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IEPE – INSTITUTO EDUCACIONAL PAULO ÊNIO Interpretação & Redação Para ENEM e Vestibular Prof. Esp.: Ênio Cavalcanti "Concurso não faz para passar, mas até passar." (Willian Douglas)

Interpretação de Textos para ENEM e Vestibular

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IEPE – Instituto educacional paulo ênio

Interpretação & Redação

Para ENEM e Vestibular

Prof. Esp.:

"Concurso não faz para passar, mas até passar." (Willian Douglas)

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SUMÁRIO

Introdução 07

Capítulo 1: Textos para Concurso 08

Capítulo 2: Enunciado 11

Capítulo 3: Leitura, Paráfrase, Denotação e Conotação 16

Capítulo 4: Figuras de Linguagem 19

Capítulo 5: Vícios de Linguagem e Significado das Palavras 28

Capítulo 6: Preposição, Conjunção e Coesão e Coerência 33

Capítulo 7: Questões Comentadas 40

Bibliografia 74

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INTRODUÇÃO

Saudações guerreiros! Parabéns por ter adquirido a apostila de

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS PARA CONCURSO. Você sabia que mais de

50% das questões de português exigem conhecimentos sobre este assunto?

Pensando nisso, elaborei este contendo com as informações necessárias para

você aprender, passo a passo, a resolver as temidas questões sobre o tema.

Todos os assuntos são definidos, exemplificados e comentados para facilitar a

compreensão.

Sabemos que o conteúdo é muito extenso e que nem tudo está contido nesta

apostila. Vamos passo a passo, até atingirmos nosso objetivo: sua aprovação!

Boa Sorte!!!

Bom aprendizado!!!

E sucesso na carreira pública!!!!!

Ênio Cavalcanti

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CAPÍTULO 1

TEXTOS PARA CONCURSO

É impossível adivinhar que tipo de texto vai cair em determinada prova. Os fragmentos podem ser retirados de músicas, poemas, contos, crônicas, reportagens ou até de romances da literatura brasileira. Os textos jornalísticos geralmente são mais modernos e objetivos. Já os literários têm uma linguagem mais complexa.Essa não é uma divisão oficial que conste em livros de gramática ou de interpretação de texto. É fruto da pesquisa desenvolvida para elaborar um curso moderno e específico de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. Então não esqueça:

O texto jornalístico pode ser uma reportagem, crônica ou artigo, extraídos de jornais e revistas. Normalmente abordam temas atuais, com linguagem direta e objetiva. O texto literário retirado de romances de nossa literatura tem linguagem mais rebuscada, mais complexa, e menos direta.Nos concursos mais recentes os textos contemporâneos têm a preferência das instituições organizadoras. Bom para você, já que é mais fácil interpretar os textos jornalísticos.É importante lembrar que tanto os textos jornalísticos como os literários podem ser DISSERTATIVOS, NARRATIVOS OU DESCRITIVOS.

Depois de refrescar a memória com todos os assuntos que vêm associados à INTERPRETAÇÃO DE TEXTO, vamos aprender as técnicas de leitura, compreensão e interpretação.

COMPREENSÃO DO TEXTO:

A INTERPRETAÇÃO DE TEXTO é utilizada para medir a capacidade que o candidato possui com relação a sua:

- compreensão do pensamento contido em um texto, na sua globalidade;- na distinção entre as idéias básicas e as secundárias;

- na identificação das inter-relações de idéias no texto dado;

- na dedução de idéias, de sentimentos e de pontos de vista expressos nos textos;

- na compreensão do significado de palavras, expressões ou estruturas frasais em determinado contexto;

- na análise do texto do ponto de vista da unidade temática e estrutural;

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- na análise da argumentação.

Agora que você já sabe os conhecimentos que precisa aprimorar, preste atenção as principais dicas de leitura:

Ler o texto é o primeiro passo para entendê-lo, claro! Entretanto, ler não significa entender. Você pode ler um texto do início ao fim e não absorver nada, nenhuma informação.Isso ocorre porque muitos encaram a leitura apenas como um ato mecânico. O ato de ler deve significar uma oportunidade de ampliar conhecimentos. É a capacidade humana de apreender conhecimentos ou de absorver novas informações através da leitura,o que faz a diferença na hora de INTERPRETAR TEXTOS.

1 - Primeira Leitura: Leia todo o texto de uma só vez. Isso mesmo leia do início até o final sem interrupções. Como se estivesse fazendo um reconhecimento de área. Essa leitura preliminar serve apenas para você se familiarizar com o tema e com o estilo do texto. No final dessa leitura você já conhecerá, pelo menos, o enredo da história.2 - Segunda Leitura: Você vai reler o texto atentamente, pausadamente. Desta vez, leia parágrafo por parágrafo. Em cada um sublinhe as idéias principais e retire delas idéia central, também chamada de tópico frasal. O tópico frasal de cada parágrafo vai ajudar você a captar ou extrair a idéia central do texto.Também nessa segunda leitura você deve grifar as palavras desconhecidas e procurar o significado no dicionário.3 - Terceira Leitura: Vai ajudar você a resumir o texto e captar detalhes que passaram despercebidos. Se alguma dúvida permanecer, leia novamente quantas vezes achar necessário, sempre mantendo a atenção.Em síntese, a ordem para uma leitura competente é a seguinte:

- Leia o texto rapidamente na primeira leitura;- Depois releia pausadamente;- Retire o tópico frasal de cada parágrafo;- Extraia a idéia central do texto;- Encontre no dicionário o significado de palavras desconhecidas;- Faça um resumo do texto.

Depois de seguir essas dicas você pode constatar se o texto foi compreendido de forma satisfatória tentando responder a algumas questões. Pergunte a si:

1- Qual é a questão central do texto?Se você tiver dúvida para discernir a questão central das secundárias é porque não assimilou as idéias contidas no texto.

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2 - Qual é a opinião do autor sobre o tema abordado?Ao longo do texto, o escritor exprime a opinião dele contrária ou favorável ao tema. Se você entendeu o texto, não terá dificuldades para apontar a opinião do autor.3 - Quais são os argumentos utilizados pelo autor?Eles estão espalhados pelo texto e dão sustentação à opinião do escritor. Saber reconhecê-los é uma prova de que o leitor acompanhou o desenvolvimento das idéias do autor do texto.

Aprendeu tudo? Ótimo! Então vamos agora exercitar o que você aprendeu. Escute com atenção o texto a seguir:

"O nascimento de Jesus Cristo, comemorado em 25 de Dezembro, é a mais importante data do calendário católico. Seguindo o exemplo de Cristo,que deu a vida para salvar a humanidade, muitas pessoas são tomadas por um sentimento de solidariedade e amor ao próximo. Mas nas últimas décadas o que se vê é a excessiva exploração comercial que desvirtuou o sentido original da data ".

Agora retire do texto o tópico frasal,depois a idéia central e, por último, faça um resumo.

O tópico frasal é: O significado dos festejos natalinos.A idéia central é: A exploração comercial que desvirtuou o sentido verdadeiro do Natal.O resumo ou conclusão do texto é: O Natal virou uma data comercial.

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CAPÍTULO 2

ENUNCIADO

É o texto que contém a pergunta e a explicação do que se pede na questão. O grau dedificuldade do enunciado varia de acordo com o nível da prova. Quando um quesito não associa INTERPRETAÇÃO DE TEXTO a normas gramaticais, ou seja, é apenas de interpretação, a resposta está no próprio texto e no seu poder de compreensão. Cada palavra, frase, parágrafo, conduz a um raciocínio que ajuda na busca pela resposta correta. Por isso, vamos utilizar exemplos de questões só de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO.

Como são formulados: Se você estiver atento, vai compreender a exigência da questão sem cair em "cascas de banana". Os enunciados têm formas muito variadas.Vamos citar vários exemplos para que você não tenha surpresas nos concursos.

1- Perguntas Indiretas: Às vezes, o enunciado pede:Assinale a alternativa que NÃO está correta. Seria mais direto pedir a alternativa ERRADA ou INCORRETA, mas esse recurso serve para testar a sua atenção. Algumas questões exigem que você marque a única alternativa em que não há ERRO, portanto a única CORRETA. Outros pedem a ÚNICA EXCEÇÃO. Esses enunciados são simples, basta estar atento para entendê-los. Vamos aos mais complexos:

2- Idéia Central: Muitas questões pedem para você assinalar a alternativa que melhor expressa a idéia central do texto. Atenção! Todas as alternativas apresentarão idéias contidas no texto e escritas da mesma forma. É comum ficar na dúvida, mas lembre-se de que o texto tem várias idéias secundárias e apenas uma IDÉIA CENTRAL.Vamos usar como exemplo o primeiro parágrafo da dissertação sobre o Natal que você já ouviu anteriormente.

Combinado? Então vamos à leitura.

"O nascimento de Jesus Cristo, comemorado em 25 de Dezembro, é a mais importante data do calendário católico. Seguindo o exemplo de Cristo que deu à vida para salvar a humanidade, muitas pessoas são tomadas por um sentimento de solidariedade e amor ao próximo. Mas nas últimas décadas, o que se vê é a excessiva exploração comercial que desvirtuou o sentido original da data".

A partir do texto marque a alternativa que melhor expressa a IDÉIA CENTRAL.

a) O Natal é a mais importante data para os católicos.b) Nesta época muitos seguem o exemplo de Jesus Cristo.c) Sentimentos de amor ao próximo e solidariedade ficam aflorados.d) A exploração comercial desvirtuou o verdadeiro sentido do Natal.e) O espírito natalino foi esquecido.

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Resposta: D

Comentário: A alternativa D é a mais fiel à idéia principal do texto porque explica que, apesar da religiosidade, o que está na moda é o consumismo. Essa é a idéia central do texto. Perceba que as outras afirmações também são verdadeiras, mas são alternativas que trazem informações complementares.

3- Julgar, Inferir ou Depreender: Quando um enunciado pede para você julgar, inferir ou depreender, significa que você só pode tirar conclusões a partir do texto dado e não dos seus conhecimentos. Nesses casos, ocorre que algumas alternativas trazem afirmações que são lógicas e corretas, mas se estas não forem retiradas do texto nãopodem ser consideradas verdadeiras.

Ex.: Essa questão foi retirada da prova de auditor fiscal do INSS no ano de 2002. É uma questão longa, mas muito completa. Se possível acompanhe o exemplo lendo o texto.

Vamos lá?!

"Li que a espécie humana é um sucesso sem precedentes. Nenhuma outra com uma proporção parecida de peso e volume se iguala à nossa em termos desobrevivência e proliferação. E tudo se deve à agricultura.Como controlamos a produção do nosso próprio alimento, somos a primeira espécie na história do planeta a poder viver fora de seu ecossistema de nascença. Isso nos deu a mobilidade e a sociabilidade que nos salvaram do processo de seleção, que limitou outros bichos de tamanho equivalente. É por isso que não temos mudado muito, mas também não nos extinguimos."Com base no texto, assinale as inferências como verdadeiras ou falsas.

I- Mede-se o sucesso pela capacidade de sobrevivência e proliferação - Verdadeiro ou falso?

Resposta: Verdadeiro. O texto é claro quando diz que: a espécie humana é um sucesso sem precedentes porque nenhuma outra se iguala a nossa em termos de sobrevivência e proliferação. A afirmação é correta e consta no texto de forma literal.

II - Se a espécie humana tivesse outro peso e volume não teria sobrevivido - Verdadeiro ou falso?

Resposta: Falso. O texto relata apenas, que nenhuma outra espécie com mesma proporção de peso ou tamanho se igualou ao homem em termos de sobrevivência e proliferação. Ou seja, o que determina a sobrevivência da espécie não é seu peso ou tamanho.

III - Viver fora do ecossistema de nascença depende da capacidade de criar o próprio alimento - Verdadeiro ou falso?

Resposta: Verdadeiro. A frase "e tudo se deve à agricultura explica tudo".

IV- O processo de seleção das espécies é que limita a mobilidade e a sociabilidade – Verdadeiro ou falso?

Resposta: Falso. O que limita a mobilidade e a sociabilidade é a falta do domínio na produção de alimentos.

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V-A história da espécie humana poderia ser outra se não houvesse agricultura - Verdadeiro ou falso?

Resposta: Verdadeiro. Foi o controle da produção de alimentos que permitiu ao homem viver fora do seu local de nascença e livrar-se da seleção natural das espécies.

VI- Poucas mudanças trazem como consequência a não extinção da espécie - Verdadeiro ou falso?

Resposta: Falso. Não são as mudanças grandes ou pequenas que determinam a não extinção. O texto diz que a não extinção ou sobrevivência resulta da mobilidade conseguida através da produção de alimentos. Ou seja, onde estiver o homem, ele conseguirá sobreviver porque é capaz de produzir seu alimento.

4- Ambigüidade: Muitos textos são ambíguos e dão margem a interpretações diversas. É aí que o seu bom vocabulário e conhecimentos gerais fazem diferença.Vamos ao exemplo.

"O juiz da vara da infância determinou que todos os pais fossem responsabilizados criminalmente por não manterem os filhos na escola. A medida foi tomada após a divulgação dos resultados de uma pesquisa sobre a infância.Os dados revelam que mais de 70% das crianças, em idade escolar, estão fora das salas de aula. Os números chocaram à população que passou a exigir uma medida enérgica por parte das autoridades".

A partir do texto assinale a única alternativa que não está correta:

a) A grande maioria das crianças em idade escolar está fora das salas de aula.b) A evasão escolar é provocada pelo descaso dos pais ou responsáveis.c) A população exigia uma medida para combater a evasão escolar.d) Todos os pais foram responsabilizados.e) A medida tomada pelo juiz foi provocada pela reação popular.

Comentário: A alternativa D é a que não está correta. Você identificou a ambigüidade do texto? Então vamos entender a questão. O texto é ambíguo quando dá a idéia de que todos os pais foram responsabilizados, quando apenas os pais que não mantêm os seus filhos na escola é que foram penalizados. Por isso, a alternativa D é a que contém erro já que a medida não atinge a todos os pais, apenas aqueles que não mantêm os filhos na escola.

5- Pensamento do Autor: Outro tipo frequente de enunciado é o que pede o pensamento do autor do texto.A opinião de quem escreveu o texto nem sempre vem expressa de forma direta. É nas entrelinhas que percebemos o posicionamento do escritor perante o assunto. Nesse caso, seu poder de interpretação é fundamental porque tudo é subjetivo. E para confundir ainda mais, as alternativas apresentam argumentos que não representam o pensamento do escritor, mas constam no texto.

Ex.: Esse texto foi extraído da prova de auxiliar elementar do Ministério Público do Rio de Janeiro. Vamos ao texto:

"Os índios brasileiros provêem sua subsistência usando os recursos naturais de seu meio ambiente. A grande maioria das tribos indígenas pratica a agricultura. Seu processo agrícola, chamado coivara, consiste num sistema de queimadas e fertilização da terra com cinzas...".

