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INSTITUTO METODISTA BENNETT SEMINÁRIO METODISTA CÉSAR DACORSO FILHO BACHAREL EM TEOLOGIA ACONSELHAMENTO PASTORAL POR OCASIÃO DA MORTE ROBSON ALEXANDRE PEREIRA RIO DE JANEIRO JULHO/1 995

INSTITUTOMETODISTA BENNETT SEMINÁRIO METODISTA … · como o "fruto" do Espírito. ... finalmente,aodesespero,vistoquevemdespida da vidae do poderdoEspírito. ... morte, até Jesus

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INSTITUTO METODISTA BENNETT

SEMINÁRIO METODISTA CÉSAR DACORSO FILHO

BACHAREL EM TEOLOGIA

ACONSELHAMENTO PASTORAL POR OCASIÃO DA MORTE

ROBSON ALEXANDRE PEREIRA

RIO DE JANEIRO

JULHO/1995

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ACONSELHAMENTO PASTORAL POROCASIÃO DA MORTE

ROBSON ALEXANDRE PEREIRA

MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTEDO CUSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA DOSEMINÁRIO METODISTA CÉSAR DACORSO FILHODO INSTITUTO METODISTA BENNETT COMOPARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIO ÀOBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREM EMTEOLOGIA.

APROVADO:

RIO DE JANEIRO – RJ – BRASILJULHO DE 1995

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PEREIRA, Robson Alexandre. Aconselha mento Pastoral por Ocasiãoda Morte. Rio de Ja ne iro, In st it uto Met odi sta Ben net t, 199 5.

1. Aconselhamento2.Psicolog ia3.Teologia

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O ministério de aconselhamento é um ministério de suma importância, tanto para a vida

da Igreja como para a vida do(a) pastor(a). Não há como fugir dessa tarefa. O aconselhamento é

parte integrante do ministério pastoral, e, ás vezes, não lhe é dado a importância que merece.

A pessoa portadora de uma doença incurável, ou um paciente terminal passa por estágios

que o pastor deve saber diferenciar e acompanhar cada um na vida do paciente. Além do

paciente, o pastor deve estar atento à família do moribundo, que também é merecedora de

atenção e cuidados pastorais.

Em ambos, é dever do pastor caminhar junto de seu povo. Ele não pode fugir disto.

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Gostaria de agradecer a Deus por ter me chamado para o ministério pastoral, e por ter me

ajudado e capacitado a alcançar esta meta.

Agradeço ao meu orientador pela paciência e disponibilidade com que sempre me atendia.

E agradeço também ao Seminário Metodista César Dacorso Filho, seus diretores e

professores, por ter sido, durante quatro anos, minha escola de profeta.

Esse trabalho é dedicado a todos aqueles que

trabalham com pessoas enfermas, pois descobri o quanto é

especial esse talento, esse ministério, esse dom.

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IN DÍ CE

INTRODUÇÃO.................…………………………………………………………07

I - O ENIGMA DA MORTEA Morte - o que é? .......................... .......................... ......................... 12Por que temos medo de morrer?............................……………………….14O morrer no antigo Israel............... .............. ........ ................................19NotasBibliográficas........................................................................................21

II - O MINISTÉRIO DE ACONSELHAMENT AOS DOENTES E ENLUTADOSO pastorcomo conselheiro....... ....... ....... ....... ..... 23Aconselhando os doentes.......................................................25Notas Bibliográficas......................................32

III - OS ESTÁGIOS DA MORTENegação e Isolamento...................................................34Ira, raiva...............................................37Barganha.................................................40Depressão.............................................................................................................................43Aceitação.........................................................................................................45Nota s Bibl iogr áfic as ..........................................................................................48

IV - OS ENLUTADOSA aflição inesperada _____________________________,_____50Cara cter ísti cas do Pesa r _____, , ______________________52O Processo do Pesar - variação de fases ou estágios 53O enlutadose adaptando____ , __________________________ 54Condiçõ es que influen ciam a intensi dade do pesar _ __5?Nota s Bibl iográfi cas ______60

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO

Através dos séculos, o pastor tem sido a principal pessoa com a

responsabilidade de tratar dos afli tos. Tradicionalmente, a responsabilidade

profissional relacionada com a morte e a separação tem sido atribuída ao pastor, ao

padre ou ao rab ino . Que r o pas tor ten ha ace ito ou não ess as

responsabilidades, quer as tenha cumprido com capacidade ou sabedoria ou tenha

até apreciado o peso das expectativas do povo, o pastor é aquele de quem o povo

espera para cuidar dos enlutados, dos alienados e dos separados.

Quando alguém ou algum membro da igreja morre, o pastor se

torna o profissional com a responsabilidade de cuidar da família aflita. Geralmente o

pastor é chamado para estar presente quando o fato é comunicado e o choque

inicial abala as pessoas. O povo espera muito do pastor; sempre esperou.

O tema "Aconselhamento Pastoral" sempre me chamou a atenção por

ser um ministério de grande responsabilidade por parte, não somente do pastor, mas da

IgrejacomoCorpo deCristo.

No decorrer dos anos, perdeu-se um pouco da prática da "clinica

pastoral", onde era da responsabilidade do pastor (e somente dele) aconselhar o seu povo.

Hoje, a Igreja tem tido uma visãomais ampla da Palavra de Deus e,COM a aberturada Igreja

Metodista aos Dons e Ministérios, aflorou o ministério de aconselhamento tambémentre

osleigos.

O aconselhamento pertence ao ministério do Espírito Santo. Não se

pode realizar aconselhamento eficaz sem ele. Cremos que, para que o aconselhamento

seja cristão é preciso ser levado a efeit o em har monia com a obr a regenerado ra

e santificante do Espírito. O Espírito Santo é chamado "Santo" por causa da Sua

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natureza e de Sua obra. Toda santidade flui de suas atividades nas vidas humanas,

todos os traços da personalidade que poderiam ser expostos, diante dos consultantes

como alvos fundamentais para o crescimento (amor, alegria, paz, bondade,

longanimidade, benignidade, fidelidade, mansidão, domínio próprio) Deus os apresenta

como o "fruto" do Espírito. Deixar de lado o Espírito Santo equivale negar a depravação

humana e a afirmar a bondade inata do ser humano. Suprime-se a necessidadeda graça

e da obra expiatória de Cristo, e eia vez disto, deixa-se para o consultante nada mais do

que uma casca de justiça legal ist a bas ead a nas obr as, o que só pod e levar,

finalmente, ao desespero, visto que vem despida da vida e do poder do Espírito.

Quando foi escolhido este tema sobre pacientes terminais e

pessoas com doenças incuráveis, verifiquei que há uma lacuna em nosso preparo neste

ministério, tanto para leigos como para clérigos. Temos visto e realizado cursos, em

nossas igrejas ou Seminários que enfatizam o aconselhassem to para jovens, para

casais, mas quase nunca vemos um curso de aconselhamento para enlutados ou

para moribundos. Isto também foi verificado em nosso currículo teológico: a

matéria de aconselhamento é dada em apenas um semestre: tempo relativamente curto

para uma matéria de suma importância, pois em todo o tempo o pastor é chamado à

aconselhar.

Algumas pessoas me perguntavam o porquê de eu estar

escrevendo uma monografia sobre aconselhamento à pessoas com doenças

incuráveis, e se eu não acreditava que Deus podia curar tais pessoas. Neste final

de século, vemos o aparecimento de doenças que são um desafio à ciência e à

medicina; doenças como a AIDS e o terrível vírus Ebola, sem levar em conta que o

câncer continua dizimando muitas vidas no mundo. Inclusive no meio evangélico,

constatamos alguns casos de AIDS e muitos casos de câncer- Em tais acontecimentos,

existem pessoas que Deus cura e outros que Deus não cura. Creio na operação curadora de

Cristo, e também em milagres. Mas esse ministério é destinado e necessário aqueles

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casos em que Deus não curou. Assim, por maispiedoso e fiel que seja o cristãoacometidode

tais enfermidades, ele teráque enfrentar a morte, e o conselheiro(a)terá queestarpreparado para

auxiliá-lo nesta jornada.

