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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências PROPEC Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Campus Nilópolis Cristiana Nazaré Goulart da Silva de Almeida EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS: a literatura infantil como recurso didático Nilópolis - RJ 2018

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA …...casa” e roda de conversa Exibição do vídeo “A maior flor do mundo” Produção coletiva Espaço para a contação

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO RIO DE JANEIRO

Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências PROPEC

Mestrado Profissional em Ensino de Ciências

Campus Nilópolis

Cristiana Nazaré Goulart da Silva de Almeida

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS:

a literatura infantil como recurso didático

Nilópolis - RJ

2018

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Cristiana Nazaré Goulart da Silva de Almeida

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS:

a literatura infantil como recurso didático

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação

Stricto Sensu em Ensino de Ciências do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro-

IFRJ/Nilópolis, modalidade profissional, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em Ensino de

Ciências.

Orientadora: Profª. Drª. Flávia Monteiro de Barros Araújo

Coorientador: Prof. Dr. Jorge Cardoso Messeder

Nilópolis - RJ

2018

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Ficha catalográfica

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Cristiana Nazaré Goulart da Silva de Almeida

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS:

a literatura infantil como recurso didático

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação

Stricto Sensu em Ensino de Ciências do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro-

IFRJ/Nilópolis, modalidade profissional, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em Ensino de

Ciências.

Data de aprovação: __/__/2018.

__________________________________________________

Profª. Drª. Flávia Monteiro de Barros Araújo (Orientadora)

Universidade Federal Fluminense (UFF)

__________________________________________________

Prof. Dr. Jorge Cardoso Messeder (Coorientador)

Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ)

__________________________________________________

Profª. Drª. Valéria da Silva Vieira

Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ)

___________________________________________________

Prof. Dr. Luis Antônio Botelho Andrade

Universidade Federal Fluminense (UFF)

Nilópolis - RJ

2018

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Aos meus pais, Paulo Cesar e Solange, que dedicaram a vida à educação das filhas.

Ao meu amor, Rafael, e meu precioso filho, Guilherme.

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AGRADECIMENTOS

Inicio meus agradecimentos a Deus, que carinhosamente sonhou e realizou em mim Seu

querer. Muito bom sentir Seu amor em cada detalhe. Não foi fácil, mas Ele estava comigo o

tempo todo.

Gratidão por Seus feitos, meu Deus e minha fortaleza. “Não te mandei eu? Esforça-te,

e tem bom ânimo; não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo,

por onde quer que andares.” (JOSUÉ 1:9).

Aos meus pais, que com muito sacrifício deram a melhor educação que podiam e que

não podiam dar. Seus esforços valeram enormemente e hoje, mais uma vez, vocês são

responsáveis por essa vitória. À minha irmã e companheira de leitura, parceira de muitas

viagens em livros quando criança. À querida tia Roselia, que auxiliou meus pais na conclusão

dos meus estudos até o ensino médio, muito obrigada. Amo muito vocês!

Ao meu grande amor Rafael, meu esposo, amigo, parceiro e tudo o que puder ser, sem

você não teria conseguido. Ao nosso tesouro Guilherme, filho tão amado, você é o motivo de

todas as conquistas. Minha família separada e especial, vocês fazem parte da realização desse

sonho! Conquistamos juntos! Vocês são tudo para mim!

À minha orientadora, professora Drª. Flávia Monteiro, agradeço por sua orientação na

condução do trabalho, pelo apoio e incentivo. Ao meu coorientador, professor Dr. Jorge

Messeder, que sem reservas me auxiliou grandemente no desenvolvimento de toda pesquisa.

Minha admiração sempre! Uma gratidão sem fim!

Agradeço ao corpo docente do Propec-IFRJ pelos momentos que proporcionaram de

experiências inigualáveis de aprendizagem e crescimento acadêmico e profissional. Professora

Drª. Maylta Brandão e professora Drª. Valéria Vieira, saibam que suas palavras e contribuições

foram decisivas para este trabalho. A professora Drª. Eline Deccache, que quando mais precisei

não me negou ajuda, permitindo-me conseguir realizar todas as disciplinas.

Aos meus amigos de turma, por cada palavra de encorajamento, nos momentos de

angústias que juntos vivemos. Vocês foram escolhidos por Deus para juntos atravessarmos e

conquistarmos. Alexandra, Aline, Amanda, Ana Paula, Annelize, Elisa, Jorge, Lucas, Mariana

e Peterson, nossa turma é diferente e vocês são maravilhosos.

Ao amigo e coordenador do grupo de pesquisa Edgar, que incentivou minha entrada no

Mestrado, compartilhando seus conhecimentos. À querida Denise Ana, que também

compartilhou o que sabia e suas experiências em pesquisas. À minha amiga Carol, que sempre

esteve comigo. À minha parceira Angélica, que foi generosa quando precisei e ajudou na

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realização da pesquisa. À querida Talita, que estava sempre disposta a ajudar e com muita boa

vontade. Muito obrigada!

Agradeço ao Colégio Pedro II pela acolhida ao meu trabalho de pesquisa. Agradeço à

equipe que esteve junto ajudando na realização desse sonho. Minha gratidão à direção, Eliza,

Daniela e Thiago pela ajuda nas dificuldades encontradas no caminho, pelas palavras de

incentivo e apoio em todo o processo.

Aos meus alunos queridos, que me inspiram dia após dia com seus olhares curiosos

sobre o mundo. Seus questionamentos diários e o amor à leitura me fazem uma pesquisadora

melhor a cada dia de aula. Agradeço aos seus familiares pela parceria.

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Viajar pela leitura

Viajar pela leitura

sem rumo, sem intenção.

Só para viver a aventura

que é ter um livro nas mãos.

É uma pena que só saiba disso

quem gosta de ler.

Experimente!

Assim sem compromisso,

você vai me entender.

Mergulhe de cabeça

na imaginação!

(Clarice Pacheco)

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ALMEIDA, Cristiana Nazaré Goulart da Silva de. Educação ambiental nos anos iniciais: a

literatura infantil como recurso didático (107f.) Ensino de Ciências (Dissertação). Programa de

Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ensino de Ciências. Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Campus Nilópolis, Rio de Janeiro, 2018.

RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de investigar as potencialidades do uso do livro de literatura

infantil com abordagem ambiental como recurso didático para o ensino de ciências nos anos

iniciais do Ensino Fundamental. Foram estruturadas Oficinas literárias para motivar através de

livros de literatura infantil, discussões e reflexões. As atividades foram desenvolvidas em uma

escola federal em Realengo (RJ), em uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental, com idades

entre 9 e 11 anos, onde a pesquisadora é professora. Os resultados demonstram que o uso dos

livros de literatura infantil nas aulas permite a reflexão diante de questões ambientais, pode

estabelecer condições para a aquisição de conteúdos e favorecer a formação leitora. Este

trabalho se caracteriza através da pesquisa participante, qualitativa, de natureza interpretativa.

Os dados foram coletados por meio de diário de bordo, anotações descritivas e reflexivas,

análise dos livros de literatura infantil, fotografias, escrita e desenhos dos alunos. O produto

educacional foi produzido paralelamente, e é uma produção literária que aborda o

desenvolvimento das oficinas e os resultados encontrados na pesquisa, uma reflexão no uso da

literatura infantil com abordagem ambiental.

Palavras-chave: Ensino de Ciências; Educação ambiental; Literatura infantil; Práticas

pedagógicas.

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ALMEIDA, Cristiana Nazaré Goulart da Silva de. Environmental education in Elementary

School: children’s literature as didactic resource (107f.) Science teaching (Dissertation).

PostgraduateProgram Professional Masters in Science Teaching. Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Campus Nilópolis, Rio de Janeiro, 2018.

ABSTRACT

The present work has the objective of investigating the potential of the use of children's

literature with an environmental approach as a didactic resource for the teaching of science in

the initial years of Elementary School. Literary workshops have been structured to motivate

throughout children's books, discussions and reflections. The activities were developed in a

federal school in Realengo (RJ), in a class of 3rd year of Elementary School, with ages between

9 and 11 years old, where the researcher is a teacher. The results show that the use of children's

literature in class allows reflection on environmental issues, can establish conditions for the

acquisition of content and encourage reading training. This work is characterized by the

participant research, qualitative, of an interpretative nature. The data were collected through

logbook, descriptive and reflective annotations, analysis of children's literature books,

photographs, writing and students' drawings. The educational product was produced in parallel,

and is a literary production that addresses the development of the workshops and the results

found in the research, a reflection on the use of children's literature with an environmental

approach.

Keywords: Science teaching; Environmental education; Children's literature; Pedagogical

practices.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Relação de livros escolhidos para as oficinas 40

Quadro 2 Blocos das oficinas literárias 41

Quadro 3 Oficinas desenvolvidas 42

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Espaços para a contação de história “A árvore que pensava” e roda de

conversas

45

Figura 2 Exibição do filme “O Lórax: em busca da Trúfula Perdida” 47

Figura 3 Construção do balão “Quem sou eu na história?” 49

Figura 4 Produção escrita e desenho por Luca 49

Figura 5 Produção escrita e desenho por Geize 50

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Figura 10

Figura 11

Figura 12

Figura 13

Figura 14

Figura 15

Figura 16

Figura 17

Figura 18

Figura 19

Figura 20

Figura 21

Figura 22

Figura 23

Figura 24

Figura 25

Figura 26

Produção escrita e desenho por Paulino

Espaço para a contação da história “Dois passarinhos” e roda de

conversa

Capa do livro de literatura infantil “Dois passarinhos”

Página do livro “Dois passarinhos”

Exibição do vídeo “Educação ambiental e hábitos de consumo”

Produção da história “Dois passarinhos” por Nívea

Produção da história “Dois passarinhos” por Cecílya

Espaço para a contação da história “O caminho para o Vale Perdido” e

roda de conversa

Produção do livro “O caminho para o Vale Perdido” por Andreza

Produção do livro “O caminho para o Vale Perdido” por Tierry

Espaço para a contação da história “A última gota” e roda de conversa

Leitura da História em quadrinhos

Produção da HQ

Produção da HQ por Guilhermina

Espaço para a contação da história “O mar pede socorro” e roda de

conversa

Confecção do mural “Coloque a mão para mudar”

Mural exposto “Coloque a mão para mudar”

Espaço para a contação da história “Reciclagem a aventura de uma

garrafa” e roda de conversa

Exibição do documentário: “Planeta água”

Produzindo Relatório

Relatório sobre o documentário por Olga

50

52

52

53

55

55

56

57

59

59

60

63

64

64

66

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67

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69

70

70

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Figura 27

Figura 28

Figura 29

Figura 30

Figura 31

Figura 32

Figura 33

Figura 34

Figura 35

Figura 36

Relatório sobre o documentário por Renato

Espaço para a contação da história “Azul e lindo: Planeta Terra, nossa

casa” e roda de conversa

Exibição do vídeo “A maior flor do mundo”

Produção coletiva

Espaço para a contação da história “A natureza agredida pede pra ser

respeitada” e roda de conversa

Produção do poema dos alunos

Poema produzido por Lana

Poema produzido por Artur

Capa da produção literária

Sumário da produção literária

71

72

74

75

77

79

79

80

86

86

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEP

CPII

Comitê de Ética e Pesquisa

Colégio Pedro II

EA Educação Ambiental

EC Ensino de Ciências

EF Ensino Fundamental

GEPES

HQ

Grupo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação e Sociedade

História em quadrinhos

IFRJ Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

IFSUL Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação Nacional

LI Literatura infantil

MEC Ministério da Educação e Cultura

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PPPI Projeto Político Pedagógico Institucional

PROPEC Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências

RJ Rio de Janeiro

TALE Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

1.1 ESTRUTURA DA PESQUISA 19

1.2 JUSTIFICATIVA 20

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO 21

1.4 OBJETIVOS 21

1.4.1 Objetivo Geral 21

1.4.2 Objetivos específicos 21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

22

2.1 O ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS 22

2.2 NO MUNDO DA LITERATURA INFANTIL 25

2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL É COISA DE CRIANÇA TAMBÉM! 29

2.4 LITERATURA INFANTIL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

UMA COMBINAÇÃO ENCANTADORA

32

2.5 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL

2.6 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: AS OFICINAS

34

35

3 PERCURSO METODOLÓGICO

38

3.1 A PESQUISA EM QUESTÃO 38

3.2 O CENÁRIO: LOCAL 38

3.3 SUJEITOS DA PESQUISA 39

3.4 A ESCOLHA DOS LIVROS DE LITERATURA INFANTIL 39

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

44

5 O PRODUTO EDUCACIONAL

83

CONSIDERAÇÕES FINAIS

87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 90

APÊNDICES 100

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1 INTRODUÇÃO

Desde muito nova, meus pais despertaram em mim o hábito da leitura ao fazerem de

qualquer momento um instante de contação de histórias, com livros espalhados por toda a casa.

Assim, foi no meu ambiente familiar que travei o primeiro contato com a literatura. A

curiosidade, a fantasia e a brincadeira marcavam estes momentos de encantamento, vivenciados

em minha infância. Ao ouvir as histórias, buscava imitar a fala e os gestos dos personagens

narrados. Na hora da contação, prontamente a caracterização era feita e eu me tornava uma

princesa guerreira, ou outro personagem resultado de minhas fantasias infantis.

Na vida adulta, me tornei professora. Meu apreço pelo magistério está relacionado

também às minhas vivências familiares. Desde muito cedo, observava a competente atuação da

minha mãe como docente. Seu exemplo me inspirou e norteou a escolha daquilo que decidi

exercer durante toda a vida: o magistério.

Ao longo da minha caminhada profissional e acadêmica, pude perceber a importância

social da escola e do professor na formação do aluno. Compreendo que o bom professor é

aquele que ensina e aprende com os alunos, levando-os a pensar, estimulando a sua criatividade,

desenvolvendo e aprimorando habilidades. E é nesse contexto que fui me constituindo uma

professora interessada em buscar novos caminhos, em buscar novas estratégias metodológicas

que pudessem me auxiliar no desenvolvimento de práticas mais efetivas.

O interesse pela temática ambiental surgiu a partir da experiência e dos questionamentos

que desenvolvi como docente dos anos iniciais. Em 2013, ingressei no Colégio Pedro II -

Campus Realengo I, no Rio de Janeiro. Nesta instituição, pude perceber o grande interesse que

a literatura infantil despertava nos alunos. Observava que, recorrentemente, os alunos abriam

seus livros no meio do pátio, na sala de aula, nos corredores; no início e término das aulas, no

recreio. A leitura de histórias infantis era algo que contagiava a todos. Esse fato me chamou a

atenção e me fez pensar na potencialidade desse recurso para o desenvolvimento das aulas de

ciências para estes alunos do Colégio Pedro II. A ideia era explorar algo prazeroso, encantador,

que motivando os discentes propiciaria avanços no processo de construção do conhecimento.

Concomitante ao meu ingresso no Colégio Pedro II, também comecei a fazer parte do

Grupo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Educação e Sociedade (GEPES)1 que:

1 Grupo de estudos, pesquisa e extensão em Educação e Sociedade. Ano de formação 2014. Localizado no Colégio

Pedro II – Campus Realengo I, Rio de Janeiro.

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“tem direcionado seus interesses de pesquisa e extensão para as políticas e práticas

curriculares educacionais contemporâneas, tendo como marco referencial estudos

pós-críticos sobre políticas públicas. Suas ações se desdobram em investigações que

analisam o currículo escolar e a formação profissional em seus aspectos teóricos e

práticos, no sentido de desenvolver atividades extensionistas de orientação e criação

de espaços de formação de professores na escola básica. Tem como eixos de estudo:

políticas educacionais curriculares, ensino de ciências e formação de professores.”2

A participação no grupo de pesquisa contribuiu para ampliar minha visão com relação

às propostas curriculares para o primeiro segmento do ensino fundamental, minha área de

atuação. Com isso compreendi a importância da contextualização do ensino e da integração das

questões sociais e científicas. De acordo como os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,

1998), ao contextualizar o professor busca articular teoria e prática, estabelecendo relações

entre o que é ensinado e o cotidiano de vida de seus alunos. Assim, busca-se tornar o ensino

mais significativo, a partir das situações vivenciadas pelos alunos em seu cotidiano, por meio

de ações interdisciplinares. Para Rodrigues e Amaral (1996), contextualizar o ensino significa

trazer a própria realidade do aluno, não apenas como ponto de partida para o processo de ensino

e aprendizagem, mas como o próprio contexto de ensino.

Assim, preocupada em buscar novos caminhos para minha prática docente, ingressei,

em 2017, no programa de Mestrado Profissional. Os estudos empreendidos durante o curso me

proporcionaram compreender melhor o potencial da literatura infantil e a importância da

educação ambiental para a formação cidadã do indivíduo. As experiências em minha vida

profissional consolidaram meu interesse pelo ensino de ciências e pelo saber ambiental,

necessários para o desenvolvimento do cidadão reflexivo e crítico na sociedade. Ao refletir

sobre o ensino de ciências, temática deste trabalho, trago Giraldelli e Almeida (2008), que

afirmam que este campo de estudos não pode ser visto separado das questões da realidade, tendo

em vista que a construção da ciência não ocorre de forma isolada, sendo o resultado de um

conjunto de determinantes sociais, tecnológicos e de transformações econômicas. Segundo

Fracalanza (1986),

o ensino de ciências no primeiro grau, entre outros aspectos, deve contribuir para o

domínio das técnicas de leitura e escrita; permitir o aprendizado dos conceitos básicos

das ciências naturais e da aplicação dos princípios aprendidos a situações práticas;

possibilitar a compreensão das relações entre a ciência e a sociedade e dos

mecanismos de produção e apropriação dos conhecimentos científicos e tecnológicos;

garantir a transmissão e a sistematização dos saberes e da cultura regional e local. (p.

26-27)

2 Objetivos do grupo de pesquisa. Fonte: Diretório de grupos de pesquisa, CNPq. Disponível em:

<http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/7804069065985865>. Acesso em: 7 nov. de 2017.

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17

O ensino de ciências nas séries iniciais do Ensino Fundamental deve, entre outros,

oportunizar aos futuros cidadãos a construção de conhecimentos indispensáveis para a vivência

numa sociedade complexa, compreendendo o que acontece ao seu redor, tomando posição e

intervindo efetivamente na sua realidade.

O grande crescimento científico e tecnológico, observado nos últimos tempos, trouxe

não só benefícios para a humanidade, mas também a devastação do meio ambiente, que passou

a enfrentar uma acelerada agressão em decorrência da exploração excessiva dos recursos

naturais. Estas questões são fundamentais para o presente estudo, que tem como tema norteador

a educação ambiental nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Segundo Fracalanza (2004), o trabalho de educação ambiental nos anos iniciais é

fundamental para o exercício da cidadania. Um dos pressupostos da educação ambiental é

compreender a relação ser humano e natureza, bem como os seus impactos, no contexto de uma

sociedade que vem se distanciando do entendimento do ser humano como pertencente à

natureza; por isso, é fundamental que todos debatam sobre essa temática. Esse é o caminho que

Ferreira, Pereira e Borges (2013) defendem, destacando a importância da escola como uma

instância que pode contribuir para uma visão crítica e consciente da sociedade, permitindo a

promoção da cidadania e o respeito ao meio ambiente, levando os alunos a desenvolverem uma

postura mais participativa e consciente do seu papel na sociedade.

