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Intensivo  · Grupo de Redação Intensivo Aula 1 ... gentileza, tolerância, justiça, solidariedade, coragem ... a reflexão sobre o uso consciente dos recursos naturais e

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Redação da PUC Redação da UCS

Tema 2O homem virtuoso

O filósofo francês André Compte-Sponville, na obra Pequeno tratado das grandes virtudes (1999), elenca uma série de qualidades morais que deveriam ser buscadas e praticadas pelos homens de todas as épocas, tais como humildade, gentileza, tolerância, justiça, solidariedade, coragem, gratidão, fidelidade, compaixão...Para dissertar sobre o tema 2, escolha uma das virtudes citadas, caracterize-a e justifique sua im-portância, mostrando como ela pode contribuir para o desenvolvimento moral do indivíduo e para a sua convivência com os demais.

Tema 3Filosofia, hoje?

“...mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia não é o conhecimento da realidade, nem o conhecimento da nossa capacidade de conhecer, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia é apenas a vida moral ou ética, ainda assim o estilo filosófico e a atitude filosófica permaneceriam, pois as perguntas filosóficas – o que, por que e como – permanecem.”

Marilena Chauí. Convite à Filosofia. 2000.Diante disso, cabe questionar:O que acontece quando filosofamos?O que distingue o homem que filosofa dos demais?Se o tema 3 for o escolhido, analise o lugar da Filosofia nos dias de hoje e a relação entre Filosofia e desenvolvimento humano, dissertando sobre como as atitudes que caracterizam o pensamento filosófico podem nos auxiliar a viver no mundo contemporâneo.

Tema 1Vida simples: quando menos é mais

Um emissora de televisão veiculou, em março de 2015, uma campanha publicitária que propunha a reflexão sobre o uso consciente dos recursos naturais e reforçava a responsabilidade de cada cidadão no desenvolvimento sustentável do planeta. A primeira fase do projeto contou com o lançamento de um vídeo institucional com depoimentos de artistas, incentivando o público a aderir a slogans como:Menos desperdício, mais atitude!Menos indiferença, mais participação!Menos consumo, mais consciência!Se você optar pelo tema 1, imagine-se participante da campanha e disserte sobre como é possível contribuir pessoalmente para o desenvolvimento sustentável do planeta.Para isso, apresente uma ou mais ações que você realiza ou pretende realizar com o objetivo de simplificar a vida e/ou consumir menos.

PROPOSTA 1 : Solidariedade

Pessoas que se sentem solidárias expressam mais satisfação pela vida e desenvolvem maior capacidade em lidar com as dificuldades. Em geral, tornam-se mais felizes e en-contram mais sentido para aquilo que fazem.Altruísmo e solidariedade são valores maiores, socialmente constituídos, vistos como virtude do indivíduo. Além disso, não se deve esquecer do potencial transformador que essas atitudes representam para o crescimento de quem faz da ajuda aos outros uma meta. Afinal, quando saímos do nosso mundinho, conseguimos ver as coisas sob outro ângulo.

Disponível em:< http://happyhour.com.br/imprensa/2011/artigo-solidariedade-a-importancia-em--ajudar-o-proximo> Acesso em: 12 maio 15. (Parcial e adaptado.)

Em sua opinião, é importante ajudar os outros? Por quê?

PROPOSTA 2 : Bullying

Bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, contra uma pessoa inde-fesa, que causa danos físicos e psicológicos; o propósito do agressor sempre é intimidar ou agredir a vítima. Nesse sentido, especialistas afirmam que as relações familiares po-dem ser a chave para a questão.Pesquisa divulgada em 1º de maio de 2014, durante a reunião anual da Sociedade Aca-dêmica de Pediatria, mostrou que o comportamento familiar, principalmente dos pais, influi substancialmente no relacionamento das crianças entre si: elas copiam modelos e transferem para o ambiente escolar aquilo que vivenciam em casa.

Disponível em: <www.jornalciencia.com/sociedade/comportamento/706-como-evitar-o-bullying> Acesso em: 8 abr. 14. (Parcial e adaptado.)

Em sua opinião, os estudantes ainda sofrem bullying nos ambientes escolares? Por quê?

