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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL INTEGRAÇÃO DO CONTROLE DA PRODUÇÃO E CUSTOS NA OBRA COM USO DE BUILDING INFORMATION MODELING Mírian Caroline Farias Santos Salvador 2017

INTEGRAÇÃO DO CONTROLE DA PRODUÇÃO E CUSTOS NA …§ão_Mírian_versão... · empresa e a disponibilidade para alterações de processos internos de funcionamento. ... 2.1.4

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

INTEGRAÇÃO DO CONTROLE DA PRODUÇÃO E CUSTOS NA OBRA COM

USO DE BUILDING INFORMATION MODELING

Mírian Caroline Farias Santos

Salvador

2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

INTEGRAÇÃO DO CONTROLE DA PRODUÇÃO E CUSTOS NA OBRA COM

USO DE BUILDING INFORMATION MODELING

Mírian Caroline Farias Santos

Qualificação do Mestrado apresentada ao

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL como requisito parcial à

obtenção do título de MESTRE EM

ENGENHARIA CIVIL

Orientador: Prof. Dr. Dayana Bastos Costa

Coorientador: Prof. Dr. Emerson Marques Ferreira

Agência Financiadora: CAPES

Salvador

2017

FORMAÇÃO DO CANDIDATO

Engenheira Civil, formada pela Universidade Federal da Bahia, UFBA (2015).

MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA QUALIFICAÇÃO DE MESTRADO

DE MÍRIAN CAROLINE FARIAS SANTOS APRESENTADA AO PROGRAMA

DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL, DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DA BAHIA, EM 10 DE AGOSTO DE 2017.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________ Prof.(a) Dr.(a) Dayana Bastos Costa

Orientador

PPEC - UFBA

_____________________________________ Prof.(a) Dr.(a) Emerson Marques Ferreira

Coorientador

PPEC - UFBA

_____________________________________ Prof.(a) Dr.(a) Arivaldo Leão de Amorim

PPGAU - UFBA

_____________________________________ Prof.(a) Dr.(a) Fernanda Aranha Saffaro

PPEC - UEL

RESUMO

A indústria da construção civil é composta por diversos ambientes de trabalho e

disciplinas separadas que se integram mesmo com suas características particulares. A

comunicação efetiva de dados e informações é essencial para que sistemas de controle

integrados avaliem o desempenho do progresso da construção. Ferramentas modernas

de simulação oferecem um excelente meio para integrar múltiplos tipos de informações

e o BIM (Building Information Modeling) pode trazer a possibilidade de tornar mais

eficiente o gerenciamento dessa informação para arquitetos, engenheiros e

construtores. Embora o BIM venha sendo cada vez mais utilizado na indústria da

construção civil, a rica capacidade de informação do projeto ainda não é bem utilizada

para apoiar o gerenciamento da construção em campo. Este trabalho objetiva propor e

aplicar um método para integração do planejamento e controle de custos e produção

em campo, por meio de ferramentas BIM 4D e 5D. Para tanto, foi adotada a abordagem

de pesquisa denominada de Design Science Research. A pesquisa está dividida em

quatro etapas principais: (a) Investigação/ Conhecimento do problema, (b) Sugestão/

Proposta de Solução; (c) Desenvolvimento/ Implementação e Validação, e (d) Avaliação

e Conclusão do Método Proposto. Como resultados preliminares, observou-se que

comunicação entre os programas, suas ferramentas e recursos disponíveis são crucias

na definição de um método de trabalho, bem como a estrutura organizacional da

empresa e a disponibilidade para alterações de processos internos de funcionamento.

Como contribuições iniciais, foi proposto um método que possibilita uma maior

integração e melhoria na troca de informações de produção e custo entre campo e

escritório, considerando requisitos e diretrizes para modelagem e uso do BIM para esta

finalidade. Este método será implementado e validado nas próximas etapas do estudo.

Palavras- Chave: BIM 4D/5D; Controle da Produção; Controle de Custos.

INTEGRATION BETWEEN MONITORING OF PRODUCTION AND CONTROL

OF COSTS IN FIELD WITH BIM USE

ABSTRACT

The construction industry involves diverse work environments and separated disciplines

that need to be integrated even with their particular characteristics. Effective information

communication is essential when using an integrated control systems to evaluate the

construction progress. Modern simulation tools offer an excellent way to integrate

multiple types of information and the BIM (Building Information Modeling) can enable the

information managing in a more efficient way for architects, engineers and builders.

Although BIM has been increasingly used in the construction industry, its information

capacity is still not well used for supporting field construction management. This work

aims to propose and apply a method for the integration of production and cost planning

and control during the execution phase, through BIM 4D and 5D tools. For this, the

research approach called Design Science Research was adopted. The research is

divided into four main stages: (a) Research / Knowledge of the problem, (b) Suggestion

/ Solution Proposal; (C) Development / Implementation and Validation, and (d)

Evaluation and Conclusion of the Proposed Method. Preliminary results indicated that

the communication among the programs, their tools and available resources are crucial

for defining a work method, as well as the organizational structure of the company and

the availability for changes in the internal operation processes. The initial contribution

involves the proposition of a method for enabling a better integration concerning the

exchange of information related to production and cost between field and office,

considering requirements and guidelines for modeling using BIM. This method will be

implemented and validated in the next stages of the study.

Keywords: BIM 4D/5D; Production Control; Costs Control.

SUMÁRIO

Pág.

BANCA EXAMINADORA ................................................................................... 3RESUMO ............................................................................................................. 4ABSTRACT ......................................................................................................... 5SUMÁRIO ............................................................................................................ 6ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................ 8ÍNDICE DE FIGURAS ......................................................................................... 9SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ...................................................................... 111 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12

1.1 Justificativa do Trabalho ......................................................................... 12

1.2 Problema de Pesquisa ........................................................................... 14

1.3 Questões de Pesquisa ........................................................................... 17

1.4 Objetivos ................................................................................................. 17

1.5 Delimitação da Pesquisa ........................................................................ 17

1.6 Estrutura do Trabalho ............................................................................. 18

2 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS ............. 192.1 Planejamento de Obras na Construção Civil .......................................... 19

2.1.1. Definição de Planejamento e Controle da Produção ................... 19

2.1.2. Processo de Planejamento e Controle da Produção ................... 20

2.1.3. Técnicas para Programação de Obras ........................................ 22

2.1.4. Estrutura Analítica de Projeto (EAP) ............ Error! Bookmark not defined.

2.2 Orçamentação na Construção Civil .......... Error! Bookmark not defined.2.2.1. Definição de Custo ........................ Error! Bookmark not defined.2.2.2. Níveis de Detalhamento do Orçamento ....................................... 28

2.2.3. Estrutura Analítica de Custos ...................................................... 27

2.3 Integração de Custo e Produção ............................................................ 31

2.3.1. Controle e Monitoramento de Custo e Produção ........................ 39

2.3.2. Sistemas de planejamento e controle da produção ..................... 32

2.4 Integração de Custo e Controle da Produção na Construção Civil ........ 41

2.5 Considerações Finais ............................................................................. 43

3 BUILDING INFORMATION MODELING - BIM ........................................... 453.1 Definições Básicas ................................................................................. 45

Comment [DC1]: Revisar numeração do sumário

3.1.1 Modelagem paramétrica ................................................................... 45

3.2.2 Interoperabilidade ............................................................................. 46

3.2.3 Nível de desenvolvimento ................................................................. 47

3.2 Planejamento da construção com BIM ................................................... 48

3.3 Estimativa de custos com BIM ............................................................... 53

3.4 Estudos de Integração de custo e produção com uso do BIM ............... 56

4 MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................ 604.1 Estratégia de Pesquisa ........................................................................... 60

4.2 Delineamento da Pesquisa ..................................................................... 65

4.3 Detalhamento das Etapas de Pesquisa ................................................. 66

4.3.1. Investigação / Conhecimento do problema ................................. 66

4.3.2. Sugestão / Proposta de solução .................................................. 73

4.3.3. Desenvolvimento / Implementação e Validação .......................... 74

4.3.4. Avaliação e Conclusão do Método Proposto ............................... 75

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS INICIAIS ........... 775.1 Estágio A ................................................................................................ 77

5.1.1. Fluxograma dos processos – EC1 ............................................... 77

5.1.2. Proposição da primeira versão do método .................................. 79

5.2 Estágio B ................................................................................................ 81

5.2.1. Fluxograma dos processos – EC2 ............................................... 81

5.2.2. Proposição da segunda versão do método ................................. 83

5.2.3. Requisitos iniciais de modelagem ............................................... 87

6 CONCLUSÕES ............................................................................................ 887 CRONOGRAMA .......................................................................................... 898 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 0

ÍNDICE DE TABELAS Pág.

Quadro 1: Descrição dos tipos de Artefatos ...................................................... 61

Tabela 2: Descrição dos constructos a serem utilizados .................................. 76

ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

Figura 1: Processo de Planejamento ................................................................ 21

Figura 2: Representação da EAP com árvore ramificada (a) e na forma analítica

(b) ................................................................. Error! Bookmark not defined.

Figura 3: Representação esquemática da EAC ................................................ 27

Figura 4: Exemplificação da representação da estrutura de materiais ............. 33

Figura 5: Estrutura hierárquica do MRP II ......................................................... 36

Figura 6: Representação da evolução conceitual do MPR ao ERP .................. 37

Figura 7: Representação do controle e planejamento de custo e atividades .... 42

Figura 8: Representação gráfica dos níveis de desenvolvimento ..................... 47

Figura 9: Processo de modelagem utilizando software de CAD ....................... 49

Figura 10: Processo de modelagem utilizando ferramentas 4D e BIM ............. 50

Figura 11: Diagrama dos processos tradicional e baseado em BIM para

levantamento de quantitativo ..................................................................... 55

Figura 12: Relação entre os elementos BIM e os itens de planejamento e de

custos ......................................................................................................... 57

Figura 13: Ciclo regulador do Design Science Research .................................. 62

Figura 14: Descrição geral do Design Science Research ................................. 63

Figura 15: Delineamento da Pesquisa .............................................................. 66

Figura 16: Representação ilustrativa do empreendimento do Estudo de Caso 1

................................................................................................................... 68

Figura 17: Representação ilustrativa do empreendimento do Estudo de Caso 2

................................................................................................................... 69

Figura 18: Descrição da EAP utilizada pela empresa no EC1 .......................... 71

Figura 19: Descrição da EAP utilizada pela empresa no EC2 .......................... 72

Figura 20: Diagnostico dos processos - Estudo de Caso 1 .............................. 78

Figura 21: Método inicial proposto para integração entre programas ............... 81

Figura 22: Diagnostico dos processos - Estudo de Caso 2 .............................. 82

Figura 23: Novo fluxo de informações para integração Planejamento e Custo com

modelos BIM .............................................................................................. 84

Figura 24: Integração entre Programas ............................................................ 86

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

APS

BIM

Advanced Planning Systems

Building Information Modeling

CAD Computer Aided Design

CPS Composição de Preço de Serviços

CPU Composição de Preço Unitário

DSR

EAC

EAP

ERP

Design Science Research

Estrutura Analítica de Custos

Estrutura Analítica de Projeto

Enterprise Resources Planning

IAI International Alliance of Interoperability

IFC Industry Foundation Classes

LOD

MES

MRP

MRP II

Level of Development

Manufacturing Execution Systems

Material Requirements Planning

Manufacturing Resources Planning

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

1 INTRODUÇÃO

1.1 Justificativa do Trabalho

A indústria da construção civil se apresenta historicamente como um

sistema complexo e de difícil controle devido ao número de variáveis envolvidas

no processo construtivo (PAPAMICHAEL, 1999). Também é composta por

diversos ambientes de trabalho e disciplinas separadas que se integram mesmo

com suas características particulares, onde cada disciplina deve efetivamente

comunicar seus resultados para as outras disciplinas dependentes (MUELLER,

1986).

A integração de sistemas de controle de custos e planejamento tem sido

uma questão de grande preocupação para pesquisadores e profissionais da

indústria da construção (FAN et al., 2015). A comunicação efetiva de dados e

informações é essencial para que sistemas de controle integrados tenham a

capacidade de examinar as tendências do desempenho, influenciando os

resultados e modificando as tendências adversas no desempenho (MUELLER,

1986).

Assim, um sistema de controle tem a função de coletar os dados

atualizados de planejamento, custos e uso dos recursos, para comparar o

progresso existente com o planejado, destacando áreas de potenciais problemas

(RASDORF; ABUDAYYEH, 1991). Contudo, segundo esses autores, a maioria

dos projetistas sofre com o controle ineficaz devido a um fluxo de informações

ineficiente, o qual é um problema fundamental no gerenciamento das

construções, principalmente, no que tange a qualidade da informação que é

conduzida através desses sistemas de controle.

Ferramentas modernas de simulação oferecem um excelente meio para

integrar múltiplas representações e vistas de um projeto, incluindo seus

produtos, ambiente, processos, recursos, entre outros. Isso permite aos usuários

rapidamente gerar planejamentos, orçamentos, recursos requeridos,

cronograma de aquisição de matérias, etc. (ABOURIZK, 2010).

Para Wayne (2013), a tendência de se usar computadores no processo

construtivo tem sido uma enorme vantagem para a indústria. Dessa forma, os

dados são coletados, agrupados, atualizados, filtrados e, finalmente, lançado

para que o gerente de projeto os analise e interprete. Assim, as informações

resultantes deste processo conduzem à tomada de decisão a partir de uma

perspectiva de custo e cronograma.

Segundo Hallberg e Tarandi (2011), existe uma rápida evolução na área

de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) não somente em relação ao

desenvolvimento de hardware e software, mas também em termos de conceitos,

abrindo para novas e inovadoras soluções em muitas disciplinas. Segundo os

autores, um dos conceitos inovadores associados à TIC é o BIM (Building

Information Modeling), cujo desenvolvimento de suas aplicações emerge novas

possibilidades para tornar mais eficiente o gerenciamento da informação para

arquitetos, engenheiros e construtores.

O BIM pode ser entendido como uma ferramenta, processo e/ou produto

que é usado para desenvolver modelos inteligentes virtuais ligados a outras

ferramentas de gerenciamento de construção, tais como, planejamento e

estimativas, que promovam avaliações para colaboração, visualização e

construtibilidade benéficas a todos os interessados ao longo do ciclo de vida da

construção (KYMMELL, 2008).

As informações para o gerenciamento de projetos de construção podem

ser automaticamente obtidas a partir de um modelo BIM (LEE et al., 2014). Ao

se combinar o modelo 3D com o cronograma de construção tem-se o modelo 4D

utilizado para planejamento e gerenciamento da construção (CHEN et al., 2013).

Além disto, integrando a dimensão de custo de material, equipamento e pessoal,

tem-se o modelo 5D, o qual pode ser utilizado para se dar um rápido retorno

sobre o custo de um projeto (SATTINENI; MACDONALD, 2014), facilitando a

tarefa de levantamento de quantitativos, bem como permitindo rapidamente

visualizar, identificar e avaliar condições, além de otimizar preços (EASTMAN et

al., 2011).

Um dos fatores-chave para um controle da produção bem-sucedido é a

integração entre custo e planejamento, já que não se tem benefício em entregar

um projeto a tempo e com os custos excedendo o valor estimado (WAYNE,

2013). Nesse contexto, este trabalho se justifica por fazer uso do BIM, um

emergente processo de trabalho, que por fornecer um modelo rico em

informações e acessível a todos os participantes do projeto, apresenta alto

potencial em auxiliar a integração das informações de planejamento e custos

visando o acompanhamento e controle da produção e dos custos tanto para a

equipe de campo quanto do escritório.

1.2 Problema de Pesquisa

Um bom sistema de controle de projeto deve integrar controle de custos e

de progresso, simplificar ou até automatizar os processos de coleta de dados,

ter funções de análise automatizadas e ser aplicável a todos os tipos de obras

(WANG et al., 2014). Um dos principais objetivos dos sistemas integrados de

controle de custos e cronogramas é tornar as informações e os dados gerados

pelo gerenciamento de projetos universalmente disponíveis para todos os outros

ambientes de trabalho que necessitam desses dados e informações e fornecê-

los na forma requerida (MUELLER, 1986).

Para Andrade e Souza (2003), embora o setor responsável por estimar

custos tenha a possibilidade de avaliar o impacto das decisões tecnológicas nas

finanças, este não participa das reuniões da produção, assim, não é possível

avaliar as melhores opções tecnológicas de execução. Além disso, a ausência

de uma sistemática de coleta de indicadores reais e de troca de informações

entre a obra e o setor de orçamento não permite a elaboração de orçamentos

mais precisos diante de dificuldades executivas. Segundo os mesmos autores,

do ponto de vista de planejamento e controle, essa forma como o orçamento é

executado não facilita o controle em obra, nem a retroalimentação do processo

orçamentário.

Além disso, o processo de orçamentação mais comumente utilizado não

conduz a um resultado rápido e de fácil visualização, e as estimativas detalhadas

de custo consomem uma quantidade significativa de tempo com a visualização,

interpretação e esclarecimentos de desenhos e especificações; e cálculos de

quantidades de trabalho, materiais e equipamentos (SHEN; ISSA, 2010).

