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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: UM DESAFIO PARA A ESCOLA Aluna: Caroline Bachur Professor Orientador: Vilson

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS:

UM DESAFIO PARA A ESCOLA

Aluna: Caroline Bachur

Professor Orientador: Vilson

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS:

UM DESAFIO PARA A ESCOLA

Trabalho final do curso de Pós Graduação em Supervisão Escolar / 2003

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AGRADECIMENTOS

Minha gratidão pelo constante apoio e dedicação vai para meu marido Luiz

Otávio.

Meu mais profundo reconhecimento vai para minha amiga Rosiane, que me

acompanhou durante todo o processo, me estimulando e apoiando; a minha também

amiga Valéria, que me esclareceu muitas dúvidas para realização deste trabalho; e ao

Prof. Vilson que me ajudou a melhorar e finalizar o mesmo, sempre com muita

atenção e carinho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às minhas colegas de profissão e também aos nossos

alunos, motivo de tanto estudo para todas nós.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 7

I – A CONCEPÇÃO DE INTELIGÊNCIA ONTEM E HOJE ....................... .11

II – A ESCOLA SEGUNDO AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS................ 16

III - AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NO DESENVOLVIMENTO DOS

CONTEÚDOS CURRICULARES.................................................................... 22

CONCLUSÃO.................................................................................................... 27

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 28

ÍNDICE............................................................................................................... 29

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RESUMO

A teoria de Howard Gardner configurou-se numa das mais extraordinárias

descobertas desse final de milênio, pois identifica no homem múltiplas inteligências

e não apenas duas com que, desde o final do século passado, eram estudadas pela

psicologia e ciências afins.

O conceito de inteligência ampliou-se após o surgimento dessa teoria. A

palavra inteligência tem sua origem da junção de outras duas palavras latinas, a

palavra inter (entre) mais a palavra legere (eleger ou escolher). Adaptando-se a

origem desse termo ao conceito atual de inteligência chega-se à idéia de que a esta é

a escolha (melhor) entre duas ou mais situações. Assim, é inteligente quem escolhe a

melhor saída ou a melhor resposta e esse conceito indica a capacidade de que se

dispõe para através da seleção, penetrar na compreensão das coisas.

Em sua forma mais enérgica, a teoria das Inteligências Múltiplas possuía um

pequeno conjunto de potenciais intelectuais humanos, dos quais todos os indivíduos

são capazes em virtude de sua filiação a espécie humana. Devido à hereditariedade,

treinamento precoce ou, com toda a probabilidade, a uma interação constante entre

esses fatores, alguns indivíduos desenvolverão determinadas inteligências muito

mais do que outros, mas todo indivíduo normal deveria desenvolver cada inteligência

até certa extensão, recebendo nada além de uma modesta oportunidade para faze-lo.

Assim mediante tais idéias, verifica-se que as Inteligências Múltiplas

interfere de forma incisiva na prática pedagógica atual, que ainda não valoriza as

propensões biológicas e psicológicas dos seres humanos, bem como o contesto

histórico e cultural particular dos locais onde vivem, pois pó homem avaliado em

todo tempo em suas um, múltiplas inteligências e não apenas por aquelas que a

escola considera validas.

Cabe a escola oportunizar condições para demonstração das diversas

inteligências, valorizando-as de maneira uniforme e integrada.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica.

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INTRODUÇÃO

O que aconteceria se deixássemos nossa imaginação vagar livremente e

considerássemos a mais ampla gama de inteligências que são, de fato, valorizados ao

redor do mundo?

Segundo matéria publicada na Revista Veja (1998), "as crianças de hoje, na

média, têm mais potencial cognitivo do que tiveram seus pais e avós na mesma

idade. Elas são filhas da tecnologia da informação. Quem exerce maior influência em

sua formação, mais do que seus pais são os estímulos do mundo moderno". As

implicações desta constatação são muitas e profundas.

Alguns cientistas, através de estudos e pesquisas, estão descobrindo com

espanto que o cérebro de uma criança de hoje é mais desenvolvido fisicamente do

que os de seus antepassados. O cérebro, formado por 1,5 quilo de massa encefálica

com cem bilhões de células nervosas ligadas umas às outras por uma rede

inimaginável de cem trilhões de conexões, encontrou na mente infantil moderna um

laboratório complexo e espetacular. Assim como as células dos ossos se alimentam

de cálcio, as do cérebro - os neurônios crescem e se diversificam com doses certas de

proteínas e oxigênio, mas precisam também de outro tipo de alimento - os estímulos.

Os estímulos podem ser sonoros, visuais, olfativos ou surgir através de

desafios intelectuais. Tudo que a criança enxerga, ouve ou aprende, esculpi uma área

vital no cérebro que será útil na vida profissional e pessoal futuramente.

Gardner (1995) afirma que:

“há três considerações para se analisar a estruturação da inteligência

humana. A primeira é a crença de que, de fato, há sete sistemas neurológicos

que atendem a essa inteligência. A segunda corresponde ao desejo de

descrever competências que correspondem a atividades que podem ser

identificadas e são utilizadas por membros das mais diversas culturas. A

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terceira consideração é a necessidade de ter um número de categorias

pequeno o bastante para analisar qualquer atividade, porém bastante grande

para compreender a maioria das atividades de um grupo cultural.”(Gardner,

1995: s/p)”.

