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Ano 4 Número 3 outubro/dezembro de 2012 www.cni.org.br nesta edição A Agenda Internacional do Segundo Mandato de Obama Agenda Internacional A posse de Barack Obama para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos reascendeu as expectativas de uma atuação mais ativa na área internacional nos próximos anos. Embora não tenham sido o foco de seu discurso de posse, os temas internacionais como comércio, mudanças climáticas e a reforma da imigração deverão ter destaque na agenda do segundo mandato, em especial em um ambiente político mais tranquilo, após as eleições. Como aconteceu com os presidentes estadunidenses, Bush, Clinton e Reagan, o segundo mandato parece ser o momento ideal para que Obama avance em suas promessas de campanha e estabeleça seu legado internacional. Página 14 MERCOSUL e a adesão da Venezuela Com a suspensão do Paraguai e a adesão da Venezuela ao MERCOSUL no meio do ano, a Cúpula de dezembro de 2012, em Brasília, realizou- se em clima de expectativa sobre o futuro do processo de integração. Não há clareza sobre a configuração do bloco daqui para frente, nem tampouco em relação às questões institucionais e jurídicas a serem enfrentadas pelos sócios. Os principais resultados da Cúpula referem-se à adequação da Venezuela à TEC e às normas do bloco. As condições de liberalização comercial entre os sócios foram tratadas na esfera da Associação Latino-americana de Livre Comércio – a ALADI – através de Acordos de Alcance Parcial assinados em 26 de dezembro de 2012. Os recentes acontecimentos na Venezuela, a partir dos problemas de saúde do presidente, agregam novas incertezas ao cenário. O grande desafio sobre o tema da adesão desse país ao MERCOSUL, em 2013, será referente ao cumprimento das metas e compromissos acordados. Página 02 I NTEGRAÇÃO I NTERNACIONAL Conjuntura A Cúpula do MERCOSUL e a adesão da Venezuela ao bloco – compromissos e metas Encontro Econômico Brasil – Alemanha 2013 (EEBA): São Paulo recebe a 31ª edição do Encontro A CNI e a Confederação de Indústrias da Alemanha (BDI), em parceria com a FIESP e a Câmara Brasil-Alemanha, realizarão a 31ª edição do Encontro Econômico Brasil – Alemanha, nos dias 13 e 14 de maio de 2013, no World Trade Center, em São Paulo. Na oportunidade, serão realizados painéis sobre competitividade e cooperação entre os dois países além de workshops sobre inovação e pesquisa, infraestrutura, energia, mega eventos, entre outros. Mais informações: www.cni.org.br/brasilalemanha ou pelo telefone (61) 3317-8839 CNI discutirá o 12º plano quinquenal da China e seus efeitos para o Brasil em evento em São Paulo A CNI promoverá, no dia 2 de abril de 2013, em seu escritório em São Paulo, o Seminário “China: Capitalismo de Estado, Política Industrial e Efeitos para o Brasil”. O evento é resultado de um estudo encomendado pela CNI junto ao escritório especializado em direito internacional, King and Spalding, e investiga alguns pontos específicos da nova política industrial chinesa, os seus instrumentos e impactos para determinados setores no Brasil. Mais informações: http://www.portaldaindustria.com.br ou pelo telefone (61) 3317-8789 Informativo da Confederação Nacional da Indústria 12 2 14

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Ano 4 Número 3 outubro/dezembro de 2012 www.cni.org.br

nesta edição

A Agenda Internacional do Segundo Mandato de Obama

Agenda InternacionalA posse de Barack Obama para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos reascendeu as expectativas de uma atuação mais ativa na área internacional nos próximos anos. Embora não tenham sido o foco de seu discurso de posse, os temas internacionais como comércio, mudanças climáticas e a reforma da imigração deverão ter destaque na agenda do segundo mandato, em especial em um ambiente político mais tranquilo, após as eleições. Como aconteceu com os presidentes estadunidenses, Bush, Clinton e Reagan, o segundo mandato parece ser o momento ideal para que Obama avance em suas promessas de campanha e estabeleça seu legado internacional.

Página 14

MERCOSUL e a adesão da VenezuelaCom a suspensão do Paraguai e a adesão da Venezuela ao MERCOSUL no meio do ano, a Cúpula de dezembro de 2012, em Brasília, realizou-se em clima de expectativa sobre o futuro do processo de integração. Não há clareza sobre a configuração do bloco daqui para frente, nem tampouco em relação às questões institucionais e jurídicas a serem enfrentadas pelos sócios.

Os principais resultados da Cúpula referem-se à adequação da Venezuela à TEC e às normas do bloco. As condições de liberalização comercial entre os sócios foram tratadas na esfera da Associação Latino-americana de Livre Comércio – a ALADI – através de Acordos de Alcance Parcial assinados em 26 de dezembro de 2012.

Os recentes acontecimentos na Venezuela, a partir dos problemas de saúde do presidente, agregam novas incertezas ao cenário. O grande desafio sobre o tema da adesão desse país ao MERCOSUL, em 2013, será referente ao cumprimento das metas e compromissos acordados.

Página 02

INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL

Conjuntura

A Cúpula do MERCOSUL e a adesão da Venezuela ao bloco – compromissos e metas

Encontro Econômico Brasil – Alemanha 2013 (EEBA): São Paulo recebe a 31ª edição do Encontro A CNI e a Confederação de Indústrias da Alemanha (BDI),

em parceria com a FIESP e a Câmara Brasil-Alemanha,

realizarão a 31ª edição do Encontro Econômico Brasil –

Alemanha, nos dias 13 e 14 de maio de 2013, no World

Trade Center, em São Paulo. Na oportunidade, serão

realizados painéis sobre competitividade e cooperação

entre os dois países além de workshops sobre inovação

e pesquisa, infraestrutura, energia, mega eventos, entre

outros. Mais informações: www.cni.org.br/brasilalemanha

ou pelo telefone (61) 3317-8839

CNI discutirá o 12º plano quinquenal da China e seus efeitos para o Brasil em evento em São PauloA CNI promoverá, no dia 2 de abril de 2013, em seu

escritório em São Paulo, o Seminário “China: Capitalismo

de Estado, Política Industrial e Efeitos para o Brasil”. O

evento é resultado de um estudo encomendado pela CNI

junto ao escritório especializado em direito internacional,

King and Spalding, e investiga alguns pontos específicos

da nova política industrial chinesa, os seus instrumentos e

impactos para determinados setores no Brasil.

Mais informações: http://www.portaldaindustria.com.br

ou pelo telefone (61) 3317-8789

Informativo da Confederação Nacional da Indústria

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INTEGRAÇÃO INTERNACIONALAno 4, n.3, outubro/dezembro de 2012

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mercosul

foram tratadas na esfera da Associação Latino-americana de Livre Comércio – a ALADI – através de Acordos de Alcance Parcial entre o Brasil e a Venezuela (ACE 69), entre a Argentina e a Venezuela (ACE 68) e entre Uruguai e Venezuela (2° Protocolo Adicional ao ACE 63), todos assinados em 26 de dezembro de 2012.