Em um estudo desenvolvido por Rasdorf e Abudayyeh (1991), foi realizado

um levantamento dos trabalhos relacionados à integração de dados de custo e

planejamento da construção, alguns deles (TEICHOLZ, 19871; HENDRICKSON

e AU2, 1989) faziam a integração desses dados por meio da associação das EAP

(Estrutura Analítica de Projeto) e da EAC (Estrutura Analítica de Custo) da

construção, que não promoviam uma devida integração devido a incoerência no

nível de detalhe entre elas e na diferença no número de atividades do

planejamento e dos itens de custo. Estes mesmos autores ainda citam que

mesmo no trabalho realizado por Kim (1989)3, utilizando objetos orientados,

apesar do objeto ter associado ao modelo informações de geometria, EAP e

EAC, além de outras como mão de obra e características especificas do objeto,

o mesmo foi construído ignorando o processo de aquisição de dados.

Rasdorf e Abudayyeh (1991) ainda discutem uma melhor forma de trabalho

utilizando somente EAP com um denominador comum de integração associando

dados de custos a cada pacote de trabalho. Os referidos autores definiram

alguns dados a serem inseridos nas tabelas de controle, tais como, catálogo dos

pacotes de trabalho, pacotes de organização das funções associadas aos

trabalhos, códigos de matérias, equipamentos, equipes e tarefas, custos de

equipe, matérias e equipamentos e dados a serem adquiridos em campo

conforme o planejado. Além disso, os referidos autores também discutiram sobre

os problemas para se extrair essas informações em campo, já que dependendo

do sistema pode ser muito subjetivo e sujeito a erros humanos, sugerindo a

automatização da aquisição de dados.

A introdução de ferramentas baseadas no Building Information Modeling

para apoiar o trabalho das organizações de gestão da construção ainda é uma

tarefa problemática na prática (HARTMANN et al., 2012). Segundo Lee et al.

1 TEICHOLZ, P. Current needs for cost control systems. Project controls: Needs and solutions (Proc. Speciality Conf.), C. W. Ibbs, D. B. Ashley, eds., ASCE, 47-57, 1987 2 HENDRICKSON, T.; AU, T. Project management for construction: Fundamental concepts for owners, engineers, architects, and builders. Prentice Hall, Englewood Cliffs, N.J, 1989. 3 Kim, J. An object-oriented database management system approach to improve construction project planning and control, thesis presented to the University of Illinois, at Urbana, 111., in partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Philosophy, 1989

(2014), teoricamente, as informações para o gerenciamento de projetos de

construção podem ser automaticamente obtidas a partir de um modelo BIM. Na

prática, no entanto, a informação que pode ser obtida a partir do BIM é muito

limitada, a menos que o BIM contenha informações completas. Muitas vezes,

segundo os autores, os dados permanecem em duas funções separadas

realizadas independentemente e com estruturas diferentes de controle, qual seja

a EAP e a discriminação orçamentárias, utilizando uma EAC.

Para que a integração entre planejamento e custo ocorra é necessário que

haja um controle por meio de um denominador-comum definido com suficiente

nível de detalhe, além de um método automatizado para adquirir e armazenar

essas informações (RASDORF; ABUDAYYEH, 1991). Assim, uma EAP

adequada deve servir de base para as medições de progresso, bem como incluir

custos integrados, monitoramento de cronograma e previsão em nível de projeto

(FAN et al., 2015).

Conforme estudo realizado por Wang et al. (2014), foi identificado que a

maioria dos sistemas de controle de projeto baseado em computadores se

concentram apenas no controle de planejamento. Ademais, os poucos estudos

recentes em BIM 5D se limitam ao conceito e a geração automática de

quantitativos, sendo que em muitos deles não foram reportadas aplicações

práticas desses modelos.

Wang et al. (2014) afirma ainda que apesar de todos os estudos realizados

em sistemas de controle de projeto, a maioria deles está incompleta em sua

natureza, sendo necessário um sistema de controle de projeto mais abrangente

que possa executar o controle de custos e planejamento. Portanto, são escassas

as informações sobre a contribuição desses tipos de modelos, seus benefícios e

os entraves dessa implementação integrada de planejamento e orçamento para

controle de obras.

Embora o BIM venha sendo cada vez mais aceito na indústria da

construção civil, a rica capacidade de informação do projeto ainda não é bem

utilizada para apoiar o gerenciamento da construção de campo (PARK et al.,

2016). Além disso, conforme os referidos autores, uma quantidade significativa

de esforço também é necessária para encontrar informações adequadas do BIM

ao realizar essas tarefas de gerenciamento de campo. Apesar dos benefícios do

BIM durante as fases de pré-construção e coordenação tenham sido

minuciosamente pesquisados e documentados, a investigação sobre seu estado

atual de implementação na fase de construção permanece principalmente

teórica (HARRIS; ALVES, 2016).

1.3 Questões de Pesquisa

A questão de pesquisa principal do presente trabalho é:

a) Como os modelos BIM 4D e 5D podem contribuir no controle integrado

das informações de custo e planejamento em obra?

Como questões específicas têm-se:

a) Quais são os requisitos de informações necessários para o

desenvolvimento de um modelo BIM 4D e 5D que suporte a integração entre

planejamento e controle da produção e de custos em obra?

b) Como os dados oriundos do monitoramento em campo podem

retroalimentar informações para aumentar a precisão dos modelos BIM 4D e 5D?

c) Quais benefícios e dificuldades a implementação de BIM 4D/5D para a

integração de planejamento e controle da produção e custos em obra?

1.4 Objetivos

Propor e aplicar um método para integração do acompanhamento da

produção e controle de custos em obra com uso do BIM 4D e 5D.

Como objetivos secundários, tem-se:

a) Identificar e definir requisitos de informações para modelagem em BIM

4D e 5D que suportem a integração do planejamento e controle de produção e

custos para uso em campo.

b) Identificar quais informações do campo são necessárias para a

retroalimentação dos modelos BIM 4D e 5D visando a sua atualização e controle.

c) Identificar benefícios e dificuldades segundo a percepção dos usuários

na implementação de BIM 4D e 5D em campo e escritório.

1.5 Delimitação da Pesquisa

Para o presente trabalho, as empresas participantes já deverão fazer uso

da tecnologia BIM, já que o foco do trabalho não é avaliar o processo de

implementação de uma nova tecnologia. Os softwares utilizados serão aqueles

que já estão em uso na empresa, priorizando-se aqueles com licença estudantil

gratuita ou com licenças já adquiridas pela universidade.

1.6 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está organizado em sete capítulos principais. Inicialmente

são apresentados a justificativas e o problema de pesquisa, a questão principal

e as questões secundárias, o objetivo principal e os objetivos secundários,

seguidos da delimitação de pesquisa e estruturação do trabalho.

No Capítulo 2 são apresentados os conceitos relativos ao Planejamento da

Produção e ao Controle de Custos, abordando temas como tipos de

planejamento e orçamento e sua importância, e conceitos básico de controle e

monitoramento, bem como a integração de Planejamento e Custos, citando

trabalhos já desenvolvidos na área.

No Capítulo 3 são introduzidos conceitos básicos sobre Building

Information Modeling, e sua aplicação para o planejamento e estimativa de

custos, apresentando alguns trabalhos realizados sobre o tema.

O Capítulo 4 aborda a descrição do método de Pesquisa, detalhando todas

as etapas e estágios de pesquisa.

No Capítulo 5, os resultados iniciais são apresentados e discutidos, e o

métodos iniciais para a integração de planejamento e custos em campo com uso

de BIM são apresentados, juntamente com requisitos de modelagem BIM.

Por fim, no Capítulos 6, são apresentadas as considerações iniciais e o

cronograma de estudo para as próximas fases da pesquisa.

2 INTEGRAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO E CUSTOS

Este capítulo tem por finalidade apresentar os principais conceitos sobre

planejamento e controle da produção e custos e meios disponíveis para

promover a integração entre essas informações. São discutidos o processo de

planejamento e técnicas para programação de obras, os tipos e níveis de

detalhamento do orçamento, o controle e monitoramento de custos e da

produção, e, por fim, são apresentados os sistemas para integração do controle

de custo e da produção na construção civil.

2.1 Planejamento e Controle da Produção

2.1.1. Definição de Planejamento e Controle da Produção

Para a execução de qualquer projeto é necessário que exista um

planejamento, onde será definido o método de execução uma programação,

para definir o cronograma de execução; e um controle que permitirá o

acompanhamento e verificação do andamento do projeto (KNOLSEISEN, 2003).

O planejamento pode ser definido como um processo gerencial que envolve o

estabelecimento de objetivos e a determinação dos procedimentos necessários

para atingi-los, sendo eficaz somente quando acompanhado do controle

(FORMOSO et al., 1991). Pode ser entendido também como um processo em

que são utilizadas técnicas científica, para aumentar a eficiência, a racionalidade

e a segurança através de previsões, programação, execução, coordenação e

controle dos resultados, visando atingir o que é desejado (AVILA et al., 20004

apud KNOLSEISEN, 2003).

Para Laufer e Tucker (1987), o propósito primordial do planejamento é

ajudar o gerente a cumprir sua função primária, ou seja, a de direção e controle.

A direção abrange a execução, onde os elementos essenciais de como, quando,

e quem são preparados para a execução do projeto de construção, e a

4 AVILA, A.V.; JUNGLES, A.E., Técnicas de Planejamento na Construção Civil. UFSC, Florianópolis/SC, 2000.

coordenação, que permite a comunicação entre as muitas partes envolvidas na

realização do projeto. Já, o controle é o processo que garante que o curso de

ação seja mantido e os objetivos desejados sejam alcançados. O desempenho

é medido e avaliado e são tomadas medidas corretivas quando o desempenho

diverge dos planos.

2.1.2. Processo de Planejamento e Controle da Produção

O processo de planejamento pode ser dividido em cinco fases (Figura 1),

conforme divisão apresentada por Laufer e Tucker (1987):

• Planejamento do processo de planejamento – o empreendimento

deve ser analisado de acordo com as características que o torna único. São

tomadas decisões relativas ao número de níveis de planejamento, periodicidade

do controle, periodicidade da atualização dos planos, nível de centralização do

controle, técnicas e ferramentas de programação a serem utilizadas;

• Coleta de informações – os dados coletados durante as diferentes

etapas do empreendimento devem ser reunidos, processados e disponibilizados

aqueles que tomarão as decisões;

• Elaboração dos planos – com base nas informações coletadas

anteriormente, os planos são elaborados por meio do emprego de métodos como

o sequenciamento, a programação e a análise econômica; • Difusão das informações – as informações dos planos devem ser

transmitidas de acordo com as necessidades de seus usuários;

• Avaliação do processo de planejamento – é realizada a avaliação de

todo o processo de planejamento, servindo de base para o desenvolvimento

desse processo em outros empreendimentos.

Figura 1: Processo de Planejamento

Planejamento do processo de planejamento

Coleta de informações

Elaboração/ Preparação dos

planos

Difusão das informações

Avaliação do processo de planejamento

Ação

CiclodePlanejamento

CiclodeProjetoContínuo

Intermitente

Fonte: Adaptado de (LAUFER; TUCKER, 1987)

A programação das atividades pode ser feita em vários níveis de

detalhamento e alcance, cada uma visando a um tipo de tomada de decisão e à

apreciação por escalões distintos na esfera gerencial (MATTOS, 2010). Formoso

et al. (2001) divide o processo de planejamento e controle da produção em três

níveis hierárquicos:

• Planejamento estratégico ou de Longo Prazo: neste nível são

definidos os ritmos em que deverão ser executados os principais processos de

produção, que em conjunto com os dados do orçamento, define um fluxo de

despesas que deve ser compatível com o estudo de viabilidade, realizado ainda

na fase do planejamento estratégico do empreendimento. Conta com um número

bastante elevado de atividades, sendo, o mesmo, distribuído a vários usuários. • Planejamento tático ou de Médio Prazo: os serviços definidos no

plano mestre são detalhados e segmentados nos lotes em que deverão ser

executados, de acordo com o zoneamento estabelecido. Uma das suas

principais funções é a remoção de restrições associadas à realização dos

pacotes de trabalho no sistema de produção.

• Planejamento operacional ou de Curto Prazo: tem o papel de

orientar diretamente a execução da obra. Geralmente é realizado em ciclos

semanais, onde são atribuídos recursos físicos (mão de obra, equipamentos e

ferramentas) às atividades programadas no plano de médio prazo, bem como é

feito o fracionamento dessas atividades empacotes menores, denominados de

tarefas.

2.1.3. Programação da Produção

XXXXX

a. Estrutura Analítica de Projeto (EAP)

A Estrutura Analítica de Projeto é constituída por pacotes de trabalho

individuais ou grupos de tarefas, que podem ser monitorados, rastreados e

medidos separadamente. A partir dela, o planejador ajuda a equipe a decompor

o projeto em atividades (tarefas) e identificar os principais marcos que são

fundamentais para medição de desempenho (WAYNE, 2013).

A EAP é composta de várias camadas ou níveis que começam com uma

visão de resumo e trabalham até os detalhes, podendo ter três ou cinco níveis

de degradação, onde a tarefa detalhada está no nível mais baixo. Dessa forma,

a EAP é usada como guia para garantir que nada seja negligenciado (WAYNE,

2013).

A regra do 100 porcento é o mais importante critério ao se desenvolver,

avaliar e decompor logicamente uma EAP. A regra diz que o próximo nível de

desenvolvimento de um elemento da EAP deve representar 100 porcento do

trabalho aplicado no elemento de nível superior. Isso garante que todos os

pacotes de trabalho e atividades sejam identificados (HAUGAN, 2001). O autor

define os pacotes de trabalho como o mais baixo elemento de trabalho da EAP

que fornece uma base lógica para definir atividades ou atribuir responsabilidades

para uma específica pessoa ou organização. Portanto, no geral, esse pacote de

trabalho deve ser distinto, facilmente definido e gerenciável, com conteúdo de

trabalho planejado e programado por atividades.

Uma das abordagens mais comuns para desenvolver a EAP é de “cima

para baixo”, o que é muito útil quando o produto de saída do projeto é um serviço.

Assim, todas as atividades do projeto são listadas primeiramente e então são

agrupadas em pacotes de trabalho lógicos ou em menores níveis de elementos

da EAP. Esses elementos são sumarizados dentro de elementos com níveis

maiores (HAUGAN, 2001).

A EAP pode ser representada por uma árvore com ramificações ou ser

listada de forma analítica associada a uma numeração lógica subdividida em

níveis (Figura 2), onde cada nível novo ganha um dígito a mais (MATTOS, 2010).

Segundo Haugan (2001), muitas organizações tem um código padrão. E

ao se desenvolver uma EAP, a codificação ou numeração de vários elementos

e níveis melhora significativamente a funcionalidade da EAP nas mais diversas

aplicações relacionadas. Independente do código utilizado nessa EAP o

importante é que esta deve ser consistente. Para o referido autor, esses códigos

podem ser utilizados e modificados para conter elementos alfanuméricos que dá

uma única identificação para cada atividade de trabalho. O resultado dessa

identificação prover uma legenda para planejar, orçar, rastrear, replanejar, e, no

geral promover a comunicação ao longo do projeto.

Para Rasdorf e Abudayyeh (1991), um esquema de codificação deve ser

capaz de identificar todos os processos e recursos de um projeto de construção,

assim o trabalho deve ser agendado de acordo com a EAP e os orçamentos de

recursos (materiais, trabalhos e equipamentos). O consumo e os custos devem

ser preparados para cada descrição de controle definida na EAP.

Figura 2: Representação da EAP com árvore ramificada (a) e na forma analítica (b)

(a)

(b) Fonte: Mattos (2010)

Mattos (2010) traz alguns benefícios de se fazer uso de EAP em projetos:

• Ordena o pensamento e cria uma matriz de trabalho lógica e

organizada

• Evita que uma atividade seja criada em duplicidade

• Individualiza as atividades que serão as unidades de elaboração do

cronograma

• Permite o agrupamento das atividades em famílias correlatas

• Facilita o entendimento das atividades consideradas e do raciocínio

utilizado na decomposição dos pacotes de trabalho

• Facilita a verificação final por outras pessoas

• Facilita a localização de uma atividade dentro de um cronograma

extenso

• Facilita a introdução de novas atividades

• Facilita o trabalho de orçamentarão porque usa atividades mais

precisas e palpáveis

• Permite a atribuição de códigos de controle que servem para alocação

dos custos incorridos no projeto.

b. Técnicas de Rede

Outro tipo de programação de atividades bastante comum é o método do

caminho crítico (CPM) que vem sendo amplamente aplicado para programação

de projetos no setor de construção (FENG et al., 2010). Por meio desse método,

os planejadores analisam primeiro os desenhos de projeto e os documentos de

construção e decompõem um projeto em atividades para desenvolver uma rede

de agendamento, e assim avaliam diferentes alternativas de sequenciamento,

sua viabilidade e se os prazos dos projetos serão cumpridos (KOO et al., 2007;

FENG et al. 2010).

Com o CPM, uma série de tarefas sequenciais são ligadas desde o início

até o final do projeto, de forma que, se alguma destas tarefas forem adiadas

(tarefas críticas), atrasará a data de término do projeto como um todo. Este,

representa, portanto, o caminho mais longo das atividades planejadas até o final

do projeto (WAYNE, 2013). Contudo, segundo Koo et al., (2007), a atual

estrutura de CPM não permite que os planejadores descrevam explicitamente a

lógica das restrições, assim, os planejadores só podem determinar o papel e o

status das atividades em suas mentes, que é demorado e, frequentemente,

propenso a erros.

c. Cronogramas

Segundo Wayne (2013), um dos tipos mais comuns de programação de

atividades na indústria da construção na construção é o diagrama de barras, o

qual utiliza um gráfico de barras com uma listagem cronológica de tarefas ao

longo do lado esquerdo e a duração em hora, em dias, semanas ou meses na

linha superior. Um dos grandes problemas associados a esse tipo de

programação é que esta não possibilita a visualização da ligação entre as

atividades, não sendo possível observar as folgas nem o caminho crítico das

atividades (MATTOS, 2010).