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O primeiro capitulo de nossa monografia trata da questão da

morte: o que é? Por que temos medo da morte? Vemos ainda como o AntigoIsrael

tratavadesseassunto.

O segundo capitulo vem descrevendo o ministério pastoral de

aconselhamento. Neste capituloé tratada a imagem do pastor e sua conduta em uma

visita no hospital e no lar. Para ambos os casos, o pastor deve estar preparado e

conhecer muito bem o "terreno" ondeestá pisando.

Os estágios pelos quais o moribundo passa são tratados no capitulo

terceiro. Descrevemos cada estágio e como o conselheiro(a) deve agir diante de

cada um deles, partindo do primeiro estágio que é a da negação da doença até o

último, que é o da aceitação do fato de estar morrendo. Todos esses estágios são por

demais dolorosos, tanto para o moribundo, quanto para os seus familiares. Cabe ao

conselheiro(a) ter uma personalidade formada e possuir auto controle para poder

ajudar tanto o moribundocomosuafamília.

Destinamos um capituloà parte paraos enlutados. Este ministério

de aconselhamento não se encerra na morte do doente, mas tem sua continuidade

na família do morto. A família queacompanhaos processosevolutivosde umadoença

até sua fase final, passa pelos mesmos estágios que o doente. Como no caso do

moribundo, o conselheiro (a) deve estar atento a ocorrência desses estágios na

família e acompanhar cada um com especial atenção e dedicação.

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I - O ENIGMA DA MORTE

A MORTE – O QUE É?

Ambígua é a vida. A morte não o é menos. Abraão

morreu emditosavelhice,avançadoemanos. Saul tomou daespadae se lançou sobre

ela. Seu filho Jônatas foi assassinado na flor da juventude. Judas, o traidor,

enforcou-se. Enoque foi arrebatado e não foi mais visto(1) O que é a morte?

Que é a morte, que o homem podeserresponsabilizado

por ela e que, por outro lado, nada podemos fazer senão enfrentá-la

totalmente desrelacionados, em perplexidade e impotência total? Impotência

sim, pois como se costuma dizer, a morte é o único inimigo dohomem que o mesmo

não podevencer.

Todos os seres humanos têm que enfrentá-la, passar pela

morte, até Jesus Cristo, o Verbo feito carne, teve que enfrentá-la. Exceto dois

homensque,deacordo com a Bíblia,nãoexperimentaram a morte: Enoque e Elias.

Pareceque a morte tem certa afinidade com Deus- ser misteriosa,

indefinível. Todos os homens são mortais; isso significa que ninguém domina a

morte. Não somos nós que dominamos a morte; ela é que nos domina.

A morte é uma potência histórica sem igual, A. literaturarevela

com suficiente clareza quão poderosa, é a linguagem da morte. A linguagem da

morte faz parte do seu poderio. Ela reina e determina fundamentalmente o homem

em suas relações mais humanas. Pelo simples fato de perguntarmos por ela, a

morte passa a integrara nossa vidade forma singular. E aí se revela uma relação de

existência básica entre o homem e a morte: ela é o que de mais próprio temos.

Que haja muitas incertezas em nossa vida, a morte, porém, é certa.

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Quando uma pessoa morre, cessam a respiração, a

atividade cardíaca e a pulsação.A rigidez cadavérica se instala, via de regra,de trêsa

dezhoras após ocorridaa morte.Mas, informações biológicas sobre o morrere a morte

nada mais podem explicitar senão como finda e como findou uma vida humana

sob o aspecto da corporalidade desta vida. O homem pode morrer mais cedo ou

mais tarde. Existe a morte por velhice, ou seja, como fim de uma vida humana

decorrente naturalmente do envelhecimento do corpo, as mortes por

acidentes, mortes por agentes biológicos, e a sorte prematura, quando uma

vida é interrompida antes de chegar a idade natural do envelhecimento e a

decorrente morte. A morte não é o fim de uma realidade que tenha exaurido

todas as suas possib ilidades. Ela coloca a pergunta pela discrepância entre a

realidade de uma vidavivida e as possibilidades de uma vida por viver.

PORQUETEMOS MEDO DE MORRER?

Na sociedade hodierna, vivemos naquilo que se pode chamar

de uma cultura que nega a morte. Em grande parte dos casos, lidamoscomo nosso

medo da sorte negando o próprio fato da morte. Por exemplo, os moribundos são

separados da sociedade s colocados em hospitais ou casas especializadas; os que

estão se aproximando da morte por causa da sua idade são agrupados ou

reunidosem "abrigos de velhos", longe dasoutraspessoas.

Uma vez separados, os moribundos e idosos são evitados com

facilidade. Em muitos hospitais, as pessoas que estão à morte freqüentemente são

colocadas no fim de um corredor onde "não são perturbadas" (ou não perturbam).

Não se permite que as crianças as visitem, e os membros da família e amigos só

podem vê-las durante horas restritas de visitas, que raramente são mais que duas

horas por dia. A sós a maior parte do dia e a noite inteira, o moribundo é

deixado, até que morra, em ambiente estranho, entre estranhos, sem que, de um

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modo geral, ninguém lhe explique o que lhe esta acontecendo. Os médicos não

explicam nada ao paciente e os enfermeiros são recomendados a nada dizerem aos

pacientes.

Mesmo quando a pessoa próxima da morte não está

fisicamente sozinha, é difícil que alguém esteja com ela, sentindo e compartilhando

de seus sentimentos de dor, perplexidade e ira. Quando uma pessoa está com

uma doença incurável, ou se torna um paciente terminal, sua mente e

capacidade de raciocínio pode ser afetada. Com isso, quando ela tenta

compartilhar os seus sentimentos, corre o risco de se tornar solitária, devido ao

fato de não conseguir expressar, de maneira clara, as suas aflições, rece ios e

medos. Como conseqüência, poucas pessoas se disporão a ouvi—la

realmente; número ainda menor de pessoas saberão lhe dar respostas

coerentes. Se, por outro lado, ela não compartilhar os seus sentimentos,

permanecerá emocionalmente solitária.

Como resultado dessa situação, a pessoa enferma se

sente solitária. Ela geralmente esconde os seus triunfos e derrotas com todo

o cuidado e oculta da mesma forma a maneira como compreende a sua

situação e o que sente a respeito, para não perturbar, chocar ou ser inconveniente

para os que estão ao seu redor. Ela fica esperando passivamente, deixando

que os outros cuidem e tratem dela, e não discute a situação, porque tem medo de

perder as poucas pessoas que vêm tratá-la e passar algum tempo com ela.

A morte é a separação física final, e pode ser resumida

muna palavra: solidão. Mesmo que o moribundo não fique em quarto do hospital,

ficando em sua própria casa, dormindo em seu próprio quarto e permanecendo

rodeado pela família e amigos, sabe que o fato da morte em si significa separação

das coisas, lugares e pessoas familiares, que lhe são queridas. A morte é a

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porta que levado mundo conhecido parao desconhecido.

É importantequeentendamosalgumas das razoesporque

naturalmentetemosmedo damorte.

Porque a morte corta os nossos laços com as coisas familiares.

Quando saímos de casa para viajar, mesmo que seja por curto espaço, sentimos

ao mesmo tempo a tristeza de partir e a excitação da viagem. A morte pode ser

comparada, a grosso modo, a essa viagem,sendo que nela nãohá serviço postal nem

telefone, nem oportunidade de voltar para uma visitinha. O pensamento da morte

geralmente não nos faz ansiar e desejar que ela aconteça. Pensamos em nossa

própria morte com relutância e peso no coração. Os filhos faltam crescer, falta alcançar

aquele emprego, ou seja, sempre nos faltaterminar oucomeçaralguma coisa.Se alguém nos

dissesse amanhã que nossa expectativa de vida é uma questão de meses,

certamenteafetarianossaatitudeparacoma Morte.

