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1 INSTRUÇÕES E ORAÇÕES PARA A SANTA MISSA A CONFIISSÃO, E A COMUNHÃO Com uma instrução metódica por perguntas e respostas, para aprender a se confessar bem. Pelo Senhor João Batista de La Salle, Sacerdote, Fundador dos Irmãos Das Escolas Cristãs.

Instrucoes Para a Missa

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Instruções para a missa

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INSTRUÇÕES

E

ORAÇÕES

PARA A SANTA MISSA

A CONFIISSÃO,

E A COMUNHÃO

Com uma instrução metódica por perguntas e respostas, para aprender a se confessar bem.

Pelo Senhor João Batista de La Salle, Sacerdote, Fundador dos Irmãos

Das Escolas Cristãs.

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Advertência sobre as Instruções e Orações

Para a Santa Missa Entre todas as ações que ordinariamente se realizam todos os dias, a principal, e a mais excelente é assistir à Santa Missa. Também é a mais im-portante para um cristãos, que deseja atrair sobre sua fé e sobre todas as ações que deve praticar durante o dia, as graças e as bênçãos de Deus. Con-tudo raras são as pessoas que a assistem com piedade, pouquíssimas são instruídas sobre a maneira de assistir bem a ela. Foi o que levou a estabele-cer estas Instruções e estas Orações, para ensinar aos Fiéis tudo o que se refere a este santo sacrifício, e dar-lhes os meios de nele se ocupar santa e utilmente. Em primeiro lugar se instrui sobre a excelência da santa Missa, e so-bre os bens que recebemos assistindo a ela; sobre as disposições interiores, de que devemos animar nossa presença exterior, e sobre a maneira de apli-car-nos durante esse tempo.

Em seguida explicam-se todas as cerimônias da santa Missa e se pro-põem por fim duas espécies de orações: umas, tiradas do Ordinário da Santa Missa, as outras que se referem às ações santas que o Sacerdote faz na cele-bração, para que os Fiéis, ao recitarem ora umas ora outras, não se aborre-çam e para que os que gostarem de umas ou de outras, possam escolher as que mais lhes agradarem ou mais devoção lhes inspirarem.

Procurou-se inserir nessas orações algumas Instruções e práticas Cristãs, Instruções que podem esclarecer o espírito em diversas verdades pouco conhecidas; e algumas práticas cristãs a serem postas em prática du-rante o dia. Este é o fim que foi proposto neste Livro.

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INSTRUÇÕES SOBRE O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA

E sobre a maneira com que se assistir a ela.

Do Sacrifício da Santa Missa

E de seus efeitos.

O Sacrifício é uma ação na qual se oferece a Deus uma criatura que é imolada, isto é, destruída de alguma forma, quer para prestar a Deus a honra que lhe é devida, quer para reconhecer o domínio supremo dele sobre as criaturas. A criatura imolada e destruída no Sacrifício chama-se vítima ou hóstia sacrificada e oferecida a Deus.

A Missa é uma Sacrifício e mesmo é uma continuação do sacrifício que Jesus Cristo ofereceu a Deus, seu Pai, sobre a cruz, porque é Jesus Cristo que morreu sobre o Calvário que ainda é oferecido a Deus neste santíssimo e augustíssimo Sacrifício.

Embora o Sacrifício da santa Missa seja o mesmo que o da Cruz, e seja sua con-tinuação, há a seguinte diferença entre um e a outra: Jesus Cristo se ofereceu sobre a Cruz, para satisfazer à justiça de Deus por nossos pecados, e para esse fim derramou seu sangue precioso; ao passo que na santa Missa não mais derrama seu Sangue, mas sacri-fica-se ao Eterno Pai como vítima gloriosa, para aplicar aos homens, em virtude deste Sacrifício, as graças que lhes mereceu por seus sofrimentos e por sua morte.

Como Jesus Cristo, ao morrer sobre o Calvário, satisfez inteiramente, e mais do que suficientemente por todos os pecados cometidos e a cometer no mundo, e como este Sacrifício teve e ainda tem sempre seu efeito, não era preciso que Jesus Cristo satisfi-zesse por pecado algum, e assim teria sido inútil que instituísse o Sacrifício da santa Missa se este Sacrifício não tivesse outros efeitos e outros frutos além dos da Cruz. Mas as graças que Jesus Cristo mereceu por sua morte, ao não terem sido imediatamente aplicados pela virtude da Cruz aos homens para os quais foram obtidas, por isso foi que Jesus Cristo instituiu o Sacrifício da santa Missa e os Sacramentos, para dar a todos os homens os meios de aplicar a si esses méritos pela participação neste sacrifício e pela recepção dos Sacramentos.

Essas graças que nos são adquiridas pela morte de Jesus Cristo Nosso Senhor, são muito numerosas e de diferentes espécies, de onde resulta que o sacrifício da santa Missa produza também muitos frutos e de espécies diferentes e efeitos correspondentes a todas graças que procura aplicar.

Os principais frutos e vantagens deste sacrifício são as seguintes, expressas em diversos lugares do Cânon da santa missa.

1. O Sacrifício da santa Missa presta a Deus a maior honra que ele possa rece-ber, porque é seu próprio Filho que presta essa honra ao se aniquilar, ao se destruir tanto quanto pode para a glória de Deus. Os que assistem à santa Missa e que têm a felicidade de participar nela, honram também a Deus da maneira mais alta possível, pela união que têm com Jesus Cristo.

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2. Este Sacrifício produz o meio de agradecer a Deus por seus benefícios da maneira mais perfeita possível, oferecendo-lhe seu próprio Filho em ação de graças.

3. Ele faz obter da bondade de Deus novos benefícios. 4. Este Sacrifício liberta as Almas do Purgatório, ou lhes diminui os sofrimen-

tos, de acordo com o que essas almas ainda estão devendo à justiça divina. 5. Ele perdoa a pena temporal devida, tanto pelo pecado mortal, como pelo ve-

nial. 6. Obtém a remissão dos pecados e a graça da conversão. 7. Atrai de Deus as graças necessárias para se preservar da caída no pecado. 8. Produz a graça de deixar os maus hábitos por mais arraigados que estejam. 9. concede forças para abandonar inteiramente todas as ocasiões próximas de

pecado. 10.Concede a graça da união e da reconciliação com o próximo, se há alguém

com quem não se está tão unido como se deveria estar. 11.Adquire um socorre poderoso para cumprir bem seus deveres de estado, e re-

alizar todas as suas ações de maneira cristã. 12.É um meio muito eficaz de conservar e recuperar a saúdo do corpo, e todos

os outros bens temporais, quando forem úteis para a glória de Deus e para nossa salvação.

13.Enfim pode-se obter mais facilmente o que se pede a Deus, e receber dele mais graças pela assistência a uma só Missa bem assistida, do que por todas as ações mais santas que se puder fazer.

Estes são os efeitos muito importantes, os bens e as vantagens que a Igreja pede todos os dias a Deus para seus filhos no santo sacrifício, efeitos que devem levar os fi-éis, que desejam consegui-los, a assistir assiduamente a ele, mesmo nos dias em que não são obrigados, e a somente assistir a ele com as disposições necessárias para participar dele e para se colocar em situação de obter todos os dias algumas dessas graças enquan-to as pedem a Deus conforme suas necessidades.

Da obrigação de assistir à santa Missa

É obrigação assistir a santa Missa todos os Domingos, e todas as Festas. A in-tenção própria da Igreja é que cada um a assista em sua Paróquia, e a missa que ordina-riamente se chama a Missa Paroquial. É por isso que a Igreja pede aos pastores que dê-em aos fiéis a seu encargo, algumas instruções, explicando-lhes o santo Evangelho, e ensinando-lhes as regras de vida cristã.

Não se está obrigado a assistir a santa Missa nos outros dias, contudo não se po-de negligenciar isso, e por mais ocupações que se tenha, deve-se fazer de modo que não se falte a ela um dia sequer. Deve-se estar persuadido de que esse tempo não será perdi-do mas bem empregado, e muito melhor do que se fosse empregado no trabalho. Pois por uma ação tão santa se atraem as graças e as bênçãos de Deus sobre tudo o que se deve fazer durante o correr do dia.

Os que trabalham manualmente ou cuja mente deve estar ocupada com negócios temporais e exteriores durante o dia, devem fazer da santa Missa seu primeiro cuidado e sua primeira ação, a fim de não estarem facilmente distraídos ao a assistirem, por pen-samentos que lhes enchem o espírito, se apenas assistem a santa Missa depois de terem ficado a se ocupar de seu emprego, para separar o santo do profano e não se exporem ao

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perigo de perder o fruto que se pode haurir do mais santo dos exercícios de nossa Reli-gião.

Os doentes que não podem assistir à santa Missa nos Domingos e Festas e os que por alguma necessidade urgente são impedidos de assisti-la nos outros dias, devem ao menos unir-se em espírito e com intenção ao sacerdote que a celebra e à assembléia dos fiéis que a assistem, e oferecer seu coração a Deus e fazer-lhe o sacrifício de si mesmos e de tudo o que possuem, praticando quanto possível as coisas que deverão fazer, como se estivessem realmente presentes.

Esta santa disposição e esta união que tiverem à Igreja e às intenções dela supri-rão de alguma forma a presença atual que não puderam ter à santa Missa.

Das disposições para bem assistir à santa Missa Não basta assistir exteriormente à santa Missa para cumprir a obrigação que a Igreja impõe a todos os fiéis de a assistir todos os Domingos e Festas. Todos devem assistir a ela com as disposições, sem as quais sua presença exterior seria inútil e sem as quais também não cumpririam de nenhuma forma o que a Igreja manda, pois a intenção da Igreja ao obrigar seus fiéis a assistirem a santa Missa é obriga-los a não somente es-tarem presentes nela, mas a oferecerem a Deus seus deveres com ela. Há três espécies de disposições para bem assistir à santa Missa:

1. Há disposições necessárias para satisfazer ao mandamento da Igreja e essas disposições são assistir a santa Missa inteira, com atenção e com espírito de Religião. Não se assiste a Missa inteira quando não se está presente quer no início, quer no fim. Não se assiste a santa Missa com a atenção e a aplicação de espírito que nela se deve ter quando se dorme, quando se conversa, quando se fica olhando e um e de outro lado, ou quando se está voluntariamente distraído. Não se assiste a santa Missa com espírito de Religião quando nela não se reza com sentimento de piedade interior. Os que não assistem a missa toda inteira aos Domingos e Festas não cum-prem o mandamento da Igreja.

Os que não têm atenção à santa Missa e a assistem sem espírito de Religião, cometem dois pecados ao mesmo tempo. 1º Estão na santa Missa como se não estivessem presentes, e diante de Deus, estariam como se não a estives-sem assistindo. 2º Caem numa espécie de impiedade, porque, por sua imo-déstia escandalosa tanto em sua atitude como em seus olhares, suas conver-sas ou sua divagação ou distração de espírito, profanam não somente a igre-ja, lugar santo e lugar de oração, mas também os santos Mistérios que nela se realizam e o mais augusto dos Sacrifícios. Fazem injúria a Jesus Cristo que se oferece e se sacrifica a seu Pai por eles, e pelos pecados que cometem em sua presença.

2. Há algumas disposições necessárias para assistir utilmente à santa Missa e para se colocar em disposições de tirar fruto deste sacrifício, e essas disposi-ções fazem odiar o pecado, estar em estado de graça, ou pelo menos, traba-lhar para voltar a ele e se unir de intenção ao sacerdote que oferece o Sacrifí-cio.

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Quem está atualmente em estado de pecado mortal ou na vontade de cometê-lo ou na ocasião próxima de cair nele sem vontade de a evitar, não tem essas disposições necessárias e não pode tirar fruto algum do Sacrifício da santa Missa.

3. Há disposições de perfeição muito vantajosas e que produzem grandes fru-tos nas almas que as têm. E há também disposições e numerosas e de espé-cies muito diferentes que, todavia, podem ser reduzidas a duas principais de que dependem todas as demais. A 1ª e ter a alma desprendida de todo afeto até ao menor pecado. A 2ª é unir-se ao sacerdote em todas as partes e em to-das as orações da santa Missa, a fim de oferecer com ele este Sacrifício se-gundo a intenção da Igreja. Os que quiserem adquirir essas disposições de perfeição para assistir muito bem à santa Missa e participar com abundância deste santo Sacrifício, devem aplicar-se a não ofender a Deus deliberadamente, e vigiar muito sobre si mesmos para não cair nos pecados veniais um pouco sérios ou completamen-te voluntários. Também só devem vir a este santo Sacrifício com muita modéstia e profunda humildade e com toda a atenção interior e toda devoção possível e confor-mar-se nela às intenções do próprio Jesus Cristo. Um cristão revestido de Jesus Cristo e animado por seu espírito deve ir a este sacrifício com os mesmos sentimentos com que Jesus Cristo nele se oferece como vítima a seu Pai. Jesus Cristo se sacrifica todos os dias sobre o altar na santa Missa para render a seu Eterno Pai as homenagens que lhe são devidas. Precisamos unir-nos às santas intenções de Jesus Cristo e procurar ter os mesmos sentimentos dele que são: adorar a Deus, agradecer-lhe, pedir per-dão por nossos pecados e para alcançar as graças que nos são necessárias.

Da maneira de se aplicar durante a santa Missa Durante a santa Missa podemos aplicar-nos de diferentes maneiras, contanto que seja de acordo com um dos quatros fins e intenções do Sacrifício, unindo-se à Igreja e com o sacerdote. 1º Para adorar a Deus e reconhecê-lo como o soberano Senhor e Chefe absoluto de todas as coisas. 2º Para agradecer a Deus os benefícios recebidos dele. 3º Para obter o perdão dos próprios pecados. 4º Para pedir a Deus as graças que nos são necessárias. As orações que os assistentes fizerem durante a santa Missa com alguma destas intenções e com coração bem disposto, ser-lhes-ão muito úteis e lhes alcançarão muitas graças, quer rezem vocalmente alguns Salmos ou fórmulas de Oração, quer rezem ape-nas de coração, pensando, por exemplo, na paixão de Nosso Senhor ou em algum outro Mistério. Contudo é preciso ficar certo que a maneira mais de acordo com o espírito da Igreja para assistir a santa Missa é acompanhar o sacerdote nas partes principais que a compõem. Acompanha-se o sacerdote na santa Missa, por exemplo, pedindo perdão a Deus quando ele o pede, entrando em sentimentos de fé e de respeito diante da palavra de Deus quando lê a Epístola e o Evangelho, e oferecendo com ele o Sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo.

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É conveniente então somente se ocupar com a vítima divina que está sendo ofe-recida por nós sobre o altar e oferecer-nos a nós mesmos. É isto que pretendemos ensinar aos fiéis pelos dois métodos seguintes e pelas orações que nelas estão inseridas, nas quais nos aplicamos a fazer entrar os que as reci-tarem com os sentimentos do sacerdote, e fazer que tomem parte em cada uma das ações que ele realiza na santa Missa no momento em que as faz. Para que estes métodos sejam mais úteis aos que deles se servirem, e para que possam mais facilmente entrar nas intenções do sacerdote, ao recitarem as orações que neles são propostas, pensamos instruir primeiro os fiéis nas cerimônias da santa Missa, desconhecidas por quase toda a gente, fazemo-lo dando a conhecer as orações que o sacerdote reza e explicando as razões pelas quais ele as reza.

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EXPLICAÇÃO DAS CERIMÔNIAS DA SANTA MISSA

Da igreja A igreja é um lugar santo, destinado a realizar nele os exercícios da Religião Cristã. Os principais são prestar a Deus a honra que lhe é devida, oferecendo-lhe o Sa-crifício da santa Missa, publicando seus louvores e dirigindo a ele nossas orações. Nela se administram e recebem os sacramentos e se lê, se prega e se escuta a palavra de Deus.

Da água benta Coloca-se água benta à entrada da igreja para nos fazer lembrar nosso Batismo, pelo qual nos tornamos Templos do Espírito Santo, e para nos chamar a atenção de que, assim que entramos na igreja, devemos purificar-nos por meio dessa água de nossas menores faltas, a fim de que com nossa alma, purificada das mais insignificantes man-chas, possamos tornar-nos dignos de assistir à santa Missa e aos outros exercícios de piedade e de religião, com toda a pureza interior e exterior que lhe é devida.

Da primeira parte da santa Missa Antigamente chamada Missa dos Catecúmenos

A Missa compõe-se de duas partes principais. A primeira compreende tudo o que se faz desde o começo até o Ofertório e que antigamente se chamava Missa dos Catecúmenos. A segunda, desde o Ofertório até o fim, se chamava a Missa dos Fiéis. Todos podiam assistir a primeira parte da santa Missa, na qual se fazia a leitura da Es-critura sagrada e o pregação do santo Evangelho. Mas, terminado o sermão, os Catecú-menos, isto é, os que se preparavam para o Batismo, os Energúmenos, isto é, os posses-sos do demônio e os Penitentes que cumpriam penitência pública pelos pecados escan-dalosos cometidos, eram retirados da igreja.

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Somente permaneciam na igreja os que estavam em condições de assistir ao Sa-crifício da santa Missa e julgados dignos de participar dela.

Das velas Durante o sacrifício da santa Missa acendem-se velas para indicar o fogo da ca-ridade com que Jesus Cristo se imolou por nós, e com que devemos também assistir a seu Sacrifício.

Do sacerdote revestido para celebrar a S. Missa Quando o sacerdote aparece para celebrar a santa Missa, deve ser considerado como representante de Jesus Cristo que carrega sua Cruz e vai oferecer-se à morte por nós. A santa Missa é a renovação, em memória, desse grande Sacrifício.

Do Salmo “Judica me, etc” O sacerdote, ao pé do altar, se considera como uma banido, expulso do Paraíso e afastado de Deus pelo pecado. Nesse espírito ele recita o Salmo 42 que Davi compôs num momento de exílio, para expressar a dor que sentia por estar longe do lugar em que Deus era adorado, e para se consolar pela esperança de sair desse exílio e louvar ainda o Senhor em seu Tabernáculo.

Do “Confesso” Depois de ter recitado o Salmo “Judica”, faz a confissão de suas faltas e delas pede perdão a Deus; e já que, para realizar bem a ação que vai fazer, deve ter o coração purificado não somente dos pecados mortais, mas das faltas mais leves até, então detesta de todo coração todas as que cometeu para estar em condições de oferecer a Deus um Sacrifício tão santo. O coroinha diz o Confesso com o sacerdote para pedir perdão a Deus não só para si, mas para todos os assistentes, em nome dos quais fala. Estes devem então sentir no fundo do coração grande horror a seus pecados.

Deus tu conversus, etc Terminada a confissão, o Sacerdote e os Fiéis se animam e encorajam mutua-mente pela confiança de que Deus quer conceder-lhes sua misericórdia e lhe manifestam sua gratidão. Ao subir ao altar, o sacerdote diz uma oração que expressa essa confiança.

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Do beijo do altar Depois que o sacerdote subiu ao altar, ele beija-o para manifestar sua reconcilia-ção com Jesus Cristo, e sua reunião com a Igreja triunfante. Porque o altar representa a Jesus Cristo crucificado e as relíquias que estão no altar das quais se fala na oração que o sacerdote reza ao beija-lo, representam os Santos que estão no céu, unidos a Jesus Cristo e constituem com ele o mesmo Corpo.

Do intróito No início da santa Missa, o sacerdote primeiro reza uma antífona tirada em geral de algum salmo, que antigamente se rezava inteiro, para induzir os Fiéis à atenção e ao fervor. Isto é o que se chama “Intróito”, isto é, a entrada ou começo da santa Missa. Todos os dias é diferente para estar de acordo com o mistério ou a festa que se celebra.

Kyrie eleison O Kyrie eleison é uma oração em grego, que significa, Senhor, tende piedade de nós. Ela se dirige às três pessoas da santíssima Trindade, e três vezes a cada uma, para indicar a grande necessidade que temos da misericórdia de Deus, o ardente desejo de atraí-la sobre nós e de ser prontamente libertados do pecado, para nos dispor a este santo Sacrifício.

Glória in excelsis O glória in excelsis que se reza logo depois, tira seu nome do canto dos anjos, porque começa com as palavras que os anjos cantaram por ocasião do nascimento de Jesus Cristo. O resto foi acrescentado pela Igreja. Neste cântico a Igreja expressa de maneira admirável o respeito que tem pela Majestade de Deus, e o amor ardente que tem a Jesus Cristo. Ela o considera como o Cordeiro que vai se imolar para ela neste santo Sacrifício e em vista disso lhe apresenta toda sorte de louvores a fim de o tornar favorável a si. Como este cântico está cheio de sentimentos de alegria, ele não se reza durante os tempos de penitência, nem nas Missas celebradas para os defuntos

Do beijo do altar Em seguida, o sacerdote beija o altar, para pedir a Jesus Cristo Nosso Senhor, como mediador entre Deus e os homens, a paz e a bênção de Deus para a transmitir de-pois aos fiéis, como mediador visível neste Sacrifício. Este beijo que o sacerdote dá ao altar ele o dá por respeito e o dá cada vez que ele se volta para o povo.

Dominus vobiscum Voltando-se para o povo, o sacerdote o saúda por estas palavras tiradas da sau-dação do Anjo à Santíssima Virgem. Com estas palavras deseja que Deus esteja por sua

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graça com os que estão presentes, e que ele mesmo forme em seus corações o desejo das coisas que a Igreja vai pedir para eles. Os assistentes respondem, et cum spiritu tuo, isto é, e também com o teu espírito, desejando que Deus anime com seu Espírito Santo as orações que o sacerdote vai ofere-cer como ministro da Igreja para todos os fiéis. Sacerdote e povo se saúdam assim reciprocamente várias vezes na santa Missa, para indicar a união que deve existir entre eles na celebração deste Sacrifício, e em es-pecial nas orações que o sacerdote faz e que o povo deve fazer com ele.

Oremus Novamente voltado para o altar, o sacerdote diz Oremus, isto é, Rezemos. Por essas palavras o sacerdote adverte todos os fiéis a se unirem a ele para fazer a oração que vai apresentar a Deus para eles.

Da coleta Em seguida o sacerdote diz uma oração chamada coleta, porque ela é como o resumo e o conjunto do que a Igreja pede a Deus no ofício do dia, ou porque esta oração se faz em nome de todos os fiéis. Per Dominum nostrum Jesum Christum, isto é, Por Jesus Cristo nosso Senhor. A Igreja termina suas orações por meio destas palavras, por-que Jesus Cristo é nosso mediador e nosso intercessor junto de Deus, e porque somente ele é quem apresenta nossas orações ao Eterno Pai, e nos alcança suas graças.

Da epístola A epístola é uma leitura do antigo ou do novo testamento. Assim se chama ela porque muitas vezes é tirada de algum trecho das cartas (=epístolas) dos Santos Apósto-los. A Igreja, primeiro faz seus fiéis serem instruídos pela voz dos Profetas e dos Após-tolos para os dispor a ouvirem e gostarem das instruções do Filho de Deus no santo E-vangelho. Depois da epístola, os fiéis agradecem a Deus a instrução que acabam de re-ceber, por meio do Deo gratias, isto é, Graças a Deus.

Do gradual O gradual é tirado de algum salmo que possa reanimar a devoção dos fiéis e foi instituído para servir de preparação para a leitura do Evangelho. Munda cor meum: é uma oração que o sacerdote diz em voz baixa antes do Evangelho, para pedir a Deus que lhe purifique o coração e os lábios, para o tornar digno de anunciar o santo Evange-lho.

Do Evangelho O Evangelho contém a Lei e a doutrina de Jesus Cristo; ele mesmo no-lo vem anunciar. O sacerdote lê nele todos os dias alguma coisa na santa Missa para dizer aos fiéis que não podem ter parte nos méritos de Jesus Cristo, nem aos frutos deste Sacrifí-cio, a não ser que façam profissão de observar a Lei e de praticar a doutrina.

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Ao começar o santo Evangelho, o sacerdote e os assistentes depois dele, fazem o sinal da Cruz na fronte, na boca e no peito para protestar diante de Deus de que vão im-primir em seu coração e confessar de boca o Mistério da Cruz, anunciado no Evangelho, e que não terão vergonha de lhe prestar homenagem nessas ocasiões. Escuta-se o Evangelho de pé para dizer que se está pronto a obedecer a tudo o que Jesus Cristo nele nos ordena e guardar dele as menores palavras mesmo se custar a vida.

Credo in unum Depois da leitura do santo Evangelho, recita-se o Credo para fazer profissão pública de que se crê firmemente as verdades que foram lidas e todas as que estão con-tidas no santo Evangelho. Depois do Credo o sacerdote diz Dominus vobiscum, para desejar aos fiéis assistentes a graça de que precisam para crer os Mistérios e praticar as máximas do santo Evangelho e para oferecer com ele em espírito o que deve ser ofere-cido no Sacrifício.

Da segunda parte da santa Missa Antigamente denominada Missa dos Fiéis

A segunda parte da santa Missa, chamada Missa dos Fiéis, começa com o Ofer-tório e contém três partes: a oblação, a consagração e a comunhão.

Da oferta Era uma prática universal na primitiva Igreja que os assistentes da santa Missa também nela comungavam ordinariamente. Por isso todos iam apresentar ao sacerdote o pão que devia servir para ser consagrado. Também isto servia para dar a entender que todos formavam um mesmo corpo com Jesus Cristo e com todos os fiéis, e que queriam permanecer nessa união, e entrar com eles em participação do santo Sacrifício que o sacerdote iria oferecer. Queriam também oferecer-se em espírito com Jesus Cristo, cujo Corpo devia ser consagrado nos pães oferecidos. Dentre todos esses pães o sacerdote pegava apenas um para ser mudado no corpo de Jesus Cristo, o que ainda era mais um sinal de que os fiéis representado por esse pão eram todos incorporado com Jesus Cristo.

Do pão bento Como o número de comungantes diminuiu muito, a Igreja permitiu aos fiéis tro-carem em dinheiro a oferta de pão que traziam para a consagração, e instituiu a oferta de um pão que o sacerdote benze para depois ser dividido em pedaços, para serem distribu-ídos entre os assistentes, e eles os devem consumir imediatamente com muito respeito. Essa prática foi instituída para suprir, de alguma forma, tanto a antiga oferta, como a comunhão que os assistentes tomavam depois que o sacerdote a tinha tomado na santa Missa, e para manifestar a união entre os fiéis, significada pelo único pão que é ofereci-do em nome de todos, do qual partilharam todos, e do qual todos comem ao mesmo tempo, por espírito de união entre si, e de participação espiritual com o Sacrifício.

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Do Ofertório Enquanto o sacerdote recebe as ofertas dos fiéis, o coro canta uma antífona, chamada Ofertório, para testemunhar a Deus a alegria com que os assistentes lhe ofere-cem seus bens que dele receberam. Depois que o sacerdote recebeu as ofertas dos fiéis, ele as apresenta a Deus e lhas oferece em separado e em seguida conjuntamente por uma mesma oração. O pão que oferece sobre a patena está em lugar de tudo o que lhe foi oferecido realmente, ou em espírito pelo povo, e representa todos os cristãos que devem ser imolados como in-corporados que estão ao Corpo de Jesus Cristo por este Sacrifício. Por isso, o sacerdote declara que faz esta oferta para todos os fiéis mortos e vivos, e especialmente por aque-les que assistem a santa Missa. O sacerdote oferece o pão e o vinho que está no cálice, mantendo-os erguidos, segundo a maneira de oferecer tal como está prescrita no Antigo Testamento, para significar por essa cerimônia, que o pão e o vinho cessam de ser al-guma coisa de comum, mas recebem uma santidade especial depois de apresentados a Deus e destinados a um uso santo e sagrado.

Dos sinais de cruz antes da Consagração Desde o ofertório até a Consagração, o sacerdote faz freqüentes sinais da cruz sobre o pão e o vinho, para os benzer conforme o costume da Igreja, que só benze pelo sinal da cruz, fonte de todas as bênçãos e de todas as graças que os homens podem rece-ber de Deus.

Do lava-mãos Depois do ofertório o sacerdote se lava as mãos para significar que é preciso purificar-se da menores imperfeições para se tornar digno deste santo Sacrifício, e que os que voluntariamente permanecem nas menores faltas, não são tão puros quanto Deus os deseja para lhe oferecerem este Sacrifício. Ele não se lava as mãos completamente, como o faz antes de começar a santa Missa, mas somente a extremidade dos dedos, para significar que então somente precisa purificar-se das faltas mais leves, e que é preciso ter tirado os pecados mortais, antes de se apresentar para oferecer este Sacrifício, e ter renunciado ao menos de afeição a eles para assistir a ele de maneira útil.

Orate, fratres Quando o sacerdote ofereceu secretamente o pão e o vinho, ele se volta para o povo e diz Orate, fratres, isto significa, Orai, irmãos, para que meu e vosso sacrifício seja agradável a Deus. Quando os assistentes responderam, o sacerdote se volta de novo para o altar para pedir a Deus essa graça para si e para eles, por meio de uma ora-ção chamada Secreta, porque é recitada em voz baixa, exceto as últimas palavras em que levanta a voz, para obter dos assistentes seu consentimento que lhe dão pela acla-mação ordinária: Amém, que significa, que assim seja.

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Do prefácio Depois da oração secreta segue o prefácio, que assim é chamado porque é a a-bertura do cânon da Missa e a preparação geral, em que o sacerdote e os assistentes se unem para se disporem ao Sacrifício. Sursum corda, quer dizer, ao alto os corações. Os assistentes respondem Nosso coração está no Senhor. Pelas palavras sursum corda, corações ao alto, o sacerdote adverte os assistentes para que se preparem ao Sacrifício pela elevação de seus cora-ções a Deus e para isso que se separem de todas as criaturas, afastem de seu espírito e de seu coração todas as distrações que poderiam impedir-lhes a atenção, de pensar so-mente em Deus, e nos santos Mistérios que devem ser sua única ocupação e único obje-to de sua veneração e respeito. Pelas palavras Habemus ad Dominum, nossos corações estão no Senhor, os as-sistentes testemunham publicamente que seus corações estão na disposição que Deus pede deles através da boca do sacerdote. Em seguida, o sacerdote concita os assistentes a reconhecer que foi Deus que pôs seu coração nesse estado e que eles lhe devem agradecer por isso. Mas como se quisesse dar-lhes a entender que os louvores do povo são pouca coisa, para reconhecer a grandeza de Deus, o sacerdote os convida a se unirem a Jesus Cristo e oferecerem a Deus as ações de graça eternas que recebe dele e assim unir-se aos anjos e louvar a Deus com eles. É o que fazem os assistentes nas Missas solenes, ao cantar este hino célebre, que Isaías ouviu os Serafins a cantar: Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus Deus Sabaoth. Santo, santo, santo o Senhor Deus dos Exércitos. O céu e a terra estão cheios de sua glória e de sua majestade. Acrescentam a isso as aclamações que o povo de Je-rusalém gritava a Jesus Cristo, quando entrou triunfante naquela grande cidade. É assim que os anjos e os homens se unem a Jesus Cristo para oferecer nele seus louvores e suas ações de graça ao Eterno Pai.

Do cânon O que vem depois do prefácio chama-se cânon, isto é, Regra, e se chama assim porque é a regra e a ordem que a Igreja observa na celebração do Sacrifício, e que não muda como as demais partes da santa Missa, que variam de acordo com as festas ou os mistérios.

Te igitur e Memento No começo do cânon o sacerdote se dirige primeiro a Deus Pai e lhe oferece o Sacrifício por Jesus Cristo seu Filho, que é o sacerdote principal da Missa, pois dele é que os sacerdotes da Igreja são apenas ministros. Apresenta-lhe em seguida as necessi-dades da Igreja e lhe recomenda as pessoas pelas quais vai oferecer o Sacrifício: pois, embora seja oferecido por toda a Igreja, sempre se faz uma memória particular de algu-mas pessoas pelas quais é muito importante rezar, a saber o papa os bispos do lugar, os imperadores, os reis e príncipes, e os que se recomendaram às orações da Igreja ou que deram alguma esmola a seus ministros.

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Communicantes Assim que o sacerdote rezou e ofereceu o Sacrifício por toda a Igreja da terra por Jesus Cristo, que é sua cabeça, ele se une aos principais santos que estão no céu, à san-tíssima Virgem, aos santos apóstolos, aos primeiros papas, e a alguns outros santos már-tires de quem implora a proteção, com o fim de mostrar a unidade inseparável que existe entre a Igreja da terá e a do céu.

Hanc igitur Depois disso o sacerdote estende as mãos sobre o pão e sobre o cálice, como os sacerdotes da antiga aliança as impunham antigamente sobre as vítimas que iam imolar, para dizer que eles mesmos se oferecem com elas, e que as vítimas eram oferecidas em seu lugar. Esta imposição das mãos quer significar, com efeito, a união do sacrificador com a hóstia, e o sacerdote, por essa ação, mostra que quer se imolar a Deus com Jesus Cris-to, quanto lhe é possível. É o que os assistentes devem fazer em espírito com o sacerdo-te e pedir a Deus com ele que receba esse testemunho de servo.

Da Consagração e da Elevação Depois desta união a Jesus Cristo, o sacerdote realiza a ação principal do Sacri-fício, que é a Consagração e para isso, repete tudo o que Jesus Cristo fez e disse quando instituiu este santo Mistério. E, seguindo o seu exemplo, consagra o pão e o vinho da mesma maneira e com as mesmas palavras que Jesus usou. No momento em que o sa-cerdote pronuncia as palavras sagradas, o pão e o vinho são transformados no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. Logo depois da consagração o sacerdote adora de joelhos a Hóstia e o Sangue que está no cálice, e os levanta para os mostrar aos assistentes para que adorem este sagrado mistério. E como é para representar a elevação do Corpo de Jesus Cristo na cruz, também é para apresentar esta divina Hóstia a Deus Pai que reina no céu.

Dos sinais da cruz depois da consagração Depois da consagração, o sacerdote faz várias vezes o sinal da santa cruz sobe a hóstia e sobre o cálice e com a hóstia sobre o cálice e sobre o altar para nos significar que foi pelo suplício da Cruz que esta hóstia foi imolada e sacrificada a Deus Pai, para prestar-lhe uma honra infinita, que todas as criaturas juntas não poderiam lhe prestar.

Unde et memores Depois da elevação do cálice, o sacerdote faz uma nova oblação a Deus Pai, do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, para completar por meio de palavras o que acabou de realizar por meio de ação. Oferece então este Sacrifício como ofereceu o pão e o vi-nho em memória da Paixão, da Ressurreição e da Ascensão de Jesus Cristo porque estes três santos mistérios foram as fontes de nossa salvação; oferece-o também em nome da Igreja, como acabou de oferecê-lo em nome de Jesus Cristo em lugar e em nome do qual realizou a consagração.

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Supra quae O sacerdote pede a Deus por meio destas palavras que receba com agrado o Sa-crifício que lhe é apresentado, já que quis aceitar os sacrifícios de Abel, de Abrão e de Melquisedec, que eram somente figuras deste sacrifício.

Supplices te rogamus Por meio destas palavras o sacerdote pede a Deus que este santo Sacrifício seja levado para o grande altar de Deus através de seu santo Anjo, para ser oferecido por Jesus Cristo em pessoa. Quer significar por esta oração que se reconhece indigno de oferecer a Deus um Sacrifício tão augusto, e pede a Deus Pai queira receber benigna-mente de suas mãos aquele que é seu Filho e porque ele é o principal sacerdote deste Sacrifício também é o único digno de o apresentar a seu Pai, e nos obter infalivelmente suas graças e suas bênçãos.

Segundo memento No segundo memento, o sacerdote oferece o Sacrifício pelas almas que estão no Purgatório, segundo o costume que sempre foi praticado na Igreja, especialmente por aquelas pelas quais tem obrigação especial de se lembrar, e pede a Deus que lhes conce-da o fruto deste santo Sacrifício.

Nobis quoque peccatoribus Ao dizer estas palavras, o sacerdote se inclina e bate-se no peito, implorando a misericórdia de Deus, tanto por si mesmo quanto pelos assistentes, e reconhecendo que não temos méritos que nos sejam próprios, pede a Deus, pelos méritos de Jesus Cristo, que receba um dia os fiéis vivos e também os falecidos na companhia dos santos no céu cuja intercessão implora.

Per quem haec omnia Por estas palavras o sacerdote reconhece que somente por meio de Jesus Cristo e em Jesus Cristo o Pai Eterno pode receber a glória que lhe é devida, especialmente neste Sacramento e neste Sacrifício. Por isso, ao mesmo tempo que as pronuncia, eleva o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, para prestar por este ato e pelo próprio Jesus Cristo, à santíssima Trindade uma honra digna de sua soberana majestade. Depois desta ação, o sacerdote deseja que os assistentes como ele, se unam a Jesus Cristo, para entrar em participação na honra que presta a Deus Pai, e ergue a voz ao dizer como no início do prefácio, Per omnia saecula saeculorum, Por todos os sécu-los dos séculos, palavras que significam que é preciso dar eternamente esta glória a Deus. Os fiéis respondem Amém e estas palavras são o fim do cânon, como o foram do seu começo.

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Pater noster É por esta oração que começa a última parte da Missa dos fiéis, que é a Comu-nhão, a qual contém o fruto e a consumação do Sacrifício. O sacerdote, antes de recitar o Pater, considerando que Jesus Cristo nos manda nesta oração chamar a Deus de Pai e de lhe pedir nessa qualidade, tanto para si como para a Igreja, os bens do corpo e da alma, da vida presente e da eterna, e reconhecendo-se indigno para isso, declara que ousa chamar Deus “seu Pai” e pedir-lhe tantas coisas boas, com inteira confiança de obtê-las, não somente em razão do mandamento de Jesus Cristo, mas também por causa da própria forma das palavras que ele nos prescreveu. O sacerdote reza em voz alta esta oração, que se chama Oração Dominical, por-que para os assistentes como para si mesmo é que a reza. Instruída por Jesus Cristo em pessoa como o sacerdote o declara, a Igreja pede a Deus nesta oração o pão de cada dia, isto é, o alimento corporal, mas muito mais ainda o da alma, que é a Eucaristia. Por isso, quando o sacerdote diz as palavras o pão nosso de cada dia nos daí hoje, o diácono toma a patena e erguendo-a, mostra-a ao povo para dizer que se vai começar a distribuir a comunhão, e entregando-a depois ao celebrante este deita nela todas as hóstias para as distribuir aos que devem comungar. Esta patena faz o papel de prato, no qual antigamente era oferecido o pão que os fiéis tinham apre-sentado.

