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Internacional - Mountain Voices · 2012-07-18 · ao descobrir diversos centros, instrutores e institutos voltados diretamente ao Yoga para escaladores, a maioria deles nos Estados

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Internacional

Para a maioria de nós a escalada e tudo oque mais gostamos, representa uma pe-quena parte de nosso tempo. O trabalho eoutras atribuições ocupam a maior fatiade nossos dias, mas nada impede que,com determinação, força de vontade emotivação possamos modificar nosso es-tilo de vida e trazer para nosso corpo emente o que nos faz bem, não só mentalcomo fisicamente. Os cuidados com a ali-mentação e a maneira como praticamosexercícios e quais atividades praticadasao longo da semana podem ajudar nossaevolução na escalada e melhorar nossasaúde de forma geral. Desde o treinamen-to funcional, biomecânica, até amusculação pura e simples ou corrida ebicicleta podem ser importantes, mas re-centemente escaladores famosos comoChris Sharma, Steph Davis, Katie Brownentre outros adotaram o Yoga como estilode vida ou como exercício complementare vêm demonstrando alegria e satisfaçãocom os resultados. A novidade é a formadirecionada e específica que essa filoso-fia vêm sendo vivenciada para escalada.Ao pesquisar sobre o assunto, por esca-lar e porque pretendo iniciar minha forma-ção no Yoga, qual não foi minha surpresaao descobrir diversos centros, instrutorese institutos voltados diretamente ao Yogapara escaladores, a maioria deles nosEstados Unidos, como o Mount MadonnaInstitute ou o Arizona Climbing (Yoga &Rock Climbing for Women), também cur-

sos pela Tailândia, como o Yoga on theRocks no Island Yoga e formação de pro-fessores em Dubai, com o Yogalates.Ao que parece, vêm crescendo o conhe-cimento de que o Yoga pode estar asso-ciado com inúmeros benefícios relacio-nados não só com a técnica,performance e evolução na escalada,mas principalmente na maneira que oescalador vivencia a atividade, como po-demos nos relacionar com a respiração,com nossa movimentação corporal ecom a intensidade da nossa prática aoescalar. Dependendo do objetivo, pode-mos intensificar nossos momentos namontanha melhorando nosso foco, con-centração e relaxamento. Podemosaprender, por exemplo, através da medi-tação, a reduzir a ansiedade e o medo ea incrementar emoções positivas a cadamovimento. Podemos treinar nossamente a reagir de forma diferenciada emcada situação, motivando nosso lado es-querdo frontal do cérebro, o que estimu-la sentimentos como otimismo, confian-ça e felicidade. Manter a mente quietaem momentos difíceis mantendo o focoem seu corpo e em como você se sentee principalmente, na sua respiração, sãopráticas do Yoga que podem favorecersua escalada.A maioria das posturas ou ásanas doYoga favorecem o equilíbrio, apropriocepção e balanço corporal dosescaladores. Praticar movimentos comos olhos fechados, estimulando o equi-líbrio, a permanência favorecendo o auto

conhecimento corporal, o tônus musculare mesmo posturas mais exigentes de-senvolvendo uma maior flexibilidade fa-zem com que o Yoga complemente nos-sa escalada, além de incorporar uma prá-tica saudável com uma série de ganhospara nosso dia a dia. A prática pode traba-lhar músculos importantes que geralmen-te utilizamos em vias mais exigentes, einclusive, há posições específicas paraescaladores, como diz a instrutoraMichelle King do AdventureYogi, da Ingla-terra. Alguns trabalham o fortalecimentode pernas e panturrilha, como o ArdhaChandrasana, outros costas e músculosabdominais como o Dharunasana e in-clusive os dedos podem ser fortalecidoscom movimento como o Padahastasana.Mesmo a postura de relaxamento, aSavasana, onde no final da prática per-manece-se deitado praticando opranayama ou técnicas respiratórias,pode ser comparado ao finalzinho de umavia, depois de momentos de dificuldade,onde simplesmente tomamos conheci-mento de cada parte de nosso corpo, con-centramos na respiração e nos deixamoslevar. I had to let go and be in the moment,diz Annie Anderson do Yoga for climbers.A prática de Yoga com ênfase nos exercí-cios respiratórios e posturas de alonga-mento também ajudariam a diminuir ascrises asmáticas e favoreceriam os paci-entes de artrite e problemas reumáticos,uma vez que auxiliam na capacidade res-piratória e aumentam circulação sanguí-nea. E assim como toda e qualquer ativi-

dade física, se bem feita, regula pressãoarterial, cura depressão e ansiedade, aca-ba com a insônia e faz com que todossintam aquela vontade e prazer de se cui-dar, comer melhor e se sentir bem, mes-mo depois de um dia extenuante de tra-balho e, principalmente, se a atividade au-mentar a disposição para a escalada dofim do dia ou final de semana.Também a postura de auto superação ealta performance das práticas de yoga fa-vorecem um comprometimento maior nasdemais áreas da vida, relaçõesinterpessoais, trabalho, meio ambiente etambém na escalada. Valorizar a atitudeética, a egrégora ou grupo, o bem estarfísico, o gerenciamento das emoções, ospensamentos edificantes, a intuição eespiritualidade, todos esses valores doyoga, podem ser aplicados ao ambientede escalada o que favoreceria osurgimento de indivíduos mais interes-santes socialmente e, do particular aocoletivo, favoreceria melhores valores deconvivência, tranquilidade e responsabi-lidade. Portanto, podem realmente valera pena práticas físicas que elevem nãosomente nossa capacidade técnica, deresistência, força e flexibilidade como tam-bém aquelas que fortaleçam nosso sen-tido de compaixão, mente quieta e cora-ção aberto. Namastê!Orientação: Leandro Vignoli (MétodoSwásthya de Alta Performance,Cassino,RS).

ALESSANDRA ARRIADA | RS

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Faço parte do “clube dos 30”, mas a novageração deve lembrar, ou, ao menos sa-ber, como funcionavam um Autorama ouum Ferrorama. Eles tinham um jogo bási-co de pista ou trilhos, onde por mais cria-tivo que você fosse o carrinho ou trem da-riam milhares de voltas no mesmo circui-to até que as pilhas descarregassem ouvocê se desmotivasse e enjoasse deles.A escalada no Brasil até alguns anos atrás,passou por diferentes formas de se mon-tar seus circuitos, mas sempre deu voltasem um modelo fechado, sem muita inova-ção ou expansão. Porém, esse cenáriotem se modificado graças à iniciativa emcomum de pessoas que visam a constan-te evolução do nosso esporte e percebe-rem que os circuitos dentro do seu próprio

quarto se tornariam insuficientes para sa-tisfazer seus limites e buscaram pistasexternas, maiores e mais rápidas,com umcenário mais amplo de maquetes com-pletas, do que somente uma simples pon-te ou túnel que já vinha dentro da sua cai-xa de brinquedos. A nova geração deorganizadores de competições de esca-lada tem alçado voos distantes e elabora-dos, na busca de resgatar tudo o que já foifeito no passado e diga-se, de extrema im-portância, para transformar tudo isso emeventos inovadores, levando e divulgandoa escalada até o grande público, atenden-do toda uma comunidade sedenta de bonseventos.Assim como um evento, umacompetição ou treino tem início, meio efim, os círculos de organizações, entida-

des, competições eescaladores nascem,crescem, amadureceme,por sua vez, acabamse fechando,diminuindoou passandopor longos períodos deestiagem mas, para asorte de todos, de tem-pos em tempos, renas-ce uma geração que sedispõe a recomeçar oupelo menos tentar nãoperder tudo o que já foiconquistado até então.A escalada passa poruma fase importante desua história de competi-ção. O IFSC vem seestruturando há váriosanos para uma arranca-da final na tentativa de in-cluir, de uma vez portodas,a escalada comoesporte olímpico, e esseinteresse tem feito comque nos organizemos detalmaneira, que tudo re-lacionado às competi-ções internacionais, estáem um nível muito alémdo que estamos acostu-mados, e isso é um fatoque deve ser vivenciadotanto para atletascomopara todos envolvidos naorganização geral:juízes, route-setters, fis-cais e até mesmo o pú-blico, que é parte funda-mental em uma compe-tição. Estar presente emuma prova internacionalé sem sombra de dúvi-das um fator essencial emotivador para quemestá conectado com ascompetições ou eventosde bom nível. Obviamen-te estamos tratando delocais onde a escaladaé vista como parte inte-grante da cultura e queos fundos captados paraissosão de cifras muitoalém da realidade naci-onal. Mas definitivamen-te 2012é o ano em que orenascimento deste cír-culo está anunciado nasentrelinhas da histórianacionale vem ressur-gindo com força renova-da.

