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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA Área Departamental de Engenharia Eletrotécnica Energia e Automação Integração e supervisão de múltiplas redes de automação Paulo Alexandre Ricardo Costa (Licenciado em Engenharia Eletrotécnica) Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Eletrotécnica – Ramo de Automação Industrial Orientadores: Prof. Doutor João Carlos Pires Palma Prof. Doutor Armando José Leitão Cordeiro Júri: Presidente: Prof. Doutor Luís Manuel dos Santos Redondo Vogais: Prof.ª Doutora Mafalda Maria Morais Seixas Prof. Doutor Armando José Leitão Cordeiro Setembro de 2016

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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Área Departamental de Engenharia Eletrotécnica Energia e Automação

Integração e supervisão de múltiplas redes de automação

Paulo Alexandre Ricardo Costa

(Licenciado em Engenharia Eletrotécnica)

Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Eletrotécnica – Ramo de Automação Industrial

Orientadores:

Prof. Doutor João Carlos Pires Palma

Prof. Doutor Armando José Leitão Cordeiro

Júri:

Presidente: Prof. Doutor Luís Manuel dos Santos Redondo

Vogais: Prof.ª Doutora Mafalda Maria Morais Seixas

Prof. Doutor Armando José Leitão Cordeiro

Setembro de 2016

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Dissertação realizada sob orientação de

Doutor João Carlos Pires Palma

Professor Coordenador da Área Departamental de

Engenharia Eletrotécnica Energia e Automação

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

e

Doutor Armando José Leitão Cordeiro

Professor Adjunto da Área Departamental de

Engenharia Eletrotécnica Energia e Automação

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

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V

Resumo

O tema e procedimento desta dissertação é baseado na premissa de integração de

tecnologias distintas presentes em redes de automação.

Serão estudadas as redes existentes isoladas de diversos fabricantes, estas utilizando

tecnologias distintas que não são diretamente compatíveis entre si.

A solução analisada nesta dissertação é a integração das redes existentes através da

compatibilização das redes tanto a nível de hardware, nomeadamente em termos de

interfaces, conversores e meios físicos, como a nível de software através da

compatibilização dos protocolos de comunicação. A compatibilização em termos de

software é conseguida através da utilização de um porto de comunicação de um autómato

S7-200 livre de protocolo, modo Freeport. Com a utilização deste modo é possível

configurar e programar o protocolo pretendido. Desta forma foi possível receber, interpretar

e encaminhar mensagens segundo o protocolo MODBUS RTU, capacidade que o autómato

originalmente não dispõe visto ser um protocolo utilizado principalmente por outro

fabricante.

A integração em uma só rede modernizada permite então o acesso, através de uma

rede Ethernet, aos equipamentos existentes desatualizados que originalmente não

dispunham dessa capacidade.

A par do acesso aos equipamentos, através de uma rede integrada, é também

constituído um sistema de supervisão SCADA utilizando as mais recentes aplicações

informáticas. Este sistema supervisiona a rede através de comandos e dados recolhidos,

permitindo ainda a gestão dos mesmos.

Palavras chave: Automação Industrial, Rede integrada, Freeport, MODBUS RTU

Ethernet, SCADA

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VII

Abstract

The theme and procedure for this thesis is based on the premisse of integration of

distinct technologies present in automation networks.

The existing isolated automation networks will be analized, these use distinct

technologies and as such are not directly compatible.

The solution studied in this work is the integration of the existing networks through

compatibilization of hardware, interfaces, converters, and physical media, and software

through compatibilization of the communication protocols. The compatibilization of

software is accomplished through the use of a free S7-200 communication port, Freeport

mode, the usage of this mode allows the configuration and programming of the intended

communication protocol. This way it was possible to receive, decode and to forward

messages in MODBUS RTU protocol.

The integration in one single modernized network allows access to modern ethernet

networks from existing and outdated equipment that originally didnt have that capacity.

With this access to the equipments through the integrated network its also created a

SCADA supervision system using the latest technologies, this system supervises the network

through commands and gathered data, also allowing data management.

Keywords:Industrial Automation, Integrated networks, Freeport, MODBUS RTU

Ethernet, SCADA

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IX

Agradecimentos

Pretendo dedicar esta página final de agradecimentos às pessoas que comigo

percorreram o longo caminho da realização de uma dissertação sobre um conceito tão

amplo como a integração de redes de automação.

Desejo em especial agradecer à minha família e a todos os sacrifícios que fizeram

pela minha ausência ou indisponibilidade e por tudo o que tiveram de prescindir para que

este trabalho fosse possível.

Assim como desejo agradecer em particular ao meu orientador, Professor Doutor

Armando José Leitão Cordeiro, todo o esforço, trabalho e dedicação com que me apoiou e

me guiou ao longo deste último ano.

Agradeço também a todo o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, aos seus

quadros, docentes, não docentes, alunos e amigos todos os conhecimentos, convivência e

experiência que me proporcionaram ao longo dos últimos anos na conclusão da minha

licenciatura e percurso académico do mestrado culminando na elaboração desta dissertação

para obtenção do grau de mestre, sem vós este percurso não seria a experiência

enriquecedora que considero.

Por fim, mas não menos importante, desejo agradecer às Forças Armadas

Portuguesas, a todos os que delas fazem parte, todo o apoio, incentivo e mentalidade que

sempre me incutiram e me leva mais além.

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XI

Lista de siglas

API Application Programming Interface

APM Alternate Pulse Modulation

AR Address Register

AS-i Actuator Sensor Interface

ASCII American Standard Code for Information Interchange

BA Bitwise Arbitration

CAN Controller Area Network

CBA Component Based Automation

CD Collision Detection

CRC cyclic redundancy check

CSMA Carrier Sense Multiple Access

CSIA Control System Integrators Association

DCS Decentralized Control Systems

DMZ Demilitarized Zone

DP Decentralized Peripherals

EIA Electronic Industries Association

EMI Electromagnetic Interference

EN European Standard

FCS Frame Checking Sequence

FIP Factory Instrumentation Protocol

FISCO Fieldbus Intrinsically Safe Concept

FMS Fieldbus Message Specification

FTP File Transfer Protocol

GMT Greenwich Mean Time

GSM Global System for Mobile Communications

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XII

HMI Human Machine Interface

HSA Highest Station Address

HTTP Hypertext Transfer Protocol

IEC International Electotechnical Commission

Imáx Corrente máxima

IP Internet Protocol

IS Intrinsically Safe

ISA Instrumentation, Systems and Automation Society

ISO International Standards Organization

ISM Industrial Scientific and Medical

IoT Internet of Things

I/O Input/Output

I/O Port Input/Output Port

LED Light Emitting Diode

MAC Medium Access Control

MIL-STD Military Standard

MMF Multi Mode Fiber

MPI Multi-Point Interface

ms milissegundo

MTU Master Terminal Unit

NRZ No Return to Zero

ODBC Open DataBase Conectivity

OPC Open Platform Comunications

OPC DA OPC Data Access

OSI Open Systems Interconnected

PA Process Automation

PC Personal Computer

PCS Process Control System

PDU Protocol Data Unit

PLC Programable Logic Controler

RFI Radio Frequency Interference

RS Recomended Standard

RTDB Real Time Database

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XIII

RTU Remote Terminal Unit

SCADA Supervisory Control and Data Acquisition

SDU Sevice Data Unit

SGML Standard Generalized Markup Language

SMF Single Mode Fiber

ST Sructured Text Language

STL Statement List

S/FTP Shielded / Foiled Twisted Pair

SMS Short Message Service

TCP Transmission Control Protocol

UDP User Datagram Protocol

UV Ultravioleta

U/UTP Unshielded Twisted Pair

VBA Visual Basic for Application

Vmax Tensão máxima

VOIP Voice over IP

XML Extensible Markup Language

µs microssegundo

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XV

Índice

Capítulo 1 Introdução .................................................................................................. 1

1.1 Enquadramento e motivação .................................................................................. 3

1.2 Objetivos ............................................................................................................... 4

1.3 Organização e convenções ..................................................................................... 5

Capítulo 2 Estado da Arte ............................................................................................ 7

2.1 Evolução da automação industrial .......................................................................... 9

2.2 As redes de campo em automação ........................................................................ 11

2.3 Fabricantes e protocolos proprietários .................................................................. 13

2.4 Modelo OSI ......................................................................................................... 14

2.5 Desempenho e características de uma rede de campo ........................................... 17

2.6 Protocolos Série Profibus, Modbus e ASi ............................................................. 24

2.7 Interfaces Físicas .................................................................................................. 29

2.8 Meios Físicos UTP, STP e Fibra Ótica ................................................................. 30

2.9 Integração de redes .............................................................................................. 32

2.10 Protocolos abertos .............................................................................................. 33

2.11 Industrial Ethernet .............................................................................................. 34

2.12 Protocolos Industrial Ethernet ............................................................................ 37

2.13 Tecnologia Wireless ........................................................................................... 38

2.14 Industrial IoT e Industry 4.0 ............................................................................... 40

Capítulo 3 Rede integrada ......................................................................................... 43

3.1 Introdução ............................................................................................................ 45

3.2 Equipamentos e redes existentes .......................................................................... 45

3.3 Constituição da rede integrada ............................................................................. 59

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XVI

3.4 Estrutura básica de interligação das redes ............................................................. 60

Capítulo 4 Sistema de Supervisão (SCADA) ............................................................ 109

4.1 A supervisão nos processos automatizados .......................................................... 111

4.2 Projeto SCADA .................................................................................................. 124

Capítulo 5 Conclusões .............................................................................................. 133

5.1 Conclusões ......................................................................................................... 135

5.2 Perspetivas de desenvolvimento futuro ............................................................... 138

Bibliografia .................................................................................................................. 139

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XVII

Índice de figuras

Figura 2.1 a: Estrutura tipo PCS; b: Estrutura do tipo DCS ............................................ 10

Figura 2.2 Topologia em barramento ............................................................................. 17

Figura 2.3 Topologia em anel ........................................................................................ 18

Figura 2.4 Topologia em estrela .................................................................................... 18

Figura 2.5 Exemplo de erros na deteção de bits segundo a norma RS232 ....................... 22

Figura 2.6 Níveis de performance em PROFIBUS DP ................................................... 26

Figura 2.7 Trama MODBUS segundo o modo RTU ...................................................... 27

Figura 2.8 Exemplo de rede ASi .................................................................................... 28

Figura 2.9 Ligações físicas entre emissor e recetor segundo a norma RS232C [3] .......... 29

Figura 2.10 Exemplo de sequências de bits .................................................................... 29

Figura 2.11 Exemplo de cabo de par torçado sem blindagem ......................................... 30

Figura 2.12 Exemplo de cabo de par torçado com blindagem......................................... 31

Figura 2.13 Comparação entre cabos U/UTP e S/FTP .................................................... 31

Figura 2.14 Exemplo de rede Industrial Ethernet (Siemens) ........................................... 35

Figura 2.15 Evolução dos sistemas embebidos [19] ....................................................... 40

Figura 3.1 Computador pessoal utilizado para supervisão .............................................. 46

Figura 3.2 O autómato TSX57-103 ................................................................................ 47

Figura 3.3 Configuração do módulo TSX ETY 110 para interface com a rede Ethernet . 48

Figura 3.4 Configuração da placa TSX SCP 111 ............................................................ 49

Figura 3.5 O autómato TSX57-302 ................................................................................ 50

Figura 3.6 Autómato S7-200 ......................................................................................... 51

Figura 3.7 Configuração dos portos de comunicação do autómato S7-200 ..................... 52

Figura 3.8 Ligações para programação e utilização em rede no S7-200 .......................... 52

Figura 3.9 Autómato S7-300 ......................................................................................... 53

Figura 3.10 Configuração do hardware presente na rede PROFIBUS-DP ...................... 54

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XVIII

Figura 3.11 Variador de velocidade Micromaster e respetivo módulo de comunicação CB15 ............................................................................................................................ 56

Figura 3.12 Função dos registos de parametrização PKE e PWE ................................... 57

Figura 3.13 Exemplo de comandos para o variador através do registo PZD1 ................. 57

Figura 3.14 Módulo gateway DP/ASi Link 20 ............................................................... 58

Figura 3.15 Estrutura de ligações físicas ........................................................................ 61

Figura 3.16 A rede integrada ......................................................................................... 62

Figura 3.17 Transmissão de mensagens entre redes ....................................................... 65

Figura 3.18 Tempos para a transmissão de uma mensagem entre o autómato TSX57-103 e o autómato S7-300 ........................................................................................................ 66

Figura 3.19 Encaminhamento para comunicações via Ethernet ...................................... 67

Figura 3.20 Interligação entre os autómatos TSX57-103 e S7-200 ................................. 69

Figura 3.21 Caixa de interligação .................................................................................. 70

Figura 3.22 Códigos e símbolos das funções MODBUS em PL7 ................................... 72

Figura 3.23 Funções de escrita e leitura em PL7 ............................................................ 73

Figura 3.24 Registos de controlo de mensagens ............................................................. 74

Figura 3.25 – Exemplo de controlo de erros por análise ao valor de MW91 (Operation report e Communication report) .................................................................................... 74

Figura 3.26 Exemplo completo de programação para o envio de mensagens segundo o protocolo MODBUS RTU ............................................................................................. 74

Figura 3.27 Ciclo do autómato ...................................................................................... 75

Figura 3.28 Exemplo de estrutura de controlo de mensagens por bit .............................. 76

Figura 3.29 Exemplo de chamada de uma rotina de espera (delay) para controlo de mensagens por temporização ......................................................................................... 76

Figura 3.30 Tempos de deteção de mensagens segundo o modo RTU ............................ 81

Figura 3.31 Interrupção 0 após receção de nova mensagem ........................................... 83

Figura 3.32 Trama do tipo MODBUS [25] .................................................................... 83

Figura 3.33 Processo de verificação do código CRC ...................................................... 84

Figura 3.34 Processo de verificação do comando a executar .......................................... 85

Figura 3.35 Controlo e execução dos comandos MODBUS 03h e 04h ........................... 88

Figura 3.36 Função BLKMOV_W ................................................................................ 89

Figura 3.37 Dados utilizados para cálculo do código CRC para os comandos MODBUS 03h ou 04h .................................................................................................................... 90

Figura 3.38 Diagrama de estados do cálculo do código CRC ......................................... 92

Figura 3.39 Fluxograma da validação do código CRC recebido ..................................... 94

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XIX

Figura 3.40 Diagrama de estados da geração de mensagem de erro ................................ 95

Figura 3.41 Instrução XMT ........................................................................................... 96

Figura 3.42 Diagrama temporal da utilização exclusiva das instruções RCV e XMT ..... 97

Figura 3.43 Fluxograma da transmissão de uma mensagem ........................................... 97

Figura 3.44 Interligação entre os autómatos S7-200 e S7-300 ........................................ 98

Figura 3.45 Diagrama de transferência de informação entre buffers ............................... 99

Figura 3.46 Diagrama de execução da sub-rotina SBR_13 ........................................... 101

Figura 3.47 Articulação entre tempos de execução e transmissão ................................. 101

Figura 3.48 Diagrama de execução do programa no autómato S7-300 ......................... 103

Figura 3.49 Diagrama de execução da rotina principal OB1 ......................................... 104

Figura 3.50 Diagrama de execução da função FC1 ...................................................... 105

Figura 3.51 Instruções para escrita de múltiplas saídas binárias ................................... 106

Figura 3.52 Instrução MOVE ...................................................................................... 108

Figura 3.53 Transferência de dados para o Send buffer ................................................ 108

Figura 4.1 Exemplo de sala de controlo com painéis HMI e estações de controlo MTU (Siemens) .................................................................................................................... 111

Figura 4.2 Arquitetura de um sistema SCADA [30] ..................................................... 113

Figura 4.3 Diagrama de uma MTU .............................................................................. 114

Figura 4.4 Diagrama exemplar de uma RTU ................................................................ 115

Figura 4.5 Exemplo de sistema SCADA com servidor de dados e workstations ........... 116

Figura 4.6 Fluxo de dados em um sistema SCADA ..................................................... 118

Figura 4.7 Fluxo de dados entre clientes e servidores OPC [37] ................................... 120

Figura 4.8 Configuração de um Data Log para um evento de alarme ........................... 123

Figura 4.9 Aplicação de gestão de alarmes .................................................................. 123

Figura 4.10 Estrutura de recursos do projeto SCADA .................................................. 125

Figura 4.11 Ligação física entre a supervisão e a RTU (PLC TSX57-103) ................... 125

Figura 4.12 Tarefas utilizadas no driver MODBUS TCP ............................................. 126

Figura 4.13 Configuração da estação TSX57 no driver para MODBUS TCP ............... 127

Figura 4.14 Fluxo de dados desde um comando no painel sinótico até ao porto de comunicações .............................................................................................................. 128

Figura 4.15 Fluxo de dados do projeto criado com o software Movicon ....................... 128

Figura 4.16 Ecrã principal do HMI criado para o projeto SCADA ............................... 130

Figura 4.17 Ecrã secundário do HMI para envio de mensagens para o autómato S7-200 .................................................................................................................................... 130

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XX

Figura 4.18 Ecrã principal do HMI criado para o projeto exemplo ................................ 132

Figura 4.19 Painel HMI com os geradores em funcionamento ...................................... 132

Figura 4.20 Exemplo de alarme ativo ........................................................................... 132

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Capítulo 1 Introdução

Resumo: O presente capítulo apresenta uma introdução ao tema da dissertação assim

como o enquadramento e motivação científica para a elaboração da mesma,

prosseguindo com os objetivos a concretizar e uma breve descrição da

organização do trabalho.

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Introdução

2

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Introdução

3

1.1 Enquadramento e motivação

A importância da tecnologia na vida humana é um fato inquestionável, a tecnologia

é um dos aspetos mais impulsionadores da economia e responsável por inúmeros

contributos para a melhoria da qualidade de vida do homem. Vivemos atualmente na era

da Microeletrónica e das Tecnologias de Informação onde termos como a “integração” e a

“interligação” são consideradas palavras-chave em muitas áreas de atividade e são muitas

vezes sinónimos de sucesso nos negócios.

Os sistemas automáticos, que ocupam lugar de destaque nos objetivos de

produtividade e competitividade de muitas indústrias, são provavelmente os que mais têm

progredido devido aos avanços registados na tecnologia tendo-se atingido atualmente um

grau de sofisticação e complexidade nunca antes visto. Estes sistemas são muitas das vezes

compostos por subsistemas provenientes de diferentes fabricantes, com diferentes soluções,

aos quais se exige que desempenhem, para além das funções normais de controlo de

processos, funções de segurança com elevada fiabilidade. Esta evolução nos sistemas

automáticos tem ocorrido a todos os níveis dentro dos processos industriais, desde os

controladores com elevada capacidade de diagnóstico de falhas até aos avançados sistemas

de supervisão passando pelas redes de comunicação digital e por sensores e atuadores com

funções programáveis.

Esta evolução dos sistemas automáticos é naturalmente um processo contínuo

motivado por pequenos avanços num sistema globalizado em constante mudança e como

em quase todos os sistemas em evolução é necessário dotá-los com capacidade de

integração de novos sistemas e tecnologias. Este aspeto é fundamental dada a

impossibilidade de implementação de novos sistemas automáticos a cada evolução

tecnológica principalmente devido aos custos envolvidos. É nesta área que se pretende

conduzir esta dissertação de mestrado, mostrando por um lado o estado da arte em termos

de equipamentos industriais com novas tecnologias bem como as suas tendências e por

outro a possibilidade de interligação e de integração desses mesmos equipamentos em

sistemas automáticos. Para tal, desenvolveu-se uma solução de interligação de vários

equipamentos existentes nos laboratórios de Automação e de Pneumática através de redes

de comunicação digital, que apesar de estes não utilizarem as tecnologias mais recentes,

permitem mostrar as potencialidades da sua integração. Esta solução visa tornar

compatíveis equipamentos de fabricantes distintos quer seja pela sua natureza construtiva

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Introdução

4

ou porque não existiu disponibilidade financeira para aquisição de outros dispositivos

específicos. Além disso este trabalho vai ao encontro de um dos objetivos principais da

disciplina de Redes de Automação e Supervisão do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica

que é dotar os alunos de conhecimentos teóricos e práticos em redes de comunicação e

sistemas de supervisão utilizados atualmente em Automação Industrial. Deste modo,

justifica-se plenamente a realização desta dissertação de Mestrado onde houve a

necessidade de efetuar um estudo aprofundado do funcionamento e potencialidades dos

equipamentos e criar medidas alternativas para colocar estes equipamentos a comunicar.

Considera-se assim que esta dissertação apresenta valor técnico-científico relevante para a

obtenção do grau de Mestre em Engenharia Eletrotécnica.

A opção por este tema para a realização da dissertação deve-se também em grande

parte a uma preferência pessoal por esta área da engenharia eletrotécnica, aliada ao gosto

pelo desenvolvimento de hardware e software para aplicações de automação que envolvam

redes de comunicação digital.

1.2 Objetivos

O principal objetivo desta dissertação consistiu em desenvolver uma solução que

possibilitasse a interligação de diversos equipamentos industriais provenientes de

diferentes fabricantes.

A solução mais fácil para resolver este problema passaria pela aquisição de novos

equipamentos ou pela adição de módulos de comunicação digital compatíveis com os

equipamentos existentes. No entanto, esta solução não iria permitir explorar outros aspetos

dos equipamentos nem traria grande valor acrescentado pois consistiria basicamente numa

simples ligação sem qualquer complexidade adicional. Assim, para cumprir o objetivo

principal desta dissertação foi necessário explorar e desenvolver alguns objetivos parciais,

tais como:

• Conhecer os equipamentos e as suas linguagens de programação de forma

aprofundada;

• Estudar e compreender aprofundadamente diversas redes de campo e

protocolos usados em Automação Industrial, nomeadamente a rede Profibus-

DP, rede AS-i, rede Ethernet, protocolo MODBUS RTU e protocolo

MODBUS TCP;

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Introdução

5

• Implementar um dos protocolos de comunicação mais conhecidos,

nomeadamente o MODBUS RTU, usando as linguagens de programação

previstas para os autómatos programáveis;

• Conceber uma forma possível de estabelecer comunicações digitais entre

estes equipamentos de forma segura e de acordo com os requisitos de cada

rede e protocolo; sem esquecer que é necessário compatibilizar o suporte

físico utilizado assim como as interfaces de acesso ao meio físico de modo a

que utilizem o mesmo tipo de sinais, níveis de tensão e codificações;

• Resolver problemas de sincronização entre diferentes redes de comunicação

e protocolos de modo a evitar ao máximo perda de informação;

• Desenvolver um sistema de supervisão capaz de comunicar com todos estes

equipamentos simulando a sua aplicação a um sistema real.

1.3 Organização e convenções

Esta dissertação divide-se em cinco capítulos distintos. No capítulo 1 é feita uma

introdução ao tema da dissertação assim como o seu enquadramento e motivação científica

para a elaboração da mesma. No capítulo 2 será então apresentado o estado da arte,

proporcionando ao leitor uma visão global da tecnologia atual e suas tendências futuras.

No capítulo 3 apresenta-se então a solução adotada para a compatibilização das redes em

hardware e software com a explicação da situação existente e as necessidades de

compatibilização, serão então apresentados os equipamentos instalados, as suas

configurações e programação necessárias. O trabalho desenvolvido nesta dissertação de

Mestrado apresenta também algumas limitações que serão descritas nesse capítulo.

A solução de integração das redes culmina com a apresentação e descrição do sistema

de supervisão desenvolvido no capítulo 4. Neste capítulo serão então apresentados

conceitos base relativos aos sistemas de supervisão assim como a solução desenvolvida

para o envio e receção de mensagens para cada equipamento presente na rede integrada.

Adicionalmente é apresentado um sistema de supervisão que pretende simular um sistema

de supervisão real em uma instalação industrial. Por fim no capítulo 5 serão apresentadas

as conclusões finais gerais e particulares.

Com o objetivo de facilitar a leitura e compreensão deste documento foram utilizadas

convenções que se descrevem de seguida:

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Introdução

6

• Sempre que exista correspondência entre as grandezas presentes nas equações

utilizam-se unidades do Sistema Internacional (S.I.) de unidades de medida.

Nos múltiplos e submúltiplos dessas unidades as respetivas abreviaturas;

• Recorreu-se, sempre que possível, a conceitos presentes na Língua

Portuguesa. Em determinados casos os conceitos surgem acompanhados pela

designação na Língua Inglesa, colocada entre parêntesis e em itálico, para que

a compreensão do seu significado seja mais fácil e menos ambígua;

• As siglas de termos, conceitos e equipamentos serão utilizadas na Língua

Inglesa por forma a garantir familiaridade com as siglas utilizadas;

• A numeração de equações, figuras e tabelas foi efetuada de forma sequencial

ao longo de cada capítulo, referenciadas por dois números separados por um

ponto. O primeiro número refere-se ao capítulo e o segundo à sequência

ordenada dentro do capítulo;

• O conjunto de todas as referências bibliográficas foi ordenado pela ordem em

que surgem ao longo da dissertação. A citação das referências bibliográficas

ao longo dos diversos capítulos foi realizada da forma que normalmente

aparece em publicações científicas, ex.: [1]. Neste tipo de citação, o valor

contido dentro dos parêntesis representa o número da referência bibliográfica.

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Capítulo 2

Estado da Arte

Resumo: Este capítulo apresenta uma síntese do estado da arte relativa a

controladores industriais, bem como algumas das redes de Automação e

protocolos mais comuns, evidenciando-se as suas principais características.

