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INTEGRAÇÃO DA ANÁLISE CICLO DE VIDA NAS PRÁTICAS DE PROJETOS DE EDIFÍCIOS TIAGO FILIPE RESENDE ANDRADE Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES Orientador: Professor Doutor Hipólito José Campos de Sousa JULHO DE 2013

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INTEGRAÇÃO DA ANÁLISE CICLO DE VIDA

NAS PRÁTICAS DE PROJETOS DE

EDIFÍCIOS

TIAGO FILIPE RESENDE ANDRADE

Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES

Orientador: Professor Doutor Hipólito José Campos de Sousa

JULHO DE 2013

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MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2012/2013

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Tel. +351-22-508 1901

Fax +351-22-5081446

[email protected]

Editado por

FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Rua Dr. Roberto Frias

4200-465 PORTO

Portugal

Tel. +351-22-508 1400

Fax +351-22-5081440

[email protected]

http://www.fe.up.pt

Reproduções parciais deste documento serão autorizadas na condição que seja

mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil -

2012/2013 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2013.

As opiniões e informações incluídas neste documento representam unicamente o ponto

de vista do respetivo Autor, não podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade

legal ou outra em relação a erros ou omissões que possam existir.

Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo

Autor.

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Aos meus Pais

"Simple people, doing small things in unimportant places,

united, can make extraordinary things happen."

Dom Moarchy Grechi

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor Doutor Hipólito José Campos de Sousa, um agradecimento por todo

o tempo que disponibilizou, pelo interesse, ajuda e dados que me forneceu para poder efetuar este

trabalho.

Ao Engenheiro Pedro Nuno Meda Magalhães, um sincero agradecimento por todo o tempo

disponibilizado e por nunca se ter mostrado indisponível para discutir ideias e ouvir a minha

opinião sobre o que pretendia para este trabalho, motivando-me sempre para tentar ir mais além.

Aos meus amigos que sempre estiveram presentes quando foi preciso, e que me acompanharam

nestes anos de curso. Ao Leandro, ao Silva, ao Rui, ao André, ao Jorge, ao Zé, ao Joca, ao Filipe,

ao Pinto, e ao pessoal do ISEP, fica o meu agradecimento por todo o apoio e bons momentos

passados.

Aos meus amigos do andebol, Cunha, Paulo etc., um obrigado por todos os momentos bons juntos

que ajudaram a que este momento ser possível.

À Filipa, um agradecimento muito especial por todo o apoio incondicional, paciência e força que

me transmitiu para ultrapassar todos os momentos mais difíceis deste percurso atribulado e

sempre ter acreditado em momento onde nem eu acreditava. Um obrigado do fundo do coração.

Por fim, agradeço à minha família por sempre me ter acompanhado e dado todas as condições e

apoio incondicional. Um especial agradecimento à minha mãe e ao meu pai por nunca terem

duvidado de mim.

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RESUMO

O desenvolvimento sustentável é um dos maiores desafios que o mundo atual e futuro enfrentam para

manter a sobrevivência do ser humano. Sendo a construção uma das atividades que mais prejudica a

saúde planetária no consumo de recursos naturais, energia e geração de resíduos, é essencial que se

desenvolvam políticas, normas e metodologias para controlar e reduzir estes fatores neste setor. A

metodologia Avaliação Ciclo de Vida (ACV) é admitida mundialmente como a ferramenta mais eficaz

para apoiar o desenvolvimento sustentável e melhorar o desempenho do setor construtivo na perspetiva

ambiental.

Esta dissertação pretende desmistificar e explorar esta metodologia, explicando os passos necessários

para a sua realização, as suas vantagens e limitações, e enquadra-la com as recentes normas europeias

que utilizam esta abordagem para quantificar e avaliar a sustentabilidade dos trabalhos e produtos da

construção. Neste sentido, procura-se ainda integrar e relacionar esta metodologia com os princípios

propostos por diversos especialistas que se basearam nos documentos criados pelas diferentes cimeiras

realizadas no âmbito da sustentabilidade. Estas referenciaram a atividade construtiva como crucial para

atingir os fins previstos.

A fim de explicitar a metodologia, realizar-se-á ainda um caso prático que ilustre o procedimento da

avaliação ciclo de vida e a sua utilidade na tomada de decisão relacionada com a seleção de materiais

de construção ambientalmente mais eficazes. Os dados a analisar provêm das declarações ambientais de

produto que é um documento referenciado pelas normas europeias como uma excelente base de obtenção

de dados para realização da avaliação.

O caso de estudo vai abordar o desempenho ambiental e económico de duas soluções estruturais

homólogas, constituídas por materiais diferentes, de um módulo de uma nave industrial. Pretende-se,

utilizando a metodologia avaliação ciclo de vida (ACV), obter a solução teoricamente mais sustentável

do ponto de vista ambiental associado à componente económica referente ao custo das soluções.

PALAVRAS-CHAVE: Edifícios, Projeto, Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável, construção

sustentável, Avaliação Ciclo de Vida, Declarações Ambientais Produto

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ABSTRACT

Sustainable development is one of the biggest challenges facing the world today and the future to

maintain the survival of the human being. The construction, being one of the activities that most harms

the global consumption of natural resources, energy and waste generation, it is essential to develop

policies, standards and methodologies to control and reduce these factors in this industry. The Life Cycle

Assessment methodology (LCA) is accepted worldwide as the most effective tool to support sustainable

development and improve the performance of the construction sector in the environmental perspective.

This dissertation aims to demystify this methodology, explaining the necessary steps for its

implementation, its advantages and limitations, and it fits with the latest European standards that use

this approach for quantifying and assessing the sustainability of construction works and building

products. In this sense, we seek to further integrate and relate this approach with the principles proposed

by several experts that were based on documents created by the various summits that took place in the

context of sustainability. Those referred constructive activity as crucial to achieve the intended purpose.

In order to explain the methodology, will make even a case study to demonstrate the procedure of

assessment lifecycle and its usefulness in decision making related to the selection of building materials

environmentally effective. The data come from the analysis of environmental product declarations is a

document referenced by European standards as a great base for obtaining data to conduct the evaluation.

The case study will address the environmental and economic performance of two homologous structural

solutions consisting of different materials, a module of an industrial building and it is intended, using

the life cycle assessment methodology, to obtain the solution theoretically more environmentally

sustainable associated to the economic component related solutions cost.

KEYWORDS: Buildings, Design, Sustainability, Sustainable Development, Sustainable Building, Life

Cycle Assessment, Environmental Product Declarations

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... i

RESUMO ................................................................................................................................. iii

ABSTRACT .............................................................................................................................. v

1 INTRODUÇÃO ................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................. 1

1.2 ÂMBITO E OBJETIVOS ................................................................................................... 2

1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .................................................................................. 2

2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................ 5

2.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5

2.2 APARECIMENTO DE UM PARADIGMA MUNDIAL ................................................................. 5

2.3 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO .................................................................. 6

EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................................................ 6

1972 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE O AMBIENTE HUMANO – CIMEIRA DE ESTOCOLMO ............. 7

1987 - COMISSÃO MUNDIAL PARA O AMBIENTE DESENVOLVIDO – RELATÓRIO BRUNDTLAND ......... 8

1992 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CÚPULA DA TERRA

ECO-92 9

2002 - CIMEIRA MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – CIMEIRA DE JOANESBURGO

RIO +10 12

2012 – CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - RIO +20.12

2.4 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO EM PORTUGAL ............... 14

2.5 INFLUÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SETOR DA CONSTRUÇÃO E A SUA

IMPORTÂNCIA ........................................................................................................................ 16

IMPACTE GLOBAL DA INDUSTRIA CONSTRUTIVA ......................................................................... 16

PEGADA ECOLÓGICA ................................................................................................................ 16

3 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ..................................... 19

3.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 19

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3.2 IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO PARA O SER HUMANO .................................................. 19

3.3 SURGIMENTO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL............................................................. 20

OCDE – CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ...................................................................................... 21

3.4 EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CONSTRUÇÃO .............................. 23

3.5 IMPACTES GERADOS PELO SETOR DA CONSTRUÇÃO ..................................................... 24

ENQUADRAMENTO .................................................................................................................... 24

IMPACTES DECORRENTES DA CONSTRUÇÃO ............................................................................... 25

IMPACTES AMBIENTAIS .............................................................................................................. 28

3.5.3.1 Tipologia de impactes ambientais ......................................................................................... 28

3.5.3.2 Impactes ambientais associados a cada fase ciclo de vida dos edifícios ............................. 31

IMPACTES ECONÓMICOS E SOCIAIS ............................................................................................ 33

3.6 BARREIRAS Á CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL .................................................................. 35

3.7 SOLUÇÕES DE PROMOÇÃO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL......................................... 38

4 INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS PARA A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ........................................... 41

4.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 41

4.2 TIPOLOGIA DE INSTRUMENTOS PARA PROMOVER A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ............ 41

AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA ....................................................................................... 42

ESTUDOS DE IMPACTE AMBIENTAL ............................................................................................. 42

AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS, SOLUÇÕES E EDIFÍCIOS .............................................. 43

4.3 INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS DE APOIO À CONCEÇÃO E AVALIAÇÃO DA

SUSTENTABILIDADE DE EDIFÍCIOS ........................................................................................... 43

4.3.1.1 Eco-Platform .......................................................................................................................... 49

4.4 NORMALIZAÇÃO APOIANTE DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO............................. 52

NORMALIZAÇÃO INTERNACIONAL ............................................................................................... 52

NORMALIZAÇÃO EUROPEIA ....................................................................................................... 55

4.4.2.1 Normas CEN 350 ................................................................................................................... 56

5 AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA ........................................ 61

5.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 61

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5.2 ENQUADRAMENTO GERAL ........................................................................................... 61

5.3 METODOLOGIA ACV (LCA) ......................................................................................... 64

ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E PANORAMA NORMATIVO ............................................................ 64

NP EN ISO 14040:2010 – “PASSOS PARA REALIZAR UM ACV (LCA) GENÉRICO” ....................... 66

5.4 VANTAGENS DA METODOLOGIA .................................................................................... 77

5.5 LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA .................................................................................... 77

5.6 TIPOLOGIAS DE AVALIAÇÃO ........................................................................................ 78

5.7 UTILIZAÇÃO DA ACV (LCA) NO SETOR DA CONSTRUÇÃO .............................................. 79

PARTICULARIDADES E DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DA ACV (LCA) .................................. 79

UTILIZADORES E TIPOS DE UTILIZAÇÃO ...................................................................................... 79

PRINCIPAIS EVOLUÇÕES E BARREIRAS NA IMPLEMENTAÇÃO DA ACV (LCA) ................................. 80

TIPOLOGIA DE ESTUDOS ACV (LCA) NA CONSTRUÇÃO .............................................................. 81

ECOEFICIÊNCIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO ...................................................................... 81

6 CASO PRÁTICO – APLICAÇÃO METODOLOGIA ACV (LCA) ........................................................................................ 85

6.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 85

6.2 EXPLICAÇÃO PORMENORIZADA DO CASO ..................................................................... 85

6.3 SOLUÇÕES E CÁLCULO DO PESO DA ESTRUTURA ......................................................... 86

SOLUÇÃO A – ESTRUTURA EM BETÃO ARMADO PRÉ-FABRICADO ................................................. 87

SOLUÇÃO B – ESTRUTURA METÁLICA ........................................................................................ 88

6.4 AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA .......................................................................................... 89

OBJETIVO E ÂMBITO ................................................................................................................. 90

INVENTÁRIO ............................................................................................................................. 91

AVALIAÇÃO .............................................................................................................................. 91

6.4.3.1 Cenário 1A – “Cradle-to-Gate” .............................................................................................. 92

6.4.3.2 Cenário 1B – Avaliação Vertente Económica Cenário 1....................................................... 93

6.4.3.3 Cenário 2 – “Cradle – to – Grave” ......................................................................................... 93

6.4.3.4 Cenário 3A – “Cradle – to – Cradle” ...................................................................................... 97

6.4.3.5 Cenário 3B - Avaliação Vertente Económica Cenário 3 ....................................................... 98

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6.4.3.6 Cenário 4 ............................................................................................................................... 99

7 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS .............. 103

7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 103

7.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS – CASO PRÁTICO .................................................................. 104

7.3 PERSPETIVAS FUTURAS ............................................................................................. 105

BIBLIOGRAFIA………………………………………………… 107

ANEXOS

ANEXO I – DECLARAÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTO (DAP HABITAT)

ANEXO II – TABELA DE INDICADORES EXEMPLO DA NORMA EN 15978

ANEXO III – PLANTAS E ALÇADOS

ANEXO IV – DECLARAÇÕES AMBIENTAIS DE PRODUTO DO AÇO E DO ACABAMENTO DE

PINTURA

ANEXO V – LISTA DE IMPACTES AMBIENTAIS DE MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO (ECOINVENT)

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 - Evolução da população mundial [1] .................................................................................... 6

Figura 2.2 - Cimeiras Mundiais relacionadas com o desenvolvimento sustentável [2] .......................... 7

Figura 2.3 - Situação Mundial ao nível do Desenvolvimento Sustentável em 1992 [5] ......................... 9

Figura 2.4 - Âmbito da Agenda 21 [5] .................................................................................................... 9

Figura 2.5 - Incentivo para adotar uma Agenda 21 Local [5] ............................................................... 11

Figura 2.6 - Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentável [8] ............................................... 12

Figura 2.7 - Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável [9] ..................... 13

Figura 2.8 - Processo Agenda 21 [12] ................................................................................................... 15

Figura 2.9 - Ilustração Animada da Pegada Ecológica Mundial [16] ................................................... 17

Figura 2.10 - Evolução da Pegada Ecológica Mundial [17] .................................................................. 17

Figura 2.11 - Relação Capacidade Regenerativa da Terra e a Pegada Ecológica [17].......................... 18

Figura 3.1 - Âmbito Construção Sustentável para Charles Kibert [21] ................................................ 20

Figura 3.2 - Princípios de Kibert para a Construção Sustentável [21] .................................................. 21

Figura 3.3 - Definição Construção Sustentável para a CRISP [22] ...................................................... 21

Figura 3.4 - Definação Construção Sustentável para OCDE [20] ......................................................... 22

Figura 3.5 - Princípios Construção Sustentável OCDE [20] ................................................................. 23

Figura 3.6 - Evolução do paradigma da construção [13]....................................................................... 24

Figura 3.7 - Causas Gerais de Impactes ................................................................................................ 25

Figura 3.8 - Definição Trabalhos de Construção [23] ........................................................................... 26

Figura 3.9 - Fases e atividades principais do ciclo de vida dos edifícios .............................................. 26

Figura 3.10 - Impactes relevantes no ciclo de atividades construtivas[13] ........................................... 27

Figura 3.11 - Impactes e Cargas decorrentes de uma Edificação [24] .................................................. 28

Figura 3.12 - Sistematização das Áreas de Impactes Ambientais [13] ................................................. 29

Figura 3.13 - Atividades críticas das fases ciclo de vida que induzem impactes ambientais ................ 31

Figura 4.1 - Abordagens para Construção Sustentável (Vertente Ambiental) ...................................... 42

Figura 4.2 - Primeira definição da ACV (LCA) promovida pela SETAC [13] .................................... 43

Figura 4.3 - Objetivos das políticas para promoção da construção sustentável .................................... 44

Figura 4.4 - Indicadores para Avaliação da Sustentabilidade ............................................................... 44

Figura 4.5 - Tipos de metodologias de apoio à conceção e avaliação de edifícios [26]........................ 46

Figura 4.6 - Operadores que fundaram a ECO Platform ....................................................................... 51

Figura 4.7 - Estrutura da Comissão e Normas realizadas ...................................................................... 52

Figura 4.8 - CEN - Comissões que contribuem para a sustentabilidade na construção ........................ 55

Figura 4.9 - Módulos do Ciclo de Vida considerados pelas normas CEN 350. [35] ............................ 57

Figura 5.1 - Componentes para a Avaliação da Sustentabilidade ......................................................... 62

Figura 5.2 - Problemas Frequentes ........................................................................................................ 63

Figura 5.3 - Estruturação da comissão responsável pela ACV (LCA) .................................................. 65

Figura 5.4 - Etapas da ACV (LCA) [49] ............................................................................................... 66

Figura 5.5 - Funcionamento de um sistema de produto [51] ................................................................. 69

Figura 5.6 - Etapas Avaliação do Inventário Ciclo de Vida .................................................................. 72

Figura 5.7 - Exemplo Fatores de Caracterização do BEES [52] ........................................................... 74

Figura 5.8 - Estrutura dos métodos de avaliação de categorias de impacte [53] ................................... 75

Figura 5.9 - Tipologias de avaliação [20].............................................................................................. 78

Figura 5.10 - Quantidade de CO2 e Energia Primária de Materiais de Construção [58] ....................... 82

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Figura 6.1 - Esquema das Soluções ....................................................................................................... 86

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 2.1 - Objetivos propostos Agenda 21 [5] ................................................................................. 10

Quadro 3.1 - Barreiras para Implementação Construção Sustentável [20] ........................................... 35

Quadro 3.2 - Políticas de Incentivo á Construção Sustentável .............................................................. 39

Quadro 4.1 - Principais Ferramentas para avaliação da sustentabilidade de Edifícios ......................... 47

Quadro 4.2 - Indicadores norma ISO 21929-1:2011 [22] ..................................................................... 53

Quadro 4.3 - Normalização Europeia [35] ............................................................................................ 56

Quadro 5.1 - Etapa ACV - Objetivos e Âmbito .................................................................................... 70

Quadro 5.2 - Etapa Caraterização - Impactes Ambientais [46] ............................................................. 73

Quadro 5.3 - Aplicações e Utilizadores na metodologia ACV no setor construtivo [56] ..................... 80

Quadro 6.1 - Custos dos Materiais ........................................................................................................ 87

Quadro 6.2 - Peso Estrutura Betão Armado .......................................................................................... 88

Quadro 6.3 - Custos associados á Solução A ........................................................................................ 88

Quadro 6.4 - Peso Estrutura Metálica ................................................................................................... 89

Quadro 6.5 - Custos associados á Solução B ........................................................................................ 89

Quadro 6.6 - Indicadores e Metodologias Utilizadas na Avaliação ...................................................... 90

Quadro 6.7 - Cenários ACV .................................................................................................................. 91

Quadro 6.8 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 1 ...................................................... 92

Quadro 6.9 - Resultados da Vertente Económica no Cenário 1 ............................................................ 93

Quadro 6.10 - Áreas de Pintura de cada perfil e respetiva fonte ........................................................... 95

Quadro 6.11 - Área Total de Pintura em cada perfil ............................................................................. 95

Quadro 6.12 - Quantidade necessária de Tinta e Primário .................................................................... 96

Quadro 6.13 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 2 .................................................... 96

Quadro 6.14 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 3 .................................................... 98

Quadro 6.15 - Resultados da Vertente Económica no Cenário 3 .......................................................... 99

Quadro 6.16 - Ponderações assumidas no cenário 1 e utilizadas em softwares .................................... 99

Quadro 6.17 - Ponderações utilizadas no Cenário 4 ........................................................................... 100

Quadro 6.18 - Resultados do cenário 4 ............................................................................................... 100

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xv

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ACV - Avaliação Ciclo de Vida ou em inglês LCA – Life Cycle Assessment

AHP – Analytic Hierarchy Process

AICV – Avaliação Inventário Ciclo de Vida

BEES – Building for Environmental and Economic Sustainability

CE - Comissão Europeia

CEN – European Committee for Standardization

CFC’s – Clorofluorcarbonetos

CIB – Comission International Building

CNADS – Conselho Nacional para o Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

CNUAD – Comissão das Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento

CV – Ciclo de Vida

DAP - Declarações Ambientais do Produto ou em inglês EPD – Environmental Product

Declaration

DPC – Diretiva dos Produtos da Construção

ENDS - Estratégica Nacional de Desenvolvimento Sustentável

EU – União Europeia

ICLEI – Internacional Council for Local Environmental Iniciatives

ICV - Inventário Ciclo de Vida

ISO – International Organization for Standardization

LCC - Life Cycle Cost

OCDE – Organização Cooperação e Desenvolvimento Económico

ONU – Organização das Nações Unidas

PDM – Plano Diretor Municipal

PIB – Produto Interno Bruto

PIENDS - Plano Implementação Estratégica Nacional de Desenvolvimento Sustentável

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

RCP – Regras Categoria Produto

UNEP – United Nations Environment Protection

USEPA - United States Environmental Protection Agency

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1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O planeta Terra, em meados do século XX, sofreu um grande aumento populacional e avanços

tecnológicos que se traduziram numa explosão da qualidade da vida quotidiana do homem, mas

simultaneamente, numa degradação massiva e descontrolada do meio ambiente que pode ter

repercussões irreversíveis na história da humanidade.

A existência do ser humano tem sido posta em causa devido a utilização indevida de recursos naturais,

ao aquecimento global e à produção de resíduos, o que induziu uma abordagem de destaque nas

convenções internacionais em relação a estes assuntos ambientais, nomeadamente, encontrar formas de

atenuar e se possível eliminar a pressão ambiental a que o planeta Terra está a ser sujeito.

Com a presença deste dilema na ordem do dia, foram criados e estabelecidos vários tratados e normas a

fim de conter e gerir os recursos de forma a reduzir ao máximo estes impactes ambientais através de

politicas de promoção da sustentabilidade, entre as quais, a utilização de diversas metodologias e

ferramentas de análise do desempenho ambiental de várias atividades, dos quais de destaca neste

contexto, a construção.

A construção é um setor responsável por grande parte dos impactes ambientais causados, e sendo estes

uma preocupação cada vez mais vincada nas sociedades atuais, o seu controlo e gestão nesta atividade

tem evoluído consideravelmente. Com este pensamento, o setor construtivo sofreu uma alteração radical

ao nível de conceção e emergiu o conceito de “construção sustentável”. Paralelamente a este conceito,

surgiram no mercado novos materiais e produtos considerados mais sustentáveis que os

tradicionalmente utilizados mas que suscitam algumas questões. Estes materiais designados

“sustentáveis” apresentam a mesma função e eficácia dos convencionais utilizados? Pois só faz sentido

afirmar que são melhores em termos sustentáveis se estiver comprovado previamente que a sua eficácia

funcional é equivalente aos materiais convencionais.

Neste campo a necessidade de analisar estes materiais, nomeadamente, o seu comportamento durante

todo o ciclo de vida dos edifícios é imprescindível para avaliar a sua sustentabilidade. No encontro desta

necessidade surge uma metodologia denominada avaliação do ciclo de vida que é considerada uma

ferramenta valiosa de aferição do impacte ambiental da construção tanto dos materiais que a constituem

como de todo o edifício. Esta ferramenta é reconhecida como a mais adequada para este fim e encontra-

se normalizada mundialmente no âmbito da gestão ambiental.

No espaço europeu e no âmbito da sustentabilidade dos trabalhos de construção, surgiram recentemente

várias normas que têm como base esta abordagem ciclo de vida e que se destinam a padronizar e facilitar

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

2

a interpretação dos resultados das avaliações da sustentabilidade dos edificados. Estas normas

pretendem, a comparação de soluções construtivas, com vista uma maior sustentabilidade dos trabalhos

da construção.

1.2 ÂMBITO E OBJETIVOS

Os principais objetivos do presente trabalho são:

Sistematizar o conhecimento referente ao conceito de desenvolvimento sustentável e a

importância do setor da construção nesse campo;

Apresentar o conceito de construção sustentável, bem como, os seus princípios, impactes

ambientais, barreiras e políticas para a promover na sociedade atual;

Referenciar os diferentes instrumentos e ferramentas que apoiam a construção sustentável no

âmbito da sua contribuição e dificuldade de integração nos edificados;

Focar a normalização internacional existente e explicitar o conteúdo das recentes normas

europeias para a sustentabilidade dos trabalhos da construção e o seu papel na avaliação da

sustentabilidade;

Explicar a metodologia avaliação ciclo de vida, nomeadamente, o seu procedimento, as suas

vantagens e limitações, apoiadas pela normalização internacional e evidenciar as adaptações e

particularidades no setor da construção;

Aplicação da metodologia a um caso de estudo de forma a clarificar o seu procedimento e as

suas potencialidades na tomada de decisão, mais especificamente, na seleção de materiais de

construção.

1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

A dissertação está estruturada em sete capítulos.

O capítulo 1 apresenta um enquadramento geral do tema e os objetivos que se pretendem alcançar com

este trabalho.

O capítulo 2 apresenta o início do estado da arte onde se abordam as principais causas para a

insustentabilidade atual e se faz um enquadramento histórico da evolução do conceito de

desenvolvimento sustentável referenciando as principais cimeiras e documentos que fundaram o

conceito. Foca-se o estado atual de Portugal no âmbito da sustentabilidade e as estratégias criadas para

integrar os seus princípios na sua sociedade. Destaca-se ainda a importância do setor da construção no

âmbito do desenvolvimento sustentável e a situação crítica da regeneração da Terra recorrendo ao

conceito de Pegada Ecológica.

O capítulo 3 aborda o surgimento da construção sustentável e os seus princípios base a ter em conta nas

práticas construtivas. Faz-se referência à mudança de paradigma na construção e aos impactes

ambientais, económicos e sociais provocados pelo setor da construção, associando o papel que os

mesmos têm em cada uma das fases do ciclo de vida de um edifício. Abordam-se ainda as barreiras

existentes á implementação da construção sustentável e as soluções propostas pela Comissão Europeia

a fim de extinguir as mesmas.

No capítulo 4 enunciam-se os instrumentos e ferramentas para a conceção e avaliação da

sustentabilidade dos edifícios, realçando as maiores dificuldades de realização das avaliações dado as

caraterísticas únicas do setor construtivo. Ainda neste seguimento, expõe-se e explica-se o conteúdo das

normas europeias que apoiam este tema, realçando as partes mais importantes e relacionadas com a

metodologia ACV (LCA).

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

3

No capítulo 5 realiza-se uma abrangente abordagem da metodologia ACV (LCA), nomeadamente o seu

papel na avaliação da sustentabilidade. Evidencia-se o procedimento devidamente fundamentado pela

norma internacional, bem como, os métodos e ferramentas que auxiliam na realização do método e ainda

as vantagens e limitações inerentes.

O capítulo 6 introduz e desenvolve o caso prático, onde se vai aplicar a metodologia referida a um estudo

de caso concreto constituído por diversos cenários. A análise e obtenção de diferentes resultados visa

uma melhor compreensão do funcionamento do método e dos seus objetivos aplicados à atividade

construtiva.

O capítulo 7 e último, pretende sistematizar em conclusões o trabalho realizado, tirando ilações sobre a

qualidade dos resultados obtidos, nomeadamente, o seu enquadramento com as expectativas iniciais,

conclusões significativas e adequação da metodologia ao propósito do estudo elaborado. Finalmente,

enumeram-se propostas futuras de trabalho, designadamente em áreas que permitam melhorar os

princípios explicitados neste trabalho, assim como outras perspetivas de abordagem á sustentabilidade

dos trabalhos de construção.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

5

2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo passa essencialmente por explicitar o cenário mundial no âmbito da

sustentabilidade, explicando as razões que provocaram a instabilidade sentida, e realizar um

enquadramento histórico desde o aparecimento do conceito “desenvolvimento sustentável” e

percorrendo a sua evolução até aos dias de hoje. A evolução do conceito é acompanhada e fundamentada

pelas principais cimeiras mundiais e documentos que a partir delas foram gerados, e que originaram e

moldaram este conceito ao longo dos tempos.

No final do presente capítulo realiza-se uma atualização da situação portuguesa no âmbito da

sustentabilidade, citando as estratégias que foram definidas e estipuladas para atingir o acordado nas

cimeiras internacionais.

2.2 APARECIMENTO DE UM PARADIGMA MUNDIAL

Ao longo dos tempos a população mundial tem vindo a crescer. Este crescimento é mais substancial nos

últimos 2 séculos, onde nasceu cerca de 80% da população que habita o nosso planeta. Como tal, o

consumo de recursos naturais aumentou exponencialmente. Este facto decorre não só das sociedades

serem mais numerosas, mas também pela evolução ao nível tecnológico e dos padrões de qualidade de

vida e conforto empregues por essas sociedades. Estima-se que nos últimos 40 anos aproximadamente,

com a duplicação da população mundial, como mostra a Figura 2.1, associada a duplicação média da

qualidade de vida também, houve uma quadruplicação do consumo de recursos e como consequência,

um impacte ambiental alarmante.

Nesta ideologia, na segunda metade do século passado surge uma consciencialização que as atividades

destrutivas do ser humano estavam a afetar seriamente o nível de recursos inorgânicos, que não são

inesgotáveis, a biodiversidade das espécies e quantidade de resíduos produzidos. Portanto, continuar a

utilizar sistemas energéticos sustentados por fontes de energia não renováveis e manter o destinatário

dos resíduos produzidos não podia prosseguir. Com esta consciencialização o ser humano apercebeu-se

que a sobrecarga provocada ao planeta pelas suas atividades pode induzir a uma destruição massiva e

irreversível do seu habitat e do meio ambiente.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Na sequência deste crescimento descontrolado e preocupante, as nações começaram a traçar e

desenvolver estratégias para controlar e gerir conscientemente a utilização de recursos, a fim de estes

não escassearem futuramente e comprometerem a continuidade da vida humana. Constatados com este

dilema, surge o estudo e desenvolvimento de um conceito que traduz, para muitos especialistas, um dos

maiores paradigmas do século XXI que se denomina DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

Este conceito admite retificar o rumo do desenvolvimento mundial, introduzindo temáticas como, a

proteção ambiental, o crescimento económico, a qualidade de vida moderada e a preocupação com as

futuras gerações defendendo que estas merecem um planeta Terra e meio ambiente no mínimo tão bom

como aquele que disfrutamos no presente momento. Os aspetos referidos são apenas uma ínfima parte

dos objetivos propostos para o desenvolvimento sustentável. Para os atingir foi proposto um modelo que

desponte e garanta a harmonização e equilíbrio das três dimensões base do conceito – AMBIENTE,

SOCIEDADE E ECONÓMICA.

2.3 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

O conceito “sustentabilidade” desabrocha assim na segunda metade do século XX, com o objetivo de

consciencializar o ser humano de que as suas ações ao nível social, económico e ambiental, estão a

sacrificar a existência das gerações posteriores, na medida em que a possibilidade de poderem satisfazer

as suas necessidades pode estar em risco.

Desta constatação, foram decorrendo várias cimeiras e convenções ao longo dos anos, para que os líderes

mundiais debatessem esta temática e desenvolverem ações e estratégias para as conter.

Figura 2.1 - Evolução da população mundial [1]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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De todos estes encontros merecem destaque:

1972 - Conferência da ONU sobre O Ambiente Humano – Cimeira de Estocolmo

1987 - Comissão Mundial para o Ambiente Desenvolvido – Relatório Brundtland

1992 - Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Cúpula da Terra

ECO-92

2002 - Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentável – Cimeira de Joanesburgo Rio

+10

2012 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio +20

A Figura 2.2 evidencia as cimeiras que se realizaram mundialmente ao longo dos anos, assim como, os

documentos mais importantes oriundos delas e que estiveram na origem histórica do conceito de

desenvolvimento sustentável. De seguida menciona-se sucintamente os pontos mais importantes de

cada uma delas, assim como as declarações e documentos que deram forma ao conceito.

As cinco cimeiras acima referidas foram as mais marcantes e as que mais contribuíram para o conceito

de desenvolvimento sustentável.

1972 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE O AMBIENTE HUMANO – CIMEIRA DE ESTOCOLMO

Primeira grande conferência de debate do desenvolvimento económico-ambiental mundial, realizada em

Estocolmo. Desta, resultou um documento denominado PNUMA. Foi criado em torno de um conceito

que viria a ser a base para a criação do conceito de desenvolvimento sustentável, designado

“ecodesenvolvimento”.

Figura 2.2 - Cimeiras Mundiais relacionadas com o desenvolvimento sustentável [2]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Ecodesenvolvimento, formulado por Maurice Strong e desenvolvido mais tarde por Inacy Sachs,

é definido como“ um estilo de desenvolvimento que, em cada eco região, insiste nas soluções específicas

de seus problemas particulares, levando em conta os dados ecológicos da mesma forma que os

culturais, as necessidades imediatas como também aquelas a longo prazo”[3]. No entanto, a veracidade

deste conceito só era considerada válida, se uma sociedade se encontra-se envolvida nas estratégias

definidas, pois é ela que possui o melhor conhecimento da realidade local, nomeadamente cultura e

ecossistemas.

Seguindo a ideologia de uma equilibrada correlação entre três pilares: eficiência económica,

justiça social e prudência ecológica, Inacy Sachs defendia ainda que “nada justifica o otimismo

tecnológico ilimitado segundo o qual a sociedade encontra sempre uma solução técnica aos problemas

económicos, sociais ou ecológicos por mais difíceis que possam parecer”, ou seja, a sociedade deve

implementar estratégias de desenvolvimento e eficiência económica, no sentido de satisfazer as suas

necessidades, mas sem nunca comprometer a prudência ecológica e justiça social.[3] No entanto, o

modelo de crescimento económico idealizado no relatório proporcionou diferenças abismais, pois se em

certos locais a riqueza atingia proporções surreais, noutros a miséria e degradação do ambiente crescia

dia após dia.

O ecodesenvolvimento foi assim, a fundação que suportou a criação do conceito de desenvolvimento

sustentável.

1987 - COMISSÃO MUNDIAL PARA O AMBIENTE DESENVOLVIDO – RELATÓRIO BRUNDTLAND

No ano de 1983, o Secretário-Geral das Nações Unidas apelou urgentemente à Comissão Mundial sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento que desenvolvesse um documento baseado na seguinte ideologia,

“uma agenda global para mudança”. Atendendo ao pedido, a comissão, presidida por Gro Harlem

Brundtland, publicou em 1987 um relatório denominado Relatório Brundtland, atualmente conhecido

por “Nosso Futuro Comum”- NFC, que continha o conceito desenvolvimento sustentável e defendia que

todos os países, independentemente do seu estado de desenvolvimento, deviam criar as suas estratégias

e condições para um crescimento equilibrado.

“Há só uma Terra, mas não um só mundo. Todos nós dependemos de uma biosfera para conservarmos

nossas vidas. Mesmo assim, cada comunidade, cada país luta pela sobrevivência e pela prosperidade

quase sem levar em consideração o impacto que causa sobre os demais. Alguns consomem os recursos

da Terra a um tal ritmo que provavelmente pouco sobrará para as gerações futuras. Outros, em número

muito maior, consomem pouco demais e vivem na perspetiva da fome, da miséria, da doença e da morte

prematura.”[4]

Este parágrafo transcrito do NFC traduz a realidade mundial vivida na época e a preocupação com que

uma rápida mudança necessitava de ser efetuada. Foi desta forma que surgiu assim o conceito/base de

todo o documento que é o desenvolvimento sustentável, e que segundo ele significa:

“O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. … o desenvolvimento

sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos

investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam

e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas”.[4]

O modelo expõe a discrepância entre o desenvolvimento sustentável e o consumo de recursos,

reforçando a importância de uma relação Homem-Ambiente oposta á existente, e ainda um crescimento

económico sintonizado com os aspetos sociais e ambientais.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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“O necessário agora é uma nova era de crescimento económico - um crescimento convincente e ao

mesmo tempo duradouro do ponto de vista social e ambiental.”[4]

1992 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CÚPULA DA

TERRA ECO-92

O evento ambiental mais marcante do seculo XX, denominado ECO-92, aconteceu no Rio de Janeiro e

agrupou membros de 178 países. Esta conferência subdividiu-se em 3 eventos: um sobre MUDANÇA

DO CLIMA, um sobre BIODIVERSIDADE e outro sobre DECLARAÇÕES SOBRE FLORESTAS.

Destas 3 convenções criou-se um documento com o objetivo claro do desenvolvimento sustentável em

diversas áreas fundamentais, a fim de permitir uma nova abordagem racional de desenvolvimento

ambiental. A este documento foi dada a denominação AGENDA 21.

A “Agenda 21” assume-se assim como um instrumento de planeamento para a formação de comunidades

sustentáveis, que harmoniza métodos para proteção ambiental, eficiência económica e justiça social –

os 3 pilares do desenvolvimento sustentável. Este documento é a base para desenvolvimento sustentado

no mundo, e profere estratégicas e políticas orientadas para o equilíbrio, tendo em conta temas

fundamentalmente importantes e complexos como, crescimento populacional, pobreza, saúde, violência,

decadência urbana e degradação ambiental.

“A humanidade encontra-se num momento determinante da história. Confrontamo-nos com

uma perpetuação das disparidades entre as nações e dentro delas, um agravamento da

pobreza, da fome, da doença e da iliteracia, e a deterioração contínua dos ecossistemas de

que dependemos para o nosso bem-estar. No entanto, o interesse e preocupação crescente

sobre a integração do ambiente e do desenvolvimento conduzirá à satisfação das necessidades

básicas, ao melhoramento dos níveis de vida para todos, a uma melhor proteção e gestão de

ecossistemas e a um futuro mais seguro e próspero. Nenhuma nação conseguirá alcançar

este objetivo por si só; mas juntos conseguiremos - numa parceria global para o

desenvolvimento sustentável.”

“Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e também visa preparar o

mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um

compromisso político ao mais alto nível para o desenvolvimento e cooperação ambiental.

A sua implementação bem-sucedida é, em primeiro lugar, a responsabilidade dos governos.

As estratégias nacionais, planos, políticas e processos são cruciais para alcançar este

objetivo. A cooperação internacional deve apoiar e complementar tais esforços nacionais.

Neste contexto, o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar.

Outras organizações internacionais, regionais e sub-regionais também são chamados a

contribuir para este esforço. Devem também ser encorajados a mais ampla participação

pública e o envolvimento ativo das organizações não-governamentais e outros grupos.”

Figura 2.3 - Situação Mundial ao nível do Desenvolvimento Sustentável em 1992 [5]

Figura 2.4 - Âmbito da Agenda 21 [5]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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O documento é constituído por 4 secções que contêm 40 capítulos, a serem seguidos pelos governos

como linhas estratégicas e políticas para sociedades sustentáveis com os objetivos explicitados na tabela

abaixo. A “Agenda 21” é composta por 2500 recomendações com responsabilidades desde curto a longo

prazo, e consiste numa referência para os governos mundiais elaborarem um planeamento estratégico

adequado, temporalmente e espacialmente, às particularidades da sua sociedade.

Com objetivos patentes, o conteúdo da “AGENDA 21” foi aprovado e consequentemente a formação

de uma comissão com o âmbito de apoiar e cooperar com os países na execução e implementação das

suas agendas nacionais chamada Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS).

Combate á pobreza

Mudança dos padrões de consumo

Dinâmica demográfica e sustentabilidade

Proteção e desenvolvimento das condiçoes da saúde humana

Integraçao do meio ambiente nas tomadas de decisão

Preservaçao dos recursos

Proteção da atmosfera

Abordagem integrada do planeamento e gestao de recursos

Combate á desflorestação

Proteçao e gestão de ecossistemas frágeis (desertificação, seca, desenvolvimento de montanhas)

Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável

Conservação da biodiversidade biológica

Gestão ambientalmente saudável da biotecnologia

Proteção dos oceanos, mares e uso racional dos seus recursos naturais

Proteção da qualidade e abastecimento de recursos hidrícos ( desenvolvimento, uso e gestão)

Gestão saudável e segura de substancias quimicas tóxicas e resíduos radioativos e perigosos

Gestão dos resíduos sólidos e sua descarga (Esgotos)

Fortalecimento do papel de grupos principais

Ação mundial pela Mulher, com vista igualdade de direitos

A infância e a juventude no desenvolvimento sustentável

Reconhecimento do papel das populaçoes indígenas

Fortalecimento do papel das ONG's: parceiros para desenvolvimento sustentável

Iniciativas das autoridades locais em apoio á Agenda 21

Fortalecimento do papel dos trabalhadores e seus sindicatos, comércio, indústria e agricultores

Recursos e mecanismos financeiros

Ciência e técnologia para o desenvolvimento sustentável

Promoção do ensino, da consciencialização e treino

Arranjos institucionais internacionais

Instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais

Informação tomadas de decisão

OBJETIVOS AGENDA 21

Mecanismos nacionais e cooperação internacional para fortalecimento institucional dos países em

desenvolvimento

Quadro 2.1 - Objetivos propostos Agenda 21 [5]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Desta conferência resultaram ainda, para além da “Agenda 21”,os seguintes documentos importantes:

Declaração do Rio de Janeiro

Declaração de Princípios sobre as Florestas

Convenção sobre Biodiversidade Biológica

Convenção da Mudança de Clima

Agenda 21 LOCAL

O conceito de Agenda 21 Local surgiu do pensamento: “Pensar Globalmente, Agir Localmente”,

presente no Capítulo 28 da Agenda 21 como expresso na figura, e invoca às autoridades locais para

intervir nas suas comunidades, tendo em vista a cooperação e colaboração na conceção de uma estratégia

de desenvolvimento local integrando os princípios do desenvolvimento sustentável.

Segundo este documento, a ação local sobre as comunidades traz benefícios diretos na qualidade de vida

da população nessa cidade ou município, contribuindo assim para a redução dos problemas a nível local

e, como tal, dos problemas a nível global. Este princípio deve assim estimular a atuação das autoridades

e agentes locais incentivando a implementação do conceito de desenvolvimento sustentável ao nível do

ordenamento do território, da economia e do estilo de vida da população através de ações cívicas em

empresas, escolas e outras entidades. [6]

A Agenda 21 Local pode ter a definição, segundo o International Council for Local Environmental

Iniciatives (ICLEI), como apresenta a Figura. “um processo participativo, multissetorial, que visa

atingir os objetivos da Agenda 21 ao nível Local, através da preparação e implementação de Plano de

Ação estratégico de longo prazo dirigido á prioridades locais para o desenvolvimento sustentável”.[7]

Com vista ao desenvolvimento sustentável, a Agenda 21 Local é uma ferramenta fundamental e com

capacidade para assegurar a elaboração de um grande número de ações para minimizar o consumo de

recursos e incitar mudanças a nível local, proporcionando:

1) Menor complexidade no estabelecimento de metas e monitorização dos indicadores escolhidos;

2) Maior aptidão na adoção um modelo governamental mais eficiente a nível local;

3) Substituição das políticas de impostos ambientais por iniciativas ao nível da educação e saúde,

de responsabilidades ambientais locais.

Em resumo, o cenário atual do planeta intensifica o papel da implementação da “A21 Local” para atingir

o desenvolvimento sustentável, visto ser o mais indicado e eficiente instrumento para o conseguir.

“Cada poder local deverá entrar em diálogo com os seus cidadãos, organizações locais e

empresas privadas e deverá adotar uma “Agenda 21 Local”. Através de processos

consultivos e de estabelecimento de consensos, os poderes locais deverão aprender com os

cidadãos e com as organizações locais, cívicas, comunitárias, comerciais e industriais e

adquirir a informação necessária para elaborar melhores estratégias. O processo de

consulta deverá aumentar a consciencialização familiar em questões de desenvolvimento

sustentável.”

Figura 2.5 - Incentivo para adotar uma Agenda 21 Local [5]

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Figura 2.6 - Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentável [8]

2002 - CIMEIRA MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – CIMEIRA DE

JOANESBURGO RIO +10

O segundo encontro das Nações Unidas, teve lugar na Africa do Sul para realizar uma avaliação das

evoluções, ao fim de uma década da ECO-92, ao nível ambiental e do compromisso acordado pelos

líderes mundiais nessa cimeira.

Esta conferência teve como foco principal abordar o progresso realizado na implementação das metas

estabelecidas na Agenda 21 e ajustar as partes que dificultavam essa implementação, assim como

adaptar novas estratégias com vista a resolução dos problemas mais críticos.

Um dos pontos destacados deste evento foi a confirmação absoluta que o desenvolvimento sustentável

se baseia no equilíbrio de três pilares correlacionados e reciprocamente sustentadores – ECONOMIA,

SOCIEDADE E AMBIENTE.

Na sequência destes debates, esta cimeira criou dois documentos que vieram afirmar ainda mais a

importância do desenvolvimento sustentável no mundo atual, e aperfeiçoar as estratégias da sua

implementação denominados:

Johannesburg Declaration on Sustainable Development

Johannesburg Implementation Plan

2012 – CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - RIO

+20

A Rio+20 foi a mais recente conferência realizada em Junho de 2012 no Rio de Janeiro, com vista a

fazer um ponto da situação na temática do desenvolvimento sustentável. Esta conferência ficou assim

conhecida pois assinalou 20 anos da célebre conferência Rio-92, e contribuiu essencialmente para definir

a agenda do desenvolvimento sustentável para as difíceis décadas que se avizinham.

