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Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2004, 5 (2), pp. 11 - 20 11 Relações entre Estilos Cognitivos e Interesses Vocacionais Mauro de Oliveira Magalhães 1 Universidade Luterana do Brasil, Canoas Verônica Martinuzzi Marco Antônio P. Teixeira Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 1 Endereço para correspondência: Rua Sinimbú 78 / 303, 90470-470, Porto Alegre, RS. Fone: (51) 3388 6152, Cel: (51) 9841 0034. E- mail: m[email protected] RESUMO Esta pesquisa investigou relações entre a teoria das personalidades vocacionais de J. Holland e a teoria da independência de campo de H. Witkin. Um teste de independência de campo e uma escala de interesses vocacionais foram aplicados a 186 estudantes (116 mulheres e 70 homens), com idades entre 16 e 18 anos. Os resultados mostraram diferenças entre os tipos de personalidade de Holland de acordo com a teoria da independência de campo. Sujeitos predominantemente investigativos obtiveram escores mais elevados em independência de campo do que os tipos artístico, social e convencional. Análises complementares indicaram que o grupo de sujeitos: realistas, investigativos e artísticos, obtiveram escores de independência de campo superiores ao do grupo de sujeitos sociais, empreendedores e convencionais. Estes resultados estão de acordo com a literatura, mostrando que as pessoas mais independentes de campo tendem a se interessar por áreas profissionais que exigem competências analíticas com ênfase no abstrato e no teórico, e baixo envolvimento interpessoal. Novas pesquisas fazem-se necessárias para replicar e expandir estes resultados. Palavras-chave: interesses vocacionais; estilos cognitivos; independência de campo. ABSTRACT: Relationships between cognitive styles and vocational interests This research investigated relationships between the theory of vocational personalities of J. Holland and the theory of field independence of H. Witkin. An instrument used to assess field independence and a scale of vocational interests were applied to 186 students (116 women and 70 men), with ages ranging from 16 to 18 years. Results showed differences between the Holland types according to the field independence theory. Predominantly investigative subjects showed higher scores in field independence than the artistic, social and conventional types. Additional analysis indicated that the group composed of realistic, investigative and artistic types exhibited higher scores in field independence as compared to the group composed of social, enterprising and conventional types. These results are in accordance with the literature, and show that more field independent people tend to be more interested in professional fields which require analytical competence with emphasis on abstract and theoretical aspects, and low interpersonal involvement. More researches are necessary to replicate and expand those findings. Keywords: vocational interests; cognitive styles; field independence.

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Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2004, 5 (2), pp. 11 - 20 11

Relações entre Estilos Cognitivos e InteressesVocacionais

Mauro de Oliveira Magalhães1

Universidade Luterana do Brasil, CanoasVerônica Martinuzzi

Marco Antônio P. TeixeiraUniversidade Federal de Santa Maria, Santa Maria

1 Endereço para correspondência: Rua Sinimbú 78 / 303, 90470-470, Porto Alegre, RS. Fone: (51) 3388 6152, Cel: (51) 9841 0034. E-mail: [email protected]

RESUMOEsta pesquisa investigou relações entre a teoria das personalidades vocacionais de J. Holland e a teoriada independência de campo de H. Witkin. Um teste de independência de campo e uma escala de interessesvocacionais foram aplicados a 186 estudantes (116 mulheres e 70 homens), com idades entre 16 e 18anos. Os resultados mostraram diferenças entre os tipos de personalidade de Holland de acordo com ateoria da independência de campo. Sujeitos predominantemente investigativos obtiveram escores mais elevadosem independência de campo do que os tipos artístico, social e convencional. Análises complementaresindicaram que o grupo de sujeitos: realistas, investigativos e artísticos, obtiveram escores de independênciade campo superiores ao do grupo de sujeitos sociais, empreendedores e convencionais. Estes resultadosestão de acordo com a literatura, mostrando que as pessoas mais independentes de campo tendem a seinteressar por áreas profissionais que exigem competências analíticas com ênfase no abstrato e no teórico,e baixo envolvimento interpessoal. Novas pesquisas fazem-se necessárias para replicar e expandir estesresultados.Palavras-chave: interesses vocacionais; estilos cognitivos; independência de campo.