Mostra ainda as mais recentes evoluções e tendências nesta área de

engenharia.

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Estado da Arte

8

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Estado da Arte

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2.1 Evolução da automação industrial

A automatização de sistemas e o controlo de processos foi sempre um objetivo

perseguido pela humanidade como forma de libertar o homem de tarefas repetitivas, árduas

e perigosas. Embora formalmente se considerar que a automação, enquanto parte integrante

de processos industriais, só teve início em meados de 1800, são diversos os documentos

históricos que descrevem sistemas de controlo automáticos desenvolvidos pelo homem em

muitas civilizações antigas [1].

O desenvolvimento das ciências e o consequente surgimento de novas tecnologias

permitiram ao longo do último século criar meios para aumentar gradualmente a quantidade

de trabalho desenvolvido pelos humanos, contribuindo para aumentar simultaneamente a

eficiência na produção industrial (através da redução dos consumos de energia e do

desperdício de matérias-primas) e o aumento da qualidade dos produtos finais. Para este

desenvolvimento muito contribuiu o surgimento da 2ª Guerra Mundial, assim como a

corrida ao espaço registada na segunda metade do século XX. Durante estes períodos foram

alcançados importantes desenvolvimentos tecnológicos em eletrónica e em redes de

comunicação, nomeadamente com o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos

computadores digitais e microcontroladores que viriam mais tarde a dar lugar ao

surgimento dos primeiros Controladores Industriais, Controladores Lógicos Programáveis

ou PLC (Programable Logic Controler).

De acordo com [1], o primeiro PLC introduzido no mercado, especificamente

concebido para fins industriais, foi o MODICON (MOdular DIgital CONtroller) modelo

084 em 1968, aplicado na empresa Bryant Chuck and Grinder em Springfield, Vermont,

Estados Unidos da América. Este modelo levou os conceitos de robustez e fiabilidade a um

nível sem precedentes para um microcomputador, não tinha botão para ligar/desligar, não

produzia ruído, não tinha partes propensas a desgaste nem ventoinhas para arrefecimento.

Este equipamento permitia facilitar a reconfiguração e a substituição de parte dos circuitos

de comando a relés existentes através de uma linguagem de programação gráfica que

apresentava muitas semelhanças com a simbologia já conhecida pelos engenheiros e

técnicos fabris, a linguagem de contactos ou linguagem LADDER. O PLC tornou-se então

o equipamento de excelência utilizado para controlar processos industriais.

Inicialmente o controlo dos processos industriais com recurso ao PLC baseava-se em

soluções centralizadas para onde eram encaminhados todos os sinais binários e analógicos

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do processo, este desenvolvimento inicial designou-se por controlo de processo (PCS -

Process Control System).

Com a evolução natural dos processos industriais tornou-se evidente que seria

necessário criar mecanismos que permitissem responder à elevada complexidade dos

automatismos e ao mesmo tempo resolver problemas de interferências eletromagnéticas

nos sinais binários e (principalmente) analógicos que percorrem dezenas ou centenas de

metros dentro das instalações industriais (e respetivos custos inerentes) como resultado das

emissões dos equipamentos instalados. Uma parte significativa destes problemas foi

mitigada com o desenvolvimento de estruturas descentralizadas (DCS – Decentralized

Control Systems), dividindo os sistemas complexos e centralizados com longas cablagens

em subsistemas mais simples e mais perto dos processos com interligação entre si através

de redes de comunicação digital orientadas para o ambiente industrial, conhecidas como

redes de campo (fieldbus) (ver fig 2.1) [2].

Figura 2.1 a: Estrutura tipo PCS; b: Estrutura do tipo DCS

A necessidade de transmitir informação digital entre equipamentos beneficiou

naturalmente da evolução dos computadores digitais e das redes informáticas, as quais

postas em prática desde há muito, quer através de comunicação paralela quer de

comunicação série.

Na indústria as redes de comunicação digital série começaram a desenvolver-se a par

dos autómatos programáveis, sensivelmente a partir de 1975. O primeiro caso relevante

terá sido lançado nessa fase inicial pela firma americana Cutler-Hammer com o nome

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Directrol. As redes Genius I/O da General Electric, Interbus-S da Phoenix e Sensoplex da

Turck surgiram entre 1985 e 1987 e ainda hoje são usadas, o mesmo acontecendo com a

rede Arcnet que viria a migrar das aplicações de escritório para o ambiente industrial [3].

2.2 As redes de campo em automação

Do mesmo modo que os controladores industriais derivaram dos microcontroladores

também as redes de automação ou redes industriais foram inspiradas nas já existentes redes

informáticas, tendo sido desenvolvidas para atender às especificidades próprias de um

ambiente industrial. As redes informáticas tendo sido desenhadas para a comunicação entre

computadores e para ambientes de escritórios e domésticos não dispunham das

características necessárias para serem diretamente aplicadas aos controladores industriais,

tais diferenças residiam principalmente nos tempos de comunicação, no determinismo, na

segurança, no controlo de erros e na robustez das cablagens a ambientes industriais

agressivos em termos físicos e em termos de radiação eletromagnética [4].

Tabela 2.1 Principais diferenças entre uma rede industrial e as redes comerciais [4]

Rede Industrial Rede Comercial

Função primária Controlo de equipamentos Transferência de informação

Aplicação Industrial e processos Empresarial e doméstico

Hierarquia Vários níveis Poucos níveis

Gravidade das falhas Elevada Baixa

Fiabilidade Elevada Moderada

Tempos de comunicação

250µs – 10ms >50ms

Determinismo Elevado Não necessário

Tipo de dados Pequenas e médias mensagens

Grandes mensagens

Ambiente Agressivo Limpo

Estas diferenças implicaram então a criação de estruturas físicas novas, protocolos

novos, interfaces de comunicação para os controladores assim como um conjunto de

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especificações e definições próprias para as comunicações digitais em automação, as

denominadas redes de campo.

As redes de campo encontram-se essencialmente divididas em três níveis:

• Redes de nível alto (supervisão) para a transmissão de grandes quantidades

de informação com tempos de resposta na ordem das centenas de ms;

• Redes de nível intermédio (controlo) para a interligação de controladores e

dispositivos com tempos de resposta na ordem das dezenas de ms;

• Redes de nível baixo (processo) para a interligação de sensores e transdutores

com tempos de resposta na ordem das dezenas de µs;

Uma rede de campo pode integrar um outro nível de rede mais baixo para funções de

segurança, esse nível implica tempos de resposta muito curtos e prioridade no

processamento e na utilização da rede.

No nível baixo devem ser redes que permitam diversos tipos de mensagens, tanto por

eventos como por atualizações periódicas, ainda com mensagens curtas e tempos de

transmissão baixos no caso de ser necessário um controlo em tempo real.

Ao nível intermédio são redes com velocidades médias que permitem a interligação

de controladores sendo utilizadas para transferência de dados e parâmetros.

No nível alto já se permite a agregação de dados e mensagens mais longas com

tempos de resposta nas centenas de milissegundos, este é o nível onde estão situados

normalmente os sistemas de supervisão para visualização e controlo de alto nível, o

controlo direto deve ser efetuado no nível intermédio.

Uma rede de nível alto pode ainda ser conectada a uma rede de empresa, por exemplo

uma rede Ethernet comercial, para controlos estatísticos e empresariais, funcionando na

ordem das centenas de milissegundos, em ambientes limpos e sem necessidades tão

exigentes. Por questões de segurança da rede de campo, esta conexão deve ser separada por

uma zona de proteção constituída por firewalls através da qual apenas passará informação

pré estabelecida, esta zona é usualmente designada por DMZ (Demilitarized Zone) [5].

Tal composição implica então a criação de vários tipos de redes, protocolos e

hardware para constituírem uma solução completa de ligação em rede.

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Tabela 2.2 Solução normalmente adotada para uma rede dentro de uma fábrica e

empresa operando em conjunto.

Empresa

Empresa Rede

Comercial Planeamento e Logística

DMZ (Demilitarized Zone) Proteção

Zona de Manufatura

Red

e de

Cam

po

Operações Nível Alto

Supervisão

Controlo Nível

Intermédio

Processo Nível Baixo

Zona de Segurança Segurança

2.3 Fabricantes e protocolos proprietários

A distinção por diversos níveis de rede e a diversidade de características relevantes

para cada um deles levou ao surgimento de diversos protocolos proprietários cada um

desenhado com a visão do fabricante para a implementação de uma rede mais eficaz para

os seus próprios produtos em cada um dos níveis.

Surgiram ainda diversas empresas novas com produtos e protocolos adaptados para

solucionarem problemas específicos, tal levou ao surgimento de inúmeros protocolos para

os mais diversos tipos de aplicações e níveis de rede mas na sua generalidade incompatíveis

entre si, tal acabou por criar indiretamente zonas de monopólio pois uma indústria ao

aplicar equipamentos de um determinado fabricante teria de utilizar as redes e protocolos

proprietários do mesmo fabricante, o mesmo se aplicando quando existisse a necessidade

de expansão da instalação.

Estas zonas de monopólio forçado pela incompatibilidade levaram, nas décadas de

1970/80, à procura por uma uniformização dos protocolos utilizados liderada pela ISA

(Instrumentation, Systems and Automation Society) e pela IEC (International

Electotechnical Commission).

Essa procura por uniformização embora não conseguindo um consenso geral

resultou, em 1978, na publicação de recomendações de normalização (recomended

standards) pela EIA (Electronic Industries Association) para a especificação de interfaces

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de comunicação série tais como as RS232, RS422 e RS485 e pela ISO (International

Standards Organization) do modelo OSI (Open Systems Interconnected) através da norma

ISO 7498 que especifica um modelo de camadas (layers) sobre as quais os protocolos de

comunicações devem ser desenvolvidos [3].

Apesar de alguns aspetos caminharem para a uniformização ainda existe um longo

caminho a percorrer em relação a protocolos de comunicação aplicáveis à generalidade dos

equipamentos, desde os controladores e sensores, aos ambientes e às exigências industriais.

No presente estão a ser desenvolvidas soluções com base no conceito de Ethernet Industrial

(Industrial Ethernet) que se apresentam como uma possível solução futura. Como por

exemplo o consórcio PROFINET liderado por empresas como a Siemens, ABB, Bosch e

Phoenix Contact.

2.4 Modelo OSI

O modelo é composto por sete camadas de referência em que em cada camada é

processado um aspeto específico da comunicação (a transmissão e receção de uma

mensagem completa). Cada camada processa os dados recebidos e encaminha a mensagem

para uma camada superior ou inferior, as três camadas mais baixas especificam o modelo

de rede e as camadas superiores o modelo de aplicação.

Tal modelo permite elaborar protocolos de comunicação de uma forma estruturada e

organizada, com funções específicas a cada nível, sendo ainda possível que protocolos

globalmente distintos possam ser constituídos por algumas camadas idênticas e serem

compatíveis a esse nível, por exemplo a primeira camada, a camada física que especifica o

meio físico para a transmissão, pode definir um tipo de cabo ou terminais passiveis de

serem utilizados por diversos protocolos diferentes, um exemplo disso é a rede DeviceNet

que utiliza uma camada de aplicação própria mas tem como base a rede CAN (Controller

Area Network) nas camadas mais baixas do modelo [3].

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Tabela 2.3 Camadas do modelo OSI

Modelo OSI

Camada PDU Função

7 Aplicação

Dados

API de alto nível, partilha de recursos, acesso remoto

a ficheiros e terminais virtuais.

6 Apresentação Transferência de dados entre a rede e a aplicação,

inclui encriptação e compressão de dados.

5 Sessão Gestão da comunicação entre dois nós, sincronização

e deteção de falhas.

4 Transporte TCP/UDP Controlo de transmissão, reconhecimento,

multiplexagem e controlo de congestionamentos.

3 Rede Pacotes Encaminhamento entre nós da mesma rede, controlo

de trafego, routing e endereçamento.

2 Ligação Tramas Métodos de acesso, composição de tramas.

1 Meio Físico Bits Transmissão e receção de bits através de meio físico.

O funcionamento de um protocolo de comunicações baseado no modelo OSI tem por

base a transmissão de pacotes de dados entre equipamentos que utilizem o mesmo

processamento em todas as camadas utilizadas do modelo. Nem todos os protocolos

necessitam utilizar todas as camadas do modelo, por questões de simplicidade ou

funcionalidade existem protocolos que apenas implementam duas ou três camadas do

modelo, sendo protocolos com menos funcionalidades e complexidade mas mais rápidos

de processar.

Como indicado no ponto 2.5.6 o tempo de processamento de uma mensagem pode

chegar a 94% do tempo total dessa mesma mensagem, assim sendo, para protocolos que

necessitem de troca de dados num curto espaço de tempo a capacidade de processamento

dos controladores e a simplicidade do protocolo são de elevada importância [6]. O

protocolo CAN é um exemplo disso, é um protocolo simples e eficiente concebido

inicialmente pela Bosch para a indústria automóvel, que de modo a cumprir as exigências

em termos de velocidade de processamento e fiabilidade para sistemas que incluem

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segurança, como os sistemas de travagem, apenas utiliza as camadas um e dois do modelo

OSI.

A transmissão dos dados segundo o modelo OSI é iniciada pelas camadas superiores

em que é agregada a informação a enviar em um pacote de dados chamado de protocol data

unit (PDU), este pacote contém toda a informação necessária, contém os dados (data),

cabeçalhos (headers) e fins de mensagem (trailers) próprios da camada que o está a enviar,

este pacote de dados PDU é então enviado para uma camada inferior onde é considerado

um pacote de dados chamado de service data unit (SDU), a este pacote de dados são então

adicionados os novos cabeçalhos e fins de mensagem da formando o PDU da camada que

o está a processar.

Exemplo: o PDU6 da camada 6 é o SDU6 a utilizar na camada 5, são-lhe adicionados

os cabeçalhos e fins de mensagem próprios da camada 5 e constitui-se o PDU5 da camada

5, o qual será novamente considerado o SDU5 utilizado na camada 4 e assim

sucessivamente até à camada 1.

Tabela 2.4 Progressão de dados ao longo das camadas do modelo OSI

Modelo OSI - SDU e PDU

Cabeçalho Dados Term. Camada

H7 Dados

7

H6 SDU 7 6

PDU 6

H5 SDU 6 5

PDU 5

H4 SDU 5 4

PDU 4

H3 SDU 4 3

PDU 3

H2 SDU 3 T2

2 PDU 2

H1 0101010101010101010101010101010101010101010101 1

Este modelo de constituição dos protocolos permitiu uma uniformização na forma

como são constituídos e no seu princípio de funcionamento mas não na forma de processar

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os dados, nas camadas a utilizar e no tipo de dados enviar, estas definições ficam ainda a

cargo de quem elabora os protocolos sendo também que diferentes industrias e ambientes

podem requerer diferentes particularidades nas suas redes existindo sempre protocolos

diferentes para as diversas áreas. O fato de não existir um protocolo que possa ser aplicado

na globalidade das aplicações implica sempre a necessidade de existir uma integração de

redes em automação.

2.5 Desempenho e características de uma rede de campo

A diversidade de protocolos existentes para redes de campo resulta por um lado da

necessidade que os fabricantes têm em garantir o melhor desempenho possível dos seus

equipamentos ligados em rede, de forma a oferecer ao cliente soluções robustas e fiáveis,

e por outro lado da necessidade de fidelizar os seus clientes de modo a que eles utilizem ao

máximo os seus produtos. Nesta secção são abordados alguns aspetos relacionados com o

desempenho e características típicas a ter em consideração na escolha das redes de campo.

2.5.1 Topologias

Existem tipicamente três topologias, barramento, anel e estrela, a primeira é

usualmente utilizada nas redes de campo e as outras nas redes de Ethernet Industrial.

A escolha da topologia prende-se essencialmente com três aspetos fundamentais, o

custo, a performance e a redundância ou fiabilidade [3] [5].

2.5.1.1 Barramento (bus)

Figura 2.2 Topologia em barramento

Em termos de topologia é usual nas redes de campo a topologia em barramento (bus),

tal configuração permite reduções de custos com cablagem. A sua simplicidade reduz

custos de engenharia, comissionamento e manutenção e é facilmente extensível, apresenta

também alguns contras como a dependência de um único meio físico de comunicação, o

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que pode causar uma falha de modo comum em toda a rede, existem limites quanto ao

comprimento e número de dispositivos presentes na rede e o aumento destes reduz a

eficiência da mesma.

2.5.1.2 Anel (ring)

Figura 2.3 Topologia em anel

A topologia em anel é uma configuração que pretende providenciar mais fiabilidade

e segurança que uma rede em barramento sem um grande aumento no custo, em caso de

rutura ou desconexão de um dos troços da rede a comunicação pode continuar a ser feita

por um outro troço ficando a rede em estrela.

A rede em anel é normalmente utilizada ao nível de sensor ou dispositivo e interligada

a uma rede de nível superior por meio de um switch.

2.5.1.3 Estrela (star)

Figura 2.4 Topologia em estrela

A topologia em estrela é composta por um equipamento central, neste caso um switch

ao qual estão ligados os restantes equipamentos, é a topologia que maior fiabilidade,

performance e redundância oferece mas a um custo mais elevado pois toda a cablagem é

duplicada, este tipo de rede pode facilmente recuperar de falhas múltiplas ao contrário das

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anteriores e possibilita um caminho mais direto de comunicação, no entanto está

dependente de um único equipamento central o qual pode originar uma falha em modo

comum para toda a rede.

2.5.2 Velocidade de transmissão

A velocidade de transmissão de uma rede é medida em bits/s e traduz a quantidade

de bits por unidade de tempo que podem ser transmitidos numa dada rede digital de dados.

A velocidade de transmissão especificada nos protocolos não é diretamente aplicável

ao cálculo do tempo de transmissão em uma rede em si pois existem outros fatores a ter em

conta como o tamanho da rede, o número de dispositivos, a velocidade do próprio meio

físico e interface utilizada e o tamanho da mensagem necessária pelo protocolo.

Tipicamente protocolos mais simples com eficiência maior necessitam de velocidades

menores para conseguirem o mesmo tempo de transmissão. Em contrapartida, os

protocolos mais simples são também os menos fiáveis e com maior taxa de bits ou tramas

erradas.

A título de exemplo, caso se pretenda efetuar a transmissão de uma mensagem com

receção de resposta, ambas com 20 bytes de tamanho a 11 bits/byte e separadores de 3.5

bits (ex.:MODBUS RTU), verifica-se que:

O número de bits a transmitir é dado por:

�����′ = ����� ×�����

���× ���� ��� + 2 ×

����

�� � ���

= 20 × 11 × 2 + 2 × 3.5 = 447��������� �� çã�

Considerando-se 10% de falhas na comunicação serão necessários 497 bits por

transação.

����� =�����′

!=

447

0.90= 497������� ������� �� çã�

Considerando um ritmo de transmissão de 9600 bits/s verifica-se que o tempo de

duração de cada bit é de:

#��� = 1

9600= 0.104%�

O que dará um tempo total de duração da transação de:

# = 0.104 × 10&' × 497 = 51.77%�

A este tempo de transação deve ainda ser adicionado o tempo de processamento da

mensagem nos próprios equipamentos, a possibilidade de ocorrência de colisões (depende

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do modo de acesso) e erros de mais alto nível (por ex: erros nas tramas ou na própria

mensagem, como comandos ou endereços inválidos).

2.5.3 Métodos de acesso à rede

O método de acesso à rede é especificado no protocolo em si e define as regras que

os dispositivos devem seguir para o envio de mensagens para a rede de modo a minimizar

a probabilidade de conflitos, a preferência por um ou outro método de acesso está

dependente do tipo de aplicação.

Master-Slave (mestre-escravo) é um método em que existe um dispositivo master

que tem permissão para enviar e receber mensagens, os dispositivos slaves apenas têm a

permissão para responder ao master, este método tem também a opção de broadcast em

que o master envia uma mensagem de escrita a todos os slaves, os mesmos não respondem

a um broadcast, é um exemplo de rede a utilizar entre um controlador e os seus periféricos.

Token-Passing (passagem de testemunho) é um método utilizado nas redes de nível

médio entre controladores com topologia em anel ou em barramento em que a permissão

de enviar mensagens é ciclicamente alternada entre dispositivos

Producer-Distributer-Consumer (produtor - distribuidor – utilizador) é um método

utilizado nas redes em barramento para controlo de máquinas em que o produtor efetua a

transmissão em multicast (um emissor e vários recetores) e os dispositivos que

necessitarem da informação, os consumidores, processam a mensagem, este método é o

utilizado por excelência quando existe a necessidade de muitos consumidores para poucos

produtores.

Existem ainda métodos de acesso espontâneo como o CSMA (Carrier Sense Multiple

Access) nas vertentes CD (Collision Detection) e BA (Bitwise Arbitration), em que

qualquer dispositivo pode aceder à rede caso não seja detetada atividade, na vertente CD o

emissor ao enviar uma mensagem continua a ler os dados presentes na redes e caso existam

discrepâncias é porque existiu um erro ou colisão, aguarda um intervalo de tempo aleatório

e volta a enviar, esta vertente é utilizada em rede maiores, em redes mais pequenas pode

ser utilizada a vertente BA em que a verificação da colisão é feita bit a bit, em caso de

colisão é dada prioridade ao bit zero o dispositivo que estiver a transmitir um zero tem

prioridade e continua e o dispositivo que estiver a transmitir o bit um termina a transmissão.

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2.5.4 Determinismo e largura de banda

Em termos de redes de campo o determinismo é a capacidade da rede enviar e receber

mensagens sistematicamente com um tempo de duração igual ou muito semelhante. Este

aspeto é crítico para aplicações que requerem atualizações periódicas em intervalos de

tempo pré-determinados, de modo a efetuar corretamente um controlo em cadeia fechada

ou obter leituras de uma variável analógica de forma sistemática. A forma como a rede está

estruturada fisicamente, o seu comprimento, a velocidade de transmissão e o método de

acesso à rede são aspetos importantes para o determinismo.

Um exemplo de uma rede não determinística é a Ethernet comercial que utiliza um

método espontâneo de acesso à rede (CSMA-CD), isto leva a que tanto a transmissão como

a receção de mensagens tenham tempos aleatórios. Caso existam múltiplos equipamentos

a aceder em simultâneo à rede não é garantida a troca de mensagens num tempo

determinado. Para redes onde o tempo de acesso e determinismo não sejam fatores críticos,

como ao nível da supervisão ou da rede local da empresa, a rede Ethernet comercial é

perfeitamente aceitável. Para a maioria das aplicações industriais que requerem redes de

campo ao nível dos controladores ou sensores a rede Ethernet comercial não é aconselhada.

O modelo de rede utilizado pela rede Ethernet utiliza atualmente switches dotados de

capacidade de encaminhamento, ou seja uma mensagem é apenas encaminhada para a rede

a que pertence e não para todas as outras, reduzindo ou mesmo eliminando o desperdício

de largura de banda. Outra otimização da rede Ethernet é a utilização de apenas um porto

de comunicação do switch para cada elemento de uma rede com tempos de transmissão

críticos, criando uma rede com apenas um elemento, o custo da rede aumenta mas é

compensado com uma largura de banda dedicada apenas para um equipamento e utilizando

a técnica de encaminhamento de mensagens por parte dos switches são então conseguidas

performances satisfatórias e o determinismo suficiente para muitas das aplicações

industriais [7].

2.5.5 Deteção de erros e diagnósticos

A deteção de erros na receção de uma mensagem pode ocorrer ao longo das diversas

camadas do modelo OSI dependendo do protocolo utilizado, por norma na primeira camada

existe logo deteção de erros ao nível da receção e identificação dos próprios bits

dependendo da interface utilizada. Na interface RS232 está definido que o sinal elétrico de

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um bit não pode permanecer mais de 4% do tempo de bit na zona de transição (-3 a +3 V)

para tempos de bit entre 25 ms e 125 µs ou reentrar na zona de transição após ter saído,

caso estas condições aconteçam o bit é considerado inválido.

Figura 2.5 Exemplo de erros na deteção de bits segundo a norma RS232

Após a correta receção da sequência de bits que formam um byte o protocolo pode

dispor de diversas ferramentas de diagnóstico e controlo de erros tais como condições de

receção de início e fim de mensagem (utilizando caracteres especiais, MODBUS ASCII,

ou por tempo máximo, MODBUS RTU), identificação da sequência correta de bytes

esperados, valor dos bytes correto, contadores para efeitos de diagnóstico, verificação de

tramas através de códigos (como os códigos CRC (cyclic redundancy check) ou LRC

(Longitudinal Redundancy Checking)), entre outros.

Após a identificação de um erro podem ser tomadas diversas ações como o envio de

uma resposta de erro, a recuperação dos dados da mensagem, ou a mensagem pode

simplesmente ser descartada, todas estas ações estão dependentes do protocolo utilizado.

2.5.6 Eficiência e performance dos protocolos

Eficiência de um protocolo é a quantidade de bytes necessários para enviar um pacote

de dados, normalmente medida pelo número máximo de bytes de dados a dividir pelo

tamanho total máximo de uma mensagem.

Como verificado anteriormente cada bit necessita de um determinado tempo de

transmissão e processamento, no exemplo do ponto 2.5.2 por cada byte de dados enviado

são necessários 11 bits, um protocolo que reduza 1 byte de controlo por cada mensagem

enviada (mensagem e resposta, ou seja 2 x 11 bits) reduz no mínimo 2.29 ms ao tempo

necessário para a transmissão da mesma mensagem.

