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Convenção Internacional para a Saúde, 2018 Cuba Saúde Inter-relação dos Propósitos da Teoria de Peplau, da Educação Permanente em Saúde e Aprendizagem Significativa Antunes Cortez, Elaine 1 ; Lins Araujo de Almeida, Viviane 2 ; Laprovita, Daniel 3 ; Pereira dos Santos, Silvia Cristina 4 ; Alves Ribeiro, Wanderson 5 ; Eduardo Pereira de Lima, Marcos 6 ; Vidal Pereira, Audrey 7 ; Cavalcanti Valente, Geilsa Soraia 8 1 Universidade Federal Fluminense/ Enfermeira/ Doutora, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 2 Universidade Federal Fluminense/ Enfermeira/ Mestranda, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 3 Universidade Federal Fluminense/ Enfermeiro / Mestre, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 4 Universidade Federal Fluminense/ Psicóloga/ Mestre, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 5 Universidade Federal Fluminense/ Enfermeiro/ Mestrando, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 6 Universidade Federal Fluminense/ Enfermeiro/ Mestrando, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 7 Universidade Federal Fluminense//Enfermeiro/ Doutor, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 8 Universidade Federal Fluminense/ Enfermeira/ Doutora, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] RESUMO: Introdução: O estudo em questão retrata a Educação Permanente em Saúde sob a ótica de Peplau. Objetivo: refletir sobre o impacto da aprendizagem significativa na efetivação da integralidade do cuidado na rede de atenção em saúde mental no Brasil. Método: estudo descritivo, tipo análise reflexiva, sobre a Política de Educação Permanente em Saúde, a partir dos conceitos teóricos suscitados por Hildegard E. Peplau. Resultados: a aprendizagem significativa e a participação do “doente” às práticas da enfermagem já era proposto nas teorias de Peplau. A escolha de Peplau como referencial teórico em uma pesquisa que aborde Educação Permanente em Saúde e a área de saúde mental, especialmente nos Centros de Atenção Psicossocial é adequada e pertinente, uma vez que se pode identificar a proximidade das fases da teoria de enfermagem Psicodinâmica ás etapas da EPS. Conclusão:Conclui-se o quão antiga é essa relação entre o saber e a (re)elaboração de um novo saber- fazer, onde o aprendizado no cenário laboral é valorizado e utilizado na aplicação de novas abordagens com reflexo no compartilhamento de informações, corroborando as diretrizes daPolítica da Educação Permanente em Saúde. Por fim, faz-se necessário a implementação desta prática nos serviços destinados ao portador de transtorno mental, de forma a consolidar a aprendizagem no local de trabalho, a inserção do usuário na identificação dos problemas e construção das soluções e a consolidação do trabalho em equipe. DESCRITORES: Educação Permanente; Equipe interdisciplinar; Saúde Mental e Relação Interpessoal.

Inter-relação dos Propósitos da Teoria de Peplau, da

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Page 1: Inter-relação dos Propósitos da Teoria de Peplau, da

Convenção Internacional para a Saúde, 2018 Cuba Saúde

Inter-relação dos Propósitos da Teoria de Peplau, da Educação Permanente em Saúde e Aprendizagem Significativa

Antunes Cortez, Elaine1; Lins Araujo de Almeida, Viviane2; Laprovita, Daniel3; Pereira dos Santos, Silvia Cristina4; Alves Ribeiro, Wanderson5; Eduardo Pereira de Lima, Marcos6; Vidal Pereira,

Audrey7; Cavalcanti Valente, Geilsa Soraia8 1 Universidade Federal Fluminense/ Enfermeira/ Doutora, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]

2Universidade Federal Fluminense/ Enfermeira/ Mestranda, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]

3Universidade Federal Fluminense/ Enfermeiro / Mestre, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]

4Universidade Federal Fluminense/ Psicóloga/ Mestre, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]

5Universidade Federal Fluminense/ Enfermeiro/ Mestrando, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]

6Universidade Federal Fluminense/ Enfermeiro/ Mestrando, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]

7Universidade Federal Fluminense//Enfermeiro/ Doutor, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]

8Universidade Federal Fluminense/ Enfermeira/ Doutora, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]

RESUMO: Introdução: O estudo em questão retrata a Educação Permanente em Saúde sob a ótica de