2.2 Custos da Produção

2.2.1. Conceitos Básicos de Custos

O custo de um empreendimento é fator limitante para sua concepção e

implementação, mas apesar desta atividade envolver outros setores da

empresa, como as áreas de suprimentos, de projetos e de obras, existe pouca

troca de informações entre os mesmos (ANDRADE; SOUZA, 2003).

O custo na construção civil pode ser definido como o montante financeiro,

proveniente de gastos com bens, serviços e transações financeiras, necessário

à execução de um empreendimento, desde a etapa de estudo de viabilização

até a sua utilização, durante um prazo pré-estabelecido (ANDRADE; SOUZA,

2003). Esses mesmos autores apresentam alguns critérios de classificação dos

custos, que estão relacionados à:

Facilidade de atribuição: diretos, quando o custo for facilmente atribuível

a um determinado produto; e indireto, quando há alguma dificuldade nessa

atribuição, ou seja, aqueles custos indiretamente envolvidos na execução dos

serviços. Para estimar os custos diretos, os orçamentos tradicionais

fundamentam-se em levantamentos quantitativos de projetos e utilizam

composições de custos relativas às atividades de transformação da obra, por

meio de coeficientes de consumo, para cada insumo da atividade orçada (KERN,

2005).

Variabilidade: custo variável, aquele cuja variação é proporcional à

quantidade produzida; custo fixo, que independe da quantidade produzida,

mantendo-se praticamente constante no curto prazo; custo semi-variável, varia

de acordo com a quantidade produzida, mas não proporcionalmente.

Abrangência: custo unitário seria o valor necessário para produzir uma

unidade de serviço; o custo total envolveria o valor necessário para produzir a

totalidade de unidades de serviço.

Auxílio à tomada de decisões: relevantes, que seria os que se alteram

em função da decisão tomada; e os não relevantes, que independem da decisão

tomada.

a. Estrutura Analítica de Custos – LIGACAO DOS TEMAS

A estrutura analítica de custos (EAC) é similar a EAP com a diferença que

o foco está no modelo de custo do projeto (WAYNE, 2013). Neste método, cada

pacote de trabalho é custeado e organizado de tal forma que o custo total dos

pacotes em qualquer ramo deve somar o custo do pacote do pacote “pai” no

ramo acima (Figura 3). Esses pacotes podem ser codificados para produzir um

sistema de codificação de custo do projeto que pode ser realizado para análise

de valor agregado (Lester, 2006).

Segundo Wayne (2013), a EAC, as contas de custo e os elementos de

custo possuem um sistema de numeração que permite o rastreamento, a triagem

e o relatório por computador. Onde, as contas de custo, conhecidas também por

"Contas detalhadas", "códigos de custo" e "plano de contas" estão no nível mais

baixo da EAP. Os elementos de custo, que são usados para a separação de

custos por tipo, segregam os custos nas contas para refletir os valores de

material, mão de obra, equipamentos, subcontratos e até mesmo horas de

trabalho para a tarefa.

Figura 3: Representação esquemática da EAC

Fonte: Lester (2006)

A EAC é composta de múltiplas camadas ou níveis que começam com uma

visão de resumo até chegar os custos detalhados. Tornando mais fácil revisar

os custos no nível de resumo e, em seguida, concentrar-se nos detalhes,

conforme necessário, para em seguida analisar as variações (WAYNE, 2013).

Para o autor, existem semelhanças significativas entre um EAP e EAC, não é

incomum, e na verdade é o ideal, que essas estruturas se correspondam

numericamente. Quanto mais próximo estiverem, mais fácil será atribuir um valor

a uma tarefa no cronograma.

2.2.2. Níveis de Detalhamento de Estimativa de Custo

Definição DE ORCAMENTO

No setor de construção, o sucesso de uma empresa pode estar

diretamente relacionado à sua capacidade de estimar um projeto com precisão

e controlar os custos e completar o projeto dentro do orçamento (POPESCU et

al., 2003).

Embora seja impossível saber exatamente o que o projeto irá custar antes

do trabalho, é muito possível e prático estimar, ou aproximá-los com precisão

antecipadamente. Diante disso, uma estimativa pode ser definida como o custo

antecipado, preciso e aproximado de todos os materiais, mão-de-obra,

subcontratados, equipamentos e despesas gerais associados a um projeto de

construção específico (WAYNE, 2013).

Segundo Mattos (2010), geralmente a estimativa de custos é feita a partir

de indicadores genéricos, números consagrados que servem para uma primeira

abordagem da faixa de custo da obra. Segundo o autor, um indicador bastante

usado é o custo do metro quadrado construído, sendo o Custo Unitário Básico

(CUB), que representa o custo da construção, por m2, de cada um dos padrões

de imóvel estabelecidos, a fonte de evidência mais utilizada.

Barbosa et al. (2014), traz outros exemplos de métodos para estimativa de

custos:

• Estimativa baseada na opinião especializada: conta com

especialistas das diversas disciplinas que fazem a estimativa por

método direto, ou seja, utilizando dados técnicos detalhados como

desenhos e especificações. São baseadas apenas na experiência,

habilidade, intuição e dados históricos empíricos.

• Estimativa por analogia: quando não se possuem informações

detalhadas do projeto, e este tem semelhança com outros já

executados utiliza-se dados históricos de outros empreendimentos.

Pode-se estimar grosseiramente o custo total ou de componentes

dos diversos níveis da EAP.

• Estimativa paramétrica: a estimativa é feita utilizando equações ou

modelos matemáticos para relacionar os custos a uma ou mais

variáveis ou parâmetros, tais como, volume, área, peso, potência,

consumo de energia, entre outros.

• Estimativa detalhada ou definitiva: tem um maior grau de precisão

para estimar componentes de trabalho, pacotes individuais ou

atividades. Esta técnica requer que que todos os custos sejam

estimados nos componentes mais baixos da EAP, agregando cada

nível da EAP até chegar aos custos totais mais altos e do projeto.

A estimativa do custo da mão de obra é obtida a partir do

levantamento dos homens-hora necessários para cada

especialidade envolvida.

PRECISA ALINHAR A NOMENCLATURA. SUGIURO TRABALHAR COM

ORÇAMENTO DISCRIMINADO OU DETALHADO E INTERNAMENTE NO

TEXTO DISCUTIR QUE É A FORMA TRADICIONAL DE ORÇAR.

2.2.2.1. Orçamento Convencional

Segundo Cabral (1988), o orçamento convencional é uma estimativa de

custos que resulta na discriminação da obra em seus diferentes serviços, os

quais têm suas quantidades determinadas e associadas a um custo unitário.

Logo, o parâmetro orçado é o serviço.

Antes de se dar início ao processo de orçamentação convencional, é

necessário saber quais serviços serão orçados e como serão executados, em

seguida é feita a orçamentação independente de cada um desses serviços

(CABRAL, 1988). A quantidade de serviço é calculada a partir de projetos, ou

quando não existirem, são feitas correlações com características de outros

projetos ou de outros serviços anteriormente executados (ANDRADE; SOUZA,

2003).

Segundo Kern (2005), os orçamentos tradicionais não passam de uma

simples lista de preços estimados de elementos construtivos, sem considerar

custos relacionados aos métodos e duração das atividades de produção.

Segundo a autora, este tipo de orçamento produze valores reais, tendo em vista

o grande número de situações na construção nas quais os custos não são

proporcionais à quantidade. Outro problema, é que o orçamento tradicional

também não reflete a maneira pela qual o trabalho é conduzido no canteiro, pois

os itens são agrupados por equipes, independente de onde o trabalho ocorre ou

da dificuldade de construção (KERN, 2005).

2.2.2.2. Orçamento Operacional ou Executivo

A noção de orçamento executivo surgiu para adequar às informações

fornecidas pelo orçamento aos dados obtidos em obra segundo o conceito de

operação, ou seja, toda a tarefa executada por um mesmo tipo de mão de obra,

de forma contínua, com início e fim definidos (SANTOS et al, 2009).

A maior distinção entre o orçamento convencional e o operacional é o fator

tempo. Enquanto a primeira é feita com base na obra pronta, a segunda o

processo envolvido na fase de execução considerando uma programação prévia

(CABRAL, 1988). Assim, o orçamento pode ser elaborado para cada período

desejado, seja, semanas, quinzenas ou meses (SANTOS et al, 2009).

A partir do orçamento operacional, além do cumprimento dos objetivos do

orçamento convencional, há também a constituição do Sistema de Informação

Gerenciais da obra, dessa forma a obra tem condições de ser gerenciada de

forma mais semelhante as indústrias (CABRAL, 1988).

Segundo Cabral (1988), esse tipo de orçamento está diretamente ligado a

três funções da administração: planejamento, controle e coordenação. Em

relação ao planejamento, ao fazer a programação da obra, o orçamento

operacional estará criando ao mesmo tempo metas. As metas orçadas servirão

como medida de desempenho da execução da obra, e o controle se dará por

meio da comparação dos resultados. Já em relação à coordenação, o orçamento

operacional permite uma maior integração entre os diversos departamentos ou

funções da empresa, já que a sua elaboração envolve a participação de vários

departamentos.

Algumas das vantagens do uso do orçamento operacional são

apresentadas por Formoso et al. (1984) apud Cabral (1988):

• Aumento do poder de tomada de decisão;

• A obra é administrada segundo os mesmos princípios da produção

fabril;

• Previsão de custo de mobilização e desmobilização de mão de obra

ao longo do tempo;

• Melhor avaliação dos métodos construtivos.

Dentre as desvantagens os autores referidos anteriormente citam: o

aumento do trabalho despedido pelo orçamentista e a maior necessidade de

conhecimento do processo executivo quando comparado com o convencional;

maior tempo de elaboração; e a imposição de uma rigidez a programação da

obra em virtude da alocação dos custos em períodos pré-determinados.

Para Popescu et al. (2003), todas as estimativas de construção nos

estágios conceitual, baseadas em custos médios por unidade de área, volume

unitário de um edifício ou unidade de ocupação, ou de construção provavelmente

são maiores ou menores do que o custo verdadeiro. Contudo, alguns fatores são

responsáveis por afetar a acurácia das estimativas conceituais, tais como, o tipo

de construção, a localização geográfica, a habilidade dos estimadores, os níveis

de informação disponíveis, o estado do mercado de construção, entre outros.

2.3 Integração de Custo e Produção

A interdependência entre cronograma e custo é clara, ou seja, custos e

planejamento estão intimamente relacionados em termos de seu processo de

controle já que eles compartilham dados em comum, tais como, custo orçado,

recursos e quantidades (FAN et al., 2015). É a integração de cronograma e custo

Comment [DC2]: Utilizar como finalização do capitulo

que permite ao gerente do projeto o controle preciso necessário para gerenciar

o trabalho (WAYNE, 2013).

Os elementos de integração de produção e custo e envolvem sistemas bem

como meios para monitoramento e controle, conforme será discutido a seguir.

2.3.1. Sistemas de planejamento e controle de custo e produção

Pequena introdução do item

4.3.3.1. MRP – Material Requirements Planning

No início dos anos 60 muitas empresas começaram a inserir computadores

para executar rotinas com funções de contabilidade. Devido a complexidade e

tédio associado às tarefas de planejamento e controle de estoque, o uso de

computadores foi estendido a esse uso também. Um dos primeiros sistemas

desenvolvidos com essa finalidade foi o Material Requirements Planning (MRP)

(WALLACE; SPERAMAN, 2015).

MRP (Planejamento de Necessidade de Materiais) é um sistema de

informação baseado em computador projetado para controlar as atividades de

fabricação dentro de uma organização (MANTHOU et al., 1996). O foco principal

do MRP é o agendamento de tarefas e ordens de compra para satisfazer as

solicitações de materiais gerados por uma demanda externa. Assim, o sistema

deve determinar quantidades de produção apropriadas de todos os tipos de

itens, e também deve determinar o tempo de produção que facilitem o

cumprimento das ordens dentro do prazo (WALLACE; SPERAMAN, 2011).

O MRP tem como tema “entregar os materiais corretos, no lugar certo, na

hora certa”, para isso os materiais devem ser adiantados quando a sua falta

possa atrasar toda programação de produção e atrasados quando a

programação estiver atrasada (Davis et al., 1999).

O MRP trabalha com produtos acabados ou itens finais, e suas partes

constituintes são chamados itens de nível inferior (WALLACE; SPERAMAN,

2011). A esses itens de nível inferior é atribuído um código de nível inferior (low

level code), que corresponde ao número do nível mais baixo em que o item

aparece em qualquer estrutura de produto de uma organização (CORRÊA et al.,

2006).

Comment [DC3]: confuso

A relação entre itens finais e itens de nível inferior é descrita pela lista de

materiais (WALLACE; SPERAMAN, 2011). Na lista de materiais, além da

descrição dos itens que compõem o produto, definem-se as quantidades

necessárias de cada um dos itens “filhos” para fabricação/montagem de uma

unidade do item “pai”, aquele localizado um nível imediatamente acima na

estrutura de produto, conforme pode ser visto na Figura 4 (LAURINDO;

MESQUITA, 2000).

Além da informação do BOM, o MRP exige informações sobre a demanda

independente, que vem do Programa Mestre de Produção (Master Production

Schedule - MPS) e do registro de estoque (WALLACE; SPERAMAN, 2011,

DAVIS et al., 1999). O MPS consiste na definição das quantidades de cada

produto final que se deseja produzir em cada período (time buckets) dentro do

horizonte de planejamento (LAURINDO; MESQUITA, 2000). Já o registro de

estoque contém informações como número de unidades disponíveis ou

solicitadas, alocação e recebimentos agendados (Davis et al., 1999).

Figura 4: Exemplificação da representação da estrutura de materiais

Fonte: Laurindo e Mesquita (2000)

A partir do programa de produção e da estrutura de materiais dos produtos,

calculam-se as necessidades de materiais para execução da produção. Assim,

as quantidades e os instantes em que devem ser produzidos ou comprados cada

item são determinados descontando-se eventuais itens em estoque e levando-

se em consideração os tempos de produção e compra, chamados de Lead Times

(LAURINDO; MESQUITA, 2000).

Segundo Wallace e Speraman (2011), os três principais problemas

relacionados ao MPR são:

• Capacidade inviável - o sistema assume que todas as linhas possuem

capacidade infinita, o que pode criar problemas quando os níveis de produção

estão perto ou na sua capacidade;

• Longo planejamento do Lead Time - como o sistema usa prazos de

entrega constantes, para compensar a variabilidades dos prazos, o planejador

opta pela estimativa de tempo mais pessimista, que resulta num longo

planejamento do tempo de ressuprimento- lead time, e uma quantidade grande

de estoque);

• “Nervosismo” no sistema (uma pequena mudança no MPS resulta na

ampla mudança liberação das ordens planejadas)

4.3.3.2. MRPII - Manufacturing Resources Planning

O MRPII (Planejamento dos Recursos de Produção), surgiu para resolver

alguns dos problemas do MRP, além de reunir outras funções para criar um

sistema de gerenciamento de fabricação verdadeiramente integrado, tais como,

gerenciamento de demanda, previsão, planejamento de capacidade,

programação mestre de produção, planejamento de capacidade de corte,

planejamento de requisitos de capacidade, despacho e controle de entrada /

saída (WALLACE; SPERAMAN, 2011).

No MRP II, foram acrescentados ao conjunto de dados básicos de MRP

(MPS, lista de materiais e Estoques) os roteiros de produção, com sequencias e

tempos das diferentes tarefas; e um cadastro de centros de produção com suas

respectivas capacidades finitas, definida em função da disponibilidade de

equipamentos, operários, ferramentas, entre outros (LAURINDO; MESQUITA,

2000). Dessa forma, o MRP II engloba também as decisões referentes a “como

produzir”, ou seja, com que recursos, considerando a capacidade de produção e

gerenciamento da mão de obra (CORRÊA et al., 2006).

Na figura 5 é apresentada a hierarquia do MPR II, um nível acima do MPS,

tem-se o Sales & Operations Planning – S&OP (Planejamento de Vendas e

operações) que é um processo de planejamento que trata de decisões

agregadas que requerem uma visão a longo prazo do negócio e envolve a alta

diretoria (CORRÊA et al., 2006). Neste momento são feitas previsões futuras de

matérias, ferramentas e de pessoal. E esse processo de conversão da previsão

agregada a longo prazo para uma previsão detalhada é a função do

gerenciamento da demanda (WALLACE; SPERAMAN, 2011).

O MPS associado ao módulo RCCP - Rough-cut Capacity Planning

(Planejamento Grosseiro de Capacidade) é responsável por elaborar o plano de

produção de produtos finais, item a item, período a período, que é o dado de

entrada para o MRP (CORRÊA et al., 2006). O RCCP é usado para fornecer uma

verificação de capacidade rápida de alguns recursos críticos para garantir a

viabilidade da programação de produção principal (WALLACE; SPERAMAN,

2011). Ainda segundo os autores, o RCCP é menos detalhado do que o CRP -

Capacity requirements planning (Planejamento do Cálculo de Capacidade), que

é outra ferramenta para realizar verificações de capacidade após o

processamento do MRP, onde o CRP prevê os tempos de conclusão do trabalho

para cada centro de produção, usando lead times fornecidos e, em seguida,

calcula uma capacidade de carga prevista ao longo do tempo.

