31

Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”
Page 2: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

Instituto Federal do Espírito Santo

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Mestrado em Educação em Ciências e Matemática

TAMIRIS MOURA NEVES MARIA ALICE VEIGA FERREIRA DE SOUZA

Série Guias Didáticos de Matemática – nº 58

Grupo de Estudo e Pesquisa em Modelagem Matemática e Educação

Estatística Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito

Santo

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo

Vitória

2018

Page 3: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

Copyright @ 2018by Instituto Federal do Espírito Santo Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto nº. 1.825 de 20 de dezembro

de 1907. O conteúdo dos textos é de inteira responsabilidade dos respectivos autores.

Material didático público para livre reprodução.

Material bibliográfico eletrônico e impresso

(Biblioteca do Centro de Referência em Formação e em Educação a Distância - Cefor)

FICHA CATALOGRÁFICA

N518L

Neves, Tamiris Moura.

Lesson Study [fórmula] [recurso eletrônico] / Tamiris Moura Neves,

Maria Alice Veiga Ferreira de Souza. – Vitória: Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, 2018.

1097kb. : il. ; pdf (Série guias didáticos de matemática ; 58)

ISBN: 978-85-8263-350-2

1. Matemática – Estudo e ensino. 2. Formação de Professores. 3.

Planejamento colaborativo de aula. I. Souza, Maria Alice Veiga Ferreira

de. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título: Lesson Study. IV.

Título: Instrumento. V. Título: Avaliação. VI. Título: Reflexão. VII.

Título: Planejamento. VIII. Título: Matemática dx dy

CDD: 510.7

Viviane Bessa Lopes Alvarenga CRB/06-ES nº745

Page 4: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

Editora do IFES

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo Pró-Reitoria de Extensão e Produção Av. Rio Branco, nº 50, Santa Lúcia Vitória – Espírito Santo - CEP 29056-255 Tel. (27) 3227-5564 E-mail: [email protected]

Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática Rua Barão de Mauá, 30 – Jucutuquara Sala do Programa Educimat Vitória – Espírito Santo – CEP 29040-780 Comissão Científica Dr. Oscar Luiz Teixeira de Rezende, D. Sc - Ifes Dr. Luciano Lessa Lorenzoni, D. Sc Ifes Drª. Julia Schaetzle Wrobel, D. Sc – Ufes Dr. Henrique Manuel Guimarães, D. Ed. – Universidade de Lisboa Coordenação Editorial Sidnei Quezada Meireles Leite Danielli Veiga Carneiro Sondermann Maria Auxiliadora Vilela Paiva Michele Waltz Comarú Maria das Graças Ferreira Lobino Revisão Lis Motta Capa e Editoração Eletrônica Katy Kenio Ribeiro Editoração Eletrônica Centro de Referência em Formação e em Educação a Distância (Cefor/IFES) Produção e Divulgação Programa Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e

Matemática Centro de Referência em Formação e

Educação à Distância

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo

Page 5: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

Instituto Federal do Espírito Santo

Jadir José Pela

Reitor

Adriana Pionttkovsky Barcellos

Pró-Reitora de Ensino

André Romero da Silva

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação

Renato TannureRotta de Almeida

Pró-Reitor de Extensão e Produção

Lezi José Ferreira

Pró-Reitor de Administração e Orçamento

Luciano de Oliveira Toledo

Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional

Diretoria do Campus Vitória do Ifes

Hudson Luiz Cogo

Diretor Geral do Campus Vitória-Ifes

Marcio de Almeida Có

Diretor de Ensino

Marcia Regina Pereira Lima

Diretora de Pesquisa e Pós-graduação

Christian Mariani Lucas dos Santos

Diretor de Extensão

Roseni da Costa Silva Pratti

Diretor de Administração

Centro de Referência em Formação e Educação à Distância

Vanessa Battistin Nunes

Diretora do Cefor

Page 6: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

MINICURRÍCULO DOS AUTORES

TAMIRIS MOURA NEVES é mestranda em Educação em Ciências e Matemática

pelo Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes/Cefor. Graduada em Licenciatura em

Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito

Santo - Ifes. Foi bolsista do programa Ciências sem Fronteira durante dois semestres

no qual acompanhou aulas do curso magistrale de Matemática na Univesità di Pisa /

Dipartimento di Matematica (Itália - 2014/2015). Tem experiência como Professora

Pesquisadora na Coordenadora Geral de Pesquisa e Extensão (CGPE) do Ifes/Cefor.

Atualmente é professora da rede Estadual de Ensino/ES. E membro do Grupo de

Estudo e Pesquisa em Modelagem Matemática e Educação Estatística (Gepeme).

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2876710785262591

E-mail: [email protected]

MARIA ALICE VEIGA FERREIRA DE SOUZA possui graduação em Matemática

pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, mestrado em Educação

Matemática pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES e doutorado em

Psicologia da Educação Matemática pela Universidade Estadual de Campinas –

UNICAMP, além de Pós-doutorado em Resolução de Problemas de Matemática na

Universidade de Lisboa, Portugal e em Números Racionais pela Rutgers University.

