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Instituto de Radioproteção e Dosimetria – IRD
Luana Kerlly de Medeiros Ferreira
Roberta da Silva Souza
Stefanie Gomes Rodrigues
DESENVOLVIMENTO DE UM ARRANJO EXPERIMENTAL PARA AVALIAÇÃO
RADIOLÓGICA DE MEDIDOR NUCLEAR DE DENSIDADE DE SOLO COM
RADIAÇÃO GAMA E NÊUTRONS
Rio de Janeiro
2017
Luana Kerlly de Medeiros Ferreira
Roberta da Silva Souza
Stefanie Gomes Rodrigues
DESENVOLVIMENTO DE UM ARRANJO EXPERIMENTAL PARA AVALIAÇÃO
RADIOLÓGICA DE MEDIDOR NUCLEAR DE DENSIDADE DE SOLO COM
RADIAÇÃO GAMA E NÊUTRONS
Trabalho de conclusão de curso apresentado
para a obtenção do título de Especialista em
Proteção Radiológica e Segurança de fontes
Radioativas, pelo programa de Pós-
Graduação do Instituto de Radioproteção e
Dosimetria da Comissão Nacional de Energia
Nuclear, em parceria com a Agência
Internacional de Energia Atômica.
Orientador: Prof. Dr. Francisco Cesar Augusto
Da Silva
Coorientador: Dr. João Carlos Leocádio.
Rio de Janeiro - Brasil
Instituto de Radioproteção e Dosimetria - Comissão Nacional de Energia Nuclear
Coordenação de Pós-Graduação
Setembro 2017.
T 574.77 F382d Ferreira, Luana Kerlly de Medeiros; Souza, Roberta da Silva; Rodrigues, Stefanie Gomes.
Desenvolvimento de um arranjo experiental para avaliação radiológica de medidor nuclear de densidade de solo com radiação gama e nêutrôns / Luana Kerlly de Medeiros, Roberta da Silva Souza, Stefanie Gomes Rodrigues / Rio de Janeiro: IRD/IAEA, 2017.
XIII,78f.: il.; tab.; 29 cm.
Orientador: Prof. Dr. Francisco Cesar Augusto Da Silva Coorientador: Dr. João Carlos Leocádio
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização (Lato Sensu) em Proteção Radiológica e Segurança de Fontes Radioativas) – Instituto de Radioproteção e Dosimetria. 2017.
Referências bibliográficas: f. 76-78
1. Avaliação Radiológica. 2. Medidores Nucleares. 3. Proteção Radiológica. 4. Densidade do Solo.
5. Acidentes Radiológicos. I. Título
Luana Kerlly de Medeiros Ferreira
Roberta da Silva Souza
Stefanie Gomes Rodrigues
DESENVOLVIMENTO DE UM ARRANJO EXPERIMENTAL PARA AVALIAÇÃO
RADIOLÓGICA DE MEDIDOR NUCLEAR DE DENSIDADE DE SOLO COM
RADIAÇÃO GAMA E NÊUTRONS
Rio de Janeiro, 18 de Setembro de 2017.
_____________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Cesar Augusto Da Silva – IRD/CNEN
_____________________________________________________
M.Sc. Camila Moreira Araujo de Lima – MAXIM Industrial
_____________________________________________________
Dr. João Carlos Leocádio – IRD/CNEN
O presente trabalho foi desenvolvido no Instituto de Radioproteção e Dosimetria da
Comissão Nacional de Energia Nuclear, sob orientação do Prof. Dr. Francisco Cesar
Augusto da Silva.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradecemos a Deus por ter nos dado forças para chegar
até aqui, perseverantes na fé.
Agradecemos a todos os professores do IRD que se dispuseram a nos
ajudar, orientar e conduzir melhor este trabalho.
Em especial, agradecemos ao nosso orientador Dr. Francisco Cesar
Augusto Da Silva, por assumir a responsabilidade de nos orientar e transmitirem
seus conhecimentos e assim nos tornar, alunos melhores.
Agradecemos a Srª. Maria Luiza de Castro, professora da Universidade
Federal de Minas Gerais e também irmã do diretor da Pattrol, que gentilmente nos
transmitiu informações para que pudéssemos agregar a este trabalho.
Agradecemos a coordenação do curso, principalmente ao coordenador
Fernando Barcellos Razuck e ao diretor de ensino Aucyone Augusto da Silva, por
estarem sempre dispostos a ajudar ao longo deste curso.
Agradecemos ao Dr. João Carlos Leocádio, chefe do laboratório de indústria
e nosso coorientador, que cedeu seu espaço, equipamentos e todo seu
conhecimento e recursos disponíveis de forma a contribuir para este trabalho.
Agradecemos a todos os nossos familiares e amigos, por todo apoio,
confiança e compreensão durante nossa ausência neste período de formação.
Agrademos aos nossos amigos do curso de Pós-Graduação do IRD/AIEA,
que nos deram força para concluir essa jornada.
Nosso muito obrigado a todos vocês!
RESUMO
Os medidores nucleares são muito importantes para a indústria moderna, eles se
dividem em várias categorias, dentre elas os medidores nucleares de densidade, os
quais possuem algumas aplicações ainda mais específicas, como os medidores
nucleares de densidade de solo. Trata-se de um aparelho capaz de determinar a
densidade e a umidade presentes nos solos nus e em camadas de asfalto e
concreto. Hoje no Brasil existem 508 instalações autorizadas a utilizar medidores
nucleares, situadas principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Os medidores
nucleares de densidade de solo usam dois tipos de fontes radioativas: 137Cs, fonte
gama e 241Am/Be, fonte de nêutrons. São equipamentos portáteis e normalmente
usados para medir densidade e umidade em solo e materiais de construção. Um
estudo radiológico detalhado foi realizado visando obter uma prática segura do uso
desse equipamento tanto para os indivíduos ocupacionalmente expostos, indivíduos
do público como para o meio ambiente. Esse estudo foi composto por: levantamento
radiométrico sem a fonte ser exposta, teste de esfregaço, e outro levantamento
radiométrico com a fonte exposta em três tipos de solos separadamente. Com o
objetivo de medir as taxas de dose para que através dos resultados obtidos,
elaborássemos um arranjo experimental de modo em que ele se atenha dentro dos
limites de dose estipulados pelas normas da CNEN. Esse arranjo permitirá realizar
um estudo de características de solo, estudo de blindagem para cada tipo de solo e
levantamento radiométrico usando diversos tipos de solos, com densidades
variadas. Esse trabalho, onde será elaborado um arranjo experimental para
avaliação radiológica de medidor nuclear de densidade de solo, contribuirá
enormemente para o aprendizado de futuros técnicos e supervisores de
radioproteção na área de indústria radiativa, bem como, proporcionará o aumento do
nível de proteção radiológica no País.
Palavras chave: Medidores Nucleares, Densidade de Solo, Acidentes Radiológicos,
Avaliação Radiológica, Proteção Radiológica.
ABSTRACT
Nuclear gauges are very important to the modern industry, they are divided into
several categories, among them the nuclear density gauges, which have some
further applications, such as nuclear density gauges. This is a device able to
determine density and moisture present in the soil bare and in layers of asphalt and
concrete. Today in Brazil there are 508 facilities authorized to use nuclear gauges,
which are situated mainly in the South and Southeast regions. Nuclear density
gauges for soil use two types of radioactive sources: 137Cs, gama source and
241Am/Be, neutron source. Are portable equipment and typically used for measuring
density and moisture in soil and building materials. A radiological study was carried
out in order to obtain a detailed safe practice the use of the equipment for both
occupationally exposed individuals, individuals from the public and to the
environment. This study was composed of: radiometric survey without the source
being exposed, smear test, and other radiometric survey with the source exposed in
three soil types separately. With the aim of measuring the dose rates for you through
the results, draw up an experimental arrangement so he stay within the dose limits
stipulated by the standards of the CNEN. This arrangement will enable a study of soil
characteristics, study of armor for each type of soil and radiometric survey using
various soil types, with varying densities. This work, where experimental arrangement
shall be drawn up for radiological assessment of nuclear soil density gauge, will
contribute greatly to the learning of future technicians and supervisors of radiation
protection in the area of radiation, as well as industry, will provide increased
radiological protection in the country below.
Key words: Nuclear Gauges, Soil Density, Radiological Accidents, Radiological
Assessment, Radiological Protection.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO…………………………....…………………………………………… 15
1.1. Objetivo.............................................................................................................. 16
1.2. Objetivos específicos......................................................................................... 16
2. DESENVOLVIMENTO…………….……...…........................................................ 17
2.1. Medidores nucleares......................................................................................... 17
2.1.1. Tipos de medidores nucleares....................................................................... 17
2.2. Inventário de medidores nucleares no Brasil.................................................... 23
2.3. Medidores nucleares de densidade de solo...................................................... 24
2.3.1. Novos modelos de medidores nucleares de densidade de solo.................... 27
2.4. Risco radiológico através da categorização das fontes radioativas da AIEA.... 30
2.5. Eventos anormais ocorridos com medidores nucleares de densidade de solo 31
2.6. Regulamentação no Brasil e recomendações internacionais........................... 36
3. METODOLOGIA.................................................................................................. 43
3.1. Avaliação radiológica do medidor nuclear de densidade de solo..................... 44
3.2. Avaliação de contaminação do medidor nuclear de densidade de solo........... 47
3.3. Avaliação radiológica em laboratório do setup do medidor nuclear com os
tres tipos de solos.................................................................................................... 53
3.3.1. Determinação da densidade do solo.............................................................. 57
3.3.2. Cálculo teórico da blindagem......................................................................... 59
3.3.3. Avaliação radiológica através do levantamento radiométrico........................ 62
3.3.4. Estudo de um arranjo experimental para avaliação radiológica de
medidores nucleares de densidade de solo............................................................. 63
4. RESULTADOS..................................................................................................... 65
4.1. Levantamento radiométrico do medidor nuclear de densidade de solo............ 65
4.2. Avaliação da integridade da fonte radioativa do medidor nuclear de
densidade de solo.................................................................................................... 67
4.3. Avaliação radiológica do medidor nuclear de densidade de solo através de
levantamento radiométrico....................................................................................... 68
4.4. Estudo experimental da blindagem de radiação gama..................................... 69
4.5. Arranjo experimental para avaliação radiológica de medidor nuclear de
densidade de solo com radiação gama e nêutrons................................................. 70
5. CONCLUSÃO...................................................................................................... 73
6. RECOMENDAÇÕES............................................................................................ 75
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 76
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Fontes usadas de acordo com o tipo de aplicação para medidores nucleares por transmissão.....................................................................................
20
Tabela 2: Fontes utilizadas para uma faixa de aplicações para medição por retro espalhamento por beta e gama.....................................................................
21
Tabela 3: Fontes utilizadas para uma faixa de aplicações para medições reativas...................................................................................................................
22
Tabela 4: Instalações em suas respectivas regiões do Brasil................................ 24
Tabela 5: Características principais do densímetro Troxler................................... 29
Tabela 6: Categorização das fontes...................................................................... 31
Tabela 7: Limitação de dose individual anual......................................................... 37
Tabela 8: Dados dos medidores nucleares de densidade de solo utilizados......... 44
Tabela 9: Limites de taxa de dose para radiação gama recomendados pelo fabricante...............................................................................................................
44
Tabela 10: Limites de taxa de dose para radiação de nêutrons recomendada pelo fabricante........................................................................................................
44
Tabela 11: Descrição dos pontos de monitoração no medidor nuclear................. 45
Tabela 12: Relação dos monitores de radiação utilizados..................................... 46
Tabela 13: Relação dos monitores de radiação utilizados no teste de esfregaço. 48
Tabela 14: Teste de fonte de aferição................................................................... 48
Tabela 15: Monitoração de material e área a ser usada....................................... 49
Tabela 16: Modelo de ficha de identificação de amostra....................................... 51
Tabela 17: Dados dos detectores.......................................................................... 56
Tabela 18: Valores de BG na área livre e área controlada.................................... 56
Tabela 19: Resultado das medidas dos solos no cilindro...................................... 59
Tabela 20: Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor A para fonte gama.............................................................................................................
65
Tabela 21: Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor B para fonte gama.............................................................................................................
65
Tabela 22: Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor C para fonte gama..............................................................................................................
65
Tabela 23: Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor D para fonte gama..............................................................................................................
65
Tabela 24: Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor A para fontes de nêutrons..................................................................................................
66
Tabela 25: Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor B para fontes de nêutrons..................................................................................................
66
Tabela 26: Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor C para fontes de nêutrons................................................................................................
66
Tabela 27: Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor D para fontes de nêutrons..................................................................................................
66
Tabela 28: Resultados obtidos no esfregaço......................................................... 67
Tabela 29: Resultado de taxa para radiação gama no solo IRD - µSv/h............... 68
Tabela 30: Resultado de taxa de dose para radiação gama no solo PAN - µSv/h 68
Tabela 31: Resultado de taxa de dose para radiação gama no solo PRAIA - µSv/h......................................................................................................................
68
Tabela 32: Resultado de taxa para radiação gama no solo IRD com chumbo - µSv/h......................................................................................................................