Porque a hora da morte é incerta. Mesmo quando sabemos,

"com certeza", que determinada pessoa está à morte, não nos é conhecido

quando ela ocorrerá. Às vezes, pessoas que dão entrada em hospitais "â beira da

morte", levam semanas ou meses até que morram; outros passam pelos hospitais

para fazerem pequenas cirurgias que não oferecem riscos e morrem por quaisquer

motivos. Em minha igreja há o caso de uma senhora, vitima de um câncer

generalizado, que há muito estamos na expectativa do seu falecimento; e já se foi

mais de um ano! A morte sobrevém às pessoas de maneiras diferentes. Ela pode

ser pacífica e agradável ou ser violenta, dolorosa e repentina. Quando comecei a

pensar sobre esta monografia,procurei conversar com outraspessoas sobre os tipos

de morte e procurei também a ler sobre isso.E ficou claro queamorte nunca aconteceda

mesma maneira. Fiquei sabendo de pessoas morrendo em verdadeiro desespero,

enfrentando a morte cora gritos horríveis: outras, tranqüilas, davam a impressão de

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estarem "pegando no sono", como o caso de uma senhora que foi enviada para sua

residência para morrer com a família. Passaram-se alguns meses sem que nada

acontecesse e houve até uma certa melhora no seu estado de saúde. Certa noite, ela

agradeceu a Deus por vir buscá-la, se despediu da enfermeira que cuidava dela,

pediu a enfermeira para se despedir de sua famíliaeadormeceu.

.-.

Algumas enfermidades incuráveis podem desfigurar

terrivelmente e causar inchaços deformantes ou feridas que escorrem e são

malcheirosas. A acuidade mental pode ser restringida ou completamente perdida. Em

suma, temos medo do que uma enfermidade incurável possa nos causar, tanto física

quanto emocionalmente, pois não sabemos se seremos capazes de suportar as

nossascondiçõesenquanto estivermos esperandoa morte.

Porque a morte é basicamente uma_desconhecida. O que

acontecedurante a morte não pode ser entendido enquanto não a experimentarmos.

Personagens bíblicos, como Lázaro, que voltou da morte através do poder curador

de Cristo, nada disseram acerca da morte. Podemos obter alguma compreensão a

respeito do mundo vindouro estudando a Bíblia, mas não podemos saber de maneira

completa o que é morrer. A morte, por definição, é irreversível. Isso faz parte do seu

mistérioe é uma fonte de nosso temor. Assim,as experiências dos que tiveram a ventura

deressuscitarenquadram-seemumacategoria separada.

O MORRERNO ANTIGO ISRAEL

Para Israel, morrer é um processo de envelhecimento. Morrer

cedo é privar-se da benção que é a vida, privar-se de gozar uma vida e vivê-la até sua

velhice; mortes prematuras ocorriam com freqüência no Antigo Israel. No Antigo

testamento, a mortalidade infantil era grande, e o orgulho do pai era criar seus filhos

até a idade adulta. Os abençoados morriam em ditosa velhice; quando a idade

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avançada chegava, era a vez da morte chegar, erao caminho perfeitamente normal.

Quando uma pessoamorria, era sepultada imediatamente. O clima seco da região

provoca a rápida decomposição, de maneira que o sepultamento deve ser feito com

urgência. São os familiares que se encarregam do sepultamento.Negar sepultamento

a alguém era considerado o pior dos males. Os Judeus eram advertidos da

possibilidade de morrerem em alto mar e ficarem sem sepultura. Os cemitérios se

localizavam fora dos povoados. Apenas as crianças e os príncipes eram sepultados na

própriacasa.

O Antigo Testamento fala que os mortos "descem à

sepultura" (3); afirma também que o morto vai a Sheol. Sheol é embaixo; desce-se

a ele para dele nunca mais voltar. O Antigo Testamento também afirma que uma

vez morto, o homem permanece o mesmo em eternidade, "enquanto existirem os

céus não acordará nem seráacordado do seusono", (4)

Jüngelafirmaque:

Entre oshebreus,o lutoé umacontecimento objetivo, ao lermos que José eseus irmãos choram a morte do pai durante sete dias, isso não significaque choraram por sete dias por não se conformarem com a morte dopai...Choro pela morte significa que a família do falecido se reuniadurante sete dias, pela manhã ou talvez ainda pela noite, parachorar, tal qual Judeus piedosos ainda o praticam hoje. Chorar,portanto, não é expressão incontida de sentimentos pessoais. O hebreuchora quando quer. E isso é costume em caso de falecimento. (5)

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NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

KOPP, Ruth - Quando alguém que você ama está morrendo. - Rio deJaneiro, Juerp, 1989, cap.l.

JUNGEL, Eberhard. Morte. São Leopoldo, Sinodal, 1977.

WOLFF , Hans Walter . Antropo logia do antigo testamen to. SãoPaulo, Loyola, 1975, p.137 -160.

ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. São Paulo,Vida Nova, 1989.

1. Gênesis 25.8; I Samuel 31.2-4; Mateus 27.5; Gênesis5.24; Lucas 2.28ss.

2. J üngel, p. 59.

3. Isaias38.18;Salmos28.1.

4. Jó14.12.

5. Jüngel,p.70.

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II – O MINISTÉRIO DE ACONSELHAMENTO AOS DOENTES E

ENLUTADOS

A Igreja Metodista assumiu a caminhada dos dons e

ministérios, que são características básicas de uma Igreja ministerial. Em dons

e ministérios, existe um ministério que cresce hoje em dia, devido aos caos

existente em nossa sociedade: o Ministério de Aconselhamento.

O ministério desenvolvido em favor dos enfermos tem um

enorme valor. A serenidade da vida é interrompida quando alguém está doente,

mesmo com uma leve enfermidade. E a situação piora quando tem que ser

hospitalizado e, ainda mais, quando tem que sofrer uma intervenção cirúrgica.

Ocorre uma ansiedade muito grande quando ocaso é de uma doença

prolongada e grave, como o câncer. A ansiedade aumenta quando uma pessoa

se torna inválida e o mundo continua a funcionar sem ela.

O fato de um membro de uma igreja encontrar-se doente

não quer dizer que ele cesse de participar do Corpo de Cristo, de ser cristão.

Precisa de compreensão, amor e apoio. A angústia orgânica emocional

freqüentemente produz enfermidade. Assim, as pessoas precisam de consolo

espiritual, quer a doença seja orgânica, quer emocional. Raramente o pastor

achará seu povo tão despido de máscara e vaidade quando numa

enfermidade. Através de conversa, encorajamento e oração, o pastor ou o

conselheiro se torna um agente do poder curativo na crise de enfermidade.

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O PASTOR COMO CONSELHEIRO

O apóstolo Paulo, em sua carta aos cristãos de Éfeso,

capítulo 4 versículos 7, 11 a 13, diz o seguinte:

Mas a cada um de nósfoi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo (...)E ele deu uns como apóstolos e outros como profetas, eoutros como evangelistas, e outros como pastores emestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos,para a obra do ministério, para edificação do corpo deCristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e dopleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado dehomem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo.

O ministério pastoral é um dom dado pelo Espírito Santo à

Igreja. E dentre as funções pastorais, o aconselhamento do seu rebanho é

uma das mais importantes. O aconselhamento pastoral é uma tarefa

intransferível e importante. Isso faz parte do trabalho do pastor e ele não pode

recusar.

Nenhum de nós é o verdadeiro conselheiro. O verdadeiro

conselheiro é o Espírito Santo. É Ele que nos ensina, nos usa e nos orienta na

hora do aconselhamento e em todos os momentos do nosso ministério. Cabe

ao pastor forjar a sua personalidade cristã e ministerial com suficiente

intensidade e profundidade para que Deus possa usá-lo nessa tarefa de dar

conselhos.