Libera nos O sacerdote faz secretamente esta oração pela qual pede a Deus a paz, mas uma paz contínua e inalterável. Convida também o povo a pedi-la com ele erguendo a voz por estas palavras. Per omnia saecula saeculorum. Por todos os séculos dos séculos. A que os assistentes respondem: Amém!

A fração da hóstia No fim desta oração, o sacerdote rompe a hóstia em três partes. Esta divisão o-cupa o lugar da que se fazia antigamente com o pão que tinha sido consagrado, que era dividido em três partes, uma parte era para o sacerdote; a segunda, para os comungan-tes, e a terceira para o viático, que se conservava na igreja como ainda hoje se faz para os doentes.

Agnus Dei e Domine Jesu Christe Em seguida os assistentes unidos ao sacerdote pedem a Jesus Cristo a paz com o canto ou a recitação três vezes do Agnus Dei, para mostrar a Deus o desejo que têm de a obter ou conservar. Enquanto se canta, o sacerdote diz em voz baixa outra oração, pela qual pede ainda e com instância, a Jesus Cristo que não considere seus pecados para lhe recusar a paz, mas lha conceda em vista da fidelidade de sua Igreja. O sacerdote e o povo pedem a Deus a paz com tanta insistência antes da santa comunhão porque a paz é uma das principais disposições para este Sacramento, que é um sacramento de união e caridade, e para cumprir esta palavra de Jesus Cristo, que manda reconciliar-se com seu irmão antes de oferecer sua oferta no altar.

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Do beijo da paz Depois de ter rezado esta oração que segue o Agnus Dei, o sacerdote beija o altar como para receber a paz de Jesus Cristo representado pelo altar. Depois beija um ins-trumento de paz que o diácono lhe apresenta, instrumento que é levado a todos os Assis-tente para ser beijado com as palavras: Pax vobis. A paz esteja convosco. Antigamente o sacerdote, em vez de beijar o altar, beijava a hóstia que estava sobre o altar a fim de receber a paz de Jesus Cristo; abraçava depois o diácono com as palavras A paz esteja convosco; o diácono abraçava o subdiácono que a levava ao clero para o beijo de paz, com as mesmas palavras. Todos os fiéis se abraçavam também e se beijavam uns aos outros com um beijo que são Paulo denominava de Beijo santo. A Igreja quer nos ensinar por estas duas cerimônias que, para ter a paz com Deus, é preci-so tê-la entre os homens e que, a pessoa que conserva em seu coração algum ódio con-tra seu irmão, é indigno não somente de receber a comunhão, mas até de assistir a santa Missa.

Da comunhão Enquanto se dá o beijo da paz, o sacerdote se dispõe para a comunhão por duas orações que reza uma depois da outra e em voz baixa. Em seguida comunga depois de protestar sua indignidade pelas palavras Domine, non sum dignus. Senhor, eu não sou digno. E, tomando o cálice, distribui a comunhão aos assistentes, para significar que o sacerdote e o povo participam do mesmo Sacrifício, tomam a mesma refeição espiritual e estão todos reunidos em torno de uma mesma mesa. Com este gesto dá a conhecer suficientemente que deve dar de comer aos fiéis com a sua abundância. O sacerdote diz Dominus vobiscum, para significar que deseja com ardor que Jesus Cristo permaneça eternamente com os fiéis por sua graça e por seu espírito. Enquanto o sacerdote comunga, canta-se uma antífona, que se chama Comu-nhão, para agradecer a Deus em nome de toda a Igreja os bens recebidos dele e em es-pecial pela comunhão deste momento, pela qual reuniu todos os seus membros, e para pedir a Deus que este Sacramento produza nos fiéis que a receberam, os frutos que de-vem esperar dele. No fim da santa Missa, o sacerdote, e o diácono nas Missas solenes, diz, Ite, Missa est, o que significa, Ide, a Missa acabou. Por estas palavras o sacerdote adverte que a missa acabou e os fiéis respondem com sentimento de gratidão, Deo gratias, isto é, damos graças a Deus. Em seguida o sacerdote, antes de saírem, dá aos assistentes a bênção pedindo ao mesmo tempo que Deus derrame sobre eles a abundância de suas graças, que os aben-çoe espiritual e temporalmente, para que durante o dia não cometam alguma ação sem a assistência de sua graça e nada de desagradável lhes aconteça em seus negócios e traba-lhos.

Do Evangelho de São João Quando a Missa acabou completamente e o povo recebeu a bênção, o sacerdote diz o começo do Evangelho de São João que expressa de maneira melhor do que os ou-tros a divindade de Jesus Cristo, com o fim de mostrar seu reconhecimento por esta vida divina com a qual foi animado com Jesus Cristo e em Jesus Cristo durante a celebração do Sacrifício e para mostrar a Deus seu desejo e lhe pedir sua graça para continuar a

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viver desta vida divina, de se deixar conduzir pelas impressões de Jesus Cristo, e pelos movimentos de seu espírito. Ao expressar este sentimento de gratidão e de aniquilamen-to diante de Deus, o sacerdote dobra os joelhos ao dizer as palavras Et Verbum caro factum est et habitabit in nobis, isto é E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Também para dizer que quer ser animado por esta vida divina, mesmo fora do Sacrifício é que reza este Evangelho depois que a Missa acabou e que em muitos luga-res ele o reza ao voltar do altar para a sacristia.

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ORAÇÕES DURANTE A SANTA MISSA Tiradas do Ordinário da Missa

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Ao entrar na igreja

Salmo 841 Como são amáveis tuas moradas, Senhor dos exércitos! Minha alma desfalece e suspira pelo átrios do Senhor. Meu coração e minha carne exultam no Deus vivo. Até o pássaro encontra casa e a andorinha o ninho, onde pôr os filhotes, junto a teus altares, Senhor dos exércitos, meu rei e meu Deus. Feliz quem mora em tua casa: sempre canta teus louvores. Feliz quem encontra em ti sua força e decide no seu coração a santa viagem. Passando pelo vale do pranto, transforma-o numa fonte e a primeira chuva o cobre de bênçãos. Cresce seu vigor ao longo do caminho, e Deus lhes aparece em Sião. Senhor, Deus dos exércitos, ouve minha prece, presta atenção Deus de Jacó.

1 O original indica erroneamente Salmo 13: é Salmo 84 - Nota do Tradutor.

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Vê, ó Deus, nosso escudo, olha o rosto do teu consagrado. Para mim um dia nos teus átrios vale mais que mil em outro lugar; estar na porta da casa do meu Deus é melhor que morar nas tendas dos ímpios. Porque sol e escudo é o Senhor Deus; o Senhor concede graça e glória, não recusa o bem a quem caminha com retidão. Senhor dos exércitos, feliz o homem que em ti confia.

(A tradução dos Salmos é tirada da edição da CNBB)

Quando o sacerdote está ao pé do altar

Salmo 43 Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém

Irei ao altar de Deus, ao Deus que é minha alegria e meu júbilo. Faze-me justiça, ó Deus, defende minha causa contra o povo infiel; livra-me de quem é mentiroso e enganador. Pois tu és, ó Deus, a minha fortaleza, por que me rejeitas? Por que ando triste, oprimido pelo inimigo? Envia tua luz e tua fidelidade: que elas me guiem, me conduzam ao teu monte santo, à tua morada. Irei ao altar de Deus, ao Deus que é minha alegria e meu júbilo, e te darei graças na cítara, Deus, meu Deus. Por que estás triste, minha alma? Por que gemes dentro de mim? Espera em Deus, ainda poderei louva-lo, a ele, que é a salvação do meu rosto e meu Deus. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo em todos os séculos dos séculos assim como era no princípio agora e sempre. Irei ao altar de Deus, ao Deus que é minha alegria e meu júbilo. Nosso auxílio está no nome do Senhor que fez o céu e a terra.

Confiteor Eu pecador me confesso a Deus todo-poderoso, à bem-aventurada sempre Vir-gem Maria, ao bem-aventurado São Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado São João Ba-tista, aos santos apóstolos São Pedro e São Paulo, a todos os santos e a vós, padre, que

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pequei muitas vezes por pensamentos, palavras e obras, por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, peço e rogo à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado São Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado São João Batista, aos santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, a todos os santos e a vós, padre, rogueis por mim ao Senhor, nosso Deus. Misereatur. Compadeça-se de vós o Deus onipotente e, perdoados os vossos pecados, vos conduz à vida eterna. Amém.

Indulgentiam. Indulgência, absolvição e remissão dos nossos pecados nos con-ceda o Senhor onipotewnte e misericordioso. Amém.

Deus tu conversus. Ó Deus, voltando-vos a nós, dar-nos-eis vida e vosso povo se alegrará em vós.

Ostende nobis. Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia. E dai-nos a vossa sal-vação que nos fazeis esperar.

Domine, exaudi. Senhor, ouvi a minha oração. E o meu clamor chegue até vós. Dominus vobiscum. O Senhor seja convosco e que ele reze em vós.

Quando o sacerdote sobe ao altar

Oremos Afastai de nós, Senhor, vos rogamos, as nossas iniqüidades, para merecermos entrar no santo dos santos com as almas purificadas. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.

Quando o sacerdote beija o altar. Senhor, nós vos rogamos pelos merecimentos dos vossos santos, cujas relíquias aqui estão e de todos os santos, que vos digneis perdoar todos os nossos pecados. A-mém.

Intróito

Salmo 14 Senhor, que pode habitar na tua tenda?

Quem pode morar no teu santo monte? Aquele que vive sem culpa, age com justiça e fala a verdade no seu coração; que não diz calúnia com sua língua, não causa dano ao próximo e não lança insulto ao vizinho. A seus olhos é desprezível o malvado, mas ele honra quem respeita o Senhor. Mesmo se jura com prejuízo para si, não muda; se empresta dinheiro é sem usura, e não aceita presentes para condenar o inocente. Quem agir deste modo ficará firme para sempre.

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Se este salmo for longo demais, para recita-lo inteiro num dia, enquanto o sa-cerdote reza o intróito, deve-se repetir no dia seguinte o primeiro versículo e depois se dirá o versículo em que se parou no dia anterior, acrescentando no i-nício deste versículo “Aquele que vive…”, como o segundo versículo.

Kyrie, eleison Cada uma das orações abaixo se repete três vezes.

Senhor, tende piedade de nós. Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós.

Glória in excelsis Glória a Deus nas alturas e na terra paz aos homens de boa vontade. Nós vos louvamos. Nós vos bendizemos. Nós vos adoramos. Nós vos glorificamos. Nós vos da-mos graças por vossa grande glória, Senhor Deus, Rei do céu, Deus Pai onipotente. Se-nhor, Filho unigênito, Jesus Cristo. Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho do Pai. Vós que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós. Vós que tirais os pecados do mundo, acolhei a nossa deprecação. Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós. Porque só vós sois santo, só vós sois Senhor, só vós Altíssimo, Jesus Cristo. Com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai. Amém. Dominus vobiscm. O Senhor esteja con-vosco. Que o vosso Espírito, Senhor esteja sempre conosco.

A coleta Ó Deus onipotente e infinitamente bom, desviai de nós, por vossa misericórdia, tudo o que pode ser contrário a nossa salvação, para que não havendo nada no corpo e na alma que impeça de ir até vós, cumpramos com grande liberdade de espírito tudo o que é de vosso serviço. É o que pedimos por Jesus Cristo, Nosso Senhor, que convosco vive e reina em unidade com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Da Epístola de S. Paulo aos Romanos. Cap. 12. 1Eu vos exorto, Irmãos, pela misericórdia de Deus, a vos oferecerdes em sacrifí-cio vivo, santo e agradável a Deus: este é vosso verdadeiro culto. 2Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito. 9O amor seja sincero. detestai o mal, apegai-vos ao bem.

10Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, rivalizando-vos em atenções recíprocas.

11Sede zelosos e diligentes, fervorosos de espírito, servindo sempre ao Senhor. 12Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração. 13Mostrai-vos solidários com os santos em suas necessidades, prossegui firmes

na prática da hospitalidade. 14Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. 15Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram.

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16Mantende um bom entendimento uns com os outros; não sejais pretensiosos, mas acomodai-vos às coisas humildes. Não vos considereis sábios aos próprios olhos.

17A ninguém pagueis o mal com o mal. Empenhai-vos em fazer o bem diante de todos.

18Caríssimos, não vos vingueis de ninguém, mas cedei o passo à ira de Deus, porquanto está escrito: “A mim pertence a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor”. Pelo contrário, “se teu inimigo estiver com fome, dá-lhe de comer, se estiver com sede, dá-lhe de beber. Agindo assim, estarás amontoando brasas sobre sua cabeça”.

19Não te deixes vencer elo mal, mas vence o mal pelo bem. Se esta Epístola for longa demais, deve-se ler cada vez somente quanto se pu-

der, e continuar no dia seguinte, ou então se pode dividir em duas partes e ler um dia até o versículo 15 e no dia seguinte, a partir do versículo 15 até o fim.

Gradual ou Tracto

Salmo 118 Felizes os que procedem com retidão, os que caminham na lei do Senhor. Felizes os que guardam seus testemunhos e o procuram de todo o coração. Não cometem iniqüidade, andam por seus caminhos. Promulgaste teus preceitos para serem observados fielmente. Sejam seguros meus caminhos para eu guardar os teus estatutos. Quero observar teus estatutos; não me abandones jamais.

Seqüência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo

Segundo S. Lucas (Cap. 6) 20Jesus levantou o olhar para os seus discípulos e disse-lhes: “Felizes vós, os po-

bres., porque vosso é o Reino de Deus! 21Felizes vós que agora passais fome, porque sereis saciados! Felizes vós que

agora estais chorando, porque haveis de rir! 22Felizes sereis quando os homens vos odiarem, expulsarem, insultarem e amal-

diçoarem o vosso nome por causa do Filho do Homem. 23Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, porque será grande a vossa recompensa no

céu, pois era assim que os seus antepassados tratavam os profetas. 24Mas ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! 25Ai de vós que agora estais fartos, porque passareis fome! Ai de vós que agora

estais rindo, porque ficareis de luto e chorareis! 26Ai de vós quando todos falarem bem de vós, pois era assim que seus antepas-

sados tratavam os falsos profetas. 27A vós, porém, que me escutais, eu digo amai os vossos inimigos e fazei o bem

aos que vos odeiam. 28Falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos caluniam. 29Se alguém te bater numa face, oferece também a outra. E se alguém tomar o

teu manto, deixa levar também a túnica. 30Dá a quem te pedir e, se alguém tirar do que é teu, não peças de volta. 31Assim como desejais que os outros vos tratem, tratai-os do mesmo modo.

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32Se amais somente aos que vos fazem o bem, que generosidade é essa? Até os pecadores amam aqueles que os amam.

33E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que generosidade é essa? Os pecadores também agem assim.

34E se prestais ajuda somente àqueles de quem esperais receber, que generosida-de é essa? Até os pecadores prestam ajuda aos pecadores, para receberem o equivalente.

35Amai os vossos inimigos, fazei o bem e prestai ajuda sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande. Sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso também para com os ingratos e maus.

Se este Evangelho for longo demais, somente se lerá, cada vez, o que se puder

ler, e se continuará no dia seguinte, ou então, se poderá dividi-lo em duas partes e só ler num dia até o versículo 29 e no dia seguinte, a partir do versículo 29 até o fim.

O Símbolo do Concílio de Nicéia Creio em um só Deus, Pai onipotente, Criador do céu e da terra, de todas as coi-sas visíveis e invisíveis; e em Jesus Cristo, um só Senhor, Filho de Deus unigênito. E nascido do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro, de Deus verdadeiro. Gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por quem todos as coisas foram feitas. O qual por nós, homens e para nossa salvação, desceu dos céus. E encar-nou-se pelo Espírito Santo, de Maria Virgem e se fez homem. Foi também crucificado por nós; sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. E ressuscitou ao terceiro dia, se-gundo as Escrituras, e subiu ao céu, está sentado à direita do Pai. E novamente há de vir com glória a julgar os vivos e os mortos; e seu reino não terá fim. E creio no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho é juntamente adorado e glorificado; que falou pelos profetas. E creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Confesso um só batismo para a remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos mortos e a vida do século futuro. Assim é: esta é a verdade. Dominus vobiscum. Senhor, que o vosso espírito sempre esteja conosco.

Ofertório

Oremos. Dn 3. Recebei, Senhor este Sacrifício de nós mesmos, que vos oferecemos hoje, rece-bei-o com olhar favorável, vós que nunca deixais que sejam confundidos os que colo-cam sua confiança em vós.

Oblação do pão Eu vos ofereço, ó meu Deus, o pão que deve ser mudado no cropo de Jesus Cris-to, vosso Filho, que é vítima preparada para o sacrifício, vítima imaculada e sem man-cha. Aceitai, santo Pai, onipotente, eterno Deus, esta hóstia imaculada, que eu, vosso indigno servo, ofereço a vós, meu Deus vivo e verdadeiro, por meus inumeráveis peca-dos, ofensas e negligências, e por todos os circunstantes, mas também por todos os fiéis cristãos vivos e defuntos, a fim de que aproveite a mim e a eles para a salvação e à vida eterna. Amém.

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Ao misturar a água e o vinho Deus, que maravilhosamente criastes a natureza humana e mais maravilhosa-mente a reformastes, pela mistura desta água e vinho feita pelo sacerdote dai-nos, parti-ciparmos da divindade daquele que se dignou participar da nossa humanidade, Jesus Cristo, vosso Filho, Nosso Senhor, que convosco vive e reina em unidade do Espírito Santo, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Oblação do vinho Ó meu Deus, toda a Igreja, ao reconhecer o efeito do sangue de vosso Filho, der-ramado no Calvário, se une para vos oferecer o vinho que deve ser mudado no próprio sangue de Jesus Cristo neste Sacrifício; e ela vos pede que esta oferta suba até vós e vos seja agradável e que, quando este sangue estiver no santo altar, seja tão salutar como o foi no Sacrifício da Cruz.

Ao lavar as mãos

Salmo 26, 6-12 Lavo na inocência minhas mãos

e rodeio o teu altar, Senhor, para fazer ressoar vozes de louvor e para narrar todas as tuas maravilhas.

Senhor, gosto da casa onde moras e do lugar onde reside a tua glória.

Não me arrastes junto com os pecadores não destruas minha vida com os sanguinários, pois nas mãos deles está a perfídia, sua mão direita está cheia de suborno.

Porém meu caminho é reto; resgata-me e tem misericórdia. Meu pé se apóia em terra plana; nas assembléias bendirei ao Senhor.

Suscipe, Sancta Trinitas Recebei, ó Trindade santa, esta oblação que vos oferecemos em união com todos os vossos Santos, para ser transformada no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo vosso Filho. Temos motivo de esperar que serão bem recebidos por vós esses dons, pois nós vo-los oferecemos em memória dos mistérios, da Paixão, da morte, da ressurreição e da Ascensão gloriosa do mesmo Jesus Cristo, fonte de nossa santificação.

Orate, fratres Ó meu Deus, nós nos unimos todos ao sacerdote para pedir que aceiteis o Sacri-fício de vosso Filho e o nosso. É para vos render glória e honra que vo-lo apresentamos. Fazei que seja útil para nossa salvação e para a santificação de vossa Igreja.

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A secreta Senhor, ouvi favoravelmente e atendei as nossas orações e as de vosso povo. Suplicamos que aceiteis a oferta que vos fizemos e convertei nossos corações para vós. Desapegai-nos também das afeições da terra, de modo que somente tenhamos desejos do céu. É o que pedimos por Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina convosco na unidade com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Prefácio Que o vosso espírito, Senhor, sempre esteja conosco e que seja ele quem reza em nós. Elevamos nossos corações até Deus e que sejam sempre ocupados por ele. Ren-demos graças por todos os seus benefícios. É muito justo, razoável e muito vantajoso para nós reconhecer em todo tempo e em todos os lugares as bondades de Deus para conosco. Mas é por Jesus Cristo que de-vemos louvar e agradecer-vos, Senhor, infinitamente santo, todo-poderoso e eterno, por ele é que os anjos louvam vossa imensa majestade, as dominações vos adoram, as po-tências se prostram diante de vós. Por isso é que as forças celestes e os bem-aventurados serafins se unem para vos render glória em transportes de alegria. Permiti, Senhor, que unamos nossas vozes para vos dizer num profundo sentimento de humildade e respeito: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos, o céu e a terra estão cheios de sua glória e majestade.

Te, igitur Meu Deus, que sois um Pai cheio de bondade e ternura para com vossos filhos, nós vos pedimos, por Jesus Cristo nosso Senhor, que abençoeis e santifiqueis os dons, preparados para o Sacrifício, que vos oferecemos pela Igreja santa e católica, para que a cumuleis de vossas graças; pelo santo Padre, o Papa, por nosso Bispo, elo Rei, e por todos os que professam a verdadeira religião.

Memento, Domine Lembrai-vos, Senhor, neste Sacrifício dos vossos servos e servas, de meu pai e de minha mãe,de meus irmãos e de minhas irmãs, de meus professores e minhas profes-soras e de todos os que procuram ou procuraram minha salvação de qualquer maneira que seja, e de todos que me fizeram o bem. Fazei que sejam participantes deste santo Sacrifício, dai-lhes as graças que precisam, em especial a de vos servir com a fidelidade que desejais deles.

Communicantes Ó meu Deus, visto que formamos uma mesma sociedade com os santos do céu, eu me uno a eles, principalmente à santíssima Virgem, a são João Batista, aos Apóstolos Pedro e Paulo, e são João, a meu santo padroeiro, aos santos aos quais tenho uma devo-ção particular, e a todos os santos. Eu lhes peço que apresentem comigo este Sacrifício de vosso Filho, que adorem continuamente este cordeiro que tirou os pecados do mun-

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do, que lhe manifestem sua gratidão e agradeçam. Uno-me a eles para o fazer também com eles.

Hanc igitur Vós vedes, ó meu Deus, que toda a Igreja se interessa e se une para vos oferecer este Sacrifício. Aceitai com agrado, eu vos peço, esta homenagem que ela vos presta e que também eu vos estou prestando com ela. E tende a bondade de nos fazer passar esta vida em vossa santa paz, de nos libertar da condenação eterna e nos colocar no número de vossos eleitos. Isto vos pedimos por Jesus Cristo Nosso Senhor.

Quam oblationem Concedei, Senhor, uma abundância de bênçãos às coisas que vos foram apresen-tadas; recebei-as com agrado para se tornarem o Corpo e o Sangue de vosso Filho ama-do, Jesus Cristo Nosso Senhor. Qui pridie. O qual, na véspera de sua Paixão, tomou o pão em suas mãos santas e veneráveis, e erguendo seus olhos ao céu, o abençoou, e rompeu, e agradecendo a Deus, seu Pai, o mudou em seu Corpo, pelas palavras sagradas que pronunciou, e o dis-tribuiu depois a seus santos Apóstolos.

Ato de adoração na elevação da Hóstia Ó meu Salvador, Jesus, que obedeceis tão pronta e exatamente às palavras do sacerdote a ponto de transformar o pão em vosso Corpo na mesma hora em que são pro-nunciadas, eu vos adoro realmente presente na santa Hóstia, adoro vossa submissão e vosso aniquilamento neste Sacrifício, e vos peço que me concedais parte nas disposi-ções santas que nele manifestais. Simili modo. Após a ceia, Jesus Cristo tomou, da mesma forma, o cálice com vinho em suas mãos sagradas e veneráveis, e o transformou também em seu Sangue, pelas palavras que pronunciou; em seguida deu de beber a seus discípulos, dizendo-lhes: Todas as vezes que fizerdes isto, fazei-o em memória de mim.

Ato de adoração na elevação do cálice Sangue precioso que foste derramado para apagar os pecados dos homens, eu te adoro neste Sacrifício, com respeito reconheço tua excelência e tua eficácia. Oxalá eu seja muitas vezes lavado no sangue, pois ele branqueia e purifica nossas almas, e apaga todas as manchas. Purifica meu coração, ó Sangue adorável, e desapega-me de tudo o que ainda pode restar nele de pecado.

Unde et memores Agora é uma Hóstia pura, uma Hóstia imaculada que vos oferecemos, ó meu Deus, porque é vosso Filho que é a vítima do Sacrifício. E como os três mistérios de seus sofrimentos e morte, de sua ressurreição e ascensão aos céus foram a causa de nos-sa salvação, nós vos pedimos que vos lembreis de conceder, em vista disto, a vossa Igre-ja as graças que ela vos pede.

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Supra quæ Esta Hóstia é infinitamente mais excelente do que as ofertas do justo Abel, do que o sacrifício do patriarca Abraão, e o que vos apresentou o sacerdote Melquisedec. E como as aceitastes com agrado, temos certeza que recebereis favoravelmente a oferta que vos fazemos de vosso próprio Filho.

Supplices te rogamus Contudo, por sermos indignos de vos apresentar uma vítima tão preciosa, nós vos suplicamos, ó Pai eterno, que Jesus Cristo, ao se oferecer a si mesmo a vós sobre vosso altar santo, como no passado se sacrificou no Calvário, todos nós, que temos a graça de assistir a este Sacrifício, sintamos também nós, os efeitos dele, e que derrameis abundantemente sobre nós as graças e bênçãos do céu.

Memento etiam Eu vos peço, ó meu Deus, por Jesus Cristo Nosso Senhor, que concedais um santo repouso às almas dos que passaram desta vida Para a eternidade em vossa graça, sobretudo a meus parentes, meus amigos e benfeitores e a todos pelos quais tenho obri-gação de rezar.

Nobis quoque peccatoribus Também a nós, embora pecadores, dai-nos ter parte na glória dos vossos santos Apóstolos e Mártires, sem tomar em consideração os nossos méritos. Nós pedimos por Jesus Cristo esta graça que esperamos. Também é por ele que temos a vantagem deste Sacrifício, como é nele, e com ele que vós recebeis toda glória que vos é devida, em unidade com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos Amém.

Pater noster É pelo mandamento e pela instituição de Jesus Cristo, que ouso, ó Pai Eterno, dirigir-vos com confiança esta oração: Pai nosso que estais nos céus, Santificado seja vosso nome, Venha a nós o vosso reino. Seja feita vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai-nos as nossas ofensas, Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, E não nos deixeis cair em tentação, Mas livrai-nos do mal. Amém

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Libera nos quæsumus Livrai-me, Senhor, de meus pecados passados, das ocasiões que estou no mo-mento a combater, das tentações que eu possa ter no futuro. Dai-me, pela intercessão da santíssima Virgem, dos santos Pedro, Paulo e André, uma paz que me afaste não só do pecado, mas que me livre até da menor perturbação de minhas paixões. Pax Domini. Que vosso Espírito Santo, ó Deus, esteja em nós. E que vossa paz esteja sempre conosco. Haec commixtio. Que esta mistura e consagração do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, Nosso Senhor, procure para mim e para todos os que o receberem, a vida eterna.

Agnus Dei Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz.

Domine Jesu Christi, qui dixisti Ó meu Senhor Jesus Cristo, que devolvestes a vida ao mundo morto pelo peca-do, para cumprir a vontade de vosso Pai, e para satisfazer às instâncias do Espírito Santo para a santificação de nossas almas, colocai-me na situação de receber o vosso Corpo sagrado, com uma disposição tal, que eu não mais recaia em algum pecado e permaneça sempre fielmente apegado à observância de vossos santos mandamentos, e que no futu-ro, nunca seja separado de vós.

Perceptio Corporis Embora indigno, ó meu Salvador, de receber vosso Corpo sagrado, ouso dispor-me a fazê-lo porque vós o mandais e porque mostrais um grande desejo que eu o faça. Eu vos suplico que eu não o receba para a condenação, mas que me sirva, por vossa bondade, como sustento para meu corpo e minha alma e de remédio para todas as mi-nhas enfermidades. Panem cælestem. Tomarei o pão celeste que Deus me dá e em sinal de gratidão por esta graça, invocarei o nome do Senhor.

Domine, non sum dignus Senhor, eu não sou digno que entreis dentro de mim, mas dizei somente uma palavra e minha alma será salva. Que o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo conserve minha alma para a vida eterna. Quid retribum Domino? Que é que vos retribuirei, ó meu Deus, por todos os benefícios que recebi de vós? Tomarei o cálice da salvação que me apresentais, para sofrer de bom grado por vós e invocarei vosso santo nome, cantando e publicando vos-sos louvores. É por este meio que serei livre dos inimigos que se opõem mais a minha salvação.

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Quod ore sumpsimus. Fazei, Senhor, que a nossa participação neste Sacrifício, produza em nós uma pureza de coração tal, que seja para nós não somente uma graça temporal, mas se torne para nós um remédio eterno. Corpus tuum, Domine. Alimentado por tão puro e santo Sacramento, fazei, Se-nhor, por vossa graça, que não fique em mim nenhuma nódoa nem resto de pecado, e que a união a vosso Corpo sagrado não seja somente exterior em mim, mas penetre até o fundo de minha alma e me seja fonte de graças.

Comunhão (Sb 16) Senhor, destes-nos um pão do céu no qual se contém toda sorte de delícias e um sabor sumamente agradável. Dominus vobiscum. Senhor que o vosso Espírito esteja conosco.

Post communio Senhor que nos alimentastes com as coisas que são as delícias do céu, nós vos suplicamos que sempre nos concedais o desejo dessas mesmas coisas que nos fazem viver uma vida verdadeira. E o que vos pedimos por Jesus Cristo Nosso Senhor que vive e reina convosco na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém. Dominus vobiscum. Senhor, que o vosso Espírito sempre esteja conosco.

Placeat tibi, Sancta Trinitas Meu Deus, aceitai favoravelmente o serviço que vos apresentamos e o Sacrifício que acabamos de oferecer pelas mãos do sacerdote e do qual pudemos participar. Fazei que ele seja útil para mim e para todos os que nele tiveram alguma parte. Benedicat vos. Que o Deus todo-poderoso, o Pai, o Filho e o Espírito Santo vos abençoe. Amém. Dominus vobiscum. Senhor, que o vosso Espírito esteja sempre consco.

Início do Evangelho segundo São João No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. ela existia, no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de todo o que existe. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. Veio um homem, enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos pudessem crer, por meio dele. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina. Ela estava no mundo e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a reconheceu. Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram. A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: são os que crêem no seu nome. Estes fo-ram gerados não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. e a Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Nós vimos a sua glória, glória como do filho único da parte do Pai – em plenitude de graça e de verdade

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Depois da santa Missa

Salmo 42 (41) Como a corça deseja as águas correntes,

assim a minha alma anseia por ti, meu Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando hei de ir ver a face de Deus? As lágrimas são meu pão dia e noite, enquanto me repetem o dia inteiro: “Onde está teu Deus?” Disto me lembro e meu coração se aflige: quando eu passava junto à tenda admirável, rumo à casa de Deus, entre cantos de alegria e de louvor de uma multidão em festa. Por que estás triste, minha alma? Por que gemes dentro de mim? Espera em Deus, ainda poderei louva-lo, a ele, que é a salvação do meu rosto.

Esta é a oração que oferecerei dentro de mim a Deus, autor de minha vida. Digo a Deus : tu és meu asilo e meu protetor.

OUTRAS ORAÇÕES DURANTE A SANTA MISSA, ELAS SE REFEREM ÀS AÇÕES E ORAÇÕES DO SACERDOTE

Antes da santa Missa Meu Salvador Jesus, vou assistir a santa Missa para vos honrar e para agradecer

todos os vossos benefícios, especialmente por terdes morrido por mim. Também é para vos pedir as graças que me são necessárias e o perdão de meus pecados. Fazei, eu vos peço, que durante todo o tempo deste santo Sacrifício, meu espírito se una às intenções da Igreja e do celebrante, e somente se ocupe convosco; que meu coração tenha um ar-dente desejo de vos receber e que eu não perca a lembrança de tudo o que sofrestes por mim no Calvário.

No começo da santa Missa Ato de humilhação

Como é que eu ousaria, ó meu Deus, aparecer diante de vós, eu que não sou mais do que uma criatura miserável? Vós sois tudo e eu sou nada; vós tendes tudo e eu tenho

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nada; vós podeis tudo e eu não posso nada. Já sei o que vou fazer para suprir minha in-digência: vou unir-me a vós para estar inteiramente dentro de vós. Eu ne entregarei todo a vós para possuir tudo convosco. Eu me aniquilarei em vós, para poder tudo por vós. É assim, meu Deus, que não tendo nada por mim mesmo, poderei apresentar-me a vós, como alguma coisa que vos seja agradável; assim vos darei o que eu tiver recebido de vós.

Ato de confusão Como estou envergonhado, ó meu Deus, de me aproximar de vós e de vossos santos altares, por estar todo cheio de pecados. O pecado nasceu comigo e os crimes que cometi se multiplicaram ao mesmo tempo em que meus dias foram avançando. Dissipai por vossa luz e por vossa graça toda a malícia de meu coração, para que eu seja capaz de assistir e de participar do Sacrifício de vosso Filho.

Ato de contrição Pode-se dizer o Confiteor com o acólito com sentimentos de contrição; ou então se fará o Ato seguinte: Ó meu Deus, eu vos peço perdão de meus pecados, eu vo-los apresento para que os destruais. É pelo Sacrifício de vosso Filho na Cruz que já nos libertastes. O Sacrifício que vos vai ser oferecido é o mesmo, e tem o mesmo poder e a mesma força. Concedei-me pois, eu vos suplico, em virtude deste, a absolvição de todos os meus pecados. Eu vo-lo ofereço de ante-mão em vista disso e vos peço esta graça pelos méritos de Jesus Cristo e pela intercessão da santíssima Virgem e de todos os vossos Santos. Quando o sacerdote diz “Indulgentiam”, cada um deve, na medida do possível, se colocar na disposição de receber a absolvição de seus pecados.

Ato de confiança Ó meu Deus, eu confio que me devolvestes a vida ao me perdoar meus pecados e é com este pensamento que me aproximo em espírito e de coração de vosso santo al-tar, para vos apresentar meus deveres e oferecer um Sacrifício de louvor, o próprio sa-crifício de Jesus Cristo, vosso Filho, com uma alma tão pura quanto me é possível.

Ao intróito

Ato de adoração Ó meu Deus, eu adoro vossa grandeza infinita e vossa majestade soberana. Os anjos tremem diante de vós, todas criaturas nada são em vossa presença e a constante transformação que nelas se processa é uma homenagem que apresentam a vosso domí-nio sobre elas e a vossa essência imutável. Ó meu Deus, como sois grande e admirável em vós mesmo e em tudo o que fazeis! É o sacrifício que vos devemos reconhecer: a altitude, a extensão e o esplendor de vosso nome adorável e aniquilar-nos diante de vós.

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Ao Kyrie, eleison

Ato de pedido da misericórdia de Deus Derramai em nós, ó meu Deus, a vossa misericórdia. É com humildade que vô-la pedimos, e em união com Jesus Cristo vosso Filho que vô-la pediu na Cruz e ainda ago-ra a pede neste Sacrifício.

Ao Gloria in excelsis

Ato de louvor e ação de graças Meu Deus, que destes vossa paz aos homens de boa vontade, nós vos damos a glória que vos é devida. Nós vos louvamos, nós vos bendizemos, nós vos adoramos, e nós vos damos graças por todos os benefícios com que cumulais sempre a terra. Vós nos enviastes vosso Filho único, para libertar todos os homens de seus pecados. Conce-dei-nos a graça de apagar todos os nossos pecados e de atender nossas súplicas. Pedi-mos insistentemente pelos méritos do próprio Jesus Cristo, vosso Filho, que sendo Deus convosco, é tão santo, tão grande, tão poderoso, e que possui a mesma glória do que vós, com o Espírito Santo. Dominus vobiscum. Que o vosso espírito, Senhor, esteja sempre conosco.

Na coleta Ó meu Deus, que desejais ardentemente nossa salvação e nos concedeis sem cessar os meios de a realizar, inspirai-me a vontade de trabalhar na minha com grandís-simo cuidado, e dai-me para isso a graça de praticar tudo o que nos ensinastes, quer pe-los profetas, quer por vossos apóstolos, quer por vós mesmo, para que, tendo vivido segundo vossa santa doutrina e as leis do santo Evangelho, eu possa assegurar para mim, por meio das boas obras que eu tenha praticado, a posse da glória que prometestes. É o que vos peço por Jesus Cristo, vosso Filho, Nosso Senhor, que convosco vive e rei-na com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Na epístola Meu Deus que nos fizestes anunciar por vossos santos profetas o que nos deveria acontecer na lei da graça, e que nos ensinastes por vossos santos apóstolos as regras, as máximas da vida cristã, dai-me a compreensão desses santos Mistérios, escondidos nas profecias e que Jesus Cristo Nosso Senhor cumpriu em sua pessoa. Dai-me também a graça de ouvir com submissão de espírito o que vós nos ensinais por vossos santos após-tolos, de saborear as verdades e práticas de que suas cartas estão cheias, e de orientar minha vida e minha conduta pelos conselhos que eles nos dão. Adoro todas as palavras que estão em uns e em outros como vossa palavra divina da qual eles são apenas os ór-gãos e os ministros. Recebo-as com respeito, a elas me submeto com sentimento de hu-mildade e de gratidão, e estou disposto, com o auxílio de vossa graça, a observar todas elas com fidelidade.

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No gradual

Aspiração Vossa palavra e vossa santa Lei, ó meu Deus serão dia e noite o assunto de mi-nhas reflexões. Meu prazer será pensar nelas com freqüência, vou considerar quanto vossos benefícios foram enormes a meu respeito; quantas graças recebi de vós, e por conseqüência, quanto devo ser fiel em observar o que ordenais. Vossa lei é um jugo, mas um jugo que só contém doçura, um fardo que não é pesado. Ó minha alma e meu coração, considerai e saboreai quão suave é o Senhor, quanto ele é amável.

Ao Evangelho Aqui, ó meu Deus, não é somente a vossa palavra que adoro em vós, mas vossa Lei santa, a regra de todos os cristãos. Eu a escuto com respeito, eu a creio com firmeza. Vós mesmo a publicastes, vossos santos apóstolos, inspirados por vosso espírito, a es-creveram. Ó meu Deus, eu é que devo praticá-la. Eu vos agradeço de me terdes dado uma doutrina tão excelente, para me servir de guia e de regra em toda a minha maneira de viver. Eu a lerei, eu a meditarei, e não terei vergonha de observar o que ela nos ensi-na de mais contrário às máximas do mundo, contanto que eu seja auxiliado por vossa graça eu me vou esforçar para praticá-la em toda sua extensão durante toda a minha vida.