69
Tabela 33: Resultado de taxa de dose para radiação gama no solo PAN com chumbo - µSv/h .....................................................................................................
69
Tabela 34: Resultado de taxa de dose para radiação gama no solo PRAIA com chumbo - µSv/h......................................................................................................
69
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Componentes básicos de um medidor nuclear................................... 17
Figura 2: Princípios de funcionamento............................................................... 18
Figura 3: Encapsulamento de fonte radioativa................................................... 22
Figura 4: Corte de um contêiner de fonte gama................................................ 23
Figura 5: Mapa de instalações por região no Brasil........................................... 23
Figura 6: Medidor Nuclear De Densidade De Solo............................................ 25
Figura 7: Transmissão Direta............................................................................. 26
Figura 8: Retroespalhamento............................................................................. 26
Figura 9: Modelo 4300....................................................................................... 30
Figura 10: Caminhonete com equipamento radioativo no México..................... 35
Figura 11: Medidor Nuclear roubado em La Serena.......................................... 36
Figura 12: Pontos de monitoração no medidor nuclear..................................... 45
Figura 13: Levantamento radiométrico para radiação gama............................. 46
Figura 14: Levantamento radiométrico para radiação de nêutrons................... 46
Figura 15: Monitor com a sonda GM e sonda pancake.................................... 47
Figura 16: Teste de fonte de aferição................................................................ 48
Figura 17: Espelho devidamente posicionado mostrando o canal da fonte....... 49
Figura 18: Sequência da preparação do amostrador......................................... 49
Figura 19: Introdução do amostrador no orifício da fonte do densímetro do fabricante Soiltest...............................................................................................
50
Figura 20: Introdução do amostrador no orifício da fonte do densímetro do fabricante Troxler...............................................................................................
50
Figura 21: Procedimento do esfregaço com constante monitoração de área.... 51
Figura 22: Monitoração das amostras................................................................ 52
Figura 23: Retirada da amostra do chão............................................................ 52
Figura 24: Monitoração do chão e da pinça....................................................... 53
Figura 25: Mapa dos tipos de solo da cidade do RJ.......................................... 53
Figura 26: Solo do IRD, ESKo............................................................................ 54
Figura 27: Solo da Vila do Pan, OJy.................................................................. 55
Figura 28: Solo da Praia do Recreio.................................................................. 55
Figura 29: Medidas no cilindro com a fonte exposta no solo............................. 57
Figura 30: Solos usados nas medições experimentais...................................... 57
Figura 31: Balança usada para medir a massa de cada solo............................ 58
Figura 32: Calculo de blindagem de Chumbo para IOE.................................... 60
Figura 33: Folha de chumbo dobrada e com marcas de amassados................ 61
Figura 34: Aferição da espessura da folha de chumbo no laboratório............... 61
Figura 35: Medidas com a folha de chumbo...................................................... 62
Figura 36: Calculo de blindagem de Chumbo para IP....................................... 63
Figura 37: Calculo de blindagem de Vidro plumbífero para IOE........................ 64
Figura 38: Arranjo em 3D sem blindagem e com folhas de chumbo................. 70
Figura 39: Visão frontal do arranjo em 3D......................................................... 70
Figura 40: Descrição do arranjo em 3D............................................................. 71
Figura 41: Taxa de dose a 1 m no arranjo em 3D com a fonte off..................... 71
Figura 42: Taxa de dose a 1 m no arranjo em 3D sem blindagem com a fonte on........................................................................................................................
72
Figura 43: Taxa de dose a 1 m no arranjo em 3D com blindagem e a fonte on 72
LISTA DE ABREVIATURAS
Agencia Internacional de Energia Atômica - AIEA
Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA
Indivíduo ocupacionalmente exposto - IOE
Indivíduo público - IP
International Organization for Standardization - ISO
Pavimentos, Traçados e Obras Ltda. - PATTROL
Serviço de Radioproteção - SR
Supervisor de Radioproteção - SPR
15
1. INTRODUÇÃO
Os medidores nucleares são uma ferramenta importantíssima para a
indústria moderna. São equipamentos dotados de fontes de radiação ionizante e um
detector e que, através da interação desta radiação com a matéria, geram um sinal
que pode ser programado para executar uma série de funções. Os medidores
nucleares se dividem em várias categorias, dentre elas os medidores nucleares de
densidade. Estes equipamentos estão presentes em diversos segmentos industriais
e em muitos controles de processos, tais como indústrias petroquímicas, de
alimentos, agrícola, têxtil, de concreto, etc. Os medidores nucleares de densidade
também possuem algumas aplicações específicas, dentre elas a dos medidores
nucleares de densidade de solo. Trata-se de um aparelho capaz de determinar a
densidade e a umidade presentes nos solos nus e em camadas de asfalto e
concreto.
Devido a sua enorme versatilidade estes equipamentos são cada vez mais
utilizados, o que demanda um número cada vez maior de profissionais qualificados
para operá-los. Hoje no Brasil existem 508 instalações autorizadas a utilizar
medidores nucleares, situadas principalmente nas regiões Sul e Sudeste.
Os medidores nucleares de densidade de solo usam dois tipos de fontes
radioativas: 137Cs, fonte gama, com atividades de, aproximadamente 0,37 GBq (10
mCi) e 241Am/Be, fonte de nêutrons com, aproximadamente 2,22 GBq (60 mCi). São
equipamentos portáteis e normalmente usados para medir densidade e umidade em
solo e materiais de construção.
Um estudo radiológico detalhado deve ser realizado para se obter uma
prática segura do uso desse equipamento tanto para os indivíduos
ocupacionalmente expostos, indivíduos do público como para o meio ambiente,
evitando-se, assim, possíveis acidentes radiológicos que podem causar prejuízos
pessoais, econômicos e sociais para os envolvidos e para o meio ambiente.
Um método para realizar avaliação radiológica desse medidor nuclear de
solo, que gera radiação gama e nêutrons, é a elaboração de um arranjo
experimental que permita realizar um estudo de características de solo, estudo de
16
blindagem para cada tipo de solo e levantamento radiométrico usando diversos tipos
de solos, com densidades variadas.
Esse trabalho, onde será elaborado um arranjo experimental para avaliação
radiológica de medidor nuclear de densidade de solo, contribuirá enormemente para
o aprendizado de futuros técnicos e supervisores de radioproteção na área de
indústria radiativa, bem como, proporcionará o aumento do nível de proteção
radiológica no País.
1.1 Objetivo
Apresentar uma avaliação radiológica detalhada de medidor nuclear de
densidade de solo para a elaboração de um arranjo experimental laboratorial.
1.2 Objetivos Específicos
Realizar uma avaliação radiológica através de levantamento radiométrico
dos medidores nucleares.
Realizar uma avaliação de contaminação dos medidores nucleares de
densidade de solo através do teste de esfregaço.
Executar uma avaliação radiológica em laboratório do setup do medidor
nuclear com os três tipos de solos.
Apresentar um estudo de um arranjo experimental para avaliação
radiológica de medidores nucleares de densidade de solo.
17
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Medidores nucleares
Os medidores nucleares são equipamentos utilizados em vários ramos da
indústria, principalmente em processos de controle e controle de qualidade. Consiste
basicamente de uma fonte de radiação blindada juntamente com um detector de
radiação de modo que a radiação interaja com o material a ser analisado antes de
chegar ao detector, fornecendo dados em tempo real (Figura 1). (ARANTES, 2017)
A fonte de radiação ionizante a ser equipada ao medidor nuclear dependerá
da sua aplicação, podendo ser beta, gama ou nêutrons. Tais fontes são seladas,
sendo devidamente encapsuladas para evitar contaminação.
Figura 1 – Componentes básicos de um medidor nuclear. (Fonte: TROXLER, 2017)
2.1.1 Tipos de medidores nucleares
Os medidores nucleares são divididos em duas categorias principais, os
fixos e os portáteis.
Os medidores fixos são mais frequentemente utilizados em minas, fábricas e
instalações de produção como uma maneira de monitorar um processo de produção
e garantir o controle de qualidade. Sendo uma técnica não destrutível, onde a
passagem de radiação através do material não causa qualquer alteração física ou
química, nem o torna radioativo, proporciona medições precisas de espessura,
densidade, nível e quantidade. (CNCS, 2011)
18
Os medidores portáteis são utilizados em indústrias como agricultura,
construção e engenharia civil para medir parâmetros como a umidade ou
compactação no solo, e a densidade de asfalto para a pavimentação de mistura.
(CNCS, 2011)
Ambos têm como princípios básicos de funcionamentos: a transmissão
direta, o retroespalhamento e a reatividade (Figura 2). Esses medidores são muito
utilizados em indústrias, participando de controles de processos e em linhas de
produção. Como exemplos podem citar: Medidores Nucleares de Nível; Medidores
Nucleares de Espessura; Medidores Nucleares de Umidade; Medidores Nucleares
de Densidade.
Figura 2 – Princípios de funcionamento. (Fontes: TROXLER, 2017; ARANTES, 2017)
• Medidores Nucleares de Nível – São usados em silos de
armazenamento de produtos diversos e em caldeiras, bem como em indústrias onde
as linhas de produção possuem um alto fluxo de produtos, como a de bebidas.
Utilizam principalmente fontes gama/X de alta energia em silos e caldeiras. Eles são
responsáveis por controlar os níveis mínimo e máximo, permitindo controlar a
quantidade de matérias primas e outros insumos sem a necessidade da presença
física de um operador em locais de difícil acesso ou insalubres.
• Medidores Nucleares de Espessura – São utilizados em diversas
indústrias que necessitam controlar a espessura de seus produtos, por exemplo, em
indústrias de celulose (para medir a espessura dos papéis e papelões) e
siderúrgicas (para medir a espessura das chapas de aço). Utilizam principalmente
fontes beta e gama/X de alta energia, respectivamente.
19
• Medidores Nucleares de Umidade – São utilizados em indústrias que
necessitam controlar a umidade, tanto em seus insumos e matérias primas quanto
em seus produtos finais. Utilizam basicamente fontes de nêutrons. Como exemplos,
podemos citar indústrias que utilizam cimento, minérios e vidros.
• Medidores Nucleares de Densidade – São utilizados em indústrias com
necessidade de controlar a densidade de seus insumos e matérias primas. Utilizam
principalmente fontes gama/X de alta energia. São muito utilizados em indústrias de
borracha, cimento, lama, líquidos em geral, alimentos, produtos químicos, tecidos,
celulose, etc. (LOURENÇO, 2012)
Os princípios de operação dos medidores nuclerares são:
a) Transmissão direta
A fonte radioativa e o detector de radiação estão situados em lados opostos.
O medidor registra a intensidade da radiação transmitida. Sendo a atenuação
inversamente proporcional à densidade do material atravessado pela radiação.
A diferença entre o nível da radiação transmitida com o material presente e o
nível medido sem qualquer material pode ser interpretada de vários modos,
dependendo do que está sendo medido. A densidade e a espessura podem ser
medidas desta forma após comparação com padrões. A penetração das radiações
ionizantes através do material é muito dependente da energia e do tipo de radiação.
O radioisótopo usado no medidor é escolhido de modo a fornecer uma faixa de
medidas de acordo com o material a ser examinado. Nos arranjos para a
transmissão (Tabela 1) as atividades das fontes variam de dezenas de MBq para
aplicações com medidores usando radiação beta, a até centenas de GBq para
alguns medidores que fazem uso de radiação gama. As atividades típicas, de acordo
com o tipo de radiação, são de: gama de 40 MBq a 100 GBq; beta de 40 a 200 MBq
e nêutrons de 100 MBq a 1 GBq. Por exemplo, se o material examinado tem uma
baixa densidade, tal como o papel, então uma fonte beta será usada, mas se a
densidade for alta como a do ferro ou aço será usado raios gama de alta energia.
(ARANTES, 2017)
20
Tabela 1 - Fontes usadas de acordo com o tipo de aplicação para medidores nucleares por transmissão.
Isótopo Radiação Meia Vida
Energia Média
Aplicação
Promécio (147
Pm) Β 2,6 a 62 keV Densidade de papel
Tálio (204
Ti) Β 3,8 a 244 keV Espessura do papel, borracha e tecidos.
Criptônio (85
Kr) Β 10,7 a 251 keV Espessura do papelão
Estrôncio(90
Sr) [90
Sr → 90
Y] Β 28,6 a 196 keV Espessura de metais finos.
Conteúdo dos pacotes/maços de cigarro. Ítrio (
90Y) Β 64 h 935 keV
Raios X - - Variável Espessura de até 20 mm de aço.
Césio (137
Cs) ɣ 30,2 a 662 keV Espessura de até 100 mm de aço; Conteúdo de oleodutos.
Cobalto (60
Co) ɣ 5,3 a 1,25 MeV Espessura de até 100 mm de aço; Conteúdo dos fornos de coque e de olaria.