Os dois módulos finais, SFC - Shop Floor Control (Controle de Chão de

Fábrica) e Compras são responsáveis por garantir que o plano de materiais

detalhado seja cumprido da forma mais fiel possível, em que o SFC é

responsável pela sequenciação das ordens, por centro de produção, no nível da

fábrica, e o módulo de compras controla as ordens de compra, fazendo interface

entre planejamento e os fornecedores de componentes e matérias-primas

(CORRÊA et al., 2006).

Figura 5: Estrutura hierárquica do MRP II

Fonte: Laurindo e Mesquita (2000)

Um dos problemas associados ao MPRII é que o mesmo não busca,

expressamente, a otimização dos conflitos que ocorrem no planejamento da

produção, já que MPS e CRP são de responsabilidade de usuário, que não

processo de tentativa e erro tentam encontra a melhor solução para a

programação (LAURINDO; MESQUITA, 2000).

4.3.3.3. ERP - Enterprise Resources Planning

Devido a limitação da abrangência e as dificuldades de integração com

outros sistemas utilizados nas diferentes áreas da empresa, os sistemas MPRII

evoluíram e deram origem aos sistemas ERP (Planejamento de Recursos da

Corporação) (LAURINDO; MESQUITA, 2000). Esse tipo de sistema tem a

pretensão de suportar todas as necessidades de informação para tomada de

decisão de um empreendimento como um todo (CORRÊA, 2006).

Sua abrangência foi expandida para além da Produção, atingindo outras

áreas, tais como, Contábil, Financeira, Comercial, Recursos Humanos,

Engenharia, Gerenciamento de Projetos, englobando uma gama de atividades

dentro das empresas (LAURINDO; MESQUITA, 2000). Todos esses setores

estão interligados entre si a partir de uma base de dados única e não redundante.

Uma estrutura conceitual do ERP e sua evolução desde o MRP é

apresentado na Figura 6.

Figura 6: Representação da evolução conceitual do MPR ao ERP

Fonte: Corrêa et al. (2006)

Dentre as vantagens de se utilizar esses tipos de sistemas integrados

citadas por Wallace e Speraman (2011) destacam-se: (a) Funcionalidade

integrada; (b) Interfaces de usuário consistentes; (c) Único vendedor e contrato;

e (d) Suporte unificado de produto. Como desvantagens destacam-se: (a)

Incompatibilidade com sistemas existentes; (b) Implementação longa e

dispendiosa; (c) Incompatibilidade com práticas de gestão existentes; e (d) Falta

de inovação tecnológica.

4.3.3.4. MES - Manufacturing Execution Systems

O MES (Sistema de execução e controle de fábrica) é um sistema de chão

de fábrica orientado para a melhoria de desempenho que complementa e

aperfeiçoa os sistemas integrados de gestão da produção (CORRÊA et al.,

1997). A chave real para o MES é medir o que precisa melhorar e fornecer

respostas rápidas e comentários sobre o progresso e o desempenho (PTAK;

SCHRAGENHEIM, 2005).

O MES coleta e acumula informações do realizado no chão de fábrica e as

realimenta para o sistema de planejamento, tendo a preocupação de garantir

que plano definido no MRP seja cumprido (CORRÊA et al., 1997).

Segundo Ptak e Schragenheim (2005), os sistemas MES incluem funções

como alocação e status de recursos, operação / agendamento detalhado, envio

de unidades de produção, controle de documentos, coleta e aquisição de dados,

gerenciamento de mão-de-obra, gerenciamento de qualidade, gerenciamento de

processos, gerenciamento de manutenção, rastreamento de produtos e análise

de desempenho.

Ainda segundo os referidos autores, recentemente os sistemas MES

incluíram programações finitas e detalhados que podem se replanejar

rapidamente com base na atividade em tempo real que ocorrem no chão de

fábrica, fornecendo um cronograma realista para o pessoal de produção. Essas

programações finitas podem se basear em eventos, com o melhor agendamento

possível das sequencias; em atividades, as atividades de alta prioridades são

agendada primeiramente; e em recursos, onde o foco está no valor e no tempo.

4.3.3.5. APS – Advanced Planning Systems

Embora os sistemas ERP apoiem os fluxos de trabalho comerciais padrão,

o maior impacto no desempenho do negócio é criado por exceções e

variabilidade no sistema. O APS fornece procedimentos e metodologias de

planejamento poderosos, bem como reações rápidas a exceções e variabilidade

(STADTLER; KILGER, 2005).

APS não substituem os sistemas ERP. Eles podem ser vistos como

complementos para planejar e otimizar a cadeia de suprimentos. Ele extrai dados

dos sistemas ERP, apoia a tomada de decisões (através da preparação de

propostas "otimizadas" que ainda precisam ser controladas, possivelmente

revisadas e eventualmente divulgadas pelos tomadores de decisões) e envia as

decisões de volta ao sistema ERP para execução final. (DE KOK; GRAVES,

2003)

O APS tenta "computadorizar" o planejamento, e por mais por mais

avançados que os sistemas de planejamento sejam, permanecem sistemas de

suporte à decisão, ou seja, ainda se apoiam nos decisores humanos

(STADTLER; KILGER, 2005). A maioria dos aplicativos APS são algoritmos

baseados em memória que executam funções. Estes incluem programação de

capacidade finita, previsão, disponível para prometer, gerenciamento de

demanda, gerenciamento de armazém, distribuição e gerenciamento de tráfego,

etc. (WALLACE; SPERAMAN, 2011).

Os principais benefícios do uso de sistemas APS foram levantados por Ivert

e Jonsson (2010), dentre eles destacam-se: (a) Permitir a visualização da

informação; (b) Facilita o acesso das informações; (c) Possibilita a análise de

eventos futuros inesperados; (d) Permite a análise quantificável de cenários “e

se”; (e) Simplifica atividades de planejamento; e (f) Menos tempos para o

planejamento de atividades.

2.3.1 Monitoramento e Controle de Custo e Produção

O monitoramento revela quais atividades estão à frente do cronograma,

conforme previsto, e as atrasadas. Esse processo é baseado no feedback, por

meio de: comunicações verbais, relatórios diários escritos do campo, relatórios

de acompanhamento de mão de obra, entregas de material, metas alcançadas

e atividades futuras (WAYNE, 2013).

O controle, por sua vez, é o processo que garante que o curso de ação

seja mantido e os objetivos desejados sejam alcançados (LAUFER; TUCKER,

1987). De forma mais detalhada, pode ser entendido como um conjunto de ações

que visam o direcionamento do plano, incluindo o monitoramento na realidade,

a comparação com o que foi planejado e as ações para providenciar as

mudanças necessárias de realinhamento do plano (SLACK et al.,1997 apud

KNOLSEISEN, 2003).

Segundo Wayne (2013), o processo de monitoramento e controle inclui:

• atualizações das medições para avaliação de desempenho (linha de

base);

• medição do desempenho das tarefas em curso (durante o processo de

execução);

• monitoramento das variáveis do projeto (custo, tempo, recursos e

qualidade) em relação à linha de base;

• análise das variações entre a linha de referência e a real, e sua causa;

• identificação e implementando de ações corretivas para se manter nas

metas.

A medição do progresso do trabalho por pacote de trabalho pode ser

realizada por uma variedade de métodos, com o objetivo de estimar o progresso

(porcentagem completa) de cada descrição de controle, agregando esses

valores para chegar a uma estimativa geral para o progresso do projeto

(RASDORF; ABUDAYYEH, 1991).

São apresentadas a seguir algumas técnicas encontradas na literatura

para mensurar o acompanhamento da produção e controlar custo:

• Unidades físicas ou unidades completadas: a quantidade realizada

pode ser aferida de maneira exata no campo e é baseada em uma contagem

física. Aplica-se a tipos de tarefas que envolvem produção repetida de unidades

de trabalho. (MATTOS, 2010; WAYNE, 2013);

• Rateio (percentual): quando a atividade não é facilmente mensurável

e o planejador se baseia numa estimativa de percentual (MATTOS, 2010);

• Marcos Ponderados: o planejador atribui um peso para cada tarefa,

que passa a ser um marco de controle. Há uma série de etapas ou operações

que são realizadas em sequência, e cada uma contribui para o produto final

(MATTOS, 2010; WAYNE, 2013);

• Por data (nível de esforço): a atividade de baseia pelo prazo de entrega

(MATTOS, 2010);

• Valor agregado: o valor agregado (custo que uma atividade deveria ter

custado em um determinado período) é ligado aos valores do previstos usados

no cronograma e ao custo real (MATTOS, 2010; WAYNE, 2013);

• Unidades equivalente: cada subtarefa é ponderada de acordo com o

nível estimado de esforço (em horas de trabalho) ou por valor em dinheiro

dedicado a cada subtarefa (WAYNE, 2013);

• Linha de progresso: é formada pela ligação de sucessivos segmentos

de reta desenhados no cronograma a partir da escala de tempo, nas

extremidades desses segmentos estão indicados dos percentuais concluídos de

cada atividade (MATTOS, 2010).

2.3.2. Integração de Custo e Controle da Produção na Construção Civil

Na maioria das empresas de construção que fazem o planejamento formal,

o foco principal é o planejamento do tempo e, em menor medida, a alocação de

recursos e suas implicações de fluxo de caixa (LAUFER; TUCKER, 1987). A

definição do prazo de execução e da programação da obra influencia

diretamente os custos da mesma, devido aos diferentes equipamentos

utilizados, aos materiais e ao número de equipes que são contratadas, o que

influência diretamente no desembolso mensal. Logo, a estimativa de custos se

relaciona com o setor de planejamento/programação da obra (ANDRADE et al.,

2003).

A integração do controle de custos e cronogramas também deve se tornar

operacional no ambiente de campo para que eles sejam eficazes, já que como a

construção em campo é ordenada por atividades e recursos específicos para

realizar atividades, é razoável basear o orçamento e cronograma do projeto

sobre as necessidades e processos informativos específicos do ambiente de

campo (MUELLER, 1986).

Um esquema simplificado de planejamento, englobando custo e

programação, e controle no sistema de produção de uma obra é apresentado na

Figura 7. Segundo Cabral (1988), observa-se que na fase de planejamento é

feita uma previsão do tempo e custo da obra, e o controle é realizado através da

coletada de dados durante o processo construtivo. Esses resultados são

analisados comparando-se esses dados com os valores previstos e, em função

disso, são tomadas as medidas corretivas necessárias ainda durante o processo

de construção.

Em estudo feito por Marchesan et al. (2000) foi proposto um modelo

integrado para gestão de custo e planejamento tendo por base conceitos e

princípios do custeio baseado em atividades (ABC), no qual foram identificados

que informações de custo auxiliariam os planejadores a identificar problemas e

a priorizar ações de melhoria, principalmente a nível do planejamento

estratégico, de longo e de médio prazo do empreendimento.

Andrade e Souza (2003), em estudo sobre orçamento integrado ao

processo de produção, fizeram recomendações para promover a integração das

informações e das equipes envolvidas. Dentre elas destaca-se a envolvimento

do setor de orçamento (estimativa de custos) desde a fase de estudo de

viabilização, e durante as discussões sobre alternativas tecnológicas;

desenvolvimento um sistema de informações, para que as informações

necessárias retornem aos vários setores envolvidos; e conhecimento da

atividade a ser orçada e indicadores em consonância com os diversos setores

envolvidos.

Figura 7: Representação do controle e planejamento de custo e atividades

Fonte: Adaptado de Peter Thompson5 (1981) apud Cabral (1988)

Kern (2005) desenvolveu um trabalho propondo um modelo para

gerenciamento custos através da integração dos setores da produção e

orçamento, utilizando curva de agregação de recursos, orçamento operacional e

técnicas de custo-meta, que pudesse ser utilizado durante a fase de produção

da obra. Na fase de diagnóstico dos sistemas de gestão de custos utilizados

pela empresa, os resultados mostraram que eles se diferenciam de empresa

para empresa. E tem por característica comum que não gera informação para

tomada de decisão no decorrer da fase de produção. Outras deficiências

apontadas nos diagnósticos foram a dificuldade que as empresas têm de

atualizar o banco de dados utilizado na realização dos orçamentos, a falta de

planejamento de fluxo de caixa, e um controle com caráter essencialmente

retroativo. Durante a fase dos estudos de caso, a maior dificuldade encontrada

foi a realização da integração entre orçamento e planos de longo prazo devido a

diferença de modelagem entre esses dois tipos de documento. O modelo

proposto pela autora trouxe benefícios diferentes para cada empresa

participante, e a mesma sugere que o uso das ferramentas propostas seja

facilitado pelo uso de programas computacionais.

2.4 Considerações Finais

Este capítulo trouxe uma revisão teórica dos principias conceitos de

planejamento da produção e orçamentação na construção civil. Foi possível

perceber a importância do processo de planejamento ao se estabelecer metas

por meio de programação de atividades e controle e análise dos resultados.

O planejamento de curto prazo e o orçamento operacional estão

diretamente relacionado à execução da obra, onde a EAP é de fundamental

importância para o acompanhamento das atividades por pacotes de trabalho, já

que que os seus diversos níveis permitem uma melhor visão de todas as

atividades a serem desenvolvidas na construção. Quando essa EAP se

5 Thompson. P. Organization and economics os construction. London, McGraw-Hill, 1987, 146p.

corresponde numericamente a EAC facilita o controle da programação das

atividades executadas, bem como controle de custos associados a cada uma

delas. Segundo Goldman (1999), a quantificação de serviços a partir de projetos

fica facilitada se as informações contidas nos projetos estiverem claras e se as

mesmas utilizarem os mesmos critérios do setor de planejamento/orçamentos.

A codificação da EAP quando única para cada atividade de trabalho,

permite promover a comunicação ao longo do projeto, quando utilizadas como

uma linguagem padrão, podem ser utilizadas pelos sistemas integrados de

planejamento, custo e controle da produção. Contudo, nem sempre a

comunicação entre os módulos que compõem esses sistemas é simplificada,

principalmente se eles no condizerem a forma de trabalho adotada pela empresa

ou se empresa adota programas diferentes ao longo do ciclo de construção do

empreendimento.

3 BUILDING INFORMATION MODELING - BIM

Este capítulo tem por objetivo apresentar os principais conceitos

relacionado ao Building Information Modeling e o seu uso no planejamento da

construção e na estimativa de custos. Também são apresentados alguns dos

principais trabalhos que tratam da integração de planejamento e custos com uso

de BIM.

3.1 Definições Básicas

Existem diferentes definições para o BIM na indústria da construção já que

sua sigla pode ser entendida por Building Information Modeling/ Model /

Management entre outros. De uso mais comum encontra-se o Building

Information Modeling cujo o significado pode ser expresso como Modelagem da

Informação da Construção.

Para Kymmell (2008), o BIM simula o projeto de construção em um

ambiente virtual, podendo ser definido como uma simulação de projeto que

consiste de um modelo 3D de componentes de projeto com ligação com todas

informações requeridas que são conectadas com o projeto de planejamento,

construção ou operação e desativação.

Para Eastman et al. (2011), o BIM compreende muitas das funções

necessárias para representar todo o ciclo de vida de um projeto, fornecendo a

base para uma nova forma de projetar, construir, gerenciar e utilizar um

empreendimento. Quando adotado corretamente, contribui para um processo de

concepção e construção mais integrado, o que gera empreendimentos de maior

qualidade a custos e durações menores.

3.1.1 Modelagem paramétrica

Segundo Hernandez (2006), o modelo paramétrico é uma representação

computacional do projeto construído com entidades geométricas que tem

atributos (propriedades) fixos e variáveis. Estes atributos variáveis (parâmetros)

e os atributos fixos (condicionantes). Alguns dos parâmetros dependem de

valores definidos pelos usuários; outros dependem de valores fixos; e outros são

obtidos a partir de outras formas (2D ou 3D) ou são relativos a elas.

Os objetos paramétricos consistem em definições geométricas e dados,

bem como as regras associadas, de forma que, a geometria é integrada de

maneira não redundante, não permitindo incoerências, onde as regras

paramétricas para os objetos modificam automaticamente as geometrias

associadas (EASTMAN et al, 2011). Segundo esses autores, a modelagem

paramétrica não representa os objetos com geometria e propriedades fixas, ela

representa objetos por parâmetros e regras que determinam a geometria. Esses

objetos precisam carregar uma variedade de propriedades para serem

interpretados, analisados, precificados e adquiridos por outras aplicações. Essas

propriedades incluem informações, tais como, especificações dos materiais,

propriedades de desempenho (acústica, fluxo térmico...), resistência mecânica,

entre outros.

Ao contrário da modelagem CAD tradicional, cujas entidades são

individuais e não associadas entre si, a modelagem paramétrica permite testar

diferentes configurações sem recomeçar do início, pois pode-se alterar

rapidamente os parâmetros e obter diferentes resultados para serem

comparados (FLORIO, 2009).

Os parâmetros podem ser entendidos como as variáveis que estabelecem

as relações de dependências entre os componentes, permitindo construir regras,

traçar relações entre os pontos de uma curva ou de uma superfície, e definir o

relacionamento entre pontos a partir de condições pré-estabelecidas (FLORIO,

2009). Dessa forma, o projetista altera os parâmetros do modelo paramétrico

para procurar soluções alternativas diferentes. Por sua vez, o modelo

paramétrico responde às mudanças de adaptação ou reconfiguração para os

novos valores dos parâmetros sem que seja necessário ao projetista apagar ou

redesenhar (HERNANDEZ, 2006).