Atualmente é professora de Matemática das graduações e pós-graduações do

Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes, Coordenadora Geral de Pesquisa e

Extensão do Cefor-Reitoria-Ifes, docente do Programa de Pós-graduação em

Educação em Ciências e Matemática (EDUCIMAT) do Ifes e da Pós-Graduação em

Gestão Pública da UFES. Tem experiência na área de Matemática e na Educação

Matemática.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2876710785262591

Email: [email protected]

Page 7: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 7

ETAPAS DO MODELO LESSON STUDY ............................................................................. 8

COMO FOI REALIZADO O PLANEJAMENTO .............................................................. 12

COMO FOI REALIZADA A EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO ................................ 17

REFLEXÃO ............................................................................................................................... 19

AVALIAÇÃO ............................................................................................................................. 20

INSTRUMENTO ....................................................................................................................... 24

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 29

Page 8: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

7

INTRODUÇÃO

Ao pensar no produto educacional, pensamos em compartilhar os

aprendizados adquiridos durante uma pesquisa de mestrado em Educação em

Ciências e Matemática, que acreditamos poder contribuir para o

desenvolvimento profissional de futuros professores, professores e formadores

de professores de matemática.

A pesquisa desenvolvida teve caráter bibliográfico e de campo, que propôs um

instrumento para avaliar aulas de Matemática construídas nos moldes e

concepções do modelo japonês de formação de professores denominado

Lesson Study. Para tal, realizamos uma testagem do instrumento em uma aula

de Matemática no Ensino Básico brasileiro.

Esse instrumento foi inspirado a partir do que os teóricos/autores do modelo

japonês, como Fernandez e Yoshida (2004), Fujii (2014), Isoda e Olfos (2009),

Isoda (2010) e Takahashi e McDougal (20016) defendem que deva constar/não

constar em aulas de matemática. Mais detalhadamente, verificamos a

adequação do instrumento em aulas baseadas em uma problematização

que envolve a “formação do conceito de área e perímetro”, planejada

colaborativamente e reflexivamente - nos moldes do modelo Lesson Study - por

um grupo de professoras de Matemática e executada por uma delas com seus

próprios alunos sob a observação, e posterior reflexão, de todo o grupo de

professoras. Para esse fim, contamos também com a literatura científica de

Educação Matemática de Gaigher; Souza e Wrobel (2017), Ponte, Quaresma e

Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma

(2013).

Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização” está ligado ao

termo “problema”, uma proposta de tarefa presente nas aulas de matemática.

Assim, para nós, problematização é uma situação criada a partir de um cenário

real ou desejável próximo do cotidiano dos alunos, no qual perguntas,

questionamentos, hipóteses e respostas vão se construindo ao tempo que os

alunos são desafiados, motivados, impulsionados e colocados em uma posição

de investigador, ao ponto que eles sentem a necessidade de responder às

perguntas lançadas pelo professor.

Page 9: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

8

Dessa forma, neste Guia Didático apresentamos um instrumento que pretende

avaliar aulas de matemática, para que professores possam se munir de

informações que possibilitem avaliar seu próprio ensino. Em outras palavras, o

instrumento busca oferecer uma oportunidade para tomada de decisão sobre

possíveis mudanças no processo de ensino a fim de potencializar a

aprendizagem em matemática. Destarte, expectamos que ao ter acesso a este

Guia Didático, professores possam utilizá-lo para planejar, executar e avaliar

aulas de matemática sob as premissas do modelo Lesson Study.

ETAPAS DO MODELO LESSON STUDY

O Lesson Study é um modelo de ensino japonês que vem ganhando destaque

internacional, em virtude de seu impacto tanto na qualidade do

desenvolvimento profissional docente quanto na qualidade do ensino e nos

resultados da aprendizagem dos alunos. O Lesson Study consiste em um

modelo, composto por seis etapas, sendo que as três primeiras são

fundamentais e as três últimas opcionais, a saber: I) Planejamento da(s)

Aula(s); II)Execução da(s) Aula(s); III) Reflexão; IV) Replanejamento da(s)

Aula(s); V) Reexecução da(s) Aula(s) e VI) Reflexão da Última Versão da(s)

Aula(s). Este modelo pode ser aplicado em uma única aula ou em um conjunto

de aulas. Após a VI etapa, pode ser desenvolvido um terceiro planejamento, e

isso pode ocorrer de forma contínua, durante todo desenvolvimento profissional

docente, buscando potencializar a aprendizagem de alunos em matemática.

A seguir, para uma melhor compreensão, vamos descrever como se dão as

três primeiras etapas do Lesson Study:

I). Planejamento: o planejamento ocorre por meio de um grupo de

profissionais da educação, que determinam um tema no currículo de

matemática que apresente dificuldades no ensino e na aprendizagem de

alunos, e desenham uma problematização (ou problemas de matemática) que

contenha o objeto do conteúdo de matemática determinado para ser

trabalhado.

Após a definição do tema e a escolha da problemática, o grupo inicia o

desenvolvimento do planejamento da(s) aula(s) de forma minuciosa. O

planejamento começa com buscas e seleção de materiais relevantes para o

Page 10: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

9

objetivo da aula a ser lecionada, e segue com um refinamento do seu esboço,

com foco nas necessidades efetivas dos alunos; lendo cuidadosamente

estudos de materiais para o ensino do conteúdo matemático proposto, currículo

escolar, artigos e pesquisas científicas relevantes entre outros materiais. Os

professores participantes/colaboradores se envolvem no estudo cuidadoso

desses materiais, por um tempo significativo, por várias semanas.

Nesse ínterim, uma comunidade de profissionais da educação (formados por

diferentes pessoas) se debruça para atingimento do mesmo fim – a

aprendizagem de alunos em algum tema da Matemática. Esse grupo oferece

diferentes formas de visualizar o mesmo tema e a problemática, ampliando a

gama de possibilidades para o planejamento e realizando as seguintes ações:

prever possíveis dificuldades que os alunos poderão encontrar com a

problemática de matemática escolhida, antecipar questões/dúvidas passíveis

de surgimento pela turma, formular estratégias de respostas, elaborar roteiros

para realizar observações durante a execução da aula, entre outras.