Peplau. Objetivo: refletir sobre o impacto da aprendizagem significativa na efetivação da integralidade do cuidado na rede de atenção em saúde mental no Brasil. Método: estudo descritivo, tipo análise reflexiva, sobre a Política de Educação Permanente em Saúde, a partir dos conceitos teóricos suscitados por Hildegard E. Peplau. Resultados: a aprendizagem significativa e a participação do “doente” às práticas da enfermagem já era proposto nas teorias de Peplau. A escolha de Peplau como referencial teórico em uma pesquisa que aborde Educação Permanente em Saúde e a área de saúde mental, especialmente nos Centros de Atenção Psicossocial é adequada e pertinente, uma vez que se pode identificar a proximidade das fases da teoria de enfermagem Psicodinâmica ás etapas da EPS.Conclusão:Conclui-se o quão antiga é essa relação entre o saber e a (re)elaboração de um novo saber- fazer, onde o aprendizado no cenário laboral é valorizado e utilizado na aplicação de novas abordagens com reflexo no compartilhamento de informações, corroborando as diretrizes daPolítica da Educação Permanente em Saúde. Por fim, faz-se necessário a implementação desta prática nos serviços destinados ao portador de transtorno mental, de forma a consolidar a aprendizagem no local de trabalho, a inserção do usuário na identificação dos problemas e construção das soluções e a consolidação do trabalho em equipe. DESCRITORES: Educação Permanente; Equipe interdisciplinar; Saúde Mental e Relação Interpessoal.

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I. INTRODUÇÃO

O transtorno mental é uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de

desenvolvimento do funcionamento mental, que estão freqüentemente associados ao sofrimento ou incapacidades significativas que afetam o indivíduo e suas relações de forma integral1. Apesar dos anos de segregação vivenciados por esses indivíduos, é na década de 80 que uma nova perspectiva de modelo assistencial surge, em substituição ao modelo asilar. Esse movimento inicia-se no Brasil no Estado de São Paulo, posteriormente, no Estado da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro2, trazendo a necessidade de se pensar em um modelo de assistência integrado, não mais centrado na doença, mas sim no indivíduo. Este estudo se justifica por entender que a Política Nacional de Educação Permanente (PNEP), assim como a Psicodinâmica proposta por Hildergard Peplau, tem grande relevância na (re)socialização dos indivíduos atendidos no Centro de Atenção Psicossocial ampliando as possibilidades de troca de saberes e a identificação dos problemas reais favorecendo uma aprendizagem significativa, a inclusão social do usuário ao seu processo de cuidado, a fim de melhorar o processo de trabalho. Propõe-se refletir sobre o impacto da aprendizagem significativa na efetivação da integralidade do cuidado. Igualmente, este trabalho constitui de um recorte da dissertação do Mestrado Profissional de Ensino na Saúde (MPES) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e compõe seu processo de construção do referencial teórico. Diante do exposto, surge a seguinte questão norteadora: Como a educação permanente pode ser compreendida a partir das contribuições de Hildergard Peplau e seus desdobramentos na transformação das práticas individuais e coletivas da equipe multidisciplinar no Centro de Atenção Psicossocial? Objetivo: Refletir teoricamente sobre a importância da educação permanente como ação transformadora das práticas individuais e coletivas no Centro de Atenção Psicossocial, sob a perspectiva de Hildergard Peplau.

II. MÉTODO

Analise reflexiva sobre a Política de Educação Permanente (PNEP) em Saúde do Brasil, no Centro de

Atenção Psicossocial a partir dos conceitos suscitados por Hildergard Peplau, que define a Enfermagem Psicodinâmica como sendo a capacidade de compreender o comportamento de uns para ajudar outros a identificar as dificuldades sentidas3.

III. RESULTADOS

O aspecto histórico da contribuição de Hildegard E. Peplau nasce de sua preocupação, expressada no

curso de sua vida profissional. Considerada a “mãe da enfermagem psiquiátrica”, nascida em 1931, na Pensilvania, faleceu em 1999 durante o sono, segunda de seis filhos, iniciou sua carreira em 1931, cursou bacharelado em psicologia interpessoal no ano de 1943, mestrado em enfermagem psiquiátrica em 1947 e teve seu doutoramento em 1953. Influenciou diretamente o avanço dos padrões profissionais, educativos e práticos da enfermagem3. A identificação da vida de Peplau se faz relevante nesse aspecto, posto que exerceu influência direta sobre sua produção, a mais importante delas, “Teoria das Relações