Desta forma, é possível definir a inteligência humana como um mecanismo

neural ou um sistema computacional geneticamente programado para ser ativado por

certos tipos de informações.

A Teoria das Inteligências Múltiplas - IM - preconiza que o sucesso - tanto na

vida profissional como nas relações pessoais - depende de um conjunto de

habilidades que se reúne sob o nome de inteligência emocional.

A forma de se avaliar a inteligência mudou, uma vez que o conceito de

inteligência também mudou. Inteligência não é mais apenas o resultado de

habilidades resultantes de um quociente de inteligência formado pela idade mental

dividida pela idade cronológica. A Teoria das Inteligências Múltiplas sustenta que

cada indivíduo possui diversos tipos de inteligência que, em linguagem comum,

denominam-se dons, competências ou habilidades. Logo, não existe instrumento

inteiramente preciso para medir inteligência.

A inteligência está intimamente relacionada com o processo de aprendizagem.

Desta forma, as idéias desta teoria já provocaram grandes questionamentos na

estruturação das escolas atuais e também na maneira como muitos pais orientam seus

filhos.

De acordo com Perreoud (1999), escolas e pais já perceberam que crianças

criativas, ousadas, líderes, devem ser estimuladas. Apenas o conhecimento

acumulado não garante que a criança seja capaz de resolver problemas práticos.

O acúmulo de conhecimentos não desenvolve o sujeito em suas muitas

capacidades e, portanto, não é suficiente para estruturar o indivíduo como se

acreditava na organização escolar tradicional. Assim, a concepção uniforme de

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organização escolar deve ceder espaço para um modo particular de organização.

A escola uniforme centraliza sua ação pedagógica num tronco comum de

programas de ensino, dados, conceitos e disciplinas, que cada aluno deve,

supostamente, conhecer. Os melhores alunos serão aqueles que têm o quociente de

inteligência mais elevado.

A concepção de inteligência segundo as Inteligências Múltiplas, como diz

Lima (1998, p.38).

“Conduz a uma concepção da escola totalmente diferente: uma •visão

pluralista que reconhece a existência de facetas distintas da atividade

cognitiva e considera que os indivíduos possuem potenciais e estilos

cognitivos específicos, traduzindo, portanto, uma concepção de escola

centrada no indivíduo”.

Tal concepção pressupõe um ensino que considere as diferenças individuais,

objetivando a otimização da compreensão e do desenvolvimento do perfil cognitivo

de cada aluno. As concepções de avaliação e organização curricular devem

considerar os diferentes aspectos do processo cognitivo do indivíduo, onde o centro

de interesse será o aluno em sua individualidade.

Para se ter uma escola considerada ideal deve-se levar em conta que nem

todas as pessoas partilham dos mesmos talentos e interesses e que, principalmente,

não se aprende da mesma maneira e na mesma quantidade de tempo, pois as pessoas

são individuais.

Uma escola cuja política pedagógica se centra no indivíduo, permite ao aluno

um sistema de avaliação mais rico, capaz de abranger as mais variadas capacidades e

tendências individuais. Esta escola propõe aos alunos uma variedade de matérias a

estudar e de modalidades de ensino e, posteriormente, orienta-os para as

possibilidades de vida e trabalho que lhes satisfazem e que estão inseridos em seu

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grupo cultural Segundo Daniel Goleman (1995, p. 59)

“O indivíduo bem sucedido pessoal e profissionalmente será aquele dotado de

habilidades variadas em relação ao auto conhecimento, controle dos

impulsos, persistência, automotivação, habilidade social e capacidade de

perceber sentidos alheios.”

Através do presente trabalho, analisaremos tais habilidades e a realidade da

escola no sentido do preparo ou da busca para uma prática educativa que valorize as

reais competências e habilidades do indivíduo, visando o desenvolvimento integral

do ser, enquanto cidadão capaz de atuar de maneira consciente, crítica e

transformadora na sociedade na qual está inserido.

Pretendemos apresentar, no capítulo I deste trabalho, as concepções

tradicional e atual de inteligência, segundo o conceito das Inteligências Múltiplas.

No capítulo II faremos a analise da escola segundo a concepção das

Inteligências Múltiplas, enfatizando os processos de escolarização que deverão

receber uma nova abordagem coerente com esta concepção.

No capítulo III faremos abordagens sobre as Inteligências Múltiplas no

desenvolvimento dos conteúdos curriculares e também analisaremos a atuação do

profissional de supervisão escolar, junto à equipe do corpo docente, buscando a

melhor aplicação das Inteligências Múltiplas no processo educativo.

Para finalizar apresentaremos as conclusões a respeito do tema enfocando a

necessidade de mudança das concepções da escola tradicional para escola segundo a

visão das Inteligências Múltiplas.

