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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016 1 O Jornalismo Esportivo na mídia regional: predominâncias no globoesporte.com/tocantins 1 Ana Luiza da Silva DIAS 2 Liana Vidigal ROCHA 3 Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO Resumo O objetivo deste artigo é analisar o globoesporte.com/to, identificando as predominâncias presentes no jornalismo esportivo regional. Para tanto, foram selecionadas 38 publicações durante oito dias consecutivos a fim de identificar os critérios de noticiabilidade preponderantes nas postagens. Em seguida, foram listados os esportes que mais se destacaram na amostra, utilizando a técnica de análise de conteúdo em uma pesquisa do tipo descritiva. Os resultados são apresentados em tabelas ilustrativas que mostram o predomínio dos critérios de rivalidade e de proximidade assim como a incontestável presença do futebol como principal tema das pautas esportivas. Palavras-chave: jornalismo esportivo; mídia regional; globoesporte.com; Tocantins. Introdução Um homem arremessando pedrinha na água. De acordo com Alcoba (2005 apud SILVEIRA, 2009, p. 41), esse foi o princípio do esporte. Essa atividade logo foi compartilhada com outras pessoas, se tornou lazer e passou a ser também competição. Entretanto, para difundir a ideia de jogo, foi necessário utilizar a linguagem ou, no caso, a comunicação. Com a propagação da prática, nascia, então, o esporte. Uma peculiaridade do esporte é que ele consegue fazer com que pessoas de diferentes lugares, religiões, idades e raças se unam com um só propósito: competir. Um exemplo são os Jogos Olímpicos, que celebram a união das nações envolvidas no evento e, apesar do clima de disputa, os atletas envolvidos apresentam, em sua maioria, um espírito de cordialidade e de solidariedade. Em outros momentos, como no caso da Copa do Mundo realizada no Brasil, o megaevento provocou mudanças políticas, sociais e econômicas no país. Para informar sobre os principais acontecimentos envolvendo os personagens e elementos desse segmento, entra em cena o jornalismo esportivo, área de atividade cujo 1 Trabalho apresentado na Divisão Temática Jornalismo, da Intercom Júnior XII Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Estudante de Graduação 6º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, e-mail: [email protected]. 3 Orientador do trabalho. Professora-adjunta do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, e-mail: [email protected]

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O Jornalismo Esportivo na mídia regional: predominâncias no

globoesporte.com/tocantins1

Ana Luiza da Silva DIAS2

Liana Vidigal ROCHA3

Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar o globoesporte.com/to, identificando as predominâncias

presentes no jornalismo esportivo regional. Para tanto, foram selecionadas 38 publicações

durante oito dias consecutivos a fim de identificar os critérios de noticiabilidade

preponderantes nas postagens. Em seguida, foram listados os esportes que mais se

destacaram na amostra, utilizando a técnica de análise de conteúdo em uma pesquisa do tipo

descritiva. Os resultados são apresentados em tabelas ilustrativas que mostram o

predomínio dos critérios de rivalidade e de proximidade assim como a incontestável

presença do futebol como principal tema das pautas esportivas.

Palavras-chave: jornalismo esportivo; mídia regional; globoesporte.com; Tocantins.

Introdução

Um homem arremessando pedrinha na água. De acordo com Alcoba (2005 apud

SILVEIRA, 2009, p. 41), esse foi o princípio do esporte. Essa atividade logo foi

compartilhada com outras pessoas, se tornou lazer e passou a ser também competição.

Entretanto, para difundir a ideia de jogo, foi necessário utilizar a linguagem ou, no caso, a

comunicação. Com a propagação da prática, nascia, então, o esporte.

Uma peculiaridade do esporte é que ele consegue fazer com que pessoas de

diferentes lugares, religiões, idades e raças se unam com um só propósito: competir. Um

exemplo são os Jogos Olímpicos, que celebram a união das nações envolvidas no evento e,

apesar do clima de disputa, os atletas envolvidos apresentam, em sua maioria, um espírito

de cordialidade e de solidariedade. Em outros momentos, como no caso da Copa do Mundo

realizada no Brasil, o megaevento provocou mudanças políticas, sociais e econômicas no

país.

Para informar sobre os principais acontecimentos envolvendo os personagens e

elementos desse segmento, entra em cena o jornalismo esportivo, área de atividade cujo

1 Trabalho apresentado na Divisão Temática Jornalismo, da Intercom Júnior – XII Jornada de Iniciação Científica em

Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Estudante de Graduação 6º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, e-mail:

[email protected]. 3 Orientador do trabalho. Professora-adjunta do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, e-mail:

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interesse está voltado para os esportes e suas modalidades. Com o objetivo de levar a

informação jornalística para públicos específicos, foram criados também os veículos

regionais especializados.

