produto contendo impurezas a ní

veis de traços. Com o reprocessamento, as impurezas devem ser

reduzidas a níveis de partes por milhão (ppm) ou partes por

bilhão (ppb), além de ser indispensável a redução da ativida

de. As principais impurezas do combustível gasto são os pro

dutos de fissão (P.F.) e os metais provenientes dos revesti

mentos do elemento combustível: zircônio, ferro, níquel, cro

mo.

A mistura dos nuclídios produzidos por fissão

235

do U presente no combustível irradiaido cobre quase 2/3

dos elementos da tabela periódica, com números atômicos va

riando de 30 (Zn) até 66 (Dy) e número de massa de 76 a 161.

Um combustível irradiado padrão * 6, com as se

guintes características:

Combusttvel -irradiado padrão - e o combusttvel considera^

do como base para. os experimentos realizados neste trabalho.

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.6.

- tipo de reator : água pressurizada

- taxa de queima : 3 3 000 Mwd/t

13 -2 -1

- fluxo de neutrons térmicos : 3,2 X 10 n.cm .s

- período de resfriamento : 2 anos ,

tem na sua composição cerca de 3,5% de produto de fissão, em

relação ao urânio total inicialmente presente; na Figura 2 6

tem-se a distribuição desses P.F., em relação ã massa e à

atividade radioquímica.

Num processo para o tratamento de combustí

veis irradiados, os limites para as perdas de materiais fís_

seis e férteis devem ser da ordem de 0,1% e os valores dos

fatores de descontaminação global * devem se situar entre

IO 6 a IO 8 ^ > h \

Para preencher os requisitos citados, o pro

cesso de separação deve ser realizado com operações simples

e seguras, específicas para a recuperação dos actinidios e

com um custo final compatível. Os reagentes empregados no

processo devem ser estáveis frente ã intensa atividade pre

sente, sem que haja prejuízo na seletividade dos actinidios.

No reprocessamento a técnica de separação

mais usada é a extração por solventes orgânicos, que permite

uma recuperação de mais de 99% dos actinidios, com um grau

Fator de descontaminação (F.D.) global: refere-se â redu

çao da atividade especifica dos produtos de fissão, do

inicio para o fim do processo.

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FIGURA 2 > RENDIMENTO DE F ISSÃO DE ACORDO COM O E L E M E N T O .

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.8.

de pureza adequado ã refabricação do combustível.

O processo Purex (Plutonium Uranium Refining

by EXtraction) é o que conduz aos melhores resultados quanto

ao volume de efluentes e ã pureza dos produtos, além de ser

suficientemente seguro quanto ao risco dos acidentes por cri

ticalidade e inflamabilidade 7> 1 7> 1 8 ' 2 6 > 2 8 ' 3 9 ' 5 4 ' 5 7 .

O processo Purex é um processo contínuo de ex

tração liquido-líquido que usa o fosfato de tri-n-butila

(TBP) como agente extrator responsável pela extração dos ni

tratos de urânio(VI) e plutonio(IV); a maioria dos nitratos

dos P.F. permanece nos efluentes.

A Figura 3 3 2 mostra um fluxograma global do

processo Purex, cujas fases principais podem ser resumidas:

Transporte: é o conjunto de operações que visa levar os ele

mentos combustíveis do reator ã unidade de tratamento.

Resfriamento ou desativação: permite a redução da atividade

do combustível pelo decaimento dos produtos de fissão

de meias-vidas curtas e intermediárias.

Operações preliminares ("Head-End"): promove a desmontagem

do conjunto de elementos combustíveis, liberando-os dos

revestimentos, pinos e acessórios. Na fase final, faz-se

a dissolução nítrica obtendo-se uma solução clarificada

que, ajustada nas condições indicadas pelo processo,pas

sa a se constituir na solução de alimentação para a se

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N 2 H 4

H N O , H N O , H N O j HNO s .U HM O ,

U. P u

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ALIM. U . P u , HNO s . P.P.

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L E G E N D A - FASE O R G Á N I C A FASE AQUOSA

FIGURA 3 •• FLU X O GRAMA DE P R O C E S S O P U R E X PA RA

RECUPERAÇÃO DE URÂNIO E P L U T Ó N I O D O C O M ­

B U S T Í V E L IRRADIADO. 3 2

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.10.

paraçao dos actinidios pelo TBP.

Ciclos de separação: ê o conjunto de operações sucessivas,

de extração, lavagem e reversão, que transferem os acti

nídios da mistura dos produtos de fissão para soluções

finais em condições adequadas ã refabricação do combus

tlvel. Em geral, nos processos atuais, utilizam-se:

- um ciclo de descontaminação conjunta e partição ura

nio e plutónio,

- dois ciclos de purificação para o urânio e,

- dois ciclos de purificação para o plutónio.

Ao final de cada ciclo, tanto o TBP quanto o HNO^ são

regenerados para posterior reciclagem.

Purificação final ("Tail-End"): conduz a descontaminação e

concentração final dos produtos, além da sua transforma

ção em formas químicas condizentes com as fases de refa

bricação.

Refabricação: é a fabricação do elemento combustível a par­

tir dos produtos obtidos no reprocessamento.

I.1.1. Processo Purex

O processo Redox 3 5' 4 3 foi o primeiro a utili

zar a técnica de extração por solventes no tratamento de com

bustíveis irradiados. 0 agente extrator era a hexona e o ni

trato de alumínio o agente salificador. Entretanto, o proces

so Redox foi abandonado devido aos problemas relacionados

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.11.

com a formação de grandes volumes de resíduos e ao baixo pon

to de fulgor do solvente.

Ao mesmo tempo (1948-1950), desenvolveu-se o

processo Purex nos Laboratórios da Knolls Atomic Power (U.S.

A.). Esse, foi avaliado em escala piloto nas instalações de

Oak Ridge. Em 19 54, em Savannah River e em 1956, em Hanford,

realizaram-se as primeiras operações em escala industrial. A

partir destes, até a presente data, o processo Purex vem sen

do o preferido para a realização das operações de reprocessa

mento 1 7

í

1 8 / 1 9 - 2 1

(

2 2 ' 2 7 ' 2 8 - 3 3 .

I.1.1.1. Descrição do processo Purex

A solução nítrica proveniente da dissolução

do combustível é clarificada e filtrada, constituindo-se na

alimentação do processo de extração, após o ajuste da concen

tração dos actinídios e o acerto da acidez livre.

Todas as operações de separação são realiza

das por contacto da fase aquosa com a fase orgânica, em flu

xo de contra-corrente. Os contactores podem ser de diversos

tipos, como: misturadores-decantadores, colunas pulsadas e

extratores centrífugos.