ABSTRACT: Relationships between cognitive styles and vocational interestsThis research investigated relationships between the theory of vocational personalities of J. Holland andthe theory of field independence of H. Witkin. An instrument used to assess field independence and ascale of vocational interests were applied to 186 students (116 women and 70 men), with ages rangingfrom 16 to 18 years. Results showed differences between the Holland types according to the fieldindependence theory. Predominantly investigative subjects showed higher scores in field independencethan the artistic, social and conventional types. Additional analysis indicated that the group composed ofrealistic, investigative and artistic types exhibited higher scores in field independence as compared to the groupcomposed of social, enterprising and conventional types. These results are in accordance with the literature,and show that more field independent people tend to be more interested in professional fields whichrequire analytical competence with emphasis on abstract and theoretical aspects, and low interpersonalinvolvement. More researches are necessary to replicate and expand those findings.Keywords: vocational interests; cognitive styles; field independence.

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RESUMEN: Relaciones Entre Estilos Cognitivos e Intereses VocacionalesEsta investigación estudió las relaciones entre la teoría de las personalidades vocacionales de J. Hollandy la teoría de independencia de campo de H. Witkin. Un instrumento de evaluación de independencia decampo y una escala de intereses vocacionales fueron aplicados a 186 estudiantes (116 mujeres y 70hombres), entre 16 y 18 años. Los resultados mostraron diferencias entre los tipos de Holland de acuerdocon la teoría de independencia de campo. Sujetos predominantemente investigativos obtuvieron escoresmás elevados que los de tipo artístico, social y convencional. Análisis complementarios mostraron quesujetos realistas, investigativos e artísticos lograron escores más altos en independencia de campo que lossujetos clasificados como sociales, emprendedores o convencionales. Estos resultados están de acuerdocon la literatura y muestran que las personas más independientes de campo tienden a interesarse poráreas profesionales que exigen competencias analíticas con énfasis en lo abstracto y en lo teórico, y bajoenvolvimiento interpersonal. Nuevas pesquisas son necesarias para replicar y expandir estos resultados.Palabras claves: intereses vocacionales; estilos cognitivos; independencia de campo.

Os estilos cognitivos são variáveis importantes naidentificação de diferenças individuais (Messick, 1994;Endler, 2000). Especificamente, a dimensão estilísticadependência-independência de campo tem sido as-sociada a diversos aspectos da personalidade, taiscomo o uso de determinados tipos de mecanismos dedefesa, comportamentos sociais, preferências pordeterminadas atividades e ambientes, entre outros(Witkin & Goodenough, 1985; Endler, 2000). Poroutro lado, a tipologia dos interesses vocacionais deHolland (1997) tem demonstrado sua consistência ecomprovação empírica através dos anos (Gottfredson,Jones & Holland, 1995). Holland (1997) considerouque os inventários de interesse são na realidade in-ventários de personalidade, e que indivíduos que pos-suem interesses vocacionais comuns apresentamsimilaridades importantes em suas personalidades.Nesta pesquisa, foram investigadas as relações entreestes dois modelos de diferenças individuais.

A teoria da escolha ocupacional de HollandHolland (1997) propôs o conceito de persona-

lidade vocacional para designar o que considera avariável mais importante para entendermos a esco-lha vocacional de um indivíduo. Essa personalidadevocacional se desenvolve como o produto da here-ditariedade do sujeito, em interação com o ambienteem que vive e suas experiências singulares de refor-çamento. Essa combinação de eventos resulta numestilo particular de lidar com as situações da vida,sendo que o sujeito procura exprimir esse estilo nomeio físico e social que lhe é conveniente. Holland

(1997) postula que as pessoas e os ambientes denossa cultura podem ser caracterizados de acordocom seis tipos pessoais e ambientais, a saber: o rea-lista (R), o investigativo (I), o artístico (A), o social(S), o empreendedor (E) e o convencional (C). Aspessoas buscam ambientes e profissões adequadosà expressão de sua personalidade vocacional. Osindivíduos expressam uma ordem de preferênciapelos seis tipos de ambiente, e deste modo apresen-tam um perfil tipológico particular.

