Interpretacao e Producao de Textos Aplicadas Ao Direito

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INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOS APLICADAS AO DIREITO

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ExpedienteCurso de Direito Coletnea de Exerccios Coordenao Geral do Curso de Direito da Universidade Estcio de S Prof. Andr Clefas Ucha Cavalcanti Coordenao do Projeto Ncleo de Qualificao e Apoio Didtico-Pedaggico Coordenao Pedaggica Profa. Maria Tereza Moura Organizao da Coletnea Profa. Neli L. Cavalieri Fetzner Colaboradores Profa. Adma Andrade Viegas Profa. Alda da Graa Marques Valverde Profa. Carla Oliveira Giacomoni Profa. Claire Neib Guimares Profa. Cludia Helena Ribeiro Pessanha Profa. Fernanda Costa Demier Rodrigues Prof. Gerson Rodrigues da Silva Profa. Glria Elena Pereira Nunes Profa. Isabel Arco Verde Santos Profa. Izabel Leventoglu Profa. Ktia Arajo da Silva Profa. Larissa Santiago Profa. Maria Geralda de Miranda Profa. Maria Luiza Belotti Profa. Maria Luiza Oliveira Profa. Maria Tereza Moura Prof. Mrio Arraes Profa. Mariza Ferreira Bahia Profa. Mara Cristina Haum Prof. Nelson C. Tavares Profa. Nli L. Cavalieri Fetzner Profa. Percy Paraguass Prof. Saulo Cruz Gomes Profa. Valquria da Cunha Paladino

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CARO ALUNOA Metodologia do Caso Concreto aplicada em nosso Curso de Direito, centrada na articulao entre teoria e prtica, com vistas a desenvolver o raciocnio jurdico. Ela abarca o estudo interdisciplinar dos vrios ramos do Direito, permitindo o exerccio constante da pesquisa, a anlise de conceitos, bem como a discusso de suas aplicaes. O objetivo preparar os alunos para a busca de resolues criativas a partir do conhecimento acumulado, com a sustentao por meio de argumentos coerentes e consistentes. Desta forma, acreditamos ser possvel tornar as aulas mais interativas e, consequentemente, melhorar a qualidade do ensino oferecido. Na formao dos futuros profissionais, entendemos que no papel do Curso de Direito da Universidade Estcio de S to somente oferecer contedos de bom nvel. A excelncia do curso ser atingida no momento em que possamos formar profissionais autnomos, crticos e reflexivos. Para alcanarmos esse propsito, apresentamos a Coletnea de Exerccios, instrumento fundamental da Metodologia do Caso Concreto. Ela contempla a soluo de uma srie de casos prticos a serem desenvolvidos pelo aluno, com auxlio do professor. Como regra primeira, necessrio que o aluno adquira o costume de estudar previamente o contedo que ser ministrado pelo professor em sala de aula. Desta forma, ter subsdios para enfrentar e solucionar cada caso proposto.O mais importante no encontrar a soluo correta, mas pesquisar de maneira disciplinada, de forma a adquirir conhecimento sobre o tema. A tentativa de solucionar os casos em momento anterior aula expositiva, aumenta consideravelmente a capacidade de compreenso do discente. Este, a partir de um pr-entendimento acerca do tema abordado, ter melhores condies de, no s consolidar seus conhecimentos, mas tambm dialogar de forma coerente e madura com o professor, criando um ambiente acadmico mais rico e exitoso. Alm desse, h outros motivos para a adoo desta Coletnea. Um segundo a ser ressaltado, o de que o mtodo estimula o desenvolvimento da capacidade investigativa do aluno, incentivando-o pesquisa e, consequentemente, proporcionando-lhe maior grau de independncia intelectual. H, ainda, um terceiro motivo a ser mencionado. As constantes mudanas no mundo do conhecimento e, por conseqncia, no universo jurdico exigem do profissional do Direito, no exerccio de suas atividades, enfrentar situaes nas quais os seus conhecimentos tericos acumulados no

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sero, per si, suficientes para a resoluo das questes prticas a ele confiadas. Neste sentido, e tendo como referncia o seu futuro profissional, consideramos imprescindvel que, desde cedo, desenvolva hbitos que aumentem sua potencialidade intelectual e emocional para se relacionar com essa realidade. E isto proporcionado pela Metodologia do Estudo de Casos. No que se refere concepo formal do presente material, esclarecemos que o contedo programtico da disciplina a ser ministrada durante o perodo foi subdividido em 15 partes, sendo que a cada uma delas chamaremos Semana. Na primeira semana de aula, por exemplo, o professor ministrar o contedo condizente a Semana no 1. Na segunda, a Semana no 2, e, assim, sucessivamente. O perodo letivo semestral do nosso curso possui 22 semanas. O fato de termos dividido o programa da disciplina em 15 partes no foi por acaso. Levou-se em considerao no somente as aulas que so destinadas aplicao das avaliaes ou os eventuais feriados, mas, principalmente, as necessidades pedaggicas de cada professor. Isto porque, o nosso projeto pedaggico reconhece a importncia de destinar um tempo extra a ser utilizado pelo professor e a seu critrio nas situaes na qual este perceba a necessidade de enfatizar de forma mais intensa uma determinada parte do programa, seja por sua complexidade, seja por ter observado na turma um nvel insuficiente de compreenso. Hoje, aps a implantao da metodologia em todo o curso no Estado do Rio de Janeiro, por intermdio das Coletneas de Exerccios, possvel observar o resultado positivo deste trabalho, que agora chega a outras localidades do Brasil. Recente convnio firmado entre as Instituies que figuram nas pginas iniciais deste caderno, permitiu a colaborao dos respectivos docentes na feitura deste material disponibilizado aos alunos. A certeza que nos acompanha a de que no apenas tornamos as aulas mais interativas e dialgicas, como se mostra mais ntida a interseo entre os campos da teoria e da prtica, no Direito. Por todas essas razes, o desempenho e os resultados obtidos pelo aluno nesta disciplina esto intimamente relacionados ao esforo despendido por ele na realizao das tarefas solicitadas, em conformidade com as orientaes do professor. A aquisio do hbito do estudo perene e perseverante, no apenas o levar a obter alta performance no decorrer do seu curso, como tambm potencializar suas habilidades e competncias para um aprendizado mais denso e profundo pelo resto de sua vida. Lembre-se: na vida acadmica, no h milagres; h estudo com perseverana e determinao. Bom trabalho. Coordenao Geral do Curso de Direito

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PROCEDIMENTOS PARA UTILIZAO DAS COLETNEAS DE EXERCCIOS1. O aluno dever desenvolver pesquisa prvia sobre os temas objeto de estudo de cada semana, envolvendo a legislao, a doutrina e a jurisprudncia e apresentar solues, por meio da resoluo dos casos, preparando-se para debates em sala de aula. 2. Antes do incio de cada aula, o aluno depositar sobre a mesa do professor o material relativo aos casos pesquisados e pr-resolvidos, para que o docente rubrique e devolva no incio da prpria aula. 3. Aps a discusso e soluo dos casos em sala de aula, com o professor, o aluno dever aperfeioar o seu trabalho, utilizando, necessariamente, citaes de doutrina e/ou jurisprudncia pertinentes aos casos. 4. A entrega tempestiva dos trabalhos ser obrigatria, para efeito de lanamento dos graus respectivos (zero a dois), independentemente do comparecimento do aluno s provas. 5. At o dia da AV1 e da AV2, respectivamente, o aluno dever entregar o contedo do trabalho relativo s aulas j ministradas, anexando os originais rubricados pelo professor, bem como o aperfeioamento dos mesmos, organizado de forma cronolgica, em pasta ou envelope, devidamente identificados, para atribuio de pontuao (zero a dois), que ser somada que for atribuda AV1 e AV2 (zero a oito). 6. A pontuao relativa coletnea de exerccios na AV3 (zero a dois) ser a mdia aritmtica entre os graus atribudos aos exerccios apresentados at a AV1 e a AV2 (zero a dois). 7. As AV1, AV2 e AV3 valero at oito pontos e contero, no mnimo, trs questes baseadas nos casos constantes da Coletnea de Exerccios. Coordenao Geral do Curso de Direito

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SUMRIOSEMANA 1Gnero e tipologia textuais.

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SEMANA 2Objetividade e subjetividade na narrativa do texto jurdico.

SEMANA 3Cronologia dos fatos e organizao das informaes de forma clara e coesa.

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SEMANA 4Narrativa simples e produo de relatrio: caractersticas.

SEMANA 5Seleo de fatos importantes, impessoalidade e objetividade.

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SEMANA 6O uso da modalizao no texto jurdico.

SEMANA 7Planejamento de textos: polifonia.

SEMANA 8Planejamento de textos: produo de relatrio jurdico.

SEMANA 9Planejamento de textos: produo de relatrio jurdico.

SEMANA 10A funo argumentativa da narrao: a questo do ponto de vista.

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SEMANA 11A funo argumentativa da narrao: a seleo de fatos.

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SEMANA 12A narrao a servio da argumentao: a formulao dos argumentos na fundamentao simples.