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Ao dizer "a grande maioria das tribos pratica a agricultura", o que o autor do texto quer informar ao leitor?

a) Todas as tribos indígenas praticam agricultura como meio de subsistência.b) A agricultura é praticada de forma rudimentar pelas tribos indígenas brasileiras.c) Nem todos os índios praticam a agricultura.d)Os recursos naturais do meio ambiente são utilizados pelos indígenas.e) As tribos brasileiras estão num baixo estágio cultural.

Comentário: A alternativa correta é C. Vamos resolver a questão passo a passo. As afirmações contidas nas alternativas: A, B e D, já vêm expressas no texto. A alternativa E fala do estágio cultural, mas em nenhum momento tal assunto é abordado no texto. Resta a alternativa C que é verdadeira porque quando o autor diz "a grande maioria" quer expressar também que não é a totalidade, portanto, se a grande maioria das tribos pratica a agricultura, nem todos os índios praticam a agricultura.

6- Contradição: Algumas questões extrapolam, reduzem ou contradizem o que o texto diz. Você deve avaliar se o conteúdo é diminuído, aumentado ou contraditório de modo que altere o sentido do que está escrito. Normalmente as alternativas vêm escritas com as mesmas palavras do texto, apenas com a ordem diferente, para induzir você a achar que o significado é o mesmo. Preste atenção à questão seguinte:

"Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. E demorou um tempão. Tudo começou com ato solene no Palácio do Planalto, quando o então presidente Fernando Henrique respondeu a uma cobrança da sociedade e assinou mensagem enviando o projeto ao Congresso. O empenho implícito na solenidade teve vida curta.A mensagem caiu na vala comum do Legislativo, onde se integrou a um renque de iniciativas sobre desarmamento, algumas a favor de guerra declarada e eficaz ao excesso de armas no país, outras fazendo o possível para que não se tivesse lei alguma; na pior hipótese, aceitavam uma lei aguada.No governo Lula, o lobby das armas sofismou e atrapalhou o quanto pôde. Mas a cobrança da sociedade acabou por prevalecer. Entretanto, seis meses após a sanção da lei criando o estatuto, ele existe pela metade.(....) Ou seja, falta muito."

O segmento inicial "Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. E demorou um tempão";diz ao leitor que:

a) O Estatuto do Desarmamento está para ser aprovado há algum tempo;b) O Estatuto do Desarmamento, apesar do tempão de discussão, foi aprovado;c) Foi aprovado finalmente o Estatuto do Desarmamento;d) O Estatuto do Desarmamento está a ser discutido há várias legislaturas;e) Nunca vai ser aprovado o Estatuto do Desarmamento.

Comentário: Em sua opinião qual é a alternativa correta? É a letra C. Para respondê-la pergunte a si novamente o que a frase quer comunicar ao leitor e a você mesmo. Está explícito que a idéia principal é informar que O Estatuto do Desarmamento foi finalmente aprovado. Para excluir as demais, vamos por eliminação. O item A é o primeiro a ser excluído porque apresenta a afirmação de que o estatuto ainda está para ser aprovado, enquanto o texto afirma "Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento". A alternativa B traz a relação com a demora para a aprovação, mas a idéia de tempo é apenas complementar. A letra D informa que o Estatuto ainda está a ser discutido por isso também é falsa. O Estatuto está aprovado mesmo de forma incompleta. E a letra E é totalmente absurda porque diz que o Estatuto nunca será aprovado.

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É apenas uma questão de raciocínio lógico e de prática. Só depende de você!Escute alguns conselhos que vão te ajudar na hora da prova:

- Não deixe que o nervosismo e as pressões externas pela aprovação lhe impeçam de raciocinar;-Quando uma questão for mais complexa redobre a atenção e o cuidado com o raciocínio;- Mantenha a calma;- Não tenha pressa para terminar a prova;- Primeiro entenda o texto e só depois leia o enunciado;- Preste atenção em todas as alternativas, elimine as mais absurdas;- Detenha-se aos detalhes, eles podem ter a chave da resposta;- Pergunte a si próprio, sempre, o que a questão pede;-Tenha em mente que você é capaz de resolver qualquer questão de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO e você conseguirá se sair bem em qualquer prova.

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CAPÍTULO 3

LEITURA, PARÁFRASE, DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Três requisitos são indispensáveis para ter um bom desempenho na compreensão de textos: leitura constante, vocabulário vasto e determinação. Então preste atenção nas dicas a seguir porque elas vão ser úteis na preparação para as provas do concurso.Leitura: Mesmo se não gostar de ler, terá que se habituar. A leitura facilita a compreensão do texto independentemente do estilo ou da forma. Acredite! Basta tentar entender, vivenciar a história. Encare a leitura como uma viagem.Desta forma, o aprendizado e a compreensão ficarão mais simples. Comece lendo o que você gosta: gibi, revista de fofoca, jornal, vale tudo para adquirir prazer na leitura. Agora, você precisa enriquecer o seu vocabulário.Vamos aprender como? Enriquecendo o vocabulário: É também através da leitura que você enriquece o seu vocabulário. A Língua Portuguesa tem milhares de vocábulos e você precisa conhecer, pelo menos, uma parcela deles para poder se expressar. Um bom exercício é encontrar sinônimos para palavras já conhecidas. Fazer palavras cruzadas é divertido e também ajuda.Nunca deixe de pesquisar o significado das expressões. Anote o vocábulo que você não conhece e procure a definição no dicionário.Mas não esqueça:é fundamental ter um bom vocabulário para entender e resolver as questões de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO.

Determinação: Esse é um requisito que livro nenhum recomenda, mas é importantíssimo. Se você pretende dominar as técnicas de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO, deve ter em mente que sua vontade e determinação serão fundamentais. Então não perca tempo! Seja perseverante!!!Como afirmamos no início do curso alguns assuntos da nossa gramática são essenciais para que você consiga compreender e interpretar textos com mais facilidade.Vamos relembrar? Então fique atento!

PARÁFRASE

PARÁFRASE: Significa desenvolver um texto com base em um outro já existente mantendo as mesmas idéias do original. Pode ser também uma tradução livre, que mantém alguma fidelidade às idéias centrais. Existem váriasformas de PARAFRASEAR um texto. Você pode utilizar sinônimos, antônimos, mudar a voz do verbo ou alternar o termo verbal pelo nominal. O enunciado pede, quase sempre, para você encontrar a paráfrase correta. E agora que você já sabe a definição do termo, vamos à prática.

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Preste atenção aos exemplos de paráfrase:

Paráfrase com sinônimo:

Ex: A menina voltou para casa após o horário combinado com a sua mãe.A garota retornou a sua residência depois da hora marcada com a sua genitora.

Comentário: Percebeu como as palavras foram substituídas por sinônimos, mas o sentido da frase foi mantido na íntegra?

Paráfrase com antônimo:

Ex: O garoto é desobediente e agitado.O menino não é obediente nem tranqüilo.

Comentário: Usamos palavras antônimas, ou seja, de sentido contrário, para reescrever a frase de forma diferente, mas mantendo o mesmo significado. Se o menino é desobediente e agitado, logo, não pode ser obediente e tranquilo.

Paráfrase com mudança na voz do verbo:

Ex: Luíza penteou os cabelos da sua irmã, Eduarda. – Frase na VOZ ATIVA.Eduarda teve os cabelos penteados pela sua irmã Luíza. - Frase na VOZ PASSIVA

Comentário: O verbo que estava na voz ativa ficou na voz passiva mas o sentido da frase permaneceu igual.

Paráfrase com alternância do termo verbal e o nominal

Ex: É preciso que o grupo compreenda.É preciso a compreensão do grupo.

Comentário: Basta trocar o termo verbal pelo nominal para modificar a frase mantendo o sentido.

DENOTACÃO E CONOTAÇÃO

Denotação: Na Língua Portuguesa, o sentido DENOTATIVO existe quando uma palavra ou expressão é empregada mantendo o significado literal de sua definição.

Ex: Eu voei alto. Viajei para São Paulo a bordo de um avião Jumbo-737.

Comentário: O sentido real do termo: Voei alto, é literal porque homens não têm asas, mas voam a bordo de aviões.

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Ex: A orelha do burro estava machucada.

Comentário: O termo "orelha" significa o aparelho auditivo do animal, portanto, tem sentido real ou denotativo.

Conotação: No sentido CONOTATIVO, a palavra ou expressão não corresponde ao sentido real do termo.

Ex: Eu voei alto, viajei nas páginas daquele romance.

Comentário: Nessa frase, os verbos "voei" e "viajei" têm sentido conotativo. Pessoas não voam ou viajam em páginas de livros.

A canção de Lulu Santos, "Gramática", interpretada pelo grupo "Paralamas do Sucesso"está cheia de conotações. Ouça!!!

"Assaltaram a gramáticaAssassinaram a lógicaMeteram poesia na bagunça do dia-a-diaSeqüestraram a fonéticaViolentaram a métrica.Meteram poesia onde devia e não devia".

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CAPÍTULO 4

FIGURAS DE LINGUAGEM

FIGURAS DE LINGUAGEM: São desvios da norma gramatical usados para dar mais expressão à linguagem.

As figuras podem ser: de palavras, de construção e de pensamento.

FIGURAS DE PALAVRAS:- Metáfora- Metonímia- Catacrese-Antonomásia- Sinestesia.

Os nomes podem ser bem esquisitos mas o significado é simples, você vai perceber.

METÁFORA: Figura em que uma palavra é usada com o significado de outra para estabelecer uma relação de comparação. Uma metáfora bem conhecida é: Minha boca é um túmulo.

Comentário: A frase quer comunicar que a boca de alguém está fechada ou lacrada como um túmulo. Ou seja, minha boca está fechada.

Ex.:Dê asas à imaginação.

Comentário: Dar asas pressupõe liberar, soltar a imaginação.

A metáfora é também muito presente nas músicas.Escute algumas na canção "Do Seu Lado" ,cantada pela banda Jota Quest e composta por Nando Reis.

"Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdícioO teu amor pode estar do seu ladoO amor é o calor que aquece a almaO amor tem sabor pra quem bebe a sua água"

METONÍMIA: Ocorre quando há a troca de uma palavra por outra em virtude de haver algum tipo de relação entre elas:

Ex: Ler Machado de Assis é sempre um prazer.

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Comentário: Nesta frase o escritor Machado de Assis é lembrado por suas obras. É o emprego do autor pela obra.

Ex: A mão que balança o berço.

Comentário: Aqui a mão é a parte que representa o todo, ou seja, o indivíduo. Temos, então, um emprego de parte pelo todo.

CATACRESE: Ocorre quando uma palavra ou expressão é empregada de forma imprópria ou em lugar de outra que não a substitua.

Ex.: Cuidado para não quebrar a asa da xícara.A menina sentou no braço do sofá.

Ex: Meu livro foi encontrado cheio de orelhas.

Comentário: Observe como asa da xícara, braço do sofá e orelha do livro são expressões usadas por não haver outras mais adequadas:

"Cuidado ao segurar a parte lateral responsável pelo apoio do pequeno copo" ou, ainda, "Meu livro possuía várias dobras indesejáveis localizadas na parte superior direita ou esquerda da página."

ANTONOMÁSIA: Ocorre quando substituímos o nome próprio por alguma característica conhecida daquela pessoa. Vamos citar alguns famosos:

Ex: O rei do cangaço espalhou o terror em todo o Sertão nordestino.

Comentário: O rei do cangaço é Virgulino Ferreira, também conhecido como Lampião.

Ex: A Veneza brasileira é uma cidade encantadora.

Comentário: a Veneza brasileira é Recife.

Ex: A rainha dos baixinhos se apresentou no Recife.

Comentário: A rainha é a apresentadora Xuxa.

SINESTESIA: Figura que reúne ou agrupa várias sensações dos órgãos dos sentidos. São elas: audição,visão, tato, paladar e olfato. Fica fácil entender com o exemplo: Uma voz doce e aveludada encanta até o espírito humano.

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Comentário: Nesta mesma frase temos a fusão dos sentidos audição, paladar e tato.

FIGURAS DE CONSTRUÇÃO: As principais são:• Anáfora• Aliteração• Anacoluto• Anástrofe• Anadiplose• Elipse• Silepse• Hipérbato• Pleonasmo• Polissíndeto• Zeugma

Vamos aprender o significado das figuras de construção, quando ocorrem e como identificá-las.

ANÁFORA:

É a repetição da mesma palavra no começo da frase. Normalmente ocorre em poemas.Perceba que a palavra Você inicia todas as frases. Na música "Olhos coloridos" de Sandra de Sá, ocorre anáfora.

Escute!!!!!"Você ri da minha roupaVocê ri do meu cabeloVocê ri da minha peleVocê ri do meu sorriso"

ALITERAÇÃO:

O rato roeu a roupa do rei de Roma.Quem nunca ouviu esta frase? A consoante R está presente em todas as palavras, por isso, ocorre uma aliteração, ou seja, a repetição de consoantes na frase.Outro exemplo: A pipa pinga, o pinto pia, quanto mais a pipa pinga mais o pinto pia.

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ANACOLUTO: Ocorre quando há um termo solto, sem função sintática, na frase. Para identificar o anacoluto basta retirar tal termo e verificar se a compreensão foi mantida.

Ex.: E a menina, para não passar a noite só, era melhor que fosse dormir na casa de uns vizinhos.

Comentário: Se o termo E a menina, fosse retirado da oração, o entendimento seria o mesmo.

ANÁSTROFE:

É a inversão da ordem natural dos termos na frase. Isto é, inverter a posição dos termos determinante e determinado na oração.

Ex.: Partiu para o mundo a jovem. Na ordem direta a frase ficaria assim: A jovem partiu para o mundo.

ANADIPLOSE: É a repetição de palavras no fim de uma frase e no início da próxima frase no mesmo texto.Perceba como é simples identificar essa figura, tomando por exemplo um texto de Gregório de Matos.

Ex: Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade, Verdade é, meu Senhor, que hei delinquido, Delinquido vos tenho, e ofendido; Ofendido vos tem minha maldade.

ELIPSE: Consiste em omitir um termo que está subentendido na frase. Analise os exemplos:

Ex: Gosto de sorvete.

Comentário: Fica implícito que Eu gosto de sorvete.

Ex.: Muitas pessoas têm hábitos de leitura, mas outras não.

Comentário: Observe que o termo têm hábitos de leitura fica subentendido na segunda oração.

SILEPSE:Figura em que a concordância é feita com idéias pressupostas na frase e não com o termo impresso.A Silepse pode ser de gênero, número ou de pessoa.

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Silepse de Gênero:

Ex.: Vossa Majestade está irritado.

Comentário: A concordância certa seria "está irritada" já que Vossa Majestade é do gênero feminino, mas subentende-se que estamos falando de um homem.

Silepse de Número:

Ex.: A equipe chegou atrasada e falavam em tom elevado.

Comentário: O correto seria concordar o verbo falar com equipe, mas fica subentendido que uma equipe é composta por várias pessoas, por isso, o verbo vai ao plural.

Silepse de Pessoas:

Ex.: Os pernambucanos somos batalhadores.

Comentário: Fica implícito que NÓS (os pernambucanos) somos batalhadores.

