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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL TORTA DE CRAMBE (Crambe abyssinica Hochst) NA ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS ÉRIKA BREDA CANOVA NOVA ODESSA SP Fevereiro 2012

INSTITUTO DE ZOOTECNIA - iz.sp.gov.briz.sp.gov.br/pdfs/1332337624.pdf · 3.1.4 – Colheita de sangue 23 3.2 – PRODUÇÃO DE GÁS TOTAL 24 ... Parte sólida e líquida do inóculo

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

TORTA DE CRAMBE (Crambe abyssinica Hochst) NA ALIMENTAÇÃO

DE CORDEIROS

ÉRIKA BREDA CANOVA

NOVA ODESSA – SP

Fevereiro – 2012

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

TORTA DE CRAMBE (Crambe abyssinica Hochst) NA ALIMENTAÇÃO

DE CORDEIROS

Érika Breda Canova

Orientador: Prof. Dr. Mauro Sartori Bueno

Co-Orientadora: Profª. Drª. Rosana Aparecida Possenti

Nova Odessa – SP

Fevereiro – 2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação do Instituto de Zootecnia, -

APTA/SAA, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Produção

Animal Sustentável.

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Ficha elaborada pelo

Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

Bibliotecária responsável – Ana Paula dos Santos Galletta - CRB8/7166

Canova, Érika Breda

C227t Torta de Crambe (Crambe Abyssinica Hochst) na alimentação

de cordeiros. / Érika Breda Canova. Nova Odessa - SP, 2012.

64p. : il.

Dissertação (Mestrado) – Instituto de Zootecnia. APTA/SAA.

Orientador: Prof. Dr. Mauro Sartori Bueno

1. Ovinocultura - Nutrição. 2. Cordeiro. I. Bueno, Mauro

Sartori. II. Título.

CDD 636.3

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

TORTA DE CRAMBE (Crambe abyssinica Hochst) NA ALIMENTAÇÃO

DE CORDEIROS

ÉRIKA BREDA CANOVA

Orientador: Prof. Dr. Mauro Sartori Bueno

Co-orientadora: Profª. Drª. Rosana Aparecida Possenti

Aprovado como parte das exigências para obtenção do título de MESTRE em Produção

Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:

____________________________________

Prof. Dr. Mauro Sartori Bueno

____________________________________

Prof. Dr. Adibe Luiz Abdalla

____________________________________

Prof. Dr. Luiz Eduardo dos Santos

Data da realização: 10 de Fevereiro de 2012

Presidente da Comissão Examinadora

Prof. Dr. Mauro Sartori Bueno

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“Ando devagar porque já tive pressa,

E levo esse sorriso, porque já chorei

demais, hoje me sinto mais forte,

mais feliz quem sabe, só levo a

certeza de que muito pouco eu sei,

ou nada sei...” (Almir Sater)

‘Tenho em mim todos os sonhos do mundo’ (Fernando Pessoa)

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Dedico,

À minha vozinha Verônica

(in memorian), pela qual

sinto imensa gratidão,

amor, respeito, orgulho, e

principalmente, muitas

saudades...

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Agradecimentos

A Deus

Por tudo de maravilhoso que tem feito em minha vida

A Nossa Senhora Desatadora dos Nós, Por ter me dado força nas horas difíceis

Aos melhores pais do mundo

Jurandir José Canova e Ilce Breda Canova pelo amor incondicional, apoio,

compreensão, dedicação, paciência...

Minhas Marias

Sajha Maria (in memorian), Amazona Maria, Fany Maria e Preta Maria que me

proporcionam as melhores alegrias do mundo, melhor companhia na hora de

escrever, pela dedicação exclusiva e pelo amor incondicional. AMOR

VERDADEIRO, AMOR ETERNO...

Ao meu namorado Heverton

Pela paciência, dedicação, amor, carinho, força, compreensão, ajuda e alegrias

Ao meu orientador

Mauro Sartori Bueno, por ter acreditado em mim, pela paciência, pela orientação

deste trabalho, por auxiliar meu desenvolvimento profissional, pela realização

desse trabalho e pela amizade

Ao CNPq

Pelo financiamento deste trabalho e pela concessão de bolsa de estudo

Ao Instituto de Zootecnia - IZ

Por conceder-me a oportunidade da realização do Mestrado

A Dra. Rosana Possenti

Pela co-orientação, auxílio e constante participação na realização deste trabalho

Aos Drs. pesquisadores do IZ

Pelos ensinamentos, auxílio, compreensão, dedicação, amizade e paciência

Aos funcionários do IZ

Pela ajuda e pelas boas risadas

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Ao professor

Mauricio Ulhoa por acreditar no meu potencial e pelo incentivo

Aos Colegas de mestrado do IZ

Pelo apoio nas análises laboratoriais e ajuda no experimento

Aos colegas do CENA/USP

Pelo auxílio na produção de gases

Aos meus amigos e amigas

Que nos momentos de lazer se fizeram prestativos, dando força e coragem para

seguir tocando em frente

A todas as pessoas que convivo de maneira direta ou indiretamente e que me

ajudaram de alguma forma na realização deste trabalho, um muito obrigada

e que Deus ilumine a todos vocês!

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viii

SUMÁRIO

Índice de Tabelas ix

Índice de Figuras x

Resumo xi

Abstract xii

1 –

2 –

INTRODUÇÃO 01

REVISÃO DE LITERATURA

.........................................................................................

05

2.1 – Detoxidade da Torta de Crambe 05

2.2 – Características da torta de crambe (Crambe abyssinica Hochst) na

alimentação animal 07

2.3 – Importância da digestibilidade aparente 09

2.4 – Produção de gases in vitro 13

3 – MATERIAL E MÉTODOS 17

3.1 – DIGESTIBILIDADE APARENTE 17

3.1.1 – Local e animais 17

3.1.2 – Período experimental 19

3.1.3 – Colheita de urina e fezes 21

3.1.4 – Colheita de sangue 23

3.2 – PRODUÇÃO DE GÁS TOTAL 24

3.2.1 – Local do experimento e Animais 24

3.2.2 – Preparo do substrato 24

3.2.3 – Preparo das garrafinhas 25

3.2.4 – Preparo do inóculo 26

3.2.5 – Leitura de pressão e colheita de gás 28

3.2.6 – Degradabilidade verdadeira da MS e MO e Produção de Metano 29

4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 33

4.1 – Consumo voluntário 33

4.2 – Coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) 37

4.3 – Parâmetros metabólicos 44

4.4 – Produção de gases in vitro 48

5 – CONCLUSÃO 53

6 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 55

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ix

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Proporção dos ingredientes das rações concentradas e a composição

bromatólogica dos componentes das dietas

17

Tabela 2 – Médias corrigidas pelos quadrados mínimos, seu respectivo erro padrão

da média (EPM) e a equação de regressão para o coeficiente de

digestibilidade aparente (CDA) da matéria seca (MS), proteína bruta

(PB), extrato etéreo (EE), energia bruta (EB), fibra de detergente ácido

(FDA), fibra de detergente neutro (FDN), celulose (CEL), hemicelulose

(HEM), matéria orgânica (MO), carboidrato não fibroso (CFN) e do

balanço de nitrogênio (BAL. N) e nutrientes digestíveis totais (NDT)

das dietas

31

Tabela 3 – Consumo da matéria seca em gramas por dia (CMS), em porcentagem

do peso vivo (PV) e em relação à unidade de tamanho metabólico

(UTM) e seus respectivos erro padrão da média

38

Tabela 4 – Médias corrigidas pelos quadrados mínimos para os parâmetros

sanguíneos da Alanina Aminotransferase ou Transaminase Glutâmico

Pirúvica (ALT/TGP), Aspartato Aminotransferase ou transaminase

glutâmico oxalacético (AST/TGO), Glicose, Uréia e seu respectivo erro

padrão da média (EPM) dos animais alimentados com níveis crescentes

torta de crambe

42

Tabela 5 – Produção de gases com as médias corrigidas pelos quadrados mínimos,

seu respectivo erro padrão da média (EPM) e a equação de regressão

(eq) para produção total de gás produzido em 24 horas (PTG24h),

produção total de gás na MS (PTGMS - mL/gMS), produção de metano

em 24 horas (PCH424h), produção de metano na MS (PCH4MS

mL/gMS), fator de partição (FP mL/mg), degradabilidade da MS (DMS

g/kg) e degradabilidade da MO (DMO g/kg)

46

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x

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Instalações e as gaiolas de metabolismo onde os animais ficaram no

período do experimento

18

Figura 2 – Parte inferior da gaiola de metabolismo com coletor contendo separador

de fezes e urina (A); o separador contendo balde para coletar a urina e

saco plástico para coletar as fezes (B)

20

Figura 3 – Amostra de urina de cada animal que foram levadas ao laboratório de

Bromatológicas e Minerais do Instituto de Zootecnia (IZ)

20

Figura 4 – Amostra de fezes de cada animal após a estufa e antes da moagem 21

Figura 5 – Colheita de sangue da jugular para posterior análise laboratorial 21

Figura 6 – Preparo do laboratório para centrifugação do sangue dos animais 22

Figura 7 – Preparo do plasma sanguíneo no Laboratório de Botânica, Fisiologia e

Análise de Sementes (IZ) para analisar os parâmetros bioquímicos

22

Figura 8 – Preparo das garrafinhas com amostras da dieta (A); garrafinhas lacradas

para não cair resíduo dentro (B)

23

Figura 9 – Solução nutritiva antes do inflado com dióxido de carbono (A) e após o

dióxido de carbono (B)

23

Figura 10 –

p

Colheita do inóculo (líquido – A; sólido – B) nos animais com fístula

ruminal

24

Figura 11 – Parte sólida e líquida do inóculo sendo misturado no liquidificador (A),

depois foi filtrado em fralda (B) e levado a banho maria a 39ºC (C)

25

Figura 12 – Garrafinhas contendo substrato, inóculo e solução nutritiva 25

Figura 13 – Aparelho de leitor de pressão interna das garrafinhas 26

Figura 14 – Garrafinhas após a leitura de pressão (A); colheita de gás interno (A) e

liberação do excesso do gás interno (B)

27

Figura 15 – Interrupção da fermentação das garrafinhas com gelo (A), logo após

adição da solução de detergente neutro (B) e por fim filtragem para

determinar a DVMS (C).

28

Figura 16 – Mufla (A) e os cadinhos para determinação da DVMO (B) 28

Figura 17 – Figura 17 - Cromatógrafo gasoso utilizado na determinação da produção

de metano (A) e injetando o gás do tubo de ensaio para análise (B)

29

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xi

TORTA DE CRAMBE (Crambe abyssinica Hochst) NA ALIMENTAÇÃO DE

CORDEIROS

RESUMO: A produção de biodiesel resulta em co-produtos protéicos que podem ser

utilizados como fontes alternativas na alimentação animal gerando um sistema de produção

sustentável que contribui com o meio ambiente. O presente trabalho teve como objetivo

estudar a substituição, em níveis crescentes, da proteína do farelo de soja pela proteína da

torta de crambe, na dieta de cordeiro alimentados com dietas contendo concentrado e

volumoso na proporção de 70:30. Foi avaliado o coeficiente da digestibilidade aparente

(CDA) da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo

(EE), energia bruta (EB), fibra de detergente acida (FDA), fibra de detergente neutro (FDN),

celulose (CEL), hemicelulose (HEM), carboidrato não fibroso (CNF); Balanço de nitrogênio

(BAL. N) e nutrientes digestíveis totais (NDT); consumo da MS, parâmetros bioquímicos

sanguíneos e a produção de gás in vitro das dietas. O ensaio de digestibilidade aparente foi

conduzido no Instituto de Zootecnia – IZ/APTA/SAA. Foram utilizados 20 cordeiros lanados

com peso médio inicial de 22,64 ± 3,61 kg, com idades entre 100-120 dias. Os animais foram

alojados em gaiolas de metabolismo, com coletor e separador de fezes e urina. A produção de

gases in vitro no período de 24 horas foi feita com inóculo ruminal de quatro ovinos machos

adultos deslanados. O aumento da substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da

torta de crambe levou a diminuição (P<0,05) dos CDA da MS, MO, EE, EB, FDA, FDN,

CEL E NDT que acarretou na diminuição do consumo da MS em g/dia, sem afetar o consumo

de MS em porcentagem do peso vivo (%PV) e por unidade de tamanho metabólico (UTM).

Não houve efeito significativo (P>0,05) para glicose, uréia, transaminase glutâmico

oxalacético (TGO) e transaminase glutâmica pirúvica (TGP). Ocorreu efeito da dieta (P<0,05)

para a produção total de gás em 24 horas (PTG24h), produção total de gás na MS (PTGMS -

mL/gMS), produção de metano em 24 horas (PCH424h), produção de metano na MS

(PCH4MS mL/gMS) sem alterar significativamente (P>0,05) o fator de partição (FP mL/mg),

a degradabilidade da MS (DMS g/kg) e a degradabilidade da MO (DMO g/kg). A substituição

da proteína do farelo de soja pela proteína da torta de crambe diminui o valor nutritivo da

dieta.

Palavras-chave: Digestibilidade, consumo, ovinos, produção de gás, resíduo de biodiesel

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xii

CRAMBE CAKE (Crambe abyssinica Hochst) ON LAMBS FEEDING

ABSTRACT: The biodiesel production results on protein by-products which could be used as

alternative sources on animal feeding, generating a sustainable production system which

contributes to the environment. This project´s goal was to evaluate the replacement of

increasing levels of soy meal protein by crambe cake protein on nutritive value of lambs diet.

The animals were fed with a concentrated and roughage diet (70:30). The Apparent

Digestibility Coefficient (ADC) of dry matter (DM), organic matter (OM), crude protein (CP),

neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), ether extract (EE), crude energy

(CE), non-fibrous carbohydrate (NFC), hemicellulose (HEM), cellulose (CEL), nitrogen

balance (NB) and total digestible nutrient (TDN) as well as, DM intake, biochemical

plasmatic parameters and in vitro gas production on 24 hours period were evaluated. The

Digestibility assay was performed at Instituto de Zootecnia – IZ/APTA/SAA. Twenty wool

lambs were utilized with average initial life-weight of 22,64 ± 3,61 kg and 100-120 days old.

The lambs were kept in metabolism cages, with collector and separator of feces and urine.

The 24 hs gas production was performed with ruminal inoculums from four adult hair sheep.