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CAPÍTULO I

A concepção de inteligência ontem e hoje

1.1. Conceito tradicional de inteligência

Em sua análise de evolução das diferentes inteligências, tanto em variadas

espécies de animais quanto em pessoas de culturas radicalmente diversas, Gardner

(1994: s/p) sugere que:

'

“as raízes das inteligências encontram-se há milhões de anos na

história das espécies e que se torna mais plausível a aceitação de

uma inteligência quando se localizam antecedentes

evolucionários, tais como o canto dos pássaros ou a organização

social dos primatas."

Outro critério para análise das inteligências é a viabilidade de

codificação através de um sistema de transmissão e recebimento de

informações.

A versão tradicional de inteligência está enfrentando grande

ameaça. Especialistas da área de psicologia estão ampliando o conceito

propondo várias inteligências, incluindo a inteligência emocional e a

inteligência moral. Há experiências com novos métodos de

determinação de inteligência que estão obrigando os cidadãos de todos

os lugares a se confrontarem com as perguntas: O que é inteligência?

Como ela deveria ser avaliada? E como nossas noções de inteligência se

ajustam com o que valorizamos no ser humano?

Segundo Antunes (1997: p.95)

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"a idéia de inteligência que é mais difundida e a que é naturalmente utilizada

pela escola para medir o progresso de seus alunos tem sua origem no início do

século XX, em Paris, quando um psicólogo chamado Alfred Binet elaborou um

teste que, medindo a inteligência, pudesse predizer quais crianças iriam ter

sucesso e quais fracassariam nas primeiras séries das escolas parisienses. Esse

teste, que passou a ser conhecido como teste de inteligência, media o QI -

Quociente de Inteligência e, de uma certa forma, modelava as escolas francesas

que propunham desenvolver o que o teste de Binet propunha apresentar.

Por mais de vinte anos esse teste teve uma aplicação restrita, ainda que tivesse

chegado rapidamente aos Estados Unidos. Ao surgir a Primeira Guerra

Mundial, esse pais passou a aplicá-lo em más de um milhão de soldados,

quando então tornou-se mundialmente célebre, e a inteligência uma coisa que

se acreditava possível de ser medida."

1.2. Conceito de Inteligências Múltiplas

Existem dois tipos de inteligência: a prática, representada por uma habilidade

de se adaptar a vários contextos, e a criativa, que é a capacidade de automatizar

atividades já conhecidas. Também foi identificada a capacidade que as pessoas

possuem a se adaptar a diversos contextos ou lidar com novas informações.

Gardner (1994: p.27) defende a existência de oito tipos de inteligência:

"Lingüística, lógica ou matemática (sendo estas duas avaliadas na escola

e contribuem para o processo dos testes de inteligências iniciais),

musical, espacial, corporal sinestésica, interpessoal, intrapessoal e

naturalista. Os fatos de hereditariedade e ambiente não fazem com que

duas pessoas possam exibir as mesmas inteligências nas mesmas

proporções e afirmam que perfis de inteligência se diferem de pessoa

para pessoa “.

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A teoria das Inteligências Múltiplas postula um conjunto de potenciais

intelectuais humanos, dos quais todos os indivíduos são capazes em virtude de sua

filiação à espécie humana. Devido à hereditariedade, treinamento precoce ou, com

toda a probabilidade, a uma interação constante entre esses fatores, alguns

indivíduos desenvolverão determinadas inteligências muito mais do que outros;

mas todo indivíduo normal deveria desenvolver cada inteligência até certa

extensão, recebendo nada além de uma modesta oportunidade para fazê-lo.

No curso normal dos eventos, as inteligências realmente interagem e

baseiam-se uma nas outras desde o início da vida. Além disso, elas são

mobilizadas a serviço de diversos papéis e funções sociais. Mesmo assim, no

centro de cada inteligência há uma capacidade computacional o mecanismo de

processamento de informações que é singular aquela inteligência particular e sobre

o qual estão fundamentadas as reações e concretizações mais complexas daquela

inteligência.

1.3 – Tipos de inteligências

A teoria das Inteligências Múltiplas foi elaborada a partir dos anos oitenta por

pesquisadores da Universidade de Harward, liderados pelo psicólogo Howard

Gardner. Acompanhando o desempenho profissional de pessoas que haviam sido

alunos fracos, Gardner se surpreendeu como sucesso obtido por vários deles.

Gardner (1995) demonstrou que as demais faculdades também são produtos

dos processos mentais e que não há motivos para diferenciá-las do que geralmente se

considera inteligência

Assim, segundo uma visão pluralista da mente, ampliou o conceito de

inteligência única para o de um feixe de capacidades (Antunes, 2001: p.16):

• Inteligência lingüística: Habilidade de usar a linguagem para convencer, agradar,

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estimular ou transmitir idéias. Seus componentes centrais são uma sensibilidade para

os sons, ritmos e significados das palavras, e uma especial percepção das diferentes

funções da linguagem.

- Inteligência Lógico-Matemática: É a habilidade para explorar relações, categorias

e padrões através da manipulação de objetos ou símbolos e para experimentar de

forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínio, para

reconhecer problemas e resolvê-los. O componente central desta inteligência é

uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização.

- Inteligência Musical: É a habilidade para produzir ou reproduzir uma peça musical,

para discriminar sons, perceber temas musicais, ritmos, texturas e timbres. O

componente central é a sensibilidade para esses sons, ritmos e timbres.