Para Jacobi (2005), a postura de dependência e de irresponsabilidade da população

acontece principalmente por causa da falta de informação, de consciência ambiental e de

práticas comunitárias com base na participação e no envolvimento dos cidadãos, que

proponham nova cultura de direitos baseada tanto na motivação quanto na coparticipação no

que diz respeito à gestão do meio ambiente e nas suas dinâmicas. Defende também que, nesse

contexto, as práticas educativas devem apontar para propostas focadas em: mudança de hábitos,

atitudes e práticas sociais, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e a

participação do educando.

A partir do exposto acima, vale ressaltar os objetivos do Projeto Político Pedagógico

Institucional (PPPI) do Colégio Pedro II (2002) para o ensino de ciências. Segundo este

documento, o ensino de ciências deve colaborar para o desenvolvimento da reflexão, ação,

solução dos problemas individuais e coletivos, buscando o conhecimento através da

investigação e o desenvolvimento do respeito à vida. Uma versão posterior do PPPI (2008)

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assinala ainda a preocupação com o desenvolvimento de estratégias que propiciem a

apropriação do conhecimento científico e o desenvolvimento de autonomia pelos alunos.

O art. 32 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n°. 9394/1996), nos

incisos I e II, destaca como objetivos do ensino fundamental: a formação básica do cidadão, a

importância da compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia,

das artes e dos valores em que a sociedade se ampara, o desenvolvimento da capacidade de

aprendizagem, considerando a aquisição de conhecimento e habilidades e a formação de

atitudes e valores (BRASIL, 1996).

Nesta mesma direção, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) destacam a

importância de “o indivíduo perceber-se integrante, dependente e agente transformador do

ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para

a melhoria do meio ambiente” (BRASIL, 1998, p.7).

Nesta perspectiva, para desenvolver a temática ambiental no primeiro segmento do

ensino fundamental, preocupação que orienta esta pesquisa, destaca-se a importância da

literatura infantil como um recurso didático que pode contribuir para fomentar a reflexão e o

aprendizado sobre as questões que envolvem o meio ambiente. A proposta é favorecer a

construção de conhecimento coletivo, enriquecendo as aulas e desenvolvendo nos discentes o

pensamento crítico através dos livros de literatura infantil e outros recursos, de modo que os

alunos serão avaliados pela sua produção escrita, oral e seus desenhos.

Dentre diversos benefícios, a literatura infantil surge como um recurso didático que

estimula a tomada de decisão individual e em grupo a partir de uma abordagem lúdica,

possibilitando o desenvolvimento de questões ambientais.

Sabendo da importância da literatura infantil, recorre-se a uma parte da versão

preliminar do PPPI do Colégio Pedro II que trata exatamente desta temática, ao dizer que a

literatura é uma representação de mundo que questiona a linearidade, demarcando as

contradições e multiplicidades de visões. Além disso, propõe trabalhar a leitura como forma de

construção de sentidos, pois permite distintas interpretações e propicia uma reflexão no diálogo,

a partir do texto.

Dessa forma, consideram-se, neste trabalho, as oficinas literárias como prática

pedagógica no processo de ensino que permite a interação da criança com o livro de literatura

infantil. Isso acontece a partir da leitura de livros infantis e de outros recursos que possibilitam

a reflexão dos alunos.

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19

Conforme Libâneo (1994) aponta-se para o processo de ensino como uma atividade de

mediação para os alunos se tornarem sujeitos ativos na assimilação do conhecimento, no qual

são adotados as condições e os meios com tal finalidade.

Nessa vertente, o professor deve ser um incansável pesquisador de sua própria prática

pedagógica, que busca constante aprendizado para os discentes, favorecendo no processo de

aquisição/construção do conhecimento (FOLLMANN; UHMANN, 2014).

1.1 ESTRUTURA DA PESQUISA

Seguem indicadas as partes que fundamentam o estudo desenvolvido:

● Capítulo 1 – apresenta a temática do trabalho, delineando a justificativa e a relevância

do mesmo, o problema da pesquisa e os objetivos;

● Capítulo 2 – expõe uma revisão da literatura que abarca: uma análise do ensino de

ciências nas séries iniciais, a literatura infantil como processo comunicativo e social,

para o desenvolvimento do aluno crítico. Apresenta a educação ambiental como

necessária, tendo em vista o objetivo de formar o indivíduo para a compreensão da

dimensão do meio ambiente. Mostra o enlace entre literatura infantil e educação

ambiental nos anos iniciais, e as oficinas literárias como prática pedagógica. Apresenta

o PPPI do Colégio Pedro II.

● Capítulo 3 – conduz a metodologia da pesquisa, ou seja, as etapas que pautaram o

trabalho, mostrando o tipo da mesma, a caracterização do público-alvo e o local da

pesquisa; outrossim, a estrutura das oficinas literárias adotadas para a realização da

pesquisa;

● Capítulo 4 – apresenta os resultados e discussões;

● Capítulo 5 – traz a elaboração do Produto Educacional e o processo de elaboração das

oficinas literárias para o desenvolvimento do produto.

● As considerações finais da pesquisa realizada, as referências bibliográficas e apêndices

que apoiaram o trabalho.

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20

1.2 JUSTIFICATIVA

Os debates realizados pela literatura acadêmica sobre a educação científica têm

apontado a necessidade de mudança nas práticas de ensino de ciências, direcionando-as para

um trabalho mais crítico que aborde questões da realidade. Krasilchik e Marandino (2007)

destacam, o aumento do conhecimento do indivíduo sobre o mundo e, principalmente, a

importância de que este saiba utilizá-lo, se posicionando na sociedade. Entende-se, desta

maneira, que o ensino de ciências pode ajudar na compreensão do mundo e de suas

transformações, ao possibilitar a utilização de conceitos científicos aprendidos na escola para a

compreensão das situações diárias.

No que tange à educação ambiental, há uma preocupação em como abordar o tema com

as crianças, motivando-as e fazendo com que elas compreendam a importância destes

conhecimentos. Nas minhas vivências em sala de aula, percebi o potencial da literatura infantil

como um recurso para o desenvolvimento dessas propostas. Nesta perspectiva, Graciolli e

Zanon (2017) destacam que a literatura possui um importante papel para a formação do

indivíduo, contribuindo para construção do ser reflexivo e transformador do meio em que vive.

A literatura infantil pode contribuir, através da ludicidade, para fomentar o pensamento crítico

do aluno, levando-o para uma atividade atraente e reflexiva.

Ainda segundo Graciolli e Zanon (2017), a educação ambiental não tem por objetivo

somente o estudo do meio natural, tem também a preocupação em formar cidadãos críticos que

consigam lutar por seus direitos e entender seus deveres, que compreendam a importância das

relações interpessoais e a preservação do meio cultural e ambiental.

Mediante o exposto, entende-se que é fundamental que a criança desde cedo reflita sobre

suas ações e sobre o que acontece ao seu redor. Diante disso, ressalta-se a importância da

educação ambiental nos anos iniciais do ensino fundamental para desenvolver o pensamento

crítico do aluno, fomentando sua participação na sociedade, reconhecendo-se como agente

transformador.

Como já mencionado anteriormente, a educação ambiental nos anos iniciais, está sendo

trabalhada a partir do livro infantil, pois há um potencial enorme nele. Assim, Pinto (2012)

apresenta a leitura como uma atividade da linguagem que auxilia os sujeitos a interagirem com

o mundo, conquistando meios para atuarem como cidadãos. Nesse sentido, essa habilidade

desempenha a importante tarefa de oferecer conhecimentos específicos para que o aluno seja

capaz de interagir com o mundo de forma compreensiva e crítica, ou seja, como cidadão.

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Assim, a literatura infantil propicia o elo entre imaginário e real, ativando a imaginação

e instituindo a formação leitora e crítica para atuação consciente na sociedade, diante das

questões ambientais.

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO

Diante do descrito, a presente pesquisa se desenvolve a partir do seguinte

questionamento: como a literatura infantil, utilizada como recurso didático nas aulas de

ciências, pode favorecer na tomada de consciência em educação ambiental nos anos iniciais do

Ensino Fundamental?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Investigar as potencialidades da literatura infantil como recurso didático para o

desenvolvimento da educação ambiental nos anos iniciais do Ensino Fundamental de forma

lúdica e criativa.

1.4.2 Objetivos Específicos

● Realizar oficinas literárias para o ensino de ciências, que focalizem a temática ambiental

como possibilidade para o desenvolvimento do senso crítico e reflexivo dos alunos;

● Produzir um livro, a partir das reflexões obtidas nas oficinas realizadas com os alunos.

O livro será uma produção literária partindo da temática ambiental com o uso da

literatura infantil, relatando o desenvolvimento e os resultados encontrados.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS

A contextualização na perspectiva de Lutfi (1992) é mais do que uma mera ligação de

conceitos, ela deve promover a compreensão de problemas sociais e contribuir para que o aluno

consiga intervir no meio em que vive. Para Ricardo (2003), a contextualização visa dar

significado, sentido ao que é ensinado ao aluno. Conhecer o contexto significa ter melhores

condições de se apropriar de um dado conhecimento e de uma informação, por exemplo.

(MACHADO, 2005).

Em termos gerais, a contextualização no ensino de ciências abarca competências de

inserção da ciência e de suas tecnologias em um processo histórico, social e cultural,

e o reconhecimento e discussão de aspectos práticos e éticos da ciência no mundo

contemporâneo. (BRASIL, 2002, p.31)

Segundo Santos (2007), o ensino de ciências nas escolas tem se apresentado

descontextualizado, com atividades que não enfatizam por parte do aluno a compreensão das

relações entre os conteúdos estudos e a realidade social circundante. Diante disso, a produção

acadêmica destaca a importância de contextualizar o ensino de ciências, propiciando ao aluno

uma educação para a cidadania e a sua preparação para a tomada de decisões que afetam seu

escopo social. Outrossim, tal ensino traz, através de questões significativas para os alunos, o

senso de responsabilidade e despertamento para os problemas reais da sociedade. Ou seja, com

a discussão de temas reais é que os alunos podem compreender melhor aspectos políticos,

econômicos, sociais e éticos.

Frente ao crescimento e desenvolvimento da sociedade, no que tange o nível científico

e tecnológico, urge a modificação nas formas de pensar e de agir. O ensino de ciências não deve

apenas promover os conhecimentos científicos fundamentais, mas deve também promover o

desenvolvimento de capacidades indispensáveis ao processo de formação e desenvolvimento

de cada aluno, enquanto futuros cidadãos, para que sejam aptos a tomar decisões responsáveis

e conscientes.

As demandas do mundo moderno designam a urgente necessidade de democratizar os

conhecimentos científicos e tecnológicos, propiciando aos cidadãos uma melhor compreensão

do mundo, para intervir de modo consciente e responsável, fornecendo elementos

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indispensáveis na superação de contradições que afetam a qualidade de vida do ser humano

(AULER; DELIZOICOV, 2001).

Faz-se necessário promover nos alunos o interesse pelas aulas de ciências, permitindo

experiências com a turma e com o professor, através de diálogo, além de desenvolver a

compreensão de mundo.

O ensino de ciências nos anos iniciais é extremamente importante na formação do aluno,

uma vez que pode estimular a elaboração e a construção de primeiros significados em relação

ao mundo que o cerca, ampliando sua cultura e seu conhecimento, fazendo com que esse aluno

tenha a possibilidade de compreender a sociedade e subsídio para sua atuação e participação

efetiva nela (LORENZETTI; DELIZOICOV, 2001).

A escola, importante meio de promover iniciativas que instruam os alunos a

desenvolverem suas capacidades, permitindo saber lidar com os conhecimentos necessários

para o exercício da cidadania. Assim indica Santos (2002), ao falar sobre a educação formal,

que integra objetivos como o pensamento, o aprender a aprender, o desenvolvimento da

capacidade de adaptação à mudança e a resolução de situações problema.

Para Carvalho et al. (1998), a escola aparece como espaço privilegiado desde a etapa

inicial de escolaridade, pois permite a ampliação do conhecimento da ciência, o que contribui

para a construção do conhecimento.

Importante aproveitar a curiosidade da criança e iniciar ciência desde cedo, permitindo

desenvolver capacidades importantes para aprendizagens futuras e promover a construção de

uma imagem positiva da ciência. Messeder, Oliveira e Araújo (2017) destacam como

características próprias de cada criança a disponibilidade em aprender, a curiosidade sobre o

funcionamento do mundo, a presteza para formular questões e elaborar hipóteses sobre as cenas

que observa, valorizando o impacto das experiências vivenciadas na infância para a vida adulta.

Fabri, Silveira e Niezer (2014) compreendem que não é suficiente ensinar conceitos, a

criança precisa refletir sobre o que ouve desde cedo, associando os conhecimentos que aprende

em sala de aula à realidade existente fora dela. Nessa direção, a criança desenvolverá a

criticidade natural, que acaba sendo tolhida por um ensino tradicional que desconsidera a

realidade do aluno.

As crianças estão abertas a aprender. Sua ingenuidade permite o conhecimento do

desconhecido e a curiosidade desperta a vontade de buscar novas possibilidades. Por isso,

Frizzo e Marin (1989) destacam a ação da criança, a sua participação ativa durante o processo

de aquisição do conhecimento, a partir de atividades desafiadoras de aprendizagem.

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O ensino de ciências no primeiro grau, entre outros aspectos, deve contribuir para o

domínio das técnicas de leitura e escrita; permitir o aprendizado dos conceitos básicos

das ciências naturais e da aplicação dos princípios aprendidos a situações práticas;

possibilitar a compreensão das relações entre a ciência e a sociedade e dos

mecanismos de produção e apropriação dos conhecimentos científicos e tecnológicos;

garantir a transmissão e a sistematização dos saberes e da cultura regional e local.

(FRACALANZA; AMARAL; GOUVEIA, 1986, p. 26-27)

Muitos são os benefícios de se ensinar ciências para as crianças nos primeiros anos de

escolaridade, pois isso desenvolve sua capacidade de compreensão do mundo, sua capacidade

de aplicação do que aprendeu, estimulando a reflexão para a tomada de decisão necessária no

exercício da cidadania.

Assim, como focaliza Filho, Santana e Campos (2011), o ensino de ciências nos anos

iniciais deve propiciar aos cidadãos os conhecimentos e as oportunidades de desenvolverem as

capacidades necessárias para se orientarem nessa sociedade complexa, compreendendo tudo à

sua volta, tomando posição e intervindo em sua realidade.

Outro apontamento é dado por Fracalanza (1986), em relação ao ensino de ciências, que

além de permitir o aprendizado dos conceitos básicos das ciências naturais, os conhecimentos,

as experiências e as habilidades dessa matéria devem desenvolver o pensamento lógico,

desenvolvendo assim capacidades de observação, reflexão, criação, formação de valores,

julgamento, comunicação, convívio, cooperação, decisão e ação.

O ensino de ciências, com seus métodos, linguagem e conteúdos próprios, tem o

objetivo de promover a formação integral do cidadão, como ser pensante e atuante, e como

corresponsável pelos destinos da sociedade. A criança é cidadã que se constrói através de

variados atos interativos com os outros e com o meio onde vive, ou seja, ela é sujeito de seus

conhecimentos (FILHO, SANTANA E CAMPOS, 2011).

Corroborando com o exposto acima, Carmo (1991) destaca o propósito geral do ensino

de ciências, sendo o de incentivar a emergência de uma cidadania esclarecida, capaz de usar os

recursos intelectuais da ciência, a partir da qual seja possível criar um ambiente favorável ao

nosso desenvolvimento como ser humano.

Desta forma, estaremos possibilitando condições para que o aluno atue efetivamente em

sua cidadania. Nesse caminho, Delizoicov e Angotti (1990) frisam que para o exercício pleno

da cidadania, um mínimo de formação básica em ciências deve ser desenvolvido, para fornecer

instrumentos necessários que possibilitem uma compreensão da sociedade em que estamos

inseridos.

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Sobre cidadania, Fumagalli (1998) explica que é preciso perceber o aluno dos anos

iniciais como sujeito social da sua própria história, pois as crianças não são somente “o futuro”,

e sim que são “hoje” sujeitos integrantes do corpo social, tendo o mesmo direito que os adultos

a se apropriarem da cultura idealizada pela sociedade, utilizando-a na transformação do mundo.

E quando se apropriar da cultura idealizada, a criança se apropriará também do conhecimento

científico, sendo assim parte característica dessa cultura.

2.2 NO MUNDO DA LITERATURA INFANTIL

Diante da rápida evolução da sociedade, nos deparamos com a necessidade de lidar com

situações cada vez mais complexas e que estão em constante processo de mudança, com isso

nos formando cidadãos participantes e conscientes de nossa atuação.

As transformações que emergem na sociedade expandem economicamente,

socialmente, culturalmente ou tecnologicamente, pois são reflexo da intervenção da ciência e

da influência do contexto social, atuando na forma como o conhecimento é divulgado e

possibilitando aos cidadãos uma maior compreensão do mundo, dos recursos e dos problemas

existentes.

É sabida a falta de preparação que os cidadãos em geral têm para lidar com certos temas,

pela falta de conhecimentos e capacidades. A capacidade de intervir no mundo nos obriga a ter

cada vez mais conhecimento científico e tecnológico. Santos (2002) nos alerta para a

necessidade da formação dos indivíduos, pois já não deve apenas se preocupar com transmissão

e aquisição de conhecimentos, mas com a necessidade de que o aluno aprenda a pensar. O alvo

é o pensamento, o aprender a aprender, o desenvolvimento da capacidade de adaptação à

mudança e resolução de situações problemáticas.

De acordo com ponto de vista de Cagliari (1998), utilizar os livros de literatura infantil

que tenham alguma relação com a ciência, pode ser uma das formas de desenvolver a

alfabetização e a alfabetização científica. Incentivar a leitura sobre temas relacionados às

ciências naturais, mesmo que não sejam tratados diretamente em sala de aula, é uma prática que

amplia o conhecimento da criança tendo inúmeros reflexos em sua aprendizagem.

Além disso, é um recurso que permite aos alunos construírem o seu próprio

conhecimento no contexto social, comunicarem suas ideias e assumirem relevância para o

ensino de ciências. Através das histórias é possível estimular a curiosidade das crianças,

aumentar o conhecimento e enriquecer as suas experiências, visto que o aluno terá contato com

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temas científicos, proporcionando aprendizagens. Podem-se criar momentos de debates,

discussões e atividades, de forma a permitir aos alunos um envolvimento ativo que desenvolva

a linguagem, a capacidade de comunicar-se, tornando também as aulas mais motivadoras.

A busca de recursos didáticos que tornem as aulas mais prazerosas tem modificado a

prática de muitos professores, por exemplo, na abordagem dos conteúdos das ciências.

