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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO ALINA FERNANDES ROCHA JACKSON GARCIA DA FONSECA INTEGRIDADE DE POÇOS NA ETAPA DE PRODUÇÃO DE HIDROCARBONETOS Niterói 2019

INTEGRIDADE DE POÇOS NA ETAPA DE PRODUÇÃO DE …...“Feliz aquele que transfere o que sabe ... Figura 3.2– Esquemático das válvulas de uma árvore de natal molhada .....28

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

ALINA FERNANDES ROCHA

JACKSON GARCIA DA FONSECA

INTEGRIDADE DE POÇOS NA ETAPA DE PRODUÇÃO DE

HIDROCARBONETOS

Niterói

2019

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ALINA FERNANDES ROCHA

JACKSON GARCIA DA FONSECA

INTEGRIDADE DE POÇOS NA ETAPA DE PRODUÇÃO DE

HIDROCARBONETOS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de Engenharia de

Petróleo da Escola de Engenharia da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia de Petróleo.

Orientador

Prof. Dr. Alfredo Moises Vallejos Carrasco

Niterói

2019

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Ficha catalográfica automática - SDC/BEEGerada com informações fornecidas pelo autor

Bibliotecária responsável: Fabiana Menezes Santos da Silva - CRB7/5274

R672i Rocha, Alina Fernandes Integridade de Poços na Etapa de Produção deHidrocarbonetos / Alina Fernandes Rocha, Jackson Garcia daFonseca ; Alfredo Moises Vallejos Carrasco, orientador.Niterói, 2019. 62 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenhariade Petróleo)-Universidade Federal Fluminense, Escola deEngenharia, Niterói, 2019.

1. Integridade de Poço. 2. Fase Operacional. 3.Inteligência Artificial. 4. Produção intelectual. I.Fonseca, Jackson Garcia da. II. Carrasco, Alfredo MoisesVallejos, orientador. III. Universidade Federal Fluminense.Escola de Engenharia. IV. Título.

CDD -

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ALINA FERNANDES ROCHA

JACKSON GARCIA DA FONSECA

INTEGRIDADE DE POÇOS NA ETAPA DE PRODUÇÃO DE

HIDROCARBONETOS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de Engenharia de

Petróleo da Escola de Engenharia da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia de Petróleo.

Aprovado em 18 de junho de 2019.

BANCA EXAMINADORA

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente à Deus por todas as conquistas que obtive até aqui.

Aos meus pais Conceição e Nertaly por nunca medirem esforços para que eu pudesse

seguir meus sonhos, por estarem ao meu lado todos os momentos e por todo o apoio

dado. À minha irmã Isadora, a qual foi o meu maior suporte, principalmente emocional,

ao longo de minha vida acadêmica.

Ao meu namorado Luan que tanto me apoiou e auxiliou sempre que pôde, ao Jackson,

que aceitou dividir comigo dentre tantas outras responsabilidades o trabalho de

conclusão de curso, aos meus amigos que acompanharam minhas alegrias e

angústias Brendon, Jean, Jéssica, Jordana, Lorena, Maryane, Marina, Milena, Thaís

e Victoria. E a todos os meus colegas de curso das turmas de Pelotas, Rolla e Niterói.

Aos professores que tanto contribuíram para meu crescimento profissional,

principalmente ao nosso orientador Alfredo Carrasco.

Ao Governo Federal Brasileiro, por ter tido a oportunidade de estudar em duas

universidades federais de alto nível de qualidade, e pela chance de estudo na Missouri

University of Science and Technology em Missouri nos Estados Unidos, através do

programa Ciência sem Fronteiras.

À equipe da CPERF (Coordenação de Perfuração) da SSM André, Denise, Mariana,

Rafael e Renata, com quem tive minha primeira experiência profissional de estágio,

onde tanto aprendi e cresci.

Por fim, à equipe de Engenharia de Poços da PetroRio, onde estágio atualmente, nas

pessoas de Elida, Estevão, Francisco Francilmar, Jean, Luiz Antonio, Matheus, Paulo

e Vanessa, com quem tanto tenho aprendido através de todas as oportunidades a

mim concedidas.

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AGRADECIMENTO

Agradeço meu pai Rovilson, minha mãe Gilvana e minhas queridas irmãs Beatriz e

Lívia por todo apoio e incentivo durante esta longa jornada, sem vocês jamais teria ido

tão longe.

A toda minha família, em especial meu tio Hélio Henrique (in memorian), meu padrinho

Miguel (in memorian), minha madrinha Rosilda (in memorian) e minha prima Rafaela

(in memorian) que acompanharam meus primeiros passos nessa caminhada e muito

contribuíram para o meu sucesso.

Aos meus amigos de São João Batista do Glória, que não cometerei o pecado de citar

nomes para não correr o risco de esquecer alguém.

Aos meus amigos Alina, Andres, Brendon, Bruno, Carina, Jean, Gabriel e demais

colegas do curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal Fluminense.

Aos professores do curso de Engenharia de Petróleo da UFF dentre os quais destaco

nosso orientador Alfredo Carrasco.

A CPROD (Coordenação de Produção Offshore) da SSM (Superintendência de

Segurança Operacional e Meio Ambiente) pelo aprendizado e experiência adquirida

no estágio e por me inspirarem a cada dia ser uma pessoa melhor.

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“Feliz aquele que transfere o que sabe

e aprende o que ensina.”

(Cora Coralina)

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RESUMO

Esse trabalho aborda uma revisão bibliográfica sobre a integridade de poços durante

a fase operacional, tanto para poços produtores, como para injetores, tratando

principalmente dos envelopes de barreiras, onde se aponta os principais

equipamentos responsáveis pela vedação de fluxo do poço até a superfície durante

sua produção/injeção, além de indicar a importância de um sistema de gerenciamento

da integridade do poço apropriado para se realizar a avaliação e monitoramento do

poço ao longo de sua vida, e principalmente durante sua operação. A partir dessa

revisão, é feita uma análise de aplicações de inteligência artificial na indústria de

petróleo global para fim de monitoramento das barreiras do poço, bem como o uso de

redes neurais para indicação de falhas futuras em equipamentos primordiais para a

integridade do poço e da instalação, segurança das pessoas envolvidas durante

operação e do meio ambiente.

Palavras-chave: Integridade de poço. Fase operacional. Inteligência artificial.

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ABSTRACT

This project approaches a literature review on the well integrity during its operational

phase, both for producing or injector wells, dealing mainly with the envelopes of

barriers, where it is pointed out the main equipment responsible for the sealing of flow

from the well to the surface during its production/injection, as well as indicating the

importance of an appropriate well integrity management system (WIMS) for well

evaluation and monitoring throughout its life, and especially during its operation. From

this review, an analysis of artificial intelligence applications in the global oil industry is

carried out to monitor well barriers, as well as the use of neural networks to indicate

future equipment failures that is fundamental to well integrity and installation, safety of

people who are involved during operation and the environment.

Keywords: Well integrity. Operational phase. Artificial intelligence.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 - Elementos comuns para as fases de gerenciamento de integridade

de poços ......................................................................................................... 19

Figura 2.2 – Exemplos de barreiras primária e secundária de um poço na fase

de operação .................................................................................................... 22

Figura 2.3 – Exemplo de abandono temporário após a instalação do

revestimento de produção .............................................................................. 23

Figura 2.4 – Exemplo de abandono temporário de poço completado para uma

zona, com árvore de natal .............................................................................. 24

Figura 2.5 – Exemplo de abandono permanente com isolamento de intervalo

com potencial de fluxo no poço aberto ........................................................... 25

Figura 3.1– Ilustração de árvore de natal convencional ................................. 27

Figura 3.2– Esquemático das válvulas de uma árvore de natal molhada ....... 28

Figura 3.3– Representação de cabeça de poço com válvulas de controle de

pressão dos anulares A e B ............................................................................ 30

Figura 3.4– Exemplo de composição da coluna de produção e seus elementos

........................................................................................................................ 31

Figura 3.5 – Ilustração de dois tipos de DHSV. Do lado esquerdo do tipo

tubingmounted, do direito, insertável. ............................................................. 33

Figura 3.6 – Fluxograma de análise de testes de integridade nos elementos de

barreira durante a fase operacional do poço .................................................. 40

Figura 4.1 – Diagrama de Fluxo ..................................................................... 43

Figura 4.2 - Poços produtores, injetores e total com falhas de integridade ... 44

Figura 4.3 – Gráfico representando relação de elementos de barreira com

falhas .............................................................................................................. 45

Figura 4.4 – (a) Esquemático completo da análise de confiabilidade, (b) CSB

primário, CSB secundário ............................................................................... 47

Figura 4.5 – Quadro com a legenda esquemática dos poços do pré-sal ........ 48

Figura 4.6 – Quadro com os componentes do CSB, modos de falha, taxa de

falha e confiabilidade em 27 anos .................................................................. 49

Figura 4.7 – Barreira primária com as relações entre os elementos de barreira

........................................................................................................................ 50

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Figura 4.8 – Intervenções motivadas por falha de integridade, modelo teórico

versus modelo real ......................................................................................... 51

Figura 5.1 – Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poço .................. 53

Figura 5.2– Monitoramento da pressão no anular .......................................... 55

Figura 5.3 – Pressão no revestimento e controle da injeção de água ............ 56

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LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Resultados da confiabilidade dos CSBs .................................... 50

Tabela 5.1 – Melhoria de eficiência devido à implementação do sistema de

gerenciamento de dados de integridade de poços ......................................... 57

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AN Árvore de Natal

ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

BOP Blow-out Preventer

CBM Condition-Based Maintenance

CM Condition Monitoring

CSB Conjunto Solidário de Barreiras

DHSV Downhole Safety Valve

EICT Electrical, Instrumentation, Control & Telecom System

IBP Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis

IoT Internet of Things

KPI Key Performance Indicator

NORSOK NorskSokkelsKonkuranseposisjon

MAWOP Maximum Allowable Wellhead Operating Pressure

PG Prática de Gestão

PT Permissão de Trabalho

PSA Petroleum Safety Authority

ROV Remotely Operated Underwater

RTSGIP Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento de

Integridade de Poços

RTSGSO Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento de

Segurança Operacional das Instalações Marítimas de Perfuração

e Produção de Petróleo e Gás Natural.