Assim, os professores aprendem a analisar criticamente suas práticas e

técnicas de planejamento, desenvolvendo princípios no meio educacional e

promovendo melhorias no ensino e aprendizagem de matemática.

Figura 1. Planejamento das aulas 1

Fonte: autoria própria.

II). Execução da(s) Aula(s): a aula é executada segundo o planejamento,

seguindo tudo que foi programado, não de maneira engessada, mas como um

roteiro orientador. Apenas um professor do grupo é escolhido para lecionar a

Page 11: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

10

aula, enquanto os demais componentes do grupo participam da aula

observando atentamente a aprendizagem dos alunos (e realizando anotações

de suas observações), sem interferir no curso da aula, durante todo

desenvolvimento da mesma. As observações são realizadas seguindo o roteiro

elaborado durante a etapa de planejamento. A execução da aula e as demais

etapas são gravadas por áudios e vídeos.

Figura 2. Execução das Aulas 1

Fonte: autoria própria.

III). Reflexão: após a execução da aula, o grupo se reúne para discutir, refletir

e avaliar a execução (e a qualidade) da aula, sempre com o foco sobre a

aprendizagem dos alunos. Desse modo, a qualidade da aula é aprimorada, um

novo planejamento pode ser realizado e ser executado em aulas ou turmas

futuras. Daqui em diante, as etapas podem ocorrer de forma contínua com as

etapas de planejamento, execução e reflexão se repetindo em uma espiral,

sempre em níveis mais avançados de conhecimentos e de amadurecimento de

ideias, conforme figura 3.

Page 12: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

11

Figura 3. Representação das etapas do Lesson Study conforme o entendimento deste Guia

Didático

Fonte: adaptado de Gaigher, Souza e Wrobel (2017, p. 55).

Figura 4. Reflexão

Fonte: autoria própria.

A coleta de informações, na pesquisa de mestrado em Educação em Ciências

e Matemática ocorreu em encontros realizados no Cefor/Ifes1 para o

planejamento das aulas e, na Escola Municipal de Ensino Fundamental “Alger

Ribeiro Bossois”, localizada na cidade de Vila Velha, no estado do Espírito

1 Centro de Referência em Formação e em Educação a Distância do Instituto Federal do

Espírito Santo.

Page 13: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

12

Santo, em uma turma do 6º (sexto) ano (6º D), no segundo período de 2017,

para a execução e a reflexão das aulas.

Todo o planejamento, execução e reflexão sobre as aulas contou com a

participação e colaboração de um grupo de seis professoras pesquisadoras.

Maria Alice Veiga Ferreira de Souza (orientadora da pesquisa), Luanda Firme

de Mello (colega do programa de mestrado e professora regente da turma do

6º D), Vanessa Ribeiro Gaigher, Hellen de Castro Leite, Bruna Dalle Prane e

Julia Schaetzle Wrobel, (professoras de matemática e pesquisadoras

colaboradoras dessa pesquisa).

COMO FOI REALIZADO O PLANEJAMENTO

Como dito anteriormente, o planejamento da aula foi realizado de forma

colaborativa, por um grupo de seis professoras de matemática pesquisadoras.

Foram seis encontros, em uma média de três horas para cada reunião, no

período de 10 semanas, quando também ocorreram discussões à distância por

meio de aplicativos de áudio e escrita via smartphone, tablet e computadores,

nesse período.

A turma eleita para a aplicação da aula foi à do sexto ano do Ensino Básico

(6ºD), e o conteúdo de matemática a trabalhar foi sobre a “formação do

conceito de área e perímetro” por ser conteúdo de grande importância dentro

do currículo da Matemática e por apresentar baixa compreensão por alunos

desse nível escolar.

Após a escolha do conteúdo, o grupo de professoras de matemática

pesquisaram analisaram o currículo escolar e alguns livros didáticos de

matemática (figura 5). Com o objetivo de formular questionamentos, de

antecipar às dúvidas e programar respostas e ações dos alunos, planejar

situações que contribuam para potencializar a aprendizagens dos alunos em

matemática.

Page 14: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

13

Figura 5. Planejamento das aulas 2

Fonte: autoria própria.

Nas reuniões, o grupo definiu como esse conteúdo seria ensinado, definiu os

objetivos - trabalhar com a produção de significados por alunos do sexto ano

do Ensino Fundamental sobre o conceito de área e perímetro; possibilitar que

os alunos associam área à superfície e perímetro a seu contorno, comparar

área e perímetro sem realizar medições e compreendam que figuras com áreas

iguais podem ter perímetros diferentes e figuras com mesmo perímetro podem

ter áreas diferentes - selecionou as tarefas que seriam utilizadas, previu

resoluções e possíveis dúvidas e/ou dificuldades dos alunos.

Posteriormente, elegeram os estudos de Lima e Bellemain (2002) para apoiar

as discussões e como conduziriam o planejamento da aula sobre o conceito de

área e perímetro.

Nesse sentido, Lima e Bellemain (2002) afirmam que o conceito de área e

perímetro deve ser construído antes do trabalho com o cálculo de área. O

conceito de área e perímetro tem sido usualmente ensinado por meio de

fórmulas, sem a preocupação com o desenvolvimento de seu conceito.