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SEMANA 13Fixao: produo da narrativa simples.

SEMANA 14Fixao: produo da narrativa valorada.

SEMANA 15Fixao do texto jurdico-argumentativo.

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SEMANA 1Gnero e tipologia textuais. Narrativa simples e narrativa valorada. Objetivos da aula: compreender a importncia da tipologia textual para a redao de textos jurdicos; distinguir a narrativa simples da narrativa valorada. No Direito, de grande relevncia o que se denomina tipologia textual: narrao, descrio e dissertao. O que torna essa questo de natureza textual importante para o direito a sua utilizao na produo de peas processuais, como a Petio Inicial, a Contestao, o Parecer, a Sentena, entre outras, podendo cada uma delas apresentar diferentes estruturas, a um s tempo. Para melhor compreender essa afirmao, observe o esquema da Petio Inicial e perceba como essa pea pertence a um gnero hbrido do discurso jurdico, o que exige do profissional do direito o domnio pleno desses tipos textuais.Petio Inicial Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ____ Vara ____ da Comarca ______

Parte descritiva Parte narrativa Parte argumentativa Parte injuntiva

Qualificao das partes Dos fatos Do direito Do pedido 1- _____________________; 2- _____________________; 3- _____________________; Das provas Do valor da causa

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Assim, ainda que cada gnero textual tenha sua relevncia na estrutura redacional das peas processuais, no se pode desconsiderar que, se no h o acesso aos fatos, no h como dizer o direito. Portanto, em um primeiro momento, o operador deve saber contar, com habilidade, a histria a partir da qual se pretende verificar a violao de um direito subjetivo. No por outra razo, o primeiro tipo a ser aqui observado mais atentamente o da narrao. A presena da narrao no discurso jurdico: narrativa simples e narrativa valorada Como se percebe pelo esquema anterior, as peas processuais tm um denominador comum: precisam, em primeiro lugar, narrar os fatos importantes do caso concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa pela anlise do fato gerador do conflito. Ainda assim, vale dizer que essa narrativa ser imparcial ou parcial, podendo ser tratada como simples ou valorada, a depender da pea que se pretende redigir. Pode-se entender, portanto, que valorizar ou no palavras e expresses merece ateno acurada, pois poder influenciar na compreenso e persuaso do auditrio.1 Essa valorao das informaes depende dos mecanismos de controle social2 que influenciam na compreenso do fato jurdico. So diferentes os objetivos de cada operador do direito; sendo assim, o representante de uma parte envolvida no poder narrar os fatos de um caso concreto sob o mesmo ponto de vista da parte contrria. Por conta disso, no se poderia dizer que todas as narrativas presentes no discurso jurdico so idnticas no formato e objetivo, visto que depende da intencionalidade de cada um. Questo Segue parte de uma Petio Inicial (endereamento, qualificao das partes e narrativa dos fatos), em que aparecem sublinhadas algumas expresses de carter valorativo. Como se percebeu da breve exposio anterior, a presena desses elementos valorativos pode ser1 2

BARROS, Orlando Mara. Comunicao & Oratria. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001. p. 138. Nomenclatura utilizada em Introduo ao Direito I.

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adequada a essa pea, mas, se o mesmo caso concreto tivesse de ser relatado em um Parecer, a imparcialidade deveria ser observada.3 Voc deve reconstruir o texto de forma objetiva, retirando ou substituindo as expresses valoradas no texto, de modo a adequ-las a uma narrativa simples (imparcial). O objetivo perceber as diferenas entre a narrativa valorada (da Petio Inicial, por exemplo) e a narrativa simples (do Parecer, por exemplo). Faa as alteraes necessrias para que a coeso e a coerncia textuais sejam observadas.

TEXTOEXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ........ VARA DE ......... DE ........... SP MARIANO DA SILVA, brasileiro, divorciado, operrio, portador da carteira de identidade n 12345678-9 e inscrito no CPF sob o n 012345678-90, residente e domiciliado na Rua das Flores, n 01, Vila Mariana, SP CEP: 22031-015, por meio de seu advogado, domiciliado na Rua , das Marrecas n 02, Centro, SP CEP: 22364-894, vem propor a presente , Ao de alimentos em face de MARIANO DA SILVA JNIOR, aqui requeridoalimentante, brasileiro, solteiro, maior, bancrio, domiciliado na Rua Vinte de Setembro, Centro - SP CEP: 22364-297, pelos seguintes , fatos que passa a expor: Dos fatos O alimentado teve, para seu jbilo e regozijo, o nascimento de seu filho, em 22 de abril de 1983, contando, atualmente, com 25 (vinte e cinco) anos de vida (doc. em anexo). Os genitores do alimentante permaneceram por quase 22 anos formando uma famlia feliz, tendo a ele dispensado todos os desvelos e carinho de que um filho merecedor, at fins de 2005, quando o alimentante j contava com mais de 20 (vinte) anos de bela, serena e pacata convivncia com o alimentado, no seio familiar. Vale mencionar que o alimentado se separou e constituiu nova famlia; desde ento, vem passando prementes necessidades, razo pela3

Esta disciplina pretende trabalhar a estrutura e a linguagem do texto da Petio Inicial. Os requisitos processuais e o contedo do direito material sero ministrados nas disciplinas especficas.

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qual pede alimentos, porque, em desditosa data de 08 de janeiro de 2006, sofreu acidente de trnsito, com traumatismo craniano, ocorrendo, da, terrveis seqelas de epilepsia ps-traumtica, com parte de quase todo o corpo comprometido, conforme se comprova em todos os documentos anexados; ficou, assim, impossibilitado de trabalhar e tentou junto ao INSS alcanar, sem sucesso, o benefcio previdencirio de que tanto necessita. Est, pois, sem qualquer assistncia legal ou financeira. Em sntese, a situao do alimentado hoje deveras deplorvel, haja vista que carece de forma premente da ajuda de amigos e familiares, visto que seus ganhos se reduziram a zero, pois no pode trabalhar devido sua doena, e o INSS resiste ao seu pedido de ajuda. O autor vive, constantemente, a ingerir medicamentos de alto custo; caso contrrio, seu estado poder lev-lo ao bito, no tendo, assim, como suport-lo. Ressalta-se, inclusive, que o alimentado no mais pessoa jovem, mas sim doente, necessitando constantemente de cuidados mdico e farmacutico. Para supri-los, vive de Posto a Posto de Sade, Prefeituras, Pronturio hospitalar, Pronto Socorro etc. a mendigar a gratuidade dos medicamentos necessrios sua mantena em vida; recorre a vizinhos, parentes e amigos que amide o socorrem. Hoje, vive na esperana de quaisquer benficos acontecimentos que possam mudar os rumos de seu destino. Outrossim, a carncia, verdadeira indigncia de recursos do alimentado, contraposta franca disponibilidade financeira do alimentante, obriga o ltimo, como filho, a pensionar o genitor, cotejado e provado, para tanto, de forma inquestionvel, o liame de parentesco que os une, em linha reta (primeiro grau), na relao descendenteascendente, bem como o binmio necessidade/possibilidade. [...]44

Interdisciplinaridade: a Universidade Estcio de S prope que voc estude de maneira interdisciplinar e recorra aos contedos sugeridos para conseguir a melhor soluo do exerccio apresentado. Unidade I de Introduo ao Estudo do Direito: juzo de valor e juzo de realidade; mecanismos de controle social (religio, moral, normas de trato social e o Direito); influncia da Moral sobre o Direito; teoria dos crculos; Direito objetivo e Direito subjetivo. Unidade III de Fundamentos de Antropologia e Sociologia: novos padres morais e culturais na famlia, religio e estilos de vida na sociedade brasileira.

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SEMANA 2Objetividade e subjetividade na narrativa do texto jurdico. Objetivo da aula: selecionar os fatos importantes a serem narrados em cada pea processual. Num relato pessoal, interessa ao narrador no apenas contar os fatos, mas justific-los. No mundo jurdico, entretanto, muitas vezes, preciso narrar os fatos de forma objetiva, sem justific-los. Ao redigir um parecer, por exemplo, o narrador deve relatar os fatos de forma objetiva antes de apresentar a sua opinio tcnico-jurdica na fundamentao. Antes de iniciar seu relato, o narrador deve selecionar o que narrar, pois necessrio garantir a relevncia do que narrado. Logo, o primeiro passo para a elaborao de uma boa narrativa selecionar os fatos a serem relatados.Os fatos mais relevantes no mundo jurdico

Os fatos que contribuem para a nfase daqueles mais relevantes

O que narrar?

Os fatos que satisfazem a curiosidade do leitor, despertando seu interesse

Os fatos que contribuem para a compreenso dos mais relevantes

Questo 1. Considerando que os textos a seguir so narraes em que se observa a subjetividade, pois os sujeitos envolvidos no conflito narram os fatos na primeira pessoa do discurso, conforme seus pontos de vista, faa o seguinte: desconsidere todas as passagens em que a subjetividade do narrador predominante e produza uma narrativa de modo objetivo, isto , uma narrativa em terceira pessoa que ape13

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nas relate os fatos, sem qualquer posicionamento pessoal sobre eles. Sua narrativa deve apresentar o vocabulrio e o grau de formalidade adequados ao discurso jurdico. Use os dois textos para produzir uma nica narrativa.