SCP Sustained Casing Pressure

SGIP Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poços

SCSSV Surface Controlled Subsurface Safety Vale

SSV Safety Shutdown Valve

THP Tubing Head Pressure

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 CONCEITOS BÁSICOS 16

2.1 INTEGRIDADE DE POÇOS 16

2.2 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA INTEGRIDADE DE POÇOS 16

2.3 BARREIRAS DE INTEGRIDADE 17

2.4 FASES DO CICLO DE VIDA DE UM POÇO 19

2.4.1 Fase de planejamento, projeto e construção 19

2.4.2 Fase de operação e intervenção 20

2.4.3 Fase de abandono 22

3 MONITORAMENTO E MANUTENÇÃO DE BARREIRAS 26

3.1 COMPONENTES DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO 26

3.2 SISTEMAS DE MONITORAMENTO 33

3.2.1 Monitoramento e teste das válvulas da árvore de natal 34

3.2.2 Monitoramento e teste dos revestimentos, tubo de produção e anulares35

3.2.3 Monitoramento e teste das válvulas SCSSV 38

3.3 MONITORAMENTO USANDO INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL 40

3.3.1 Inteligência artificial aplicada em plataforma no campo Ivar Aasen 41

4 ABORDAGEM DA INTEGRIDADE DE POÇOS NO MUNDO 43

4.1 NORUEGA 43

4.2 NIGÉRIA 46

4.3 BRASIL 47

5 NOVOS DESENVOLVIMENTOS 52

5.1 AVANÇOS NO SOFTWARE DE UM OPERADOR DO ORIENTE MÉDIO 53

5.2 APLICAÇÕES DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE DADOS DE

INTEGRIDADE DE POÇOS 54

5.2.1 Monitoramento de pressões no anular 54

5.2.2 Otimização de injeção de água para poços com SCP 55

5.2.3 Melhoria na pesquisa de dados de integridade de poços provenientes de

várias fontes 55

6 CONCLUSÃO 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 60

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14

1 INTRODUÇÃO

A indústria de óleo e gás é um dos setores que oferecem maior risco

operacional e ambiental devido às operações que envolvem altos parâmetros que

podem ameaçar todo um ambiente que esteja envolvido nas operações.

O setor de petróleo pode ser dividido em dois fragmentos referentes às

atividades realizadas: upstream e downstream, em que o primeiro se refere a toda a

fase de exploração, produção e transporte do cru, enquanto o último relaciona-se com

o tratamento dado ao petróleo bruto, como o refino.

Durante a fase de upstream existe a necessidade da garantia de segurança de

operações desde a perfuração, ao longo de toda a vida de um poço até seu abandono.

Dessa forma, entende-se a necessidade de assegurar a integridade de poço, e o

cuidado de mantê-lo sempre com barreiras de fluxo que funcionem durante todo o

tempo de produção e após o abandono, para que nenhum fluido de seu interior interaja

entre si quando pertencerem a zonas de fluxo diferentes, nem com fluidos que estejam

no exterior do poço.

Durante os períodos de alta demanda por energia para abastecer a expansão

das economias mundo afora, campos de óleo e gás foram desenvolvidos muito

rapidamente, poços foram perfurados e colocados em produção em tempo recorde.

Os principais indicadores levados em conta foram os de performance (comprimento

perfurado por dia, dias gastos na perfuração, custos diretos, etc.), deixando de lado

um planejamento que assegurasse a integridade do poço durante todo seu ciclo de

vida (Sultan, 2009).

Atualmente, a indústria brasileira de petróleo está tendo que se adaptar às

quedas das curvas de produção de campos que são responsáveis por boa parte da

produção de óleo no país, mas por já estarem produzindo há décadas possuem uma

produção bem limitada nos dias de hoje e são considerados campos maduros, como

por exemplo, os Campos de Garoupa, Albacora, Marlim, Roncador, Merluza, entre

outros. Esses campos merecem maior atenção por possuírem maiores desafios

quanto à integridade de poço construídos à décadas atrás, quando segurança não era

a maior preocupação de uma empresa de óleo e gás ao realizar projetos e perfurações

de poços.

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15

Alguns acidentes marcaram a história da indústria de óleo e gás, trazendo

fatalidades e consequências irreversíveis ao meio ambiente. A maioria desses

desastres aconteceu como consequência da falta de planejamento e gestão de riscos

que levaram às falhas nas barreiras de integridade e geraram blowout, explosões e

vazamentos de petróleo. Entre os maiores em questão de vazamento de óleo desde

os anos 2000 aparece o acidente na Deep Water Horizon que aconteceu no Golfo do

México, Estados Unidos, no campo de Mississipi Canyon, bloco 252, conhecido como

Macondo, durante a entrega de um poço exploratório. A explosão na plataforma

aconteceu no dia 20 de abril de 2010, e o relatório do incidente indicou 8 causas, em

que grande parte são resultado de falhas de barreiras do poço, por exemplo :falha na

cimentação dos anulares, a qual não suportou a pressão natural do poço; a locking

sleeve (barreira instalada sobre o topo do reservatório a fim de impedir fluxo do

exterior do poço para seu interior) falhou permitindo a passagem de óleo do

reservatório para o interior do poço, chegando até a superfície; e as três formas de

acionamento do BOP durante emergência também falharam. Esse acidente gerou

onze fatalidades entre os funcionários a bordo e vazamento de aproximadamente três

milhões de barris no oceano.

Baseado na experiência desses eventos, a indústria tem focado no

desenvolvimento de processos e sistemas de gerenciamento de integridade de poços

para garantir a integridade esteja presente em seus projetos, manter as operações

rentáveis, e sem prejuízos ao meio ambiente e a pessoas.

Alguns documentos internacionais e nacionais auxiliam as companhias a lidar

com esse tema a fim de encontrarem soluções para garantir integridade, sendo o mais

importante em termos de uso global a NORSOK-D010. No Brasil existe um

regulamento específico de gerenciamento de integridade de poço elaborado pela

Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) chamado

Regulamento Técnico de Sistema de Gestão de Integridade de Poço (RTSGIP) (ANP,

2016), o qual passou a valer em sua totalidade em novembro de 2018 para poços

offshore.

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16

2 CONCEITOS BÁSICOS

Neste capítulo serão tratados os principais conceitos necessários para a

abordagem da importância de se garantir a integridade durante todas as fases de um

poço, bem como para se compreender o cenário mundial.

2.1 INTEGRIDADE DE POÇOS

Gerenciar a integridade do poço é essencial para o desenvolvimento das

reservas de óleo e gás enquanto se preserva o meio ambiente e garante a segurança

dos trabalhadores. Dada essa importância, desenvolver e implementar sistema de

gerenciamento de integridade de poços tem sido um grande foco da indústria

ultimamente.

A definição de integridade de poço é dada como a qualificação que atesta a

capacidade do poço de desempenhar sua função de conter e controlar o fluxo de

fluidos dentro das barreiras predeterminadas ao longo da vida do poço (Sultan, 2009).

A NORSOK D-010, a norma norueguesa que rege o sistema de gerenciamento

de integridade durante as fases de perfuração e operação dos poços, prescreve que

a integridade de poço pode ser realizada através da “aplicação de técnicas, soluções

operacionais e organizacionais para reduzir o risco de uma liberação descontrolada

dos fluidos da formação ao longo da vida do poço” (NORSOK, 2013).

Dessa forma, um sistema que gerencia as barreiras de integridade deve

satisfazer requisitos básicos para prover diretrizes claras para a fase de planejamento

até a fase de abandono. O objetivo é assegurar que os poços sejam devidamente

projetados, executados, operados e manutenidos por um período de tempo definido

após o qual o poço será seguramente abandonado.

2.2 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA INTEGRIDADE DE POÇOS

Devido à necessidade de um regulamento técnico específico para integridade

de poços no Brasil, tendo como um dos motivos a perda de controle do poço e fluxo

de hidrocarbonetos para a superfície marinha, também conhecidos como underground

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17

blowout, ocorrido no campo de Frade em 2011 e 2012, a ANP instituiu a Resolução

46/2016, o RTSGIP.

O RTSGIP, assim como os outros regulamentos da ANP, não é prescritivo,

deixando a cargo das operadoras definirem e moldarem seus sistemas de

gerenciamento baseado nas Práticas de Gestão (PG) dos regulamentos técnicos da

ANP. O RTSGIP possui 17 Práticas de Gestão, das quais muitas são similares ao seu

precursor, o Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento de Segurança

Operacional (RTSGSO) (ANP, 2007). Exemplos de práticas do RTSGIP que estão

diretamente ligadas à integridade física do poço são:

● Prática de Gestão 10 – Etapas do Ciclo de Vida do Poço;

● Prática de Gestão 11 – Elementos Críticos de Integridade de Poço;

● Prática de Gestão 13 – Integridade do Poço.

Um sistema para gerenciar a integridade do poço de forma eficaz é essencial

para o desenvolvimento dos reservatórios de óleo e gás, prevenindo a ocorrência de

incidentes e acidentes de forma a manter o meio ambiente e a força de trabalho

seguros.

2.3 BARREIRAS DE INTEGRIDADE

O gerenciamento da integridade de poço, através de verificações, inspeções,

testes e manutenções são aspectos chave para manter a integridade das barreiras.