A área tem sido conceituada por uma medida, e não como uma grandeza

autônoma, e mencionada como sendo equivalente à superfície (porém,

sabemos que isso é possível, mas, somente para regiões finitas). E, quando

isso ocorre, os alunos tendem a fazer confusão entre área e perímetro, uso

inadequado de unidades e uso de uma extensão indevida da validade das

fórmulas (a área de um paralelogramo é o produto dos lados). Dessa forma,

Page 15: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

14

obscurecendo o conceito de área como grandeza autônoma e as várias etapas

do processo de medição de grandezas (LIMA; BELLEMAIN 2002, p. 27).

Como a professora regente da turma do 6ºD relatou que era desejo dos alunos

ter uma praça no bairro, próximo à escola, o grupo decidiu que o ensino sobre

a “formação do conceito de área e perímetro” seria por meio de uma

problemática, de uma história contando a construção dessa praça. Assim, toda

história foi escrita por meio de um diálogo, entre a professora e os alunos, cuja

fala da professora foi prevista e escrita, e as falas dos alunos neste diálogo

foram previsões de seus possíveis pensamentos, soluções, dúvidas,

dificuldade e questionamentos.

Também foram decididas quais tarefas e materiais seriam utilizados; figuras

geométricas (em MDF, sendo dois quadrado, um azul e um verde, um

paralelogramo vermelho e três peças laranja, dois triângulos e um retângulo),

barbante e tesoura, na Atividade 1 (figura 6); para o desenvolvimento do

conceito de área e perímetro sem falar em cálculos; Geoplano, na Atividade 2

(figura 7); para explicar as construções na praça a partir da estória; e folha,

lápis e borracha, para Atividades 3; reconhecer que figuras com a mesma área

podem ter perímetros diferentes (usar retângulos e quadrados) e Atividade 4;

reconhecer que figuras com o mesmo perímetro podem ter áreas diferentes

(usar retângulos e quadrados). Também foi planejada uma Atividade 5, onde os

alunos representaram um playground com área de 16 u.a. em um formato

diferente de um retângulo ou um quadrado no geoplano (figura 8), e uma

Atividade de Fixação com planta baixa.

Page 16: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

15

Figura 6. Atividade 1

Fonte: autoria própria.

Figura 7. Atividade 2

Fonte: autoria própria.

Page 17: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

16

Figura 8. Geoplano

Fonte: autoria própria.

Para avaliação dessas atividades, a professora entregou uma cópia para cada

aluno e fez algumas afirmações em relação ao perímetro e à área dessas

figuras. Os alunos, individualmente, levantaram placas com Verdadeiro de um

lado e Falso do outro (figura 9). Essa avalição foi realizada em formato de um

“quiz”. Foi planejado que as afirmações seriam discutidas com os alunos após

as respostas dos mesmos.

Figura 9. Quiz: Verdadeiro ou Falso

Fonte: autoria própria.

Page 18: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

17

COMO FOI REALIZADA A EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO

A execução das aulas planejadas foi realizada na Escola Municipal de Ensino

Fundamental “Alger Ribeiro Bossois”, localizada na cidade de Vila Velha, no

estado do Espírito Santo, durante o segundo semestre de 2017 em três aulas,

sendo duas consecutivas, e a última após o intervalo, de 50 minutos cada aula

(sexta feira). E, a avaliação no dia posterior (segunda feira).

A sala foi organizada em formato da letra ‘U’ (figura 6), as carteiras foram

organizadas de forma que as atividades ocorressem em duplas (uma mesa

para duas cadeiras). O material da atividade 1 foi posto em cima de cada

mesa, o material da atividade 2 embaixo da carteira, e a folha das atividades 3

e 4 foram entregues na terceira aula. Todas as aulas foram filmadas,

fotografadas e registradas em um diário de bordo.

Figura 10. Execução das Aulas 2

Fonte: autoria própria.

A professora regente da turma do 6ºD foi quem ministrou as aulas, enquanto as

demais professoras colaboradoras assistiram às aulas com foco na

aprendizagem dos alunos, observando e tomando notas, porém em nenhum

momento interferiram nas aulas e nas atividades realizadas pelos alunos.

Após as atividades, os alunos compartilhavam suas diferentes ideias (neriage,

figuras 11 e 12), e a professora organizava a lousa de forma que todos

pudessem acessar as diferentes ideias (bansho, figura 13) e discuti-las.

Page 19: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

18

Figura 11. Neriage 1

Fonte: autoria própria.

Figura 12. Neriage 2

Fonte: autoria própria.

Figura 13. Bansho

Fonte: autoria própria.

Também foi planejada e executada uma atividade de verificação de

aprendizagem, intencionando analisar o sucesso e o fracasso dos alunos,

executada por meio de um “quiz”, uma placa contendo Verdadeiro e Falso,

Page 20: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

19

onde, a partir de afirmações realizadas pela professora, os alunos levantavam

a placa, optando por uma ou outra face, conforme figura 14.

Figura 14. Quiz

Fonte: autoria própria.

REFLEXÃO

Todavia, alguns podem se perguntar: será que é necessário todo esse preparo

para cada aula de matemática? Acreditamos que sim. Pois, quanto mais

minucioso for o planejamento da aula, pensado e refletido de forma

colaborativa, maior capacidade terá o professor de adequar o planejamento

aos acontecimentos e imprevistos que podem ocorrer em uma aula, “fornecer

explicações matematicamente corretas, propor problemas em sintonia com os

objetivos estabelecidos para aqueles estudantes, bem como elaborar

questionamentos que não criem bloqueio no fluxo de raciocínio dos alunos”

(GAIGHER; SOUZA; WROBEL, 2017, p. 71).