Importa referir que esta cimeira fez a análise do estado atual do desenvolvimento sustentável no planeta

e muitas contestações foram feitas pela falha nos compromissos assumidos nas anteriores cimeiras.

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A referida conferência baseou-se em 2 temáticas principais:

Erradicação da pobreza mundial e economia verde no âmbito do desenvolvimento sustentável;

A estruturação das instituições com vista o desenvolvimento sustentável.

Nesta ideologia, o objetivo principal consistiu na renovação do compromisso político assumido pelos

líderes mundiais nas anteriores cimeiras do desenvolvimento sustentável, através da avaliação do

progresso realizado e das falhas de implementação de decisões anteriormente tomadas nessas cimeiras.

Também foram discutidos e abordados novos assuntos nesta temática.

Existem várias diferenças entre esta conferência e a Rio-92. Segundo declarou o porta-voz adjunto da

Rio+20 Giancarlo Summa, na Rio-92, “foram assinadas convenções importantes para o meio ambiente.

Agora isso não vai acontecer. Não vamos assinar convenções, mas vamos firmar grandes acordos

globais para desenvolvimentos sustentáveis”, reforçando assim a ideia de renovação de compromissos.

Este reforçou ainda que esta “É uma conferência que tem um alcance muito mais abrangente sobre o

desenvolvimento económico, social, ambiental, as cidades sustentáveis e a prevenção de desastres

naturais”, sugerindo que da Rio+20 iria surgir um acordo sobre os objetivos do desenvolvimento

sustentável a implementar a partir de 2015.

Durante a conferência surgiram várias declarações importantes proferidas por diferentes organismos

acerca da situação atual do mundo e que de seguida se enunciam.

Na vertente ambiental, a geógrafa Magda Lombardo afirmou que “Em relação à questão ambiental,

nesse período [de 92 a 2012] vimos pouca prática de ações efetivas em todo o planeta. Há muita

desigualdade de práticas sustentáveis. Na Ásia e África, por exemplo, as práticas são quase nulas. Com

exceção de algumas regiões da Ásia”. Esta afirmação explícita que muito poucas propostas da Rio-92

não passaram de ideias e os compromissos assumidos não foram cumpridos.

Nesta ideologia, o professor Alexandre Nodari também assegurou que “como não era um convênio, um

tratado, ela ficou como sugestão. Pouco foi adotado, a Agenda 21 foi esquecida quase que na íntegra”,

expondo a realidade explícita da evolução nos últimos 20 anos.

Apesar de toda a controvérsia, surgiu desta conferência sobre o desenvolvimento sustentável um

documento final que tem como denominação “O FUTURO QUE QUEREMOS”.

Este documento é constituído por 53 páginas, que contêm 6 capítulos que abordam 25 temáticas das

quais se realçam a erradicação da pobreza, segurança alimentar, água, energia, saúde, emprego,

oceanos, mudanças climáticas, consumo e produção sustentáveis. O conteúdo consiste essencialmente

Figura 2.7 - Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável [9]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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na reafirmação dos princípios estabelecidos nas cúpulas anteriores e reforça a importância “de acelerar

os esforços” para aplicar os compromissos assumidos.

Nesta declaração são focados vários temas dos quais se apresentam os mais relevantes para a presente

tese. No 1º capítulo, é referido o reforço dos compromissos para com o desenvolvimento sustentável.

“Nós, Chefes de Estado e de Governo, e representantes de alto nível, reunidos no Rio de Janeiro, Brasil,

de 20 a 22 de Junho de 2012, com a plena participação da sociedade civil, renovamos o nosso

compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a promoção de um futuro económico, social e

ambientalmente sustentável para o nosso planeta e para as atuais e futuras gerações.” [10]

“Afirmamos, portanto, a necessidade de uma melhor integração dos aspetos econômicos, sociais e

ambientais do desenvolvimento sustentável em todos os níveis, e reconhecemos as relações existentes

entre esses diversos aspetos para se alcançar o desenvolvimento sustentável em todas as suas

dimensões.” [10]

No contexto ambiental, importa realçar o tópico 87 abaixo citado.

“Reafirmamos a necessidade de fortalecer a governança ambiental internacional no contexto do

quadro institucional para o desenvolvimento sustentável, a fim de promover uma integração equilibrada

da situação económica, social e ambiental, dimensões do desenvolvimento sustentável, bem como a

coordenação dentro do sistema das Nações Unidas.”. [10]

Contudo, analisando friamente os resultados da Rio+20, denota-se uma preocupação crescente da

humanidade em conservar o nosso planeta. No entanto, é importante realçar que muitas ideias não irão

passar disso mesmo devido a vários fatores como falta de recursos financeiros, tempo ou objetividade.

Em resumo, acredita-se que após tantas desavenças e obstáculos ultrapassados, o mundo se mobilizará

no sentido de ajudar o planeta a sair da situação crítica onde se encontra. Para tal, o papel de cada ser

humano é fundamental, na medida em que, um simples ato é uma contribuição válida para o

desenvolvimento sustentável e para o futuro do planeta Terra.

2.4 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO EM PORTUGAL

Portugal iniciou o seu trajeto rumo ao desenvolvimento sustentável após os documentos que marcaram

a política ambiental, mesmo antes das vertentes económicas e sociais se integrarem no modelo de

desenvolvimento. Existem vários marcos históricos importantes, como a aprovação da Lei de Bases do

Ambiente (1987), o Plano Nacional de Política de Ambiente (1995) que referiu o desenvolvimento

sustentável como um objetivo incontornável e a criação do Conselho Nacional para o Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável em 1997. No entanto, o marco mais notável ocorreu em Fevereiro 2002

quando o XIV Governo Constitucional iniciou o processo de elaboração da ENDS, que em Maio desse

mesmo ano veria já ser aprovadas as suas linhas gerais de orientação.

Anos passaram, e em Janeiro de 2004 foi dado mais um passo importante que teve como resultado a

aprovação dos objetivos, estratégias e linhas de orientação da ENDS, e ainda um encaminhamento para

a elaboração de um PIENDS num futuro próximo.

O fim de todo este processo iniciado em 2002, culminou com a conclusão e aprovação da ENDS e do

seu plano de implementação em Março de 2005. No entanto, só em 2006 é que se realizou uma iniciativa

que resultou na publicação de uma nova versão e definitiva do documento realçando a contribuição do

CNADS na metodologia para elaboração dos documentos.

Em resumo, a versão final da ENDS e PIENDS foi aprovada pelo XVII Governo Constitucional em

Dezembro de 2006. [11]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

15

A ENDS e respetivo PIENDS surgem assim da iniciativa da Conferencia das Nações Unidas sobre

Ambiente e Desenvolvimento (CNUAD) do Rio de Janeiro em 92, e reforçada no Rio +5 e Rio +10,

onde os líderes mundiais asseguraram o compromisso que tinham realizado para o desenvolvimento

sustentável. A Agenda 21 e restantes declarações materializaram o estímulo para os governos

desenvolverem estratégias nacionais rumo ao desenvolvimento sustentável, criando documentos

estratégicos que fortalecessem e articulassem as políticas nacionais para o ambiente, economia e

assuntos de cariz social.

Interligação Agenda 21 com Agenda 21 Local e ENDS

No contexto português, a ENDS tem como âmbito implementar um ambiente sustentado em todos os

parceiros sociais, e como tal, define que um dos instrumentos fundamentais para a sua implementação

são as Agendas 21 Locais. A sua adesão começa a ter significado, pois segundo um estudo da

Universidade Católica Portuguesa em 2011, Portugal apresentava 167 processos de Agenda 21 Local

em decurso, o que significa uma abrangência de metade da população portuguesa. Contudo, estes

processos ainda não estão todos ativos.

Figura 2.8 - Processo Agenda 21 [12]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

16

2.5 INFLUÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SETOR DA CONSTRUÇÃO E A SUA

IMPORTÂNCIA

IMPACTE GLOBAL DA INDUSTRIA CONSTRUTIVA

Como mencionado, as atividades humanas acompanharam este brutal crescimento populacional,

nomeadamente, uma atividade considerada como fulcral em qualquer sociedade, a construção. O

ambiente construído segue o ser humano ao longo da sua história, estabelecendo a identidade e uma

forma de organização das sociedades, induzindo uma sensação de intimidade de tal forma que tornam

as cidades num local agradável para as pessoas habitarem. Contudo, devido às exigências crescentes de

desenvolvimento social, tais como, o aumento da população e da sua qualidade de vida, a construção

necessita de consumir imensos recursos naturais e produzir grandes quantidades de resíduos provocando

assim um impacte ambiental muito significativo, merecendo por isso uma especial atenção.

A atividade construtiva encontra-se profundamente interligada com o conceito de desenvolvimento

sustentável pois tem uma grande influência em cada um dos pilares. Estas estimulam efeitos económicos

e sociais, bem como, grandes efeitos ambientais relacionados com a ocupação e o uso do solo, consumo

de recursos, produção de resíduos e alteração dos ecossistemas naturais.[13]

Nesta indústria, e mais concretamente no que diz respeito ao parque edificado, de acordo com dados da

união europeia e outras entidades, é responsável pelos seguintes aspetos [14,15]:

40% do consumo de materiais produzidos e 55 % da madeira extraída;

42% da energia utilizada para aquecimento e iluminação;

35% de emissões de gases com efeito de estufa;

10% do PIB dos países;

7% dos postos de trabalho do planeta;

A confrontação com os presentes dados deve levar à consciencialização que é necessária uma mudança

na ideologia de utilização de processos construtivos tradicionais e uma modificação das práticas de

conceção, construção, manutenção e demolição dos edifícios com vista á introdução de melhorias no

desempenho ambiental e económico do edificado, e como consequência, a melhoria na qualidade de

vida das sociedades.[14,15] No entanto, a implementação desta ideologia tem diversos entraves e

barreiras que serão abordadas com maior detalhe no capítulo 3.

PEGADA ECOLÓGICA

Constatando a informação referida, o setor construtivo é responsável por parte das marcas de degradação

ambiental causada pelo Homem no planeta Terra. Neste contexto, a evolução negativa crescente dessas

marcas tornou-se de tal forma significativa, que dois especialistas idealizaram um modo de quantifica-

las. A esse conceito foi dada a denominação de Pegada Ecológica.

Pegada Ecológica tem como principal objetivo a determinação da superfície da Terra necessária para

suportar o consumo de recursos naturais e a absorver os resíduos gerados por um indivíduo, uma

sociedade, uma atividade, uma organização, um edifício ou um país, num ano. [13] Assim, ela viabiliza

a avaliação dos impactes na natureza, bem como a quantificação e previsão do sucesso ou insucesso das

medidas implementadas tendo em vista a melhoria da ecoeficiência.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

17

A Pegada Ecológica foi concebida para o melhor entendimento da quantidade de recursos naturais

necessária para suportar a nossa vida quotidiana, incluindo, a nossa casa, roupa, comida, transportes etc.

Este conceito não pretende avaliar estes aspetos com precisão, mas sim estimar o impacto que a nossa

vida tem no planeta, tendo em conta a sua capacidade de disponibilização e renovação de recursos

naturais e absorção de resíduos e poluentes gerados.

Atualmente a situação revela-se crítica, pois como podemos observar na figura a capacidade

regenerativa do planeta não acompanha as nossas necessidades e a tendência é para continuar a

aumentar. A procura anual sobre o meio ambiente excedeu de tal forma a capacidade da Terra que esta

em 2008 para se regenerar, ao nível de recursos naturais e absorção de resíduos e poluentes, necessita

de 1,5 planetas. [17]

Para melhor entendimento da figura expressa em cima, realiza-se uma explicação mais pormenorizada.

A capacidade regenerativa do planeta pode ser expressa num parâmetro denominado de Bio capacidade.

Este quantifica a capacidade que o meio ambiente tem para produzir recursos renováveis, fornecer solo

para ambientes construídos e absorção de resíduos, tanto sólidos como atmosféricos.

Figura 2.9 - Ilustração Animada da Pegada Ecológica Mundial [16]

Figura 2.10 - Evolução da Pegada Ecológica Mundial [17]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

18

Como tal, a Bio capacidade atuando como uma referência ambiental pode ser comparada com a Pegada

Ecológica. Para esse processo ser viável ambos expressam-se na mesma unidade, mais especificamente,

em hectares globais (gha). Esta unidade representa um hectare biologicamente produtivo pela

produtividade média mundial.

Essa comparação é apresentada na figura. Analisando-a, retiram-se várias ilações relevantes.

Em 1970, tanto a Bio capacidade como a Pegada Ecológica possuíam o mesmo valor, o que significa

que a regeneração da Terra conseguia acompanhar as necessidades das pessoas e atividades que nela

ocorriam. No entanto, com o passar dos anos, as exigências humanas foram aumentando cada vez mais,

como tal, o planeta deixou de ter capacidade para acompanhar tais exigências. Segundo os dados mais

recentes (Figura), em 2008, a bio capacidade da Terra situava-se nos 1,8 gha por habitante enquanto a

Pegada Ecológica nos 2,7 gha por habitante. Esta disparidade significa que o planeta necessita de 1,5

anos para regenerar totalmente o que as pessoas utilizam num ano. [17]

Visto isto, entende-se perfeitamente que a situação afigura-se gravosa e que é necessário uma mudança

urgente desta tendência a fim de não atingir um estado irreversível. Como tal, sendo a construção uma

atividade com um grande contributo para este cenário, esta requer um especial cuidado e uma evolução

nesta temática.

Figura 2.11 - Relação Capacidade Regenerativa da Terra e a Pegada Ecológica [17]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

19

3 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

3.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo pretende-se abordar as necessidades de sustentabilidade na atividade construtiva.

Pretende-se ainda sintetizar o caminho evolutivo do desenvolvimento sustentável ao longo dos tempos

expondo as alterações do pensamento “construção sustentável” e frisando os princípios base para a sua

implementação. Expõem-se os impactes gerados durante todo o ciclo de vida edifício referenciando os

impactes principais inerentes a cada um das fases que compõem esse ciclo.

Seguidamente são identificadas as barreiras normalmente encontradas ao nível global e que dificultam

a implementação da construção sustentável, explicando as mais ambíguas, tendo em vista o

entendimento e sensibilização das dificuldades associadas a esta matéria.

3.2 IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO PARA O SER HUMANO

Com o surgimento da consciencialização que a preservação do ambiente era algo fulcral para a garantia

da continuidade futura do ser Humano, algumas atividades começaram a ser abordadas mais

cuidadosamente no âmbito da exploração de recursos e consumo energético, nomeadamente, uma das

consideradas mais consumistas, a construção.

É incontornável a importância deste setor para o desenvolvimento sustentável e a ação que tem nos seus

3 pilares. Em média, 90% do tempo das pessoas é passado dentro de edifícios, tanto para trabalhar como

para habitar. A influência da construção nestes pilares objetiva-se sobretudo nos seguintes aspetos:

AMBIENTAL

Os edifícios são grandes consumidores de recursos naturais e de energia durante toda a

sua existência, desde a sua conceção, construção, utilização e manutenção.

ECONÓMICO

A construção é das atividades com mais impacto e que mais dinheiro movimenta na

economia de um país, pois para além das infraestruturas serem bastante dispendiosas,

os edifícios de serviços e indústrias albergam milhões de postos de trabalho que são, a

fonte de rendimento das populações.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

20

SOCIAL

A qualidade de vida e conforto do ser humano é fortemente dependente do ambiente

construído, da qualidade das habitações e dos equipamentos existentes e disponíveis

para a utilização no quotidiano.

Face ao exposto, parece ser possível afirmar que é inquestionável a importância deste setor para o

Homem.[18]

A construção civil está associada a um grande consumo de matérias-primas na fase de conceção, a um

consumo muitas vezes excessivo de energia e água e a uma produção de resíduos na fase de utilização,

isto originado, essencialmente, pela má gestão dos processos em estaleiro e por debilidades dos

processos e soluções previstos e especificados na fase de projeto (conceção). Neste contexto, há uma

necessidade e preocupação crescentes com a redução destes aspetos, diminuindo os impactes ambientais

por eles gerados e tornando, naturalmente, as realizações mais sustentáveis.[19]

No entanto, um empreendimento para ser considerado como “sustentável” não pode apenas ter em conta

a parte ambiental, mas sim, as 3 dimensões fundamentais do desenvolvimento sustentável – ambiente,

economia e sociedade. Genericamente, construção sustentável é idealizada como a réplica da indústria

da construção para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável. [20]

3.3 SURGIMENTO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

Embora seja uma questão central da atualidade, o conceito de construção sustentável não é de agora,

surgiu á cerca de 20 anos atras, tendo sido apresentado na Primeira Conferencia Internacional sobre a

Construção Sustentável pelo Prof. Charles Kibert.

Esta é a definição mais consensual do conceito e que serviu de base para outras definições posteriores.

Nesta ideologia, e estabelecendo que os materiais, energia, água e solo eram os recursos mais

relevantes na prática da indústria construtiva, Charles Kibert instituiu 7 princípios, que se fossem

seguidos pelos decisores na fase de conceção e tendo em conta cada uma das fases do ciclo de vida dos

edifícios, encaminhavam para o considerado edifícios sustentáveis. Estes princípios, presentes na

Figura 3.2, aplicam-se assim desde o projeto preliminar até à disposição final dos materiais para o

meio ambiente (demolição), pois todas as fases do ciclo de vida de um edifício são importantes para a

sua sustentabilidade.

Construção Sustentável é definida como “a criação e manutenção responsáveis de um

ambiente construído saudável, baseado na utilização eficiente de recursos e em princípios

ecológicos”.

Figura 3.1 - Âmbito Construção Sustentável para Charles Kibert [21]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

21

Mais recentemente, uma equipa de trabalho denominada CRISP (Construction and city related

sustainable indicators), estabeleceu uma definição para “construção sustentável” que foi adotada pela

norma ISO TS 21929-1 e está expressa na Figura 3.3.

Esta definição vem assim contra a ideologia de que a construção sustentável é apenas a minoração dos

impactes ambientais provocados pelas edificações, e defende que, para além da vertente ambiental, a

qualidade e conforto da população global é algo relevante e a ter conta. [20]

OCDE – CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

Em 1998, o ministro Japonês do ambiente solicitou o desenvolvimento um projeto denominado

“Sustainable Building” à Organização Cooperação e Desenvolvimento Económico com o objetivo de

providenciar orientações para a definição de políticas de redução dos impactes ambientais da construção,

mais especificamente dos edifícios.

De tal estudo surgiram várias propostas e documentos, contendo reflexões e pensamentos das políticas

para a sustentabilidade do edificado, barreiras e possíveis melhorias. Na sequência das barreiras

“Com a construção sustentável pretende-se que os produtos da indústria da construção

satisfaçam os necessários requisitos funcionais com o menor impacte ambiental possível,

enquanto promovem melhorias a nível económico, social e cultural à escala local, regional

e global”

Figura 3.2 - Princípios de Kibert para a Construção Sustentável [21]

Figura 3.3 - Definição Construção Sustentável para a CRISP [22]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

22

identificadas, a OCDE salientou a importância da existência de informação concreta sobre vários aspetos

do setor, tais como, eficiência energética, emissão dos edifícios, materiais utilizados e as suas

caraterísticas específicas. Esta informação é crucial pois uma parte considerável das empresas de

produção não apresentam conhecimentos fundamentados para o melhoramento do desempenho

ambiental e energético do edificado.

Em 2001, realizou-se um seminário que visou políticas de edifícios sustentáveis, onde se salientou a

necessidade da adoção de instrumentos não regulamentares, tanto económicos como de informação, e

implementação de políticas para edifícios novos e existentes. Também se procedeu à identificação dos

diferentes instrumentos políticos dos países sobre a sustentabilidade, dos quais, 17 foram analisados.

Nesta análise, que abrangeu 7 países (Canadá, Dinamarca, Alemanha, Japão, Holanda, Reino Unido e

Estados Unidos), foi focada a redução de emissões de CO2 de edifícios novos e existentes, a redução

dos resíduos de construção e demolição e ainda a prevenção da poluição do ar interior.[13]

Concluído este projeto de 4 anos, levado a cabo pelo departamento ambiental da OCDE, foi publicado

um documento que compila e sistematiza os desafios e políticas da sustentabilidade de edifícios na

vertente ambiental. Este defende que uma boa política deve:

Definir uma estratégia nacional para melhorar o desempenho ambiental dos edifícios

Implementar mecanismos para monitorizar com regularidade o desempenho ambiental

Implementar parcerias entre o governo e a indústria, para suportar a I&D e as tecnologias de

difusão

Introduzir sistemas de reforço de aquisições públicas sustentáveis na construção

Minimizar os custos derivados da duplicação de processos administrativos

Efetuar mais pós-avaliações dos instrumentos políticos, através de uma cooperação

internacional

Este projeto também atribui uma definição para edifício sustentável, presente na Figura 3.4, e que

promove uma utilização controlada de recursos naturais e uma gestão dos edifícios de forma a potenciar

a poupança desses mesmos recursos, bem como, a redução no consumo de energia e melhoramento da

qualidade do ambiente interior e exterior. [20]

Esta ideologia revelou-se pouco útil até a um passado muito recente pois a oferta do mercado edificado

era muito inferior, portanto o importante era aumentar o parque edificado deixando aspetos referentes á

qualidade de parte. No entanto, atualmente, esse parque encontra-se saturado na generalidade dos países,

o que proporciona uma valorização do aspeto qualidade, e como tal, a necessidade de implementar

medidas que facilitem a sustentabilidade no setor da construção. É papel dos governantes fomentar

políticas para o desenvolvimento da construção sustentável. A OCDE definiu um conjunto de

prioridades para que uma construção seja considerada sustentável. Esses princípios são expressos na

Figura 3.5.

Sustentável é o edifício que minimiza os impactes adversos sobre os ambientes naturais e

construído, quer à escala do edifício e do aglomerado envolvente, como também á escala

regional e global. Procura-se que as práticas de construção assentem na qualidade integral

(incluindo o desempenho económico, social e ambiental), numa ótica tão vasta quanto

possível.

Figura 3.4 – Ideologia de Construção Sustentável para OCDE [20]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

23

3.4 EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CONSTRUÇÃO

O conceito de construção sustentável tem sido discutido, sobretudo a sua abrangência. A “construção”

pode ser abordada como apenas o processo construtivo no verdadeiro sentido da palavra, no entanto,

esta deve ser abordada como “sustentabilidade do meio construtivo” pois a construção é apenas um

aspeto que contribui para a construção sustentável. Esta associada, às diferentes estruturas que são

construídas, à forma como os edifícios são mantidos e utilizados e à abordagem dos vários intervenientes

durante as diversas fases de todo o ciclo de vida levam a uma construção deveras sustentável.

Confrontada com a nova realidade mundial, a construção adiciona assim as preocupações ambientais ao

seu triângulo tradicional, em que a qualidade, o custo e o tempo eram os únicos fatores a ter em conta

no setor. A soma destas temáticas tem o desafio de potenciar a qualidade de vida, o desenvolvimento

económico e a equidade social a fim de dar a resposta necessária para a sustentabilidade no setor

construtivo. Todo este difícil processo só é possível se todos os intervenientes, desde a indústria

produtora aos gestores e entidades da manutenção do edifício, tiverem um papel ativo. Concluindo, este

novo pensamento de construir pretende satisfazer as necessidades do Homem sem degradar o meio

ambiente e preservando os recursos naturais.[13]

Uso Eficiente de recursos

Eficiência energéica (Reduçao gases de efeito de estufa)

Prevenção da poluição (incluindo qualidade ar interior e diminuçao do

ruido)

Harmonização com o ambiente (Incluindo AIA)

Abordagem integrada dos diversos aspetos da construção relacionados com o desenvolvimento sustentável

CONSTRUÇÃO

SUSTENTÁVEL

Figura 3.5 - Princípios Construção Sustentável OCDE [20]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

24

Figura 3.6 - Evolução do paradigma da construção [13]

3.5 IMPACTES GERADOS PELO SETOR DA CONSTRUÇÃO

ENQUADRAMENTO

O panorama mundial ao nível do impacte ambiental tem sido induzido, em grande parte, pelo sector da

construção civil. Este tem provocado uma exploração desmedida de recursos naturais e associado a tal

decorrem os seguintes impactes:

Modificação do território;

Habitats de muitas espécies em vias de extinção;

Excessiva produção de gases;

Deposição de resíduos.

Estas são algumas preocupações em crescente e que por vezes são esquecidas desde a escala global

(planeta) até á local (sociedades).

Em primeira instância, é importante o entendimento do conceito de Impacte Ambiental para melhor

esclarecimento de futuros aspetos a serem mencionados. Entende-se por Impacte Ambiental o conjunto

de alterações favoráveis e desfavoráveis geradas por parâmetros ambientais e sociais, durante um

determinado período de tempo e área, resultantes da realização de um projeto, equiparadas com a

situação que ocorreria, se nesse tempo e área, o projeto não se realizasse. [13]

Estes efeitos ambientais são oriundos da pressão das atividades como apresentado na Figura 3.7.

Analisando-a, perceciona-se que o reflexo dos impactes dependem essencialmente do estado e

suscetibilidade da zona onde ocorrem, associado á escala espacial e temporal respetiva.

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25

Figura 3.7 - Causas Gerais de Impactes

No entanto, é importante frisar alguns aspetos importantes dos efeitos das atividades construtivas:

As atividades para além dos efeitos negativos que provocam, também e sobretudo têm

repercussões positivas, tais como, criação de emprego, acessos, abrigo e infraestruturas de

suporte que potencia um aumento da qualidade de vida da população;

A proporção dos efeitos é tanto menor quanto mais prematura for a avaliação, a fim da adoção

de medidas para a prevenção, redução ou compensação possam ser aplicadas;

A significância dos efeitos dependem do local e do recurso ambiental afetado (Ex. cortar uma

árvore para a atividade construtiva tem um ínfimo significado, no entanto, se a espécie de árvore

cortada for rara o significado pode tornar-se elevado).

Os impactes atuam em diversas áreas e de formas distintas, de acordo com as suas caraterísticas e

particularidades. Tendo isso em conta, a conceção, operação e desconstrução são atividades que

consomem materiais, energia e água protagonizando modificações no local ao nível do solo, ecologia e

paisagem, produzindo cargas para o ambiente (emissões para o ar, efluentes líquidos, resíduos e poluição

acústica).

IMPACTES DECORRENTES DA CONSTRUÇÃO

O grande impacto do setor construtivo no planeta é conhecido, e necessita de ser controlado e equilibrado

a fim de minimiza-lo ao máximo. Para tal, a análise dos seus impactos em todas as dimensões é

indispensável para as nações obterem os resultados pretendidos.

A análise dos impactos da construção deve ser realizada em todo o ciclo de vida das edificações. Desta

forma, é importante definir os termos “construção” e “trabalho de construção” para saber em que

atividades vai incidir esta análise. Apesar de esse termo não estar esclarecido em muitos países, como

por exemplo Portugal, no Reino Unido existe um regulamento que apresenta inequivocamente o

significado de trabalho da construção, e encontra-se presente na Figura 3.8.[23]

Capacidade ambiental

para satisfazer a procura necessária

Disponibilidade de recursos

Nivel tecnologico atual apresentado

Qualidade de vida da

população

Aumento populacional de

uma região

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

26

Este termo abrange as seguintes atividades:

A construção, alteração, conversão, adaptação, renovação, reparação, reabilitação,

manutenção (incluindo limpeza que envolva a utilização de água ou um produto

abrasivo ou ainda a utilização de substâncias corrosivas ou tóxicas), e a demolição ou

desmantelamento de estruturas;

A preparação para a implantação de uma estrutura, incluindo a decapagem, movimentos

de terra, e a limpeza ou preparação do local ou estrutura para utilização ou ocupação

depois de concluída;

A montagem no local de elementos pré-fabricados para a formação de uma estrutura ou

a desmontagem no local dos elementos pré-fabricados que, imediatamente antes da sua

desmontagem, formavam uma estrutura;

A remoção de uma estrutura ou de qualquer produto ou resíduo que resulta da demolição

ou desmantelamento de uma estrutura ou da desmontagem de elementos pré-fabricados

que, imediatamente antes à desmontagem, formavam a estrutura;

A instalação, afinação, manutenção, reparação ou remoção de instalações mecânicas,

elétricas, abastecimento de gás, ar comprimido, hidráulicas, telecomunicações, dados

ou similares, que se encontram normalmente fixas ou no interior duma estrutura.

No entanto, não abrange a exploração e extração de recursos naturais e as atividades associadas a

este.[23]

Nesta ideologia, um edifício produz uma inúmera quantidade de impactes durante todo o seu ciclo de

vida, que apresenta mais ênfase nas fases de construção, demolição e utilização. No entanto, é

importante realçar que os impactes refletem-se de variadas maneiras em todas as fases do ciclo de vida

e compete a todos os intervenientes a sua minoração atuando logo na fase de conceção tomando as

medidas necessárias e mais apropriadas. A Figura 3.9 apresenta um esquema de todo o ciclo de vida de

um edifício.

“”construction work” means the carrying out of any building, civil engineering or

engineering construction work” – “ Trabalhos de Construção” significa a realização de

qualquer edifício, engenharia civil ou engenharia de construção

Figura 3.9 - Fases e atividades principais do ciclo de vida dos edifícios

Figura 3.8 - Definição Trabalhos de Construção [23]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

27

A fase de construção é bastante mais curta temporalmente que a fase de operação, pois uma tem uma

duração de meses e outra de anos, salientando que muitos edifícios e estruturas já são projetados com

uma vida útil de 100 anos. Esta análise significa efeitos muito mais prolongados na fase de operação,

nomeadamente, consumos de recursos (energia e água), acumulação de resíduos e emissão de cargas

poluentes associados á utilização e manutenção do edifício. Posto isto, a abordagem dos efeitos

ambientais tem uma importância considerável.

Figura 3.10 - Impactes relevantes no ciclo de atividades construtivas[13]

A Figura 3.10 apresenta um conjunto dos impactes mais frequentes de um edifício durante todo o seu

ciclo de vida. Contudo, como já referido anteriormente, os impactes têm uma importância variável de

acordo com a fase do ciclo de vida onde ocorrem.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

28

IMPACTES AMBIENTAIS

3.5.3.1 Tipologia de impactes ambientais

A dimensão ambiental é o âmbito da presente tese, e como tal, vai merecer uma análise mais aprofundada

do que as outras 2 dimensões. No entanto, destaque-se uma afirmação realizada no início do presente

capítulo, que dizia que uma construção só pode ser considerada como “sustentável” se atender às 3

dimensões do desenvolvimento sustentável. Interpretando a referida frase, depreende-se que as outras

dimensões apesar de não serem abordadas tão profundamente como a ambiental, são igualmente

importantes para o fim da sustentabilidade.

Em todo o seu ciclo de vida, uma edificação induz cargas e impactes ambientais de vários tipos no

ambiente. Como tal, é importante entender a forma como atuam e danificam o meio com vista à criação

de medidas que os possam minorar ou até eliminar. Na Figura 3.11 apresenta os impactes e cargas

decorrentes de uma edificação.

Figura 3.11 - Impactes e Cargas decorrentes de uma Edificação [24]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

29

Estes impactes têm naturezas distintas, portanto, para facultar um melhor entendimento e organização

destes criaram-se modelos para os agrupar. O agrupamento dos impactes ambientais pode ser efetuado

de diversas formas. Contudo, é sugerido por alguns especialistas um modelo constituído por 4 grupos

principais, apresentados e descritos em baixo, na Figura 3.12.

Figura 3.12 - Sistematização das Áreas de Impactes Ambientais [13]

A título de lembrança, a construção é a atividade mais consumista de energia e recursos, dominando o

fluxo de materiais existente nos países. Em conjunto com estes impactes, associa-se também que a

extração, tratamento e transporte dos recursos provocam grande formação de resíduos e poluição

acrescidos de uma vasta ocupação do solo. Apoiado nestes factos estabeleceram-se os seguintes grupos:

1) PRESSÃO SOBRE OS RECURSOS

Este grupo debruça-se na extração e consumo de matérias-primas, energia, água e materiais que são

necessários à conceção do edifício, mais concretamente, todo o processo desde a extração ao

transporte até ao local de utilização.

2) EMISSÕES E CARGAS POLUENTES

As atividades relacionadas com a construção provocam emissões e cargas poluentes para o meio

ambiente. Como tal, este grupo engloba todos os resíduos sólidos e semissólidos, as escorrências e

efluentes líquidos, às emissões atmosféricas, a poluição sonora e térmica que são produzidos.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

30

3) ALTERAÇÕES AOS SISTEMAS AMBIENTAIS DE BASE NATURAL

O consumo permanente e desmedido de recursos naturais (materiais, energia e água), as cargas e

emissões geradas, as operações nas edificações modificam os sistemas ambientais de base naturais,

tais como:

Solo

Existem alguns impactes relevantes provocados no solo provocados pelos seguintes

aspetos:

1) Atividades construtivas de movimentação de terras e desmatação desprotegem o

solo da erosão e destroem a camada superior que contem a maioria dos nutrientes

e matéria-orgânica e dissipa a capacidade do solo produzir nutrientes e regular o

fluxo da água;

2) A excessiva ocupação de terreno pelas edificações;

3) Atividades como a compactação do solo e impermeabilização criam zonas

“artificiais” e danificam a ecologia local na medida em que o solo perde algumas

das suas melhores competências, a infiltração do solo e disponibilidade de água,

4) Materiais utilizados nas atividades, nomeadamente, combustíveis, óleos e

produtos químicos podem acidentalmente ser derramados ou no limite

descarregados provocando contaminação do solo.

Água

Este recurso fundamental à vida e na construção sofre alterações prejudiciais ao nível dos

seguintes aspetos:

1) A excessiva procura, tanto no litoral como em captações subterrâneas, provoca

infiltração de salina na água tornando-a desadequada para utilização/consumo;

2) O grande consumo origina grande quantidade de resíduos líquidos que sem

tratamento e/ou meios de descarga adequados provocam uma deterioração da

qualidade da água. Associado a estes aspetos, há que ter em conta, que o tratamento

da água requer energia e utilização de produtos químicos;

3) A utilização de fertilizantes e pesticidas em zonas verdes pode contaminar as linhas

de água e águas subterrâneas.

Qualidade do Ar (Emissões Atmosféricas)

Atividades construtivas requerem transporte, tanto de camiões ou outros equipamentos,

geram alteração de poluentes no ar, comprometendo a qualidade do ar. Algumas dessas

emissões, dependendo dos seus constituintes, como CO2, destroem a camada do ozono.

Ecologia

Os Ambientes construídos e operações associadas alteram a dinâmica dos ecossistemas

naturais. Operações de máquinas em obra que causam ruído, que em conjunto com outros

aspetos já referidos (elevado consumo de água, ocupação e desmatação do solo) destroem

o habitat de inúmeras espécies e desfiguram o meio natural.

4) ALTERAÇÕES AOS SISTEMAS AMBIENTAIS DE BASE CONSTRUÍDA

Este grupo, ao contrário dos atrás abordados, pode contribuir positivamente se for idealizado de

uma forma consciente e equilibrada, para a paisagem urbana, espaços edificados e suas

estruturas e dinâmica socioeconómica. Relembra-se que as outras 2 vertentes também são

fundamentais para a construção sustentável.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

31

3.5.3.2 Impactes ambientais associados a cada fase ciclo de vida dos edifícios

É sabido que os edifícios para satisfazerem as necessidades humanas geram, direta ou indiretamente,

impactes durante toda a sua existência, tanto ao nível do edifício propriamente dito como nas

infraestruturas necessárias para o seu ideal funcionamento. Na figura expõe-se as atividades construtivas

que provocam de algum modo impactes ambientais.

Os impactes ambientais anteriormente referidos provocados pelos edifícios e respetivas infraestruturas

refletem-se de diversas maneiras desde a sua conceção até á sua desconstrução. Neste contexto é

importante o entendimento e a sua forma de atuação em cada dessas fases, portanto de seguida enquadra-

se os impactes mencionados nas respetivas fases.

Fase de Conceção

Considerada a fase mais importante de todo o processo, não pelo impacte ambiental que causa, mas sim

porque as principais decisões do projeto vão ser tomadas nesta fase. A escolha do local e das soluções

construtivas a utilizar, a seleção de materiais, as necessidades energéticas e de consumo de água são

aspetos que deverão ser definidos na conceção. No entanto, as suas repercussões apenas se vão sentir

nas outras fases do ciclo de vida da construção.

Os impactes desta fase são referentes aos trabalhos necessários para a obtenção de informações com

vista a redução dos impactes quer ao nível de materiais, quer ao nível energético nas restantes fases.

Estes impactes não tem significado relevante comparando com as outras fases, no entanto, devem ser

considerados pois todos contribuem.

Os impactes considerados são:

1) Consumo de energia e transporte associado às deslocações efetuadas ao local

de levantamento de dados;

2) Elevada utilização de papel na sequência da realização do projeto e

licenciamentos necessários;

3) Consumo energético do escritório onde se realiza o projeto, que pode ser

duradouro e o consumo de energia ser significativo.

Resumindo, esta é uma fase totalmente decisiva para reduzir e até evitar futuros impactes associados a

outras fases mas que se traduz como uma fase preocupante e determinante para a geração de impactes.

Conceção• Planeamento

• Projeto

• Autorização

Construção• Concurso

• Construção

Operação

• Receção de Obra

• Manutenção

• Renovações Pontuais

• Utilização

Renovação ou

Desativação

• Renovação Integral

• Demolição

Figura 3.13 - Atividades críticas das fases ciclo de vida que induzem impactes ambientais

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

32

Fase de Construção

Fase em que as preocupações essenciais assentam, no processo construtivo, mais especificamente, a

intervenção local, alteração do uso do solo, consumo de matérias-primas, energia e água.

Nesta fase a necessidade de materiais de construção é preponderante, e para a sua produção é

indispensável, como é óbvio, a extração e consumo de matérias-primas. Apesar dos impactes referentes

à extração e processo de produção sejam da responsabilidade da empresa produtora, contudo, o impacte

causado pelos materiais representa cerca de 15% dos impactes de um ciclo de vida de um edifício.[13]

Outros impactes têm relevância nesta fase, nomeadamente, a utilização de materiais perigosos na

obra/transporte/utilização de equipamentos e que a sua falta de controlo pode induzir graves

contaminações do solo.

Por norma, as atividades do processo construtivo provocam impactes significativos ao nível de:

1) Consumo de água na conceção de materiais, e que se não for tratada provoca a sua

contaminação;

2) Consumos de energia;

3) Consumo de combustível e poluição atmosférica associada ao transporte dos materiais;

4) Poluição acústica e vibrações associada aos trabalhos;

5) Degradação estética

A impermeabilização criada pelo edificado vai provocar um acréscimo do caudal e escorrências

superficiais podendo provocar cheias. Se o edificado for executado perto de um ambiente rural, a fauna,

a flora e o ecossistema vão sofrer modificações. Estes também são impactes a ter em conta.

Concluindo, esta fase apesar de relativamente curta quando comparada com as outras, é a que gera os

impactes mais significativos no ciclo de vida dos edifícios ao nível de ocupação do solo, modificação

dos ecossistemas naturais e ambiente construído.

Fase de Operação

A operação de um edifício provoca impactes referentes ao consumo energético, água, materiais,

produção de resíduos e efluentes, e emissões atmosféricas. Com isto, é interessante saber como estes

impactes são gerados e a sua influência no ciclo de vida dos edifícios.

Ao nível energético, o edifício consume energia decorrente da sua utilização, nomeadamente,

iluminação, aquecimento e arrefecimento. A título de curiosidade os edifícios em Portugal constituem

22% do total de energia consumida [13].

Ao nível do consumo de água, cada habitação consume entre 160 a 200 litros, o que representa um

número excessivamente alto devido ao facto de uma grande parte dele ser desperdiçado para a rede. [13]

Somando ao facto de cerca de 35% do abastecimento de água potável em Portugal ser perdido, as

edificações e suas infraestruturas representam um valor brutal de desperdício. [13] A água, após

utilização torna-se um efluente líquido que necessita de tratamento e como tal mais energia e produtos

vão ser despendidos para o processar.

Os materiais a renovar ou a necessitar de manutenção que não são reutilizáveis originam toneladas de

resíduos.

As emissões interiores e exteriores são impactes com especial cuidado pois podem representar um

perigo para a saúde dos utilizadores dos edifícios devido a uma má qualidade do ar no interior dos

compartimentos. Como mencionado no início do presente capítulo, o ser humano passa 90% do seu

tempo dentro de edifícios, isto associado com a utilização de materiais que libertam substâncias

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

33

consideradas perigosas, humidade, temperatura e ventilação desadequadas pode originar o aparecimento

de agentes patogénicos que traduzem perigo para a saúde dos utilizadores. Outro aspeto relevante neste

contexto é que 50% dos CFC’s (gás altamente prejudicial á camada do ozono) produzidos a nível

mundial deram-se à refrigeração de sistemas de ar condicionado e refrigeração de edifícios, sistemas

para incêndios e sistemas de isolamento térmico e acústico.

Os edifícios para além de gerarem efeitos diretos, acima referidos, também provocam efeitos indiretos.

Destes realçam-se os mais significativos como, a modificação do volume de tráfego local, pressão sobre

os serviços locais, criação de emprego e riqueza referente a atividades executadas dentro do edifício.

Resumidamente, esta fase é particularmente diferente das outras devido à geração mais vagarosa e

progressiva dos impactes induzindo a ideia que não é fase das mais prejudiciais. No entanto, esta causa

tantos impactes como a fase de construção devido ao seu período mais alargado de tempo.

Fase de Desativação / Renovação Integral

Esta fase apresenta os mesmos efeitos que a fase da construção, no entanto, menos significativa ao nível

do consumo de materiais e mais significativa na quantidade de resíduos produzida. Em relação aos

impactes referentes ao consumo energético e poluição sonora são equivalentes aos da fase de construção.

Para o aproveitamento dos materiais do setor da construção, ocorrem 2 cenários possíveis:

1) Produção de resíduos e consequente envio para aterro/vazadouro, originado por

materiais sem aproveitamento – Contribuição de impactes;

2) Reciclagem e reutilização dos materiais – Minimização de impactes.

Em Portugal, esta fase representa 17% dos impactes ambientais gerados destacando que apenas 4%

correspondem a atividades de reconstrução. A Europa apresenta, em média, 33% para esta fase o que

devia ser motivo para repensar certas estratégias de conceção tendo em vista a desconstrução. [13]

De forma conclusiva, os impactes associados a esta fase estão inteiramente ligados à possibilidade de

reutilização e reciclagem dos materiais utilizados que, desta forma, vai reduzir a procura de novos

materiais e produção de resíduos. No entanto, importa referir que existe um consumo de energia e

emissões causados pela reciclagem de produtos.

IMPACTES ECONÓMICOS E SOCIAIS

O setor da construção também apresenta impactes nas outras duas dimensões do desenvolvimento

sustentável no entanto estes são maioritariamente positivos. O crescimento e interligação de todas as

comunidades mundiais, a nível de funcionamento económico, ocorre graças á construção, mais

especificamente, das infraestruturas de transporte, geração de energia, tratamento de água que são

criadas. Visto isto, é importante realçar os impactes económicos e sociais mais relevantes gerados pela

construção civil. [20]

CRIAÇÃO/DISPONIBILIZAÇÃO DE EMPREGO

Este impacte tem a particularidade de afetar tanto a vertente económica como a social. A indústria

construtiva é responsável por empregar cerca de 15% de todas as pessoas empregadas na Europa e 7%

de toda a população global, sendo que a maioria destas percentagens são referentes a pessoas com muito

baixa formação ou com falta de competência adquirida. Como tal, é inegável a importância deste setor

na empregabilidade dos países. [15;20]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

34

GERAÇÃO DE RIQUEZA

A atividade construtiva, segundo dados avançados pela UNEP, tem um volume de negócios

correspondente a 10% do PIB dos países desenvolvidos, no entanto nos países em desenvolvimento

apenas 2-3%. Através destes dados, prevê-se que o peso da construção aumente consideravelmente na

economia mundial à medida que se vai dando o desenvolvimento económico dos países em

desenvolvimento.

