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INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL DEPARTAMENTO DE ENSINO Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Homeopatia Área de Concentração: Farmácia MONOGRAFIA Água purificada: teste físico-químico e a viabilidade de análise em uma farmácia de pequeno porte. Cybele Patti Silveira Marluz Aurélio Domingos Sávio Miller Vaz Rio de Janeiro 2011

Instituto Hahnemanniano do Brasil - A casa da Homeopatia · da água purificada em uma farmácia homeopática de pequeno porte, considerando suas limitações e custos de forma que

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INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL

DEPARTAMENTO DE ENSINO

Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Homeopatia

Área de Concentração: Farmácia

MONOGRAFIA

Água purificada: teste físico-químico e a viabilidade de análise em uma farmácia de pequeno porte.

Cybele Patti Silveira Marluz Aurélio Domingos

Sávio Miller Vaz

Rio de Janeiro 2011

INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL

DEPARTAMENTE DE ENSINO

Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Homeopatia

Área de Concentração: Farmácia

MONOGRAFIA

Água purificada: teste físico-químico e a viabilidade de análise em uma farmácia de pequeno porte.

Cybele Patti Silveira Marluz Aurélio Domingos

Sávio Miller Vaz

Rio de Janeiro 2011

Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do certificado de conclusão do curso de Pós Graduação lato sensu em Homeopatia área Farmácia.

Silveira, Cybele Patti; Aurélio, Marluz Domingos; Vaz, Sávio Miller

Água purificada: teste físico-químico e viabilidade de análise em

uma farmácia de pequeno porte / Cybele Patti Silveira; Marluz

Domingos Aurélio; Sávio Miller Vaz. - Rio de Janeiro, RJ Instituto

Hahnemanniano do Brasil, 2011.

n° f: il. 28

Orientadora: Carmelinda Monteiro Costa Afonso

1. Água purificada 2. Controle de qualidade 3. Testes físico-químicos. I. Título

INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL

Departamento de Ensino

Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Homeopatia

Área de Concentração: Farmácia

MONOGRAFIA

Água purificada: teste físico-químico e a viabilidade de análise em uma farmácia de pequeno porte.

Cybele Patti Silveira Marluz Aurélio Domingos

Sávio Miller Vaz

MONOGRAFIA APROVADA EM: 03/12/2011

Instituto Hahnemanniano do Brasil

Carmelinda Monteiro Costa Afonso, MSc

Orieantadora/Coordenadora

AGRADECIMENTOS:

Agradecemos a Professora Carmem não somente pelo exemplo de

farmacêutica, de profissional da saúde e homeopata, mas, também por toda a

ajuda que nos deu por ter tido paciência e acreditado no nosso potencial até os

44 minutos do segundo tempo e pelo carinho.

Agradecemos também a Dimitília e Manoela que com seus

conhecimentos, presteza, carinho e paciência nos ajudaram a terminar essa

monografia.

Aos Nossos colegas da 18ª Turma de Farmácia Homeopática do Instituto

Hahnemanniano do Brasil, que se tornaram nossos amigos e que tornaram

nossos finais de semana mais proveitosos e agradáveis.

Aos Nossos Professores, que nos passaram parte de seus

conhecimentos, técnicos ou não, sobre a homeopatia, a farmácia e a vida.

Aos nossos cônjuges, filhos, pais, irmãos e amigos que não puderam

contar com a nossa presença nos finais de semana de aula, e mesmo assim

nos apoiaram e nos impulsionaram rumo ao crescimento profissional.

Agradecemos a Deus, pois sem ele nada seria possível. Ele nos colocou

no rumo certo, mesmo que às vezes não tenhamos entendido o caminho.

RESUMO

Este trabalho discute a viabilidade da realização do controle físico-químico

da água purificada em uma farmácia homeopática de pequeno porte,

considerando suas limitações e custos de forma que atenda às exigências

legais, garantindo assim um insumo inerte de qualidade para os devidos fins.

Foram descritos os tipos de água purificada, métodos de obtenção e análise.