- Inteligência Espacial: É a habilidade para manipular formas ou objetos

mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e

composição, numa representação visual ou espacial É a capacidade para perceber

um mundo espacial e visual de forma precisa.

- Inteligência Cinestésica: É a habilidade para resolver problemas ou criar produtos

através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação

fina ou ampla em esportes, artes cênicas ou plásticas, no controle dos movimentos

do corpo e na manipulação de objetos com destreza.

- Inteligência Interpessoal: É a habilidade para entender humores, temperamentos e

motivações de outras pessoas, para perceber intenções e desejos e para reagir

apropriadamente a partir dessa percepção.

- Inteligência intrapessoal: Esta inteligência é o correlativo interno da inteligência

interpessoal. É a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e

idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É

o conhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprias, a

capacidade para formular uma imagem precisa de si mesmo e a habilidade de usar

uma imagem para funcionar de forma afetiva.

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- Inteligência Naturalista: Esta inteligência refere-se a atração do indivíduo pelo

mundo natural e a sensibilidade em relação a ele, a capacidade de identificação da

linguagem natura e a de êxtase diante da paisagem humanizada ou não.

- Inteligência Existencial: Essa inteligência estaria ligada a capacidade da pessoa em

situar-se ao alcance da compreensão integral do cosmos, do infinito e do

infinitesimal, assim como a capacidade de dispor de referências a características

existenciais da condição humana, compreendendo de maneira integral o significado

da existência, portanto, da vida e da morte, o destino do mundo físico e psicológico

e a relação do amor por um outro, pela arte ou por uma causa. Gardner enfatiza que

não propõe uma inteligência moral, religiosa ou espiritual, mas uma representação

que possa conduzir a reflexões para perguntas básicas da resistência humana, tais

como: Quem somos nós?, Por que estamos no mundo?, Por que existe o bem e o

mal?, Qual o significado da vida? E ainda outras.

Gardner (1994) faz uma distinção entre as inteligências e propõe classifica-

las da seguinte maneira:

1. Inteligências relacionadas a objetos, que incluem a lógico-matemática, a espacial e

a cinestésica, as quais se equacionam a partir da estrutura e das funções dos

objetos com os quais o indivíduo se encontra em contato.

2. Inteligências não relacionadas a objetos, que incluem a lingüística e a musical, as

quais não são delimitadas pelo mundo físico, e que refletem apenas as estruturas

de idiomas ou músicas.

3. Inteligências pessoais, as quais refletem limitações tais como a existência de si, a

existência de outras pessoas, as relações e interpretações culturais do ego. Seria

útil pensar nessas inteligências pessoais como componentes de uma ordem

hierárquica superior, ou formas mais integradas de inteligências que, de certa

maneira, regulam e assumem o controle das outras inteligências.

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CAPÍTULO II

A ESCOLA SEGUNDO AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Gardner (1195) propõe uma escola caracterizada por opções múltiplas. Tal

escola baseada numa visão pluralista de inteligência, reconhece toda a gama de

capacidades e estilos individuais e oferece oportunidade para o desenvolvimento do

saber. Sugere que as escolas favoreçam o conhecimento de diversas disciplinas

básicas; encorajem seus alunos a utilizar esse conhecimento para resolver problemas

e efetuar tarefas que estejam relacionadas com a vida na comunidade a que

pertencem, e que propiciem o desenvolvimento de combinações intelectuais

individuais, a partir da avaliação contínua de cada aluno.

Acredita-se que o maior desafio para a escola e o de conhecer cada criança

como ela realmente é, saber o que ela é capaz de fazer e centrar a educação das

capacidades, forças e interesses dessa criança. O professor assumiria o papel de um

antropólogo, que observa a criança cuidadosamente, e de um orientador, que ajuda a

criança a atingir os objetivos que a escola – ou o distrito, ou a nação – estabeleceu.

A “escola ideal” basea-se em dois postulados. O primeiro é que nem todas as

pessoas partilham dos mesmos interesses e dos mesmos talentos, nem aprende da

mesma maneira. Quanto ao segundo postulado, embora nos custe a aceitar: ninguém,

por enquanto consegue atender tudo. É preciso escolher, e creio firmemente que as

escolas que fazemos para nós próprios e para as pessoas a nosso cargo deveriam ser

feitas com conhecimento de causa. (Gardner, 1995).

2.1.A concepção de avaliação

De acordo com as Inteligências Múltiplas há uma distinção entre avaliação e

testagem. Avaliação favorece métodos e medidas que produzem informações durante

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desempenhos rotineiros, enquanto a testagem produz dados durante situações

extraordinárias (Gardner, 1991).

Com relação a perspectiva das Inteligências Múltiplas, é possível mudar o

foco, nas escolas, de testagem para avaliação, de classificação de alunos para

colaboração como aluno na sua construção de habilidades intelectuais, com o

aproveitamento ideal da variedade de oportunidades educacionais.