Holland (1997) afirma que sua teoria refere-se àexplicação de como as pessoas fazem suas escolhasocupacionais, o que as leva a mudar de trabalho e quaisfatores pessoais e ambientais são mais importantes paraa satisfação e realização profissional. De acordo com omodelo, a congruência entre o tipo pessoal e o ambien-tal irá influenciar a estabilidade, o sucesso e perseve-rança na escolha vocacional. Portanto, os seguintesconceitos são fundamentais em sua teoria:a) A escolha de uma profissão é uma expressão da

personalidade.b) Os inventários de interesses são inventários de

personalidade.c) Os estereótipos profissionais têm significados pes-

soais e sociais importantes, servindo como guiaspara tomadas de decisão relacionadas à carreira.

d) Os membros de uma profissão têm personalida-des similares e possivelmente histórias similares dedesenvolvimento pessoal.

e) As pessoas de um grupo profissional respondemde modo similar a muitas situações e problemas ecriam ambientes interpessoais característicos.

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f) A satisfação, a estabilidade e a realização profis-sional dependem da congruência entre a persona-lidade do indivíduo e o ambiente físico e social noqual trabalha.

Os seis tipos de personalidades vocacionaispostulados por Holland (1997) são brevemente des-critos a seguir. Note-se que as descrições apresen-tadas tratam de tipos extremos; na verdade, cadaindivíduo possui características de todos os seis ti-pos em maior ou menor grau, ainda que os atributosde um dado tipo possam predominar. A caracteriza-ção tipológica de um sujeito particular, portanto, nãoexige que ele apresente todos os traços usados paradescrever o tipo extremo ou ideal.a) O tipo realista (R): características de pouca so-

ciabilidade e baixa desenvoltura interpessoal, comtendência a deter-se nos aspectos práticos das si-tuações, utilizando coordenação manual e destre-za física. Portanto, está mais interessado emresolver problemas concretos que abstratos.Concentra-se mais no todo do que nas partes,busca uma visão ampla e simples dos fenômenos.Aprecia a objetividade de ações e decisões. Ele-ge metas, valores e atividades que implicam ma-nipulação objetiva. Em geral evita sobressair-seno ambiente.

b) O tipo investigador (I): concentrado em seu tra-balho, introvertido e sentindo-se pouco à vontadecom emoções mais intensas, ele tende a ser refle-xivo, ponderado e comedido em suas ações; comextrema curiosidade procura conhecer todos osdetalhes dos problemas. Aprecia tarefas que lhepossibilitam liberdade de pensar e agir, ou seja,não estruturadas e não rotineiras. Independentecom relação a vínculos grupais, preocupa-se maisconsigo mesmo. Aprecia situações que trazemdesafios à sua capacidade de pensar e refletir, semexigências de destrezas físicas. Busca a com-preensão dos fenômenos por meio da observa-ção, do estudo metódico e rigoroso, embora evitetarefas repetitivas. Prefere tarefas teóricas compouco contato com as demais pessoas.

c) O tipo artístico (A): caracteriza-se por apreciarcondições e oportunidades para expressar suasidéias e sentimentos. Utiliza-se da intuição e da

criatividade para conciliar os diversos aspectos darealidade e conseguir um entendimento das situa-ções. É sensível e emotivo, sendo capaz de per-ceber as reações das pessoas pela compreensãoempática. Embora tenda a apreciar o contato comos demais, pode também apresentar caracterís-ticas de introversão. Utiliza seus sentimentos,emoções, intuição e imaginação para resolver di-ficuldades. Com independência, confia nas suascapacidades para obter suas conquistas.

d) O tipo social (S): mostra-se como alguém sociávele interessado nas demais pessoas. Manifesta sensi-bilidade e responsabilidade na procura de auxiliar,orientar, tratar e resolver as dificuldades dos ou-tros. Gosta de sentir-se aceito e respeitado em suasatividades. Deseja chamar a atenção para si peloseu jeito expansivo e com desenvoltura verbal. Lidacom as situações por meio de sentimentos e me-diação interpessoal. Demonstra habilidade e inte-resse por interações sociais, a fim de auxiliar aspessoas, valorizando aspectos educacionais e tera-pêuticos na solução de problemas sociais.