#��(çã� = 2 × 11 × 0.104 = 2.29%�

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Em termos de performance devem ser tidos em conta alguns aspetos que influenciam

uma rede ao nível do protocolo utilizado [6]:

• Atrasos causados por software: Segundo Mohammad Asad da Buraq

Integrated Solutions em uma transmissão entre dois equipamentos ao longo

de 200 metros com um switch central no envio de 64 bytes foram medidos

330 µs de processamento nos equipamentos, 10 µs de atraso no switch e 11

µs para a transmissão em si, cerca de 94% do tempo necessário para a

comunicação foi em processamento e não em transmissão.

• Tempos reservados para protocolos de segurança e diagnóstico: Pelo

mesmo estudo de Mohammad Asad verificou-se que adicionando

diagnósticos por OPC (Open Platform Comunications) o tempo médio de

uma mensagem passou de 0,33 ms com um desvio padrão de 0,03 ms para

um tempo médio de 1,50 ms com um desvio padrão de 0,81 ms.

• Prós e contras de uma rede partilhada entre controlo e segurança: Uma

rede Ethernet Industrial com as devidas características de velocidade e

fiabilidade pode eventualmente ser utilizada também para as funções de

segurança através da constituição de redes virtuais com o intuito de redução

de custos mantendo a funcionalidade, sendo de acautelar eventuais falhas de

modo comum.

2.5.7 Segurança Intrínseca

Existem protocolos e redes especificamente adaptados para utilização em locais com

risco de explosão, tais como petrolíferas, tratamento de águas residuais ou indústrias

químicas, as quais utilizam equipamentos físicos específicos assim como níveis de tensão

e corrente apropriados, os quais regulados pelas normas IEC 61158-2 e IEC 60079-11.

Pela norma IEC 60079-27 é designado o modelo FISCO (Fieldbus Intrinsically Safe

Concept) [8] que permite a utilização de equipamentos em zonas com risco de explosão se

os mesmos cumprirem os requisitos da norma, tais como número máximo de equipamentos

n = 10, tensão e correntes máximas Vmax = 17.5 V (em falha) e Imax = 380 mA, entre

outros [9].

Dois exemplos de protocolos que podem implementar este modelo são o PROFIBUS

PA (rede de campo) e Foundation Fieldbus H1 (Ethernet Industrial).

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2.5.8 Segurança de dados

Existem três fatores principais a considerar em termos de segurança de dados:

• Integridade: Negação da possibilidade de alteração de dados por terceiros;

• Confidencialidade: Negação da possibilidade da recolha de dados por

terceiros;

• Disponibilidade: Prevenção contra ataques à disponibilidade da rede (Denial

of Service).

De modo a estabelecer-se uma segurança fiável em uma rede de automação é

necessário conhecer todos os equipamentos com acesso à mesma e não o permitir por

equipamentos não autorizados, para tal utilizam-se equipamentos e métodos de bloqueio e

proteção tais como firewalls, switches e antivírus.

A utilização de firewalls permite criar zonas de bloqueio a endereços não registados

na rede e os switches mais avançados, como os managed switches, dispõem de capacidades

de adicionar passwords, bloquear portos, filtrar endereços MAC (Medium Access Control)

e criar redes virtuais mais pequenas de acesso restrito [10].

2.6 Protocolos Série Profibus, Modbus e ASi

Dos protocolos existentes para redes de campo apresentam-se alguns dos atualmente

existentes, os quais serão os abordados diretamente nesta dissertação. Para maior detalhe

sobre cada um dos protocolos apresentados aconselha-se a consulta das respetivas normas

ou especificações.

2.6.1 PROFIBUS

O protocolo de comunicação PROFIBUS (Process Field Bus) [8] desenvolvido

originalmente como um protocolo proprietário tornou-se no projeto de investigação de um

conjunto de empresas e instituições liderado pela Siemens acabando por se formar a

PROFIBUS Nutzerorganisation passando então a ser um protocolo aberto, é um protocolo

de comunicação para aplicação em redes série industriais definido nas normas EN 50170,

IEC 61158 e IEC 61784, estando dividido em dois perfis, DP (Decentralized Peripherals)

para redes de nível médio e PA (Process Automation) para redes de nível baixo, assim

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como as variantes PROFIdrive para controlo de movimento e PROFIsafe para sistemas de

segurança, estes perfis derivam de um terceiro perfil denominado FMS (Fieldbus Message

Specification) entretanto já descontinuado.

O protocolo utiliza um método de acesso híbrido Master-Slave com passagem de

testemunho (Token Passing) possibilitando a existência de diversos masters em um só

barramento, permitindo até 32 equipamentos por segmento e um máximo de 126

equipamentos por rede.

A interface de acesso utilizada é a RS485 com codificação NRZ (No Return to Zero),

podendo ainda ser utilizada a RS485-IS (Intrinsically Safe) para zonas com riscos de

explosão.

Os meios físicos utilizados são o par entrançado de condutores com blindagem e a

fibra ótica, podendo utilizar ritmos de transmissão de 9,6 kBits/s até 12 MBits/s.

Tabela 2.5 Composição do protocolo PROFIBUS

Perfil de

aplicação PROFIsafe PROFIdrive Encoders

Sistemas de

Ident. Outros

Tecnologia

de

comunicação

PROFBUS DP (DP-V0, -V1, -V2)

Tecnologia

de

transmissão

Cableado

RS485

RS485-IS

Fibra Ótica Wireless

2.6.1.1 PROFIBUS FMS (Fieldbus Message Specification)

O perfil FMS usualmente referido na literatura como o terceiro perfil de PROFIBUS

foi uma das primeiras versões criadas para utilização em redes de alto nível, entre PLC’s e

a supervisão ou servidores, utilizando mensagens de grandes dimensões e uma

comunicação não determinística típica de uma rede de alto nível, este protocolo ainda é

utilizado atualmente devido ao número significativo de equipamentos já instalados mas

devido às suas características complexas e sobreposição com as redes do tipo Ethernet está

atualmente a ser substituído pela mais recente PROFINET.

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2.6.1.2 PROFIBUS DP (Decentralized Peripherals)

O perfil DP é considerado o perfil base do protocolo PROFIBUS, os restantes perfis

e variantes são designados como perfis de aplicação para utilizações específicas que têm

como referência o perfil DP com modificações ao mesmo, como por exemplo formatos de

dados diferentes, método de acesso à rede ou interfaces de acesso ao meio físico.

O protocolo PROFIBUS-DP foi criado a partir do FMS como uma versão

simplificada, mais eficiente e com comunicação determinística para utilização em redes de

nível médio. O perfil DP tem três níveis de performance DP-V0, DP-V1 e DP-V2, o nível

V0 é o nível base e permite a comunicação periódica e alguns diagnósticos, os outros níveis

acrescem serviços ao nível zero mas tornam o protocolo mais complexo com tempos de

comunicação superiores, ao nível V1 é acrescentada a possibilidade de comunicação

aperiódica, parametrizações e alarmes, ao nível V2 são acrescentados serviços ainda mais

específicos como a sincronização e marcações temporais, o nível de performance DP-V1 é

o nível mais utilizado.

Figura 2.6 Níveis de performance em PROFIBUS DP

2.6.1.3 PROFIBUS PA (Process Automation)

O perfil PA é como o nome indica utilizado na automatização de processos, ou seja,

entre o controlador e os atuadores/sensores, este tipo de rede PROFIBUS utiliza como base

o perfil DP com alterações no meio físico e interface para utilização de correntes e tensões

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mais baixas, sendo caracterizado por ser uma rede intrinsecamente segura e pela

alimentação de energia pelo cabo de rede, o perfil PA foi desenhado especificamente para

este uso contendo em cada mensagem não só o valor dos dados mas também informação

de controlo normalizada para os diversos dispositivos regularmente utilizados a este nível

de rede, como por exemplo o FCS (Frame Checking Sequence), para além desta

funcionalidade na mais recente versão V3.02 a implementação do protocolo é compatível

com as versões anteriores, permitindo a utilização de equipamentos novos em redes

existentes.

2.6.2 Modbus

O protocolo MODBUS [11] é um protocolo Master-Slave com implementação numa

rede série, as interfaces com os meios físicos são tipicamente RS232 ou RS485, com

algumas variantes nas ligações físicas como a utilização de 2 ou 4 condutores, o protocolo

permite a comunicação entre um master e até 247 slaves com dois tipos de mensagens, em

unicast, mensagem do master para um slave, ou broadcast, mensagem de escrita do master

para todos os slaves.

Em relação aos modos de transmissão o protocolo pode utilizar os modos RTU

(Remote Terminal Unit) ou ASCII (American Standard Code for Information Interchange),

no modo RTU a deteção de mensagens é feita por tempos, entre caracteres 1,5 vezes o

tempo de um caracter e entre mensagens 3,5 vezes, no modo ASCII são utilizados

caracteres especiais para deteção de início e fim de mensagens, o modo RTU é mais

eficiente necessitando de menos bits de controlo.

Segundo o modo RTU por cada byte de dados são enviados 8 bits de dados, 1 start

bit, 1 bit de paridade e 1 stop bit, ou 2 stop bits no caso de não ser utilizado o bit de paridade.

O controlo de erros no modo RTU é efetuado por CRC e em modo ASCII por LRC.

Figura 2.7 Trama MODBUS segundo o modo RTU

O protocolo de comunicação MODBUS é um protocolo aberto desenvolvido de

acordo com as camadas 7, 2 e 1 do modelo OSI. A documentação do protocolo encontra-

se dividida em duas partes principais:

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• Especificação do protocolo de aplicação MODBUS, na camada 7;

• Especificação da implementação do protocolo numa rede série, nas camadas 1 e 2.

Nestes dois documentos são especificados quais os requisitos que o protocolo tem de

cumprir e quais os que deve cumprir (não obrigatório). Para a integração das redes

propostas nesta dissertação será necessário programar o protocolo MODBUS em si mesmo

no autómato S7-200 de modo a cumprir os requisitos obrigatórios. Os requisitos não

obrigatórios são através deste modo cumpridos apenas parcialmente. A implementação

deste protocolo no autómato S7-200 encontra-se descrita no capítulo 3.

2.6.3 AS-i

O protocolo ASi (Actuator Sensor Interface) [3] é também um protocolo Master-

Slave com implementação numa rede série utilizando um meio físico específico. O cabo

utilizado é composto por um par de condutores não torçados e sem blindagem, pode ainda

ser utilizado um segundo cabo para alimentação dos equipamentos a 24 VDC ou 230 VAC.

O sinal transmitido na rede utiliza a codificação manchester diferencial modulado

por APM (Alternate Pulse Modulation), este tipo de modulação providencia uma boa

imunidade a perturbações permitindo a utilização do cabo não torçado e sem blindagem.

O acesso dos equipamentos ao meio físico é feito por punção do isolamento à alma

condutora, sendo efetuado pelo próprio equipamento ou pela utilização de repetidores, estes

podem ser ativos para conexão de atuadores e sensores passivos, ou passivos para conexão

de equipamentos ativos.

Figura 2.8 Exemplo de rede ASi

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2.7 Interfaces Físicas

As interfaces físicas mais comuns em ambiente industrial são as Recommended

Standard RS232 e RS485 publicadas pela EIA-TIA, em que são especificadas as

características das ligações físicas entre os equipamentos e o meio físico de transmissão,

assim como a correspondência entre os sinais elétricos e os níveis lógicos do sinal.

Figura 2.9 Ligações físicas entre emissor e recetor segundo a norma RS232C [3]

Em relação a níveis lógicos a norma RS232 utiliza dois níveis de tensão, entre -3 e -

15 V para o nível lógico “1” e de +3 a +15 V para o nível lógico “0” e permite ritmos de

transmissão até 20000 bits/s, sendo os mais usuais 9600 e 19200 bits/s, sendo utilizada para

comunicação ponto a ponto entre dois equipamentos.

A norma RS485 por sua vez utiliza um sinal diferencial com os níveis de tensão entre

-1.5 e -6 V para o nível lógico “0” e de +1.5 a +6 V para o nível lógico “1”, permite ritmos

de transmissão até 35 Mbits/s e pode ser utilizada para redes de 32 nós.

Figura 2.10 Exemplo de sequências de bits

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2.8 Meios Físicos UTP, STP e Fibra Ótica

2.8.1 U/UTP

Em relação a meios físicos para a transmissão de sinais são usualmente utilizados

condutores de cobre em pares entrelaçados sem blindagem, designados por cabos U/UTP

(Unshielded Twisted Pair) (antigo UTP), os quais são constituídos por quatro pares de

condutores de cobre isolados a policloreto de vinil para a propagação do sinal em tensão,

sendo o entrelaçamento utilizado para mitigar a influência de perturbações por acoplamento

indutivo (criando forças eletromagnéticas induzidas de sentidos contrários) provenientes

dos circuitos de potência (p) figura 2.11 [12], é um cabo pouco dispendioso e regularmente

utilizado para distâncias até 100 m.

Figura 2.11 Exemplo de cabo de par torçado sem blindagem

Estes cabos são especificados pelas normas EN50288-4-1, EN50288-5-1 e EN50288-

6-1 para cabos sólidos e as EN50288-x-2 para cabos flexíveis, sendo atualmente utilizados

os cabos de categoria 6, 6a, 7 e 7a [13] com larguras de banda de 250 MHz a 1000 MHz

utilizados para redes Ethernet até 10 Gigabit/s (10GBASE-T Ethernet) estando

presentemente em desenvolvimento cabos de categoria 8 com larguras de banda até 2000

MHz para redes até 40 Gigabit/s.

2.8.2 S/FTP

No caso de existirem perturbações significativas por acoplamento capacitivo, pela

presença de dispositivos que produzam campos elétricos variáveis de tensão elevada na

proximidade do circuito de sinal, por exemplo circuitos de comutação, podem se utilizar

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cabos blindados S/FTP (Shielded / Foiled Twisted Pair) (antigo STP), os quais são cabos

U/UTP com uma bainha metálica (malha de alumínio) em torno de todos os pares e

blindagem individual a cada par (fita de alumínio). Ao ser utilizada a bainha metálica é

estabelecido um circuito fechado entre a bainha e a massa pelo qual serão encaminhadas as

correntes perturbadoras, neste tipo de cabos é importante efetuar a ligação à massa apenas

em uma das extremidades da bainha de modo a não criar um efeito de massas distintas [12].

Figura 2.12 Exemplo de cabo de par torçado com blindagem

Figura 2.13 Comparação entre cabos U/UTP e S/FTP

2.8.3 Fibra Ótica

O cabo de fibra ótica é composto por um ou mais filamentos flexíveis de vidro ou

plástico extrudido protegidos por um isolamento de polímero de acrilato com baixo nível

de refração e uma bainha exterior para proteção mecânica, o tipo e número de bainhas pode

variar consoante a aplicação.

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Existem dois tipos de cabos de fibra ótica SMF (Single Mode Fiber) e MMF (Multi

Mode Fiber), os cabos MMF têm um filamento mais largo, permitem mais do que um modo

de propagação e são menos dispendiosos de produzir. No entanto têm uma dispersão de luz

superior ao cabo SMF o que limita a sua utilização a distâncias mais curtas, normalmente

utilizados até 2 kms, o cabo SMF é normalmente utilizado para distâncias mais longas com

a possibilidade de atingir ritmos de transmissão de 10 GBit/s a mais de 100 kms [14].

A utilização de um feixe de luz em detrimento de um sinal em tensão para a

transmissão de informação proporciona ao cabo de fibra ótica imunidade a perturbações do

tipo elétrico como as EMI (Electromagnetic Interference) ou RFI (Radio Frequency

Interference).

2.9 Integração de redes

Como referido anteriormente, a integração de redes de comunicação no domínio da

automação não aparenta ter solução fácil dada a incompatibilidade direta entre

equipamentos de diferentes fabricantes. Mesmo encontrando uma rede aberta que permita

uniformizar a maioria das novas soluções existe já uma situação atual com equipamento

instalado e investimentos feitos de tal modo que não seria possível retirar simplesmente

todo o equipamento existente e investir em equipamento novo. Assim, a situação atual de

equipamentos com protocolos diferentes exige a compatibilização e integração de redes de

uma forma menos dispendiosa, mesmo não sendo esta a solução ideal.

Esta integração de redes requer muitas vezes a utilização de equipamentos de

compatibilização entre redes, as chamadas gateways, módulos de comunicação específicos

para cada protocolo ou mesmo com recurso à utilização dos próprios controladores para

servirem de gateways e converterem os dados de uma rede para outra.

A necessidade de compatibilização das redes, a própria conversão de mensagens e

reencaminhamento são operações que consomem tempo e recursos resultando em tempos

de execução mais longos, maior probabilidade de erros e quando feito nos próprios

controladores utilizará os recursos dos mesmos tais como memória e capacidade de

processamento que em vez de serem utilizados para o controlo do processo como deviam

serão utilizados para a compatibilização das redes. No caso em que o protocolo é suportado

pelos controladores, como acontece com os protocolos proprietários, os próprios módulos

de comunicação dispõem de processadores de comunicações e recursos próprios para

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gerirem o tráfego da rede, libertando assim o controlador do processo dessa tarefa,

conseguindo desta forma performances superiores nas redes.

Esta necessidade da integração das redes de campo levou à criação de grupos de

trabalho, constituídos por técnicos e engenheiros do ramo da automação industrial, que

acabariam por formar uma nova categoria profissional de integradores de sistemas.

Fundada em 1994 a CSIA (Control System Integrators Association) é uma associação que

reúne profissionais e empresas dedicadas à integração de sistemas de automação com o

objetivo de melhorar e harmonizar a integração de sistemas com a publicação de

recomendações, guias de boas práticas e emitindo certificações aos seus membros

qualificados [15].

2.10 Protocolos abertos

Dada a existência de inúmeros equipamentos e protocolos proprietários, aliada ao

investimento elevado em redes de automação e ao tempo de vida útil longo das mesmas

tem levado gradualmente os clientes a procurarem sistemas de automação compatíveis com

protocolos abertos que permitam algum nível de liberdade para futuras aquisições de

equipamentos de diferentes fabricantes e expansões das próprias redes.

O desenvolvimento de protocolos abertos permitiu ainda o surgimento de pequenas

empresas de fabrico de equipamentos como sensores e atuadores compatíveis com os

mesmos assim como a partilha do conhecimento do protocolo em si reduziu os custos de

desenvolvimento dos mesmos e aumentou a fiabilidade e estabilidade.

Naturalmente que com a evolução dos protocolos abertos no mercado tem-se

presenciado um declínio gradual dos protocolos proprietários e os seus fabricantes

incentivados a disponibilizar e a elevar os mesmos a norma com o apoio das entidades

responsáveis como a IEC e a ISA.

A IEC com base nas redes PROFIBUS e FIP (Factory Instrumentation Protocol) e

com o intuito de proporcionar meios normalizados para interligação de componentes nas

redes de campo, utilizando o modelo de referência OSI publicou as normas IEC 61158 e

IEC 61784 de modo a uniformizar o desenvolvimento de protocolos, a norma IEC 61158

foi então publicada em oito documentos com especificações e definições segundo as quais

as redes de campo devam ser desenvolvidas:

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• IEC DIS 61158-1 – Introductory Guide

• IEC DIS 61158-2 – Physical Layer Specification

• IEC DIS 61158-3 – Data Link Service Definition

• IEC DIS 61158-4 – Data Link Protocol Specification

• IEC DIS 61158-5 – Application Service Definition

• IEC DIS 61158-6 – Application Protocol Definition

• IEC DIS 61158-7 – Fieldbus Management

• IEC DIS 61158-8 – Conformance Testing

Recentemente o desenvolvimento das redes de campo tem-se centrado na

investigação e desenvolvimento da rede Ethernet comercial para aplicações industriais,

designada de Industrial Ethernet, com o intuito de a tornar viável como rede de campo

reduzindo assim o número de redes necessárias/disponíveis, promovendo uma maior

compatibilidade e facilidade de instalação, manutenção e operação das redes.

Ainda persistem alguns aspetos a melhorar no desempenho de uma rede de Ethernet

industrial tal como o seu determinismo e a velocidade de transmissão, especialmente para

redes com necessidades mais exigentes, tais como redes de segurança [4].

2.11 Industrial Ethernet

Os protocolos de Ethernet industrial têm como base o protocolo Ethernet TCP/IP

utilizando no entanto uma camada de ligação (camada 2) do modelo OSI distinta, o que

permite aumentar o seu determinismo e baixar a sua latência (intervalo de tempo entre o

estímulo da rede e a resposta).

Em termos de hardware a principal diferença entre uma rede Industrial Ethernet e a

rede Ethernet TCP/IP é a utilização de hardware específico para o ambiente industrial,

desde cablagem, conectores e a utilização de fontes de alimentação redundantes de modo a

providenciar um meio físico robusto e fiável.

Em termos de software os protocolos para Ethernet industrial são desenvolvidos para

acomodar serviços como o controlo multicast, qualidade de serviço e redes virtuais que

permitam à rede a transmissão de dados de forma rápida e consistente, tais requisitos

provêm da diferença entre o tipo de comunicação utilizado numa rede Ethernet comercial

e industrial. Numa rede industrial a comunicação é tipicamente multicast necessitando de

comunicações rápidas e determinísticas para aplicações de controlo em tempo real [7]. As

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redes Industrial Ethernet atuais têm velocidades na ordem dos Gigabits/s, capacidade de

full-duplex (envio e receção de mensagens em simultâneo), priorização e redes virtuais [4].

Uma rede Industrial Ethernet não é diretamente compatível com a rede Internet mas

podem ser compatibilizadas com equipamento apropriado aumentando ainda mais a

funcionalidade da rede Industrial Ethernet com a ligação a equipamentos e redes

informáticas de alto nível em pontos geográficos distantes e dispersos para aplicações de

gestão e recolha de dados.

A figura seguinte ilustra um exemplo de uma rede Industrial Ethernet adotada pela

empresa Siemens.

Figura 2.14 Exemplo de rede Industrial Ethernet (Siemens)

2.11.1 Serviços adicionais

Com a utilização de protocolos de Ethernet industrial torna-se possível fazer uso de

serviços de mais alto nível provenientes da rede Ethernet que não estão disponíveis nas

redes de campo tais como o XML (Extensible Markup Language), HTTP (Hypertext

Transfer Protocol) e FTP (File Transfer Protocol).

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XML é uma forma restrita de SGML (Standard Generalized Markup Language) que

descreve uma classe de objetos chamados documentos XML, este tipo de ficheiros podem

ser escritos ou lidos pela Ethernet proporcionando um ficheiro de interface entre os

equipamentos e os utilizadores para operações de configuração ou manutenção.

Para uma descrição mais detalhada sobre as compatibilidades, diferenças e serviços

providenciados por uma rede de Ethernet industrial recomenda-se por exemplo a consulta

da referência bibliográfica [16].

2.11.2 Desenvolvimento futuro

A compatibilidade entre as redes de campo e as redes informáticas permite

progressivamente introduzir novos conceitos de otimização da produção que certamente se

instalarão na indústria. Tais como o conceito de megadados (Big Data) facultando a

capacidade de análise de tendências e estatísticas que permitem a indústria utilizar o

conceito de produção “just in time” e de logística “smart logistics”, conceitos chave na

redução de matérias-primas e custos de armazenamento.

A agilização e compatibilização do processo industrial e produtivo impulsiona

também a aproximação do cliente à indústria permitindo a customização dos seus produtos

mais rapidamente e com menores custos, a era digital da indústria é atualmente apelidada

da próxima revolução industrial como Industrie 4.0 [17].

Esta revolução é acompanhada não só pelo desenvolvimento tecnológico em redes

de informação mas também pela eletrónica (micro e nano eletrónica), informática e

desenvolvimento de sensores e atuadores, introduzindo cada vez mais capacidades de

processamento e atuação nos próprios equipamentos como a capacidade de efetuar auto

diagnósticos, correção de erros, calibração e comunicações de mais alto nível desde os

próprios sensores e atuadores, estes desenvolvimentos levam ao conceito de Internet of

Everything, no entanto com esta agregação e chegada das redes de alto nível cada vez a

mais equipamentos e a níveis mais baixos surgem questões de segurança nas redes de

informação, nomeadamente em relação à possível espionagem industrial ou mesmo a

ataques informáticos contra as próprias fábricas como os ataques para negação de serviço

(denial of service) [18].

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2.12 Protocolos Industrial Ethernet

Apresentam-se de forma resumida alguns dos protocolos Industrial Ethernet e suas

principais características [18]:

2.12.1 PROFINET

Um dos protocolos Industrial Ethernet mais utilizados na Europa é o protocolo

PROFINET. O protocolo é dividido em duas vertentes, PROFINET CBA (Component

Based Automation) e PROFINET I/O (Input/Output).

O PROFINET CBA é utilizado ao nível mais alto, idêntico aos níveis intermédio e

alto da Industrial Ethernet, para redes de equipamentos via TCP/IP. O PROFINET I/O é

utilizado ao nível baixo da Industrial Ethernet, para redes entre controladores e dispositivos

utilizando o método de acesso produtor/consumidor. Uma rede PROFINET I/O pode ser

integrada em uma rede PROFINET CBA.

2.12.2 Foundation Fieldbus

É um protocolo desenvolvido pela Fieldbus Foundation dividido em dois níveis:

• H2: protocolo de alto nível a velocidades elevadas (2 Mbps) para interligação

de redes H1.