Ao credo

Profissão de Fé 1. Creio que há um só Deus e que não pode haver vários. 2. Creio que há três Pessoas em Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; e que

essas três pessoas são um só Deus. 3. Creio que o Filho de Deus, a segunda Pessoa da santíssima Trindade se fez

homem, morreu na Cruz por nossos pecados. 4. Creio que os que morrerem em estado de graça serão eternamente felizes no

céu, vendo a Deus tal qual ele é. 5. Creio que os que morrerem em estado de pecado mortal serão condenados,

isto é, queimarão eternamente nos infernos. 6. Creio que basta ter cometido um só pecado mortal e morrer nesse estado para

ser condenado. 7. Creio que há dez Mandamentos de Deus e que somos obrigados a observá-

los todos, e que também devemos observar os Mandamentos da Igreja. 8. Creio que é necessário recorrer muitas vezes à oração e que não podemos

salvar-nos sem rezar com atenção e piedade. 9. Creio que há sete Sacramentos, Batismo, Confirmação, Penitência, Eucaristi-

a, Unção dos enfermos, Ordem e Matrimônio. 10. Creio que o Batismo apaga o pecado original e nos faz cristãos; que a Peni-

tência perdoa os pecados cometidos depois do Batismo; que a Eucaristia con-tém o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo sob as aparências do pão e do vinho.

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Oblação do pão, de nossos corpos e de nossos sentidos Recebei, ó meu Deus, a oblação que vos faço juntamente com o sacerdote, do pão que deve ser transformado no corpo sagrado de Jesus Cristo. Abençoai-o, eu vos peço. Recebei também a oferta que vos faço de meu corpo e de meus sentidos. Santifi-cai-os, eu vos peço, e fazei-me a graça de fazer deles um uso santo. Dai a meu corpo a pureza tão cara a vosso Filho e não permitais que eu me sirva de meus sentidos para um fim mau, mas regulai-os de tal sorte que, ao ver, ao ouvir, ao tocar alguma coisa, ao beber, ao comer, ao falar, seja por necessidade, por submissão a vossa santa vontade e sempre sem vos ofender.

Oblação do vinho, de nossa alma, nossos pensamentos e nos-sos afetos

Eu vos ofereço, ó meu Deus, em união com toda a Igreja, o vinho que deve sem tardar se tornar o Sangue precioso de vosso Filho. Ofereço também toda a minha alma, meus pensamentos, meus sentimentos e meus afetos. Fazei que minha alma se ocupe somente com o que respeita minha salvação; que meus pensamentos sejam só conhecer-vos a vós; que meus sentimentos sejam conformes ao que nos é ensinado no santo E-vangelho e que toda a minha afeição seja vos amar e vos ser agradável em tudo.

Ao lavar os dedos

Oração para pedir a pureza de coração Purificai-me, ó meu Deus, dos menores pecados que ainda pudessem macular minha consciência. Por isso, lavai-me no sangue do Cordeiro, para que eu me encontre em tal pureza de coração, que nada me impeça de participar do santo Sacrifício que se vai oferecer-vos e que eu receba vossas graças e vossas bênçãos com abundância.

Na oblação do pão e do vinho Ó santíssima e adorável Trindade, uno-me ao sacerdote que vos oferece tudo o que foi preparado para o Sacrifício. Ao me unir assim a ele, eu vos apresento tudo o que há em mim de bom e de ruim; o que há de ruim, para que vós o destruais pela eficácia dos sofrimentos e da morte de Jesus Cristo; o que há de bom, para que o torneis isento de toda imperfeição em virtude da ressurreição e que, pela graça de sua ascensão glorio-sa ao céu vós o leveis à perfeição.

Ao Orate, fratres Eu vos peço, ó meu Deus, que aceiteis com agrado o que o sacerdote vos apre-sentou para servir de sacrifício e a oferta que vos fiz de mim mesmo e de tudo o que está em mim. Dignai-vos fazer disto um só sacrifício e consumar o meu pelo de Jesus Cristo.

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Na oração secreta O que o sacerdote e os fiéis acabam de vos oferecer não são mais algo profano, nem para uso comum. Santificai-o, ó meu Deus, separai-o do resto das criaturas e con-siderai-o como coisa vossa. Concedei-me também, ó meu Deus a mesma graça. Fazei-me santo pela santidade de minhas ações; fazei que eu não concorde em nada com o mundo, com os que cometem o pecado e consagrai-me inteiramente a vós e a vosso ser-viço.

Ao prefácio Meu Deus, basta ser cristão (que deve ser animado por vosso espírito), para sempre ter o coração levantado para vós. Mas a minha fraqueza é tão grande que é pre-ciso que muitas vezes eu seja advertido a pensar em vós, mesmo durante os santos Mis-térios. É bem justo, ó meu Deus, que eu esteja ocupado em vós e que eu vos louve. Con-tudo, por mim mesmo, não vos posso dar os louvores que vos convêm, nem vos dar as devidas ações de graça. É em Jesus Cristo e por Jesus Cristo somente que o posso fazer. Os anjos, por mais elevados que estejam na glória, só por ele vos louvam, só com ele vos respeitam, só nele vos adoram. Portanto, é por Jesus Cristo, em união com esses bem-aventurados espíritos que vos peço que aceiteis que eu vos diga com profundo res-peito: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos. O céu e a terra estão cheios de sua glória e majestade.

Ao Te igitur Eterno Pai, por Jesus Cristo, mediador entre vós e nós, especialmente neste Sa-crifício, eu vos peço que aceiteis com agrado o que o sacerdote continua a vos oferecer e as orações que faço por mim para que me concedais a graça de uma piedade verdadei-ramente cristã; pela vossa santa Igreja, que a conduzais e governeis sempre por vosso espírito; por nosso santo Padre o Papa, por nosso Bispo, pelo Rei e por todos os que têm fé e que vivem na comunhão com a Igreja, que lhes concedais a graça de seu estado e de os cumular de vossas bençãos.

Ao Memento Meu Deus, vós concedeis a todos os vossos fiéis a graça de serem membros de um mesmo corpo e de receber a vida e as influências do espírito de Jesus Cristo, sua cabeça. Até quereis que tenhamos uma grande união de coração e que peçamos uns pe-los outros. Para obedecer ao mandamento que nos prescrevestes é que, sem olhar para meus pecados, eu rezo por meu pai e minha mãe, por meus irmãos e irmãs, por meus professores e professoras, pelos que procuram ou procuraram minha salvação, seja qual for a maneira e dos quais recebi algum bem, e também por todos os que estão presentes a este Sacrifício e vos peço por eles todas as graças que precisam.

Ao Communicantes É justo, ó meu Deus, que os santos que estão no céu se unam a nós para rezar, sobretudo neste Sacrifício. Já que formam conosco uma só e mesma Igreja, devem inte-ressar-se por nossa santificação, por nos alcançar os meios para tanto, e para vos pedir

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por nós e devem entrar na participação das ações santas que se realizam por todos os fiéis, a fim de que elas vos sejam mais agradáveis, para vos louvar, adorar e vos ofere-cer este Sacrifício com eles. Peço, portanto, à santíssima Virgem mãe de Jesus Cristo vosso Filho, a são João Batista, aos santos apóstolos Pedro e Paulo, a São João, aos san-tos papas, aos santos mártires e a todos os santos, para que atraiam sobre mim e sobre toda a Igreja vossas graças e vossas bênçãos.

Ao Hanc igitur Ó meu Salvador Jesus, que pelas palavras do sacerdote ides mudar o pão em vosso Corpo e o vinho em vosso Sangue, transformai-me também a mim inteiramente por vossa graça; destruí minhas paixões, fazei que abandone minhas inclinações e que não tenha outros afetos a não ser o de vos amar e de fazer o que mandais. É esta a mu-dança que vos peço que opereis em mim pela virtude deste santo Sacrifício.

Ato de adoração na elevação da Hóstia Ó meu Salvador Jesus, adoro vosso Corpo sagrado que acaba de aparecer sobre o altar. É por um efeito de vossa onipotência e de vossa bondade que possuímos tão grande tesouro. Vós os sacrificais para procurar a nossa salvação e nos dar vosso santo amor. Quero receber com gratidão esta graça e vô-la agradeço; fazei que, por toda a minha vida eu corresponda a vossos desígnios sobre mim e me torne digno do presente que me ofereceis de vós mesmo neste Sacrifício.

Ato de adoração na elevação do cálice Ó meu Salvador Jesus, que na Cruz derramastes vosso Sangue precioso por nos-sos pecados, adoro este mesmo Sangue, que agora está sobre o santo altar; e vos peço, pelos méritos que nos adquiristes e pelas intenções puríssimas que tivestes ao derramá-lo, que me concedais uma verdadeira contrição e o perdão de meus pecados.

Ao unde et memores Meu Salvador Jesus Cristo, que só realizastes os três mistérios de vossos sofri-mentos e de vossa morte, de vossa ressurreição e de vossa ascensão ao céu para que produzissem em nós as graças que lhes são próprias, fazei, pelos méritos de vossos so-frimentos e de vossa morte, que eu morra inteiramente ao pecado e a tudo o que vos desagrada; em virtude de vossa ressurreição, que eu só procure e me delicie nas coisas do céu e se referem ao bem de minha alma; que pelo favor de vossa ascensão gloriosa eu suba sempre de virtude em virtude e permaneça em repouso, e que goze plenamente de vosso santo amor.

Ao supra quæ Espero, ó meu Salvador, que me concedereis esta graça, por meio deste Sacrifí-cio, que vós mesmo ofereceis pelas mãos do sacerdote, pois ele é infinitamente mais santo do que o de Abel, é infinitamente mais perfeito do que o do Patriarca Abraão, e é

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infinitamente mais agradável a Deus do que o que apresentou o sumo sacerdote Melqui-sedec.

Ao supplices te rogamos Já que sois vós quem nos resgata para Deus, por vosso sangue e o único achado digno de abrir o livro e de romper os sete selos que o fecham, apresentai vós mesmo este sacrifício ao Pai eterno, porque também sois o único digno de o fazer, pedi-lhe que ele o consuma e então produzirá em nós uma abundância de graças e atrairá sobre nós todas as bênçãos do céu.

Ao memento etiam Toda Igreja, ó meu Deus, deve ter parte neste Sacrifício. Assim, depois que os santos que estão no céu se juntaram a nós para vo-lo oferecer, devemos pedir-vos pelas almas que sofrem no purgatório. Peço-vos, portanto, pelas almas de meus pais, de meus amigos e de meus benfeitores, por aqueles que se recomendaram a mim, e pelas mais abandonadas, dai-lhes, ó meu Deus, um repouso santo e eterno.

Ao nobis quoque peccatoribus Mas eu, ó meu Deus, que muito vos ofendi, não ouso pedir nada para mim in-digníssimo de vossas graças. Tenho, contudo, uma grande confiança em vossa miseri-córdia. Fazei que todos os vossos santos vô-la peçam para mim. Visto que vosso prazer está fazê-lo, concedei-me pela intercessão deles que eu possa depois de minha morte entrar em participação da glória deles. Sem dúvida, será uma grande alegria para eles ver aumentar o número de vossos adoradores no céu.

Ao per ipsum Somente por Jesus Cristo posso esperar esta felicidade; só ele a mereceu para mim por sua morte; também é só ele a quem não podeis recusar o que ele vos pede. Por isso também por ele e nele toda a glória que vos é devida vos é dada por todos os santos que estão no céu e na terra e no purgatório, por todos os séculos. Amém.

Ao Pater noster Eu não ousaria, ó meu Deus chamar-vos de meu Pai, depois de tão grande núme-ro de pecados que cometi, se Jesus Cristo, vosso Filho, não o tivesse mandado. Portanto , para obedecer a ele, e pela confiança que tenho em vossa bondade, é que tomo a liber-dade de vos dizer: Pai nosso que estais nos céus; santificado seja vosso Nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação; mas livrai-nos do mal. Amém.

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Ao libera nos quæsumus Como se é feliz, quando se possui uma verdadeira paz. É na união do espírito e do coração convosco, ó meu Deus, na isenção do pecado e no repouso de consciência que ela se encontra. Dai-me esta paz, afastai de mim o pecado, e fazei que meu coração sempre esteja na calma, e que eu fique tão compenetrado de que vossa vontade seja feita em todas as coisas, que nada seja capaz de me perturbar, nem de inquietar, porque só vou querer o que vos agrada. Esta é a graça que vos peço por intercessão da santíssima Virgem e dos santos Apóstolos Pedro e Paulo e André.

Ao Agnus Dei e ao Domine qui dixisti Meu Deus, depois de vos ter pedido a paz convosco, deixai que vô-la peça tam-bém com o próximo, pois não estarei bem convosco se não estiver bem unido de afeição com os homens. Contudo, não posso ter essa união, a não ser pela bondade e a paciên-cia. Dai-me, eu vos suplico, essas duas virtudes, e fazei que eu somente fale e proceda de maneira muito afável com todas as pessoas, que eu sofra com paciência e por vosso amor os erros, as injúrias e afrontas que me puderem ser feitos, que eu não me penalize de nada, que eu não fique chocado por nada, e que eu esteja contente com tudo o que me acontecer da parte dos outros.

Ato de desejo da santa comunhão Tenho um grande desejo, ó meu Salvador, de vos receber: é o que me ocupa o coração dia e noite; nisso é que penso muitas vezes; a isso é que eu aspiro como a um grandíssimo tesouro, pois a Comunhão é o que me consola em meus sofrimentos, que me fortifica em minhas fraquezas, e que me sustenta em minhas tentações. Tenho a im-pressão de que, quando tenho dentro de mim vosso Corpo sagrado, recebo ao mesmo tempo uma vida nova. Vós bem sabeis, divino Jesus, que sois a vida de minha alma e que ela desfalece assim que ela se afastar um pouco de vós, privando-se da santa Comu-nhão. Vós também sois a minha alegria, pois não posso encontrar verdadeiro prazer se não em vos possuir. Só vós sois em quem ponho toda a minha felicidade, porque não existe nada mais sólido do que gozar de vós, e este é o fruto que se tira da santíssima Comunhão.

Ato de adoração antes da S. Comunhão Eu vos adoro, Jesus Cristo, meu Salvador, que vos aniquilais e escondeis vossa glória neste admirável Sacramento, para vos dar inteiramente a nós e permanecer sem-pre conosco, sem dúvida é para que nós nos entreguemos inteiramente a vós. Mas o que é que vos darei, ó meu Salvador? Sou uma criatura cheia de pecados e vós me dais um Deus que é a própria santidade. Transformai-me, por favor, em vós, e assim serei santo, porque vós sois santo, e o pecado não terá entrada para dentro de mim.

Enquanto se comunga Eu não sou digno, ó Senhor, que entreis em mim, mas dizei somente uma pala-vra e minha alma será salva.

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Que o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo conserve minha alma para a vida eterna. Que felicidade para mim, ó meu Deus, a de vos ter recebido e de vos possuir, a vós que tendes em vós todos os tesouros de ciência e de sabedoria de Deus, em quem reside a plenitude da divindade. É vosso Corpo sagrado que acabo de receber, vós so-mente me o destes para me encher de graças, e me incitar a viver de maneira digna de vós. Eu vos peço que eu não contrarie vossas intenções, ao abandonar-me como os ani-mais aos prazeres dos sentidos, mas que todo o meu espírito esteja ocupado por vós, e que todo o meu prazer seja encher meu coração com vosso santo amor.

Ato de agradecimento Eu vos agradeço, ó meu Salvador, por me terdes dado a comer hoje vosso Corpo. É um pão celeste que dá forças para resistir às tentações e para não cair no pecado. É uma carne que é substância da própria Divindade e que produz um sabor para a pessoa se aplicar no serviço de Deus acima de todas as coisas. É um remédio capaz de curar todas as enfermidades de nossas almas. Fazei, ó Senhor, que este Pão sagrado repare em mim as forças que o pecado nele destruiu; fazei que esta carne mantenha a vida de mi-nha alma, ao me conservar vossa santa graça, e o desejo de vos servir, e que este remé-dio me seja salutar, e não deixe em mim pecado algum, nem afeição por aquilo que vos desagrada.

Atos de Comunhão espiritual quando não se comunga real-mente

Eu não sou digno, ó meu Senhor, de que entreis dentro de mim. Mas dizei so-mente uma palavra e minha alma será salva. Ó meu Salvador Jesus, já que não estou em condições de receber vosso Corpo sagrado sempre que assisto à santa Missa, dai-me o efeito deste Sacramento e concedei-me a graça de participar de vosso espírito. Enchei-me com ele, eu vos peço, para que eu só viva por ele e só me deixe dirigir por seus movimentos. Renuncio a meu espírito pró-prio e a minhas próprias luzes. Não quero segui-las em nada e submeter-me inteiramen-te às vossas.

União de coração a todos os que comungam Uno-me, ó meu Deus, a vossos servos e servas que comungam hoje e levam uma vida bastante pura para comungarem muitas vezes, até diariamente. Somos membros de um mesmo corpo, vós sois quem nos anima a todos e nos faz viver de vossa vida. Tor-nai-nos, eu vos peço, participantes de suas graças, de suas virtudes e de suas freqüentes comunhões e fazei que como eles vos honram continuamente por sua vida santa, eu vos honre também sempre enquanto os imito, porque eles vos possuem e são possuídos por vosso espírito. Ao Dominus vobiscum. Senhor, que vosso espírito esteja sempre conosco.

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Pós-comunhão Meu Deus, tive a felicidade hoje de estar presente e de participar do Sacrifício de vosso Filho, por isso dai-me como fruto do santo Mistério, a graça de continuar a vos sacrificar durante este dia, quer ao me privar de algum prazer, quer ao sofrer alguma dor por vosso amor, a fim de que, tenho procurado oferecer-vos um sacrifício perpétuo du-rante esta vida, eu possa oferecer um sacrifício eterno na outra. Esta é a graça que vos peço por Jesus Cristo Nosso Senhor, que convosco vive e reina na unidade com o Espí-rito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém. Ao Dominus vobiscum. Senhor, que vosso espírito esteja sempre conosco.

Ao placeat tibi Sancta Trinitas Recebei com agrado, ó meu Deus, o Sacrifício que o sacerdote acaba de vos ofe-recer e que eu vos ofereci de mim mesmo. Fazei que um e outro me sejam úteis e aceitai também o serviço que vos presto e que quero continuar a vos prestar durante toda a mi-nha vida. Em seguida cada um se prepara, por um sentimento de profunda humildade, a receber a bênção do sacerdote.

Ao Evangelho de São João Verbo divino, que estais em Deus e Deus mesmo desde toda a eternidade, por meio de vós todas as coisas foram feitas e vós lhes destes o ser e a vida. Quanta bonda-de tivestes de vir a este mundo para iluminar todos os homens, que estavam na ignorân-cia, e no pecado! A maioria, contudo, foram tão miseráveis e cegos que não quiseram receber a luz e permaneceram nas trevas. Nem sequer compreenderam, nem quiseram escutar as verdades santas que vós lhes anunciastes. E embora tenhais sempre permane-cido entre eles, não vos conheceram. Felizes os que não escutaram a carne e o sangue, nem as palavras dos homens, mas a voz de Deus, vos receberam e acreditaram em vós, pois se tornaram filhos de Deus. não permitais, ó Verbo Encarnado, que eu siga o e-xemplo desses judeus incrédulos e endurecidos que não quiseram vos reconhecer; ilu-minai-me com vossa luz, tornai-me dócil a vossa palavra, e fazei que eu confesse de coração e de boca, com todos os que creram em vós, que vós sois o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, para nos dar a graça e nos ensinar a verdade.

Depois da Missa Meu Salvador Jesus Cristo, agradeço-vos a graça que me concedestes hoje de assistir a santa Missa e todas as que recebi de vós. Eu vos peço perdão das faltas que nela cometi, e vos peço que me concedais, em virtude deste santo Sacrifício, todos os socorros necessários para não vos ofender durante este dia e de vos servir com fidelida-de no resto de minha vida.

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METÓDICA

PARA APRENDER

A SE

CONFESSAR BEM

Por Perguntas e Respostas

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PREFÁCIO A prática do Sacramento da penitência, que ordinariamente é chamado Confis-são, é a ação mais importante da religião porque é dela que depende de maneira particu-lar a salvação dos que foram infelizes a ponto de cair nos pecados mortais. Por isso é de máxima conseqüência, não somente expor todas as preparações requeridas, mas também para não faltar nada do que é necessário para purificar a consciência e libertá-la de todos os pecados de que está carregada. Uma das maiores desordens que podem acontecer entre os cristãos é que a maio-ria se persuade que somente a confissão seja necessária para obter o perdão dos pecados no Sacramento da Penitência e que basta confessá-los de qualquer maneira para merecer receber a absolvição. Não entendem como é difícil ao homem voltar a Deus depois que se afastou dele por seus desvios em vista da grande inclinação ao pecado que teve, e quanta disposição a penitência exige para ser verdadeira e segura. Ela nem sequer pode ser feita devidamente sem muito sofrimento e esforço. Isto faz que o Concílio de Trento a chame de acordo com os santos Padres de ”Batismo penoso e laborioso”. Este sofri-mento que é preciso impor-se para fazer bem este exercício de religião consiste especi-almente em tomar todo cuidado possível para se preparar bem, para confessar simples, clara e inteiramente todos os pecados cometidos, dando-se a conhecer ao confessor tais quais somos. Enfim em satisfazer plenamente quer para com Deus, quer para com o próximo. É prática ordinária para os cristãos confessar de tempos em temos seus pecados ao sacerdote. Alguns o fazem uma vez todos os anos, para observar o Mandamento da Igreja, talvez, porque seriam considerados como excomungados, se não cumprissem esse dever. Muitos outros o fazem mais freqüentemente e há mesmo os que se aproxi-mam muito assiduamente deste Sacramento por princípio de piedade, para adquirir e conservar a pureza de coração. Mas entre todos os que o recebem há poucos que se pre-ocupam com se confessar bem e pouquíssimos que o sabem fazer devidamente e a mui-to custo se encontram alguns que se confessam de maneira completamente correta. Al-guns vão se confessar sem terem examinado sua consciência ou só depois o terem feito superficialmente. Outros, por crerem que basta ter procurado bastante escrupulosamente seus pecados vão contá-los a um confessor como uma aventura que lhes tivesse aconte-cido, sem pensar em sentir uma verdadeira contrição. E mesmo que a expressem por algum ato, somente o fazem de boca sem dar sinal algum de que é suficiente e interior. Acontece mesmo com freqüência que não mostram ter o mínimo pensamento de mudar de conduta. Há também pessos que confessam seus pecados como por rotina, quando declaram quase sempre os mesmos pecados. Não poucos, depois de terem passado um ano inteiro sem se confessar, o fazem em dois ou três minutos e dizem somente em ge-ral sete ou oito pecados grandes, que são os que mais impressionaram sua imaginação, persuadidos com isso de acalmar a sua consciência. Alguns, pelo contrário, ao se con-fessarem, dizem tantas palavras que, para declarar cinco ou seis pecados, precisam quar-tos de hora e por vezes meias horas inteiras, o que atrapalha muito um confessor que muitas vezes não pode discernir em tudo o que essas pessoas disseram o que é pecado. Também isso lhe faz perder muito tempo e é motivo de ele se ver obrigado a despedir várias pessoas sem se terem confessado. Encontram-se ainda pessoas que pensam que não é permitido a um confessor diferir ou recusar-lhes a absolvição, quando não estão em estado de a receber. E outros que parecem querer tomá-lo à parte, se ele mostrar, mesmo só um pouquinho, que não a pode dar. Vereis também gente que se persuade que

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cabe a eles receber penitência tal que lhes agrada e que eles são livres de limitar o poder do confessor neste ponto ou até acham que, se a penitência não lhes agrada, podem não cumpri-la. Numa palavra, encontram-se tantas dificuldades e tantas desordens na prática da confissão, que se achou que seria útil dá-las a conhecer aos fiéis e propor-lhes os meios necessários para remediar a isso, para que, instruídos em todos os pormenores da prepa-ração que se deve ter para o Sacramento da Penitência, sobre a maneira de se confessar bem, e os defeitos que se devem evitar ao declarar seus pecados, sobre a docilidade com que se deve escutar e seguir os conselhos do confessor e aceitar a penitência que ele impõe, sobre a necessidade e os meios de satisfazer, estejam nas condições devidas ao se aproximarem deste sacramento para nele receberem a graça que perderam pelo peca-do, e depois conservá-la inviolavelmente. É o que se propõe fazer nas Instruções seguin-tes.

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METÓDICA

PARA SE CONFESSAR BEM P – Quando alguém quer se confessar, que é que deve fazer para estar em condições de

fazer uma boa Confissão? R – Deve preparar-se bem para isso. Depois deve confessar-se com as boas disposições

e aplicar-se acima de tudo a bem declarar seus pecados. Depois de ter-se confessa-do, deve agradecer a Deus a graça recebida no Sacramento da Penitência, tomar al-guns meios para conservá-la e cumprir a penitência que lhe tiver sido imposta pelo confessor.

P - Antes de se confessar que é preciso fazer para se preparar bem? R - É preciso fazer duas coisas. 1º Examinar sua consciência. 2º Arrepender-se de to-

dos os seus pecados.

Da primeira coisa que se deve fazer antes de se confessar P – Qual é a primeira coisa que se deve fazer antes de se confessar, para se preparar

bem? R - É tomar todo cuidado possível, com a graça de Deus para se lembrar de todos os

seus pecados; e isto é que se chama examinar sua consciência. P - O que é examinar sua consciência? R - É pensar com atenção nos pecados que se cometeu desde sua última confissão e

procurá-los com cuidado para não omitir nenhum voluntariamente ou por negli-gência.

P - Não se pode alguém confessar sem ter examinado sua consciência? R - Isto seria alguma coisa muito má, porque aquele que esquecesse um pecado na

Confissão por falta de se ter examinado suficientemente cometeria um sacrilégio. P - Será que não basta examinar-se enquanto alguém se confessa? R - Não; é preciso absolutamente fazê-lo antes de se confessar e nunca no momento de

se confessar; então deve-se pensar somente em declarar bem seus pecados. P - Que cuidado e que exatidão é preciso ter para examinar bem sua consciência? R - É preciso ter o mesmo cuidado e a mesma exatidão que se teria num negócio em

que se tratasse de perder não somente todos os seus bens, mas até sua própria vida. P - Que é que se deve fazer para se colocar em situação de examinar bem sua consci-

ência, antes de se confessar? R - É preciso retirar-se a algum lugar da igreja, onde se possa estar em calma e ali pe-

dir a Deus a graça de se lembrar de todos os seus pecados. P - Sobre o que é que se deve examinar sua consciência antes de se confessar? R - Sobre os Mandamentos de Deus e da Igreja, sobre os sete pecados capitais e sobre

os pecados particulares de seu estado e de sua profissão. P - Para bem examinar sua consciência, basta examinar seus pecados em geral, por

exemplo, se blasfemou, se roubou, se mentiu, etc?

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R - Isto não basta; é preciso além disso, examinar-se acerca do número e das circuns-tâncias necessárias de cada pecado que se cometeu, por exemplo, qual foi a blas-fêmia, quantas vezes se cometeu, etc.

P - Em que é que se deve pensar para se examinar melhor e mais exatamente sua consciência?

R - Será bom pensar que pecados se cometeu na igreja, na casa, nos outros lugares que se freqüentou, e na companhia das pessoas com quem se conversou.

P - Quais são os pecados mais ordinários que se podem cometer na igreja ou que se referem à igreja?

R - São os seguintes: 1º Faltar à assistência à santa Missa ou chegar tarde demais, ou sair dela antes do fim da Missa, especialmente nos domingos e festas. 2º Estar nela sem rezar. 3º Conversar e olhar para todos os lados, rir e manter atitude indecente, ou cometer alguma outra imodéstia.

P - Quais são os pecados mais ordinários que se podem cometer na casa? R - São os seguintes: 1º Ser preguiçoso para se levantar. 2º Não rezar de joelhos de

manhã ou de tarde ou não o fazer com atenção e piedade. 3º Mandar fazer coisas que a Lei de Deus proíbe ou dar ordens com paixão. 4º Não obedecer aos que têm poder de mandar ou faltar de respeito para com eles. 5º Encolerizar-se, impacien-tar-se ou ficar amuado. 6º Comer ou beber por sensualidade ou com excesso. 7º Fi-car gozando com pensamentos desonestos ou fazer ações contrárias à pureza.

P - Quais são os pecados mais ordinários que se podem cometer na companhia das pessoas com quem se conversa?

R - São os seguintes: 1º Blasfemar. 2º Mentir. 3º Dizer palavras ou cometer atos deso-nestos e contrários à pureza. 4º Falar mal do próximo. 5º Bater, brigar, ofender com palavras alguém. 6º Desejar, tomar, ou reter o que pertence a nosso próximo. 7º Perder muito tempo ou dinheiro no jogo ou na diversão. 8º Dar escândalo ou mau exemplo.

Da segunda coisa que se deve fazer antes de se confessar P - Qual é a segunda coisa que se deve fazer, antes de se confessar para se bem pre-

parar a isso? R - É mostrar a Deus um grande pesar de tê-lo ofendido e prometer-lhe nunca mais

recair em seus pecados. É o que se chama fazer um Ato de Contrição. P - Os que ao se confessarem não têm pesar de terem ofendido a Deus, fazem boa

Confissão? R - Pelo contrário, cometem um sacrilégio, porque o pesar de ter ofendido a Deus é

uma parte essencial do Sacramento da Penitência ou da Confissão; por isso nin-guém se pode dispensar de o sentir no coração quando se recebe este Sacramento.

P - Por que se diz que a Contrição é uma parte essencial do Sacramento da Penitên-cia?

R - É porque sem ela não se recebe o Sacramento, e a Confissão é nula. P - Será que, antes de se confessar, é necessário sentir uma grande dor de todos os

pecados cometidos, e fazer de todos um Ato de Contrição? R - Sim; antes de se confessar é preciso fazê-lo, caso não se queira fazer uma Confis-

são sacrílega.

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P - Será que não bastaria arrepender-se de seus pecados e fazer um ato de Contrição deles depois de se ter confessado e ter recebido a absolvição?

R - Não, não seria bastante de nenhuma forma; e se alguém esperasse para se arrepen-der de seus pecados para depois de ter recebido a absolvição, esta absolvição seria inútil e não receberia por ela o perdão de seus pecados.

P - Que é a Contrição? R - É uma dor, ou um pesar de ter ofendido a Deus, unida a um firme propósito de

nunca mais ofendê-lo. P - Quais são as condições que deve ter a Contrição, para ser suficiente no Sacramen-

to da Penitência? R - É preciso que tenha seis condições. A primeira é que seja sobrenatural, isto é, que

venha de Deus. 2ª Que seja interior, isto é, no fundo do coração. A 3ª é que seja suma, isto é, que tenhamos mais dor de ter ofendido a Deus do que todas as outras coisas que possam causar-nos alguma dor. A 4ª é que seja universal, isto é, de to-dos os pecados, pelo menos os mortais, que tenhamos cometido, sem excetuar um só. A 5ª é que seja eficaz, isto é, unida a uma forte resolução de não recair no pe-cado. A 6ª é que seja acompanhada do amor de Deus e de uma grande confiança em sua bondade e nos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

P - Quem tivesse dor de seus pecados por medo somente de perder sua honra ou seus bens ou qualquer coisa temporal, teria uma verdadeira Contrição e faria uma boa Confissão?

R - De maneira alguma; porque esse medo é totalmente natural e não vem de Deus, e não exclui todo apego ao pecado.

P - Quem, ao se confessar, tivesse a dor de todos os seus pecados exceto de um só, teria uma verdadeira Contrição e faria uma boa Confissão?

R - Não. E se recebesse a absolvição nesse estado, cometeria um sacrilégio, caso o pecado do qual não tem arrependimento ou tivesse dúvida disso, fosse mortal.

P - Como é que se deve fazer um Ato de Contrição? R - Um Ato de Contrição se faz assim: Meu Deus, eu vos peço humildemente perdão de todos os pecados que cometi

em toda minha vida, e especialmente desde minha última Confissão. Sinto uma profunda dor de os ter cometido; eu os detesto pro amor a vós porque eles vos de-sagradam. Estou resolvido, com o socorro de vossa santa graça, de não mais recair neles.

P - Para ter verdadeiro arrependimento de seus pecados será bastante fazer de boca um ato de Contrição, ao dizer, por exemplo: Meu Deus, tenho grande arrependi-mento de vos ter ofendido, porque vós sois infinitamente bom?

R - Isto não basta; é preciso ter mais sentimento no coração. P - Todas as vezes que, ao se confessar, se faz um Ato de Contrição, é necessário ao

mesmo tempo ter um firme propósito e uma forte resolução de não mais ofender a Deus?

R - Sim; isto é absolutamente necessário. E se não se tivesse essa resolução, não se receberia o perdão de seus pecados, e se cometeria uma Confissão sacrílega.

P - Por que é que os que confessam seus pecados sem terem um firme propósito e uma forte resolução de não mais recair neles, não recebem o perdão?

R - É porque o firme propósito faz parte da Contrição e é, por conseguinte, uma parte essencial do Sacramento da Penitência ou da Confissão.

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P - O que é um firme propósito ou forte resolução de nunca mais ofender a Deus? R - É uma vontade firme e determinada de antes sofrer todos os piores tormentos, a

perda de todos os bens e de tudo o que se tem, até mesmo a morte, do que cometer um só pecado.

P - Como é que se toma um firme propósito de nunca mais ofender a Deus? R - Toma-se assim: Meu Deus, com o auxílio de vossa graça estou resolvido a morrer antes do que

vos ofender. P - Para tomar um firme propósito de nunca mais ofender a Deus, será que basta di-

zê-lo de boca e dizer: MEU Deus, eu gostaria mais de morrer do que vos ofender? R - Isto não basta; é preciso estar de fato nessa disposição. P - Quem recai sempre nos mesmos pecados parece ter uma verdadeira contrição e

pesar de seus pecados? R - Não; porque não toma uma resolução bastante forte de não os cometer mais, sem o

que, porém, não se pode ter uma verdadeira Contrição. P - Os que não querem abandonar as ocasiões próximas do pecado, têm firme propó-

sito de não mais ofender a Deus? R - Não; porque não querer abandonar essas ocasiões seria não querer deixar de pecar. P - Quais são as ocasiões próximas do pecado? R - São aquelas coisas que ordinariamente são a causa de se cair no pecado, tais como

as pessoas com quem, e os lugares em que se costuma ofender a Deus. P - Há quantas espécies de ocasiões próximas de pecado? R - Há duas espécies de ocasiões próximas de pecado. 1ª As que levam a ele por si

mesmas, como a leitura de livros indecentes, a conversa freqüente e familiar de du-as pessoas solteiras de sexo diferente. 2ª As que fazem cair no pecado não por si mesmas, mas em razão somente da má disposição da pessoa, quer por sua fraqueza, quer por seus maus hábitos. Tais são, para um comerciante, seu negócio que não o impede de enganar. A profissão de taverneiro que não pode ou não quer recusar a bebida ou a comida às pessoas que sabe terem tomado bastante ou estarem a gastar sua fortuna na taverna em prejuízo da família. O jogo para quem perde seus bens no jogo, ou tem o costume de blasfemar ou imprecar. A taverna, para quem costu-ma se embriagar ou beber em excesso.

P - É-se obrigado a abandonar as ocasiões próximas de pecado que o são tais somen-te, por causa da má disposição da pessoa, da mesma forma como se é obrigado a se afastar das que o são por si mesmas?

R - Sim, quando ordinariamente nelas se ofende a Deus e quando se continuaria a o-fendê-lo caso se permanecesse nelas.

P - Podemos por nós mesmos fazer um ato de Contrição e ter um verdadeiro arrepen-dimento de nossos pecados?

R - Não; somente Deus pode no-lo dar. P - Podemos excitar-nos a ter a contrição e o arrependimento de nossos pecados? R - Sim; podemo-lo com a graça de Deus. P - Que é preciso fazer para se excitar a ter uma verdadeira contrição e arrependi-

mento de seus pecados e um firme propósito de nunca mais recair? R - Para isso podemos utilizar seis meios diferentes. O 1º é pedi-la a Deus. O 2º é con-

siderar a bondade de Deus e os benefícios que dele recebemos. O 3º é ver a enor-midade e o grande número de nossos pecados. O 4º é pensar no que Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu para satisfazer a Deus por nossos pecados. O 5º é refletir que o

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pecado nos fez perder a graça de Deus, priva-nos do Paraíso e nos faz merecer o inferno. O 6º é fazer freqüentes atos de Contrição.

P - Que benefício recebe nossa alma quando temos verdadeiro arrependimento de nossos pecados?

R - O grande benefício que recebemos então é a graça de Deus e o perdão de nossos pecados.

§ 3. Do que se deve fazer na Confissão antes de declarar seus pecados e das quatro primeiras coisas a observar ao declarar

seus pecados P - Que é que se deve fazer ao confessar-se, para o fazer com boas disposições? R - É preciso fazer dez coisas. P - Qual é a primeira coisa que se deve fazer no momento de se confessar? R - É fazer o sinal da cruz, dizendo In nomine Patris, etc... ou Em nome do Pai,

etc…depois pedir ao confessor sua bênção, dizendo: “Padre, dai-me a vossa bên-ção porque eu pequei”.

P - Por que, ao confessar, se pede a bênção do confessor, antes de declarar seus pe-cados?

R - É porque na pessoa do confessor se presta honra ao poder e à autoridade de Jesus Cristo ao qual se pede a bênção e a graça necessária para confessar bem todos os seus pecados.

P - Qual é a segunda coisa que se deve fazer no momento de se confessar? R - É dizer o Confiteor quer em latim, quer em francês, até mea culpa. P - Por que, antes de declarar seus pecados, se diz o Confiteor na confissão? R - É para fazer um ato de humildade manifestar ao confessor, em presença de Deus,

dos anjos e dos santos, de que se é pecador, para atrair sobre si por este ato a mise-ricórdia de Deus que sempre está disposto a dar sua graça aos humildes.

P - Qual é a terceira coisa que se deve fazer na confissão para se confessar bem? R - É, antes da declaração dos pecados, dizer há quanto tempo não se confessou. P - Como é que se deve dar a conhecer ao confessor desde quanto tempo não se con-

fessou? R - Deve-se dizer faz quinze dias, ou três semanas, ou um mês que não me confessei.

Ou então: minha última confissão foi há quinze dias, ou três semanas, ou um mês ou dois meses, ou mais ou menos, conforme o tempo que passou desde que se con-fessou.

P - Se não é o mesmo confessor da última vez e se não se é conhecido dele, será que basta, antes de declarar seus pecados, dizer há quanto tempo não se confessou?