Acredita-se na possibilidade de desenvolver meios naturais de avaliar cada

uma das inteligências nas principais fases de seu desenvolvimento. Se cada

inteligência dispõe de um número de processos psicológicos, esses processos têm

que ser medidos com instrumentos que olhem diretamente para a inteligência em

questão. Desta forma, por exemplo, a inteligência musical não pode ser aferida

através de teste no qual o aluno escreve sobre á vida de um compositor, mas sim

através de seu desempenho musical.

A avaliação deve ser cumulativa, realizada durante atividades rotineiras. O

resultado de um único teste, feito em ambiente desconhecido e com materiais

estranhos não retrata o potencial do aluno. Sugere-se, entre outros, o uso de

portifólios, onde são colecionados exemplares do desenvolvimento do aluno numa

área de sua aprendizagem. Enfatiza-se a necessidade de avaliar as diferentes

inteligências em termos de suas manifestações culturais e ocupações adultas

específicas. Assim, a habilidade verbal. ao invés de ser medida através de testes de

vocabulários, definições etc., deve ser avaliada em manifestações tais como a

habilidade para contar histórias ou relatar acontecimentos.

Propõe-se, ainda, que seja criada uma cultura da avaliação. Em tal cultura o

objetivo do levantamento de dados sobre o desempenho dos alunos não visa apenas o

conhecimento do que o aluno aprendeu, mas como aprendeu, de que maneira fará uso

do que aprendeu. Em última análise, a avaliação produz uma visão mais completa do

aluno. Para que se crie a cultura da avaliação, é necessário que o ambiente

educacional promova a confiança entre professor e aluno. A avaliação serve tanto ao

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professor quanto ao aluno, pois o professor usa a avaliação como um momento do

processo ensino-aprendizagem e não como o produto final da aprendizagem, e a

reflexão sobre o desenvolvimento individual auxilia o aluno na busca de sua

realização.

Em relação à questão curricular, no que se refere à educação centrada na

criança, Gardner (1997, p.93) pondera que:

“se de fato acredita-se que os indivíduos têm capacidades intelectuais bem

diferentes uns dos outros, a educação deve favorecer ao máximo as

potencialidades de cada um. Além disso, enquanto na Idade Média um

indivíduo podia pretender tomar posse de todo o saber universal, hoje em dia

essa tarefa é dada como impossível Se há, por tanto, a necessidade de se

limitar a ênfase e a variedade de conteúdos, que essa limitação favoreça o

perfil de cada aluno. Do momento em que a escola se propõe a avaliar seus

alunos de forma contínua e justa, o currículo individualizado é uma

conseqüência lógica. A informação obtida através da avaliação fornece dados

que norteiam o desenvolvimento curricular. Por outro lado, ao invés de o

aluno estar preso a uma série, ele tem oportunidade de freqüentar, em cada

área do saber, o nível que corresponde ao seu estágio de desenvolvimento”.

Segundo a concepção das Inteligências Múltiplas, a prática docente deve

estimular todas as áreas do cérebro da criança no momento em que ocorre o processo

ensino aprendizagem. Como exemplo, Gardner (1997: p.58) cita que:

“no estudo dos oceanos, os alunos escrevam sobre como se limpa um peixe

(treinando a inteligência lingüística), desenhem uma criatura marítima

(espacial), encenem num jogral ou peça de teatro uma baleia ou tubarão”.

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(corporal), façam um gráfico comparativo do tamanho de diversas

embarcações (lógica), encham copos com diferentes quantidades de água

(musical), façam em grupo o desenho de veiculo anfíbio (interpessoal) e

escolham, cada um, seu peixe favorito (intrapessoal). Os críticos desta teoria

afirmam que essas atividades tornariam mulo tempo de alunos e professores,

sem que se ensinassem grandes coisas sobre os oceanos. No entanto, as

Múltiplas Inteligências sustentam que o objetivo dessa lição - e das escolas de

modo geral - não seria mais obrigar as crianças a acumular linearmente

grande quantidade de conhecimento livresco, mas passar-lhes ao mesmo

tempo sensações novas. Desta forma, elas acabam aprendendo mais.“.

Nessas relações complementares entre as inteligências é que está a

possibilidade de se explorar uma em favor da outra É o uso da chamada rota

secundária para alcançar a rota principal de uma determinada inteligência. Desta

forma, com uma criança que tenha dificuldade para memorizar números, mas tenha

facilidade em aprender músicas, pode-se usar a música como rota secundaria para

ajuda-la na matemática. Assim, o computador também pode funcionar como

ferramenta no desenvolvimento das inteligências.

Para Gardner (idem):

“a escola do futuro deveria ter um 'conselheiro em programas' que iria

ajudar a ajustar o perfil cognitivo, os objetivos e os interesses dos alunos aos

diferentes programas e estilos de ensino. Neste aspecto, as novas tecnologias

interativas parecem extremamente comprometedoras no futuro e será, sem

dúvida, muito mais fácil para estes conselheiros determinar as modalidades

de aprendizagem que melhor se adaptem a cada um dos alunos”.