• H1: protocolo para interligação de sensores e controladores, para sinais

discretos ou analógicos, a baixas velocidades (31.25 Kbps);

Nota: o nível H2 original tem sido substituído pelo HSE (High Speed Ethernet) com

velocidades de 10 Mbps e superiores, no entanto mantendo a designação de H2.

2.12.3 EtherCAT

É um protocolo com o intuito de estabelecer comunicações em tempo real baseadas

em Ethernet conseguindo ainda estabelecer compatibilidade de um grande número de

dispositivos desde controladores a sensores. O protocolo é compatível com TCP/IP e UDP

da rede Ethernet comercial facilitando a compatibilidade e tornando a rede mais simples.

É o protocolo utilizado pelo fabricante de componentes de automação OMRON.

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2.12.4 MODBUS TCP

O protocolo desenvolvido pela Schneider é uma extensão do protocolo MODBUS

com a adição de empacotamento TCP, o protocolo MODBUS TCP é uma forma simples

de compatibilizar um protocolo original de uma rede de campo para uma rede Ethernet o

que introduz alguma familiaridade e facilidade em compatibilizar equipamentos antigos,

sendo que existem algumas limitações em termos técnicos pois mantém as propriedades da

Ethernet comercial, como o determinismo ou a dificuldade em garantir a comunicação em

tempo real com tempos inferiores ao milissegundo.

O protocolo MODBUS TCP ao ser um protocolo aberto pode ser desenvolvido ou

utilizado por qualquer pessoa sem restrições de licenciamento. Dadas as suas características

pode ser utilizado por fabricantes independentes para aplicação nos seus equipamentos

permitindo a ligação dos mesmos a uma rede Ethernet comercial para a transmissão de

mensagens com a estrutura do protocolo MODBUS original.

2.13 Tecnologia Wireless

Atualmente o desenvolvimento das redes de automação expandiu-se também para

soluções com tecnologia wireless e para a sua possível aplicação em ambientes industriais

com as exigências de uma rede de automação tal como aconteceu com as redes de Ethernet

industrial, as redes wireless são uma evolução natural destas e também utilizam normas,

tecnologias e equipamentos já existentes.

A tecnologia de comunicação wireless aplicada a redes de automação trás algumas

vantagens como a diminuição de cablagem, a utilização em equipamentos móveis, ausência

de cablagem em ambientes agressivos, facilidade na reconfiguração da rede, entre outros,

mas também conta com algumas desvantagens como a suscetibilidade a interferências, falta

de comunicação em tempo real e determinismo, sobreposição e limites das redes wireless,

comunicação apenas em half-duplex e necessidade de mais informação de cabeçalho para

uma mesma mensagem, reduzindo a eficiência do protocolo [4].

Em termos de segurança de dados as redes wireless também constituem uma

dificuldade adicional, ao difundir a informação por um meio acessível e não contido, o ar,

têm de ser aplicadas algumas medidas adicionais de segurança para garantir a

confidencialidade dos dados tais como a utilização de chaves de encriptação, que aumentam

o tempo de processamento e a dificuldade em conseguir um protocolo simples e rápido o

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suficiente para garantir comunicações em tempo real, especialmente importantes em sinais

de controlo em cadeia fechada, e a restrição da potência dos sinais de transmissão ao apenas

estritamente necessário para limitar o acesso aos dados apenas a equipamentos próximos

mas tal restrição pode causar o efeito de equipamento escondido, em que dois equipamentos

que não estão visíveis um para o outro tentam comunicar em simultâneo com um terceiro

visível aos dois, tal acontece porque não é detetada atividade na rede wireless com a regra

de acesso CSMA.

Uma outra dificuldade na tecnologia wireless é a garantia da integridade dos dados

pois a informação ao ser difundida pelo ar está sujeita a muitas interferências assim como

as próprias antenas dos recetores estão sujeitas a perturbações por acoplamento indutivo e

capacitivo, em especial num ambiente industrial em que existem muitos equipamentos com

comutações a alta frequência como os variadores de frequência e campos magnéticos

elevados pela utilização de correntes elevadas, como as soldaduras por exemplo.

A banda de frequências normalmente utilizadas para comunicações wireless de curto

alcance é a 2.4 GHz ISM (Industrial Scientific and Medical) que por ser uma banda de

frequência de utilização livre tem cada vez mais equipamentos a serem utilizados na

mesma, num ambiente industrial é necessário ter em consideração o número de

equipamentos emissores nesta banda de modo a que os mesmos não criem zonas de

interferência ao emitirem na mesma frequência.

Uma das tecnologias wireless a serem desenvolvidas é a de Bluetooth para aplicações

industriais, nomeadamente ao nível de sensores, esta tecnologia utiliza sinais a curta

distância, de pequena potência, com modo de acesso Master-Slave e utilizando saltos em

frequência (frequency hoping) para minimizar o efeito das colisões de mensagens, estando

ainda a ser desenvolvidos protocolos específicos para minimizarem os tempos de

processamento sem comprometer a segurança dos dados.

A par da tecnologia Bluetooth está a ser desenvolvida a ZigBee também para

comunicações a curto alcance mas que não necessitem de transmissões frequentes, é uma

tecnologia destinada ao nível de sensores e atuadores com um protocolo simples e eficiente

com a mesma filosofia da rede CAN para as redes de campo.

Existem atualmente três protocolos wireless para utilização em redes de campo de

baixo nível, ISA 100.11a, WirelessHART e WIA-PA (Wireless Networks for Industrial

Automation – Process Automation) especificados nas normas IEC 62734, IEC 62591 e IEC

62601 [4].

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2.14 Industrial IoT e Industry 4.0

Em 2006 o Governo Alemão publicou a sua estratégia de investimento em tecnologia

no documento “High Tech Strategy” onde, com a colaboração de universidades, empresas

e associações industriais, sublinhou a sua intenção de investimento em investigação e

desenvolvimento no mercado tecnológico tendo sido posteriormente em 2010 atualizado

como “High Tech Strategy 2020” onde foram incluídos temas como a energia, mobilidade,

clima, comunicações e segurança, o termo Industrie 4.0 (em inglês Industry 4.0) fazendo

parte integrante dessa estratégia foi então apresentado em 2011 na Hannover Messe como

sendo a quarta revolução industrial.

Industrie 4.0 é um dos projetos do “High Tech Strategy 2020 Action Plan” que

envolve aplicar tecnologia de ponta ao tecido industrial nomeadamente a Ethernet

Industrial, a Internet, Cloud computing e o novo conceito de Industrial IoT (Industrial

Internet of Things), de modo satisfazer as exigências do consumidor moderno com produtos

customizados a baixo custo, a aumentar a eficiência, a competitividade e combater a

migração da produção para os países com mão-de-obra mais barata [17].

Este conceito contempla a criação de uma indústria digital “inteligente” que através

das redes de informação providencie uma ligação direta entre o consumidor e o produto

final, é um termo que representa a transição industrial dos atuais sistemas embebidos para

os futuros sistemas ciber-físicos, serão as próprias fábricas a interagir com o consumidor,

com as equipas de manutenção e com a gestão da empresa, providenciando serviços mais

rápidos, mais eficientes e decisões mais informadas.

O projeto baseia-se em quatro estágios de evolução,

Figura 2.15 Evolução dos sistemas embebidos [19]

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Estado da Arte

41

2.14.1 Sistemas Embebidos

Na base da criação dos sistemas ciber-físicos estão os sistemas embebidos, nos quais

são utilizados processadores e microcontroladores que permitem a um equipamento

processar informação digital, tais sistemas têm evoluído em capacidade de processamento

e em diminuição de tamanho e consumos, o que permite adicionar a capacidade de

processamento a equipamentos cada vez mais pequenos e com maiores performances, os

controladores lógicos programáveis são um exemplo da utilização de sistemas embebidos

em automação industrial e mais recentemente devido às evoluções descritas estão a ser

desenvolvidos sensores e atuadores com capacidades de processamento próprio, dotando-

os de capacidades como auto diagnósticos, auto calibração e correção de erros.

2.14.2 Sistemas Embebidos em Rede

A automação industrial atual consiste já em sistemas embebidos em rede, a qual

permite não só a execução de uma tarefa, como um sistema independente, mas a execução

de tarefas combinadas entre vários equipamentos com capacidade de processamento.

2.14.3 Sistemas Ciber-Físicos

Os sistemas ciber-físicos são o próximo passo evolutivo e representam a junção dos

sistemas físicos, os sistemas embebidos em rede, e o mundo virtual da Internet, das redes

de dados e serviços. Estes sistemas com capacidades de processamento de software cada

vez mais evoluído, com acesso a redes digitais e futuramente com capacidades de

inteligência artificial serão a base para Industrial IoT.

Os sistemas ciber-físicos serão capazes de controlar um processo físico, como uma

cadeia de produção, em cadeia fechada através de uma rede de informação digital.

2.14.4 Smart Factory

O conceito de Smart Factory é o último estágio de evolução da Industry 4.0 em que

é estabelecida a interação entre os diversos sistemas ciber-físicos da própria fábrica, o

processo produtivo, com a rede de informação de gestão, o processo de negócio,

administração e comércio.

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Estado da Arte

42

Os sistemas integrantes do processo produtivo comunicam diretamente com o

software de gestão informando os intervenientes humanos tais como gestores, logística,

manutenção e os próprios clientes para a tomada de decisões informadas em tempo real.

A evolução da automação industrial para as smart factories não está independente

apenas fará parte de um leque alargado de ciber-sistemas com a Internet of Things, Data

and Services, as smart cities, smart grids e smart mobility entre outros, criando um mundo

novo onde os sistemas físicos e virtuais são parte integrante do dia-a-dia de todos.

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Capítulo 3

Rede integrada

Resumo: No presente capítulo são apresentados os equipamentos e redes

existentes, nomeadamente as suas características, configurações e

parametrizações. Sendo posteriormente apresentada a rede integrada, a

solução adotada, por ramos onde são exploradas as ligações entre

autómatos e a programação necessária nos mesmos.

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Rede Integrada

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Rede Integrada

45

3.1 Introdução

Como referido no capítulo anterior um dos grandes projetos de desenvolvimento

futuro das redes de automação constantes do conceito Industry 4.0 passa pela integração

das redes de campo e dos próprios equipamentos utilizados em automação nas redes de

informação tais como a Ethernet e Internet.

Em termos conceptuais tal passo evolutivo torna-se viável com a modernização

e atualização dos equipamentos com maiores capacidades de comunicações e de

processamento, no entanto em termos reais este processo não é assim tão simples pela

existência de toda uma infraestrutura já instalada a qual muitas vezes não só contém

redes incompatíveis e/ou proprietárias, equipamentos desatualizados sem as

capacidades necessárias e sem possibilidade de as acrescentar assim como a limitação

de recursos financeiros que impede a atualização integral de uma rede existente.

Num ambiente industrial real no qual é necessário utilizar equipamentos

previamente instalados, não se está muitas vezes perante uma situação em que seja

possível resolver o problema de uma forma ideal mas sim perante uma situação que

obriga à estruturação de uma solução de engenharia que permita ultrapassar os

obstáculos presentes alcançando os objetivos pretendidos, essa solução passa pela

integração de sistemas.

A integração de sistemas e redes de automação permitirá disponibilizar os

recursos de certos equipamentos a outros que originalmente não os teriam ou que não

seriam compatíveis.

Simulando um ambiente industrial real serão utilizados os equipamentos

previamente instalados no laboratório de automação e robótica e no laboratório de

pneumática com a configuração de redes já existentes sem alterar a sua disposição ou

características físicas.

3.2 Equipamentos e redes existentes

Nesta secção apresentam-se os equipamentos e redes de automação existentes

bem como os protocolos de comunicação utilizados nos laboratórios de automação e de

pneumática.

Os equipamentos existentes nos laboratórios permitem a utilização separada de

quatro protocolos de comunicação distintos. Alguns destes equipamentos são

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46

provenientes de diversos fabricantes e quer pela sua natureza construtiva, quer por

questões de concorrência, não utilizam os mesmos protocolos de comunicação.

Os equipamentos constituintes das redes existentes e os protocolos utilizados são

os indicados na tabela seguinte:

Tabela 3.1 Equipamentos, redes e protocolos existentes

Equipamentos Protocolo Rede Local

PC MODBUS TCP Ethernet Campus

TSX57-302 MODBUS RTU Campo Lab. Pneumática

TSX57-103 MODBUS RTU Campo Lab. Automação

S7-200, S7-300, Micromaster, DP/AS-i Link

PROFIBUS-DP Campo Lab. Automação

Sensores e Atuadores

AS-i Campo Lab. Automação

Nas secções seguintes far-se-á uma apresentação geral destes equipamentos

sendo posteriormente descrita a sua estrutura de ligações em hardware e

compatibilização em software.

3.2.1 PC - Apresentação geral

Figura 3.1 Computador pessoal utilizado para supervisão

A supervisão da rede integrada será efetuada a partir de um computador portátil,

o qual terá um programa de supervisão e estará ligado à rede Ethernet comercial do

campus, este computador fará uma ligação com os autómatos TSX57-302 e TSX57-

103, o protocolo utilizado será o MODBUS TCP. O programa de supervisão, suas

configurações e ligações serão detalhadas no capítulo 4.

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Rede Integrada

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3.2.2 TSX57-103 - Apresentação geral

Figura 3.2 O autómato TSX57-103

O autómato é totalmente modular utilizando uma base (standard rack) de 6

posições, contendo os seguintes elementos:

• Fonte de alimentação PSY 2600 de 26 W a 24 VDC;

• Posição 00 – processador TSX57-103 com capacidade para controlar dois

módulos de comunicação, utilizará um porto de comunicação (TER) para

programação através do protocolo UNI-TELWAY LINK e um módulo de

comunicação TSX SCP 111 com interface RS232;

• Posição 01 – módulo de comunicação TSX ETY 110 para comunicação

através de um protocolo TCP/IP, o protocolo a utilizar será o protocolo

MODBUS TCP;

• Posição 02 – módulo de comunicação SCY 11601 para comunicação

através do protocolo MODBUS com interface assíncrona RS485 (não

utilizada nesta dissertação).

• O autómato não dispõe de módulos de entradas/saídas, tanto digitais como

analógicas.

Este autómato estará ligado à supervisão através de uma rede Ethernet e ao

autómato S7-200 através de uma rede de campo com o protocolo MODBUS RTU, na

qual funcionará como master [20].

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3.2.2.1 Módulo Ethernet TSX ETY 110

O módulo TSX ETY 110 é um módulo de comunicações configurável que

permite o envio e receção de mensagens através de um protocolo ETHWAY (protocolo

proprietário) ou TCP/IP.

Caso seja pretendido um protocolo TCP/IP é necessário configurar no módulo o

seu IP, a máscara de rede (Subnetwork mask) e o endereço do gateway (Gateway

address).

Figura 3.3 Configuração do módulo TSX ETY 110 para interface com a rede Ethernet

3.2.2.2 Módulo TSX SCP 111

O TSX SCP 111 é um módulo de comunicações configurável que permite o envio

e receção de mensagens através dos protocolos MODBUS/JBUS, UNI-TELWAY, ou

Character Mode, utilizando como interface física a norma RS232.

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Figura 3.4 Configuração da placa TSX SCP 111

Este módulo foi configurado para o protocolo MODBUS como master na rede,

com um timeout de 100 ms e 3 tentativas de comunicação, velocidade de transmissão

de 9600 bits/s, modo RTU, com 1 stop bit e paridade par. O intervalo entre caracteres

(Delay between characters) depende da velocidade de comunicação e é um dos

instrumentos para deteção de mensagens de acordo com o modo RTU, em que a

mensagem é considerada contínua se não for ultrapassado o intervalo de tempo definido

entre caracteres e caso seja ultrapassado é considerado um final de mensagem, a

confirmação se a mensagem está correta ou não será efetuada por um código de deteção

de erros, neste caso o código CRC. Nesta rede a uma velocidade de 9600 bits/s e com

11 bits por caracter, o tempo previsto entre caracteres é de 4 ms.

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3.2.3 TSX57-302 - Apresentação geral

Figura 3.5 O autómato TSX57-302

O autómato TSX57-302 é um autómato modular idêntico ao TSX57-103

utilizando um processador diferente, contendo os seguintes elementos:

• Fonte de alimentação PSY 2600 de 26 W a 24 VDC;

• Posição 00 – processador TSX57-302 com capacidade para controlar dois

módulos de comunicação, utilizará um porto de comunicação (TER) para

programação através do protocolo UNI-TELWAY LINK e um módulo de

comunicação TSX SCP 111 com interface RS232;

• Posição 01 – módulo de comunicação TSX ETY 110 para comunicação

através de um protocolo TCP/IP, o protocolo a utilizar será o protocolo

MODBUS TCP;

• Posição 02 – módulo de comunicação SCY 21601 para comunicação

através do protocolo MODBUS com interface assíncrona RS485;

• Posição 03 – módulo TSX DEY16D2 de dezasseis entradas digitais a

24VDC;

• Posição 04 – módulo TSX DSY16R5 de dezasseis saídas digitais a relé;

Este autómato estará ligado à supervisão através de uma rede Ethernet e

simultaneamente a um analisador de energia PM500 e a um relé de proteção SEPAM

através de uma rede de campo com o protocolo MODBUS RTU, na qual funcionará

como master.

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3.2.4 S7-200 - Apresentação geral

Figura 3.6 Autómato S7-200

A família de autómatos SIMATIC S7-200 contempla autómatos compactos

alimentados a 24 VDC ou 230 VAC, um ou dois portos de comunicação, módulos de

entradas e saídas a transístor ou relé e LEDs de indicação de funcionamento e

diagnóstico, o autómato pode ainda ser equipado com módulos adicionais como

módulos especiais, de comunicação, de expansão de entradas/saídas tanto analógicas

como digitais, as capacidades de cada autómato estão dependentes do tipo de CPU que

contém, neste caso é o CPU 215-2 DP [21].

Em termos de hardware o autómato está equipado com:

• 16 entradas digitais, I0.0 a I1.5;

• 10 saídas digitais, Q0.0 a Q1.1;

• Módulo EM231 de 3 entradas analógicas;

• Módulo EM232 de 3 saídas analógicas.

Em termos de software o autómato S7-200 será programado através do programa

STEP 7 – Micro/Win em linguagem ladder.

Este autómato estará ligado ao autómato TSX57-103 através de uma rede de

campo com o protocolo MODBUS RTU, na qual funcionará como slave e ao autómato

S7-300 através de uma rede de campo com o protocolo PROFIBUS-DP, na qual

funcionará também como slave.

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3.2.4.1 Configurações

Os portos de comunicação do autómato S7-200 terão de ser configurados de

acordo com os parâmetros definidos para cada rede, no painel system block –>

comunication ports serão definidos os parâmetros base para as redes presentes nos

portos 0 e 1, nomeadamente as redes MODBUS RTU e PROFIBUS-DP. Os parâmetros

aqui configurados serão utilizados por defeito e como tal serão os utilizados para a rede

PROFIBUS-DP, para a rede MODBUS RTU ao ser utilizado o modo Freeport estas

configurações não terão efeito, a configuração do porto 0 será feita por software na sub-

rotina 0, esta sub-rotina será executada apenas uma vez no primeiro ciclo do autómato.

Figura 3.7 Configuração dos portos de comunicação do autómato S7-200

Para acesso à rede MODBUS RTU o autómato será ligado pelo cabo PPI Multi-

Master ao porto 0 com interface RS485, o cabo possui pinos de configuração onde será

também configurado o ritmo de transmissão de 9.6 kbit/s.

Este mesmo cabo será utilizado para programação do autómato, para tal será

ligado a um computador (1) quando for necessário programar o autómato e será ligado

ao autómato TSX57-103 (2) quando for necessário utilizar os equipamentos em rede.

A conexão tanto ao computador como ao TSX57-103 será estabelecida em RS232, para

tal o próprio cabo PPI Multi-Master dispõe de um conversor RS485/RS232.

Figura 3.8 Ligações para programação e utilização em rede no S7-200

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3.2.5 S7-300 – Apresentação Geral

Figura 3.9 Autómato S7-300

O autómato S7-300 é composto por uma fonte de alimentação de 24 VDC, um

processador CPU 315-2 DP, um módulo de sinal SM321 de 32 entradas digitais e um

módulo SM322 de 32 saídas digitais, este autómato à semelhança do TSX57-103 é

também totalmente modular.

O autómato contém no módulo do CPU LEDs indicadores de funcionamento,

estado e erro, uma entrada para cartões de memória, um seletor de modo de

funcionamento e dois portos de comunicação, o X1 com MPI (Multi-Point Interface)

para programação e o X2 com DP para comunicação através de uma rede série com

protocolo PROFIBUS-DP [22]. O porto de comunicação X2 tem de ser configurado

pelo software STEP 7 Manager.

A programação do autómato será feita em linguagem ladder com algumas

funções em linguagem STL (Statement List), a utilização da linguagem STL embora

mais complexa facilita a escrita de determinadas operações tais como o endereçamento

indireto a bits o qual será necessário para a implementação dos comandos MODBUS

01h e 0Fh.

3.2.5.1 Configuração de hardware

O autómato S7-300 sendo o master da rede PROFIBUS-DP terá de ser

configurado para a identificação do hardware presente na rede, esta configuração é feita

no software STEP7 Manager e descarregada para o autómato, nesta configuração são

definidos os equipamentos presentes na rede, os seus endereços e os módulos de cada

equipamento.

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Na presente rede foram configurados o autómato S7-300 como master com o

endereço 2, os restantes equipamentos são o variador de velocidade Micromaster com

o endereço 3, o gateway DP/ASi Link 20 com o endereço 4 e o autómato S7-200 com

o endereço 5.

Figura 3.10 Configuração do hardware presente na rede PROFIBUS-DP

Cada equipamento presente na rede terá ainda especificado um conjunto de

módulos virtuais os quais serão os endereços acessíveis através da rede PROFIBUS-

DP, o master da rede apenas terá acesso aos módulos configurados, os endereços dos

módulos serão únicos e funcionarão como endereços internos do próprio master, por

exemplo o gateway DP/ASi Link 20 foi configurado com os endereços de entradas

binárias de I4.0 a I19.0 estas funcionarão como sendo entradas do próprio autómato

S7-300.

Tabela 3.2 Mapa de endereços na rede PROFIBUS-DP

Equipamento Endereços

S7-300 I0 a I3

S7-300 Q4 a Q7

Micromaster I256 a I263

Micromaster Q264 a Q267

DP/ASi Link I4 a I19

DP/ASi Link Q8 a Q23

S7-200 I268 a I283

S7-200 Q268 a Q283

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3.2.6 Outros Equipamentos

Para além dos controladores apresentados estarão ainda presentes na rede

integrada outros equipamentos, nomeadamente slaves na rede PROFIBUS-DP e na rede

ASi, todos estes equipamentos serão acedidos através do master da rede PROFIBUS-

DP o autómato S7-300.

Equipamentos adicionais:

• Micromaster, um variador de velocidade o qual permitirá o controlo de

um motor assíncrono monofásico;

• DP/ASi Link, um gateway entre a rede ASi e a PROFIBUS-DP, permite

a um master da rede PROFIBUS o acesso aos dispositivos da rede ASi;

• Periféricos na rede ASi, existem na rede sensores e atuadores como fins

de curso, botões de pressão, contatores e LEDs.

3.2.6.1 VSD Micromaster 420

Os variadores de velocidade Micromaster 420 são equipamentos utilizados para

estabelecer uma velocidade variável em motores monofásicos ou trifásicos de 120 W

até 11 kW.

O variador existente contém um módulo de comunicação CB15 para acesso à

rede PROFIBUS-DP. Com a utilização deste módulo é possível configurar o variador

Micromaster como um slave na rede permitindo o acesso à parametrização e comando

do mesmo através de um master, neste caso o master será o autómato S7-300 [23]. O

variador será configurado com o endereço 3.

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Figura 3.11 Variador de velocidade Micromaster e respetivo módulo de comunicação

CB15

O variador na rede PROFIBUS-DP utiliza dois módulos, um módulo PKW de 8

bytes para parametrização e um módulo PZD de 4 bytes para comandos.

Para comunicação entre o autómato S7-300 e o variador é necessário então enviar

mensagens de 4 bytes, as quais serão enviadas com um bloco MOVE da mesma forma

como se fosse um registo interno do próprio autómato sendo utilizado um endereço

específico para o variador Q264, para o envio de mensagens de parametrização com 8

bytes é necessário enviar os 8 bytes numa única mensagem para tal é necessário utilizar

um bloco DP-WRITE-DATA ou DP-READ-DATA os quais são utilizados para

mensagens superiores a 4 bytes.

Os blocos DP-WRITE-DATA e DP-READ-DATA serão utilizados para

parametrização e os blocos MOVE para comandos.

Tabela 3.3 Mapa de endereços do variador de velocidade no autómato S7-300

Módulo Finalidade Tipo Endereços

PKW Parametrização Saída Q256

PZD Comandos Saída Q264

A parametrização do variador é feita através da escrita de valores no módulo

PKW com o endereço Q256.

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Figura 3.12 Função dos registos de parametrização PKE e PWE

As funções possíveis de serem aplicadas, os números dos parâmetros e os seus

valores possíveis são específicos para cada variador e podem ser consultados no manual

do equipamento em causa, por norma estes parâmetros podem ser utilizados para

funções de leitura ou escrita assim como afetar a configuração do mostrador, a

configuração das rampas de subida ou descida, frequências, endereços entre outros. A

parametrização do variador é parte integrante da unidade curricular de Redes de

Automação e Supervisão e como tal não será detalhada nesta dissertação [3].