As doenças são inevitáveis e elas transtornam muito a

nossa percepção da realidade. Por isso, uma pessoa doente não deve tomar

uma decisão importante quando submetida a pressão muito forte em sua vida,

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sobretudo uma decisão que vá afetar a sua família ou seu rumo de vida.

O pastor deve ter experiências com Deus. De posse

dessas experiências, o pastor pode ajudar de modo mais eficiente aos que

precisam do seu conforto e consolo. Para que isso aconteça, é imprescindível

que tenha preestabelecido, com os membros de sua igreja, um bom

relacionamento. Deve ser uma pessoa amadurecida, com capacidade de

relacionamento profundos e duradouros, porque é muito difícil ajudar uma

pessoa de quem pouco se sabe.

O pastor é a pessoa que vem, em geral, com a Bíblia. Ele

entra na casa da família com a Bíblia na mão. No gabinete pastoral há uma

Bíblia colocada sobre a mesa. E as pessoas esperam do pastor(a) que ele

saiba relacionar o seu problema com uma promessa de Deus no contexto de

uma experiência bíblica. Saber ler o texto certo que tenha a mensagem de

Deus para a situação específica exige um conhecimento prático para que nos

tornemos eficientes em nossa tentativa de ministrar ajuda a essas pessoas.

ACONSELHANDO OS DOENTES

Quando trabalhamos com aconselhamento à doentes,

podemos observar duas coisas importantes: existem doentes que Deus cura e

existem doentes que Deus não cura. Neste ponto, salientamos uma coisa: às

vezes o conselheiro(a) ora com duas pessoas doentes e uma recebe ajuda e

cura e a outra não.

Com isso surgem algumas indagações que nos chegam

com certa freqüência: vale a pena orar? Nossa oração tem qualquer poder

para curar ou prolongar a vida? Como devemos orar? Nossa oração tem

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qualquer poder para curar ou para prolongar a vida? Como devemos orar pelos

doentes moribundos?

Um dos problemas em entendermos este maravilhoso

ministério está na concepção de alguns que um ministério eficaz deve incluir

curas milagrosas sem ou com assistência médica.

Não é do nosso interesse nos aprofundarmos nesse

assunto, mas por considerá-lo importante, resolvemos fazer algumas

observações a esse respeito.

Milagres ocorrem, pois isto é bíblico. Mas, geralmente, eles

nunca ocorrem da maneira que nós queremos. Deus criou o corpo humano

com capacidade para se recuperar de uma doença. É um processo natural,

lento, que obedece ao plano de Deus, sendo também um milagre.

Deus age da maneira que Ele quer agir e quando Ele quer.

Nossa função é acompanhar o enfermo, fortalecendo-o, encorajando-o, dando

conforto e alimentação espiritual até sua recuperação ou morte. Devemos

exercer o ministério em favor do enfermo, deixando o milagre nas mãos de

Deus. Como não é necessário que carreguemos a responsabilidade de curar,

também não temos que suportar o peso da culpa quando alguém morre. Não é

nossa responsabilidade evitar a morte.

Quando uma pessoa enferma encontra-se hospitalizada, o

paciente perde alguns itens que destacamos:

Perde espaço. Como paciente, seu mundo está reduzido a um só quarto. Seu

espaço encolhe, perde a mobilidade; quando melhora (se melhora) lhe é

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permitido locomover-se no corredor ou ir ao banheiro.

Perde o controle daqueles que invadem o seu espaço. Em sua casa tem o

privilégio de recusar a entrada de qualquer um, mas no hospital muitos tem o

direito de entrar no seu quarto e tocar no seu corpo, e ele não pode impedir.

Perde o controle sobre o seu próprio corpo. Tem que submeter ao que está

sendo feito nele. Existem remédios, agulhas, exames, de todos os tipos.

O resultado disto é que o moribundo pode sentir solidão,

isolamento, restrição, desamparo, prisão. Estes sentimentos podem estimular

outros como raiva, irritabilidade, reclamação, desconfiança.

Neste caso, em que o moribundo encontra-se

hospitalizado, o aconselhamento é feito no próprio hospital. Entrar em um

hospital é entrar num ambiente muito especial, em que a vida está correndo

risco. Os médicos não querem que seus pacientes sejam postos em perigo e

os trazem sob total controle. Por isso, existem horários programados pela

visitas visando exatamente o conforto dos pacientes.

Quando o paciente corre risco de vida, uma assistência

religiosa passa a ser um direito inviolável que ultrapassa o poder do médico.

Neste caso, o pastor ou o leigo deve ter a permissão para a visita e, acima de

tudo, saber fazer o trabalho. Temendo erros em casos assim, alguns hospitais

só permite a entrada de pessoas com curso de capelania. E eles têm razão. Se

um paciente terminal recebe visitantes para uma reunião de oração emocional,

poderá partir para a eternidade antes de encontrar o caminho para o céu. Por

isso, é necessário ao conselheiro um treinamento adequado para realizar esse

tipo de trabalho.

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Se o moribundo encontra-se em sua casa, temos uma

certa facilidade em falar-lhe. Mas não devemos nos esquecer que, apesar de

estar em casa, ele ainda está doente e necessita dos mesmos cuidados, como

num hospital. Devemos escolher muito bem o horário da visita, a fim de não

trazer-lhe desconforto. Deve-se ter também a permissão da família para se

fazer o aconselhamento.

O pastor Damy Ferreira em seu livro Evangelismo Total nos

apresenta algumas recomendações importantes para se fazer um bom

trabalho com doentes. Essas recomendações devem ser usadas no caso de o

moribundo estar consciente.

1. Chegue sorrindo perto do paciente – sorriso de otimismo e esperança, e não

com semblante de condolências.

2. Nunca se emocione ou chore perto do paciente. Isso provocará emoção nele

também, oque pode lhe ser prejudicial.

3. Não prometa cura ao paciente ao orar por ele. Mostre-lhe que Deus tem um

plano para cada vida e o melhor que fazemos é esperar em Deus.

4. Nunca faça um sermão como se estivesse no púlpito de uma igreja. O

paciente não suporta oratória emocionante.

5. Tenha cuidado com as ilustrações que usar. Não conte experiências de

outros doentes. Aliás, não se deve falar de doenças. Crie um ambiente

diferente para o paciente sentir-se bem.

6. Não mande o paciente orar. Você é que deve orar por ele. A menos que Ele

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sinta este desejo e mostre que está em condições de fazê-lo. Mas pode ser

que ele de desespere durante a oração.

7. Não fale de inferno. Fale sempre de salvação. Evite falar de morte, mesmo

que seja para ir para o céu. Fale bastante de confiança, esperança, alegria,

paz. Fale do Bom Pastor. Procure tirar a mente do paciente da doença e

colocá-la em lugares diferentes.

8. Use tom firme e manso de voz na oração e no falar. A voz tem poderes

maravilhosos.

9. Não beije o paciente, mesmo que seja uma criança. O seu carinho deve ser

manifestado no semblante. (1)

Se o moribundo estiver inconsciente ou em coma, e você

tiver acesso a ele, recite textos escolhidos da Palavra de Deus bem ao seu

ouvido, sem comentários. Por exemplo, João 3.16, Romanos 5.8, Salmos 23 e

outros. Procure recitar os textos de cor.

Além do treinamento adequado, o(a) conselheiro(a)

cristão(ã) deve se preparar em oração e leitura da Bíblia, deixando sua mente

e espírito preparados para o mover do maior conselheiro que existe, o Espírito

Santo. Através de uma vida de oração, nos tornamos um potencial maravilhoso

nas mãos de Deus para tratarmos com os doentes e moribundos.

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NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, Damy. Evangelismo Total. Rio de Janeiro, Huerp, 1990, p.159-160.

FABER, Heije. SCHOOT, Ebel van der. A prática da conversação pastoral.São Leopoldo, Sinodal, 1985.