Para além deste aspeto, este setor também traz benefícios a outros subsetores. A construção no local

consome cerca de 750 biliões de euros em produtos intermediários para alem deste subsetor, o que

representa aproximadamente 44% do volume de negócios do setor. Uma ressalve importante depreende-

se com o facto de, segundo o CIB, cada euro investido na construção pode gerar até 3 euros de atividade

económica de outros setores o que traduz claramente o papel fundamental da atividade construtiva na

economia do país. [20,25]

CRIAÇÃO DE EDIFÍCIOS E INFRAESTRUTURAS BÁSICAS COM DIFERENTES

FUNÇÕES

O ser humano como referido anteriormente, passa 90% do seu tempo no interior de edifícios. Como tal,

o seu conforto e a qualidade de vida dependem muito da construção, mais concretamente, da forma e da

qualidade com que é realizada. Visto isto, é fundamental que um edifício proporcione aos seus ocupantes

a maior qualidade possível desde os requisitos básicos como água e eletricidade assim como outros

requisitos como conforto acústico e térmico. Em resumo, os edifícios, quer sejam de habitação ou não,

trazem um impacte social muito positivo para as comunidades, pois melhoram consideravelmente a sua

qualidade de vida pessoal e a sua eficiência profissional.

A criação de infraestruturas básicas inerentes aos edifícios, tais como infraestruturas de transporte e de

condução de eletricidade, água potável e saneamento básico, induzem também um impacte positivo na

sociedade. As infraestruturas de transportes trazem uma ligação entre as comunidades e

consequentemente uma homogeneização da sociedade e promovem as economias locais.

A eletricidade e a água potável e saneamento básico são elementos imprescindíveis para a sobrevivência

da sociedade atual. Os dois últimos tem um contributo significativo para a saúde humana, pois a água é

um elemento fundamental na vida e o saneamento básico na prevenção de doenças e infeções graves no

ser humano.

INCÓMODO DA CONSTRUÇÃO PARA AS COMUNIDADES

Este impacte social negativo deve-se exclusivamente á fase de construção de uma obra e as suas

implicações. A fase construtiva de uma obra pode originar vários problemas, tais como:

Aumento substancial de ruído local provocado pelos equipamentos utilizados na construção

civil, como por exemplo, rebarbadeiras e martelos pneumáticos.

Quantidade excessiva de poeira proveniente de alguns materiais construtivos que afeta as

pessoas que vivem perto do local da construção;

Contribui consideravelmente para a sujidade das vias de trânsito circundantes do local devido á

terra que é solta pelos pneus dos camiões e outros equipamentos de transporte como

retroescavadoras.

Aumento do risco de acidentes devido a queda de materiais para a via pública

Em alguns casos pontuais, a complexidade e tipo da obra pode obrigar a uma alteração temporária do

trafego local, o que causa algum transtorno ao nível de congestionamentos e percursos alternativos mais

extensos para os condutores.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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POTENCIALIDADE DE POLÍTICAS ERRADAS DE PLANEAMENTO E USO DO

SOLO

O referido impacte é uma questão importante nas políticas de um país. Estas políticas, quando

relacionadas com o valor dos terrenos (especulação imobiliária) e licenças de construção revertem para

desigualdades sociais, comparando com os mesmos terrenos com fins agrícolas ou florestais. Isto traduz

um impacte social negativo.

Neste contexto, a adoção de Planos Diretores Municipais (PDM) é uma excelente forma de evitar este

tipo de problemas e clarificar a tipologia de terrenos e ordenamento do território a nível local

OPORTUNIDADES DE CORRUPÇÃO

A atividade construtiva é das atividades que mais dinheiro movimenta na económica de um país. Como

tal, isso potencia oportunidades de corrupção ao nível da contratação e conceção das obras. Em vários

países foram realizadas obras que apresentaram preços muito superiores em relação aos previamente

estabelecidos sem razoes viáveis e devidamente justificadas.

3.6 BARREIRAS Á CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

As particularidades únicas do setor construtivo traduzem uma barreira na implementação dos objetivos

no âmbito do desenvolvimento sustentável ao nível da construção. As principais barreiras para atingir o

propósito da “construção sustentável” em Portugal, apresentam-se no Quadro 3.1 explicando-se algumas

delas mais pormenorizadamente.

CUSTO DE CAPITAL

Este aspeto refere-se ao facto que, por norma, um edifício sustentável apresenta um custo inicial maior

que um edifício convencional, isto é, os custos associados à realização do projeto e a soluções que

fomentam uma maior sustentabilidade nos edifícios são mais elevados. No entanto, este pensamento de

avaliar o desempenho económico de um edifício baseado apenas no seu custo inicial pode não ser o mais

Quadro 3.1 - Barreiras para Implementação Construção Sustentável [20]

Económicas Técnicas Outras

Ausência de avaliações

ciclo de vida;

Custo de capital mais

elevado;

Separação contabilística

entre custos de capital e de

operação;

Conceito de "rentabilidade

de investimento" e

desenvolvimento sustentável

incompatíveis;

Ciclo de vida dilatado e

multidisciplinaridade;

Heterogeneidade dos

produtos;

Formação de arquitetura e

engenharia orientada para as

tecnologias convencionais;

Mão-de-Obra com baixo nível

de especialização;

Baixo grau de industrialização

do setor; Insuficiente

investigação e

desenvolvimento

Falta de sensibilidade dos

diversos decisores;

Inexistência de definição

consensual de "construção

sustentável";

Aversão ao risco

percecionado;

Inexistência de políticas de

apoio à construção

sustentável

Barreiras à Construção Sustentável

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

36

correto, pois geralmente, se for bem ponderado, um maior custo inicial tenderá a induzir menores custo

de utilização futura.

Esta questão é um problema da base que afeta toda a lógica de sustentabilidade. Não existem referências

e é muito difícil num objeto construído avaliar o custo de utilização e o impacte financeiro e ambiental

das soluções aplicadas a longo prazo. Portanto, persuadir a adoção de medidas com efeitos

ambientalmente positivos mas sem benefícios económicos e a eleição de soluções com maior custo

inicial mas com retornos económicos muito tardios, representa um grande dilema, relembrando que um

edifício tem, em média, 50 anos de vida útil.

Contudo, se a informação sobre este tipo de construção for mais divulgada ao consumidor irá provocar

um cenário de decisões mais vasto e poderá, lentamente, modificar o pensamento generalizado. Essa

informação deve ser fornecida por entidades que não tirem qualquer benefício com ela, pois como

normalmente no panorama português constrói-se para vender, não é do interesse dos vendedores que a

construção tenha um elevado custo inicial pois diminui a sua margem de lucro. A título de curiosidade,

apenas realçar que segundo a CE, a conservação de um edifício pode atingir 10 vezes mais o seu custo

inicial. [20]

CICLO DE VIDA DO EDIFÍCIO E MULTIDISCIPLINARIDADE

Ao contrário de outros setores, os produtos da construção civil apresentam uma durabilidade muito

superior o que provoca, na fase de projeto, uma dificuldade acrescida para potenciar possíveis benefícios

relacionados com a sua reutilização e reciclagem. Isto, associado ao facto de a demolição futura

favorecer apenas outras entidades que não os possíveis compradores induz um acrescido desinteresse

por esses processos (reutilização e reciclagem).

Outro aspeto importante atribui-se à multidisciplinaridade das distintas fases de ciclo de vida dos

edifícios, isto é, a falta de articulação entre todos os intervenientes que constituintes da vida útil de um

edifício, que se traduz frequentemente em falhas no desempenho por parte deste. A título de clarificação

desta matéria, enuncia-se um exemplo simples. O projetista pode realizar um projeto sustentável (fase

de projeto) com algumas recomendações ao nível da manutenção de soluções, no entanto, se o utilizador

não mostrar preocupação na fase de utilização o objetivo proposto para os 50 anos de vida útil não vai

ser cumprido. Esta multidisciplinaridade torna dificuldades acrescidas para a adoção de uma “construção

sustentável”.

HETEROGENIEDADE DOS PRODUTOS (EDIFÍCIOS)

Os edifícios têm a particularidade de serem únicos, pois são criados segundo as preferências e requisitos

do dono-de-obra. Isto provoca uma falta de industrialização e normalização dos projetos e processos

construtivos e esta lacuna associada à repetição dos processos prejudica a sustentabilidade na

construção.

Outra dificuldade inerente à heterogeneidade dos produtos passa pelas diferentes durações que estes

apresentam. Uma edificação é constituída por inúmeros materiais e produtos com durações distintas e

que necessitam de alguma ação de substituição ou reparação durante o ciclo de vida do edifício.

Naturalmente este aspeto induz aos projetistas um maior cuidado na conceção e realização do projeto a

fim de evitar a demolição desnecessária de alguns produtos e materiais. Por exemplo, uma parede em

alvenaria de tijolo contém uma tubagem de água com a duração de 30 anos. Como a edificação apresenta

uma vida útil de 50 anos essa tubagem vai necessitar ser substituída. Portanto deve-se prever um tipo de

revestimento para a referida parede com uma duração compatível com a da tubagem, a fim de evitar

ações de reparação extra e destruição desnecessária de materiais.

Esta política permitirá ainda uma redução de resíduos da construção.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

37

NÍVEL DE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Portugal apresenta no seu setor da construção um nível de especialização por parte dos seus

colaboradores bastante fracos e antiquado. O seu conhecimento limita-se às tecnologias construtivas da

construção tradicional. Este problema surge essencialmente da baixa industrialização do setor e das suas

empresas. Estas quando são sujeitas a trabalhos muito morosos e com muitos colaboradores optam por

assegurar a sustentabilidade a nível económico e recorrem a pessoal pouco especializado.

Outro problema deve-se à dificuldade na adoção de novas soluções. Este aspeto ocorre fruto dos cursos

de engenharia e arquitetura se focarem essencialmente nas tecnologias correntes como, estruturas de

betão e paredes em alvenaria de tijolo. Visto isto, devia ocorrer uma reformulação dos cursos com maior

frequência com vista aos formandos estarem a par das novas tecnologias e melhorarem o seu

desempenho quando entram o mercado de trabalho.

Existe ainda a problemática da falta de clareza na informação referente à qualidade dos materiais e

tecnologias alternativas que incitem a “construção sustentável”, provocando uma falta de segurança e

dúvidas nos utilizadores sobre as suas características e desempenho. Acrescendo a isto, a dificuldade de

aceder a bases de dados sobre impactes ambientais associados à produção de materiais de construção,

impossibilita a avaliação e comparação de desempenhos ambientais das soluções que usam materiais e

processos distintos, reduzindo de forma muito substancial a possibilidade de as promover.

SENSIBILIDADE DOS DECISORES

O paradigma do desenvolvimento sustentável é algo muito recente na sociedade portuguesa, e a ideia de

“construção sustentável” é considerada desinteressante pois está associada a um maior dispêndio de

verbas e a uma menor fiabilidade a longo prazo. Como foi dito no tópico anterior, o setor está confinado

a materiais e tecnologias convencionais, e os donos-de-obra associam a risco financeiro a adoção de

tecnologias inovadoras porque não estão familiarizados com o seu desempenho e benefícios. É

necessário uma mudança nesta ideologia de risco e promover novas soluções providenciando

informação fidedigna sobre os novos produtos de construção aos decisores

SUBJETIVIDADE DO SIGNIFICADO DE “CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL”

“Como vamos construir sustentável sem conhecermos o significado do conceito “construção

sustentável”?”. Esta pergunta está na ordem do dia para os decisores do setor construtivo português

pois não existe, nem à escala mundial, uma definição consensual de “construção sustentável”. Esta

indefinição reflete-se nos métodos para avaliação e conceção de soluções sustentáveis pois, apesar de

semelhantes, baseiam-se em parâmetros diferentes, o que pode levar a resultados distintos. Esta

incoerência induz incerteza nos decisores que assim não mostram interesse em investir nestes produtos.

Uma definição consensual impulsionaria, sem dúvida, a utilização dos mesmos.

POLÍTICAS DE PROMOÇÃO

Em Portugal, á semelhança de muitos outros países, já começam a surgir políticas no sentido de valorizar

a sustentabilidade dos produtos da construção, bem como, a sua reciclagem e reutilização. Com isto,

pretende-se que as empresas e donos de obra comecem a dar prioridade a estes aspetos apesar de nem

sempre serem atrativos financeiramente.

Recentemente surgiu no espaço europeu um conjunto de normas com o intuito de promover a

sustentabilidade dos trabalhos da construção. Essas normas serão abordadas e aprofundadas no capítulo

4 do presente trabalho. O setor da construção induz uma grave deterioração ambiental provocada pela

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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deposição em aterro dos resíduos e um aumento da extração da matéria-prima virgem do ambiente,

contrariando uma das bases fundamentais do desenvolvimento sustentável.

Como tal, em Portugal, surgiu o decreto-lei 183/2009 referente á deposição de resíduos em aterro. Este

define a tipologia de resíduos a depositar ou não em aterro, bem como, as condições que as empresas

que as empresas devem apresentar para o fazer. Esta lei prevê ainda metas para a redução e recuperação

de resíduos urbanos, o que demonstra a crescente preocupação com esta temática.

As normas e leis que materializam as políticas são um instrumento poderoso e crucial na evolução do

desenvolvimento sustentável, portanto os governos devem recorrer a estas para potenciar a

sustentabilidade do setor construtivo que apresenta um carater dos mais destrutivos para o ambiente.

3.7 SOLUÇÕES DE PROMOÇÃO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

A fim de combater as barreiras existentes à implementação da ideologia da construção sustentável nos

países, os líderes mundiais iniciaram a promoção de vários programas, estratégias e documentos, dos

quais, o mais sonante e já abordado anteriormente, é a Agenda 21.

A Comissão Europeia lançou um relatório onde propõe medidas e políticas para promover a construção

sustentável e quebrar algumas dificuldades. Essas políticas encontram-se presentes no Quadro 3.2 e são

uma excelente base para ultrapassar alguns desafios em busca da construção sustentável.

Das várias políticas propostas vamos abordar apenas a parte referente ao âmbito da presente tese, mais

especificamente, a parte da Normalização /Rotulagem/ Certificação.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Como podemos analisar no Quadro 3.2, dois dos objetivos para atingir a construção sustentável, são:

desenvolver normalizações europeias para promover a sustentabilidade na construção e localmente

criarem medidas de promoção. Destas destaca-se, a definição de um método de avaliação e parâmetros

de referência para avaliar o desempenho da sustentabilidade dos edifícios. Estes vão ser desenvolvidos

e clarificados nos próximos capítulos.

Políticas Objetivos Acções

Propor cenários para futuras necess idades de

qual i ficação e desenvolver uma estratégia à

esca la da UE para faci l i tar o up-grading de

habi l idades e competências no sector da

construção

Ações Complementares

Antecipar as futuras qual i ficações e

necess idades de competências para a

inovação captação em construção

Publ icar um guia sobre como estabelecer regimes

de trabalho de colaboração em projetos de

construção, fornecimento gera l de regras

contratuais , gestão e seguros , bem como as boas

práticas para as PME - Divulgar este guia para

investidores públ icos e privados , prestadores de

serviços e outros operadores do mercado

Anál ise da responsabi l idade nacional e regimes

de seguros e ava l iação da viabi l idade para o

setor de seguros para promover a garantia

a l ternativa / esquemas de etiquetas

Mostrar o processo negocia l para uma

cadeia de abastecimento eficiente e

identi ficar, gestão, arranjos

financeiros e de seguros contratuais

relevantes

Desenvolver metas de desempenho

voluntárias para permiti r a

implementação de incentivos e outra

pol ítica medidas para promover

construções sustentáveis e práticas

de construção

Desenvolver normas europeias que

permitem tendo em aspectos de

sustentabi l idade das contas no

projeto de construção

Defini r o quadro de ava l iação técnica

adaptado a uma rápida certi ficação

de produtos inovadores

com cri térios de sustentabi l idade

Normalização Rotulagem

Certificação

Defini r um quadro, o método de ava l iação e

parâmetros de referência para ava l iar o

desempenho de sustentabi l idade de edi fícios e

da cadeia de va lor da construção

Ampl iar o a lcance dos Eurocódigos para integrar

outros aspectos de sustentabi l idade no projeto

de construção, como a energia e aspectos

ambienta is

Adotar o Regulamento produtos de construção,

prevendo melhores procedimentos para a

obtenção de aprovações técnicas europeias e

para um melhor reconhecimento dos Estados-

Membros para as questões de sustentabi l idade

Legislação

Desenvolver orientações para a

escolha entre EMAT e com o menor

preço e para o uso de Custos do Ciclo

de Vida nas obras - Promova

Aval iação do Ciclo de Vida dos

produtos de construção ("Declaração

Ambienta l do Produto") e para os

edi fícios (trabalhos de normal ização

em curso).

Contratos Públicos

Promover o networking entre compradores

públ icos e profiss ionais da construção civi l para

desenvolver ta is orientações e projectos-pi loto

relevantes . Testar e va l idar estes projectos-pi loto

nomeadamente em iniciativas em grupo

Triagem de regulamentos de construção

nacionais para identi ficar domínios em que a

integração de uma abordagem com base no

desempenho, com base no relatórios individuais

de cada Estado-Membro

Incentivar a adoção de um

desempenho baseado abordagem em

regulamentos de construção

nacionais

Expandir o a lcance da Bui lding Energy

Directiva de Desempenho de acordo

com o Plano de Acção para a

Eficiência Energética .

Anal isar e ava l iar o potencia l de

inovação e efei tos cumulativos das

legis lações nacionais e da UE sobre

abordagens inovadoras na construção

Aproveite a revisão de 2008 do Edi fício Energia

Directiva desempenho para estender a sua

apl icabi l idade e inclusão de metas de

desempenho a nível da União e em evolução

normas para a nova construção

Painel l íder industria l para rea l i zar estudos de

caso sobre empresas de construção civi l e

indústrias / serviços relacionados

Quadro 3.2 - Políticas de Incentivo á Construção Sustentável

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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4 INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS PARA A CONSTRUÇÃO

SUSTENTÁVEL

4.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo pretende-se abordar as ferramentas e instrumentos existentes que auxiliam a uma

implementação em pleno e adequada da construção sustentável. Foca-se o papel de cada um deles e o

seu contributo para o seu objetivo comum.

Como referido no anterior capítulo, a Comissão Europeia sugeriu um número de políticas a seguir pelos

governos neste âmbito e pretende-se explicitar as referentes à parte de Normalização e de Certificação,

expondo os principais instrumentos e ferramentas que apoiam a conceção e avaliação da sustentabilidade

dos trabalhos da construção e a recente normalização europeia idealizada no âmbito da sustentabilidade

do setor.

Faz-se ainda uma breve referência à normalização internacional ISO existente que serve de base para a

normalização europeia, nomeadamente, os comités e subcomités que as realizam e o seu conteúdo.

4.2 TIPOLOGIA DE INSTRUMENTOS PARA PROMOVER A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

A avaliação e suporte da sustentabilidade na construção provém, essencialmente, da forma de

identificação dos aspetos fundamentais desta, e da certificação das práticas sustentáveis nos

empreendimentos a desenvolver. A identificação destes aspetos nas atividades construtivas é executada

durante todo o empreendimento desde a fase de conceção do projeto até a desconstrução e foca-se

essencialmente nas áreas ambientais, económicas e sociais, realçando os aspetos ambientais por serem

os que se têm apresentado mais preocupantes e complexos.

Nesta ideologia, as abordagens que mais têm contribuído para a construção sustentável são, como mostra

a Figura 4.1, a avaliação ambiental estratégica, os estudos de impactes ambientais e a seleção dos

materiais utilizados na construção, [13] onde a avaliação do ciclo de vida tem um papel preponderante

e decisivo. Todas estas abordagens têm maior eficácia se realizadas desde as fases preliminares

(conceção/planeamento) do projeto, pois é nesta fase que as atividades são definidas e ocorre a seleção

das soluções e medidas a adotar.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Figura 4.1 - Abordagens para Construção Sustentável (Vertente Ambiental)

AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA

Os estudos de avaliação ambiental estratégica são instrumentos com a mesma filosofia que um estudo

de impacte ambiental mas numa escala mais ampla e global e com fins estratégicos para aplicação em

planos ou políticas ambientais. Estes estudos pretendem definir, normalmente com auxílio de

indicadores, os efeitos de cada decisão possível de forma a avaliá-los em cada uma das possibilidades.

Basicamente, uma avaliação ambiental permite verificar se as propostas apresentadas se enquadram com

os planos e políticas existentes, e se são conciliáveis com as atividades existentes. Isto permite contribuir

para a seleção e melhoramento da estratégia proposta, assim como, definir formas de medição de

desempenho e efeitos produzidos.

ESTUDOS DE IMPACTE AMBIENTAL

Um estudo de impacte ambiental revela-se como um instrumento importante na avaliação de impactes

ambientais e no desenvolvimento de medidas de minimização dos impactes negativos e fomentação dos

positivos de diferentes empreendimentos incluindo as suas edificações. Este procedimento baseia-se

numa abordagem preventiva e é utilizado em 2 tipos de empreendimentos diferentes. Um tipo de

empreendimento em que este estudo tem um carácter obrigatório, e outro onde o estudo se destina à

autoavaliação e suporte de decisão.

Este instrumento é utilizado nas fases preliminares do processo, mais concretamente na conceção do

projeto do empreendimento, pois quanto mais prematuramente for realizado o estudo maior será a sua

eficácia a todos os níveis.

Uma ressalva importante a realçar prende-se com a definição do âmbito do estudo. Mais concretamente,

a identificação dos aspetos potencialmente afetados pelos empreendimentos é crucial na definição,

caracterização e análise dos aspetos ambientais.

CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL (AMBIENTE)

Seleção dos materiais (avaliaçao

ciclo de vida)

Estudos Impactes

Ambientais

Avaliaçao ambiental estratégica

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

43

Neste contexto, o referido estudo é constituído pelas seguintes fases:

Caraterização do projeto e do ambiente afetado nas diferentes dimensões – Levantamento das

sensibilidades ambientais e sócio – económicas do projeto e a evolução das mesmas sem o

projeto;

Avaliação de impactes e desenvolvimento de medidas – Identificar e avaliar os impactes

ambientais e desenvolver medidas de minimização, compensação e potenciação desses

impactes;

Monitorização e Gestão ambiental – Propor formas de acompanhamento, monitorização e

gestão ambiental nas fases de construção, operação e desativação do empreendimento;

Exposição de lacunas técnicas e do conhecimento referente ao estudo – Expor os aspetos que

impossibilitam a avaliação completa;

Apresentação e definição de conclusões – Apresentar conclusões mais significativas, e realçar

possíveis alternativas e questões problemáticas.

Em resumo, este instrumento aborda questões fundamentais da sustentabilidade ao nível de consumo,

capacidade de suporte e eficiência ambiental, tornando-o numa peça chave na avaliação e apoio de

empreendimentos de construção sustentável.

AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS, SOLUÇÕES E EDIFÍCIOS

A avaliação ciclo de vida (ACV, ou em inglês, LCA) começou a ter importância a partir da década de

90, e teve como primeira definição a estabelecida pela SETAC (Society for Environmental Toxicology

and Chemistry), transcrita na Figura 4.2.

A ACV baseia-se num procedimento que possibilita analisar a interação dum sistema (material,

componente) com o meio ambiente em todo o seu ciclo de vida. Esta parte do pressuposto que todas as

fases de ciclo de vida de um produto geram impactes ambientais e que estes devem ser avaliados.

Esta metodologia é o âmbito da presente tese, e como tal vai ser devidamente aprofundada mais a

frente no capítulo 5.

4.3 INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS DE APOIO À CONCEÇÃO E AVALIAÇÃO DA

SUSTENTABILIDADE DE EDIFÍCIOS

Uma construção considerada sustentável supõe uma ponderação desde a fase de projeto dos 3 pilares

da sustentabilidade – ambiente, economia e sociedade. Para tal, promovem-se várias políticas com

vista à sustentabilidade que se desenvolvem em torno dos objetivos abaixo definidos na Figura 4.3.

Figura 4.2 - Primeira definição da ACV (LCA) promovida pela SETAC [13]

"Processo para avaliar as implicações ambientais de um produto, processo ou atividade,

através da identificação e quantificação dos usos de energia e matéria e das emissões

ambientais; avaliar o impacte ambiental desses usos de energia e matéria e das emissões; e

identificar e avaliar oportunidades de realizar melhorias ambientais"

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

44

Figura 4.3 - Objetivos das políticas para promoção da construção sustentável

Para tal existem diversas metodologias que tem a finalidade de aglomerar dados e reportar informações

que permitirão um precioso auxílio nas tomadas de decisão que surgem durante as diferentes fases do

ciclo de vida dos edifícios, já que estas fases estão interligadas com as dimensões da sustentabilidade.

Estas metodologias abordam uma visão integral da sustentabilidade considerando apenas os aspetos

mais significativos, pois seria muito moroso e inviável abordar, pelo menos na atualidade e dado o

conhecimento sobre as matérias, todos os aspetos. Acresce ainda o facto de que nem todos têm o mesmo

impacto e influência na avaliação. Atendendo ao referido, a avaliação é feita com base num conjunto

específico de indicadores (Figura 4.4) e parâmetros das três vertentes da sustentabilidade que se

consideram relevantes para atingir os objetivos acima indicados.

OBJETIVOS POLÍTICAS PARA

PROMOÇÃO SUSTENTABILIDADE

Otimizar o potencial do

local de impantação

Preservar a identidade

cultural

Reduzir o consumo

energético

Conservar os

recursos naturais (Água)

Utilizar materiais

eco-eficientes

Garantir boas

condições de saúde e conforto

Utilizar e melhorar

práticas de utlização e

manutenção

Controlar custos ciclo de

vida

INDICADORES AVALIAÇÃO DA

SUSTENTABILIDADE

INDICADORES ECONÓMICOS

INDICADORES AMBIENTAIS

INDICADORES SOCIAIS

Figura 4.4 - Indicadores para Avaliação da Sustentabilidade

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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A utilização destas metodologias para a conceção e avaliação da sustentabilidade dos edifícios pressupõe

um conjunto específico de indicadores e parâmetros que incluam e articulem os 3 pilares do

desenvolvimento sustentável. No entanto, esta avaliação apresenta-se complexa devido às caraterísticas

únicas da indústria construtiva que apresenta inúmeras condicionantes, das quais, se destacam abaixo as

mais relevantes [20]:

Complexidade ao nível da conceção

A conceção de um edifício implica um amplo conjunto de intervenientes no processo de especificação

e decisão, na escolha de materiais, tecnologias e processos que se encontram interligados entre si, o

ambiente circundante e os seus utilizadores. Estes fatores introduzem complexidade na avaliação, podem

até conduzir à inviabilidade do processo se esta não for limitada apenas aos aspetos condicionantes para

avaliar o seu desempenho. No entanto, esta simplificação da avaliação despoletou um dilema devido à

falta de coerência entre as diferentes metodologias nos indicadores e parâmetros que empregam,

complicando a interpretação e comparação entre os resultados obtidos.

Multidisciplinaridade das fases do ciclo de vida

O edifício é um produto único, pois em todo o seu ciclo de vida encontram-se envolvidos vários

intervenientes e com atuações completamente diferentes. Tendo isto em conta, o desempenho e seu

melhoramento depende da contribuição de cada um deles, o que na prática nem sempre (pelo menos de

forma pretendida) de uma forma geral ocorre. Isto associado ao facto dos parâmetros avaliados serem

de natureza diferente (quantitativos e qualitativos), e com ordens de grandeza distintas complica ainda

mais a efetivação da avaliação.

Ausência de industrialização dos produtos

Esta indústria tem a particularidade dos seus processos de produção e produto final serem sempre

diferentes. A esta situação acresce ainda o facto de, geralmente, o edifício projetado e idealizado poder

ser bastante diferente do construído. Como tal, a estimativa dos impactes provocados nas fases de

operação e construção é tarefa árdua e revertida de um grau muito significativo de incerteza.

Grande variabilidade e quantidade de materiais e soluções

Este aspeto está relacionado com a dificuldade de encontrar uma base de dados local que expresse o

inventário dos impactes ambientais dos produtos da construção, pois como já referido anteriormente, a

avaliação é realizada através dos impactes induzidos pelos materiais ao longo do seu ciclo de vida. Esta

lacuna deve-se essencialmente à enorme quantidade de materiais existentes e á ausência de estratégias

de concertação entre os produtores e associações do setor para a materialização desse aspeto.

Este facto provoca a não consideração de certos materiais por parte de algumas metodologias o que pode

comprometer seriamente por um lado a aplicabilidade das metodologias e por outro a qualidade dos

resultados apresentados.

Duração da fase de operação

Sendo um edifício projetado para uma vida útil de 50 ou mais anos, e a sua durabilidade e desempenho

dependentes de muito fatores como o clima e forma de atuação dos utilizadores, faz com que na fase de

operação (que representa a maioria do tempo referido) seja difícil de prever o desempenho do edifício.

Face a esta constatação, a fase de operação sendo a mais duradora é das que provoca mais impactes,

torna-se difícil de prever o seu comportamento, e como tal, é uma das condicionantes mais relevantes.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Políticas, Nível Tecnológico, Cultura e Desenvolvimento Económico específicas para cada

País

Os países apresentam políticas e culturas diferentes, assim como nível de desenvolvimento económico

e tecnológico distintos entre si e por vezes até entre regiões dentro deles. Este facto além de afetar a

vertente social (que não se encontra no âmbito do presente trabalho) fundamenta um conjunto específico

de indicadores e parâmetros para a avaliação para cada país ao qual está associado uma ponderação

igualmente específica. Portanto, é logicamente inviável a utilização, à escala global, de metodologias

em que os parâmetros e respetivas ponderações não se encontrem adequadas ao ambiente em que o

edifício ficará inserido.

Devido a todas as condicionantes expressas, atualmente ainda não existe uma metodologia aceite pela

comunidade mundial, no entanto como referido anteriormente, sendo considerado os edifícios uma parte

com importância significativa em qualquer sociedade é neste sector que a investigação deste domínio se

tem focado com mais incidência. Recorrendo ao âmbito das diversas metodologias e ferramentas

existentes relacionadas direta ou indiretamente com a sustentabilidade construtiva, a USEPA,

estabeleceu que estas se agrupam em cinco tipos distintos como mostra a Figura 4.5.

Todos estes tipos de metodologias apresentam uma importância enorme, pois cada tem o seu papel

específico na avaliação da sustentabilidade de edifícios. De seguida expõe-se esse papel e explicita-se

sucintamente a caraterização de cada um dos tipos supracitados. Complementarmente, uma breve

descrição de cada tipologia permitirá esclarecer o seu papel e importância no âmbito da sustentabilidade.

A generalidade destas ferramentas é baseada numa abordagem “Bottom-Up”, ou seja, o desempenho

total do edifício é traduzido pela junção e inter-relação do desempenho dos materiais e componentes

que o constituem e tem o objetivo comum de tornar o edifício o mais sustentável possível ao longo de

todo o seu ciclo de vida.

No Quadro 4.1 apresenta vários exemplos das principais ferramentas utilizadas no apoio a conceção e

avaliação da sustentabilidade dos edifícios.

ME

TO

DO

LOG

IAS

FE

RR

AM

EN

TA

S Programas de simulação energética

Sistemas de análise do ciclo de vida (LCA) dos produtos

Sistemas e ferramentas de avaliação e certificação da construção sustentável

Diretivas e checklists para o projeto e gestão sustentáveis de edifícios

Declarações ambientais de produtos (DAP), Bases de Dados, Esquemas de certificação e Rótulos/Etiquetas

Figura 4.5 - Tipos de metodologias de apoio à conceção e avaliação de edifícios [26]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

47

Ferramentas de análise e avaliação do desempenho ambiental dos edifícios no seu ciclo de

vida (ACV (LCA))

As ferramentas de análise e avaliação do ciclo de vida (ACV (LCA)) são instrumentos direcionados para

a avaliação ambiental e económica de materiais e produtos de várias indústrias, incluindo a construção.

Estas empregam-se nas fases de projeto do edifício, pois é a fase onde se tomam decisões referentes á

seleção de materiais e a forma de avaliação dos impactes ambientais (diretos e indiretos) de todo o ciclo

de vida dos produtos. São importantes no fornecimento de dados com vista a avaliação da

sustentabilidade com objetivo de auxiliar nas decisões nas fases preliminares [26].

Ferramentas de avaliação e certificação da construção sustentável

Tem o objetivo claro de certificar a sustentabilidade dos edifícios durante todas as fases do seu ciclo de

vida, integrando e relacionando os parâmetros ambientais, sociais e económicos. Como referido

anteriormente, ainda não existe uma metodologia consensual a nível global, no entanto, existem vários

pontos em comum entre as metodologias atuais.

Dos pontos comuns merecem destaque:

Categorias de desempenho semelhantes: local de implantação, água, energia e

qualidade do ar interior;

Soluções construtivas convencionais;

Peso de cada indicador e parâmetro é definido em sintonia com a realidade local ao

nível ambiental, social e económico.

Atualmente, este tipo de metodologias apresentam duas tendências contraditórias. Num extremo

apresentam um leque enorme de complexos e distintos indicadores estudados por diferentes entidades e

noutro um desenvolvimento tendo em vista a sua implementação, criando indicadores comuns e

simplificando assim a avaliação.

Contudo, como todas as metodologias, estas têm as suas limitações, que neste caso se resume à extensa

quantidade de dados a introduzir (cerca de 150) que as torna pouco práticas para utilização. Acresce

ainda o facto de as bases de dados por elas utilizadas serem referentes às soluções construtivas

convencionais do país que as desenvolve, resultado que a sua aplicação fica largamente condicionada a

outros países.

FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO E BASES DE DADOSBases de dados de

ICV

EcoInvent

EDP BEES

BREEAMSimaPro

Ferramentas ACV para Avaliação de Edifícios

LEED

SBTool

LEnSE

Ferramentas Avaliação e Certificação da Sustentabilidade

IDEMAT

ETH-ESU 96

BUWAL 250

DK INPUT OUTPUT

ATHENA

EcoQuantum

ENVEST

LCA-HOUSE

Gabi

Ecology of Building

Materials

LISA

EcoEffect

Quadro 4.1 - Principais Ferramentas para avaliação da sustentabilidade de Edifícios

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Outro aspeto que importa esclarecer é que a avaliação da sustentabilidade construtiva trata diferentes

indicadores que em diversos casos não se encontram correlacionados, nem se expressam na mesma

ordem de grandeza e a sua influência não é consensual e inalterável com o tempo. Com isto, torna-se

complexo expressar a sustentabilidade em termos absolutos, através de um indicador que englobe todos

os outros e classifique o material ou produto em questão.[26]

Concluindo, avaliar a sustentabilidade de uma solução corresponde à comparação desta relativamente

à solução de referência para cada país, ou seja, a comparação do resultado de cada indicador analisado

com o indicador de referência traduz a qualidade da solução apresentada.

Diretivas e checklist para o projeto e gestão sustentáveis de edifícios

Esta ferramenta é destinada a auxiliar os empreendedores a estabelecer as propriedades pretendidas para

o planeamento e conceção do projeto a realizar, hierarquizando os requisitos de sustentabilidade com

base no desempenho predefinido. Estas ferramentas são utilizadas nas etapas preliminares do projeto

(fase de conceção) com vista a uma maior sustentabilidade dos edifícios.

As checklist consideram uma diversidade extensa de critérios importantes para a avaliação da

sustentabilidade e têm como objetivo:

Reduzir erros e omissões por exclusão;

Aumento da utilidade da avaliação.

Para além do objetivo principal, as checklist podem ter outras utilidades interessantes, tais como:

Criar ideias e discussões sobre aspetos cruciais da avaliação da sustentabilidade;

Sustentar os processos para a elaboração de propostas;

Determinar se todos os aspetos fundamentais foram cumpridos através da comparação com

avaliações de sustentabilidade já existentes.

As checklist são indicadas para todas as pessoas envolvidas na avaliação, nomeadamente, avaliadores

que prestam esses serviços, projetistas e gestores com interesse nelas e servem de guia para as pessoas

que realizam avaliações de projetos e programas de desenvolvimento com vista à sustentabilidade.

Um facto importante a realçar é que tanto os avaliadores experientes como os inexperientes beneficiam

com esta ferramenta. No entanto, os experientes aproveitam a abrangência da lista para gerar ideias ou

pontos de referência, enquanto um inexperiente vê a lista como um excelente documento como elemento

para a sua instrução.[27]

Declarações Ambientais de Produto (DAP (EPD))

As DAP (EPD) são instrumentos de informação, baseados nas metodologias ACV (LCA), que listam os

processos e resultados de cada categoria de impactes ambientais de um produto ao longo de todo o seu

ciclo de vida. Elas avaliam a contribuição dos materiais, atividades e processos de um produto para o

meio ambiente através de um conjunto normalizado de impactes ambientais.

Nesta ideologia, a importância deste documento é inquestionável, pois promove a procura dos produtos

e materiais que causam menos impactes no ambiente e assim proporcionar um melhoramento ambiental

contínuo do mercado de produtos.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Com isto, apresenta-se um conjunto de vantagens do desenvolvimento de uma DAP [28]:

Marketing Ambiental – Informação clara e fiável sobre o desempenho ambiental dos

produtos;

Benchmarking Ambiental – Possibilita a comparação do desempenho ambiental de produtos

da mesma categoria, desde que possuam ambos DAP (EPD);

Melhoria da imagem de marca – Aplicação a todos os produtos, atualização com relativa

facilidade e facilita o processo de desenvolvimento do produto;

Atualização fácil;

Simplifica o processo de desenvolvimento de um produto.

Estes documentos são estabelecidos tendo como base em regras que ditam as caraterísticas ambientais

dos produtos denominadas RCP – Regras para Categoria de Produtos. Estas estabelecem as

condições fundamentais para a execução de uma DAP (EPD), das quais se salientam:

Estabelecem os parâmetros a utilizar, assim como, a sua forma de obtenção e reportação;

Expõem as etapas, processos e cenários a considerar do ciclo de vida de um produto;

Possuem as regras de cálculo dos inventários de ciclo de vida e respetiva avaliação;

Instituem as condições para a comparação de produtos com base nos dados das DAP (EPD).

No entanto, estes documentos apresentam certas incoerências que não permitem ao público-alvo usufruir

da informação que pretendem revelar. Através da análise de DAP (EPD) de diferentes operadores e até

DAP (EPD) do mesmo operador verificou-se uma incoerência nos dados fornecidos em diversos níveis,

tais como, nos indicadores ambientais analisados, nas unidades funcionais desses indicadores, e na

descrição detalhada dos processos e emissões que os originaram. Uma avaliação da sustentabilidade

pretende na generalidade das situações auxiliar na seleção do melhor material e isso só é possível se as

categorias de indicadores de impacte estiverem completamente definidas e com as mesmas unidades.

Com as recentes normas europeias esses indicadores e unidades foram claramente estabelecidos, assim

como, a forma da sua obtenção. Estas normas vão ser abordadas mais a frente.

Na atualidade, já existem diversos operadores das DAP (EPD) na Europa. No entanto, estes confrontam-

se com alguns problemas e incompatibilidades. Mais concretamente a incoerência generalizada dos

diversos critérios dos operadores DAP (EPD). Com isto, o panorama Europeu depara-se com a

necessidade de as DAP (EDP) dos produtos serem reconhecidas no seu mercado. Para responder a essa

necessidade, um conjunto de operadores agruparam-se e estabeleceram que a solução passa por utilizar

uma metodologia DAP (EPD) comum no mercado europeu. Para suportar este processo criaram uma

plataforma denominada ECO PLATFORM. [29]

4.3.1.1 Eco-Platform

O RPC (Regulamento dos Produtos da construção), que veio substituir a existente DPC (Diretiva dos

Produtos da Construção) entrou em vigor em 2012 para novos produtos e dia 1 Julho de 2013 para

produtos já existentes. Este regulamento estabelece informações significativas nos requisitos básicos

dos produtos. De entre os diversos grupos destacam-se os seguintes:

BR3 - Higiene, Saúde e Meio Ambiente

BR7 - Uso Sustentável dos Recursos Naturais

Estes foram estabelecidos recorrendo à abordagem ciclo de vida. Em contrapartida o RPC não explicita

como evidenciar o cumprimento dos requisitos dos grupos e não existem imposições legais ligadas a

eles, exceto executar uma DAP (EPD) como possível configuração.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Contudo o Parlamento Europeu citou no regulamento 305/2011 o seguinte:” Para a avaliação do uso

sustentável dos recursos e de o impacto das obras sobre o meio ambiente Declarações Ambientais de

Produtos deve ser usada quando disponível.”[30]

No entanto na atualidade, como acima referido, as DAP (EPD) são documentos de caráter voluntário o

que compromete a comprovação pretendida pois as indústrias podem prover dados sobre os indicadores

dos produtos sem obrigações ou limitações de qualquer tipo. Visto isto, a melhor solução pensada para

contrariar esta lacuna passa por estabelecer a obrigatoriedade das DAP (EPD). Contudo, o

desenvolvimento de programas de criação de DAP (EPD) pela Europa sem coordenação iria originar

um conjunto de sistemas DAP (EPD) inconsistentes e confusos, que obviamente não induziria á

inutilização das mesmas.

As consequências da implementação repentina de DAP (EPD) obrigaria as indústrias a uma produção

desmedida de DAP (EPD) ou outros rótulos semelhantes para concorrer em todos os mercados e poderia

colocar barreiras no mercado de tal forma que levaria à criação de uma regulamentação rígida pela

Comissão Europeia. Neste contexto, é necessário o desenvolvimento de uma metodologia harmonizada

de produção de DAP (EPD) reconhecida internacionalmente, com vista a evitar barreiras no mercado

externo e minimizar o esforço de fornecimento de dados de processamento de produtos.

Em resumo, a chave para este dilema prende-se com a criação e utilização de uma DAP (EPD) genérica

em todo o mercado europeu, e este é o desiderato máximo da plataforma, ou seja, facilitar e coordenar

a conformidade para um esquema DAP (EPD) comum.Com este âmbito pretende-se [29]:

1) Assegurar uma utilização otimizada dos padrões do setor construtivo;

2) Facultar concorrências equitativas para todos os fabricantes no mercado;

3) Estabelecer uma linguagem comum com vista à avaliação do desempenho de produtos e edifícios.

Como citado no sítio da Eco Platform [29], “A Plataforma ECO é uma plataforma para qualquer

operador do programa DAP (EPD) na Europa para chegar a acordo sobre regras comuns, princípios

e procedimentos, o que levará ao reconhecimento mútuo das DAP (EPD) além das fronteiras

regionais.” Com isto, os objetivos pretendidos por esta associação são:

Compatibilizar os critérios para desenvolver as DAP (EPD);

Evitar barreiras técnicas ao comércio além fronteira;

Estipular uma DAP (EPD) mínima comum baseada na norma EN 15804 e ISO 14025;

Estipular procedimentos comuns para a verificação;

Apadrinhar a harmonização das diferentes bases de dados existentes;

Reconhecimento mútuo entre DAP (EPD) de operadores distintos.

Uma ressalva importante é que a ECO Platform não é nem pretende ser um operador DAP (EPD).Isso

fica a cargo dos diferentes operadores que a constituem. Pretende ter um papel regulador no

estabelecimento de princípios comuns para as DAP (EPD) de produtos, designadamente para a parte do

processo “cradle-to-gate”, como se explicará mais a frente neste trabalho

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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A Figura 4.6 mostra os 11 operadores de DAP (EPD) que formaram a ECO Platform,

Environdec System - AB Svenska Miljöstyrningsrådet (Sweden)

EPD Norge - The Norwegian EPD Foundation (Norway)

IBU - Institut Bauen und Umwelt e.V. (Germany)

BRE Global - Building Research Establishment Limited (UK)

Association HQE tio (France)

Stichting MRPI - Milieurelevante Productinformatie (Netherlands)

ITB - Instytut Techniki Budowlanej (Poland)

DAPc - CATEEB - Col.legi d'Aparellafdors, Arquitectes Tècnics i Enginyers d'Edificació

(Spain)

Global EPD - AENOR - Asociacion Espanola de NORmalización y certificacion (Spain)

DAP Habitat - CentroHabitat (Portugal)

ZAG EPD - Zavod za gradbeništvo Slovenije (Slovenia)

Como podemos reparar, Portugal participa neste projeto através do operador DAP Habitat. Como tal,

apresenta-se no Anexo I um modelo da DAP (EPD) a utilizar em Portugal com vista a rápida

familiarização neste projeto ambicioso.

Concluindo, esta plataforma garante revolucionar o mercado dos produtos da construção e proporcionar

ao setor maior facilidade e flexibilidade para comunicar os dados dos seus produtos.