R - Para dar a conhecer melhor o estado de sua consciência e a disposição com que se confessa, também é conveniente dizer-lhe ao mesmo tempo: 1º Se se tem um con-fessor determinado e fixo e por que não se confessa com ele desta vez. Ou se não se tem confessor ordinário, por que não se escolhe um e por que não se confessa sempre com o mesmo. 2º Se se confessa com freqüência, ou raramente e quantas vezes mais ou menos cada ano. 3º Se se abraçou um estado de vida, se por exem-plo, se é ou foi casado ou não. 4º Qual é a profissão que se tem, juiz ou advogado,

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de quê, ou estudante e de que ciência, etc. 5º Se não se tem emprego, ou se o em-prego em que se está não é suficiente para ocupar todo o tempo; em que se empre-ga ordinariamente o dia todo ou o tempo livre. 6º Se ainda não se cumpriu a peni-tência imposta na última confissão e por que motivo. 7º Se estiver obrigado a al-guma restituição ou reparação, quer da honra, quer de prejuízo, não se fez ainda. Ou se tiver tido ódio contra alguém, não se reconciliou com ele e qual poderia ser a causa.

P - Qual é a quarta coisa que se deve fazer na confissão para se confessar bem? R - É declarar bem seus pecados. P - Que é que se deve observar ao declarar seus pecados? R - Para declarar bem seus pecados é preciso observar dez coisas. P - Qual é a primeira coisa que se deve observar na confissão, ao declarar seus peca-

dos? R - É dizê-los pessoalmente. P - Quando alguém se confessa, não deve pois, esperar que o confessor pergunte, pa-

ra começar a declarar seus pecados? R - Não; é preciso dizê-los pessoalmente e dizer também pessoalmente tudo o que po-

de servir para dar-se a conhecer tais quais são, sem obrigar o confessor a perguntar sobre isso.

P - Portanto está errado dizer ao confessor: Padre, confesse-me? R - Sim; porque nós é que devemos confessar e declarar nossos pecados e não o con-

fessor pois ele não os conhece. P - Qual é a segunda coisa que se deve observar na confissão ao declarar seus peca-

dos? R - É dize-los como coisa passada. P - Não se deve, portanto, dizer ao confessar seus pecados no tempo presente, por

exemplo, Eu blasfemo, eu minto, eu digo palavras indecentes, eu me encolerizo as-sim que alguém me diz alguma coisa que me fere, etc?

R - Não; não é assim que se deve falar na confissão, para declarar bem seus pecados. Sempre se deve dizer no tempo passado, assim: Eu blasfemei, eu menti, etc.

P - Qual é a terceira coisa que se deve observar na confissão ao declarar seus peca-dos?

R - É dizê-los em forma de acusação. P - Como nos devemos expressar para dizer nossos pecados em forma de acusação? R - É preciso dizê-los com humildade e com simplicidade, como o deve fazer um cri-

minoso que declara seus crimes a seu juiz. Se, por exemplo, se mentiu para se es-cusar, é assim que se deve fazer: Eu menti, ou eu me acuso de ter mentido para me escusar.

P - Portanto, está correto dizer na confissão: se menti, peço perdão a Deus, ou dizer: às vezes a gente blasfema, às vezes se mente, às vezes se fica brabo, etc?

R - Não; pois isto não é declarar seus pecados em forma de acusação. P - Qual é a quarta coisa que se deve observar na confissão ao declarar seus peca-

dos? R - É não se escusar, nem jogar a culpa nos outros. P - Que é que se pode pensar daquele que, para se confessar, dissesse: “Eu menti,

mas não pude agir de outra maneira; pois, se tivesse dito a verdade, teria perdido muito dinheiro” ou “Cheguei tarde à Missa no domingo; mas não foi minha culpa, encontrei no caminho um de meus parentes que me saudou e falou comigo algum tempo o que me impediu estar no começo da Missa” ou “Eu não rezei durante a

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Missa porque um pessoa que conheço chegou-se a mim e conversamos durante a maior parte da Missa”?

R - O que se pode pensar e dizer desta maneira de declarar seus pecados é que isto não é se confessar, mas se escusar. Deve-se dizer simplesmente: “Eu menti sem fazer prejudicar a ninguém”, uma, duas, três ou quatro vezes tantas as vezes que se fez. “Cheguei tarde à missa um domingo quando se rezava ou cantava o Evangelho”. “Deixei uma vez de rezar durante a maior parte da santa Missa”, sem dizer mais nada para escusar seus pecados ou jogar a culpa sobre os outros.

§ 4. Da 5ª, 6ª e 7ª coisa que se deve observar ao declarar seus pecados, i.e., declarar a espécie, o número e as circunstâncias. P - Qual é a quinta coisa que se deve observar na confissão ao declarar seus pecados? R - É dizer a espécie, o número e as circunstâncias necessárias de cada um dos pecados

que se cometeu. P - O que é declarar na confissão a espécie de um pecado? R - É dizer em particular que pecado se cometeu, por exemplo, se alguém blasfemou,

qual foi a blasfêmia; se alguém injuriou alguém, qual foi a injúria que se lhe fez. P - Não bastaria dizer seus pecados somente em geral, por exemplo: fui orgulhoso,

indecente, guloso, preguiçoso, avarento, etc? R - Não; é preciso necessariamente dizer cada um de seus pecados em pormenores e

em particular. P - Como é então que se deve acusar os pecados quando se caiu em algum pecado,

como por exemplo, quando se cometeu um ato de soberba, para declarar correta-mente a espécie deste pecado?

R - Se foi por pensamento, deve-se dizer: tive pensamentos de orgulho em que consen-ti; se foi por palavras, deve-se dizer, por exemplo: eu me vangloriei ou falei bem de mim mesmo para sentir vaidade; se foi por obras, deve-se dizer, por exemplo: fui muito modesto ou muito devoto na igreja, ou, dei a esmola a um pobre porque havia outras pessoas que me estavam olhando, para que estas tivessem estima para mim. Quando se blasfema, deve-se dizer qual foi a blasfêmia, por exemplo, falei mal de Deus, falei “o diabo te carregue”. Quando alguém injuriou, deve-se dizer qual foi a injúria feita, a quem, por exemplo, injuriei meu irmão, eu o chamei de canalha; ou injuriei um sacerdote, eu o chamei de diabo, assim é que se deve dizer em particular os pecados que se cometeu.

P - Quando se cometeu um pecado de impureza, para bem declarar a espécie deste pecado basta dizer na confissão: cometi um pecado de impureza?

R - Isto não basta; pois há muitas sortes e espécies deste pecado, visto que se pode cometê-lo quer por pensamentos, ou por desejos, ou por olhares, ou por palavras, ou por canções, ou por beijos, ou por toques, ou outras ações indecentes.

P - O que significa declarar o número de seus pecados? R - É dizer quantas vezes se cometeu cada pecado que se confessa. P - Isto é necessário? R - Sim; é preciso declará-lo necessariamente, pois não o fazendo se faria um confis-

são má. Pois quantas vezes que se cometeu voluntariamente uma ação pecaminosa, se cometeu, tantos pecados diferentes se cometeu, por exemplo, se blasfemei doze vezes, isto são doze pecados; se blasfemei cem vezes, são cem pecados que cometi.

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P - Na confissão de um pecado não basta dizer que foi cometido várias vezes; por e-xemplo, blasfemei várias vezes?

R - Não basta; porque o confessor não pode julgar por esta acusação quantas vezes se cometeu esse pecado, pois ter cometido um pecado só duas vezes é o mesmo do que tê-lo cometido várias vezes e tê-lo cometido dez, vinte, cem e mesmo mil ve-zes.

P - Na confissão é permitido diminuir ou aumentar o número de seus pecados, ao di-zer, por exemplo: Eu menti talvez umas trinta vezes, quando só se mentiu umas cinco ou dez vezes, porque se acha melhor dizer a mais do que a menos?

R - Isto nunca é permitido e quem o fizesse voluntariamente faria uma confissão má. P - Se alguém não se lembra do número de pecados cometidos, que é que deve fazer? R - Como os pecados de cujo número alguém não se lembra são geralmente pecados

de hábito, então deve-se dizer ao confessor quantas vezes mais ou menos por dia, ou por semana, ou por mês que foram cometidos.

P - Não seria melhor declarar mais do que menos? R - Não se deve declarar nem mais nem menos, mas o número exato de seus pecados

na medida em que se lembra. P - Que significa declarar ao confessor as circunstâncias necessárias de cada pecado

cometido? R - Quando se diz na confissão, de que maneira, por que motivos, com que espécie de

pessoas, em que lugar se pensou, se fez, ou se disse alguma coisa, quando isto é necessário para dar a conhecer qual a espécie de pecado que se cometeu; isto é di-zer as circunstâncias necessárias de um pecado na confissão.

P - Como é que na confissão dos pecados se deve declarar as circunstâncias? R - Assim é que se deve expressar ao confessor: se, por exemplo, se mentiu, deve-se

dizer se foi para prejudicar alguém; no caso de injuria, se foi ao pai ou à mãe, ou a um sacerdote, ou a alguma pessoa constituída em dignidade, e que injúria se disse; no caso de bater em alguém, que espécie de pessoa foi, se foi por ódio, se foi com violência e com excesso; no caso de causar algum dano, qual foi esse dano.

P - Quando se fala mal de alguém, basta para se confessar bem dizer: Falei mal de meu próximo, duas, quatro ou seis vezes, tantas quantas se fez?

R - Não basta; é preciso também dar a conhecer, se o que foi dito era verdade ou falso, se era muito importante ou não, diante de quantas pessoas se falou, se causou dano à pessoa da qual se falou, desde quando e qual foi o dano. Explicar-se assim, é o que se chama dizer as circunstâncias de um pecado.

P - Quando se roubou alguma coisa, basta dizer: Eu me acuso de ter roubado? R - Não basta; para se confessar bem é preciso também declarar as circunstâncias des-

se pecado: dizer qual foi a quantia, ou o que é que se roubou, e qual poderia ser o valor de tudo, se não se possui mais e se o roubado pertencia à Igreja, ou a um rico, ou a um pobre, ou a alguém que tivesse muita necessidade do que foi roubado, quanto tempo se guardou, e que quantia se guardou, e qual o prejuízo que isto cau-sou à pessoa da qual se roubou.

P - Qual é a sexta coisa que se deve observar na confissão ao declarar seus pecados? R - é declarar os próprios pecados e nunca os dos outros, nunca dar o nome de alguém

na confissão. P - Contudo muitas vezes acontece que algumas pessoas acreditam fazer bem, na con-

fissão, contar os pecados dos outros: Padre, dirá alguém, tenho um filho, ou uma filha, ou um empregado, ou empregada que me causam muito sofrimento; preciso

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dizer três ou quatro vezes uma coisa, antes que ele ou ela o faça. Isto algumas ve-zes não me posso impedir de batê-lo(a)?

R - Agir assim seria confessar-se muito mal e, em vez de dizer todas essas coisas deve-se contentar com dizer: Padre, eu bati em meu filho, ou minha filha, meu emprega-do ou minha empregada, duas, três ou quatro vezes, tantas quantas foram as vezes..

P - Qual é a sétima coisa que se deve observar na confissão ao declarar seus peca-dos?

R - É dizer em poucas palavras e nada dizer do que não é pecado. P - Não é pois permitido, ao declarar seus pecados na confissão, contar uma história

ou toda uma aventura? R - Não; nunca se deve fazer o que faria alguém se dissesse: “Outro dia, ao visitar um

de meus amigos, durante a conversa ele me contou que uma pessoa que conheço falou muito mal de mim numa roda de amigos. Isto me causou uma violenta cólera contra esse homem. Falei umas fortes injúrias, chamando-o de canalha, insolente, etc. Acrescentei mesmo que eu saberia muito bem como vingar-me disso e que en-contraria uma ocasião.” Em vez de fazer toda esta narração, deveria dizer somente em poucas palavras o que era pecado nesta aventura, mais ou menos assim: “Fiquei raivoso um dia contra uma pessoa que tinha falado mal de mim, proferi pesadas in-júrias contra ela e disse que me vingaria dela.” É preciso, ao declarar seus pecados, só dizer o que é pecado em tudo o que se fez ou se disse.

P - É permitido na confissão dizer pecados que não se cometeu? R - Não; porque uma pessoa somente se confessa para declarar os pecados de que ela é

culpada.

§ 5. Da oitava coisa que se deve observar ao declarar seus pe-cados.

P - Qual é q oitava coisa que se deve observar ao declarar seus pecados na confis-

são? R - É dar a conhecer inteiramente seus pecados. P - Que significa dar a conhecer inteiramente seus pecados? R - Significa dizer clara e simplesmente tudo o que servir a torna-los conhecidos tais

quais são, sem nada omitir nem ocultar. P - Que é que deve pensar aquele que na Confissão deixasse de dizer alguma coisa

que deveria declarar para dar a conhecer seu pecado tal qual é? R - Ele certamente faria uma Confissão má. Assim seria a de quem roubou um tostão a

um pobre que só tem isto para comprar pão, e declarasse apenas: “Eu roubei um tostão”, porque não daria a conhecer inteiramente seu pecado tal qual é.

P - Está correto, quando alguém se confessa, exagerar seus pecados, fazê-los parecer mais graves do que são?

R - Isto nunca é permitido, porque, quem dissesse na Confissão: “Eu blasfemei contra o nome de Deus”, quando apenas blasfemou contra a fé, ou “Blasfemei”, quando apenas disse o nome do demônio, esse tal se confessaria muito mal. É preciso ape-nas dizer seus pecados tais quais são, sem nada acrescentar nem tirar.

P - Em caso de dúvida de ter cometido algum pecado, como é que se deve acusar? R - Deve-se dizer assim: “Duvido, ou não sei, ou não estou bem certo de ter cometido

um tal pecado: por exemplo, se menti".

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P - Quando sem reflexão ou sem muita atenção se cometeu um ato que, por si, é peca-do, como é que se deve declarar isto na Confissão?

R - Neste caso deve-se declarar a pouca ou nenhuma atenção que se teve, se foi uma mentira que se cometeu, deve-se dizer: “Menti sem refletir no que eu estava dizen-do” ou se houve um pouco de atenção: “Menti sem prestar muita atenção ao que eu estava dizendo”. É assim que se deve fazer a acusação em casos semelhantes.

P - Se ao cometer um pecado ou mesmo sem o cometer se incitou alguém ou aconse-lhou a cometê-lo, ou se ele o cometeu porque se lhe deu exemplo, como é que se deve acusar disso?

R - É preciso declarar ao Confessor que se incitou, se foi assim, ou que se aconselhou, se foi o caso, a cometer este pecado, e dizer depois quantas pessoas foram incitadas a comete-lo, ou quantas pessoas foram aconselhadas, e que prejuízo se causou aos outros por este pecado; porque também se é culpado pelos pecados que os outros cometeram, quando foram incitados ou aconselhados como se os tivéssemos come-tido nós mesmos. Por conseguinte estamos obrigados a reparar todo prejuízo que esses pecados pudessem ter causado a outras pessoas; mas se foi somente por nos-so mau exemplo que outra pessoa tivesse cometido um pecado, e não o tivéssemos incitado ou aconselhado, então basta dizer ao Confessor que uma ou várias pessoas cometeram tal pecado porque lhes demos o exemplo para tanto, sem dizer qual foi o dano causado, porque quem deu mau exemplo não está obrigado a reparar o dano causado pelo pecado cometido por outra pessoa por este mau exemplo.

P - Quando já passou algum tempo depois que se cometeu um pecado e a pessoa não se lembra se o confessou, é preciso acusá-lo junto com os outros sem dar a conhe-cer ao Confessor que há muito tempo que se cometeu esse pecado?

R - Não; ao se confessar nunca se deve declarar junto com os outros e sem discerni-mento um pecado que se cometeu antes de sua última Confissão e que não se está seguro de o ter confessado, mas deve-se acusá-lo em primeiro lugar por medo de esquece-lo e dizer ao Confessor desde quanto tempo ele foi cometido e que não se lembra se o confessou.

P - Quando alguém ocultou algum pecado na Confissão, basta declará-lo com os ou-tros que acusa na Confissão seguinte, sem dizer nada ao Confessor que desse a conhecer que se trata de um pecado ocultado?

R - Não, não basta; mas é preciso confessar esse pecado separadamente e dizer ao Confessor que se trata de um pecado que não ousou declarar e, se ele se confessou uma ou várias vezes desde então, está obrigado a dizer quantas vezes se confessou e comungou desde que ocultou esse pecado.

P - Quando se teve vontade de cometer um pecado e que não se executou, de que mo-do deve-se acusá-lo, para dar a conhecer seu pecado inteiramente tal qual é?

R - É preciso dizer ao Confessor quanto tempo durou essa má vontade, se ela foi inter-rompida, e quantas vezes se renovou depois de interrompida: por exemplo, quando alguém teve a vontade de roubar, é preciso acusá-lo da seguinte maneira: Tive von-tade de roubar o que pude encontrar ou tomar, dinheiro ou outra coisa, e tive esse pensamento ou vontade durante três horas ou durante um dia, ou dois dias e duran-te esses dois dias interrompi e renovei essa má vontade cerca de vinte vezes (se foi verdade) e cada vez essa vontade durou cerca de meia hora (se foi assim) ou se es-sa vontade não foi interrompida, deve-se declarar assim: “Tive uma vontade má durante dois dias sem interrupção”, ou mais ou menos, conforme o tempo que se manteve esse pensamento, se foi certa quantia ou um objeto determinado que se te-ve vontade de roubar, é preciso declarar que quantia ou que objeto se queria pegar.

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P - Quando alguém teve o pensamento ou a vontade de cometer um pecado, por que está obrigado a declarar ao Confessor quanto tempo durou esse mau pensamento ou má vontade, se foi interrompido, quantas vezes o renovou depois de o interrom-per?

R - A razão pela qual ele está obrigado a declarar todas essas coisas ao Confessor é porque um pensamento ou uma vontade que durou duas horas ou mesmo um dia inteiro constitui um pecado bem diferente daquele que se comete por um pensa-mento ou uma vontade que apenas passou e que só durou um momento e porque todas as vezes que um pensamento ou uma vontade foi interrompida e renovada se comete outros tantos pecados diferentes e distintos um do outro; por exemplo, se a pessoa interrompeu e renovou um mau pensamento ou má vontade doze vezes, comete doze pecados, se a interrompeu trinta vezes e renova, comete trinta peca-dos.

P - Quando alguém tem algum pensamento ou desejo de impureza, como é que deve acusar isso na Confissão para dar a conhecer seu pecado tal qual é?

R - Deve dizer se esse pensamento ou esse desejo foi simples e sem relação com al-guém, ou se contudo ele o teve pensando em alguma pessoa, se foi um rapaz ou uma garota, uma viúva, um religioso ou uma religiosa, uma pessoa casada, se era um parente, e em que grau; o que é que se pensou ou desejou com essa pessoa, quanto tempo durou esse pensamento ou desejo, e se esse pensamento e desejo foi interrompido e renovado e quantas vezes e quanto tempo esse pensamento ou esse desejo durou cada vez. Deve-se dizer, por exemplo: “Tive alguns pensamentos de impureza que não se referiam a nenhuma pessoa, ou, se referiam a uma garota, ou a uma pessoa casada, ou a uma religiosa, que é minha parente em segundo grau, ou, se não se sabe o que é ser parente em segundo grau, que é minha sobrinha ou mi-nha prima irmã, sem intenção de desejo, ou com intenção de desejo de cometer o pecado com ela, este pensamento durou um momento ou um quarto de hora, ou uma ou duas horas, ou mais ou menos, conforme o tempo que ele durou; eu o inter-rompi e renovei uma ou duas vezes, ou dez vezes ou vinte vezes, ou trinta vezes, conforme o número de vezes que se interrompeu e renovou; eu o rejeitei uma, du-as, ou quatro ou seis vezes, ou sempre tantas vezes que se renunciou a ele; ou, fui negligente em rejeitá-lo uma, ou duas ou seis ou oito vezes, tantas vezes que se te-ve essa negligência; ou, consenti nele e tive prazer nele duas, quatro, seis, dez ve-zes ou sempre, conforme o número de vezes que ficou com prazer nele; ou, não te-nho certeza se consenti, em caso de dúvida. Deve-se dizer também se esses pensa-mentos incentivaram em nós alguns movimentos desregrados, se depois se caiu em alguma impureza. É assim que se deve acusar na Confissão os pensamentos e dese-jos contrários à pureza.

P - Quando alguém deu um beijo ou lançou um olhar ou cantou alguma canção deso-nesta, ou se pronunciou algumas palavras ou fez alguma ação de impureza, de que modo ele deve se acusar disso na Confissão, para declarar seu pecado inteiramen-te tal como é?

R - Quando este pecado foi cometido por um beijo, deve-se dizer se foi por um simples prazer que se beijou, ou se o beijo foi acompanhado de desejo de cometer o pecado de impureza com essa pessoa, e de que tipo de pessoa se trata, garota, religiosa, ca-sada, parente, em que grau; se depois desse beijo sentiu em si algum movimento desregrado, se causou depois algum pecado de impureza. Deve-se acusar os olha-res, as canções e as palavras da mesma forma que os beijos. Se a pessoa cometeu um ato de impureza, deve dizer em particular qual foi esse ato, e foi consigo mes-

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mo somente, e se que efeito produziu, ou se o ato foi com outra pessoa, que tipo de pessoa era, se tinha de fato o desejo ou a intenção de cometer o pecado com essa pessoa, se caíram ao mesmo tempo, ou depois em algum ato de impureza; se essa ação foi interrompida e retomada várias vezes, e quantas vezes. Enfim, se foi um ato de impureza consumada, com alguma pessoa, se foi um rapaz ou uma garota, com uma pessoa casada, se era parente em que grau, etc.

P - Quando alguém cometeu algum pecado em que recai habitualmente, como é que deve se acusar dele para dá-lo a conhecer inteiramente tal qual é?

R - Deve dizer quanto tempo há que caiu nesse pecado, e quantas vezes o cometeu desde sua última Confissão; se trabalhou para se corrigir ou ficou negligente, se gosta desse pecado e se não está decidido a não recair nele; e se disse que está de-cidido, não pode contentar-se com palavras, mas dar sinais que sejam provavel-mente seguros: deve dizer, por exemplo, Eu blasfemei vinte vezes “Que o diabo me carregue” e tenho este hábito de pecado há cerca de três anos, ou mais ou me-nos conforme o tempo que esse hábito durou efetivamente; não me esforcei muito para me corrigir, recaí nele cerca de quatro vezes por semana, ou mais ou menos, de acordo com as vezes que recaiu.

P - Quando alguém cometeu um pecado porque está e sempre permanece numa ocasi-ão próxima desse pecado, como é que ele deve se acusar dele para dá-lo a conhe-cer inteiramente e tal como é?

R - Ele deve declarar ao Confessor qual é essa ocasião próxima. Se, por exemplo, está casado e freqüenta uma pessoa solteira de outro sexo, ou se ele permanece junto dela numa mesma casa, ele está numa ocasião próxima de pecado de impureza; en-tão, para declarar corretamente esse pecado e dá-lo a conhecer tal qual é, deve di-zer ao Confessor: “Padre, há seis meses (se é este o tempo) que freqüento uma mo-ça, muitas vezes entro na casa dela e quando não vou para lá, procuro a ocasião de lhe falar em outro lugar; eu me encontro com ela cerca de três vezes por semana. Todas as vezes que a visito tenho pensamentos ou desejos de cometer o pecado com ela; quando não a encontro, penso muitas vezes nela, o que me causa pensa-mentos ou desejos de impureza, isto me aconteceu três vezes, ou seis ou dez, ou quinze ou vinte vezes desde minha última Confissão. Contudo posso evitar o en-contro com essa moça ou meu pai e minha mãe me proíbem visitá-la. Da mesma forma, quando alguém se deixa levar à blasfêmia ou à raiva cada vez, ou quase ca-da vez que blasfema, ou quase cada vez que joga, o jogo se torna uma ocasião pró-xima desses pecados de blasfêmia e de raiva. Por isso, para dar a conhecer esses pecados inteiramente e tais quais são, a pessoa está obrigada a declarar isso ao Confessor assim: “Padre, eu blasfemei contra Deus ou falei ‘Que o diabo me carre-gue’, cerca de trinta vezes no jogo e joguei doze vezes desde minha última Confis-são; todas as vezes ou quase todas as vezes que jogo, caio em tais excesso de blas-fêmia e de raiva. Gosto muito de jogar e me seria difícil não jogar mais; contudo acredito que me será muito difícil não recair nessas blasfêmias, a não ser que eu deixe completamente o jogo.

§ 6. Da 9ª e da 10ª coisa que se deve observar ao declarar seus pecados.

P - Qual é a nona coisa que se deve observar na Confissão ao declarar seus pecados? R - É dizê-los todos sem omitir nenhum sequer.

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P - Se alguém omitisse algum pecado na Confissão, receberia ele a absolvição e o perdão dos outros que tivesse acusado?

R - Não; mas estaria obrigado a confessá-los outra vez com aquele que ocultou, para obter o perdão e receber a Absolvição.

P - Quando alguém não declarou um pecado na Confissão porque não sabia que era pecado, deve recomeçar sua Confissão, isto é, declarar outra vez ao Confessor to-dos os pecados que tinha declarado naquela Confissão e lhe dizer ao mesmo tem-po o pecado que deixou de acusar?

R - Se o motivo pelo qual não confessou um pecado foi porque a pessoa não sabia que era pecado e que não estava obrigada a sabê-lo, não deve recomeçar sua Confissão; mas ninguém se pode dispensar disso, caso estivesse obrigado a saber que isso era pecado e caso a pessoa não o sabe por não se ter aplicado e não se ter informado, pois por isso mesmo se cometeu a mesma falta como se a pessoa tivesse omitido esse pecado por vergonha ou por malícia.

P - Quais são os pecados que muitas vezes não se sabe, e que se está obrigado a saber que são pecados?

R - Cada um está obrigado a saber os pecados que se podem cometer em seu estado de vida, em sua profissão, em seu emprego, mas que ordinariamente se desconhecem. Uma pessoa casada, por exemplo, está obrigada a conhecer os pecados que se po-dem cometer no matrimônio, como os que se referem à educação dos filhos, cuida-do com os empregados; os que se podem cometer contra a pureza no matrimônio, que quase todos deixam de confessar, e não de cometer. As pessoas que tratam da Justiça, os negociantes, os operários, etc, estão obrigados a saber quais são os pe-cados que se podem cometer em sua profissão, para os evitar.

P - Que é que se deve fazer para não ignorar os pecados de seu estado, de sua profis-são e de seu emprego?

R - Quando se entra numa profissão ou se assume um emprego, é preciso informar-se com o pároco ou o confessor, ou algum sacerdote sábio e prudente, quais são os pecados que se podem cometer nesse estado ou nesse emprego, por exemplo: As-sim que uma pessoa casou ou mesmo alguns dias antes de se casar, deve informar-se acerca dos pecados que pode cometer no estado matrimonial. Quando alguém entra no cargo de Juiz ou se torna negociante, deve instruir-se acerca de todos os pecados que se podem cometer em sua profissão e em seu emprego. Se eles não o fizerem, tornam-se culpados de todos os pecados que cometem em seu estado, seu emprego por falta de o saberem.

P - Quando se esqueceu algum pecado na Confissão, há obrigação de recomeçar essa Confissão?

R - Não; até não se deve fazê-lo, a menos que se tenha esquecido esse pecado porque não se examinou suficientemente, porque então se age como se se tivesse omitido esse pecado voluntariamente.

P - Se alguém duvida de que alguma coisa é pecado e a fez assim mesmo sem se in-formar a respeito e se confessou, deve recomeçar sua Confissão?

R - Sim, porque se ofendeu a Deus todas as vezes que se duvidou de que alguma coisa é pecado, e sem se informar não deixou de a fazer. Por isso, ao omitir voluntaria-mente na Confissão um pecado dessa natureza, cometeu uma Confissão sacrílega.

P - Em que ocasiões se faz uma Confissão nula e sacrílega? R - É especialmente em quatro ocasiões: 1º Quando se esquece um pecado na Confis-

são por falta de exame insuficiente. 2º Quando se omite um pecado por vergonha ou por malícia. 3º Quando não se ousa dizer seus pecados tais quais são e quando

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os faz aparecer menores e como pecados veniais os que são mortais, ou como um só pecado quando houve vários. 4º Quando não se tem arrependimento de seus pe-cados, ou bom propósito e firme decisão de não recair, ou não há vontade de fazer penitência e satisfação de seus pecados.

P - Que males e que prejuízo se causam a si mesmos os que omitem algum pecado na Confissão, ou que por qualquer outro motivo fazem uma Confissão má?

R - Eles se prejudicam de cinco maneiras: 1º Não recebem o perdão de seus pecados. 2º Cometem um horrível sacrilégio. 3º Além de poderem ser completamente aban-donados e reprovados por Deus, são continuamente atormentados por remorsos de consciência. 4º Sofrerão uma confusão insuportável no dia do Juízo, quando Deus dará a conhecer a todo o mundo seus pecados mesmo os mais ocultos. 5º Se não fi-zerem uma Confissão geral de todos os pecados que cometeram desde essa Confis-são nula, e de todas as más Confissões e Comunhões que cometeram desde então, serão condenados eternamente.

P - Quando se omite algum pecado na Confissão ou quando se esqueceu algum por sua própria falta, ou quando de qualquer outra maneira se fez uma Confissão má, por que é que se está obrigado a confessar mais uma vez todos os pecados de que se acusou nessa Confissão má e nas outras seguintes e declarar o número das Confissões e Comunhões más que se cometeu desde então?

R - É porque nessa Confissão não se recebeu o perdão de seus pecados e por conse-guinte a Confissão que se fez foi inútil, bem como a absolvição que nela se rece-beu.

P - Se quem fez uma Confissão má não se lembra de todos os pecados dos quais se acusou naquela Confissão e de todos os que cometeu depois, e de todas as Confis-sões e Comunhões más que cometeu, que é que deve fazer?

R - É bom que faça uma Confissão geral de toda a sua vida. P - Quem é que está obrigado a uma Confissão geral? R - Há sete classes de pessoas que são obrigados a fazer uma Confissão geral quer de

toda a vida quer ao menos desde sua primeira confissão nula e insuficiente. 1º Os que se confessaram não sabendo os principais Mistérios de nossa Religião. 2º Os que se confessaram por costume sem ter tido uma verdadeira contrição de seus pe-cados. 3º Os que omitiram algum pecado na Confissão quer por não se terem exa-minado suficientemente, quer por qualquer outra razão. 4º Os que não evitaram as ocasiões próximas do pecado. 5º Os que não se reconciliaram ou que não restituí-ram a honra ou o bem alheio. 6º Os que, depois de sua Confissão não mudaram de vida e sempre recaíram nos mesmos pecados. 7º Os que duvidam de terem feito al-guma Confissão nula.

P - Qual é a décima coisa que se deve observar na Confissão ao declarar seus peca-dos?

R - É acusá-los todos em seguida e em ordem. P - Nas Confissões ordinárias, qual é a ordem que se deve observar na acusação dos

pecados? R - A ordem é a seguinte: 1º Deve-se dizer que não se cumpriu a penitência imposta

pelo Confessor na Confissão precedente e qual foi ela e se foi por esquecimento, por negligência ou por desprezo que se deixou de cumpri-la. 2º Deve-se dizer os pecados que se esqueceu de acusar na última Confissão, se houve esquecimento de algum. 3º Os pecados mais graves que se cometeu e se tem mais dificuldade de a-cusar, especialmente os pecados de impureza. 4º Os pecados habituais. 5º Os peca-dos particulares dos deveres de seu estado, da profissão, e de seu emprego. 6º Os

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outros pecados que se podem ter cometido contra os Mandamentos de Deus e da Igreja.

P - Quando se faz uma Confissão geral, que ordem se deve observar na acusação de seus pecados?

R - A ordem é a seguinte: 1º Deve-se dizer os pecados que se cometeu desde a última Confissão. 2º Deve se acusar todas as Confissões e Comunhões más que se come-teu, se houve alguma e dizer qual foi sua causa, se foi por não se ter examinado su-ficientemente, por não ter tido bastante contrição de seus pecados, ou por não ter querido abandonar as ocasiões próximas, ou por não se ter corrigido de seus maus hábitos, ou por não ter querido se reconciliar com algum inimigo, ou por não ter querido reparar a honra ou restituir o bem alheio, ou por qualquer outro motivo que seja. 3º Deve-se acusar os pecados que se ocultou em uma ou várias Confissões, se por isso houve alguma Confissão nula. 4º Deve-se acusar todos os pecados que se cometeu desde o uso da razão, até a última Confissão. 5º Deve-se dizer a quantos pecados se está habituado e quanto tempo durou cada um dos maus hábitos, se se deixou algum deles, há quanto tempo, se ainda há alguns aos quais ainda se está acostumado e quais são; se a pessoa procurou se corrigir deles, se houve negligên-cia nisso, se gosta deles, se gostaria de ficar com eles, ou se gostaria de ficar livre deles; enfim, se esteve numa ocasião próxima de pecado, há quanto tempo e se a-inda se está nela, se houve vontade de se afastar dela, e quanto tempo durou essa vontade, ou se não houve vontade de evitá-la e quanto tempo se esteve nesta má disposição.

P - Quando numa Confissão geral se acusam os pecados cometidos desde a última Confissão, que é que se deve dizer antes e depois ao Confessor?

R - Antes de começar a acusação deve-se dizer ao Confessor: “Padre, eu me acuso dos pecados que cometi desde minha última Confissão”; e depois de acusá-los todos deve-se acrescentar “Estes são todos os pecados dos quais me lembro desde minha última Confissão. Agora vou me acusar dos pecados que cometi durante toda a mi-nha vida, desde o uso da razão até minha última Confissão”.

§ 7. Da maneira de concluir sua Confissão e da obrigação de manifestar ao Confessor os sinais de contrição que se tem de

ter ofendido a Deus. P - Qual é a quinta coisa que se deve fazer no tempo em que se confessa, para se con-

fessar bem? R - É dizer: “Padre, estes são todos os pecados que reconheço ter cometido; eu me

acuso também de todos os que não conheço e de todos aqueles dos quais não me lembro”.

P - Qual é a sexta coisa que se deve fazer no tempo em que se confessa para se con-fessar bem?

R - É demonstrar e dar ao Confessor sinais de que se tem muita contrição de ter ofen-dido a Deus, dizendo, por exemplo: “Peço humildemente perdão a Deus de todos os pecados que acabo de confessar, eu preferia morrer a recair neles no futuro. Eu lhe peço, Padre, que me imponha uma penitência tal como crê que me seja necessá-ria para satisfazer por eles e me dar a absolvição, se me julga que eu esteja em condições de a receber”.

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P - É necessário, no momento da Confissão, demonstrar ao Confessor que se tem mui-ta contrição de ter ofendido a Deus?

R - Sim; isto é absolutamente necessário sem o quê o Confessor não pode nem deve dar a absolvição.

P - Basta demonstrar ao Confessor de boca que se tem verdadeira contrição de seus pecados?

R - Embora isto se deva fazer, não basta; é preciso também demonstrar ao Confessor sinais que dêem a conhecer que a contrição que se tem de seus pecados é verdadei-ra.

P - Por que é que se deve dar a conhecer ao Confessor os sinais de contrição dos pe-cados?

R - Porque ao não o fazer, corre-se o perigo de uma Confissão sacrílega, pensando que se tem arrependimento dos pecados quando não se tem, ou que é suficiente quando não é.

P - Quais são os sinais pelos quais o Confessor pode conhecer que se tem verdadeira contrição de seus pecados?

R - São os seguintes: 1º Quando se demonstra estar verdadeiramente em tal disposição, de modo que por todos os bens do mundo e mesmo a morte não se quer cometer um só pecado. 2º Quando se evitaram todas as ocasiões que levam ao pecado, prin-cipalmente as ocasiões próximas. 3º Quando por muito tempo não se recaiu nos pecados aos quais se estava acostumado. 4º Quando se escuta de boa mente e se decide pôr em prática os conselhos do Confessor. 5º Quando de seu lado se procura e propõe ao Confessor remédios para seus pecados e meios de não recair neles. 6º Quando já se faz alguma penitência para satisfazer a Deus por seus pecados. 7º Quando se aceita de boa vontade a penitência que o Confessor impõe e se mostra ter vontade de a cumprir.

P - Quando se confessa apenas pecados veniais, é necessário ter e demonstrar tanta contrição ao Confessor quanta se deve ter e mostrar dos pecados mortais?

R - Sim; isto é necessário. P - Que mal faria quem só confessasse pecados veniais sem ter uma contrição sufici-

ente de nenhum deles que confessou? R - Ele cometeria um pecado mortal e uma confissão sacrílega, se nesse estado rece-

besse a absolvição, pois a contrição e a dor dos pecados são parte essencial do sa-cramento da Penitência, isto é, são tão necessárias no sacramento da Penitência de modo que sem elas não existe Sacramento, e não se pode receber este Sacramento. E com efeito não se o recebe a não ser que se tenha grande pesar dos pecados mor-tais que se confessam ou pelo menos de algum dos veniais que se confessam. É especialmente nesta espécie de Confissões que ordinariamente são de pecados ha-bituais, que o Confessor deve prestar atenção para não dar a absolvição se moral-mente não está seguro de que o penitente tem verdadeira contrição de seus peca-dos, ou de pelo menos de algum dos pecados de que se acusou.

P - Quando alguém só confessa pecados veniais, está obrigado a ter de todos os que confessa, contrição suficiente para receber a Absolvição?

R - Embora seja muito conveniente ter contrição de todos, basta ter contrição suficien-te de algum dos que confessa, ainda que seja de apenas um. Ao passo que, ao con-fessar somente pecados mortais, é necessário ter contrição suficiente de todos eles.

P - Quando alguém não manifesta ao Confessor sinais suficientes de contrição de ter ofendido a Deus, que é que o Confessor deve fazer?

R - O Confessor deve então diferir ou recusar a Absolvição.

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P - Quem se confessou será que pode ficar tranqüilo se o Confessor lhe deu a Absolvi-ção, embora não lhe tenha manifestado sinais suficientes de contrição e dor de seus pecados?

R - Não: não pode. Porque há o perigo de que tenha feito uma Confissão nula e sacrí-lega. Por isso, deve se informar o mais breve possível junto de um Confessor pru-dente e esclarecido sobre o que está obrigado a fazer em tal situação.

P - Quais são as ocasiões em que um Confessor deve diferir ou recusar a Absolvição? R - Há ocasiões em que o Confessor pode diferir a Absolvição; e há outras em que

deve fazê-lo, e há outras ainda em que está obrigado a recusá-la. P - A quem é que o Confessor pode diferir a Absolvição? R - São os seguintes: 1º Os que somente cometeram pecados veniais e que têm apego a

algum deles, para obrigá-los a abandonar completamente o hábito deles, quando não são bastante generosos para os abandonar por si. 2º Os que cometeram somen-te pecados veniais, os declaram como quem conta uma história, e não manifestam ter bastante arrependimento dos mesmos. 3º Os que, por uma grave negligência, não cumpriram a Penitência que lhes foi imposta na Confissão precedente.