Foram levantados valores, estes convertidos em salários mínimos atuais, dos

testes terceirizados, cotação dos reagentes para as soluções testes,

equipamentos e vidrarias, como também avaliadas as exigências quanto à

compra de alguns reagentes. A existência de um Kit de análise físico-química

para água purificada reúne características que vem de encontro à necessidade

das farmácias, não só as de pequeno porte, para a realização dos testes dentro

do próprio estabelecimento a custo baixo, com qualidade, dentro das

exigências legais e sem desperdícios de tempo e de reagentes.

Palavras-chave: água purificada; controle de qualidade.

LISTA DE ABREVIATURAS

ABFH Associação Brasileira de Farmacêuticos

Homeopatas

RDC Resolução de Diretoria Colegiada

F.H.B. Farmacopéia Homeopática Brasileira

S.M. Salário Mínimo

TOC Carbono orgânico total

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1. Tabela 1 17

2. Tabela 2 19

3. Quadro 1 17

4. Quadro 2 19

5. Quadro 3 19

LISTA DE ANEXOS

ANEXO A 24

ANEXO B 25

ANEXO C 26

ANEXO D 27

ANEXO E 28

SUMÁRIO

1.0 Introdução 10

2.0 Revisão Bibliográfica 11

2.1 Água Potável 11

2.2 Água purificada 12

2.3 Principais sistemas de purificação de água 12

2.3.1 Osmose reversa 12

2.3.2 Destilação 13

2.3.3 Troca Iônica 14

2.4 Testes físico-químicos necessários para obtenção de água

purificada

14

3.0 Metodologia 15

4.0 Resultados e discussão 16

5.0 Conclusão 20

10

1. Introdução

A água purifica utilizada em farmácias homeopáticas, é caracterizada

como um dos insumos inertes mais utilizados no preparo de medicamentos.

Esses insumos são descritos como veículos ou excipientes sem propriedades

farmacológicas ou terapêuticas, que serão incorporadas ao produto final, a fim

de obter o medicamento homeopático, para ser dispensado ao consumidor.

Serve também para ser utilizada na limpeza de vidrarias, preparo de soluções

reagentes, entre outras diversas aplicações (ABFH, 2007; BRASIL, 2007;

BRASIL, 2010; BRASIL, 2011).

A escolha de um método para purificação da água utilizada por farmácias

magistrais e homeopáticas é de extrema importância, visto que a água de

abastecimento (água potável) apresenta contaminantes orgânicos e

inorgânicos, além do custo agregado com o consumo de energia e de água

potável. Portanto, o monitoramento da água potável deve ser rotineiro, devendo

ser realizados testes físico-químicos e microbiológicos, a fim de garantir sua

qualidade. Tais análises são imprescindíveis, pois a água que será utilizada no

preparo das alcoolaturas e na manipulação das diversas formas farmacêuticas

é proveniente de água potável, tratada por um método que comprove sua

obtenção com as especificações farmacopéicas para água purificada (BRASIL,

2007; GIL, 2007).

Muitos fatores influenciam em sua qualidade, sendo o principal a

avaliação permanente do sistema purificador, que engloba procedimentos de

monitoramento, manutenção, limpeza, calibração entre outros procedimentos

(MACHADO 1992; OLIVEIRA e PELEGRINI, 2011), como orienta a norma

sanitária RDC 67/07, no capítulo especifico para obtenção de água purificada

(BRASIL, 2007).

Com a aprovação da RDC 33/2000, foi instituído um rígido controle de

qualidade nas farmácias magistrais com manipulação homeopática. Essa

norma, fixou que esses estabelecimentos implementassem o controle de

qualidade e a garantia da qualidade, exigindo pela primeira vez, que fosse

realizado o controle de qualidade da matéria-prima, incluindo também a água

purificada e potável (BRASIL, 2000). Esta resolução já foi revogada e

atualizada na RDC 67/2007. No critério da exigência de análise dos parâmetros

11

físico-químicos e microbiológicos para água purificada e potável, não houve

nenhuma mudança da primeira resolução para a atual (BRASIL, 2000; BRASIL,

2007).