HIPÉRBATO: É a inversão mais acentuada de palavras na frase. Cuidado para não confundir com anástrofe, que é uma forma variante do hipérbato, onde a inversão é apenas entre o termo determinante e determinado. Nem sempre é fácil distinguir anástrofe de hipérbato. Mas, vamos entender com o exemplo:

Ex: Letras felizes de músicas emocionam, ou ainda, Músicas de letras felizes emocionam.

Comentário: Na ordem direta a frase seria: Músicas de letras felizes emocionam.

Ouça a canção "Qualquer coisa" de Caetano Veloso e perceba esta figura de construção:

"Esse papo já tá qualquer coisaVocê já tá pra lá de MarrakeshMexe qualquer coisa dentro, doidaJá qualquer coisa doida dentro mexeNão se avexe não baião de dois deixe de manha,deixe de manha..."

PLEONASMO: É a repetição desnecessária de palavras ou expressões para enfatizar, reforçar uma idéia. Confira os exemplos:

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Page 20: Interpretação de Textos para ENEM e Vestibular

Ex.: Ambos os dois chegaram cansados.

Comentário: A idéia de ambos já define que se trata de dois referentes.

Ex: Eu a vi com os olhos que a terra há de comer.

Comentário: Imagina como nós veríamos algo se não fosse com os olhos?

POLISSÍNDETO:

Ocorre quando há repetição da conjunção aditiva "e" ou de outra conjunção coordenativa entre as orações coordenadas.

Ex.: E corre e escolhe e paga no caixa os produtos que consegue adquirir nas liquidações.

Comentário: Perceba a presença constante da conjunção aditiva "e".

ZEUGMA:

É um tipo de elipse. É a omissão de um termo já enunciado anteriormente que pode ser facilmente identificado. Siga o exemplo de zeugma.

Ex.: Luíza e Eduarda estudam em colégio particular e Roberta em escola pública.

Comentário: O verbo estudar expresso na primeira oração fica implícito na segunda.

Figuras de Pensamento:

Agora que você já aprendeu a identificar as figuras de palavras e de construção vamos estudar as figuras de pensamento. Vamos à lista:

• Antítese• Ironia• Apóstrofe• Eufemismo• Hipérbole• Paradoxo• Prosopopéia• Onomatopéia

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As figuras de pensamento são de mais fácil compreensão porque usamos habitualmente. Então, vamos conhecê-las?

ANTÍTESE: Consiste na oposição de idéias ou palavras. A música de Lulu Santos, "Certas Coisas", é repleta de antítese. Ouça a letra da canção:

"...Nós somos medo e desejoSomos feitos de silêncio e sons","Têm certas coisas que eu não sei dizer".

APOSTROFE:

E um chamamento, uma invocação a seres reais ou imaginários. Corresponde ao vocativo na análise sintática. Acompanhe os exemplos:

Ex.: Senhor Jesus, rogai por nós.Amarga tristeza, desapareça de minha vida!

ONOMATOPÉIA:

Figura em que o som da palavra ou de uma seqüência lembra o significado da própria palavra.

Ex: O relógio faz tic-tac ou Chove, chuva, está chovendo. Ouça agora o refrão de "Chove Chuva" na interpretação da banda Biquíni Cavadão.

"Chove chuva, chove sem pararChove chuva, chove sem pararChove, chove, choveChove chuva, chove sem parar"

EUFEMISMO:Ocorre quando tentamos amenizar o impacto de uma expressão desagradável. Ouça como é possível tratar de assuntos desagradáveis de forma delicada.

Ex.: Você não falou a verdade

Comentário: A afirmação de que alguém mentiu foi atenuada pela construção da frase.

Ex.: Você esqueceu de usar o desodorante.

Comentário: Em outras palavras a frase quer dizer que alguém está cheirando mal.

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PROSOPOPEIA:

Consiste em dar qualidades animadas a serem inanimados, sem vida. É comum ocorrer em piadas e estórias infantis.

Ex.: Você sabe o que o café disse para a colher? Você mexe comigo.O espelho mágico disse à rainha que Branca de Neve era a mais bela de todas.A canção "De repente, Califórnia" de Lulu Santos traz vários exemplos de personificação. Observe:

"O vento beija meus cabelosAs ondas lambem minhas pernasO sol abraça o meu corpoMeu coração canta feliz..."

HIPÉRBOLE:É o contrário do Eufemismo. Consiste em exagerar na expressão de uma idéia. Aprenda com os exemplos:

Estou morrendo de tristeza por ter que partir.

Comentário: O exagero está na idéia de morrer de tristeza por ter que partir.Meu amor por você é maior do que o universo.

Comentário: O excesso vem da dimensão exagerada expressa no termo "do tamanho do universo". Acompanhe um trecho da música "Exagerado", de Cazuza.

"Eu nunca mais vou respirarSe você não me notarEu posso até morrer de fomeSe você não me amar..."

IRONIA: Ocorre quando a frase tem um significado contrário do que se pensa. Muitas vezes somos irônicos quando tentamos agradar a terceiros. Imagine que você encontrou na rua um amigo obeso que engorda a cada dia e diz a ele:

Ex.: "Nossa! Você está mais magro"

Comentário:É uma ironia porque a afirmação contradiz o que estamos pensando.

PARADOXO:

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É a figura que comporta duas idéias opostas simultaneamente. A música de Herbert Vianna "A Novidade" traz vários paradoxos. Acompanhe:

"A novidade era o máximo do paradoxo estendido na areiaAlguns a desejar seus beijos de deusaOutros a desejar seu rabo pra ceia.A novidade era guerra entreo feliz poeta e o esfomeadoEstraçalhando uma sereia bonita,despedaçando o sonho para cada lado".

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CAPÍTULO 5

VÍCIOS DE LINGUAGEM E SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

VÍCIOS DE LINGUAGEM:

São desvios da norma culta provocados por descuido ou por ignorância de quem fala ou escreve. Vamos conhecê-los um a um:

BARBARISMO: Ocorre quando há desvio da norma gramatical. Eles podem ser:

Barbarismo de Grafia: Ocorre quando escrevemos uma expressão de forma errada.

Comentário: A palavra Xuxu escrita com dois X tem o mesmo som de Chuchu escrita da forma correta com dois CH. Mas é barbarismo de grafia escrever Chuchu com "X".

Barbarismo de Pronúncia: Quando pronunciamos erradamente. Um exemplo muito conhecido é a palavra "rubrica". Muitos a pronunciam rúbrica.

Barbarismo de Morfologia: Quando a forma está escrita erradamente.

Ex.: O jornalista intermedia o debate político. O correto seria: O jornalista intermedeia o debate político.

Barbarismo de Semântica: Ocorre quando há erro no sentido das palavras.

Ex: Não comer peixe que tem espinho. O correto seria: espinha.

É a cara do pai cuspida e escarrada. A expressão certa é: esculpida e encarnada.

ATENÇÃO: Todas as formas de estrangeirismo também constituem barbarismos. O estrangeirismo ocorre quando usamos palavras de outras línguas que não o português.

SOLECISMO:

É o nome dado às construções que transgridem as normas de sintaxe, que podem ser dos seguintes tipos:

a) de concordância: Observe os exemplos:Haviam pessoas na sala;

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A turma gostaram da festa;Quem fez isso fui eu.

b) de regência:Obedeça o chefe; (obedeça ao chefe)Assistir o programa; (assistir ao programa)Ter ódio do mundo. (odiar o mundo)

c) de colocação:Verei-te amanhã; (ver-te-ei amanhã)Não olhei-te; (não te olhei)Propor-vos-íamos. ( não é mais usado)

ARCAÍSMO:

É o uso de palavras que já caíram em desuso.

Ex: Colóquio amoroso. Significava flerte ou namoro.

PRECIOSISMO:

É o uso de um vocabulário muito rebuscado.

Ex: "Baixar a inflação? Isso é colóquio flácido para acalentar bovino". Significa o mesmo que dizer " isso é conversa mole para boi dormir".

NEOLOGISMO:São palavras novas que obedecem às normas gramaticais, mas ainda não foram incorporadas ao nosso idioma.

Ex.: O técnico da seleção brasileira se considera imexível.

Comentário: a palavra "imexível" é um neologismo.

A canção "Pela Internet" de Gilberto Gil, é um bom exemplo do uso de neologismos. Ouça a letra!

"Com quantos gigabytesSe faz uma jangadaUm barco que velejeQue veleje nesse infomarQue aproveite a vazante da infomaréQue leve um oriki do meu velho orixáAo porto de um disquete de um micro em Taité..."

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AMBIGUIDADE:

É quando a mesma frase permite mais de uma interpretação. Apresenta dois ou mais sentidos. Acompanhe o exemplo.

Ex.: Um homem disse ao outro que sua mulher havia morrido. Comentário: Quem ficou desesperado com a notícia? Não é possível saber ao certo, pois a frase pode ser interpretada de duas formas. O pronome possessivo "sua" é o responsável pela ambigüidade porque não esclarece de quem é a mulher falecida. Se do homem que falou ou se do homem que ouviu a notícia.

CACÓFATO:Ocorre quando há junção de duas sílabas que criam um sentido ridículo, inconveniente ou descabido.

Ex.: Vou-me já.

Comentário: A frase quer dizer: "Vou agora", mas soa como "vou urinar".

PLEONASMO VICIOSO OU TAUTOLOGIA:

Observe os exemplos a seguir e tire as suas conclusões sobre este vício de linguagem: descer para baixo, subir para cima, sair para fora, hemorragia de sangue, novidade inédita, repetir outra vez, exultar de alegria, conviver juntos, inventar novidades, adiar para depois e panorama geral.

ECO:

É o uso de fonemas iguais. Uma frase usada como slogan de final de ano da Rede Globo dizia: "Tente, invente, faça um ano novo diferente".

SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

A Língua Portuguesa é muito extensa. Há palavras que são escritas com a mesma grafia, outras têm o mesmo som, algumas têm grafia e som iguais com significados diferentes.Enfim, para não confundir sua cabeça vamos conhecer as palavras e seus significados. As palavras são classificadas em parônimos e homônimos.

PALAVRAS HOMÔNIMAS: Possuem a mesma pronúncia ou grafia, mas significados diferentes. As homônimas podem ser:

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Homônimos Homófonos:Apresentam pronúncia e som iguais, com grafia e significado diferentes. Vamos acompanhar alguns exemplos:

A palavra acender escrita com a letra C significa pôr fogo.Já ascender escrita com SC significa subir.

O mesmo acontece com a palavra censo. Se for escrito com C significa recenseamento. Enquanto senso com S quer dizer entendimento, juízo.

Homônimos Homógrafos:

Têm a mesma grafia com pronúncia diferente e significados diversos. A palavra pelo é escrita da mesma forma exceto pelo acento circunflexo que provoca um timbre mais acentuado na pronúncia.

Acompanhe as frases:

Ex.: Pelo amor de Deus faça o que eu peço.O pêlo encravado no meu sinal cresce rápido.

Ainda existem os homônimos homófonos e homógrafos: Mais conhecidos como homônimos perfeitos, são palavras escritas e pronunciadas de forma igual. Só o significado difere. A palavra: pena é um homônimo perfeito.

Ex.: A pena de galinha tem cheiro desagradável.Tenho pena daquela pobre menina rica.

Outros exemplos são estes:

Bucho(ch): estômago // buxo( x ): arbustoCela (c): quarto pequeno // sela(s): arreioCoser (s): costurar // cozer(z): cozinharConcerto (c): sessão musical // conserto(s): reparoCito (c): do verbo citar // sito(s): situadoLaço(ç): nó // lasso (ss): frouxoTaxa (x): imposto // tacha (ch): tipo de pregoEspiar (s): olhar // expiar (x): sofrer, purgarIncerto (c): duvidoso // inserto (s): inserido,dentro deCheque (ch): ordem de pagamento // Xeque (x): lance do jogo de xadrez.PALAVRAS PARÔNIMAS:

São apenas parecidas, mas têm grafia, pronúncia e significado diferentes.

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Acompanhe os exemplos:

A palavra arrear (com "e" e "a") significa pôr arreios. Já a palavra arriar (com "i" e "a") significa descer, cair.

Imergir (com i) significa afundar. E, emergir (com e) significa vir à tona.

Acompanhe outros exemplos:

Absolver (I): perdoar, inocentar // Absorver (r): aspirar, sorver.Apóstrofe: figura de linguagem //Apóstrofo: sinal gráficoEmigrar(e): deixar uma região ou país. Imigrar(i): entrar num paísEminente(e): é o mesmo que elevado // Iminente(i): prestes a acontecerVadear(e): atravessar a vau // Vadiar(i): andar ociosamenteMandado: ordem judicial // Mandato: procuraçãoInfligir: aplicar pena // Infringir: violar, desrespeitar

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CAPITULO 6

PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO,COESÃO E COERÊNCIA

PREPOSIÇÃO: É a palavra que liga dois termos ou palavras da oração estabelecendo uma relação entre elas.São classificadas em acidentais ou essenciais e também podem ser locuções prepositivas. Vamos conhecer as preposições?

Preposições Essenciais:São aquelas que sempre foram preposições. Vamos à lista: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre e trás.

Ex.: Entre você e mim há mais do que uma simples amizade.Não vou para casa desde ontem.

Preposições Acidentais:

São palavras de uma outra classe que em certas circunstâncias funcionam como a preposição. As mais usadas são: conforme, segundo, como, salvo, fora, mediante, tenho e durante.

Ex: Saiu durante a festa. Pagou a taxa de condomínio mediante entrega do recibo.

Locuções Prepositivas: É o conjunto de duas ou mais palavras formadas por preposição. As mais usadas são: à frente de, à espera de, a fim de, à beira de, abaixo de, ao lado de, apesar de, graças a, de acordo com e à procura de.

Ex.: Estou à beira de um ataque de nervos.

CONJUNÇÃO:

É uma palavra invariável que liga duas orações. São divididas em coordenativas e subordinativas.

COORDENATIVAS:

Ligam duas orações independentes ou coordenadas. Vamos saber quais são os cinco tipos de conjunções coordenativas? São elas: aditivas; adversativas; alternativas; conclusivas e explicativas.

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Conjunções Aditivas:

Conjunções que exprimem adição ou soma de idéias, pensamentos. São elas: e, nem, mas também e mas ainda.

Ex.: Fábio chegou cedo e terminou o trabalho.

Conjunções Adversativas:

Sugerem uma idéia de oposição, de contraste de pensamentos. As adversativas mais usadas são: mas, porém, contudo, todavia e entretanto.

Ex.: Gosto de trem, mas prefiro ônibus.

Conjunções Alternativas:

Dão a idéia de escolha, de possibilidade. As principais são: ou...ou, ora...ora e quer... quer.

Ex.: Ou você estuda, ou trabalha.Você vai quer queira, quer não queira.

Conjunções Conclusivas:

Indicam a conclusão de pensamentos. As mais freqüentes são: portanto, por isso, logo, por conseguinte, assim, então e pois (posposto ao verbo).