Além de prevenir o fluxo descontrolado de fluidos, as barreiras devem suportar

as cargas e os esforços que o poço possa vir a ser submetido, serem aprovadas em

todos os testes programados e funcionar da forma a qual se espera em ambientes de

altas pressões, temperaturas e estresse mecânico durante todo o ciclo de vida (ISO

16530-1,2017).

O RTSGIP, assim como outras normas e as boas práticas da indústria define

que deve existir dois Conjunto de Barreiras de Solidárias (CSB) atuantes durante todo

ciclo de vida do poço (ANP, 2016).

O primeiro CSB é basicamente os elementos que estão expostos aos fluidos,

enquanto o segundo não fica exposto a eles, mas fornece uma redundância de

proteção caso o primeiro CSB falhe.

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18

Pode-se dar como exemplo de barreiras primárias, a depender da fase em que

o poço se encontra (perfuração, operação ou abandono): rochas selantes, fluidos de

perfuração, cimentação do revestimento, revestimento de produção, packers de

produção, válvulas de segurança de superfície, entre outros. Com relação às barreiras

secundárias podemos citar: fluido de completação, blow-out-preventer (BOP), tubing

hanger, cimentação de anular, conjunto de vedação, válvula de cabeça de poço,

válvulas wing e master atuantes da árvore de natal.

As barreiras não necessariamente devem ser físicas, ou seja, também é tido

como barreiras alguns fatores operacionais, humanos e administrativos.

As barreiras físicas são os equipamentos projetados, instalados e verificados

regularmente, como por exemplo, durante a operação, as válvulas de segurança da

árvore de natal, o tubo de produção, válvula de controle dos anulares, entre outros.

As barreiras operacionais são designadas para prevenir os desvios das práticas

seguras de trabalho e controlar o local de trabalho para evitar que erros gerem perigos,

ou causem acidentes (ISO 16530, 2017). Isso pode ser feito através da expedição de

Permissão para Trabalho (PT), quando o serviço a ser executado é não rotineiro ou

possui uma periculosidade considerável, além de isolamentos de segurança,

procedimentos e instruções de trabalho, etc.

Uma organização que possui uma forte cultura de segurança deve fornecer

uma estrutura na qual a gestão de integridade de poços é bem executada. Como parte

dessa estrutura, os controles administrativos fornecem informações, suporte e gestão

das atividades que estão direta ou indiretamente relacionadas à integridade do poço,

baseando-se em normas de projetos e manuseio de materiais, programas de garantia

de qualidade entre outros. O treinamento, experiência, habilidades e competência

para resposta ao risco são exemplos de barreiras humanas que a equipe de trabalho

deve possuir (ISO 16530, 2017).

A maioria dos regulamentos vigentes na atualidade dá liberdade aos

operadores para escolher a sua filosofia de gestão de integridade de poço, que deve

descrever as barreiras, os testes a serem executados durante toda vida do poço,

assim como as medidas de contingência a serem tomadas quando a barreira estiver

degradada. O operador deve promover uma melhoria contínua do seu sistema de

gestão de integridade de poços.

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19

2.4 FASES DO CICLO DE VIDA DE UM POÇO

A vida de um poço se baseia em diferentes fases, desde seu planejamento e

projeto, até não haver mais necessidade de sua existência, ocorrendo então seu

abandono.

O fluxograma mostrado na Figura 2.1 demonstra cada etapa de um poço

dividido em suas respectivas fases, bem como quando elas ocorrem. Os elementos

para gerenciamento de integridade presentes no quadro dessa figura devem aparecer

durante qualquer das etapas do fluxograma.

Figura 2.1 - Elementos comuns para as fases de gerenciamento de integridade de poços

Fonte: ISO 15530-1 (2017).

As fases do poço foram agrupadas para melhor entendimento, assim ficando

divididas em fase de planejamento, projeto e construção que correspondem a

estruturação do poço, a fase de operação e intervenções e por fim a fase de

abandono, sendo as três últimas partes da etapa de gerenciar a continuidade da

integridade.

2.4.1 Fase de planejamento, projeto e construção

Na fase de planejamento deve-se garantir de forma clara e precisa o objetivo

do poço, bem como os riscos que ele oferece e as formas de controlá-los. Todos os

possíveis cenários para sua utilização: produção, injeção, gás lift, recompletação do

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20

poço em uma zona diferente ou alguma outra operação necessária para o

desenvolvimento da vida do poço também devem ser consideradas (Sultan, 2009).

A fase de projeto deve levar em consideração os requisitos levantados durante

o planejamento, assim como as tecnologias e mão de obra disponíveis. O projeto deve

ser rentável, mas também satisfazer a segurança operacional, de meio ambiente e as

normas reguladoras. Durante essa fase são definidos CSBs que serão construídos ou

instalados no poço além da criticidade dos elementos que farão parte desses CSBs.

Para isso, devem-se levar em consideração os riscos levantados na fase anterior para

conseguir assegurar que caso haja qualquer problema entre os predefinidos, não haja

fluxo entre diferentes zonas ou entre o exterior e o interior do poço.

A perfuração e completação geralmente é a menor fase, porém a mais crítica,

onde a integridade do poço deve ser verificada a cada etapa da perfuração. Nesta

etapa é importante que o sistema de gerenciamento de integridade de poço de quem

está executando a perfuração ou a completação tenha ferramentas e suporte

suficiente para avaliar a competência de seus trabalhadores, a qualidade dos

equipamentos utilizados e correta execução de cada etapa durante as operações a

fim de assegurar que as boas práticas da indústria estão sendo seguidas e o poço

está em total segurança (Sultan, 2009).

2.4.2 Fase de operação e intervenção

A fase de operação de um poço é compreendida a partir do momento em que

ele é entregue à equipe de produção para começar a produzir ou injetar, dependendo

de qual foi o seu objetivo. Um poço está em operação até que suas atividades sejam

interrompidas temporária ou definitivamente por motivos variados.

Durante toda essa etapa do poço, deve-se haver a garantia de que as barreiras

construídas nas fases anteriores sejam utilizadas corretamente e exerçam suas

funções como planejadas. Essa garantia é feita através de testes e manutenções

programadas dos equipamentos, principalmente equipamentos definidos como

críticos durante a fase de projeto.

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A periodicidade e a forma em que o monitoramento e a manutenção dos

elementos devem ocorrer são estabelecidos por manuais de boas práticas de

integridade de poço, normas específicas ou manuais próprios de cada empresa.

A fase de intervenção pode ou não ocorrer em um poço, pois só é necessária

quando é preciso realizar alguma alteração no fundo do poço e que para tal seja

inevitável a parada do poço, a qual é considerada pelo RTSGIP como abandono

temporário, o qual pode ou não ser monitorado. Essa fase de intervenção carrega

bastante criticidade e para que aconteça com segurança, é necessário que se defina

os requisitos para avaliar as barreiras do poço antes e depois de uma intervenção, a

qual exige a quebra dos CSBs pré-estabelecidos do poço (Gouda e Aslam, 2018).

Essa fase exige que seja feita uma análise de risco e gestão de mudança, visto que

toda a estrutura planejada de segurança do poço está comprometida.

A Figura 2.2 representa um exemplo de dois conjuntos solidários tipicamente

utilizados durante a fase operacional do poço, sendo os componentes dos CSBs

primário e secundário descritos.

Essas duas fases quando relacionadas a poços em campos maduros geram

bastante preocupação aos órgãos de segurança como a ANP, por se tratarem de

poços que estão em sua maioria operando há décadas, e foram construídos em

épocas que a integridade de poços não era um assunto tão discutido no meio da

indústria de óleo e gás e por isso muitas vezes ficava de fora dos projetos de

perfuração e completação.

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Figura 2.2 – Exemplos de barreiras primária e secundária de um poço na fase de operação

Fonte: Torbergsen et al. (2012).

2.4.3 Fase de abandono

A fase de abandono pode ser dividida em abandono temporário ou permanente

do poço.

O abandono temporário de poços é considerado durante dois tipos de situação:

quando um poço injetor ou produtor já se encontra completado com todos os

equipamentos, aguardando o início de sua operação; ou quando poços já em

operação encontram-se fechados por motivos operacionais ou estratégicos (IBP,

2017).

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Por outro lado, o abandono permanente se refere à poços fechados que

apresentam CSBs permanentes sem que haja interesse de reentrada futura ao poço

(IBP, 2017).

A Figura 2.3 apresenta um exemplo típico de abandono temporário de um poço

por motivo estratégico ou operacional com CSB temporário, e os respectivos

elementos constituintes de cada CSB.

Figura 2.3 – Exemplo de abandono temporário após a instalação do revestimento de

produção

Fonte: IBP (2017).

A Figura 2.4 exemplifica um abandono temporário realizado após a

completação de um poço a fim de aguardar o momento em que esse entrará na fase

de operação. Os elementos que compõem os CSBs primário e secundário são

listados.

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Figura 2.4 – Exemplo de abandono temporário de poço completado para uma zona, com

árvore de natal

Fonte: IBP (2017).

A Figura 2.5 demonstra um típico abandono permanente de poço com CSBs

permanentes, como os tampões de cimento. Esse e outros elementos que compõem

os conjuntos de barreira são apresentados separadamente em CSB primário e

secundário.

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Figura 2.5 – Exemplo de abandono permanente com isolamento de intervalo com potencial de

fluxo no poço aberto

Fonte: IBP (2017).

A fase de abandono permanente deve ser minuciosamente estudada, pois deve

garantir que não haja qualquer vazamento de fluido em qualquer situação futura que

possa vir a ocorrer na área em que o poço se situa.

