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INTEGRAÇÃO DE GEOINFORMAÇÕES: APLICAÇÃO DAS … · histograma e vetorização automática com suavização das linhas de contorno. Figura 4 - Mapa de altitude estrutural da

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INTEGRAO DE GEOINFORMAES: APLICAO DAS GEOTECNOLOGIAS EM HIDROGEOLOGIA

Paulo Srgio de Rezende Nascimento1

1Eng Gelogo, Professor Visitante da Ps-Graduao do Depto. Geocincias, UFAM, Manaus-AM, [email protected] RESUMO: Os lineamentos estruturais e a altitude do terreno comportam o sistema de drenagem na rea de estudo, deste modo, o objetivo deste trabalho foi integrar o mapa de densidade de lineamento geolgico com o mapa de altitude estrutural, definindo assim reas favorveis recarga e descarga da Sub-bacia do Baixo Piracicaba (SP). Para tal, foram utilizados os seguintes procedimentos: extrao dos lineamentos pelo mtodo fotointerpretativo de imagens de satlite, gerao do mapa de densidade de lineamentos estruturais pelo mtodo geoestatstico de krigagem, modelagem numrica do terreno para gerar o mapa de altitude estrutural e integrao destes mapas para produzir o mapa de favorabilidade recarga e descarga de guas subterrneas. Foram obtidas as seguintes classes: favorvel recarga, moderadamente favorvel recarga e favorvel a descarga e moderadamente favorvel descarga. PALAVRAS-CHAVE: lineamento estrutural, hidrogeologia, altitude estrutural.

INTRODUO: A anlise interpretativa das imagens orbitais dos terrenos paleo-mesozoicos da Bacia Sedimentar do Paran no Estado de So Paulo mostrou a evidncia de uma enorme quantidade de feies lineares fortemente expressas na topografia, invariavelmente representadas pela morfologia dos vales e/ou serras e significativamente relacionadas a processos endgenos e exgenos, com feies estruturais e erosivas, visveis em produtos sensoriados. A Sub-bacia Hidrogrfica do Baixo Piracicaba (SP), rea de estudo deste trabalho, inserida nesta bacia sedimentar, pertence Bacia Hidrogrfica do Rio Piracicaba, a qual , em geral, estudada juntamente com as Bacias dos Rios Capivari e Jundia, devido s reverses existentes no abastecimento pblico dos municpios de Jundia e Campinas. Esta unidade hidrogrfica localiza-se na regio centro-sudeste do Estado de So Paulo, o segundo plo industrial do pas e seu sistema geoeconmico o mais dinmico do Estado. Parte substancial dos recursos hdricos de superfcie transferida para o Sistema Cantareira que, atualmente, sofre a maior seca de sua histria, desde o incio dos anos de 1970. A estrutura produtiva da regio est ligada monocultura de cana-de-acar, cuja mecanizao encontra-se em processo de intensificao. Aliada mecanizao, o processo de irrigao essencial para o processo produtivo. Desta forma, o objetivo desse trabalho integrar os mapas de concentrao de lineamentos geolgicos e de altitudes estruturais, visando definir reas propcias explotao de guas para uso de irrigao atravs da delimitao de reas favorveis recarga e descarga das guas subterrneas na sub-bacia do Baixo Piracicaba, na escala de 1:50.000.

MATERIAL E MTODOS: A Sub-bacia do Baixo Piracicaba delimitada pelos paralelos 2215 a 2245 de latitude Sul e pelos meridianos 4745 a 4830 de longitude Oeste. O rio Piracicaba controlado pela direo E-W com inflexes para NW e NE e os afluentes citados esto controlados pelas direes NE e N-S (margem direta) e NW e N-S (margem esquerda). A litologia predominante constituda por arenitos elicos da Formao Pirambia, que constitui o principal reservatrio de guas subterrneas do Aqufero Guarani no Estado de So Paulo (CAETANO-CHANG; WU, 2003).

Neste trabalho foram utilizadas as imagens orbitais do sensor/satlite TM/Landsat-5, o programa SPRING e a base cartogrfica composta nove folhas topogrficas, na escala 1:50.000. Existem vrios mtodos possveis de se mapear as reas favorveis recarga e descarga de guas subterrneas. O mtodo aplicado neste trabalho baseia-se nas ferramentas de Sensoriamento Remoto e Sistema de Informao Geogrfica (SIG). A metodologia foi definida devido rea ser recoberta praticamente pelos arenitos da Formao Pirambia, onde a porosidade e a permeabilidade, que so indicadores

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utilizados para determinar o aporte, o acmulo e a disperso de guas subterrneas em terrenos sedimentares, podem ser consideradas as mesmas em toda a extenso da bacia. Alm disso, o ndice pluviomtrico tambm praticamente constante por toda a rea de estudo. Os lineamentos geolgicos definem as regies de infiltrao das guas, quanto maior a sua densidade maior a infiltrao das guas e quanto menor a densidade maior o escoamento superficial das guas. As altitudes ngremes representam as reas mais favorveis descarga de guas subterrneas, e as altitudes planas so mais favorveis recarga de guas subterrneas (CHISTOFOLETTI, 1996), pois para cada ambiente, os sistemas hidrogrficos dependem principalmente das propores de infiltrao e escoamento da gua.