A literatura infantil tem sido um recurso pedagógico com potencial para o ensino de

ciências, por exemplo, com temáticas ambientais, pois contribui para o

desenvolvimento crítico do aluno na aquisição do conhecimento e compreensão das

questões relacionadas ao meio ambiente. (ALMEIDA; MESSEDER; ARAÚJO, 2018,

p. 793)

Segundo Azevedo (2006), através da literatura infantil a criança tem a possibilidade de

iluminar um conhecimento singular do mundo, expandindo os seus horizontes numa pluralidade

de perspectiva cognitiva, linguística e cultural.

A ciência faz parte do mundo e, como tal, tem vindo a ser transposta, por muitos autores,

para o mundo infantil, assim como as questões e problemas atuais específicos às relações entre

sociedade e ciência, que estão presentes em muitos livros direcionados às crianças em idade

pré-escolar e escolar (FILIPE, 2012).

Galvão et al. (2006) consideram que a ciência se destina a todos os alunos, que a sua

aprendizagem é um processo ativo, que a ciência escolar deve refletir as tradições culturais e

intelectuais da ciência contemporânea e que melhorar o ensino das ciências é parte da reforma

estruturada da educação. Ressaltam a utilização de estratégias abertas às ideias e as

necessidades dos seus alunos que se traduzem na realização de atividades de pesquisa e no

promover oportunidades para debates e discussões entre os próprios alunos.

Nesse contexto, a literatura infantil surge como recurso didático para promover o

conhecimento de forma lúdica, atraindo a atenção das crianças para assuntos em destaque na

sociedade.

Enquanto texto escrito, a literatura infantil, na perspectiva de Almeida (1998), está

presente na escola, transmitindo informações, provocando reflexões, dando instruções e

modificando representações.

A literatura infantil abarca experiências que servem de ensino e aprendizagem para os

alunos se desenvolverem, além do interesse pelos princípios que constroem uma sociedade,

resgatando valores que mantêm o homem no controle de suas ações e não o contrário. Pois a

criticidade exige ver, perceber e analisar questões que levam a mudanças pessoais e sociais,

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uma vez que são decisões tomadas criticamente conscientes e compromissadas (RIBEIRO;

CASTRO; FILHO, 2014).

Os autores concluem também que a literatura infantil apresenta às crianças temas

importantes que auxiliam na formação do aluno, no pensamento crítico e na capacidade de

refletir de forma lúdica e agradável. Compreende-se a criticidade como a capacidade que o

indivíduo tem para analisar a si mesmo e aos outros, assim como analisar as circunstâncias,

destacando o que é bom, o que é ruim, para onde ir e o que procurar.

Três dos aspectos nos quais essa literatura reflete são apontados por Silva e Christal

(2016), contribuindo para o desenvolvimento da criança e permitindo uma interação entre o

lúdico e o pedagógico. Os aspectos apontados são:

(1) psicofísico, no sentido de que a literatura infantil atua como estímulo às funções

motoras e intelectuais das crianças, além contribuir com a formação de sua

personalidade, com o desenvolvimento do imaginário infantil e de seu espírito crítico.

O segundo aspecto sobre o qual a literatura infantil age é de natureza (2) social, já

que, por meio dela, a criança adquire melhores condições de formar sua identidade

social, aperfeiçoar seu processo de sociabilidade e estabelecer categorias de valor

ligadas à ética. O terceiro aspecto, a que podemos chamar de (3) linguístico, liga-se à

capacidade, promovida pela literatura infantil, de contribuir para o desenvolvimento

do vocabulário, para a aquisição de estruturas linguísticas, para a distinção de registros

discursivos e desenvolvimento da escrita e da narratividade. (SILVA; CHRISTAL,

2016, p. 55)

O trabalho literário com o texto nos anos iniciais do ensino fundamental contribuirá para

enriquecer o acervo literário, oral e escrito dos alunos, desenvolvendo habilidades como a

apreensão do implícito e do subjetivo, os modos de dizer próprios de cada autor, a capacidade

de ler o texto, a apreensão de sensações diferentes pelos encontros sonoros e outras formas de

ampliar a compreensão do texto (SOUZA; MACHADO, 2016). As autoras também fazem

ressalva a pontos como a proficiência leitora e o prazer pelo texto literário, dizendo ser um

longo caminho a ser trilhado e que requer cuidado na mediação e planejamento.

A proposta expressa no PPPI é de uma prática de leitura como experiência lúdica de

criação, com objetivo geral de formar leitores capazes de gerar sentidos para o texto literário,

considerando suas especificidades, implícitos, sutilezas e profundidade. Os objetivos

específicos são: interagir com o texto de forma prazerosa, a partir da relação dialética e

complementar entre imaginário e real; reconhecer a especificidade do texto literário e as

possibilidades de apropriação dos elementos; reconhecer no texto literário uma maneira de

expressar o individual e o social, e desenvolver o espírito crítico a partir das reflexões do texto.

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O texto literário no PPPI se apresenta como um fenômeno complexo, no qual o escritor

parte da realidade para criar a realidade. Entretanto, instaura novas percepções ao integrar

elementos de percepção cotidiana (COLÉGIO PEDRO II, 2008).

Desse modo, é à literatura como linguagem, como instituição, que se confiam os

diferentes imaginários e sensibilidades, valores e comportamentos, através dos quais uma

sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, desejos e utopias. Logo, a

literatura é importante no currículo escolar para a possibilidade de o cidadão exercer

plenamente sua cidadania, apossando-se da linguagem literária, alfabetizando-se nela e

tornando-se seu usuário, mesmo que nunca escreva um livro, mas precisa ler muitos (LAJOLO,

2008).

Nessa mesma vertente, a literatura infantil está além do encanto, da magia e dos sonhos,

uma vez que possui também a propriedade de fazer o indivíduo conhecer a própria realidade,

proporcionando a descoberta do seu eu e do mundo. A literatura infantil tem sua importância

não somente no desenvolvimento da capacidade de lazer, da expressão criativa e da imaginação,

mas também na aquisição de atitudes e valores por parte dos alunos, do conhecimento de

mundo, da consciência e da criticidade (RIBEIRO; CASTRO; FILHO, 2014).

Vale ressaltar que a literatura infantil favorece situações em que as crianças interagem

em seu processo de construção do conhecimento oportunizando o desenvolvimento e

aprendizagem. O universo da leitura não deve ser compreendido apenas como recurso à

alfabetização, mas como um instrumento que permite a interpretação e compreensão daquilo

que se lê. (PEREIRA, 2007)

Muitos são os retornos de se utilizar a literatura infantil como recurso didático, pois ela

possibilita que as crianças consigam desenvolver a criatividade, já que o ato de ler e escrever

estão intimamente conectados. A literatura infantil é, antes de qualquer coisa, literatura; ou

melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da

palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e real, os ideais, e sua

possível/impossível realização (COELHO, 1986).

A literatura infantil é arte. E como arte deve ser apreciada e sentida. A criança tem

interesse no que é belo, interessante, motivador e divertido. Para Frantz (2001), a literatura

infantil é também ludismo, fantasia e questionamento; dessa forma, consegue ajudar a encontrar

respostas para as diversas indagações do mundo infantil, enriquecendo no leitor a capacidade

de percepção das coisas.

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Para Oliveira (2007), os livros de literatura infantil proporcionam prazer e contribuem

para o enriquecimento intelectual. Sendo esse gênero objeto da cultura, a criança tem um

encontro de suas histórias com o mundo imaginário dela. A criança tem a capacidade de colocar

seus significados nos textos que lê. Sendo assim, Oliveira (2007) ainda destaca que é importante

que o livro infantil não se limite e nem se determine, mas que sempre extrapole e convide à

fruição.

2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL É COISA DE CRIANÇA TAMBÉM!

São grandes os desafios a enfrentar quando se procura direcionar as ações para a

melhoria das condições de vida no mundo. Um deles é relativo à mudança de atitudes

na interação com o patrimônio básico para a vida humana: o meio ambiente.

(BRASIL, 1998, p. 169)

De acordo com Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o ensino de ciências deverá

se organizar de forma que o aluno desenvolva a capacidade de compreender a natureza como

um todo dinâmico, e o ser humano em sociedade, como agente transformador do mundo em

que vive em relação essencial com os seres vivos e outros componentes do meio ambiente

(BRASIL, 1998).

Os Temas Transversais propostos nos PCN apontam a importância de dar sentido

prático às teorias e conceitos científicos trabalhados na escola, favorecendo a análise de

problemas atuais da sociedade. Assim, a solução dos problemas ambientais tem sido

considerada cada vez mais urgente para a garantia do futuro da humanidade, o que depende da

relação estabelecida entre sociedade/natureza, tanto no coletivo quanto no individual (BRASIL,

1998).

Entendemos, assim como Medeiros et al. (2011), que a educação ambiental é um

processo pelo qual o aluno começa a obter conhecimentos sobre as questões ambientais,

construindo uma nova visão sobre o meio ambiente. Os autores ainda destacam que a educação

ambiental agrega valores ao indivíduo como cooperação, igualdade de direitos, autonomia,

democracia e participação. Isso significa despertar a consciência de preservação e de cidadania,

compreendendo, desde cedo, a importância de cuidar e preservar a natureza, e que o futuro

depende deste equilíbrio.

A preocupação mundial em relação ao meio ambiente resulta da degradação, destruição

de habitat; das práticas não sustentáveis no uso dos recursos naturais; da colheita excessiva, o

que provoca erosão, inundações e alterações do clima; da poluição das águas de oceanos, rios

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e lagos; da introdução inadequada de plantas e animais exógenos, acarretando perda acelerada

da diversidade biológica (BOMFIM; PICCOLO, 2011).

A proposta nos anos iniciais permite, através do gosto e paixão pela natureza, que a

criança desenvolva habilidades de observação, análise, crítica, comparação, criação, recriação

e produção (MEDEIROS et al., 2011). É nesse intuito que a educação ambiental e a literatura

infantil podem dialogar para facilitar o processo de ensino-aprendizagem no ensino de ciências,

formando cidadãos que, ativos na sociedade, utilizam o conhecimento científico para a tomada

de decisão, corroborando para a busca da qualidade de vida individual e coletiva.

A educação ambiental, para Effting (2007), é um método de aprendizagem que leva ao

saber gerenciar e melhorar as relações existentes entre a sociedade e o meio ambiente, sendo

uma relação integral e sustentável. Ou seja, é através da educação ambiental que o indivíduo

reconhece e assume seu papel na sociedade, se posicionando criticamente e modificando

posturas inadequadas que prejudicam o meio ambiente.

Compreendendo que a criança possui uma curiosidade e que a ampliação do

conhecimento e reflexão das questões ambientais pode ser feita já nos anos iniciais de

escolaridade, é através do trabalho de educação ambiental que a criança já consegue perceber

as problemáticas envolvidas, a dimensão do meio ambiente e a sua relação com a natureza,

compreendendo que faz parte deste meio.

É nesse sentido que Ferreira, Pereira e Borges (2013) acreditam que essa fase da

educação levará o indivíduo a se tornar um cidadão crítico e participante dos seus direitos e

deveres. Assim como Medeiros et al. (2011) destaca que a educação ambiental apresenta a

capacidade de promover valores, não sendo somente a transmissão de informações, mas um

processo que envolve transformações no indivíduo, aprendendo e refletindo sobre sua

identidade e posturas no mundo.

De acordo com Carvalho (2001), as crianças representam as gerações futuras em

formação e, como estão em desenvolvimento cognitivo, pressupõe que a consciência ambiental

possa ser internalizada e traduzida de maneira bem-sucedida, já que ainda não possuem hábitos

e comportamentos constituídos.

A principal função do trabalho com o tema meio ambiente:

É contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na

realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de

cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que

informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação

de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. (BRASIL, 1998, p. 187)

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A principal característica de uma educação ambiental que se propõe crítica é desejar

sempre ter a posição avançada de um debate, mais liberto o possível, o que provavelmente só

acontece com quem tem menos a perder e esconder, e entender que, mesmo alcançando a

posição de vanguarda, ela precisa estar em modificação permanente, revisando a prática

(BOMFIM; PICCOLO, 2011).

A educação ambiental é uma dimensão educativa crítica, que possibilita a formação de

um sujeito-aluno cidadão, comprometido com a sustentabilidade ambiental, pela apreensão e

compreensão do mundo complexo (FIGUEIREDO, 2007; JACOBI, 2003; LOUREIRO, 2003).

Jacobi (2003) aponta para o desafio de formular uma educação ambiental que fosse

crítica e inovadora em dois níveis: formal e não formal. Com isso, ela deve ser acima de

qualquer coisa, um ato político voltado para a transformação social. O autor destaca que,

Refletir sobre a complexidade ambiental abre uma estimulante oportunidade para

compreender a gestação de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação

da natureza, para um processo educativo articulado e compromissado com a

sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o diálogo e a

interdependência de diferentes áreas de saber. Mas também questiona valores e

premissas que norteiam as práticas sociais prevalecentes, implicando mudança na

forma de pensar e transformação no conhecimento e nas práticas educativas.

(JACOBI, 2003, p. 191)

A educação ambiental, principalmente a trabalhada com as crianças, deve torná-los

capazes de mudar de atitudes e influenciar nas decisões, que podem ser ou não para o bem

comum da sociedade e da natureza. Essa prática deve levar a um novo pensar para um novo

agir, a partir do qual a relação ser humano/natureza se desenvolva harmonicamente, evidenciada

por um conjunto de práticas sociais que resgatem os cuidados com o meio ambiente

(BORTONCELLO; ROSITO, 2011).

Para Dickmann e Carneiro (2012), deve haver um processo de conscientização que é

correlacional entre educadores e educandos, através do diálogo em torno da realidade na

construção de alternativas para melhores condições de vida, o que estará desenvolvendo a

experiência do potencial emancipatório dos temas socioambientais, pois torna a educação um

espaço de construção da cidadania ambiental.

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2.4 LITERATURA INFANTIL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA COMBINAÇÃO

ENCANTADORA

Acredito na literatura infantil, que, como arte construída pelas palavras, será um recurso

potencializador, atingindo conexões para apropriação do ensino de ciências. Girotto e Souza

(2010), ao exporem as conexões, apontam que os leitores fazem naturalmente conexões entre

os livros e fatos da vida.

Quando escutam ou leem uma história, os alunos começam a conectar temas,

personagens e problemas de um livro com outro livro, o que os leva a pensar sobre situações

maiores, mais expansivas, além do universo da escola, da casa e da própria vizinhança. O aluno

fará ligações relacionadas ao seu dia a dia ou aos conteúdos já desenvolvidos nos livros

didáticos, permitindo assim um desenvolvimento de habilidades e posturas para tomada de

decisão (PINTO, 2012).

É por meio da fantasia, da imaginação, da emoção e do lúdico que a criança aprende, e

a literatura é rodeada por essas qualidades. Assim, tanto nas páginas de um livro de literatura,

quanto na cabeça de uma criança, a imaginação não tem limites, vai até onde se pode alcançar

(ANTLOGA; SLONGO, 2012).

O livro de literatura infantil propicia um maior envolvimento em discussões de temas

atuais, sobre os quais se pode interagir em busca de significação para sua participação na

sociedade. O universo lúdico da literatura, assim como uma das formas de expressão

artística,proporciona lazer, prazer e também um valor formativo para a criança, tornando o

mundo e a vida compreensíveis. O ato de ler a história desperta a curiosidade, e as informações

e conceitos construídos pelos alunos desenvolvem o cognitivo, consolidando ou reformulando

o conhecimento que está sendo adquirido.

O processo de tomada de consciência do mundo em que a criança vive se amplia no

momento em que são oferecidas oportunidades de envolvimento com variados recursos, ao

longo de seu crescimento físico e de seu desenvolvimento mental e afetivo. A aproximação

entre essas duas esferas do conhecimento constitui-se como importante porta de acesso ao

conhecimento gerado pela humanidade, de estímulo à construção de novos conhecimentos, de

apropriação de valores, resultando no desenvolvimento do senso crítico do aluno e no

aprimoramento da sensibilidade pela interação com o outro e com o meio ambiente.

A leitura aproxima o leitor do texto lido, ela possui um encantamento, o que permite um

diálogo entre a literatura infantil e a educação ambiental, o que leva à conscientização e à

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reflexão perante questões reais. A literatura para Risso (2007) tem um papel formador de

personalidade e, como tal, pode ser um retrato da sociedade e servir de modelo para a construção

da mentalidade de uma nova sociedade.

As crianças têm uma curiosidade natural pelo mundo que as rodeia e, como indica

Providência (2007), está nas mãos dos educadores não abafar essa curiosidade natural e manter

viva a necessidade de ver, tocar, fazer e compreender. Através das atividades de ciências, as

crianças desenvolvem competências de comunicação, no momento em que são estimuladas e

motivadas pelas vivências.

É possível unir a literatura infantil à educação ambiental, pois a literatura infantil é

portadora de qualidades indispensáveis no contexto escolar e seu caráter lúdico e atraente é um

estímulo à leitura. Coelho e Santana (1996) dizem que a literatura para crianças e adolescentes

levada para o âmbito da escola será um dos grandes instrumentos para o processo de

conscientização ecológica ou ambiental e a consciência de mundo. A criança tem a

oportunidade de viajar pelo mundo da imaginação, incorporando muito do que vê e ouve.

A leitura prazerosa acontece por meio da ludicidade da história e das imagens que

despertam a imaginação do leitor (ANTLOGA; SLONGO, 2012). As autoras ressaltam que a

literatura tem por característica a recriação do real, o que não significa imitação, mas sim uma

transposição que apresenta elos, remetendo a uma realidade, proporcionando ao leitor novos

sentidos para a percepção de mundo.

Pinto e Raboni (2005) argumentam a importância da leitura, pois as bibliotecas e as

salas de leitura das escolas, mesmo que em condições precárias, continuam sendo alguns dos

poucos lugares de acesso à leitura, e para muitos alunos o único local para tal atividade. Por

isso, é indispensável um olhar crítico sobre o material que essas crianças têm contato e leem.

Nessa direção, Coelho e Santana (1996) argumentam que a literatura entendida como

uma experiência humana, uma vez que atua nas mentes, nas emoções, nos sentimentos e no

espaço interior do indivíduo, atua na formação da consciência de mundo. Constroem

significados no momento em que se relacionam com outras crianças e adultos, comentando as

histórias (ALLIENDE; CONDEMARÍN, 2005). As autoras consideram a importância que a

literatura tem na vida das crianças e afirmam que a linguagem que elas ouvem e leem é

responsável por formar a linguagem que usam para pensar, falar e escrever.

A literatura infantil surge, neste contexto, como um recurso privilegiado, não só para

incentivar o gosto pela leitura e pelo ouvir histórias, mas também para desenvolver o

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pensamento crítico e divergente, facilitando a aquisição e o desenvolvimento de valores que se

revelarão estruturantes na personalidade da criança (MARTINS; MENDES, 2013).