Fonte: ARANTES, 2017.
b) Retroespalhamento
No retroespalhamento o detector e fonte são montados no mesmo lado do
material, com o detector blindado contra o feixe direto da radiação. A radiação entra
no material e interage com os átomos e moléculas, e ocorrerão mais interações em
materiais mais espessos ou densos. O detector mede as radiações retroespalhadas
pelo material (Tabela 2). Com uma geometria constante, o medidor poderá indicar a
densidade do material. Para materiais com densidade uniforme, a espessura
também pode ser medida. Como nos medidores nucleares por transmissão, o retro
espalhamento é também muito dependente da energia e do tipo de radiação.
(ARANTES, 2017)
21
Tabela 2 - Fontes utilizadas para uma faixa de aplicações para medição por retro espalhamento por beta e gama. Isótopo Radiação
Meia Vida
Energia Média
Aplicação
Promécio (147
Pm) Β 2,6 a 62 keV
Espessura de papel; revestimentos finos de metal.
Tálio (204
Ti) Β 3,8 a 244 keV Espessura de borracha e tecidos finos.
Criptônio (85
Kr) Β 10,7 a 251 keV Espessura do papelão.
Estrôncio(90
Sr) [90
Sr → 90
Y] Β 28,6 a 196 keV Espessura de plásticos, borracha, vidro e ligas
finas e leves. Ítrio (
90Y) Β 64 h 935 keV
Césio (137
Cs) ɣ 30,2 a 662 keV Espessura de vidros maiores que 20 mm; Densidade de rochas e carvão.
Fonte: ARANTES, 2017
c) Reatividade
Utilizada quando o meio avaliado, ao interagir com um tipo específico de
radiação (gama ou nêutrons), reage gerando outro tipo de radiação, geralmente
raios X, caracterizando este meio. Uma fonte radioativa é colocada em um dos lados
do material ficando o detector do lado oposto de modo a se medir o nível de
radiação transmitida através do material.
Algumas radiações gama e raios X de baixa energia podem ionizar átomos
de alguns elementos, fazendo com que estes elementos emitam raios X
fluorescentes cujas energias são características do material examinado. Um detector
adequado de raios X pode medir não somente a presença de um elemento em
particular, mas também a quantidade deste elemento presente no material
examinado. Este princípio é usado para analisar a constituição de materiais tais
como minérios e ligas, e medir a espessura dos revestimentos ou substratos de
diferentes materiais (Tabela 3). Uma vantagem em usar os tubos de raios X para
este tipo de análise é que a energia da radiação ionizante pode ser variada
(alterando a voltagem no tubo) de modo a se adequar aos tipos de materiais
examinados. Fontes de nêutrons podem ser usadas para induzir (ativação por
nêutrons) substâncias não radioativas a se tornarem radioativas. Os radionuclídeos
formados pela interação dos núcleos estáveis com os nêutrons emitem raios gama
característicos, os quais podem ser identificados pela sua energia. Esta técnica é,
22
também, usada na indústria petrolífera para examinar os poços de Perfilagem
durante a prospecção do petróleo. A reatividade das radiações ionizantes em
diferentes tipos de materiais é muito dependente da energia e tipo de radiação.
(ARANTES, 2017)
Tabela 3 - Fontes utilizadas para uma faixa de aplicações para medições reativas. Isótopo Radiação
Meia Vida
Energia Média
Aplicação
Ferro (55
Fe) RX - 0,21 MeV Análise de elementos de baixa massa atômica.
Amerício (241
Am) ɣ 432 a 59 keV
Espessuras do revestimento de até 25 µm de plástico ou alumínio; Espessura revestimento de até 100 µm de zinco ou ferro; análise de elementos de massa atômica média.
Raios X RX - Até 60 keV Análise de uma faixa de elementos variando-se a voltagem do tubo.
Fonte de Nêutrons
N - - Análise do conteúdo de umidade para uma série de materiais.
Fonte: ARANTES, 2017.
As fontes radioativas são totalmente encapsuladas (Figura 3). Isto significa
que o material radioativo, geralmente sob uma forma quimicamente estável, é
mantido dentro de uma cápsula bastante resistente. Isto também significa que o
material radioativo não pode contaminar o ambiente de trabalho, exceto no caso de
um sério acidente, o qual pode ocorrer inadvertidamente ou através de uma
interferência proposital com a fonte.
Figura 3 – Encapsulamento de fonte radioativa.
(Fonte: ARANTES, 2017)
Os invólucros de fontes gama normalmente contém uma blindagem de
chumbo projetada para colimar a radiação na forma de um feixe primário e
direcioná-lo ao material objeto de análise. A blindagem deve reduzir as taxas de
dose ao longo de toda a superfície externa do invólucro ao nível especificado pela
autoridade reguladora. A figura 4 mostra um típico invólucro com fonte e um
23
mecanismo para a abertura do obturador de modo a permitir que o feixe de radiação
saia do medidor nuclear. (ARANTES, 2017)
Figura 4 – Corte de um contêiner de fonte gama.
(Fonte: ARANTES, 2017)
2.2 Inventário de medidores nucleares no Brasil
Segundo os dados da CNEN, existem atualmente 508 instalações
autorizadas a operar com medidores nucleares, separadas entre controle de
processos e sistemas portáteis, existindo: 285 na região sudeste, 99 na região sul,
77 na região nordeste, 26 na região centro-oeste e 21 na região norte, de acordo
com a figura 5 e a tabela 4. (CNEN, 2017)
Região Norte21 empresas
Região nordeste77 empresas
Região centro-oeste26 empresas
Região sudeste285 empresas
Região sul99 empresas
Figura 5 – Mapa de instalações por região no Brasil. (Fonte: CNEN, 2017)
24
Tabela 4 – Instalações em suas respectivas regiões do Brasil.
Região Controle de Processo Sistemas Portáteis
Norte 21 0
Nordeste 73 4
Centro Oeste 26 0
Sudeste 269 16
Sul 98 1
Fonte: CNEN, 2012.
De todos os medidores nucleares apresentados, atualmente no Brasil,
quem opera os medidores nucleares de densidade de solo é a PATTROL -
INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS LTDA, que foi fundada em 1961 e opera desde
1997 os densímetros nucleares com sucessivas renovações de licenciamento
CNEN. (PATTROL, 2017)
A empresa Pattrol é especializada em controle tecnológico em obras de
construção civil, pioneira na execução de ensaios de campo não destrutivos,
notadamente o controle de compactação com a aplicação dos Medidores Nucleares
de Densidade e Umidade (Densímetro Nuclear) para aplicações em obras de
pavimentação urbana e rodoviária, implantação de portos, aeroportos e barragens.
(PATTROL, 2017)
Possui 12 medidores nucleares da marca Troxler, os quais tem
incorporadas um total de 24 fontes radioativas, sendo: 12 fontes seladas de Cs-137
com atividade de 296 MBq (8 mCi), meia-vida de 30 anos e 12 fontes seladas de
Am-241/Be com atividade de 1480 MBq (40 mCi) e meia-vida de 432 anos. Para o
controle das atividades com os densímetros nucleares a empresa possui 2
supervisores de radioproteção, embora a CNEN só exija um. (PATTROL, 2017)
2.3 Medidores nucleares de densidade de solo
Os medidores de densidade de solo (Figura 6) são equipamentos eletrônicos
que possuem uma sonda composta de uma fonte radioativa, e com a emissão de
raios gama, demarca o grau em que o solo está compactado (densidade).
25
Esses medidores também trabalham com uma fonte de nêutrons, que segue
fixa em sua base e ela permite estimar o grau de umidade presente nos materiais
que vão ser avaliados. O equipamento é composto por duas fontes radioativas,
sendo uma de Césio-137 e outra de Amerício-241/Berílio, e possuem dois
detectores, para detecção das radiações que retornam do aparelho.
Figura 6 – Medidor Nuclear De Densidade De Solo.
(Fonte: Acervo pessoal)
Os medidores nucleares de densidade de solo são utilizados desde o final
da década de 50, e seu uso tem crescido cada vez mais. Os resultados atingidos
nas medições com esse equipamento são muito rápidos, comparado a outros
métodos (de 6 a 10 vezes mais rápido que as técnicas convencionais), podendo
apresentar resultados em aproximadamente 1 minuto para ensaios em asfalto
(tempo por ensaio) e 10 minutos para ensaios em concreto compactado (tempo por
ensaio). Para as aferições em solos diversos, o tempo de cada ensaio varia (cerca
de 4 minutos por ensaio), pois demanda uma constante calibração no aparelho de
acordo com o tipo de solo a ser analisado com um padrão, o que confere uma maior
precisão nos resultados. (PATTROL, 2012)
Os riscos associados a estes medidores são pequenos, exceto por
atuações negligentes no seu transporte, operação e manipulação. Eventualmente
podem ocorrer perdas de fontes.
A diferença entre o nível da radiação transmitida com o material presente e o
nível medido sem qualquer material pode ser interpretada de vários modos,
26
dependendo do que está sendo medido. A densidade e a espessura podem ser
medidas desta forma após comparação com padrões. A penetração das radiações
ionizantes através do material é muito dependente da energia e do tipo de radiação.
(Figura 7)
Figura 7 – Transmissão Direta. (Fonte: https://www.troxlerlabs.com/downloads/pdfs/3430/3430manual.pdf)
Os testes de transmissão direta oferecem maior precisão e controle de
profundidade de medição.
No modo de retroespalhamento o detector fica ao lado da fonte eo detector é
blindado contra o feixe da radiação. A radiação entra em contato com o material e
interage com os átomos e moléculas, e irá ocorrer interações com materiais mais
densos ou espessos. O detector mede as radiações retroespalhadas pelo material, e
também é muito dependente da energia e do tipo de radiação (Figura 8).
Figura 8 – Retroespalhamento. (Fonte: http://www.troxlerlabs.com/products/details?prodid=8)
27
A capacidade de medição é de aproximadamente 10 cm de profundidade,
isso é de acordo com o aparelho utilizado, este método é mais utilizado para calcular
espessuras de camadas de asfalto sobrepostas e de CCR. (TROXLER, 2012)
A medida da umidade não é destrutiva e é semelhante ao modo de
retroespalhamento, tanto a fonte de neutros quanto o seu detector são posicionados
na superfície do material (fixo na base do aparelho).
Nêutrons “rápidos” são emitidos no material e são “termalizados” quando se
chocam com partículas de hidrogênio.
Os radionuclídeos formados pela interação dos núcleos estáveis com os
nêutrons emitem raios gama característicos, os quais podem ser identificados pela
sua energia.
Os medidores portáteis usados na agricultura e construção de estradas são
geralmente fornecidos com uma caixa fechada à chave do tamanho de uma mala.
Esta caixa é bastante resistente e age como um contêiner de transporte do Tipo A.
O próprio medidor pode ser facilmente transportado por um operador.
2.3.1 Novos modelos de medidores nucleares de densidade de solo
Como muitos fabricantes existentes no mercado, o conceito inicial de
construção dos medidores nucleares de densidade de solo é igual a todos, não
sofrem variações tecnológicas no que se refere à parte radiológica do equipamento.
Na parte eletrônica as mudanças nos componentes desse medidor são
feitas. São cada vez mais resistentes, e capazes de resistir à umidade e um
consumo reduzido de energia, isso pó possibilita a enfrentar os diversos tipos de
condições encontradas em campo.
Alguns modelos mais recentes fabricados pela TROXLER:
- Modelo 3430: O modelo 3430 é o indicador mais simples e econômico
oferecidopelo Troxler. Este indicador foi atualizado e oferece muitos recursos, tais
como:
28
O operador seleciona o modo de medição de densidade, retrodifusão
ou transmissão direta com base no tipo de material e a espessura da
camada a ser medida
Operação e confiabilidade aprimoradas com eletrônicos atualizados
Recarga rápida com baterias NiMH
Os recursos opcionais oferecidos para o Modelo 3430 incluem:
Teclado de início remoto perto do identificador
Baterias alcalinas para uso de back-up
Bip externo
Software espanhol e francês, teclado e manual
Armazenamento de dados
Porta USB
Função de profundidade automática
Porta USB para transferência de dados
Armazenamento de dados (1000 leituras)
Localização GPS
Capacidade de medição de densidade na retrodifusão ou no modo de
transmissão direta
Medição de umidade no modo de retrocesso para permitir testes
rápidos e não destrutivos de materiais de solo, asfalto e concreto
Leitura direta dos resultados dos testes (densidade úmida, densidade
seca, umidade,% de umidade,% de vazios e% de compactação).
As principais características relativas ao modelo 3440 do fabricante Troxler,
são apresentadas na tabela 5.
29
Tabela 5 – Características principais do densímetro Troxler.
Medidor Nuclear de Densidade de Solo – Troxler 3440
Dimensões 597 H x 368 L x 229 W mm
Peso 14,1 Kg
Temperatura de operação 0 a 70º C
Temperatura máxima na superfície a ser medida
175º C
Umidade máxima 98% (não condensada)
Consumo máximo de energia 210 mA/h
Alimentação Bateria recarregável (5 CNiMH) / 05 pilhas alcalinas (AA)
Fonte Gama 3,7x10
-4 TBq (± 10%) de
137Cs. Formato: 04 capsulas em Aço
inox duplamente selada contendo cloreto de Césio (pó)
Fonte de Nêutrons 2,22x10
-3 TBq (± 10%) de
241Am/
9Be. Formato: 04 capsulas em
Aço inox duplamente selada contendo óxido de Amerício/Berílio (pó)
Blindagem interna Tungstênio (gama); Polietileno borado (nêutrons)
Fonte: TROXLER, 2017.