A inciativa da Adrena em marcar 2012como divisor de águas com o anúncio deum circuito brasileiro de Boulder veio emuma fase onde a modalidade se expandiude tal forma, que já estava se tornandoconstrangedornão termos um campeona-to desta magnitude, e aliado a uma fasede reestruturação e renovação por partedas entidades representantes da escala-da por todos os estados, este evento veioem boa hora, com uma estrutura itineranteincrível, uma equipe excelente agregandotodos os níveis, idades e categorias daescalada e até visando às tendências in-ternacionais. O circuito conta este ano coma categoria “paraclimbing”, já inserida nocampeonato mundial,além das categori-as de base, com a molecada fazendo a

festa e mostrando sua vontade de com-petir e prestigiar os eventos. Além do im-portante passo com essas categorias, atendência tecnológica também vem ino-vando, com a utilização de IPADS para secomputar os pontos e colocações, ga-rantindo uma agilidade para a organiza-ção e atletas, dando um exemplo até parao IFSC;já o estilo de montagem das li-nhas não pode deixar de se adaptar aoque está sendo utilizado lá fora, e isso,graças a uma equipe de ponta, trouxepara a etapa de São Bento do Sapucaí -SP uma diversidade e equilíbrio excepci-onal para a prova, uma vez que o intuito épreparar e enviar atletas para provas in-ternacionais, portanto tudo tem de estaro mais próximo possível da realidade eparâmetros, e o fato de os eventos esta-rem acontecendo em áreas abertas e pú-blicas, a torcida, que é parte fundamen-tal, está presente em peso, garantindouma boa vibração.O trenzinho de brinquedo que por muitosanos ficou rodando em um circuito fecha-do e que durante um tempoficou até en-costado por falta de pilhas e energia,agora é colocado nos trilhos novamente,para rodar em um circuito muito além dassimples voltas em torno da cama, poisseus trilhos receberam uma extensãoque só o tempo pode parar, poissua lo-comotiva está equipada com pilhas al-calinas recarregáveis.E para a escalada não é diferente, restacolocar em prática e saber reconhecer oreal valor de tanto esforço, de tantaspessoasdedicadas com um único obje-tivo: aceitar que podemos sim chegar ater os mesmos moldes das organizaçõesinternacionais, criando gerações desdecedo capazes de aceitar a escalada comoum esporte tão acessível e reconhecidocomo tantos outros que conquistaramseu espaço ao longo dos anos.Hoje, te-mos o respaldo de uma entidade forte, oIFSC, mas principalmente temos a mai-or ferramenta de todas, “o parâmetro”, eisso foi adquirido por atletas que muitosanos estiverem fora participando e ven-do o que estava “rolando” por aí, tantoem termos de treinos mas também ven-do as organizações nas competições.Com ele nosso norte está bem definido,saber o quê, e como era a escalada, e noque ela se converteu na Europa e EUA éter o melhor referencial de onde temosque chegar, assim como nós atletas,sempre nos espelhamos em um nome,time ou ícone, a organização geral noBrasil hoje conta com esta linha a seralcançada.Este texto tem início, meio e fim, mas nãosignifica que ele se fecha e acaba, daquidois meses outro texto entra em cena, ahistória da escalada é bem mais com-plexa para se quantificar em meses ouanos, o fato é que ela é tão promissora,que realmente acredito que daqui unsanos esta publicação bimestral seja in-suficiente para cobrir uma quantidade equalidade de eventos que não podemdeixar de ser comentados.Parabéns à equipe Adrena, Prefeitura deSão Bento do Sapucaí, CBME, Femesp,APEE, Montain Voices, Evolv, SterlingRope, 4Climb, Conquista, Solo, SOS Sa-patilha, BelêPad, Top Physioe a todos queestão ajudando e incentivando o desen-volvimento da escalada no Brasil. Obri-gado! Belê, atleta apoiado: Conquista,SOS Sapatilha, BelêPad, 4climb, Casade Pedra.

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quadrado, na área plana frontal à serra. Oquadrado é recoberto por uma grama cui-dadosamente aparada – pelas capivaras,que dela se servem como alimento. Nopiso de uma das celas há o depoimentode um preso: é necessário conhecer o so-frimento para avaliar a felicidade. Acho umabsurdo que este belo conjunto não te-nha ainda sido restaurado, em mais umtestemunho de nosso desapreço pelopassado.

As AssombraçõesComo costuma acontecer em locais desofrimento e violência, houve muitos rela-tos de vozes e aparições ao longo da his-tória da ilha. Estes foram aumentadospela queda de um avião em 1957, comquase 30 mortos. Se você for sensível,talvez capte o peso da dor nas celas hojeabertas à luz do sol, onde as grades e osmuros parecem tão inocentes e insensí-veis em relação a este passado cruel.Os Filhos da IlhaVocê ouvirá esta curiosa expressão quan-do visitar a ilha. Há quinze anos, são as-sim chamados todos aqueles que um diamoraram nela, sejam civis, militares ouantigos presos, bem como seus descen-dentes. São eles que, junto com o Par-que, credenciam os monitores e irãorecebê-lo quando você estiver lá.As Trilhas

Vista aérea da Ilha Anchieta

Existem apenas duas trilhas visitáveis, in-felizmente ambas curtas, com não maisde 3 km ida e volta, mas bonitas, largas esombreadas. A mais interessante é a doSaco Grande, no lado sul da ilha, umaespetacular enseada rochosa invadidapela espuma branca do mar revolto, quepode ser contemplada do alto de uma ín-greme escarpa. Ao contrário, a Praia doSul é uma bucólica extensão de areia, de-corada por amendoeiras e banhada porum mar manso.

O PotencialMas a Ilha Anchieta tem a possibilidadede outros caminhos, mais longos e inte-ressantes. A pequenina Praia do Leste éhoje fechada para pesquisa, mas é es-pecial no seu isolamento. A ilha tem qua-se 15 km de costões, com belas vistaspara o agitado mar ao sul, que poderiamser parcialmente percorridos. E o Pico doPapagaio (345m) deve propiciar umaampla visão do litoral desde a Lagoinhaaté Ubatuba e, em especial, da Praia daEnseada e do Saco da Ribeira, que lhesão frontais.A VisitaVocê deve seguir com antecedência asregras para agendamento, informe-se noendereço [email protected]. A vi-sita deve ser necessariamente acompa-nhada por monitor. Se seu grupo for pe-

queno, procure uma embarcação de alu-mínio, são as únicas com preço adequa-do – apesar de mais rápidas e seguras,as lanchas só compensam para gruposde seis ou mais. Um dia será suficientepara conhecer a ilha – e para mergulharno seu costão norte, com visão dos pei-xes nos dias de verão. Apesar de restrita,a Ilha Anchieta é muito graciosa, com umaspecto pitoresco que você não encon-trará nas praias do continente e nas ilhasmaiores.