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Exemplos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil

O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi criado pela ONU em 1987 como uma solução para o cresci-mento econômico das nações sem se esquecer da pre-servação dos recursos naturais. Trata-se de uma forma de economia verde que busca agredir o mínimo pos-sível o meio ambiente, visando também os avanços tecnológicos e econômicos. Em síntese é a forma de alcançar progresso de forma responsável, uma vez que se pensa na minimização de problemas e consequen-temente nos benefícios que este comportamento cau-sará às gerações futuras.

Por muitos anos não houve uma preocupação com o meio ambiente e a forma de desenvolvimento dos paí-ses foi baseada na exploração, o que originou desequilíbrios ambientais como o efeito estufa, poluição, extinção de espécies, entre outros. Para solucionar esses problemas, surge a ideia de se ter uma econo-mia verde, conceito que se baseia no crescimento econômico dos países sem agredir o meio ambiente.

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Desenvolvimento Sustentável no BrasilO conceito do desenvolvimento sustentável é um tema que tem sido bastante discutido no Brasil, fa-zendo com o Governo dê mais atenção a esta nova forma de crescimento econômico. Exemplo disso foi a realização da Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada no Rio de Janeiro no ano passado, 20 anos depois da realização a Eco-92, que resultou em uma série de propostas brasileiras para os próximos anos, registradas no “Documento de Contribuição Brasileira à Rio+20”.

Como principais exemplos de desenvolvimento sustentável no Brasil destacam-se:

• Fontes renováveis: Utilizadas de forma cada vez mais frequente no Brasil, as fontes renováveis de energia é um excelente exemplo de desenvolvimento sustentável. Em 2011 a participação de fontes renováveis de produção de eletricidade no nosso país chegou a 88%, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

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• Águas de reuso: Há também a opção de água de reuso, na qual al-gumas empresas podem reutilizar a água proveniente do esgoto para atividades industriais. Além de ser uma prática sustentável e também rentável, já que o custo é 30% a 40% inferior ao da água potável.

• Reflorestamento: Apesar da grande depredação das matas brasilei-ras, o reflorestamento tem sido um compromisso das empresas e do governo. Áreas que sofreram a retirada de vegetação têm sido reflores-tadas.

• Reciclagem: Trata-se de um tema que está cada vez mais presente na vida da população. Estudos indicam que 18% dos resíduos gerados nas cidades são reciclados, a maioria está localizada nas regiões Sul e Sudeste do país. Cada vez mais aumenta o número de postos de reci-clagem e o tema já faz parte do dia a dia de boa parte da população.

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É importante salientar que além dos itens já discutidos, existem outros exemplos de desenvolvimento sustentável no Brasil. O país tem feito um grande esforço para transforma-se em uma economia verde, pois percebeu que estas ações não se tratam apenas de tendências, mas que são estruturas para o fu-turo do planeta e da sociedade, onde o crescimento econômico deve e pode estar em harmonia com a preservação dos recursos naturais.

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Conheça os 12 princípios do consumo consciente

1. Planeje suas compras Não seja impulsivo nas compras. A impulsividade é inimiga do con-sumo consciente. Planeje antecipadamente e, com isso, compre menos e melhor.

2. Avalie os impactos de seu consumo Leve em consideração o meio ambiente e a sociedade em suas es-colhas de consumo.

3. Consuma apenas o necessário Reflita sobre suas reais necessidades e procure viver com menos.

Consumir com consciência é consumir diferente, tendo no consumo um instrumento de bem estar e não um fim em si mesmo - Reprodução de conteúdo livre desde que sejam publicados os crédi-tos do Instituto Akatu e site www.akatu.org.br. Saiba mais em www.akatu.org.br/DireitosAutorais

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4.Reutilize produtos e embalagens Não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar.

5.Separe seu lixo Recicle e contribua para a economia de recursos naturais, a redução da degradação ambiental e a ge-ração de empregos.

6.Use crédito conscientemente Pense bem se o que você vai comprar a crédito não pode esperar e esteja certo de que poderá pagar as prestações.

7.Conheça e valorize as práticas de responsabilidade social das empresas Em suas escolhas de consumo, não olhe apenas preço e qualidade do produto. Valorize as empresas em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente.

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8. Não compre produtos piratas ou contrabandeados Compre sempre do comércio legalizado e, dessa forma, contribua para gerar empregos estáveis e para combater o crime organizado e a violência.

9. Contribua para a melhoria de produtos e serviços Adote uma postura ativa. Envie às empresas sugestões e críticas construtivas sobre seus produtos e serviços.