A imagem contida no livro de literatura infantil, também é um importante ponto a

salientar, pois transcende o texto, transmite a informação que vai além das expressas no texto

verbal. A função da ilustração ultrapassa, na maioria das vezes, o puramente ornamental para

se converter em informação não escrita, um meio de expressão que dispensa barreiras

linguísticas, contribuindo para a compreensão da mensagem (CASTRO, 2005).

Linsingen (2008) indica que outro ponto na articulação de literatura e educação

ambiental é a existência de temas presentes no currículo de ciências, o que torna o livro de

literatura infantil uma fonte alternativa a ser considerada na hora do planejamento das aulas.

Segundo Coelho e Santana (1996), a literatura destinada às crianças e aos jovens é um

dos instrumentos de maior alcance para a urgente conscientização ecológica, isso por alcançar

as mentes, emoções e sentimentos, atuando na formação de consciência de mundo pretendida

pela educação ambiental.

2.5 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL

O projeto político-pedagógico do Colégio Pedro II destinado ao ensino de ciências, nos

anos iniciais do ensino fundamental, apresenta como diretriz os Parâmetros Curriculares

Nacionais propostos pelo Ministério da Educação. Os objetivos de Ciências Naturais nos PCN

para esse grau de ensino “são concebidos para que o aluno desenvolva competências que lhe

permitam compreender o mundo e atuar como indivíduo e como cidadão, utilizando

conhecimentos de natureza científica e tecnológica” (BRASIL, 2001, p.39). O PPPI considera

que o ensino de ciências deva contribuir para:

● a ampliação das explicações acerca dos fenômenos da natureza; ● a reconstrução da relação homem/natureza, a partir da compreensão da

apropriação indébita do ambiente pelo homem e do seu reconhecimento como

parte integrante da natureza; ● a reflexão sobre a ética implícita na relação entre ciências, sociedade e tecnologia; ● o conhecimento do comportamento da natureza e do processo da vida; ● o conhecimento do próprio corpo – a individualidade do corpo humano na

formação da integridade pessoal; ● a compreensão da saúde como valor pessoal e social; ● a compreensão da sexualidade sem preconceitos; ● o desenvolvimento das capacidades de refletir, questionar e agir, na busca de

soluções para problemas individuais e coletivos; ● o desenvolvimento da capacidade investigativa na busca do conhecimento;

● o desenvolvimento do respeito à vida e ao ambiente. (COLÉGIO PEDRO II, 2008,

p. 57)

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O documento afirma ainda a importância da apropriação por parte do aluno do

conhecimento científico e do desenvolvimento de sua autonomia de pensar e agir (COLÉGIO

PEDRO II, 2008). É na escola que iniciamos a formação de conceitos científicos e, ao ter acesso

ao conhecimento científico, o ser humano compreende a realidade, podendo contribuir para a

superação dos problemas existentes na sociedade.

Desse modo, apresentamos algumas finalidades do trabalho de ciências no Colégio

Pedro II:

● reconhecer o papel de cada um – governantes e cidadãos – para a solução dos

problemas ambientais; ● compreender as relações que se estabelecem entre o ser humano e os outros

elementos do meio, e como essas relações interferem na vida e no planeta; ● reconhecer a importância dos elementos da natureza e de suas interações para a

manutenção da vida; ● compreender-se como parte integrante da natureza e seu agente transformador;

(COLÉGIO PEDRO II, 2017/2020, p.115)

Ainda destacando a nova versão do PPPI (2017/2020), o ensino de ciências pretende

que o estudante possa ter condições de compreender o mundo do qual ele faz parte, para atuar

como indivíduo e cidadão, utilizando os conhecimentos científicos e tecnológicos. Nessa

mesma direção, considera que ele deva contribuir para ampliar explicações acerca dos

fenômenos naturais; reconstruir a relação entre o ser humano e a natureza, a partir da

compreensão da apropriação indébita do ambiente pelo homem e também do seu

reconhecimento com parte integrante dessa relação, refletindo sobre a ética implícita na relação

entre ciências, sociedade e tecnologia.

2.6 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: AS OFICINAS

As atividades aqui pensadas e desenvolvidas poderão assim constituir-se como

excelente recurso para a promoção da aprendizagem que torne os alunos capazes de pensar de

forma crítica e participante numa sociedade cheia de desafios e problemas.

O rápido progresso da sociedade provoca mudanças na ação educativa, como nos refere

Santos (2002), quando relata que a escola deve não só fornecer o conhecimento fundamental

para uma formação inicial, mas deve também permitir e fomentar o desenvolvimento da

capacidade necessária ao processo construtivo da sua formação. Pereira (2002) aponta que:

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Espera-se hoje que a escola obrigatória possa desenvolver capacidades de leitura

crítica, de expressão fluente e de argumentação, possa formar jovens detentores de

ferramentas cognitivas e de estratégias de estudo de forma a estarem

permanentemente em condições de adquirir novos conhecimentos e de pensar

criativamente qualquer que seja o ramo da atividade que se insiram. E,

simultaneamente, capazes de colocar questões com significado acerca de diversas

áreas de conhecimento, de se empenharem na resolução de vários problemas de forma

autônoma, embora solidária com a comunidade. (p.11)

Os processos de concretização das tentativas de ensinar-aprender ocorrem por meio das

práticas pedagógicas. Essas são vivas, existenciais, por natureza, interativas e impactantes. As

práticas pedagógicas são aquelas práticas que se organizam para concretizar determinadas

expectativas educacionais (FRANCO, 2015). A autora sinaliza ainda que as práticas

pedagógicas se organizam em torno de intencionalidades estabelecidas antecipadamente, e que

serão perseguidas durante o processo didático, por meios e formas variadas.

Veiga (1992) afirma que a prática pedagógica é uma prática social orientada por

objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática social. Segundo Freire

(1996), somente pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem, que se pode melhorar a

próxima prática.

O papel do docente é muito importante, uma vez que deve proporcionar momentos de

autorreflexão por meio de práticas que oportunizem ao educando testar e refletir suas

explicações, limites e possibilidades; ensinar e aprender, isso desperta a curiosidade e o

interesse da criança na busca de mais conhecimentos (CAMARGO; BLASZKO; UJIIE, 2015).

Corroborando com o papel do docente, Marques e Rodrigues (2015) destacam a

importância do desenvolvimento de saberes referentes às estratégias desde a formação inicial,

e que ainda precisam de um processo contínuo de aperfeiçoamento ao longo da carreira docente.

Nesse contexto, torna-se necessária uma mudança na concepção atitudinal dos

professores, os quais devem desenvolver ações educativas que oportunizem a ampliação de

conhecimentos dos educandos, assim como a formação de opinião por meio de experiências

concretas e de práticas investigativas que visem à apropriação de conhecimento científico e

tecnológico (MALACARNE; STRIEDER, 2009).

Segundo Libâneo (1994), o papel do professor no processo educativo deve ser o de

buscar os instrumentos pedagógicos que possibilitem uma prática eficaz e inovadora, sendo o

processo de ensino uma atividade conjunta de professores e alunos, organizado sob a direção

do professor. Para isso, com a finalidade de promover as condições e meios pelos quais os

alunos assimilam ativamente conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções.

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Anastasiou e Alves (2004) contam que o professor age como um estrategista, o que

justifica a adoção do termo ‘estratégia’ no sentido de estudar, selecionar, organizar e propor as

melhores ferramentas que facilitarão os estudantes a se apropriarem do conhecimento.

Para Franco (2015), as práticas pedagógicas incluem desde planejar e sistematizar a

dinâmica dos processos de aprendizagem até caminhar no meio de processos que ocorrem para

além dela, garantindo o ensino de conteúdos e de atividades considerados fundamentais para a

formação do aluno, bem como criar nos alunos mecanismos de mobilização de seus saberes

anteriores construídos em outros espaços educativos.

As oficinas surgiram com o propósito de organizar as atividades em sala de aula,

promovendo a educação ambiental por meio da literatura infantil. Segundo Paviani e Fontana

(2009), oficina é uma forma de contribuir para o conhecimento, com ênfase na ação, sem perder

de vista a base teórica. As autoras descrevem que o professor da oficina não ensina o que sabe,

mas vai oportunizar o que os participantes necessitam saber, sendo centrado no aprendizado.

Ou seja, a construção ocorre pelo conhecimento prévio das habilidades, dos interesses, das

necessidades, dos valores e julgamentos dos participantes.

Ainda para Anastasiou e Alves (2004):

A oficina se caracteriza como uma estratégia do fazer pedagógico onde o espaço de

construção e reconstrução do conhecimento são as principais ênfases. É lugar de

pensar, descobrir, reinventar, criar e recriar, favorecido pela forma horizontal na qual

a relação humana se dá. Pode-se lançar mão de músicas, textos, observações diretas,

vídeos, pesquisas de campo, experiências práticas, enfim, vivenciar ideias,

sentimentos, experiências, num movimento de reconstrução individual e coletiva. (p.

95)

Segundo Nascimento et al. (2007), as oficinas também são capazes de proporcionar

aprendizagens mais completas, pois valorizam a construção do conhecimento dos alunos de

forma participativa e questionadora, sempre baseada em situações do cotidiano.

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3. PERCURSO METODOLÓGICO

3.1 A PESQUISA EM QUESTÃO

A pesquisa em tela constitui uma abordagem qualitativa, pois explora as características

dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente (MOREIRA;

CALEFFE, 2008).

Enquadra-se no caráter interpretativo, pois corroboramos com Moreira e Caleffe (2008)

ao defenderem que o pesquisador interpretativo não está à parte da sociedade como um

observador; na verdade, ele constrói ativamente o mundo onde vive. Só pode conhecer a

realidade social por meio do seu entendimento subjetivo. Apresentam, ainda, que o propósito

dos pesquisadores interpretativos é de descrever e interpretar o fenômeno do mundo na tentativa

de compartilhar os significados.

É uma pesquisa participante, pois corroboramos com Brandão (1984) ao relatar que se

trata de um enfoque de investigação social por meio do qual se busca plena participação da

comunidade na análise de sua própria realidade, com o objetivo de promover a participação

social para o benefício dos participantes da investigação.

A pesquisa em questão foi autorizada pelo Comitê de Ética e Pesquisa - CEP (apêndice

I). Os responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (apêndice

III) e as crianças o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido - TALE (apêndice IV). Os

nomes apresentados são fictícios, para resguardar a identidade dos alunos.

3.2 O CENÁRIO: LOCAL

O Colégio Pedro II, local da pesquisa, foi fundado em 2 de dezembro de 1837, sendo

uma das mais tradicionais instituições públicas de ensino básico do Brasil. É uma instituição

federal de ensino que se transformou, ao longo de sua história, em referência nacional para a

educação brasileira. Traz como missão promover a educação de excelência, pública, gratuita e

laica, por meio da indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão, formando pessoas

capazes de intervir de forma responsável na sociedade.

O campus Realengo I, local da pesquisa, foi inaugurado no ano de 2010, com turmas de

1º e 2º anos do Ensino Fundamental. Passou a ofertar turmas do 3º ano, em 2011; do 4º ano, em

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2012; e do 5º ano, em 2013. Configura-se como uma referência, em todos os aspectos do Ensino

Fundamental I, para as escolas da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Apresenta uma

identidade histórica pela transformação de parte do espaço de uma fábrica abandonada em uma

escola, através da mobilização dos moradores da região. Então, tem-se um conjunto de relações

sociais que instauram a base material do CPII de Realengo (SANTOS, 2017).

A pesquisa contempla o ensino de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental.

Considera-se importante, com seus métodos, linguagem e conteúdos próprios, para promover a

formação integral do cidadão, como um ser pensante e atuante, e corresponsável pelos destinos

da sociedade (FILHO; SANTANA; CAMPOS, 2011). Os autores destacam ainda que a criança,

desde as séries iniciais, é cidadã e se constrói através de atos interativos com os outros e com o

meio em que vive.

3.3 SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos da pesquisa são alunos da própria pesquisadora. Eles integram uma turma

de 3º ano do ensino fundamental, com 25 alunos, com idades entre 9 e 11 anos,

aproximadamente, na qual a pesquisadora atua como docente. Estudam no horário matutino, do

ano de 2018.

3.4 A ESCOLHA DOS LIVROS DE LITERATURA INFANTIL

Os livros foram pesquisados em bibliotecas de escolas municipais, arquivo pessoal,

internet e na própria escola que se constituiu a pesquisa. Para a análise e escolha, delimitei

alguns critérios que orientaram a seleção das obras:

● Formato - Título e ilustração- aspectos físicos, como as cores, desenhos, título e capa.

● Conteúdo e temática - Contexto ambiental- a temática ambiental com/para um olhar

crítico. Seres vivos- relação ser humano-natureza, a narrativa e os personagens.

● Adequação - Faixa etária- a linguagem adequada para a faixa de 8 a 11 anos.

Os tópicos acima demonstram uma preocupação quanto à escolha dos livros, levando

em consideração aspectos que contemplem a presente pesquisa, buscando o desenvolvimento

dos alunos nos anos iniciais com abordagem ambiental através da literatura infantil, pois, assim

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como Carvalho (1989) destaca, na experiência com a literatura, o importante é interessar a

criança sob vários aspectos: intelectual, emocional, social, ambiental, psicológico etc. Reforça

ainda que, através da literatura, conseguimos despertar nas crianças valores estéticos e

humanos, além de oferecer entrosamento, recreação e oportunidade de aprendizagem.

Por sua vez, a literatura escolhida deve se aproximar da realidade, pois corroborando

com Coelho (2006), a narrativa presente nos livros se constrói com base em fatos reais, ou seja,

com fatos facilmente identificados na vida cotidiana, aproximando a imaginação fantasiosa da

realidade vivida pelo leitor.

Com isso, entendendo que a educação ambiental é um campo de saber constituído e

atravessado pela cultura, apontamos para a literatura infantil como um gênero construído nessa

perspectiva. Os temas dos livros infantis não paralisam no tempo, e abordam questões atuais,

como a educação ambiental. A literatura infantil é um artefato cultural, pois é um produto

constituído por uma cultura, como a música, a literatura, a mídia impressa e televisiva etc., que

carrega em si uma série de significados e saberes, que ensina certa forma de olhar e entender as

questões que aborda (MAGALHÃES; MADRUGA, 2015). Os livros selecionados são

apresentados no Quadro 1:

Quadro 1: Relação de livros escolhidos para as oficinas.

Livros Referência Resumo da história Aspectos explorados

A árvore que

pensava

JÚNIOR, O. F. A

árvore que pensava. 2ª

edição. Rio de Janeiro:

Edigraf Ltda, 2013.

Conta a história de uma árvore que foi

colocada na cidade. Muito feliz, crescia

bastante. Os homens não se agradaram e

cortaram os galhos da árvore. Ela

estranha a atitude dos homens e pensa

que é melhor crescer diferente para não

atrapalhar. Os homens cortaram os

galhos, pois estava muito alta. A árvore

queria satisfazer e achou melhor parar de

crescer.

Valores trazidos pelos

alunos; concepção de

meio ambiente;

desmatamento;

desejo e necessidade;

lixo; questões

econômicas, políticas e

sociais; reciclagem.

Dois

passarinhos

DIPACHO. Dois

passarinhos. 1ª edição.

São Paulo: Edições jogo

de amarelinha, 2013.

Conta a história de dois passarinhos que

começam uma estranha competição: levar

todo tipo de objeto para os galhos onde

vivem. Um querendo levar mais que o

outro, até que os galhos caem.

O caminho

para o Vale

perdido

SECCO, P. E. O

caminho para o vale

Perdido. Rio de Janeiro:

Editora Boa

Companhia, 2007.

Um rato filhote descobre que existiu um

Vale Verde, mas por causa do homem

esse vale tinha acumulado muito lixo,

fonte de riqueza da família do ratinho.

Então decidem mudar para o campo,

virando ratos semeadores e não ratos do

lixão.

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A última gota

DIEGO, J. L. A última

gota. 2º edição. São

Paulo: Scipione, 2004.

Uma menina chamada Kika chega da

escola preocupada com a falta de água no

planeta. Mestre Li fala para Kika ler a

história de Chuvisca, que fugia dos

exércitos clonadores.

A gotinha se depara com cenas de

escassez e desperdício, mas nunca perde a

esperança de encontrar a solução. A importância da água;

desperdício; extinção;

reciclagem; relação com

o consumo; questões

políticas, econômicas e

sociais.

O mar pede

socorro

CAVELAGNA, C. O

mar pede socorro. 1ª

edição. São Paulo:

Globo, 2008.

Neste livro, Simão e Bartolomeu

descobrem que há um vilão que joga lixo

no mar, causando a morte de milhares de

animais marinhos.

Reciclagem a

aventura de

uma garrafa

MANNING, M.;

GRANSTROM, B.

Reciclagem a aventura

de uma garrafa. 2ª

edição. São Paulo:

Ática, 2008.

Trata a questão da garrafa que é lançada

fora e que muita coisa pode acontecer

com ela. Aborda sobre o perigo para os

animais marinhos e sobre coleta seletiva.

Azul e lindo:

planeta terra,

nossa casa

ROCHA, R.; ROTH, O.

Azul e lindo: Planeta

Terra, nossa casa. 10ª

edição. Rio de Janeiro:

Salamandra, 2004.

História que aborda a importância de

cuidar do planeta. A preocupação com o

meio ambiente e as reuniões para discutir

sobre planos de ação para evitar que a

Terra venha se transformar num ambiente

hostil.

Promoção da cidadania;

a importância de

conhecer para

participar; reconhecer-

se como parte do meio

ambiente.

A natureza

agredida pede

pra ser

respeitada

ACOPIARA, M. A

natureza agredida pede

para ser respeitada. São

Paulo: Duna Dueto,

2011.

O autor relembra sua infância, quando

desfrutava da riqueza da fauna e flora. É

apresentado em cordel e chama à tarefa

de refletir sobre a natureza.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Quadro 2: Blocos das oficinas literárias

BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 3

Objetivos:

Desenvolver o senso crítico na

tomada de decisão;

Reconhecer os aspectos sociais,

ambientais e econômicos;

Reconhecer a participação como

cidadão.

Objetivos:

Compreender a relação entre

consumo e lixo;

Discutir as relações entre

natureza e sociedade;

Possibilitar a experiência de

observar locais poluídos e os

causadores.

Objetivos:

Reconhecer como parte

integrante da natureza;

Compreender a importância de

posicionar-se na sociedade;

Estimular a percepção do modo

de vida das pessoas e seus

impactos no meio ambiente;

Conscientizar sobre os problemas

ambientais e as causas e

consequências da ação do ser

humano.

Estratégias de ensino:

Livro: A árvore que pensava

Contação da história e Roda de

conversa

Filme: O Lorax: Em busca da

Trúfula Perdida

Escrita no balão

Estratégias de ensino:

Livro: A última gota

Contação da história

Roda de conversa

História em quadrinhos do

Maurício de Souza da revista

“Água boa pra beber” Edição

especial, página 13.