TEXTO 1Eu e Sandra vivemos sob o mesmo teto, como se marido e mulher fssemos, por mais de dez anos. Para que isso acontecesse, tive de passar por cima de muita coisa. Minha famlia no aceitava nossa unio e meu pai dizia, com certa razo, que eu no tinha muito futuro ao lado dela. Sandra estudou pouco e nunca trabalhou de carteira assinada, mas sabe cuidar como ningum da casa: duvido que algum faa uma moqueca melhor que a dela. Durante a constncia dessa unio de fato, tivemos filhos e construmos patrimnio. Vivemos bem por alguns anos, quase acreditando que a nossa unio seria para sempre, mas, como j disse a msica, o pra sempre sempre acaba... . O cime que ela sente por mim gerou a discrdia entre ns. Ningum consegue viver ao lado de uma mulher to ciumenta. Como ela acha que eu consegui comprar o que temos hoje? O dinheiro no cai do cu. Tive de trabalhar muito pra conseguir tudo que temos. E, quando chegava em casa, depois de um dia longo de trabalho, ainda tinha que ouvir que havia demorado muito, que devia estar na vadiagem: isso no justo. Por conta de toda essa situao, ns dois viemos aqui ao juiz, diante do Estado, para requerer o reconhecimento e a dissoluo dessa sociedade conjugal, mediante uma sentena homologatria. Olha o que o nosso advogado escreveu para o juiz:

TEXTO 2Reconhecimento de Sociedade concubinria. Os Requerentes viveram como se casados fossem por cerca de 10 anos, mantendo residncia, ora no Estado e Cidade do Rio de Janeiro, ora nesta Cidade de Paranava. Deste relacionamento, nasceram dois filhos, o primeiro, Joelson, em 09 de fevereiro de 1992, e o segundo, Maringela, em 09 de setembro de 1997, conforme atestam as certides em anexo.

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Ao longo do relacionamento, o casal amealhou bens que constituem o patrimnio comum de ambos, sendo que os bens foram sendo registrados em nome ora do primeiro requerente, ora do segundo, ou ainda em nome dos menores, conforme se evidencia nos documentos em anexo. O casal viveu, portanto, como se casado fosse. Construram patrimnio, tiveram filhos, viveram sob o mesmo teto, cumpriram aqueles deveres recprocos inerentes condio de casados. Viviam, pois, imprimindo sociedade a precisa sensao de que constituam uma ntida famlia conjugal, porquanto organizada nos moldes do casamento tradicional, apenas que subtrada da prvia formalidade de sua pblica celebrao. Por esse fato, merecem ver reconhecida, por sentena, a sociedade havida, o que se requer.5

SEMANA 3Cronologia dos fatos e organizao das informaes de forma clara e coesa. Objetivo da aula: conhecer os modos de organizao dos fatos importantes (organizao linear e alinear). No discurso jurdico, necessrio ater-se aos fatos do mundo biossocial que levaram ao litgio. Ao procurar um advogado, o cliente far, logo de incio, um relato dos acontecimentos que, em sua perspectiva, causaram-lhe prejuzo do ponto de vista moral ou material. Contar sua verso do conflito, marcada, geralmente, por comoo, freqentes rodeios e muita parcialidade. J compreendemos, nas aulas anteriores, que saber selecionar essas informaes importante e esse procedimento depende no s da pea que se quer redigir, como tambm de uma viso crtica, madura e acurada. Ao profissional do Direito caber, em seguida, organizar as informaes importantes obtidas nessa conversa, com vistas estruturao da narrativa a ser apresentada na Petio Inicial.5

Interdisciplinaridade: dando continuidade proposta de estudo interdisciplinar, sugerimos que voc recorra aos contedos indicados para a melhor soluo do exerccio apresentado. Unidade I de Introduo ao Estudo do Direito II: elementos da relao jurdica (sujeitos ativo e passivo, objeto, fato jurdico e vnculo).

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Sempre que o advogado elencar fatos, haver entre eles um lapso temporal, imprescindvel para a narrativa, a qual, por sua prpria natureza, deve respeitar a cronologia do assunto em pauta, ou seja, a estrita ordem dos acontecimentos na realidade. A essa narrativa chama-se tambm narrativa linear. Sobre esse assunto, leia, tambm, o captulo Narrao e descrio: textos a servio da argumentao, do livro Lies de argumentao jurdica: da teoria prtica, de cuja obra se extraiu o exemplo adiante:Acompanhe a seqncia cronolgica dos principais eventos de um conito:6 A autora fez a matrcula da sua filha na escola. 1999 A autora terceirizou as aulas de informtica e ingls. 2003/1o sem. Aumenta a inadimplncia no pagamento das mensalidades. 2003/2o sem. A autora foi impedida de assistir s aulas. Meses depois [...]

Todavia, possvel, ainda, apresentar fatos em seqncia alterada, no-linear. Tal estratgia discursiva utilizada, sobretudo, na narrativa valorada pelo advogado, para dar destaque a um aspecto especfico. Em seu livro Manual de redao forense, Victor Gabriel de Oliveira Rodrguez prioriza, no entanto, a utilizao da narrativa linear. Para esse autor, a indicada estratgia discursiva (linearidade) evidencia, para o leitor, o encadeamento lgico entre os acontecimentos, crucial para se estabelecer os nexos de causalidade e alcanar tambm maior clareza textual.7Vocabulrio da rea semntica de tempo:7 idade, era, poca, perodo, ciclo, fase, temporada, Tempo em geral prazo, lapso de tempo, instante, momento, minuto, hora etc.

(continua)6 7

FETZNER, Nli Luiza C. et al. Lies de argumentao jurdica: da teoria prtica. Rio de Janeiro: Forense, 2007 (captulo 3.1). GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna. 22 ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004, cap. 1.6.5.5.1

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Vocabulrio da rea semntica de tempo:(continuao) Fluir do tempo o tempo passa, flui, corre, voa, escoa-se, foge etc. perenidade, eternidade, durao eterna, permanente, contnua, ininterrupta, constante, tempo infinito, interminvel, infindvel etc. Sempre, duradouro, indelvel, imorredouro, imperecvel, at a consumao dos sculos etc. largo, longo tempo, longevo, macrbio, Matusalm etc. tempo breve, curto, rpido, instantaneidade, subitaneidade, pressa, rapidez, ligeireza, efmero, num abrir e fechar d olhos, relance, momentneo, precrio, provisrio, transitrio, passageiro, interino, de afogadilho, presto etc. Cronos, calendrio, folhinha, almanaque, calendas, cronometria, relgio, milnio, sculo, centria, dcada, lustro, qinqnio, trinio, binio, ano, ms, dia, trduo, trimestre, bimestre, semana, anais, ampulheta, clepsidra etc.

Perpetuidade

Longa durao

Curta durao

Cronologia, medio, diviso do tempo

durante, enquanto, ao mesmo tempo, simultneo, contemporneo, coevo, isocronismo, coexistente, Simultaneidade coincidncia, coetneo, gmeo, ao passo que, medida que etc. antes, anterior, primeiro, antecipadamente, prioritrio, primordial, prematuro, primognito, antecedncia, precedncia, prenncio, preliminar, vspera, prdomo etc. depois, posteriormente, a seguir, em seguida, sucessivo, por fim, afinal, mais tarde, pstumo, in ne etc. meio tempo, interstcio, nterim, entreato, interregno, pausa, trguas, entrementes etc.

Antecipao

Posteridade

Intervalo

(continua)17

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Vocabulrio da rea semntica de tempo:(continuao) atualidade, agora, j, neste instante, o dia de Tempo presente hoje, modernamente, hodiernamente, este ano, este sculo etc. amanh, futuramente, porvir, porvindouro, em Tempo futuro breve, dentro em pouco, proximamente, iminente, prestes a etc. remoto, distante, pretrito, tempos idos, outros tempos, priscas eras, tempos dantanho, outrora, antigamente, coisa antediluviana, do tempo do arroz com casca, tempo de amarrar cachorro com lingia etc. constante, habitual, costumeiro, usual, corriqueiro, repetio, repetidamente, tradicional, amide, com freqncia, ordinariamente, muitas vezes etc. raras vezes, raro, raramente, poucas vezes, nem sempre, ocasionalmente, acidentalmente, esporadicamente, inusitado, inslito, de quando em quando, de vez em vez, de vez em quando, de tempos em tempos, uma que outra vez etc.

Tempo passado

Freqncia

Infreqncia

Questo Todos os fatos abaixo, extrados de uma situao de conflito, so importantes porque apresentam, direta ou indiretamente, informaes relativas aos elementos da relao jurdica.8 A ordem em que esto apresentados foi subvertida. Observe-os com ateno e, seguindo os passos sugeridos nesta aula, elabore uma narrativa linear, objetiva, coesa e de fcil compreenso para o leitor. No deixe de indicar, tambm, em sua narrativa, o transcurso do tempo, utilizando, para tanto, os elos coesivos adequados. ( ) Em 14/5/2007 Mnica Alves relata o desaparecimento de sua filha de quatro meses, Ana Carla.8

Interdisciplinaridade: dando continuidade proposta de estudo interdisciplinar, sugerimos que voc recorra aos contedos indicados para a melhor soluo do exerccio apresentado. Unidade I de Introduo ao Estudo do Direito II: elementos da relao jurdica (sujeitos ativo e passivo, objeto, fato jurdico e vnculo).