10. Divulgue o consumo consciente Seja um militante da causa: sensibilize outros consumidores e dissemine informações, valores e práticas do consumo consciente. Monte grupos para mobilizar seus familiares, amigos e pessoas mais próximas.

11. Cobre dos políticos Exija de partidos, candidatos e governantes propostas e ações que viabilizem e aprofundem a prática de consumo consciente.

12. Reflita sobre seus valores Avalie constantemente os princípios que guiam suas escolhas e seus hábitos de consumo.

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Confira cinco cidades que são exemplos de sustentabilidade

Por definição, ecologia é a área da Biologia responsável pelo estudo das relações entre seres vivos e destes com o ambiente em que vivem. A ecologia é essencial para o desenvolvimento sustentável, e o papel das cidades nesse quadro de relações é fundamental: é necessário que haja equilíbrio entre os sistemas e, para haver equilíbrio, é preciso preservá-lo. Por isso, abaixo você confere uma lista com cinco cidades do mundo que são exemplo na área. E uma delas é brasileira!

5. Vancouver (Canadá)A cidade que em 2010 foi sede das Olimpiadas de Inverno adotou a sustentabilidade como lema e levou a ideia a sério: as medalhas entre-gues aos atletas foram feitas de restos de metal jogados fora. Mas não é só isso. O conceito de sustentabilidade está presente em Vacouver há bastante tempo – 90% da energia da cidade é produzida por meio de ondas, vento, painéis so-lares e hidrelétricas. 4. Malmo (Suécia)

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4. Malmo (Suécia)Malmo não é famosa apenas pelos inúmeros jardins e par-ques que se espalham pela ci-dade. O desenvolvimento ur-bano sustentável também é uma característica marcante. Apesar de ser uma das maio-res cidades da Suécia, quase não há congestionamentos: são 425 km de ciclovias.

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3. Curitiba (Brasil)A representante nacional é conhecida como a capi-tal ecológica do Brasil. As áreas de cobertura vegetal passaram de 18% para 26% nos últimos dez anos, e o índice de área verda da ci-dade, 64,5 m² por pessoa, é um dos mais altos entre as capitais brasileiras. Além disso, a capital paranaense é exemplo em soluções de urbanismo e tecnologia de transporte urbano.

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2. Portland (Estados Unidos)O modelo das cidades estadu-nidenses normalmente traz ave-nidas largas, com amplo espaço para os carros. Portland, porém, investe em alternativas mais sus-tentáveis, como ciclovias e ferro-vias. A cidade também se com-prometeu a reduzir a emissão de gases poluentes e passou a utilizar apenas materiais susten-táveis em suas construções. É lá também que está o Tom McCall Waterfront Park, construído em uma rodovia fechada, que se tor-nou ponto focal de renovação do centro da cidade.

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1. Reykjavík (Islândia)Primeira da lista, a capital da Is-lândia é considerada a cidade mais sustentável do mundo. A energia é produzida por hi-drelétricas e usinas geotermais. O sistema de transporte co-letivo opera com ônibus “ver-des” que utilizam hidrogênio como combustível. E o ar por lá é considerado tão puro que atrai turistas de diversas partes interessados em conhecer o sistema de sustentabilidade da cidade.

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Bullying nas escolasCléo Fante, coordenadora da mais abrangente pesquisa sobre o tema, explica os desafios para combater o problema entre alunos

Cléo Fante, coordenadora da mais abrangente pesqui-sa sobre o tema, explica os desafios para combater o problema entre alunos

O bullying é um fenômeno que não faz distinção de camadas sociais e está presente em escolas públicas e particulares do mundo inteiro. Tem características se-melhantes em qualquer país, mas no Brasil tem uma particularidade: só aqui a maioria dos casos – 21% – ocorre dentro da sala de aula, e não no pátio da escola. É o que mostra a pesquisa O Bullying Escolar no Brasil, organizada pela Plan Internacional, uma ONG voltada para os direitos da infância. O estudo é o primeiro a abranger escolas de todas as regiões do País: foram ouvidos 5.168 alunos, entre 5ª e 8ª série, professores, gestores de instituições de ensino e familiares de estudantes. Responsável pela aplicação e análise dos dados da pesquisa, Cléo Fante, consultora edu-cacional e pioneira em estudos brasileiros sobre o bullying, ressalta que tanto o aluno-vítima quanto

A maioria dos casos de bullying no Brasil ocorre dentro da sala de aula

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o agressor tendem a baixar seu rendimento escolar. O primeiro porque passa a maior parte do tempo angustiado, o segundo porque se distrai mais. Nesta entrevista, a pesquisadora explica essas e outras conclusões do estudo e aborda questões que os professores precisam saber para lidar com o problema na escola.