O globoesporte.com chegou a todos os estados brasileiros com seções regionais

quando lançou o globoesporte.com/to, em junho de 2013. Dessa forma, além da cobertura

esportiva nacional, os internautas também passaram a ter acesso à cobertura local. O

globoesporte.com/to segue a linha editorial do nacional, mas com conteúdos voltados para o

regional, deixando o público mais próximo do que acontece a sua volta no que se refere a

esporte.

O primeiro passo para esta investigação foi fazer uma pesquisa bibliográfica sobre

jornalismo esportivo, mídia regional e critérios de noticiabilidade, que baseou-se nos

seguintes autores: Coelho (2003, 2004); Silveira (2009); Stycer (2009); Peruzzo (2005),

Erbolato (1991) e Lage (2001). A partir dessa construção teórica foi possível fazer a análise

de conteúdo em função do fato de que esta técnica permite a descrição sistemática, objetiva

e quantitativa das informações. Portanto, pode-se dizer que este trabalho trata-se de uma

pesquisa descritiva cujo objetivo é analisar as postagens do globoesporte.com/to a fim de

descobrir quais critérios de noticiabilidade e modalidades esportivas são mais presentes nas

publicações.

Esporte e História

O esporte pode ser considerado bem mais do que uma simples partida ou uma

disputa entre pessoas ou equipes. Ele é passatempo, mas é saúde; é referência quanto a

exemplo de vida; é profissão, mas é política; é espetáculo e também é negócio. Da prática

amadora ao de alto rendimento, o esporte tem mostrado a sua força através dos tempos,

sobretudo, quando associado ao capital e aos eventos de grande porte, como campeonatos

internacionais de futebol ou mundiais de diferentes modalidades esportivas.

Por todos esses fatores, pode-se afirmar que o esporte é um segmento altamente

rentável. Um atleta que tem um bom desempenho nas competições atrai a atenção da mídia

e fica em evidência. Dessa forma clubes e patrocinadores também aproveitam para explorar

esse fenômeno, criando situações e, até mesmo produtos, para obter vantagens. Esses

episódios podem ser associados, por exemplo, ao esporte espetáculo, cujo principal objetivo

é o lucro. Para Nathalia Ely da Silveira:

[...] é necessário distinguir esse tipo de esporte com a faceta educativa e

social do esporte, pois o atleta deixa de ser apenas o profissional da sua

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atividade, para seguir aquilo que o pagante pede, transmitindo a imagem

desejada pelo patrocinador (SILVEIRA, 2009, p.40).

Portanto, o registro das informações envolvendo os fatos e os personagens dessa

área é feito pelo Jornalismo ou mais especificamente do jornalismo esportivo. O jornalismo

esportivo é uma das vertentes do jornalismo especializado, que divide os vários assuntos

existentes e passa a ter um só tema como foco. No nosso caso o esporte é o tema principal,

mas que também pode ter outras ramificações como especialização em futebol, vôlei e

tênis, por exemplo.

Os primeiros jornais esportivos que circularam no mundo surgiram na Europa. São

eles: Journal des Haras (França - 1828), Sportman (Inglaterra -1852) e a revista El Cazador

(Espanha -1856). Em 1895, foi a vez dos norte-americanos darem atenção ao esporte com a

inclusão de páginas sobre o assunto no The New York Journal. O sucesso foi tão

significativo que os demais jornais se sentiram obrigados a cobrir também o tema. “Em

1926, o The New York Times publicou na primeira página e em colunas, com direito à

fotografia do boxeador Gene Tunney e um carro, recebendo homenagens dos torcedores

que festejavam a vitória dele” (SILVEIRA, 2009, p. 20).

No Brasil, a cobertura esportiva teve início com o futebol. Segundo Ribeiro (2007,

p. 20), Charles Miller “conheceu o jornalista que se tornaria nas duas décadas iniciais do

século XX a principal figura da imprensa esportiva brasileira: Mário Cardim, um jovem de

apenas 18 anos, que trabalhava no jornal O Estado de S. Paulo”. Os veículos impressos da

época publicavam mais informações sobre política local e nacional. O espaço para o esporte

era praticamente nulo, mas com o tempo o futebol, conquistou o interesse dos jornais.