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( ) Em 16/1/2007 O delegado Srgio Salles, do 50 DP , que acompanha o caso, passa a trabalhar com a hiptese de venda da criana. ( ) Em 13/1/2007 Mnica estava colocando a filha para dormir, quando foi abordada por um rapaz que conhecera, havia menos de um ms, na casa de uma senhora evanglica. O rapaz estava acompanhado por um homem mais velho. Mnica correu, mas no conseguiu fugir deles. ( ) Em maro de 2005 Mnica deu luz um casal de gmeos, que teve com seu companheiro Luiz Pereira, pintor de paredes, que a abandonou para tentar a vida em Maca/RJ. ( ) Em novembro de 2005 Mnica engravidou de seu segundo companheiro, Antnio Ribeiro de Souza, encanador, o qual tambm a abandonou depois de ela haver sofrido um aborto espontneo no segundo ms de gestao. ( ) Em 14/3/2000 Mnica Alves saiu de Itupiranga (PA) com destino ao Rio de Janeiro em busca, segundo diz, de uma vida melhor. ( ) Em maro de 2006 Conheceu o cozinheiro Francisco Teixeira, com o qual passou a viver. Prontamente, engravidou; nasceu Ana Carla. ( ) Em janeiro de 2007 Mnica foi procurada por um casal sem filhos que lhe props ficar com a criana.

SEMANA 4Narrativa simples e produo de relatrio: caractersticas. Objetivos da aula: conhecer as caractersticas da narrao jurdica; desenvolver um plano textual de organizao dessa narrao. O relatrio um tipo de narrativa em que os fatos importantes de uma situao de conflito devem ser cronologicamente organizados, sem interpret-los (ausncia de valorao); apenas inform-los na lide ou demanda processual. Segundo De Plcido (2006, p. 1192), relatrio designa a exposio ou a narrao, escrita ou verbal, acerca de um fato ou de vrios fatos, com a discriminao de todos os seus aspectos ou elementos.19

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Caractersticas mais relevantes em um relatrio jurdico:9 ordem cronolgica com respostas s perguntas: o qu?, quem?, onde?, quando?, como?, por qu? correta identificao do fato gerador Relatrio jurdico (narrativa imparcial) verbos no passado9 destaque dos detalhes importantes uso de polifonia (provas) foco narrativo em 3a pessoa ausncia de opinio, de posicionamento por parte do relator

Destaca-se que, exceto pela ltima caracterstica, todas as narrativas jurdicas devem obedecer a essas orientaes, sejam elas valoradas ou no. Questo Leia atentamente o caso concreto em estudo e prepare seu plano de redao, visando produo do relatrio jurdico, atendendo s caractersticas j apresentadas.

TEXTOFuror do MP deixa inocente preso por dois anos Andr Ramalho de Lima est, h dois meses, preso, acusado de matar o enteado, no dia 16 de julho de 2007. Andr est sentindo na pele os riscos da priso preventiva: cumpre pena antes de ser julgado e pode estar pagando por um crime que no cometeu. O Defensor Pblico, Walter Corra, afirma que Andr vtima de denncia inepta do Ministrio Pblico. Garante ainda que ele foi prejudicado por investigao mal feita e por falhas da percia tcnica. AcusadoSobre os verbos no passado, importante estabelecer as diferenas entre os tempos verbais do pretrito. A esse respeito, consulte FETZNER, Nli L. C. et al. Lies de gramtica aplicadas ao texto jurdico. Rio de Janeiro: Forense, 2007

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de ter matado o filho de sua companheira, de dois anos, foi preso e sofreu maus-tratos na priso. ru primrio, tem carteira assinada e residncia fixa, mas, para ele, no valeu a presuno de inocncia. Consta da denncia que Andr matou o garoto porque era inimigo do pai biolgico da criana. Nenhuma testemunha confirmou a verso. Muito pelo contrrio: o pai biolgico era um dos melhores amigos de Andr. A criana tinha problemas srios de sade (anemia profunda e crises convulsivas) e, de acordo com a me, passava mais tempo no hospital do que em casa. Por causa da anemia, era obrigada a tomar injees para complementar a alimentao. Algumas causavam alergia, caracterizada por manchas pelo corpo. No dia da morte, a criana, que tinha acabado de sair de uma internao, comeou a passar mal. O padrasto, num ato de desespero, fez massagens cardacas no beb e respirao boca-a-boca. Para o MP a inteno de Andr, ao fazer a respirao boca-a, boca, era impedir que a criana de dois anos o apontasse como autor do homicdio. Na necropsia, o mdico legal concluiu que as manchas espalhadas pelo corpo do beb eram marcas de espancamento. No depoimento, Andr disse que foi ameaado pelos policiais do Departamento de Homicdios e Proteo Pessoa (DHPP) para confessar o crime. O Defensor apontou a arbitrariedade da priso de Andr, alegando a presuno de inocncia, que deve incidir mesmo quando o ru confessa o crime, porque no se sabe em quais condies o acusado o fez e que o Supremo Tribunal Federal tem entendimento firmado de que s cabe priso quando a sentena condenatria j transitou em julgado, ou seja, quando no restarem mais dvidas de que o ru culpado pelo crime.10 Andr estuda entrar com ao de indenizao por danos morais e materiais pelo tempo em que ele ficou preso. (Adaptao de caso concreto relatado na revista Consultor Jurdico de 29 de julho de 2007)1110

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Existem opinies divergentes sobre essa questo. Sugerimos que leia um pouco sobre os requisitos da priso preventiva. Interdisciplinaridade: dando continuidade proposta de estudo interdisciplinar, sugerimos que voc recorra aos contedos indicados para a melhor soluo do exerccio apresentado. Direito Penal: princpio da presuno da inocncia, tipicidade, nexo causal, medidas de segurana.

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SEMANA 5Seleo de fatos importantes, impessoalidade e objetividade. Objetivo da aula: estabelecer a diferena entre fatos objetivos/ subjetivos e a importncia deles para o planejamento da narrativa. Como j visto, em uma narrativa jurdica, nem todos os fatos ou eventos envolvidos no caso concreto devem ser selecionados para compor o relato. Somente aqueles considerados importantes para a elucidao ou explicao do fato principal (fato gerador da situao de conflito) devem ser destacados: os chamados fatos importantes. A seleo dessas informaes preciso reiterar depende do fato de a narrativa ser simples ou valorada. Para melhor compreender os raciocnios desenvolvidos nesses dois tipos de narrativa, observe os esquemas a seguir. 1 esquema:12Narrativa simples Tese 1 Narrativa valorada Tese 2 Pontos de vista a sustentar

a

Perguntar por que aos fatos contidos na narrativa e sustentar um ponto de vista favorvel ou contrrio ao pedido (causa prxima) do autor.

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Vale ressaltar que todos os esquemas produzidos nos cadernos de exerccio so fruto do grupo de estudo dos professores de Portugus Jurdico, sob a coordenao da Professora Nli L. Cavalieri Fetzner.

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2 esquema:Fatos que antecederam e motivaram o fato gerador (causas remotas) Fato gerador do conflito Causa prxima (pedido)

Em sntese:Narrativa simples dos fatos uma narrativa sem o compromisso de representar qualquer das partes. Deve apresentar todo e qualquer fato importante para a compreenso da lide, de forma imparcial. O qu Quem (ativo e passivo) Onde Quando Como Por qu Narrativa valorada dos fatos uma narrativa marcada pelo compromisso de expor os fatos de acordo com a verso da parte que se representa em juzo. Por essa razo, apresenta o pedido (pretenso da parte autora) e recorre a modalizadores. O qu Quem (ativo e passivo) Onde Quando Como Por isso

Inicia-se por Fulano ajuizou Inicia-se por trata-se de questo ao de ... em face de Beltrano, sobre... na qual pleiteia ...

Leia o caso e responda s questes propostas sobre ele.

TEXTO13SO PAULO A ex-estagiria da Petrocoque, Carolina de Paula Farias dos Santos, 23 anos, vai responder Justia por um homicdio duplamente qualificado por motivo ftil e sem chance de defesa da vtima e duas tentativas de homicdio. Carolina 13

Texto disponvel em . Acesso em: 18 fev. 2006.