The increase of soy meal protein replacement by the crambe cake protein led to linear

decrease (P<0.05) of the ADC of DM, OM, EE, CE, ADF, NDF, CEL and TDN, leading to a

decrease of DM intake as grams/day (P=0.0532), without significantly change (P>0.05) on the

DM intake as live weight percentage (%LW) and by metabolic size unit (MSU). There was

not a significant change (P<0.05) for the biochemical plasmatic parameters. There was an

effect of diet (P<0.05) for the 24 hours total gas production, total production of gas in DM, 24

hours methane production, methane production in DM, without significantly altering (P>0.05)

the partition factor (PF mL/mg), degradability of DM and degradability of OM. The

replacement of soy meal protein by crambe cake protein decreased the nutritive value of the

diet.

Key-words: biodiesel residue, digestibility, gas production, intake, ovine

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1

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos maiores produtores e consumidores de biodiesel do mundo, com

uma produção anual, em 2010, de 2,4 bilhões de litros, e uma capacidade instalada, no mesmo

ano, de 5,8 bilhões de litros, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP, 2011). A agência estimou ainda que a mistura de 5% de biodiesel ao

óleo diesel consumido no país, trará uma economia da ordem de US$ 1,4 bilhão/ano devido à

queda das importações do diesel e reduzirá em 3% a emissão de dióxido de carbono (CO2) em

decorrência da queima do combustível no Brasil.

Quando a mistura obrigatória de biodiesel ao diesel era de apenas 3%, o Brasil

apresentava um potencial de produção de tortas e/ou farelos na ordem de 14.746 kg/ha/ano

(ABDALLA et al., 2008). Hoje a produção de biodiesel é de 17.175,25 m3/dia, sendo

obrigatória a utilização de 5% de biodiesel em todo diesel comercializado no território

brasileiro (ANP, 2011). No Brasil a principal matéria prima para a produção de óleo é a soja,

responsável por mais de 70% do biodiesel produzido no país. Nesse sentido, há uma busca por

novas oleaginosas que produzam óleos, para a produção de biodiesel dentro das normas

internacionais de qualidade. Uma cultura pouco conhecida no Brasil, como a crambe (Crambe

abyssinica Hochst), desponta como alternativa interessante para a produção de biodiesel, que

acarreta em um sistema de produção sustentável, contribuindo com o meio ambiente (WANG

et al., 2000; ROSCOE et al., 2007). A crambe foi uma espécie muito estudada na década de

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2

80 e 90, e atualmente há interesse nacional e mundial por fontes renovável de biodiesel e a

crambe vem sendo utilizada novamente. No Brasil, a crambe está sendo destacada na região

centro oeste como mais uma fonte alternativa na produção de biodiesel.

O biodiesel é considerado um combustível ecológico, por ser um éster de ácido graxo

é considerado mais biodegradável, não tóxico, livre de enxofre e compostos aromáticos,

podendo promover uma redução substancial na emissão de monóxido de carbono e de

hidrocarbonetos, quando em substituição ao diesel convencional no motor (ABDALLA et al.,

2008).

A crambe, da família das Brassicáceas, ou como eram antes designadas de

Crucíferas, teve origem no Mediterrâneo, na região da Ásia e Europa Ocidental. É uma planta

de clima subtropical, adaptando-se bem aos climas quentes e frios (SOUZA et al., 2009).

O crescimento da crambe é ereto, com altura entre 70 e 90 cm, possui o ciclo anual

curto, suas flores são brancas, numerosas e pequenas, a planta pode ser colhida após 90/95

dias do plantio, possui o grão pequeno e redondo, revestido com uma casca cinza. Possui

ainda alta tolerância à seca e baixa tolerância a local úmido; tolera solos ácidos e é exigente

em fertilidade, com produção entre 1.000 a 1.800 kg/ha. É uma planta de grande importância

para a alimentação, produção de óleos e gorduras vegetais (SOUZA et al., 2009).

A crambe apresenta como principal característica a elevada concentração de óleo e

pode ser utilizada na produção de biodiesel. A extração do óleo pode ser feita de forma

mecânica, com extrusora ou prensa (SOUZA et al., 2009).

As sementes da crambe possuem entre 26 a 38% de óleo (FUNDAÇÃO MS, 2011),

com 50 a 60% de ácido erúcico, que é um ácido graxo Omega-9 (ligação dupla no nono

carbono da cadeia) e poliinsaturado (forma líquida contendo mais de uma ligação dupla),

contendo uma ou mais ligações dupla em sua cadeia (22:1 ω-9). É considerado um ácido

biodegradável (WANG et al., 2000). O ácido erúcico é tido como suspeito de causar lesões no

coração e formar uma camada de gordura ao redor do coração, porém a eliminação total do

ácido erúcico não é desejada, pois em pequenas quantidades ele é benéfico. A lipoxigenase

oxida os ácidos graxos insaturados e ocasiona a rancidez de várias oleaginosas é inibida pelo

ácido erúcico (GRIMALDI, 1994).

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3

O óleo extraídos da crambe é muito utilizado em indústrias, como lubrificante

industrial, inibidor da corrosão, ingrediente na manufatura da borracha sintética, isolamento

elétrico, para confecção de películas plásticas, sulfatantes e agentes da flutuação. Outros

derivados do óleo podem ser usados em novos tipos de nylon, base para pinturas e

revestimentos, líquidos hidráulicos de alta temperatura, produtos farmacêuticos, cosméticos,

ceras e, principalmente, para biodiesel (NIESCHLAG e WOLFF, 1971).

No Brasil central, nas regiões centro-oeste e sudeste a crambe pode ser cultivada

como cultura de “safrinha”, no período de fevereiro a abril, após as culturas de verão

(FUNDAÇÃO MS, 2011).

O resíduo da extração do óleo da crambe resulta em dois subprodutos, sendo eles, o

farelo de crambe, que é originado a partir da extração do óleo da crambe por solvente

químico, e apresenta características desejáveis a um concentrado protéico de boa qualidade,

tornando uma alternativa na alimentação de ruminantes (MIZUBUTI et al., 2011). O outro

subproduto é a torta de crambe, que é oriunda da extração do óleo da semente por prensa,

apresenta elevado teor protéico (20 a 30%) e energético (em torno de 29%) e é considerada

uma boa alternativa na alimentação de ruminantes, evitando assim o descarte do resíduo no

meio ambiente.

Em estudos feitos por Mizubuti et al. (2011) foi relatado que a torta de crambe e a

torta de soja são subprodutos com um bom perfil de cinética de fermentação ruminal, sendo

potenciais fornecedores de energia para a dieta de ruminantes. Os mesmos autores relataram

que a torta de crambe possui valores de PB abaixo do encontrado para o farelo de soja,

contudo, afirmaram que a proteína de ambos está prontamente disponível para os

microrganismos ruminais e para digestibilidade intestinal na alimentação animal.

É preciso buscar a minimização de custos por meio de alternativas para a substituição

de itens da dieta padrão, visando melhorar as margens de lucro da atividade e que apresentem

o mesmo desempenho, comparado com aqueles itens já consagrados (CNA, 2010).

As fontes protéicas, como os farelos de oleaginosas, são necessárias para a

terminação de cordeiros em confinamento, no entanto, tem preços elevados, relacionados com

a oferta de alimento de determinada região, por isso é preciso novas alternativas para

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contribuir com a diminuição de custos e viabilização da terminação dos cordeiros em

confinamento (CARDOSO et al., 2000). A torta de crambe pode ser uma dessas alternativas.

A crambe pode ser uma alternativa na integração lavoura-pecuária, sendo mais uma

opção para agregar renda ao produtor. O Estado de São Paulo tem pecuária desenvolvida e

intensificada, com cultivo e armazenagem de alimentos volumosos para estação seca e assim

incrementar a produtividade animal. A crambe vem preencher a necessidade de cuidados

ambientais, mantendo a cobertura do solo após a colheita das culturas de verão por um

período maior, bem como pode elevar a rentabilidade do setor.

Por ser uma cultura de inverno, a crambe, vem despertando interesse, sendo mais

uma alternativa para a rotação de culturas. A manutenção de resíduos vegetais na superfície

do solo diminui a erosão e reduz as perdas de solo e nutrientes. A palhada ainda constitui em

reserva de nutrientes, cuja liberação durante a decomposição depende de fatores climáticos,

de organismos do solo, da forma e localização destes nutrientes. O conhecimento da

decomposição de resíduos vegetais e de liberação de nutrientes é fundamental para o sistema

de plantio direto.

O objetivo desse trabalho foi avaliar o valor nutritivo de dietas contendo níveis

crescentes da substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da torta de crambe

avaliando a digestibilidade aparente, com o uso de cordeiros alojados em gaiolas de

metabolismos. Foram avaliados os parâmetros bioquímicos de glicose, uréia, Aspartato

Aminotransferase (AST); transaminase glutâmico oxalacético (TGO) e Alanina

Amonitransferase (ALT); Transaminase Glutâmico Pirúvica (TGP), visando não causar danos

á saúde e ao desempenho animal. E por fim foi avaliada a dieta por meio dos parâmetros de

fermentação ruminal in vitro utilizando a técnica de produção de gás.

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2. Revisão de Literatura

2.1 Detoxidade da torta de crambe

A torta de crambe é o principal subproduto da extração do óleo por prensa, sendo que

o resíduo possui uma maior quantidade significativa de óleo (15 a 29%) (SOUZA et al.,

2009), ao passo que o farelo que é o subproduto da extração pelo processo químico com

solvente, possui teor de óleo menor (3 a 5%) (GOULARTE et al., 2010). A torta de crambe

contém de 20 a 30% de PB com uma boa composição de aminoácidos (HARTWIG et al.,

2005).

A utilização da torta de crambe na alimentação animal requer cuidados, pois a torta

pode ser oriunda de grãos que vem de regiões com índice de aflatoxina. A aflataxina é a

infestação pós colheita pelo fungo Aspergillus flavus, a qual produz a aflatoxina de alta

letalidade (hepatotóxica, cancerígena e teratogênica), entretanto, cuidados na colheita e

armazenagem adequada reduzem consideravelmente os problemas advindos da infestação

(ABDALLA et al., 2008).

A qualidade biológica da torta de crambe é afetada pela presença de glucosinolato

(epi-progoitrina). Existem tipos diferentes de glucosinolato com distintos derivados, sendo

eles os isotiocianatos, tiocianatos e nitrilas, considerados tóxicos para a pecuária,

potencialmente causadores de danos hepáticos e em outros órgãos e, também, redução da

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palatabilidade, diminuição do crescimento, diminuição da produção e perda de peso. Essas

substâncias também afetam a disponibilidade de iodo, causam mudanças fisiológicas e

morfológicas da tireóide, principalmente em animais não ruminantes (TRIPATHI e MISHRA,

2007). O glucosinolato é uma classe de compostos orgânicos que contêm enxofre e são

derivados de glicose e um aminoácido (VAN ETTEN e GAGNE, 1969; MURAKAMI et al.,

1995). O uso de dietas que contem glucosinolato pode ser feito por períodos curtos já a

utilização por períodos maiores exige a detoxificação.

Wallig et al. (2002) relataram que a torta de crambe pode conter quantidade

significativas de glucosinolato. Em dietas para ruminantes essa substância é facilmente

degradada pelos microrganismos ruminais, tendo, portanto, o glucosinolato pouco efeito sobre

os ruminantes. Porém a ingestão de glucosinolato por muito tempo pode elevar os níveis

plasmáticos de tiocianatos e a redução da tirosina plasmática (TRIPATHI et al., 2001).

Kloss et al. (1994), afirmam que a lavagem com água quente é um método eficaz

para remoção de substâncias antinutricionais que estão presentes na torta de crambe; a

lavagem pode remover até 95% do glucosinolato e nitrilas. Carlson e Tookey (1983)

afirmaram que a torta de crambe pode ser detoxicada por extração com água, diminuindo

significativamente o glucosinolato, tornando-se viável até para não-ruminantes.

Os danos causados pelo glucosinolato podem ser verificados através de exames feitos

com kits comerciais já existentes, como Aspartato Aminotransferase (AST); Transaminase

Glutâmico Oxalacético (TGO) e Alanina Amonitransferase (ALT); Transaminase Glutâmico

Pirúvica (TGP). As determinações das funções hepáticas determinam o nível das enzimas

chamadas de transaminases, que processam os aminoácidos no fígado.

O TGP é uma enzima cuja produção se encontra mais concentrada, embora não

exclusivamente, nas células do fígado. A TGO é normalmente encontrada em uma

diversidade de tecidos, como o coração, músculos, rins, cérebro e no fígado. É uma das duas

enzimas que catalisam a conversão da porção nitrogenada de um aminoácido para um resíduo

de aminoácido, que é essencial para a produção de energia no ciclo de Krebs. Tais índices

elevados de TGP ou TGO podem ou não indicar algum problema nos animais. Kaneko et al.

(1997) relatam que os níveis normais de TGP e TGO em ovinos variam de 4 a 19 UI/L e de 0

a 90 UI/L, respectivamente.

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Kloss et al. (1996) avaliou o efeito da ingestão da toxina da crambe no fígado de

pintos e no fígados de ratos e concluiu que a severidade das lesões hepáticas são dependentes

das doses. Morand-Fehr (2003) relata que alimentos que possuam mais de 15% de

glucosinolato na dieta, afetam significativamente o consumo pelos animais.

Os processos de extração existentes nas indústrias esmagadoras (decorticagem,

floculagem, condicionamento, expansão, extração por solvente e tostagem do farelo) reduzem

o conteúdo de glucosinolatos entre 64 a 79% do valor encontrado na semente in natura

(FUNDAÇÃO MS, 2011), possibilitando com isso a utilização da torta de crambe como fonte

de proteína na dieta de ruminantes.

2.2 Características da torta de crambe (Crambe abyssinica Hochst) na

alimentação animal

Os farelos protéicos são os ingredientes mais caros na alimentação dos ruminantes,

sendo necessários para suplementar dietas de volumosos ou cereais com baixo teor protéico

(PB). Animais em crescimento, em gestação e em lactação necessitam de quantidades mais

elevadas de PB devido às suas maiores exigências nutricionais (BUENO et al., 2004; NRC,

2007).

Para que haja um bom desempenho produtivo dos ruminantes é preciso ter um

consumo alimentar adequado, que, por sua vez, depende do consumo de MS e de sua

concentração energética. As características nutricionais da torta de crambe são passíveis na

utilização como alimento para os ruminantes, porém, existem particularidades no que diz

respeito a cuidados antes de ser fornecida aos animais e cuidados para o seu armazenamento.