Estratégias de ensino:

Livro: Azul e lindo: planeta terra,

nossa casa

Contação da história e Roda de

conversa

Vídeo: A maior flor do mundo

Texto coletivo

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Livro: Dois passarinhos

Contação da história e Roda de

conversa

Vídeo - educação ambiental

hábitos de consumo

Ilustrando e Escrita do próprio

texto

Livro: O caminho para o Vale

perdido

Contação da história e Roda de

conversa

Produzindo por partes: Quadro

Produzindo HQ

Livro: O mar pede socorro

Contação da história

Roda de conversa

Fotos e gravuras de locais

poluídos

Montar mural com informações

Livro: Reciclagem a aventura de

uma garrafa

Roda de conversa

Documentário sobre a poluição

das águas: Planeta água

Relatório sobre o documentário

Livro: A natureza agredida pede

pra ser respeitada

Contação da história e Roda de

conversa

Poema: Fim do mundo de

Ronnyel Castro

Poema dos alunos

Recursos didáticos:

Livro de literatura infantil;

Computador interativo; Folhas

para registro; Vídeo; Filme.

Recursos didáticos:

Livros de literatura infantil; HQ;

Computador interativo;

Gravuras; Material de papelaria;

Texto informativo; Mural; Folhas

para registro.

Recursos didáticos:

Livros de literatura infantil;

Material de papelaria;

Computador interativo; Vídeo;

Folha para registro; Poema.

Tempo previsto: 8 aulas de 45

minutos

Tempo previsto: 8 aulas de 45

minutos

Tempo previsto: 6 aulas de 45

minutos

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Quadro 3: Oficinas desenvolvidas.

DATA

OFICINAS LITERÁRIAS

BLOCO 1

20/04/2018

Contação da história: A árvore que pensava e Roda de conversa

23/04/2018

Filme: O Lorax: Em busca da Trúfula Perdida

25/04/2018

Escrita no balão

03/05/2018

Contação da história: Dois passarinhos e Roda de conversa

06/05/2018

Vídeo - educação ambiental hábitos de consumo

07/05/2018

Ilustrando e Escrita do próprio texto

09/05/2018

Contação da história: O caminho para o Vale perdido e Roda de conversa

11/05/2018 Produzindo por partes: Quadro

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43

DATA OFICINAS LITERÁRIAS

BLOCO 2

21/05/2018

Contação da história: A última gota e Roda de conversa

23/05/2018

História em quadrinhos do Maurício de Souza da revista “Água boa pra beber” Edição

especial, página 13.

25/05/2018

Produzindo HQ

29/05/2018

Contação da história: O mar pede socorro e Roda de conversa

04/06/2018

Foto e gravuras de locais poluídos e montar mural

11/06/2018

Contação da história: Reciclagem a aventura de uma garrafa e Roda de conversa

14/06/2018

Documentário sobre a poluição das águas: Planeta água

18/06/2018

Relatório sobre o documentário

DATA

OFICINAS LITERÁRIAS

BLOCO 3

02/07/2018

Contação da história: Livro Azul e lindo: planeta terra, nossa casa e Roda de conversa

03/07/2018

Vídeo: A maior flor do mundo

06/07/2018

Texto coletivo

10/07/2018

Contação da história: Livro A natureza agredida pede pra ser respeitada e Roda de

conversa

06/08/2018

Poema: Fim do mundo de Ronnyel Castro

09/08/2018

Poema dos alunos

Fonte: Elaboração da pesquisa.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção, apresentam-se os resultados da pesquisa. Foram planejadas oficinas

literárias para alunos do 3º ano do ensino fundamental, totalizando 3 blocos de oficinas. Os

materiais foram empregados de acordo com a realidade da instituição, que apresenta uma

grande variedade de itens e espaços. No final de cada bloco, são propostas atividades para os

alunos produzirem seus conhecimentos e expô-los.

A contação da história dá início a todos os blocos. A partir da contação, partimos para

o momento da roda de conversa, buscando questionamentos e estabelecendo um espaço para

discussões sobre a temática abordada. Em cada bloco, foram planejadas aulas com recursos

diversos, que complementam a temática. (ver Quadro 3)

As oficinas apresentadas foram organizadas de modo que favoreçam a compreensão da

relação ser humano-natureza e fazer com que os alunos percebam a necessidade de mudanças

de atitudes por todos na sociedade e no mundo

No decorrer das oficinas, fui responsável pela coleta, organização e análise de dados, à

luz da análise interpretativa dos resultados de Moreira e Caleffe (2008). Adotou-se a observação

e anotações em diário de campo, registros fotográficos, registros escritos e desenhos realizados

pelos alunos. Buscando preservar a identidade dos alunos, os nomes apresentados são fictícios.

A metodologia de ensino utilizada foi a roda de conversa, considerando o espaço da

roda de conversa com a intenção de construir novas possibilidades que se abrem ao pensar, num

movimento contínuo de perceber, refletir, agir e modificar, em que os participantes podem se

reconhecer como condutores de sua ação e da sua própria possibilidade de “ser mais”

(SAMPAIO et al., 2014).

Segundo Moreira e Caleffe (2008), a interpretação em pesquisas preserva os

acontecimentos particulares, descrevendo e interpretando a situação de estudo em questão. Pode

oferecer possibilidades para novas abordagens, mas não se preocupa em dar certezas sobre

resultados em momentos subsequentes.

Consideramos as oficinas pedagógicas como foco numa ação consciente, ou seja, sua

principal ferramenta é a atividade prática (PAVIANI; FONTANA, 2009). Os Parâmetros

Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) descrevem que as Ciências Naturais devem

desenvolver no aluno competências e saberes que possibilitem a compreensão do mundo e a

atuação do mesmo como indivíduo e cidadão, a partir da utilização de conhecimentos científicos

e tecnológicos.

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A literatura infantil, para Oliveira (1996), é obra literária que aponta a realidade com

uma roupagem criativa, deixando espaço para o leitor entrar na sua trama e descobrir o que está

nas entrelinhas do texto. Por esse motivo, deve-se avaliar se uma obra literária infantil contém

o fantástico, o mágico, o maravilhoso, o poético.

Oliveira (1996) ainda traz a importância da literatura infantil nos anos iniciais, pois

deveria estar presente na vida da criança como está o leite em sua mamadeira. Os dois

contribuem para o seu desenvolvimento, um para o desenvolvimento biológico e o outro para

o desenvolvimento psicológico, contemplando as dimensões afetivas e intelectuais.

Nesse contexto, iniciei o bloco 1 apresentando o livro “A árvore que pensava” e propus

a contação da história no final do corredor. Contar histórias possibilita trocas de experiências

tanto para fatos verídicos quanto para contos, que trazem toda a criatividade do imaginário

humano (VIEIRA, 2005). Na figura 1, aparece o espaço para a contação da primeira história

“A árvore que pensava” e para o momento da roda de conversa. Ao final da história, perguntei

o que eles acharam, se existia árvore que pensava. Obtive as seguintes respostas:

“Muito legal! Mas, ela podia falar e ninguém tiraria da praça”. (Ana)

“Nunca vi árvore pensando. Até que seria interessante se isso acontecesse de verdade”.

(Bruno)

“A árvore não pensa, mas tem vida”. (Carlos)

Figura 1: Espaço para a contação da história “A árvore que pensava” e roda de conversa.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Nesse momento, ficou claro o gosto pela literatura infantil e uma relação de

encantamento e curiosidade. Durante a contação, os alunos tiveram contato com a

personificação de uma árvore. A personagem pensava e, como diz no texto, “pensava muito”.

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Além de demonstrarem o reconhecimento da árvore como um ser vivo (fala de Carlos). Na fala

de Ana, ficou evidente o poder da história em fazer mergulhar na trama e imaginar um caminho

diferente, ou seja, se a árvore falasse, poderia dar sua opinião e talvez não fosse retirada da

praça.

O livro é um dos principais mediadores de uma história. Quando inicia-se uma leitura,

começa-se a sonhar, imaginar, associar e elaborar fatos da realidade. Nos livros

encontramos exemplos de príncipes corajosos, lobos ferozes, princesas belíssimas e

bruxas malvadas. Simpáticos anões ou avozinhas vivendo em cenários maravilhosos.

Por meio da imaginação e da simulação, as crianças desenvolvem suas próprias teorias

de mundo que permitem a negociação entre o mundo real e imaginário. (COELHO,

2000, p. 35)

Contar história é uma atividade que deve fazer parte não somente do currículo da

educação infantil, mas também do ensino fundamental, não devendo acontecer raramente e sim

como uma atividade permanente, que deve ser contada para todas as crianças da sala. Deve ser

mais uma atividade lúdica para a criança e desenvolvida de forma coletiva (SILVA; GARCIA;

SILVA, 2013).

Na arte de contar histórias e sua importância, Tahan (1961) já dizia que a história

narrada, lida, filmada ou dramatizada circula em todos os meridianos, vive em todos os climas,

não existe povo algum que não se orgulhe de suas histórias, de suas lendas e seus contos

característicos.

As rodas de conversa foram utilizadas em todas as oficinas como uma atividade

discursiva, que se configura como uma estratégia didática que aproxima os atores envolvidos

na relação de troca de informações. A roda de conversas é uma metodologia educativa que

possibilita o desenvolvimento de atividades de leitura, sistematização de ideias, introdução de

um novo conteúdo curricular e debates, gerando práticas argumentativas (MESSEDER;

OLIVEIRA, 2017).

Como destaca Barbosa e Horn (2008), faz-se necessária a construção de um ambiente

dialógico e democrático, no qual a criança ganha vez e voz, onde não fale sozinha, pois o adulto

está em diferentes momentos parceiro e sensível às suas necessidades, reconhecendo a criança

como um sujeito de direitos, ativo na construção de conhecimentos (BARBOSA; HORN,

2008).

Depois da roda de conversa, fiz uso do recurso filme, reconhecendo o mesmo como

válido no ensino de ciências, sua utilização com potencial para se trabalhar o tema em sala de

aula e a sua contribuição para práticas interculturais críticas (OLIVEIRA; TRINDADE;

QUEIROZ, 2013).

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O filme utilizado foi “O Lorax: em busca da Trúfula Perdida” (2012)3.O filme versa

sobre meio ambiente e preservação. Apresenta os riscos que o progresso traz à natureza e ao

próprio futuro. A proposta do filme é mostrar às crianças a importância de se preservar as

árvores, pois elas são fundamentais para as questões básicas de nossa sobrevivência.

Segundo Bridi et al. (2012), por meio do cinema é possível visualizar cenas do

cotidiano, retratações históricas, conhecer a biografia de personalidades e reconhecer histórias

e personagens literários, oriundas de adaptações de obras literárias.

Figura 2: Exibição do filme “O Lorax: em busca da Trúfula Perdida”.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Depois da exibição do filme, os alunos foram indagados e tiveram a oportunidade de

falar seus pensamentos acerca do que assistiram. Descrevemos algumas perguntas e respostas

a seguir:

Qual o assunto do filme? (professora-pesquisadora).

Desmatamento. (Diego)

Preservação da natureza. (Eliana)

Tem alguma parte do filme que retrata algo vivido por nós? (professora-pesquisadora)

Sim. Na parte da empresa que só pensa no lucro e não se preocupa com a natureza.

(Fabiana)

Sim. Quando as pessoas não buscam conhecer para tentar mudar. (Giovani)

3Fonte: http://www.comandotorrents.com/o-lorax-em-busca-da-trufula-perdida-torrent-2012-720p-1080p-

dublado-download/

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Durante as perguntas realizadas, percebi a aproximação e o reconhecimento do filme

com a realidade. Os alunos fizeram relação com o que já viram em seu cotidiano,

exemplificando com partes do filme. Foi possível identificar também a compreensão, por parte

dos alunos, sobre a necessidade de conhecer para se posicionar, atuando assim para mudanças

na sociedade. A construção da educação ambiental é necessária, uma vez que podem intervir

na sociedade onde vivem e podem compartilhar o que aprendem.

A próxima atividade foi escrever num balão, no qual os alunos puderam expressar seu

conhecimento sobre o que aprenderam, posicionando-se como cidadãos participativos e

conscientes da sua participação na sociedade. Tiveram a oportunidade de refletir sobre o

desmatamento e as relações ambientais, sociais e econômicas acerca disso.

No momento da escrita e da confecção do “Quem sou eu na história?”, os pensamentos

foram valorizados e colocados diante da roda de conversa, os alunos trocaram entre si seus

argumentos, cheios de personalidade e abertos a novos conhecimentos.

Corroboramos com o argumento de Jacobi (2005), que diz que a educação ambiental é

baseada no diálogo e na interação entre as pessoas, construindo uma visão crítica em constante

processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados, que têm

origem no aprendizado em sala de aula ou vêm da experiência pessoal de cada aluno. Carvalho

(2004), por sua vez, apresenta a reflexividade como meio do surgimento de novas ideias e de

ações que levem ao diálogo, convidando a pensar, discutir as ideias, os modelos, refutando

aquilo que venha a ser proposto, daí surge a educação ambiental.

Há a necessidade de abordar questões ambientais nos anos iniciais para que desde cedo

o indivíduo perceba a importância de uma postura participativa na sociedade, e que, com isso,

reflita sobre as problemáticas que aparecem ao seu redor (ALMEIDA; MESSEDER; ARAÚJO,

2017).

Na figura 3, os alunos realizam a escrita do balão e o desenho do “Quem sou eu na

história?”.

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Figura 3: Construção do balão “Quem sou eu na história?”.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Nas figuras 4,5 e 6 estão algumas produções dos balões e que foram reescritas para

facilitar a compreensão na leitura.

Figura 4: Produção escrita e desenho (Luca)

Fonte: Elaboração da pesquisa.

“O desenvolvimento da cidade, da ciência e da tecnologia serviu para a melhoria da

qualidade da vida do ser humano e para ampliar sua capacidade de destruição.” (Luca)

.

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Figura 5: Produção escrita e desenho (Geize)

Fonte: Elaboração da pesquisa.

“Basta! Eu quero as árvores. Eu tenho voz!” (Geize)

Figura 6: Produção escrita e desenho (Paulino)

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Não tirem as árvores!!! Somos beneficiados por elas. Escolha as árvores pois ajudam a

limpar o ar, dá sombra e deixam as ruas muito bonitas. (Paulinho)

Na produção de Luca, percebe-se a identificação do desenvolvimento para a melhoria

da vida humana, mas que tem consequências na natureza, uma vez que a criança, em seu

desenvolvimento, sofre e interage diante dos avanços da sociedade. Com isso, como afirmam

Pinheiro, Silveira e Bazzo (2007), torna-se indispensável incluir no currículo do Ensino

Fundamental as causas e consequências do desenvolvimento científico, abordando questões

relacionadas aos interesses humanos que permeiam as decisões sociais.

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Nas produções de Geize e Paulino, demonstra-se o reconhecimento de que todos podem

e devem se posicionar, que a postura de cidadão participante é necessária na tomada de

decisões. A ideia é oportunizar espaços e formas para as crianças se expressarem por meio das

narrativas ou desenhos, expressando a sua compreensão, para desenvolver a capacidade

argumentativa e para tomar decisões conscientes na realidade social onde estão inseridos

(BONFIM; GUIMARÃES, 2015).

Consideramos o desenho infantil nas oficinas, pois segundo Novais e Neves (2004), a

criança ao desenhar conta a sua história, seus pensamentos, suas fantasias, seus medos, suas

alegrias e tristezas. A criança age e interage com o meio, seu corpo se envolve na ação, traduzida

em marcas que ela produz, se transportando para o desenho feito, modificando e se

modificando. Através do desenho, conta o que de melhor lhe aconteceu, demonstrando,

relembrando e dominando toda a situação.

Para Goldberg et al. (2005), a partir do desenho a criança organiza informações,

processa experiências que foram vividas e pensadas, revela o que aprendeu e pode desenvolver

um estilo de representação única do mundo. Para esses autores, o desenho é um importante

meio de comunicação e representação das crianças, é uma atividade fundamental, pois a partir

dele a criança pode se expressar e refletir suas ideias, sentimentos, percepções e descobertas.

Carvalho (2009) relata que, enquanto o diálogo é importante para gerar, clarificar,

compartilhar e distribuir ideias entre os alunos, a escrita se apresenta como um instrumento de

aprendizagem que salienta a construção pessoal do conhecimento.

A roda de conversa esteve presente em todas as oficinas, e a escolha se deu por sua

característica de oportunizar aos participantes a possibilidade de se expressarem

concomitantemente, compartilharem as suas impressões, os conceitos, suas opiniões e

concepções sobre o tema, o que permite trabalhar também reflexivamente as manifestações

apresentadas pelo grupo. Para que a atmosfera de informalidade e descontração pudesse ser

mantida, utilizou-se o termo roda de conversa para se referir aos encontros, pois se entende que

esse termo é adequado, tanto ao ambiente escolar quanto ao grupo de alunos (MELO; CRUZ,

2014).

O segundo livro de literatura infantil usado no bloco 1 foi “Dois passarinhos”, e sua

história foi contada numa área externa da sala de aula, num corredor de entrada dos alunos,

como mostrado na figura 7. O espaço foi sugerido pelos alunos, pois, segundo eles, estava um

vento muito “gostoso” para ouvir histórias.

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Figura 7: Espaço para a contação da história “Dois passarinhos” e roda de conversa.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Neste momento, mostrei a capa do livro “Dois passarinhos” (figura 8) e perguntei o que

achavam que se tratava a história, a partir do título e do desenho da capa. Alguns falaram que

era sobre meio ambiente, sobre floresta e outros sobre animais na natureza.

Figura 8: Capa do livro de literatura infantil “Dois passarinhos”.

Fonte:http://www.literaturabr.com/2015/06/24/dois-passarinhos/ Acesso em: 2 de agosto de 2018.

Contei que toda a história só teria imagens e nenhuma palavra ou texto, e que juntos

iríamos compreender o que iria acontecer no livro. Os alunos ficaram empolgados, relatando

nunca ter tido contato com um livro sem texto.

Fui passando página por página, perguntando o que estava parecendo acontecer, e os

alunos prontamente falavam, dando contribuições no decorrer da história.

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Algumas falas revelam a compreensão do que se via no livro.

“Pra que tanta coisa? Nem vão usar!” (Alfredo)

“Só querem juntar tralha.” (José)

Nas falas descritas, os alunos mostram suas percepções diante das imagens, sendo

notório como as ilustrações têm a característica de despertar o interesse. Por isso, a quantidade

e o tamanho das ilustrações também foram utilizados como critérios, pois esse recurso pode ser

muito atrativo e estimulador da leitura (PIASSI; ARAUJO, 2012).

Ainda sobre as falas, os alunos trazem a compreensão do que é consumir

conscientemente e apontam como algo errado juntar “tralha”. Segundo Mello (2009), consumo

é a interação primordial entre seres vivos e ambiente, tanto pela utilização do solo como

substrato e fonte de nutrientes, como pelo uso de reservas de combustíveis fósseis como fonte

de energia. Todos os seres vivos interagem e alteram o ambiente, pois utilizam os recursos

disponíveis no lugar. Aponta ainda que, desde o início da existência humana, sempre se

interferiu no ambiente e, atualmente, influencia-se praticamente todos os sistemas físicos,

químicos e biológicos do planeta.