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on the rockspublicações

LUCIANO FERNANDES | SP

Qual seria a sua reação, se soubesse que poruma economia de 2% no orçamento, o seu es-tado fecharia quase 1/4 dos parques existen-tes?Acredito que somente por esta pergunta muitaspessoas estariam em polvorosa.Pois foi exatamente esta situação que o estado

da Califórnia, que é um dos estados mais ricosdos EUA, colocou para a sua população. Seriao equivalente ao estado de São Paulo tomar amesma decisão fechando locais como PETARou a Pedra do Baú.O mais irônico nesta “economia” de orçamentoé que a quantia poderia ser facilmente econo-mizada sob outros aspectos, como por exem-plo, o corte de gastos e mordomias na câmarade deputados.Análises à parte, a decisão tomada foi: fecharas portas dos parques.Com o fechamento, estes ficariam expostos avandalismo, degradação e até mesmo destrui-ção clandestina.Os produtores do filme “TemFirst 70” resolveram não ficar só lamentando erealizaram um documentário em que captaramimagens de cada um destes parques que iriamser fechados.Foram visitados todos os parques em um espa-ço de três meses.Nesta viagem os produtoresaproveitaram para além de captar imagens, en-

trevistar funcionários dos parques,frequentadores assíduos e líderes comunitá-rios. O resultado deste esforço foi um filmetocante, e mesmo possuindo várias críticascontundentes às decisões políticas em ques-tão.Procurando durante a execução realizar umareflexão filosófica do impacto disso tudo. Oresultado disso é um filme poético e emocio-nante. A decisão de ser um filme queconscientizasse, mas sem possuir um cunhoativista ambientalista foi a escolha correta.Com boas animações gráficas, e uma narra-ção em que não há alteração do tom, o filme édesde já um excelente exemplo de que comofazer um filme de ativismo ecológico sem de-sagradar ou cansar. Ficou claro que nele nãohá espaço para os “eco-chatos”.O filme “The First 70? tem como seu maiormérito ser poético sem ser piegas.A todo o momento o filme se esquiva de reali-zar muitas lamentações e procura mostrar so-

luções para os problemas. Com isso o filmeusa de técnicas conhecidas de autoajuda ede motivacional de maneira sutil e eficiente.Com uma sequência de imagens de beleza es-tética indiscutível, o filme transcorre em seuspouco mais de 30 minutos de maneira a pas-sar a sua mensagem de que é possível simfazer este tipo de decisão ser revertida.A produção tem como grande qualidade tam-bém o fato de também retratar os exemplosem alguns parques que encontraram soluçõese reverteu o fechamento.Estas soluções foram as mais diversas: des-de parceria com empresas de cidades próxi-mas aos parques e até mesmo um abaixo as-sinado entregue por crianças e filmado pelamídia para pressionar políticos.Com uma edição primorosa o filme ensina demaneira bem suave e emocionante como é pos-sível fazer o próprio sistema funcionar a favorda ecologia.Seria algo a poder melhorar usar o recurso delegendas para que identificasse qual lugar es-tavam retratando, já que foram percorrido cadaum dos 70 parques estaduais que estariamameaçados. A produção do filme foi totalmen-te bancada utilizando um site de “crowd found”.O site Kickstart.com teve participação funda-mental na realização do projeto. Quando pos-tularam para a realização a intenção era arre-cadar cerca de US$ 35.000 para cobrir osgastos. O valor total arrecadado foi mais deUS$ 57.000. Até o momento o filme foi exibidoem sessões de cinema especiais e pela internetpara quem colaborou com a iniciativa.Valor este que os produtores assumiram o com-promisso público de utiliza-lo para a produçãointegralmente.Produção como esta engrandece enormemen-te a realização de filmes outdoor, e de cunhoecológico. Conseguido com a sua elegânciade imagens e simplicidade de roteiro mostrarque é possível sim fazer um filme ativista queagrade desde os moderados até os mais radi-cais.Ainda não está confirmado que o filme sejaexibido este ano de 2012 no Brasil, seja emfestivais de cinema voltados para ecologia,nem no Festival de Filmes de Montanha.

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Para quem tem uma mountain bike revisada na mão e os devidos equipa-mentos de segurança como capacete, faróis e uma pequena mochila paralevar uma maquina fotográfica, um par de sapatilhas, água, lanche, câ-mara de pneu e bomba de ar, entre outras coisas, certamente irávivenciar momentos únicos e inesquecíveis nas inúmeras opções de rolesexistentes por aqui.

Partindo da cidade de Itajubá, pegamos aestrada principal que da acesso a cidadede Piranguçu - MG, por asfalto até a cidade.Da cidade em diante começa a parte baca-na do circuito, iniciando em estrada de ter-ra bem plana, seguindo em direção a VilaMaria, bairro que faz divisa de MG e SP, quetem como um atrativo especial uma lindarepresa (Usina São Bernardo, que junto àaltitude do vilarejo, forma uma das maisbelas paisagens da região).Seguindo as Margens da Represa semprepela sua direita chegamos ao asfalto queliga Campos do Jordão a São Bento doSapucaí. Ali subimos um trecho de asfaltoaté a virada da Serra, que tem um acessode estrada de terra que vai até a Pedra doBaú, que é o ponto final do pedal, tendo aliuma visão privilegiada da Pedra e tambémde todo Vale de São Bento do Sapucaí.Um atrativo de pedal na cidade de Itajubá -MG, é o circuito da Serra dos Toledos, queé uma região que oferece uma das opçõesmais rápidas para se curtir uma cachoeira.Pedalando bem de leve, iremos chegar acachoeira do Corredor onde é possível re-laxar a mente em meio a mata ciliar aindapreservada. Seguindo serra acima, passa-remos pela cachoeira do Dique que tam-bém merece uma breve pausa para foto-grafia e contemplação. Subindo mais umpouco estaremos bem próximos a Pedri-nha, um perfeito campo escola para ativi-dades verticais onde é possível praticar to-das as modalidades da escalada e dorapel. Já que estamos ali, podemos ir co-nhecer o bairro da Peroba, um vilarejo situ-ado a mais de 1.300m de altitude commoradores super hospitaleiros que fazem

questão de prosear com você por algunsminutos, ou melhor, por algumas horas!Partindo para uma das regiões mais friasda Mantiqueira, temos o pedal clássicoDelfim Moreira x Passa Quatro. Um pedalde vários atrativos naturais e com certezauns dos mais desafiadores da região.Tomando um café tradicional na cidadede Delfim Moreira é com certeza iniciar opedal com o pé direito, pois de inicio já seencara uma serra de 14 km até a divisacom Marmelópolis - MG. Nessa serra apaisagem não muda, são centenas deAraucárias que a cada km conquistado vãose multiplicando. Chegando a virada daserra a paisagem já começa a ganharuma forma diferente, ganhando a vista dobelo Maciço do Pico dos Marins que estasituado na parte alta da Mantiqueira a2.422m de Altitude, no Município deMarmelópolis .Chegando ao Município é hora de abaste-cer a caramanhola em varias minasd’água à beira da estrada, que até a cida-de de Passa Quatro é abundante. Seguin-do o pedal partimos sentido a cidade deVirginia até o bairro do Morangal, pegan-do no bairro um atalho que corta a cidadeganhando tempo no trajeto. Chegando aofinal desse atalho já deparamos de frentecom a enorme Serra Fina, aonde se en-contra a Pedra da Mina, a quarta maiormontanha do país com 2.798m de altitu-de. Seguindo até o final do desvio chega aparte divertida do pedal, que trata de umadescida alucinante até a cidade de PassaQuatro, que com charme, acaba as mar-gens da linha de trem ainda ativa na cida-de.

Minas Gerais é conhecida em todo Brasilcomo uma das regiões mais propicias parapratica do Montain Bike, tendo assim osmelhores atletas da atualidade na modali-dade. Na Mantiqueira encontra-se trilhaspara todos os tipos de pedais, desde aque-les que apenas querem curtir as belas pai-sagens que a Mantiqueira oferece, e atéaqueles atletas que buscam treinar e me-lhorar suas técnicas e habilidade em tri-lhas de alto nível de dificuldade..Uma dica de um pedal para quem estabuscando um melhor rendimento em com-petições é a volta dos Borges. Tendo inicioa cidade de Wenceslau Braz – MG, o pedalé asfalto em um curto trecho até uma en-trada de estrada de terra. Seguindo emsentido da Fazenda da Onça, que fica nobairro do Charco. Já de inicio encara-seuma serra não muito forte de 12 km, po-rém, constante e sem folga até o Charco.Do bairro em diante continua subindo po-rem com umas restas intercalando até oportal do horto florestal de Campos doJordão.Já na esquerda do portal encontra-se uma trilha, aonde em meio à mata fe-chada e bem técnica, com erosões e mui-ta areia solta, cortando toda parte alta daserra até chegar ao bairro dos Borges.Chegando ao bairro é hora de repor asenergias tomando a tradicional Tubaína.Dali em diante inicia uma descida longaaté o bairro do São Bernardo, que temcomo atrativo umas das cachoeiras maisbelas da região. Do bairro em diante a es-trada vai descendo todo vale passando porvilarejos e bairros até retornar ao asfaltoque da acesso a cidade de WenceslauBraz.