De acordo com Paulo Vinicius Coelho (2004b, p. 08) os primeiros relatos esportivos

foram feitos em 1910, pelo jornal Fanfulla. O jornal se dedicava a descrever as partidas de

futebol amador dos imigrantes italianos que moravam na cidade de São Paulo. Um fato

curioso sobre o jornal é que ele não era escrito em Português, mas em italiano em função da

colônia a qual era dirigido (MESSINA, 2004, p. 5).

A prática cresceu ao ponto do periódico sugerir a criação de um clube de futebol.

Nascia assim o Palestra Itália que, anos mais tarde, se transformaria no Palmeiras. O jornal

ainda registrou momentos históricos do esporte brasileiro, como o surgimento do futebol no

Flamengo e os primeiros registros sobre basquete e vôlei no Brasil.

Não existia o que se pode chamar hoje de jornalismo esportivo. Mas não

fossem aqueles relatos e ninguém jamais saberia, por exemplo, quando e

qual foi o primeiro jogo do velho Palestra. Nem do velho Corinthians,

nem do Santos, nem que o futebol do Flamengo só nasceu em 1911,

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apesar de o clube ter sido fundado para a prática do remo 16 anos antes. A

primeira cesta no Brasil, o primeiro saque. Tudo foi registrado. Tudo meio

a contragosto. Porque nas redações do passado – e isso se verifica também

hoje em dia – havia sempre alguém disposto a cortar uma linha a mais

dedicada ao esporte (COELHO, 2003, p. 08)

A década de 1920 foi importante para o esporte, pois, ao publicar informações sobre

o segmento no jornal A Gazeta, Casper Líbero abriu as portas para os suplementos

destinados a divulgar os eventos da área. Em dezembro de 1928, nasce então A Gazeta –

Edição Esportiva, que mais tarde se transformaria em A Gazeta Esportiva, tornando-se

referência na crônica esportiva paulistana.

Figura 01: À esquerda, o primeiro registro sobre a formação do Palestra Itália no jornal Fanfulla

(agosto de 1914) e, à direita, a capa da edição esportiva do jornal A Gazeta em janeiro de 1929

Fontes: <http://www.jornalfanfulla.com> e <http://gazetapress.com> Acesso em 07 jul 2016

No Rio de Janeiro, ao contrário de hoje, o esporte mais popular da época era o remo,

e a partir dele começaram a surgir os times de futebol, como Flamengo e Vasco. O futebol

só começou a se popularizar depois que o Clube de Regatas Vasco da Gama aceitou

jogadores negros em seu elenco e foi campeão da segunda divisão carioca. Em 1933, com a

profissionalização do futebol, o jornalista Mário Filho viu a oportunidade de publicar um

jornal especializado em esportes (SILVEIRA, 2009, p. 22).

Os jornais do Rio de Janeiro foram os que mais deram espaço para os

acontecimentos esportivos. Em 1926, Mário Filho começou a escrever sobre esportes no

jornal A Manhã e em 1936 comprou o Jornal dos Sports (KONDER, 2008, p. 27). Foi

também nessa época que surgiram os primeiros “cadernos exclusivamente dedicados ao

esporte” (MESSINA, 2008, p. 5). O Estadão foi um dos últimos a dedicar um espaço

exclusivo para o esporte, só em 1960, após a Seleção Brasileira ter ganhado a Copa de

1958. Estava criada então a imprensa esportiva com jornalistas especializados no assunto.

A partir daí, as outras mídias perceberam quão vantajoso seria investir no jornalismo

esportivo para conquistar audiência. No rádio, a primeira partida de futebol foi transmitida,

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em 1931, por Nicolau Tuma, da Rádio Educadora Paulista. Até aquele momento, havia

apenas a transmissão de boletins informativos que divulgavam os eventos esportivos

(SOARES, 1994, p. 18). Já a Rádio Clube do Brasil, no Rio de Janeiro, foi a responsável

por transmitir o jogo entre Brasil e Polônia, na Copa do Mundo da França, em 1938, um dos

maiores eventos esportivos da época.

A primeira transmissão esportiva que os brasileiros puderam acompanhar pela

televisão foi um clássico paulista. A partida entre São Paulo e Palmeiras foi transmitida pela

TV Tupi, em 1950. Ainda na mesma década a TV Record começou a realizar transmissões

externas e logo passou a ser referência em cobertura esportiva.

Segundo Stycer (2009, p. 175), durante as décadas de 1940, 1950 e 1960, o

jornalismo brasileiro vai passar por importantes transformações técnicas, fazendo com que

jornais considerados com prestígio se distanciem dos mais populares ao adotar dois valores

consagrados na imprensa norte-americana. “Dois valores formam a espinha dorsal desse

modelo: liberdade de imprensa e objetividade” (STYCER, 2009, p. 175). Nessa época, A

Gazeta Esportiva (SP) e o Jornal dos Sports (RJ) se consolidam na área.