No primeiro contactor o solvente, ao entrar

em contacto com a solução de alimentação, extrai preferencia

almente os nitratos do U(VI) e de Pu(IV), separando-os da

maioria dos produtos de fissão que permanecem no resíduo a

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quoso.

Em seguida, no segundo contactor procede-se a

partição U-Pu por intermédio da adição de um agente redutor,

que conduz o Pu(IV) a Pu(III), forma não extralvel pelo TBP.

0 extrato orgânico, contendo a maior quantidade de U(VI), ê

alimentado num terceiro contactor onde ocorre a reversão do

urânio para uma fase aquosa levemente acidulada em HNO^.

As soluções aquosas de plutónio (29 contactor)

e a de urânio (39 contactor), separadamente, são submetidas

a ciclos de extração adicionais, a fim de alcançarem a con

centração e o grau de pureza necessários para cada um dos

produtos.

1.2. Objetivo

O elemento zircônio, estudado neste trabalho,

se encontra presente com relativa abundância em todas as so

luções de processo Purex. Os seus complexos são extraídos pe

lo TBP no decorrer do processo de separação dos actinídios.

Embora a sua distribuição para a fase orgânica seja baixa, a

sua contaminação é suficientemente elevada, causando dificul

dades em relação ã manipulação dos produtos recuperados. As

sim, justifica-se o estudo do comportamento de extração do

zircônio, principalmente, considerando-se a sua complexidade

química.

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„13.

A partir do conhecimento da distribuição do

zircônio nas diferentes fases do tratamento do combustível

irradiado, pode-se ajustar convenientemente as condições do

processo e, assim, obter-se um grau elevado de descontamina

ção. Ê, justamente, este o objetivo deste trabalho: propor

um esquema de tratamento de urânio e de combustíveis de urâ

nio irradiados com condições adequadas para se obter um alto

fator de descontaminação para o zircônio, sem alterar o ren

dimento de purificação do urânio.

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.14.

II. O ZIRCÔNIO NAS DIVERSAS FASES DO TRATAMENTO DO

COMBUSTÍVEL NUCLEAR IRRADIADO

II.1. Características nucleares

O zircônio-95 pode ser formado pela fissão do

urânio-2 35 por irradiação com nêutrons térmicos, com um ren

dimento de fissão de 6,3% ou por intermédio da reação de ca£

tura neutrônica do seu isótopo natural estável zircônio-94,

cuja fração isotópica é de 17,4% 3 6 . A reação de formação

do zircônio-9 5 por captura neutrônica ê, portanto:

9 4Zr ( n,y ) 9 5Zr (a f c h 9 4 Z r = 0,15 barn)

9 5

As características nucleares do Zr sao as

seguintes 5 0:

i) meia-vida de 65 dias

ii) emissão 3 com seguintes energias: 0,364 MeV (54%)

0,4 0 MeV (43%)

iii) emissão de radiação y com as energias:

0,722 MeV (43%)

0,756 MeV (54%)

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.15.

Devido ã relação pai-filho e ao fato de que

seus fatores de descontaminação no processo Purex são simila

res, o zircônio-95 e o niõbio-95 são, geralmente, considera

95 95

dos como um único produto de fissão ( Zr- Nb). Aproximada

mente 70% da radioatividade gama total da solução de alimen

tacão é atribuída ao par, sendo estes também responsáveis pe

la radioatividade gama residual nas linhas dos produtos no

primeiro contactor 5 7.

O nióbio ê considerado como um produto de fi£

são secundário originado pelo decaimento do zircônio-95, com

meia-vida de 35 dias. Em soluções aquosas, o nióbio existe

sob os estados de oxidação +3 e +5, sendo este último predo

minante em soluções nítricas. Ê facilmente hidrolisado, for

ma complexos com os lons fluoreto, oxalato e sulfato e, pro­

vavelmente, existe em solução como colõide. É adsorvido pron

tamente em sólidos como Mn0 0, e sílica gel I 6' 2 1 1' 2' 1.

II.2. Comportamento químico

0 zircônio, presente nas soluções de processo,

ê proveniente em sua maior parte da dissolução parcial dos

elementos estruturais e de revestimento do elemento combustí

95

vel. Somente uma pequena fração origina-se do Zr produzido

pela fissão.

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.16..

Nas primeiras fases do reprocessamento, onde

é feita a liberação do combustível, uma parte da estrutura

sofre um ataque químico, originando-se daí a massa de zircô

- 2 - 3 nio presente nas soluções, o u seja, 10 - 10 M.

O zircônio ê um elemento de transição, alta

mente hidrolisável, que em soluções com acidez elevada exis

te como íon tetrapositivo 9•

Segundo PASCAL 4 9, a polimerização do zircônio

ocorre em meio ácido diluído formando polímeros com um gran

de número de hidroxilas. Quando se encontra em meio ácido

mais concentrado, há a formação de complexos aniônicos e ca

tiônicos extremamente variados, dependendo do a n i o n do ácido,

do grupo OH e das moléculas de água 4 5.

As várias formas, sob as quais o zircônio e

xiste nas soluções de processo, são pouco conhecidas devido

à sua forte tendência a sofrer hidrólise, a formar complexos

e a dar origem a uma grande variedade de formas coloidais 3 3.

NAYLOR1*5 verificou que em soluções nítricas,

caso do processo Purex, o zircônio existe como uma série de

complexos de diferentes graus de nitração e de hidrólise:

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.17..

Zr(OH) HNO.

-> Zr(OH) 3N0 3

HNO-, i_^ Zr (OH) 2 (N03) 2

HNO.

Zr(OH)(N0 3) 3

HNO. Zr (NO-,),: <-j 6

HNO. Zr (N0o) c

HNO.

Zr(N0 3) 4

O equilíbrio entre as espécies ê estabelecido

rapidamente, deslocando-se com alta velocidade de reação. A

proporção de cada uma das formas varia de acordo com a con

centração de Zr, de HN0 3 e de N 0 3

^ 5

Na revisão bibliográfica realizada por

SICZEK 5 3 observa-se que, na maioria dos trabalhos de separa

ção de Zr pela técnica de extração por solvente, os dois

compostos de zircônio que geralmente são considerados, em

meio nítrico, são: o nitrato de zircônio pentahidratado

[Zr(N03)^.bl^o] , presente em soluções concentradas de ácido

nítrico e, em soluções mais diluídas, o nitrato de zirconilo

[Zr0(N0 3) 2.2H 2o].

Em soluções em que a concentração de HN0 3 ê

baixa formam-se polímeros e complexos com predominância do

grupo OH . Já, em soluções com concentração de HNO-, mais ele

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.18.

vada os grupos hidroxilas são deslocados pelos grupos nitra

tos. Em soluções com uma concentração de Ion NO^ de aproxima

damente 5 M, a maioria do zircônio está sob a forma de com

plexos tetranitrato, embora existam outras formas em equill^

1 • 4 5 , 5 3

brxo '

Essa afinidade ã reação de hidrólise, conduz

â formação de cadeias de polímeros, altamente insolúveis que

são indesejáveis nos ciclos de separação e purificação. Apre

senta-se ainda, a desvantagem adicional da presença de uma

grande quantidade de sólidos em suspensão.