Além das Decisões relativas à adesão da Venezuela, outro importante resultado de dezembro foi a assinatura do Protocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL. Igualmente cercado de incertezas jurídicas sobre a posição do Paraguai frente a essa agenda de ampliação do bloco, o Protocolo deve ser seguido de intensos trabalhos técnicos que resultem em cronogramas com prazos e metas.

O Comunicado Conjunto dos Presidentes – um documento extenso composto de 61 parágrafos que aborda desde avaliações sobre os efeitos da crise econômica global a temas como segurança alimentar, Prêmio de Ciência e Tecnologia e diálogos na esfera da agenda externa do bloco, entre outros – registra ainda a aprovação do Regulamento do Fundo MERCOSUL de Garantias para Micro, Pequenas e Médias Empresas. Há, por fim, a aprovação de projetos do Fundo de Convergência Estrutural (FOCEM) e de um Mecanismo de Fortalecimento Produtivo do MERCOSUL.

A adesão da Venezuela à TECA Tarifa Externa do MERCOSUL pode não ter para a Venezuela a mesma importância que tem para os demais sócios, considerando-se a significativa participação das compras de governo no fluxo de mercadorias1.

Avaliações dessa natureza não invalidam a percepção de que foram intensas as negociações realizadas no segundo semestre de 2012, resultando em um amplo entendimento sobre os cronogramas de adequação das tarifas venezuelanas à TEC.

No dia 7 de dezembro de 2012, foi realizada, em Brasília, a XLIV Reunião do Conselho do Mercado Comum do MERCOSUL, com as presenças das Presidentes do Brasil e da Argentina, do Presidente do Uruguai e do Ministro para o Petróleo e Mineração da Venezuela.

A reunião, sob a presidência pro tempore do Brasil, transcorreu em clima de incerteza quanto à configuração do bloco daqui para frente e quanto às possibilidades de retomada do processo de integração.

A reunião de cúpula anterior, realizada em fins de junho, em Mendoza, resultou na suspensão do Paraguai e na adesão da Venezuela. À expectativa sobre o retorno do Paraguai, a partir das eleições naquele país em abril de 2013, somam-se questões jurídicas e institucionais que deverão ser enfrentadas pelos sócios.

Em 31 de julho de 2012, foi realizada reunião extraordinária dos Presidentes do MERCOSUL para a admissão da Venezuela ao bloco. O Protocolo de Adesão entrou em vigor em 12 de agosto de 2012. O voto do Senado do Paraguai contrário à entrada da Venezuela, ainda em agosto, veio amplificar o tema da suspensão desse país. Isto sem contar as dificuldades vividas em 2012, decorrentes do acirramento da crise mundial e dos litígios e contenciosos que caracterizaram as relações comerciais dentro do bloco.

Os acontecimentos recentes relacionados à saúde do presidente da Venezuela vêm acrescentar novas incertezas sobre o futuro do processo de integração, tanto no que diz respeito à situação política naquele país quanto em relação ao cumprimento de seus compromissos com o bloco.

Os principais resultados da Cúpula do MERCOSUL de dezembro estão relacionados aos cronogramas de adequação da Venezuela à Tarifa Externa Comum e às normas do bloco. As condições de adequação ao livre comércio entre os sócios

A CÚPULA DO MERCOSUL E A ADESÃO DA VENEZUELA AO BLOCO – COMPROMISSOS E METAS

1 Félix Gerardo Arellano da Universidade Central da Venezuela em El Universal de 09.12.2012 coluna Ernesto J Tovar “Arancel de MERCOSUR es simbólico para Venezuela”

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mercosul

2 http://www.iadb.org/intal/CartaMensual/Cartas/NumerosAnteriores.aspx?CartaMensual=67e93b64-4bfc-4425-8bfe-ec8f5782b73

A Decisão 31/12 define a adequação da Venezuela à TEC em quatro etapas com as respectivas listas: abril de 2013, abril de 2014, abril de 2015 e abril de 2016. O Quadro I mostra a distribuição do número de itens da NCM, registrando um grande progresso em relação aos entendimentos anteriores, de 2007, que haviam definido prazos, mas não as listas de produtos para cada etapa.

A primeira etapa, a ser cumprida em abril de 2013, incluirá 28,2% do total de códigos da NCM em 8 dígitos, a etapa seguinte abrangerá 18,3% e as duas últimas 15,8% e 37,7% em abril de 2015 e abril de 2016, respectivamente. Trata-se, na verdade, de um cronograma mais equilibrado do que o proposto anteriormente, a despeito de certa concentração de produtos na última etapa com 3.781 códigos tarifários.

A primeira etapa concentra muitos produtos minerais, pedras e metais preciosos e suas manufaturas, metais comuns e suas obras e produtos vegetais, enquanto que na última etapa estão muitos produtos do setor têxtil, peles, couros e suas obras, madeira e cortiça e suas obras, entre outros.

Observando-se a distribuição dos produtos nas diferentes etapas conforme o nível da TEC – 0%, entre 2% e 10%, entre 12% e 20% e entre 26% e 35% - verifica-se que a lógica da adequação não está vinculada ao nível da TEC, ou seja, mesmo um grupo de 99 produtos com TEC zero ficará para 2016, enquanto 1585 produtos com TEC entre 12% e 20% serão adequados já em abril de 2013.

QUADRO I - COMPROMISSOS DA VENEZUELA DE ADESÃO À TEC: NÚMERO DE ITENS DA NCM E PRAZOS

Prazos Nºde itens da NCM

Participação s/total %

Número de itens por faixas da TEC

TEC=0 2≤TEC≤10 12≤TEC≤20 26≤TEC≤35

A partir de 05/04/2013 – Códigos NCM Anexo I 2829 28,2% 184 877 1585 183

A partir de 05/04/2014 – Códigos NCM Anexo II 1839 18,3% 369 339 1122 9

A partir de 05/04/2015 - Códigos NCM Anexo III 1580 15,8% 68 1443 69 0

A partir de 05/04/2016 - Códigos NCM Anexo IV 3781 37,7% 99 1065 2053 564

Total da NCM 10029 100,0% 720 3724 4829 756

Fonte: Decisão 31/2012

Do ponto de vista do setor privado brasileiro, é interessante avaliar essa situação considerando o inevitável problema das “perfurações” no período de transição, agravado pelas exceções à TEC “autorizadas”. O cronograma aprovado deve ter levado em conta a estrutura do comércio exterior da Venezuela e a tarifa daquele país que guarda diferenças em relação à TEC do MERCOSUL.

Segundo a Carta Mensal do INTAL n°192, as maiores tarifas venezuelanas estão no capítulo de Animais vivos e produtos do reino animal (tarifa média da Venezuela de 17,5% e TEC 9,4%), gorduras e óleos (18,5% contra 10,0%), alimentos, bebidas e tabaco (18,5% contra 14,8%). Em compensação, no capítulo de têxteis (18,2% contra 21,7 %) e de calçados (18,9% contra 23,3%), a TEC é superior à tarifa venezuelana.