O envio de comandos para o variador é feito através da escrita de valores no

módulo PZD com o endereço Q264, é um registo do tipo double word de 4 bytes ou 32

bits, o qual está dividido em dois registos do tipo word com 2 bytes ou 16 bits, PZD1 e

PZD2, destes é utilizado o registo PZD1 para envio do comando e o registo PZD2 para

o envio dos dados.

O registo PZD1 tem a seguinte configuração:

Figura 3.13 Exemplo de comandos para o variador através do registo PZD1

No registo PZD2 segue o valor pretendido para a velocidade, o valor é dado em

percentagem podendo tomar os valores de 0 a 16384 em decimal ou de 0000 a 4000 em

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hexadecimal a estes valores corresponderá a percentagem de 0 a 100% da frequência

da rede, neste caso 50Hz.

Exemplo de comandos:

• Comando de paragem: PZD1 – 44FEh e PZD2 – 0000h;

• Comando de velocidade a 50%: PZD1 – 44FFh e PZD2 – 2000h;

• Comando de velocidade a 100%: PZD1 – 44FFh e PZD2 – 4000h;

3.2.6.2 DP/ASi Link 20

O equipamento DP/ASi Link 20 é um gateway entre as redes PROFIBUS-DP e a

rede ASi (Actuator Sensor Interface), este equipamento fará a interface entre as redes

permitindo assim ao master da rede PROFIBUS acesso aos dispositivos de mais baixo

nível como atuadores e sensores localizados na rede ASi.

O DP/ASi Link será configurado como slave na rede PROFIBUS com o endereço

de slave 4 configurado com acesso a 16 bytes de entradas e 16 bytes de saídas binárias.

A rede ASi é utilizada para este tipo de equipamentos de baixo nível por conter

um protocolo otimizado para comunicações simples, com uma instalação de baixo custo

e flexível com a possibilidade de integrar até 31 periféricos e até 124 dispositivos com

tempo máximo de acesso de 10 ms [24].

Figura 3.14 Módulo gateway DP/ASi Link 20

Os periféricos existentes na rede ASi estão divididos em dois grupos de entradas

e saídas, com quatro elementos cada, o acesso aos mesmos é feito como a entradas e

saídas do próprio autómato S7-300 com endereços específicos para a rede ASi, no

presente caso a rede foi configurada com o endereço 9 para saídas e 5 para entradas.

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Rede Integrada

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Tabela 3.4 Mapa de endereços da rede ASi no autómato S7-300

Equipamento Tipo Endereços

Botões de pressão Entradas I5.0 e I5.1

Fins de Curso Entradas I5.4 e I5.5

LEDs Saídas Q9.2 e Q9.3

Contatores Saídas Q9.6 e Q9.7

3.3 Constituição da rede integrada

As cinco redes constituintes da rede integrada são uma rede Ethernet com

protocolo MODBUS TCP, duas redes de campo com protocolo MODBUS RTU, uma

rede de campo com protocolo PROFIBUS-DP e uma rede de campo com protocolo

ASi.

Em termos de topologia a rede Ethernet utilizará a topologia em estrela da rede

de dados, as redes com protocolo MODBUS RTU utilizarão ligação ponto a ponto,

estabelecendo a ligação entre dois equipamentos e as restantes redes de campo

utilizarão uma topologia em barramento típica de redes de campo de pequena dimensão

e sem necessidades especiais em termos de fiabilidade ou necessidade de aumento de

equipamentos na rede.

Em termos de arquitetura a estrutura da rede Ethernet considera-se fixa e a sua

composição variável sem possibilidade de determinação do número de equipamentos

instalados, considerar-se-á que a comunicação através desta rede será não

determinística, com tempos de comunicação aleatórios.

A rede de campo com protocolo MODBUS RTU instalada no laboratório de

pneumática é uma rede com estrutura fixa e composição fixa, é uma rede de pequena

dimensão com dois equipamentos para leitura dos consumos de energia sem

necessidades específicas de fiabilidade, esta rede será utilizada para recolha de

informação.

A rede de campo com protocolo MODBUS RTU no laboratório de automação é

o ponto da rede integrada que terá de ser compatibilizado em termos de hardware e

com a maior complexidade em termos de software, será uma rede ponto a ponto entre

dois autómatos de diferentes fabricantes, utilizará um ritmo de transmissão de 9600

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Rede Integrada

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bits/s e o meio físico será o cabo TSX SCP CD 1030 com interface RS232 no autómato

TSX57-103 e cabo PPI Multi-Master com interface RS485 no autómato S7-200, para

que a comunicação seja estabelecida com sucesso será necessário utilizar um conversor

RS232/RS485 e uma caixa de adaptação para troca de pinos.

A rede de campo PROFIBUS-DP instalada no laboratório de automação é uma

rede com estrutura e composição fixas, de pequena dimensão com quatro equipamentos

para escrita e leitura de informação, com interfaces de acesso RS485, como meio físico

utiliza o cabo PROFIBUS FC Standard Cable e um ritmo de transmissão de 12 Mbits/s.

A rede de campo ASi também instalada no laboratório de automação é uma rede

com estrutura e composição fixas, contento dois repartidores ativos, o meio físico é um

cabo flexível de dois condutores específico para a rede ASi e tem um ritmo de

transmissão de 167 kbits/s.

3.4 Estrutura básica de interligação das redes

Os equipamentos constituintes das redes independentes são os já existentes no

laboratório de automação e de pneumática sendo considerados nos seguintes níveis:

• Nível Alto – PC com programa de supervisão;

• Nível Intermédio – TSX57-103, TSX57-302, S7-215, S7-315,

Micromaster CB15, DP/ASi Link;

• Nível Baixo –Fins de Curso, Botões de Pressão, LEDs.

Tabela 3.5 Composição da rede Integrada

Tipo Protocolo Equipamentos Nível Designação

Red

e In

tegr

ada

Ethernet MODBUS TCP PC Alto Supervisão

Campo MODBUS RTU TSX57-302 Intermédio Controlo

Campo MODBUS RTU TSX57-103 Intermédio Controlo

Campo PROFIBUS-DP S7-215, S7-315, Micromaster, DP/ASi Link

Intermédio Controlo

Campo ASi S. e Atuadores Baixo Processo

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Rede Integrada

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Figura 3.15 Estrutura de ligações físicas

Para interligação destes equipamentos em rede houve a necessidade de tomar

diversas decisões baseadas nas suas características uma vez que os diversos fabricantes,

quer seja pela sua natureza construtiva, quer seja por razões de concorrência não

utilizam as mesmas redes nem os mesmos protocolos de comunicação. Foi então

necessário compatibilizar as redes tanto em hardware como em software. A figura

seguinte ilustra a solução adotada e a rede integrada completa.

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Rede Integrada

62

Figura 3.16 A rede integrada

Esta solução foi adotada principalmente porque ambos os autómatos TSX57 da

Schneider têm capacidades de ligação a uma rede local Ethernet e simultaneamente

módulos de comunicação para ligação a outros dispositivos do processo através do

protocolo MODBUS RTU. Este fato faz deles, nesta situação, a melhor solução para o

estabelecimento de uma ligação com o sistema de supervisão desenvolvido, evitando a

aquisição de interfaces de rede adicionais.

Os autómatos S7-300 e S7-200 têm interfaces de comunicação RS485 para a rede

PROFIBUS-DP em modo Master-Slave, no entanto, dada a possibilidade de

programação em linguagem Ladder do protocolo MODBUS RTU no autómato S7-200,

usando o denominado modo Freeport, é possível estabelecer ligação entre este

controlador da Siemens e o controlador da Schneider. O modo Freeport permite utilizar

a interface de comunicação normalmente usada para programação do autómato para

efetuar comunicação série assíncrona com outros equipamentos. O autómato S7-200 é

considerado nesta solução um equipamento duplamente slave porque é escravo na

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configuração Master-Slave do protocolo PROFIBUS-DP com o autómato S7-300 e

escravo na ligação do protocolo MODBUS RTU em modo Master-Slave com o

autómato TSX57-103. Este autómato é um dos elementos chave na integração como

descrito detalhadamente no ponto 3.4.1 deste capítulo.

O autómato S7-300 como dispositivo master da rede PROFIBUS-DP pode

estabelecer a comunicação também com um variador de velocidade MICROMASTER

ou com um módulo gateway DP/ASi Link 20.

Como já referido na descrição do equipamento na secção anterior o autómato

TSX57-302 dispõe também de dois módulos de comunicação para o protocolo

MODBUS RTU com interface RS232, um para comunicação com um relé de proteção

configurável da Merlin Gerin (SEPAM 1000) e outro com um analisador de energia

também da Merlin Gerin (PM500), os dados destes equipamentos ficam também

acessíveis através do sistema de supervisão graças à estrutura de ligações desenvolvida.

Com a solução desenvolvida serão permitidas comunicações entre a supervisão e

todos os equipamentos instalados em todas as redes independentes. Serão também

permitidas comunicações entre o autómato TSX57-103 e todos os equipamentos das

restantes redes. Serão ainda permitidas comunicações entre o autómato S7-300 e todos

os equipamentos das restantes redes. O autómato S7-200 sendo um equipamento slave

não tem permissões para estabelecer comunicações diretamente com outros

equipamentos mas pode fazê-lo através da supervisão, do autómato TSX57-103 ou do

autómato S7-300 de forma indireta. É ainda permitido a difusão de mensagens em modo

Broadcast em todas as redes. O modo Multicast e o estabelecimento de mensagens

prioritárias não foram desenvolvidos nesta solução.

3.4.1 Restrições da solução desenvolvida

Normalmente para se estabelecer comunicação entre duas redes com protocolos

distintos é necessário utilizar uma gateway onde os dispositivos que querem comunicar

são dispositivos usualmente master de cada uma das redes (quer utilizem métodos de

acesso Master-Slave, espontâneo ou com passagem de testemunho). Tal permite que o

autómato que recebe a mensagem tenha a possibilidade de reencaminhar se necessário

essa informação para outros dispositivos slave. Por imposição da estrutura dos

equipamentos existentes, a interligação entre as redes com protocolo MODBUS RTU

e protocolo PROFIBUS-DP será feita através do autómato S7-200 o qual é slave em

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Rede Integrada

64

ambos como já foi referido anteriormente. Dado que os equipamentos slave não têm

permissão para iniciar uma transmissão este aspeto foi determinante para a procura de

uma solução alternativa viável e condicionou em parte a solução a desenvolver. Note-se

que quando se pretende enviar uma mensagem do autómato TSX57-103 para o

autómato S7-300 (ou ao contrário) através da rede PROFIBUS-DP este terá que passar

forçosamente pelo autómato S7-200, uma vez que este não tem permissão para iniciar

a comunicação foi necessário adotar um método indireto.

A solução adotada para a resolução deste problema foi a criação de buffers de

memória no autómato S7-200 para a receção e envio de mensagens MODBUS RTU.

No caso de serem mensagens que têm como destino a rede PROFIBUS-DP estas serão

encaminhadas (depois de validadas) para outros dois buffers de memória dedicados à

rede PROFIBUS-DP. Uma vez que o autómato S7-200 não tem permissão para reenviar

mensagens é então necessário utilizar no autómato S7-300 (o Master da rede

PROFIBUS-DP) uma técnica designada por polling ao buffer da memória que foi

disponibilizada pelo S7-200 para este efeito, ou seja, o autómato S7-300 irá

ciclicamente efetuar uma leitura do buffer de envio do S7-200 e caso exista uma

mensagem nova irá interpretar a mesma, enviando posteriormente a resposta para o

buffer de receção do S7-200 de acordo com a solicitação efetuada. O autómato S7-200

por sua vez irá transferir os conteúdos do seu buffer de receção da rede PROFIBUS-DP

para o buffer de envio da rede MODBUS RTU seguidamente utilizando a informação

contida no mesmo para responder ao TSX57-103 que desencadeou originalmente a

mensagem. Este procedimento encontra-se representado na figura seguinte.

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65

Figura 3.17 Transmissão de mensagens entre redes

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66

É de referir que com esta técnica de polling ao buffer efetuada ciclicamente do

S7-300 para o S7-200, havendo ou não mensagens novas, irá ocupar tempo de

processamento e aumentar o tráfego na rede com mensagens desnecessárias por não

existir qualquer pedido. No caso específico da rede PROFIBUS-DP do laboratório de

automação sendo esta de pequena dimensão com um ritmo de transmissão elevado (12

Mbits/s) e poucos dispositivos este fato não trará qualquer inconveniente. Numa rede

com um número elevado de dispositivos e com grande tráfego esta técnica pode causar

atrasos significativos nos restantes equipamentos.

Para que esta operação seja possível é necessário que o tempo despendido desde

que o autómato S7-200 recebe uma mensagem em MODBUS RTU até que o autómato

TSX57-103 receba a resposta seja inferior ao tempo de timeout estabelecido para o

autómato TSX57-103. A figura seguinte ilustra este aspeto.

Figura 3.18 Tempos para a transmissão de uma mensagem entre o autómato TSX57-

103 e o autómato S7-300

Note-se que a receção de mensagens MODBUS RTU pelo autómato S7-200 feita

em modo Freeport não é processada diretamente pelo módulo de comunicação mas

pelo próprio autómato no seu ciclo de funcionamento, assim sendo a descodificação e

validação de mensagens tornam-se mais lentas em especial para mensagens grandes

devido aos cálculos necessários para a deteção de erros por CRC e apenas pode ser

processada uma mensagem de cada vez. Por esta razão e por questões de economia de

recursos os buffers de memória utilizados no autómato S7-200 serão limitados a vinte

bytes, este valor permite a concretização de todas as mensagens previstas no protocolo

MODBUS RTU sem restrições significativas apenas limitando a dimensão de algumas

mensagens em termos de quantidade de dados, não utilizando demasiados recursos de

memória e processamento permite assim que a troca de mensagens entre as duas redes

se concretize com sucesso.

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67

3.4.2 Ligação entre o sistema de supervisão e os autómatos

TSX

A comunicação por Ethernet será estabelecida entre a supervisão e os autómatos

TSX57. Após a configuração do módulo de comunicações ETY 110 e de efetuadas as

ligações físicas torna-se necessário proceder à configuração da aplicação SCADA

desenvolvida. A configuração da aplicação SCADA será descrita em detalhe no

capítulo 4.

Existirão dois tipos de mensagens, diretas e indiretas, mensagens diretas da

aplicação SCADA para o TSX57-103 ou para o TSX57-302 e indiretas para os restantes

equipamentos. As mensagens diretas apenas necessitam de ser executadas pelo

autómato e na zona de dados da trama da mensagem apenas serão enviados/recebidos

dados. Para as comunicações indiretas terão de ser enviados, o endereço do

equipamento, o comando a executar, o endereço da variável a afetar e os dados, este

tipo de mensagem ao serem recebidas pelo autómato TSX57-103 serão reencaminhadas

para a rede de campo em MODBUS RTU.

Figura 3.19 Encaminhamento para comunicações via Ethernet

Estarão disponíveis vários comandos através desta ligação, escrita de uma/várias

saídas, leitura de uma/várias entradas/saídas, escrita e leitura de um/vários registos,

destas serão utilizadas a escrita e leitura de um/vários registos para mensagens diretas

para os autómatos TSX57, visto o autómato TSX57-103 não dispor de módulos de

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entradas/saídas serão utilizadas as mensagens de escrita/leitura de saídas binárias e a

escrita/leitura de registos para os restantes equipamentos.

Os registos estão localizados na zona de memória V dos autómatos. É possível

ler/escrever em qualquer local da memória V dos autómatos, no entanto, o programa

criado no autómato TSX57-103 para gerir o trafego de mensagens e o programa de

exemplo de uma instalação industrial utilizam também essa zona de memória para as

suas variáveis. De modo a não ocorrer sobreposição de valores os endereços de

memória a serem escritos via Ethernet serão fixos. Para a comunicação direta entre a

supervisão e o autómato TSX57-103 serão utilizadas as posições 300 a 305 e para

comunicação com os restantes equipamentos serão as posições 254 a 265. O autómato

TSX57-302 utilizará as posições de memória MD3000 a MD3004 para guardar o valor

de potência ativa, reativa e aparente provenientes do analisador de energia PM500 e as

posições de memória MW4003 a MW4005 para as correntes de fase do relé de proteção

SEPAM.

Tabela 3.6 Mapa de memória para comunicações via Ethernet

Mensagem Registos afetados

TSX57-103

Escrita/leitura de um registo MW300

Escrita/leitura de múltiplos registos

MD302 (MW302 + MW303)

TSX57-302

Escrita/leitura de um registo MW4003 a MW4005

Escrita/leitura de múltiplos registos

MD3000 a MD3004

Outros Equipamentos

Diversas MW254 a MW264

3.4.3 Ligação entre o autómato TSX57-103 e o S7-200

A ligação entre o autómato TSX57-103 e o autómato S7-200 é efetuada através

do protocolo MODBUS RTU com método de acesso Master-Slave. Para isso o

autómato TSX57-103 utiliza um módulo de comunicação TSX SCP 111 com interface

de comunicação série RS232. O módulo de comunicação TSX SCP 111 vem com o

cabo TSX SCP CD 1030 com uma ficha DB25 com adaptador para DB9. No caso do

autómato S7-200 este possui uma porta de comunicação em modo Freeport (porto 0)

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69

que como o nome indica é para utilização livre com interface série RS485, sendo

utilizado o cabo PPI Multi-Master que possui um conversor para adaptação da interface

RS485 para RS232. A ligação física entre as redes é feita em uma caixa de interligação.

A figura 3.20 ilustra essa ligação.

Figura 3.20 Interligação entre os autómatos TSX57-103 e S7-200

Para que seja possível estabelecer a comunicação em ambos os sentidos foi

necessário inverter os pinos de envio e receção de dados assim como os de pedido de

acesso ao meio físico e aceitação do pedido, os pinos TXD, RXD, RTS e CTS. Este

procedimento encontra-se ilustrado na tabela 3.7.

Tabela 3.7 Troca de pinos a efetuar para compatibilização da comunicação

DTE 1 DTE 2

Função Pino Pino Função

TXD 2 3 RXD

RXD 3 2 TXD

CTS 7 8 RTS

RTS 8 7 CTS

Comum 5 5 Comum

Utilizou-se então uma caixa de interligação onde é feita a troca dos pinos assim

como a troca das terminações em ficha fêmea para fichas macho onde ambos os cabos

dos autómatos serão ligados (ver figura 3.21).

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Figura 3.21 Caixa de interligação

Nesta ligação o autómato TSX57-103 é o dispositivo master e o autómato S7-200

o slave, podendo a comunicação ser do tipo Unicast (mensagem com resposta) ou

Broadcast (mensagem enviada para todos os slaves em simultâneo). No caso do

autómato TSX57-103 a configuração dos parâmetros do protocolo é bastante simples e

já foi descrita anteriormente quando se apresentou a descrição geral deste PLC e do

módulo de comunicação TSX SCP 111 (ver fig. 3.4). Os parâmetros foram definidos

para 9600 bits/s, 8 bits de dados, 1 stop bit e paridade par. O mesmo não acontece no

autómato S7-200 que não dispõe de módulo dedicado de comunicação para o protocolo

MODBUS RTU tendo que ser programado, as configurações e o próprio processamento

de mensagens tornam-se bastante mais complexos como será visto mais adiante.

3.4.4 Considerações sobre o protocolo MODBUS RTU no

TSX57-103

O processamento das mensagens no autómato TSX57-103 é feito de duas formas

distintas, mensagens diretas (quando destinadas ao próprio autómato) e mensagens

indiretas (quando têm como destino outros dispositivos).

As mensagens diretas são configuradas na supervisão para afetarem os registos

indicados na tabela 3.6 e processadas automaticamente, no envio pelo driver da

supervisão e na receção pelo módulo de comunicação (TSX ETY 110) do próprio

autómato, como tal não requerem qualquer tratamento sendo os registos atualizados de

forma automática.

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71

Nas mensagens provenientes da supervisão com destino a outros dispositivos é

necessário efetuar um tratamento prévio desses dados, são utilizadas quatro mensagens

diretas para preencher um buffer de envio (MW254 a MW264) com as informações

necessárias, nomeadamente o comando, o endereço do slave, o endereço da variável e

o valor da mesma para serem posteriormente enviados através do módulo de

comunicação TSX SCP 111 com o protocolo MODBUS RTU para o autómato S7-200.

Se este não for o dispositivo de destino final será reencaminhada para outro dispositivo

através deste autómato. A utilização do buffer permite um maior controlo sobre o

número de mensagens a enviar e seus tempos para que não existam sobreposições de

envio/receção. Note-se que o ciclo de processamento do programa instalado no PLC

pode ser muito mais curto que o tempo total necessário para o envio e receção de

mensagens e que pelas restrições apresentadas no ponto 3.4.1 apenas pode ser enviada

uma mensagem de cada vez para o autómato S7-200, no caso de envio de mais

mensagens as mesmas não serão processadas. Antes de cada envio de mensagem é feita

uma verificação ao estado da comunicação através de um bit de controlo (MW90:X0),

no caso de a rede estar ocupada o envio da mensagem só será feito no próximo ciclo do

programa.

A forma como os autómatos TSX enviam as mensagens do protocolo MODBUS

RTU não é exatamente igual ao implementado originalmente nos autómatos da

MODICON uma vez que estes utilizam duas funções distintas para leitura e escrita de

dados, as funções READ_VAR e WRITE_VAR (através do software PL7). Sendo

assim os quatro primeiros códigos de função (funções de leitura) originalmente

apresentadas pela MODICON, ou seja, os códigos 01h a 04h fazem agora parte da

função READ_VAR e os restantes quatro fazem parte da função WRITE_VAR, os

códigos 05h a 10h. O código de controlo de erros por CRC é calculado e inserido na

mensagem automaticamente pelas funções de leitura e de escrita. A figura seguinte

ilustra os códigos de função a utilizar e a sua ligação às funções.de leitura e escrita.

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Figura 3.22 Códigos e símbolos das funções MODBUS em PL7

O mesmo sucede em relação à dimensão dos registos a ler ou escrever, quando se

refere a bits é utilizado o símbolo %M e quando se refere a palavras de 16 bits é

utilizado o símbolo %MW na composição da mensagem. No caso concreto do autómato

TSX57-103 para comunicação com o S7-200 serão utilizados os códigos de comando

01h e 03h para leitura e os códigos 0Fh e 10h para a escrita, sendo utilizados os símbolos

%M para as funções 01h e 0Fh e o símbolo %MW para as funções 03h e 10h.

Em relação ao endereço dos slaves visto a rede integrada ser relativamente

pequena os endereços serão distribuídos por zonas sendo o primeiro algarismo referente

à zona e o segundo ao slave, para a zona 1 os endereços serão do 11h ao 19h, para a

zona 2 do 21h ao 29h. O endereço 00h será utilizado para difusão de mensagens

(broadcast) para toda a rede, o endereço 10h para difusão na zona 1 e o endereço 20h

na zona 2. A tabela 3.8 ilustra o mapa de endereços possíveis na rede.

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Tabela 3.8 Mapa de endereços via MODBUS RTU

Broadcast Slaves

Rede integrada 00h

Zona 1 10h 11h a 19h

Zona 2 20h 21h a 29h

Nota: os equipamentos na zona 3 serão acedidos através do autómato S7-300 da

zona 2 como posições de memória e entradas/saídas deste devido à forma de

funcionamento da rede PROFIBUS-DP e ASi. Assim os pedidos destinados a estes

deverão ser feitos ao S7-300 como se se tratasse de uma entrada/saída ou um registo de

memória do mesmo.

Apresenta-se na figura seguinte um exemplo de aplicação de cada uma das

funções referidas implementadas pelos autómatos TSX, a função WRITE_VAR e

READ_VAR.

Figura 3.23 Funções de escrita e leitura em PL7

Nestes exemplos a mensagem será enviada para o módulo de comunicações

instalado na posição 0 do bastidor (próprio CPU), canal 1 (TSX SCP 111), e o endereço

do slave de destino da mensagem será o 37 ou 25h, zona 2, slave 5, neste caso o

autómato S7-200 (1). No segundo campo (2) está indicado o tipo de registos, neste caso

será uma palavra de 16 bits para leitura (%MW) e um conjunto de bits (%M) para a

escrita. No terceiro campo (3) é então indicado o endereço da primeira variável, esse

endereço está contido na posição de memória MD258 (endereçamento indireto). O

quarto valor (4) (neste caso o valor 2 e o valor 8) indica o número de variáveis a ler ou

escrever. Seguidamente (5) são indicadas as posições de memória onde os dados devem

ser guardados após uma instrução de leitura (MW262 e MW263) ou de onde devem ser

enviados no caso de uma instrução de escrita (MW100). Por fim é indicado um buffer

de quatro registos de 16 bits (MW90 a MW93) (6) onde serão guardados elementos de

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controlo do envio/receção da mensagem, tais como o número de mensagens efetuadas

e o bit de rede ativa assim como relatórios de operação e de comunicação.

Os registos MW92 e MW93 são previamente preenchidos com os valores que se

pretendem para o timeout e tamanho da mensagem em bytes respetivamente.

Figura 3.24 Registos de controlo de mensagens

O controlo de erros no processamento de mensagens será feito através do registo

MW91 que contém os relatórios de operação e de comunicação, caso algum dos

relatórios de operação ou comunicação apresente um valor maior que zero implica que

existiu um erro na comunicação.