Com certeza esse é um pedal que é denível superior aos demais da região, poisenvolve tecnica do ciclista, resistência etambém habilidade de mecânica, pois emgrande parte do pedal na parte alta daserra não se encontra casas, assim ten-do que usar de seus próprios recursospara manutenção da bike caso precise.Com circuito finalizado de partida e che-gada a cidade, totalizam 60 km de pedal,sendo a metade em trilhas técnicas, dan-do mais emoção a quem procura apri-morar suas habilidades e curtir todos osquilômetros rodados pelas trilhas daMantiqueira.Junto a essas trilhas citadas da regiãoda Mantiqueira encontram-se outras queestão espalhadas a cada cantinho des-sa região maravilhosa e rica em aspec-tos naturais.Trilhas que hoje são muito bem sinaliza-das e muito visitadas, podem ser encon-tradas aos arredores da cidade hospita-leira de Gonçalves - Mg.Rodeada de be-las trilhas e cachoeiras é uma bela dicapara quem quer encontrar um pedaltranquilo em meio a mata nativa .Entre essas trilhas e cidades citadas, éapenas um convite para quem é amantede aventura outdoor.Venha para Mantiqueira e vivencie oMontain Bike com mais adrenalina eemoção!

Atleta de Montain Bike. Curtlo.TribooMontanhismo. Central Bike.

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A escalada em Pancas iniciou foi há mui-tas décadas atrás, em 1959 com a con-quista da Pedra da Agulha através dalonga Chaminé Brasília com 450 metros.Uma via que foi considerada durante mui-tos anos umas das mais difíceis do Bra-sil, e que conta com poucas repetições,tamanha sua complexidade considera-da até os dias de hoje.Depois dessa conquista, as imponentesmontanhas da cidade ficaram adorme-cidas por parte dos escaladores. Pas-saram-se 41 anos para um novo cumeser escalado em Pancas. Foi então queem 2000 a Pedra da Gaveta ganhou umavia em seu paredão frontal (ParedãoCarlos Bernardo, 5º VIIa D4 E4, 600m).No ano de 2008 foi conquistada a Pedrada Jararaca (Natureza na Passarela, 4ºV+ A1 D1, 100m) na rodovia que dá aces-so à cidade. E em 2009 foi conquistadaa Pedra do Operário (MissPanca, 4º VA1 D2, 330m): um paredão encravadodentro da cidade.

A maior frequência de novas escaladasno município vem acontecendo nos últi-mos três anos. Em 2010 foram conquis-tadas a Pedra da Cara (Face Oculta, 4ºIV+ D2 E3, 290m), por uma bela arestacercada pelas imponentes Agulha, Ga-veta e Camelo. A Pedra da Mula (Cor deMula Quando Foge, 6º VI+ D3 E3/4,150m) no distrito de Lajinha foi escala-da por um grande diedro que levou atéum enorme buraco que dá nome à pe-dra. A Pedra do Camelo (Deserto Verti-cal, 6º VIIa D4 E5, 500m) foi escaladaatravés de um sistema de fissuras echaminé. E paralelo às tradicionais, umpoint de escalada esportiva começou aser desenvolvido.Em 2011 a Pedra do Jacaré (Casa daMãe Joana, 4º VI D2 E3, 330m) - locali-zada dentro do Córrego do Palmital -recebeu sua primeira via. E depois de52 anos a Pedra da Agulha ganhou suasegunda via (Paredão Bernardo Collares,

4º VIIa D4, 600m), que segue uma lon-ga aresta pelo lado oposto da chaminé.E neste ano de 2012 duas vias foramconquistadas até o momento. Na Pe-dra da Boca (Irara, 4º V D1 E2, 240m)foi aberta uma via na parte detrás dogrande negativo que dá nome à pedra.E recentemente a Pedra do Jacaré ga-nhou sua segunda via (Terceiro Elemen-to, 4º V D2 E3/4, 530m), que segue alinha de maior extensão da montanha.E ainda existem outras três vias queestão para ser finalizadas em breve.Este é o cenário atual da escalada emPancas: 15 vias que caracterizam porserem escaladas no estilo tradicional.A maioria são ‘vias de face’ pelosparedões que contam agarras e muitoscristais, e protegidas com grampos echapeletas. E outras que mesclam cha-minés e fendas fazendo-se o uso de pro-teções móveis, e se caracterizandocomo escaladas ‘de aventura’.

Nos últimos anos a cidade de Pancas tem ganhado um olhar mais especial por parte dosescaladores, que vem visitando o município com mais frequência decorrente da alavancada nasconquistas à partir de 2010. Resultando em escaladas no estilo tradicional que vão até os 600metros de extensão, e cortam faces de paredões de grande beleza paisagística. Tudo isso reuni-do na extensa cadeia montanhosa do Monumento Natural dos Pontões Capixaba.

Belas caminhadas também são possí-veis na região dos Pontões Capixaba,sendo a subida da Pedra do Camelo aque destaca. É uma ‘escalaminhada’que intercala trechos de costões emata, e sobe por detrás da montanhaatingindo a parte mais alta da ‘cabeça’do Camelo. Do cume o visual é fantás-tico, podendo ser observado a cidadede Pancas encravada entre o vale e cer-cada pelos paredões.Outra opção de caminhada é peloCórrego do Palmital, que segue por tri-lhas em meio à mata, passando porriachos, e o tempo todo rodeada pelagrandes montanhas ao entorno.Com essas características já consoli-dadas e um potencial visível para aindaser explorado, Pancas vem se tornan-do um destino certo para omontanhismo, e para grandes escala-das no Espírito Santo.

Oswaldo Baldin é escalador apoiado por Con-quista, Snake, Resseg, Camp e Cassin /www.oswaldobaldin.com.br

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Foto:Ana Luiza A.Brejetuba é um jovem point de escaladacom muito potencial, localizado na cidadepaulista de Cruzeiro no bairro Brejetuba,por isso o nome. Do bairro já se tem visãoda pedra. Ela está localizada em terrenoparticular onde não tem taxas de visitação,apenas restrições feitas por escaladoreslocais com relação há novas conquistas,pois já existem alguns projetos.São 30 minutos de caminhada morro aci-ma, onde se tem visão da Pedrao todo otempo, partindo da estrada de terra, que éonde se deixa o carro. Para quem quiser irde ônibus, tem circular que para na entra-da da trilha saindo da rodoviária de Cru-zeiro sentido o bairro Brejetuba ouEmbauMirim.Para ter acesso a trilha, é preciso passarem duas cercas de arame farpado, ondepedimos para evitar problemas com asvacas que estão no pasto onde fica a ro-cha.A trilha é íngreme com grande potencialpara erosão.Os frequentadores locais jácomeçaram um trabalho de manutençãoe contenção da trilha quase na base darocha, e também no acesso da paredeprincipal para o setor dos negativos da di-reita.O solo na trilha é bem frágil, e pedimospara os visitantes evitarem fazer novosacessos e desvios da trilha já definida.Minha primeira visita a este belo local foicom meu grande amigo Leonardo Lopesjunto com Lorran Rimold em 1998. Nessaépoca só existia uma via que um alemãohavia conquistado, sendo três enfiadas,onde a primeira era feita em artificial e comos grampos “P” virados para baixo tendouma parada em um Piton e mais um gram-po “P”, seguindo a segunda enfiada da li-nha para a esquerda e depois para cimacom graduação de 5º grau até o final davia. O primeiro a escalar essa via em livrefoi o Lorran, e ele sugeriu a graduação deVIIa francês que é um VIIIa no Brasil, man-dando de primeira. Hoje essa via é a clás-sica do lugar.Nesse meio tempo, foi construída no Gi-násio Poliesportivo de Cruzeiro uma pare-de de escalada na quadra de futsal, a qualajudou bastante à turma na evolução dapegada. Eu mesmo cheguei a sair váriasvezes de Itamonte com o Leo para irmosescalar nessa parede que era bem baca-na. Ela tinha seis metros de altura por qua-tro de largura, onde escalávamos guian-do ou de top rope.Isso fomentou bastanteo montanhismo da região, trazendo muitoentusiasmo para a turma. Nessa épocaeu ainda usava kichute, o qual usei pordois longos anos, e me diverti muito.Após isso o point começou a ser mais fre-quentado, surgindo outras novas conquis-tas que foram a Songamonga V, a MarvadaVI e a Sucuri V, que era em móvel, onde foiminha primeira experiência com equipa-mentos dessa natureza com o Alexandre.Hoje em dia o local conta com dois seto-res bem definidos, sendo o setor principalonde ficam as paredes maiores chegan-do a 80 metros de altura e o setor da direi-ta, o mais frequentado, que tem as pare-des de inclinação negativa com vias deaté 25 metros.Em meados do ano de 2001, eu e omontanhista e escalador Marcel Rainer deCaxambu-MG, demos inicio a uma lindavia no setor da direita na parede dos ne-gativos. Fizemos a conquista de baixo paracima no batedor, fixando sete grampos “P”,e precisamos somente de um buraco declif para conseguir a progressão para fe-char o projeto inicial. Meses depois, quan-