3.2.2 Interoperabilidade

O BIM por si só não pode resolver o problema geral com a comunicação e

troca de informação. Assim, a interoperabilidade, segundo Eastman et al. (2011),

representa a necessidade de passar dados entre aplicações, permitindo que

múltiplos tipos de especialistas e aplicações contribuam para o trabalho em

questão. Dessa forma, ela se baseia no intercâmbio de formatos de arquivos.

Por iniciativa da International Alliance of Interoperability (IAI), foi

desenvolvido um padrão aberto para captura e troca de informações comuns de

estruturas de dados chamado IFC (Industry Foundation Classes). O padrão IFC

tornou possível compartilhar e exportar informações de construção entre

diferentes IFC compatíveis com aplicações BIM (HALLBERG; TARANDI, 2011).

Este é principal modelo utilizado no planejamento, projeto, construção e

gerenciamento de edificações.

Segundo Ma et al. (2011), o padrão IFC é um padrão de dados complexo

que abrange atualmente nove domínios, tais como, arquitetura, estrutura, HVAC

(hidráulica, ventilação e ar condicionado), elétrica etc. O IFC especifica a

estrutura de dados com base no modelo geométrico 3D e representação

orientada a objeto, e todos os objetos das aplicações, quando traduzidos para o

IFC trazem em si informações referentes à geometria, relações e propriedades

associadas (EASTMAN et al., 2011).

3.2.3 Nível de desenvolvimento

O nível de desenvolvimento ou Level of Development (LOD) especifica a

informação que o modelo deve conter de acordo com seu uso em diferentes

estágios do ciclo de vida do projeto (BONTON et al., 2015). O American Institute

of Architects apresenta cinco níveis de desenvolvimento que abrange desde o

LOD 100 até o LOD 500, conforme Figura 8.

Figura 8: Representação gráfica dos níveis de desenvolvimento

Fonte: http://www.hitechcaddservices.com/bim/support/level-of-development-lod/

Bonton et al. (2015) resumem cada um desses níveis como:

a) LOD 100: está limitado a uma genérica representação da construção,

sendo usado para diferentes tipos de análises, tais como, custo por m²,

orientação da construção, entre outros;

b) LOD 200: embora seja mais preciso que o primeiro, utiliza elementos

genéricos para representar geometricamente a construção apresentando

localização, orientação e quantitativos aproximados;

c) LOD 300: apresenta a construção com elemento específicos, com mais

informações associadas a eles além das propriedades gráficas, e já pode ser

utilizado para gerar documentos de construção;

d) LOD 400: é mais adequado para projetos de fabricação, já que excede

o escopo de trabalho dos arquitetos e engenheiros, possuindo detalhes

suficientes para serem usados na manufatura;

e) LOD 500: incorpora elementos para operação e gerenciamento de

facilidade.

3.2 Planejamento da construção com BIM

As tradicionais ferramentas de planejamento de atividades da construção

falham em representar e comunicar os componentes espacial e temporal do

planejamento de construção eficientemente, o que não permite aos gerentes de

projeto produzir rapidamente alternativas para obter a melhor solução para

desenvolver certos tipos de projetos (UMAR et al., 2015).

Com a modelagem 4D, todo o período de uma sequência de atividades que

é executado por aqueles que estão envolvidos no projeto pode ser apresentada

visualmente, podendo gerar informações importantes para a equipe, tais como,

datas de início e fim dos elementos e sua criticidade, além de visualizações da

construção do projeto ao longo do tempo, permitindo aos especialistas avaliar as

opções e escolher a melhor delas ainda em fase de concepção (UMAR et al.,

2015).

Ainda segundo Umar et al. (2015), a capacidade do modelo 4D em

compartilhar conhecimentos minimiza a necessidade de reunir e reformatar

informações, o que resulta numa melhor precisão e aumenta velocidade no

repasso das informações, além de reduzir as despesas devido à falta de

interoperabilidade, monitoramento automatizado e avaliação e suporte de

trabalho de manutenção e operação. Além disso, os modelos 4D podem ser

aplicados para demostrar a sequência de execução, avaliar disponibilidade de

espaço, a logística e a solidez do cronograma de execução

Segundo Eastman et al. (2011) existe uma variedade de ferramentas e

processos para a elaboração de um modelo 4D, dentre eles pode-se citar:

a) Método manual utilizando ferramentas 2D ou 3D

Embora seja visualmente eficaz, é uma ferramenta inadequada de

planejamento, pois a produção manual das animações tem opções limitadas

para atualizar, alterar e fazer o planejamento em tempo real, já que é necessário

re-sincronizar manualmente a imagem com o cronograma (Figura 9). Por isso,

este método é mais indicado aos estágios inicias de projeto.

Figura 9: Processo de modelagem utilizando software de CAD

Fonte: Eastman et al. (2011)

b) Ferramentas BIM com capacidade 4D

Os objetos podem ser filtrados em uma vista por um parâmetro ou

propriedade e a fase da construção é atribuída em forma de texto. O usuário

aplica o filtro para mostrar os objetos conforme a fase especificada (Figura 4).

Essa ferramenta não oferece integração direta com o planejamento.

c) Exportação de 3D/BIM para uma ferramenta 4D e importação do

cronograma

A geometria e algumas propriedades dos componentes são exportadas

para uma ferramenta 4D que conecta esses componentes às atividades da

construção (Figura 10).

Comment [DC4]: figura com qualidade muito ruim. Sugiro refazer

Figura 10: Processo de modelagem utilizando ferramentas 4D e BIM

Fonte: Eastman et al. (2011)

Outras formas de modelagem vêm sendo propostas para a confecção do

modelo 4D, principalmente no que tange a automatização da modelagem.

Ospina-Alvarado et al. (2010) sugerem que primeiramente as informações

requeridas devem ser retiradas do modelo 3D para gerar os pacotes de trabalho

para, então, adaptar um cronograma integrado e otimizado a partir desses dados

como dados extraídos de um projeto externo e, por fim, implementá-lo em forma

de um modelo 4D.

Chen et at. (2013) desenvolveram uma plataforma de trabalho onde um

banco de dados organizava os levantamentos de quantitativos do modelo e estas

informações eram transferidas para um sistema inteligente de gerenciamento,

em que ocorre o processo automático de associação de tarefas e um sistema

dinâmico de dados permite a visualização 3D do progresso da construção.

Liu et al. (2015) apresenta uma abordagem integrada de planejamento

baseada em BIM para facilitar a geração automática de planejamento otimizado

sob recursos restritos. Para isto, um modelo BIM é complementado com

informações da Estrutura Analítica de Projetos – EAP e armazenadas no MS

Acess. Essas informações são associadas por meio de um ambiente de

simulação (Simphony) e o modelo é otimizado (algoritmos genéticos) e integrado

à simulação (LIU et al., 2015).

Embora as formas de modelagem possam ser distintas, para Eastman et

al. (2011), ao se elaborar um modelo 4D tem algumas questões que a equipe de

modelagem ou o planejador deve considerar:

Comment [DC5]: mesmo comentario

a) escopo de modelo, para que ele está destinado;

b) nível de detalhe, que é afetado pelo tamanho do modelo, o tempo

dedicado para construí-lo e, por qual item crítico ele precisa comunicar;

c) reorganização, ou seja, as ferramentas que permitam reorganizar ou criar

agrupamentos personalizados de componentes ou de entidades

geométricas (pode ser necessário reorganizar em função das atividades

planejada);

d) componentes temporários, para refletir o processo construtivo na

simulação;

e) decomposição e agregação, podendo ser necessário desdobrar as

atividades para mostrar como está sendo construído;

f) propriedades do cronograma, tais como, alternativas de alteração de

datas no cronograma que permitam visualizar impactos.

Fischer et al. (2005) argumenta que a construção de um modelo possui

numerosos desafios relacionados a geometria, ao planejamento e na associação

entre geometria e planejamento. Esses problemas são comuns durante o

desenvolvimento do modelo, especialmente, quando os modelos 3D são criados

sem conhecimento das necessidades da modelagem 4D e do planejamento da

construção, por esse, motivo para Kymmel (2008) serão despendidos esforços

de remodelação para adaptar uma ligação precisa dos elementos com as

atividades. Além disso, outra razão para esses problemas é que a construção do

modelo 4D requer significante informação de escopo de projeto e do cronograma

para que os participantes do projeto possam desenvolver e refinar o processo de

modelagem (FISCHER et al., 2005).

2.2.1 Software BIM 4D

O software tem essencial importância no processo de modelagem 4D, já

que pode facilitar ou tornar a modelagem mais trabalhosa em função dos seus

recursos. São exemplos de software 4D: Naviswork da Autodesk, Synchro....

Para Eastman et al. (2011), deve-se observar se o software escolhido para

modelagem irá atender as necessidades do usuário. De um modo geral, os

autores sugerem que sejam realizadas algumas considerações ao se avaliar as

ferramentas 4D:

Comment [DC6]: precisa incluir os software.

a) capacidade de Importação de BIM: quais formatos de geometria ou BIM

os usuários podem importar e que tipos de dados de objetos a ferramenta

importa;

b) capacidades de importação de cronogramas: que formatos de

cronograma a ferramenta é capaz de importar, se estes são nativos ou de

texto;

c) fusão / Atualização do modelo 3D / BIM: os usuários podem fundir

múltiplos arquivos num único modelo e atualizar partes ou todo o modelo;

d) reorganização: os dados podem ser reorganizados depois de importados;

e) componentes temporários: os usuários podem adicionar, remover e

simular o comportamento de componentes temporários;

f) animação: pode simular em detalhes o comportamento de uma grua ou

outas sequencias de instalação;

g) análise: a ferramenta dá suporte a análises específicas como análise de

conflito tempo-espaço;

h) saída: os usuários podem gerar facilmente múltiplos instantâneos para

períodos específicos de tempo ou criar filmes com vistas e períodos de

tempo;

i) conexão Automática: os usuários podem conectar automaticamente

componentes da edificação aos itens do cronograma baseados em

campos ou regras.

Como intuito de avaliar os software BIM 4D, Abanda et al. (2015)

realizaram um estudo crítico e aprofundado da grande quantidade de softwares

BIM que atualmente são usados no gerenciamento de informações de projetos

de construção. Os referidos autores avaliaram ainda alguns destes software em

relação a experiência e uso das empresas participantes da pesquisa e as

barreiras à implementação dos mesmos. Foi identificado que cada software tem

suas vantagens e desvantagens, podendo ser empregados de maneiras

diferentes para atingir o mesmo objetivo. O estudo não apresenta soluções para

remediar os problemas encontrados, mas alguma base para dá início a esse

processo.

Já o estudo realizado por Lopez et al. (2016) teve como o objetivo de suprir

a lacuna existente entre os conhecimentos acadêmicos e a capacidade de

mercado de projetar efetivamente em BIM 4D. Foram analisados os software

BIM 4D disponíveis atualmente em termos de seus aspectos técnico gerais e

funcionalidades de suas ferramentas, o que resultou em uma matriz comparativa

na qual poderia se escolher em qual software investir em função de quais

características melhor se adaptavam às necessidades dos usuários.

3.3 Estimativa de custos com BIM

A estimativa de custos é uma tarefa crítica devido ao envolvimento de

diversas disciplinas, tais como, arquitetura, engenharia, construção e gestão de

facilidades da indústria, ao longo de todo o ciclo de vida do projeto de um edifício.

Ao se utilizar a representação bidimensional tradicional do projeto, estimadores

ainda tem que extrair manualmente as informações úteis a partir de conjuntos de

desenhos impressos ou desenhos CAD, ou manualmente reconstruir um modelo

tridimensional específico para estimar custos para apresentação de propostas

(SABOL, 2008).

Segundo Shen e Issa (2010), no modo tradicional de estimativas baseado

em papel, o tempo gasto no levantamento quantitativo pode ser dividido em três

categorias: (a) identificação de itens e suas inter-relações sobre os desenhos e

as especificações (por marcação e busca desenhos e especificações); (b) busca

das dimensões (leitura direta ou inferência a partir de outros desenhos); e (c)

cálculo e agregação das quantidades, comprimentos, áreas e volumes dos itens

identificados.

Devido à complexidade desse processo e tendo em conta os seus desvios

associados, a estimativa de custos ainda é uma atividade demorada e propensa

a erros (FIRAT et al., 2010). Por isso, muitas ferramentas foram desenvolvidas

para ajudar o estimador a fazer o trabalho mais rápido e com maior precisão.

Essas ferramentas vão desde marcadores de cor, digitalizadores e bidimensional

(2D), levantamento de quantitativos e tela, até os mais recentes softwares BIM,

os quais são capazes de gerar quantidades físicas bastante precisas dos

materiais utilizados na concepção (SHEN; ISSA, 2010).

O BIM é capaz de gerar levantamentos quantitativos, contagens e

medições diretamente de um modelo (EASTMAN et al., 2011). Para os referidos

autores, o principal benefício de aplicar BIM como ferramenta para estimação de

custos ocorre na etapa de levantamento de quantitativo.

Segundo Hartmann et al. (2012), o BIM deve atender os seguintes

requisitos para uso em estimativa de custos: (a) detalhes suficientes devem ser

fornecidos para gerar uma estimativa; (b) as estimativas devem permitir a

extração de quantidades dos componentes de construção agrupado por EAP da

empresa; (c) para cada um dos itens de custo definido na EAP, quantidades

precisas devem fornecida pelo levantamento de quantitativos.

Segundo Nikam e Karshenas (2015), para estimar o custo de um item de

trabalho em um projeto, é preciso saber a quantidade de item de trabalho e os

custos unitários para os recursos necessário à sua construção. As aplicações

para estimações atuais mantêm bancos de dados internos das montagens, itens

de trabalho, programação da equipe, produtividades da equipe, e custos

unitários dos recursos (materiais, equipamentos e mão de obra).

Nenhuma ferramenta BIM tem todas as funcionalidades de uma planilha

eletrônica ou pacote para orçamentação, assim o orçamentista deve identificar

um método que melhor se adeque ao seu processo de orçamentação especifico

(EASTMAN et al., 2011). As principais opções de método fornecidas por

Eastman et al. (2011) são:

a) exportar quantitativos de objetos para um software de orçamentação.

A maioria das ferramentas BIM possui essa funcionalidade, muitas vezes, esses

dados são exportados para uma planilha do Microsoft Excel.

b) conexão direta entre componentes BIM e o software de orçamentação.

Os softwares com essa funcionalidade são capazes de associar os objetos do

modelo de construção diretamente com uma base de dados externa de custos

unitários por meio de plug-ins. Devido à grande quantidade de software de

orçamentação é necessário que haja uma efetiva comunicação entre essas

ferramentas para minimizar a perda de dados.

c) usar uma ferramenta de levantamento quantitativo. Essa ferramenta

extrai as informações do modelo BIM, sem que haja necessidade de se

manipular o modelo.

Um comparativo entre o método tradicional de estimativa de custo e

aqueles baseados em BIM, os quais foram apresentados anteriormente, pode

ser observado na Figura 11.

Figura 11: Diagrama dos processos tradicional e baseado em BIM para levantamento de quantitativo

Fonte: Eastman et al. (2014)

Dentre os principais benefícios do uso do BIM 5D, pode-se citar a

oportunidade de aumentar o valor dos serviços, simular cenários e entender o

impacto das mudanças (Smith, 2014), além da redução da incerteza associada

ao levantamento quantitativo e otimização de preços (Eastman at al. 2014).

Alguns estudos estão sendo realizados com a aplicação de BIM 5D. Dentre

estes estudos, WU et al. (2014) apresentou alguns desafios encontrados na

literatura para estimativas baseada em BIM:

a) Modelos BIM precários e informações inadequadas: frequentemente, os

modelos BIM não correspondem exatamente às necessidades dos

estimadores de quantidade em termos de qualidade e informação, o que

Comment [DC7]: Revisar figura

cria dificuldades ao gerenciar os custos e buscar informações necessárias

dentro do modelo.

b) Questões relacionadas à troca de dados: muitos programas não suportam

uma troca bidirecional de dados que permite uma atualização, a qual é útil

para auxiliar o fluxo e a expansão de informações no modelo. Muitos

softwares permitem apenas que dados de entrada quantitativos sejam

feitos somente quando há alterações no modelo, e não apenas alterações

de custos. Ainda não existe um padrão industrial para a ligação entre o

modelo e a estimativa de custos.

c) Falta de padronização e de um formato de preços inadequado: mesmo

que um estimador receba um modelo completo, as informações

raramente são fornecidas num formato adequado.

3.4 Estudos de Integração de custo e produção com uso do BIM

A tecnologia está lentamente rompendo práticas de gerenciamento de

construção e novos métodos contratuais estão surgindo. O BIM melhora o

trabalho técnico na fase de design criando modelos 3D que integram todos os

recursos do edifício e melhor representa os requisitos de infraestrutura. Esses

modelos, ricos em informações, também podem ser aprimorados se vinculados

com cronograma (4D) e custos (5D); permitindo a construção ser melhor

planejada quase que inteiramente na fase de projeto (LESSARD, 2015; CHENG

et al., 2016).