Figura 3.25 – Exemplo de controlo de erros por análise ao valor de MW91

(Operation report e Communication report)

A figura 3.26 demonstra um exemplo completo da estrutura utilizada para o envio

de uma mensagem proveniente da supervisão para o autómato S7-200 (endereço 37 ou

25h) para execução do comando 0Fh (escrever múltiplas saídas binárias).

Figura 3.26 Exemplo completo de programação para o envio de mensagens segundo

o protocolo MODBUS RTU

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75

3.4.5 Programa residente no TSX57-103

A programação do autómato TSX57-103 é feita através do software PL7 em

linguagem ST (Sructured Text Language), estando contemplada uma função principal

(MAST) com um tempo de ciclo medido de 5 ms e sub-rotinas (SRx) para

processamento de pedidos e instruções. O tempo máximo permitido para o programa é

de 500 ms, limitado pelo temporizador watchdog. As entradas e saídas serão atualizadas

por polling a cada ciclo do programa total, MAST e SRx utilizadas. A figura 3.27 ilustra

as operações, e a sua ordem, a efetuar em um ciclo, atualização de entradas,

processamento do programa e atualização de saídas.

Figura 3.27 Ciclo do autómato

O tempo máximo de ciclo trouxe algumas dificuldades de programação no caso

de o programa ter de processar várias mensagens por ciclo. O tempo de envio e de

receção da resposta não é constante e tem um tempo máximo de timeout de 300 ms no

caso de não haver resposta. No caso de o programa conter apenas uma mensagem por

ciclo não existe problema mesmo atingindo o timeout. No entanto, caso existam duas

ou mais mensagens por ciclo terão de ser programados contadores e temporizadores

para controlo do programa que permitam a renovação de ciclos entre mensagens, caso

contrário poderá ser acionado o temporizador de proteção watchdog (tempo máximo de

ciclo de 500 ms).

Note-se que as instruções WRITE_VAR e READ_VAR ao serem executadas

enviam os dados para o módulo de comunicação TSX SCP 111 sendo necessário

programar uma estrutura de controlo para evitar o envio simultâneo de mensagens ou a

tentativa de utilização da rede enquanto está ocupada. Para evitar o acesso simultâneo

à rede deve ser utilizada uma estrutura de exclusividade, neste trabalho serão utilizadas

duas formas, a utilização de bits de controlo e por temporização. Os bits de controlo

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são utilizados quando as mensagens são provenientes do sistema de supervisão, o bit 0

e o bit 1 do registo MW264 serão ativados pela supervisão e desencadearão o envio de

uma mensagem de escrita ou leitura consoante for o bit MW264:X0 ou MW264:X1.

No caso de a mensagem ser proveniente do próprio programa de aplicação

existente no controlador é utilizada uma temporização de modo a permitir enviar uma

mensagem e aguardar pela resposta antes de enviar uma nova mensagem, este modo

implica que o programa tenha de aguardar sempre um tempo fixo pela resposta

independentemente do tamanho da mensagem que enviou, esta temporização é

necessária porque o autómato TSX57-103 envia uma mensagem ao autómato S7-200 e

aguarda a reposta deste mas esta pode não ser proveniente diretamente do S7-200,

podendo ter origem em outro equipamento, como por exemplo o S7-300. Note-se que

o módulo de comunicação TSX SCP 111 tem capacidade para processar até oito

mensagens MODBUS RTU de forma sequencial, no entanto o autómato S7-200 tal

como referido nas limitações da rede apenas pode processar uma mensagem de cada

vez e o envio de uma segunda mensagem não será processada enquanto o autómato

S7-200 não processar a primeira. Os exemplos seguintes ilustram a estrutura de controlo

por bit e por temporização.

Figura 3.28 Exemplo de estrutura de controlo de mensagens por bit

Figura 3.29 Exemplo de chamada de uma rotina de espera (delay) para controlo de

mensagens por temporização

A programação das funções de escrita e leitura e encaminhamento de mensagens

necessárias proposto nesta dissertação encontram-se na rotina principal MAST e sub-

rotina SR6, o programa de aplicação encontra-se na rotina principal MAST e sub-

rotinas SR0, SR3 e SR5.

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Rede Integrada

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3.4.6 Considerações sobre o protocolo MODBUS RTU no

S7-200

O autómato S7-200 da Siemens é o equipamento que fará a ligação entre o

protocolo MODBUS RTU e a rede PROFIBUS-DP, ou seja, funcionará como uma

gateway por software entre estes, dado que o autómato S7-200 não tem módulo de

comunicações que permita o processamento automático de mensagens deste tipo. No

entanto, implementando o protocolo MODBUS RTU em um programa de aplicação,

configurando o porto zero (o porto zero é muitas vezes designado por “porta” de

programação) em modo Freeport passa a ser possível efetuar esta tarefa apesar de ser

bastante mais complexo.

O programa desenvolvido tem duas componentes fundamentais, um programa

genérico de automação e o programa para processamento de mensagens, o programa

para processamento de mensagens será o foco deste trabalho e é independente do

programa genérico, é acionado por uma interrupção e desenvolve-se ao longo de

diversas sub-rotinas. O programa genérico pode ser um qualquer programa de

automação instalado no autómato, neste caso será utilizado o programa necessário para

a disciplina de RAS desenvolvido na rotina principal (Main) o qual transfere o valor

das entradas para posições de memória.

A implementação do protocolo MODBUS realizada neste trabalho segue as

especificações descritas nos documentos MODBUS Aplication Protocol Specification

para a implementação da camada de aplicação do modelo OSI (camada 7) e Modbus

Serial Line Specification and Implementation Guide para a implementação das camadas

física e de ligação (camadas 1 e 2) de modo a permitir que a programação do protocolo

seja de acordo com as especificações originais e aplicável a qualquer equipamento que

utilize o protocolo MODBUS em modo RTU, sendo que o protocolo não será

programado na sua totalidade, serão implementadas as funções de escrita e leitura mais

comuns e suficientes para a utilização da rede, não serão implementados os códigos de

função dos contadores de diagnóstico.

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Rede Integrada

78

3.4.7 Programa residente no S7-200

Como referido anteriormente a programação do autómato S7-200 será feita

através do software STEP7 MicroWin SP9 em linguagem Ladder. A programação do

protocolo será feita em sub-rotinas do programa principal de acordo com as tabelas 3.9

e 3.10.

Tabela 3.9 Composição do ciclo principal

Ciclo Principal (Main) Função

Sub-rotina 0 – Apenas no primeiro ciclo Configurações

Programa Genérico

Sub-rotina 1 – Apenas após nova mensagem Processamento de mensagem

Após a receção de uma mensagem em MODBUS RTU o programa será

encaminhado para a sub-rotina 1, a qual iniciará o processamento da nova mensagem e

chamará as restantes sub-rotinas consoante necessário, sendo feita uma análise ao

código CRC da trama para verificação da integridade da mesma e após validação a

mensagem será processada. No caso do endereço do slave ser o do próprio autómato

S7-200 a mensagem será encaminhada para as sub-rotinas de processamento do

comando entretanto programadas, após o processamento do comando será enviada uma

mensagem de resposta. No caso de o endereço não ser o do autómato S7-200 a

mensagem será encaminhada para o buffer de envio da rede PROFIBUS-DP, este buffer

será lido ciclicamente pelo autómato S7-300. Na tabela 3.10 encontram-se

especificadas as sub-rotinas e respetivas funções que implementam assim como a

camada do modelo OSI a que pertencem e o documento normativo.

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Tabela 3.10 Sub-rotinas implementadas e suas funções

Camada Modelo OSI Protocolo Sub-rotina Função

7 Aplicação Aplication Protocol

Specification

12 Resposta Normal

11 CRC Verificação

9 Resposta de Erro

8 CRC Cálculo

7 Função 10h

6 Função 0Fh

5 Função 06h

4 Função 05h

3 Função 03h e 04h

2 Função 01h e 02h

1 Início de Receção

2 Ligação Serial Line

Specification 0 Configurações

1 Meio Físico RS485 - Ligações Físicas

Das sub-rotinas implementadas serão aqui detalhadas as sub-rotinas 0, 1, 3, 8, 11,

9 e 12. Existirá ainda a interrupção 0 para processamento da receção de uma mensagem

e a sub-rotina 13 para transferência de mensagens para a rede PRODIBUS DP a qual

será detalhada na ligação entre os autómatos S7-200 e S7-300.

3.4.7.1 Sub-rotina 0 – Configurações

A sub-rotina zero compreende três configurações, a configuração do porto 0 em

modo Freeport, do protocolo MODBUS RTU e dos buffers de memória. Esta sub-rotina

é executada no primeiro ciclo após o reinício do autómato sendo chamada pelo bit

especial (Special Memory bit) SM0.1.

Configuração 1 - Porto 0 em modo Freeport

A configuração é efetuada através dos seguintes bytes de memória do sistema:

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SMB30 – Freeport Control Register

Neste byte é possível configurar o protocolo a utilizar através de SMB30.0 e

SMB30.1. O valor 01h nestes dois bits seleciona o protocolo Freeport, nos restantes

bits são configuradas a velocidade de transmissão, o número de bits de dados e a

paridade.

Configuração utilizada: Paridade Par, 8 bits, 9600 bits/s, Freeport – 0100

1001(bin) – 49(hex)

SMB87 – Receive Message Control Byte

O byte SMB87 permite configurar os critérios de identificação de uma

mensagem, neste byte pode ser configurada a utilização dos temporizadores entre

mensagens e entre caracteres SMW90 e SMW92, assim como definidas as condições

de início e fim de mensagem, para o modo RTU serão utilizados tempos entre

mensagens. Para o modo ASCII seriam utilizados caracteres especiais como

delimitadores de mensagem.

Configuração utilizada: Receção ativa, utilizar SMW90, utilizar SMW92 – 1001

0100(bin) – 94(hex)

SMB94 – Máximum number of Characters to be received

O valor introduzido neste byte indicará o número máximo de caracteres recebidos

em uma só mensagem, este byte pode tomar valores entre 1 e 255 tento neste caso o

valor de 19 caracteres ou bytes, a estes será acrescentado um byte com o tamanho da

mensagem recebida perfazendo os 20 bytes de tamanho utilizado nos buffers de

memória.

Configuração utilizada: 19(dec)

SMW90 – Idle line timer

O registo SMW90 terá o valor do tempo em milissegundos após o qual a linha é

considerada livre, este tempo é também utilizado para indicar o fim de uma mensagem,

o valor a utilizar será o especificado no protocolo MODBUS em modo RTU de 3,5

vezes o tempo de um caracter, a 9600 bits/s e com 11 bits por caracter o tempo de idle

line seria 4 ms, será utilizado 6 ms de modo a garantir a receção do último caracter e a

estabilização da rede.

Configuração utilizada: 6 ms

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SMW92 – Inter-character timer

O registo SMW92 terá o valor do tempo máximo entre caracteres de uma mesma

mensagem, caso este tempo seja ultrapassado a mensagem é considerada como tendo

erro e não é processada, pela especificação do protocolo este tempo deverá ser 1.5 vezes

o tempo de um caracter, a 9600 bits/s o tempo entre caracteres seria 1.7 ms, será

utilizado o valor inteiro de 2 ms.

Configuração utilizada: 2 ms

Figura 3.30 Tempos de deteção de mensagens segundo o modo RTU

Concluída a configuração são ativadas as interrupções, permitindo a execução da

INT0. Durante o processamento das mensagens as interrupções poderão estar

desabilitadas de modo a que não seja iniciado o processamento de uma nova mensagem

enquanto ainda se está a processar uma antiga. Nesta situação a mensagem recebida

não é processada e neste caso o master que enviou a nova mensagem se não obtiver

uma resposta a tempo irá acionar um timeout e enviar novamente a mensagem.

Configuração 2 – Protocolo MODBUS RTU

Visto o protocolo ser programado no autómato e não através de um módulo de

comunicações dedicado, os parâmetros necessários no decorrer do processamento do

protocolo serão guardados em posições de memória regulares do autómato, memória

V, e não em bytes de memória de sistema.

Serão utilizadas as seguintes posições de memória:

• VW90 – Número máximo de entradas/saídas acessíveis através de

protocolo. A configuração utilizada neste registo foi 65(dec)

• VD92 – Endereço de memória para leitura de entradas analógicas. A

configuração utilizada foi &VB2000 (endereçamento indireto)

• VW96 – Número máximo de posições de memória acessíveis.

Configuração utilizada: 1001(dec)

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• VW98 - Número máximo de entradas analógicas acessíveis.

Configuração utilizada: 17(dec)

Configuração 3 – Buffers, Scratchpad e Flags

Nesta configuração é feito o reset a todos os valores que possam estar presentes

nos buffers utilizados para o processamento de mensagens, assim como à zona de

memória de utilização geral (scratchpad) e bits de memória utilizados como

sinalizadores (flags).

É utilizada uma instrução FILL com o valor 0 (zero) a 100 words com início na

VW100, ficarão a zero todos os registos de 8 bits de VB100 a VB300.

3.4.7.2 Interrupção 0

Após a execução da sub-rotina de configuração o programa volta ao ciclo

principal executando o programa ciclicamente até ser recebida uma mensagem nova

completa. Esta mensagem será recebida no buffer de receção de mensagens MODBUS

RTU constituído pelas posições de memória de VB100 a VB119 e será ativada a

interrupção 0 que dará início ao processamento de uma nova mensagem.

Na interrupção são utilizados os bits 2 e 3 do SMB86 (Receive Message Control)

para verificar se a mensagem terminou por ter sido recebida uma mensagem com o

tamanho ou tempo máximo SMW90 (Idle line timer), neste caso a informação contida

no buffer de receção é transferida para o buffer de processamento (handling buffer)

constituído pelas posições de memória de VB180 a VB199 e utilizada uma flag para

indicação que existe uma nova mensagem no handling buffer a ser processada.

Caso as condições que levaram à ativação da interrupção não sejam uma receção

por tamanho ou tempo máximo então a informação contida no MODBUS Receive

buffer é apagada e o programa sai da interrupção sem ativação da flag.

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Figura 3.31 Interrupção 0 após receção de nova mensagem

3.4.7.3 SBR_1 - Processamento de uma mensagem MODBUS RTU

Como especificado na camada de aplicação deste protocolo as tramas são

compostas de um modo geral por um endereço, um código de comando, o campo de

dados e por fim um código de verificação de erros de acordo com estrutura apresentada

na figura seguinte:

Figura 3.32 Trama do tipo MODBUS [25]

No processamento da mensagem será então necessário verificar a integridade dos

dados através do código de erro, caso o código seja válido são feitas as verificações ao

código de comando e endereço como detalhado em seguida, após estas verificações o

programa será encaminhado para as sub-rotinas de processamento do comando que

utilizarão os dados contidos na zona de dados da mensagem.

Esta sub-rotina começa por desabilitar as interrupções pois o processamento de

uma mensagem pode ser longo e os dados poderiam ser sobrepostos por uma nova

mensagem a meio do processamento. Seguidamente é executado o controlo da trama

por código CRC, este controlo é feito em duas componentes, é executada a sub-rotina

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8 que fará o cálculo do código CRC da mensagem presente no handling buffer e

seguidamente é chamada a sub-rotina 11 que fará a comparação entre o valor do código

presente na mensagem e o resultado da sub-rotina 8. Após validação do código é

acionada a indicação de código CRC válido. Caso o código não seja válido é acionada

a indicação de código inválido.

Novamente na sub-rotina 1 se o código for inválido é feito o reset aos buffers e

flags e novamente ativada a receção de mensagens para estabelecer as condições de

retorno ao programa principal sem processamento da mensagem e sem resposta ao

master que enviou a mensagem.

Figura 3.33 Processo de verificação do código CRC

Caso o código CRC seja válido é feita a verificação do comando recebido, caso

o comando não seja válido é feito um reset como anteriormente e escrito o código de

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exceção 01h de comando desconhecido na mensagem de resposta e chamada a sub-

rotina 9 para geração e envio de uma resposta com indicação de erro.

No caso do código CRC e o comando serem válidos é lido o endereço do slave a

que a mensagem se destina, caso o endereço seja 00h ou 20h é acionada a uma indicação

de mensagem em modo broadcast a qual será executada mas não será enviada uma

mensagem de resposta, caso o endereço seja o 25h o programa é encaminhado para as

sub-rotinas 2 a 7 consoante o comando a executar, caso o endereço não seja o 25h mas

seja entre 01h e 32h é ativada a indicação de uma nova mensagem destinada à rede

PROFIBUS-DP e chamada a sub-rotina 13 para processamento da mesma.

Figura 3.34 Processo de verificação do comando a executar

O processamento dos comandos disponíveis através de uma mensagem

MODBUS será feito através das sub-rotinas 2 a 7. Segundo a especificação existem três

categorias de comandos, públicos, definidos pelo utilizador e reservados, destes serão

implementados oito comandos públicos de acordo com a tabela seguinte:

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Tabela 3.11 Comandos implementados

Tipo Acesso Afetação Função Código (hex)

Sub-rotina

Reg.

Acesso a dados

1 bit

Entradas Binárias

Ler entradas binárias 02 SBR_2 I

Saídas Binárias

Ler saídas binárias 01 SBR_2 Q

Escrever uma saída binária

05 SBR_4 Q

Escrever múltiplas saídas binárias

0F SBR_6 Q

16 bits

Entradas Analógicas

Ler entradas analógicas

04 SBR_3 AIW

Saídas Analógicas ou Registos

Ler múltiplos registos 03 SBR_3 VW

Escrever um registo 06 SBR_5 VW

Escrever múltiplos registos

10 SBR_7 VW

3.4.7.4 SBR_3 – Ler múltiplos registos/entradas analógicas

A sub-rotina SBR_3 implementa os comandos MODBUS 03h de leitura de

registos internos de memória e 04h de leitura de entradas analógicas, a estrutura das

mensagens é a seguinte:

Tabela 3.12 Estrutura das mensagens para os comandos MODBUS 03h e 04h

Mensagem enviada pelo master

Endereço Comando Endereço do 1º

registo Quantidade de

registos CRC

03h ou 04h H. byte L. byte H. byte L. byte Low byte High byte

1 byte 1 byte 2 bytes 2 bytes 2 bytes

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Resposta enviada pelo slave

Endereço Comando Q. de bytes Dados CRC

03h ou 04h Low byte High byte

1 byte 1 byte 1 byte n bytes 2 bytes

Mensagem de erro

Endereço Comando Código CRC

83h ou 84h 01h a 04h Low byte High byte

1 byte 1 byte 1 byte 2 bytes

Nota: é relevante verificar que os bytes de CRC são trocados, na mensagem são

enviados pela ordem Low byte e High byte quando são efetuados os cálculos para

determinação do código CRC o resultado vem na ordem inversa.

Por no autómato S7-200 não ser permitido o acesso direto aos valores das

entradas analógicas estes terão de ser movidos para um registo interno de memória V o

qual já pode ser acedido indiretamente, a diferença entre função 04h e a função 03h

será então o endereço inicial, o endereço dos registos internos começa em VW0 e o das

entradas analógicas em VW2000, a estrutura das mensagens é igual à estrutura utilizada

para os comandos 01h e 02h com o endereçamento feito a words e não a bits, acesso a

16 bits tal como indicado na tabela 3.11.

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Figura 3.35 Controlo e execução dos comandos MODBUS 03h e 04h

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O processamento destes comandos é conseguido em dois passos, primeiramente

é feito o controlo de erros para verificação dos endereços recebidos e da quantidade de

registos a aceder, caso estes sejam inferiores a zero, a sua soma seja superior ao máximo

permitido pelo protocolo ou gere uma passagem por zero, ou seja de FFFFh para 0000h,

no caso de alguma destas condições se verificar é escrito o código de erro 02h e

acionado o envio de uma mensagem de erro como resposta.

Após o controlo de erros, o segundo passo é a execução do comando

propriamente dito. Para tal é necessário determinar a quantidade de bytes de dados a

escrever na mensagem de resposta, sendo necessário multiplicar o número de registos

por dois pois são registos de 16 bits cada, seguidamente é calculado o tamanho total da

mensagem de resposta que será igual ao número de bytes de dados mais cinco bytes, 1

byte de endereço de slave, 1 byte de comando, 1 byte de quantidade de bytes e 2 bytes

de CRC. Após a obtenção destes dois valores e da sua escrita no buffer da mensagem

de resposta é feita a transferência dos dados em si, desde o primeiro registo a ler

(apontador mais endereço inicial), em linguagem ladder é utilizada a função

BLKMOV_W para transferir a quantidade de registos de 16 bits apontados por AC2

para uma saída, neste caso a saída inicial será VW124, a posição de memória inicial

para escrever os bytes de dados no buffer de resposta.

Figura 3.36 Função BLKMOV_W

Por fim é feita a chamada da sub-rotina SBR_8 onde é feito o cálculo dos bytes

de CRC, após a colocação do código CRC na mensagem é o fim da sub-rotina SBR_3.

O programa ao voltar à sub-rotina SBR_1 irá verificar se a mensagem que originou o

comando foi enviada em modo broadcast ou não, neste caso sendo uma mensagem de

leitura não poderia ser em broadcast, não tendo sido em broadcast é chamada a sub-

rotina SBR_12 para transmissão da resposta, ou seja, a mensagem contida no

MODBUS RTU Send buffer VB120 a VB139.

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3.4.7.5 SBR_8 – Cálculo do código CRC

A sub-rotina SBR_8 implementa o cálculo do código CRC, este cálculo é

efetuado em duas ocasiões após a receção de uma mensagem para verificação da

validade da mesma e após a execução de um comando para criação do código CRC a

inserir na mensagem de resposta, por esta razão o cálculo do código e a validação do

mesmo têm de ser efetuados em sub-rotinas diferentes.

O cálculo do código CRC é feito com base no tamanho da mensagem recebida/a

enviar menos dois bytes (os bytes do próprio código) e o conteúdo da mensagem.

Figura 3.37 Dados utilizados para cálculo do código CRC para os comandos

MODBUS 03h ou 04h

Para o cálculo do código CRC é utilizado um registo a 16 bits, chamado de registo

CRC, preenchido com o valor FFFFh, tudo a 1’s, sendo feito um ou exclusivo (XOR)

entre este registo e o primeiro byte da mensagem, o resultado é rodado para a direita e

examinado o bit que sai, o bit menos significativo, se o bit é zero o processo repete-se

para outro byte da mensagem se o bit for um é aplicado um ou exclusivo entre o registo

CRC e o valor A001h (polinómio gerador) e o processo repetido.

Processo de cálculo [11]:

• Registo CRC com o valor FFFFh;

• XOR entre o byte menos significativo do registo CRC e o primeiro byte

da mensagem;

• Rodar para a direita o registo CRC e verificar o estado do LSB (Least

Significant Bit);

• LSB = 0 repete a rotação anterior;

• LSB = 1 XOR entre o registo CRC e o valor A001h;

• Repetir os passos anteriores até serem processados 8 bits;

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91

• Repetir os passos anteriores até serem utilizados todos os bytes da

mensagem;

• O conteúdo do registo CRC é o valor do código com a ordem high byte

low byte.

Na mensagem o código é enviado com a ordem inversa, low byte primeiro.

A implementação deste processo em ladder segue o descrito no diagrama

seguinte.

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Figura 3.38 Diagrama de estados do cálculo do código CRC

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3.4.7.6 SBR_11 – Validação do código CRC

A sub-rotina SBR_11 é utilizada para validação do código CRC aquando da

receção de uma nova mensagem proveniente da rede MODBUS RTU. Após a receção

da mensagem é executada a sub-rotina SBR_8 para criação de um código CRC e

posteriormente chamada a presente sub-rotina para validação do código recebido na

mensagem por comparação com o calculado. Após a validação é ativado um bit de

memória que indicará se o código é válido ou não.

Após a validação a rotina acaba e o programa volta à rotina que a chamou, neste

caso será a sub-rotina SBR_1 que continuará o processamento da mensagem ou não

consoante a validade do código.

Tal como visto anteriormente o código é calculado com o high byte primeiro e o

low byte depois, na mensagem recebida é o contrário daí ser necessário utilizar VW208

para inverter os bytes do código calculado.

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Figura 3.39 Fluxograma da validação do código CRC recebido

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3.4.7.7 SBR_9 – Geração de mensagem de erro

A sub-rotina SBR_9 é utilizada para a geração da mensagem de erro, após a

deteção de um erro durante o processamento de uma mensagem por uma das outras

sub-rotinas é inserido no buffer de envio VB120 MODBUS Send buffer o código do

erro, o código do comando e chamada a sub-rotina SBR_9.

Nesta rotina são então transferidos os restantes dados do VB180 Handling buffer

para o MODBUS Send buffer, posteriormente é executada uma operação de OR entre

o código de comando em VB122 e o valor 80h, após esta operação é chamada a sub-

rotina SBR_8 para cálculo do código CRC e inserido o mesmo na mensagem de erro.

Após a construção da mensagem de erro a sub-rotina acaba e o programa retorna

à sub-rotina que gerou o erro. A geração do erro acaba incondicionalmente retornando

à sub-rotina de origem, normalmente a sub-rotina SBR_1 onde é depois ativada a

transmissão da mensagem de resposta que neste caso será uma mensagem de erro.

Figura 3.40 Diagrama de estados da geração de mensagem de erro

3.4.7.8 SBR_12 – Transmissão de uma mensagem

A sub-rotina SBR_12 implementa a transmissão de uma mensagem, esta sub-

rotina é chamada após a escrita dos dados de uma resposta no MODBUS Send buffer,

VB120 a VB139.