A torta de crambe apresenta-se como um ingrediente com bom teor protéico e

elevado teor de fibras de baixa digestibilidade, com potencial de uso para ruminantes. Oriunda

do processo de prensagem mecânica para extração do óleo constitui-se do pericarpo, rico em

fibras, e dos cotilédones, que são ricos em proteínas e óleo residual.

O alto teor de óleo presente na torta de crambe é devido, principalmente, ao modo de

extração para produção de biodiesel ou outras finalidades. Trabalhos feitos por Hartwig et al.

(2005), com suínos, encontraram valores de 14,4% de extrato etéreo (EE) para o farelo de

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crambe, por extração com solvente e 26,0% de EE para a torta por extração com prensa, os

valores de PB na MS foram de 33,1% e 20,7%, respectivamente. O ácido erúcico apresentou

concentração de 56% no total dos ácidos graxos. O teor de glucosinolato na MS foi de 50

mmol/kg na torta de crambe e 70 mmol/kg no farelo de crambe.

O elevado teor de lipídios residuais, majoritariamente ácido erúcico, encontrado na

torta de crambe a torna uma fonte energética; todavia, em excesso pode ter efeito deletério,

por isso é necessário verificar a porcentagem de óleo presente na dieta final. O ácido erúcico

pode ser prejudicial quando presente em altas concentrações na dieta. Há poucos relatos na

literatura sobre os efeitos deste ácido em ruminantes. No entanto, estudos com ratos

demonstraram que o óleo de colza, também rico em ácido erúcico, causou aumento dos

lipídios nos tecidos do fígado e coração, além de reduzir o crescimento destes animais

(KRAMER et al., 1973)

Relatos feitos por Mizubuti et al. (2011) e Brás (2011) encontraram alto valor de EE

(24,79% e 29,6%, respectivamente) para a torta de crambe. O elevado teor de EE pode ser um

fator benéfico para os ruminantes, considerando que a inclusão de óleo na dieta pode auxiliar

na mitigação do metano entérico (ABDALLA et al., 2008). De acordo com pesquisas feitas

recentemente na Austrália e Canadá, para cada 1% de acréscimo de gordura na dieta de vacas

leiteiras, pode se reduzir em até 6% a quantidade de metano produzido por Kg de MS

consumida (GRAINGER, 2008).

Atualmente, o teor de gordura e a composição dos ácidos graxos presentes nas carnes

e no leite, apresentam importante papel na cadeia produtiva, pois há uma maior preocupação

no consumo humano de alimentos com baixos teores de gordura saturada, devido ao índice de

doenças cardiovasculares, provocadas por esses lipídios. Segundo French et al. (2000), o tipo

de dieta oferecida aos animais, altera a composição de lipídios da carcaça e do leite, o que

permitiria a manipulação da composição da gordura com o uso de sementes de plantas

oleaginosas.

A torta de crambe apresenta valores de PB entre 20-30% (HARTWIG et al., 2005).

Mizubuti et al. (2011) encontraram valor de 29,17% de PB na torta de crambe e Brás (2011)

encontrou valor de PB de 24,67%, demonstrando que a torta de crambe é uma excelente fonte

protéica para os ruminantes.

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O elevado teor de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido

(FDA) e, provavelmente, elevado teor de lignina presentes na torta de crambe irá restringir

sua utilização para monogástricos e a baixa digestibilidade da fração fibrosa (HARTWIG et

al., 2005). Brás (2011) encontrou valores de 21,54% de FDA, 29,34% de FDN e 8,74% de

lignina. Já Mizubuti et al. (2011) encontraram valores de 24,75% de FDA, 33,08% de FDN e

6,74% de lignina.

O carboidrato não fibroso (CNF) representa um grupo muito importante, pois

representam as fontes de rápida disponibilidade de energia para os microrganismos ruminais,

sendo esta fração a que suporta o crescimento inicial de microorganismos. Brás (2011) e

Mizubuti et al. (2011) encontraram valores de CNF de 10,92% e 14,78%, concomitantemente,

valores menores encontrados por Mizubuti et al. (2011) para a torta de soja (26,57%) e Cunha

et al. (2008), que encontraram valor de CNF para o farelo de soja de 27,7%.

O teor de fibra da torta de crambe é relativamente baixo, o que permite conferir,

classificada-la como alimento concentrado (MORRISON, 1966) e rico em nutrientes (mínimo

de 63% de nutrientes digestíveis totais, estimado de acordo com Kearl, 1982).

2.3 Importância da digestibilidade aparente

A avaliação do valor nutritivo dos alimentos consumidos por ruminantes em

condições de pastejo ou confinados tem sido um desafio para os nutricionistas. De acordo

com Cardoso et al. (2000), o principal objetivo é ajustar a quantidade e qualidade da dieta,

baseando-se nas exigências dos animais. A digestibilidade aparente é um dos parâmetros

importantes para essa avaliação, entretanto, a determinação pela colheita total de fezes requer

rigoroso controle da ingestão e excreção, o que torna esse método tradicional trabalhoso e

oneroso (BERCHIELLI et al., 2006). Porém é uma metodologia necessária para a

quantificação do valor nutritivo dos alimentos (BUENO et al., 2004).

Na prática de criação de ruminantes, a alimentação é responsável pela maior parte

dos custos, sendo de fundamental importância, conhecer os princípios básicos sobre os

alimentos, suas características e composição química, visando à formulação de dietas

balanceadas para suprir as necessidades dos animais, explorar sua máxima capacidade

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digestiva, para atingir todo seu potencial genético para aproveitamento da dieta consumida

(DUTRA et al., 1997).

Uma forma de se avaliar a qualidade do alimento é através da determinação de sua

digestibilidade aparente. Segundo Van Soest (1994), digestão pode ser definida como um

processo de conversão de macromoléculas dos nutrientes em compostos mais simples, que

podem ser absorvidos a partir do trato gastrintestinal. Para o mesmo autor, as medidas de

digestibilidade servem para qualificar os alimentos quanto ao seu valor nutritivo, expressa

pelo coeficiente de digestibilidade aparente, que indica a quantidade percentual de cada

nutriente do alimento que o animal tem condição de utilizar.

A capacidade da digestibilidade do alimento é expressa pelo coeficiente de

digestibilidade, o que constitui uma característica do alimento e não do animal (SILVA e

LEÃO, 1979). A digestibilidade representa a capacidade que o animal possui para utilização

dos seus nutrientes, em maior ou menor escala.

Existem vários fatores que podem influenciar a digestibilidade aparente, como a

composição e preparo dos alimentos e da dieta, além de fatores dependentes dos animais e do

nível nutricional, especialmente a densidade energética da ração (ALVES et al., 2003).

A digestibilidade aparente de um alimento é considerada a proporção do ingerido que

não foi excretada nas fezes, não considerando a matéria metabólica fecal, representada

principalmente pelas secreções endógenas, contaminação por microrganismos e descamações

do epitélio. Segundo Minson (1990), a quantidade de matéria metabólica fecal secretada nas

fezes varia de 0,098 a 0,129 g de MS ingerida. Quando se desconta a perda de matéria fecal

metabólica, obtêm-se a digestibilidade verdadeira dos alimentos, valor esse sempre superior a

digestibilidade aparente. No entanto, no caso da porção fibrosa do alimento, os valores de

digestibilidade verdadeira e aparente são iguais, uma vez que não há produção endógena

desse composto no organismo animal.

A digestibilidade e o consumo determinam grande parte do valor nutritivo do

alimento, pois a fração digerida é que será absorvida e metabolizada pelo animal. A

quantidade total de nutrientes absorvidos durante a alimentação depende também da

digestibilidade, apesar de o consumo ser responsável pela maior parte das diferenças entre os

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alimentos. Além da limitação física imposta pelo teor de FDN na dieta e sua digestibilidade, o

consumo também pode ser regulado pelo controle fisiológico, em que o animal ingere

alimento até satisfazer sua demanda energética (SILVA, 2006).

A digestibilidade dos nutrientes dos alimentos, em ovinos, pode ser determinada pelo

método de colheita total de fezes, mas também pode ser estimados por meio de indicadores

internos, presentes no alimento (ALVES et al., 2003).

Estudos realizados por Silva et al. (2008), com a inclusão de 40% de farelo de cacau

e 40% de torta de dendê em substituição no concentrado, relataram redução no ganho de peso

e na lucratividade parcial, em relação à dieta à base de milho e soja. Já Cunha Neto (2004)

trabalhando com ovinos Santa Inês alimentados com dietas contendo 40% de farelo de cacau

e 40% de torta de dendê em substituição ao concentrado padrão, com capim-elefante

amonizado e não amonizado relatou ganhos médios diários similares de 100,3 e 100,5 g,

respectivamente. No entanto, estes valores foram inferiores ao da dieta contendo o

concentrado padrão à base de milho e farelo de soja, com a qual foi obtido o ganho diário de

138,9 g.

Bergamaschine et al. (1999) estudaram níveis de resíduo de soja com silagem de

milho e uréia na digestibilidade de bovinos e observaram efeitos significativos (P<0,01) para

os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes das rações, exceto para o EE (P>0,05), foram

observados efeitos quadráticos significativos (P< 0,01) para os tratamentos da MS, PB, FB e

NDT. Os autores relataram que o nível de lignina foi à responsável pela redução na

digestibilidade. Porém, o teor de extrato etéreo das rações pode ter reforçado o efeito

depressor da lignina. Adição de 4% de óleo à ração acarretou decréscimo na digestibilidade da

celulose.

A avaliação aparente da digestibilidade feita por Carvalho et al. (2006), com ovinos,

alimentados com concentrado a base milho moído e farelo de soja em substituição parcial ao

farelo de cacau não evidenciou efeito sobre as digestibilidades avaliadas. Contudo, os valores

de digestibilidade obtidos para a MS foram considerados relativamente baixos, o que deve

estar relacionado com a elevada proporção de concentrado na dieta.

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Os resultados obtidos na digestibilidade aparente por Silva et al. (2005b), que

avaliaram farelo de cacau ou torta de dendê em substituição ao concentrado a base de milho

moído e farelo de soja, para cabras, observaram baixos resultados para o coeficientes de

digestibilidade do FDN e do FDA, os autores relataram que o baixo valor dessas frações está

relacionada com a alta disponibilidade dos carboidratos não fibrosos, pois estes, apesar de

suprirem a energia para os microorganismos ruminais, podem ter efeito negativo sobre sua

atividade celulolítica, inibindo a digestão da fibra, principalmente pela redução do pH

ruminal.

O objetivo do experimento de digestibilidade é obter, de forma acurada, a quantidade

de alimento fornecido e a quantidade excretada em determinado período de tempo

(MERCHEN, 1988). É importante salientar que a determinação desse parâmetro só deve ser

indicada quando os animais estiverem adaptados a dieta, considerando que o resíduo

indigestível nas fezes seja proveniente da dieta testada. Normalmente o período de 10 a 15

dias é suficiente para que tal adaptação ocorra (BERCHIELLI et al., 2006).

Apesar de ser considerada uma metodologia confiável, apresenta o inconveniente de

requerer maior número de animais, controle rigoroso de quantidade ingerida e excretada e

instalações adequadas, necessitando de gaiolas metabólicas. Os animais devem permanecer

confinados em baias individuais ou em gaiolas metabólicas que possibilitem movimentos,

especialmente ao levantar-se e ao deitar-se, alimentação individual e adaptação, para que se

possa fazer a colheita total de fezes e urina separadamente (BERCHIELLI et al., 2006).

Berchielli et al. (2006) menciona que a digestibilidade de qualquer nutriente da dieta

(ND) pode ser calculados, desde que se tenha as quantidades do ingerido e do excretado e da

porcentagem do nutriente determinada no alimento e fezes:

ND (%) = (MS ingerida x % nutrientes) – (MS excretada x % nutrientes) x100

(MS ingerida x % nutrientes)

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De acordo com os mesmos autores, a digestibilidade da matéria seca (DMS) é

determinada pela diferença entre quantidade consumida e excretada pelo animal num dado

período de tempo, representado por:

DMS (%) = MS ingerido – MS excretada x 100 (2)

MS ingerida

2.4 Produção de gases in vitro

O método in vitro é capaz de representar o processo de digestão que ocorre no

rúmen, abomaso ou intestino para que se tenha uma taxa quantitativa estimada e o grau de

digestão similar aos obtidos in vivo. A metodologia descrita por Tilley e Terry (1963) ainda é

a mais utilizada para a digestibilidade in vitro, simulando a digestão ruminal por 48 horas.

Nesse caso, o resíduo indigestível engloba microrganismos e outros compostos.

Para a técnica in vitro é preciso animais canulados, para colheita da parte sólida e

líquida do rúmen para posteriormente esse material ser utilizado em laboratório para

incubação das amostras. O método consiste em deixar a amostra em contato com o conteúdo

ruminal (chamado de inóculo), no interior de um tubo de ensaio ou em garrafinhas destinadas

somente para esse tipo de trabalho, onde irá tentar produzir as condições predominantes do

rúmen-retículo, com presença de microrganismos, anaerobiose, temperatura (39ºC) e pH (5,4

a 7,4), visando repetir o processo in vivo durante 24 a 48 horas de fermentação (SILVA e

QUEIROZ, 2002).

As metodologias in vitro não são capazes de estimar todos os aspectos da

digestibilidade in vivo (WILLIANS, 2000). Algumas possibilitam a determinação da

degradabilidade potencial (TILLEY e TERRY, 1963) e outras a degradabilidade potencial e

as taxas de degradação (in situ e a produção de gases). Devido às facilidades laboratoriais, ao

menor tempo de execução e as dificuldades da manutenção dos animais, as metodologias in

situ e in vitro estão sendo mais utilizadas em estudos.

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Metodologia de produção de gases in vitro parece ser a mais prática, além disso,

fornece informações das taxas de fermentação e possibilita estimar a produção de ácidos

graxos voláteis e o consumo (GETACHEW, 1999).

Para obter dados confiáveis nos experimentos, são necessários alguns fatores

importantes, como, planejamento, diluição do fluído ruminal, tipo de tamponante, manutenção

das condições ruminais, tamanho da partícula incubada e a dieta que o animal doador de

inóculo está recebendo. A queda do pH do inóculo é um dos maiores problemas para a técnica

in vitro, pois pode afetar a digestibilidade da fibra, uma vez que os microrganismos

celulolíticos são os mais sensíveis a queda do pH (STERN et al., 1997).