- Modelo 4300: Usar o Modelo 4301/02 é simples. Os tubos de acesso são
colocados onde a umidade precisa ser monitorada e a sonda é abaixada no tubo. Os
nêutrons emitidos pela sonda entram no solo e são termalizados pelo hidrogénio
presente na água. Estes nêutrons termalizados entram no detector de Hélio-3 e são
registrados como uma contagem. Então, usando um programa de calibração, as
contagens detectadas são convertidas nas leituras precisas de umidade do solo que
você precisa (Figura 9).
Perfil Humidade Medições da zona de raiz para mais de 30,49 m (100 pés)
de profundidade Característica exclusiva do notebook Permite ao usuário
personalizar a entrada de dados para análise de pesquisa ou requisitos de
programação de irrigação. Mil (1000) linhas de leituras, notas e notas automáticas
podem ser armazenadas e transferidas para uma impressora ou planilha. Armazena
64 calibrações individuais, leituras não afetadas por sais, temperatura ou pressão
barométrica, precisão/confiabilidade comprovada em todo o mundo.
30
Figura 9 – Modelo 4300.
(Fonte: http://www.mecacisa.com/en/troxler-equipment/)
2.4 Risco radiológico através da categorização das fontes radioativas da IAEA
Fontes radioativas são utilizadas em todo o mundo para uma grande
variedade de fins pacíficos em indústria, medicina, agricultura, pesquisa e educação,
e elas também são usadas em aplicações militares e de defesa. As normas
internacionais de segurança básica fornece internacionalmente uma base
harmonizada para garantir o uso seguro de fontes de radiação ionizante. Devido à
grande variedade de usos e atividades de fontes de radiação, um sistema de
categorização é necessário para que os controles que são aplicados às fontes sejam
proporcionais aos riscos radiológicos. (IAEA, 2005)
O objetivo da categorização de fontes radioativas é permitir um padrão
mundial fundamental de riscos associados às fontes, para facilitar a tomada de
decisões mediante as fontes, fornecer um sistema para a classificação das fontes e
práticas de acordo com sua potencialidade de causar danos a saúde humana. Esse
sistema de categorização estabelece sua categoria a partir do processamento dos
dados referentes ao inventário como: origem, volume, tipo e radionuclídeos. A partir
desta categorização é possível estabelecer a estratégia para o gerenciamento
seguro das fontes.
A categorização das fontes é baseada no conceito de periculosidade das
fontes, ou seja, baseada no perigo que a fonte representa no seu potencial de
causar danos à saúde (Tabela 6). Algumas fontes podem causar efeitos
determinísticos ou efeitos estocásticos, para tais efeitos ocorrerem depende da
31
energia da fonte, do elemento radioativo, da atividade, do tipo de radiação, entre
outros. Para obter a categorização é preciso calcular A/D, no qual A = é a atividade
da fonte, e D= valor normalizado estabelecido em função do radionuclídeo em uma
fonte, a qual se estivesse fora de controle poderia causar efeitos determinísticos
severos.
Tabela 6 – Categorização das fontes.
Categoria Fontes e Práticas Valores de A/D
1 Geradores radiotérmicos, irradiadores, fontes de teleterapia. A/D ≥ 1000
2 Gamagrafia, braquiterapia de alta e média taxa de doses. 1000 > A/D ≥ 10
3 Medidores industriais fixos com fontes de alta atividade, fontes
utilizadas em Perfilagem de poços. 10 > A/D ≥ 1
4
Fontes de braquiterapia de baixa taxa de doses, medidores
industriais que não tem fontes de alta atividade, densitometria
óssea, eliminadores de carga estática.
1 > A/D ≥ 0.01
5
Fontes utilizadas em aplicadores oftálmicos, dispositivos de
fluorescência de raios X, dispositivos de captura eletrônica,
fontes utilizadas na Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET)
0.01 >A/D e A >
Nível de isenção
Fonte: IAEA, 2005.
Como ilustrado na tabela 6, os medidores nucleares são divididos em
categoria 3 e 4, essa variação ocorre devido a diferença entre os medidores fixos e
portáteis, e as atividades de suas fontes. As atividades das fontes, utilizadas em
medidores portáteis, costumam ser menor do que a atividade das fontes contidas
nos medidores fixos, porém, devido sua portabilidade há uma probabilidade maior de
serem danificados. As pesquisas mostram que diversos acidentes ocorrem com
certa periodicidade.
2.5 Eventos anormais ocorridos com medidores nucleares de densidade de solo
Os acontecimentos causadores de acidentes podem ser presumidos, bem
como sua probabilidade de ocorrência, mas é impossível prever ao certo. Quando há
uma falha nos cumprimentos dos procedimentos operacionais que são adotados
pela empresa, isto se torna o principal motivo para a causa dos acidentes.
32
Há falta de monitoração da área no local onde há medidores nucleares e a
falta de conhecimento do aparelho para a leitura, são exemplos de possíveis
oportunidades para que ocorram acidentes. Os acidentes com medidores e
perfilagem de poços de petróleo, ocorrem em menor escala e gravidade, do que em
radiografia industrial e em irradiadores de grande porte. Tivemos muitos acidentes
ocorridos ao longo dos últimos 50 anos. Abaixo destacaremos alguns deles e lições
aprendidas:
Medidor de nível em uma siderúrgica com fonte de 60Co de 0,37 GBq -
Brasil, 1989. (DA SILVA, 2012)
Ocorreu sobre o aquecimento da blindagem do medidor durante o processo
de manutenção da câmara do sistema de apagamento a seco de coque.
No primeiro dia foi realizado um levantamento radiométrico das fontes e não
foi constatada nenhuma anormalidade. No segundo dia deram início ao resfriamento
da câmara para a manutenção programada. No quinto dia iniciaram a retirada das
fontes, e contataram o acidente.
Foi localizada a trinca na parede da câmara, abaixo da blindagem (chumbo),
foi provocado pelo ar quente que fluiu. O ponto de fusão do chumbo é de 327°C e do
cobalto é de >1000°C. Quando o técnico foi retirar a fonte, observou que o cadeado
estava travado, para facilitar a abertura do mesmo, apoiou a parte inferior da
blindagem com as mãos, para inclina-la e tentar abrir o obturador.
Com a abertura do obturador virada para o piso, constatou que o peso era
menor e que uma crosta de material (chumbo) tinha sido formada na parte esterna
da blindagem. O serviço foi interrompido e a equipe de segurança do trabalho
realizou o levantamento radiométrico. Dois técnicos foram expostos à radiação
durante 20 minutos enquanto estavam retirando a fonte, e dentro desse tempo,
ficaram 5 minutos junto à fonte.
Foram tomadas as providências para que todos os medidores fossem
retirados antes do resfriamento da câmara, antes da manutenção dos canais de
inspeção, próximos a blindagem, forem fechados, e foram feitas bases retangulares
com 100 de concreto refratário e 100 mm de manta isolante sob a fonte. As frestas
foram fechadas para evitar a queda do coque incandescente na região da fonte.
33
Medidor de nível com fonte de 137Cs de 111 GBq - Reino Unido, 1992.
(CROFT, 1999)
Em um teste de fuga periódico (26 meses) foi constatado um vazamento em
uma fonte que tinha em torno de 25 anos. As taxas de dose medidas nas
proximidades foram maiores que 5 mSv/h. A área foi isolada, o fornecedor foi
acionado, o medidor foi retirado de operação, e nenhuma contaminação foi
encontrada na instalação.
O fabricante alegou que a blindagem sofreu corrosão (pelo ar marinho).
Nenhuma ocorrência de dose foi constatada.
Lições aprendidas: Todas as fontes que tenham alcançado o limite de sua
vida útil, ou que estejam deteriorando-se devem ser inspecionadas pelo
fabricante/fornecedor ou serem substituídas e, em locais onde as fontes podem ser
deterioradas (pelo ar marinho, por exemplo), deve-se levar em
consideração menores intervalos de tempo para os testes de fuga.
Perfilagem de poços de petróleo com medidor de umidade com fonte
de 137Cs de 56,6 GBq. (DA SILVA 2012)
Ao puxar o porta fonte, a fonte desprendeu-se e rolou pelo chão até um
conjunto de canos metálicos. Nesta ocasião não foi utilizado o monitor de radiação.
Em seguida, ao utilizar o monitor, notou-se a perda do porta fonte, o supervisor de
radioproteção foi então acionado e a fonte recuperada após 8 horas. Os operadores
não tiveram doses maiores que a radiação de fundo, pois os canos serviam como
blindagem.
Alerta de acidente com densímetro em Zona Sur – Chile, 2013.
(GONZÁLEZ, 2013)
Um acidente com um densitômetro nuclear levantou as agências
humanitárias de alerta em Zona Sur de possível exposição à material radioativo no
meio ambiente.O incidente aconteceu na terça-feira à tarde, a dois quilômetros da
entrada para Ciudad Cortez no cantão de Osa, Puntarenas na Rota 34.
34
O acidente ocorreu depois que um densímetro nuclear de densidade de solo,
da empresa de construção Hernán Solís, foi esmagado por um caminhão enquanto o
trabalho estava sendo feito na estrada. Leonel Jiménez do Corpo de Bombeiros,
disse que o dispositivo tem uma pílula radioativa que poderia ter sido exposta ao
incidente.
O dispositivo foi levado para os porões da empresa Hernán Solís. A rota foi
reaberta para a etapa regulamentada a meia-noite de terça-feira, depois de governar
a exposição a radioatividade. O local foi assistido por uma unidade de terminação, o
pessoal de resgate de materiais perigosos e engenharia de incêndio. Além disso, a
cooperação de aplicação da lei e do Ministério da Saúde. Por sua parte, o Conselho
de Segurança Rodoviária (COSEVI) rejeitou a existência de uma situação de
emergência. Ele explicou que os medidores de densidade têm uma cápsula
protetora, e com o acidente não foi danificada.
Alerta de roubo de caminhonete com equipamento radioativo em
Ciudad Juarez – México, 2017. (EXCELSIOR, 2017)
As autoridades de Ciudad Juárez emitiram um alerta geral, dizendo que um
equipamento contendo material radioativo foi roubado junto com uma caminhonete
na fronteira. O próprio prefeito, Armando Cabada, pediu à população em geral que
localize a caminhonete e o equipamento nuclear roubado nas ruas durante a tarde
de segunda-feira (Figura 10).
Em seu site oficial, Cabada escreveu que “o alerta é emitido por roubo de
uma caminhonete Nissan White EC 95681 contendo o densímetro nuclear de um
laboratório”. O chefe de proteção civil do município, Efrén Matamoros, acrescentou
que o densímetro nuclear é um dispositivo altamente perigoso por causa da radiação
que ele emite.
35
Figura 10 – Caminhonete com equipamento radioativo no México.
(Fonte: EXCELSIOR, 2017)
Polícia recuperou um medidor nuclear de densidade roubado em La
Serena – Chile, 2017. (LEAL, 2017)
Após cerca de 2 meses de investigação, o pessoal da polícia conseguiu
recuperar um medidor nuclear de densidade roubado em 13 de abril de 2017 a partir
de agências da empresa Sacyr, encarregado dos trabalhos de construção do
bidirecional estrada entre La Serena e Vallenar.
Como a empresa relatou ao jornal El Dia, os policiais estavam realizando um
controle de operação de empresas do setor de identidade La Serena, quando um
homem de casaco vermelho carregando um saco começou a tentar fugir da polícia.
Isso levantou suspeitas da polícia, que seguiram o indivíduo a um lote vago. Onde
ao rever sua bolsa encontraram uma escala semelhante a um objeto amarelo
correspondente ao dispositivo nuclear roubado.
Desde que o homem, identificado pelas iniciais L.J.M.P. não foi capaz de
explicar a procedencia do objeto perigoso, ele foi disponibilizado para julgamento.
Enquanto isso, o medidor nuclear de densidade foi devolvido imediatamente à
empresa Sacyr, para avaliar o seu estado (Figura 11).
As lições aprendidas através desses acidentes faz com que tenhamos uma
melhor visão sobre possíveis cenários que tenham eventuais ocorrências de
acidentes. Muitos desses acidentes poderiam ter sido previstos ou até evitados,
caso os operadores e responsáveis fossem devidamente capacitados, treinados
adequadamente e tivessem melhor conhecimento dos procedimentos de segurança.
36
Figura 11 – Medidor Nuclear roubado em La Serena.
(Fonte: LEAL, 2017)
2.6 Regulamentação no Brasil e recomendações internacionais
No Brasil não há uma regulamentação específica, voltada para Medidores
Nucleares de Densidade de Solo, mas a Comissão Nacional de Energia Nuclear que
através de suas normas gerais e suas regulamentações determinam ações e
métodos que devem ser seguidos.
a) Norma CNEN 3.01 Diretrizes Básicas De Proteção Radiológica
Esta Norma se aplica as práticas, incluindo todas as fontes associadas a
essas práticas, bem como a intervenções.