Os compostos polimêricos de zircônio afetam,

significantemente, o comportamento químico do elemento nas

fases aquosa e orgânica do processo Purex. Esses são forma

dos em quantidades não desprezíveis em soluções, onde a con

~ ~ — 4 -5 q centraçao de zircônio e maior que 10 M

Verificou-se a existência de algumas espécies

polimêricas extraiveis, como por exemplo, os sulfato e hidro

xo-pollmeros de zircônio 3 1 .

Os trabalhos realizados por MAILEN 4 0' 4 1 e

SICZEK 5 3 mostraram que o oxo-polimero de zircônio não ê ex

tralvel; sua formação dá-se em soluções nítricas onde a con

_ -2 ~ centraçao de zircônio e maior que 10 M e , nao se encontra

em equilíbrio com as formas monomêricas.

O zircônio adsorve-se facilmente em sólidos e

seu acúmulo nas interfaces e nas câmaras dos contactores po

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.19.

de causar problemas para o processo, por dificuldades de ope

ração e pelo decréscimo causado na descontaminação de outros

produtos de fissão.

Aproveita-se a propriedade de adsorção em só

lidos do zircônio para se conseguir uma prê-descontaminação

nos tratamentos preliminares à extração. Nesta fase são co

muns os tratamentos com MnG^ ou PbQ 9, onde há a adsorção de

zircónio e/ou de rutênio 2 3. Nas linhas de purificação dos

produtos intercalam-se colunas de sílica-gel a fim de se re

mover o zircônio remanescente 1 1 .

De um modo geral, a maior parte das espécies

de zircônio não causam problemas durante o processo, entre

tanto, a pequena fração restante ê de comportamento complexo,

sendo responsável pelas restrições causadas ã sua descontami

nação. Este comportamento anormal não ê suficientemente cia

ro. Verificou-se que as limitações do fator de descontamina

ção do zircônio são também devidas ã ação complexante dos

produtos de degradação do solvente 1 2' 1* 4 e ã presença de mate

riais coloidais que se associam com o zircônio, dificultando

a sua remoção das fases orgânicas.

Devido às condições de processo, o solvente

sofre hidrólise e radiólise durante o reprocessamento. A

grande atividade presente ê a principal causa dessa decompo­

sição

NAYLOR 4 6 e SICZEK 5 2' 5 3 verificaram que os

produtos de degradação do agente extrator TBP são, predomi

' 1

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.20.

nantemente, os fosfatos ácidos: fosfato de di-butila (HDBP),

fosfato de mono-butila (P^MBP) e o ácido fosfórico (H^PO^).

Além desses, encontram-se nitratos orgânicos, nitro-parafi

nas, aldeídos, cetonas e ácidos carboxllicos como produtos

de degradação do diluente (n-dodecano, querosene desodoriza

da) mais comumente empregado junto com o TBP.

Muitos pesquisadores procuraram determinar a

natureza dos produtos de degradação do solvente, cujas pre

senças nas soluções de processo levam ã redução do fator de

descontaminação do zirconio no produto urânio ' ' ' .

O DBP e o MBP complexam o zirconio provocando

a sua retenção na F.O.; também formam-se precipitados nas

interfaces. Ambos são causados pelo aumento da exposição do

TBP à radiação k 2 ' 5 2 .

LANE 3 h , HUGGARD e WARNER2 5 e BLAKE8 , estudan

do a decomposição do diluente, concluíram que a retenção do

zirconio não era somente devido aos produtos primários de de

gradação. Essa retenção poderia ser atribuída ã ação comple

xante do ácido hidroxâmico, produto secundário de degradação,

formado pelo ataque químico ou radiolítico, de um ou mais

produtos primários de degradação. Entretanto, esta hipótese

ê pouco provável, pois, a concentração do ácido hidroxâmico

ê da ordem de 10 ^ M.

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De acordo com a composição do meio, o zirco

nio pode ser extraído para a fase orgânica de TBP/diluente

sob as formas de di, tri ou tetranitrato ^ f 3 8 » 5 5 » 5 6 -

Zr(N0 3) 4(TBP) 2

Zr (OH) (N03)3(TBP) 2

Zr(OH) 2(N0 3) 2(TBP) 2

II.3. Diminuição da extração do zirconio como produto de

fissão na extração dos actinídios com TBP/diluente

As soluções de reprocessamento, provenientes

das operações preliminares, contém sólidos em suspensão, em

sua maioria de fácil remoção, excetuando-se os compostos for

mados por espécies complexas de zirconio e rutênio.

Os métodos mais simples empregados para a eli

minação desses sólidos das soluções de processo são a centri

fugação e a filtração. Contudo, pela alta atividade das solu

ções, essas operações tornam-se extremamente delicadas e de

riscos potenciais, além do baixo rendimento dessas opera

ções33.Recomendam-se outros meios para a redução desses sóli

dos, como, por exemplo, os relatados a seguir.

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II.3.1. Pré-tratamento das soluções de dissolução do combus

tível irradiado

Até a presente data, os prê-tratamentos23 em

pregados para o aumento da descontaminação do zirconio das

soluções de urânio e de plutónio mostraram-se pouco satisfa

tórios, excetuando-se aquele da adição do íon fluoreto, fei_

to em Marcoule3 7 (França). O seu uso, entretanto, causa da

nos de corrosão, além de inibir a extração do plutónio. Sua

utilização só ê recomendada para o processamento de combustí

veis com baixo teor de plutónio e em instalações cujos mate

riais de construção sejam refratários ao fluoreto.

Dos estudos de SWANSON 5 8, em 19 71, conclui-

se que há uma boá descontaminação do zirconio com a adição

de ácido oxãlico, ácido etileno-diamino tetraacêtico (EDTA)

e zirconio inativo ãs soluções de alimentação.

Outra forma de se eliminar o zirconio, ê a

adição de agentes complexantes âs soluções orgânicas de pro­

cesso, de modo a evitar a formação de complexos de zircônio-

produtos de degradação do solvente, lons de escândio e molib

dênio 1 5' 5 9 são os mais indicados como complexantes.

WALLACE e POLLOCK 6 0 conseguiram uma redução

95 95 106

na extração de Zr- Nb e Ru pelo TBP, mediante a adição

de macroquantidades de compostos de nióbio ãs soluções de

alimentação. Mas, ê necessário que todo o plutónio seja ox;L

dado a Pu(VI), pois, o Pu(III) e Pu(IV) são quantitativamen

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te co-precipitados com o Nb O,-

O pré-tratamento das soluções de processo com

permanganato foi estudado por FEBER 1 6 que obteve uma remoção

de 9 0-9 5% dos produtos de fissão Zr, Nb, Ru e I.