COLÉGIO EPISCOPAL. Igreja ministerial desafios e oportunidades. SãoPaulo, Imprensa Metodista, 1991.

YOUG, Jack. Cuidados pastorais em horas de crise. Rio de Janeiro, Juero,1988, 2ª. edição.

SISEMORE, John T. O ministério de visitação. Rio de Janeiro, Juerp, 1987,3ª. edição.

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III – OS ESTÁGIOS DA MORTE

Não Acredito! Quando uma pessoa fica sabendo que tem

uma enfermidade fatal, essa é sua típica reação inicial. A mesma reação de

incredulidade ocorre por parte dos amigos íntimos e dos membros da família da

pessoa cujo diagnóstico demonstrou ser portadora de uma doença incurável.

Nesta parte da monografia, estaremos abordando os cinco

estágios que uma pessoa portadora de uma doença fatal atravessa, em sua

luta contra a doença e contra a morte. São os estágios: 1) negação e

isolamento; 2) raiva; 3) barganha; 4) depressão e 5) aceitação.

NEGAÇÃO E ISOLAMENTO

A negação de um fato real é uma válvula de escape que

nos ajuda a nos ajustarmos a situações altamente emocionais, dando-nos

tempo para reunir as nossas forças de forma que possamos enfrentar essas

situações. Inicialmente, a negação é demonstrada por declarações como: “Não

pode ser verdade.”; “Tudo parece um sonho”.; “Isso não pode estar

acontecendo de verdade”.

O uso mais constante do recurso da negação é em relação

à morte. Manifestamos a tendência de encararmos a morte da mesma forma

como fazemos com outras coisas sobre que não temos domínio, negando a

sua realidade e concentrando-nos na idéia de permanecermos jovens e

saudáveis.

Essa negação serve como um pára-choque e válvula de

escape que amortece o impacto de um trauma emocional súbito. Ela é usada

por quase todos os pacientes, não somente na primeira confrontação com a

realidade, mas em todo o processo inteiro de morrer. O paciente precisa negar

para suportar a realidade dura de sua própria morte.

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A negação pode provocar, também, uma cegueira para

com os sintomas da doença e seu significado. Algumas vezes essa cegueira é

diretamente proporcional ao coeficiente de conhecimento que a pessoa tem do

significado dos sintomas. Ocasionalmente, essa cegueira acontece quando

uma pessoa sente os sintomas de uma doença que ela conhece: câncer,

esclerose múltipla, cardiopatia, etc. Podemos comparar isso com a avestruz

que enterra a cabeça na areia para não ver:a pessoa nota minuciosamente os

sintomas que experimenta mas prefere “esperar que eles desapareçam por si

mesmos”.

A Dra. Elisabeth Kubler Ross, a respeito do estágio da

negação diz que “em suma a primeira reação do paciente pode ser um estado

temporário de choque do qual se recupera gradualmente. Quando termina a

sensação inicial de torpor, ele se recompõe, vem esta reação que é comum:

“Não pode ser comigo”. Como somos todos imortais em nosso inconsciente, é

quase inconcebível reconhecermos que também temos que enfrentar a morte.

Dependendo de como se diz ao paciente, do tempo de que dispõe para se

conscientizar gradualmente do inevitável desfecho e de como se preparou

durante a vida para lutar em situações de sucesso, aos poucos eles se

desprenderá de sua negação.”1

O pastor, ou o conselheiro, deve saber tudo que lhe for

possível sobre a situação da saúde do paciente, sendo informado pelo médico,

parentes ou pelo próprio paciente. Não é responsabilidade do conselheiro

descrever para o paciente a natureza da doença, nem mesmo a situação

precária de sua saúde; cabe ao médico esta parte. Por outro lado, o

conselheiro pode participar juntamente com o medico, sendo que o medico

cuida do lado físico e o pastor do lado espiritual e emocional.

O conselheiro deve entender que a negação é normal e

essencial para o paciente suportar a dura notícia. É um mecanismo de defesa.

Alguns pacientes nunca param de negar a sua doença e outros voltam a negar

quando a realidade é pesada demais para eles a suportarem, apesar do fato de

já terem progredido a outros estágios.

É cruel o conselheiro insistir que a situação do paciente é

1 KUBLER-ROSS, Elizabeth. Sobre a morte e o morrer. São Paulo, Martins Fontes, 1981, p.52-53.

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mortal se o paciente está negando a realidade. O conselheiro deve entender

que a negação é necessária para muitos, especialmente no inicio. Deve

acompanhar com simpatia esta negação, mas ficar atendo às indicações de

que o paciente está começando a aceitar a possibilidade da verdade. Ele pode

começar a expressar raiva ou tristeza, especialmente com seu pastor.

IRA – RAIVA

A raiva desempenha um papel importante no curso de uma

enfermidade incurável. A despeito das opiniões em contrário, a raiva não é

automaticamente ou necessariamente um pecado. Ela apenas acontece.

Algumas vezes é apropriada e adequadamente expressa. Por exemplo, a raiva

pode resultar em grande benefício pessoal quando a expressamos

abertamente a Deus e permitimos que ela reaja a ela. Nessa situação podemos

nos encontrar face a face com ele de maneira nova e maravilhosa.

A Dra. Ruth Kopp diz que “é importante reconhecermos a

ira – em nós mesmos, em nossos entes queridos – se quisermos enfrentar a

morte de maneira inteligente e não agir e reagir de maneira desorganizada. As

pessoas que não demonstram nenhuma evidência de ira tendem a deixar-me

preocupada. Tenho aprendido que a ausência de ira freqüentemente indica

uma falta de verdadeira aceitação do diagnostico falta em um nível intimamente

pessoal ou um bloqueio, no individuo, entre a sua mente e os seus

sentimentos. 2

Não existe resposta simples para a ira, da mesma forma

como a compreensão e a aceitação de circunstancias difíceis não ocorrem

facilmente à maioria de nós.

Quando nos sentimos indefesos e vulneráveis, é fácil

recalcitrarmos contra a situação, culpando outros por ela. As pessoas que

estão mais perto (e que geralmente nos são mais queridos) geralmente tem de

suportar a parte mais difícil da ira e da culpa. Assim, o marido ou a esposa, os

amigos íntimos, os familiares e o pessoal do hospital (se o doente estiver

hospitalizado) precisam enfrentar um bom quinhão dessa ira.

2 KOPP, Ruth. Quando alguém que você ama está morrendo. Rio de Janeiro, Juerp, 1989, p.178.

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Em toda a Bíblia lemos que Deus é onipotente,

compassivo, amoroso, o autor de todas as coisas e a fonte de todo

conhecimento. Existem passagens bíblicas que indicam que ele se preocupa

pessoalmente com cada um de nós. Não obstante, o doente pensa que “parece

que Deus não fez nada para impedir a minha enfermidade nem interveio em

meu favor”; ‘Deus diz que não comete erros, mas mesmo assim permitiu essa

enfermidade”. Assim, facilmente Deus se tornar o objeto de ira de uma pessoa

moribunda. Uma pessoa que possui essa ira para com Deus é que pergunta-se

a Deus o porquê dessa enfermidade mas não se dá tempo para a resposta.

Alguns demonstram sua raiva ao conselheiro com

dificuldade porque freqüentemente disseminamos a idéia de que um bom

crente não expressa raiva. E se ele está sentindo raiva de Deus está traindo

nossa fé e revelando ingratidão ao Pai Celestial.

O conselheiro deve criar um ambiente em que é aceitável sentir raiva até

contra o próprio Deus. Deus entende e ama o paciente muito mais do que o

pastor e a família do doente. Todos devem aceitar sua frustração, desanimo e

raiva, ajudando-o a desabafar, até a expressar coisas ilógicas e absurdas. O

conselheiro deve aceitar cada sentimento do paciente com entendimento e

amor.

Existem algumas diretrizes importantes que nos ajudam, como

conselheiros cristãos, a lidarmos com a raiva.