P - A quem um Confessor, de acordo com São Carlos2, deve diferir a Absolvição? R - São os seguintes: 1º Os que ele julga que provavelmente recairão em seus pecados,

embora prometam nunca mais cometê-los. 2º Os que têm o costume ou estão em alguma ocasião próxima de pecado, até que a tenham afastado.3º Os que se encon-tram numa ocasião de pecado mortal não totalmente próxima e prometeram afastá-la e não o fizeram. 4º Os que têm uma ocupação ou algum emprego que para eles é ocasião de pecado ou no qual há perigo de caírem facilmente no pecado, tais como os que vão à guerra, os traficantes, a profissão de advogado, de procurador, de po-licial, os taverneiros e outros semelhantes caso fossem ocasião de ofender a Deus até que tenham renunciado a todas as práticas más que muitos têm nesses empre-gos, e estejam dispostos a se abster efetivamente deles. 5º Os que têm algum con-trato ou promessa que não é permitido, até que os tenham revogado e feito repara-ção e satisfação necessária. 6º Os que foram interpelados por Autoridade pública para denunciar alguma coisa de seu conhecimento e não o revelaram. 7º Os que es-tão obrigados a uma restituição ou satisfação até que o tenham feito. 8º Os que desprezaram a obrigação de fazer a Penitência que lhe foi imposta pelo Confessor, até que a tenham cumprido. 9º Os que ignoram as coisas necessárias à salvação e os principais Mistérios de nossa santa Religião, até que os tenham aprendido.

P - A quem é que um Confessor está obrigado, segundo São Carlos, a recusar a Ab-solvição?

R - São os seguintes: 1º Os que não querem receber e pôr em prática os conselhos e os meios que o Confessor lhes dá, sem os quais este julga que recairão no pecado. 2º Os que não querem abandonar o hábito ou uma ocasião próxima de pecado, em que se encontram. 3º Os que não querem restituir o que roubaram ou reparar o dano que causaram ao próximo, ou não querem satisfazer a quem causaram mal ou con-tribuíram a isso. 4º Os que mantêm ódio contra alguém ou que não querem se re-conciliar com aqueles com quem contraíram alguma inimizade ou que não querem lhes falar, nem se aproximar deles, ou saudá-los quando os encontram. 5º O pai ou a mãe que não cuidam e não se preocupam com fazer aprender, se não o sabem, o que é necessário para a salvação dos que estão a seu encargo, como seus filhos, seus empregados e empregadas, ou fazê-los observar os Mandamentos de Deus e da Igreja, ou o que é muito pior ainda, pais e mães que os impedem de os observar,

2 São Carlos , Instruct. aux Confesseurs.

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como os que obrigam a trabalhar nos domingos e festas ou que não lhes deixam o tempo para assistir a santa Missa ou que não sabem ou não se informam se têm al-gum impedimento legítimo de jejuar nos dias obrigatórios pela Igreja, lhes dão a-limentação ou não os previnem ou corrigem quando transgridem esses Mandamen-tos ou que não os expulsam de casa, se fizerem algo de escandaloso e incorrigível.

P - Por que é que um Confessor está obrigado a diferir ou a recusar a Absolvição a qualquer pessoa?

R - Porque nem todas elas dão sinais de terem um verdadeiro arrependimento de seus pecados, nem vontade determinada para os abandonar ou para fazer satisfação por eles, condições sem as quais a Confissão não pode ser boa. Um Confessor comete-ria um sacrilégio se desse a Absolvição.

P - Pode-se fazer pressão ou querer obrigar o Confessor a dar a Absolvição, quando ele a quer diferir ou recusar?

R - Quem se confessa deve sempre deixar o Confessor em completa liberdade de lhe dar, diferir ou recusar a Absolvição e nunca pressioná-lo a lho conceder; pois o Confessor tem o poder de reter os pecados ou de os perdoar; deve retê-los quando julga que a pessoa que se confessa não está bem disposta para receber a Absolvi-ção. Muito menos é permitido querer obrigar o Confessor a dar a Absolvição, pois isto é querer obrigá-lo a cometer um pecado mortal e um sacrilégio, no caso em que, em consciência, não pode absolver sem trair seu ministério.

P - Mas, se o Confessor não dá a Absolvição, não há perigo que, ao morrer nesse es-tado, a pessoa seja condenada, e assim não seria preferível que o Confessor lhe desse a Absolvição?

R - Com efeito há perigo que ao morrer nesse estado a pessoa seja condenada; mas seria um perigo maior ainda, se o Confessor desse a Absolvição, porque essa Ab-solvição seria nula e mesmo sacrílega, e assim aumentaria para essa pessoa o nú-mero de seus pecados e se tornaria ainda mais culpada do que antes.

P - Que é que deve fazer quem se confessa quando o Confessor quer lhe diferir e lhe difere de fato a Absolvição?

R - Neste caso é preciso: 1º Que aquele que se confessou se submeta completamente à ação do Confessor a seu respeito. 2º Que peça ao Confessor lhe dê os conselhos e a maneira que crê sejam necessários para que o penitente se coloque na disposição verdadeira e sincera de receber a Absolvição e tome com ele as medidas para co-locar essas medidas e esses meios em prática. 3º Deve pedir ao Confessor quando deve voltar e o que vai fazer até então para se dispor à Confissão.

P - Quando um Confessor diferiu a Absolvição, que é que se deve fazer para assegu-rar a consciência e a salvação?

R - Quem se confessou deve então procurar, em obediência ao Confessor, 1º tirar o máximo fruto possível da Confissão que acaba de fazer. 2º Será extremamente bom para ele fazer muitos atos de Contrição. 3º Que assista todos os dias a santa Missa e faça alguns exercícios de piedade em vista de atrair sobre si a misericórdia de Deus. 4º Tomará cuidado todo especial para não cair em nenhum dos pecados que tiver confessado. 5º Ele se deve impor alguma penitência para começar a estar em condições e para não mais pecar, e assim pelo pesar muito sincero e profundo do coração de todos os seus pecados, pela penitência que começa a fazer e pelo afas-tamento das ocasiões, se colocará em estado de não temer de ser condenado.

P - Quando alguém se confessou e o Confessor diferiu ou recusou a Absolvição, pode ele confessar-se a outro que seja menos rigoroso, para receber a Absolvição de seus pecados?

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R - Não se pode agir assim, sem se colocar em perigo de fazer uma Confissão sacríle-ga; pois, os que o fazem mostram ordinariamente que não têm verdadeira vontade de deixar seus pecados e que pensam que é bastante confessá-los e receber a Ab-solvição para conseguirem verdadeiramente o perdão. Isto, porém é um erro muito grosseiro, uma vez que a contrição dos pecados cometidos e a obrigação de os dei-xar, isto é, querer absoluta e eficazmente nunca mais recair neles são incompara-velmente mais necessárias do que a obrigação de os confessar, o que aparece claro no fato de que se pode receber o perdão de seus pecados sem os ter confessado quando se está impossibilitado de o fazer; do fato de que nunca se pode obter a re-missão dos pecados sem a sincera dor de os ter cometido e sem estar efetivamente decidido e determinado a não mais recair neles; e disto ninguém pode estar dispen-sado seja qual for o motivo.

P - Quando alguém não recebeu a Absolvição na última Confissão, e na Confissão seguinte está obrigado a se confessar com outro Confessor, que é que deve fazer?

R - Neste caso deve-se dizer primeiro ao Confessor, que não se recebeu a Absolvição na última vez que se confessou e o motivo pelo qual o Confessor não a concedeu, se foi o caso, por exemplo, porque se estava em alguma ocasião próxima ou com algum costume de pecado, e qual foi essa ocasião ou esse costume, que conselhos ou que meios o Confessor deu para o levar a abandonar o pecado ou a pôr em prá-tica os avisos, se abandonou completamente essa ocasião ou esse costume, ou se ainda recaiu nos mesmos pecados, quantas vezes, e o que é que ocasionou esses pecados, se algumas vezes se absteve, ou se não se esforçou ; se o Confessor dife-riu a Absolvição porque não se fez alguma restituição ou alguma reconciliação im-posta; deve-se dizer se foram feitas e de que maneira. Deve-se também, antes de acusar os pecados, expor clara e simplesmente todos os outros motivos que o Con-fessor possa ter tido nas Confissões anteriores, para diferir ou recusar a Absolvi-ção.

§ 8. Das quatro últimas coisas que se devem fazer

na Confissão P - Qual é a sétima coisa que se deve fazer no momento da Confissão para se confes-

sar bem? R - É perguntar ao Confessor quais são os meios que crê necessários ou úteis para não

recair nos pecados que acaba de confessar. P - É conveniente dizer ao Confessor os meios que sabe que são próprios para evitar

os pecados e as ocasiões próximas nas quais a pessoa se encontra de os cometer, quando o Confessor não conhece esses meios, ou não lhes presta atenção?

R - Neste caso é importante propor esses meios ao Confessor para que ele possa ajudar ao penitente a evitar seus pecados. Por exemplo, um rapaz, está gostando de uma garota e acha que só poderá evitá-la não a freqüentando de todo. Então deve dizer ao Confessor: "Padre, estou gostando muito de uma garota", e depois de lhe ter contado todas as circunstâncias dos pecados que comete para com ela, deve acres-centar: "Um meio próprio para evitar essa garota seria obrigar-me a nunca ir à casa dela, nem encontrá-la em qualquer outro lugar, nem sequer na santa Missa na igre-ja a que essa garota vai ordinariamente. Peço-lhe, Padre, que me imponha uma pe-nitência". Um outro está acostumado a blasfemar e a se exaltar no jogo, mas gosta

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desse jogo e em geral perde; e o pesar que sente de perder lhe oferece ocasião des-sas blasfêmias e exaltações; mas parece-lhe que não poderá impedir de recaída ne-las, a não ser que o Confessor lhe imponha como penitência não jogar mais, deve então declarar ao Confessor suas blasfêmias e irritações, e que o jogo e a perda ne-le é a causa delas e acrescentar depois: "Padre, creio que dificilmente me poderei abster de recair nessas blasfêmias e irritações, a não ser que me imponha como pe-nitência não mais jogar, até a próxima Confissão". Assim é que se deve expor ao Confessor os meios que se sabe ou acredita serem próprios para não recair em seus pecados.

P - Quando um Confessor impôs a alguém uma penitência que ajude a não recair em algum dos pecados que confessou, será que convém dizê-lo ao Confessor na Con-fissão seguinte?

R - Sim, é muito conveniente que o diga em primeiro lugar na Confissão seguinte e que declare ao mesmo tempo ao Confessor se cumpriu essa penitência e como esta lhe fez bem.

P - Que é que se deve fazer quando o Confessor dá alguns conselhos e propõe alguns meios para não recair nos pecados que a pessoa acaba de confessar?

R - É preciso escutá-los com atenção e depois pô-los em prática com exatidão e grati-dão.

P - Poderia alguém se dispensar de aceitar os meios propostos pelo Confessor para não recair nos pecados, quando são apenas úteis e não absolutamente necessá-rios?

R - Seria falta de respeito ao Sacramento e ao Confessor não aceitar todos os meios que o Confessor julga convenientes para impedir a recaída nos pecados que se aca-ba de confessar; seria também pôr-se em perigo de cometer, sem demora, os mes-mos pecados ou outros mais graves.

P - Se alguém julga não poder praticar os meios que o Confessor quer dar para não recair nos pecados, que é que deve fazer?

R - É bom que o diga ao Confessor e lhe exponha as razões pelas quais julga não po-der utilizar os meios que lhe são propostos; contudo, depois deve seguir a opinião e os conselhos dele sobre o assunto e fazer tudo o que ele mandar; pois no Sacra-mento da Penitência o Confessor foi feito juiz de Deus e é preciso submeter-se a sua sentença.

P - Os que não querem pôr em prática os meios que o Confessor propõe para evitar o pecado, estariam bem dispostos para receber a graça da Absolvição?

R - Estão muito mal dispostos e o Confessor fará muito bem não dar-lhes a Absolvi-ção.

P - Se os meios propostos pelo Confessor para evitar os pecados que a pessoa acaba de confessar são tais que ela não possa evitar absoluta ou provavelmente a recaí-da no pecado sem usar esses meios, que deve fazer o Confessor, quando o peniten-te não quer aceitá-los nem pôr em prática?

R - O Confessor não pode deixar de lhe recusar a Absolvição, porque não querer utili-zar os meios necessários para não voltar a cometer seus pecados é sinal de que não os quer evitar.

P - Quando alguém se confessa, está obrigado a usar os meios necessários e mais próprios para não recair nos pecados que acaba de confessar e para evitar as o-casiões?

R - Sim; e os que não têm esta disposição se expõem ao perigo de fazer uma confissão sacrílega, pois manifestam que não têm verdadeira contrição de seus pecados, nem

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firme propósito e vontade determinada de não recair neles. Por isso, algum tempo antes de ir se confessar, deve-se pensar seriamente nos meios que se podem tomar para evitar seus pecados e fazer tudo para os pôr em prática para sentir em si mes-mo se está verdadeiramente decidido a não mais recair em seus pecados.

P - Há quantos meios que se podem usar para não recair nos pecados que foram con-fessados?

R - Há duas espécies: meios gerais e meios particulares. P - Quais são os meios particulares que se podem usar para não recair em seus peca-

dos R - São os remédios que são propostos e que devem ser aplicados a cada pecado em

particular. Um meio, por exemplo, para não estar conversando com alguém durante a santa Missa, é retirar-se a um outro lugar da igreja, permanecer ali de joelhos e segurar um livro de orações durante a santa Missa.

P - Quais são os meios gerais que podem ajudar a não recair nos pecados, depois da Confissão?

R - São aqueles que servem de remédio para todos os pecados em geral. P - Quais são os meios gerais mais importantes e mais ordinários para evitar o peca-

do? R - São oito: O 1º é pedir a Deus todos os dias a graça de antes morrer do que o ofen-

der, e não passar nenhum dia sem fazer vários atos de contrição. O 2º é fazer mui-tas vezes atos de horror ao pecado, não só ao mortal, mas mesmo ao venial. O 3º é recorrer muitas vezes à oração e fazê-lo especialmente logo depois de se encontrar em alguma tentação, ou em perigo imprevisto de ofender a Deus. O 4º é afastar-se mais das companhias e evitar absolutamente as más companhias que se freqüentou ou que se poderia ter ocasião de freqüentar. O 5º é não se importar das zombarias que o mundo pudesse manifestar pelo fato de ter mudado de comportamento e de modo de vida. O 6º é ter um Confessor ordinário, pedi-lo com insistência a Deus, e escolher um que seja correto de vida, siga exatamente as regras da moral cristã na Confissão e que conduza a uma piedade verdadeira e interior. O 7º é confessar-se e comungar muitas vezes e ao menos uma vez todos os meses. O 8º é ter uma devo-ção muito particular para com a Santíssima Virgem, São José e a seu Anjo da Guarda, e fazer todos os dias alguma oração em sua honra nessa intenção.

P - Qual é a oitava coisa que se deve fazer no momento da Confissão para se confes-sar bem?

R - E terminar o Confiteor com muito sentimento de contrição e dor de seus pecados. P - Qual é a nona coisa que se deve fazer no momento da Confissão para se confessar

bem? R - É escutar as penitências que o Confessor impõe e aceitá-las com a promessa de as

cumprir. P - Se, ao se confessar, alguém acha ser impossível cumprir a penitência que o Con-

fessor quer impor-lhe, que é que deve fazer? R - Ele então deve dá-lo a conhecer ao Confessor e lhe dizer o motivo pelo qual está

persuadido de que não poderá cumprir essa penitência. Contudo, se depois disso, o Confessor persiste em querer impô-la, deve aceitá-la com submissão e a executar com fidelidade.

P - Se, ao se confessar, alguém não quer aceitar a penitência que o Confessor quer lhe impor com alguma certeza de que a poderá cumprir, que é que deve fazer o Confessor?

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R - Ele pode recusar-lhe a Absolvição e fará bem ao não a conceder, porque quem se confessa e não quer aceitar uma penitência que pode cumprir provavelmente não tem verdadeira contrição de seus pecados.

P - Qual é a décima coisa que se deve fazer no momento da Confissão para se confes-sar bem?

R - É inclinar-se para receber a Absolvição e ao mesmo tempo fazer um ato de Contri-ção, e depois retirar-se modestamente.

§ 9. Das quatro coisas que se deve fazer depois de se ter

confessado P - Que é que se deve fazer depois da Confissão para se dispor a conservar a graça

recebida no Sacramento da Penitência? R - Deve-se fazer quatro coisas. P - Qual é a primeira coisa que se deve fazer depois da Confissão? R - É agradecer a Deus a graça recebida no Sacramento da Penitência, pois seria ser

muito ingrato não agradecer a Deus um favor tão grande. P - Qual é a segunda coisa que se deve fazer depois da Confissão? R - É renovar a promessa feita a Deus de nunca mais recair em seus pecados. P - Qual é a terceira coisa que se deve fazer depois da Confissão? R - É tomar os meios para conservar a graça recebida no Sacramento da Penitência. P - Quais são os meios de conservar a graça recebida no Sacramento da Penitência? R - São os mesmos que se devem usar para evitar o pecado; porque somente se conser-

va a graça recebida no Sacramento da Penitência na medida em que a pessoa se abstém de recair no pecado.

P - Qual é a quarta coisa que se deve fazer depois da Confissão? R - É cumprir prontamente e com devoção a penitência imposta pelo Confessor. P - Por que é que se deve fazer a penitência imposta pelo Confessor? R - É porque ao não a cumprir se comete um pecado e se ao recebê-la não se tem a

vontade de a cumprir não se recebe o perdão de seus pecados. P - Por que é que se deve cumprir prontamente a penitência imposta pelo Confessor? R - É por medo de esquecer ou de negligenciar o cumprimento dela quando se demora.

Por isso, se consiste apenas em orações que se podem fazer imediatamente, é bom fazê-las antes de sair da igreja.

P - Por que é que se deve cumprir com devoção a penitência imposta pelo Confessor? R - É porque ela somente será útil e atrairá graças na medida em que for cumprida com

piedade. P - Será que o cumprimento da penitência imposta pelo Confessor é bastante para

satisfazer a Deus pelos pecados cometidos? R - É muito útil e muitas vezes necessário fazer outras penitências além das impostas

pelo Confessor, porque ordinariamente as penitências que os Confessores impõem não são suficientes para quem ofendeu muito a Deus, para satisfazer a Deus pelos pecados cometidos.

P - Quando alguém se confessa de ter tomado ou roubado alguma coisa ou retém in-justamente o que pertence a outra pessoa, ou quem causou algum dano ao próxi-mo, está essa pessoa obrigada a restituir o que tomou e reparar o dano feito, se o Confessor lhe impõe isto como penitência?

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R - Sim, porque não se pode ser salvo quando não se restituiu, quando possível, o que se tomou ou quando não se tem vontade de o fazer se é possível, ou quando não se reparou o dano ou a injustiça feita ao próximo.

P - Os que não satisfizeram inteiramente por seus pecados na hora da morte que lhes acontece depois da morte?

R - Eles vão completar sua satisfação no Purgatório. P - Será que é melhor satisfazer pelos pecados nesta vida ou no Purgatório? R - Sem dúvida é mais vantajoso, porque Deus prefere que façamos penitência nesta

vida, e porque todos os sofrimentos desta vida são muito pequenos em comparação com o que se sofre no Purgatório.

P - De quantas maneiras pode-se satisfazer a Deus pelos pecados neste mundo? R - Pode-se fazê-lo de quatro maneiras. 1ª Cumprindo a penitência imposta pelo Con-

fessor. 2ª Fazendo penitências voluntárias por orações, esmolas,ou jejuns ou outras mortificações. 3ª Recebendo com submissão os sofrimentos, doenças e outras dores que Deus nos envia. 4ª Sofrendo com paciência todas as dores que nos acontecem da parte de nosso próximo, como as calúnias, desprezo e injúrias, etc.

P - Que vantagens têm os que satisfazem nesta vida por seus pecados? R - Eles recebem quatro vantagens enormes: 1º Alcançam a paz da consciência. 2º

Participam dos méritos de Jesus Cristo. 3º Adquirem novos méritos e novas graças. 4º Eles se tornam capazes de entrar no Céu sem passar pelo Purgatório.

§ 10. Maneira de se confessar bem Enquanto se aguarda para se confessar não se deve chegar perto demais do con-fessionário para não ouvir alguma coisa da Confissão de quem está se confessando. Se acontecer que não se possa evitar de ouvir alguma coisa, é preciso ir mais para trás ou se é impossível, pedir ao Confessor que mande falar mais baixo. Não é permitido dizer a alguém o que se ouviu da Confissão de outra pessoa, e há obrigação de guardar segredo sob pena de pecado. Durante todo tempo em que se aguarda para se confessar, é preciso estar modes-to e em atitude respeitosa, examinar a própria consciência e fazer toda a preparação pos-sível para fazer uma boa Confissão. Assim que se entrou no confessionário, deve-se permanecer em grande modéstia e recolhimento. Deve-se repassar mentalmente todos os pecados próprios para se lem-brar mais facilmente, fazer atos de contrição do mais profundo de seu coração, e tomar os meios para não mais recair nos pecados, a fim de estar melhor disposto a receber a graça no Sacramento da Penitência. Ao fazer a acusação é preciso primeiro fazer o sinal da santa Cruz e dizer: "Pa-dre, dai-me vossa bênção porque pequei", em seguida dizer Confiteor até mea culpa. A seguir declarar simples, distinta e exatamente e em poucas palavras todos os seus peca-dos.Durante todo o tempo em que alguém se confessa deve-se ter cuidado de não enca-rar fixamente o Confessor, não declarar seus pecados como quem conta uma história, mas dizê-los com humildade e com sinais de contração de os ter cometido. Terminada a acusação, deve-se dizer o resto do Confiteor desde mea culpa até o final do Confiteor, em seguida escutar atentamente os conselhos do Confessor e princi-palmente a penitência que vai impor, para se preparar a cumpri-la fiel e inteiramente, por se tem obrigação disto sob pena de pecado.

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Enquanto o Confessor dá a Absolvição, é preciso inclinar-se e humilhar-se pro-fundamente diante de Deus, fazer atos de Contrição e manifestar a Deus a dor e o arre-pendimento de o ter ofendido. Depois deve-se retirar modestamente e cumprir sua peni-tência antes de sair da igreja, por temor de não o fazer se demorasse em cumpri-la.

ORAÇÃO Para pedir a Deus um bom Confessor

Ó meu Deus, vós sabeis que qualidades deve ter um Confessor para ser bom; elas são a ciência e o zelo, a prudência e a firmeza. Sabeis que é perigoso dirigir-se na Confissão, a alguém que não tenha essas qualidades. Vós conheceis também perfeita-mente todos aqueles que encarregastes deste ministério e qual é a sua capacidade para desempenhar bem este emprego. Escolhei para mim, eu vos peço, um Confessor capaz de me conduzir à salvação, que tenha zelo para me ensinar os meios de a garantir; que tenha sabedoria e firmeza para que eu os utilize; que seja para mim um bom Pai, que se interesse por tudo o que se refere a minha salvação e meu progresso na virtude, e que me considere como problema pessoal seu e seu próprio bem; que exerça comigo o papel de um médico caridoso que emprega toda sua aplicação em curar as chagas e doenças de minha alma e a me conservar em vossa santa graça; que seja para mim um guia segu-ro para me manter no caminho reto que me leva ao Céu. Iluminai-o com vossas luzes para que ele sempre me dê conselhos bons para minha vida, e ponde em mim a docili-dade para me submeter a eles, coragem para os colocar em prática. Fazei que ele não tolere em mim as recaídas no pecado; que ele me retire de todas as ocasiões que eu pos-sa ter de vos ofender; que ele me faça discernir as tentações que me pudessem atacar e que ele me impeça de sucumbir nelas. Fazei que eu lhe seja submisso quando julgar bom diferir-me a Absolvição, e que eu nunca o obrigue a recusá-la por minhas más dis-posições; que eu aceito de bom grado todas as penitências que me impuser e que eu as cumpra com submissão e fidelidade, a pesar do que isto me custar. Só vós, ó meu Deus, podeis conceder-me esta graça. Eu vo-la suplico com insistência e a espero de vossa bondade. Assim seja.

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INSTRUÇÕES E ORAÇÕES PARA A CONFISSÃO E PARA A COMUNHÃO

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ADVERTÊNCIA Julgou-se conveniente acrescentar as orações seguintes às Instruções preceden-tes porque têm íntima ligação com elas e seria pouco útil recitar essas orações, princi-palmente as que se referem à Confissão, se a pessoa não fosse instruída acerca do que é preciso saber e fazer para torná-la boa. Organizaram-se as Orações para a Confissão de tal maneira que elas são tam-bém Instruçoes das coisas mais necessárias a saber e a praticar com referência ao Sa-cramento da Penitência, a fim de que os que são instruídos nas verdades importantes contidas nestas Orações, possam, ao recitá-las, renovar a lembrança deste Sacramento e os que não conhecem essas verdades, não tivessem outra coisa a fazer do que recitar freqüentemente estas orações para as aprender facilmente.

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ORAÇÕES PARA ANTES

DA CONFISSÃO

VOLTA DE UM PECADOR A DEUS

ATRAVÉS DA CONSIDERAÇÃO DO PECADO, DE SUA NATUREZA E DE SEUS EFEITOS

Ó meu Deus, será que fica bem eu aparecer diante de vós, carregado de pecados, depois do que vos fiz ao pecar? Preferi meu corpo a minha alma; até sacrifiquei minha alma e a deixei entregue ao demônio para contentar meu corpo, embora ele esteja desti-nado por vós para ser a vítima do sacrifício que eu deveria vos oferecer todos os dias, por uma mortificação contínua dos prazeres dos sentidos; por meus pecados, me tornei semelhante aos animais; por assim dizer, me reduzi até ao nada diante de vossos olhos. Mas o que me torna ainda mais infeliz é que voluntariamente me privei de vossa graça, me separei e me desliguei de vós e, por um atentado inominável, pelo pecado criei em meu coração uma aversão contra vós e disse a mim mesmo que não queria mais que fôsseis meu Deus. Que deplorável estado de uma alma que criastes só para vos amar! Quero, pois, ó meu Deus, libertar-me da escravidão do pecado com o auxílio de vossa santa graça. Eu vô-la peço com insistência e do fundo do meu coração.

Reflexão em forma de orações sobre a enormidade do pecado Entregar sua alma ao demônio, que blasfêmia para um cristão, filho de Deus, que tem direito à herança do céu! Porém ainda maior e mais horrível do que expressá-la de boca, é a blasfêmia de a cometer de fato. Ora, meu Deus, compreendo que devo man-ter uma terrível distância diante destas palavras, e me entreguei realmente ao demônio por meus pecados, todas as vezes que vos ofendi. Submeti-me ao poder dele e lhe pres-tei a homenagem que vos é devida a vós e somente a vós. Eu vos peço, concedei-me a graça de reparar uma falta tamanha, de cantar no futuro o cântico dos Anjos, e ao evitar completamente o pecado, dizer com eles: Toda honra e toda a glória é devida somente a Deus que reina nos céus, que me concede, se lhe agradar, a paz do coração que somente é concedida aos que têm extremo horror ao pecado. Esta é a disposição, ó meu Deus, a que eu aspiro e espero de vossa bondade.

Oração para atrair sobre si a misericórdia de Deus e pedir a libertação dos próprios pecados

Ó meu Deus, deixar-me-eis perecer oprimido como estou pelo peso de meus pecados? Que todos os vossos santos Anjos se afastem de mim como de vosso inimigo e aquele (Anjo) que encarregastes de me conduzir não saiba se deve ter compaixão para comigo ? Vossos santos que só aspiravam a ver-me unido com eles e que vos apresenta-vam suas orações por mim, só me olhem com horror? Os próprios demônios que me seduziram me reprovam continuamente minha ingratidão para convosco e me lançam na confusão apresentando-me somente vossa indignação. Tende pena de mim, ó meu Deus,

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em vossa imensa misericórdia, e já que Jesus Cristo, vosso Filo, se interessa por mim, e que a Santa Virgem, sua mãe, vos pede em meu favor, não considereis a gravidade de meus pecados, mas em consideração da morte que Jesus Cristo vosso Filho sofreu por mim, e de vossa bondade sem limites, aceitai-me ainda uma vez no número de vossos filhos; fazei que minhas orações, unidas às deles vos sejam agradáveis e que eu possa dizer incessantemente com vossos eleitos: Bendito seja o Deus de minha alma, bendito seja aquele que me tirou da miséria do pecado e da escravidão do demônio.

Oração para manifestar a Deus o horror que se tem ao pecado Como eu seria feliz, ó meu Deus, se pudesse libertar-me completamente do pe-cado que é o inimigo mais terrível e temível do homem, pois é o único que me faz ini-migo de Deus. Pecado cruel! que causaste a morte de meu Divino Mestre, que reduziste todos os homens à escravidão do demônio e lhes tiraste o direito que tinham à herança de Deus. Pecado vergonhoso! que torna o homem semelhante aos animais, que desfigu-ra em nós a imagem de Deus e que dá a morte a nossa alma pela destruição da graça que está nela. Nunca mais tréguas ao pecado, nunca mais adiamento, é preciso evitá-lo. Ne-nhuma tardança, nem sequer até amanhã. O Espírito de Deus que quer me possuir e que quer prontamente vir a mim não tolera nenhuma tardança. Não permitais, ó meu Deus, que eu seja por mais tempo privado de vosso divino Espírito; dai-me de novo a alegria que sentem todos os que gozam de vossa santa graça e que Jesus Cristo produz nas al-mas dos justos. Não me abandoneis mais a mim mesmo, e não tolereis que no futuro eu fique um só momento sem o vosso santo amor.

Oração para pedir a Deus a graça de uma verdadeira Penitência Meu Deus, que sois o único que pode verdadeiramente tocar e converter um co-ração, derramai no meu esse espírito de penitência que vos agrada nas almas justas, mas que não seja somente para me assustar como ao Faraó a quem endurecestes no pecado. Não me toqueis como um Judas para me deixar cair no desespero; não amoleçais meu coração como amoleceste o de Antíoco, para me deixar morrer como ele no meu peca-do. Inspirai-me, ó meu Deus, horror a essas espécies de penitências que são apenas exte-riores e que não impedem de ir para o inferno. Concedei-me a graça de imitar a Davi na penitência, de chorar meus pecados com São Pedro na amargura do meu coração. E ao voltar a vós como o filho pródigo a seu pai, permiti que eu vos diga e repita muitas ve-zes com a humildade de verdadeiro penitente e com a simplicidade de filho: Meu Deus, pequei contra o Céu e contra vós; não sou digno de ser contado entre vossos filhos, mas ficarei feliz contanto me trateis como um de vossos empregados e mercenários e me queirais conceder o que vossa bondade não vos permite recusar-lhes quando vo-lo pe-dem.

Oração para pedir a Deus o conhecimento e a contrição dos próprios pecados Vós sabeis, ó meu Deus que a característica própria do pecado é cegar o espírito das pessoas e endurecer-lhes o coração. O resultado é que, ao estar prestes a evitar meus pecados e a me confessar diante de vós a vosso Ministro, eu seja invadido por senti-mentos do Rei Profeta, o qual depois de ter sido um grande pecador como eu, foi o prín-cipe mais penitente. Assim vos peço com ele que renoveis em mim vosso Espírito Santo a fim de que, esclarecido pelas luzes dele, e meditando sobre os meus anos passado, eu

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possa conhecer e discernir todos os meus pecados, sem que escape um só deles a meu conhecimento. Peço-vos também como ele, que crieis em mim um coração puro, que compenetrado da enormidade de seus pecados, vos manifeste por seus gemidos contí-nuos, por sua aflição sensível e por sua profunda humilhação, que todo seu desejo é mudar inteiramente de vida e voltar para vós. Espero, ó meu Deus, que me concedereis esta graça porque pronto estou, a suportar qualquer sofrimento que vos aprouver impor-me para vos prestar satisfação.

Oração para antes do exame de consciência Estaria eu com vontade de me expor ao perigo de fazer uma Confissão sacrílega por falta de me examinar bem a consciência? Estaria eu pensando que, para me confes-sar bem basta que dê um olhar superficial sobre meus pecados? Não, meu Deus; seria me enganar se eu tivesse semelhante atitude. Sei que, para se examinar bem, é preciso repassar em seu espírito um pensamento momentâneo, uma palavra não só de maledi-cência mas inútil, e toda ação que não é boa. Vós, ó meu Deus, sois quem me ensina que darei conta de todas essas coisas. Fazei, pois, por favor, que a minha consciência me revele e me censure todas elas para confessá-las. E assim, que todos os pensamentos maus que passaram por meu espírito me voltem à memória, que todos os desejos, todas as inclinações e todos os apegos de meu coração me fiquem tão presentes como se os tivesse ainda, embora tenha renunciado completamente a eles. Tolerai que todas as pa-lavras que vos desagradaram em mim encham minha imaginação para poder confessá-las e detestá-las, e que eu renove em mim a lembrança de todas as ações que pratiquei e que vós condenais, que também eu as condene. Eu vos peço esta graça, ó meu Deus, para que na Confissão que vou fazer, não esqueça um só dos pecados que cometi contra vós e que, depois de ter acusado todos, vós os destruais pela eficácia de vossa graça. Isto é o que espero de vossa bondade, pelos méritos de Jesus Cristo, Nosso Senhor, bem como por sua autoridade, uma vez que ele é o Sumo Pontífice neste Sacramento.

Oração para depois do exame de consciência Ó meu Deus, estou começando a conhecer meus pecados e eles estão presentes diante de mim. Fico corado de vergonha, não para me esconder diante de vós, como Adão depois de seu pecado, nem para me esconder diante dos outros, como Caim, nem como o fariseu no templo, pois quero conservar a lembrança deles para me humilhar por eles. Mas a confusão que sinto por causa deles ó meu Deus, só provém porque vos o-fendi muito. No fundo do meu coração ouvi a vossa voz que me censurava meus peca-dos e minha ingratidão, depois de tantos benefícios que recebi de vós, e me cobri de confusão, não ousando aparecer diante de vós numa situação tão miserável. Renovai, eu vos peço, no fundo de minha alma o espírito de justiça para que, animado e compene-trado desse espírito, e recobrada a inocência perdida, eu possa me apresentar de novo diante de vós, publicar em alta voz a vossa eqüidade, mas muito mais a vossa miseri-córdia, cuja extensão é infinita em meu favor.

Outra oração para depois do exame de consciência Pecar é próprio do homem; não querer sair do pecado é o caráter do demônio. Afastar-se do pecado e de todas as ocasiões que levam a ele e fazer todos os esforços para não recair neles é dever de bom cristão e de verdadeiro penitente. Esta, ó meu

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Deus, é a disposição com que agora me apresento diante de vós. Não somente eu não quereria vos ofender ainda que se tratasse de ganhar o mundo inteiro; também odeio tanto o pecado que estou pronto a fazer e a sofrer tudo o que for de vosso agrado, para não mais recair em um só pecado dos que acabo de me examinar, e que reconheci em mim. Mas como só estou nesta disposição pelo auxílio de vossa graça, não o posso exe-cutar sem vós. Ó meu Deus, vós sabeis que me seria inútil ter este pensamento e este desejo, se não o pusesse em prática. Já que me destes a vontade de não mais pecar, espe-ro também vosso auxílio para o cumprimento desta boa resolução.

Oração para pedir a Deus uma verdadeira contrição de seus pecados Se é verdade, ó meu Deus, que não posso fazer nenhum ato sem vosso auxílio e que até não posso querer o bem se não me o inspirais e não me dais a vontade de o fa-zer, como é que poderei ter um verdadeira contrição de meus pecados, se me não a con-cedeis? Sois vós, ó meu Deus, que infundis em meu coração a dor de meus pecados e como somente vós conheceis a enormidade deles, também só vós sabeis qual a contrição que devo ter deles. Dai-me, eu vos peço, uma contrição semelhante à do publicano do Evangelho que permanecia atrás da porta do templo e não ousava levantar os olhos nem se aproximar dos santos altares, e somente ficava a gemer no fundo de seu coração e a bater no peito dizendo: "Meu Deus, por favor, tende misericórdia deste pecador". Reti-rai-me de minha desordem e de meus pecados com tanta bondade quanta tivestes ao retirar a Zaqueu, chefe dos publicanos, e animai meu coração com os mesmos sentimen-tos de dor que ele tinha, para que por mais que me custe, agora eu tome uma resolução tão forte que nada me impeça de a executar.

Outra oração para pedir a Deus verdadeira contrição e dor dos pecados Vós, meu Deus, que sois o autor de todo bem, e produzis nos corações o horror e a contrição dos pecados. Acaso não sois vós que destes aos ninivitas tal contrição e ar-rependimento de seus pecados, a ponto de, embora vos tivessem ofendido muito, e ti-vessem atraído sobre si vossa cólera e vossa indignação, terem merecido por suas ora-ções, seus jejuns, suas lágrimas e seus gemidos, obter o perdão de seus pecados? Acaso não sois também vós que pelo charme e os atrativos de vossa graça tocastes tão forte-mente o coração de Maria Madalena, que, prostrada aos pés de Jesus Cristo, vosso Fi-lho, sentiu uma dor tão total e tão eficaz de seus crimes, de modo que ela abandonou todas as ocasiões e nunca mais recaiu nelas? Eu vos peço, ó meu Deus, a mesma graça e a espero de vossa bondade.

Oração para pedir a Deus uma contrição dos pecados, contrição que tenha todas as condições

Lançai sobre mim, ó meu Deus, vosso olhar de misericórdia que lançastes sobre São Pedro depois de seu pecado e dai-me uma contrição e um arrependimento de meus pecados tão grande como os que destes a ele. Eles não me serão suficientes, se vós não me os derdes, pois só posso odiar o pecado com vosso auxílio. Fazei que o pesar de meus pecados penetre tão profundamente em meu coração, para que não saia nunca mais; pois, se fosse apenas superficial e somente nos lábios, de que me serviria, uma vez que não duraria e vós não teríeis nenhuma consideração por ele? Imprimi também no fundo de minha alma um tal horror a ele, que nada me cause tanta pena do que o peca-

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do, e que eu o odeie mais do que a perda de todos os bens, e mais do que a morte. Con-cedei-me a graça que eu deplore todos os meus pecados sem excetuar nenhum; porque sabeis que não posso odiar verdadeiramente um sem o outro, e que, se eu gostasse ain-da de algum, não poderia receber a remissão de nenhum, mesmo que os confessasse todos, e que ficasse sofrendo por toda a minha vida para satisfazer por eles. Socorrei-me com a força de vossa graça, para que eu não queira mais recair em meus pecados, por-que, se eu não estivesse efetivamente com vontade de nunca mais cometê-los, a contri-ção que penso ter deles seria apenas imaginária. Ó meu Deus, é somente vosso santo amor que me possa dar esta disposição. Fazei, pois, que seja por amor a vós que eu odeie o pecado. Mas para que minha resolução não seja temerária, fazei que eu a tome somente na confiança em vossa bondade e nos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que quis me conceder esta vantagem por seus sofrimentos e por sua morte.