Deveria também existir na escola um "conselheiro para as relações escola -

coletividade" que proporia aos alunos possibilidades de formação no seio da

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coletividade. Estaria incumbido da tarefa de encontrar no exterior, para os alunos que

apresentassem um perfil cognitivo fora do habitual, fórmulas que a escola não lhes

pode oferecer. Gardner (idem):

“não se preocupa com o grupo pequeno de jovens que são bons em todas as

matérias, pois estes serão bem sucedidos, mas sim com aqueles que não

brilham nos testes de conhecimentos, comuns a todos os estabelecimentos de

ensino e que são considerados poucos dotados, cabendo ao conselheiro -

coletividade fazer o levantamento destes alunos e encontra-lhes no seio da

comunidade, atividades que lhes dessem oportunidades de se valorizarem”.

Uma escola cuja política se centra no indivíduo permitiria uma avaliação

mais rica das capacidades e das tendências individuais. Esta proporia aos seus alunos

uma variedade de matérias a estudar e de modalidades de ensino. Depois dos

primeiros anos, permitir-lhes-ia orientar-se para as possibilidades de vida e de

trabalho existentes no seu meio cultural. Para que este ideal se tome realidade,

deveria haver também "especialistas de avaliação" que teriam como missão

compreender a mais completa e sutilmente possível as capacidades e interesses dos

alunos. Seria essencial que usassem para esse fim instrumentos que não

privilegiassem uma qualquer forma específica de inteligência. O objetivo é examinar

especifica e diretamente as capacidades especiais, pessoais e outras, dos alunos, sem

confinar, como é hábito, as inteligências lingüística e lógico-matemática. Até hoje, a

avaliação baseou-se, quase sempre diretamente, na medida desses tipos de

inteligência: se um aluno é fraco nestes dois domínios, as suas capacidades nos

outros domínios podem passar desapercebidas. Quando se começa a avaliar

diretamente as outras formas de inteligências, acredita-se que alguns alunos irão

manifestar competências em vários outros domínios e que a noção de inteligência

global ai irá desaparecer ou, pelo menos, perder muito de sua importância.

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Essa concepção de escola dá lugar de destaque tanto aos professores como aos

especialistas da educação. Nesses tipos de estabelecimentos, o professor seria livre

para fazer o que lhe compete fazer, quer dizer, ensinar a sua disciplina adotando o

estilo pedagógico que julgasse mais adequado. O especialista teria uma tarefa

particular exigente que seria, para além de supervisionar e orientar os novos

professores, assegurar o equilíbrio da equação aluno-avaliação-programas de ensino-

coletividade.

Na teoria das Inteligências Múltiplas não se pode fazer apenas uma única

abordagem pedagógica. Essa teoria não é de modo algum uma receita para o ensino.

Existe sempre um fosso entre teses psicológicas sobre o funcionamento da mente e

as praticas pedagógicas e isto se torna mais evidente quando se trata de uma teoria

desenvolvida sem objetivos educativos precisos. Nos debates sobre este assunto,

Gardner (idem) afirma que os educadores são as pessoas mais indicadas para definir

o uso que poderia e deveria ser feitos desta teoria.

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CAPÍTULO III

AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NO

DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS

CURRICULARES

Para Celso Antunes (2001), a Teoria das Inteligências Múltiplas trouxe

mudanças de paradigmas na visão da mente humana, interferindo assim no processo

educacional, trazendo novas linhas de procedimento para que a escola convencional

acrescente às suas funções instrucional, socializadora e preparadora para o mundo do

trabalho uma a outra, voltada ao estímulo e educação cerebral e assim,

progressivamente, possa ir se transformando em um centro estimulador de

inteligência.

Sabe-se que a utilização de jogos e outros procedimentos estimuladores das

Inteligências Múltiplas não constitui um método pedagógico e, portanto, não implica

em uma irrestrita adoção de suas práticas; Na necessidade de que toda comunidade

escolar adote suas linhas e que se subordine ao emprego do material específico. Ao

contrário, essa tendência estimuladora da escola pode ser mais vista como um novo

paradigma de compreensão do ser humano que abandona sua avaliação através de

sistemas limitados e o percebe com acentuada amplitude lingüística, lógico

matemático, criativa, sonora, sinestésica, naturalista e, principalmente, emocional.

Esses paradigmas, ainda que não modifiquem os conceitos tradicionais de

Inteligência, alteram, a compreensão sobre como aprendemos ou não aprendemos,

mais principalmente substitui a concepção de que possuímos apenas uma

inteligência. Derruba-se o mito de que a transmissão de informações pode tornar

pessoas receptoras mais inteligentes, e se descobre que, na realidade, abrigamos um

elenco extremante diversificado de diferentes inteligências, que quando estimuladas,

através de aplicação de projetos, quando feitos na idade.

Conveniente, altera profundamente a concepção que o ser humano faz de si mesmo e

os limites de suas possibilidades. Ainda que as inteligências humanas atuem de

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forma integrada e como sistema, é possível direcionar estratégias e jogos para aguçar

sensibilidades e competências, como o pensar, criar, tocar, ver e muitas outras.

Campbell e Dickinson (2000) falam que durantes os últimos dez anos dos

projetos de implementação das Inteligências Múltiplas, as escolas pioneiras

experimentaram sucessos, encontraram desafios e identificaram importantes questões

a serem consideradas quando se trabalha com as idéias de Gardner. As lições que

essas escolas aprenderam recaem nas seguintes.

