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Inteligências múltiplas: descubra que tipo é a sua Apesar de ser objeto de grande interesse no mundo acadêmico, o complexo funcionamento da inteligência humana ainda está longe de ser totalmente desvendado. A capacidade de compreender os acontecimentos e informações e processá-los, a fim de interagir com o que acontece a nossa volta, é a maneira mais geral e abrangente de definir a inteligência. No entanto, o que as novas teorias – como a pioneira teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner - têm apontado é que a inteligência vai além da capacidade do cérebro em si, ou seja, ela não fica restrita às habilidades com números e línguas. “Ele desafiou a cultura vigente afirmando que o potencial humano é muito mais amplo e inclui sete inteligências básicas” esclarece a psicopedagoga Marta Ópice. Posteriormente acrescentou ainda mais uma, a Inteligência Natural. E, recentemente, divulgou que está definindo uma nona, ainda sem nome. “A inteligência tem mais a ver com a capacidade que o sujeito possui de resolver problemas. Aplicar a estas resoluções seu conhecimento, criando em contextos ricos e produtivos e de tal forma que as inteligências interajam entre sí”, explica Ópice. Gardner considerou um tanto simplista tentar definir a inteligência apenas pelo ponto de vista lógico e racional, resumindo todas as habilidades humanas em um único número: a pontuação do teste de QI. Apesar de ter sido útil e bastante utilizado, este método leva em conta apenas algumas das habilidades humanas. Com

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Inteligências múltiplas: descubra que tipo é a sua

Apesar de ser objeto de grande interesse no mundo acadêmico, o complexo funcionamento da inteligência humana ainda está longe de ser totalmente desvendado. A capacidade de compreender os acontecimentos e informações e processá-los, a fim de interagir com o que acontece a nossa volta, é a maneira mais geral e abrangente de definir a inteligência.

No entanto, o que as novas teorias – como a pioneira teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner - têm apontado é que a inteligência vai além da capacidade do cérebro em si, ou seja, ela não fica restrita às habilidades com números e línguas.

“Ele desafiou a cultura vigente afirmando que o potencial humano é muito mais amplo e inclui sete inteligências básicas” esclarece a psicopedagoga Marta Ópice. Posteriormente acrescentou ainda mais uma, a Inteligência Natural. E, recentemente, divulgou que está definindo uma nona, ainda sem nome. “A inteligência tem mais a ver com a capacidade que o sujeito possui de resolver problemas. Aplicar a estas resoluções seu conhecimento, criando em contextos ricos e produtivos e de tal forma que as inteligências interajam entre sí”, explica Ópice.

Gardner considerou um tanto simplista tentar definir a inteligência apenas pelo ponto de vista lógico e racional, resumindo todas as habilidades humanas em um único número: a pontuação do teste de QI. Apesar de ter sido útil e bastante utilizado, este método leva em conta apenas algumas das habilidades humanas. Com isso, até então, desconsiderávamos capacidades inatas que também podiam ser desenvolvidas. Neste sentido, a área que mais tem se beneficiado com este conhecimento sobre a inteligência é a educação.

“Um professor que reconhece a validade desta teoria e estimula todas as inteligências e suas combinações práticas, tem uma chance muito mais ampla de transmissão efetiva de conhecimento e retenção por parte dos alunos. Aprende-se com

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mais eficiência. O uso concomitante de todas as inteligências ajuda a gente a transferir um conteúdo de uma disciplina para outra e esta relação entre elas é muito importante”, avalia Marta Ópice.

A psicoterapeuta explica que, do modo como o conhecimento é tradicionalmente passado, algo aprendido na área de português fica preso, isolado. É preciso, em termos cerebrais, que um conteúdo seja compreendido e aplicado em várias áreas. Esse modo de aprendizagem ajuda a ligar e transferir os conteúdos de uma disciplina para outra, conferindo ao estudante um conhecimento mais amplo. O conhecimento só é conhecimento uma vez internalizado: o que não é significativo, você esquece no momento seguinte. Então uma informação musical, por exemplo, pode resultar na aprendizagem efetiva ao ajudar a internalizar uma informação transformando-a em conhecimento.