Oração para pedir a Deus e enfraquecimento da concupiscência Vós sabeis, ó meu Deus, que o pecado original deixou em nós tal inclinação ao pecado, que parece que não há nada a que sejamos mais levados do que a vos ofender, e somente vossa graça é que pode enfraquecer em nós esta infeliz concupiscência. Conce-dei-me, pois, ó meu Deus, esta graça e fazei que ela seja tão eficaz que eu já não sinta mais em mim esses movimentos que levam insensivelmente ao crime, se não se é pronto e fiel em resistir a eles, ou pelo menos, não permitais que eu seja tão miserável para consentir nos mesmos.

Oração para pedir a Deus a libertação das tentações e dos vícios a que estamos sujeitos

Meu Deus, que sois o único que pode nos impedir de cair no pecado, dai-me a força de repelir as tentações que se apresentam a meu espírito e quereriam seduzir meu coração, para me levar a vos ofender. Fazei que nem a impureza, nem o excesso na be-bida e na comida, nem a covardia e a negligência em vosso serviço tenham algum poder sobre mim; que eu me deixe jamais ir não só à cólera, mas até à impaciência, à murmu-ração ou a qualquer coisa que seja capaz de alterar, mesmo só um pouco, a caridade que deve ter para com o próximo. Fazei que eu tenha horror à mentira e à maledicência, e que nada do que pertence ao próximo seja capaz de me tentar. E se eu tiver algum dese-jo ou alguma inclinação, que seja de vos amar e vos obedecer, uma vez que estas duas coisas são toda a felicidade de um cristão nesta vida.

Oração para pedir a Deus o horror dos bens, das honras e dos prazeres da Terra Deus de bondade, que deveis ser todo o prazer do homem, poderei eu gostar ain-da dos prazeres da Terra, já que me criastes só para vós? Onde é que estão os prazeres passados que gozei tão desgraçadamente? Que é que me resta agora, a não ser a triste lembrança de ter ofendido um Deus que sempre teve apenas bondade para comigo? Que me resta senão um triste pesar de ter manchado minha consciência cuja pureza é o en-canto de Deus? Que me resta a não ser uma vergonhosa humilhação de ter entregado minha alma à escravidão do demônio, embora antes tenha sido imagem de Deus e seu lugar de delícias? Bens da Terra, vós estais apenas na imaginação dos homens! Praze-res do Mundo, nada tendes de sólido! Honras cujo esplendor deslumbra os olhos dos grandes e dos pequenos, sois nada mais que vazio! Contudo estivestes dentro de mim

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como fontes funestas do pecado. Odeio-vos mais do que a peste, mais do que a morte e mais do que tudo o que há de mais infeliz e mais terrível no Mundo. Fazei, eu vos supli-co, ó meu Deus, que eu tenha só horror a todos os bens, honras, e prazeres na Terra, para que não me apegue a outra coisa fora de vós e que eu coloque toda minha esperan-ça em vós.

Oração para pedir a Deus a graça de não procurar honras, bens e prazeres da Terra

Por demais experimentei, ó meu Deus, e ainda o sinto bastante todos os dias, que meu coração não pode estar satisfeito com tudo o que faz a felicidade dos homens neste mundo. Com efeito, ainda que eu possua todos os bens da terra, ainda que eu gozasse todas as honras, ainda que eu fosse louvado e estimado pelos homens, ainda que eu go-zasse todos os prazeres que se podem gozar no mundo e contentasse meus olhos com a visão de tudo o que há de mais agradável, ainda que eu bebesse os vinhos mais delicio-sos e me saciasse com os pratos mais apetitosos, que vantagem tiraria eu disso, e o que me restaria disso na hora da morte, a não ser um grande número de pecados que eu te-nha cometido pelo uso de todos esses bens? Fazei, pois, ó meu Deus, que no futuro eu não procure todas essas coisas, e dai-me a ocasião de dizer com o Profeta, com coração amargurado por meus pecados, e abrasado por vosso santo amor: "Que é que posso pro-curar no céu, e o que é que há na terra que eu possa desejar, senão a vós, ó meu Deus, que sois o Deus de meu coração, e quereis ser minha herança durante toda a eternidade!

Oração para pedir a Deus a graça de se afastar das ocasiões de pecado

Estar voluntária e propositalmente na ocasião de pecado é estar em pecado. Não é este um estado digno de compaixão, já que nesse estado a pessoa é objeto de ódio de Deus? Não se está, com efeito, em contínuo perigo de cair no pecado? Vós dizeis, ó meu Deus, que aquele que ama o perigo, nele perecerá. Portanto, querer permanecer na ocasião de pecado é gostar do pecado, que é inimigo de Deus; gostar do pecado que nos causa tanto prejuízo; que nos priva da graça e nos faz merecer o inferno; viver no peca-do que dá morte a nossa alma. Pode-se encontrar um estado mais infeliz e mais miserá-vel? Dai-me, ó meu Deus, um afastamento terrível de tudo o que pode me levar ao pe-cado e me colocar em perigo de cair nele. Iluminai-me com vossa luz para conhecer e discernir as ocasiões e os incentivos que eu possa ter ao pecado e dai-me bastante cora-gem e generosidade para o evitar no futuro, já que somente o afastamento das ocasiões é que nos deixa alguma segurança de nossa salvação. Quero me salvar, também vós que-reis que eu me salve. dai-me, pois, ó meu Deus, a graça e a vigilância sobre mim mes-mo, necessária para não me meter em nenhuma ocasião de vos ofender. Nisto espero de vós, ó meu Deus, aquilo que vós vos dignais de me impor.

Oração para pedir a Deus a graça de ficar livre do hábito de pecado, quer mortal, quer venial

Ó meu Deus, como é miserável quem permanece no hábito de pecado! A pessoa quer abandoná-lo e ele fica: algumas vezes ela quer se levantar e depois de um momen-to, recai . Ela sente em si, de tempos em tempos, os remorsos de consciência, e acontece muitíssimas vezes que ela os abafa. Ela diz: "Eu quero", mas não quer, porque não quer efetivamente, quando não o faz de fato. Como é triste este estado, como é dura a servi-

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dão desta escravatura! Mas é muito mais terrível ainda estar de tal modo enterrado no crime a ponto de cair e recair até tão baixo! É isto, ó meu Deus, que acontece aos que não são amparados por vossa graça! Cair duas vezes num pecado, não é isto demais para um cristão que traz impresso em sua alma e em sua fronte o caráter da divindade? Um só pecado fez cair imediatamente os anjos no inferno, expulsar Adão do Paraíso terres-tre, e excluir dele toda a sua posteridade, e a todos fechar a entrada ao céu, que só lhes foi reaberta pela morte de um Deus. E eu cometi vinte e trinta pecados sem sentir coisa nenhuma. Se eu tivesse morrido então, que teria sido de mim? O objeto de vossa cólera, ó meu Deus! Um vaso de perdição, o opróbrio dos demônios, a chacota dos condenados. Livrai-me, eu vos suplico de meus maus hábitos, fazei que nunca me acostume a algum, para que eu esteja no número de vossos servos amados, que são os únicos que terão par-te em vosso Reino. Amém!

Oração para pedir perdão a Deus pela facilidade que se teve de cometer o pecado

e pela negligência que se teve de se corrigir dele Vós sabeis, ó meu Deus com que facilidade cometi o pecado, com que precipita-ção segui a inclinação que tive para tanto. Eu me deixei levar a ele com tanta covardia como uma pedrinha se deixa arrastar pela torrente impetuosa. Que infeliz facilidade de minha alma para gozar dos prazeres dos sentidos, para entregar-se a suas paixões! Ela, sem dúvida, proveio somente de uma grande negligência que tive para me corrigir de meus defeitos; ela me levou insensivelmente de pecado em pecado, de desordem em desordem e no fim me enterrou na iniqüidade. Perdoai-me, ó meu Deus, essa vergonho-sa covardia e insensibilidade que, por assim dizer, me familiarizaram com o crime. Transformai em mim, eu vos peço, esta miserável disposição; retende meu capricho e impedi que ele se manifeste. Suspendei a violência de minhas paixões; afastai-me das ocasiões que eu poderia encontrar para sucumbir nelas; não me abandoneis mais a mim mesmo; mas em vez dessa inclinação infeliz que tive de pecar, colocai em meu coração um terno amor ao verdadeiro bem e um grande desejo para a prática da virtude, que é a única coisa que devo amar na terra; porque só ela é capaz de me pôr em estado de vos amar durante esta vida e de vos possuir eternamente no céu.

Oração para pedir a Deus o conhecimento e os meios necessários e úteis para evitar todos os pecados

Só vós, ó meu Deus, conheceis todos os meios que me são necessários e úteis para evitar inteiramente o pecado, e os conheceis perfeitamente. Eu vos peço, portanto, que os deis a conhecer a meu Confessor e também a mim, pois todo o meu desejo é a-fastar o pecado de meu coração e não mais o cometer, nada me vai impedir, com o auxí-lio de vossa graça de colocá-lo em prática, contanto que eu saiba o que devo fazer para isso e o que desejais de mim. Com certeza um dos meios mais úteis é confessar-se mui-tas vezes e é importante ter um Confessor bom; também que não se deve freqüentar más companhias. Concedei-me a graça, ó meu Deus, de ser fiel em praticar todas essas coisas. Mas como estes são meios gerais que se referem a todos os pecados, dai-me tam-bém os que respeitam os particulares para me libertar dos que me examinei e estou pronto para confessar, para que, lembrando-me deles no futuro, me seja fácil de não mais recair em minhas faltas. Cada pecado é uma doença que tem seus remédios. Tende a bondade de aplicar os mais apropriados aos pecados que tenho agora, e que eu vos

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apresento para me curardes. Inspirai-me os meios que desejais que eu empregue pelo conselho de meu Confessor, para estar completamente livre deste fardo pesado que es-tou a carregar.

Ato de confusão ao considerar a bondade de Deus e a enormidade dos pecados

Ó meu Deus, quer me parecer que quereis me salvar, já que pelos atrativos de vossa graça e pelo remorso de minha consciência me impelis continuamente a me entre-gar inteiramente a vós, depois de vos ter abandonado covardemente ao vos ofender. Não parece por acaso que tendes muito cuidado de mim, embora vos basteis a vós mesmo e toda a vossa felicidade esteja em vos amar? Vós sois infinitamente bom, pois nada vos falta do que é um verdadeiro bem e reunis em vós todas as perfeições imagináveis. E contudo, eu tive a ousadia de vos ultrajar e vos ofender. Quanto mais reflito dentro de mim, tanto mais fico envergonhado por me ver manchado de crimes e tão horroroso diante de vossos olhos. Será que por muito tempo ainda ficarei oprimido sob o peso de tantos pecados? Oh! Quanto sei agora que quem comete o pecado se torna escravo do pecado! Eu vos peço humildemente perdão, ó meu Deus, de me haver reduzido a tama-nha miséria. Sinto horror de mim mesmo neste infeliz estado e não posso mais ver-me em pecado. Quero, pois, sair desta escravidão abandonando inteiramente todos os que cometi, e nunca mais recaindo neles. Eu vos peço, ó meu Deus, vossa santa graça para ser fiel a esta boa resolução, pois sem vós não a poderei executar.

Ato de Contrição produzido pela consideração de vários motivos capazes de a excitar em nós

Como lamento, ó meu Deus, de vos ter ofendido tanto, a vós que sois um Deus de bondade, que nunca ficastes irado contra mim e que só me fizestes bem! Eu vos devo tudo o que sou, pois sois o Deus de todas as Criaturas. Eu me servi, pois, de vossos bens, do que vos pertence, de tudo o que me destes para vos ofender. E vós me destes, ó meu Deus, tudo o que tenho e tudo o que sou, somente para o empregar em vosso servi-ço. Mesmo que eu tivesse cometido um só pecado, eu me teria tornado inimigo vosso, teria perdido vossa santa graça e merecido o inferno. Que será de mim, uma vez que cometi tão grande número? Seja qual for a boa obra que eu faça e que eu tenha feito, desde que existo, será absolutamente inútil para minha salvação, se eu permanecer vo-luntariamente em pecado. Mesmo que eu distribuísse todos os meus bens aos pobres, mesmo que eu expusesse meu corpo no fogo, se eu não recuperar a caridade e o amor de Deus de que me privei com o pecado, tudo isso de nada me serviria para minha salva-ção. Ó meu Deus, será que deverei permanecer neste estado miserável? Não posso mais continuar a sofrer nele e vos peço insistentemente vossa santa graça para me tirar com-pletamente dele.

ATO DE CONTRIÇÃO É bastante para mim que o pecado vos desagrade, ó meu Deus, para não mais cometê-lo; porque deveis ser e sois efetivamente o único objeto de meu amor e nada quero fazer no futuro a não ser vos agradar. Eu vos peço muito humildemente perdão de todos os pecados em que, no passado, cai infelizmente, e em especial desde que pela

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última vez me confessei. Vós sois bom e sois a própria bondade; por isso tenho toda a confiança possível de que me os perdoareis. Vós sois amável, ó meu Deus, e tudo o que há em vós como o que está fora de vós, e que foi produzido por vós, nos leva a vos a-mar. Assim, é pelo amor que odeio o pecado e quero tomar os meios necessários para o destruir em mim e expulsá-lo completamente de meu coração, para que nada mais reste nele do que vos desagrada.

Outro Ato de Contrição e propósito de não mais ofender a Deus Se vós, ó meu Deus, quereis que minha consciência seja pura e sem mancha, não é possível que me recuseis as graças necessárias para não mais a emporcalhar com meus pecados. Eu vô-las peço com todo o meu amor e do fundo do meu coração na certeza de vosso auxílio, e ao mesmo tempo tomo uma firme resolução de nunca mais vos ofender, enquanto me proponho de a pôr em prática com tanta exatidão e fidelidade, quanto hor-ror tendes de meu pecado e quanta bondade tendes para mim. É sobre vossa bondade, ó meu Deus, que apóio toda a força e firmeza do propósito que faço, porque só desta mes-ma bondade é que posso esperar a coragem da capacidade para executar o que vos pro-meto.

Oração para pedir a Deus o perdão de todos os pecados por intercessão dos Anjos e dos Santos

Ó meu Deus, não tomaríeis vós em consideração as orações dos Santos que ge-mem diante de vós pela salvação de um pobre pecador como eu, e vos oferecem tudo o que eles sofreram para destruir o pecado, em se unindo aos méritos de Jesus Cristo, vos-so Filho? Não atenderíeis vossos santos Anjos, principalmente meu Anjo da Guarda, que se aniquila diante de vós por um sentimento de humilhação, gritando em alta voz: "Santo, Santo, Santo", a fim de vos decidir a me tornar participante de vossa Santidade, depois de ter apagado em mim o pecado? Aplacai-vos, ó meu Deus, por orações tão prementes. É verdade e o sei que não mereço este favor; mas é vossa bondade que me o quer conceder sem que eu o mereça. É isto que me persuade de que, como não podeis impedir-vos de fazer o bem, também lançareis um olhar favorável sobre mim; não vos importareis mais de meus pecados e os apagareis todos diante de vós. A nosso Deus, que está sentado em seu trono, é devida toda a glória por nos ter salvo e libertado com-pletamente do pecado.

Ato de confiança de que Deus terá a bondade de nos perdoar nossos pecados, por várias considerações

Vossa bondade, ó meu Deus, é tão grande e vossa misericórdia tão extensa que tenho certeza que não podereis vos defender das prementes solicitações de uma e de outra para me perdoar meus pecados. Uma vos dirá que criastes minha alma só para ser, na terra, um vaso de eleição e objeto de vossa complacência e de vossas delícias, para depois gozar eternamente no céu; ela dirá que me destes o Ser só para vos amar, louvar e publicar vosso louvor; dirá que cabe à vossa benignidade para comigo devolver-me o que demônio e minha malícia me roubaram. Uma vez vossa bondade sem igual vos a-presentará todas as graças que me concedestes e o amor que sempre tivestes para comi-go, para vos dar a conhecer que cabe à vossa sabedoria não os tornar inúteis em mim. Do outro lado, vossa misericórdia, engenhosa para procurar a salvação dos homens, vos

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fará lembrar que enviastes vosso Filho único à terra, só para morrer como homem e para assim livrar todos os homens do pecado em que vergonhosamente caíram, e para mere-cerem todas as graças necessárias para se preservarem dele no futuro. Ela também não cessará de vos repetir que quereis salvar todos os homens e que essa vontade, que tam-bém tendes tão presente é tanto de vosso agrado, de modo que vossa felicidade e vossa glória não devem ser estéreis em vós. Tornai-vos flexível, ó meu Deus, tanto a um como à outra; concedei-lhes e também a mim o que vos pedem. Devolvei-me o direito que eu tinha a essa glória que me concedestes com tanto cuidado e que Jesus Cristo, vosso Fi-lho, mereceu para mim por meio de tantas dores e sofrimentos. Amém.

Ato de reconhecimento de que Deus só nos perdoará nossos pecados se tivermos uma vontade determinada de não mais o ofender

A pesar de o apego que tenho ao pecado se ter tornado natural para mim, parece, ó meu Deus, que vós tendes mais amor e mais desejo de me perdoar do que eu tenho de vos ofender. Sois tão cheio de bondade e eu tão repleto de malícia. Mas por mais facili-dade que possais ter para esquecer meus crimes, não me os perdoareis, ó meu Deus, se eu não tiver uma vontade constante e determinada de nunca mais recair. Pois, com efei-to, sem essa vontade, toda penitência é falsa, a contrição se torna nula e a Confissão, sacrílega. Mas como é que vou ter essa vontade, se vós mesmo não me a derdes? E par-ticularmente a respeito da penitência só vós podeis dar-lhe cumprimento, mas também a vontade de a fazer. Acaso não me aconteceu várias vezes imaginar que tenho contrição de meus pecados e de fato não a tinha? Eu me dizia e pensava que odiava o pecado e ainda o amava; pois ainda eu queria ofender a meu Deus ou, pelo menos, porque o pra-zer, objeto de meu pecado, ainda não se me tornara desagradável. Imprimi, pois, ó meu Deus, em meu coração o horror ao pecado, ao que é o objeto dele e a tudo o que leva a ele, e dai-me uma vontade firme e decidida a não mais pecar, porque sem isso só odiarei o pecado em aparência. E para consolidar minha vontade no bem, purificai meu coração de todas as manchas contraídas pelo pecado e renovai em mim o espírito de justiça que recebi de vós no Batismo.

Oração para pedir a Deus a graça de confessar todos os seus pecados e vencer a vergonha má

Divino Jesus que não tivestes vergonha de passar por pecador e de vos conside-rar como tal embora não o fôsseis na realidade, só porque tivestes a bondade de carregar sobre vós todos os nossos pecados para satisfazer por eles, livrai-me, eu vos peço, dessa vergonha má que por vezes impede a acusação dos pecados na Confissão e não permi-tais que eu me deixe levar por ela, quando confessar os meus. Ó meu Deus, eu sei que na pessoa do sacerdote estou falando convosco ao me confessar. Ousaria eu então não vos dizer o que já conheceis e conheceis melhor do que eu mesmo, de vez que penetrais ao fundo dos corações e nada vos está oculto do que se passa no meu? Quereria eu me expor a fazer uma Confissão má ao ocultar um pecado? E não seria muito melhor que eu não me confesse, do que aumentar meus pecados com um sacrilégio ao me confessar, em vez de receber o perdão? Dai-me, ó meu Deus, uma abertura de coração para desco-brir minhas chagas a vosso ministro, para que ele possa trazer remédio e curar. Dai-me bastante simplicidade para expor clara e simplesmente a meu confessor o número e a qualidade de meus pecados e todas as circunstâncias capazes de a dar a conhecer tais quais são, sem a escamotear nem diminuir, e dai-me a graça de aproveitar bem dos con-

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selhos que tiver a bondade de me dar. Pois só por esses dois meios juntos com a contri-ção de vos ter ofendido é que merecerei receber a graça da Absolvição e o perdão de meus pecados.

Oração para pedir a Deus a graça de, neste mundo, fazer penitência de seus pecados

Ó meu Deus, se exerceis vossa misericórdia para com os pecadores, é justo que exerçais também sobre eles vossa justiça; pois, como eles vos ofenderam, se tendes a bondade de lhes perdoar, devem, por seu lado, sofrer alguma coisa para satisfazer por seus pecados. Sem dúvida que foi para este fim que expulsastes Adão do paraíso terres-tre, o obrigastes a fazer penitência por toda sua vida. Também muitas vezes punistes os judeus em vista de suas murmurações, de seus desvios e de sua infidelidade. Até Moi-sés, a quem escolhestes para ser o condutor de vosso Povo, carregou neste mundo a pe-na de alguns pecados que havia cometido. Por menores que tenham sido os pecados de Jó, vosso servo fiel, vós o fizestes sofrer para além do que se pode imaginar para os reparar. Exercei sobre mim, ó meu Deus, vossa justiça como sobre tantos predestinados, e purificai meus pecados neste mundo. Basta-me que reserveis vossa misericórdia para a outra vida, seja qual for o rigor que mostrais na penitência que vos aprouver impor-me, ela sempre me será doce, contanto que me concedais o perdão de meus pecados e vossa santa graça. Isto, ó meu Deus, é tudo o que desejo.

Oração para pedir a Deus a graça de fazer uma penitência proporcional ao número e à enormidade de seus pecados

Meu Deus, que somente perdoais os pecados daqueles que querem fazer reparação por eles, concedei-me uma parte desse espírito de penitência com o qual estava animado Jesus Cristo durante toda sua vida e com o qual São Pedro ficou tão penetrado depois de seu pecado. E como conheceis a e-normidade dos meus, e por conseguinte qual é a penitência que devo fazer para obter deles uma perfeita e completa remissão, concedei-me, eu vos su-plico, a graça de reparar todos os pecados de que sou culpado, por meio de uma penitência suficiente e proporcional. Inspirai a meu Confessor que me imponha uma penitência tal como a que destinastes para mim e que seja medicinal, isto é, que seja capaz de me retirar inteiramente do pecado, e me dar meios para não mais recair nele. Dai-me também a docilidade necessá-ria para receber seus conselhos e a penitência que me impuser com humilde disposição e uma firme resolução de dar satisfação. Confio, ó meu Deus, que não me recusareis nisso o vosso auxílio, e como, por minha malícia, fui um miserável pecador, serei também por vossa bondade, um verdadeiro peniten-te. Assim seja.

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ORAÇÕES PARA DEPOIS DA CONFISSÃO

Ato de confiança de que se recebeu o perdão de seus pecados na Confissão feita

Creio, ó meu Deus, e tenho esta confiança de que agora voltei ao estado de graça convosco. Que momento feliz para mim, quando recebi a Absolvição e ao mesmo tem-po, o perdão de todos os meus pecados! Senhor, naquele momento precioso, vós disses-tes a mim o que outrora dissestes àquele pobre paralítico: "Vai em paz, teus pecados são perdoados!" Recebi então essas palavras de verdade como um oráculo, imprimi-as em meu coração como um selo sagrado que, ao cerrar a entrada ao pecado, me pudesse co-locar em situação de conservar a graça que me devolvestes por uma bondade toda parti-cular, a pesar de minha ingratidão e do grande número de meus pecados. Portanto eu vos pertenço agora, ó meu Jesus! Já não sou mais vosso inimigo e o demônio não tem mais nenhum direito sobre mim. Não permitais, eu vos suplico, que eu volte a me colo-car sob o domínio dele; colocai ao alcance de meu coração vosso Anjo Tutelar para me guardar e impedir o espírito maligno de tomar posse de mim, para que só amando a vós na terra, eu tenha a esperança de gozar de vós durante toda a eternidade.

Ato de horror ao pecado ou Oração para pedir a Deus a confirmação de sua santa Graça

Agora, tu, pecado infeliz, já não tens mais parte em mim e, pela misericórdia de Deus, me sinto livre do teu pesado fardo que me oprimia e me tornava um completo miserável. Fazei, ó meu Deus, que no futuro eu sempre goze com prazer da liberdade dos Filhos de Deus, cuja felicidade e alegria consiste em vos amar, e só pensar em vós. Vós me concedestes esta vossa graça somente para me colocar na situação de possuir esse bem; mas me seria pouca coisa ter recebido vossa santa graça, se eu não a conser-vasse. Não o posso fazer senão com vosso auxílio. Espero, ó meu Deus, que não me a recusareis.

Ato para manifestar a Deus o pesar de ter permanecido tanto tempo em estado de pecado

e para pedir a conservação de sua santa graça Ó meu Deus, não sei o que mais devo admirar a bondade que tivestes de me reti-rar do pecado ou a minha negligência para eu me retirar deste miserável estado. Como é que pude permanecer só um dia no pecado? Como é que pudestes agüentar-me nele um momento sequer? Eu pus à prova a vossa paciência pela dureza e a insensibilidade de meu coração. Muitas vezes me pressionastes para me converter e deixar uma vez por todas o pecado e fui mais dócil aos meus prazeres do que à voz interior que me solicita-va no fundo de meu coração. Mas enfim chegou o tempo em que tocastes e abrandastes meu coração, pusestes fim a meu sofrimento e meus pecados. Feliz seria eu, se eu puder conservar o tesouro de vossa graça! Vós sabeis, ó meu Deus, onde o colocastes: num

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barco frágil, sujeito a se deixar corromper e a toda sorte de acidentes fatais. Sede vós mesmo meu protetor e não me deixeis desperdiçar o sagrado depósito que me confias-tes.

Ato de agradecimento ao Eterno Pai por nos ter revestido como o Filho Pródigo com a roupa da inocência

Eterno Pai, cujo amor e bondade para com os pecadores é incomparável, eu vos agradeço a bondade que tivestes em me reconciliar convosco depois de eu me ter torna-do indigno disso por meus pecados. Vós vos colocastes diante de mim como o pai do Filho Pródigo e me revestistes de novo com a roupa da inocência, com a qual me haví-eis coberto e honrado no santo Batismo, embora eu dele me tivesse despojado. Vós me devolvestes meu direito a vossa herança e vos dispusestes a me admitir a vosso festim e às núpcias de vosso Filho. Admiro, ó meu Deus, as graças que me concedestes e a feli-cidade que gozo depois de minhas desordens. Teria sido muita honra para mim o ser tratado como um de vossos empregados e vós me olhastes como vosso filho assim que voltei a vós. Honrastes-me com vossa presença e me cumulastes de vossos benefícios ao me dizer que tudo o que é vosso é meu, e que, se eu perseverar em vossa santa graça, gozarei a mesma felicidade de que gozais. Não permitais, ó meu Deus, que, depois de tão grande favor, eu vos abandone, e que manifeste a menor infidelidade para convosco e submissão a vossa vontade.

Ato de agradecimento ao Filho de Deus por nos ter aplicado o fruto e o mérito de sua Paixão e de sua Morte

Verbo divino, Sabedoria incriada, que vos fizestes Homem por amor de nós, para nos salvar e retirar de nossos pecados, eu estava perdido sem vós, e teria sido infa-livelmente condenado aos infernos, se por vossos sofrimentos e por vossa morte não me tivésseis libertado disso. Esta graça que acabo de receber ao recobrar por vossos méritos a graça de que infelizmente me tinha privado por meus pecados, este tão grande favor é que não vos posso agradecer convenientemente. Eu vos devo, ó meu Salvador, toda a gratidão possível e vossa infinita misericórdia me obriga a publicar alta e bom som que hoje sois verdadeiramente o meu Salvador. Vós me pusestes novamente no seio da Igre-ja da qual eu apenas era um membro morto, e ao mesmo tempo me fizestes participante de todos os seus bens e de vosso divino Espírito Santo. Devolvestes-me todos os direi-tos perdidos e me destes a compreender que viestes para os pecadores e não para os jus-tos, de vez que estais tão interessado em me devolver a graça e a liberdade dos Filhos de Deus.

Ato de agradecimento ao Espírito Santo por nos devolver a pureza de coração

Espírito Santo, que animastes a Jesus Cristo penitente por nossos pecados, que continuamente incitais os pecadores a se converterem e que mantendes os justos e San-tos no amor da penitência, eu vos agradeço a bondade que tivestes em devolver a meu coração a pureza interior que faz as vossas delícias e que é o objeto de vossas divinas complacências e me afastes hoje de meus pecados, depois de eu vos ter expulso por mi-nha malícia e de maneira inteiramente ultrajante , e de eu vos ter contristado em mim grande número de vezes por minha desordem interior. Cabe a vós destruir em mim tudo

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o que resta daquilo que o demônio e todas as inclinações da natureza corrompida ali colocaram. E como me desviei do caminho certo ao me deixar conduzir por meu espíri-to próprio, eu me entrego e submeto a vossa orientação para me manter na graça e me levar a fazer penitência que meus pecados mereceram e que lhes convém. Não me a-bandoneis, eu vos peço. Permiti que eu, de agora em diante, estabeleço este pacto con-vosco de que não vos afastareis nunca mais de mim, pois enquanto permanecerdes co-migo, não temo nem os ataques de minhas paixões, nem os esforços da tentação, nem a tirania do pecado, nem a escravidão do demônio. E assim me asseguro o gozo constante de uma verdadeira paz e tranqüilidade de coração.

Ato de regozijo com os Anjos e os Santos por ter recobrado a graça Vós dizeis, ó meu Deus, que todo o céu se rejubila de alegria pela conversão de um pecador, porque todos os Anjos e Santos que ali moram, alimentam a esperança de ver aumentar por esse meio o número de vossos Eleitos e seus associados na glória. Permiti, eu vos peço, que me una a eles para participar de sua alegria como tive parte em suas orações e que eles contribuíram para me retirar do estado de pecado. É com muita razão que eu lhes agradeça por isso, e como se interessaram por minha conversão, a alegria deles comigo seja comum. Com eles adoro vossa divina benignidade para com os pecadores e a extrema tolerância que tivestes com meus pecados e pela contínua a-tenção procurarei ter em todas as minhas ações só a vós em vista e me esforçar para dissipar as trevas e as nuvens com que meus pecados cobriram e obscureceram meu coração, para que ele possa aparecer diante de vós numa pureza um pouco semelhante à deles. O prazer e a alegria que eles sentem aumentam tanto mais quanto maior é o dese-jo que têm de minha salvação e o progresso de minha felicidade. Com eles louvo o es-quecimento vosso dos crimes mais enormes, quando um pecador recorre a vós e se re-lembra daquilo que vós sois e do que fizestes por ele. Como eles, entro no desígnio de vossa Divindade, para ali descobrir os sentimentos de ternura que tendes por aqueles que voltam à graça convosco e para assim gozar dos presentes que lhes fazeis, já que vós possuís os mais santos e mais eminentes. E como a alegria deles é só um transbor-damento da que vós mesmo sentis, ao abraçar vossa infinita misericórdia, também eu participo dela na medida em que quiserdes e, como me convidais a isso, tomo a liberda-de de entrar na alegria de meu Senhor e a exemplo de São João Batista, quando foi li-bertado do pecado por ocasião da visita de Jesus no seio de sua Mãe, sinto uma consola-ção tão grande de vos pertencer e de estar unido a vós por vossa santa graça, de modo que não posso me impedir de a manifestar por fora. Quero, pois, em união com vossos Santos, cantar como eles e com eles: "Agora o leão da tribo de Judá venceu o demônio e triunfou em mim sobre o pecado; rendamos-lhe glória e honra durante toda a eternida-de".

Ato de união a Jesus Cristo penitente, para fazer penitência com e como ele

Divino Jesus que viestes à terra somente para fazer penitência por nossos peca-dos, permiti que me una a vós para fazer penitência convosco e em vós. Tenho necessi-dade de vosso Divino Espírito para o conseguir, pois, se eu não o possuir, minha peni-tência não será sincera, nem verdadeira, nem interior. Ela será eficaz somente na medida em que me derdes a força para tanto, porque só de vós ela será um transbordamento da vossa. Dai-lhe, pois, amável Jesus, essas qualidades e todas que lhe convém, para a tor-

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nar agradável ao Eterno Pai. Fazei que a vossa a cubra com sua sombra, ou, melhor, que a penetre e anime, porque todo seu mérito só pode provir dos que adquiristes por vossos sofrimentos e vossa morte. Renuncio, pois, a meu espírito, para me entregar e abandonar inteiramente à direção de vosso Espírito e a vossa própria, para que, agindo somente em vós e por vós, a penitência que fizer se torne vossa e que sejais vós que a façais em mim.

Ato para pedir a Deus a graça de fazer penitência toda nossa vida, a fim de reparar a Deus por nossos pecados

Visto que ninguém pode firmar-se no bem a não ser na medida em que gostar da penitência e a praticar, eu vos peço a graça,. ó meu Deus, de não passar um dia sem fa-zer alguma penitência por meus pecados. Por mais inocente que tenha sido Jesus Cristo, vosso Filho único, ele passou nenhum momento sequer em toda sua vida mortal sem sofrer e sem praticar a penitência. São João, seu precursor, embora livre completamente e isento de pecado antes de nascer, também só quis aparecer na terra como penitente. Sabeis, ó meu Deus, que meus pecados são enormes e que não posso, em rigorosa justi-ça, satisfazer por um só deles, mesmo se eu sofresse toda minha vida. Dai-me ao menos o amor aos sofrimentos; fazei que me una às de vosso querido Filho sacrificado por mim no Calvário. Dai-me uma parte de seu Espírito penitente e fazei que me conforme a ele na prática da penitência. E, como foi na Cruz que ele se tornou nisto nosso modelo e foi um perfeito penitente, permiti que eu me o represente muitas vezes nesse estado, para que, não esquecendo jamais o que ele sofreu por mim, seu exemplo me pressione e me leve a não parar de fazer penitência até eu deixar de viver. Como vós sois, ó meu Deus, quem me concede esse desejo, dai-me também a força e a coragem de o executar.

Ato para pedir a Deus a perseverança no bem Ó meu Deus, será que, depois de ter querido voltar a vós em estado de graça e o ter recobrado efetivamente, eu poderia conservá-lo apenas por meio-dia, por um dia ou por pouco tempo? Conheceis minha fraqueza e minha inclinação ao pecado, e que não posso assegurar, por um só momento, minha estabilidade na piedade. Só vós podeis dar-me a perseverança no bem e ninguém a pode conseguir fora da oração e da prática cons-tante das boas obras. Sei, ó meu Deus, que posso tudo com vosso auxílio; portanto, para que não me falte a vontade, tornai-a, eu vos peço, eficaz, dando-me a graça de fazer continuamente e sem negligência tudo o que mandais. Fazei que me apegue tão bem aos deveres de meu estado e de meu emprego, que nunca me exima deles seja por que for. Que eu me torne sempre fiel em praticar o bem que tiverdes a bondade de me inspirar; que caminhe com tanta presteza e decisão no caminho de todos os vossos santos Man-damentos que eu não encontre nada difícil para mim. Somente vós, ó meu Deus podeis produzir em meu coração esta disposição; dai-me, pois, para isso uma graça tão abun-dante que nada do que desejardes dele se lhe oponha, e fazei-o completamente dócil a vossa vontade.

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EXAME DE CONSCIÊNCIA QUE SE DEVE FAZER ANTES DA CONFISSÃO

Sobre cada pecado, é preciso examinar-se, quantas vezes foi cometido, porque há a obrigação de o declarar ao Confessor.

Sobre o primeiro Mandamento de Deus

Pecados menos ordinários

Se não quis acreditar em tudo o que a Igreja nos manda crer. Se leu livros heréticos. Se, por negligência, ignorou os principais mistérios da Fé. Se consultou adivinhos. Se procurou curar doenças de homens, ou animais por meio de sinais, bilhetes, palavras, atos de superstição. Se cometeu pecados mais livremente, confiando demais na misericórdia de Deus, ou se desesperou de obter o perdão dos pecados. Se acusou Deus de ser a causa de seus pecados, dizendo que não lhe deu a graça neces-sária para não cair neles. Se permaneceu muito tempo em pecado mortal sem se preocupar com recuperar a graça de Deus. Se desviou outras pessoas do serviço de Deus, ou as levou a cometer algum pecado, qual, e quantas pessoas. Se riu ou zombou dos sacerdotes ou religiosos, ou dos que praticam a devoção. Se fez alguma Confissão má: se foi por não se ter examinado bastante, ou por não ter dito todos os seus pecados, ou por ter permanecido em algum mau hábito ou alguma ocasião de ofender a Deus. Se recebeu algum outro Sacramento em pecado mortal, qual? Se não confessou e não comungou pela Páscoa.

Pecados mais ordinários

Se negligenciou de fazer atos de fé, esperança e caridade para com Deus. Se no dever e na possibilidade de impedir alguma pessoa de praticar o mal, não fez na-da. Se faltou de modéstia na igreja, se nela andou passeando, se conversou nela sem neces-sidade, se nela teve uma atitude indecente. Se não cumpriu a penitência imposta pelo Confessor. Se procurou um Confessor condescendente em dar a Absolvição, ou que não o conhece. Se deixou de rezar de manhã ou de tarde, de joelhos e com piedade, se esta falta foi or-dinária.

Sobre o segundo mandamento de Deus

Pecados menos comuns.

Sempre se deve declarar que juramento se fez.

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Se jurou para afirmar alguma coisa falsa ou sem saber que era verdadeira ou falsa. Se usou de equívoco ao responder a um juiz. Se jurou fazer alguma coisa, sem intenção de o fazer. Se prometeu com juramento alguma coisa e não o executou. Se proferiu palavras injuriosas ou de desprezo ou de despeito contra Deus ou contra algum Santo ou Santa. Se depois de ter feito um voto ou alguma promessa a Deus, não a cumpriu.

Pecados mais comuns

Se jurou desejando o mal a si mesmo ou a outros, qual foi o mal desejado. Se jurou com ameaças. Se jurou sem necessidade. Se lançou alguma maldição, a quem?