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Convenção Internacional para a Saúde, 2018 Cuba Saúde Interpessoais”, uma teoria de médio alcance centrada na relação doente-enfermeiro. O doente era tido como objeto da ação de enfermagem, e a assistência prestada deveria ser pra ele e por ele, que a partir da conceitualização de Peplau passou a ser visto como parceiro no processo de cuidar4-5. Defensora do empoderamento da enfermagem, que tinha sua assistência limitada aos hospitais psiquiátricos, defendeu vigorosamente que estes profissionais deveriam ser mais instruídos3. Tinha como ponto de partida a enfermagem como força educativa de maturação através do aprendizado empírico, incentivava a abordagem indutiva que advinha da contemplação de acontecimentos empíricos utilizados como referencia na compreensão de eventos específicos ou similares3-4. Defendendo a assistência holística e integralizada na garantia do cuidado efetivo6. Corroborando ao texto, cabe descrever a produções de Peplau, onde destaca-se o pragmatismo assertivo da enfermagem Psicodinâmica defendida por Peplau, que vai convenientemente ao encontro das diretrizes da educação permanente, apesar de precedê-la cronologicamente. (Fig1)

Figura 1:Fluxograma construído a partir da teoria de Peplau e da Política Nacional de Educação Permanente .

Fig.1; Fluxograma construído pela autora em outubro de 2017.

Enfermagem Psicodinâmica

1ª fase Orientação O Doente busca ajuda do profissional,por sua vez a

enfermeira auxilia o doente a reconhecer e compreender sua doença e a determinar sua

necessidade de ajuda.

2ª fase Identificação O doente identifica-se com quem vai ajuda-lo, a

enfermeira permite a exploração do sentimento para ajudar o paciente a passar pela doença como uma experiência que reorienta os sentimentos fortalece as forças positivas da personalidade e fornece a

satisfação necessária.

3ª fase ExploraçãoO doente tenta tirar toda valia do que lhe é

oferecido, a enfermeira projeta novos objetivos.

4ª fase Resolução • O doente coloca de lado objetivos antigos e adota

novos, esse é o processo em que ele se liberta do poder da enfermeira.

Educação Permanente em Saúde

Processo de TrabalhoINQUIETAÇÃO

PROBLEMATIZAÇÃO

Conhecimento MULTIPROFISSIONAL

COMPARTILHADO proporcionando SOLUÇÕES para

PROBLEMAS REAIS

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

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Em sintonia com o descrito, a Política Nacional de Educação Permanente (PNEP), é uma proposta brasileira ético – político - pedagógica que objetiva transformar e qualificar a atenção à saúde, os processos formativos, as práticas de educação em saúde, além de incentivar a organização das ações e dos serviços em uma perspectiva intersetorial, incentivada pelo SUS de forma a promover a integração entre ensino e serviço, proporcionando assim uma reflexão crítica sobre a possibilidade de aprender e ensinar no cenário laboral, tendo como resultado a melhora significativa da prática assistencial7. Cabe mencionar que no ano de 2003 o Ministério da Saúde, no Brasil, inicia a implementação da Política Nacional de Humanização também conhecida como Humaniza SUS, que objetiva dentre outros, contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização; Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão; Ampliar os processos de formação e produção de conhecimento em articulação com movimentos sociais e instituições e Valorização do trabalho na saúde8. A implementação da Educação Permanente permite aos profissionais serem protagonistas dentro de suas práxis, deixando a passividade e conformismo de lado, possibilitando a transformação, a valorização do trabalhador, o fortalecimento da equipe, possibilitando a participação ativa na tomadas de decisão. Em consonância aos fatos anteriormente descritos, é na Educação Permanente que está à perspectiva de articulação entre as ações de aprendizado nos contextos organizacionais, uma vez que os problemas eleitos são os do cotidiano, está inserida no local do serviço, é voltada para a construção conjunta de soluções para os problemas identificados. Desta forma incorporando o ato de ensinar e aprender as organizações e ao trabalho transformando-as práticas profissionais9.

IV. DISCUSSÃO

A busca por autores que pudessem validar a reflexão aqui abordada nos levou a necessidade de

esclarecer que, embora com terminologias diferenciadas, a educação permanente contempla algumas das ações sugeridas pela educação continuada, no entanto a educação continuada, devido a sua metodologia, não tem o alcance e efetividade favorecida pela educação permanente. (Fig. 2) Estudos realizados apontam a percepção relatada pelos profissionais de saúde que atuam em um Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas (CAPS ad) no estado de São Paulo, ao avaliarem criticamente a implantação da EPS no serviço. “A equipe acredita que o processo de educação em serviço está acontecendo quando há uma discussão e é possível absorver uma informação. Ao se elaborar essa informação, tem-se um produto e, assim, há um intercâmbio entre a discussão teórica, o que pode reverberar na prática, tendo um efeito no trabalho em equipe”, proporcionando uma mudança significativa as suas práxis10. Ademais, a EPS se difere de qualquer estratégia tradicional do campo pedagógico por trazer perguntasdo cotidiano daquele que está envolvido com a prática de saúde dia a dia, diferente de um curso, de um treinamento que se define por um currículo, por um programa11. Contudo, a educação continuada não pode ser demonizada e descriminada, ao contrário, em diversas ocasiões, muito do que se precisa é mesmo de boas ofertas de conhecimentos sistematizados para os profissionais poderem ampliar suas caixas de ferramentas, considerando certo modo de olhar o problema que se enfrenta12. Com objetivo discutir os conceitos de Educação Permanente, Educação Continuada e Educação em Serviço (ES), autores relatam que a (ES) se apresenta como um processo a ser aplicado nas relações humanas, do trabalho, objetivando o desenvolvimento de capacidade cognitiva, psicomotoras e relacionais, assim como o