Figura 4.6 - Operadores que fundaram a ECO Platform

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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4.4 NORMALIZAÇÃO APOIANTE DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

NORMALIZAÇÃO INTERNACIONAL

Na atividade construtiva, sustentabilidade ainda é, ideologicamente, edifícios energeticamente eficientes

ou “verdes” e com boa qualidade no ambiente, No entanto, existem muitos outros aspetos a ter em conta,

alguns deles poderão até ser eventualmente mas relevantes. Nesta perspetiva, a ISO criou um comité

responsável por tratar e desenvolver normas específicas no âmbito da sustentabilidade na construção

baseadas na gestão ambiental, nomeadamente avaliação ciclo de vida, declarações ambientais de produto

(ISO 14000), e planeamento de vida em serviço (ISO 15686). Este comité foi atribuída a designação

ISO/TC59/SC17.

Criado em 2002, este subcomité surge para continuar um trabalho preliminar realizado pelo SC3

fundamentado na normalização da sustentabilidade na construção civil, mais especificamente, para

elaborar um conjunto de normas que incluam todos os aspetos sociais, económicos e ambientais

referentes a esta matéria. O SC17 apresenta-se subdividido em 5 grupos especificados na Figura 4.7

tendo já sido publicadas como resultado da sua atividade algumas normas relevantes.

Figura 4.7 - Estrutura da Comissão e Normas realizadas

As normas referidas na Figura 4.7 são documentos utilizados como base para as normalizações europeias

que serão apresentadas posteriormente. De imediato importa realizar uma breve descrição destas

normas, focando resumidamente o seu âmbito e o seu objetivo especifico no contexto da sustentabilidade

da construção. [31]

ISO/TC59/SC17

WG1 -General

Principles and

Terminology

WG2 -Sustainability

Indicators

WG3 -Environmental declarations of

product

WG4 -Environmental performance of

buildings

WG5 - Civil Engineering

Works

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

53

ISO 15392:2008 – “Sustainability in building construction -- General principles” [32]

A norma foi desenvolvida e fundamentada na ideologia do desenvolvimento sustentável e estabelece os

princípios gerais que uma edificação deve seguir com vista à sustentabilidade. Esta aplica-se a todos os

componentes relacionados com edificações e obras de construção nomeadamente, materiais, produtos,

serviços e processos em todo o seu “ciclo de vida”, ou seja, desde o projeto até ao fim da sua vida útil.

No entanto, os princípios que esta estabelece são aplicados apenas de forma generalizada. As

especificações são âmbito de outras normas, e não prevê a fundação para a avaliação dos investidores e

níveis (benchmarks) para evidenciação da sustentabilidade.

A ISO serve apenas de guia de princípios e não se sobrepõe a normas nacionais ou internacionais da

mesma matéria. Em contrapartida, encontra-se em desenvolvimento, por este mesmo subcomité, uma

especificação técnica para promovê-la e auxiliar a sua implementação que é a ISO/TS 12720 NP -

“Sustainability in buildings and civil engineerig works – guidelines for the application of the general

principles on sustainability”.

ISO 21929-1:2011 – “Sustainability in building construction – Sustainability indicators –

Part 1: Framework for the development of indicators and a core set of indicators for

buildings”[22]

Norma criada com o objetivo de estabelecer um processo, que recorrendo a um conjunto específico de

indicadores, aborda os impactos das três dimensões que condicionam a sustentabilidade dum edifício:

ambiente, economia e sociedade. Esta, fundamentalmente, sugere e encaminha, a seleção de indicadores

mais apropriada com vista a sustentabilidade das edificações.

O Quadro 4.2 de indicadores, acima presente, é fornecido pela norma para avaliação do desempenho

económico, ambiental e social de um edifício ou grupo de edifícios. Focando os aspetos ambientais, a

norma individualiza e separa os indicadores pela forma como influenciam o ambiente: em cargas

ambientais, impactes ambientais ou os dois em simultâneo.

Quadro 4.2 - Indicadores norma ISO 21929-1:2011 [22]

Ambiente Económicos Social

Alterações Climáticas;

Destruição da camada do

ozono;

Acidificação;

Eutrofização;

Formação de oxidantes

fotoquímicos;

Esgotamento de recursos

não-renováveis;

Formação de poluentes

Investimento;

Deconstrução e tratamento

de resíduos;

Uso - Água, Energia, etc.;

Receitas geradas pela

construção;

Desenvolvimento do valor

económico do edifício

Qualidade dos Edifícios;

Efeitos da construção

relacionados com a saúde

e segurança dos

utilizadores;

Acessibilidade;

Satisfação do utilizador;

Qualidade arquitetónica

dos edifícios;

Proteção do património

cultural

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

54

Resumindo, esta norma:

Expressa um quadro de indicadores, adequados aos princípios gerais de

sustentabilidade, para avaliação dos impactos nos edifícios;

Defende o processo de seleção de indicadores e o desenvolvimento de

instrumentos de avaliação

Expõe a forma e o processo de utilização dos indicadores

ISO 21930:2007 – “Sustainability in building construction – Environmental declaration of

building products”[33]

Norma desenvolvida com o objetivo de complementar a ISO/FDIS 14025 através de requisitos e

especificações para a implementação das declarações ambientais do tipo III nos produtos da construção

fundamentadas na avaliação do ciclo de vida. Esta define uma estrutura para os requisitos básicos

necessários, definidos na ISO/FDIS 14025, para as Regras da categoria do produto (RCP), tal como, o

previsto para as declarações ambientais do produto tipo III nesta mesma norma.

A norma é especificamente indicada para empresas de comunicação empresarial, no entanto, o uso para

negócios com o consumidor em certas circunstâncias também pode ser adequado.

ISO/TS 21931-1:2010 – “Sustainability in building construction – Framework for methods

of assessment of the environmental performance of constructin works – Part 1:

Buildings”[34]

Esta norma tem o objetivo de providenciar uma estrutura que promova um progresso na comparabilidade

dos métodos para avaliação do desempenho ambiental dos edifícios. Sendo o objeto o local, as

instalações nas imediações e o próprio edifício novo, ou já existente, em todas as fases da sua vida útil

(projeto, construção, operação, renovação e desconstrução) a norma apresenta e descreve os dilemas

problemáticos da utilização destes métodos de avaliação.

Está previsto que esta parte da norma que aborda a vertente do ambiente, seja aplicada em conjunto com

os princípios presentes nas normas da série ISO 14000 de gestão ambiental. No entanto, está

estabelecido que o desempenho global dum edifício não depende somente do seu desempenho ambiental

mas também de inúmeros fatores de outra ordem.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

55

NORMALIZAÇÃO EUROPEIA

Na Europa, similarmente ao organismo de Normalização Internacional, existem entidades que

contribuem, de alguma forma, para a ideologia da sustentabilidade na construção civil. Entre estes, o

CEN (Comissão Europeia de Normalização) destaca-se pelo seu enquadramento e contributo. A sua

orgânica prevê também a existência de comités. Os que produzem trabalho na lógica da sustentabilidade

são os que se apresentam na Figura 4.8 [31]:

De todas acima referidas, a comissão com o papel mais significativo e focado nas medidas de

sustentabilidade para o setor é a CEN / TC 350. Esta tem os seguintes objetivos:

1) Considerar as necessidades das políticas europeias (cap.3) no âmbito dos produtos da construção

(Ex. Regulamento Produtos da construção, Diretiva Eco Design, Rótulos Ambientais);

2) Prever possíveis barreiras técnicas à livre circulação, tanto no mercado interno como no

internacional;

3) Articulação com a normalização internacional (ISO) existente e em vigor.

Como já enunciado anteriormente, um edifício deve ser avaliado como um todo, através das suas funções

e o desempenho pretendido pelo investidor. Para isso, é necessário avaliar, imprescindivelmente o seu

desempenho ambiental, económico e da saúde e conforto para os utilizadores. Nesta perspetiva, as

normas defendem um modelo que concilia estes três desempenhos, tendo sempre em consideração que

os impactos gerados nestes domínios ocorrem ao longo da vida útil do edifício, ou seja, desde a extração

da matéria-prima até ao destino final dos resíduos. Nesta ideologia, este comité baseia assim todo o seu

trabalho de normalização em torno da metodologia avaliação ciclo de vida, pois esta aborda e quantifica

a contribuição dos impactos gerados em todas as fases da vida útil de um edifício. É portanto considerada

como a ferramenta ideal para este tipo de análise.

Com a abordagem ciclo de vida em mente, o comité aponta para o desenvolvimento de métodos para a

avaliação da sustentabilidade de edifícios novos ou existentes e na criação de declarações ambientais de

produto para os produtos da construção, processos estes idealizados pela comissão europeia como dois

dos mais importantes para a implementação da sustentabilidade na construção e nos seus produtos.

CENTC 89 - "Thermal Performance of Buildings"

TC 126 - "Acoustic properties of Building Elements and of Buildings"

TC 156 - "Ventilation for Buildings"

TC 169 - "Energy Performance of Buildings"

TC 350 - "Sustainability of construction works"

TC 351 - "Construction Products - Assessement of Release of Dangerous Substancs"

TC 371 - "Energy Performance of Building Project Group"

Figura 4.8 - CEN - Comissões que contribuem para a sustentabilidade na construção

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

56

Em suma, as normas da TC 350, que começaram a ser publicadas em 2010, fornecem formas de

quantificação dos impactos da construção e auxílio na interpretação resultados com vista a facilitar

tomadas de decisão nesta indústria.

4.4.2.1 Normas CEN 350

Até ao momento este comité técnico publicou um conjunto de normas associado aos temas acima

referidos, que estão presentes no Quadro 4.3:

Estas normas pretendem dar resposta à necessidade da sustentabilidade na construção no espaço

Europeu estabelecendo diretrizes para a avaliação dos três pilares que influenciam essa sustentabilidade.

De seguida, descreve-se generalizadamente o âmbito, objetivos e conteúdo que cada uma tem, visando

uma construção mais sustentável.

EN 15643 – Avaliação da Sustentabilidade de Edifícios – Enquadramento [31,35]

Esta norma subdivide-se em 4 partes:

Parte 1 - Enquadramento Geral [36]

Parte 2 - Enquadramento para a avaliação do desempenho ambiental [37]

Parte 3 - Enquadramento para a avaliação do desempenho social [38]

Parte 4 - Enquadramento para a avaliação do desempenho económico [39]

Este conjunto de normas definem os princípios e requisitos gerais das metodologias de avaliação do

desempenho dos edifícios (ou partes deles) ao nível das 3 dimensões da sustentabilidade, tendo como

base a abordagem ciclo de vida. Foram criadas com o intuito de serem aplicadas em conjunto pois só

em sintonia a avaliação do desempenho do edificado, ao longo de todo o seu ciclo de vida, tem o

significado pretendido.

Pormenorizando, e especificando exatamente o citado na EN 15643, “os objetivos da avaliação de

edifícios são:

Determinar os impactos e aspetos do edifício e do seu sítio;

Permitir ao cliente, usuário e designer tomar decisões e escolhas que vão ajudar a atender à

necessidade de sustentabilidade dos edifícios.”

Quadro 4.3 - Normalização Europeia [35]

COMITÉ ESTRUTURA NORMAS

CEN/TR 15941:2010

EN 15643-1:2010

EN 15643-2:2011

EN 15643-3:2012

EN 15643-4:2012

EN 15804:2012

EN 15942:2011

EN 15978:2011

NORMALIZAÇÃO EUROPEIA - SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

TC

350

WG1 -"Environmental performance of Buildings"

WG3 - "Products Level"

WG4 - "Economic performance assessment of

Buildings"

WG5 - "Social performance assessment of Buildings"

WG6 - "Civil Engineering works"

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

57

Tendo como objetivo realçar as partes mais importantes da norma, ela especifica que “Um sistema de

avaliação do edifício pode conter mais de que uma parte metodológica: quantificação, parte analítica

(s) do método, e uma parte de avaliação (s), incluindo os juízos de valor. As normas neste âmbito lidam

apenas com a parte analítica. Por esta razão, estas normas não fornecem métodos de avaliação e não

definem níveis, classes ou valores de referência para qualquer medida de desempenho”. Tendo em

conta a citação, e focando simplesmente a utilidade da norma neste campo, elas limitam-se a estabelecer

as fronteiras gerais (limites) do sistema para a quantificação dos impactes, realçando que é com base

neles que a avaliação é posteriormente realizada.

Para além disto, elas esclarecem ainda 2 aspetos cruciais, abaixo citados:

1) “Os métodos de avaliação devem ser credíveis, transparentes e sistemáticos, a fim de

alcançar a comprovação, a transparência e a comparabilidade dos resultados da

avaliação.“.

2) “Os métodos de avaliação para um desempenho ambiental, social e económico de

edifícios dadas pelas normas no âmbito deste quadro têm em conta aspetos e os

impactos de desempenho que podem ser expressos com indicadores quantitativos e

qualitativos, que são medidos sem juízos de valor e que levam a um resultado claro

para cada indicador”.

Resumindo, as partes 2, 3 e 4 desta norma fornecem um conjunto de indicadores-chave para avaliação

de cada uma das dimensões da sustentabilidade ao longo de todo o ciclo de vida dos edifícios, e esse

ciclo de vida foi estabelecido para todo o conjunto de normas e é apresentado na Figura 4.9. Os métodos

de avaliação acima referidos que demonstram a forma como os indicadores são calculados e

quantificados estão presentes nas normas EN 15978 e pr EN 16309. No entanto, a norma pr EN 16309,

como podemos verificar pela designação é ainda uma pré-norma portanto não sendo por isso objeto de

uma abordagem detalhada na presente tese.

Figura 4.9 - Módulos do Ciclo de Vida considerados pelas normas CEN 350. [35]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

58

EN 15978 - Avaliação da Sustentabilidade de Edifícios – Avaliação do desempenho ambiental

de edifícios – Método de cálculo [40]

A presente norma é parte constituinte de um conjunto de normas europeias, especificações técnicas e

relatórios que em harmonização suportam a quantificação da contribuição de edifícações para uma

construção sustentável, e como consequência, para o desenvolvimento sustentável na perspetiva

ambiental. Esta tem como objetivo claro “fornecer regras de cálculo para a avaliação do desempenho

ambiental dos edifícios novos e existentes.”.[40]

A avaliação é realizada com base na Avaliação Ciclo de Vida e outras informações quantificadas para

estabelecer cada aspeto ambiental em cada uma das fases do ciclo de vida do edifício. Esta evidencia

como são obtidos os indicadores chave definidos na EN 15643-2, de acordo com o tipo de edifício e as

fases do seu ciclo de vida.

Segundo o citado na norma apresentada, esta preconiza os seguintes aspetos, que constituem dados base

para realizar a metodologia referida:

A descrição do objeto de avaliação;

A fronteira do sistema que se aplica ao nível de construção;

O procedimento a ser usado para a análise de inventário;

A lista de indicadores e procedimentos para o cálculo destes indicadores

Os requisitos para a apresentação dos resultados em relatórios e comunicação;

E os requisitos para os dados necessários para o cálculo.

Dos referidos aspetos, é importante realçar que os limites de cada módulo do sistema de avaliação é

crucial para garantir maior harmonização e entendimento da avaliação realizada, e inclusivé um maior

entendimento de outras avaliações similares.

A norma apresenta ainda um conjunto de tabelas tipo para apresentação de resultados da avaliação que

estão presentes no Anexo II. Estas foram criadas como referência para permitir aos utilizadores da

metodologia expressarem os seus resultados.

Todos estes aspetos abrangem todas as fases do ciclo de vida e estimulam a obtenção de dados a partir

das Declarações Ambientais de Produto (DAP (EPD)), que como já visto, são excelentes fontes de

informação para a avaliação do desempenho ambiental dos produtos. O recurso a outras fontes de

informação deve ocorrer somente quando for indispensável e relevante para a avaliação.

EN 15804 - Sustentabilidade das obras de construção - declarações de produtos ambientais

- Regras Básicos para a categoria de produto dos produtos de construção [41]

A EN 15804 é parte do conjunto de normas para avaliação de sustentabilidade e define as regras

necessárias para a categorização de produtos considerados como produtos da construção a fim de

fornecer meios para o desenvolvimento de uma declaração ambiental tipo III especifica para os produtos

da construção. Esta preconiza uma organização das DAP (EPD) em busca de uma harmonização em

termos de apresentação e verificação.

As DAP (EPD), como já referido, exprimem-se em módulos de informação que simplificam a

organização dos dados de todo o ciclo de vida do produto, e pretendem através da sua informação

verificável e exata no campo ambiental sustentar o suporte a bases científicas, escolhas justas e estimular

o mercado dos produtos e serviços da construção com vista a uma crescente melhoria ambiental.

A norma é aplicável aos produtos, processos e serviços da construção e as regras de categoria de produto

são baseadas nas normas ISO 21930 e ISO 14025, para poderem abranger comerciantes e utilizadores.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

59

Aprofundando o conteúdo da norma, esta estabelece que o núcleo das RCP respeite os seguintes aspetos:

a) Definição os parâmetros a serem declarados e a maneira em que são recolhidos e

relatados;

b) Descrição de quais os estádios do ciclo de vida do produto que são consideradas na

DAP (EPD) e os processos que estão a ser incluídos nas fases do ciclo de vida;

c) Definição de regras para o desenvolvimento de cenários;

d) Inclui as regras para o cálculo do Inventário do Ciclo de Vida e Avaliação do Impacto

do Ciclo de Vida subjacente à DAP (EPD), incluindo a especificação da qualidade dos

dados a serem aplicados;

e) Inclui as regras para a comunicação pré-determinada, a informação ambiental e de

saúde, que não é coberta pela ACV (LCA) para um produto, processo de construção e

serviços de construção, sempre que necessário;

f) Define as condições em que os produtos de construção podem ser comparados com

base na informação fornecida pela DAP (EPD).

Tendo em conta todos estes fatores, a norma adequa as DAP (EPD) para a avaliação do desempenho

ambiental, saúde e conforto dos edifícios na medida em que as regras presentes na norma permitem que

os dados das DAP (EPD) sejam consistentes, reprodutíveis e acima de tudo comparáveis, caraterística

fundamental para tomar a melhor decisão em termos ambientais.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

61

5 AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA

5.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo pretende concentrar-se na explicação da metodologia anteriormente apresentada e que é a

fundação para as normas de sustentabilidade dos trabalhos de construção a nível ambiental.

Mais concretamente, este capítulo vai abordar todo o procedimento da metodologia avaliação ciclo de

vida e dos métodos auxiliares à sua execução, apoiada pela norma internacional que a padroniza, a NP

EN ISO 14040:2008. Como tal, realizar-se-á uma abordagem geral do surgimento da norma, o porquê

da sua existência e onde se enquadra no panorama da normalização internacional. Vão também ser

apresentadas as diferentes tipologias que o método pode apresentar, clarificando qual a mais útil e

aplicável no âmbito do setor da construção. Executa-se ainda uma adaptação do método à atividade

construtiva realçando, as suas particularidades únicas e referindo as suas vantagens e limitações, sendo

este último um aspeto importante a reter da metodologia.

5.2 ENQUADRAMENTO GERAL

Como referido nos capítulos anteriores, a maior desafio das organizações está relacionado com a

implementação do conceito sustentabilidade. Contudo, este já é visto como um princípio importante na

formação de políticas governamentais e estratégias empresariais.[42] Este conceito tem uma interligação

enorme com a indústria construtiva, pois é ela que contribui massivamente com os seus impactes

ambientais. No entanto, a sensibilização destes aspetos ambientais na construção tem crescido

exponencialmente e está na ordem do dia a sua minimização. Para ocorrer esta minimização, e sendo as

edificações produtos únicos e com uma durabilidade fora do normal, ou seja, têm um ciclo de vida de

dezenas de anos, as organizações optaram por avaliar a sua sustentabilidade através de uma metodologia

que abranja todo o ciclo de vida das edificações e se adapte a todas as questões da sustentabilidade

denominada AVALIAÇAO CICLO DE VIDA.

Esta metodologia no campo da construção provém de um pensamento de abordagem das edificações a

que os especialistas chamam “Life Cycle Thinking”, que defende que os impactes gerados por um

produto ocorrem durante todo o seu ciclo de vida, ou seja, desde a sua extração até á sua disposição

final. No entanto torna-se necessário “quantificar” este pensamento e formular uma maneira de o poder

avaliar dentro do conceito base da sustentabilidade.

Tendo em conta esta ideologia, e relembrando que a sustentabilidade é o equilíbrio de 3 pilares

fundamentais – Ambiente, Economia e Sociedade, surgiu a primeira abordagem genérica a uma

metodologia de avaliação da sustentabilidade do ciclo de vida, que genericamente consiste na soma das

metodologias de avaliação das 3 componentes da sustentabilidade, como expresso na Figura 5.1.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

62

Em que:

LCA – Life Cycle Assessment

LCC – Life Cycle Cost

SLCA – Social Life Cycle Assessment

LCSA – Life Cycle Sustainable Assessment

Todas as partes são imprescindíveis para a avaliação da sustentabilidade de um produto, nomeadamente,

um edifício/ edificação/ construção/ empreendimento. [42;45]

LCC – Life Cycle Costing [42]

Esta importante componente da avaliação da sustentabilidade tem como definição generalizada os custos

“cradle-to-grave” resumidos num modelo de economia com o objetivo de avaliação de alternativas de

projeto e equipamentos. Ou seja, o LCC consiste no somatório de estimativas de custos, desde a

conceção até á disposição final de um produto, de acordo com o determinado num estudo que estima os

custos totais durante a vida do projeto tendo em conta a valorização do dinheiro no tempo.

Qualquer projeto de engenharia sem justificação económica é inviável, como tal bons projetos de

engenharia só se fazem com boa economia e traduzem o sucesso empresarial. Logo, o modelo LCC

permite melhorar a avaliação da eficácia dos custos de projeto a longo prazo. Visto isto, o objetivo

principal da LCC é escolher a alternativa mais rentável de um conjunto de alternativas com vista o menor

custo possível do produto a longo prazo.

Na generalidade dos casos, os custos de operação, manutenção e disposição são muitas vezes superiores

(2-20 vezes) que os custos iniciais de aquisição portanto a melhor solução é obtida quando o LCC total

é mínimo. Neste âmbito, esta abordagem auxilia a melhorar as perspetivas de negócios, destacando o

aumento da competitividade económica a fim de minimizar os custos a longo prazo.

LCA LCC SCLA LCSA

Figura 5.1 - Componentes para a Avaliação da Sustentabilidade

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

63

Contudo, isso não é tarefa fácil, pois no seio de muitas empresas existem diferentes interesses entre

departamentos o que causa alguns problemas e conflitos. Esses problemas são facultados na Figura 5.2.

A gestão destes conflitos pode ser controlada recorrendo ao LCC. Como tal, a ISO criou um conjunto

de normas a que denominou “ISO 15686 - Buildings and constructed assets - Service-life planning”.

Esta subdivide-se em 11 partes pertencendo a uma delas (parte 5) unicamente ao Life Cycle Costing.

Ela define que “Life Cycle Costing é uma técnica valiosa que é usada para prever e avaliar o

desempenho de custo de ativos construídos”. A norma tem uma ampla abrangência e pretende

estabelecer uma metodologia comum para o LCC a fim de melhorar as tomadas de decisão e avaliação

de processos nas fases mais relevantes de um projeto através da comparação de alternativas. No primeiro

capítulo da referida norma, menciona-se a importância que esta metodologia tem no fornecimento de

informação para o desempenho ambiental (ACV (LCA)). A metodologia LCC não é âmbito da presente

tese, no entanto, realça-se a sua importância na conceção de projetos na sociedade atual.

Concluindo, o LCC é um complemento muito útil para as outras 2 componentes, uma vez que um

produto sustentável deve ter um custo razoável e ser rentável para ter aceitação no mercado. Sendo as

decisões dos consumidores apoiadas, na maioria das vezes, unicamente no fator preço, é da

responsabilidade das empresas fornecer informação da fase de utilização dos seus produtos com vista a

influenciar o consumidor na modificação as suas escolhas e contribuírem intrinsecamente para o

pensamento de desenvolvimento sustentável.

SLCA – Social Life Cycle Assessment [42]

Terceira componente da sustentabilidade que se diferencia das outras duas componentes pelas

dificuldades que apresenta na sistematização de uma metodologia. O maior dilema de avaliação dos

impactes sociais depreende-se com a natureza e escala dos seus indicadores. Ao contrário dos

indicadores da ACV (LCA) e do LCC, muitos indicadores sociais são qualitativos o que dificulta a sua

perceção, avaliação e consenso para estabelecer uma metodologia mundialmente aceite.

Problemas Frequentes em Grandes Empresas de Engenharia

ENGENHARIA DE PROJETO - Minimizar os custos de capital

ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO - Minimizar numero de horas de reparação

PRODUÇÃO - Maximizar o tempo útil de horas

ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE - Evitar falhas

CONTABILIDADE - Maximizar o valor presente líquido de projeto

ACIONISTAS - Aumentar a sua riqueza

Figura 5.2 - Problemas Frequentes

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

64

Os principais problemas numa SLCA são [45]:

Relacionar quantitativamente os indicadores para a unidade funcional do sistema;

Obter dados específicos dos indicadores;

Decidir entre muitos indicadores, sendo maioria qualitativos;

Quantificar adequadamente todos os impactes;

Avaliar os resultados.

No entanto, muitos estudos têm sido desenvolvidos nesta temática, e muito recentemente a CEN, criou

normas com vista a avaliação desta componente, a EN 15643-3 e a prEN 16309.

Visto isto, e focando o âmbito da presente tese, a metodologia a ser abordada é a correspondente à

vertente ambiental, portanto, a ACV (LCA).

5.3 METODOLOGIA ACV (LCA)

ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E PANORAMA NORMATIVO

Por natureza, poder-se-á dizer genericamente que a atividade construtiva não é “amiga do ambiente”

devido aos impactes que gera nesse meio. Como tal, a preocupação no campo dos edifícios tem vindo a

crescer no sentido em que a melhoria ambiental neste setor revela-se fundamental para um futuro

sustentável das sociedades, algo que no mundo atual se prevê de difícil alcance. Nesse sentido, as

organizações necessitam de abordar os impactes ambientais causados pelos processos e produtos

construtivos durante o ciclo de vida dos empreendimentos e avaliá-los de forma a poderem realizar a

tomada de decisão mais adequada e sustentável. Para suplantar essas necessidades, a metodologia ACV

(LCA) é uma técnica única, e a mais adequada e adaptada à realidade construtiva, pois compreende

todos os impactes significativos de cada um dos seus componentes em cada fase do seu ciclo de vida e

agiliza, suporta o processo de decisão.

A ACV (LCA) é uma metodologia de avaliação do desempenho ambiental de um edifício ou produto e

permite aos decisores a possibilidade da adoção das tecnologias, produtos e processos mais adequados

para uma melhor prática das atividades construtivas desde a extração de matérias-primas até a disposição

final do produto. [46] Com isto, o desenvolvimento de normas, ferramentas e instrumentos em torno

desta metodologia têm evoluído consideravelmente e, como tal, a promoção de práticas construtivas

cada vez mais sustentáveis.

A metodologia ACV (LCA) é a única metodologia de avaliação do desempenho ambiental normalizada

internacional [44]. Isso transmite confiança no seu procedimento aos utilizadores. Ela apresenta 2

objetivos principais:

Quantificar e avaliar o desempenho ambiental de um produto ou processo em todo o seu ciclo

de vida (desde a extração até à disposição final);

Ajudar nas tomadas de decisão ao nível da seleção de produtos e serviços.

Para além destes, a ACV (LCA) serve de base para avaliar potenciais evoluções no desempenho

ambiental de sistemas de produto.

Como tal, a metodologia apresenta várias aplicações, tanto a nível público como privado. Dessas

aplicações destacam-se as seguintes: [44]

Planeamento Estratégico ambiental para a escolha da melhor opção praticável. Por Exemplo,

comparação dos impactes ambientais de diferentes produtos com a mesma função;

Comparação de cenários regionais, económicos ou culturais de um produto;

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

65

Identificação de oportunidades de melhorias ambientais e pontos críticos em cada uma das

fases do ciclo de vida de um produto;

Otimização do design e inovação de produtos e processos;

Criação de uma ferramenta para a gestão do sistema ambiental e relatórios ambientais.

A Comissão Técnica responsável pelo desenvolvimento das normas de gestão ambiental chama-se ISO

TC/207 e a sua composição esta expressa na Figura 5.3. Esta defende que a forma mais eficaz de otimizar

o desempenho ambiental dos produtos e inclusivé das organizações é otimizando as suas práticas de

gestão. Desta forma, limites ou critérios de desempenho para produtos não fazem parte da sua forma de

proceder.

Como se pode facilmente visualizar na Figura 5.3 existe um subcomité responsável unicamente pelas

normas referentes à aplicação do método avaliação ciclo de vida. Desde a sua criação em 1992, este

subcomité publicou várias normas das quais se encontram em vigor as seguintes [47]:

NP EN ISO 14040:2008 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Princípios e

enquadramento

NP EN ISO 14044:2010 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Requisitos e linhas de

orientação

ISO/TR 14047:2012 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Exemplos ilustrativos como

utilizar a ISO 14044 para situações de avaliação de impactes.

ISO/TS 14048:2002 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Formatação da

documentação

ISO 14049:2012 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Exemplos ilustrativos como

utilizar a ISO 14044 para a definição de âmbito e objetivos e análises de inventário

A comissão idealizou que toda e qualquer obra devia respeitar um conjunto de requisitos de desempenho

funcionais e técnicos, e ainda assegurar que a construção apresenta o desempenho pretendido nos

domínios ambiental, social e económico. Um ponto fundamental para garantir estes domínios é a

avaliação do desempenho de todos os materiais de um trabalho de construção, com vista, à padronização

ISO

TC

/20

7

SC1 - ENVIRONMENTAL MANAGEMENT SYSTEMS

SC2 - ENVIRONMENTAL AUDITING AND RELATED ENVIRONMENTAL INVESTIGATIONS

SC3 - ENVIRONMENTAL LABELLING

SC4 - ENVIRONMENTAL PERFORMANCE EVALUATION

SC5 - LIFE CYCLE ASSESSMENT

SC7 - GREENHOUSE GAS MANAGEMENT AND RELATED ACTIVITIES

Figura 5.3 - Estruturação da comissão responsável pela ACV (LCA)

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

66

da produção, transporte, processo construtivo, utilização e fim de vida para que sejam considerados em

conjunto.

NP EN ISO 14040:2010 – “PASSOS PARA REALIZAR UM ACV (LCA) GENÉRICO”

Esta norma foi criada com o intuito de estabelecer e definir os princípios e enquadramento da

metodologia ACV (LCA). Qualquer produto, independentemente do material que o constitui e da forma

que atua na natureza, seja pela sua produção (matérias-primas e energia necessária a consumir), uso ou

disposição final, provoca um impacte no ambiente. Nesse sentido a ACV (LCA) é, genericamente, uma

ferramenta de gestão ambiental para avaliação do desempenho ambiental dos produtos desde a extração

da sua matéria-prima até á disposição final.

Esta técnica é bastante útil em diversas áreas e tem com principais objetivos [49]:

Facultar uma visão mais ampla das interações entre uma atividade e o ambiente;

Compreender o meio ambiente no âmbito das consequências ambientais das atividades

humanas;

Facultar um precioso auxílio na tomada de decisão, estabelecendo parâmetros das atividades

com vista a explicitar os seus impactes ambientais e identificar oportunidades para melhorias

destes.

Realizar um estudo ACV (LCA) independentemente do propósito é algo bastante complexo, portanto

neste capítulo pretende-se desmistificar as fases constituintes da avaliação para permitir um maior

entendimento do que se vai tratar e definir no capítulo 6, referente ao caso prático, e também para os

possíveis leitores compreenderem o necessário para a execução desta análise.

Segundo esta norma um estudo ACV (LCA) divide-se em 4 etapas base distintas, como mostra a Figura

5.4 e presente na norma.

Como é facilmente visualizável na Figura 5.4, estas são as 4 etapas necessárias para realizar uma ACV

(LCA). Como tal, de seguida clarifica-se cada uma delas realçando as suas particularidades e

pormenores.

Figura 5.4 - Etapas da ACV (LCA) [49]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

67

DEFINIÇÃO DO OBJETIVO E ÂMBITO

A ACV (LCA), tal como todos os modelos, são uma aproximação e simplificação da realidade, portanto

o desafio para os seus praticantes é que essa simplificação não influencie significativamente os

resultados. [50] Esta é a primeira etapa do processo e é onde se define o objetivo da avaliação, assim

como o tipo de avaliação dos impactes ambientais de acordo com o processo de decisão pretendido pelo

avaliador.

Neste sentido, a definição do âmbito e do objetivo vai determinar a duração e quantidade de recursos

necessários para a realização da avaliação, bem como, conduzir todo o processo, de forma a garantir que

os resultados significativos são alcançados. Um aspeto importante a realçar é o facto de cada decisão

tomada durante esta fase condicionar a condução do projeto e a relevância dos resultados finais.

Portanto, expõem-se e desenvolvem-se seis decisões base a serem tomadas no início da avaliação para

efetivar o tempo e recursos necessários. As decisões a tomar devem ser as seguintes:

1) Definir o objetivo do projeto

Normalmente o objetivo primordial da avaliação é a escolha da melhor solução, ou seja, a que representa

um menor impacte à saúde humana e ambiental. No entanto, podem haver outros objetivos, como

auxiliar o desenvolvimento de novos produtos através da redução de recursos e emissões. Os inventários

resultantes da avaliação podem assim ter inúmeras aplicações, entre as quais [46]:

Suporte a avaliações ambientais;

Estabelecimento da informação base de execução de um produto;

Atribuição de rankings ao nível da contribuição relativa de cada fase;

Identificação de possíveis lacunas nos dados;

Auxilio à formulação de políticas governamentais;

Fornecimento de informação para auxiliar a tomada de decisão;

Guia os fabricantes no desenvolvimento de novos produtos ou alteração de processos.

2) Determinar qual o tipo de informação necessária para informar os decisores

A avaliação pretende auxiliar os decisores. Portanto, deve ter em conta as questões que os preocupam,

como por exemplo, qual é o produto que provoca menos danos no geral ou numa etapa específica ou

como possíveis mudanças vão alterar os impactes ambientais nas fases ciclo de vida. A deteção dessas

questões vai permitir uma melhor definição dos parâmetros a estudar e enquadrar o tipo de informação

necessária para lhes dar responder.

3) Determinar a especificidade requerida

O grau de especificidade é algo que deve estar definido e explícito de forma a permitir uma maior

capacidade de compreensão das diferenças entre os resultados finais por parte dos leitores. Outro aspeto

importante depreende-se pelo realizador da avaliação durante o estudo e antes da recolha de dados

verificar se a abordagem selecionada continua adequada ao uso pretendido da avaliação.

4) Definir como os dados e resultados são apresentados

Sendo a ACV usada fundamentalmente para a comparação de produtos, é muito importante que a

organização dos dados venha de acordo com uma unidade funcional que defina a função do produto a

estudar. Definir a unidade funcional de um produto é um passo importante, pois a sua seleção adequada

permite uma melhor precisão do estudo e uma maior utilidade dos resultados na medida da comparação

entre produtos.

Na comparação de produtos é crucial que a base de comparação seja o uso equivalente, ou seja, a

quantidade de produto necessária pelo consumidor para atingir o uso pretendido. Dando um exemplo

"Processo para avaliar as implicações ambientais de um produto, processo ou atividade,

através da identificação e quantificação dos usos de energia e matéria e das emissões

ambientais; avaliar o impacte ambiental desses usos de energia e matéria e das emissões; e

identificar e avaliar oportunidades de realizar melhorias ambientais"

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

68

simples como a escolha de um produto de lavagem de mãos, se compararmos sabão em barra com sabão

líquido, a base de comparação deve ser a quantidade de sabão necessária para executar o mesmo número

de lavagens. Com produtos da construção é exatamente este o dilema que ocorre nas decisões. Por

exemplo, para comparar um elemento em estrutura metálica com betão armado a unidade funcional deve

ser “elemento que suporte uma carga de 15 kN/m” ou “quantidade de material para executar um

elemento com uma volumetria de n m3”, pois a comparação direta de 1 Kg de aço com 1Kg de betão

armado se não for considerada a quantidade de material necessária para atingir o comportamento

pretendido, não é uma unidade funcional apropriada. [20]

5) Definir o âmbito do estudo

Cada passo/processo do ciclo de vida de um produto é catalogado a uma fase desse ciclo de vida. Pode

portanto ser considerado como um módulo constituinte de um conjunto de módulos que compõe a vida

de um produto. Sendo este processo idealizado através de módulos, o processamento do ciclo de vida

de um produto torna-se mais percetível ao nível da obtenção de dados para o inventário do sistema.

Associado a isto, também os sistemas de produtos são mais compreensíveis se a sequência de operações

for categorizada em, primárias e secundárias. As sequências primárias são o conjunto de atividades que

contribuem diretamente para executar, utilizar e descartar o material enquanto as secundárias incluem

os materiais e processos auxiliares para executar a sequência primária. Ao estabelecer este sistema, o

analista tem de definir limites para este, de acordo com o tipo de estudo pretendido, clarificando e

justificando as razões dessa limitação.

Na definição dos limites do sistema é essencial incluir todos os passos que podem condicionar a

interpretação geral e a abordagem às questões para as quais o estudo está a ser executado. A limitação

do sistema também permite uma diminuição de recursos para obter o inventário ciclo de vida mas sem

nunca comprometer a base do estudo, pois o grau de especificação do inventário depende do objetivo e

tamanho do sistema definido. Num grande sistema, certos detalhes e informações podem ser omissos

pois não tem significado e, como tal, não condicionam a qualidade dos resultados pretendidos do estudo.

Após definição dos limites deve-se executar um diagrama para melhor entendimento do processo em

que cada etapa do sistema deve ser representada individualmente e incluir a respetivas entradas e saídas.

Na Figura 5.5 encontra-se o funcionamento dum sistema de produto de acordo com a norma NP EN ISO

14044.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

69

Figura 5.5 - Funcionamento de um sistema de produto [51]

6) Determinar regras base para realizar o estudo

Um estudo ACV pode apresentar um elevado grau de complexidade e ter como objeto diversos leitores,

portanto é importante seguir algumas regras para evitar interpretações distintas. As mais importantes

encontram-se definidas em baixo:

Todas as decisões e pressupostos admitidos no projeto devem ser documentadas a fim dos

resultados finais não serem mal interpretados devido á omissão desses pressupostos. Limitações

e pressupostos a meio do projeto podem ser necessários para completá-lo mediante os recursos

temporais disponíveis

Procedimentos da garantia da qualidade são importantes para assegurar que o objetivo do estudo

é cumprido, mas o seu nível depende dos recursos disponibilizados. Por exemplo, se os

resultados tiverem como alvo o público, torna-se importante um processo de revisão formal para

garantir mais credibilidade aos resultados.

A forma de reportar os requisitos do estudo, o que este deve incluir e como os resultados finais

são documentados, são aspetos importantes para garantir o nível de satisfação previsto para o

produto.

O relatório deve definir claramente o seguinte:

1. Sistema analisado

2. Limites definidos

3. Todas as suposições e bases de comparação

As normas nesta etapa apresentam alguns requisitos necessários para o estabelecimento do objetivo e o

âmbito dum estudo ACV. Estes encontram-se sistematizados no Quadro 5.1, e devem ser todos

abordados a fim de atingir os resultados pretendidos desta metodologia.

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70

Resumindo, é nesta etapa que são identificados e especificados os seguintes aspetos, de acordo com a

aplicação pretendida para o estudo: [20]

1) Objetivos;

2) Público-alvo do estudo;

3) Etapas do ciclo de vida que constituem o elemento a construir e a sua

importância para o objetivo;

4) Unidade funcional e as condições de fronteira;

5) Metodologia para a alocação dos impactes e consumo de matérias-primas em

cada fase

INVENTÁRIO

Esta fase engloba essencialmente a recolha e descrição dos dados para a determinação das entradas e

saídas do sistema de produto. Um inventário ciclo de vida (ICV) é o processo de quantificação das

matérias-primas e energia necessárias, emissões atmosféricas e água, e resíduos sólidos criados durante

o ciclo de vida de um produto ou processo. Este tem um papel preponderante na metodologia e apresenta

fortes razões para ser executado, das quais, se salientam as seguintes [46]:

1) Sem inventário, não há base de dados para avaliar e comparar impactes

ambientais impossibilitando possíveis melhorias;

2) O seu resultado permite ajudar uma organização na seleção de materiais tendo

em conta simplesmente os fatores ambientais e auxiliar o desenvolvimento de

regulamentos nacionais sobre a utilização de recursos e emissões ambientais.

Mais concretamente, um inventário serve para criar uma lista com as quantidades de matérias-primas,

energia consumida e emissões ambientais. Esta lista pode ser apresentada por fase de ciclo de vida, meio

ambiental, processos específicos ou combinações destes.

Quadro 5.1 - Etapa ACV - Objetivos e Âmbito

OBJETIVO ÂMBITO

Sistema de produto a estudar;

Funções do sistema do produto;

Unidade Funcional;

Fronteira do sistema;

Procedimentos de alocação;

Requisitos dos dados;

Pressupostos;

Limitações;

Requisitos da qualidade dos dados inicias;

T ipo de revisão crítica (Se Existir);

ETAPA

Categorias de impacte selecionadas e

metodologia da avaliação de impacte, e

interpretação posteriormente a ser utilizada;

T ipo e formato do relatório requerido para o

estudo

Aplicação pretendida;

Razões da realização do estudo;

Quem se pretende comunicar os

resultados do estudo;

Se os resultados se destinam a ser

utilizados em afirmações comparativas

para divulgação pública

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71

Sendo este processo iterativo, há possibilidade da aparição de novos requisitos de dados ou limitações

que alterem o processo e provoquem uma modificação dos objetivos do estudo. Estes dados são

divididos em categorias [49]:

Entradas: energia, matérias-primas, auxiliares e físicas;

Saídas: produto, coprodutos e resíduos;

Emissões: ar;

Descargas: água e solo;

Outros aspetos ambientais.

Segundo a USEPA, a fase de inventário ciclo de vida pode ser dividida em 4 partes [46]:

1) Desenvolver um diagrama de fluxo dos processos a serem avaliados;

2) Desenvolver um plano de recolha de dados;

3) Recolher os dados;

4) Avaliar e relatar os resultados.

O inventário é crucial para executar a ACV (LCA). No entanto, é um processo bastante moroso e que

despende muitos recursos, pois os dados tem que ser obtidos aos produtores através de questionários.

Em contrapartida, cerca de 80% dos dados comuns da metodologia estão disponíveis em bases de dados,

literatura e internet, o que facilita a sua obtenção [20]. Pode também no entanto prejudicar a veracidade

dos resultados se os dados forem desapropriados ao produto ou de fonte duvidosa.

AVALIAÇÃO

Utilizando os resultados do inventário, recorre-se a um processo técnico a fim de avaliar e expor o

significado dos potenciais efeitos ambientais ao qual se denomina de avaliação do impacte ambiental.

Esta fase consiste em determinar para as categorias de impacte ambiental (p.e. aquecimento global,

acidificação), a possível contribuição do produto analisado. Basicamente, uma avaliação ciclo de vida

fornece um procedimento para classificar e caracterizar os impactes ambientais.

Embora o inventário ciclo de vida seja um excelente processo de aprendizagem, a sua avaliação

fundamenta ainda mais uma base significativa para a realização de comparações. Clarificando com um

exemplo, um ICV fornece uma quantidade específica de CO2 e de metano que apesar de sabermos que

são ambos prejudiciais não podemos determinar qual teria o mais potencial de impacto sem a execução

desta fase. Logo o papel da AICV é evidente para calcular o impacto que cada um destes vai ter em

impactes associados a emissões atmosféricas. Os resultados de uma AICV podem assim demonstrar as

diferenças dos potenciais impactos ambientais. A norma NP EN ISO 14040:2008 subdivide esta fase

em elementos obrigatórios e elementos opcionais, ou seja, para ser considerada uma avaliação tem de

obrigatoriamente incluir todos os elementos obrigatórios caso contrário será apenas considerado um

inventário de ciclo de vida. Os elementos da avaliação encontram-se presentes na Figura 5.6, adaptada

da norma.

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72

Figura 5.6 - Etapas Avaliação do Inventário Ciclo de Vida

A primeira etapa consiste em selecionar as categorias de impacto a considerar no estudo. Para a AICV

os impactes são as consequências que poderiam ser provocadas pelas entradas e saídas do sistema de

produto durante toda a fase do ciclo de vida sobre os recursos naturais, saúde humana e saúde da fauna

e flora.