Há ainda diferenças em armas, munições e acessórios (14,9% na Venezuela e 20,0% na TEC) e obras de arte e antiguidades (8,6% contra 4,0%)2.

Para uma análise geral das exceções à TEC, o Quadro II consolida os limites permitidos ou “autorizados”, por país, em termos de número de códigos tarifários. A mesma Decisão 31/12, que definiu o cronograma de adequação das tarifas venezuelanas, estendeu a esse país as prerrogativas sobre exceções já em vigor para os demais sócios.

A Venezuela poderá dispor de uma lista nacional de exceções, até 2017, com 225 itens pela Decisão 49/12 (igual ao Uruguai), bem como poderá usufruir do mecanismo criado

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Esse tema é revestido da maior importância para consolidar a participação da Venezuela no MERCOSUL. As implicações para os sócios sobre a indefinição de prazos para a incorporação das normas do bloco estão associadas à insegurança, para o setor empresarial, sobre a vigência de normas importantes para o comércio de bens e serviços3.

O tratamento desse tema – adesão da Venezuela às normas do MERCOSUL – foi uma das prioridades do Grupo de Trabalho criado pelo Artigo 11 do Protocolo de Adesão. Com cinco reuniões realizadas entre o segundo semestre de 2006 e o primeiro de 2007, o Grupo chegou a indicar um conjunto de 783 normas que deveria contar com a adesão da Venezuela. Desse universo, 169 normas ainda não estavam com seus cronogramas indicados, o que representava quase 22% das normas ainda pendentes de negociação, em termos de prazos para sua adoção pelo novo sócio.

A adaptação da Venezuela ao acervo normativo do MERCOSUL

mercosul

pela Decisão 25/12 que autoriza os países a elevar a TEC em 200 códigos, em decorrência de problemas derivados da conjuntura internacional. Nessa situação comum aos demais sócios, a Venezuela recebeu uma flexibilidade um pouco maior: cumprido o calendário de adequação de suas tarifas à TEC, a partir de 06/04/2016, o país poderá dispor de 260 códigos excetuados da TEC até 31/12/2016 e 160, até 31/12/2017 (artigo 4 da Decisão 31/12).

Em relação aos prazos de adequação à TEC para bens de capital e bens de informática e telecomunicações (sistemas

integrados), pode-se observar que a Venezuela recebeu um tratamento próximo ao outorgado ao Uruguai e Paraguai. Flexibilidades equivalentes foram outorgadas a esse país (o Paraguai dispõe de prazo superior para bens de informática) para a manutenção de alíquotas baixas em bens de informática e telecomunicações, como também no caso de bens de capital originários de extrazona. Em relação à data para adoção do Regime de Bens de Capital Não Produzidos no bloco, a Venezuela segue também os prazos definidos para os países menores.

QUADRO II - EXCEÇÕES À TEC - NÚMERO DE ITENS TARIFÁRIOS DA NCM E PRAZOS LIMITES

Prazos Listas NacionaisDec. 58/10 e 49/12

Ações pontuais Desequilíbrio comercial

Dec 25/12

Bens de capital e bens de inf. e telecom Dec 57/10 e 65/12

Regimes nacionais 2 Reg. Com. BK Não Prod.

Argentina 100 (31/12/2015) 200 (31/12/2014) 31/12/2013 6 01/01/2014

Brasil 100 (31/12/2015) 200 (31/12/2014) 31/12/2013 6 01/01/2014

Paraguai 649 (31/12/2019) 200 (31/12/2014) 31/12/2013 4 5 01/01/2018

Uruguai 225 (31/12/2017) 200 (31/12/2014) 31/12/2013 4 5 01/01/2018

Venezuela 225 (31/12/2017) 1 200 (31/12/2014) 31/12/2013 3 4 5 01/01/2018

Notas: 1 A Venezuela poderá ter a partir de 06/04/2016, até 31/12/2016, 260 NCMs e até 31/12/2017, 160 NCMs como exceções à TEC - Dec 31/12.2 Regimes nacionais de importação de bens de capital e sistemas integrados3 A Venezuela poderá até a data indicada (31/12/2013) aplicar alíquotas diferentes da TEC para bens grafados na NCM como bens de capital. 4 A Venezuela poderá aplicar, até 31/12/2018, alíquota distinta da TEC, inclusive 0%, para bens de informática e de telecomunicações de extrazona. O Uruguai poderá aplicar 0% no caso de produtos listados na CCM e 2% no caso dos demais bens de informática. Igual benefício é dado ao Paraguai até 31/12/2019.5 A Venezuela poderá aplicar, até 31/12/2019, alíquota de 2% para bens de capital originários de extrazona. Esse regime também é outorgado ao Paraguai e Uruguai.6 A Argentina e o Brasil poderão aplicar, até 31/12/2015, alíquota distinta da TEC, inclusive 0%, para os bens de informática e telecomunicações, bem como os sistemnas integrados que os contenham.

3 Avaliação feita pela CNI em Comércio Exterior em Perspectiva ano 16 número 6, mar/abr 2007

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A metodologia escolhida para a desgravação completa de tarifas no comércio com a Venezuela foi por intermédio de ajustes nos prazos e cronogramas do Acordo de Alcance Parcial MERCOSUL-CAN da ALADI (ACE Nº 59), em vigor desde outubro de 2004. Neste campo, também, o avanço alcançado, em dezembro de 2012, foi importante, mesmo considerando-se os progressos já obtidos pelo acordo antigo.

A adequação da Venezuela ao regime livre de tarifas de importação do MERCOSUL

mercosul

A Decisão 66/12, da Cúpula de dezembro de 2012, reestruturou a incorporação pela Venezuela do acervo normativo do MER-COSUL. O Anexo I relaciona 211 normas já adotadas pela Venezuela, o Anexo II indica 401 normas a serem adotadas até 31 de março de 2013 e o Anexo III indica as normas que devem cumprir os cronogramas acordados pelo Grupo de Trabalho criado pelo artigo 11 do Protocolo de Adesão. Esses cronogramas são, com efeito, os mesmos adotados em 2007, considerando que os Anexos anteriores já definiram as normas com prazos mais breves de adesão.

O Quadro III mostra a distribuição de normas classificadas em Decisões, Resoluções e Diretivas nos diferentes prazos, comple-tando um total de 760 normas a serem adotadas pela Venezuela.

Com efeito, a Ata 02/12 da XLIV Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum (CMC) indica, na sua primeira página, que a Venezuela apresentou um cronograma para 1.187 normas que correspondem ao conjunto da normativa que seria analisado nos termos da Decisão 66/12. Como a Decisão em questão relaciona 760 normas, há ainda um número importante de normas cujos cronogramas serão definidos posteriormente.

