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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS INTERVENÇÃO EDUCATIVA COM MARISQUEIRAS DA ILHA DAS FONTES, SÃO FRANCISCO DO CONDE, BA: UMA EXPERIÊNCIA PARA PROMOÇÃO DA PESCA ARTESANAL MARIANA MARTINS MAGALHÃES DE SOUZA SALVADOR 2015

INTERVENÇÃO EDUCATIVA COM MARISQUEIRAS DA ILHA DAS …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIA DE ALIMENTOS

INTERVENCcedilAtildeO EDUCATIVA COM MARISQUEIRAS DA ILHA DAS

FONTES SAtildeO FRANCISCO DO CONDE BA UMA EXPERIEcircNCIA

PARA PROMOCcedilAtildeO DA PESCA ARTESANAL

MARIANA MARTINS MAGALHAtildeES DE SOUZA

SALVADOR

2015

MARIANA MARTINS MAGALHAtildeES DE SOUZA

INTERVENCcedilAtildeO EDUCATIVA COM MARISQUEIRAS DA ILHA DAS

FONTES SAtildeO FRANCISCO DO CONDE BA UMA EXPERIEcircNCIA

PARA PROMOCcedilAtildeO DA PESCA ARTESANAL

Orientadora Profordf Drordf Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Co-orientadora Profordf DrordfAlaiacutese Gil Guimaratildees

SALVADOR

2015

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo

em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia da

Universidade Federal da Bahia como requisito para a

obtenccedilatildeo do grau de mestre

Sistema de Bibliotecas - UFBA

Souza Mariana Martins Magalhatildees de

Intervenccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde BA

uma experiecircncia para promoccedilatildeo da pesca artesanal Mariana Martins Magalhatildees de Souza -

2016

125 f il

Inclui apecircndices e anexos

Orientadora Profordf Drordf Ryzia de Caacutessia Vieira Cardoso

Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmaacutecia Salvador

2015

1 Pesca artesanal 2 Pescados 3 Alimentos - Qualidade 4 Seguranccedila alimentar

5 Microbiologia - Anaacutelise I Cardoso Ryzia de Caacutessia Vieira II Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Farmaacutecia III Tiacutetulo

CDD - 6392

CDU - 6392

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por me conceder a vida pela forccedila para encarar

toda a jornada e pela sabedoria para desenvolver as atividades da melhor forma possiacutevel e

natildeo desistir nunca

Aos meu pais Dailton e Luciene pelo amor incondicional por acreditarem em mim e

permitirem que chegasse ateacute aqui

Agraves minhas irmatildes Rafa Gabi e Carol pelo amor incentivo e compreensatildeo

Agrave minha avoacute Lelita pelo amor pela oraccedilatildeo diaacuteria e pelo acolhimento

Aos meus tios e tias em especial Josias Luiacutes Dora Nete Rony e Marlene pelo incentivo e

pelo carinho

Agrave minha madrinha Taiana pelo bem querer amor e estiacutemulo

Aos meus primos e primas em especial Mona Cela Duda Geo Jack e Mila pelo apoio e

carinho

Aos meus amigos e amigas em especial Dija Rafa Nine Amon Ismara Mary Juli Drika

El Nenel Stela e Lari pelo incentivo e amor

Agraves minhas irmatildes emprestadas Alana e Laiacutes por acompanharem de perto meus momentos de

felicidade e de desespero e pelo carinho

Agrave minha orientadora Ryzia pelo carinho pelos ensinamentos pela paciecircncia e por ser

realmente uma ldquoorientadorardquo que mesmo que de longe natildeo me deixou desamparada um soacute

segundo mostrando que o conhecimento vai aleacutem do cientiacutefico e que tem um imenso papel

social Quando crescer quero ser igual a vocecirc

Ao grupo SACIA em especial Iacutecaro Iacutesis Aacutequila e Juccedilara porque com vocecircs descobri que

juntos somos apenas um

Aos professores Acircngelo Dalva Alaiacutese e Itaciara por natildeo medirem esforccedilos para me ajudar e

pelo carinho

Aos meus amados e eternos bolsistas e voluntaacuterios Abner Aline Carol Suelen Taate

Thayse Thatimila e Sara pela dedicaccedilatildeo pelo esforccedilo e sorriso diaacuterio mesmo diante dos

percalccedilos

Agraves minhas ldquoCats de Alimentosrdquo Iacutesis Jaque Lana Lari e Mila e aos demais colegas de

mestrado em especial Deacuteia Ceci e Claudinha por compartilharem os momentos bons e

difiacuteceis pois tenho certeza que com vocecircs tudo ficou mais faacutecil

Agraves mestres Gabi Mary Simone Elma e Candice pela contribuiccedilatildeo e pelo carinho

Agrave Luiacutes Ari e Ayse por compartilharem conhecimento e pela imensa ajuda nos momentos em

que precisei

Agrave seu Jorge por me auxiliar na locomoccedilatildeo e permitir que chegasse no meu destino em paz

Agrave todos funcionaacuterios da ENUFBA em especial Dona Nice Ritinha Railda Selma seu

Ademaacuterio Monteiro seu Vivaldo e seu Antocircnio por tornarem meu ambiente de trabalho mais

harmonioso e pelo apoio e carinho

Agrave Mariese pela contribuiccedilatildeo com as anaacutelises dos dados e interpretaccedilotildees estatiacutesticas

Agraves marisqueiras da Ilha das Fontes em especial Ninha Miralva Marinalva Leninha Denilza

e Vacircnia pela receptividade pelo carinho pela ajuda pelos sorrisos pela boa vontade Com

vocecircs me senti acolhida e realmente acreditei que conseguiria chegar ao fim dessa jornada

Agrave prefeitura de Satildeo Francisco do Conde pelo apoio

Agrave FAPESB pelo apoio financeiro

E por fim a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu concluiacutesse mais essa etapa

com ecircxito

Muito obrigada

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 13

OBJETIVOS 15

Geral 15

Especiacuteficos 15

Capiacutetulo I ndash REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 16

1 Pesca artesanal 16

2 A mariscagem 18

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo 20

4 Indicadores de qualidade do pescado 22

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal 25

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento 27

REFEREcircNCIAS 30

Capiacutetulo II - FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA

MARISQUEIRAS UMA EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA

BAIacuteA DE TODOS OS SANTOS BRASIL 39

Resumo 39

Abstract 40

1Introduccedilatildeo 40

2 Material e meacutetodos 42

21 Seleccedilatildeo do local 42

22 Programa de intervenccedilatildeo 42

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias 44

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias 44

25 Anaacutelise de dados 45

3 Resultados e Discussatildeo 45

31 Programa de intervenccedilatildeo 45

311 Sondagem 45

312 Sensibilizaccedilatildeo 45

313 Acompanhamento in loco antes 47

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos 50

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo 55

316 Roda de conversa 61

4 Conclusatildeo 62

5 Referecircncias 63

Capiacutetulo III - EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA

MARISQUEIRAS AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM

INDICADORES MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS 67

Resumo 67

Abstract 68

1Introduccedilatildeo 68

2 Material e Meacutetodos 70

21 Atividade Educativa 70

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa 71

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas 72

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas 73

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos 74

3 Resultados e Discussatildeo 74

31 Anaacutelises microbioloacutegicas 74

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 79

321 pH79

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) 82

4 Conclusatildeo 83

6 Referecircncias 84

Consideraccedilotildees finais 89

APEcircNDICES 90

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO 90

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS

PRAacuteTICAS 91

ANEXOS 92

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM 92

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS 94

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM 100

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS 101

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA 103

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS 115

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 119

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA 121

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 43

Figura 2 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras antes da

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 49

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo da atividade educativa realizada

junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de Todos os

Santos Brasil 20142015 54

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto

ao atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das

Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA 20142015 56

Figura 5 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras apoacutes a

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 59

LISTA DE TABELAS

CAPIacuteTULO II

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes da

formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco

do Conde Brasil 20142015 51

CAPIacuteTULO III

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes depois da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da

Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa

20142015 80

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) nas amostras de mariscos

beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa 20142015 82

LISTA DE QUADROS

CAPIacuteTULO III

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas em planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil

20142015 70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA ndash Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APPCC ndash Anaacutelises de Pontos e Perigos Criacuteticos de Controle

BPF ndash Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo

BPP ndash Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo

DORT ndash Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho

DTA ndash Doenccedilas Transmitidas por Alimentos

EPI ndash Equipamentos de Proteccedilatildeo Individual

FAO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Alimentaccedilatildeo e a Agricultura

FAPESB - Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for Foods

LER - Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo

MAPA ndash Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

N-BVT ndash Bases Volaacuteteis Totais

pH ndash Potencial Hidrogeniocircnico

PIB ndash Produto Interno Bruto

RDC - Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RIISPOA - Regulamento da Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem Animal

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UFBA ndash Universidade Federal da Bahia

UNEB ndash Universidade do Estado da Bahia

APRESENTACcedilAtildeO DO TRABALHO

Esta dissertaccedilatildeo encontra-se dividida em Resumo Abstract Introduccedilatildeo Geral Objetivos

(geral e especiacuteficos) Capiacutetulo I (Revisatildeo Bibliograacutefica) Capiacutetulo II (Artigo Formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos para marisqueiras uma experiecircncia em comunidade pesqueira da

Baiacutea de Todos os Santos Brasil) Capiacutetulo III (artigo Eficaacutecia da formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas

para marisqueiras avaliando resultados com base em indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) Conclusatildeo Geral e Apecircndices e Anexos

RESUMO

No Brasil as marisqueiras desempenham papel importante no abastecimento de mariscos

participando de todas as fases do seu beneficiamento destes que compreendem produtos de

origem animal de elevada perecibilidade Os conhecimentos na mariscagem satildeo passados de

geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho sendo o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes realizado em condiccedilotildees adversas Assim este trabalho

teve por objetivo avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos

conduzida junto a marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos

Brasil Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas no treinamento constaram a exposiccedilatildeo

dialogada as dinacircmicas de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de

fotos do trabalho na mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave

atividade formativa com interaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e trocas de

experiecircncias Aleacutem disso observaram-se mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos

ainda que houvesse falhas sinalizando a necessidade de aperfeiccediloamentos Para avaliar a

eficaacutecia da atividade formativa na perspectiva do pescado beneficiado foram coletadas

amostras de mariscos das espeacutecies siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra

(Crassostrea rhizophorae) 48 amostras antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram

submetidas a anaacutelises microbioloacutegicas - contagem de microrganismos psicrotroacuteficos de

coliformes a 35ordmC Escherichia coli e de estafilococos coagulase positiva e (PARA) pesquisa

de Salmonella spp - bem como agrave determinaccedilatildeo de pH e de bases volaacuteteis totais (N-BVT)

Verificou-se melhoria na qualidade microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora

146 das amostras tivessem apresentado contagens de estafilococos coagulase positiva

superiores ao paracircmetro oficial Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH mostrou-se

superior ao limite para a quase totalidade das amostras (99) enquanto os valores de N-BVT

estavam dentro da faixa preconizada Apesar dos resultados positivos assume-se na

perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no beneficiamento dos mariscos sob o

aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar a natildeo conformidade para o conjunto

de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo estabelece paracircmetros para as diferentes

espeacutecies estudadas Os resultados evidenciam a aplicabilidade de estrateacutegia educativa em

seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma demanda de educaccedilatildeo

continuada com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e de suporte estrutural agrave cadeia

produtiva da pesca artesanal para o alcance de maior eficaacutecia Em adiccedilatildeo sugere-se a

realizaccedilatildeo de novos estudos que possam explicitar as caracteriacutesticas quiacutemicas das diferentes

espeacutecies de pescado

Palavras-chave pesca artesanal pescado treinamento qualidade de alimentos anaacutelises

microbioloacutegicas seguranccedila alimentar e nutricional

ABSTRACT

In Brazil shellfish pickers play an important role in supplying shellfish participating in all

phases of these processing comprising products of animal origin high perishability

Knowledge in shellfishing is passed from generation to generation without specific training

for the work the minimum processing often performed in harsh conditions This study aimed

to evaluate an educational intervention strategy in food safety conducted with ashellfish

pickers from Ilha das Fontes community Baiacutea de Todos os Santos Brazil It was carried out

an intervention study comprising six stages survey of community interest topics

sensibilization in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers before training

training in Good Practices of food production in situ monitoring of the work routine of

shellfish pickers after training and conversation wheel with the participants Among the

methodologies used in the training dialogued exposure group dynamics conversation wheel

practical simulations the exhibition of photos of the work in shellfish gathering and videos

were used It wasverified a good adhesion of shellfish pickers to the training with good

interaction between the instructors and the community and exchange of experiences In

addition there were positive changes in the processing of shellfish although there were

failures signalizing the need for improvements To evaluate the effectiveness of the training

activity from the perspective of processed seafood samples of shellfishes were collected

including the crab species (Callinectes sapidus) mussels (Mytella falcata) and oyster

(Crassostrea rhizophorae) 48 samples before the intervention and 48 after The samples were

submitted to microbiological analysis - psychrotrophic count coliforms at 35ordmC Escherichia

coli and coagulase-positive staphylococus and Salmonella spp search - and the determination

of pH and total volatile bases (TVB-N) It was verified improvement in the microbiological

quality of shellfish after the intervention although 146 of the samples had presented counts

of coagulase-positive staphylococcus higher than the official parameter When compared to

national standards the pH was superior to the limit for most samples (99) while the TVB-

N values were within the recommended range Despite the positive results it is assumed on

the microbiological perspective that failure occurred in the processing of shellfish on the

physical-chemical aspect however it is not possible to say the non-compliance to the set of

samples since the Brazilian legislation does not provide information for different species The

results evidence the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing even if they register a continuing education demand with directions and more

effective control and structural support to the supply chain in order to achieve greater

efficiency In addition it is suggested to conduct new studies that may explain the chemical

characteristics of different species of seafood

Keywords artisanal fishing seafood training food quality microbiological analysis

food security

13

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

Ao redor do mundo a pesca emprega aproximadamente 583 milhotildees de pessoas das quais

37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade complementar e o restante de

forma ocasional (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal eacute uma atividade tradicionalmente ligada agraves comunidades

costeiras constituindo a sua principal fonte de renda haja vista a baixa especializaccedilatildeo e os

elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (RODRIGUES e GIUDICE 2011) Em todo o

paiacutes cerca de 45 da produccedilatildeo anual de pescado (1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado)

procede da pesca artesanal (BRASIL 2011)

Um dos segmentos da pesca extrativa e artesanal eacute a mariscagem realizada por mulheres

que satildeo conhecidas como marisqueiras por coletarem mariscos Estas pescadoras participam de

todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto desde a coleta (captura) ateacute a comercializaccedilatildeo com

beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo (PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST

2011) Ao longo de toda a cadeia produtiva entretanto eacute frequente a falta de estrutura e a

precariedade observando-se condiccedilotildees incorretas de manipulaccedilatildeo armazenamento e transporte

que contribuem para a perda da qualidade sanitaacuteria e para a deterioraccedilatildeo do produto que eacute

disponibilizado ao consumidor (SANTOS 2006)

Nesse contexto uma das grandes preocupaccedilotildees com o pescado diz respeito agrave necessidade

de boa conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sua qualidade higiecircnicosanitaacuteria considerando os riscos da

ocorrecircncia das doenccedilas transmitidas por alimentos Deste modo torna-se indispensaacutevel conhecer

todas as etapas de seu processamento assegurando a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas dos

produtos

No acircmbito da pesca artesanal eacute fato que os pescadores e marisqueiras desenvolvem a

atividade de manipulaccedilatildeo do pescado de modo tradicional em um saber-fazer que foi

historicamente construiacutedo mas que apresenta prejuiacutezos agrave qualidade sobretudo em virtude da

insuficiecircncia de infraestruturas de apoio e de conhecimento teacutecnicos como a adoccedilatildeo das Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo (OLIVEIRA BRASIL e TADDEI 2008 STEFANELLO LINN e

MESQUITA 2009)

Em Satildeo Francisco do Conde Recocircncavo da Bahia a mariscagem compreende fonte de

subsistecircncia e oferta de alimentos para muitas famiacutelias No entanto observa-se rusticidade na

atividade e baixa qualidade sanitaacuteria do pescado comercializado para a populaccedilatildeo uma vez que

14

este permanece exposto por um longo periacuteodo de tempo agrave temperatura ambiente e sem a adoccedilatildeo

de maiores criteacuterios de higiene por parte dos manipuladores (ARGOcircLO 2012)

Deste modo o desenvolvimento de atividades educativas orientadas para marisqueiras

abordando princiacutepios de qualidade e seguranccedila do pescado torna-se importante estrateacutegia para

socializaccedilatildeo de conhecimentos que podem ser aplicados em toda a cadeia produtiva

contribuindo diretamente para a qualidade higiecircnicosanitaacuteria e a agregaccedilatildeo de valor ao produto e

para o reconhecimento e o fortalecimento do trabalho no setor pesqueiro artesanal

Este trabalho busca descrever o desenvolvimento de atividades formativas para

marisqueiras avaliando a contribuiccedilatildeo desta estrateacutegia para os participantes e para promoccedilatildeo da

qualidade dos produtos comercializados

15

OBJETIVOS

Geral

- Avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos conduzida junto a

marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

Especiacuteficos

- Identificar temas de formaccedilatildeo relativos agrave cadeia produtiva do pescado de interesse das

marisqueiras da comunidade

- Desenvolver programa de intervenccedilatildeo educativa junto aos atores sociais da pesca na

comunidade em observaccedilatildeo agrave realidade local

- Estimular a adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) no ambiente de trabalho da pesca

artesanal

- Contribuir com a formaccedilatildeo de multiplicadores em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo no contexto da

pesca artesanal

16

Capiacutetulo I

REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

1 Pesca artesanal

No Brasil a pesca eacute uma atividade exercida ao longo dos tempos herdada de ancestrais

nativos e colonizadores que era praticada principalmente pelos indiacutegenas e negros adotando

teacutecnicas rudimentares e que sofreram inovaccedilotildees a partir do contato com os portugueses e

espanhoacuteis (RODRIGUES E GIUDICE 2011) Ainda hoje esta atividade exerce papel essencial

no processo de desenvolvimento econocircmico contribuindo para a seguranccedila alimentar e para

reduccedilatildeo da pobreza uma vez que representa fonte vital de alimentos ocupaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

renda para as populaccedilotildees de todo o mundo e principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

como o Brasil (LOPES et al 2011a)

Segundo a legislaccedilatildeo a pesca consiste em

todo ato tendente a retirar extrair coletar apanhar apreender ou capturar espeacutecimes

dos grupos dos peixes crustaacuteceos moluscos e vegetais hidroacutebios suscetiacuteveis ou natildeo de

aproveitamento econocircmico ressalvadas as espeacutecies ameaccedilados de extinccedilatildeo constantes

nas listas oficiais de fauna e da florardquo (BRASIL 1998 Lei 9605 Art36)

A atividade pesqueira apresenta duas categorias artesanal e industrial No que se refere ao

processo de trabalho a pesca artesanal encontra-se em contraste com a pesca industrial por ter

caracteriacutesticas bastante diversificadas tanto em relaccedilatildeo ao habitat e estoques pesqueiros que

exploram quanto agraves teacutecnicas de pesca que utilizam (CLAUZET RAMIRES e BARRELLA

2005)

Na pesca industrial as embarcaccedilotildees possuem maior autonomia sendo capazes de operar

em aacutereas mais distantes da costa efetuando a exploraccedilatildeo de recursos pesqueiros que se

apresentam relativamente concentrados em niacutevel geograacutefico Em adiccedilatildeo apresenta mecanizaccedilatildeo

agrave bordo para a operacionalizaccedilatildeo dos petrechos de captura (BAHIA PESCA 2013)

A pesca artesanal por sua vez eacute realizada exclusivamente pelo trabalho manual do

pescador que utiliza embarcaccedilotildees de meacutedio e pequeno porte e equipamentos (petrechos) sem

nenhuma sofisticaccedilatildeo aleacutem de insumos adquiridos nos comeacutercios locais Tem como base os

conhecimentos dos pescadores adquiridos em famiacutelia a partir da transmissatildeo dos mais velhos da

comunidade ou pela interaccedilatildeo com os companheiros de pescaria uma vez que estes possuem o

conhecimento acerca da classificaccedilatildeo histoacuteria natural comportamento biologia e utilizaccedilatildeo dos

recursos naturais da regiatildeo onde vivem (SILVANO 1997 BAHIA PESCA 2013)

17

Esta atividade estaacute tradicionalmente ligada agraves comunidades costeiras representando a

principal fonte de renda - uma ocupaccedilatildeo importante no contexto socioeconocircmico haja vista a

baixa especializaccedilatildeo e os elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (GARCEZ e

SAacuteNCHEZ-BOTERO 2005 RODRIGUES e GIUDICE 2011)

Em todo o mundo a pesca eacute responsaacutevel por cerca de 583 milhotildees de empregos de acordo

com levantamentos do Fundo das Naccedilotildees Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO 2014) Do

total de pescadores 37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade

complementar e o restante de forma ocasional

No Brasil segundo dados do Ministeacuterio da Pesca e Aquicultura (BRASIL 2014a) existe

aproximadamente um milhatildeo pescadores artesanais registrados cujo trabalho resulta em 45 da

produccedilatildeo anual de pescado O setor representa uma das atividades de maior impacto social e

econocircmico no paiacutes usufruindo da grande extensatildeo litoracircnea e da biodiversidade pesqueira nas 12

grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras

Dentre as regiotildees do paiacutes o Nordeste eacute a maior produtora de pescado com 4542169

toneladas respondendo por 317 da produccedilatildeo nacional - a Bahia eacute o estado maior produtor

desta regiatildeo (592930 toneladas) (BRASIL 2011)

Nesse cenaacuterio estudos tecircm registrado uma visiacutevel divisatildeo sexual e social de trabalho na

pesca artesanal na qual os homens praticam a pesca de alto mar enquanto as mulheres se

ocupam de tarefas da terra Satildeo destinadas as mulheres atividades de pesca que compreendem

desde a captura eou coleta ao beneficiamento do pescado (MALDONADO 1986 LIMA 2003)

Em perspectiva global as mulheres representam 50 do total dos trabalhadores no setor

artesanal de captura de pescado ainda que em muitas comunidades de pesca artesanal

continuem a ser marginalizadas atuando muitas vezes em aacutereas remotas com acesso limitado

aos mercados e agrave sauacutede educaccedilatildeo e a outros serviccedilos sociais (BRASIL 2014b)

No Brasil entre os pescadores artesanais eacute fato comum o baixo grau de escolaridade

assim como o analfabetismo que constitui um dos fatores determinantes para que essa atividade

seja primitiva uma vez que pode acarretar em grandes dificuldades de contextualizaccedilatildeo da

atividade desenvolvida e de incentivo a melhores possibilidades na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas (COSTA 1977) Aleacutem disso consideram-se os maiores desafios relacionados agrave fraca

participaccedilatildeo dos pescadores nas organizaccedilotildees sociais ao desconhecimento da legislaccedilatildeo de base

e aos mecanismos de gestatildeo compartilhada e participativa da pesca (BRASIL 2014a)

Apesar de ser reconhecida como atividade econocircmica junto ao Estado a pesca artesanal

convive entre os limites da informalidade e da formalidade em virtude de diversos fatores

incluindo as dificuldades de modernizaccedilatildeo da atividade de infraestrutura de beneficiamento de

18

conservaccedilatildeo e armazenamento e de abastecimentocomercializaccedilatildeo do pescado com fragilidades

para a venda no mercado ampliado (atacado) Nesse cenaacuterio a perecibilidade do produto e a

dificuldade de organizaccedilatildeo do negoacutecio tornam os pescadores vulneraacuteveis aos negociantes

intermediaacuterios denominados de ldquoatravessadoresrdquo (BRASIL 2010 SILVA 2011)

A pouca organizaccedilatildeo do setor pesqueiro artesanal e outros problemas inerentes a este

segmento exacerbam as consequecircncias estruturais produtos finais com elevados preccedilos pouca

variedade e qualidade - inclusive sanitaacuteria ndash e baixo valor agregado e em geral unidades

produtivas e de comercializaccedilatildeo rejeitadas devido ao baixo rendimento e agrave informalidade

(BRASIL 2010) Dessa forma a pesca artesanal e a aquicultura familiar enfrentam dificuldades

em todos os elos da cadeia produtiva seja na captura produccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo (LOPES et

al 2011b)

2 A mariscagem

A mariscagem consiste em um dos segmentos pesqueiros realizado em aacuterea costeira Na

maioria das comunidades a atividade de mariscagem eacute extrativista e artesanal com pequena

infraestrutura de beneficiamento e pouca ou nenhuma organizaccedilatildeo voltada agrave comercializaccedilatildeo

(MAIA e NETO 2012) Entre os indiviacuteduos que realizam essa atividade estatildeo as mulheres de

pescadores conhecidas como marisqueiras ou mariscadeiras por coletarem mariscos para a

complementaccedilatildeo da renda familiar e tambeacutem para subsistecircncia constituindo quadro marcante na

regiatildeo Nordeste (FREITAS et al 2012)

As mulheres que atuam na mariscagem dispotildeem de um saber proacuteprio que se expressa no

universo simboacutelico de crenccedilas valores e mitos aprendidos atraveacutes de uma heranccedila cultural

secular inscrita em tradiccedilotildees de um modo de pensar e fazer o trabalho Elas atuam em aacutereas

limitadas e costumam trabalhar em grupos sendo a matildeo de obra familiar Estas mulheres detecircm

o saber e exercem praacuteticas em todas as etapas da extraccedilatildeo manual do marisco uma atividade

que somada ao trabalho domeacutestico tradicional configura uma dupla jornada de trabalho (PENA

FREITAS CARDIM 2011)

Na mariscagem a produccedilatildeo estaacute diretamente ligada ao movimento das mareacutes sendo a

vazante de lua cheia e nova consideradas as melhores pelas marisqueiras pois as aacuteguas atingem

maior variaccedilatildeo permitindo acesso a aacutereas propiacutecias agrave coleta dos mariscos (PENA FREITAS

CARDIM 2011) As teacutecnicas e instrumentos utilizados na coleta dos mariscos satildeo rudimentares

e adaptados agrave natureza consistindo basicamente em faca ou facatildeo para a coleta de mariscos

incrustados em pedras colher de pau ou alumiacutenio e mesmo pequenas enxadas para raspar eou

19

cavar a areia e identificar o marisco gerereacutes ou manzuaacutes utilizados para captura do siri panela

de alumiacutenio eou lata para armazenamento de mariscos coletados e balde para o transporte do

produto ateacute a residecircncia para o preparo final e a venda canoas a remo e agrave vela (traquete)

(PACHECO 2006)

As marisqueiras passam cerca de 5 a 6 horas na coleta dos mariscos e retornam quando a

mareacute comeccedila a encher caminhando com o peso dos mariscos nos ombros ou na cabeccedila ou com o

auxiacutelio de canoa Na residecircncia as marisqueiras lavam cozinham catam e congelam os mariscos

em sacos de um quilo para realizar a sua comercializaccedilatildeo Este processo de beneficiamento eacute

realizado na forma tradicional em cozinha domeacutestica com uso de fogatildeo agrave lenha (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Nesse fazer as marisqueiras participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto

desde a coleta ateacute a venda com beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo expondo-se a todos

os riscos inerentes ao ofiacutecio - ergonocircmicos ambientais fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos

(PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST 2011)

Os riscos ergonocircmicos configuram-se em sobrecarga muscular no pescoccedilo ombros dorso

membros superiores e regiatildeo lombar aleacutem do excesso de trabalho riacutetmico centrado no punho

nas atividades repetitivas (PENA FREITAS e CARDIM 2011) Entre os riscos de origem

ambiental natural estatildeo a incidecircncia do sol sobre a pele a friagem e o desgaste fiacutesico Os riscos

fiacutesicos podem ser representados pelas lesotildees em matildeos e peacutes por lacircminas de corte ou por partes

duras dos pescados Os riscos quiacutemicos incluem o contato com secreccedilotildees venenosas dos animais

ou com poluentes na aacutegua e os bioloacutegicos o contato com algas microrganismos e parasitas

(BAHIA 2010)

Algumas marisqueiras sobrevivem exclusivamente da exploraccedilatildeo de mariscos eou outros

moluscos e dessa forma sustentam famiacutelias criam filhos e adquirem alguns bens materiais

como uma moradia proacutepria (DIAS ROSA e DAMASCENO 2007)

No estudo de Pena Freitas e Cardim (2011) a renda meacutedia obtida pelas marisqueiras

atraveacutes da comercializaccedilatildeo dos mariscos foi de cinquenta reais por mecircs mostrando que este

trabalho eacute socialmente desvalorizado - sendo assim impotildee ritmo intenso de trabalho para gerar

mais produtos agrave venda Em paralelo natildeo proporciona condiccedilotildees para a aquisiccedilatildeo de

equipamentos de proteccedilatildeo individual e coletiva contra acidentes e doenccedilas do trabalho (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Vale ressaltar ainda que muitas dessas mulheres desconhecem seus direitos trabalhistas

e permanecem na informalidade agrave espera de melhorias que muitas vezes nunca chegam (DIAS

ROSA e DAMASCENO 2007 RIOS e GERMANI 2012)

20

Em estudo realizado no Recocircncavo baiano no municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde

com abordagem de 695 marisqueiras observou-se a maioria com faixa etaacuteria entre 20 e 40 anos

(56) ndash idade produtiva grande parte declarando-se solteira (412) ou em uniatildeo estaacutevel

(332) com meacutedia de 34 filhos (906) e que exerciam a chefia de famiacutelia (776) Quanto agrave

participaccedilatildeo em cursos relativos a pesca ou outra formaccedilatildeo profissional a maioria declarou

ausecircncia de formaccedilatildeo (757) (SANTOS 2013)

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo

De acordo com o Regulamento de Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem

Animal ndash RIISPOA (BRASIL 1997) o pescado compreende peixes crustaacuteceos moluscos

anfiacutebios e mamiacuteferos de aacutegua doce ou salgada utilizados na alimentaccedilatildeo humana Constitui uma

fonte alimentar de alta digestibilidade (acima de 95) e de composiccedilatildeo nutricional equilibrada

com cerca de 64 a 90 de umidade 8 a 23 de proteiacutena 05 a 25 de gordura 1 a 2 de

resiacuteduos minerais e menos que 1 de carboidratos (ANDRADE BISPO e DRUZIAN 2009)

O pescado eacute um componente importante da dieta de diversos grupos populacionais posto

que apresenta proteiacutenas de alto valor bioloacutegico com a presenccedila de todos aminoaacutecidos essenciais

Tambeacutem fornece em geral um baixo niacutevel de colesterol e uma reserva significativa de aacutecidos

graxos polinsaturados da seacuterie ocircmega 3 (ω-3) os quais possuem efeito cardioprotetor

proporcionando numerosos benefiacutecios agrave sauacutede humana (RAMOS FILHO et al 2008 SOARES

e GONCcedilALVES 2011) Aleacutem disso eacute rico em caacutelcio foacutesforo ferro e vitaminas do complexo B

(GODOY et al 2010 NUNES et al 2013)

O alto teor de nutrientes do pescado aliado ao pH proacuteximo agrave neutralidade e agrave elevada

atividade de aacutegua nos tecidos torna-o um dos produtos de origem animal mais susceptiacuteveis agrave

deterioraccedilatildeo que pode ser definida como alteraccedilotildees inaceitaacuteveis que ocorrem no muacutesculo poacutes-

morte originando produtos com sabores e odores desagradaacuteveis (VIEIRA 2004 MONTEIRO

MAacuteRSICO e VITAL 2010)

Essas alteraccedilotildees acontecem independente da forma como este produto eacute manipulado

contudo a velocidade com que elas se instalam pode ser reduzida ateacute uma certa extensatildeo pela

adoccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos especiacuteficos de modo a prolongar o grau de frescor (LEITAtildeO

1994) Segundo Anacleto et al (2011) a qualidade do pescado diminui devido a um processo

complexo no qual estatildeo implicados eventos fiacutesicos quiacutemicos e microbioloacutegicos de deterioraccedilatildeo

Em peixes a deterioraccedilatildeo pode ocorrer a partir de reaccedilotildees de autoacutelise pela atividade

bacteriana por oxidaccedilatildeo ou pela combinaccedilatildeo dos trecircs processos O processo de autoacutelise consiste

21

na accedilatildeo de enzimas tissulares e dos sucos digestivos sobre os tecidos musculares apoacutes a morte

do pescado resultando na sua decomposiccedilatildeo e consequentemente no amolecimento e

desintegraccedilatildeo da carne promovendo assim a disseminaccedilatildeo de micro-organismos que agem na

superfiacutecie do pescado nas guelras e no trato intestinal A oxidaccedilatildeo lipiacutedica manifesta-se por

mudanccedilas no cheiro cor textura valor nutritivo do pescado e possiacutevel produccedilatildeo de compostos

toacutexicos afetando sua aceitabilidade para o consumo (JENSEN LAURIDSEN e BERTELSEN

1998 JAY 2005 NOGALA-KALUCKA et al 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Nos crustaacuteceos a deterioraccedilatildeo parece ser semelhante agrave dos peixes tendo seu iniacutecio nas

superfiacutecies mais externas devido agrave sua anatomia Esse grupo de pescado apresenta altas

quantidades de aminoaacutecidos livres e extratos nitrogenados que os torna expostos ao raacutepido

ataque da microbiota deteriorante Aleacutem disso a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute acompanhada

pela produccedilatildeo de elevadas quantidades de bases nitrogenadas volaacuteteis como ocorre nos peixes

(JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Quanto aos moluscos a deterioraccedilatildeo difere daquela apresentada pelos peixes e crustaacuteceos

sendo um processo basicamente fermentativo em decorrecircncia de sua carne ser constituiacuteda de

alto teor de carboidratos sobretudo na forma de glicogecircnio e do menor teor de nitrogecircnio (JAY

2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem dos fatores intriacutensecos que satildeo inerentes ao pescado fatores externos como o tipo de

captura o tempo de armazenamento refrigeraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo inadequada podem facilitar a

degradaccedilatildeo do pescado e consequentemente as alteraccedilotildees bioquiacutemicas autoliacuteticas ou promovidas

pelo desenvolvimento de micro-organismos Estes fatores satildeo denominados extriacutensecos e podem

concorrer para o aumento dos riscos agrave sauacutede do consumidor (SILVA MATTEacute e MATTEacute 2008

AMARAL e FREITAS 2013 ROSSO 2013)

Deste modo salienta-se a importacircncia da anaacutelise de riscos no setor pesqueiro

considerando todas as etapas que vatildeo desde a captura ateacute a comercializaccedilatildeo uma vez que em

geral o pescado que chega ao consumidor possui uma carga microbiana elevada composta tanto

por micro-organismos deteriorantes como por patoacutegenos Nessa direccedilatildeo o grau de deterioraccedilatildeo

do pescado eacute determinado principalmente pela carga bacteriana inicial pela temperatura de

conservaccedilatildeo pelo tempo decorrido apoacutes a sua morte e pelas praacuteticas sanitaacuterias adotadas

(EIROA 1980 GONCcedilALVES 2009)

Alguns meacutetodos de conservaccedilatildeo satildeo aplicados ao pescado visando prolongar sua vida uacutetil

como a refrigeraccedilatildeo o congelamento e o processamento teacutermico A refrigeraccedilatildeo natildeo apresenta

accedilatildeo esterilizante apenas retarda as atividades microbianas jaacute existentes e impede o surgimento

de novos agentes deteriorantes enquanto que o congelamento emprega temperaturas que

22

reduzem ou paralisam a deterioraccedilatildeo causada por micro-organismos enzimas ou agentes

quiacutemicos O tratamento teacutermico dado ao produto cujo tempo de exposiccedilatildeo ao calor uacutemido eacute

variaacutevel conforme o tamanho velocidade de penetraccedilatildeo do calor e condiccedilotildees de aquecimento

reduz a carga microbiana e inibe o crescimento de bacteacuterias parasitas e viacuterus prejudiciais ao

homem (ANTONIOLLI 1999 CAMPOS e PAIVA 2011 CORDEIRO et al 2007)

4 Indicadores de qualidade do pescado

O processo de deterioraccedilatildeo do pescado eacute complexo envolvendo sobretudo processos de

natureza microbioloacutegica e quiacutemica razatildeo pela qual natildeo eacute aconselhaacutevel o uso de apenas um

meacutetodo para avaliar sua qualidade Nesse sentido para avaliaccedilatildeo da qualidade satildeo recomendadas

anaacutelises por indicadores sensoriais fiacutesico-quiacutemicos e microbioloacutegicos (NUNES BATISTA e

CARDOSO 2007 ALI 2011)

Os paracircmetros sensoriais compreendem meacutetodos usados para medir analisar e interpretar

reaccedilotildees e caracteriacutesticas dos alimentos os quais satildeo percebidos pelos sentidos Mesmo que se

desenvolvam meacutetodos instrumentais de faacutecil aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo do pescado a anaacutelise

sensorial continua a ser essencial pois fornece informaccedilatildeo completa sobre o estado do pescado

(NIELSEN 1997 STEVANATO et al 2007)

No que se refere agraves caracteriacutesticas sensoriais dos peixes no Brasil eacute estabelecido pela

legislaccedilatildeo que estes devem apresentar as seguintes caracteriacutesticas superfiacutecie do corpo limpa e

com relativo brilho metaacutelico olhos transparentes brilhantes e salientes ocupando

completamente as oacuterbitas guelras roacuteseas ou vermelhas uacutemidas e brilhantes com odor natural

proacuteprio e suave ventre roliccedilo firme natildeo deixando impressatildeo duradoura agrave pressatildeo dos dedos

escamas brilhantes bem aderentes agrave pele e nadadeiras apresentando certa resistecircncia aos

movimentos provocados e carne firme com consistecircncia elaacutestica de cor proacutepria agrave espeacutecie

(BRASIL 1997)

Os crustaacuteceos devem apresentar aspecto geral brilhante uacutemido corpo em curvatura

natural riacutegida artiacuteculos firmes e resistentes carapaccedila bem aderente ao corpo coloraccedilatildeo proacutepria

agrave espeacutecie sem qualquer pigmentaccedilatildeo estranha olhos vivos destacados e cheiro proacuteprio e suave

(BRASIL 1997)

Para os moluscos bivalves recomenda-se que sejam expostos agrave venda vivos com valvas

fechadas e com retenccedilatildeo de aacutegua incolor e liacutempida nas conchas cheiro agradaacutevel e pronunciado

carne uacutemida bem aderente agrave concha de aspecto esponjoso e de cor cinzenta-clara nas ostras e

amareladas nos mexilhotildees (BRASIL 1997)

23

Em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos no paiacutes os padrotildees mais utilizados para

avaliar o frescor do pescado incluem as determinaccedilotildees de pH bases nitrogenadas volaacuteteis totais

(N-BVT) bases volaacuteteis terciaacuterias e as reaccedilotildees de gaacutes sulfiacutedrico e de indol (BRASIL 1997)

Tendo em vista que o pH de um alimento eacute uma caracteriacutestica importante para a sua

conservaccedilatildeo o fato do pescado apresentar um pH proacuteximo da neutralidade propicia o

desenvolvimento tanto de micro-organismos deterioradores como de patoacutegenos O pH da

musculatura pode ser influenciado pela espeacutecie do pescado meacutetodos de captura manuseio e

armazenamento assim esta mateacuteria-prima requer cuidados especiais para sua conservaccedilatildeo O

paracircmetro de pH oficial estabelece que este deve ser inferior a 65 na parte interna do peixe

fresco no entanto natildeo haacute consideraccedilotildees das especificidades para as demais espeacutecies de pescado

(LEITAtildeO 1988 BRASIL 1997 GALVAtildeO et al 2006) Desta forma a literatura cientiacutefica

registra algumas faixas de pH para as outras espeacutecies de pescado entre 68 e 70 para camaratildeo

em torno de 70 para o siri crustaacuteceo semelhante ao caranguejo em torno de 65 para moluscos

e na faixa entre 48 e 63 para ostra (JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

As bases volaacuteteis totais tambeacutem satildeo utilizadas para avaliar o frescor do pescado

indicando a degradaccedilatildeo de compostos nitrogenados derivada da autoacutelise e da decomposiccedilatildeo

microbiana Os compostos nitrogenados mais frequentes satildeo a trimetilamina e a amocircnia A

legislaccedilatildeo estabelece que o limite se N-BVT no pescado seja inferior a 30mg de

N100g (ASHIE SMITH e SIMPSON 1996 BRASIL 1997 SCHERER et al 2004)

Em estudo conduzido por Argocirclo (2012) com anaacutelise de amostras de sururu e siri

beneficiados em Satildeo Francisco do Conde foi possiacutevel verificar valores meacutedios de pH de 69 e

81 respectivamente Em pesquisa realizada por Cordeiro et al (2007) observou-se valor meacutedio

de pH de 69 em mexilhotildees congelados comercializados no municiacutepio de Ubatuba (SP) Em

relaccedilatildeo agraves N-BVT Souza et al (2013) ao avaliar pescado congelado comercializado no

Mercado Municipal de Satildeo Francisco do Conde registrou valor de mediana em amostras de siri

de 45mgN100g enquanto que Argocirclo (2012) tambeacutem em amostras de siri observou valor

meacutedio de 287mgN100g

Quanto ao aspecto microbioloacutegico a seguranccedila do pescado eacute de extrema importacircncia

visto que as doenccedilas transmitidas por alimentos tecircm sido registradas em grande parte como

decorrecircncia da falta de cuidados e de controles desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima ateacute a

manipulaccedilatildeo e processamento (MARQUES SEABRE e DAMASCENO 2009) Desta forma no

Brasil a Resoluccedilatildeo RDC Ndeg 122001 da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

estabelece os padrotildees microbioloacutegicos para alimentos expostos agrave venda devendo ser o pescado

cru resfriado ou congelado ser analisado para estimativa de coliformes

24

termotolerantesEscherichia coli contagem de estafilococos coagulase positiva e pesquisa de

Salmonella spp (BRASIL 2001)

Nessa legislaccedilatildeo satildeo estabelecidos padrotildees relacionados ao pescado in natura congelado

natildeo consumido cru incluindo estafilococos coagulase positivag com toleracircncia de 10sup3 e

ausecircncia de Salmonella spp em 25g da amostra Para pescado preacute-cozido congelado constam

coliformes a 45ordmC com toleracircncia de 5x10 estafilococos coagulase positivag toleracircncia de 103

e para Salmonella spp ausecircncia em 25g da amostra (BRASIL 2001)

Argocirclo (2012) na anaacutelise de amostras de siri beneficiadas em Satildeo Francisco do Conde-

BA reportou valores meacutedios de 315 log UFCg de coliformes agrave 35ordmC 150 log UFCg de

Escherichia coli 270 log UFCg de estafilococos coagulase positiva e 522 log UFCg de

aeroacutebios psicrotroacuteficos

Staphylococcus aureus eacute uma bacteacuteria anaeroacutebia facultativa no entanto possui maior

crescimento sob condiccedilotildees aeroacutebias com produccedilatildeo de catalase Eacute mesoacutefila apresentando

temperatura oacutetima de crescimento entre 40ordm e 45ordmC tolerante a concentraccedilotildees de 10 a 20 de

NaCl e a nitratos e possui faixa de pH oacutetima de crescimento entre 6 e 7 S aureus eacute uma

bacteacuteria patogecircnica que natildeo faz parte da microbiota do pescado sendo normalmente transferido

para os alimentos por manipuladores Este grupo microbiano eacute responsaacutevel por

aproximadamente 45 das toxinfecccedilotildees alimentares no mundo (CUNHA NETO SILVA e

STAMFORD 2002 FRANCO E LANDGRAF 2008 GONCcedilALVES 2011)

O grupo dos coliformes agrave 35ordmC eacute um subgrupo da famiacutelia Enterobacteriaceae que

engloba apenas as bacteacuterias capazes de fermentar a lactose com produccedilatildeo de gaacutes em 24 a 48

horas a 35ordmC Nesse grupo encontram-se tanto bacteacuterias originaacuterias do trato gastrintestinal de

humanos e outros animais de sangue quente como tambeacutem bacteacuterias de origem natildeo enteacuterica

fazendo parte as bacteacuterias do gecircnero Escherichia Klebisiella Citrobacter e Enterobacter Os

coliformes podem fornecer informaccedilotildees sobre a provaacutevel presenccedila de microrganismos

patogecircnicos ou sobre a deterioraccedilatildeo potencial do alimento aleacutem das condiccedilotildees higiecircnicas dos

processos de fabricaccedilatildeo uma vez que satildeo facilmente inativados pelos sanitizantes por isso satildeo

utilizados como indicadores (SILVA 2010 FRANCO LANDGRAF 2008)

Os coliformes termotolerantes compreendem um subgrupo dos coliformes agrave 35ordmC que se

restringe aos membros capazes de fermentar a lactose em 24 horas a 45ordmC com produccedilatildeo de

gaacutes sendo usados como indicadores jaacute que satildeo isolados facilmente e se encontram em maior

proporccedilatildeo do que os patogecircnicos A Escherichia coli pertence aos dois grupos de coliformes

referidos e o seu habitat natural eacute o trato intestinal de animais de sangue quente contudo pode

ser introduzida nos alimentos a partir de fontes natildeo fecais (SILVA 2010)

25

De acordo com Silva et al (2010) a contagem de coliformes agrave 35ordmC e termotolerantes

em alimentos tecircm sido o meacutetodo mais indicado para avaliar as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

sendo tambeacutem utilizadas como indicadores de falhas durante o processamento ou a

contaminaccedilatildeo poacutes-processamento

O genecircro Salmonella compreende bacteacuterias anaeroacutebias facultativas natildeo produtoras de

esporo e que produzem gaacutes a partir da glicose com exceccedilatildeo da S Typhi sendo capazes de

utilizar o citrato como uacutenica fonte de carbono A temperatura e pH oacutetimos para seu crescimento

estatildeo em torno de 35ordm-37ordmC e 70 respectivamente Natildeo toleram concentraccedilotildees de sal superiores

a 9 O habitat natural da Salmonella eacute o trato intestinal de mamiacuteferos aves e reacutepteis podendo

alcanccedilar o ambiente aquaacutetico atraveacutes da contaminaccedilatildeo fecal e desta forma serem detectadas em

peixes e produtos pesqueiros (VIEIRA 2004 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem destes indicadores microbioloacutegicos no caso de pescados resfriados e congelados

tambeacutem eacute adotada internacionalmente a contagem padratildeo de micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos de 106 UFCg (ICMSF 1986) Os micro-organismos psicrotroacuteficos crescem bem

em temperaturas entre 0ordm e 7ordmC em diversos tipos de alimentos refrigerados sendo os principais

causadores da deterioraccedilatildeo de carnes pescado ovos frangos e outros (FRANCO e LANDGRAF

2008)

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal

O municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia eacute uma ocupaccedilatildeo antiga que surgiu no

iniacutecio da colonizaccedilatildeo brasileira (SANTOS 2004) Em 1618 por ordem do Conde de Linhares

foi construiacutedo no alto de um monte no Recocircncavo Baiano um convento e uma igreja onde

mais tarde surgiria a cidade de Satildeo Francisco do Conde em 1698 O nome homenageia o

padroeiro da cidade e o conde Fernatildeo Rodrigues que herdou o terreno do 3ordm governador geral do

Brasil Mem de Saacute A regiatildeo onde fica a cidade foi conquistada pelo impeacuterio portuguecircs por meio

de guerras travadas contra os iacutendios que viviam nas margens dos rios Paraguaccedilu e Jaguaribe

(IBGE 2013)

Satildeo Francisco do Conde localiza-se na regiatildeo metropolitana de Salvador-BA estaacute

situado a 67 km da Capital do estado ao norte da Baiacutea de Todos os Santos e tem como vizinhas

as cidades de Candeias Madre de Deus Santo Amaro da Purificaccedilatildeo e Satildeo Sebastiatildeo do Passeacute

contando com uma aacuterea de 262856 kmsup2 e 33183 habitantes A aacuterea ainda manteacutem reservas de

Mata Atlacircntica e riquiacutessimos manguezais que contribuem para a biodiversidade da regiatildeo

(SANTOS 2011 IBGE 2013)

26

Aleacutem da aacuterea terrestre o municiacutepio apresenta trecircs ilhas ndash Ilha de Cajaiacuteba Ilha das Fontes

e Ilha do Paty A Ilha das Fontes caracteriza-se como um local onde as aacuteguas do mar

apresentam-se tranquilas em todos os periacuteodos da mareacute fato explicado pela sua proximidade

com os rios Sergi e Subaeacute (MARTINS 2010)

A Ilha das Fontes eacute tambeacutem uma das comunidades pesqueiras existentes no municiacutepio

compreendendo um povoado que se localiza proacuteximo ao Porto Ferrolho da Petrobras e ao

povoado de Santo Estevatildeo com acesso apenas por barco A localidade dista aproximadamente 8

Km da sede e natildeo eacute totalmente urbanizada A populaccedilatildeo eacute de etnia negra e mesticcedila natildeo

Quilombola e possui 1654 habitantes juntamente com Engenho de Baixo A maioria dos

moradores desenvolve a atividade pesqueira tanto para comeacutercio quanto para consumo interno

(SAacute 2011) Dentre os habitantes da Ilha 54 mulheres atuavam na pesca conforme

levantamento recente (SANTOS 2013)

No passado a riqueza da cidade baseava-se nas plantaccedilotildees de cana de accediluacutecar que deram

iniacutecio ao desenvolvimento econocircmico da aacuterea Atualmente a extraccedilatildeo o refino e o

processamento de petroacuteleo satildeo as principais atividades econocircmicas da regiatildeo (SAtildeO

FRANCISCO DO CONDE 2013) Com a arrecadaccedilatildeo municipal de impostos relacionados agrave

produccedilatildeo e refino de petroacuteleo pela Refinaria Satildeo Francisco do Conde atingiu o maior Produto

Interno Bruto (PIB) per capita brasileiro nos anos de 2008 a 2010 (IBGE 2010 2011 2012)

Apesar disso a populaccedilatildeo da cidade sofre com o agravamento das desigualdades sociais

enfrentando problemas associados agrave pobreza agrave infraestrutura sanitaacuteria deficiente e ao

saneamento baacutesico ao analfabetismo entre outros

No municiacutepio muitas famiacutelias dependem da pesca e da mariscagem como fonte de

subsistecircncia sendo a pesca uma tradiccedilatildeo e heranccedila cultural Nesse contexto a atividade eacute

caracterizada pela rusticidade envolvendo tanto homens quanto mulheres em diversas

comunidades pesqueiras (ARGOcircLO 2012 SAacute 2011 SANTOS 2011 SANTOS 2013)

Segundo Saacute (2011) em Satildeo Francisco do Conde-BA observa-se o predomiacutenio de mulheres

(666) na atividade pesqueira fato que fortemente se vincula ao trabalho na mariscagem

No municiacutepio algumas comunidades pesqueiras possuem sistema puacuteblico de

abastecimento de aacutegua de esgotamento sanitaacuterio e coleta de lixo deficiente ou ausente o que

favorece condiccedilotildees improacuteprias agrave manipulaccedilatildeo dos mariscos Estes em geral satildeo beneficiados no

ambiente domiciliar permanecendo o pescado muitas vezes exposto agrave temperatura ambiente

por um longo periacuteodo de tempo em condiccedilotildees que natildeo atendem agraves Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de

alimentos (ARGOcircLO 2012)

27

Argocirclo (2012) ao estudar as condiccedilotildees de beneficiamento de mariscos em comunidades

de Satildeo Francisco do Conde observou que as marisqueiras manipulavam o pescado em bacias

dispostas sobre o chatildeo na proacutepria residecircncia sendo algumas com estrutura bastante precaacuteria

com a ausecircncia de aacutegua tratada (33) Segundo a autora ainda as marisqueiras acompanhadas

relataram nunca ter participado de atividades formativas relacionadas agraves Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o que poderiam favorecer a qualidade do pescado beneficiado

Na perspectiva da qualidade microbioloacutegica ao conduzir estudo com 96 amostras de

mariscos beneficiados em Satildeo Francisco do Conde (siri sururu e ostra) a referida autora

verificou que iacutendice de 468 de natildeo conformidade para as amostras sendo 364 para

Escherichia coli e 197 para estafilococos coagulase positiva No estudo natildeo foi identificada a

presenccedila de Salmonella spp (ARGOcircLO 2012)

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento

Na atualidade observa-se uma grande preocupaccedilatildeo com a qualidade dos alimentos a serem

consumidos e os riscos que esses podem ocasionar agrave sauacutede A possibilidade de contaminaccedilatildeo do

alimento pelo manipulador depende do maior ou menor contato deste com os produtos do tipo

de mateacuteria-prima a ser manipulada e dos cuidados adotados Segundo Jianu e Chis (2012)

alguns fatores como mateacuterias-primas contaminadas falta de higiene de equipamentos utensiacutelios

instalaccedilotildees e alimentos bem como praacuteticas inadequadas podem contribuir para a ocorrecircncia de

surtos de origem alimentar

De modo a reduzir a ocorrecircncia de doenccedilas veiculadas por alimentos eacute essencial que as

praacuteticas de manuseio e preparo dos alimentos pelos manipuladores de alimentos sejam corretas e

que existam treinamentos em seguranccedila de alimentos para estes uma vez que a falta de

conhecimentos sobre higiene e conservaccedilatildeo de alimentos entre os manipuladores contribui de

forma significativa para a sua contaminaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo o que justifica adoccedilatildeo de

treinamentos especiacuteficos (ROBERTSON et al 2013)

Segundo Andreotti et al (2003) os programas de treinamento orientados para

manipuladores de alimentos satildeo os mais recomendados e eficazes para transmissatildeo

conhecimentos e promoccedilatildeo de mudanccedilas de atitudes O treinamento consiste em uma accedilatildeo

educativa direcionada ao desempenho profissional a fim de adquirir conhecimentos habilidades

e atitudes necessaacuterias agrave execuccedilatildeo desta atividade (LACERDA e ABBAD 2003)

A atividade de treinamento de manipuladores de alimentos natildeo eacute uma tarefa faacutecil de ser

realizada Nesse sentido o reconhecimento de caracteriacutesticas singulares dos manipuladores

28

auxilia na compreensatildeo das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento das atividades de

treinamento por indicar que existem diferenccedilas no modo como os alimentos satildeo concebidos e as

informaccedilotildees trabalhadas tornam-se significativas Deste modo possibilita a melhor visibilidade

dos conflitos inerentes agraves relaccedilotildees sociais - principalmente agraves relaccedilotildees educativas - resultantes do

confronto de um grupo que pretende convencer o outro da necessidade de alterar suas praacuteticas

(COSTA LIMA e RIBEIRO 2002)

A escolha da metodologia de intervenccedilatildeo educativa tem grande importacircncia na qualidade

da capacitaccedilatildeo considerando resultados positivos tanto na dimensatildeo da representaccedilatildeo social

(opiniatildeo conhecimento e atitude ndash praacutetica declarada) e na dimensatildeo do comportamento dos

participantes (praacutetica observada) (BEZERRA 2008) Desta forma a seleccedilatildeo do tipo de atividade

educativa a ser utilizada deve levar em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo a

relaccedilatildeo entre o benefiacutecio e o custo dos materiais e a factibilidade de sua utilizaccedilatildeo A depender

do puacuteblico esta atividade deveraacute possuir um conteuacutedo simples e de faacutecil compreensatildeo e o meio

de comunicaccedilatildeo escolhido para a veiculaccedilatildeo das mensagens deveraacute considerar os aspectos

culturais da comunidade (ANDRADE e COELHO 1997)

Em relaccedilatildeo ao processo ensino-aprendizagem eacute recomendado o emprego de diversos

meacutetodos de ensino (aacuteudio visual praacutetico e sensibilizaccedilatildeo) para que a aprendizagem seja mais

eficiente Os meacutetodos ativos que exigem participaccedilatildeo do indiviacuteduo parecem ser mais eficazes

(BEZERRA 2008) Nesse sentido os recursos audiovisuais satildeo vantajosos pois orientam quanto

agrave direccedilatildeo do pensamento fornece o comportamento final desejado induz a transferecircncia de

aprendizagem e apresenta estiacutemulo para a mudanccedila de comportamento (GOUVEIA 1999)

Segundo Cardoso Santos e Silva (2009) entre as metodologias aplicadas para

manipuladores de alimentos adultos pode-se incluir liccedilotildees ao ar livre exposiccedilotildees cartazes

representaccedilotildees na rua projeccedilotildees de viacutedeos debates cursos para formaccedilatildeo de multiplicadores

sessotildees orientadas individualmente e programas educacionais puacuteblicos com uso da miacutedia de

massa Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de cartilhas ilustrativas evidenciando praacuteticas aceitaacuteveis

constitui material de apoio Para Soares et al (2013) ainda os treinamentos em alimentos devem

ser baseados em atividades teoacutericas e praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos podem

aplicar o conhecimento adquirido em praacutetica

Em linhas gerais os temas abordados pelos programas de treinamentos eou capacitaccedilotildees

de manipuladores de alimentos englobam a importacircncia da sauacutede individual e coletiva noccedilotildees

baacutesicas de higiene pessoal higiene de alimentos e ambiental e destacam os danos que a ausecircncia

desses cuidados causam sobre a sauacutede do consumidor conscientizando os manipuladores do seu

29

papel na prevenccedilatildeo das Doenccedilas Transmitidas por Alimentos ndash DTA (GHISLENI e BASSO

2008)

Medeiros et al (2011) ao realizarem uma revisatildeo sistemaacutetica sobre estrateacutegias

metodoloacutegicas adotadas por programas de treinamento em higiene de alimentos identificaram

como principal tema abordado a higiene pessoal seguido pela seguranccedila do alimento e melhoria

das praacuteticas Aleacutem disso foram referidos como temas de treinamento higiene local do trabalho

lavagem das matildeos noccedilotildees baacutesicas de microbiologia doenccedilas transmitidas pela aacutegua higiene dos

alimentos higiene dos utensiacutelios e a anaacutelise de Perigos e Pontos Criacuteticos de Controle - APPCC

dentre outros

Neste contexto cabe pontuar que a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

por meio da RDC nordm216 de 2004 estabelece que a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos

deve abordar pelo menos os temas de contaminantes alimentares Doenccedilas Veiculadas por

Alimentos manipulaccedilatildeo higiecircnica dos alimentos e Boas Praacuteticas (BRASIL 2004)

Na execuccedilatildeo de atividades de formaccedilatildeo ainda devem estar previstas etapas de avaliaccedilatildeo

Segundo Nieto-Montenegro Brown e Laborde (2008) a avaliaccedilatildeo do programa compreende

parte criacutetica de um treinamento em seguranccedila de alimentos uma vez que permite que os

implementadores avaliem a sua eficaacutecia Para verificaccedilatildeo da efetividade dos treinamentos alguns

autores tecircm recomendado a avaliaccedilatildeo em trecircs niacuteveis reaccedilatildeo aprendizagem e impacto de

treinamento no trabalho A reaccedilatildeo eacute o niacutevel de satisfaccedilatildeo dos participantes com a programaccedilatildeo o

apoio ao desenvolvimento do curso a aplicabilidade a utilidade e os resultados do treinamento

A aprendizagem refere-se ao grau de assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos ensinados no treinamento O

impacto do treinamento no trabalho eacute a auto-avaliaccedilatildeo feita pelo proacuteprio participante acerca dos

efeitos mediatos produzidos pelo treinamento em seus niacuteveis de desempenho motivaccedilatildeo auto-

confianccedila e abertura a mudanccedilas nos processos de trabalho (ABBAD GAMA e BORGES-

ANDRADE 2000)

No cenaacuterio da pesca artesanal ainda haacute poucas descriccedilotildees relativas agrave formaccedilatildeo de

pescadores e marisqueiras

Costa et al (2012) realizaram uma intervenccedilatildeo com pescadoras de uma associaccedilatildeo de um

municiacutepio do Recocircncavo baiano por meio de oficinas em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP)

tendo como preocupaccedilatildeo a temaacutetica da seguranccedila de alimentos e constataram que o processo

formativo se constituiu como uma das estrateacutegias para o fortalecimento das praacuteticas

organizacionais sendo uma das alternativas eficientes de faacutecil execuccedilatildeo e baixo custo que

podem ser aplicadas para atender agraves exigecircncias da inspeccedilatildeo sanitaacuteria Neste caso os

30

pesquisadores reportaram que 100 das pescadoras natildeo haviam recebido treinamento anterior

sobre as BPP

Noacutebrega (2013) desenvolveu estudo de intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade pesqueira do municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde-BA utilizando como temas de

treinamento a conservaccedilatildeo do pescado e a higiene do manipulador verificando a partir dos

padrotildees microbioloacutegicos que 970 das amostras de mariscos estavam em conformidade com a

legislaccedilatildeo apoacutes o treinamento representando uma melhoria na qualidade dos produtos

beneficiados

Menezes e Campos (2014) relatam trabalho de extensatildeo na comunidade pesqueira de

Mangue Seco Valenccedila-BA entre 2012 e 2014 por meio de cursos palestras e oficinas com o

objetivo de propiciar a difusatildeo de conhecimentos bem como o aprimoramento de praacuteticas

voltadas para a melhoria da mariscagem Entre as atividades foram realizados cursos sobre

tecnologia de pescado boas praacuteticas de produccedilatildeo e artesanato em escamas de peixe Segundo as

autoras apesar das oficinas proporcionarem melhorias dos processos produtivos mostrou

fragilidades na perspectiva da organizaccedilatildeo e coesatildeo do grupo na perspectiva do

desenvolvimento social

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39

Capiacutetulo II

FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA MARISQUEIRAS UMA

EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA BAIacuteA DE TODOS OS

SANTOS BRASIL

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Abner Victor da Silva Teixeirab Aline Natana da

Silva Machadob Suelen Giffoni Arauacutejob Joseacute Acircngelo Wenceslau Goacuteesc Ryzia de Caacutessia

Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

As marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo passadas de geraccedilatildeo

em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o pescado que

compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade Assim este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com as

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas estavam a exposiccedilatildeo dialogada as dinacircmicas

de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de fotos do trabalho na

mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade formativa

o que pode estar associado agraves metodologias utilizadas e agrave maior aproximaccedilatildeo entre os

instrutores e a comunidade com trocas de experiecircncias As estrateacutegias de intervenccedilatildeo

resultaram em mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos conquanto ainda

houvesse falhas que sinalizaram a necessidade de aperfeiccediloamentos e que a estrutura fiacutesica

dos locais de beneficiamento fosse inadequada Os resultados evidenciam a aplicabilidade de

estrateacutegia educativa em seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma

demanda de educaccedilatildeo continuada e de suporte estrutural agrave cadeia produtiva para o alcance de

maior eficaacutecia

Palavras-chave pesca artesanal treinamento qualidade de alimentos seguranccedila alimentar e

nutricional

40

Abstract

The shellfish pickers follow practices of fishing and processing that are passed from

generation to generation without specific training to work with seafood which comprises a

kind of animal product of high perishability This study aimed to describe a training strategy

in food safety for shellfish pickers of Ilha das Fontes community Satildeo Francisco do Conde

Brazil An intervention study was carried out following six stages survey of community

interest topics raising awareness in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers

before training training in Good Manufacturing Practices of food in situ monitoring of

routine work after training and conversation wheel with shellfish pickers Among the

methodologies dialogued exposure group dynamics the conversation wheel practical

simulations the exhibition of photos of the work in shellfishing and videos were used It was

verified a good adhesion of shellfish pickers to the formative activity which may be

associated with the methodologies used and the closer relationship between the teachers and

the community with exchanges of experience Intervention strategies resulted in positive

changes in the processing of shellfish although there were still failures that signaled the need

for improvements and that the physical structure of the places of processing were inadequate

The results showed the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing although it is registered a demand for continuing education and structural support to

the supply chain in order to achieve greater efficiency

Key words artisanal fishing training food quality food security

1Introduccedilatildeo

A pesca compreende importante cadeia na produccedilatildeo de alimentos em todo o mundo

Aleacutem de contribuir para a oferta de alimentos de elevada qualidade nutricional o setor

permite a inserccedilatildeo 583 milhotildees de trabalhadores diretos e indiretos o que tambeacutem colabora

para a renda e para promover a seguranccedila alimentar (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal participa com 45 da produccedilatildeo nacional de pescado -

com registro de 1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado e emprega cerca de um milhatildeo

de trabalhadores incluindo homens e mulheres (BRASIL 2014) Entretanto esta cadeia tem

sido marcada por fragilidades na sua conduccedilatildeo uma vez que historicamente natildeo contou com

poliacuteticas para apoio ao seu desenvolvimento Assim em grande parte do paiacutes registra-se a

atividade como um trabalho ruacutestico com baixa tecnologia de pesca e de conservaccedilatildeo do

pescado capturado o que implica em perda da qualidade do produto (VASCONCELLOS

DIEGUES e SALES 2004 SILVA 2011)

Dadas as caracteriacutesticas geograacuteficas do paiacutes a pesca artesanal inclui tanto aacutereas

costeiras quanto aquelas de bacias hidrograacuteficas Ainda inclui a coleta de pescado em aacutereas

de mangue onde eacute comum a atividade de mulheres Estas conhecidas popularmente como

41

marisqueiras satildeo responsaacuteveis pela coleta de mariscos para a complementaccedilatildeo da renda

familiar e tambeacutem para subsistecircncia (FREITAS et al 2012)

No seu ofiacutecio as marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo

passadas de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o

pescado que compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade

(VIEIRA 2004 FREITAS et al 2012) Assim ainda em que pese o conhecimento da

tradiccedilatildeo o pescado procedente desta atividade tem se configurado como uma preocupaccedilatildeo na

perspectiva da seguranccedila de alimentos De acordo com estudos realizados junto a essa cadeia

no paiacutes os mariscos obtidos tecircm apresentado alteraccedilotildees de natureza quiacutemica e

microbioloacutegica o que potencializa riscos para as proacuteprias comunidades e para os

consumidores (VIEIRA et al 2006 NASCIMENTO et al 2011)

Nesse cenaacuterio poliacuteticas recentes tecircm se voltado para o setor de modo a fortalecer esta

cadeia contribuindo para melhores condiccedilotildees de trabalho e a maior oferta de alimentos em

atendimento a requisitos sanitaacuterios Dentre as vertentes de apoio ao setor inclui-se o

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo que compreende importante estrateacutegia para

ensinar habilidades propiciar a aprendizagem ativa e aumentar a percepccedilatildeo de risco (NIETO-

MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 CUNHA et al 2013)

Entretanto sabe-se que programas de formaccedilatildeo que proporcionam apenas informaccedilotildees

teoacutericas natildeo resultam em mudanccedilas imediatas de comportamento dos manipuladores de

alimentos Deste modo as atividades formativas devem contemplar atividades teoacutericas e

praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos possam colocar em praacutetica o conhecimento

adquirido (SOARES et al 2013) Em adiccedilatildeo a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do programa conduzido

eacute uma parte criacutetica do treinamento uma vez que permite que os implementadores avaliem o

desempenho alcanccedilado (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008

MEDEIROS et al 2011)

Assim considerando a extensatildeo da praacutetica da pesca artesanal no litoral baiano o

contexto de rusticidade desta atividade e de baixa qualidade sanitaacuteria do pescado obtido este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos Brasil

42

2 Material e meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil como parte do

projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA

estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo1

O projeto conta com aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica da Escola de Nutriccedilatildeo da

Universidade Federal da Bahia (Parecer no 2265922014) (ANEXO I) e as atividades junto agrave

comunidade foram conduzidas no periacuteodo de marccedilo de 2014 a fevereiro de 2015

21 Seleccedilatildeo do local

A escolha da comunidade para a realizaccedilatildeo do estudo resultou de um conjunto de

condiccedilotildees que favoreceram o desenvolvimento das atividades de intervenccedilatildeo a atividade

pesqueira na Ilha ter atuaccedilatildeo marcada pela mariscagem a boa receptividade da equipe de

pesquisa pela comunidade e pelos liacutederes comunitaacuterios e a disponibilidade local de

instalaccedilotildees passiacuteveis de uso para a realizaccedilatildeo de atividades formativas - na Ilha conta-se com

uma sede comunitaacuteria com instalaccedilotildees fiacutesicas que permitiam os encontros com as

marisqueiras e a implementaccedilatildeo das atividades formativas

22 Programa de intervenccedilatildeo

A proposta de programa de intervenccedilatildeo foi planejada por uma equipe multidisciplinar

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e

contou com a participaccedilatildeo da comunidade

A intervenccedilatildeo consistiu em seis etapas (Figura 1)

I Sondagem de temas de interesse para a comunidade por meio da aplicaccedilatildeo de um

questionaacuterio semi-estruturado (ANEXO A)

II Encontro de sensibilizaccedilatildeo conduzido por meio de palestras atividades interativas e

relatos de experiecircncia de marisqueiras de outra comunidade jaacute qualificadas em processos

formativos com o objetivo de despertar a comunidade sobre a importacircncia da qualidade e da

seguranccedila do pescado

1 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

43

III Acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras desde a captura nos

manguezais ateacute o beneficiamento do pescado em casa Para avaliar as Boas Praacuteticas no

beneficiamento dos mariscos aplicou-se um check list (ANEXO B) elaborado com base na

RDC nordm2162004 (BRASIL 2004) e observando adaptaccedilotildees agrave realidade local contemplando

oito blocos 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4

Abastecimento de aacutegua 5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas

preparo dos mariscos e embalagens

IV Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos com desenvolvimento de

atividades educativas participativas para estimular o manuseio seguro do pescado nos

diferentes estaacutegios de processamento

V Novo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras realizado sessenta

dias apoacutes o treinamento com reaplicaccedilatildeo de check list

VI Roda de conversa com as marisqueiras desenvolvida com o auxiacutelio de roteiro de

perguntas para verificar a eficaacutecia da accedilatildeo educativa realizada identificando fatores que

facilitaram e dificultaram a mudanccedila de comportamento

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015

44

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias

Todo o planejamento das atividades de treinamento foi realizado por meio de reuniotildees

de consenso levando em conta as demandas dos participantes e incentivando-os a demonstrar

seus conhecimentos e praacuteticas de modo a aproveitar a experiecircncia local como base para a

construccedilatildeo de novos conhecimentos

De modo preacutevio ao treinamento foi feita a inscriccedilatildeo dos participantes com o

propoacutesito de levantar informaccedilotildees sobre o quantitativo de pessoas bem como dos dados

socioeconocircmicos do grupo considerando caracteriacutesticas quanto agrave idade agrave escolaridade agrave

renda e agrave participaccedilatildeo em treinamento anterior (APEcircNDICE A) No entanto metades dos

inscritos natildeo estiveram presentes no evento enquanto que outras pessoas que natildeo estavam

inscritas compareceram Assim para os novos interessados tambeacutem foram preenchidas fichas

com os referidos dados

As metodologias empregadas durante a realizaccedilatildeo das atividades compreenderam

exposiccedilatildeo dialogada usando um projetor multimiacutedia dinacircmicas de grupo rodas de conversa

simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de coleta e beneficiamento de mariscos e

viacutedeos Tambeacutem foram confeccionados materiais didaacuteticos de apoio e feita a gravaccedilatildeo da

atividade de roda de conversa para fins de registro e transcriccedilatildeo dos discursos das

marisqueiras Ao final da atividades formativa as marisqueiras receberam certificado de

realizaccedilatildeo do curso como forma de valorizaccedilatildeo e de incentivo pela participaccedilatildeo nas

atividades (APEcircNDICE B)

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias

Para conhecer a percepccedilatildeo dos participantes quanto aos meacutetodos utilizados na

formaccedilatildeo foi solicitado a eles apoacutes a atividade de formaccedilatildeo especiacutefica em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o preenchimento de um formulaacuterio de avaliaccedilatildeo (ANEXO D) que considerou os

seguintes itens explicaccedilatildeo dos assuntos recursos utilizados ritmo de atividades

esclarecimento de duacutevidas aprendizagem individual e sugestotildees para atividades futuras

Para avaliar os itens indicados utilizou-se uma escala estruturada com cinco

categorias de respostas peacutessimo ruim regular bom e excelente Para tratamento das

respostas as categorias tiveram valores numeacutericos equivalentes que variaram de um a cinco

na mesma ordem sendo a meacutedia aritmeacutetica de cada indicador calculada e as perguntas

restantes verificadas por frequecircncia de respostas

45

25 Anaacutelise de dados

Os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Excel e apresentados sob

a forma de estatiacutestica descritiva com uso de graacuteficos e tabelas para melhor explicaccedilatildeo dos

resultados alcanccedilados

3 Resultados e Discussatildeo

31 Programa de intervenccedilatildeo

311 Sondagem

A sondagem foi realizada com 32 marisqueiras da Ilha que atuavam ativamente na

pesca artesanal sendo possiacutevel obter uma descriccedilatildeo das expectativas de temas de interesse de

modo a abarcar melhor alguns destes no treinamento posto que determinados assuntos

escapavam ao foco de seguranccedila de alimentos Conforme os resultados foram levantados os

seguintes temas conservaccedilatildeo do pescado (30) benefiacutecios do pescado (225) informaccedilotildees

sobre o pescado (175) sauacutede do trabalhador (equipamentos de proteccedilatildeo - EPI) (15)

melhoria da qualidade do pescado (125) pesca e geraccedilatildeo de renda (cada um destes com

75 das indicaccedilotildees) e higienizaccedilatildeo do ambiente de processamento e artesanato com pescado

(cada um com 25)

Conforme Abushelaibi et al (2015) para que um programa de treinamento seja bem

sucedido eacute preciso que seja feito um planejamento cuidadoso devendo-se levar em

consideraccedilatildeo as necessidades dos participantes Deste modo a sondagem constituiu um dos

primeiros momentos de contato e de escuta agraves demandas de conhecimento junto agrave

comunidade Segundo Leite et al (2011) a sondagem possibilita uma construccedilatildeo mais

orientada do curso estimulando mudanccedilas positivas de comportamento jaacute que as

necessidades do populaccedilatildeo-alvo tornam-se conhecidas

312 Sensibilizaccedilatildeo

A atividade de sensibilizaccedilatildeo denominada ldquoEncontro com marisqueiras da Ilha das

Fontes um dedinho de prosa sobre trabalho e qualidade dos mariscosrdquo foi realizada em um

uacutenico dia com duraccedilatildeo de quatro horas e contou com a participaccedilatildeo de 15 marisqueiras que

natildeo foram necessariamente as mesmas que participaram da sondagem

46

O conteuacutedo programaacutetico apresentado compreendeu relato das marisqueiras da Ilha

do Paty sobre a atividade de formaccedilatildeo preacutevia realizada pelo projeto nesta Ilha valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras qualidade do marisco (indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) e resultados de diagnoacutestico de avaliaccedilatildeo da qualidade de mariscos de Satildeo

Francisco do Conde e especificamente a situaccedilatildeo da Ilha das Fontes

Nesse sentido a sensibilizaccedilatildeo dos participantes visava realccedilar a contribuiccedilatildeo social e

alimentar do trabalho na pesca artesanal promover maior conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia

da inocuidade dos alimentos envolvidos e despertar a comunidade para a possibilidade de

participar de programas de formaccedilatildeo profissional dentro de um grupo que compartilhava um

mesmo ambiente de vida e trabalho

Com o relato das marisqueiras da Ilha do Paty que viviam estaacutegio mais avanccedilado de

intervenccedilatildeo educativa (NOBREGA et al 2014) buscava-se demostrar uma experiecircncia

formativa exitosa em regiatildeo proacutexima motivando a comunidade para a atividade a ser

desenvolvida

O tema da valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras foi abordado a fim de ampliar a

percepccedilatildeo da comunidade sobre a importacircncia da profissatildeo para o abastecimento local de

pescado e para geraccedilatildeo de renda para muitas famiacutelias Nesse contexto Freitas et al (2012)

pontuam que o conhecimento das marisqueiras deve ser valorizado uma vez que haacute um

volume significativo de carne de mariscos sendo extraiacutedo com contribuiccedilatildeo para o

abastecimento de pescado Aleacutem disso a atividade desenvolvida deve ser considerada como

forma de dar reconhecimento agrave atividade e proteger do modo de vida dessas populaccedilotildees posto

que encerram tradiccedilotildees

Ainda foram apresentadas noccedilotildees referentes aos indicadores de qualidade do pescado -

sensorial microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica na perspectiva da seguranccedila do alimento Com este

conteuacutedo esperava-se melhorar a compreensatildeo dos resultados de estudo diagnoacutestico obtidos

pelo projeto maior que seriam apresentados considerando anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-

quiacutemicas de mariscos coletados no municiacutepio Posto que estes resultados natildeo eram bons

buscava-se despertar a comunidade quanto aos riscos sanitaacuterios dos produtos beneficiados na

regiatildeo e para a responsabilidade com a sauacutede dos consumidores

Onyeneho e Hedberg (2013) em estudo sobre seguranccedila de alimentos na Nigeacuteria

relatam que a sensibilizaccedilatildeo e a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos devem

inicialmente chamar a atenccedilatildeo das pessoas sobre o tamanho do problema e em seguida

treinaacute-las sobre como lidar com os alimentos corretamente e com seguranccedila explicitando a

melhor forma de manusear corretamente o alimento em ambiente higiecircnico

47

313 Acompanhamento in loco antes

O acompanhamento in loco foi feito com um grupo de quatro marisqueiras que se

propuseram a participar de todo o programa de intervenccedilatildeo Durante a atividade ainda nos

locais de captura dos mariscos constatou-se que o trabalho das marisqueiras compreendia um

esforccedilo muito grande posto que a pesca ocorria em aacutereas mais distantes da Ilha necessitando

caminhadas agrave peacute ou deslocamentos com canoas Ao mesmo tempo observou-se que a

movimentaccedilatildeo no mangue exige maior resistecircncia fiacutesica equiliacutebrio e praacutetica para identificar

os locais de apanha e que as posturas adotadas na realizaccedilatildeo do trabalho natildeo seguiam

qualquer padratildeo ergonocircmico sobrecarregando o corpo

Em estudo conduzido por Costa et al (2012) tambeacutem na Bahia similarmente

verificou-se que as marisqueiras se deslocavam com embarcaccedilotildees ou ateacute mesmo agrave peacute para a

coleta de mariscos e possuiacuteam uma longa jornada de trabalho sempre definida pela mareacute

Quanto ao trabalho Pena Freitas e Cardim (2011) pontuam que a exposiccedilatildeo das

marisqueiras aos riscos da pesca tem iniacutecio na infacircncia quando manuseiam os instrumentos

de pesca e caminham sobre as pedras e os mangues sob o sol e condiccedilotildees climaacuteticas adversas

sem qualquer proteccedilatildeo Os autores observam ainda que os riscos referentes aos fatores

externos se acumulam ao longo da vida laboral e se somam agraves condiccedilotildees de vida que

repercutem negativamente no crescimento

Conforme Pena Martins e Rego (2013) a precariedade da atividade artesanal impotildee

uma conformaccedilatildeo nociva do corpo ao trabalho com ritmos extenuantes movimentos

repetitivos sem pausas posturas inadequadas e outros condicionantes prejudiciais agrave sauacutede

resultando em quadros de doenccedilas associadas ao trabalho dentre estas a Lesatildeo por Esforccedilo

Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT)

Com relaccedilatildeo agraves praacuteticas com os mariscos em domiciacutelio a observaccedilatildeo da rotina de

beneficiamento dos mariscos e a aplicaccedilatildeo do check list permitiram identificar o natildeo

atendimento a diferentes requisitos sanitaacuterios

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios as principais falhas

incluiacuteram a presenccedila de objetos em desuso e de animais de estimaccedilatildeo na aacuterea de manipulaccedilatildeo

dos mariscos Ainda verificou-se que os utensiacutelios e a mesa utilizados natildeo apresentavam

superfiacutecies lisas e impermeaacuteveis propiciando contaminaccedilotildees

Quanto agrave higiene das instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios evidenciou-se que a aacuterea

de manipulaccedilatildeo dos mariscos compreendia o quintal da casa que era de difiacutecil higienizaccedilatildeo ndash

aacuterea de terra com vegetaccedilatildeo natural (mato) e animais circulando - galinhas e muitos objetos

48

em desuso natildeo sendo registrada a limpeza da aacuterea ao teacutermino do trabalho A higienizaccedilatildeo

dos utensiacutelios era procedida somente ao final das atividades em uma bacia

Em relaccedilatildeo ao abastecimento de aacutegua apesar dos reservatoacuterios estarem com tampa e

em bom estado de conservaccedilatildeo ficavam proacuteximos ao solo e de faacutecil acesso o que pode

favorecer a contaminaccedilatildeo Aleacutem disso natildeo havia registro e adequada frequecircncia de limpeza

desses reservatoacuterios Na Ilha era frequente o armazenamento da aacutegua em toneacuteis com tampa

proacuteximos ao chatildeo e por vezes o abastecimento de aacutegua natildeo acontecia de modo frequente

Quanto ao controle de vetores e pragas urbanas constatou-se a presenccedila de insetos e

animais na aacuterea de manipulaccedilatildeo Nos domiciacutelios se dispunha de inseticida devidamente

registrado contudo natildeo havia medidas preventivas para evitar a incidecircncia de vetores e

pragas no local

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos os recipientes de lixo estavam sem tampas e

localizados na aacuterea de manipulaccedilatildeo permitindo o acesso a pragas e animais constituindo

tambeacutem fonte de contaminaccedilatildeo A coleta de lixo na regiatildeo natildeo era realizada regularmente

sendo o lixo incinerado nos quintais diariamente

As marisqueiras apresentavam unhas longas com esmaltes e utilizavam adornos

(reloacutegio) Tambeacutem natildeo se observou a utilizaccedilatildeo de luvas e a lavagem das matildeos de forma

frequente e adequada

Quanto ao beneficiamento dos mariscos especificamente constatou-se que eram

lavados apenas com aacutegua do mar dispostos em panela de alumiacutenio jaacute desgastada pelo tempo

com aacutegua potaacutevel e submetidos agrave cocccedilatildeo em trempe com lenha - a sequecircncia das etapas desde

a captura ateacute o beneficiamento encontra-se ilustrada na Figura 2 A panela tinha tampa de

alumiacutenio para acelerar a cocccedilatildeo e durante este processo natildeo havia controle do tempo de

contato do marisco com a aacutegua fervente

Concluiacuteda a cocccedilatildeo para facilitar a retirada da carne seguia-se um raacutepido

resfriamento agrave temperatura ambiente em caixa vazada colocada dentro de uma bacia de

alumiacutenio disposta no chatildeo Para extraccedilatildeo da carne os mariscos eram colocados sobre

plaacutesticos que forravam o chatildeo ou dentro de bacias Nesta etapa tambeacutem natildeo havia controle do

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente desde a cocccedilatildeo ateacute o momento do

acondicionamento o que em muitos casos excedia uma hora

A carne extraiacuteda era colocada em bacias com aacutegua potaacutevel para lavagem Em seguida

os mariscos eram espremidos para remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com as matildeos nuas e

porcionados em embalagens plaacutesticas de um quilo Os produtos acondicionados entatildeo eram

levados para congelamento em refrigerador domeacutestico

49

Figura 2 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes antes da estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Ambiente de manipulaccedilatildeo dos mariscos 3-5Cocccedilatildeo dos

mariscos 6 Resfriamento agrave temperatura ambiente 7-8 Extraccedilatildeo da carne dos mariscos 9 Porcionamento da

carne extraiacuteda na embalagem

Pela descriccedilatildeo observa-se um contexto de trabalho muito ruacutestico rico em

oportunidades para contaminaccedilatildeo dos produtos o que em muito contribui para a perda da

qualidade dos mariscos produzidos compondo um quadro de precariedade que guarda

similaridades com relatos de outros autores no Nordeste (DIAS ROSA e DAMASCENO

2007 PENA FREITAS e CARDIM 2011 PENA MARTINS e REGO 2013) Ao mesmo

tempo haacute que se ter em mente que esta condiccedilatildeo foi histoacuterica e socialmente construiacuteda -

existe como parte da tradiccedilatildeo local A situaccedilatildeo do trabalho na comunidade apenas reflete o

contexto de baixo desenvolvimento social do municiacutepio e de insuficiecircncia de poliacuteticas de

apoio agrave pesca

1 2 3

4 5 6

7 8 9

50

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos

O treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos contou com a participaccedilatildeo

de 32 pessoas cujas caracteriacutesticas socioeconocircmicas encontram-se sumariadas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes do

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

CARACTERIacuteSTICAS N

SEXO

Feminino 31 969

Masculino 1 31

IDADE (em anos)

12-18 1 31

19- 59 28 875

ge 60 3 94

ESTADO CIVIL

Solteiro 10 312

Casado Uniatildeo Estaacutevel 17 531

SeparadoDivorciado 2 63

Viuacutevo 3 94

ESCOLARIDADE

Analfabeto 1 31

Ensino fundamental completoincompleto 14 438

Ensino meacutedio completoincompleto 17 531

Ensino superior completoIncompleto 0 00

RENDA

lt 1Salaacuterio Miacutenimo 20 625

1-2 Salaacuterios Miacutenimos 12 375

ge 3 Salaacuterios Miacutenimos 0 00

TREINAMENTO ANTERIOR EM BOAS PRAacuteTICAS

Sim 1 31

Natildeo 31 969

Verificou-se que a maioria dos participantes eram mulheres (969) com idade adulta

(875) casadas ou em uniatildeo estaacutevel (531) Nesse sentido argumenta-se que a

predominacircncia de mulheres no curso reflete a segmentaccedilatildeo de gecircnero para a mariscagem que

eacute historicamente descrita na regiatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011) embora homens

tambeacutem sejam encontrados na atividade

51

Na divisatildeo do trabalho da pesca artesanal a questatildeo do gecircnero eacute marcante na qual a

extraccedilatildeo de mariscos eacute realizada principalmente por mulheres e crianccedilas na praia e no

mangue sendo uma extensatildeo dos aspectos bioloacutegicos do corpo da mulher As mulheres

desenvolvem todo o procedimento de captura e beneficiamento do marisco em adiccedilatildeo ao

trabalho domeacutestico tradicional configurando uma dupla jornada (PENA FREITAS e

CARDIM 2011) Aleacutem disso eacute fato que as mulheres detecircm maior conhecimento sobre as

praacuteticas com os alimentos e a sua seguranccedila desenvolvendo melhor as praacuteticas de

manipulaccedilatildeo do alimento que os homens (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE

2008 CONTRERAS e GRACIA 2011)

No que concerne agrave idade os achados aproximam-se do estudo de Costa et al (2012)

que reportam a totalidade das mulheres na faixa etaacuteria entre 30 e 45 anos sendo que 803

destas sabiam ler e escrever e 667 tinham a pesca como uacutenica fonte de renda

Quanto agrave escolaridade constatou-se que as marisqueiras em sua maior parte tinham

ensino meacutedio incompleto ou completo (531) Freitas et al (2012) em Barra Grande-PI

evidenciaram que 4756 das marisqueiras possuiacuteam ensino fundamental completo ou grau

de escolaridade superior demonstrando um potencial para a captaccedilatildeo e repasse de

informaccedilotildees a serem disponibilizadas

Na Ilha das Fontes a maioria das marisqueiras apresentou renda familiar mensal

inferior a um salaacuterio miacutenimo (625) proveniente da comercializaccedilatildeo dos mariscos que era

complementada com benefiacutecio social do municiacutepio pelo Programa de Acolhimento Social de

Complementaccedilatildeo de Renda (PAS)

Pena Freitas e Cardim (2011) em seu trabalho na Ilha de Mareacute-BA entre os anos de

2005 e 2007 verificaram uma renda meacutedia mensal por marisqueira de apenas cinquenta

reais Dado o contexto os autores enfatizam a inexistecircncia de contrato de trabalho na pesca

artesanal uma vez que natildeo haacute emprego ou assalariamento pois a atividade eacute desenvolvida

individualmente ou em grupos familiares e dessa forma a precariedade social impotildee ritmo

intenso de trabalho para gerar mais produtos agrave venda

A quase totalidade (969) das marisqueiras da Ilha das Fontes natildeo tinha treinamento

preacutevio em Boas Praacuteticas na manipulaccedilatildeo de alimentos Resultados semelhantes foram

reportados por Costa et al (2012) que descrevem a ausecircncia de treinamento em Boas

Praacuteticas entre as pescadoras de uma comunidade pesqueira na Bahia

Nesse sentido a realidade observada contrasta com a RDC nordm 2162004 que dispotildee

sobre as Boas Praacuteticas para Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo estabelece que os manipuladores de

52

alimentos devem ser capacitados periodicamente em higiene pessoal em manipulaccedilatildeo

higiecircnica dos alimentos e em doenccedilas transmitidas por alimentos (BRASIL 2004)

O treinamento denominado ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo foi realizado em trecircs tardes consecutivas com duraccedilatildeo

total de 10 horas e teve como tema principal a manipulaccedilatildeo segura nos diferentes estaacutegios do

beneficiamento dos mariscos

Entre os temas trabalhados constaram as Boas Praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos

a higiene pessoal a higiene dos utensiacutelios e equipamentos e do ambiente a qualidade da aacutegua

os principais cuidados na captura manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo dos mariscos os aspectos de

sauacutede do trabalhador e o uso de EPI Aleacutem disso foram reforccedilados os temas relativos agrave

valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras e o diagnoacutestico da qualidade dos mariscos locais

bem como distribuiacutedos os seguintes materiais didaacuteticos de apoio texto de valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras Cartilha da marisqueira para a Boas Praacuteticas (ANEXO E) Cartilha

sobre LER e DORT (ANEXO F) e o Guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua (ANEXO G)

Durante o desenvolvimento dessa atividade foi feito o detalhamento das etapas do

beneficiamento dos mariscos com participaccedilatildeo ativa das marisqueiras dando-se foco agrave

necessidade de adoccedilatildeo de cuidados de higiene e conservaccedilatildeo com vistas agrave promoccedilatildeo da

seguranccedila do alimento e proteccedilatildeo da sauacutede dos consumidores A utilizaccedilatildeo de metodologias

como viacutedeos painel de praacuteticas jogo do certo e errado exposiccedilatildeo de fotos da realidade local e

os trabalhos em grupo contribuiacuteram para apreensatildeo do conhecimento acerca dos temas

abordados

Em estudos relacionados agrave formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos para manipuladores

foram observadas como metodologias de aprendizagem o uso de recursos audiovisuais como

fotos obtidas durante visitas anteriores mostrando situaccedilotildees e viacutedeos Aleacutem disso foram

reportadas a introduccedilatildeo de toacutepicos de discussatildeo e demonstraccedilotildees praacuteticas que contribuiacuteram

para apreensatildeo dos conhecimentos e melhoria dos haacutebitos de higiene (NIETO-

MOTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 SOARES et al 2013)

Soon e Baines (2012) em estudo no Reino Unido desenvolveram um treinamento

com agricultores e trabalhadores de fazendas utilizando quatro tipos de materiais educativos

de seguranccedila de alimentos incluindo a cartilha sobre a seguranccedila de alimento e na fazenda

slides viacutedeo sobre as praacuteticas de seguranccedila de produtos frescos e a demonstraccedilatildeo da praacutetica

de higienizaccedilatildeo das matildeos Os autores relataram que o programa de treinamento educacional

foi bem sucedido melhorando o conhecimento dos participantes acerca do tema

53

Na literatura consultada verificaram-se poucos estudos acerca da formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos no acircmbito da pesca artesanal cuja realidade de manipulaccedilatildeo dos

alimentos difere muitas de ambientes como escolas induacutestrias empresas e outros onde haacute a

possibilidade de maior controle dos fatores que podem estar influenciando na qualidade dos

produtos Apesar desse quadro alguns estudos relacionados agraves BPP foram realizados com

pescadoras e marisqueiras na Bahia

No trabalho de Costa et al (2012) que investigou conceitos e atitudes para produccedilatildeo

segura de alimentos por meio de entrevistas e observaccedilatildeo verificou-se que as BPP eram

percebidas como sinocircnimo de higiene e de permissatildeo para comercializaccedilatildeo do pescado sem

reclamaccedilotildees Contudo os autores notaram que as participantes natildeo detinham noccedilotildees quanto

aos procedimentos de BPP na implementaccedilatildeo das suas atividades

Noacutebrega et al (2014) realizaram uma intervenccedilatildeo em BPP empregando como

metodologias exposiccedilotildees dialogadas dinacircmicas de grupos oficinas teatro jogos com de

imagens atividades dirigidas e a distribuiccedilatildeo de materiais didaacuteticos Segundo os autores a

experiecircncia demonstrou o potencial de desenvolvimento de atividades educativas junto agraves

comunidades pesqueiras com resultados que contribuiacuteram para o fortalecimento da cadeia

produtiva local com promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Para Mcintyrea et al (2014) programas de intervenccedilatildeo que incluem a formaccedilatildeo

multidimensional com atividades praacuteticas e recursos de miacutedia interativa podem melhorar os

resultados de formaccedilatildeo Nessa direccedilatildeo Deon et al (2014) pontuam que uma variedade de

recursos audiovisuais podem ser utilizadas pelos educadores para difundir mensagens sobre a

seguranccedila dos alimentos e ajudar no desenvolvimento de programas educativos que abordam

diretamente o assunto

Para Medeiros et al (2011) cartazes e folhetos podem ser usados para lembrar aos

manipuladores das praacuteticas que devem ser executadas podendo ser postados em paredes em

locais apropriados no local de trabalho As fotografias por sua vez podem permitir que os

participantes identifiquem e analisem os problemas e outras questotildees que mais interessem em

suas comunidades (BAILEY e VAN HARKEN 2014) os viacutedeos podem enfatizar conceitos

importantes e manter o interesse dos telespectadores (SOON e BAINES 2012) e o uso de

jogos em treinamentos proporciona amplas oportunidades de exerciacutecio e praacutetica reforccedilando

assim a retenccedilatildeo de informaccedilotildees (MAC NAMEE et al 2006)

Conforme Robertson et al (2013) o propoacutesito do treinamento natildeo deve ser somente o

aumento de conhecimento das praacuteticas pelos manipuladores de alimentos mas sim capacitaacute-

los a praticar estes comportamentos em todos os momentos criando uma verdadeira cultura de

54

seguranccedila do alimento Nesse processo no entanto eacute necessaacuterio entender aspectos que afetam

o comportamento do manipulador de alimentos e como ele interage com as suas crenccedilas e os

niacuteveis de conhecimento (ABUSHELAIBI et al 2015)

Os resultados da avaliaccedilatildeo do treinamento realizada pelos participantes encontram-se

ilustrados na Figura 3 Como se verifica as notas de avaliaccedilatildeo foram satisfatoacuterias com

meacutedias acima de quatro demonstrando que os participantes consideraram o treinamento entre

bom e oacutetimo

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo do treinamento em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos realizado junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

Resultados similares foram reportados no estudo de Soon e Baines (2012) no qual

mais de 80 dos participantes consideraram o conteuacutedo de formaccedilatildeo satisfatoacuterio e de faacutecil

compreensatildeo e que nenhum deles considerou o treinamento longo ou complicado

Na formaccedilatildeo com as marisqueiras o item de avaliaccedilatildeo de maior meacutedia foi a

explicaccedilatildeo dos assuntos demonstrando que a forma de abordagem dos conteuacutedos tornou faacutecil

o entendimento favorecendo a apreensatildeo dos conhecimentos O item de menor meacutedia foi o

referente ao esclarecimento de duacutevidas o que pode estar relacionado a conteuacutedos mais

especiacuteficos ou teacutecnicos das BPP

Para Prado et al (2006) educar eacute contribuir para a formaccedilatildeo do ser humano criando

possibilidades para produccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Ainda compreende uma relaccedilatildeo

que envolve respeito eacutetica reconhecimento do outro e de si mesmo buscando autonomia