Dos elementos obrigatórios destacam-se 2 etapas:

1) Classificação

Etapa que consiste em analisar e estruturar os resultados do inventário, compostos por inúmeras

emissões distintas e parâmetros da extração de recursos, e organiza-los nas categorias de impacto

relevantes para a análise (Ex: CO2 e CH4 contribuem para o aquecimento global). Uma nota importante

é que certas emissões podem ser atribuídas a uma ou mais categorias de impacto e a forma de atribuição

pode ocorrer de 2 formas [46]:

Repartir os resultados do ICV pelas categorias em impacto para os quais contribuem.

Deve tomar-se esta opção se os efeitos forem considerados dependentes uns dos

outros;

Atribuir a totalidade dos resultados pelas categorias de impacto que afeta. Deve

tomar-se esta opção se os efeitos forem independentes.

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73

Exemplificando, como NO2 pode potencialmente afetar a formação de ozono no solo e a acidificação

em simultâneo, a quantidade total de NO2 deve ser atribuída a ambas as categorias de impacto. Este

procedimento deve ser clarificado, devidamente justificado e reportado nos resultados.

Dióxido de Carbono (CO2)

Dióxido de Azoto (NO2)

Metano (CH4)

Clorofluorcarboneto (CFC)

Brometo de Metil (CH3Br)

Clorofluorcarboneto (CFC)

Halon

Brometo de Metil (CH3Br)

Óxidos Enxofre (SOx)

Óxidos Nitrogénio (NOx)

Ácido Clorídrico (HCl)

Ácido Fluorídrico (HF)

Amónia (NH4)

Fosfato (PO4)

Óxido Nitrogénio (NO)

Dióxidos Nitrogénio (NO2)

Nitratos

Amónia (NH4)

Quantidade de minerais usados

Aquecimento

Global

Hidroclorofluorcarbonetos

(HCFC)

Global Potencial de

Aquecimento Global

Converter dados ICV para

CO2 equiv.

Categorias

de ImpacteEscala Exemplos Dados ICV

Possível Fator

Caracterização

Descrição do

Fator de

Caracterização

Destruição

Camada do

Ozono

Estratósférico

Global Potencial Destruição

da Camada de Ozono

Converter dados ICV para

triclorofluormetano

(CFC-11) equiv.

Acidificação Regional

Local

Potencial Acidificação Converter dados ICV para

iões hidrogénio (H+)

equiv.

Potencial

Esgotamento de

Recursos

Converter dados ICV para

uma racio de quantidade

de recursos usados contra

quantidade de recursos

deixados na reserva

Impactes Ambientais - Caracterização

Potencial Criação

Oxidantes

Fotoquímicos

Converter dados ICV para

Etano (C2H6) equiv.

Esgotamento de

Recursos

Global

Regional

LocalQuantidade de combustíveis

fósseis usados

Eutrofização Local Potencial

Eutrofização

Converter dados ICV para

Fosfato (PO4) equiv.

Poluição

atmosférica

fotoquímica

Local Hidrocarboneto não-metano

(NMHC)

Hidroclorofluorcarbonetos

(HCFC)

Quadro 5.2 - Etapa Caraterização - Impactes Ambientais [46]

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74

2) Caraterização

Etapa que aborda e clarifica a contribuição relativa de cada resultado obtido no valor indicado de

cada categoria de impacto denominada. Para realizar esta conversão e combinação de resultados do

ICV é necessário utilizar fatores de conversão obtidos através de um método auxiliar à avaliação

dos impactes, fatores estes denominados fatores de caracterização. Estes fatores permitem

comparar diretamente a contribuição dos resultados do ICV dentro de cada categoria de impacte

selecionada, isto é, tornar os dados obtidos do inventário em indicadores de impacto diretamente

comparáveis.

A Figura 5.7 é um exemplo, segundo o método BEES, que contém os fatores de caracterização referentes

á categoria de impacte de Eutrofização. A fórmula genérica de cálculo encontra-se em baixo e é a base

para calcular um único índice para cada categoria de impacto.

𝐷𝐴𝐷𝑂𝑆 𝐼𝑁𝑉𝐸𝑁𝑇Á𝑅𝐼𝑂 × 𝐹𝐴𝑇𝑂𝑅 𝐶𝐴𝑅𝐴𝐶𝑇𝐸𝑅𝐼𝑍𝐴ÇÃ𝑂 = 𝐼𝑁𝐷𝐼𝐶𝐴𝐷𝑂𝑅 𝐷𝐸 𝐼𝑀𝑃𝐴𝐶𝑇𝑂 (5.1)

𝐸𝑃 = ∑ 𝑚𝑖

𝑛

𝑖=1

× 𝐸𝑃𝑖 (5.2)

Onde, mi – massa (em gramas), obtida do inventário para um emissão i e EPi – fator de caracterização

da Eutrofização associado á emissão i.

Desta forma a caracterização pode colocar no mesmo ponto de igualdade os diferentes produtos de modo

a determinar a quantidade de impacto que tem em cada categoria de impacte.

A fim de auxiliar a etapa da AICV, existe um conjunto de métodos com o único objetivo de avaliar as

categorias de impactes para os tornar em indicadores de impactes ambientais. Destes métodos destacam-

se o CML 2001,o Eco-Indicator 9, o BEES, o IPCC 2001 GWP e o Cumulative energy demand.

Figura 5.7 - Exemplo Fatores de Caracterização do BEES [52]

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75

Estes métodos, como explicita na Figura 5.8, são divididos em 2 tipos:

Mid-Points – Métodos direcionados para o mecanismo ambiental que gera o problema

End-Points – Métodos orientados para o problema

Os métodos geralmente utilizados nas avaliações são: o CML 2001, para as categorias de impacte

relacionadas com emissões e o Cumulative energy demand para as categorias de impacte relacionadas

com o consumo de recursos energéticos. Estes métodos são do tipo mid-points e são os utilizados pelas

DAP (EPD) para a quantificação dos indicadores ambientais dos produtos, que sendo todos avaliados

com os mesmos métodos, permitem integrar a informação nas bases de dados existentes. Como já citado

pelo RPC, as DAP (EPD) são uma excelente fonte de informação que, quando disponíveis devem ser

utilizadas. Se estas respeitarem os requisitos impostos e forem catalogadas numa base de dados comum

permite a análise comparativa de soluções, e como tal, a seleção da solução ambientalmente mais

indicada.

Os elementos opcionais resumem-se a 2 etapas também, que apesar de serem facultativas, são das mais

importantes para obter resultados com vista à comparação de produtos. Sem estas etapas os resultados

até então não permitem tirar qualquer tipo de ilação e muito menos auxiliar na escolha pelo produto

ambientalmente mais adequado.

Figura 5.8 - Estrutura dos métodos de avaliação de categorias de impacte [53]

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1) Normalização

Etapa seguida da caraterização, em que se equipara as categorias de impacto ambiental,

homogeneizando-as na mesma unidade. A normalização consiste em uniformizar os dados dos

indicadores de impacte dividindo-os por valores de referência selecionados, de forma a serem

comparados entre si e evitar efeitos de escala na agregação [54]

Esta normalização segue dois propósitos base [53]:

1. Categorias de impacte que têm uma muita pequena quantidade de contribuição se

comparada com outras, podem não ser consideradas, reduzindo assim o número que é

necessário avaliar;

2. Os resultados da normalização demonstram a ordem de grandeza dos problemas

ambientais gerados comparados com as cargas totais no local que se pretende estudar.

2) Agregação

Etapa com a particularidade de agrupar as categorias de impacte em conjuntos com vista facilitar a

interpretação de resultados de acordo com o interesse pretendido.

Os indicadores das categorias têm duas formas possíveis de serem agrupados [53]:

Organizando-os por características específicas como emissões para o ar/água ou por localização

de atuação (local, regional ou global);

Organizando-os através de um ranking, onde as categorias de impacte são classificadas e

estruturadas por grau de importância

Como visto na Figura 5.6 ainda existe outra etapa, considerada como a mais controversa e difícil da

avaliação, denominada ponderação, também conhecida por valorização, que consiste em atribuir pesos

ou valores relativos às diferentes categorias de impacte com base na sua importância. Esta etapa é

bastante utilizada na metodologia AVC (LCA), no entanto é a menos evoluída das etapas de avaliação

e não se baseia em nenhum processo científico. Portanto a integridade em relação aos pesos

estabelecidos para os indicadores das categorias de impacte podem ser postos em causa. Para evitar

situações como esta é fundamental que a ponderação seja claramente explícita, esclarecedora e

documentada.

Normalmente, a ponderação engloba 3 atividades distintas [53]:

Identificação dos valores cruciais das partes interessadas na avaliação;

Determinar os pesos para os impactes;

Aplicar esses pesos aos indicadores das categorias de impactes;

Todos os dados, sendo ponderados ou não, devem ser apresentados em conjunto a fim de garantir uma

compreensão clara dos pesos atribuídos. No entanto, é importante realçar alguns aspetos relevantes desta

etapa.

A decisão pode ser tomada sem este passo, isto é, em muitas situações os resultados obtidos são de tal

forma simples e óbvios que facilmente se percebe qual a melhor solução. A ponderação não traria

qualquer benefício nem iria alterar a ordem de preferência da escolha realizada.

Outra questão importante é referente aos desafios inerentes à ponderação. Qualquer que seja o juízo de

preferência dos indicadores das categorias de impacte, esse juízo de valor é subjetivo pois pode variar

com o local e altura do ano em que se realiza a avaliação. Tendo em conta este aspeto, surge uma

pergunta legítima por parte dos utilizadores: “Como é possível que os decisores tomem uma decisão

justa e consistente tendo em conta o interesse ambiental se a ponderação é algo subjetivo?”. Com todas

estas circunstâncias está claro que uma metodologia de ponderação objetiva não é viável. Contudo,

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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existem vários processos neste campo que são utilizados no setor da construção e não só, e têm algum

sucesso nas tomadas de decisão como o método AHP ou a técnica Delphi modificada. [46] Estes

métodos não serão abordados por não estarem inseridos diretamente no âmbito da presente tese.

INTERPRETAÇÃO

A última etapa desta análise é considerada por muitos como a mais importante, pois é nela que os

resultados da avaliação ou inventário são examinados e se retiram as ilações de quais os materiais e

processos que contribuem mais para os impactos dum produto e se elaboram análises de incerteza dos

resultados.

É importante esclarecer que os resultados obtidos são fundamentados numa abordagem relativa que

apontam potenciais efeitos e não antecipam efeitos reais, valores limites, margens de segurança ou

potenciais riscos. No entanto, se estiverem em conformidade com o objetivo e âmbito da análise,

poderão auxiliar sob a forma de recomendação para os decisores.

5.4 VANTAGENS DA METODOLOGIA

Face á apresentação da informação sobre a metodologia referida anteriormente, a maior vantagem

referente a ela é, sem dúvida, auxiliar os decisores (arquitetos e engenheiros) a escolher o produto ou

processo que induz um menor impacte no meio ambiente. A informação fornecida também permite a

associação com outros aspetos, como o custo e os dados de desempenho, o que possibilita a consideração

de diversos fatores na decisão. Outra vantagem a realçar é a possibilidade de identificar, através dos

dados da ACV (LCA), a transferência dos impactes ambientais de um meio para outro e/ou de uma fase

do ciclo de vida para outra, como por exemplo, reciclar um produto e reutilizá-lo de novo.

Para além destes aspetos importantes, o desenvolvimento de uma ACV (LCA) permite aos analistas

[46]:

Desenvolver uma avaliação sistemática dos impactos ambientais associados a um determinado

produto;

Analisar o ambiente trade-off associado com um ou mais produtos / processos específicos para

ajudar a ganhar a aceitação das partes interessadas (Estado, comunidade, etc.) para uma ação

planeada;

Quantificar libertações ambientais para o ar, água e terra em relação a cada estágio do ciclo de

vida e / ou grande processo de contribuição;

Auxiliar na identificação de mudanças significativas em impactos ambientais entre os estágios

do ciclo de vida e no meio ambiente;

Avaliar os efeitos humanos e ecológicos do consumo de materiais e libertações ambientais para

a comunidade local, na região e no mundo;

Comparar a saúde e impactos ecológicos entre dois ou mais produtos / processos rivais ou

identificar os impactos de um produto ou processo específico;

Identificar os impactos de uma ou mais áreas ambientais específicas de interesse.

As vantagens de realizar a metodologia são evidentes e estão a decorrer desenvolvimentos na área da

construção a fim de integrar esta metodologia no setor. O objetivo é tornar a construção numa atividade

muito menos prejudicial e que não ponha em causa o futuro mundial.

5.5 LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA

Como todas as metodologias, a ACV (LCA) apresenta as suas desvantagens. A sua realização mostra-

se bastante dispendiosa, tanto em custos como em tempo. Estes parâmetros dependem do tipo de

avaliação que se vai realizar, mais especificamente, da pormenorização desejada pelo analista. Quanto

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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mais pormenorizada a avaliação, maior a dificuldade na obtenção de dados e, como tal, a qualidade dos

resultados apresentados vão ser influenciados negativamente, já que análises muito complexas requerem

uma tipologia de dados que não se encontra muito divulgada nem de fácil acesso.

Para além deste facto, a metodologia não determina qual o melhor produto ou processo em termos

de rentabilidade e funcionalidade, logo a informação retirada desta avaliação deve ser utilizada como

uma parte de uma ferramenta mais profunda que permita obter esse resultado.

Outro aspeto negativo a apontar é referente à conversão num valor único dos resultados dos impactes

ambientais avaliados. Esta, requer uma estipulação de ponderações por parte da pessoa que realiza o

estudo devido à inexistência de uma base única e uniforme destas ponderações. Consequentemente, em

casos alusivos a dois produtos com impactes semelhantes um deles pode sair beneficiado.

Contudo, considerando o rácio entre vantagens e desvantagens, esta metodologia apresenta-se como

uma grande valia para atingir uma construção mais sustentável, e naturalmente, o conceito de

desenvolvimento sustentável se for simplificada e adaptada às necessidades do setor da construção. [46]

5.6 TIPOLOGIAS DE AVALIAÇÃO

A metodologia pode ser abordada segundo 3 variantes distintas que diferem apenas nas fases do ciclo

de vida dos edifícios de acordo com o estudo que se pretende realizar. As três variantes definidas são:

“cradle-to-gate”, ”cradle-to-grave” e “cradle-to-cradle” e encontram-se esquematizadas na Figura 5.9.

Figura 5.9 - Tipologias de avaliação [20]

Analisando cada um dos tipos de análise individualmente, e com o apoio da figura acima, a análise do

tipo “cradle-to-gate” estuda o percurso do produto desde a sua extração até à sua saída da fábrica,

englobando todos os processos referentes à sua produção. Este tipo de análise é a mais desenvolvida e

mais estudada até ao momento e é suportada pelas declarações ambientais de produto que são, como

referido anteriormente, uma excelente fonte de dados para realizar a ACV (LCA).

O tipo “cradle-to-grave” estuda todo o percurso desde a fase de extração até à fase de deposição dos

materiais, ou seja, vai mais além que a anterior análise, pois engloba todas as fases de operação e

deposição da vida útil do produto. O último tipo e menos utilizado devido a falta de informação e

dificuldade acrescida na sua análise é “cradle-to-cradle” que inclui a última fase do ciclo de vida do

produto, a reciclagem e/ou reutilização.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

79

Após o esclarecimento das definições, a variante mais interessante para utilizar no âmbito da construção

é a “cradle-to-grave”, porque uma grande parte da sustentabilidade da construção provém do consumo

de recursos por parte do utilizador durante o ciclo de vida das edificações. Portanto incluir a fase de

utilização traduz numa maior veracidade e exatidão no estudo, nomeadamente, um maior suporte para

possíveis tomadas de decisão.

Esta metodologia apresenta, no entanto, uma grande limitação, que é a de abranger simplesmente a

dimensão ambiental. Como anteriormente referido, a sustentabilidade é obtida pelo equilíbrio de três

dimensões, a ambiental, a económico e a social. A metodologia ACV (LCA) apenas estuda uma delas.

Contudo, algumas novas vertentes mais completas da metodologia abordam a dimensão económica da

avaliação ambiental pois incluem o custo das soluções. Associado a estes fatores, pretende-se obter uma

maior eficiência nos resultados finais de forma a favorecer a tomada de decisão.

5.7 UTILIZAÇÃO DA ACV (LCA) NO SETOR DA CONSTRUÇÃO

PARTICULARIDADES E DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DA ACV (LCA)

Conforme referido em vários capítulos, o setor da construção induz inevitavelmente grandes

consequências do ponto de vista ambiental ao nível de consumo de energia, dos recursos e produção de

resíduos. Como tal, para ultrapassar estas preocupações foram desenvolvidos vários métodos para

avaliar essa sustentabilidade, como o BREEAM e o LEED, que baseiam o seu procedimento na

metodologia ACV (LCA).

A ACV (LCA) é um processo integrado no setor industrial e é frequentemente utilizado na

avaliação do impacte ambiental de produtos e processos. Os edifícios são produtos particularmente

diferentes da maior parte dos produtos industriais que apresentam processamentos controlados.

Consequentemente, existem aspetos específicos dos produtos do setor da construção que interessa

realçar [55]:

O longo ciclo de vida de toda a edificação (50-100 anos), que faz com que as variáveis e os

parâmetros sejam incertos e de baixa previsibilidade;

Os elementos e materiais constituintes da edificação têm tempos de vida útil diferentes;

Utilização de diversos materiais e de processos bastante diferentes;

O carácter único de cada edificação, devido às suas funções, forma e soluções construtivas;

As diferentes distâncias até às fábricas;

A evolução das funções da edificação ao longo da sua vida oriunda das operações de

manutenção e adaptação.

Apurando estes fatores, constata-se que o ciclo de vida de uma edificação é bastante longo e o seu

comportamento depende de muitas variáveis imprevisíveis como o comportamento dos usuários. Logo

muitas suposições têm que ser assumidas, induzindo grandes incertezas que poderão pôr em causa a

credibilidade dos resultados. A junção de todos estes aspetos torna o setor da construção um dos setores

menos padronizado de toda a indústria, e consequentemente, a ACV (LCA) uma tarefa desafiadora.

UTILIZADORES E TIPOS DE UTILIZAÇÃO

No âmbito da atividade construtiva, a metodologia ACV (LCA) tem diversos fins de utilização, assim

como, vários tipos de utilizadores. Essa informação encontra-se sintetizada no Quadro 5.3.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

80

Como podemos verificar, a metodologia tem vários campos distintos de utilização com fins diferentes,

o que comprova e reforça ainda mais a sua importância da sua utilização para a sustentabilidade do setor

construtivo.

PRINCIPAIS EVOLUÇÕES E BARREIRAS NA IMPLEMENTAÇÃO DA ACV (LCA)

Utilizar a metodologia ACV (LCA) no setor da construção pode trazer grandes evoluções no campo da

sustentabilidade. Ela pode promover ações como [56]:

Benefícios de marketing;

Obtenção simplificada de dados;

Rotulagem ambiental dos edifícios;

Metas ambientais para edificações, edifícios e obras de engenharia civil;

Empréstimos e subsídios para a redução do impacto ambiental.

No entanto, existem também várias barreiras a ultrapassar para implementar a metodologia no ramo.

Desse conjunto, destaca-se [56]:

Preconceitos sobre ACV (LCA) complexidade, precisão e resultados arbitrários;

Conhecimento deficiente sobre o impacto ambiental e as possibilidades de como calculá-los;

Baixa procura pela ACV (LCA);

Aplicações de cálculos excessivamente complicadas e de altos custos;

Falta de interfaces normalizados nos programas usados no sector da construção (CAD,

procurement, construção física);

Tipos de Utilizador Fase do ProcessoPropostas para o Uso do ACV

(LCA)

Estabelecimento de metas a nível

municipal

Promotores Imobiliários e

Clientes

Definição de zonas onde edifícios

residenciais e de escritórios são

encorajados ou proibidos

Estabelecer metas para as áreas de

desenvolvimento

Fases PreliminaresConsultores aconselhamento

de municípios e Urbanistas

Fases Preliminares

Concepção de um Projeto de

Renovação

Comparando as opções de projeto

(geometria, escolhas técnicas ao nível de

soluções e produtos)

Engenheiros / Consultores

Selecão de um local de construção

Dimensionamento de um projeto

Fixação de metas ambientais num

programa

Comparação das opções de projeto

(geometria / orientação, técnicas,

escolhas)

Inicío do Projeto (Esboço) e

Projeto detalhado, em

colaboração com Engenheiros.

Conceção de um Projeto de

Arquitetos

Fase inicial do Projeto em

colaboração com Arquitetos e

Projeto Detalhado

Quadro 5.3 - Aplicações e Utilizadores na metodologia ACV no setor construtivo [56]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

81

Fraca cooperação entre os fabricantes de softwares e potenciais clientes;

Heterogeneidade de aplicações e pressupostos, conduzindo a resultados distintos;

Dificuldades na compreensão e aplicação dos resultados da ACV (LCA);

Falta de requisitos legais e poucos incentivos;

Baixa ligação com aplicações de certificação energética;

TIPOLOGIA DE ESTUDOS ACV (LCA) NA CONSTRUÇÃO

Vários estudos sobre o tema já foram realizados e a metodologia ACV (LCA) no setor da construção foi

utilizada de duas formas distintas [57]:

Avaliação de materiais de construção e combinação de componentes;

Avaliação do processo construtivo como um todo.

Destes estudos, foram retiradas algumas ilações e diferenças entre as duas formas, que vale a pena

destacar:

A avaliação de todo o processo construtivo de um edifício é um processo variável, pois um

edifício não apresenta sempre as mesmas funções nem as mesmas soluções técnicas. Ou seja,

as técnicas construtivas, os estilos arquitetónicos, o clima e o consumo cultural é distinto de

país para país e até de região para região. Estas variações afetam o ambiente em todas as fases

do ciclo de vida;

A unidade funcional da avaliação de materiais de construção é 1 kg ou m3 desse material,

enquanto do processo construtivo de um edifício é m2 área livre de pavimento;

A ACV (LCA) do processo construtivo como um todo é muito mais complexa do que ACV

(LCA) de um material de construção, pois o processo para fabricar o material é singular e

repetitivo, enquanto o processo construtivo de um edificação e o seu projeto têm processos

complexos e muitas considerações adotadas, o que leva a uma dificuldade acrescida na ACV

(LCA);

Em resumo, a direta aplicação da metodologia no setor da construção é algo bastante complexo e

variável. Para além disso, é dispendiosa e não pode ser executada sem que se assuma algumas

considerações e modificações adicionais. No entanto, está comprovado que a utilização da metodologia

ACV (LCA) melhora significativamente a sustentabilidade no setor construtivo ao longo de todas as

fases do processo construtivo.

Nesta ideologia surgem algumas questões importantes: “Quais os materiais que levam á

sustentabilidade na construção? Como é possível incentivar o interesse dos stakeholders do setor

construtivo e utilizar a ACV (LCA)?” [57]

ECOEFICIÊNCIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

Como já referido, um dos objetivos da abordagem ciclo de vida é ajudar na tomada de decisão através

da seleção dos materiais e tecnologias que representam o menor impacte ambiental. Em muitas

situações, os produtos da construção são apresentados como baratos a médio prazo, mas estes podem ter

altos custos de manutenção ou altos custos de gestão de resíduos ou até serem produtos

tecnologicamente evoluídos que requerem custos de produção que nunca serão recuperados. Como tal,

há materiais que considerando todas as fases do ciclo de vida podem provocar mais impactes ambientais

para além dos provocados no seu processo produtivo, devido a ações de manutenção e eliminação. Bem

como, existem outros no fim da sua vida útil podem ser reutilizados ou reciclados e minimizar os

impactes associados à sua produção. Por exemplo, o betão é um material que na sua produção emite

grandes quantidades de CO2. No entanto, essa quantidade pode ser minimizada com o aproveitamento

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

82

deste, após fim do ciclo de vida do objeto onde foi aplicado, em outros usos como por exemplo, camada

de enchimento em infraestruturas.

Nesta ideologia, foi estudado o comportamento dos materiais mais usados na construção civil [58] ao

nível da energia primária de produção e emissão de CO2, encontrando-se os resultados presentes Figura

5.10.

Como podemos visualizar os maiores impactes são provocados pelo ferro, cimento e cerâmica.

É importante realçar que a produção, transporte e instalação de materiais como o ferro e betão necessitam

de uma grande quantidade de energia apesar de estes representarem uma parte muito pequena do custo

total de todo a edificação. No entanto, nos edifícios, os materiais normalmente utilizados para a estrutura

dos edifícios representam mais de 50% da sua energia interna.

Em tons de conclusão, definem-se alguns aspetos a ter em conta na utilização da metodologia no setor

da construção [58]:

1) Os limites do sistema definidos na metodologia devem ser os mais amplos possíveis a fim dos

resultados obtidos serem mais realistas. Qualquer módulo que seja desprezado pode gerar

diferenças significativas nos resultados e conduzir a tomadas de decisão erradas;

2) As bases de dados têm uma importância crucial na realização da ACV (LCA), portanto a sua

extensão, ajustamento e harmonização às características e particularidades da construção de

cada país deve estar na ordem do dia. Este melhoramento era largamente facilitado, se as

entidades públicas exigissem aos fabricantes de materiais de construção a utilização das DAP

(EPD), verificadas por entidades independentes que disponibilizam informação normalizada

baseada na ACV (LCA) dos reais impactos dos produtos. Este ato iria criar uma base de

informação precisa e facilitaria imenso a correta avaliação dos impactes ambientais das

edificações da perspetiva das novas normas europeias baseadas na metodologia ACV (LCA);

3) Outro aspeto relevante depreende-se com o fim de vida de um edifício. Como já referido, um

edifício tradicional quando atinge a fase de fim de vida é demolido e maior parte dos seus

elementos são encaminhados para aterros ou incineradores devido à grande dificuldade em

separá-los, o que provoca consumos enormes de energia.

A fase fim de vida é extremamente importante para a redução de impactes ambientais e muitas vezes

não é contabilizada na ACV (LCA). No entanto, para que seja possível a reciclagem e reutilização de

muitos materiais da construção tem que haver uma mudança abrupta nos projetos de edifícios a fim de

possibilitar o desmantelamento dos elementos construtivos no fim de vida do edifício. Por sua vez,

Figura 5.10 - Quantidade de CO2 e Energia Primária de Materiais de Construção [58]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

83

também os processos de demolição têm que ser melhorados no sentido de simplificar e reduzir o esforço

na remoção dos elementos do edifício.

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85

6 CASO PRÁTICO – APLICAÇÃO METODOLOGIA ACV (LCA)

6.1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo vai servir essencialmente para demonstrar a utilidade da metodologia ACV (LCA)

na tomada de decisão do setor da construção, mais especificamente, na seleção do material mais indicado

em termos ambientais a utilizar num caso prático real.

Genericamente, serão analisados 2 projetos homólogos e serão retiradas as quantidades necessárias de

material para os executar. De seguida, recorre-se a bases de dados e métodos de avaliação de impactes

ambientais para se obterem os indicadores ambientais quantificados. Através dos dados obtidos idealiza-

se um conjunto de cenários com vista a demonstrar as várias tipologias da metodologia e as diferenças

entre elas. Para finalizar analisa-se e compara-se os resultados das 2 soluções correspondentes aos

respetivos cenários e obtém-se a melhor solução a adotar em termos ambientais para cada cenário.

6.2 EXPLICAÇÃO PORMENORIZADA DO CASO

A construção sustentável está na ordem do dia no mundo atual, portanto a eficiência ambiental,

associada à componente económica, cada vez apresenta um papel mais significativo no estudo e

concretização de construções, podendo até atingir caráter obrigatório dado o estado crítico da

sustentabilidade ambiental.

O desenvolvimento de um caso prático abordando o tema em estudo tem legítimo interesse ao nível da

compreensão e clarificação da metodologia apresentada no capítulo anterior. Desta forma, pretende-se

expor a importância que a avaliação ciclo de vida tem na conceção de uma edificação sustentável ao

nível ambiental, com uma componente económica associada ao custo dos materiais. A componente

social, conforme referido anteriormente não será abordada. No entanto, embora não tenha um carácter

eminentemente quantitativo (análises mais qualitativas) o seu desenvolvimento e abordagem por parte

de engenheiros e sociólogos deverá ser seriamente encarada dada a importância equivalente com as

outras dimensões. Acresce que uma parte desta componente social está intimamente relacionada com as

condições locais do habitat, e com as tecnologias/materiais mais frequentemente utilizados. A dimensão

social poderá em determinadas situações ser condicionante da decisão.

Este caso de estudo vai consistir numa comparação entre dois modelos estruturais de um armazém

industrial constituído por materiais diferentes, recorrendo à metodologia avaliação ciclo de vida para

avaliar o impacto ambiental das soluções durante todo o seu ciclo de vida. No entanto, como a maioria

dos casos práticos, a obtenção de resultados totalmente exatos é bastante improvável dada a necessidade

de introdução de simplificações e suposições que vão ser utilizadas e devidamente apresentadas a

jusante. Contudo, pretende-se que os resultados obtidos auxiliem na tomada de decisão de materiais de

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

86

construção economicamente e ambientalmente viáveis, pois têm autenticidade mais que suficiente

apesar dos condicionamentos assumidos.

Passando ao caso prático propriamente dito, este corresponde a várias avaliações ciclo de vida

associadas a diferentes cenários de um módulo de uma estrutura porticada de um grande armazém

industrial. Como já referido no capítulo anterior, existem 3 tipologias que diferem umas das outras pela

informação considerada na metodologia. Como tal, pretende-se criar vários cenários abordando cada

uma das tipologias com vista a sua explicitação e, se possível, diferenças entre elas. Os referidos cenários

vão ser especificados e enquadrados mais a frente.

As estruturas porticadas em comparação apresentam soluções estruturalmente equivalentes ou

homólogas, geralmente utilizadas no mercado da construção civil, mas constituídas por materiais

diferentes, mais especificamente, uma em betão armado e a outra em estrutura metálica. Especificações

ao nível das dimensões e formato da estrutura vão ser expostas mais a frente. Quanto ao resto dos

elementos do edifício, nomeadamente, fundações, pavimentos, revestimentos, e cobertura são

preestabelecidos como iguais para as duas soluções, e como tal não vão ser alvo de comparação nem

fazer parte da análise em questão.

A solução mais indicada vai ser a que satisfizer melhor as condições ambientais e/ou económicas.

6.3 SOLUÇÕES E CÁLCULO DO PESO DA ESTRUTURA

A estrutura considerada é um módulo de um armazém industrial, localizado em Lousado, e que apresenta

como atividade principal o fabrico de pneus.

O referido armazém apresenta uma área de (270 x 150 m). No entanto, para simplificação de cálculo,

apenas se considera um módulo do armazém que apresenta uma área de cerca de 2250 m2 (25 x 90 m).

Ele foi idealizado com 2 soluções distintas mas estruturalmente equivalentes, uma em betão armado e

outra em estrutura metálica, como esquematizado na Figura 6.1.

Figura 6.1 - Esquema das Soluções

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87

O primeiro passo a executar é o cálculo do peso em Kg de cada uma das estruturas e de cada material

que as constitui. Este passo realiza-se com vista à quantificação dos indicadores ambientais respetivos

a cada solução apresentada. Os indicadores de cada material vem expressos nas unidades presentes na

norma EN 15978, e vão ser especificados na fase de avaliação.

Para calcular o peso das referidas estruturas, foram utilizadas plantas e cortes que se encontram no

Anexo III. Dado a complexidade apresentada pelos elementos foi necessário recorrer ao programa de

modelação da AutoDesk, o Revit, a fim de determinar o volume e áreas de cada material com maior

precisão. Concluído este cálculo, recorre-se à densidade de cada material para obter o pretendido peso.

Como mencionado atrás vai-se abordar também a componente económica de cada uma das soluções. Os

dados necessários à componente económica referente aos preços médios de mercado de cada um dos

materiais em estudo foram obtidos através do ProNIC. A título de explicação, o Protocolo para a

Normalização da Informação Técnica na Construção foi concebido com vários objetivos principais.

Deste conjunto, destaca-se a criação de uma interface que permita a elaboração de Mapas de

Quantidades e Trabalhos normalizados, Mapas de Medições e Estimativas Orçamentais tendo como

base valores de referência para os custos dos materiais de construção. É um instrumento de trabalho

abrangente que visa integrar os agentes e as fases do processo construtivo, partilhando informação e

procedimentos normalizados e passíveis de serem ajustados às necessidades. O Quadro 6.1 fornece os

custos dos materiais utilizados no caso prático [59]

Com auxílio deste quadro vamos poder calcular o custo em €/m2 de cada estrutura e verificar qual a

mais indicada atendendo exclusivamente ao aspeto económico.

SOLUÇÃO A – ESTRUTURA EM BETÃO ARMADO

A presente solução é constituída por pilares e vigas longitudinais e transversais em betão armado. O

Quadro 6.2 apresenta a tipologia e número de pilares e vigas utilizados no modelo, assim como, os

respetivos pesos expressos nas unidades apresentadas. O Betão considerado nas peças foi o C 35/45, a

armadura ordinária A500NR e armadura pré-esforço é Y1860S7G. Por motivos de simplificação,

considerou-se um volume total de armadura (ordinária e pré-esforço) para as vigas de longitudinais de

5% do volume de betão e de 2% desse volume para os pilares e restantes vigas, pois só contêm armadura

ordinária.

Tipo de Estrutura Materiais Unidade Custo [€]

BETÃO m3 85

ARMADURA Kg 0,9

Estrutura Betão Armado

Custos dos materiais

Estrutura Metálica

PILARES E VIGAS

METÁLICASKg 2 a 2,5

Quadro 6.1 - Custos dos Materiais

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88

Através dos volumes do Quadro 6.2 e os custos unitários do Quadro 6.1, obtém-se o custo da solução

em €/m2. O Quadro 6.3 sintetiza os resultados do referido cálculo.

SOLUÇÃO B – ESTRUTURA METÁLICA

A solução B é constituída por pilares e vigas de perfis metálicos em aço perfilado. Os pilares são perfis

do tipo HEA 600 e PRS2, as vigas são do tipo PRS1, PRS3 e IPE550 e, por fim, as vigas de

contraventamento são do tipo SHS 200 e CHS 219.Todas as especificações estão expressas nas peças

desenhadas no Anexo III. O Quadro 6.4 apresenta o tipo e número de perfis utilizados nesta solução,

bem como, à semelhança da solução A, os respetivos pesos com as respetivas unidades.

VIGAS

MADRES 30,00 1,54 46,20

V1 APOIO 3,00 10,36 31,08

VSV 9,00 11,48 103,32

VT 2,00 2,3 4,6

TOTAL 185,20

PILARES 9,00 5,39 48,51

TOTAL 48,51

TOTAL 233,71

Elemento

ConstrutivoNúmero

Volume (m 3)

por elemento

Volume (m 3 )

TOTAL

AÇO TOTAL8,7062

BETÃO TOTAL225,00

Estrutura Betão Armado

Material

BETÃO

ARMADO

Quadro 6.2 - Peso Estrutura Betão Armado

Quadro 6.3 - Custos associados á Solução A

50,84

Custo

TOTAL

[€/m 2 ]

CustosVolume

Estrutura

Betão [m 3 ]

225

Peso

Estrutura

Aço [Kg]

68344

Peso

Estrutura

Betão [Kg]

562510 85,00 0,90 19125 61509 80634 35,84

Custo

Cofragem

[€/m 2 ]

15,00

Custo

TOTAL

[€]

Custo

[€/m 2 ]

Custo 1 m 3

Betão

Custo

1Kg Aço

Custo

Betão [€]

Custo

Aço [€]

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

89

Tal como na solução A, repete-se o procedimento recorrendo ao Quadro 6.4 e ao Quadro 6.1.

6.4 AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA

A avaliação realizada é feita de acordo com o procedimento da norma NP EN ISO 14040 e EN 15978,

que como visto anteriormente, expressam o procedimento generalizado para executar uma ACV (LCA)

e a quantificação de indicadores ambientais no âmbito do setor da construção, respetivamente.

Como tal, são definidas as seguintes fases:

Objetivo e Âmbito da avaliação;

Inventário dos dados;

Avaliação;

Interpretação.

Para executar a fase de avaliação recorreu-se aos indicadores ambientais previstos na recente norma

europeia que os define, a EN 15978.

VIGASPRS1 3,00 1,52 4,55

IPE550 20,00 0,19 3,80

PRS3 4,00 0,26 1,02

TOTAL 9,38

Contraventamentos

SHS 200 9,00 0,03 0,28

CHS 219 6,00 0,03 0,20

TOTAL 0,48

PILARESPRS2 6,00 0,42 2,50

HEA600 4,00 0,24 0,97

TOTAL 3,47

TOTAL 13,32

Estrutura Metálica

AÇO

MaterialElemento

ConstrutivoNúmero

Volume (m3

)

por elementoVolume (m

3)

TOTAL

Peso

Estrutura

[Kg]

104578

CUSTOS

Custo

[€/m 2 ]

104,58

Custo

1Kg Aço

Custo Aço

[€]

2,25 235300

Quadro 6.4 - Peso Estrutura Metálica

Quadro 6.5 - Custos associados á Solução B

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90

OBJETIVO E ÂMBITO

A presente análise tem o objetivo da comparação entre duas soluções estruturais homólogas constituídas

por diferentes materiais para auxiliar na tomada de decisão sobre a solução mais adequada

ambientalmente e economicamente. Para tal, definem-se cenários para demonstrar diferentes

abordagens do problema, fazendo variar os limites do sistema de avaliação (tipologia da metodologia)

e os pesos da ponderação dos indicadores de impactes ambientais a quantificar.

Os produtos a analisar são dois modelos com funções exclusivamente estruturais e pretende-se utilizar

esta metodologia associada apenas a impactes ambientais, associados a emissões e consumo energético.

O ciclo de vida estimado das soluções é de 50 anos e a unidade funcional do sistema é a quantidade de

material necessária para executar uma estrutura de um módulo de um armazém industrial com um

volume de 25*90*11=24750 m3.

O procedimento utilizado para analisar e comparar o desempenho ambiental das soluções resume-se a 4

etapas:

1) Determinar o peso e preço de cada estrutura para o volume previsto;

2) Obter dados dos indicadores ambientais por 1 Kg de material;

3) Determinar o valor total dos indicadores;

4) Interpretar os resultados obtidos.

Os indicadores de impactes ambientais a considerar apresentam-se no Quadro 6.6, bem como as

respetivas unidades e métodos de avaliação. Os limites de cada módulo ciclo de vida de cada um dos

cenários idealizados são os estabelecidos na norma EN 15978.

Acidificaçao de recursos AP Kg SO 2 equiv.

Eutrofização EP Kg PO 4 equiv.

Cumulative

Energy

DemandIncorporated renewable

energy

IMPACTES AMBIENTAIS

Categorias de Impacte Acrónimo Unidades Método LCA

Incorporated non-renewable

energyENR

EN

MJ equiv.

MJ equiv.

Potencial de destruição de

recursos abióticos

Destruição da camada de

ozono estratosférica

Formação de ozono

troposférico

Potencial de aquecimento

global

ADP

ODP

POCP

GWP

Kg Sb equiv.

Kg CFC-11 equiv.

Kg Etano equiv.

Kg CO 2 equiv.

CML 2

Baseline 2000

IPCC 2001

GWP

Quadro 6.6 - Indicadores e Metodologias Utilizadas na Avaliação

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91

INVENTÁRIO

Os dados para os designadamente módulos constituintes do ciclo de vida das soluções foram obtidos

através de fontes fidedignas, a base de dados Ecoinvent, presente no Anexo V, para a solução de betão

armado (A) e uma DAP (EPD), presente no Anexo IV, para a solução metálica (B). As fontes

mencionadas fazem parte das melhores ferramentas informáticas para a avaliação da sustentabilidade

construtiva que quantificam os indicadores ambientais expressos como obrigatórios nas normas

europeias que expõe a metodologia ACV (LCA) e com as unidades pretendidas. Visto isto, a fiabilidade

dos dados obtidos é bastante sólida. Num dos cenários a realizar, a solução metálica (B) apresenta uma

pintura. Esta, tal como outro produto, também induz impactes ambientais, portanto, recorreu-se a uma

DAP (EPD) para obter os dados dos indicadores ambientais. Uma ressalva importante, é que ambas as

DAP (EPD) utilizadas foram retiradas do operador DAP (EPD) alemão denominado Institut Bauen und

Umwelt.

A título de curiosidade tentou-se obter dados para todos os produtos a partir de DAP (EPD) existentes

nos diferentes operadores do espaço europeu como propõe o RPC. No entanto, todas as pesquisas

apresentaram incompatibilidades, tanto ao nível dos indicadores abordados como nas suas unidades,

inviabilizando assim a sua utilização para o objetivo proposto.

AVALIAÇÃO

Como já mencionado, nesta fase ocorre a quantificação dos indicadores ambientais recorrendo à

metodologia presente na EN 15978. Os indicadores considerados são os supracitados no Quadro 6.6. Os

resultados do inventário já apresentam o processo ACV (LCA) até à fase de caraterização, no entanto,

os valores dos indicadores cenários idealizados são referentes 1Kg de material. Como tal, para

comparação das soluções propostas ser possível é necessário transformar os indicadores na unidade

funcional acima proposta. Para atingir esse propósito, multiplica-se os valores dos indicadores

ambientais de cada material retirado das fontes pelo peso da estrutura calculada no subcapítulo anterior.

Os resultados obtidos serão apresentados nos cenários respetivos.

Como já referido, estuda-se vários cenários com tipologias ACV diferentes. A informação de cada

cenário encontra-se sintetizada no Quadro 6.7.

Cenário 2 Avaliação do tipo "Cradle - to - Grave"

Cenário 3A

Cenário 3B

Cenário 4

Avaliação do tipo "Cradle - to - Cradle"

Avaliação da Componente Económica do

Cenário 3

Avaliação do Cenário 1A utilizando

vários conjuntos de ponderações

Avaliação do tipo "Cradle - to - Gate"Cenário 1A

Cenário 1B Avaliação da Componente Económica do

Cenário 1

Cenários ACV

Quadro 6.7 - Cenários ACV

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

92

6.4.3.1 Cenário 1A – “Cradle-to-Gate”

Como já vimos no subcapítulo anterior, os materiais constituintes das soluções são respetivamente, betão

armado e aço. Portanto, inicialmente é interessante perceber os impactes ambientais que estes provocam

desde a sua produção até à chegada ao estaleiro (porta da obra). Ou seja, neste primeiro cenário realiza-

se uma avaliação do tipo "cradle-to-gate" com vista a perceber quais os impactes que cada material induz

antes de entrar na atividade construtiva propriamente dita.

Os módulos considerados são os referentes aos processos de extração, produção, transporte (A1-A4).

Contudo foram realizadas algumas considerações sobre os módulos em estudo. Os módulos referentes

à extração (A1) e à produção (A3) respeitam as considerações das fontes onde foram retirados os dados

das duas soluções. Em relação aos módulos referentes ao transporte (A2 e A4), foram consideradas duas

situações distintas:

1) A solução em betão armado considera que o betão é transportado por camião e que este

percorre uma distância de 100 km até ao estaleiro;

2) A solução metálica já contém o módulo do transporte nos dados obtidos na DAP (EPD).

Atendendo a estas considerações, os resultados dos impactes estudados são os definidos no quadro, e

considera-se que apresentam o mesmo peso relativo. O Quadro 6.8 apresenta os dados obtidos, assim

como os resultados da comparação das soluções.

Como podemos observar no quadro, a solução que apresenta melhor desempenho é a que exibe menor

valor em cada um dos indicadores. Como tal, comparando os resultados obtidos para cada indicador e

relembrando que estes têm o mesmo peso relativo, conclui-se que as soluções são ambientalmente

equivalentes. Visto isto, tendo em conta apenas os resultados do presente cenário não se consegue obter

qualquer ilação para auxiliar a tomada de decisão.

A consideração se diferentes pesos para os indicadores ambientais poderia alterar esta situação. Esta vai

ser abordada mais à frente no cenário 4, como presente no Quadro 6.7.