Em estudo feito por Wang et al. (2013) foi proposto um modelo integrado

de custo e planejamento no qual foi desenvolvido um sistema 5D/CAD baseado

em softwares comerciais. O sistema permitia visualizar dados de planejamento,

verificar custo em tempo real e facilitava o planejamento periódico e os relatórios

de progresso. O sistema possui três funções: integrar as informações de

geometria, custo e planejamento; fazer a simulação 5D e fazer o gerenciamento

de valor agregado; e reportar periodicamente o progresso dos custos e

atividades.

Fan et al. (2015) propôs um modelo para associar automaticamente dados

de custos e planejamento com elementos do modelo BIM. Para tanto, foi

realizada uma análise das relações entre as atividades planejadas, os elementos

BIM e os itens de custo. Os autores relataram que mesmo com a capacidade

dos modelos 5D em gerar custos a partir dos elementos BIM, os custos

relacionados às atividades nos softwares de planejamento não estão vinculados

aos elementos BIM. Os autores identificaram também que cada elemento BIM

pode se relacionar com um ou mais e os itens de planejamento e de custos

(Figura 12). Foi então proposto um sistema em que essas relações eram

interligadas automaticamente gerando planilhas com essas informações

agrupadas.

A integração de custo e planejamento com uso de BIM 5D pode ser

verificada também em outros trabalhos, a maioria deles focaram em desenvolver

uma EAP que pudesse ser utilizada para promover a integração entre as

informações (LIU et al., 2015; FAN et al., 2015), outros aplicados à fase inicial

de construção (CHEUNG et al., 2012;), na interoperabilidade (MA et al., 2013),

e em desenvolvimento de sistemas que promovam essa integração com uso do

gerenciamento de valor agregado (LESSARD, 2015; LEE et al., 2014).

Figura 12: Relação entre os elementos BIM e os itens de planejamento e de custos

Fonte: Fan et al (2015)

Segundo Park et al. (2016), embora o Building Information Modeling (BIM)

venha sendo cada vez mais aceito na indústria da construção civil, a rica

capacidade de informação do projeto ainda não é bem utilizada para apoiar o

gerenciamento da construção de campo. Uma quantidade significativa de

esforço também é necessária para encontrar informações adequadas do BIM ao

realizar essas tarefas de gerenciamento de campo. Park et al. (2016)

desenvolveram uma ferramenta para integrar dispositivos móveis em BIM com

os modelos 3D por meio de Bluetooth de baixa energia e servidor em nuvem.

Esta ferramenta permitiu a visualização do modelo em mãos, acesso imediato

das informações em campo, promoveu a interação do modelo em tempo real e

compartilhou os resultados das observações de campo.

Huang e Ma (2013) citam alguns dos problemas a serem contornados ao

se utilizar uma aplicação móvel em BIM. Dentre eles destaca-se: (a) o tamanho

do modelo que não deve ser demasiado grande para gerar um visualização

rápida e não demorar o carregamento do modelo; (b) a possibilidade de

alterações deve ser desabilitada para os demais usuários, enquanto um usuário

estiver utilizando, até que esta seja concluída; (c) as informações coletadas nos

Tablet ou Smartphones devem ser enviadas de volta para o engenheiro;(d) e

essas aplicações devem funcionar em diversos sistemas operacionais como

IOS, Android, Windows Phone.

Nos trabalhos levantados, observa-se que poucos estudos focaram na

utilização práticas desses modelos em campo. Lessard (2015) enfatiza que dos

sistemas encontrados durante o levantamento do referencial teórico, estes são

usados principalmente durante a fase de projeto, para a preparação de modelos

de construção e que os projetos de construção seriam melhorados com modelos

BIM também usados durante a fase de construção.

3.5 Considerações Finais

Este capítulo teve por objetivo apresentar os principais conceitos relativos

ao Building Information Modeling, bem como suas aplicações para o

planejamento e orçamentação de edificações.

Devido às suas características de banco de dados de informações, o BIM,

se apresenta como uma ferramenta poderosa no gerenciamento de informações

de uma edificação. Quando agregada a dimensão tempo ao BIM, facilita a

visualização das atividades da construção e permite a elaboração de cenário

alternativos que possam auxiliar na tomada de decisões. O BIM também dá

suporte a tarefa de levantamento de quantitativos, o que torna o processo de

orçamentação mais preciso e mais rápido.

Quando as informações de planejamento e custos são integradas no

modelo BIM, facilitam a elaboração do projeto de construção considerando os

impactos do tempo e dos custos orçados. Esse uso integrado do BIM se restringe

muitas vezes a fase de projeto da edificação, e seu uso para apoiar à tomada de

decisão na fase de execução ainda é excipiente.

4 MÉTODO DE PESQUISA

Este capítulo apresenta o método de pesquisa utilizado para a realização

do presente trabalho. Primeiramente é exposto o conteúdo teórico relativo à

estratégia de pesquisa adotada para o desenvolvimento do trabalho, em

seguida, é apresentado o delineamento geral da pesquisa e o detalhamento de

cada etapa de pesquisa, e, por fim, são descritos os estágios de

desenvolvimento da pesquisa.

4.1 Estratégia de Pesquisa

O presente trabalho adotou a abordagem metodológica da Design Science

Research (DSR), por ser capaz de orientar a construção do conhecimento e

aprimorar práticas em várias disciplinas relacionadas ao campo gerencial e

tecnológico da ciência da informação (BAX, 2014).

O foco do DSR é a contribuição do conhecimento novo (VAISHNAVI;

KUECHLER, 2015). Para Gregor e Hevner (2013), os tipos de contribuição de

conhecimento podem ser uma invenção (inventando novos conhecimentos /

soluções para novos problemas), uma melhoria (desenvolvendo novos

conhecimentos / soluções para problemas conhecidos) e uma adaptação

(adaptação não trivial ou inovadora de conhecimento / soluções conhecidas para

novos problemas)

Design Science Research é um processo de uso do conhecimento para

projetar e criar artefatos úteis e, em seguida, usando vários métodos rigorosos

para analisar o porquê, ou por que não, um artefato particular é efetivo

(MANSON, 2006). O conhecimento e a compreensão de um domínio do

problema e sua solução são alcançados graças à construção e aplicação de um

artefato projetado, os quais podem ser constructos, arcabouços, modelos,

métodos e instâncias de sistema de informações (Quadro 1), os quais objetivam

resolver novos problemas práticos (BAX, 2014; MARCH; SMITH, 1995).

Quadro 1: Descrição dos tipos de Artefatos

Tipos de Artefatos Constructos Constructos ou conceitos formam o vocabulário de um

domínio. Eles constituem uma conceituação utilizada para descrever os problemas dentro do domínio e para especificar as respectivas soluções.

Modelos Um modelo é um conjunto de proposições ou declarações que expressam as relações entre os constructos. Ele pode ser visto como uma descrição, ou seja, como uma representação de como as coisas são.

Frameworks Guias reais ou conceituais para servir como suporte ou guia

Arquiteturas Estruturas de alto nível de sistemas

Princípios de projeto Princípios e conceitos fundamentais para orientar o projeto

Métodos Um método é um conjunto de passos (um algoritmo ou orientação) usado para executar uma tarefa. Métodos baseiam-se em um conjunto de constructos subjacentes (linguagem) e uma representação (modelo) em um espaço de solução. Além disso, os métodos são, muitas vezes, utilizados para traduzir um modelo ou representação em um curso para resolução de um problema.

Instanciações Uma instanciação é a concretização de um artefato em seu ambiente. Instanciações operacionalizam constructos, modelos e métodos. No entanto, uma instanciação pode, na prática, preceder a articulação completa de seus constructos, modelos e métodos. Instanciações demonstram a viabilidade e a eficácia dos modelos e métodos que elas contemplam.

Teorias de Projeto Um conjunto prescritivo de declarações sobre como fazer algo para atingir um determinado objetivo. Uma teoria geralmente inclui outros artefatos abstratos, como construções, modelos, frameworks, arquiteturas, princípios de projeto e métodos

Fonte: Adaptado de March e Smith (1995) e Vaishnavi; Kuechler (2015)

Wieringa (2009) mostra o ciclo regulador da DSR (Figura 13), que serve

para orientar a resolução de problemas práticos e teóricos, o qual é constituído

das seguintes atividades: (a) Investigação do problema; (b) Projeto de soluções;

(c) Validação da solução; e (d) Implementação da solução. Para Vaishnavi;

Kuechler (2015), além dessas etapas, deve-se também fazer a avaliação da

solução em relação aos critérios que estão implícitas ou explicitamente contidos

na proposta, explicando devidamente os desvios em relação às expectativas,

seguida por uma conclusão através da consolidação e descrição dos resultados.

Figura 13: Ciclo regulador do Design Science Research

AvaliaçãodaImplementação/Investigaçãodo

Problema

Qualoproblema?

Soluçãoproposta

ValidaroProjeto

Implementação

Desenvolverumasolução

Oprojetodesenvolvidoé

válido?

ImplementaraSolução

CICLOREGULADOR

Fonte: Adaptado de Wieringa (2009)

A investigação do problema é uma questão de conhecimento, são

solicitadas informações para conhecimento do problema, sem que haja mudança

no problema naquele momento (WERINGA, 2009). O resultado desta fase é uma

proposta, formal ou informal, para um novo esforço de pesquisa (VAISHNAVI;

KUECHLER, 2015).

A solução é um passo criativo no qual uma nova funcionalidade é projetada

baseada na configuração de elementos novos ou já existentes. É durante esta

fase que o pesquisador apresentará um ou mais projetos provisórios

(VAISHNAVI; KUECHLER, 2015). Segundo Weringa (2009), chamar esta etapa

de projeto da solução é uma visão otimista, pois outras “soluções” podem ser

desenvolvidas após a implementação resultar em algo pior.

A validação do projeto é uma tarefa de conhecimento em que perguntamos

se o projeto especificado, se implementado corretamente, certamente

aproximaria os interessados de seus objetivos, verificando quais os efeitos

esperados da solução no contexto que será aplicado (WERINGA, 2009).

A implementação (ou desenvolvimento) dos projetos de solução e as

técnicas de implementação dependem de como a solução foi projetada e variam

Comment [DC8]: Paragrafo muito confuso. Rever.

de acordo com artefato a ser criado, onde o resultado é o próprio artefato criado

(WERINGA, 2009; VAISHNAVI; KUECHLER, 2015).

Na avaliação, os desvios em relação ao esperado são cuidadosamente

anotados e são levantadas hipóteses sobre o comportamento do objeto, ou seja,

é realizada a mensuração do desempenho. Diante disso, os resultados desta

fase e as informações adicionais obtidas na construção e execução do artefato

são reunidas e alimentadas de volta a outra série de sugestões (VAISHNAVI;

KUECHLER, 2015).

Na conclusão, os resultados do esforço de pesquisa são consolidados e

escritos, e mesmo que possa haver desvios no comportamento do artefato

originado das múltiplas e revisadas hipóteses, os resultados são considerados

“bons o suficiente”. Assim, o conhecimento é considerado “firme” se puder ser

aplicado repetidamente ou se seu comportamento pode ser repetidamente

invocado, ou “com extremidades soltas” se o comportamento desafia a

explicação e necessita de pesquisas futuras (VAISHNAVI; KUECHLER, 2015).

Na figura 14 são apresentados resumidamente os fluxos de conhecimentos

e as principais atividades envolvidas com suas respectivas saídas para o ciclo

do DSR.

Figura 14: Descrição geral do Design Science Research

Fluxosdeconhecimento Etapasdoprocesso Saídas

Contribuiçãodoconhecimento

Conhecimentodoproblema

Sugestão

Desenvolvimento

Avaliação

Conclusão

Proposta

Projetosprovisórios

Artefactos

Mediçãododesempenho

Resultados

ConhecimentodoDesignScience

Circunscrição*

*A circunscrição é a descoberta do conhecimento de restrições sobre as teorias obtidas através da detecção e análise de contraindicações quando as coisas não funcionam de acordo com a teoria (McCarthy, 19806 apud Vaishnavi; Kuechler, 2015) Fonte: Adaptado de Vaishnavi e Kuechler (2015)

March e Smith (1995) trazem que as atividades do Design Science se

dividem em construir e avaliar. A construção refere-se à construção do artefato

e avaliar refere-se ao desenvolvimento de critérios e à avaliação do desempenho

dos artefatos em relação a esses critérios. Assim, segundo os autores, os

artefatos são avaliados para determinar se foi feito algum progresso. Quando

estes artefatos são constructos sua avaliação tende a envolver a integridade,

simplicidade, elegância, compreensão e facilidade de uso; e quando são

métodos sua avaliação considera a operacionalidade, eficiência, generalização

e facilidade de uso (MARCH; SMITH, 1995).

Lacerda et al. (2013) descreve o estudo realizado por Van Aken7 (2004) no

qual se apresenta a possibilidade do uso do Estudo de Caso na DSR. Para

Lacerda et al. (2013), estudos de caso podem, quando o objetivo é prescritivo ou

para o desenvolvimento de tecnologias (artefatos), ser úteis para compreender

os artefatos existentes e em funcionamento em um determinado contexto.

Quando aliado ao DSR, os estudos de caso podem avançar o conhecimento

teórico na área em pauta e permitirem formalizar artefatos eficazes que podem

ser úteis a outras organizações.

Neste trabalho, optou-se pela Design Science Research por se tratar da

resolução de um problema real presente em diversas empresas, visto que

raramente observa-se o uso efetivo em campo da integração entre planejamento

e custos das obras, pincipalmente com o uso de novas tecnologias, como o BIM,

além de, também trazer uma contribuição prática para a empresa estudada.

Para desenvolvimento e implementação do artefato de estudo, ou seja, um

método prático utilizando BIM 4D/5D para integração entre planejamento e

controle da produção e custos, foi necessário a cooperação mútua (processo

6 McCarthy, J. Circumscription—A Form of Non-Monotonic Reasoning, Artificial Intelligence 13, 27–39, 1980. 7 VAN AKEN, J. E. Management Research Based on the Paradigm of the Design Sciences: The Quest for Field- Tested and Grounded Technological Rules. Journal of Management Studies, v. 41, n. 2, p. 219-246, 2004.

colaborativo) entre a pesquisadora e os envolvidos no processo de

gerenciamento da construção e de projeto. Para implementação e avaliação do

método proposto, estão sendo realizados estudos de caso num processo cíclico

de proposição de solução, implementação de solução e avaliação dos

resultados.

4.2 Delineamento da Pesquisa

A presente pesquisa foi realizada em dois estágios, Estágio A e Estágio B

(ver Figura 15), nos quais foram aplicadas as principais atividades do DRS

descritas por Weringa (2009) e Vaishnavi e Kuechler (2015): (a) Investigação

/Conhecimento do problema; (b) Sugestão / Proposta de solução; (c)

Desenvolvimento / Implementação e Validação; (d) Avaliação; e (e) Conclusão.

O Estágio A foi desenvolvido no período de março de 2016 a fevereiro de

2017. Neste período, a primeira atividade desenvolvida foi a investigação e

conhecimento do problema, para isso, foi feito um levantamento bibliográfico

sobre o tema estudado, assim, o problema foi descoberto e conhecimentos foram

aprofundados; a empresa participante e os empreendimentos estudados foram

selecionados; e foram realizadas coleta de dados em campo e em escritório para

o Estudo de Caso 1 (EC1). Com base nessas informações coletadas foi feita a

primeira proposta de uma solução (método) para o problema encontrado.

O Estágio B iniciou-se em março de 2017 e ainda se encontra em

desenvolvimento. Nesse período foram coletados dados de um segundo Estudo

de Caso (EC2) e o confrontamento das informações coletadas no EC1 e EC2

levaram ao refinamento do método proposto. Assim, os modelos BIM foram

adaptados em função do novo método para a sua implementação em campo.

Em seguida, será realizado um processo cíclico de implementação, verificação

da solução proposta, adaptação dos modelos e refinamento do método proposto,

levantando-se também os requisitos de modelagem, até se obter um método

final de trabalho. Para avaliação do artefato proposto (método), serão realizadas

medições de desempenho, para que os constructos sejam avaliados. Por fim, os

resultados serão consolidados, analisando se os desvios encontrados são

considerados aceitáveis ou não, e serão apresentadas a contribuições teóricas

do trabalho.

Figura 15: Delineamento da Pesquisa

1.Investigação/Conhecimentodoproblema

2.Sugestão/Propostadesolução

3.Desenvolvimento/ImplementaçãoeValidação 4.Avaliação 5.Conclusão

EstágioA

Descobertado

problema

Coletadedados(EC1)

Conhecimentodo

problema

1ªversãodo

métodoproposto

Confrontodosdadoscoletados(EC1eEC2)

Coletadedados(EC2)

Refinamentodométodoproposto

EstágioB

Adaptaçãodosmodelos

Implementaçãodomodeloemcampo(EC2)

Verificaçãodasoluçãoproposta(EC2)

Seleçãodaempresae

empreendimentos

Requisitosdemodelagem

Métodofinalproposto

Avaliaçãodos

constructos

Consolidaçãodosresultados

Mediçãododesempenho

(EC2)

Revisãodaliteratura

ProcessoCíclico

Fonte: Autora

4.3 Detalhamento das Etapas de Pesquisa

4.3.1. Investigação / Conhecimento do problema

A atividade de investigação e conhecimento do problema envolveu um

levantamento bibliográfico a respeito do tema; a seleção da empresa e dos

empreendimentos participantes; a seleção e aprendizagem dos softwares a

serem utilizados; e a coleta de dados para ampliar o conhecimento acerca do

problema identificado.