55

Em relaccedilatildeo agraves sugestotildees referidas pelas marisqueiras para melhorias futuras da

atividade educativa constaram o maior tempo para realizaccedilatildeo do curso a maior participaccedilatildeo

da comunidade no treinamento e a realizaccedilatildeo de mais atividades praacuteticas Noacutebrega (2013)

tambeacutem encontrou como sugestotildees para melhoria da atividade formativa a maior participaccedilatildeo

da comunidade no curso e um periacuteodo maior para realizaccedilatildeo das atividades com espaccedilo para

responder aos questionamentos o que expressa uma demanda da comunidade

Pelos resultados destaca-se uma preocupaccedilatildeo dos participantes para que outras

marisqueiras tambeacutem tivessem oportunidade de formaccedilatildeo o que pode ser interpretado como

uma valorizaccedilatildeo do curso Quanto ao tempo por outro lado ainda natildeo haacute estudos que

estabeleccedilam qual seria a carga horaacuteria ideal no contexto da pesca artesanal ndash entatildeo

considerando estudo preacutevio de Noacutebrega et al (2014) previu-se uma maior extensatildeo mas que

ainda foi pontuada como insuficiente pelo grupo

Nesse contexto considera-se que a avaliaccedilatildeo do programa de treinamento em

seguranccedila do alimento eacute uma parte criacutetica uma vez que permite que os implementadores

avaliem a sua eficaacutecia (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008) Ao mesmo

tempo compreende oportunidade para o aperfeiccediloamento do processo na perspectiva dos

vaacuterios elementos passiacuteveis de mensuraccedilatildeo ndash meacutetodos adotados conhecimento acumulado

mudanccedilas de comportamento e melhoria da qualidade do produto

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo

Essa etapa foi realizada com as quatro marisqueiras que participaram do

acompanhamento in loco anterior ao treinamento Os resultados do acompanhamento in loco

poacutes-intervenccedilatildeo em relaccedilatildeo aos resultados da avaliaccedilatildeo inicial satildeo exibidos na Figura 4

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios notou-se uma reduccedilatildeo

das inadequaccedilotildees apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda que objetos em desuso estivessem presentes os

animais foram isolados da aacuterea de manipulaccedilatildeo Nesse sentido observou-se que as residecircncias

onde o beneficiamento dos mariscos era feito muitas vezes apresentavam estrutura precaacuteria

Aleacutem disso as marisqueiras tinham baixo poder aquisitivo o que inviabilizava a construccedilatildeo

de local com instalaccedilotildees proacuteprias com equipamentos e utensiacutelios necessaacuterios agrave melhor

manipulaccedilatildeo do alimento Por isso o beneficiamento continuava sendo realizado na aacuterea

externa das residecircncias local onde eram realizadas tambeacutem outras atividades domeacutesticas

56

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto ao

atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das Fontes Satildeo

Francisco do Conde-BA 20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4 Abastecimento de aacutegua

5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas preparo dos mariscos e embalagens

Utensiacutelios em bom estado de conservaccedilatildeo passaram a ser utilizados conquanto a mesa

disponiacutevel fosse a mesma Deste modo as marisqueiras passaram a utilizar um plaacutestico

transparente sobre a mesa o que facilitava a higienizaccedilatildeo e diminuiacutea riscos de contaminaccedilatildeo

Nessa direccedilatildeo ressalta-se que a limpeza das superfiacutecies que entram em contato com os

alimentos compreende cuidado essencial para a seguranccedila do alimento e para a prevenccedilatildeo de

contaminaccedilatildeo cruzada enfatizando-se as etapas de limpeza e sanitizaccedilatildeo Todavia quando as

praacuteticas de higiene satildeo deficientes podem resultar na formaccedilatildeo de biofilmes na superfiacutecie de

equipamentosutensiacutelios comprometendo a seguranccedila dos produtos a serem processados

(LUES e VONDER 2007 NUNES et al 2010)

Embora a aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos fosse a mesma as marisqueiras passaram

a fazer a sua limpeza antes e apoacutes o uso natildeo havendo mais animais Os utensiacutelios tambeacutem

passaram a ser devidamente higienizados antes e apoacutes o uso Nesse sentido apesar da

observaccedilatildeo de reduccedilatildeo nas inadequaccedilotildees nesse quesito natildeo foi possiacutevel garantir que as

condiccedilotildees de limpeza observadas natildeo permitiam a contaminaccedilatildeo do produto posto que natildeo

havia pia para lavagem dos utensiacutelios A higienizaccedilatildeo era realizada em bacia de alumiacutenio que

57

tambeacutem era utilizada para lavagem de roupas Rowel et al (2013) em estudo em mercearias

tambeacutem registraram que com o treinamento houve maior conscientizaccedilatildeo dos funcionaacuterios

promovendo a correta higienizaccedilatildeo destes materiais

Com relaccedilatildeo ao controle de vetores e pragas no beneficiamento de mariscos o quadro

manteve-se inalterado pois o ambiente onde era realizado o beneficiamento dos mariscos era

aberto permitindo a presenccedila de vetores e pragas Nesse contexto a preocupaccedilatildeo para o

controle de insetos e pragas considera tanto as perdas econocircmicas quanto o risco sanitaacuterio

Segundo Dias et al (2011) insetos satildeo vetores de vaacuterios microrganismos conhecidos

inclusive de agentes patogeacutenicos alimentares

Quanto ao abastecimento de aacutegua tambeacutem natildeo foram observadas modificaccedilotildees apoacutes a

intervenccedilatildeo dado ser esta a realidade estrutural do abastecimento de aacutegua na Ilha Apesar da

existecircncia de abastecimento de aacutegua pela rede puacuteblica de abastecimento a maioria dos locais

de manipulaccedilatildeo dos mariscos natildeo possuiacutea aacutegua encanada sendo a aacutegua estocada em

recipientes como baldes e vasilhas plaacutesticas

Nesse sentido ressalta-se que a qualidade da aacutegua representa um requisito essencial

em locais que processam eou manipulam alimentos apresentando influecircncia direta sobre a

qualidade microbioloacutegica do produto final principalmente quando esta eacute utilizada na

preparaccedilatildeo de outros produtos (NUNES et al 2010)

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos natildeo foram constatadas mudanccedilas apoacutes a

intervenccedilatildeo Em geral as residecircncias das marisqueiras natildeo contavam com lixeiras com tampa

e sacos de polietileno e o chatildeo da aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos consistia de terra

impossibilitando a retirada total do lixo Ao mesmo tempo a coleta dos resiacuteduos na Ilha natildeo

era realizada com frequecircncia e os moradores natildeo tinham acesso faacutecil aos sacos de polietileno

para fazer o acondicionamento Dessa forma as marisqueiras como aos demais moradores da

Ilha costumavam incinerar os resiacuteduos

Conforme registram Nunes et al (2010) a presenccedila de lixo e resiacuteduos favorece a

presenccedila de diversos tipos de vetores que podem disseminar microrganismos patogecircnicos

para as superfiacutecies de preparaccedilatildeo e consequentemente para os alimentos

Por outro lado houve uma mudanccedila marcante na higiene pessoal das marisqueiras

com uso de roupas limpas proteccedilatildeo para os cabelos unhas curtas e sem esmaltes ausecircncia de

adornos e maior frequecircncia na higienizaccedilatildeo das matildeos Soares et al (2013) apoacutes o treinamento

de seguranccedila alimentar para manipuladores identificaram por meio de observaccedilatildeo in situ a

melhoria da higiene sugerindo que estes comeccedilaram a seguir regras de desinfecccedilatildeo das matildeos

de forma mais rigorosa

58

Cabe considerar que algumas das bacteacuterias podem ser encontradas nas matildeos de

manipuladores de alimentos como Escherichia coli e Staphylococcus aureus (LUES e

TONDER 2007) Por isso a boa higiene pessoal com lavagem das matildeos adequada antes e

apoacutes o manuseio dos alimentos juntamente com corretas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de

alimentos podem reduzir muito as chances de transferecircncia de microrganismos patogecircnicos

(ABUSHELAIBI et al 2015)

A Figura 5 exibe algumas das mudanccedilas observadas depois da intervenccedilatildeo Os

mariscos passaram a ser lavados com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo e colocados em panela de

alumiacutenio com tampa em bom estado de conservaccedilatildeo A cocccedilatildeo seguia os mesmos

procedimentos anteriores sem controle do tempo de contato do marisco com a aacutegua fervente e

o posterior resfriamento agrave temperatura ambiente em caixas vazadas proacuteximas ao chatildeo o que

evidenciou fragilidades no treinamento considerando mudanccedilas nas praacuteticas das

marisqueiras

Considerando a falta de controle do tempo de cozimento avalia-se que pode ser

devido ao conhecimento adquirido pelas marisqueiras ao longo dos anos quanto agraves mudanccedilas

que ocorrem durante a cocccedilatildeo como a abertura das conchas quando os moluscos bivalves

estatildeo cozidos e no caso dos crustaacuteceos a mudanccedila da coloraccedilatildeo

Quanto ao resfriamento apoacutes a cocccedilatildeo agrave temperatura ambiente e com recipientes

proacuteximos ao chatildeo talvez revele resistecircncia agrave mudanccedila pelas marisqueiras dado que o

conhecimento foi transmitido e que natildeo foi referido como um aspecto difiacutecil durante o curso

Na etapa de extraccedilatildeo da carne os mariscos eram dispostos sobre o plaacutestico que forrava

a mesa de madeira poreacutem ainda sem controle do tempo de exposiccedilatildeo agrave temperatura

ambiente ateacute o momento de acondicionamento Na rotina as marisqueiras natildeo controlavam o

tempo de realizaccedilatildeo de suas atividades e soacute quando concluiacuteam toda a etapa de extraccedilatildeo da

carne e os procedimentos finais submetiam os mariscos ao congelamento natildeo seguindo a

recomendaccedilatildeo de controle do binocircmio de tempo e temperatura enfatizado durante o

treinamento

Segundo Walter et al (2012) os catados de mariscos satildeo considerados produtos com

alta perecibilidade e criacuteticas tem sido feitas ao seu manuseio no processo de beneficiamento

realizado pelas mulheres uma vez que os produtos satildeo manipulados e armazenados em

condiccedilotildees inadequadas Deste modo haacute um receio quando do consumo eou comercializaccedilatildeo

desses mariscos em baixas condiccedilotildees sanitaacuterias

59

Figura 5 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes apoacutes a estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Lavagem com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo 3 Cocccedilatildeo

dos mariscos 4 Remoccedilatildeo da aacutegua de cocccedilatildeo para resfriamento 5 Resfriamento dos marisco agrave temperatura

ambiente 6 Extraccedilatildeo da carne de mariscos 7 Lavagem com aacutegua potaacutevel apoacutes a extraccedilatildeo da carne dos

mariscos 8 Porcionamento da carne extraiacuteda na embalagem 9 Lavagem dos utensiacutelios

A carne obtida dos mariscos era lavada em bacias com aacutegua potaacutevel e espremida para

remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com matildeos nuas mas que traziam unhas curtas e sem esmaltes O

porcionamento nas embalagens passou a ser realizado com o auxiacutelio de escumadeira sendo os

produtos acondicionados em seguidas levados para congelamento

Nessa direccedilatildeo pontua-se que o uso de luvas a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene e o

controle de temperaturas adequadas e resfriamento raacutepido reduzem o risco de contaminaccedilatildeo

no processamento Em adiccedilatildeo que a temperatura de conservaccedilatildeo constitui um paracircmetro

determinante da vida de prateleira de um produto uma vez que estaacute diretamente relacionada

com a velocidade da atividade microbiana sendo o seu controle fator importante nas Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo (VIEIRA et al 2006)

1 2 3

4 5 6

7 8 9

60

No caso de frutos do mar Ramos et al (2011) ressaltam que satildeo muito manipulados

no beneficiamento uma vez que haacute separaccedilatildeo manual da carne apoacutes a cocccedilatildeo e que a falta de

controle pode colocar em risco a sauacutede do consumidor Para os autores a qualidade dos frutos

do mar apoacutes o processamento eacute resultante das condiccedilotildees higiecircnicosanitaacuterias iniciais do

produto dos equipamentos do pessoal do tratamento teacutermico do controle de tempo e

temperatura das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo bem como precauccedilatildeo em embalagem e

congelamento

De acordo com Lima et al (2013) no caso de mexilhotildees assim como de outros

moluscos bivalves que satildeo organismos que filtram seletivamente pequenas partiacuteculas

presentes na aacutegua a higienizaccedilatildeo com aacutegua potaacutevel e o cozimento satildeo procedimentos que

ajudam no controle microbiano e na garantia de seguranccedila do produto

Mediante os achados do segundo acompanhamento in loco avalia-se que apesar das

falhas registradas foi tambeacutem possiacutevel evidenciar mudanccedilas no beneficiamento que podem

ser beneacuteficas no que se refere agrave qualidade final do marisco Estas mudanccedilas no entanto natildeo

se mostraram suficientes para garantir a seguranccedila desse alimento Nesse cenaacuterio vale

pontuar que parte das inadequaccedilotildees atrelava-se agrave falta de condiccedilotildees estruturais

Ao mesmo tempo considera-se que mesmo medidas simples como o uso de luvas

para a manipulaccedilatildeo dos mariscos cozidos natildeo satildeo de faacutecil implementaccedilatildeo pelas marisqueiras

em virtude do baixo poder aquisitivo das famiacutelias Deste modo sinaliza-se a necessidade de

apoio das autoridades locais para a aquisiccedilatildeo de equipamentos de proteccedilatildeo individual visando

a promoccedilatildeo da qualidade dos produtos

Dado o contexto e visando agrave melhoria da qualidade do produto indica-se a

necessidade de aperfeiccediloamento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo implementada incluindo maior

carga horaacuteria atividades praacuteticas que envolvam a higienizaccedilatildeo das matildeos o controle do

binocircmio tempo-temperatura durante o beneficiamento e uma comunicaccedilatildeo mais acessiacutevel ao

puacuteblico

Em paralelo sugere-se que o beneficiamento dos mariscos seja realizado em local

dotado de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios adequados Dado que foram verificadas

mudanccedilas significativas nos haacutebitos de higiene das marisqueiras podendo assim tornar o

alimento seguro a possibilidade de locais apropriados certamente contribuiria para melhor

condiccedilatildeo de trabalho e assunccedilatildeo de novas praacuteticas

Outrossim como elemento essencial ao processo formativo considera-se a

necessidade de educaccedilatildeo continuada e de acompanhamento teacutecnico junto agrave comunidade para

que possa alcanccedilar praacuteticas mais seguras Conforme reportado por Cunha et al (2013) as

61

visitas frequentes ajudam na motivaccedilatildeo e no acompanhamento dos locais de produccedilatildeo de

alimentos - assim podem melhorar as boas praacuteticas de higiene Nessa rotina a aplicaccedilatildeo de

uma lista de verificaccedilatildeo de boas praacuteticas constitui uma ferramenta que pode ser utilizada para

avaliar e monitorar a seguranccedila alimentar no ambiente de produccedilatildeo

316 Roda de conversa

A roda de conversa foi realizada durante uma tarde com a participaccedilatildeo de nove

marisqueiras - o menor quantitativo de participantes nessa atividade nestes caso decorreu de

dificuldade de divulgaccedilatildeo da atividade na Ilha No encontro foi retomado o propoacutesito das

atividades formativas para o grupo e em seguida foram feitas perguntas conforme roteiro

preacute-elaborado (ANEXO C)

De acordo com a exposiccedilatildeo foi possiacutevel observar que as participantes demonstraram-

se satisfeitas com a realizaccedilatildeo das atividades Aleacutem disso verificou-se que os assuntos

abordados foram apreendidos pelas participantes como pode ser observado nas respostas

abaixo

ldquoEu senti que a gente aprendeu o que a gente natildeo sabia Como manusear o marisco

E quer dizer que a gente eacute pintava a unha que diz que natildeo pode e tem que usar touca a

gente natildeo sabiardquo Marisqueira 2

ldquoEu aprendi neacute Por que muitas vezes a gente catava marisco agraves vezes assim

cachorro passava e a gente deixava neacute E lavar direitinho mesmo com a aacutegua doce que

muitas vezes a gente natildeo lavava com a aacutegua doce lavava com a aacutegua salgada E pra mim foi

oacutetimo por que o que eu natildeo sabia eu aprendirdquo Marisqueira 4

No que se refere agrave dificuldade de realizaccedilatildeo de mudanccedilas na forma de trabalho depois

do treinamento foi apontada apenas uma dificuldade pelas marisqueiras

[difiacutecil] ldquoSoacute a lavagem da ostra com aacutegua doce que vai dar muito trabalho Porque a

quantidade eacute muitardquo Marisqueira 4

Quando questionadas sobre o que havia sido mais faacutecil de fazer na mudanccedila das

praacuteticas algumas marisqueiras relataram

[faacutecil] ldquoA parte de ensacar [embalar] neacute Pega com a colher Isso ficou um pouco

mais faacutecil neacuterdquo Marisqueira 3

[faacutecil] ldquo A parte de lavar antes de cozinhar Porque quando a gente lavava a gente agraves

vezes lavava tem gente mesmo que soacute lava em duas aacuteguas E agora a gente aprendeu a

62

lavar em trecircs quatro aacuteguas ateacute aquela aacutegua sair mais limpinha Por que natildeo vai sair

totalmente limpa mas vai sair assim um pouquinho mais clarardquo Marisqueira 7

Quanto agraves sugestotildees para realizaccedilatildeo de novas atividades na Ilha foram citadas as

oficinas culinaacuterias e de artesanato Em adiccedilatildeo ao treinamento de BPP foi realizada uma

atividade acerca da alimentaccedilatildeo saudaacutevel com o propoacutesito de melhorar a qualidade de vida

das marisqueiras

4 Conclusatildeo

A atividade formativa conduzida evidenciou uma boa adesatildeo das marisqueiras quadro

que pode estar associado agraves metodologias utilizadas ao contexto de interaccedilatildeo com maior

aproximaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e agrave valorizaccedilatildeo dada ao curso No entanto

assume-se a necessidade de aprimoramento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo adotada incluindo o

aumento do tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e do controle de temperatura e do

tempo

No que se refere ao beneficiamento dos mariscos as atividades resultaram mudanccedilas

positivas nas praacuteticas de manipular os produtos Contudo a estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento ainda se mostrou inadequada configurando riscos agrave qualidade do alimento e

consequentemente para a sauacutede do consumidor - uma situaccedilatildeo que muitas vezes natildeo pode

ser solucionada pelas marisqueiras haja vista o seu baixo poder aquisitivo Assim acredita-se

que embora o conhecimento tenha sido apreendido pelos participantes este natildeo pode ser

inteiramente aplicaacutevel agrave realidade local

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividade formativa periodicamente reforccedilando os conceitos e as

praacuteticas a serem adotadas para garantir a inocuidade dos mariscos comercializados

Considerando a insuficiecircncia de publicaccedilotildees sobre a formaccedilatildeo em seguranccedila de

alimentos no acircmbito da pesca artesanal reforccedila-se a demanda de estudos que possam dar

melhor conformaccedilatildeo ao conhecimento na aacuterea trazendo contributos nas perspectivas

cientiacutefica tecnoloacutegica e social

Agradecimentos

63

Os autores gostariam de agradecer aos colegas Aacutequila Samara Iacutecaro Cazumbaacute Iacutesis Maria

Borges Juccedilara Soledade e Sirlana Assis pelo auxiacutelio na atividade de formaccedilatildeo e agrave Fundaccedilatildeo

de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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67

Capiacutetulo III

EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA MARISQUEIRAS

AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM INDICADORES

MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Alaiacutese Gil Guimaratildeesa Caroline Menezes da Silva

Matosb Taate Queacutezia dos Santos Arauacutejo Silvab Thayse Correcirca de Souzab Thatimila de Jesus

Pereirab Sara Bispo Oliveirab Ryzia de Cassia Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

No Brasil as marisqueiras apresentam papel importante no abastecimento de mariscos pois

aleacutem da coleta participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto realizando o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes em condiccedilotildees adversas Assim este estudo objetivou

avaliar a eficaacutecia de uma atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo realizada com

marisqueiras para melhoria da qualidade microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos

beneficiados Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo com desenvolvimento de atividade formativa

em seguranccedila de alimentos e em paralelo foram obtidas amostras de mariscos das espeacutecies

siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) para

anaacutelises sendo 48 antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram analisadas para a

contagem de microrganismos psicrotroacuteficos coliformes agrave 35ordmC Escherichia coli e

estafilococos coagulase positiva e para pesquisa de Salmonella spp Ainda foram

determinados o pH e as bases volaacuteteis totais (N-BVT) Verificou-se melhoria na qualidade

microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora 146 das amostras ainda

apresentassem contagens de estafilococos coagulase positiva superiores ao paracircmetro oficial

Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH em quase sua totalidade (99) mostrou-se

superior ao limite enquanto os valores de N-BVT estavam dentro da faixa Apesar da

melhoria evidenciada assume-se na perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no

beneficiamento dos mariscos sob o aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar

a natildeo conformidade para o conjunto de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo

abarca as diferentes espeacutecies estudadas Dessa forma sugere-se a continuidade da formaccedilatildeo

para as marisqueiras com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e a realizaccedilatildeo de novos

estudos que verifiquem o comportamento quiacutemico das diferentes espeacutecies de pescado

Palavras-chave pescado treinamento anaacutelises microbioloacutegicas seguranccedila de alimentos

68

Abstract

In Brazil shellfish pickers have an important role in the supply of shellfish because besides

collecting they participate in all phases of product handling performing minimal processing

often in adverse conditions Thus this study aimed to evaluate the effectiveness of a training

activity on Good Manufacturing Practices held with shellfish pickers in order to to improve

the microbiological and physico-chemical quality of benefitted shellfish An intervention

study was conducted with development of training activities in food safety and in parallel

samples of shellfish were obtained of the species crab (Callinectes sapidus) mussels (Mytella

falcata) and oyster (Crassostrea rhizophorae) for analysis 48 before the intervention and 48

after The samples were analyzed for quantification of psychrotrophic total coliforms

Escherichia coli and coagulase-positive staphylococcus and search of Salmonella spp

Moreover the pH and total volatile bases (N-TVB) were determined There was improvement

in the microbiological quality of shellfish after the intervention although 146 of the

samples still have presented staphylococcus coagulase countings higher than the official

parameter When compared to national standards the pH almost in totality (99) was

superior to the limit while the TVB-N values were within the range Despite the positive

results it is assumed on the microbiological perspective that failure occurred in the

processing of shellfish under the physico-chemical aspect however is not possible to affirm

the nonconformity to the set of samples since the Brazilian legislation does not cover all

different species Therefore we suggest the continuity of training for shellfish pickers with

orientation and more effective control and the new studies that verify the chemical behavior

of different species of seafood

Key words seafood training microbiological analysis food safety

1Introduccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da pesca artesanal para aliviar a pobreza e promover a seguranccedila

alimentar tem sido reconhecida internacionalmente Todavia sobretudo nos paiacuteses tropicais

parte expressiva desta produccedilatildeo de pescado eacute perdida ao longo desta cadeia produtiva tanto

pela falta de infraestrutura e condiccedilotildees de conservaccedilatildeo quanto pela maior suscetibilidade do

pescado (FAO 2014)

Em toda a costa brasileira a pesca artesanal tambeacutem constitui uma realidade marcada

por desafios que requerem atenccedilatildeo e suporte para trazer melhor produccedilatildeo e maiores

benefiacutecios agraves comunidades envolvidas (MARUYAMA et al 2009) Dentre as modalidades de

pesca artesanal no paiacutes tem destaque a mariscagem que consiste na coleta de mariscos -

crustaacuteceos e moluscos em regiotildees de manguezal Nesse cenaacuterio os manguezais

compreendem verdadeiras fontes de recursos para populaccedilotildees carentes que retiram dali o seu

sustento posto que a captura das diferentes espeacutecies tanto as que se destina ao consumo

proacuteprio quanto agrave comercializaccedilatildeo (ALVES e NISHIDA 2003 JESUS e PROST 2011)

69

Em geral a mariscagem eacute realizada por mulheres denominadas marisqueiras ou

mariscadeiras que atuam em aacutereas limitadas e utilizam instrumentos rudimentares para o

trabalho no mangue Aleacutem disso estas mulheres trabalham em todas as fases de manipulaccedilatildeo

do produto realizando o beneficiamento miacutenimo muitas vezes sem condiccedilotildees adequadas de

manuseio e conservaccedilatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011)

De acordo com estudos conduzidos junto a marisqueiras do Rio Grande do Norte

(DIAS ROSA DAMASCENO 2007) e da Paraiacuteba (NISHIDA 2008) tecircm-se constatado

precaacuterias condiccedilotildees de vida e de trabalho para este coletivo o que compreende preocupaccedilatildeo

na perspectiva ambiental e da oferta de alimentos seguros

No municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil a mariscagem eacute uma tradiccedilatildeo

e os mariscos satildeo beneficiados nas proacuteprias residecircncias que natildeo dispotildeem de infraestrutura

adequada para realizaccedilatildeo da atividade Em adiccedilatildeo as marisqueiras natildeo possuem treinamento

especiacutefico para a manipulaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos alimentos o que favorece contaminaccedilotildees e

alteraccedilotildees dos produtos beneficiados e coloca em risco a sauacutede dos consumidores (ARGOcircLO

2012)

Segundo Argocirclo (2012) que avaliou 96 amostras de mariscos beneficiados oriundas

de seis comunidades pesqueiras do municiacutepio 958 das amostras estavam improacuteprias ao

consumo no que se refere a qualidade microbioloacutegica enquanto que 906 das amostras

encontravam-se natildeo conformes para a avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica demonstrando um risco a

sauacutede do consumidor

Nesse cenaacuterio eacute importante destacar o papel dos manipuladores de alimentos uma vez

que estes manteacutem contato direto com o alimento observando-se muitas vezes praacuteticas de

manipulaccedilatildeo incorretas que se associam agrave ocorrecircncia de surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

(SEAMAN 2010) uma preocupaccedilatildeo que tambeacutem se aplica agrave realidade das marisqueiras na

cadeia da pesca artesanal

Em face ao problema o treinamento para manipuladores de alimentos tem sido

considerado como uma estrateacutegia essencial para promover a seguranccedila dos alimentos e evitar

surtos No entanto para que esta atividade educativa seja transformadora e promova

mudanccedilas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos deve-se considerar o puacuteblico-alvo e o uso

de diferentes metodologias (CUNHA et al 2014 GOMES et al 2014)

Assim considerando a contribuiccedilatildeo da pesca artesanal e a complexidade dos cenaacuterios

de obtenccedilatildeo de mariscos no paiacutes este estudo teve por objetivo avaliar a eficaacutecia de uma

atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) para melhoria da qualidade

70

microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos beneficiados junto agrave comunidade pesqueira de

Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

2 Material e Meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a 32 marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA no periacuteodo de marccedilo

de 2014 a fevereiro de 2015 como parte do projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em

comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e

promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo2

O estudo compreendeu trecircs etapas e teve seu desenvolvimento organizado em oito

atividades conforme descreve o Quadro 1

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas no planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

INTERVENCcedilAtildeO APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

1 Sondagem dos temas 5 Treinamento em Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo

6 Acompanhamento in loco da

captura e beneficiamento dos

mariscos

2 Encontro de sensibilizaccedilatildeo

7 Roda de conversa

3 Acompanhamento in loco

da captura e beneficiamento

dos mariscos

8 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras de

mariscos

4 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras

de mariscos

21 Atividade Educativa

Para o desenvolvimento da atividade de intervenccedilatildeo educativa considerando

levantamentos preacutevios que descreviam baixa escolaridade na comunidade pesqueira

2 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

71

(SANTOS 2013) e o uso de um formulaacuterio de sondagem para levantamento dos temas de

interesse foi planejado um treinamento com metodologias aplicaacuteveis a esse puacuteblico-alvo

Entre as metodologias empregadas constaram exposiccedilatildeo dialogada com projetor multimiacutedia

dinacircmicas de grupo roda de conversa simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de

coleta de mariscos e viacutedeos

No conteuacutedo formativo os seguintes temas foram trabalhados valorizaccedilatildeo do trabalho

das marisqueiras diagnoacutestico da qualidade inicial dos mariscos analisados Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos higiene pessoal higiene dos utensiacutelios higiene do ambiente

qualidade da aacutegua cuidados na captura manipulaccedilatildeo preparo e armazenamento dos

mariscos Tambeacutem foram apresentados conteuacutedos relativos agrave sauacutede do trabalhador e ao uso de

equipamentos de proteccedilatildeo individual (EPI)

Em adiccedilatildeo foram entregues como conteuacutedo complementar materiais didaacuteticos de

apoio sobre a valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras a cartilha da marisqueira para as boas

praacuteticas no trabalho com os mariscos o guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua a cartilha

sobre Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas

ao Trabalho (DORT)

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa

Para avaliar a eficaacutecia da atividade educativa na perspectiva da qualidade dos

alimentos foram realizadas anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas em amostras de

mariscos beneficiados pelas marisqueiras antes e apoacutes a etapa de intervenccedilatildeo As anaacutelises das

amostras no momento poacutes- intervenccedilatildeo foram realizadas aproximadamente seis meses apoacutes o

treinamento

Considerando praacuteticas locais neste caso o termo beneficiamento refere-se aos

procedimentos aos quais os mariscos satildeo submetidos antes da comercializaccedilatildeo

compreendendo etapas como lavagem cocccedilatildeo retirada da carne do interior da carapaccedila ou

concha embalagem e congelamento

Para fins de definiccedilatildeo das espeacutecies a serem estudadas conforme estudo preacutevio de Saacute

(2011) foram selecionadas as trecircs de maior captura no municiacutepio incluindo siri (Callinectes

sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) As amostras foram

adquiridas de oito marisqueiras de trabalho ativo na pesca e que acompanharam as atividades

formativas De cada uma delas foram obtidas duas amostras de cada uma das espeacutecies em

72

diferentes semanas ndash perfazendo seis amostrasmarisqueira e um conjunto de 48 amostras em

cada etapa

Deste modo posto que este procedimento foi realizado antes e apoacutes a intervenccedilatildeo um

total de 96 amostras de mariscos beneficiados foi obtido Em relaccedilatildeo agraves espeacutecies o total

compreendeu 32 amostras de ostras 32 amostras de sururu e 32 amostras de siri sendo

metade antes e metade apoacutes a intervenccedilatildeo

Cada amostra coletada continha meio quilo de marisco e encontrava-se congelada

sendo obtidas nas proacuteprias embalagens em que eram acondicionadas pelas marisqueiras As

amostras foram colocadas em caixas isoteacutermicas contendo gelo reciclaacutevel e transportadas

sendo armazenadas em um freezer ateacute o momento das anaacutelises O descongelamento das

amostras para as anaacutelises foi realizado sob refrigeraccedilatildeo agrave temperatura inferior a 5ordmC

As anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas foram realizadas nos laboratoacuterios de

Controle de Qualidade de Alimentos e de Bioquiacutemica dos Alimentos respectivamente da

Escola de Nutriccedilatildeo Universidade Federal da Bahia

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas

Para avaliaccedilatildeo da qualidade microbioloacutegica procedeu-se agrave contagem de coliformes agrave

35ordmC Escherichia coli Staphylococcus coagulase positiva e micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos e agrave pesquisa de Salmonella spp

As amostras foram pesadas em sacos esteacutereis em condiccedilotildees asseacutepticas e em seguida

foram procedidas agraves diluiccedilotildees das amostras em aacutegua peptonada 01 (Accumedia EUA)

para a pesquisa dos micro-organismos exceto para Salmonella spp (DOWNES ITO 2001)

As contagens de coliformes agrave 35ordmC e de Escherichia coli foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo

em Aacutegar Chromocult (Merck Alemanha) a 35degC durante 24h (AOAC 1995) A confirmaccedilatildeo

das colocircnias tiacutepicas de E coli foi realizada por testes bioquiacutemicos de Indol Vermelho de

metila Voges Proskauer e Citrato (IMViC) conforme estabelecido pela American Public

Health Association APHA (DOWNES ITO 2001)

As contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo em

Aacutegar Baird Parker (Accumedia EUA) a 37degC durante 48 horas As colocircnias suspeitas foram

submetidas ao teste de coagulase pelo uso de testes raacutepidos Staphclin Laacutetex (Laborclin

Brasil) (DOWNES ITO 2001)

73

As contagens de microorganismos aeroacutebios psicrotroacuteficos foram obtidas apoacutes

incubaccedilatildeo em Aacutegar Plate Count (Merck Alemanha) sob refrigeraccedilatildeo durante 10 dias

segundo metodologia da APHA (DOWNES ITO 2001)

As amostras foram submetidas agrave pesquisa de Salmonella spp de acordo com o

protocolo descrito por Downes e Ito (2001) e Silva et al (2010) Sob condiccedilotildees esteacutereis as

amostras de mariscos foram submetidas ao preacute- enriquecimento em Caldo lactosado (Merck

Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h Em seguida passaram-se inoacuteculos para caldos

de enriquecimento Tetrationato (Merck Alemanha) e Rappaport (Merck Alemanha) que

foram incubados a 37degC e a 42 degC durante 24 horas respectivamente e foram isolados em

placas contendo Xilose Lisina Aacutegar Desoxicolato (Merck Alemanha) e o Aacutegar Hecktoen

Enteacuterico (Merck Alemanha) incubando-se a 37degC durante 24h Colocircnias suspeitas de

Salmonella foram transferidas para Aacutegar Triacuteplice Accediluacutecar Ferro (Merck Alemanha) e Aacutegar

Lisina Ferro (Merck Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h

Reaccedilotildees tiacutepicas de Salmonella foram submetidas a testes bioquiacutemicos incluindo Teste

da Urease Indol Vermelho de metila Voges Proskauer e Citrato e testes soroloacutegicos de

confirmaccedilatildeo por teste de aglutinaccedilatildeo em lacircmina de vidro com uso de soro somaacutetico

polivalente e soro flagelar (Probac Brasil)

As anaacutelises microbioloacutegicas foram realizadas em duplicata e os resultados foram

comparados com os padrotildees microbioloacutegicos da Resoluccedilatildeo RDC n ordm122001 a Agecircncia

Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria - ANVISA (BRASIL 2001) Para micro-organismos

aeroacutebios psicrotroacuteficos foi adotado o limite para pescado de 106 UFCg estabelecido pela

Comissatildeo Internacional de Especificaccedilotildees Microbioloacutegicas para Alimentos (ICMSF 1986)

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas

Para determinaccedilatildeo do pH foram pesados 10g de cada amostra de marisco

homogeneizada e acrescidos de 50 ml de aacutegua destilada O valor de pH foi medido utilizando-

se o potenciocircmetro 210 MPA (NEOMED Brasil) previamente calibrado conforme descreve

Zenebon et al (2008)

Para a anaacutelise de bases volaacuteteis totais 1g da amostra triturada foi embalada em papel

de filtro e levada para o tubo de Kjeldahl Foram adicionados 30ml de aacutegua destilada e

algumas gotas de vaselina Em um erlenmeyer foram adicionados 5ml de aacutecido boacuterico

saturado (VETEC Brasil) e 3 gotas de indicador misto O tubo de Kjeldahl e o erlenmeyer

foram montados no destilador de nitrogecircnio que foi mantido a uma temperatura elevada ateacute

74

ao momento em ebuliccedilatildeo Apoacutes a mudanccedila de cor do conteuacutedo destilado para azul

esverdeado e mudanccedila do volume para 50ml o aparelho foi desligado e foi realizada a

titulaccedilatildeo com soluccedilatildeo de aacutecido cloriacutedrico 002 (Labimpex Brasil) O procedimento foi

realizado conforme teacutecnica descrita pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

(MAPA) (BRASIL 1997) Todas as anaacutelises quiacutemicas foram realizadas em triplicata

Os resultados das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram comparados e discutidos com base

nos criteacuterios estabelecidos pelo MAPA (BRASIL 1997) e na literatura teacutecnica da aacuterea de

alimentos

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos

Os dados foram processados e analisados estatisticamente utilizando-se o software

Statistical Package for the Social Sciences- SPSS versatildeo 200

Foi realizada a anaacutelise descritiva dos dados e o teste de U-Mann-Whitney para

comparar o perfil microbioloacutegico e fiacutesico-quiacutemico dos mariscos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo O

teste foi realizado em niacutevel de 5 de probabilidade Para verificar a existecircncia de correlaccedilatildeo

entre os paracircmetros estudados foi realizado o teste de Spearman

Em observacircncia agraves diretrizes para pesquisa com seres humanos este estudo foi

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de Nutriccedilatildeo da Universidade Federal

da Bahia (Parecer nordm 2265922014) (ANEXO I) sendo a participaccedilatildeo voluntaacuteria dos

pescadores e marisqueiras confirmada por meio de assinatura em Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO H)

3 Resultados e Discussatildeo

31 Anaacutelises microbioloacutegicas

Os resultados das anaacutelises microbioloacutegicas das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo estatildeo

apresentados na Tabela 1 e Tabela 2

Nesse sentido o resultado observado pode ser decorrente dos cuidados de manuseio

adotados pelas marisqueiras apoacutes a formaccedilatildeo incluindo uma maior preocupaccedilatildeo quanto ao

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente Ainda observa-se o fato das

amostras de mariscos serem conservadas congeladas

75

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea

de Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes apoacutes a atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de

Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Considerando como limite maacuteximo para psicrotroacuteficos o valor de 60 log UFCg

estabelecido pela ICMSF (1986) dado que inexiste paracircmetro na legislaccedilatildeo brasileira para os

alimentos estudados 100 das amostras analisadas apoacutes a intervenccedilatildeo apresentaram

atendimento ao criteacuterio internacional com contagens muito inferiores

Noacutebrega (2013) realizou formaccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade localizada tambeacutem em Satildeo Francisco do Conde para as mesmas espeacutecies

estudadas reportando igualmente contagens meacutedias de psicrotroacuteficos inferiores ao limite

ANTES DA INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 351

(235 ndash 428)

238

(118-279)

236

(116 ndash 404)

SURURU 290

(104 ndash 345)

130

(100 ndash 230)

100

(100 ndash 206)

OSTRA 355

(117 ndash 574)

156

(100 ndash 309)

220

(100 ndash 271)

APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 100

(lt100 ndash 178)

165

(lt100 ndash 203)

181

(lt100 ndash 321)

SURURU 100

(lt100 ndash 100)

120

(102 ndash 126)

100

(lt100 ndash 176)

OSTRA 100

(lt100 ndash 100)

139

(lt100 ndash 257)

100

(lt100 -232)

76

internacional apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda Cordeiro et al (2007) em pesquisa com mexilhotildees

(Perna perna) cozidos congelados e armazenados por 90 dias no municiacutepio de Ubatuba-SP

relatam que a contagem obtida para psicrotroacuteficos de 185 log UFCg situa-se abaixo dos

niacuteveis associados com a deterioraccedilatildeo do pescado

Songsaeng et al (2010) em estudo para avaliar o efeito do congelamento na qualidade

de ostras (Crassostrea belcheri) na Tailacircndia constataram reduccedilatildeo na contagem de

psicrotroacuteficos agrave medida em que aumentava o tempo de armazenamento possivelmente devido

agraves injuacuterias associadas agraves temperaturas de congelamento e armazenamento e agrave vulnerabilidade

desses microrganismos Segundo os autores durante o congelamento cristais de gelo intra e

extra-celulares induzem danos irreversiacuteveis nas membranas externa e citoplasmaacutetica das

bacteacuterias reduzindo a contagem de psicrotroacuteficos (DUAN CHERIAN e ZHAO 2010)

Resultados diferentes foram verificados no estudo de Ramos et al (2011) em Santa

Catarina cujas meacutedias de contagem de psicrotroacuteficos foram superiores agraves observadas nesse

estudo para carne de siri e mexilhotildees 745 e 558logUFCg respectivamente sendo a meacutedia

para o siri superior ao limite internacional preconizado

Com relaccedilatildeo aos coliformes a 35ordmC apesar de natildeo existir valor de referecircncia em

pescado pela legislaccedilatildeo brasileira foi possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da sua contagem apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa nas trecircs espeacutecies estudadas (siri sururu e ostra) embora natildeo

significativa A espeacutecie de marisco que apresentou maior contagem desses microrganismos

nos dois momentos foi o siri

Alguns autores tecircm reportado resultados semelhantes para coliformes agrave 35ordmC como o

de Cordeiro et al (2007) que observaram em mexilhotildees processados uma reduccedilatildeo na

contagem de coliformes agrave 35ordmC apoacutes o congelamento e durante o armazenamento Vieira et

al (2006) constataram uma elevada contagem de coliformes agrave 35ordmC em carne de siri antes da

adoccedilatildeo de medidas de boas praacuteticas com decreacutescimo dos valores apoacutes a implantaccedilatildeo destas

Noacutebrega (2013) descreve uma contagem meacutedia de coliformes a 35ordmC de 321 logUFCg em

carne de siri antes da atividade educativa que reduziu para 215 logUFCg apoacutes a realizaccedilatildeo

desta

Tendo em vista que microrganismos do grupo coliformes satildeo termosensiacuteveis avalia-se

que as contagens verificadas nesse estudo para esse grupo se devem agraves condiccedilotildees precaacuterias de

manuseio no local de beneficiamento resultando em recontaminaccedilatildeo poacutes-processamento

Segundo Holly Young et al (2014) diversos fatores podem determinar a presenccedila de

coliformes no pescado tais como o ambiente onde vivem e tambeacutem como eles foram

coletados e processados Nunes et al (2012) ainda reforccedilam que a presenccedila de coliformes no

77

pescado pode ser decorrente da manipulaccedilatildeo inadequada durante o processamento sem a

adoccedilatildeo de medidas de higiene e condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo insatisfatoacuterias podendo

tambeacutem indicar a eventual presenccedila de enteropatoacutegeno

No que se refere agrave E coli a legislaccedilatildeo brasileira determina que para a categoria de

alimento estudada natildeo seja ultrapassado o limite de 16 log UFCg observando-se nas

amostras de mariscos que a mediana registrada para esse microrganismo foi inferior ao

limite referido nos dois momentos Apenas 63 (n=3) das amostras antes da intervenccedilatildeo

apresentaram o microrganismo sendo duas de siri e uma de sururu natildeo sendo encontrada a

sua presenccedila apoacutes a intervenccedilatildeo

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty observou resultados semelhantes para E coli

constatando a presenccedila deste em 833 das amostras antes da intervenccedilatildeo e sua ausecircncia

apoacutes a intervenccedilatildeo

Escherichia coli eacute um indicador de contaminaccedilatildeo fecal e a sua presenccedila fornece uma

ideia sobre as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias inadequadas (RAMOS et al 2011) Por outro

lado apresenta baixa resistecircncia a tratamentos teacutermicos Em estudo conduzido por

Subramanian (2007) evidenciou-se a ausecircncia de E coli apoacutes o cozimento e o

congelamento de carne de caranguejo confirmando que o processamento realizado reduziu

significativamente a contagem dos microrganismos presentes

Deste modo os achados do presente estudo podem refletir uma melhoria nas

condiccedilotildees de manuseio dos mariscos como pode ser observado durante o acompanhamento

in loco realizado apoacutes a intervenccedilatildeo no qual as marisqueiras demonstraram haacutebitos de

higiene pessoal mais cuidadosos em virtude da atividade educativa recebida

Na anaacutelise dos resultados ainda verificou-se uma correlaccedilatildeo positiva entre

coliformes agrave 35ordmC e Escherichia coli (ρ=0219 plt005) Posto que Escherichia coli eacute um

microrganismo pertencente ao grupo dos coliformes pressupotildee-se uma tendecircncia de aumento

da sua contagem agrave medida que aumenta a contagem de coliformes agrave 35ordmC

Entre as amostras analisadas natildeo foi detectada a presenccedila de Salmonella spp para as

trecircs espeacutecies estudadas nos dois momentos estando a totalidade em conformidade com a

legislaccedilatildeo vigente para este indicador

No trabalho de Ramos et al (2011) similarmente natildeo foi identificada a presenccedila de

Salmonella spp em diferentes espeacutecies de frutos do mar bem como nos estudos de Vieira et

al (2006) com carne de siri beneficiada em Antonina-PR e no de Noacutebrega (2013) com

carne de siri sururu e ostra na Ilha do Paty Satildeo Francisco do Conde-BA ambos realizados

antes e apoacutes treinamento em BPP

78

A Salmonella spp quando presente em produtos da pesca e crustaacuteceos pode ser

proveniente da manipulaccedilatildeo no desembarque ou do processamento (DUARTE et al 2010)

No entanto a aplicaccedilatildeo correta de procedimentos no processamento e medidas de higiene e

sanitizaccedilatildeo contribuem para a prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo deste microrganismo (VIEIRA et

al 2006)

Em relaccedilatildeo aos estafilococos coagulase positiva verificou-se uma reduccedilatildeo da

mediana apoacutes a intervenccedilatildeo para o siri e a ostra poreacutem natildeo significativa Na legislaccedilatildeo

brasileira preconiza-se o valor de 30 log UFCg como limite maacuteximo para este

microrganismo nesse tipo de alimento Sendo assim 146 (n=7) das amostras ainda

apresentaram contagens superiores ao estabelecido para esse microrganismo apoacutes a

intervenccedilatildeo

No presente estudo apesar das melhorias observadas na manipulaccedilatildeo dos mariscos no

acompanhamento in loco apoacutes a intervenccedilatildeo principalmente no que se refere agrave higiene

pessoal natildeo foi verificado o uso de luvas medida que impede o contato direto das matildeos do

manipulador com o alimento Vale ressaltar ainda que as marisqueiras podem apresentar

ferimentos nas matildeos decorrentes da coleta dos mariscos no mangue e do trabalho de

beneficiamento o que pode ter contribuiacutedo para a presenccedila deste microrganismo mesmo apoacutes

a atividade educativa Aleacutem disso pode representar tambeacutem falha como exemplo o excesso

de manipulaccedilatildeo e abuso do tempo de exposiccedilatildeo desses produtos agrave temperatura ambiente ndash

sobretudo no caso do siri cuja extraccedilatildeo da carne eacute mais demorada depois da cocccedilatildeo

favorecendo o desenvolvimento microbiano

Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Noacutebrega (2013) no qual

evidenciou-se que 833 das amostras de siri apresentaram contagem superior ao preconizado

pela legislaccedilatildeo mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

No estudo de Vieira et al (2006) para verificar o efeito da adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas e

a qualidade de carne de siri beneficiado em Antonina-PR ao trabalhar com trecircs grupos de

manipuladores - que natildeo recebeu orientaccedilotildees que recebeu orientaccedilotildees quanto aos

procedimentos de higienizaccedilatildeo e que teve orientaccedilotildees referentes aos procedimentos de

higienizaccedilatildeo e ao tempo de exposiccedilatildeo do produto agrave temperatura ambiente - observaram

amostras com contagens de estafilococos coagulase positiva de 308 382 e 336 logUFCg

respectivamente sendo superior ao limite determinado pela legislaccedilatildeo Os referidos autores

apenas obtiveram contagem inferior ao limite no grupo que teve aleacutem das orientaccedilotildees quanto

as medidas de higienizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo do produto a temperatura ambiente a orientaccedilatildeo do

uso de luvas

79

Ramos et al (2011) em seu estudo encontraram contagem meacutedia de estafilococos

coagulase positiva dentro do limite estabelecido para carne de siri (256 log UFCg) e de

mexilhotildees (20 log UFCg) preacute-cozidos e refrigerados comercializados em uma ilha de Santa

Catarina Os referidos autores ressaltam que os mariscos satildeo muito manipulados uma vez que

a carne eacute separada manualmente apoacutes a cocccedilatildeo

Os estafilococos estatildeo amplamente envolvidos em surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

devido agrave manipulaccedilatildeo de alimentos cozidos por pessoas que carreiam este microrganismo Os

estafilococos tem por habitat natural o nariz do homem sendo transferidos para as matildeos e

dedos (LUES e VAN TONDER 2007) quando natildeo satildeo seguidos cuidados de higiene pessoal

Ainda podem passar a constituir parte da microbiota temporaacuteria das matildeos quando haacute

presenccedila de ferimentos e infecccedilotildees nestas (ABD-ELALEEM 2014)

As intoxicaccedilotildees causadas por estafilococos e doenccedilas relacionadas tecircm apresentado

aumento ao longo dos anos e nem mesmo o uso de luvas e a praacutetica da lavagem das matildeos

eliminam completamente o risco de contaminaccedilatildeo No entanto a combinaccedilatildeo do uso de luvas

com a lavagem adequada das matildeos pode reduzir o risco de contaminaccedilatildeo pelo microrganismo

(SOARES et al 2012)

De acordo com Ramos et al (2011) apoacutes o processamento a qualidade

microbioloacutegica de mariscos pode refletir a microbiota inicial do produto os equipamentos a

higiene pessoal o tratamento teacutermico aplicado o controle do binocircmio tempotemperatura a

utilizaccedilatildeo das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo assim como o cuidado com a embalagem e o

congelamento

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

321 pH

O pH de um alimento eacute determinado sobretudo por grupos livres carboxilo e amino

presentes em compostos de baixo peso molecular e em menor proporccedilatildeo por

macromoleacuteculas (proteiacutenas aacutecidos nucleicos polissacariacutedeos) (CRUZ-ROMERO et al

2007) Assim as alteraccedilotildees no pH podem ser utilizadas como um indicador de mudanccedila post-

mortem como a conversatildeo de glicogecircnio em aacutecido laacutectico e a degradaccedilatildeo de componentes

musculares como proteiacutenas e nucleotiacutedeos durante o armazenamento a longo prazo

(SONGSAENG et al 2010)

80

Os resultados de pH das amostras avaliadas nas etapas antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

encontram-se apresentados na Tabela 3

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha

das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Na anaacutelise dos resultados de pH antes e apoacutes a intervenccedilatildeo observou-se que o siri foi

a espeacutecie que apresentou maiores valores de mediana em ambos os momentos Contudo nos

dois momentos os valores de mediana de pH para as trecircs espeacutecies registraram valores de pH

proacuteximos a neutralidade e ainda valores alcalinos sugerindo uma deterioraccedilatildeo Poreacutem as

amostras analisadas natildeo estavam em seu estado in natura uma vez que foram processadas

submetidas a cozimento congelamento e armazenamento

A legislaccedilatildeo brasileira determina que o pH para a carne interna de peixes deve ser

inferior a 650 (BRASIL 1997) Todavia dado que a legislaccedilatildeo natildeo considera as

especificidades da composiccedilatildeo quiacutemica das diferentes espeacutecies de pescado estudadas natildeo se

pode classificar as amostras como natildeo conformes

Algumas faixas de pH satildeo citadas na literatura para as diferentes espeacutecies de pescado

70 para o caranguejo crustaacuteceo semelhante ao siri 65 para moluscos em geral e 63 para

ostra (JAY 2005)

Os moluscos em sua composiccedilatildeo apresentam um alto teor de carboidratos em sua

maior parte na forma de glicogecircnio e em menor parte de nitrogecircnio ocasionando um

processo de deterioraccedilatildeo basicamente fermentativo enquanto a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute

semelhante dos peixes com produccedilatildeo de compostos alcalinos (JAY 2005)

O sururu espeacutecie pertencente ao grupo dos moluscos bivalves receacutem-capturado

apresenta valor de pH em torno de 65 sem que esteja deteriorado e apoacutes a cocccedilatildeo observa-

pH

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

APOacuteS A

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 824

(801 ndash 839)1

830

(812 ndash 840)1

SURURU 718

(702 ndash 739)1

725

(712 ndash 740)1

OSTRA 671

(660 ndash 680)1

670

(660 ndash 680)1

81

se um pH com meacutedia de 70 (SOUZA et al 2014) Deste modo o pH elevado pode estar

relacionado agrave composiccedilatildeo quiacutemica da espeacutecie estudada e ao processo de cocccedilatildeo

Segundo Dhanapal et al (2012) apoacutes a cocccedilatildeo do pescado haacute um aumento do pH que

pode estar associado agrave quebra da ligaccedilatildeo de hidrogecircnio e interaccedilotildees eletrostaacuteticas Tambeacutem o

aquecimento do muacutesculo ou de miofibrilas isoladas geralmente resulta em um aumento de pH

Assim apesar das amostras de mariscos em quase sua totalidade apresentarem pH superiores

ao padratildeo natildeo eacute possiacutevel afirmar que estivessem improacuteprias para o consumo

Cordeiro et al (2007) observaram em mexilhotildees (Perna perna) submetidos agrave cocccedilatildeo

uma meacutedia de pH de 69 permanecendo estaacutevel apoacutes congelamento e armazenamento

Noacutebrega (2013) verificou valores de pH em sururu de 69 e 714 antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

respectivamente sendo semelhantes aos achados neste estudo Resultados divergentes foram

referidos por Lima et al (2013) cujo valor de pH em mexilhotildees (Perna perna) processados

em Santa Catarina foi de 656

Nesse contexto considera-se que a variaccedilatildeo de pH nas diferentes espeacutecies nem

sempre estaacute relacionada com a qualidade sensorial e microbioloacutegica do produto havendo uma

necessidade de estudos especiacuteficos para determinar o pH em moluscos bivalves uma vez que

durante o processo de decomposiccedilatildeo o pH difere entre as diversas espeacutecies de bivalves

(LIMA et al 2013)

Quanto aos resultados obtidos para ostras Noacutebrega (2013) registra valores de pH para

carne de ostra um pouco inferiores aos obtidos nesse estudo sendo 623 e 645 antes e depois

da intervenccedilatildeo respectivamente Cruz-Romero et al (2007) ao aplicarem diferentes

tratamentos teacutermicos em ostras do Paciacutefico (50degC durante 10 minutos e 75degC durante 8

minutos) verificaram valores meacutedios de pH de 645 e 658 respectivamente sendo inferiores

ao observado no atual estudo Apoacutes o uso do tratamento teacutermico houve um aumento do pH

que foi justificado pela reduccedilatildeo do nuacutemero de grupos aacutecidos em proteiacutenas musculares

No que concerne ao siri Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty relata valores meacutedios de pH

para carne de siri beneficiada de 812 antes da intervenccedilatildeo e de 815 apoacutes a intervenccedilatildeo

Anacleto et al (2011) constataram em carne de caranguejo cozido e congelado provenientes

de Portugal valores de pH em torno de 80 fato que segundo os autores pode ser relacionado

com a formaccedilatildeo de produtos de decomposiccedilatildeo baacutesicos

Lorentzen et al (2014) em avaliaccedilatildeo da carne de caranguejo (Paralithodes

camtschaticus) retirada do ombro e da perna do animal na Noruega observaram que o pH

aumentava durante o armazenamento refrigerado por quatorze dias variando entre 73 a 78 e

76 a 79 respectivamente sugerindo tambeacutem a produccedilatildeo de compostos baacutesicos a partir da

82

decomposiccedilatildeo das proteiacutenas Os autores salientaram ainda que o pH dos caranguejos eacute

geralmente mais elevado do que o de peixes devido a um teor mais elevado de compostos

nitrogenados natildeo proteicos ndash amoniacuteaco e trimetilamina

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT)

Os resultados de N-BVT obtidos antes e depois da intervenccedilatildeo encontram-se

apresentados na Tabela 4

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) (mgN100g) nas amostras de

mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e

apoacutes a intervenccedilatildeo educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Para todas as espeacutecies estudadas observou-se uma reduccedilatildeo nos valores de N-BVT

comparando-se os momentos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo registrando-se diferenccedila significativa

dos valores de N-BVT para o siri (plt005) e para a ostra (plt0001) Entre as espeacutecies notou-

se que o siri apresentou maior mediana em ambos os momentos No entanto a legislaccedilatildeo

brasileira determina apenas o limite para N-BVT na carne interna de peixes devendo ser

inferior a 30mgN100g (BRASIL 1997)

Os resultados observados para esse paracircmetro foram satisfatoacuterios podendo ser

decorrente da adoccedilatildeo das boas praacuteticas durante o beneficiamento No entanto como pode ser

constatado durante o acompanhamento in loco o siri dentre as espeacutecies estudadas tem maior

manipulaccedilatildeo para retirada da carne da carapaccedila tornando-se mais exposto a alteraccedilotildees

microbioloacutegicas e quiacutemicas

N-BVT

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

DEPOIS DA

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 1421

(1092 ndash 4750)1

743

(558 ndash 815)1

SURURU 553

(372 ndash 764)1

464

(371 ndash 465)1

OSTRA 600

(460 ndash 1000)1

373

(372 ndash 475)1

83

Nos crustaacuteceos ainda os valores altos de N-BVT podem decorrer da presenccedila de

elevadas quantidades de aminoaacutecidos livres e compostos nitrogenados que os tornam

susceptiacuteveis agrave degradaccedilatildeo raacutepida por deterioraccedilatildeo (ANACLETO et al 2011)

Subramanian (2007) ao analisar N-BVT em caranguejo cozido e congelado (Portunus

pelagicus) armazenado em sacos de polietileno a - 41ordmC notou um aumento de 27

mgN100g no dia zero de armazenamento para 3507 mgN100g apoacutes 120 dias de

armazenamento No entanto as amostras estudadas natildeo foram julgadas como improacuteprias para

o consumo posto que existem poucas informaccedilotildees disponiacuteveis sobre o limite de

aceitabilidade em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos em moluscos congelados e

mariscos

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty-BA verificou uma diferenccedila nos valores meacutedios de

N-BVT antes e apoacutes a intervenccedilatildeo em Boas Praacuteticas de 3290 para 1643 mgN100g no siri

de 480 para 387 mgN100g na ostra e de 519 para 484 mgN100g no sururu

Algumas espeacutecies de pescado como caccedilotildees raias e siris apresentam valores de bases

volaacuteteis totais elevados sem que necessariamente estejam deterioradas Aleacutem disso a

formaccedilatildeo de bases volaacuteteis totais em amostras cozidas tambeacutem pode ser agravada por

degradaccedilatildeo teacutermica durante o processo de cozimento e pelo congelamento que ocasiona

ruptura da membrana resultando na liberaccedilatildeo de componentes celulares apoacutes o

descongelamento e consequentemente a formaccedilatildeo de substratos para as accedilotildees enzimaacuteticas e

crescimento microbiano (ZENEBON et al 2008 ANACLETO et al 2011)

Considerando os dois indicadores fiacutesico-quiacutemicos - pH e N-BVT verificou-se uma

correlaccedilatildeo positiva (ρ=0421 plt001) ou seja agrave medida que o niacutevel de pH aumentava o niacutevel

de N-BVT aumentava tambeacutem

Verificou-se tambeacutem uma correlaccedilatildeo positiva entre as bases volaacuteteis totais e contagens

de psicrotroacuteficos (ρ=0338 plt001) coliformes agrave 35ordmC (ρ=0207 plt005) e estafilococos

(ρ=0319 plt001) que pode estar associada ao acuacutemulo de compostos alcalinos como

amocircnia e trimetilamina derivadas da accedilatildeo microbiana no pescado durante a sua deterioraccedilatildeo

e que tem sido atribuiacuteda como causa do aumento do pH (SUSANTO et al 2011)

4 Conclusatildeo

Ao avaliar a eficaacutecia da formaccedilatildeo para as marisqueiras por meio das anaacutelises

microbioloacutegicas verificou-se uma melhoria da qualidade dos mariscos analisados apoacutes a

intervenccedilatildeo no entanto ainda foram registradas proporccedilatildeo das amostras de mariscos natildeo

84

conformes para estafilococos coagulase positiva ainda decorrentes de falhas existentes

durante o beneficiamento poacutes-cocccedilatildeo

No que se refere aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos constatou-se que a legislaccedilatildeo vigente

natildeo contempla as espeacutecies estudadas Dessa forma natildeo foi possiacutevel afirmar a natildeo

conformidade das amostras de mariscos em relaccedilatildeo a esse padratildeo principalmente o pH uma

vez que os valores de bases volaacuteteis totais encontrados foram inferiores ao padratildeo brasileiro

que eacute especiacutefico para outras espeacutecies de pescado

Os resultados apontam a necessidade de maior conhecimento das caracteriacutesticas

proacuteprias das espeacutecies estudadas e das alteraccedilotildees que podem ocorrer com os mariscos durante

as diferentes etapas de processamento bem como de adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo vigente de

modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo

sugere-se a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e controles mais efetivos

utilizando sobretudo atividades praacuteticas visando o melhor aperfeiccediloamento do trabalho o

atendimento dos padrotildees teacutecnicos estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Aleacutem disso sugere-se que novos estudos devem ser conduzidos de modo a caracterizar

melhor o comportamento das diferentes espeacutecies de pescado in natura e apoacutes aplicaccedilatildeo de

processos de conservaccedilatildeo

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a Luiacutes Fernandes Pereira Santos pelo apoio teacutecnico e agrave

Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

6 Referecircncias

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89

Consideraccedilotildees finais

Os resultados desse estudo demonstraram que a estrateacutegia de intervenccedilatildeo utilizada

favoreceu a boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade e interaccedilatildeo entre os instrutores e a

comunidade Por outro lado ainda foram identificadas necessidades de aperfeiccediloamento na

conduccedilatildeo da formaccedilatildeo incluindo o aumento tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e uma

maior ecircnfase na abordagem dos controles de temperatura e tempo

Apesar das mudanccedilas positivas observadas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo dos mariscos

durante o beneficiamento coexistiam inadequaccedilotildees na estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento dadas as condiccedilotildees de vida e o baixo poder aquisitivo das marisqueiras

Ao avaliar a eficaacutecia da atividade formativa por meio das anaacutelises microbioloacutegicas

evidenciou-se uma melhoria na qualidade dos mariscos registrando-se ainda proporccedilatildeo das

amostras de mariscos natildeo conformes o que decorre de falhas ainda existentes durante o

beneficiamento nas etapas poacutes-cocccedilatildeo Quanto aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos natildeo foi

possiacutevel afirmar a natildeo conformidade das amostras analisadas uma vez que a legislaccedilatildeo

vigente natildeo contempla as espeacutecies estudadas apontando-se a necessidade de adequaccedilatildeo desta

de modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo os

resultados sugerem tambeacutem a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e

controles mais efetivos visando o aprimoramento do trabalho o atendimento dos padrotildees

estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividades educativas e acompanhamentos periodicamente

reforccedilando os conceitos e as praacuteticas a serem adotadas com vistas a garantir a inocuidade dos

mariscos comercializados

90

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO

Qualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras fazendo melhor na Ilha das Fontes

Local Sede - Ilha das Fontes

Data 08 a 10 de julho de 2014 Horaacuterio 1400 agraves 1700 hs

FICHA DE INSCRICcedilAtildeO

Nome ____________________________________________

Sexo Masc ( ) Fem ( ) Idade _______ anos

Escolaridade ____________________________________

Profissatildeo __________________________________

Tempo de trabalho com mariscos ___________________anos

Comunidade Pesqueira __________________________

Telefone para contato _________________________________

OBS Ao final os participantes receberatildeo certificado

Universidade Federal da Bahia

Escola de Nutriccedilatildeo

91

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS PRAacuteTICAS

Certificamos que

___________________________________________ participou do

curso ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo realizado na Sede

Comunitaacuteria da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA

nos dias 08 09 e 10 de julho de 2014 com dez horas de duraccedilatildeo

CERTIFICADO

_________________________

Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Coordenadora do Curso

____________________________

Dalva Maria da Noacutebrega Furtunato

Vice-Coordenadora do Curso

92

ANEXOS

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS DOS ALIMENTOS

R Arauacutejo Pinho 32 ndash Canela CEP 40110-150 Tel (71) 3283-7700 Fax 3283-7701

Consulta aos pescadores e marisqueiras para fins de treinamento

Nome_______________________________________________________

Atividade Pescador ( ) Marisqueira ( )

1 Quais os assuntos que vocecirc considera mais importantes para serem estudados em

treinamento sobre a pesca e os cuidados com o pescado

______________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2 Como vocecirc gostaria que as aulas fossem dadas

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

3 Que local(ais) da sua comunidade pode(m) ser indicado(s) para realizaccedilatildeo deste

treinamento

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

93

4 Em quais dias da semana a realizaccedilatildeo do treinamento ficaria melhor

Nos dias uacuteteis ndash segunda a sexta ( ) No final de semana ( )

Se dias uacuteteis indicar os dois melhores __________________________________

5 Em que turno

Manhatilde ( ) Tarde ( ) Qualquer turno ( )

6 Vocecirc se tem interesse e disponibilidade para participar deste treinamento

Sim ( ) Natildeo ( )

94

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS

Responsaacutevel pela visita__________________________ Data da visita _________

IDENTIFICACcedilAtildeO DO (A) MARISQUEIRO(A)

01 Nome completo ________________________________________________________________________________

LISTA DE VERIFICACcedilAtildeO DE PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE MARISCOS

ADAPTADA RESOLUCcedilAtildeO - RDC Ndeg 216 DE 15092004

ITENS AVALIADOS SIM NAtildeO N A Observaccedilatildeo

1 EDIFICACcedilOtildeES INSTALACcedilOtildeES MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

11-A casa dispotildee de rede de esgoto ou fossa seacuteptica

12- As caixas de gordura e de esgoto estatildeo localizadas fora da aacuterea de

preparaccedilatildeo e armazenamento dos mariscos apresentando adequado estado de

conservaccedilatildeo e funcionamento

13- Os ralos satildeo tampados e sifonados

95

14- A aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos estaacute livre de objetos em desuso e

de animais de estimaccedilatildeo

15- Os equipamentos utilizados apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis

resistentes natildeo-absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

151- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

16- Os utensiacutelios apresentam superfiacutecies lisas resistentes natildeo absorventes

sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica e de material apropriado (natildeo

utilizaccedilatildeo de madeira)

161- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

17-As mesas apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis resistentes natildeo-

absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

171- Se mesa de madeira existe proteccedilatildeo com plaacutestico transparente

172- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

2 HIGIENIZACcedilAtildeO DE INSTALACcedilOtildeES EQUIPAMENTOS

MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

21-A aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos eacute higienizada sempre que necessaacuterio

e apoacutes o teacutermino do trabalho

22- As etapas de higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees satildeo cumpridas garantindo as

condiccedilotildees de limpeza

23- As etapas de higienizaccedilatildeo de utensiacutelios equipamentos satildeo cumpridas

garantindo as condiccedilotildees de limpeza

24- A higienizaccedilatildeo de utensiacutelios eacute realizada antes e apoacutes o uso

96

25- A frequecircncia de higienizaccedilatildeo do equipamento (geladeira eou freezer) eacute

adequada

26- Os panos de limpeza vassouras rodos esponjas e escovas satildeo de uso

exclusivo para a higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios

261- Satildeo higienizados apoacutes o uso e estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

262- Satildeo guardados em local adequado

3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS

31- Verifica-se a presenccedila de insetos animais de estimaccedilatildeo ou vestiacutegios

(fezes) de animais na aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos

32- Existe alguma medida preventiva (uso de rodapeacutes telas nas janelas

ralos com tampas ou sifonados lixeira com tampa) para evitar a incidecircncia

de vetores e pragas no local de preparaccedilatildeo dos mariscos

33-Eacute utilizado algum produto quiacutemico para controle de pragas

34- Os produtos quiacutemicos satildeo devidamente registrados

35- Os produtos quiacutemicos satildeo guardados separados dos alimentos

4 ABASTECIMENTO DE AacuteGUA

41- A aacutegua utilizada para a produccedilatildeomanipulaccedilatildeo dos mariscos eacute da rede

puacuteblica de abastecimento

42- Os reservatoacuterios de aacutegua possuem tampas e encontram-se em bom

estado de conservaccedilatildeo e protegidos de contaminaccedilatildeo

43 A limpeza dos reservatoacuterios de aacutegua eacute realizada semestralmente e esta

97

conduta eacute registrada

44- O gelo utilizado eacute produzido na residecircncia

45- O gelo eacute produzido com aacutegua potaacutevel e sob condiccedilotildees de higiene

46- O gelo produzido eacute acondicionado em recipiente higienizado

5 MANEJO DOS RESIacuteDUOS

51- Os recipientes para lixo satildeo de material adequado de faacutecil limpeza e

satildeo revestidos com sacos plaacutesticos

511- Satildeo higienizados com frequecircncia

52- O lixo eacute mantido em local que natildeo oferece risco de acesso a pragas e

animais e isolado das aacutereas de produccedilatildeomanipulaccedilatildeo de mariscos

521- Eacute descartadoincinerado com frequecircncia

6 MARISQUEIRAS (OS)

61- As (os) marisqueiras (os) apresentam higiene corporal adequada roupas

limpas cabelos protegidos e totalmente cobertos unhas curtas limpas e sem

esmalte e sem utilizaccedilatildeo de adornos (brincos aneacuteis reloacutegios)

62- As (os) marisqueiras (os) executam a higiene correta das matildeos sempre

que se fizer necessaacuterio e de forma adequada

63- As (os) marisqueiras (os) evitam comportamentos atitudes e gestos

incorretos (fumar tossir sobre os alimentos cuspir comer manipular

dinheiro etc) durante a manipulaccedilatildeo

64- As (os) marisqueiras (os) quando estatildeo com ferimentos lesotildees nas

98

matildeos nos braccedilos e infecccedilotildees respiratoacuterias natildeo manipulam os mariscos

7 MATEacuteRIAS-PRIMAS PREPARO DOS MARISCOS E

EMBALAGENS

71- Eacute realizada lavagem dos mariscos apoacutes captura para a remoccedilatildeo das

sujidades com aacutegua potaacutevel

72- Existe seleccedilatildeo dos mariscos antes do cozimento

73- Eacute utilizada aacutegua potaacutevel para lavagem e cozimento dos mariscos

74- Durante o cozimento existe controle do tempo de contato do marisco

com a aacutegua fervente

75- Apoacutes o cozimento os mariscos satildeo resfriados sob superfiacutecie limpa e

adequada (afastado do chatildeo e de animais)

76- Durante a cataccedilatildeo satildeo utilizados utensiacutelios limpos e em bom estado de

conservaccedilatildeo

77- As matildeos satildeo devidamente higienizadas

78- Satildeo utilizados utensiacutelios (escumadeira colher etc) limpos para o

porcionamento dos mariscos nas embalagens

79- As embalagens utilizadas satildeo limpas transparentes e adequadas para o

armazenamento dos mariscos

710- O tempo entre o cozimento e o acondicionamento dos mariscos sob o

frio excede 30 minutos

711- O marisco preparado e armazenado sob refrigeraccedilatildeo ou congelamento

possui identificaccedilatildeo

99

Lembrar as meninas para alguns detalhes

Natildeo Aplicaacutevel

OBS Observar e perguntar as marisqueiras quanto tempo o produto (marisco) fica em temperatura ambiente ateacute o resfriamento

100

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM

Cara (o) marisqueira ou pescador

Dando continuaccedilatildeo agraves atividades do Projeto aproveitamos o momento para conversarmos

sobre algumas questotildees que devem ser respondidas primeiramente em pequenos grupos e depois

compartilhadas com todos os participantes da nossa Roda de Conversa

Segue a tarefa

1 Como se sentiu com a realizaccedilatildeo do curso considerando o trabalho (mariscagem)

2 Apoacutes o curso houve mudanccedila no seu trabalho como marisqueira Se sim qual (ais)

3 O que jaacute era feito e vocecirc reforccedilou o seu cuidado

4 Vocecirc discorda de algo que foi mostrado de Boas Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo dos mariscos

5 Foi difiacutecil fazer mudanccedilas no seu modo de trabalhar

O que foi mais faacutecil O que foi mais difiacutecil

6 Como se sente com as mudanccedilas feitas

7 O que falta para ficar melhor

8 O que sugere para as proacuteximas atividades

Agradecemos pela sua participaccedilatildeo

Um abraccedilo

Equipe de Nutriccedilatildeo (UFBA) e Equipe de Fisioterapia (UNEB)

Mariscagem

101

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DAS ETAPAS DE SENSIBILIZACcedilAtildeO

E DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS

FICHA DE AVALIACcedilAtildeO

Sua opiniatildeo sobre o curso eacute muito importante para noacutes Por gentileza responda as questotildees

abaixo

1 Explicaccedilatildeo dos assuntos

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

2 Recursos utilizados

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

3 Ritmo das atividades

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

4 Resposta das perguntas feitas

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

5 Considero minha aprendizagem

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

6 O que poderia ser diferente

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 O que faltou ser abordado

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

102

8 O que vocecirc mais gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

9 O que vocecirc natildeo gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10 OBSERVACcedilOtildeES (Aqui vocecirc escreve o que quiser)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

103

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA E

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

REALIZACcedilAtildeO

APOIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

Maio - 2014

104

Esta cartilha tem como objetivo fornecer conceitos baacutesicos em

higiene de alimentos agraves marisqueiras que frequentaram o curso de

capacitaccedilatildeo ministrado por professores e alunos do Mestrado em

Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e do Mestrado em

Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Universidade Federal da Bahia

O curso visa aumentar a qualidade dos mariscos manipulados

e processados pelas marisqueiras que vivem em cidades e distritos

proacuteximos agrave regiatildeo da Baiacutea de Todos os Santos mais especificamente na

comunidade Ilha do Paty em Satildeo Francisco do Conde

A Cartilha da Marisqueira faz parte de uma das etapas da

dissertaccedilatildeo de mestrado em Ciecircncia de Alimentos do discente Raphael

Auguste Dantas e contou com a colaboraccedilatildeo das mestrandas Gabriela

Silva da Noacutebrega e Mary Daiane Fontes Santos

As imagens desta cartilha foram extraiacutedas da Cartilha do

Manipulador de Alimentos que faz parte do Projeto APPCC Mesa

organizado em parceria pelo

SENACSENAISEBRAESESCSESIANVISA

1

2 17

105

INTRODUCcedilAtildeO

O catado de marisco (sarnambi sururu ostra siri

caranguejo aratu) eacute um alimento pereciacutevel que pode causar

diversos tipos de doenccedilas caso seja produzido sem os devidos

cuidados de higiene

As condiccedilotildees da mateacuteria-prima equipamentos e utensiacutelios

aleacutem da conservaccedilatildeo do catado em refrigeradores satildeo

fundamentais para obter um alimento seguro entretanto as

etapas de preparo satildeo decisivas para a qualidade final dos

mariscos processados

Um bom preparo iraacute garantir a qualidade higiecircnico-

sanitaacuteria dos catados e esse manual apresenta dicas de como

proceder durante a manipulaccedilatildeo e o processamento desse

alimento

Um alimento de boa qualidade eacute aquele que natildeo oferece

nenhum tipo de perigo para as pessoas que vatildeo consumi-lo

CONCLUSAtildeO

A realizaccedilatildeo do mini-cursoevento de formaccedilatildeo em Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo para as marisqueiras eacute o resultado do

esforccedilo conjunto de comunidades ribeirinhas que vivem nos

municiacutepios e distritos do entorno da Baiacutea de Todos os Santos (em

especial na Ilha do Paty - SFC) e dos docentes e discentes do

Mestrado em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e

do Mestrado de Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Escola de

Nutriccedilatildeo da Universidade Federal da Bahia

Este trabalho buscou aproximar o conhecimento

cientiacutefico da sociedade estabelecendo e concretizando em

harmonia as trecircs dimensotildees de atuaccedilatildeo da UFBA o ensino a

pesquisa e a extensatildeo

106

PERIGOS tudo que pode pocircr em risco a sauacutede das pessoas

Perigos fiacutesicos cascas de mariscos fios de cabelos gratildeos

de areia espinhas de peixes resiacuteduos de esmalte outros

Perigos quiacutemicos desinfetantes detergentes venenos

para ratos baratas e formigas metais e poluentes

ambientais aditivos alimentares

Perigos microbioloacutegicos microrganismos (bacteacuterias

fungos viacuterus entre outros)

Os perigos alimentares tecircm sido referidos ao longo da

Histoacuteria como um problema para a sauacutede do homem Eacute

importante que os alimentos natildeo possuam nenhum tipo de perigo

pois alguns desses podem causar doenccedilas ou ateacute levar a morte

As etapas de lavagem do marisco antes do cozimento e a

cataccedilatildeo satildeo etapas fundamentais para evitar a presenccedila de perigos

fiacutesicos (areia lama resiacuteduo de esmalte) no catado de marisco

3 16

107

HIGIENE PESSOAL

Higiene pessoal significa cuidar da higiene da pele dos

cabelos das unhas da roupa que usa para preparar o marisco

entre outras coisas

Durante o preparo do marisco natildeo se deve utilizar aneacuteis

brincos colares ou esmalte nas unhas porque esses podem se

soltar e cair dentro do alimento

Muitos microrganismos perigosos satildeo transmitidos aos

alimentos pela falta de higiene pessoal durante o preparo a

manipulaccedilatildeo e o processamento dos alimentos

A higiene pessoal de quem trabalha diretamente no

preparo do catado de marisco eacute uma das mais importantes formas

para evitar a contaminaccedilatildeo deste tipo de alimento por microacutebios

A higiene pessoal aleacutem de ser importante para a sauacutede

tambeacutem eacute fundamental para a produccedilatildeo de um alimento seguro

Ter boa higiene pessoal significa

15

5

4

HIGIENE PESSOAL 14

108

13 6

109

110

7

LAVAGEM DAS MAtildeOS

Entre as formas de higiene pessoal a lavagem

correta das matildeos durante o preparo e manipulaccedilatildeo do

catado de marisco eacute sem duacutevida a que mais diminui o risco

de contaminar o alimento com microrganismos

Durante o preparo e manipulaccedilatildeo do catado de

marisco eacute importante lavar as matildeos

Antes de comeccedilar a catar os mariscos

Depois que utilizar o banheiro

Depois de tossir espirrar ou assoar o nariz

Depois de recolher o lixo

Depois de manusear dinheiro

Lembre-se de sempre utilizar sabatildeo ou sabonete para

lavar as matildeos e enxaguar bastante em aacutegua corrente para

natildeo deixar resiacuteduos

12

COMPORTAMENTO DENTRO DA COZINHA

111

LAVAGEM CORRETA DAS MAtildeOS 8

UTENSIacuteLIOS

Utensiacutelios satildeo todos os instrumentos como facas facatildeo

machadinho panelas baldes escorredor garfos bandejas e

vasilhas utilizadas durante o preparo do catado de marisco

O bom estado de conservaccedilatildeo e a higiene dos utensiacutelios

satildeo importantes para garantir a qualidade do produto final

Eles devem ser limpos antes e depois do preparo do

alimento quando deve ser realizada a lavagem com

detergente seguida da sanitizaccedilatildeo com soluccedilatildeo clorada feita a

partir da mistura de 1 colher de aacutegua sanitaacuteria em 1 litro de

aacutegua

O manipulador deve ficar atento para natildeo utilizar o mesmo

utensiacutelio no marisco cru e cozido para evitar a contaminaccedilatildeo

cruzada ou quando estiver manipulando dois tipos diferentes

de mariscos ao mesmo tempo

11

112

AMBIENTE DE TRABALHO

Aleacutem da higiene pessoal a higiene do ambiente de

trabalho tambeacutem eacute importante para a qualidade do alimento

produzido

Antes de comeccedilar a catar o marisco eacute importante limpar o

local onde vai ser feito o preparo e a manipulaccedilatildeo dos

mariscos

Locais fechados como a cozinha satildeo mais faacuteceis de limpar

do que locais abertos como quintais ou varandas

Evitar trabalhar em ambientes sujos na presenccedila de

animais de estimaccedilatildeodomeacutesticos e com lixo exposto e sempre

manter o lixo em vasilhas com a tampa fechada para evitar

atrair ratos e insetos

9

PRAGAS

Os ratos baratas e moscas satildeo atraiacutedos pelo lixo e pelo

forte cheiro do marisco

Eles podem contaminar os alimentos com microrganismos

e transmitir diversos tipos de doenccedilas graves

Outros animais como catildees e gatos tambeacutem podem

contaminar os alimentos com microacutebios por isso a cataccedilatildeo dos

mariscos deve ser realizada em um local bem afastado do lixo

e de animais domeacutesticos

Sempre deve ser realizado o combate dessas pragas

evitando que eles se alimentem dos restos dos alimentos e

possam se multiplicar

10

113

CINCO CHAVES PARA SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) haacute muito tempo adverte para a importacircncia da formaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos no que diz

respeito agrave sua responsabilidade na seguranccedila alimentar Em 2001 a OMS criou o Manual das ldquoCinco Chaves para uma Alimentaccedilatildeo mais Segurardquo que

compreende os seguintes princiacutepios

(1) Manter a limpeza das matildeos das superfiacutecies equipamentos e utensiacutelios utilizados na preparaccedilatildeo e manipulaccedilatildeo dos alimentos (mariscos)

(2) Separar os alimentos crus (carnes peixes e mariscos) de alimentos cozidos utilizar diferentes equipamentos e utensiacutelios como facas e taacutebuas de corte

para alimentos crus e cozidos e guardar os alimentos em recipientes ou embalagens fechadas para que natildeo haja contato entre esses alimentos

(3) Cozinhar bem os alimentos especialmente carne ovos peixe e mariscos em temperaturas acima de 70degC

114

(4) Manter os alimentos a temperaturas seguras fora da zona de perigo 5deg C a 65deg C Natildeo deixar alimentos cozidos por mais de 2 horas agrave temperatura

ambiente refrigerar rapidamente os alimentos cozidos eou pereciacuteveis preferencialmente abaixo de 5ordmC natildeo descongelar os alimentos agrave temperatura

ambiente

(5) Utilizar aacutegua e mateacuterias-primas seguras como por exemplo aacutegua potaacutevel ou trate-a para que se torne segura (ferver ou filtrar a aacutegua) selecionar

alimentos variados e frescos lavar frutas e vegetais especialmente se forem consumidos crus e natildeo utilizar alimentos com o prazo de validade expirado

(vencido)

115

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS

116

117

118

ANEXO G ndash GUIA DE HIGIENIZACcedilAtildeO DA CAIXA D`AacuteGUA

PASSO A PASSO COMO LIMPAR SUA CAIXA DrsquoAacuteGUA

1) Programe o dia da lavagem da sua caixa drsquoaacutegua Decirc preferecircncia ao fim de semana

2) Feche o registro da entrada da casa ou amarre a boia

3) Reserve aacutegua para uso durante o periacuteodo que estiver limpando

4) Deixe um palmo de aacutegua na caixa drsquoaacutegua que seraacute utilizada para a limpeza

5) Tampe a saiacuteda de aacutegua do fundo da caixa com um pano limpo Assim a sujeira natildeo desce pela

tubulaccedilatildeo

6) Esfregue as paredes e o fundo com escova de fibra vegetal ou bucha de fio plaacutestico macio

Nunca use sabatildeo detergente ou produto quiacutemico Natildeo usar palha de accedilo e vassoura

7) Remova a aacutegua suja da caixa drsquoaacutegua com balde caneco e pano Natildeo deixe essa aacutegua descer

pelos canos para natildeo contaminar

8) Deixe a saiacuteda do fundo tampada e deixe entrar mais um palmo de aacutegua Adicione 1 Litro de

aacutegua sanitaacuteria para cada 1000 Litros da caixa drsquoaacutegua

9) Usando luvas e botas de borracha limpos molhe as paredes com a soluccedilatildeo usando uma

brocha balde caneca ou pano Repita + 3 vezes a cada 30 minutos

10) Ainda com o registro fechado retire o pano da saiacuteda do fundo da caixa esvaziando totalmente

Abra as torneiras da casa e decirc descarga para desinfetar a rede interna

11) Abra o registro Enxague as paredes laterais com a aacutegua que estaacute entrando Deixe escoar essa

aacutegua pela rede interna Natildeo a utilize

12) Lave bem a tampa por dentro e feche a caixa direito para natildeo entrar pequenos animais insetos

ou sujeira

13) Anote a data da limpeza e programe a proacutexima limpeza a cada 6 meses

119

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO FACULDADE DE FARMAacuteCIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Projeto A cadeia produtiva de pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco

agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Prezado (a) Sr (a)

Eu fui convidado(a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada A cadeia produtiva de

pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar sob a responsabilidade da pesquisadora Profa Ryzia de

Cassia Vieira Cardoso

Fui esclarecido(a) que o objetivo da pesquisa eacute caracterizar a pesca e o comeacutercio de pescados em

Satildeo Francisco do Conde-BA visando contribuir para a melhoria da qualidade da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo dos pescados e da condiccedilatildeo de vida dos trabalhadores dessas atividades

Estou ciente que serei entrevistado pelos pesquisadores encarregados do Projeto no que se refere

agraves minhas condiccedilotildees de vida escolaridade sauacutede moradia e trabalho e as condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo conservaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do pescado de forma livre e de acordo com minha

vontade assinando esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Fui informado(a) que os dados seratildeo coletados no meu local de trabalho e tambeacutem que os

pesquisadores comprometem-se a utilizar as informaccedilotildees obtidas exclusivamente 117

120

para os fins estabelecidos no projeto incluindo a elaboraccedilatildeo de relatoacuterios que seratildeo entregues agrave

Prefeitura e a publicaccedilatildeo dos resultados sejam eles favoraacuteveis ou natildeo

Fui alertado(a) ainda que natildeo receberei nenhum pagamento nem equipamento de pesca ou outros

equipamentos pelas informaccedilotildees que prestarei aos pesquisadores podendo desistir em qualquer

etapa e retirar meu consentimento sem penalidades prejuiacutezo ou perdas e que os dados fornecidos

permaneceratildeo sob sigilo absoluto assegurando o meu anonimato

Estou ciente que terei acesso aos dados registrados e reforccedilo que natildeo fui submetido (a) a coaccedilatildeo

induccedilatildeo ou intimaccedilatildeo

Fui informado(a) que os resultados que seratildeo conseguidos nessa pesquisa auxiliaratildeo a Prefeitura

Municipal de Satildeo Francisco do Conde a tomar decisotildees para melhorar a seguranccedila alimentar e a

inclusatildeo social da comunidade envolvida

Informo ainda que concordo com o que foi dito e estou recebendo coacutepia deste papel

Finalmente fui informado(a) que em caso de duacutevida ou maiores esclarecimentos poderei entrar

em contato com a pesquisadora Profa Ryzia de Cassia Vieira Cardoso na Escola de Nutriccedilatildeo da

UFBA localizada na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador ou pelos telefones (71) 3283-

77007695 email ryziaufbabr ou no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de

NutriccedilatildeoUFBA na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador telefone 3283-7704 ou pelo email

cepnutufbabr

Local ________________ ___________ Data ________________

Nome do entrevistado __________________________________________________

Declaro que recebi de forma voluntaacuteria e apropriada o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para participaccedilatildeo nesta pesquisa

Local ________________ ___________ Data ________________

__________________________________________________

Pesquisador Responsaacutevel Ryzia de Cassia V Cardoso - Tel (71) 3283-77007695 E-mail

ryziaufbabr

121

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA

122

MARIANA MARTINS MAGALHAtildeES DE SOUZA

INTERVENCcedilAtildeO EDUCATIVA COM MARISQUEIRAS DA ILHA DAS

FONTES SAtildeO FRANCISCO DO CONDE BA UMA EXPERIEcircNCIA

PARA PROMOCcedilAtildeO DA PESCA ARTESANAL

Orientadora Profordf Drordf Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Co-orientadora Profordf DrordfAlaiacutese Gil Guimaratildees

SALVADOR

2015

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo

em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia da

Universidade Federal da Bahia como requisito para a

obtenccedilatildeo do grau de mestre

Sistema de Bibliotecas - UFBA

Souza Mariana Martins Magalhatildees de

Intervenccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde BA

uma experiecircncia para promoccedilatildeo da pesca artesanal Mariana Martins Magalhatildees de Souza -

2016

125 f il

Inclui apecircndices e anexos

Orientadora Profordf Drordf Ryzia de Caacutessia Vieira Cardoso

Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmaacutecia Salvador

2015

1 Pesca artesanal 2 Pescados 3 Alimentos - Qualidade 4 Seguranccedila alimentar

5 Microbiologia - Anaacutelise I Cardoso Ryzia de Caacutessia Vieira II Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Farmaacutecia III Tiacutetulo

CDD - 6392

CDU - 6392

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por me conceder a vida pela forccedila para encarar

toda a jornada e pela sabedoria para desenvolver as atividades da melhor forma possiacutevel e

natildeo desistir nunca

Aos meu pais Dailton e Luciene pelo amor incondicional por acreditarem em mim e

permitirem que chegasse ateacute aqui

Agraves minhas irmatildes Rafa Gabi e Carol pelo amor incentivo e compreensatildeo

Agrave minha avoacute Lelita pelo amor pela oraccedilatildeo diaacuteria e pelo acolhimento

Aos meus tios e tias em especial Josias Luiacutes Dora Nete Rony e Marlene pelo incentivo e

pelo carinho

Agrave minha madrinha Taiana pelo bem querer amor e estiacutemulo

Aos meus primos e primas em especial Mona Cela Duda Geo Jack e Mila pelo apoio e

carinho

Aos meus amigos e amigas em especial Dija Rafa Nine Amon Ismara Mary Juli Drika

El Nenel Stela e Lari pelo incentivo e amor

Agraves minhas irmatildes emprestadas Alana e Laiacutes por acompanharem de perto meus momentos de

felicidade e de desespero e pelo carinho

Agrave minha orientadora Ryzia pelo carinho pelos ensinamentos pela paciecircncia e por ser

realmente uma ldquoorientadorardquo que mesmo que de longe natildeo me deixou desamparada um soacute

segundo mostrando que o conhecimento vai aleacutem do cientiacutefico e que tem um imenso papel

social Quando crescer quero ser igual a vocecirc

Ao grupo SACIA em especial Iacutecaro Iacutesis Aacutequila e Juccedilara porque com vocecircs descobri que

juntos somos apenas um

Aos professores Acircngelo Dalva Alaiacutese e Itaciara por natildeo medirem esforccedilos para me ajudar e

pelo carinho

Aos meus amados e eternos bolsistas e voluntaacuterios Abner Aline Carol Suelen Taate

Thayse Thatimila e Sara pela dedicaccedilatildeo pelo esforccedilo e sorriso diaacuterio mesmo diante dos

percalccedilos

Agraves minhas ldquoCats de Alimentosrdquo Iacutesis Jaque Lana Lari e Mila e aos demais colegas de

mestrado em especial Deacuteia Ceci e Claudinha por compartilharem os momentos bons e

difiacuteceis pois tenho certeza que com vocecircs tudo ficou mais faacutecil

Agraves mestres Gabi Mary Simone Elma e Candice pela contribuiccedilatildeo e pelo carinho

Agrave Luiacutes Ari e Ayse por compartilharem conhecimento e pela imensa ajuda nos momentos em

que precisei

Agrave seu Jorge por me auxiliar na locomoccedilatildeo e permitir que chegasse no meu destino em paz

Agrave todos funcionaacuterios da ENUFBA em especial Dona Nice Ritinha Railda Selma seu

Ademaacuterio Monteiro seu Vivaldo e seu Antocircnio por tornarem meu ambiente de trabalho mais

harmonioso e pelo apoio e carinho

Agrave Mariese pela contribuiccedilatildeo com as anaacutelises dos dados e interpretaccedilotildees estatiacutesticas

Agraves marisqueiras da Ilha das Fontes em especial Ninha Miralva Marinalva Leninha Denilza

e Vacircnia pela receptividade pelo carinho pela ajuda pelos sorrisos pela boa vontade Com

vocecircs me senti acolhida e realmente acreditei que conseguiria chegar ao fim dessa jornada

Agrave prefeitura de Satildeo Francisco do Conde pelo apoio

Agrave FAPESB pelo apoio financeiro

E por fim a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu concluiacutesse mais essa etapa

com ecircxito

Muito obrigada

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 13

OBJETIVOS 15

Geral 15

Especiacuteficos 15

Capiacutetulo I ndash REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 16

1 Pesca artesanal 16

2 A mariscagem 18

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo 20

4 Indicadores de qualidade do pescado 22

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal 25

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento 27

REFEREcircNCIAS 30

Capiacutetulo II - FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA

MARISQUEIRAS UMA EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA

BAIacuteA DE TODOS OS SANTOS BRASIL 39

Resumo 39

Abstract 40

1Introduccedilatildeo 40

2 Material e meacutetodos 42

21 Seleccedilatildeo do local 42

22 Programa de intervenccedilatildeo 42

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias 44

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias 44

25 Anaacutelise de dados 45

3 Resultados e Discussatildeo 45

31 Programa de intervenccedilatildeo 45

311 Sondagem 45

312 Sensibilizaccedilatildeo 45

313 Acompanhamento in loco antes 47

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos 50

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo 55

316 Roda de conversa 61

4 Conclusatildeo 62

5 Referecircncias 63

Capiacutetulo III - EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA

MARISQUEIRAS AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM

INDICADORES MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS 67

Resumo 67

Abstract 68

1Introduccedilatildeo 68

2 Material e Meacutetodos 70

21 Atividade Educativa 70

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa 71

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas 72

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas 73

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos 74

3 Resultados e Discussatildeo 74

31 Anaacutelises microbioloacutegicas 74

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 79

321 pH79

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) 82

4 Conclusatildeo 83

6 Referecircncias 84

Consideraccedilotildees finais 89

APEcircNDICES 90

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO 90

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS

PRAacuteTICAS 91

ANEXOS 92

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM 92

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS 94

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM 100

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS 101

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA 103

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS 115

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 119

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA 121

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 43

Figura 2 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras antes da

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 49

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo da atividade educativa realizada

junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de Todos os

Santos Brasil 20142015 54

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto

ao atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das

Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA 20142015 56

Figura 5 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras apoacutes a

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 59

LISTA DE TABELAS

CAPIacuteTULO II

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes da

formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco

do Conde Brasil 20142015 51

CAPIacuteTULO III

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes depois da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da

Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa

20142015 80

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) nas amostras de mariscos

beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa 20142015 82

LISTA DE QUADROS

CAPIacuteTULO III

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas em planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil

20142015 70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA ndash Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APPCC ndash Anaacutelises de Pontos e Perigos Criacuteticos de Controle

BPF ndash Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo

BPP ndash Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo

DORT ndash Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho

DTA ndash Doenccedilas Transmitidas por Alimentos

EPI ndash Equipamentos de Proteccedilatildeo Individual

FAO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Alimentaccedilatildeo e a Agricultura

FAPESB - Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for Foods

LER - Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo

MAPA ndash Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

N-BVT ndash Bases Volaacuteteis Totais

pH ndash Potencial Hidrogeniocircnico

PIB ndash Produto Interno Bruto

RDC - Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RIISPOA - Regulamento da Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem Animal

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UFBA ndash Universidade Federal da Bahia

UNEB ndash Universidade do Estado da Bahia

APRESENTACcedilAtildeO DO TRABALHO

Esta dissertaccedilatildeo encontra-se dividida em Resumo Abstract Introduccedilatildeo Geral Objetivos

(geral e especiacuteficos) Capiacutetulo I (Revisatildeo Bibliograacutefica) Capiacutetulo II (Artigo Formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos para marisqueiras uma experiecircncia em comunidade pesqueira da

Baiacutea de Todos os Santos Brasil) Capiacutetulo III (artigo Eficaacutecia da formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas

para marisqueiras avaliando resultados com base em indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) Conclusatildeo Geral e Apecircndices e Anexos

RESUMO

No Brasil as marisqueiras desempenham papel importante no abastecimento de mariscos

participando de todas as fases do seu beneficiamento destes que compreendem produtos de

origem animal de elevada perecibilidade Os conhecimentos na mariscagem satildeo passados de

geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho sendo o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes realizado em condiccedilotildees adversas Assim este trabalho

teve por objetivo avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos

conduzida junto a marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos

Brasil Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas no treinamento constaram a exposiccedilatildeo

dialogada as dinacircmicas de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de

fotos do trabalho na mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave

atividade formativa com interaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e trocas de

experiecircncias Aleacutem disso observaram-se mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos

ainda que houvesse falhas sinalizando a necessidade de aperfeiccediloamentos Para avaliar a

eficaacutecia da atividade formativa na perspectiva do pescado beneficiado foram coletadas

amostras de mariscos das espeacutecies siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra

(Crassostrea rhizophorae) 48 amostras antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram

submetidas a anaacutelises microbioloacutegicas - contagem de microrganismos psicrotroacuteficos de

coliformes a 35ordmC Escherichia coli e de estafilococos coagulase positiva e (PARA) pesquisa

de Salmonella spp - bem como agrave determinaccedilatildeo de pH e de bases volaacuteteis totais (N-BVT)

Verificou-se melhoria na qualidade microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora

146 das amostras tivessem apresentado contagens de estafilococos coagulase positiva

superiores ao paracircmetro oficial Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH mostrou-se

superior ao limite para a quase totalidade das amostras (99) enquanto os valores de N-BVT

estavam dentro da faixa preconizada Apesar dos resultados positivos assume-se na

perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no beneficiamento dos mariscos sob o

aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar a natildeo conformidade para o conjunto

de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo estabelece paracircmetros para as diferentes

espeacutecies estudadas Os resultados evidenciam a aplicabilidade de estrateacutegia educativa em

seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma demanda de educaccedilatildeo

continuada com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e de suporte estrutural agrave cadeia

produtiva da pesca artesanal para o alcance de maior eficaacutecia Em adiccedilatildeo sugere-se a

realizaccedilatildeo de novos estudos que possam explicitar as caracteriacutesticas quiacutemicas das diferentes

espeacutecies de pescado

Palavras-chave pesca artesanal pescado treinamento qualidade de alimentos anaacutelises

microbioloacutegicas seguranccedila alimentar e nutricional

ABSTRACT

In Brazil shellfish pickers play an important role in supplying shellfish participating in all

phases of these processing comprising products of animal origin high perishability

Knowledge in shellfishing is passed from generation to generation without specific training

for the work the minimum processing often performed in harsh conditions This study aimed

to evaluate an educational intervention strategy in food safety conducted with ashellfish

pickers from Ilha das Fontes community Baiacutea de Todos os Santos Brazil It was carried out

an intervention study comprising six stages survey of community interest topics

sensibilization in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers before training

training in Good Practices of food production in situ monitoring of the work routine of

shellfish pickers after training and conversation wheel with the participants Among the

methodologies used in the training dialogued exposure group dynamics conversation wheel

practical simulations the exhibition of photos of the work in shellfish gathering and videos

were used It wasverified a good adhesion of shellfish pickers to the training with good

interaction between the instructors and the community and exchange of experiences In

addition there were positive changes in the processing of shellfish although there were

failures signalizing the need for improvements To evaluate the effectiveness of the training

activity from the perspective of processed seafood samples of shellfishes were collected

including the crab species (Callinectes sapidus) mussels (Mytella falcata) and oyster

(Crassostrea rhizophorae) 48 samples before the intervention and 48 after The samples were

submitted to microbiological analysis - psychrotrophic count coliforms at 35ordmC Escherichia

coli and coagulase-positive staphylococus and Salmonella spp search - and the determination

of pH and total volatile bases (TVB-N) It was verified improvement in the microbiological

quality of shellfish after the intervention although 146 of the samples had presented counts

of coagulase-positive staphylococcus higher than the official parameter When compared to

national standards the pH was superior to the limit for most samples (99) while the TVB-

N values were within the recommended range Despite the positive results it is assumed on

the microbiological perspective that failure occurred in the processing of shellfish on the

physical-chemical aspect however it is not possible to say the non-compliance to the set of

samples since the Brazilian legislation does not provide information for different species The

results evidence the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing even if they register a continuing education demand with directions and more

effective control and structural support to the supply chain in order to achieve greater

efficiency In addition it is suggested to conduct new studies that may explain the chemical

characteristics of different species of seafood

Keywords artisanal fishing seafood training food quality microbiological analysis

food security

13

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

Ao redor do mundo a pesca emprega aproximadamente 583 milhotildees de pessoas das quais

37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade complementar e o restante de

forma ocasional (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal eacute uma atividade tradicionalmente ligada agraves comunidades

costeiras constituindo a sua principal fonte de renda haja vista a baixa especializaccedilatildeo e os

elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (RODRIGUES e GIUDICE 2011) Em todo o

paiacutes cerca de 45 da produccedilatildeo anual de pescado (1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado)

procede da pesca artesanal (BRASIL 2011)

Um dos segmentos da pesca extrativa e artesanal eacute a mariscagem realizada por mulheres

que satildeo conhecidas como marisqueiras por coletarem mariscos Estas pescadoras participam de

todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto desde a coleta (captura) ateacute a comercializaccedilatildeo com

beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo (PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST

2011) Ao longo de toda a cadeia produtiva entretanto eacute frequente a falta de estrutura e a

precariedade observando-se condiccedilotildees incorretas de manipulaccedilatildeo armazenamento e transporte

que contribuem para a perda da qualidade sanitaacuteria e para a deterioraccedilatildeo do produto que eacute

disponibilizado ao consumidor (SANTOS 2006)

Nesse contexto uma das grandes preocupaccedilotildees com o pescado diz respeito agrave necessidade

de boa conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sua qualidade higiecircnicosanitaacuteria considerando os riscos da

ocorrecircncia das doenccedilas transmitidas por alimentos Deste modo torna-se indispensaacutevel conhecer

todas as etapas de seu processamento assegurando a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas dos

produtos

No acircmbito da pesca artesanal eacute fato que os pescadores e marisqueiras desenvolvem a

atividade de manipulaccedilatildeo do pescado de modo tradicional em um saber-fazer que foi

historicamente construiacutedo mas que apresenta prejuiacutezos agrave qualidade sobretudo em virtude da

insuficiecircncia de infraestruturas de apoio e de conhecimento teacutecnicos como a adoccedilatildeo das Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo (OLIVEIRA BRASIL e TADDEI 2008 STEFANELLO LINN e

MESQUITA 2009)

Em Satildeo Francisco do Conde Recocircncavo da Bahia a mariscagem compreende fonte de

subsistecircncia e oferta de alimentos para muitas famiacutelias No entanto observa-se rusticidade na

atividade e baixa qualidade sanitaacuteria do pescado comercializado para a populaccedilatildeo uma vez que

14

este permanece exposto por um longo periacuteodo de tempo agrave temperatura ambiente e sem a adoccedilatildeo

de maiores criteacuterios de higiene por parte dos manipuladores (ARGOcircLO 2012)

Deste modo o desenvolvimento de atividades educativas orientadas para marisqueiras

abordando princiacutepios de qualidade e seguranccedila do pescado torna-se importante estrateacutegia para

socializaccedilatildeo de conhecimentos que podem ser aplicados em toda a cadeia produtiva

contribuindo diretamente para a qualidade higiecircnicosanitaacuteria e a agregaccedilatildeo de valor ao produto e

para o reconhecimento e o fortalecimento do trabalho no setor pesqueiro artesanal

Este trabalho busca descrever o desenvolvimento de atividades formativas para

marisqueiras avaliando a contribuiccedilatildeo desta estrateacutegia para os participantes e para promoccedilatildeo da

qualidade dos produtos comercializados

15

OBJETIVOS

Geral

- Avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos conduzida junto a

marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

Especiacuteficos

- Identificar temas de formaccedilatildeo relativos agrave cadeia produtiva do pescado de interesse das

marisqueiras da comunidade

- Desenvolver programa de intervenccedilatildeo educativa junto aos atores sociais da pesca na

comunidade em observaccedilatildeo agrave realidade local

- Estimular a adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) no ambiente de trabalho da pesca

artesanal

- Contribuir com a formaccedilatildeo de multiplicadores em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo no contexto da

pesca artesanal

16

Capiacutetulo I

REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

1 Pesca artesanal

No Brasil a pesca eacute uma atividade exercida ao longo dos tempos herdada de ancestrais

nativos e colonizadores que era praticada principalmente pelos indiacutegenas e negros adotando

teacutecnicas rudimentares e que sofreram inovaccedilotildees a partir do contato com os portugueses e

espanhoacuteis (RODRIGUES E GIUDICE 2011) Ainda hoje esta atividade exerce papel essencial

no processo de desenvolvimento econocircmico contribuindo para a seguranccedila alimentar e para

reduccedilatildeo da pobreza uma vez que representa fonte vital de alimentos ocupaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

renda para as populaccedilotildees de todo o mundo e principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

como o Brasil (LOPES et al 2011a)

Segundo a legislaccedilatildeo a pesca consiste em

todo ato tendente a retirar extrair coletar apanhar apreender ou capturar espeacutecimes

dos grupos dos peixes crustaacuteceos moluscos e vegetais hidroacutebios suscetiacuteveis ou natildeo de

aproveitamento econocircmico ressalvadas as espeacutecies ameaccedilados de extinccedilatildeo constantes

nas listas oficiais de fauna e da florardquo (BRASIL 1998 Lei 9605 Art36)

A atividade pesqueira apresenta duas categorias artesanal e industrial No que se refere ao

processo de trabalho a pesca artesanal encontra-se em contraste com a pesca industrial por ter

caracteriacutesticas bastante diversificadas tanto em relaccedilatildeo ao habitat e estoques pesqueiros que

exploram quanto agraves teacutecnicas de pesca que utilizam (CLAUZET RAMIRES e BARRELLA

2005)

Na pesca industrial as embarcaccedilotildees possuem maior autonomia sendo capazes de operar

em aacutereas mais distantes da costa efetuando a exploraccedilatildeo de recursos pesqueiros que se

apresentam relativamente concentrados em niacutevel geograacutefico Em adiccedilatildeo apresenta mecanizaccedilatildeo

agrave bordo para a operacionalizaccedilatildeo dos petrechos de captura (BAHIA PESCA 2013)

A pesca artesanal por sua vez eacute realizada exclusivamente pelo trabalho manual do

pescador que utiliza embarcaccedilotildees de meacutedio e pequeno porte e equipamentos (petrechos) sem

nenhuma sofisticaccedilatildeo aleacutem de insumos adquiridos nos comeacutercios locais Tem como base os

conhecimentos dos pescadores adquiridos em famiacutelia a partir da transmissatildeo dos mais velhos da

comunidade ou pela interaccedilatildeo com os companheiros de pescaria uma vez que estes possuem o

conhecimento acerca da classificaccedilatildeo histoacuteria natural comportamento biologia e utilizaccedilatildeo dos

recursos naturais da regiatildeo onde vivem (SILVANO 1997 BAHIA PESCA 2013)

17

Esta atividade estaacute tradicionalmente ligada agraves comunidades costeiras representando a

principal fonte de renda - uma ocupaccedilatildeo importante no contexto socioeconocircmico haja vista a

baixa especializaccedilatildeo e os elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (GARCEZ e

SAacuteNCHEZ-BOTERO 2005 RODRIGUES e GIUDICE 2011)

Em todo o mundo a pesca eacute responsaacutevel por cerca de 583 milhotildees de empregos de acordo

com levantamentos do Fundo das Naccedilotildees Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO 2014) Do

total de pescadores 37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade

complementar e o restante de forma ocasional

No Brasil segundo dados do Ministeacuterio da Pesca e Aquicultura (BRASIL 2014a) existe

aproximadamente um milhatildeo pescadores artesanais registrados cujo trabalho resulta em 45 da

produccedilatildeo anual de pescado O setor representa uma das atividades de maior impacto social e

econocircmico no paiacutes usufruindo da grande extensatildeo litoracircnea e da biodiversidade pesqueira nas 12

grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras

Dentre as regiotildees do paiacutes o Nordeste eacute a maior produtora de pescado com 4542169

toneladas respondendo por 317 da produccedilatildeo nacional - a Bahia eacute o estado maior produtor

desta regiatildeo (592930 toneladas) (BRASIL 2011)

Nesse cenaacuterio estudos tecircm registrado uma visiacutevel divisatildeo sexual e social de trabalho na

pesca artesanal na qual os homens praticam a pesca de alto mar enquanto as mulheres se

ocupam de tarefas da terra Satildeo destinadas as mulheres atividades de pesca que compreendem

desde a captura eou coleta ao beneficiamento do pescado (MALDONADO 1986 LIMA 2003)

Em perspectiva global as mulheres representam 50 do total dos trabalhadores no setor

artesanal de captura de pescado ainda que em muitas comunidades de pesca artesanal

continuem a ser marginalizadas atuando muitas vezes em aacutereas remotas com acesso limitado

aos mercados e agrave sauacutede educaccedilatildeo e a outros serviccedilos sociais (BRASIL 2014b)

No Brasil entre os pescadores artesanais eacute fato comum o baixo grau de escolaridade

assim como o analfabetismo que constitui um dos fatores determinantes para que essa atividade

seja primitiva uma vez que pode acarretar em grandes dificuldades de contextualizaccedilatildeo da

atividade desenvolvida e de incentivo a melhores possibilidades na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas (COSTA 1977) Aleacutem disso consideram-se os maiores desafios relacionados agrave fraca

participaccedilatildeo dos pescadores nas organizaccedilotildees sociais ao desconhecimento da legislaccedilatildeo de base

e aos mecanismos de gestatildeo compartilhada e participativa da pesca (BRASIL 2014a)

Apesar de ser reconhecida como atividade econocircmica junto ao Estado a pesca artesanal

convive entre os limites da informalidade e da formalidade em virtude de diversos fatores

incluindo as dificuldades de modernizaccedilatildeo da atividade de infraestrutura de beneficiamento de

18

conservaccedilatildeo e armazenamento e de abastecimentocomercializaccedilatildeo do pescado com fragilidades

para a venda no mercado ampliado (atacado) Nesse cenaacuterio a perecibilidade do produto e a

dificuldade de organizaccedilatildeo do negoacutecio tornam os pescadores vulneraacuteveis aos negociantes

intermediaacuterios denominados de ldquoatravessadoresrdquo (BRASIL 2010 SILVA 2011)

A pouca organizaccedilatildeo do setor pesqueiro artesanal e outros problemas inerentes a este

segmento exacerbam as consequecircncias estruturais produtos finais com elevados preccedilos pouca

variedade e qualidade - inclusive sanitaacuteria ndash e baixo valor agregado e em geral unidades

produtivas e de comercializaccedilatildeo rejeitadas devido ao baixo rendimento e agrave informalidade

(BRASIL 2010) Dessa forma a pesca artesanal e a aquicultura familiar enfrentam dificuldades

em todos os elos da cadeia produtiva seja na captura produccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo (LOPES et

al 2011b)

2 A mariscagem

A mariscagem consiste em um dos segmentos pesqueiros realizado em aacuterea costeira Na

maioria das comunidades a atividade de mariscagem eacute extrativista e artesanal com pequena

infraestrutura de beneficiamento e pouca ou nenhuma organizaccedilatildeo voltada agrave comercializaccedilatildeo

(MAIA e NETO 2012) Entre os indiviacuteduos que realizam essa atividade estatildeo as mulheres de

pescadores conhecidas como marisqueiras ou mariscadeiras por coletarem mariscos para a

complementaccedilatildeo da renda familiar e tambeacutem para subsistecircncia constituindo quadro marcante na

regiatildeo Nordeste (FREITAS et al 2012)

As mulheres que atuam na mariscagem dispotildeem de um saber proacuteprio que se expressa no

universo simboacutelico de crenccedilas valores e mitos aprendidos atraveacutes de uma heranccedila cultural

secular inscrita em tradiccedilotildees de um modo de pensar e fazer o trabalho Elas atuam em aacutereas

limitadas e costumam trabalhar em grupos sendo a matildeo de obra familiar Estas mulheres detecircm

o saber e exercem praacuteticas em todas as etapas da extraccedilatildeo manual do marisco uma atividade

que somada ao trabalho domeacutestico tradicional configura uma dupla jornada de trabalho (PENA

FREITAS CARDIM 2011)

Na mariscagem a produccedilatildeo estaacute diretamente ligada ao movimento das mareacutes sendo a

vazante de lua cheia e nova consideradas as melhores pelas marisqueiras pois as aacuteguas atingem

maior variaccedilatildeo permitindo acesso a aacutereas propiacutecias agrave coleta dos mariscos (PENA FREITAS

CARDIM 2011) As teacutecnicas e instrumentos utilizados na coleta dos mariscos satildeo rudimentares

e adaptados agrave natureza consistindo basicamente em faca ou facatildeo para a coleta de mariscos

incrustados em pedras colher de pau ou alumiacutenio e mesmo pequenas enxadas para raspar eou

19

cavar a areia e identificar o marisco gerereacutes ou manzuaacutes utilizados para captura do siri panela

de alumiacutenio eou lata para armazenamento de mariscos coletados e balde para o transporte do

produto ateacute a residecircncia para o preparo final e a venda canoas a remo e agrave vela (traquete)

(PACHECO 2006)

As marisqueiras passam cerca de 5 a 6 horas na coleta dos mariscos e retornam quando a

mareacute comeccedila a encher caminhando com o peso dos mariscos nos ombros ou na cabeccedila ou com o

auxiacutelio de canoa Na residecircncia as marisqueiras lavam cozinham catam e congelam os mariscos

em sacos de um quilo para realizar a sua comercializaccedilatildeo Este processo de beneficiamento eacute

realizado na forma tradicional em cozinha domeacutestica com uso de fogatildeo agrave lenha (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Nesse fazer as marisqueiras participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto

desde a coleta ateacute a venda com beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo expondo-se a todos

os riscos inerentes ao ofiacutecio - ergonocircmicos ambientais fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos

(PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST 2011)

Os riscos ergonocircmicos configuram-se em sobrecarga muscular no pescoccedilo ombros dorso

membros superiores e regiatildeo lombar aleacutem do excesso de trabalho riacutetmico centrado no punho

nas atividades repetitivas (PENA FREITAS e CARDIM 2011) Entre os riscos de origem

ambiental natural estatildeo a incidecircncia do sol sobre a pele a friagem e o desgaste fiacutesico Os riscos

fiacutesicos podem ser representados pelas lesotildees em matildeos e peacutes por lacircminas de corte ou por partes

duras dos pescados Os riscos quiacutemicos incluem o contato com secreccedilotildees venenosas dos animais

ou com poluentes na aacutegua e os bioloacutegicos o contato com algas microrganismos e parasitas

(BAHIA 2010)

Algumas marisqueiras sobrevivem exclusivamente da exploraccedilatildeo de mariscos eou outros

moluscos e dessa forma sustentam famiacutelias criam filhos e adquirem alguns bens materiais

como uma moradia proacutepria (DIAS ROSA e DAMASCENO 2007)

No estudo de Pena Freitas e Cardim (2011) a renda meacutedia obtida pelas marisqueiras

atraveacutes da comercializaccedilatildeo dos mariscos foi de cinquenta reais por mecircs mostrando que este

trabalho eacute socialmente desvalorizado - sendo assim impotildee ritmo intenso de trabalho para gerar

mais produtos agrave venda Em paralelo natildeo proporciona condiccedilotildees para a aquisiccedilatildeo de

equipamentos de proteccedilatildeo individual e coletiva contra acidentes e doenccedilas do trabalho (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Vale ressaltar ainda que muitas dessas mulheres desconhecem seus direitos trabalhistas

e permanecem na informalidade agrave espera de melhorias que muitas vezes nunca chegam (DIAS

ROSA e DAMASCENO 2007 RIOS e GERMANI 2012)

20

Em estudo realizado no Recocircncavo baiano no municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde

com abordagem de 695 marisqueiras observou-se a maioria com faixa etaacuteria entre 20 e 40 anos

(56) ndash idade produtiva grande parte declarando-se solteira (412) ou em uniatildeo estaacutevel

(332) com meacutedia de 34 filhos (906) e que exerciam a chefia de famiacutelia (776) Quanto agrave

participaccedilatildeo em cursos relativos a pesca ou outra formaccedilatildeo profissional a maioria declarou

ausecircncia de formaccedilatildeo (757) (SANTOS 2013)

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo

De acordo com o Regulamento de Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem

Animal ndash RIISPOA (BRASIL 1997) o pescado compreende peixes crustaacuteceos moluscos

anfiacutebios e mamiacuteferos de aacutegua doce ou salgada utilizados na alimentaccedilatildeo humana Constitui uma

fonte alimentar de alta digestibilidade (acima de 95) e de composiccedilatildeo nutricional equilibrada

com cerca de 64 a 90 de umidade 8 a 23 de proteiacutena 05 a 25 de gordura 1 a 2 de

resiacuteduos minerais e menos que 1 de carboidratos (ANDRADE BISPO e DRUZIAN 2009)

O pescado eacute um componente importante da dieta de diversos grupos populacionais posto

que apresenta proteiacutenas de alto valor bioloacutegico com a presenccedila de todos aminoaacutecidos essenciais

Tambeacutem fornece em geral um baixo niacutevel de colesterol e uma reserva significativa de aacutecidos

graxos polinsaturados da seacuterie ocircmega 3 (ω-3) os quais possuem efeito cardioprotetor

proporcionando numerosos benefiacutecios agrave sauacutede humana (RAMOS FILHO et al 2008 SOARES

e GONCcedilALVES 2011) Aleacutem disso eacute rico em caacutelcio foacutesforo ferro e vitaminas do complexo B

(GODOY et al 2010 NUNES et al 2013)

O alto teor de nutrientes do pescado aliado ao pH proacuteximo agrave neutralidade e agrave elevada

atividade de aacutegua nos tecidos torna-o um dos produtos de origem animal mais susceptiacuteveis agrave

deterioraccedilatildeo que pode ser definida como alteraccedilotildees inaceitaacuteveis que ocorrem no muacutesculo poacutes-

morte originando produtos com sabores e odores desagradaacuteveis (VIEIRA 2004 MONTEIRO

MAacuteRSICO e VITAL 2010)

Essas alteraccedilotildees acontecem independente da forma como este produto eacute manipulado

contudo a velocidade com que elas se instalam pode ser reduzida ateacute uma certa extensatildeo pela

adoccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos especiacuteficos de modo a prolongar o grau de frescor (LEITAtildeO

1994) Segundo Anacleto et al (2011) a qualidade do pescado diminui devido a um processo

complexo no qual estatildeo implicados eventos fiacutesicos quiacutemicos e microbioloacutegicos de deterioraccedilatildeo

Em peixes a deterioraccedilatildeo pode ocorrer a partir de reaccedilotildees de autoacutelise pela atividade

bacteriana por oxidaccedilatildeo ou pela combinaccedilatildeo dos trecircs processos O processo de autoacutelise consiste

21

na accedilatildeo de enzimas tissulares e dos sucos digestivos sobre os tecidos musculares apoacutes a morte

do pescado resultando na sua decomposiccedilatildeo e consequentemente no amolecimento e

desintegraccedilatildeo da carne promovendo assim a disseminaccedilatildeo de micro-organismos que agem na

superfiacutecie do pescado nas guelras e no trato intestinal A oxidaccedilatildeo lipiacutedica manifesta-se por

mudanccedilas no cheiro cor textura valor nutritivo do pescado e possiacutevel produccedilatildeo de compostos

toacutexicos afetando sua aceitabilidade para o consumo (JENSEN LAURIDSEN e BERTELSEN

1998 JAY 2005 NOGALA-KALUCKA et al 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Nos crustaacuteceos a deterioraccedilatildeo parece ser semelhante agrave dos peixes tendo seu iniacutecio nas

superfiacutecies mais externas devido agrave sua anatomia Esse grupo de pescado apresenta altas

quantidades de aminoaacutecidos livres e extratos nitrogenados que os torna expostos ao raacutepido

ataque da microbiota deteriorante Aleacutem disso a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute acompanhada

pela produccedilatildeo de elevadas quantidades de bases nitrogenadas volaacuteteis como ocorre nos peixes

(JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Quanto aos moluscos a deterioraccedilatildeo difere daquela apresentada pelos peixes e crustaacuteceos

sendo um processo basicamente fermentativo em decorrecircncia de sua carne ser constituiacuteda de

alto teor de carboidratos sobretudo na forma de glicogecircnio e do menor teor de nitrogecircnio (JAY

2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem dos fatores intriacutensecos que satildeo inerentes ao pescado fatores externos como o tipo de

captura o tempo de armazenamento refrigeraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo inadequada podem facilitar a

degradaccedilatildeo do pescado e consequentemente as alteraccedilotildees bioquiacutemicas autoliacuteticas ou promovidas

pelo desenvolvimento de micro-organismos Estes fatores satildeo denominados extriacutensecos e podem

concorrer para o aumento dos riscos agrave sauacutede do consumidor (SILVA MATTEacute e MATTEacute 2008

AMARAL e FREITAS 2013 ROSSO 2013)

Deste modo salienta-se a importacircncia da anaacutelise de riscos no setor pesqueiro

considerando todas as etapas que vatildeo desde a captura ateacute a comercializaccedilatildeo uma vez que em

geral o pescado que chega ao consumidor possui uma carga microbiana elevada composta tanto

por micro-organismos deteriorantes como por patoacutegenos Nessa direccedilatildeo o grau de deterioraccedilatildeo

do pescado eacute determinado principalmente pela carga bacteriana inicial pela temperatura de

conservaccedilatildeo pelo tempo decorrido apoacutes a sua morte e pelas praacuteticas sanitaacuterias adotadas

(EIROA 1980 GONCcedilALVES 2009)

Alguns meacutetodos de conservaccedilatildeo satildeo aplicados ao pescado visando prolongar sua vida uacutetil

como a refrigeraccedilatildeo o congelamento e o processamento teacutermico A refrigeraccedilatildeo natildeo apresenta

accedilatildeo esterilizante apenas retarda as atividades microbianas jaacute existentes e impede o surgimento

de novos agentes deteriorantes enquanto que o congelamento emprega temperaturas que

22

reduzem ou paralisam a deterioraccedilatildeo causada por micro-organismos enzimas ou agentes

quiacutemicos O tratamento teacutermico dado ao produto cujo tempo de exposiccedilatildeo ao calor uacutemido eacute

variaacutevel conforme o tamanho velocidade de penetraccedilatildeo do calor e condiccedilotildees de aquecimento

reduz a carga microbiana e inibe o crescimento de bacteacuterias parasitas e viacuterus prejudiciais ao

homem (ANTONIOLLI 1999 CAMPOS e PAIVA 2011 CORDEIRO et al 2007)

4 Indicadores de qualidade do pescado

O processo de deterioraccedilatildeo do pescado eacute complexo envolvendo sobretudo processos de

natureza microbioloacutegica e quiacutemica razatildeo pela qual natildeo eacute aconselhaacutevel o uso de apenas um

meacutetodo para avaliar sua qualidade Nesse sentido para avaliaccedilatildeo da qualidade satildeo recomendadas

anaacutelises por indicadores sensoriais fiacutesico-quiacutemicos e microbioloacutegicos (NUNES BATISTA e

CARDOSO 2007 ALI 2011)

Os paracircmetros sensoriais compreendem meacutetodos usados para medir analisar e interpretar

reaccedilotildees e caracteriacutesticas dos alimentos os quais satildeo percebidos pelos sentidos Mesmo que se

desenvolvam meacutetodos instrumentais de faacutecil aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo do pescado a anaacutelise

sensorial continua a ser essencial pois fornece informaccedilatildeo completa sobre o estado do pescado

(NIELSEN 1997 STEVANATO et al 2007)

No que se refere agraves caracteriacutesticas sensoriais dos peixes no Brasil eacute estabelecido pela

legislaccedilatildeo que estes devem apresentar as seguintes caracteriacutesticas superfiacutecie do corpo limpa e

com relativo brilho metaacutelico olhos transparentes brilhantes e salientes ocupando

completamente as oacuterbitas guelras roacuteseas ou vermelhas uacutemidas e brilhantes com odor natural

proacuteprio e suave ventre roliccedilo firme natildeo deixando impressatildeo duradoura agrave pressatildeo dos dedos

escamas brilhantes bem aderentes agrave pele e nadadeiras apresentando certa resistecircncia aos

movimentos provocados e carne firme com consistecircncia elaacutestica de cor proacutepria agrave espeacutecie

(BRASIL 1997)

Os crustaacuteceos devem apresentar aspecto geral brilhante uacutemido corpo em curvatura

natural riacutegida artiacuteculos firmes e resistentes carapaccedila bem aderente ao corpo coloraccedilatildeo proacutepria

agrave espeacutecie sem qualquer pigmentaccedilatildeo estranha olhos vivos destacados e cheiro proacuteprio e suave

(BRASIL 1997)

Para os moluscos bivalves recomenda-se que sejam expostos agrave venda vivos com valvas

fechadas e com retenccedilatildeo de aacutegua incolor e liacutempida nas conchas cheiro agradaacutevel e pronunciado

carne uacutemida bem aderente agrave concha de aspecto esponjoso e de cor cinzenta-clara nas ostras e

amareladas nos mexilhotildees (BRASIL 1997)

23

Em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos no paiacutes os padrotildees mais utilizados para

avaliar o frescor do pescado incluem as determinaccedilotildees de pH bases nitrogenadas volaacuteteis totais

(N-BVT) bases volaacuteteis terciaacuterias e as reaccedilotildees de gaacutes sulfiacutedrico e de indol (BRASIL 1997)

Tendo em vista que o pH de um alimento eacute uma caracteriacutestica importante para a sua

conservaccedilatildeo o fato do pescado apresentar um pH proacuteximo da neutralidade propicia o

desenvolvimento tanto de micro-organismos deterioradores como de patoacutegenos O pH da

musculatura pode ser influenciado pela espeacutecie do pescado meacutetodos de captura manuseio e

armazenamento assim esta mateacuteria-prima requer cuidados especiais para sua conservaccedilatildeo O

paracircmetro de pH oficial estabelece que este deve ser inferior a 65 na parte interna do peixe

fresco no entanto natildeo haacute consideraccedilotildees das especificidades para as demais espeacutecies de pescado

(LEITAtildeO 1988 BRASIL 1997 GALVAtildeO et al 2006) Desta forma a literatura cientiacutefica

registra algumas faixas de pH para as outras espeacutecies de pescado entre 68 e 70 para camaratildeo

em torno de 70 para o siri crustaacuteceo semelhante ao caranguejo em torno de 65 para moluscos

e na faixa entre 48 e 63 para ostra (JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

As bases volaacuteteis totais tambeacutem satildeo utilizadas para avaliar o frescor do pescado

indicando a degradaccedilatildeo de compostos nitrogenados derivada da autoacutelise e da decomposiccedilatildeo

microbiana Os compostos nitrogenados mais frequentes satildeo a trimetilamina e a amocircnia A

legislaccedilatildeo estabelece que o limite se N-BVT no pescado seja inferior a 30mg de

N100g (ASHIE SMITH e SIMPSON 1996 BRASIL 1997 SCHERER et al 2004)

Em estudo conduzido por Argocirclo (2012) com anaacutelise de amostras de sururu e siri

beneficiados em Satildeo Francisco do Conde foi possiacutevel verificar valores meacutedios de pH de 69 e

81 respectivamente Em pesquisa realizada por Cordeiro et al (2007) observou-se valor meacutedio

de pH de 69 em mexilhotildees congelados comercializados no municiacutepio de Ubatuba (SP) Em

relaccedilatildeo agraves N-BVT Souza et al (2013) ao avaliar pescado congelado comercializado no

Mercado Municipal de Satildeo Francisco do Conde registrou valor de mediana em amostras de siri

de 45mgN100g enquanto que Argocirclo (2012) tambeacutem em amostras de siri observou valor

meacutedio de 287mgN100g

Quanto ao aspecto microbioloacutegico a seguranccedila do pescado eacute de extrema importacircncia

visto que as doenccedilas transmitidas por alimentos tecircm sido registradas em grande parte como

decorrecircncia da falta de cuidados e de controles desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima ateacute a

manipulaccedilatildeo e processamento (MARQUES SEABRE e DAMASCENO 2009) Desta forma no

Brasil a Resoluccedilatildeo RDC Ndeg 122001 da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

estabelece os padrotildees microbioloacutegicos para alimentos expostos agrave venda devendo ser o pescado

cru resfriado ou congelado ser analisado para estimativa de coliformes

24

termotolerantesEscherichia coli contagem de estafilococos coagulase positiva e pesquisa de

Salmonella spp (BRASIL 2001)

Nessa legislaccedilatildeo satildeo estabelecidos padrotildees relacionados ao pescado in natura congelado

natildeo consumido cru incluindo estafilococos coagulase positivag com toleracircncia de 10sup3 e

ausecircncia de Salmonella spp em 25g da amostra Para pescado preacute-cozido congelado constam

coliformes a 45ordmC com toleracircncia de 5x10 estafilococos coagulase positivag toleracircncia de 103

e para Salmonella spp ausecircncia em 25g da amostra (BRASIL 2001)

Argocirclo (2012) na anaacutelise de amostras de siri beneficiadas em Satildeo Francisco do Conde-

BA reportou valores meacutedios de 315 log UFCg de coliformes agrave 35ordmC 150 log UFCg de

Escherichia coli 270 log UFCg de estafilococos coagulase positiva e 522 log UFCg de

aeroacutebios psicrotroacuteficos

Staphylococcus aureus eacute uma bacteacuteria anaeroacutebia facultativa no entanto possui maior

crescimento sob condiccedilotildees aeroacutebias com produccedilatildeo de catalase Eacute mesoacutefila apresentando

temperatura oacutetima de crescimento entre 40ordm e 45ordmC tolerante a concentraccedilotildees de 10 a 20 de

NaCl e a nitratos e possui faixa de pH oacutetima de crescimento entre 6 e 7 S aureus eacute uma

bacteacuteria patogecircnica que natildeo faz parte da microbiota do pescado sendo normalmente transferido

para os alimentos por manipuladores Este grupo microbiano eacute responsaacutevel por

aproximadamente 45 das toxinfecccedilotildees alimentares no mundo (CUNHA NETO SILVA e

STAMFORD 2002 FRANCO E LANDGRAF 2008 GONCcedilALVES 2011)

O grupo dos coliformes agrave 35ordmC eacute um subgrupo da famiacutelia Enterobacteriaceae que

engloba apenas as bacteacuterias capazes de fermentar a lactose com produccedilatildeo de gaacutes em 24 a 48

horas a 35ordmC Nesse grupo encontram-se tanto bacteacuterias originaacuterias do trato gastrintestinal de

humanos e outros animais de sangue quente como tambeacutem bacteacuterias de origem natildeo enteacuterica

fazendo parte as bacteacuterias do gecircnero Escherichia Klebisiella Citrobacter e Enterobacter Os

coliformes podem fornecer informaccedilotildees sobre a provaacutevel presenccedila de microrganismos

patogecircnicos ou sobre a deterioraccedilatildeo potencial do alimento aleacutem das condiccedilotildees higiecircnicas dos

processos de fabricaccedilatildeo uma vez que satildeo facilmente inativados pelos sanitizantes por isso satildeo

utilizados como indicadores (SILVA 2010 FRANCO LANDGRAF 2008)

Os coliformes termotolerantes compreendem um subgrupo dos coliformes agrave 35ordmC que se

restringe aos membros capazes de fermentar a lactose em 24 horas a 45ordmC com produccedilatildeo de

gaacutes sendo usados como indicadores jaacute que satildeo isolados facilmente e se encontram em maior

proporccedilatildeo do que os patogecircnicos A Escherichia coli pertence aos dois grupos de coliformes

referidos e o seu habitat natural eacute o trato intestinal de animais de sangue quente contudo pode

ser introduzida nos alimentos a partir de fontes natildeo fecais (SILVA 2010)

25

De acordo com Silva et al (2010) a contagem de coliformes agrave 35ordmC e termotolerantes

em alimentos tecircm sido o meacutetodo mais indicado para avaliar as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

sendo tambeacutem utilizadas como indicadores de falhas durante o processamento ou a

contaminaccedilatildeo poacutes-processamento

O genecircro Salmonella compreende bacteacuterias anaeroacutebias facultativas natildeo produtoras de

esporo e que produzem gaacutes a partir da glicose com exceccedilatildeo da S Typhi sendo capazes de

utilizar o citrato como uacutenica fonte de carbono A temperatura e pH oacutetimos para seu crescimento

estatildeo em torno de 35ordm-37ordmC e 70 respectivamente Natildeo toleram concentraccedilotildees de sal superiores

a 9 O habitat natural da Salmonella eacute o trato intestinal de mamiacuteferos aves e reacutepteis podendo

alcanccedilar o ambiente aquaacutetico atraveacutes da contaminaccedilatildeo fecal e desta forma serem detectadas em

peixes e produtos pesqueiros (VIEIRA 2004 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem destes indicadores microbioloacutegicos no caso de pescados resfriados e congelados

tambeacutem eacute adotada internacionalmente a contagem padratildeo de micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos de 106 UFCg (ICMSF 1986) Os micro-organismos psicrotroacuteficos crescem bem

em temperaturas entre 0ordm e 7ordmC em diversos tipos de alimentos refrigerados sendo os principais

causadores da deterioraccedilatildeo de carnes pescado ovos frangos e outros (FRANCO e LANDGRAF

2008)

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal

O municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia eacute uma ocupaccedilatildeo antiga que surgiu no

iniacutecio da colonizaccedilatildeo brasileira (SANTOS 2004) Em 1618 por ordem do Conde de Linhares

foi construiacutedo no alto de um monte no Recocircncavo Baiano um convento e uma igreja onde

mais tarde surgiria a cidade de Satildeo Francisco do Conde em 1698 O nome homenageia o

padroeiro da cidade e o conde Fernatildeo Rodrigues que herdou o terreno do 3ordm governador geral do

Brasil Mem de Saacute A regiatildeo onde fica a cidade foi conquistada pelo impeacuterio portuguecircs por meio

de guerras travadas contra os iacutendios que viviam nas margens dos rios Paraguaccedilu e Jaguaribe

(IBGE 2013)

Satildeo Francisco do Conde localiza-se na regiatildeo metropolitana de Salvador-BA estaacute

situado a 67 km da Capital do estado ao norte da Baiacutea de Todos os Santos e tem como vizinhas

as cidades de Candeias Madre de Deus Santo Amaro da Purificaccedilatildeo e Satildeo Sebastiatildeo do Passeacute

contando com uma aacuterea de 262856 kmsup2 e 33183 habitantes A aacuterea ainda manteacutem reservas de

Mata Atlacircntica e riquiacutessimos manguezais que contribuem para a biodiversidade da regiatildeo

(SANTOS 2011 IBGE 2013)

26

Aleacutem da aacuterea terrestre o municiacutepio apresenta trecircs ilhas ndash Ilha de Cajaiacuteba Ilha das Fontes

e Ilha do Paty A Ilha das Fontes caracteriza-se como um local onde as aacuteguas do mar

apresentam-se tranquilas em todos os periacuteodos da mareacute fato explicado pela sua proximidade

com os rios Sergi e Subaeacute (MARTINS 2010)

A Ilha das Fontes eacute tambeacutem uma das comunidades pesqueiras existentes no municiacutepio

compreendendo um povoado que se localiza proacuteximo ao Porto Ferrolho da Petrobras e ao

povoado de Santo Estevatildeo com acesso apenas por barco A localidade dista aproximadamente 8

Km da sede e natildeo eacute totalmente urbanizada A populaccedilatildeo eacute de etnia negra e mesticcedila natildeo

Quilombola e possui 1654 habitantes juntamente com Engenho de Baixo A maioria dos

moradores desenvolve a atividade pesqueira tanto para comeacutercio quanto para consumo interno

(SAacute 2011) Dentre os habitantes da Ilha 54 mulheres atuavam na pesca conforme

levantamento recente (SANTOS 2013)

No passado a riqueza da cidade baseava-se nas plantaccedilotildees de cana de accediluacutecar que deram

iniacutecio ao desenvolvimento econocircmico da aacuterea Atualmente a extraccedilatildeo o refino e o

processamento de petroacuteleo satildeo as principais atividades econocircmicas da regiatildeo (SAtildeO

FRANCISCO DO CONDE 2013) Com a arrecadaccedilatildeo municipal de impostos relacionados agrave

produccedilatildeo e refino de petroacuteleo pela Refinaria Satildeo Francisco do Conde atingiu o maior Produto

Interno Bruto (PIB) per capita brasileiro nos anos de 2008 a 2010 (IBGE 2010 2011 2012)

Apesar disso a populaccedilatildeo da cidade sofre com o agravamento das desigualdades sociais

enfrentando problemas associados agrave pobreza agrave infraestrutura sanitaacuteria deficiente e ao

saneamento baacutesico ao analfabetismo entre outros

No municiacutepio muitas famiacutelias dependem da pesca e da mariscagem como fonte de

subsistecircncia sendo a pesca uma tradiccedilatildeo e heranccedila cultural Nesse contexto a atividade eacute

caracterizada pela rusticidade envolvendo tanto homens quanto mulheres em diversas

comunidades pesqueiras (ARGOcircLO 2012 SAacute 2011 SANTOS 2011 SANTOS 2013)

Segundo Saacute (2011) em Satildeo Francisco do Conde-BA observa-se o predomiacutenio de mulheres

(666) na atividade pesqueira fato que fortemente se vincula ao trabalho na mariscagem

No municiacutepio algumas comunidades pesqueiras possuem sistema puacuteblico de

abastecimento de aacutegua de esgotamento sanitaacuterio e coleta de lixo deficiente ou ausente o que

favorece condiccedilotildees improacuteprias agrave manipulaccedilatildeo dos mariscos Estes em geral satildeo beneficiados no

ambiente domiciliar permanecendo o pescado muitas vezes exposto agrave temperatura ambiente

por um longo periacuteodo de tempo em condiccedilotildees que natildeo atendem agraves Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de

alimentos (ARGOcircLO 2012)

27

Argocirclo (2012) ao estudar as condiccedilotildees de beneficiamento de mariscos em comunidades

de Satildeo Francisco do Conde observou que as marisqueiras manipulavam o pescado em bacias

dispostas sobre o chatildeo na proacutepria residecircncia sendo algumas com estrutura bastante precaacuteria

com a ausecircncia de aacutegua tratada (33) Segundo a autora ainda as marisqueiras acompanhadas

relataram nunca ter participado de atividades formativas relacionadas agraves Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o que poderiam favorecer a qualidade do pescado beneficiado

Na perspectiva da qualidade microbioloacutegica ao conduzir estudo com 96 amostras de

mariscos beneficiados em Satildeo Francisco do Conde (siri sururu e ostra) a referida autora

verificou que iacutendice de 468 de natildeo conformidade para as amostras sendo 364 para

Escherichia coli e 197 para estafilococos coagulase positiva No estudo natildeo foi identificada a

presenccedila de Salmonella spp (ARGOcircLO 2012)

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento

Na atualidade observa-se uma grande preocupaccedilatildeo com a qualidade dos alimentos a serem

consumidos e os riscos que esses podem ocasionar agrave sauacutede A possibilidade de contaminaccedilatildeo do

alimento pelo manipulador depende do maior ou menor contato deste com os produtos do tipo

de mateacuteria-prima a ser manipulada e dos cuidados adotados Segundo Jianu e Chis (2012)

alguns fatores como mateacuterias-primas contaminadas falta de higiene de equipamentos utensiacutelios

instalaccedilotildees e alimentos bem como praacuteticas inadequadas podem contribuir para a ocorrecircncia de

surtos de origem alimentar

De modo a reduzir a ocorrecircncia de doenccedilas veiculadas por alimentos eacute essencial que as

praacuteticas de manuseio e preparo dos alimentos pelos manipuladores de alimentos sejam corretas e

que existam treinamentos em seguranccedila de alimentos para estes uma vez que a falta de

conhecimentos sobre higiene e conservaccedilatildeo de alimentos entre os manipuladores contribui de

forma significativa para a sua contaminaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo o que justifica adoccedilatildeo de

treinamentos especiacuteficos (ROBERTSON et al 2013)

Segundo Andreotti et al (2003) os programas de treinamento orientados para

manipuladores de alimentos satildeo os mais recomendados e eficazes para transmissatildeo

conhecimentos e promoccedilatildeo de mudanccedilas de atitudes O treinamento consiste em uma accedilatildeo

educativa direcionada ao desempenho profissional a fim de adquirir conhecimentos habilidades

e atitudes necessaacuterias agrave execuccedilatildeo desta atividade (LACERDA e ABBAD 2003)

A atividade de treinamento de manipuladores de alimentos natildeo eacute uma tarefa faacutecil de ser

realizada Nesse sentido o reconhecimento de caracteriacutesticas singulares dos manipuladores

28

auxilia na compreensatildeo das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento das atividades de

treinamento por indicar que existem diferenccedilas no modo como os alimentos satildeo concebidos e as

informaccedilotildees trabalhadas tornam-se significativas Deste modo possibilita a melhor visibilidade

dos conflitos inerentes agraves relaccedilotildees sociais - principalmente agraves relaccedilotildees educativas - resultantes do

confronto de um grupo que pretende convencer o outro da necessidade de alterar suas praacuteticas

(COSTA LIMA e RIBEIRO 2002)

A escolha da metodologia de intervenccedilatildeo educativa tem grande importacircncia na qualidade

da capacitaccedilatildeo considerando resultados positivos tanto na dimensatildeo da representaccedilatildeo social

(opiniatildeo conhecimento e atitude ndash praacutetica declarada) e na dimensatildeo do comportamento dos

participantes (praacutetica observada) (BEZERRA 2008) Desta forma a seleccedilatildeo do tipo de atividade

educativa a ser utilizada deve levar em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo a

relaccedilatildeo entre o benefiacutecio e o custo dos materiais e a factibilidade de sua utilizaccedilatildeo A depender

do puacuteblico esta atividade deveraacute possuir um conteuacutedo simples e de faacutecil compreensatildeo e o meio

de comunicaccedilatildeo escolhido para a veiculaccedilatildeo das mensagens deveraacute considerar os aspectos

culturais da comunidade (ANDRADE e COELHO 1997)

Em relaccedilatildeo ao processo ensino-aprendizagem eacute recomendado o emprego de diversos

meacutetodos de ensino (aacuteudio visual praacutetico e sensibilizaccedilatildeo) para que a aprendizagem seja mais

eficiente Os meacutetodos ativos que exigem participaccedilatildeo do indiviacuteduo parecem ser mais eficazes

(BEZERRA 2008) Nesse sentido os recursos audiovisuais satildeo vantajosos pois orientam quanto

agrave direccedilatildeo do pensamento fornece o comportamento final desejado induz a transferecircncia de

aprendizagem e apresenta estiacutemulo para a mudanccedila de comportamento (GOUVEIA 1999)

Segundo Cardoso Santos e Silva (2009) entre as metodologias aplicadas para

manipuladores de alimentos adultos pode-se incluir liccedilotildees ao ar livre exposiccedilotildees cartazes

representaccedilotildees na rua projeccedilotildees de viacutedeos debates cursos para formaccedilatildeo de multiplicadores

sessotildees orientadas individualmente e programas educacionais puacuteblicos com uso da miacutedia de

massa Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de cartilhas ilustrativas evidenciando praacuteticas aceitaacuteveis

constitui material de apoio Para Soares et al (2013) ainda os treinamentos em alimentos devem

ser baseados em atividades teoacutericas e praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos podem

aplicar o conhecimento adquirido em praacutetica

Em linhas gerais os temas abordados pelos programas de treinamentos eou capacitaccedilotildees

de manipuladores de alimentos englobam a importacircncia da sauacutede individual e coletiva noccedilotildees

baacutesicas de higiene pessoal higiene de alimentos e ambiental e destacam os danos que a ausecircncia

desses cuidados causam sobre a sauacutede do consumidor conscientizando os manipuladores do seu

29

papel na prevenccedilatildeo das Doenccedilas Transmitidas por Alimentos ndash DTA (GHISLENI e BASSO

2008)

Medeiros et al (2011) ao realizarem uma revisatildeo sistemaacutetica sobre estrateacutegias

metodoloacutegicas adotadas por programas de treinamento em higiene de alimentos identificaram

como principal tema abordado a higiene pessoal seguido pela seguranccedila do alimento e melhoria

das praacuteticas Aleacutem disso foram referidos como temas de treinamento higiene local do trabalho

lavagem das matildeos noccedilotildees baacutesicas de microbiologia doenccedilas transmitidas pela aacutegua higiene dos

alimentos higiene dos utensiacutelios e a anaacutelise de Perigos e Pontos Criacuteticos de Controle - APPCC

dentre outros

Neste contexto cabe pontuar que a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

por meio da RDC nordm216 de 2004 estabelece que a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos

deve abordar pelo menos os temas de contaminantes alimentares Doenccedilas Veiculadas por

Alimentos manipulaccedilatildeo higiecircnica dos alimentos e Boas Praacuteticas (BRASIL 2004)

Na execuccedilatildeo de atividades de formaccedilatildeo ainda devem estar previstas etapas de avaliaccedilatildeo

Segundo Nieto-Montenegro Brown e Laborde (2008) a avaliaccedilatildeo do programa compreende

parte criacutetica de um treinamento em seguranccedila de alimentos uma vez que permite que os

implementadores avaliem a sua eficaacutecia Para verificaccedilatildeo da efetividade dos treinamentos alguns

autores tecircm recomendado a avaliaccedilatildeo em trecircs niacuteveis reaccedilatildeo aprendizagem e impacto de

treinamento no trabalho A reaccedilatildeo eacute o niacutevel de satisfaccedilatildeo dos participantes com a programaccedilatildeo o

apoio ao desenvolvimento do curso a aplicabilidade a utilidade e os resultados do treinamento

A aprendizagem refere-se ao grau de assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos ensinados no treinamento O

impacto do treinamento no trabalho eacute a auto-avaliaccedilatildeo feita pelo proacuteprio participante acerca dos

efeitos mediatos produzidos pelo treinamento em seus niacuteveis de desempenho motivaccedilatildeo auto-

confianccedila e abertura a mudanccedilas nos processos de trabalho (ABBAD GAMA e BORGES-

ANDRADE 2000)

No cenaacuterio da pesca artesanal ainda haacute poucas descriccedilotildees relativas agrave formaccedilatildeo de

pescadores e marisqueiras

Costa et al (2012) realizaram uma intervenccedilatildeo com pescadoras de uma associaccedilatildeo de um

municiacutepio do Recocircncavo baiano por meio de oficinas em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP)

tendo como preocupaccedilatildeo a temaacutetica da seguranccedila de alimentos e constataram que o processo

formativo se constituiu como uma das estrateacutegias para o fortalecimento das praacuteticas

organizacionais sendo uma das alternativas eficientes de faacutecil execuccedilatildeo e baixo custo que

podem ser aplicadas para atender agraves exigecircncias da inspeccedilatildeo sanitaacuteria Neste caso os

30

pesquisadores reportaram que 100 das pescadoras natildeo haviam recebido treinamento anterior

sobre as BPP

Noacutebrega (2013) desenvolveu estudo de intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade pesqueira do municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde-BA utilizando como temas de

treinamento a conservaccedilatildeo do pescado e a higiene do manipulador verificando a partir dos

padrotildees microbioloacutegicos que 970 das amostras de mariscos estavam em conformidade com a

legislaccedilatildeo apoacutes o treinamento representando uma melhoria na qualidade dos produtos

beneficiados

Menezes e Campos (2014) relatam trabalho de extensatildeo na comunidade pesqueira de

Mangue Seco Valenccedila-BA entre 2012 e 2014 por meio de cursos palestras e oficinas com o

objetivo de propiciar a difusatildeo de conhecimentos bem como o aprimoramento de praacuteticas

voltadas para a melhoria da mariscagem Entre as atividades foram realizados cursos sobre

tecnologia de pescado boas praacuteticas de produccedilatildeo e artesanato em escamas de peixe Segundo as

autoras apesar das oficinas proporcionarem melhorias dos processos produtivos mostrou

fragilidades na perspectiva da organizaccedilatildeo e coesatildeo do grupo na perspectiva do

desenvolvimento social

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FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA MARISQUEIRAS UMA

EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA BAIacuteA DE TODOS OS

SANTOS BRASIL

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Abner Victor da Silva Teixeirab Aline Natana da

Silva Machadob Suelen Giffoni Arauacutejob Joseacute Acircngelo Wenceslau Goacuteesc Ryzia de Caacutessia

Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

As marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo passadas de geraccedilatildeo

em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o pescado que

compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade Assim este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com as

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas estavam a exposiccedilatildeo dialogada as dinacircmicas

de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de fotos do trabalho na

mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade formativa

o que pode estar associado agraves metodologias utilizadas e agrave maior aproximaccedilatildeo entre os

instrutores e a comunidade com trocas de experiecircncias As estrateacutegias de intervenccedilatildeo

resultaram em mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos conquanto ainda

houvesse falhas que sinalizaram a necessidade de aperfeiccediloamentos e que a estrutura fiacutesica

dos locais de beneficiamento fosse inadequada Os resultados evidenciam a aplicabilidade de

estrateacutegia educativa em seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma

demanda de educaccedilatildeo continuada e de suporte estrutural agrave cadeia produtiva para o alcance de

maior eficaacutecia

Palavras-chave pesca artesanal treinamento qualidade de alimentos seguranccedila alimentar e

nutricional

40

Abstract

The shellfish pickers follow practices of fishing and processing that are passed from

generation to generation without specific training to work with seafood which comprises a

kind of animal product of high perishability This study aimed to describe a training strategy

in food safety for shellfish pickers of Ilha das Fontes community Satildeo Francisco do Conde

Brazil An intervention study was carried out following six stages survey of community

interest topics raising awareness in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers

before training training in Good Manufacturing Practices of food in situ monitoring of

routine work after training and conversation wheel with shellfish pickers Among the

methodologies dialogued exposure group dynamics the conversation wheel practical

simulations the exhibition of photos of the work in shellfishing and videos were used It was

verified a good adhesion of shellfish pickers to the formative activity which may be

associated with the methodologies used and the closer relationship between the teachers and

the community with exchanges of experience Intervention strategies resulted in positive

changes in the processing of shellfish although there were still failures that signaled the need

for improvements and that the physical structure of the places of processing were inadequate

The results showed the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing although it is registered a demand for continuing education and structural support to

the supply chain in order to achieve greater efficiency

Key words artisanal fishing training food quality food security

1Introduccedilatildeo

A pesca compreende importante cadeia na produccedilatildeo de alimentos em todo o mundo

Aleacutem de contribuir para a oferta de alimentos de elevada qualidade nutricional o setor

permite a inserccedilatildeo 583 milhotildees de trabalhadores diretos e indiretos o que tambeacutem colabora

para a renda e para promover a seguranccedila alimentar (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal participa com 45 da produccedilatildeo nacional de pescado -

com registro de 1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado e emprega cerca de um milhatildeo

de trabalhadores incluindo homens e mulheres (BRASIL 2014) Entretanto esta cadeia tem

sido marcada por fragilidades na sua conduccedilatildeo uma vez que historicamente natildeo contou com

poliacuteticas para apoio ao seu desenvolvimento Assim em grande parte do paiacutes registra-se a

atividade como um trabalho ruacutestico com baixa tecnologia de pesca e de conservaccedilatildeo do

pescado capturado o que implica em perda da qualidade do produto (VASCONCELLOS

DIEGUES e SALES 2004 SILVA 2011)

Dadas as caracteriacutesticas geograacuteficas do paiacutes a pesca artesanal inclui tanto aacutereas

costeiras quanto aquelas de bacias hidrograacuteficas Ainda inclui a coleta de pescado em aacutereas

de mangue onde eacute comum a atividade de mulheres Estas conhecidas popularmente como

41

marisqueiras satildeo responsaacuteveis pela coleta de mariscos para a complementaccedilatildeo da renda

familiar e tambeacutem para subsistecircncia (FREITAS et al 2012)

No seu ofiacutecio as marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo

passadas de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o

pescado que compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade

(VIEIRA 2004 FREITAS et al 2012) Assim ainda em que pese o conhecimento da

tradiccedilatildeo o pescado procedente desta atividade tem se configurado como uma preocupaccedilatildeo na

perspectiva da seguranccedila de alimentos De acordo com estudos realizados junto a essa cadeia

no paiacutes os mariscos obtidos tecircm apresentado alteraccedilotildees de natureza quiacutemica e

microbioloacutegica o que potencializa riscos para as proacuteprias comunidades e para os

consumidores (VIEIRA et al 2006 NASCIMENTO et al 2011)

Nesse cenaacuterio poliacuteticas recentes tecircm se voltado para o setor de modo a fortalecer esta

cadeia contribuindo para melhores condiccedilotildees de trabalho e a maior oferta de alimentos em

atendimento a requisitos sanitaacuterios Dentre as vertentes de apoio ao setor inclui-se o

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo que compreende importante estrateacutegia para

ensinar habilidades propiciar a aprendizagem ativa e aumentar a percepccedilatildeo de risco (NIETO-

MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 CUNHA et al 2013)

Entretanto sabe-se que programas de formaccedilatildeo que proporcionam apenas informaccedilotildees

teoacutericas natildeo resultam em mudanccedilas imediatas de comportamento dos manipuladores de

alimentos Deste modo as atividades formativas devem contemplar atividades teoacutericas e

praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos possam colocar em praacutetica o conhecimento

adquirido (SOARES et al 2013) Em adiccedilatildeo a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do programa conduzido

eacute uma parte criacutetica do treinamento uma vez que permite que os implementadores avaliem o

desempenho alcanccedilado (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008

MEDEIROS et al 2011)

Assim considerando a extensatildeo da praacutetica da pesca artesanal no litoral baiano o

contexto de rusticidade desta atividade e de baixa qualidade sanitaacuteria do pescado obtido este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos Brasil

42

2 Material e meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil como parte do

projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA

estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo1

O projeto conta com aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica da Escola de Nutriccedilatildeo da

Universidade Federal da Bahia (Parecer no 2265922014) (ANEXO I) e as atividades junto agrave

comunidade foram conduzidas no periacuteodo de marccedilo de 2014 a fevereiro de 2015

21 Seleccedilatildeo do local

A escolha da comunidade para a realizaccedilatildeo do estudo resultou de um conjunto de

condiccedilotildees que favoreceram o desenvolvimento das atividades de intervenccedilatildeo a atividade

pesqueira na Ilha ter atuaccedilatildeo marcada pela mariscagem a boa receptividade da equipe de

pesquisa pela comunidade e pelos liacutederes comunitaacuterios e a disponibilidade local de

instalaccedilotildees passiacuteveis de uso para a realizaccedilatildeo de atividades formativas - na Ilha conta-se com

uma sede comunitaacuteria com instalaccedilotildees fiacutesicas que permitiam os encontros com as

marisqueiras e a implementaccedilatildeo das atividades formativas

22 Programa de intervenccedilatildeo

A proposta de programa de intervenccedilatildeo foi planejada por uma equipe multidisciplinar

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e

contou com a participaccedilatildeo da comunidade

A intervenccedilatildeo consistiu em seis etapas (Figura 1)

I Sondagem de temas de interesse para a comunidade por meio da aplicaccedilatildeo de um

questionaacuterio semi-estruturado (ANEXO A)

II Encontro de sensibilizaccedilatildeo conduzido por meio de palestras atividades interativas e

relatos de experiecircncia de marisqueiras de outra comunidade jaacute qualificadas em processos

formativos com o objetivo de despertar a comunidade sobre a importacircncia da qualidade e da

seguranccedila do pescado

1 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

43

III Acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras desde a captura nos

manguezais ateacute o beneficiamento do pescado em casa Para avaliar as Boas Praacuteticas no

beneficiamento dos mariscos aplicou-se um check list (ANEXO B) elaborado com base na

RDC nordm2162004 (BRASIL 2004) e observando adaptaccedilotildees agrave realidade local contemplando

oito blocos 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4

Abastecimento de aacutegua 5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas

preparo dos mariscos e embalagens

IV Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos com desenvolvimento de

atividades educativas participativas para estimular o manuseio seguro do pescado nos

diferentes estaacutegios de processamento

V Novo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras realizado sessenta

dias apoacutes o treinamento com reaplicaccedilatildeo de check list

VI Roda de conversa com as marisqueiras desenvolvida com o auxiacutelio de roteiro de

perguntas para verificar a eficaacutecia da accedilatildeo educativa realizada identificando fatores que

facilitaram e dificultaram a mudanccedila de comportamento

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015

44

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias

Todo o planejamento das atividades de treinamento foi realizado por meio de reuniotildees

de consenso levando em conta as demandas dos participantes e incentivando-os a demonstrar

seus conhecimentos e praacuteticas de modo a aproveitar a experiecircncia local como base para a

construccedilatildeo de novos conhecimentos

De modo preacutevio ao treinamento foi feita a inscriccedilatildeo dos participantes com o

propoacutesito de levantar informaccedilotildees sobre o quantitativo de pessoas bem como dos dados

socioeconocircmicos do grupo considerando caracteriacutesticas quanto agrave idade agrave escolaridade agrave

renda e agrave participaccedilatildeo em treinamento anterior (APEcircNDICE A) No entanto metades dos

inscritos natildeo estiveram presentes no evento enquanto que outras pessoas que natildeo estavam

inscritas compareceram Assim para os novos interessados tambeacutem foram preenchidas fichas

com os referidos dados

As metodologias empregadas durante a realizaccedilatildeo das atividades compreenderam

exposiccedilatildeo dialogada usando um projetor multimiacutedia dinacircmicas de grupo rodas de conversa

simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de coleta e beneficiamento de mariscos e

viacutedeos Tambeacutem foram confeccionados materiais didaacuteticos de apoio e feita a gravaccedilatildeo da

atividade de roda de conversa para fins de registro e transcriccedilatildeo dos discursos das

marisqueiras Ao final da atividades formativa as marisqueiras receberam certificado de

realizaccedilatildeo do curso como forma de valorizaccedilatildeo e de incentivo pela participaccedilatildeo nas

atividades (APEcircNDICE B)

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias

Para conhecer a percepccedilatildeo dos participantes quanto aos meacutetodos utilizados na

formaccedilatildeo foi solicitado a eles apoacutes a atividade de formaccedilatildeo especiacutefica em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o preenchimento de um formulaacuterio de avaliaccedilatildeo (ANEXO D) que considerou os

seguintes itens explicaccedilatildeo dos assuntos recursos utilizados ritmo de atividades

esclarecimento de duacutevidas aprendizagem individual e sugestotildees para atividades futuras

Para avaliar os itens indicados utilizou-se uma escala estruturada com cinco

categorias de respostas peacutessimo ruim regular bom e excelente Para tratamento das

respostas as categorias tiveram valores numeacutericos equivalentes que variaram de um a cinco

na mesma ordem sendo a meacutedia aritmeacutetica de cada indicador calculada e as perguntas

restantes verificadas por frequecircncia de respostas

45

25 Anaacutelise de dados

Os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Excel e apresentados sob

a forma de estatiacutestica descritiva com uso de graacuteficos e tabelas para melhor explicaccedilatildeo dos

resultados alcanccedilados

3 Resultados e Discussatildeo

31 Programa de intervenccedilatildeo

311 Sondagem

A sondagem foi realizada com 32 marisqueiras da Ilha que atuavam ativamente na

pesca artesanal sendo possiacutevel obter uma descriccedilatildeo das expectativas de temas de interesse de

modo a abarcar melhor alguns destes no treinamento posto que determinados assuntos

escapavam ao foco de seguranccedila de alimentos Conforme os resultados foram levantados os

seguintes temas conservaccedilatildeo do pescado (30) benefiacutecios do pescado (225) informaccedilotildees

sobre o pescado (175) sauacutede do trabalhador (equipamentos de proteccedilatildeo - EPI) (15)

melhoria da qualidade do pescado (125) pesca e geraccedilatildeo de renda (cada um destes com

75 das indicaccedilotildees) e higienizaccedilatildeo do ambiente de processamento e artesanato com pescado

(cada um com 25)

Conforme Abushelaibi et al (2015) para que um programa de treinamento seja bem

sucedido eacute preciso que seja feito um planejamento cuidadoso devendo-se levar em

consideraccedilatildeo as necessidades dos participantes Deste modo a sondagem constituiu um dos

primeiros momentos de contato e de escuta agraves demandas de conhecimento junto agrave

comunidade Segundo Leite et al (2011) a sondagem possibilita uma construccedilatildeo mais

orientada do curso estimulando mudanccedilas positivas de comportamento jaacute que as

necessidades do populaccedilatildeo-alvo tornam-se conhecidas

312 Sensibilizaccedilatildeo

A atividade de sensibilizaccedilatildeo denominada ldquoEncontro com marisqueiras da Ilha das

Fontes um dedinho de prosa sobre trabalho e qualidade dos mariscosrdquo foi realizada em um

uacutenico dia com duraccedilatildeo de quatro horas e contou com a participaccedilatildeo de 15 marisqueiras que

natildeo foram necessariamente as mesmas que participaram da sondagem

46

O conteuacutedo programaacutetico apresentado compreendeu relato das marisqueiras da Ilha

do Paty sobre a atividade de formaccedilatildeo preacutevia realizada pelo projeto nesta Ilha valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras qualidade do marisco (indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) e resultados de diagnoacutestico de avaliaccedilatildeo da qualidade de mariscos de Satildeo

Francisco do Conde e especificamente a situaccedilatildeo da Ilha das Fontes

Nesse sentido a sensibilizaccedilatildeo dos participantes visava realccedilar a contribuiccedilatildeo social e

alimentar do trabalho na pesca artesanal promover maior conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia

da inocuidade dos alimentos envolvidos e despertar a comunidade para a possibilidade de

participar de programas de formaccedilatildeo profissional dentro de um grupo que compartilhava um

mesmo ambiente de vida e trabalho

Com o relato das marisqueiras da Ilha do Paty que viviam estaacutegio mais avanccedilado de

intervenccedilatildeo educativa (NOBREGA et al 2014) buscava-se demostrar uma experiecircncia

formativa exitosa em regiatildeo proacutexima motivando a comunidade para a atividade a ser

desenvolvida

O tema da valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras foi abordado a fim de ampliar a

percepccedilatildeo da comunidade sobre a importacircncia da profissatildeo para o abastecimento local de

pescado e para geraccedilatildeo de renda para muitas famiacutelias Nesse contexto Freitas et al (2012)

pontuam que o conhecimento das marisqueiras deve ser valorizado uma vez que haacute um

volume significativo de carne de mariscos sendo extraiacutedo com contribuiccedilatildeo para o

abastecimento de pescado Aleacutem disso a atividade desenvolvida deve ser considerada como

forma de dar reconhecimento agrave atividade e proteger do modo de vida dessas populaccedilotildees posto

que encerram tradiccedilotildees

Ainda foram apresentadas noccedilotildees referentes aos indicadores de qualidade do pescado -

sensorial microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica na perspectiva da seguranccedila do alimento Com este

conteuacutedo esperava-se melhorar a compreensatildeo dos resultados de estudo diagnoacutestico obtidos

pelo projeto maior que seriam apresentados considerando anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-

quiacutemicas de mariscos coletados no municiacutepio Posto que estes resultados natildeo eram bons

buscava-se despertar a comunidade quanto aos riscos sanitaacuterios dos produtos beneficiados na

regiatildeo e para a responsabilidade com a sauacutede dos consumidores

Onyeneho e Hedberg (2013) em estudo sobre seguranccedila de alimentos na Nigeacuteria

relatam que a sensibilizaccedilatildeo e a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos devem

inicialmente chamar a atenccedilatildeo das pessoas sobre o tamanho do problema e em seguida

treinaacute-las sobre como lidar com os alimentos corretamente e com seguranccedila explicitando a

melhor forma de manusear corretamente o alimento em ambiente higiecircnico

47

313 Acompanhamento in loco antes

O acompanhamento in loco foi feito com um grupo de quatro marisqueiras que se

propuseram a participar de todo o programa de intervenccedilatildeo Durante a atividade ainda nos

locais de captura dos mariscos constatou-se que o trabalho das marisqueiras compreendia um

esforccedilo muito grande posto que a pesca ocorria em aacutereas mais distantes da Ilha necessitando

caminhadas agrave peacute ou deslocamentos com canoas Ao mesmo tempo observou-se que a

movimentaccedilatildeo no mangue exige maior resistecircncia fiacutesica equiliacutebrio e praacutetica para identificar

os locais de apanha e que as posturas adotadas na realizaccedilatildeo do trabalho natildeo seguiam

qualquer padratildeo ergonocircmico sobrecarregando o corpo

Em estudo conduzido por Costa et al (2012) tambeacutem na Bahia similarmente

verificou-se que as marisqueiras se deslocavam com embarcaccedilotildees ou ateacute mesmo agrave peacute para a

coleta de mariscos e possuiacuteam uma longa jornada de trabalho sempre definida pela mareacute

Quanto ao trabalho Pena Freitas e Cardim (2011) pontuam que a exposiccedilatildeo das

marisqueiras aos riscos da pesca tem iniacutecio na infacircncia quando manuseiam os instrumentos

de pesca e caminham sobre as pedras e os mangues sob o sol e condiccedilotildees climaacuteticas adversas

sem qualquer proteccedilatildeo Os autores observam ainda que os riscos referentes aos fatores

externos se acumulam ao longo da vida laboral e se somam agraves condiccedilotildees de vida que

repercutem negativamente no crescimento

Conforme Pena Martins e Rego (2013) a precariedade da atividade artesanal impotildee

uma conformaccedilatildeo nociva do corpo ao trabalho com ritmos extenuantes movimentos

repetitivos sem pausas posturas inadequadas e outros condicionantes prejudiciais agrave sauacutede

resultando em quadros de doenccedilas associadas ao trabalho dentre estas a Lesatildeo por Esforccedilo

Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT)

Com relaccedilatildeo agraves praacuteticas com os mariscos em domiciacutelio a observaccedilatildeo da rotina de

beneficiamento dos mariscos e a aplicaccedilatildeo do check list permitiram identificar o natildeo

atendimento a diferentes requisitos sanitaacuterios

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios as principais falhas

incluiacuteram a presenccedila de objetos em desuso e de animais de estimaccedilatildeo na aacuterea de manipulaccedilatildeo

dos mariscos Ainda verificou-se que os utensiacutelios e a mesa utilizados natildeo apresentavam

superfiacutecies lisas e impermeaacuteveis propiciando contaminaccedilotildees

Quanto agrave higiene das instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios evidenciou-se que a aacuterea

de manipulaccedilatildeo dos mariscos compreendia o quintal da casa que era de difiacutecil higienizaccedilatildeo ndash

aacuterea de terra com vegetaccedilatildeo natural (mato) e animais circulando - galinhas e muitos objetos

48

em desuso natildeo sendo registrada a limpeza da aacuterea ao teacutermino do trabalho A higienizaccedilatildeo

dos utensiacutelios era procedida somente ao final das atividades em uma bacia

Em relaccedilatildeo ao abastecimento de aacutegua apesar dos reservatoacuterios estarem com tampa e

em bom estado de conservaccedilatildeo ficavam proacuteximos ao solo e de faacutecil acesso o que pode

favorecer a contaminaccedilatildeo Aleacutem disso natildeo havia registro e adequada frequecircncia de limpeza

desses reservatoacuterios Na Ilha era frequente o armazenamento da aacutegua em toneacuteis com tampa

proacuteximos ao chatildeo e por vezes o abastecimento de aacutegua natildeo acontecia de modo frequente

Quanto ao controle de vetores e pragas urbanas constatou-se a presenccedila de insetos e

animais na aacuterea de manipulaccedilatildeo Nos domiciacutelios se dispunha de inseticida devidamente

registrado contudo natildeo havia medidas preventivas para evitar a incidecircncia de vetores e

pragas no local

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos os recipientes de lixo estavam sem tampas e

localizados na aacuterea de manipulaccedilatildeo permitindo o acesso a pragas e animais constituindo

tambeacutem fonte de contaminaccedilatildeo A coleta de lixo na regiatildeo natildeo era realizada regularmente

sendo o lixo incinerado nos quintais diariamente

As marisqueiras apresentavam unhas longas com esmaltes e utilizavam adornos

(reloacutegio) Tambeacutem natildeo se observou a utilizaccedilatildeo de luvas e a lavagem das matildeos de forma

frequente e adequada

Quanto ao beneficiamento dos mariscos especificamente constatou-se que eram

lavados apenas com aacutegua do mar dispostos em panela de alumiacutenio jaacute desgastada pelo tempo

com aacutegua potaacutevel e submetidos agrave cocccedilatildeo em trempe com lenha - a sequecircncia das etapas desde

a captura ateacute o beneficiamento encontra-se ilustrada na Figura 2 A panela tinha tampa de

alumiacutenio para acelerar a cocccedilatildeo e durante este processo natildeo havia controle do tempo de

contato do marisco com a aacutegua fervente

Concluiacuteda a cocccedilatildeo para facilitar a retirada da carne seguia-se um raacutepido

resfriamento agrave temperatura ambiente em caixa vazada colocada dentro de uma bacia de

alumiacutenio disposta no chatildeo Para extraccedilatildeo da carne os mariscos eram colocados sobre

plaacutesticos que forravam o chatildeo ou dentro de bacias Nesta etapa tambeacutem natildeo havia controle do

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente desde a cocccedilatildeo ateacute o momento do

acondicionamento o que em muitos casos excedia uma hora

A carne extraiacuteda era colocada em bacias com aacutegua potaacutevel para lavagem Em seguida

os mariscos eram espremidos para remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com as matildeos nuas e

porcionados em embalagens plaacutesticas de um quilo Os produtos acondicionados entatildeo eram

levados para congelamento em refrigerador domeacutestico

49

Figura 2 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes antes da estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Ambiente de manipulaccedilatildeo dos mariscos 3-5Cocccedilatildeo dos

mariscos 6 Resfriamento agrave temperatura ambiente 7-8 Extraccedilatildeo da carne dos mariscos 9 Porcionamento da

carne extraiacuteda na embalagem

Pela descriccedilatildeo observa-se um contexto de trabalho muito ruacutestico rico em

oportunidades para contaminaccedilatildeo dos produtos o que em muito contribui para a perda da

qualidade dos mariscos produzidos compondo um quadro de precariedade que guarda

similaridades com relatos de outros autores no Nordeste (DIAS ROSA e DAMASCENO

2007 PENA FREITAS e CARDIM 2011 PENA MARTINS e REGO 2013) Ao mesmo

tempo haacute que se ter em mente que esta condiccedilatildeo foi histoacuterica e socialmente construiacuteda -

existe como parte da tradiccedilatildeo local A situaccedilatildeo do trabalho na comunidade apenas reflete o

contexto de baixo desenvolvimento social do municiacutepio e de insuficiecircncia de poliacuteticas de

apoio agrave pesca

1 2 3

4 5 6

7 8 9

50

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos

O treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos contou com a participaccedilatildeo

de 32 pessoas cujas caracteriacutesticas socioeconocircmicas encontram-se sumariadas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes do

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

CARACTERIacuteSTICAS N

SEXO

Feminino 31 969

Masculino 1 31

IDADE (em anos)

12-18 1 31

19- 59 28 875

ge 60 3 94

ESTADO CIVIL

Solteiro 10 312

Casado Uniatildeo Estaacutevel 17 531

SeparadoDivorciado 2 63

Viuacutevo 3 94

ESCOLARIDADE

Analfabeto 1 31

Ensino fundamental completoincompleto 14 438

Ensino meacutedio completoincompleto 17 531

Ensino superior completoIncompleto 0 00

RENDA

lt 1Salaacuterio Miacutenimo 20 625

1-2 Salaacuterios Miacutenimos 12 375

ge 3 Salaacuterios Miacutenimos 0 00

TREINAMENTO ANTERIOR EM BOAS PRAacuteTICAS

Sim 1 31

Natildeo 31 969

Verificou-se que a maioria dos participantes eram mulheres (969) com idade adulta

(875) casadas ou em uniatildeo estaacutevel (531) Nesse sentido argumenta-se que a

predominacircncia de mulheres no curso reflete a segmentaccedilatildeo de gecircnero para a mariscagem que

eacute historicamente descrita na regiatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011) embora homens

tambeacutem sejam encontrados na atividade

51

Na divisatildeo do trabalho da pesca artesanal a questatildeo do gecircnero eacute marcante na qual a

extraccedilatildeo de mariscos eacute realizada principalmente por mulheres e crianccedilas na praia e no

mangue sendo uma extensatildeo dos aspectos bioloacutegicos do corpo da mulher As mulheres

desenvolvem todo o procedimento de captura e beneficiamento do marisco em adiccedilatildeo ao

trabalho domeacutestico tradicional configurando uma dupla jornada (PENA FREITAS e

CARDIM 2011) Aleacutem disso eacute fato que as mulheres detecircm maior conhecimento sobre as

praacuteticas com os alimentos e a sua seguranccedila desenvolvendo melhor as praacuteticas de

manipulaccedilatildeo do alimento que os homens (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE

2008 CONTRERAS e GRACIA 2011)

No que concerne agrave idade os achados aproximam-se do estudo de Costa et al (2012)

que reportam a totalidade das mulheres na faixa etaacuteria entre 30 e 45 anos sendo que 803

destas sabiam ler e escrever e 667 tinham a pesca como uacutenica fonte de renda

Quanto agrave escolaridade constatou-se que as marisqueiras em sua maior parte tinham

ensino meacutedio incompleto ou completo (531) Freitas et al (2012) em Barra Grande-PI

evidenciaram que 4756 das marisqueiras possuiacuteam ensino fundamental completo ou grau

de escolaridade superior demonstrando um potencial para a captaccedilatildeo e repasse de

informaccedilotildees a serem disponibilizadas

Na Ilha das Fontes a maioria das marisqueiras apresentou renda familiar mensal

inferior a um salaacuterio miacutenimo (625) proveniente da comercializaccedilatildeo dos mariscos que era

complementada com benefiacutecio social do municiacutepio pelo Programa de Acolhimento Social de

Complementaccedilatildeo de Renda (PAS)

Pena Freitas e Cardim (2011) em seu trabalho na Ilha de Mareacute-BA entre os anos de

2005 e 2007 verificaram uma renda meacutedia mensal por marisqueira de apenas cinquenta

reais Dado o contexto os autores enfatizam a inexistecircncia de contrato de trabalho na pesca

artesanal uma vez que natildeo haacute emprego ou assalariamento pois a atividade eacute desenvolvida

individualmente ou em grupos familiares e dessa forma a precariedade social impotildee ritmo

intenso de trabalho para gerar mais produtos agrave venda

A quase totalidade (969) das marisqueiras da Ilha das Fontes natildeo tinha treinamento

preacutevio em Boas Praacuteticas na manipulaccedilatildeo de alimentos Resultados semelhantes foram

reportados por Costa et al (2012) que descrevem a ausecircncia de treinamento em Boas

Praacuteticas entre as pescadoras de uma comunidade pesqueira na Bahia

Nesse sentido a realidade observada contrasta com a RDC nordm 2162004 que dispotildee

sobre as Boas Praacuteticas para Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo estabelece que os manipuladores de

52

alimentos devem ser capacitados periodicamente em higiene pessoal em manipulaccedilatildeo

higiecircnica dos alimentos e em doenccedilas transmitidas por alimentos (BRASIL 2004)

O treinamento denominado ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo foi realizado em trecircs tardes consecutivas com duraccedilatildeo

total de 10 horas e teve como tema principal a manipulaccedilatildeo segura nos diferentes estaacutegios do

beneficiamento dos mariscos

Entre os temas trabalhados constaram as Boas Praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos

a higiene pessoal a higiene dos utensiacutelios e equipamentos e do ambiente a qualidade da aacutegua

os principais cuidados na captura manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo dos mariscos os aspectos de

sauacutede do trabalhador e o uso de EPI Aleacutem disso foram reforccedilados os temas relativos agrave

valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras e o diagnoacutestico da qualidade dos mariscos locais

bem como distribuiacutedos os seguintes materiais didaacuteticos de apoio texto de valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras Cartilha da marisqueira para a Boas Praacuteticas (ANEXO E) Cartilha

sobre LER e DORT (ANEXO F) e o Guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua (ANEXO G)

Durante o desenvolvimento dessa atividade foi feito o detalhamento das etapas do

beneficiamento dos mariscos com participaccedilatildeo ativa das marisqueiras dando-se foco agrave

necessidade de adoccedilatildeo de cuidados de higiene e conservaccedilatildeo com vistas agrave promoccedilatildeo da

seguranccedila do alimento e proteccedilatildeo da sauacutede dos consumidores A utilizaccedilatildeo de metodologias

como viacutedeos painel de praacuteticas jogo do certo e errado exposiccedilatildeo de fotos da realidade local e

os trabalhos em grupo contribuiacuteram para apreensatildeo do conhecimento acerca dos temas

abordados

Em estudos relacionados agrave formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos para manipuladores

foram observadas como metodologias de aprendizagem o uso de recursos audiovisuais como

fotos obtidas durante visitas anteriores mostrando situaccedilotildees e viacutedeos Aleacutem disso foram

reportadas a introduccedilatildeo de toacutepicos de discussatildeo e demonstraccedilotildees praacuteticas que contribuiacuteram

para apreensatildeo dos conhecimentos e melhoria dos haacutebitos de higiene (NIETO-

MOTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 SOARES et al 2013)

Soon e Baines (2012) em estudo no Reino Unido desenvolveram um treinamento

com agricultores e trabalhadores de fazendas utilizando quatro tipos de materiais educativos

de seguranccedila de alimentos incluindo a cartilha sobre a seguranccedila de alimento e na fazenda

slides viacutedeo sobre as praacuteticas de seguranccedila de produtos frescos e a demonstraccedilatildeo da praacutetica

de higienizaccedilatildeo das matildeos Os autores relataram que o programa de treinamento educacional

foi bem sucedido melhorando o conhecimento dos participantes acerca do tema

53

Na literatura consultada verificaram-se poucos estudos acerca da formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos no acircmbito da pesca artesanal cuja realidade de manipulaccedilatildeo dos

alimentos difere muitas de ambientes como escolas induacutestrias empresas e outros onde haacute a

possibilidade de maior controle dos fatores que podem estar influenciando na qualidade dos

produtos Apesar desse quadro alguns estudos relacionados agraves BPP foram realizados com

pescadoras e marisqueiras na Bahia

No trabalho de Costa et al (2012) que investigou conceitos e atitudes para produccedilatildeo

segura de alimentos por meio de entrevistas e observaccedilatildeo verificou-se que as BPP eram

percebidas como sinocircnimo de higiene e de permissatildeo para comercializaccedilatildeo do pescado sem

reclamaccedilotildees Contudo os autores notaram que as participantes natildeo detinham noccedilotildees quanto

aos procedimentos de BPP na implementaccedilatildeo das suas atividades

Noacutebrega et al (2014) realizaram uma intervenccedilatildeo em BPP empregando como

metodologias exposiccedilotildees dialogadas dinacircmicas de grupos oficinas teatro jogos com de

imagens atividades dirigidas e a distribuiccedilatildeo de materiais didaacuteticos Segundo os autores a

experiecircncia demonstrou o potencial de desenvolvimento de atividades educativas junto agraves

comunidades pesqueiras com resultados que contribuiacuteram para o fortalecimento da cadeia

produtiva local com promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Para Mcintyrea et al (2014) programas de intervenccedilatildeo que incluem a formaccedilatildeo

multidimensional com atividades praacuteticas e recursos de miacutedia interativa podem melhorar os

resultados de formaccedilatildeo Nessa direccedilatildeo Deon et al (2014) pontuam que uma variedade de

recursos audiovisuais podem ser utilizadas pelos educadores para difundir mensagens sobre a

seguranccedila dos alimentos e ajudar no desenvolvimento de programas educativos que abordam

diretamente o assunto

Para Medeiros et al (2011) cartazes e folhetos podem ser usados para lembrar aos

manipuladores das praacuteticas que devem ser executadas podendo ser postados em paredes em

locais apropriados no local de trabalho As fotografias por sua vez podem permitir que os

participantes identifiquem e analisem os problemas e outras questotildees que mais interessem em

suas comunidades (BAILEY e VAN HARKEN 2014) os viacutedeos podem enfatizar conceitos

importantes e manter o interesse dos telespectadores (SOON e BAINES 2012) e o uso de

jogos em treinamentos proporciona amplas oportunidades de exerciacutecio e praacutetica reforccedilando

assim a retenccedilatildeo de informaccedilotildees (MAC NAMEE et al 2006)

Conforme Robertson et al (2013) o propoacutesito do treinamento natildeo deve ser somente o

aumento de conhecimento das praacuteticas pelos manipuladores de alimentos mas sim capacitaacute-

los a praticar estes comportamentos em todos os momentos criando uma verdadeira cultura de

54

seguranccedila do alimento Nesse processo no entanto eacute necessaacuterio entender aspectos que afetam

o comportamento do manipulador de alimentos e como ele interage com as suas crenccedilas e os

niacuteveis de conhecimento (ABUSHELAIBI et al 2015)

Os resultados da avaliaccedilatildeo do treinamento realizada pelos participantes encontram-se

ilustrados na Figura 3 Como se verifica as notas de avaliaccedilatildeo foram satisfatoacuterias com

meacutedias acima de quatro demonstrando que os participantes consideraram o treinamento entre

bom e oacutetimo

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo do treinamento em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos realizado junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

Resultados similares foram reportados no estudo de Soon e Baines (2012) no qual

mais de 80 dos participantes consideraram o conteuacutedo de formaccedilatildeo satisfatoacuterio e de faacutecil

compreensatildeo e que nenhum deles considerou o treinamento longo ou complicado

Na formaccedilatildeo com as marisqueiras o item de avaliaccedilatildeo de maior meacutedia foi a

explicaccedilatildeo dos assuntos demonstrando que a forma de abordagem dos conteuacutedos tornou faacutecil

o entendimento favorecendo a apreensatildeo dos conhecimentos O item de menor meacutedia foi o

referente ao esclarecimento de duacutevidas o que pode estar relacionado a conteuacutedos mais

especiacuteficos ou teacutecnicos das BPP

Para Prado et al (2006) educar eacute contribuir para a formaccedilatildeo do ser humano criando

possibilidades para produccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Ainda compreende uma relaccedilatildeo

que envolve respeito eacutetica reconhecimento do outro e de si mesmo buscando autonomia

55

Em relaccedilatildeo agraves sugestotildees referidas pelas marisqueiras para melhorias futuras da

atividade educativa constaram o maior tempo para realizaccedilatildeo do curso a maior participaccedilatildeo

da comunidade no treinamento e a realizaccedilatildeo de mais atividades praacuteticas Noacutebrega (2013)

tambeacutem encontrou como sugestotildees para melhoria da atividade formativa a maior participaccedilatildeo

da comunidade no curso e um periacuteodo maior para realizaccedilatildeo das atividades com espaccedilo para

responder aos questionamentos o que expressa uma demanda da comunidade

Pelos resultados destaca-se uma preocupaccedilatildeo dos participantes para que outras

marisqueiras tambeacutem tivessem oportunidade de formaccedilatildeo o que pode ser interpretado como

uma valorizaccedilatildeo do curso Quanto ao tempo por outro lado ainda natildeo haacute estudos que

estabeleccedilam qual seria a carga horaacuteria ideal no contexto da pesca artesanal ndash entatildeo

considerando estudo preacutevio de Noacutebrega et al (2014) previu-se uma maior extensatildeo mas que

ainda foi pontuada como insuficiente pelo grupo

Nesse contexto considera-se que a avaliaccedilatildeo do programa de treinamento em

seguranccedila do alimento eacute uma parte criacutetica uma vez que permite que os implementadores

avaliem a sua eficaacutecia (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008) Ao mesmo

tempo compreende oportunidade para o aperfeiccediloamento do processo na perspectiva dos

vaacuterios elementos passiacuteveis de mensuraccedilatildeo ndash meacutetodos adotados conhecimento acumulado

mudanccedilas de comportamento e melhoria da qualidade do produto

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo

Essa etapa foi realizada com as quatro marisqueiras que participaram do

acompanhamento in loco anterior ao treinamento Os resultados do acompanhamento in loco

poacutes-intervenccedilatildeo em relaccedilatildeo aos resultados da avaliaccedilatildeo inicial satildeo exibidos na Figura 4

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios notou-se uma reduccedilatildeo

das inadequaccedilotildees apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda que objetos em desuso estivessem presentes os

animais foram isolados da aacuterea de manipulaccedilatildeo Nesse sentido observou-se que as residecircncias

onde o beneficiamento dos mariscos era feito muitas vezes apresentavam estrutura precaacuteria

Aleacutem disso as marisqueiras tinham baixo poder aquisitivo o que inviabilizava a construccedilatildeo

de local com instalaccedilotildees proacuteprias com equipamentos e utensiacutelios necessaacuterios agrave melhor

manipulaccedilatildeo do alimento Por isso o beneficiamento continuava sendo realizado na aacuterea

externa das residecircncias local onde eram realizadas tambeacutem outras atividades domeacutesticas

56

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto ao

atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das Fontes Satildeo

Francisco do Conde-BA 20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4 Abastecimento de aacutegua

5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas preparo dos mariscos e embalagens

Utensiacutelios em bom estado de conservaccedilatildeo passaram a ser utilizados conquanto a mesa

disponiacutevel fosse a mesma Deste modo as marisqueiras passaram a utilizar um plaacutestico

transparente sobre a mesa o que facilitava a higienizaccedilatildeo e diminuiacutea riscos de contaminaccedilatildeo

Nessa direccedilatildeo ressalta-se que a limpeza das superfiacutecies que entram em contato com os

alimentos compreende cuidado essencial para a seguranccedila do alimento e para a prevenccedilatildeo de

contaminaccedilatildeo cruzada enfatizando-se as etapas de limpeza e sanitizaccedilatildeo Todavia quando as

praacuteticas de higiene satildeo deficientes podem resultar na formaccedilatildeo de biofilmes na superfiacutecie de

equipamentosutensiacutelios comprometendo a seguranccedila dos produtos a serem processados

(LUES e VONDER 2007 NUNES et al 2010)

Embora a aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos fosse a mesma as marisqueiras passaram

a fazer a sua limpeza antes e apoacutes o uso natildeo havendo mais animais Os utensiacutelios tambeacutem

passaram a ser devidamente higienizados antes e apoacutes o uso Nesse sentido apesar da

observaccedilatildeo de reduccedilatildeo nas inadequaccedilotildees nesse quesito natildeo foi possiacutevel garantir que as

condiccedilotildees de limpeza observadas natildeo permitiam a contaminaccedilatildeo do produto posto que natildeo

havia pia para lavagem dos utensiacutelios A higienizaccedilatildeo era realizada em bacia de alumiacutenio que

57

tambeacutem era utilizada para lavagem de roupas Rowel et al (2013) em estudo em mercearias

tambeacutem registraram que com o treinamento houve maior conscientizaccedilatildeo dos funcionaacuterios

promovendo a correta higienizaccedilatildeo destes materiais

Com relaccedilatildeo ao controle de vetores e pragas no beneficiamento de mariscos o quadro

manteve-se inalterado pois o ambiente onde era realizado o beneficiamento dos mariscos era

aberto permitindo a presenccedila de vetores e pragas Nesse contexto a preocupaccedilatildeo para o

controle de insetos e pragas considera tanto as perdas econocircmicas quanto o risco sanitaacuterio

Segundo Dias et al (2011) insetos satildeo vetores de vaacuterios microrganismos conhecidos

inclusive de agentes patogeacutenicos alimentares

Quanto ao abastecimento de aacutegua tambeacutem natildeo foram observadas modificaccedilotildees apoacutes a

intervenccedilatildeo dado ser esta a realidade estrutural do abastecimento de aacutegua na Ilha Apesar da

existecircncia de abastecimento de aacutegua pela rede puacuteblica de abastecimento a maioria dos locais

de manipulaccedilatildeo dos mariscos natildeo possuiacutea aacutegua encanada sendo a aacutegua estocada em

recipientes como baldes e vasilhas plaacutesticas

Nesse sentido ressalta-se que a qualidade da aacutegua representa um requisito essencial

em locais que processam eou manipulam alimentos apresentando influecircncia direta sobre a

qualidade microbioloacutegica do produto final principalmente quando esta eacute utilizada na

preparaccedilatildeo de outros produtos (NUNES et al 2010)

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos natildeo foram constatadas mudanccedilas apoacutes a

intervenccedilatildeo Em geral as residecircncias das marisqueiras natildeo contavam com lixeiras com tampa

e sacos de polietileno e o chatildeo da aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos consistia de terra

impossibilitando a retirada total do lixo Ao mesmo tempo a coleta dos resiacuteduos na Ilha natildeo

era realizada com frequecircncia e os moradores natildeo tinham acesso faacutecil aos sacos de polietileno

para fazer o acondicionamento Dessa forma as marisqueiras como aos demais moradores da

Ilha costumavam incinerar os resiacuteduos

Conforme registram Nunes et al (2010) a presenccedila de lixo e resiacuteduos favorece a

presenccedila de diversos tipos de vetores que podem disseminar microrganismos patogecircnicos

para as superfiacutecies de preparaccedilatildeo e consequentemente para os alimentos

Por outro lado houve uma mudanccedila marcante na higiene pessoal das marisqueiras

com uso de roupas limpas proteccedilatildeo para os cabelos unhas curtas e sem esmaltes ausecircncia de

adornos e maior frequecircncia na higienizaccedilatildeo das matildeos Soares et al (2013) apoacutes o treinamento

de seguranccedila alimentar para manipuladores identificaram por meio de observaccedilatildeo in situ a

melhoria da higiene sugerindo que estes comeccedilaram a seguir regras de desinfecccedilatildeo das matildeos

de forma mais rigorosa

58

Cabe considerar que algumas das bacteacuterias podem ser encontradas nas matildeos de

manipuladores de alimentos como Escherichia coli e Staphylococcus aureus (LUES e

TONDER 2007) Por isso a boa higiene pessoal com lavagem das matildeos adequada antes e

apoacutes o manuseio dos alimentos juntamente com corretas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de

alimentos podem reduzir muito as chances de transferecircncia de microrganismos patogecircnicos

(ABUSHELAIBI et al 2015)

A Figura 5 exibe algumas das mudanccedilas observadas depois da intervenccedilatildeo Os

mariscos passaram a ser lavados com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo e colocados em panela de

alumiacutenio com tampa em bom estado de conservaccedilatildeo A cocccedilatildeo seguia os mesmos

procedimentos anteriores sem controle do tempo de contato do marisco com a aacutegua fervente e

o posterior resfriamento agrave temperatura ambiente em caixas vazadas proacuteximas ao chatildeo o que

evidenciou fragilidades no treinamento considerando mudanccedilas nas praacuteticas das

marisqueiras

Considerando a falta de controle do tempo de cozimento avalia-se que pode ser

devido ao conhecimento adquirido pelas marisqueiras ao longo dos anos quanto agraves mudanccedilas

que ocorrem durante a cocccedilatildeo como a abertura das conchas quando os moluscos bivalves

estatildeo cozidos e no caso dos crustaacuteceos a mudanccedila da coloraccedilatildeo

Quanto ao resfriamento apoacutes a cocccedilatildeo agrave temperatura ambiente e com recipientes

proacuteximos ao chatildeo talvez revele resistecircncia agrave mudanccedila pelas marisqueiras dado que o

conhecimento foi transmitido e que natildeo foi referido como um aspecto difiacutecil durante o curso

Na etapa de extraccedilatildeo da carne os mariscos eram dispostos sobre o plaacutestico que forrava

a mesa de madeira poreacutem ainda sem controle do tempo de exposiccedilatildeo agrave temperatura

ambiente ateacute o momento de acondicionamento Na rotina as marisqueiras natildeo controlavam o

tempo de realizaccedilatildeo de suas atividades e soacute quando concluiacuteam toda a etapa de extraccedilatildeo da

carne e os procedimentos finais submetiam os mariscos ao congelamento natildeo seguindo a

recomendaccedilatildeo de controle do binocircmio de tempo e temperatura enfatizado durante o

treinamento

Segundo Walter et al (2012) os catados de mariscos satildeo considerados produtos com

alta perecibilidade e criacuteticas tem sido feitas ao seu manuseio no processo de beneficiamento

realizado pelas mulheres uma vez que os produtos satildeo manipulados e armazenados em

condiccedilotildees inadequadas Deste modo haacute um receio quando do consumo eou comercializaccedilatildeo

desses mariscos em baixas condiccedilotildees sanitaacuterias

59

Figura 5 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes apoacutes a estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Lavagem com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo 3 Cocccedilatildeo

dos mariscos 4 Remoccedilatildeo da aacutegua de cocccedilatildeo para resfriamento 5 Resfriamento dos marisco agrave temperatura

ambiente 6 Extraccedilatildeo da carne de mariscos 7 Lavagem com aacutegua potaacutevel apoacutes a extraccedilatildeo da carne dos

mariscos 8 Porcionamento da carne extraiacuteda na embalagem 9 Lavagem dos utensiacutelios

A carne obtida dos mariscos era lavada em bacias com aacutegua potaacutevel e espremida para

remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com matildeos nuas mas que traziam unhas curtas e sem esmaltes O

porcionamento nas embalagens passou a ser realizado com o auxiacutelio de escumadeira sendo os

produtos acondicionados em seguidas levados para congelamento

Nessa direccedilatildeo pontua-se que o uso de luvas a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene e o

controle de temperaturas adequadas e resfriamento raacutepido reduzem o risco de contaminaccedilatildeo

no processamento Em adiccedilatildeo que a temperatura de conservaccedilatildeo constitui um paracircmetro

determinante da vida de prateleira de um produto uma vez que estaacute diretamente relacionada

com a velocidade da atividade microbiana sendo o seu controle fator importante nas Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo (VIEIRA et al 2006)