e) O tipo empreendedor (E): uma pessoa decidida,interessada em dar resolução às dificuldades pormeio de suas próprias capacidades. Neste pro-cesso, age com liderança e convicção, buscandopersuadir os demais com suas idéias, a fim de al-cançar seus objetivos. Extrovertido, inclina-se porsituações novas e desafiadoras de cunho social,em que quer assumir a responsabilidade pelo em-preendimento e a autoria de suas vitórias. Comdestreza no trato com os demais, é hábil em resol-ver problemas que não envolvam reflexão inte-lectual. É ambicioso e otimista. Valoriza o sucessona política, na liderança e nos negócios.

f) O tipo convencional (C): é um tipo consciencioso,aplicado, observante de regras, interessa-se por ati-vidades que exijam precisão, organização e plane-jamento. Evita tarefas que não sejam bem definidas,pouco sistemáticas e de última hora. Apresenta ca-pacidade de organizar e administrar diversas situa-ções com prudência e cautela. Em atividadesrotineiras pode expressar-se com desenvoltura emquestões práticas e de relações interpessoais. Pre-ocupa-se com reconhecimento, posição social eganho material, valorizando o sucesso nos negócios.

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Estilos cognitivosA origem dos estilos cognitivos remonta ao tra-

balho pioneiro de Hermann A. Witkin iniciado nofim da década de 1940, quando ele investigou omodo como as pessoas percebem a dimensão ver-tical (Witkin & Goodenough, 1985). As pesquisasde Witkin levaram ao desenvolvimento de duas ta-refas de laboratório, Rod and Frame Test e BodyAdjustment Test, seguidos de um teste de admi-nistração individual chamado Teste de Figuras Mas-caradas.

H. A. Witkin e seus colaboradores encontra-ram alta consistência no desempenho de seus su-jeitos por meio das três tarefas. Foi constatado quea percepção de alguns indivíduos da dimensão ver-tical era bastante influenciada pelo campo visual ex-terno, enquanto outros percebiam a verticalidadede modo independente do campo externo. Essa di-ferença também se revelou na capacidade dos in-divíduos para descobrir figuras simples inseridas emoutras mais complexas. Enquanto alguns apresen-tavam dificuldade para discriminar a figura “mas-carada”, outros a encontravam imediatamente. Estesúltimos foram denominados independentes de cam-po, por sua habilidade em analisar e restruturar ocampo visual sem se deixarem influenciar pela es-truturação oferecida pelo experimentador. E osanteriores foram denominados dependentes de cam-po, por sua tendência a experienciar o campo per-ceptivo de maneira global ou fusionada, e a se deixarinfluenciar pela configuração de estímulos que lhesé apresentada. Assim, a dependência ou indepen-dência de campo são, em primeiro lugar, estilosperceptivos. Por outro lado, esses estilos tambémse manifestaram quando se tratava de restruturarou organizar representações simbólicas na formade pensar e na resolução de problemas (Witkin &Goodenough, 1985).

Os indivíduos caracterizados pela dependên-cia de campo encontram dificuldades ao tratarde problemas cuja solução implica em separar al-gum elemento do contexto no qual se apresenta, eem restruturar os dados de forma tal que o citadoelemento apareça utilizado num contexto diferen-te. Ambos estilos se diferenciam também na apti-dão para impor estrutura ao material simples e

ambíguo (não estruturado) e também a um mate-rial complexo do tipo verbal (agrupamento deconceitos, por exemplo). Os indivíduos caracteri-zados pela independência de campo tendem aperceber os elementos estimulantes de modo dis-creto, separados do seu contexto, quando o campoestá organizado (análise) e tendem a impor estrutu-ra sobre o campo e a percebê-lo organizado, quan-do este se apresenta com certa ambigüidade eescassa organização (estruturação). O contráriopode dizer-se das pessoas dependentes de cam-po. Esses conceitos aplicados ao processamentode informação, tanto a partir de uma configuraçãoestimular imediatamente presente (percepção),quanto a partir de material simbólico (pensamen-to), apontam a presença de uma ampla dimensãodas diferenças individuais no funcionamento cogni-tivo que Witkin e Goodenough (1985) denomina-ram articulação-globalidade.

Pesquisas subseqüentes sugeriram que essa di-mensão do funcionamento cognitivo não perpassasomente os domínios cognitivos e perceptuais mastambém outros domínios usualmente associados coma personalidade. De acordo com Messick (1994),os estilos cognitivos supõem hábitos generalizadosno processamento da informação, mas estes se de-senvolvem relacionados a traços de personalidadeque lhes são subjacentes. Portanto, não são apenashábitos, no sentido técnico da teoria da aprendiza-gem, já que não respondem diretamente aos princí-pios de aquisição e extinção, e não se mostrammodificáveis pelo treinamento.