A técnica da produção de gás in vitro é outra possibilidade para estudos que

envolvem a degradação dos alimentos e estima a digestibilidade do alimento por correlação

entre a produção microbiana e a matéria orgânica fermentada. A produção de gás é medida

com a utilização de seringas, por meio do deslocamento do êmbolo, ou sensores com leitura

computadorizada, que permitem a medição continua e melhor acompanhamento do perfil de

degradação por intermédio dos dados de taxa e extensão de fermentação (BERCHIELLI et al.,

2006).

No entanto, Berchielli et al. (2006), afirmam que esse método pode sofrer influência

nos resultados devido ao baixo peso da amostra, das variações causadas pela variabilidade do

inóculo, variação entre alimentos na produção de gás, entre outros, como temperatura, pressão

atmosférica, pH da amostra e conteúdo dos ácidos orgânicos no alimento. Contudo, quando é

feito um planejamento, dedicação e coletas de dados corretas, se tornam uma metodologia

prática, onde será simulado o ambiente ruminal, pois a produção de gases in vitro está mais

relacionada à fermentação que ocorre no rúmen, que a digestibilidade que ocorre em todo

trato.

Scholfield (2000) relata que podem ocorrer algumas variações durante a produção de

gases, principalmente quando for utilizada e técnica de produção de gás in vitro, o autor

descreve que é preciso tomar cuidados com a produção da biomassa microbiana, da natureza

química do substrato, caso o substrato não for usado com rapidez, é preciso armazená-lo em

câmara fria ou em ambientes livres de qualquer intervenção, e a eficiência da população

microbiana.

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Mizubuti et al. (2011) avaliaram farelo de crambe, torta de crambe e torta de soja

pela técnica in vitro de produção de gases e observaram que após 144 horas de incubação, a

torta de soja foi o subprodutos que mais acumulou produção de gás (162,93 mL g-1 de MS

incubada). As médias para o farelo de crambe e torta de crambe foram, respectivamente, de

154,64 e 122,69 mL.

Os mesmos autores afirmam que o tempo médio de retenção do alimento no rúmen é

de 48 horas, quanto maior for à degradação até este tempo, melhor é a qualidade fermentativa

do alimento. Até o tempo de 48 horas a torta de soja, torta de crambe e farelo de crambe,

obtiveram valores de 95,7, 96,42 e 93,85%, respectivamente.

A maior produção de gás oriunda da degradação do carboidrato fibroso foi obtida

pelo farelo de crambe, Mizubuti et al. (2011) aponta que esta fração apresenta boa

fermentação ruminal em função do equilíbrio encontrado entre energia e compostos

nitrogenados fornecidos aos microrganismos, melhorando-se a degradação da fração fibrosa.

A técnica de produção de gases in vitro, utiliza-se de alimentos moídos, meio

anaeróbio e inóculo preparado a partir de uma mistura de microrganismos ruminais

(WILLIAMS, 2000). Estudos feitos por Theodorou et al. (1994); Blümmel et al. (1997) e

Bueno et al. (2005), demonstraram que a produção de gás possui alta correlação com a

digestibilidade e com a degradabilidade do alimento. A vantagem dessa metodologia é a

facilidade em medir a produção de gases, com o uso de um transdutor e a pequena quantidade

necessária de material para o ensaio (THEODOROU et al., 1994; MAURICIO et al., 1999).

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3. Material e Métodos

3.1 Digestibilidade Aparente

3.1.1 Local e animais

O experimento de digestibilidade aparente foi conduzido na Unidade de Ovinos do

Instituto de Zootecnia – IZ, Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA),

Secretária da Agricultura e Abastecimento (SAA), localizado no município de Nova

Odessa/SP.

O projeto foi desenvolvido com recurso do Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq – numero 574172/2008-4) e aprovado pela Comissão de

Ética no Uso de Animais (CEUA) do Instituto de Zootecnia (IZ).

Foram utilizados 20 borregos lanados, com peso médio inicial de 22,6 ± 3,61 kg e

com idades entre 100-120 dias. Os animais foram alimentados com dietas contendo feno de

gramínea (30%) e a ração concentrada (70%) a base de milho moído, farelo de soja e torta de

crambe, sal mineral para ovinos, sal comum, calcário calcítico e monensina sódica (Tabela 1).

Os animais foram alimentados com uma dieta contendo ao redor de 16% de PB e 70-75% de

nutrientes digestíveis totais (NDT), com 0,45% de Cálcio (Ca) e 0,3% de Fósforo (P),

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segundo o NRC 2007, para atender as exigências de ganho de peso em torno de 100 a 130

g/dia para cordeiros de raças que apresentam maturidade tardia.

O presente trabalho não teve substituição de um ingrediente por outro e sim, a substituição da

proteína do farelo de soja pela proteína da torta de crambe. No começo do experimento a

substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da torta de crambe foi de 100%, mas

os animais não comeram então a dieta que antes era denominada de dieta três passou a ser a

dieta quatro com o nível máximo de substituição, no qual foi aceito pelos animais. Ficando na

seguinte proporção:

Ração 1 (R1): 0% de substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da torta

de crambe, a ração 2 (R2) 22% de substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da

torta de crambe, a ração 3 (R3) 44% de substituição da proteína do farelo de soja pela proteína

da torta de crambe e na ração 4 (R4) 64% de substituição da proteína do farelo de soja pela

proteína da torta de crambe.

As formulas abaixo se referem ao carboidrato não fibroso (CNF) e a hemicelulose

(HEM), propostas por Van Soest et al. (1991):

CNF = 100 – (%PB+ %EE + %MM + %FDN)

HEM = FDN – FDA

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Tabela 1 - Proporção dos ingredientes das rações concentradas e a composição bromatólogica

dos componentes das dietas

Ração 1: 0% de crambe; Ração 2: 22%; Ração 3: 44%; Ração 4: 64%; MS = Matéria seca; PB = Proteína Bruta;

EE = Extrato etéreo; FDN = Fibra em detergente Neutro; FDA = Fibra em detergente ácido; MM = Matéria

mineral; CNF = Carboidrato não fibroso.

*Composição do produto: Cálcio 120,00g/Kg; Fósforo 87,00g/Kg; Sódio 147,00g/Kg; Enxofre 18,00g/Kg;

Cobre 590,00mg/Kg; Cobalto 40,00mg/Kg; Cromo 20,00mg/Kg; Ferro 1.800,00mg/Kg; Iodo 80,00mg/Kg;

Manganês 1.300,00mg/Kg; Selênio 15,00mg/Kg; Zinco 3.800,00mg/Kg; Molibdênio 300,00mg/Kg; Flúor

(máx.) 870,00mg/Kg.

A torta de crambe foi doada pela Cooperativa Ecodiesiel situada no município de

Jataí/GO. A extração do óleo da semente de crambe foi através de prensa hidráulica e a torta

resultante foi secada e armazenada para compor a dieta dos cordeiros. A análise da torta de

crambe apresentou 87,5% de MS; 94,53% de MO; 24,67% de PB; 29,60% de EE; 10,92% de

CNF; 95,96% de NDT; 21,54% de FDA; 29,34% de FDN; 12,82% de CEL; 7,8% de HEM e

8,74% de LIG.

3.1.2 Período experimental

Para o ensaio de digestibilidade aparente dos nutrientes os animais foram alojados

em gaiolas de metabolismo (Figura 1), que possuíam cocho individual de alimentação,

Ingredientes Ração 1 Ração 2 Ração 3 Ração 4 Feno

Proporção dos ingredientes (%)

Milho 73 67,6 62,2 56,8 -

Farelo de Soja 23 18,8 14 9,2 -

Torta de Crambe 0 9,6 19,8 30 -

Mistura Mineral* 1,5 1,5 1,5 1,5 -

Sal (NaCl) 0,5 0,5 0,5 0,5 -

Calcário Calcítico 2 2 2 2 -

Monensina Sódica (ppm) 300 300 300 300 -

Composição química Composição bromatólogica (%)

MS (%) 84,15 85,52 86,59 86,55 88,04

PB (%) 20,27 18,75 20,34 19,91 8,65

EE (%) 1,93 4,57 7,16 10,02 1,16

FDN (%) 22,94 23,15 28,71 29,84 81,15

FDA (%) 6,32 6,75 7,82 11,18 41,26

MM (%) 4,88 5,31 4,45 5,03 6,20

Celulose (%) 5,48 5,38 5,87 7,88 34,15

Hemicelulose (%) 16,62 16,40 20,90 18,67 39,89

Lignina (%) 0,99 1,27 1,90 3,29 5,29

CNF (%) 49,98 48,22 39,34 35,20 2,84

Energia (cal/g) 4263,79 4324,31 4467,38 4645,29 4264,91

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bebedouro de água e coletor individual com separador de fezes e urina. O experimento teve a

duração de 25 dias, sendo 10 dias de adaptação à dieta, oito dias de determinação do consumo

voluntário, seguido por sete dias colheita de urina e de fezes, segundo metodologia de

Schneider e Flat (1975) para mensurar os coeficientes de digestibilidade aparente da MS, MO,

PB, FDN, FDA, EE, EB, CNF, HEM e CEL.

Figura 1 – Instalações e as gaiolas de metabolismo onde os animais ficaram no período do

experimento.

No começo do período de adaptação houve uma tentativa de substituir 100% a

proteína do farelo de soja pela proteína da torta de crambe, porem os animais não comeram.

Após observar que os animais comiam a ração com nível de substituição da proteína do farelo

de soja pela proteína da torta de crambe no nível de 64% a dieta foi reformulada e então esse

nível passou a ser o nível máximo fornecido aos animais.

A dieta foi calculada com exigência de 3% do peso vivo de cada animal. A ração

(70%) e o volumoso (30%) eram pesados todos os dias pela manha e a dieta era fornecida aos

animais duas vezes ao dia, no período da manha e no período da tarde. Durante o período de

adaptação também foi observado e regulado o consumo para cada animal para que houvesse

sobra de 15 a 20% de feno para cada animal.

Com base nos cálculos e ajustes feitos no período de adaptação ficou mais fácil

ajustar a dieta no período de medição do consumo voluntário. Os animais foram alimentados

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diariamente com feno e ração concentrada, de maneira que a ingestão da dieta no período de

consumo voluntário estivesse na relação pretendida, conseguidas através de ajustes diários da

quantidade de ração concentrada ingerida e nível de sobra do feno. Essas sobras respeitavam a

proporção entre 15-20% de feno, de forma a garantir a ingestão voluntária máxima da dieta.

Durante o período experimental foram coletadas amostras dos alimentos oferecidos e das

sobras, sendo posteriormente acondicionadas em sacos plásticos identificados e armazenados

em congelador.

3.1.3 Colheita de urina e fezes

Efetuou-se o cálculo de consumo médio diário no período e, com base nesse

resultado, a dieta foi restringida a 90%, visando diminuir a seletividade dos animais e forçá-

los a consumir todo o alimento, sendo fornecida durante sete dias. No segundo dia depois da

restrição da oferta da dieta iniciou-se a mensuração da produção total de fezes e urina, que

durou seis dias (Figura 2). Nesse período, no coletor de fezes foram colocados sacos plásticos

e a urina, coletada em baldes. Toda a produção de fezes foi pesada diariamente pela manhã e

uma alíquota de 10% foi armazenada em sacos plásticos e conservadas em congelador. A

urina foi conservada em vasilhas plásticas. Ao final do experimento as amostras diárias de

fezes de cada animal foram descongeladas e misturadas formando uma amostra composta,

sendo retirada da mesma, uma alíquota de 10% a qual foi submetida à secagem em estufa de

ventilação forçada a 55ºC até que mantivessem um peso constante.

A urina foi colhida em recipiente com 10 ml de solução, na proporção de 1:1 de água

e ácido sulfúrico (H2SO4), para acidificação do pH próximo a três. A urina foi mensurada

diariamente e uma alíquota de 5% foi retirada, armazenada e congelada. Posteriormente, as

amostras diárias de urina (Figura 3) de cada animal foram descongeladas formando uma

amostra composta de cada animal e uma alíquota de 10%, posteriormente, foi enviada ao

Laboratório de Análises Bromatológicas e Minerais do Instituto de Zootecnia – Nova

Odessa/SP, para determinação do teor de nitrogênio.

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Figura 2 – Parte inferior da gaiola de metabolismo com coletor contendo separador de fezes e urina

(A); o separador contendo balde para coletar a urina e saco plástico para coletar as fezes (B).

Ao término do período experimental com os animais, as amostras dos alimentos

fornecidos das sobras e das fezes (Figura 4) foram pesadas separadamente e colocadas em

estufa de circulação de ar, mantidas a 55o C até peso constante. Após retirar da estufa, as

amostras permaneceram em temperatura ambiente e em seguida pesadas novamente e moídas

em moinho tipo “Wiley” provido de peneira com malha de 2 mm. As análises foram

realizadas no Laboratório de Análises Bromatológicas e Minerais do Instituto de Zootecnia –

Nova Odessa/SP. Os parâmetros determinados foram: teor de matéria seca (MS), proteína

bruta (PB), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM) de acordo com A.O.A.C. (1990), fibra

em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), de acordo com o método de

Van Soest et al. (1991), e hemicelulose (Hem) através da diferença entre FDN e FDA.

Figura 3 – Amostra de urina de cada animal que foram levadas ao laboratório de Bromatológicas e

Minerais do Instituto de Zootecnia (IZ)

A B

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Figura 4 – Amostra de fezes de cada animal após a estufa e antes da moagem.

3.1.4 Colheita de sangue

No último dia do período experimental, foi feita à colheita de sangue da jugular

(Figura 5). O sangue foi colhido em vacutainer de 10 ml contendo anticoagulante – sodium

heparin (heparina) e posteriormente levado ao Laboratório de Botânica, Fisiologia e Análise

de Sementes no Instituto de Zootecnia – Nova Odessa/SP, para centrifugação (Baby®

Centrifuge, mod. 206), onde ocorreu a separação do sangue e do plasma (Figura 6), o plasmo

foi congelado, e posteriormente, foram feitos as mensurações dos parâmetros bioquímicos no

espectrofotômetro. O plasma foi utilizado para mensurar níveis de transaminase glutâmico

oxalacético (TGO), transaminase glutâmica pirúvica (TGP), uréia e glicose com a utilização

de reagentes comerciais, para TGO e TGP foram utilizados kits do laboratório Laborclin da

linha Bioliquid, para uréia e glicose foram utilizados kits da laborlab. Os kits foram

preparados conforme o fabricante e com a utilização de um espectrofotômetro (Thermo

Cientific – Genesys 10UV) foram feitas as leituras (Figura 7).