1 2 3

4 5 6

7 8 9

60

No caso de frutos do mar Ramos et al (2011) ressaltam que satildeo muito manipulados

no beneficiamento uma vez que haacute separaccedilatildeo manual da carne apoacutes a cocccedilatildeo e que a falta de

controle pode colocar em risco a sauacutede do consumidor Para os autores a qualidade dos frutos

do mar apoacutes o processamento eacute resultante das condiccedilotildees higiecircnicosanitaacuterias iniciais do

produto dos equipamentos do pessoal do tratamento teacutermico do controle de tempo e

temperatura das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo bem como precauccedilatildeo em embalagem e

congelamento

De acordo com Lima et al (2013) no caso de mexilhotildees assim como de outros

moluscos bivalves que satildeo organismos que filtram seletivamente pequenas partiacuteculas

presentes na aacutegua a higienizaccedilatildeo com aacutegua potaacutevel e o cozimento satildeo procedimentos que

ajudam no controle microbiano e na garantia de seguranccedila do produto

Mediante os achados do segundo acompanhamento in loco avalia-se que apesar das

falhas registradas foi tambeacutem possiacutevel evidenciar mudanccedilas no beneficiamento que podem

ser beneacuteficas no que se refere agrave qualidade final do marisco Estas mudanccedilas no entanto natildeo

se mostraram suficientes para garantir a seguranccedila desse alimento Nesse cenaacuterio vale

pontuar que parte das inadequaccedilotildees atrelava-se agrave falta de condiccedilotildees estruturais

Ao mesmo tempo considera-se que mesmo medidas simples como o uso de luvas

para a manipulaccedilatildeo dos mariscos cozidos natildeo satildeo de faacutecil implementaccedilatildeo pelas marisqueiras

em virtude do baixo poder aquisitivo das famiacutelias Deste modo sinaliza-se a necessidade de

apoio das autoridades locais para a aquisiccedilatildeo de equipamentos de proteccedilatildeo individual visando

a promoccedilatildeo da qualidade dos produtos

Dado o contexto e visando agrave melhoria da qualidade do produto indica-se a

necessidade de aperfeiccediloamento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo implementada incluindo maior

carga horaacuteria atividades praacuteticas que envolvam a higienizaccedilatildeo das matildeos o controle do

binocircmio tempo-temperatura durante o beneficiamento e uma comunicaccedilatildeo mais acessiacutevel ao

puacuteblico

Em paralelo sugere-se que o beneficiamento dos mariscos seja realizado em local

dotado de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios adequados Dado que foram verificadas

mudanccedilas significativas nos haacutebitos de higiene das marisqueiras podendo assim tornar o

alimento seguro a possibilidade de locais apropriados certamente contribuiria para melhor

condiccedilatildeo de trabalho e assunccedilatildeo de novas praacuteticas

Outrossim como elemento essencial ao processo formativo considera-se a

necessidade de educaccedilatildeo continuada e de acompanhamento teacutecnico junto agrave comunidade para

que possa alcanccedilar praacuteticas mais seguras Conforme reportado por Cunha et al (2013) as

61

visitas frequentes ajudam na motivaccedilatildeo e no acompanhamento dos locais de produccedilatildeo de

alimentos - assim podem melhorar as boas praacuteticas de higiene Nessa rotina a aplicaccedilatildeo de

uma lista de verificaccedilatildeo de boas praacuteticas constitui uma ferramenta que pode ser utilizada para

avaliar e monitorar a seguranccedila alimentar no ambiente de produccedilatildeo

316 Roda de conversa

A roda de conversa foi realizada durante uma tarde com a participaccedilatildeo de nove

marisqueiras - o menor quantitativo de participantes nessa atividade nestes caso decorreu de

dificuldade de divulgaccedilatildeo da atividade na Ilha No encontro foi retomado o propoacutesito das

atividades formativas para o grupo e em seguida foram feitas perguntas conforme roteiro

preacute-elaborado (ANEXO C)

De acordo com a exposiccedilatildeo foi possiacutevel observar que as participantes demonstraram-

se satisfeitas com a realizaccedilatildeo das atividades Aleacutem disso verificou-se que os assuntos

abordados foram apreendidos pelas participantes como pode ser observado nas respostas

abaixo

ldquoEu senti que a gente aprendeu o que a gente natildeo sabia Como manusear o marisco

E quer dizer que a gente eacute pintava a unha que diz que natildeo pode e tem que usar touca a

gente natildeo sabiardquo Marisqueira 2

ldquoEu aprendi neacute Por que muitas vezes a gente catava marisco agraves vezes assim

cachorro passava e a gente deixava neacute E lavar direitinho mesmo com a aacutegua doce que

muitas vezes a gente natildeo lavava com a aacutegua doce lavava com a aacutegua salgada E pra mim foi

oacutetimo por que o que eu natildeo sabia eu aprendirdquo Marisqueira 4

No que se refere agrave dificuldade de realizaccedilatildeo de mudanccedilas na forma de trabalho depois

do treinamento foi apontada apenas uma dificuldade pelas marisqueiras

[difiacutecil] ldquoSoacute a lavagem da ostra com aacutegua doce que vai dar muito trabalho Porque a

quantidade eacute muitardquo Marisqueira 4

Quando questionadas sobre o que havia sido mais faacutecil de fazer na mudanccedila das

praacuteticas algumas marisqueiras relataram

[faacutecil] ldquoA parte de ensacar [embalar] neacute Pega com a colher Isso ficou um pouco

mais faacutecil neacuterdquo Marisqueira 3

[faacutecil] ldquo A parte de lavar antes de cozinhar Porque quando a gente lavava a gente agraves

vezes lavava tem gente mesmo que soacute lava em duas aacuteguas E agora a gente aprendeu a

62

lavar em trecircs quatro aacuteguas ateacute aquela aacutegua sair mais limpinha Por que natildeo vai sair

totalmente limpa mas vai sair assim um pouquinho mais clarardquo Marisqueira 7

Quanto agraves sugestotildees para realizaccedilatildeo de novas atividades na Ilha foram citadas as

oficinas culinaacuterias e de artesanato Em adiccedilatildeo ao treinamento de BPP foi realizada uma

atividade acerca da alimentaccedilatildeo saudaacutevel com o propoacutesito de melhorar a qualidade de vida

das marisqueiras

4 Conclusatildeo

A atividade formativa conduzida evidenciou uma boa adesatildeo das marisqueiras quadro

que pode estar associado agraves metodologias utilizadas ao contexto de interaccedilatildeo com maior

aproximaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e agrave valorizaccedilatildeo dada ao curso No entanto

assume-se a necessidade de aprimoramento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo adotada incluindo o

aumento do tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e do controle de temperatura e do

tempo

No que se refere ao beneficiamento dos mariscos as atividades resultaram mudanccedilas

positivas nas praacuteticas de manipular os produtos Contudo a estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento ainda se mostrou inadequada configurando riscos agrave qualidade do alimento e

consequentemente para a sauacutede do consumidor - uma situaccedilatildeo que muitas vezes natildeo pode

ser solucionada pelas marisqueiras haja vista o seu baixo poder aquisitivo Assim acredita-se

que embora o conhecimento tenha sido apreendido pelos participantes este natildeo pode ser

inteiramente aplicaacutevel agrave realidade local

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividade formativa periodicamente reforccedilando os conceitos e as

praacuteticas a serem adotadas para garantir a inocuidade dos mariscos comercializados

Considerando a insuficiecircncia de publicaccedilotildees sobre a formaccedilatildeo em seguranccedila de

alimentos no acircmbito da pesca artesanal reforccedila-se a demanda de estudos que possam dar

melhor conformaccedilatildeo ao conhecimento na aacuterea trazendo contributos nas perspectivas

cientiacutefica tecnoloacutegica e social

Agradecimentos

63

Os autores gostariam de agradecer aos colegas Aacutequila Samara Iacutecaro Cazumbaacute Iacutesis Maria

Borges Juccedilara Soledade e Sirlana Assis pelo auxiacutelio na atividade de formaccedilatildeo e agrave Fundaccedilatildeo

de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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67

Capiacutetulo III

EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA MARISQUEIRAS

AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM INDICADORES

MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Alaiacutese Gil Guimaratildeesa Caroline Menezes da Silva

Matosb Taate Queacutezia dos Santos Arauacutejo Silvab Thayse Correcirca de Souzab Thatimila de Jesus

Pereirab Sara Bispo Oliveirab Ryzia de Cassia Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

No Brasil as marisqueiras apresentam papel importante no abastecimento de mariscos pois

aleacutem da coleta participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto realizando o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes em condiccedilotildees adversas Assim este estudo objetivou

avaliar a eficaacutecia de uma atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo realizada com

marisqueiras para melhoria da qualidade microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos

beneficiados Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo com desenvolvimento de atividade formativa

em seguranccedila de alimentos e em paralelo foram obtidas amostras de mariscos das espeacutecies

siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) para

anaacutelises sendo 48 antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram analisadas para a

contagem de microrganismos psicrotroacuteficos coliformes agrave 35ordmC Escherichia coli e

estafilococos coagulase positiva e para pesquisa de Salmonella spp Ainda foram

determinados o pH e as bases volaacuteteis totais (N-BVT) Verificou-se melhoria na qualidade

microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora 146 das amostras ainda

apresentassem contagens de estafilococos coagulase positiva superiores ao paracircmetro oficial

Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH em quase sua totalidade (99) mostrou-se

superior ao limite enquanto os valores de N-BVT estavam dentro da faixa Apesar da

melhoria evidenciada assume-se na perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no

beneficiamento dos mariscos sob o aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar

a natildeo conformidade para o conjunto de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo

abarca as diferentes espeacutecies estudadas Dessa forma sugere-se a continuidade da formaccedilatildeo

para as marisqueiras com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e a realizaccedilatildeo de novos

estudos que verifiquem o comportamento quiacutemico das diferentes espeacutecies de pescado

Palavras-chave pescado treinamento anaacutelises microbioloacutegicas seguranccedila de alimentos

68

Abstract

In Brazil shellfish pickers have an important role in the supply of shellfish because besides

collecting they participate in all phases of product handling performing minimal processing

often in adverse conditions Thus this study aimed to evaluate the effectiveness of a training

activity on Good Manufacturing Practices held with shellfish pickers in order to to improve

the microbiological and physico-chemical quality of benefitted shellfish An intervention

study was conducted with development of training activities in food safety and in parallel

samples of shellfish were obtained of the species crab (Callinectes sapidus) mussels (Mytella

falcata) and oyster (Crassostrea rhizophorae) for analysis 48 before the intervention and 48

after The samples were analyzed for quantification of psychrotrophic total coliforms

Escherichia coli and coagulase-positive staphylococcus and search of Salmonella spp

Moreover the pH and total volatile bases (N-TVB) were determined There was improvement

in the microbiological quality of shellfish after the intervention although 146 of the

samples still have presented staphylococcus coagulase countings higher than the official

parameter When compared to national standards the pH almost in totality (99) was

superior to the limit while the TVB-N values were within the range Despite the positive

results it is assumed on the microbiological perspective that failure occurred in the

processing of shellfish under the physico-chemical aspect however is not possible to affirm

the nonconformity to the set of samples since the Brazilian legislation does not cover all

different species Therefore we suggest the continuity of training for shellfish pickers with

orientation and more effective control and the new studies that verify the chemical behavior

of different species of seafood

Key words seafood training microbiological analysis food safety

1Introduccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da pesca artesanal para aliviar a pobreza e promover a seguranccedila

alimentar tem sido reconhecida internacionalmente Todavia sobretudo nos paiacuteses tropicais

parte expressiva desta produccedilatildeo de pescado eacute perdida ao longo desta cadeia produtiva tanto

pela falta de infraestrutura e condiccedilotildees de conservaccedilatildeo quanto pela maior suscetibilidade do

pescado (FAO 2014)

Em toda a costa brasileira a pesca artesanal tambeacutem constitui uma realidade marcada

por desafios que requerem atenccedilatildeo e suporte para trazer melhor produccedilatildeo e maiores

benefiacutecios agraves comunidades envolvidas (MARUYAMA et al 2009) Dentre as modalidades de

pesca artesanal no paiacutes tem destaque a mariscagem que consiste na coleta de mariscos -

crustaacuteceos e moluscos em regiotildees de manguezal Nesse cenaacuterio os manguezais

compreendem verdadeiras fontes de recursos para populaccedilotildees carentes que retiram dali o seu

sustento posto que a captura das diferentes espeacutecies tanto as que se destina ao consumo

proacuteprio quanto agrave comercializaccedilatildeo (ALVES e NISHIDA 2003 JESUS e PROST 2011)

69

Em geral a mariscagem eacute realizada por mulheres denominadas marisqueiras ou

mariscadeiras que atuam em aacutereas limitadas e utilizam instrumentos rudimentares para o

trabalho no mangue Aleacutem disso estas mulheres trabalham em todas as fases de manipulaccedilatildeo

do produto realizando o beneficiamento miacutenimo muitas vezes sem condiccedilotildees adequadas de

manuseio e conservaccedilatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011)

De acordo com estudos conduzidos junto a marisqueiras do Rio Grande do Norte

(DIAS ROSA DAMASCENO 2007) e da Paraiacuteba (NISHIDA 2008) tecircm-se constatado

precaacuterias condiccedilotildees de vida e de trabalho para este coletivo o que compreende preocupaccedilatildeo

na perspectiva ambiental e da oferta de alimentos seguros

No municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil a mariscagem eacute uma tradiccedilatildeo

e os mariscos satildeo beneficiados nas proacuteprias residecircncias que natildeo dispotildeem de infraestrutura

adequada para realizaccedilatildeo da atividade Em adiccedilatildeo as marisqueiras natildeo possuem treinamento

especiacutefico para a manipulaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos alimentos o que favorece contaminaccedilotildees e

alteraccedilotildees dos produtos beneficiados e coloca em risco a sauacutede dos consumidores (ARGOcircLO

2012)

Segundo Argocirclo (2012) que avaliou 96 amostras de mariscos beneficiados oriundas

de seis comunidades pesqueiras do municiacutepio 958 das amostras estavam improacuteprias ao

consumo no que se refere a qualidade microbioloacutegica enquanto que 906 das amostras

encontravam-se natildeo conformes para a avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica demonstrando um risco a

sauacutede do consumidor

Nesse cenaacuterio eacute importante destacar o papel dos manipuladores de alimentos uma vez

que estes manteacutem contato direto com o alimento observando-se muitas vezes praacuteticas de

manipulaccedilatildeo incorretas que se associam agrave ocorrecircncia de surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

(SEAMAN 2010) uma preocupaccedilatildeo que tambeacutem se aplica agrave realidade das marisqueiras na

cadeia da pesca artesanal

Em face ao problema o treinamento para manipuladores de alimentos tem sido

considerado como uma estrateacutegia essencial para promover a seguranccedila dos alimentos e evitar

surtos No entanto para que esta atividade educativa seja transformadora e promova

mudanccedilas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos deve-se considerar o puacuteblico-alvo e o uso

de diferentes metodologias (CUNHA et al 2014 GOMES et al 2014)

Assim considerando a contribuiccedilatildeo da pesca artesanal e a complexidade dos cenaacuterios

de obtenccedilatildeo de mariscos no paiacutes este estudo teve por objetivo avaliar a eficaacutecia de uma

atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) para melhoria da qualidade

70

microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos beneficiados junto agrave comunidade pesqueira de

Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

2 Material e Meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a 32 marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA no periacuteodo de marccedilo

de 2014 a fevereiro de 2015 como parte do projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em

comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e

promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo2

O estudo compreendeu trecircs etapas e teve seu desenvolvimento organizado em oito

atividades conforme descreve o Quadro 1

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas no planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

INTERVENCcedilAtildeO APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

1 Sondagem dos temas 5 Treinamento em Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo

6 Acompanhamento in loco da

captura e beneficiamento dos

mariscos

2 Encontro de sensibilizaccedilatildeo

7 Roda de conversa

3 Acompanhamento in loco

da captura e beneficiamento

dos mariscos

8 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras de

mariscos

4 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras

de mariscos

21 Atividade Educativa

Para o desenvolvimento da atividade de intervenccedilatildeo educativa considerando

levantamentos preacutevios que descreviam baixa escolaridade na comunidade pesqueira

2 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

71

(SANTOS 2013) e o uso de um formulaacuterio de sondagem para levantamento dos temas de

interesse foi planejado um treinamento com metodologias aplicaacuteveis a esse puacuteblico-alvo

Entre as metodologias empregadas constaram exposiccedilatildeo dialogada com projetor multimiacutedia

dinacircmicas de grupo roda de conversa simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de

coleta de mariscos e viacutedeos

No conteuacutedo formativo os seguintes temas foram trabalhados valorizaccedilatildeo do trabalho

das marisqueiras diagnoacutestico da qualidade inicial dos mariscos analisados Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos higiene pessoal higiene dos utensiacutelios higiene do ambiente

qualidade da aacutegua cuidados na captura manipulaccedilatildeo preparo e armazenamento dos

mariscos Tambeacutem foram apresentados conteuacutedos relativos agrave sauacutede do trabalhador e ao uso de

equipamentos de proteccedilatildeo individual (EPI)

Em adiccedilatildeo foram entregues como conteuacutedo complementar materiais didaacuteticos de

apoio sobre a valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras a cartilha da marisqueira para as boas

praacuteticas no trabalho com os mariscos o guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua a cartilha

sobre Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas

ao Trabalho (DORT)

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa

Para avaliar a eficaacutecia da atividade educativa na perspectiva da qualidade dos

alimentos foram realizadas anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas em amostras de

mariscos beneficiados pelas marisqueiras antes e apoacutes a etapa de intervenccedilatildeo As anaacutelises das

amostras no momento poacutes- intervenccedilatildeo foram realizadas aproximadamente seis meses apoacutes o

treinamento

Considerando praacuteticas locais neste caso o termo beneficiamento refere-se aos

procedimentos aos quais os mariscos satildeo submetidos antes da comercializaccedilatildeo

compreendendo etapas como lavagem cocccedilatildeo retirada da carne do interior da carapaccedila ou

concha embalagem e congelamento

Para fins de definiccedilatildeo das espeacutecies a serem estudadas conforme estudo preacutevio de Saacute

(2011) foram selecionadas as trecircs de maior captura no municiacutepio incluindo siri (Callinectes

sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) As amostras foram

adquiridas de oito marisqueiras de trabalho ativo na pesca e que acompanharam as atividades

formativas De cada uma delas foram obtidas duas amostras de cada uma das espeacutecies em

72

diferentes semanas ndash perfazendo seis amostrasmarisqueira e um conjunto de 48 amostras em

cada etapa

Deste modo posto que este procedimento foi realizado antes e apoacutes a intervenccedilatildeo um

total de 96 amostras de mariscos beneficiados foi obtido Em relaccedilatildeo agraves espeacutecies o total

compreendeu 32 amostras de ostras 32 amostras de sururu e 32 amostras de siri sendo

metade antes e metade apoacutes a intervenccedilatildeo

Cada amostra coletada continha meio quilo de marisco e encontrava-se congelada

sendo obtidas nas proacuteprias embalagens em que eram acondicionadas pelas marisqueiras As

amostras foram colocadas em caixas isoteacutermicas contendo gelo reciclaacutevel e transportadas

sendo armazenadas em um freezer ateacute o momento das anaacutelises O descongelamento das

amostras para as anaacutelises foi realizado sob refrigeraccedilatildeo agrave temperatura inferior a 5ordmC

As anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas foram realizadas nos laboratoacuterios de

Controle de Qualidade de Alimentos e de Bioquiacutemica dos Alimentos respectivamente da

Escola de Nutriccedilatildeo Universidade Federal da Bahia

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas

Para avaliaccedilatildeo da qualidade microbioloacutegica procedeu-se agrave contagem de coliformes agrave

35ordmC Escherichia coli Staphylococcus coagulase positiva e micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos e agrave pesquisa de Salmonella spp

As amostras foram pesadas em sacos esteacutereis em condiccedilotildees asseacutepticas e em seguida

foram procedidas agraves diluiccedilotildees das amostras em aacutegua peptonada 01 (Accumedia EUA)

para a pesquisa dos micro-organismos exceto para Salmonella spp (DOWNES ITO 2001)

As contagens de coliformes agrave 35ordmC e de Escherichia coli foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo

em Aacutegar Chromocult (Merck Alemanha) a 35degC durante 24h (AOAC 1995) A confirmaccedilatildeo

das colocircnias tiacutepicas de E coli foi realizada por testes bioquiacutemicos de Indol Vermelho de

metila Voges Proskauer e Citrato (IMViC) conforme estabelecido pela American Public

Health Association APHA (DOWNES ITO 2001)

As contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo em

Aacutegar Baird Parker (Accumedia EUA) a 37degC durante 48 horas As colocircnias suspeitas foram

submetidas ao teste de coagulase pelo uso de testes raacutepidos Staphclin Laacutetex (Laborclin

Brasil) (DOWNES ITO 2001)

73

As contagens de microorganismos aeroacutebios psicrotroacuteficos foram obtidas apoacutes

incubaccedilatildeo em Aacutegar Plate Count (Merck Alemanha) sob refrigeraccedilatildeo durante 10 dias

segundo metodologia da APHA (DOWNES ITO 2001)

As amostras foram submetidas agrave pesquisa de Salmonella spp de acordo com o

protocolo descrito por Downes e Ito (2001) e Silva et al (2010) Sob condiccedilotildees esteacutereis as

amostras de mariscos foram submetidas ao preacute- enriquecimento em Caldo lactosado (Merck

Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h Em seguida passaram-se inoacuteculos para caldos

de enriquecimento Tetrationato (Merck Alemanha) e Rappaport (Merck Alemanha) que

foram incubados a 37degC e a 42 degC durante 24 horas respectivamente e foram isolados em

placas contendo Xilose Lisina Aacutegar Desoxicolato (Merck Alemanha) e o Aacutegar Hecktoen

Enteacuterico (Merck Alemanha) incubando-se a 37degC durante 24h Colocircnias suspeitas de

Salmonella foram transferidas para Aacutegar Triacuteplice Accediluacutecar Ferro (Merck Alemanha) e Aacutegar

Lisina Ferro (Merck Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h

Reaccedilotildees tiacutepicas de Salmonella foram submetidas a testes bioquiacutemicos incluindo Teste

da Urease Indol Vermelho de metila Voges Proskauer e Citrato e testes soroloacutegicos de

confirmaccedilatildeo por teste de aglutinaccedilatildeo em lacircmina de vidro com uso de soro somaacutetico

polivalente e soro flagelar (Probac Brasil)

As anaacutelises microbioloacutegicas foram realizadas em duplicata e os resultados foram

comparados com os padrotildees microbioloacutegicos da Resoluccedilatildeo RDC n ordm122001 a Agecircncia

Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria - ANVISA (BRASIL 2001) Para micro-organismos

aeroacutebios psicrotroacuteficos foi adotado o limite para pescado de 106 UFCg estabelecido pela

Comissatildeo Internacional de Especificaccedilotildees Microbioloacutegicas para Alimentos (ICMSF 1986)

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas

Para determinaccedilatildeo do pH foram pesados 10g de cada amostra de marisco

homogeneizada e acrescidos de 50 ml de aacutegua destilada O valor de pH foi medido utilizando-

se o potenciocircmetro 210 MPA (NEOMED Brasil) previamente calibrado conforme descreve

Zenebon et al (2008)

Para a anaacutelise de bases volaacuteteis totais 1g da amostra triturada foi embalada em papel

de filtro e levada para o tubo de Kjeldahl Foram adicionados 30ml de aacutegua destilada e

algumas gotas de vaselina Em um erlenmeyer foram adicionados 5ml de aacutecido boacuterico

saturado (VETEC Brasil) e 3 gotas de indicador misto O tubo de Kjeldahl e o erlenmeyer

foram montados no destilador de nitrogecircnio que foi mantido a uma temperatura elevada ateacute

74

ao momento em ebuliccedilatildeo Apoacutes a mudanccedila de cor do conteuacutedo destilado para azul

esverdeado e mudanccedila do volume para 50ml o aparelho foi desligado e foi realizada a

titulaccedilatildeo com soluccedilatildeo de aacutecido cloriacutedrico 002 (Labimpex Brasil) O procedimento foi

realizado conforme teacutecnica descrita pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

(MAPA) (BRASIL 1997) Todas as anaacutelises quiacutemicas foram realizadas em triplicata

Os resultados das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram comparados e discutidos com base

nos criteacuterios estabelecidos pelo MAPA (BRASIL 1997) e na literatura teacutecnica da aacuterea de

alimentos

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos

Os dados foram processados e analisados estatisticamente utilizando-se o software

Statistical Package for the Social Sciences- SPSS versatildeo 200

Foi realizada a anaacutelise descritiva dos dados e o teste de U-Mann-Whitney para

comparar o perfil microbioloacutegico e fiacutesico-quiacutemico dos mariscos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo O

teste foi realizado em niacutevel de 5 de probabilidade Para verificar a existecircncia de correlaccedilatildeo

entre os paracircmetros estudados foi realizado o teste de Spearman

Em observacircncia agraves diretrizes para pesquisa com seres humanos este estudo foi

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de Nutriccedilatildeo da Universidade Federal

da Bahia (Parecer nordm 2265922014) (ANEXO I) sendo a participaccedilatildeo voluntaacuteria dos

pescadores e marisqueiras confirmada por meio de assinatura em Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO H)

3 Resultados e Discussatildeo

31 Anaacutelises microbioloacutegicas

Os resultados das anaacutelises microbioloacutegicas das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo estatildeo

apresentados na Tabela 1 e Tabela 2

Nesse sentido o resultado observado pode ser decorrente dos cuidados de manuseio

adotados pelas marisqueiras apoacutes a formaccedilatildeo incluindo uma maior preocupaccedilatildeo quanto ao

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente Ainda observa-se o fato das

amostras de mariscos serem conservadas congeladas

75

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea

de Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes apoacutes a atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de

Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Considerando como limite maacuteximo para psicrotroacuteficos o valor de 60 log UFCg

estabelecido pela ICMSF (1986) dado que inexiste paracircmetro na legislaccedilatildeo brasileira para os

alimentos estudados 100 das amostras analisadas apoacutes a intervenccedilatildeo apresentaram

atendimento ao criteacuterio internacional com contagens muito inferiores

Noacutebrega (2013) realizou formaccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade localizada tambeacutem em Satildeo Francisco do Conde para as mesmas espeacutecies

estudadas reportando igualmente contagens meacutedias de psicrotroacuteficos inferiores ao limite

ANTES DA INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 351

(235 ndash 428)

238

(118-279)

236

(116 ndash 404)

SURURU 290

(104 ndash 345)

130

(100 ndash 230)

100

(100 ndash 206)

OSTRA 355

(117 ndash 574)

156

(100 ndash 309)

220

(100 ndash 271)

APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 100

(lt100 ndash 178)

165

(lt100 ndash 203)

181

(lt100 ndash 321)

SURURU 100

(lt100 ndash 100)

120

(102 ndash 126)

100

(lt100 ndash 176)

OSTRA 100

(lt100 ndash 100)

139

(lt100 ndash 257)

100

(lt100 -232)

76

internacional apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda Cordeiro et al (2007) em pesquisa com mexilhotildees

(Perna perna) cozidos congelados e armazenados por 90 dias no municiacutepio de Ubatuba-SP

relatam que a contagem obtida para psicrotroacuteficos de 185 log UFCg situa-se abaixo dos

niacuteveis associados com a deterioraccedilatildeo do pescado

Songsaeng et al (2010) em estudo para avaliar o efeito do congelamento na qualidade

de ostras (Crassostrea belcheri) na Tailacircndia constataram reduccedilatildeo na contagem de

psicrotroacuteficos agrave medida em que aumentava o tempo de armazenamento possivelmente devido

agraves injuacuterias associadas agraves temperaturas de congelamento e armazenamento e agrave vulnerabilidade

desses microrganismos Segundo os autores durante o congelamento cristais de gelo intra e

extra-celulares induzem danos irreversiacuteveis nas membranas externa e citoplasmaacutetica das

bacteacuterias reduzindo a contagem de psicrotroacuteficos (DUAN CHERIAN e ZHAO 2010)

Resultados diferentes foram verificados no estudo de Ramos et al (2011) em Santa

Catarina cujas meacutedias de contagem de psicrotroacuteficos foram superiores agraves observadas nesse

estudo para carne de siri e mexilhotildees 745 e 558logUFCg respectivamente sendo a meacutedia

para o siri superior ao limite internacional preconizado

Com relaccedilatildeo aos coliformes a 35ordmC apesar de natildeo existir valor de referecircncia em

pescado pela legislaccedilatildeo brasileira foi possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da sua contagem apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa nas trecircs espeacutecies estudadas (siri sururu e ostra) embora natildeo

significativa A espeacutecie de marisco que apresentou maior contagem desses microrganismos

nos dois momentos foi o siri

Alguns autores tecircm reportado resultados semelhantes para coliformes agrave 35ordmC como o

de Cordeiro et al (2007) que observaram em mexilhotildees processados uma reduccedilatildeo na

contagem de coliformes agrave 35ordmC apoacutes o congelamento e durante o armazenamento Vieira et

al (2006) constataram uma elevada contagem de coliformes agrave 35ordmC em carne de siri antes da

adoccedilatildeo de medidas de boas praacuteticas com decreacutescimo dos valores apoacutes a implantaccedilatildeo destas

Noacutebrega (2013) descreve uma contagem meacutedia de coliformes a 35ordmC de 321 logUFCg em

carne de siri antes da atividade educativa que reduziu para 215 logUFCg apoacutes a realizaccedilatildeo

desta

Tendo em vista que microrganismos do grupo coliformes satildeo termosensiacuteveis avalia-se

que as contagens verificadas nesse estudo para esse grupo se devem agraves condiccedilotildees precaacuterias de

manuseio no local de beneficiamento resultando em recontaminaccedilatildeo poacutes-processamento

Segundo Holly Young et al (2014) diversos fatores podem determinar a presenccedila de

coliformes no pescado tais como o ambiente onde vivem e tambeacutem como eles foram

coletados e processados Nunes et al (2012) ainda reforccedilam que a presenccedila de coliformes no

77

pescado pode ser decorrente da manipulaccedilatildeo inadequada durante o processamento sem a

adoccedilatildeo de medidas de higiene e condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo insatisfatoacuterias podendo

tambeacutem indicar a eventual presenccedila de enteropatoacutegeno

No que se refere agrave E coli a legislaccedilatildeo brasileira determina que para a categoria de

alimento estudada natildeo seja ultrapassado o limite de 16 log UFCg observando-se nas

amostras de mariscos que a mediana registrada para esse microrganismo foi inferior ao

limite referido nos dois momentos Apenas 63 (n=3) das amostras antes da intervenccedilatildeo

apresentaram o microrganismo sendo duas de siri e uma de sururu natildeo sendo encontrada a

sua presenccedila apoacutes a intervenccedilatildeo

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty observou resultados semelhantes para E coli

constatando a presenccedila deste em 833 das amostras antes da intervenccedilatildeo e sua ausecircncia

apoacutes a intervenccedilatildeo

Escherichia coli eacute um indicador de contaminaccedilatildeo fecal e a sua presenccedila fornece uma

ideia sobre as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias inadequadas (RAMOS et al 2011) Por outro

lado apresenta baixa resistecircncia a tratamentos teacutermicos Em estudo conduzido por

Subramanian (2007) evidenciou-se a ausecircncia de E coli apoacutes o cozimento e o

congelamento de carne de caranguejo confirmando que o processamento realizado reduziu

significativamente a contagem dos microrganismos presentes

Deste modo os achados do presente estudo podem refletir uma melhoria nas

condiccedilotildees de manuseio dos mariscos como pode ser observado durante o acompanhamento

in loco realizado apoacutes a intervenccedilatildeo no qual as marisqueiras demonstraram haacutebitos de

higiene pessoal mais cuidadosos em virtude da atividade educativa recebida

Na anaacutelise dos resultados ainda verificou-se uma correlaccedilatildeo positiva entre

coliformes agrave 35ordmC e Escherichia coli (ρ=0219 plt005) Posto que Escherichia coli eacute um

microrganismo pertencente ao grupo dos coliformes pressupotildee-se uma tendecircncia de aumento

da sua contagem agrave medida que aumenta a contagem de coliformes agrave 35ordmC

Entre as amostras analisadas natildeo foi detectada a presenccedila de Salmonella spp para as

trecircs espeacutecies estudadas nos dois momentos estando a totalidade em conformidade com a

legislaccedilatildeo vigente para este indicador

No trabalho de Ramos et al (2011) similarmente natildeo foi identificada a presenccedila de

Salmonella spp em diferentes espeacutecies de frutos do mar bem como nos estudos de Vieira et

al (2006) com carne de siri beneficiada em Antonina-PR e no de Noacutebrega (2013) com

carne de siri sururu e ostra na Ilha do Paty Satildeo Francisco do Conde-BA ambos realizados

antes e apoacutes treinamento em BPP

78

A Salmonella spp quando presente em produtos da pesca e crustaacuteceos pode ser

proveniente da manipulaccedilatildeo no desembarque ou do processamento (DUARTE et al 2010)

No entanto a aplicaccedilatildeo correta de procedimentos no processamento e medidas de higiene e

sanitizaccedilatildeo contribuem para a prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo deste microrganismo (VIEIRA et

al 2006)

Em relaccedilatildeo aos estafilococos coagulase positiva verificou-se uma reduccedilatildeo da

mediana apoacutes a intervenccedilatildeo para o siri e a ostra poreacutem natildeo significativa Na legislaccedilatildeo

brasileira preconiza-se o valor de 30 log UFCg como limite maacuteximo para este

microrganismo nesse tipo de alimento Sendo assim 146 (n=7) das amostras ainda

apresentaram contagens superiores ao estabelecido para esse microrganismo apoacutes a

intervenccedilatildeo

No presente estudo apesar das melhorias observadas na manipulaccedilatildeo dos mariscos no

acompanhamento in loco apoacutes a intervenccedilatildeo principalmente no que se refere agrave higiene

pessoal natildeo foi verificado o uso de luvas medida que impede o contato direto das matildeos do

manipulador com o alimento Vale ressaltar ainda que as marisqueiras podem apresentar

ferimentos nas matildeos decorrentes da coleta dos mariscos no mangue e do trabalho de

beneficiamento o que pode ter contribuiacutedo para a presenccedila deste microrganismo mesmo apoacutes

a atividade educativa Aleacutem disso pode representar tambeacutem falha como exemplo o excesso

de manipulaccedilatildeo e abuso do tempo de exposiccedilatildeo desses produtos agrave temperatura ambiente ndash

sobretudo no caso do siri cuja extraccedilatildeo da carne eacute mais demorada depois da cocccedilatildeo

favorecendo o desenvolvimento microbiano

Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Noacutebrega (2013) no qual

evidenciou-se que 833 das amostras de siri apresentaram contagem superior ao preconizado

pela legislaccedilatildeo mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

No estudo de Vieira et al (2006) para verificar o efeito da adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas e

a qualidade de carne de siri beneficiado em Antonina-PR ao trabalhar com trecircs grupos de

manipuladores - que natildeo recebeu orientaccedilotildees que recebeu orientaccedilotildees quanto aos

procedimentos de higienizaccedilatildeo e que teve orientaccedilotildees referentes aos procedimentos de

higienizaccedilatildeo e ao tempo de exposiccedilatildeo do produto agrave temperatura ambiente - observaram

amostras com contagens de estafilococos coagulase positiva de 308 382 e 336 logUFCg

respectivamente sendo superior ao limite determinado pela legislaccedilatildeo Os referidos autores

apenas obtiveram contagem inferior ao limite no grupo que teve aleacutem das orientaccedilotildees quanto

as medidas de higienizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo do produto a temperatura ambiente a orientaccedilatildeo do

uso de luvas

79

Ramos et al (2011) em seu estudo encontraram contagem meacutedia de estafilococos

coagulase positiva dentro do limite estabelecido para carne de siri (256 log UFCg) e de

mexilhotildees (20 log UFCg) preacute-cozidos e refrigerados comercializados em uma ilha de Santa

Catarina Os referidos autores ressaltam que os mariscos satildeo muito manipulados uma vez que

a carne eacute separada manualmente apoacutes a cocccedilatildeo

Os estafilococos estatildeo amplamente envolvidos em surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

devido agrave manipulaccedilatildeo de alimentos cozidos por pessoas que carreiam este microrganismo Os

estafilococos tem por habitat natural o nariz do homem sendo transferidos para as matildeos e

dedos (LUES e VAN TONDER 2007) quando natildeo satildeo seguidos cuidados de higiene pessoal

Ainda podem passar a constituir parte da microbiota temporaacuteria das matildeos quando haacute

presenccedila de ferimentos e infecccedilotildees nestas (ABD-ELALEEM 2014)

As intoxicaccedilotildees causadas por estafilococos e doenccedilas relacionadas tecircm apresentado

aumento ao longo dos anos e nem mesmo o uso de luvas e a praacutetica da lavagem das matildeos

eliminam completamente o risco de contaminaccedilatildeo No entanto a combinaccedilatildeo do uso de luvas

com a lavagem adequada das matildeos pode reduzir o risco de contaminaccedilatildeo pelo microrganismo

(SOARES et al 2012)

De acordo com Ramos et al (2011) apoacutes o processamento a qualidade

microbioloacutegica de mariscos pode refletir a microbiota inicial do produto os equipamentos a

higiene pessoal o tratamento teacutermico aplicado o controle do binocircmio tempotemperatura a

utilizaccedilatildeo das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo assim como o cuidado com a embalagem e o

congelamento

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

321 pH

O pH de um alimento eacute determinado sobretudo por grupos livres carboxilo e amino

presentes em compostos de baixo peso molecular e em menor proporccedilatildeo por

macromoleacuteculas (proteiacutenas aacutecidos nucleicos polissacariacutedeos) (CRUZ-ROMERO et al

2007) Assim as alteraccedilotildees no pH podem ser utilizadas como um indicador de mudanccedila post-

mortem como a conversatildeo de glicogecircnio em aacutecido laacutectico e a degradaccedilatildeo de componentes

musculares como proteiacutenas e nucleotiacutedeos durante o armazenamento a longo prazo

(SONGSAENG et al 2010)

80

Os resultados de pH das amostras avaliadas nas etapas antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

encontram-se apresentados na Tabela 3

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha

das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Na anaacutelise dos resultados de pH antes e apoacutes a intervenccedilatildeo observou-se que o siri foi

a espeacutecie que apresentou maiores valores de mediana em ambos os momentos Contudo nos

dois momentos os valores de mediana de pH para as trecircs espeacutecies registraram valores de pH

proacuteximos a neutralidade e ainda valores alcalinos sugerindo uma deterioraccedilatildeo Poreacutem as

amostras analisadas natildeo estavam em seu estado in natura uma vez que foram processadas

submetidas a cozimento congelamento e armazenamento

A legislaccedilatildeo brasileira determina que o pH para a carne interna de peixes deve ser

inferior a 650 (BRASIL 1997) Todavia dado que a legislaccedilatildeo natildeo considera as

especificidades da composiccedilatildeo quiacutemica das diferentes espeacutecies de pescado estudadas natildeo se

pode classificar as amostras como natildeo conformes

Algumas faixas de pH satildeo citadas na literatura para as diferentes espeacutecies de pescado

70 para o caranguejo crustaacuteceo semelhante ao siri 65 para moluscos em geral e 63 para

ostra (JAY 2005)

Os moluscos em sua composiccedilatildeo apresentam um alto teor de carboidratos em sua

maior parte na forma de glicogecircnio e em menor parte de nitrogecircnio ocasionando um

processo de deterioraccedilatildeo basicamente fermentativo enquanto a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute

semelhante dos peixes com produccedilatildeo de compostos alcalinos (JAY 2005)

O sururu espeacutecie pertencente ao grupo dos moluscos bivalves receacutem-capturado

apresenta valor de pH em torno de 65 sem que esteja deteriorado e apoacutes a cocccedilatildeo observa-

pH

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

APOacuteS A

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 824

(801 ndash 839)1

830

(812 ndash 840)1

SURURU 718

(702 ndash 739)1

725

(712 ndash 740)1

OSTRA 671

(660 ndash 680)1

670

(660 ndash 680)1

81

se um pH com meacutedia de 70 (SOUZA et al 2014) Deste modo o pH elevado pode estar

relacionado agrave composiccedilatildeo quiacutemica da espeacutecie estudada e ao processo de cocccedilatildeo

Segundo Dhanapal et al (2012) apoacutes a cocccedilatildeo do pescado haacute um aumento do pH que

pode estar associado agrave quebra da ligaccedilatildeo de hidrogecircnio e interaccedilotildees eletrostaacuteticas Tambeacutem o

aquecimento do muacutesculo ou de miofibrilas isoladas geralmente resulta em um aumento de pH

Assim apesar das amostras de mariscos em quase sua totalidade apresentarem pH superiores

ao padratildeo natildeo eacute possiacutevel afirmar que estivessem improacuteprias para o consumo

Cordeiro et al (2007) observaram em mexilhotildees (Perna perna) submetidos agrave cocccedilatildeo

uma meacutedia de pH de 69 permanecendo estaacutevel apoacutes congelamento e armazenamento

Noacutebrega (2013) verificou valores de pH em sururu de 69 e 714 antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

respectivamente sendo semelhantes aos achados neste estudo Resultados divergentes foram

referidos por Lima et al (2013) cujo valor de pH em mexilhotildees (Perna perna) processados

em Santa Catarina foi de 656

Nesse contexto considera-se que a variaccedilatildeo de pH nas diferentes espeacutecies nem

sempre estaacute relacionada com a qualidade sensorial e microbioloacutegica do produto havendo uma

necessidade de estudos especiacuteficos para determinar o pH em moluscos bivalves uma vez que

durante o processo de decomposiccedilatildeo o pH difere entre as diversas espeacutecies de bivalves

(LIMA et al 2013)

Quanto aos resultados obtidos para ostras Noacutebrega (2013) registra valores de pH para

carne de ostra um pouco inferiores aos obtidos nesse estudo sendo 623 e 645 antes e depois

da intervenccedilatildeo respectivamente Cruz-Romero et al (2007) ao aplicarem diferentes

tratamentos teacutermicos em ostras do Paciacutefico (50degC durante 10 minutos e 75degC durante 8

minutos) verificaram valores meacutedios de pH de 645 e 658 respectivamente sendo inferiores

ao observado no atual estudo Apoacutes o uso do tratamento teacutermico houve um aumento do pH

que foi justificado pela reduccedilatildeo do nuacutemero de grupos aacutecidos em proteiacutenas musculares

No que concerne ao siri Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty relata valores meacutedios de pH

para carne de siri beneficiada de 812 antes da intervenccedilatildeo e de 815 apoacutes a intervenccedilatildeo

Anacleto et al (2011) constataram em carne de caranguejo cozido e congelado provenientes

de Portugal valores de pH em torno de 80 fato que segundo os autores pode ser relacionado

com a formaccedilatildeo de produtos de decomposiccedilatildeo baacutesicos

Lorentzen et al (2014) em avaliaccedilatildeo da carne de caranguejo (Paralithodes

camtschaticus) retirada do ombro e da perna do animal na Noruega observaram que o pH

aumentava durante o armazenamento refrigerado por quatorze dias variando entre 73 a 78 e

76 a 79 respectivamente sugerindo tambeacutem a produccedilatildeo de compostos baacutesicos a partir da

82

decomposiccedilatildeo das proteiacutenas Os autores salientaram ainda que o pH dos caranguejos eacute

geralmente mais elevado do que o de peixes devido a um teor mais elevado de compostos

nitrogenados natildeo proteicos ndash amoniacuteaco e trimetilamina

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT)

Os resultados de N-BVT obtidos antes e depois da intervenccedilatildeo encontram-se

apresentados na Tabela 4

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) (mgN100g) nas amostras de

mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e

apoacutes a intervenccedilatildeo educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Para todas as espeacutecies estudadas observou-se uma reduccedilatildeo nos valores de N-BVT

comparando-se os momentos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo registrando-se diferenccedila significativa

dos valores de N-BVT para o siri (plt005) e para a ostra (plt0001) Entre as espeacutecies notou-

se que o siri apresentou maior mediana em ambos os momentos No entanto a legislaccedilatildeo

brasileira determina apenas o limite para N-BVT na carne interna de peixes devendo ser

inferior a 30mgN100g (BRASIL 1997)

Os resultados observados para esse paracircmetro foram satisfatoacuterios podendo ser

decorrente da adoccedilatildeo das boas praacuteticas durante o beneficiamento No entanto como pode ser

constatado durante o acompanhamento in loco o siri dentre as espeacutecies estudadas tem maior

manipulaccedilatildeo para retirada da carne da carapaccedila tornando-se mais exposto a alteraccedilotildees

microbioloacutegicas e quiacutemicas

N-BVT

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

DEPOIS DA

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 1421

(1092 ndash 4750)1

743

(558 ndash 815)1

SURURU 553

(372 ndash 764)1

464

(371 ndash 465)1

OSTRA 600

(460 ndash 1000)1

373

(372 ndash 475)1

83

Nos crustaacuteceos ainda os valores altos de N-BVT podem decorrer da presenccedila de

elevadas quantidades de aminoaacutecidos livres e compostos nitrogenados que os tornam

susceptiacuteveis agrave degradaccedilatildeo raacutepida por deterioraccedilatildeo (ANACLETO et al 2011)

Subramanian (2007) ao analisar N-BVT em caranguejo cozido e congelado (Portunus

pelagicus) armazenado em sacos de polietileno a - 41ordmC notou um aumento de 27

mgN100g no dia zero de armazenamento para 3507 mgN100g apoacutes 120 dias de

armazenamento No entanto as amostras estudadas natildeo foram julgadas como improacuteprias para

o consumo posto que existem poucas informaccedilotildees disponiacuteveis sobre o limite de

aceitabilidade em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos em moluscos congelados e

mariscos

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty-BA verificou uma diferenccedila nos valores meacutedios de

N-BVT antes e apoacutes a intervenccedilatildeo em Boas Praacuteticas de 3290 para 1643 mgN100g no siri

de 480 para 387 mgN100g na ostra e de 519 para 484 mgN100g no sururu

Algumas espeacutecies de pescado como caccedilotildees raias e siris apresentam valores de bases

volaacuteteis totais elevados sem que necessariamente estejam deterioradas Aleacutem disso a

formaccedilatildeo de bases volaacuteteis totais em amostras cozidas tambeacutem pode ser agravada por

degradaccedilatildeo teacutermica durante o processo de cozimento e pelo congelamento que ocasiona

ruptura da membrana resultando na liberaccedilatildeo de componentes celulares apoacutes o

descongelamento e consequentemente a formaccedilatildeo de substratos para as accedilotildees enzimaacuteticas e

crescimento microbiano (ZENEBON et al 2008 ANACLETO et al 2011)

Considerando os dois indicadores fiacutesico-quiacutemicos - pH e N-BVT verificou-se uma

correlaccedilatildeo positiva (ρ=0421 plt001) ou seja agrave medida que o niacutevel de pH aumentava o niacutevel

de N-BVT aumentava tambeacutem

Verificou-se tambeacutem uma correlaccedilatildeo positiva entre as bases volaacuteteis totais e contagens

de psicrotroacuteficos (ρ=0338 plt001) coliformes agrave 35ordmC (ρ=0207 plt005) e estafilococos

(ρ=0319 plt001) que pode estar associada ao acuacutemulo de compostos alcalinos como

amocircnia e trimetilamina derivadas da accedilatildeo microbiana no pescado durante a sua deterioraccedilatildeo

e que tem sido atribuiacuteda como causa do aumento do pH (SUSANTO et al 2011)

4 Conclusatildeo

Ao avaliar a eficaacutecia da formaccedilatildeo para as marisqueiras por meio das anaacutelises

microbioloacutegicas verificou-se uma melhoria da qualidade dos mariscos analisados apoacutes a

intervenccedilatildeo no entanto ainda foram registradas proporccedilatildeo das amostras de mariscos natildeo

84

conformes para estafilococos coagulase positiva ainda decorrentes de falhas existentes

durante o beneficiamento poacutes-cocccedilatildeo

No que se refere aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos constatou-se que a legislaccedilatildeo vigente

natildeo contempla as espeacutecies estudadas Dessa forma natildeo foi possiacutevel afirmar a natildeo

conformidade das amostras de mariscos em relaccedilatildeo a esse padratildeo principalmente o pH uma

vez que os valores de bases volaacuteteis totais encontrados foram inferiores ao padratildeo brasileiro

que eacute especiacutefico para outras espeacutecies de pescado

Os resultados apontam a necessidade de maior conhecimento das caracteriacutesticas

proacuteprias das espeacutecies estudadas e das alteraccedilotildees que podem ocorrer com os mariscos durante

as diferentes etapas de processamento bem como de adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo vigente de

modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo

sugere-se a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e controles mais efetivos

utilizando sobretudo atividades praacuteticas visando o melhor aperfeiccediloamento do trabalho o

atendimento dos padrotildees teacutecnicos estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Aleacutem disso sugere-se que novos estudos devem ser conduzidos de modo a caracterizar

melhor o comportamento das diferentes espeacutecies de pescado in natura e apoacutes aplicaccedilatildeo de

processos de conservaccedilatildeo

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a Luiacutes Fernandes Pereira Santos pelo apoio teacutecnico e agrave

Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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89

Consideraccedilotildees finais

Os resultados desse estudo demonstraram que a estrateacutegia de intervenccedilatildeo utilizada

favoreceu a boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade e interaccedilatildeo entre os instrutores e a

comunidade Por outro lado ainda foram identificadas necessidades de aperfeiccediloamento na

conduccedilatildeo da formaccedilatildeo incluindo o aumento tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e uma

maior ecircnfase na abordagem dos controles de temperatura e tempo

Apesar das mudanccedilas positivas observadas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo dos mariscos

durante o beneficiamento coexistiam inadequaccedilotildees na estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento dadas as condiccedilotildees de vida e o baixo poder aquisitivo das marisqueiras

Ao avaliar a eficaacutecia da atividade formativa por meio das anaacutelises microbioloacutegicas

evidenciou-se uma melhoria na qualidade dos mariscos registrando-se ainda proporccedilatildeo das

amostras de mariscos natildeo conformes o que decorre de falhas ainda existentes durante o

beneficiamento nas etapas poacutes-cocccedilatildeo Quanto aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos natildeo foi

possiacutevel afirmar a natildeo conformidade das amostras analisadas uma vez que a legislaccedilatildeo

vigente natildeo contempla as espeacutecies estudadas apontando-se a necessidade de adequaccedilatildeo desta

de modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo os

resultados sugerem tambeacutem a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e

controles mais efetivos visando o aprimoramento do trabalho o atendimento dos padrotildees

estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividades educativas e acompanhamentos periodicamente

reforccedilando os conceitos e as praacuteticas a serem adotadas com vistas a garantir a inocuidade dos

mariscos comercializados

90

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO

Qualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras fazendo melhor na Ilha das Fontes

Local Sede - Ilha das Fontes

Data 08 a 10 de julho de 2014 Horaacuterio 1400 agraves 1700 hs

FICHA DE INSCRICcedilAtildeO

Nome ____________________________________________

Sexo Masc ( ) Fem ( ) Idade _______ anos

Escolaridade ____________________________________

Profissatildeo __________________________________

Tempo de trabalho com mariscos ___________________anos

Comunidade Pesqueira __________________________

Telefone para contato _________________________________

OBS Ao final os participantes receberatildeo certificado

Universidade Federal da Bahia

Escola de Nutriccedilatildeo

91

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS PRAacuteTICAS

Certificamos que

___________________________________________ participou do

curso ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo realizado na Sede

Comunitaacuteria da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA

nos dias 08 09 e 10 de julho de 2014 com dez horas de duraccedilatildeo

CERTIFICADO

_________________________

Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Coordenadora do Curso

____________________________

Dalva Maria da Noacutebrega Furtunato

Vice-Coordenadora do Curso

92

ANEXOS

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS DOS ALIMENTOS

R Arauacutejo Pinho 32 ndash Canela CEP 40110-150 Tel (71) 3283-7700 Fax 3283-7701

Consulta aos pescadores e marisqueiras para fins de treinamento

Nome_______________________________________________________

Atividade Pescador ( ) Marisqueira ( )

1 Quais os assuntos que vocecirc considera mais importantes para serem estudados em

treinamento sobre a pesca e os cuidados com o pescado

______________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2 Como vocecirc gostaria que as aulas fossem dadas

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

3 Que local(ais) da sua comunidade pode(m) ser indicado(s) para realizaccedilatildeo deste

treinamento

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

93

4 Em quais dias da semana a realizaccedilatildeo do treinamento ficaria melhor

Nos dias uacuteteis ndash segunda a sexta ( ) No final de semana ( )

Se dias uacuteteis indicar os dois melhores __________________________________

5 Em que turno

Manhatilde ( ) Tarde ( ) Qualquer turno ( )

6 Vocecirc se tem interesse e disponibilidade para participar deste treinamento

Sim ( ) Natildeo ( )

94

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS

Responsaacutevel pela visita__________________________ Data da visita _________

IDENTIFICACcedilAtildeO DO (A) MARISQUEIRO(A)

01 Nome completo ________________________________________________________________________________

LISTA DE VERIFICACcedilAtildeO DE PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE MARISCOS

ADAPTADA RESOLUCcedilAtildeO - RDC Ndeg 216 DE 15092004

ITENS AVALIADOS SIM NAtildeO N A Observaccedilatildeo

1 EDIFICACcedilOtildeES INSTALACcedilOtildeES MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

11-A casa dispotildee de rede de esgoto ou fossa seacuteptica

12- As caixas de gordura e de esgoto estatildeo localizadas fora da aacuterea de

preparaccedilatildeo e armazenamento dos mariscos apresentando adequado estado de

conservaccedilatildeo e funcionamento

13- Os ralos satildeo tampados e sifonados

95

14- A aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos estaacute livre de objetos em desuso e

de animais de estimaccedilatildeo

15- Os equipamentos utilizados apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis

resistentes natildeo-absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

151- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

16- Os utensiacutelios apresentam superfiacutecies lisas resistentes natildeo absorventes

sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica e de material apropriado (natildeo

utilizaccedilatildeo de madeira)

161- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

17-As mesas apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis resistentes natildeo-

absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

171- Se mesa de madeira existe proteccedilatildeo com plaacutestico transparente

172- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

2 HIGIENIZACcedilAtildeO DE INSTALACcedilOtildeES EQUIPAMENTOS

MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

21-A aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos eacute higienizada sempre que necessaacuterio

e apoacutes o teacutermino do trabalho

22- As etapas de higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees satildeo cumpridas garantindo as

condiccedilotildees de limpeza

23- As etapas de higienizaccedilatildeo de utensiacutelios equipamentos satildeo cumpridas

garantindo as condiccedilotildees de limpeza

24- A higienizaccedilatildeo de utensiacutelios eacute realizada antes e apoacutes o uso

96

25- A frequecircncia de higienizaccedilatildeo do equipamento (geladeira eou freezer) eacute

adequada

26- Os panos de limpeza vassouras rodos esponjas e escovas satildeo de uso

exclusivo para a higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios

261- Satildeo higienizados apoacutes o uso e estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

262- Satildeo guardados em local adequado

3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS

31- Verifica-se a presenccedila de insetos animais de estimaccedilatildeo ou vestiacutegios

(fezes) de animais na aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos

32- Existe alguma medida preventiva (uso de rodapeacutes telas nas janelas

ralos com tampas ou sifonados lixeira com tampa) para evitar a incidecircncia

de vetores e pragas no local de preparaccedilatildeo dos mariscos

33-Eacute utilizado algum produto quiacutemico para controle de pragas

34- Os produtos quiacutemicos satildeo devidamente registrados

35- Os produtos quiacutemicos satildeo guardados separados dos alimentos

4 ABASTECIMENTO DE AacuteGUA

41- A aacutegua utilizada para a produccedilatildeomanipulaccedilatildeo dos mariscos eacute da rede

puacuteblica de abastecimento

42- Os reservatoacuterios de aacutegua possuem tampas e encontram-se em bom

estado de conservaccedilatildeo e protegidos de contaminaccedilatildeo

43 A limpeza dos reservatoacuterios de aacutegua eacute realizada semestralmente e esta

97

conduta eacute registrada

44- O gelo utilizado eacute produzido na residecircncia

45- O gelo eacute produzido com aacutegua potaacutevel e sob condiccedilotildees de higiene

46- O gelo produzido eacute acondicionado em recipiente higienizado

5 MANEJO DOS RESIacuteDUOS

51- Os recipientes para lixo satildeo de material adequado de faacutecil limpeza e

satildeo revestidos com sacos plaacutesticos

511- Satildeo higienizados com frequecircncia

52- O lixo eacute mantido em local que natildeo oferece risco de acesso a pragas e

animais e isolado das aacutereas de produccedilatildeomanipulaccedilatildeo de mariscos

521- Eacute descartadoincinerado com frequecircncia

6 MARISQUEIRAS (OS)

61- As (os) marisqueiras (os) apresentam higiene corporal adequada roupas

limpas cabelos protegidos e totalmente cobertos unhas curtas limpas e sem

esmalte e sem utilizaccedilatildeo de adornos (brincos aneacuteis reloacutegios)

62- As (os) marisqueiras (os) executam a higiene correta das matildeos sempre

que se fizer necessaacuterio e de forma adequada

63- As (os) marisqueiras (os) evitam comportamentos atitudes e gestos

incorretos (fumar tossir sobre os alimentos cuspir comer manipular

dinheiro etc) durante a manipulaccedilatildeo

64- As (os) marisqueiras (os) quando estatildeo com ferimentos lesotildees nas

98

matildeos nos braccedilos e infecccedilotildees respiratoacuterias natildeo manipulam os mariscos

7 MATEacuteRIAS-PRIMAS PREPARO DOS MARISCOS E

EMBALAGENS

71- Eacute realizada lavagem dos mariscos apoacutes captura para a remoccedilatildeo das

sujidades com aacutegua potaacutevel

72- Existe seleccedilatildeo dos mariscos antes do cozimento

73- Eacute utilizada aacutegua potaacutevel para lavagem e cozimento dos mariscos

74- Durante o cozimento existe controle do tempo de contato do marisco

com a aacutegua fervente

75- Apoacutes o cozimento os mariscos satildeo resfriados sob superfiacutecie limpa e

adequada (afastado do chatildeo e de animais)

76- Durante a cataccedilatildeo satildeo utilizados utensiacutelios limpos e em bom estado de

conservaccedilatildeo

77- As matildeos satildeo devidamente higienizadas

78- Satildeo utilizados utensiacutelios (escumadeira colher etc) limpos para o

porcionamento dos mariscos nas embalagens

79- As embalagens utilizadas satildeo limpas transparentes e adequadas para o

armazenamento dos mariscos

710- O tempo entre o cozimento e o acondicionamento dos mariscos sob o

frio excede 30 minutos

711- O marisco preparado e armazenado sob refrigeraccedilatildeo ou congelamento

possui identificaccedilatildeo

99

Lembrar as meninas para alguns detalhes

Natildeo Aplicaacutevel

OBS Observar e perguntar as marisqueiras quanto tempo o produto (marisco) fica em temperatura ambiente ateacute o resfriamento

100

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM

Cara (o) marisqueira ou pescador

Dando continuaccedilatildeo agraves atividades do Projeto aproveitamos o momento para conversarmos

sobre algumas questotildees que devem ser respondidas primeiramente em pequenos grupos e depois

compartilhadas com todos os participantes da nossa Roda de Conversa

Segue a tarefa

1 Como se sentiu com a realizaccedilatildeo do curso considerando o trabalho (mariscagem)

2 Apoacutes o curso houve mudanccedila no seu trabalho como marisqueira Se sim qual (ais)

3 O que jaacute era feito e vocecirc reforccedilou o seu cuidado

4 Vocecirc discorda de algo que foi mostrado de Boas Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo dos mariscos

5 Foi difiacutecil fazer mudanccedilas no seu modo de trabalhar

O que foi mais faacutecil O que foi mais difiacutecil

6 Como se sente com as mudanccedilas feitas

7 O que falta para ficar melhor

8 O que sugere para as proacuteximas atividades

Agradecemos pela sua participaccedilatildeo

Um abraccedilo

Equipe de Nutriccedilatildeo (UFBA) e Equipe de Fisioterapia (UNEB)

Mariscagem

101

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DAS ETAPAS DE SENSIBILIZACcedilAtildeO

E DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS

FICHA DE AVALIACcedilAtildeO

Sua opiniatildeo sobre o curso eacute muito importante para noacutes Por gentileza responda as questotildees

abaixo

1 Explicaccedilatildeo dos assuntos

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

2 Recursos utilizados

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

3 Ritmo das atividades

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

4 Resposta das perguntas feitas

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

5 Considero minha aprendizagem

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

6 O que poderia ser diferente

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 O que faltou ser abordado

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

102

8 O que vocecirc mais gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

9 O que vocecirc natildeo gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10 OBSERVACcedilOtildeES (Aqui vocecirc escreve o que quiser)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

103

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA E

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

REALIZACcedilAtildeO

APOIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

Maio - 2014

104

Esta cartilha tem como objetivo fornecer conceitos baacutesicos em

higiene de alimentos agraves marisqueiras que frequentaram o curso de

capacitaccedilatildeo ministrado por professores e alunos do Mestrado em

Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e do Mestrado em

Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Universidade Federal da Bahia

O curso visa aumentar a qualidade dos mariscos manipulados

e processados pelas marisqueiras que vivem em cidades e distritos

proacuteximos agrave regiatildeo da Baiacutea de Todos os Santos mais especificamente na

comunidade Ilha do Paty em Satildeo Francisco do Conde

A Cartilha da Marisqueira faz parte de uma das etapas da

dissertaccedilatildeo de mestrado em Ciecircncia de Alimentos do discente Raphael

Auguste Dantas e contou com a colaboraccedilatildeo das mestrandas Gabriela

Silva da Noacutebrega e Mary Daiane Fontes Santos

As imagens desta cartilha foram extraiacutedas da Cartilha do

Manipulador de Alimentos que faz parte do Projeto APPCC Mesa

organizado em parceria pelo

SENACSENAISEBRAESESCSESIANVISA

1

2 17

105

INTRODUCcedilAtildeO

O catado de marisco (sarnambi sururu ostra siri

caranguejo aratu) eacute um alimento pereciacutevel que pode causar

diversos tipos de doenccedilas caso seja produzido sem os devidos

cuidados de higiene

As condiccedilotildees da mateacuteria-prima equipamentos e utensiacutelios

aleacutem da conservaccedilatildeo do catado em refrigeradores satildeo

fundamentais para obter um alimento seguro entretanto as

etapas de preparo satildeo decisivas para a qualidade final dos

mariscos processados

Um bom preparo iraacute garantir a qualidade higiecircnico-

sanitaacuteria dos catados e esse manual apresenta dicas de como

proceder durante a manipulaccedilatildeo e o processamento desse

alimento

Um alimento de boa qualidade eacute aquele que natildeo oferece

nenhum tipo de perigo para as pessoas que vatildeo consumi-lo

CONCLUSAtildeO

A realizaccedilatildeo do mini-cursoevento de formaccedilatildeo em Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo para as marisqueiras eacute o resultado do

esforccedilo conjunto de comunidades ribeirinhas que vivem nos

municiacutepios e distritos do entorno da Baiacutea de Todos os Santos (em

especial na Ilha do Paty - SFC) e dos docentes e discentes do

Mestrado em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e

do Mestrado de Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Escola de

Nutriccedilatildeo da Universidade Federal da Bahia

Este trabalho buscou aproximar o conhecimento

cientiacutefico da sociedade estabelecendo e concretizando em

harmonia as trecircs dimensotildees de atuaccedilatildeo da UFBA o ensino a

pesquisa e a extensatildeo

106

PERIGOS tudo que pode pocircr em risco a sauacutede das pessoas

Perigos fiacutesicos cascas de mariscos fios de cabelos gratildeos

de areia espinhas de peixes resiacuteduos de esmalte outros

Perigos quiacutemicos desinfetantes detergentes venenos

para ratos baratas e formigas metais e poluentes

ambientais aditivos alimentares

Perigos microbioloacutegicos microrganismos (bacteacuterias

fungos viacuterus entre outros)

Os perigos alimentares tecircm sido referidos ao longo da

Histoacuteria como um problema para a sauacutede do homem Eacute

importante que os alimentos natildeo possuam nenhum tipo de perigo

pois alguns desses podem causar doenccedilas ou ateacute levar a morte

As etapas de lavagem do marisco antes do cozimento e a

cataccedilatildeo satildeo etapas fundamentais para evitar a presenccedila de perigos

fiacutesicos (areia lama resiacuteduo de esmalte) no catado de marisco

3 16

107

HIGIENE PESSOAL

Higiene pessoal significa cuidar da higiene da pele dos

cabelos das unhas da roupa que usa para preparar o marisco

entre outras coisas

Durante o preparo do marisco natildeo se deve utilizar aneacuteis

brincos colares ou esmalte nas unhas porque esses podem se

soltar e cair dentro do alimento

Muitos microrganismos perigosos satildeo transmitidos aos

alimentos pela falta de higiene pessoal durante o preparo a

manipulaccedilatildeo e o processamento dos alimentos

A higiene pessoal de quem trabalha diretamente no

preparo do catado de marisco eacute uma das mais importantes formas

para evitar a contaminaccedilatildeo deste tipo de alimento por microacutebios

A higiene pessoal aleacutem de ser importante para a sauacutede

tambeacutem eacute fundamental para a produccedilatildeo de um alimento seguro

Ter boa higiene pessoal significa

15

5

4

HIGIENE PESSOAL 14

108

13 6

109

110

7

LAVAGEM DAS MAtildeOS

Entre as formas de higiene pessoal a lavagem

correta das matildeos durante o preparo e manipulaccedilatildeo do

catado de marisco eacute sem duacutevida a que mais diminui o risco

de contaminar o alimento com microrganismos

Durante o preparo e manipulaccedilatildeo do catado de

marisco eacute importante lavar as matildeos

Antes de comeccedilar a catar os mariscos

Depois que utilizar o banheiro

Depois de tossir espirrar ou assoar o nariz

Depois de recolher o lixo

Depois de manusear dinheiro

Lembre-se de sempre utilizar sabatildeo ou sabonete para

lavar as matildeos e enxaguar bastante em aacutegua corrente para

natildeo deixar resiacuteduos

12

COMPORTAMENTO DENTRO DA COZINHA

111

LAVAGEM CORRETA DAS MAtildeOS 8

UTENSIacuteLIOS

Utensiacutelios satildeo todos os instrumentos como facas facatildeo

machadinho panelas baldes escorredor garfos bandejas e

vasilhas utilizadas durante o preparo do catado de marisco

O bom estado de conservaccedilatildeo e a higiene dos utensiacutelios

satildeo importantes para garantir a qualidade do produto final

Eles devem ser limpos antes e depois do preparo do

alimento quando deve ser realizada a lavagem com

detergente seguida da sanitizaccedilatildeo com soluccedilatildeo clorada feita a

partir da mistura de 1 colher de aacutegua sanitaacuteria em 1 litro de

aacutegua

O manipulador deve ficar atento para natildeo utilizar o mesmo

utensiacutelio no marisco cru e cozido para evitar a contaminaccedilatildeo

cruzada ou quando estiver manipulando dois tipos diferentes

de mariscos ao mesmo tempo

11

112

AMBIENTE DE TRABALHO

Aleacutem da higiene pessoal a higiene do ambiente de

trabalho tambeacutem eacute importante para a qualidade do alimento

produzido

Antes de comeccedilar a catar o marisco eacute importante limpar o

local onde vai ser feito o preparo e a manipulaccedilatildeo dos

mariscos

Locais fechados como a cozinha satildeo mais faacuteceis de limpar

do que locais abertos como quintais ou varandas

Evitar trabalhar em ambientes sujos na presenccedila de

animais de estimaccedilatildeodomeacutesticos e com lixo exposto e sempre

manter o lixo em vasilhas com a tampa fechada para evitar

atrair ratos e insetos

9

PRAGAS

Os ratos baratas e moscas satildeo atraiacutedos pelo lixo e pelo

forte cheiro do marisco

Eles podem contaminar os alimentos com microrganismos

e transmitir diversos tipos de doenccedilas graves

Outros animais como catildees e gatos tambeacutem podem

contaminar os alimentos com microacutebios por isso a cataccedilatildeo dos

mariscos deve ser realizada em um local bem afastado do lixo

e de animais domeacutesticos

Sempre deve ser realizado o combate dessas pragas

evitando que eles se alimentem dos restos dos alimentos e

possam se multiplicar

10

113

CINCO CHAVES PARA SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) haacute muito tempo adverte para a importacircncia da formaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos no que diz

respeito agrave sua responsabilidade na seguranccedila alimentar Em 2001 a OMS criou o Manual das ldquoCinco Chaves para uma Alimentaccedilatildeo mais Segurardquo que

compreende os seguintes princiacutepios

(1) Manter a limpeza das matildeos das superfiacutecies equipamentos e utensiacutelios utilizados na preparaccedilatildeo e manipulaccedilatildeo dos alimentos (mariscos)

(2) Separar os alimentos crus (carnes peixes e mariscos) de alimentos cozidos utilizar diferentes equipamentos e utensiacutelios como facas e taacutebuas de corte

para alimentos crus e cozidos e guardar os alimentos em recipientes ou embalagens fechadas para que natildeo haja contato entre esses alimentos

(3) Cozinhar bem os alimentos especialmente carne ovos peixe e mariscos em temperaturas acima de 70degC

114

(4) Manter os alimentos a temperaturas seguras fora da zona de perigo 5deg C a 65deg C Natildeo deixar alimentos cozidos por mais de 2 horas agrave temperatura

ambiente refrigerar rapidamente os alimentos cozidos eou pereciacuteveis preferencialmente abaixo de 5ordmC natildeo descongelar os alimentos agrave temperatura

ambiente

(5) Utilizar aacutegua e mateacuterias-primas seguras como por exemplo aacutegua potaacutevel ou trate-a para que se torne segura (ferver ou filtrar a aacutegua) selecionar

alimentos variados e frescos lavar frutas e vegetais especialmente se forem consumidos crus e natildeo utilizar alimentos com o prazo de validade expirado

(vencido)

115

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS

116

117

118

ANEXO G ndash GUIA DE HIGIENIZACcedilAtildeO DA CAIXA D`AacuteGUA

PASSO A PASSO COMO LIMPAR SUA CAIXA DrsquoAacuteGUA

1) Programe o dia da lavagem da sua caixa drsquoaacutegua Decirc preferecircncia ao fim de semana

2) Feche o registro da entrada da casa ou amarre a boia

3) Reserve aacutegua para uso durante o periacuteodo que estiver limpando

4) Deixe um palmo de aacutegua na caixa drsquoaacutegua que seraacute utilizada para a limpeza

5) Tampe a saiacuteda de aacutegua do fundo da caixa com um pano limpo Assim a sujeira natildeo desce pela

tubulaccedilatildeo

6) Esfregue as paredes e o fundo com escova de fibra vegetal ou bucha de fio plaacutestico macio

Nunca use sabatildeo detergente ou produto quiacutemico Natildeo usar palha de accedilo e vassoura

7) Remova a aacutegua suja da caixa drsquoaacutegua com balde caneco e pano Natildeo deixe essa aacutegua descer

pelos canos para natildeo contaminar

8) Deixe a saiacuteda do fundo tampada e deixe entrar mais um palmo de aacutegua Adicione 1 Litro de

aacutegua sanitaacuteria para cada 1000 Litros da caixa drsquoaacutegua

9) Usando luvas e botas de borracha limpos molhe as paredes com a soluccedilatildeo usando uma

brocha balde caneca ou pano Repita + 3 vezes a cada 30 minutos

10) Ainda com o registro fechado retire o pano da saiacuteda do fundo da caixa esvaziando totalmente

Abra as torneiras da casa e decirc descarga para desinfetar a rede interna

11) Abra o registro Enxague as paredes laterais com a aacutegua que estaacute entrando Deixe escoar essa

aacutegua pela rede interna Natildeo a utilize

12) Lave bem a tampa por dentro e feche a caixa direito para natildeo entrar pequenos animais insetos

ou sujeira

13) Anote a data da limpeza e programe a proacutexima limpeza a cada 6 meses

119

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO FACULDADE DE FARMAacuteCIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Projeto A cadeia produtiva de pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco

agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Prezado (a) Sr (a)

Eu fui convidado(a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada A cadeia produtiva de

pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar sob a responsabilidade da pesquisadora Profa Ryzia de

Cassia Vieira Cardoso

Fui esclarecido(a) que o objetivo da pesquisa eacute caracterizar a pesca e o comeacutercio de pescados em

Satildeo Francisco do Conde-BA visando contribuir para a melhoria da qualidade da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo dos pescados e da condiccedilatildeo de vida dos trabalhadores dessas atividades

Estou ciente que serei entrevistado pelos pesquisadores encarregados do Projeto no que se refere

agraves minhas condiccedilotildees de vida escolaridade sauacutede moradia e trabalho e as condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo conservaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do pescado de forma livre e de acordo com minha

vontade assinando esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Fui informado(a) que os dados seratildeo coletados no meu local de trabalho e tambeacutem que os

pesquisadores comprometem-se a utilizar as informaccedilotildees obtidas exclusivamente 117

120

para os fins estabelecidos no projeto incluindo a elaboraccedilatildeo de relatoacuterios que seratildeo entregues agrave

Prefeitura e a publicaccedilatildeo dos resultados sejam eles favoraacuteveis ou natildeo

Fui alertado(a) ainda que natildeo receberei nenhum pagamento nem equipamento de pesca ou outros

equipamentos pelas informaccedilotildees que prestarei aos pesquisadores podendo desistir em qualquer

etapa e retirar meu consentimento sem penalidades prejuiacutezo ou perdas e que os dados fornecidos

permaneceratildeo sob sigilo absoluto assegurando o meu anonimato

Estou ciente que terei acesso aos dados registrados e reforccedilo que natildeo fui submetido (a) a coaccedilatildeo

induccedilatildeo ou intimaccedilatildeo

Fui informado(a) que os resultados que seratildeo conseguidos nessa pesquisa auxiliaratildeo a Prefeitura

Municipal de Satildeo Francisco do Conde a tomar decisotildees para melhorar a seguranccedila alimentar e a

inclusatildeo social da comunidade envolvida

Informo ainda que concordo com o que foi dito e estou recebendo coacutepia deste papel

Finalmente fui informado(a) que em caso de duacutevida ou maiores esclarecimentos poderei entrar

em contato com a pesquisadora Profa Ryzia de Cassia Vieira Cardoso na Escola de Nutriccedilatildeo da

UFBA localizada na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador ou pelos telefones (71) 3283-

77007695 email ryziaufbabr ou no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de

NutriccedilatildeoUFBA na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador telefone 3283-7704 ou pelo email

cepnutufbabr

Local ________________ ___________ Data ________________

Nome do entrevistado __________________________________________________

Declaro que recebi de forma voluntaacuteria e apropriada o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para participaccedilatildeo nesta pesquisa

Local ________________ ___________ Data ________________

__________________________________________________

Pesquisador Responsaacutevel Ryzia de Cassia V Cardoso - Tel (71) 3283-77007695 E-mail

ryziaufbabr

121

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA

122

Sistema de Bibliotecas - UFBA

Souza Mariana Martins Magalhatildees de

Intervenccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde BA

uma experiecircncia para promoccedilatildeo da pesca artesanal Mariana Martins Magalhatildees de Souza -

2016

125 f il

Inclui apecircndices e anexos

Orientadora Profordf Drordf Ryzia de Caacutessia Vieira Cardoso

Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmaacutecia Salvador

2015

1 Pesca artesanal 2 Pescados 3 Alimentos - Qualidade 4 Seguranccedila alimentar

5 Microbiologia - Anaacutelise I Cardoso Ryzia de Caacutessia Vieira II Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Farmaacutecia III Tiacutetulo

CDD - 6392

CDU - 6392

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por me conceder a vida pela forccedila para encarar

toda a jornada e pela sabedoria para desenvolver as atividades da melhor forma possiacutevel e

natildeo desistir nunca

Aos meu pais Dailton e Luciene pelo amor incondicional por acreditarem em mim e

permitirem que chegasse ateacute aqui

Agraves minhas irmatildes Rafa Gabi e Carol pelo amor incentivo e compreensatildeo

Agrave minha avoacute Lelita pelo amor pela oraccedilatildeo diaacuteria e pelo acolhimento

Aos meus tios e tias em especial Josias Luiacutes Dora Nete Rony e Marlene pelo incentivo e

pelo carinho

Agrave minha madrinha Taiana pelo bem querer amor e estiacutemulo

Aos meus primos e primas em especial Mona Cela Duda Geo Jack e Mila pelo apoio e

carinho

Aos meus amigos e amigas em especial Dija Rafa Nine Amon Ismara Mary Juli Drika

El Nenel Stela e Lari pelo incentivo e amor

Agraves minhas irmatildes emprestadas Alana e Laiacutes por acompanharem de perto meus momentos de

felicidade e de desespero e pelo carinho

Agrave minha orientadora Ryzia pelo carinho pelos ensinamentos pela paciecircncia e por ser

realmente uma ldquoorientadorardquo que mesmo que de longe natildeo me deixou desamparada um soacute

segundo mostrando que o conhecimento vai aleacutem do cientiacutefico e que tem um imenso papel

social Quando crescer quero ser igual a vocecirc

Ao grupo SACIA em especial Iacutecaro Iacutesis Aacutequila e Juccedilara porque com vocecircs descobri que

juntos somos apenas um

Aos professores Acircngelo Dalva Alaiacutese e Itaciara por natildeo medirem esforccedilos para me ajudar e

pelo carinho

Aos meus amados e eternos bolsistas e voluntaacuterios Abner Aline Carol Suelen Taate

Thayse Thatimila e Sara pela dedicaccedilatildeo pelo esforccedilo e sorriso diaacuterio mesmo diante dos

percalccedilos

Agraves minhas ldquoCats de Alimentosrdquo Iacutesis Jaque Lana Lari e Mila e aos demais colegas de

mestrado em especial Deacuteia Ceci e Claudinha por compartilharem os momentos bons e

difiacuteceis pois tenho certeza que com vocecircs tudo ficou mais faacutecil

Agraves mestres Gabi Mary Simone Elma e Candice pela contribuiccedilatildeo e pelo carinho

Agrave Luiacutes Ari e Ayse por compartilharem conhecimento e pela imensa ajuda nos momentos em

que precisei

Agrave seu Jorge por me auxiliar na locomoccedilatildeo e permitir que chegasse no meu destino em paz

Agrave todos funcionaacuterios da ENUFBA em especial Dona Nice Ritinha Railda Selma seu

Ademaacuterio Monteiro seu Vivaldo e seu Antocircnio por tornarem meu ambiente de trabalho mais

harmonioso e pelo apoio e carinho

Agrave Mariese pela contribuiccedilatildeo com as anaacutelises dos dados e interpretaccedilotildees estatiacutesticas

Agraves marisqueiras da Ilha das Fontes em especial Ninha Miralva Marinalva Leninha Denilza

e Vacircnia pela receptividade pelo carinho pela ajuda pelos sorrisos pela boa vontade Com

vocecircs me senti acolhida e realmente acreditei que conseguiria chegar ao fim dessa jornada

Agrave prefeitura de Satildeo Francisco do Conde pelo apoio

Agrave FAPESB pelo apoio financeiro

E por fim a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu concluiacutesse mais essa etapa

com ecircxito

Muito obrigada

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 13

OBJETIVOS 15

Geral 15

Especiacuteficos 15

Capiacutetulo I ndash REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 16

1 Pesca artesanal 16

2 A mariscagem 18

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo 20

4 Indicadores de qualidade do pescado 22

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal 25

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento 27

REFEREcircNCIAS 30

Capiacutetulo II - FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA

MARISQUEIRAS UMA EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA

BAIacuteA DE TODOS OS SANTOS BRASIL 39

Resumo 39

Abstract 40

1Introduccedilatildeo 40

2 Material e meacutetodos 42

21 Seleccedilatildeo do local 42

22 Programa de intervenccedilatildeo 42

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias 44

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias 44

25 Anaacutelise de dados 45

3 Resultados e Discussatildeo 45

31 Programa de intervenccedilatildeo 45

311 Sondagem 45

312 Sensibilizaccedilatildeo 45

313 Acompanhamento in loco antes 47

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos 50

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo 55

316 Roda de conversa 61

4 Conclusatildeo 62

5 Referecircncias 63

Capiacutetulo III - EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA

MARISQUEIRAS AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM

INDICADORES MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS 67

Resumo 67

Abstract 68

1Introduccedilatildeo 68

2 Material e Meacutetodos 70

21 Atividade Educativa 70

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa 71

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas 72

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas 73

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos 74

3 Resultados e Discussatildeo 74

31 Anaacutelises microbioloacutegicas 74

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 79

321 pH79

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) 82

4 Conclusatildeo 83

6 Referecircncias 84

Consideraccedilotildees finais 89

APEcircNDICES 90

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO 90

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS

PRAacuteTICAS 91

ANEXOS 92

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM 92

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS 94

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM 100

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS 101

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA 103

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS 115

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 119

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA 121

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 43

Figura 2 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras antes da

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 49

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo da atividade educativa realizada

junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de Todos os

Santos Brasil 20142015 54

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto

ao atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das

Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA 20142015 56

Figura 5 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras apoacutes a

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 59

LISTA DE TABELAS

CAPIacuteTULO II

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes da

formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco

do Conde Brasil 20142015 51

CAPIacuteTULO III

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes depois da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da

Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa

20142015 80

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) nas amostras de mariscos

beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa 20142015 82

LISTA DE QUADROS

CAPIacuteTULO III

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas em planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil

20142015 70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA ndash Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APPCC ndash Anaacutelises de Pontos e Perigos Criacuteticos de Controle

BPF ndash Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo

BPP ndash Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo

DORT ndash Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho

DTA ndash Doenccedilas Transmitidas por Alimentos

EPI ndash Equipamentos de Proteccedilatildeo Individual

FAO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Alimentaccedilatildeo e a Agricultura

FAPESB - Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for Foods

LER - Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo

MAPA ndash Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

N-BVT ndash Bases Volaacuteteis Totais

pH ndash Potencial Hidrogeniocircnico

PIB ndash Produto Interno Bruto

RDC - Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RIISPOA - Regulamento da Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem Animal

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UFBA ndash Universidade Federal da Bahia

UNEB ndash Universidade do Estado da Bahia

APRESENTACcedilAtildeO DO TRABALHO

Esta dissertaccedilatildeo encontra-se dividida em Resumo Abstract Introduccedilatildeo Geral Objetivos

(geral e especiacuteficos) Capiacutetulo I (Revisatildeo Bibliograacutefica) Capiacutetulo II (Artigo Formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos para marisqueiras uma experiecircncia em comunidade pesqueira da

Baiacutea de Todos os Santos Brasil) Capiacutetulo III (artigo Eficaacutecia da formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas

para marisqueiras avaliando resultados com base em indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) Conclusatildeo Geral e Apecircndices e Anexos

RESUMO

No Brasil as marisqueiras desempenham papel importante no abastecimento de mariscos

participando de todas as fases do seu beneficiamento destes que compreendem produtos de

origem animal de elevada perecibilidade Os conhecimentos na mariscagem satildeo passados de

geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho sendo o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes realizado em condiccedilotildees adversas Assim este trabalho

teve por objetivo avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos

conduzida junto a marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos

Brasil Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas no treinamento constaram a exposiccedilatildeo

dialogada as dinacircmicas de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de

fotos do trabalho na mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave

atividade formativa com interaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e trocas de

experiecircncias Aleacutem disso observaram-se mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos

ainda que houvesse falhas sinalizando a necessidade de aperfeiccediloamentos Para avaliar a

eficaacutecia da atividade formativa na perspectiva do pescado beneficiado foram coletadas

amostras de mariscos das espeacutecies siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra

(Crassostrea rhizophorae) 48 amostras antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram

submetidas a anaacutelises microbioloacutegicas - contagem de microrganismos psicrotroacuteficos de

coliformes a 35ordmC Escherichia coli e de estafilococos coagulase positiva e (PARA) pesquisa

de Salmonella spp - bem como agrave determinaccedilatildeo de pH e de bases volaacuteteis totais (N-BVT)

Verificou-se melhoria na qualidade microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora

146 das amostras tivessem apresentado contagens de estafilococos coagulase positiva

superiores ao paracircmetro oficial Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH mostrou-se

superior ao limite para a quase totalidade das amostras (99) enquanto os valores de N-BVT

estavam dentro da faixa preconizada Apesar dos resultados positivos assume-se na

perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no beneficiamento dos mariscos sob o

aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar a natildeo conformidade para o conjunto

de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo estabelece paracircmetros para as diferentes

espeacutecies estudadas Os resultados evidenciam a aplicabilidade de estrateacutegia educativa em

seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma demanda de educaccedilatildeo

continuada com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e de suporte estrutural agrave cadeia

produtiva da pesca artesanal para o alcance de maior eficaacutecia Em adiccedilatildeo sugere-se a

realizaccedilatildeo de novos estudos que possam explicitar as caracteriacutesticas quiacutemicas das diferentes

espeacutecies de pescado

Palavras-chave pesca artesanal pescado treinamento qualidade de alimentos anaacutelises

microbioloacutegicas seguranccedila alimentar e nutricional

ABSTRACT

In Brazil shellfish pickers play an important role in supplying shellfish participating in all

phases of these processing comprising products of animal origin high perishability

Knowledge in shellfishing is passed from generation to generation without specific training

for the work the minimum processing often performed in harsh conditions This study aimed

to evaluate an educational intervention strategy in food safety conducted with ashellfish

pickers from Ilha das Fontes community Baiacutea de Todos os Santos Brazil It was carried out

an intervention study comprising six stages survey of community interest topics

sensibilization in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers before training

training in Good Practices of food production in situ monitoring of the work routine of

shellfish pickers after training and conversation wheel with the participants Among the

methodologies used in the training dialogued exposure group dynamics conversation wheel

practical simulations the exhibition of photos of the work in shellfish gathering and videos

were used It wasverified a good adhesion of shellfish pickers to the training with good

interaction between the instructors and the community and exchange of experiences In

addition there were positive changes in the processing of shellfish although there were

failures signalizing the need for improvements To evaluate the effectiveness of the training

activity from the perspective of processed seafood samples of shellfishes were collected

including the crab species (Callinectes sapidus) mussels (Mytella falcata) and oyster

(Crassostrea rhizophorae) 48 samples before the intervention and 48 after The samples were

submitted to microbiological analysis - psychrotrophic count coliforms at 35ordmC Escherichia

coli and coagulase-positive staphylococus and Salmonella spp search - and the determination

of pH and total volatile bases (TVB-N) It was verified improvement in the microbiological

quality of shellfish after the intervention although 146 of the samples had presented counts

of coagulase-positive staphylococcus higher than the official parameter When compared to

national standards the pH was superior to the limit for most samples (99) while the TVB-

N values were within the recommended range Despite the positive results it is assumed on

the microbiological perspective that failure occurred in the processing of shellfish on the

physical-chemical aspect however it is not possible to say the non-compliance to the set of

samples since the Brazilian legislation does not provide information for different species The

results evidence the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing even if they register a continuing education demand with directions and more

effective control and structural support to the supply chain in order to achieve greater

efficiency In addition it is suggested to conduct new studies that may explain the chemical

characteristics of different species of seafood

Keywords artisanal fishing seafood training food quality microbiological analysis

food security

13

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

Ao redor do mundo a pesca emprega aproximadamente 583 milhotildees de pessoas das quais

37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade complementar e o restante de

forma ocasional (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal eacute uma atividade tradicionalmente ligada agraves comunidades

costeiras constituindo a sua principal fonte de renda haja vista a baixa especializaccedilatildeo e os

elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (RODRIGUES e GIUDICE 2011) Em todo o

paiacutes cerca de 45 da produccedilatildeo anual de pescado (1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado)

procede da pesca artesanal (BRASIL 2011)

Um dos segmentos da pesca extrativa e artesanal eacute a mariscagem realizada por mulheres

que satildeo conhecidas como marisqueiras por coletarem mariscos Estas pescadoras participam de

todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto desde a coleta (captura) ateacute a comercializaccedilatildeo com

beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo (PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST

2011) Ao longo de toda a cadeia produtiva entretanto eacute frequente a falta de estrutura e a

precariedade observando-se condiccedilotildees incorretas de manipulaccedilatildeo armazenamento e transporte

que contribuem para a perda da qualidade sanitaacuteria e para a deterioraccedilatildeo do produto que eacute

disponibilizado ao consumidor (SANTOS 2006)

Nesse contexto uma das grandes preocupaccedilotildees com o pescado diz respeito agrave necessidade

de boa conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sua qualidade higiecircnicosanitaacuteria considerando os riscos da

ocorrecircncia das doenccedilas transmitidas por alimentos Deste modo torna-se indispensaacutevel conhecer

todas as etapas de seu processamento assegurando a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas dos

produtos

No acircmbito da pesca artesanal eacute fato que os pescadores e marisqueiras desenvolvem a

atividade de manipulaccedilatildeo do pescado de modo tradicional em um saber-fazer que foi

historicamente construiacutedo mas que apresenta prejuiacutezos agrave qualidade sobretudo em virtude da

insuficiecircncia de infraestruturas de apoio e de conhecimento teacutecnicos como a adoccedilatildeo das Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo (OLIVEIRA BRASIL e TADDEI 2008 STEFANELLO LINN e

MESQUITA 2009)

Em Satildeo Francisco do Conde Recocircncavo da Bahia a mariscagem compreende fonte de

subsistecircncia e oferta de alimentos para muitas famiacutelias No entanto observa-se rusticidade na

atividade e baixa qualidade sanitaacuteria do pescado comercializado para a populaccedilatildeo uma vez que

14

este permanece exposto por um longo periacuteodo de tempo agrave temperatura ambiente e sem a adoccedilatildeo

de maiores criteacuterios de higiene por parte dos manipuladores (ARGOcircLO 2012)

Deste modo o desenvolvimento de atividades educativas orientadas para marisqueiras

abordando princiacutepios de qualidade e seguranccedila do pescado torna-se importante estrateacutegia para

socializaccedilatildeo de conhecimentos que podem ser aplicados em toda a cadeia produtiva

contribuindo diretamente para a qualidade higiecircnicosanitaacuteria e a agregaccedilatildeo de valor ao produto e

para o reconhecimento e o fortalecimento do trabalho no setor pesqueiro artesanal

Este trabalho busca descrever o desenvolvimento de atividades formativas para

marisqueiras avaliando a contribuiccedilatildeo desta estrateacutegia para os participantes e para promoccedilatildeo da

qualidade dos produtos comercializados

15

OBJETIVOS

Geral

- Avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos conduzida junto a

marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

Especiacuteficos

- Identificar temas de formaccedilatildeo relativos agrave cadeia produtiva do pescado de interesse das

marisqueiras da comunidade

- Desenvolver programa de intervenccedilatildeo educativa junto aos atores sociais da pesca na

comunidade em observaccedilatildeo agrave realidade local

- Estimular a adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) no ambiente de trabalho da pesca

artesanal

- Contribuir com a formaccedilatildeo de multiplicadores em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo no contexto da

pesca artesanal

16

Capiacutetulo I

REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

1 Pesca artesanal

No Brasil a pesca eacute uma atividade exercida ao longo dos tempos herdada de ancestrais

nativos e colonizadores que era praticada principalmente pelos indiacutegenas e negros adotando

teacutecnicas rudimentares e que sofreram inovaccedilotildees a partir do contato com os portugueses e

espanhoacuteis (RODRIGUES E GIUDICE 2011) Ainda hoje esta atividade exerce papel essencial

no processo de desenvolvimento econocircmico contribuindo para a seguranccedila alimentar e para

reduccedilatildeo da pobreza uma vez que representa fonte vital de alimentos ocupaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

renda para as populaccedilotildees de todo o mundo e principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

como o Brasil (LOPES et al 2011a)

Segundo a legislaccedilatildeo a pesca consiste em

todo ato tendente a retirar extrair coletar apanhar apreender ou capturar espeacutecimes

dos grupos dos peixes crustaacuteceos moluscos e vegetais hidroacutebios suscetiacuteveis ou natildeo de

aproveitamento econocircmico ressalvadas as espeacutecies ameaccedilados de extinccedilatildeo constantes

nas listas oficiais de fauna e da florardquo (BRASIL 1998 Lei 9605 Art36)

A atividade pesqueira apresenta duas categorias artesanal e industrial No que se refere ao

processo de trabalho a pesca artesanal encontra-se em contraste com a pesca industrial por ter

caracteriacutesticas bastante diversificadas tanto em relaccedilatildeo ao habitat e estoques pesqueiros que

exploram quanto agraves teacutecnicas de pesca que utilizam (CLAUZET RAMIRES e BARRELLA

2005)

Na pesca industrial as embarcaccedilotildees possuem maior autonomia sendo capazes de operar

em aacutereas mais distantes da costa efetuando a exploraccedilatildeo de recursos pesqueiros que se

apresentam relativamente concentrados em niacutevel geograacutefico Em adiccedilatildeo apresenta mecanizaccedilatildeo

agrave bordo para a operacionalizaccedilatildeo dos petrechos de captura (BAHIA PESCA 2013)

A pesca artesanal por sua vez eacute realizada exclusivamente pelo trabalho manual do

pescador que utiliza embarcaccedilotildees de meacutedio e pequeno porte e equipamentos (petrechos) sem

nenhuma sofisticaccedilatildeo aleacutem de insumos adquiridos nos comeacutercios locais Tem como base os

conhecimentos dos pescadores adquiridos em famiacutelia a partir da transmissatildeo dos mais velhos da

comunidade ou pela interaccedilatildeo com os companheiros de pescaria uma vez que estes possuem o

conhecimento acerca da classificaccedilatildeo histoacuteria natural comportamento biologia e utilizaccedilatildeo dos

recursos naturais da regiatildeo onde vivem (SILVANO 1997 BAHIA PESCA 2013)

17

Esta atividade estaacute tradicionalmente ligada agraves comunidades costeiras representando a

principal fonte de renda - uma ocupaccedilatildeo importante no contexto socioeconocircmico haja vista a

baixa especializaccedilatildeo e os elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (GARCEZ e

SAacuteNCHEZ-BOTERO 2005 RODRIGUES e GIUDICE 2011)

Em todo o mundo a pesca eacute responsaacutevel por cerca de 583 milhotildees de empregos de acordo

com levantamentos do Fundo das Naccedilotildees Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO 2014) Do

total de pescadores 37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade

complementar e o restante de forma ocasional

No Brasil segundo dados do Ministeacuterio da Pesca e Aquicultura (BRASIL 2014a) existe

aproximadamente um milhatildeo pescadores artesanais registrados cujo trabalho resulta em 45 da

produccedilatildeo anual de pescado O setor representa uma das atividades de maior impacto social e

econocircmico no paiacutes usufruindo da grande extensatildeo litoracircnea e da biodiversidade pesqueira nas 12

grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras

Dentre as regiotildees do paiacutes o Nordeste eacute a maior produtora de pescado com 4542169

toneladas respondendo por 317 da produccedilatildeo nacional - a Bahia eacute o estado maior produtor

desta regiatildeo (592930 toneladas) (BRASIL 2011)

Nesse cenaacuterio estudos tecircm registrado uma visiacutevel divisatildeo sexual e social de trabalho na

pesca artesanal na qual os homens praticam a pesca de alto mar enquanto as mulheres se

ocupam de tarefas da terra Satildeo destinadas as mulheres atividades de pesca que compreendem

desde a captura eou coleta ao beneficiamento do pescado (MALDONADO 1986 LIMA 2003)