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acusada pela morte de uma funcionria da empresa, Mnica Tamer de Almeida, assassinada quando saa de casa, em Santos, rumo ao trabalho. A denncia foi apresentada pelo Ministrio Pblico e aceita pela Justia de Santos, que determinou tambm priso preventiva de Carolina e de mais quatro acusados de participar do crime. Carolina, que casada e formada em Administrao de Empresas, j est presa desde 18 de janeiro, quando teve priso temporria decretada. De acordo com a polcia, ela confessou que mandou matar Mnica. A idia era que o posto de trabalho de Mnica ficasse livre para ser ocupado por outra pessoa, abrindo vaga para que a prpria Carolina fosse contratada. Ouvi funcionrios da Petrocoque e tenho fotos provando que Carolina visitou Mnica durante o perodo de licena-maternidade. Isso prova que ela sabia onde a vtima morava, diz o delegado Rony da Silva Oliveira, do 3 Distrito Policial de Santos. A polcia chegou a Carolina aps rastrear ameaas telefnicas feitas a uma funcionria da Petrocoque, que cobriu a licena-maternidade de Mnica. O promotor de justia Octvio Borba de Vasconcellos Filho, da Vara do Jri de Santos, afirmou que os trs crimes dos quais Carolina acusada sero processados e julgados em Santos. Carolina trabalhou como estagiria da Petrocoque entre dezembro de 2004 e julho de 2005. Neste perodo, teve um relacionamento amoroso com o chefe. Encerrado o estgio, ela tentou retornar empresa para continuar o romance com o amante e no conseguiu. Ela engendrou uma srie de fatos que visaram eliminar a esposa do amante e, depois, duas funcionrias, com a finalidade de ser contratada no lugar delas, disse o promotor. Segundo ele, Carolina procurou conhecer os costumes, horrios e itinerrios de suas vtimas, repassando as informaes obtidas ao primo Rodolfo Queirz dos Santos, de 25 anos. Foi Rodolfo quem entrou em contato com os demais acusados: werton Moura de Andrade, de 19 anos; Aislan Dionsio Nascimento, de 25; Edson Siqueira dos Santos, o Kimbau, de 24. Dos cinco acusados, apenas Aislan Nascimento permanece foragido, embora esteja com priso decretada pela Justia. O primeiro crime atribudo Carolina ocorreu em 6 de setembro de 2005, na esquina das Ruas Oswaldo Cchrane e Alfaia Rodrigues, no Embar. Esposa do amante da acusada, a vtima conseguiu escapar24

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ilesa porque gritou por socorro e fugiu correndo. Nessa ocasio, Carolina estava acompanhada por werton e Rodolfo. Essa primeira investida foi tratada pela Polcia Civil como tentativa de seqestro, mas o Ministrio Pblico a interpretou como tentativa de homicdio. A outra tentativa de homicdio da qual Carolina acusada ocorreu no km 34 da Via Anchieta, no trecho de So Bernardo do Campo. Funcionria da Petrocoque, Renata Borelli, de 24 anos, saiu da empresa, em Cubato, e se dirigia de carro para sua residncia. Durante o trajeto, Renata teve o veculo interceptado por um Celta verde, que pertence a uma cunhada da Carolina. A ex-estagiria estava ao volante, tendo como passageiros Aislan e Kimbau. O foragido Aislan est sendo apontado por Kimbau como o autor dos tiros dados na direo do carro da vtima. Trs disparos acertaram a lataria e um quarto, o ombro de Renata. A morte da vtima s no aconteceu porque o disparo no atingiu um rgo vital e ela recebeu os cuidados mdicos de imediato, disse o promotor. O crime mais grave foi o assassinato de Mnica Tamer Cruz de Almeida, de 42 anos, executada a tiros na Rua Egdio Martins, na Ponta da Praia, em Santos, momentos aps sair de casa para o trabalho. Como nos outros casos, Carolina tambm dirigia um carro para os comparsas e o veculo usado foi o corsa branco do marido. Aislan e Kimbau teriam substitudo werton porque ele foi considerado ineficiente no primeiro crime. Conforme investigaes policiais, cada um deles receberia R$ 3 mil pelo assassinato. Questes14 1. Aps a leitura atenta da notcia acima, sublinhe todas as informaes objetivas que devem ser narradas. 2. Faa uma enumerao desses fatos objetivos e importantes, organizando-os em tpicos, em ordem cronolgica, mas de forma clara e precisa.14

Interdisciplinaridade: dando continuidade proposta de estudo interdisciplinar, sugerimos que voc recorra aos contedos adiante indicados para a melhor soluo do exerccio apresentado. Direito Penal II: concurso de pessoas e de crimes, medidas de segurana. Fases do iter criminis.

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SEMANA 6O uso da modalizao no texto jurdico. Objetivo da aula: utilizar de maneira competente a modalizao no texto jurdico. A modalizao consiste na atitude do falante em relao ao contedo objetivo de sua fala. Um dos elementos discursivos mais empregados na argumentao consiste na conveniente seleo lexical. De fato, em muitos casos, uma mesma realidade pode ser apresentada por vocbulos positivos, neutros ou negativos, tal como ocorre em: sacrificar/matar/assassinar, ou em compor/escrever/rabiscar. Dessa forma, uma leitura eficiente deve captar tanto as informaes explcitas quanto as implcitas. Portanto, um bom leitor deve ser capaz de ler as entrelinhas, pois, se no o fizer, deixar escapar significados importantes, ou, pior ainda, concordar com idias ou pontos de vista que rejeitaria se os percebesse. Assim, para ser um bom produtor de texto jurdico, necessrio que o emissor esteja apto a utilizar os recursos disponveis na lngua a servio da argumentao. Destaque, no texto, a seguir, extrado de material disponibilizado na Internet, os modalizadores que nele esto presentes. Explique, inclusive, o efeito persuasivo obtido por cada um dos elementos destacados, de forma clara, concisa e coesa.

TEXTO15Ao de indenizao em face de empresa de spam resulta em acordo Um usurio de Internet ajuizou uma ao de indenizao em face de uma empresa que vendia endereos de e-mail, coletados sem autorizao de seus proprietrios, para fins de prtica de spam. A ao terminou em acordo, no valor simblico de R$ 500,00, mas serve de exemplo para que iniciativas semelhantes possam inibir a praga do spam, que invade nossas caixas de e-mail e enche os cofres de empresas inescrupulosas.15

GORSKI, Michael Frank. Ao de indenizao em face de empresa de spam resulta em acordo. Texto no 51 (10.2001). Disponvel em: . Acesso em: 28 abr. 2007.

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Fundamentos de fato O autor advogado e jornalista em Campo Grande, usurio da Rede Internacional de Informaes, conhecida pela sigla INTERNET, detentor do e-mail _____________, por meio do qual vem recebendo uma enxurrada de mensagens indesejadas, os chamados spams, com todo tipo de publicidade, tanto de produtos como de idias. Em consulta a especialistas e estudiosos do fenmeno spamming de sua privacidade, o autor constatou que vem sendo vtima de uma criminosa, indevida, persistente, incmoda e custosa invaso de privacidade, prtica, alis, que vem assolando toda a comunidade de usurios da Internet e que se explica a seguir. A r se apresenta como o melhor banco de dados do Brasil, sendo, na verdade, uma das piratas de identidade existentes no Brasil, uma verdadeira praga que consiste em bisbilhotar hbitos de internautas que acessam determinados sites e no furto de identidade dos internautas, finalizando na comercializao no autorizada de mailing lists. Essas listas acabam infernizando a vida dos usurios da Internet pelo Brasil inteiro, medida que empresas desconhecidas invadem o correio eletrnico do autor, com toneladas de lixo eletrnico, mensagens indesejadas (spams). Na verdade, esses spammers instalam pequenos programas espies nos sites, denominados cookies. Entre esses milhares de nomes, que sero as vtimas da r e de suas clientes para suas propagandas abusivas estava, certamente, o nome e o e-mail do autor. A prpria r se vangloria de oferecer: 141.423 e-mails de empresas; 1.263.320 e-mails de pessoa fsica; 690.631 e-mails de estados; 198.500 e-mails de profisses; 49.477.927 e-mails de outros pases; hotis, imobilirias, mdicos etc.; A r, no e-mail mandado para o autor, confessa que ganha dinheiro com esse comrcio ilegal: Preo para cadastro segmentado: PROMOO VLIDA AT 31.05.01 5.000 e-mails = R$ 70,00 (pedido mnimo) 10.000 e-mails = R$133,00 (5% de desconto) 20.000 e-mails = R$252,00 (10% de desconto)27

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30.000 e-mails = R$357,00 (15% de desconto) 50.000 e-mails = R$560,00 (20% de desconto) 100.000 e-mails = R$1.050,00 (25% de desconto) 200.000 e-mails = R$1.960,00 (30% de desconto). [...]

SEMANA 7Planejamento de textos: polifonia. Objetivo da aula: reconhecer o uso e a importncia da polifonia e da intertextualidade no texto jurdico. No ato de interpretar um texto, no apenas necessrio o conhecimento da lngua, tambm se faz imprescindvel que o receptor tenha, em seu arquivo mental, as informaes do mundo e da cultura em que vive. Ao ler/ouvir um discurso, o receptor acessa diferentes memrias. Portanto, interpretar depende da capacidade do receptor de selecionar mentalmente outros textos. Quem no tem conhecimento armazenado, cultura, leitura de mundo, ter dificuldade, quer na construo de novos discursos, quer na captao das intenes do emissor do discurso.Elementos lingsticos que tm o papel de marcar a polifonia: Conjunes conformativas Verbos introdutores de vozes (dicendi verbos de dizer) segundo, conforme, como etc. dizer, falar, armar (verbos mais neutros); enfatizar, advertir, ponderar, condenciar, alegar.