Nesse grupo, ainda sem definição devem estar normas referentes ao relacionamento externo do MERCOSUL e outras impor-tantes como, por exemplo, a Resolução que trata do Foro Consultivo Econômico-Social do MERCOSUL, organismo oficial de participação da sociedade civil no processo de integração.

QUADRO III - VENEZUELA: CRONOGRAMA DE ADESÃO À NORMAS DO MERCOSUL

Adotadas 31/03/2013 ago/13 ago/2014 ago/15 ago/2016 Totais

Decisões 135 82 6 3 0 2 228

Resoluções 67 244 18 18 50 50 447

Diretivas 9 75 1 0 0 0 85

Totais 211 401 25 21 50 52 760

Fonte: Decisão 66/12Anexo I Já adotadasAnexo II 31/03/2013Anexo III ago/2013, ao/1014, ago/1015, ago/2016

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mercosul

A negociação do Programa de Liberalização Comercial Brasil-Venezuela foi objeto de intensas negociações ao longo de 2008 e nos primeiros meses de 2009. Com o objetivo de adaptar os cronogramas de desgravação tarifária do ACE Nº 59 aos prazos estipulados pelo Protocolo de Adesão, foram negociados diversos novos cronogramas entre o Brasil e a Venezuela, além da previsão de listas para desgravação imediata.

O processo de aprovação do Protocolo de Adesão da Venezuela no Parlamento brasileiro, com tramitação que incluiu audi-ências públicas, terá servido de incentivo a essas negociações que, todavia, não foram concluídas4.

No dia 26 de dezembro de 2012, foi assinado o ACE N° 69 em que Brasil e Venezuela concedem-se, mutuamente, (mas em datas distintas) desgravação tarifária imediata nas importações originárias do parceiro, com exceção, no caso da Venezuela, dos produtos incluídos no Anexo I.

A redação do artigo 1° do ACE 69 é a seguinte:

“A República Federativa do Brasil concederá de forma imediata à República Bolivariana da Venezuela cem por cento (100%) de preferência para a totalidade dos códigos tarifários para os produtos originários da República Bolivariana da Venezuela.”

“A República Bolivariana da Venezuela concederá, a partir de 1°de janeiro de 2014, à República Federativa do Brasil cem por cento (100%) de preferência para a totalidade dos códigos tarifários para os produtos originários da Repú-blica Federativa do Brasil, com exceção daqueles listados no Anexo I do presente Acordo.”

O artigo 2° indica que os produtos do Anexo I devem merecer preferências tarifárias do ACE 59 em 31 de dezembro de 2012 e cumprir com os cronogramas indicados no próprio Anexo. O artigo 4° registra que, no caso dos produtos do setor automotivo, enquanto não seja definido tratamento específico, serão aplicadas as disposições contidas no ACE 595. Esse setor já havia sido submetido a preferências fixas no ACE 59 desde janeiro de 2012 e serão mantidas até a conclusão da negociação indicada nesse artigo.

Com o objetivo de permitir uma avaliação sobre a evolução das negociações de livre comércio entre Brasil e Venezuela, os Quadros IV e V apresentam sumários dos dois Acordos – o ACE 59 e o ACE 69. No caso do ACE 69, está sendo apresentada uma simulação de resultados já que o exercício foi feito a partir do ACE 59.

O Programa de Liberalização Comercial do ACE 59 – Anexo II incorpora um total de dez cronogramas entre Brasil e Venezue-la com cronogramas de desgravação imediata, em 4, em 6, em 8, em 10, em 12 e em 15 anos, sendo 2 cronogramas em 6 anos e 3 cronogramas em 15 anos. Considerando o primeiro ano de vigência do Programa como o ano de consolidação dos patamares iniciais de arranque das preferências até 31.12.2004, os cronogramas em 15 anos atingiriam 100% de pre-ferência em janeiro de 20186.

No caso do Quadro IV, é possível identificar que pelo ACE 59 o Brasil, em janeiro de 2013, já teria completado a desgravação em 92% dos códigos tarifários da NALADI SH para produtos importados da Venezuela. No caso da Venezuela, suas prefe-rências ao Brasil, em janeiro de 2013, atingiriam 36% dos códigos tarifários. Em 2015, esse percentual subiria para 82% e chegaria a 90%, em janeiro de 2018.

Negociações de liberalização comercial Brasil-Venezuela

4 Ver Informe MERCOSUL N°15, BID INTAL Segundo Semestre de 2009 - Primeiro Semestre de 2010.

5 O ACE 59 funcionará de forma subsidiaria ao ACE 69 para as situações não previstas no mesmo.

6 Como metodologia para o sumário do ACE 59 foi feita uma tradução para cada linha dos 10 cronogramas, de forma a agrupar os códigos que já teriam concluído, em janeiro de 2013, o processo de desgravação tarifária e os demais conforme outros prazos e condições especiais. A base do levantamento foi o Anexo II Apêndice 1 e Apêndice 3-10 correspondente as preferências outorgadas pela Venezuela ao Brasil e Anexo II Apêndice 2 e Apêndice 4-6 referente as preferências outorgadas pelo Brasil à Venezuela.

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INTEGRAÇÃO INTERNACIONALAno 4, n.3, outubro/dezembro de 2012

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mercosul

Os demais produtos são classificados conforme as condições de negociação, sem compromissos definidos de livre comér-cio. Esse é o caso da cadeia têxtil com preferências fixas a partir de 2007, dependentes de entendimentos sobre origem, e os produtos do setor automotivo com preferências fixas a partir de 2012. A referência no ACE 69, artigo 4°, indica a manu-tenção das preferências fixas no setor automotivo até que sejam concluídas as negociações especiais para esse segmento.

QUADRO IV - ACE 59 - PROGRAMA DE LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL BRASIL-VENEZUELA PRAZOS E NÚMERO DE ITENS DA NALADI SH

Posição atual das ofertas do Brasil e da Venezuela - janeiro de 2013

Prazos Brasil para Venezuela Venezuela para Brasil

Nº de itens NALADI SH 96 Participação % Nº de itens NALADI

SH 96 Participação %

MP fixa a partir de 01.01.2006 1 0% 3 0%

MP fixa a partir de 01.01.2007 326 5% 327 5%

MP fixa a partir de 01.01.2012 51 1% 141 2%

100% em 01.01.2013 6023 92% 2363 36%

100% em 01.01.2015 0 0% 3001 46%

100% em 01.01.2016 8 0% 0 0%

100% em 01.01.2017 23 0% 15 0%

100% em 01.01.2018 89 1% 537 8%

Códigos NALADI SH com dois ou mais cronogramas 0 0% 114 2%

Códigos NALADI SH com quotas preferenciais 0 0% 16 0%

Bens Usados 3 0% 3 0%

NALADI SH não encontradas 0 0% 4 0%

Total de Códigos NALADI SH 6524 100% 6524 100%

A simulação do ACE 69, por outro lado, apesar de não contar com a precisão desejável já que, além do Anexo I, não existem listas disponíveis de códigos tarifários e respectivos tratamentos, sugere uma melhoria de posição para o Brasil em termos globais. As preferências da Venezuela para produtos brasileiros devem atingir 86%, em janeiro de 2014, e 98% em janeiro de 2018.