Em perspectiva global as mulheres representam 50 do total dos trabalhadores no setor

artesanal de captura de pescado ainda que em muitas comunidades de pesca artesanal

continuem a ser marginalizadas atuando muitas vezes em aacutereas remotas com acesso limitado

aos mercados e agrave sauacutede educaccedilatildeo e a outros serviccedilos sociais (BRASIL 2014b)

No Brasil entre os pescadores artesanais eacute fato comum o baixo grau de escolaridade

assim como o analfabetismo que constitui um dos fatores determinantes para que essa atividade

seja primitiva uma vez que pode acarretar em grandes dificuldades de contextualizaccedilatildeo da

atividade desenvolvida e de incentivo a melhores possibilidades na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas (COSTA 1977) Aleacutem disso consideram-se os maiores desafios relacionados agrave fraca

participaccedilatildeo dos pescadores nas organizaccedilotildees sociais ao desconhecimento da legislaccedilatildeo de base

e aos mecanismos de gestatildeo compartilhada e participativa da pesca (BRASIL 2014a)

Apesar de ser reconhecida como atividade econocircmica junto ao Estado a pesca artesanal

convive entre os limites da informalidade e da formalidade em virtude de diversos fatores

incluindo as dificuldades de modernizaccedilatildeo da atividade de infraestrutura de beneficiamento de

18

conservaccedilatildeo e armazenamento e de abastecimentocomercializaccedilatildeo do pescado com fragilidades

para a venda no mercado ampliado (atacado) Nesse cenaacuterio a perecibilidade do produto e a

dificuldade de organizaccedilatildeo do negoacutecio tornam os pescadores vulneraacuteveis aos negociantes

intermediaacuterios denominados de ldquoatravessadoresrdquo (BRASIL 2010 SILVA 2011)

A pouca organizaccedilatildeo do setor pesqueiro artesanal e outros problemas inerentes a este

segmento exacerbam as consequecircncias estruturais produtos finais com elevados preccedilos pouca

variedade e qualidade - inclusive sanitaacuteria ndash e baixo valor agregado e em geral unidades

produtivas e de comercializaccedilatildeo rejeitadas devido ao baixo rendimento e agrave informalidade

(BRASIL 2010) Dessa forma a pesca artesanal e a aquicultura familiar enfrentam dificuldades

em todos os elos da cadeia produtiva seja na captura produccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo (LOPES et

al 2011b)

2 A mariscagem

A mariscagem consiste em um dos segmentos pesqueiros realizado em aacuterea costeira Na

maioria das comunidades a atividade de mariscagem eacute extrativista e artesanal com pequena

infraestrutura de beneficiamento e pouca ou nenhuma organizaccedilatildeo voltada agrave comercializaccedilatildeo

(MAIA e NETO 2012) Entre os indiviacuteduos que realizam essa atividade estatildeo as mulheres de

pescadores conhecidas como marisqueiras ou mariscadeiras por coletarem mariscos para a

complementaccedilatildeo da renda familiar e tambeacutem para subsistecircncia constituindo quadro marcante na

regiatildeo Nordeste (FREITAS et al 2012)

As mulheres que atuam na mariscagem dispotildeem de um saber proacuteprio que se expressa no

universo simboacutelico de crenccedilas valores e mitos aprendidos atraveacutes de uma heranccedila cultural

secular inscrita em tradiccedilotildees de um modo de pensar e fazer o trabalho Elas atuam em aacutereas

limitadas e costumam trabalhar em grupos sendo a matildeo de obra familiar Estas mulheres detecircm

o saber e exercem praacuteticas em todas as etapas da extraccedilatildeo manual do marisco uma atividade

que somada ao trabalho domeacutestico tradicional configura uma dupla jornada de trabalho (PENA

FREITAS CARDIM 2011)

Na mariscagem a produccedilatildeo estaacute diretamente ligada ao movimento das mareacutes sendo a

vazante de lua cheia e nova consideradas as melhores pelas marisqueiras pois as aacuteguas atingem

maior variaccedilatildeo permitindo acesso a aacutereas propiacutecias agrave coleta dos mariscos (PENA FREITAS

CARDIM 2011) As teacutecnicas e instrumentos utilizados na coleta dos mariscos satildeo rudimentares

e adaptados agrave natureza consistindo basicamente em faca ou facatildeo para a coleta de mariscos

incrustados em pedras colher de pau ou alumiacutenio e mesmo pequenas enxadas para raspar eou

19

cavar a areia e identificar o marisco gerereacutes ou manzuaacutes utilizados para captura do siri panela

de alumiacutenio eou lata para armazenamento de mariscos coletados e balde para o transporte do

produto ateacute a residecircncia para o preparo final e a venda canoas a remo e agrave vela (traquete)

(PACHECO 2006)

As marisqueiras passam cerca de 5 a 6 horas na coleta dos mariscos e retornam quando a

mareacute comeccedila a encher caminhando com o peso dos mariscos nos ombros ou na cabeccedila ou com o

auxiacutelio de canoa Na residecircncia as marisqueiras lavam cozinham catam e congelam os mariscos

em sacos de um quilo para realizar a sua comercializaccedilatildeo Este processo de beneficiamento eacute

realizado na forma tradicional em cozinha domeacutestica com uso de fogatildeo agrave lenha (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Nesse fazer as marisqueiras participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto

desde a coleta ateacute a venda com beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo expondo-se a todos

os riscos inerentes ao ofiacutecio - ergonocircmicos ambientais fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos

(PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST 2011)

Os riscos ergonocircmicos configuram-se em sobrecarga muscular no pescoccedilo ombros dorso

membros superiores e regiatildeo lombar aleacutem do excesso de trabalho riacutetmico centrado no punho

nas atividades repetitivas (PENA FREITAS e CARDIM 2011) Entre os riscos de origem

ambiental natural estatildeo a incidecircncia do sol sobre a pele a friagem e o desgaste fiacutesico Os riscos

fiacutesicos podem ser representados pelas lesotildees em matildeos e peacutes por lacircminas de corte ou por partes

duras dos pescados Os riscos quiacutemicos incluem o contato com secreccedilotildees venenosas dos animais

ou com poluentes na aacutegua e os bioloacutegicos o contato com algas microrganismos e parasitas

(BAHIA 2010)

Algumas marisqueiras sobrevivem exclusivamente da exploraccedilatildeo de mariscos eou outros

moluscos e dessa forma sustentam famiacutelias criam filhos e adquirem alguns bens materiais

como uma moradia proacutepria (DIAS ROSA e DAMASCENO 2007)

No estudo de Pena Freitas e Cardim (2011) a renda meacutedia obtida pelas marisqueiras

atraveacutes da comercializaccedilatildeo dos mariscos foi de cinquenta reais por mecircs mostrando que este

trabalho eacute socialmente desvalorizado - sendo assim impotildee ritmo intenso de trabalho para gerar

mais produtos agrave venda Em paralelo natildeo proporciona condiccedilotildees para a aquisiccedilatildeo de

equipamentos de proteccedilatildeo individual e coletiva contra acidentes e doenccedilas do trabalho (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Vale ressaltar ainda que muitas dessas mulheres desconhecem seus direitos trabalhistas

e permanecem na informalidade agrave espera de melhorias que muitas vezes nunca chegam (DIAS

ROSA e DAMASCENO 2007 RIOS e GERMANI 2012)

20

Em estudo realizado no Recocircncavo baiano no municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde

com abordagem de 695 marisqueiras observou-se a maioria com faixa etaacuteria entre 20 e 40 anos

(56) ndash idade produtiva grande parte declarando-se solteira (412) ou em uniatildeo estaacutevel

(332) com meacutedia de 34 filhos (906) e que exerciam a chefia de famiacutelia (776) Quanto agrave

participaccedilatildeo em cursos relativos a pesca ou outra formaccedilatildeo profissional a maioria declarou

ausecircncia de formaccedilatildeo (757) (SANTOS 2013)

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo

De acordo com o Regulamento de Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem

Animal ndash RIISPOA (BRASIL 1997) o pescado compreende peixes crustaacuteceos moluscos

anfiacutebios e mamiacuteferos de aacutegua doce ou salgada utilizados na alimentaccedilatildeo humana Constitui uma

fonte alimentar de alta digestibilidade (acima de 95) e de composiccedilatildeo nutricional equilibrada

com cerca de 64 a 90 de umidade 8 a 23 de proteiacutena 05 a 25 de gordura 1 a 2 de

resiacuteduos minerais e menos que 1 de carboidratos (ANDRADE BISPO e DRUZIAN 2009)

O pescado eacute um componente importante da dieta de diversos grupos populacionais posto

que apresenta proteiacutenas de alto valor bioloacutegico com a presenccedila de todos aminoaacutecidos essenciais

Tambeacutem fornece em geral um baixo niacutevel de colesterol e uma reserva significativa de aacutecidos

graxos polinsaturados da seacuterie ocircmega 3 (ω-3) os quais possuem efeito cardioprotetor

proporcionando numerosos benefiacutecios agrave sauacutede humana (RAMOS FILHO et al 2008 SOARES

e GONCcedilALVES 2011) Aleacutem disso eacute rico em caacutelcio foacutesforo ferro e vitaminas do complexo B

(GODOY et al 2010 NUNES et al 2013)

O alto teor de nutrientes do pescado aliado ao pH proacuteximo agrave neutralidade e agrave elevada

atividade de aacutegua nos tecidos torna-o um dos produtos de origem animal mais susceptiacuteveis agrave

deterioraccedilatildeo que pode ser definida como alteraccedilotildees inaceitaacuteveis que ocorrem no muacutesculo poacutes-

morte originando produtos com sabores e odores desagradaacuteveis (VIEIRA 2004 MONTEIRO

MAacuteRSICO e VITAL 2010)

Essas alteraccedilotildees acontecem independente da forma como este produto eacute manipulado

contudo a velocidade com que elas se instalam pode ser reduzida ateacute uma certa extensatildeo pela

adoccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos especiacuteficos de modo a prolongar o grau de frescor (LEITAtildeO

1994) Segundo Anacleto et al (2011) a qualidade do pescado diminui devido a um processo

complexo no qual estatildeo implicados eventos fiacutesicos quiacutemicos e microbioloacutegicos de deterioraccedilatildeo

Em peixes a deterioraccedilatildeo pode ocorrer a partir de reaccedilotildees de autoacutelise pela atividade

bacteriana por oxidaccedilatildeo ou pela combinaccedilatildeo dos trecircs processos O processo de autoacutelise consiste

21

na accedilatildeo de enzimas tissulares e dos sucos digestivos sobre os tecidos musculares apoacutes a morte

do pescado resultando na sua decomposiccedilatildeo e consequentemente no amolecimento e

desintegraccedilatildeo da carne promovendo assim a disseminaccedilatildeo de micro-organismos que agem na

superfiacutecie do pescado nas guelras e no trato intestinal A oxidaccedilatildeo lipiacutedica manifesta-se por

mudanccedilas no cheiro cor textura valor nutritivo do pescado e possiacutevel produccedilatildeo de compostos

toacutexicos afetando sua aceitabilidade para o consumo (JENSEN LAURIDSEN e BERTELSEN

1998 JAY 2005 NOGALA-KALUCKA et al 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Nos crustaacuteceos a deterioraccedilatildeo parece ser semelhante agrave dos peixes tendo seu iniacutecio nas

superfiacutecies mais externas devido agrave sua anatomia Esse grupo de pescado apresenta altas

quantidades de aminoaacutecidos livres e extratos nitrogenados que os torna expostos ao raacutepido

ataque da microbiota deteriorante Aleacutem disso a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute acompanhada

pela produccedilatildeo de elevadas quantidades de bases nitrogenadas volaacuteteis como ocorre nos peixes

(JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Quanto aos moluscos a deterioraccedilatildeo difere daquela apresentada pelos peixes e crustaacuteceos

sendo um processo basicamente fermentativo em decorrecircncia de sua carne ser constituiacuteda de

alto teor de carboidratos sobretudo na forma de glicogecircnio e do menor teor de nitrogecircnio (JAY

2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem dos fatores intriacutensecos que satildeo inerentes ao pescado fatores externos como o tipo de

captura o tempo de armazenamento refrigeraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo inadequada podem facilitar a

degradaccedilatildeo do pescado e consequentemente as alteraccedilotildees bioquiacutemicas autoliacuteticas ou promovidas

pelo desenvolvimento de micro-organismos Estes fatores satildeo denominados extriacutensecos e podem

concorrer para o aumento dos riscos agrave sauacutede do consumidor (SILVA MATTEacute e MATTEacute 2008

AMARAL e FREITAS 2013 ROSSO 2013)

Deste modo salienta-se a importacircncia da anaacutelise de riscos no setor pesqueiro

considerando todas as etapas que vatildeo desde a captura ateacute a comercializaccedilatildeo uma vez que em

geral o pescado que chega ao consumidor possui uma carga microbiana elevada composta tanto

por micro-organismos deteriorantes como por patoacutegenos Nessa direccedilatildeo o grau de deterioraccedilatildeo

do pescado eacute determinado principalmente pela carga bacteriana inicial pela temperatura de

conservaccedilatildeo pelo tempo decorrido apoacutes a sua morte e pelas praacuteticas sanitaacuterias adotadas

(EIROA 1980 GONCcedilALVES 2009)

Alguns meacutetodos de conservaccedilatildeo satildeo aplicados ao pescado visando prolongar sua vida uacutetil

como a refrigeraccedilatildeo o congelamento e o processamento teacutermico A refrigeraccedilatildeo natildeo apresenta

accedilatildeo esterilizante apenas retarda as atividades microbianas jaacute existentes e impede o surgimento

de novos agentes deteriorantes enquanto que o congelamento emprega temperaturas que

22

reduzem ou paralisam a deterioraccedilatildeo causada por micro-organismos enzimas ou agentes

quiacutemicos O tratamento teacutermico dado ao produto cujo tempo de exposiccedilatildeo ao calor uacutemido eacute

variaacutevel conforme o tamanho velocidade de penetraccedilatildeo do calor e condiccedilotildees de aquecimento

reduz a carga microbiana e inibe o crescimento de bacteacuterias parasitas e viacuterus prejudiciais ao

homem (ANTONIOLLI 1999 CAMPOS e PAIVA 2011 CORDEIRO et al 2007)

4 Indicadores de qualidade do pescado

O processo de deterioraccedilatildeo do pescado eacute complexo envolvendo sobretudo processos de

natureza microbioloacutegica e quiacutemica razatildeo pela qual natildeo eacute aconselhaacutevel o uso de apenas um

meacutetodo para avaliar sua qualidade Nesse sentido para avaliaccedilatildeo da qualidade satildeo recomendadas

anaacutelises por indicadores sensoriais fiacutesico-quiacutemicos e microbioloacutegicos (NUNES BATISTA e

CARDOSO 2007 ALI 2011)

Os paracircmetros sensoriais compreendem meacutetodos usados para medir analisar e interpretar

reaccedilotildees e caracteriacutesticas dos alimentos os quais satildeo percebidos pelos sentidos Mesmo que se

desenvolvam meacutetodos instrumentais de faacutecil aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo do pescado a anaacutelise

sensorial continua a ser essencial pois fornece informaccedilatildeo completa sobre o estado do pescado

(NIELSEN 1997 STEVANATO et al 2007)

No que se refere agraves caracteriacutesticas sensoriais dos peixes no Brasil eacute estabelecido pela

legislaccedilatildeo que estes devem apresentar as seguintes caracteriacutesticas superfiacutecie do corpo limpa e

com relativo brilho metaacutelico olhos transparentes brilhantes e salientes ocupando

completamente as oacuterbitas guelras roacuteseas ou vermelhas uacutemidas e brilhantes com odor natural

proacuteprio e suave ventre roliccedilo firme natildeo deixando impressatildeo duradoura agrave pressatildeo dos dedos

escamas brilhantes bem aderentes agrave pele e nadadeiras apresentando certa resistecircncia aos

movimentos provocados e carne firme com consistecircncia elaacutestica de cor proacutepria agrave espeacutecie

(BRASIL 1997)

Os crustaacuteceos devem apresentar aspecto geral brilhante uacutemido corpo em curvatura

natural riacutegida artiacuteculos firmes e resistentes carapaccedila bem aderente ao corpo coloraccedilatildeo proacutepria

agrave espeacutecie sem qualquer pigmentaccedilatildeo estranha olhos vivos destacados e cheiro proacuteprio e suave

(BRASIL 1997)

Para os moluscos bivalves recomenda-se que sejam expostos agrave venda vivos com valvas

fechadas e com retenccedilatildeo de aacutegua incolor e liacutempida nas conchas cheiro agradaacutevel e pronunciado

carne uacutemida bem aderente agrave concha de aspecto esponjoso e de cor cinzenta-clara nas ostras e

amareladas nos mexilhotildees (BRASIL 1997)

23

Em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos no paiacutes os padrotildees mais utilizados para

avaliar o frescor do pescado incluem as determinaccedilotildees de pH bases nitrogenadas volaacuteteis totais

(N-BVT) bases volaacuteteis terciaacuterias e as reaccedilotildees de gaacutes sulfiacutedrico e de indol (BRASIL 1997)

Tendo em vista que o pH de um alimento eacute uma caracteriacutestica importante para a sua

conservaccedilatildeo o fato do pescado apresentar um pH proacuteximo da neutralidade propicia o

desenvolvimento tanto de micro-organismos deterioradores como de patoacutegenos O pH da

musculatura pode ser influenciado pela espeacutecie do pescado meacutetodos de captura manuseio e

armazenamento assim esta mateacuteria-prima requer cuidados especiais para sua conservaccedilatildeo O

paracircmetro de pH oficial estabelece que este deve ser inferior a 65 na parte interna do peixe

fresco no entanto natildeo haacute consideraccedilotildees das especificidades para as demais espeacutecies de pescado

(LEITAtildeO 1988 BRASIL 1997 GALVAtildeO et al 2006) Desta forma a literatura cientiacutefica

registra algumas faixas de pH para as outras espeacutecies de pescado entre 68 e 70 para camaratildeo

em torno de 70 para o siri crustaacuteceo semelhante ao caranguejo em torno de 65 para moluscos

e na faixa entre 48 e 63 para ostra (JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

As bases volaacuteteis totais tambeacutem satildeo utilizadas para avaliar o frescor do pescado

indicando a degradaccedilatildeo de compostos nitrogenados derivada da autoacutelise e da decomposiccedilatildeo

microbiana Os compostos nitrogenados mais frequentes satildeo a trimetilamina e a amocircnia A

legislaccedilatildeo estabelece que o limite se N-BVT no pescado seja inferior a 30mg de

N100g (ASHIE SMITH e SIMPSON 1996 BRASIL 1997 SCHERER et al 2004)

Em estudo conduzido por Argocirclo (2012) com anaacutelise de amostras de sururu e siri

beneficiados em Satildeo Francisco do Conde foi possiacutevel verificar valores meacutedios de pH de 69 e

81 respectivamente Em pesquisa realizada por Cordeiro et al (2007) observou-se valor meacutedio

de pH de 69 em mexilhotildees congelados comercializados no municiacutepio de Ubatuba (SP) Em

relaccedilatildeo agraves N-BVT Souza et al (2013) ao avaliar pescado congelado comercializado no

Mercado Municipal de Satildeo Francisco do Conde registrou valor de mediana em amostras de siri

de 45mgN100g enquanto que Argocirclo (2012) tambeacutem em amostras de siri observou valor

meacutedio de 287mgN100g

Quanto ao aspecto microbioloacutegico a seguranccedila do pescado eacute de extrema importacircncia

visto que as doenccedilas transmitidas por alimentos tecircm sido registradas em grande parte como

decorrecircncia da falta de cuidados e de controles desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima ateacute a

manipulaccedilatildeo e processamento (MARQUES SEABRE e DAMASCENO 2009) Desta forma no

Brasil a Resoluccedilatildeo RDC Ndeg 122001 da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

estabelece os padrotildees microbioloacutegicos para alimentos expostos agrave venda devendo ser o pescado

cru resfriado ou congelado ser analisado para estimativa de coliformes

24

termotolerantesEscherichia coli contagem de estafilococos coagulase positiva e pesquisa de

Salmonella spp (BRASIL 2001)

Nessa legislaccedilatildeo satildeo estabelecidos padrotildees relacionados ao pescado in natura congelado

natildeo consumido cru incluindo estafilococos coagulase positivag com toleracircncia de 10sup3 e

ausecircncia de Salmonella spp em 25g da amostra Para pescado preacute-cozido congelado constam

coliformes a 45ordmC com toleracircncia de 5x10 estafilococos coagulase positivag toleracircncia de 103

e para Salmonella spp ausecircncia em 25g da amostra (BRASIL 2001)

Argocirclo (2012) na anaacutelise de amostras de siri beneficiadas em Satildeo Francisco do Conde-

BA reportou valores meacutedios de 315 log UFCg de coliformes agrave 35ordmC 150 log UFCg de

Escherichia coli 270 log UFCg de estafilococos coagulase positiva e 522 log UFCg de

aeroacutebios psicrotroacuteficos

Staphylococcus aureus eacute uma bacteacuteria anaeroacutebia facultativa no entanto possui maior

crescimento sob condiccedilotildees aeroacutebias com produccedilatildeo de catalase Eacute mesoacutefila apresentando

temperatura oacutetima de crescimento entre 40ordm e 45ordmC tolerante a concentraccedilotildees de 10 a 20 de

NaCl e a nitratos e possui faixa de pH oacutetima de crescimento entre 6 e 7 S aureus eacute uma

bacteacuteria patogecircnica que natildeo faz parte da microbiota do pescado sendo normalmente transferido

para os alimentos por manipuladores Este grupo microbiano eacute responsaacutevel por

aproximadamente 45 das toxinfecccedilotildees alimentares no mundo (CUNHA NETO SILVA e

STAMFORD 2002 FRANCO E LANDGRAF 2008 GONCcedilALVES 2011)

O grupo dos coliformes agrave 35ordmC eacute um subgrupo da famiacutelia Enterobacteriaceae que

engloba apenas as bacteacuterias capazes de fermentar a lactose com produccedilatildeo de gaacutes em 24 a 48

horas a 35ordmC Nesse grupo encontram-se tanto bacteacuterias originaacuterias do trato gastrintestinal de

humanos e outros animais de sangue quente como tambeacutem bacteacuterias de origem natildeo enteacuterica

fazendo parte as bacteacuterias do gecircnero Escherichia Klebisiella Citrobacter e Enterobacter Os

coliformes podem fornecer informaccedilotildees sobre a provaacutevel presenccedila de microrganismos

patogecircnicos ou sobre a deterioraccedilatildeo potencial do alimento aleacutem das condiccedilotildees higiecircnicas dos

processos de fabricaccedilatildeo uma vez que satildeo facilmente inativados pelos sanitizantes por isso satildeo

utilizados como indicadores (SILVA 2010 FRANCO LANDGRAF 2008)

Os coliformes termotolerantes compreendem um subgrupo dos coliformes agrave 35ordmC que se

restringe aos membros capazes de fermentar a lactose em 24 horas a 45ordmC com produccedilatildeo de

gaacutes sendo usados como indicadores jaacute que satildeo isolados facilmente e se encontram em maior

proporccedilatildeo do que os patogecircnicos A Escherichia coli pertence aos dois grupos de coliformes

referidos e o seu habitat natural eacute o trato intestinal de animais de sangue quente contudo pode

ser introduzida nos alimentos a partir de fontes natildeo fecais (SILVA 2010)

25

De acordo com Silva et al (2010) a contagem de coliformes agrave 35ordmC e termotolerantes

em alimentos tecircm sido o meacutetodo mais indicado para avaliar as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

sendo tambeacutem utilizadas como indicadores de falhas durante o processamento ou a

contaminaccedilatildeo poacutes-processamento

O genecircro Salmonella compreende bacteacuterias anaeroacutebias facultativas natildeo produtoras de

esporo e que produzem gaacutes a partir da glicose com exceccedilatildeo da S Typhi sendo capazes de

utilizar o citrato como uacutenica fonte de carbono A temperatura e pH oacutetimos para seu crescimento

estatildeo em torno de 35ordm-37ordmC e 70 respectivamente Natildeo toleram concentraccedilotildees de sal superiores

a 9 O habitat natural da Salmonella eacute o trato intestinal de mamiacuteferos aves e reacutepteis podendo

alcanccedilar o ambiente aquaacutetico atraveacutes da contaminaccedilatildeo fecal e desta forma serem detectadas em

peixes e produtos pesqueiros (VIEIRA 2004 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem destes indicadores microbioloacutegicos no caso de pescados resfriados e congelados

tambeacutem eacute adotada internacionalmente a contagem padratildeo de micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos de 106 UFCg (ICMSF 1986) Os micro-organismos psicrotroacuteficos crescem bem

em temperaturas entre 0ordm e 7ordmC em diversos tipos de alimentos refrigerados sendo os principais

causadores da deterioraccedilatildeo de carnes pescado ovos frangos e outros (FRANCO e LANDGRAF

2008)

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal

O municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia eacute uma ocupaccedilatildeo antiga que surgiu no

iniacutecio da colonizaccedilatildeo brasileira (SANTOS 2004) Em 1618 por ordem do Conde de Linhares

foi construiacutedo no alto de um monte no Recocircncavo Baiano um convento e uma igreja onde

mais tarde surgiria a cidade de Satildeo Francisco do Conde em 1698 O nome homenageia o

padroeiro da cidade e o conde Fernatildeo Rodrigues que herdou o terreno do 3ordm governador geral do

Brasil Mem de Saacute A regiatildeo onde fica a cidade foi conquistada pelo impeacuterio portuguecircs por meio

de guerras travadas contra os iacutendios que viviam nas margens dos rios Paraguaccedilu e Jaguaribe

(IBGE 2013)

Satildeo Francisco do Conde localiza-se na regiatildeo metropolitana de Salvador-BA estaacute

situado a 67 km da Capital do estado ao norte da Baiacutea de Todos os Santos e tem como vizinhas

as cidades de Candeias Madre de Deus Santo Amaro da Purificaccedilatildeo e Satildeo Sebastiatildeo do Passeacute

contando com uma aacuterea de 262856 kmsup2 e 33183 habitantes A aacuterea ainda manteacutem reservas de

Mata Atlacircntica e riquiacutessimos manguezais que contribuem para a biodiversidade da regiatildeo

(SANTOS 2011 IBGE 2013)

26

Aleacutem da aacuterea terrestre o municiacutepio apresenta trecircs ilhas ndash Ilha de Cajaiacuteba Ilha das Fontes

e Ilha do Paty A Ilha das Fontes caracteriza-se como um local onde as aacuteguas do mar

apresentam-se tranquilas em todos os periacuteodos da mareacute fato explicado pela sua proximidade

com os rios Sergi e Subaeacute (MARTINS 2010)

A Ilha das Fontes eacute tambeacutem uma das comunidades pesqueiras existentes no municiacutepio

compreendendo um povoado que se localiza proacuteximo ao Porto Ferrolho da Petrobras e ao

povoado de Santo Estevatildeo com acesso apenas por barco A localidade dista aproximadamente 8

Km da sede e natildeo eacute totalmente urbanizada A populaccedilatildeo eacute de etnia negra e mesticcedila natildeo

Quilombola e possui 1654 habitantes juntamente com Engenho de Baixo A maioria dos

moradores desenvolve a atividade pesqueira tanto para comeacutercio quanto para consumo interno

(SAacute 2011) Dentre os habitantes da Ilha 54 mulheres atuavam na pesca conforme

levantamento recente (SANTOS 2013)

No passado a riqueza da cidade baseava-se nas plantaccedilotildees de cana de accediluacutecar que deram

iniacutecio ao desenvolvimento econocircmico da aacuterea Atualmente a extraccedilatildeo o refino e o

processamento de petroacuteleo satildeo as principais atividades econocircmicas da regiatildeo (SAtildeO

FRANCISCO DO CONDE 2013) Com a arrecadaccedilatildeo municipal de impostos relacionados agrave

produccedilatildeo e refino de petroacuteleo pela Refinaria Satildeo Francisco do Conde atingiu o maior Produto

Interno Bruto (PIB) per capita brasileiro nos anos de 2008 a 2010 (IBGE 2010 2011 2012)

Apesar disso a populaccedilatildeo da cidade sofre com o agravamento das desigualdades sociais

enfrentando problemas associados agrave pobreza agrave infraestrutura sanitaacuteria deficiente e ao

saneamento baacutesico ao analfabetismo entre outros

No municiacutepio muitas famiacutelias dependem da pesca e da mariscagem como fonte de

subsistecircncia sendo a pesca uma tradiccedilatildeo e heranccedila cultural Nesse contexto a atividade eacute

caracterizada pela rusticidade envolvendo tanto homens quanto mulheres em diversas

comunidades pesqueiras (ARGOcircLO 2012 SAacute 2011 SANTOS 2011 SANTOS 2013)

Segundo Saacute (2011) em Satildeo Francisco do Conde-BA observa-se o predomiacutenio de mulheres

(666) na atividade pesqueira fato que fortemente se vincula ao trabalho na mariscagem

No municiacutepio algumas comunidades pesqueiras possuem sistema puacuteblico de

abastecimento de aacutegua de esgotamento sanitaacuterio e coleta de lixo deficiente ou ausente o que

favorece condiccedilotildees improacuteprias agrave manipulaccedilatildeo dos mariscos Estes em geral satildeo beneficiados no

ambiente domiciliar permanecendo o pescado muitas vezes exposto agrave temperatura ambiente

por um longo periacuteodo de tempo em condiccedilotildees que natildeo atendem agraves Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de

alimentos (ARGOcircLO 2012)

27

Argocirclo (2012) ao estudar as condiccedilotildees de beneficiamento de mariscos em comunidades

de Satildeo Francisco do Conde observou que as marisqueiras manipulavam o pescado em bacias

dispostas sobre o chatildeo na proacutepria residecircncia sendo algumas com estrutura bastante precaacuteria

com a ausecircncia de aacutegua tratada (33) Segundo a autora ainda as marisqueiras acompanhadas

relataram nunca ter participado de atividades formativas relacionadas agraves Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o que poderiam favorecer a qualidade do pescado beneficiado

Na perspectiva da qualidade microbioloacutegica ao conduzir estudo com 96 amostras de

mariscos beneficiados em Satildeo Francisco do Conde (siri sururu e ostra) a referida autora

verificou que iacutendice de 468 de natildeo conformidade para as amostras sendo 364 para

Escherichia coli e 197 para estafilococos coagulase positiva No estudo natildeo foi identificada a

presenccedila de Salmonella spp (ARGOcircLO 2012)

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento

Na atualidade observa-se uma grande preocupaccedilatildeo com a qualidade dos alimentos a serem

consumidos e os riscos que esses podem ocasionar agrave sauacutede A possibilidade de contaminaccedilatildeo do

alimento pelo manipulador depende do maior ou menor contato deste com os produtos do tipo

de mateacuteria-prima a ser manipulada e dos cuidados adotados Segundo Jianu e Chis (2012)

alguns fatores como mateacuterias-primas contaminadas falta de higiene de equipamentos utensiacutelios

instalaccedilotildees e alimentos bem como praacuteticas inadequadas podem contribuir para a ocorrecircncia de

surtos de origem alimentar

De modo a reduzir a ocorrecircncia de doenccedilas veiculadas por alimentos eacute essencial que as

praacuteticas de manuseio e preparo dos alimentos pelos manipuladores de alimentos sejam corretas e

que existam treinamentos em seguranccedila de alimentos para estes uma vez que a falta de

conhecimentos sobre higiene e conservaccedilatildeo de alimentos entre os manipuladores contribui de

forma significativa para a sua contaminaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo o que justifica adoccedilatildeo de

treinamentos especiacuteficos (ROBERTSON et al 2013)

Segundo Andreotti et al (2003) os programas de treinamento orientados para

manipuladores de alimentos satildeo os mais recomendados e eficazes para transmissatildeo

conhecimentos e promoccedilatildeo de mudanccedilas de atitudes O treinamento consiste em uma accedilatildeo

educativa direcionada ao desempenho profissional a fim de adquirir conhecimentos habilidades

e atitudes necessaacuterias agrave execuccedilatildeo desta atividade (LACERDA e ABBAD 2003)

A atividade de treinamento de manipuladores de alimentos natildeo eacute uma tarefa faacutecil de ser

realizada Nesse sentido o reconhecimento de caracteriacutesticas singulares dos manipuladores

28

auxilia na compreensatildeo das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento das atividades de

treinamento por indicar que existem diferenccedilas no modo como os alimentos satildeo concebidos e as

informaccedilotildees trabalhadas tornam-se significativas Deste modo possibilita a melhor visibilidade

dos conflitos inerentes agraves relaccedilotildees sociais - principalmente agraves relaccedilotildees educativas - resultantes do

confronto de um grupo que pretende convencer o outro da necessidade de alterar suas praacuteticas

(COSTA LIMA e RIBEIRO 2002)

A escolha da metodologia de intervenccedilatildeo educativa tem grande importacircncia na qualidade

da capacitaccedilatildeo considerando resultados positivos tanto na dimensatildeo da representaccedilatildeo social

(opiniatildeo conhecimento e atitude ndash praacutetica declarada) e na dimensatildeo do comportamento dos

participantes (praacutetica observada) (BEZERRA 2008) Desta forma a seleccedilatildeo do tipo de atividade

educativa a ser utilizada deve levar em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo a

relaccedilatildeo entre o benefiacutecio e o custo dos materiais e a factibilidade de sua utilizaccedilatildeo A depender

do puacuteblico esta atividade deveraacute possuir um conteuacutedo simples e de faacutecil compreensatildeo e o meio

de comunicaccedilatildeo escolhido para a veiculaccedilatildeo das mensagens deveraacute considerar os aspectos

culturais da comunidade (ANDRADE e COELHO 1997)

Em relaccedilatildeo ao processo ensino-aprendizagem eacute recomendado o emprego de diversos

meacutetodos de ensino (aacuteudio visual praacutetico e sensibilizaccedilatildeo) para que a aprendizagem seja mais

eficiente Os meacutetodos ativos que exigem participaccedilatildeo do indiviacuteduo parecem ser mais eficazes

(BEZERRA 2008) Nesse sentido os recursos audiovisuais satildeo vantajosos pois orientam quanto

agrave direccedilatildeo do pensamento fornece o comportamento final desejado induz a transferecircncia de

aprendizagem e apresenta estiacutemulo para a mudanccedila de comportamento (GOUVEIA 1999)

Segundo Cardoso Santos e Silva (2009) entre as metodologias aplicadas para

manipuladores de alimentos adultos pode-se incluir liccedilotildees ao ar livre exposiccedilotildees cartazes

representaccedilotildees na rua projeccedilotildees de viacutedeos debates cursos para formaccedilatildeo de multiplicadores

sessotildees orientadas individualmente e programas educacionais puacuteblicos com uso da miacutedia de

massa Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de cartilhas ilustrativas evidenciando praacuteticas aceitaacuteveis

constitui material de apoio Para Soares et al (2013) ainda os treinamentos em alimentos devem

ser baseados em atividades teoacutericas e praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos podem

aplicar o conhecimento adquirido em praacutetica

Em linhas gerais os temas abordados pelos programas de treinamentos eou capacitaccedilotildees

de manipuladores de alimentos englobam a importacircncia da sauacutede individual e coletiva noccedilotildees

baacutesicas de higiene pessoal higiene de alimentos e ambiental e destacam os danos que a ausecircncia

desses cuidados causam sobre a sauacutede do consumidor conscientizando os manipuladores do seu

29

papel na prevenccedilatildeo das Doenccedilas Transmitidas por Alimentos ndash DTA (GHISLENI e BASSO

2008)

Medeiros et al (2011) ao realizarem uma revisatildeo sistemaacutetica sobre estrateacutegias

metodoloacutegicas adotadas por programas de treinamento em higiene de alimentos identificaram

como principal tema abordado a higiene pessoal seguido pela seguranccedila do alimento e melhoria

das praacuteticas Aleacutem disso foram referidos como temas de treinamento higiene local do trabalho

lavagem das matildeos noccedilotildees baacutesicas de microbiologia doenccedilas transmitidas pela aacutegua higiene dos

alimentos higiene dos utensiacutelios e a anaacutelise de Perigos e Pontos Criacuteticos de Controle - APPCC

dentre outros

Neste contexto cabe pontuar que a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

por meio da RDC nordm216 de 2004 estabelece que a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos

deve abordar pelo menos os temas de contaminantes alimentares Doenccedilas Veiculadas por

Alimentos manipulaccedilatildeo higiecircnica dos alimentos e Boas Praacuteticas (BRASIL 2004)

Na execuccedilatildeo de atividades de formaccedilatildeo ainda devem estar previstas etapas de avaliaccedilatildeo

Segundo Nieto-Montenegro Brown e Laborde (2008) a avaliaccedilatildeo do programa compreende

parte criacutetica de um treinamento em seguranccedila de alimentos uma vez que permite que os

implementadores avaliem a sua eficaacutecia Para verificaccedilatildeo da efetividade dos treinamentos alguns

autores tecircm recomendado a avaliaccedilatildeo em trecircs niacuteveis reaccedilatildeo aprendizagem e impacto de

treinamento no trabalho A reaccedilatildeo eacute o niacutevel de satisfaccedilatildeo dos participantes com a programaccedilatildeo o

apoio ao desenvolvimento do curso a aplicabilidade a utilidade e os resultados do treinamento

A aprendizagem refere-se ao grau de assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos ensinados no treinamento O

impacto do treinamento no trabalho eacute a auto-avaliaccedilatildeo feita pelo proacuteprio participante acerca dos

efeitos mediatos produzidos pelo treinamento em seus niacuteveis de desempenho motivaccedilatildeo auto-

confianccedila e abertura a mudanccedilas nos processos de trabalho (ABBAD GAMA e BORGES-

ANDRADE 2000)

No cenaacuterio da pesca artesanal ainda haacute poucas descriccedilotildees relativas agrave formaccedilatildeo de

pescadores e marisqueiras

Costa et al (2012) realizaram uma intervenccedilatildeo com pescadoras de uma associaccedilatildeo de um

municiacutepio do Recocircncavo baiano por meio de oficinas em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP)

tendo como preocupaccedilatildeo a temaacutetica da seguranccedila de alimentos e constataram que o processo

formativo se constituiu como uma das estrateacutegias para o fortalecimento das praacuteticas

organizacionais sendo uma das alternativas eficientes de faacutecil execuccedilatildeo e baixo custo que

podem ser aplicadas para atender agraves exigecircncias da inspeccedilatildeo sanitaacuteria Neste caso os

30

pesquisadores reportaram que 100 das pescadoras natildeo haviam recebido treinamento anterior

sobre as BPP

Noacutebrega (2013) desenvolveu estudo de intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade pesqueira do municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde-BA utilizando como temas de

treinamento a conservaccedilatildeo do pescado e a higiene do manipulador verificando a partir dos

padrotildees microbioloacutegicos que 970 das amostras de mariscos estavam em conformidade com a

legislaccedilatildeo apoacutes o treinamento representando uma melhoria na qualidade dos produtos

beneficiados

Menezes e Campos (2014) relatam trabalho de extensatildeo na comunidade pesqueira de

Mangue Seco Valenccedila-BA entre 2012 e 2014 por meio de cursos palestras e oficinas com o

objetivo de propiciar a difusatildeo de conhecimentos bem como o aprimoramento de praacuteticas

voltadas para a melhoria da mariscagem Entre as atividades foram realizados cursos sobre

tecnologia de pescado boas praacuteticas de produccedilatildeo e artesanato em escamas de peixe Segundo as

autoras apesar das oficinas proporcionarem melhorias dos processos produtivos mostrou

fragilidades na perspectiva da organizaccedilatildeo e coesatildeo do grupo na perspectiva do

desenvolvimento social

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EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA BAIacuteA DE TODOS OS

SANTOS BRASIL

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Abner Victor da Silva Teixeirab Aline Natana da

Silva Machadob Suelen Giffoni Arauacutejob Joseacute Acircngelo Wenceslau Goacuteesc Ryzia de Caacutessia

Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

As marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo passadas de geraccedilatildeo

em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o pescado que

compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade Assim este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com as

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas estavam a exposiccedilatildeo dialogada as dinacircmicas

de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de fotos do trabalho na

mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade formativa

o que pode estar associado agraves metodologias utilizadas e agrave maior aproximaccedilatildeo entre os

instrutores e a comunidade com trocas de experiecircncias As estrateacutegias de intervenccedilatildeo

resultaram em mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos conquanto ainda

houvesse falhas que sinalizaram a necessidade de aperfeiccediloamentos e que a estrutura fiacutesica

dos locais de beneficiamento fosse inadequada Os resultados evidenciam a aplicabilidade de

estrateacutegia educativa em seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma

demanda de educaccedilatildeo continuada e de suporte estrutural agrave cadeia produtiva para o alcance de

maior eficaacutecia

Palavras-chave pesca artesanal treinamento qualidade de alimentos seguranccedila alimentar e

nutricional

40

Abstract

The shellfish pickers follow practices of fishing and processing that are passed from

generation to generation without specific training to work with seafood which comprises a

kind of animal product of high perishability This study aimed to describe a training strategy

in food safety for shellfish pickers of Ilha das Fontes community Satildeo Francisco do Conde

Brazil An intervention study was carried out following six stages survey of community

interest topics raising awareness in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers

before training training in Good Manufacturing Practices of food in situ monitoring of

routine work after training and conversation wheel with shellfish pickers Among the

methodologies dialogued exposure group dynamics the conversation wheel practical

simulations the exhibition of photos of the work in shellfishing and videos were used It was

verified a good adhesion of shellfish pickers to the formative activity which may be

associated with the methodologies used and the closer relationship between the teachers and

the community with exchanges of experience Intervention strategies resulted in positive

changes in the processing of shellfish although there were still failures that signaled the need

for improvements and that the physical structure of the places of processing were inadequate

The results showed the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing although it is registered a demand for continuing education and structural support to

the supply chain in order to achieve greater efficiency

Key words artisanal fishing training food quality food security

1Introduccedilatildeo

A pesca compreende importante cadeia na produccedilatildeo de alimentos em todo o mundo

Aleacutem de contribuir para a oferta de alimentos de elevada qualidade nutricional o setor

permite a inserccedilatildeo 583 milhotildees de trabalhadores diretos e indiretos o que tambeacutem colabora

para a renda e para promover a seguranccedila alimentar (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal participa com 45 da produccedilatildeo nacional de pescado -

com registro de 1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado e emprega cerca de um milhatildeo

de trabalhadores incluindo homens e mulheres (BRASIL 2014) Entretanto esta cadeia tem

sido marcada por fragilidades na sua conduccedilatildeo uma vez que historicamente natildeo contou com

poliacuteticas para apoio ao seu desenvolvimento Assim em grande parte do paiacutes registra-se a

atividade como um trabalho ruacutestico com baixa tecnologia de pesca e de conservaccedilatildeo do

pescado capturado o que implica em perda da qualidade do produto (VASCONCELLOS

DIEGUES e SALES 2004 SILVA 2011)

Dadas as caracteriacutesticas geograacuteficas do paiacutes a pesca artesanal inclui tanto aacutereas

costeiras quanto aquelas de bacias hidrograacuteficas Ainda inclui a coleta de pescado em aacutereas

de mangue onde eacute comum a atividade de mulheres Estas conhecidas popularmente como

41

marisqueiras satildeo responsaacuteveis pela coleta de mariscos para a complementaccedilatildeo da renda

familiar e tambeacutem para subsistecircncia (FREITAS et al 2012)

No seu ofiacutecio as marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo

passadas de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o

pescado que compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade

(VIEIRA 2004 FREITAS et al 2012) Assim ainda em que pese o conhecimento da

tradiccedilatildeo o pescado procedente desta atividade tem se configurado como uma preocupaccedilatildeo na

perspectiva da seguranccedila de alimentos De acordo com estudos realizados junto a essa cadeia

no paiacutes os mariscos obtidos tecircm apresentado alteraccedilotildees de natureza quiacutemica e

microbioloacutegica o que potencializa riscos para as proacuteprias comunidades e para os

consumidores (VIEIRA et al 2006 NASCIMENTO et al 2011)

Nesse cenaacuterio poliacuteticas recentes tecircm se voltado para o setor de modo a fortalecer esta

cadeia contribuindo para melhores condiccedilotildees de trabalho e a maior oferta de alimentos em

atendimento a requisitos sanitaacuterios Dentre as vertentes de apoio ao setor inclui-se o

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo que compreende importante estrateacutegia para

ensinar habilidades propiciar a aprendizagem ativa e aumentar a percepccedilatildeo de risco (NIETO-

MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 CUNHA et al 2013)

Entretanto sabe-se que programas de formaccedilatildeo que proporcionam apenas informaccedilotildees

teoacutericas natildeo resultam em mudanccedilas imediatas de comportamento dos manipuladores de

alimentos Deste modo as atividades formativas devem contemplar atividades teoacutericas e

praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos possam colocar em praacutetica o conhecimento

adquirido (SOARES et al 2013) Em adiccedilatildeo a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do programa conduzido

eacute uma parte criacutetica do treinamento uma vez que permite que os implementadores avaliem o

desempenho alcanccedilado (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008

MEDEIROS et al 2011)

Assim considerando a extensatildeo da praacutetica da pesca artesanal no litoral baiano o

contexto de rusticidade desta atividade e de baixa qualidade sanitaacuteria do pescado obtido este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos Brasil

42

2 Material e meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil como parte do

projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA

estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo1

O projeto conta com aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica da Escola de Nutriccedilatildeo da

Universidade Federal da Bahia (Parecer no 2265922014) (ANEXO I) e as atividades junto agrave

comunidade foram conduzidas no periacuteodo de marccedilo de 2014 a fevereiro de 2015

21 Seleccedilatildeo do local

A escolha da comunidade para a realizaccedilatildeo do estudo resultou de um conjunto de

condiccedilotildees que favoreceram o desenvolvimento das atividades de intervenccedilatildeo a atividade

pesqueira na Ilha ter atuaccedilatildeo marcada pela mariscagem a boa receptividade da equipe de

pesquisa pela comunidade e pelos liacutederes comunitaacuterios e a disponibilidade local de

instalaccedilotildees passiacuteveis de uso para a realizaccedilatildeo de atividades formativas - na Ilha conta-se com

uma sede comunitaacuteria com instalaccedilotildees fiacutesicas que permitiam os encontros com as

marisqueiras e a implementaccedilatildeo das atividades formativas

22 Programa de intervenccedilatildeo

A proposta de programa de intervenccedilatildeo foi planejada por uma equipe multidisciplinar

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e

contou com a participaccedilatildeo da comunidade

A intervenccedilatildeo consistiu em seis etapas (Figura 1)

I Sondagem de temas de interesse para a comunidade por meio da aplicaccedilatildeo de um

questionaacuterio semi-estruturado (ANEXO A)

II Encontro de sensibilizaccedilatildeo conduzido por meio de palestras atividades interativas e

relatos de experiecircncia de marisqueiras de outra comunidade jaacute qualificadas em processos

formativos com o objetivo de despertar a comunidade sobre a importacircncia da qualidade e da

seguranccedila do pescado

1 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

43

III Acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras desde a captura nos

manguezais ateacute o beneficiamento do pescado em casa Para avaliar as Boas Praacuteticas no

beneficiamento dos mariscos aplicou-se um check list (ANEXO B) elaborado com base na

RDC nordm2162004 (BRASIL 2004) e observando adaptaccedilotildees agrave realidade local contemplando

oito blocos 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4

Abastecimento de aacutegua 5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas

preparo dos mariscos e embalagens

IV Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos com desenvolvimento de

atividades educativas participativas para estimular o manuseio seguro do pescado nos

diferentes estaacutegios de processamento

V Novo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras realizado sessenta

dias apoacutes o treinamento com reaplicaccedilatildeo de check list

VI Roda de conversa com as marisqueiras desenvolvida com o auxiacutelio de roteiro de

perguntas para verificar a eficaacutecia da accedilatildeo educativa realizada identificando fatores que

facilitaram e dificultaram a mudanccedila de comportamento

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015

44

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias

Todo o planejamento das atividades de treinamento foi realizado por meio de reuniotildees

de consenso levando em conta as demandas dos participantes e incentivando-os a demonstrar

seus conhecimentos e praacuteticas de modo a aproveitar a experiecircncia local como base para a

construccedilatildeo de novos conhecimentos

De modo preacutevio ao treinamento foi feita a inscriccedilatildeo dos participantes com o

propoacutesito de levantar informaccedilotildees sobre o quantitativo de pessoas bem como dos dados

socioeconocircmicos do grupo considerando caracteriacutesticas quanto agrave idade agrave escolaridade agrave

renda e agrave participaccedilatildeo em treinamento anterior (APEcircNDICE A) No entanto metades dos

inscritos natildeo estiveram presentes no evento enquanto que outras pessoas que natildeo estavam

inscritas compareceram Assim para os novos interessados tambeacutem foram preenchidas fichas

com os referidos dados

As metodologias empregadas durante a realizaccedilatildeo das atividades compreenderam

exposiccedilatildeo dialogada usando um projetor multimiacutedia dinacircmicas de grupo rodas de conversa

simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de coleta e beneficiamento de mariscos e

viacutedeos Tambeacutem foram confeccionados materiais didaacuteticos de apoio e feita a gravaccedilatildeo da

atividade de roda de conversa para fins de registro e transcriccedilatildeo dos discursos das

marisqueiras Ao final da atividades formativa as marisqueiras receberam certificado de

realizaccedilatildeo do curso como forma de valorizaccedilatildeo e de incentivo pela participaccedilatildeo nas

atividades (APEcircNDICE B)

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias

Para conhecer a percepccedilatildeo dos participantes quanto aos meacutetodos utilizados na

formaccedilatildeo foi solicitado a eles apoacutes a atividade de formaccedilatildeo especiacutefica em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o preenchimento de um formulaacuterio de avaliaccedilatildeo (ANEXO D) que considerou os

seguintes itens explicaccedilatildeo dos assuntos recursos utilizados ritmo de atividades

esclarecimento de duacutevidas aprendizagem individual e sugestotildees para atividades futuras

Para avaliar os itens indicados utilizou-se uma escala estruturada com cinco

categorias de respostas peacutessimo ruim regular bom e excelente Para tratamento das

respostas as categorias tiveram valores numeacutericos equivalentes que variaram de um a cinco

na mesma ordem sendo a meacutedia aritmeacutetica de cada indicador calculada e as perguntas

restantes verificadas por frequecircncia de respostas

45

25 Anaacutelise de dados

Os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Excel e apresentados sob

a forma de estatiacutestica descritiva com uso de graacuteficos e tabelas para melhor explicaccedilatildeo dos

resultados alcanccedilados

3 Resultados e Discussatildeo

31 Programa de intervenccedilatildeo

311 Sondagem

A sondagem foi realizada com 32 marisqueiras da Ilha que atuavam ativamente na

pesca artesanal sendo possiacutevel obter uma descriccedilatildeo das expectativas de temas de interesse de

modo a abarcar melhor alguns destes no treinamento posto que determinados assuntos

escapavam ao foco de seguranccedila de alimentos Conforme os resultados foram levantados os

seguintes temas conservaccedilatildeo do pescado (30) benefiacutecios do pescado (225) informaccedilotildees

sobre o pescado (175) sauacutede do trabalhador (equipamentos de proteccedilatildeo - EPI) (15)

melhoria da qualidade do pescado (125) pesca e geraccedilatildeo de renda (cada um destes com

75 das indicaccedilotildees) e higienizaccedilatildeo do ambiente de processamento e artesanato com pescado

(cada um com 25)

Conforme Abushelaibi et al (2015) para que um programa de treinamento seja bem

sucedido eacute preciso que seja feito um planejamento cuidadoso devendo-se levar em

consideraccedilatildeo as necessidades dos participantes Deste modo a sondagem constituiu um dos

primeiros momentos de contato e de escuta agraves demandas de conhecimento junto agrave

comunidade Segundo Leite et al (2011) a sondagem possibilita uma construccedilatildeo mais

orientada do curso estimulando mudanccedilas positivas de comportamento jaacute que as

necessidades do populaccedilatildeo-alvo tornam-se conhecidas

312 Sensibilizaccedilatildeo

A atividade de sensibilizaccedilatildeo denominada ldquoEncontro com marisqueiras da Ilha das

Fontes um dedinho de prosa sobre trabalho e qualidade dos mariscosrdquo foi realizada em um

uacutenico dia com duraccedilatildeo de quatro horas e contou com a participaccedilatildeo de 15 marisqueiras que

natildeo foram necessariamente as mesmas que participaram da sondagem

46

O conteuacutedo programaacutetico apresentado compreendeu relato das marisqueiras da Ilha

do Paty sobre a atividade de formaccedilatildeo preacutevia realizada pelo projeto nesta Ilha valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras qualidade do marisco (indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) e resultados de diagnoacutestico de avaliaccedilatildeo da qualidade de mariscos de Satildeo

Francisco do Conde e especificamente a situaccedilatildeo da Ilha das Fontes

Nesse sentido a sensibilizaccedilatildeo dos participantes visava realccedilar a contribuiccedilatildeo social e

alimentar do trabalho na pesca artesanal promover maior conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia

da inocuidade dos alimentos envolvidos e despertar a comunidade para a possibilidade de

participar de programas de formaccedilatildeo profissional dentro de um grupo que compartilhava um

mesmo ambiente de vida e trabalho

Com o relato das marisqueiras da Ilha do Paty que viviam estaacutegio mais avanccedilado de

intervenccedilatildeo educativa (NOBREGA et al 2014) buscava-se demostrar uma experiecircncia

formativa exitosa em regiatildeo proacutexima motivando a comunidade para a atividade a ser

desenvolvida

O tema da valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras foi abordado a fim de ampliar a

percepccedilatildeo da comunidade sobre a importacircncia da profissatildeo para o abastecimento local de

pescado e para geraccedilatildeo de renda para muitas famiacutelias Nesse contexto Freitas et al (2012)

pontuam que o conhecimento das marisqueiras deve ser valorizado uma vez que haacute um

volume significativo de carne de mariscos sendo extraiacutedo com contribuiccedilatildeo para o

abastecimento de pescado Aleacutem disso a atividade desenvolvida deve ser considerada como

forma de dar reconhecimento agrave atividade e proteger do modo de vida dessas populaccedilotildees posto

que encerram tradiccedilotildees

Ainda foram apresentadas noccedilotildees referentes aos indicadores de qualidade do pescado -

sensorial microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica na perspectiva da seguranccedila do alimento Com este

conteuacutedo esperava-se melhorar a compreensatildeo dos resultados de estudo diagnoacutestico obtidos

pelo projeto maior que seriam apresentados considerando anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-

quiacutemicas de mariscos coletados no municiacutepio Posto que estes resultados natildeo eram bons

buscava-se despertar a comunidade quanto aos riscos sanitaacuterios dos produtos beneficiados na

regiatildeo e para a responsabilidade com a sauacutede dos consumidores

Onyeneho e Hedberg (2013) em estudo sobre seguranccedila de alimentos na Nigeacuteria

relatam que a sensibilizaccedilatildeo e a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos devem

inicialmente chamar a atenccedilatildeo das pessoas sobre o tamanho do problema e em seguida

treinaacute-las sobre como lidar com os alimentos corretamente e com seguranccedila explicitando a

melhor forma de manusear corretamente o alimento em ambiente higiecircnico

47

313 Acompanhamento in loco antes

O acompanhamento in loco foi feito com um grupo de quatro marisqueiras que se

propuseram a participar de todo o programa de intervenccedilatildeo Durante a atividade ainda nos

locais de captura dos mariscos constatou-se que o trabalho das marisqueiras compreendia um

esforccedilo muito grande posto que a pesca ocorria em aacutereas mais distantes da Ilha necessitando

caminhadas agrave peacute ou deslocamentos com canoas Ao mesmo tempo observou-se que a

movimentaccedilatildeo no mangue exige maior resistecircncia fiacutesica equiliacutebrio e praacutetica para identificar

os locais de apanha e que as posturas adotadas na realizaccedilatildeo do trabalho natildeo seguiam

qualquer padratildeo ergonocircmico sobrecarregando o corpo

Em estudo conduzido por Costa et al (2012) tambeacutem na Bahia similarmente

verificou-se que as marisqueiras se deslocavam com embarcaccedilotildees ou ateacute mesmo agrave peacute para a

coleta de mariscos e possuiacuteam uma longa jornada de trabalho sempre definida pela mareacute

Quanto ao trabalho Pena Freitas e Cardim (2011) pontuam que a exposiccedilatildeo das

marisqueiras aos riscos da pesca tem iniacutecio na infacircncia quando manuseiam os instrumentos

de pesca e caminham sobre as pedras e os mangues sob o sol e condiccedilotildees climaacuteticas adversas

sem qualquer proteccedilatildeo Os autores observam ainda que os riscos referentes aos fatores

externos se acumulam ao longo da vida laboral e se somam agraves condiccedilotildees de vida que

repercutem negativamente no crescimento

Conforme Pena Martins e Rego (2013) a precariedade da atividade artesanal impotildee

uma conformaccedilatildeo nociva do corpo ao trabalho com ritmos extenuantes movimentos

repetitivos sem pausas posturas inadequadas e outros condicionantes prejudiciais agrave sauacutede

resultando em quadros de doenccedilas associadas ao trabalho dentre estas a Lesatildeo por Esforccedilo

Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT)

Com relaccedilatildeo agraves praacuteticas com os mariscos em domiciacutelio a observaccedilatildeo da rotina de

beneficiamento dos mariscos e a aplicaccedilatildeo do check list permitiram identificar o natildeo

atendimento a diferentes requisitos sanitaacuterios

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios as principais falhas

incluiacuteram a presenccedila de objetos em desuso e de animais de estimaccedilatildeo na aacuterea de manipulaccedilatildeo

dos mariscos Ainda verificou-se que os utensiacutelios e a mesa utilizados natildeo apresentavam

superfiacutecies lisas e impermeaacuteveis propiciando contaminaccedilotildees

Quanto agrave higiene das instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios evidenciou-se que a aacuterea

de manipulaccedilatildeo dos mariscos compreendia o quintal da casa que era de difiacutecil higienizaccedilatildeo ndash

aacuterea de terra com vegetaccedilatildeo natural (mato) e animais circulando - galinhas e muitos objetos

48

em desuso natildeo sendo registrada a limpeza da aacuterea ao teacutermino do trabalho A higienizaccedilatildeo

dos utensiacutelios era procedida somente ao final das atividades em uma bacia

Em relaccedilatildeo ao abastecimento de aacutegua apesar dos reservatoacuterios estarem com tampa e

em bom estado de conservaccedilatildeo ficavam proacuteximos ao solo e de faacutecil acesso o que pode

favorecer a contaminaccedilatildeo Aleacutem disso natildeo havia registro e adequada frequecircncia de limpeza

desses reservatoacuterios Na Ilha era frequente o armazenamento da aacutegua em toneacuteis com tampa

proacuteximos ao chatildeo e por vezes o abastecimento de aacutegua natildeo acontecia de modo frequente

Quanto ao controle de vetores e pragas urbanas constatou-se a presenccedila de insetos e

animais na aacuterea de manipulaccedilatildeo Nos domiciacutelios se dispunha de inseticida devidamente

registrado contudo natildeo havia medidas preventivas para evitar a incidecircncia de vetores e

pragas no local

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos os recipientes de lixo estavam sem tampas e

localizados na aacuterea de manipulaccedilatildeo permitindo o acesso a pragas e animais constituindo

tambeacutem fonte de contaminaccedilatildeo A coleta de lixo na regiatildeo natildeo era realizada regularmente

sendo o lixo incinerado nos quintais diariamente

As marisqueiras apresentavam unhas longas com esmaltes e utilizavam adornos

(reloacutegio) Tambeacutem natildeo se observou a utilizaccedilatildeo de luvas e a lavagem das matildeos de forma

frequente e adequada

Quanto ao beneficiamento dos mariscos especificamente constatou-se que eram

lavados apenas com aacutegua do mar dispostos em panela de alumiacutenio jaacute desgastada pelo tempo

com aacutegua potaacutevel e submetidos agrave cocccedilatildeo em trempe com lenha - a sequecircncia das etapas desde

a captura ateacute o beneficiamento encontra-se ilustrada na Figura 2 A panela tinha tampa de

alumiacutenio para acelerar a cocccedilatildeo e durante este processo natildeo havia controle do tempo de

contato do marisco com a aacutegua fervente

Concluiacuteda a cocccedilatildeo para facilitar a retirada da carne seguia-se um raacutepido

resfriamento agrave temperatura ambiente em caixa vazada colocada dentro de uma bacia de

alumiacutenio disposta no chatildeo Para extraccedilatildeo da carne os mariscos eram colocados sobre

plaacutesticos que forravam o chatildeo ou dentro de bacias Nesta etapa tambeacutem natildeo havia controle do

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente desde a cocccedilatildeo ateacute o momento do

acondicionamento o que em muitos casos excedia uma hora

A carne extraiacuteda era colocada em bacias com aacutegua potaacutevel para lavagem Em seguida

os mariscos eram espremidos para remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com as matildeos nuas e

porcionados em embalagens plaacutesticas de um quilo Os produtos acondicionados entatildeo eram

levados para congelamento em refrigerador domeacutestico

49

Figura 2 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes antes da estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Ambiente de manipulaccedilatildeo dos mariscos 3-5Cocccedilatildeo dos

mariscos 6 Resfriamento agrave temperatura ambiente 7-8 Extraccedilatildeo da carne dos mariscos 9 Porcionamento da

carne extraiacuteda na embalagem

Pela descriccedilatildeo observa-se um contexto de trabalho muito ruacutestico rico em

oportunidades para contaminaccedilatildeo dos produtos o que em muito contribui para a perda da

qualidade dos mariscos produzidos compondo um quadro de precariedade que guarda

similaridades com relatos de outros autores no Nordeste (DIAS ROSA e DAMASCENO

2007 PENA FREITAS e CARDIM 2011 PENA MARTINS e REGO 2013) Ao mesmo

tempo haacute que se ter em mente que esta condiccedilatildeo foi histoacuterica e socialmente construiacuteda -

existe como parte da tradiccedilatildeo local A situaccedilatildeo do trabalho na comunidade apenas reflete o

contexto de baixo desenvolvimento social do municiacutepio e de insuficiecircncia de poliacuteticas de

apoio agrave pesca

1 2 3

4 5 6

7 8 9

50

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos

O treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos contou com a participaccedilatildeo

de 32 pessoas cujas caracteriacutesticas socioeconocircmicas encontram-se sumariadas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes do

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

CARACTERIacuteSTICAS N

SEXO

Feminino 31 969

Masculino 1 31

IDADE (em anos)

12-18 1 31

19- 59 28 875

ge 60 3 94

ESTADO CIVIL

Solteiro 10 312

Casado Uniatildeo Estaacutevel 17 531

SeparadoDivorciado 2 63

Viuacutevo 3 94

ESCOLARIDADE

Analfabeto 1 31

Ensino fundamental completoincompleto 14 438

Ensino meacutedio completoincompleto 17 531

Ensino superior completoIncompleto 0 00

RENDA

lt 1Salaacuterio Miacutenimo 20 625

1-2 Salaacuterios Miacutenimos 12 375

ge 3 Salaacuterios Miacutenimos 0 00

TREINAMENTO ANTERIOR EM BOAS PRAacuteTICAS

Sim 1 31

Natildeo 31 969

Verificou-se que a maioria dos participantes eram mulheres (969) com idade adulta

(875) casadas ou em uniatildeo estaacutevel (531) Nesse sentido argumenta-se que a

predominacircncia de mulheres no curso reflete a segmentaccedilatildeo de gecircnero para a mariscagem que

eacute historicamente descrita na regiatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011) embora homens

tambeacutem sejam encontrados na atividade

51

Na divisatildeo do trabalho da pesca artesanal a questatildeo do gecircnero eacute marcante na qual a

extraccedilatildeo de mariscos eacute realizada principalmente por mulheres e crianccedilas na praia e no

mangue sendo uma extensatildeo dos aspectos bioloacutegicos do corpo da mulher As mulheres

desenvolvem todo o procedimento de captura e beneficiamento do marisco em adiccedilatildeo ao

trabalho domeacutestico tradicional configurando uma dupla jornada (PENA FREITAS e

CARDIM 2011) Aleacutem disso eacute fato que as mulheres detecircm maior conhecimento sobre as

praacuteticas com os alimentos e a sua seguranccedila desenvolvendo melhor as praacuteticas de

manipulaccedilatildeo do alimento que os homens (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE

2008 CONTRERAS e GRACIA 2011)

No que concerne agrave idade os achados aproximam-se do estudo de Costa et al (2012)

que reportam a totalidade das mulheres na faixa etaacuteria entre 30 e 45 anos sendo que 803

destas sabiam ler e escrever e 667 tinham a pesca como uacutenica fonte de renda

Quanto agrave escolaridade constatou-se que as marisqueiras em sua maior parte tinham

ensino meacutedio incompleto ou completo (531) Freitas et al (2012) em Barra Grande-PI

evidenciaram que 4756 das marisqueiras possuiacuteam ensino fundamental completo ou grau

de escolaridade superior demonstrando um potencial para a captaccedilatildeo e repasse de

informaccedilotildees a serem disponibilizadas

Na Ilha das Fontes a maioria das marisqueiras apresentou renda familiar mensal

inferior a um salaacuterio miacutenimo (625) proveniente da comercializaccedilatildeo dos mariscos que era

complementada com benefiacutecio social do municiacutepio pelo Programa de Acolhimento Social de

Complementaccedilatildeo de Renda (PAS)

Pena Freitas e Cardim (2011) em seu trabalho na Ilha de Mareacute-BA entre os anos de

2005 e 2007 verificaram uma renda meacutedia mensal por marisqueira de apenas cinquenta

reais Dado o contexto os autores enfatizam a inexistecircncia de contrato de trabalho na pesca

artesanal uma vez que natildeo haacute emprego ou assalariamento pois a atividade eacute desenvolvida

individualmente ou em grupos familiares e dessa forma a precariedade social impotildee ritmo

intenso de trabalho para gerar mais produtos agrave venda

A quase totalidade (969) das marisqueiras da Ilha das Fontes natildeo tinha treinamento

preacutevio em Boas Praacuteticas na manipulaccedilatildeo de alimentos Resultados semelhantes foram

reportados por Costa et al (2012) que descrevem a ausecircncia de treinamento em Boas

Praacuteticas entre as pescadoras de uma comunidade pesqueira na Bahia

Nesse sentido a realidade observada contrasta com a RDC nordm 2162004 que dispotildee

sobre as Boas Praacuteticas para Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo estabelece que os manipuladores de

52

alimentos devem ser capacitados periodicamente em higiene pessoal em manipulaccedilatildeo

higiecircnica dos alimentos e em doenccedilas transmitidas por alimentos (BRASIL 2004)

O treinamento denominado ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo foi realizado em trecircs tardes consecutivas com duraccedilatildeo

total de 10 horas e teve como tema principal a manipulaccedilatildeo segura nos diferentes estaacutegios do

beneficiamento dos mariscos

Entre os temas trabalhados constaram as Boas Praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos

a higiene pessoal a higiene dos utensiacutelios e equipamentos e do ambiente a qualidade da aacutegua

os principais cuidados na captura manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo dos mariscos os aspectos de

sauacutede do trabalhador e o uso de EPI Aleacutem disso foram reforccedilados os temas relativos agrave

valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras e o diagnoacutestico da qualidade dos mariscos locais

bem como distribuiacutedos os seguintes materiais didaacuteticos de apoio texto de valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras Cartilha da marisqueira para a Boas Praacuteticas (ANEXO E) Cartilha

sobre LER e DORT (ANEXO F) e o Guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua (ANEXO G)

Durante o desenvolvimento dessa atividade foi feito o detalhamento das etapas do

beneficiamento dos mariscos com participaccedilatildeo ativa das marisqueiras dando-se foco agrave

necessidade de adoccedilatildeo de cuidados de higiene e conservaccedilatildeo com vistas agrave promoccedilatildeo da

seguranccedila do alimento e proteccedilatildeo da sauacutede dos consumidores A utilizaccedilatildeo de metodologias

como viacutedeos painel de praacuteticas jogo do certo e errado exposiccedilatildeo de fotos da realidade local e

os trabalhos em grupo contribuiacuteram para apreensatildeo do conhecimento acerca dos temas

abordados

Em estudos relacionados agrave formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos para manipuladores

foram observadas como metodologias de aprendizagem o uso de recursos audiovisuais como

fotos obtidas durante visitas anteriores mostrando situaccedilotildees e viacutedeos Aleacutem disso foram

reportadas a introduccedilatildeo de toacutepicos de discussatildeo e demonstraccedilotildees praacuteticas que contribuiacuteram

para apreensatildeo dos conhecimentos e melhoria dos haacutebitos de higiene (NIETO-

MOTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 SOARES et al 2013)

Soon e Baines (2012) em estudo no Reino Unido desenvolveram um treinamento

com agricultores e trabalhadores de fazendas utilizando quatro tipos de materiais educativos

de seguranccedila de alimentos incluindo a cartilha sobre a seguranccedila de alimento e na fazenda

slides viacutedeo sobre as praacuteticas de seguranccedila de produtos frescos e a demonstraccedilatildeo da praacutetica

de higienizaccedilatildeo das matildeos Os autores relataram que o programa de treinamento educacional

foi bem sucedido melhorando o conhecimento dos participantes acerca do tema

53

Na literatura consultada verificaram-se poucos estudos acerca da formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos no acircmbito da pesca artesanal cuja realidade de manipulaccedilatildeo dos

alimentos difere muitas de ambientes como escolas induacutestrias empresas e outros onde haacute a

possibilidade de maior controle dos fatores que podem estar influenciando na qualidade dos

produtos Apesar desse quadro alguns estudos relacionados agraves BPP foram realizados com

pescadoras e marisqueiras na Bahia

No trabalho de Costa et al (2012) que investigou conceitos e atitudes para produccedilatildeo

segura de alimentos por meio de entrevistas e observaccedilatildeo verificou-se que as BPP eram

percebidas como sinocircnimo de higiene e de permissatildeo para comercializaccedilatildeo do pescado sem

reclamaccedilotildees Contudo os autores notaram que as participantes natildeo detinham noccedilotildees quanto

aos procedimentos de BPP na implementaccedilatildeo das suas atividades

Noacutebrega et al (2014) realizaram uma intervenccedilatildeo em BPP empregando como

metodologias exposiccedilotildees dialogadas dinacircmicas de grupos oficinas teatro jogos com de

imagens atividades dirigidas e a distribuiccedilatildeo de materiais didaacuteticos Segundo os autores a

experiecircncia demonstrou o potencial de desenvolvimento de atividades educativas junto agraves

comunidades pesqueiras com resultados que contribuiacuteram para o fortalecimento da cadeia

produtiva local com promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Para Mcintyrea et al (2014) programas de intervenccedilatildeo que incluem a formaccedilatildeo

multidimensional com atividades praacuteticas e recursos de miacutedia interativa podem melhorar os

resultados de formaccedilatildeo Nessa direccedilatildeo Deon et al (2014) pontuam que uma variedade de

recursos audiovisuais podem ser utilizadas pelos educadores para difundir mensagens sobre a

seguranccedila dos alimentos e ajudar no desenvolvimento de programas educativos que abordam

diretamente o assunto

Para Medeiros et al (2011) cartazes e folhetos podem ser usados para lembrar aos

manipuladores das praacuteticas que devem ser executadas podendo ser postados em paredes em

locais apropriados no local de trabalho As fotografias por sua vez podem permitir que os

participantes identifiquem e analisem os problemas e outras questotildees que mais interessem em

suas comunidades (BAILEY e VAN HARKEN 2014) os viacutedeos podem enfatizar conceitos

importantes e manter o interesse dos telespectadores (SOON e BAINES 2012) e o uso de

jogos em treinamentos proporciona amplas oportunidades de exerciacutecio e praacutetica reforccedilando

assim a retenccedilatildeo de informaccedilotildees (MAC NAMEE et al 2006)

Conforme Robertson et al (2013) o propoacutesito do treinamento natildeo deve ser somente o

aumento de conhecimento das praacuteticas pelos manipuladores de alimentos mas sim capacitaacute-

los a praticar estes comportamentos em todos os momentos criando uma verdadeira cultura de

54

seguranccedila do alimento Nesse processo no entanto eacute necessaacuterio entender aspectos que afetam

o comportamento do manipulador de alimentos e como ele interage com as suas crenccedilas e os

niacuteveis de conhecimento (ABUSHELAIBI et al 2015)

Os resultados da avaliaccedilatildeo do treinamento realizada pelos participantes encontram-se

ilustrados na Figura 3 Como se verifica as notas de avaliaccedilatildeo foram satisfatoacuterias com

meacutedias acima de quatro demonstrando que os participantes consideraram o treinamento entre

bom e oacutetimo

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo do treinamento em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos realizado junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

Resultados similares foram reportados no estudo de Soon e Baines (2012) no qual

mais de 80 dos participantes consideraram o conteuacutedo de formaccedilatildeo satisfatoacuterio e de faacutecil

compreensatildeo e que nenhum deles considerou o treinamento longo ou complicado

Na formaccedilatildeo com as marisqueiras o item de avaliaccedilatildeo de maior meacutedia foi a

explicaccedilatildeo dos assuntos demonstrando que a forma de abordagem dos conteuacutedos tornou faacutecil

o entendimento favorecendo a apreensatildeo dos conhecimentos O item de menor meacutedia foi o

referente ao esclarecimento de duacutevidas o que pode estar relacionado a conteuacutedos mais

especiacuteficos ou teacutecnicos das BPP

Para Prado et al (2006) educar eacute contribuir para a formaccedilatildeo do ser humano criando

possibilidades para produccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Ainda compreende uma relaccedilatildeo

que envolve respeito eacutetica reconhecimento do outro e de si mesmo buscando autonomia

55

Em relaccedilatildeo agraves sugestotildees referidas pelas marisqueiras para melhorias futuras da

atividade educativa constaram o maior tempo para realizaccedilatildeo do curso a maior participaccedilatildeo

da comunidade no treinamento e a realizaccedilatildeo de mais atividades praacuteticas Noacutebrega (2013)

tambeacutem encontrou como sugestotildees para melhoria da atividade formativa a maior participaccedilatildeo

da comunidade no curso e um periacuteodo maior para realizaccedilatildeo das atividades com espaccedilo para

responder aos questionamentos o que expressa uma demanda da comunidade

Pelos resultados destaca-se uma preocupaccedilatildeo dos participantes para que outras

marisqueiras tambeacutem tivessem oportunidade de formaccedilatildeo o que pode ser interpretado como

uma valorizaccedilatildeo do curso Quanto ao tempo por outro lado ainda natildeo haacute estudos que

estabeleccedilam qual seria a carga horaacuteria ideal no contexto da pesca artesanal ndash entatildeo

considerando estudo preacutevio de Noacutebrega et al (2014) previu-se uma maior extensatildeo mas que

ainda foi pontuada como insuficiente pelo grupo

Nesse contexto considera-se que a avaliaccedilatildeo do programa de treinamento em

seguranccedila do alimento eacute uma parte criacutetica uma vez que permite que os implementadores

avaliem a sua eficaacutecia (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008) Ao mesmo

tempo compreende oportunidade para o aperfeiccediloamento do processo na perspectiva dos

vaacuterios elementos passiacuteveis de mensuraccedilatildeo ndash meacutetodos adotados conhecimento acumulado

mudanccedilas de comportamento e melhoria da qualidade do produto

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo

Essa etapa foi realizada com as quatro marisqueiras que participaram do

acompanhamento in loco anterior ao treinamento Os resultados do acompanhamento in loco

poacutes-intervenccedilatildeo em relaccedilatildeo aos resultados da avaliaccedilatildeo inicial satildeo exibidos na Figura 4

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios notou-se uma reduccedilatildeo

das inadequaccedilotildees apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda que objetos em desuso estivessem presentes os

animais foram isolados da aacuterea de manipulaccedilatildeo Nesse sentido observou-se que as residecircncias

onde o beneficiamento dos mariscos era feito muitas vezes apresentavam estrutura precaacuteria

Aleacutem disso as marisqueiras tinham baixo poder aquisitivo o que inviabilizava a construccedilatildeo

de local com instalaccedilotildees proacuteprias com equipamentos e utensiacutelios necessaacuterios agrave melhor

manipulaccedilatildeo do alimento Por isso o beneficiamento continuava sendo realizado na aacuterea

externa das residecircncias local onde eram realizadas tambeacutem outras atividades domeacutesticas

56

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto ao

atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das Fontes Satildeo

Francisco do Conde-BA 20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4 Abastecimento de aacutegua

5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas preparo dos mariscos e embalagens

Utensiacutelios em bom estado de conservaccedilatildeo passaram a ser utilizados conquanto a mesa

disponiacutevel fosse a mesma Deste modo as marisqueiras passaram a utilizar um plaacutestico

transparente sobre a mesa o que facilitava a higienizaccedilatildeo e diminuiacutea riscos de contaminaccedilatildeo

Nessa direccedilatildeo ressalta-se que a limpeza das superfiacutecies que entram em contato com os

alimentos compreende cuidado essencial para a seguranccedila do alimento e para a prevenccedilatildeo de

contaminaccedilatildeo cruzada enfatizando-se as etapas de limpeza e sanitizaccedilatildeo Todavia quando as

praacuteticas de higiene satildeo deficientes podem resultar na formaccedilatildeo de biofilmes na superfiacutecie de

equipamentosutensiacutelios comprometendo a seguranccedila dos produtos a serem processados

(LUES e VONDER 2007 NUNES et al 2010)

Embora a aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos fosse a mesma as marisqueiras passaram

a fazer a sua limpeza antes e apoacutes o uso natildeo havendo mais animais Os utensiacutelios tambeacutem

passaram a ser devidamente higienizados antes e apoacutes o uso Nesse sentido apesar da

observaccedilatildeo de reduccedilatildeo nas inadequaccedilotildees nesse quesito natildeo foi possiacutevel garantir que as

condiccedilotildees de limpeza observadas natildeo permitiam a contaminaccedilatildeo do produto posto que natildeo

havia pia para lavagem dos utensiacutelios A higienizaccedilatildeo era realizada em bacia de alumiacutenio que

57

tambeacutem era utilizada para lavagem de roupas Rowel et al (2013) em estudo em mercearias

tambeacutem registraram que com o treinamento houve maior conscientizaccedilatildeo dos funcionaacuterios

promovendo a correta higienizaccedilatildeo destes materiais

Com relaccedilatildeo ao controle de vetores e pragas no beneficiamento de mariscos o quadro

manteve-se inalterado pois o ambiente onde era realizado o beneficiamento dos mariscos era

aberto permitindo a presenccedila de vetores e pragas Nesse contexto a preocupaccedilatildeo para o

controle de insetos e pragas considera tanto as perdas econocircmicas quanto o risco sanitaacuterio

Segundo Dias et al (2011) insetos satildeo vetores de vaacuterios microrganismos conhecidos

inclusive de agentes patogeacutenicos alimentares

Quanto ao abastecimento de aacutegua tambeacutem natildeo foram observadas modificaccedilotildees apoacutes a

intervenccedilatildeo dado ser esta a realidade estrutural do abastecimento de aacutegua na Ilha Apesar da

existecircncia de abastecimento de aacutegua pela rede puacuteblica de abastecimento a maioria dos locais

de manipulaccedilatildeo dos mariscos natildeo possuiacutea aacutegua encanada sendo a aacutegua estocada em

recipientes como baldes e vasilhas plaacutesticas

Nesse sentido ressalta-se que a qualidade da aacutegua representa um requisito essencial

em locais que processam eou manipulam alimentos apresentando influecircncia direta sobre a

qualidade microbioloacutegica do produto final principalmente quando esta eacute utilizada na

preparaccedilatildeo de outros produtos (NUNES et al 2010)

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos natildeo foram constatadas mudanccedilas apoacutes a

intervenccedilatildeo Em geral as residecircncias das marisqueiras natildeo contavam com lixeiras com tampa

e sacos de polietileno e o chatildeo da aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos consistia de terra

impossibilitando a retirada total do lixo Ao mesmo tempo a coleta dos resiacuteduos na Ilha natildeo

era realizada com frequecircncia e os moradores natildeo tinham acesso faacutecil aos sacos de polietileno

para fazer o acondicionamento Dessa forma as marisqueiras como aos demais moradores da

Ilha costumavam incinerar os resiacuteduos

Conforme registram Nunes et al (2010) a presenccedila de lixo e resiacuteduos favorece a

presenccedila de diversos tipos de vetores que podem disseminar microrganismos patogecircnicos

para as superfiacutecies de preparaccedilatildeo e consequentemente para os alimentos

Por outro lado houve uma mudanccedila marcante na higiene pessoal das marisqueiras

com uso de roupas limpas proteccedilatildeo para os cabelos unhas curtas e sem esmaltes ausecircncia de

adornos e maior frequecircncia na higienizaccedilatildeo das matildeos Soares et al (2013) apoacutes o treinamento

de seguranccedila alimentar para manipuladores identificaram por meio de observaccedilatildeo in situ a

melhoria da higiene sugerindo que estes comeccedilaram a seguir regras de desinfecccedilatildeo das matildeos

de forma mais rigorosa

58

Cabe considerar que algumas das bacteacuterias podem ser encontradas nas matildeos de

manipuladores de alimentos como Escherichia coli e Staphylococcus aureus (LUES e

TONDER 2007) Por isso a boa higiene pessoal com lavagem das matildeos adequada antes e

apoacutes o manuseio dos alimentos juntamente com corretas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de

alimentos podem reduzir muito as chances de transferecircncia de microrganismos patogecircnicos

(ABUSHELAIBI et al 2015)

A Figura 5 exibe algumas das mudanccedilas observadas depois da intervenccedilatildeo Os

mariscos passaram a ser lavados com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo e colocados em panela de

alumiacutenio com tampa em bom estado de conservaccedilatildeo A cocccedilatildeo seguia os mesmos

procedimentos anteriores sem controle do tempo de contato do marisco com a aacutegua fervente e

o posterior resfriamento agrave temperatura ambiente em caixas vazadas proacuteximas ao chatildeo o que

evidenciou fragilidades no treinamento considerando mudanccedilas nas praacuteticas das

marisqueiras

Considerando a falta de controle do tempo de cozimento avalia-se que pode ser

devido ao conhecimento adquirido pelas marisqueiras ao longo dos anos quanto agraves mudanccedilas

que ocorrem durante a cocccedilatildeo como a abertura das conchas quando os moluscos bivalves

estatildeo cozidos e no caso dos crustaacuteceos a mudanccedila da coloraccedilatildeo

Quanto ao resfriamento apoacutes a cocccedilatildeo agrave temperatura ambiente e com recipientes

proacuteximos ao chatildeo talvez revele resistecircncia agrave mudanccedila pelas marisqueiras dado que o

conhecimento foi transmitido e que natildeo foi referido como um aspecto difiacutecil durante o curso

Na etapa de extraccedilatildeo da carne os mariscos eram dispostos sobre o plaacutestico que forrava

a mesa de madeira poreacutem ainda sem controle do tempo de exposiccedilatildeo agrave temperatura

ambiente ateacute o momento de acondicionamento Na rotina as marisqueiras natildeo controlavam o

tempo de realizaccedilatildeo de suas atividades e soacute quando concluiacuteam toda a etapa de extraccedilatildeo da

carne e os procedimentos finais submetiam os mariscos ao congelamento natildeo seguindo a

recomendaccedilatildeo de controle do binocircmio de tempo e temperatura enfatizado durante o

treinamento

Segundo Walter et al (2012) os catados de mariscos satildeo considerados produtos com

alta perecibilidade e criacuteticas tem sido feitas ao seu manuseio no processo de beneficiamento

realizado pelas mulheres uma vez que os produtos satildeo manipulados e armazenados em

condiccedilotildees inadequadas Deste modo haacute um receio quando do consumo eou comercializaccedilatildeo

desses mariscos em baixas condiccedilotildees sanitaacuterias

59

Figura 5 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes apoacutes a estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Lavagem com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo 3 Cocccedilatildeo

dos mariscos 4 Remoccedilatildeo da aacutegua de cocccedilatildeo para resfriamento 5 Resfriamento dos marisco agrave temperatura

ambiente 6 Extraccedilatildeo da carne de mariscos 7 Lavagem com aacutegua potaacutevel apoacutes a extraccedilatildeo da carne dos

mariscos 8 Porcionamento da carne extraiacuteda na embalagem 9 Lavagem dos utensiacutelios

A carne obtida dos mariscos era lavada em bacias com aacutegua potaacutevel e espremida para

remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com matildeos nuas mas que traziam unhas curtas e sem esmaltes O

porcionamento nas embalagens passou a ser realizado com o auxiacutelio de escumadeira sendo os

produtos acondicionados em seguidas levados para congelamento

Nessa direccedilatildeo pontua-se que o uso de luvas a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene e o

controle de temperaturas adequadas e resfriamento raacutepido reduzem o risco de contaminaccedilatildeo

no processamento Em adiccedilatildeo que a temperatura de conservaccedilatildeo constitui um paracircmetro

determinante da vida de prateleira de um produto uma vez que estaacute diretamente relacionada

com a velocidade da atividade microbiana sendo o seu controle fator importante nas Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo (VIEIRA et al 2006)

1 2 3

4 5 6

7 8 9

60

No caso de frutos do mar Ramos et al (2011) ressaltam que satildeo muito manipulados

no beneficiamento uma vez que haacute separaccedilatildeo manual da carne apoacutes a cocccedilatildeo e que a falta de

controle pode colocar em risco a sauacutede do consumidor Para os autores a qualidade dos frutos

do mar apoacutes o processamento eacute resultante das condiccedilotildees higiecircnicosanitaacuterias iniciais do

produto dos equipamentos do pessoal do tratamento teacutermico do controle de tempo e

temperatura das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo bem como precauccedilatildeo em embalagem e

congelamento

De acordo com Lima et al (2013) no caso de mexilhotildees assim como de outros

moluscos bivalves que satildeo organismos que filtram seletivamente pequenas partiacuteculas

presentes na aacutegua a higienizaccedilatildeo com aacutegua potaacutevel e o cozimento satildeo procedimentos que

ajudam no controle microbiano e na garantia de seguranccedila do produto

Mediante os achados do segundo acompanhamento in loco avalia-se que apesar das

falhas registradas foi tambeacutem possiacutevel evidenciar mudanccedilas no beneficiamento que podem

ser beneacuteficas no que se refere agrave qualidade final do marisco Estas mudanccedilas no entanto natildeo

se mostraram suficientes para garantir a seguranccedila desse alimento Nesse cenaacuterio vale

pontuar que parte das inadequaccedilotildees atrelava-se agrave falta de condiccedilotildees estruturais

Ao mesmo tempo considera-se que mesmo medidas simples como o uso de luvas

para a manipulaccedilatildeo dos mariscos cozidos natildeo satildeo de faacutecil implementaccedilatildeo pelas marisqueiras

em virtude do baixo poder aquisitivo das famiacutelias Deste modo sinaliza-se a necessidade de

apoio das autoridades locais para a aquisiccedilatildeo de equipamentos de proteccedilatildeo individual visando

a promoccedilatildeo da qualidade dos produtos

Dado o contexto e visando agrave melhoria da qualidade do produto indica-se a

necessidade de aperfeiccediloamento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo implementada incluindo maior

carga horaacuteria atividades praacuteticas que envolvam a higienizaccedilatildeo das matildeos o controle do

binocircmio tempo-temperatura durante o beneficiamento e uma comunicaccedilatildeo mais acessiacutevel ao

puacuteblico

Em paralelo sugere-se que o beneficiamento dos mariscos seja realizado em local

dotado de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios adequados Dado que foram verificadas

mudanccedilas significativas nos haacutebitos de higiene das marisqueiras podendo assim tornar o

alimento seguro a possibilidade de locais apropriados certamente contribuiria para melhor

condiccedilatildeo de trabalho e assunccedilatildeo de novas praacuteticas

Outrossim como elemento essencial ao processo formativo considera-se a

necessidade de educaccedilatildeo continuada e de acompanhamento teacutecnico junto agrave comunidade para

que possa alcanccedilar praacuteticas mais seguras Conforme reportado por Cunha et al (2013) as

61

visitas frequentes ajudam na motivaccedilatildeo e no acompanhamento dos locais de produccedilatildeo de

alimentos - assim podem melhorar as boas praacuteticas de higiene Nessa rotina a aplicaccedilatildeo de

uma lista de verificaccedilatildeo de boas praacuteticas constitui uma ferramenta que pode ser utilizada para

avaliar e monitorar a seguranccedila alimentar no ambiente de produccedilatildeo

316 Roda de conversa

A roda de conversa foi realizada durante uma tarde com a participaccedilatildeo de nove

marisqueiras - o menor quantitativo de participantes nessa atividade nestes caso decorreu de

dificuldade de divulgaccedilatildeo da atividade na Ilha No encontro foi retomado o propoacutesito das

atividades formativas para o grupo e em seguida foram feitas perguntas conforme roteiro

preacute-elaborado (ANEXO C)

De acordo com a exposiccedilatildeo foi possiacutevel observar que as participantes demonstraram-

se satisfeitas com a realizaccedilatildeo das atividades Aleacutem disso verificou-se que os assuntos

abordados foram apreendidos pelas participantes como pode ser observado nas respostas

abaixo

ldquoEu senti que a gente aprendeu o que a gente natildeo sabia Como manusear o marisco

E quer dizer que a gente eacute pintava a unha que diz que natildeo pode e tem que usar touca a

gente natildeo sabiardquo Marisqueira 2

ldquoEu aprendi neacute Por que muitas vezes a gente catava marisco agraves vezes assim

cachorro passava e a gente deixava neacute E lavar direitinho mesmo com a aacutegua doce que

muitas vezes a gente natildeo lavava com a aacutegua doce lavava com a aacutegua salgada E pra mim foi

oacutetimo por que o que eu natildeo sabia eu aprendirdquo Marisqueira 4

No que se refere agrave dificuldade de realizaccedilatildeo de mudanccedilas na forma de trabalho depois

do treinamento foi apontada apenas uma dificuldade pelas marisqueiras

[difiacutecil] ldquoSoacute a lavagem da ostra com aacutegua doce que vai dar muito trabalho Porque a

quantidade eacute muitardquo Marisqueira 4

Quando questionadas sobre o que havia sido mais faacutecil de fazer na mudanccedila das

praacuteticas algumas marisqueiras relataram

[faacutecil] ldquoA parte de ensacar [embalar] neacute Pega com a colher Isso ficou um pouco

mais faacutecil neacuterdquo Marisqueira 3

[faacutecil] ldquo A parte de lavar antes de cozinhar Porque quando a gente lavava a gente agraves

vezes lavava tem gente mesmo que soacute lava em duas aacuteguas E agora a gente aprendeu a

62

lavar em trecircs quatro aacuteguas ateacute aquela aacutegua sair mais limpinha Por que natildeo vai sair

totalmente limpa mas vai sair assim um pouquinho mais clarardquo Marisqueira 7

Quanto agraves sugestotildees para realizaccedilatildeo de novas atividades na Ilha foram citadas as

oficinas culinaacuterias e de artesanato Em adiccedilatildeo ao treinamento de BPP foi realizada uma

atividade acerca da alimentaccedilatildeo saudaacutevel com o propoacutesito de melhorar a qualidade de vida

das marisqueiras

4 Conclusatildeo

A atividade formativa conduzida evidenciou uma boa adesatildeo das marisqueiras quadro

que pode estar associado agraves metodologias utilizadas ao contexto de interaccedilatildeo com maior

aproximaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e agrave valorizaccedilatildeo dada ao curso No entanto

assume-se a necessidade de aprimoramento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo adotada incluindo o

aumento do tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e do controle de temperatura e do

tempo

No que se refere ao beneficiamento dos mariscos as atividades resultaram mudanccedilas

positivas nas praacuteticas de manipular os produtos Contudo a estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento ainda se mostrou inadequada configurando riscos agrave qualidade do alimento e

consequentemente para a sauacutede do consumidor - uma situaccedilatildeo que muitas vezes natildeo pode

ser solucionada pelas marisqueiras haja vista o seu baixo poder aquisitivo Assim acredita-se

que embora o conhecimento tenha sido apreendido pelos participantes este natildeo pode ser

inteiramente aplicaacutevel agrave realidade local

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividade formativa periodicamente reforccedilando os conceitos e as

praacuteticas a serem adotadas para garantir a inocuidade dos mariscos comercializados

Considerando a insuficiecircncia de publicaccedilotildees sobre a formaccedilatildeo em seguranccedila de

alimentos no acircmbito da pesca artesanal reforccedila-se a demanda de estudos que possam dar

melhor conformaccedilatildeo ao conhecimento na aacuterea trazendo contributos nas perspectivas

cientiacutefica tecnoloacutegica e social

Agradecimentos

63

Os autores gostariam de agradecer aos colegas Aacutequila Samara Iacutecaro Cazumbaacute Iacutesis Maria

Borges Juccedilara Soledade e Sirlana Assis pelo auxiacutelio na atividade de formaccedilatildeo e agrave Fundaccedilatildeo

de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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67

Capiacutetulo III

EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA MARISQUEIRAS

AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM INDICADORES

MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Alaiacutese Gil Guimaratildeesa Caroline Menezes da Silva

Matosb Taate Queacutezia dos Santos Arauacutejo Silvab Thayse Correcirca de Souzab Thatimila de Jesus

Pereirab Sara Bispo Oliveirab Ryzia de Cassia Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

No Brasil as marisqueiras apresentam papel importante no abastecimento de mariscos pois

aleacutem da coleta participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto realizando o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes em condiccedilotildees adversas Assim este estudo objetivou

avaliar a eficaacutecia de uma atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo realizada com

marisqueiras para melhoria da qualidade microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos

beneficiados Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo com desenvolvimento de atividade formativa

em seguranccedila de alimentos e em paralelo foram obtidas amostras de mariscos das espeacutecies

siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) para

anaacutelises sendo 48 antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram analisadas para a

contagem de microrganismos psicrotroacuteficos coliformes agrave 35ordmC Escherichia coli e

estafilococos coagulase positiva e para pesquisa de Salmonella spp Ainda foram

determinados o pH e as bases volaacuteteis totais (N-BVT) Verificou-se melhoria na qualidade

microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora 146 das amostras ainda

apresentassem contagens de estafilococos coagulase positiva superiores ao paracircmetro oficial

Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH em quase sua totalidade (99) mostrou-se

superior ao limite enquanto os valores de N-BVT estavam dentro da faixa Apesar da

melhoria evidenciada assume-se na perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no

beneficiamento dos mariscos sob o aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar

a natildeo conformidade para o conjunto de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo

abarca as diferentes espeacutecies estudadas Dessa forma sugere-se a continuidade da formaccedilatildeo

para as marisqueiras com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e a realizaccedilatildeo de novos

estudos que verifiquem o comportamento quiacutemico das diferentes espeacutecies de pescado

Palavras-chave pescado treinamento anaacutelises microbioloacutegicas seguranccedila de alimentos

68

Abstract

In Brazil shellfish pickers have an important role in the supply of shellfish because besides

collecting they participate in all phases of product handling performing minimal processing

often in adverse conditions Thus this study aimed to evaluate the effectiveness of a training

activity on Good Manufacturing Practices held with shellfish pickers in order to to improve

the microbiological and physico-chemical quality of benefitted shellfish An intervention

study was conducted with development of training activities in food safety and in parallel

samples of shellfish were obtained of the species crab (Callinectes sapidus) mussels (Mytella

falcata) and oyster (Crassostrea rhizophorae) for analysis 48 before the intervention and 48

after The samples were analyzed for quantification of psychrotrophic total coliforms

Escherichia coli and coagulase-positive staphylococcus and search of Salmonella spp

Moreover the pH and total volatile bases (N-TVB) were determined There was improvement

in the microbiological quality of shellfish after the intervention although 146 of the

samples still have presented staphylococcus coagulase countings higher than the official

parameter When compared to national standards the pH almost in totality (99) was

superior to the limit while the TVB-N values were within the range Despite the positive

results it is assumed on the microbiological perspective that failure occurred in the

processing of shellfish under the physico-chemical aspect however is not possible to affirm

the nonconformity to the set of samples since the Brazilian legislation does not cover all

different species Therefore we suggest the continuity of training for shellfish pickers with

orientation and more effective control and the new studies that verify the chemical behavior

of different species of seafood

Key words seafood training microbiological analysis food safety

1Introduccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da pesca artesanal para aliviar a pobreza e promover a seguranccedila

alimentar tem sido reconhecida internacionalmente Todavia sobretudo nos paiacuteses tropicais

parte expressiva desta produccedilatildeo de pescado eacute perdida ao longo desta cadeia produtiva tanto

pela falta de infraestrutura e condiccedilotildees de conservaccedilatildeo quanto pela maior suscetibilidade do

pescado (FAO 2014)