4.3.1.1. Revisão Bibliográfica e Descoberta do Problema

A revisão bibliográfica possibilitou a identificação do estado da arte sobre

integração do acompanhamento da produção e controle de custos, bem como

possibilitou identificar a lacuna de conhecimento nessa área. Foi observado uma

falta de estudos práticos, em obra, que promovam a integração do planejamento

da construção e o controle de custos com uso de ferramentas BIM.

Nessa etapa foi realizado um levantamento dos conceitos básicos relativos

ao planejamento e controle da produção, gerenciamento e controle de custos,

Building Information Modeling e suas vertentes 4D e 5D, além dos estudos

desenvolvidos que abordem a aplicação do BIM na integração de planejamento

e custos.

4.3.1.2. Seleção de empresa e de empreendimentos

Os principais critérios de seleção da empresa participante foram a prévia

utilização de softwares BIM e a prévia participação em projetos com parceria

com a universidade. O primeiro critério facilitaria a aplicação dos modelos em

campo, já que a equipe de projeto já estaria familiarizada com as ferramentas

BIM, e o segundo critério facilitaria a inserção de pesquisadores nas rotinas

diárias da empresa.

A empresa selecionada atua no mercado baiano de construção e

incorporação desde 1987. Já realizou obras de infraestrutura, equipamentos

urbanos, condomínios industriais e mais de 10 mil residências. A mesma já

estava desenvolvendo projetos em BIM em parceria com dois grupos de

pesquisa da universidade: GP Sustentável e GETEC8, sendo que ambos

trabalham em áreas relativas à inovação na gestão e tecnologia na construção

civil.

8 Sob coordenação de Emerson Ferreira e Dayana Bastos Costa, respectivamente

Dentre os projetos em andamento, a universidades estava apoiando a

empresa no desenvolvimento de modelos BIM9 com vista a facilitar a aplicação

para BIM 4D e BIM 5D. Para tanto, foram realizados testes para o

desenvolvimento de uma EAP própria da empresa visando utilizá-la como uma

linguagem comum entre o modelo BIM e os programas de planejamento,

orçamento e acompanhamento de obra. Estes testes da EAP foram realizados

nos mesmos empreendimentos (Obra 1 e Obra 2) escolhidos para os Estudos

de casos do presente trabalho.

A Obra 1 se enquadra em habitação multiresidencial de interesse social,

localizada na cidade de Camaçari-BA, constituída por 500 unidades de

apartamentos distribuídos em 30 blocos executados em parede de concreto com

forma de alumínio instaladas manualmente por equipe de 19 pessoas. Cada

bloco possui quatro apartamentos por andar ao longo de prédios com três ou

quatro andares (Figura 16).

Figura 16: Representação ilustrativa do empreendimento do Estudo de Caso 1

Fonte: Site da construtora

A Obra 2 está localizada em Petrolina-PE, com casas unifamiliares

geminadas e isoladas, construídas em parede de concreto com forma de aço

executadas com auxílio de caminhão Munck e mini gruas, com equipe composta

por 9 pessoas (Figura 17).

9 Os modelos foram desenvolvidos pelos bolsistas de iniciação científica: Carolina Ferrari Costa (UFBA) e Leonardo Rocha Rosa (UFBA)

Figura 17: Representação ilustrativa do empreendimento do Estudo de Caso 2

Fonte: Site da construtora

Os softwares utilizados pela empresa para modelagem BIM 3D são o Revit,

da Autodesk; para orçamentação é utilizado o TOTVS; no planejamento são

utilizados o MS Project e o Excel; para simulação 4D, o Navisworks da Autodesk,

e para acompanhamento dos serviços executados em campo, a empresa tem v

próprio, CP Obras.

4.3.1.3. Seleção e aprendizagem de softwares

Os softwares adotados no presente estudo foram os mesmos utilizados

pela empresa participante. Para aprendizagem dos softwares, utilizou-se livros-

textos, manuais, apostilas e cursos online e presenciais sobre os programas de

modelagem 3D em BIM, Revit, e seu respectivo plug-in de programação visual -

Dynamo; sobre o programa de gerenciamento de projetos e simulação 4D,

Navisworks; e sobre o programa para elaboração de planejamentos, MS Project.

Como a universidade não possuía acesso a software de orçamentos da TOTVS

nem ao de acompanhamento da produção, CP Obras, o processo de

aprendizagem se deu por meio de interações com os programas durante as

visitas ao escritório e ao campo.

Para uso em campo, foi selecionada uma ferramenta móvel utilizando-se

os critérios de disponibilidade gratuita, facilidade de uso, e o de permitir a

atualização da planilha de planejamento, bem como a visualização do modelo

4D. Diante disso, foi escolhido o aplicativo Remote Desktop Client, da Microsoft,

que permite o acesso as informações de projeto de um computador disponível

no canteiro, por meio do espelhamento das informações contidas na tela do

computado na tela do tablet.

4.3.1.4. Coleta de dados e Conhecimento do problema

Esta etapa objetivou entender o processo de acompanhamento do

planejamento e controle de produção e custos de cada obra estudada,

identificando informações, tais como, softwares utilizados, procedimentos, e

seus respectivos responsáveis, além de entender como se dá gerenciamento

das informações no campo e como essas informações retornam para o escritório.

Para este diagnóstico, foi realizado o acompanhamento dos processos

diretamente na obra e no escritório da empresa por meio de entrevistas com

engenheiros de planejamento e produção, estagiários, técnicos e gestores.

Também foi realizada análise de documentos (planilhas de planejamento e

orçamento, projetos CAD 2D, critérios de codificação da EAP, etc.) e análise de

modelos BIM, que estava sendo desenvolvido para cada obra.

a) Coleta de Dados no EC1

A coleta de dados do EC1 foi realizada no período de novembro de 2016 a

fevereiro de 2017. Inicialmente a empresa foi contactada para saber quais obras

em andamento possuíam modelos BIM e poderiam participar da pesquisa, em

seguida, foi agendada uma reunião com os gestores para que fosse apresentada

uma proposta de estudo com as atividades a serem desenvolvidas.

Após a empresa demostrar interesse em participar da pesquisa, foram

realizadas duas visitas a campo e uma ao escritório para coleta das informações,

além da troca de informações com o contato direto, com os bolsistas de iniciação

científica, na própria universidade.

Nas visitas procurou-se entender como se dava o fluxo de informações de

planejamento e custo, abrangendo o recebimento dos projetos 2D das

edificações, a elaboração do planejamento e orçamento, desenvolvimento do

modelo BIM, acompanhamento em campo da produção e os custos, bem como

o retorno dessas informações para o escritório. Foi analisado como as

informações chegavam às equipes de planejamento, de orçamento, de

modelagem e de campo; quais eram essas informações; e quem eram os

responsáveis por cada etapa do processo. As entrevistas foram feitas com os

gestores, engenheiro de campo e de planejamento e estagiários. Com base

nessas informações, foi elaborado um fluxograma representando os processos

de planejamento e orçamento, desde o escritório ao campo, identificando os

entraves à implementação de um método integrado de acompanhamento da

produção e controle de custos.

Ainda nesta etapa, foram dedicados um total de 50h para avaliação dos

documentos fornecidos (planilhas de planejamento e orçamento, projetos CAD

2D, relatórios do software de acompanhamento de obras e modelos BIM).

Procurou-se entender quais programas eram utilizados e como funcionavam; e

também como estava estruturada a EAP desenvolvida para esta obra, que ainda

estava em fase de teste para se adaptar às necessidades da empresa. Essa

EAP é composta por seis partes (Figura 18): Bloco; Nível; Área (01-área do

concretada com escada) e 02-área concretada sem escada); Apartamento;

Int/Ext (01-elemento interno e 02-elemento externo); e CPS (adotou-se a

codificação gerada pelo software de orçamento).

Figura 18: Descrição da EAP utilizada pela empresa no EC1

BLOCO NÍVEL ÁREA APART. INT/EXT CPS18 N00 1 101 2 P222001

EAP:18.N00.01.101.02.P222001

Fonte: Autora

b) Coleta de Dados no EC2

No mês de maio de 2017 foram realizadas a coleta de dados do EC2, foram

dedicadas 20h em visitas a campo e escritório, nas quais foram entrevistados

gestores, engenheiro de campo e de planejamento e estagiários. Nessas visitas

procurou-se entender como de dava o fluxo de informações de planejamento e

custo abrangendo o recebimento dos projetos 2D das edificações, a elaboração

do planejamento e orçamento, desenvolvimento do modelo BIM,

acompanhamento em campo da produção e os custos e retorno dessas

informações para o escritório. Foram analisados como essas informações

chegavam as equipes de planejamento, de orçamento, de modelagem e de

campo, quais eram essas informações e quem eram os responsáveis por cada

etapa do processo. Com base nessas informações foi feito um fluxograma

representando os processos de planejamento e orçamento que são executados

em campo e em escritório.

Foram dedicadas 40h para avaliação das planilhas de planejamento e

orçamento, projetos CAD 2D, relatórios do software de acompanhamento de

obras e modelos BIM e a nova EAP desenvolvida para a empresa. A nova EAP

utilizada no EC2 (Figura 19), diferencia-se da anterior devido a criação de uma

CPS padrão utilizando códigos de serviços criados pela empresa, assim, não é

mais utilizada a CPS gerada pelo software de orçamento, além de conter os

campos de Tipo (ex. casa, prédio) e Tipologia (ex. Casa com 1 quarto, Casa com

3 quartos) que permite uma maior generalização da codificação.

Figura 19: Descrição da EAP utilizada pela empresa no EC2 CPS:C20001303

BLOCO TIPO TIPOLOGIA ÁREA NÍVEL CÓD.SERV. INT/EXT APART.

02 C 2 0 00 1303 0 0EAP:02.C2000130300

Fonte: Autora

As informações coletadas no EC2 foram comparadas com as informações

coletadas no EC1. Diante disso, foram indicados nos fluxogramas de ambos os

Estudos de caso os entraves à implementação de um método integrado de

acompanhamento da produção e dos custos com uso do BIM.

4.3.2. Sugestão / Proposta de solução

A proposição de um método integrado para utilização de BIM em campo

para acompanhamento da produção e controle de custos foi realizada através

da análise dos dados coletados na etapa anterior, para ambos os Estudos de

Casos. Inicialmente, não houve a preocupação com a estrutura organizacional,

com a forma de trabalho das equipes, e nem com a aplicação do modelo em

campo.

Para tanto, foram realizados teste exploratórios com o Plug-in, Dynamo

com base no Modelo da Obra 1 para entender como eram feitas as rotinas de

programação e como as rotinas de exportação para o Excel e as rotinas para

gerar a EAP, criadas pela equipe de pesquisa, funcionavam. Ambas as rotinas

atenderam satisfatoriamente o objetivo para qual foi desenvolvida. Foram

realizados, também, teste de exportação do Excel para o MS Project com macros

com uso do Microsoft Visual Basic for Applications (VBA), como base no Modelo

1.

Como a empresa teve dificuldades em atualizar o planejamento do MS

Project da Obra 1, pois a mesma passou por mudanças no projeto; e como a

EAP desenvolvida não poderia ser replicada para outros tipos de edificações, já

que era muito específica em função do código da área com escada e sem

escada, a empresa optou por cancelar a pesquisa na Obra 1.

Neste sentido, buscou-se refinar o método proposto, como base no

confronto dos dados coletados no EC1 e EC. Para que o método fosse proposto

foi necessário identificar, nesta etapa, quais ferramentas a serem utilizadas em

campo no Estudo de Caso 2 que melhor se adequam a forma de trabalho da

empresa, aos softwares utilizados e as informações necessárias à atualização

do modelo integrado BIM 4D/5D da Obra 2. As ferramentas adotadas foram

mencionadas no item 4.3.1.3.

Com base nessas informações, foi proposto um método para integração

dos processos considerando a integração entre os programas, os requisitos de

modelagem do modelo 3D e a integração das equipes de modelagem,

planejamento e de campo. Esse método será detalhado na apresentação e

discussão dos resultados.

4.3.3. Desenvolvimento / Implementação e Validação

A atividade de desenvolvimento envolve a adaptação dos modelos BIM 3D

ao método proposto, implementação do método em campo e teste da solução

proposta e levantamento de requisitos de modelagem, até que um método final

seja proposto. É um processo cíclico e interativo, no qual os resultados da

implementação irão contribuir para o desenvolvimento do método proposto.

4.3.3.1. Adaptação do Modelo BIM 4D e 5D e das Ferramentas

A partir do método proposto e dos requisitos identificados, foram realizados

ajustes no modelo BIM 3D da Obra 2 para que esse promovesse a integração

das informações de acompanhamento da produção e controle de custos em

campo, tal que facilitasse a comunicação entre os envolvidos no processo, seja

o engenheiro de obra ou a equipe de projeto e planejamento no escritório.

Esta etapa tem como objetivo desenvolver e adaptar os modelos BIM

4D/5D da Obra 2, de acordo com o método proposto. Para tanto, é realizado um

levantamento de possíveis ajustes no modelo BIM da Obra 2 e no método

proposto, em função dos resultados das informações de implementação.

Foram realizados teste de soluções de importação, exportação e

compartilhamento de dados entre os programas e a aplicação móvel escolhida.

Como produto dessa etapa tem-se o modelo integrado BIM 4D/5D

adaptado aos requisitos e ao método proposto para que possa ser novamente

implementado em campo até que se obtenha um método final que satisfaça o

objetivo o qual foi proposto.

4.3.3.2. Implementação do modelo BIM 4D/5D e Teste da solução proposta

A implementação ainda não foi realizada em campo, mas esta visa

implementar e acompanhar a utilização do método proposto em campo,

avaliando os seus resultados de forma a alcançar as soluções que melhor se

adequem a realidade da obra. Essa implementação de dará no período de

agosto de 2017 a janeiro de 2018 e estão previstos seis ciclos de implementação.

Serão realizadas seis visitas para acompanhamento dos processos e o

levantamento de informações sobre percepção dos usuários por meio de

entrevistas. Serão realizados ainda testes com uso do modelo em campo por

meio de dispositivos móveis, coletando informações de planejamento e custos

diariamente que serão integradas ao modelo BIM utilizado no escritório.

O acompanhamento da implementação ocorrerá, também, por meio da

participação das reuniões de planejamento e custos da obra, para que se possa

verificar e discutir o uso do modelo em campo e percepção dos usuários.

Nessa etapa será necessário verificar se o aplicativo móvel escolhido se

adequa a forma de trabalho da empresa e ao processo de atualização do modelo

BIM, e também serão levantados novos requisitos que ainda não haviam sido

identificados.

Será realizada a avaliação do uso da EAP padrão, solução para otimizar a

comunicação entre essas distintas plataformas de trabalho, verificando se a

mesma facilita a integração entre as informações de planejamento e custo,

levantando os ajustes necessários.

Essa etapa terá como resultado a implementação do modelo em campo,

gerando informações para possíveis ajustes no modelo, que será adaptado

continuamente à medida que for utilizado na obra. Também serão levantadas as

percepções dos usuários relativas as dificuldades e os benefícios, bem como

diretrizes para efetiva implementação do modelo.

4.3.4. Avaliação e Conclusão do Método Proposto

Para avaliar e consolidar o método proposto, os resultados obtidos ao

longo do estudo serão avaliados para verificar se o método promoveu a

integração de dados relativos ao custo e ao planejamento, se houve melhoria no

desempenho da produção e nos desvios das metas programadas, visando

avaliar o impacto da implementação do método no processo de produção. Para

isso, os constructos previamente estabelecidos serão avaliados conforme as

variáveis e fontes de evidências definidos na Tabela 2.

Como produto, haverá a verificação do atendimento do Modelo 3D ao

objetivo proposto, bem como do método proposto para integração do

acompanhamento da produção e controle de custos com uso do BIM 4D/5D. Em

função dos resultados dos critérios de avaliação estabelecidos, o método será

consolidado como válido ou susceptível a estudos posteriores para

aperfeiçoamento.

Tabela 2: Descrição dos constructos a serem utilizados Constructos Descrição Variáveis Fonte de evidência Integração Planejamento/Custo

Busca avaliar a eficácia do método proposto, se tem utilidade e cumpre seu objetivo de permitir que os usuários tenham uma visualização integrada do acompanhamento da produção e controle de custos com em campo com uso de BIM, facilitando a tomada de decisão

Atendimento às necessidades dos usuários

Reuniões de feedback com a equipe de campo e de escritório, análise de documentos, percepção dos usuários

Barreiras e Benefícios

Percepção da Pesquisadora e dos usuários Generalização

Facilidade de uso das ferramentas

Percepção dos usuários

Melhoria no desempenho da produção

Visa identificar se ocorreu mudanças na produtividade dos processos após a inserção do novo método de trabalho

Índices de Produtividade

Relatórios do software de acompanhamento da produção

Percentual de pacotes concluídos

Relatórios gerados com dados do modelo BIM

Percentual de atividade concluídas dentro do prazo

Desvio de metas de Custos com mão de obra

Visa identificar se ocorreu variações nos percentuais de desvio de custos após a inserção do novo método de trabalho

Desvio de custos Relatórios gerenciais de custos

Relatórios gerados com dados do modelo BIM

Fonte: Autora

77

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS INICIAIS Este capítulo visa apresentar os resultados parciais encontrados durante o

desenvolvimento dos estudos de caso EC1 E EC2 para as Estágios A e B

descritos no método de pesquisa. Primeiramente são apresentados os

fluxogramas dos processos de planejamento e orçamentação no escritório e na

obra, para cada obra estudada. Em seguida é apresentada as duas versões

inicias de um método proposto para utilização de modelos BIM em campo, de

forma a promover a integração das informações de planejamento e custo.