Sobre o terceiro mandamento de Deus

Pecados menos ordinários Se, nos domingos e festas realizou alguma ação proibida, por exemplo, se vendeu, com-prou ou veiculou alguma coisa, se fez o mercado, se participou da feira, ou da Campa-nha de negócios, ou se procurou trabalho, etc. Se fez trabalhar seus empregados ou outras pessoas sem necessidade, por quanto tempo. Se profanou os domingos ou as festas por meio de jogos, danças, indecências ou outras desordens, que tipo de desordens. Se não impediu essas profanações quando podia ou devia fazê-lo. Se não participou da santa Missa, quer inteira, quer em parte, ou se expôs ao perigo de não poder participar dela. Se assistiu a Missa ou o culto divino com má intenção. Se ao assistir a santa Missa pensou voluntariamente coisas más ou inúteis. Se durante esse tempo leu livros de Oração. Se então conversou, a quantas pessoas; se ficou olhando para todos os lados. Se negligenciou a assistência à Missa paroquial, às Vésperas, e às instruções que então se transmitem

Sobre o quarto mandamento de Deus

PARA OS PAIS E AS MÃES

Pecados menos comuns Se os pais e as mães mandaram ou aconselharam a seus filhos fazerem alguma ação má, ou se a aprovaram ou louvaram depois de a terem feito. Se lhes deram mau exemplo: como se blasfemaram ou amaldiçoaram, ou dito palavras desonestas na presença deles, etc. Se não tiveram cuidado em ganhar a vida para seus filhos e em tudo o que respeita sua subsistência e sua manutenção.

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Se os fizeram dormir na cama consigo. Se procuraram para eles alguma renda para os enriquecer somente.

Pecados mais ordinários Se os pais e as mães não tiveram cuidado em educar seus filos no temor de Deus, de os fazer rezar de joelhos pela manhã e à tarde, de lhes fazer aprender o Catecismo, de os corrigir quando cometeram alguma falta. Se preferiram algum de seus filhos aos outros. Se os educaram na vaidade e conforme o espírito mundano. Se os fizeram dormir juntos ou permitiram que dormissem juntos, principalmente os meninos com as meninas, e em que idade. Se os amaldiçoaram e bateram com cólera.

PARA OS FILHOS

Pecados menos ordinários Se ergueram ou quiseram erguer a mão contra seus pais. Se pegaram algum dinheiro ou outra coisa deles. Se deixaram de assistir seus pais na necessidade. Se falaram deles com desprezo. Se os desprezaram no seu íntimo. Se lhes disseram injúrias ou zombaram deles. Se desejaram a morte deles. Se não rezaram por eles depois de falecidos. Se não executaram fielmente suas últimas vontades.

Pecados mais comuns Se faltaram de respeito diante de seu pai ou de sua mãe, em quê. Se falaram com eles ou deles falaram sem respeito. Se lhes desobedeceram, em quê. Se lhes deram motivo de terem raiva.

PARA PESSOAS CASADAS

Pecados menos ordinários Se observaram a castidade e honestidade própria das pessoas casadas. Se falaram injúrias ou amaldiçoaram. Se o marido malbaratou seus bens, ou os de sua mulher, ou os dos filhos.

Pecados mais comuns Se perturbaram a paz de sua família por sua impaciência ou seu mau humor. Se se amaram tanto quanto o devem.

PARA PATRÕES E PATROAS

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Pecados menos ordinários

Se mandaram seus empregados trabalhar, quer em excesso, quer nos domingos e festas. Se deixaram de lhes pagar seus salários.

Pecados mais comuns Se negligenciaram a salvação de seus empregados. Se entraram em cólera contra eles. Se os bateram.

PARA OS EMPREGADOS E EMPREGADAS

Pecados menos ordinários Se causaram prejuízo a seu patrão ou sua patroa, ou permitiram que alguém lhes causas-se. Se os odiaram ou desprezaram Se os amaldiçoaram. Se desejaram a morte deles ou alguma desgraça. Se cooperaram com seu patrão em alguma ação má.

Pecados mais comuns Se murmuraram contra seu patrão ou sua patroa. Se lhes deram ocasião de ficarem magoados. Se não obedeceram de boa vontade ou lhes desobedeceram. Se falaram mal de seu patrão ou de sua patroa.

Sobre o quinto mandamento de Deus.

Pecados menos ordinários

Se bateu, feriu ou matou, ou se teve vontade de fazer uma e outra coisa. Se desejou a morte ou a perda de algum bem. Se teve ódio ou alguma inimizade, quanto tempo durou. Se por ódio não quis olhar ou saudar ou falar a alguém. Se não quis se reconciliar. Se se alegrou com o mal de seu próximo.

Pecados mais comuns Se deixou de dar sinais de amizade a alguém, como a seus parentes

Sobre o sexto e nono mandamento de Deus Se praticou atos desonestos. Se desejou praticar algum.

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Se teve prazer em se representar coisas ou ações desonestas. Se olhou com prazer coisas desonestas. Se beijou com sensualidade. Se tocou em si ou em outros com prazer desonesto, em que espécie de pessoas. Se pronunciou palavras sujas, ou se deliciou em escutá-las. Se cantou canções desonestas e se foi na presença de outras pessoas. Se guarda em casa imagens desonestas e se elas foram ocasião de pensamentos desones-tos. Se leu maus livros. Se ajudou a outros, por conselho ou de outro modo, a cometer pecados desonestos. Se usou roupas contrárias ao pudor e à honestidade. Se guarda ou guardou algumas cartas ou ouros sinais de amizade criminosa.

Sobre o sétimo e o décimo mandamento de Deus

Se tomou ou roubou alguma coisa, e o quê. Se restituiu o que tinha tomado ou o que tinha, mas pertencia ao próximo. Se permaneceu por algum tempo com vontade de não o devolver e por quanto tempo. Se causou prejuízo a alguém, se fez reparação, mesmo se não tivesse tido vantagem. Se mandou ou aconselhou provocar mal ou prejuízo ao próximo e que mal. Se trapaceou no jogo. Se encontrou alguma coisa e a reteve sem querer devolvê-la ou sem se dar ao trabalho de saber a quem pertence. Se desejou ter um bem de outro de maneira injusta. Se desejou a morte ou algum mal para esse fim. Se cobrou a mais ou pagou a menos do que a coisa valia. Se vendeu mais caro do que vale um objeto por causa do crédito. Se comprou alguma coisa na dúvida de que podia ser objeto roubado. Se comprou alguma coisa dos que não têm direito de vender, como das crianças da fa-mília, dos empregados, etc. Se o vendedor enganou ao vender uma mercadoria em vez de outra, falsificando ou mis-turando e escondendo seus defeitos. Se numa compra foi enganado e procura enganar também os outros. Se usaram pesos e medidas falsos. Se procuraram impedir o lucro dos outros falando mal da mercadoria deles. Se os artífices não trabalharam fielmente, se fizeram mal o trabalho, se o venderam mais caro do que valia. Se empregaram os materiais conforme a qualidade e a quantidade combinada. Se não retiveram coisas que lhes foram confiadas sob pretexto de não ganharem bastan-te. Se os operários diaristas empregaram o tempo devido.

Sobre o oitavo mandamento de Deus

Se mentiu, causando prejuízo a alguém, quer para lhe agradar, quer para rir. Se repreendeu os defeitos de alguém, se eram verdadeiros ou falsos, conhecidos ou se-cretos, se foi em particular. Se falou mal de alguém com desprezo. Se causou divisão entre pessoas por meio de mexericos.

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Se revelou segredos, se abriu ou leu cartas dos outros. Se ralhou com alguém e por que motivo. Se escutou falar mal dos outros, se foi com prazer ou por respeito humano. Se julgou temerariamente alguém e em quê. Se revelou aos outros o que se pensava deles.

Sobre os sete vícios capitais

Sobre o orgulho Se teve estima demasiada de si mesmo; por que motivo, se enalteceu a si mesmo, se desprezou os outros. Se quis elevar-se acima dos outros. Se desejou ser estimado pelos homens e se praticou boas obras para esse fim. Se desejou algum emprego ou alguma dignidade para ser mais considerado. Se quis parecer melhor do que é. Se preferiu as idéias pessoais às dos outros. Sobre a avareza Se tem apego aos bens do mundo. Se pensou na maior parte do tempo somente em ganhar ou amontoar bens. Se foi duro para com os pobres. Se lhes recusou a esmola quando estavam em necessidade e podia fazê-lo. Aqui não se coloca nenhum artigo sobre o que respeita a impureza, porque o que a isto se refere já ficou exposto acima, ao se tratar desse pecado que se podem co-meter contra o 6º e o 9º mandamento de Deus.

Sobre a inveja Se sentiu satisfação pelo mal que aconteceu a alguém. Se sentiu pena porque o outro teve bom êxito em seus negócios, ou porque era estimado pelos homens, ou que porque tinha mais virtude e mais inteligência do que ele mesmo.

Sobre a gula Se comeu sem necessidade e em excesso, se o fez em se interessando pela saúde, ou perdendo a razão, se foi com escândalo. Se em estado de embriaguez cometeu algum pecado, qual. Se quis embriagar os outros ou se foi causa de se tenham embriagado, quer por incita-mento, quer pela venda de vinho, quando já tinham bebido bastante. Se bebeu ou comeu somente por prazer, quer ao procurar pratos finos ou ao prepará-los com demasiado cuidado. Se comeu comidas proibidas em dia de sexta-feira ou sábado, ou nos dias de jejum. Se não jejuou nos dias de obrigação, o que foi que o impediu. Se comeu além da medida ou outras coisas não permitidas nas colações. Se foi causa por que os outros não jejuaram.

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Se foi levado à raiva ou à impaciência ou ao mau humor. Se em algum momento de raiva disse algumas palavras chocantes ou injuriosas ou se repreendeu com azedume, discutiu ou bateu. Se se vingou de alguém por irritação ou por processo.

Sobre a preguiça Se empregou o tempo em fazer mal, ou não fazer nada, ou em fazer coisas inúteis. Se está enjoado do serviço de Deus e se isto impediu que praticasse boas obras, e quais. Se, por negligência ou preguiça deixou de fazer ações obrigatórias.

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INSTRUÇÕES E ORAÇÕES PARA A COMUNHÃO

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E X P O S I Ç Ã O Da doutrina da Igreja acerca do Sacramento da Eucaristia

Para alguém se pôr em estado de receber bem o Sacramento da Eucaristia, a primeira coisa a que se deve aplicar é saber qual é a doutrina da Igreja a respeito deste Sacramento. Pois é preciso estar perfeitamente instruído nela se quiser tirar proveito. E esta é a primeira preparação que deve ter para se chegar a este Sacramento

Este Sacramento se chama Eucaristia, que significa Graça, ou ação de graças, é um Sacramento que contém o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Jesus Cristo Nosso Senhor, tudo sob as aparências de Pão e de Vinho.

Por aparências de Pão e de Vinho entende-se o que faz que o Corpo e o sangue de Jesus Cristo na Eucaristia pareçam pão e vinho a nossos olhos e a nossos sentidos, tais como o sabor, a cor, a forma redonda, etc.

Embora a matéria que serve para fazer este Sacramento seja pão e vinho, a Igreja nos obriga a crer que, depois que o sacerdote (o ministro deste Sacramento) pronunciou as palavras da Consagração, tanto sobre o pão como sobre o vinho, não há mais nem pão nem vinho, mas que o pão foi mudado no Corpo e o vinho no Sangue de Jesus Cris-to. E que o que parece a nossos olhos ser pão é o verdadeiro Corpo e o verdadeiro San-gue de Jesus Cristo, que estão escondidos sob as aparência do pão e do vinho.

A transformação do pão no Corpo e do vinho no Sangue de Jesus Cristo aconte-ce na santa Missa, quando o sacerdote pronunciou sobre o pão estas palavras: Isto é meu Corpo e sobre o vinho estas outras: Isto é o cálice de meu Sangue. Esta transformação chama-se Transubstanciação, palavra que significa a mudança de uma substância em outra substância.

O Sangue de Jesus Cristo está contido sob as aparências do Pão bem como seu Corpo; e o Corpo de Jesus Cristo, da mesma forma, está contido sob as aparências do vinho, porque Jesus Cristo está vivo e assim seu Corpo e seu Sangue não podem estar separados um do outro.

Muito mais, quando se comunga sob as aparências do pão e do vinho, como o sacerdote na Missa, não se recebe mais do que quando se comunga somente sob as apa-rências do pão, como fazem os leigos; porque não há sob as duas espécies mais do que sob uma só, nem sequer em todas as Hóstias consagradas do que em uma só. Por isso por menor que seja a partícula de uma Hóstia que se recebe, recebe-se o Corpo de Jesus Cristo inteiro, porque o Corpo de Jesus Cristo, embora maior do que a Hóstia, está con-tudo inteiro na Hóstia e em cada pedacinho da Hóstia, por menor que seja. Por este mesmo motivo é que, ao romper uma Hóstia, o Corpo de Jesus Cristo permanece tão inteiro em cada uma das partículas rompidas ou caídas desta Hóstia, como estava em toda a Hóstia antes de ser dividida.

Tudo isto acontece pelo poder de Deus que se manifesta de maneira surpreen-dente neste Sacramento.

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Não se pode ver o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo na Eucaristia. O que se vê, o que se toca e o que se saboreia são apenas as aparências do pão e do vinho. Contudo come-se verdadeiramente o Corpo de Jesus Cristo e assim que as aparências do pão se corrompem no estômago, Jesus Cristo cessa de estar presente em nós de corpo, ainda que permaneça por sua graça tanto tempo que nos abstemos de ofender a Deus mortal-mente.

Dos fins da Instrução sobre o Sacramento da Eucaristia

e da obrigação de o receber

Quando Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Eucaristia teve somente em vista procurar o bem espiritual de nossas almas. A primeira intenção que teve foi dar-nos e deixar-nos para todo sempre, como ele mesmo afirmou, alguns sinais sensíveis de seu grande amor para conosco. com efeito, podia ele mostrar-nos melhor isso, do que dando seu Corpo para comer e seu Sangue a beber? Ficamos-lhe devendo muito por nos ter dado tão grande honra.

Outra intenção que Jesus Cristo teve ao instituir este Sacramento foi dar-nos um meio fácil para nos lembrar de sua paixão e morte, para que, tendo muitas vezes em nosso espírito a recordação de seus benefícios, fôssemos fortemente excitados a não cair no pecado e fazer penitência pelos que cometemos.

Como ele colocou seu Corpo neste Sacramento sob as espécies de pão e seu Sangue sob as espécies de vinho, ele no-lo deu particularmente para servir de alimento para nossas almas. É por isso que não nos podemos dispensar de o receber, porque nos-sas almas como nossos corpos têm necessidade de se alimentar para viver bem. É o que faz que na Igreja sempre se considerou a recepção do Corpo de Jesus Cristo na Eucaris-tia como um exercício de religião e uma ação obrigatória; e porque se chama esta ação com o nome de comunhão, termo de que São Lucas se serve nos Atos dos Apóstolos. Porque nesta ação os cristãos manifestam a união que têm juntos ao comerem o mesmo pão e que se unem também intimamente a Jesus Cristo ao receberem seu sagrado Corpo sob as espécies ou aparências do pão.

Na Igreja primitiva, os cristãos comungavam muitas vezes. Nos Atos dos Após-tolos até se diz que os primeiros discípulos o faziam todos os dias. E foi o costume uni-versal durante vários séculos que todos os fiéis comungassem em todas as Missas a que assistiam, como consta de um Decreto atribuído ao papa S. Anacleto, que todos comun-gavam depois da Consagração, se não queriam ser expulsos da Igreja, porque assim o prescreveram e tal é a prática da Igreja romana. Contudo nisto não há um mandamento positivo da Igreja que obrigasse a comungar; aliás o fervor dos fiéis era tão grande que não tinham necessidade que se lhes mandasse cumprirem esse dever.

As coisas não ficaram assim no correr do tempo, pois os cristãos se relaxaram muito, por isso vários Concílios foram obrigados a ordenar que se comungasse ao me-nos três vezes por ano, pela Páscoa, por Pentecostes e no Natal. E como estes manda-mentos não foram cumpridos exatamente, o Concílio do Latrão celebrado em 1215 se contentou com obrigar os fiéis a comungar ao menos uma vez por ano no tempo pascal, sob pena de pecado mortal, e este mandamento foi posteriormente renovado e confir-mado pelo Concílio de Trento.

Para satisfazer essa obrigação, imposta aos fiéis pela Igreja, é preciso que todos comunguem em sua Paróquia e estejam em estado de graça. Pois não se cumpre o dever da Comunhão pascal por uma Comunhão indigna, que a Igreja e Jesus Cristo mesmo só podem considerar com horror.

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Das vantagens que há em receber muitas vezes o Corpo de Jesus Cristo na Eucaristia, e dos efeitos

que este Sacramento produz em nós

Embora a Igreja obrigue os fiéis a comungarem somente uma vez por ano, sua intenção não é que comunguem tão raramente. O Concílio de Trento nos assegura que todo seu desejo é que tenham tão grande respeito e tal devoção para com este adorável Sacramento, que estejam em estado de o receber muitas vezes para que ele seja a vida e o sustento de sua alma e que, sustentados por seu vigor e por sua força, possam passar desta miserável vida para a Pátria celeste, para ali comer o mesmo pão dos anjos. Daí se deve concluir que a Igreja quer que os cristãos, para comungarem muitas vezes, tenham uma piedade que não seja comum, e que o principal fruto que se tira de uma Comunhão freqüente está em que ela é o sustento de nossa alma e que, pelo vigor que lhe comuni-ca, ajuda de tal maneira a conservar a graça, que a coloque numa espécie de segurança da vida eterna.

Ao querer expor quantas vezes cada um deve comungar, São Francisco de Sales expõe as diferentes disposições que alguém deve ter para comungar mais ou menos fre-qüentemente. Ele diz, conforme S. Agostinho, que não louva nem censura os que co-mungam todos os dias; mas aconselha que comunguem todos os domingos e que nin-guém deve passar um mês sem comungar. E acrescenta que, para comungar todos os meses, é preciso estar livre do costume de pecado mortal; para comungar todos os do-mingos, deve-se não ter nem pecado mortal nem apego ao pecado venial e que, para comungar todos os dias, é preciso além disso ter vencido a maior parte de suas más in-clinações e só o fazer a conselho de um Confessor prudente e esclarecido.

As principais vantagens que uma alma tem por uma Comunhão freqüente nos são citadas pelo Concílio de Trento, quando diz que Jesus Cristo, ao instituir este Sa-cramento para alimento espiritual de nossas almas, é bom para as entreter e fortificar fazendo-as viver da própria vida de Jesus Cristo que disse: Quem me come, viverá por mim. E como a inclinação que nossa alma tem para o pecado é tão forte que continua-mente precisa ser sustentada e procurar novas forças para não sucumbir nas tentações que todos os dias a atacam, é de suma importância comer freqüentemente este pão de vida.

O Concílio de Trento diz ainda que, ao participar deste Mistério sagrado, temos a vantagem de encontrar nele um antídoto pelo qual ficamos livres de nossas faltas diá-rias e preservados dos pecados mortais.

Esta Comunhão do Corpo de Jesus Cristo, conforme o mesmo Concílio, também é um penhor da glória futura e da felicidade eterna, porque a posse de Jesus Cristo e a união que temos com ele na Eucaristia é uma disposição para a felicidade que gozare-mos no céu, onde possuiremos a Deus em si mesmo visível e eternamente.

Ela também é o símbolo da unidade do Corpo da Igreja cuja cabeça é Jesus Cris-to, à qual ele quis que estivéssemos unidos como membros estreitamente juntos e reuni-dos. Ela nos une mesmo tão intimamente com Jesus Cristo que, depois de ter comido seu Corpo sagrado, estamos nele e ele em nós como ele o diz no santo Evangelho, e nos tornamos, por assim dizer, uma só coisa com ele.

Portanto, é de grande importância comungar muitas vezes para tirar proveito de todas essas vantagens.

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Das disposições que se deve ter para receber bem o Sacramento da Eucaristia

Para comungar bem deve-se ter duas espécies de disposições: umas são de ne-

cessidade; outras são de conveniência. As disposições de necessidade são aquelas sem as quais nunca se deve comungar

e não é permitido fazê-lo sem sacrilégio. Há duas disposições desta natureza que são: não ter nenhum pecado mortal e es-

tar em jejum. Os que comungam em pecado mortal cometem um sacrilégio que é um pecado

dos mais enormes que se possam cometer e que os Santos Padres comparam ao crime de Judas e dos judeus que crucificara Nosso Senhor. Por isso, os que querem comungar e que cometeram algum pecado mortal devem antes se confessar.

Para poder comungar deve-se também não ter comido nem bebido nada por me-nos que seja, desde a meia noite do dia em que se quer comungar. Na falta disso se co-meteria um pecado menor do que se comungasse em pecado mortal. Os doentes, contu-do, podem receber o Sacramento da Eucaristia, contanto que seja como viático, sem estar em jejum.

As disposições de conveniência para comungar bem são as que não são tão ne-cessárias a ponto de cometer um sacrilégio quando não existem, mas são muito desejá-veis que existam para receber as graças com abundância neste Sacramento e sem as quais se aconselha que não se lhe aproximem.

A primeira dessas disposições é não ter pecado venial, pois seria contristar Jesus Cristo recebê-lo com um coração que não estivesse totalmente livre do pecado.

A segunda é ter uma intenção muito pura, não se aproximando da mesa sagrada por respeito humano, nem por qualquer desejo secreto de ser estimado, nem sequer para conseguir mais consolações espirituais. Todas essas intenções são indignas de um ato tão santo.

A terceira é ter uma grande fé. Porque este Sacramento é um mistério de fé. Je-sus Cristo somente derrama com abundância suas graças naqueles que o recebem com plenitude de fé.

A quarta é um temor respeitoso que vem da compenetração que temos de nossa indignidade em vista da grandeza e da majestade infinita de um Deus que vamos receber e de nosso nada e de nossos pecados, que devem dar-nos ocasião de nos humilhar e con-fundir.

A quinta é um amor ardente a Deus e a Nosso Senhor Jesus Cristo que nos deve fazer desejar unir-nos com ele neste Sacramento.

A sexta é um grande fervor que nos coloque no estado de comungar com a maior devoção possível.

Mas uma disposição que parece mais do que conveniente é preparar bem seu co-ração antes de receber a Jesus Cristo na Eucaristia e agradecer-lhe durante um tempo bastante longo, como mais ou menos meia hora depois de ter comungado; pois é uma vergonha e sinal de pouco amor a Deus e fé no Sacramento da Eucaristia, apresentar-se à mesa sagrada sem preparação alguma e sair da igreja logo depois ou quase logo depois de ter comungado. Seria muito melhor não comungar do que agir assim.

Esta preparação e ação de graças que se devem fazer para a santa Comunhão de-ve especialmente consistir em fazer vários atos fervorosos acerca da felicidade e da gra-ça que se vai receber ou que se acaba de receber na comunhão.

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Como muitas pessoas não têm a facilidade de fazer por si mesmas essa espécie de atos, organizou-se um número suficiente deles para poderem ocupar o espírito e ani-mar o coração durante um espaço bastante longo de tempo. São os que se encontram a seguir.

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ORAÇÕES PARA ANTES DA COMUNHÃO

Ato pelo qual se reconhece que a santíssima Comunhão é um sumo remédio para todas as misérias

e todas nossas fraquezas Vós me conheceis, ó meu Deus, sabeis que sou a mais frágil de vossas criaturas, a mais fácil a cair no pecado, a mais insensível quando se encontra nesse estado, e a mais fraca para sair dele. Eu vos exponho minhas fraquezas que conheceis melhor do que eu mesmo, para que me concedais o vigor necessário para me levantar de minhas quedas, para me manter no bem e para não mais cair em minhas desordens. Vosso amor, ó meu Deus, vos fez encontrar um remédio infalível para todos os meus males; e este remédio foi enviar vosso amado e único Filho a este mundo para sofrer e morrer por nós, e por um sinal inconcebível de vossa Sabedoria quisestes deixá-lo sempre conosco no Sacramento da Eucaristia, para renovar a lembrança de sua paixão e morte e para se entregar todo a nós na santíssima Comunhão. Divino Jesus, é nisso que, ao tomardes posse de toda minha alma, me dais uma força que não posso esperar senão de vós. É nisso que me devolveis uma vida nova que me torna capaz de fazer ações dignas de vós e agradáveis a Deus. É isso que faz que eu considere este bem como a maior vantagem que eu possa possuir na terra. É também o que faz que eu não possa tardar mais tempo sem vos receber e recorrer a um remédio tão poderoso. Vós sabeis quais são as disposi-ções que devo ter para tirar proveito de tudo isso. Colocai-me nessas disposições e fazei que elas sejam tais como vós as desejais.

Ato pelo qual se reconhece quais são as disposições necessárias para comungar

Se é verdade, ó meu Salvador Jesus, que as principais disposições que precisam estar em meu coração para vos receber na santa Comunhão são uma grande pureza inte-rior, um amor ardente para convosco, uma devoção terna para vos apresentar meus de-veres e uma afeição toda particular pela virtude, quem é que me dará todas essas graças senão vós, Divino Jesus, ao vos receber? E se é necessário possuí-las antes de vos rece-ber, é porque sem dúvida cabe a vós produzi-las em meu coração, visto que sabeis que não posso tê-las por mim mesmo. Vós o podeis num instante pois até esse ponto sois o dono dos corações. A mim cabe dispor meu coração para vo-lo oferecer contrito e humi-lhado. Contudo, não é a vós que cabe dar-me essa contrição? Tudo o que posso, ó meu Deus, é vo-la pedir; mas como é que poderei vo-la pedir, se vós não me derdes esse Es-pírito de Oração que é vosso divino Espírito, que quer rezar em mim e por mim? Vedes, ó meu Deus, o que posso, e que não posso mais do que sou, nada diante de vós e em vossa presença. E assim, toda a preparação que posso ter para vos receber neste adorá-

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vel Sacramento é dizer-vos: "Meu coração, Senhor, está preparado para receber vossas graças; purificai-o vós mesmo, e tornai-o digno de ser o lugar em que ides morar.

Ato pela qual se pede a Deus a pureza de coração, que é a primeira disposição que se deve ter para comungar bem

É muito correto, ó meu Deus, que quem pretende receber a própria Santidade deve ter a Santidade dentro de si, e que vós, a Santidade por essência, somente morais num coração santo. pois é preciso que haja proporção entre quem recebe e quem é rece-bido. Libertastes-me do pecado pela Confissão que fiz de todos os que cometi, libertai-me também de tudo o que resta em mim de pecado; fazei que em mim não reste mais nem hábito, nem inclinação ao pecado, e que, desde agora, eu sinta tanto horror ao pe-cado, que nada seja capaz de me levar a cometê-lo no futuro. Fazei que só haja em meu espírito pensamentos santos e em meu coração só afeições santas. Que de minha boca somente saiam palavras santas, e que eu consiga colocar-me em situação de nunca fazer ações que vos desagradem. E como quereis que meu coração vos receba e que ele deve ser santo para vos receber, dai-lhe, ó meu Salvador, o que desejais dele.

Ato pelo qual se pede a Deus um ardente amor a ele, que é a segunda disposição para comungar bem

É por amor, Divino Jesus, que no adorável Sacramento do Altar, vos dais a nós. Também a instituição deste Sacramento é efeito de vosso grande amor para conosco. Que disposições santas posso eu ter para vos receber nele, a não ser amar-vos de todo o meu coração e vos dar amor por amor? Esta também é a disposição em que quero procu-rar me colocar agora com o socorro de vossa santa graça. Sim, meu Deus, quero vos amar e não quero viver senão para vos amar, porque me criastes para vós. Será que po-deria haver alguma coisa que eu possa amar neste mundo? As criaturas não são capazes de me contentar e somente vós podeis encher e saciar meu coração. Enchei-o, pois, hoje e desde este momento com a abundância de vosso santo amor, para que, ao entrar em mim como um Deus de amor, encontreis um coração cheio de amor, que seja capaz de se unir totalmente a vós, e permanecer sempre unido convosco.

Ato pelo qual se pede a Deus uma devoção terna para com Nosso Senhor Jesus Cristo,

terceira disposição para comungar bem

Eis me aqui, ó meu Salvador Jesus, para vos apresentar meus respeitos, para me dispor a vos receber. Já que quereis honrar-me com vossa presença, quereis também que eu vos honre por meus respeitos e minha mais humilde adoração. É verdade que a honra que vos dou é bem pouca coisa, mas supri, eu vos peço, por vossa bondade e por vosso amor para comigo, e colocai-me na disposição de vo-lo apresentar tal como vós o dese-jais. Que outra homenagem poderei apresentar-vos do que aniquilar-me diante de vós e publicar em alta voz a vossa excelência neste adorável Sacramento? Todas as criaturas dobram o joelho na presença deste incompreensível Mistério: os Anjos se prosternam profundamente para vos apresentar seus deveres, cobrem suas faces deslumbrados por vossa glória resplendente que possuís. E eu, miserável pecador que sou, que atitude em que estado poderei apresentar-me diante a vossa presença. Vou esconder-me no mais profundo abismo para não mais aparecer, para destruir tudo o que há de mim mesmo, e

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dispor-me a receber com abundância na Sagrada Comunhão a comunicação de vossas graças.

Ato pelo qual se pede a Deus um grande afeto para a virtude, quarta disposição para comungar bem

Divino Jesus, que sentis prazer em fazer subir de virtude em virtude os que gos-tam de comungar e comungam muitas vezes. Concedei-me a graça de comungar hoje somente na intenção de obter dela e possuir alguma. Estas são as riquezas e os tesoures de que devo me enriquecer nesta vida, porque são os únicos que me restarão na outra e me servirão para vos possuir. Será que há alguma coisa mais capaz de me os procurar fora de me unir a vós na santa Comunhão? Será também que há alguma coisa que vós quereis dar com mais gosto? Disponde, eu vos peço, meu coração e fazei que não haja nada nele capaz de pôr obstáculo a isso, para que eu possa receber hoje na Comunhão, aquela que vos aprouver preparar para mim em toda sua extensão e toda sua pureza. Vós sabeis qual é a que me convém mais e da qual agora tenho mais necessidade. Esta é que vos peço que ponhais em mim e à qual vou me preparar. Vós sois tão bondoso que ten-des prazer em vir a uma alma sem lhe dar um presente. Se vosso prazer, ó meu Jesus, é dar-me, também o meu prazer é receber de vós. Por isso preciso que, ao retirardes vosso sagrado Corpo, deixeis em mim, algum sinal de vossa bondade. Como gostais de ver as virtudes em nossas almas, devo também desejar com ardor, que me enchais com elas. Espero de vós esse favor, eu o desejo de todo coração, e vos peço que este desejo me sirva de preparação para vos receber.

Ato pelo qual se pede a Deus a pureza que sirva de preparação do corpo para comungar bem

Se é verdade que a pureza interior é necessária para colocar um coração em esta-do de vos receber, então a obrigação que temos de preparar nosso corpo para vos servir de moradia, ao virdes a nós na santa Comunhão, exige também de mim, ó meu Jesus, torná-lo perfeitamente puro, não só em atos, mas também em pensamentos e de tudo o que pudesse embaciar em mim, por mínimo que seja, o que há de mais esplendente nes-sa virtude de pureza. Vós, que sois a pureza em pessoa, colocai em mim o que há de mais resplendente nesta virtude. Enviai vossos santos Anjos, os mais puros das vossas criaturas, para purificar não só meus lábios, mas até todo meu corpo, a fim de que não haja nada nele que não os agrada e que não convém à santidade que vos é própria. Pois já que quisestes que Davi e seus soldados comessem os pães de proposição somente depois de terem dado a certeza de sua pureza, que graça terei ao vos receber, e que fruto poderei tirar da santa Comunhão, se me aproximar dela sem estar atualmente tão puro como se pode sê-lo? Só vós, ó meu Deus, é que podeis colocar em mim esta disposição, já que não se pode possuir esta virtude se vós mesmo não a derdes.

Ato de fé sobre a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia Jesus amável, que vos escondeis a nossos olhos sob frágeis acidentes no adorá-vel Sacramento de vosso Corpo, para permanecer mais facilmente conosco. Vós o afir-mais e isto acontece e vosso Corpo se torna presente por três ou quatro palavras. Este é um efeito dos mais surpreendentes de vosso Poder que todos os dias resplandece em prodígios na natureza e na graça, e é o efeito mais engenhoso de vosso amor, para nos

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torna participantes na medida do possível da Divindade. Eu o creio e não duvido que vós mesmo viestes a este mundo para nos salvar e embora eu não vos possa enxergar, que não vos possa tocar e que nada de tudo o que está sob o véu grosseiro me seja sen-sível, direi com confiança com São Tomé que vós sois meu Senhor e meu Deus.

Ato de fé que expressa a maneira em que Jesus Cristo está na Eucaristia Somente a fé, ó meu Salvador Jesus, é meu guia no sagrado Mistério da santís-sima Eucaristia e é só ela que, ao cegar o meu espírito e ao conduzi-lo em simples sub-missão à palavra de Deus, dá a conhecer e a confessar simplesmente diante de todos os anjos e de todos os santos, que sob estas aparências enganosas está o Deus de meu cora-ção e toda a minha esperança. Diga quem quiser que é a figura e representação de vosso Corpo, a fé de que meu espírito está animado, me obriga a dizer que sois vós mesmo. É verdade que estais no céu e vos reproduzis num momento sobre nossos altares. Não o compreendo, mas o creio. Estais aqui vivo sem movimento; estais aqui agindo em nós e por nós, sem ação exterior e aparente alguma, mas nos dais sinais sensíveis de vosso amor e encontramos neste Sacramento o resumo e abreviação de todas as vossas mara-vilhas. Confesso e creio simplesmente e sem exame, e isto, ó meu Salvador, é tudo o que vos posso dizer.

Ato de adoração num simples olhar de fé Se não vejo o que há de grande neste Sacramento é porque vós, ó meu Salvador, vos escondeis a meus olhos e quereis provar minha fé. Mas por mais aniquilado que vos mostreis, nada me impedirá de vos apresentar nele meus deveres com profundíssimo respeito e de vos dizer, com inteligência cega e completamente submissa, que não co-nheço outro Deus fora de vós e que, seja qual for o estado em que estejais, toda honra e toda glória vos são devidas da parte de todas as criaturas. E não podendo vos render tudo o que vos devo, peço que permitais que vos ofereça com todo o amor de meu cora-ção tudo o que sou e tudo o pode vos ser agradável em mim.

Ato de adoração e de união aos santos Anjos, para adorar a Jesus Cristo neste sagrado Mistério

Vós sois, ó meu Salvador Jesus, tão adorável neste Sacramento como o sois no céu; sois tão amável como o éreis quando estáveis na terra. Aqui não vos conheço, não vos vejo, contudo sei que estais aqui e eu vos adoro. Os anjos imersos na glória que possuis aqui, descem do céu para se prostrar diante de vós que residis sob este mistério incompreensível. Por maior pecador que eu seja, permiti-me que me una a eles e reco-nheça com eles na simplicidade da fé, que tudo em vós é adorável neste sagrado misté-rio. É nele que unis num instante e em poucas palavras a grandeza com a vileza, a ele-vação com a humilhação, o esplendor de vossa glória com o que há de mais vil, o Deus com a criatura, tantas coisas numa palavra tão pouco proporcionadas, de modo que tudo o que posso fazer é dizer com humildade e submissão de espírito: Eu o creio e o adoro.

Ato de desejo de receber a Jesus Cristo na Eucaristia, porque ele é toda a consolação dos homens na terra

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Haverá acaso alguma coisa que eu possa desejar no céu, se sois vós, o meu Deus, que sois a felicidade dos santos, como vós mesmo sois para vós o único objeto de vossa felicidade? O que é que eu poderia desejar na terra, senão vos possuir e me unir a vós, ó meu Salvador Jesus, na santa Comunhão, já que, por este Sacramento, é que se alcançam todas os tesouros de graças e a pessoa se torna um só convosco de modo ine-fável? Portanto é a Deus mesmo e a Jesus Cristo na Eucaristia que constituem toda a consolação dos santos tanto no céu como na terra. Ó meu Deus, estabelecestes vosso trono no céu para ali subsistir eternamente e fazer ali vossa morada e tornar vossos san-tos anjos e todos os vossos santos participantes de vossa glória. Estabelecestes também um trono para Jesus Cristo, vosso Filho no Santíssimo Sacramento do altar aonde ele desce em sua glória e majestade, embora velado e escondido a nossos olhos, para ser adorado pelos fiéis na terra e para se comunicar com eles e fazê-los participantes de suas graças com abundância. Fazei, pois, ó meu Deus, que hoje ao comungar, por maior pecador que eu seja, eu tenha parte na profusão de vosso divino Filho neste Sacramento.

Ato de desejo de receber a Jesus Cristo e seu divino Espírito na Santa Comunhão

Não sei, ó meu Salvador, como ouso desejar vossa vinda em mim, visto que es-tou tão cheio de defeitos e imperfeições que vos seria penoso suportar-me nesse estado. Mas quando penso que meu coração vos foi consagrado, e vosso Espírito divino se apo-derou de minha alma no santo Batismo; quando penso na obrigação que tenho de viver e de me deixar conduzir por este divino Espírito; quando reflito que não posso ser confir-mado várias vezes para o recobrar depois de o ter perdido, então posso comungar muitas vezes e mesmo todos os dias para que o derrameis sobre mim. É isto, ó divino Jesus, o que me impede de ficar abatido à vista de quanta desordem há em mim. Vinde, pois, tomar novamente posse de meu coração e deixai nele vosso Espírito Santo para garantia de vosso amor, para que ele ordene todos os meus movimentos, modere todas as minhas paixões e não deixe dentro dele qualquer inclinação que não seja para o bem. Espero este precioso momento; espero que me dareis esta consolação. É isto que me obriga a vos dizer: Vinde, vinde e não tardeis, pois tenho necessidade de vosso socorro.

Ato de desejo que manifeste o ardor de receber Jesus Cristo e no qual se pede algumas graças particulares

Como me julgo feliz, ó divino Jesus, ao vos receber hoje neste adorável Sacra-mento! Como tenho muitos motivos para suspirar continuamente depois de tão enorme vantagem! Vinde, pois, a mim, ó meu Salvador e tirai de minha alma tudo o que pudes-se ser obstáculo a vossa morada nela. Não me censureis minha pouca fé, se vos peço, como aquele senhor do Evangelho, que entreis depressa em mim, já que vós mesmo estais mais apressado do que eu para me conceder esse favor; e já que não desejais nada mais do que cumular minha alma, com vossa vinda, com toda sorte de graças. É verdade que peço sinais e milagres, mas estes somente são os da conversão de meu coração, o toque freqüente de vossa graça, uma vontade que me leve a vos agradar e uma firmeza inabalável no bem. Estes são, ó meu Jesus, os milagres que desejo e que quereis fazer em mim; estes são os prodígios da graça que servem para vos dar glória e a manifestar a vossas criaturas. Creio em vossa palavra de que sois vós mesmo que ides entrar em mim. Ao produzirdes em mim as graças que vos peço, dai-me também ocasião de me fazer proclamar publicamente que viestes a mim como meu Salvador, já que estarei no

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número dos daqueles para os quais vossa morte e a recepção de vosso divino Sacramen-to não foram inúteis.