3.1.Nossas percepções sobre os alunos

Um dos compromissos mais importantes do trabalho de Gardner é em relação

à maneira como os alunos são encarados. Em contraste com as pontuações de QI e

rótulos como inteligente, mediano ou limitado, a Teoria das Inteligências Múltiplas

permite aos educadores observarem as diversas maneiras pelas quais as crianças

resolvem os problemas e aplicam o que aprenderam. Podemos perceber, pelo menos

teoricamente, que os alunos possuem perfis cognitivos individuais com pontos fortes

variados. Ainda assim ao tentar por em prática esse conhecimento muitos professores

acham difícil observar cada criança através de lentes com oito facetas. Os

professores devem proporcionar oportunidades de aprendizagem enriquecidas,

aprimorar suas atividades de observação, solicitara os alunos, bem como as outras

pessoas que os conhecem, informações sobre seus talentos e paixões e reservar um

tempo para aprender sobre inteligências não familiares. Do contrário, nossa

percepção dos potenciais de nossos alunos podem continuar a ser desnecessariamente

limitada pela perpetuação de tendenciosamente em favor das habilidades básicas.

3.2. Os professores precisam de apoio e de tempo para expandir seus

repertórios educacionais

Uma segunda implicação da Teoria das Inteligências Múltiplas diz respeito à

necessidade de mudar a maneira como ensinamos. Embora a Teoria afirme que

qualquer conteúdo pode ser ensinado de muitas maneiras, professores e supervisores

juntos, podem desenvolver métodos pedagógicos que sejam os mais adequados para

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os seus alunos e seus ambientes. Seja qual for a abordagem pedagógica que o

educador siga, as Inteligências Múltiplas proporcionam uma lista de verificação

mental para verificar a natureza multimodal do ensino.

3.3. Os currículos da escola de inteligências múltiplas são diferentes

Outra implicação do trabalho de Gardner em prol da educação é uma

remodelação do currículo escolar. Alguns currículos podem ser adaptados pelo

professor e supervisor para incorporar várias inteligências. Em geral, as mudanças

curriculares são percebidas mais como melhorias do que como revisões importantes.

Percebe-se que as escolas que estão com, prometidas em estimular as mentes

multifacetadas de seus alunos, porém as formas pelas quais abordam esse objetivo

variam muito. Campbell e Dickinson (2000) percebem que quatro abordagens

curriculares parecem estar emergindo nos programas piloto por eles investigado, que

seria: o Currículo Multimodal, Currículo baseado nas Artes, Currículo baseado na

Inteligência e Currículo baseado no desenvolvimento.

3.4. Novas abordagens para avaliação tornam-se necessárias

Na obra de Gardner (1995), há pelo menos quatro implicações para a

avaliação, que incluem: como melhorar a avaliação em geral como envolver os

alunos nos processos de avaliação e como avaliar os programas de Inteligências

Múltiplas e sua eficácia.

Campbell e Dickinson (2000) falam ainda que uma escola que trabalha com a

Teoria das Inteligências Múltiplas, baseia-se na suposição de que toda criança é

talentosa.Quando os professores encaminham um aluno para os serviços de

educação. Especial primeiro deve oferecer descrições explícitas das potencialidades

da criança, além das razoes para o encaminhamento à educação especial.As

interferências da educação especial são, então, baseadas na ligação das

potencialidades do aluno com suas áreas de fragilidade.Quando as escolas enfatizam

as potencialidades, uma criança em risco não tem de ser encarada somente como um

indivíduo com problemas.Em vez disso, os professores podem gerar bom perfil mais

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abrangente de cada aluno quando tomam decisões educacionais. A Teoria das

Inteligências Múltiplas permite-nos identificar o que há de melhor em nossos alunos

e dá-nos sugestões sobre como intervir em áreas em que eles são desafiados.

3.5. A prática do supervisor parece transformar-se evolutivamente

Ao implementar as idéias de Gardner, alguns educadores que usam a

Inteligências Múltiplas experimentarão uma progressão evolutiva, enfrentando

desafios semelhantes em uma seqüência de certo modo previsível. O desafio inicial

encontrado pelos educadores das Inteligências Múltiplas é determinar que tipo de

modelo de programa criar para suas aulas. Uma vez que decidirem como proceder-se

através dos centros de aprendizagem, apresentando uma Inteligência por dia, ou

usando instrução Multimodal direta – o próximo desafio será aprender como ensinar

os conteúdos de novas maneiras. O principal enfoque desses educadores nos

primeiros anos de seus programas de sala de aula e de toda a escola é criar, adaptar e

aperfeiçoar as estratégias de ensino. Tempo e esforço também são despendidos para

reunir novos recursos em sala de aula, como objetos de manipulação, arte e música.

Além disso, alguns professores aumentam a quantidade de tempo que dedicam aos

projetos do aluno ou começam a implementar em suas aulas a aprendizagem baseada

em projetos. Professores relatam que, após o ano inicial, pensar de oito maneiras para

o planejamento de aula torna-se natural e as que percebem novas habilidades

desenvolvendo-se dentro de si e assim como seus alunos estão dispostos a correr

riscos para explorar as Inteligências em mais profundidade.