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A transmissão da mensagem é feita através da configuração e execução da

instrução XMT a qual será configurada para enviar X bytes com início em VB121,

consoante o valor indicado no byte VB120, através do porto 0. No caso do valor

presente em VB120 ser zero a execução da instrução XMT não envia os dados presentes

mas inicia um tempo de espera com a duração de 16 bits ao ritmo de transmissão

selecionado causando neste caso uma condição de silêncio (break) na linha de 1.7 ms.

Esta condição irá causar a terminação de uma mensagem da qual o master esteja à

espera de resposta. Esta pode ser também utilizada caso exista algum erro no

processamento da mensagem e seja conveniente terminar a comunicação para que o

master fique livre para outras transmissões.

Figura 3.41 Instrução XMT

A transmissão (XMT) de uma mensagem não pode estar ativa em simultâneo com

a instrução de receção (RCV), a utilização da instrução XMT com a instrução RCV

ativa causa erro por sobreposição. A coordenação entre estas instruções toma elevada

importância para que seja garantida a receção de todas as mensagens sem nunca existir

sobreposição com a transmissão de uma resposta, em especial porque as instruções de

XMT e RCV são utilizadas em sub-rotinas ou interrupções. As interrupções pela sua

natureza de execução aleatória devem ser limitadas e controladas por forma a que não

exista a possibilidade de sobreposição das instruções. Neste trabalho apenas a instrução

RCV utiliza uma interrupção. A instrução XMT utiliza uma sub-rotina e a análise a um

bit especial SM4.5 para deteção de fim de transmissão, este bit indica quando a

transmissão através do porto 0 está livre.

A receção de uma mensagem é habilitada no início do programa permanecendo

sempre habilitada até ser recebida uma mensagem completa, após a receção de uma

mensagem completa é ativa a interrupção 0 processada a transferência dos dados e

desativadas a instrução RCV e as interrupções até ao processamento completo da

mensagem. No fim do processamento da mensagem é habilitada e ativada a instrução

XMT para executar a transmissão da resposta. Após a indicação do bit SM4.5

significando que a transmissão está concluída é ativada novamente a instrução RCV.

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Figura 3.42 Diagrama temporal da utilização exclusiva das instruções RCV e XMT

A sub-rotina SBR_12 é chamada pela sub-rotina SBR_1 após o preenchimento

dos dados no MODBUS Send buffer, o seu processamento é feito de acordo com o

seguinte diagrama:

Figura 3.43 Fluxograma da transmissão de uma mensagem

É relevante relembrar que o ciclo de deteção de fim de mensagem não pode

bloquear o ciclo do programa durante um tempo indeterminado, o tempo máximo de

cada ciclo são 500 ms limitado pelo temporizador watchdog.

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3.4.8 Ligação entre S7-200 e S7-300

A ligação entre o autómato S7-200 e o autómato S7-300 é efetuada através de

uma rede de campo com protocolo PROFIBUS-DP e método de acesso Master-Slave

com topologia em barramento. O autómato S7-300 (o master da rede) utiliza o porto de

comunicação X2 com interface de comunicação série RS485, utilizando como meio

físico o cabo PROFIBUS FC Standard Cable. No caso do autómato S7-200 (um dos

slaves) possui uma porta de comunicação (porto 1) com interface série RS485 e

protocolo PROFIBUS-DP.

Figura 3.44 Interligação entre os autómatos S7-200 e S7-300

3.4.8.1 Considerações sobre o protocolo MODBUS RTU no autómato S7-300

A implementação do protocolo MODBUS RTU no autómato S7-300 será

reduzida ao essencial para execução das funções necessárias ao funcionamento da rede,

a implementação da totalidade do protocolo seria uma duplicação do já executado no

S7-200 apenas com software diferente.

Será apresentada a função de transferência de dados programada no autómato

S7-200 e as restantes funções programadas no autómato S7-300.

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3.4.8.2 SBR_13 – Transferência de uma mensagem MODBUS RTU para

PROFIBUS-DP

A sub-rotina SBR_13 (S7-200) executa a transferência de uma mensagem

recebida via MODBUS RTU com destino a um equipamento na rede PROFIBUS-DP,

é chamada a partir da sub-rotina SBR_1 quando é detetado que o endereço do slave é

válido e diferente do endereço do autómato S7-200.

Esta sub-rotina utiliza cinco buffers de memória, o MODBUS Receive buffer, o

Handling buffer, o PROFIBUS Send buffer, PROFIBUS Receive buffer e o MODBUS

Send buffer, o diagrama de transferência de informação entre os mesmos é indicado na

figura seguinte:

Figura 3.45 Diagrama de transferência de informação entre buffers

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Tal como referido anteriormente o autómato S7-200 é um equipamento slave na

rede PROFIBUS-DP, como tal o mesmo não fará automaticamente a transmissão do

conteúdo do PROFIBUS Send buffer. A transferência de informação para o autómato

S7-300 (o master da rede PROFIBUS-DP) será efetuada por polling do master ao

PROFIBUS Send buffer contido no slave.

O autómato S7-200 ao receber uma mensagem destinada à rede PROFIBUS-DP

transfere os seus conteúdos para o buffer de envio, o autómato S7-300 por sua vez está

ciclicamente a efetuar uma leitura deste buffer. Ao receber dados diferentes dos

anteriores (o que indicará a presença de uma nova mensagem no PROFIBUS Send

buffer) o autómato S7-300 fará o processamento da mesma e executará uma função de

escrita com a resposta para o PROFIBUS Receive buffer contido no S7-200.

O autómato S7-200 ao transferir uma nova mensagem para o PROFIBUS Send

buffer tem de aguardar que o autómato S7-300 execute o comando e escreva a resposta

no PROFIBUS Receive buffer, este tempo de espera é de elevada importância pois é o

tempo responsável pela coordenação entre as redes. Se o tempo for muito longo o

autómato S7-200 levará muito tempo a responder ao autómato TSX57-103 o qual

acabará por ativar um timeout da mensagem que enviou.

O autómato S7-200 durante o ciclo de deteção de resposta estará continuamente

a analisar o conteúdo do PROFIBUS Receive buffer. Caso existam caracteres diferentes

de zero é feita a transferência do conteúdo do buffer para o MODBUS Send buffer e

enviada a resposta ao TSX57-103, sendo que existirá um temporizador de 50 ms para

que caso não seja recebida uma resposta por parte do S7-300 o autómato S7-200 possa

terminar o ciclo de espera. Este procedimento encontra-se detalhado no diagrama

seguinte.

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Figura 3.46 Diagrama de execução da sub-rotina SBR_13

O autómato S7-300 tem assim um tempo máximo de 50 ms para receber, executar

e transmitir a resposta a uma mensagem. O autómato TSX57-103 está programado com

um tempo de timeout de 100 ms e três timeouts por mensagem, num total de 300 ms até

gerar um erro por falta de resposta. Veja-se a figura seguinte.

Figura 3.47 Articulação entre tempos de execução e transmissão

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102

Dado o ritmo de transmissão na rede MODBUS RTU de 9600 bit/s o tempo de

transmissão de uma mensagem de 19 bytes é de 22 ms, valor obtido segundo a seguinte

expressão:

# =�º���� ×

�º�������

*��%���� ��%���ã�× 1000 =

19 ×111

9600× 1000 = 22%�

Considerando este valor como o tempo máximo de uma transmissão na rede

MODBUS RTU acontece que no pior caso com uma mensagem de leitura com tamanho

de 19 bytes (ambas, a mensagem e a resposta), o tempo máximo para o autómato S7-

300 processar a mensagem e o tempo de transmissão da resposta o tempo total fica em

94 ms, restando apenas 6 ms para o autómato S7-200 processar a mensagem.

Verificou-se experimentalmente que a deteção de caracteres resulta em tempos

de resposta totais inferiores a 50 ms, para proteção contra um ciclo infinito por falta de

resposta foi então adicionada ao ciclo de deteção de resposta uma temporização de 50

ms como limite máximo de tempo de espera.

3.4.8.3 Processamento dos comandos MODBUS S7-300

O processamento dos comandos MODBUS recebidos será efetuado através de

uma rotina principal designada OB1 que fará a deteção de novas mensagens e

desencadeará o processamento das mensagens. Este será executado nas sub-rotinas FC1

que fará a identificação do endereço do slave e o código de comando, a execução dos

comandos será implementada nas sub-rotinas FC6 a FC11. No caso do autómato S7-

300 as sub-rotinas são designadas por funções (Functions).

No caso do autómato S7-300 as mensagens MODBUS virão através do campo de

dados das mensagens PROFIBUS-DP e como tal não será necessário proceder à

validação da integridade das mensagens via código CRC pois o protocolo e os módulos

de comunicações PROFIBUS-DP fazem automaticamente a validação da mensagem.

A implementação dos comandos MODBUS no autómato S7-300 é idêntica à já

efetuada no autómato S7-200 mas necessária para o funcionamento da rede, assim serão

apenas implementados alguns dos comandos mais necessários como a escrita e leitura

de saídas digitais e registos internos. Não será também implementado o controlo de

erros e mensagens de erro, tal implementação seria apenas uma repetição do já feito no

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Rede Integrada

103

autómato S7-200 não contribuindo para o propósito de aprendizagem e exploração de

conteúdos da presente dissertação.

Os endereços de slave permitidos e comandos implementados no S7-300 são

descritos na tabela seguinte:

Endereço Equipamento Comando Designação Função

21h S7-300 e Rede ASi

0Fh Escrever múltiplas saídas binárias

FC6

10h Escrever múltiplos registos FC7

01h Ler múltiplas saídas binárias FC10

03h Ler múltiplos registos FC11

23h Micromaster 10h Escrever múltiplos registos FC8

03h Ler múltiplos registos FC9

A estrutura do programa no autómato S7-300 é a seguinte:

Figura 3.48 Diagrama de execução do programa no autómato S7-300

3.4.8.4 OB1

A rotina principal OB1 implementa um ciclo contínuo de deteção de nova

mensagem. Tal é conseguido através da comparação entre os dados contidos no

handling buffer e no receive buffer.

Os dados contidos no receive buffer são copiados para o handling buffer e

executados ciclicamente com uma instrução de leitura (DPRD_DAT) que irá enviar

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Rede Integrada

104

uma mensagem de leitura ao autómato S7-200 para obtenção do PROFIBUS Send

buffer. Estes dados são guardados no receive buffer do autómato S7-300 e caso os dados

presentes nos buffers sejam diferentes isto indica de que foi recebida uma nova

mensagem proveniente da rede MODBUS RTU sendo então chamada a função FC1

para processamento da mesma. O diagrama seguinte ilustra este procedimento.

Figura 3.49 Diagrama de execução da rotina principal OB1

3.4.8.5 FC1

A função FC1 fará a deteção do endereço do slave e do código de comando. Caso

sejam válidos o programa é encaminhado para a função que executa o comando e

retorna novamente à função FC1 e são enviados os dados presentes no send buffer

contidos nos registosVB120 a VB135, retornando à rotina principal OB1.

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Rede Integrada

105

Figura 3.50 Diagrama de execução da função FC1

3.4.8.6 FC6

A função FC6 implementa o comando MODBUS 0Fh para escrever múltiplas

saídas binárias. Este comando destina-se ao autómato S7-300 e aos periféricos na rede

ASi visto que ambos são endereçados como saídas do próprio autómato. Este comando

foi implementado no autómato S7-200 em linguagem Ladder e no autómato S7-300 em

linguagem STL. A utilização da linguagem STL embora mais complexa apresenta

maior flexibilidade, permitindo o endereçamento indireto ao nível do bit e não apenas

ao nível do byte como acontece em Ladder. O que permite implementar o comando tal

como descrito no MODBUS Application Protocol [25].

O autómato S7-300 tem dois registos especiais utilizados para guardar endereços,

os registos AR1 e AR2 (Address Register). Estes registos podem guardar uma variável

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Rede Integrada

106

por exemplo 107.0, ou podem guardar um endereço específico como por exemplo Q4.0.

Para a execução deste comando MODBUS são utilizadas ambas as situações.

A implementação do comando começa pelo carregamento no AR1 do endereço

107.0 que é o endereço no receive buffer de onde vão ser lidos os dados e no AR2 o

endereço do primeiro bit da primeira saída do autómato, neste caso a saída Q4.0.

Seguidamente é carregado no acumulador o valor do endereço da primeira saída

contido em MB103 e a este adicionado o conteúdo de AR2, ou seja o endereço de Q4.0,

após a soma o registo AR1 terá o endereço Q4.0+X, por exemplo Q4.1.

Após a definição do primeiro endereço é carregado no acumulador MB105 a

quantidade de variáveis a escrever, esta quantidade será transferida para MW58 que

servirá de contador ao ciclo FOR utilizado para escrever as saídas.

A cada ciclo FOR é transferido o valor do bit apontado pelo registo M107.0+X

para o registo Q4.0+X os endereços contidos em AR1 e AR2 são incrementados e o

valor do contador MW58 transferido para o acumulador, ao próximo ciclo FOR o valor

do contador é decrementado pela instrução FOR.

Figura 3.51 Instruções para escrita de múltiplas saídas binárias

Após a escrita de todas as saídas o programa efetua a transferência dos valores

contidos no receive buffer para o send buffer e termina a função FC6.

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Rede Integrada

107

3.4.8.7 Mensagens MODBUS RTU para comando do variador de velocidade

Os comandos MODBUS RTU implementados para acesso ao variador são o

comando MODBUS 10h para escrita de múltiplos registos e o comando MODBUS 03h

para leitura de múltiplos registos. O comando 10h será utilizado para escrita de PZD1

e PZD2 no endereço PQD264 e o comando 03h será utilizado para leitura de PZD2 no

endereço PIW266.

Tabela 3.13 Estrutura de uma mensagem e resposta para o comando MODBUS 10h

Resposta enviada pelo slave

Endereço Comando Endereço do 1º

registo Quantidade de

registos

10h High

byte Low byte

High

byte

Low

byte

1 byte 1 byte 2 bytes 2 bytes

MB120 MB121 MW122 MW124

A execução do comando 10h encontra-se implementada na função FC8 e a do

comando 03h na FC9.

3.4.8.7.1 FC8:

A quantidade de dados a receber é fixa com um tamanho de 4 bytes para escrita

dos valores de PZD1 (2 bytes) e PZD2 (2 bytes). A execução da escrita será feita através

Mensagem enviada pelo master

Endereço Comando Endereço

do 1º registo

Quantidade de registos

Quantidade de bytes

Dados

10h High

byte

Low

byte

High

byte

Low

byte

1 byte 1 byte 2 bytes 2 bytes 1 byte N bytes

MB100 MB101 MW102 MW104 MB106 MB107 a MB115

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Rede Integrada

108

da instrução MOVE. Os valores dos dados começam em VB107 e a terminam em

VB110 sendo movidos para o endereço de PZDQ264.

Figura 3.52 Instrução MOVE

A escrita da resposta no Send buffer é executada pela transferência dos dados

contidos no Receive buffer.

Figura 3.53 Transferência de dados para o Send buffer

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Capítulo 4

Sistema de Supervisão (SCADA)

Resumo: No presente capítulo apresentam-se alguns conceitos base sobre

sistemas SCADA e de seus componentes, sendo apresentados

posteriormente dois projetos SCADA implementados, o projeto para

comunicação entre a supervisão e os controladores e um projeto

exemplo de uma instalação industrial.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

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Sistema de Supervisão (SCADA)

111

4.1 A supervisão nos processos automatizados

A importância dos sistemas de supervisão é largamente conhecida sendo o seu

objetivo primordial facilitar o desempenho de qualquer processo automatizado.

Convencionalmente os sistemas de supervisão são utilizados para a monitorização de

variáveis do processo, gestão de alarmes e arquivo de dados. A interface do sistema

automatizado com os operadores é uma das principais funções da supervisão. Os

recursos desta natureza receberam a designação anglo-saxónica consagrada na palavra

SCADA (Supervisory Control And Data Aquisition) [26] [27].

Um sistema SCADA é um sistema de controlo distribuído constituído por um

pacote de software instalado em uma estação principal MTU (Master Terminal Unit)

destinado ao controlo local de processos distribuídos através da aquisição de dados

provenientes dos controladores locais RTU (Remote Terminal Unit), executando o

processamento dos mesmos, compilando históricos, gerando alarmes, criando bases de

dados e estatísticas, entre outros, permitindo assim efetuar um controlo de alto nível de

uma rede de automação por comandos automáticos (scripts) ou manuais através de um

painel sinótico de comandos e informações o designado HMI [28].

Figura 4.1 Exemplo de sala de controlo com painéis HMI e estações de controlo

MTU (Siemens)

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Sistema de Supervisão (SCADA)

112

Um sistema de supervisão divide-se essencialmente em três aspetos principais:

• Aquisição de dados: Recolha do estado e valores dos equipamentos de

campo e a compilação da informação em um equipamento central.

• Processamento de dados: Criação de históricos, alarmes, bases de dados

e processamento automático por estruturas pré programadas (scripts) e

disponibilização de dados para níveis superiores, por exemplo uma rede

empresarial ou estratégica.

• Interface humano-máquina: Disponibilização de informação relevante do

sistema para um operador através de painéis sinóticos permitindo a

execução de comandos manuais e definição de pontos de funcionamento

(setpoints) para operação dos processos na rede.

Em termos de arquitetura um sistema SCADA é um sistema no qual é utilizado

um equipamento central que permite a supervisão e gestão global do sistema e um ou

mais controladores locais (RTU’s), o controlo do processo é feito localmente e a

supervisão centralmente [29].

O controlo do processo sendo local permite um controlo mais simples, rápido e

fácil de diagnosticar. A supervisão central permite um controlo mais abrangente e

maiores capacidades de processamento com uma visão global de toda a rede, menos

cablagem (e consequentemente menores custos com a mesma) e maior resiliência a

falhas locais, uma falha em uma RTU pode apenas ter consequências locais e caso

necessário podem existir RTU’s e MTU’s redundantes.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

113

Figura 4.2 Arquitetura de um sistema SCADA [30]

4.1.1 MTU (Master Terminal Unit)

A estação principal ou MTU é o equipamento ou conjunto de equipamentos

principais de um sistema SCADA. É o equipamento que inicia a comunicação com as

unidades remotas, guarda a informação, processa-a e envia instruções para as unidades

remotas através de uma rede de comunicações e para o operador através de um HMI, o

envio de comandos para as RTU e a atualização dos valores na base de dados são dois

exemplos do tipo de mensagens trocadas entre a MTU e as RTU.

A MTU pode ser composta por um equipamento processador central, servidores

de dados, impressoras, ecrãs de visualização e outros sistemas de informação [31].

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Sistema de Supervisão (SCADA)

114

Figura 4.3 Diagrama de uma MTU

Dada a vulnerabilidade física e virtual e a importância da MTU para uma rede de

automação pode existir uma estação principal redundante com o propósito de

providenciar acesso à informação e ao comando da instalação em caso de uma falha ou

ataque à MTU. A estação principal redundante pode consistir desde apenas um servidor

SCADA adicional até uma completa MTU independente com estrutura física própria e

canais de comunicação próprios [32].

4.1.2 RTU (Remote Terminal Unit)

As unidades remotas ou RTU’s têm como função recolher a informação dos

equipamentos de campo (sensores e atuadores) e através de uma rede de comunicação

enviar e receber informação para e de a MTU, algumas RTU’s como os PLC’s podem

ainda ter a capacidade para controlar processos [33].

A função principal das RTU’s é a capacidade de enviar a informação dos

equipamentos de campo como os sensores e atuadores para uma estação principal como

a MTU não sendo necessário que a própria RTU tenha capacidade de controlo.

Uma RTU pode ainda ser utilizada como estação transmissora para outros

controladores que não disponham de capacidade de comunicação, no presente trabalho

é utilizado um PLC, o TSX57-103, como RTU permitindo o acesso da supervisão a

outros controladores, PLC’s S7, que não dispõem de acesso direto a uma rede Ethernet.

A evolução tecnológica dos PLC’s que atualmente integram processamento,

controlo e comunicação a custos acessíveis torna redundantes outros tipos de RTU que

não disponham de capacidades de controlo.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

115

Figura 4.4 Diagrama exemplar de uma RTU

4.1.3 Comunicação

A comunicação entre a MTU e as RTU’s é conseguida através de uma rede de

comunicações, quer seja ela uma rede de campo com um protocolo industrial para

sistemas mais pequenos utilizando um cabo como meio físico de transmissão, uma rede

local Ethernet para instalações de média dimensão. Para instalações de dimensões

maiores ou de difícil acesso podem ainda ser utilizados outros meios como ondas rádio

UHF/VHF, micro-ondas, wireless, GSM (Global System for Mobile Communications),

entre outros, estes meios são designados como canal de comunicação [31] [34].

Os sistemas SCADA ao efetuarem um controlo de alto nível podem utilizar redes

e protocolos compatíveis com as características das redes comerciais ao invés das redes

industriais pois não existe necessidade de comunicações determinísticas e com tempos

de transmissão na ordem de poucos milissegundos, tal é economicamente vantajoso

mas pode implicar questões de segurança. Na solução de automação apresentada neste

trabalho é utilizada a rede Ethernet comercial como meio de comunicação para o

sistema SCADA.

4.1.4 Workstations

Tal como referido anteriormente na MTU podem existir equipamentos adicionais

como workstations para operadores, estas por norma não dispõem de capacidade de

armazenamento apenas de visualização e comando, as workstations funcionam através

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Sistema de Supervisão (SCADA)

116

de uma rede local com a estação principal a qual funciona como servidor de dados das

workstations [33].

Estas workstations podem ser utlizadas para dividir a operação de supervisão por

setores, áreas ou funções e permitir que mais operadores interajam com o sistema

SCADA.

Figura 4.5 Exemplo de sistema SCADA com servidor de dados e workstations

Por exemplo, por questões de segurança de dados e de operação segundo [35] um

sistema de supervisão pode ser dividido em cinco níveis de segurança para os quais

podem existir cinco workstations diferentes ou com acessos diferentes.

Tabela 4.1 Exemplo de níveis de segurança num sistema SCADA

Nível de segurança

Colaboradores Funções disponíveis

A Todos Visualização

B Operadores Estagiários Funções nível A

Alterar setpoints

Reconhecimento de alarmes

Ligar e desligar equipamentos

C Operadores Qualificados Funções nível B

Alterar alarmes

Desativar controladores/alarmes

D Técnicos Instrumentação Funções nível A

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Sistema de Supervisão (SCADA)

117

Calibrar controladores

Relatórios de alarmes

Configurações simples

E Engenheiro de sistemas Configurações complexas

Códigos de segurança

Gestão de contas

4.1.5 Software SCADA

Com o estabelecimento do hardware, MTU, RTU’s e meio de comunicação entre

ambos existe um caminho físico para a transferência de informação entre os

dispositivos de campo e a supervisão, no entanto para que a informação seja obtida e

processada de forma útil é necessário existir um software SCADA, o qual pode ser

proprietário ou aberto.

Um software SCADA é um pacote de programas destinado à receção da

informação em formato digital, salvaguarda da mesma em bases de dados,

processamento automático da informação e criação e conexão dos écrans sinóticos às

bases de dados e ao processamento da informação, este software pode ainda

disponibilizar outros serviços de alto nível como servidores OPC, controladores

(Drivers), entre outros. Estes serviços são disponibilizados como módulos

independentes e podem ou não pertencer todos a um só “pacote” de SCADA, podem

ainda ser executados em equipamentos de hardware diferentes. Por exemplo, alguns

módulos podem correr em servidores web, de históricos ou de bases de dados

providenciando acesso aos dados pelas workstations [36].

Tipicamente um software SCADA consiste em quatro módulos funcionais:

• Aquisição de dados (Inputs / Outputs)

• Base de dados (Armazenamento)

• Controlo e processamento (Alarmes, relatórios e estatísticas)

• Interface (Displays)

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Sistema de Supervisão (SCADA)

118

4.1.6 Aquisição de dados

A aquisição de dados de um sistema SCADA inicia-se nos dispositivos de campo

(sensores e atuadores) que enviam e recebem sinais do seu controlador de processo

(PLC-RTU) ou para um transmissor (RTU), a RTU envia os dados para a MTU através

de uma rede de comunicação, rede industrial ou comercial.

Os dados provenientes das RTU podem chegar à MTU em um qualquer protocolo

definido para a rede utilizada, no caso deste trabalho será utilizada a Ethernet comercial

e o protocolo MODBUS TCP, para que a informação proveniente da RTU seja

interpretada pela MTU é necessário utilizar um controlador de comunicações (driver)

para o protocolo em causa, o módulo de drivers pode ou não ser parte integrante do

software SCADA.

Após a interpretação dos dados pelo driver é então construída uma base de dados

com os valores obtidos, os quais serão disponibilizados pela base de dados e

posteriormente utilizados pelas restantes aplicações como a base de dados de histórico,

alarmes e eventos e as interfaces com o utilizador [37].

Figura 4.6 Fluxo de dados em um sistema SCADA

4.1.6.1 Controladores (Drivers)

Os controladores ou drivers são programas de software que permitem fazer a

descodificação do sinal elétrico recebido nos portos de comunicação para um valor

digital utilizável por outros programas de software.

Os drivers escritos num ficheiro .dll contêm uma configuração base para o tipo

de ligação que fazem, sendo no entanto necessário configurar algumas características

pretendidas, tais como o tempo de espera entre mensagens, o tempo máximo de espera

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Sistema de Supervisão (SCADA)

119

para a resposta (timeout), a prioridade do protocolo no caso de serem utilizados mais

do que um e a possibilidade de designar um ficheiro de registos (log file) para a escrita

de mensagens em caso de erro, tal ficheiro permitirá fazer posteriormente o debug e

correção de erros.