Isoda e Olfos (2009, p. 180, tradução nossa) “afirmam que a forma de ensinar

está mudando, e que eventualmente muitos professores estão ficando

obsoletos”. No entanto, não acreditamos em fórmulas prontas e determinadas

para se ensinar matemática. Acreditamos em aprendizagens que são

desenvolvidas mediante as experiências, por meio da prática docente,

planejamento minucioso, pesquisa colaborativa e reflexões. Acreditamos em

professores bem preparados, munidos de informações e que avaliam seu

próprio ensino, no intuito de buscar enriquecimento para suas aulas,

potencializar a aprendizagens de alunos em aulas de matemática.

Page 21: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

20

AVALIAÇÃO

O conceito de avaliação que usamos na pesquisa de mestrado em Educação

em Ciências e Matemática e apresentamos neste Guia Didático não é atribuir

nota ou um valor numérico, como tradicionalmente se entende como avalição

(entendemos que esse tipo de avaliação por vezes é necessária e importante,

mas não neste momento). Avaliar, neste Guia Didático, é um processo que visa

à coleta de diversas informações a tal ponto que o uso dessas informações

permita tomar decisões sobre o processo de ensino e aprendizagem de

matemática, promovendo mudanças nos professores desta disciplina.

Aprimorando o ensino de matemática e oportunizando aprendizagens para

todos os envolvidos direta ou indiretamente nesta pesquisa.

Dessa forma, ao utilizar o Instrumento que propomos, intencionamos que

professores possam se munir de informações uteis para potencializar a

aprendizagens em matemática de seus alunos. Informações essas defendidas

e praticadas por teóricos/autores do modelo Lesson Study e por autores da

literatura científica de educação matemática. Que descrevermos a seguir.

Fernandez e Yoshida (2004) defendem que é fundamental planejar uma

introdução com um breve relatório sobre os alunos que participarão da aula,

como informações relacionadas aos interesses, atitudes e conhecimentos

prévios dos alunos, prevendo a familiaridade dos alunos com o contexto inicial,

bem como o que os motivam. “Por exemplo, o leitor aprende que, para motivar

os alunos, a lição proposta usará um problema história que se baseia em uma

viagem de campo da turma” (FERNANDEZ; YOSHIDA, 2004, p. 35, tradução

nossa). E também informações que ajudam a esclarecer o critério que orientou

a escolha da problemática e o desenvolvimento do plano. E ainda informações

acerca do tempo, data, do que são necessários e quais objetivos são

esperados com a aula proposta.

Planejando e descrevendo os dados a respeito do conteúdo que será

trabalhado, das metas propostas em cada atividade do plano de aula e

esclarecimentos sobre a organização das atividades. Sempre com foco nos

aspectos referentes ao próprio plano. Por exemplo: as reações dos alunos em

cada atividade, como eles pensaram e resolveram os problemas, de que forma

Page 22: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

21

usaram conceitos previamente aprendidos e como será realizada a avaliação

das atividades proposta.

Dessa forma, fica evidente, como relatam Gaigher, Souza e Wrobel (2017), que

o Lesson Study prevê um planejamento meticuloso (prevendo reações e

dúvidas dos alunos, planejando diferentes, estratégias matemáticas, palavras

ou questionamentos que podem prejudicar a compreensão do aluno etc.) e de

natureza colaborativa, além de um planejamento simples.

Fujii (2014) relata que é importante iniciar o Lesson Study com uma pergunta

para traçar os objetivos e atingi-los. Dessa forma, os professores discutem os

objetivos educacionais da escola, a situação atual dos alunos e, em seguida,

definem uma meta para o desenvolvimento do modelo de modo colaborativo.

Segundo o autor, no Japão o modelo é uma prática com metas para serem

cumpridas durante todo desenvolvimento profissional do professor, a

continuidade é fundamental e os professores se envolvem neste esforço para

melhorar o seu nível de ensino.

Takahashi e McDougal (2016) acreditam que o sucesso do Lesson Study no

Japão, é devido à mudança de aulas tradicionalmente centradas no professor,

para aulas centradas nos alunos, no pensamento matemático e com

resoluções de problemáticas. Assim como Fujji (2014), estes autores reafirmam

que o verdadeiro propósito do Lesson Study é ganhar novos conhecimentos

para o ensino e aprender. Dessa forma, para que escolas e professores

conduzam o Lesson Study de forma eficaz, é essencial iniciar o Lesson Study

lendo cuidadosamente estudos de materiais para o ensino do conteúdo

matemático proposto, currículo escolar, artigos e pesquisas relevantes entre

outos materiais.

Para Takahashi e McDougal (2016) o estudo dessas leituras é indispensável,

“é análogo a uma revisão de literatura em uma pesquisa científica”

(TAKAHASHI; MCDOUGAL, p. 520, 2016, tradução nossa). Envolve uma

pesquisa, uma investigação precisa de toda aprendizagem matemática

pretendida, incluindo elaboração de materiais pretendidos utilizar com os

alunos na aprendizagem do conteúdo matemático escolhido, como jogos,

geoplano (ou algum tipo de material manipulável), tarefas, problemáticas entre

outros.

Page 23: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

22

Isoda (2010) contribui com verificações para o planejamento de aulas e auto

avaliações para serem usadas antes da execução das aulas e após para

observações e reflexões. Com o objetivo de que os professores reflitam sobre

suas práticas e avaliem o distanciamento do seu planejamento de aula e a aula

que ministra.