Ex.: O cavalo está doente, logo não pode competir.

Conjunções Explicativas: Explicam dando o motivo, a razão. As mais comuns são: pois (antes do verbo da oração), porquanto, porque e que.

Ex.: Não fui a sua casa ontem, pois estava muito cansado.

SUBORDINATIVAS:

Ligam a oração subordinada a sua principal, ou seja, são orações que dependem de si para completar o sentido da frase. Vamos descobrir quais são elas: causais; condicionais; consecutivas; comparativas; conformativas; concessivas; temporais; finais; proporcionais e integrantes.

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1. Causais:Iniciam as orações subordinadas que indicam causa. As conjunções subordinativas causais são: porque, já que, uma vez que, como e visto que.

Ex.: Ela desistiu de competir, porque estava doente.

2. Condicionais:

Pressupõe condição, hipótese. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, desde que, a menos que e a não ser que.

Ex.: Vou com você ao teatro, contanto que me pague a entrada.

3. Consecutivas:

Exprimem a conseqüência ou efeito do que foi declarado na primeira oração. As consecutivas são: que (antes de tão, tal e tanto), de modo que, de maneira que e de sorte que. Exemplo: Choveu muito, de modo que deixou as ruas alagadas.

4. Comparativas:

Iniciam orações subordinadas que dão à idéia de comparação. As principais são: que,do que(quando inicidadas ou antecedidas por menos, mais, maior, enor, melhor e pior), qual (quando iniciada ou antecedida por tal) e como (relacionado a bem, tal, tão e tanto)

Ex.: Esta gramática é mais antiga que a minha.

5. Conformativas:

Orações que indicam conformidade, concordância de um fato com outro. As conjunções conformativas são: como, conforme, segundo e consoante.

Ex.: Fiz o trabalho conforme fui orientada.

6. Concessivas:

Exprimem um sentido contrário, inverso à idéia contida na oração principal. As concessivas são: embora, se bem que, ainda que, mesmo que, conquanto, posto que, apesar de que, por mais que, por menos que, por maior que, por pior que, por melhor que e por pouco que.

Ex.: Foi embora logo, ainda que não quisesse.7. Temporais:

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Dão à oração idéia de tempo. As temporais são: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, depois que, antes que e sempre que.

Ex.: Devolverei o livro, assim que terminar de lê-lo.

8. Finais:

Indicam a finalidade na oração. São elas: a fim de que, para que e que.

Ex.: Trabalhou com dedicação, a fim de que fosse promovido.

9. Proporcionais:

Exprimem a idéia de simultaneidade. As proporcionais são: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais, quanto menos, quanto menor, quanto maior, quanto melhor e quanto pior.

Ex.: A música aumentava à proporção que ele se aproximava.

10. Integrantes:

Introduzem orações com função substantiva. São elas: que e se (caso iniciem uma oração subordinada substantiva).

Ex.: Não vi se os professores já chegaram.

COESÃO E COERÊNCIA

COESÃO E COERÊNCIA:

O texto é o conjunto de palavras, associadas entre si por processos de coordenação e subordinação. As palavras são constituídas por fonemas, sons da fala. Os fonemas são representados por letras que se unem para formar as orações que, agrupadas, constituem os períodos. Os períodos formam os parágrafos. E temos então o texto. Mas para que isso tudo ocorra de modo exato, é preciso usar adequadamente os elementos necessários que dão sentido ao texto, pois caso isso não ocorra, o sentido será prejudicado. Observe o exemplo a seguir: O dia estava lindo e o sol radiante. Por isso, faltei à escola.

Comentário: A frase, composta por períodos, é agrupada de dois segmentos distintos. O primeiro fala do lindo dia e do sol; o segundo da decisão de faltar aula. Note que o que faz a ligação entre os segmentos é a locução por isso. Para

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manter a coerência também poderíamos usar os termos: por causa disso, em virtude disso.Concluímos então, que as partes do texto estavam ligadas coerentemente porque a locução usada explica uma situação, ligando duas orações e mantendo um sentido lógico, portanto, coerente.

Então não esqueça que: coesão é a ligação entre as partes do texto; coerência é o seu sentido lógico. Você sabe quais são as palavras que fazem essa ligação mantendo o sentido lógico? São os chamados elementos conectores. Palavras que sempre fazem referência ao texto, em situações já passadas ou por acontecer. Muitas palavras desempenham a função de conectivos.

Observe as principais:

- Pronomes pessoais, retos ou oblíquos; pronomes possessivos; demonstrativos; indefinidos; relativos e interrogativos.

-Substantivos, advérbios , preposições.

-Conjunções coordenativas e subordinativas.

Depois de estudar os elementos conectores,coesão e coerência,vamos agora praticar...

1) Assinale o item que, atendidos os requisitos de coerência e coesão, possa dar continuidade ao seguinte período:

"Os historiadores vêm, há muito tempo, estudando o corpo no campo de uma demografia ou de uma patologia históricas. Mostraram até que ponto os processos históricos estavam implicados no que se poderia considerar a base puramente biológica da existência".

a) Apesar disso, o corpo está diretamente mergulhado no campo político, as relações de poder têm alcance imediato sobre ele.b) Na medida em que o encaram como sede de necessidades e de apetites, como lugar de processos fisiológicos e de metabolismos, o corpo só se torna útil se é, ao mesmo tempo, corpo produtivo e corpo submisso.c) Também está o corpo envolvido por relações de poder e de dominação, que o sujeitam a trabalhos, o supliciam e lhe exigem sinais. Esse processo pode serdenominado tecnologia política do corpo.d) Portanto, o investimento político do corpo está ligado, segundo relações complexas e recíprocas, à sua utilização econômica.

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e) Em compensação, sua constituição como força de trabalho só é possível se ele está preso num sistema de sujeição, onde a necessidade é também um instrumento político organizado.

Resposta: CComentário: A resposta certa é a opção C. A palavra também, além de retomar a idéia apresentada na argumentação anterior, acrescenta mais uma informação ao texto: de o corpo estar envolvido por relações de poder e de dominação. A palavra também, então, está servindo de elo entre informações presentes e contribuindo para o sentido de continuidade do período.

02. Indique a única frase escrita com coerência e coesão textual:

a) Este ano, a Receita federal, empenhada em combater a sonegação, tem uma boa notícia, diante de tantas cobranças novas e ameaças velhas para os consumidores que não se furtam a pagar aquilo que devem.b) O Presidente Itamar Franco assina, ainda esta semana, a nova regulamentação do Imposto de Renda simplifica a vida de todos.c) Apesar de ainda ter 1024 artigos, a nova regulamentação consolida com bom aproveitamento das contribuições recebidas, as milhares de normas e portarias existentes.d) Tendo sido elaborado em 1980, o último regulamento relativo ao Imposto deRenda é muito antigo, onde está a ponto de ficar obsoleto.e) A nova regulamentação traz vantagens. Porque aproveita 10% das mais de 500 contribuições recebidas nos três meses de audiências públicas.

Resposta: DComentário: Na A temos um erro: o pronome onde está ligando a expressão Santa Marta com ministros. Quem liga palavra com palavra é cujo, no caso de veria ser escrito assim “Como em Santa Marta em cuja quadra...” Na B temos um desvio semântico, pois o relativo cujo dá ideia de posse. Logo, “Como em Santa Marta cujos ministros” indica que os ministros são de Santa Marta, afirmação que não corresponde ao texto original, que diz que os ministros procedem de vários lugares e irão reunir-se em Santa Marta. Além disso neste item se afirma que os líderes comunitários são santa-marienses, o que também é falso, pois eles são de diferentes recantos, Santa Marta é apenas um ponto de reunião. O item C é verdadeiro, mas incompleto, falta a continuidade da frase “e líderes comunitários”. Na E, há um erro de coesão grave, não é possível conectar a palavra como com o conectivo onde: Como...onde ministros...” Além disso, há um erro de grafia : santa-mariense tem hífen. Outro erro deste item é o fato de ao falar que os ministros eram santamariense, se afirma que eram filhos da cidade, o que não é verdade, pois, como já vimos, eles vêm de outros lugares

3.Que item não completa de forma coesiva, coerente, lógica e gramaticalmente correta o texto:

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Todo ano, nessa época, São Paulo festeja o Santo Genaro, padroeiro dos napolitanos. A Rua San Gennaro é pequena e apresenta riscos para os frequentadores das atividades. Em virtude disso…

a) as barracas ficarão espalhadas pelas calçadas das ruas adjacentes.b) A assessoria da prefeitura entrou em entendimentos com a comunidade do bairro visando à transferência do local.c) Recomenda-se aos pais que a presença de crianças na festa não ultrapasse às 21 horas.d) Os festeiros definiram, para este ano, a realização dos festejos na rua San Gennaro.e) A comunidade napolitana solicita seja indicado local alternativo para as festividades..

Resposta 3: D Comentário: A expressão em virtude disso será completada por uma consequência lógica. Se a rua oferece riscos, é lógico que as barracas sejam espalhadas pelas ruas adjacentes, como aparece na letra A. O mesmo se diz dos esforços da Prefeitura para mudar a festa de local. A C é um pouco discutível, mas aceitável. A E segue os passos consecutivos das demais alternativas. Quem não é condizente com a realidade textual é a letra D, pois terem confirmado a escolha da mesma rua é um contra-senso.

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CAPÍTULO 7

QUESTÕES COMENTADAS

E como não há teoria sem prática, nós vamos comentar as questões aplicadas na prova de Português do concurso de Agente Penitenciário de Brasília. O concurso foi organizado pelo Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ,em 2004. Depois de resolvermos diversos exercícios você vai perceber que está preparado para qualquer processo seletivo. No áudio deste curso,pedimos que você acompanhe os exercícios lendo o livreto. Vamos às questões?!

TEXTO 1 - CIDADE DE DEUS

Autor: Rubem Fonseca

"O nome dele é João Romeiro, mas é conhecido como Zinho na Cidade de Deus, uma favela em Jacarepaguá, onde comanda o tráfico de drogas. Ela é Soraia Gonçalves, uma mulher dócil e calada. Soraia soube que Zinho se tornara traficante dois meses depois de estarem morando juntos num condomínio de classe média alta na Barra da Tijuca.Você se importa?, Zinho perguntou e ela respondeu que havia tido na vida dela um homem metido a direito que não passava de um canalha.No condomínio, Zinho é conhecido como vendedor de uma firma de importação. Quando chega uma partida grande de droga na favela, Zinho some durante alguns dias.Para justificar sua ausência, Soraia diz, para as vizinhas que encontra no playground ou na piscina, que o marido está viajando pela firma. A polícia anda atrás dele, mas sabe apenas o seu apelido e que ele é branco. Zinho nunca foi preso..."

1- "...e ela respondeu que havia tido na vida dela um homem metido a direito que não passava de um canalha"; a resposta de Soraia equivale a dizer que:

a) todos os homens são canalhas;b) não vale a pena viver dentro da lei;c) nem tudo na vida é perfeito;d) a vida criminosa é mais cheia de emoções;e) todos os homens são hipócritas.

Resposta: CComentário: A alternativa C equivale à justificativa da mulher permanecer ao lado do marido. A alternativa A, é falsa porque um único homem citado como canalha, foi o ex-marido de Soraia. Enquanto, as afirmações contidas nos itens B, D e E, não estão expressas no texto.

2 - No primeiro período do texto, o segmento "uma favela em Jacarepaguá" é um aposto, empregado para:a) informar algo hipoteticamente desconhecido;b) situar a ação num bairro perigoso;

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c) ironizar sobre o nome de Deus na designação de uma favela;d) preparar o leitor para um tema policial;e) mostrar a relação entre miséria e crime.

Resposta: A

Comentário: Em qualquer texto completo, o autor se preocupa em situar o leitor sobre o local exato onde a história se passa. A população de outros estados não tem obrigação de saber que a Cidade de Deus é uma favela, muito menos que fica localizada no bairro de Jacarepaguá.Por isso a alternativa A é a correta. Observe que as alternativas B, D e E tentam confundir o candidato com informações verdadeiras. De fato, a Cidade de Deus é umbairro perigoso onde a miséria e o crime são a realidade dos moradores. Portanto, os elementos, de fato, constam no texto, mas não respondem objetivamente a questão.

3 - No primeiro período, o vocábulo onde se refere a um local anteriormente citado, a favela Cidade de Deus.O o item abaixo em que o mesmo vocábulo tem um antecedente anteriormente expresso é:

a) a polícia não sabe onde Zinho mora;b) o local onde Zinho atua é desconhecido da polícia;c) as vizinhas desejam saber onde Zinho está;d) zinho mora na Barra, mas onde trabalha todos ignoram;e) onde é que Zinho se esconde?

Resposta: BComentário: O vocábulo onde na oração está relacionado ao seu antecedente, que é local. O que não acontece nas demais alternativas.

4 - Tráfico tem como parônimo o vocábulo tráfego, com o qual não pode ser confundido.O item que está mal redigido porque houve a substituição indevida de umvocábulo por seu parônimo é:

a) o criminoso foi preso em flagrante;b) os criminosos expiam suas culpas na prisão;c) o acusado pediu despensa do depoimento;d) o prisioneiro decidiu delatar o cúmplice;e) era iminente a prisão do grupo.

Resposta: CComentário: Essa questão exige também o conhecimento sobre palavras parônimas.Viu como todo o embasamento gramatical é importante na compreensão de textos ? O quesito pede para que você identifique o emprego incorreto de um parônimo. Na alternativa C que diz O acusado pediu DESPENSA do depoimento.Despensa (com E) é um compartimento da casa. O termo correto seria DISPENSA (com I). As demais alternativas estão escritas de forma correta. Se

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permanecer alguma dúvida, ouça novamente a lição sobre palavras homônimas e parônimas.

5 - "...é conhecido como Zinho na Cidade de Deus,...". O o item em que se reescreve esse segmento do texto de forma ERRADA, por alterar o seu sentido, é:

a) na Cidade de Deus é conhecido como Zinho;b) é conhecido, na Cidade de Deus, como Zinho;c) conhecem-no como Zinho na Cidade de Deus;d) na Cidade de Deus o conhecem como Zinho;e) a Cidade de Deus o conhece como Zinho.

Resposta: EComentário: A alternativa E está errada porque pressupõe que a favela Cidade de Deus conhece alguém como Zinho. Como bairros ou favelas não conhecem pessoas, não é a Cidade de Deus que o conhece, e sim os moradores dela. As demais alternativas expressam a idéia de que os moradores da Cidade de Deus o conhecem como Zinho. Por isso, estão escritas corretamente.6 - 0 fato de Zinho sumir durante alguns dias quando chega uma partida grande de drogas na favela se explica pelo fato de:

a) ser perigoso estar na favela nesse momento;b) nesse momento a polícia fica mais vigilante;c) ser necessária sua presença para os negócios;d) Zinho também deve ser grande consumidor de drogas;e) estar sendo perseguido pela polícia.