do eu e Thiago Mendes tambémde Itamonte, estávamos finali-zando essa conquista, após tercolocado mais dois grampostambém no batedor, estenden-do a via até um platô, fui dar umaexperimentada para sentir comotinha ficado a brincadeira e emum ponto de descanso já na vi-rada do teto, passandomagnésio na mão direita, a agar-ra que eu estava segurando sequebrou e acertou o meio daminha testa, nascendo assim onome da via que ficou A TerceiraVisão.Essa via trouxe fortesescaladores da região do entor-no para frequentarem o local,como Juliano Magalhães deResende e seus parceiros AlmirNeves, o Alicate, Valdinei Batistae Eduardo Luigi, que deixaramuma linda conquista também naparede dos negativos, de nomeBlack Power VIIa.Pouco tempo depois iniciei umanova conquista com minha pri-meira furadeira junto de MarcelRainer,localizada mais a direitana mesma parede dos negati-vos, denominada Dor de Coto-velo, ela fica a direita da via Trin-cheira.Hoje o local conta com 18 viasque variam de V a IXA, sendo al-gumas de escalada em móvel.O tipo de rocha é o gnaisse. Ocroqui esta no site da RockTripResende no linkh t t p : / / r t r . 11 0 m b . c o m / p g /croquibreje.htm cedido pelogrande montanhista, escaladore conquistador Juliano Maga-lhães.Minha ultima visita ao Brejetubafoi apenas para escalar, com aboa companhia do amigoJordano Foltran Pazim, moradorde Cruzeiro. Em breve mais no-ticias das novas conquistas nolocal.Como ChegarO principal acesso é feito pelaBR 116, para quem vem dosEstados de São Paulo, Rio deJaneiro e regiões Norte e Sul dopaís. Já para quem vem de Mi-nas Gerais, Espírito Santo e re-giões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o acesso é feito pela BR393. Rodovia Presidente Dutra,no sentido Rio-São Paulo podeentrar no Km 25 e passar pelacidade de Lavrinhas ou no Km33,5 entrando na Rodovia Hamil-ton Vieira Mendes, chegando aocentro da cidade. Para quemvem do sul de minas pela Rod.52- Rodovia Dr. Avelino Junior, che-gando no trevo vira a direita sen-tido Cachoeira Paulista. Vindopela Estrada Itajubá / Piqueteentra no trevo em Piquete a es-querda segue em frente até o tre-vo do Embaú e vira novamente àesquerda sentido Cruzeiro.”(Fonte Rock Trip Resende).

Felipe Guimarães é guia demontanha e escalada, tem oapoio da “Velo Sport” e é donoda empresa Picus.

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O que te levou ao montanhismo?A essência da montanha sempre esteve pre-sente na minha vida. Quando criança costuma-va caminhar pelos bosques e florestas com a mais pura sintonia e reverência. Hoje, adulto,faço grandes travessias e difíceis e grandesvias de escaladas. A minha primeira escaladafoi o paredão “CEPI”, uma via ferrata na faceoeste do Pão de Açúcar no início na década deoitenta. Nesta época eu morava na Urca e atéhoje eu faço o CEPI como uma atividade de exer-cício a mais.

E sua aproximação com a montanha?Eu tinha um vizinho italiano que era alpinista, eleme emprestava alguns equipamentos. Fazíamoso CEPI com muita frequência. Em 1986 foi o anodefinitivo, resolvi sair um pouco do CEPI e pas-sei a frequentar algumas vias de escalada quepudesse guiar .Em 1987 meu amigo teve quevoltar pra Itália, antes dele partir ele me deu umoito e algumas costuras expressas, olhou den-tro dos meus olhos e disse: “Sempre que vocêquiser escalar uma via, nunca peça a ninguémpara te levar. Treine fisicamente, tecnicamentee psicologicamente e vá. Mas antes de tudo,saiba onde esta indo, saiba onde esta pisan-do.’ Compreendi perfeitamente a mensagem ; nomesmo ano convidei meu amigo Luiz Cláudio“Pita” Bitencurt, que mora atualmente na Grécia,para fazer o CEPI e passamos a escalar pormuitos longos anos .Vale lembrar que na época não existia loja deequipamento de escalada no Brasil, meu primei-ro baudrier comprei com o falecido Rainildo, ex-sócio do clube CEB .

Porque a escalada em solo te atrai?A escalada solo é um estilo muito bonito, escalarsem a segurança da corda para segurar umaeventual queda é uma situação para poucos.Solei recentemente a Leste do Pico Maior deNova Friburgo. A Leste do Dedo de Deus e achaminé Galloti no Pão de Açúcar. Algunsescaladores acreditam que solar uma montanhase resume em treinar para passar o crux comfacilidade. É isso também, mas o que realmenteconta é o conjunto de vários fatores sutis queinfluenciam diretamente quando solo uma via.

Quais são os seus principais projetos deescalada para este ano?Pretendo fazer um documentário de escaladapara o cinema e algumas conquistas. Como surgiu à ideia da sua conquista davia Nova Era na face sudeste da Pedra doSino no P.N. da Serra dos Órgãos?A ideia inicialmente surgiu em 2008 quando es-tava no navio do Greenpeace Artic Sunrise;mostrei algumas fotos do paredão do Sino parao argentino Pablo Loranzo, excelente escalador de big wall ele gostou muito da linha onde pre-tendíamos conquistar a nova via e providenciouum patrocínio no banco Itaú, pois ele era casadocom a dona do Banco.Pablo alguns meses depois me disse que haviadesfeito o seu casamento e que não iria assinaro contrato do patrocínio . Então finalmente con-segui algum patrocínio e apoios e partimos parao objetivo em agosto de 2011. Foi uma das viasmais exigente e difíceis que conquistei. Foi pos-sível escalar 90% da via em livre. A conquistademorou 45 dias. Se tornou a maior e a maisdifícil escalada da Pedra do Sino e uma das maistécnicas do Brasil .

Como você vê a transformação do Rio deJaneiro para receber os jogos olímpicose qual o impacto das mudanças da vida docarioca e do esporte de montanha?Pode se dizer que o Rio de Janeiro é a capital domundo, ou seja, a cidade do momento; em brevetoda a imprensa internacional e toda a atenção

mundial se centralizará aqui. Vários eventosaconteceram e muitos ainda estão por vir comopor exemplo as Paraolimpíadas, Rock in Rio,Jogos Militares, Copa do mundo de Futebol,visita do Papa a disputa dos Jogos Olímpicos,teremos a Rio+20, Conferência das NaçõesUnidas sobre o desenvolvimento sustentávelque será realizada em junho deste ano; assimé conhecida por que marca os 20 anos derealização da conferência das Nações Unidassobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, (Rio92) e deverá contribuir para definir a agendado desenvolvimento sustentável para as pró-ximas décadas. O objetivo da conferência érenovar o compromisso político para asustentabilidade mundial, avaliar o progressoe apontar as lacunas na implementação dosresultados da Rio 92, como também enfrentaros novos desafios emergentes.O esporte de montanha tem um futuro, maseles também tem uma história. Tivemos os 100anos da conquista do Dedo de Deus, monta-nha que estabeleceu o marco definitivo da es-calada brasileira, teremos o open boat o naviode última geração do Greenpeace cada deta-lhe foi pensado para ser energeticamente efi-ciente e sustentável e para reduzir a pegadade carbono o navio Rainbow Warrior estará ancorado no Pier Mauá para visitação publicadia 12 de junho e etc. Quanto às mudanças davida dos cariocas eu diria que todos esseseventos acontecendo aqui fortalecem muitoas relações diplomáticas e a vida de todo cida-dão brasileiro.