II.3.2. Diminuição da extração do zirconio por TBP-diluente

pela variação das condições do sistema

ALCOCK e colaboradores2 estudaram a extração

do zirconio com TBP 19% - querosene de soluções de ácido ní.

tricô, de ácido nítrico com nitrato não extraível (NaNO^) e

de ácido nítrico em presença de nitrato extraível, UO ?(NO^) 2*

Verificaram que há um aumento da distribuição do zirconio

com a elevação da acidez; a substituição do NaNO^ pelo HNO^

não afeta a distribuição do zirconio, enquanto que a presen

ça do nitrato de uranilo diminui a extração do zirconio.

No estudo realizado por BRUCE 1 2 sobre a ex

tração dos P.F. (Ru, I, Zr-Nb), a distribuição do zirconio

aumenta à medida que a concentração do TBP aumenta, a uma sa

turação constante de urânio no solvente. Também, foi verif_i

cado o efeito do nitrato de sódio sobre a extração do zircô

nio nas concentrações de 0 a 3 M. Os resultados indicaram

que a extração do zirconio aumenta de um fator de 4.

ADAMSKII1 estudou a influência do ácido ní

tricô na extração do zirconio em TBP 20% - hidrocarboneto sa

turado, empregando o ácido nítrico em 5 concentrações (0,2;

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0,5; 1; 2; 4): observou que hâ um aumento na distribuição do

zircônio no sentido da maior acidez. O mesmo efeito foi veri

ficado por BRUCE 1 2, variando a concentração do ácido nítrico

no intervalo de 1 a 5 M, obtendo um aumento na extração do

zircônio de um fator de 10.

SHEVCHENKO e FE DO RO V 5 1 , KARRAKER2 9 , ADAMSKII1,

BRUCE1 2 e SIDDALL5 ** estudaram a extração do zircônio no sis

tema TBP/diluente-HNO^, em função da temperatura. Os resulta

dos mostraram que a distribuição do zircônio aumenta ã med:L

da em que se eleva a temperatura, na faixa de 20 9C a 80 9C.

Uma pequena adição de nitrato de uranilo (10

a 20 gU/1) à solução aquosa reduz o coeficiente de distribui

ção do zircônio1. O mesmo efeito foi verificado por BRUCE 1 2,

que obteve uma diminuição na extração do zircônio de um fa

tor de 3,6, aumentando a saturação do solvente de 37% para

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III. REAGENTES. EQUIPAMENTOS. MÉTODOS ANALÍTICOS

III.1. Reagentes

III.1.1. Solução estoque de zircônio

A solução foi preparada por dissolução com

água destilada do oxicloreto de zirconila octahidratado.

-2

Concentração de zircônio: 10 M.

Acidez livre: 1 M.

III.1.2. Solução traçadora de zircônio-95

Amostras de Zircaloy 2 foram irradiadas duran

te o período de um mês no reator IEA-Rl a um fluxo neutrôni

13 2 co térmico médio de 10 n/cm s, para se obter o nuclldio 95 -

Zr. O material irradiado foi submetido a fusão com piros_

sulfato de potássio, sendo em seguida retomado em meio nítri_

co.

Atividade da solução: 2 X 10 cps/ml.

Acidez: 10 M.

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.26..

III.1.3. Fase orgânica

Agente extrator: fosfato de tri-n-butila

(TBP), marca E. Merck, Darmstadt, Alemanha Ocidental.

Diluente: varsol, procedência: Esso Standard

do Brasil, com composição aproximada de 18% de hidrocarbone

tos aromáticos, 42% de hidrocarbonetos paraflnicos e 40% de

hidrocarbonetos naftênicos. Utilizado diretamente na prepara

ção das fases orgânicas sem qualquer tratamento prévio.

As fases orgânicas antes de serem utilizadas

nos experimentos de extração foram prê-equilibradas com o

mesmo volume de soluções de HNO^ de igual concentração ãs

das fases aquosas de alimentação.

III.1.4. Nitrato de uranilo

As soluções foram preparadas a partir do U.jOg,

proveniente da calcinação do diuranato de amónio (DUA) de pu

reza nuclear, obtido na Instalação Piloto de Purificação de

Urânio do Centro de Engenharia Química.

As soluções utilizadas nos experimentos foram

obtidas , partindo-se da solução estoque de concentração de

238,64 gU/1 e acidez livre 3 M, por diluição e ajuste das

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concentrações de uranio e do acido nxtrico.

III.2. Equipamentos

- Sistema de detecção gama constituído por um

analisador de pulsos de 4096 canais, com detector semi-condu

tor de Germânio-Lltio; procedência: Ortec Inc., Oak Ridge,

U.S.A.

- Espectrofotômetro de feixe duplo modelo 356,

munido de unidade registradora; procedência: Hitachi-Perkin

Élmer, Japão.

- Os experimentos de extração foram realiza

dos em funis de separação cilíndricos com motor para agita

ção mecânica e hastes de vidro, marca Janke & Kunkel, Alema

nha.

- Tacómetro e cronômetro, marca Jaquet, Suiça.

- Banho termostatizado, marca Haake N3, Alema

nha.

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.28.

III.3. Métodos analíticos

95 III. 3.1. Determinação de Zr por espectrometria gama

Nesta determinação tomou-se a área integral

correspondente ã região do fotopico característico do nuclí

95 dio de 0,756 MeV de energia do Zr.

111.3.2. Determinação de zircônio por espectrofotometria de

absorção molecular

As determinações foram realizadas após comple

xação do zircônio em meio clorídrico com MORINA 0,2% em ál

cool etílico. Procedeu-se â leitura em A = 415 nm, em cêlu

las de quartzo de 1,0 cm de caminho ótico.

111.3.3. Determinação da acidez livre das soluções de zircô

nio

Foi realizada por titulação com NaOH, após

complexação do zircônio.

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.29.

III.3.4. Determinação da acidez livre das soluções de urâ

n x o

Foi determinada por titulação com NaOH

após a complexação do Ion uranilo com oxalato de potássio.

III. 3.5. Determinação potenciométrica do urânio

O método baseia-se na complexação prévia do

Ion uranilo com o oxalato de potássio. A análise do urânio e

feita por titulação potenciométrica indireta dos íons H + li

berados na reação de formação de peruranato:

U0 2 (C 20 4) (H20) 3 + H 2 0 2 * U0 2 (00) (H20) 3 + ^2°A + 2H +

1 ml da solução de NaOH 0,1 N = 11,9 mg de ü

Intervalo de determinação: 5 a 200 mg de U

III.4. Experimentos de extração

Em todos os experimentos procedeu-se o conta,

to entre as duas fases a 25 9C, com velocidade de agitação

controlada por tacómetro e tempo de agitação com o cronôme

tro. Após a decantação das fases, filtrou-se sobre papel de

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.30.

filtro, determinando-se a concentração do zircônio ou a ati_

95 vidade do Zr em cada uma das fases.