Portanto, este trabalho pretende discutir a viabilidade da realização do

controle de qualidade da água purificada, considerando as limitações de uma

farmácia de pequeno porte. Não será discutido o controle microbiológico.

Como a escolha do tipo de água purificada é fator importante na

preparação de medicamentos homeopáticos, devemos aprofundar nosso

conhecimento à cerca dos métodos e aparelhos purificadores disponíveis, para

escolhermos de maneira correta, qual o método mais seguro, econômico, de

fácil manutenção e instalação, a fim de assegurar que a água purificada atenda

plenamente aos requisitos técnicos e científicos estabelecido pelo órgão

normativo competente.

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Água Potável

É o ponto de partida para qualquer mecanismo de purificação de água,

para que possa ser utilizada como insumo inerte. É obtida de mananciais e

tratada por empresas públicas ou privadas de distribuição, devendo obedecer

às especificações de potabilidade (BRASIL, 2004; BRASIL, 2010).

Seu uso não é permitido para a manipulação de produtos farmacêuticos,

sendo utilizada na formulação de soluções sanitizantes, para ser empregada na

limpeza de pisos, paredes e outras estruturas físicas da farmácia (MORENO et

al, 2011).

Para ser considerada apropriada em farmácias homeopáticas, deve

apresentar resultados dentro das especificações dos seguintes testes: pH, cor

aparente, turbidez, cloro residual livre, sólidos totais dissolvidos, contagem total

de bactérias, coliformes totais, presença de Escherichia coli e coliformes

termorresistentes (BRASIL, 2007).

As análises microbiológicas e físico-químicas da água potável devem ser

realizadas, no mínimo a cada seis meses, para monitorar e garantir sua

qualidade (BRASIL, 2007).

12

2.2 Água Purificada

Objeto principal de nossa discussão, a água purificada é definida como

aquela obtida por destilação, bi destilação, desionização, osmose reversa ou

por outro procedimento que ateste as especificações contidas na monografia.

(ANSEL et al, 2000; BRASIL, 2010; BRASIL, 2011, ABFH, 2011).

A F.H.B. 3°ed. amplia esta definição incluindo que ela deve estar livre de

substâncias dissolvidas e que geralmente é usada na preparação de

medicamentos que não exijam esterilidade e nem apirogenia (BRASIL, 2011).

Para que seja garantida a obtenção de água purificada de qualidade, a

farmácia deve realizar o monitoramento, através de controle físico-químico e

microbiológico, no mínimo mensalmente, podendo terceirizar tal procedimento,

ou realizar sua própria análise, através de funcionário devidamente qualificado

e treinado (BRASIL, 2007).

2.3 Principais Sistemas de Purificação da Água

2.3.1 Osmose Reversa

Consiste em uma bomba que exerce uma pressão sobre a água, que

passa margeando a face interna de um núcleo que contém uma membrana

semipermeável. Uma parte da água que atravessa o sistema não é filtrada,

sendo denominada de concentrado (ANSEL, et al 2000; BRASIL, 2010). A

parte purificada apresenta eficiência na remoção de material particulado,

microbiológico, orgânico, material inorgânico dissolvido, material insolúvel e na

remoção de íons (FERREIRA, 2008; BRASIL, 2010).

Alguns parâmetros são importantes para que haja a obtenção de uma

água de qualidade por osmose reversa: pressão exercida ao longo da

membrana, pH, temperatura e o tipo de polímero da membrana, são fatores

que devem ser observados (VARGAS, 2003; BRASIL, 2010).

A denominação de osmose reversa é porque nesse sistema, a água de

abastecimento parte de uma solução mais concentrada para uma menos

concentrada em relação aos solutos (impurezas) dissolvidos na água potável

ou de rede (ANSEL et al, 2000).

13

É recomendável, a instalação de um sistema preliminar de purificação,

composto de carvão ativado que irá proteger o sistema de osmose reversa,

isso por que as membranas do aparelho podem sofrer danos devido a

presença de sais de cálcio, magnésio, cloro livre, ou outros agentes oxidantes

(BRASIL, 2010; FERREIRA, ?).