Ato de humildade e confiança que é bom fazer quando se está a ponto de comungar

Divino Jesus que me urgis fortemente a vos receber, será que deverei dizer-vos como o centurião? Senhor, eu não sou digno de que vos despojeis de vossa glória, que vos torneis miserável, e que vos apresenteis a mim sob a aparência de uma vil criatura, não sou digno que, seja qual for o estado e a maneira, entreis em mim. Será que vos direi como são Pedro: retira-te de mim, pois sou um pecador? Será que vou recusar o favor que quereis me conceder, porque não encontrareis nada em mim que seja digno de vós? Eu sei, ó meu Salvador, que eu deveria fazê-lo, se considerasse unicamente o que sou; mas olhando para vossa bondade infinita e para a ternura que tendes por mim, pre-firo ir perante vós como Marta e Maria Madalena e dizer-vos com elas: dai-lhe nova vida porque, como vós mesmo dissestes, sois a Ressurreição e a Vida. E se é verdade que vindes a nós só para nos dar a vida da graça com abundância, dai-me tal plenitude de graças que torne minha alma impenetrável aos dardos do pecado; e que seja qual for a inclinação que eu tenha a ele, no futuro seja afastado de mim pela firmeza de meu coração para não o cometer jamais.

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ORAÇÕES PARA DEPOIS DA COMUNHÃO

Ato de admiração da bondade de Jesus Cristo por ter vindo a nós e se pede que purifique nosso coração

De onde me vem esta felicidade de meu Salvador e meu Deus vir a mim? É um Deus que desce para se fazer pequeno em sua criatura; é a inocência em pessoa que se une a um pecador. Ora essa! Divino Jesus, não tivestes dificuldade de colocar vosso Corpo sagrado dentro de meu estômago? Não tivestes horror de fazer vossa casa num coração que foi tantas vezes emporcalhado por pecados? Dentro de mim abaixais vossa grandeza, aniquilais o resplendor de vossa glória e ali estabeleceis vosso poder sem qualquer aparência de ostentação. Já que tivestes a bondade de vir a mim, Divino Jesus, não deixeis ali vosso poder completamente inútil. Fazei em mim os mesmos prodígios que operastes na casa de Zacarias quando fostes visitar a são João. Fizestes que ele exul-tasse de alegria no seio de sua Mãe; destes-lhe a inocência que não tinha e enchestes sua Mãe com vosso Espírito. Concedei-me uma abundância de alegria que seja o ante-gosto do Paraíso e que faça que meu espírito sempre se alegre no amor de Deus seu Salvador, embora eu ainda esteja no seio da Igreja, minha boa mãe. Colocai em mim uma perfeita posse da inocência que tantas vezes perdi e tornai meu coração tão puro como deve ser. Enchei-o, por fim, de vosso divino Espírito afim de que me conduza em todas as mi-nhas ações. E depois de me haver purificado o coração, purificai também meu corpo, minha boca e meus lábios, pelo toque de vosso Corpo sagrado, para que nada mais ha-vendo em mim que não seja puro, possais me cumular com vossas bênçãos e vossas graças.

Ato de fé e de admiração diante do aniquilamento de Jesus Cristo na Eucaristia

Verbo encarnado, nós admiramos que tenhais, por assim dizer, encerrado vossa Divindade num corpo pequenino no seio de uma Virgem; mas muito mais surpreendente é que, ao querer dar-vos a mim, colocastes tudo o que sois, vossa grandeza, vossa sabe-doria, vossa divindade debaixo de uma Hóstia minúscula e sob a aparência de um peda-ço de pão! É ali que não sois reconhecível e somente a fé pode vos dar a conhecer por aquilo que sois. Ela, ao iluminar meu espírito e ao conduzi-lo a vós pelo caminho que traçastes a vossa Igreja e que nos deve servir de guia, é que me garante que o que acabo de ver e de provar, nada é do que sois e contudo sois vós mesmo que acabo de comer e que permaneceis dentro de mim. Ali eu vos reconheço por meu Deus e por aquele de quem eu recebi e a quem devo tudo o que sou.

Ato de adoração em que se pede a Jesus Cristo que una conosco todas as criaturas para lhe render em nós as devidas homenagens

Eu vos adoro residindo em mim, ó Salvador de minha alma! E vos apresento ali todos os profundos respeitos devidos a vossa divina Majestade. Não posso sequer me impedir de confessar que, por mais adorável que seja o esplendor de vossa Divindade vos renda no céu, vosso rebaixamento dentro de mim deve obrigar todas as criaturas a vos render suas homenagens. Uni-as, pois, todas comigo, para vos louvar e bendizer habitando dentro de mim. Dai a todas elas uma mesma voz que, unida com a de meu

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coração, suba até vós e que faça ouvir por toda a imensidão do céu e da terra procla-mando: toda honra, toda ação de graças são devidas a aquele que, sendo Deus, sabedo-ria e poder, quis aniquilar-se na criatura.

Ato pelo qual se reconhece a felicidade de possuir em si Jesus Cristo, e convidam-se todas as criaturas para o louvar dentro de nós

Se a alegria daquela mulher do Evangelho era tão grande por ter encontrado a dracma perdida, que alegria não terei eu por ter em mim o Deus de meu coração e aque-le que deve ser minha herança e minha posse durante toda a eternidade? E, se essa mu-lher não pode conter em si sua alegria, se ela foi prontamente chamar suas vizinhas para a comunicar a elas, a quem é que vou contar a consolação de que minha alma está pene-trada hoje por possuir seu Deus e seu Salvador dentro de si? Não o contaria eu a todas as criaturas, convidando-as a louvar a Deus comigo, por tão grande favor? Anjos do céu, deixaríeis vossa morada e o Deus, a quem honrais com profundo respeito, para vir unir-vos a mim e gozar de que o Divino Jesus repousa em meu coração e em meu estô-mago? Vinde, vinde sem temor de perder o respeito diante de Deus, já que quem está em mim é o próprio Deus que adorais. Santos, que gozais de Deus, acompanhados por esses espíritos bem-aventurados, vinde tomar parte na alegria de meu coração e para louvar este Deus que nele reside, já que é vosso Salvador tanto como o meu. Céus, que publicais por toda parte a glória de Deus e sois obra de suas mãos, vinde também a mim para louvar o Deus que vos criou e esta divina Palavra que vos produziu. Terra que, ao me sustentares sustentas aquele que transporta um Deus vivo, rendei em mim a vosso modo, honra a esse Verbo encarnado, que vos honrou por suas pisadas durante sua vida mortal. Sol, lua, estrelas e tudo o que ilumina os homens, vinde em mim para protestar a aquele que ali reside, que vossa luz só é trevas diante dele, já que ele é a Luz eterna que aclara todo homem que vem a este mundo, e que iluminará eternamente o lugar em que Deus faz sua morada, e onde vossa luz não terá acesso. Atraí convosco todas as outras criaturas que contribuís a produzir, e que precisam de vossa influência para se conservarem, e anunciai-lhes que o Deus que fez tudo e que governa tudo depois de se ter revestido do corpo do homem, agora se escondeu diante de sua criatura. Ensinai-lhes que, para o adorar e louvar como o merece, é preciso que elas se aniquilem abaixo dele e lhe digam que todas as coisas são como nada diante dele, e que toda beleza e toda a glória que está nelas, só vem dele, que ela murchará num instante para nunca mais apa-recer, mas que a dele permanecerá para sempre a mesma e subsistirá eternamente.

Ato de agradecimento a Jesus Cristo pela bondade que teve de vir até nós

Jesus benfeitor, que não pudestes suportar a ingratidão dos nove leprosos que havíeis curado, não ficaria eu envergonhado e não mereceria eu vossa indignação, se não apresentasse minhas humildes ações de graças, depois de ter recebido de vós o mai-or benefício com que alguém pudesse ser honrado na terra, ao comer vosso Corpo sa-grado, e ao vos receber em mim. Sois o Deus de minha alma, aquele que deu o ser a todas as criaturas, que tirou os pecados do mundo, o reparador da inocência perdida, autor das graças, distribuidor dos méritos, e aquele em quem estão contidos todos os tesouros de bondade e misericórdia de Deus. Eu vos agradeço, Divino Jesus, por haver-des depositado em mim um tesouro tão precioso, e pelo favor que me prestais ao me convidar a haurir em vós todas as graças e todas as virtudes de que preciso para servir

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meu Deus. Mas, por mais gratidão que eu vos manifeste, sabeis que ela não pode ser digna de vós, porque nada tem de bom de mim mesmo, e não é capaz de reconhecer um benefício tão extraordinário. Tomai, pois posse de meu coração para agradecer nele vos-sa bondade tanto quanto possível, e que ela mereça que seja reconhecida. Como mem-bro de vosso corpo e vosso discípulo, toda gratidão que vós mostrardes dentro de mim, será considerada por mim como santificada por vosso mérito e vossa excelência, e as-sim, sem dúvida, tereis como agradável tudo o que eu vos oferecer, que aliás somente é produzido por vós e sempre me olhareis com bons olhos, porque vos reconheci como meu benfeitor, tanto quanto é possível neste mundo e estareis sempre disposto a me honrar com vossos benefícios e vossas graças.

Ato pelo qual se reconhece a humilhação de Jesus Cristo na Eucaristia

Verbo divino, Salvador do mundo, que, embora todas as criaturas estejam conti-das em vós, quisestes não obstante vos encerrar em meu estômago e vos comprimir em meu coração, é agora e com muito mais razão do que na Encarnação, que vos devemos chamar Verbo abreviado. Para não vos impor limites tão estreitos, dilatai meu coração, para que ele possa ser para vós um lugar de delícias; que ele, capaz de vos reter, tenha maneira de receber e conservar todas as virtudes e todas as graças que quereis colocar nele. Ele é um vaso vazio, enchei-o Senhor, de modo que não haja nada nele que vos desagrade. Como sois aquele que sonda os corações e penetra até o mais íntimo escon-dido, visitai o meu, e já que nada pode permanecer escondido a vossos olhos, olhai até o fundo o que é defeituoso, para que vosso poder e vossa bondade unidos o purifiquem completamente e que depois eu possa apresentá-lo a vós dizendo com toda humildade e confiança possível: Pronto está meu coração: Senhor, pronto está para receber vossa profusão de dons e todos os benefícios que quereis fazer-lhe. Como ele é o lugar de vos-so repouso, é muito justo que vós mesmo o adorneis e o torneis digno de vos possuir, ou pelo menos, para que nada haja nele que seja capaz de vos desgostar, para que, se vosso Corpo sagrado não permanecer sempre em mim, meu coração sempre esteja ocupado e compenetrado de vós e animado de vosso Divino Espírito.

Ato pelo qual se reconhece a bondade de Jesus Cristo por ele ter encontrado um jeito de tornar o homem

semelhante a Deus pela santa Comunhão Verbo encarnado, cuja bondade não tem igual, vistes que o primeiro ser humano se tinha perdido por querer tornar-se semelhante a Deus e se tornou, por seu orgulho, semelhante aos demônios. É o que vos levou a vir a este mundo para salvar os homens, seus descendentes, e retirá-los da corrupção do pecado. Vosso amor e vossa ternura para com eles fez-vos até encontrar um meio de os tornar semelhantes a Deus, sem os elevar acima do que são e este meio foi entregar-lhes vossa carne a comer e torná-los, por este meio, participantes da Divindade que está em vós, ao vos unir inteiramente a nós e ao partilhar conosco tudo o que há em vós. Se, pois, tenho a felicidade de comer hoje esta carne sagrada e se tenho dentro mim a Deus que quis tornar-se homem por amor de nós, tornai-me participante de vossos sentimentos, de vossas divinas máximas e de vossas celestes afeições, para que, por serdes homem como eu, eu também seja o que vós sois pela união íntima que terei convosco.

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Ato pelo qual se reconhece possuir a Jesus Cristo e ser possuído por ele na santa Comunhão

Tenho a felicidade de vos possuir, amável Jesus, e vós me possuís também. Mas o que é que possuís vós em mim? Um corpo sujeito a toda sorte de misérias, um espírito repleto de trevas e um coração que naturalmente só tem afeição às coisas da terra. E, pelo contrário, que coisas agradáveis, excelentes e santas não possuiria eu, visto que em vós se encontra tudo o que existe de amável? Com efeito, o Profeta-rei diz que sois o mais belo dos filhos dos homens, que sois bom para com os de coração reto, e encerrais dentro de vós, para falar com São Paulo, todos os tesouros da ciência e da sabedoria de Deus. Fazei-me, divino Jesus, que eu saboreie como sois doce para uma alma que vos possui e que vós possuís ao me fazerdes participante de tudo o que há em vós e do que vós sois, de maneira que eu possa dizer que tudo o que é vosso, é meu. Mas para que eu seja capaz de aproveitar desta vantagem, fazei que por vossa presença em mim, eu me torne agora completamente outro do que sou. Santificai meu corpo que se tornou vosso templo vivo por vossa estada nele; fazei que meu espírito só tenha pensamentos santos e meu coração afetos para o céu e que sinta sua única satisfação só em vós, para que, co-mo vos destes todo a mim, também eu seja todo entregue a vós e assim que eu seja um só convosco.

Ato pelo qual se pede a Jesus Cristo presente dentro de nós, que nos faça viver não mais a vida natural, mas a vida da graça

Já que agora estais dentro de mim, ó Jesus, Esposo de minha alma, permiti que vos peça com a Esposa sagrada dos Cantares, que me deis um beijo de vossa boca, isto é, sinais interiores de vossa ternura. E, como a graça se derramou em vossos lábios, e como é ela, como diz o profeta-rei, que atrai para si as bênção eternas, embebei com ela de tal modo minha alma, que ela não viva mais senão pela graça, que só trabalhe pelos impulsos da graça e que se guie somente pelos movimentos da graça. Portanto, Divino Jesus, transformai em mim esta vida natural que só procura as comodidades, esta vida sensual que sempre procura contentar os sentidos e fazê-los gozar os prazeres que lhes são próprios, esta vida mole que só tende a afastar com cuidado tudo o que pode dar ocasião de sofrer e este comportamento covarde que produz o desgosto dos exercícios de piedade, para que, vivendo só da vida que me comunicardes, eu possa dizer efetiva e verdadeiramente que não vivo mais minha vida própria, mas vós sois quem vive em mim.

Ato em que se presta atenção sobre a felicidade que se tem de possuir a Jesus Cristo em si

anjos e com os santos: Meu Amado é todo meu e eu sou todo dele. Como, ao Meu coração está tão consolado porque viestes a mim, Divino Jesus, a ponto que ele reúne e une todos os seus desejos, toda sua afeição e toda sua ternura para vos encerrar estreitamente nele e para vos dizer que todo seu prazer consiste em vos possuir e que se sente muito feliz em vos reter em si. Vós que sondais o fundo dos corações e vedes que ardor sente o meu de vos amar e gozar de vós, permiti que eu vos diga como Jacó, que não vos deixarei sair de meu corpo antes me terdes abençoado, e com a Esposa, que não deixarei sair vosso Espírito de mim, já que é preciso que ele é quem me introduza na Casa da eternidade. Pois, como sou vosso bem-amado, quero também que sejais o meu

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e que eu possa cantar continuamente este cântico de alegria em união com os santos anjos e com os santos: Meu Amado é todo meu e eu sou todo dele. Como, ao contem-plar a ternura dele para comigo, parece que eu sou o único para vos possuir, ele será o único a quem quero possuir, e a quem quero me dar inteiramente no tempo e na eterni-dade.

Ato pelo qual se reconhece a felicidade que se teve de nutrir sua alma com a santa Eucaristia

Eu vim até o vosso festim, Jesus, Filho único de Deus, porque me convidastes, e me nutri com esta carne sagrada que serve de alimento ao próprio Deus e com que ele satisfaz a fome de todos os bem-aventurados. Com efeito, conforme a linguagem do Evangelho, hoje comi o pão dos anjos, este pão que, como vós mesmo dissestes, está acima de toda substância porque encerra a própria Divindade. Este é o pão vivo que faz viver eternamente os que o comem. Não me admiro, ó meu Salvador, se tantos santos viveram durante muito tempo só com este único alimento, já que ao nutrir a alma de maneira sólida, é capaz de sustentar o corpo pelo vigor que dá ao espírito. Este foi, sem dúvida, o motivo porque S. Nicolau de Tolentino dizia: que quem come todos os dias seu Deus não precisa de outro alimento. Não se fale, pois, mais daquele pão que Elias comeu e o tornou tão forte que depois de ter comido caminhou durante quarenta dias sem tomar outro alimento. O Corpo de Jesus Cristo que acabo de receber transmite ou-tra força muito diferente à alma e ao corpo, pois fortifica a alma contra os ataques do demônio e serve para dar ao corpo uma pureza fora do comum. Fazei, ó meu Jesus, que eu sinta em mim todos esses bons efeitos e que ao vos ter dentro de meu corpo e em minha alma, nem o mundo, nem a carne, nem o demônio tenham mais poder sobre mim, por mais violentos sejam contra mim.

Ato pelo qual se ressalta a felicidade que se tem em possuir a Deus em seu corpo pela santa Comunhão

Que imensa felicidade a de o homem poder falar familiarmente com seu Deus, seu Senhor e seu Soberano, como fazia muitas vezes Moisés, fiel condutor do Povo de Deus, e como podemos fazer todos os dias na oração! Mas outra vantagem e outra feli-cidade inefável é possuir na fé este mesmo Deus e poder conversar com ele sobre os negócios da própria salvação, de coração a coração, como com um amigo que, ao co-municar os segredos a seu amigo íntimo, lhe pede as graças que pode obter dele! Esta é a vantagem que tenho na santa Comunhão, pela qual, tendo a Jesus Cristo dentro de mim, encontro nele um Deus que me trata como seu amigo, que entra em meus interes-ses e que só procura o bem de minha alma. Uma vez me comunica suas disposições interiores, outra vez me conta suas intenções e maneiras de ver puríssimas que teve em suas ações, que realizou só para a glória de seu Pai; outra vez me incita a fazer muitas vezes alguma coisa por Deus; outra vez ainda me anima para eu me entregar todo intei-ro a seu serviço; algumas vezes me faz lembrar o que ele mesmo fez e sofreu para me salvar; outras vezes ele me mostra a assiduidade e a continuação de suas orações junto de seu Pai e o zelo que tem por minha completa conversão. Fazei-me a graça, ó meu Jesus, que todas estas impressões que me dais, fiquem de tal maneira gravadas em meu coração, de maneira que nunca mais se apaguem e que produzam em mim todo o efeito que desejais.

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Ato pelo qual se pede a Jesus Cristo residindo em nós que fale a nosso coração e lhe manifeste o grande bem

que há em possuí-lo pela santa Comunhão Falai ao meu coração, amável Jesus, que estais morando em mim, pois ele está pronto a vos escutar. Fazei-lhe ouvir a vossa voz, ela lhe será doce e muito agradável, e dizei-lhe que sois o seu Deus, seu asilo e seu redentor; que tudo fizestes para ele, que vos deve tudo o que ele é. E como vos destes todo a ele, é preciso também que meu co-ração se entregue todo a vós. Ensinai-lhe que estais nele e como vós ali estais. Mas o que é que lhe ensinais, Senhor? Ele não duvida que estais nele, ele o sente e o goza com prazer e sabe que, como sois o amante dos corações, vossa bondade vos leva a procurá-lo, por mais vil e desprezível que seja, para nele fazer vossa morada. Dizei-lhe, pelo menos, que viestes como benfeitor que só deseja comunicar-lhe seus benefícios, como mestre que quer ensinar sua doutrina santa, e como amigo que vem torná-lo participante de seus segredos e dar-lhe a compreender o que deve fazer para vos agradar. Fazei-lhe entender que em vós ele vai possuir a sabedoria eterna e que por meio de vós é que ele aprenderá a ciência da salvação e os meios de se salvar. Dizei-lhe que sois a verdade de Deus e que podeis fazer emanar do seio da Divindade que reside em vós, todas as virtu-des; que sois o sustento do fracos e ele só precisa recorrer a vós quando residis nele, como a quem é sei refúgio e sua força em todas as suas fraquezas. Ó Jesus, fundi e li-quidificai meu coração para se dissolver em vós, a fim de que, estando completamente em vós, retire de vós tudo o que precisa para ir a Deus e para se firmar em seu santo amor.

Ato de agradecimento por ter comido à mesa de Jesus Cristo

Hoje comi à vossa mesa, ó meu doce Jesus, porque me tínheis convidado como vosso amigo. Mas será que antes considerastes bem se eu era digno de ser recebido e será que eu mesmo tive bastante atenção para ver se eu tinha a veste nupcial, isto é, essa veste de inocência com a qual me honrastes no santo Batismo, ou se a recobrei pela pe-nitência? Pois ninguém deve se apresentar para ser admitido a vossa mesa, se não tiver tomado todo cuidado possível para aniquilar em si o pecado. Dai-me, pois, um tal afas-tamento do pecado para que ele não apareça em mim, e como para conservar o sabor desta carne com que me nutristes, a alma precisa ter o espírito desocupado e o coração inteiramente desprendido de tudo o que ocupa ordinariamente a atenção e o prazer dos homens, fazei, ó meu Jesus, que durante todo este dia meu coração esteja de tal modo penetrado e ocupado convosco que se possa dizer verdadeiramente que vos saboreei e o sabor desta carne divina que comi permaneceu em mim e se faz sentir tão bem em mim que não tenho mais outro gosto do que Deus e o que leva a Deus.

Ato pelo qual se reconhece que nosso corpo se tornou o tabernáculo de Jesus Cristo

e nosso coração seu santuário por sua presença Agora meu corpo é vosso tabernáculo, ó Deus meu Salvador! E meu coração se tornou um santuário desde que viestes a mim na santa Comunhão. Posso dizer, pois, na verdade que sou um templo portátil de Deus no qual Jesus Cristo veio estabelecer sua

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morada, para, como diz um profeta, nele destruir e arrancar tudo o que há que vos desa-grada e para construir para o Deus vivo e eterno uma casa que possa subsistir eterna-mente. Já que quisestes estabelecer todos os ornamentos do tabernáculo da Antiga Lei, adornai vós mesmo este que escolhestes para vós e no qual residis em pessoa, e não de maneira aparente, como naquele cuja forma prescrevestes a Moisés. E como ninguém, fora o Sumo Pontífice podia entrar no Santo dos Santos, fazei que nada de profano entre em meu coração e que sua pureza seja tão grande que esteja em estado de vos conter a vós que sois a santidade por essência. E que não recebendo em si nada mais do que não venha de vós, e não tenda a vós, ele possa com razão ser chamado o Santo dos Santos da nova Lei, e o Santuário da Divindade que nele está encerrado como em seu cenro na terra e seu lugar de delícias.

Ato pelo qual se reconhece o profundo respeito que devemos ter diante de Jesus Cristo que reside em nós

Vós exigistes, ó meu Deus, tão grande veneração diante da Arca da Aliança e tão grande respeito para com ela, que Osa caiu fulminado por ter tocado nela. Que respeito não devo ter diante de vosso sagrado Corpo, Divino Jesus, que acabo de receber, do qual essa Arca era apenas uma figura! Pois, o que era essa Arca se não um cofre de ma-deira revestido de ouro e vosso Divino Corpo é o Corpo de um Deus que dele se reves-tiu para destruir em nós o pecado. Essa Arca era, com efeito, o que havia de mais pre-cioso na Antiga Lei; mas vosso corpo divino é a veste do grande Deus vivo, objeto da veneração dos anjos e o tesouro da Lei da Graça. a Arca era o oráculo dos israelitas por-que era o órgão do qual Deus se serviu para lhes dar suas ordens e para mim basta que eu entre em mim para vos consultar morando em mim, ó Jesus meu Salvador! Ao mes-mo tempo me dareis a conhecer as ordens de Deus e vossas Divinas vontades. Já que aqueles em cuja casa Deus fez repousar essa Arca foram cumulados de bênçãos com sua família, vós não me recusareis a mesma graça quando tiver em mim vosso sagrado Corpo, arca santa da Divindade. Pois é perfeitamente razoável que deixeis em mim marcas de vossa vinda: deixai ali, ó Jesus, o tesouro da graça, o ouro da caridade, e al-guma coisa do madeiro de vossa Cruz, que pelo enfraquecimento de minhas paixões e as impressões da mortificação, torne minha alma incorruptível. Este é o fruto que espero de vossa vida em mim.

F I M

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Í N D I C E Das Instruções e Orações para a Santa Missa

Instruções do Sacrifício da Santa Missa e da maneira de assistir a ela Do sacrifício da santa Missa, e de seus efeitos p.…… Da obrigação de assistir à santa Missa p.…… Das disposições para bem ouvir a santa Missa p.…… Da maneira de se aplicar durante a santa Missa p…… Explicação das cerimônias da santa Missa p.…… Orações durante a santa Missa, tiradas do Ordinário da Missa p.…… Outras orações durante a santa Missa que se referem a todas as Ações e orações que o sacerdote faz p.……

Í N D I C E Das Instruções metódicas para aprender a se confessar bem

§ 1. Da primeira coisa que se deve fazer antes de se confessar p.…… § 2. Da segunda coisa que se deve fazer antes de se confessar p.…… § 3. Do que se deve fazer ao se confessar, antes de declarar seus pecados, e as quatro primeiras coisas que se devem observar ao declarar seus pecados p.…… § 4. Da quinta, sexta e sétima coisa que se deve observar ao declarar seus pecados, a saber: declarar a espécie, o número e as circunstâncias p.…… § 5. Da oitava coisa que se deve observar ao declarar seus pecados p.…… § 6. Da nona e da décima coisa que se deve observar ao declarar seus pecados p.…… § 7. Da maneira de concluir a Confissão e da obrigação de dar ao Confessor sinais de arrependimento de ter ofendido a Deus p.…… § 8. Das quatro últimas coisas que se deve fazer ao se confessar p.…… § 9. Das quatro coisas que se devem fazer depois de se confessar p.…… § 10. Maneira de se confessar bem p.…… Orações para pedir a Deus um bom Confessor p.……

Í N D I C E Das instruções e orações para a Confissão e a Comunhão

Orações antes da Confissão p.…… Orações depois da Confissão p.…… Exame de Consciência que se deve fazer antes de se confessar p.…… Instruções para a Comunhão p.…… Orações antes da Comunhão p.…… Orações depois da Comunhão p.……

Fim do Índice

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A P R O V A Ç ÃO Li, a pedido de Monsenhor, o Conselheiro, este Manuscrito que tem por título Instruções e Orações para a santa Missa. Na Sorbonne, a 16 de janeiro de 1703.

C. DE PERCELLE

A P R O V A Ç Ã O Li, por ordem de Monsenhor, o Conselheiro, este livro que tem por titulo Instruções e Orações para a Confissão e a Comunhão, para uso das Escolas Cristãs, que julguei muito apropriadas para edificar os fiéis. 04 de dezembro de 1702

P R I V I L É G I O D O R E I Luís, por Graça de Deus, Rei de França e de Navarra: A nossos amados e leais Conselheiros, as pessoas que ocupam nossas Cortes de Parlamento, Mestres de Requisições ordinárias de nos-so Hotel, Conselheiros, Prebostes de Paris, Bailios, Senescais, seus Lugar-tenentes civis e outros Justiceiros a quem pertence: SAÚDE! Nosso querido Superior do Instituto dois Irmãos das Es-colas Cristãs, havendo nos pedido conceder-lhe nossas Cartas de Autorização para imprimir vários Livros para o uso de suas Escolas, e que têm por título Exercícios de Piedade para uso das Escolas Cristãs, Um Silabário Francês, Instruções e Orações para a Santa Missa, Instru-ção metódica para aprender a se confessar bem, Catecismo por Perguntas e Respostas, os De-veres de um Cristão para com Deus por texto corrido, Instruções e Orações para a Confissão e a Comunhão, as Regras de Cortesia e Civilidade Cristã, Cânticos Espirituais, e Ofício da San-tíssima Virgem, com o saltério de Davi, oferecendo-nos para esse objetivo de os fazer imprimir em bom papel e bons tipos, de acordo com a folha impressa e anexada ao modelo na contra-capa das Presentes. Havemos permitido e permitimos pelas Presentes que se imprimam os citados Livros, em um só ou em vários Volumes, conjunta ou separadamente, e tantas vezes quantas bom lhes parecer e de os vender, fazer vender e debitar em toda a parte de nosso Reino pelo prazo de três anos consecutivos, a contar do dia da data das citadas Presentes. Proibimos a todos os Bibliotecários e Impressores e outras pessoas, de qualquer qualidade e condição que sejam, introduzir textos estranhos e nenhum lugar de nossa obediência, sob pena de estas Presentes serão registradas por inteiro nos Registros da Comunidade dos Impressores e Bibliotecários de Paris em três meses a partir desta data; que a impressão destes Livros será feita em nosso Reino e não em outro lugar, e que o impetrante se conformará em tudo com os Regulamentos da Livra-ria, e especialmente com os de 10 de abril de 1715 e que, antes de os expor à venda, os Manus-critos ou impressos que tiverem servido de cópia para a impressão dos citados Livros, serão entregues no mesmo estado onde as Aprovações tiverem sido dadas, pela mão de nosso caríssi-mo e leal Cavalheiro Guardião dos Selos da França, o Senhor Chauvelin, e que por fim serão entregues dois Exemplares de cada um para nossa Biblioteca Pública, um para nosso Castelo do Louvre, e um para a de nosso caríssimo e leal Cavalheiro, Guardião dos Selos da França, o Se-nhor Chauvelin, o tudo sob pena de nulidade das Presentes; do conteúdo das quais mandamos e conjuramos que se faça gozar o Expositor ou os Advogados, plena e pacificamente, sem permi-tir que se lhe cause perturbação ou impedimento: Queremos que a cópia das Presentes que será impressa por inteiro teor quer no começo quer no fim dos citados Livros, autentica como o ori-ginal. Mandamos que o primeiro Porteiro ou Sargento que mande executar a todos os Atos

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requeridos e necessários, sem pedir outra autorização, não obstante o Clamor de Haro, Chartre Normande, e cartas contrárias. Porque tal é nosso prazer. Dado em Fontainebleau a 27 de outu-bro, no ano da Graça de 1715. e de nosso Reinado o 18º. Pelo Rei em seu Conselho. Assinado: G. M A R T I N, Síndico O……superior do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs cedeu seu privilégio a J. B. Machel, Impressor - Bibliotecário de Ruão, conforme acordo entre eles.

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Í N D I C E D A S M A T É R I A S Advertência sobre as Instruções e Orações para a Santa Missa …… Instruções sobre o Sacrifício da Santa Missa, e de que modo se deve assisti-la …… Do Sacrifício da Santa Missa e de seus efeitos …… Da obrigação de assistir à Santa Missa …… Das disposições para bem ouvir a Santa Missa …… Da maneira de se ocupar durante a Santa Missa …… Explicação das cerimônias da Santa Missa …… Da primeira parte da Santa Missa, antigamente chamada Missa dos Catecúmenos …… Da segunda parte da Santa Missa, antigamente chamada Missa dos Fiéis …… Orações durante a Santa Missa, tiradas do ordinário da Missa …… Outras orações durante a Santa Missa, relacionadas com as ações E orações do sacerdote …… Instrução Metódica para aprender a se confessar bem, por

Perguntas e respostas …… Prefácio …… [1] Da primeira coisa que se deve fazer antes de se confessar: examinar a consciência …… [2] Da segunda coisa que se deve fazer antes de se confessar: fazer o ato de contrição …… 3. Do que se deve fazer na confissão antes de declarar os pecados: pedir a bênção do confessor …… recitar o Confiteor …… dizer há quanto tempo não se confessou …… e das quatro primeiras coisas a observar ao declarar os pecados: declará-los pessoalmente …… dizê-los como coisa passada …… dizê-lo em forma de acusação …… não os escusar, nem jogar a culpa nos outros …… 4. Da quinta, sexta e sétima coisa a observar ao confessar os pecados: declara a espécie …… o número …… as circunstâncias …… dizer os pecados próprios e nunca os dos outros …… dizê-los em poucas palavras …… 5. Da oitava coisa que se deve observar ao declarar os pecados: dá-los a conhecer inteiramente, tais quais são …… [6] Da nona e décima coisa a observar na declaração dos pecados: dizê-los todos, sem omitir um só …… dizê-los todos em seguida e em ordem …… 7. Da maneira de concluir a confissão: acusar-se dos pecados desconhecidos ou esquecidos ……

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e da obrigação de manifestar ao confessor sinais de arrependimento de ter ofendido a Deus

…… 8. Das quatro últimas coisas a fazer na confissão:

pedir ao confessor os meios de não recair ……

terminar o Confiteor …… aceitar a penitência com promessa de a cumprir …… inclinar-se para receber a absolvição ……

9. Das quatro coisas que se devem fazer depois da confissão: agradecer a Deus …… renovar a promessa de não recair no pecado …… tomar os meios para conservar a graça recebida …… cumprir a penitência ……

10. Modo de se confessar bem …… Oração para pedir a Deus um bom confessor ……

Instruções e Orações para a Confissão e para a Comunhão Advertência …… Orações para antes da Confissão ……

Volta do pecador a Deus, pela consideração do pecado, sua Natureza e seus efeitos Reflexão sobre a enormidade do pecado, em forma de oração …… Oração para atrair a misericórdia de Deus …… Oração para mostrar horror ao pecado …… Oração para pedir a graça de verdadeira penitência …… Oração para pedir o conhecimento e a contrição …… Oração antes do exame de consciência …… Oração para depois do exame de consciência …… Outra oração para depois do exame de consciência …… Oração para pedir verdadeira contrição …… Outra oração para pedir verdadeira contrição …… Oração para pedir a contrição com todas as condições …… Oração para pedir o enfraquecimento da concupiscência …… Oração para pedir a Deus a libertação das tentações e dos vícios …… Oração para pedir horror dos bens, honras e prazeres …… Oração para pedir a Deus para não procurar honras, riquezas e prazer …… Oração para pedir a Deus a graça de se afastar das ocasiões de pecar …… Oração para pedir a Deus para ser livre do hábito de pecado …… Oração para pedir perdão a Deus pela facilidade de pecar …… Oração para pedir a Deus o conhecimento e os meios para evitar o pecado .................................................................................................................. Ato de confusão ao considerar a bondade de Deus …… Ato de contrição pela consideração de vários motivos Ato de contrição Outro ato de contrição e promessa Oração para pedir a Deus o perdão pela intercessão dos Anjos Ato de confiança que Deus terá a bondade de nos perdoar Ato de agradecimento pelo perdão

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Oração para pedir a Deus a graça de confessar todos os pecados Oração para pedir a Deus a graça de fazer penitência Oração para pedir a Deus a graça de uma penitência proporcional

Orações para depois da Confissão Ato de confiança de ter obtido o perdão Ato de horror do pecado Ato para manifestar a Deus o pesar de ter ficado muito tempo no pecado Ato de agradecimento ao eterno Pai Ato de agradecimento ao Filho de Deus Ato de agradecimento ao Espírito Santo Ato de alegria com os anjos e os santos por voltar à graça Ato de união a Jesus Cristo penitente Ato para pedir a Deus a graça de fazer penitência Ato para pedir a Deus a perseverança no bem

Exame de consciência que se deve fazer antes da confissão

Sobre o primeiro mandamento Sobre o segundo mandamento Sobre o terceiro mandamento Sobre o quarto mandamento Sobre o quinto mandamento Sobre o sexto e o nono mandamento Sobre o sétimo e o décimo mandamento Sobre os sete vícios capitais

Instruções e Orações para a Comunhão Exposição da doutrina da Igreja sobre o Sacramento da Eucaristia

Dos fins da instituição da Eucaristia e da obrigação de a receber Das vantagens de receber o Corpo de Jesus Cristo na Eucaristia Das disposições para bem receber a Eucaristia

Orações para antes da Comunhão Ato de reconhecer a Comunhão como remédio Ato de reconhecer as disposições para comungar Ato de pedir a Deus a pureza, primeira disposição para comungar Ato de pedir a Deus um amor ardente, segunda disposição Ato de pedir a Deus uma terna devoção a Jesus Cristo, 3ª disposição Ato de pedir a Deus grande afeição à virtude, 4ª disposição Ato de pedir a Deus a pureza em preparação do corpo para a comunhão Ato de fé sobre a presença real de Jesus na Eucaristia Outro ato de fé sobre a presença real de Jesus na Eucaristia Ato de adoração e de união aos santos anjos para adorar a Jesus Ato de desejo de receber a Jesus na Eucaristia Outro ato de desejo de receber a Jesus e seu divino Espírito Ato de desejo que manifesta a ânsia de receber a Jesus Cristo Ato de humildade e de confiança antes da comunhão

Orações para depois da Comunhão Ato de admiração da bondade de Jesus Cristo que veio a nós Ato de fé e de admiração diante do aniquilamento de Jesus na Eucaristia

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Ato de adoração em que se pede a Jesus que una conosco as criaturas para lhe apresentar nossos deveres Ato de reconhecer a felicidade de possuir a Jesus Ato de agradecimento a Jesus por vir a nós Ato de reconhecimento da humilhação de Jesus na Eucaristia Ato de reconhecer a bondade de Jesus na Comunhão Ato de reconhecer que possuímos a Jesus e que ele nos possui Ato de pedir a Jesus em nós para não mais viver da vida da natureza, mas da graça Ato de prestar atenção sobre a felicidade de possuir a Jesus em si Ato de reconhecer a felicidade que se teve de nutrir a alma com a Eucaristia Ato em que se ressalta a felicidade de possuir a Deus em si na Eucaristia Ato pelo qual se pede a Jesus em nós para que fale a nosso coração Ato de agradecimento por ter comido a Jesus Ato de reconhecer nosso corpo como tabernáculo de Jesus Ato pelo qual se reconhece o profundo respeito que devemos ter para Jesus que mora em nos

Índice das Instruções e Orações para a Santa Missa Índice das Instruções metódicas para aprender a se confessar bem Índice das Instruções e Orações para a Confissão e a Comunhão Aprovação

Instruções e Orações para a Santa Missa Instruções e Orações para a Confissão e a Comunhão

Privilégio do Rei

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