Figura 5 – Colheita de sangue da jugular para posterior análise laboratorial.

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Figura 6 – Preparo do laboratório para centrifugação do sangue dos animais.

Figura 7 – Preparo do plasma sanguíneo no Laboratório de Botânica, Fisiologia e Análise de Sementes

(IZ) para analisar os parâmetros bioquímicos.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e regressão baseado na

significância dos modelos lineares ou quadráticos a nível de 5% de probabilidade do PROC

GLM do programa estatístico SAS (2003).

3.2 Produção de Gás Total

3.2.1 Local do experimento e animais

O experimento foi conduzido no Laboratório de Nutrição Animal do Centro de

Energia Nuclear na Agricultura – CENA/USP/Piracicaba/SP. Foram utilizados, como

doadores de inóculos, quatro carneiros deslanados (50 kg de PV), com fístula permanente no

rúmen, alimentados com feno de gramínea e concentrado a base de milho moído, farelo de

soja e mistura mineral (350 g/dia por animal; 20% PB). Conforme protocolo de

experimentação aprovado pelo CEEA do CENA/USP.

3.2.2 Preparo do substrato

As amostras de ração concentrada a base de milho moído, farelo de soja, torta de

crambe e feno de gramínea foram levadas ao laboratório de Bromatologia do Instituto de

Zootecnia (IZ) e moída em moinho tipo “Wiley” provido de peneira com malha de 2 mm e em

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seguida transportadas para o Laboratório de Nutrição animal do Centro de Energia Nuclear na

Agricultura (CENA/USP/Piracicaba/SP) e armazenadas em câmara fria. Posteriormente as

amostras foram retiradas da câmara fria e deixadas em temperatura ambiente por

aproximadamente 3 horas.

Após o período de 3 horas, as amostras foram pesadas em balança de precisão

(OHAUS – Tecnal), na proporção de 30% de feno de gramínea e 70% de rações concentradas

e despejadas dentro de garrafinhas de vidro com auxilio de um pincel (Figura 8).

Figura 8 – Preparo das garrafinhas com amostras da dieta (A); garrafinhas lacradas (B).

3.2.3 Preparo das garrafinhas

Primeiramente as garrafinhas de vidro, com capacidade de 160 mL, foram preparadas

com 0,5 g de substrato (30% de feno – 0,15 g e 70% de concentrado – 0,35 g), sendo após

está pesagem, o inóculo preparado. A solução nutritiva (água destilada, solução de

microminerais, solução tampão, solução de macrominerais, solução de rezasurim e meio B)

utilizada junto com o inóculo foi preparada um dia antes, sendo que na data da incubação a

solução nutritiva recebeu durante 40 minutos o dióxido de carbono, até a mudança de cor para

um rosa claro (Figura 9). A técnica utilizada para produção de gases foi conduzidas de acordo

com Maurício et al. (1999) e Bueno et al. (2005). Todo material utilizado foi marcado e

identificado para cada animal.

A B

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Figura 9 – Solução nutritiva antes do inflado com dióxido de carbono (A) e após o dióxido de carbono

(B).

3.2.4 Preparo do inóculo

Para o preparo do inóculo, a fração líquida e a fração sólida do conteúdo ruminal

foram coletadas separadamente com auxílio de uma sonda acoplada a uma seringa e pinça e,

posteriormente, misturadas na proporção de 50% de material da fase sólida e 50% da fase

líquida. A fração líquida foi transportada em garrafas térmicas e o sólido em saquinhos

plásticos mantidos livres de oxigênio (Figura 10). Após o inóculo ser levado ao laboratório de

preparo de produção de gás, a parte líquida e a parte sólida do conteúdo ruminal foram

homogeneizadas em um liquidificador por 10 segundos. Esse procedimento é feito para a

recuperação dos microrganismos celulolíticos que se aderem fortemente à fração sólida. O

material resultante foi filtrado em três camadas de tecido de algodão (fralda). As frações

filtradas foram misturadas e mantidas em banho-maria a 39o

C, com dióxido de carbono

insuflado sobre o inóculo continuamente (Figura 11).

Figura 10 – Colheita do inóculo (líquido – A; sólido – B) nos animais com fístula ruminal.

A B

A B

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Figura 11 – Parte sólida e líquida do inóculo sendo misturado no liquidificador (A), depois foi filtrado em fralda

(B) e levado a banho maria a 39ºC (C).

Em seguida, com uma seringa plástica graduada, foram colocados 25 mL de inóculo

nas garrafinhas junto do substrato e adicionado 50 mL de solução nutritiva, foram colocadas

tampas de borrachas aquecidas para vedar as garrafas para evitar vazamento do gás interno e

entrada de oxigênio. Posteriormente à inoculação, as garrafinhas foram agitadas manualmente

e em seguida colocadas na estufa a 39º C, sendo retiradas da estufa somente para as leituras

(Figura 12). Este foi considerado o tempo zero e dado início a contagem de tempo de

fermentação.

A B

C

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Figura 12 – Garrafinhas contendo substrato, inóculo e solução nutritiva.

Foi utilizada a técnica in vitro de produção de gás adaptada ao sistema semi-

automático do Laboratório de Nutrição Animal (LANA) localizado dentro do Centro de

energia Nuclear na Agricultura (CENA) – Piracicaba/SP, para avaliação da produção de

metano através dos métodos de Bueno et al. (2005) e Longo et al. (2006).

3.2.5 Leitura da pressão e colheita de gás

Duas horas após a incubação foram iniciadas as primeiras medições das pressões dos

gases acumulados nas garrafinhas e convertida em volume, segundo recomendações de

Mauricio et al. (1999), sendo as leituras subsequentes realizadas em um período de 4, 8, 12 e

24 horas. Nesses intervalos as garrafinhas eram mantidas em estufa a 39ºC. Essas medições

foram feitas por meio de um transdutor - medidor de pressão (PDL800, LANA/CENA-USP,

Piracicaba/SP) conectado a uma agulha (25mm x 7mm) e leitor digital (THEODOROU et al.,

1994) (Figura 13).

Figura 13 – Aparelho de leitor de pressão interna das garrafinhas.

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Logo após cada medição da pressão, foi feita a colheita de gás para determinação da

concentração de metano e outros gases produzidos em cada garrafinha. Essa colheita foi feita

através de seringa de 10 mL e agulha, retirando-se 2 mL de gás das garrafinhas e injetado

dentro de um tubo de ensaio de vidro com vácuo devidamente vedado e etiquetado para

posterior análise em cromatógrafo gasoso.

Antes de começar a colheita da pressão e do gás de cada garrafinha foram feitos

vácuo nos tubos, retirando 10 mL de ar. Foram feitas cinco leituras de pressão e cinco colheita

de gás, totalizando 10 mL de gás coletado. A cada colheita, a pressão interna foi aliviada com

auxilio de agulhas, as garrafas agitadas manualmente e colocadas na estufa a 39º C, na ultima

leitura e colheita de gás as garrafinhas foram destampadas (Figura 14).

Figura 14 – Garrafinhas após a leitura de pressão (A); colheita de gás interno (A) e liberação do excesso do gás

interno (B).

Foram utilizadas duas garrafas para cada substrato, com duas repetições, quatro

garrafas contendo substrato padrão e quatro garrafas contendo somente inóculo (branco) para

correções e quatro inóculos diferentes. De cada leitura de pressão, foi subtraído o total

produzido pelas garrafas sem substrato (branco), referente a cada amostra.

3.2.6 Degradabilidade verdadeira da MS e MO e Produção de Metano

A fermentação in vitro foi interrompida após 24 horas colocando as garrafas em gelo.

A degradabilidade verdadeira da MS (DVMS) foi determinada adicionando 70 mL de solução

detergente neutro (1,5 L água deionizada, 45 g lauril sulfato de sódio, 15 mL etileno glicol,

A B

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27,92 g EDTA de sódio, 10,22 g borato de sódio deca-hidratado e 6,83 g fosfato de sódio

anidro) em cada garrafa e depois foram filtradas em cadinho com lã de vidro (peso conhecido)

(Figura 15) e levado a estufa a 105ºC durante 24 horas.

Em sequência, os cadinhos foram pesados para calcular os valores da DVMS por

diferença de peso em relação ao peso seco do substrato inicial (g/kg MS). Os cadinhos com o

resíduo da MS foram levadas a mufla (500ºC) durante 4 horas para determinar a

degradabilidade verdadeira da MO (DVMO) (Figura 16) por diferença de peso da MO inicial

do substrato inicial. A relação entre DVMO (mg) e a produção total de gás (mL) em 24 horas

foi utilizada como índice de eficiência da síntese microbiana (PF: fator de partição; Blümmel

et al., 1997). A concentração de metano foi determinada em cromatógrafo gasoso Shimadzu

GC2014 (Figura 17) com coluna “Shincarbon ST micro packed” à 60ºC e detector FID à

240ºC.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e regressão baseado na

significância dos modelos lineares ou quadráticos a nível de 5% de probabilidade do PROC

GLM do programa estatístico SAS (2003).

Figura 15 – Interrupção da fermentação das garrafinhas com gelo (A), logo após adição da solução de detergente

neutro (B) e por fim filtragem para determinar a DVMS (C).

A B

B C

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Figura 16 – Mufla (A) e os cadinhos para determinação da DVMO (B).

Figura 17 - Cromatógrafo gasoso utilizado na determinação da produção de metano (A) e injetando

o gás do tubo de ensaio para análise (B).

A B

A B

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4. Resultados e Discussões

4.1 Consumo voluntário

O aumento da inclusão da proteína da torta de crambe em substituição a proteína do

farelo de soja na ração concentrada para cordeiros em terminação causou diminuição linear

significativa (P=0.0532) para o consumo total diário da MS (Tabela 2), sem alterar o consumo

total diário da MS em porcentagem do PV (% PV) e por unidade do tamanho metabólico

(UTM). A diminuição do consumo total da MS foi devido à diminuição da digestibilidade da

MS e da digestibilidade das fibras, visto na tabela 3. Provavelmente, o alto teor de EE

presente na torta de crambe pode ter contribuído, também, para esse resultado. Não foi

encontrado efeito significativo para regressão quadrática para todas as variáveis.

O presente trabalho mostra que o consumo da MS em gramas pelos cordeiros em

terminação foi maior do que o sugerido pelo NRC de 2007, o qual afirma que um cordeiro de

maturidade tardia (grau de maturidade 0,3) ao redor de 4 meses de idade, com 20 kg de PV e

ganho diário de 100 gramas, deve consumir 0,570 kg ou 2,86% do PV.

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Tabela 2 – Consumo da matéria seca em gramas por dia (CMS g/dia), em porcentagem do

peso vivo (%PV) e em relação à unidade de tamanho metabólico (UTM) e seus respectivos

erro padrão da média.

Variáveis

Trat. Cons. MS (g) % PV UTM

T1 796 ± 0,033 3,35 ± 0,16 74,04 ± 3,12

T2 727 ± 0,033 3,47 ± 0,16 74,18 ± 3,18

T3 750 ± 0,031 3,41 ± 0,15 73,75 ± 2,97

T4 687 ± 0,031 3,24 ± 0,15 69,56 ± 2,97

Efeito trat. P = 0.0532 ** P = 0.5708 (NS) P = 0.3094 (NS)

Efeito bloco * NS NS

R² 0,5511 0,401 0,3112

Eq. y=0,782-0,0014x y=3,63 y=78,14 Tratamento 1: 0% crambe (T1); Tratamento 2: 22% (T2); Tratamento 3: 44% (T3); Tratamento 4: 64% (T4);

Tratamento (Trat); UTM = PV0,75

; Coeficiente de determinação (R2); Equação de regressão (Eq); ** = P≤0,0532;

Não significativo (NS); * = P<0,01.

Segundo Van Soest (1994), dietas com níveis de concentrado acima de 50%, a

ingestão de MS, provavelmente, controlada pela demanda energética do animal. O nível de

EE e a fibra lignificada presentes na dieta podem ter afetado o consumo de MS. Sabe-se que

estão envolvidos neste processo efeitos na fermentação ruminal, na motilidade intestinal, na

aceitabilidade dos alimentos, na liberação de hormônios intestinais e na oxidação da gordura

no fígado (ALLEN, 2000 apud OLIVEIRA et al.,2009).

Nota-se que houve um consumo maior pelos animais, do sugerido pelo NRC (2007),

mesmo assim, ocorreu uma diminuição do consumo da MS. A queda do consumo da MS foi

devido à diminuição da CDA da MS e da CDA da fração fibrosa, uma vez que esta limita a

taxa de desaparecimento do material do trato digestório. Alimentos que possuem alto teor de

fibra de baixa digestibilidade permanecem por mais tempo no trato digestório dando efeito de

saciedade e resultando em um tempo maior para digestão. O enchimento ruminal é

considerado um fator limitante para o consumo, pois quanto maior for à ingestão de fibra,

menor será a taxa de passagem do alimento. O consumo de alimento está correlacionado

negativamente com a fibra, ou seja, quanto menos degradável, mais tempo permanecerá o

alimento no rúmen e, conseqüentemente, mais o enchimento limitará a ingestão da dieta

(MERTENS, 1997).

Outro fator que contribuiu para a diminuição do consumo foi o teore elevado de EE

presentes nas dietas. Os tratamentos T3 e T4 possuíam 7% e 10% de EE, respectivamente,

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valores acima do nível máximo preconizado (6% da dieta total). A partir deste nível, os

lipídeos podem afetar negativamente o consumo de nutrientes, seja por mecanismos

regulatórios que controlam o consumo de alimentos, seja pela capacidade limitada dos

ruminantes de oxidar os ácidos graxos (PALMQUIST e MATTOS, 2006).

Dietas que possuem concentração elevada de EE estimulam a liberação de

colecistoquinina (CCK), um hormônio, que é produzido por células endócrinas na região

gastro-intetinal, havendo evidências que esse hormônio contribui para a saciedade. Uma

hipótese é que esse hormônio reduz a ingestão de alimentos, inibindo o esvaziamento

gástrico. Dietas ricas em gorduras aumentam a concentração de CCK no plasma e a infusão

de ácidos graxos de cadeia longa, não saturada, inibindo a motilidade do retículo-rúmen em

ovinos (FORBES e PROVENZA, 2000). Os mesmos autores observaram uma redução da

ingestão de alimentos, quando foram introduzidos ácidos graxos de cadeia longa ou gorduras,

por meio de injeções intraduodenais, em ovinos. Os autores relataram, ainda, que permanece

obscuro se a depressão ocorreu pela redução nos movimentos de rúmen e retículo ou foi

decorrente de mudanças na composição de ácidos graxos no sangue.