O primeiro procedimento foi a criao do Banco de Dado Georreferenciado (BDG), com projeo UTM/WGS-84 com meridiano central 45 Oeste. A escala adotada foi de 1:50.000, de acordo com a base cartogrfica. No SPRING as imagens TM-Landsat-5 foram georreferenciadas para o sistema de coordenadas de referncia das cartas topogrficas. O prximo procedimento foi a extrao dos lineamentos geolgicos de acordo com Veneziani e Anjos (1982). Essa etapa foi realizada aps os processamentos digitais, como: restaurao, principais componentes, decorrelao, filtragem direcional, realce de contraste e composio colorida, visando aumentar o brilho, o contraste, as feies lineares e a resoluo geomtrica das imagens. O mapa de lineamento foi convertido para o formato matricial, e a partir da dimenso mdia e da distribuio dos lineamentos, a rea foi dividida em clulas de 4 x 4 km, armazenando a densidade de lineamento no formato cadastral do SPRING. Neste procedimento foram utilizados os operadores de lgebras de mapas Conte e Mdia Zonal, os quais contam o nmero de pixels em cada clula e inserem, na tabela de objetos, a mdia do nmero de pixels (parmetro Z estimado). Em seguida foram gerados os pontos amostrais (formato numrico do SPRING) e foi aplicado o mtodo de krigagem ordinria, cujo interpolador, segundo Landim (2005), pondera os vizinhos do ponto a ser estimado, obedecendo aos critrios de no tendenciosidade. O mapa de altitude estrutural foi gerado pelo Modelo Numrico do Terreno (MNT) a partir das curvas de nvel e dos pontos cotados por meio de uma grade irregular triangular (TIN). Esta modelagem considera as arestas dos tringulos e permite que as informaes morfolgicas importantes, como as descontinuidades representadas por feies lineares de relevo (cristas) e drenagem (vales) e planares (declividade), sejam empregadas durante a gerao da grade triangular, possibilitando modelar a superfcie do terreno e preservar as suas feies.

Os produtos gerados pela krigagem e pelo MNT foram divididos em quatro classes com intervalos diferentes de acordo com a frequncia da intensidade dos nveis de cinza, pelo fatiamento e a posterior equalizao do histograma. O tipo de fatiamento escolhido foi o arco-ris, o qual segue a sequncia do arco-ris, como o prprio nome j indica e o nmero de fatias foi quatro. A equalizao do histograma uma manipulao do histograma de forma que as classes ou fatias no necessitam ter os mesmos intervalos, pois as mesmas so definidas pela frequncia dos nveis de intensidade. Foi possvel, assim, separar de forma objetiva quatro classes de densidade de lineamentos geolgicos e quatro classes de altitudes estruturais. A definio das reas favorveis recarga e descarga de gua subterrnea foi realizada pelo mtodo booleano, utilizando as classes dos mapas de densidade de lineamento geolgico e altitude estrutural, expressas por classes favorveis ou a recarga ou a descarga de gua para obter o mapa temtico de interesse. O mtodo Booleano envolveu a combinao lgica de mapas binrios atravs do operador condicional E e/ou OU, segundo uma sequncia lgica. Terminado esses processos, os mapas no formato matricial (raster) foram vetorizados automaticamente.

RESULTADOS E DISCUSSO: A Figura 1 representa a imagem de densidade de lineamento interpolada pela krigagem ordinria com os lineamentos geolgicos, que indicam a maior ou menor capacidade de infiltrao da gua. As cores avermelhada-alaranjadas representam reas de maiores densidades e as menores densidades so apresentadas pelas cores azulada-esverdeadas. importante ressaltar que o processo de krigagem considerou duas propriedades importantes da porosidade secundria, o tamanho e a distncia entre os lineamentos, interpretados como conjunto de juntas. A espessura e o cruzamento das juntas, no entanto, no foi levada em considerao. Relembrando que

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essas quatro propriedades definem a eficincia da infiltrao e percolao interna da gua (permeabilidade).

Figura 1 Imagem interpolada colorida da densidade de lineamento geolgico da rea de estudo.