1) Procure lembrar a causa da ira: a frustração, o desespero e a desesperança

da pessoa irada. Mesmo que você se torne o alvo da ira do paciente, não a

assuma pessoalmente. Reaja ao sentimento expresso pela pessoa irada, não à

sua acusação específica.

2) É melhor não responder dizendo: “Eu compreendo”. Substitua esta frase por

uma declaração como: “Posso imaginar como isso faz com que você sinta-se

irado.”

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3) Procure evitar declarações de julgamento. Lembre-se que a pessoa irada

provavelmente sabe que está agindo de maneira abominável. Censurando-a

por seu comportamento, você fará com que ela sinta-se ainda mais culpada e

deprimida.

4) Faça com que seja criado ambiente propício para que a pessoa converse

acerca de sua ira e frustração. Mostre com a sua atitude que está tudo bem se

a pessoa desenganada manifestar a sua ira e que você está disposto a ouvir as

suas expressões de frustração e raiva.

5) Não espere demais de si mesmo. Lembre-se que você tem sentimentos com

que tem de se haver, e por vezes descobrirá que é impossível ficar perto da

pessoa irada. Em tal circunstancia, está certo encontrar uma explicação para

ausentar-se. Assuma a responsabilidade pelos seus sentimentos. Se você

precisa ausentar-se, planeje voltar no futuro para saber se a situação melhorou

e ficou mais fácil você ajudar o paciente.

6) lembre-se do desespero e do sentimento de inutilidade que acompanham a

ira. Procure formas de dizer: “Assim mesmo você é uma pessoa importante”.

BARGANHA

O terceiro estágio, o da barganha, é o menos conhecido, mas igualmente útilao paciente, embora um tempo mais curto. Se, no primeiro estágio, nãoconseguimos enfrentar os tristes acontecimentos e nos revoltamos contra Deus eas pessoas, talvez possamos ser bem-sucedidos na segunda fase, entrando emalgum tipo de acordo que adie o desfecho inevitável: “Se Deus decidiu levar-medeste mundo e não atende a meus apelas cheios de ira, talvez seja maiscondescendente se eu apelar com calma.”3

A barganha ou trato consiste de várias partes. Em primeiro lugar vem

um limite de tempo específico, geralmente relacionado com um evento

especial. Segundo, a pessoa que está fazendo a barganha promete

implicitamente não pedir nada mais, se aquele pedido único lhe for atendido.

Terceiro, o individuo faz uma promessa, declarada ou não, de bom

comportamento em troca do período de vida que pediu.

3 KUBLER-ROSS, p.91.

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Embora haja diferença entre barganha e negação, ambas tem

função similar. O individuo que barganha está um passo mais perto de

enfrentar sua mortalidade. De fato, ele está pronto e disposto a enfrentar a

morte em um ponto definido no futuro se lhe for dado tão-somente um “prêmio

por conduta”, uma garantia de tempo extra.

A pessoa que propõe uma barganha tende a sentir-se mais

tranqüila e mais relaxada. Ela dorme melhor á noite e gasta menos energia em

tensão nervosa. Os seus músculos ficam menos tensos, de forma que a dor

que pode estar experimentando é diminuída. Ela não tem o estímulo da

ansiedade para produzir ácido extra em seu estomago ou intestino, e há

diminuição de náuseas, vômitos e diarréia que, em várias doenças, ocorre. O

alívio da ansiedade promove boa nutrição e descanso adequado, torna os

tratamentos radiológicos e quimioterápicos mais toleráveis e faz diminuir a

quantidade de medicação necessária para controlar os sintomas associados

com a enfermidade ou a terapia. Além disso, as pessoas que estão em paz

consigo mesmas parecem curar-se mais depressa do que as que estão sob

tensão.

A maioria das barganhas são feitas com Deus, independente se o

moribundo é cristão ou não, e confessadas ao conselheiro ou pastor. Essas

promessas não devem ser tratadas levemente com se fossem uma fase, mas

como uma declaração de necessidade na vida do paciente. Ele quer corrigir

alguns erros da vida, sentindo a culpa deles. Assim, a chave para entender

quais são os erros está na natureza da promessa. “Se Deus me der mais

tempo vou me dedicar á Igreja”; “Vou me dedicar mais à minha esposa”. O

conselheiro deve estar pronto a ouvir estas confissões e ajudar o moribundo a

receber a remissão e perdão de Deus e reconciliação com seus queridos,

amigos e até inimigos. Tudo isso tem grande valor no preparo para a morte. É

um bom tempo para familiares e outros reconciliarem-se entre si e com o

moribundo.

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DEPRESSÃO

Neste estágio, o paciente não pode mais esconder sua

deterioração física e nem negá-la. Sua negação, revolta e ira cedem lugar a um

sentimento de grande perda; ele entra em depressão.

Há dois tipos de depressão. Um pode ser classificado como

uma depressão ativa. Neste, o paciente está enfrentando elevados gastos

financeiros, pode ocorrer a perda do emprego pelo excesso e faltas, a

indaptação a um novo estilo de vida dentro da família, com forçada mudança

do costumeiro comportamento do paciente, que o deixa humilhado.

O segundo tipo de depressão, ao invés de se dar com

perdas passadas, leva em conta perdas iminentes. O paciente está prestes a

perder tudo e todos a quem ama. Este segundo tipo de depressão geralmente

é silencioso, em contraposição ao primeiro, que requer muita conversa. É esta

hora em que o paciente começa a se ocupar com coisas que estão à sua frente

e não com as que ficaram para trás.

O que mais magoa o paciente é a perda da esperança. É

importante notar que freqüentemente o preparo pessoal do paciente para

morrer entra em conflito com os esforços dos seus parentes e dos médicos

para ele sobreviver. Este conflito cria no paciente maior pesar e maior

perturbação.

O conselheiro deve estar vigilante aos dois tipos e tentar

distinguir a diferença. Para cada um a reanção do conselheiro será

completamente diferente. Ele e a igreja podem sustentar o paciente nas suas

preocupações com sua família, finanças, etc. Mas quanto este moribundo olha

para o futuro, pode experimentar um sentimento de perda muito grande. Uma

grande tristeza pode dominá-lo e nem mesmo as promessas de Deus

conseguirão ajudá-lo no momento. Ele entrou no processo de deixar esta vida

e pode sentir dor.

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Além de escutar as expressões de tristeza, o conselheiro

pode ajudar o paciente especialmente com suas orações e leituras bíblicas.

Justamente com a leitura da Bíblia pode surgir uma esperança mais profunda

do que a de sobreviver neste corpo terrestre.

O tempo de depressão é o tempo em que o paciente está

dando uma meia-volta. Em vez de lutar para viver, ele está começando a se

preparar para morrer. E este tempo pode ser pior para a família, pois ele vê o

seu ente querido desistindo de lutar pela vida. É bom para o paciente e ruim

para a família.

Frequentemente, o conselheiro é a chave para a

reconciliação, para ambos os lados aceitarem a realidade. O ministério dele é

importantíssimo nesta ocasião. O conselheiro não deve evitar esse ministério

pelo fato de designar-lhe muita responsabilidade.

ACEITAÇÃO

Se entrarmos em um quarto de hospital ondfe alguém

“espera” a morte, não encontraremos uma televisão ligada, ou rádio ligado ou

membros da família conversando animadamente. Não. Encontraremos esse

quarto em silêncio. Havendo membros da família, eles estarão conversando

baixinho. O paciente, geralmente, está “descansando”, muitas vezes com os

olhos fechados. Não está mais interessado nas notícias nacionais, locais e tudo

indica ter mais a energia ou a inclinação para recordar o passado. Em sentido

muito real, ele completou a sua preparação e agora está esperando o

inevitável.

O estágio de aceitação é o único estágio que não ocorrer a

rejeição. É o único estado contínuo em que a pessoa aceita completamente a

natureza de sua moléstia e a inevitabilidade da morte.

A Dra. Kubler-Ross diz o seguinte: “Não se confunda

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aceitação com um estágio de felicidade. É quase uma fuga de sentimentos(...)