As práticas para as quais esta Norma se aplica incluem:
a) o manuseio, a produção, a posse e a utilização de fontes, bem como o
transporte, o armazenamento e a deposição de materiais radioativos, abrangendo
todas as atividades relacionadas que envolvam ou possam envolver exposição à
radiação;
b) aquelas que envolvam exposição a fontes naturais cujo controle seja
considerado necessário pela CNEN.
37
Os requisitos desta Norma se aplicam às exposições ocupacionais,
exposições médicas e exposições do público, em situações de exposições normais
ou exposições potenciais.
a.1) Limitação de dose
A exposição normal dos indivíduos deve ser restringida de tal modo que nem
a dose efetiva nem a dose equivalente nos órgãos ou tecidos de interesse, causadas
pela possível combinação de exposições originadas por práticas autorizadas,
excedam o limite de dose especificado na tabela a seguir, salvo em circunstâncias
especiais, autorizadas pela CNEN (Tabela 7). Esses limites de dose não se aplicam
às exposições médicas.
Tabela 7 - Limitação de dose individual anual.
Limites de doses anuais [a]
Grandezas Órgão Individuo ocupacionalmente
exposto Individuo do público
Dose efetiva
Corpo inteiro 20 mSv [b] 1 mSv [c]
Dose equivalente
Cristalino 20 mSv [b] 15 mSv
Pele [d] 500 mSv 50 mSv
Mãos e pés 500 mSv -
Fonte: CNEN, 2014.
[a] Para fins de controle administrativo efetuado pela CNEN, o termo dose anual deve ser considerado como dose no ano calendário, isto é, no período decorrente de janeiro a dezembro de cada ano.
[b] Média ponderada em 5 anos consecutivos, desde que não exceda 50 mSv em qualquer ano.
[c] Em circunstancias especiais, a CNEN poderá autorizar um valor de dose efetiva de até 5 mSv em um ano, desde que a dose efetiva em um período de 5 anos consecutivos, não exceda a 1 mSv por ano.
[d] Valor médio em 1 cm² de área, na região mais irradiada. (CNEN, 2014)
a.2) Exposição do público
Os titulares devem estabelecer medidas para que essas fontes estejam em
segurança dentro de suas instalações e assim prevenir falhas na segurança dessas
fontes evitando uma exposição acidental ao publico, e se ocorrido poder minimizar
as consequências dessa exposição.
38
a.3) Controle de visitantes
Os titulares devem:
• Tomar as medidas necessárias para assegurar a proteção
radiológica adequada de visitantes a áreas controladas, incluindo informações
e instruções apropriadas;
• Assegurar que visitantes menores que 16 anos não tenham
acesso às áreas controladas.
a.4) Classificação de áreas
A classificação das áreas de trabalho é necessária para que se tenha um
maior controle pensando em proteção radiológica. Essas áreas podem ser
classificadas em: controladas, supervisionadas e livres.
Uma área para ser controlada deve ser uma área sujeita a regras especiais
de proteção e segurança, com a finalidade de controlar as exposições normais,
prevenir a disseminação de contaminação radioativa e prevenir ou limitar a
amplitude das exposições potenciais.
Uma área para ser supervisionada deve ser uma área para a qual as
condições de exposição ocupacional são mantidas sob supervisão, mesmo que
medidas de proteção e segurança específicas não sejam normalmente necessárias.
Uma área para ser considerada livre deve ser uma área qualquer área que
não seja classificada como área controlada ou área supervisionada, que esteja fora
do risco de exposições.
As áreas tanto controlada como supervisionada devem ser sinalizadas com
o símbolo internacional da radiação ionizante, contendo ainda algumas informações
como: tipo de fonte utilizada, tipo do material, aplicação, tudo relacionado à radiação
ionizante.
39
b) Norma CNEN NN 6.02 Resolução CNEN 166/14 Abril / 2014 - Licenciamento De
Instalações Radiativas
Dispõe sobre o licenciamento de instalações radiativas que utilizam fontes
seladas, fontes não seladas, equipamentos geradores de radiação ionizante e
instalações radiativas para produção de radioisótopos.
No caso de medidores nucleares, pertence ao Grupo 3 segundo a definição
desta contida na nesta norma:
GRUPO 3 - Instalações, incluindo aquelas para fins de comércio e
prestação de serviços, nas quais se manipulam, utilizam ou armazenam fontes
seladas que não se enquadram nos Grupos 1 (Instalações de grande porte) e 2
(Instalações que utilizam fontes seladas em equipamentos), as quais, considerando
os valores de referência D, listados no Anexo I desta norma, se subdividem em um
dos subgrupos especificados a seguir:
No caso de um único radionuclídeo:
1. Subgrupo 3A - Instalações que utilizam fontes seladas com atividade
inferior ou igual a 1/10 (um décimo) do valor de referência D;
2. Subgrupo 3B - Instalações que utilizam fontes seladas com atividade
superior a 1/10 (um décimo) do valor de referência D e inferior ou igual a D ou;
3. Subgrupo 3C - Instalações que utilizam fontes seladas com atividade
superior ao valor de referência D.
No caso de medidores nucleares do subgrupo 3C, há necessidade de uma
autorização de construção de uma Instalação e para modificação de itens de
segurança.
40
c) Norma CNEN NE 3.02 Agosto/1988 - Serviços de Radioproteção
Esta Norma aplica-se às Instalações Nucleares e às Instalações Radiativas
e tem como objetivo estabelecer os requisitos relativos à implantação e ao
funcionamento de Serviços de Radioproteção.
Sendo Medidor Nuclear um equipamento com fonte radioativa, obedece aos
requisitos estabelecidos pelos Serviços de Radioproteção como:
• Constituir o único órgão ou serviço autorizado pela Direção da
instalação para a execução das atividades de radioproteção especificadas nesta
Norma;
• SR deve estar diretamente subordinado à Direção da instalação, sem
ser estruturalmente vinculado a grupos de manutenção ou de operação da
instalação;
• O pessoal lotado no Serviço de Radioproteção deve ser constituído por
um Supervisor de Radioproteção, por um número apropriado de técnicos de nível
superior e/ou médio, e por auxiliares devidamente qualificados para o exercício das
suas funções específicas.
Os Serviços de Radioproteção relacionados com medidor nuclear devem
desempenhar atividade como:
• Controle dos trabalhadores;
• Controle de área
• Controle de equipamentos
• Controle de fontes de radiação e de rejeitos
• Treinamento de trabalhadores; e
• Registros de dados e preparação de relatórios
41
d) Norma CNEN NN 7.01 - Resolução CNEN 146/13 Março / 2013 - Certificação da
Qualificação de Supervisores de Proteção Radiológica
Dispõe sobre a certificação da qualificação de supervisores de proteção
radiológica.
Deve-se ter um profissional qualificado para assumir as tarefas e conduzir as
ações que devem ser tomadas para proteção radiológica nas instalações.
A CNEN certifica esses profissionais que são qualificados como
supervisores de proteção radiológica através de exames que acontecem
anualmente.
As áreas de atuação para as quais a CNEN certifica supervisores de
proteção radiológica são agrupadas por classes I ou II, para caso de medidores
nucleares a classe é II.
O tempo mínimo de experiência do candidato a supervisor de proteção
radiológica, na área de Medidor Nuclear, é no mínimo 100 horas.
e) Norma CNEN NE 5.01 Resolução CNEN 013/88 Agosto / 1988 - Transporte de
Materiais Radioativos
O objetivo desta Norma é estabelecer, com relação ao transporte de
materiais radioativos, requisitos de radioproteção e segurança a fim de garantir um
nível adequado de controle da eventual exposição de pessoas, bens e meio
ambiente à radiação ionizante.
Esta Norma, no contexto do transporte de materiais radioativos, aplica-se:
Ao transporte por terra, água ou ar.
Esta Norma não se aplica ao transporte de material radioativo que se realize
no interior de instalações nucleares ou radiativas, a ser efetuado e supervisionado
de acordo com procedimentos elaborados pelo Supervisor de Radioproteção da
instalação.
42
f) Recomendações Internacionais ISO 9978
O teste de esfregaço é um teste que está aprovado pela International
Organization for Standardization – ISO 9978 “Radiation protection – Sealed
radioative sources – Leakage test 19 methods”. Nesta norma, é apresentado o limite
de aprovação para o teste de esfregaço. (ISO, 1992)
Segundo a norma (ISO, 1992) este teste do esfregaço pode ser utilizado em
situações em que não é apropriado usar uma mecha de algodão molhada, por
exemplo, para alta atividade de fonte de cobalto-60 ou, em alguma inspeção
recorrente. Para realizar o teste, esfregar cuidadosamente toda a superfície externa
da fonte selada com mecha de algodão seca e medir a atividade do cotonete. Se
atividade detectada não exceder 0,2 kBq a fonte selada é considerada integra.
43
3. METODOLOGIA
Este trabalho foi divido em três etapas distintas com o objetivo de facilitar as
avaliações de cada uma delas, seguindo uma cronologia que permita uma
manipulação segura do medidor nuclear de densidade de solo, conforme seu real
uso. Através dessa divisão de etapas também foi possível avaliar individualmente os
objetivos propostos, de forma a permitir a identificação de possíveis falhas pontuais
no medidor em cada etapa, permitindo seu uso seguro.
A primeira etapa foi uma avaliação radiológica do equipamento em
laboratório. Esta etapa teve como objetivo quantificar os níveis de radiação do
densímetro nuclear de solo em uma área controlada, para avaliar a própria
blindagem, permitindo assim a comparação desses níveis objetivos com os limites
máximos estipulados pelo fabricante, de modo a caracterizar se o densímetro está
em condições de uso seguro.
A segunda etapa foi a realização de um teste de esfregaço nas fontes de
Césio-137 em laboratório. Esta etapa teve como objetivo analisar a integridade das
cápsulas das fontes radioativas, evitando assim prováveis contaminações nos
indivíduos e no meio ambiente.
A terceira etapa foi outra avaliação radiológica em laboratório do medidor
nuclear no recipiente com os solos. Esta etapa teve como objetivo medir os níveis de
radiação do equipamento com a fonte exposta dentro do setup com três tipos de
solo diferentes separadamente, e também verificar se há necessidade do uso de
blindagem em torno do setup.
Todas as avaliações e procedimentos foram realizados no
LABORATÓRIO DE INDÚSTRIA do Instituto de Radioproteção e Dosimetria – IRD.
Na primeira e segunda etapa foram utilizados 4 medidores nucleares de densidade
solo, sendo dois do fabricante Troxler e 2 do fabricante Soiltest. Na terceira etapa foi
utilizado apenas 1 medidor nuclear de densidade de solo do fabricante Soiltest
(Tabela 8).
44
Tabela 8 – Dados dos medidores nucleares de densidade de solo utilizados.
Medidor Medidor A Medidor B Medidor C Medidor D
Fabricante Soiltest Soiltest Troxler Troxler
Modelo NIC-5CS NIC-5DTM 2401 2401
Nº de série 77D011 77D010 AC 5019 AC 5017
Data da Fonte 03/1977 03/1977 27/06/1975 27/06/1975
Atividade Gama 0,37 GBq (10 mCi)
0,37 GBq (10 mCi)
0,303 GBq (8,2 mCi)
0,289 GBq (7,8 mCi)
Atividade Nêutrons
2,22 GBq (60 mCi)
2,22 GBq (60 mCi)
1,85 GBq (50 mCi)
1,85 GBq (50 mCi)
Atividade Gama em 11/07/2017
0,147 GBq (3,97 mCi)
0,147 GBq (3,97 mCi)
0,115 GBq (3,11 mCi)
0,110 GBq (2,97 mCi)
Atividade Nêutrons
Em 11/07/2017
2,08 GBq (56,2 mCi)
2,08 GBq (56,2 mCi)
1,73 GBq (46,76 mCi)
1,73 GBq (46,76 mCi)
Fonte: IRD/CNEN, 2017.
3.1 Avaliação radiológica do medidor nuclear de densidade de solo
Para determinar um mecanismo de uso seguro dos equipamentos é
necessário conhecer as taxas de dose de cada equipamento. É importante os IOE’s
terem conhecimento das doses próximas ao medidor, pois o mesmo é
continuamente transportado e requer aproximação para sua calibração e ajuste.
Seguem nas tabelas 9 e 10 os limites de dose recomendados para radiação
gamae radiação de nêutrons respectivamente, recomendados pelo fabricante
Troxler.
Tabela 9 – Limites de taxa de dose para radiação gama recomendados pelo fabricante.
Fonte: TROXLER, 2012.
Tabela 10 – Limites de taxa de dose para radiação de nêutrons recomendada pelo fabricante.
Limites de taxa de dose para radiação nêutrons - TROXLER - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 4,0 3,0 3,0 6,0 7,5 -- 20
30 cm 1,5 0,5 1,0 2,0 2,0 -- 2,0
100 cm <0,5 <0,5 <0,5 0,5 <0,5 -- <0,5
Fonte: TROXLER, 2012.