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3 MONITORAMENTO E MANUTENÇÃO DE BARREIRAS

Após sua completação, o poço é colocado para desenvolver sua função, seja

ela produzir, ou injetar. Os principais componentes de um poço durante sua fase

operacional são: a cabeça de poço, a árvore de natal, as válvulas de segurança de

subsuperfície, como a DHSV (downhole safety valve), e a coluna de produção/injeção

e packers.

3.1 COMPONENTES DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO

A árvore de natal e a cabeça de poço são equipamentos primordiais para a

garantia de segurança do poço, são compostas principalmente por válvulas que

asseguram a estanqueidade do poço como um todo, ou seja, previnem que não haja

fluxo do poço para o ambiente através dos anulares ou mesmo pela coluna de

produção até a superfície.

A árvore de natal consiste em um corpo acoplado na cabeça de poço com

válvulas para segurarem o fluxo do poço. Pode ser classificada como seca (também

conhecida como convencional) ou molhada (também conhecida como não

convencional) vertical ou horizontal. A primeira tem menor complexidade por ser

usada em poços onshore ou de lâmina d’água rasa. Essa é manuseada diretamente

pelo operador, pois fica localizada na plataforma. Já a molhada é utilizada em poços

subsea e sua operação não ocorre de forma direta como na seca, mas sim através de

comandos dados pelo operador, afinal fica instalada no fundo do mar, e é ligada à

superfície através de cabos.

As válvulas que equipam a árvore de natal convencional (ANC) são do tipo

gavetas e podem ter acionamento hidráulico, pneumático e/ou manual. A Figura

3.1ilustra esse tipo de árvore de produção. Uma ANC geralmente possui as seguintes

válvulas em seu corpo:

Válvulas mestres – ou master, sendo uma inferior manual e uma

superior com acionamento hidráulico;

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Válvulas laterais– ou wing, sendo uma manual e uma com

acionamento pneumático

Válvula de pistoneio – ou swab, sendo apenas uma manual.

As válvulas master e a wing que possuem mais de uma no corpo da árvore

servem como redundância, a fim de realizar a estanqueidade no caso de a principal

falhar.

Figura 3.1– Ilustração de árvore de natal convencional

Fonte: Garcia et al. (2002).

A árvore de natal molhada (ANM) também é constituída por um conjunto de

válvulas gaveta, porém, além disso, possui um conjunto de linhas de fluxo e um

sistema de controle a ser interligado ao painel que fica na plataforma, por onde todos

os comandos são enviados.

As válvulas que compõem normalmente o corpo de uma ANM, como mostra o

esquemático da Figura 3.2, são:

Válvula mestra de produção (M!) – ou master1;

Válvula mestra de anular (M2) – ou master2;

Válvula lateral de produção (W1) – ou wing1;

Válvula lateral de anular (W2) – ou wing2;

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Válvula de pistoneio de produção (S1) – ou swab1;

Válvula de pistoneio de anular (S2) – ou swab2;

Válvula de interligação (XO) – ou crossover.

Figura 3.2– Esquemático das válvulas de uma árvore de natal molhada

Fonte: Garcia et al. (2002).

As funções da árvore são de fornecer um canal de fluxo para os

hidrocarbonetos de dentro da coluna para as linhas de superfície com a capacidade

de parar o fluxo fechando a válvula máster, de dar acesso vertical ao poço através da

válvula swab, e de viabilizar um ponto de acesso onde o fluido de amortecimento

(fluido para controlar a pressão do poço, e amortece-lo) pode ser bombeado para a

coluna de produção.(NORSOK D-010, 2004). As válvulas laterais têm o objetivo de

assegurar que o fluxo de dentro do poço não saia para a superfície enquanto outros

equipamentos são introduzidos ao poço, geralmente através de arame.

Dessa forma, para se assegurar que as válvulas geram a segurança necessária

para o poço, devem-se realizar os testes e manutenções necessárias por períodos

determinados pela operadora, os quais devem seguir alguma norma ou manual de

boas práticas.

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A AN fica acoplada à cabeça de poço através de adaptadores, os quais cobrem

o suspensor de coluna e viabiliza a passagem de fluido de acionamento até a DHSV

por meio de gaxetas.

A cabeça de poço pode ser seca ou molhada (poços subsea), assim como a

árvore de natal, e é composta pelas válvulas dos anulares, podendo ser de duas

válvulas (em poços mais simples com anulares A e B) ou mais (em poços com mais

fases e consequentemente maior quantidade de anulares monitoráveis), suspensor

de revestimento/coluna de produção (mais conhecido pelo termo em inglês:

casing/tubing hanger) e conjunto de vedação do poço, como ilustra a Figura 3.3.

Segundo a revisão 3 da NORSOK D-010 (2004), a instalação da cabeça de

poço seca deve obrigatoriamente prover acesso a todos os anulares para que facilite

o monitoramento das pressões dos anulares e a drenagem ou injeção de fluidos,

quando necessário. Já para a instalação da cabeça de poço subsea deve garantir

acesso ao revestimento através do anular da coluna, pelos mesmos motivos da

cabeça seca.

As funções de uma cabeça de poço é proporcionar suporte mecânico para os

revestimentos e coluna do poço que ficam suspensos e realizar a conexão da árvore

de natal, além de evitar o fluxo do poço aberto e anular para a formação ou o meio

ambiente. Para garantir que essas funções realmente sejam cumpridas, as válvulas

de anulares devem ser testadas tanto com pressão, quanto para garantir que está

funcionando como necessário. Por fim, os anulares devem ser frequentemente

monitorados.

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Figura 3.3– Representação de cabeça de poço com válvulas de controle de pressão dos

anulares A e B

Fonte: Cameron (2006).

O maior componente do poço durante sua fase operando é a coluna de

produção, a qual é formada além do tubular, por uma quantidade de menores

componentes, como é ilustrado na Figura 3.4 cada qual com sua função.

A seleção de tubulação depende de algumas características do poço, como

diâmetro dos revestimentos das fases anteriores, máxima vazão esperada, tipo e

características do fluido a ser produzido e os esforços mecânicos aos quais a coluna

estará submetida ao longo de toda sua vida útil (tensões de tração, colapso e pressão

interna). A coluna deve ser escolhida de modo a se ter confiabilidade de vedação,

para que não se espere orifícios, problemas nos conectores, ou mesmo corrosão após

a exposição da coluna ao fluido produzido.

Na extremidade inferior da cauda de produção, mas também em outras partes

da coluna, é instalado a sub de pressurização (shear-out), a qual permite o

tamponamento temporário da coluna enquanto necessário, e sua abertura é feita

através da pressurização da coluna.

Os subs conhecidos como nipples, também chamados de perfis assentamento,

são responsáveis por alojarem plug sem profundidades pré-definidas para realizarem

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isolamento de áreas produtoras, além de assentar válvulas de pé (válvulas que

permitem a transmissão de fluxo por apenas uma direção, também conhecida por

standing valves) para impedir que haja perda de fluido para formação e chokes os

quais permitem a produção simultânea de duas zonas com pressões diferentes.

Outra parte importante instalada na coluna é a camisa deslizante (sliding

sleeve), a qual permite a comunicação anular-coluna ou coluna-anular através de uma

camisa interna que é aberta ou fechada por operações com arame. A camisa

deslizante é usada em momentos como a estimulação logo após a completação do

poço ou como back-up em casos em que a coluna esteja inevitavelmente oclusa.

Por fim, um dos mais importantes equipamentos que atuam junto à coluna é o

packer de produção, feito de borracha para gerar vedação e pinos de assentamento

e desassentamento. Esse elemento possui inúmeras funções, sendo algumas delas

servir de elemento da barreira primária (junto á coluna de produção, DHSV,

revestimento de produção e a cimentação do anular abaixo do packer), proteger o

revestimento acima dele de pressões e fluidos da formação que possam causar dano,

nos casos em que o tipo de elevação seja gas-lift, o packer possibilita a injeção

controlada pelo anular do poço, além de permitir a produção seletiva de mais de uma

zona produtora através de uma só coluna. Os packers são assentados por diferença

de pressão do exterior e interior da coluna (Garcia et al., 2002).

Figura 3.4– Exemplo de composição da coluna de produção e seus elementos

Fonte: Renpu (2011).

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Além das válvulas citadas anteriormente, ainda há mais um importante

elemento de barreira do poço durante sua fase de operação, que fica localizada no

interior da coluna de produção do poço, chamada SCSSV (Surface-Controlled

Subsurface Safety Valve), a qual pode ser classificada como DHSV (Down Hole Safety

Valve). Deve ser instalada em todos os poços de hidrocarbonetos que possuem

pressão de reservatório suficiente para ser classificado como poço surgente. Sua

instalação é realizada a cabo podendo ser pelo interior, ou enroscada à coluna de

produção durante a completação do poço, como ilustrado na Figura 3.5. Sua

profundidade ideal de instalação (a qual garante melhor segurança ao poço ao longo

de sua vida operacional) deve ser determinada durante a fase de projeto da

completação do mesmo, levando em conta alguns fatores, sendo o principal deles a

expectativa de não formação de hidratos, e outras características, como:

a. em poços dotados de bombeio mecânico, a DHSV deve estar

abaixo da válvula de pé (também conhecida como check valve, por ser uma

válvula de sentido único de fluxo);

b. em poços subsea com árvore de natal molhada, deve estar

instalada o mais próximo do fundo do mar;

c. em poços cujo método de elevação seja gas-lift, deve se localizar

logo após o último mandril; ou

d. quando há canhoneado frente às formações produtoras, na altura

média do poço produtor junto ao packer.

Para a garantia da integridade do poço durante sua fase de operação, os

equipamentos e suas partes consideradas barreiras de fluxo para o poço devem ser

testados e verificados de forma a assegurarem o exercício de suas funções de

maneira eficiente para trazerem segurança durante toda a atividade do poço.