Carta Fundamental: Existe uma certa confusão sobre o que é exatamente o bullying. Como a senhora o define?Cléo Fante: Especialistas costumam defini-lo como agressão física ou verbal de um ou mais alunos contra um mesmo colega, ocorrendo repetidamente e sem haver motivo para tal. Também é caracte-rizado por uma relação desigual de poder, apesar de ser praticada entre iguais, os estudantes. Se um professor pega no pé de um aluno, não é bullying. Na pesquisa, levam esse nome as ações com essas características que ocorreram ao menos três vezes durante o período letivo. Se dois alunos brigam por um motivo qualquer, não é. Se alguém é vítima de constrangimento por um ou mais alunos, várias ve-zes, é considerado bullying.

CF: Quando começou a haver uma preocupação no Brasil em relação ao problema?CF: O bullying começou a ser estudado na Escandinávia, nos anos 70. O pesquisador sueco Dan Olweus, professor da Universidade de Bergen, na Noruega, organizava pesquisas para analisar o tema porque percebeu haver um alto índice de relação entre suicídios e vitimização de maus-tratos por colegas no

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ambiente escolar (a Finlândia, país escandinavo, registrou um massacre de aluno recente, em 2007). A partir desses estudos é que o assunto começou a ser analisado com mais intensidade em outros países. No Brasil, os primeiros estudos datam do ano 2000, e de lá para cá o assunto ganhou muita repercussão por conta de dois casos específicos, que ocorreram no intervalo de um ano. Em 2003, em Taiúva (SP), um ex-estudante de 18 anos foi até a escola onde concluiu o Ensino Médio portando uma arma. Feriu oito pessoas e cometeu suicídio. A polícia apurou que tudo ocorreu porque ele não tinha esquecido os maus-tratos que sofrera de colegas quando estudava naquela escola. Outro caso ocorreu em 2004, em Remanso (BA). Um aluno de 17 anos foi armado para a escola. Ele matou um colega e a professora de informática de quem não gostava, além de deixar outros feridos. Tudo ocorreu porque ele sofria goza-ções constantes dos colegas. Desde então, a repercussão na mídia aumentou muito.

CF: Em que o estudo da Plan difere das demais pesquisas que foram feitas sobre o tema?CF: A diferença é a sua abrangência nacional: foram estudadas cinco escolas, cada uma de uma região específica do País, o que permite estudar o fenômeno nacionalmente. Isso nunca havia sido feito. Ou-tra coisa é que agora foi feito em caráter exploratório. Além de convidar os envolvidos nessas escolas a preencher um questionário, houve uma fase qualitativa. Analisamos grupos de estudantes, professores, gestores de escola e pais. Também ouvimos as histórias, seus conceitos sobre o problema e as atitudes que eles costumam tomar a respeito.

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CF: A pesquisa da Plan mostrou uma característica nos casos de bullying no Brasil: a maior parte dos maus-tratos ocorre dentro da sala de aula. É possível identificar a causa de tal pe-culiaridade?CF: A pesquisa mostra que, no País, 21% dos casos relatados ocorreram dentro da sala de aula. Sobre-tudo em escolas públicas, muitas vezes os professores faltam e os alunos ficam dentro da sala sem su-pervisão, o que facilita a ocorrência de maus-tratos. No entanto, há também muitos casos que se dão mesmo com o professor presente. São vários os motivos para isso. Primeiro, às vezes, o professor dá aula para 50 alunos em um mesmo ambiente. É difícil monitorar todos. Mas os dados apontam que há casos de despreparo dos profissionais para lidar com a questão. Algumas vezes, os próprios professores têm uma postura um tanto agressiva em relação a um ou outro aluno, o que serve de exemplo negativo a outros estudantes. Há também professores que não percebem o bullying ou que não o diferenciam das brincadeiras comuns.