A estabilidade e a penetração dos estilos cogniti-vos em diversas esferas do comportamento indicamque eles são aspectos bastante fundamentais no fun-cionamento da personalidade. De fato, aparecem in-timamente vinculados com variáveis ou estruturasafetivas, temperamentais e motivacionais, constituemuma parte da matriz determinante dos traços adapta-tivos, mecanismos de defesa e mesmo dos sintomaspatológicos (Shapiro, 1985). Nesta perspectiva, seaceitamos em expressão metafórica que o núcleo dapersonalidade se manifesta nos diversos domínios dofuncionamento psicológico (intelectual, afetivo, moti-vacional, etc.), o estilo cognitivo seria a manifestaçãodessa estrutura nuclear da pessoa na cognição ou, em

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outros termos, seria a expressão cognitiva da perso-nalidade total (De La Orden, 1985; Endler, 2000).

Independentes e dependentes de campo sãopropensos a expressar diferentes comportamentosinterpessoais de modo consistente com seu funcio-namento cognitivo. Ou seja, pessoas dependentesde campo têm mais tendência a reconhecer e apoiar-se nos esquemas dominantes de referência no seuambiente social para definir suas atitudes, crenças esentimentos, mais do que aqueles que são indepen-dentes de campo. Sendo assim, demonstram sensi-bilidade aos sentimentos dos outros e possuem maishabilidades interpessoais. Por sua parte, os indepen-dentes de campo tendem a separar mais nitidamenteo eu do não-eu, e adequar suas condutas a referen-tes internos. Desse modo, em contraste aos depen-dentes de campo, desenvolvem uma orientação maisimpessoal, com interesse no abstrato e no teórico(Witkin & Goodenough, 1985). Essa dimensão, queafeta tantos aspectos da personalidade, provavel-mente deve manifestar-se na conduta de escolha eorientação acadêmico-profissional dos indivíduos.Este é o tema do próximo tópico.

Estilos cognitivos e interesses vocacionaisAs relações entre independência de campo e

preferências vocacionais têm sido objeto de estu-do de algumas pesquisas (Alvi, Kahn, Hussain &Baig, 1988; Hammer, Hoffer & King, 1995; Tina-jero & Páramo, 1998). Os resultados têm confir-mado as expectativas logicamente deriváveis dascaracterísticas próprias de cada estilo. A indepen-dência de campo tem-se mostrado associada aointeresse por ocupações cujo domínio ou exercícioexige competência em análise e estruturação deestímulos, e que não salientam a implicação pessoalcom outras pessoas. Em contraste, a dependênciade campo se mostrou associada ao interesse porocupações de conteúdo social e que não exigemparticulares dotes analíticos e reestruturadores(Hammer e colaboradores, 1995; Leo-Rhynie,1985; Witkin, Moore, Goodenough, Friedman,Owen & Raskin, 1977).

Nesse sentido, indivíduos com estilo cognitivomais independente de campo mostraram interessepela matemática, física, química, pelas ciências na-

turais e as profissões apoiadas em sua utilização,tais como a engenharia e a arquitetura. Tambémdemonstraram interesse pelas profissões de médi-co, dentista e psiquiatra (mais nos estudos do quena prática), docência de matemática, ciências, e emescolas técnicas. Essas áreas exigem capacidadeanalítica e estruturadora. Outros exemplos de pro-fissões pelas quais sentem interesse são: diretor ougerente de produção, carpinteiro, agricultor e me-cânico. A independência de campo está associadatambém com o interesse artístico. Em contraste,os mais dependentes de campo não mostram inte-resse pelas profissões e áreas citadas, dirigindo-semais no sentido das profissões de serviço e ajuda:assistência social, sacerdócio, pedagogia, psicolo-gia clínica, etc. Também se mostraram interessa-dos na docência em nível elementar, no professoradode ciências sociais em todos os níveis e nos estu-dos de comércio, e profissões que implicam a per-suasão, tais como vendas e publicidade; e atividadesadministrativas que supõem relação permanentecom outras pessoas (Clar, 1971; Campos, Santacana& Nebot, 1988; Davis, 1990; Leo-Rhynie, 1985;Rupérez & Gómez, 1987; Tinajero & Páramo,1998; Van-Blerkom, 1986). Pode-se considerarque os independentes de campo dirigem-se a ati-vidades denominadas por Holland (1997) de in-vestigativas, artísticas e realistas; enquanto osdependentes de campo dirigem-se a atividades so-ciais, empreendedoras e convencionais.