Devido ao aumento da popularidade desse segmento, o jornalismo esportivo passou

enfim a ser uma especialidade. O jornalismo esportivo, assim como o policial, era uma

editoria que não era valorizada no meio jornalístico. Isso porque as matérias eram escritas

de forma passional, cheias de emoção e sentimento.

Em todas as publicações, o que se faz é uma crônica esportiva. O futebol é

retratado com dramaticidade, há uma idolatria aos jogadores e um escrito

que tem por finalidade motivar o torcedor. Impreciso, sem muito

comprometimento com a realidade, com a objetividade e a imparcialidade,

questiona-se se tais vínculos podem ser considerados jornalísticos

(SILVEIRA, 2009, p. 22-23)

Para Coelho (2003, p. 09), era muito difícil conduzir uma redação esportiva no

século passado. O principal problema era o preconceito em relação ao público-leitor dos

diários esportivos. “O preconceito não era infundado, o que tornava a luta ainda mais

inglória. De fato, menor poder aquisitivo significava também menor poder cultural e,

consequentemente, ler não constava de nenhuma lista de prioridades”. Inclusive, o autor

aponta também essa questão para justificar o surgimento e o desaparecimento de jornais e

revistas sobre esportes ao longo dos anos.

Contudo, em outubro de 1997, é lançado o jornal Lance! que, de acordo com Stycer

(2009), trata-se de um experimento empresarial e jornalístico com características ímpares

na natureza da imprensa brasileira. Em formato tabloide e redações no Rio de Janeiro e em

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São Paulo, o diário esportivo foi o primeiro a ser lançado totalmente em cores no Brasil

além de apresentar textos para leitura curta e rápida. Ao criar o Lance!, Walter de Mattos

procura encarnar publicamente a “figura do novo homem de imprensa”. O empresário

associa-se a investidores do mercado financeiro e “dá como velhos e ultrapassados os dois

jornais que reinaram no mercado por mais de meio século, Gazeta Esportiva e Jornal dos

Sports” (STYCER, 2009, p. 307).

É também a partir dos anos de 1990 que muitos jornalistas esportivos migram para

os sites. Foi nessa época que Paulo Vinicius Coelho e outros colegas começaram no website

Lance!, mais conhecido como Lancenet!, que hoje é considerado uma das principais

referências de cobertura esportiva do Brasil. Com ênfase no futebol, o veículo procura

oferecer ao público informações sobre outros esportes que estejam em evidência, como

basquete, vôlei, Fórmula 1 e lutas.

Em abril de 2005, as Organizações Globo entram na briga pela audiência do

webjornalismo esportivo e lançam o globoesporte.com. Focado na convergência de

conteúdo dos programas esportivos produzidos pelos canais de TV do grupo, o site

aproveita e compartilha o material do Globo Esporte, Auto Esporte, Esporte Espetacular

(Rede Globo) além de SporTV e GloboNews (Globosat). “O conteúdo on-line funciona

como complemento da versão tradicional, não há uma competição, pelo contrário, ele serve

como mecanismo de fidelização da edição televisiva, como no caso do globoesporte.com”

(BORZILO, 2008, p. 03). Com a consolidação do site, foram lançadas as versões regionais

do veículo que, em pouco tempo, ajudaram-no a se transformar em um portal de jornalismo

esportivo.

Jornalismo esportivo regional: o globoesporte.com no Tocantins

De acordo com Cicília Peruzzo, o jornalismo local é “aquele que retrata a realidade

regional ou local, trabalhando, portanto, a informação de proximidade” (PERUZZO, 2005,

p.78). A mídia local segue características da mídia nacional e até aborda assuntos

semelhantes, mas procura manter proximidade com seu público. Ainda de acordo com a

autora, informação de proximidade é “aquela que expressa as especificidades de uma dada

localidade” (PERUZZO, 2005, p.81).

Contudo, a pesquisadora ressalta que há três fatores que prejudicam a mídia local:

primeiro, o tempo muito limitado pelas redes. Segundo, o horário disponibilizado para

exibição costuma ser muito cedo ou muito tarde. E terceiro, o padrão de enquadramento

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imposto pelas redes (PERUZZO, 2005, p. 72). Esse padrão faz com que a mídia local perca

um pouco da sua característica regional, por exemplo.