Questo O texto adiante rico em polifonia. Identifique essas ocorrncias e comente qual o papel dessas informaes na construo do texto.

TEXTO16O Ministrio Pblico de Santa Catarina impediu que o bacharel em Direito Carlos Augusto Pereira prestasse concurso pblico para16

Folha de S.Paulo, maro de 2000.

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Promotor de Justia do rgo, por ele ser cego. Ele recorreu da deciso, mas teve o seu pedido negado. Na carta em que justifica a medida, o MP de Santa Catarina alegou que a funo indelegvel, e Pereira, obrigatoriamente, teria que se socorrer de pessoas estranhas ao quadro funcional que no prestaram juramento pblico. O Presidente da Comisso de Concurso, Pedro Srgio Steil, afirmou que o Promotor tem de preservar o sigilo e no pode repass-lo a ningum. H impossibilidade de exerccio profissional de uma pessoa com essa deficincia. J o Presidente da Associao Nacional do Ministrio Pblico, Marfam Vieira, discorda. No vejo incompatibilidade. H reas em que ele poderia atuar perfeitamente. E funo do Ministrio Pblico proteger o deficiente fsico, sobretudo porque a Constituio determina reserva de vaga nos concursos pblicos. lamentvel que o MP de Santa Catarina esteja praticando um ato de discriminao. Marfam vai pedir presidncia da Associao do MP daquele Estado que reveja a deciso. Carlos Augusto Pereira afirmou que, se fosse aprovado, teria um funcionrio investido de f pblica, para ler os documentos para ele. A orientao da manifestao ministerial seria dada por mim. Alm disso, h sistemas que fazem a leitura pelo computador, como os sintetizadores de voz, ressaltou, ainda, Vieira. O Estado de Santa Catarina tem na Procuradoria da Advocacia Geral da Unio rgo federal um cego, Orivaldo Vieira. H casos semelhantes em outros Estados do pas. O procurador do Trabalho, Ricardo Marques da Fonseca, chefe da Procuradoria Regional de Campinas, e o defensor pblico Valmery Jardim tambm so cegos. O bacharel funcionrio concursado da Justia Eleitoral. Na ocasio do concurso, para auxili-lo nos exames, foram designados dois advogados: um leu para ele a prova e os livros usados para consulta, e o outro escreveu as respostas. O candidato considera ter sido uma vtima do preconceito e vai mover uma ao em face do rgo catarinense e exigir indenizao por danos morais. Ainda segundo o Corregedor-Geral do MP de Santa Catarina, um cego precisaria, em algumas circunstncias, do auxlio de outra pessoa.29

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A tecnologia fornece facilidades, mas o reconhecimento de provas ou o exame de uma percia ficam prejudicados. No razovel que o Estado tenha de criar uma estrutura para viabilizar uma exceo.

SEMANA 8Planejamento de textos: produo de relatrio jurdico. Objetivo da aula: selecionar, combinar e redigir os fatos importantes do caso concreto. De todos os fatos apresentados a seguir, muitos so aproveitveis para uma pea jurdica, mas outros so absolutamente dispensveis. Reflita, nesse sentido, sobre a cronologia (numere os parnteses que antecedem cada informao dada) desses fatos e todas as demais caractersticas j aprendidas ao longo do curso. Redija um relatrio jurdico. Para isso, utilize as estratgias de coeso que julgar necessrias.17 Onde: Salvador (BA). Quem passivo: Bloco Afro Radical Negro dos Filhos da Me frica. Quem ativo: Hans da Silveira Hank, 25 anos, estudante, residente em Munique, Alemanha. Quando: fevereiro de 2006. Fato: Ao Indenizatria. Como: ( ) Hans, que j tinha ouvido falar, viu uma amostra do carnaval numa apresentao de uma feira de negcios e turismo, promovida pelo Governo do Estado da Bahia, em sua cidade. ( ) Hans filho de uma brasileira com um alemo, mas nasceu em Munique, na Alemanha, e sempre morou l. ( ) Fascinado com a vitalidade e a alegria dos integrantes do bloco, todos negros, faz amizade com um deles e, encantado com a apresentao a que acabara de assistir e desejando participar, passa a contribuir financeiramente com a agremiao, enviando regularmente uma certa quantia17

A esse respeito, leia PALADINO, Valquria (Coord.) et al. Coeso e coerncia textuais. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2006.

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( ( (

(

em dinheiro, depositada todo ms na conta de Maurcio Beriba, integrante do bloco. ) Cada vez mais apaixonado pelo Brasil e pela Bahia, Hans, que leu Tenda dos milagres numa traduo para o alemo, decide vir ao Brasil. ) Ao chegar, logo se encanta por Adelaide, uma das integrantes do Bloco Afro Radical Negro Filhos da Me frica, e tem incio um fogoso relacionamento. ) s vsperas do carnaval, Hans, cada vez mais apaixonado por Adelaide, decide que quer desfilar com ela e procura Maurcio Beriba, para quem enviou mensalmente as contribuies. ) Maurco Beriba, ao saber das pretenses de Hans, veta a participao do alemo no desfile

Conseqncia: o Sr. Hans decide processar o Bloco Afro Radical Negro dos Filhos da Me frica Depoimentos: 1. Hans da Silveira Hank. Eu pagar contribuion para bloco, amar a cultura brasileira e no poder desfilar? 2. Adelaide, secretria, aparentando 25 anos. O Hans no entende o Brasil. No tem nada a ver. No temos preconceito, no. Tanto que estou namorando ele. O problema que ele, branquelo daquele jeito, vai desvalorizar o desfile do nosso bloco. 3. Maurcio Beriba, mecnico, 34 anos. Esses gringos esto muito se achando mesmo. Vm l das suas Oropas e, s porque tm dinheiro, chegam aqui, ficam com as melhores mulheres e ainda vm tirar onda com a minha cara. Qual ? Branco no pode desfilar no bloco. O bloco tem caractersticas afro que seriam desvirtuadas com a presena de um branco. Quando ele mandou o dinheiro, no falou que queria desfilar. Isso nem pensar! 4. Carlito Marrn, presidente do Bloco, 42 anos. Nunca estivemos diante de uma situao dessas. Nosso povo foi discriminado durante sculos neste pas. Agora vem um alemo nos acusar. Nunca recebemos um centavo desse gringo. Isso armao para nos incriminar. No justo.31

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SEMANA 9Planejamento de textos: produo de relatrio jurdico. Objetivo da aula: selecionar, combinar e redigir os fatos importantes do caso concreto. Assim como na aula anterior, damos continuidade prtica de redao de relatrios. Dessa forma, a partir dos dados que seguem, construa um relatrio jurdico, observando critrios como cronologia e graus de importncia dos fatos. Onde: Porto Alegre (RS). Quem passivo: Jos Borba Fiel, 45, representante de vendas. Quem ativo: Arminda Leite Fiel, 37 anos, do lar, residente em Porto Alegre. Quando: fevereiro de 2006. Fato: Ao de alimentos; reviso/cancelamento. Como: ( ) Jos e Arminda casam-se em Porto Alegre, no dia 22 de maro de 2002. ( ) Jos vendedor e, em maro de 2003, promovido a chefe da equipe de vendas, passando a viajar por todo o estado do Rio Grande do Sul a trabalho. ( ) Durante as viagens, conhece Edileusa, uma funcionria do hotel em que costuma se hospedar, e mantm com ela um relacionamento amoroso. ( ) Em abril de 2005, Jos e Arminda tm um filho. ( ) Oito meses depois do nascimento de Jos Jnior, Arminda entra com pedido de separao e penso para o filho, tendo em vista o relacionamento mantido por Jos e Edileusa. ( ) Jos acompanha o crescimento do filho, desconfia de que no o pai da criana. ( ) Teste de DNA, realizado em julho de 2007, confirma que Jnior no filho de Jos. Conseqncia: Em agosto de 2007, Jos entra com pedido de cancelamento de penso.

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Depoimentos: 1. Jos: Comecei a perceber que o garoto era a cara do primo da Arminda. Ela fazendo todo aquele jogo para eu me sentir culpado e se aproveitando com o primo. O Jnior um amor de criana, uma pena. Mas esse chifre no carrego mais. 2. Arminda: Quando eu estava casada, s fiquei com o primo uma vez. Nem passou pela minha cabea que ele poderia ser o pai. Jos e eu esperamos tanto por esse filho. Agora a famlia acabou. 3. Edileuza: Comeamos a namorar e no conseguamos nos desgrudar. Eu sabia que a dona encrenca no iria deixar barato. Ela fez isso de vingana e o Jos ainda sustentou os trs esse tempo todo.