Limites de taxa de dose para radiação gama - TROXLER - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 55 160 40 90 110 -- 170
30 cm 9,0 140 16 14 15 -- 5,0
100 cm 1,0 20 3,0 3,0 2,0 -- 1,0
45
A figura 12 apresenta os pontos de monitoração no medidor nuclear.
Figura 12 – Pontos de monitoração no medidor nuclear. (Fonte: Acervo pessoal)
A tabela 11 descreve os pontos de monitoração no medidor nuclear.
Tabela 11 – Descrição dos pontos de monitoração no medidor nuclear. Pontos de monitoração no medidor nuclear de densidade de solo
Posição Descrição
1 Frente
2 Lateral esquerda
3 Lateral direita
4 Traseira
5 Visor
6 Base
7 Haste
Nesta primeira etapa comparamos as taxas de dose encontradas por nós
com os limites de taxa de dose recomendados pelo fabricante Troxler, nos pontos de
interesse do medidor nuclear de densidade de solo.
Conhecendo as doses recomendadas pelo fabricante, realizamos 3 (três)
medidas utilizando o tempo de 1 (um) minuto para cada medida de radiação gama e
para as medidas de radição de nêutrons, em cada um dos pontos de interesse, nos
4 (quatro) medidores nucleares de densidade de solo. As figuras 13 e 14 ilustram
parte desta etapa:
46
Figura 13 – Levantamento radiométrico para radiação gama.
(Fonte: Acervo pessoal)
Figura14 – Levantamento radiométrico para radiação de nêutrons.
(Fonte: Acervo pessoal)
Foram realizados testes para garantir a segurança das medidas da
radiação de nêutrons no tempo de 1 (um) minuto. Seguem na tabela 12 os dados
relacionados com os monitores utilizados:
Tabela 12 – Relação dos monitores de radiação utilizados.
Monitor Monitor 1 Monitor 2
Tipo Gama Nêutrons
Fabricante Eberline Nardeux
Modelo E600 Dineutron 2.1
Nº de série 02072 104
Calibração 23/07/2014 07/2017
Teste de Aferição 9,29 -
Fonte: IRD/CNEN, 2017.
47
3.2 Avaliação de contaminação do medidor nuclear de densidade de solo
De acordo com as recomendações dos fabricantes, devem ser realizados
periodicamente testes de controle de qualidade em equipamentos que contenham
materiais radioativos, visando garantir a segurança da fonte e do indivíduo
ocupacionalmente exposto. Entre os testes realizados, existe o teste de esfregaço
na fonte radioativa, que é executado na superfície das fontes.
Esse teste tem como objetivo verificar a integridade do encapsulamento das
fontes seladas, visando avaliar se há contaminação ou não, assegurando que sua
manipulação seja feita de modo seguro, desta forma garantindo que as doses de
radiação dos operadores e dos indivíduos do público estejam abaixo dos limites
recomendados e evitando a contaminação do meio ambiente.
O primeiro passo para a realização deste teste é separar todo o material
necessário, são eles: monitores, sondas, detectores, sacos para colocar as amostras
coletadas, cotonetes, haste metálica, espelho, equipamentos de segurança e fonte
de aferição. A figura 15 mostra o monitor utilizado e suas respectivas sondas:
Figura 15 – Monitor com a sonda GM e sonda pancake.
(Fonte: Acervo pessoal)
Em seguida verificar as condições de operação dos equipamentos de
monitoração (data de calibração, teste de resposta com a fonte teste, nível de
bateria, compatibilidade com o tipo de radiação a ser medida, teste de aferição, etc.).
Nas tabelas 13 e 14 seguem os dados do monitor utilizado, e os valores obtidos no
teste de aferição do detector, respectivamente:
48
Tabela 13 – Relação dos monitores de radiação utilizados no teste de esfregaço.
Monitor Monitor 1
Tipo Gama
Fabricante Eberline
Modelo E600
Nº de série 02072
Calibração 23/07/2014
Sonda 1 GM
Sonda 2 Pancake
Fonte: IRD/CNEN, 2017.
Tabela 14- Teste de fonte de aferição.
Sonda 1 Sonda 2
8,4 µSv/h 9,15 Kcpm
O teste com a fonte de aferição é realizado com função de avaliar se o
medidor de radiação está funcionando corretamente, a figura 16 exemplifica esse
teste:
Figura 16 – Teste de fonte de aferição.
(Fonte: Acervo pessoal)
O próximo passo para a realização do teste de esfregaço no medidor nuclear
de densidade de solo é a monitoração da bancada (local onde será feito a medição
das amostras), monitoração dos sacos que conterão as amostras, dos cotonetes, e
da haste metálica, essas monitorações são realizadas utilizando a sonda pancake
para medir radiação beta, a tabela 15 mostra os valores encontrados em cada uma
dessas monitorações:
49
Tabela 15 – Monitoração de material e área a ser usada.
Radiação de Fundo Bancada Sacos para
amostra/Cotonetes Hastes
312 cpm 232 cpm 192 cpm 243 cpm
Após todos esses procedimentos deve-se posicionar o medidor sobre uma
bancada firme, certificando-se que a fonte esteja devidamente travada. Em seguida
colocar o detector de radiação ao lado do medidor nuclear para monitoração de dose
durante o procedimento de esfregaço, usando a sonda lápis. Logo depois se deve
posicionar o espelho que irá auxiliar no teste de esfregaço, conforme mostra a figura
17:
Figura 17 – Espelho devidamente posicionado mostrando o canal da fonte.
(Fonte: Acervo pessoal)
Com o posicionamento do densímetro e do espelho deve-se calçar as luvas,
para evitar possíveis contaminações, em seguida preparar todo o material para a
coleta do esfregaço, inserindo o cotonete cortado ao meio na ponta da haste
metálica demonstrado na figura 18.
Figura 18 – Sequência da preparação do amostrador. (Fonte: Acervo pessoal)
50
Cuidadosamente deve-se introduzir a extremidade da haste metálica que
contenha o contonete amostrador no canal da fonte assim como mostrado na figura
19, até que haja contato entre o amostrador (cotonete) e a cápsula que envolve a
fonte gama (Figura 20).
Figura 19 – Introdução do amostrador no orifício da fonte do densímetro do fabricante Soiltest. (Fonte: Acervo pessoal)
Figura 20 – Introdução do amostrador no orifício da fonte do densímetro do fabricante Troxler. (Fonte: Acervo pessoal)
Após tocar a extremidade do amostrador na cápsula da fonte radioativa,
procede-se o esfregaço, girando o amostrador de modo a coletar a maior quantidade
possível de material. É importante destacar que durante todo o tempo em que o
medidor nuclear fica em cima da bancada há a monitoração constante dos níveis de
radiação utilizando a sonda GM, conforme a figura 21:
51
Figura 21 – Procedimento do esfregaço com constante monitoração de área.
(Fonte: Acervo pessoal)
Após terminar o esfregaço, deve-se retirar a extremidade do amostrador do
canal da fonte, e cuidadosamente introduzir a amostra em um saco plástico para que
procedam as medições, e repetir todos esses procedimentos citados com o restante
dos medidores. Os sacos plásticos em que são colocadas cada uma das amostras
devem ser devidamente lacrados e identificados com os dados do equipamento, da
fonte, do monitor de radiação utilizado e do responsável pelas medidas. Cada
amostra deve conter as seguintes informações da tabela 16:
Tabela 16 – Modelo de ficha de identificação de amostra.
Ficha de identificação de amostra
Data: Hora:
Proprietário/Titular
Dados do medidor nuclear
Fabricante: Modelo: N° de série:
Dados da fonte
Tipo de radiação: Atividade: Data da fonte:
Dados do detector/monitor de radiação
Fabricante: Modelo: N° de série
Tipo de monitor: Data de calibração: Radiação de fundo:
Responsável pela coleta: Tipo de amostra:
Resultado:
Foram realizadas três coletas de amostras em cada um dos quatro
medidores nucleares de densidade de solo, cada uma foi armazenada e identificada
dentro de um saco plástico separadamente. Após as amostras coletadas, foram
levadas para a bancada onde foi realizada a monitoração de cada amostra
52
separadamente utilizando a sonda pancake, por um tempo de cinco minutos para
cada amostra, conforme a figura 22.
Figura 22 – Monitoração das amostras.
(Fonte: Acervo pessoal)
Durante um de nossos testes de esfregaço, o amostrador (cotonete) se
desprendeu da haste metálica e caiu no chão, logo após o esfregaço no orifício da
fonte. Isso ocorreu devido ao amostrador não estar bem encaixado e fixado na
haste, para solucionar o problema, coletou-se o cotonete com uma pinça de cabo
longo (Figura 23) e colocando-o em um dos sacos plásticos separados para
armazenar as amostras.
Figura 23 – Retirada da amostra do chão.
(Fonte: Acervo pessoal)
Apesar de não termos encontrado nenhuma contaminação nas amostras
do teste de esfregaço realizadas, por cultura de segurança monitoramos a
extremidade da pinça utilizada para retirar a amostra do chão e monitoramos
também o chão (Figura 24), onde os valores obtidos nas medições ficaram no
mesmo nível do BG, caracterizando que não houve nenhuma contaminação.
53
Figura 24 – Monitoração do chão e da pinça
(Fonte: Acervo pessoal)
3.3 Avaliação radiológica em laboratório do setup do medidor nuclear com os tres
tipos de solos
Para que o experimento fosse realizado, coletamos três tipos de solo que
estão localizados em sítios próximos. As origens dos solos coletados são: IRD, Vila
do Pan e Praia do Recreio. A seleção desses solos foi baseada no mapa
semidetalhado de solos do município do Rio de Janeiro (Figura 25).
Figura 25 – Mapa dos tipos de solo da cidade do RJ.
(Fonte:https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-servico/351/mapa-semi-detalhado-dos-solos-do-municipio-do-rio-de-janeiro)
54
Para coletar as amostras foram necessários os seguintes materiais: Sacos
de plástico, balde limpo e pá. Por se tratarem de áreas com grande fluxo de
pessoas, antes de ser retirada a amostra foi realizada limpeza da área retirando-se
folhas, capim, pedras a fim de minimizar as impurezas. A profundidade de amostra
coletada foi de 20 a 30 cm.
Segue abaixo um estudo detalhado sobre cada um dos três tipos solos
selecionados para realizar um estudo experimental de avaliação radiológica em um
medidor nuclear de densidade de solo através de levantamento radiométrico:
a) Espodossolo Ferrihumilúvico (solo do IRD): Esse tipo de solo, conhecido também
como podzóis, são solos ácidos e pobres em bases trocáveis (Figura 26). Do ponto
de vista físico, apresentam em geral textura arenosa, com baixíssima capacidade de
retenção de água e nutrientes, e problemas de drenagem nas posições abaciadas,
onde ocorrem horizontes endurecidos que bloqueiam a percolação da água,
formando lençol freático suspenso no período chuvoso, podendo também influenciar
no crescimento das raízes quando muito superficiais.
Figura 26 – Solo do IRD, ESKo.
(Fonte: https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-servico/351/mapa-semi-detalhado-dos-solos-do-municipio-do-rio-de-janeiro)
b) Organossolo tiomórficohêmicos salino (solo da Vila do Pan): Apresentam elevada
concentração de enxofre ou compostos deste elemento (Figura 27). Quando
oxidados por efeito de drenagem ou rebaixamento do lençol freático, tornam-se
extremamente ácidos, impróprios ao cultivo de culturas comuns. São encontrados
em zonas úmidas da orla marítima, sendo mal e muito mal drenados, em banhados,
pântanos e áreas próximas aos mangues. Contém presença de material orgânico de
55
moderado a bem decomposto com estrutura vegetal pouco ou nada reconhecível,
primeiro estágio da formação do húmus. Há presença de sais prejudicial à maioria
das plantas. (AGÊNCIA EMBRAPA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2017)
Figura 27 – Solo da Vila do Pan, OJy.
(Fonte: https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-servico/351/mapa-semi-detalhado-dos-solos-do-municipio-do-rio-de-janeiro)
c) Arenoso (solo da praia do Recreio): esse tipo de solo é formado por uma grande
quantidade de areia (contêm cerca de 70% de areia, eem menor parte, por argila
15%). É um tipo de solo bastante permeável, pois a água entra nele com muita
facilidade, se infiltrando pelos espaços que ficam entre os grãos da areia.
Normalmente é um solo pobre em nutrientes, por esse motivo é difícil você ver
muitas plantas em solos arenosos (Figura 28).
Figura 28 – Solo da Praia do Recreio.
(Fonte: https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-servico/351/mapa-semi-detalhado-dos-solos-do-municipio-do-rio-de-janeiro)
Após todo esse estudo, foi realizada uma avaliação radiológica através de
levantamento radiométrico no medidor nuclear de densidade de solo A. Foram
realizadas 3 (três) medidas utilizando o tempo de 1 (um) minuto para cada medida
de radiação gama, em cada um dos pontos de interesse, sendo eles no visor e no
56
verso do setup, as tabelas 17 e 18 apresentam os dados dos detectores utilizados
para estas medições e os valores de BG no laboratório (área controlada) e na área
externa (área livre), respectivamente.
Tabela 17 – Dados dos detectores.
Tabela 18 – Valores de BG na área livre e área controlada para radiação gama..