Uma característica observada é que a mídia local costuma utilizar fontes oficiais, o

que acaba por formar um jornalismo de aspas. Grande parte do conteúdo veiculado por ela é

gerado por assessorias de imprensa privadas e, principalmente, públicas. Essa ligação e

dependência do poder público podem deturpar e tirar a credibilidade da informação que vai

chegar ao público.

A mídia local tem também, no mínimo dois fatores que cooperam com a sua

expansão: crise financeira e globalização. Os assuntos nacionais e internacionais são

abordados pelo que se pode chamar de grande mídia e os assunto regionais são abordados

pela mídia local. É importante lembrar que até mesmo a grande mídia faz jornalismo

regional, como o Estado de S. Paulo, que também trata de assuntos da cidade onde o jornal

está instalado. Peruzzo considera que:

[...] a mídia de proximidade se constitui numa demanda regional e local.

Há interesse das pessoas em ver os temas de suas localidades retratados na

mídia, como também há interesse por parte da mídia em ocupar o espaço

regional com vistas a atingir seus objetivos mercadológicos (PERUZZO,

2005, p.83).

Nesse sentido, o globoesporte.com começou a criar páginas com conteúdo regional a

partir de 2011 com a ideia de integrar o conteúdo nacional com o local. Seguindo a mesma

proposta, em 2013, foi criado o globoesporte.com/to, que é uma página voltada para a

cobertura esportiva do estado do Tocantins.

O globoesporte.com/to segue a linha editorial do globoesporte.com nacional.

Embora haja espaço para todos os esportes, o foco do site é o futebol porque esse ainda é o

esporte de maior visibilidade. A equipe também procura optar por reportagens com

personagens de destaque no esporte ou algo curioso. Normalmente são feitas cerca de cinco

publicações por dia. O site publica material de assessorias de comunicação e também

vincula matérias de outras praças à sua página. No período de análise foram encontradas

publicações produzidas pelo globoesporte.com do Rio de Janeiro, Amazonas, São Paulo e

Roraima. É importante ressaltar que essas matérias possuem algum critério para estarem

vinculadas ao globoesporte.com/to.

Para ilustrar e complementar as publicações o globoesporte.com/to faz uso de

fotografias, vídeos, arte e às vezes infográficos. O site também utiliza hipertextos no meio

da matéria. Por exemplo, se uma notícia informa a contratação de um jogador de futebol

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pelo time X, então são incluídos dois links sobre notícias recentes do clube ou um link que

apresente a tabela do campeonato.

As publicações mais acessadas no site são sobre os campeonatos locais, tabelas e

matérias curiosas, principalmente as matérias que rendem repercussão no globoesporte.com

nacional. O globoesporte.com/to oferece espaço para participação do público, além de

enquetes, o internauta também pode enviar sugestão de pauta, fotos e vídeos no “VC no

Esporte”. A equipe do globoesporte.com/to é formada por dois estagiários e por uma

jornalista, que também é editora4.

Critérios de Noticiabilidade e Métodos

A matéria prima do trabalho do jornalista é a notícia, que pode ser entendida como o

“relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante, e este, de seu aspecto mais

importante” (LAGE, 2001, p. 54). Pesquisar, trabalhar e vender as notícias é a função

básica dos veículos jornalísticos. Milhares de informações são oferecidas ao público todos

os dias e mesmo assim nenhuma empresa é capaz de publicar todos os fatos que acontecem.

Por outro lado, é importante dizer que nem todo fato que acontece se transforma em

notícia. É necessário que haja um elemento atraente. Para criar interesse no leitor, a notícia

deve ter algumas características, como: ser inédita, recente, verdadeira, objetiva e de

interesse público. Lage explica que a notícia é constituída por dois componentes básicos: a)

componente lógico (organização relativamente estável) e b) componente ideológico

(elementos escolhidos segundo critérios de valor mutáveis).

Esse segundo componente pode ser associado ao que se chamou de critérios de

noticiabilidade que seriam “critérios de avaliação formal, considerando constatações

empíricas, pressupostos ideológicos e fragmentos de conhecimento científico” (LAGE,

2001, p. 92). Segundo Silva (2005, p. 96), “é no percurso dessa longa cadeia produtiva da

notícia que devemos investigar a rede de critérios de noticiabilidade, compreendendo

noticiabilidade como todo e qualquer fator potencialmente capaz de agir no processo da

produção da notícia”.