CF: Existe uma relação entre o bullying e problemas sociais enfrentados pelos estudantes?CF: Não, o bullying, na verdade, existe desde que a escola existe. E é universal: em qualquer escola de qualquer país, desenvolvido ou não, o problema está presente. O que existe, em verdade, é uma des-confiança entre pais e escola. Um põe a culpa no outro: pais de alunos costumam achar que o proble-ma está na escola, que não tem autoridade suficiente e não sabe lidar com os alunos. Já professores e escolas pensam que o problema vem de casa, que o aluno traz seus problemas para o ambiente escolar.

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CF: Como a escola deve tratar os alunos agressores?CF: Chamar os pais dos alunos que mais têm relação com os maus-tratos para conversar é uma ideia. Também existem escolas que dão palestras a respeito. Quando os pais são atuantes junto à escola, este problema tende a atenuar. Mas nem sempre os pais participam dessas conversas.

CF: Além dos problemas emocionais, a pesquisa mostra que existe relação entre sofrer maus--tratos na escola e mau desempenho?CF: Sem dúvida, tanto no desempenho da vítima quanto do agressor. A vítima passa o tempo todo angustiada, pensando o que pode acontecer e quando vai ouvir xingamentos novamente. Quanto ao agressor, ele passa muito tempo distraído praticando o ato. Isso pode até gerar casos mais graves, como estudantes que deixam a escola porque, na cabeça dele, a instituição está associada a maus-tratos.

CF: Existe alguma fase da vida escolar em que o bullying é mais recorrente?CF: Ele está presente em todos os anos, mas sua maior frequência ocorre da 5ª à 8ª série do Ensino Fundamental. Os picos são na 5ª série e, sobretudo, na 6ª série. O bullying segue presente pelo Ensino Médio, chegando até a faculdade. Mas nessas fases os alunos agressores acabam sendo repelidos com maior frequência. Os estudantes, a partir dos 15 anos, começam a priorizar várias coisas, como namorar, por exemplo, e acabam deixando de lado essa necessidade de autoafirmação em grupo. Os alunos que insistem no ato acabam sendo afastados do convívio da maioria.

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CF: O que muda nos maus-tratos provocados por meninos daqueles provocados por meninas?CF: Os meninos costumam apresentar maior frequência de atos físicos e, muitas vezes, batem e chu-tam. Não que isso deixe de ocorrer com as estudantes. Mas, as garotas costumam praticar atos ofensi-vos por meio de palavras, espalhando boatos maldosos, por exemplo.

CF: Sobre o número de alunos que viram colegas serem maltratados, a pesquisa revelou uma disparidade entre as regiões do País. No Sudeste, 47% dos estudantes declararam ter viven-ciado situações assim. No Norte, este número cai para 23,7%. Que conclusões podemos tirar desta diferença?CF: Primeiro, pode significar que, realmente, o bullying é mais comum na Região Sudeste em relação à Norte. Por outro, também deixa dúvidas sobre a definição de bullying entre os alunos. É possível que a percepção do que é um ato de violência gratuita persistente sobre um colega seja diferente entre as regiões.

CF: O bullying ganhou uma nova vertente: a das redes sociais. Como as escolas podem agir para combater a prática de maus-tratos entre colegas na internet?CF: Esse problema existe e está cada dia mais forte. Alunos são maltratados por colegas no Orkut, You-tube etc. O agravante é que dificilmente um aluno é difamado por colegas dentro da escola. Geralmen-

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te, o cyberbullying, como é chamado, surge em casa ou nas lan houses. As escolas podem trabalhar a questão da conscientização junto aos alunos e suas famílias.

CF: Como o estudo sobre o bullying no Brasil é recente, os professores vêm sendo preparados para lidar com o problema?CF: Apesar de recente, há cada vez mais cuidado com o tema. Há professores que incluem a discussão em suas respectivas cátedras. Há muitas palestras e workshops para os formandos e professores. Sei que a Unifran e a Unicamp, por exemplo, trabalham muito o assunto. O fato de a mídia falar bastante a respeito contribui para o conhecimento do problema. Os casos de Taiúva e Remanso levantaram muita discussão. Também existe um esforço governamental a respeito: em Santa Catarina, por exemplo, há agora uma lei que visa combater o bullying nas escolas do estado (Lei Estadual nº14.651, sancionada em janeiro de 2009, chamada de Programa de Combate ao Bullying). Cada vez mais, outros governos tomam atitudes semelhantes, o que indica uma evolução.