A figura 9 é uma das páginas do livro, na qual se apresenta a imagem de uma árvore

cheia de objetos que foram colocados pelos pássaros, e é quando os galhos quebram devido ao

peso depositado neles.

Figura 9: Página do livro “Dois passarinhos”.

Fonte: http://www.literaturabr.com/2015/06/24/dois-passarinhos/ Acesso em: 2 de agosto de 2018.

No final da história, os passarinhos ficam sem nada, sem objetos e sem galhos para

morarem, e nesse momento faço algumas perguntas:

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O que vocês entenderam da história? Pessoas agem assim, como eles? (professora-

pesquisadora)

“Devemos comprar somente o que precisamos, senão acabamos sem nada.” (Cátia)

“Na minha casa não. Minha mãe fala que só temos que comprar o que estamos

precisando senão é desperdício.” (Bruna)

Mais uma vez, demonstram perceber a semelhança com a realidade, e destacam que

pessoas consomem sem se preocupar com o meio ambiente. As crianças constituem as gerações

futuras em formação, elas estão em fase de desenvolvimento cognitivo, com isso, supõe-se que

nelas a consciência ambiental possa ser internalizada e traduzida em comportamentos de forma

mais bem-sucedida do que nos adultos, que, já formados, possuem um repertório de hábitos e

ações cristalizados e de difícil reorientação (CARVALHO, 2001).

Ainda na roda de conversa, os alunos expressaram suas opiniões, quando perguntei se

já tinham escutado falar em consumismo.

“Não.” (Tulio)

“É quando compramos as coisas sem necessidade e sem precisar daquilo, sabe?”

(Caroline)

“Sei também. Quando peço outro celular e meu pai fala que não, porque não precisa,

ele fala que o meu está novo ainda.” (Gustavo)

Em busca da ampliação do tema consumismo e seu impacto no meio ambiente, foi

exibido o vídeo “Educação ambiental e hábitos de consumo” (figura 10), que aborda sobre

hábitos de consumo e de pequenas mudanças de atitudes para fazer a diferença, causando menos

impacto ao meio ambiente. Expliquei que o ato de consumo em si não é um problema, ele é

necessário à vida e à sobrevivência de toda espécie. Dei alguns exemplos para facilitar a

compreensão: para respirar, precisamos consumir o ar; para nos mantermos hidratados, temos

que consumir água; para crescermos e nos mantermos saudáveis, necessitamos de alimentos. O

problema é quando o consumo de bens e serviços acontece de forma exacerbada, levando à

exploração desmedida dos recursos naturais e interferindo no equilíbrio do planeta.

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Figura 10: Exibição do vídeo “Educação ambiental e hábitos de consumo”.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Dando continuidade e encerrando a aula, solicitei que os alunos produzissem um texto

e ilustrassem o que eles aprenderam com a aula. As figuras 11 e 12 representam este momento

de produção. O texto foi transcrito para melhor compreensão.

Figura 11: Produção da história “Dois passarinhos”, por Nívea.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

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O consumismo e o lixo

O desperdício e o consumismo estão acabando com a natureza. Eu entendi na aula que

nós precisamos parar de comprar, comprar, comprar sem necessidade. Se continuarmos

desperdiçando, a natureza não vai existir e também a raça humana vai desaparecer. Então

vamos reciclar, guardar para não destruir o mundo.

Figura 12: Produção da história “Dois passarinhos” por Cecílya.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Consumo consciente

Eu aprendi que devemos comprar de maneira consciente para não prejudicar a natureza.

Porque tudo o que compramos vem da natureza.

Temos que comprar somente o que realmente necessitamos, ou seja, consumir consciente.

Durante a produção, um aluno destacou que a natureza recebe todo o impacto das nossas

escolhas. “Professora, quando compramos por impulso, não pensamos de onde vem aquele

produto” (Caique). Perguntei a ele o que pode acontecer se continuar o consumo exagerado, e

o mesmo respondeu que pode ser arriscado para nossa vida na Terra. Assim como outra aluna

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também colaborou com a resposta e disse que “na verdade, os recursos que vêm da natureza

podem acabar um dia, e isso é ruim para todos nós e para os animais” (Carine).

Para encerrar a tarefa, perguntei qual caminho seguir para que nossas ações não

prejudiquem o meio ambiente, no que obtive as seguintes respostas:

“Isso porque tiramos da natureza sem controle nenhum o material para fazer o que

queremos e depois reclamamos que está acabando. Tem que consumir com

consciência” (Jonas).

“Talvez se todos entendessem o mal que fazem, assim aprenderiam a consumir melhor”

(Juliane).

Conhecer a importância de repensar os hábitos deve fazer parte da vida do indivíduo,

uma vez que os impactos do uso descontrolado dos recursos naturais pelo homem estão

ocasionando alterações no meio ambiente e, num futuro próximo, poderão comprometer

totalmente a viabilidade da vida em nosso planeta. Portanto, a educação ambiental é apresentada

com o intuito de repensar as nossas necessidades e desejos.

O último livro utilizado no bloco 1, foi o “O caminho para o Vale Perdido” e iniciei em

um novo espaço criado para a contação da história e para a roda de conversa, como aparece na

figura 13.

Figura 13:

Espaço criado para contação da história “O caminho para o Vale Perdido” e a roda de conversa.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

O novo espaço foi pensado e criado com a intenção de oportunizar uma experiência

diferente, nova e lúdica, com “ar” de aconchego e mistério. Os alunos demostraram curiosidade

ao passar pelo corredor e ver a tenda denominada como “Tenda das histórias”. A intenção dela

é favorecer o momento da história com os alunos sentados ou deitados, interagindo com a

história.

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A roda de conversa, depois da contação da história, ocorreu também na Tenda e iniciou

com a afirmação de uma aluna:

“Concordo com o ratinho: O caminho é a conscientização.” (Fabrícia)

E logo Danilo expôs seu pensamento:

“A curiosidade e inteligência do ratinho fez ele descobrir o caminho para o tesouro”.

Dando continuidade ao que Danilo disse, Victório disse que o ratinho também apresenta,

através de seus estudos, caminhos para melhorar o problema do lixo.

Durante a roda de conversa, fui aproveitando e conduzindo as discussões e diálogos dos

alunos, fazendo perguntas para que pudessem refletir sobre a história contada.

“No Vale Verde era possível viver, mas depois não dava mais. Vocês sabem me dizer

porquê?” (professora-pesquisadora)

“Sim. As pessoas chegaram e começaram a jogar lixo no rio e no chão” (Paulo)

“Por isso não deu para continuar lá. As árvores e os animais sumiram” (Ângela)

“Impossível viver num lugar sujo e cheio de baratas e ratos” (Heloísa)

Ficou clara a associação que os alunos fazem com a importância de viver em um

ambiente limpo e agradável, sem sujeiras e animais do lixo. Outra questão aparente é a de que

a vida dos animais também é afetada com tanto lixo.

Um dos grandes problemas relacionados ao meio ambiente na sociedade é a falta de

conhecimento sobre os problemas causados pela eliminação inadequada do nosso lixo. Todo o

mau hábito da população, que em geral não se sente responsável e não foi educada quanto às

questões ambientais, evidencia a importância de mobilizar uma população preocupada em

conservar um ambiente saudável no presente e para o futuro. Além dos problemas causados ao

ambiente, a eliminação inadequada do lixo ainda serve de abrigo e fonte de alimento para

roedores, insetos, aranhas, escorpiões, entre outros animais, que em consequência geram várias

doenças.

A escola é uma importante fonte de multiplicação de conhecimento, é um ambiente

propício para implementar atividades relacionadas com a temática ambiental.

Para concluir o bloco 1, propus que os alunos completassem o quadro de acordo com a

história contada e a conversa entre os alunos e a professora/pesquisadora. O quadro foi dividido

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em 4 partes, nas quais apareciam as seguintes perguntas: O que fizemos? O que gostamos? O

que não gostamos? O que queremos fazer?

Nas figuras 14 e 15, as produções dos quadros da história “O caminho para o Vale

Perdido”. E foram reescritas para melhor compreensão do que foi escrito pelos alunos.

Figura 14: Produção do livro “O caminho para o Vale Perdido” por Andreza.

Fonte: Elaboração da pesquisa

O que fizemos? Ouvimos a história O caminho para o Vale Perdido.

O que gostamos? Gostamos da parte que Rodolfo descobre o Vale verdade e mudam de

lugar.

O que não gostamos? Quando o avô se muda.

O que queremos fazer? Ajudar a limpar. Pensar antes de comprar para diminuir o lixo.

Figura 15: Produção do livro “O caminho para o Vale Perdido” por Tierry.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

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O que fizemos? Ouvimos uma história. O nome da história é: O caminho para o Vale Perdido.

O que gostamos? Quando Rodolfo descobre o Vale Verde. Quando a família de Rodolfo

resolve morar lá. Gostei da contação da história na Tenda.

O que não gostamos? Quando o homem começa a jogar lixo no Vale.

O que queremos fazer? Fazer uma reportagem sobre a poluição do meio ambiente. Cartazes

para a poluição. Ter maior conhecimento através de livros para mudar essa situação.

Continuando: Quando crescer, se tornar uma responsável por criar leis combatendo a

poluição.

Ao final do Bloco 1, os alunos puderam desenvolver a tomada de consciência,

reconhecendo a importância da sua participação como cidadão, identificando os aspectos

sociais, ambientais e econômicos.

Para Menezes (2012), nas últimas décadas, as questões ambientais ganharam maior

relevância na nossa sociedade, inclusive nos meios estudantis, onde principalmente o educador

teve de se atualizar através de informações e aprendizados que o qualificassem a desempenhar,

da melhor forma possível, o seu papel nessa nova realidade da educação. Educação que estimula

o aluno a olhar ao seu redor, também ensina que ele é parte integrante do meio, e é neste ponto

que a educação ambiental entra na vida escolar desta criança, oferecendo a ela a possibilidade

de entender e interagir com o meio em que habita, com respeito e consciência.

Dando início ao bloco 2, com o livro “A última gota”, fiz a contação da história e os

alunos escutaram bem atentos; quando viam as imagens, os alunos se manifestavam espantados

(figura 16).

Figura 16: Espaço para a contação da história “A última gota” e roda de conversa

Fonte: Elaboração da pesquisa.

“Nossa, a gotinha está assustada”. (Patrícia)

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“Ela parece querer fugir de alguém”. (Antony)

A “expressão facial” da gotinha chamou a atenção de Patrícia e de Antony, o que indica

a percepção da criança em contato com imagens nos livros infantis. O importante na literatura

infantil é interessar a criança, em vários aspectos, como intelectual, emocional, social,

ambiental e psicológico. Na infância, pode-se começar a adquirir o hábito da leitura. A literatura

infantil enriquece a imaginação e oferece condições de usar o raciocínio e cultivar a liberdade

de expressar-se.

Seguiu-se a leitura e os alunos foram estimulados a participar, expondo suas opiniões e

respeitando os colegas com diferentes pontos de vista. Dessa forma, os alunos começaram a

falar sobre o consumo de água, a falta de água e a poluição nas águas.

“Isso aconteceu, professora, porque não souberam economizar a água. Quando varrem

a calçada com a mangueira...” (Clara)

“Verdade. Ainda tem gente na minha rua que faz isso e também lava o carro assim.”

(Mariane)

“Triste ver um rio tão sujo. Nem na praia dá para tomar banho de tanto lixo boiando.”

(Jonas)

Percebe-se que os alunos têm o conhecimento em relação às causas e consequências da

falta de água e identificam as atitudes erradas ao seu redor. E foi nesse instante que aproveitei

para falar sobre questões relacionadas ao uso da água. Sinalizei que o crescimento desordenado

nos centros urbanos, sem a presença de traços sustentáveis, representa um dos pontos que

prejudica a falta de água em níveis consideráveis. Outro ponto é o aumento da urbanização sem

a constante presença das áreas verdes urbanas, que resulta na alteração dos ciclos da água, que

acontece porque os solos perdem o poder de impermeabilização. Isso acarreta no aumento do

nível da água, principalmente nas regiões que possuem carência no sistema de saneamento.

Com isso, os leitos dos rios são prejudicados com constantes inundações que não estão previstas

nos cursos há longas gerações, prejudicando o ciclo de animais nos habitats, muitas vezes

precisando migrar de nicho ecológico.

Independente das reservas existentes nos países, todos precisam estar unidos na luta para

preservação do recurso indispensável para a nossa sobrevivência. Com isso, as crianças

precisam estar entendidas com relação às problemáticas ambientais. De acordo com Leff

(2002), a crise ambiental problematiza os paradigmas estabelecidos do conhecimento e

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demanda novas metodologias capazes de orientar um processo de reconstrução do saber que

permita realizar uma análise integrada da realidade.

O próximo momento planejado para esta oficina foi trabalhar a história em quadrinhos

“Água boa para beber”, trazendo a temática da água, seu uso, o desperdício, a importância para

a nossa existência. Fizemos a leitura coletiva e os alunos demonstraram um grande interesse

em Histórias em quadrinhos. Quando perguntados se gostavam, responderam unanimemente

que sim.

A revista foi apresentada à turma e lida em sala de aula, como mostra a figura 17.

Quando terminei a leitura, os alunos pediram para manuseá-las, e nesse momento foram feitas

perguntas, para as quais obtive algumas respostas, que foram destacadas:

Qual o tema principal da história? (professora-pesquisadora)

Falta da água, para não poluir e não desperdiçar. (Uziel)

Vocês observaram algumas causas da falta de água? Quais? (professora-pesquisadora)

Quando aumenta a população e quando desperdiça a água. (Jordana)

Com as falas de Uziel e Jordana, fica compreendido o poder de observação e a

importância de se trabalhar a questão ambiental desde os anos iniciais. Suas falas são carregadas

de um olhar atento às questões que se aproximam da realidade.

A temática ambiental surge motivada pela necessidade de novos comportamentos para

uma postura crítica na sociedade. Os alunos demonstram capacidade de mobilizar

adultos, os convencendo a posicionar-se também. Considerando que a mudança de

percepção que o indivíduo possui em relação ao ambiente em que vive,

compreendemos a importância de trabalhar nessa perspectiva da educação ambiental,

pois os alunos apresentam um potencial na contribuição da promoção da mesma, uma

vez que podem levar nos ambientes escolares, familiares e sociedade em geral.

(ALMEIDA; MESSEDER; ARAÚJO, 2018)

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Figura 17: Leitura da História em quadrinhos.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Um dos pontos abordados na revista é o saneamento básico. Perguntei se já tinham

escutado falar em saneamento básico e obtive as seguintes respostas:

“Acho que é quando tem tratamento da água”. (Hiago)

“É o cuidado com a água e o esgoto.” (Fabrício)

“Cuidados com o lixo também”. (Gabriela)

Nessas respostas, fica evidente o conhecimento básico de saneamento. Falei ainda sobre

sua importância na manutenção da saúde e do bem-estar da população. Afinal, todos nós

gostamos de um ambiente limpo, saudável e organizado. Discorrendo mais sobre o tema, falei

que alguns lugares ainda não têm saneamento básico, e as pessoas convivem com esgoto e lixo

a céu aberto, na porta de suas casas, sem nenhum tipo de tratamento. Nessas condições, a

proliferação de doenças é inevitável, assim como a contaminação dessas pessoas. A falta de

saneamento básico leva à contaminação por doenças como hepatite, leptospirose, cólera,

doenças de pele, diarreia, tifo, febre amarela, viroses, amarelão, esquistossomose, dentre outras.

Vivendo em um ambiente saudável, nos desenvolvemos e aprendemos mais e temos uma vida

bem melhor.

Depois da conversa sobre a história em quadrinhos, solicitei que criassem uma história

em quadrinhos, como mostra a figura 18, que, de acordo com eles, refletisse o que mais chamou

a atenção na história compartilhada. Os alunos realizaram a atividade em sala e puderam

compartilhar com seus colegas de classe as suas ideias.

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Figura 18: Produção da HQ.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

A figura 19 é uma das produções dos alunos. Aparece aqui reescrita para melhor

compreensão do texto.

Figura 19: Produção da HQ por Guilhermina.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

A poluição das águas

Se a água não for tratada, a raça humana irá parar de existir...

Mas se a gente parar de poluir...

...tudo irá mudar...

#precisamos cuidar do planeta

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A atividade permitiu a significação do assunto como uma ferramenta prazerosa, na qual

o recurso história em quadrinhos trouxe representações com o meio. E é nesse sentido que

trabalhar com o cuidado com as águas implica lidar com questões de aspectos educacionais,

culturais, históricos e socioeconômicos que viabilizam inteirar‐se no campo efetivo da história

ambiental, do patrimônio cultural, da educação ambiental e da gestão ambiental comunitária

(BALDIN et al., 2011).

Na ilustração que a aluna fez, aparece na primeira imagem um local com águas poluídas,

juntamente coma frase “Se a água não for tratada, a raça humana irá parar de existir...”; na

segunda imagem, ela desenhou uma menina triste e com lágrimas nos olhos, jogando lixo na

lixeira e um gari olhando, juntamente com a frase “... mas se a gente parar de poluir...”; no final,

ela fez o antes (poluído, sem cuidados) e depois (limpo e cuidado), com a frase “... tudo irá

mudar...”; na última imagem, a aluna inseriu um novo retângulo e desenhou duas pessoas juntas

com o planeta Terra e corações ao redor.

Diante da ilustração, percebemos sua compreensão de que todos podem se unir em

benefício da natureza e, consequentemente, de nós mesmos. E a frase que encerra sua história,

“#Precisamos cuidar do planeta”, traz um sentimento de que podemos mudar e precisamos fazer

isso pelo planeta.

O recurso HQ foi utilizado para auxiliar na prática pedagógica, aproveitando sua

linguagem próxima à realidade dos alunos e, portanto, repleta de significado para eles, além de

ser um veículo de comunicação que faz parte do universo infantil.

A leitura dos quadrinhos, assim como qualquer outro tipo de leitura, não é meramente

uma leitura linear sujeita somente a um único tipo de interpretação. Nesse sentido, os

quadrinhos podem levar seus leitores a ampliarem seus conceitos de compreensão de

ambientes diversos. Os quadrinhos também nos possibilitam mais um caminho de

acesso nas relações de comunicação entre o sujeito e a sociedade, pois muitas são as

linguagens utilizadas pela humanidade para comunicar. Ao pensarmos nos

quadrinhos, onde a combinação entre texto e imagem possibilita a comunicação e a

aproximação entre seres humanos, podemos considerá-los como estratégias

construtivistas no sentido de que fomentam reflexões e construção de significados

como resultado da compreensão de diversas situações. (KAMEL; LA ROCQUE;

2006, p.69)

O segundo livro de literatura infantil do bloco 2 foi o “O mar pede socorro”. Iniciei

perguntando, através do título, do que se tratava a história. Os alunos prontamente responderam

que é sobre o mar poluído (Beatriz), logo depois outro aluno completou, dizendo que é sobre o

mar que não aguenta mais tanta sujeira sendo jogada nele e pede socorro (Bruno). A história

foi contada na tenda das histórias (nome dado pelos alunos), mostrada na figura 20.