Resposta: CComentário: Perceba que a afirmação do item A que diz "é perigoso estar na favela nesse momento" contradiz o texto. Ao contrário, Zinho permanece na favela quando chega a droga. Nas letras B e E há informações verdadeiras, mas que não representam o motivo principal da permanência dele na favela. Já a alternativa D contém informações que sequer são citadas no texto. Em nenhum momento Zinho é tratado como grande consumidor de drogas, mas apenas como traficante. Por tudo isso, fica evidente no texto que Zinho permanece no morro para administrar seu negócio.

7 - Só não se pode deduzir do que é lido no texto 1 em:

a) o tráfico de drogas envolve grande quantidade de dinheiro;b) muita riqueza se deve ao tráfico de drogas;c) algumas pessoas se deixam atrair por uma vida fácil;d) o desemprego causa muitos problemas sociais;e) o tráfico de drogas não é bem visto no meio social.

Resposta: D

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Comentário: Numa questão que exige do candidato a dedução a partir do texto, a atenção deve ser redobrada.Se você ficar atento vai perceber que o texto não se refere ao problema de desemprego, nem a causa social. Nele, as questões relacionadas ao tráfico de drogas são o rápido e fácil enriquecimento; o grande volume de dinheiro gerado com a venda de entorpecentes e o preconceito da sociedade que condena o tráfico.

8 - A frase final do texto "Zinho nunca foi preso", no contexto textual e social em que se insere, mostra:a) a agilidade do traficante;b) o despreparo da polícia;c) o insucesso do tráfico;d) a corrupção policial;e) a ineficiência das leis.

Resposta: BComentário: Se um traficante domina toda a extensão de uma favela e, mesmo assim, a polícia sabe dele apenas sua alcunha e cor da pele, isso deixa claro o despreparo da polícia. Além disso, o texto não dá indícios sobre a ineficiência das leis, corrupção policial ou sobre a agilidade do traficante.

TEXTO 2 - 0 ESTATUTO DO DESARMAMENTO

- Luiz Garcia - O Globo, 29/06/2004"Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. E demorou um tempão. Tudo começou com ato solene no Palácio do Planalto, quando o então presidente Fernando Henrique respondeu a uma cobrança da sociedade e assinou mensagem enviando o projeto ao Congresso.O empenho implícito na solenidade teve vida curta.A mensagem caiu na vala comum do Legislativo, onde se integrou a um renque de iniciativas sobre desarmamento, algumas a favor de guerra declarada e eficaz ao excesso de armas no país, outras fazendo o possível para que não se tivesse lei alguma; na pior hipótese, aceitavam uma lei aguada.No governo Lula, o lobby das armas sofismou e atrapalhou o quanto pôde. Mas a cobrança da sociedade acabou por prevalecer. Entretanto, seis meses após a sanção da lei criando o estatuto, ele existe pela metade.(....) Ou seja, falta muito".

09 - "...quando o então presidente..."; " ...onde se integrou a um renque..."; o item em que houve troca indevida entre ONDE e QUANDO é:

a) ele a conheceu na pracinha onde jogava futebol;b) não se lembrava da adolescência, onde tudo acontecera;c) queria saber quando viajara, pois só estava certo de que não fora nas férias;d) não sabia quando a veria de novo;e) ficou triste após o banho de mar, quando perdera a aliança.

Resposta: B

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Comentário: Usamos a palavra Onde para fazer referência a lugar. No item B a frase se refere a tempo, lembrança, logo a palavra adequada seria Quando.

10 - O vocábulo renque em "renque de iniciativas" une duas idéias:

a) quantidade e alinhamento;b) variedade e desvalorização;c) confusão e quantidade;d) desvalorização e alinhamento;e) confusão e variedade.

Resposta: AComentário: Essa questão requer conhecimento do vocabulário, mas é só usar um pouco de interpretação para respondê-la. Voltemos ao texto.Nele diz que a "mensagemcaiu na vala comum e integrou a um renque de iniciativas sobre desarmamento". Perceba que a frase dá a idéia de que renque tem o sentido de quantidade (integrou) e alinhamento (iniciativas sobre desarmamento),deduz-se que há outras leis sobre o desarmamento a serem votadas.

11 - "O empenho implícito na solenidade teve vida curta"; a frase significa que:

a) a solenidade foi realizada para enganar a opinião pública;b) durou muito pouco a solenidade realizada;c) o empenho explícito era maior que o empenho implícito;d) a solenidade teve vida curta porque houve pouco empenho;e) o empenho prometido na solenidade em si mesma durou pouco.

Resposta: EComentário: O item A extrapola e nega a afirmação contida no enunciado. A solenidade não foi realizada para enganar a opinião pública, ao contrário, o texto afirma que houve um empenho implícito em torno do assunto, mas que teve vida curta. Perceba como a alternativa B tenta confundir o candidato. Não foi a solenidade que durou pouco e sim o empenho para implementar a Lei do Desarmamento.Na alternativa D é visível a armadilha.O jogo de palavras também causa dúvidas ao candidato.O que teve vida curta foi o empenho em torno da lei do Desarmamento, implícito na solenidade. Já a alternativa C fala em empenho explícito e, portanto, foge a realidade textual. Entendeu? Portanto o item E é o único correto.A resposta dessa questão pode ser confirmada no início do segundo parágrafo, que diz: "A mensagem caiu na vala comum do legislativo", ou seja, se integrou a outras iniciativas.

12- Em 24 de junho de 2004, saiu a seguinte notícia na edição do jornal O Globo: "Terror ameaça agora o premier do Iraque". Deduz-se da leitura dessa notícia, no contexto atual, que:

a) o primeiro ministro do Iraque já foi atacado antes;b) os terroristas mataram o premier anterior;

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Page 41: Interpretação de Textos para ENEM e Vestibular

c) o terror já fez outras ameaças anteriormente;d) os terroristas vivem no Iraque;e) o Iraque era um país livre dos ataques terroristas.

Resposta: CComentário: A palavra AGORA indica anterioridade, referente à ameaça, ou seja, o terror já ameaçou antes, mas não necessariamente o premier como indicam as alternativas A e B. Nos itens D e E as informações não estão relacionadas a oração citada no enunciado. Enquanto a letra C dá a idéia de que o terrorismo sempre representou uma ameaça.

13 - Em junho de 2004 morreu o ex-governador do Rio, Leonel de Moura Brizola. Em 24 de junho, Luiz Fernando Veríssimo escrevia, nas primeiras linhas de sua crônica dojornal O Globo: "Foi a primeira morte sem aspas do Brizola. Sua "morte" em sentido figurado foi anunciada várias vezes". Só não se pode ler nesse segmento que:

a) Brizola era pessoa considerada bastante conhecida dos leitores;b) houve vários anúncios falsos da "morte" de Brizola;c) dentro do contexto, as "mortes" de Brizola ocorriam no plano político;d) um dos empregos das aspas é o de mostrar sentido figurado das palavras;e) vão ocorrer outras mortes sem aspas de Brizola.

Resposta: EComentário: O texto se refere à morte, com aspas, isto é uma morte no sentido figurado como mostram as opções A, B, C e D. Portanto, o que não se pode deduzir a partir desse ou de qualquer outro texto é que vão ocorrer outras mortes sem aspas do político Brizola.Porque a morte, sem aspas, significa falecimento. E como só morremos uma vez, é impossível ocorrer à morte, sem aspas, do político Brizola outras vezes.

14- O colunista Ancelmo Góis fez publicar em O Globo a seguinte notícia: Greve na PF"O clima é tenso na Polícia Federal. Os agentes interromperam de mãos vazias uma greve, há mês e meio, depois de atazanar a vida dos passageiros nos aeroportos. Como o governo não fez nenhuma concessão, a turma ameaça com outra greve. Promete, desta vez, a adesão dos delegados. É. Pode ser." A tensão na Polícia Federal é, segundo o texto, resultante de:

a) problemas causados aos passageiros nos aeroportos;b) preparação para uma nova greve da categoria;c) tentativa de procurar a adesão dos delegados para uma nova greve;d) uma greve anterior não ter dado o resultado esperado;e) concessões insuficientes por parte do governo.

Resposta: DComentário: A alternativa D se refere à volta de uma greve, não solucionada no passado, o que é claro no texto. Essa situação é responsável pelo clima de tensão. Os demais itens fazem parte do texto como as alternativas A, B, C e E, no

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entanto não são o principal motivo da tensão que pode levar a uma nova greve na Polícia Federal.

15-A última frase do texto da notícia de Ancelmo Góis revela:a) certeza;b) alarme;c) conselho;d) opinião;e) dúvida

Resposta: EComentário: Para resolver essa questão você pode usar o método de eliminação. As opções A, B e C, são absurdas. A expressão "É, pode ser", que finaliza o texto, não expressa certeza, nem alarme ou conselho. O termo Indica dúvida, pois não define com precisão se o fato irá acontecer. O que torna o item E verdadeiro.

16 - Infere-se da notícia que:a) a PF está em greve permanentemente;b) a PF não conseguiu o apoio dos delegados na última greve;c) os delegados jamais aderem à greve da PF;d) a greve da PF traz risco para os passageiros;e) nenhuma greve de funcionários recebe respostas positivas do governo.

Resposta: BComentário: Lembra que nós estudamos os enunciados com as palavras "inferir e julgar"? Perceba que o enunciado pede para inferir, ou seja, para concluir algo a partir da idéia do texto. Com base nesse conceito note que apenas a alternativa B está dentro do contexto. As demais opções apresentam deduções que até podem ser verdadeiras, mas que não constam no texto.

17 - 0 Jornal do Brasil publicou, no dia 4/07/2004, a seguinte notícia: Seis bandidos fogem de penitenciária "Seis presos fugiram ontem, por volta das 8h, do presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão. Três deles foram recapturados pouco tempo depois no Zoológico do Rio. Um dos presos fugiu após render o agente penitenciário de seu setor com um revólver.As imagens feitas no pátio do presídio registraram a ausência, por sete minutos, do PM responsável pela guarita por onde os detentos passaram. A Secretaria de Administração Penitenciária informou que vai abrir sindicância para esclarecer se houve facilitação de fuga."

O título dado à notícia, em função do que é lido no texto:a) resume todas as informações do texto;b) destaca algo prejudicial à imagem da polícia;c) fornece uma informação errada aos leitores;d) valoriza a esperteza dos presidiários;e) mostra a superlotação dos presídios.

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Resposta: BComentário: O título informa que um grupo de seis bandidos conseguiu fugir. Se é de competência da polícia evitar possíveis fugas, a informação do título é prejudicial a polícia. Portanto é correta a opção B. Perceba que o item A não resume todas as informações do texto, apenas, apresenta o fato principal. O item C diz que o título fornece uma informação errada. Não totalmente errada, mas incompleta.Pois, dos seis fugitivos três foram recapturados. Não há nenhum elemento no texto que evidencie a esperteza dos bandidos. Eles conseguiram fugir por causa da conivência do policial militar que abandonou a guarita. A opção E é falsa. Basta você reler o texto para perceber que a questão da superlotação não é citada em nenhum momento.

18 - Em função do que é dito no texto, voltaram à prisão:a) todos os foragidos;b) nenhum dos fugitivos;c) metade dos que fugiram;d) dois dos presos fugitivos;e) quatro dos foragidos.

Resposta: CComentário: Para você resolver esse quesito, basta usar a matemática, associada à interpretação, claro. Basta calcular. Seis bandidos fugiram e, de acordo com o texto, três deles foram recapturados em um zoológico. A conclusão é óbvia: três bandidos voltaram à prisão, ou seja, a metade dos que fugiram. Por isso a alternativa correta é a C.

19 - 0 que mais causa estranheza na notícia é:a) o fato de um dos detentos possuir um revólver;b) abrirem uma sindicância para investigação de um fato corriqueiro;c) ter havido facilitação de fuga dos detentos;d) a recaptura dos presos ter sido imediata;e) a gravação da fuga nas imagens do próprio presídio.

Resposta: AComentário: O que há de estranho em abrir sindicância para apurar fugas corriqueiras ou não? Esse é o procedimento adotado quando há suspeita de conivência dos servidores.Recapturar de imediato alguns fugitivos também é um fato normal. É raro capturar todos os fugitivos. Também não causa estranheza que as câmeras tenham gravado imagens da fuga. Essa é a finalidade do circuito interno de TV. O que causa uma certa raiva, mas não estranheza é a corrupção policial que não só facilita fuga, como permite o tráfico de drogas e uso de celular dentro das unidades prisionais. Por isso, as alternativas B, C, D e E são falsas. O que poderia, de fato, chocar é um preso possuir um revólver dentro de uma penitenciária. Por isso a opção A está correta.20 - Segundo o que o texto sugere, a ausência do PM da guarita deve ser atribuída, além da irresponsabilidade do militar:

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a) ao cansaço do militar;b) à falha administrativa do presídio;c) ao poder da corrupção;d) às necessidades de serviço;e) à reduzida quantidade de funcionários.

Resposta: CComentário: A sindicância só é instaurada quando há indícios de facilitação de fuga ou conivência por parte do policial. Ou seja, a direção do presídio abriu uma sindicância porque suspeita que o policial militar cedeu ao poder da corrupção. A colaboração dele foi, supostamente, ter se ausentado da guarita por sete minutos, tempo suficiente para que os bandidos fugissem.

21 - "Seis presos fugiram ontem, por volta das 8 horas da manhã, do presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão. Três deles foram recapturados pouco tempo depois no Zoológico do Rio". O comentário correto sobre os componentes desse segmento do texto é:

a) "por volta das 8h" indica um tempo preciso;b) o "pouco tempo depois" tem como ponto de referência a fuga;c) "no Zoológico do Rio" indica o momento em que foram recapturados os presos;d) a quantidade de "seis presos" é informação incorreta;e) a localização do presídio justifica o fato de os presos serem recapturados.

Resposta: BComentário: Observe que na primeira oração há a informação da fuga, e na segunda, a notícia de que, "pouco tempo depois" os bandidos foram recapturados. Portanto, o "pouco tempo depois" dessa oração se refere à fuga dos bandidos. O que torna a opção B a única correta.

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Texto I

“Uma nação já não é bárbara quando tem historiadores.”

(Marquês de Maricá, in Máximas)

1) O texto é:

a) uma apologia à barbárieb) um tributo ao desenvolvimento das naçõesc) uma valorização dos historiadoresd) uma reprovação da selvageriae) um canto de louvor à liberdadeResposta: CA opção a é absurda por si mesma. A letra b não cabe, pois o texto não fala de homenagem à nação. Não pode ser a letra d, porque nada no texto reprova a barbárie (o leitor precisa ater-se ao texto). A última opção é totalmente sem

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propósito. Na realidade, o autor valoriza os historiadores, uma vez que é a sua presença que garante estar a nação livre da barbárie.

2) Só não constitui paráfrase do texto:

a) Um país já não é bárbaro, desde que nele existem historiadores.b) Quando tem historiadores, uma nação já é civilizada.c) Uma nação deixa de ser bárbara quando há nela historiadores.d) Quando possui historiadores, uma nação não mais pode ser considerada bárbara.e) Desde que tenha historiadores, uma nação já não é mais bárbara.