Osipow (1969) sugeriu que os estilos cogniti-vos podem estar relacionados à tipologia vocacionalque Holland propõe. O autor obteve uma evidêncialimitada da relação entre independência de campo eas personalidades vocacionais de Holland, mas en-controu um suporte genérico para suas hipótesessobre a relação entre medidas de preferência voca-cional e estilos cognitivos.

Alvi e colaboradores (1988) investigaram a rela-ção entre a tipologia de interesses vocacionais deHolland (1997) e independência de campo. Os auto-res agruparam os sujeitos de acordo com a predomi-nância dos tipos de interesse vocacional de Hollandnos escores do SDS - Self Directed Search (Holland,1979). O nível de independência de campo foi men-surado pelo GEFT - Group Embedded Figures Test

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(Witkin, Oltman, Raskin, & Karp, 1987). Os tipos deinteresses investigativo, realista e artístico mostraram-se mais independentes de campo do que os tipos so-ciais, empreendedores e convencionais.

Usualmente considera-se que os interesses vo-cacionais desenvolvem-se a partir de experiênciasde vida que reforçam o gosto por determinados ti-pos de atividades mais do que outros. Com certeza,o ambiente físico e social tem um papel muito impor-tante nesse sentido. Contudo, como se pode obser-var a partir da literatura, as preferências vocacionaisparecem ser influenciadas também por uma caracte-rística fundamental do funcionamento cognitivo cha-mada dependência-independência de campo. Asevidências sugerem que, por trás da simples expres-são de um interesse, operam processos cognitivosbásicos ligados à forma como cada sujeito percebee integra os estímulos ambientais. Esse tipo de in-vestigação, ainda que não produza resultados quepossam ser aplicados diretamente à prática de orien-tação profissional, busca identificar variáveis que es-tão implicadas nos processos de tomada de decisãovocacional. O objetivo deste estudo foi, portanto,verificar, em uma amostra brasileira, se indivíduoscom diferentes tipos de interesse profissional predo-minante (conforme o modelo de Holland, 1997)apresentariam diferenças no nível de independênciade campo, replicando a pesquisa de Alvi e colabo-radores (1988).

MÉTODO

ParticipantesParticiparam do estudo 186 estudantes do en-

sino médio, matriculados em escolas particulares epúblicas de Porto Alegre e interior do estado do RioGrande do Sul, sendo 116 mulheres e 70 homens,com idades entre 16 e 18 anos.

InstrumentosGEFT - Teste de Figuras Mascaradas (Witkin

e colaboradores 1987): este instrumento constitui-se de 18 figuras geométricas complexas construídasde modo a mascararem outras oito figuras simples.Os sujeitos são solicitados a encontrar e assinalar ocontorno das figuras simples que estão apresenta-

das em nível de dificuldade crescente. Considera-seque a capacidade de desmascaramento significa queo sujeito possui habilidades de desestruturação ereestruturação perceptiva, isto é, possui um estilocognitivo caracterizado por maior independência decampo. Cada figura desmascarada (isto é, correta-mente identificada) corresponde a um ponto numescore máximo de 18. Considerando que o GEFT éum teste de rapidez, um método adequado para es-timar a fidedignidade é a correlação entre formasparalelas com idênticos limites de tempo. A correla-ção entre os nove elementos da primeira parte osnove elementos da segunda parte foi calculada se-gundo a fórmula de Spearman-Brown, resultandonuma fidedignidade de 0,82 para ambos os sexos(Witkin e colaboradores 1987).