2.3.2 Destilação

É um método em que a água potável fica em contato com uma caldeira,

para ser evaporada, e depois retorna ao estado líquido por condensação

(FERREIRA, ?).

O processo de destilação é o método mais utilizado e indicado para

obtenção de água purificada, embora consuma uma quantidade elevada de

água potável e energia elétrica. Para cada litro de água destilada produzida,

são gastos 15 litros de água potável para o resfriamento, e 0,7 Kw de energia

elétrica. Outra característica do destilador, é que precisa de um monitoramento

constante de funcionários para sua adequada manutenção (MACHADO, 1992;

NEVES et al, 1998; TAVARES et al, 2004).

Outro fator relevante para a obtenção de água destilada de qualidade, é

que seja descartado os 20 primeiros minutos de destilado, após o aparelho ter

ficado sem uso por um certo período de tempo, como por exemplo um final de

semana, visto que a água que fica retida no destilador propicia a proliferação

microbiológica (MACHADO, 1992).

A qualidade da água potável de alimentação do destilador deve ser

sempre monitorada, pois elevadas concentrações de silicatos é fator

determinante quando se utiliza um sistema com evaporação. O destilador

elimina quase que totalmente sólidos inorgânicos, compostos orgânicos com

ponto de ebulição superior a 100°C, bactérias e pirogênios. Porém, pode

carregar durante a evaporação impurezas orgânicas, especialmente

trihalometanos; gases dissolvidos na água, como dióxido de carbono e amônia;

e não retira íons sólidos dissolvidos (MACHADO, 1992; BRASIL, 2010;

FERREIRA, ?).

14

2.3.3 Troca Iônica (Deionização ou Desmineralização)

É um método que utiliza resinas sintéticas, fenólicas polimerizadas,

carboxílicas, aminas ou sulfonadas, não hidrossolúveis e de alto peso

molecular, por onde há a passagem da água potável por colunas trocadoras de

cátions e ânions. As resinas utilizadas nesse método, são de dois tipos: (1)

catiônicas, trocadoras de cátions ou também chamadas de ácidas; (2)

aniônicas, básicas ou trocadoras de ânions. As catiônicas retêem os cátions

(Ca++, Mg++, Na+, etc.) da água potável e liberam o íon H+ da resina. Já as

aniônicas retiram ânions (Cl-, SO4, CO3, HCO3, sílica e NO3) e liberam OH-

(ANSEL et al, 2000; FERREIRA, 2008; BRASIL, 2010).

Para que haja obtenção de água de alta pureza, os dois sistemas de

resinas devem funcionar simultaneamente e com a utilização de membranas

semipermeáveis. Deve haver também, a aplicação de um campo elétrico, para

que os íons sejam eliminados de forma contínua (BRASIL, 2010).

Esse processo elimina da água de abastecimento sais inorgânicos

dissolvidos e gases ionizados dissolvidos. Porém, não é efetivo para a

eliminação de material orgânico dissolvido, material particulado, bactérias e

pirogênios. Para a correção da pureza é necessário o uso de pré-filtros de

carvão ativado para a eliminação das partículas e lâmpada U.V. (ultravioleta)

para os microorganismos (FERREIRA, 2008; BRASIL, 2010).

2.4 Testes físico-químicos necessários para obtenção de água purificada.

I) Características físicas: teste simples e direto, que detecta visualmente

possíveis contaminantes e se a amostra é inodora (BRASIL, 2011).

II) Acidez ou alcalinidade: teste colorimétrico indicativo da faixa de acidez ou

alcalinidade que a amostra se encontra. O dióxido de carbono da atmosfera se

dissolve na água, resultando em uma amostra ácida, daí obrigatoriedade da

água purificada ser utilizada em um período de 24 horas (BRASIL, 2007;

MORENO et al, 2011).

III) Substâncias oxidáveis: indicativo de presença de matéria orgânica, podendo

ser de produtos utilizados na agricultura, como pesticidas organoclorados,

15

herbicidas e solventes halogenados ou presença de microorganismos,

formando um biofilme (MORENO et al, 2011).