Os consumos de MS encontrados por Oliveira Jr. et al. (2000) reduziram linearmente

com o aumento nos níveis de grão de soja, o que se explicou pelo aumento de EE (3,2; 4,4;

5,6 e 6,3%) na dieta total proveniente da soja em grão. Rodrigues et al.(2003), trabalharam

com a adição do farelo de castanha de caju (0, 12, 24 e 36%) ao concentrado de ovinos em

terminação e também observaram efeito linear negativo no consumo de MS (881,16; 762,32;

770,16 e 696,42 g/animal/dia), com o aumento da inclusão do farelo de castanha de caju,

semelhante ao encontrado no presente trabalho. Foi observado que somente a dieta com maior

nível de farelo de castanha de caju no concentrado (36%) foi inferior à dieta controle (0%),

justamente essa dieta ultrapassou o nível máximo de lipídeos de 6% da dieta total.

Silva et al. (2005a), estudando inclusões de torta de dendê e farelo de cacau na

alimentação de cabras Saanen, encontraram redução do consumo de MS no tratamento com

acréscimo de 30% de farelo de cacau em relação aos níveis de 0 e 15% do mesmo farelo,

indicando, provavelmente, que essa redução do consumo de MS foi devido à baixa

aceitabilidade do alimento ou a presença de agentes antinutricionais.

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O efeito do EE no consumo voluntário é função não somente do nível de gordura

adicionada, mas também de sua forma física, do tipo de gordura, do conteúdo mineral da

dieta e da proporção relativa da fibra na dieta (ZEOULA et al.,1995). Os resultados do

presente trabalho indicam que pode ter havido alteração no consumo da MS dos animais, em

decorrência da utilização de lipídios na dieta, os quais, provavelmente, atuaram sobre a

microflora ruminal, modificando a digestibilidade da fibra e, conseqüentemente, o consumo

de nutrientes.

O fator antinutricional presente na torta de crambe (glucosinolato), pode ter

contribuído para a alteração no consumo da MS, ocasionando a diminuição da palatabilidade,

diminuição da produção e diminuição dos níveis de fibra bruta.

Resende et al. (1994) trabalharam com níveis de FDN nas dietas de bovinos e

observaram resultados diferentes. Os autores relataram que conforme diminuía o nível de

FDN nas dietas dos animais aumentava o consumo da MS, acarretando um aumento linear

significativo no consumo voluntário.

Estudo feito por Santos et al. (2008), em ovinos com idade entre 120 dias,

alimentados com 50% de volumoso e 50% de concentrado, contendo 0, 25, 50, 75 ou 100%

de grão de capim-pé-de-galinha em substituição ao fubá de milho no concentrado, evidenciou

resultados para o consumo da MS de 0,75; 0,80; 0,92; 0,77 e 0,83 kg de

concentrado/animal/dia. Os mesmos autores encontraram valores semelhantes para o consumo

em porcentagem do PV (3,06; 2,94; 3,52; 3,10 e 3,40) e valores pouco inferiores para o

consumo em relação ao peso metabólico (67,82; 67,01; 79,52; 69,14 e 75,43), quando

comparado com o presente trabalho.

Palmquist (1988) destaca que os efeitos negativos dos lipídios se acentuam a partir

de 6%. Sabe-se que, entre os fatores envolvidos na regulação do consumo da MS, estão à

ingestão de energia pelo animal e a concentração de FDN da dieta, que são consideradas

limitantes em função de sua lenta degradação e baixa taxa de passagem pelo rúmen.

Foram observadas por Santos et al. (2009), a inibição do consumo de MS pelos

animais com dietas formuladas para ovinos contendo 60% de concentrado a base de 8% de

canola em grão integral ou torta de canola em substituição ao farelo de soja, para machos não

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castrados, com peso ao redor de 44,8 kg e idade entre 230 dias. Na dieta contendo a canola em

grão integral o consumo da MS foi de 1,412 kg e na dieta contento torta de canola o consumo

da MS foi de 1,492 kg. Os autores já esperavam que ocorresse a inibição do consumo da MS

dos animais alimentados com canola integral, pois a dieta apresentava alto nível de lipídeos

(>6%).

Estudos feitos por Anderson et al. (1993) avaliaram o efeito de níveis crescente de

torta de crambe, em substituição ao farelo de soja, em dietas isoprotéicas para novilhos, por

96 dias e concluíram que a torta de crambe pode substituir integralmente o farelo de soja, sem

prejuízo para o ganho de peso, conversão alimentar e características de carcaça.

4.2 Coeficientes de digestibilidade aparente (CDA)

As médias das variáveis dos valores do coeficiente de digestibilidade aparente

(CDA), do erro padrão da média (EPM) e a equação de regressão linear são mostradas na

Tabela 3.

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Tabela 2 – Médias corrigidas pelos quadrados mínimos. Seus respectivos erro padrão da

média e a equação de regressão para o coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) da

matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia

bruta (EB), fibra de detergente ácido (FDA), fibra de detergente neutro (FDN), celulose

(CEL), hemicelulose (HEM), carboidrato não fibroso (CFN) e do balanço de nitrogênio

(BAL. N) e nutrientes digestíveis totais (NDT) das dietas.

Tratamentos (%) Efeitos

Variáveis T1 T2 T3 T4 Trat Bl R² Equação

CDAMS 76 ± 2,20 75 ± 2,20 74 ± 2,10 68 ± 2,10 * * 0,607 y=77,58-0,1151x

CDAMO 77 ± 1,96 77 ± 1,96 76 ± 1,87 71 ± 1,87 * * 0,605 y=79,42-0,101x

CDAPB 73 ± 2,15 74 ± 2,15 75 ± 2,05 71 ± 2,05 NS NS 0,382 y=74,83

CDAEE 98 ± 0,14 97 ± 0,14 96 ± 0,13 94 ± 0,13 * ** 0,97 y=98,70-0,066x

CDAEB 75 ± 2,22 75 ± 2,22 75 ± 2,11 69 ± 2,11 * NS 0,573 y=77,44-0,096x

CDAFDA 56 ± 3,97 52 ± 3,97 48 ± 3,77 38 ± 3,77 * * 0,715 y=58,22-0,276x

CDAFDN 65 ± 2,38 64 ± 2,38 65 ± 2,26 57 ± 2,26 * * 0,713 y=67,23-0,115x

CDACEL 69 ± 2,57 66 ± 2,57 63 ± 2,44 57 ± 2,44 * * 0,751 y=69,48-0,117x

CDAHEM 74 ± 3,08 75 ± 3,08 76 ± 2,93 68 ± 2,93 NS NS 0,247 y=75,74

CDACNF 94 ± 2,34 94 ± 2,34 93 ± 2,22 89 ± 2,22 NS NS 0,27 y=94,95

BAL. N 1,2 ± 0,25 1,5 ± 0,25 1,3 ± 0,24 1,3 ± 0,24 NS NS 0,212 y=1,58

NDT 76 ± 1,81 78 ± 1,81 79 ± 1,72 76 ± 1,72 * NS 0,528 y=77,66-

0,00430x Tratamento 1: 0% crambe (T1); Tratamento 2: 22% (T2); Tratamento 3: 44% (T3); Tratamento 4: 64% (T4);

Tratamento (Trat); Bloco (Bl); coeficiente de determinação (R2); não significativa (NS); * = P<0,05; ** =

P<0,01.

A substituição mostrou que houve diminuição linear significativa (P<0,05) para o

coeficiente de digestibilidade (CDA) da MS e MO. Provavelmente essa diminuição reflete na

diminuição do CDA dos outros constituintes da MS, como, FDA, FDN e CEL.

Os valores encontrados para o CDA da MS e para o CDA da MO foram elevados

devido a alta proporção de concentrado na dieta total dos animais, principalmente na dieta

contendo farelo de soja e milho moído (T1). Porém, conforme aumenta o nível de torta de

crambe no concentrado o CDA da MS diminui, sendo mais acentuada no tratamento 4. Outro

fator que pode ter contribuído para esses valores é o fato da torta de crambe ter um fator

antinutricional, o glucosinolato. Dietas que possuem altos níveis de glucosinolato (BJERG et

al., 1987, preconiza do nível máximo de glucosinolato de 2,5 μmol/g -1) acarretam a redução

da aceitabilidade, a redução da eficiência alimentar e a redução do ganho de peso (BELL et

al., 1993).

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Valores inferiores foram relatados por Hartwig et al. (2005), que avaliaram a crambe

na forma de torta e farelo para ovinos e encontraram valores de digestibilidade da MO de 71 e

67%. Os mesmos autores trabalhando com suínos encontraram valores para a digestibilidade

da MO de 54% e recomendaram até 5% de utilização torta de crambe na dieta para suínos. Os

mesmos autores utilizaram 30% de torta ou farelo de crambe na alimentação de vacas leiteiras

e obtiveram à diminuição da ingestão do concentrado, diminuição do teor de gordura no leite

e aumento do teor de ácido erúcico na gordura do leite das vacas alimentadas somente com a

torta de crambe. A concentração de iodo no leite foi diminuída devido ao antinutricional

glucosinolato. Foi recomendado pelos autores que o fornecimento desse ingrediente não deve

exceder 1 kg/dia para vacas em lactação.

Relatos feitos por Goes et al. (2010), que pesquisaram torta de soja e torta de crambe,

em ovinos fistulados, para determinação dos parâmetros da degradabilidade in situ,

evidenciaram valores da fração potencialmente degradável da MS da torta de crambe

(53,99%) inferior a torta de soja (70,33%) e a degradabilidade efetiva de 8 horas para a torta

de crambe (55,11%) também inferior a torta de soja (68,66%). Esses resultados estão de

acordo com os resultados encontrados nesse estudo, com o decréscimo do CDA da MS em

razão do aumento da inclusão da torta de crambe na dieta.

Steg et al. (1994) avaliaram digestibilidade in vitro do farelo de crambe com e sem

casca e observaram valores inferiores para o farelo com casca (44,5%) em relação ao farelo

sem casca (85%), os autores relataram que a baixa digestibilidade da crambe é devido a baixa

degradabilidade da casca.

As médias do CDA da PB não apresentaram diferenças significativas (P>0,05).

Provavelmente, o farelo de soja e a torta de crambe apresentam características de

digestibilidade semelhantes, tendo um bom aproveitamento e contendo uma proteína de boa

qualidade para os animais.

Watanabe (2011) avaliou proporções de concentrado (60 e 80%), a base de farelo de

soja e milho moído na dieta de cordeiros e observou que não houve (P<0,05) diferença

significativa, com valores de 75,66% para o CDA da PB com dieta contendo 80% de

concentrado e valores de 75,08% para o CDA da PB com dieta contendo 60% de concentrado,

respectivamente, valores semelhantes aos encontrados no presente trabalho.

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Estudos de digestibilidade feitos por Silva et al. (2005b), utilizaram cabras lactantes

com uma dieta contendo 60% de concentrado a base de milho moído, farelo de soja em

substituição ao farelo de cacau ou torta de dendê na proporção de 15% e 30%. Obtiveram

valores de CDA da PB menores ao encontrado no presente trabalho. Os valores encontrados

de CDA da PB com 15% de farelo de cacau ou torta de dendê foram de 58,60% e 43,73%,

respectivamente; e os valores da CDA da PB utilizando 30% de farelo de cacau ou torta de

dendê foram de 62,46% e 65,91%, respectivamente.

Goes et al. (2010), estudaram grão de crambe, torta de crambe e torta de soja, em

ovinos fistulados, para determinação dos parâmetros da degradabilidade in situ da PB e

encontraram valores semelhantes entre a torta de crambe (19,38%) e o grão de crambe

(18,27%) para a fração solúvel da PB. Porém a degradabilidade efetiva da PB a 8 horas da

torta de crambe (33,28%) foi menor que a do grão (39,84%) e a torta de soja teve o maior

valor (61,50%), os autores relatam que a baixa degradação é devido a baixa fração

potencialmente degradada. Caton et al. (1994) afirmaram que a taxa de desaparecimento in

situ para a proteína no rúmen com novilhos não foi diferente entre o farelo de crambe e o

farelo de soja.

No entanto, Carlson et al. (1996) encontrou valores de degradação do grão de crambe

maior que o encontrado por Goes et al. (2010). Carlson et al. (1996) afirmaram que a casca e

o grão de crambe possuem baixa degradação da PB (44,5 e 57,3%, respectivamente),

enquanto que dietas que apresentavam apenas sementes de crambe sem casca obtiveram

maior digestibilidade (85%). Os mesmos autores afirmaram que a degradabilidade do farelo

de crambe descascado é similar ao do farelo de soja. Liu et al. (1994) estudaram subprodutos

de crambe, com método in vitro e in vivo, utilizando vacas leiterias, e destacaram que a PB do

farelo de crambe é degradada mais rapidamente que a proteína do farelo de soja. O presente

trabalho concorda com os dados encontrados por Liu et. al. (1994) e Carlson et. al. (1996),

que não encontraram diferenças na digestibilidade da PB.

A crescente substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da torta de

crambe acarretou em uma diminuição linear significativa (P<0,05) no CDA do EE. A

diminuição do CDA do EE deve-se, possivelmente, ao aumento do EE na dieta dos cordeiros,

devido ao elevado valor de óleo presente na torta de crambe (29,60% de EE). Provavelmente

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outro fator que pode ter ocasionado a diminuição do CDA do EE foi o alto teor de ácido

erúcico presente na torta de crambe.

Santos et al. (2009) avaliaram dietas para ovinos contendo relação de

concentrado:volumoso de 40:60, sendo o concentrado a base de milho em grão, farelo de soja

e canola em grão integral (8%) ou farelo de canola peletizado (8%) ou torta de canola (8%)

em péletes. Esses autores encontraram valores para o CDA da EE de 89,04; 87,33 e 87,56,

respectivamente, resultados similares ao encontrado do presente trabalho.