A psicopedagoga Marta Ópice realiza um trabalho com crianças e adolescentes utilizando este conhecimento. Ela aponta que o mais importante nesta sua experiência “é ver a criança experienciar a idéia de que aprender pode, sim, vir acompanhado de prazer. Se ela descobre que por algum canal ela aprendeu facilmente, isso vem acompanhado de prazer, amplia as condições da criança de aprender” conclui.

Muitas escolas estão aplicando esses conhecimentos, o interessante é que o curriculum pode continuar o mesmo, o que precisa ser revisto é a maneira de transmitir o conteúdo de forma mais efetiva de modo a aproveitar o que foi aprendido: unir o antigo conhecimento ao novo. Essa somatória e transferência de um conhecimento para outro é muito mais fácil com o uso das diferentes inteligências. “É como se a gente tivesse dado ao aluno outras chances de aprender, não conseguiu por aqui? Vamos tentar por ali... “ exemplifica ela.

Um bom exemplo. Digamos que o professor queira chamar a atenção dos alunos: o uso de apenas uma abordagem, lingüística, por exemplo, pode ser ineficaz. Não basta dizer: "Fiquem quietos agora". Mas a coisa muda se dermos uma olhada em algumas técnicas que envolvem outras capacidades. Se o professor utilizar uma nota musical associada

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anteriormente ao silêncio, toda vez que os alunos ouvirem esta nota, entendem que devem ficar em silêncio. Ligar e desligar as luzes também pode chamar a atenção da turma: “este código, passado por meio da inteligência espacial, é de uma eficiência ímpar” diz a psicopedagoga.

Uma estratégia lógico-matemáica para atingir o mesmo objetivo seria o uso da ampulheta. O professor pode colocá-la em cima da mesa e ficar observando. Quando as crianças pararem para ver o que está acontecendo, o professor diz: Estão vendo o tempo que foi perdido? Pode ser usada também a inteligência interpessoal: o professor sussurra na orelha do aluno: “Está na hora, vamos começar” e pede que ele passe a informação como um telefone sem fio. Diante de tantos exemplos citados pela psicopedagoga, fica claro o que a educação pode ganhar ao fazer uso das diferentes inteligências.

Quais são as "novas" inteligências?Depois de pesquisar incessantemente, Gardner conclui em seu livro Frames of Mind: The Theory of Multiple Inteligence, em 1983, que existem – pelo menos – setes tipos de inteligências: a lógico-matemática, a lingüística, a musical, espacial, cinestésica, intrapessoal e a interpessoal. Segundo Gardner, cada indivíduo tem em sua bagagem genética uma porção de cada uma dessas inteligências. Elas funcionam juntas, de uma maneira diferente para cada pessoa e podem ser desenvolvidas separadamente.

O desenvolvimento de cada inteligência será determinado pelos fatores genéticos e pelas condições ambientais. Ele propõe que cada uma destas inteligências tem sua forma própria de pensamento, de processamento de informações. E também seu sistema simbólico próprio. Por exemplo, a música tem as notas, a linguagem as palavras e assim por diante.

A utilidade da teoria de Gardner para a educação se evidencia no momento em que o educador passa a considerar a importância dada às diversas formas de pensamento, aos estágios de desenvolvimento das várias inteligências e à relação existente entre estes estágios e aplica este conhecimento no sentido de enriquecer e ampliar as possibilidades de aprendizado. Entre outros acréscimos, Gardner propôs o

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desenvolvimento de avaliações que sejam adequadas às diversas habilidades humanas, uma educação centrada na criança com currículos específicos para cada área do saber e um ambiente educacional mais amplo e variado, que dependa menos do desenvolvimento exclusivo da linguagem e da lógica. As inteligências múltiplas vêm acrescentar muito no desenvolvimento do ser humano como um todo, principalmente pelo fato de nos dar a opção de buscar o crescimento de nossas capacidades mentais em diferentes domínios.