Para tal, são realizados testes e manutenções periódicas em cada parte dos

equipamentos, segundo instruções específicas de cada equipamento e seus

fabricantes.

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Figura 3.5 – Ilustração de dois tipos de DHSV. Do lado esquerdo do tipo

tubingmounted, do direito, insertável.

Fonte: Garcia (2002).

3.2 SISTEMAS DE MONITORAMENTO

O gerenciamento do monitoramento das barreiras do poço é peça chave do

sistema de gerenciamento de integridade de poço, visto que proporcionam

confiabilidade para que os equipamentos realmente impeçam o fluxo descontrolado

do interior do poço para a superfície.

Gerenciar o monitoramento de um equipamento significa estabelecer

detalhadamente seus testes, inspeções visuais e manutenções quando necessário.

Os detalhes mais importantes que são gerenciáveis nesse momento são a

periodicidade e a maneira em que cada barreira será monitorada.

A periodicidade de monitoramento das barreiras do poço é estabelecida

considerando o desenho do poço, a presença de pressão anular, os procedimentos

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estabelecidos pelo operador e os requisitos da agência governamental ou melhores

práticas da indústria para o estabelecimento de frequências de monitoramento (API

RP 90). A forma como os testes e manutenções serão realizados deve, na maior parte

das vezes, seguir as normas e resoluções, além de considerar instruções do

fabricante dos equipamentos, os quais geralmente respeitam certos padrões já

firmados na indústria de petróleo mundial. Os principais equipamentos citados

anteriormente como exemplos de barreiras utilizadas em poços durante sua produção

ou injeção são monitorados e testados seguindo seus critérios de aceitação.

3.2.1 Monitoramento e teste das válvulas da árvore de natal

O teste de desempenho das válvulas da árvore fornece um método prático de

confirmar a capacidade do sistema de desempenhar as funções de segurança do

projeto. Na instalação inicial, os testes devem ser realizados para verificar se todo o

sistema, incluindo a válvula de fechamento final ou o dispositivo de controle, é

projetado e instalado para fornecer uma resposta adequada às condições externas.

Posteriormente, testes operacionais periódicos devem ser realizados, pelo menos

anualmente, para substanciar a integridade de todo o sistema, incluindo a estação de

processo ou o desligamento da plataforma, se necessário. Os dispositivos e sistemas

de segurança devem ser testados em intervalos regulares especificados em pelo

menos anuais. Intervalos alternativos de teste podem ser estabelecidos com base na

experiência de campo, na política do operador ou nos regulamentos governamentais.

A fim de estabelecer um intervalo de teste alternativo além da frequência

recomendada pela norma API RP 14C ou fora daqueles ditados por regulamentações

governamentais, o intervalo de teste alternativo deve garantir confiabilidade do

dispositivo igual ou maior que a confiabilidade demonstrada pela frequência de teste

recomendada / exigida.

O teste e verificação de estanqueidade do corpo da árvore e suas válvulas deve

ser realizado de tuas formas: por alto e baixo diferencial de pressão na direção de

fluxo do poço, sendo a baixa pressão 3,5 MPa (aproximadamente 34,5 atm). Durante

o teste de estanqueidade das válvulas da árvore de natal, o operador deve pressurizar

as linhas da árvore fechando a dupla de válvulas que se deseja testar ao longo de um

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tempo pré-determinado de dez minutos. Se houver vazamento dentro do permitido

pelo manual ou procedimento de teste das válvulas da AN, as válvulas testadas

estarão aptas a realizarem sua função de estanqueidade. Por outro lado, se a pressão

cair e houver vazamento fora do aceitável, o responsável pelo teste e manutenção

deverá reportar o problema, normalmente, ao sistema responsável pelo

monitoramento, ou às pessoas responsáveis e realizar a manutenção ou troca das

válvulas conforme instrução do fabricante o mais rápido possível, utilizando sempre o

procedimento indicado para aquele tipo de árvore. Nessas situações em que falhas

são reportadas e a manutenção não ocorre no momento em que se detecta o mal

funcionamento da válvula, deve ser feito um estudo para apontar possíveis riscos

consequentes da prorrogação da troca da válvula falhada, e como resultado desse

estudo, deve-se elaborar um documento de análise de risco, de maneira a aceitar ou

não a prorrogação, bem como para encontrar maneiras de diminuir ou sanear os riscos

encontrados. Caso as válvulas do envelope de barreira estejam fora de conformidade,

o poço não poderá operar até que o problema seja corrigido. As válvulas que são a

última barreira para o meio ambiente (a swab e a lateral, normalmente) não devem

vazar nenhum volume de fluido, por menor que seja. Se a taxa de vazamento não

puder ser medida diretamente, a medição indireta pelo monitoramento da pressão de

um volume fechado à jusante da válvula deve ser executada e registrada.

O teste deve ser registrado, para que o gerenciamento das barreiras seja feito

a partir de certificados de boa funcionalidade dos elementos de barreira do poço.

3.2.2 Monitoramento e teste dos revestimentos, tubo de produção e anulares

Para as válvulas dos anulares (do condutor, de revestimento de superfície, de

revestimento intermediário e de revestimento de produção que forem possíveis de

medir), deve-se realizar o monitoramento na frequência pré-determinada das

pressões dos anulares que podem ser medidos, ou seja, aqueles que não estão

cimentados até o topo, ou que foram instalados de forma cravada por exemplo.

Segundo a API RP 90 (2012), a qual escreve as melhores práticas da indústria

em relação ao gerenciamento de pressões nos anulares em poços offshore, o

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programa de monitoramento da pressão dos anulares deve levar em consideração

alguns princípios importantes:

O nível de segurança deve ser mantido de acordo com o que já é

considerado por métodos prescritivos históricos;

Deve-se relacionar diretamente a pressão do anular com o

controle de poço, sendo a principal preocupação nesse caso a perda de

controle de poço tanto na superfície, quanto na subsuperfície;

A SCP (Sustained Casing Pressure) é a pressão de revestimento

excessiva que persiste mesmo depois de se realizar o dreno indica que há

uma parte do sistema de barreira do poço que possui vazamento;

A maioria dos vazamentos é resultado de uma combinação de

defeitos e/ou eventos menores, e não pelo fato de se exceder as

especificações de projeto do sistema de poço;

Nem toda pressão de anular de revestimento representa algum

aumento significativo de risco;

O nível aceitável de risco pode ser estabelecido para um grande

número de anulares usando critérios que exigem um mínimo de conhecimento

e esforço, baseando principalmente em dados obtidos por experiência;

Os anulares que não atendem a um nível aceitável de risco

devem ser avaliados caso a caso;

Todos os testes de monitoramento e diagnóstico devem ser

documentados adequadamente.

Esse último princípio é muito importante para o monitoramento em si, além de

que através disso, se constrói um histórico para servir de base para estabelecer novos

e mais criteriosos métodos prescritivos para o acompanhamento das pressões de

anulares

Ainda segundo a API RP 90, os níveis aceitáveis de risco causados pela

pressão de anular são estabelecidos seguindo três principais regras:

i. Se o poço exibir pressão de anular menor ou igual a 100 psig,

apresenta um risco baixo e deve apenas ser monitorado;

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ii. Se o poço exibir SCP, deve-se realizar drenagem até 0 psig e

nesse caso se realmente for possível realizar a drenagem até 0 psig, o risco

apresentado por ele é aceitável, pois isso indica que sua taxa de vazamento

é baixa, o que quer dizer que seu sistema de barreiras ainda é efetivo.

iii. Por último, uma Pressão Máxima Admissível de Operação da

Cabeça de Poço (MAWOP) é calculada, na qual a pressão anular máxima

permitida para cada anular é determinada. O cálculo MAWOP é aplicável ao

SCP, à pressões de revestimento térmica e pressões de revestimento

impostas pelo operador. O estabelecimento do MAWOP para os anulares

apresenta um risco aceitável, uma vez que minimiza o risco de explosão ou

colapso dos tubulares.

Se as pressões de revestimentos não se enquadram em nenhuma das três

regras acima, deve-se estabelecer o risco gerenciado de forma caso a caso.

Os testes de pressão adicionais que devem ser realizados para garantir a

integridade mecânica do anular e cabeça de poço são o de drenagem e o de build-up,

independentemente do tipo de teste, a frequência de sua realização deve ser

consistente com o plano de gerenciamento de pressão do anular do operador. A

condição inicial que resultou no acréscimo de pressão do anular não é uma condição

estática. Devido à erosão, corrosão e ciclos térmicos, por exemplo, a comunicação

com uma fonte de pressão pode aumentar ou piorar com o tempo. A pressão de anular

do revestimento deve ser reavaliada periodicamente para determinar se a taxa de

vazamento ainda está dentro dos limites aceitáveis. Todos os testes subsequentes de

drenagem/build-up devem ser realizados somente depois de considerar

cuidadosamente todas as possíveis consequências para o poço. Cada vez que um

anular com SCP é drenado, o fluido anular original está sendo removido e substituído

por um fluido diferente, possivelmente fluido de produção. Este processo pode

aumentar as pressões vistas no anular e pode aumentar rapidamente a gravidade do

problema.

Além disso, a integridade da vedação do cimento no anular pode ser danificada

pelo ciclo de pressão, causado pela quantidade excessiva desses testes, os quais

podem causar rachaduras por tensão de tração no cimento. Essas rachaduras

induzidas por estresse podem aumentar substancialmente a taxa de fluxo e o volume

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dos fluidos de formação que alimentam a SCP no anular testado. Por esse motivo,

condições seguras de ciclagem de pressão para o tipo e design específico do cimento

no anular devem ser consideradas.

Os testes subsequentes de avaliação da pressão anular devem ser realizados:

Periodicamente, de acordo com o programa de gerenciamento de anular

do operador em poços com SCP, pressão térmica de revestimento e/ou pressão de

revestimento imposta pelo operador.