Os critérios não são fixos. Eles vão variar conforme os interesses da empresa e

principalmente do público. De maneira abrangente, as notícias podem ser classificadas

como locais, nacionais e internacionais. O jornal Folha de S. Paulo acredita que as notícias

podem e devem ser hierarquizadas. Stycer (2009, p. 176) fala sobre esses quatro níveis de

4 Informações obtidas com a equipe do site.

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hierarquização definidos pelo jornal: 1) notícias de interesse geral, capazes de modificar

estruturas políticas, econômicas, culturais, de uma cidade, um país, o mundo; 2) notícias de

utilidade pública, que afetam a vida cotidiana (saúde, educação, ciência, economia,

legislação etc); 3) notícias que causam comoção pública, com as quais o público partilha a

dor, a emoção etc; 4) notícias que contêm análises originais.

Vale ressaltar que cada veículo escolhe os seus próprios critérios para selecionar o

que é notícia. Portanto, foram elaborados alguns critérios de noticiabilidade para auxiliar na

compreensão da seleção das notícias. Para esta pesquisa, são utilizados os critérios

desenvolvidos por Mário L. Erbolato, jornalista, professor e pesquisador da PUC-

Campinas. No livro Técnicas de Codificação em Jornalismo, de 1991, Erbolato apresenta

24 critérios que, “embora não aceitos pela unanimidade”, são essenciais para chamar a

atenção do público. São eles: proximidade; marco geográfico; impacto; proeminência;

aventura e conflito; consequências; humor; raridade; progresso; sexo e idade; interesse

pessoal; interesse humano; importância; rivalidade; utilidade; política editorial do jornal;

oportunidade; dinheiro; expectativa ou suspense; originalidade; culto de herois; descoberta

e invenções; repercussão; confidências (ERBOLATO, 1991, p. 60).

Esses critérios são utilizados na análise feita no jornalismo praticado pelo

globoesporte.com/to. Para tanto, foram selecionadas 38 publicações do site veiculadas entre

os dias 29 de junho e 06 de julho. Esse período foi escolhido em função do término do

campeonato tocantinense de futebol para verificar justamente qual o tipo de notícia e os

critérios que predominam no site fora do período da realização da competição desse

esporte. Em seguida, é feita uma identificação e uma quantificação dos esportes mais

recorrentes nessas publicações com o intuito de aferir qual modalidade esportiva recebe

mais atenção por parte do veículo.

É possível afirmar que esta pesquisa teve como objetivos coletar, analisar e

interpretar dados referentes ao webjornalismo esportivo praticado no Tocantins por meio do

globoesporte.com a fim de sistematizar situações ainda pouco exploradas como os critérios

de noticiabilidade presentes no veículo regional. Por se tratar de uma pesquisa descritiva, o

artigo relata as principais características do site assim como procurou utilizar técnicas

padronizadas para a coleta de dados: oito dias em sequência; nos períodos da manhã, tarde e

noite; captura e armazenamento das imagens em arquivos separados por datas, print e

organização do material. Foi feita ainda uma pesquisa bibliográfica sobre jornalismo

esportivo, mídia regional e critérios de noticiabilidade com destaque para os seguintes

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autores: Coelho (2003, 2004); Silveira (2009); Stycer (2009); Peruzzo (2005), Erbolato

(1991) e Lage (2001). Para alcançar os objetivos, foi escolhida a análise de conteúdo como

técnica de pesquisa por entender que permite a descrição sistemática, objetiva e quantitativa

do conteúdo. Por fim, para ajudar na interpretação dos dados, foram elaboradas tabelas com

os dados coletados na tentativa de ilustrar os resultados.

Predominâncias no globoesporte.com/to

Conforme explicado anteriormente, foi feito o acompanhamento das publicações do

globoesporte.com/to durante oito dias consecutivos: de 29 de junho a seis de julho de 2016.

Nesse período foram captadas 38 publicações, seguindo uma média de cinco postagens por

dia (tabela 01).

Tabela 1 – Número de publicações captadas

Data Quantidade de Publicações

29 de junho 4

30 de junho 3

1 de julho 6

2 de julho 4

3 de julho 3

4 de julho 6

5 de julho 6

6 de julho 6

Total 38

Fonte: produção própria

De acordo com as informações obtidas junto à redação do globoesporte.com/to, por

dia, são feitas, em média, cinco postagens no site sobre assuntos relacionados a esporte.

Com base na tabela 01, é possível perceber que, no período analisado, essa informação se

confirmou, visto que, ao dividir o total de 38 publicações por oito dias, chega-se ao valor de

4,75 publicações/dia. O destaque fica para os dias 01, 04, 05 e 06 de julho com seis

postagens cada.