IV) Condutividade da água: utilizada para a detecção da presença de íons na

água, podendo comprometer sua utilização (BRASIL, 2011).

V) Carbono orgânico total: teste de medição indireta das moléculas orgânicas

presentes na água farmacêutica medida através de carbono. As moléculas

orgânicas são intr

sistema de purificação e distribuição, crescimento de biofilme no sistema,

comprometendo a pureza da água (ANFARMAG, 2009).

VI) Amônia, cloretos e sulfato: presença de sais dissolvidos, demonstrado uma

ineficaz remoção dessas substâncias pelos sistemas de purificação de água

potável (MORENO et al, 2011).

VII) Cálcio e magnésio: ensaio mostra de forma indireta a dureza da água, que

é a denominação genérica da soma das concentrações dos íons de metais

polivalentes presentes na água, como: cálcio (Ca+2), magnésio (Mg+2),ferro

(Fe+2/Fe+3), alumínio (Al+3), manganês (Mn+2) . P “ ”

tem significado restrito, referindo-se apenas à presença dos íons Ca+2 e Mg+2.

D “ l” c p à c lc c

magnesiana. A presença além do permitido destes íons acarreta a formação de

micro crostas no sistema de purificação devido à dureza da água potável

(ANFARMAG, 2009).

VIII) Nitratos: amostra de água com nitratos acima da concentração permitida

(0,2 ppm) indica possivelmente presença de resíduo de produto de limpeza ou

contaminação microbiana (ANFARMAG, 2009).

3. Metodologia

Foram consultados valores cobrados por 3 laboratórios que realizam as

análises físico-químicas, porém, o que apresentou menor valor não foi

considerado, pois fica situado em outro estado. Então, ficou estabelecido que a

escolha do laboratório seria o que ficasse situado na região do grande Rio e

que apresentasse o valor mais acessível.

Cotação de 1 empresa fornecedora de vidrarias localizada na cidade de

São Paulo, 2 de reagentes situadas no Rio de Janeiro, e 2 de equipamentos

16

com representantes no Rio de Janeiro, para a realização dos testes, sendo a

escolha, sempre o de valor mais baixo, e exigindo o mínimo necessário para

que sejam realizados todos os testes (ANEXO B e ANEXO C).

Não foi realizada a qualificação dos fornecedores de vidrarias e

reagentes, conforme estabelece a RDC 67/2007, porém, as escolhas dos

reagentes foram feitas obedecendo ao grau de pureza (P.A.) especificado pelo

fornecedor.

A discussão baseou-se nos ensaios propostos na última e penúltima

edição da Farmacopéia Brasileira, sendo utilizado como padrão de análise de

comparação os laudos recentes de duas farmácias homeopáticas, que

terceirizam suas análises em diferentes laboratórios (ANEXO D e ANEXO E).

Os preços dos equipamentos, reagentes, vidrarias e das análises

realizadas pelos laboratórios, foram convertidos em valores de salário mínimo

(S.M.) nacional atual, parâmetro também aplicado nos cálculos dos valores de

produtos e serviços.

Equipamentos comuns a mais de um ensaio terão seu valor dividido entre

eles. São utilizados para os testes de acidez ou alcalinidade e substâncias

oxidáveis.

- pipeta automática variável de 20µl-200µl

- ponteira das pipetas

- fogareiro elétrico

Foi analisada a viabilidade na utilização de um Kit de análise físico-

química para água purificada existente no mercado, que tem como objetivo

facilitar as farmácias quanto à aquisição dos reagentes com volumes

fracionados e já diluídos para um número pré-determinado de análises,

evitando assim desperdícios e despesas com descarte.

4. Resultados e discussão

Durante os estudos para a elaboração dessa monografia, foi utilizada

como referência a Farmacopéia Homeopática Brasileira 3ª edição, que nos

ensaios de pureza para água purificada, não descreveu de forma clara, se o

teste para identificação de substâncias oxidáveis, era válido para a eliminação

do teste de carbono orgânico total (TOC), assim como se os testes de amônio,

17

cálcio e magnésio, cloretos, nitratos e sulfatos são válidos como alternativa ao

teste de condutividade.