GWP ODP AP EP POCP ADP ENR EN

Cradle-To-Gate 8,65E+04 2,07E-03 3,25E+02 3,37E+01 3,08E+01 3,55E+02 7,25E+05 4,32E+03

TOTAL 1,05E+05 5,00E-03 4,24E+02 5,47E+01 3,39E+01 4,84E+02 1,01E+06 9,58E+03

Cradle-To-Gate 7,01E+04 7,81E-03 4,25E+02 2,44E+01 3,00E+01 1,30E-02 1,15E+06 1,15E+05

TOTAL 7,01E+04 7,81E-03 4,25E+02 2,44E+01 3,00E+01 1,30E-02 1,15E+06 1,15E+05

Módulo Ciclo de Vida

SOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO

5,26E+03

Cenário 1A - "Cradle - to - Gate"

Solução MateriaisIndicadores Impacte Ambiental

1,87E+04

BAço em

Perfil

Transporte

B A

2,92E-03 9,93E+01 2,10E+01 3,10E+00A

Betão

Armado 1,29E+02 2,86E+05

AB A A B B

Quadro 6.8 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 1

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

93

6.4.3.2 Cenário 1B – Avaliação Vertente Económica Cenário 1

Como já mencionado, um aspeto muito importante no setor da construção e em qualquer setor

depreende-se com o custo das soluções utilizadas. Como tal, na fase de projeto, para realizar o processo

de seleção de materiais, o aspeto económico é crucial. Um material ambientalmente sustentável se não

tiver um preço competitivo de mercado não é aceite no setor. Nesta ideologia, realiza-se o cenário 1B,

em que se tem apenas em conta a vertente económica na análise, recorrendo aos dados obtidos no Quadro

6.3 e Quadro 6.5. No Quadro 6.9 encontra-se os custos de cada solução em estudo.

Como é facilmente percetível pela análise do quadro, a solução economicamente mais vantajosa é a

solução A. No entanto, relembra-se que uma avaliação ciclo de vida deve ter em conta as três dimensões

do desenvolvimento sustentável, portanto conjuga-se os resultados dos dois cenários executados.

Analisando estes 2 cenários, perceciona-se que as soluções são ambientalmente equivalentes mas

economicamente a solução A é mais vantajosa. Isto significa que a solução A seria a mais indicada sob

o ponto de vista ambiental e económico, e a que deveria ser selecionada para o estudo em questão.

6.4.3.3 Cenário 2 – “Cradle – to – Grave”

Após o primeiro cenário perceciona-se facilmente o funcionamento generalizado da metodologia. Neste

contexto, o objetivo máximo da utilização desta no âmbito da construção civil é estudar o

comportamento dos materiais até ao fim de vida das edificações, portanto, utilizando uma tipologia

"cradle-to-grave". No entanto, esta vai ser abordada de forma simplificada pois não vão ser considerados

todos os módulos previstos nas normas acima mencionadas.

Este segundo cenário tem um caráter mais realista que o primeiro porque pretende estudar o

comportamento das soluções ao longo do ciclo de vida previsto. Para tal, e como explicitado na norma

EN 15978, existem algumas considerações e suposições a estabelecer para possibilitar o presente estudo.

O betão é um material que normalmente ao longo do ciclo de vida de um edifício não requer grandes

processos de manutenção e pode ser aplicado sem nenhum tipo de acabamento. Considera-se então para

a solução de betão armado, uma situação em que não ocorre na fase de construção um acabamento final

com outros materiais (betão à vista) e que o mesmo não será sujeito a operações de manutenção

significativas. Por outro lado, o aço perfilado aplicado na construção utiliza um acabamento em pintura,

que obviamente induz impactes ambientais. Uma estrutura metálica utiliza normalmente um esquema

de pintura em que se aplica um primário sobre o aço, de seguida uma tinta intumescente e por fim a

pintura. Uma ressalva importante deve-se ao facto de a tinta aplicada ter a duração limitada,

considerando-se uma vida útil de 10 anos. Atendendo que o objeto em estudo terá uma duração de 50

Quadro 6.9 - Resultados da Vertente Económica no Cenário 1

Solução Materiais

ABetão

Armado

Cenário 1B - Avaliação Vertente

Económica

50,84

BAço em

Perfil

SOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO

104,58

Custos dos

materiais [€/m2]

A

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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anos vai ser necessário pintar no mínimo 5 vezes. Neste sentido e relembrando que a metodologia ACV

(LCA) é uma metodologia "Bottom-Up", adicionamos os impactes da pintura aos impactes do aço

perfilado, com a particularidade dos impactes ambientais referentes à pintura serem multiplicados 5

vezes.

Explicando mais aprofundadamente a informação acima mencionada, para a realização deste cenário 2,

e à semelhança do cenário 1A, é indispensável a consideração de alguns cenários. Como tal, os dados

referentes ao módulo A (A1-A4) são os mesmos que os utilizados no cenário 1A pois até à porta do

estaleiro não ocorre qualquer alteração no sistema de avaliação estabelecido. Contudo, este módulo

ainda apresenta mais um módulo incluído no processo construtivo, o módulo A5 referente à

instalação/aplicação dos elementos construtivos. Em relação a este módulo, considera-se os seguintes

aspetos:

A solução de betão armado utiliza betão pronto oriundo da central de betonagem e aço da

siderurgia. Visto isto, o betão mal chega à obra é descarregado diretamente nos elementos

construtivos e o aço armazenado até ser montado. Neste contexto, atividades do processo

construtivo como armazenamento especial (necessita aquecimento, arrefecimento ou

ventilação) para o aço, transformação de produtos em obra e trabalhos temporários não são

necessárias. A cofragem utilizada para a betonagem é reaproveitada portanto os seus impactes

não vão ser considerados pois não são significativos. Todo o processo construtivo da solução

não produz uma quantidade de resíduos consideráveis ao ponto de ser considerada.

A solução metálica utiliza perfis metálicos que já vêm pintados de fábrica. Os perfis metálicos

apenas necessitam de ser montados portanto, à semelhança do aço da solução de betão

armado, não apresenta nenhum processo passível de grandes impactes ambientais.

É necessário também assumir algumas considerações nos restantes módulos constituintes da tipologia

utilizada. Como tal, e tendo em conta o ciclo de vida presente na EN 15978, considera-se os seguintes

cenários para cada um dos módulos:

Módulo B1 Utilização – A estrutura de betão foi betonada com uma cofragem que lhe confere

o aspeto de betão à vista, não necessitando nenhum tipo de acabamento ou revestimento como

por exemplo, um verniz ou um impermeabilizante. A estrutura metálica vai levar um

acabamento com o esquema de pintura acima mencionado;

Módulo B2 Manutenção – As duas soluções não vão necessitar de ações de manutenção

significativas;

Módulo B3 Reparação – A estrutura de betão armado não vai necessitar de nenhuma ação de

reparação nos seus elementos. No entanto, como já referido, a estrutura metálica necessitará

de uma repintura de 10 em 10 anos;

Módulo B4 Substituição – Não se prevê a substituição de qualquer elemento construtivo das

duas soluções.

Módulo B5 Reabilitação – Os materiais utilizados nas duas soluções não sofreram qualquer

ação de reabilitação.

Módulo B6 – B7 Uso de Água e Energia – Tanto a estrutura de betão armado como a

estrutura metálica não provocam impactes significativos ao nível do consumo de água e

energia na fase de operação do edifício.

Destaca-se ainda que, como indicado na norma EN 15978, os impactes gerados pela produção,

transporte e colocação da pintura estão incluídos no módulo B3.

O módulo C, referente ao fim-de-vida dos produtos, pertence à tipologia utilizada neste cenário. No

entanto, apenas vai ser considerado no próximo cenário devido à falta de especificação de informação

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

95

dos indicadores ambientais na DAP (EPD) utilizada para obtenção de dados (Anexo IV). O conjunto de

ponderações é o mesmo que o considerado no cenário 1.

Nesta ideologia, para obter a quantidade de primário e tinta necessária, é essencial calcular ou pesquisar

nas tabelas técnicas dos perfis, a área de pintura dos perfis da solução metálica. O Quadro 6.10 apresenta

os valores da área de pintura referentes aos perfis da solução B.

Consultando as plantas fornecidas presentes no Anexo III, obtém-se o número de metros de cada um

dos perfis. Multiplicando estes pelas áreas de pintura acima indicadas obtemos a área total de pintura de

cada um dos perfis constituintes da solução B. O Quadro 6.11 sintetiza os cálculos mencionados.

De seguida, recorremos à DAP (EPD) da pintura para consultar os rendimentos do primário e da tinta e

obter a quantidade total de primário (Kg) e de tinta (L) necessária para pintar toda a estrutura. O Quadro

6.12 expõe este procedimento.

Tipo

IPE 550

HEA 600

PRS 1

PRS 2

PRS 3

CHS 219,1

SHS 200

0,69

0,80

Perfis Metálicos

Observações

Valor Consultado das

Tabelas Técnicas

Valor Calculado através

das Dimensões dos Perfis

A pintura m 2 /m

1,88

2,31

5,28

3,58

2,82

Tipo Nº de metros A pintura m 2

IPE 550 225 423,00

HEA 600 40 92,32

PRS 1 75 396,30

PRS 2 60 214,80

PRS 3 45 126,81

CHS 219,1 59 40,59

SHS 200 75 60,00

2,82

0,69

0,80

Perfis Metálicos

A pintura m 2 /m

1,88

2,31

5,28

3,58

Quadro 6.10 - Áreas de Pintura de cada perfil e respetiva fonte

Quadro 6.11 - Área Total de Pintura em cada perfil

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

96

Por último, consultamos o valor unitário dos indicadores ambientais presentes na DAP (EPD) e

multiplica-se pelas quantidades acima obtidas.

Finalizado este procedimento, resume-se os valores obtidos no Quadro 6.13.

Como era previsível, a solução B piorou o seu desempenho ambiental devido á adição da pintura e a

solução A manteve os mesmos valores já que não sofreu qualquer tipo alteração. No entanto,

visualizando a tabela, mais especificamente, para o campo da solução com melhor desempenho,

verificamos que os resultados não sofreram alteração em relação ao primeiro cenário. Isto significa que

o acabamento da estrutura metálica (primário e tinta) ao longo de todo o ciclo de vida da estrutura não

influencia significativamente o desempenho ambiental da solução B e que as soluções são

ambientalmente equivalentes. No entanto, á semelhança do cenário 1 a solução A apresenta melhor

componente económica e portanto melhor desempenho das soluções apresentadas.

IPE 550 423,00 63,45 126,90

HEA 600 92,32 13,85 27,70

PRS 1 396,30 59,45 118,89

PRS 2 214,80 32,22 64,44

PRS 3 126,81 19,02 38,04

CHS 219,1 40,59 6,09 12,18

SHS 200 60,00 9,00 18,00

TOTAL 203,07 406,15

Tinta

(l)

0,3

TipoPrimário

(Kg)A pintura m 2

Perfis Metálicos

Rend. Tinta

(l/m 2 )

0,15

Rend. Primário

(Kg/m 2 )

GWP ODP AP EP POCP ADP ENR EN

Extração e

Produção8,65E+04 2,07E-03 3,25E+02 3,37E+01 3,08E+01 3,55E+02 7,25E+05 4,32E+03

TOTAL 1,05E+05 5,00E-03 4,24E+02 5,47E+01 3,39E+01 4,84E+02 1,01E+06 9,58E+03

Extração e

Produção7,01E+04 7,81E-03 4,25E+02 2,44E+01 3,00E+01 1,30E-02 1,15E+06 1,15E+05

Primário 1,70E+02 3,25E-04 1,07E+00 9,22E-01 1,65E-01 2,12E+00 5,04E+03 2,70E+01

Transporte 1,30E+01 2,03E-06 6,90E-02 1,46E-02 2,15E-03 8,94E-02 1,99E+02 3,66E+00

Tinta 1,83E+03 1,38E-03 1,85E+01 2,49E+00 7,63E-01 1,20E+01 3,07E+04 3,84E+02

Transporte 1,01E+01 1,57E-06 5,35E-02 1,13E-02 1,67E-03 6,92E-02 1,54E+02 2,83E+00

TOTAL 7,21E+04 9,52E-03 4,44E+02 2,78E+01 3,09E+01 1,43E+01 1,19E+06 1,15E+05

B B A ASOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO B A A B

BAço em

Perfil

9,93E+01 2,10E+01 3,10E+00 1,29E+02 2,86E+05 5,26E+03

Cenário 2 - "Cradle - to - Grave"

Solução MateriaisMódulo Ciclo

de Vida

Indicadores Impacte Ambiental

ABetão

Armado Transporte 1,87E+04 2,92E-03

Quadro 6.12 - Quantidade necessária de Tinta e Primário

Quadro 6.13 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 2

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97

6.4.3.4 Cenário 3A – “Cradle – to – Cradle”

O cenário atual da sustentabilidade mundial é preocupante. Como tal, a metodologia ACV (LCA)

prevista nas mais recentes normas europeias apresenta no seu processo um módulo referente à

reciclagem e reutilização dos materiais e produtos (D). No entanto, este módulo encontra-se muito pouco

explorado para a importância que pode ter na redução do impacto ambiental dos produtos. Pretende-se

que este cenário sirva de mote para um aprofundamento da temática do referido módulo dando uma

noção generalizada dos benefícios que este pode ter.

Enquadrando com o presente caso de estudo, uma estrutura constituída por betão armado no fim do seu

ciclo de vida é demolida. Como tal, o material para ser reciclado requer o seguinte processamento:

Corte dos elementos construtivos com recurso a uma máquina de corte ou equipamento de

desmonte;

Separação do aço do betão através de técnicas mecânicas;

Transporte as peças de aço para a siderurgia para serem transformadas novamente em varões;

Esmagamento / Britagem do betão que servirá para agregados ou para enchimento.

Uma estrutura metálica tem a vantagem de poder ser reutilizada e reciclada com maior facilidade devido

a uma maior simplicidade no processo de desmantelamento. Os perfis metálicos como se encontram

definidos comercialmente podem ser utilizados noutra edificação praticamente sem nenhum

processamento ou reciclados recorrendo á sua transformação para criar novos perfis.

Nesta ideologia, executa-se as devidas considerações tal como nos cenários anteriores. Todas as

considerações assumidas do cenário 2 (até ao módulo C) são válidas e consideradas no presente cenário.

Observando o módulo C referente ao fim de vida do produto, considera-se os seguintes cenários:

Módulo C1 Desconstrução – A solução de betão armado vai sofrer o processamento em cima

mencionado. Já a solução metálica, os seus perfis vão ser desmontados;

Módulo C2 Transporte – As condições de transporte são semelhantes aos anteriores

cenários, com a exceção que para a solução de betão o aço vai para a siderurgia e os agregados

de betão servirão de enchimento de uma infraestrutura a 100 km do estaleiro. Os dados

utilizados para a estrutura metálica já contém o transporte de volta para a siderurgia.

Módulo C3 Processamento de Resíduos – O aço que vai ser enviado para a siderurgia para

ser reciclado vai sofrer um processo de transformação. Enquanto o betão vai sofrer um

processo de britagem

Módulo C4 Disposição Final – Ambas as soluções vão ser reaproveitadas, no entanto uma

parte do betão será enviado para aterro.

Finalmente, para o módulo D relacionado com os benefícios da reciclagem e reutilização dos materiais

vai ser considerado uma reciclagem de 88% e uma reutilização de 11% como define a DAP (EPD). A

restante percentagem (1%) não se considera significativa. O betão vai ser aproveitado na ordem dos

90%, sendo os restantes 10% para aterro.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

98

No Quadro 6.14. apresenta-se os valores dos impactes do aço após a sua transformação.

Podemos constatar pelos resultados dos indicadores do módulo referente à reciclagem e reutilização (D),

que alguns deles apresentam valores negativos. Isto acontece pois o processamento deste módulo,

especialmente devido á reutilização do aço, leva a uma redução dos impactes produzidos ao longo do

processo produtivo.

Comentando agora os resultados totais, podemos reparar que a solução metálica apenas piora o seu

desempenho no indicador POCP em relação aos resultados obtidos no cenário 1A. No entanto há um

aspeto crucial a ter em conta referente ao processo de desmantelamento e reciclagem/reutilização do

betão armado. Geralmente estes processos no betão armado são mais complexos e induzem mais

impactes negativos do que no aço perfilado, mas serão suficientes para o aço perfilado ser a melhor

solução? Esta questão não pode ser respondida devido a falta de informação, como demonstrado no

Quadro 6.14, referente a este módulo do ciclo de vida do betão armado Não obstante, esta situação

deverá ser objeto de estudo futuro atendendo à quantidade de estruturas de betão armado existentes.

6.4.3.5 Cenário 3B - Avaliação Vertente Económica Cenário 3

Como referido anteriormente, o aço pode ser reciclado e transformado novamente em perfis. Dado esse

facto, no fim do ciclo de vida, este material pode ser vendido à siderurgia e contribuir para a redução

dos custos iniciais da estrutura. Este cenário permite explicitar como os custos referentes à estrutura

metálica podem ser reduzidos recorrendo à reciclagem do aço.

Para realizar este cenário considera-se que o aço da solução metálica vai ser vendido à siderurgia ao

preço de 1€/Kg. Portanto, como cerca de 88% do aço é para reciclar, multiplica-se o peso da estrutura

(Kg) por 0,88 e dividindo pela área total da solução obtemos o valor de 40,9€/m2. Subtraindo este valor

pelo custo inicial da solução obtemos o valor presente no Quadro 6.15, que mostra a referida situação.

GWP ODP AP EP POCP ADP ENR EN

Cradle-To-Gate 8,65E+04 2,07E-03 3,25E+02 3,37E+01 3,08E+01 3,55E+02 7,25E+05 4,32E+03

TOTAL 1,05E+05 5,00E-03 4,24E+02 5,47E+01 3,39E+01 4,84E+02 1,01E+06 9,58E+03

Cradle-To-Gate 7,01E+04 7,81E-03 4,25E+02 2,44E+01 3,00E+01 1,30E-02 1,15E+06 1,15E+05

TOTAL 8,05E+04 6,49E-03 4,30E+02 2,37E+01 3,60E+01 1,92E-01 1,16E+06 9,93E+04

2,86E+05 5,26E+03

Cenário 3A - "Cradle - to - Cradle"

Solução MateriaisMódulo Ciclo

de VidaIndicadores Impacte Ambiental

ABetão

Armado

Transporte 1,87E+04 2,92E-03

Reciclagem e

Reutilização

9,93E+01 2,10E+01 3,10E+00 1,29E+02

Aço em

PerfilReciclagem e

Reutilização1,05E+04 -1,32E-03

SOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO B A A B B A A

5,34E+00 -7,05E-01B

6,03E+00 1,79E-01 1,15E+04 -1,57E+04

A

Quadro 6.14 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 3

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

99

Apesar do resultado final não sofrer qualquer mudança, é notório uma grande redução de custos da

solução estrutura metálica decorrente da possibilidade de reciclagem do aço no fim de vida da estrutura.

6.4.3.6 Cenário 4

A metodologia ACV (LCA) apresenta uma grande contradição na etapa de ponderação, como

mencionado no capítulo 5. Como tal, recorrendo aos resultados do cenário 1A, este cenário pretende

abordar diferentes pesos relativos para os indicadores definidos. Para tal, recorreu-se a 2 conjuntos de

pesos estabelecidos por entidades diferentes [60]. Como podemos verificar na 2ª e na 3ª coluna do

Quadro 6.16, os valores obtidos para todos os indicadores são diferentes e não apresentam valores para

os indicadores referentes à energia.

Nesta ideologia, pensou-se estabelecer um conjunto de indicadores que correspondesse à média

aritmética entre os anteriormente referidos e a restante percentagem igualmente distribuída pelos

indicadores energéticos, a que se denominou Hipótese 1. Para além desta hipótese, idealizou-se ainda

uma hipótese em que o peso dos indicadores referentes à energia teria um valor de 30% e os restantes

70% seriam devidamente distribuídos de acordo com a importância relativa de cada um dos indicadores

referentes às emissões. Toda a informação encontra-se sintetizada no Quadro 6.17.

Cenário 1A EPA SAB BEES

GWP 12 16 29

ODP 12 5 2

AP 12 5 3

EP 12 5 6

POCP 12 6 4

ADP 12 5 10

ENR 12 ------------ ------------

ER 12 ------------ ------------

TOTAL 100 ------------ ------------

IndicadoresPonderações (%)

Quadro 6.15 - Resultados da Vertente Económica no Cenário 3

Quadro 6.16 - Ponderações assumidas no cenário 1 e utilizadas em softwares

Custos dos

materiais [€/m2]

50,84

63,68

A

Cenário 3b - Avaliação Vertente Económica

BAço em

Perfil104,58

SOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO

A

Solução MateriaisCustos dos

materiais [€/m2] -

Cenário 1B

ABetão

Armado50,84

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100

Como podemos observar nos resultados obtidos no cenário 1A, a solução A mostrou ter o melhor

desempenho nos indicadores ODP, AP, ENR e ER, enquanto a solução B nos indicadores GWP, EP,

POCP e ADP. Visto isto, pretende-se utilizar esses resultados associando-os aos novos pesos

estabelecidos. Este passo consiste apenas em verificar a solução com melhor desempenho em cada um

dos indicadores e associar ao respetivo peso relativo obtido. Aplicando as percentagens obtidas para as

duas hipóteses nos resultados do Cenário 1A, obtemos os resultados presentes no Quadro 6.18.

GWP 12 16 29 23 31

ODP 12 5 2 4 6

AP 12 5 3 4 6

EP 12 5 6 6 8

POCP 12 6 4 5 8

ADP 12 5 10 8 11

ENR 12 29 23 25 15

ER 12 29 23 25 15

TOTAL 100 100 100 100 100

Cenário 1AEPA SAB

(POND.)

BEES

(POND.)

Indicadores

Ponderações (%)

HIP. 1 HIP .2

GWP ODP AP EP POCP ADP ENR EN

A51%

49%10%

BEES Ponderada

A

B

2% 3% 23% 23%

4%6%29%

32%5%6%B

5% 5%

5%16%

B

EPA SAB Ponderada

A 29% 29% 68%

A

11%8%8%

A

B

Hipótese 2

31%

6% 6% 15% 15% 42%

58%

TOTAL

58%

42%

Cenário 4 - Ponderações

Solução Melhor

Desempenho

Hipótese 1

4% 4% 25%

A

Soluções

A

B 23%

25%

6% 5% 8%

Quadro 6.17 - Ponderações utilizadas no Cenário 4

Quadro 6.18 - Resultados do cenário 4

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

101

Como podemos visualizar, este cenário apresenta resultados interessantes e que comprovam a

controvérsia referida. Na hipótese 1, EPA SAB ponderada e BEES ponderada a solução A é classificada

como a solução com melhor desempenho, no entanto, na hipótese 2 o resultado é precisamente o oposto.

Novamente se destaca o facto de as ponderações das hipóteses serem admitidas sem nenhuma base

científica. Contudo, possibilita uma idealização de como esta fase se executa e dos possíveis resultados

a obter.

Este cenário comprova, de uma forma simplificada, uma das maiores razões de ainda não existir uma

metodologia de avaliação de sustentabilidade no setor construtivo consensual em todo o mundo. Cada

entidade e ferramenta utiliza o seu próprio conjunto de pesos para os indicadores a estudar, o que em

muitas situações pode originar cenários idênticos ao apresentado, isto é, resultados distintos para os

mesmos valores de indicadores ambientais.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

103

7 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS

7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na sequência do trabalho executado ao longo dos diversos capítulos desenvolvidos na presente tese é

possível tirar algumas ilações interessantes.

O desenvolvimento sustentável é um paradigma problemático e que promete marcar presença na agenda

dos líderes mundiais durante os próximos anos. Analisando o descrito anteriormente, a implementação

deste conceito ainda se encontra muito rudimentar a nível mundial em muitos aspetos, pois como disse

a líder mundial do desenvolvimento sustentável, Gro Harlem Brundtland, numa entrevista “O

desenvolvimento sustentável tem alto custo e vai beneficiar futuras gerações, que ainda não votam, nem

pagam impostos. Daí vem a grande dificuldade em sensibilizar os governos para a questão”. Portanto,

este conceito vai continuar o seu processo de evolução pois sem ele o futuro da população mundial pode

estar em risco.

Como visto anteriormente, deve existir um equilíbrio entre as três dimensões da sustentabilidade,

realçando a vertente social que em muitos casos não é mencionada devido à sua natureza não técnica

mas tem tanto significado como as outras duas. Um engenheiro civil tem responsabilidades referentes à

vertente social dada à enorme importância que as cidades e as suas infraestruturas têm na qualidade de

vida humana. O engenheiro é ou deverá ser um ator fundamental do ambiente construído e um elemento

fundamental no seu pensamento e estruturação.

A construção é uma atividade altamente condicionadora do desenvolvimento sustentável e nós,

engenheiros civis, devemos cada vez mais ter em consideração essa temática na nossa atividade,

especificamente, se for no âmbito da conceção, pois é nessa fase do processo construtivo que ocorre a

seleção de materiais e processos referente ao projeto a executar. Da mesma forma que o projeto

condiciona as soluções a adotar e o seu custo, condicionará da mesma forma a opção por soluções

sustentáveis.

A sustentabilidade na construção e o conceito de “edifício verde” encontra-se maioritariamente

associado ao consumo energético, daí a maioria dos estudos e artigos científicos relacionados com a

temática de sustentabilidade de soluções construtivas serem referentes a elementos construtivos que

mais condicionam o comportamento do edifício no campo energético, como paredes, coberturas e lajes.

Importa realçar que o consumo de água e a disposição dos resíduos da construção têm um impacto brutal

no meio ambiente e muitas vezes são aspetos não considerados erradamente nos estudos, no entanto,

estes são partes significativas duma avaliação da sustentabilidade ambiental.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

104

Em relação aos instrumentos de apoio e avaliação da sustentabilidade dos trabalhos da construção, o

desenvolvimento de uma metodologia de avaliação aceite mundialmente iria revolucionar este campo,

na medida em que emancipava a mentalidade dos decisores em relação às incertezas da utilização desta

na conceção de projetos. Também, o estabelecimento de uma base de dados única para os produtos da

construção facilitaria o processo. No entanto, este aspeto só se afigura viável, na minha opinião, quando

for desenvolvida uma DAP (EPD) comum para o espaço europeu e essas forem de caráter de aplicação

obrigatório. Se esta obrigatoriedade for consistente, ou seja, associada a uma DAP (EPD) comum, vai

proporcionar uma base de dados muito mais completa e viabilizar que os estudos de comparação de

materiais com vista à seleção das soluções mais adequadas seja muito mais transparente e clara. Para

além destas vantagens diretas também existem algumas indiretas, tais como, uma melhoria do

desempenho ambiental dos produtos da construção devido à uniformização de uma base de dados que

contenha os produtos por categorias.

A recente normalização europeia veio dar um grande contributo para avaliação de sustentabilidade da

construção, pois estabelece e define aspetos fulcrais para a temática a vários níveis tendo em conta a

abordagem ciclo de vida, como por exemplo, os indicadores a serem considerados em cada uma das

dimensões, as condições de fronteira da análise e a quantificação desses indicadores. A homogeneização

destes aspetos vai contribuir a média prazo para uma melhoria significativa da construção no campo da

sustentabilidade.

Focando a metodologia ACV (LCA) propriamente dita, é uma excelente ferramenta para comandar o

processo de avaliação pois é a que melhor se enquadra com as particularidades únicas duma edificação,

nomeadamente, a longa duração do seu ciclo de vida, que é um aspeto raro na indústria de produtos.

Esta metodologia possibilita a realização de inúmeros estudos com âmbitos diferentes, pois permite

adaptar os objetivos e os dados aos resultados que se pretende obter, tendo em conta o público-alvo do

estudo.

A utilização desta metodologia no âmbito da construção tem que ser limitada aos indicadores que

condicionam significativamente a sustentabilidade. A conceção de uma edificação engloba um elevado

número de processos e materiais com inúmeros impactes ambientais distintos. Como tal, uma filtragem

dos impactes mais significativos é aconselhada, de outro modo a análise tornar-se-ia morosa e bastante

dispendiosa o que levaria à inviabilidade de toda a abordagem ou a não utilização da metodologia.

7.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS – CASO PRÁTICO

Em relação ao caso prático, este foi executado com vista à clarificação da metodologia no âmbito da

construção, associando 2 soluções homólogas utilizadas regularmente na conceção de naves industriais.

A adoção de diferentes cenários permitiu percecionar que a metodologia ACV (LCA) tem inúmeras

potencialidades e pode ser crucial no setor da construção a vários níveis.

No entanto, existiram inúmeras dificuldades, sendo grande parte delas, relacionadas com a obtenção de

dados. Para realizar a avaliação é necessário ter disponível um conjunto de dados que contenha todos os

indicadores referidos nas mais recentes normas europeias. No entanto, como o seu conteúdo ainda não

foi devidamente aprofundado e utilizado pela maior parte da indústria, nomeadamente os fabricantes de

produtos da construção, torna-se extremamente difícil a obtenção de dados. As DAP (EPD) presentes

nos operadores não contém a informação homogeneizada e isso prejudica seriamente a sua utilização

para a avaliação ambiental dos materiais. Em contrapartida, as bases de dados e os programas de cálculo

exibem outro tipo de qualidade de informação mas apresentam licenças pagas e bastante dispendiosas.

No entanto, estes softwares também apresentam algumas lacunas. Ao realizar uma ACV (LCA) neste

tipo de ferramentas incorre-se a um conjunto de resultados que em muitas situações não é percetível a

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

105

sua origem ou procedimento. Isto pode provocar que o surgimento de alguma anomalia nos resultados

muito dificilmente seja corrigida, dado ao facto de não sensibilização do procedimento utilizado pela

ferramenta informática. Este problema também acontece em outro tipo de softwares associados ao setor

da construção como o CYPE.

Outra dificuldade sentida foi a adoção de considerações e suposições para cada módulo em estudo.

Todos os módulos necessitam de ser clarificados para permitir maior clareza possível nos resultados a

apresentar. No entanto, a consideração dessas suposições requer uma experiência considerável no campo

da engenharia civil com vista a permitir a maior fiabilidade possível nos resultados a apresentar.

Passando agora aos resultados obtidos dos cenários estudados, penso que estes foram satisfatórios pois

a clarificação da metodologia foi atingida e a importância da sua utilização ficou bem patente e

demonstrada. Os cenários idealizados provaram que a consideração de todo o ciclo de vida dos materiais

traduz diferenças nos impactes ambientais gerados por estes e, em muitos casos, esses impactes podem

ser minimizados com os benefícios dos processos de reutilização e reciclagem.

O cenário 1 demonstrou que a tipologia “cradle-to-gate” é a base de um estudo ACV (LCA), e a solução

de betão armado (A) foi a que apresentou o melhor desempenho.

Em relação aos cenários alusivos à vertente económica associada aos custos dos materiais, ficou patente

a sua importância e papel no auxílio à tomada de decisão. Estes permitiram determinar qual a solução

com melhor desempenho, conjuntamente com os resultados da vertente ambiental.

Os cenários 2 e 3 da vertente ambiental esclareceram as diferenças na escolha da tipologia a adotar na

avaliação. Quanto mais completa a avaliação, maior a certeza nos resultados obtidos e

consequentemente promover utilização da ACV (LCA) em estudos reais. Com isto ficou demonstrado

a importância da metodologia ACV (LCA) no setor da construção.

Outra meta pretendida depreendia-se com a fase opcional de ponderação, e esta também ficou

desmistificada. O cenário 4 demonstrou que os pesos relativos adotados para os indicadores de impactes

ambientais podem induzir diferenças consideráveis na avaliação e até condicionar a tomada de decisão.

Um caso de estudo que aborde mais tipos de soluções equivalentes, em que os resultados dos indicadores

sejam todos muito similares aumenta ainda mais a probabilidade de os pesos relativos influenciarem a

escolha do decisor.

Esta metodologia pode claramente auxiliar na tomada de decisão referente à seleção dos materiais de

construção com base no seu desempenho ambiental e económico. Neste caso concreto, a solução de

betão armado (A) foi a que teve melhor desempenho na maioria dos cenários. No entanto, a falta de

informação existente impediu mais realismo nos resultados obtidos.

7.3 PERSPETIVAS FUTURAS

O domínio da sustentabilidade dos trabalhos da construção é algo muito recente no panorama mundial

como verificado pelas normas criadas neste campo, portanto propõem-se aqui algumas linhas gerais de

evolução de estudos nesta temática.

Uma possibilidade passa pela análise comparativa de soluções tendo em conta os indicadores das 3

dimensões da sustentabilidade e verificar a importância da componente social comparando com os

resultados aqui obtidos.

Como visto em cima, o passo da ponderação referente à etapa de avaliação da metodologia gera muita

controvérsia, pois os pesos atribuídos variam localmente. Afigura-se interessante associar a análise

obtida nesta tese com a tese realizada sobre a metodologia de ponderação AHP e tentar chegar a

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

106

ponderações mais consistentes para os indicadores e até para cada uma das dimensões da

sustentabilidade.

Também seria interessante aprofundar mais as vertentes relativas à economia e sociedade, em relação a

temáticas relacionadas com o custo energético do ciclo de vida de um edificado e o conforto para o ser

humano nesse edificado. São as outras componentes da abordagem ciclo de vida, e como tal, devem ser

aprofundadas ao mesmo nível que a vertente ambiental foi na presente tese.

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

111

ANEXOS

ANEXO I – DECLARAÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTO (DAP HABITAT)

ANEXO II – TABELA DE INDICADORES EXEMPLO DA NORMA EN 15978

ANEXO III – PLANTAS E ALÇADOS

ANEXO IV – DECLARAÇÕES AMBIENTAIS DE PRODUTO DO AÇO E DO ACABAMENTO DE

PINTURA

ANEXO V – LISTA DE IMPACTES AMBIENTAIS DE MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO (ECOINVENT)

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

113

ANEXO I – DECLARAÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTO (DAP HABITAT)

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Sistema DAPHabitat

www.daphabitat.pt

NOME DO PRODUTOR/ASSOCIAÇÃO

Imagem do produto

Dimensões máximas: 9,40 cm x 16,75 cm

Nota: se as dimensões da imagem não corresponderem às dimensões pretendidas, esta deverá ser

tratada. A imagem do produto poderá ter dimensões inferiores às especificadas.

Logo do requerente

Altura: 2,40 cm

VERSÃO 1.0. EDIÇÃO OUTUBRO 2012

DECLARAÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTO

[de acordo com a ISO 14025, EN 15804 e EN 15942]

NOME DO PRODUTO

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Logo do proprietário

Sistema DAPHabitat i

Índice

1. INFORMAÇÕES GERAIS .................................................................................................................................. 1

1.1. SISTEMA DE REGISTO DAPHABITAT ............................................................................................................................ 1

1.2. REQUERENTE .......................................................................................................................................................... 1

1.3. INFORMAÇÕES SOBRE A DAP ..................................................................................................................................... 2

1.4. DEMONSTRAÇÃO DE VERIFICAÇÃO .............................................................................................................................. 2

1.5. RCP DE REFERÊNCIA ................................................................................................................................................ 3

1.6. INFORMAÇÕES SOBRE O PRODUTO .............................................................................................................................. 4

2. DESEMPENHO AMBIENTAL DO PRODUTO ..................................................................................................... 5

2.1. REGRAS DE CÁLCULO ACV ........................................................................................................................................ 5

2.1.1. DIAGRAMA DE FLUXOS DE ENTRADA E SAÍDA DOS PROCESSOS ........................................................................................ 5

2.1.2. DESCRIÇÃO DA FRONTEIRA DO SISTEMA .................................................................................................................... 6

2.2. PARÂMETROS QUE DESCREVEM OS POTENCIAIS IMPACTES AMBIENTAIS............................................................................... 7

2.3. PARÂMETROS QUE DESCREVEM A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS ............................................................................................. 8

2.4. OUTRAS INFORMAÇÕES AMBIENTAIS QUE DESCREVEM DIFERENTES CATEGORIAS DE RESÍDUOS ................................................ 9

2.5. OUTRAS INFORMAÇÕES AMBIENTAIS QUE DESCREVEM OS FLUXOS DE SAÍDA ...................................................................... 10

3. INFORMAÇÃO TÉCNICA ADICIONAL E CENÁRIOS ..........................................................................................10

3.1. A4 TRANSPORTE PARA O LOCAL DA CONSTRUÇÃO – ETAPA DE CONSTRUÇÃO ..................................................................... 10

3.2. A5 INSTALAÇÃO DO PRODUTO NO EDIFÍCIO - ETAPA DE CONSTRUÇÃO .............................................................................. 10

3.3. B1 ETAPA DE UTILIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 11

3.4. B2 MANUTENÇÃO ................................................................................................................................................. 11

3.5. B3 REPARAÇÃO .................................................................................................................................................... 12

3.6. B4 SUBSTITUIÇÃO ................................................................................................................................................. 12

3.7. B5 REABILITAÇÃO .................................................................................................................................................. 13

3.8. B6 UTILIZAÇÃO DE ENERGIA (OPERACIONAL) ............................................................................................................... 13

3.9. B7 UTILIZAÇÃO DA ÁGUA (OPERACIONAL) .................................................................................................................. 13

3.10. ETAPA DE FIM DE VIDA [C1 – C4] .......................................................................................................................... 14

3.11. INFORMAÇÃO AMBIENTAL ADICIONAL RELATIVA À LIBERTAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS ............................................... 14

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................15

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Logo do proprietário

Sistema DAPHabitat 1

1. INFORMAÇÕES GERAIS

1.1. Sistema de registo DAPHabitat

Identificação do operador do

programa:

Associação Plataforma para a Construção Sustentável

www.centrohabitat.net

[email protected]

Localização: Departamento Engenharia Civil Universidade de Aveiro 3810-193 Aveiro

Endereço eletrónico: [email protected]

Contacto telefónico: (+351) 234 401576

Website: www.daphabitat.pt

Logótipo:

1.2. Proprietário

Nome do proprietário: (…) (nome da entidade ou grupo de entidades associadas)

Local de produção - Localização: (…)

Localização (sede): (…) se aplicável

Contacto telefónico: (…) (indicar o contacto telefónico da pessoa responsável pelo processo de elaboração da DAP)

Endereço eletrónico: (…) (indicar o endereço eletrónico geral da entidade e da pessoa responsável pelo processo de elaboração da DAP)

Website: (…)

Logótipo:

(…)

Informação sobre Sistemas de Gestão aplicados:

(exemplo: certificada ISO 9001; ISO 14001…) se aplicável

Aspetos específicos relativos à produção:

(descriminar o CAE…)

Política ambiental da organização: (…) se aplicável

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Logo do requerente

2 Sistema DAPHabitat

1.3. Informações sobre a DAP

Autores: (…)

Contacto dos autores: (…)

Data de emissão: (…)

Data de registo: (…)

Número de registo: (…)

Válido até: (…) (período de validade de 5 anos a contar desde a sua data de registo)

Representatividade da DAP (local, produtor, grupo de produtores):

(…)

Onde consultar material explicativo sobre produto:

(…) se aplicável

Tipo de DAP: (…) segundo os módulos de informação incluídos no estudo de ACV (ex.:DAP do berço ao portão)

1.4. Demonstração de verificação

Verificação independente da declaração, de acordo com a norma NP ISO 14025:2009

Organismo de certificação

Verificador

() ()

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Logo do requerente

3

1.5. RCP de referência

Nome: (…)

Data de emissão: (…)

Número de registo na base de dados: (…)

Versão: (…) (nova ou atualização)

Identificação e contacto do(s) coordenador(es):

(…)

Identificação e contacto dos autores: (…)

Composição do painel sectorial: (…)

Composição do painel de revisão: (…)

Válido até: (…)

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Logo do requerente

4

1.6. Informações sobre o produto

Identificação do produto: (…) (número do modelo, código, etc.)

Ilustração do produto: Dimensões máximas:

5,44 x 5,44 cm

Breve descrição do produto: (…) (desde a sua composição, matérias-primas e/ou componentes e sua percentagem na constituição do produto; bem como a sua aparência final e dimensões. Neste ponto também se pode descrever sumariamente o processo de produção do produto)

Principais características técnicas do produto:

Tabela 1: Características técnicas - exemplo

Designação Valor Unidades

Resistência Térmica m2.◦C/w

Condutibilidade Térmica w/m2. ◦C

Resistência mecânica

etc

Nota: estas informações são fictícias, mas podem ser obtidas através da ficha técnica do produto ou através da etiqueta da marcação CE dos produtos.

Descrição da aplicação do produto: (…) (relativa ao produto pronto para aplicação, ou seja para exercer a sua função concreta na etapa de utilização, mesmo que esta só advenha após outro processo)

Vida útil de referência: (…)

Colocação no mercado/ Regras de aplicação no mercado/ Normas

técnicas do produto:

(…) se aplicável

Deve mencionar-se a referência à marcação CE

Controlo de qualidade: (…) (informações sobre sistemas de controlo de qualidade, entre outros)

Condições especiais de entrega: (…) (tendo como base de referência a normalização do produto e outras informações técnicas)

Componentes e substâncias a declarar: (…) (informações sobre a declaração do conteúdo de componentes e substâncias químicas do produto que possam ser relevantes na caracterização do mesmo, abrangendo informação sobre materiais e substâncias que possam provocar um efeito nocivo na saúde humana e no ambiente, em todas as etapas do ciclo de vida. Deve ainda incluir informação sobre substâncias presentes na “Lista candidata”, pelo menos quando o seu teor exceda o limiar necessário para a notificação de substâncias em artigos (concentração superior a 0,1% em massa (m/m)) junto da Agência Europeia dos Produtos Químicos (European Chemicals Agency))

Tabela 2: Componentes e substância químicas

Material Nº CAS Perigoso para

o ambiente Frases de risco

Quantidade (kg/t

produto)

Histórico de estudos de ACV: (…) (breve resumo de estudos de ACV ou semelhantes realizados ao produto, se aplicável)

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5

2. DESEMPENHO AMBIENTAL DO PRODUTO

2.1. Regras de cálculo da ACV

2.1.1. Diagrama de fluxos de entrada e saída dos processos

Figura 1: Exemplo das etapas do ciclo de vida e processos unitários do produto

Unidade declarada: (…) se aplicável

Unidade funcional: (…) se aplicável

Fronteira do sistema: (…) (definir a fronteira do sistema)

Critérios de exclusão: (…) os critérios de exclusão utilizados devem ser aqui descritos e devidamente justificados de acordo com os requisitos presentes no documento RCP de referência.

Pressupostos e limitações (…) as suposições e hipóteses relevantes utilizadas para a interpretação dos resultados da ACV devem ser aqui referidas, de um modo resumido.

Qualidade e outras características sobre a informação utilizada na ACV:

(…) breve descrição e caracterização da qualidade dos dados recolhidos e utilizados para o estudo de ACV do produto. Devem referir-se neste ponto as fontes dos dados utilizados.

Regras de alocação: (…) as regras de alocação utilizadas devem ser aqui descritas e justificadas de acordo com o documento RCP de referência utilizado para o estudo. Se aplicável.

Comparabilidade: As DAP de produtos e serviços de construção podem não ser comparáveis caso não sejam produzidas de acordo com a EN 15804 e a EN 15942 e de acordo com as condições de comparabilidade determinadas pela ISO 14025.

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6

2.1.2. Descrição da fronteira do sistema

(= incluído; = módulo não declarado)

ETAPA DE PRODUÇÃO

ETAPA DE CONSTRUÇÃO

ETAPA DE UTILIZAÇÃO ETAPA DE FIM DE VIDA

BENEFÍCIOS E CARGAS AMBIENTAIS PARA ALÉM

DA FRONTEIRA DO SISTEMA

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A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 D

Deve aqui incluir-se uma descrição detalhada das etapas do ciclo de vida do produto estudadas (a incluir na DAP), como no exemplo:

A etapa de produção de um produto cerâmico inclui as seguintes fases:

armazenagem de matérias-primas;

preparação da pasta;

moldagem por extrusão;

secagem;

cozedura;

escolha, embalagem e armazenamento.

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2.2. Parâmetros que descrevem os potenciais impactes ambientais

Aquecimento global

Depleção da camada do

ozono Acidificação Eutrofização

Oxidação fotoquímica

Depleção de recursos abióticos

(elementos)

Depleção de recursos abióticos (fósseis)

kg CO2 equiv. kg CFC 11 equiv.

kg SO2 equiv. kg (PO4)3- equiv.

kg C2H4 equiv.

kg Sb equiv. MJ, P.C.I.

Extração e processamento matérias-primas

A1

Transporte A2

Produção A3

Total Total

Transporte A4

Processo de construção e instalação

A5

Utilização B1

Manutenção B2

Reparação B3

Substituição B4

Reabilitação B5

Uso de energia (operacional)

B6

Uso de água (operacional)

B7

Desconstrução e demolição

C1

Transporte C2

Processamento de resíduos

C3

Eliminação final C4

Potencial de reutilização, reciclagem e valorização

D

LEGENDA:

Etapa de Produção

Etapa de Construção

Etapa de Utilização

Etapa de Fim de Vida

Benefícios e cargas ambientais para além da fronteira do sistema

NOTAS1: P.C.I. – Poder calorífico inferior. Unidades expressas por unidade funcional ou unidade declarada. As etapas do ciclo de vida não consideradas no estudo podem ser eliminadas da tabela, através da função “eliminar linhas”. Os valores a indicar na tabela devem ser apresentados com dois algarismos significativos ou notação científica. Esta representação numérica deverá ser uniforme para o mesmo indicador.