A negociação realizada resultou em antecipação de um ano para desgravações tarifárias de muitos produtos, agendados para 100% de preferência em 2015.

Vale ressaltar, contudo, que todos os 777 produtos que constam do Anexo I do ACE 69 estão com desgravações programa-das para conclusão em janeiro de 2018- lista mais ampla do que a prevista pelo AC 59 (537 códigos tarifários). No conjunto representado pela diferença entre uma lista e outra é possível identificar as seguintes situações:

• Produtos que estavam com quotas no ACE 59 e, pelo ACE 69, devem atingir 100% de preferência em janeiro de 2018. Nesta situação predominam os produtos da área alimentícia, incluindo carnes desossadas de bovinos - 1º lugar da pauta brasileira de exportação para Venezuela;

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mercosul

• Produtos da área têxtil que estavam com preferências fixas no ACE 59;

• Produtos das áreas de plástico (cap.39), siderúrgica (cap. 72) e de tubos (cap. 73), entre outros, que constavam no ACE 59 com previsão de desgravação completa em janeiro de 2015. Para esses produtos, incluídos no Anexo I do ACE 69, houve uma piora no prazo da liberalização comercial.

De forma estilizada, considerando o texto sintético do ACE 69, a ausência de informações além das publicadas pela ALADI e a falta de diálogo dos governos com os setores privados nessas negociações, parece que a evolução do Programa de Liberalização Comercial entre o Brasil e a Venezuela incluiu aspectos positivos e negativos. Certos códigos tarifários estarão sujeitos a prazos mais longos de desgravação do que os previstos anteriormente, o que contradiz o espírito da adesão do novo sócio ao processo de integração.

O grande desafio agora diz respeito à implementação desses compromissos o mais rápido possível, de forma a preservar os adiantamentos de prazos e os progressos efetuados em termos de livre comércio. Segundo o site da ALADI, a Venezuela já teria cumprido com o processo de internalização do Acordo através da Nota II.2.U3.E1/REP No 0001618 de 31/12/2012 (CR/di3665).

QUADRO V - ACE 69 - PROGRAMA DE LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL BRASIL-VENEZUELAPRAZOS E NÚMERO DE ITENS DA NALADI SH

Simulação da posição atual das ofertas do Brasil e da Venezuela - janeiro de 2013

Prazos Brasil para Venezuela Venezuela para Brasil

Nº de itens NALADI SH 96 Participação % Nº de itens NALADI

SH 96 Participação %

MP fixa a partir de 01.01.2012 51 1% 141 2%

100% em 2013 6473 99% 2363 36%

100% em 01.01.2014 - 3243 50%

100% em 01.01.2018 - 777 12%

Total de Códigos NALADI SH 6524 100% 6524 100%

Sem pretender realizar exercício semelhante no caso do Programa de Liberalização Comercial Argentina-Venezuela, vale registrar também a assinatura em 26 de dezembro do ACE N°68. Dado que as disposições de internalização já foram cumpridas pelos dois países, esse Acordo entrou em vigência no dia 2 de janeiro de 2013.

Com estrutura semelhante ao ACE 69, também a Argentina assume o compromisso de abertura integral a partir de janeiro de 2013, enquanto a Venezuela registra esse compromisso para janeiro de 2014. Os Anexos de I a IV indicam os produtos que de-vem atingir 100% de preferência tarifária por parte da Venezuela em benefício de produtos argentinos, em 2018, tal como ocorre no ACE 69, mas o conjunto de produtos desses Anexos não ultrapassa 610 códigos tarifários.

A avaliação de progressos dependeria de uma comparação entre os cronogramas bilaterais do ACE 59 e as disposições do novo Acordo, mas nada indica que condições piores pudessem ter sido acertadas entre a Argentina e a Venezuela. No caso desses dois países, como indicado acima, até mesmo o tema da entrada em vigência do novo Acordo está resolvido.

Negociações de liberalização comercial Argentina-Venezuela

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mercosul

Em agosto de 2008, foi assinado o ACE Nº 64 entre a Venezuela e o Paraguai. Esse acordo determinava que produtos paraguaios identificados em uma lista específica passariam a ter livre acesso ao mercado venezuelano, com desgravação total e imediata de direitos aduaneiros. Sabe-se, contudo, que as dificuldades políticas entre os dois países impediram que o acordo entrasse em vigor, situação que permanece inalterada desde então.

No caso do Uruguai, foi assinado acordo semelhante - o ACE Nº 63 - também em agosto de 2008. Esse acordo, beneficiando o Uruguai também para uma lista específica de produtos, entrou em vigor em abril de 2009. O grande avanço na esfera bilateral deu-se com a assinatura do 2° Protocolo Adicional ao ACE 63, assinado em 26 de dezembro de 2012. Por esse instrumento, a Venezuela e o Uruguai concedem-se, mutuamente, desgravação total e imediata a todas as importações originárias do parceiro, com exceção dos produtos do setor açucareiro e do setor automotivo.

Os dados do comércio Brasil-Venezuela do Quadro VI e respectivo Gráfico mostram resultados favoráveis para o Brasil nos últi-mos anos. Por isso mesmo, argumentava-se que a entrada da Venezuela no MERCOSUL não teria muita influência sobre esses resultados, que poderiam ser creditados às diferenças de oferta exportadora e, em alguma medida, às preferências já acordadas no ACE 59.

Não obstante esses argumentos, será preciso reconhecer a conveniência do mercado venezuelano para os produtos indus-triais brasileiros. O Quadro VII mostra a composição das exportações brasileiras para Venezuela com o expressivo predomínio de produtos industrializados.

O MERCOSUL incorpora inúmeras imperfeições. O objetivo do Tratado de Assunção de formar uma área de livre comércio parece ainda muito distante quando se leva em conta as reais condições de comércio entre os países.

O ano de 2012 pode ser considerado um período em que os progressos da integração foram sacrificados em nome dos interesses conjunturais nacionais, com recrudescimento de contenciosos comerciais entre os sócios. As difíceis condições intra MERCOSUL determinadas por barreiras não tarifárias, dificultam expectativas sobre o livre comércio no curto prazo7.

De toda forma, é importante ressaltar que o MERCOSUL vem fazendo esforço no campo da eliminação de tarifas aduaneiras entre os sócios.

Atualmente, o intercâmbio comercial de produtos que cumpram com as regras de origem (e sejam classificados como originários dos países sócios) é realizado sem cobrança de tarifa de importação. Além disso, a partir da Decisão 54/04 sobre Dupla Cobrança da TEC reforçada pela Decisão 56/10 sobre o Programa de Consolidação da União Aduaneira, importantes trabalhos vêm sendo desenvolvidos para eliminar a dupla cobrança da tarifa dentro do MERCOSUL nas importações de produtos para os quais há uma política comercial comum (aplicação comum da TEC e/ou concessões comuns outorgadas pelos sócios a outros países) e para produtos que incorporam insumos estrangeiros.