Hillo como você vê o impacto ambiental eos problemas causados pelo crescimen-to acelerado do número de escaladorese montanhistas?Este assunto é muito complexo, eu posso iralém disso. O ecossistema das montanhas doRio de Janeiro é característico da Mata Atlânti-ca secundária. Ainda existem resquícios dasmatas originais nos pontos de difícil acesso; olixo o descuido os incêndios intencionais vemdescaracterizando este lugar tão especial, ointenso uso das trilhas tem causados grandeserosões em alguns trechos. Tenho observadouma nova geração de jovens e crianças quede forma natural e espontânea cuidam mais danatureza. Em geral as pessoas ainda tem umolhar pessimista em relação às mudanças ne-cessárias para evitar o agravamento dos pro-blemas ambientais causados pelo homem. Noentanto vale destacar que é preciso valorizaras pequenas coisas as pequenas novas atitu-des no cotidiano da sociedade, afinal são elasque podem transformar o futuro. Nósmontanhistas temos a condição de escolherque futuro queremos para nós temos, que en-corajar um comportamento sustentável , temosque melhorar a nossa mentalidade e desenvol-ver um olhar em relação à Terra pra que pos-samos então sentir-se parte dela e conviverrespeitando, devemos estender o nosso olhara todos os seres com as quais interagimos econvivemos.

Você escala todos os dias?Tenho muro de escalada em casa. Escalo to-dos os dias mas tenho treinado pouco, corro10 km 3 vezes na semana, ando de bicicletaentre 100 e 200km por semana e nado no marpor 40 minutos, faço muita caminhada pesada.Estas atividades me ajudam muito na parteaeróbica.

Quais as modalidades da escalada quemais te agradam?Gosto de escalar os mais variados estilos pos-síveis : big wall, boulder, aderência, fendas,chaminé, escalada artificial móvel, escalada es-portiva, escalada tradicional, agarras, dentreoutras. É importante e necessário escalar mui-tos e diferentes tipos de escalada e de ro-chas, isso fortalece o psicológico e desta for-

ma escalamos com mais segurança e mais con-fiança.Quais os escaladores que mais te influ-enciaram desde o início?Os escaladores que me influenciaram foramKátia Torres, Sérgio Tartari, Alexandre Portelae o Paulo Macaco (Paulo César Bastos).

Onde você começou a escalar big wall?Na face sul do Corcovado, que é praticamenteo quintal da minha casa. Big wall é uma modali-dade para poucos; para guiar um big wall nãobasta estar escalando graduação elevada, amente precisa estar forte, ou seja, o psicológi-co precisa estar bem. Esse é um dos fatoresque mais passa segurança em um big wall. Aexperiencia também conta, é claro. Qual o big wall mais belo que você já es-calou?Todos os big walls tem sua beleza os mais bo-nitos do Brasil são sem dúvidas a via CrazyMuzungus no Garrafão e a Agulha do Diabo,ambos no Parque Nacional da Serra dos Ór-gãos. Li em uma revista que a Agulha do Diaboesta entre as dez montanhas mais bonitas domundo. E quanto aos campeonatos de escaladas.Como vê e qual sua relação com as com-petições?Parei de competir no ano 2000. Participei de qua-se 300 competições entre elas a seletiva doExtreme Games e vários campeonatos brasilei-ros e sul americanos. Na década de oitenta ascompetições tinham boas premiações, nos diasatuais vejo uma decadência neste sentido.

Onde você mais gosta de escalar?São muitos os points de escalada : Salinas,Serra dos Órgãos, Minas Gerais, Curitiba, RioGrande do Sul, Goiás , Florianópolis e nordestedo país que possuem um grande potencial delugares para se escalar. Quando estou no Rioeu frequento muito o Campo Escola 2000, aBarrinha e a Urca que é considerada um dosmaiores centros urbanos de escalada do mun-do por causa do acesso rápido as base dasvias. Você tem patrocínio atualmente? Quaissão os seus patrocinadores?Sim. Deuter, Princeton Tec, Sea to Summit eSafra Wine Store.

Como se interessou pelas ações promo-vidas pelo Greenpeace?- Quem me influenciou a entrar no Greenpeacefoi o trabalho realizado pelo oceanógrafoJaques Yves Cousteau, mundialmente conhe-cido por suas viagens de pesquisas a bordo doCalypso.Jacques Cousteau criou uma sociedade paraproteger a vida no oceano, aquela que sempreo apaixonou. Escreveu, filmou e inventou meiospara poder permanecer mais tempo e em me-lhores condições debaixo de água. Nomeada-mente, inventou, em parceria com Emile Gagnan,o Aqua-Lung, um cilindro de ar portátil que osmergulhadores usam para respirar. Outra dassuas façanhas foi provar que o homem, apesarde não ter guelras, podia vi ver debaixo d’água.Construiu uma casa submarina, onde sua equi-pe viveu durante um mês a 100 metros deprofundidade. Desde criança sempre lia tudosobre Cousteau, assisti todos os seus filmes.Conquistei uma via em sua homenagemJaquesYves Cousteau no Morro do Babilônia.

Houve alguma escalada que já o fez pen-sar “o que estou fazendo aqui?”. Se sim,qual foi e porque?Já estive em diversas situações muito difíceisna escalada; sempre estou preparado parasituações diversas ,em algumas vias de esca-lada é quase sempre possível calcular os

O polêmico escalador Hillo Santana fala um pouco da sua visão sobre o montanhismo e a escaladano Brasil.

serios riscos que estão por vir nas iminentescordadas . E as condições climáticas.

Muitos escaladores desejam escalar gran-des vias como Atalho do Diabo ou Traga-dos pelo Tempo, qual seria sua recomen-dação de treinamento para objetivos comoestes? - Sugiro que escalem nas falésia da Barrinha eCampo Escola 2000, lá teremos base para ir noAtalho, vias tradicionais em paredes ajudammuito também. A Tragados é um via muito exi-gente, tem lances em livre obrigatório, mas nadaimpossível se o escalador realmente quiser fa-zer com um pouco de treino e muita força devontade ele faz a via que quiser basta, mentalizarforte se organizar e partir pro objetivo. Escaladores sempre tem uma meta, deum grande desafio a superar. Qual seumaior desafio ou desejo de escalada daatualidade?Todos os escaladores tem alguma meta na es-calada. Por enquanto meus projetosestão encaminhados, estão em tramites.

Hoje, o destino de muitos escaladores bra-sileiros no verão é a Patagonia, algoraríssimo alguns anos antes.Como vê este aumento para este tipo deescalada alpina?Este ano muitos brasileiro fizeram o cume doCerro Chalten Fitz Roy e do Cerro Torre e diver-sas agulhas. Pretendo fazer a Afanassief nopróximo verão se o tempo estiver favorável porlá. Para você Hillo, escalar no muro artificialajuda mesmo a escalar grandes paredesou o melhor treinamento é mesmo a ro-cha?Os dois treinos, muro e rocha, e vários outros,ajudam nas escaladas de grandes paredes etambém a alimentação equilibrada. A seu ver, qual é o fator mais importanteem uma escalada comprometedora, comelevado grau de exposição, a técnica, aexperiência ou o psicológico? Por quê?Em uma escalada comprometedora a pessoadeve esta preparada psicologicamente, tecni-camente e ter muita experiência. O principalneste tipo de via e o conjunto visto como umtodo; a interação com a equipe os equipamen-tos mais variados possíveis e o respeito pelomontanha. Como você se prepara psicologicamentepara escaladas ou conquistas considera-das bastante difíceis aqui no Rio de Janei-ro?A melhor forma de me preparar é escalando to-dos os dias variando os estilos. Diferentes tiposde vias. Conheci pessoas que escalam 10a eque não conseguiu guiar via de aderência de 7ºgrau. Tem algum escalador com quem gostariaainda de poder dividir a corda em umaescalada?Gosto de escalar com Julio Campanela,escalador muito experiente a ágil na montanha,Sergio e muitos outros .Compartilhar uma esca-lada com os amigos e sempre bem vindo.

Deixe uma mensagem para os jovens danova geração que estão iniciando na esca-lada.É a mesma de sempre. A escalada não se resu-me em fazer uma via extrema em uma difícilfalésia. Sugiro que procurem novos lugares parainvestir na escalada e que conheçam outros es-tilos. Aprendam a escalar em cursos homologa-dos e respeitem as normas de segurança.

Entrevista com Hillo Santana

BETO JOLLY | RJ

on the rocks

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6º Encontro Capixaba de EscaladaSerá nesse cenário que acontecerá o 6º Encontro Capixaba de Escalada nos dias 04 e 05 de Agosto. O evento é anual eorganizado pela Associação Capixaba de Escalada (ACE). Acontece de forma itinerante, e já foi realizado em cinco municípiosdo Estado. E Pancas foi a cidade escolhida para sediar o evento este ano.Serão dois dias de muita confraternização entre escaladores de vários estados, grandes escaladas, palestra e workshop. Eo evento terá também o objetivo de integrar os moradores com a cultura do montanhismo que esta em desenvolvimento nomunicípio. Para isso contarão com parede de escalada e outras atrações.Venha você também escalar nas belas montanhas dos Pontões Capixaba!