4.1.6.2 OPC (Open Platform Comunications)

OPC é uma norma que consiste em especificações que permitem a uniformização

na partilha de dados entre um cliente e um servidor, nomeadamente equipamentos de

fabricantes distintos [38], esta norma permite a criação de uma interface entre redes de

campo com protocolos proprietários e programas de software genéricos, utilizados para

criar programas de supervisão em ambiente windows por exemplo

De acordo com a especificação OPC são criados pacotes de software chamados

de servidores OPC DA (OPC Data Access) ou OPC servers. Estes servidores contêm

conjuntos de drivers para estabelecer comunicações com redes de automação que

utilizem protocolos de redes de campo e criam ligações entre os equipamentos da rede,

por exemplo controladores, e uma base de dados em software que por sua vez contém

os dados em um formato que pode ser acedido por outros programas informáticos,

permitindo assim estabelecer uma interface entre um programa informático genérico e

um controlador de uma rede de campo, a única exigência é que o formato dos dados

obedeça à norma OPC.

Um programa de supervisão pode ser compatível com esta norma e como tal após

utilizar os seus drivers para criar uma base de dados em tempo real a mesma é

compatível com OPC, podendo ser utilizada por outros programas que recebam dados

de um servidor OPC, os programas que não contêm drivers próprios necessitam de um

servidor OPC externo para criar a base de dados, sendo considerado um cliente OPC.

Os programas que recorrem à base de dados OPC podem ser dos seguintes tipos:

• Servidor OPC: através de drivers de ligação aos dispositivos de campo

cria uma base dados no formato OPC disponibilizando a informação aos

restantes programas;

• Cliente OPC: recorre a uma base de dados no formato OPC criada por um

outro programa;

• Servidor/Cliente OPC: executa ambas as funções.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

120

Nota um programa cliente OPC apenas pode ser cliente pois não tem a capacidade

de criar a base de dados mas um programa servidor OPC pode ser um servidor dedicado,

criando a base de dados e disponibilizando a informação, ou ser um servidor/cliente

com a capacidade de criar a base de dados e de utilizar bases de dados OPC criadas por

outros programas.

Figura 4.7 Fluxo de dados entre clientes e servidores OPC [37]

A motivação para a criação da OPC derivou da enorme diversidade de protocolos

e drivers que podem existir em automação, tanto abertos como proprietários, a OPC

passou então a ser a forma de criar uma ligação entre os programas informáticos de

gestão e supervisão com uma rede de automação, permitindo o acesso dos mesmos aos

dados da rede sem terem de ser os próprios programas a serem compatíveis com todos

os dipositivos e redes de campo ou terem todos os drivers do mercado, criou-se então

uma ferramenta que faz a ponte entre a informática e a automação [38].

4.1.7 Base de dados

O acesso à base de dados, também designada por base de dados em tempo real

RTDB (Real Time Database), pode ser feito através de uma API (Application

Programming Interface) designada por ODBC (Open DataBase Conectivity) a qual é

uma aplicação normalizada para bases de dados, permitindo assim utilizar aplicações

independentes para a criação e gestão da base de dados como a MSAccess, SQLServer

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Sistema de Supervisão (SCADA)

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ou Oracle, os dados são acedidos na base de dados através de identificadores designados

por tags.

4.1.7.1 Variáveis (Tags)

As tags são um tipo de meta dados que possibilita acrescentar outras informações

a uma variável que não apenas o seu valor, como nomes, tipos, e outras propriedades.

O programa SCADA utiliza as tags como variáveis, estas assumem os valores

digitais ou analógicos pretendidos permitindo a execução e controlo do programa, as

tags contêm ainda diversas propriedades configuráveis.

Algumas das propriedades mais importantes das tags são:

• O nome configurável, que permite um fácil reconhecimento da mesma;

• O tipo de variável, word, double word, entre outros;

• Retenção, que permite manter o valor da variável após o desligar de uma

ligação;

• A propriedade dinâmica, que permite estabelecer a ligação entre a tag e

uma tarefa (task) no driver de comunicação.

4.1.7.2 Tarefas (Tasks)

As tarefas são instruções de leitura/escrita através do driver.

Cada task executa apenas uma instrução de leitura/escrita.

Cada tag pode conter apenas uma task na sua propriedade dinâmica mas uma task

pode ser solicitada por diversas tags.

4.1.8 Controlo e processamento

O controlo da rede de automação (automático ou manual) e o processamento dos

dados adquiridos são conseguidos através dos recursos ou API’s do programa de

supervisão, estes recursos podem ir desde ficheiros pré programados (scripts ou

receitas) a históricos e alarmes, entre outros.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

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4.1.8.1 Scripts

Scripts são ficheiros escritos em linguagem VBA (Visual Basic for Application)

que podem ser utilizados para executarem o código pretendido após uma condição de

execução, por exemplo executar uma janela de aviso ou alterações a variáveis após a

sinalização de um alarme ou evento.

4.1.8.2 Receitas

As receitas são ficheiros de texto que contêm valores pré definidos para as

variáveis do programa sendo utilizados para ativar pontos de funcionamento gerais

(conjunto de setpoints), por exemplo a receita 1 pode conter os setpoints para o fabrico

do produto A e a receita 2 os setpoints para o produto B, ou para o funcionamento da

instalação no modo X ou no modo Y.

4.1.8.3 Data Logger

A Data Logger é uma API que permite a criação de uma base de dados para

gravação de variáveis ao longo do tempo, as variáveis selecionadas para serem gravadas

podem posteriormente ser utilizadas para análise do sistema através de históricos,

receitas, gráficos e construção de relatórios.

Por defeito a base de dados da Data Logger vem com os seguintes campos:

• Hora (referência GMT)

• Hora Local (outra referência)

• Duração (em ms)

• Utilizador (utilizador ativo)

• Razão (comando que despoletou a gravação)

Para o projeto de exemplo foi criado um Data Log de 1 segundo para gravação

de um alarme designado por “Generators not stable” indicado pela tag DI00.7 (oitavo

bit do registo zero de 16 bits do autómato TSX57-103), após a ativação do alarme a

Data Logger fará uma leitura e registo do estado da tag a cada segundo.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

123

Figura 4.8 Configuração de um Data Log para um evento de alarme

4.1.8.4 Alarmes

Os alarmes são constituídos por condições definidas sobre os dados presentes na

RTDB e a sua função é alertar o operador e gerar um relatório quando a tag afeta ao

alarme atingir a condição definida, a condição para o alarme x é definida como a tag y

atingir o valor z.

Após a condição de alarme ser atingida é registada a ativação do alarme e

guardada em uma base de dados de alarmes, a qual pode ser utilizada por outras

aplicações para gerar comandos, alertas em ecrãs informativos, janelas de alarmes,

envio de SMS (Short Message Service) ou email.

Figura 4.9 Aplicação de gestão de alarmes

4.1.8.5 Utilizadores

Um programa SCADA deve conter uma lista de utilizadores com acessos e

propriedades distintas tais como administradores, desenvolvedores, utilizadores e

visitantes por exemplo.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

124

Cada grupo de utilizadores e cada utilizador podem ter diversas propriedades

como o nível de acesso, descrição, passwords, tempo de validade das passwords,

contactos e acesso a notificações.

4.1.9 HMI (Human Machine Interface)

O HMI é um painel ou ecrã de visualização e comando que permite a interface

do sistema SCADA com os operadores, de acordo com [34] a interface para a operação

deve ser construída de acordo com a norma MIL-STD-1472G que define os critérios e

recomendações para os painéis de informação, capacidades de controlo, cores e

interação com o utilizador.

Segundo os requerimentos gerais da norma MIL-STD-1472G os HMI devem,

providenciar ambientes de trabalho que promovam a eficácia, padrões de trabalho e

segurança do pessoal, devem ainda minimizar a possibilidade de erro humano, permitir

a execução das tarefas de forma eficiente e precisa, ser desenhado de acordo com as

capacidades e limitações dos operadores, entre outros, sendo ainda de elevada

importância que os sistemas SCADA e em particular os HMI sigam regras

normalizadas para os controlos, displays, marcações, codificações, painéis e layouts e

utilizem funções uniformes com os restantes equipamentos e sistemas.

O painel é construído através de ecrãs sinópticos (screens) nos quais são

desenhados botões de comando, caixas de texto e etiquetas de texto (labels) assim como

ligações para outros painéis, cada botão de comando ou caixa de texto pode ser

interligado a uma variável (tag), os comandos podem ainda conter conjuntos de

instruções (scripts) a utilizar em determinadas situações.

4.2 Projeto SCADA

Nesta dissertação serão desenvolvidos dois projetos SCADA, um projeto de

comunicação que permitirá enviar e receber mensagens dos equipamentos de campo de

acordo com o preconizado no tema proposto e um projeto de exemplo de uma aplicação

industrial. Os projetos serão criados por um software SCADA neste caso será utilizado

o software Movicon, os mesmos são constituídos por um conjunto de recursos e

aplicações dos quais se destacam os seguintes:

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Sistema de Supervisão (SCADA)

125

• Base de dados em tempo real

• Controladores (Drivers)

• Variáveis (Tags)

• Ecrãs

• Alarmes

• Data Loggers

• Utilizadores

4.2.1 Estrutura física e meio de comunicação do projeto

SCADA

A estrutura física utilizada é a estrutura em estrela através de uma rede Ethernet,

a MTU composta por um computador pessoal com o software SCADA é ligada através

de um cabo UTP cat5 a uma tomada do tipo RJ45 proveniente de um switch ethernet,

o qual estará ligado a um outro switch ethernet mais próximo da rede de automação,

que por sua vez fará a ligação a uma nova tomada RJ45 à qual estará ligada à RTU,

sendo neste caso utilizadas duas RTU, os autómatos TSX57.

Será utilizado o protocolo MODBUS TCP para comunicação entre os autómatos

TSX57 e a supervisão, através de uma rede Ethernet e o driver para ligação Ethernet

MODBUS TCP.

Figura 4.11 Ligação física entre a supervisão e a RTU (PLC TSX57-103)

4.2.2 Software SCADA utilizado

Para implementação do projeto SCADA será utilizado o software MOVICON.

Figura 4.10 Estrutura de recursos

do projeto SCADA

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Sistema de Supervisão (SCADA)

126

Movicon é um software SCADA proprietário, desenvolvido pela Progea, que

permite a criação de um programa de supervisão com os módulos usuais de um sistema

SCADA complexo num só pacote de software, uma vantagem deste software é que a

integração destes módulos simplifica e minimiza o número de programas necessários,

a complexidade e a possibilidade de erros na implementação de um sistema completo,

tornando o software ideal para criar programas de supervisão baseados em apenas um

equipamento MTU, no caso desta dissertação e por se tratar de um programa pouco

complexo é utilizado apenas um computador pessoal como MTU.

A base de dados a utilizar será a RTDB criada, utilizando os drivers do próprio

software MOVICON conjuntamente com a aplicação MSAccess.

Serão utilizadas duas estações, uma para cada autómato TSX57 em que ambas

utilizam o driver MODBUS TCP.

Em termos de tarefas (tasks) serão utilizadas apenas tarefas dinâmicas associadas

uma tarefa a cada variável, as tarefas utilizadas serão de leitura e escrita de registos,

tanto de 16 bits como de 32 bits em diversas posições de memória dos autómatos.

Figura 4.12 Tarefas utilizadas no driver MODBUS TCP

Não será utilizado um servidor OPC mas em caso de necessidade a base de dados

criada pode ser utilizada por outros programas sendo este projeto o servidor OPC.

Neste projeto não serão utilizados data logger, scripts, receitas ou alarmes no

projeto exemplo de instalação industrial é utilizado um data logger e alarmes.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

127

4.2.3 Configurações

No software Movicon as RTU são designadas por estação (Station) e cada RTU

com ligação à supervisão deve ser configurada no programa de acordo com o seu driver

de comunicação. Note-se que cada driver de comunicação pode conter várias estações,

cada uma com um endereço único.

Após a configuração dos drivers é necessário criar uma station com o driver

MODBUS TCP à qual será estabelecida a ligação à rede ethernet, no caso deste projeto

a station a criar será referente ao autómato TSX-57 103 da MODICON.

Figura 4.13 Configuração da estação TSX57 no driver para MODBUS TCP

Para que a ligação entre o software SCADA e o autómato seja estabelecida é

necessário configurar o endereço IP do autómato tanto na configuração de hardware do

mesmo como na estação do software SCADA, neste caso foi configurado com o

endereço IP 10.65.13.74, o endereço IP da RTU.

Por fim é necessário também indicar qual o I/O Port (Input/Output Port) do

computador a utilizar, neste caso foi utilizado o porto por defeito, o porto 502.

A estrutura de software utilizada no programa SCADA compreende o painel

sinótico com as caixas de texto com ligação à base de dados e às variáveis através das

tags, cada uma com a sua task que através do driver fazem a ligação à station pela porta

de comunicação.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

128

Figura 4.14 Fluxo de dados desde um comando no painel sinótico até ao porto de

comunicações

Figura 4.15 Fluxo de dados do projeto criado com o software Movicon

4.2.4 Protocolo MODBUS TCP

O protocolo de comunicação a utilizar entre o software SCADA e o autómato

TSX57-103 será o MODBUS TCP, o qual utiliza uma mensagem base em MODBUS

acrescentando um cabeçalho TCP à mensagem original para identificação da MODBUS

ADU (MODBUS Application Data Unit).

O cabeçalho TCP acrescenta informação à mensagem original necessária em uma

rede ethernet o que não acontece em uma rede de campo mais simples, aumentando o

número de bytes necessários à sua transmissão e consequentemente aumentando o

tempo de transmissão e processamento, sendo que a velocidade de transmissão na rede

ethernet é muito superior às redes de campo utilizadas, tornando este aumento do

tamanho da mensagem negligenciável.

O protocolo MODBUS TCP utiliza ainda um endereço IP para identificar o

destinatário em vez do endereço de escravo (slave address) como no protocolo original

MODBUS.

4.2.5 Tipos de Mensagens e Estrutura

Os tipos de mensagens possíveis através do protocolo MODBUS TCP são os

mesmos que no protocolo MODBUS, escrita/leitura de saídas/entradas binárias,

saídas/entradas analógicas e registos.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

129

Neste projeto o tipo de mensagens enviadas/recebidas em MODBUS TCP será

apenas na forma de escrita/leitura de registos, tanto registos únicos como duplos (single

register/multiple registers) de variáveis de 16 e 32 bits, word e double word.

O autómato TSX57-103 encontra se equipado apenas com módulos de

comunicação e não com módulos de entradas/saídas, sendo que para as restantes

mensagens o processo é o mesmo bastando apenas alterar o tipo de mensagem

pretendida.

Como descrito no capítulo anterior, o autómato TSX57-103 quando receber uma

mensagem em determinados registos processa e converte a mensagem para MODBUS

RTU e envia-a para os respetivos slaves se for caso disso.

Torna-se assim possível enviar e receber informação para outro tipo de saídas,

por exemplo saídas binárias do S7-200, através de mensagens do tipo registo.

4.2.6 Ecrãs HMI

O painel principal criado para este projeto dá uma indicação clara da topologia e

composição da rede integrada, onde é possível ter uma indicação visual dos

equipamentos utilizados. Através de labels ou etiquetas são indicados os nomes dos

equipamentos, a sua função na rede (master ou slave), o tipo de interface para a rede

(RS232 ou RS485) e o protocolo utilizado na mesma (MODBUS RTU, MODBUS

TCP, PROFIBUS DP ou AS-i). As cores das ligações são representativas das cores das

cablagens utilizadas.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

130

Figura 4.16 Ecrã principal do HMI criado para o projeto SCADA

Através do ecrã principal é possível selecionar cada equipamento presente na rede

e abrir um painel secundário para envio de uma mensagem da supervisão para esse

equipamento, as mensagens são enviadas no formato do protocolo MODBUS e são

enviadas para o autómato TSX57-302 ou para o TSX57-103 que fará o

encaminhamento das mesmas para outros dispositivos se necessário.

Neste ecrã existe ainda no canto superior direito dois botões de comando para

alternar entre o ecrã principal e um projeto SCADA de exemplo de um sistema de

arrefecimento de uma instalação industrial.

Figura 4.17 Ecrã secundário do HMI para envio de mensagens para o autómato S7-

200

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Sistema de Supervisão (SCADA)

131

No ecrã para envio de mensagem é necessário indicar os valores para a mensagem

conforme os campos previstos no protocolo, tais como o endereço de escravo, comando

e endereço de variáveis. Na zona inferior são indicados valores (em binário) de exemplo

para mensagens de escrita ou leitura de variáveis binárias de saída ou registos. No

campo VALUE na parte superior é escrito o valor pretendido para uma mensagem de

escrita e na parte inferior é apresentado o resultado de uma mensagem de leitura.

4.2.7 Projeto exemplo

O projeto de exemplo de um sistema de supervisão de uma instalação industrial

permitirá observar a aplicação destes sistemas de supervisão assim como algumas das

suas capacidades de supervisão do processo de forma automática e utilização dos seus

recursos, como por exemplo a utilização de alarmes.

O projeto exemplo de supervisão permitirá então a visualização e supervisão do

comportamento da instalação em funcionamento normal e em caso de falha no

fornecimento de energia por parte da rede de distribuição. A falha é simulada através

de uma variável binária associada a um botão de comando onde após o acionamento da

mesma é automaticamente ativado o procedimento para fornecimento de energia por

parte de um grupo gerador de socorro. Este procedimento é ativado automaticamente e

realizado através de instruções pré programadas e troca de mensagens entre autómatos.

No ecrã de supervisão será possível visualizar o resultado da operação e quais os

equipamentos em funcionamento a cada instante. Após o restabelecimento de energia

da rede (fim da simulação) é automaticamente executado o processo inverso.

Em caso de falha dos geradores é acionado um alarme que dará essa indicação ao

operador através de sinalização visual e sonora, assim como fará o registo temporal e

histórico dos alarmes.

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Sistema de Supervisão (SCADA)

132

Figura 4.18 Ecrã principal do HMI criado para o projeto exemplo

Figura 4.19 Painel HMI com os geradores em funcionamento

Figura 4.20 Exemplo de alarme ativo

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Capítulo 5

Conclusões

Resumo: No presente capítulo expõem-se as conclusões retiradas com a

elaboração desta dissertação no âmbito da área de automação industrial

e apresentam-se diversas possibilidades para estudos futuros.

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Conclusões

134

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Conclusões

135

5.1 Conclusões

Esta dissertação foi elaborada com o intuito de explorar a integração de redes de

automação provenientes de diferentes fabricantes de modo a analisar as suas

potencialidades e, na qual se utilizaram os equipamentos já existentes nos laboratórios

de Automação e Robótica sem alterações significativas em termos de disposição ou

capacidades por forma a realizar o estudo na forma mais próxima possível de uma

situação real.

A rede utilizada nesta dissertação, que não tendo as necessidades específicas de

uma rede de Ethernet Industrial para a componente de supervisão, por questões

económicas, de demonstração de capacidades e práticas utiliza a rede Ethernet

comercial já existente no campus como rede de automação.

Resultante da análise efetuada aos equipamentos existentes verificou-se que

ambos os autómatos TSX57 possuíam ligação à rede Ethernet comercial e que com

algum esforço de configuração e programação seria possível ligar diretamente estes

equipamentos à supervisão. Esta análise veio a confirmar-se e foi possível ligar com

sucesso estes equipamentos ao sistema de supervisão desenvolvido. Verificou-se que o

autómato S7-300 e os seus equipamentos slave ligados na rede de campo PROFIBUS-

DP e rede ASi sendo suportados pelo mesmo fabricante apenas apresentariam

dificuldades em termos de configurações. Estes já tinham provas dadas de bom

funcionamento nas aulas de Redes de Automação e Supervisão.

A situação mais complexa, que veio de facto a verificar-se, foi então a integração

das duas redes de campo, uma com equipamentos da Schneider com protocolo

MODBUS e interface de acesso RS232 e outra com equipamentos da Siemens com

protocolo PROFIBUS-DP e interface de acesso RS485. A solução passou pela

utilização de um cabo com conversor de interfaces e com uma adequada programação

do protocolo MODBUS no autómato S7-200 da Siemens. A utilização do autómato S7-

200 trouxe algumas dificuldades adicionais por ser um dispositivo slave na rede

PROFIBUS-DP com consequente incapacidade para enviar mensagens, tendo-se

tornado necessário adotar um sistema de buffers com leitura cíclica dos mesmos.

Inicialmente temeu-se que o atraso proveniente pela leitura cíclica, execução das

mensagens e sua validação por CRC poderiam adicionar atrasos significativos nas

mensagens levando a falhas no envio das respostas para o autómato TSX57-103 e

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Conclusões

136

consequentemente para a supervisão. Tal facto não veio a verificar-se

experimentalmente, constatando-se que a deteção de mensagens novas por variação de

caracteres nos buffers e a limitação no tamanho destes buffers é uma solução

perfeitamente viável não se obtendo ocorrências de timeout causadas por tempos de

mensagem superiores a 100 ms.

No entanto pode concluir-se também que a programação do protocolo no ciclo

principal do autómato S7-200 implica que o mesmo tenha tempos de ciclo elevados e a

utilização de recursos do próprio autómato, tal como como a sua memória disponível.

Além disso poderá ser necessária a compatibilização do protocolo com o programa

específico a usar de modo a não afetar a receção assíncrona de mensagens,

nomeadamente a nível de interrupções, temporizações e utilização de memória interna

no caso de serem necessários em programas de controlo mais complexos.

É de referir que a programação do protocolo no ciclo principal do S7-200 incidiu

na receção e processamento de uma única mensagem e consequente envio de resposta.

A receção de múltiplas mensagens pode ser possível sendo que implicará uma

programação bastante mais complexa e a utilização ou reserva de recursos adicionais

de modo a conseguir um encadeamento em exclusividade perfeita entre a ativação da

receção e a transmissão das respostas. A forma como foi programado o protocolo não

impedirá que existam tentativas de receção de mensagens em simultâneo com a

transmissão de uma resposta o que resultará em erro na mensagem a receber.

Na implementação do protocolo MODBUS RTU no autómato S7-200 foram

sempre consideradas as disposições das normas aplicáveis [11] e [25] com o intuito de

criar um programa capaz da receção de mensagens segundo o protocolo de um modo

generalista, não sendo restrito a esta aplicação em particular. Apesar de não terem sido

contempladas todas as funções possíveis o programa implementado cumpre os

requisitos propostos para esta dissertação e poderá permitir a comunicação do autómato

S7-200 com outros dispositivos que utilizem o protocolo MODBUS em modo RTU,

assim como permitirá a sua utilização em conjunto com outros programas de controlo

que se possam implementar no autómato. Este tipo de implementação (no programa

principal em modo Freeport) permite total flexibilidade na implementação do protocolo

e como tal é possível criar versões customizadas e adaptadas do protocolo,

implementando apenas os comandos estritamente necessários de modo a facilitar a

gestão de eventuais incompatibilidades, pode utilizar menos recursos e podem ser

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Conclusões

137

implementados apenas os comandos necessários. No que diz respeito ao autómato S7-

300 foi implementada uma versão mais simplificada deste mesmo protocolo.

Em termos de hardware verificou-se que a necessidade de criação de uma ligação

física entre as redes (caixa de ligação) implica que a mesma tenha de cumprir os

mesmos requisitos do restante hardware da rede, nomeadamente em termos de

fiabilidade e adequação ao ambiente onde se insere, este fato terá implicação na

qualidade das soldaduras, materiais, isolamentos e terminais.

Conclui-se neste caso que a integração das diversas redes e equipamentos

disponíveis é viável e funcional para aplicações não muito complexas ou exigentes em

termos de tempos de comunicação para controlo em tempo real. Para aplicações mais

complexas recomenda-se a utilização de equipamentos apropriados e módulos de

comunicação dedicados ao efeito disponibilizados pelos próprios fabricantes.

Em termos de supervisão conclui-se que estes sistemas podem ser de elevada

complexidade, integrando tanto a automatização de processos como a informática em

termos de tratamento e visualização de dados, funcionando como poderosas

ferramentas de gestão e apoio à decisão.

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Conclusões

138

5.2 Perspetivas de desenvolvimento futuro

Em termos de desenvolvimento futuro propõem-se os seguintes pontos:

• Implementação completa do protocolo MODBUS (modos ASCII e RTU)

no programa principal de um autómato, na sua forma geral e compatível

com qualquer programa de controlo e possibilidade de receção de

múltiplas mensagens.

• Estudo da qualidade de serviço de uma rede integrada, através da análise

dos tempos de transmissão e processamento, quantidade de erros

ocorridos e estudo de formas de melhoramento.

• Estudo sobre a aplicação de redes e protocolos de Ethernet industrial em

redes de automação envolvendo controlo em tempo real e sistemas de

segurança de pessoas e bens, nomeadamente pela aplicação e influência

dos switches (managed ou unmanaged) e gateways ou com a introdução

na rede de autómatos com protocolos programados no seu ciclo principal.

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Conclusões

139

Bibliografia

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Conclusões

140

[17] Germany Trade and Invest, “Industrie 4.0, Smart Manufacturing for the Future,” 2014.

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Conclusões

141

[35] S. Boyer, SCADA: Supervisory Control and Data Acquisition 3rd Edition, 2004.

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Outra Bibliografia:

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