Negociações de liberalização comercial Paraguai-Venezuela e Uruguai

O comércio Brasil-Venezuela

O ambiente para o livre comércio

7 Ver Informe MERCOSUL 17 BID INTAL, segundo semestre de 2011 e primeiro de 2012 capítulo Conflitos comerciais e negociação de contenciosos.

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mercosul

QUADRO VIBALANÇA COMERCIAL BRASIL-VENEZUELA

AnosExportação Importação US$

milhõesSaldoValorValor Var.% Part.% Valor Var.% Part.%

2005 2.224 51,3 1,9 256 28,4 0,4 1.968

2006 3.565 60,3 2,6 592 131,4 0,7 2.974

2007 4.724 32,5 2,9 346 -41,5 0,3 4.378

2008 5.150 9,0 2,6 539 55,8 0,3 4.611

2009 3.610 -29,9 2,4 582 8,0 0,5 3.029

2010 3.854 6,8 1,9 833 43,2 0,5 3.021

2011 4.592 19,2 1,8 1.266 52,1 0,6 3.325

2012 5.056 10,1 2,1 997 -21,3 0,5 4.059

QUADRO VIIEVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA VENEZUELA - POR FATOR AGREGADO

Participação no total exportado para a Venezuela

AnosTotal Básicos Industrializados Operações especiais

Valor Part.% Básicos Part.% Industr. Part.% Valor US$ milhõesPart.%

2005 2.224 100,0 145 6,5 2.038 91,7 41 1,8

2006 3.565 100,0 239 6,7 3.232 90,7 94 2,6

2007 4.724 100,0 576 12,2 4.025 85,2 123 2,6

2008 5.150 100,0 1.394 27,1 3.730 72,4 26 0,5

2009 3.610 100,0 961 26,6 2.643 73,2 6 0,2

2010 3.854 100,0 1.370 35,5 2.479 64,3 6 0,1

2011 4.592 100,0 1.445 31,5 3.142 68,4 5 0,1

2012 5.056 100,0 1.421 28,1 3.631 71,8 4 0,1

Fonte: MDIC/BR

Fonte: MDIC/BR

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

1 2 3 4 5 6 7 8Saldo Exportação Importação

US$

milh

ões

GRÁFICO IBALANÇA COMERCIAL BRASIL-VENEZUELA

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mercosul

COMENTÁRIOS FINAIS

Não há dúvida de que a Cúpula de dezembro de 2012 foi de grande importância para o avanço dos trabalhos de adesão da Venezuela ao MERCOSUL.

O governo brasileiro, em diversas oportunidades, havia indicado que os trabalhos pendentes desse processo deveriam merecer total prioridade nas agendas dos negociadores, a partir da entrada em vigor do Protocolo de Adesão da Venezuela, em agosto de 2012. Do ponto de vista da presidência pro tempore brasileira no bloco, parece que a missão não foi concluída, mas avançou muito, de forma a tornar o Protocolo uma realidade.

A partir dos levantamentos e exercícios realizados que demonstraram a conclusão dos entendimentos sobre a adesão da Venezuela à TEC e ao livre comércio intra-bloco, há percepção de que a adequação da Venezuela ao acervo normativo do bloco deve ser o próximo foco dos negociadores. A agenda externa do bloco deve estar inserida nessa pauta que exigirá grande atenção por parte dos governos.

Um enorme número de incertezas ronda, contudo, a implementação dos entendimentos já alcançados. Há compromissos de curto, médio e longo prazos que dependem, essencialmente, de um ambiente de tranquilidade na Venezuela.

É preciso, ainda, reconhecer que é tônica do MERCOSUL dilatar prazos, criar exceções a regras e adotar instrumentos variados que dificultam o progresso da integração. Além disso, às diferenças estruturais somam-se diferenças de políticas que se acentuaram a partir da crise mundial e que parecem colocar o projeto de integração em segundo plano para os sócios.

Por fim, a suspensão do Paraguai, cuja influência sobre os compromissos de adesão da Venezuela são incertos do ponto de vista jurídico e institucional, ajuda também para tornar o ambiente interno do MERCOSUL mais difícil nesse início de 2013.

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conjuntura

O ano de 2012 foi o primeiro desde 2009 a apresentar redu-ção generalizada no comércio exterior do País. O resultado final foi queda de 5,3% nas exportações (US$ 242,6 bilhões em 2012 contra US$ 256,0 bilhões em 2011) e 1,4% nas compras do exterior (de US$ 226,2 bilhões em 2011 para US$ 223,1 bilhões em 2012).

Exportações e Importações

O saldo comercial brasileiro foi o menor dos últimos 10 anos. Em função, principalmente, do recrudescimento da crise in-ternacional, o superávit do País diminuiu em 34,7%, influen-ciado pelos resultados negativos nas exportações de bens básicos e semimanufaturados.

Saldo Comercial

A taxa de variação das exportações brasileiras, mensuradas pelo índice de quantum, apresentou uma pequena elevação, 0,1%, entre janeiro e outubro de 2012, comparado ao mes-mo período do ano anterior. Já as exportações medidas pelo índice de preços não acompanharam a mesma trajetória e reduziram-se em 4,3% em igual período.

Preços e Volume das Exportações

Fonte: FUNCEX

Fonte: FUNCEX

Fonte: FUNCEX

SALDO COMERCIALVALORES MENSAIS- US$ FOB

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

%

2010 2011 2012

Importações Exportações

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES BRASILEIRASTaxa de crescimento do acumulado em 12 meses com relação ao mesmo mês do ano anterior

-40

-30

-20,

-10

0

10

20

30

40

50

60

abr/08 out/08 abr/09 out/09 abr/10 out/10 abr/11 out/11 abr/12 out/12

%

PREÇO E QUANTUM DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS

Preço Quantum

Taxa de crescimento do acumulado em 12 meses com relação ao mesmo mês do ano anterior

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

dez fev2011

abr jun ago out dez fev2012

abr jun ago out

%

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COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Discriminação / Fluxos

Total brasileiro US$ milhões FOB

VariaçãoEm %

Jan-Dez2012

Jan-Dez2011

EXPORTAÇÕES 242,6 256,0 -5,3Básicos 56,2 55,8 -7,4Semimanufaturados 16,2 15,2 -8,3Manufaturados 43,4 43,3 -1,7Oper./Consumo de Bordo 5,4 5,3 2,1IMPORTAÇÕES 223,1 226,2 -1,4Básicos 29,3 32,1 -8,8Semimanuf aturados 9,0 9,4 -3,8Manufaturados 184,8 184,8 0,03SALDO COMERCIAL 19,5 29,8 -34,7Básicos 84,2 90,4 -6,8Semimanufaturados 24,0 26,6 -9,9Manufaturados -94,1 -92,5 1,8Fonte: Funcex, com base em dados da Secex/MDIC.

conjuntura

EXPORTAÇÕES TOTAIS - PRINCIPAIS DESTINOS

Jan-Dez 12 Jan-Dez 11 Var.