A Figura 2 exibe as quatro classes de densidade de lineamento geolgico, aps o fatiamento, a equalizao do histograma e a vetorizao automtica. Neste processo, para evitar o efeito escada, tpico desta transformao, aplicou-se a suavizao das linhas de contorno (interpolador bicbico). Desconsiderando a Represa de Barra Bonita, a rea total possui 1.461 km2, assim, a classe de alta densidade de lineamento possui 224 km2 (15%); as classes medianamente alta e medianamente baixa totalizam 627 km2 (43%) e 401 km2 (28%), respectivamente; e a classe de baixa densidade apresenta 209 km2 (14%). Estas quatro classes possuem valor interpolado Z, o qual varia de 1.023 a 4.851. As classes de baixa densidade possuem valores entre 1.023 e 2.446, a medianamente baixa, entre 2.446 e 3.201, a medianamente alta, 3.201 e 4.062 e a classe de alta densidade, entre 4.062 e 4.851.

Figura 2 - Mapa de densidade de lineamento da Sub-bacia do Baixo Piracicaba-SP, aps o fatiamento, equalizao do histograma e vetorizao automtica com suavizao das linhas de contorno.

A Figura 3 representa a imagem de altitude estrutural MNT e a Figura 4 mostra as quatro classes de altitude estrutural, aps o fatiamento, a equalizao do histograma e vetorizao automtica com

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suavizao das linhas de contorno. A classe alto estrutural possui 84 km2 (5%), as classes moderamente alto e moderadamente baixo totalizam 241 km2 (17%) e 977 km2 (67%) e a classe baixo estrutural representa 160 km2 (11%).

Figura 3 Imagem MNT da altitude estrutural da rea de estudo, aps o fatiamento, equalizao do histograma e vetorizao automtica com suavizao das linhas de contorno.

Figura 4 - Mapa de altitude estrutural da Sub-bacia do Baixo Piracicaba-SP, aps o fatiamento, equalizao do histograma e vetorizao automtica com suavizao das linhas de contorno.

A Figura 5 exibe o mapa de favorabilidade recarga ou descarga de gua na Sub-bacia do Baixo Piracicaba. As classes favorveis recarga e descarga possuem 694 km2 (47%) e 433km2 (30%), respectivamente, e as classes moderadamente favorveis recarga e descarga, 119 km2 (8%) e 219 km2 (15%), respectivamente. No total so 55% de reas mais susceptveis entrada de gua e 45%, sada de guas subterrneas.

As regies favorveis recarga de gua subterrnea ocorrem preferencialmente nas reas de moderadamente baixo estrutural com alta a medianamente alta densidade de lineamento; por sua vez, as regies moderadamente favorveis recarga se do, preferencialmente, nas classes alto estrutural

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com medianamente alta a baixa densidade de lineamento. As regies favorveis descarga ocorrem preferencialmente nas reas moderadamente alto estrutural com medianamente alta a mediamente baixa densidade de lineamento. Por outro lado, as regies moderadamente favorveis descarga se do, preferencialmente, nas classes moderadamente baixo estrutural com baixa e medianamente baixa densidade de lineamento.

Figura 5 - Mapa de favorabilidade recarga e descarga de gua subterrnea da Sub-bacia do Baixo Piracicaba-SP.

importante ressaltar que o produto gerado (mapa de favorabilidade recarga e descarga de gua subterrnea da Sub-bacia do Baixo Piracicaba-SP) um subsdio para direcionar um mapeamento mais detalhado, na escala de 1:10.000 ou maiores, para definir os locais apropriados para a realizao de poos de captao de guas subterrneas, visando a irrigao da cultura canavieira e aumentar a produo da agroindstria. Nesse sentido recomenda-se o emprego de imagens de alta resoluo e mapeamento detalhado.

CONCLUSES: O mtodo constitui uma abordagem eficiente no processo de inferncia espacial no mapeamento de reas favorveis recarga e descarga de guas subterrneas. Numa escala regional, apesar da perda na preciso, a identificao dessas reas ganha uma representatividade maior, alcanando rapidez e minimizando custos. A possibilidade do emprego desta tcnica indicada em terrenos sedimentares fissurados recobertos por praticamente uma litologia e em escala regional. O produto gerado uma importante ferramenta de subsdio aos produtores de cana-de-acar da rea de estudo para o investimento nessas reas favorveis prospeco de gua subterrnea, haja vista que a estrutura produtiva da regio depende da constante irrigao e reserva de gua subterrnea.

REFERNCIAS: CAETANO-CHANG, M. A.; WU, F. T. Diagnese dos arenitos da Formao Pirambia no centro-leste paulista. Geocincias, v.2, N. Especial, p.33-39, 2003. CHRISTOFOLETTI, A. Indicadores naturais para estudos de sistemas geoambientais. In: SIMPSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA, 1. 1996, Uberlncia. AnaisUberlndia:SBG, 1996. p.13-19. LANDIM, P.M.B. Sobre geoestatstica e mapa. Terrae Didtica, v. 2, n. 1, p.19-33, 2006. VENEZIANI, P.; ANJOS, C. E. Metodologia de interpretao de dados de sensoriamento remoto e aplicaes em geologia. So Jos dos Campos: INPE, 1982, 54p.

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