Os valores encontrados neste trabalho para o CDA do EE podem ser considerados

semelhantes ao encontrado por Silva et al. (2005b), ao alimentarem cabras lactantes com uma

dieta contendo 60% de concentrado a base de milho moído e farelo de soja em substituição ao

farelo de cacau ou torta de dendê na proporção de 30% e observaram valores de CDA do EE

da dieta controle de 86,84%, 90,85% com 30% de farelo de cacau e 92,07% com 30% de torta

de dendê.

Uma das vantagens da crambe é que é um alimento rico em ácidos graxos poli-

insaturados que são biohidrogenados pelas bactérias e protozoários ruminais, proporcionando

aumento na disponibilidade de energia (PETIT et al., 1997). Outra vantagem é que a crambe

possui teores significativos de compostos, como, cisteína, metionina, lisina e treonina

(CARLSON et al., 1996).

No CDA da EB ocorreu uma diminuição linear significativa (P<0,05), com o

aumento da substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da torta de crambe.

Possivelmente a diminuição do CDA da EB pode ter ocorrido devido ao aumento da ingestão

do EE no concentrado, pois houve um aumento na proporção de EE devido ao alto teor de

óleo presente na torta de crambe. Esses valores elevados para o CDA da EE e CDA da EB

refletem uma dieta com alta proporção de concentrado.

O aumento dos níveis de proteína da torta de crambe no concentrado para cordeiros

acarretou em uma diminuição linear significativa (P<0,05) no CDA do FDA e no CDA da

FDN. O aumento no teor de EE no concentrado oferecido aos animais, alto teor de lignina

e/ou substâncias antinutricionais presentes na torta de crambe podem ter acarretado a

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diminuição do CDA do FDA e do CDA do FDN. A lignina afeta a digestibilidade da MS

(DMS) ao limitar a digestão da parede celular das plantas (RODRIGUES e VIEIRA, 2006).

Van Soest (1994) e Mertens (1996) afirmam que a fibra é constituída por

substâncias parcialmente digeríveis, que ocupam espaço no trato gastrointestinal dos animais,

acarretando o aumento da taxa de passagem. Alimentos que contenham proporções maiores

de fibra insolúvel ou fibra de baixa digestibilidade terão maior tempo de permanência no

rúmen, menor taxa de passagem e menor conversão alimentar.

Goes et al. (2010) avaliaram algumas oleaginosas na dieta de ovinos fistulados para

determinação da degradabilidade in situ e relataram que o grão de crambe e a torta de crambe

apresentaram os maiores teores de FDA (51,65% e 37,15%, respectivamente) e baixa

degradabilidade ruminal, tanto para a MS como para a PB, quando comparados com os outros

grãos e tortas. O processamento com água quente e a floculação da semente para a extração de

óleo pode diminuir substancialmente a degradabilidade ruminal da PB da torta de crambe

(CARLSON et al., 1996).

Foi descrito por Goes et al. (2010) que dietas que possuem alta degradação no rúmen

podem acarretar em um aumento de disponibilidade do teor de óleo no rúmen, o que pode

ocasionar problemas relacionados ao decréscimo na degradação da fração fibrosa da dieta e

alterações no metabolismo ruminal.

Petit et al. (1997) afirmaram que o alto teor de óleo nas dietas é um dos fatores que

acarretam a diminuição da digestão da FDN, uma vez que o óleo disponibilizado no meio

ruminal pode provocar redução da eficiência das bactérias fibrolíticas.

O aumento dos níveis da substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da

torta de crambe ocasionou uma diminuição linear significativa (P<0,05) da CDA da CEL.

Esse fato pode ter ocorrido devido à diminuição do CDA do FDA e do CDA do FDN.

Segundo Ørskov et al. (1978) e Johnson e McClure (1972) a inclusão de níveis superiores a

5% de gordura na dieta de ruminantes pode levar à diminuição da ingestão, associada à

redução da digestão da celulose. Segundo o AFRC (1993), os óleos não fornecem adenosina-

tri-fosfato para o crescimento dos microorganismos ruminais e, assim, níveis elevados desta

fração nutritiva podem diminuir a digestibilidade da fração fibrosa.

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Watanabe (2011) avaliou dietas na proporção de 20% de feno de gramínea e 80% de

concentrado a base de milho e farelo de soja e proporções de 40% e 60%, concomitantemente,

na digestibilidade aparente com cordeiros e encontrou valores de CDA da CEL (71,06% e

72,45%) maiores do que os encontrados neste trabalho.

Os valores não demonstraram efeito significativo (P>0,05) para os CDA da HEM e

CDA da CNF com a inclusão do aumento da torta de crambe em substituição ao farelo de

soja. Provavelmente, o alto teor de óleo e substâncias antinutricionais presentes na torta de

crambe não foram afetados, denotando que dietas com alto teor de óleo não afetam essas

variáveis. A hemicelulose e os CNF presentes na torta de crambe são de elevada

degradabilidade ruminal, mesmo ocorrendo uma modificação dos nutrientes da dieta, não

houve interferência em sua digestibilidade, indicando que são potencialmente digestíveis

pelos microrganismos do rúmen (MERTENS, 1996, 2003; HALL, 2003).

Os valores encontrados para o CDA da HEM e do CDA da CNF são elevados e

denotam o elevado aproveitamento dessa fração, que é constituído principalmente de amido

do milho e outros carboidratos não fibrosos presente na dieta.

Pesquisa feita por Mizubuti et al. (2011), analisaram a degradação ruminal in vitro do

CNF da torta de soja, torta de crambe e farelo de crambe, observaram que a torta de soja

(0,2884%/h-1

) teve uma maior degradação comparada com a torta de crambe (0,1350%/h-1

) e

o farelo de crambe (0,0935%/h-1

), que resultou em maior volume final de gases.

Alves et al. (2003) estudaram dietas para ovinos contendo feno de capim Tífton-85 e

diferentes níveis crescentes de concentrado à base de milho e farelo de soja, resultando em

diferentes níveis de energia (2,42; 2,66; e 2,83 Mcal de energia metabolizável [EM]/kg de

matéria seca [MS]). Os autores afirmam que quanto maior for a concentração de energia na

dieta, maior serão os níveis de CNF (81,03; 92,34 e 96,16%), proporcionando melhoria da

digestibilidade dessa fração.

Cunha et al. (2008) avaliaram dietas contendo feno de Tifton e inclusão de níveis

crescentes de caroço de algodão (0; 20; 30 e 40%) para ovinos e observaram um efeito linear

decrescente nos valores do CDA do CNF (84,70; 84,70; 76,50 e 79,87%) com o aumento dos

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níveis de caroço na dieta. Os autores afirmam que isso foi devido à fração do CNF ser

rapidamente degradada no rúmen.

Não houve efeito significativo (P>0,05) para o BAL N com o aumento da

substituição do farelo de soja pela torta de crambe. Isso denota que a digestibilidade e a

metabolização do nitrogênio ingerido foram semelhantes em dietas com a soja e com a

crambe e indica, ainda, que a proteína da torta de crambe é semelhante nutricionalmente com

a proteína do farelo de soja. Uma parte do nitrogênio ingerido da torta de crambe é

metabolicamente similar ao nitrogênio oriundo da proteína da soja. O nitrogênio é absorvido

rapidamente pelos tecidos, o excesso pode ser excretado pela urina. Segundo Owens e Zinn

(1988), a retenção de nitrogênio (balanço de N) serve como estimativa da deposição de

proteína para fatores produtivos, como lã, leite e carne.

A substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da torta de crambe

acarretou em um aumento significativo (P<0,05) para os valores de NDT, até o tratamento 3.

O valor de NDT é em função da concentração dos nutrientes da dieta, multiplicado pelas suas

digestibilidade, sendo que o EE, como tem o valor energético mais elevado, é multiplicado

por 2,25. O cálculo de NDT se dá através da formula, NDT = PD + (EED X 2,25) + FDND +

CNFD (NRC, 2001). Dessa maneira o aumento do NDT das dietas reflete o aumento do teor

de EE, mesmo havendo uma pequena diminuição do seu CDA. O NDT é a forma utilizada

para expressar a concentração energética das rações.

4.3 Parâmetros metabólicos

Não houve efeito significativo (P>0,05) dos níveis de substituição da proteína do

farelo de soja pela proteína da torta de crambe para os parâmetros plasmáticos sanguíneos da

TGP, TGO, glicose e uréia (Tabela 4). Isso denota que a inclusão da torta de crambe em

substituição ao farelo de soja no concentrado dos cordeiros não causou efeitos do fator

antinutricional (glucosinolato). Salienta-se que durante o período de 25 dias de experimento o

glucosinolato não ocasionou danos aos animais. Provavelmente, o curto período do

experimento e a diminuição do consumo da MS, podem ter contribuído para esses resultados.

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Tabela 4 – Médias corrigidas pelos quadrados mínimos para os parâmetros sanguíneos da

Alanina Aminotransferase ou Transaminase Glutâmico Pirúvica (ALT/TGP), Aspartato

Aminotransferase ou Transaminase Glutâmico Oxalacético (AST/TGO), Glicose, Uréia e seu

respectivo erro padrão da média (EPM) dos animais alimentados com níveis crescentes torta

de crambe.

Variáveis

Trat. ALT/TGP (UI/L) AST/TGO (UI/L) Glicose (mg/dL) Uréia (mg/dL)

T1 11,01 ± 2,07 74,04 ± 8,98 84,15 ± 9,71 40,89 ± 5,09

T2 9,51 ± 2,07 96,37 ± 8,98 86,71 ± 9,71 31,19 ± 5,09

T3 15,94 ± 1,96 80,31 ± 8,54 74,45 ± 9,23 32,50 ± 4,84

T4 9,77 ± 1,96 96,96 ± 8,53 74,30 ± 9,23 30,00 ± 4,84

Efeito trat. NS NS NS NS

Efeito bloco NS NS NS NS

R² 0,1561 0,2399 0,0983 0,2777

Eq. y=13,45 y=74,13 y=87,41 y=36,06 Tratamento 1: 0% crambe (T1); Tratamento 2: 22% (T2); Tratamento 3: 44% (T3); Tratamento 4: 64% (T4);

Tratamento (Trat); Coeficiente de determinação (R2); Equação de regressão (Eq); Não significativo (NS).

Os valores encontrados no presente trabalho mantiveram dentro dos valores de

referência a enzima de TGP (4 a 19 UI/L) (KANEKO et al., 1997), o que indica não ter

havido complicações. Essa enzima é importante na avaliação de tecidos com metabolismo de

aminoácidos ativo, como o fígado, demonstrando que os valores encontrados, mantiveram-se

dentro dos intervalos de referência descritos por Kaneko et al. (1997), para ovinos.

Durante um ano, Andreazzi e Consolaro (1997), pesquisaram rações que continham

farelo de soja e milho moído com e sem a presença de caroço de algodão, na alimentação de

caprinos machos, com idade média de um ano e três meses, e observaram valores médios de

9,30 U/mL para ração que continha caroço de algodão e 8,60 U/mL para ração que não

continha caroço de algodão. No entanto, estudos feitos por Nunes et al. (2010), com dietas

contendo milho moído, farelo de soja e níveis crescentes de torta de dendê (0; 6,5; 13,0 e

19,5% na MS), para cordeiros com idade média de 5 meses e peso médio de 22 kg,

encontraram valores dentro da normalidade e diferentes (5,81; 6,63; 6,06 e 7,13 UI/L) do

presente trabalho, para os níveis de TGP no soro sanguíneos dos animais.

O resultado encontrado no presente trabalho, para TGP, foi semelhante ao

encontrado por Lobô (2009), que estudou ovelhas Santa Inês, no período de 42 dias,

alimentadas com concentrado a base de milho moído e farelo de soja; a dieta continha 1,5%

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de Fármaco, Jurubeba e Batata de Purga, o autor encontrou valores de 13,75; 8,75 e 11,25

UI/L, respectivamente e relatou que não houveram complicações hepáticas.

A atividade de TGO não diferiu significativamente entre as dietas (P>0,05), cujo

valor médio encontrado foi de 86,92 UI/L. No entanto, dois tratamentos apresentaram as

médias de TGO um pouco acima do padrão fisiológico entre 0 a 90 UI/L estipulado por

Kaneko et al. (1997). De acordo com Herdt (1988), a TGO é uma das enzimas para avaliação

hepática, e González et al. (2000) citam que a TGO em níveis elevados pode indicar

transtornos hepáticos graves.

Nunes et al. (2010) avaliaram o soro sanguíneos para TGO, em dietas a base de

milho moído, farelo de soja e níveis crescentes de torta de dendê (0; 6,5; 13,0 e 19,5% na

MS), para cordeiros, com idade média de 5 meses e peso médio de 22 kg, e encontraram

valores menores (37,53; 39,78; 35,84 e 37,19 UI/L) que os do presente trabalho.

Estudos feitos por Lobô (2009), no período de 42 dias, com ovelhas Santa Inês

alimentadas com concentrado a base de milho moído, farelo de soja e 1,5% de Fármaco,

Jurubeba e Batata de Purga, relataram que não houveram complicações para essa variável. Os

valores encontrados foram da mesma grandeza (92,50; 86,00 e 86,00 UI/L) do presente

trabalho para valores de TGO.

Andreazzi e Consolaro (1997) avaliaram concentrado a base de farelo de soja e milho

moído, na presença ou não do caroço de algodão, para caprinos adultos e encontraram valores

médios de TGO de 20,73 U/mL para rações que continham caroço de algodão e valores de

15,53 U/mL para rações que não continham caroço de algodão.

A substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da torta de crambe não

resultaram efeito significativo (P>0,05) para os valores de glicose. Isso denota que a proteína

da torta de crambe pode substituir a proteína do farelo de soja sem alterar os níveis

plasmáticos da glicose nos animais.

Os valores encontrados para a glicemia dos ovinos no tratamento com 0% e 22% de

torta de crambe em substituição ao farelo de soja estão acima do nível do preconizado por

Kaneko (1997), que menciona que a glicemia basal dos ovinos pode variar de 50 – 80 mg/dL.

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Possivelmente os valores altos encontrados para a glicemia podem ter ocorrido devido ao

elevado nível de fermentação ruminal, fazendo aumentar a produção de ácidos graxos voláteis

e elevando os níveis de glicemia, pois o propionato que chega até a veia porta hepática se

transforma em glicose pela gliconeogênese, após a absorção ruminal, e esse mecanismo é

responsável por 50% da glicose no sangue (CUNNINGHAM, 2004).