Também são apresentados os requisitos iniciais de modelagem identificados

durante o processo de diagnóstico e elaboração do método proposto.

5.1 Estágio A

5.1.1. Fluxograma dos processos – EC1

O fluxograma dos processos do Estudo de caso 1 é apresentado na Figura

20, sinalizando os principais entraves a implementação integrada de

planejamento e custos com uso de BIM. O processo é iniciado quando os

projetos arquitetônicos em 2D, feitos por uma empresa terceirizada, são

entregues ao escritório. Estes projetos são recebidos pelas equipes de

planejamento, orçamentação e de modelagem BIM, que de posse dessa

informação trabalham isoladamente em seus documentos.

O planejamento de longo prazo é elaborado em escritório em MS Project

pelo Eng. de planejamento 1 e as atividades são identificadas com uma EAP,

em seguida este planejamento é enviado para campo para a realização dos

planejamentos de médio e curto prazo, em Excel, pelo Eng. de planejamento 2.

Esse planejamento mais detalhado, agora, sem uso da EAP, é inserido no

software de acompanhamento da produção próprio da empresa, o qual é

abastecido diariamente pelos estagiários e técnico em edificações, com

informações dos serviços executados, datas e produtividade.

Figura 20: Diagnostico dos processos - Estudo de Caso 1

Fonte: Autora

A equipe de orçamento faz o levantamento quantitativo com base nos

projetos arquitetônico recebidos. Esses dados são inseridos no software de

orçamento (TOTVS) que faz uso de um código de composição de preço de

serviços (CPS), o qual também está inserido no modelo BIM. Quando o

orçamento está finalizado, são definidas metas de custos e critérios para

premiações de mão de obra. Assim como os dados de planejamento, esses

dados também são inseridos no software de acompanhamento da produção

próprio da empresa para que as premiações ocorram conforme a produtividade.

O modelo BIM foi desenvolvido atribuindo uma EAP padrão, um CPS e

uma CPU (composição de preço unitário) para cada elemento modelado. A EAP

padrão serve como um código comum de comunicação entre os programas e o

CPS e CPU tem a função de facilitar a comunicação como software de

orçamento.

Ao final do fluxo, as informações de custos e serviços executados, que

estão armazenadas no software de acompanhamento de produção, dão origem

a um relatório em Excel, o qual é utilizado na elaboração de relatório mensal de

acompanhamento onde o previsto é comparado com o executado.

No fluxograma dos processos (Figura 20) também estão indicados os

entraves encontrados à implementação integrada de controle de custos e da

produção com uso de BIM. Nesta obra, o planejamento inicial e as estimativas

de custos ocorreram no escritório, com as equipes trabalhando separadamente,

sem se preocupar com a integração das informações, a não ser pelo uso de uma

EAP padrão pelas equipes. Embora estivesse utilizando o modelo BIM, observa-

se que o planejamento é elaborado sem se ter ciência de como o modelo foi

executado nem de como as atividades serão executadas em campo. Da mesma

forma o modelo foi desenvolvido sem que houvesse uma troca de informações

com o engenheiro de campo e de planejamento.

Apesar da obra ter sido modelada, o modelo BIM não foi efetivamente

utilizado pela empresa, nem para apoiar a equipe de orçamento no levantamento

quantitativo nem para auxiliar na tomada de decisão pelo Eng. de planejamento

ou de campo.

Como as demais equipes de orçamento, de planejamento e de campo não

tiveram acesso ao modelo, este teve a função somente de registrar informações

de projeto, não sendo utilizado para auxiliar o acompanhamento de processos

na fase de construção da obra.

5.1.2. Proposição da primeira versão do método

A primeira versão do método proposto focou em entender a integração dos

programas envolvidos de forma a permitir a comunicação entre eles (Figura 21).

Nessa proposta, as informações geométricas e paramétricas, oriundas do

Revit, e as informações de custo e de planejamento, que estão inseridas no MS

Project são associadas automaticamente, no ambiente do Navisworks, por meio

de uma EAP comum aos elementos modelados e as atividades planejadas e

custos orçados.

Assim, o modelo 3D é feito com uso de EAP para cada elemento modelado,

as informações de quantitativo são extraídas automaticamente do Revit para o

Excel, por meio de uma rotina de exportação no Dynamo. Os quantitativos no

Excel são exportados para o TOTVS para que o orçamento possa ser

desenvolvido. Logo após, esses dados são reenviados para o Excel, e essas

informações são automaticamente inseridas no MS Project com uso de uma

macro criada no VBA.

No MS Project as datas com as metas do planejamento são definidas e,

logo em seguida, a simulação 4D/5D é gerada no Navisworks, ao se fazer a

associação automática da geometria com os dados inseridos no MS Project.

Neste momento, o método não pôde ser desenvolvido em mais detalhes porque

faltava informações sobre como os softwares de orçamento (TOTVS) e de

acompanhamento da produção (CP Obras) funcionavam, quais eram os

recursos de importação e exportação, e quais informações poderiam ser extraída

dos mesmos.

Observou-se que ao fazer exportação do Excel para o MS Project

mesclando dos dados, colocando como chave primária a EAP, se esta tivesse

alguma repetição os dados repetidos viriam zerados, ou seja, somente uma EAP

contida numa linha teria as informações de custo e CPS, as demais repetidas

ficavam sem essa informação.

Esse problema foi resolvido no método posterior, pois o planejamento não

é mais desenvolvido no MS Project e inserido no Navisworks, mas de forma

inversa, e todos os elementos com a mesma EAP se agrupam e são

representados por esta EAP.

Figura 21: Método inicial proposto para integração entre programas

Modelo3D

Simulação4D/5D

Planejamento

ExportaçãodedadosdeEAP

Orçamento

ExportaçãodedadosdeEAPeCPS

DadosdeEAPeCPSagregados

‘Exportaçãodageometria/EAP/CPS Associaçãoautomáticadacodificação,cronograma

deatividadesecustos

Fonte: Autora

5.2 Estágio B

5.2.1. Fluxograma dos processos – EC2

O fluxograma dos processos do Estudo de caso 2 é apresentado na Figura

22. Da mesma forma que no Estudo de caso 1, o processo é iniciado quando os

projetos arquitetônicos em 2D, feitos por uma empresa terceirizada, são

entregues ao escritório. Estes projetos são recebidos pelas equipes de

planejamento, em campo, e de modelagem BIM, em escritório.

No campo é desenvolvida uma sequência de atividades, em Excel, com

suas respectivas predecessoras e a produtividade por serviço pelo Eng. de

produção. Essa sequência é enviada para o escritório para ajuste das

produtividades, pelos gestores, conforme dados de obras anteriores. Essa

sequência de atividades é novamente enviada para campo, a qual é utilizada

pelo Eng. de planejamento para a elaboração do planejamento de médio e curto

prazo, em Excel. Esse planejamento mais detalhado, sem uso da EAP, é inserido

no software de acompanhamento da produção próprio da empresa, o qual é

abastecido diariamente pelos estagiários e técnico em edificações, com

informações dos serviços executados, datas e produtividade.

Figura 22: Diagnostico dos processos - Estudo de Caso 2

Fonte: Autora

No escritório é desenvolvido o modelo BIM 3D com EAP padrão e CPS

associado a cada elemento modelado. A extração de quantitativos é realizada

no modelo BIM e esses valores são enviados para a equipe de orçamento para

serem inseridos no software de orçamento. Com base nos valores orçados,

determina-se metas de custos e critérios para premiações de mão de obra, que

são inseridos e acompanhados no software de acompanhamento da produção

próprio da empresa. Ao final, as informações de produtividade também retornam

para compor o relatório mensal de custos e atividade.

Diante do que foi apresentado no diagnóstico dos processos (Figura 12),

percebe-se que ainda não existe integração entre as equipes desde o início do

projeto de construção ao acompanhamento da sua execução em campo. A

modelagem ainda é realizada sem conhecimento da sequência executiva ou dos

pacotes de serviços definidos em campo, ou seja, há uma falta de integração

entre o Modelador e o Eng. de planejamento para que o modelo seja mais

representativo da realidade de campo. Assim, o modelo BIM ainda continua

restrito ao escritório mesmo com o uso de uma EAP padrão.

Embora o modelo BIM tenha dado suporte às atividades de orçamento,

nem os valores orçados nem os valores reais executados, não retornam ao

modelo.

Observa-se também que a realização de relatórios mensais de serviços e

custos com mão de obra, devido à sua periodicidade, não permitem uma

intervenção rápida caso haja algum desvio das metas de planejamento e custo

estabelecidas.

5.2.2. Proposição da segunda versão do método

Com base na estrutura identificada nos dois estudos de caso realizados,

foi proposto um novo fluxo de informações para a integração de informações de

custo e planejamento desde o desenvolvimento do modelo BIM 3D ao seu uso

em campo (Figura 23), bem como a integração entre os programas a serem

utilizados (Figura 24).

Figura 23: Novo fluxo de informações para integração Planejamento e Custo com

modelos BIM

Fonte: Autora

A proposta considera um processo cíclico e participativo, entre o

Modelador e o eng. de Planejamento, para elaboração do modelo BIM 3D e do

planejamento de longo prazo, no qual o modelo será construído em função das

sequencias de atividades e dos pacotes de trabalho que serão definidos para

campo.

A referência para a comunicação entre os programas continua sendo uma

EAP padrão que é inserida no modelo 3D, juntamente com o CPS. Os programas

escolhidos para fazer a integração continuam sendo os mesmos utilizados pela

empresa estudada.

Assim, a modelagem 3D é feita no Revit conforme sequência de atividade

e pacotes de serviços disponibilizado pelo Eng. de planejamento, de forma a

representar mais significativamente como as atividades serão executadas em

campo. As sequencias de atividades codificadas (EAP) são inseridas no MS

Project com uso do Visual Basic for Application dando origem ao planejamento

de Longo Prazo. Como produto desse processo cíclico, onde serão definidos os

critérios de modelagem e a estrutura do planejamento, têm-se a elaboração do

planejamento de longo prazo em, MS Project, uma simulação 4D, em

Navisworks, além da extração dos quantitativos, em Excel.

A extração dos quantitativos é feita automaticamente por meio uma rotina

desenvolvida no plug-in do Revit (Dynamo). Esses quantitativos, por sua vez,

são inseridos no software de orçamento. Uma vez que os serviços estejam

orçados, os dados de custos são inseridos no MS Project, conforme EAP

correspondente, dessa forma o modelo também servirá para acompanhamento

de custos. As metas de custos continuam sendo inseridas no software de

acompanhamento da produção para o controle dos custos por premiação.

Integrando-se o modelo 3D, do Revit, e o arquivo do MS Project, contendo

informações de custo e planejamento, uma simulação 4D é gerada no

Navisworks. Uma vez concluído, esse modelo poderá ser acessado em campo

com uso de um aplicativo móvel de acesso remoto a área de trabalho do

computador (Remote Desktop Clients), onde as atualizações serão realizadas

no aplicativo e automaticamente salvas no arquivo origem, que por sua vez,

estará disponível em nuvem para acesso dos profissionais do escritório.

Figura 24: Integração entre Programas

Modelo3D Planejamento

ExportaçãodeQuantitativos/CPSe

EAP

Orçamento

DadosdeCustosreferenciadosà

EAP

Exportaçãodageometria/Planejamentoe

Custos

CriaçãodaSimulação

ElaboraçãodoorçamentoutilizandoaEAPeCPS

CriaçãodeMacroparaexportaçãodaslistasdeatividades/EAP

ElaboraçãodePlanejamentodeLongoPrazo Simulação4D/5D

AtualizaçãodasinformaçõespeloAPPemcampo

Software

Diretrizesparamodelagem

AplicativoMóvel

Fonte: Autora

5.2.3. Adaptação do Modelo BIM 4D e 5D e das Ferramentas

Os modelos e as ferramentas devem estar em consonância com a forma

de trabalho da empresa, para isso foram realizados ajustes na planilha de

sequência de atividades para que as atividades fossem mais facilmente inseridas

pelo eng. de campo. Como essas atividades estão associadas a uma EAP, foram

feitos testes para saber se a melhor opção seria a EAP inserida na planilha de

sequência de atividades ou diretamente MS Project, optou pela última opção por

facilitar a criação do planejamento de várias unidades de edificações, embora

essa solução ainda esteja em fase de teste.

Estão sendo feitos teste para saber a melhor forma de inserção dos

modelos 3D no Navisworks, ou seja, se serão inseridos links dos modelos do

Revit no programa ou a inserção do próprio modelo 3D convertido para o formato

de arquivo do Navisworks. O primeiro tem a vantagem de não sobrecarregar a

simulação 4D, contudo necessita de uma pasta com todos os modelos 3D

armazenados para serem disponibilizados em campo. Isso pode se tornar um

problema devido ao espaço em nuvem que deve ser adquirido pela empresa.

Em relação a aplicação móvel, estão sendo realizados testes para explorar

sua capacidade de suporte em função do tamanho dos arquivos e das

configurações de internet e dos computadores disponíveis na obra. Em função

dos resultados serão definidos se os modelos integrados BIM 4D/5D serão

desenvolvidos para unidades em uma quadra ou para as rua do canteiro.

5.2.4. Requisitos iniciais de modelagem

Durante o desenvolvimento dos estudos de caso e proposição de um novo

fluxo de informação foram realizados testes de exportação, de codificação da

EAP e de formas de modelagem com as ferramentas utilizadas, tendo sido

identificados alguns requisitos de modelagem para integração entre controle de

custo e acompanhamento da produção como uso do BIM, conforme

apresentados a seguir:

• Os modelos devem representar sempre que possível a maneira como a construção se dará em campo, pensando também em como serão associadas as tarefas do planejamento no modelo 4D: Aproximando-se da

realidade de construção, de forma que o número de atividades descritas no

planejamento coincida com as do modelo.

• Deverá existir uma codificação padrão que servirá de chave comunicação entre os programas: Para exportar dados de quantitativos,

custos e planejamento, uma chave principal para mesclar os dados entre os

programas deve ser definida.

• A nomenclatura da EAP deve ser claramente interpretável e única: Evita conflito na identificação das atividades, bem como erros e perda de dados

no processo de associação das informações entre os programas.

• A EAP deve representar a unidade base de produção da construção: a EAP deve ser estruturada de forma a representar as unidades

de produção.

• Deve-se utilizar artifícios que permitam a representação de atividades temporárias ou não modeláveis: Podem ser modelados elementos

auxiliares independentes dos elementos do modelo da edificação que

representem atividades não modeláveis e temporárias.

6 CONCLUSÕES Nos estudos de casos realizados, percebeu-se claramente através dos

esquemas dos fluxos de informações, a falta de integração entre custo e

planejamento desde a fase inicial do projeto à sua construção. O método

proposto possibilita uma maior integração entre as informações de planejamento

e custos, facilitando a comunicação entre as equipes de campo e de escritório

utilizando-se modelos BIM 4D/5D. Para isso, a comunicação entre os programas

foi facilitada por meio de uma EAP comum aos programas e aos envolvidos no

processo de planejamento, orçamentação e controle da produção. Para reduzir

o tempo de desenvolvimento dos modelos, alguns processos foram

automatizados com uso de ferramentas auxiliares, como o Visual Basic for

Applications e o Dynamo.

Para próxima etapa do trabalho, o método será implementado em campo

e será feito processos cíclicos de aplicação do modelo em campo para coleta de

informações de planejamento, onde a partir dos possíveis erros e inconsistências

levantados, o método e o modelo serão ajustados. Em seguida, a sua validação

se dará com a avaliação dos constructos definidos, das contribuições do método

e com o levantamento das percepções dos usuários, quanto aos benefícios e

dificuldades.

89

7 CRONOGRAMA

CRONOGRAMAFÍSICO

ATIVIDADES

ANOI ANOII

INDICADORESDEPROGRESSO1ºTrimestre

2ºTrimestre

3ºTrimestre

4ºTrimestre

1ºTrimestre

2ºTrimestre

3ºTrimestre

4ºTrimestre

M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F

RevisãobibliográficasobreBIM,PlanejamentoeCustos

Levantamentoeesquematizaçãodebibliografia

AprendizadodosSoftware Testescomosprogramas

Entrevistascomosparticipantes Proposiçãodemétodo

Elaboraçãodométodoproposto Métodoprontoparasertestado

ApresentaçãodoProjetodeDefesa Aprovaçãodadefesadoprojeto

CorreçõesnoMétodoproposto Modelocorrigidocombasenosrequisitoslevantados

ApresentaçãodaQualificação Aprovaçãodadefesadaqualificação

Implementaçãodomodelocorrigido Aplicaçãodométodocorrigido

Acompanhamentodaimplementaçãodométodocorrigido

Descriçãodosresultadosobservadosecorreçãodométodoproposto

CorreçõesnoMétodopropostoenomodelo MétodoemodeloBIMatualizadoPropostafinaldemétodoparaintegraçãodecustoseplanejamentocomBIM Métodoparaintegração

Conclusãoerevisãodadissertação Resultadosprontoseredigidos

Apresentaçãodadefesadadissertação Aprovaçãodadefesadadissertação

0

8 REFERÊNCIAS

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