No caso do jornalismo esportivo, mesmo sendo uma área especializada, é possível

afirmar que a seleção das notícias obedece aos mesmos processos das demais editorias. De

acordo com Barbeiro e Rangel (2006, p. 14), o jornalismo esportivo deve seguir as regras

das outras especialidades, entre elas o tratamento com as fontes, a busca pela informação, a

perspicácia para identificar os diferentes ângulos da notícia e os critérios de noticiabilidade.

Opinião também compartilhada por Sousa (2005, p. 112) ao explicar que o jornalismo

esportivo trata-se de um segmento jornalístico como outro qualquer.

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Como em qualquer produto jornalístico, a seleção da notícia esportiva é

um processo norteado pelos critérios de notícia pelos critérios de

noticiabilidade universais à atividade de produção e transformação de

acontecimentos em fatos noticiáveis. Também no noticiário esportivo tem

mais chances de se tornar notícia o que é factual, que desperta o interesse

do público, que atinge o maior número de pessoas, que seja inusitado ou

curioso, que seja novidade e que apresente bons personagens (SOUSA,

2005, p. 112).

Por outro lado, Quaresma (2013) defende que o grau de noticiabilidade de uma

notícia de esporte apresenta discrepâncias quando comparado com o noticiário generalista.

Para o autor, “o tratamento que é dado a um determinado assunto pode variar tanto no

aprofundamento que é conferido a uma notícia como no ângulo que é privilegiado”

(QUARESMA, 2013, p. 61). Isso porque o jornalismo esportivo, em sua maioria, é regido

pela emoção e pela paixão, sobretudo, por parte do público consumidor. Nesse caso, a

notícia esportiva tenderia mais para o entretenimento, para a espetacularização do fato que

para a utilidade pública.

Na impossibilidade de montar um quadro composto pelos 24 critérios de

noticiabilidade propostos por Erbolato, decidiu-se apresentar no formato de tabela somente

os critérios identificados nas publicações com a sua respectiva quantificação. Durante a

descrição dos dados, esses critérios são melhor explicados para ajudar no entendimento da

pesquisa.

Tabela 2 – Critérios de Noticiabilidade nas publicações

Critério Nº de publicações Porcentagem

Rivalidade 12 31,57%

Proximidade 12 31,57%

Utilidade 04 10,52%

Interesse Humano 02 5,26%

Raridade 02 5,26%

Oportunidade 02 5,26%

Marco Geográfico 02 5,26%

Consequência 02 5,26%

Total 38 100%

Fonte: produção própria

Durante o período de análise do globoesporte.com/to, dos 24 critérios de

noticiabilidade propostos por Erbolato (1991), foram identificados apenas oito nas

publicações. São eles: i) rivalidade; ii) proximidade; iii) utilidade; iv) interesse humano; v)

raridade; vi) oportunidade; vii) marco geográfico e viii) consequência. Das 38 publicações

coletadas, 12 tinham como principal característica a rivalidade ou a proximidade,

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totalizando 24 postagens. Na sequência, o critério nomeado como utilidade aparece quatro

vezes. Já os critérios interesse humano, raridade, oportunidade, marco geográfico e

consequência aparecem com duas ocorrências cada.

A partir dessa quatificação, é possível perceber que os critérios de rivalidade

(31,57%) e proximidade (31,57%) são os mais utilizados pelo globoesporte.com/to,

representando um total de 63,14% no período pesquisado. Vale ressaltar que o critério de

rivalidade diz respeito aos campeonatos esportivos e à disputa de títulos, formando um

clima de antagonismo entre os participantes. Já o critério de proximidade é referente às

notícias locais e suas características, divulgando fatos que ocorrem “perto do leitor e a ele

ligado” (ERBOLATO, 1991, p. 61 e 63). Abaixo segue um exemplo de publicação

relacionado a cada critério (figura 02):

Figura 02: À esquerda, um exemplo de rivalidade; à direita, um exemplo de proximidade

Fonte: < http://globoesporte.globo.com/to/>. Acesso em 14 jul 2016.

Por outro lado, vale destacar que as notícias envolvendo utilidade, e que geralmente

são referentes à prestação de serviço e/ou informações úteis, ocuparam apenas 10,52% do

noticiário no período coletado. Os demais critérios – interesse humano, raridade,

oportunidade, marco geográfico e consequência – juntos ocuparam 26,3% das publicações.

Essas informações reforçam o interesse do veículo em apostar nas notícias ligadas à

disputa, um dos principais conceitos ligados aos esportes, assim como nas pautas que

abordem fatos que estejam ocorrendo (ou que ocorram) próximo ao público alvo. Apesar do

veículo afirmar que existe uma tendência em publicar histórias voltadas para o interesse

humano e/ou curiosidade (raridade), fica evidente que esses assuntos não são tão

recorrentes.