1 Estas notas deverão ser eliminadas para apresentação do documento final.

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8

2.3. Parâmetros que descrevem a utilização de recursos

2 Estas notas deverão ser eliminadas para apresentação do documento final.

EPR RR TRR EPNR RNR TRNR MS CSR CSNR

Água doce

MJ, P.C.I.

MJ, P.C.I.

MJ, P.C.I.

MJ, P.C.I. MJ, P.C.I. MJ, P.C.I.

kg MJ, P.C.I.

MJ, P.C.I. m3

Extração e processamento de matérias-primas

A1

Transporte A2

Produção A3

Total Total

Transporte A4

Processo de construção e instalação

A5

Utilização B1

Manutenção B2

Reparação B3

Substituição B4

Reabilitação B5

Uso de energia (operacional)

B6

Uso de água (operacional)

B7

Desconstrução e demolição

C1

Transporte C2

Processamento de resíduos

C3

Eliminação final C4

Potencial de reutilização, reciclagem e valorização

D

LEGENDA:

Etapa de Produção

Etapa de Construção

Etapa de Utilização

Etapa de Fim de Vida

Benefícios e cargas ambientais para além da fronteira do sistema

EPR = utilização de energia primária renovável excluindo os recursos de energia primária renováveis utilizados como matérias-primas; RR = utilização dos recursos de energia primária renováveis utilizados como matérias-primas; TRR = utilização total dos recursos de energia primária renováveis (EPR + RR); EPNR = utilização de energia primária não renovável, excluindo os recursos de energia primária não renováveis utilizados como matérias-primas; RNR = utilização dos recursos de energia primária não renováveis utilizados como matérias-primas; TRNR = Utilização total dos recursos de energia primária não renováveis (EPRN + RNR); MS = utilização de material secundário; CSR = utilização de combustíveis secundários renováveis; CSNR = utilização de combustíveis secundários não renováveis; Água doce = utilização do valor líquido de água doce.

NOTA2: Unidades expressas por unidade funcional ou unidade declarada. As etapas do ciclo de vida não consideradas no estudo podem ser eliminadas da tabela, através da função “eliminar linhas”. Os valores a indicar na tabela devem ser apresentados com dois algarismos significativos ou notação científica. Esta representação numérica deverá ser uniforme para o mesmo indicador.

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2.4. Outras informações ambientais que descrevem diferentes categorias de resíduos

Resíduos perigosos

eliminados

Resíduos não perigosos

eliminados

Resíduos radioativos eliminados

kg kg kg

Extração e processamento de matérias-primas A1

Transporte A2

Produção A3

Total Total

Transporte A4

Processo de construção e instalação A5

Utilização B1

Manutenção B2

Reparação B3

Substituição B4

Reabilitação B5

Uso de energia (operacional) B6

Uso de água (operacional) B7

Desconstrução e demolição C1

Transporte C2

Processamento de resíduos C3

Eliminação final C4

Potencial de reutilização, reciclagem e valorização D

LEGENDA:

Etapa de Produção

Etapa de Construção

Etapa de Utilização

Etapa de Fim de Vida

Benefícios e cargas ambientais para além da fronteira do sistema

NOTAS3: Unidades expressas por unidade funcional ou unidade declarada. As características que tornam os resíduos perigosos são descritas na legislação aplicável em vigor, por exemplo, na Diretiva-Quadro Europeu de Resíduos. As etapas do ciclo de vida não consideradas no estudo podem ser eliminadas da tabela, através da função “eliminar linhas”. Os valores a indicar na tabela devem ser apresentados com dois algarismos significativos ou notação científica. Esta representação numérica deverá ser uniforme para o mesmo indicador.

3 Estas notas deverão ser eliminadas para apresentação do documento final.

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2.5. Outras informações ambientais que descrevem os fluxos de saída

Parâmetro Unidades* Resultados

Componentes para reutilização kg

Materiais para reciclagem kg

Resíduos radioativos eliminados kg

Materiais para recuperação de energia kg

Energia exportada MJ por transportador de energia

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

3. INFORMAÇÃO TÉCNICA ADICIONAL E CENÁRIOS

3.1. A4 Transporte para o local da construção – Etapa de construção

3.2. A5 Instalação do produto no edifício - Etapa de construção

Parâmetro Unidades* Resultados

Materiais acessórios para instalação (especificado por material) kg ou outras unidades, conforme

apropriado

Uso de água m3

Utilização de outros recursos kg

Descrição quantitativa de fontes de energia (mix regional) e do consumo durante o processo de instalação

kWh ou MJ

Resíduos de materiais no local da obra antes do processamento de resíduos gerados pela instalação do produto (especificado por tipo)

kg

Saída de materiais (especificado por tipo) como resultado do processamento de resíduos no local da obra, por exemplo de recolha para reciclagem, valorização energética, eliminação

kg

Emissões diretas para o ar ambiente, solo e água kg

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

Parâmetro Unidades* Resultados

Tipo de combustível, consumo de combustível, tipo de veículo usado para o transporte (por exemplo, camião de longa distância, barco, etc.)

Litro de combustível por distância, tipo de veículo, Diretiva 2007/37/EC

(European Emission Standard)

Distância km

Capacidade do contentor (incluindo a viagem de volta sem carga)

% (carga útil)

Densidade dos produtos transportados kg/m3

Fator de capacidade em volume (fator=1 ou < 1 ou >1 para produtos comprimidos ou embalados)

Não aplicável

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

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3.3. B1 Etapa de Utilização

(Informação relevante sobre a utilização do produto) se aplicável

3.4. B2 Manutenção

Processo de manutenção (Descrição ou local onde se pode encontrar a informação)

Processo Unidades* Resultados

Ciclo de manutenção Número de ciclos por vida útil de referência ou por ano

Materiais auxiliares para manutenção, p. exemplo, detergentes de limpeza

kg/ciclo

Resíduos resultados de operações de manutenção (especificar os materiais)

kg

Água doce consumida durante a manutenção m3

Consumos de energia durante as operações de manutenção, p. exemplo, na limpeza a vácuo

kWh

Descrição de outros cenários a considerar4 Unidade apropriada

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

4 Caso não sejam descritos mais cenários, esta linha deverá ser eliminada no documento final.

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3.5. B3 Reparação

Processo de reparação (Descrição ou local onde se pode encontrar a informação)

Processo de inspeção (Descrição ou local onde se pode encontrar a informação)

Processo Unidades* Resultados

Ciclo de reparação Número de ciclos por vida útil de referência ou por ano

Materiais auxiliares, p. ex., lubrificantes, especificar os materiais

kg ou kg/ciclo

Resíduos resultantes do processo de reparação (especificar tipo de materiais)

kg

Água consumida durante os processos de reparação m3

Consumo de energia durante as reparações, como operações com maquinaria, etc.

kWh/ vida útil de referência, kWh/ciclo

Descrição de outros cenários a considerar5 Unidades apropriadas

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

3.6. B4 Substituição

Processo Unidades* Resultados

Ciclo de substituição Número de ciclos por vida útil de referência ou por ano

Consumos de energia durante as substituições de material, como operações com maquinaria, etc.

kWh

Troca de peças desgastadas durante o ciclo de vida útil do produto, por exemplo, zinco, chapas de aço galvanizado

kg

Descrição de outros cenários a considerar5 Unidades apropriadas

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

5 Caso não sejam descritos mais cenários, esta linha deverá ser eliminada no documento final.

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3.7. B5 Reabilitação

Processo de reabilitação (Descrição ou local onde se pode encontrar a informação)

Processo Unidade* Resultados

Ciclo de reabilitação Número de ciclos por vida útil de referência ou por ano

Consumos de energia durante as operações de reabilitação, como operações com maquinaria, etc.

kWh

Consumo de materiais de reabilitação, como tijolos, incluindo outros materiais auxiliares para o processo, lubrificantes, etc.

kg ou kg/ciclo

Resíduos resultantes de operações de reabilitação kg

Outros pressupostos para o desenvolvimento de cenários, como frequência e tempo, período de utilização, número de ocupantes6

Unidades apropriadas

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

3.8. B6 Utilização de energia (operacional)

Parâmetros Unidades* Resultados

Materiais acessórios especificados por kg de material kg ou unidades apropriadas

Consumo de água doce m3

Tipo de recurso energético, por exemplo, eletricidade, gás natural

kWh

Potência de equipamentos kW

Característica de desempenho, por exemplo, eficiência energética, emissões, a variação de desempenho com a capacidade de utilização etc.

Unidades apropriadas

Pressupostos adicionais para a elaboração de cenários, por exemplo, frequência e período de uso, número de ocupantes6

Unidades apropriadas

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

3.9. B7 Utilização da água (operacional)

Parâmetros Unidades* Resultados

Materiais acessórios especificados por kg de material kg ou unidades apropriadas

Consumo de água doce m3

Tipo de recurso energético, por exemplo, eletricidade, gás natural

kWh

Potência de equipamentos kW

Característica de desempenho, por exemplo, eficiência energética, emissões, a variação de desempenho com a capacidade de utilização etc.

Unidades apropriadas

Pressupostos adicionais para a elaboração de cenários, por exemplo, frequência e período de uso, número de ocupantes6

Unidades apropriadas

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

6 Caso não sejam descritos mais cenários, esta linha deverá ser eliminada no documento final.

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3.10. Etapa de Fim de Vida [C1 – C4]

Parâmetros Unidades* Resultados

Processos de recolha especificados por tipo kg recolhidos separadamente

kg recolhidos no mix dos resíduos de construção

Sistema de recuperação especificado por tipo kg para reutilização

kg para reciclagem

kg para recuperação de energia

Deposição final especificada por tipo kg de produto ou material para deposição final

Suposições para desenvolvimento de cenários (ex.: transporte)7

Unidades apropriadas

Definição de cenário7 Unidades apropriadas

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

3.11. Informação ambiental adicional relativa à libertação de substâncias perigosas

Título do cenário Parâmetros Unidades* Resultados

Cenário de emissões para o ar interior

Resultados dos testes de acordo com a CEN/TC 351

Descrição do cenário 17 Unidades apropriadas

Descrição do cenário n7 Unidades apropriadas

Cenário de libertação para o solo

Resultados dos testes de acordo com a CEN/TC 351

Descrição do cenário 17 Unidades apropriadas

Descrição do cenário n7 Unidades apropriadas

Cenário de libertação para a água

Resultados dos testes de acordo com a CEN/TC 351

(…)

Descrição do cenário 17 Unidades apropriadas

Descrição do cenário n7 Unidades apropriadas

* expressas por unidade funcional ou unidade declarada

Nota: Sempre que existam normas horizontais relativas à medição da libertação de substâncias perigosas regulamentadas utilizando métodos de ensaio harmonizados de acordo com as disposições dos Comités Técnicos responsáveis pelas Normas Europeias de produtos ou regulamentação nacional.

7 Caso não sejam descritos mais cenários, esta linha deverá ser eliminada no documento final.

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REFERÊNCIAS

Instruções Gerais do Sistema DAPHabitat, Versão 1.0, Outubro 2012 (em www.daphabitat.pt);

RCP – modelo base para produtos e serviços de construção. Sistema DAPHabitat. Versão 1.0, 2012 (em

www.daphabitat.pt);

NP ISO 14025:2009 Rótulos e declarações ambientais – Declarações ambientais Tipo III – Princípios e

procedimentos;

EN 15804:2012 Sustainability of construction works – Environmental product declarations – Core rules for the

product category of construction products;

EN 15942:2011 Sustainability of construction works – Environmental product declarations – Communication

format business-to-business.

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ANEXO II – TABELA DE INDICADORES EXEMPLO DA NORMA EN 15978

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

ANEXO III – PLANTAS E ALÇADOS

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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CRIADO POR UM PRODUTO EDUCACIONAL DA AUTODESK

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CRIADO POR UM PRODUTO EDUCACIONAL DA AUTODESK

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

ANEXO IV – DECLARAÇÕES AMBIENTAIS DE PRODUTO DO AÇO E DO ACABAMENTO

DE PINTURA

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Environmental Product Declaration A c c o r d i n g t o I S O 1 4 0 2 5

Declaration number

EPD-CEL-2011112-1-E

Institute Construction and Environment

www.bau-umwelt.com

Structural Section Steel

CELSA Barcelona

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Summary

EnvironmentalProduct

Declaration

Institute Construction and Environment www.bau-umwelt.com

Program holder

CELSA Barcelona

Carrer de la Ferralla, 2, Pol. Ind. San Vicente 08755 Castellbisbal (Barcelona) Spain

Declaration holder

EPD-CEL-2011112-1-E Declaration number

Structural section steel

This declaration is an environmental product declaration according to ISO 14025 and describes the specific environmental impacts of the mentioned construction materials. It is supposed to support the sustainable development of environmental and health friendly construction. All relevant environmental data is contained in this validated declaration.

The declaration is based on the PCR document „Construction steel 12-2010“. (PCR_Baustaehle_12_2010)

Declared Building Products

This validated declaration entitles the usage of the label of the Institute for Construction and Environ-ment. This exclusively applies to the mentioned products, three years from the date of issue. The declaration holder is liable for the basic information and verifications.

Validity

The declaration is complete and contains in detailed form:

- Product definition and information about building physics - Information about material characteristics and the material’s origin - Description of the product’s manufacturing - Indication of product processing - Information about the in-use conditions, extraordinary impacts and end-of use phase - Life cycle assessment results - Testing results and evidences

Content of the

declaration

16th Mai 2011 Date of Issue

Signatures

Prof. Dr.-Ing. Horst J. Bossenmayer (Präsident des Institut Bauen und Umwelt)

This declaration, and the rules on which it is based, have been verified by the independent Advisory

Board (SVA) according to ISO 14025. Verification of

the Declaration

Signatures

Prof. Dr.-Ing. Hans-Wolf Reinhardt (Vorsitzender des SVA) Dr. Frank Werner (Prüfer vom SVA bestellt)

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Summary

EnvironmentalProduct

Declaration

This EPD applies to 1 kg of structural section steel. Product description

Structural products are used in the majority of buildings and civil works, mainly in structural steel con-structions or in combination with reinforced concrete. .

Examples:

- Bridges (railway bridge, road bridge, pedestrian bridge, etc.)

- Multi-storey buildings (offices, residential, shops, car parks, high rise, etc.)

- Single storey buildings (industrial and storage halls, etc.)

- Other structures (warehouses, industrial and commercial buildings)

In addition to the construction sector there are an endless number of applications in very diverse sec-tors, such as transport, agriculture, automotive, livestock farming, electricity pylons and cranes.

Applications

The LCA is performed according to ISO 14040 ff. corresponding to the requirements of the guidelines concerning Type III declarations of the Institute for Construction and Environment. Specific industrial data as well as data from the data base „GaBi 4” is used as data basis. The LCA comprises raw material and energy consumption, raw material transports and the actual production phase of structural steel as well as its recycling at the end of the life cycle whilst considering the recycling potential. The LCA applies to structural sections for several structural applications.

Scope of the LCA

Structural Steel

Parameter Unit per kg Production End-of-Life* Total

Primary energy, non-renewable [MJ] 12,05 0,11 12,17

Primary energy, renewable [MJ] 1,05 -0,15 0,90

Global Warming Potential (GWP 100 years)

[kg CO2-eqv.] 0,67 0,10 0,76

Ozone Depletion Potential (ODP) [kg R11-eqv.] 7,47E-08 -1,26E-08 6,21E-08

Acidification Potential (AP) [kg SO2-eqv.] 4,06E-03 5,11E-05 4,11E-03

Eutrophication Potential (EP) [kg PO43--eqv.] 2,33E-04 -6,74E-06 2,26E-04

Photochemical Ozone Creation Potential (POCP)

[kg C2H4-eqv.] 2,87E-04 5,77E-05 3,45E-04

Results of the LCA

* In this EPD 88% recycling, 11% reuse and 1% loss are assumed.

Issued by: PE INTERNATIONAL, Leinfelden-Echterdingen

In cooperation with CELSA Barcelona

No testings and evidences required Testing and

evidences

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Environmental Product Declaration Structural steel Page 4

Product group: Structural steel Elaborated Declaration holder: CELSA Barcelona 16-05-2011 Declaration number: EPD-CEL-2011112-1-E

Scope of validity This environmental product declaration applies to the reinforcing structural sec-tions steel produced by CELSA Barcelona.

1 Product definition

Product definition The steel products produced are:

- Sections: hot rolled structural steel sections in various shapes (I, H, L, U, flats, etc.)

Technical properties (strength level) are: S235 to S960

No metallic or organic coating

Application Steel products are used in the majority of buildings and civil works.

Examples:

- Bridges (railway bridge, road bridge, pedestrian bridge, etc.)

- Multi-storey buildings (offices, residential, shops, car parks, high rise, etc.)

- Single storey buildings (industrial and storage halls, etc.)

- Other structures (warehouses, industrial and commercial buildings) In addition to the construction sector there are an endless number of applications in very diverse sectors, such as transport, agriculture, automotive, livestock farming, electricity pylons and cranes.

Placing on the market/ Codes of practice

Steel products are produced following customer national and/or international techni-cal regulations applicable where the product will be used.

In addition, the products are frequently certified, in accordance with product stan-dards such as: EN 10025.

Most common design codes applicable are: Eurocodes, AISC and CTE.

Quality control Certified Quality Management System (ISO 9001) and Environmental Management System (ISO 14001)

Product certifications: CE mark and AENOR.

Delivery status, characteristics

Delivery conditions in accordance with customer requirements, intended use, and possible technical regulations and certification requirements, when applicable.

Constructional data

Basic product characteristics according to relevant product standards: EN 10025, ASTM A36, A572 and A992, etc.

Table 1: Material properties

Material property Unit Value

Unit mass ρa kg/m³ 7850

Modulus of elasticity Ea MPa 210000

Shear modulus Ga MPa 81000

Modulus of linear thermal expansion aa K-1 12*10-6

Thermal conductivity at 20°C λ W/(m*K) 48-58

Tolerances: EN 10034; EN 10060; EN 10058; EN 10056; EN 10059; EN 10279.

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Environmental Product Declaration Structural steel Page 5

Product group: Structural steel Elaborated Declaration holder: CELSA Barcelona 16-05-2011 Declaration number: EPD-CEL-2011112-1-E

2 Basic materials

Base materials primary products

100% metal scrap (pre-consumer, post-consumer and internal scrap)

Auxiliary sub-stances / additives

Calcium oxide, anthracite, HBI (hot briquetted Iron), coke from coal, and ferroalloys (ferrosilicon silicomanganese, calcium fluoride, ferroniobium, ferrovanadium, ferroti-tanium, ferroboron and silicocalcium)

Percentages in weight of these additives depend on the required quality of the fin-ished product.

Material explana-tion

Steel scrap is a secondary raw material, defined in different qualities, depending on the composition (Fe content) and certain characteristics (plate, section steel, galva-nized sheets, etc.).

Anthracite and calcium oxide are natural raw materials, in different qualities, de-pending of course on their composition and structure available. The various alloys and coke from coal are natural resources, partially treated for use in steel produc-tion. Alloys are, among other things made from recycled material.

Raw material ex-traction and origin

Scrap metal and, in part, the alloys are compiled following the dismantling and crushing plants, other ultimate consumers (post-consumer), steel production and manufacturing process of steel products (pre-consumer) and the internal preparation of scrap for steelmaking. Calcium oxide, carbon and ferroalloys alloys are usually extracted from the soil as natural raw materials.

Availability of raw materials

Recycling of steel scrap saves primary material. Steel scrap is available and traded globally. Europe is in fact net exporter of steel scrap.

3 Product manufacturing

Manufacturing the building product

Scrap metal is melted in electric arc furnace to obtain liquid steel. Refinement is used (reduction of sulphur and phosphorus) and can be alloyed (e.g. approx. 1% Mn, 0.2% Si) and micro alloyed (e.g., 0.01% V) to give the steel specific properties. At the end of the production of steel, molten steel is transformed into a semi-finished product with a continuous casting system. The semi-finished product (billet) is hot rolled to obtain the final product. Hot rolling process which is taken into account in this EPD results in section steel only.

Health protection Production

Sostenibilidad Siderúrgica Management System: independent third party certifica-tion scheme which covers health and safety aspects, among other sustainability aspects beyond national regulations (http://sostenibilidadsiderurgica.com).

Environmental protection Production

Environmental management (EM) in accordance with ISO 14001 and Sostenibilidad Siderúrgica Management System (http://sostenibilidadsiderurgica.com).

4 Product processing

Processing rec-ommendations

Processing and proper use of steel products depends on the application and should be made in accordance with generally accepted practices, standards and manufac-turers recommendations.

National technical regulations (e.g. CTE.), when applicable, as well as Euro codes among others, apply to the design and construction of steel structures. They deal with requirements for performance, sustainability, durability and fire resistance of steel and steel structures. EN 1090 applies to the design and construction of steel structures.

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Environmental Product Declaration Structural steel Page 6

Product group: Structural steel Elaborated Declaration holder: CELSA Barcelona 16-05-2011 Declaration number: EPD-CEL-2011112-1-E

During transport and storage of steel products the usual requirements for securingloads is to be observed.

For the further processing of steel products, the applicable standards, guidelines andgeneral practice are to be considered.

Occupational safety/Environ-mental Protection

When handling and using the products, no additional means to protect health are required beyond the usual occupational safety measures.

No environmental impacts occur when working with or using these products under normal conditions of use. No special measures are necessary for the protection of the environment.

Residual material Residual materials are separated for in-house recycling. The steel scrap can be recycled almost completely.

Packaging Products are delivered without packaging.

5 Condition when in use

Constituent parts The main constituent of structural steel sections is iron. Carbon steel, which is an alloy that consists mostly of iron, has carbon as alloying element in a percentage by weight depending on the required steel grade of the finished product. In minor quan-tities other alloying elements are used, such as manganese, chromium and vana-dium.

The constituents are those referred to in Chapter 2.

Effects on envi-ronment and health

Health aspects:

Steel products, under normal conditions of use, do not cause adverse health effects.

Environmental aspects:

If the steel products are used according to their intended use, under normal condi-tions, there will be no significant environmental impact to water, air/atmosphere and soil.

Service life The use and maintenance requirements are not based on the steel products but on the specific design and application.

Design of construction elements using steel products usually considers the specific atmospheric and corrosive environment, and provides with the necessary corrosion protection for the desired useful live.

6 Extraordinary impacts

Fire Fire resistance class A1 (non-combustible) according to EN 13501.

Steel does not produce smoke.

Water

Steel is stable, insoluble and does not emit substances into water. In the presence of oxygen in the water, steel is corroded (= slow oxidation).

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Environmental Product Declaration Structural steel Page 7

Product group: Structural steel Elaborated Declaration holder: CELSA Barcelona 16-05-2011 Declaration number: EPD-CEL-2011112-1-E

7 End of Life phase

Reuse/ Reutilisation

Structural steel can be reused after its recovery. In particular when steel construc-tions are properly designed to facilitate disassembly and re-use at the end of their useful lives.

Currently, around 11% of the considered steel products are re-used after disman-tling [Estimate based on the following sources: /European Commission Technical Steel Research/, /“Declaration Environnementale et Sanitaire Conforme a la Norme NF P 01-010“, Pourtrelle en acier, Décembre 2007/, /“Steel Recycling Rates at a Glance“, Steel Recycling Institute, 2007/]

Recycling Steel is 100% recyclable and scrap can be converted to the same (or higher or lower) quality of steel depending upon the metallurgy and processing of the recy-cling route.

Currently, around 88% of the products are recycled.

Disposal Due to its high value as a resource, steel scrap is not disposed of, but instead in a well established cycle fed to reuse or recycling. However, in case of disposal (dis-posal code: 17 04 03) no environmental impacts result.

8 Life cycle assessment

8.1 Information on system definition and modelling of the life cycle

Declared Unit This EPD applies to 1 kg product of section steel.

System boundaries

The selected system boundaries of this study encompass the following steps:

Production of raw materials and energy

Production / Manufacture of the product

Waste water treatment

End-of-Life (Reuse, recycling, remelting of steel scrap)

Assumptions and estimations

No additional assumptions and estimations were necessary for the LCA.

Cut-off criteria On the input side all flows entering the system and comprising more than 1% in total mass or contributing more than 1% to primary energy consumption are considered All inputs used as well as all process-specific waste and process emissions were assessed. For this reason material streams which were below 1 % mass percent were captured as well. In this manner the cut-off criteria according to the IBU guide-line are fulfilled.

All background data relevant to the selected system boundaries – such as material and energy production – are taken from the GaBi 4 database (/GaBi 4 2006/). Re-spective cut-off criteria (system boundaries) are given in the documentation of the data sets (/GaBi 4 2006/).

Transports Transports distances are included in all background data sets, as well as considered for transportation of post-consumer steel scrap.

Period under con-sideration

Modelling is based on production data from 2009. Background data refer from 2002 to 2008 (/GaBi 4 2006/).

Background data Background data like material and energy production are taken from the GaBi 4 database (/GaBi 4 2006/).

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Environmental Product Declaration Structural steel Page 8

Product group: Structural steel Elaborated Declaration holder: CELSA Barcelona 16-05-2011 Declaration number: EPD-CEL-2011112-1-E

Data quality The production is modelled based on volume production data of CELSA Barcelona. Amounts for the input and output of energy and materials have been directly de-rived from annual production data of 2009.

Allocation The by-product EAF slag is used for road embankment as well as asphalt pavement and modelled as substituting gravel. The by-product SMS slag is used for the manu-facturing of cement and modelled accordingly.

Energy consumption for machines is measured directly throughout the production. Therefore electricity consumption at the production site can be directly broken down to the declared products under study.

Steel scrap from production is directly used in the furnace process. Site external steel scrap (from other sources) is calculated as being used in the electric arc fur-nace process, see chapter “Credits”.

End-of-Life Sce-nario

The End-of-Life scenario considers the reuse and the recycling of section steel.

11 % of the products at End-of-Life is modelled as reuse of structural steel.

88 % of the steel scrap is used for remelting in an EAF.

A small amount (1%) of steel scrap is lost during the collection and therefore no further treatment is considered.

Credits A significant amount of steel scrap is needed for the initial production step of the structural steel, as the production takes place via the EAF, the so-called secondary route. This results in net scrap consumption over the whole life cycle of the struc-tural steel under study, i.e. more steel scrap is consumed during the production than made available for a next life cycle. The resulting burdens of this net consumption are covered by primary steel production.

In the case of reuse, primary production is credited.

8.2 Description of the assessment results and analysis

Life Cycle Inventory

The following chapter determines material and energy flows along the manufacture and the End-of-Life of the considered products.

Primary energy

The average primary energy input of the production and recycling of 1 kg structural steel is shown in Table 2

Due to the net demand of steel scrap along the whole life cycle of the considered structural products, the credit for steel recycling represents a contribution to the total primary energy input.

The EAF dominates the production phase in terms of primary energy input with a contribution ~75%.

Considering the different primary energy carriers during the production phase, hard coal has highest influence (~40 %), followed by natural gas with ~20% and uranium with ~20 % - see Figure 1.

Uranium is only used in the extraction of power in nuclear power plants.

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Environmental Product Declaration Structural steel Page 9

Product group: Structural steel Elaborated Declaration holder: CELSA Barcelona 16-05-2011 Declaration number: EPD-CEL-2011112-1-E

Table 2: Primary Energy Input of 1 kg Structural Steel

Figure 1: Sources of Non-renewable Primary Energy in the Production Stage

Water utilisation The following table shows the water consumption of 1 kg Section steel. The total amount of water consumption per kg is 2.63 kg.

Table 3: Water Consumption of 1 kg Section Steel

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Environmental Product Declaration Structural steel Page 10

Product group: Structural steel Elaborated Declaration holder: CELSA Barcelona 16-05-2011 Declaration number: EPD-CEL-2011112-1-E

Wastes The following aggregated values of the life cycle inventory analysis, referring to waste production, represent 1 kg Section steel.

Stockpile goods produced during the production phase are dominated by overbur-den. Overburden is mainly generated by coal extraction and lime making. Table 4: Waste of 1 kg Section Steel

Impact assessment

For the evaluation of the potential environmental impact of the structural steel the CML-methodology (CML = Center voor Milieukunde at Leiden) with the characteri-zation factors of 2009 (November) is applied.

Abiotic Resource Depletion (ADP)

Acidification Potential (AP)

Eutrophication Potential (EP)

Global Warming Potential (GWP)

Ozone Layer Depletion Potential (ODP)

Photochemical Ozone Creation Potential (POCP)

The following impact assessment indicators represent 1 kg section steel (production and EoL (=recycling) phase).

Table 5: Impact Assessment Indicators of 1 kg Structural Steel

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Environmental Product Declaration Structural steel Page 11

Product group: Structural steel Elaborated Declaration holder: CELSA Barcelona 16-05-2011 Declaration number: EPD-CEL-2011112-1-E

The EAF route – as dominant step in the production – is determined in all environ-mental impact categories by its power consumption: > 70% for ADP, >70% for GWP, ~100% for ODP, ~80% for AP, ~70% for EP and ~70% for POCP.

The Global Warming Potential (GWP) is dominated by CO2 emissions. Me-thane emissions to air are also contributing to this category.

The results of the impact category Acidification Potential (AP) are mainly de-termined by sulphur dioxide (as well as nitrogen oxides) as emissions to air.

Main contributing emissions (to air) in the context of the Eutrophication Poten-tial (EP) are nitrogen oxides.

The Photochemical Ozone Creation Potential (POCP) is described by carbon monoxide, sulphur dioxide, nitrogen oxide, NMVOC as well as methane as emissions to air.

9 Testing and evidences

Not relevant for these products.

10 PCR-document and verification

This declaration is based on the Product Category Rules Construction Steel, 2010-12

The PCR review was conducted by the IBU Advisory Board (SVA) Chair of the IBU SVA: Prof. Dr.-Ing. Hans-Wolf Reinhardt (Universität Stuttgart, IWB)

Independent verification of the declaration according to ISO 14025:

internal external

Validation of the declaration: Dr. Frank Werner

11 References

/Institut Bauen und Umwelt/

Leitfaden für die Formulierung der produktgruppen-spezifischen Anforderungen der Umwelt-Produktdeklarationen (Typ III) für Bauprodukte, www.bau-umwelt.com

/GaBi 4 2006/

GaBi 4: Software und Datenbank zur Ganzheitlichen Bilanzierung. LBP, Universität Stuttgart und PE International, 2001-2006.

/European Comis-sion Technical Steel Research/

ECSC project: LCA for steel construction – Final report EUR 20570 EN; February 2002; The Steel Construction Institute

/Declaration Pourtrelle en acier/

Declaration Environnementale et Sanitaire, conforme a la norme NF P 01-010, Pou-trelle en acier, Décembre 2007; Office Technique pour l’Utilisation de l’Acier

/Steel Recycling/ Steel recycling rates at a glance, 2007 Steel recycling rates; Steel Recycling Insti-tute

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Environmental Product Declaration Structural steel Page 12

Product group: Structural steel Elaborated Declaration holder: CELSA Barcelona 16-05-2011 Declaration number: EPD-CEL-2011112-1-E

Standards and laws

/EN 10025/ EN 10025:2005, Hot rolled products of structural steels - Part 1: General technical delivery conditions

/EN 10029/ EN 10029:2010, Hot-rolled steel plates 3 mm thick or above - Tolerances on dimen-sions and shape

/EN 10034/ EN 10034:1993, Structural steel I and H sections; tolerances on shape and dimen-sions

/EN 10056/ EN 10056-1:1998-10, Structural steel equal and unequal leg angles: Dimensions

/EN 1090/ EN 1090-1:2009, Execution of steel structures and aluminum structures - Part 1: Requirements for conformity assessment of structural components

/EN 10279/ EN 10279:2000, Hot rolled steel channels - Tolerances on shape, dimensions and mass

/EN 10060/ EN 10060:2003, Hot rolled round steel bars - Dimensions and tolerances on shape and dimensions

/EN 10059/ EN 10059:2003, Hot rolled square steel bars for general purposes - Dimensions and tolerances on shape and dimensions

/EN 10058/ EN 10058:2003, Hot rolled flat steel bars for general purposes - Dimensions and tolerances on shape and dimensions’

/EN 10055/ EN 10055:1995, Hot rolled steel equal flange tees with radiused root and toes - Di-mensions and tolerances on shape and dimensions’

/EN 10083-2/ EN 10083-2:2006, Steels for quenching and tempering - Part 2: Technical delivery conditions for non alloy steels’

/DIN 18800-7/ DIN 18800-7:2008-11, Stahlbauten

/ASTM A 36/ ASTM A 36:2008, Standard specification for carbon structural steel

/ASTM A572/ ASTM A 572:2007, Standard specification for high-strength low-alloy columbium-vanadium structural steel

/ASTM A913/ ASTM A913:2007, Standard specification for high-strength low-alloy steel shapes of structural quality, produced by quenching and self-tempering process (QST)

/ASTM A992/ ASTM A992:2006, Standard specification for structural steel shapes

/ISO 14025/ ISO 14025: 2007-10, Umweltkennzeichnungen und -deklarationen - Typ III Umwelt-deklarationen - Grundsätze und Verfahren (ISO 14025:2006); Text Deutsch und Englisch

/ISO 14040/ ISO 14040:2006-10, Umweltmanagement - Ökobilanz - Grundsätze und Rahmen-bedingungen (ISO 14040:2006); Deutsche und Englische Fassung EN ISO 14040:2006

/ISO 14044/ ISO 14044:2006-10, Umweltmanagement - Ökobilanz - Anforderungen und Anlei-tungen (ISO 14044:2006); Deutsche und Englische Fassung EN ISO 14044:2006

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Publisher:

Institute Construction and Environment (IBU e.V.)

Rheinufer 108

53637 Königswinter

Tel.: +49 (0) 2223 296679 0

Fax: +49 (0) 2223 296679 1

Email: [email protected]

Internet: www.bau-umwelt.com

Layout:

PE INTERNATIONAL

CELSA Barcelona

Carrer de la Ferralla, 2,

Pol. Ind. San Vicente

08755 Castellbisbal (Barcelona)

Spain

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Declaration number

EPD-STO-2011321-E

Institute Construction and Environment (IBU) e.V.

www.bau-umwelt.com

Primers and facade paints(organic)

Sto Aktiengesellschaft

Environmental Product Declaration i n a c c o r d a n c e w i t h I S O 1 4 0 2 5

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Abbreviated version

Environmental Product Declaration

Institut Bauen und Umwelt e.V. www.bau-umwelt.com

Programme holder

Sto Aktiengesellschaft

Ehrenbachstrasse 1

D-79780 Stühlingen

Declaration holder

EPD-STO-2011321-E Declaration number

Primers and facade paints:

StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor Crylan,

StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX

This declaration is an environmental product declaration in accordance with ISO 14025 and describes the environmental performance of the building products named here. It is intended to promote the development of environmentally friendly and healthful construction. All relevant environmental data are disclosed in this validated declaration. The declaration is based on the PCR document "Coatings with organic binders", base year 2010-04.

Declared

building products

This validated declaration entitles us to carry the mark of Institut Bauen und Umwelt e. V. It is applicable only for the named products for three years from the date of issue. The declaration holder is liable for the underlying statements and documentation.

Validity

The declaration is complete and contains in detailed form: - product definition and structural specifications - specifications on basic materials and their origin - descriptions of how the products are manufactured - notes on product application - statements on the condition of use, extraordinary effects and stage after use - results of the life cycle assessment - documentation and tests

Contents of the declaration

26 February 2011 Date of issue

Signatures

Prof. Dr.-Ing. Horst J. Bossenmayer (President of the IBU)

This declaration and the underlying norms have been examined in accordance with ISO 14025 by the independent Expert Committee. Audit of the declaration

Signatures

Prof. Dr.-Ing. Hans-Wolf Reinhardt (chair of the Expert Committee)

Dr. Eva Schmincke (Examiner appointed by the Expert Com-mittee)

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Abbreviated version

Environmental Product Declaration

Facade paints according to DIN EN 1062 and primers are factory-manufactured, fluid mixtures made of one or more water-based polymer dispersions, possibly combined with silicon- or silicate-based binders, mineral bulking agents, pigments, water and additives. Hardening is through drying and film formation of the polymer binders. As a rule, they are preserved for the duration of storage against bacteria, yeast or fungus. They can also be equipped with additives to protect their own coat and surface against algae and fungus during the utilisation phase.

Product description

For use as exterior coatings and primers for mineral substrates, and possibly also organic substrates, as well as wood and metal surfaces.

Field of application

The Life Cycle Assessment (LCA) was performed in accordance with DIN EN ISO 14040 / and /DIN EN ISO 14044/, following the requirements of the Product Category Rules (PCR) for "Coatings with organic binders". The LCA covers raw materials and energy production, raw materials transportation, actual manufacture, use and disposal. The long version (see chapter 8) also contains information on transportation, stage of use and disposal of facade paints and primers.

Framework of the

life cycle assessment

Raw material provision, production up to the factory gates

Sto

Pre

p M

iral

Sto

-Prim

er

Sto

Col

or J

umbo

sil

Sto

Col

or C

ryla

n

Sto

Col

or M

axic

ryl

Sto

Silc

o C

olor

Sto

Sil

Col

or

Lotu

san

Sto

Pho

tosa

n N

OX

1,27E+01 1,21E+01 2,18E+01 2,58E+01 2,92E+01 1,68E+01 2,96E+01 2,60E+01 3,79E+01

1,62E-01 6,64E-02 1,15E-01 1,27E-01 1,36E-01 4,73E-01 3,78E-01 3,39E-01 4,68E-01

Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 4,97E-03 5,03E-03 9,06E-03 1,07E-02 1,21E-02 6,67E-03 1,15E-02 1,02E-02 1,48E-02

Global warming potential (GWP 100) [kg carbon d7,56E-01 3,90E-01 7,27E-01 8,86E-01 9,91E-01 7,04E-01 1,76E+00 1,26E+00 1,84E+00

Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 5,85E-07 8,00E-07 1,38E-06 1,55E-06 1,64E-06 1,37E-06 1,36E-06 1,91E-06 2,28E-06

Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 7,47E-03 2,31E-03 4,40E-03 5,57E-03 5,95E-03 5,31E-03 1,77E-02 1,17E-02 1,78E-02

Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 9,58E-04 2,23E-03 4,16E-03 4,92E-03 5,92E-03 1,96E-03 2,39E-03 2,33E-03 2,61E-03

Photochemical ozone creation potential (POCP) 2,68E-04 3,74E-04 6,94E-04 8,26E-04 9,72E-04 4,48E-04 7,00E-04 7,25E-04 1,04E-03

Unit per litre

Evaluation dimension

Primary energy requirement, non-renewable [MJ]

Primary energy requirement, renewable [MJ]

Unit per kg

Raw material provision, production,utilisation and disposal

Sto

Pre

p M

iral

Sto

-Prim

er

Sto

Col

or J

umbo

sil

Sto

Col

or C

ryla

n

Sto

Col

or M

axic

ryl

Sto

Silc

o C

olor

Sto

Sil

Col

or

Lotu

san

Sto

Pho

tosa

n N

OX

1,31E+01 1,24E+01 2,24E+01 2,63E+01 2,97E+01 1,74E+01 3,02E+01 2,66E+01 3,85E+01

1,62E-01 6,64E-02 1,15E-01 1,27E-01 1,36E-01 4,73E-01 3,78E-01 3,39E-01 4,68E-01

Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 5,14E-03 5,21E-03 9,33E-03 1,09E-02 1,23E-02 6,93E-03 1,18E-02 1,04E-02 1,51E-02

Global warming potential (GWP 100) [kg carbon d7,85E-01 4,19E-01 7,70E-01 9,26E-01 1,03E+00 7,46E-01 1,80E+00 1,30E+00 1,88E+00

Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 5,85E-07 8,00E-07 1,38E-06 1,55E-06 1,64E-06 1,37E-06 1,36E-06 1,91E-06 2,28E-06

Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 7,78E-03 2,63E-03 4,89E-03 6,02E-03 6,41E-03 5,79E-03 1,82E-02 1,21E-02 1,83E-02

Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 9,98E-04 2,27E-03 4,22E-03 4,98E-03 5,98E-03 2,02E-03 2,45E-03 2,39E-03 2,67E-03

Photochemical ozone creation potential (POCP) 3,01E-04 4,07E-04 7,45E-04 8,72E-04 1,02E-03 4,98E-04 7,51E-04 7,75E-04 1,09E-03

Primary energy requirement, renewable [MJ]

Unit per kg Unit per litre

Evaluation dimension

Primary energy requirement, non-renewable [MJ]

Scope of the life cy-

cle assessment

* For a building life cycle assessment, the material requirement per surface is decisive; see also table in 8.2.2.

In addition, the following documents and tests are depicted in the environmental declaration:

Radioactivity: Determination of the radionuclides in accordance with gamma spectroscopic analysis by the Fraunhofer-Institut für Bauphysik, Stuttgart-Holzkirchen, Prof. Dr. Klaus Sedlbauer

VOC emissions: Emission investigations in accordance with DIN EN ISO 16000-9/11 /ISO 16000/ and evalua-tion in accordance with Committee for Health-related Evaluation of Building Products (AgBB) plan /AgBB/ by the Fraunhofer-Institut für Bauphysik, Stuttgart-Holzkirchen, Prof. Dr. Klaus Sedlbauer

Washing out of substances: The method for washing out components from exterior coatings is currently being developed in the TC 139 WG 10.

Documents

and tests

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Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor

Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 4

Product group: Coatings with organic binders Issued on Declaration holder: Sto AG, Ehrenbachstrasse 1, D-79780 Stühlingen, Germany 26-02-2011 Declaration number: EPD-2011321-E

Area of application This environmental declaration refers to facade paints and primers with organic binders from the Sto factory in Weizen

1 Product definition

Product definition Facade paints and primers with organic binders according to DIN EN 1062 are factory-manufactured, fluid mixtures made of one or more water-based polymer dispersions, possibly combined with silicon- or silicate-based binders, mineral bulking agents, pigments, water and additives. Hardening is through drying and film formation of the polymer binders.

Application For use outdoors as coatings and primers for mineral substrates, and possibly also organic substrates, as well as wood and metal surfaces.

Direct contact with groundwater is not intended.

Placing on the market /rules for use

DIN EN 1062

Quality assurance Internal and external supervision in accordance with the above standards. Quality management system in accordance with DIN EN ISO 9001. Environmental management system in accordance with EMAS or DIN EN ISO 14001, certification number: 003651 QM, 003651 UM

Properties as supplied Facade paints and primers with organic binders are produced in the factory as fluid products and filled into plastic containers, drums or wet silos, possibly tinted and temporarily stored, and delivered to the construction site. They are applied manually with suitable tools or by spraying. After drying and hardening, the result is weather-resistant (possibly tinted) coatings with good flexibility, impact resistance and possibly crack bridging and with good adhesion to practically all substrates.

Building technology

data

Criterion Standard

Sto

Pre

p M

iral

Sto

-Prim

er

Sto

Col

or J

umbo

sil

Sto

Col

or C

ryla

n

Sto

Col

or M

axic

ryl

Sto

Silc

o C

olor

Sto

Sil

Col

or

Lotu

san

Sto

Pho

tosa

n N

OX

Unit

Density DIN 53217 1,50 1,50 1,55 1,40 1,45 1,50 1,55 1,50 1,50 g/ml

pH value DIN ISO 10390 10 - 11.5 8 - 9 8 - 9 8.5 - 9.5 8 - 9 8.5 - 9.5 10 - 11.5 8 - 9 8 - 10.5 pH

Water vapour diffusion flow density V

EN ISO 7783-2 > 2100 65 - 98 89 - 95 13 - 16 15 - 18 200 - 400 > 2000 2100,0 > 400 g/(m²*d)

Water permeability rate W

EN 1062-3 0,043 0,05 < 0.05 < 0.05 < 0.05 0,1 < 0.1 0,05 0,1 kg/m² *Vh

Solids contentDIN 18556DIN 53189

69 - 74 58 - 64 66.5 - 67.5 60 - 61 60 - 64 63.5 - 64.5 59 - 60 64 - 65 59 - 65 pH

Lightness and degree of whiteness are not relevant for facade paints and primers.

Sound protection Sound-protection requirements are not placed on facade paints and primers with organic binders.

Biocidal characteris-tics

Facade paints and primers with organic binders are normally preserved for the duration of storage against bacteria, yeast or fungus. Facade paints can also be equipped with biocides to protect their own coat and surface against algae and fungus during the utilisation stage.