Então, foi consultada a Farmacopéia Brasileira 5ª edição, que estabelece

que a água purificada deve ser caracterizada no mínimo, pelo ensaio de

condutividade e TOC para testes físico-químicos. Neste mesmo capítulo do

texto diz que este tema não se esgota e ele não tem o propósito de substituir

monografias, legislação ou outro documento oficial e que a maior preocupação

é quanto à obtenção e uso de uma água purificada de qualidade (BRASIL,

2010).

Porém, a ABFH lançou uma nota, afirmando que o teste de substâncias

oxidáveis, seria um método alternativo ao TOC (ABFH, 2011), e foi observado

através de relatórios de ensaio de 2 laboratórios distintos, que nenhum

apresenta o teste de TOC nos laudos (ANEXO D e ANEXO E).

Tabela 1: custos dos reagentes e aparelhos, conforme ensaios F.H.B. 3°edição

TESTES CUSTOS REAGENTES E/OU

EQUIPAMENTOS

Características físicas -

Acidez ou alcalinidade 0,192 S.M. (Reagentes + acessórios)

Carbono orgânico total 84,7 (Aparelho)

Substâncias oxidáveis 2,78 S.M. (Reagentes + acessórios)

Condutividade 3,08 S.M. (Condutivímetro de

bancada)

Amônio, cálcio e magnésio, cloretos,

nitratos e sulfatos

2,5 S.M. (Reagentes) + 2,98 S.M.

(banho Maria)

Quadro 1: custos vidrarias

TESTES CUSTOS VIDRARIAS

Características físicas, acidez ou alcalinidade,

substâncias oxidáveis e condutividade.

0,172 S.M.

18

A tabela 1 nos mostra, que o aparelho utilizado para a realização do teste

de Carbono Orgânico Total, é muito caro, e tem que ser destacado que a

manutenção que envolve sua calibração anual, através de contrato com uma

empresa especializada, está em torno de 11 salários mínimos, o que torna a

compra desse equipamento inviável e desnecessária para uma farmácia

homeopática de pequeno porte.

O teste alternativo de substâncias oxidáveis mostra-se muito viável, para

valores de reagentes e vidrarias. Observar, que esse teste utiliza chapa

aquecedora, sendo nessa monografia, substituída por um fogareiro elétrico,

que é um equipamento constituído por um sistema de resistência, que

apresenta valor mais barato e não influencia no resultado final do teste. Porém

é necessário capela de exaustão para a manipulação do ácido sulfúrico, que é

um equipamento de custo maior e responsável por elevar o valor do teste.

No quadro 1, decidiu-se agrupar os valores das vidrarias em uma única

cotação para os testes mais viáveis, visto que os valores são muito baixos.

Não foi realizada a cotação das vidrarias dos testes que podem ser

substituídos pelo condutivímetro, pois esses ensaios já se mostraram inviáveis

somente pela cotação e dificuldade de encontrar e adquirir alguns dos

reagentes necessários, e também devido à obrigatoriedade de licenças

especiais, como Polícia Federal e Ministério do Exército para aquisição de

alguns reagentes.

O somatório do valor dos reagentes necessários para a realização dos

testes de amônio, cálcio e magnésio, cloretos, sulfatos e nitratos é muito

elevado e, além disso, não foi encontrado ácido sulfúrico livre de nitrogênio

para compra, que é utilizado no teste para nitratos. Nesse mesmo teste, há a

necessidade de banho maria em temperatura controlada a 50°C, e o preço

desse aparelho é muito alto. No teste para amônio, também não foi encontrado

um padrão de água isenta de amônia.

Então, nesse caso, é mais indicada a compra de um condutivímetro, que é

o teste alternativo que substitui todos os citados no parágrafo anterior, visto

que não necessita da aquisição de reagentes, e a vidraria utilizada é de baixo

custo.