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Figura 20: Espaço para a contação da história “O mar pede socorro” e roda de conversa.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Quando terminei a contação, na roda de conversa, instiguei os alunos para que pudessem

expressar suas observações da história. Perguntei o que mais chamou a atenção deles no livro.

As falas indicavam que era a parte do navio jogando lixo no mar e o menino não estava nada

satisfeito com aquilo, “horrível ver tanto lixo no mar” (Paulo), “é o que acaba acontecendo de

verdade” (Anna).

Sobre a solução encontrada para resolver o problema do lixo jogado no mar, segundo

algumas crianças:

Ainda bem que depois chamaram a polícia. (Saulo)

Juntos podemos muito. (Danielle)

As falas estão impregnadas de sentido, relacionando o que já foi aprendido até o

momento. Os alunos apontam soluções para cada problema encontrado no livro, procurando

solucionar em equipe, demonstrando o reconhecimento da participação de todos como cidadãos

que ativamente podem mudar algo para melhorar a relação ser humano-natureza.

Almeida e Strecht-Ribeiro (2013) defendem que a literatura para a infância ajuda a

incorporar valores ambientalistas que transpõem variadas perspectivas de como o ser humano

olha a natureza ao seu redor. Com isso, a importância de abordar questões ambientais desde

cedo com as crianças, pois, segundo Medeiros et al. (2011), o ser humano deve entender desde

cedo que precisa se preocupar em cuidar e preservar a natureza, e que o equilíbrio no futuro

depende dessa relação.

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Buscando trabalhar em conjunto e com pesquisa, para a identificação da poluição em

outros ambientes, foi pedido para que os alunos pesquisassem figuras de locais poluídos para

levarem à escola e confeccionarmos um mural com todas as imagens trazidas pelos alunos.

No dia em que os alunos levaram as figuras, eles estavam empolgados para compartilhar

com os colegas o que haviam encontrado. Permiti que cada aluno falasse sobre sua imagem

pesquisada. A seguir, montamos um mural com o título: “Coloque sua mão para mudar”, e

expusemos na sala de aula. Serão apresentadas nas figuras 21 e 22.

Figura 21: Confecção do mural “Coloque a mão para mudar”.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Figura 22: Mural exposto “Coloque sua mão para mudar”.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Foi feito um resgate sobre a questão do consumismo e produção de lixo, para que em

grupo os alunos pudessem analisar as imagens e relacioná-las com o assunto. O trabalho em

grupo permitiu interações sociais entre os alunos, desenvolvendo estímulos para práticas em

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grupo, nas quais a criança troca informações e conhecimento e evolui com isso. É uma forma

de aprender que mobiliza cada um dos envolvidos a atingirem seus objetivos, onde o trabalho

do aluno é valorizado, importante ponto para a construção da identidade de cada um.

Concluí que a atividade favoreceu para afetividade, autoestima, confiança mútua,

comunicação e cooperação. Os alunos se desenvolvem e ajudam um ao outro, entendendo a

relação com a natureza e as consequências diante de condutas erradas.

A última história do bloco 2 foi a “Reciclagem a aventura de uma garrafa”. A história

foi contada debaixo de uma árvore, representada na figura 23, próxima à quadra da escola.

Colocamos esteiras, e todos, à vontade, ouviram a história.

Figura 23:

Espaço para a contação da história “Reciclagem a aventura de uma garrafa”e roda de conversa

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Houve a empolgação dos alunos na escolha do espaço para a contação realizada:

“Estamos bem pertinho da natureza” (Olavo), “Curiosa para saber a história de hoje” (Serena),

“É sobre reciclagem”, aponta Lívia.

Os alunos, em suas falas, trouxeram casos de enchentes próximas à escola, indicando a

preocupação no período de chuvas: “Aqui na frente da escola enche tudo” (Fabrícia); “Não vejo

lixo por aqui, mas tem num rio muito sujo aqui perto da escola. Fica próximo da casa da minha

tia, e ela fala que tem muito tempo que as pessoas jogam lixo ali.” (Lia).

A percepção do mundo é feita através de todos os sentidos, os quais variam conforme

os contextos nos quais as pessoas estão inseridas. O mundo percebido pelos olhos é

puramente uma relação com o objeto. A percepção e a imagem são dinâmicas no

tempo e no espaço, a compreensão do meio urbano muda concomitantemente com a

idade, sexo, educação, cultura, erudição, classe social, economia, política,religião,

individualidade, preferências, atitudes, valores e atribuições do meio ambiente.

(ADDISON, 2003, p. 39)

Percebi que, assim como defendem Almeida, Messeder e Araújo (2018), a interação

social possibilita a troca de experiências e proporciona a ampliação de significados já existentes

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na mente do aluno. Souza e Bernardino (2011) destacam que, na interação com as histórias, a

criança desperta emoções como se vivenciasse os sentimentos ocorridos na história, exercita a

imaginação e a capacidade de resolver problemas que enfrenta no seu dia a dia.

Na interação com a história que os alunos desenvolvem o hábito de ler e mergulham no

mundo da imaginação, permitindo a relação com o real. As crianças começam a formar sua

leitura de mundo e despertar para rabiscos, traços e desenhos desde cedo, de acordo com as

oportunidades que são oferecidas a elas. Uma criança que desde cedo escuta histórias contadas

por seus pais, certamente será um adulto leitor acostumando ao hábito de leitura, terá prazer em

ler, sua imaginação e criatividade serão estimuladas a expressar ideias (PEREIRA, 2007).

Finalizando e complementando esta aula, foi utilizado um documentário sobre água

(figura 24), passado no Fantástico: Planeta água4. Ele fala sobre um país chamado Benin, um

dos países mais pobres do mundo, traz também o uso da água, água poluída, enfim, a

importância da água. Não há onde jogar o lixo, não há esgoto, o problema não é a falta e sim o

mau uso da água.

Figura 24: Exibição do documentário “Planeta água”.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Ao final do documentário, os alunos preencheram um relatório (figura 25) expondo o

que entenderam e aprenderam com o vídeo. Algumas das produções aparecem nas figuras 26 e

27, e logo após as legendas descritas para melhor entendimento do que foi escrito.

4Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=2zENsxgQ5C4

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Figura 25: Produzindo o relatório.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Figura 26: Relatório sobre o documentário por Olga.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

● Qual o assunto principal do vídeo? Cuidado com a água.

● Qual aprendizado você levará para sua vida? Que devemos cuidar da água, não

podemos poluir as águas.

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● Você considera o assunto do vídeo importante? Gostaria de compartilhar? De que

forma? Sim. Sim. Por redes sociais, por campanhas, cartazes, vídeos, documentários,

reportagens, entre amigos e familiares.

● Escreva o que você destaca de mais importante. Tem que atentar para o mau uso, se

não souber usar, a nossa vida no futuro será muito difícil. Temos que estar preocupados

com o nosso planeta.

Figura 27: Produção do relatório por Renato.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

● Qual o assunto principal do vídeo? Poluição da água.

● Qual aprendizado você levará para sua vida? A importância da água na nossa vida

e também que não devemos jogar lixo nos rios e mares.

● Você considera o assunto do vídeo importante? Gostaria de compartilhar? De que

forma? Sim. Sim. Escrevendo um livro e dando para todas as pessoas. Ir a programas

de TV.

● Escreva o que você destaca de mais importante. Acho que devemos fazer a nossa

parte, mas o governo tem que cumprir com suas obrigações também.

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O documentário despertou os alunos a pensarem no mau uso da água, no tratamento e,

como mostra a produção da figura 27, no papel das autoridades em colaborarem para a

preservação do meio ambiente. Puderam pensar nas possibilidades de compartilhar a ideia de

cuidados com a natureza e formas de fazer isso, como cartazes e livros divulgando a

preservação, usando as redes sociais, promovendo campanhas, vídeos e documentários,

reportagens, além de repassar todo esse material para amigos e familiares.

Nos registros, emerge a relação feita pelos alunos da história com o documentário

assistido, o que é positivo e revela a continuidade do tema, além da organização do pensamento

por parte dos alunos, permitindo que escrevessem com facilidade e afinco. Teberosky e

Colomer (2003) destacam que a prática de leitura compartilhada com as crianças contribui no

processo de construção do conhecimento da leitura e da escrita. Ainda sobre as respostas do

relatório, as crianças expressaram não só a compreensão do enredo da história como também o

entendimento da relação ser humano-natureza.

Iniciando o bloco 3, a história trabalhada foi “Azul e lindo: Planeta Terra, nossa casa”,

e aconteceu na sala de aula demonstrada na figura 28.

Figura 28: Espaço para a contação da história “Azul e lindo: Planeta Terra, nossa casa” e roda de conversa.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Após a leitura, destaquei um trecho e perguntei a opinião deles em relação a ele, “Mas

para que a Terra continue a nos dar tudo aquilo de que precisamos para viver, temos que cuidar

dela como cuidamos de nossa própria casa. E melhor ainda. Pois da nossa casa nós podemos

nos mudar. Da Terra não”. Dois alunos se destacaram, relatando suas opiniões, desenvolvendo

um diálogo entre eles:

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Nossa, é isso mesmo! (Paulo Vitor)

Mas se tem pessoas que não cuidam da casa, então como cuidarão do Planeta? (Olavo)

Acho que por isso que temos que falar da importância e do cuidado com a natureza

para a nossa sobrevivência. (Paulo Vitor)

É. Porque não adianta um só fazer... (Olavo)

Mas, de pouco em pouco, acaba virando muito. (Paulo Vitor)

Toda a turma demonstrou interesse pelas atividades realizadas, só que manifestavam de

diversas maneiras. Alguns alunos apresentavam maior participação nas rodas de conversa, já

outros se expressavam na escrita e os outros contribuíram com desenhos.

A conversa destacada anteriormente entre os dois meninos, Paulo Vitor e Olavo,

evidencia a análise feita por eles em relação ao que se vê ao redor, uma leitura de mundo. Dessa

forma, eles demonstraram sua postura diante do trecho e concluíram que todos são responsáveis

pelo bem do Planeta Terra.

Após a roda de conversa, foi passado um vídeo chamado “A maior flor do mundo”5. É

um curta-metragem baseado no livro infantil “A maior flor do mundo”, uma história do escritor

português José Saramago, lançado no Brasil em 2001. Na narrativa, o autor transforma-se em

personagem e conta a história de um menino que mora na cidade e vai até o fim do mundo para

salvar uma flor que está para morrer. Uma crítica ao crescimento desenfreado das cidades e ao

devastamento das vidas, além de conceitos importantes de humildade, esperança, perseverança

e esforço. A figura 29 é o momento do vídeo sendo passado para os alunos.

5O vídeo pode ser encontrado em: https://www.youtube.com/watch?v=YUJ7cDSuS1U .

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Figura 29: Exibição do vídeo “A maior flor do mundo”.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Ao término do vídeo, perguntei se eles sabiam da minha intenção ao passá-lo, e algumas

falas foram destacadas:

Para pensarmos na importância da população se juntar para o bem de todos e do amor

pela natureza? (Augusta)

Falar sobre uma cidade cheia de construções e desmatamentos? (Luis)

A turma concordou com as respostas dos dois colegas, o que revela que os alunos

compreenderam a necessidade de se relacionar com a natureza, pois dela dependemos; temos

direitos e deveres a cumprir em nossa relação com ela. Santos (2002) destaca que a escola deve

não só fornecer os conhecimentos fundamentais para uma formação inicial dos cidadãos, mas

permitir e fomentar o desenvolvimento da capacidade necessária ao processo construtivo da sua

formação e também da autoformação.

Foi notória a importância que o vídeo representou, tendo em conta que os alunos se

mostraram muito receptivos para assisti-lo e para produzir algo que pudesse demonstrar o que

aprenderam. Como sabemos, as crianças têm uma curiosidade natural pelo mundo que as rodeia,

e Providência (2007) aponta para a importância do educador em não abafar a curiosidade natural

dela, pelo contrário, manter viva a necessidade de ver, tocar, fazer, para por fim compreender.

O reconhecimento do ambiente natural pelos alunos, das problemáticas ambientais e

possíveis formas de agir contra atitudes negativas que prejudicam o meio ambiente, são

fundamentais, uma vez que as crianças podem intervir para mudar este quadro. Assim como

defendem Almeida, Messeder e Araújo (2018), que ao colocar em prática na sala de aula o uso

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da literatura infantil como recurso na abordagem ambiental, está se favorecendo a construção

de conceitos pelas crianças, possibilitando a reflexão acerca da natureza, no sentido de

reconhecer-se como parte dela e participante da sociedade, julgando posturas ao seu redor para

possivelmente intervir.

Com isso, é fundamental o reconhecimento do patrimônio natural como bem coletivo,

que deve ser gerido de forma sustentável, democrática e inclusiva. Esta postura, evidentemente,

articula-se com a consolidação da percepção do uso e preservação dos bens naturais como parte

de um processo social e econômico, confronto de interesses, de reconhecimento de identidades

políticas, de participação cívica e de construção de valores democráticos nas decisões sobre a

vida comum (LOUREIRO, 2003).

Convidei os alunos para fazerem uma produção coletiva (figura 30). Tratou-se de uma

reescrita da história do vídeo. Auxiliei como escriba, registrando no quadro a produção coletiva

dos alunos, mediando e tirando dúvidas sobre a organização do texto e sua estrutura.

Figura 30: Produção coletiva.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

A reescrita foi feita no quadro, em seguida foi passada para a cartolina e ao término foi

afixada no mural da sala. A atividade foi reescrita a seguir para melhor compreensão do que foi

produzido pela turma.

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A amizade entre o menino e a natureza

Numa manhã, um menino de nome José resolveu andar ao redor de sua casa. Ele queria

descobrir coisas novas, ainda mais com tanta gente diferente e estranha que chegou à cidade.

Neste momento, José encontrou uma flor no meio de um grande deserto, que foi feito por

toda aquela gente estranha. Ele pensou rápido, pois tinha que salvar a flor da morte. Então

teve uma ideia, colocar água e deixá-la pegando a luz do Sol.

O menino se encheu de esperança e pensou que esse era o jeito de salvar o único sinal de

vida verde naquele desmatamento. José fez com tanto amor pela natureza que ela respondeu

e finalmente cresceu forte e bonita.

Todos estavam maravilhados com tamanha beleza e sempre paravam para admirá-la.

Então, José resolveu que a flor merecia um nome especial e lhe batizou de A perfeita flor do

mundo.

A produção coletiva foi adotada para uma análise e reflexão mais rica do que o que já

havia sido elaborado anteriormente. A atividade proposta de reescrita foi pensada para

favorecer a memória, a cooperação, o compartilhamento de ideias, a oralidade, impressões da

história, entre outros benefícios. Os alunos contam com suas palavras e criam a sua história, o

que demonstra domínio da linguagem. Enquanto os alunos ditam, a professora assume a função

de escriba e negocia as marcas da passagem da linguagem oral para a linguagem escrita.

A atividade aproxima as crianças dos comportamentos leitores e produtores de um texto.

Rocha (2002) afirma que o indivíduo só passará a dominar a escrita se houver uma prática

efetiva desta atividade.

Na leitura do novo texto, os alunos foram levados a analisar sua obra e apontar erros

e/ou mudanças para expor em sala. Em relação a este momento, Spoelders e Yde (1991)

confirmam que os escritores acrescentam, retiram, reescrevem ou reorganizam elementos do

seu texto, pois avaliaram como inadequados e pensam numa boa maneira de mudá-los.

A última história contada do bloco 3, e para a presente pesquisa, foi a “A natureza

agredida pede pra ser respeitada”, que tem o formato de poema de cordel e propõe uma reflexão

sobre a nossa relação com o meio ambiente. A contação aconteceu na quadra da instituição

(figura 31).

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Figura 31: Espaço para a contação da história “A natureza agredida pede para ser respeitada”.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Melo e Bertagnolli (2012) acentuam que a criança, ao ouvir ou ler uma história e tendo

ela a oportunidade de comentar, indagar, duvidar ou discutir sobre ela, realiza uma interação

verbal que vem ao encontro das noções de linguagem, de confronto nas ideias e de criticidade

em relação aos textos.

Oferecer, através da literatura infantil, uma vivência fantástica, com entretenimento e

prazer, permitindo através dessa literatura sonhar, aprender, entreter, refletir, encantar, abrir

horizontes, expandir conhecimento, desenvolve, portanto, a atenção, a concentração, a

imaginação, a criatividade, a competência narrativa, munindo as crianças de ferramentas para

incrementar a leitura de mundo.

Ao término da história, foi realizada a roda de conversa, estabelecendo um diálogo para

compreender as impressões dos alunos acerca da história contada. Uma aluna se destacou

trazendo o seguinte apontamento:

“Acho que é assim que nossos pais e avós se sentem. Muita mudança, sem animais e

sem verde”. (Carlota)

E pergunto qual sentimento deve ser este. Ela responde que é de tristeza. Outro aluno

responde que deve sentir saudade.

Pelos relatos das crianças, percebi uma preocupação com o meio ambiente e com a

natureza, que muda constantemente. Ainda na fala, percebe-se uma empatia com as pessoas que

viram as mudanças acontecendo e que julgam que mudou para pior, destacando sentimentos

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expressos na história, como tristeza e saudade. Por meio da leitura, a criança desenvolve a

criatividade, a imaginação e adquire conhecimento e valores.

Silva (2009) traz que a maneira mais rica que a criança possui para atribuir sentido e

significado a aprendizagens ligadas a mundos distintos, mas complementares, como são a

realidade e a fantasia, é pelo recurso à imaginação, cujo refinamento pode ser conseguido pelo

continuado uso de instrumentos literários diferentes.

Depois da roda de conversa, convidei os alunos a ouvirem um poema de Ronnyel Castro,

com o título “Fim do mundo”6, transcrito a seguir:

Fim do mundo Ronnyel Castro

A água está acabando,

A poeira invadindo.

As florestas desmatadas

E o ambiente poluído,

Você olha para cima

E só vê poluição

Fumaças e queimadas

De pessoas sem noção,

Respiramos esse ar

Que está uma podridão

São animais mortos

Espalhados pelo chão,

As folhas tão secando

E caindo em nossas mãos

Fumaças de cigarros

Destruindo seu pulmão,

Programas de TV

Também é poluição

Sugando sua mente

E levando à alienação,

E meu sonho é fazer

Desse mundo bem melhor

As pessoas não me ajudam

E eu não posso fazer isso só.

6Disponível em: https://www.mensagenscomamor.com/mensagem/166865. Acesso em: 5 de agosto de 2018.

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Logo após a leitura, os alunos produziram seus poemas, como mostra a figura 32.