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2 Base materials

Base materials primary products Basic materials Mass %

Polymer dispersion 50% 6 - 28

Stone dust 28 - 61

Pigments 2 - 20

Hydrophobic agent 0.9 - 5

Sodium silicate 13 - 20

Water 14 - 26

Materials / additives The following materials and additives can be used as needed:

Materials / Additives Mass %

Thickening agent 0 - 0.7

Water retention agent 0.1 - 0.4

Anti-foaming agent 0.1 - 0.3

Dispersing agent 0.1 - 2.0

Film forming agent 0.5 - 2.7

Container / film conservation 0.2 - 1.0

Fibre 0 - 8.5

Caustic potash solvent 50% 0 - 0.1

Explanation of materi-als

Polymer dispersions: Water-based dispersions based on copolymers (acrylate, styrolacrylate, terpolymers, etc.)

Rock flour: Powder made of natural materials, such as quartz ( SiO2) or calcite (CaCO3). They can contain minor and trace minerals.

Pigments: Mineral pigments, mostly titanium dioxide

Bulking agents: Synthetic bulking agents, such as precipitated CaCO3, BaSO4, Al(OH)3, etc.

Thickening agents: Cellulose or starch ethers, polyacrylate and polyurethane products.

Water retention agents: Special cellulose ethers to achieve longer working times.

Anti-foaming agents: Surface-active substances for avoiding foam formation during manufacture and application

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Dispersing agents: Surface-active substances for fast distribution of bulking agents and pigments.

Film-forming agents: Organic solvents for reducing the film-formation temperature in case of low outside temperature.

Packaging preservative: Preservative for stabilising the products during the storage phase (mostly on isothiazolinone basis).

Hydrophobing agents: Substances from the silane/siloxane/silicon group

Film conservation: Substances to protect the film against algae and fungi.

Potassium hydroxide solution: Solution comprising KOH in water

Raw materials extrac-tion and origin

Sand and limestone powders are extracted from natural deposits in near-surface lay-ers by means of grinding and selection processes. The extracted mineral raw materi-als come from within a radius of maximum 300 kilometres from the plant.

Water-based polymer dispersions are produced through polymerisation of suitable monomers, mostly with 50% solids content at chemical companies and delivered in silo wagons. The transport distances are max. 400 kilometres.

Additives are manufactured by chemical companies and delivered in sacks, drums or silos. Transport distances can be up to 600 kilometres.

Availability of raw materials

Many organic components are dependent on fossil raw materials (oil, natural gas, coal), which are considered to be scarce. Some of the organic products, such as cel-lulose derivatives, fatty acids, alcohols, etc., are gained from renewable raw materi-als. Mineral components consist of mineral raw materials which are not scarce.

3 Product manufacture

Product manufacture The formulations used are optimised according to market requirements within the percentage spectrum specified under section 2, Base Materials. Other materials are not included.

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WaterDyes +

Pigments

Binding agentMaterials and

Additives

Dispenser

Weighing

Quality control

Filling

Correction

SilosContainer

Paletting

Packaging

Power

Mixing

Facade paints and primers are manufactured in mixing plants in the following work steps:

1. Filling of the inventory or weighing containers 2. Conveyance of the ingredients into the mixer 3. Dispersing and mixing 4. Quality control, adjustment of the consistency, if necessary 5. Filling of the products into storage and transport packaging 6. Loading and delivery

The raw materials are stored in the production factory in silos, big bags, drums or sacks. According to the respective formulation, they are gravimetrically dosed and intensely mixed. After filling and packaging, they are temporarily stored or delivered directly. At the construction site, the products' consistency can be adjusted with water to meet the application and weather conditions.

Health protection manufacturing

In the chemical industry, safety glasses and gloves and possibly protective helmets are required in the plant. Modern mixing plants have automatic dosing of raw materi-als, so employees have practically no contact with raw materials. For solvents and preservatives, the manufacturer's safety instructions are followed.

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Environmental protec-tion manufacturing

Water If the product remains the same, cleaning water is used as mixing water for the sub-sequent lot. Otherwise, all production wastewater is cleaned in our own wastewater treatment plant and then sent on to the municipal wastewater treatment plant. Dry waste (dust) is worked in.

Liquids Storage and production are protected through safety measures against undesired leakage of fluid components (double-walled silos or collecting vats). Noise Noise level measurements have shown that all values determined inside and outside the production sites are well below the required specifications. Waste Types of waste include foils, paper bags, wood, paper, waste oil, metal scrap and residual commercial waste. These waste types are separated, stored and recycled.

4 Product application

Application recom-mendations

Organically bound facade paints and primers can be applied manually or by machine. After the products are applied to the intended surfaces (one or two coats), they are evened out with an appropriate tool.

Specific information on application and other actions with these products are de-scribed in detail in the technical data sheet.

Occupational safety environmental protec-tion

The regulations of the workers' compensation insurers and the respective safety data sheets of the products apply. When working with organic solvents, ammonia, preservatives and sodium silicate, the instructions and safety measures of GISBAU or the applicable national safety infor-mation agency as well as EC safety data sheets shall be followed. Direct contact with the eyes and skin must be avoided through personal protective measures. During application and drying of the facade paints and primers, film forming agents (solvents) are released into the atmosphere. No other negative influences on the en-vironment are currently known. Fluid facade paints and primers must not reach the sewer system, surface water or groundwater. That also applies to the cleaning water for tools and machines. The wastewater is collected and disposed of through suitable cleaning systems.

Residual material Due to the value of these products, the residual material is kept and used at the next construction site.

Packaging Packaging, such as foils, plastic buckets and paper, is collected separately and given to the waste management contractor for recycling. The reusable wood pallets are given back to the manufacturer, who repays the de-posit, and returned to the production process.

5 Usage conditions

Ingredients As depicted under point 3 Product Manufacture, mostly natural rock flour, pigments and water-based polymer dispersions are used in the production of facade paints and primers with organic binders. The additives for improvement of application and stor-age characteristics are added only in small amounts.

Effects on

environment and health

After drying, the unique matrix of rock flour and water-based polymer dispersion re-sults in firm, long-lasting, elastic and crack-resistant films, which adhere to practically all substrates. Fresh paint on the facade of buildings without roof projections can sometimes be damaged by rain. Small amounts of water-soluble components can be extracted.

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Possible effects of algicide/fungicide washout from rain cannot currently be specified. But the Biocidal Products Directive 98/8/EC is complied with. Other hazards are not expected if the products are used as intended.

Useful lives Organically bound facade paints are largely weather- and crack-resistant and, with appropriate care, such as through cleaning or possibly repainting, can last as long as the building.

6 Extraordinary influences

Fire The products correspond to Class B1 in accordance with DIN 4102-1. But in practice, they are always tested in a system or with the corresponding building element in ac-cordance with DIN EN 13501-1 and fulfil fire classification B-s1, d0.

Water If subject to the action of water for a long time, the products can soften temporarily. After drying, the original firmness is restored. Small amounts of water-soluble sub-stances can be washed out.

7 Reuse phase

Reuse and further use

After the end of the usage phase but before the end of the building element's useful life, facade pants and primers can be used further. Facade paints can also be re-painted.

Reuse and further use Facade paints and primers are not reused or further used.

Disposal Paints and primers are thin-layer coatings that are permanently bonded to the corre-sponding building element. Separation from the substrate is not possible. Due to their organic component, facade paints and primers have an inherent energy content (feedstock energy), which can be regained in incinerators. Due to their thin layers, facade paints and primers are seldom separated, but dis-posed of together with the substrate. Hardened facade paints and primers can be disposed of safely in landfills. The waste code is 170107 or 170904.

8 Life cycle assessment

8.1 Information on system definition and modelling of the lifecycle

Declared unit

The declaration of primers refers to 1 kilogramme of coating in a ready-for-use, fluid condition (with mixing water). The impact data for practical application and ecological considerations are specified per square metre (kg/m²). Facade paints are sold in the EU in the volume unit of litres. For that reason, the eco-logical data are converted from 1 kg to 1 litre (for densities, see the table on page 5).

System limits The lifecycle analysis of the examined products covers production, including raw ma-terials extraction and energy provision, up to the finished, packed product at the fac-tory gate, transport to the construction site, as well as disposal or recycling of the packaging, which is included in the ecobalance of production. No balance-relevant processes run in the use stage of the facade paints and primers.

Assumptions and es-timates

For examination of the use and disposal stage, a total of 400 km was used for trans-port paths from the ramp to the construction site and for disposal of the construction waste. This was determined by a rough estimate. The distribution of electricity consumption per batch was converted to kg of product. Water consumption was calculated per kg of product; cleaning water was estimated.

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Cut-off criterion Processes whose total contribution to the final result, according to mass and in all impact categories looked at, is less than 1% can be ignored. The total of ignored processes does not exceed 5% of the impact categories looked at. Investment goods for the manufacturing processes (machines, buildings, etc.) were not considered.

Transport All transportation of the raw materials and additives used as well as distribution trans-portation has been considered in the balance, taking distance and capacity utilisation into account.

Period under review The data for manufacture of the examined products refer to the year 2009. The life cicle assessments were prepared for Germany as reference area. The result is that, besides production processes under these marginal conditions, the precursors rele-vant for Germany, such as electricity and energy provision, were used.

Background data The data for the background processes come from the GaBi 4 database, specific, averaged data records of the German Paint Industry Association and from the corre-sponding EPD data records of Plastics Europe for the copolymers.

Data quality The age of the data used is under 5 years.

The data records used for the plastic dispersions were mostly updated based on the PCR document for plastics from Plastics Europe. Value was placed on completeness of the environmentally relevant lifecycle inventory analysis, both on the input side and on the output side.

Allocation Allocation refers to assignment of the input and output flows of a LCA module to the examined product system and other product systems /ISO 14040/. Relevant allocations (i.e. the assignment of environmental burdens of a process to several products) did not have to be made for the examined products in this life cycle assessment.

Thermal recovery of waste and packaging

Plastic packaging, packaging of facade paints and primers, are partially thermally recovered. The energy gained thereby is credited to the manufacturing lifecycle seg-ment with a standard process for electricity or thermal energy from natural gas with reference to Germany.

Notes on the use stage No observations on the use stage of the facade paints and primers were performed.

Information on the disposal stage

Facade paints and primers are thin-layer coatings that adhere firmly to the substrate. They are disposed of in landfills together with the demolished substrate.

8.2 Depiction of the balances and evaluation

8.2.1 Depiction of the balances and evaluation per 1 kg of primer and 1 litre of facade paint

The following chapters show the lifecycle inventory analysis of the primers and facade paints with regard to primary energy needs, water needs and waste.

In the EU countries, the facade paint is ordered and sold in litres and the primers in kg. This environmental product declaration refers to facade paint and primers with or-ganic binders.

Primary energy

Table 1 shows the primary energy used (renewable and non-renewable), subdivided into raw materials provision, production and packaging of 1 kg of primers and 1 litre of paint.

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Sto

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Sto

-Prim

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or J

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or C

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n

Sto

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Sto

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o C

olor

Sto

Sil

Col

or

Lotu

san

Sto

Pho

tosa

n N

OX

Raw materials 11,08 10,36 19,18 23,45 26,76 14,62 27,27 23,69 35,77

Production and packaging 1,77 1,77 2,74 2,47 2,56 2,65 2,74 2,65 2,65

Total 12,84 12,12 21,92 25,93 29,32 17,27 30,00 26,34 38,41

Unit per litreUnit per kg

Table 1: Primary energy use for raw materials for 1 kg of primers and 1 litre of

facade paints

- 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00

10,00 11,00 12,00

StoPrep Miral Sto-Primer

Primary energy input to manufacture raw materials for 1 kg primer with an organic binding agent

10,95 MJ non-renewable 0,12 MJ renewable

10,33 MJ non‐renewable0,03 MJ renewable

Illustration 1: Primary energy use for production of the raw materials for 1 kg of primer with organic binder

- 5,00

10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00

Primary energy input to manufacture raw materials for 1 litre facade paint with an organic binding agent

19,12 MJ n.ren.0,06 MJ ren.

23,38 MJ n.ren.0,07 MJ ren.

26,68 MJ n.ren.0,08 MJ ren.

14,21 MJ n.ren.0,42 MJ ren.

26,95 MJ n.ren.0,32 MJ ren.

23,41 MJ n.ren.0,28 MJ ren.

35,36 MJ n.ren.0,41 MJ ren.

Illustration 2: Primary energy use for production of the raw materials for 1 litre

of facade paint with organic binder

MJ

MJ

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Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor

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0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Sto-Primer StoPrep Miral

Type and distribution of non-renewable energy sources for production of the raw materials for 1 kg of primer with organic binder

Other non-specified

Uranium

Bituminouscoal

Oil

Natural gas

Lignite

Cradle to gate 10,95 MJ 10,33 MJ

Illustration 3: Type and distribution of non-renewable energy sources for pro-

duction of the raw materials for 1 kg of primer with organic binder

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Type and distribution of non-renewable energy sources forproduction of the raw materials for 1 litre of facade paint with

organic binder.

Other non-specified

Uranium

Bituminouscoal

Oil

Natural gas

Lignite

Cradle to gate 12,34 MJ 16,70 MJ 18,40 MJ 9,47 MJ 17,38 MJ 15,67 MJ 23,57 MJ

Illustration 4: Type and distribution of non-renewable energy sources for

production of the raw materials for 1 litre of facade paint with organic binder.

Production and packaging For production, only electricity from hydroelectric power is used, of which 5% of re-quirements are covered by our own water turbines. The relevant energy values and environmental impacts are depicted in the following table.

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Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor

Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 13

Product group: Building coatings with organic binders issued on Declaration holder: Sto AG, Ehrenbachstrasse 1, D-79780 Stühlingen, Germany 26-02-2011 Declaration number: EPD-2011321-E

for 1 kg

Sto

Pre

p M

iral

Sto

-Prim

er

Sto

Col

or J

umbo

sil

Sto

Col

or C

ryla

n

Sto

Col

or M

axic

ryl

Sto

Silc

o C

olor

Sto

Sil

Col

or

Lotu

san

Sto

Pho

tosa

n N

OX

Primary energy non-regenerative MJ 1,73E+00 2,68E+00 2,42E+00 2,51E+00 2,59E+00 2,68E+00 2,59E+00 2,59E+00

Primary energy regenerative MJ 3,80E-02 5,89E-02 5,32E-02 5,51E-02 5,70E-02 5,89E-02 5,70E-02 5,70E-02

Abiotic Resource requirements (CM kg Sb equiv. 7,10E-04 1,10E-03 9,94E-04 1,03E-03 1,07E-03 1,10E-03 1,07E-03 1,07E-03

Global warming potential kg carbon dioxid 5,30E-02 8,21E-02 7,41E-02 7,68E-02 7,94E-02 8,21E-02 7,94E-02 7,94E-02

Ozone depletion potential kg CFC11 equiv 5,06E-07 7,84E-07 7,08E-07 7,34E-07 7,59E-07 7,84E-07 7,59E-07 7,59E-07

Acidification potential kg SO2 equiv. 2,04E-04 3,16E-04 2,86E-04 2,96E-04 3,06E-04 3,16E-04 3,06E-04 3,06E-04

Eutrophication potential (CML) kg PO4 equiv. 1,87E-05 2,90E-05 2,62E-05 2,72E-05 2,81E-05 2,90E-05 2,81E-05 2,81E-05

Photochemical ozone creation potekg ethene equiv 3,52E-06 5,46E-06 4,93E-06 5,11E-06 5,28E-06 5,46E-06 5,28E-06 5,28E-06

for 1 litre

Table 2: Primary energy use and environmental impacts for production and

packaging of 1 kg of primer and 1 litre of facade paint with organic binders.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

StoPrep Miral Sto-Primer

Type and distribution of non-renewable energy carriers in the manufacture of raw materials for 1 kg primer with an organic

binding agent

Total productionand packaging

Total renewable,non-renewable

12,84 MJ 12,12 MJ

12,68 MJ non-ren.0,162 MJ renewable

12,06 MJ non-ren.0,066 MJ renewable

Illustration 5: Relative primary energy use for manufacture, production and

packaging of 1 kg of primer with organic binder.

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0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

StoColorJumbosil

StoColorCrylan

StoColorMaxicryl

StoSilco Color StoSil Color Lotusan StoPhotosanNOX

Type and distribution of non-renewable energy carriers in the manufacture of raw materials for 1 litre facade paint with an organic binding agent

Total productionand packaging

Total renewable,non-renewable

21,92 MJ 26,34 MJ

21,80 MJ n. ren.0,115 MJ ren.

25,93 MJ 29,32 MJ 17,27 MJ 30,00 MJ 38,42 MJ

25,80 MJ n. ren.0,127 MJ ren.

29,19 MJ n.ren.0,136 MJ ren.

16,80 MJ n. ren.0,743 MJ ren.

29,62 MJ n. ren.0,378 MJ ren.

26,00 MJ n. ren.0,339 MJ ren.

37,95 MJ n. ren.0,468 MJ ren.

Illustration 6: Relative primary energy use for manufacture, production and

packaging of 1 litre of facade paint with organic binder.

Water use Water is a formulation component of facade paints and primers. The portion by weight is approx. 14%, depending on the product. Cleaning water is cleaned in our own wastewater treatment plant and then sent on to the municipal wastewater treatment plant.

Waste The evaluation of waste generated in production of 1 kg of facade paints and primer with organic binder is separated into three sections – excavation / mining waste, non-hazardous waste (municipal waste) and hazardous waste, including radioactive waste.

Table 3: Waste in the production and transport of raw materials, production and packaging of 1 kg of facade paint and primer

Waste

Sto

Pre

p M

iral

Sto

-Prim

er

Sto

Col

or J

umbo

sil

Sto

Col

or C

ryla

n

Sto

Col

or M

axic

ryl

Sto

Silc

o C

olor

Sto

Sil

Col

or

Lotu

san

Sto

Pho

tosa

n N

OX

Mining waste material kg 1,07E-01 1,14E-01 1,46E-01 2,10E-01 2,10E-01 2,40E-01 3,48E-01 7,02E-01 1,11E+00

Non-hazardous waste kg 1,13E-02 1,00E-02 1,21E-02 1,56E-02 1,83E-02 6,95E-03 1,48E-02 1,18E-02 1,75E-02

Hazardous waste kg 3,54E-03 2,89E-03 3,11E-03 4,04E-03 4,41E-03 2,45E-03 4,48E-03 3,15E-03 4,10E-03

Radio active waste kg 3,99E-04 7,69E-05 9,56E-05 1,33E-04 1,44E-04 2,04E-04 5,53E-04 4,32E-04 7,31E-04

Special waste kg 3,15E-03 2,81E-03 3,01E-03 3,91E-03 4,27E-03 2,25E-03 3,92E-03 2,71E-03 3,37E-03

The graphic depiction of the waste in the production and transport of raw mate-rials, production and packaging of 1 kg of facade paint and primer

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80%

82%

84%

86%

88%

90%

92%

94%

96%

98%

100%

Special waste kg Radio active waste kg Non‐hazardous waste kg Mining waste material kg

Waste per 1 kg of primer and facade paint with organic binder.

Illustration 7: Waste per 1 kg of primer and facade paint with organic binder.

For excavation and mining waste, excavation represents the greatest amount. Ex-cavation applies especially in the precursor chain for obtaining rock flour and electric-ity (coal production).

Waste of the category non-hazardous waste comprises municipal waste, commer-cial waste similar to household waste, organic waste, internal chemicals, and the like. All disposal processes are modelled "to the end", up to final disposal in the landfill. For that reason, the amount of non-hazardous waste is usually low. The situation is different for radioactive waste, for which no scenario for final storage has yet been established. Therefore, they appear in the category of Hazardous Waste.

Hazardous waste is mainly waste from the precursor chains, including generation of electricity. Besides radioactive waste for nuclear power generation, this includes slag from filter systems and sewage sludge from wastewater treatment.

Estimate of impact The potential environmental factors from the production of facade paints and primers are presented in the following. Table 4: Environmental impact of the manufacture and transport of raw materi-

als, production and packaging of 1 kg of primer with organic binder.

Evaluation dimension

StoPrep Mira

l

Sto-P

rimer

Produ

ction an

d pa

ckag

ing

Primary energy requirement, non-renewable [MJ] 1,10E+01 1,03E+01 1,73E+00

Primary energy requirement, renewable [MJ] 1,24E-01 2,84E-02 3,80E-02

Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 4,26E-03 4,32E-03 7,10E-04

Global warming potential (GWP 100) [kg carbon 7,03E-01 3,37E-01 5,30E-02

Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 7,90E-08 2,94E-07 5,06E-07

Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 7,26E-03 2,11E-03 2,04E-04

Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 9,40E-04 2,21E-03 1,87E-05

Photochemical ozone creation potential (POCP) 2,65E-04 3,70E-04 3,52E-06

Unit per kg

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Table 5: Environmental impact of the manufacture and transport of raw materi-als, production and packaging of 1 kg of facade paint with organic binder.

Evaluation dimension

Sto

Col

or J

umbo

sil

Sto

Col

or C

ryla

n

Sto

Col

or M

axic

ryl

Sto

Silc

o C

olor

Sto

Sil

Col

or

Lotu

san

Sto

Pho

tosa

n N

OX

Pro

duct

ion

and

pack

agin

g

Density g/mL 1,55 1,4 1,45 1,5 1,55 1,5 1,5

Primary energy requirement, non-renewable [MJ] 1,23E+01 1,67E+01 1,84E+01 9,47E+00 1,74E+01 1,56E+01 2,36E+01 1,73E+00

Primary energy requirement, renewable [MJ] 3,60E-02 5,25E-02 5,58E-02 2,77E-01 2,06E-01 1,88E-01 2,74E-01 3,80E-02

Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 5,14E-03 6,90E-03 7,61E-03 3,74E-03 6,70E-03 6,07E-03 9,17E-03 7,10E-04

Global warming potential (GWP 100) [kg carbon 4,16E-01 5,80E-01 6,30E-01 4,16E-01 1,08E+00 7,84E-01 1,17E+00 5,30E-02

Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 3,83E-07 6,03E-07 6,24E-07 4,08E-07 3,69E-07 7,66E-07 1,02E-06 5,06E-07

Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 2,64E-03 3,78E-03 3,90E-03 3,34E-03 1,12E-02 7,57E-03 1,17E-02 2,04E-04

Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 2,67E-03 3,50E-03 4,07E-03 1,29E-03 1,52E-03 1,53E-03 1,72E-03 1,87E-05

Photochemical ozone creation potential (POCP) 4,44E-04 5,86E-04 6,67E-04 2,95E-04 4,48E-04 4,80E-04 6,92E-04 3,52E-06

The following illustrations 8a to 8i show the contributions of raw materials procure-ment and production including packaging of 1 kg of facade paint and primer on the impact categories of abiotic depletion potential (ADP), global warming potential (GWP), ozone depletion potential (ODP), acidification potential (AP), eutrophication potential (EP) and photochemical ozone creation potential (POCP).

The relative contributions of the production processes and packaging on the environ-mental impact per 1 kg of primer and facade paint are shown in the illustrations 8a to 8i

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADP [kg Sbequiv.]

GWP [kgcarbondioxideequiv.]

ODP [kgR11 equiv.]

AP [kg SO2equiv.]

EP [kgphosphate

equiv.]

POCP [kgetheneequiv.]

Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoPrep Miral

Production and packaging

Raw material provision for StoPrepMiral

4,97E-03 7,56E-01 5,85E-07 9,58E-04 7,47E-03 2,68E-04

Illustration 8a: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoPrep Miral

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0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADP [kg Sbequiv.]

GWP [kgcarbon dioxide

equiv.]

ODP [kg R11equiv.]

AP [kg SO2equiv.]

EP [kgphosphate

equiv.]

POCP [kgethene equiv.]

Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of Sto-Primer

Production and packaging

Raw material provision for Sto-Primer

5,03E-03 3,90E-01 8,00E-07 2,23E-03 2,31E-03 3,74E-04

Illustration 8b: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of Sto-Primer

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADP [kg Sbequiv.]

GWP [kgcarbon dioxide

equiv.]

ODP [kg R11equiv.]

AP [kg SO2equiv.]

EP [kgphosphate

equiv.]

POCP [kgethene equiv.]

Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Jumbosil

Production and packaging

Raw material provision forStoColor Jumbosil

5,85E-03 4,69E-01 8,89E-07 2,69E-03 2,84E-03 4,48E-04

Illustration 8c: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Jumbosil

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0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADP [kg Sbequiv.]

GWP [kgcarbon dioxide

equiv.]

ODP [kg R11equiv.]

AP [kg SO2equiv.]

EP [kgphosphate

equiv.]

POCP [kgethene equiv.]

Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Crylan

Production and packaging

Raw material provision for StoColorCrylan

7,61E-03 6,33E-01 1,11E-06 3,52E-03 3,98E-03 5,90E-04

Illustration 8d: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Crylan

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADP [kg Sbequiv.]

GWP [kgcarbon dioxide

equiv.]

ODP [kg R11equiv.]

AP [kg SO2equiv.]

EP [kgphosphate

equiv.]

POCP [kgethene equiv.]

Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Maxicryl

Production and packaging

Raw material provision forStoColor Maxicryl

8,32E-03 6,83E-01 1,13E-06 4,09E-03 4,10E-03 6,70E-04

Illustration 8e: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Maxicryl

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0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADP [kg Sbequiv.]

GWP [kgcarbon dioxide

equiv.]

ODP [kg R11equiv.]

AP [kg SO2equiv.]

EP [kgphosphate

equiv.]

POCP [kgethene equiv.]

Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoSilco Color

Production and packaging

Raw material provision for StoSilcoColor

4,45E-03 4,69E-01 9,14E-07 1,31E-03 3,54E-03 2,98E-04

Illustration 8f: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoSilco Color

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADP [kg Sbequiv.]

GWP [kgcarbon dioxide

equiv.]

ODP [kg R11equiv.]

AP [kg SO2equiv.]

EP [kgphosphate

equiv.]

POCP [kgethene equiv.]

Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoSil Color

Production and packaging

Raw material provision for StoSilColor

7,41E-03 1,14E-00 8,75E-07 1,54E-03 1,14E-02 4,51-04

Illustration 8g: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoSil Color

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0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADP [kg Sbequiv.]

GWP [kgcarbon dioxide

equiv.]

ODP [kg R11equiv.]

AP [kg SO2equiv.]

EP [kgphosphate

equiv.]

POCP [kgethene equiv.]

Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoLotusan

Production and packaging

Raw material provision for Lotusan

6,78E-03 8,37E-01 1,27E-06 1,55E-03 7,78E-03 4,84E-04

Illustration 8h: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoLotusan

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADP [kg Sbequiv.]

GWP [kgcarbon dioxide

equiv.]

ODP [kg R11equiv.]

AP [kg SO2equiv.]

EP [kgphosphate

equiv.]

POCP [kgethene equiv.]

Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoPhotosan NOX

Production and packaging

Raw material provision forStoPhotosan NOX

9,88E-03 1,23E+00 1,52E-06 1,74E-03 1,19E-02 6,95E-04

Illustration 8i: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoPhotosan NOX

Raw material procurement causes the largest share of environmental impact in all impact categories. This result correlates with the primary energy requirements. The contribution of production and packaging is relatively low.

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Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 21

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Transport during the building, use and disposal stages

Estimate of impact For examination of the building, use and disposal stages, a total of 400 km per 1 kg was used for transportation from the ramp to the construction site and for disposal of the construction waste.

Table 6 shows the environmental impact of transportation during use and disposal.

Transport 1 kg 400 km

Primary energy non-regenerative MJ 3,80E-01

Primary energy regenerative MJ 0,00E+00

Abiotic Resource requirements (CML) kg Sb equiv. 1,75E-04

Global warming potential kg carbon dioxid 2,81E-02

Ozone depletion potential kg CFC11 equiv. 1,10E-11

Acidification potential kg SO2 equiv. 3,17E-04

Eutrophication potential (CML) kg PO4 equiv. 3,94E-05

Photochemical ozone creation potentiakg ethene equiv. 3,32E-05

Table 6: Environmental impact of transport of the building, use and disposal stages of 1 kg of primer and facade paint with organic binder.

Non-renewable energy Resources MJ %

Lignite 0,00 0,54

Natural gas 0,01 3,46

Oil 0,35 92,76

Bituminous coal 0,01 2,60

Uranium 0,00 0,62

Other non-specified 0,00 0,02

Total 0,37 100,00

Table 7 shows the type and distribution of non-renewable energy sources dur-ing transport to the construction site and for disposal.

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Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor

Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 22

Product group: Building coatings with organic binders issued on Declaration holder: Sto AG, Ehrenbachstrasse 1, D-79780 Stühlingen, Germany 26-02-2011 Declaration number: EPD-2011321-E

Renewable energy Resources MJ %

Timber 0,00 0,00

Biomass 0,00 7,67

Geothermal energy 0,00 0,00

Solar energy 0,00 0,00

Hydropower 0,00 88,49

Wind

Other non-specified 0,00 3,84

Total 0,00 100,00

Table 8 shows the type and distribution of renewable energy sources during transport to the construction site and for disposal.

Use stage Facade paints with organic binders are subject to different weathering depending on the climate, construction type (roof projection) and the wind orientation. With appro-priate care (cleaning or painting), the useful life can equal the life of the building ele-ment. Use of facade paints and primers does not contribute to the lifecycle inventory analysis.

The elasticity ensures high flexibility and the absence of cracks.

Disposal stage Disposal takes place with the building element / system, normally as building rubble.

8.2.2 Depiction of the balances and evaluation per m² of primer and facade paint

To simplify use of the data, the lifecycle inventory analysis values and environmental impacts of the facade paints and primers are also used for the average consumption of product per m², which is documented in the technical data sheet. Possible varia-tions in consumption can be caused by an uneven substrate.

The impact balance in impact/m² is depicted in tables 9 and 10, taking into account the respective consumption values that are documented in the corresponding techni-cal data sheets.

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Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor

Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 23

Product group: Building coatings with organic binders issued on Declaration holder: Sto AG, Ehrenbachstrasse 1, D-79780 Stühlingen, Germany 26-02-2011 Declaration number: EPD-2011321-E

Raw material provision, production up to the factory gates

Sto

Pre

p M

iral

Sto

-Prim

er

Sto

Col

or J

umbo

sil

Sto

Col

or C

ryla

n

Sto

Col

or M

axic

ryl

Sto

Silc

o C

olor

Sto

Sil

Col

or

Lotu

san

Sto

Pho

tosa

n N

OX

Average consumption pro m² 0,3 0,3 0,2 0,15 0,15 0,18 0,15 0,18 0,15

3,80E+00 3,62E+00 4,36E+00 3,87E+00 4,38E+00 2,52E+00 4,44E+00 4,68E+00 5,69E+00

4,85E-02 1,99E-02 2,29E-02 1,90E-02 2,04E-02 7,09E-02 5,66E-02 6,10E-02 7,03E-02

Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 1,49E-03 1,51E-03 1,81E-03 1,60E-03 1,81E-03 1,00E-03 1,72E-03 1,83E-03 2,22E-03

Global warming potential (GWP 100) [kg carbon d2,27E-01 1,17E-01 1,45E-01 1,33E-01 1,49E-01 1,06E-01 2,64E-01 2,26E-01 2,76E-01

Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 1,75E-07 2,40E-07 2,76E-07 2,33E-07 2,46E-07 2,06E-07 2,03E-07 3,43E-07 3,42E-07

Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 2,24E-03 6,93E-04 8,81E-04 8,36E-04 8,92E-04 7,97E-04 2,66E-03 2,10E-03 2,67E-03

Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 2,88E-04 6,68E-04 8,33E-04 7,39E-04 8,89E-04 2,94E-04 3,58E-04 4,19E-04 3,92E-04

Photochemical ozone creation potential (POCP) 8,04E-05 1,12E-04 1,39E-04 1,24E-04 1,46E-04 6,72E-05 1,05E-04 1,31E-04 1,56E-04

Unit kg/m²

Primary energy requirement, renewable [MJ]

Evaluation dimension

Primary energy requirement, non-renewable [MJ]

Unit per litre/m²

Table 9: Estimated impact of primers and facade paints with organic binder with production and packaging per m²

Raw material provision, production,utilisation and disposal

Sto

Pre

p M

iral

Sto

-Prim

er

Sto

Col

or J

umbo

sil

Sto

Col

or C

ryla

n

Sto

Col

or M

axic

ryl

Sto

Silc

o C

olor

Sto

Sil

Col

or

Lotu

san

Sto

Pho

tosa

n N

OX

Average consumption pro m² 0,3 0,3 0,2 0,15 0,15 0,18 0,15 0,18 0,15

3,92E+00 3,73E+00 4,48E+00 3,95E+00 4,46E+00 3,13E+00 4,53E+00 4,78E+00 5,78E+00

4,85E-02 1,99E-02 2,29E-02 1,90E-02 2,04E-02 8,51E-02 5,66E-02 6,10E-02 7,03E-02

Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 1,54E-03 1,56E-03 1,87E-03 1,64E-03 1,85E-03 1,25E-03 1,76E-03 1,88E-03 2,26E-03

Global warming potential (GWP 100) [kg carbon d2,35E-01 1,26E-01 1,54E-01 1,39E-01 1,55E-01 1,34E-01 2,70E-01 2,34E-01 2,82E-01

Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 1,75E-07 2,40E-07 2,76E-07 2,33E-07 2,46E-07 2,47E-07 2,03E-07 3,43E-07 3,42E-07

Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 2,34E-03 7,88E-04 9,79E-04 9,02E-04 9,61E-04 1,04E-03 2,73E-03 2,18E-03 2,74E-03

Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 2,99E-04 6,80E-04 8,45E-04 7,47E-04 8,97E-04 3,64E-04 3,67E-04 4,29E-04 4,00E-04

Photochemical ozone creation potential (POCP) 9,04E-05 1,22E-04 1,49E-04 1,31E-04 1,53E-04 8,96E-05 1,13E-04 1,40E-04 1,64E-04

Evaluation dimension

Primary energy requirement, non-renewable [MJ]

Primary energy requirement, renewable [MJ]

Unit kg/m² Unit per litre/m²

Table 10 Estimated impact per m² for manufacture of the raw materials, pro-duction and packaging as well as use and disposal

9 Verification

9.1 VOC

Facade paints and primers with organic binder in accordance with EN DIN 1602 con-tain so-called film forming agents (aromatic-free). The maximum amounts are below 2% by weight. These additives are necessary to secure functioning of these products in outside weather conditions. A VOC (AgBB) test for exterior products is not in-tended.

9.2 Leaching behaviour

Washing out of substances into the soil, surface water and groundwater are currently standardised horizontally in TC 351 WG 1. A vertical test standard for washing out from coatings with organic binders is currently being developed in TC 139, WG 10. The focus is on possible washing out of biocides from rain.

Use of algicides and fungicides as film protection is governed by the Directive 98/8 EC.

Tiago Andrade
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Tiago Andrade
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Tiago Andrade
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Tiago Andrade
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Tiago Andrade
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Tiago Andrade
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But a uniform recording and evaluation of the relevant amounts and their environ-mental impact is not currently possible.

10 PCR document and checking

This declaration is based on the PCR document "Coatings with organic binders", 2010-04.

Review of the PCR document by the Expert Committee.

Chairman of the Expert Committee: Prof. Dr.-Ing. Hans-Wolf Reinhardt (Stuttgart University, IWB)

Independent audit of the declaration in accordance with ISO 14025:

internal external

Validation of the declaration: Dr. Eva Schmincke

11 Literature

/IBU 2006/ Institut Bauen und Umwelt e.V., Königswinter (Hrsg.): Leitfaden für die Formulierung der Anforderungen an die Produktkategorien der Umweltdeklarationen (Typ III) für Bauprodukte, Stand 01-2006 (Guideline for formulation of requirements for the pro-duct categories of the environmental declarations (Type III) for building products, as at 01-2006

/CML 2002/ Guinée, J. B. (Ed.) : Handbook on Life Cycle Assessment – Operational Guide to the ISO Standards, Boston Kluwer Academic Publishers, 2002

/EGS/ Directive 91/155/EEC ("Safety Data Sheet Directive"), amended by Directives 93/112/EC and 2001/58/EC

/DIN EN 1062 Paints and varnishes - Coating materials and coating systems for exterior masonry and concrete.

/EN 13501-1/ Fire classification of construction products and building elements – Part 1: Classifica-tion using data from reaction to fire tests, 2000

/Eyerer and Reinhardt/ Eyerer P., Reinhardt, H.-W. (ed.): Ökologische Bilanzierung von Baustoffen und Ge-bäuden – Wege zu einer ganzheitlichen Bilanzierung, Birkhäuser Verlag, Basel 2000 (Ecological balancing of building materials and buildings - paths to holistic balancing)

/GaBi 2007/ GaBi 4: Software und Datenbank zur Ganzheitlichen Bilanzierung, Universität Stutt-gart und PE INTERNATIONAL GmbH, Leinfelden-Echterdingen 2007. (Software and database for holistic balancing)

/GefStoffV/ Verordnung zum Schutz vor gefährlichen Stoffen (Gefahrstoffverordnung GefStoffV) vom 23. Dezember 2004, BGBll S. 3855 (German ordinance for protection from haz-ardous materials (Hazardous materials ordinance GefStoffV) of 23 December 2004)

/ISO 14025/ DIN EN ISO 14025: Environmental Labels and declarations –Type III environmental declarations – Principles and procedures, version 2005

/ISO 14040/ DIN EN ISO 14040: Environmental management – Life cycle assessment – Principles and frameworks, version 2005

/ISO 14044/ DIN EN ISO 14044: Environmental management – Life cycle assessment – Require-ments and guidelines, version 2005

/Schiessl et al./ Schiessl, Hoberg, Rankers: Umweltverträglichkeit von Baustoffen für Außenfassaden, Forschungsbericht F415, ibac Aachen, 1995 (Environmental compatibility of materials for exterior facades, research report F415)

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/TASi/ TA Siedlungsabfall: Technische Anleitung zur Verwertung, Behandlung und sonstigen Entsorgung von Siedlungsabfällen (3. Allgemeine Verwaltungsvorschrift zum Abfall-gesetz) vom 14. Mai 1993 (BAnz. Nr. 99a vom 29.05.1993) (Municipal waste: techni-cal instructions for the energetic use, handling, and other disposal of municipal waste)

/DIN 4102-1 Fire behaviour of building materials and elements - Part 1: Classification of building materials - Requirements and testing.

/DIN EN 13823 Reaction to fire tests for building products - Building products excluding floorings ex-posed to the thermal attack by a single burning item.

DIN EN 15824 Specifications for external renders and internal plasters based on organic binders

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Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor

Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 26

Product group: Coatings with organic binders Issued on Declaration holder: Sto AG, Ehrenbachstrasse 1, D-79780 Stühlingen, Germany 26-02-2011 Declaration number: EPD-2011321-E

Publisher:

Institute Construction and Environment (IBU) e.V.

Rheinufer 108

D-53639 Königswinter, Germany

Tel.: +49 (0)2223 296679-0 Fax: +49 (0)2223 296679-1

E-mail: [email protected]

Internet: www.bau-umwelt.com

Photographic credits:

Sto Aktiengesellschaft

Ehrenbachstrasse 1

D-79780 Stühlingen

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

ANEXO V – LISTA DE IMPACTES AMBIENTAIS DE MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO

(ECOINVENT)

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Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios

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Luís Bragança and Ricardo Mateus

AII - 38

Materials Life-cycle phase

Environmental LCA impact categories Embodied energyADP GWP ODP AP POCP EP ENR ER

Steel in profile Cradle-to-gate 4.54E-03 5.71E-01 5.40E-08 3.04E-03 1.85E-04 4.86E-04 8.66E00 1.16E-01

Steel for construction (in rod)

1.29E-02 1.25E+00 6.16E-08 5.57E-03 8.29E-04 1,30E-03 3.27E+01 1.52E-01

Wood and cement agglomerate

5.21E-04 -3.27E-02 5.97E-09 3.10E-04 1.40E-05 4.33E-05 1.21E+00 2.08E+00

Aluminium, 50% recycled

2.82E-02 4.28E+00 1.84E-06 3.80E-02 2.23E-03 1.21E-03 6.82E+01 0.00E+00

Lime mortar 1.37E-03 6.10E-01 2.08E-08 8.64E-04 3.91E-05 1.31E-04 3.26E+00 3.27E-01

Cement mortar 4.90E-04 1.95E-01 8.00E-09 3.15E-04 1.29E-05 4.87E-05 1.31E+00 2.10E-01

Tiles/ceramic mosaic 6.30E-03 7.63E-01 8.16E-08 2.93E-03 1.36E-04 2.75E-04 1.40E+01 3.64E-01

Concrete 2.38E-04 1.10E-01 3.55E-09 1.79E-04 6.49E-06 2.84E-05 5.56E-01 6.24E-03

Reinforced concrete 6.08E-04 1.48E-01 3.55E-09 5.56E-04 5.28E-05 5,76E-05 1.24E+00 7.39E-03

Asphaltic bitumen 2.35E-02 5.81E-01 7.27E-07 1.94E-03 1.98E-04 3.02E-04 5.33E+01 9.73E-02

Light concrete block (expanded clay)

2.14E-03 4.29E-01 3.74E-08 2.75E-03 1.14E-04 1.62E-04 4.94E+00 1.60E-01

Light concrete block (porous)

1.40E-03 4.15E-01 2.18E-08 6.69E-04 4.29E-05 8.47E-05 3.25E+00 2.03E-01

Rubber 3.88E-02 3.16E+00 3.09E-09 1.03E-02 6.76E-04 7.64E-04 8.53E+01 5.40E-01

Brita 2.95E-05 4.28E-03 4.08E-10 2.34E-05 1.01E-06 4.15E-06 5.69E-02 1.04E-03

Zinc plate 1.75E-+02 2.46E+00 1.37E-07 4.02E-02 1.44E-03 2.41E-03 2.84E+01 5.60E-01

Polyvinyl chloride (PVC)

2.26E-02 1.97E+00 2.84E-09 5.35E-03 3.12E-04 7.59E-04 5.94E+01 9.34E-01

Copper 1.59E-02 1.94E+00 1.53E-07 6.46E-02 2.26E-03 3.97E-03 3.03E+01 5.70E+00

Cork 1.04E-02 -6.54E-01 9.26E-08 5.39E-03 4.55E-04 6.58E-04 2.51E+01 2.72E+01

Foam of glass 1.22E-02 1.58E+00 1.52E-07 3.94E-03 1.76E-04 5.21E-04 3.51E+01 1.29E+00

Iron 1.39E-02 1.50E+00 5.04E-08 5.77E-03 8.73E-04 6.52E-04 2.44E+01 5.70E-01

Fibreglass 7.19E-03 1.03E+00 1.30E-07 2.22E-03 1.56E-04 1.87E-04 1.33E+01 0.00E+00

Rock/mineral wool 1.05E-02 1.46E+00 6.10E-08 8.32E-03 9.28E-04 4.46E-04 2.16E+01 9.79E-01

Glass wool 1.43E-02 1.50E+00 2.15E-07 6.42E-03 5.57E-04 1.18E-03 4.50E+01 4.14E+00

Lumber 1,02E-03 -1,20E+00 1,28E-08 8,05E-04 7,29E-05 1,29E-04 1,98E+00 1,58E+01

Mosaic/ceramic tiles 6,30E-03 7,62E-01 8,16E-08 2,93E-03 1,36E-04 2,75E-04 1,19E+01 3,64E-01

OSB panels 5.33E-03 -9.09E-01 2.15E-08 2.36E-03 3.00E-04 3.51E-04 1.08E+01 2.17E+01

Stone 1.81E-03 2.63E-01 3.43E-08 1.56E-03 4.66E-05 3.13E-04 7.58E+00 8.35E-01

Limestone 1.24E-05 1.92E-03 2.26E-10 3.37E-05 5.38E-07 7.79E-06 2.80E-02 4.05E-04

Expanded perlite 7.08E-03 9.92E-01 2.21E-07 3.04E-03 1.49E-04 3.13E-04 1.63E+01 5.60E-01

Plate of plasterboard 2.48E-03 3.50E-01 3.89E-08 1.09E-03 4.69E-05 1.73E-04 5.74E+00 3.21E-01

Comments: LCA Method(s): CML 2 baseline 2000 version 2.04 (to evaluate the environmental impact) and Cumulative Energy Demand version 1.04 (to evaluate the energy)

LCI Libraries: Ecoinvent system process, ETH-ESU 96 system process, DK INPUT OUTPUT, IDEMAT 2001 and BUWAL; Ecology of Building Materials; DAP of ceramic materials

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