SEMANA 10A funo argumentativa da narrao: a questo do ponto de vista. Objetivos da aula: compreender a estrutura do raciocnio que leva produo do texto argumentativo; compreender o raciocnio dialtico que leva escolha das teses de acusao e de defesa. Embora a narrativa de certas peas processuais no admita uma atividade persuasria expressa, tem diludo, em seu contedo, grande poder de convencimento, j que dos fatos surgem os direcionamentos da argumentao e as informaes necessrias para que uma tese seja compreendida e aceita. Na narrativa jurdica, o ponto de vista do narrador, ainda que no venha expresso diretamente, pode estar sugerido no s pela seleo vocabular, como tambm pela seleo dos fatos a serem narrados. Esse ponto de vista, conduzido pelo transcurso do tempo, abre espao para a aceitao de uma tese, que somente poder ser exposta em outro momento e em outro discurso: o argumentativo. Observe o esquema que traduz esse raciocnio.

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Narrativa dos fatos Escrita em um pargrafo e fundamentada no direito Defesa

Tese

Acusao

Prova = Fato real

Valorao

Indcio

Questo Considere o compromisso do direito com a dialtica e identifique quais os pontos de vista que podem vir a ser defendidos, a partir da narrativa em estudo, na busca de uma soluo razovel para o conflito.

TEXTO18Av e me de aluguel: sogra emprestou seu tero para que a nora tivesse uma filha. BELO HORIZONTE. Uma criana, gestada no tero da av paterna, nasceu no ltimo domingo em Nova Lima, regio Metropolitana de Belo Horizonte. Bianca veio ao mundo depois de ser gestada na barriga de Elizabeth das Dores Sales, de 53 anos. Os pais de Bianca, o engenheiro civil Fabiano Sales de Menezes e a engenheira de telecomunicaes Veridiana do Vale Menezes e Menezes, aceitaram, sem hesitar, a oferta de Elizabeth, me de Fabiano, que ficou sabendo da impossibilidade da nora de gestar o prprio filho por causa de um problema congnito. A av resolveu emprestar o tero para18

Os fragmentos de texto foram adaptados pela equipe de professores de Portugus Jurdico da Universidade Estcio de S. Fonte: O Globo, 03/06/2004.

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que o casal pudesse realizar seu grande sonho. Na fertilizao foram usados o vulo de Veridiana e o espermatozide de Fabiano. Foram nove meses de muita expectativa, numa gravidez tranqila e sem sobressaltos. Para Veridiana Menezes, me de Bianca, a sogra foi fundamental para a realizao do sonho de ser me. No aceito piada sobre sogra, j que a minha caiu do cu, brinca Veridiana. Segundo Fabiano, a menina ainda no foi registrada porque a lei exige que a declarao de nascimento tenha o nome da me dele e no o nome da me gentica, que sua mulher. Pais de Bianca no conseguem registrar criana, porque o Cdigo Civil no prev casos atpicos desse gnero. Os pais de Bianca enfrentam agora um desafio a mais: registrar a criana que, para surpresa dos mdicos, est sendo amamentada pela me e no pela av que emprestou o tero. Como o processo de gestao de Bianca indito no Brasil, por ter sido em um tero substituto, no h previso no Cdigo Civil de como deve ser o procedimento para o registro. Oficial do cartrio impediu registro Na manh de ontem, o engenheiro Fabiano Sales de Menezes, pai de Bianca, acompanhado de um advogado, foi ao cartrio, mas no conseguiu fazer o registro. Apesar de ter todos os documentos fornecidos pelo hospital e at pelo Conselho Regional de Medicina, atestando que a maternidade de Veridiana Menezes que no tinha condies de gestar a criana, mas forneceu o vulo fecundado in vitro o registro foi impedido pelo oficial responsvel pelo cartrio. Fabiano disse que a luta est apenas comeando. O oficial do cartrio no autorizou o registro, mas vamos continuar tentando, agora em outra esfera, a judicial.

SEMANA 11A funo argumentativa da narrao: a seleo de fatos. Objetivo da aula: selecionar fatos com os quais ser sustentada a tese escolhida.35

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COLETNEA DE EXERCCIOS

Como aprendemos a formular a tese pelo argumentador, precisamos agora, como indicou o esquema da aula 10, proceder seleo dos fatos importantes por meio dos quais essa tese ser defendida. Dito em outros termos, fundamental por parte do argumentador a seleo harmnica de fatos juridicamente importantes do caso concreto na busca de subsdios necessrios sustentao da tese. Questo Indique quais fatos do texto a seguir sustentam a tese de que a autora faz jus indenizao (fatos favorveis tese) e quais informaes poderiam impedir o sucesso na defesa dessa tese (fatos contrrios tese).

TEXTORoberto Veloso ajuizou ao indenizatria em face da Agncia de Viagens Solimar Ltda. e Hotel Fazenda Cruzeiro, pretendendo o ressarcimento pelos danos sofridos em acidente, que lhe causou tetraplegia. O autor afirma haver contratado com a primeira r pacote de turismo, com excurso para Serra Negra, em So Paulo, onde se hospedou nas instalaes da segunda r, por volta das 22 horas. Na noite do dia 24 de abril de 2007, ao dar um mergulho em uma das piscinas do hotel, o autor bateu violentamente no piso da piscina, que estava vazia. Sustentou inexistir qualquer aviso, nem mesmo um obstculo ou uma cobertura que impedisse o acesso dos hspedes quele local. Postula o ressarcimento, a ttulo de dano, proveniente de relao de consumo, que o deixou tetraplgico aos 21 anos de idade. Em contestao, a segunda r aduz que o autor, aps ingerir bebidas alcolicas, resolveu, por volta das 3 horas, usar a piscina existente no hotel, na qual j se banhavam alguns amigos seus, o que evidencia no se encontrar completamente vazia. Esclarece, ainda, que o autor utilizou a piscina aps o horrio de seu regular funcionamento e, ao fazer uso de um escorregador para crianas, mergulhou de cabea em local onde a profundidade era de 1,10m. Sustenta haver culpa exclusiva da vtima.

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Interpretao e Produo de Textos Aplicadas ao Direito

SEMANA 12A narrao a servio da argumentao: a formulao dos argumentos na fundamentao simples. Objetivos da aula: compreender quais as caractersticas da argumentao simples; redigir os trs argumentos que a constituem: argumento pr-tese, argumento por autoridade e argumento de oposio. Observe o raciocnio a ser seguido para desenvolver a fundamentao:1 passo 2 passo 3 passo Relatrio (narrativa objetiva); Assumir uma tese (ponto de vista); Perguntar por que os fatos contidos no relatrio so relevantes e sustentar tal tese.

A fundamentao, dependendo da natureza do conflito a ser enfrentado, pode ser simples ou complexa. A fundamentao simples aquela que propicia a subsuno do fato norma, por meio de um raciocnio silogstico (premissa maior, premissa menor e concluso). Em outros termos, basta, no primeiro argumento, apresentar o ponto de vista que se pretende defender e os trs fatos de maior relevncia para conseguir defender essa tese; no segundo argumento, deve-se aplicar a norma ao caso concreto por meio de um procedimento demonstrativo silogstico (Ocorreu x. Ora, a lei clara quando diz que y. Ento, z.); o terceiro argumento reservado tentativa de enfraquecer a argumentao da parte adversa. A fundamentao complexa dirige-se a casos de natureza mais complexa, em que a pura subsuno do fato norma no resolve o conflito levado ao judicirio. Faz-se necessrio, portanto, recorrer a outros tipos de argumento e utilizar estratgias persuasivas mais consistentes e complexas. Importante lembrar que o semestre que vem reservado ao estudo da argumentao jurdica e de todo o contedo que lhe serve de base. A proposta desta aula , apenas, mostrar que os fatos selecionados para a narrao sero essenciais argumentao. Os nomes dos argumentos e as correspondentes estruturas sero aprofundados na disciplina Teoria da Argumentao Jurdica, do terceiro perodo.37

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Questo Ciente de que, no texto argumentativo, o ponto de vista tem de ser explicitado, respaldado em argumentos, visando ao convencimento e busca da adeso, elabore uma tese sobre a questo apresentada no caso que se segue e, logo aps, redija os trs argumentos da fundamentao simples que a sustentam. No se preocupe com a estrutura desses argumentos, e sim com o raciocnio apresentado anteriormente. Prefeito de Acauritan, no norte do Brasil, refugia-se em pas vizinho e, de l, administra a cidade para escapar da Justia. O Prefeito de Acauritan, Alrio Bartollo, est fugindo da justia brasileira. Alrio responde a cinco processos. Entre outras coisas, acusado de incentivar ataques a ndios que so favorveis demarcao da reserva Leopardo da Lua, destinada moradia de l6.400 indgenas de sete etnias, que foi homologada este ano. O prefeito faz parte dos 2.000 agricultores e pecuaristas que viviam em trs cidades e quatro vilas dentro ou no entorno da reserva e que perderam as terras e a produo. Por isso, promove conflitos, chegando at a erguer barricada em uma rodovia federal. Fui pego como bode expiatrio desta demarcao que no boa para ningum em Acauritan, afirma. Na verdade, no so poucos os ndios que concordam com ele, lamentando as perdas ocasionadas pela expulso do branco, como celular, luz eltrica, televiso e dinheiro. Alpio reclama, ainda, a demarcao da rea em terras descontnuas e exige compensao pelo prejuzo. Em flagrante desrespeito ao direito histrico dos ndios sobre a terra, apoiado pelo Governo, pelas Igrejas Catlica e Evanglica e pelas ONGs, Alrio quer fazer valer seu direito, promovendo conflitos. Assustado com os crescentes boatos de que teria sua priso decretada, refugiou-se na cidade de um pas vizinho, instalou-se em um hotel e, de l, por meio de um celular estrangeiro, administra Acauritan e insufla movimentos contra a reserva indgena Leopardo da Lua. Texto Adaptado da revista Veja, 04.05.05, p. 60. Se julgar adequado, recorra aos elementos oferecidos adiante para a redao do argumento de autoridade:38