Depois que o poço sofre intervenção, desvio ou é estimulado por ácido.

No caso de haver alteração significativa da pressão anular entre os

intervalos de teste de rotina.

3.2.3 Monitoramento e teste das válvulas SCSSV

Após a instalação da SCSSV no poço, a válvula deve ser fechada em condições

de mínimo ou nenhum fluxo através da operação do sistema de controle. A verificação

da operação de fechamento pode ser realizada pelo teste de aumento de pressão, ou

de fluxo. A DHSV deve, então, ser reaberta seguindo os procedimentos no manual de

operação do fabricante.

As SCSSVs devem ser testadas em sua instalação e em um intervalo máximo

de seis meses, a menos que regulamentos locais, condições e/ou evidências

históricas documentadas indiquem um intervalo de teste diferente, o qual não deve

exceder 12 meses.

Para o teste da SCSSV deve-se rotineiramente realizar drenagem e

pressurização da linha de controle, como normalmente é recomendado pelo fabricante

da válvula, a fim de se manter a área de fluxo da linha livre de detritos. Assim, para o

teste de vazamento deve-se isolar o sistema de controle do poço a ser testado,

aguardar pelo menos cinco minutos para que o fluido no mecanismo de fechamento

da DHSV esteja estável, registrar a pressão da coluna fechada, observar se a pressão

na linha de controle se mantém estável, ou se há aumento ou queda. Caso haja, algo

não está em conformidade e deve ser investigado. Qualquer vazamento que ocorra

na válvula lateral ou na válvula de linha de fluxo deve ser identificado, localizado,

medido e monitorado ao longo de todo o teste, o qual deve levar em consideração

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esse vazamento para seus resultados. Assim, deve-se drenar o máximo de pressão

possível da coluna acima da DHSV e fechar o poço, registrando as pressões

resultantes. Após o registro dos resultados, é preciso realizar uma análise técnica dos

vazamentos, a qual é sugerida pela API RP 14B (2015) que seja menor ou igual a

0,43 m3/min se o fluido for gás, ou 0,0004 m3/min se for líquido. Se os valores

ultrapassarem esses parâmetros, o poço deve continuar fechado até que a falha da

válvula seja corrigida, ou a válvula seja trocada por uma que esteja em perfeito

funcionamento.

O fluxograma mostrado na Figura 3.6 representa de forma simplificada como

se deve agir nos casos de cada teste de válvula ser aceito ou não. Nele é possível

perceber que no caso de falha nos testes da Safety Shutdown Valve (SSV), ou seja,

as válvulas automáticas da AN, ou da SCSSV, pode-se haver a necessidade de fechar

o poço até a correção das falhas para, assim, assegurar a segurança do meio

ambiente e das pessoas envolvidas com a operação do poço.

Além dos testes, também faz parte do monitoramento das barreiras a inspeção

visual do entorno do poço. Essa etapa é importante para a detecção de falhas como

incrustações ou pontos de corrosão nos equipamentos visíveis durante a operação do

poço, dessa forma, só é possível enxergar aqui as válvulas da cabeça do poço e da

árvore de natal.

Essa inspeção visual também deverá ter sua frequência de realização

estipulada pela empresa operadora, levando em consideração a criticidade do

ambiente do poço, a facilidade da realização de inspeções visuais, e manuais de boas

práticas sobre o assunto, como o Caderno de Boas Práticas de E&P - Diretrizes para

Monitoramento de Poços em Abandono Temporário, escrito por um grupo de trabalho

formado pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) em conjunto

com pessoas da indústria de óleo e gás e da Agência reguladora ANP, o qual descreve

formas efetivas de se classificar os poços a fim de se determinar frequências de

inspeção visual e de monitoramento. Vale ressaltar que poços de árvore de natal e

cabeça de poço secas exigem menor complexidade para de se examinar esses

equipamentos do que em poços de completação molhada, os quais exigem auxílio,

como o de um ROV (Veículo Submarino Operado Remotamente) para realização

dessa tarefa.

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Figura 3.6 – Fluxograma de análise de testes de integridade nos elementos de barreira

durante a fase operacional do poço

Fonte: Kairon & Lane (2008).

3.3 MONITORAMENTO USANDO INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A indústria de óleo e gás tem percebido de forma gradativa a importância e o

ganho de se utilizar novas tecnologias através da inteligência artificial em várias

etapas da vida de um poço, e não é diferente para a fase de monitoramento das

barreiras de fluxo durante o período em que o poço se encontra em operação.

Pelo fato de, geralmente, um campo possuir um número significativo de poços

produtores e/ou injetores, o gerenciamento da manutenção de no mínimo os principais

equipamentos que formam as barreiras se torna muito mais complexo e arriscado.

Isso tem se tornado um grande motivo para que se venha discutir novas técnicas

utilizando a inteligência artificial para a realização do monitoramento de forma que a

atenção dada a todos os poços de um campo, ou mesmo de mais de um operado por

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uma mesma empresa, seja realizado analogamente, através da aplicação dos

parâmetros (frequência, prática de monitoramento, entre outros) escolhidos pela

operadora ou consórcio.

Um grande exemplo da aplicação de inteligência artificial no setor de óleo e gás

se refere ao campo Ivar Aasen, localizado na costa da Noruega, no qual um grande

operador conseguiu modernizar seu sistema de controle em uma plataforma offshore

no ano de 2016. Apesar de não termos muitos exemplos atualmente com relação ao

emprego dessa inovação, o caso mencionado da atuação da operadora no Mar do

Norte demonstra o quanto a inteligência artificial e a utilização da tecnologia tem a

agregar à indústria, e que não muito distante dos dias de hoje, ela se tornará cada vez

mais comum.

3.3.1 Inteligência artificial aplicada em plataforma no campo Ivar Aasen

O campo de Ivar Aasen no Mar do Norte, localizado a 180 km da costa

norueguesa e em uma lâmina d'água de 110 m, produz em média 60.000 barris por

dia. Ivar Aasen está situado em uma região que apresenta condições adversas de

E&P, como frequentes tempestades e elevado teor de sal corrosivo que afeta

equipamentos e a infraestrutura. Desde o início da produção em dezembro de 2016,

a empresa operou a plataforma usando duas salas de controle redundantes, sendo

uma localizada a bordo e a outra em terra, a mil quilômetros de distância, em

Trondheim, cidade da Noruega localizada a cerca de 500 km de Oslo.

O campo é operado por uma grande operadora do Mar de Norte que atua no

litoral do país e investiu na implementação de inteligência artificial para monitoramento

remoto de barreiras através de uma conhecida ferramenta chamada IoT (Internet of

Things em inglês), ou Internet das Coisas.

Essa ferramenta é um marco na transformação digital na indústria, e não seria

diferente na de óleo e gás. A IoT é conhecida por realizar a comunicação de máquina

para máquina (M2M) através da internet. Nesse tipo de atividade, a interferência

humana direta é a menor possível, visto que, resumidamente, os sensores e

dispositivos inteligentes fazem o serviço de capturar dados que são enviados

posteriormente para um sistema de computação, o qual é responsável por analisar as

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informações recebidas e usá-las para gerenciar as ações de cada equipamento ou

instrumento ligado a essa rede.

Através da IoT, a operadora realiza o monitoramento de condições (CM) dos

equipamentos de produção da plataforma de forma remota, e a partir desse

monitoramento é possível dar suporte ao modelo de manutenção baseado em

condições (CBM) de forma mais proativa e até mesmo preditiva.

Uma grande característica presente na abordagem do monitoramento de

condições do modelo de CBM é a criação de dados de alta qualidade por meio de um

método de registro de data e hora dos eventos de cada dado. Esta é uma técnica de

amostragem de dados dinâmicos que é orientada por eventos através de anomalias

nos dados de monitoramento de desempenho dos equipamentos. Esses dados são

obtidos por meio das conexões do sistema CM com os sistemas elétrico, de

instrumentação, de controle e de telecomunicação (EICT) incorporados na estrutura

de topside da plataforma. Com o registro de data e hora dos eventos nos fluxos de

dados do monitoramento de controle, a equipe da sala de controle da plataforma pode

identificar as sequências de eventos com mais precisão, ajudando-os a diagnosticar

problemas mais rapidamente e com maior assertividade.

Desde o começo de 2019, após a sala de controle onshore ter se mostrado

totalmente capaz de atender aos altos padrões de desempenho e segurança

necessários, a sala de controle a bordo foi desativada, e o monitoramento e o controle

operacional é realizado exclusivamente nas instalações em terra, demostrando o

imenso potencial da aplicação da inteligência artificial na indústria de petróleo

(Settemsdal, 2019).

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43

4 ABORDAGEM DA INTEGRIDADE DE POÇOS NO MUNDO

Cada região possui suas peculiaridades, sejam geográficas, ou regulatórias.

Portanto as empresas têm de adaptar seu sistema de gestão de integridade de poços

para os diferentes ambientes encontrados. Nesse capítulo veremos exemplos de

alguns estudos realizados no intuito de diminuir os problemas com integridade de

poço.

4.1 NORUEGA

Uma série de incidentes relacionados a poços, com significante impacto e

potencial para grandes acidentes, levou a Autoridade de Segurança do Petróleo (PSA)

da Noruega a lançar uma pesquisa piloto para integridade de poços. Foram

selecionados 406 poços, interligados a 12 instalações de sete diferentes companhias.

O agente regulador norueguês notificou as companhias a apresentarem

informações relacionadas a integridade desses poços, e responder uma planilha a

partir do fluxograma da Figura 4.1.

Figura 4.1 – Diagrama de Fluxo

Fonte: Vigneset al. (2008).