04/08 (Sábado)- As escaladas seguem durante todo o dia;18 às 20h: Jantar no centro de Pancas;20:30 às 21:30h: Palestra com Eliseu Frechou;22 às 23h: Sorteio de Brindes e Bazar de Equipamentos (novos e usados);- Das 18 às 23h no centro da cidade o evento será aberto à população, com parede de escalada e outras atrações.

05/08 (Domingo):As escaladas seguem durante todo o dia;06 às 09h: Café da manhã nos campings;08h: Caminhada na Pedra do Camelo (R$20);09h: Caminhada no Córrego do Palmital (R$10);09 às 09:30h: Reflorestamento;10 às 11:30h: Workshop de Proteções Móveis;12h: Encerramento oficial do evento.

INSCRIÇÕES:- Valor: R$ 65,00- Incluso: 01 pernoite em camping, 01 café da manhã, 01 janta, camisa, croqui, palestra e workshop.

As inscrições acontecerão durante o mês de julho (01 à 31) pelo site da Associação Capixaba de Escalada - ACE (www.ace-es.org.br). E no site serão divulgadas informações detalhadas sobre o evento.

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montanhismo

Qual a montanha mais alta do Brasil? Aliás, quala altitude exata das montanhas brasileiras? Oque é melhor, grampo ou chapeleta? Como seaclimatar corretamente? Qual o impactoambiental da escalada? Qual a melhor maneirade se conservar uma trilha em montanha? Afi-nal, projetos como o Adote uma Montanha sãorealmente eficientes?Perguntas como estas, meras curiosidades outemas que envolvem a manutenção deecossistemas, gastos de recursos, a vida ou asegurança das pessoas, entre outras, podemser melhor respondidas se contarem com oapoio da pesquisa científica.Esta foi uma das mensagens que eu passeidurante o Primeiro Encontro Científico sobre Usoe Conservação de Montanhas, um dos eventosque integrou a Primeira Semana Brasileira deMontanhismo que aconteceu no Rio de Janeiro,entre os dias 23 de abril e primeiro de maiodeste ano, através de uma conferência queapresenta dados sobre a produção científicadesenvolvida no Brasil.Porém, minha intenção principal neste eventofoi apresentar um balanço da produção científi-ca em ambientes de montanha, com dados quepudessem demonstrar os temas maispesquisados, as regiões do Brasil, ou até mes-mo os Estados da Federação onde mais ocor-rem estas pesquisas. Tentei identificar tambémas instituições onde ocorrem estas pesquisase mesmo fazer uma estimativa do número depesquisadores envolvidos, além de tentar des-cobrir se existem grupos de pesquisa já organi-zados no país sobre este tema, ou se a produ-ção neste ramo surge apenas por uma deman-da espontânea de pesquisadores individuais.Finalmente e isto é uma curiosidade à parte,quis saber se montanhistas ou escaladores temalgum interesse ou estão envolvidos de algumaforma em pesquisas científicas em montanhas.Os dados para esta tiveram origem no sitewww.pesquisaemmontanha.wordpress, doqual fui um dos criadores em janeiro de 2009 eque adapta a plataforma gratuita para blogs dowordpress na forma de um banco de dadosque faz links com pesquisas já publicadas emoutros meios eletrônicos. Normalmente tenhoque fazer um vasto trabalho de “garimpagem”na internet, em buscadores como o Google aca-dêmico, Scielo, Domínio Público, com o intuito deencontrar e filtrar trabalhos que possam inte-grar o banco de dados do wordpress, muitoembora alguns pesquisadores enviem espon-taneamente seus trabalhos para integrar estabase de dados.Pesquisaemmontanha.wordpress não é uma re-vista científica eletrônica. O leitor interessadonas pesquisas encontra um título resumido, osnomes dos autores dos trabalhos, o resumo da

Pesquisa em Montanha no Brasilpesquisa e algumas palavras-chave, juntamen-te com um link que permite o acesso ao trabalhointegral.Um resumo sobre a pesquisa em montanha noBrasilNo momento em que apresentei a conferênciano Rio, o site Pesquisaemmontanha.wordpressapresentava 159 trabalhos linkados nas cate-gorias: documentos de referência (12), relatóri-os técnicos (10), conjuntos de mapas (2) e con-junto de imagens (2), geralmente produzidos porinstituições, além de documentos científicos(133), estes últimos produzidos por pesquisa-dores individualmente ou em grupos.Em alguns casos os documentos de referênciae os relatórios técnicos apresentam mais deuma pesquisa produzida sobre um tema deter-minado. É o caso, por exemplo, de planos demanejo ou de workshops sobre um parque emmontanha, com vários trabalhos individuais agru-pados nas mais diferentes áreas de conheci-mento. Nestes casos, para fins estatísticos, ostrabalhos foram desagrupados como produçõesindividuais separadas, como de fato são, ele-vando a mais de 180 o número de pesquisasproduzidas em montanha.É possível perceber que as grandes áreas deconhecimento estão representadas: ciências bi-ológicas, humanas e geociências e muito embo-ra fauna, flora e geologia sejam áreas tradicio-nais de pesquisa quando se imagina um ambi-ente natural como uma montanha, já existem 20trabalhos na categoria “manejo”, que foram pro-duzidos em trilhas ou em recuperação de áreasem montanha, havendo também um expressivonúmero (40) de pesquisas que tratam de as-pectos sociais ligados à montanha.A distribuição da pesquisa no BrasilExistem ou não montanhas no Brasil? De acor-do com os pesquisadores, em um país de di-mensões continentais como o Brasil, com umalonga cadeia de montanhas paralela à costaatlântica, que vai do sul da Bahia ao norte do RioGrande do Sul e mais inúmeras chapadas eafloramentos rochosos distribuídos no interiordo país, esta já é uma discussão ultrapassada.Para os pesquisadores das áreas de ciênciasbiológicas, por exemplo, é visível com muita cla-reza a transição de ambientes entre diferentespatamares altimétricos, além da presença deecossistemas e de espécies da fauna e floraque só se explicam pela presença de um ambi-ente montanhoso ou de um afloramento rocho-so. Os ecólogos descrevem ambientes de mon-tanha pela presença, por exemplo, de florestasaltomontanas, campos de altitude ou vegeta-ções rupestres, juntamente com espéciesendêmicas de montanhas, ou seja, que só ocor-rem nestes ambientes específicos. Não éincomum um biólogo afirmar: “este sapinho sóexiste na montanha tal”. O isolamento das mon-tanhas induz a uma especialização excepcio-nal para a fauna.Estas espécies representam uma nova frontei-ra do conhecimento que está sendo aberta por-que mais pesquisadores estão se aventurandoem montanhas. Claro que pela presença destesambientes diferenciados, foi possível detectartambém usos particulares, alvo dos estudos dasciências humanas.Foi possível identificar produção científica emmontanhas em mais de 80 instituições de trezeestados brasileiros, incluindo alguns do nordestee envolvendo mais de 300 pesquisadores. Noentanto, 57% da pesquisa é produzida em doisestados: Rio de Janeiro e Paraná. São Paulo,Minas Gerais e Rio Grande do Sul somam mais41%. A UFPR é a instituição do país com maistrabalhos publicados, seguida da UFRJ. Na ver-dade as instituições públicas de ensino e pes-quisa carregam o piano. Consegui identificarquatro grupos de pesquisa, com temáticas rela-

Instituições que mais produzem pesquisa de montanha no Brasil

Distribuição da pesquisa em montanha noBrasil, por Estado da Federação.