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Art. 20, CRFB/88: So bens da Unio: XI as terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios. Art. 231. So reconhecidos aos ndios sua organizao social, costumes, lnguas, crenas e tradies, e os direitos originrios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo Unio demarc-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. 1o. So terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios as por eles habitadas em carter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindveis preservao dos recursos ambientais necessrios a seu bem-estar e as necessrias a sua reproduo fsica e cultural, segundo seus usos, costumes e tradies. 2o. As terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. 3o. O aproveitamento dos recursos hdricos, includos os potenciais energticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indgenas s podem ser efetivados com autorizao do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participao nos resultados da lavra, na forma da lei. 4o. As terras de que trata este artigo so inalienveis e indisponveis, e os direitos sobre elas, imprescritveis. 5o. vedada a remoo dos grupos indgenas de suas terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catstrofe ou epidemia que ponha em risco sua populao, ou no interesse da soberania do Pas, aps deliberao do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hiptese, o retorno imediato logo que cesse o risco. 6o. So nulos e extintos, no produzindo efeitos jurdicos, os atos que tenham por objeto a ocupao, o domnio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a explorao das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse pblico da Unio, segundo o que dispuser lei complementar, no gerando a nulidade e a extino direito a indenizao ou a aes contra a Unio, salvo, na forma da lei, quanto s benfeitorias derivadas da ocupao de boa-f. 7o. No se aplica s terras indgenas o disposto no art. 174, o 3 e 4o .39

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Art. 232. Os ndios, suas comunidades e organizaes so partes legtimas para ingressar em juzo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministrio Pblico em todos os atos do processo.

SEMANA 13Fixao: produo da narrativa simples. Objetivo da aula: aplicar o contedo ministrado ao longo do curso; redigir a narrativa simples. Questo Tenha como base todo o contedo ministrado ao longo deste curso e desenvolva uma narrativa simples, com base no texto oferecido. Selecione apenas o contedo importante para esse tipo de narrao.

TEXTO19O cigarrinho de chocolate no poder voltar s lojas da cidade apesar de a lei municipal responsvel por esta proibio ter sido declarada inconstitucional pelo rgo Especial do Tribunal de Justia do Rio. Isso porque h uma resoluo da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa) que probe, em todo territrio nacional, a produo, importao, comercializao, propaganda e distribuio de alimentos com apresentao semelhante a cigarros, charutos, ou qualquer outro produto fumgeno, derivado ou no do tabaco. A resoluo 304 de 7 de novembro de 2002 da Anvisa foi feita, entre outros dados, com base em pesquisas da Organizao Mundial de Sade (OMS) de que as crianas que consomem doces com formato de cigarros, possuem quatro vezes mais chances de experimentar produtos derivados do tabaco do que aquelas que nunca consumiram tais guloseimas. O presidente do Sindicato dos Mdicos, Jorge Darze, a favor da proibio da venda de cigarros de chocolate, pois acredita que as crianas e os adolescentes, principalmente, so induzidos a fumar por causa desse tipo de produto.19

CARIELLO, Juliana. Cigarro de chocolate fica fora das prateleiras. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 10 nov. 2006. Caderno Cidade, p. A 15.

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O chocolate em forma de cigarro faz com que os consumidores associem o prazer do chocolate ao prazer do cigarro, que causa cncer e enfisema pulmonar entre outras doenas, defende Darze. J a opinio do coordenador da Cmara Tcnica de Psiquiatria e Sade Mental do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Miguel Chalub, de que a venda de produtos em forma de cigarros no estimula a criana a fumar. A criana, a partir de sete anos, tem discernimento suficiente para saber que pode comer um cigarro de chocolate, mas que no pode fumar um cigarro de verdade. Antes desta idade ela sequer se d conta de que o cigarro d prazer, contra-argumenta Chalub. O pior exemplo que pode existir a criana estar cercada de fumantes, pois ela pode passar a fumar para se identificar com o adulto que o faz. O cigarro de chocolate vendia o dobro das moedas de chocolate, segundo produto de melhor sada da Pan, lembra o comerciante. At hoje as pessoas perguntam pelo cigarrinho.

SEMANA 14Fixao: produo da narrativa valorada. Objetivo da aula: aplicar o contedo ministrado ao longo do curso; redigir a narrativa valorada. Questo Tenha como base todo o contedo ministrado ao longo deste curso e desenvolva uma narrativa valorada, com base no texto proposto. Represente, nesta produo, a parte autora da ao.

TEXTOSnia, pouco antes de entrar em trabalho de parto, foi internada na Clnica X. Necessitando de cuidados especiais, o mdico plantonista recomendou a sua remoo para outro hospital. Autorizada a sada da paciente, esta foi conduzida por uma das enfermeiras at o veculo da remoo, um fusca. Durante o trajeto, deu-se o parto, vindo a morrer a parturiente e seus dois filhos gmeos.

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Em ao ressarcitria, pleiteia a autora indenizao por danos morais. Alega que a morte de sua filha e netos decorreu de negligncia da Clnica X. Em contestao, sustenta a r que no h relao de causalidade entre a conduta da clnica e os bitos, pois a autora foi informada de que a ambulncia estaria sua disposio aps as 12 horas, e a transferncia s foi realizada antes, em virtude da impacincia da autora e de seus familiares, que providenciaram a remoo em veculo particular.

SEMANA 15Fixao do texto jurdico-argumentativo. Objetivo da aula: aplicar o contedo ministrado ao longo do curso; redigir o texto jurdico argumentativo. Questo Tenha como base todo o contedo ministrado ao longo deste curso e desenvolva uma argumentao simples, a partir do texto selecionado sobre adoo de rfos.

TEXTO20Em uma cidade do interior do Paran, trs meninos ficaram rfos, e, como toda a famlia dos pais era muito pobre, nenhum parente quis assumir a guarda deles. Os menores tm nove, onze e doze anos, so negros somente o mais velho freqentou a escola at a 3 srie do ensino fundamental e esto, provisoriamente, numa instituio religiosa da cidade. H dois anos, o Juizado da Infncia e Juventude procura em todo o Brasil uma famlia que os adote. Um casal homoafetivo, Jos e Joo, interessou-se pelos meninos. Aps uma seqncia de visitas, Jos ingressou com um pedido de adoo dos trs meninos e a guarda provisria, que foi, desde logo, concedida.20

Texto adaptado pela equipe de professores de Portugus Jurdico da Universidade Estcio de S.

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O casal tem excelente condio econmica, formao universitria, e a sua opo aceita pelas famlias de ambos e pela comunidade local em que vivem. Os laudos apresentados pelos assistentes sociais indicaram que Jos tinha condies de adoo e que sua opo sexual poderia representar dificuldades para os irmos, mas que, durante o perodo de convivncia, os trs meninos demonstravam gostar da companhia de Jos e seu companheiro. O juiz, em sua sentena, negou o pedido de adoo, tendo em vista o art. 226 da CRFB, com base no entendimento de que a entidade familiar21 constituda pela unio de homem e mulher, e que o bem-estar das crianas no poderia ser garantido. Acrescentou que o referido artigo se sobrepe ao ECA, que no estabelece restrio para o solteiro adotar uma criana. Referncias FETZNER, Nli L. Cavalieri (Org.). MACEDO, Iralcio Ferreira; TAVARES Jr., Nelson Carlos. Lies de gramtica aplicadas ao texto jurdico. 2. ed. revista, atualizada e aumentada. Rio de Janeiro: Forense, 2007. FETZNER, Nli L. Cavalieri (Org.). TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda Marques. Lies de argumentao jurdica: da teoria prtica. Rio de Janeiro: Forense, 2007. FETZNER, Nli L. Cavalieri (Org.) et al. Argume ntao jurdica. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2006. FIORIN, Jos Luiz; SAVIOLI, Francisco Plato. Para entender o texto. 19. ed. So Paulo: tica, 2005. GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna. 22. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004. RODRGUEZ, Victor Gabriel. Manual de redao forense: curso de linguagem e construo de texto no direito. 2. ed. ampl. Campinas: LZN Editora, 2002. VOESE, Ingo. Argumentao Jurdica. 4. ed. Curitiba: Juru, 2006.21

Pesquise tambm, no Estatuto da Criana e do Adolescente e no Cdigo Civil, o conceito de entidade familiar e as responsabilidades dos pais no exerccio do poder familiar.

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