19

Tabela 2: custo anual das análises em laboratórios terceirizados

Laboratórios Custo anual em salário mínimo

Laboratório 1 (laboratório escolhido) 1,01 S.M. (Rio de Janeiro)

Laboratório 2 0,08 S.M. (Juiz de Fora)

Laboratório 3 0,138 S.M. (Rio de Janeiro)

Como pode ser observado na tabela 2, o custo anual das análises feitas

por laboratórios terceirizados não são altos, visto que o pagamento a essas

empresas é feito mensalmente, e vale ressaltar que nessa opção não há

necessidade por parte da farmácia da realização de compra de reagentes e

vidrarias.

Quadro 2: Custo total de vidrarias, condutivímetro, acessórios e reagentes necessários

para os testes de características físicas, acidez ou alcalinidade, substâncias oxidáveis e

condutividade da água.

Custo total Valor em salário mínimo = 6,0 S.M.

Observando o quadro 2, percebe-se que o custo para se equipar um

laboratório de controle de qualidade na farmácia é expressivo, visto que o valor

descrito inclui vidrarias, equipamentos que exigem gasto com calibração e

manutenção, reagentes onde há a despesa com a reposição do estoque,

preocupação com a qualificação dos fornecedores e o descarte de prováveis

resíduos.

Quadro 3: Custo do Kit em salário mínimo atual + condutividade para 24 análises

Custo do Kit Teste de análise de condutividade Total

0,48 S.M. 0,44 S.M. 0,92 S.M.

A utilização do Kit de análise físico-química para água purificada, testado

e aprovado pela ABFH e aceito pela ANVISA conforme consta nas orientações

impressas pelo fabricante, oferece o teste de acidez ou alcalinidade e

substâncias oxidáveis, ficando à cargo da farmácia terceirizar o teste da

condutividade. A decisão da comercialização destes dois testes

especificamente foi acordada entre o laboratório que se propôs a criar o Kit,

20

com orientação da ANVISA e com aval da Comissão da Farmacopéia

Homeopática Brasileira 3ª edição dando assim segurança aos usuários do Kit.

Como vantagens verifica-se a economia quanto à compra dos reagentes,

que chegam no kit já diluídos nas soluções reagentes em quantidade exata

para 24 análises, sem desperdícios, sem necessidade de descarte de resíduos

quando há sobras, da qualificação de fornecedores de reagentes químicos e de

capela exaustora necessária no momento do preparo das soluções com

reagentes tóxicos e corrosivos. Isso demonstra ser viável financeiramente e

qualitativamente (tabela 5) ainda com bula informativa do passo-a-passo, com

toda a descrição das soluções reagentes, com prazo de validade adequado ao

tempo de uso e com suporte técnico à disposição da farmácia.

5. Conclusão

Concluímos com este estudo não ser vantajoso fazer a análise da água

purificada no laboratório da farmácia de pequeno porte adquirindo os

equipamentos, reagentes e aparelhos. Economicamente sugere-se o uso do kit

de análise para água purificada, terceirizando somente o teste da

condutividade. Este procedimento atende à legislação vigente com segurança e

economia, garantindo uma água purificada de qualidade e própria para uso na

farmácia homeopática.

21

REFERÊNCIAS

ABFH. Manual de Normas Técnicas para Farmácia Homeopática: ampliação

dos aspectos técnicos e práticos das preparações homeopáticas, 4° ed.

Curitiba, 2007.

ABFH. Disponível em: www.abfh.com.br/noticias_det.php?id=89 acessado em:

29/11/2011.

ANFARMAG. Água Purificada. Disponível em:

http://www.anfarmag.org.br/documentos/Informe_tecnico_agua_purificada.pdf

acessado em: 04/12/2011.

ANSEL, H.C.; POPAVICH, N.A. e ALLEN, L.A. Formas Farmacêuticas e

Sistemas de Liberação de Fármacos, Artmed, 2000. p. 257-259.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária -

ANVISA. Resolução de Diretoria Colegiada nº 33, de 19 de abril de 2000.