É também o período em que a família geralmente carece de ajuda,

compreensão e apoio, mas do que o próprio paciente (...) O paciente deseja

que o deixem só, ou, pelo menos, que não o perturbem com notícias e

problemas do mundo exterior(...). Geralmente, pede que seja limitado o número

de pessoas e prefere visitas curtas(...) Nossas conversas, então, passam de

verbais e não-verbais.” 4

Para o paciente que sabe ou suspeita que tem uma doença

fatal, o serviço do pastor ou conselheiro será compreender o que pode

acontecer no processo de adaptação e acompanhá-lo de um estágio para o

outro, até que esteja totalmente preparado e pronto para morrer. Mesmo um

cristão fiel e piedoso necessita de um conselheiro pastoral esclarecido para

acompanhá-lo nessa experiência dolorosa.

Neste estágio de aceitação, as visitas tem que ser

limitadas, mas o moribundo não deve ser abandonado, especialmente pela

família. Morrer é uma experiência muito solitária, e o moribundo precisa de sua

gente acompanhando-o até a porta, atrás da qual Jesus o espera para recebê-

lo e levá-lo à morada que Ele prometeu.

4 Idem, p.120.

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IV – OS ENLUTADOS

É possível também que os enlutados do moribundo passem

pelos mesmos estágios de negação, raiva, barganha com Deus, depressão e

aceitação. Neste ponto, o aconselhamento pastoral juntop à família é

necessário e valioso.

Neste capítulo, trataremos dos enlutados. A dor da morte é

grande para quem vai, mas às vezes, pode ser muito maior para quem fica,

para quem tem que continuar vivendo depois da morte do seu ente querido ou

amigo.

Por achar um material completo neste tópico, transcrevo

um item do Livro “Cuidados Pastorais em Horas de Crise”, do PR. Jack Young,

que trata especificamente dos enlutados.

A AFLIÇÃO INESPERADA

“No Hospital Bom Samaritano de Phoenix, Arizona,

Estados Unidos, há uma parte reservada às urgências chamada Centro de

Emergência. Este Centro contém um salão especial para casos de trauma. Os

paciente chegam de ambulância ou helicóptero. Há uma equipe especial vinte

e quatro horas por dia pronta para tentar salvar a vida de uma vitima de

acidente ou outro trauma. Alguns já chegam mortos.

Eu, como capelão de plantão, várias vezes encontrava-me

conversando com familiares quando o médico chegava com a notícia:

“Lamento profundamente. Fizemos todo o possível para ajudar, mas não

conseguimos. Ele acabou de morrer”.

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Com uma fala dessas, alguém está recebendo a pior

notícia do mundo: aviso de morte inesperada. Não existe tempo para pensar,

nem para fazer qualquer preparo. Tal choque toca a totalidade do ser humano

emocional, mental e fisicamente.

O Hospital Bom Samaritano possui uma sala chamada Sala

de Gritar., um lugar reservado em que as pessoas recebem a noticia da morte

inesperada. É uma sala onde as pessoas da família e amigos se expressam

fora da vista dos que estão na sala de espera ou em outros departamentos. Ou

vi pessoas gritando, desmaiando, expressando raiva, chorando profundamente

e usando palavrões. Outros entrem num tipo de choque, ficando parados e

olhando fixamente. Ninguém sabe como uma pessoa reagirá naquela ocasião.

Tudo depende do relacionamento dos enlutados com o falecido, dos costumes

e familiares e da qualidade da fé.

Nessas ocasiões, é possível que um membro qualquer da

família seja tomado de pânico. Quando tal fato acontece, é muito importante

separá-lo dos outros, senão a família inteira entrará em pânico.

Via de regra, a reação dos parentes ao receber a notícia é

de incredulidade. ‘Não acredito! Hoje de manhã ele me beijou quando saiu para

o trabalho. Mostrava-se com boa saúde. Agora está morto. Não acredito! Como

pode ser?’

Também é comum algum familiar, depois do choque ou

pânico, sentir entorpecimento como se estivesse anestesiado. Exclama não

poder sentir nada. Experimenta dormência nos membros, e em conseqüência

disso, procura massagear as mãos, os braços, as pernas e o tronco.

Depois do choque inicial, o processo de adaptação entra

em vigor.

CARACTERÍSTICAS DO PESAR

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O pesar traz uma séria de distúrbios somáticos, tais como

aperto na garganta, estrangulamento e falta de ar, a necessidade de suspirar

ou gemer, sensação de vazio no estômago, falta de força nos músculos,

calafrios, tremores e desconforto subjetivo intenso, descritos como tensão,

solidão ou dor mental.

As coisas parecem pesadas demais, a comida tem o gosto

de areia, a saliva não corre, o que está acontecendo não parece real, as

respostas sensoriais parecem ser desorganizadas e incertas, e é possível que

haja medo de perder a sanidade.

Além disso, a pessoa pode estar irritada, possuir

sentimentos de hostilidade que a preocupam, o desejo de falar bastante sobre

a pessoa, e uma inquietação que parece mantê-la cumprindo as atividades da

vida sem gosto ou sentido. A pessoa deixa a impressão de que perdeu a

capacidade de iniciar atividades, tem pouca habilidade de organizar as coisas,

e leva três vezes mais tempo para fazer alguma coisa do que era normal na

sua vida antes da perda.

O PROCESSO DE PESAR – VARIAÇÃO DE FASES OU ESTÁGIOS

O pesar deve ser compreendido como um processo e não

como um estado de ser. A idéia de “processo” exprime uma condição dinâmica

que flui de um “estágio” para outro, muitas vezes avançando e recuando,

porém mudando de estágios até que uma resolução e um ajustamento à vida

sejam completos.

Embora o processo do pesar seja entendido como uma

progressão do primeiro estágio ao ultimo, qualquer etapa pode aparecer em

determinado momento, uma pode ser omitida temporariamente ou repetida

várias vezes, e um apode fixar-se em algum estágio específico. Quando se xiz

que um indivíduo tem uma resposta anormal ao pesar, significa que não

passou satisfatoriamente pelos estágios.

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A literatura referente aos moribundos e ao pesar reflete

uma variação de estágios e a ordem em que tem a tendência mais comum de

aparecer. O processo seguinte procura refletir os comportamentos mais

observados. O ponto principal que deve ser lembrado é que comportamentos

normais, são os que se pode esperar, variarão de intensidade, e são afinal

salutares para a pessoa que passa pelo pesar. Se for entendido este fato, a

tarefa do ajudador será mais cômoda e o seu ministério será mais redentor

para aqueles que estão experimentando o pesar.

1. O golpe terrível da perda em sim;

2. O efeito estupefante do golpe;

3. Expressões emocionais;

4. Sintomas de aflição física;

5. Falta de capacidade para se concentrar em outra coisa senão

na perda;

6. A luta entre a fantasia e a realidade;

7. Sentimento de depressão e trevas;

8. Sentimento de culpa;

9. Sentimento de hostilidade;

10.Falta de vontade de participar dos padrões costumeiros de

comportamento;

11.Reconhecimetno gradativo de que a retratação da vida não é

realista;

12.Reajustamento à realidade.

O ENLUTADO SE ADAPTANDO

O conselheiro deve entender as experiências através das

quais o enlutado passa no processo de se adaptar. Focalizaremos algumas:

LÁGRIMAS

A resposta fisiológica do corpo inteiro à experiência da

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perda é manifesta em derramamento de lágrimas. É normal e necessário

expressar nossa tristeza, chorando.

De vez em quando há alguém que não chora, que parece

forte e capaz de suportar a tristeza, até dando uma força para os outros “mais

fracos”. Até a religião está mencionada como aquela força que dá a capacidade

de suportar a dor e o pesar estoicamente, sem expressar emoção.”Que fé

ele/ela tem! Não chorou!”