Resposta: EO que responde à questão é o valor dos conectivos. A palavra quando introduz uma oração temporal. O mesmo ocorre com o desde que da letra a. (observe que o verbo se encontra no modo indicativo: existem.) Na letra e, a conjunção desde que (o verbo da oração está no subjuntivo: tenha) inicia oração com valor de condição, havendo,pois, alteração de sentido.

Texto II

“A maior alegria do brasileiro é hospedar alguém, mesmo um desconhecido que lhe peça pouso, numa noite de chuva.” (Cassiano Ricardo, in O Homem Cordial)

1) Segundo as idéias contidas no texto, o brasileiro:

a) põe a hospitalidade acima da prudência.b) hospeda qualquer um, mas somente em noites chuvosas.c) dá preferência a hospedar pessoas desconhecidas.d) não tem outra alegria senão a de hospedar pessoas, conhecidas ou não.e) não é prudente, por aceitar hóspedes no período da noite.

Resposta: A

Na ânsia de ser hospitaleiro, o brasileiro hospeda, imprudentemente, em sua casa, pessoas desconhecidas. A letra b condiciona a hospedagem às noites chuvosas. A opção c não tem nenhum apoio no texto, que não fala em preferências. A letra d não cabe como resposta, pois o texto nos fala de “maior alegria”, ou seja, há outras, menores. A letra e poderia realmente confundir. Na verdade a falta de prudência não existe por aceitar hóspedes durante a noite, mas aceitá-los sendo eles desconhecidos.

2) A palavra mesmo pode ser trocada no texto, sem alteração de sentido, por:

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a) certamenteb) atéc) talvezd) comoe) não

Resposta: B

Mesmo é palavra denotativa de inclusão, da mesma forma que até.

3) A expressão “A maior alegria do brasileiro” pode ser entendida como:a) uma personificaçãob) uma ironiac) uma metáforad) uma hipérbolee) uma catacrese

Resposta: D

Trata-se de um evidente exagero do autor. A figura do exagero chama-se hipérbole.

4) O trecho que poderia dar seqüência lógica e coesa ao texto é:a) Não obstante isso, ele é uma pessoa gentil.b) Dessa forma, qualquer um que o procurar será atendido.c) A solidariedade, pois, ainda precisa ser conquistada.d) E o brasileiro ganhou fama de intolerante.e) Por conseguinte, se chover, ele dará hospedagem aos desconhecidos.

Resposta: B

Na opção a, não obstante isso tem valor concessivo. Deveria ser por isso ou semelhantes. Na letra c, a conjunção pois é conclusiva, não pode estar seguida de ainda precisa, pois o texto diz que o brasileiro já conquistou a solidariedade. A alternativa d contraria inteiramente o texto. A letra e não dá seqüência ao texto, pois este não condiciona a hospedagem à chuva.

TEXTO III

Enquanto o Titanic ainda flutua, tentemos o impossível para mudar o seu curso. Afinal, quem faz a história são as pessoas e não o contrário.

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(Herbert de Souza, na Folha de São Paulo, 17/11/96)

1) Infere-se do texto que o Titanic:

a) é um navio real.b) simboliza algo que vai mal.c) é um navio imaginário.d) simboliza esperança de salvação.e) sintetiza todas as tragédias humanas.

Resposta: B

Essa questão só pode ser resolvida com um conhecimento prévio, independente do texto. O Titanic, como se sabe, era um navio que naufragou, matando uma grande quantidade de pessoas. O autor apelou para essa imagem por querer falar de algo que também corre perigo de se tornar um desastre.

2) Pelo visto, o autor não acredita em:

a) transformaçãob) elogioc) desgraçad) favorecimentoe) determinismo

Resposta: E

Determinismo é uma filosofia segundo a qual quando uma coisa tem que acontecer nada pode impedir. Pode ser associada à idéia de destino, em seu sentido mais radical. Ora, ele acredita que o curso pode ser mudado. Também justifica a resposta o fato de as pessoas fazerem a história, ou seja, elas podem criar e evitar determinadas situações.

3) A palavra “afinal” pode ser substituída, sem alteração de sentido, por:

a) conquantob) porquantoc) malgradod) enquantoe) apenas

Resposta: B

Conquanto e malgrado são conjunções concessivas, sinônimas de embora. Elas criam uma oposição, o que não ocorre no texto. Enquanto e apenas são

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conjunções temporais, equivalendo a quando. Também não é essa a idéia. O gabarito só pode ser a letra b, pois a palavra porquanto tem valor de causa e corresponde a porque. Esse é o valor da palavra afinal no texto.

4) Infere-se do texto que:a) há coisas que não podem ser mudadas.b) se tentarmos, conseguiremos.c) o que parece impossível sempre o é.d) jamais podemos desistir.e) alguns têm a capacidade de modificar as coisas, outros não.

Resposta: D

A opção a destoa completamente, já que o autor acredita nas transformações. A letra b pode enganar. Observe, no entanto, que ela garante que sempre conseguiremos, desde que tentemos. O texto não garante que isso vá ocorrer, apenas que se deve tentar. A letra c não pode ser a escolhida pois o autor diz para tentarmos o impossível. É lógico que, se conseguirmos, aquilo apenas teria tido a aparência de impossível. A afirmação da opção e não encontra nenhum apoio no texto, que não faz distinção entre quem pode conseguir e quem não pode. A resposta só pode ser a letra d: se não desistirmos, até o que parece impossível poderá ser alcançado.

5) Para o autor, as pessoas não devem:

a) exagerarb) falharc) desanimard) lamentar-see) fugir

Resposta: C

Esta questão praticamente foi comentada na anterior. Não se pode desistir de algo, ou seja, não se pode desanimar.

TEXTO IV

A ÁRVORE E O HOMEM

O PRIMEIRO... problema que as árvores parecem propor-nos é o de nos conformarmos com a sua mudez. Desejaríamos que falassem,

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como falam os animais, como falamos nós mesmos. Entretanto, elas e aspedras reservam-se o privilégio do silêncio, num mundo em que todos os5 seres têm pressa de se desnudar. Fiéis a si mesmas, decididas a guardarum silêncio que não está à mercê dos botânicos, procuram as árvoresignorar tudo de uma composição social que talvez se lhes afiguremonstruosamente indiscreta, fundada como está na linguagem articulada, no jogo de transmissão do mais íntimo pelo mais coletivo. Grave e solitário, 10 o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som, a que os humanos atingem por alguns instantes e através da tragédia clássica. Não logramos comovê-lo, comunicar-lhe a nossa intemperança. Então, incapazes de trazê-lo para a nossa domesticidade, consideramo-lo um elemento da paisagem, e pintamo-lo. Ele pende lápis ou óleo, de nossa parede, mas 15 esse artifício não nos ilude, não incorpora a árvore à atmosfera de nossos cuidados. O fumo dos cigarros, subindo até o quadro, parece vagamente aborrecê-la, e certas árvores de Van Gogh, a sua crispação, têm algo de protesto.

(ANDRADE, C. Drummond de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973. p. 798)

1) É FALSO afirmar, a respeito do conteúdo desse texto, que:

a) a capacidade da fala é atribuída a todos os seres animados.b) seu autor reforça a tese de que, para os seres humanos, a posse da linguagem articulada é um privilégio.c) o silêncio das árvores é um mistério para os cientistas.d) o desenho e a pintura são simples artifícios para integrar as árvores no ambiente social e humano.e) parece às árvores que a socialização da intimidade através da linguagem articulada é uma indiscrição.

Resposta: B

Pelo contrário, o autor diz que o silêncio é um privilégio das plantas e das pedras. Veja o trecho em que isso aparece: “Entretanto, elas e as pedras reservam-se o privilégio do silêncio...” (/. 3/4)

2) No texto, a maioria das palavras e expressões refere-se basicamente a dois universos: o das árvores e o dos homens. A alternativa que reúne EXCLUSIVAMENTE palavras relativas ao universo dos homens é:

a) crispação - silênciob) intemperança - botânicosc) paisagem - impermeabilidaded) cuidados - solitárioe) atmosfera – mudez

Resposta: B

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Na letra a, crispação e silêncio referem-se, ambas, às árvores; na opção c, paisagem e impermeabilidade, as duas, também se ligam às árvores; na alternativa d, cuidados diz respeito aos homens, enquanto solitário se liga às árvores (tronco); na opção e, atmosfera refere-se aos homens, porém mudez, às plantas.

3) A atribuição de características humanas às árvores vem expressa no texto por várias expressões/palavras, EXCETO pela da opção:a) propor-nosb) fiéisc) graved) ignorare) domesticidade

Resposta: E

O enunciado da questão alude a uma figura de linguagem conhecida como prosopopéia ou personificação. Ela só não ocorre na palavra domesticidade, que não diz respeito às árvores, mas aos homens.

4) Os conectivos “Entretanto” e “Então” encadeiam partes do texto exprimindo, respectivamente:a) oposição e conseqüênciab) oposição e tempoc) tempo e conseqüênciad) tempo e conclusãoe) tempo e tempo

Resposta: A

Entretanto é uma conjunção adversativa, sinônima de mas; então, no texto, equivale a consequentemente, e é uma conjunção conclusiva.

TEXTO V

LÓGICA DA VINGANÇA

No nosso cotidiano, estamos tão envolvidos com a violência, que tendemos a acreditar que o mundo nunca foi tão violento como agora: pelo que nos contam nossos pais e outras pessoas mais velhas, há dez, vinte ou trinta anos, a vida era mais segura, certos valores eram mais respeitados e cada coisa parecia ter o seu lugar.

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Essa percepção pode ser correta, mas precisamos pensar nas diversas dimensões em que pode ser interpretada. Se ampliarmos o tempo histórico, por exemplo, ela poderá se mostrar incorreta.

Em um dos volumes da coleção História da vida privada, Michel Rouché afirma, em seu artigo sobre a criminalidade na Alta Idade Média (por volta do século VI), que, se fôssemos comparar o número de assassinatos que ocorriam naquele período, proporcionalmente à população mundial de então, com o dos dias atuais, veríamos que antes eles eram bem mais comuns do que são agora. Segundo esse autor, naquele época, “cada qual via a justiça em sua própria vontade”, e o ato de matar não era reprovado - era até visto como sinal de virilidade: a agressividade era uma característica cultivada pelos homens, fazia parte de sua educação.

O autor afirma, ainda, que torturas e assassinatos, bastante comuns naqueles tempos, ocorriam em grande parte por vingança: “Cometido um assassinato, a linhagem da vítima tinha o imperioso dever religioso de vingar essa morte, fosse no culpado, fosse num membro da parentela”. Realizada a vingança e assassinado o culpado da primeira morte, a mesma lógica passava a valer para parentes deste, que deveriam vingá-lo, criando assim uma interminável cadeia de vinganças, que podia estender-se por várias gerações.

(A. Buoro/R Schilling/H. Singer/M. Soares)

1) Deduz-se do texto que:

a) a violência está presente em todas as épocas.b) a vingança era legal antigamente.c) antigamente a vida era menos segura.d) devemos fazer justiça com as próprias mãos.e) antigamente não havia leis contra a violência.

297) O uso de aspas, em alguns segmentos do texto, indica que:a) devem ser lidos com mais atenção.b) são reproduções do texto de outro autor.c) foram traduzidos de outra língua.d) correspondem a textos antigos.e) mostram o mais importante do conteúdo.

Resposta: A

Com exceção da letra d, todas as opções, em princípio, servem como resposta. É aquele caso famoso de se ficar com a melhor. Se lermos o texto com muita atenção, veremos que seu objetivo é mostrar que em todas as épocas houve violência. Essa intenção do autor surge evidente no primeiro parágrafo, quando

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ele diz que “tendemos a acreditar que o mundo nunca foi tão violento como agora;...”. A partir daí ele vai tentar mostrar que a coisa não é bem assim. Vários fatos citados, que parecem servir como resposta da questão, são particularidades que, reunidas, provam a tese do autor.

2)”No nosso cotidiano...”; o vocábulo cotidiano, nesse caso, corresponde a:

a) mundo atualb) atividade profissionalc) relações familiaresd) nas notícias dos jornaise) dia-a-dia

Resposta: B

O emprego das aspas se deve a vários fatores. Um deles é a necessidade de reproduzir, com fidelidade, palavras de outrem. Há, no texto, dois trechos em que o autor cita palavras de Michel Rouché. Daí a resposta ser a letra b.

3) Quando no texto se usa a forma da primeira pessoa do plural, em “No nosso cotidiano, estamos tão envolvidos com a violência...”, isto se refere a:a) todos os cidadãos do Rio de Janeiro.b) cidadãos que foram vítimas da violência.c) vítimas do trânsito.d) ele mesmo e aos leitores, em geral.e) cidadãos de hoje e de antigamente.

Resposta: E

Questão de sinonímia. Cotidiano (ou quotidiano) é o mesmo que dia-a-dia. Não confunda este substantivo com a locução adverbial dia a dia, sem hífen: estava evoluindo dia a dia.

4) O autor citado no texto diz que os assassinatos eram bem mais comuns na época antiga do que agora, mas isto só pode ser afirmado:a) porque naquela época não havia estatísticas de registro de crimes.b) levando-se em consideração a proporção populacional das duas épocas.c) porque hoje não é mais aceita a lógica da vingança.d) se acreditarmos no que nos dizem os mais velhos.e) considerando-se que a população antiga era mais violenta que a atual.

Resposta: B

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Page 53: Interpretação de Textos para ENEM e Vestibular

A resposta se encontra no trecho “...se fôssemos comparar o número de assassinatos que ocorriam naquele período, proporcionalmente à população mundial de então,...” (3o parágrafo).

5)”...que, se fôssemos comparar o número de assassinatos que ocorriam naquele período, proporcionalmente à população mundial de então, com o dos dias atuais, veríamos que antes eles eram bem mais comuns do que são agora.”; nesse segmento do texto, o vocábulo que não indica tempo é:

a) períodob) entãoc) dias atuaisd) antese) proporcionalmente

Resposta: E

Questão de semântica, isto é, de significação. Não há, no advérbio proporcionalmente, noção alguma de tempo, e sim de modo (comparar de que modo?).

6) “Segundo esse autor...”; o vocábulo correspondente a segundo, nesse caso, é:a) parab) quandoc) conformed) see) embora

Resposta: C

Segundo e conforme são sinônimos. Normalmente conjunções subordinativas conformativas, são aqui preposições acidentais, uma vez que não iniciam oração subordinada, mas um simples adjunto adverbial.

7) “...o ato de matar não era reprovado...” equivale a:a) o ato de matar não tinha aprovação.b) merecia reprovação o ato de matar.c) o ato de matar não era aprovado.d) sofria reprovação o ato de matar.e) não havia reprovação para o ato de matar.

Resposta: E

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Questão de paráfrase. A única frase que mantém o sentido da original está na opção e. Raciocine comigo: o ato de matar não era reprovado quer dizer que ele, o ato, não tinha reprovação, era aprovado, tinha aprovação. Partindo daí, pode-se eliminar quatro alternativas, sobrando, como resposta, a letra e.