Em toda a costa brasileira a pesca artesanal tambeacutem constitui uma realidade marcada

por desafios que requerem atenccedilatildeo e suporte para trazer melhor produccedilatildeo e maiores

benefiacutecios agraves comunidades envolvidas (MARUYAMA et al 2009) Dentre as modalidades de

pesca artesanal no paiacutes tem destaque a mariscagem que consiste na coleta de mariscos -

crustaacuteceos e moluscos em regiotildees de manguezal Nesse cenaacuterio os manguezais

compreendem verdadeiras fontes de recursos para populaccedilotildees carentes que retiram dali o seu

sustento posto que a captura das diferentes espeacutecies tanto as que se destina ao consumo

proacuteprio quanto agrave comercializaccedilatildeo (ALVES e NISHIDA 2003 JESUS e PROST 2011)

69

Em geral a mariscagem eacute realizada por mulheres denominadas marisqueiras ou

mariscadeiras que atuam em aacutereas limitadas e utilizam instrumentos rudimentares para o

trabalho no mangue Aleacutem disso estas mulheres trabalham em todas as fases de manipulaccedilatildeo

do produto realizando o beneficiamento miacutenimo muitas vezes sem condiccedilotildees adequadas de

manuseio e conservaccedilatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011)

De acordo com estudos conduzidos junto a marisqueiras do Rio Grande do Norte

(DIAS ROSA DAMASCENO 2007) e da Paraiacuteba (NISHIDA 2008) tecircm-se constatado

precaacuterias condiccedilotildees de vida e de trabalho para este coletivo o que compreende preocupaccedilatildeo

na perspectiva ambiental e da oferta de alimentos seguros

No municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil a mariscagem eacute uma tradiccedilatildeo

e os mariscos satildeo beneficiados nas proacuteprias residecircncias que natildeo dispotildeem de infraestrutura

adequada para realizaccedilatildeo da atividade Em adiccedilatildeo as marisqueiras natildeo possuem treinamento

especiacutefico para a manipulaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos alimentos o que favorece contaminaccedilotildees e

alteraccedilotildees dos produtos beneficiados e coloca em risco a sauacutede dos consumidores (ARGOcircLO

2012)

Segundo Argocirclo (2012) que avaliou 96 amostras de mariscos beneficiados oriundas

de seis comunidades pesqueiras do municiacutepio 958 das amostras estavam improacuteprias ao

consumo no que se refere a qualidade microbioloacutegica enquanto que 906 das amostras

encontravam-se natildeo conformes para a avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica demonstrando um risco a

sauacutede do consumidor

Nesse cenaacuterio eacute importante destacar o papel dos manipuladores de alimentos uma vez

que estes manteacutem contato direto com o alimento observando-se muitas vezes praacuteticas de

manipulaccedilatildeo incorretas que se associam agrave ocorrecircncia de surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

(SEAMAN 2010) uma preocupaccedilatildeo que tambeacutem se aplica agrave realidade das marisqueiras na

cadeia da pesca artesanal

Em face ao problema o treinamento para manipuladores de alimentos tem sido

considerado como uma estrateacutegia essencial para promover a seguranccedila dos alimentos e evitar

surtos No entanto para que esta atividade educativa seja transformadora e promova

mudanccedilas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos deve-se considerar o puacuteblico-alvo e o uso

de diferentes metodologias (CUNHA et al 2014 GOMES et al 2014)

Assim considerando a contribuiccedilatildeo da pesca artesanal e a complexidade dos cenaacuterios

de obtenccedilatildeo de mariscos no paiacutes este estudo teve por objetivo avaliar a eficaacutecia de uma

atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) para melhoria da qualidade

70

microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos beneficiados junto agrave comunidade pesqueira de

Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

2 Material e Meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a 32 marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA no periacuteodo de marccedilo

de 2014 a fevereiro de 2015 como parte do projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em

comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e

promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo2

O estudo compreendeu trecircs etapas e teve seu desenvolvimento organizado em oito

atividades conforme descreve o Quadro 1

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas no planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

INTERVENCcedilAtildeO APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

1 Sondagem dos temas 5 Treinamento em Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo

6 Acompanhamento in loco da

captura e beneficiamento dos

mariscos

2 Encontro de sensibilizaccedilatildeo

7 Roda de conversa

3 Acompanhamento in loco

da captura e beneficiamento

dos mariscos

8 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras de

mariscos

4 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras

de mariscos

21 Atividade Educativa

Para o desenvolvimento da atividade de intervenccedilatildeo educativa considerando

levantamentos preacutevios que descreviam baixa escolaridade na comunidade pesqueira

2 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

71

(SANTOS 2013) e o uso de um formulaacuterio de sondagem para levantamento dos temas de

interesse foi planejado um treinamento com metodologias aplicaacuteveis a esse puacuteblico-alvo

Entre as metodologias empregadas constaram exposiccedilatildeo dialogada com projetor multimiacutedia

dinacircmicas de grupo roda de conversa simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de

coleta de mariscos e viacutedeos

No conteuacutedo formativo os seguintes temas foram trabalhados valorizaccedilatildeo do trabalho

das marisqueiras diagnoacutestico da qualidade inicial dos mariscos analisados Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos higiene pessoal higiene dos utensiacutelios higiene do ambiente

qualidade da aacutegua cuidados na captura manipulaccedilatildeo preparo e armazenamento dos

mariscos Tambeacutem foram apresentados conteuacutedos relativos agrave sauacutede do trabalhador e ao uso de

equipamentos de proteccedilatildeo individual (EPI)

Em adiccedilatildeo foram entregues como conteuacutedo complementar materiais didaacuteticos de

apoio sobre a valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras a cartilha da marisqueira para as boas

praacuteticas no trabalho com os mariscos o guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua a cartilha

sobre Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas

ao Trabalho (DORT)

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa

Para avaliar a eficaacutecia da atividade educativa na perspectiva da qualidade dos

alimentos foram realizadas anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas em amostras de

mariscos beneficiados pelas marisqueiras antes e apoacutes a etapa de intervenccedilatildeo As anaacutelises das

amostras no momento poacutes- intervenccedilatildeo foram realizadas aproximadamente seis meses apoacutes o

treinamento

Considerando praacuteticas locais neste caso o termo beneficiamento refere-se aos

procedimentos aos quais os mariscos satildeo submetidos antes da comercializaccedilatildeo

compreendendo etapas como lavagem cocccedilatildeo retirada da carne do interior da carapaccedila ou

concha embalagem e congelamento

Para fins de definiccedilatildeo das espeacutecies a serem estudadas conforme estudo preacutevio de Saacute

(2011) foram selecionadas as trecircs de maior captura no municiacutepio incluindo siri (Callinectes

sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) As amostras foram

adquiridas de oito marisqueiras de trabalho ativo na pesca e que acompanharam as atividades

formativas De cada uma delas foram obtidas duas amostras de cada uma das espeacutecies em

72

diferentes semanas ndash perfazendo seis amostrasmarisqueira e um conjunto de 48 amostras em

cada etapa

Deste modo posto que este procedimento foi realizado antes e apoacutes a intervenccedilatildeo um

total de 96 amostras de mariscos beneficiados foi obtido Em relaccedilatildeo agraves espeacutecies o total

compreendeu 32 amostras de ostras 32 amostras de sururu e 32 amostras de siri sendo

metade antes e metade apoacutes a intervenccedilatildeo

Cada amostra coletada continha meio quilo de marisco e encontrava-se congelada

sendo obtidas nas proacuteprias embalagens em que eram acondicionadas pelas marisqueiras As

amostras foram colocadas em caixas isoteacutermicas contendo gelo reciclaacutevel e transportadas

sendo armazenadas em um freezer ateacute o momento das anaacutelises O descongelamento das

amostras para as anaacutelises foi realizado sob refrigeraccedilatildeo agrave temperatura inferior a 5ordmC

As anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas foram realizadas nos laboratoacuterios de

Controle de Qualidade de Alimentos e de Bioquiacutemica dos Alimentos respectivamente da

Escola de Nutriccedilatildeo Universidade Federal da Bahia

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas

Para avaliaccedilatildeo da qualidade microbioloacutegica procedeu-se agrave contagem de coliformes agrave

35ordmC Escherichia coli Staphylococcus coagulase positiva e micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos e agrave pesquisa de Salmonella spp

As amostras foram pesadas em sacos esteacutereis em condiccedilotildees asseacutepticas e em seguida

foram procedidas agraves diluiccedilotildees das amostras em aacutegua peptonada 01 (Accumedia EUA)

para a pesquisa dos micro-organismos exceto para Salmonella spp (DOWNES ITO 2001)

As contagens de coliformes agrave 35ordmC e de Escherichia coli foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo

em Aacutegar Chromocult (Merck Alemanha) a 35degC durante 24h (AOAC 1995) A confirmaccedilatildeo

das colocircnias tiacutepicas de E coli foi realizada por testes bioquiacutemicos de Indol Vermelho de

metila Voges Proskauer e Citrato (IMViC) conforme estabelecido pela American Public

Health Association APHA (DOWNES ITO 2001)

As contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo em

Aacutegar Baird Parker (Accumedia EUA) a 37degC durante 48 horas As colocircnias suspeitas foram

submetidas ao teste de coagulase pelo uso de testes raacutepidos Staphclin Laacutetex (Laborclin

Brasil) (DOWNES ITO 2001)

73

As contagens de microorganismos aeroacutebios psicrotroacuteficos foram obtidas apoacutes

incubaccedilatildeo em Aacutegar Plate Count (Merck Alemanha) sob refrigeraccedilatildeo durante 10 dias

segundo metodologia da APHA (DOWNES ITO 2001)

As amostras foram submetidas agrave pesquisa de Salmonella spp de acordo com o

protocolo descrito por Downes e Ito (2001) e Silva et al (2010) Sob condiccedilotildees esteacutereis as

amostras de mariscos foram submetidas ao preacute- enriquecimento em Caldo lactosado (Merck

Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h Em seguida passaram-se inoacuteculos para caldos

de enriquecimento Tetrationato (Merck Alemanha) e Rappaport (Merck Alemanha) que

foram incubados a 37degC e a 42 degC durante 24 horas respectivamente e foram isolados em

placas contendo Xilose Lisina Aacutegar Desoxicolato (Merck Alemanha) e o Aacutegar Hecktoen

Enteacuterico (Merck Alemanha) incubando-se a 37degC durante 24h Colocircnias suspeitas de

Salmonella foram transferidas para Aacutegar Triacuteplice Accediluacutecar Ferro (Merck Alemanha) e Aacutegar

Lisina Ferro (Merck Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h

Reaccedilotildees tiacutepicas de Salmonella foram submetidas a testes bioquiacutemicos incluindo Teste

da Urease Indol Vermelho de metila Voges Proskauer e Citrato e testes soroloacutegicos de

confirmaccedilatildeo por teste de aglutinaccedilatildeo em lacircmina de vidro com uso de soro somaacutetico

polivalente e soro flagelar (Probac Brasil)

As anaacutelises microbioloacutegicas foram realizadas em duplicata e os resultados foram

comparados com os padrotildees microbioloacutegicos da Resoluccedilatildeo RDC n ordm122001 a Agecircncia

Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria - ANVISA (BRASIL 2001) Para micro-organismos

aeroacutebios psicrotroacuteficos foi adotado o limite para pescado de 106 UFCg estabelecido pela

Comissatildeo Internacional de Especificaccedilotildees Microbioloacutegicas para Alimentos (ICMSF 1986)

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas

Para determinaccedilatildeo do pH foram pesados 10g de cada amostra de marisco

homogeneizada e acrescidos de 50 ml de aacutegua destilada O valor de pH foi medido utilizando-

se o potenciocircmetro 210 MPA (NEOMED Brasil) previamente calibrado conforme descreve

Zenebon et al (2008)

Para a anaacutelise de bases volaacuteteis totais 1g da amostra triturada foi embalada em papel

de filtro e levada para o tubo de Kjeldahl Foram adicionados 30ml de aacutegua destilada e

algumas gotas de vaselina Em um erlenmeyer foram adicionados 5ml de aacutecido boacuterico

saturado (VETEC Brasil) e 3 gotas de indicador misto O tubo de Kjeldahl e o erlenmeyer

foram montados no destilador de nitrogecircnio que foi mantido a uma temperatura elevada ateacute

74

ao momento em ebuliccedilatildeo Apoacutes a mudanccedila de cor do conteuacutedo destilado para azul

esverdeado e mudanccedila do volume para 50ml o aparelho foi desligado e foi realizada a

titulaccedilatildeo com soluccedilatildeo de aacutecido cloriacutedrico 002 (Labimpex Brasil) O procedimento foi

realizado conforme teacutecnica descrita pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

(MAPA) (BRASIL 1997) Todas as anaacutelises quiacutemicas foram realizadas em triplicata

Os resultados das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram comparados e discutidos com base

nos criteacuterios estabelecidos pelo MAPA (BRASIL 1997) e na literatura teacutecnica da aacuterea de

alimentos

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos

Os dados foram processados e analisados estatisticamente utilizando-se o software

Statistical Package for the Social Sciences- SPSS versatildeo 200

Foi realizada a anaacutelise descritiva dos dados e o teste de U-Mann-Whitney para

comparar o perfil microbioloacutegico e fiacutesico-quiacutemico dos mariscos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo O

teste foi realizado em niacutevel de 5 de probabilidade Para verificar a existecircncia de correlaccedilatildeo

entre os paracircmetros estudados foi realizado o teste de Spearman

Em observacircncia agraves diretrizes para pesquisa com seres humanos este estudo foi

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de Nutriccedilatildeo da Universidade Federal

da Bahia (Parecer nordm 2265922014) (ANEXO I) sendo a participaccedilatildeo voluntaacuteria dos

pescadores e marisqueiras confirmada por meio de assinatura em Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO H)

3 Resultados e Discussatildeo

31 Anaacutelises microbioloacutegicas

Os resultados das anaacutelises microbioloacutegicas das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo estatildeo

apresentados na Tabela 1 e Tabela 2

Nesse sentido o resultado observado pode ser decorrente dos cuidados de manuseio

adotados pelas marisqueiras apoacutes a formaccedilatildeo incluindo uma maior preocupaccedilatildeo quanto ao

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente Ainda observa-se o fato das

amostras de mariscos serem conservadas congeladas

75

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea

de Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes apoacutes a atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de

Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Considerando como limite maacuteximo para psicrotroacuteficos o valor de 60 log UFCg

estabelecido pela ICMSF (1986) dado que inexiste paracircmetro na legislaccedilatildeo brasileira para os

alimentos estudados 100 das amostras analisadas apoacutes a intervenccedilatildeo apresentaram

atendimento ao criteacuterio internacional com contagens muito inferiores

Noacutebrega (2013) realizou formaccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade localizada tambeacutem em Satildeo Francisco do Conde para as mesmas espeacutecies

estudadas reportando igualmente contagens meacutedias de psicrotroacuteficos inferiores ao limite

ANTES DA INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 351

(235 ndash 428)

238

(118-279)

236

(116 ndash 404)

SURURU 290

(104 ndash 345)

130

(100 ndash 230)

100

(100 ndash 206)

OSTRA 355

(117 ndash 574)

156

(100 ndash 309)

220

(100 ndash 271)

APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 100

(lt100 ndash 178)

165

(lt100 ndash 203)

181

(lt100 ndash 321)

SURURU 100

(lt100 ndash 100)

120

(102 ndash 126)

100

(lt100 ndash 176)

OSTRA 100

(lt100 ndash 100)

139

(lt100 ndash 257)

100

(lt100 -232)

76

internacional apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda Cordeiro et al (2007) em pesquisa com mexilhotildees

(Perna perna) cozidos congelados e armazenados por 90 dias no municiacutepio de Ubatuba-SP

relatam que a contagem obtida para psicrotroacuteficos de 185 log UFCg situa-se abaixo dos

niacuteveis associados com a deterioraccedilatildeo do pescado

Songsaeng et al (2010) em estudo para avaliar o efeito do congelamento na qualidade

de ostras (Crassostrea belcheri) na Tailacircndia constataram reduccedilatildeo na contagem de

psicrotroacuteficos agrave medida em que aumentava o tempo de armazenamento possivelmente devido

agraves injuacuterias associadas agraves temperaturas de congelamento e armazenamento e agrave vulnerabilidade

desses microrganismos Segundo os autores durante o congelamento cristais de gelo intra e

extra-celulares induzem danos irreversiacuteveis nas membranas externa e citoplasmaacutetica das

bacteacuterias reduzindo a contagem de psicrotroacuteficos (DUAN CHERIAN e ZHAO 2010)

Resultados diferentes foram verificados no estudo de Ramos et al (2011) em Santa

Catarina cujas meacutedias de contagem de psicrotroacuteficos foram superiores agraves observadas nesse

estudo para carne de siri e mexilhotildees 745 e 558logUFCg respectivamente sendo a meacutedia

para o siri superior ao limite internacional preconizado

Com relaccedilatildeo aos coliformes a 35ordmC apesar de natildeo existir valor de referecircncia em

pescado pela legislaccedilatildeo brasileira foi possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da sua contagem apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa nas trecircs espeacutecies estudadas (siri sururu e ostra) embora natildeo

significativa A espeacutecie de marisco que apresentou maior contagem desses microrganismos

nos dois momentos foi o siri

Alguns autores tecircm reportado resultados semelhantes para coliformes agrave 35ordmC como o

de Cordeiro et al (2007) que observaram em mexilhotildees processados uma reduccedilatildeo na

contagem de coliformes agrave 35ordmC apoacutes o congelamento e durante o armazenamento Vieira et

al (2006) constataram uma elevada contagem de coliformes agrave 35ordmC em carne de siri antes da

adoccedilatildeo de medidas de boas praacuteticas com decreacutescimo dos valores apoacutes a implantaccedilatildeo destas

Noacutebrega (2013) descreve uma contagem meacutedia de coliformes a 35ordmC de 321 logUFCg em

carne de siri antes da atividade educativa que reduziu para 215 logUFCg apoacutes a realizaccedilatildeo

desta

Tendo em vista que microrganismos do grupo coliformes satildeo termosensiacuteveis avalia-se

que as contagens verificadas nesse estudo para esse grupo se devem agraves condiccedilotildees precaacuterias de

manuseio no local de beneficiamento resultando em recontaminaccedilatildeo poacutes-processamento

Segundo Holly Young et al (2014) diversos fatores podem determinar a presenccedila de

coliformes no pescado tais como o ambiente onde vivem e tambeacutem como eles foram

coletados e processados Nunes et al (2012) ainda reforccedilam que a presenccedila de coliformes no

77

pescado pode ser decorrente da manipulaccedilatildeo inadequada durante o processamento sem a

adoccedilatildeo de medidas de higiene e condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo insatisfatoacuterias podendo

tambeacutem indicar a eventual presenccedila de enteropatoacutegeno

No que se refere agrave E coli a legislaccedilatildeo brasileira determina que para a categoria de

alimento estudada natildeo seja ultrapassado o limite de 16 log UFCg observando-se nas

amostras de mariscos que a mediana registrada para esse microrganismo foi inferior ao

limite referido nos dois momentos Apenas 63 (n=3) das amostras antes da intervenccedilatildeo

apresentaram o microrganismo sendo duas de siri e uma de sururu natildeo sendo encontrada a

sua presenccedila apoacutes a intervenccedilatildeo

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty observou resultados semelhantes para E coli

constatando a presenccedila deste em 833 das amostras antes da intervenccedilatildeo e sua ausecircncia

apoacutes a intervenccedilatildeo

Escherichia coli eacute um indicador de contaminaccedilatildeo fecal e a sua presenccedila fornece uma

ideia sobre as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias inadequadas (RAMOS et al 2011) Por outro

lado apresenta baixa resistecircncia a tratamentos teacutermicos Em estudo conduzido por

Subramanian (2007) evidenciou-se a ausecircncia de E coli apoacutes o cozimento e o

congelamento de carne de caranguejo confirmando que o processamento realizado reduziu

significativamente a contagem dos microrganismos presentes

Deste modo os achados do presente estudo podem refletir uma melhoria nas

condiccedilotildees de manuseio dos mariscos como pode ser observado durante o acompanhamento

in loco realizado apoacutes a intervenccedilatildeo no qual as marisqueiras demonstraram haacutebitos de

higiene pessoal mais cuidadosos em virtude da atividade educativa recebida

Na anaacutelise dos resultados ainda verificou-se uma correlaccedilatildeo positiva entre

coliformes agrave 35ordmC e Escherichia coli (ρ=0219 plt005) Posto que Escherichia coli eacute um

microrganismo pertencente ao grupo dos coliformes pressupotildee-se uma tendecircncia de aumento

da sua contagem agrave medida que aumenta a contagem de coliformes agrave 35ordmC

Entre as amostras analisadas natildeo foi detectada a presenccedila de Salmonella spp para as

trecircs espeacutecies estudadas nos dois momentos estando a totalidade em conformidade com a

legislaccedilatildeo vigente para este indicador

No trabalho de Ramos et al (2011) similarmente natildeo foi identificada a presenccedila de

Salmonella spp em diferentes espeacutecies de frutos do mar bem como nos estudos de Vieira et

al (2006) com carne de siri beneficiada em Antonina-PR e no de Noacutebrega (2013) com

carne de siri sururu e ostra na Ilha do Paty Satildeo Francisco do Conde-BA ambos realizados

antes e apoacutes treinamento em BPP

78

A Salmonella spp quando presente em produtos da pesca e crustaacuteceos pode ser

proveniente da manipulaccedilatildeo no desembarque ou do processamento (DUARTE et al 2010)

No entanto a aplicaccedilatildeo correta de procedimentos no processamento e medidas de higiene e

sanitizaccedilatildeo contribuem para a prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo deste microrganismo (VIEIRA et

al 2006)

Em relaccedilatildeo aos estafilococos coagulase positiva verificou-se uma reduccedilatildeo da

mediana apoacutes a intervenccedilatildeo para o siri e a ostra poreacutem natildeo significativa Na legislaccedilatildeo

brasileira preconiza-se o valor de 30 log UFCg como limite maacuteximo para este

microrganismo nesse tipo de alimento Sendo assim 146 (n=7) das amostras ainda

apresentaram contagens superiores ao estabelecido para esse microrganismo apoacutes a

intervenccedilatildeo

No presente estudo apesar das melhorias observadas na manipulaccedilatildeo dos mariscos no

acompanhamento in loco apoacutes a intervenccedilatildeo principalmente no que se refere agrave higiene

pessoal natildeo foi verificado o uso de luvas medida que impede o contato direto das matildeos do

manipulador com o alimento Vale ressaltar ainda que as marisqueiras podem apresentar

ferimentos nas matildeos decorrentes da coleta dos mariscos no mangue e do trabalho de

beneficiamento o que pode ter contribuiacutedo para a presenccedila deste microrganismo mesmo apoacutes

a atividade educativa Aleacutem disso pode representar tambeacutem falha como exemplo o excesso

de manipulaccedilatildeo e abuso do tempo de exposiccedilatildeo desses produtos agrave temperatura ambiente ndash

sobretudo no caso do siri cuja extraccedilatildeo da carne eacute mais demorada depois da cocccedilatildeo

favorecendo o desenvolvimento microbiano

Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Noacutebrega (2013) no qual

evidenciou-se que 833 das amostras de siri apresentaram contagem superior ao preconizado

pela legislaccedilatildeo mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

No estudo de Vieira et al (2006) para verificar o efeito da adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas e

a qualidade de carne de siri beneficiado em Antonina-PR ao trabalhar com trecircs grupos de

manipuladores - que natildeo recebeu orientaccedilotildees que recebeu orientaccedilotildees quanto aos

procedimentos de higienizaccedilatildeo e que teve orientaccedilotildees referentes aos procedimentos de

higienizaccedilatildeo e ao tempo de exposiccedilatildeo do produto agrave temperatura ambiente - observaram

amostras com contagens de estafilococos coagulase positiva de 308 382 e 336 logUFCg

respectivamente sendo superior ao limite determinado pela legislaccedilatildeo Os referidos autores

apenas obtiveram contagem inferior ao limite no grupo que teve aleacutem das orientaccedilotildees quanto

as medidas de higienizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo do produto a temperatura ambiente a orientaccedilatildeo do

uso de luvas

79

Ramos et al (2011) em seu estudo encontraram contagem meacutedia de estafilococos

coagulase positiva dentro do limite estabelecido para carne de siri (256 log UFCg) e de

mexilhotildees (20 log UFCg) preacute-cozidos e refrigerados comercializados em uma ilha de Santa

Catarina Os referidos autores ressaltam que os mariscos satildeo muito manipulados uma vez que

a carne eacute separada manualmente apoacutes a cocccedilatildeo

Os estafilococos estatildeo amplamente envolvidos em surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

devido agrave manipulaccedilatildeo de alimentos cozidos por pessoas que carreiam este microrganismo Os

estafilococos tem por habitat natural o nariz do homem sendo transferidos para as matildeos e

dedos (LUES e VAN TONDER 2007) quando natildeo satildeo seguidos cuidados de higiene pessoal

Ainda podem passar a constituir parte da microbiota temporaacuteria das matildeos quando haacute

presenccedila de ferimentos e infecccedilotildees nestas (ABD-ELALEEM 2014)

As intoxicaccedilotildees causadas por estafilococos e doenccedilas relacionadas tecircm apresentado

aumento ao longo dos anos e nem mesmo o uso de luvas e a praacutetica da lavagem das matildeos

eliminam completamente o risco de contaminaccedilatildeo No entanto a combinaccedilatildeo do uso de luvas

com a lavagem adequada das matildeos pode reduzir o risco de contaminaccedilatildeo pelo microrganismo

(SOARES et al 2012)

De acordo com Ramos et al (2011) apoacutes o processamento a qualidade

microbioloacutegica de mariscos pode refletir a microbiota inicial do produto os equipamentos a

higiene pessoal o tratamento teacutermico aplicado o controle do binocircmio tempotemperatura a

utilizaccedilatildeo das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo assim como o cuidado com a embalagem e o

congelamento

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

321 pH

O pH de um alimento eacute determinado sobretudo por grupos livres carboxilo e amino

presentes em compostos de baixo peso molecular e em menor proporccedilatildeo por

macromoleacuteculas (proteiacutenas aacutecidos nucleicos polissacariacutedeos) (CRUZ-ROMERO et al

2007) Assim as alteraccedilotildees no pH podem ser utilizadas como um indicador de mudanccedila post-

mortem como a conversatildeo de glicogecircnio em aacutecido laacutectico e a degradaccedilatildeo de componentes

musculares como proteiacutenas e nucleotiacutedeos durante o armazenamento a longo prazo

(SONGSAENG et al 2010)

80

Os resultados de pH das amostras avaliadas nas etapas antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

encontram-se apresentados na Tabela 3

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha

das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Na anaacutelise dos resultados de pH antes e apoacutes a intervenccedilatildeo observou-se que o siri foi

a espeacutecie que apresentou maiores valores de mediana em ambos os momentos Contudo nos

dois momentos os valores de mediana de pH para as trecircs espeacutecies registraram valores de pH

proacuteximos a neutralidade e ainda valores alcalinos sugerindo uma deterioraccedilatildeo Poreacutem as

amostras analisadas natildeo estavam em seu estado in natura uma vez que foram processadas

submetidas a cozimento congelamento e armazenamento

A legislaccedilatildeo brasileira determina que o pH para a carne interna de peixes deve ser

inferior a 650 (BRASIL 1997) Todavia dado que a legislaccedilatildeo natildeo considera as

especificidades da composiccedilatildeo quiacutemica das diferentes espeacutecies de pescado estudadas natildeo se

pode classificar as amostras como natildeo conformes

Algumas faixas de pH satildeo citadas na literatura para as diferentes espeacutecies de pescado

70 para o caranguejo crustaacuteceo semelhante ao siri 65 para moluscos em geral e 63 para

ostra (JAY 2005)

Os moluscos em sua composiccedilatildeo apresentam um alto teor de carboidratos em sua

maior parte na forma de glicogecircnio e em menor parte de nitrogecircnio ocasionando um

processo de deterioraccedilatildeo basicamente fermentativo enquanto a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute

semelhante dos peixes com produccedilatildeo de compostos alcalinos (JAY 2005)

O sururu espeacutecie pertencente ao grupo dos moluscos bivalves receacutem-capturado

apresenta valor de pH em torno de 65 sem que esteja deteriorado e apoacutes a cocccedilatildeo observa-

pH

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

APOacuteS A

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 824

(801 ndash 839)1

830

(812 ndash 840)1

SURURU 718

(702 ndash 739)1

725

(712 ndash 740)1

OSTRA 671

(660 ndash 680)1

670

(660 ndash 680)1

81

se um pH com meacutedia de 70 (SOUZA et al 2014) Deste modo o pH elevado pode estar

relacionado agrave composiccedilatildeo quiacutemica da espeacutecie estudada e ao processo de cocccedilatildeo

Segundo Dhanapal et al (2012) apoacutes a cocccedilatildeo do pescado haacute um aumento do pH que

pode estar associado agrave quebra da ligaccedilatildeo de hidrogecircnio e interaccedilotildees eletrostaacuteticas Tambeacutem o

aquecimento do muacutesculo ou de miofibrilas isoladas geralmente resulta em um aumento de pH

Assim apesar das amostras de mariscos em quase sua totalidade apresentarem pH superiores

ao padratildeo natildeo eacute possiacutevel afirmar que estivessem improacuteprias para o consumo

Cordeiro et al (2007) observaram em mexilhotildees (Perna perna) submetidos agrave cocccedilatildeo

uma meacutedia de pH de 69 permanecendo estaacutevel apoacutes congelamento e armazenamento

Noacutebrega (2013) verificou valores de pH em sururu de 69 e 714 antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

respectivamente sendo semelhantes aos achados neste estudo Resultados divergentes foram

referidos por Lima et al (2013) cujo valor de pH em mexilhotildees (Perna perna) processados

em Santa Catarina foi de 656

Nesse contexto considera-se que a variaccedilatildeo de pH nas diferentes espeacutecies nem

sempre estaacute relacionada com a qualidade sensorial e microbioloacutegica do produto havendo uma

necessidade de estudos especiacuteficos para determinar o pH em moluscos bivalves uma vez que

durante o processo de decomposiccedilatildeo o pH difere entre as diversas espeacutecies de bivalves

(LIMA et al 2013)

Quanto aos resultados obtidos para ostras Noacutebrega (2013) registra valores de pH para

carne de ostra um pouco inferiores aos obtidos nesse estudo sendo 623 e 645 antes e depois

da intervenccedilatildeo respectivamente Cruz-Romero et al (2007) ao aplicarem diferentes

tratamentos teacutermicos em ostras do Paciacutefico (50degC durante 10 minutos e 75degC durante 8

minutos) verificaram valores meacutedios de pH de 645 e 658 respectivamente sendo inferiores

ao observado no atual estudo Apoacutes o uso do tratamento teacutermico houve um aumento do pH

que foi justificado pela reduccedilatildeo do nuacutemero de grupos aacutecidos em proteiacutenas musculares

No que concerne ao siri Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty relata valores meacutedios de pH

para carne de siri beneficiada de 812 antes da intervenccedilatildeo e de 815 apoacutes a intervenccedilatildeo

Anacleto et al (2011) constataram em carne de caranguejo cozido e congelado provenientes

de Portugal valores de pH em torno de 80 fato que segundo os autores pode ser relacionado

com a formaccedilatildeo de produtos de decomposiccedilatildeo baacutesicos

Lorentzen et al (2014) em avaliaccedilatildeo da carne de caranguejo (Paralithodes

camtschaticus) retirada do ombro e da perna do animal na Noruega observaram que o pH

aumentava durante o armazenamento refrigerado por quatorze dias variando entre 73 a 78 e

76 a 79 respectivamente sugerindo tambeacutem a produccedilatildeo de compostos baacutesicos a partir da

82

decomposiccedilatildeo das proteiacutenas Os autores salientaram ainda que o pH dos caranguejos eacute

geralmente mais elevado do que o de peixes devido a um teor mais elevado de compostos

nitrogenados natildeo proteicos ndash amoniacuteaco e trimetilamina

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT)

Os resultados de N-BVT obtidos antes e depois da intervenccedilatildeo encontram-se

apresentados na Tabela 4

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) (mgN100g) nas amostras de

mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e

apoacutes a intervenccedilatildeo educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Para todas as espeacutecies estudadas observou-se uma reduccedilatildeo nos valores de N-BVT

comparando-se os momentos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo registrando-se diferenccedila significativa

dos valores de N-BVT para o siri (plt005) e para a ostra (plt0001) Entre as espeacutecies notou-

se que o siri apresentou maior mediana em ambos os momentos No entanto a legislaccedilatildeo

brasileira determina apenas o limite para N-BVT na carne interna de peixes devendo ser

inferior a 30mgN100g (BRASIL 1997)

Os resultados observados para esse paracircmetro foram satisfatoacuterios podendo ser

decorrente da adoccedilatildeo das boas praacuteticas durante o beneficiamento No entanto como pode ser

constatado durante o acompanhamento in loco o siri dentre as espeacutecies estudadas tem maior

manipulaccedilatildeo para retirada da carne da carapaccedila tornando-se mais exposto a alteraccedilotildees

microbioloacutegicas e quiacutemicas

N-BVT

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

DEPOIS DA

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 1421

(1092 ndash 4750)1

743

(558 ndash 815)1

SURURU 553

(372 ndash 764)1

464

(371 ndash 465)1

OSTRA 600

(460 ndash 1000)1

373

(372 ndash 475)1

83

Nos crustaacuteceos ainda os valores altos de N-BVT podem decorrer da presenccedila de

elevadas quantidades de aminoaacutecidos livres e compostos nitrogenados que os tornam

susceptiacuteveis agrave degradaccedilatildeo raacutepida por deterioraccedilatildeo (ANACLETO et al 2011)

Subramanian (2007) ao analisar N-BVT em caranguejo cozido e congelado (Portunus

pelagicus) armazenado em sacos de polietileno a - 41ordmC notou um aumento de 27

mgN100g no dia zero de armazenamento para 3507 mgN100g apoacutes 120 dias de

armazenamento No entanto as amostras estudadas natildeo foram julgadas como improacuteprias para

o consumo posto que existem poucas informaccedilotildees disponiacuteveis sobre o limite de

aceitabilidade em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos em moluscos congelados e

mariscos

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty-BA verificou uma diferenccedila nos valores meacutedios de

N-BVT antes e apoacutes a intervenccedilatildeo em Boas Praacuteticas de 3290 para 1643 mgN100g no siri

de 480 para 387 mgN100g na ostra e de 519 para 484 mgN100g no sururu

Algumas espeacutecies de pescado como caccedilotildees raias e siris apresentam valores de bases

volaacuteteis totais elevados sem que necessariamente estejam deterioradas Aleacutem disso a

formaccedilatildeo de bases volaacuteteis totais em amostras cozidas tambeacutem pode ser agravada por

degradaccedilatildeo teacutermica durante o processo de cozimento e pelo congelamento que ocasiona

ruptura da membrana resultando na liberaccedilatildeo de componentes celulares apoacutes o

descongelamento e consequentemente a formaccedilatildeo de substratos para as accedilotildees enzimaacuteticas e

crescimento microbiano (ZENEBON et al 2008 ANACLETO et al 2011)

Considerando os dois indicadores fiacutesico-quiacutemicos - pH e N-BVT verificou-se uma

correlaccedilatildeo positiva (ρ=0421 plt001) ou seja agrave medida que o niacutevel de pH aumentava o niacutevel

de N-BVT aumentava tambeacutem

Verificou-se tambeacutem uma correlaccedilatildeo positiva entre as bases volaacuteteis totais e contagens

de psicrotroacuteficos (ρ=0338 plt001) coliformes agrave 35ordmC (ρ=0207 plt005) e estafilococos

(ρ=0319 plt001) que pode estar associada ao acuacutemulo de compostos alcalinos como

amocircnia e trimetilamina derivadas da accedilatildeo microbiana no pescado durante a sua deterioraccedilatildeo

e que tem sido atribuiacuteda como causa do aumento do pH (SUSANTO et al 2011)

4 Conclusatildeo

Ao avaliar a eficaacutecia da formaccedilatildeo para as marisqueiras por meio das anaacutelises

microbioloacutegicas verificou-se uma melhoria da qualidade dos mariscos analisados apoacutes a

intervenccedilatildeo no entanto ainda foram registradas proporccedilatildeo das amostras de mariscos natildeo

84

conformes para estafilococos coagulase positiva ainda decorrentes de falhas existentes

durante o beneficiamento poacutes-cocccedilatildeo

No que se refere aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos constatou-se que a legislaccedilatildeo vigente

natildeo contempla as espeacutecies estudadas Dessa forma natildeo foi possiacutevel afirmar a natildeo

conformidade das amostras de mariscos em relaccedilatildeo a esse padratildeo principalmente o pH uma

vez que os valores de bases volaacuteteis totais encontrados foram inferiores ao padratildeo brasileiro

que eacute especiacutefico para outras espeacutecies de pescado

Os resultados apontam a necessidade de maior conhecimento das caracteriacutesticas

proacuteprias das espeacutecies estudadas e das alteraccedilotildees que podem ocorrer com os mariscos durante

as diferentes etapas de processamento bem como de adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo vigente de

modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo

sugere-se a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e controles mais efetivos

utilizando sobretudo atividades praacuteticas visando o melhor aperfeiccediloamento do trabalho o

atendimento dos padrotildees teacutecnicos estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Aleacutem disso sugere-se que novos estudos devem ser conduzidos de modo a caracterizar

melhor o comportamento das diferentes espeacutecies de pescado in natura e apoacutes aplicaccedilatildeo de

processos de conservaccedilatildeo

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a Luiacutes Fernandes Pereira Santos pelo apoio teacutecnico e agrave

Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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89

Consideraccedilotildees finais

Os resultados desse estudo demonstraram que a estrateacutegia de intervenccedilatildeo utilizada

favoreceu a boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade e interaccedilatildeo entre os instrutores e a

comunidade Por outro lado ainda foram identificadas necessidades de aperfeiccediloamento na

conduccedilatildeo da formaccedilatildeo incluindo o aumento tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e uma

maior ecircnfase na abordagem dos controles de temperatura e tempo

Apesar das mudanccedilas positivas observadas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo dos mariscos

durante o beneficiamento coexistiam inadequaccedilotildees na estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento dadas as condiccedilotildees de vida e o baixo poder aquisitivo das marisqueiras

Ao avaliar a eficaacutecia da atividade formativa por meio das anaacutelises microbioloacutegicas

evidenciou-se uma melhoria na qualidade dos mariscos registrando-se ainda proporccedilatildeo das

amostras de mariscos natildeo conformes o que decorre de falhas ainda existentes durante o

beneficiamento nas etapas poacutes-cocccedilatildeo Quanto aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos natildeo foi

possiacutevel afirmar a natildeo conformidade das amostras analisadas uma vez que a legislaccedilatildeo

vigente natildeo contempla as espeacutecies estudadas apontando-se a necessidade de adequaccedilatildeo desta

de modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo os

resultados sugerem tambeacutem a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e

controles mais efetivos visando o aprimoramento do trabalho o atendimento dos padrotildees

estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividades educativas e acompanhamentos periodicamente

reforccedilando os conceitos e as praacuteticas a serem adotadas com vistas a garantir a inocuidade dos

mariscos comercializados

90

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO

Qualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras fazendo melhor na Ilha das Fontes

Local Sede - Ilha das Fontes

Data 08 a 10 de julho de 2014 Horaacuterio 1400 agraves 1700 hs

FICHA DE INSCRICcedilAtildeO

Nome ____________________________________________

Sexo Masc ( ) Fem ( ) Idade _______ anos

Escolaridade ____________________________________

Profissatildeo __________________________________

Tempo de trabalho com mariscos ___________________anos

Comunidade Pesqueira __________________________

Telefone para contato _________________________________

OBS Ao final os participantes receberatildeo certificado

Universidade Federal da Bahia

Escola de Nutriccedilatildeo

91

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS PRAacuteTICAS

Certificamos que

___________________________________________ participou do

curso ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo realizado na Sede

Comunitaacuteria da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA

nos dias 08 09 e 10 de julho de 2014 com dez horas de duraccedilatildeo

CERTIFICADO

_________________________

Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Coordenadora do Curso

____________________________

Dalva Maria da Noacutebrega Furtunato

Vice-Coordenadora do Curso

92

ANEXOS

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS DOS ALIMENTOS

R Arauacutejo Pinho 32 ndash Canela CEP 40110-150 Tel (71) 3283-7700 Fax 3283-7701

Consulta aos pescadores e marisqueiras para fins de treinamento

Nome_______________________________________________________

Atividade Pescador ( ) Marisqueira ( )

1 Quais os assuntos que vocecirc considera mais importantes para serem estudados em

treinamento sobre a pesca e os cuidados com o pescado

______________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2 Como vocecirc gostaria que as aulas fossem dadas

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

3 Que local(ais) da sua comunidade pode(m) ser indicado(s) para realizaccedilatildeo deste

treinamento

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

93

4 Em quais dias da semana a realizaccedilatildeo do treinamento ficaria melhor

Nos dias uacuteteis ndash segunda a sexta ( ) No final de semana ( )

Se dias uacuteteis indicar os dois melhores __________________________________

5 Em que turno

Manhatilde ( ) Tarde ( ) Qualquer turno ( )

6 Vocecirc se tem interesse e disponibilidade para participar deste treinamento

Sim ( ) Natildeo ( )

94

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS

Responsaacutevel pela visita__________________________ Data da visita _________

IDENTIFICACcedilAtildeO DO (A) MARISQUEIRO(A)

01 Nome completo ________________________________________________________________________________

LISTA DE VERIFICACcedilAtildeO DE PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE MARISCOS

ADAPTADA RESOLUCcedilAtildeO - RDC Ndeg 216 DE 15092004

ITENS AVALIADOS SIM NAtildeO N A Observaccedilatildeo

1 EDIFICACcedilOtildeES INSTALACcedilOtildeES MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

11-A casa dispotildee de rede de esgoto ou fossa seacuteptica

12- As caixas de gordura e de esgoto estatildeo localizadas fora da aacuterea de

preparaccedilatildeo e armazenamento dos mariscos apresentando adequado estado de

conservaccedilatildeo e funcionamento

13- Os ralos satildeo tampados e sifonados

95

14- A aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos estaacute livre de objetos em desuso e

de animais de estimaccedilatildeo

15- Os equipamentos utilizados apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis

resistentes natildeo-absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

151- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

16- Os utensiacutelios apresentam superfiacutecies lisas resistentes natildeo absorventes

sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica e de material apropriado (natildeo

utilizaccedilatildeo de madeira)

161- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

17-As mesas apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis resistentes natildeo-

absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

171- Se mesa de madeira existe proteccedilatildeo com plaacutestico transparente

172- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

2 HIGIENIZACcedilAtildeO DE INSTALACcedilOtildeES EQUIPAMENTOS

MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

21-A aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos eacute higienizada sempre que necessaacuterio

e apoacutes o teacutermino do trabalho

22- As etapas de higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees satildeo cumpridas garantindo as

condiccedilotildees de limpeza

23- As etapas de higienizaccedilatildeo de utensiacutelios equipamentos satildeo cumpridas

garantindo as condiccedilotildees de limpeza

24- A higienizaccedilatildeo de utensiacutelios eacute realizada antes e apoacutes o uso

96

25- A frequecircncia de higienizaccedilatildeo do equipamento (geladeira eou freezer) eacute

adequada

26- Os panos de limpeza vassouras rodos esponjas e escovas satildeo de uso

exclusivo para a higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios

261- Satildeo higienizados apoacutes o uso e estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

262- Satildeo guardados em local adequado

3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS

31- Verifica-se a presenccedila de insetos animais de estimaccedilatildeo ou vestiacutegios

(fezes) de animais na aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos

32- Existe alguma medida preventiva (uso de rodapeacutes telas nas janelas

ralos com tampas ou sifonados lixeira com tampa) para evitar a incidecircncia

de vetores e pragas no local de preparaccedilatildeo dos mariscos

33-Eacute utilizado algum produto quiacutemico para controle de pragas

34- Os produtos quiacutemicos satildeo devidamente registrados

35- Os produtos quiacutemicos satildeo guardados separados dos alimentos

4 ABASTECIMENTO DE AacuteGUA

41- A aacutegua utilizada para a produccedilatildeomanipulaccedilatildeo dos mariscos eacute da rede

puacuteblica de abastecimento

42- Os reservatoacuterios de aacutegua possuem tampas e encontram-se em bom

estado de conservaccedilatildeo e protegidos de contaminaccedilatildeo

43 A limpeza dos reservatoacuterios de aacutegua eacute realizada semestralmente e esta

97

conduta eacute registrada

44- O gelo utilizado eacute produzido na residecircncia

45- O gelo eacute produzido com aacutegua potaacutevel e sob condiccedilotildees de higiene

46- O gelo produzido eacute acondicionado em recipiente higienizado

5 MANEJO DOS RESIacuteDUOS

51- Os recipientes para lixo satildeo de material adequado de faacutecil limpeza e

satildeo revestidos com sacos plaacutesticos

511- Satildeo higienizados com frequecircncia

52- O lixo eacute mantido em local que natildeo oferece risco de acesso a pragas e

animais e isolado das aacutereas de produccedilatildeomanipulaccedilatildeo de mariscos

521- Eacute descartadoincinerado com frequecircncia

6 MARISQUEIRAS (OS)

61- As (os) marisqueiras (os) apresentam higiene corporal adequada roupas

limpas cabelos protegidos e totalmente cobertos unhas curtas limpas e sem

esmalte e sem utilizaccedilatildeo de adornos (brincos aneacuteis reloacutegios)

62- As (os) marisqueiras (os) executam a higiene correta das matildeos sempre

que se fizer necessaacuterio e de forma adequada

63- As (os) marisqueiras (os) evitam comportamentos atitudes e gestos

incorretos (fumar tossir sobre os alimentos cuspir comer manipular

dinheiro etc) durante a manipulaccedilatildeo

64- As (os) marisqueiras (os) quando estatildeo com ferimentos lesotildees nas

98

matildeos nos braccedilos e infecccedilotildees respiratoacuterias natildeo manipulam os mariscos

7 MATEacuteRIAS-PRIMAS PREPARO DOS MARISCOS E

EMBALAGENS

71- Eacute realizada lavagem dos mariscos apoacutes captura para a remoccedilatildeo das

sujidades com aacutegua potaacutevel

72- Existe seleccedilatildeo dos mariscos antes do cozimento

73- Eacute utilizada aacutegua potaacutevel para lavagem e cozimento dos mariscos

74- Durante o cozimento existe controle do tempo de contato do marisco

com a aacutegua fervente

75- Apoacutes o cozimento os mariscos satildeo resfriados sob superfiacutecie limpa e

adequada (afastado do chatildeo e de animais)

76- Durante a cataccedilatildeo satildeo utilizados utensiacutelios limpos e em bom estado de

conservaccedilatildeo

77- As matildeos satildeo devidamente higienizadas

78- Satildeo utilizados utensiacutelios (escumadeira colher etc) limpos para o

porcionamento dos mariscos nas embalagens

79- As embalagens utilizadas satildeo limpas transparentes e adequadas para o

armazenamento dos mariscos

710- O tempo entre o cozimento e o acondicionamento dos mariscos sob o

frio excede 30 minutos

711- O marisco preparado e armazenado sob refrigeraccedilatildeo ou congelamento

possui identificaccedilatildeo

99

Lembrar as meninas para alguns detalhes

Natildeo Aplicaacutevel

OBS Observar e perguntar as marisqueiras quanto tempo o produto (marisco) fica em temperatura ambiente ateacute o resfriamento

100

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM

Cara (o) marisqueira ou pescador

Dando continuaccedilatildeo agraves atividades do Projeto aproveitamos o momento para conversarmos

sobre algumas questotildees que devem ser respondidas primeiramente em pequenos grupos e depois

compartilhadas com todos os participantes da nossa Roda de Conversa

Segue a tarefa

1 Como se sentiu com a realizaccedilatildeo do curso considerando o trabalho (mariscagem)

2 Apoacutes o curso houve mudanccedila no seu trabalho como marisqueira Se sim qual (ais)

3 O que jaacute era feito e vocecirc reforccedilou o seu cuidado

4 Vocecirc discorda de algo que foi mostrado de Boas Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo dos mariscos

5 Foi difiacutecil fazer mudanccedilas no seu modo de trabalhar

O que foi mais faacutecil O que foi mais difiacutecil

6 Como se sente com as mudanccedilas feitas

7 O que falta para ficar melhor

8 O que sugere para as proacuteximas atividades

Agradecemos pela sua participaccedilatildeo

Um abraccedilo

Equipe de Nutriccedilatildeo (UFBA) e Equipe de Fisioterapia (UNEB)

Mariscagem

101

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DAS ETAPAS DE SENSIBILIZACcedilAtildeO

E DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS

FICHA DE AVALIACcedilAtildeO

Sua opiniatildeo sobre o curso eacute muito importante para noacutes Por gentileza responda as questotildees

abaixo

1 Explicaccedilatildeo dos assuntos

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

2 Recursos utilizados

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

3 Ritmo das atividades

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

4 Resposta das perguntas feitas

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

5 Considero minha aprendizagem

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

6 O que poderia ser diferente

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 O que faltou ser abordado

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

102

8 O que vocecirc mais gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

9 O que vocecirc natildeo gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10 OBSERVACcedilOtildeES (Aqui vocecirc escreve o que quiser)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

103

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA E

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

REALIZACcedilAtildeO

APOIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

Maio - 2014

104

Esta cartilha tem como objetivo fornecer conceitos baacutesicos em

higiene de alimentos agraves marisqueiras que frequentaram o curso de

capacitaccedilatildeo ministrado por professores e alunos do Mestrado em

Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e do Mestrado em

Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Universidade Federal da Bahia

O curso visa aumentar a qualidade dos mariscos manipulados

e processados pelas marisqueiras que vivem em cidades e distritos

proacuteximos agrave regiatildeo da Baiacutea de Todos os Santos mais especificamente na

comunidade Ilha do Paty em Satildeo Francisco do Conde

A Cartilha da Marisqueira faz parte de uma das etapas da

dissertaccedilatildeo de mestrado em Ciecircncia de Alimentos do discente Raphael

Auguste Dantas e contou com a colaboraccedilatildeo das mestrandas Gabriela

Silva da Noacutebrega e Mary Daiane Fontes Santos

As imagens desta cartilha foram extraiacutedas da Cartilha do

Manipulador de Alimentos que faz parte do Projeto APPCC Mesa

organizado em parceria pelo

SENACSENAISEBRAESESCSESIANVISA

1

2 17

105

INTRODUCcedilAtildeO

O catado de marisco (sarnambi sururu ostra siri

caranguejo aratu) eacute um alimento pereciacutevel que pode causar

diversos tipos de doenccedilas caso seja produzido sem os devidos

cuidados de higiene

As condiccedilotildees da mateacuteria-prima equipamentos e utensiacutelios

aleacutem da conservaccedilatildeo do catado em refrigeradores satildeo

fundamentais para obter um alimento seguro entretanto as

etapas de preparo satildeo decisivas para a qualidade final dos

mariscos processados

Um bom preparo iraacute garantir a qualidade higiecircnico-

sanitaacuteria dos catados e esse manual apresenta dicas de como

proceder durante a manipulaccedilatildeo e o processamento desse

alimento

Um alimento de boa qualidade eacute aquele que natildeo oferece

nenhum tipo de perigo para as pessoas que vatildeo consumi-lo

CONCLUSAtildeO

A realizaccedilatildeo do mini-cursoevento de formaccedilatildeo em Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo para as marisqueiras eacute o resultado do

esforccedilo conjunto de comunidades ribeirinhas que vivem nos

municiacutepios e distritos do entorno da Baiacutea de Todos os Santos (em

especial na Ilha do Paty - SFC) e dos docentes e discentes do

Mestrado em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e

do Mestrado de Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Escola de

Nutriccedilatildeo da Universidade Federal da Bahia

Este trabalho buscou aproximar o conhecimento

cientiacutefico da sociedade estabelecendo e concretizando em

harmonia as trecircs dimensotildees de atuaccedilatildeo da UFBA o ensino a

pesquisa e a extensatildeo

106

PERIGOS tudo que pode pocircr em risco a sauacutede das pessoas

Perigos fiacutesicos cascas de mariscos fios de cabelos gratildeos

de areia espinhas de peixes resiacuteduos de esmalte outros

Perigos quiacutemicos desinfetantes detergentes venenos

para ratos baratas e formigas metais e poluentes

ambientais aditivos alimentares

Perigos microbioloacutegicos microrganismos (bacteacuterias

fungos viacuterus entre outros)

Os perigos alimentares tecircm sido referidos ao longo da

Histoacuteria como um problema para a sauacutede do homem Eacute

importante que os alimentos natildeo possuam nenhum tipo de perigo

pois alguns desses podem causar doenccedilas ou ateacute levar a morte

As etapas de lavagem do marisco antes do cozimento e a

cataccedilatildeo satildeo etapas fundamentais para evitar a presenccedila de perigos

fiacutesicos (areia lama resiacuteduo de esmalte) no catado de marisco

3 16

107

HIGIENE PESSOAL

Higiene pessoal significa cuidar da higiene da pele dos

cabelos das unhas da roupa que usa para preparar o marisco

entre outras coisas

Durante o preparo do marisco natildeo se deve utilizar aneacuteis

brincos colares ou esmalte nas unhas porque esses podem se

soltar e cair dentro do alimento

Muitos microrganismos perigosos satildeo transmitidos aos

alimentos pela falta de higiene pessoal durante o preparo a

manipulaccedilatildeo e o processamento dos alimentos

A higiene pessoal de quem trabalha diretamente no

preparo do catado de marisco eacute uma das mais importantes formas

para evitar a contaminaccedilatildeo deste tipo de alimento por microacutebios

A higiene pessoal aleacutem de ser importante para a sauacutede

tambeacutem eacute fundamental para a produccedilatildeo de um alimento seguro

Ter boa higiene pessoal significa

15

5

4

HIGIENE PESSOAL 14

108

13 6

109

110

7

LAVAGEM DAS MAtildeOS

Entre as formas de higiene pessoal a lavagem

correta das matildeos durante o preparo e manipulaccedilatildeo do

catado de marisco eacute sem duacutevida a que mais diminui o risco

de contaminar o alimento com microrganismos

Durante o preparo e manipulaccedilatildeo do catado de

marisco eacute importante lavar as matildeos

Antes de comeccedilar a catar os mariscos

Depois que utilizar o banheiro

Depois de tossir espirrar ou assoar o nariz

Depois de recolher o lixo

Depois de manusear dinheiro

Lembre-se de sempre utilizar sabatildeo ou sabonete para

lavar as matildeos e enxaguar bastante em aacutegua corrente para

natildeo deixar resiacuteduos

12

COMPORTAMENTO DENTRO DA COZINHA

111

LAVAGEM CORRETA DAS MAtildeOS 8

UTENSIacuteLIOS

Utensiacutelios satildeo todos os instrumentos como facas facatildeo

machadinho panelas baldes escorredor garfos bandejas e

vasilhas utilizadas durante o preparo do catado de marisco

O bom estado de conservaccedilatildeo e a higiene dos utensiacutelios

satildeo importantes para garantir a qualidade do produto final

Eles devem ser limpos antes e depois do preparo do

alimento quando deve ser realizada a lavagem com

detergente seguida da sanitizaccedilatildeo com soluccedilatildeo clorada feita a

partir da mistura de 1 colher de aacutegua sanitaacuteria em 1 litro de

aacutegua

O manipulador deve ficar atento para natildeo utilizar o mesmo

utensiacutelio no marisco cru e cozido para evitar a contaminaccedilatildeo

cruzada ou quando estiver manipulando dois tipos diferentes

de mariscos ao mesmo tempo

11

112

AMBIENTE DE TRABALHO

Aleacutem da higiene pessoal a higiene do ambiente de

trabalho tambeacutem eacute importante para a qualidade do alimento

produzido

Antes de comeccedilar a catar o marisco eacute importante limpar o

local onde vai ser feito o preparo e a manipulaccedilatildeo dos

mariscos

Locais fechados como a cozinha satildeo mais faacuteceis de limpar

do que locais abertos como quintais ou varandas

Evitar trabalhar em ambientes sujos na presenccedila de

animais de estimaccedilatildeodomeacutesticos e com lixo exposto e sempre

manter o lixo em vasilhas com a tampa fechada para evitar

atrair ratos e insetos

9

PRAGAS

Os ratos baratas e moscas satildeo atraiacutedos pelo lixo e pelo

forte cheiro do marisco

Eles podem contaminar os alimentos com microrganismos

e transmitir diversos tipos de doenccedilas graves

Outros animais como catildees e gatos tambeacutem podem

contaminar os alimentos com microacutebios por isso a cataccedilatildeo dos

mariscos deve ser realizada em um local bem afastado do lixo

e de animais domeacutesticos

Sempre deve ser realizado o combate dessas pragas

evitando que eles se alimentem dos restos dos alimentos e

possam se multiplicar

10

113

CINCO CHAVES PARA SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) haacute muito tempo adverte para a importacircncia da formaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos no que diz

respeito agrave sua responsabilidade na seguranccedila alimentar Em 2001 a OMS criou o Manual das ldquoCinco Chaves para uma Alimentaccedilatildeo mais Segurardquo que

compreende os seguintes princiacutepios

(1) Manter a limpeza das matildeos das superfiacutecies equipamentos e utensiacutelios utilizados na preparaccedilatildeo e manipulaccedilatildeo dos alimentos (mariscos)

(2) Separar os alimentos crus (carnes peixes e mariscos) de alimentos cozidos utilizar diferentes equipamentos e utensiacutelios como facas e taacutebuas de corte

para alimentos crus e cozidos e guardar os alimentos em recipientes ou embalagens fechadas para que natildeo haja contato entre esses alimentos

(3) Cozinhar bem os alimentos especialmente carne ovos peixe e mariscos em temperaturas acima de 70degC

114

(4) Manter os alimentos a temperaturas seguras fora da zona de perigo 5deg C a 65deg C Natildeo deixar alimentos cozidos por mais de 2 horas agrave temperatura

ambiente refrigerar rapidamente os alimentos cozidos eou pereciacuteveis preferencialmente abaixo de 5ordmC natildeo descongelar os alimentos agrave temperatura

ambiente

(5) Utilizar aacutegua e mateacuterias-primas seguras como por exemplo aacutegua potaacutevel ou trate-a para que se torne segura (ferver ou filtrar a aacutegua) selecionar

alimentos variados e frescos lavar frutas e vegetais especialmente se forem consumidos crus e natildeo utilizar alimentos com o prazo de validade expirado

(vencido)

115

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS

116

117

118

ANEXO G ndash GUIA DE HIGIENIZACcedilAtildeO DA CAIXA D`AacuteGUA

PASSO A PASSO COMO LIMPAR SUA CAIXA DrsquoAacuteGUA

1) Programe o dia da lavagem da sua caixa drsquoaacutegua Decirc preferecircncia ao fim de semana

2) Feche o registro da entrada da casa ou amarre a boia

3) Reserve aacutegua para uso durante o periacuteodo que estiver limpando

4) Deixe um palmo de aacutegua na caixa drsquoaacutegua que seraacute utilizada para a limpeza

5) Tampe a saiacuteda de aacutegua do fundo da caixa com um pano limpo Assim a sujeira natildeo desce pela

tubulaccedilatildeo

6) Esfregue as paredes e o fundo com escova de fibra vegetal ou bucha de fio plaacutestico macio

Nunca use sabatildeo detergente ou produto quiacutemico Natildeo usar palha de accedilo e vassoura

7) Remova a aacutegua suja da caixa drsquoaacutegua com balde caneco e pano Natildeo deixe essa aacutegua descer

pelos canos para natildeo contaminar

8) Deixe a saiacuteda do fundo tampada e deixe entrar mais um palmo de aacutegua Adicione 1 Litro de

aacutegua sanitaacuteria para cada 1000 Litros da caixa drsquoaacutegua

9) Usando luvas e botas de borracha limpos molhe as paredes com a soluccedilatildeo usando uma

brocha balde caneca ou pano Repita + 3 vezes a cada 30 minutos

10) Ainda com o registro fechado retire o pano da saiacuteda do fundo da caixa esvaziando totalmente

Abra as torneiras da casa e decirc descarga para desinfetar a rede interna

11) Abra o registro Enxague as paredes laterais com a aacutegua que estaacute entrando Deixe escoar essa

aacutegua pela rede interna Natildeo a utilize

12) Lave bem a tampa por dentro e feche a caixa direito para natildeo entrar pequenos animais insetos

ou sujeira

13) Anote a data da limpeza e programe a proacutexima limpeza a cada 6 meses

119

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO FACULDADE DE FARMAacuteCIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Projeto A cadeia produtiva de pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco

agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Prezado (a) Sr (a)

Eu fui convidado(a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada A cadeia produtiva de

pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar sob a responsabilidade da pesquisadora Profa Ryzia de

Cassia Vieira Cardoso

Fui esclarecido(a) que o objetivo da pesquisa eacute caracterizar a pesca e o comeacutercio de pescados em

Satildeo Francisco do Conde-BA visando contribuir para a melhoria da qualidade da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo dos pescados e da condiccedilatildeo de vida dos trabalhadores dessas atividades

Estou ciente que serei entrevistado pelos pesquisadores encarregados do Projeto no que se refere

agraves minhas condiccedilotildees de vida escolaridade sauacutede moradia e trabalho e as condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo conservaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do pescado de forma livre e de acordo com minha

vontade assinando esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Fui informado(a) que os dados seratildeo coletados no meu local de trabalho e tambeacutem que os

pesquisadores comprometem-se a utilizar as informaccedilotildees obtidas exclusivamente 117

120

para os fins estabelecidos no projeto incluindo a elaboraccedilatildeo de relatoacuterios que seratildeo entregues agrave

Prefeitura e a publicaccedilatildeo dos resultados sejam eles favoraacuteveis ou natildeo

Fui alertado(a) ainda que natildeo receberei nenhum pagamento nem equipamento de pesca ou outros

equipamentos pelas informaccedilotildees que prestarei aos pesquisadores podendo desistir em qualquer

etapa e retirar meu consentimento sem penalidades prejuiacutezo ou perdas e que os dados fornecidos

permaneceratildeo sob sigilo absoluto assegurando o meu anonimato

Estou ciente que terei acesso aos dados registrados e reforccedilo que natildeo fui submetido (a) a coaccedilatildeo

induccedilatildeo ou intimaccedilatildeo

Fui informado(a) que os resultados que seratildeo conseguidos nessa pesquisa auxiliaratildeo a Prefeitura

Municipal de Satildeo Francisco do Conde a tomar decisotildees para melhorar a seguranccedila alimentar e a

inclusatildeo social da comunidade envolvida

Informo ainda que concordo com o que foi dito e estou recebendo coacutepia deste papel

Finalmente fui informado(a) que em caso de duacutevida ou maiores esclarecimentos poderei entrar

em contato com a pesquisadora Profa Ryzia de Cassia Vieira Cardoso na Escola de Nutriccedilatildeo da

UFBA localizada na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador ou pelos telefones (71) 3283-

77007695 email ryziaufbabr ou no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de

NutriccedilatildeoUFBA na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador telefone 3283-7704 ou pelo email

cepnutufbabr

Local ________________ ___________ Data ________________

Nome do entrevistado __________________________________________________

Declaro que recebi de forma voluntaacuteria e apropriada o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para participaccedilatildeo nesta pesquisa

Local ________________ ___________ Data ________________

__________________________________________________

Pesquisador Responsaacutevel Ryzia de Cassia V Cardoso - Tel (71) 3283-77007695 E-mail

ryziaufbabr

121

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA

122

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por me conceder a vida pela forccedila para encarar

toda a jornada e pela sabedoria para desenvolver as atividades da melhor forma possiacutevel e

natildeo desistir nunca

Aos meu pais Dailton e Luciene pelo amor incondicional por acreditarem em mim e

permitirem que chegasse ateacute aqui

Agraves minhas irmatildes Rafa Gabi e Carol pelo amor incentivo e compreensatildeo

Agrave minha avoacute Lelita pelo amor pela oraccedilatildeo diaacuteria e pelo acolhimento

Aos meus tios e tias em especial Josias Luiacutes Dora Nete Rony e Marlene pelo incentivo e

pelo carinho

Agrave minha madrinha Taiana pelo bem querer amor e estiacutemulo

Aos meus primos e primas em especial Mona Cela Duda Geo Jack e Mila pelo apoio e

carinho

Aos meus amigos e amigas em especial Dija Rafa Nine Amon Ismara Mary Juli Drika

El Nenel Stela e Lari pelo incentivo e amor

Agraves minhas irmatildes emprestadas Alana e Laiacutes por acompanharem de perto meus momentos de

felicidade e de desespero e pelo carinho

Agrave minha orientadora Ryzia pelo carinho pelos ensinamentos pela paciecircncia e por ser

realmente uma ldquoorientadorardquo que mesmo que de longe natildeo me deixou desamparada um soacute

segundo mostrando que o conhecimento vai aleacutem do cientiacutefico e que tem um imenso papel

social Quando crescer quero ser igual a vocecirc

Ao grupo SACIA em especial Iacutecaro Iacutesis Aacutequila e Juccedilara porque com vocecircs descobri que

juntos somos apenas um

Aos professores Acircngelo Dalva Alaiacutese e Itaciara por natildeo medirem esforccedilos para me ajudar e

pelo carinho

Aos meus amados e eternos bolsistas e voluntaacuterios Abner Aline Carol Suelen Taate

Thayse Thatimila e Sara pela dedicaccedilatildeo pelo esforccedilo e sorriso diaacuterio mesmo diante dos

percalccedilos

Agraves minhas ldquoCats de Alimentosrdquo Iacutesis Jaque Lana Lari e Mila e aos demais colegas de

mestrado em especial Deacuteia Ceci e Claudinha por compartilharem os momentos bons e

difiacuteceis pois tenho certeza que com vocecircs tudo ficou mais faacutecil

Agraves mestres Gabi Mary Simone Elma e Candice pela contribuiccedilatildeo e pelo carinho

Agrave Luiacutes Ari e Ayse por compartilharem conhecimento e pela imensa ajuda nos momentos em

que precisei

Agrave seu Jorge por me auxiliar na locomoccedilatildeo e permitir que chegasse no meu destino em paz

Agrave todos funcionaacuterios da ENUFBA em especial Dona Nice Ritinha Railda Selma seu

Ademaacuterio Monteiro seu Vivaldo e seu Antocircnio por tornarem meu ambiente de trabalho mais

harmonioso e pelo apoio e carinho

Agrave Mariese pela contribuiccedilatildeo com as anaacutelises dos dados e interpretaccedilotildees estatiacutesticas

Agraves marisqueiras da Ilha das Fontes em especial Ninha Miralva Marinalva Leninha Denilza

e Vacircnia pela receptividade pelo carinho pela ajuda pelos sorrisos pela boa vontade Com

vocecircs me senti acolhida e realmente acreditei que conseguiria chegar ao fim dessa jornada

Agrave prefeitura de Satildeo Francisco do Conde pelo apoio

Agrave FAPESB pelo apoio financeiro

E por fim a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu concluiacutesse mais essa etapa

com ecircxito

Muito obrigada

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 13

OBJETIVOS 15

Geral 15

Especiacuteficos 15

Capiacutetulo I ndash REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 16

1 Pesca artesanal 16

2 A mariscagem 18

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo 20

4 Indicadores de qualidade do pescado 22

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal 25

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento 27

REFEREcircNCIAS 30

Capiacutetulo II - FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA

MARISQUEIRAS UMA EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA

BAIacuteA DE TODOS OS SANTOS BRASIL 39

Resumo 39

Abstract 40

1Introduccedilatildeo 40

2 Material e meacutetodos 42

21 Seleccedilatildeo do local 42

22 Programa de intervenccedilatildeo 42

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias 44

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias 44

25 Anaacutelise de dados 45

3 Resultados e Discussatildeo 45

31 Programa de intervenccedilatildeo 45

311 Sondagem 45

312 Sensibilizaccedilatildeo 45

313 Acompanhamento in loco antes 47

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos 50

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo 55

316 Roda de conversa 61

4 Conclusatildeo 62

5 Referecircncias 63

Capiacutetulo III - EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA

MARISQUEIRAS AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM

INDICADORES MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS 67

Resumo 67

Abstract 68

1Introduccedilatildeo 68

2 Material e Meacutetodos 70

21 Atividade Educativa 70

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa 71

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas 72

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas 73

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos 74

3 Resultados e Discussatildeo 74

31 Anaacutelises microbioloacutegicas 74

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 79

321 pH79

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) 82

4 Conclusatildeo 83

6 Referecircncias 84

Consideraccedilotildees finais 89

APEcircNDICES 90

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO 90

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS

PRAacuteTICAS 91

ANEXOS 92

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM 92

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS 94

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM 100

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS 101

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA 103

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS 115

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 119

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA 121

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 43

Figura 2 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras antes da

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 49

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo da atividade educativa realizada

junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de Todos os

Santos Brasil 20142015 54

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto

ao atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das

Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA 20142015 56

Figura 5 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras apoacutes a

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 59

LISTA DE TABELAS

CAPIacuteTULO II

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes da

formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco

do Conde Brasil 20142015 51

CAPIacuteTULO III

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes depois da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da

Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa

20142015 80

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) nas amostras de mariscos

beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa 20142015 82

LISTA DE QUADROS

CAPIacuteTULO III

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas em planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil

20142015 70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA ndash Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APPCC ndash Anaacutelises de Pontos e Perigos Criacuteticos de Controle

BPF ndash Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo

BPP ndash Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo

DORT ndash Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho

DTA ndash Doenccedilas Transmitidas por Alimentos

EPI ndash Equipamentos de Proteccedilatildeo Individual

FAO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Alimentaccedilatildeo e a Agricultura

FAPESB - Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for Foods

LER - Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo

MAPA ndash Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

N-BVT ndash Bases Volaacuteteis Totais

pH ndash Potencial Hidrogeniocircnico

PIB ndash Produto Interno Bruto

RDC - Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RIISPOA - Regulamento da Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem Animal

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UFBA ndash Universidade Federal da Bahia

UNEB ndash Universidade do Estado da Bahia

APRESENTACcedilAtildeO DO TRABALHO

Esta dissertaccedilatildeo encontra-se dividida em Resumo Abstract Introduccedilatildeo Geral Objetivos

(geral e especiacuteficos) Capiacutetulo I (Revisatildeo Bibliograacutefica) Capiacutetulo II (Artigo Formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos para marisqueiras uma experiecircncia em comunidade pesqueira da

Baiacutea de Todos os Santos Brasil) Capiacutetulo III (artigo Eficaacutecia da formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas

para marisqueiras avaliando resultados com base em indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) Conclusatildeo Geral e Apecircndices e Anexos

RESUMO

No Brasil as marisqueiras desempenham papel importante no abastecimento de mariscos

participando de todas as fases do seu beneficiamento destes que compreendem produtos de

origem animal de elevada perecibilidade Os conhecimentos na mariscagem satildeo passados de

geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho sendo o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes realizado em condiccedilotildees adversas Assim este trabalho

teve por objetivo avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos

conduzida junto a marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos

Brasil Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas no treinamento constaram a exposiccedilatildeo

dialogada as dinacircmicas de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de

fotos do trabalho na mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave

atividade formativa com interaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e trocas de

experiecircncias Aleacutem disso observaram-se mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos

ainda que houvesse falhas sinalizando a necessidade de aperfeiccediloamentos Para avaliar a

eficaacutecia da atividade formativa na perspectiva do pescado beneficiado foram coletadas

amostras de mariscos das espeacutecies siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra

(Crassostrea rhizophorae) 48 amostras antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram

submetidas a anaacutelises microbioloacutegicas - contagem de microrganismos psicrotroacuteficos de

coliformes a 35ordmC Escherichia coli e de estafilococos coagulase positiva e (PARA) pesquisa

de Salmonella spp - bem como agrave determinaccedilatildeo de pH e de bases volaacuteteis totais (N-BVT)

Verificou-se melhoria na qualidade microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora

146 das amostras tivessem apresentado contagens de estafilococos coagulase positiva

superiores ao paracircmetro oficial Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH mostrou-se

superior ao limite para a quase totalidade das amostras (99) enquanto os valores de N-BVT

estavam dentro da faixa preconizada Apesar dos resultados positivos assume-se na

perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no beneficiamento dos mariscos sob o

aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar a natildeo conformidade para o conjunto

de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo estabelece paracircmetros para as diferentes

espeacutecies estudadas Os resultados evidenciam a aplicabilidade de estrateacutegia educativa em

seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma demanda de educaccedilatildeo

continuada com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e de suporte estrutural agrave cadeia

produtiva da pesca artesanal para o alcance de maior eficaacutecia Em adiccedilatildeo sugere-se a

realizaccedilatildeo de novos estudos que possam explicitar as caracteriacutesticas quiacutemicas das diferentes

espeacutecies de pescado

Palavras-chave pesca artesanal pescado treinamento qualidade de alimentos anaacutelises

microbioloacutegicas seguranccedila alimentar e nutricional

ABSTRACT

In Brazil shellfish pickers play an important role in supplying shellfish participating in all

phases of these processing comprising products of animal origin high perishability

Knowledge in shellfishing is passed from generation to generation without specific training

for the work the minimum processing often performed in harsh conditions This study aimed

to evaluate an educational intervention strategy in food safety conducted with ashellfish

pickers from Ilha das Fontes community Baiacutea de Todos os Santos Brazil It was carried out

an intervention study comprising six stages survey of community interest topics

sensibilization in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers before training

training in Good Practices of food production in situ monitoring of the work routine of

shellfish pickers after training and conversation wheel with the participants Among the

methodologies used in the training dialogued exposure group dynamics conversation wheel

practical simulations the exhibition of photos of the work in shellfish gathering and videos

were used It wasverified a good adhesion of shellfish pickers to the training with good

interaction between the instructors and the community and exchange of experiences In

addition there were positive changes in the processing of shellfish although there were

failures signalizing the need for improvements To evaluate the effectiveness of the training

activity from the perspective of processed seafood samples of shellfishes were collected

including the crab species (Callinectes sapidus) mussels (Mytella falcata) and oyster

(Crassostrea rhizophorae) 48 samples before the intervention and 48 after The samples were

submitted to microbiological analysis - psychrotrophic count coliforms at 35ordmC Escherichia

coli and coagulase-positive staphylococus and Salmonella spp search - and the determination

of pH and total volatile bases (TVB-N) It was verified improvement in the microbiological

quality of shellfish after the intervention although 146 of the samples had presented counts

of coagulase-positive staphylococcus higher than the official parameter When compared to

national standards the pH was superior to the limit for most samples (99) while the TVB-

N values were within the recommended range Despite the positive results it is assumed on

the microbiological perspective that failure occurred in the processing of shellfish on the

physical-chemical aspect however it is not possible to say the non-compliance to the set of

samples since the Brazilian legislation does not provide information for different species The

results evidence the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing even if they register a continuing education demand with directions and more

effective control and structural support to the supply chain in order to achieve greater

efficiency In addition it is suggested to conduct new studies that may explain the chemical

characteristics of different species of seafood

Keywords artisanal fishing seafood training food quality microbiological analysis

food security

13

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

Ao redor do mundo a pesca emprega aproximadamente 583 milhotildees de pessoas das quais

37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade complementar e o restante de

forma ocasional (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal eacute uma atividade tradicionalmente ligada agraves comunidades

costeiras constituindo a sua principal fonte de renda haja vista a baixa especializaccedilatildeo e os

elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (RODRIGUES e GIUDICE 2011) Em todo o

paiacutes cerca de 45 da produccedilatildeo anual de pescado (1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado)

procede da pesca artesanal (BRASIL 2011)

Um dos segmentos da pesca extrativa e artesanal eacute a mariscagem realizada por mulheres

que satildeo conhecidas como marisqueiras por coletarem mariscos Estas pescadoras participam de

todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto desde a coleta (captura) ateacute a comercializaccedilatildeo com

beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo (PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST

2011) Ao longo de toda a cadeia produtiva entretanto eacute frequente a falta de estrutura e a

precariedade observando-se condiccedilotildees incorretas de manipulaccedilatildeo armazenamento e transporte

que contribuem para a perda da qualidade sanitaacuteria e para a deterioraccedilatildeo do produto que eacute

disponibilizado ao consumidor (SANTOS 2006)

Nesse contexto uma das grandes preocupaccedilotildees com o pescado diz respeito agrave necessidade

de boa conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sua qualidade higiecircnicosanitaacuteria considerando os riscos da

ocorrecircncia das doenccedilas transmitidas por alimentos Deste modo torna-se indispensaacutevel conhecer

todas as etapas de seu processamento assegurando a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas dos

produtos

No acircmbito da pesca artesanal eacute fato que os pescadores e marisqueiras desenvolvem a

atividade de manipulaccedilatildeo do pescado de modo tradicional em um saber-fazer que foi

historicamente construiacutedo mas que apresenta prejuiacutezos agrave qualidade sobretudo em virtude da

insuficiecircncia de infraestruturas de apoio e de conhecimento teacutecnicos como a adoccedilatildeo das Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo (OLIVEIRA BRASIL e TADDEI 2008 STEFANELLO LINN e

MESQUITA 2009)

Em Satildeo Francisco do Conde Recocircncavo da Bahia a mariscagem compreende fonte de

subsistecircncia e oferta de alimentos para muitas famiacutelias No entanto observa-se rusticidade na

atividade e baixa qualidade sanitaacuteria do pescado comercializado para a populaccedilatildeo uma vez que

14

este permanece exposto por um longo periacuteodo de tempo agrave temperatura ambiente e sem a adoccedilatildeo

de maiores criteacuterios de higiene por parte dos manipuladores (ARGOcircLO 2012)

Deste modo o desenvolvimento de atividades educativas orientadas para marisqueiras

abordando princiacutepios de qualidade e seguranccedila do pescado torna-se importante estrateacutegia para

socializaccedilatildeo de conhecimentos que podem ser aplicados em toda a cadeia produtiva

contribuindo diretamente para a qualidade higiecircnicosanitaacuteria e a agregaccedilatildeo de valor ao produto e

para o reconhecimento e o fortalecimento do trabalho no setor pesqueiro artesanal

Este trabalho busca descrever o desenvolvimento de atividades formativas para

marisqueiras avaliando a contribuiccedilatildeo desta estrateacutegia para os participantes e para promoccedilatildeo da

qualidade dos produtos comercializados

15

OBJETIVOS

Geral

- Avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos conduzida junto a

marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

Especiacuteficos

- Identificar temas de formaccedilatildeo relativos agrave cadeia produtiva do pescado de interesse das

marisqueiras da comunidade

- Desenvolver programa de intervenccedilatildeo educativa junto aos atores sociais da pesca na

comunidade em observaccedilatildeo agrave realidade local

- Estimular a adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) no ambiente de trabalho da pesca

artesanal

- Contribuir com a formaccedilatildeo de multiplicadores em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo no contexto da

pesca artesanal

16

Capiacutetulo I

REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

1 Pesca artesanal

No Brasil a pesca eacute uma atividade exercida ao longo dos tempos herdada de ancestrais

nativos e colonizadores que era praticada principalmente pelos indiacutegenas e negros adotando

teacutecnicas rudimentares e que sofreram inovaccedilotildees a partir do contato com os portugueses e

espanhoacuteis (RODRIGUES E GIUDICE 2011) Ainda hoje esta atividade exerce papel essencial

no processo de desenvolvimento econocircmico contribuindo para a seguranccedila alimentar e para

reduccedilatildeo da pobreza uma vez que representa fonte vital de alimentos ocupaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

renda para as populaccedilotildees de todo o mundo e principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

como o Brasil (LOPES et al 2011a)

Segundo a legislaccedilatildeo a pesca consiste em

todo ato tendente a retirar extrair coletar apanhar apreender ou capturar espeacutecimes

dos grupos dos peixes crustaacuteceos moluscos e vegetais hidroacutebios suscetiacuteveis ou natildeo de

aproveitamento econocircmico ressalvadas as espeacutecies ameaccedilados de extinccedilatildeo constantes

nas listas oficiais de fauna e da florardquo (BRASIL 1998 Lei 9605 Art36)

A atividade pesqueira apresenta duas categorias artesanal e industrial No que se refere ao

processo de trabalho a pesca artesanal encontra-se em contraste com a pesca industrial por ter

caracteriacutesticas bastante diversificadas tanto em relaccedilatildeo ao habitat e estoques pesqueiros que

exploram quanto agraves teacutecnicas de pesca que utilizam (CLAUZET RAMIRES e BARRELLA

2005)

Na pesca industrial as embarcaccedilotildees possuem maior autonomia sendo capazes de operar

em aacutereas mais distantes da costa efetuando a exploraccedilatildeo de recursos pesqueiros que se

apresentam relativamente concentrados em niacutevel geograacutefico Em adiccedilatildeo apresenta mecanizaccedilatildeo

agrave bordo para a operacionalizaccedilatildeo dos petrechos de captura (BAHIA PESCA 2013)

A pesca artesanal por sua vez eacute realizada exclusivamente pelo trabalho manual do

pescador que utiliza embarcaccedilotildees de meacutedio e pequeno porte e equipamentos (petrechos) sem

nenhuma sofisticaccedilatildeo aleacutem de insumos adquiridos nos comeacutercios locais Tem como base os

conhecimentos dos pescadores adquiridos em famiacutelia a partir da transmissatildeo dos mais velhos da

comunidade ou pela interaccedilatildeo com os companheiros de pescaria uma vez que estes possuem o

conhecimento acerca da classificaccedilatildeo histoacuteria natural comportamento biologia e utilizaccedilatildeo dos

recursos naturais da regiatildeo onde vivem (SILVANO 1997 BAHIA PESCA 2013)

17

Esta atividade estaacute tradicionalmente ligada agraves comunidades costeiras representando a

principal fonte de renda - uma ocupaccedilatildeo importante no contexto socioeconocircmico haja vista a

baixa especializaccedilatildeo e os elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (GARCEZ e

SAacuteNCHEZ-BOTERO 2005 RODRIGUES e GIUDICE 2011)

Em todo o mundo a pesca eacute responsaacutevel por cerca de 583 milhotildees de empregos de acordo

com levantamentos do Fundo das Naccedilotildees Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO 2014) Do

total de pescadores 37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade

complementar e o restante de forma ocasional

No Brasil segundo dados do Ministeacuterio da Pesca e Aquicultura (BRASIL 2014a) existe

aproximadamente um milhatildeo pescadores artesanais registrados cujo trabalho resulta em 45 da

produccedilatildeo anual de pescado O setor representa uma das atividades de maior impacto social e

econocircmico no paiacutes usufruindo da grande extensatildeo litoracircnea e da biodiversidade pesqueira nas 12

grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras

Dentre as regiotildees do paiacutes o Nordeste eacute a maior produtora de pescado com 4542169

toneladas respondendo por 317 da produccedilatildeo nacional - a Bahia eacute o estado maior produtor

desta regiatildeo (592930 toneladas) (BRASIL 2011)

Nesse cenaacuterio estudos tecircm registrado uma visiacutevel divisatildeo sexual e social de trabalho na

pesca artesanal na qual os homens praticam a pesca de alto mar enquanto as mulheres se

ocupam de tarefas da terra Satildeo destinadas as mulheres atividades de pesca que compreendem

desde a captura eou coleta ao beneficiamento do pescado (MALDONADO 1986 LIMA 2003)

Em perspectiva global as mulheres representam 50 do total dos trabalhadores no setor

artesanal de captura de pescado ainda que em muitas comunidades de pesca artesanal

continuem a ser marginalizadas atuando muitas vezes em aacutereas remotas com acesso limitado

aos mercados e agrave sauacutede educaccedilatildeo e a outros serviccedilos sociais (BRASIL 2014b)

No Brasil entre os pescadores artesanais eacute fato comum o baixo grau de escolaridade

assim como o analfabetismo que constitui um dos fatores determinantes para que essa atividade

seja primitiva uma vez que pode acarretar em grandes dificuldades de contextualizaccedilatildeo da

atividade desenvolvida e de incentivo a melhores possibilidades na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas (COSTA 1977) Aleacutem disso consideram-se os maiores desafios relacionados agrave fraca

participaccedilatildeo dos pescadores nas organizaccedilotildees sociais ao desconhecimento da legislaccedilatildeo de base

e aos mecanismos de gestatildeo compartilhada e participativa da pesca (BRASIL 2014a)

Apesar de ser reconhecida como atividade econocircmica junto ao Estado a pesca artesanal

convive entre os limites da informalidade e da formalidade em virtude de diversos fatores

incluindo as dificuldades de modernizaccedilatildeo da atividade de infraestrutura de beneficiamento de

18

conservaccedilatildeo e armazenamento e de abastecimentocomercializaccedilatildeo do pescado com fragilidades

para a venda no mercado ampliado (atacado) Nesse cenaacuterio a perecibilidade do produto e a

dificuldade de organizaccedilatildeo do negoacutecio tornam os pescadores vulneraacuteveis aos negociantes

intermediaacuterios denominados de ldquoatravessadoresrdquo (BRASIL 2010 SILVA 2011)

A pouca organizaccedilatildeo do setor pesqueiro artesanal e outros problemas inerentes a este

segmento exacerbam as consequecircncias estruturais produtos finais com elevados preccedilos pouca

variedade e qualidade - inclusive sanitaacuteria ndash e baixo valor agregado e em geral unidades

produtivas e de comercializaccedilatildeo rejeitadas devido ao baixo rendimento e agrave informalidade

(BRASIL 2010) Dessa forma a pesca artesanal e a aquicultura familiar enfrentam dificuldades

em todos os elos da cadeia produtiva seja na captura produccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo (LOPES et

al 2011b)

2 A mariscagem

A mariscagem consiste em um dos segmentos pesqueiros realizado em aacuterea costeira Na

maioria das comunidades a atividade de mariscagem eacute extrativista e artesanal com pequena

infraestrutura de beneficiamento e pouca ou nenhuma organizaccedilatildeo voltada agrave comercializaccedilatildeo

(MAIA e NETO 2012) Entre os indiviacuteduos que realizam essa atividade estatildeo as mulheres de

pescadores conhecidas como marisqueiras ou mariscadeiras por coletarem mariscos para a

complementaccedilatildeo da renda familiar e tambeacutem para subsistecircncia constituindo quadro marcante na

regiatildeo Nordeste (FREITAS et al 2012)

As mulheres que atuam na mariscagem dispotildeem de um saber proacuteprio que se expressa no

universo simboacutelico de crenccedilas valores e mitos aprendidos atraveacutes de uma heranccedila cultural

secular inscrita em tradiccedilotildees de um modo de pensar e fazer o trabalho Elas atuam em aacutereas

limitadas e costumam trabalhar em grupos sendo a matildeo de obra familiar Estas mulheres detecircm

o saber e exercem praacuteticas em todas as etapas da extraccedilatildeo manual do marisco uma atividade

que somada ao trabalho domeacutestico tradicional configura uma dupla jornada de trabalho (PENA

FREITAS CARDIM 2011)

Na mariscagem a produccedilatildeo estaacute diretamente ligada ao movimento das mareacutes sendo a

vazante de lua cheia e nova consideradas as melhores pelas marisqueiras pois as aacuteguas atingem

maior variaccedilatildeo permitindo acesso a aacutereas propiacutecias agrave coleta dos mariscos (PENA FREITAS

CARDIM 2011) As teacutecnicas e instrumentos utilizados na coleta dos mariscos satildeo rudimentares

e adaptados agrave natureza consistindo basicamente em faca ou facatildeo para a coleta de mariscos

incrustados em pedras colher de pau ou alumiacutenio e mesmo pequenas enxadas para raspar eou

19

cavar a areia e identificar o marisco gerereacutes ou manzuaacutes utilizados para captura do siri panela

de alumiacutenio eou lata para armazenamento de mariscos coletados e balde para o transporte do

produto ateacute a residecircncia para o preparo final e a venda canoas a remo e agrave vela (traquete)

(PACHECO 2006)

As marisqueiras passam cerca de 5 a 6 horas na coleta dos mariscos e retornam quando a

mareacute comeccedila a encher caminhando com o peso dos mariscos nos ombros ou na cabeccedila ou com o

auxiacutelio de canoa Na residecircncia as marisqueiras lavam cozinham catam e congelam os mariscos

em sacos de um quilo para realizar a sua comercializaccedilatildeo Este processo de beneficiamento eacute

realizado na forma tradicional em cozinha domeacutestica com uso de fogatildeo agrave lenha (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Nesse fazer as marisqueiras participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto

desde a coleta ateacute a venda com beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo expondo-se a todos

os riscos inerentes ao ofiacutecio - ergonocircmicos ambientais fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos

(PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST 2011)

Os riscos ergonocircmicos configuram-se em sobrecarga muscular no pescoccedilo ombros dorso

membros superiores e regiatildeo lombar aleacutem do excesso de trabalho riacutetmico centrado no punho

nas atividades repetitivas (PENA FREITAS e CARDIM 2011) Entre os riscos de origem

ambiental natural estatildeo a incidecircncia do sol sobre a pele a friagem e o desgaste fiacutesico Os riscos

fiacutesicos podem ser representados pelas lesotildees em matildeos e peacutes por lacircminas de corte ou por partes

duras dos pescados Os riscos quiacutemicos incluem o contato com secreccedilotildees venenosas dos animais

ou com poluentes na aacutegua e os bioloacutegicos o contato com algas microrganismos e parasitas

(BAHIA 2010)

Algumas marisqueiras sobrevivem exclusivamente da exploraccedilatildeo de mariscos eou outros

moluscos e dessa forma sustentam famiacutelias criam filhos e adquirem alguns bens materiais

como uma moradia proacutepria (DIAS ROSA e DAMASCENO 2007)

No estudo de Pena Freitas e Cardim (2011) a renda meacutedia obtida pelas marisqueiras

atraveacutes da comercializaccedilatildeo dos mariscos foi de cinquenta reais por mecircs mostrando que este

trabalho eacute socialmente desvalorizado - sendo assim impotildee ritmo intenso de trabalho para gerar

mais produtos agrave venda Em paralelo natildeo proporciona condiccedilotildees para a aquisiccedilatildeo de

equipamentos de proteccedilatildeo individual e coletiva contra acidentes e doenccedilas do trabalho (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Vale ressaltar ainda que muitas dessas mulheres desconhecem seus direitos trabalhistas

e permanecem na informalidade agrave espera de melhorias que muitas vezes nunca chegam (DIAS

ROSA e DAMASCENO 2007 RIOS e GERMANI 2012)

20

Em estudo realizado no Recocircncavo baiano no municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde

com abordagem de 695 marisqueiras observou-se a maioria com faixa etaacuteria entre 20 e 40 anos

(56) ndash idade produtiva grande parte declarando-se solteira (412) ou em uniatildeo estaacutevel

(332) com meacutedia de 34 filhos (906) e que exerciam a chefia de famiacutelia (776) Quanto agrave

participaccedilatildeo em cursos relativos a pesca ou outra formaccedilatildeo profissional a maioria declarou

ausecircncia de formaccedilatildeo (757) (SANTOS 2013)

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo

De acordo com o Regulamento de Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem

Animal ndash RIISPOA (BRASIL 1997) o pescado compreende peixes crustaacuteceos moluscos

anfiacutebios e mamiacuteferos de aacutegua doce ou salgada utilizados na alimentaccedilatildeo humana Constitui uma

fonte alimentar de alta digestibilidade (acima de 95) e de composiccedilatildeo nutricional equilibrada

com cerca de 64 a 90 de umidade 8 a 23 de proteiacutena 05 a 25 de gordura 1 a 2 de

resiacuteduos minerais e menos que 1 de carboidratos (ANDRADE BISPO e DRUZIAN 2009)

O pescado eacute um componente importante da dieta de diversos grupos populacionais posto

que apresenta proteiacutenas de alto valor bioloacutegico com a presenccedila de todos aminoaacutecidos essenciais

Tambeacutem fornece em geral um baixo niacutevel de colesterol e uma reserva significativa de aacutecidos

graxos polinsaturados da seacuterie ocircmega 3 (ω-3) os quais possuem efeito cardioprotetor

proporcionando numerosos benefiacutecios agrave sauacutede humana (RAMOS FILHO et al 2008 SOARES

e GONCcedilALVES 2011) Aleacutem disso eacute rico em caacutelcio foacutesforo ferro e vitaminas do complexo B

(GODOY et al 2010 NUNES et al 2013)

O alto teor de nutrientes do pescado aliado ao pH proacuteximo agrave neutralidade e agrave elevada

atividade de aacutegua nos tecidos torna-o um dos produtos de origem animal mais susceptiacuteveis agrave

deterioraccedilatildeo que pode ser definida como alteraccedilotildees inaceitaacuteveis que ocorrem no muacutesculo poacutes-

morte originando produtos com sabores e odores desagradaacuteveis (VIEIRA 2004 MONTEIRO

MAacuteRSICO e VITAL 2010)

Essas alteraccedilotildees acontecem independente da forma como este produto eacute manipulado

contudo a velocidade com que elas se instalam pode ser reduzida ateacute uma certa extensatildeo pela

adoccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos especiacuteficos de modo a prolongar o grau de frescor (LEITAtildeO

1994) Segundo Anacleto et al (2011) a qualidade do pescado diminui devido a um processo

complexo no qual estatildeo implicados eventos fiacutesicos quiacutemicos e microbioloacutegicos de deterioraccedilatildeo

Em peixes a deterioraccedilatildeo pode ocorrer a partir de reaccedilotildees de autoacutelise pela atividade

bacteriana por oxidaccedilatildeo ou pela combinaccedilatildeo dos trecircs processos O processo de autoacutelise consiste

21

na accedilatildeo de enzimas tissulares e dos sucos digestivos sobre os tecidos musculares apoacutes a morte

do pescado resultando na sua decomposiccedilatildeo e consequentemente no amolecimento e

desintegraccedilatildeo da carne promovendo assim a disseminaccedilatildeo de micro-organismos que agem na

superfiacutecie do pescado nas guelras e no trato intestinal A oxidaccedilatildeo lipiacutedica manifesta-se por

mudanccedilas no cheiro cor textura valor nutritivo do pescado e possiacutevel produccedilatildeo de compostos

toacutexicos afetando sua aceitabilidade para o consumo (JENSEN LAURIDSEN e BERTELSEN

1998 JAY 2005 NOGALA-KALUCKA et al 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Nos crustaacuteceos a deterioraccedilatildeo parece ser semelhante agrave dos peixes tendo seu iniacutecio nas

superfiacutecies mais externas devido agrave sua anatomia Esse grupo de pescado apresenta altas

quantidades de aminoaacutecidos livres e extratos nitrogenados que os torna expostos ao raacutepido

ataque da microbiota deteriorante Aleacutem disso a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute acompanhada

pela produccedilatildeo de elevadas quantidades de bases nitrogenadas volaacuteteis como ocorre nos peixes

(JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Quanto aos moluscos a deterioraccedilatildeo difere daquela apresentada pelos peixes e crustaacuteceos

sendo um processo basicamente fermentativo em decorrecircncia de sua carne ser constituiacuteda de

alto teor de carboidratos sobretudo na forma de glicogecircnio e do menor teor de nitrogecircnio (JAY

2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem dos fatores intriacutensecos que satildeo inerentes ao pescado fatores externos como o tipo de

captura o tempo de armazenamento refrigeraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo inadequada podem facilitar a

degradaccedilatildeo do pescado e consequentemente as alteraccedilotildees bioquiacutemicas autoliacuteticas ou promovidas

pelo desenvolvimento de micro-organismos Estes fatores satildeo denominados extriacutensecos e podem

concorrer para o aumento dos riscos agrave sauacutede do consumidor (SILVA MATTEacute e MATTEacute 2008