Na realidade, o conselheiro deve ficar preocupado com

aquele que não chora, em vez de elogiá-lo. É normal derramar lágrimas. Ser

crente. Não quer dizer deixar de ser humano. O conselheiro pode e deve

encorajar o enlutado a chorar, expressando livremente sua dor. Se a tristeza

ficar presa por dentro, o enlutado poderá sofrer problema mais tarde, incluindo

sintomas psicossomáticos.

FORMAÇÃO DE FANTASIAS

É normal para o enlutado achar que o falecido ainda está

vivo, que pode ouvi-lo, pode sentir sua presença, esperar sua chegada em

casa, encontrá-lo em casa esperando o jantar e até por na mesma o seu prato.

O costume não cessa incessantemente. Por outro lado, alguém que continua

nessa fantasia não está aceitando a realidade da morte. O conselheiro, nas

suas visitas, deve detectar este problema e ajudar, suavemente, o enlutado a

se adaptar à realidade. A vida tem que continuar sem ele/ela.

SONHOS

Uma maneira de o enlutado se adaptar está no nível dos sonhos.

Sonhos são expressões do subconsciente entrando no processo de adaptação.

Em sonhos, a realidade da morte e o desejo de que o falecido continue vivo se

reconciliam.

MEMÓRIA SELETIVA

Essa experiência começa depois das lágrimas e do desespero. A

tendência é de dormir muito. A vida diária começa a voltar ao normal. Ter

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menos preocupações com o passado e mais capacidade de concentrar-se no

presente com a renovada intenção de fazer decisões. (Decisões maiores

devem ser feitas depois de voltar à racionalidade.)

Mas essa volta à normalidade é interrompida de vez em

quando por lembranças que surgem, estimuladas por algum fator fortuito.

Essas lembranças causam dores, outra vez, por um pouco de tempo.

UMA NOVA RAZÃO DE SER

Finalmente, a pessoa que perde um ente querido tem que

começar de novo sua vida, com novos alvos e propósitos, com uma nova razão

de viver independente do falecido.

CONDIÇÕES QUE INFLUENCIAM A INTENSIDADE DO PESAR

A duração do relacionamento. As experiências da vida

acumulam-se na memória. Quanto mais tempo durou o relacionamento, mais

memórias o enlutado terá e maior será a sua perda. Ele terá de tratar essas

reminiscências como parte do processo de reajustamento.

A qualidade do relacionamento. Alguns tem entre si um

relacionamento tão frágil e superficial que, em certas circunstâncias, a morte é

um alivio da responsabilidade. O que importa não é a duração do

relacionamento, mas sua qualidade. Sempre é bom o pastor saber alguma

coisa sobre esse relacionamento e tratar os desolados à luz dessa

compreensão.

A morte é esperada ou não. É mais fácil aceitar a morte de

um velho já realizado na vida, do que de um jovem com grandes esperanças

pela frente.

A natureza da morte. A morte que destrói ou mutila o corpo

(como um desastre) é mais difícil de se aceitar. O suicídio complica os

problemas, especialmente os sentimentos de culpa por parte dos parentes e

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dos amigos. (1)

Existem alguns recursos de que o conselheiro pastoral

pode lançar mão, visando dar início ao trabalho de aconselhamento à família

enlutada. O Pr. Jack Young diz o seguinte:

“A presença amorosa e prestativa do pastor e de outros

membros da igreja é uma ajuda inestimável à família enlutada. Após o choque

inicial da perda, é preciso que alguém tome as providências sobre o

sepultamento. Alguém da família geralmente faz isso, mas o pastor pode

assessorar e orientar o processo. É importante verificar as condições

financeiras da família. Algumas igrejas têm uma verba de auxílio para o funeral

ou emprestam a quantia necessária. Cada caso é diferente.” (2)

Ainda nos baseando no Pr. Young, percebemos que “o pastor tem

trabalho para depois do sepultamento. Após o funeral, o povo começa a voltar

para as suas atividades normais, exceto a família. Então a família pode sentir-

se faminta de apoio emocional, que é tão importante nessa ocasião. O pastor

tem a responsabilidade de atende-la nessa necessidade. Este pode ser seu

trabalho mais importante. O pastor pode visitar, telefonar ou escrever em

intervalos regulares. Estas atividades devem ser individualizadas (...). A tarefa

pastoral é ajudar o enlutado a crescer e se desenvolver através desse trauma,

é ajudá-lo a viver de novo. Em outras palavras, a atuação pastoral não evita o

sofrimento, mas ajuda a passar por ele.” (3)

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NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

YOUNG, Jack. Cuidados pastorais em horas de crise. Rio de Janeiro, Juerp,

1988, p.73-82.

1) Young, p.77-78.

2) Idem, p.80.

3) Ibidem, p.81,

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CONCLUSÃO

A morte de alguém de sua igreja traz para o pastor ou para

o conselheiro pastoral um trabalho delicado, tenso, emocional, pesado mas

importante. Ele não pode evitá-lo e não deve fugir da oportunidade de servir ao

máximo, embora isso consuma o seu tempo e lhe exija um grande desgaste

emocional. O pastor ou o conselheiro se torna um peregrino entre a vida e a

morte com os membros de sua Igreja, passando com eles pelo vale da sombra

da morte.

Devemos observar que hoje existe uma linha teológica que afirma

que o crente no Senhor Jesus não se entristece com os problemas e fatos que

o acometem, mas estão sempre alegres, inclusive nos momentos de dor. Creio

que a alegria da salvação que todo crente possui é muito superior aos

problemas da vida, e que mesmo a morte de um ente querido não pode apagá-

la. Entretanto, o cristão, como filho de Deus, é um ser vivo, um ser humano,

com sentimentos e emoções. Quando um ente querido ou amigo próximo

falece, há uma perda! Alguém que nos era chegado se foi. E não há motivos

para mascararmos nossos sentimentos. Jesus chorou ao chegar na casa do

amigo Lázaro, morto fazia quatro dias. E em outras passagens bíblicas vemos

Cristo manifestando seus sentimentos de amor, tristeza, raiva, preocupação,

medo. Por isso devemos cumprir cabalmente nosso ministério, chorando com

os que choram e nos alegrando com os que se alegram.

No Antigo Testamento, por meio de um homem, Adão, entrou a

morte no mundo. No Novo Testamento, por meio de um homem, Jesus, foi

vencida a morte, ou melhor dizendo, foi colocada a vida na morte. Os crentes,

ao invés de se encontrarem eternamente separados de Deus, recebem

restauração para a vida eterna e para o estado celestial que Deus preparou

para eles. Cristo, que veio ao mundo e morreu como homem, faz exalar do

cheiro de decomposição da morte a fragrância da vida eterna, trazendo uma

nova criação. Jesus é capaz de destruir o temível espectro da solidão que

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enfrentamos durante os últimos dias de nossas vidas. Como diz em Hebreus

13.5, jamais nos deixará nem nos abandonará e só Ele compreende

perfeitamente a sensação de abandono e solidão que sobrevêm antes da

morte, porque os experimentou na cruz.

Embora a Bíblia não nos forneça muitos detalhes acerca do

mundo vindouro, ela nos oferece um vislumbre do que nos espera lá. Em

Apocalipse 21.1 lemos: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se

foram o primeiro céu e a primeira terra.” Melhor do que tudo, a Bíblia promete

que o novo mundo será livre das leis de deterioração que governa o mundo

presente. Os crente serão revestidos de um novo corpo, isento das mazelas do

envelhecimento e da morte.

Hoje podemos olhar para a morte e ver a luz gloriosa, curadora,

cheia de esperança da Ressurreição. Na Ressurreição, e somente nela, está a

resposta para o nosso medo da morte. Quando estamos armados com o

conhecimento de que Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos, podemos,

pelo menos, nos aproximar da morte com coragem. Por outro lado, somente

quando considerarmos a morte pormenorizadamente poderemos começar a

compreender a grandeza da vitória de Cristo.

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BIBLIOGRAFIA

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