Alguns poemas foram destacados (figuras 33 e 34) e serão descritos para melhor compreensão

do que foi escrito pelos alunos.

Figura 32: Produção do poema dos alunos.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Figura 33: Poema produzido por Lana.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

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A natureza é a gente

Sem árvores

Não tem vida

Sem vida não

Tem árvores

Porque elas precisam

Da gente e a gente

Precisa delas.

A gente cuida das árvores

E as árvores cuidam da gente

Porque sem árvores não tem a gente.

Figura 34: Poema produzido por Artur.

Fonte: Elaboração da pesquisa.

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Cuida bem

Quando vejo o que tem

Vejo a força que todos têm

Ainda dá tempo de mudar

E mostrar o que é amar e cuidar

Nossas florestas, águas e animais

Destruir jamais

Acabe com a maldade

E compartilhe a coragem

Não viva poluída e maltratada

Viva feliz e renovada

No momento do poema e da produção dos alunos, a intenção foi abordar a temática

ambiental e permitir que a arte invadisse o universo infantil. A proposta, quando apresentada,

e, após o questionamento sobre qual o assunto do poema, o diálogo se estabeleceu em torno de

“é sobre a natureza que grita por socorro” (Luciano), de um “planeta que precisa da ajuda de

todos para não morrer” (Nildo) e que é concluído por “o meio ambiente é nossa casa e por

isso precisamos mudar nossas atitudes, e o poema mostra as atitudes erradas” (Lizi).

As crianças desenvolvem a criticidade e podem compartilhar suas impressões e formas

de pensar com os outros. O senso crítico na tomada de decisões aumenta o vocabulário, estimula

a criatividade, desenvolve o repertório, para o desenvolvimento pessoal de cada criança. A

criança aprende sobre o funcionamento do mundo por meio das relações sociais, nas quais busca

por explicações sobre os fenômenos naturais e sociais observados (OLIVEIRA; MESSEDER,

2017).

As crianças, além de produzirem, desenharam em seus poemas, mostrando a

necessidade de ilustrar o que pensam e representar sua escrita. Schwarz et al. (2016) destacam

que o desenho e a comunicação são formas de compreender que representação social a criança

atribui a certo objeto ou situação; problematizar algo próximo permite a reflexão e a

combinação dos conhecimentos antigos com os novos, que foram construídos coletivamente.

No poema mostrado na figura 34, os alunos retrataram a natureza antes e depois,

indicando nas linhas a importância das árvores para nossa existência, ou seja, uma relação de

dependência. Já no poema da figura 35, o aluno desenha a natureza, pessoas e animais em

harmonia, o que retrata uma relação de equilíbrio ambiental. Em suas linhas, o aluno aborda a

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sensibilidade e observação da realidade, do meio ambiente que precisa de amor e cuidado,

evidenciando a força do posicionamento para tomada de decisões.

Posto isto, Lima (1999) fala da importância de uma formação de consciência e

sensibilidade em torno das questões ambientais, enquanto Ferreira et al. (2013) discutem sobre

a importância da temática ambiental nas séries iniciais, indicando que essa fase da educação na

vida de cada pessoa é importante, pois poderá levar o indivíduo a se tornar um cidadão crítico

e participante na observação de seus direitos e deveres.

O trabalho resultou em um ambiente agradável e educativo no qual as discussões de

abordagem ambiental foram (re)significados. Nas abordagens propostas, os alunos tiveram a

oportunidade de falar, refletir e posicionar-se diante das situações, compreendendo novas

possibilidades de abordagens didático-metodológicas.

A grandeza das possibilidades em abordar a educação ambiental oportunizou às crianças

o exercício crítico da cidadania enquanto estão em processo de desenvolvimento.

As oficinas literárias revelaram importante contribuição na promoção da educação

ambiental. Com o uso da literatura infantil, os alunos foram conduzidos à temática de forma

crítica e consciente, percebendo a importância da participação na sociedade. Com isso, por meio

da literatura infantil, foi garantido o contato com o imaginário e o real, percebendo a

proximidade com o dia a dia dos alunos.

Perante a importância de práticas pedagógicas, foi possível perceber a necessidade de

uma nova compreensão dos processos de ensino e aprendizagem, tanto na organização, no

planejamento, quanto na troca com outros professores.

Nesse caminho, o professor tem a função de auxiliar na construção de novos

conhecimentos, demonstrando a necessidade de aprender e buscar os acontecimentos que fazem

parte do cotidiano do aluno, pois é na troca de informações que o ensino e a aprendizagem

acontecem.

Verificou-se que a literatura infantil, nas oficinas, propiciou aos alunos a participação,

o envolvimento, o entrosamento, o diálogo, a oportunidade de estarem preparados para resolver

as problemáticas do cotidiano, além de estimular o espírito crítico, promovendo a discussão dos

vários comportamentos, permitindo a identificação dos aspetos ficcionais e reais.

O uso da literatura infantil permitiu o envolvimento dos educandos em diferentes

atividades, combinando recursos, aproveitando a natureza lúdica e motivacional, conduzindo a

aprendizagem e oportunizando o estabelecimento de ligações que ajudam na compreensão do

mundo.

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5 O PRODUTO EDUCACIONAL

O Mestrado Profissional tem entre seus objetivos, e como exigência acadêmica, a

elaboração de um produto educacional, acompanhado do texto da dissertação, no qual a

fundamentação teórica e as análises produzidas são apresentadas. O PROPEC apresenta esse

modelo de mestrado, o que permitiu sua expansão satisfatoriamente, apesar da associação de

“dissertação e produto educacional” se apresentar difícil ao orientador e ao orientando

(BRANDÃO; DECCACHE-MAIA; BOMFIM, 2013).

Para Rôças et al. (2011), o mestrado profissional, no PROPEC, possui duas linhas de

pesquisa. São elas: Formação de Professores de ciências, e Processos de ensino e aprendizagem

e produção de material didático para o Ensino de ciências, tendo como objetivos, para os

mestrandos: “1) aprofundar os conhecimentos adquiridos na graduação; 2) aprimorar

capacidades criadoras e técnico-profissionais; e 3) desenvolver a competência científica,

contribuindo para a formação de docentes e pesquisadores” (p. 7).

Vale ressaltar que uma característica interessante do Mestrado Profissional é a

oportunidade de reflexão sobre a prática docente, bem a volta à academia para os que estão no

cotidiano da sala de aula, em especial para os professores da Educação Básica. O foco são as

experiências, as dificuldades vivenciadas, questionamentos tecidos pelo docente a partir dos

quais ele propõe uma pesquisa e devolve “produtos educacionais” que podem vir a contribuir

para a transformação de seu cotidiano de trabalho (BRANDÃO; DECCACHE-MAIA;

BOMFIM, 2013). Ostermann e Rezende (2009) corroboram com os autores agora citados em

relação à importância da pesquisa na prática do professor, ressaltando o seu papel na formação

profissional.

Nessa linha, destaco a possibilidade de uma produção literária, proposta desta

dissertação, que surgiu em decorrência de meus questionamentos profissionais. A ideia do

projeto é contribuir para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que aliem a literatura

infantil com a abordagem ambiental.

Partindo da temática ambiental, neste produto será relatada a experiência de oficinas

literárias, em especial as realizadas com foco na literatura infantil, vista como importante

recurso didático para o desenvolvimento do ensino de ciências no ensino fundamental. O intuito

é propiciar momentos de prazer, ludicidade, imaginação e criação, levando o aluno a questionar

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certos valores e princípios que se manifestam nas histórias lidas ou contadas (SILVA;

GARCIA; SILVA, 2013).

O livro de literatura infantil surge como recurso nas oficinas por sua riqueza educativa

e poder formativo. Ela possui plasticidade, podendo contemplar diversas áreas do saber, e

também se apresenta como uma arte única, capaz de encantar a todos que se propõem a adentrar

seu universo. É um fenômeno de criatividade que representa a vida e a realidade. Enriquece a

imaginação da criança, oferece-lhe condição de criar, levando-a a usar o raciocínio.

Isso pelo fato da literatura infantil ser indispensável no contexto escolar, por suas

qualidades, seu caráter lúdico, atraente e dinâmico, que estimulam a leitura e a formação de

consciência de mundo (ANTLOGA; SLONGO, 2012).

O produto apresentado é uma produção literária e foi resultado de um processo

experimental, reflexivo, investigativo e criativo. O livro será uma conversa com professores

sobre as oficinas desenvolvidas e os objetivos propostos, além de todo o processo de construção

das mesmas, colocando em evidência as vivências durante as oficinas com a turma. Acreditando

no potencial e na articulação do livro de literatura infantil no ensino de ciências, os alunos serão

levados a compreender conceitos científicos, explorando assuntos atuais e permitindo a reflexão

diante da temática ambiental.

A elaboração proposta neste item do projeto de pesquisa se apoia nos estudos de

Giraldelli e Almeida (2005), que afirmam que literatura infantil deve ser usada como material

para discussões de forma prazerosa, desempenhando um papel significativo, incentivando a

curiosidade e a construção de conhecimento.

Paviani e Fontana (2009) apontam as oficinas como uma forma que favorece a

construção do conhecimento pelo aluno, permitindo a ênfase na ação, sem esquecer a base

teórica, apropriando-se da teoria e da prática.

Então, o produto é uma oportunidade para os professores refletirem sobre a prática

exercida em sala de aula e redimensioná-la, podendo propiciar momentos lúdicos, praticando

seu papel de facilitador de encantamentos através da narração de histórias infantis, utilizando-

se de diferentes recursos didáticos, o que pode oportunizar à criança a expansão do seu mundo,

apoiando-a em instrumentos que possibilitem a ressignificação (SILVA; GARCIA; SILVA,

2013).

Com isso, planejar as oficinas para os alunos é antes de tudo repensar a prática

pedagógica, como Follmann e Uhmann (2014) destacam. Salientam, assim, a importância da

reflexão crítica do professor, da sua ação e da metodologia usada na escola.

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As práticas pedagógicas propostas neste trabalho buscam favorecer a construção de um

aprendizado que tenha sentido para o aluno e para sua vida em sociedade. Krasilchik (2008)

enfatiza que o aprendizado das ciências é parte fundamental na formação da cidadania.

É indispensável planejar e executar práticas que favoreçam o processo ensino-

aprendizagem.

O sucesso de implementação de qualquer proposta pedagógica não depende apenas

do conhecimento de tal proposta e somente da relação professor aluno. É preciso

reconhecer que o professor e o aluno e o saber são três molas impulsionadoras do

processo de ensino-aprendizagem. (SILVA, 2004, p.11)

Dessa forma, o produto ganha corpo e organiza uma reflexão crítica da prática docente,

tecendo possibilidades da literatura infantil para a educação ambiental. Nesse ponto, Franco

(2015) considera que uma aula só se torna uma prática pedagógica no momento em que se

organiza ao redor de intencionalidades, de práticas que dão sentido às intencionalidades; deve

haver uma reflexão permanente para avaliar se a intencionalidade está conseguindo atingir a

todos e de acertos contínuos de rota, além dos meios de atingir os fins propostos pelas

intencionalidades.

A produção literária elaborada almeja contribuir com um novo olhar para o ensino de

Ciências nos anos iniciais, utilizando a literatura infantil como recurso valioso na possibilidade

de contribuir para a aprendizagem e criticidade dos alunos.

A seguir, as figuras 35 e 36 apresentam a capa e o sumário da produção literária.

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Fonte: Elaboração da pesquisa.

Figura 36: Sumário da produção literária

Fonte: Elaboração da pesquisa.

Figura 35: Capa da produção literária

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na presente pesquisa foram planejadas e elaboradas oficinas literárias, que, a partir da

literatura infantil, focalizam e trabalham a temática ambiental para alunos dos anos iniciais do

ensino fundamental. As oficinas são desenvolvidas em uma turma de 3º ano do Ensino

Fundamental do Colégio Pedro II, local de exercício profissional da pesquisadora. O objetivo

do trabalho, já apresentado nas partes iniciais deste texto, é investigar as potencialidades da

literatura infantil como recurso didático para o desenvolvimento da educação ambiental nos

anos iniciais do Ensino Fundamental de forma lúdica e criativa.

As oficinas propostas visam favorecer a construção do conhecimento coletivo, de forma

lúdica, prazerosa, dialógica, explorando os sentidos, fomentando a problematização e a

intervenção dos alunos.

Durante as atividades realizadas, foi possível observar a interação, a postura e a

participação da turma. Os alunos se empenhavam ativamente em dialogar durante as rodas de

conversa, assim como nas produções individuais e coletivas. Em um diário de bordo, foram

registradas as produções e as falas dos discentes. A análise do material evidencia a viabilidade

do livro de literatura infantil como recurso didático importante, pois desenvolve a criticidade

por meio da informação, conhecimento e integração no ato da leitura.

Os alunos demonstraram expressividade em suas ideias e suas concepções sobre

questões ambientais. Ainda sobre a temática ambiental, foi possível o reconhecimento do

patrimônio natural como bem coletivo, a partir do qual os alunos puderam refletir e argumentar

sobre a forma de administrar sustentavelmente e democraticamente a sociedade.

Os resultados da pesquisa demonstraram as implicações de práticas pedagógicas que

favorecem a promoção do ensino de ciências, assim como a formação do senso crítico. O

desenvolvimento da linguagem, a formação leitora e o envolvimento das crianças nas oficinas

foram combinados com múltiplos recursos, além da literatura infantil, que norteou o trabalho,

aproveitando a motivação provocada por este tipo de recurso, permitindo uma aprendizagem

significativa, outras oportunidades de aprendizagem, e proporcionando variadas ligações para

a compreensão do mundo.

Pode-se afirmar que, com a proposta das oficinas, criou-se um maior espaço para a

ampliação do foco de estudos nos anos iniciais do ensino fundamental com a abordagem

ambiental, utilizando a literatura infantil como recurso. Constatou-se também que a literatura

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infantil sensibilizou as crianças para buscarem e manifestarem seus conhecimentos. Além disso,

desencadeou diferentes habilidades e provocou a expressão dos conhecimentos científicos,

através das discussões promovidas nas rodas de conversa sobre o meio ambiente, utilizando

uma linguagem simples, clara e direta.

Notou-se que o conhecimento gerado em sala de aula atravessava a estrutura física da

instituição e era levado para casa, onde as crianças dividiam com seus pais, irmãos, familiares

e vizinhos. Ensinar a pensar criticamente alcança um papel importante de multiplicadora do

conhecimento produzido no contexto escolar para o contexto social.

Nesse contexto, apresentei como produto uma produção literária que objetiva

estabelecer um diálogo com docentes e propõe um repensar de suas práticas, para uma

sociedade consciente e participativa, tomando importantes decisões, pois a ação docente exige

um conjunto de conhecimentos, comportamentos e atitudes envolvidos nas dimensões

profissionais e pessoais do docente.

A produção literária é resultado de um processo experimental, reflexivo, investigativo e

criativo, que oportuniza uma conversa e um convite à reflexão, indicando para a prática docente,

em sala de aula, a teoria e prática de oficinas literárias, tendo a literatura infantil como principal

recurso didático para a promoção da educação ambiental. Serão mostrados o potencial e a

articulação da literatura infantil no ensino de ciências, nas quais os alunos foram levados a

explorar assuntos atuais para a reflexão diante da temática ambiental.

Esse produto foi organizado em quatro capítulos. No primeiro capítulo, apresento o

ensino de ciências nos anos iniciais e a contribuição para o aprendizado dos conceitos básicos

das ciências naturais, bem como a aplicação dos princípios aprendidos a situações práticas,

além de possibilitar condições para que o aluno exerça a sua cidadania com a formação básica

em ciências, fornecendo instrumentos para uma melhor compreensão da sociedade.

No segundo capítulo, o produto versa sobre o encantamento causado pela literatura

infantil como um recurso para promover o conhecimento ludicamente, atraindo a atenção das

crianças para assuntos em destaque na sociedade, podendo transmitir informações, provocando

reflexões acerca do que se vê e se ouve, dando instruções para possíveis transformações.

No terceiro capítulo, fala-se a respeito da educação ambiental nos anos iniciais,

refletindo sobre a aplicação de atividades que promovam a educação ambiental para a

compreensão da relação ser humano e natureza, bem como os impactos desta relação.

Mostrando a possibilidade de agregar valores ao indivíduo, como cooperação, igualdade de

direitos, autonomia, democracia e participação, para despertar a consciência de preservação e

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de cidadania, compreendendo a importância de cuidar e preservar a natureza, e que o futuro

depende deste equilíbrio.

No quarto capítulo apresento as oficinas literárias, o desenvolvimento e os objetivos

propostos, o processo de construção e os resultados encontrados, colocando as vivências de

cada oficina, com a intenção de promover a educação ambiental a partir da literatura infantil,

para que se oportunizem momentos de diálogo e reflexão com os alunos dos anos iniciais do

ensino fundamental. As oficinas literárias surgem como prática pedagógica no processo de

ensino que permitiram a interação das crianças à literatura infantil, a partir da contação das

histórias e de outros recursos que possibilitam a reflexão dos alunos.

As crianças, em suas participações, demonstram proximidade aos elementos da natureza

e buscam entender o funcionamento do mundo natural e social. Destaco ainda, a curiosidade e

poder de imaginação, fazendo relações com o mundo real. Além de não demonstrarem medo

de dialogar, expressando suas opiniões.

Muito importante na escolha de práticas pedagógicas é o professor refletir sobre a

prática exercida em sala de aula e adequá-la, exercendo seu papel de facilitador no encantar e

despertar através da literatura infantil, utilizando variados recursos num processo contínuo de

aprendizagem; isso, todavia, requer planejamento e análise cuidadosa de todas as etapas, para

que haja a compreensão de novas ideias e valores, com o intuito de delinear novos rumos para

a prática pedagógica.

As práticas pedagógicas propostas buscam favorecer a construção de um aprendizado

que faça sentido para a vida do aluno, contribuindo para a aprendizagem e a criticidade dos

mesmos, através da literatura infantil com a abordagem ambiental, objetivando contribuir para

um novo olhar no ensino de ciências nos anos iniciais.

Busca-se ainda, compartilhar as experiências desenvolvidas no decorrer da pesquisa em

uma linguagem próxima ao universo infantil, valorizando o trabalho da criança e oportunizando

ao professor a possibilidade da abordagem ambiental, com recursos variados, de acordo com os

objetivos que tratar.

Considero importante, estabelecer espaços de fala e de escuta, onde o aluno tenha a

oportunidade de conhecer e manifestar seu pensamento, através de assuntos que precisam estar

presentes no contexto do ensino de Ciências para as crianças. Uma vez que, denota as

dimensões: ética e política, da ação de educar e da formação cidadã desde a infância.

Os estudos aqui apresentados, não cessam as pesquisas por mim almejadas. Anelo dar

continuidade em futuras análises e disseminá-las.

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APÊNDICE I – PARECER DA PLATAFORMA BRASIL

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APÊNDICE II –COMPROVANTE DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGO NA REVISTA

THEMA

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APÊNDICE III – TCLE

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APÊNDICE IV – TALE

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