8) O segmento estamos tão envolvidos equivale a temos tanto envolvimento: o item em que essa equivalência é dada de forma incorreta é:a) a vida era mais segura - tinha mais segurançab) valores eram mais respeitados - tinham mais respeitabilidadec) eles eram bem mais comunicativos - tinham mais comunidaded) o ato de matar não era reprovado - não tinha reprovaçãoe) a violência era mais intensa - tinha mais intensidade

Resposta: C

Também questão de paráfrase. Ser comunicativo não é ter mais comunidade, e sim comunicação.

9) Vingança corresponde ao adjetivo vingativo, assim como:

a) violência corresponde a violento.b) morte corresponde a mortandade.c) tempo corresponde a tempestade.d) religião corresponde a religiosidade.e) parente corresponde a parentela.

Resposta: A

Observe que há, no enunciado, menção à classe gramatical: adjetivo violento. Assim, temos um substantivo (vingança) correspondendo a um adjetivo (violento). A resposta é a letra a porque o substantivo violência corresponde ao adjetivo violento. Em todas as outras opções, a segunda palavra não é adjetivo. Como se vê, a questão não é de formação de palavras, mas de classes gramaticais.

10) “...uma interminável cadeia de vinganças...”: o adjetivo interminável corresponde a:a) que não há termos que a descrevemb) que não sofre penas ou sançõesc) que não tem fimd) que já terminou há algum tempoe) que só terminará no futuro

Resposta: C

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Page 55: Interpretação de Textos para ENEM e Vestibular

Questão de semântica. Interminável é o que não termina, ou seja, que não tem fim.

11) Parentela é termo coletivo específico para parentes; o vocábulo abaixo, que também apresenta valor coletivo específico, é:a) pilhab) montec) cancioneirod) grupoe) hipódromo

Resposta: C

Cancioneiro refere-se especificamente a canções. Pilha, monte e grupo são coletivos gerais, não se referem a um único ser. Hipódromo não é coletivo, e sim o lugar onde se realizam corridas de cavalos.

11) “Realizada a vingança e assassinado o culpado...”; o segmento que não poderia ser colocado, de forma adequada, no início desse trecho é:a) assim que tiver sidob) apósc) depois ded) logo que tinha sidoe) mal

Resposta: A

O que não permite que a expressão da letra a inicie o texto é a correlação de tempos verbais. Se o fizéssemos, teríamos a seguinte construção: Assim que tiver sido realizada a vingança e assassinado o culpado da primeira morte, a mesma lógica passava a valer para parentes deste...” Não há correspondência entre tiver e passava. Para que a frase ficasse perfeita, teríamos que usar o futuro do presente: passará. Uma coisa, nesta questão, chama a nossa atenção: não se deve simplesmente encaixar a palavra no trecho destacado; antes, é preciso voltar a ele e olhar o período inteiro. Faça sempre assim, em questões semelhantes.

12) O fragmento de texto abaixo que não contém nenhum tipo de intensificação é:a) ...estamos tão envolvidos com a violência...b) ...o mundo nunca foi tão violento como agora...c) ...pelo que nos contam nossos pais e outras pessoas mais velhas...d) ...bastante comuns naqueles tempos...e) ...cada coisa parecia ter o seu lugar...

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Resposta: E

São as seguintes as palavras que causam intensificação, pela ordem de aparecimento: tão, tão, mais e bastante. São todas advérbios de intensidade. Na letra e isso não acontece.

TEXTO VI

Se essa ainda é a situação de Portugal e era, até bem pouco, a do Brasil, havemos de convir em que no Brasil-colônia, essencialmente rural, com a ojeriza que lhe notaram os nossos historiadores pela vida das cidades - simples pontos de comércio ou de festividades religiosas -, estas não podiam exercer maior influência sobre a evolução da língua falada, que, sem nenhum controle normativo, por séculos “voou com as suas próprias asas”.

(Celso Cunha, in A Língua Portuguesa e a Realidade Brasileira)

1) Segundo o texto, os historiadores:

a) tinham ojeriza pelo Brasil-colônia.b) consideram as cidades do Brasil-colônia como simples pontos de comércio ou de festividades religiosas.c) consideram o Brasil-colônia essencialmente rural.d) observaram a ojeriza que a vida nas cidades causava.e) consideram o campo mais importante que as cidades.

Resposta: D

Há três alternativas com o verbo considerar. As três podem ser eliminadas, uma vez que o texto não diz que os historiadores consideram alguma coisa. Esse verbo implica algum tipo de julgamento, o que não ocorre em nenhum momento. Diz, sim, que eles notaram a ojeriza que havia pela vida nas cidades, isso porque o Brasil-colônia era essencialmente rural. A alternativa a é descabida. Por isso, o gabarito só pode ser a letra d.

2) Para o autor:a) as festas religiosas têm importância para a evolução da língua falada.b) No Brasil-colônia, havia a prevalência da vida do campo sobre a das cidades.c) a evolução da língua falada dependia em parte dos pontos de comércio.d) a evolução da língua falada independe da condição de Brasilcolônia.e) a situação do Brasil na época impedia a evolução da língua falada.

Resposta: B

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O fato de o Brasil-colônia ser, segundo o texto, essencialmente rural leva à conclusão lógica de que a vida do campo prevalecia sobre a da cidade.

3) A palavra “ojeriza” (/. 3) significa, no texto:a) medob) admiraçãoc) aversãod) dificuldadee) angústia

Resposta: C

Questão de sinônimos. Não há o que discutir. Na dúvida, consulte-se o dicionário.

4) A língua falada “voou com as suas próprias asas” porque:a) as cidades eram pontos de festividades religiosas.b) o Brasil se distanciava lingüisticamente de Portugal.c) faltavam universidades nos centros urbanos.d) não se seguiam normas lingüísticas.e) durante séculos, o controle normativo foi relaxado, por ser o Brasil uma colônia portuguesa.

Resposta: D

É importante, sempre, buscar no próprio texto os elementos necessários para se chegar à resposta da questão. Observe que a letra e, que parece ser a resposta, fala de um controle normativo da língua que i teria sido relaxado por ser o Brasil uma colônia de Portugal. Há aqui uma informação que não encontramos no texto, e nem pode ser deduzida. O que se encontra é que as cidades, por serem simples pontos de comércio ou de festividades religiosas, não podiam influenciar a evolução da língua. Assim sendo, as pessoas não seguiam normas lingüísticas ao se expressarem, e a língua passou a voar com as próprias asas. Por isso, o gabarito deve ser a letra d.

5) Segundo o texto, a população do Brasil-colônia:a) à vida do campo preferia a da cidade.b) à vida da cidade preferia a do campo.c) não tinha preferência quanto à vida do campo ou à da cidade.d) preferia a vida em Portugal, mas procurava adaptar-se à situação.e) preferia a vida no Brasil, fosse na cidade ou no campo.

Resposta: B

Esta questão depende, um pouco, do emprego do verbo preferir. A letra c diz que a população não tinha preferência quanto a viver no campo ou na cidade. O texto

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Page 58: Interpretação de Textos para ENEM e Vestibular

diz que ela dava preferência à vida no campo. As duas últimas opções também podem ser eliminadas pelo mesmo motivo: na letra d, a preferência seria pela vida em Portugal, enquanto na letra d, pela vida no Brasil; não há esse tipo de comparação no texto. Nas letras a e b, o verbo preferir aparece usado em frases na ordem inversa. Em ambas, a palavra vida está subentendida, depois do pronome demonstrativo “a”. Colocando na ordem direta a frase da opção b, teríamos: preferia a (vida) do campo à vida da cidade. Ou seja, gostava mais da vida do campo do que da vida da cidade, que é exatamente o que diz o texto. Cabe aqui uma outra observação. O objeto direto do verbo preferir é a coisa de que se gosta mais, que se prefere. Por exemplo: prefiro o futebol ao vôlei. O futebol, que é o objeto direto, é a coisa preferida.

TEXTO XIX

Toda saudade é a presença da de alguém, de algum lugar, de algo

enfim.Súbito o não toma forma de sim como se a escuridão se pusesse a luzir.

5 Da própria ausência de luz o clarão se produz,

o sol na solidão.Toda saudade é um capuz transparente

que veda e ao mesmo tempo traz a visão 10 do que não se pode ver

porque se deixou pra trás mas que se guardou no coração.

(Gilberto Gil)

89) Por “presença da ausência” pode-se entender:

a) ausência difícilb) ausência amargac) ausência sentidad) ausência indiferentee) ausência enriquecedora

Resposta: C

Há pessoas que não sentem a ausência de outras pessoas. Entende-se por “presença da ausência” que a ausência está presente, isto é, a pessoa sente essa ausência. Daí se poder entender como uma ausência sentida.

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90) Para o autor, a saudade é algo:a) que leva ao desespero.b) que só se suporta com fé.c) que ninguém deseja.d) que transmite coisas boas.e) que ilude as pessoas.

Resposta: D

O autor destaca, numa linguagem metafórica, coisas boas que a saudade traz. O não tomando a forma do sim, a escuridão passando a luzir, o sol na solidão.

91) O texto se estrutura a partir de antíteses, ou seja, emprego de palavras ou expressões de sentido contrário. O par de palavras ou expressões que não apresentam no texto essa propriedade antitética é:a) presença (/. 1) / ausência (/. 1)b) não (/. 3) / sim (/. 3)c) ausência de luz (/. 5) / clarão (/. 6)d) sol (/. 7) / solidão (/. 7)e) que veda (/. 9) / traz a visão (/. 9)

Resposta: D

Presença é antônimo de ausência, isso constitui um antítese. Da mesma forma, não e sim. Ausência de luz se opõe semanticamente a clarão. Que veda (que fecha, que não deixa ver) se opõe a traz a visão. Sempre que palavras ou expressões são opostas quanto ao sentido, diz-se que constituem antíteses. Não há essa idéia de coisa contrária entre sol e solidão, porque solidão não é algo escuro, que se oporia à luz do sol.

92) Segundo o texto:a) sente-se saudade de pessoas, e não de coisas.b) as coisas ruins podem transformar-se em coisas boas.c) as coisas boas podem transformar-se em coisas ruins.d) a saudade, como um capuz, não nos permite ver com clareza a situação que vivemos.e) a saudade, como um capuz, não nos deixa perceber coisas que ficaram em nosso passado.

Resposta: B

No texto, várias coisas ruins se transformam em boas. Por exemplo, o não (ninguém gosta de uma negativa em determinadas situações) que se transforma em sim.

93) O que se guarda no coração é:a) a saudadeb) o clarãoc) o que se deixou para trazd) a visãoe) o que não se pode ver

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Resposta: E

Questão bastante delicada. Aparentemente, duas opções serviriam como resposta: c e e. A ligação da oração “mas que se guardou no coração” é com “do que não se pode ver”: do que não se pode ver mas se guardou no coração; então, o que está no coração é o que não se pode ver; por isso a resposta é a letra e. Mas por que a ligação não é com a oração começada por porque? Volte ao texto, por favor, e verifique que essa oração (porque se deixou pra trás) pode ser retirada do texto sem que com ela tenha que ser retirada também a oração iniciada por mas. Outra maneira de comprovar isso é observar o emprego do pronome relativo que: do que não se pode ver mas (do) que se guardou no coração. Realmente, as duas orações estão ligadas diretamente.

TEXTO XX

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.

(Machado de Assis, in Memórias Póstumas de Brás Cubas)

94) Pode-se afirmar, com base nas idéias do autor-personagem, que se trata:

a) de um texto jornalísticob) de um texto religiosoc) de um texto científicod) de um texto autobiográficoe) de um texto teatral

Resposta: D

Um texto autobiográfico é aquele em que o autor fala de sua própria vida, de sua própria história. É o que ocorre no texto.

95) Para o autor-personagem, é menos comum:a) começar um livro por seu nascimento.b) não começar um livro por seu nascimento, nem por sua morte.c) começar um livro por sua morte.d) não começar um livro por sua morte.e) começar um livro ao mesmo tempo pelo nascimento e pela morte.

Resposta: C

O autor diz que o uso vulgar é começar o livro pelo nascimento. Assim, começar pela morte é uma coisa menos comum. Cuidado com os jogos de palavras que às vezes as

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alternativas apresentam. Na opção d, temos “não começar um livro por sua morte”, isto é, começar pelo nascimento, o que é uma coisa comum.

96) Deduz-se do texto que o autor-personagem:

a) está morrendo.b) já morreu.c) não quer morrer.d) não vai morrer.e) renasceu.

Resposta B

Quando o autor diz estar em dúvida quanto a começar o livro por seu nascimento ou sua morte, na realidade está afirmando que já morreu. Também se pode chegar a essa conclusão quando ele se diz um defunto autor.

97) A semelhança entre o autor e Moisés é que ambos:a) escreveram livros.b) se preocupam com a vida e a morte.c) não foram compreendidos.d) valorizam a morte.e) falam sobre suas mortes.

Resposta: E

Além de se colocar como um defunto autor, prestes a escrever sobre a própria morte, o autor afirma que Moisés também fez isso. Então, ambos falaram acerca de suas mortes. A resposta não deve ser a letra a, embora também seja uma semelhança; mas é uma coisa genérica, de pouca importância para o texto, que trata da morte do próprio autor.

98) A diferença capital entre o autor e Moisés é que:

a) o autor fala da morte; Moisés, da vida.b) o livro do autor é de memórias; o de Moisés, religioso.c) o autor começa pelo nascimento; Moisés, pela morte.d) Moisés começa pelo nascimento; o autor, pela morte.e) o livro do autor é mais novo e galante do que o de Moisés.

Resposta: D

O autor diz que Moisés contou a sua morte no cabo, isto é, no fim. E ele tinha agido diferente, como se vê na linha 4: “a adotar diferente método...”

99) Deduz-se pelo texto que o Pentateuco:a) não fala da morte de Moisés.b) foi lido pelo autor do texto.c) foi escrito por Moisés.d) só fala da vida de Moisés.e) serviu de modelo ao autor do texto.

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Resposta: C

No livro do autor, a morte aparecerá em primeiro lugar; Moisés fez diferente: colocou-a no fim. E o autor afirma que a diferença entre seu livro e o Pentateuco é exatamente essa. Assim, deduz-se, o Pentateuco foi escrito por Moisés.

100) Autor defunto está para campa, assim como defunto autor para:a) intróitob) princípioc) cabod) berçoe) fim

Resposta: D

Autor defunto pode ser entendido como um autor que morreu, daí sua ligação com a palavra campa. Já defunto autor seria alguém que morreu e que passa a atuar como autor, para o qual, como se vê na linha 6, a campa se transformou em berço. Berço, aqui, simbolizando o início de uma nova fase. Por isso a ligação entre defunto autor e berço.

101) Dizendo-se um defunto autor, o autor destaca seu (sua):a) conformismo diante da morte ;b) tristeza por se sentir mortoc) resistência diante dos obstáculos trazidos pela nova situaçãod) otimismo quanto ao futuro literárioe) atividade apesar de estar morto

Resposta: E

Como um defunto autor ele terá pela frente uma nova fase, em que atuará como autor. Diferentemente do autor defunto, que não teria atividade alguma.