Chave Profissional: este instrumento foi ela-borado por Jones (1996) baseado na teoria de per-sonalidades e ambientes ocupacionais de J. L.Holland (1997). Os sujeitos são solicitados a pontu-ar numa escala de três pontos a sua autopercepçãode características pessoais e interesses por deter-minadas profissões. O instrumento fornece escorespara cada tipo de interesse ocupacional e possibilitaverificar a hierarquia de interesses dos sujeitos. Nesteestudo, os índices de consistência interna (alfa deCronbach) para as escalas da chave profissional mos-traram-se satisfatórios, a saber: R (0,78), I (0,80), A(0,84), S (0,78), E (0,76) e C (0,81).

ProcedimentosColeta de dados: o pesquisador visitou as es-

colas a fim de apresentar o projeto e solicitou au-torização para a coleta de dados. As escolasdisponibilizaram um período de aula para a aplica-ção dos instrumentos, em data e horário definidospreviamente. Os sujeitos assinaram termo de con-sentimento livre e esclarecido para a realização dapesquisa.

Análise dos dados: inicialmente, os sujeitosforam designados a grupos de acordo com o tipo deinteresse vocacional predominante na tipologiade Holland (1997), ou seja, com o escore maisalto na escala de interesses. Sendo assim, consti-tuíram-se grupos com indivíduos de interesses pre-dominantes realistas, investigativos, artísticos,

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sociais, empreendedores e convencionais. Foramrealizadas análises de variância para comparaçãodos escores de independência de campo em fun-ção dos tipos predominantes de interesses voca-cionais.

RESULTADOS

Inicialmente, os sujeitos foram classificadosem algum dos seis tipos de Holland, conforme o tipopredominante de cada indivíduo (ou seja, o tipo comescore mais alto no instrumento de interesses utili-zado). A fim de verificar a existência de diferençasentre os seis grupos de tipos predominantes quan-to à independência de campo, foi realizada umaanálise de variância que indicou a existência de dife-renças significativas (p=0,047). Análises poste-

riores com o teste da menor diferença significativarevelaram que sujeitos com tipo predominante in-vestigativo obtiveram escores significativamentemais altos em independência de campo do que ostipos artístico, social e convencional (p<0,05). Se-guindo as sugestões de Alvi e colaboradores (1988),realizaram-se novas análises criando outros gruposa partir dos dois tipos predominantes em cada su-jeito. Assim, os participantes foram agrupados deacordo com os dois tipos de interesses vocacio-nais predominantes (independente da ordem), e ascomparações revelaram que os indivíduos RI apre-sentaram escores de independência de campo signi-ficativamente mais elevados do que os indivíduosES e SC na prova de Tukey (p<0,05). As freqüên-cias de sujeitos e as médias para cada grupo sãomostradas na Tabela 1.

O sujeitos também foram agrupados em gruposRIA e SEC, ou seja, de acordo com os tipos deinteresse teoricamente mais independentes e maisdependentes de campo, respectivamente. O grupoRIA foi formado pelos sujeitos com tipo predomi-nante R, I e A, e o grupo SEC por indivíduos comtipo predominante S, E e C (Alvi e colaboradores,

1988). As freqüências de sujeitos em cada grupo esuas respectivas médias em independência de cam-po são exibidas na Tabela 2. A análise de variânciamostrou que os sujeitos com interesses RIA obtive-ram escores significativamente mais elevados em in-dependência de campo do que os sujeitos SEC(p<0,01).

Tabela 1Médias em independência de campo em função dos tipos de interesse vocacional

Tabela 2Médias em independência de campo em função dos tipos de interesse vocacional

RI: Realista InvestigativoRA: Realista Artístico

IA: Investigativo ArtísticoEC: Empreendedor Convencional

ES: Empreendedor SocialSC: Social Convencional

opurG IR AR AI CE SE CS

aidéM 57,21 22,01 68,9 29,01 76,8 79,8

N 23 9 53 31 75 43

opurG AIR CES

aidéM 21,11 50,9

n 67 401RIA: Realista Investigativo ArtísticoSEC: Social Empreendedor Convencional