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Convenção Internacional para a Saúde, 2018 Cuba Saúde aperfeiçoamento diante da evolução tecnológica, dessa maneira contribui para a valorização profissional e institucional7. Tendo por base as representatividades dos tipos de ensino incutidos na Prática de Educação Permanente em Saúde é válido ressaltar que o “conhecimento avança quando se tem máxima circulação de informações (...) promovendo interação (...) favorecendo a ação do aprendiz sobre aquilo que é seu objeto de conhecimento”, em suma é possível abordar o mesmo problema de perspectivas diferentes13. Corroborando ao descrito acima, outra abordagem sobre essa questão vem de um estudo realizado para compreender a perspectiva dos usuários sobre educação e seu significado no cotidiano, destacando a efetividade dos grupos educativos, em cujas sessões utilizaram-se pedagogias da problematização, favorecendo a aprendizagem significativa, propiciando mudanças nos hábitos de vida, no exercício da autonomia e na responsabilização pela saúde14. A aprendizagem significativa acontece quando aprender algo novo é importante para o educando. Ou seja, quando o que se aprende de novo consegue responder as dúvidas, como também a construção de um novo saber dialogando com o saber anterior, resultando em novas práticas e novas maneiras no agir cotidiano15. Cabe ressaltar que a aprendizagem significativa proposta pela EPS, além de valorizar o profissional e buscar soluções para os problemas reais, permite a inclusão do usuário no processo de construção do saber de forma ativa e não somente como objeto do cuidado prestado. Para tal, foram encontradas Reflexões em um estudo, que teve por foco conhecer as necessidades da família cuidadora de uma pessoa com transtorno mental no atual modelo de atenção em saúde, este indica que além da inclusão da pessoa com transtorno mental nos serviços comunitários, é preciso vínculo entre ela, sua família e o profissional que oferece assistência nos serviços, pois assim se estabelece uma relação de confiança no cuidado, e a família consegue expressar suas necessidades, ou seja, recebe uma escuta que abrange o trabalho baseado nos pressupostos do cuidado integral e humanizado à saúde mental16. Neste sentido, há uma inter-relação entre enfermagem e educação, quando Peplau descreve a “enfermagem como força de amadurecimento e instrumento educativo que aspira fomentar o progresso da personalidade na direção de uma vida criativa, construtiva, produtiva, pessoal e comunitária, onde tanto a enfermagem quanto a pessoa envolvida na ação interpessoal constituem uma experiência de aprendizagem do sujeito eu”3, permitindo ao profissional questionar sua função, suas ações, seus saberes e a efetividade de suas contribuições durante o processo de trabalho, onde tanto a e n fe rm a g e m q u a n t o o d o e n t e constituem uma experiência de aprendizagem. Peplau define a enfermagem psicodinâmica como a capacidade de compreender o comportamento de uns para ajudar os outros a identificar as dificuldades sentidas e aplicar princípios de relações humanas aos problemas que surgem em todos os níveis de experiências3. E para tal, dividiu sua teoria em quatro etapas, e descreve os diversos papéis exercidos pelos profissionais durante a realização da assistência, tendo como foco a busca por respostas para as necessidades do doente, visando à identificação e à resolução dos problemas de saúde do mesmo17. Desta forma Peplau busca favorecer a interação, a relação horizontal, e a aprendizagem compartilhada e em conjunto entre os indivíduos.

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Figura 2 - Representação gráfica do alcance das diversas modalidade educação propostas no cenário laboral.

Fig.2; Fluxograma construído pela autora em novembro de 2017.