América Latina 49.070 55.610 -11,8

Mercosul 27.858 32.444 -14,1

Argentina 17.998 22.709 -20,7

Estados Unidos 26.849 25.942 3,5

União Europeia 48.860 52.946 -7,7

Ásia 75.325 76.697 -1,8

China 41.228 44.315 -7,0

Oriente Médio 11.528 12.261 -6,0

Europa Oriental 4.327 5.174 -16,4

África 12.213 12.225 -0,1

Demais 14.408 15.185 -5,1

Total 242.580 256.040 -5,3

Dentre os principais parceiros brasileiros, o único para o qual as vendas se expandiram em 2012 foram os Estados Unidos, ape-sar de a alta ter sido tímida, de apenas 3,5%. Dentre as princi-pais quedas, a mais importante delas foi aquela com destino à Argentina, em quase 21%, de US$ 22,7 bilhões para US$ 17,9 bilhões, que reduziu a participação do país vizinho em 1,5 ponto percentual. Outros destaques negativos foram as vendas para a China, que diminuíram em 7,0%, influenciadas principalmente pela baixa dos preços de minério, e para a União Europeia, que, devido à retração na demanda do continente, exibiram queda de 7,7%.

Exportações brasileiras por destino

Se durante os últimos anos as exportações de bens básicos cres-ceram acima da média total e garantiram bom desempenho da ba-lança comercial do País, em 2012 a venda desse grupo de produtos reduziu-se em 7,4%, ou US$ 9 bilhões a menos do que em 2011. As exportações de bens manufaturados também caíram em 2012 em relação ao ano anterior, -1,7%.

Apesar da queda geral das importações (-1,4%) em 2012, as com-pras de bens manufaturados mantiveram-se praticamente inaltera-das em relação a 2011, aumento de 0,03%. A compra de bens bási-cos e semimanufaturados teve queda no período – de 8,8% e 3,8% respectivamente –, demonstrando que a menor cotação de muitas commodities influenciou o preço das importações brasileiras.

Exportações e Importações por setor

Após forte valorização da moeda brasileira nos últimos anos, a taxa de câmbio real do País apresentou desvalorização no decorrer de 2012 e, em termos nominais, terminou o ano co-tada a R$/US$ 2,08 (média mensal de dezembro de 2012) contra R$/US$ 1,83 (média mensal de dezembro de 2011). O índice de taxa de câmbio real efetiva obteve o patamar mais alto desde a crise internacional de 2008, variando po-sitivamente em 10,2%, entre janeiro e novembro de 2012, comparado a igual período do ano anterior.

Taxa de câmbio real

Fonte: FUNCEX

ÍNDICE DA TAXA DE CÂMBIO REALCESTA DE 13 MOEDAS e ESTADOS UNIDOS

R$/Cesta de 13 moedas R$/US$

Base: dezembro de 2003 = 100

DEFLATOR: IPA

40,0

50,0

60,0

70,0

nov09

fev10

mai ago nov fev11

mai ago nov fev12

mai ago

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agenda internacional

Barack Obama tomou posse publicamente, em 21 de janeiro, para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos. Para seu discurso, buscou inspiração nos direitos básicos garantidos pela constituição americana - a vida, a liberdade e a busca da felicidade - que por mais de 200 anos têm guiado os líderes da república. Sobre a agenda internacional de seu segundo mandato, embora o tema tenha sido pouco abordado em seu discurso, Obama salientou “a mudança dos tempos” e os consequentes novos desafios que devem ser enfrentados pelo país, dentre eles as mudanças climáticas, o desenvolvimento de fontes de energia sustentáveis e a renovação das instituições internacionais para gerenciar crises internacionais.

O primeiro mandato de Obama foi marcado por forte conflito partidário no congresso, resultando em poucos avanços na tramitação de reformas. A aprovação da reforma da saúde custou a Obama grande parte de seu capital político que, aliado a uma intensa campanha partidária da ala mais radical do partido republicano, o Tea Party, se traduziu na perda da maioria no Congresso americano nas eleições intercalares em 2010 (Midterm). O partido democrata perdeu 63 assentos na Câmara, passando de 257 para 193 representantes, e perdeu 6 assentos no Senado, de 59 - 58 democratas e 1 independente que alinhava com o partido - para 53 senadores. Em 2012, o partido democrata recuperou alguns assentos, mas não o suficiente para garantir a maioria na Câmara de deputados.

A AGENDA INTERNACIONAL DO SEGUNDO MANDATO DE OBAMA

País destino2008 2010 2012

Democratas Republicanos Democratas Republicanos Democratas Republicanos

Votos do colégio eleitoral (mínimo de 270 votos) 365 (Obama) 173 (McCain) - - 332 (Obama) 206 (Romney)

Votos populares 69,5m 60m - - 65,9 m 61 m

Senado (51 maioria) 58 + 1 Ind. 41 53 47 54 + 1 Ind. 45

Câmara de deputados (218 maioria) 257 178 193 242 201 234

Apesar da agenda da campanha presidencial ter sido dominada por assuntos domésticos, avalia-se que Obama será mais assertivo e buscará uma agenda internacional mais ativa. Além dos problemas orçamentários e do aumento do teto da dívida americana, temas internacionais como comércio, mudanças climáticas e a reforma da imigração deverão ter destaque na agenda do segundo mandato.

Com a economia americana dando sinais de recuperação da crise, espera-se uma agenda mais ativa na área de comércio inter-nacional para o segundo mandato de Obama. Entre as iniciativas que pactuam com essas expectativas, estão o lançamento das negociações com a União Europeia para um acordo de livre comércio, a conclusão do acordo da Parceria Transpacífica (TPP) e as negociações para um acordo de serviços no âmbito da OMC.

Lançamento das negociações para um acordo de livre comércio União Europeia-Estados Unidos

Em novembro de 2011, Obama, juntamente com o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, solicitou ao Conselho Econômico Transatlântico a criação de um grupo de trabalho para avaliar as opções para o aprofundamento da relação EUA-UE. O relatório final foi publicado no dia 11 de fevereiro, um dia antes do anúncio formal do lançamento das negociações pelo presidente Obama em seu discurso sobre o Estado da União no Congresso Americano. Foi indicado que a conclusão de um acordo abrangente que trate de temas de comércio

Comércio

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15

agenda internacional

e investimento, inclusive regulatórios, e contribua para o desenvolvimento de regras globais, proporcionaria o maior benefício mútuo dentro das opções consideradas. A conclusão de tal acordo não só reestruturaria o comércio mundial como promoveria um grande avanço no estabelecimento de regras e normas internacionais referentes a barreiras não tarifárias. Com tarifas consideradas baixas, em média, entre 5% e 7%, o acordo teria que avançar nas áreas não tarifárias, especialmente regulatórias, onde há grandes diferenças entre os dois mercados e onde residiria o maior empecilho para a conclusão das negociações.