Ressaltamos do que defende Isoda (2010) os seguintes pontos: as tarefas

preparadas pelos professores podem ser resolvidas de diferentes maneiras,

aplicar conhecimentos prévios e apresentar o conteúdo novo; o professor fez

uso de diferentes representações matemáticas para construção da

problemática eleita. Além de desenvolver a capacidade de explicar, os alunos

também são fomentados com a capacidade de ouvir e a capacidade de

questionar. O professor caminhou pela sala, observando e ajudando os alunos

nas representações matemáticas para resolver os problemas. Os alunos fazem

usos do caderno ou de material escrito de forma que eles sejam uteis para

seus estudos. Foi planejada uma validação, comparação, similaridade,

generalidade e resumo das ideias dos alunos sobre a problemática eleita, e

elas ocorreram sem problemas de apresentação e comunicação para as

crianças, ou seja, elas ocorreram de forma que os alunos compreendessem. O

professor reconheceu tanto as respostas corretas quanto as incorretas (nas

tarefas) para fundação de suas ideias.

Ponte, Quaresma e Branco (2012), ao estudarem as práticas profissionais dos

professores de matemática, identificam dois elementos importantes: as tarefas

e o discurso na sala de aula. Os autores escrevem que a tarefa (exercício,

problema, problematização, exploração e/ou investigação) é um aspecto

fundamental na definição da prática. Afirmam que, faz toda diferença propor

aos alunos tarefas de emprego de conhecimentos já aprendidos, que exigem

algum esforço cognitivo de compreensão e elaboração de uma estratégia de

solução. Tarefas envolvem a formulação de um plano, extração de dados,

análise e interpretação.

Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013) afirmam que na perspectiva curricular

de Matemática, nos últimos anos, aulas de matemática baseadas em tarefas,

por meio de problematização, de cunho exploratório e investigativo, o discurso

coletivo na turma e o raciocínio matemático dos alunos vêm ganhando

Page 24: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

23

destaque. Em estudo, ao analisar as ações do professor na condução do

discurso matemático, os autores evidenciam a organização e a condução das

discussões matemáticas, em aula de situações-problema, como um aspecto

importante para aprendizagem dos alunos e para prática profissional docente.

Assim, esses autores relatam que o discurso do professor, em aulas com essas

características, deve contemplar ações de antecipar, monitorizar, selecionar,

sequenciar e estabelecer conexões entre as respostas dos alunos e ações

capazes de alargar seus pensamentos. Assim, o discurso do professor de

matemática, em aulas desse tipo, deve apoiar-se no raciocínio matemático dos

alunos e promover novos conhecimentos.

Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013) ressaltam que ao propor tarefas, de

cunho exploratório e investigativo, o professor comece fazendo um convite à

turma, e que no decorrer do discurso ele promova indagações que coloque os

alunos diante de situações desafiantes, promovendo um diálogo que guie e

apoie os estudantes em suas soluções para a situação-problema, procurando

sustentar a participação dos alunos na aula. Essa providência também é

praticada no modelo Lesson Study. Os autores ainda afirmam que a “atividade

do professor é assim conduzida por um motivo principal - levar os alunos a

aprender determinado assunto - aproveitando, no entanto, as ocasiões que

surgem para reforçar aprendizagens anteriores” (PONTE; MATA-PEREIRA;

QUARESMA, 2013, p. 79).

Ponte e Quaresma (2012) ao analisarem o papel do contexto (da vida

quotidiana e da matemática) nas tarefas matemáticas, relatam que problemas

relacionados à vida quotidiana são essenciais para a aprendizagem básica da

própria matemática, servem de apoio para o raciocínio matemático. Por mais

que a ciência matemática, com sua linguagem própria, formalizada e cheia de

simbolismo pareça não ter a ver com o quotidiano, com a realidade extra -

matemática, “os resultados, ideias, conceitos e representações matemáticas

têm larguíssima aplicações em todos os campos da atividade social, da

engenharia à medicina, ao desporto, à gestão bancária, à administração

pública, etc.” (PONTE; QUARESMA, 2012, p. 198). Os problemas matemáticos

criam um cenário propício para investigação, desenvolvem o raciocínio nos

alunos, podendo os capacitar para resolver problemas que encontram na vida

Page 25: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

24

diária. Ressaltamos a importância de o professor utilizar corretamente os

termos próprios da matemática (seus simbolismos =, ≠, , etc.), para não

causar nenhum tipo de dúvida, dificuldade ou confusão na compreensão pelo

aluno.

INSTRUMENTO

O instrumento (Quadro 2) é composto por 36 (trinta e seis) itens (do

questionamento Q1 ao Q36), sendo dezesseis elementos (Q1 a Q16) que

integram a etapa de Planejamento, outros dezessete que integram a etapa de

Execução (Q17 a Q34) e, dois elementos que integram a etapa de Reflexão

(Q35 e Q36).

O Quadro 1 identifica as fontes (autores/teóricos) que justificam cada evento

constante no instrumento de avaliação.

Quadro 1: Legenda sobre o apoio teórico e literário para os itens do Quadro 2

Código Referência de autores/teóricos Código Referência de autores/teóricos

A Fernandez e Yoshida (2004) F Ponte, Quaresma e Branco (2012)

B Fujii (2014) G Ponte, Mata-Pereira e Quaresma

(2013)

C Gaigher, Souza e Wrobel (2017) H Ponte e Quaresma (2012)

D Isoda e Olfos (2009) I Takahashi e McDougal (2016)

E Isoda (2010)

Fonte: autoria própria.

INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DE AULAS DE MATEMÁTICA

Quadro 2: Instrumento de Avaliação de Aulas de Matemática elaborada a partir do modelo Lesson Study Item Apoio

teórico/literári

o

Questionamento

PLANEJAMENTO DA AULA

Q1 A, B, D, H

O currículo escolar foi estudado visando identificar possíveis obstáculos de aprendizagem dos alunos e verificar as conexões entre os conteúdos e os impactos do conteúdo estudado em futuras aprendizagens em matemática e em outras disciplinas?

Q2 D, E O grupo de professores verificou os pré-requisitos necessários para o

Page 26: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

25

estudo do conteúdo eleito?

Q3 F, G, H, I, J O grupo de professores verificou os impactos do conteúdo eleito sobre conteúdos ou disciplinas futuras?

Q4 A, D Os critérios de escolha da problemática estavam presentes no

planejamento realizado pelo grupo de professores?

Q5 I, J O grupo de professores estudou modos de abordagem do conteúdo de área e perímetro em pesquisas científicas ou em fontes educacionais?

Q6 A, D, E, F, G,

H, I, J

O grupo de professores previu a familiaridade dos alunos com o

contexto inicial de abordagem e construção do conceito de área e

perímetro pelo aluno?

Q7 F, G, H

O grupo de professores planejou alguma ação que verificasse

possíveis obstáculos na compreensão da problemática eleita pelo

grupo?

Q8 D, E O grupo de professores previu soluções/estratégias imprópria pelos

alunos?

Q9 A, D, F, G O grupo de professores elaborou questionamentos pertinentes para

conduzir o pensamento matemático dos alunos?

Q10 A, D, E, F, G,

H

O grupo de professores previu reações e respostas dos alunos aos

questionamentos que os orientassem para compreensão do

contexto?

Q11 B, D O grupo de professores traçou uma linha de conduta para sua

atuação na condução da aula baseada no desenvolvimento do

conceito de área e perímetro? (Ou seja, o grupo fez uma

programação para se orientar?)

Q12 A, D, E, F, G,

H

O grupo de professores se preocupou com múltiplas representações

mentais (visuais, concreta, verbal, simbólica etc.) ou múltiplas

estratégias matemáticas apropriadas para construção do conceito de

área e perímetro? (geométrica, álgebra, contagem, esquema, tabela,

figura etc.)

Q13 A, D, E O grupo de professores planejou conectar múltiplas representações

e/ou estratégias matemáticas para o desenvolvimento do conceito de

área e perímetro?

Q14 A, D, E O grupo de professores planejou realizar uma validação,

comparação, similaridade, generalidade e síntese da produção

intelectual dos alunos acerca da construção do conceito de área e

perímetro?

Q15 E Para além do desenvolvimento da habilidade de explicar, os alunos

também foram estimulados para a habilidade de ouvir e questionar?

Q16 A, D O grupo de professores planejou como avaliar o sucesso/fracasso

dos alunos sobre formação do conceito de área e perímetro durante

o processo de construção?

EXECUÇÃO DA AULA

Q17 A, D, F, G, H O professor averiguou a familiaridade dos alunos a problemática

Page 27: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

26

eleita pelo grupo?

Q18 C, F, G, H O professor verificou a compreensão de palavras ou expressões que

tenham sido usadas em aula e que possam ser passíveis de bloqueio

no fluxo de compreensão?

Q19 C, F, G, H O professor fez questionamentos amplos que bloqueassem a

compreensão dos alunos?

Q20 E O professor usou múltiplas representações e/ou estratégias

matemáticas para construção do conceito de área e perímetro?

Q21 A, D, E O professor fez conexões entre múltiplas representações e/ou

estratégias matemáticas para construção do conceito de área e

perímetro?

Q22 A, B, D, I O professor interpretou e valorizou a produção intelectual dos alunos

para a construção conjunta do conceito de área e perímetro?

Q23 A, D, E O professor tomou os erros e os acertos dos alunos como

oportunidade para a construção do conceito de área e perímetro?

Q24 A, D O trabalho dos alunos esteve engajado durante as conexões da ideia

matemática ou do procedimento matemático?

Q25 F, G, H A notação matemática convencional estava presente e foi usada

corretamente durante o ensino? (=, ≠, , etc.)

Q26 F, G, H Os termos matemáticos estavam presentes e foram usados

corretamente durante o ensino? (vértice, função, incógnita, variável

etc.).

Q27 A, D O professor solicitou/conduziu uma síntese das atividades visando ao

aprofundamento do conceito de área e perímetro?

Q28 D, E O professor caminhou pela sala de aula a fim de observar e ajudar os

alunos além de se assegurar do uso de representações matemáticas

para resolver a problemáticas.

Q29 E Houve uso do caderno ou algum material escrito de forma que

pudessem ser úteis aos alunos no futuro?

Q30 A O professor se esforçou/valorizou a participação e interação de todos

na construção do conceito de área e perímetro?

Q31 A O professor verificou construções diferentes efetuadas pelos alunos?

Q32 A O professor compartilhou diferentes construções efetuadas pelos

alunos?

Q33 A O professor se preocupou em avaliar a aprendizagem dos alunos

individualmente?

Q34 A O professor se preocupou em avaliar a construção do conceito de

área e perímetro ao longo das aulas? E ao final das aulas?