As medições foram realizadas na superfície do cilindro, a 30 centímetros e a
1 metro, estas medidas foram feitas no visor e no verso do cilindro com dois
monitores diferentes simultaneamente, como ilustra a figura 29. Foi realizado um
teste para assegurar a eficácia e a segurança dos dois detectores sendo usados
simultaneamente, nesse teste os dois monitores foram colocados no visor do setup,
encostados em sua superfície por 1 minuto, e o monitor 1 mediu 800 µSv/h e o
monitor 2 mediu 700 µSv/h, esses valores encontrados mostraram que a variação de
um monitor para o outro não é significativa, tornando assim possível a execução da
avaliação radiológica usando os dois monitores simultaneamente.
Monitor Monitor 1 Monitor 2
Tipo Gama Gama
Fabricante Eberline Eberline
Modelo E600 ASP-1
Nº de série 02072 3851
Calibração 23/07/2014 11/07/2014
Sonda 1 GM GM
Teste de Aferição 10 µSv/h 8µSv/h
Radiação de fundo externa 300 ηSv/h
Radiação de fundo no laboratório 900 ηSv/h
57
Figura 29 – Medidas no cilindro com a fonte exposta no solo.
(Fonte: Acervo pessoal)
Todas as medidas foram realizadas com a fonte radioativa exposta. Foi feito
um levantamento radiométrico para cada um dos três tipos de solos selecionados
separadamente, a figura 30 ilustra esses três tipos de solos.
Figura 30 – Solos usados nas medições experimentais.
(Fonte: Acervo pessoal)
3.3.1 Determinação da densidade do solo
A determinação da densidade é relativamente simples e baseia-se na coleta
de uma amostra de solos de volume conhecido e com estrutura preservada com
técnicas diversas, incluindo coleta de solo em cilindros, torrão ou feito diretamente
no campo por escavação. Em todos se necessita medir o volume da amostra e
quantificar quanto de solo seco tem-se no volume coletado.
Para sabermos as densidades dos solos estudados medimos a massa do
volume correspondente a 5 cm de cada solo dentro do cilindro separadamente, e a
58
partir dos dados obtidos usamos regra de 3 para calcular o peso no volume total em
que os respectivos solos ocupavam no cilindro. Para pesar esses 5 cm de solos
coletados, foi utilizada uma balança pequena (Figura 31), previamente testada com
1 Kg de Trigo para verificar sua precisão e exatidão.
Figura 31 – Balança usada para medir a massa de cada solo.
(Fonte: Acervo pessoal)
O volume do cilindro, e o volume de cada solo dentro do mesmo, foram
calculados usando a fórmula: V= ᴨr²h.
Onde:
V = volume
ᴨ =3,14
r² = raio ao quadrado
h = altura
Para calcularmos as densidades de cada solo fizemos uso da formula
𝐷 =𝑚
𝑣.
Onde:
D= densidade
59
m = massa
v = volume
O cilindro no qual foi feita a coleta dos 5 cm de cada solo, tem 49 cm de
altura, volume de 22617 cm³ e diâmetro de 24,5 cm. Apesar de o cilindro possuir 49
cm de altura, para cada tipo de solo foi usado uma altura diferente para o calculo,
devido à quantidade dos solos coletados, em seus respectivos locais de origem, não
serem suficientes para preencher totalmente o cilindro, com isso no cálculo entrou
somente a altura utilizada no cilindro para cada tipo de solo (Tabela 19).
Tabela 19 – Resultado das medidas dos solos no cilindro.
Solo AREIA IRD PAN
Massa 20126 g 18352 g 17040 g
Altura no cilindro
29 cm 31 cm 30 cm
Raio 12,25 cm 12,25 cm 12,25 cm
Volume 13664,4636 cm³ 14606,8404 cm³ 14135,652 cm³
Densidade 1,47 g/cm³ 1,26 g/cm³ 1,21 g/cm³
3.3.2 Cálculo teórico da blindagem
A Comissão Nacional de energia Nuclear estabelece algumas medidas de
proteção para o homem, entre essas medidas a blindagem é uma forma de proteção
utilizada para reduzir o risco de exposição desnecessária para os indivíduos
ocupacionalmente expostos (IOE) e os indivíduos do público (IP). Sabendo que a
CNEN limita a dose recebida para indivíduos do público em 1 mSv/ano, e limita a
dose recebida para indivíduos ocupacionalmente expostos em média de 20
mSv/ano, temos que:
1 ano de trabalho = 2000horas
Limite de dose por hora para IP:
1𝑚𝑆𝑣
𝑎𝑛𝑜÷ 2000
ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠
𝑎𝑛𝑜= 0,5 µ𝑆𝑣/ℎ𝑜𝑟𝑎
Limite de dose por hora para IOE:
60
20𝑚𝑆𝑣
𝑎𝑛𝑜÷ 2000
ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠
𝑎𝑛𝑜= 10 µ𝑆𝑣/ℎ𝑜𝑟𝑎
Após a realização da avaliação radiológica através do levantamento
radiométrico com a fonte exposta, baseada nos limites de dose estabelecidos pela
CNEN, observamos como medida conservativa a necessidade de utilizarmos
blindagem. Como material para essa blindagem, selecionamos folhas de chumbo
que estavam a nossa disposição no laboratório de indústria do IRD, para sabermos
quantas folhas seriam necessárias para atenuar os feixes de radiação com a
finalidade de otimizar as doses do IOE, realizamos cálculos matemáticos através da
fórmula abaixo:
𝑥 =1
µ∗ 𝑙𝑛2 ∗
𝐼0
𝐼
Fazendo o cálculo de forma conservativa obtemos 2mm de espessura como
resultado, para confirmar esse valor utilizamos o programa Rad Pro Calculator
(Figura 32), que mostrou necessário o mínimo de 1 mm de espessura, sabendo que
fomos conservativos em nossos cálculos, torna-se coerente a variação dos
resultados, entendendo-se que quando se trata de radiação é sempre melhor
superestimar a proteção radiológica.
Figura 32 – Calculo de blindagem de Chumbo para IOE. (Fonte: http://www.radprocalculator.com/Gamma.aspx)
61
Após realizar os cálculos e descobrir quantos milímetros seriam necessários
para a blindagem, fomos ao laboratório fazer as medições com a fonte exposta no
cilindro contendo o solo, e envolvido por duas folhas de chumbo com espessura de 1
mm cada uma. Na primeira medida percebemos que a blindagem não estava
atenuando o feixe de radiação como deveria, pois mesmo com 2 folhas como
blindagem as taxas de dose estavam acima do limite estabelecido para IOE, isso
ocorreu devido a integridade das folhas de chumbo estarem comprometidas, por
estarem armazenadas por muitos anos, e também por terem marcas de amassados
e de dobraduras (Figura 33).
Figura 33 – Folha de chumbo dobrada e com marcas de amassados.
(Fonte: Acervo pessoal)
Observando isso percebemos que uma folha de chumbo de 1 mm (Figura 34)
devido sua má conservação, estava equivalente a 0,5mm. Sendo assim dobramos a
quantidade de blindagem de 2 para 4 folhas chumbo e realizamos uma nova
medição para verificar se a blindagem estava atenuando a radiação, de forma que a
taxa de dose se encontrasse dentro dos limites de dose estabelecidos para IOE, e
os resultados das medições estavam dentro do limite, sendo assim prosseguimos
com nosso levantamento radiométrico.
Figura 34 – Aferição da espessura da folha de chumbo no laboratório.
(Fonte: Acervo pessoal)
62
3.3.3 Avaliação radiológica através do levantamento radiométrico
A avaliação radiológica através do levantamento radiométrico, foi feita no
medidor nuclear de densidade de solo A, no setup com os 3 tipos de solo. Foram
realizadas 3 medidas utilizando o tempo de 1 minuto para cada medida de radiação
gama, em cada um dos pontos de interesse, sendo eles no visor e no verso do
setup. As medições foram realizadas na superfície do setup, á 30 centímetros e a 1
metro, estas medidas foram feitas no visor e no verso do setup com dois monitores
de radiação gama diferentes simultaneamente (Figura 35).
Figura 35 – Medidas com a folha de chumbo.
(Fonte: Acervo pessoal)
Todas as medições realizadas através do levantamento radiométrico foram
planejadas para IOE, devido ao nosso arranjo experimental ter sido planejado para
ser fixo no laboratório, sendo ele área controlada só podendo ser acessado por
indivíduos ocupacionalmente expostos. Porém, apesar de não termos realizado as
medições visando o limite de dose para IP, utilizamos o programa Rad Pro
Calculator (Figura 36) para calcularmos quantos milímetros de chumbo seriam
necessários para que a taxa de dose respeitasse os limite de indivíduo do público.
63
Figura 36 – Calculo de blindagem de Chumbo para IP. (Fonte: http://www.radprocalculator.com/Gamma.aspx)
Através do programa vimos que seriam necessário 6 mm de chumbo como
blindagem, de modo que as taxas de dose não excedessem o limite estabelecido
para IP que é de 0,5 µSv/h.
Nesta avaliação radiológica através de levantamento radiométrico, não
foram necessárias as medições para radiação de nêutrons, por que se baseando
nas medições para radiação gama, já se superestima a dose para nêutrons.
3.3.4 Estudo de um arranjo experimental para avaliação radiológica de medidores
nucleares de densidade de solo
O objetivo do arranjo experimental, para avaliação radiológica de medidores
nucleares de densidade de solo, é simular diversos tipos de solos com densidades
variadas. E também realizar demonstrações no laboratório do desenvolvimento
dasatividades de medições de densidade de solos normalmente executadas em
campo, feita para alunos, visitantes ou IOE's em geral.
Este arranjo foi elaborado baseado no setup do medidor de espessura, que
já existe no laboratório de indústria do IRD. Consiste de uma estrutura de ferro, com
uma base que comportará o medidor nuclear de densidade nuclear, suspenso por
64
carretilhas, que farão com que o medidor se locomova nessa estrutura de forma ágil,
para medir os diferentes solos que estarão em cilindros de PVC.
Os cilindros terão 49 cm de altura, um volume de 22617 cm³ e diâmetro de
24,5 cm. Para proteção conservativa de IOE's os quatro lados da estrutura terão
revestimentos de no mínimo 2 mm de chumbo.
Através de cálculos matemáticos notou-se também a possibilidade de se
usar vidro plumbífero, para tornar a experiência em laboratório mais útil e
interessante, pois dará a visão completa da prática. Esse vidro deverá ter no mínimo
2 mm de espessura. Para estimar esse valor da espessura necessária, utilizamos o
programa Rad Pro Calculator (Figura 37).
Figura 37 – Calculo de blindagem de Vidro plumbífero para IOE.
(Fonte: http://www.radprocalculator.com/Gamma.aspx)
65
4. RESULTADOS
4.1 Levantamento radiométrico do medidor nuclear e de densidade de solo
No total foram realizadas 504 (quinhentos e quatro) medições, sendo 126
(cento e vinte e seis) em cada medidor nuclear, divididas em 3 (três) medidas para
cada um dos 7 (sete) pontos de interesse, tanto para radiação de nêutrons quanto
para radiação gama. Com esses dados calculamos a média aritmética para cada
ponto específico de cada medidor onde obtivemos os seguintes resultados, descritos
nas tabelas 20, 21, 22 e 23, sendo para radiação de gama e para radiação nêutrons
nas tabelas 24, 25, 26 e 27.
Tabela 20 – Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor A para fonte gama.
Tabela 21 – Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor B para fonte gama.
Taxa de dose para radiação gama - SOILTEST - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 7,8 30,3 35 205,9 11,2 300,9 0,79
30 cm 1,3 6,3 5,76 9,6 5,56 11,6 0,1
100 cm 0 0,76 0,8 1,2 0,1 1,8 0
Tabela 22 – Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor C para fonte gama.
Taxa de dose para radiação gama - TROXLER - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 9,8 45,7 27,5 69,5 4,1 297,5 0,4
30 cm 1,7 4,3 4,6 6,5 5,5 9,3 0,2
100 cm 0 0,3 0,6 1,08 0,3 1,4 0
Tabela 23 – Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor D para fonte gama.
Taxa de dose para radiação gama - TROXLER - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 12,51 38,9 27,16 65,2 5,96 294,2 1,2
30 cm 3,3 5,1 4,4 8,9 8,4 9 0,7
100 cm 0 0,7 0,6 0,9 0 1 0
Taxa de dose para radiação gama - SOILTEST - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 4,8 23,8 21,3 155,7 15,8 1048,9 0,95
30 cm 0,8 7 6,6 8,5 4,3 94,2 0,6
100 cm 0,3 1,1 1 2 0,4 13,5 0
66
a) A radiação de fundo para gama registrada na sala onde foram realizadas
as medições foi de 1,1 µSv/h. Os valores dos resultados estão com o valor da
radiação de fundo descontado.
b) Os valores apresentados se constituem das médias aritméticas obtidas
nas 3 (três) medições realizadas em cada um dos pontos de interesse relacionados.
Tabela 24 – Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor A para fontes de nêutrons.