A evolução da pesquisa de montanha no Brasil ao longo do tempo

cionadas a estes assuntos estão na base dedados do CNPq. Todos recentes, criados a par-tir de 2008 no Rio e Paraná.Assim, estes estados do sul e sudeste do Bra-sil concentram, com suas universidades e ins-tituições de pesquisa, a produção nesta temáticano país. Provavelmente isto se deve à melhorestrutura das instituições de pesquisa destesestados, acesso mais facilitado às montanhase, o que não é desprezível, tradição emmontanhismo e na escalada no caso do Paranáe do Rio.Com isto, não por acaso, montanhismo e naescalada aparecem estudados em mais de 60trabalhos (estudos sobre trilhas em montanhasaparecem em outras 15 pesquisas). Certamentetambém não por acaso, estes estados reivindi-quem maior antiguidade na prática domontanhismo no país. Aliás, quando começourealmente o montanhismo no Brasil? Há 100anos atrás como era o mote da Semana deMontanhismo do Rio? 130, 150, 200 anos, comoquerem outros estados, ou sugerem outras fon-tes? Trabalho típico para um pesquisador daárea de história, que pode investigar documen-tos, discursos, evidências e só aí poder afirmardatas ou momentos em que a coisa aconteceu.Fora isto é mera especulação que pouca agre-ga à união do esporte.O certo é que hoje a presença da internet veioa auxiliar na tarefa dos pesquisadores. Claroque a produção disponível na internet é, obvia-mente, recente, porque a internet só começoua engatar como fonte de divulgação científicano século XXI. O trabalho mais antigo

EDSON “DU BOIS” STRUMINSK | PR

disponibilizado na rede data de 1984. Porém éfato de que a partir do ano 2000 nota-se umcrescimento no número de trabalhosdisponibilizados, mas ainda é um crescimentoirregular, o que pode significar que a pesquisaainda está em fase de florescimento, com muitostrabalhos sendo produzidos em um período, se-guindo-se temporadas com pouca produção. Pro-vavelmente os grupos de pesquisa, todos re-centes, ainda não puderam imprimir regularidadena produção neste setor.De qualquer modo, o surgimento destes gruposde pesquisa e o interesse crescente, já justificaque venha a ser criada e mantida uma linha definanciamento regular específica para pesqui-sas nestes ambientes, afinal eles são muito im-portantes para mais de 100 milhões de brasilei-ros que vivem aos pés de montanhas em nossopaís, em grandes cidades ou em áreas rurais.Acredito que alguns temas de pesquisa em mon-tanhas provavelmente irão adquirir importâncianos próximos anos. São eles: instabilidade deencostas, manejo de UCs em montanhas, aque-cimento global e montanhas, turismo,biodiversidade de espécies e de ecossistemasmontanhosos. Com sorte e boa vontademontanhistas e pesquisadores começaram a servistos com mais frequencia nas montanhas.

Conheça mais em:www.pesquisaemmontanha.wordpress

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Durante mais de dois anos, percorri as regiões litorâneas paulista e fluminense – es-pero que vocês tenham lido meia dúzia de relatos sobre travessias em ilhas, praias emontanhas. De todas estas regiões, a Ilha Anchieta é a menor delas, o que lhe dá umaspecto próprio, mais isolado e delicado. Apesar disto, ela tem uma história selvageme violenta, que surpreende quem aporta em sua mansa enseada.

A LocalizaçãoA pequenina Ilha Anchieta fica no litoralpaulista, praticamente frontal ao Saco daRibeira, local de maior concentração debarcos de Ubatuba, aliás bem visíveis daRio-Santos. É dele que se dá o acessoaté a ilha, numa rápida travessia de ape-nas 9 km. Ela é abarcada pela APA mari-nha recém-criada de Cunhambebe, umadas três que protegem o litoral norte, des-de São Sebastião (nos limites de Bertioga)até Ubatuba (na divisa com o Rio).O BoqueirãoExiste uma ponta do continente que avan-ça rumo à ilha. Neste local, o canal tempouco mais de ½ km, podendo ser trans-posto por canoa com mar manso. Porémantigamente esta passagem era muito vi-sitada por tubarões. Hoje a pesca disper-sou-os e, só mesmo quando o vento lesteagita o mar, o Boqueirão não pode ser cru-zado em segurança.

O FormatoA Ilha Anchieta teria um formato perfeita-mente triangular em planta, não fosse pelapresença de um grande arco, que forma atranquila Enseada das Palmas, voltada anorte para o continente. Ficam nesta en-seada cinco das sete praias da ilha – narealidade, estas praínhas são praticamen-te contínuas. As demais estão a sul e aleste, sendo que esta última não é abertaà visitação. É uma ilha pequena, com algomais de 800 ha – compare-se com 20 milpara a Ilha Grande e 35 mil para Ilhabela.

O RelevoDe cada lado desta enseada existem ele-vações, com pouco além de 300 m dealtitude: os Morros do Papagaio e do Fa-rol, à esquerda e direita de quem chega.Por causa deles, os índios a chamavamde Ilha Poquã, ou pontuda. Provavelmen-te, foi por isto tida como Ilha dos Porcosaté o séc. XX, quando seu nome foi mu-dado, em homenagem ao Padre Anchieta.

A VegetaçãoÉ hoje totalmente secundária, devido aocorte da mata, às culturas agrícolas e àpresença do fogo. Ela passa por proces-so de regeneração desde a fundação doParque Estadual em 1977. Não existemgrandes árvores ou florestas densas,mas é perceptível a diferença entre osdois morros, pois o mais íngreme mostrauma mata quase contínua. Nela são en-contradas aroeiras, ingás, figueiras eguapuruvus. Além da mata atlântica, a ilhaabriga restingas e costôes rochosos.

A FaunaNa década de 80, houve um movimentopara abrir a ilha à exploração privada eentão grupos ambientalistas nela intro-duziram defensivamente diversas espé-cies animais. Na época, acreditava-se quea presença de vida animal permitiria pro-teger a ilha. O Zoológico de São Paulo láinstalou (entre outros) capivaras, maca-cos-prego, quatis, lagartos e tatus. Algu-mas destas espécies tornaram-sesuperpopulosas (como cutias e sagüis),

enquanto outras estão retrocedendo de-vido à predação ou concentração genéti-ca (macacos e tatus). A presença de pás-saros é discreta, mas os cardumes detaínhas, robalos, sardinhas e tartarugassão freqüentes.

A ColonizaçãoNo início da colonização, a ilha pertenciaao cacique tupinambá Cunhambebe, emcuja memória acaba de ser criado um Par-que no Estado do Rio (ver MV #123). Ocu-pada a seguir por holandeses e france-ses, além de portugueses, a Ilha Anchietanunca chegou a ter grande atividade, sejadevido à sua topografia ou ao seu tama-nho. Mas isto começou a mudar, com ainstalação de uma colônia correcional nocomecinho do séc. XX. Dizia-se na épocaque o internado de bom comportamentoiria adquirir a posse de si mesmo até (...)a aproximação da liberdade.

A ImigraçãoApesar do rápido malogro desta colônia,o Estado resolveu transferir para lá imi-grantes europeus, talvez aproveitando osprédios ociosos. Nada menos do que 2mil pessoas de origem russa e romenaaportaram na ilha, com resultado nefas-to. Desconhecendo o efeito venenoso damandioca, mais de uma centena delasveio a morrer – e as demais logoretornaram ao continente, sem deixar ves-tígio de sua passagem.O PresídioDepois de abrigar um cárcere para pre-

sos políticos, foi estabelecido na ilha umpresídio de segurança máxima durantea Segunda Guerra, com 400 presos. Nelea relação entre os presos era turbulenta,pois havia também detentos comuns,além dos altamente perigosos. Um cri-minoso apelidado de Portuga conseguiuunir os presos até então violentos econvencê-los a aparentar cordialidade.Foi então estabelecido um clima de con-fiança no presídio,onde aconteceu a re-volta.

A Revolta de 1952Num momento combinado, os guardasforam desarmados e os presos domi-naram a ilha. Porém, a barcaçaUbatubinha esperada para aquele dianão chegou e, impossibilitados de fugirem massa, os detentos incendiaram olocal. Graças a um soldado que atraves-sou a nado o Boqueirão, a revolta foi do-minada e os presos setenciados. Masalguns conseguiram embarcar na lan-cha do presídio e tentaram atravessar aSerrra do Mar. Portuga, que era cardíaco,veio a falecer nos altos de Paraty, muitosdos demais sendo capturados. Ao total,foram apreendidos 129 presos - vocêpode imaginar quantos morreram. Em1955, o presídio foi extinto.

As RuínasNum certo sentido, elas talvez sejam aprincipal atração da ilha, com seu for-mato simples, suas celas em oito ca-sas separadas circundando um grande

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126Capa: Felipe Guimarães na PequenoAlien Vll c, na falésia Brejetuba,Cruzeiro - MGFoto: Thaiana Ferreira