3.6. Ao supervisor caberá proporcionar apoio para modificar a

prática

Muitos professores consideram difícil e assustador incorporar as Teoria das

Inteligências ao ensino regular.

Campbell e Dickinson (2000), através e seus trabalhos pilotos revelaram que

a mudança da pedagogia requer um diálogo permanente entre supervisão e

professores, criando oportunidades de capacitação para os professores e assim

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ampliar as práticas pedagógicas junto aos alunos. Sendo assim os professores

precisam de apoio para alterar a prática profissional. Algumas formas de apoio foram

desenvolvidas nas escolas piloto de Inteligências Múltiplas inclui o seguinte:

. Organizar grupos de estudos em toda escola para ler e discutir sobre

Inteligências Múltiplas, tendo como apoio à literatura de Gardner, como “Estruturas

da Mente”.

. Solicitar aos membros do corpo docente extremamente capacitados em uma

Inteligência para realizar oficinas experimentais para seus colegas.

. Integrar melhor especialistas que têm destaque em educação física, arte ou

leitura, procurando sua ajuda para desenvolver o currículo ou oferecendo serviços ou

instruções em sala de aula para os alunos.

. Visitar outros locais que utilizam as Inteligências Múltiplas para observar

como os educadores do país estão trabalhando com as idéias de Gardner em seus

programas escolares.

. Relacionar especialistas, como artistas profissionais, por exemplo, para

orientar os professores e os alunos.

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CONCLUSÃO

Os estudos sobre os neurônios e o comportamento cerebral são feitos há

muitos anos, mas somente nestas duas últimas décadas é que se tomou possível

observar o cérebro em ação, funcionando quando a inteligência é estimulada. Esses

estudos são ainda relativamente novos e sua divulgação não foi suficiente para

acabar com conceitos superados que se acumularam por muito tempo a respeito da

inteligência

Desta forma, a escola de hoje, em sua grande maioria, abriga um currículo

essencial e avaliações regulares, estabelecidas segundo a visão tradicional de

inteligência. Assim, tais currículos e avaliações tornaram-se obsoletos e inadequados

frente às novas descobertas sobre inteligência: o homem é um ser muito mais amplo,

rico, dotado de um cérebro com múltiplas inteligências.

Logo, percebe-se claramente a necessidade de adequar a escola a estas

importantes descobertas. Vale ressaltar que os estudos desta teoria não se relacionam

apenas ao campo pedagógico, mas sobretudo, ao campo social e profissional, o que

reforça a necessidade de mudança.

Sugere-se que a escola deva desenvolver as habilidades e competências

valorizadas na comunidade e na sociedade em geral, a fim de serem evidenciadas

inteligências específicas, incluindo aquelas que a escola pouco enfatiza; abordar de

variadas formas um conceito, assunto ou disciplina, de modo a permitir aos alunos a

possibilidade de demonstrar as suas próprias formas de compreender de uma maneira

mais acessível e de acordo com seus ritmos de aprendizagem e, por fim, personalizar

o ensino, levando em conta as diferenças individuais e a heterogeneidade.

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BIBLIOGRAFIA

GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: A teoria das Inteligências Múltiplas.

Porto Alegre: Artmed, 1995.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1994.

ANTUNES, Celso. A Inteligência Emocional na construção do novo eu. Rio de

Janeiro: Editora Vozes, 2002.

ANTUNES, Celso. As Inteligências Múltiplas e seus estímulos. Campinas, SP:

Editora Papirus, 1998.

ANTUNES, Celso. Como desenvolver conteúdos explorando as Inteligências

Múltiplas. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2001.

CAMPBELL, L., CAMPBELL, B e DICKINSON, D. Ensino e aprendizagem por

meio das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2000.

ANTUNES, Celso. Trabalhando habilidades construindo idéias. São Paulo: Editora

Scipione, 2001.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO................................................................................................. 7

I – A CONCEPÇÃO DE INTELIGÊNCIA ONTEM E HOJE...................... 11

3.1. Conceito tradicional de inteligência......................................... 11

3.2. Conceito de Inteligências Múltiplas......................................... 12

3.3. Tipos de inteligências................................................................ 13

II – A ESCOLA SEGUNDO AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS.............. 16

3.1. A concepção de avaliação......................................................... 16

III - AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NO DESENVOLVIMENTO DOS

CONTEÚDOS CURRICULARES.................................................................. 22

3.1. Nossas pespectivas sobre os alunos........................................... 23

3.2. Os professores precisam de apoio e de tempo para expandir seus

repertórios educacionais........................................................... 23

3.3. Os currículos da escola de Inteligências Múltiplas são diferen-

tes............................................................................................... 24

3.4. Novas abordagens para avaliação tornam-se necessárias........ 24

3.5. A prática do supervisor parece transformar-se evolutivamen-

te................................................................................................. 25

3.6. Ao Supervisor caberá proporcionar apoio para modificar a

prática....................................................................................... 25

CONCLUSÃO.................................................................................................. 27

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................. 28