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DISCUSSÃO

Os resultados sugerem que sujeitos com perso-nalidades vocacionais predominantemente investiga-tivas tendem a ser mais independentes de campo doque sujeitos com interesses do tipo social, artísticoou convencional. Desse modo, confirma-se a des-crição feita por Holland (1997) do tipo investigati-vo, ou seja, pessoas que tendem a ser concentradasem seus trabalhos, introvertidas e reflexivas. Essacategoria de indivíduos aprecia tarefas não estrutu-radas que possibilitem processos de estruturação erestruturação cognitiva, associados à independênciade campo. Nesse sentido, o tipo investigativo prefe-re situações que tragam desafios cognitivos, tende aser independente com relação a vínculos grupais,preocupando-se mais com suas tarefas teóricas.Portanto, apresentam tendências marcadamente dis-tintas dos tipos social e convencional que, por suavez, evidenciam preferências associadas com a de-pendência de campo. Em relação ao primeiro, poreste estar atento ao contexto e às relações interpes-soais e, em relação ao segundo, por este preferiratividades estruturadas num ambiente estável. Sen-do assim, justifica-se a maior independência de cam-po do tipo investigativo em comparação aos tipossocial e convencional.

Holland (1997) referiu contrastes entre ascaracterísticas dos tipos realista, investigativo e ar-tístico em comparação aos tipos: social, empreen-dedor e convencional, respectivamente. Observa-seque os primeiros são descritos como mais impes-soais e voltados para tarefas analíticas ou criativas;enquanto os segundos como voltados para o en-torno social e atividades estruturadas. Em estudosanteriores, os independentes de campo mostraraminteresse pela matemática (Van-Blerkom, 1986),física, química e profissões apoiadas em sua utiliza-ção, tais como a engenharia e arquitetura (Campose colaboradores, 1988). Essas atividades são clas-sificadas por Holland como R, I e A . Os depen-dentes de campo revelaram interesse por profissõesde serviço e ajuda tais como: assistência social, sa-cerdócio, pedagogia, psicologia clínica, etc., e tam-bém por estudos de comércio e profissões queimplicam a persuasão, como vendas, publicidade e

administração (Leo-Rhynie, 1985; Rupérez & Gómez,1987; Tinajero & Páramo, 1998). Estas atividadessão classificadas por Holland como S, E e C. Por-tanto, resultados deste e de outros estudos sugeremuma tendência à polarização entre independênciade campo (RIA) e dependência de campo (SEC)na caracterização das personalidades vocacionaisde Holland.

Neste contexto teórico que vincula os interes-ses vocacionais à personalidade do sujeito, mais doque a determinados traços ou características singu-lares, o conceito de estilo cognitivo pode ocupar umaposição-chave dado o seu caráter de dimensão ge-ral descritiva do funcionamento intelectual do sujeitoenquanto reflexo de sua personalidade. Ou seja, suge-re-se a compatibilidade entre a teoria de H. Witkinsobre a diferenciação cognitiva (Witkin & Goodenough,1985) e a teoria das personalidades vocacionais deHolland (1997).

É preciso reconhecer que resultados de pes-quisas, como a aqui apresentada, são difíceis detranspor diretamente ao campo aplicado da orienta-ção profissional. No contexto aplicado da orien-tação existem inúmeros fatores que afetam oprocesso de decisão vocacional, muitos deles deordem social e econômica, além de outras variá-veis presentes nos ambientes de socialização maispróximos que, através de reforçamentos diferen-ciais, vão modelando o perfil de interesses indivi-duais ao longo da vida. Não obstante, o efeito queas variáveis externas têm sobre o sujeito dependedo modo como o mesmo percebe o mundo e pro-cessa as informações que recebe.

O estilo cognitivo como dimensão da perso-nalidade oferece uma alternativa válida ao enfoqueusual da diferenciação educativa e profissional cen-trada em aptidões ou habilidades. Os estudos na áreade preferências vocacionais têm focalizado prefe-rencialmente as competências associadas aos dife-rentes tipos de interesses, e pouco se sabe sobre ofuncionamento cognitivo subjacente a essas expres-sões de interesse. Novas pesquisas são necessáriaspara que se identifiquem outras variáveis individuaisque possam estar envolvidas no desenvolvimento dosinteresses vocacionais e nos processos de tomadade decisão vocacional.

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Recebido: 03/06/041ª revisão: 22/09/04

Aceite final: 18/10/04

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Sobre os autoresMauro de Oliveira Magalhães é psicólogo, orientador profissional, mestre em Psicologia do Desenvolvi-mento e professor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra).Verônica Martinuzzi é psicóloga.Marco Antônio P. Teixeira é psicólogo, doutor em Psicologia do Desenvolvimento, professor da Univer-sidade Federal de Santa Maria (UFSM).