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Da análise da documentação pelo PSA e pelas consultorias especializadas

contratadas, foram identificados os seguintes desvios: deficiências no tratamento de

não conformidades, gestão de mudança ruim, não inclusão de equipamentos e

elementos críticos no sistema de manutenção, problemas devidos a conversão do

poço (o poço não fora projetado anteriormente para ter uma conversão de produtor

para injetor e vice versa).

Além disso, existem exemplos onde as transferências de informações críticas

foram insuficientes/ineficientes durante aquisições de licença, passagem da equipe

de projeto para operação e troca de operadores (Vignes et al, 2008).

A quantidade dos poços que tiveram falha de integridade, problema ou

incerteza está no gráfico da Figura 4.2.

Figura 4.2 - Poços produtores, injetores e total com falhas de integridade

Fonte: Vignes et al. (2008).

Dos 406 poços, 75 tiveram falhas relacionadas as barreiras de integridade, um

percentual de 18%.

No Figura 4.3 é detalhado qual elemento de barreira falhou em cada um dos 75

poços.

48

27

75

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Produtores Injetores Total

mer

os

de

Po

ços

Poços com Falhas de Integridade, Problemas ou Incertezas

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Figura 4.3 – Gráfico representando relação de elementos de barreira com falhas

Fonte: Vignes et al. (2008).

Após as análises e alguns encontros com as companhias para discussão e

entendimento dos documentos apresentados, o PSA listou alguns pontos de melhoria

para a indústria:

Melhoria dos sistemas de confiabilidade e monitoramento dos

poços;

Desenvolver melhores visualizações de barreiras, que sejam de

fácil entendimento e uso;

Padronização das visualizações, qualificações técnicas e

documentações;

Definir os dados e informações mínimos a serem passados entre

equipes, na troca de serviços (projeto-perfuração, perfuração-completação,

completação-produção, produção-perfuração, etc);

Melhoria e qualificação da forma de trabalho;

Monitoramento e manutenção da integridade mecânica das

barreiras.

42 2

9

29

1

8 84

2 1 1 1 2 1

0

5

10

15

20

25

30

35

Elemento de Barreira que Falharam

Número de Poços com Problemas de Integridade

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4.2 NIGÉRIA

Em 2003, a Shell Nigéria, montou uma equipe para fazer um estudo das

práticas do passado e atuais, a fim de colocar em prática uma gestão da integridade

de poços que se assegura que essa questão fosse tratada adequadamente.

A equipe identificou que o processo de gerenciamento de integridade de poços,

deveria incluir:

Identificação e categorização dos problemas de integridade de

poço;

Formação de um banco de dados, que permita armazenar,

monitorar, e incluir mudanças em tempo real;

Avalição de risco, para identificar os problemas mais severos, e a

melhor alocação de recursos financeiros;

Definição de procedimentos padrão, e requisitos mínimos de

segurança;

Um sistema de gerenciamento que interligue todas as

informações, indicadores, procedimentos, necessários a garantia da

integridade dos poços.

A Shell levou cerca de onze meses para implantação desse sistema. Como

benefícios intangíveis, na implementação de um sistema de gerenciamento de

integridade de poços, podemos citar uma maior facilidade das empresas em conseguir

suas licenças junto aos órgãos reguladores e ambientais para operar, uma melhoria

na reputação e imagem corporativa da empresa, além é claro da segurança da força

de trabalho e meio ambiente.

Além disso, Shell Nigéria obteve uma melhoria financeira visto que de um total

de 24 poços foi obtido melhoria de produtividade em 21, o trabalho feito restaurou o

potencial de produção de 40 mil barris por dia com um ganho adicional de 25 mil barris

por dia, isso devido às intervenções feitas nos poços para tratar as falhas de

integridade (Wakama et al., 2004).

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4.3 BRASIL

Um estudo em 2013, feito com suporte da PETROBRAS e Unicamp, fez uma

análise de integridade de poço para predição de intervenções.

Primeiramente foram identificados os CSBs baseados nos projetos do pré-sal

brasileiro que estão representados na Figura 4.4. A Legenda para cada elemento de

barreira está no quadro da Figura 4.5.

Figura 4.4 – (a) Esquemático completo da análise de confiabilidade, (b) CSB primário, CSB secundário

Fonte: Da Fonseca et al.(2013).

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Figura 4.5 – Quadro com a legenda esquemática dos poços do pré-sal

WXT Árvore de Natal Molhada TH Suspensor de coluna

M1 Mestre 1 ou válvula mestre de produção PAB Base do adaptador da produção

W1 Lateral 1 ou válvula lateral de produção VX Selo VX

S1 Pistoneio1 ou válvula de pistoneio WH Cabeça de poço

XO Válvula de interligação GLM Mandril de gas-lift

M2 Mestre 2 ou válvula mestre do anular ICV Válvula de controle de influxo

W2 Lateral 2 ou válvula lateral do anular CIM Mandril de injeção de químicos

S2 Pistoneio2 ou válvula de pistoneio do anular PDGM Medidor de fundo de poço

AIV Válvula de intervenção do anular

Fonte: Da Fonseca et al. (2013)

Para cada componente dos CSBs foram identificados o modo de falha, taxa de

falha, tempo médio para a falha e a confiabilidade que estão na Figura 4.6.

Para quantificar a confiabilidade e o tempo de falha de cada CSB, foi

considerada a seguinte relação entre cada elemento de barreira que é mostrado na

Figura 4.7.

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Figura 4.6 – Quadro com os componentes do CSB, modos de falha, taxa de falha e

confiabilidade em 27 anos

CSB Barreira Modo de falha Taxa de falha

(por 106 horas)

Tempo médio para a

falha (ano/poço)

Confiabilidade

CSB

Pri

már

io

Rocha Capeadora (Anidrita) - 0,0000 - 1,0000

Liner Cimentado Vazamento externo 0,0580 1967 0,9864

Packer de Produção Vazamento no Revestimento

do Anular 0,1210 942,8 0,9718

Coluna de Completação acima do Packer e Abaixo da Coluna da SSSV

Vazamento no Revestimento do Anular

0,2500 456,3 0,9425

Mandril de Gas-Lift (e válvula) Vazamento no Revestimento

do Anular 11,900 9,586 0,0598

SSV

Falha para fechar 0,5600 203,7 0,8759

Vazamento no Revestimento do Anular

0,3161 360,9 0,9279

Vazamento em posição fechada

0,7200 158,4 0,8433

CSB

Sec

un

dár

io

Rocha Competente - 0,0000 - 1,0000

Revestimento de Produção Cimentado Vazamento externo 0,0152 7495 0,9964

Cabeça de Poço Vazamento externo 0,0029 39330 0,9993

Anel de Vedação e Conector H4 Vazamento Interno 0,0028 40740 0,9993

Vazamento externo 0,1300 877,5 0,9697

Base Adaptadora de Produção Vazamento Interno 0,1535 743,2 0,9643

Vazamento externo 0,1535 743,2 0,9643

Linha de Válvula de Intervenção no Anular Vazamento externo 0,0500 2281 0,9882

Válvula de Intervenção no Anular

Falha para fechar 0,2500 456,3 0,9425

Vazamento externo 0,0150 7605 0,9965

Vazamento em posição fechada

0,1500 760,5 0,9651

Conexão do Suspensor de Coluna Vazamento no Revestimento

do Anular 0,1000 1141 0,9766

Penetração do Suspensor de Coluna Vazamento Interno 0,1000 1141 0,9766

Corpo do Suspensor de Coluna Vazamento Interno 0,1000 1141 0,9766

Selo do Engate de Produção Vazamento no Revestimento

do Anular 0,1500 760,5 0,9651

Corpo do Engate de Produção Vazamento Interno 0,0030 38030 0,9993

Válvula Mestre de Produção

Falha para fechar 0,2500 456,3 0,9425

Vazamento externo 0,0150 7605 0,9965

Vazamento em posição fechada

0,1500 760,5 0,9651

Árvore de Natal Molhada Vazamento externo 0,1535 743,2 0,9643

Fonte: Da Fonseca et al.(2013).

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Figura 4.7 – Barreira primária com as relações entre os elementos de barreira

Fonte: Da Fonseca et al. (2013).

De posse das informações de confiabilidade e taxa de falha de cada elemento

de barreira foi possível calcular, a confiabilidade e o tempo de falha de cada CSB e

dos dois conjuntamente, que estão na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Resultados da confiabilidade dos CSBs

Parâmetro CSB Primário

CSB Secundário

Integridade do Poço

Completado

Confiabilidade 3,70% 65,13% 66,42%

Taxa de Falha Equivalente (10-6 horas)

13,93 1,81 1,73

Tempo Médio para Falha (ano/poço)

9,17 70,49 73,88

Fonte: Da Fonseca et al.(2013).

O modelo foi comparado com dados de 135 poços produtores ou injetores ao

longo de 17 anos, a comparação entre o modelo teórico com os dados reais, podem

ser vistos no gráfico da Figura 4.8.

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51

Figura 4.8 – Intervenções motivadas por falha de integridade, modelo teórico versus modelo

real

Fonte: Da Fonseca et al. (2013).

Como é possível ver o modelo teórico é capaz de prever a quantidade de

intervenções na região do pré-sal brasileiro. Isso possibilita prever quais poços irão

precisar de intervenções por falhas de integridade, podendo as empresas atuar de

forma antecipada com manutenções preventivas para evitar essas falhas.

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5 NOVOS DESENVOLVIMENTOS

Como vimos nos capítulos anteriores, um bom gerenciamento da integridade

de poço, pode ser eficaz na melhoria da integridade das barreiras, otimização da

produção e diminuição dos custos. Com o avanço da tecnologia, principalmente

quanto a medição das variáveis de processo, o operador tem a sua disposição uma

quantidade muito grande de dados para armazenar, tratar e interpretar. Com isso é

necessário que os operadores possuam um bom sistema de gerenciamento de dados,

para uma melhor tomada de decisão.