Estudo feito por Issakowicz (2011) com dietas contendo 60% e 80% de concentrado

a base de milho moído e farelo de soja para cordeiros, com idade aproximadamente de 70 dias

e peso médio de 18 kg, coletou sangue dos animais em jejum no período da manhã e em

seguida levados ao laboratório para centrifugação e análise do sangue. O autor encontrou

valores da glicose (72,15% e 80,08%) semelhantes ao encontrado no presente trabalho.

Contreras et al. (2000), salientam que a glicose sanguínea não é bom indicador do status

energético, uma vez que, os mecanismos homeostáticos que controlam a glicemia em

ruminantes, tornam difícil esclarecer a relação entre estado nutricional e os níveis de glicose

sanguínea, pois além de grande parte dos tecidos, no caso especial dos ruminantes o tecido

nervoso, utiliza somente a glicose para sua manutenção.

Para a variável da uréia não houve interação significativa (P>0,05) na substituição.

Esses resultados revelam que houve bom aproveitamento do nitrogênio amoniacal ruminal e

sua conversão em nitrogênio protéico microbiano, sendo que, todos os valores observados

estão dentro da faixa de normalidade para ovinos, estipulado por Kaneko et al. (1997), de

17,12 a 42,8 mg/dL. Segundo Garcia (1997), a concentração de uréia no sangue pode sofrer

alterações passageiras durante o dia, principalmente após a alimentação, quando, a rápida

fermentação, seguida da absorção de amônia, a qual esta relacionada diretamente com os

níveis protéicos da ração e da relação energia/proteína da dieta, elevam a uréia nesse período.

A uréia sanguínea é originária da degradação da proteína pelas enzimas secretadas

pelos microrganismos ruminais, através do aporte energético. Os microrganismos irão

degradar a proteína da ração em aminoácidos, peptídeos, ácidos graxos de cadeia ramificada e

amônia, que serão utilizados para síntese de proteína microbiana e multiplicação celular.

Porém quando a velocidade de degradação ruminal da proteína excede a velocidade de

utilização dos compostos nitrogenados para a síntese microbiana, o excesso de amônia

produzida no rúmen atravessa a parede ruminal caindo na corrente sanguínea e atingindo o

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fígado onde será transformada em uréia e posteriormente eliminada via urina ou volta para o

rúmen via saliva.

O aporte energético da ração também tem efeito sobre a uréia, pois se o consumo de

energia for baixa, o metabolismo dos microrganismos ruminais é alterado. Com isso, o

metabolismo da proteína do rúmen aumenta a concentração de amônia e provoca um aumento

na concentração de uréia no sangue. Uma das características da uréia é responder com rapidez

a mudanças de proteína na ração (GONZÁLEZ et al. 2000). Nunes et al. (2010) pesquisaram

dietas contendo milho moído, farelo de soja e níveis crescentes de torta de dendê (0; 6,5; 13,0

e 19,5% na MS) para cordeiros com idade média de 5 meses e peso médio de 22 kg e

encontraram valores de uréia que variam de 36 a 42 mg/dL, semelhantes a este trabalho.

A inclusão dos níveis crescentes de torta de crambe no concentrado, no período do

experimento (25 dias), não resultou em desordens metabólicas e alterações hepáticas nos

animais.

4.4 Produção de gases in vitro

A produção total de gases no período de 24 horas sofreu efeito linear negativo

significativo (P<0,05) para a substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da torta

de crambe para a produção de gás na MS, para produção de metano em 24 horas e para

produção de metano na MS (Tabela 5). Possivelmente, a diminuição da digestibilidade

aparente da fibra na dieta dos animais in vivo, ocasionou a diminuição da produção de gases

in vitro, acarretando à diminuição do volume de gases, consequentemente, a diminuição do

metano. A produção de gases provenientes da fermentação ruminal pode variar de acordo com

a dieta utilizada. Sabe-se que, quanto maior o teor de fibra de um ingrediente, maior será a

porcentagem de metano liberado com base na energia bruta (GASTALDI, 2003).

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Tabela 5 – Produção de gases com as médias corrigidas pelos quadrados mínimos, erro padrão

da média e a equação de regressão (eq) para produção total de gás em 24 horas (PTG24h),

produção total de gás na MS (PTGMS - mL/gMS), produção de metano em 24 horas

(PCH424h), produção de metano na MS (PCH4MS mL/gMS), fator de partição (FP mL/mg),

degradabilidade verdadeira da MS (DVMS g/kg) e degradabilidade verdadeira da MO

(DVMO g/kg).

Tratamentos (%)

Variáveis T1 T2 T3 T4 EPM Trat. Bl R² eq

PTG24h 226 226 219 212 2,48 * ** 0,89 y=252,06-0,2237x

PTGMS mL/g MS 19 18 18 17 0,49 * ** 0,95 y=28,70-0,0369x

PCH424h 5,3 5,0 4,9 4,8 0,12 * ** 0,94 y=7,31-0,006x

PCH4MS mL/g MS 287 287 281 275 2,39 * ** 0,9 y=319,98-0,1914x

FP mL/mg 3,1 3,1 3,1 3,0 0,11 NS ** 0,78 y=2,41

DVMS g/kg 860 903 861 797 44,90 NS ** 0,73 y=683,45

DVMO g/kg 786 810 773 728 31,49 NS ** 0,7 y=683,91

Tratamento 1: 0% crambe (T1); Tratamento 2: 22% (T2); Tratamento 3: 44% (T3); Tratamento 4: 64% (T4);

Tratamento (Trat.); Bloco (Bl); Coeficiente de determinação (R2); equação (eq); Não significativo (NS); * =

P<0,05; ** = P<0,01.

Quando analisada a produção total de gás, observa-se que a dieta com maior nível de

torta de crambe proporcionou o menor volume de gás total produzido e menor volume de

metano produzido. Tal observação pondera que a produção total de gás está relacionada com

o conteúdo fibroso, a lignina e o teor de óleo presente na dieta. Abdalla et al. (2007)

estudaram dietas usando a inclusão de óleo de coco e de planta taninífera (Mimosa

caesalpiniaefolia) na dieta de ovinos em ensaio in vivo e observaram a redução na produção

de metano entérico em relação à dieta padrão contendo feno de gramínea , concentrado com

milho e farelo de soja.

Dietas com alto teor de óleo mostram que, a inclusão de EE na dieta pode auxiliar na

mitigação de metano entérico (GRAINGER, 2008). Russell (1998) mencionou que rações

com alta digestibilidade apresentam geralmente, baixo teor de fibra e alto teor de amido e de

lipídios, que proporcionam redução na emissão de metano, pois as bactérias que fermentam o

amido podem competir com as metanogênicas pelo hidrogênio livre para a produção de

propionato.

O’mara (2004) cita que a proporção de concentrado na dieta apresenta uma

correlação negativa com a emissão de metano. Concentrados apresentam em sua estrutura

física uma menor quantidade de carboidrato estrutural que forrageiras. Sabe-se que na medida

em que se aumenta a proporção destes na dieta, aumenta-se a proporção de propionato e

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diminui-se a proporção de acetato produzido no processo fermentativo, ocorrendo, algumas

vezes, decréscimo também de butirato (JOHNSON e JOHNSON, 1995), o que terá enorme

impacto na produção final de metano. Além disso, a presença de grandes quantidades de

concentrado na dieta de ruminantes reduz o pH do ambiente ruminal. Se levarmos em

consideração que as bactérias metanogênicas são pH sensitivas (CHURCH, 1993) é de se

esperar que a produção de metano neste ambiente ruminal também seja menor. Segundo Moss

et al. (2000), as formações de acetato e butirato promovem a produção de metano, enquanto a

de propionato pode ser considerada uma competidora das vias de uso do hidrogênio livre no

rúmen, que acarreta na redução da produção de metano.

Tortas de algodão, dendê, mamona e pinhão manso foram estudadas por Abdalla et

al. (2008) na proporção de 25, 50, 75 e 100% em dietas experimentais, substituindo o farelo

de soja. Esses autores observaram resultados semelhantes ao presente trabalho e afirmam que

a inclusão das tortas em substituição ao farelo de soja afeta a produção total de gases. Os

autores relatam, ainda, que com exceção da torta de algodão, as demais tortas produziram

significativamente menos gás quando incluídas em proporções acima de 50 %. A substituição

total do farelo de soja por todas as tortas proporcionou menor produção total de gases (124,

108, 97 e 95 mL/g MS para o farelo de soja e as tortas de algodão, dendê, mamona, pinhão

manso).

No entanto, estudos feitos por Neiva Junior et al. (2010) com níveis crescentes de

tortas (5, 8, 11 e 100% de torta de nabo forrageiro, pinhão manso e tremoço) na silagem de

capim elefante para produção de gás em 24 horas, mostraram valores menores que os

encontrado no presente trabalho, o valor mínimo foi 24,9 mL para a inclusão de 100% de torta

de pinhão manso e o valor máximo foi 99,9 mL para a inclusão de 100% de torta de tremoço.

Dietas a base de silagem de milho e de concentrado composto por milho, farelo de

girassol, casca de soja e farelo de soja foram pesquisadas por Pereira et al. (2006). Os autores

encontraram valores de produção total de gás de 457,52; 894,75; 742,22; 986,23 e 843,90 mL

e valores de produção de metano de 54,19; 45,51; 52,34; 43,91 e 49,53% respectivamente,

valores esses maiores que os encontrado no presente trabalho. Valores menores foram

encontrados por Nogueira et al. (2006), que estudaram dietas a base de silagem de milho,

concentrado comercial e milho em grão, conforme a técnica in vitro semi-automática de

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produção de gases em 24 horas e encontraram valores de 174, 221 e 284 mL,

respectivamente; o resultado encontrado para o concentrado foi semelhante ao deste trabalho.

Gastaldi (2003) analisou feno de gramínea na proporção de 30% e concentrado a

base milho moído, casca do grão da soja e farelo de girassol na proporção de 70% e encontrou

valores superiores ao presente trabalho para produção total de gases (986 mL), para produção

de metano (42,1%) e produção de metano na MS (429 mL).

A substituição da proteína do farelo de soja pela proteína da torta de crambe não teve

efeito significativo (P>0,05) para os valores de FP (fator de partição – massa microbiana),

DVMS e DVMO.

Os resultados obtidos para a massa microbiana e para a degradação ruminal, com as

substituições pela torta de crambe, demonstraram que a proteína do farelo de soja e a proteína

da torta de crambe são semelhantes. Os valores encontrados para FP encontram-se dentro de

valores citados por Makkar (2004), de 2,7 a 4,4 mg de DVMO/mL de gases produzido.

Mesmo correndo diminuição nas produções de gases, não houve interferência na

fermentação ruminal. Blümmel et al. (1997) descrevem que o FP é a relação entre matéria

orgânica degradada e o volume cumulativo de gases produzido pela fermentação, que é um

indicador de eficiência de síntese microbiana.

Valores altos de FP indicam que mais matéria orgânica é degradada e incorporada na

massa microbiana por mL de gases produzidos (MAKKAR, 2004). Porém na forma inversa,

quando o FP for menor, indica uma maior produção de gases que se reflete em menor

eficiência do processo fermentativo, com aumento na produção de CO2 e metano

(BLÜMMEL et al., 1997). De acordo com Makkar (2004), o FP deve variar de 2,74 a 4,41 mg

de matéria orgânica degradada/mL de gases produzido.

Em estudo realizados por Abdalla et al. (2008), avaliando a utilização de subprodutos

da indústria de biodiesel na alimentação de ruminantes, observou-se correlação negativa (P

<0,05) entre o fator de partição e a produção de metano. Contudo, Sallam et al. (2009),

estudaram a eficácia do óleo de eucalipto sobre a fermentação ruminal e produção de metano

in vitro e obtiveram altos valores de FP de 4,97 e 6,92 DVMO/mL com adição de 100 e 150

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μL de óleo de eucalipto, respectivamente. Os autores relatam que esses altos valores de FP

indicam que a solubilização do alimento contribuiu para a baixa degradação da MS, para a

produção de gases e a inibição da fermentação ruminal.

Azevedo et al. (2010) pesquisaram 5 clones de cajueiro (P06; P76; P09; P1001 e

BRS189) estimados pela técnica in vitro semi-automática de produção de gases incubados por

24 horas e observaram valores de FP de 3,6; 3,9; 3,5; 3,6 e 3,4, semelhantes aos encontrados

neste trabalho. Nogueira et al. (2006) estudaram dietas a base de silagem de milho,

concentrado comercial e milho em grão, conforme a técnica in vitro semi-automática de

produção de gases, e encontraram valores de FP (2,9; 3,0 e 3,4) um pouco abaixo do

encontrado nesse trabalho.

Para a DVMS e DVMO, Neiva Junior et al. (2010) estudaram níveis crescentes de

tortas de nabo forrageiro, pinhão manso e tremoço (5, 8, 11 e 100%) na silagem de capim

elefante e encontraram o menor valor para a DVMS para 100% da inclusão da torta de pinhão

manso (179) e o maior valor para 100% de torta de tremoço (425); e o menor valor de DVMO

foi encontrado com a inclusão de 100% de torta de pinhão manso (169) e o maior valor para

100% de torta de tremoço (634).

Nogueira et al. (2006) encontraram valores de DVMS menores aos encontrados no

presente trabalho. Os autores estudaram dietas a base de silagem de milho, concentrado

comercial e milho em grão e observaram valores de 60, 73 e 82%, respectivamente.

Valores parecidos para DVMO foram observados por Azevedo et al. (2010) que

pesquisaram 5 clones de cajueiro (CP 06, CP 76, CP 09, CP 1001 e BRS 189) e encontraram

valores de 633,36; 716,18; 683,66; 772,13 e 749,51 g/kg, respectivamente. Os mesmos

autores encontraram valores um pouco mais baixos (678,17; 681,06; 610,78 e 687,69 g/kg)

para dietas isoprotéicas e isoenergéticas com níveis crescentes de cajueiro (0, 15, 30 e 45%).

As duas metodologias utilizadas evidenciaram a diminuição do aproveitamento

(valor nutritivo) da torta de crambe, pois a mesma tendência de diminuição do CDA da MS,

das fibras e do EE também ocorreu na metodologia in vitro, com diminuição nas produções de

gases.

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5 Conclusões

A proteína da torta de crambe, oriunda da produção de biodiesel, pode ser utilizada

como alternativa na substituição parcial da proteína do farelo de soja, contudo levou a

diminuição do valor nutritivo da dieta pelos animais; ocorreu uma limitação na ingestão da

MS com o aumento da inclusão da torta de crambe na dieta, o que pode acarretar um menor

desempenho animal.

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