III.5. Definição de alguns termos relacionados com a extra­

ção liquido-líquido

A regra de Gibbs referente a fenômenos de dis_

tribuição de fases aplica-se satisfatoriamente ãs técnicas

de separação líquido-líquido.

Agitando-se uma solução de um sal metálico

com um solvente orgânico imiscível, este sal ou seus lons

distribuir-se-ão entre as fases liquidas. Neste fenômeno de

transferência o potencial químico da espécie na fase orgân_i

ca sofre um acréscimo progressivo, diminuindo em igual pro

porção na fase aquosa. Ao igualarem-se os potenciais, não

mais ocorrerá qualquer transferência da espécie entre as fa

ses, instalando-se conseqüentemente, um equilíbrio.

Para as condições descritas, a regra de Gibbs:

P + V = C + 2 , onde: P = n? de fases, V = graus de liber

dade e C = n9 de componentes, representará um sistema onde

conhecendo-se a concentração do soluto em uma das fases, au

tomaticamente estará fixada a concentração na outra fase. Is_

to ê, tem-se para uma dada pressão e temperatura, um único

grau de liberdade para a partição de um soluto entre duas fa

ses. Portanto, o sistema será função da espécie química.

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A relação entre as concentrações do soluto em

cada uma das fases pode ser descrita pela lei empírica de

Berthelot e Jungfleish, que demonstraram que esta razão ê

uma constante, independente da quantidade total do soluto X.

A lei de Berthelot e Jungfleish é expressa por:

K D

[X] o

[X]

onde: K D = coeficiente de partição do soluto X

[x]° = concentração de X na F.O.

[x] = concentração de X na F.A.

Termodinamicamente esta expressão não ê corre

ta e é igualmente falha quando ocorrem reações químicas en

tre o soluto e o agente extrator, pois as espécies diferem

em composição nas fases líquidas e, em conseqüência, os seus

coeficientes de atividade. Estes deixam de influenciar quan

do pelo menos a sua relação ê constante.

Apesar das restrições, os desvios são peque

nos e não se constituem em erro, quando de aplicações prãti

cas. O emprego de D como medida de um sistema de extração re

flete convenientemente o seu comportamento, sendo válido o

uso dos termos: razão de distribuição ou coeficiente de dis_

tribuição, que o definem.

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Razão de distribuição (D) ê, portanto, a rela

ção estequiométrica de distribuição do soluto entre as fases

orgânica e aquosa, ou seja:

concentração total do soluto na F.O. D =

concentração total do soluto na F.A.

D se presta â avaliação pratica de um sistema

de extração quando a relação volumétrica entre as fases ê

igual a unidade.

Porcentagem de extração (%E) é uma outra uni

dade prática de medida da distribuição de uma espécie num

sistema de extração. Relaciona-se com D pela seguinte expres

são:

100 D %E =

D + (V /V ) a/ o

onde V a e V Q são, respectivamente, os volumes de F.A. e de

F.O.

Fator de descontaminação (F.D.): em reproces

samento costuma-se definir como F.D. de um produto de fissão,

a relação entre suas atividades especificas no combustível

irradiado e no produto do tratamento químico deste combustí

vel (U, Pu ou Th).

atividade específica antes do tratamento químico

atividade específica no produto F , D - ( P . F . )

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A proporção que um constituinte A ê extraído

para uma fase orgânica em um único equilíbrio, não depende

só do coeficiente de distribuição. Depende também dos consti

tuintes da fase aquosa, da relação volumétrica entre as fa

ses, da concentração do agente extrator e de outros parâme

tros relativos aos equipamentos de extração.

A separação completa de dois ou mais constitu

intes supõe a extração total e exclusiva de um deles. Somen

te em casos excepcionais consegue-se este resultado com um

único estágio de extração. Usam-se ensaios descontínuos para

o estudo do comportamento de um dado sistema. Os resultados

em um único estágio são extrapolados por expressões matemãti

cas, por métodos gráficos tipo Mc Cabe-Thiele e por métodos

proporcionais de aumento de escala. Desta maneira, consegue-

se em cada fase, as condições adequadas para a elaboração do

esquema do processo de separação.

II1.6. Abreviações dos termos usados neste trabalho

Abaixo relacionam-se as abreviações dos ter

mos mais usados na parte experimental deste trabalho, com o

seu respectivo significado.

F.A. = fase aquosa

F.O. = fase orgânica

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. 34 .

[H] = concentração de nas soluções (M) a -3

[zr] a = concentração de zircônio nas soluções aquo

sas (M)

[s] = concentração do agente salificador (NaNCO na

F.A.

[ T B P ] ° = concentração de TBP na F.O. (% v/v)

T = temperatura do experimento (9C)

t = tempo de contato entre as fases (min.)

V = velocidade de agitação (rpm)

R° a = relação entre os volumes da F.A. e F.O.

°(Zr) = razão de distribuição do zircônio

%E = porcentagem de extração.

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. 35.

IV. DADOS EXPERIMENTAIS

A simulação das condições reais de um dado

sistema pode ser realizada por meio do uso de soluções marca

das com um traçador da espécie em estudo. Em trabalhos nos

quais se tem elevada radioatividade e/ou complexidade quími

ca ê indicado que estes se iniciem com condições as mais sim

pies possíveis. Neste trabalho adotou-se esse procedimento ,

ou seja, foi verificada a influência de cada parâmetro, indi

vidualmente, usando-se a melhor condição da variável estuda

da para o experimento seguinte. Todo o trabalho experimental

teve como base o combustível padrão, conforme as caracterís_

ticas descritas no item 1.1.

Considerando-se as condições de extração mãxi

ma do zircônio e, com as verificações realizadas em níveis

de menor extração, podem-se tirar conclusões de modo a se se

parar o urânio em situações em que o zircônio ê menos extra_í

do. Também, mesmo que haja contaminação do zircônio na fase

orgânica, este pode ser removido desde que as condições se

jam ajustadas. Deste modo, a parte experimental teve, ini

cialmente, um estudo do tempo de equilíbrio, passando-se, su

cessivamente, ãs verificações das influências da acidez e

concentração do zircônio na fase aquosa, da concentração da

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. 36 .

fase orgânica, do volume relativo entre fase aquosa e orgâni

ca, da temperatura, da saturação do solvente e, por fim, da

influência dos produtos de degradação do solvente sobre a

distribuição e retenção do zircônio.