V. CONCLUSÕES

Tratar das contradições do processo de trabalho em saúde, e o aprendizado no cenário laboral constituem-se em desafio para todos os que se preocupam com a temática. Impõe-se que a discussão seja enfrentada em uma perspectiva contextualizada, questionando, analisando e revendo as concepções da educação em serviço para as de educação permanente e sua inserção junto à prática. Sabe-se que a qualificação profissional norteada pelos problemas reais emergidas no cenário laboral garante mudanças na qualidade dos serviços oferecidos à população e esta assistência assume um alcance que vai além da qualificação dos profissionais que a executam. Os conceitos estabelecidos por Hildegard E. Pepalu permitem a reflexão sobre as diretrizes da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, uma vez que possibilita a articulação entre as etapas da aprendizagem significativa e a da teoria da Enfermagem Psicodinâmica. Em Peplau, a Psicodinâmica adquire potencialidade a partir da prática da educação permanente, reforçando a existência de diversas maneiras de se produzir a aprendizagem significativa. Faz-se necessário a implementação desta prática nos serviços destinados ao portador de transtorno mental, de forma a consolidar a aprendizagem no local de trabalho, a inserção do usuário na identificação dos problemas e construção das soluções e a consolidação do trabalho em equipe. Enfim, a escolha de Peplau como referencial teórico em uma pesquisa que aborde Educação Permanente em Saúde e a área de saúde mental, especialmente nos Centros de Atenção Psicossocial é adequada e pertinente, uma vez que pode-se identificar a proximidade das fases da teoria de enfermagem Psicodinâmica ás etapas da EPS.

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

EDUCAÇÃO PERMANENTE EM

SAÚDE

EDUCAÇÃO CONTINUADA

EDUCAÇÃO EM SERVIÇO

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REFERÊNCIAS:

1 Manual Diagnóstico e Estatístico (BR). – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2014. 2 Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde (BR). DAPE. Coordenação Geral de Saúde

Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005. Acesso em 17de agosto de 2017.

3 Tomey, AM; Alligood, MR. Teóricas de enfermagem e a sua obra – modelos e teorias de enfermagem- 5ª Ed 2004

4 George, Julia B. Teorias de enfermagem: os fundamentos à pratica Profissional – 4ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000

5 Carvalho, MB. Psiquiatria para a enfermagem. – São Paulo: RIDEEL, 2012 6 Cortez EA. Influência da religiosidade e espiritualidade na saúde: reflexões para o cuidado de

enfermagem. Online Brazilian Journal of Nursing [periodic online] 2012. Disponível em: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/4086

7 Sardinha P; Letícia; et al. Educação permanente, continuada e em serviço: desvendando seus conceitos. Revista Eletrônica Enfermería Global. Nº 29, 2013. Disponível em: http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v12n29/pt_revision1.pdf

8 Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde (BR). Política Nacional de Humanização - 1ª edição – 1ª reimpressão – Brasília, 2013. Acesso em 17 de agosto de 2017.

9 Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (BR). Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Acesso em 25 de agosto de 2017.

10 Silva e Silva, DL; Knobloch, F. A equipe enquanto lugar de formação: a educação permanente em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras drogas. Interface – Botucatu, 2016. Pág 325-335. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/v20n57/1807-5762-icse-1807-576220150061.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2017.

11 Educação Permanente em Movimento. Palestra de Ricardo Ceccim. 15'06" - 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UxjHiddgPhg. Acesso em 12 de novembro de 2017.

12 Gomes, LB; Barbosa, MG; Ferla, AA. A educação permanente em saúde e as redes colaborativas: conexões para a produção de saberes e práticas. Colaborações ao Debate Sobre a Revisão da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Rede Unida, pag. 70. 1ª Edição - Porto Alegre - RS, 2016. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/134286/000988686.pdf?sequence=1

13 Weisz, T. O Diálogo entre o ensino e a aprendizagem. Editora Ática; 2012. 14 Figueiredo, MFS; Rodrigues Neto, JF; Leite, MTS. Health education in the context of family health

from the user’s perspective. Interface - Comunicação, Saúde e Educação, v.16, n.41. P. 315-29 - 2012. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/icse/v16n41/a03v16n41.pdf

15 Departamento de Gestão da Educação na Saúde (BR). A educação permanente entra na roda: pólos de educação permanente em saúde: conceitos e caminhos a percorrer. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Acesso em 10 de agosto de 2017.

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16 Bessa, JB; Waidman, MAP. Família da pessoa com transtorno mental e suas necessidades na assistência psiquiátrica. Revista Texto Contexto – Florianópolis , v. 22, n. 1, p. 61-70, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0104-07072013000100008&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em 15 de novembro de 2017.

17 Silva, JPG; et al. Consulta de enfermagem a idosos: instrumentos da comunicação e papéis da enfermagem segundo Peplau. Esc. Anna Nery vol.19 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2015. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20150021. Acesso em 17 de novembro de 2017.