Com certeza você já ouviu falar da Inteligência Emocional. Daniel Goleman (autor do best-seller Inteligência Emocional) em seu livro, aponta para a necessidade de procurarmos conhecer melhor nossas emocões e a desenvolvê-las. Lidar de forma mais inteligente com elas significa combinar nossas aptidões emocionais com as racionais em prol de um equilíbrio de atitudes e de uma maior empatia com as pessoas. Leia mais clicando aqui.

Inteligência NaturalistaRecentemente acrescentada, é a capacidade de reconhecer e classificar animais, vegetais e outros fenômenos naturais.

Inteligência LingüísticaInteligência Lingüística é a sensibilidade para os significados das palavras, para a diferença que faz em uma poesia a ordem entre elas e facilidade para distinguir seus sons e ritmos. Quem tem uma inteligência lingüística apurada tem a capacidade de seguir regras gramaticais e também uma boa percepção das “diferentes funções da linguagem – seu potencial para entusiasmar, convencer, estimular, transmitir informações ou simplesmente agradar”, coloca Gardner. Ele cita em seu livro que esta é a habilidade típica dos poetas. Mesmo assim, a maioria de nós não é poeta e apresenta um grau significativo desta inteligência, o que já nos permite, por exemplo, reconhecer e apreciar uma poesia de qualidade.

Inteligência MusicalEsta inteligência é a que se manifesta mais precocemente nos homens. É a habilidade para compor, apreciar ou reproduzir uma música. A Inteligência Musical possibilita a discriminação

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de sons, habilidade para distinguir temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e capacidade de reproduzir uma música.

Inteligência Lógico-matemáticaFacilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É próprio da Inteligência Lógico-matemática uma sensibilidade para entender padrões, ordens e sistematizações através da manipulação de objetos ou símbolos. Típica dos matemáticos e cientistas, pessoas com a Inteligência Lógico-matemática aguçada têm facilidade para fazer contas e organizar.

Inteligência EspacialPara Gardner a inteligência espacial é a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos e compor com elas, criar tensão e equilíbrio em uma representação. Trata-se da inteligência dos artistas plásticos, dos designers e dos arquitetos.

Inteligência Corporal CinestésicaHabilidade do uso do corpo para propósitos funcionais ou expressivos e habilidade de manipulação de objetos. São geralmente nadadores e dançarinos que apresentam esta inteligência por desenvolverem domínio aguçado sobre os movimentos do seu corpo. Resumindo, pode-se dizer que trata-se da coordenação para os esportes, artes cênicas ou plásticas no que se refere ao controle dos movimentos do corpo e à manipulação de objetos com destreza.

Inteligência InterpessoalHabilidade pare entender e responder adequadamente às emoções alheias. Entender humores, temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas facilita muito a vida e essa sensibilidade no trato com o próximo é entendida aqui como inteligência. Exemplos de inteligências interpessoais podem ser observados em psicólogos, políticos, vendedores, educadores e políticos.

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Inteligência IntrapessoalEsta inteligência se refere à habilidade do autoconhecimento. Habilidade para ter localizar e entender os próprios sentimentos, sensações e pensamentos. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos próprios. Pode ser definida como a capacidade de formular uma imagem precisa de si próprio. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela geralmente só pode ser observada por meio dos sistemas simbólicos das outras inteligências.

Como é possível se superar, sempre“O senso comum mostra que algumas pessoas parecem possuir determinadas inteligências em níveis mais elevados, mas na verdade você pode desenvolver potencialmente as 8 grandes inteligências, e esse é o grande paradigma da educação atual: se o professor acredita neste crescimento em todos domínios ele prepara aulas de modo a estimular todas as aptidões” exemplifica Marta Ópice. Se uma criança tem uma grande aptidão para música, pode aprender mais facilmente um conceito se ele for dado por meio do ritmo. Se a pessoa tem facilidade para línguas, o professor pode usar um enunciado frasal para passar o conteúdo, formular um problema com palavras, por exemplo. Todos podem desenvolver áreas que, por aptidão natural, não estejam ainda muito desenvolvidas.