Algumas das funcionalidades e benefícios que os sistemas inteligentes podem

trazer são:

Monitoramento contínuo da operação, fazendo com que ações

sejam tomadas de forma rápida quando desvios são identificados;

Permitir que os engenheiros trabalhem em inovações e soluções,

já que o sistema é capaz de fazer aquelas tarefas rotineiras;

Minimizar os erros inerentes ao ser humano;

Padronização da interpretação das informações e dos

Indicadores de Performance (KPIs), para todos os ativos;

Foco em manutenção preventiva, a fim de evitar intervenções,

que são de alto custo e diminuem a produção da empresa;

Diminuir a quantidade de poços fechados por problema de

integridade;

Integração eficiente de dados de integridade de poço de várias

fontes;

Interface do software que permita ver de forma macro a

disposição espacial dos poços e suas respectivas informações de integridade,

permitindo aos engenheiros terem a sensibilidade para descobrir o que pode

estar gerando queda de eficiência da integridade do poço;

Banco de dados com a confiabilidade e taxa de falha dos

equipamentos, podendo melhorar a escolha dos materiais em novos projetos;

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53

Programação dos testes e manutenção baseado em rendimento

e confiabilidade dos sistemas, diminuindo custos e garantindo que eles não

cheguem à falha;

Garantir a segurança da operação aos trabalhadores e meio

ambiente. (Khreibehet al, 2018)]

5.1 AVANÇOS NO SOFTWARE DE UM OPERADOR DO ORIENTE MÉDIO

Um operador no Oriente Médio desenvolveu um sistema de gerenciamento de

dados de integridade de poço. O sistema é integrado com sistemas de informações

geológicas e os fluxos de trabalho relacionados às atividades de poço. Ele monitora

as informações coletadas e envia notificações automaticamente quando situações

fora dos padrões são encontradas. Esse padrão pode ser definido através de normas

de engenharia, normas dos órgãos reguladores, equipe técnica da empresa, ou os

“performance standards”.

A interface do sistema, juntamente com as informações que o alimentam

podem ser vistos na Figura 5.1. O software promove uma visualização simples de

todos os dados relevantes para o gerenciamento de integridade de poço, sendo

possível ver tendências de pressão e temperatura, dados de produção e informações

de projeto e perfuração do poço.

Figura 5.1 – Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poço

Fonte: Khreibeh et al .(2018).

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O sistema possui um módulo integrado com as avaliações de risco de

operações de poço, que identifica quando está operando em situações que

demandam mitigação dos impactos e controle do risco, acionando as pessoas e

sistemas responsáveis para essa tomada de ação.

O desenvolvimento dos campos de forma inteligente é feito com monitoramento

remoto, através dos sensores e tecnologia wireless de transmissão de dados, além

do uso de drones e ROVs para inspeção visual e serviços, o que diminui a interação

do homem com o processo, diminuindo os riscos.

5.2 APLICAÇÕES DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE DADOS DE

INTEGRIDADE DE POÇOS

Já existem em uso algumas aplicações da inteligência artificial na integridade

de poços, as principais baseiam-se na utilização de redes neurais para o

reconhecimento de desvios nos padrões das informações armazenadas ao longo da

vida do poço. Algumas aplicações estão relacionadas diretamente com o

monitoramento das barreiras e outras indiretamente com ferramentas que auxiliam no

dia-a-dia das equipes das empresas.

5.2.1 Monitoramento de pressões no anular

Um sistema inteligente monitora continuamente a pressão no anular do poço,

e emite alertas quando ocorre variação significativa de pressão, sendo esse o gatilho

para que os engenheiros comecem a monitorar a situação. Todas as atividades são

registradas com nível de detalhamento necessário, pressão final de vazamento,

duração do vazamento, acúmulo de pressões e duração desse acúmulo.

A máxima pressão admitida na superfície do anular a algumas pressões pré-

definidas também são configuradas para que o sistema informe e envie notificações

sobre pressões que excedam esses limites. Além disso, o sistema é configurado para

monitorar de forma mais detalhada as pressões após cada vazamento. Na Figura 5.2

é possível ver a interface desse monitoramento.

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55

Figura 5.2– Monitoramento da pressão no anular

Fonte: Khreibeh et al. (2018).

5.2.2 Otimização de injeção de água para poços com SCP

É possível monitorar também a influência da injeção de água na pressão das

paredes dos revestimentos dos poços produtores. Quando a taxa de injeção de água

é aumentada, pode-se ter uma pressão superior à máxima pressão de operação

admissível que aquele revestimento consegue suportar, esse problema é conhecido

como SCP.

Assistidos pelas capacidades de visualização e alerta do sistema, os

engenheiros conseguem a manutenção de uma taxa ótima de injeção de água que

proporciona melhoria da produtividade e ganhos econômicos significativos.

A Figura 5.3 mostra o acompanhamento da pressão no anular durante um

determinado período. Antes da otimização a pressão oscilou várias vezes, e algumas

delas ultrapassando a máxima pressão de operação admissível.

5.2.3 Melhoria na pesquisa de dados de integridade de poços provenientes de

várias fontes

Foi analisado o tempo que a equipe de engenharia levava para realizar a

pesquisa em três tarefas frequentes relacionadas à integridade de poços, antes e

depois da introdução do sistema de gerenciamento de dados de integridade de poço.

As atividades avaliadas são:

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Avaliação de risco do poço

Consulta a planejamento e procedimentos

Gerenciamento da pressão no anular

Figura 5.3 – Pressão no revestimento e controle da injeção de água

Fonte: Khreibeh et al. (2018).

Antes da introdução do sistema, essas tarefas envolviam o acesso a

informações localizadas em diversos softwares e diretórios diferentes. Algumas delas

só estavam em mídias digitais ou cópias impressas dificultando e atrasando a busca

por essas informações, como os diagramas esquemáticos do poço, tratamentos no

poço e relatórios de pressões anormais no revestimento. Alguns dos diferentes

sistemas utilizados eram lentos e difíceis de usar na obtenção dos dados necessários.

O sistema de gerenciamento de dados melhora a eficiência ao fornecer

ferramentas de pesquisa e automatizar a apresentação de dados consolidados e que

sejam confiáveis.

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57

Os resultados obtidos na pesquisa estão consolidados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Melhoria de eficiência devido à implementação do sistema de gerenciamento de dados de integridade de poços

Tempo para Busca de Dados, Consolidação

por Tarefa de Integridade de Poço

Pré Sistema de Gerenciamento de

Dados de Integridade de Poço (Processo Manual)

Pós Sistema de Gerenciamento

de Dados de Integridade de Poço

Minutos Minutos

Redução Percentual

Confiabilidade 481 86 -82%

Planejamento e Procedimento

25 8 -68%

Gerenciamento de Pressão no Anular

190 24 -87%

Fonte: Khreibe het al. (2018).

É possível observar que o sistema integrado reduziu a busca e consolidação

das informações das tarefas avaliadas em mais de 65% chegando acima de 80% para

algumas tarefas.

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58

6 CONCLUSÃO

O gerenciamento de integridade de poços não é uma tarefa fácil para uma

indústria tão audaciosa, em se tratando de questões ambientais e riscos de

operações, como a indústria de petróleo. Dessa forma, as empresas de óleo e gás

precisam se comprometer a tratar a integridade como um elemento de extrema

importância em seus parâmetros utilizados durante decisões, sejam elas de projeto,

perfuração, completação, operação, intervenção, ou abandono de seus poços.

O fato de o gerenciamento em si já ser complexo o bastante e exigir bastante

conhecimento técnico da equipe responsável, juntamente ao fato de, no Brasil, o

assunto de integridade ainda ser muito recente e até pouco tempo atrás, minimamente

discutido, a implementação desse tipo de gerenciamento gera dúvidas e dificuldades

ao longo de sua execução.

A maior dificuldade das empresas com poços durante sua fase de operação

está ligada ao fato de que gerenciar o monitoramento e manutenção de elementos de

barreiras de poço exija alto controle de documentação, muitos procedimentos

offshore, atividades multidisciplinares, que requerem envolvimento de pessoas de

várias áreas dentro da empresa. Afinal, as barreiras são compreendidas por diversos

equipamentos que diferem entre si em seu funcionamento, sua forma e período de

monitoramento e de manutenção.

É exatamente nessa fase que o avanço tecnológico tem trazidos soluções

muito úteis à indústria do petróleo, com sensores cada vez mais desenvolvidos,

melhoria em sua transmissão e processamento de dados e medição de variáveis de

processos que antes não eram possíveis.

De posse de medições em tempo real, e inúmeros dados e indicadores é

possível fazer o uso da inteligência artificial, para o monitoramento dos padrões das

informações, permitindo o disparo de gatilhos quando alguma variável sai fora desses

padrões, podendo ser o indicativo de um estado degradado da barreira, mas que,

quando tomadas as medidas corretivas e preventivas adequadas, seja possível evitar

a falha e ainda conseguir restaurar aquele elemento de barreira ao seu estado original.

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59

Através da inteligência artificial é possível que ocorra a automatização de

processos, podendo a equipe de engenharia estar totalmente focada apenas em

soluções técnicas.

Ao contrário, da forma abordada durante muito tempo, de que o dinheiro

investido na segurança é um gasto, o gerenciamento eficaz da integridade do poço

tem resultado em diversos tipos de otimização, sendo elas na produção, na diminuição

das intervenções, em menores gastos com manutenção ao aumentar as preventivas

em detrimento das corretivas. Isso acarreta no aumento dos ganhos da empresa, do

meio ambiente, do ser humano e da sociedade como um todo.

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