TEXTO XXI

Segunda maior produtora mundial de embalagem longa vida, a SIG Combibloc, principal divisão do grupo suíço SIG, prepara a abertura de uma fábrica no Brasil. A empresa, responsável por 1 bilhão do 1,5 bilhão de dólares de faturamento do grupo, chegou ao país há dois anos disposta 5 a brigar com a líder global, Tetrapak, que detém cerca de 80% dos negócios nesse mercado. Os estudos para a implantação da fábrica foram recentemente concluídos e apontam para o Sul do país, pela facilidade logística junto ao Mercosul. Entre os oito atuais clientes da Combibloc na região estão a Unilever, com a marca de atomatado Malloa, no Chile, e a 10 italiana Cirio, no Brasil.

(Denise Brito, na Exame, dez./99)

102) Segundo o texto, a SIG Combibloc:

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a) produz menos embalagem que a Tetrapak.b) vai transferir suas fábricas brasileiras para o Sul.c) possui oito clientes no Brasil.d) vai abrir mais uma fábrica no Brasil.e) possui cliente no Brasil há dois anos, embora não esteja instalada no país.

Resposta: E

No início do texto, lê-se: “...prepara a abertura de uma fábrica no Brasil.” Então, ainda não está instalada aqui. Logo depois, temos: “...chegou ao país há dois anos...”. No final, é feita a citação da Cirio, cliente no Brasil. Juntando-se tudo isso, conclui-se que a resposta é a letra e.

103) Segundo o texto:a) O Mercosul não influiu na decisão de instalar uma fábrica no Sul.b) a SIG Combibloc está entrando no ramo de atomatado.c) a empresa suíça SIG ocupa o 2o lugar mundial na produção de embalagem longa vida.d) a Unilever é empresa chilena.e) a SIG Combibloc detém 2/3 do faturamento do grupo.

Resposta: E

A alternativa a está errada porque o texto fala da facilidade logística junto ao Mercosul. A Combibloc apenas produz as embalagens para o atomatado Malloa, por isso não procede a alternativa b. A letra c pode confundir o candidato; na realidade, especificamente é a SIG Combibloc que ocupa o 2o lugar mundial, a SIG é o grupo inteiro; o texto, nesse particular, se volta para a Combibloc. Quanto à opção d, o texto diz que a Unilever está instalada no Chile, o que não garante que seja uma empresa chilena. A resposta se justifica com a terceira linha, pois 1 bilhão corresponde a 2/3 de 1,5 bilhão.

104) Os estudos apontam para o Sul porque:

a) o clima favorece a produção de embalagens longa vida.b) está próximo aos demais países que compõem o Mercosul.c) a Cirio já se encontra estabelecida ali. -v-.v.d) nos países do Mercosul já há clientes da Combibloc.e) o Sul é uma região desenvolvida e promissora.

Resposta: B

A resposta se justifica com o trecho: “...pela facilidade logística junto ao Mercosul.” A palavra junto é a chave da questão. A letra d, embora pareça satisfazer, é apenas uma conseqüência disso.

105) “...que detém cerca de 80% dos negócios nesse mercado.” (/. 5-6) Das alterações feitas nessa passagem do texto, a que não mantém o sentido original é:a) a qual detém cerca de 80% dos negócios em tal mercado.b) que possui perto de 80% dos negócios nesse mercado.c) que detém aproximadamente 80% dos negócios em tais mercados.

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d) a qual possui aproximadamente 80% dos negócios nesse mercado.e) a qual detém perto de 80% dos negócios nesse mercado.

Resposta: C

A que mercado se refere o texto? Ao de produção de embalagens longa vida. Na letra c, a palavra mercado está no plural, o que altera o sentido, uma vez que se trata apenas de um mercado.

106) “...e apontam para o Sul do país...” O trecho destacado só não pode ser entendido, no texto, como:a) e indicam o Sul do paib) e recomendam o Sul do paísc) e incluem o Sul do paísd) e aconselham o Sul do paíse) e sugerem o Sul do país

Resposta: C

É uma questão simples de sinônimos. Não há o que discutir. Incluir não é o mesmo que apontar.

TEXTO XXIIPode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator

obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado. Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos.

(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes)

107) Segundo o autor, os antigos moradores da terra:

a) foram o fator decisivo no desenvolvimento dos latifúndios coloniais.b) colaboravam com má vontade na caça e na pesca.c) não gostavam de atividades rotineiras.d) não colaboraram com a indústria extrativa.e) levavam uma vida sedentária.

Resposta: C

A resposta se justifica com o trecho: “Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico...”. A palavra-chave para a questão é o adjetivo metódico, que pressupõe rotina, coisa de que eles não gostavam.

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108) “Trabalho acurado” (l. 6) é o mesmo que:

a) trabalho apressadob) trabalho aprimoradoc) trabalho lentod) trabalho especiale) trabalho duro

Resposta: B

Questão de sinônimos. Basta consultar um dicionário para conferir. Acurado é o mesmo que especial.

109) Na expressão “tendência espontânea” (/. 7), temos uma(a):

a) ambigüidadeb) cacofoniac) neologismod) redundânciae) arcaísmo

Resposta: D

Cacofonia é o som desagradável que surge na união do final de uma palavra com o início da seguinte; por exemplo, nosso hino (suíno). Neologismo é palavra inventada, que não consta no vocabulário oficial da língua; por exemplo, imexível. Arcaísmo é o uso de termos antigos, em desuso; por exemplo, usar a palavra físico com o sentido de médico. Quanto à ambigüidade, veja os comentários da questão 55. Em tendência espontânea temos uma redundância, uma vez que a tendência é sempre espontânea, ou não seria tendência. Veja mais explicações sobre redundância na questão 55.

110) Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram:a) os portuguesesb) os negrosc) os índiosd) tanto os índios quanto os negrose) a miscigenação de portugueses e índios

Resposta: C

Deduz-se que se trata dos índios, em razão de suas características e por serem chamados de antigos moradores da terra. Na realidade, é uma questão que exige conhecimentos extra-texto.

111) Pelo visto, os antigos moradores da terra não possuíam muito (a):

a) disposiçãob) responsabilidade

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c) inteligênciad) paciênciae) orgulho

Resposta: B

Justifica-se a resposta com o trecho: “...e que pudessem exercer-se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos.” Ou seja, eles eram livres, gostavam de fazer as coisas de acordo com sua vontade, na hora que bem entendessem. A vigilância e a fiscalização os perturbavam, pois não gostavam de regularidade no trabalho.

TEXTO XXIIICom todo o aparato de suas hordas guerreiras, não conseguiram as bandeiras realizar jamais a façanha levada a cabo

pelo boi e pelo vaqueiro. Enquanto que aquelas, no desbravar,

sacrificavam indígenas aos milhares, despovoando sem fixarem-se, estes foram

5 pontilhando de currais os desertos trilhados, catequizando o nativo para

seus misteres, detendo-se, enraizando-se. No primeiro caso era o ir-evoltar;

no segundo, era o ir-e-ficar. E assim foi o curral precedendo a fazenda e o engenho, o vaqueiro e o lavrador, realizando uma obra

de conquista dos altos sertões, exclusive a pioneira.

(José Alípio Goulart, in Brasil do Boi)

112) Segundo o texto:a) tudo que as bandeiras fizeram foi feito também pelo boi e pelo vaqueiro.b) o boi e o vaqueiro fizeram todas as coisas que as bandeiras fizeram.c) nem as bandeiras nem o boi e o vaqueiro alcançaram seus objetivos.d) o boi e o vaqueiro realizaram seu trabalho porque as bandeiras abriram o caminho.e) o boi e o vaqueiro fizeram coisas que as bandeiras não conseguiram fazer.

Resposta: E

Quando o autor diz que “não conseguiram as bandeiras realizar jamais a façanha levada a cabo pelo boi e pelo vaqueiro”, está afirmando exatamente o que aparece na opção e, que é uma espécie de paráfrase desse trecho. A alternativa b é perigosa: o boi e o vaqueiro fizeram algumas coisas que as bandeiras fizeram, como a conquista de determinadas terras, mas o boi e o vaqueiro não fizeram as coisas ruins, como o sacrifício de indígenas.

113) Com relação às bandeiras, não se pode afirmar que:a) desbravaram b) mataram c) catequizaram

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d) despovoarame) não se fixaram

Resposta: C

Quem catequizou os nativos foram o vaqueiro e o boi, como se vê na linha cinco.

114) Os índios foram:a) maltratados b) aviltados c) expulsosd) presose) massacrados

Resposta: E

A resposta aparece, bem clara, no trecho: “...sacrificavam indígenas aos milhares...”. Isso é massacre, sem dúvida alguma. Observe que não há menção a possíveis maus-tratos contra os índios; provavelmente ocorreram, mas o texto não diz nada a respeito.

115) O par que não caracteriza a oposição existente entre as bandeiras e o boi e o vaqueiro é:a) aquelas (/. 3) / estes (/. 4)b) ir-e-voltar (/. 6/7) / ir-e-ficar (/. 7)c) no primeiro caso (/. 6) / no segundo (/. 7)d) enquanto (/. 3) / e assim [1.7)e) despovoando (/. 4) / pontilhando (/. 5)

Resposta: D

Enquanto é conjunção, parte da locução enquanto que, onde o que é expletivo. Assim é um advérbio. Elas não têm nenhuma relação com as bandeiras ou com o boi e o vaqueiro, muito menos indicam qualquer tipo de oposição.

116) “...catequizando o nativo para seus misteres...” Das alterações feitas na passagem acima, a que altera basicamente o seu sentido é:a) doutrinando o indígena para seus misteresb) catequizando o aborigine para suas atividadesc) evangelizando o nativo para seus ofíciosd) doutrinando o nativo para seus cuidadose) catequizando o autóctone para suas tarefas

Resposta: D

A palavra misteres significa tarefas, atividades, ofícios. Não é sinônima de cuidados, cujo emprego, então, altera radicalmente o sentido do trecho. As outras palavras são sinônimas: catequizando, doutrinando evangelizando; nativo, indígena, aborigine, autóctone.

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117) O elemento conector que pode substituir a preposição com (/. 1), mantendo o sentido e a coesão textual, é:a) mesmo b) não obstante c) ded) a respeito dee) graças a

Resposta: B

A questão têm uma armadilha que muitas vezes derruba o candidato. A expressão “Com todo o aparato de suas hordas guerreiras...” é um adjunto adverbial de concessão, ou seja, é uma oposição ao que se expressa no verbo. Vários elementos podem iniciar esse tipo de adjunto, entre eles, não obstante. Daí a resposta ser a letra b. Agora, veja a armadilha: mesmo também pode ser usada no texto, sem alteração de sentido. Por que, então, a resposta não pode ser a letra a? Porque a palavra mesmo não poderia substituir, como pede a questão, a palavra com, mas antecedê-la. Teríamos, assim: “Mesmo com todo o aparato de suas hordas guerreiras...” Na letra d, a locução usada é a respeito de, com valor semântico de assunto. Não confunda com a despeito de, que poderia substituir a preposição com no trecho.

118) “...o aparato de suas hordas guerreiras...” sugere que as conquistas dos bandeirantes ocorreram com:a) organização e violênciab) rapidez e violênciac) técnica e profundidaded) premeditação e segurançae) demonstrações de racismo e violência

Resposta: A

O vocábulo aparato pode ser entendido como organização de determinados atos públicos. A expressão hordas guerreiras significa grupos indisciplinados ou bárbaros voltados para a guerra. A resposta só pode ser a letra a.

TEXTO XXIV

Você se lembra da Casas da Banha? Pois é, uma pesquisa mostra que mais de 60% dos cariocas ainda se recordam daquela que foi uma das maiores redes de supermercados do país, com 224 lojas e 20.000 funcionários, desaparecida no início dos anos 90. Por isso, seus antigos 5 donos, a família Velloso, decidiram ressuscitá-la. Desta vez, porém, apenas virtualmente. Os Velloso fizeram um acordo com a GW.Commerce, de Belo Horizonte, empresa que desenvolve programas para supermercados virtuais. Em troca de uma remuneração sobre o faturamento, A GW gerenciará as

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vendas para a família Velloso. A família cuidará apenas das 10 compras e das entregas.

(José Maria Furtado, na Exame, dez./99)

119) Segundo o texto, a família Velloso resolveu ressuscitar as Casas da Banha porque:a) a rede teve 224 lojas e 20.000 funcionários.b) a rede foi desativada no início dos anos 90.c) uma empresa do ramo de programas para supermercados propôs um acordo vantajoso, em que a rede só entraria com as compras e as entregas.d) mais da metade dos cariocas não esqueceram as Casas da Banha.e) a rede funcionará apenas virtualmente.

Resposta: D

A oração começada pela conjunção por isso é conclusiva e expressa uma conseqüência em relação ao fato de mais de 60% dos cariocas ainda se recordarem das Casas da Banha. Daí a resposta ser a letra d. Não poderia ser a letra c, como possa parecer, porque o texto não fala de nenhum acordo proposto à família Velloso, apenas cita o acordo.

121) Letra e

Funcionamento virtual não quer dizer sem fins lucrativos, o que invalida a letra a. A letra b poderia ser a resposta se a preposição utilizada fosse em, e não de: não venderão em supermercado, o que poderia sugerir a venda virtual. As opções c e d são facilmente descartadas; o que o trecho afirma é que as vendas serão feitas apenas (veja a importância da palavra) virtualmente, isto é, pelo computador, e não em lojas, como antigamente.

120) A palavra ou expressão que justifica a resposta ao item anterior é:

a) Você (/. 1) . ,.. . b)desaparecida (/. 4)c) Por isso (/. 4)d) Desta vez (/. 5)e) acordo {l. 6)

Resposta: C

A resposta ao item anterior se ajusta a esta questão. A chave da compreensão é a palavra por isso.

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Page 70: Interpretação de Textos para ENEM e Vestibular

Então, conseguiu exercitar o que aprendeu? Agora continue praticando. Mãos à obra! A prática vai ajudar você a enfrentar as questões de INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS com a certeza de que domina o assunto. Torço pelo seu sucesso!

Um forte abraço,

Ênio Cavalcanti.Face/Mail: [email protected]: enio.cti

BIBLIOGRAFIA

LIVROS:-Aquino, Renato Monteiro de. Interpretação de Textos. Série Impetus Provas e Concursos. 4a edição. Ed. Campus.

-Lima, Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 43a edição. Ed. José Olímpio.

-Savioli, Francisco Platão. Gramática em 44 Lições. Série Compacta. 14a edição. Ed. Ática.

- Revista Português para Concursos. Rio de Janeiro. Ed. Provenzano

-Vicente, Jorge. Português. Série Impetus Questões. 5a edição. Ed. Campus.

-Aquino, Renato. Teoria e 800 questões.

Sites:www.capcursos.com.brwww.policon.com.brwww.anglo.com.brwww.vemconcursos.com.br

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