Taxa de dose para radiação de nêutrons - SOILTEST - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 14,1 29,1 29,4 79,4 21,8 137,8 4,8
30 cm 2,6 9,8 6,8 11,1 5,9 32,1 1
100 cm 0,4 2,2 0,3 2,8 2,2 3,2 0,5
Tabela 25 – Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor B para fontes de nêutrons.
Taxa de dose para radiação de nêutrons - SOILTEST - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 37,8 40,8 39,8 80,8 20,8 74,8 7
30 cm 8,1 16,4 9,8 28,4 7,1 18,4 2,8
100 cm 1,5 2,9 1,6 3,9 2 4 0,7
Tabela 26 – Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor C para fontes de nêutrons.
Taxa de dose para radiação de nêutrons - TROXLER - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 9,1 37,1 32,5 51,1 17,8 52,1 8
30 cm 2,8 8,8 8,5 10,1 9,8 13,8 6,4
100 cm 0,4 1,5 2,5 4,3 1 1,1 0,3
Tabela 27 – Resultados obtidos no levantamento radiológico do medidor D para fontes de nêutrons.
Taxa de dose para radiação de nêutrons - TROXLER - µSv/h
Posição 1 2 3 4 5 6 7
Superfície 16,4 32,4 33,1 66,4 18,8 87,8 4,5
30 cm 2,1 7 9,5 9,8 6,2 9,1 2,6
100 cm 0,4 0,5 0,3 0,1 0,7 0,8 0
67
a) A radiação de fundo para nêutrons registrada na sala onde foram
realizadas as medições foi de 2,2 µSv/h. Os valores dos resultados estão com o
valor da radiação de fundo descontado.
b) Os valores apresentados se constituem das médias aritméticas obtidas
nas 3 (três) medições realizadas em cada um dos pontos de interesse relacionados.
Comparando os valores das taxas de dose encontrados nas tabelas de
avaliação radiológica de cada um dos medidores nucleares de densidade de solo, as
medidas para radiação gama estão dentro dos limites estipulados pelo fabricante,
entretanto os valores de nêutrons encontram-se em grande parte acima dos limites
de taxa de dose recomendados pelo mesmo. Contudo ambas as radiações estão em
conformidade com a Norma 5.01 - Transporte de Materiais Radioativos, onde se
classificam pelo Indice de Transporte na categoria Branca, através do ponto, de
cada medidor, com o maior valor de dose à 1 metro, sendo assim encontram-se
operacionais, no ponto de vista da proteção radiológica. (CNEN, 1988b)
4.2 Avaliação da integridade da fonte radioativa do medidor nuclear de densidade de
solo
Ao todo foram realizadas 12 (doze) coletas de amostras, 3 (três) de cada
um dos quatro densímetros, essas amostras foram medidas com a sonda pancake
utilizada para medir radiação beta. Com os resultados obtidos em cada uma das
medições calculamos a média aritmética para cada medidor nuclear de densidade
de solo, onde obtivemos os seguintes resultados, descritos na tabela 28:
Tabela 28 - Resultados obtidos no esfregaço.
Detector GM 1ª Medida 2ª Medida 3ª Medida Média
Medidor A 7,4 µSv/h 199,3 cpm 198 cpm 179 cpm 192,1 cpm
Medidor B 4,5 µSv/h 377 cpm 198,8 cpm 193,9 cpm 256,6 cpm
Medidor C 2,2 µSv/h 231 cpm 187,4 cpm 236 cpm 218,1 cpm
Medidor D 3,8 µSv/h 210 cpm 199 cpm 288 cpm 232,3 cpm
Nesta etapa concluímos que, como não foram encontrados níveis de
atividade acima da radiação de fundo nas amostras analisadas, os medidores
68
nucleares de densidade de solo avaliados, do ponto de vista da proteção radiológica,
estão liberados para uso, pois não apresentam risco de contaminação.
4.3 Avaliação radiológica do medidor nuclear de densidade de solo através de
levantamento radiométrico
No total foram realizadas 54 medidas, sendo 18 para cada tipo de solo,
divididas em 3 medidas em cada ponto interesse e em cada distância utilizada,
essas medições foram feitas com a sonda lápis para medir radiação gama. Com os
dados obtidos em cada uma dessas medições calculamos a média aritmética para
cada tipo de solo, onde obtivemos os seguintes resultados especificados nas tabelas
29, 30 e 31:
Tabela 29 – Resultado de taxa de dose para radiação gama no solo IRD - µSv/h.
Taxa de dose para radiação Gama no cilindro - µSv/h
Posição Visor Verso
Superfície 700 108,3
50 cm 40 21,4
100 cm 10 6
Tabela 30 – Resultado de taxa de dose para radiação gama no solo PAN - µSv/h.
Taxa de dose para radiação Gama no cilindro - µSv/h
Posição Visor Verso
Superfície 700 109
50 cm 40 20,6
100 cm 10 5,1
Tabela 31 – Resultado de taxa de dose para radiação gama no solo PRAIA - µSv/h.
Taxa de dose para radiação Gama no cilindro - µSv/h
Posição Visor Verso
Superfície 800 68,2
50 cm 30 14,1
100 cm 9 4,1
Através dos valores obtidos nesta avaliação radiológica com a fonte exposta,
observamos como medida conservativa a necessidade de usarmos folhas de
69
chumbo como blindagem para atenuar os feixes de radiação. Com a
finalidade de otimizar as taxas de doses para IOE.
4.4 Estudo experimental da blindagem de radiação gama
No todo foram realizadas 54 medidas no setup envolvido por 4 folhas de
chumbo e com a fonte exposta, sendo 18 medições para cada tipo de solo, divididas
em 3 medidas em cada ponto interesse e em cada distância utilizada, essas
medições foram feitas com a sonda lápis para medir radiação gama. Com os dados
obtidos em cada uma dessas medições calculamos a média aritmética para cada
tipo de solo, onde obtivemos os seguintes resultados especificados nas tabelas 32,
33 e 34:
Tabela 32 – Resultado de taxa de dose para radiação gama no solo IRD com chumbo - µSv/h.
Taxa de dose para radiação Gama - µSv/h
Com blindagem de Chumbo - 4 mm
Posição Visor Verso
Superfície 200 44,8
50 cm 20 11,1
100 cm 6 3,7
Tabela 33 – Resultado de taxa de dose para radiação Gama no solo PAN com chumbo - µSv/h.
Taxa de dose para radiação Gama - µSv/h
Com blindagem de Chumbo - 4 mm
Posição Visor Verso
Superfície 300 33,4
50 cm 20 9,7
100 cm 8 2,5
Tabela 34 – Resultado de taxa de dose para radiação Gama no solo PRAIA com chumbo - µSv/h.
Taxa de dose para radiação Gama - µSv/h
Com blindagem de Chumbo - 4 mm
Posição Visor Verso
Superfície 200 18,9
50 cm 20 6,9
100 cm 6 2,1
Obtendo os resultados das medições, concluímos que a melhor alternativa
para o arranjo experimentallaboratorial a ser construído é utilizar folhas de chumbo,
70
ou se possível de preferência vidro plumbífero, também com 2 mm de espessura
para atenuar os feixes de radiação gama, visando assim de modo conservativo
proteger o IOE da exposição á radiação.
4.5 Arranjo experimental para avaliação radiológica de medidor nuclear de
densidade de solo com radiação gama e nêutrons
O arranjo experimental para avaliação radiológica de medidor nuclear de
densidade de solo com radiação gama e nêutrons demonstrado nas figuras 38, 39,
41, 42 e 43, será composto por 3 cilindros de PVC, os quais poderão conter
diferentes de tipos solos, podendo eles serem alterados por outros solos sempre que
preciso, de acordo com a necessidade e a especificidade das avaliações
radiológicas.
Figura 38 – Arranjo em 3D sem blindagem e com folhas de chumbo.
(Fonte: Acervo pessoal)
Figura 39 – Visão frontal do arranjo em 3D.
(Fonte: Acervo pessoal)
71
Figura 40 – Descrição do arranjo em 3D.
(Fonte: Acervo pessoal)
Figura 41 – Taxa de dose a 1 m no arranjo em 3D com a fonte off.
(Fonte: Acervo pessoal)
72
Figura 42 – Taxa de dose a 1 m no arranjo em 3D sem blindagem com a fonte on.
(Fonte: Acervo pessoal)
Figura 43 – Taxa de dose a 1 m no arranjo em 3D com blindagem e a fonte on.
(Fonte: Acervo pessoal)
Na parte superior encontra-se uma base, onde será colocado o medidor
nuclear de densidade de solo, que poderá ser locomovido de um cilindro para o
73
outro de forma fácil e ágil, evitando assim que o operador precise exercer força física
para transportá-lo, evitando também possíveis acidentes durante o transporte do
densímetro nuclear.
O arranjo foi projetado para que operadores possam observar sua
funcionalidade sem receberem taxas de dose acima do limite estabelecido pela
CNEN, através do levantamento radiométrico que se fez para radiação gama, que
por consequência ao se avaliar a taxa de gama se superestima a taxa de radiação
para nêutrons, tornando o arranjo seguro para ambas as radiações.
Através do levantamento radiológico com a fonte exposta no solo dentro do
cilindro, se observou que a radiação a 1 (um) metro já estava de acordo com os
limites para IOE, logo a proteção com chumbo na estrutura se dá para uma melhor
segurança ao operador, uma vez que sempre devemos ser conservativos em prol da
saúde dos indivíduos.
O projeto para esse arranjo é para atender primeiramente a aulas em
laboratório, para isso a escolha de vidro pumblífero da maior visibilidade a todo
processo da prática no laboratório, tornando a experiência mais rica e interessante.
5. CONCLUSÃO
Ao longo da realização desse trabalho conseguimos compreender como os
medidores nucleares de densidade de solo são importantes para o desempenho das
indústrias e para o desenvolvimento do país. É notório que entre suas diversas
utilidades e aplicações, os densímetros nucleares exerçam funções essenciais em
setores de variadas atividades, particularmente na construção civil e industrial,
permitindo assim avaliar com precisão e segurança as características dos solos a
serem utilizados com inúmeros fins.
Devido á avaliação radiológica através do levantamento radiométrico,
percebemos a importância de conhecer as características dos equipamentos nos
quais estamos utilizando. Observamos também a relevância das medidas em pontos
estratégicos dos medidores nucleares de densidade de solo, onde os operadores
estarão em maior contato com a fonte radioativa. Através do risco associado à
74
categorização das fontes dos densímetros nucleares, do conhecimento das normas
de segurança e da legislação, conseguimos um planejamento seguro para as
atividades envolvendo os medidores nucleares.
Com os resultados obtidos no levantamento radiométrico, registrou-se
valores de dose dentro do esperado pela Norma 5.01, Transporte de Materiais
Radioativos, e se encontram em condições de uso seguro. Para certificação da
segurança dos operadores e do meio ambiente, também foi avaliado os resultados
encontrados no teste de esfregaço, o que mostrou que não há contaminação e nem
danos nas fontes radioativas, ou seja, essas fontes se encontram íntegras.
Através dos valores encontrados nas medições da avaliação radiológica com
a fonte exposta nos variados tipos solos, concluímos que entre os solos coletados o
solo da praia do Recreio é o que exerceu maior poder blindagem.
A elaboração do arranjo experimental laboratorial serviu de aprendizado,
principalmente para entendermos e avaliarmos sua importância. Através dele o
medidor nuclear de densidade de solo pode ser locomovido de forma segura e ágil,
também por intermédio dele conseguimos evitar o desgaste físico de operadores e
possíveis acidentes durante seu transporte.
Por fim, ao avaliarmos diversos relatos de acidentes ocorridos com
medidores nucleares, observamos que o conhecimento obtido através deles, ou
seja, as lições aprendidas. Podem contribuir muito na elaboração de novas normas
de segurança e de critérios de utilização, como a exigência de um treinamento
específico e de qualidade para todos os funcionários envolvidos nestas atividades,
sendo fundamental para a segurança de todos.
75
6. RECOMENDAÇÕES
Como recomendações finais, sugerimos que na construção do arranjo
experimental laboratorial, seja usado vidro plumblífero como blindagem, com o
objetivo de melhorar a visibilidade de todo processo, tornando a experiência mais
rica e interessante.
Recomendamos que realizem a avaliação radiológica através de
levantamento radiométrico, no cilindro de PVC com diversos tipos de solos com
densidades variadas separadamente, e com blindagem suficiente para que as taxas
de dose respeitem os limites estabelecidos pela CNEN para indivíduo do público.
Como no Brasil não temos normas específicas para a utilização de
medidores nucleares, somente normas gerais estabelecidas pela CNEN.
Recomendamos que sejam estudados e analisados documentos que possam
estabelecer uma norma especificamente para o uso dos medidores nucleares, de
forma a ser aplicado perfeitamente às obrigações e responsabilidades, proibições,
transporte e tudo que possa envolver os medidores nucleares.
Através destas recomendações buscamos estabelecer padrões de
segurança ainda mais minuciosos, aprimorar a cultura de segurança, desenvolver as
tecnologias de radioproteção de dosimetria, e estimular o crescimento dos
profissionais na busca de seu contínuo aprendizado.
76
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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