Aprova o Regulamento Técnico sobre Boas Práticas de Manipulação de

Medicamentos.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria n°

518, 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades

relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e

seu padrão de potabilidade, e dá outras providências.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Resolução de

Diretoria Colegiada (RDC) 67, de 08 de outubro de 2007. Dispõe sobre as Boas

Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso

Humano em Farmácias.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Farmacopéia

Brasileira, 5° ed. Brasília 2010.

22

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopéia Homeopática

Brasileira, 3° ed. Brasília 2011.

FERREIRA, A.O. Água na Farmácia. Artigos Técnicos. Disponível em:

pt.scribd.com/doc/53587074/Água-na-Farmacia. Acesso em: 02 de novembro

de 2011.

FERREIRA, A.O. Guia Prático da Farmácia Magistral. São Paulo:

Pharmabooks, 2008. p. 83-84.

GIL, E.S. Controle Físico-Químico de Qualidade de Medicamentos, 2° ed.

São Paulo: Pharmabooks, 2007. 485pp.

MACHADO, M.J. A qualidade da água na preparação de medicamentos

homeopáticos. Revista Instituto Hahnemanniano do Brasil, v. 1, n. 1, p. 36-

38, 1992.

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23

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2003. 141 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Departamento

de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre. 2003.

24

ANEXO A – reagentes necessários conforme F.H.B. 3 °ed.

Características físicas: não necessita de reagentes

Acidez ou alcalinidade: vermelho de metila SI e azul de bromotimol SI

Substâncias oxidáveis: ácido sulfúrico M e permanganato de potássio 0,02 M

Condutividade: aparelho denominado condutivímetro

Carbono orgânico total: aparelho específico

Amônio: iodeto de potássio mercúrio alcalino SR1, solução padrão de amônio

(1ppm NH4) e água isenta de amônia

Cálcio e magnésio: tampão de cloreto de amônio pH 10,0, negro de eriocromo

T SI e edetato dissódico 0,05 M

Cloretos: ácido nítrico SR e nitrato de prata 0,1 M

Nitratos: Cloreto de potássio 10% (p/v), solução de difenilanina 0,1% (p/v),

ácido sulfúrico livre de nitrogênio, solução padrão de nitrato (2 ppm NO3) e

água livre de nitrato

Sulfatos: Ácido clorídrico 2 M e cloreto de bário 6,1% (p/v)

25

ANEXO B – produtos cotados para fazer todas as soluções reagentes e

indicadoras dos testes físico-químicos

vermelho de metila P.A. ACS 25g

hidróxido de sódio P.A. 250g

azul de bromotimol P.A. ACS 5g

ácido sulfúrico P.A. 1L

permanganato de potássio 0,02 M

iodeto de potássio P.A. 100g

iodeto de mercúrio (II) P.A. 25g

solução padrão de amônio (1ppm NH4) 500 mL

água isenta de amônia (não foi achado)

solução tampão de amônio pH 10,0 1L

preto de eriocromo T P.A. 25g

cloridrato de hidroxilamina P.A. 250g

metanol P.A. 1L

edetado dissódico 0,05 M 1L

ácido nítrico 65% P.A.

nitrato de prata P.A. 25g

solução de difenilamina 0,1% (p/v) 1L

solução padrão de nitrato (2 ppm NO3) 500 mL

ácido sulfúrico livre de nitrogênio (não foi achado)

água livre de nitrato (não foi achado)

cloreto de potássio P.A. 500g

ácido clorídrico 2 M 1L

cloreto de bário 6,1% (p/v) 1L

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ANEXO C – vidrarias e acessórios cotados

tubo de ensaio de vidro neutro 10X100 mm

beckers graduados 20ml, 100mL, 150ml

micropipeta automática volume variável 20-200 µl

ponteiras da micropipeta

provetas graduadas 5ml, 10ml, 50ml

fogareiro elétrico

banho maria

capela de exaustão

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ANEXO D – relatório de ensaio empresa 1

28

ANEXO E – relatório de ensaio empresa 2