AMARAL e FREITAS 2013 ROSSO 2013)

Deste modo salienta-se a importacircncia da anaacutelise de riscos no setor pesqueiro

considerando todas as etapas que vatildeo desde a captura ateacute a comercializaccedilatildeo uma vez que em

geral o pescado que chega ao consumidor possui uma carga microbiana elevada composta tanto

por micro-organismos deteriorantes como por patoacutegenos Nessa direccedilatildeo o grau de deterioraccedilatildeo

do pescado eacute determinado principalmente pela carga bacteriana inicial pela temperatura de

conservaccedilatildeo pelo tempo decorrido apoacutes a sua morte e pelas praacuteticas sanitaacuterias adotadas

(EIROA 1980 GONCcedilALVES 2009)

Alguns meacutetodos de conservaccedilatildeo satildeo aplicados ao pescado visando prolongar sua vida uacutetil

como a refrigeraccedilatildeo o congelamento e o processamento teacutermico A refrigeraccedilatildeo natildeo apresenta

accedilatildeo esterilizante apenas retarda as atividades microbianas jaacute existentes e impede o surgimento

de novos agentes deteriorantes enquanto que o congelamento emprega temperaturas que

22

reduzem ou paralisam a deterioraccedilatildeo causada por micro-organismos enzimas ou agentes

quiacutemicos O tratamento teacutermico dado ao produto cujo tempo de exposiccedilatildeo ao calor uacutemido eacute

variaacutevel conforme o tamanho velocidade de penetraccedilatildeo do calor e condiccedilotildees de aquecimento

reduz a carga microbiana e inibe o crescimento de bacteacuterias parasitas e viacuterus prejudiciais ao

homem (ANTONIOLLI 1999 CAMPOS e PAIVA 2011 CORDEIRO et al 2007)

4 Indicadores de qualidade do pescado

O processo de deterioraccedilatildeo do pescado eacute complexo envolvendo sobretudo processos de

natureza microbioloacutegica e quiacutemica razatildeo pela qual natildeo eacute aconselhaacutevel o uso de apenas um

meacutetodo para avaliar sua qualidade Nesse sentido para avaliaccedilatildeo da qualidade satildeo recomendadas

anaacutelises por indicadores sensoriais fiacutesico-quiacutemicos e microbioloacutegicos (NUNES BATISTA e

CARDOSO 2007 ALI 2011)

Os paracircmetros sensoriais compreendem meacutetodos usados para medir analisar e interpretar

reaccedilotildees e caracteriacutesticas dos alimentos os quais satildeo percebidos pelos sentidos Mesmo que se

desenvolvam meacutetodos instrumentais de faacutecil aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo do pescado a anaacutelise

sensorial continua a ser essencial pois fornece informaccedilatildeo completa sobre o estado do pescado

(NIELSEN 1997 STEVANATO et al 2007)

No que se refere agraves caracteriacutesticas sensoriais dos peixes no Brasil eacute estabelecido pela

legislaccedilatildeo que estes devem apresentar as seguintes caracteriacutesticas superfiacutecie do corpo limpa e

com relativo brilho metaacutelico olhos transparentes brilhantes e salientes ocupando

completamente as oacuterbitas guelras roacuteseas ou vermelhas uacutemidas e brilhantes com odor natural

proacuteprio e suave ventre roliccedilo firme natildeo deixando impressatildeo duradoura agrave pressatildeo dos dedos

escamas brilhantes bem aderentes agrave pele e nadadeiras apresentando certa resistecircncia aos

movimentos provocados e carne firme com consistecircncia elaacutestica de cor proacutepria agrave espeacutecie

(BRASIL 1997)

Os crustaacuteceos devem apresentar aspecto geral brilhante uacutemido corpo em curvatura

natural riacutegida artiacuteculos firmes e resistentes carapaccedila bem aderente ao corpo coloraccedilatildeo proacutepria

agrave espeacutecie sem qualquer pigmentaccedilatildeo estranha olhos vivos destacados e cheiro proacuteprio e suave

(BRASIL 1997)

Para os moluscos bivalves recomenda-se que sejam expostos agrave venda vivos com valvas

fechadas e com retenccedilatildeo de aacutegua incolor e liacutempida nas conchas cheiro agradaacutevel e pronunciado

carne uacutemida bem aderente agrave concha de aspecto esponjoso e de cor cinzenta-clara nas ostras e

amareladas nos mexilhotildees (BRASIL 1997)

23

Em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos no paiacutes os padrotildees mais utilizados para

avaliar o frescor do pescado incluem as determinaccedilotildees de pH bases nitrogenadas volaacuteteis totais

(N-BVT) bases volaacuteteis terciaacuterias e as reaccedilotildees de gaacutes sulfiacutedrico e de indol (BRASIL 1997)

Tendo em vista que o pH de um alimento eacute uma caracteriacutestica importante para a sua

conservaccedilatildeo o fato do pescado apresentar um pH proacuteximo da neutralidade propicia o

desenvolvimento tanto de micro-organismos deterioradores como de patoacutegenos O pH da

musculatura pode ser influenciado pela espeacutecie do pescado meacutetodos de captura manuseio e

armazenamento assim esta mateacuteria-prima requer cuidados especiais para sua conservaccedilatildeo O

paracircmetro de pH oficial estabelece que este deve ser inferior a 65 na parte interna do peixe

fresco no entanto natildeo haacute consideraccedilotildees das especificidades para as demais espeacutecies de pescado

(LEITAtildeO 1988 BRASIL 1997 GALVAtildeO et al 2006) Desta forma a literatura cientiacutefica

registra algumas faixas de pH para as outras espeacutecies de pescado entre 68 e 70 para camaratildeo

em torno de 70 para o siri crustaacuteceo semelhante ao caranguejo em torno de 65 para moluscos

e na faixa entre 48 e 63 para ostra (JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

As bases volaacuteteis totais tambeacutem satildeo utilizadas para avaliar o frescor do pescado

indicando a degradaccedilatildeo de compostos nitrogenados derivada da autoacutelise e da decomposiccedilatildeo

microbiana Os compostos nitrogenados mais frequentes satildeo a trimetilamina e a amocircnia A

legislaccedilatildeo estabelece que o limite se N-BVT no pescado seja inferior a 30mg de

N100g (ASHIE SMITH e SIMPSON 1996 BRASIL 1997 SCHERER et al 2004)

Em estudo conduzido por Argocirclo (2012) com anaacutelise de amostras de sururu e siri

beneficiados em Satildeo Francisco do Conde foi possiacutevel verificar valores meacutedios de pH de 69 e

81 respectivamente Em pesquisa realizada por Cordeiro et al (2007) observou-se valor meacutedio

de pH de 69 em mexilhotildees congelados comercializados no municiacutepio de Ubatuba (SP) Em

relaccedilatildeo agraves N-BVT Souza et al (2013) ao avaliar pescado congelado comercializado no

Mercado Municipal de Satildeo Francisco do Conde registrou valor de mediana em amostras de siri

de 45mgN100g enquanto que Argocirclo (2012) tambeacutem em amostras de siri observou valor

meacutedio de 287mgN100g

Quanto ao aspecto microbioloacutegico a seguranccedila do pescado eacute de extrema importacircncia

visto que as doenccedilas transmitidas por alimentos tecircm sido registradas em grande parte como

decorrecircncia da falta de cuidados e de controles desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima ateacute a

manipulaccedilatildeo e processamento (MARQUES SEABRE e DAMASCENO 2009) Desta forma no

Brasil a Resoluccedilatildeo RDC Ndeg 122001 da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

estabelece os padrotildees microbioloacutegicos para alimentos expostos agrave venda devendo ser o pescado

cru resfriado ou congelado ser analisado para estimativa de coliformes

24

termotolerantesEscherichia coli contagem de estafilococos coagulase positiva e pesquisa de

Salmonella spp (BRASIL 2001)

Nessa legislaccedilatildeo satildeo estabelecidos padrotildees relacionados ao pescado in natura congelado

natildeo consumido cru incluindo estafilococos coagulase positivag com toleracircncia de 10sup3 e

ausecircncia de Salmonella spp em 25g da amostra Para pescado preacute-cozido congelado constam

coliformes a 45ordmC com toleracircncia de 5x10 estafilococos coagulase positivag toleracircncia de 103

e para Salmonella spp ausecircncia em 25g da amostra (BRASIL 2001)

Argocirclo (2012) na anaacutelise de amostras de siri beneficiadas em Satildeo Francisco do Conde-

BA reportou valores meacutedios de 315 log UFCg de coliformes agrave 35ordmC 150 log UFCg de

Escherichia coli 270 log UFCg de estafilococos coagulase positiva e 522 log UFCg de

aeroacutebios psicrotroacuteficos

Staphylococcus aureus eacute uma bacteacuteria anaeroacutebia facultativa no entanto possui maior

crescimento sob condiccedilotildees aeroacutebias com produccedilatildeo de catalase Eacute mesoacutefila apresentando

temperatura oacutetima de crescimento entre 40ordm e 45ordmC tolerante a concentraccedilotildees de 10 a 20 de

NaCl e a nitratos e possui faixa de pH oacutetima de crescimento entre 6 e 7 S aureus eacute uma

bacteacuteria patogecircnica que natildeo faz parte da microbiota do pescado sendo normalmente transferido

para os alimentos por manipuladores Este grupo microbiano eacute responsaacutevel por

aproximadamente 45 das toxinfecccedilotildees alimentares no mundo (CUNHA NETO SILVA e

STAMFORD 2002 FRANCO E LANDGRAF 2008 GONCcedilALVES 2011)

O grupo dos coliformes agrave 35ordmC eacute um subgrupo da famiacutelia Enterobacteriaceae que

engloba apenas as bacteacuterias capazes de fermentar a lactose com produccedilatildeo de gaacutes em 24 a 48

horas a 35ordmC Nesse grupo encontram-se tanto bacteacuterias originaacuterias do trato gastrintestinal de

humanos e outros animais de sangue quente como tambeacutem bacteacuterias de origem natildeo enteacuterica

fazendo parte as bacteacuterias do gecircnero Escherichia Klebisiella Citrobacter e Enterobacter Os

coliformes podem fornecer informaccedilotildees sobre a provaacutevel presenccedila de microrganismos

patogecircnicos ou sobre a deterioraccedilatildeo potencial do alimento aleacutem das condiccedilotildees higiecircnicas dos

processos de fabricaccedilatildeo uma vez que satildeo facilmente inativados pelos sanitizantes por isso satildeo

utilizados como indicadores (SILVA 2010 FRANCO LANDGRAF 2008)

Os coliformes termotolerantes compreendem um subgrupo dos coliformes agrave 35ordmC que se

restringe aos membros capazes de fermentar a lactose em 24 horas a 45ordmC com produccedilatildeo de

gaacutes sendo usados como indicadores jaacute que satildeo isolados facilmente e se encontram em maior

proporccedilatildeo do que os patogecircnicos A Escherichia coli pertence aos dois grupos de coliformes

referidos e o seu habitat natural eacute o trato intestinal de animais de sangue quente contudo pode

ser introduzida nos alimentos a partir de fontes natildeo fecais (SILVA 2010)

25

De acordo com Silva et al (2010) a contagem de coliformes agrave 35ordmC e termotolerantes

em alimentos tecircm sido o meacutetodo mais indicado para avaliar as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

sendo tambeacutem utilizadas como indicadores de falhas durante o processamento ou a

contaminaccedilatildeo poacutes-processamento

O genecircro Salmonella compreende bacteacuterias anaeroacutebias facultativas natildeo produtoras de

esporo e que produzem gaacutes a partir da glicose com exceccedilatildeo da S Typhi sendo capazes de

utilizar o citrato como uacutenica fonte de carbono A temperatura e pH oacutetimos para seu crescimento

estatildeo em torno de 35ordm-37ordmC e 70 respectivamente Natildeo toleram concentraccedilotildees de sal superiores

a 9 O habitat natural da Salmonella eacute o trato intestinal de mamiacuteferos aves e reacutepteis podendo

alcanccedilar o ambiente aquaacutetico atraveacutes da contaminaccedilatildeo fecal e desta forma serem detectadas em

peixes e produtos pesqueiros (VIEIRA 2004 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem destes indicadores microbioloacutegicos no caso de pescados resfriados e congelados

tambeacutem eacute adotada internacionalmente a contagem padratildeo de micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos de 106 UFCg (ICMSF 1986) Os micro-organismos psicrotroacuteficos crescem bem

em temperaturas entre 0ordm e 7ordmC em diversos tipos de alimentos refrigerados sendo os principais

causadores da deterioraccedilatildeo de carnes pescado ovos frangos e outros (FRANCO e LANDGRAF

2008)

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal

O municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia eacute uma ocupaccedilatildeo antiga que surgiu no

iniacutecio da colonizaccedilatildeo brasileira (SANTOS 2004) Em 1618 por ordem do Conde de Linhares

foi construiacutedo no alto de um monte no Recocircncavo Baiano um convento e uma igreja onde

mais tarde surgiria a cidade de Satildeo Francisco do Conde em 1698 O nome homenageia o

padroeiro da cidade e o conde Fernatildeo Rodrigues que herdou o terreno do 3ordm governador geral do

Brasil Mem de Saacute A regiatildeo onde fica a cidade foi conquistada pelo impeacuterio portuguecircs por meio

de guerras travadas contra os iacutendios que viviam nas margens dos rios Paraguaccedilu e Jaguaribe

(IBGE 2013)

Satildeo Francisco do Conde localiza-se na regiatildeo metropolitana de Salvador-BA estaacute

situado a 67 km da Capital do estado ao norte da Baiacutea de Todos os Santos e tem como vizinhas

as cidades de Candeias Madre de Deus Santo Amaro da Purificaccedilatildeo e Satildeo Sebastiatildeo do Passeacute

contando com uma aacuterea de 262856 kmsup2 e 33183 habitantes A aacuterea ainda manteacutem reservas de

Mata Atlacircntica e riquiacutessimos manguezais que contribuem para a biodiversidade da regiatildeo

(SANTOS 2011 IBGE 2013)

26

Aleacutem da aacuterea terrestre o municiacutepio apresenta trecircs ilhas ndash Ilha de Cajaiacuteba Ilha das Fontes

e Ilha do Paty A Ilha das Fontes caracteriza-se como um local onde as aacuteguas do mar

apresentam-se tranquilas em todos os periacuteodos da mareacute fato explicado pela sua proximidade

com os rios Sergi e Subaeacute (MARTINS 2010)

A Ilha das Fontes eacute tambeacutem uma das comunidades pesqueiras existentes no municiacutepio

compreendendo um povoado que se localiza proacuteximo ao Porto Ferrolho da Petrobras e ao

povoado de Santo Estevatildeo com acesso apenas por barco A localidade dista aproximadamente 8

Km da sede e natildeo eacute totalmente urbanizada A populaccedilatildeo eacute de etnia negra e mesticcedila natildeo

Quilombola e possui 1654 habitantes juntamente com Engenho de Baixo A maioria dos

moradores desenvolve a atividade pesqueira tanto para comeacutercio quanto para consumo interno

(SAacute 2011) Dentre os habitantes da Ilha 54 mulheres atuavam na pesca conforme

levantamento recente (SANTOS 2013)

No passado a riqueza da cidade baseava-se nas plantaccedilotildees de cana de accediluacutecar que deram

iniacutecio ao desenvolvimento econocircmico da aacuterea Atualmente a extraccedilatildeo o refino e o

processamento de petroacuteleo satildeo as principais atividades econocircmicas da regiatildeo (SAtildeO

FRANCISCO DO CONDE 2013) Com a arrecadaccedilatildeo municipal de impostos relacionados agrave

produccedilatildeo e refino de petroacuteleo pela Refinaria Satildeo Francisco do Conde atingiu o maior Produto

Interno Bruto (PIB) per capita brasileiro nos anos de 2008 a 2010 (IBGE 2010 2011 2012)

Apesar disso a populaccedilatildeo da cidade sofre com o agravamento das desigualdades sociais

enfrentando problemas associados agrave pobreza agrave infraestrutura sanitaacuteria deficiente e ao

saneamento baacutesico ao analfabetismo entre outros

No municiacutepio muitas famiacutelias dependem da pesca e da mariscagem como fonte de

subsistecircncia sendo a pesca uma tradiccedilatildeo e heranccedila cultural Nesse contexto a atividade eacute

caracterizada pela rusticidade envolvendo tanto homens quanto mulheres em diversas

comunidades pesqueiras (ARGOcircLO 2012 SAacute 2011 SANTOS 2011 SANTOS 2013)

Segundo Saacute (2011) em Satildeo Francisco do Conde-BA observa-se o predomiacutenio de mulheres

(666) na atividade pesqueira fato que fortemente se vincula ao trabalho na mariscagem

No municiacutepio algumas comunidades pesqueiras possuem sistema puacuteblico de

abastecimento de aacutegua de esgotamento sanitaacuterio e coleta de lixo deficiente ou ausente o que

favorece condiccedilotildees improacuteprias agrave manipulaccedilatildeo dos mariscos Estes em geral satildeo beneficiados no

ambiente domiciliar permanecendo o pescado muitas vezes exposto agrave temperatura ambiente

por um longo periacuteodo de tempo em condiccedilotildees que natildeo atendem agraves Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de

alimentos (ARGOcircLO 2012)

27

Argocirclo (2012) ao estudar as condiccedilotildees de beneficiamento de mariscos em comunidades

de Satildeo Francisco do Conde observou que as marisqueiras manipulavam o pescado em bacias

dispostas sobre o chatildeo na proacutepria residecircncia sendo algumas com estrutura bastante precaacuteria

com a ausecircncia de aacutegua tratada (33) Segundo a autora ainda as marisqueiras acompanhadas

relataram nunca ter participado de atividades formativas relacionadas agraves Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o que poderiam favorecer a qualidade do pescado beneficiado

Na perspectiva da qualidade microbioloacutegica ao conduzir estudo com 96 amostras de

mariscos beneficiados em Satildeo Francisco do Conde (siri sururu e ostra) a referida autora

verificou que iacutendice de 468 de natildeo conformidade para as amostras sendo 364 para

Escherichia coli e 197 para estafilococos coagulase positiva No estudo natildeo foi identificada a

presenccedila de Salmonella spp (ARGOcircLO 2012)

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento

Na atualidade observa-se uma grande preocupaccedilatildeo com a qualidade dos alimentos a serem

consumidos e os riscos que esses podem ocasionar agrave sauacutede A possibilidade de contaminaccedilatildeo do

alimento pelo manipulador depende do maior ou menor contato deste com os produtos do tipo

de mateacuteria-prima a ser manipulada e dos cuidados adotados Segundo Jianu e Chis (2012)

alguns fatores como mateacuterias-primas contaminadas falta de higiene de equipamentos utensiacutelios

instalaccedilotildees e alimentos bem como praacuteticas inadequadas podem contribuir para a ocorrecircncia de

surtos de origem alimentar

De modo a reduzir a ocorrecircncia de doenccedilas veiculadas por alimentos eacute essencial que as

praacuteticas de manuseio e preparo dos alimentos pelos manipuladores de alimentos sejam corretas e

que existam treinamentos em seguranccedila de alimentos para estes uma vez que a falta de

conhecimentos sobre higiene e conservaccedilatildeo de alimentos entre os manipuladores contribui de

forma significativa para a sua contaminaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo o que justifica adoccedilatildeo de

treinamentos especiacuteficos (ROBERTSON et al 2013)

Segundo Andreotti et al (2003) os programas de treinamento orientados para

manipuladores de alimentos satildeo os mais recomendados e eficazes para transmissatildeo

conhecimentos e promoccedilatildeo de mudanccedilas de atitudes O treinamento consiste em uma accedilatildeo

educativa direcionada ao desempenho profissional a fim de adquirir conhecimentos habilidades

e atitudes necessaacuterias agrave execuccedilatildeo desta atividade (LACERDA e ABBAD 2003)

A atividade de treinamento de manipuladores de alimentos natildeo eacute uma tarefa faacutecil de ser

realizada Nesse sentido o reconhecimento de caracteriacutesticas singulares dos manipuladores

28

auxilia na compreensatildeo das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento das atividades de

treinamento por indicar que existem diferenccedilas no modo como os alimentos satildeo concebidos e as

informaccedilotildees trabalhadas tornam-se significativas Deste modo possibilita a melhor visibilidade

dos conflitos inerentes agraves relaccedilotildees sociais - principalmente agraves relaccedilotildees educativas - resultantes do

confronto de um grupo que pretende convencer o outro da necessidade de alterar suas praacuteticas

(COSTA LIMA e RIBEIRO 2002)

A escolha da metodologia de intervenccedilatildeo educativa tem grande importacircncia na qualidade

da capacitaccedilatildeo considerando resultados positivos tanto na dimensatildeo da representaccedilatildeo social

(opiniatildeo conhecimento e atitude ndash praacutetica declarada) e na dimensatildeo do comportamento dos

participantes (praacutetica observada) (BEZERRA 2008) Desta forma a seleccedilatildeo do tipo de atividade

educativa a ser utilizada deve levar em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo a

relaccedilatildeo entre o benefiacutecio e o custo dos materiais e a factibilidade de sua utilizaccedilatildeo A depender

do puacuteblico esta atividade deveraacute possuir um conteuacutedo simples e de faacutecil compreensatildeo e o meio

de comunicaccedilatildeo escolhido para a veiculaccedilatildeo das mensagens deveraacute considerar os aspectos

culturais da comunidade (ANDRADE e COELHO 1997)

Em relaccedilatildeo ao processo ensino-aprendizagem eacute recomendado o emprego de diversos

meacutetodos de ensino (aacuteudio visual praacutetico e sensibilizaccedilatildeo) para que a aprendizagem seja mais

eficiente Os meacutetodos ativos que exigem participaccedilatildeo do indiviacuteduo parecem ser mais eficazes

(BEZERRA 2008) Nesse sentido os recursos audiovisuais satildeo vantajosos pois orientam quanto

agrave direccedilatildeo do pensamento fornece o comportamento final desejado induz a transferecircncia de

aprendizagem e apresenta estiacutemulo para a mudanccedila de comportamento (GOUVEIA 1999)

Segundo Cardoso Santos e Silva (2009) entre as metodologias aplicadas para

manipuladores de alimentos adultos pode-se incluir liccedilotildees ao ar livre exposiccedilotildees cartazes

representaccedilotildees na rua projeccedilotildees de viacutedeos debates cursos para formaccedilatildeo de multiplicadores

sessotildees orientadas individualmente e programas educacionais puacuteblicos com uso da miacutedia de

massa Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de cartilhas ilustrativas evidenciando praacuteticas aceitaacuteveis

constitui material de apoio Para Soares et al (2013) ainda os treinamentos em alimentos devem

ser baseados em atividades teoacutericas e praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos podem

aplicar o conhecimento adquirido em praacutetica

Em linhas gerais os temas abordados pelos programas de treinamentos eou capacitaccedilotildees

de manipuladores de alimentos englobam a importacircncia da sauacutede individual e coletiva noccedilotildees

baacutesicas de higiene pessoal higiene de alimentos e ambiental e destacam os danos que a ausecircncia

desses cuidados causam sobre a sauacutede do consumidor conscientizando os manipuladores do seu

29

papel na prevenccedilatildeo das Doenccedilas Transmitidas por Alimentos ndash DTA (GHISLENI e BASSO

2008)

Medeiros et al (2011) ao realizarem uma revisatildeo sistemaacutetica sobre estrateacutegias

metodoloacutegicas adotadas por programas de treinamento em higiene de alimentos identificaram

como principal tema abordado a higiene pessoal seguido pela seguranccedila do alimento e melhoria

das praacuteticas Aleacutem disso foram referidos como temas de treinamento higiene local do trabalho

lavagem das matildeos noccedilotildees baacutesicas de microbiologia doenccedilas transmitidas pela aacutegua higiene dos

alimentos higiene dos utensiacutelios e a anaacutelise de Perigos e Pontos Criacuteticos de Controle - APPCC

dentre outros

Neste contexto cabe pontuar que a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

por meio da RDC nordm216 de 2004 estabelece que a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos

deve abordar pelo menos os temas de contaminantes alimentares Doenccedilas Veiculadas por

Alimentos manipulaccedilatildeo higiecircnica dos alimentos e Boas Praacuteticas (BRASIL 2004)

Na execuccedilatildeo de atividades de formaccedilatildeo ainda devem estar previstas etapas de avaliaccedilatildeo

Segundo Nieto-Montenegro Brown e Laborde (2008) a avaliaccedilatildeo do programa compreende

parte criacutetica de um treinamento em seguranccedila de alimentos uma vez que permite que os

implementadores avaliem a sua eficaacutecia Para verificaccedilatildeo da efetividade dos treinamentos alguns

autores tecircm recomendado a avaliaccedilatildeo em trecircs niacuteveis reaccedilatildeo aprendizagem e impacto de

treinamento no trabalho A reaccedilatildeo eacute o niacutevel de satisfaccedilatildeo dos participantes com a programaccedilatildeo o

apoio ao desenvolvimento do curso a aplicabilidade a utilidade e os resultados do treinamento

A aprendizagem refere-se ao grau de assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos ensinados no treinamento O

impacto do treinamento no trabalho eacute a auto-avaliaccedilatildeo feita pelo proacuteprio participante acerca dos

efeitos mediatos produzidos pelo treinamento em seus niacuteveis de desempenho motivaccedilatildeo auto-

confianccedila e abertura a mudanccedilas nos processos de trabalho (ABBAD GAMA e BORGES-

ANDRADE 2000)

No cenaacuterio da pesca artesanal ainda haacute poucas descriccedilotildees relativas agrave formaccedilatildeo de

pescadores e marisqueiras

Costa et al (2012) realizaram uma intervenccedilatildeo com pescadoras de uma associaccedilatildeo de um

municiacutepio do Recocircncavo baiano por meio de oficinas em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP)

tendo como preocupaccedilatildeo a temaacutetica da seguranccedila de alimentos e constataram que o processo

formativo se constituiu como uma das estrateacutegias para o fortalecimento das praacuteticas

organizacionais sendo uma das alternativas eficientes de faacutecil execuccedilatildeo e baixo custo que

podem ser aplicadas para atender agraves exigecircncias da inspeccedilatildeo sanitaacuteria Neste caso os

30

pesquisadores reportaram que 100 das pescadoras natildeo haviam recebido treinamento anterior

sobre as BPP

Noacutebrega (2013) desenvolveu estudo de intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade pesqueira do municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde-BA utilizando como temas de

treinamento a conservaccedilatildeo do pescado e a higiene do manipulador verificando a partir dos

padrotildees microbioloacutegicos que 970 das amostras de mariscos estavam em conformidade com a

legislaccedilatildeo apoacutes o treinamento representando uma melhoria na qualidade dos produtos

beneficiados

Menezes e Campos (2014) relatam trabalho de extensatildeo na comunidade pesqueira de

Mangue Seco Valenccedila-BA entre 2012 e 2014 por meio de cursos palestras e oficinas com o

objetivo de propiciar a difusatildeo de conhecimentos bem como o aprimoramento de praacuteticas

voltadas para a melhoria da mariscagem Entre as atividades foram realizados cursos sobre

tecnologia de pescado boas praacuteticas de produccedilatildeo e artesanato em escamas de peixe Segundo as

autoras apesar das oficinas proporcionarem melhorias dos processos produtivos mostrou

fragilidades na perspectiva da organizaccedilatildeo e coesatildeo do grupo na perspectiva do

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Bahia Brasil

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c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

As marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo passadas de geraccedilatildeo

em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o pescado que

compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade Assim este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com as

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas estavam a exposiccedilatildeo dialogada as dinacircmicas

de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de fotos do trabalho na

mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade formativa

o que pode estar associado agraves metodologias utilizadas e agrave maior aproximaccedilatildeo entre os

instrutores e a comunidade com trocas de experiecircncias As estrateacutegias de intervenccedilatildeo

resultaram em mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos conquanto ainda

houvesse falhas que sinalizaram a necessidade de aperfeiccediloamentos e que a estrutura fiacutesica

dos locais de beneficiamento fosse inadequada Os resultados evidenciam a aplicabilidade de

estrateacutegia educativa em seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma

demanda de educaccedilatildeo continuada e de suporte estrutural agrave cadeia produtiva para o alcance de

maior eficaacutecia

Palavras-chave pesca artesanal treinamento qualidade de alimentos seguranccedila alimentar e

nutricional

40

Abstract

The shellfish pickers follow practices of fishing and processing that are passed from

generation to generation without specific training to work with seafood which comprises a

kind of animal product of high perishability This study aimed to describe a training strategy

in food safety for shellfish pickers of Ilha das Fontes community Satildeo Francisco do Conde

Brazil An intervention study was carried out following six stages survey of community

interest topics raising awareness in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers

before training training in Good Manufacturing Practices of food in situ monitoring of

routine work after training and conversation wheel with shellfish pickers Among the

methodologies dialogued exposure group dynamics the conversation wheel practical

simulations the exhibition of photos of the work in shellfishing and videos were used It was

verified a good adhesion of shellfish pickers to the formative activity which may be

associated with the methodologies used and the closer relationship between the teachers and

the community with exchanges of experience Intervention strategies resulted in positive

changes in the processing of shellfish although there were still failures that signaled the need

for improvements and that the physical structure of the places of processing were inadequate

The results showed the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing although it is registered a demand for continuing education and structural support to

the supply chain in order to achieve greater efficiency

Key words artisanal fishing training food quality food security

1Introduccedilatildeo

A pesca compreende importante cadeia na produccedilatildeo de alimentos em todo o mundo

Aleacutem de contribuir para a oferta de alimentos de elevada qualidade nutricional o setor

permite a inserccedilatildeo 583 milhotildees de trabalhadores diretos e indiretos o que tambeacutem colabora

para a renda e para promover a seguranccedila alimentar (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal participa com 45 da produccedilatildeo nacional de pescado -

com registro de 1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado e emprega cerca de um milhatildeo

de trabalhadores incluindo homens e mulheres (BRASIL 2014) Entretanto esta cadeia tem

sido marcada por fragilidades na sua conduccedilatildeo uma vez que historicamente natildeo contou com

poliacuteticas para apoio ao seu desenvolvimento Assim em grande parte do paiacutes registra-se a

atividade como um trabalho ruacutestico com baixa tecnologia de pesca e de conservaccedilatildeo do

pescado capturado o que implica em perda da qualidade do produto (VASCONCELLOS

DIEGUES e SALES 2004 SILVA 2011)

Dadas as caracteriacutesticas geograacuteficas do paiacutes a pesca artesanal inclui tanto aacutereas

costeiras quanto aquelas de bacias hidrograacuteficas Ainda inclui a coleta de pescado em aacutereas

de mangue onde eacute comum a atividade de mulheres Estas conhecidas popularmente como

41

marisqueiras satildeo responsaacuteveis pela coleta de mariscos para a complementaccedilatildeo da renda

familiar e tambeacutem para subsistecircncia (FREITAS et al 2012)

No seu ofiacutecio as marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo

passadas de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o

pescado que compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade

(VIEIRA 2004 FREITAS et al 2012) Assim ainda em que pese o conhecimento da

tradiccedilatildeo o pescado procedente desta atividade tem se configurado como uma preocupaccedilatildeo na

perspectiva da seguranccedila de alimentos De acordo com estudos realizados junto a essa cadeia

no paiacutes os mariscos obtidos tecircm apresentado alteraccedilotildees de natureza quiacutemica e

microbioloacutegica o que potencializa riscos para as proacuteprias comunidades e para os

consumidores (VIEIRA et al 2006 NASCIMENTO et al 2011)

Nesse cenaacuterio poliacuteticas recentes tecircm se voltado para o setor de modo a fortalecer esta

cadeia contribuindo para melhores condiccedilotildees de trabalho e a maior oferta de alimentos em

atendimento a requisitos sanitaacuterios Dentre as vertentes de apoio ao setor inclui-se o

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo que compreende importante estrateacutegia para

ensinar habilidades propiciar a aprendizagem ativa e aumentar a percepccedilatildeo de risco (NIETO-

MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 CUNHA et al 2013)

Entretanto sabe-se que programas de formaccedilatildeo que proporcionam apenas informaccedilotildees

teoacutericas natildeo resultam em mudanccedilas imediatas de comportamento dos manipuladores de

alimentos Deste modo as atividades formativas devem contemplar atividades teoacutericas e

praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos possam colocar em praacutetica o conhecimento

adquirido (SOARES et al 2013) Em adiccedilatildeo a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do programa conduzido

eacute uma parte criacutetica do treinamento uma vez que permite que os implementadores avaliem o

desempenho alcanccedilado (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008

MEDEIROS et al 2011)

Assim considerando a extensatildeo da praacutetica da pesca artesanal no litoral baiano o

contexto de rusticidade desta atividade e de baixa qualidade sanitaacuteria do pescado obtido este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos Brasil

42

2 Material e meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil como parte do

projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA

estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo1

O projeto conta com aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica da Escola de Nutriccedilatildeo da

Universidade Federal da Bahia (Parecer no 2265922014) (ANEXO I) e as atividades junto agrave

comunidade foram conduzidas no periacuteodo de marccedilo de 2014 a fevereiro de 2015

21 Seleccedilatildeo do local

A escolha da comunidade para a realizaccedilatildeo do estudo resultou de um conjunto de

condiccedilotildees que favoreceram o desenvolvimento das atividades de intervenccedilatildeo a atividade

pesqueira na Ilha ter atuaccedilatildeo marcada pela mariscagem a boa receptividade da equipe de

pesquisa pela comunidade e pelos liacutederes comunitaacuterios e a disponibilidade local de

instalaccedilotildees passiacuteveis de uso para a realizaccedilatildeo de atividades formativas - na Ilha conta-se com

uma sede comunitaacuteria com instalaccedilotildees fiacutesicas que permitiam os encontros com as

marisqueiras e a implementaccedilatildeo das atividades formativas

22 Programa de intervenccedilatildeo

A proposta de programa de intervenccedilatildeo foi planejada por uma equipe multidisciplinar

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e

contou com a participaccedilatildeo da comunidade

A intervenccedilatildeo consistiu em seis etapas (Figura 1)

I Sondagem de temas de interesse para a comunidade por meio da aplicaccedilatildeo de um

questionaacuterio semi-estruturado (ANEXO A)

II Encontro de sensibilizaccedilatildeo conduzido por meio de palestras atividades interativas e

relatos de experiecircncia de marisqueiras de outra comunidade jaacute qualificadas em processos

formativos com o objetivo de despertar a comunidade sobre a importacircncia da qualidade e da

seguranccedila do pescado

1 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

43

III Acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras desde a captura nos

manguezais ateacute o beneficiamento do pescado em casa Para avaliar as Boas Praacuteticas no

beneficiamento dos mariscos aplicou-se um check list (ANEXO B) elaborado com base na

RDC nordm2162004 (BRASIL 2004) e observando adaptaccedilotildees agrave realidade local contemplando

oito blocos 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4

Abastecimento de aacutegua 5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas

preparo dos mariscos e embalagens

IV Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos com desenvolvimento de

atividades educativas participativas para estimular o manuseio seguro do pescado nos

diferentes estaacutegios de processamento

V Novo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras realizado sessenta

dias apoacutes o treinamento com reaplicaccedilatildeo de check list

VI Roda de conversa com as marisqueiras desenvolvida com o auxiacutelio de roteiro de

perguntas para verificar a eficaacutecia da accedilatildeo educativa realizada identificando fatores que

facilitaram e dificultaram a mudanccedila de comportamento

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015

44

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias

Todo o planejamento das atividades de treinamento foi realizado por meio de reuniotildees

de consenso levando em conta as demandas dos participantes e incentivando-os a demonstrar

seus conhecimentos e praacuteticas de modo a aproveitar a experiecircncia local como base para a

construccedilatildeo de novos conhecimentos

De modo preacutevio ao treinamento foi feita a inscriccedilatildeo dos participantes com o

propoacutesito de levantar informaccedilotildees sobre o quantitativo de pessoas bem como dos dados

socioeconocircmicos do grupo considerando caracteriacutesticas quanto agrave idade agrave escolaridade agrave

renda e agrave participaccedilatildeo em treinamento anterior (APEcircNDICE A) No entanto metades dos

inscritos natildeo estiveram presentes no evento enquanto que outras pessoas que natildeo estavam

inscritas compareceram Assim para os novos interessados tambeacutem foram preenchidas fichas

com os referidos dados

As metodologias empregadas durante a realizaccedilatildeo das atividades compreenderam

exposiccedilatildeo dialogada usando um projetor multimiacutedia dinacircmicas de grupo rodas de conversa

simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de coleta e beneficiamento de mariscos e

viacutedeos Tambeacutem foram confeccionados materiais didaacuteticos de apoio e feita a gravaccedilatildeo da

atividade de roda de conversa para fins de registro e transcriccedilatildeo dos discursos das

marisqueiras Ao final da atividades formativa as marisqueiras receberam certificado de

realizaccedilatildeo do curso como forma de valorizaccedilatildeo e de incentivo pela participaccedilatildeo nas

atividades (APEcircNDICE B)

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias

Para conhecer a percepccedilatildeo dos participantes quanto aos meacutetodos utilizados na

formaccedilatildeo foi solicitado a eles apoacutes a atividade de formaccedilatildeo especiacutefica em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o preenchimento de um formulaacuterio de avaliaccedilatildeo (ANEXO D) que considerou os

seguintes itens explicaccedilatildeo dos assuntos recursos utilizados ritmo de atividades

esclarecimento de duacutevidas aprendizagem individual e sugestotildees para atividades futuras

Para avaliar os itens indicados utilizou-se uma escala estruturada com cinco

categorias de respostas peacutessimo ruim regular bom e excelente Para tratamento das

respostas as categorias tiveram valores numeacutericos equivalentes que variaram de um a cinco

na mesma ordem sendo a meacutedia aritmeacutetica de cada indicador calculada e as perguntas

restantes verificadas por frequecircncia de respostas

45

25 Anaacutelise de dados

Os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Excel e apresentados sob

a forma de estatiacutestica descritiva com uso de graacuteficos e tabelas para melhor explicaccedilatildeo dos

resultados alcanccedilados

3 Resultados e Discussatildeo

31 Programa de intervenccedilatildeo

311 Sondagem

A sondagem foi realizada com 32 marisqueiras da Ilha que atuavam ativamente na

pesca artesanal sendo possiacutevel obter uma descriccedilatildeo das expectativas de temas de interesse de

modo a abarcar melhor alguns destes no treinamento posto que determinados assuntos

escapavam ao foco de seguranccedila de alimentos Conforme os resultados foram levantados os

seguintes temas conservaccedilatildeo do pescado (30) benefiacutecios do pescado (225) informaccedilotildees

sobre o pescado (175) sauacutede do trabalhador (equipamentos de proteccedilatildeo - EPI) (15)

melhoria da qualidade do pescado (125) pesca e geraccedilatildeo de renda (cada um destes com

75 das indicaccedilotildees) e higienizaccedilatildeo do ambiente de processamento e artesanato com pescado

(cada um com 25)

Conforme Abushelaibi et al (2015) para que um programa de treinamento seja bem

sucedido eacute preciso que seja feito um planejamento cuidadoso devendo-se levar em

consideraccedilatildeo as necessidades dos participantes Deste modo a sondagem constituiu um dos

primeiros momentos de contato e de escuta agraves demandas de conhecimento junto agrave

comunidade Segundo Leite et al (2011) a sondagem possibilita uma construccedilatildeo mais

orientada do curso estimulando mudanccedilas positivas de comportamento jaacute que as

necessidades do populaccedilatildeo-alvo tornam-se conhecidas

312 Sensibilizaccedilatildeo

A atividade de sensibilizaccedilatildeo denominada ldquoEncontro com marisqueiras da Ilha das

Fontes um dedinho de prosa sobre trabalho e qualidade dos mariscosrdquo foi realizada em um

uacutenico dia com duraccedilatildeo de quatro horas e contou com a participaccedilatildeo de 15 marisqueiras que

natildeo foram necessariamente as mesmas que participaram da sondagem

46

O conteuacutedo programaacutetico apresentado compreendeu relato das marisqueiras da Ilha

do Paty sobre a atividade de formaccedilatildeo preacutevia realizada pelo projeto nesta Ilha valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras qualidade do marisco (indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) e resultados de diagnoacutestico de avaliaccedilatildeo da qualidade de mariscos de Satildeo

Francisco do Conde e especificamente a situaccedilatildeo da Ilha das Fontes

Nesse sentido a sensibilizaccedilatildeo dos participantes visava realccedilar a contribuiccedilatildeo social e

alimentar do trabalho na pesca artesanal promover maior conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia

da inocuidade dos alimentos envolvidos e despertar a comunidade para a possibilidade de

participar de programas de formaccedilatildeo profissional dentro de um grupo que compartilhava um

mesmo ambiente de vida e trabalho

Com o relato das marisqueiras da Ilha do Paty que viviam estaacutegio mais avanccedilado de

intervenccedilatildeo educativa (NOBREGA et al 2014) buscava-se demostrar uma experiecircncia

formativa exitosa em regiatildeo proacutexima motivando a comunidade para a atividade a ser

desenvolvida

O tema da valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras foi abordado a fim de ampliar a

percepccedilatildeo da comunidade sobre a importacircncia da profissatildeo para o abastecimento local de

pescado e para geraccedilatildeo de renda para muitas famiacutelias Nesse contexto Freitas et al (2012)

pontuam que o conhecimento das marisqueiras deve ser valorizado uma vez que haacute um

volume significativo de carne de mariscos sendo extraiacutedo com contribuiccedilatildeo para o

abastecimento de pescado Aleacutem disso a atividade desenvolvida deve ser considerada como

forma de dar reconhecimento agrave atividade e proteger do modo de vida dessas populaccedilotildees posto

que encerram tradiccedilotildees

Ainda foram apresentadas noccedilotildees referentes aos indicadores de qualidade do pescado -

sensorial microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica na perspectiva da seguranccedila do alimento Com este

conteuacutedo esperava-se melhorar a compreensatildeo dos resultados de estudo diagnoacutestico obtidos

pelo projeto maior que seriam apresentados considerando anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-

quiacutemicas de mariscos coletados no municiacutepio Posto que estes resultados natildeo eram bons

buscava-se despertar a comunidade quanto aos riscos sanitaacuterios dos produtos beneficiados na

regiatildeo e para a responsabilidade com a sauacutede dos consumidores

Onyeneho e Hedberg (2013) em estudo sobre seguranccedila de alimentos na Nigeacuteria

relatam que a sensibilizaccedilatildeo e a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos devem

inicialmente chamar a atenccedilatildeo das pessoas sobre o tamanho do problema e em seguida

treinaacute-las sobre como lidar com os alimentos corretamente e com seguranccedila explicitando a

melhor forma de manusear corretamente o alimento em ambiente higiecircnico

47

313 Acompanhamento in loco antes

O acompanhamento in loco foi feito com um grupo de quatro marisqueiras que se

propuseram a participar de todo o programa de intervenccedilatildeo Durante a atividade ainda nos

locais de captura dos mariscos constatou-se que o trabalho das marisqueiras compreendia um

esforccedilo muito grande posto que a pesca ocorria em aacutereas mais distantes da Ilha necessitando

caminhadas agrave peacute ou deslocamentos com canoas Ao mesmo tempo observou-se que a

movimentaccedilatildeo no mangue exige maior resistecircncia fiacutesica equiliacutebrio e praacutetica para identificar

os locais de apanha e que as posturas adotadas na realizaccedilatildeo do trabalho natildeo seguiam

qualquer padratildeo ergonocircmico sobrecarregando o corpo

Em estudo conduzido por Costa et al (2012) tambeacutem na Bahia similarmente

verificou-se que as marisqueiras se deslocavam com embarcaccedilotildees ou ateacute mesmo agrave peacute para a

coleta de mariscos e possuiacuteam uma longa jornada de trabalho sempre definida pela mareacute

Quanto ao trabalho Pena Freitas e Cardim (2011) pontuam que a exposiccedilatildeo das

marisqueiras aos riscos da pesca tem iniacutecio na infacircncia quando manuseiam os instrumentos

de pesca e caminham sobre as pedras e os mangues sob o sol e condiccedilotildees climaacuteticas adversas

sem qualquer proteccedilatildeo Os autores observam ainda que os riscos referentes aos fatores

externos se acumulam ao longo da vida laboral e se somam agraves condiccedilotildees de vida que

repercutem negativamente no crescimento

Conforme Pena Martins e Rego (2013) a precariedade da atividade artesanal impotildee

uma conformaccedilatildeo nociva do corpo ao trabalho com ritmos extenuantes movimentos

repetitivos sem pausas posturas inadequadas e outros condicionantes prejudiciais agrave sauacutede

resultando em quadros de doenccedilas associadas ao trabalho dentre estas a Lesatildeo por Esforccedilo

Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT)

Com relaccedilatildeo agraves praacuteticas com os mariscos em domiciacutelio a observaccedilatildeo da rotina de

beneficiamento dos mariscos e a aplicaccedilatildeo do check list permitiram identificar o natildeo

atendimento a diferentes requisitos sanitaacuterios

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios as principais falhas

incluiacuteram a presenccedila de objetos em desuso e de animais de estimaccedilatildeo na aacuterea de manipulaccedilatildeo

dos mariscos Ainda verificou-se que os utensiacutelios e a mesa utilizados natildeo apresentavam

superfiacutecies lisas e impermeaacuteveis propiciando contaminaccedilotildees

Quanto agrave higiene das instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios evidenciou-se que a aacuterea

de manipulaccedilatildeo dos mariscos compreendia o quintal da casa que era de difiacutecil higienizaccedilatildeo ndash

aacuterea de terra com vegetaccedilatildeo natural (mato) e animais circulando - galinhas e muitos objetos

48

em desuso natildeo sendo registrada a limpeza da aacuterea ao teacutermino do trabalho A higienizaccedilatildeo

dos utensiacutelios era procedida somente ao final das atividades em uma bacia

Em relaccedilatildeo ao abastecimento de aacutegua apesar dos reservatoacuterios estarem com tampa e

em bom estado de conservaccedilatildeo ficavam proacuteximos ao solo e de faacutecil acesso o que pode

favorecer a contaminaccedilatildeo Aleacutem disso natildeo havia registro e adequada frequecircncia de limpeza

desses reservatoacuterios Na Ilha era frequente o armazenamento da aacutegua em toneacuteis com tampa

proacuteximos ao chatildeo e por vezes o abastecimento de aacutegua natildeo acontecia de modo frequente

Quanto ao controle de vetores e pragas urbanas constatou-se a presenccedila de insetos e

animais na aacuterea de manipulaccedilatildeo Nos domiciacutelios se dispunha de inseticida devidamente

registrado contudo natildeo havia medidas preventivas para evitar a incidecircncia de vetores e

pragas no local

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos os recipientes de lixo estavam sem tampas e

localizados na aacuterea de manipulaccedilatildeo permitindo o acesso a pragas e animais constituindo

tambeacutem fonte de contaminaccedilatildeo A coleta de lixo na regiatildeo natildeo era realizada regularmente

sendo o lixo incinerado nos quintais diariamente

As marisqueiras apresentavam unhas longas com esmaltes e utilizavam adornos

(reloacutegio) Tambeacutem natildeo se observou a utilizaccedilatildeo de luvas e a lavagem das matildeos de forma

frequente e adequada

Quanto ao beneficiamento dos mariscos especificamente constatou-se que eram

lavados apenas com aacutegua do mar dispostos em panela de alumiacutenio jaacute desgastada pelo tempo

com aacutegua potaacutevel e submetidos agrave cocccedilatildeo em trempe com lenha - a sequecircncia das etapas desde

a captura ateacute o beneficiamento encontra-se ilustrada na Figura 2 A panela tinha tampa de

alumiacutenio para acelerar a cocccedilatildeo e durante este processo natildeo havia controle do tempo de

contato do marisco com a aacutegua fervente

Concluiacuteda a cocccedilatildeo para facilitar a retirada da carne seguia-se um raacutepido

resfriamento agrave temperatura ambiente em caixa vazada colocada dentro de uma bacia de

alumiacutenio disposta no chatildeo Para extraccedilatildeo da carne os mariscos eram colocados sobre

plaacutesticos que forravam o chatildeo ou dentro de bacias Nesta etapa tambeacutem natildeo havia controle do

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente desde a cocccedilatildeo ateacute o momento do

acondicionamento o que em muitos casos excedia uma hora

A carne extraiacuteda era colocada em bacias com aacutegua potaacutevel para lavagem Em seguida

os mariscos eram espremidos para remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com as matildeos nuas e

porcionados em embalagens plaacutesticas de um quilo Os produtos acondicionados entatildeo eram

levados para congelamento em refrigerador domeacutestico

49

Figura 2 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes antes da estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Ambiente de manipulaccedilatildeo dos mariscos 3-5Cocccedilatildeo dos

mariscos 6 Resfriamento agrave temperatura ambiente 7-8 Extraccedilatildeo da carne dos mariscos 9 Porcionamento da

carne extraiacuteda na embalagem

Pela descriccedilatildeo observa-se um contexto de trabalho muito ruacutestico rico em

oportunidades para contaminaccedilatildeo dos produtos o que em muito contribui para a perda da

qualidade dos mariscos produzidos compondo um quadro de precariedade que guarda

similaridades com relatos de outros autores no Nordeste (DIAS ROSA e DAMASCENO

2007 PENA FREITAS e CARDIM 2011 PENA MARTINS e REGO 2013) Ao mesmo

tempo haacute que se ter em mente que esta condiccedilatildeo foi histoacuterica e socialmente construiacuteda -

existe como parte da tradiccedilatildeo local A situaccedilatildeo do trabalho na comunidade apenas reflete o

contexto de baixo desenvolvimento social do municiacutepio e de insuficiecircncia de poliacuteticas de

apoio agrave pesca

1 2 3

4 5 6

7 8 9

50

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos

O treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos contou com a participaccedilatildeo

de 32 pessoas cujas caracteriacutesticas socioeconocircmicas encontram-se sumariadas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes do

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

CARACTERIacuteSTICAS N

SEXO

Feminino 31 969

Masculino 1 31

IDADE (em anos)

12-18 1 31

19- 59 28 875

ge 60 3 94

ESTADO CIVIL

Solteiro 10 312

Casado Uniatildeo Estaacutevel 17 531

SeparadoDivorciado 2 63

Viuacutevo 3 94

ESCOLARIDADE

Analfabeto 1 31

Ensino fundamental completoincompleto 14 438

Ensino meacutedio completoincompleto 17 531

Ensino superior completoIncompleto 0 00

RENDA

lt 1Salaacuterio Miacutenimo 20 625

1-2 Salaacuterios Miacutenimos 12 375

ge 3 Salaacuterios Miacutenimos 0 00

TREINAMENTO ANTERIOR EM BOAS PRAacuteTICAS

Sim 1 31

Natildeo 31 969

Verificou-se que a maioria dos participantes eram mulheres (969) com idade adulta

(875) casadas ou em uniatildeo estaacutevel (531) Nesse sentido argumenta-se que a

predominacircncia de mulheres no curso reflete a segmentaccedilatildeo de gecircnero para a mariscagem que

eacute historicamente descrita na regiatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011) embora homens

tambeacutem sejam encontrados na atividade

51

Na divisatildeo do trabalho da pesca artesanal a questatildeo do gecircnero eacute marcante na qual a

extraccedilatildeo de mariscos eacute realizada principalmente por mulheres e crianccedilas na praia e no

mangue sendo uma extensatildeo dos aspectos bioloacutegicos do corpo da mulher As mulheres

desenvolvem todo o procedimento de captura e beneficiamento do marisco em adiccedilatildeo ao

trabalho domeacutestico tradicional configurando uma dupla jornada (PENA FREITAS e

CARDIM 2011) Aleacutem disso eacute fato que as mulheres detecircm maior conhecimento sobre as

praacuteticas com os alimentos e a sua seguranccedila desenvolvendo melhor as praacuteticas de

manipulaccedilatildeo do alimento que os homens (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE

2008 CONTRERAS e GRACIA 2011)

No que concerne agrave idade os achados aproximam-se do estudo de Costa et al (2012)

que reportam a totalidade das mulheres na faixa etaacuteria entre 30 e 45 anos sendo que 803

destas sabiam ler e escrever e 667 tinham a pesca como uacutenica fonte de renda

Quanto agrave escolaridade constatou-se que as marisqueiras em sua maior parte tinham

ensino meacutedio incompleto ou completo (531) Freitas et al (2012) em Barra Grande-PI

evidenciaram que 4756 das marisqueiras possuiacuteam ensino fundamental completo ou grau

de escolaridade superior demonstrando um potencial para a captaccedilatildeo e repasse de

informaccedilotildees a serem disponibilizadas

Na Ilha das Fontes a maioria das marisqueiras apresentou renda familiar mensal

inferior a um salaacuterio miacutenimo (625) proveniente da comercializaccedilatildeo dos mariscos que era

complementada com benefiacutecio social do municiacutepio pelo Programa de Acolhimento Social de

Complementaccedilatildeo de Renda (PAS)

Pena Freitas e Cardim (2011) em seu trabalho na Ilha de Mareacute-BA entre os anos de

2005 e 2007 verificaram uma renda meacutedia mensal por marisqueira de apenas cinquenta

reais Dado o contexto os autores enfatizam a inexistecircncia de contrato de trabalho na pesca

artesanal uma vez que natildeo haacute emprego ou assalariamento pois a atividade eacute desenvolvida

individualmente ou em grupos familiares e dessa forma a precariedade social impotildee ritmo

intenso de trabalho para gerar mais produtos agrave venda

A quase totalidade (969) das marisqueiras da Ilha das Fontes natildeo tinha treinamento

preacutevio em Boas Praacuteticas na manipulaccedilatildeo de alimentos Resultados semelhantes foram

reportados por Costa et al (2012) que descrevem a ausecircncia de treinamento em Boas

Praacuteticas entre as pescadoras de uma comunidade pesqueira na Bahia

Nesse sentido a realidade observada contrasta com a RDC nordm 2162004 que dispotildee

sobre as Boas Praacuteticas para Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo estabelece que os manipuladores de

52

alimentos devem ser capacitados periodicamente em higiene pessoal em manipulaccedilatildeo

higiecircnica dos alimentos e em doenccedilas transmitidas por alimentos (BRASIL 2004)

O treinamento denominado ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo foi realizado em trecircs tardes consecutivas com duraccedilatildeo

total de 10 horas e teve como tema principal a manipulaccedilatildeo segura nos diferentes estaacutegios do

beneficiamento dos mariscos

Entre os temas trabalhados constaram as Boas Praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos

a higiene pessoal a higiene dos utensiacutelios e equipamentos e do ambiente a qualidade da aacutegua

os principais cuidados na captura manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo dos mariscos os aspectos de

sauacutede do trabalhador e o uso de EPI Aleacutem disso foram reforccedilados os temas relativos agrave

valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras e o diagnoacutestico da qualidade dos mariscos locais

bem como distribuiacutedos os seguintes materiais didaacuteticos de apoio texto de valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras Cartilha da marisqueira para a Boas Praacuteticas (ANEXO E) Cartilha

sobre LER e DORT (ANEXO F) e o Guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua (ANEXO G)

Durante o desenvolvimento dessa atividade foi feito o detalhamento das etapas do

beneficiamento dos mariscos com participaccedilatildeo ativa das marisqueiras dando-se foco agrave

necessidade de adoccedilatildeo de cuidados de higiene e conservaccedilatildeo com vistas agrave promoccedilatildeo da

seguranccedila do alimento e proteccedilatildeo da sauacutede dos consumidores A utilizaccedilatildeo de metodologias

como viacutedeos painel de praacuteticas jogo do certo e errado exposiccedilatildeo de fotos da realidade local e

os trabalhos em grupo contribuiacuteram para apreensatildeo do conhecimento acerca dos temas

abordados

Em estudos relacionados agrave formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos para manipuladores

foram observadas como metodologias de aprendizagem o uso de recursos audiovisuais como

fotos obtidas durante visitas anteriores mostrando situaccedilotildees e viacutedeos Aleacutem disso foram

reportadas a introduccedilatildeo de toacutepicos de discussatildeo e demonstraccedilotildees praacuteticas que contribuiacuteram

para apreensatildeo dos conhecimentos e melhoria dos haacutebitos de higiene (NIETO-

MOTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 SOARES et al 2013)

Soon e Baines (2012) em estudo no Reino Unido desenvolveram um treinamento

com agricultores e trabalhadores de fazendas utilizando quatro tipos de materiais educativos

de seguranccedila de alimentos incluindo a cartilha sobre a seguranccedila de alimento e na fazenda

slides viacutedeo sobre as praacuteticas de seguranccedila de produtos frescos e a demonstraccedilatildeo da praacutetica

de higienizaccedilatildeo das matildeos Os autores relataram que o programa de treinamento educacional

foi bem sucedido melhorando o conhecimento dos participantes acerca do tema

53

Na literatura consultada verificaram-se poucos estudos acerca da formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos no acircmbito da pesca artesanal cuja realidade de manipulaccedilatildeo dos

alimentos difere muitas de ambientes como escolas induacutestrias empresas e outros onde haacute a

possibilidade de maior controle dos fatores que podem estar influenciando na qualidade dos

produtos Apesar desse quadro alguns estudos relacionados agraves BPP foram realizados com

pescadoras e marisqueiras na Bahia

No trabalho de Costa et al (2012) que investigou conceitos e atitudes para produccedilatildeo

segura de alimentos por meio de entrevistas e observaccedilatildeo verificou-se que as BPP eram

percebidas como sinocircnimo de higiene e de permissatildeo para comercializaccedilatildeo do pescado sem

reclamaccedilotildees Contudo os autores notaram que as participantes natildeo detinham noccedilotildees quanto

aos procedimentos de BPP na implementaccedilatildeo das suas atividades

Noacutebrega et al (2014) realizaram uma intervenccedilatildeo em BPP empregando como

metodologias exposiccedilotildees dialogadas dinacircmicas de grupos oficinas teatro jogos com de

imagens atividades dirigidas e a distribuiccedilatildeo de materiais didaacuteticos Segundo os autores a

experiecircncia demonstrou o potencial de desenvolvimento de atividades educativas junto agraves

comunidades pesqueiras com resultados que contribuiacuteram para o fortalecimento da cadeia

produtiva local com promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Para Mcintyrea et al (2014) programas de intervenccedilatildeo que incluem a formaccedilatildeo

multidimensional com atividades praacuteticas e recursos de miacutedia interativa podem melhorar os

resultados de formaccedilatildeo Nessa direccedilatildeo Deon et al (2014) pontuam que uma variedade de

recursos audiovisuais podem ser utilizadas pelos educadores para difundir mensagens sobre a

seguranccedila dos alimentos e ajudar no desenvolvimento de programas educativos que abordam

diretamente o assunto

Para Medeiros et al (2011) cartazes e folhetos podem ser usados para lembrar aos

manipuladores das praacuteticas que devem ser executadas podendo ser postados em paredes em

locais apropriados no local de trabalho As fotografias por sua vez podem permitir que os

participantes identifiquem e analisem os problemas e outras questotildees que mais interessem em

suas comunidades (BAILEY e VAN HARKEN 2014) os viacutedeos podem enfatizar conceitos

importantes e manter o interesse dos telespectadores (SOON e BAINES 2012) e o uso de

jogos em treinamentos proporciona amplas oportunidades de exerciacutecio e praacutetica reforccedilando

assim a retenccedilatildeo de informaccedilotildees (MAC NAMEE et al 2006)

Conforme Robertson et al (2013) o propoacutesito do treinamento natildeo deve ser somente o

aumento de conhecimento das praacuteticas pelos manipuladores de alimentos mas sim capacitaacute-

los a praticar estes comportamentos em todos os momentos criando uma verdadeira cultura de

54

seguranccedila do alimento Nesse processo no entanto eacute necessaacuterio entender aspectos que afetam

o comportamento do manipulador de alimentos e como ele interage com as suas crenccedilas e os

niacuteveis de conhecimento (ABUSHELAIBI et al 2015)

Os resultados da avaliaccedilatildeo do treinamento realizada pelos participantes encontram-se

ilustrados na Figura 3 Como se verifica as notas de avaliaccedilatildeo foram satisfatoacuterias com

meacutedias acima de quatro demonstrando que os participantes consideraram o treinamento entre

bom e oacutetimo

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo do treinamento em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos realizado junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

Resultados similares foram reportados no estudo de Soon e Baines (2012) no qual

mais de 80 dos participantes consideraram o conteuacutedo de formaccedilatildeo satisfatoacuterio e de faacutecil

compreensatildeo e que nenhum deles considerou o treinamento longo ou complicado

Na formaccedilatildeo com as marisqueiras o item de avaliaccedilatildeo de maior meacutedia foi a

explicaccedilatildeo dos assuntos demonstrando que a forma de abordagem dos conteuacutedos tornou faacutecil

o entendimento favorecendo a apreensatildeo dos conhecimentos O item de menor meacutedia foi o

referente ao esclarecimento de duacutevidas o que pode estar relacionado a conteuacutedos mais

especiacuteficos ou teacutecnicos das BPP

Para Prado et al (2006) educar eacute contribuir para a formaccedilatildeo do ser humano criando

possibilidades para produccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Ainda compreende uma relaccedilatildeo

que envolve respeito eacutetica reconhecimento do outro e de si mesmo buscando autonomia

55

Em relaccedilatildeo agraves sugestotildees referidas pelas marisqueiras para melhorias futuras da

atividade educativa constaram o maior tempo para realizaccedilatildeo do curso a maior participaccedilatildeo

da comunidade no treinamento e a realizaccedilatildeo de mais atividades praacuteticas Noacutebrega (2013)

tambeacutem encontrou como sugestotildees para melhoria da atividade formativa a maior participaccedilatildeo

da comunidade no curso e um periacuteodo maior para realizaccedilatildeo das atividades com espaccedilo para

responder aos questionamentos o que expressa uma demanda da comunidade

Pelos resultados destaca-se uma preocupaccedilatildeo dos participantes para que outras

marisqueiras tambeacutem tivessem oportunidade de formaccedilatildeo o que pode ser interpretado como

uma valorizaccedilatildeo do curso Quanto ao tempo por outro lado ainda natildeo haacute estudos que

estabeleccedilam qual seria a carga horaacuteria ideal no contexto da pesca artesanal ndash entatildeo

considerando estudo preacutevio de Noacutebrega et al (2014) previu-se uma maior extensatildeo mas que

ainda foi pontuada como insuficiente pelo grupo

Nesse contexto considera-se que a avaliaccedilatildeo do programa de treinamento em

seguranccedila do alimento eacute uma parte criacutetica uma vez que permite que os implementadores

avaliem a sua eficaacutecia (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008) Ao mesmo

tempo compreende oportunidade para o aperfeiccediloamento do processo na perspectiva dos

vaacuterios elementos passiacuteveis de mensuraccedilatildeo ndash meacutetodos adotados conhecimento acumulado

mudanccedilas de comportamento e melhoria da qualidade do produto

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo

Essa etapa foi realizada com as quatro marisqueiras que participaram do

acompanhamento in loco anterior ao treinamento Os resultados do acompanhamento in loco

poacutes-intervenccedilatildeo em relaccedilatildeo aos resultados da avaliaccedilatildeo inicial satildeo exibidos na Figura 4

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios notou-se uma reduccedilatildeo

das inadequaccedilotildees apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda que objetos em desuso estivessem presentes os

animais foram isolados da aacuterea de manipulaccedilatildeo Nesse sentido observou-se que as residecircncias

onde o beneficiamento dos mariscos era feito muitas vezes apresentavam estrutura precaacuteria

Aleacutem disso as marisqueiras tinham baixo poder aquisitivo o que inviabilizava a construccedilatildeo

de local com instalaccedilotildees proacuteprias com equipamentos e utensiacutelios necessaacuterios agrave melhor

manipulaccedilatildeo do alimento Por isso o beneficiamento continuava sendo realizado na aacuterea

externa das residecircncias local onde eram realizadas tambeacutem outras atividades domeacutesticas

56

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto ao

atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das Fontes Satildeo

Francisco do Conde-BA 20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4 Abastecimento de aacutegua

5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas preparo dos mariscos e embalagens

Utensiacutelios em bom estado de conservaccedilatildeo passaram a ser utilizados conquanto a mesa

disponiacutevel fosse a mesma Deste modo as marisqueiras passaram a utilizar um plaacutestico

transparente sobre a mesa o que facilitava a higienizaccedilatildeo e diminuiacutea riscos de contaminaccedilatildeo

Nessa direccedilatildeo ressalta-se que a limpeza das superfiacutecies que entram em contato com os

alimentos compreende cuidado essencial para a seguranccedila do alimento e para a prevenccedilatildeo de

contaminaccedilatildeo cruzada enfatizando-se as etapas de limpeza e sanitizaccedilatildeo Todavia quando as

praacuteticas de higiene satildeo deficientes podem resultar na formaccedilatildeo de biofilmes na superfiacutecie de

equipamentosutensiacutelios comprometendo a seguranccedila dos produtos a serem processados

(LUES e VONDER 2007 NUNES et al 2010)

Embora a aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos fosse a mesma as marisqueiras passaram

a fazer a sua limpeza antes e apoacutes o uso natildeo havendo mais animais Os utensiacutelios tambeacutem

passaram a ser devidamente higienizados antes e apoacutes o uso Nesse sentido apesar da

observaccedilatildeo de reduccedilatildeo nas inadequaccedilotildees nesse quesito natildeo foi possiacutevel garantir que as

condiccedilotildees de limpeza observadas natildeo permitiam a contaminaccedilatildeo do produto posto que natildeo

havia pia para lavagem dos utensiacutelios A higienizaccedilatildeo era realizada em bacia de alumiacutenio que

57

tambeacutem era utilizada para lavagem de roupas Rowel et al (2013) em estudo em mercearias

tambeacutem registraram que com o treinamento houve maior conscientizaccedilatildeo dos funcionaacuterios

promovendo a correta higienizaccedilatildeo destes materiais

Com relaccedilatildeo ao controle de vetores e pragas no beneficiamento de mariscos o quadro

manteve-se inalterado pois o ambiente onde era realizado o beneficiamento dos mariscos era

aberto permitindo a presenccedila de vetores e pragas Nesse contexto a preocupaccedilatildeo para o

controle de insetos e pragas considera tanto as perdas econocircmicas quanto o risco sanitaacuterio

Segundo Dias et al (2011) insetos satildeo vetores de vaacuterios microrganismos conhecidos

inclusive de agentes patogeacutenicos alimentares

Quanto ao abastecimento de aacutegua tambeacutem natildeo foram observadas modificaccedilotildees apoacutes a

intervenccedilatildeo dado ser esta a realidade estrutural do abastecimento de aacutegua na Ilha Apesar da

existecircncia de abastecimento de aacutegua pela rede puacuteblica de abastecimento a maioria dos locais

de manipulaccedilatildeo dos mariscos natildeo possuiacutea aacutegua encanada sendo a aacutegua estocada em

recipientes como baldes e vasilhas plaacutesticas

Nesse sentido ressalta-se que a qualidade da aacutegua representa um requisito essencial

em locais que processam eou manipulam alimentos apresentando influecircncia direta sobre a

qualidade microbioloacutegica do produto final principalmente quando esta eacute utilizada na

preparaccedilatildeo de outros produtos (NUNES et al 2010)

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos natildeo foram constatadas mudanccedilas apoacutes a

intervenccedilatildeo Em geral as residecircncias das marisqueiras natildeo contavam com lixeiras com tampa

e sacos de polietileno e o chatildeo da aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos consistia de terra

impossibilitando a retirada total do lixo Ao mesmo tempo a coleta dos resiacuteduos na Ilha natildeo

era realizada com frequecircncia e os moradores natildeo tinham acesso faacutecil aos sacos de polietileno

para fazer o acondicionamento Dessa forma as marisqueiras como aos demais moradores da

Ilha costumavam incinerar os resiacuteduos

Conforme registram Nunes et al (2010) a presenccedila de lixo e resiacuteduos favorece a

presenccedila de diversos tipos de vetores que podem disseminar microrganismos patogecircnicos

para as superfiacutecies de preparaccedilatildeo e consequentemente para os alimentos

Por outro lado houve uma mudanccedila marcante na higiene pessoal das marisqueiras

com uso de roupas limpas proteccedilatildeo para os cabelos unhas curtas e sem esmaltes ausecircncia de

adornos e maior frequecircncia na higienizaccedilatildeo das matildeos Soares et al (2013) apoacutes o treinamento

de seguranccedila alimentar para manipuladores identificaram por meio de observaccedilatildeo in situ a

melhoria da higiene sugerindo que estes comeccedilaram a seguir regras de desinfecccedilatildeo das matildeos

de forma mais rigorosa

58

Cabe considerar que algumas das bacteacuterias podem ser encontradas nas matildeos de

manipuladores de alimentos como Escherichia coli e Staphylococcus aureus (LUES e

TONDER 2007) Por isso a boa higiene pessoal com lavagem das matildeos adequada antes e

apoacutes o manuseio dos alimentos juntamente com corretas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de

alimentos podem reduzir muito as chances de transferecircncia de microrganismos patogecircnicos

(ABUSHELAIBI et al 2015)

A Figura 5 exibe algumas das mudanccedilas observadas depois da intervenccedilatildeo Os

mariscos passaram a ser lavados com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo e colocados em panela de

alumiacutenio com tampa em bom estado de conservaccedilatildeo A cocccedilatildeo seguia os mesmos

procedimentos anteriores sem controle do tempo de contato do marisco com a aacutegua fervente e

o posterior resfriamento agrave temperatura ambiente em caixas vazadas proacuteximas ao chatildeo o que

evidenciou fragilidades no treinamento considerando mudanccedilas nas praacuteticas das

marisqueiras

Considerando a falta de controle do tempo de cozimento avalia-se que pode ser

devido ao conhecimento adquirido pelas marisqueiras ao longo dos anos quanto agraves mudanccedilas

que ocorrem durante a cocccedilatildeo como a abertura das conchas quando os moluscos bivalves

estatildeo cozidos e no caso dos crustaacuteceos a mudanccedila da coloraccedilatildeo

Quanto ao resfriamento apoacutes a cocccedilatildeo agrave temperatura ambiente e com recipientes

proacuteximos ao chatildeo talvez revele resistecircncia agrave mudanccedila pelas marisqueiras dado que o

conhecimento foi transmitido e que natildeo foi referido como um aspecto difiacutecil durante o curso

Na etapa de extraccedilatildeo da carne os mariscos eram dispostos sobre o plaacutestico que forrava

a mesa de madeira poreacutem ainda sem controle do tempo de exposiccedilatildeo agrave temperatura

ambiente ateacute o momento de acondicionamento Na rotina as marisqueiras natildeo controlavam o

tempo de realizaccedilatildeo de suas atividades e soacute quando concluiacuteam toda a etapa de extraccedilatildeo da

carne e os procedimentos finais submetiam os mariscos ao congelamento natildeo seguindo a

recomendaccedilatildeo de controle do binocircmio de tempo e temperatura enfatizado durante o

treinamento

Segundo Walter et al (2012) os catados de mariscos satildeo considerados produtos com

alta perecibilidade e criacuteticas tem sido feitas ao seu manuseio no processo de beneficiamento

realizado pelas mulheres uma vez que os produtos satildeo manipulados e armazenados em

condiccedilotildees inadequadas Deste modo haacute um receio quando do consumo eou comercializaccedilatildeo

desses mariscos em baixas condiccedilotildees sanitaacuterias

59

Figura 5 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes apoacutes a estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Lavagem com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo 3 Cocccedilatildeo

dos mariscos 4 Remoccedilatildeo da aacutegua de cocccedilatildeo para resfriamento 5 Resfriamento dos marisco agrave temperatura

ambiente 6 Extraccedilatildeo da carne de mariscos 7 Lavagem com aacutegua potaacutevel apoacutes a extraccedilatildeo da carne dos

mariscos 8 Porcionamento da carne extraiacuteda na embalagem 9 Lavagem dos utensiacutelios

A carne obtida dos mariscos era lavada em bacias com aacutegua potaacutevel e espremida para

remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com matildeos nuas mas que traziam unhas curtas e sem esmaltes O

porcionamento nas embalagens passou a ser realizado com o auxiacutelio de escumadeira sendo os

produtos acondicionados em seguidas levados para congelamento

Nessa direccedilatildeo pontua-se que o uso de luvas a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene e o

controle de temperaturas adequadas e resfriamento raacutepido reduzem o risco de contaminaccedilatildeo

no processamento Em adiccedilatildeo que a temperatura de conservaccedilatildeo constitui um paracircmetro

determinante da vida de prateleira de um produto uma vez que estaacute diretamente relacionada

com a velocidade da atividade microbiana sendo o seu controle fator importante nas Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo (VIEIRA et al 2006)

1 2 3

4 5 6

7 8 9

60

No caso de frutos do mar Ramos et al (2011) ressaltam que satildeo muito manipulados

no beneficiamento uma vez que haacute separaccedilatildeo manual da carne apoacutes a cocccedilatildeo e que a falta de

controle pode colocar em risco a sauacutede do consumidor Para os autores a qualidade dos frutos

do mar apoacutes o processamento eacute resultante das condiccedilotildees higiecircnicosanitaacuterias iniciais do

produto dos equipamentos do pessoal do tratamento teacutermico do controle de tempo e

temperatura das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo bem como precauccedilatildeo em embalagem e

congelamento

De acordo com Lima et al (2013) no caso de mexilhotildees assim como de outros

moluscos bivalves que satildeo organismos que filtram seletivamente pequenas partiacuteculas

presentes na aacutegua a higienizaccedilatildeo com aacutegua potaacutevel e o cozimento satildeo procedimentos que

ajudam no controle microbiano e na garantia de seguranccedila do produto

Mediante os achados do segundo acompanhamento in loco avalia-se que apesar das

falhas registradas foi tambeacutem possiacutevel evidenciar mudanccedilas no beneficiamento que podem

ser beneacuteficas no que se refere agrave qualidade final do marisco Estas mudanccedilas no entanto natildeo

se mostraram suficientes para garantir a seguranccedila desse alimento Nesse cenaacuterio vale

pontuar que parte das inadequaccedilotildees atrelava-se agrave falta de condiccedilotildees estruturais

Ao mesmo tempo considera-se que mesmo medidas simples como o uso de luvas

para a manipulaccedilatildeo dos mariscos cozidos natildeo satildeo de faacutecil implementaccedilatildeo pelas marisqueiras

em virtude do baixo poder aquisitivo das famiacutelias Deste modo sinaliza-se a necessidade de

apoio das autoridades locais para a aquisiccedilatildeo de equipamentos de proteccedilatildeo individual visando

a promoccedilatildeo da qualidade dos produtos

Dado o contexto e visando agrave melhoria da qualidade do produto indica-se a

necessidade de aperfeiccediloamento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo implementada incluindo maior

carga horaacuteria atividades praacuteticas que envolvam a higienizaccedilatildeo das matildeos o controle do

binocircmio tempo-temperatura durante o beneficiamento e uma comunicaccedilatildeo mais acessiacutevel ao

puacuteblico

Em paralelo sugere-se que o beneficiamento dos mariscos seja realizado em local

dotado de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios adequados Dado que foram verificadas

mudanccedilas significativas nos haacutebitos de higiene das marisqueiras podendo assim tornar o

alimento seguro a possibilidade de locais apropriados certamente contribuiria para melhor

condiccedilatildeo de trabalho e assunccedilatildeo de novas praacuteticas

Outrossim como elemento essencial ao processo formativo considera-se a

necessidade de educaccedilatildeo continuada e de acompanhamento teacutecnico junto agrave comunidade para

que possa alcanccedilar praacuteticas mais seguras Conforme reportado por Cunha et al (2013) as

61

visitas frequentes ajudam na motivaccedilatildeo e no acompanhamento dos locais de produccedilatildeo de

alimentos - assim podem melhorar as boas praacuteticas de higiene Nessa rotina a aplicaccedilatildeo de

uma lista de verificaccedilatildeo de boas praacuteticas constitui uma ferramenta que pode ser utilizada para

avaliar e monitorar a seguranccedila alimentar no ambiente de produccedilatildeo

316 Roda de conversa

A roda de conversa foi realizada durante uma tarde com a participaccedilatildeo de nove

marisqueiras - o menor quantitativo de participantes nessa atividade nestes caso decorreu de

dificuldade de divulgaccedilatildeo da atividade na Ilha No encontro foi retomado o propoacutesito das

atividades formativas para o grupo e em seguida foram feitas perguntas conforme roteiro

preacute-elaborado (ANEXO C)

De acordo com a exposiccedilatildeo foi possiacutevel observar que as participantes demonstraram-

se satisfeitas com a realizaccedilatildeo das atividades Aleacutem disso verificou-se que os assuntos

abordados foram apreendidos pelas participantes como pode ser observado nas respostas

abaixo

ldquoEu senti que a gente aprendeu o que a gente natildeo sabia Como manusear o marisco

E quer dizer que a gente eacute pintava a unha que diz que natildeo pode e tem que usar touca a

gente natildeo sabiardquo Marisqueira 2

ldquoEu aprendi neacute Por que muitas vezes a gente catava marisco agraves vezes assim

cachorro passava e a gente deixava neacute E lavar direitinho mesmo com a aacutegua doce que

muitas vezes a gente natildeo lavava com a aacutegua doce lavava com a aacutegua salgada E pra mim foi

oacutetimo por que o que eu natildeo sabia eu aprendirdquo Marisqueira 4

No que se refere agrave dificuldade de realizaccedilatildeo de mudanccedilas na forma de trabalho depois

do treinamento foi apontada apenas uma dificuldade pelas marisqueiras

[difiacutecil] ldquoSoacute a lavagem da ostra com aacutegua doce que vai dar muito trabalho Porque a

quantidade eacute muitardquo Marisqueira 4

Quando questionadas sobre o que havia sido mais faacutecil de fazer na mudanccedila das

praacuteticas algumas marisqueiras relataram

[faacutecil] ldquoA parte de ensacar [embalar] neacute Pega com a colher Isso ficou um pouco

mais faacutecil neacuterdquo Marisqueira 3

[faacutecil] ldquo A parte de lavar antes de cozinhar Porque quando a gente lavava a gente agraves

vezes lavava tem gente mesmo que soacute lava em duas aacuteguas E agora a gente aprendeu a

62

lavar em trecircs quatro aacuteguas ateacute aquela aacutegua sair mais limpinha Por que natildeo vai sair

totalmente limpa mas vai sair assim um pouquinho mais clarardquo Marisqueira 7

Quanto agraves sugestotildees para realizaccedilatildeo de novas atividades na Ilha foram citadas as

oficinas culinaacuterias e de artesanato Em adiccedilatildeo ao treinamento de BPP foi realizada uma

atividade acerca da alimentaccedilatildeo saudaacutevel com o propoacutesito de melhorar a qualidade de vida

das marisqueiras

4 Conclusatildeo

A atividade formativa conduzida evidenciou uma boa adesatildeo das marisqueiras quadro

que pode estar associado agraves metodologias utilizadas ao contexto de interaccedilatildeo com maior

aproximaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e agrave valorizaccedilatildeo dada ao curso No entanto

assume-se a necessidade de aprimoramento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo adotada incluindo o

aumento do tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e do controle de temperatura e do

tempo

No que se refere ao beneficiamento dos mariscos as atividades resultaram mudanccedilas

positivas nas praacuteticas de manipular os produtos Contudo a estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento ainda se mostrou inadequada configurando riscos agrave qualidade do alimento e

consequentemente para a sauacutede do consumidor - uma situaccedilatildeo que muitas vezes natildeo pode

ser solucionada pelas marisqueiras haja vista o seu baixo poder aquisitivo Assim acredita-se

que embora o conhecimento tenha sido apreendido pelos participantes este natildeo pode ser

inteiramente aplicaacutevel agrave realidade local

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividade formativa periodicamente reforccedilando os conceitos e as

praacuteticas a serem adotadas para garantir a inocuidade dos mariscos comercializados

Considerando a insuficiecircncia de publicaccedilotildees sobre a formaccedilatildeo em seguranccedila de

alimentos no acircmbito da pesca artesanal reforccedila-se a demanda de estudos que possam dar

melhor conformaccedilatildeo ao conhecimento na aacuterea trazendo contributos nas perspectivas

cientiacutefica tecnoloacutegica e social

Agradecimentos

63

Os autores gostariam de agradecer aos colegas Aacutequila Samara Iacutecaro Cazumbaacute Iacutesis Maria

Borges Juccedilara Soledade e Sirlana Assis pelo auxiacutelio na atividade de formaccedilatildeo e agrave Fundaccedilatildeo

de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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67

Capiacutetulo III

EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA MARISQUEIRAS

AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM INDICADORES

MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Alaiacutese Gil Guimaratildeesa Caroline Menezes da Silva

Matosb Taate Queacutezia dos Santos Arauacutejo Silvab Thayse Correcirca de Souzab Thatimila de Jesus

Pereirab Sara Bispo Oliveirab Ryzia de Cassia Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

No Brasil as marisqueiras apresentam papel importante no abastecimento de mariscos pois

aleacutem da coleta participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto realizando o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes em condiccedilotildees adversas Assim este estudo objetivou

avaliar a eficaacutecia de uma atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo realizada com

marisqueiras para melhoria da qualidade microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos

beneficiados Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo com desenvolvimento de atividade formativa

em seguranccedila de alimentos e em paralelo foram obtidas amostras de mariscos das espeacutecies

siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) para

anaacutelises sendo 48 antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram analisadas para a

contagem de microrganismos psicrotroacuteficos coliformes agrave 35ordmC Escherichia coli e

estafilococos coagulase positiva e para pesquisa de Salmonella spp Ainda foram

determinados o pH e as bases volaacuteteis totais (N-BVT) Verificou-se melhoria na qualidade

microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora 146 das amostras ainda

apresentassem contagens de estafilococos coagulase positiva superiores ao paracircmetro oficial

Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH em quase sua totalidade (99) mostrou-se

superior ao limite enquanto os valores de N-BVT estavam dentro da faixa Apesar da

melhoria evidenciada assume-se na perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no

beneficiamento dos mariscos sob o aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar

a natildeo conformidade para o conjunto de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo

abarca as diferentes espeacutecies estudadas Dessa forma sugere-se a continuidade da formaccedilatildeo

para as marisqueiras com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e a realizaccedilatildeo de novos

estudos que verifiquem o comportamento quiacutemico das diferentes espeacutecies de pescado

Palavras-chave pescado treinamento anaacutelises microbioloacutegicas seguranccedila de alimentos

68

Abstract

In Brazil shellfish pickers have an important role in the supply of shellfish because besides

collecting they participate in all phases of product handling performing minimal processing

often in adverse conditions Thus this study aimed to evaluate the effectiveness of a training

activity on Good Manufacturing Practices held with shellfish pickers in order to to improve

the microbiological and physico-chemical quality of benefitted shellfish An intervention

study was conducted with development of training activities in food safety and in parallel

samples of shellfish were obtained of the species crab (Callinectes sapidus) mussels (Mytella

falcata) and oyster (Crassostrea rhizophorae) for analysis 48 before the intervention and 48

after The samples were analyzed for quantification of psychrotrophic total coliforms

Escherichia coli and coagulase-positive staphylococcus and search of Salmonella spp

Moreover the pH and total volatile bases (N-TVB) were determined There was improvement

in the microbiological quality of shellfish after the intervention although 146 of the

samples still have presented staphylococcus coagulase countings higher than the official

parameter When compared to national standards the pH almost in totality (99) was

superior to the limit while the TVB-N values were within the range Despite the positive

results it is assumed on the microbiological perspective that failure occurred in the

processing of shellfish under the physico-chemical aspect however is not possible to affirm

the nonconformity to the set of samples since the Brazilian legislation does not cover all

different species Therefore we suggest the continuity of training for shellfish pickers with

orientation and more effective control and the new studies that verify the chemical behavior

of different species of seafood

Key words seafood training microbiological analysis food safety

1Introduccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da pesca artesanal para aliviar a pobreza e promover a seguranccedila

alimentar tem sido reconhecida internacionalmente Todavia sobretudo nos paiacuteses tropicais

parte expressiva desta produccedilatildeo de pescado eacute perdida ao longo desta cadeia produtiva tanto

pela falta de infraestrutura e condiccedilotildees de conservaccedilatildeo quanto pela maior suscetibilidade do

pescado (FAO 2014)

Em toda a costa brasileira a pesca artesanal tambeacutem constitui uma realidade marcada

por desafios que requerem atenccedilatildeo e suporte para trazer melhor produccedilatildeo e maiores

benefiacutecios agraves comunidades envolvidas (MARUYAMA et al 2009) Dentre as modalidades de

pesca artesanal no paiacutes tem destaque a mariscagem que consiste na coleta de mariscos -

crustaacuteceos e moluscos em regiotildees de manguezal Nesse cenaacuterio os manguezais

compreendem verdadeiras fontes de recursos para populaccedilotildees carentes que retiram dali o seu

sustento posto que a captura das diferentes espeacutecies tanto as que se destina ao consumo

proacuteprio quanto agrave comercializaccedilatildeo (ALVES e NISHIDA 2003 JESUS e PROST 2011)

69

Em geral a mariscagem eacute realizada por mulheres denominadas marisqueiras ou

mariscadeiras que atuam em aacutereas limitadas e utilizam instrumentos rudimentares para o

trabalho no mangue Aleacutem disso estas mulheres trabalham em todas as fases de manipulaccedilatildeo

do produto realizando o beneficiamento miacutenimo muitas vezes sem condiccedilotildees adequadas de

manuseio e conservaccedilatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011)

De acordo com estudos conduzidos junto a marisqueiras do Rio Grande do Norte

(DIAS ROSA DAMASCENO 2007) e da Paraiacuteba (NISHIDA 2008) tecircm-se constatado

precaacuterias condiccedilotildees de vida e de trabalho para este coletivo o que compreende preocupaccedilatildeo

na perspectiva ambiental e da oferta de alimentos seguros

No municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil a mariscagem eacute uma tradiccedilatildeo

e os mariscos satildeo beneficiados nas proacuteprias residecircncias que natildeo dispotildeem de infraestrutura

adequada para realizaccedilatildeo da atividade Em adiccedilatildeo as marisqueiras natildeo possuem treinamento

especiacutefico para a manipulaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos alimentos o que favorece contaminaccedilotildees e

alteraccedilotildees dos produtos beneficiados e coloca em risco a sauacutede dos consumidores (ARGOcircLO

2012)

Segundo Argocirclo (2012) que avaliou 96 amostras de mariscos beneficiados oriundas

de seis comunidades pesqueiras do municiacutepio 958 das amostras estavam improacuteprias ao

consumo no que se refere a qualidade microbioloacutegica enquanto que 906 das amostras

encontravam-se natildeo conformes para a avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica demonstrando um risco a

sauacutede do consumidor

Nesse cenaacuterio eacute importante destacar o papel dos manipuladores de alimentos uma vez

que estes manteacutem contato direto com o alimento observando-se muitas vezes praacuteticas de

manipulaccedilatildeo incorretas que se associam agrave ocorrecircncia de surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

(SEAMAN 2010) uma preocupaccedilatildeo que tambeacutem se aplica agrave realidade das marisqueiras na

cadeia da pesca artesanal

Em face ao problema o treinamento para manipuladores de alimentos tem sido

considerado como uma estrateacutegia essencial para promover a seguranccedila dos alimentos e evitar

surtos No entanto para que esta atividade educativa seja transformadora e promova

mudanccedilas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos deve-se considerar o puacuteblico-alvo e o uso

de diferentes metodologias (CUNHA et al 2014 GOMES et al 2014)

Assim considerando a contribuiccedilatildeo da pesca artesanal e a complexidade dos cenaacuterios

de obtenccedilatildeo de mariscos no paiacutes este estudo teve por objetivo avaliar a eficaacutecia de uma

atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) para melhoria da qualidade

70

microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos beneficiados junto agrave comunidade pesqueira de

Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

2 Material e Meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a 32 marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA no periacuteodo de marccedilo

de 2014 a fevereiro de 2015 como parte do projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em

comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e

promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo2

O estudo compreendeu trecircs etapas e teve seu desenvolvimento organizado em oito

atividades conforme descreve o Quadro 1

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas no planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

INTERVENCcedilAtildeO APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

1 Sondagem dos temas 5 Treinamento em Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo

6 Acompanhamento in loco da

captura e beneficiamento dos

mariscos

2 Encontro de sensibilizaccedilatildeo

7 Roda de conversa

3 Acompanhamento in loco

da captura e beneficiamento

dos mariscos

8 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras de

mariscos

4 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras

de mariscos

21 Atividade Educativa

Para o desenvolvimento da atividade de intervenccedilatildeo educativa considerando

levantamentos preacutevios que descreviam baixa escolaridade na comunidade pesqueira

2 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

71

(SANTOS 2013) e o uso de um formulaacuterio de sondagem para levantamento dos temas de

interesse foi planejado um treinamento com metodologias aplicaacuteveis a esse puacuteblico-alvo

Entre as metodologias empregadas constaram exposiccedilatildeo dialogada com projetor multimiacutedia

dinacircmicas de grupo roda de conversa simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de

coleta de mariscos e viacutedeos

No conteuacutedo formativo os seguintes temas foram trabalhados valorizaccedilatildeo do trabalho

das marisqueiras diagnoacutestico da qualidade inicial dos mariscos analisados Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos higiene pessoal higiene dos utensiacutelios higiene do ambiente

qualidade da aacutegua cuidados na captura manipulaccedilatildeo preparo e armazenamento dos

mariscos Tambeacutem foram apresentados conteuacutedos relativos agrave sauacutede do trabalhador e ao uso de

equipamentos de proteccedilatildeo individual (EPI)

Em adiccedilatildeo foram entregues como conteuacutedo complementar materiais didaacuteticos de

apoio sobre a valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras a cartilha da marisqueira para as boas

praacuteticas no trabalho com os mariscos o guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua a cartilha

sobre Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas

ao Trabalho (DORT)

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa

Para avaliar a eficaacutecia da atividade educativa na perspectiva da qualidade dos

alimentos foram realizadas anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas em amostras de

mariscos beneficiados pelas marisqueiras antes e apoacutes a etapa de intervenccedilatildeo As anaacutelises das

amostras no momento poacutes- intervenccedilatildeo foram realizadas aproximadamente seis meses apoacutes o

treinamento

Considerando praacuteticas locais neste caso o termo beneficiamento refere-se aos

procedimentos aos quais os mariscos satildeo submetidos antes da comercializaccedilatildeo

compreendendo etapas como lavagem cocccedilatildeo retirada da carne do interior da carapaccedila ou

concha embalagem e congelamento

Para fins de definiccedilatildeo das espeacutecies a serem estudadas conforme estudo preacutevio de Saacute

(2011) foram selecionadas as trecircs de maior captura no municiacutepio incluindo siri (Callinectes

sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) As amostras foram

adquiridas de oito marisqueiras de trabalho ativo na pesca e que acompanharam as atividades

formativas De cada uma delas foram obtidas duas amostras de cada uma das espeacutecies em

72

diferentes semanas ndash perfazendo seis amostrasmarisqueira e um conjunto de 48 amostras em

cada etapa

Deste modo posto que este procedimento foi realizado antes e apoacutes a intervenccedilatildeo um

total de 96 amostras de mariscos beneficiados foi obtido Em relaccedilatildeo agraves espeacutecies o total

compreendeu 32 amostras de ostras 32 amostras de sururu e 32 amostras de siri sendo

metade antes e metade apoacutes a intervenccedilatildeo

Cada amostra coletada continha meio quilo de marisco e encontrava-se congelada

sendo obtidas nas proacuteprias embalagens em que eram acondicionadas pelas marisqueiras As

amostras foram colocadas em caixas isoteacutermicas contendo gelo reciclaacutevel e transportadas

sendo armazenadas em um freezer ateacute o momento das anaacutelises O descongelamento das

amostras para as anaacutelises foi realizado sob refrigeraccedilatildeo agrave temperatura inferior a 5ordmC

As anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas foram realizadas nos laboratoacuterios de

Controle de Qualidade de Alimentos e de Bioquiacutemica dos Alimentos respectivamente da

Escola de Nutriccedilatildeo Universidade Federal da Bahia

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas

Para avaliaccedilatildeo da qualidade microbioloacutegica procedeu-se agrave contagem de coliformes agrave

35ordmC Escherichia coli Staphylococcus coagulase positiva e micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos e agrave pesquisa de Salmonella spp

As amostras foram pesadas em sacos esteacutereis em condiccedilotildees asseacutepticas e em seguida

foram procedidas agraves diluiccedilotildees das amostras em aacutegua peptonada 01 (Accumedia EUA)

para a pesquisa dos micro-organismos exceto para Salmonella spp (DOWNES ITO 2001)

As contagens de coliformes agrave 35ordmC e de Escherichia coli foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo

em Aacutegar Chromocult (Merck Alemanha) a 35degC durante 24h (AOAC 1995) A confirmaccedilatildeo

das colocircnias tiacutepicas de E coli foi realizada por testes bioquiacutemicos de Indol Vermelho de

metila Voges Proskauer e Citrato (IMViC) conforme estabelecido pela American Public

Health Association APHA (DOWNES ITO 2001)

As contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo em

Aacutegar Baird Parker (Accumedia EUA) a 37degC durante 48 horas As colocircnias suspeitas foram

submetidas ao teste de coagulase pelo uso de testes raacutepidos Staphclin Laacutetex (Laborclin

Brasil) (DOWNES ITO 2001)

73

As contagens de microorganismos aeroacutebios psicrotroacuteficos foram obtidas apoacutes

incubaccedilatildeo em Aacutegar Plate Count (Merck Alemanha) sob refrigeraccedilatildeo durante 10 dias

segundo metodologia da APHA (DOWNES ITO 2001)

As amostras foram submetidas agrave pesquisa de Salmonella spp de acordo com o

protocolo descrito por Downes e Ito (2001) e Silva et al (2010) Sob condiccedilotildees esteacutereis as

amostras de mariscos foram submetidas ao preacute- enriquecimento em Caldo lactosado (Merck

Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h Em seguida passaram-se inoacuteculos para caldos

de enriquecimento Tetrationato (Merck Alemanha) e Rappaport (Merck Alemanha) que

foram incubados a 37degC e a 42 degC durante 24 horas respectivamente e foram isolados em

placas contendo Xilose Lisina Aacutegar Desoxicolato (Merck Alemanha) e o Aacutegar Hecktoen

Enteacuterico (Merck Alemanha) incubando-se a 37degC durante 24h Colocircnias suspeitas de

Salmonella foram transferidas para Aacutegar Triacuteplice Accediluacutecar Ferro (Merck Alemanha) e Aacutegar

Lisina Ferro (Merck Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h

Reaccedilotildees tiacutepicas de Salmonella foram submetidas a testes bioquiacutemicos incluindo Teste

da Urease Indol Vermelho de metila Voges Proskauer e Citrato e testes soroloacutegicos de

confirmaccedilatildeo por teste de aglutinaccedilatildeo em lacircmina de vidro com uso de soro somaacutetico

polivalente e soro flagelar (Probac Brasil)

As anaacutelises microbioloacutegicas foram realizadas em duplicata e os resultados foram

comparados com os padrotildees microbioloacutegicos da Resoluccedilatildeo RDC n ordm122001 a Agecircncia

Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria - ANVISA (BRASIL 2001) Para micro-organismos

aeroacutebios psicrotroacuteficos foi adotado o limite para pescado de 106 UFCg estabelecido pela

Comissatildeo Internacional de Especificaccedilotildees Microbioloacutegicas para Alimentos (ICMSF 1986)

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas

Para determinaccedilatildeo do pH foram pesados 10g de cada amostra de marisco

homogeneizada e acrescidos de 50 ml de aacutegua destilada O valor de pH foi medido utilizando-

se o potenciocircmetro 210 MPA (NEOMED Brasil) previamente calibrado conforme descreve

Zenebon et al (2008)

Para a anaacutelise de bases volaacuteteis totais 1g da amostra triturada foi embalada em papel

de filtro e levada para o tubo de Kjeldahl Foram adicionados 30ml de aacutegua destilada e

algumas gotas de vaselina Em um erlenmeyer foram adicionados 5ml de aacutecido boacuterico

saturado (VETEC Brasil) e 3 gotas de indicador misto O tubo de Kjeldahl e o erlenmeyer

foram montados no destilador de nitrogecircnio que foi mantido a uma temperatura elevada ateacute