Os resultados experimentais serão representa

dos por meio de gráficos ou de tabelas considerando-se a dis_

tribuição (D) ou a percentagem de extração (%E) do zircônio

como as respostas avaliadoras do sistema.

IV.1. Tempo de equilíbrio na extração do zircônio com TBP-

varsol

Inicialmente determinou-se o tempo necessário

para que a condição de equilíbrio entre as fases fosse alcan

çado.

Utilizou-se, para este experimento, uma fase

_ 3

aquosa de alimentação contendo zircônio (1,2 X 10 M) em

HNO^ (3 M ) , fase orgânica TBP 30% - varsol, â temperatura de

25 9C, velocidade de agitação de 1500 rpm e relação volume

trica unitária, variando-se o tempo de contato entre 1 e 20

minutos.

Observando-se a Figura 4, verifica-se que o

equilíbrio se estabelece em 5 minutos. Por esta razão em to

dos os experimentos subseqüentes o tempo de contato foi de 5 .

minutos.

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FIGURA 4 • T E M P O D E E Q U I L Í B R I O NA E X T R A Ç Ã O D O Z I R C Ô N I O COM

T B P 3 0 % - V A R S O L .

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.38.

IV.2. Influência da concentração de zircônio e da acidez

livre na fase aquosa de alimentação - Diagrama de

equilíbrio.

Os experimentos foram realizados com soluções

aquosas contendo zircônio em 5 concentrações na faixa de

-4 -2

10 a 10 M e acidez livre variando de 1 a 5 M. Utilizou-

se TBP 30% - varsol, relação de fases unitária, tempo de con

tato de 5 minutos, 25 9C e 1500 rpm.

Pelo diagrama apresentado (Figura 5) observa-

se que a distribuição do zircônio aumenta, com o aumento da

concentração de HNO^ na solução aquosa de alimentação, den

tro do intervalo de acidez estudado.

A partir dos resultados do diagrama, cons

truiu-se um gráfico (Figura 6), em que se pode observar o

efeito da concentração inicial do zircônio na fase aquosa so

bre a sua distribuição. Nota-se que o aumento da concentra

ção provoca um decréscimo na distribuição do zircônio.

Assim, nos estudos seguintes, a concentração

-3

de zircônio foi fixada em 10 M, pois alem de ser a concen

tração de zircônio normalmente encontrada nas soluções do

processo Purex1*3, também mostra uma. distribuição de 0,46 pa

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F I G U R A 5 : D I A G R A M A D E E Q U I L Í B R I O DA E X T R A Ç Ã O DO Z I R C Ô N I O

C O M TBP 3 0 % - V A R S O L .

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.40..

F I G U R A 6 I N F L U E N C I A DA C O N C E N T R A Ç Ã O D E Z I R C Ô N I O NA

F A S E A Q U O S A D E A L I M E N T A Ç Ã O NA E X P O R T A Ç Ã O

DO Z I R C Ô N I O C O M T B P 3 O % - VA R S O L .

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.41.

ra acidez livre de 5 M, conveniente para os demais ensaios.

IV.3. Influência da concentração de TBP no solvente na ex­

tração do zircônio

As fases aquosas de alimentação tiveram a se

3

guinte composição: t Z r ] a

= 1*2 X 10 M em [H] a = 1, 3 e 5

M. As concentrações de TBP na fase orgânica utilizadas neste

experimento foram: 5%; 12,5%; 20%; 30% e 35%. Os contatos fo

ram realizados â temperatura de 25 9C, velocidade de agita

ção de 1500 rpm por 5 minutos e a relação volumétrica foi u

nitária.

Na Figura 7, nota-se que há um aumento na dis_

tribuição do zircônio no sentido de maiores concentrações de

TBP na fase solvente. Entretanto, após 30% a separação das

fases ê mais lenta, o que acarreta dificuldades de operações.

Assim sendo, os demais experimentos foram realizados com TBP

30% - varsol.

IV.4. Influência da variação da relação volumetrica entre

as fases na extração do zircônio com TBP 30% - varsol

Nos experimentos realizados anteriormente, a

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O 1 0 2 0 3 0 4 0

C O N C E N T R A Ç Ã O D E T B P NA F.0.(°/<» V / V )

F I G U R A 7 • I N F L U Ê N C I A DA C O N C E N T R A Ç Ã O DE T B P NA

E X T R A Ç Ã O DO Z I R C Õ N I O .

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relação de volumes entre as fases aquosa e orgânica foi uni

tãria, condição imposta pela regra de Gibbs e lei de Nernst.

Porém, nos fluxogramas de processo de tratamento de combustí

veis irradiados, tal parâmetro não é fixo, podendo ser mod_i

ficado de acordo com a taxa de queima e da quantidade de ma

teriais físseis e férteis presentes no combustível. Por esta

razão, estudou-se a sua influência sobre a distribuição do

zircônio.

As soluções aquosas empregadas foram: [Zr] =

1,2 X 10~ 3 M e [H] = 1, 3 e 5 M . A concentração de TBP no

solvente foi de 30% (v/v). A relação volumétrica variou de

10 a 0,1, para contatos de 5 minutos, temperatura de 25 9C e

velocidade de agitação de 1500 rpm. Os valores da Tabela I,

indicam que a extração do zircônio sofre um acréscimo com o

aumento da proporção do agente extrator na fase orgânica.Por

tanto, indica-se uma menor concentração de TBP quando se de

seja um grau maior de descontaminação.

IV.5. Influência da temperatura na extração do zircônio com

TBP 30% - varsol

Segundo a literatura especializada, a tempera

tura é um dos fatores que afetam o comportamento de extração

do zircônio. Apesar das restrições operacionais e, conside

rando-se que a elevação da temperatura pode aumentar os efei

tos de hidrólise e radiõlise do solvente, ainda assim essa

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.44.

T A B E L A I: Influência da variação da relação volumétrica na

extração do zircônio com T B P 30% - varsol

FA/FO^^

v/v

%E [ H ] C = 1 M [H]c = 3 M [H] a = 5 M

10 0,14 0, 40 1,43

5 0, 32 0, 87 3,06

3 0,60 1,54 5, 27

2 0,99 2, 49 10,11

1 2,25 4, 85 22,96

0,5 4, 76 9, 75 38,65

0,2 13, 79 22,18 61,54

0,1 25,93 39,40 78, 72

[zr] a = 1,2 X 10 3 M

[ T B P ] ° = 30% - varsol

T = 25 9C

t = 5 mi n.

V = 1500 rpm

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.45.

verificação é importante.