REFLEXÃO DA AULA

Q35 A, D, E Os alunos pensaram e resolveram as atividades, de que forma

usaram os conceitos aprendidos?

Page 28: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

27

Q36 A, D, E Ocorreram disparidades entre o planejamento e a execução? O que

pode ser mantido ou alterado para um novo planejamento?

Fonte: autoria própria.

Para verificar a adequação do instrumento em aulas do Ensino Básico

brasileiro, seguimos a categorização de Souza; Wrobel e Gaigher (2017) e

Wrobel e Souza (2018) para avaliação da aula sobre área e perímetro (Quadro

3), analisando se o evento é adequado ou inadequado, e ainda se o mesmo

está presente, não presente ou não se aplica.

Se um elemento de ensino estava presente e sua presença foi considerada

adequada, ele seria avaliado como “P-A”; se estava presente e sua presença

foi considerada inadequado, “P-I”; ao contrário, se o elemento de ensino não

estava presente e sua ausência foi considera adequada, ele seria avaliado

como “NP-A”; se elemento de ensino não estava presente e sua ausência foi

considerada inadequada, “NP-I”. E ainda para o elemento considerado não

aplicável “N-A”, pela especificidade de potencializar aprendizagens de alunos

em aulas de matemática.

Quadro 3: Categorias para avalição dos eventos no Instrumento

Evento Presente Não Presente Não Aplicável

Adequado P-A NP-A N-A

Inadequado P-I NP-I

Fonte: adaptado de Souza, Wrobel e Gaigher (2017, p. 160).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Guia Didático tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento

profissional de professores de matemática quanto à potencialidade da

aprendizagem de alunos em aulas de matemática, que disponibilize

aprendizados e um instrumento para avaliar aulas de matemática baseadas no

modelo Lesson Study e testado em aulas sobre a formação do conceito de

área e perímetro.

O instrumento proposto intenciona ampliar as possibilidades da prática docente

de matemática, oportunizando informações, reflexões e avaliação do ensino de

Page 29: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

28

matemática que promova potencializar o mesmo. Esperamos que o material

elaborado amplie o preparo de professores, muna-os de informações e

incentivem a avaliar sua própria prática docente. Oportunizando mudanças e

promovendo qualidade no ensino de matemática.

Além disso, expectamos que ao ter acesso a esse Guia Didático, professores

possam utiliza-lo para planejar, executar e avaliar aulas de matemática, mas

não somente aulas baseadas no modelo Lesson Study e sobre a formação do

conceito de área e perímetro, mas aulas de matemáticas e de diversos

conteúdos.

Page 30: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

29

REFERÊNCIAS

FERNANDEZ, C; YOSHIDA, M. Lesson Study: A Japanese Approach to Improving Mathematics Teaching and Learning. New Jersey, EUA: Autores Associados, 2004. 250 p.

FUJII, T. Implementing japanese lesson study in foreign countries: misconceptions revealed. Mathematics Teacher Education and Development, Australásia, Australia, v. 16, n. 1, p. 2-18, jun. 2014.

GAIGHER, V. R; SOUZA, M. A. V.; WROBEL, J. S. Planejamentos colaborativos e reflexivos de aulas baseadas em resolução de problemas verbais de matemática. Vidya, Santa Maria, v. 37, n. 1, p. 51-73, jan/jun. 2017.

ISODA, M.; OLFOS, R. El enfoque de Resolución de Problemas: En la enseñanza de la matemática a partir del estudio de clases. Valparaíso: Ediciones Universitarias de Valparaíso, 2009.

ISODA, M. Lesson Study: problem solving approaches in mathematics education as a Japanese Experience. Procedia-Social and Behavioral Sciences, koh Samui, Thailand, v. 8, p. 17-27, mar. 2010.

LIMA, P. F.; BELLEMAIN, P. M. B. Um Estudo da Noção de Grandeza e Implicações no Ensino Fundamental, v. 8. Natal: Editora da SBHMat, 2002.

PONTE, J. P. da; MATA-PEREIRA, J; QUARESMA, M. Ações do professor na condução de discussões matemáticas. Quadrante, Lisboa, Portugal, v. 22, n. 2, p. 55-81, out. 2013.

PONTE, J. P. da; QUARESMA, M. O papel do contexto nas tarefas matemáticas. Interacções, Lisboa, Portugal, v. 8, n. 22, p. 196-216, jan. 2012.

PONTE, J. P. da, QUARESMA, M., BRANCO, N. Práticas Profissionais dos Professores de Matemática. Avances de Investigación en Educación Matemática, Lisboa, Portugal, v. 1 p. 65-86, mar. 2012.

TAKAHASHI, A.; McDOUGAL, T. Collaborative lesson research: maximizing the impact of lesson study. ZDM, Chicago, USA, v. 48, n. 4, p. 513-526, jan. 2016.

WROBEL, J. S.; SOUZA, M. A. V. Avaliação da Qualidade de Aula Baseada na Resolução de Problema de Matemática Planejada e Executada em um Cenário de Lesson Study. In: CYRINO, M. C. de C. T. (Org.). Temáticas Emergentes de Pesquisas sobre a Formação de Professores que Ensinam Matemática: Desafios e Perspectivas. Brasília-DF: SBEM, 2018. p. 70-101.

Page 31: Instituto Federal do Espírito Santo€¦ · Branco (2012), Ponte e Quaresma (2012) e Ponte, Mata-Pereira e Quaresma (2013). Nessa pesquisa, entendemos que o termo “problematização”

30