Após identificar os critérios de noticiabilidade que predominam no

globoesporte.com/to, foi feito o levantamento, a quantificação e a proporcionalidade

(porcentagem) sobre qual modalidade esportiva recebe mais atenção e consequentemente

ocupa mais espaço no site. Para ilustrar as informações, foi elaborada a tabela 03 (ver

abaixo).

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Tabela 3 – Esportes predominantes nas publicações

Esporte Quantidade de matéria %

Futebol 31 81,57%

Judô 1 2,63%

Ciclismo/ Mountain Bike 2 5,26%

Corrida 3 7,89%

Vôlei 1 2,63%

Total 38 100%

Fonte: produção própria

No período de análise das postagens do globoesporte.com/to, foi possível identificar

que o futebol é o esporte predominante no site, pois, das 38 publicações analisadas, 31

(81,57%) têm relação com o futebol. Em seguida, vem a corrida com três publicações

(7,89%), ciclismo com duas (5,26%), vôlei com uma (2,63%) e judô também com uma

(2,63%). Números poucos expressivos para uma diversidade de modalidades esportivas que

existente atualmente (figura 03).

Figura 03: Exemplos de publicações sobre outros esportes: judô, vôlei, ciclismo e corrida

Fonte: < http://globoesporte.globo.com/to/>. Acesso em 14 jul 2016.

O fato do futebol ocupar 81,57% das publicações não é uma surpresa, visto que o

próprio veículo afirma que a modalidade é o principal foco das pautas, “pois é o público (o

assunto) que mais dá audiência”. Contudo, mesmo com essa informação em mãos, havia a

possibilidade do futebol ter menos espaço no site em função do término do campeonato

tocantinense. Hipótese totalmente não comprovada neste estudo. Essas informações

revelam ainda a falta de investimento na diversificação das pautas, visto que poucas

modalidades foram abordadas. Em 38 publicações, apenas cinco esportes foram

contemplados.

Portanto, é possível afirmar que, mesmo em épocas fora da realização do

campeonato tocantinense de futebol, esse esporte ainda é o mais explorado pelo

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globoesporte.com/to, configurando-se em uma das predominâncias no site. Sobre a escolha

das notícias, ficou evidente a escolha dos critérios de noticiabilidade relacionados à

rivalidade e à proximidade, representando outra importante predominância no veículo.

Considerações finais

O esporte que começou como uma atividade de entretenimento entre as pessoas

passou a ser associado a sinal de boa saúde também, isso por causa dos benefícios que essa

atividade traz para o corpo. Outra característica que o esporte tem é a competitividade, e

dessa forma consegue atrair espectadores que são movidos pela emoção e pela paixão.

Diante dessa grande capacidade que o esporte tem em despertar interesse no público, a

imprensa começou a se mobilizar para acompanhar as competições esportivas. Dessa forma

nasceu o que hoje chamamos de jornalismo esportivo. Apesar de pouco valorizada nas

redações, o jornalismo esportivo ganhou espaço conforme os jornalistas foram se

profissionalizando nessa área.

Hoje, os eventos esportivos recebem uma grande cobertura midiática, como as

Olimpíadas e os campeonatos mundiais. Só que a grande mídia não consegue fazer a

cobertura de todos os eventos esportivos. E aí então que entra a mídia local para suprir a

necessidade que o público tem de acompanhar o esporte da região. Nesse sentido, o

globoesporte.com, de âmbito nacional, criou seções regionais de todos os estados, sendo o

globoesporte.com/to uma delas.

Durante a análise feita no globoesporte.com/to foi possível perceber que o site

realmente está voltado para a cobertura esportiva local. A equipe do site informou que eles

costumam fazer uma média de cinco publicações por dia e que o assunto principal é o

futebol. Essas informações foram confirmadas durante a análise das 38 publicações feitas

entre 29 de junho e seis de julho, sendo que 31 (81,57%) delas tinham relação com o

futebol.

No que tange aos critérios de noticiabilidade encontrados nas postagens, foi possível

perceber a predominância dos assuntos ligados à proximidade e à rivalidade, somando um

total de 63,14%. Essa predominância se justifica pelo site ser local e porque os esportes

envolvem disputa. Apesar da equipe do globoesporte.com/to informar que o site preza por

matérias de interesse humano, percebemos que essa prática não é muito comum, pois esse

critério foi encontrado em apenas duas publicações (5,26%) durante os oito dias de análise.

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