As fases aquosas utilizadas tiveram a mesma

-3

composição do experimento anterior: 1,2 X 10 M de zirconio

em HNOg 1? 3 e 5 M. Empregou-se TBP 30% - varsol em relação

unitária com a fase aquosa. Os experimentos foram realizados

nas seguintes temperaturas: 13 9C, 20 9C, 25 9C, 30 9C e

40 9C. Contactaram-se as duas fases líquidas por 5 minutos e

1500 rpm. Analisando-se a Figura 8, observa-se que a extra

ção do zirconio, no intervalo verificado, sofre um acréscimo

discreto com a temperatura.

IV.6. Efeito da concentração do agente salificador na extra

ção do zirconio com TBP 30% - varsol

O processo Purex utiliza como agente salifica

dor o próprio ácido nítrico usado na dissolução do combustí

vel irradiado. Entretanto, nas soluções provenientes da dis

solução tem-se também os nitratos de alumínio, de sódio ou

de magnésio produzidos na dissolução dos materiais estrutu

rais. Via de regra, há uma indução por parte dos nitratos

dos referidos elementos, a um aumento da distribuição das es

pêcies extraíveis por mecanismo de solvatação, mecanismo pe

lo qual o TBP extrai os nitratos dos actinídios.

Por essas razões, realizaram-se experimentos

adicionando-se nitrato de sódio as soluções aquosas

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F I G U R A 8 •• I N F L U Ê N C I A D A T E M P E R A T U R A N A E X T R A Ç Ã O DO

Z I R C Õ N I O C O M T B P 3 0 % - V A R S O L .

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contendo zircônio na concentração de 1,2 X 10 M e HNO^ 1,

3 e 5 M. As fases orgânicas foram de TBP 30% - varsol. A fai

xa de concentração de nitrato de sódio variou de 1 a 5 M. Pe

la Figura 9, nota-se que há. um aumento na distribuição do

zircônio â medida em que a concentração de NaNO^ na fase a

quosa aumenta.

Assim, os experimentos seguintes realizaram-

se com fases aquosas contendo NaNQ^ na concentração de 1 M,

de modo a se observar os efeitos com soluções as mais repre

sentativas possíveis.

IV. 7. Efeito da saturação do solvente em UC>2 (NO^) 2 na ex­

tração do zircônio com TBP 30% - varsol

Os experimentos foram realizados com as fases

orgânicas contendo o solvato ( U02(NO^)2•2TBP ), obtidas a

partir de uma extração (TBP 30%) prévia do nitrato de urani

lo de soluções puras de nitrato de uranilo com acidez livre

5 M. Nestas condições, a saturação do TBP ê de aproximadamen

te 130 g de urânio por litro de solução orgânica e, em repro

cessamento, usualmente a saturação ê da ordem de 60% (que

corresponde a 78 gU/1). Assim, nestes experimentos utiliza

ram-se fases orgânicas carregadas com nitrato de uranilo em

concentração de até 75 gU/1.

Os resultados dos efeitos da saturação do TBP

sobre a extração do zircônio se encontram na Figura 10, onde

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i 1 i r~ i : 1

C O N C E N T R A Ç Ã O DE N I T R A T O DE SO'D!0 (M)

F I G U R A 9 •• I N F L U Ê N C I A DO A G E N T E S A L I F I C A D O R NA E X T R A Ç Ã O

DO Z I R C Õ N I O C O M T B P 3 0 7o - V A R S O L .

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I O " 2 I ! i 1 1 ¡ ! I

O 10 2 0 3 0 4 0 50 60

S A T U R A Ç Ã O DA F .O . EM U 0 2 ( N 0 3 ) 2 ( % )

FIGURA 10 E F E I T O DA S A T U R A Ç Ã O DO S O L V E N T E C O M

NITRATO DE U R A N I L O NA E X T R A Ç Ã O D O

Z I R C Õ N I O C O M T B P 3 0 % - V A R S O L .

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.50.

se verifica que a distribuição do zircônio diminui, conside

ravelmente, ã medida que a saturação do solvente aumenta.

IV.8. Influência da concentração dos produtos de degradação

do solvente na extração do zircônio com TBP 30% - var

sol

Durante o tratamento do combustível irradiado

ocorre a degradação do TBP e do diluente a produtos que afe

tam o comportamento de extração das espécies extraíveis pelo

TBP. Por este motivo, houve-se por bem estudar o seu efeito

sobre a distribuição do zircônio.

Os experimentos foram executados com a intro

dução de uma mistura constituída de MBP + DBP nas fases or

gânicas de TBP 30% - varsol. As fases aquosas de alimentação

foram de: [Zr] - 1,2 X 10~"3 M, [í-i] = 1, 3 e 5 M e cl c i

[Si = 1 M. 1 J a

A faixa de concentração de MBP + DBP variou

-3 -2

de 10 - 10 M, para contatos de 5 minutos, a 25 9C e 1500

rpm. Pela Figura 11, observa-se que há um acréscimo na dis

tribuição do zircônio â medida em que a concentração de MBP

+ DBP aumenta, indicando a retenção do zircônio na fase or

gânica, quando o solvente se degrada.

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Fl GURA I I I N F L U Ê N C I A DA C O N C E N T R A Ç Ã O D O S P R O D U T O S

D E D E G R A D A Ç Ã O DO T B P NA E X T R A Ç Ã O DO Z I R -

C Õ N I O C O M T B P 3 0 % - V A R S O L .

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Os estudos realizados indicaram a procedência

na verificação de como se comporta o zircônio nas diversas

fases do reprocessamento. Um fluxograma de processo em que

as variáveis são ajustadas levam a obtenção de urânio com

maior grau de pureza, implicando em um menor número de fases

de tratamento. Portanto, como resultado deste estudo, a se

guir serão sugeridas as melhores condições em que há uma

maior descontaminação de zircônio.

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V. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

No desenvolvimento deste trabalho procurou-se

observar as condições que permitissem uma maior descontamina

ção do zircônio, durante o processo de recuperação dos acti_

nidios, segundo o processo Purex. Assim, as soluções utiliza

das nos experimentos tiveram, sempre, uma composição aproxi

mada daquelas do processo Purex. As concentrações das dife

rentes soluções usadas na parte experimental foram sempre ba

seadas no combustível padrão, tipo PWR 6 „

As observações verificadas durante os exper:L

mentos permitiram um conhecimento do comportamento do zircô

nio, nas mais diversas situações. Tais conclusões e, ainda ,

os valores obtidos da literatura possibilitam a indicação de

um esquema em que os actinldios, presentes no combustível ir

radiado, sejam recuperados com elevada descontaminação em re

lação aos produtos de fissão, especialmente, o zircônio.

No reprocessamento há um compromisso entre a

descontaminação dos produtos de fissão (Zr~Nb, Ru) e o rend L

mento de separação e purificação dos actinldios. É importan

te, portanto, que as condições sejam ajustadas para não ocor

rer perdas nos produtos, mesmo que a descontaminação seja

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elevada.