O partido democrata americano manifestou, durante anos, seu descontentamento com alguns dos acordos de livre comércio assinados pelos EUA devido a diferenças nos padrões de trabalho, meio ambiente e direitos humanos. Nas negociações com a UE, entretanto, os EUA se veriam na posição contrária, já que um acordo com a UE não enfrentaria oposição do congresso nem da união de trabalhadores. Nesse contexto, os padrões europeus são geralmente mais altos que os americanos.

As negociações para o acordo deverão ser longas mas com resultados impactantes. Estima-se que a redução de tarifas e barreiras técni-cas, bem como o acesso a novos mercados e setores poderiam impulsionar as economias americana e europeia de 1,5% a 2% por ano.

Conclusão do acordo da Parceria Transpacífica (TPP )

Outra iniciativa que deve ser prioridade na agenda comercial de Obama é a conclusão do acordo da Parceria Transpacífica (TPP). O TPP prevê a redução tarifária e de outras barreiras ao comércio de bens, serviços e investimentos entre os EUA e 10 outros países (Austrália, Brunei, Canadá, Chile, México, Malásia, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã). O TPP é importante, não só por nego-ciar acesso aos mercados de novas economias de médio porte, mas também por estabelecer um contrapeso à influência da China na região do Pacífico. Espera-se que as negociações do acordo sejam concluídas ainda esse ano.

Serviços

Com a paralisação das negociações da rodada Doha, os Estados Unidos e outros 20 membros da OMC discutem o lançamento oficial das negociações para um acordo plurilateral em liberalização de serviços. Já existe consenso no grupo quanto aos princípios do acordo, cujas negociações podem ser lançadas ainda esse ano.

Autoridade para a promoção comercial (Fast Track)

Com pelo menos três importantes negociações na agenda comercial internacional, o presidente Obama precisará solicitar a reno-vação da autoridade de promoção comercial que expirou em julho de 2007.

A constituição dos Estados Unidos delega a regulação do comércio internacional ao Congresso. Porém, a Lei de Comércio de 1974 possibilitou a delegação da autoridade para a promoção comercial (também conhecida como Fast Track) ao Presidente. Dessa forma, o presidente pode negociar acordos internacionais que o Congresso pode aprovar ou não, mas não pode alterar. Conseguir a delegação da autoridade de promoção comercial é considerada essencial para o êxito na aprovação de acordos comerciais no Congresso.

O partido Republicano defende uma agenda comercial internacional mais agressiva enquanto os democratas são mais cautelosos quanto à igualdade de padrões na área de meio ambiente, direitos humanos e do trabalho. Com uma agenda comercial internacional mais ativa para o segundo mandato, é bastante provável que o Governo Obama solicite ao Congresso a autoridade para fechar acordos comerciais.

Desde sua primeira campanha presidencial, Obama promete maior atenção aos desafios gerados pela questão das mudanças climáticas. Em seu primeiro mandato, a atuação dos EUA frustrou largamente as expectativas em relação ao tema. Era espe-rado que Obama liderasse ou, ao menos, impulsionasse as discussões nas negociações das Nações Unidas, especialmente no contexto de sua participação na COP158, em Copenhague, sua primeira COP como Presidente e que contava com expectativas bastante ambiciosas. O que se viu, no entanto, foi uma atuação modesta, tanto na COP15 quanto nas subsequentes, com pouco avanço no tema também na agenda doméstica.

Mudanças Climáticas

8 Conferência das Partes das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas de 2009.

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INTEGRAÇÃO INTERNACIONALAno 4, n.3, outubro/dezembro de 2012

agenda internacional

A campanha presidencial nos Estados Unidos foi acirrada, levantou importantes críticas ao governo Obama e salientou defici-ências do partido republicano. Eleitores demandaram um presidente com voz firme para acabar com o impasse no Congresso e Republicanos de extrema direita perceberam que uma agenda que não incorpora interesses de novos segmentos demográficos não permitirá novos ganhos eleitorais em áreas importantes como o estado da Flórida. Espera-se que, nesse novo cenário políti-co, Obama possa exercer maior influência para a conclusão de importantes reformas, assim como avançar na agenda comercial internacional. O ambiente político após as eleições intercalares e pré campanha presidencial durante o segundo mandato revela--se uma boa oportunidade para avançar em assuntos de relações exteriores, como mostram as realizações, nesse período, dos últimos presidentes, Reagan, Clinton e Bush. Agora é o momento para que Obama avance em suas promessas de campanha e estabeleça seu legado internacional.

O tema da reforma do sistema de imigração foi parte da campanha política de Obama em 2008 e 2012, porém sem avanços no primeiro mandato. Com a legalização de 11 milhões de imigrantes, a reforma da imigração pode gerar um grande impulso na economia americana. Ela traria novo ímpeto para a força de trabalho, aumentaria a coleta de impostos e redesenharia o mapa eleitoral dos EUA.

O resultado das eleições de 2012 indicaram que os votos de descendentes e novos imigrantes foram fundamentais para a vitória democrata. Com o objetivo de ganhar mais eleitores nesses segmentos, os republicanos buscam avançar em uma proposta para a reforma das leis de imigração. Aproveitando o interesse dos Republicanos, Obama defende uma proposta bipartidária para ser aprovada até julho desse ano.

Em seu discurso em Las Vegas, em 29 de janeiro, Obama afirmou que agora é a hora para reforma, dado o amplo consenso sobre a importância do tema e apresentou os princípios de sua proposta:1. Reforçar o cumprimento das leis de imigração, sobretudo nas fronteiras e na contratação de trabalhadores. Obama sugeriu

a criação de um sistema nacional para a permitir a verificação do status legal dos trabalhadores e aumentar a segurança nas fronteiras;

2. Oferecer um caminho viável para que os mais de 11 milhões de imigrantes ilegais consigam a cidadania. Esse caminho inclui a verificação do histórico criminal, pagamento de multa e imposto de renda retroativo e a verificação da proficiência na língua inglesa;

3. Atualizar o sistema de imigração para facilitar a permanência no país para familiares de cidadãos americanos, estudantes internacionais e trabalhadores de novas empresas.

Dentre os grandes temas pendentes da agenda doméstica, a reforma do sistema de imigração é considerado um dos poucos onde existe a real possibilidade de se concluir um acordo bipartidário com votação antes do recesso de agosto. Além disso, a reforma da imigração poderá ser o principal legado do segundo mandato de Obama na agenda doméstica.

Comentários finais

Reforma da imigração

Para o segundo mandato, o assunto volta com força no discurso de Obama, sendo uma das poucas iniciativas internacionais diretamente realçada em seu discurso de posse, em janeiro. Obama não só se comprometeu a responder aos desafios das mudanças climáticas, como também a liderar o caminho para uma transição tecnológica com o uso de fontes de energia sus-tentáveis, foco de atenção estratégica do Governo americano em contraponto às políticas de promoção e apoio à produção de energia renovável na China.

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