A extração dos actinldios deve-se realizar

com uma fase aquosa de alimentação em que a acidez livre se

situe ao redor de 3 M. A concentração de actinldios também

deve ser elevada pois desta forma, haverá uma predominância

de actinldios na fase orgânica não havendo disponibilidade

de agente extrator para a extração do zircônio. Esta conclu

são baseia-se nos valores obtidos nos experimentos realiza

dos para a verificação do tempo de equilíbrio na extração do

zircônio, do diagrama de equilíbrio e da influência da satu

ração da fase orgânica. Tais ensaios indicaram que a veloci

dade de formação do complexo Zr-TBP é superior ã velocidade

de reação do solvato U-TBP, portanto, há uma afinidade maior

do TBP pelos actinldios.

Como conclusão importante do diagrama de equi

llbrio tem-se a influência da acidez da fase aquosa de ali

mentação. Observou-se uma maior extração do zircônio no sen

tido de maiores concentrações de ácido nítrico. Este compor

tamento também ê observado na extração do urânio. Entretanto,

o rutênio, o outro produto de fissão também limitante no pro

cesso, tem um comportamento oposto. Assim, avaliando-se a

distribuição do urânio (Dy = 4,00) 5 7, do zircônio ( Dz r

=

0,05) e do rutênio (D R u

= 0,01) 5 7, pode-se estabelecer que

uma concentração nítrica média ê a mais indicada.

Quanto ã etapa de lavagem da fase orgânica

carregada, considerando-se o zircônio e o rutênio, sugere-se

duas operações: a primeira em condições de alta acidez (em

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torno de 5 M em HNO^) e a temperatura de 40 9 C . A segunda

seção de lavagem em condições de baixa acidez (em torno de

1 M em HNO^) e um maior número de estágios de contactação.Es

te procedimento permite uma boa reversão do rutênio na pri

meira fase de lavagem e na segunda haverá a descontaminação

do zircônio (D„„ = 0 , 0 2 para [H] = 1 M). aí. «• J a

A concentração de T B P nas fases orgânicas po

de ser de 20 ou 30% (v/v), nunca superior, pois há dificulda

des de operação e formação de emulsões estáveis. O uso de

maiores concentrações do extrator também leva a uma maior ex

tração do zircônio ( D Z R > 0 , 0 1 para [T B P ] ° = 3 5 % ) . Para flu

xogramas de tratamento de combustíveis com taxa de queima

elevada, por exemplo, combustíveis de reatores rápidos, se

ria indicada a concentração de 20% de T B P na fase orgânica.

Nos ensaios em que se variou a relação volume

trica entre as fases aquosa e orgânica verificou-se que quan

to menor a relação V /V , maior ê a distribuição do zircônio. r a o ^

Recomenda-se que a seção de extração tenha uma relação

(V

a/V ) 1 :2 (D Z r - 0 , 0 5 para [lí] a = 3 M) e a lavagem relação

luções orgânicas haverá um acréscimo significativo na extra.

ção do zircônio. Experimentos realizados com a adição de DBP

- 3

e MBP na concentração de 9 X 1 0 M mostraram uma elevação

de um fator de 1 0 0 na distribuição do zircônio. A presença

de produtos de degradação ê quase que uma constante rio trata

mento de combustíveis irradiados e, este problema sõ poderá

1:5 (D Zr

= 0 , 0 3 para

Quando existem produtos de degradação nas so

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ser contornado quando do desenvolvimento dos extratores rãpi_

dos de baixo tempo de contacto entre as fases líquidas.

V.1. Esquema para o tratamento do combustível de urânio ir­

radiado

Em conclusão aos estudos realizados neste tra

balho, apresenta-se um esquema para o tratamento de um com

bustível PWR (Pressurized Water Reactor) com um grau de enri.

235 quecimento em U de 3,2 %. A atividade gama correspondente

9 5 3 ao Zr e da ordem de 10 a 10 Ci/tü.

O esquema proposto consta de dois ciclos de

descontaminação para cada produto (U e Pu) . No primeiro ci_

cio, faz-se a partição do plutónio e do urânio. O segundo ci

cio é empregado para atingir o fator de descontaminação glo

bal do processo. Mas a descontaminação dos produtos desses

dois ciclos ainda não é suficiente para permitir a manipula

ção direta dos produtos. Portanto, é necessário que os produ

tos passem por ciclos de purificação final ("Tail~End").

O esquema apresentado (Figura 12) é uma varia

ção do processo Purex - High Acid, no qual a lavagem da fase

orgânica ê realizada em duas etapas, com condições de acidez

e de temperatura distintas. No primeiro contactor, a acidez

de lavagem é de 5 M e temperatura de 40 9C, temperatura esta,

insuficiente para que haja a degradação térmica de TBP 5 H .

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U . P u ,P.F.

TBP 3 0 % i

V A R S O C j 1 3-°

10.0 i ±

r 2.0

1

I H ! „ =5M

E X T R A Ç Ã O / L A V A G E M

T = 2 5 " C T - 4 C C

5.0

H N ° r ~ L p. F. r~

r i

IÒ .0 I I

! I

10.0 I I I

"1 L A V A 6 E M

T * 2 5 o C

2 . 0

U, Pu.Zr-Nb

H N O 3

- I 0 . 0 - -

2.0

T B P 3 0 V .

V A R S C L

2.0

Pu . H N O j j

ih. EVAP.

-2.0-

U , H N 0 3

- ^ {REOXIDACAO

P u '

P C I C L O S D~E P U R ! FI C . AD I C.

U . Pu

W A S T E Z r . N b W A S T E 1

Z r . N b iO.O

I I I

_ J

1 A £ -2 .0-

P A R T I Ç Ã O

T : 2 5 * C

I H I 0

S O.IM

- I 2 . 0 - - 15.6- I H l 0 = O.OIMJ

R E V E R SAO

T = 25°C

\2D

TBP/VARSOL

15.6- U , H N 0 3

£ VA R

C I C L O S OE P U R I F I C . A O I C .

L E G E N D A F A S E A Q U O S A

F A S E O R G Â N I C A

F I G U R A I 2 E S Q U E M A PARA T R A T A M E N T O DE E L E M E N T O

C O M B U S T Í V E L ( P. W . R . J - P R O C E S S O P U R E X

A L T E R A D O .

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.58.

Num segundo contactor promove-se a reversão do zircônio no

solvente, com uma solução de ácido nítrico 1,0 M.

As alterações sugeridas não são dispendiosas,

não introduzem íons estranhos ao sistema, além de não afetar

a extração dos actinídios. O esquema proposto conduz a uma

descontaminação efetiva do zircônio, objetivo desta disserta

ção.

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