74

ao momento em ebuliccedilatildeo Apoacutes a mudanccedila de cor do conteuacutedo destilado para azul

esverdeado e mudanccedila do volume para 50ml o aparelho foi desligado e foi realizada a

titulaccedilatildeo com soluccedilatildeo de aacutecido cloriacutedrico 002 (Labimpex Brasil) O procedimento foi

realizado conforme teacutecnica descrita pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

(MAPA) (BRASIL 1997) Todas as anaacutelises quiacutemicas foram realizadas em triplicata

Os resultados das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram comparados e discutidos com base

nos criteacuterios estabelecidos pelo MAPA (BRASIL 1997) e na literatura teacutecnica da aacuterea de

alimentos

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos

Os dados foram processados e analisados estatisticamente utilizando-se o software

Statistical Package for the Social Sciences- SPSS versatildeo 200

Foi realizada a anaacutelise descritiva dos dados e o teste de U-Mann-Whitney para

comparar o perfil microbioloacutegico e fiacutesico-quiacutemico dos mariscos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo O

teste foi realizado em niacutevel de 5 de probabilidade Para verificar a existecircncia de correlaccedilatildeo

entre os paracircmetros estudados foi realizado o teste de Spearman

Em observacircncia agraves diretrizes para pesquisa com seres humanos este estudo foi

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de Nutriccedilatildeo da Universidade Federal

da Bahia (Parecer nordm 2265922014) (ANEXO I) sendo a participaccedilatildeo voluntaacuteria dos

pescadores e marisqueiras confirmada por meio de assinatura em Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO H)

3 Resultados e Discussatildeo

31 Anaacutelises microbioloacutegicas

Os resultados das anaacutelises microbioloacutegicas das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo estatildeo

apresentados na Tabela 1 e Tabela 2

Nesse sentido o resultado observado pode ser decorrente dos cuidados de manuseio

adotados pelas marisqueiras apoacutes a formaccedilatildeo incluindo uma maior preocupaccedilatildeo quanto ao

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente Ainda observa-se o fato das

amostras de mariscos serem conservadas congeladas

75

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea

de Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes apoacutes a atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de

Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Considerando como limite maacuteximo para psicrotroacuteficos o valor de 60 log UFCg

estabelecido pela ICMSF (1986) dado que inexiste paracircmetro na legislaccedilatildeo brasileira para os

alimentos estudados 100 das amostras analisadas apoacutes a intervenccedilatildeo apresentaram

atendimento ao criteacuterio internacional com contagens muito inferiores

Noacutebrega (2013) realizou formaccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade localizada tambeacutem em Satildeo Francisco do Conde para as mesmas espeacutecies

estudadas reportando igualmente contagens meacutedias de psicrotroacuteficos inferiores ao limite

ANTES DA INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 351

(235 ndash 428)

238

(118-279)

236

(116 ndash 404)

SURURU 290

(104 ndash 345)

130

(100 ndash 230)

100

(100 ndash 206)

OSTRA 355

(117 ndash 574)

156

(100 ndash 309)

220

(100 ndash 271)

APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 100

(lt100 ndash 178)

165

(lt100 ndash 203)

181

(lt100 ndash 321)

SURURU 100

(lt100 ndash 100)

120

(102 ndash 126)

100

(lt100 ndash 176)

OSTRA 100

(lt100 ndash 100)

139

(lt100 ndash 257)

100

(lt100 -232)

76

internacional apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda Cordeiro et al (2007) em pesquisa com mexilhotildees

(Perna perna) cozidos congelados e armazenados por 90 dias no municiacutepio de Ubatuba-SP

relatam que a contagem obtida para psicrotroacuteficos de 185 log UFCg situa-se abaixo dos

niacuteveis associados com a deterioraccedilatildeo do pescado

Songsaeng et al (2010) em estudo para avaliar o efeito do congelamento na qualidade

de ostras (Crassostrea belcheri) na Tailacircndia constataram reduccedilatildeo na contagem de

psicrotroacuteficos agrave medida em que aumentava o tempo de armazenamento possivelmente devido

agraves injuacuterias associadas agraves temperaturas de congelamento e armazenamento e agrave vulnerabilidade

desses microrganismos Segundo os autores durante o congelamento cristais de gelo intra e

extra-celulares induzem danos irreversiacuteveis nas membranas externa e citoplasmaacutetica das

bacteacuterias reduzindo a contagem de psicrotroacuteficos (DUAN CHERIAN e ZHAO 2010)

Resultados diferentes foram verificados no estudo de Ramos et al (2011) em Santa

Catarina cujas meacutedias de contagem de psicrotroacuteficos foram superiores agraves observadas nesse

estudo para carne de siri e mexilhotildees 745 e 558logUFCg respectivamente sendo a meacutedia

para o siri superior ao limite internacional preconizado

Com relaccedilatildeo aos coliformes a 35ordmC apesar de natildeo existir valor de referecircncia em

pescado pela legislaccedilatildeo brasileira foi possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da sua contagem apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa nas trecircs espeacutecies estudadas (siri sururu e ostra) embora natildeo

significativa A espeacutecie de marisco que apresentou maior contagem desses microrganismos

nos dois momentos foi o siri

Alguns autores tecircm reportado resultados semelhantes para coliformes agrave 35ordmC como o

de Cordeiro et al (2007) que observaram em mexilhotildees processados uma reduccedilatildeo na

contagem de coliformes agrave 35ordmC apoacutes o congelamento e durante o armazenamento Vieira et

al (2006) constataram uma elevada contagem de coliformes agrave 35ordmC em carne de siri antes da

adoccedilatildeo de medidas de boas praacuteticas com decreacutescimo dos valores apoacutes a implantaccedilatildeo destas

Noacutebrega (2013) descreve uma contagem meacutedia de coliformes a 35ordmC de 321 logUFCg em

carne de siri antes da atividade educativa que reduziu para 215 logUFCg apoacutes a realizaccedilatildeo

desta

Tendo em vista que microrganismos do grupo coliformes satildeo termosensiacuteveis avalia-se

que as contagens verificadas nesse estudo para esse grupo se devem agraves condiccedilotildees precaacuterias de

manuseio no local de beneficiamento resultando em recontaminaccedilatildeo poacutes-processamento

Segundo Holly Young et al (2014) diversos fatores podem determinar a presenccedila de

coliformes no pescado tais como o ambiente onde vivem e tambeacutem como eles foram

coletados e processados Nunes et al (2012) ainda reforccedilam que a presenccedila de coliformes no

77

pescado pode ser decorrente da manipulaccedilatildeo inadequada durante o processamento sem a

adoccedilatildeo de medidas de higiene e condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo insatisfatoacuterias podendo

tambeacutem indicar a eventual presenccedila de enteropatoacutegeno

No que se refere agrave E coli a legislaccedilatildeo brasileira determina que para a categoria de

alimento estudada natildeo seja ultrapassado o limite de 16 log UFCg observando-se nas

amostras de mariscos que a mediana registrada para esse microrganismo foi inferior ao

limite referido nos dois momentos Apenas 63 (n=3) das amostras antes da intervenccedilatildeo

apresentaram o microrganismo sendo duas de siri e uma de sururu natildeo sendo encontrada a

sua presenccedila apoacutes a intervenccedilatildeo

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty observou resultados semelhantes para E coli

constatando a presenccedila deste em 833 das amostras antes da intervenccedilatildeo e sua ausecircncia

apoacutes a intervenccedilatildeo

Escherichia coli eacute um indicador de contaminaccedilatildeo fecal e a sua presenccedila fornece uma

ideia sobre as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias inadequadas (RAMOS et al 2011) Por outro

lado apresenta baixa resistecircncia a tratamentos teacutermicos Em estudo conduzido por

Subramanian (2007) evidenciou-se a ausecircncia de E coli apoacutes o cozimento e o

congelamento de carne de caranguejo confirmando que o processamento realizado reduziu

significativamente a contagem dos microrganismos presentes

Deste modo os achados do presente estudo podem refletir uma melhoria nas

condiccedilotildees de manuseio dos mariscos como pode ser observado durante o acompanhamento

in loco realizado apoacutes a intervenccedilatildeo no qual as marisqueiras demonstraram haacutebitos de

higiene pessoal mais cuidadosos em virtude da atividade educativa recebida

Na anaacutelise dos resultados ainda verificou-se uma correlaccedilatildeo positiva entre

coliformes agrave 35ordmC e Escherichia coli (ρ=0219 plt005) Posto que Escherichia coli eacute um

microrganismo pertencente ao grupo dos coliformes pressupotildee-se uma tendecircncia de aumento

da sua contagem agrave medida que aumenta a contagem de coliformes agrave 35ordmC

Entre as amostras analisadas natildeo foi detectada a presenccedila de Salmonella spp para as

trecircs espeacutecies estudadas nos dois momentos estando a totalidade em conformidade com a

legislaccedilatildeo vigente para este indicador

No trabalho de Ramos et al (2011) similarmente natildeo foi identificada a presenccedila de

Salmonella spp em diferentes espeacutecies de frutos do mar bem como nos estudos de Vieira et

al (2006) com carne de siri beneficiada em Antonina-PR e no de Noacutebrega (2013) com

carne de siri sururu e ostra na Ilha do Paty Satildeo Francisco do Conde-BA ambos realizados

antes e apoacutes treinamento em BPP

78

A Salmonella spp quando presente em produtos da pesca e crustaacuteceos pode ser

proveniente da manipulaccedilatildeo no desembarque ou do processamento (DUARTE et al 2010)

No entanto a aplicaccedilatildeo correta de procedimentos no processamento e medidas de higiene e

sanitizaccedilatildeo contribuem para a prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo deste microrganismo (VIEIRA et

al 2006)

Em relaccedilatildeo aos estafilococos coagulase positiva verificou-se uma reduccedilatildeo da

mediana apoacutes a intervenccedilatildeo para o siri e a ostra poreacutem natildeo significativa Na legislaccedilatildeo

brasileira preconiza-se o valor de 30 log UFCg como limite maacuteximo para este

microrganismo nesse tipo de alimento Sendo assim 146 (n=7) das amostras ainda

apresentaram contagens superiores ao estabelecido para esse microrganismo apoacutes a

intervenccedilatildeo

No presente estudo apesar das melhorias observadas na manipulaccedilatildeo dos mariscos no

acompanhamento in loco apoacutes a intervenccedilatildeo principalmente no que se refere agrave higiene

pessoal natildeo foi verificado o uso de luvas medida que impede o contato direto das matildeos do

manipulador com o alimento Vale ressaltar ainda que as marisqueiras podem apresentar

ferimentos nas matildeos decorrentes da coleta dos mariscos no mangue e do trabalho de

beneficiamento o que pode ter contribuiacutedo para a presenccedila deste microrganismo mesmo apoacutes

a atividade educativa Aleacutem disso pode representar tambeacutem falha como exemplo o excesso

de manipulaccedilatildeo e abuso do tempo de exposiccedilatildeo desses produtos agrave temperatura ambiente ndash

sobretudo no caso do siri cuja extraccedilatildeo da carne eacute mais demorada depois da cocccedilatildeo

favorecendo o desenvolvimento microbiano

Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Noacutebrega (2013) no qual

evidenciou-se que 833 das amostras de siri apresentaram contagem superior ao preconizado

pela legislaccedilatildeo mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

No estudo de Vieira et al (2006) para verificar o efeito da adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas e

a qualidade de carne de siri beneficiado em Antonina-PR ao trabalhar com trecircs grupos de

manipuladores - que natildeo recebeu orientaccedilotildees que recebeu orientaccedilotildees quanto aos

procedimentos de higienizaccedilatildeo e que teve orientaccedilotildees referentes aos procedimentos de

higienizaccedilatildeo e ao tempo de exposiccedilatildeo do produto agrave temperatura ambiente - observaram

amostras com contagens de estafilococos coagulase positiva de 308 382 e 336 logUFCg

respectivamente sendo superior ao limite determinado pela legislaccedilatildeo Os referidos autores

apenas obtiveram contagem inferior ao limite no grupo que teve aleacutem das orientaccedilotildees quanto

as medidas de higienizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo do produto a temperatura ambiente a orientaccedilatildeo do

uso de luvas

79

Ramos et al (2011) em seu estudo encontraram contagem meacutedia de estafilococos

coagulase positiva dentro do limite estabelecido para carne de siri (256 log UFCg) e de

mexilhotildees (20 log UFCg) preacute-cozidos e refrigerados comercializados em uma ilha de Santa

Catarina Os referidos autores ressaltam que os mariscos satildeo muito manipulados uma vez que

a carne eacute separada manualmente apoacutes a cocccedilatildeo

Os estafilococos estatildeo amplamente envolvidos em surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

devido agrave manipulaccedilatildeo de alimentos cozidos por pessoas que carreiam este microrganismo Os

estafilococos tem por habitat natural o nariz do homem sendo transferidos para as matildeos e

dedos (LUES e VAN TONDER 2007) quando natildeo satildeo seguidos cuidados de higiene pessoal

Ainda podem passar a constituir parte da microbiota temporaacuteria das matildeos quando haacute

presenccedila de ferimentos e infecccedilotildees nestas (ABD-ELALEEM 2014)

As intoxicaccedilotildees causadas por estafilococos e doenccedilas relacionadas tecircm apresentado

aumento ao longo dos anos e nem mesmo o uso de luvas e a praacutetica da lavagem das matildeos

eliminam completamente o risco de contaminaccedilatildeo No entanto a combinaccedilatildeo do uso de luvas

com a lavagem adequada das matildeos pode reduzir o risco de contaminaccedilatildeo pelo microrganismo

(SOARES et al 2012)

De acordo com Ramos et al (2011) apoacutes o processamento a qualidade

microbioloacutegica de mariscos pode refletir a microbiota inicial do produto os equipamentos a

higiene pessoal o tratamento teacutermico aplicado o controle do binocircmio tempotemperatura a

utilizaccedilatildeo das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo assim como o cuidado com a embalagem e o

congelamento

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

321 pH

O pH de um alimento eacute determinado sobretudo por grupos livres carboxilo e amino

presentes em compostos de baixo peso molecular e em menor proporccedilatildeo por

macromoleacuteculas (proteiacutenas aacutecidos nucleicos polissacariacutedeos) (CRUZ-ROMERO et al

2007) Assim as alteraccedilotildees no pH podem ser utilizadas como um indicador de mudanccedila post-

mortem como a conversatildeo de glicogecircnio em aacutecido laacutectico e a degradaccedilatildeo de componentes

musculares como proteiacutenas e nucleotiacutedeos durante o armazenamento a longo prazo

(SONGSAENG et al 2010)

80

Os resultados de pH das amostras avaliadas nas etapas antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

encontram-se apresentados na Tabela 3

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha

das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Na anaacutelise dos resultados de pH antes e apoacutes a intervenccedilatildeo observou-se que o siri foi

a espeacutecie que apresentou maiores valores de mediana em ambos os momentos Contudo nos

dois momentos os valores de mediana de pH para as trecircs espeacutecies registraram valores de pH

proacuteximos a neutralidade e ainda valores alcalinos sugerindo uma deterioraccedilatildeo Poreacutem as

amostras analisadas natildeo estavam em seu estado in natura uma vez que foram processadas

submetidas a cozimento congelamento e armazenamento

A legislaccedilatildeo brasileira determina que o pH para a carne interna de peixes deve ser

inferior a 650 (BRASIL 1997) Todavia dado que a legislaccedilatildeo natildeo considera as

especificidades da composiccedilatildeo quiacutemica das diferentes espeacutecies de pescado estudadas natildeo se

pode classificar as amostras como natildeo conformes

Algumas faixas de pH satildeo citadas na literatura para as diferentes espeacutecies de pescado

70 para o caranguejo crustaacuteceo semelhante ao siri 65 para moluscos em geral e 63 para

ostra (JAY 2005)

Os moluscos em sua composiccedilatildeo apresentam um alto teor de carboidratos em sua

maior parte na forma de glicogecircnio e em menor parte de nitrogecircnio ocasionando um

processo de deterioraccedilatildeo basicamente fermentativo enquanto a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute

semelhante dos peixes com produccedilatildeo de compostos alcalinos (JAY 2005)

O sururu espeacutecie pertencente ao grupo dos moluscos bivalves receacutem-capturado

apresenta valor de pH em torno de 65 sem que esteja deteriorado e apoacutes a cocccedilatildeo observa-

pH

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

APOacuteS A

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 824

(801 ndash 839)1

830

(812 ndash 840)1

SURURU 718

(702 ndash 739)1

725

(712 ndash 740)1

OSTRA 671

(660 ndash 680)1

670

(660 ndash 680)1

81

se um pH com meacutedia de 70 (SOUZA et al 2014) Deste modo o pH elevado pode estar

relacionado agrave composiccedilatildeo quiacutemica da espeacutecie estudada e ao processo de cocccedilatildeo

Segundo Dhanapal et al (2012) apoacutes a cocccedilatildeo do pescado haacute um aumento do pH que

pode estar associado agrave quebra da ligaccedilatildeo de hidrogecircnio e interaccedilotildees eletrostaacuteticas Tambeacutem o

aquecimento do muacutesculo ou de miofibrilas isoladas geralmente resulta em um aumento de pH

Assim apesar das amostras de mariscos em quase sua totalidade apresentarem pH superiores

ao padratildeo natildeo eacute possiacutevel afirmar que estivessem improacuteprias para o consumo

Cordeiro et al (2007) observaram em mexilhotildees (Perna perna) submetidos agrave cocccedilatildeo

uma meacutedia de pH de 69 permanecendo estaacutevel apoacutes congelamento e armazenamento

Noacutebrega (2013) verificou valores de pH em sururu de 69 e 714 antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

respectivamente sendo semelhantes aos achados neste estudo Resultados divergentes foram

referidos por Lima et al (2013) cujo valor de pH em mexilhotildees (Perna perna) processados

em Santa Catarina foi de 656

Nesse contexto considera-se que a variaccedilatildeo de pH nas diferentes espeacutecies nem

sempre estaacute relacionada com a qualidade sensorial e microbioloacutegica do produto havendo uma

necessidade de estudos especiacuteficos para determinar o pH em moluscos bivalves uma vez que

durante o processo de decomposiccedilatildeo o pH difere entre as diversas espeacutecies de bivalves

(LIMA et al 2013)

Quanto aos resultados obtidos para ostras Noacutebrega (2013) registra valores de pH para

carne de ostra um pouco inferiores aos obtidos nesse estudo sendo 623 e 645 antes e depois

da intervenccedilatildeo respectivamente Cruz-Romero et al (2007) ao aplicarem diferentes

tratamentos teacutermicos em ostras do Paciacutefico (50degC durante 10 minutos e 75degC durante 8

minutos) verificaram valores meacutedios de pH de 645 e 658 respectivamente sendo inferiores

ao observado no atual estudo Apoacutes o uso do tratamento teacutermico houve um aumento do pH

que foi justificado pela reduccedilatildeo do nuacutemero de grupos aacutecidos em proteiacutenas musculares

No que concerne ao siri Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty relata valores meacutedios de pH

para carne de siri beneficiada de 812 antes da intervenccedilatildeo e de 815 apoacutes a intervenccedilatildeo

Anacleto et al (2011) constataram em carne de caranguejo cozido e congelado provenientes

de Portugal valores de pH em torno de 80 fato que segundo os autores pode ser relacionado

com a formaccedilatildeo de produtos de decomposiccedilatildeo baacutesicos

Lorentzen et al (2014) em avaliaccedilatildeo da carne de caranguejo (Paralithodes

camtschaticus) retirada do ombro e da perna do animal na Noruega observaram que o pH

aumentava durante o armazenamento refrigerado por quatorze dias variando entre 73 a 78 e

76 a 79 respectivamente sugerindo tambeacutem a produccedilatildeo de compostos baacutesicos a partir da

82

decomposiccedilatildeo das proteiacutenas Os autores salientaram ainda que o pH dos caranguejos eacute

geralmente mais elevado do que o de peixes devido a um teor mais elevado de compostos

nitrogenados natildeo proteicos ndash amoniacuteaco e trimetilamina

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT)

Os resultados de N-BVT obtidos antes e depois da intervenccedilatildeo encontram-se

apresentados na Tabela 4

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) (mgN100g) nas amostras de

mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e

apoacutes a intervenccedilatildeo educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Para todas as espeacutecies estudadas observou-se uma reduccedilatildeo nos valores de N-BVT

comparando-se os momentos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo registrando-se diferenccedila significativa

dos valores de N-BVT para o siri (plt005) e para a ostra (plt0001) Entre as espeacutecies notou-

se que o siri apresentou maior mediana em ambos os momentos No entanto a legislaccedilatildeo

brasileira determina apenas o limite para N-BVT na carne interna de peixes devendo ser

inferior a 30mgN100g (BRASIL 1997)

Os resultados observados para esse paracircmetro foram satisfatoacuterios podendo ser

decorrente da adoccedilatildeo das boas praacuteticas durante o beneficiamento No entanto como pode ser

constatado durante o acompanhamento in loco o siri dentre as espeacutecies estudadas tem maior

manipulaccedilatildeo para retirada da carne da carapaccedila tornando-se mais exposto a alteraccedilotildees

microbioloacutegicas e quiacutemicas

N-BVT

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

DEPOIS DA

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 1421

(1092 ndash 4750)1

743

(558 ndash 815)1

SURURU 553

(372 ndash 764)1

464

(371 ndash 465)1

OSTRA 600

(460 ndash 1000)1

373

(372 ndash 475)1

83

Nos crustaacuteceos ainda os valores altos de N-BVT podem decorrer da presenccedila de

elevadas quantidades de aminoaacutecidos livres e compostos nitrogenados que os tornam

susceptiacuteveis agrave degradaccedilatildeo raacutepida por deterioraccedilatildeo (ANACLETO et al 2011)

Subramanian (2007) ao analisar N-BVT em caranguejo cozido e congelado (Portunus

pelagicus) armazenado em sacos de polietileno a - 41ordmC notou um aumento de 27

mgN100g no dia zero de armazenamento para 3507 mgN100g apoacutes 120 dias de

armazenamento No entanto as amostras estudadas natildeo foram julgadas como improacuteprias para

o consumo posto que existem poucas informaccedilotildees disponiacuteveis sobre o limite de

aceitabilidade em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos em moluscos congelados e

mariscos

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty-BA verificou uma diferenccedila nos valores meacutedios de

N-BVT antes e apoacutes a intervenccedilatildeo em Boas Praacuteticas de 3290 para 1643 mgN100g no siri

de 480 para 387 mgN100g na ostra e de 519 para 484 mgN100g no sururu

Algumas espeacutecies de pescado como caccedilotildees raias e siris apresentam valores de bases

volaacuteteis totais elevados sem que necessariamente estejam deterioradas Aleacutem disso a

formaccedilatildeo de bases volaacuteteis totais em amostras cozidas tambeacutem pode ser agravada por

degradaccedilatildeo teacutermica durante o processo de cozimento e pelo congelamento que ocasiona

ruptura da membrana resultando na liberaccedilatildeo de componentes celulares apoacutes o

descongelamento e consequentemente a formaccedilatildeo de substratos para as accedilotildees enzimaacuteticas e

crescimento microbiano (ZENEBON et al 2008 ANACLETO et al 2011)

Considerando os dois indicadores fiacutesico-quiacutemicos - pH e N-BVT verificou-se uma

correlaccedilatildeo positiva (ρ=0421 plt001) ou seja agrave medida que o niacutevel de pH aumentava o niacutevel

de N-BVT aumentava tambeacutem

Verificou-se tambeacutem uma correlaccedilatildeo positiva entre as bases volaacuteteis totais e contagens

de psicrotroacuteficos (ρ=0338 plt001) coliformes agrave 35ordmC (ρ=0207 plt005) e estafilococos

(ρ=0319 plt001) que pode estar associada ao acuacutemulo de compostos alcalinos como

amocircnia e trimetilamina derivadas da accedilatildeo microbiana no pescado durante a sua deterioraccedilatildeo

e que tem sido atribuiacuteda como causa do aumento do pH (SUSANTO et al 2011)

4 Conclusatildeo

Ao avaliar a eficaacutecia da formaccedilatildeo para as marisqueiras por meio das anaacutelises

microbioloacutegicas verificou-se uma melhoria da qualidade dos mariscos analisados apoacutes a

intervenccedilatildeo no entanto ainda foram registradas proporccedilatildeo das amostras de mariscos natildeo

84

conformes para estafilococos coagulase positiva ainda decorrentes de falhas existentes

durante o beneficiamento poacutes-cocccedilatildeo

No que se refere aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos constatou-se que a legislaccedilatildeo vigente

natildeo contempla as espeacutecies estudadas Dessa forma natildeo foi possiacutevel afirmar a natildeo

conformidade das amostras de mariscos em relaccedilatildeo a esse padratildeo principalmente o pH uma

vez que os valores de bases volaacuteteis totais encontrados foram inferiores ao padratildeo brasileiro

que eacute especiacutefico para outras espeacutecies de pescado

Os resultados apontam a necessidade de maior conhecimento das caracteriacutesticas

proacuteprias das espeacutecies estudadas e das alteraccedilotildees que podem ocorrer com os mariscos durante

as diferentes etapas de processamento bem como de adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo vigente de

modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo

sugere-se a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e controles mais efetivos

utilizando sobretudo atividades praacuteticas visando o melhor aperfeiccediloamento do trabalho o

atendimento dos padrotildees teacutecnicos estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Aleacutem disso sugere-se que novos estudos devem ser conduzidos de modo a caracterizar

melhor o comportamento das diferentes espeacutecies de pescado in natura e apoacutes aplicaccedilatildeo de

processos de conservaccedilatildeo

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a Luiacutes Fernandes Pereira Santos pelo apoio teacutecnico e agrave

Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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food handlers in the delicatessen sections of a retail group Food Control v18 n4 p326ndash

332 2007

87

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Satildeo Paulo Brasil Aspectos estruturais e socioeconocircmicos Boletim do Instituto de

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NOacuteBREGA GS Estrateacutegias de intervenccedilatildeo e promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar na

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comercializado em mercados varejistas Rev Inst Adolfo Lutz Satildeo Paulo v71 n3 2012

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lesotildees por esforccedilos repetitivos estudo de caso em uma comunidade de mariscadeiras na Ilha

de Mareacute Bahia Revista Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v16 n8 p3383-3392 2011

RAMOS RJ et al Microbiological quality of pre-cooked seafood marketed in Santa

Catarina Island Brazil Rev Inst Adolfo Lutz Satildeo Paulo v70 n4 2011

SAacute EP A pesca o pescador e a cadeia de distribuiccedilatildeo do pescado um

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f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede) ndash Escola de Nutriccedilatildeo

Universidade Federal da Bahia Salvador 2011

SANTOS M D F A pesca artesanal e a qualidade de pescados receacutem-capturados em

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2013

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SILVA N JUNQUEIRA VCA SILVEIRA NFA TANIWAKI MH SANTOS

RFS GOMES RAR Manual de meacutetodos de anaacutelise microbioloacutegica de alimentos 4ed

Satildeo Paulo Varela 2010 624p

SOARES LS ALMEIDA RCC CERQUEIRA ES CARVALHO JS NUNES IL

Knowledge attitudes and practices in food safety and the presence of coagulase-positive

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changes in oyster (Crassostrea belcheri) during frozen storage as affected by freezing and

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SOUZA MMM SILVA IRC MATOS CMS MACHADO ANS TEIXEIRA

AVS CARDOSO RCV Monitoramento do pH no sururu (Mytella guyanensis) sob

diferentes tratamentos In Congresso Brasileiro de Ciecircncia e Tecnologia de Alimentos 14

2014 Aracaju Anais Aracaju sbCTA 2014 1 CD-ROM

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SUSANTO E AGUSTINI TW RITANTO EP DEWI EN SWASTAWATI F

Changes in oxidation and reduction potential (Eh) and pH of tropical fish during storage

Journal of Coastal Development v14 n3 p223-234 2011

VIEIRA DM NAUMANN CRC ICHIKAWA T CAcircNDIDO LMB 2006

Caracteriacutesticas microbioloacutegicas de carne de siri beneficiada em Antonina (Pr) antes e apoacutes a

adoccedilatildeo de medidas de boas praacuteticas Scientia Agraria Curitiba v7 n1 p 41-48

ZENEBON O et al Meacutetodos fiacutesico-quiacutemicos para anaacutelise de alimentos- Satildeo Paulo

Instituto Adolfo Lutz 2008p 1020

89

Consideraccedilotildees finais

Os resultados desse estudo demonstraram que a estrateacutegia de intervenccedilatildeo utilizada

favoreceu a boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade e interaccedilatildeo entre os instrutores e a

comunidade Por outro lado ainda foram identificadas necessidades de aperfeiccediloamento na

conduccedilatildeo da formaccedilatildeo incluindo o aumento tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e uma

maior ecircnfase na abordagem dos controles de temperatura e tempo

Apesar das mudanccedilas positivas observadas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo dos mariscos

durante o beneficiamento coexistiam inadequaccedilotildees na estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento dadas as condiccedilotildees de vida e o baixo poder aquisitivo das marisqueiras

Ao avaliar a eficaacutecia da atividade formativa por meio das anaacutelises microbioloacutegicas

evidenciou-se uma melhoria na qualidade dos mariscos registrando-se ainda proporccedilatildeo das

amostras de mariscos natildeo conformes o que decorre de falhas ainda existentes durante o

beneficiamento nas etapas poacutes-cocccedilatildeo Quanto aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos natildeo foi

possiacutevel afirmar a natildeo conformidade das amostras analisadas uma vez que a legislaccedilatildeo

vigente natildeo contempla as espeacutecies estudadas apontando-se a necessidade de adequaccedilatildeo desta

de modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo os

resultados sugerem tambeacutem a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e

controles mais efetivos visando o aprimoramento do trabalho o atendimento dos padrotildees

estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividades educativas e acompanhamentos periodicamente

reforccedilando os conceitos e as praacuteticas a serem adotadas com vistas a garantir a inocuidade dos

mariscos comercializados

90

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO

Qualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras fazendo melhor na Ilha das Fontes

Local Sede - Ilha das Fontes

Data 08 a 10 de julho de 2014 Horaacuterio 1400 agraves 1700 hs

FICHA DE INSCRICcedilAtildeO

Nome ____________________________________________

Sexo Masc ( ) Fem ( ) Idade _______ anos

Escolaridade ____________________________________

Profissatildeo __________________________________

Tempo de trabalho com mariscos ___________________anos

Comunidade Pesqueira __________________________

Telefone para contato _________________________________

OBS Ao final os participantes receberatildeo certificado

Universidade Federal da Bahia

Escola de Nutriccedilatildeo

91

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS PRAacuteTICAS

Certificamos que

___________________________________________ participou do

curso ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo realizado na Sede

Comunitaacuteria da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA

nos dias 08 09 e 10 de julho de 2014 com dez horas de duraccedilatildeo

CERTIFICADO

_________________________

Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Coordenadora do Curso

____________________________

Dalva Maria da Noacutebrega Furtunato

Vice-Coordenadora do Curso

92

ANEXOS

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS DOS ALIMENTOS

R Arauacutejo Pinho 32 ndash Canela CEP 40110-150 Tel (71) 3283-7700 Fax 3283-7701

Consulta aos pescadores e marisqueiras para fins de treinamento

Nome_______________________________________________________

Atividade Pescador ( ) Marisqueira ( )

1 Quais os assuntos que vocecirc considera mais importantes para serem estudados em

treinamento sobre a pesca e os cuidados com o pescado

______________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2 Como vocecirc gostaria que as aulas fossem dadas

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

3 Que local(ais) da sua comunidade pode(m) ser indicado(s) para realizaccedilatildeo deste

treinamento

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

93

4 Em quais dias da semana a realizaccedilatildeo do treinamento ficaria melhor

Nos dias uacuteteis ndash segunda a sexta ( ) No final de semana ( )

Se dias uacuteteis indicar os dois melhores __________________________________

5 Em que turno

Manhatilde ( ) Tarde ( ) Qualquer turno ( )

6 Vocecirc se tem interesse e disponibilidade para participar deste treinamento

Sim ( ) Natildeo ( )

94

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS

Responsaacutevel pela visita__________________________ Data da visita _________

IDENTIFICACcedilAtildeO DO (A) MARISQUEIRO(A)

01 Nome completo ________________________________________________________________________________

LISTA DE VERIFICACcedilAtildeO DE PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE MARISCOS

ADAPTADA RESOLUCcedilAtildeO - RDC Ndeg 216 DE 15092004

ITENS AVALIADOS SIM NAtildeO N A Observaccedilatildeo

1 EDIFICACcedilOtildeES INSTALACcedilOtildeES MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

11-A casa dispotildee de rede de esgoto ou fossa seacuteptica

12- As caixas de gordura e de esgoto estatildeo localizadas fora da aacuterea de

preparaccedilatildeo e armazenamento dos mariscos apresentando adequado estado de

conservaccedilatildeo e funcionamento

13- Os ralos satildeo tampados e sifonados

95

14- A aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos estaacute livre de objetos em desuso e

de animais de estimaccedilatildeo

15- Os equipamentos utilizados apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis

resistentes natildeo-absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

151- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

16- Os utensiacutelios apresentam superfiacutecies lisas resistentes natildeo absorventes

sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica e de material apropriado (natildeo

utilizaccedilatildeo de madeira)

161- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

17-As mesas apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis resistentes natildeo-

absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

171- Se mesa de madeira existe proteccedilatildeo com plaacutestico transparente

172- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

2 HIGIENIZACcedilAtildeO DE INSTALACcedilOtildeES EQUIPAMENTOS

MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

21-A aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos eacute higienizada sempre que necessaacuterio

e apoacutes o teacutermino do trabalho

22- As etapas de higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees satildeo cumpridas garantindo as

condiccedilotildees de limpeza

23- As etapas de higienizaccedilatildeo de utensiacutelios equipamentos satildeo cumpridas

garantindo as condiccedilotildees de limpeza

24- A higienizaccedilatildeo de utensiacutelios eacute realizada antes e apoacutes o uso

96

25- A frequecircncia de higienizaccedilatildeo do equipamento (geladeira eou freezer) eacute

adequada

26- Os panos de limpeza vassouras rodos esponjas e escovas satildeo de uso

exclusivo para a higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios

261- Satildeo higienizados apoacutes o uso e estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

262- Satildeo guardados em local adequado

3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS

31- Verifica-se a presenccedila de insetos animais de estimaccedilatildeo ou vestiacutegios

(fezes) de animais na aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos

32- Existe alguma medida preventiva (uso de rodapeacutes telas nas janelas

ralos com tampas ou sifonados lixeira com tampa) para evitar a incidecircncia

de vetores e pragas no local de preparaccedilatildeo dos mariscos

33-Eacute utilizado algum produto quiacutemico para controle de pragas

34- Os produtos quiacutemicos satildeo devidamente registrados

35- Os produtos quiacutemicos satildeo guardados separados dos alimentos

4 ABASTECIMENTO DE AacuteGUA

41- A aacutegua utilizada para a produccedilatildeomanipulaccedilatildeo dos mariscos eacute da rede

puacuteblica de abastecimento

42- Os reservatoacuterios de aacutegua possuem tampas e encontram-se em bom

estado de conservaccedilatildeo e protegidos de contaminaccedilatildeo

43 A limpeza dos reservatoacuterios de aacutegua eacute realizada semestralmente e esta

97

conduta eacute registrada

44- O gelo utilizado eacute produzido na residecircncia

45- O gelo eacute produzido com aacutegua potaacutevel e sob condiccedilotildees de higiene

46- O gelo produzido eacute acondicionado em recipiente higienizado

5 MANEJO DOS RESIacuteDUOS

51- Os recipientes para lixo satildeo de material adequado de faacutecil limpeza e

satildeo revestidos com sacos plaacutesticos

511- Satildeo higienizados com frequecircncia

52- O lixo eacute mantido em local que natildeo oferece risco de acesso a pragas e

animais e isolado das aacutereas de produccedilatildeomanipulaccedilatildeo de mariscos

521- Eacute descartadoincinerado com frequecircncia

6 MARISQUEIRAS (OS)

61- As (os) marisqueiras (os) apresentam higiene corporal adequada roupas

limpas cabelos protegidos e totalmente cobertos unhas curtas limpas e sem

esmalte e sem utilizaccedilatildeo de adornos (brincos aneacuteis reloacutegios)

62- As (os) marisqueiras (os) executam a higiene correta das matildeos sempre

que se fizer necessaacuterio e de forma adequada

63- As (os) marisqueiras (os) evitam comportamentos atitudes e gestos

incorretos (fumar tossir sobre os alimentos cuspir comer manipular

dinheiro etc) durante a manipulaccedilatildeo

64- As (os) marisqueiras (os) quando estatildeo com ferimentos lesotildees nas

98

matildeos nos braccedilos e infecccedilotildees respiratoacuterias natildeo manipulam os mariscos

7 MATEacuteRIAS-PRIMAS PREPARO DOS MARISCOS E

EMBALAGENS

71- Eacute realizada lavagem dos mariscos apoacutes captura para a remoccedilatildeo das

sujidades com aacutegua potaacutevel

72- Existe seleccedilatildeo dos mariscos antes do cozimento

73- Eacute utilizada aacutegua potaacutevel para lavagem e cozimento dos mariscos

74- Durante o cozimento existe controle do tempo de contato do marisco

com a aacutegua fervente

75- Apoacutes o cozimento os mariscos satildeo resfriados sob superfiacutecie limpa e

adequada (afastado do chatildeo e de animais)

76- Durante a cataccedilatildeo satildeo utilizados utensiacutelios limpos e em bom estado de

conservaccedilatildeo

77- As matildeos satildeo devidamente higienizadas

78- Satildeo utilizados utensiacutelios (escumadeira colher etc) limpos para o

porcionamento dos mariscos nas embalagens

79- As embalagens utilizadas satildeo limpas transparentes e adequadas para o

armazenamento dos mariscos

710- O tempo entre o cozimento e o acondicionamento dos mariscos sob o

frio excede 30 minutos

711- O marisco preparado e armazenado sob refrigeraccedilatildeo ou congelamento

possui identificaccedilatildeo

99

Lembrar as meninas para alguns detalhes

Natildeo Aplicaacutevel

OBS Observar e perguntar as marisqueiras quanto tempo o produto (marisco) fica em temperatura ambiente ateacute o resfriamento

100

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM

Cara (o) marisqueira ou pescador

Dando continuaccedilatildeo agraves atividades do Projeto aproveitamos o momento para conversarmos

sobre algumas questotildees que devem ser respondidas primeiramente em pequenos grupos e depois

compartilhadas com todos os participantes da nossa Roda de Conversa

Segue a tarefa

1 Como se sentiu com a realizaccedilatildeo do curso considerando o trabalho (mariscagem)

2 Apoacutes o curso houve mudanccedila no seu trabalho como marisqueira Se sim qual (ais)

3 O que jaacute era feito e vocecirc reforccedilou o seu cuidado

4 Vocecirc discorda de algo que foi mostrado de Boas Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo dos mariscos

5 Foi difiacutecil fazer mudanccedilas no seu modo de trabalhar

O que foi mais faacutecil O que foi mais difiacutecil

6 Como se sente com as mudanccedilas feitas

7 O que falta para ficar melhor

8 O que sugere para as proacuteximas atividades

Agradecemos pela sua participaccedilatildeo

Um abraccedilo

Equipe de Nutriccedilatildeo (UFBA) e Equipe de Fisioterapia (UNEB)

Mariscagem

101

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DAS ETAPAS DE SENSIBILIZACcedilAtildeO

E DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS

FICHA DE AVALIACcedilAtildeO

Sua opiniatildeo sobre o curso eacute muito importante para noacutes Por gentileza responda as questotildees

abaixo

1 Explicaccedilatildeo dos assuntos

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

2 Recursos utilizados

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

3 Ritmo das atividades

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

4 Resposta das perguntas feitas

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

5 Considero minha aprendizagem

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

6 O que poderia ser diferente

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 O que faltou ser abordado

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

102

8 O que vocecirc mais gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

9 O que vocecirc natildeo gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10 OBSERVACcedilOtildeES (Aqui vocecirc escreve o que quiser)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

103

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA E

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

REALIZACcedilAtildeO

APOIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

Maio - 2014

104

Esta cartilha tem como objetivo fornecer conceitos baacutesicos em

higiene de alimentos agraves marisqueiras que frequentaram o curso de

capacitaccedilatildeo ministrado por professores e alunos do Mestrado em

Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e do Mestrado em

Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Universidade Federal da Bahia

O curso visa aumentar a qualidade dos mariscos manipulados

e processados pelas marisqueiras que vivem em cidades e distritos

proacuteximos agrave regiatildeo da Baiacutea de Todos os Santos mais especificamente na

comunidade Ilha do Paty em Satildeo Francisco do Conde

A Cartilha da Marisqueira faz parte de uma das etapas da

dissertaccedilatildeo de mestrado em Ciecircncia de Alimentos do discente Raphael

Auguste Dantas e contou com a colaboraccedilatildeo das mestrandas Gabriela

Silva da Noacutebrega e Mary Daiane Fontes Santos

As imagens desta cartilha foram extraiacutedas da Cartilha do

Manipulador de Alimentos que faz parte do Projeto APPCC Mesa

organizado em parceria pelo

SENACSENAISEBRAESESCSESIANVISA

1

2 17

105

INTRODUCcedilAtildeO

O catado de marisco (sarnambi sururu ostra siri

caranguejo aratu) eacute um alimento pereciacutevel que pode causar

diversos tipos de doenccedilas caso seja produzido sem os devidos

cuidados de higiene

As condiccedilotildees da mateacuteria-prima equipamentos e utensiacutelios

aleacutem da conservaccedilatildeo do catado em refrigeradores satildeo

fundamentais para obter um alimento seguro entretanto as

etapas de preparo satildeo decisivas para a qualidade final dos

mariscos processados

Um bom preparo iraacute garantir a qualidade higiecircnico-

sanitaacuteria dos catados e esse manual apresenta dicas de como

proceder durante a manipulaccedilatildeo e o processamento desse

alimento

Um alimento de boa qualidade eacute aquele que natildeo oferece

nenhum tipo de perigo para as pessoas que vatildeo consumi-lo

CONCLUSAtildeO

A realizaccedilatildeo do mini-cursoevento de formaccedilatildeo em Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo para as marisqueiras eacute o resultado do

esforccedilo conjunto de comunidades ribeirinhas que vivem nos

municiacutepios e distritos do entorno da Baiacutea de Todos os Santos (em

especial na Ilha do Paty - SFC) e dos docentes e discentes do

Mestrado em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e

do Mestrado de Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Escola de

Nutriccedilatildeo da Universidade Federal da Bahia

Este trabalho buscou aproximar o conhecimento

cientiacutefico da sociedade estabelecendo e concretizando em

harmonia as trecircs dimensotildees de atuaccedilatildeo da UFBA o ensino a

pesquisa e a extensatildeo

106

PERIGOS tudo que pode pocircr em risco a sauacutede das pessoas

Perigos fiacutesicos cascas de mariscos fios de cabelos gratildeos

de areia espinhas de peixes resiacuteduos de esmalte outros

Perigos quiacutemicos desinfetantes detergentes venenos

para ratos baratas e formigas metais e poluentes

ambientais aditivos alimentares

Perigos microbioloacutegicos microrganismos (bacteacuterias

fungos viacuterus entre outros)

Os perigos alimentares tecircm sido referidos ao longo da

Histoacuteria como um problema para a sauacutede do homem Eacute

importante que os alimentos natildeo possuam nenhum tipo de perigo

pois alguns desses podem causar doenccedilas ou ateacute levar a morte

As etapas de lavagem do marisco antes do cozimento e a

cataccedilatildeo satildeo etapas fundamentais para evitar a presenccedila de perigos

fiacutesicos (areia lama resiacuteduo de esmalte) no catado de marisco

3 16

107

HIGIENE PESSOAL

Higiene pessoal significa cuidar da higiene da pele dos

cabelos das unhas da roupa que usa para preparar o marisco

entre outras coisas

Durante o preparo do marisco natildeo se deve utilizar aneacuteis

brincos colares ou esmalte nas unhas porque esses podem se

soltar e cair dentro do alimento

Muitos microrganismos perigosos satildeo transmitidos aos

alimentos pela falta de higiene pessoal durante o preparo a

manipulaccedilatildeo e o processamento dos alimentos

A higiene pessoal de quem trabalha diretamente no

preparo do catado de marisco eacute uma das mais importantes formas

para evitar a contaminaccedilatildeo deste tipo de alimento por microacutebios

A higiene pessoal aleacutem de ser importante para a sauacutede

tambeacutem eacute fundamental para a produccedilatildeo de um alimento seguro

Ter boa higiene pessoal significa

15

5

4

HIGIENE PESSOAL 14

108

13 6

109

110

7

LAVAGEM DAS MAtildeOS

Entre as formas de higiene pessoal a lavagem

correta das matildeos durante o preparo e manipulaccedilatildeo do

catado de marisco eacute sem duacutevida a que mais diminui o risco

de contaminar o alimento com microrganismos

Durante o preparo e manipulaccedilatildeo do catado de

marisco eacute importante lavar as matildeos

Antes de comeccedilar a catar os mariscos

Depois que utilizar o banheiro

Depois de tossir espirrar ou assoar o nariz

Depois de recolher o lixo

Depois de manusear dinheiro

Lembre-se de sempre utilizar sabatildeo ou sabonete para

lavar as matildeos e enxaguar bastante em aacutegua corrente para

natildeo deixar resiacuteduos

12

COMPORTAMENTO DENTRO DA COZINHA

111

LAVAGEM CORRETA DAS MAtildeOS 8

UTENSIacuteLIOS

Utensiacutelios satildeo todos os instrumentos como facas facatildeo

machadinho panelas baldes escorredor garfos bandejas e

vasilhas utilizadas durante o preparo do catado de marisco

O bom estado de conservaccedilatildeo e a higiene dos utensiacutelios

satildeo importantes para garantir a qualidade do produto final

Eles devem ser limpos antes e depois do preparo do

alimento quando deve ser realizada a lavagem com

detergente seguida da sanitizaccedilatildeo com soluccedilatildeo clorada feita a

partir da mistura de 1 colher de aacutegua sanitaacuteria em 1 litro de

aacutegua

O manipulador deve ficar atento para natildeo utilizar o mesmo

utensiacutelio no marisco cru e cozido para evitar a contaminaccedilatildeo

cruzada ou quando estiver manipulando dois tipos diferentes

de mariscos ao mesmo tempo

11

112

AMBIENTE DE TRABALHO

Aleacutem da higiene pessoal a higiene do ambiente de

trabalho tambeacutem eacute importante para a qualidade do alimento

produzido

Antes de comeccedilar a catar o marisco eacute importante limpar o

local onde vai ser feito o preparo e a manipulaccedilatildeo dos

mariscos

Locais fechados como a cozinha satildeo mais faacuteceis de limpar

do que locais abertos como quintais ou varandas

Evitar trabalhar em ambientes sujos na presenccedila de

animais de estimaccedilatildeodomeacutesticos e com lixo exposto e sempre

manter o lixo em vasilhas com a tampa fechada para evitar

atrair ratos e insetos

9

PRAGAS

Os ratos baratas e moscas satildeo atraiacutedos pelo lixo e pelo

forte cheiro do marisco

Eles podem contaminar os alimentos com microrganismos

e transmitir diversos tipos de doenccedilas graves

Outros animais como catildees e gatos tambeacutem podem

contaminar os alimentos com microacutebios por isso a cataccedilatildeo dos

mariscos deve ser realizada em um local bem afastado do lixo

e de animais domeacutesticos

Sempre deve ser realizado o combate dessas pragas

evitando que eles se alimentem dos restos dos alimentos e

possam se multiplicar

10

113

CINCO CHAVES PARA SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) haacute muito tempo adverte para a importacircncia da formaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos no que diz

respeito agrave sua responsabilidade na seguranccedila alimentar Em 2001 a OMS criou o Manual das ldquoCinco Chaves para uma Alimentaccedilatildeo mais Segurardquo que

compreende os seguintes princiacutepios

(1) Manter a limpeza das matildeos das superfiacutecies equipamentos e utensiacutelios utilizados na preparaccedilatildeo e manipulaccedilatildeo dos alimentos (mariscos)

(2) Separar os alimentos crus (carnes peixes e mariscos) de alimentos cozidos utilizar diferentes equipamentos e utensiacutelios como facas e taacutebuas de corte

para alimentos crus e cozidos e guardar os alimentos em recipientes ou embalagens fechadas para que natildeo haja contato entre esses alimentos

(3) Cozinhar bem os alimentos especialmente carne ovos peixe e mariscos em temperaturas acima de 70degC

114

(4) Manter os alimentos a temperaturas seguras fora da zona de perigo 5deg C a 65deg C Natildeo deixar alimentos cozidos por mais de 2 horas agrave temperatura

ambiente refrigerar rapidamente os alimentos cozidos eou pereciacuteveis preferencialmente abaixo de 5ordmC natildeo descongelar os alimentos agrave temperatura

ambiente

(5) Utilizar aacutegua e mateacuterias-primas seguras como por exemplo aacutegua potaacutevel ou trate-a para que se torne segura (ferver ou filtrar a aacutegua) selecionar

alimentos variados e frescos lavar frutas e vegetais especialmente se forem consumidos crus e natildeo utilizar alimentos com o prazo de validade expirado

(vencido)

115

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS

116

117

118

ANEXO G ndash GUIA DE HIGIENIZACcedilAtildeO DA CAIXA D`AacuteGUA

PASSO A PASSO COMO LIMPAR SUA CAIXA DrsquoAacuteGUA

1) Programe o dia da lavagem da sua caixa drsquoaacutegua Decirc preferecircncia ao fim de semana

2) Feche o registro da entrada da casa ou amarre a boia

3) Reserve aacutegua para uso durante o periacuteodo que estiver limpando

4) Deixe um palmo de aacutegua na caixa drsquoaacutegua que seraacute utilizada para a limpeza

5) Tampe a saiacuteda de aacutegua do fundo da caixa com um pano limpo Assim a sujeira natildeo desce pela

tubulaccedilatildeo

6) Esfregue as paredes e o fundo com escova de fibra vegetal ou bucha de fio plaacutestico macio

Nunca use sabatildeo detergente ou produto quiacutemico Natildeo usar palha de accedilo e vassoura

7) Remova a aacutegua suja da caixa drsquoaacutegua com balde caneco e pano Natildeo deixe essa aacutegua descer

pelos canos para natildeo contaminar

8) Deixe a saiacuteda do fundo tampada e deixe entrar mais um palmo de aacutegua Adicione 1 Litro de

aacutegua sanitaacuteria para cada 1000 Litros da caixa drsquoaacutegua

9) Usando luvas e botas de borracha limpos molhe as paredes com a soluccedilatildeo usando uma

brocha balde caneca ou pano Repita + 3 vezes a cada 30 minutos

10) Ainda com o registro fechado retire o pano da saiacuteda do fundo da caixa esvaziando totalmente

Abra as torneiras da casa e decirc descarga para desinfetar a rede interna

11) Abra o registro Enxague as paredes laterais com a aacutegua que estaacute entrando Deixe escoar essa

aacutegua pela rede interna Natildeo a utilize

12) Lave bem a tampa por dentro e feche a caixa direito para natildeo entrar pequenos animais insetos

ou sujeira

13) Anote a data da limpeza e programe a proacutexima limpeza a cada 6 meses

119

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO FACULDADE DE FARMAacuteCIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Projeto A cadeia produtiva de pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco

agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Prezado (a) Sr (a)

Eu fui convidado(a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada A cadeia produtiva de

pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar sob a responsabilidade da pesquisadora Profa Ryzia de

Cassia Vieira Cardoso

Fui esclarecido(a) que o objetivo da pesquisa eacute caracterizar a pesca e o comeacutercio de pescados em

Satildeo Francisco do Conde-BA visando contribuir para a melhoria da qualidade da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo dos pescados e da condiccedilatildeo de vida dos trabalhadores dessas atividades

Estou ciente que serei entrevistado pelos pesquisadores encarregados do Projeto no que se refere

agraves minhas condiccedilotildees de vida escolaridade sauacutede moradia e trabalho e as condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo conservaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do pescado de forma livre e de acordo com minha

vontade assinando esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Fui informado(a) que os dados seratildeo coletados no meu local de trabalho e tambeacutem que os

pesquisadores comprometem-se a utilizar as informaccedilotildees obtidas exclusivamente 117

120

para os fins estabelecidos no projeto incluindo a elaboraccedilatildeo de relatoacuterios que seratildeo entregues agrave

Prefeitura e a publicaccedilatildeo dos resultados sejam eles favoraacuteveis ou natildeo

Fui alertado(a) ainda que natildeo receberei nenhum pagamento nem equipamento de pesca ou outros

equipamentos pelas informaccedilotildees que prestarei aos pesquisadores podendo desistir em qualquer

etapa e retirar meu consentimento sem penalidades prejuiacutezo ou perdas e que os dados fornecidos

permaneceratildeo sob sigilo absoluto assegurando o meu anonimato

Estou ciente que terei acesso aos dados registrados e reforccedilo que natildeo fui submetido (a) a coaccedilatildeo

induccedilatildeo ou intimaccedilatildeo

Fui informado(a) que os resultados que seratildeo conseguidos nessa pesquisa auxiliaratildeo a Prefeitura

Municipal de Satildeo Francisco do Conde a tomar decisotildees para melhorar a seguranccedila alimentar e a

inclusatildeo social da comunidade envolvida

Informo ainda que concordo com o que foi dito e estou recebendo coacutepia deste papel

Finalmente fui informado(a) que em caso de duacutevida ou maiores esclarecimentos poderei entrar

em contato com a pesquisadora Profa Ryzia de Cassia Vieira Cardoso na Escola de Nutriccedilatildeo da

UFBA localizada na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador ou pelos telefones (71) 3283-

77007695 email ryziaufbabr ou no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de

NutriccedilatildeoUFBA na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador telefone 3283-7704 ou pelo email

cepnutufbabr

Local ________________ ___________ Data ________________

Nome do entrevistado __________________________________________________

Declaro que recebi de forma voluntaacuteria e apropriada o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para participaccedilatildeo nesta pesquisa

Local ________________ ___________ Data ________________

__________________________________________________

Pesquisador Responsaacutevel Ryzia de Cassia V Cardoso - Tel (71) 3283-77007695 E-mail

ryziaufbabr

121

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA

122

Agrave Luiacutes Ari e Ayse por compartilharem conhecimento e pela imensa ajuda nos momentos em

que precisei

Agrave seu Jorge por me auxiliar na locomoccedilatildeo e permitir que chegasse no meu destino em paz

Agrave todos funcionaacuterios da ENUFBA em especial Dona Nice Ritinha Railda Selma seu

Ademaacuterio Monteiro seu Vivaldo e seu Antocircnio por tornarem meu ambiente de trabalho mais

harmonioso e pelo apoio e carinho

Agrave Mariese pela contribuiccedilatildeo com as anaacutelises dos dados e interpretaccedilotildees estatiacutesticas

Agraves marisqueiras da Ilha das Fontes em especial Ninha Miralva Marinalva Leninha Denilza

e Vacircnia pela receptividade pelo carinho pela ajuda pelos sorrisos pela boa vontade Com

vocecircs me senti acolhida e realmente acreditei que conseguiria chegar ao fim dessa jornada

Agrave prefeitura de Satildeo Francisco do Conde pelo apoio

Agrave FAPESB pelo apoio financeiro

E por fim a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu concluiacutesse mais essa etapa

com ecircxito

Muito obrigada

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 13

OBJETIVOS 15

Geral 15

Especiacuteficos 15

Capiacutetulo I ndash REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 16

1 Pesca artesanal 16

2 A mariscagem 18

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo 20

4 Indicadores de qualidade do pescado 22

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal 25

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento 27

REFEREcircNCIAS 30

Capiacutetulo II - FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA

MARISQUEIRAS UMA EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA

BAIacuteA DE TODOS OS SANTOS BRASIL 39

Resumo 39

Abstract 40

1Introduccedilatildeo 40

2 Material e meacutetodos 42

21 Seleccedilatildeo do local 42

22 Programa de intervenccedilatildeo 42

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias 44

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias 44

25 Anaacutelise de dados 45

3 Resultados e Discussatildeo 45

31 Programa de intervenccedilatildeo 45

311 Sondagem 45

312 Sensibilizaccedilatildeo 45

313 Acompanhamento in loco antes 47

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos 50

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo 55

316 Roda de conversa 61

4 Conclusatildeo 62

5 Referecircncias 63

Capiacutetulo III - EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA

MARISQUEIRAS AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM

INDICADORES MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS 67

Resumo 67

Abstract 68

1Introduccedilatildeo 68

2 Material e Meacutetodos 70

21 Atividade Educativa 70

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa 71

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas 72

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas 73

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos 74

3 Resultados e Discussatildeo 74

31 Anaacutelises microbioloacutegicas 74

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 79

321 pH79

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) 82

4 Conclusatildeo 83

6 Referecircncias 84

Consideraccedilotildees finais 89

APEcircNDICES 90

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO 90

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS

PRAacuteTICAS 91

ANEXOS 92

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM 92

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS 94

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM 100

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS 101

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA 103

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS 115

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 119

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA 121

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 43

Figura 2 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras antes da

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 49

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo da atividade educativa realizada

junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de Todos os

Santos Brasil 20142015 54

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto

ao atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das

Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA 20142015 56

Figura 5 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras apoacutes a

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 59

LISTA DE TABELAS

CAPIacuteTULO II

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes da

formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco

do Conde Brasil 20142015 51

CAPIacuteTULO III

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes depois da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da

Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa

20142015 80

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) nas amostras de mariscos

beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa 20142015 82

LISTA DE QUADROS

CAPIacuteTULO III

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas em planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil

20142015 70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA ndash Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APPCC ndash Anaacutelises de Pontos e Perigos Criacuteticos de Controle

BPF ndash Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo

BPP ndash Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo

DORT ndash Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho

DTA ndash Doenccedilas Transmitidas por Alimentos

EPI ndash Equipamentos de Proteccedilatildeo Individual

FAO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Alimentaccedilatildeo e a Agricultura

FAPESB - Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for Foods

LER - Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo

MAPA ndash Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

N-BVT ndash Bases Volaacuteteis Totais

pH ndash Potencial Hidrogeniocircnico

PIB ndash Produto Interno Bruto

RDC - Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RIISPOA - Regulamento da Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem Animal

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UFBA ndash Universidade Federal da Bahia

UNEB ndash Universidade do Estado da Bahia

APRESENTACcedilAtildeO DO TRABALHO

Esta dissertaccedilatildeo encontra-se dividida em Resumo Abstract Introduccedilatildeo Geral Objetivos

(geral e especiacuteficos) Capiacutetulo I (Revisatildeo Bibliograacutefica) Capiacutetulo II (Artigo Formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos para marisqueiras uma experiecircncia em comunidade pesqueira da

Baiacutea de Todos os Santos Brasil) Capiacutetulo III (artigo Eficaacutecia da formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas

para marisqueiras avaliando resultados com base em indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) Conclusatildeo Geral e Apecircndices e Anexos

RESUMO

No Brasil as marisqueiras desempenham papel importante no abastecimento de mariscos

participando de todas as fases do seu beneficiamento destes que compreendem produtos de

origem animal de elevada perecibilidade Os conhecimentos na mariscagem satildeo passados de

geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho sendo o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes realizado em condiccedilotildees adversas Assim este trabalho

teve por objetivo avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos

conduzida junto a marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos

Brasil Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas no treinamento constaram a exposiccedilatildeo

dialogada as dinacircmicas de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de

fotos do trabalho na mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave

atividade formativa com interaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e trocas de

experiecircncias Aleacutem disso observaram-se mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos

ainda que houvesse falhas sinalizando a necessidade de aperfeiccediloamentos Para avaliar a

eficaacutecia da atividade formativa na perspectiva do pescado beneficiado foram coletadas

amostras de mariscos das espeacutecies siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra

(Crassostrea rhizophorae) 48 amostras antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram

submetidas a anaacutelises microbioloacutegicas - contagem de microrganismos psicrotroacuteficos de

coliformes a 35ordmC Escherichia coli e de estafilococos coagulase positiva e (PARA) pesquisa

de Salmonella spp - bem como agrave determinaccedilatildeo de pH e de bases volaacuteteis totais (N-BVT)

Verificou-se melhoria na qualidade microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora

146 das amostras tivessem apresentado contagens de estafilococos coagulase positiva

superiores ao paracircmetro oficial Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH mostrou-se

superior ao limite para a quase totalidade das amostras (99) enquanto os valores de N-BVT

estavam dentro da faixa preconizada Apesar dos resultados positivos assume-se na

perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no beneficiamento dos mariscos sob o

aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar a natildeo conformidade para o conjunto

de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo estabelece paracircmetros para as diferentes

espeacutecies estudadas Os resultados evidenciam a aplicabilidade de estrateacutegia educativa em

seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma demanda de educaccedilatildeo

continuada com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e de suporte estrutural agrave cadeia

produtiva da pesca artesanal para o alcance de maior eficaacutecia Em adiccedilatildeo sugere-se a

realizaccedilatildeo de novos estudos que possam explicitar as caracteriacutesticas quiacutemicas das diferentes

espeacutecies de pescado

Palavras-chave pesca artesanal pescado treinamento qualidade de alimentos anaacutelises

microbioloacutegicas seguranccedila alimentar e nutricional

ABSTRACT

In Brazil shellfish pickers play an important role in supplying shellfish participating in all

phases of these processing comprising products of animal origin high perishability

Knowledge in shellfishing is passed from generation to generation without specific training

for the work the minimum processing often performed in harsh conditions This study aimed

to evaluate an educational intervention strategy in food safety conducted with ashellfish

pickers from Ilha das Fontes community Baiacutea de Todos os Santos Brazil It was carried out

an intervention study comprising six stages survey of community interest topics

sensibilization in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers before training

training in Good Practices of food production in situ monitoring of the work routine of

shellfish pickers after training and conversation wheel with the participants Among the

methodologies used in the training dialogued exposure group dynamics conversation wheel

practical simulations the exhibition of photos of the work in shellfish gathering and videos

were used It wasverified a good adhesion of shellfish pickers to the training with good

interaction between the instructors and the community and exchange of experiences In

addition there were positive changes in the processing of shellfish although there were

failures signalizing the need for improvements To evaluate the effectiveness of the training

activity from the perspective of processed seafood samples of shellfishes were collected

including the crab species (Callinectes sapidus) mussels (Mytella falcata) and oyster

(Crassostrea rhizophorae) 48 samples before the intervention and 48 after The samples were

submitted to microbiological analysis - psychrotrophic count coliforms at 35ordmC Escherichia

coli and coagulase-positive staphylococus and Salmonella spp search - and the determination

of pH and total volatile bases (TVB-N) It was verified improvement in the microbiological

quality of shellfish after the intervention although 146 of the samples had presented counts

of coagulase-positive staphylococcus higher than the official parameter When compared to

national standards the pH was superior to the limit for most samples (99) while the TVB-

N values were within the recommended range Despite the positive results it is assumed on

the microbiological perspective that failure occurred in the processing of shellfish on the

physical-chemical aspect however it is not possible to say the non-compliance to the set of

samples since the Brazilian legislation does not provide information for different species The

results evidence the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing even if they register a continuing education demand with directions and more

effective control and structural support to the supply chain in order to achieve greater

efficiency In addition it is suggested to conduct new studies that may explain the chemical

characteristics of different species of seafood

Keywords artisanal fishing seafood training food quality microbiological analysis

food security

13

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

Ao redor do mundo a pesca emprega aproximadamente 583 milhotildees de pessoas das quais

37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade complementar e o restante de

forma ocasional (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal eacute uma atividade tradicionalmente ligada agraves comunidades

costeiras constituindo a sua principal fonte de renda haja vista a baixa especializaccedilatildeo e os

elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (RODRIGUES e GIUDICE 2011) Em todo o

paiacutes cerca de 45 da produccedilatildeo anual de pescado (1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado)

procede da pesca artesanal (BRASIL 2011)

Um dos segmentos da pesca extrativa e artesanal eacute a mariscagem realizada por mulheres

que satildeo conhecidas como marisqueiras por coletarem mariscos Estas pescadoras participam de

todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto desde a coleta (captura) ateacute a comercializaccedilatildeo com

beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo (PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST

2011) Ao longo de toda a cadeia produtiva entretanto eacute frequente a falta de estrutura e a

precariedade observando-se condiccedilotildees incorretas de manipulaccedilatildeo armazenamento e transporte

que contribuem para a perda da qualidade sanitaacuteria e para a deterioraccedilatildeo do produto que eacute

disponibilizado ao consumidor (SANTOS 2006)

Nesse contexto uma das grandes preocupaccedilotildees com o pescado diz respeito agrave necessidade

de boa conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sua qualidade higiecircnicosanitaacuteria considerando os riscos da

ocorrecircncia das doenccedilas transmitidas por alimentos Deste modo torna-se indispensaacutevel conhecer

todas as etapas de seu processamento assegurando a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas dos

produtos

No acircmbito da pesca artesanal eacute fato que os pescadores e marisqueiras desenvolvem a

atividade de manipulaccedilatildeo do pescado de modo tradicional em um saber-fazer que foi

historicamente construiacutedo mas que apresenta prejuiacutezos agrave qualidade sobretudo em virtude da

insuficiecircncia de infraestruturas de apoio e de conhecimento teacutecnicos como a adoccedilatildeo das Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo (OLIVEIRA BRASIL e TADDEI 2008 STEFANELLO LINN e

MESQUITA 2009)

Em Satildeo Francisco do Conde Recocircncavo da Bahia a mariscagem compreende fonte de

subsistecircncia e oferta de alimentos para muitas famiacutelias No entanto observa-se rusticidade na

atividade e baixa qualidade sanitaacuteria do pescado comercializado para a populaccedilatildeo uma vez que

14

este permanece exposto por um longo periacuteodo de tempo agrave temperatura ambiente e sem a adoccedilatildeo

de maiores criteacuterios de higiene por parte dos manipuladores (ARGOcircLO 2012)

Deste modo o desenvolvimento de atividades educativas orientadas para marisqueiras

abordando princiacutepios de qualidade e seguranccedila do pescado torna-se importante estrateacutegia para

socializaccedilatildeo de conhecimentos que podem ser aplicados em toda a cadeia produtiva

contribuindo diretamente para a qualidade higiecircnicosanitaacuteria e a agregaccedilatildeo de valor ao produto e

para o reconhecimento e o fortalecimento do trabalho no setor pesqueiro artesanal

Este trabalho busca descrever o desenvolvimento de atividades formativas para

marisqueiras avaliando a contribuiccedilatildeo desta estrateacutegia para os participantes e para promoccedilatildeo da

qualidade dos produtos comercializados

15

OBJETIVOS

Geral

- Avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos conduzida junto a

marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

Especiacuteficos

- Identificar temas de formaccedilatildeo relativos agrave cadeia produtiva do pescado de interesse das

marisqueiras da comunidade

- Desenvolver programa de intervenccedilatildeo educativa junto aos atores sociais da pesca na

comunidade em observaccedilatildeo agrave realidade local

- Estimular a adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) no ambiente de trabalho da pesca

artesanal

- Contribuir com a formaccedilatildeo de multiplicadores em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo no contexto da

pesca artesanal

16

Capiacutetulo I

REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

1 Pesca artesanal

No Brasil a pesca eacute uma atividade exercida ao longo dos tempos herdada de ancestrais

nativos e colonizadores que era praticada principalmente pelos indiacutegenas e negros adotando

teacutecnicas rudimentares e que sofreram inovaccedilotildees a partir do contato com os portugueses e

espanhoacuteis (RODRIGUES E GIUDICE 2011) Ainda hoje esta atividade exerce papel essencial

no processo de desenvolvimento econocircmico contribuindo para a seguranccedila alimentar e para

reduccedilatildeo da pobreza uma vez que representa fonte vital de alimentos ocupaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

renda para as populaccedilotildees de todo o mundo e principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

como o Brasil (LOPES et al 2011a)

Segundo a legislaccedilatildeo a pesca consiste em

todo ato tendente a retirar extrair coletar apanhar apreender ou capturar espeacutecimes

dos grupos dos peixes crustaacuteceos moluscos e vegetais hidroacutebios suscetiacuteveis ou natildeo de

aproveitamento econocircmico ressalvadas as espeacutecies ameaccedilados de extinccedilatildeo constantes

nas listas oficiais de fauna e da florardquo (BRASIL 1998 Lei 9605 Art36)

A atividade pesqueira apresenta duas categorias artesanal e industrial No que se refere ao

processo de trabalho a pesca artesanal encontra-se em contraste com a pesca industrial por ter

caracteriacutesticas bastante diversificadas tanto em relaccedilatildeo ao habitat e estoques pesqueiros que

exploram quanto agraves teacutecnicas de pesca que utilizam (CLAUZET RAMIRES e BARRELLA

2005)

Na pesca industrial as embarcaccedilotildees possuem maior autonomia sendo capazes de operar

em aacutereas mais distantes da costa efetuando a exploraccedilatildeo de recursos pesqueiros que se

apresentam relativamente concentrados em niacutevel geograacutefico Em adiccedilatildeo apresenta mecanizaccedilatildeo

agrave bordo para a operacionalizaccedilatildeo dos petrechos de captura (BAHIA PESCA 2013)

A pesca artesanal por sua vez eacute realizada exclusivamente pelo trabalho manual do

pescador que utiliza embarcaccedilotildees de meacutedio e pequeno porte e equipamentos (petrechos) sem

nenhuma sofisticaccedilatildeo aleacutem de insumos adquiridos nos comeacutercios locais Tem como base os

conhecimentos dos pescadores adquiridos em famiacutelia a partir da transmissatildeo dos mais velhos da

comunidade ou pela interaccedilatildeo com os companheiros de pescaria uma vez que estes possuem o

conhecimento acerca da classificaccedilatildeo histoacuteria natural comportamento biologia e utilizaccedilatildeo dos

recursos naturais da regiatildeo onde vivem (SILVANO 1997 BAHIA PESCA 2013)

17

Esta atividade estaacute tradicionalmente ligada agraves comunidades costeiras representando a

principal fonte de renda - uma ocupaccedilatildeo importante no contexto socioeconocircmico haja vista a

baixa especializaccedilatildeo e os elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (GARCEZ e

SAacuteNCHEZ-BOTERO 2005 RODRIGUES e GIUDICE 2011)

Em todo o mundo a pesca eacute responsaacutevel por cerca de 583 milhotildees de empregos de acordo

com levantamentos do Fundo das Naccedilotildees Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO 2014) Do

total de pescadores 37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade

complementar e o restante de forma ocasional

No Brasil segundo dados do Ministeacuterio da Pesca e Aquicultura (BRASIL 2014a) existe

aproximadamente um milhatildeo pescadores artesanais registrados cujo trabalho resulta em 45 da

produccedilatildeo anual de pescado O setor representa uma das atividades de maior impacto social e

econocircmico no paiacutes usufruindo da grande extensatildeo litoracircnea e da biodiversidade pesqueira nas 12

grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras

Dentre as regiotildees do paiacutes o Nordeste eacute a maior produtora de pescado com 4542169

toneladas respondendo por 317 da produccedilatildeo nacional - a Bahia eacute o estado maior produtor

desta regiatildeo (592930 toneladas) (BRASIL 2011)

Nesse cenaacuterio estudos tecircm registrado uma visiacutevel divisatildeo sexual e social de trabalho na

pesca artesanal na qual os homens praticam a pesca de alto mar enquanto as mulheres se

ocupam de tarefas da terra Satildeo destinadas as mulheres atividades de pesca que compreendem

desde a captura eou coleta ao beneficiamento do pescado (MALDONADO 1986 LIMA 2003)

Em perspectiva global as mulheres representam 50 do total dos trabalhadores no setor

artesanal de captura de pescado ainda que em muitas comunidades de pesca artesanal

continuem a ser marginalizadas atuando muitas vezes em aacutereas remotas com acesso limitado

aos mercados e agrave sauacutede educaccedilatildeo e a outros serviccedilos sociais (BRASIL 2014b)

No Brasil entre os pescadores artesanais eacute fato comum o baixo grau de escolaridade

assim como o analfabetismo que constitui um dos fatores determinantes para que essa atividade

seja primitiva uma vez que pode acarretar em grandes dificuldades de contextualizaccedilatildeo da

atividade desenvolvida e de incentivo a melhores possibilidades na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas (COSTA 1977) Aleacutem disso consideram-se os maiores desafios relacionados agrave fraca

participaccedilatildeo dos pescadores nas organizaccedilotildees sociais ao desconhecimento da legislaccedilatildeo de base

e aos mecanismos de gestatildeo compartilhada e participativa da pesca (BRASIL 2014a)

Apesar de ser reconhecida como atividade econocircmica junto ao Estado a pesca artesanal

convive entre os limites da informalidade e da formalidade em virtude de diversos fatores

incluindo as dificuldades de modernizaccedilatildeo da atividade de infraestrutura de beneficiamento de

18

conservaccedilatildeo e armazenamento e de abastecimentocomercializaccedilatildeo do pescado com fragilidades

para a venda no mercado ampliado (atacado) Nesse cenaacuterio a perecibilidade do produto e a

dificuldade de organizaccedilatildeo do negoacutecio tornam os pescadores vulneraacuteveis aos negociantes

intermediaacuterios denominados de ldquoatravessadoresrdquo (BRASIL 2010 SILVA 2011)

A pouca organizaccedilatildeo do setor pesqueiro artesanal e outros problemas inerentes a este

segmento exacerbam as consequecircncias estruturais produtos finais com elevados preccedilos pouca

variedade e qualidade - inclusive sanitaacuteria ndash e baixo valor agregado e em geral unidades

produtivas e de comercializaccedilatildeo rejeitadas devido ao baixo rendimento e agrave informalidade

(BRASIL 2010) Dessa forma a pesca artesanal e a aquicultura familiar enfrentam dificuldades

em todos os elos da cadeia produtiva seja na captura produccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo (LOPES et

al 2011b)

2 A mariscagem

A mariscagem consiste em um dos segmentos pesqueiros realizado em aacuterea costeira Na

maioria das comunidades a atividade de mariscagem eacute extrativista e artesanal com pequena

infraestrutura de beneficiamento e pouca ou nenhuma organizaccedilatildeo voltada agrave comercializaccedilatildeo

(MAIA e NETO 2012) Entre os indiviacuteduos que realizam essa atividade estatildeo as mulheres de

pescadores conhecidas como marisqueiras ou mariscadeiras por coletarem mariscos para a

complementaccedilatildeo da renda familiar e tambeacutem para subsistecircncia constituindo quadro marcante na

regiatildeo Nordeste (FREITAS et al 2012)

As mulheres que atuam na mariscagem dispotildeem de um saber proacuteprio que se expressa no

universo simboacutelico de crenccedilas valores e mitos aprendidos atraveacutes de uma heranccedila cultural

secular inscrita em tradiccedilotildees de um modo de pensar e fazer o trabalho Elas atuam em aacutereas

limitadas e costumam trabalhar em grupos sendo a matildeo de obra familiar Estas mulheres detecircm

o saber e exercem praacuteticas em todas as etapas da extraccedilatildeo manual do marisco uma atividade

que somada ao trabalho domeacutestico tradicional configura uma dupla jornada de trabalho (PENA

FREITAS CARDIM 2011)

Na mariscagem a produccedilatildeo estaacute diretamente ligada ao movimento das mareacutes sendo a

vazante de lua cheia e nova consideradas as melhores pelas marisqueiras pois as aacuteguas atingem

maior variaccedilatildeo permitindo acesso a aacutereas propiacutecias agrave coleta dos mariscos (PENA FREITAS

CARDIM 2011) As teacutecnicas e instrumentos utilizados na coleta dos mariscos satildeo rudimentares

e adaptados agrave natureza consistindo basicamente em faca ou facatildeo para a coleta de mariscos

incrustados em pedras colher de pau ou alumiacutenio e mesmo pequenas enxadas para raspar eou

19

cavar a areia e identificar o marisco gerereacutes ou manzuaacutes utilizados para captura do siri panela

de alumiacutenio eou lata para armazenamento de mariscos coletados e balde para o transporte do

produto ateacute a residecircncia para o preparo final e a venda canoas a remo e agrave vela (traquete)

(PACHECO 2006)

As marisqueiras passam cerca de 5 a 6 horas na coleta dos mariscos e retornam quando a

mareacute comeccedila a encher caminhando com o peso dos mariscos nos ombros ou na cabeccedila ou com o

auxiacutelio de canoa Na residecircncia as marisqueiras lavam cozinham catam e congelam os mariscos

em sacos de um quilo para realizar a sua comercializaccedilatildeo Este processo de beneficiamento eacute

realizado na forma tradicional em cozinha domeacutestica com uso de fogatildeo agrave lenha (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Nesse fazer as marisqueiras participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto

desde a coleta ateacute a venda com beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo expondo-se a todos

os riscos inerentes ao ofiacutecio - ergonocircmicos ambientais fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos

(PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST 2011)

Os riscos ergonocircmicos configuram-se em sobrecarga muscular no pescoccedilo ombros dorso

membros superiores e regiatildeo lombar aleacutem do excesso de trabalho riacutetmico centrado no punho

nas atividades repetitivas (PENA FREITAS e CARDIM 2011) Entre os riscos de origem

ambiental natural estatildeo a incidecircncia do sol sobre a pele a friagem e o desgaste fiacutesico Os riscos

fiacutesicos podem ser representados pelas lesotildees em matildeos e peacutes por lacircminas de corte ou por partes

duras dos pescados Os riscos quiacutemicos incluem o contato com secreccedilotildees venenosas dos animais

ou com poluentes na aacutegua e os bioloacutegicos o contato com algas microrganismos e parasitas

(BAHIA 2010)

Algumas marisqueiras sobrevivem exclusivamente da exploraccedilatildeo de mariscos eou outros

moluscos e dessa forma sustentam famiacutelias criam filhos e adquirem alguns bens materiais

como uma moradia proacutepria (DIAS ROSA e DAMASCENO 2007)

No estudo de Pena Freitas e Cardim (2011) a renda meacutedia obtida pelas marisqueiras

atraveacutes da comercializaccedilatildeo dos mariscos foi de cinquenta reais por mecircs mostrando que este

trabalho eacute socialmente desvalorizado - sendo assim impotildee ritmo intenso de trabalho para gerar

mais produtos agrave venda Em paralelo natildeo proporciona condiccedilotildees para a aquisiccedilatildeo de

equipamentos de proteccedilatildeo individual e coletiva contra acidentes e doenccedilas do trabalho (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Vale ressaltar ainda que muitas dessas mulheres desconhecem seus direitos trabalhistas

e permanecem na informalidade agrave espera de melhorias que muitas vezes nunca chegam (DIAS

ROSA e DAMASCENO 2007 RIOS e GERMANI 2012)

20

Em estudo realizado no Recocircncavo baiano no municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde

com abordagem de 695 marisqueiras observou-se a maioria com faixa etaacuteria entre 20 e 40 anos

(56) ndash idade produtiva grande parte declarando-se solteira (412) ou em uniatildeo estaacutevel

(332) com meacutedia de 34 filhos (906) e que exerciam a chefia de famiacutelia (776) Quanto agrave

participaccedilatildeo em cursos relativos a pesca ou outra formaccedilatildeo profissional a maioria declarou

ausecircncia de formaccedilatildeo (757) (SANTOS 2013)

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo

De acordo com o Regulamento de Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem

Animal ndash RIISPOA (BRASIL 1997) o pescado compreende peixes crustaacuteceos moluscos

anfiacutebios e mamiacuteferos de aacutegua doce ou salgada utilizados na alimentaccedilatildeo humana Constitui uma

fonte alimentar de alta digestibilidade (acima de 95) e de composiccedilatildeo nutricional equilibrada

com cerca de 64 a 90 de umidade 8 a 23 de proteiacutena 05 a 25 de gordura 1 a 2 de

resiacuteduos minerais e menos que 1 de carboidratos (ANDRADE BISPO e DRUZIAN 2009)

O pescado eacute um componente importante da dieta de diversos grupos populacionais posto

que apresenta proteiacutenas de alto valor bioloacutegico com a presenccedila de todos aminoaacutecidos essenciais

Tambeacutem fornece em geral um baixo niacutevel de colesterol e uma reserva significativa de aacutecidos

graxos polinsaturados da seacuterie ocircmega 3 (ω-3) os quais possuem efeito cardioprotetor

proporcionando numerosos benefiacutecios agrave sauacutede humana (RAMOS FILHO et al 2008 SOARES

e GONCcedilALVES 2011) Aleacutem disso eacute rico em caacutelcio foacutesforo ferro e vitaminas do complexo B

(GODOY et al 2010 NUNES et al 2013)

O alto teor de nutrientes do pescado aliado ao pH proacuteximo agrave neutralidade e agrave elevada

atividade de aacutegua nos tecidos torna-o um dos produtos de origem animal mais susceptiacuteveis agrave

deterioraccedilatildeo que pode ser definida como alteraccedilotildees inaceitaacuteveis que ocorrem no muacutesculo poacutes-

morte originando produtos com sabores e odores desagradaacuteveis (VIEIRA 2004 MONTEIRO

MAacuteRSICO e VITAL 2010)

Essas alteraccedilotildees acontecem independente da forma como este produto eacute manipulado

contudo a velocidade com que elas se instalam pode ser reduzida ateacute uma certa extensatildeo pela

adoccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos especiacuteficos de modo a prolongar o grau de frescor (LEITAtildeO

1994) Segundo Anacleto et al (2011) a qualidade do pescado diminui devido a um processo

complexo no qual estatildeo implicados eventos fiacutesicos quiacutemicos e microbioloacutegicos de deterioraccedilatildeo

Em peixes a deterioraccedilatildeo pode ocorrer a partir de reaccedilotildees de autoacutelise pela atividade

bacteriana por oxidaccedilatildeo ou pela combinaccedilatildeo dos trecircs processos O processo de autoacutelise consiste

21

na accedilatildeo de enzimas tissulares e dos sucos digestivos sobre os tecidos musculares apoacutes a morte

do pescado resultando na sua decomposiccedilatildeo e consequentemente no amolecimento e

desintegraccedilatildeo da carne promovendo assim a disseminaccedilatildeo de micro-organismos que agem na

superfiacutecie do pescado nas guelras e no trato intestinal A oxidaccedilatildeo lipiacutedica manifesta-se por

mudanccedilas no cheiro cor textura valor nutritivo do pescado e possiacutevel produccedilatildeo de compostos

toacutexicos afetando sua aceitabilidade para o consumo (JENSEN LAURIDSEN e BERTELSEN

1998 JAY 2005 NOGALA-KALUCKA et al 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Nos crustaacuteceos a deterioraccedilatildeo parece ser semelhante agrave dos peixes tendo seu iniacutecio nas

superfiacutecies mais externas devido agrave sua anatomia Esse grupo de pescado apresenta altas

quantidades de aminoaacutecidos livres e extratos nitrogenados que os torna expostos ao raacutepido

ataque da microbiota deteriorante Aleacutem disso a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute acompanhada

pela produccedilatildeo de elevadas quantidades de bases nitrogenadas volaacuteteis como ocorre nos peixes

(JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Quanto aos moluscos a deterioraccedilatildeo difere daquela apresentada pelos peixes e crustaacuteceos

sendo um processo basicamente fermentativo em decorrecircncia de sua carne ser constituiacuteda de

alto teor de carboidratos sobretudo na forma de glicogecircnio e do menor teor de nitrogecircnio (JAY

2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem dos fatores intriacutensecos que satildeo inerentes ao pescado fatores externos como o tipo de

captura o tempo de armazenamento refrigeraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo inadequada podem facilitar a

degradaccedilatildeo do pescado e consequentemente as alteraccedilotildees bioquiacutemicas autoliacuteticas ou promovidas

pelo desenvolvimento de micro-organismos Estes fatores satildeo denominados extriacutensecos e podem

concorrer para o aumento dos riscos agrave sauacutede do consumidor (SILVA MATTEacute e MATTEacute 2008

AMARAL e FREITAS 2013 ROSSO 2013)

Deste modo salienta-se a importacircncia da anaacutelise de riscos no setor pesqueiro

considerando todas as etapas que vatildeo desde a captura ateacute a comercializaccedilatildeo uma vez que em

geral o pescado que chega ao consumidor possui uma carga microbiana elevada composta tanto

por micro-organismos deteriorantes como por patoacutegenos Nessa direccedilatildeo o grau de deterioraccedilatildeo

do pescado eacute determinado principalmente pela carga bacteriana inicial pela temperatura de

conservaccedilatildeo pelo tempo decorrido apoacutes a sua morte e pelas praacuteticas sanitaacuterias adotadas

(EIROA 1980 GONCcedilALVES 2009)

Alguns meacutetodos de conservaccedilatildeo satildeo aplicados ao pescado visando prolongar sua vida uacutetil

como a refrigeraccedilatildeo o congelamento e o processamento teacutermico A refrigeraccedilatildeo natildeo apresenta

accedilatildeo esterilizante apenas retarda as atividades microbianas jaacute existentes e impede o surgimento

de novos agentes deteriorantes enquanto que o congelamento emprega temperaturas que

22

reduzem ou paralisam a deterioraccedilatildeo causada por micro-organismos enzimas ou agentes

quiacutemicos O tratamento teacutermico dado ao produto cujo tempo de exposiccedilatildeo ao calor uacutemido eacute

variaacutevel conforme o tamanho velocidade de penetraccedilatildeo do calor e condiccedilotildees de aquecimento

reduz a carga microbiana e inibe o crescimento de bacteacuterias parasitas e viacuterus prejudiciais ao

homem (ANTONIOLLI 1999 CAMPOS e PAIVA 2011 CORDEIRO et al 2007)

4 Indicadores de qualidade do pescado

O processo de deterioraccedilatildeo do pescado eacute complexo envolvendo sobretudo processos de

natureza microbioloacutegica e quiacutemica razatildeo pela qual natildeo eacute aconselhaacutevel o uso de apenas um

meacutetodo para avaliar sua qualidade Nesse sentido para avaliaccedilatildeo da qualidade satildeo recomendadas

anaacutelises por indicadores sensoriais fiacutesico-quiacutemicos e microbioloacutegicos (NUNES BATISTA e

CARDOSO 2007 ALI 2011)

Os paracircmetros sensoriais compreendem meacutetodos usados para medir analisar e interpretar

reaccedilotildees e caracteriacutesticas dos alimentos os quais satildeo percebidos pelos sentidos Mesmo que se

desenvolvam meacutetodos instrumentais de faacutecil aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo do pescado a anaacutelise

sensorial continua a ser essencial pois fornece informaccedilatildeo completa sobre o estado do pescado

(NIELSEN 1997 STEVANATO et al 2007)

No que se refere agraves caracteriacutesticas sensoriais dos peixes no Brasil eacute estabelecido pela

legislaccedilatildeo que estes devem apresentar as seguintes caracteriacutesticas superfiacutecie do corpo limpa e

com relativo brilho metaacutelico olhos transparentes brilhantes e salientes ocupando

completamente as oacuterbitas guelras roacuteseas ou vermelhas uacutemidas e brilhantes com odor natural

proacuteprio e suave ventre roliccedilo firme natildeo deixando impressatildeo duradoura agrave pressatildeo dos dedos

escamas brilhantes bem aderentes agrave pele e nadadeiras apresentando certa resistecircncia aos

movimentos provocados e carne firme com consistecircncia elaacutestica de cor proacutepria agrave espeacutecie

(BRASIL 1997)

Os crustaacuteceos devem apresentar aspecto geral brilhante uacutemido corpo em curvatura

natural riacutegida artiacuteculos firmes e resistentes carapaccedila bem aderente ao corpo coloraccedilatildeo proacutepria

agrave espeacutecie sem qualquer pigmentaccedilatildeo estranha olhos vivos destacados e cheiro proacuteprio e suave

(BRASIL 1997)

Para os moluscos bivalves recomenda-se que sejam expostos agrave venda vivos com valvas

fechadas e com retenccedilatildeo de aacutegua incolor e liacutempida nas conchas cheiro agradaacutevel e pronunciado

carne uacutemida bem aderente agrave concha de aspecto esponjoso e de cor cinzenta-clara nas ostras e

amareladas nos mexilhotildees (BRASIL 1997)

23

Em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos no paiacutes os padrotildees mais utilizados para

avaliar o frescor do pescado incluem as determinaccedilotildees de pH bases nitrogenadas volaacuteteis totais

(N-BVT) bases volaacuteteis terciaacuterias e as reaccedilotildees de gaacutes sulfiacutedrico e de indol (BRASIL 1997)

Tendo em vista que o pH de um alimento eacute uma caracteriacutestica importante para a sua

conservaccedilatildeo o fato do pescado apresentar um pH proacuteximo da neutralidade propicia o

desenvolvimento tanto de micro-organismos deterioradores como de patoacutegenos O pH da

musculatura pode ser influenciado pela espeacutecie do pescado meacutetodos de captura manuseio e

armazenamento assim esta mateacuteria-prima requer cuidados especiais para sua conservaccedilatildeo O

paracircmetro de pH oficial estabelece que este deve ser inferior a 65 na parte interna do peixe

fresco no entanto natildeo haacute consideraccedilotildees das especificidades para as demais espeacutecies de pescado

(LEITAtildeO 1988 BRASIL 1997 GALVAtildeO et al 2006) Desta forma a literatura cientiacutefica

registra algumas faixas de pH para as outras espeacutecies de pescado entre 68 e 70 para camaratildeo

em torno de 70 para o siri crustaacuteceo semelhante ao caranguejo em torno de 65 para moluscos

e na faixa entre 48 e 63 para ostra (JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

As bases volaacuteteis totais tambeacutem satildeo utilizadas para avaliar o frescor do pescado

indicando a degradaccedilatildeo de compostos nitrogenados derivada da autoacutelise e da decomposiccedilatildeo

microbiana Os compostos nitrogenados mais frequentes satildeo a trimetilamina e a amocircnia A

legislaccedilatildeo estabelece que o limite se N-BVT no pescado seja inferior a 30mg de

N100g (ASHIE SMITH e SIMPSON 1996 BRASIL 1997 SCHERER et al 2004)

Em estudo conduzido por Argocirclo (2012) com anaacutelise de amostras de sururu e siri

beneficiados em Satildeo Francisco do Conde foi possiacutevel verificar valores meacutedios de pH de 69 e

81 respectivamente Em pesquisa realizada por Cordeiro et al (2007) observou-se valor meacutedio

de pH de 69 em mexilhotildees congelados comercializados no municiacutepio de Ubatuba (SP) Em

relaccedilatildeo agraves N-BVT Souza et al (2013) ao avaliar pescado congelado comercializado no

Mercado Municipal de Satildeo Francisco do Conde registrou valor de mediana em amostras de siri

de 45mgN100g enquanto que Argocirclo (2012) tambeacutem em amostras de siri observou valor

meacutedio de 287mgN100g

Quanto ao aspecto microbioloacutegico a seguranccedila do pescado eacute de extrema importacircncia

visto que as doenccedilas transmitidas por alimentos tecircm sido registradas em grande parte como

decorrecircncia da falta de cuidados e de controles desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima ateacute a

manipulaccedilatildeo e processamento (MARQUES SEABRE e DAMASCENO 2009) Desta forma no

Brasil a Resoluccedilatildeo RDC Ndeg 122001 da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

estabelece os padrotildees microbioloacutegicos para alimentos expostos agrave venda devendo ser o pescado

cru resfriado ou congelado ser analisado para estimativa de coliformes

24

termotolerantesEscherichia coli contagem de estafilococos coagulase positiva e pesquisa de

Salmonella spp (BRASIL 2001)

Nessa legislaccedilatildeo satildeo estabelecidos padrotildees relacionados ao pescado in natura congelado

natildeo consumido cru incluindo estafilococos coagulase positivag com toleracircncia de 10sup3 e

ausecircncia de Salmonella spp em 25g da amostra Para pescado preacute-cozido congelado constam

coliformes a 45ordmC com toleracircncia de 5x10 estafilococos coagulase positivag toleracircncia de 103

e para Salmonella spp ausecircncia em 25g da amostra (BRASIL 2001)

Argocirclo (2012) na anaacutelise de amostras de siri beneficiadas em Satildeo Francisco do Conde-

BA reportou valores meacutedios de 315 log UFCg de coliformes agrave 35ordmC 150 log UFCg de

Escherichia coli 270 log UFCg de estafilococos coagulase positiva e 522 log UFCg de

aeroacutebios psicrotroacuteficos

Staphylococcus aureus eacute uma bacteacuteria anaeroacutebia facultativa no entanto possui maior

crescimento sob condiccedilotildees aeroacutebias com produccedilatildeo de catalase Eacute mesoacutefila apresentando

temperatura oacutetima de crescimento entre 40ordm e 45ordmC tolerante a concentraccedilotildees de 10 a 20 de

NaCl e a nitratos e possui faixa de pH oacutetima de crescimento entre 6 e 7 S aureus eacute uma

bacteacuteria patogecircnica que natildeo faz parte da microbiota do pescado sendo normalmente transferido

para os alimentos por manipuladores Este grupo microbiano eacute responsaacutevel por

aproximadamente 45 das toxinfecccedilotildees alimentares no mundo (CUNHA NETO SILVA e

STAMFORD 2002 FRANCO E LANDGRAF 2008 GONCcedilALVES 2011)

O grupo dos coliformes agrave 35ordmC eacute um subgrupo da famiacutelia Enterobacteriaceae que

engloba apenas as bacteacuterias capazes de fermentar a lactose com produccedilatildeo de gaacutes em 24 a 48

horas a 35ordmC Nesse grupo encontram-se tanto bacteacuterias originaacuterias do trato gastrintestinal de

humanos e outros animais de sangue quente como tambeacutem bacteacuterias de origem natildeo enteacuterica

fazendo parte as bacteacuterias do gecircnero Escherichia Klebisiella Citrobacter e Enterobacter Os

coliformes podem fornecer informaccedilotildees sobre a provaacutevel presenccedila de microrganismos

patogecircnicos ou sobre a deterioraccedilatildeo potencial do alimento aleacutem das condiccedilotildees higiecircnicas dos

processos de fabricaccedilatildeo uma vez que satildeo facilmente inativados pelos sanitizantes por isso satildeo

utilizados como indicadores (SILVA 2010 FRANCO LANDGRAF 2008)

Os coliformes termotolerantes compreendem um subgrupo dos coliformes agrave 35ordmC que se

restringe aos membros capazes de fermentar a lactose em 24 horas a 45ordmC com produccedilatildeo de

gaacutes sendo usados como indicadores jaacute que satildeo isolados facilmente e se encontram em maior

proporccedilatildeo do que os patogecircnicos A Escherichia coli pertence aos dois grupos de coliformes

referidos e o seu habitat natural eacute o trato intestinal de animais de sangue quente contudo pode

ser introduzida nos alimentos a partir de fontes natildeo fecais (SILVA 2010)

25

De acordo com Silva et al (2010) a contagem de coliformes agrave 35ordmC e termotolerantes

em alimentos tecircm sido o meacutetodo mais indicado para avaliar as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

sendo tambeacutem utilizadas como indicadores de falhas durante o processamento ou a

contaminaccedilatildeo poacutes-processamento

O genecircro Salmonella compreende bacteacuterias anaeroacutebias facultativas natildeo produtoras de

esporo e que produzem gaacutes a partir da glicose com exceccedilatildeo da S Typhi sendo capazes de

utilizar o citrato como uacutenica fonte de carbono A temperatura e pH oacutetimos para seu crescimento

estatildeo em torno de 35ordm-37ordmC e 70 respectivamente Natildeo toleram concentraccedilotildees de sal superiores

a 9 O habitat natural da Salmonella eacute o trato intestinal de mamiacuteferos aves e reacutepteis podendo

alcanccedilar o ambiente aquaacutetico atraveacutes da contaminaccedilatildeo fecal e desta forma serem detectadas em

peixes e produtos pesqueiros (VIEIRA 2004 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem destes indicadores microbioloacutegicos no caso de pescados resfriados e congelados

tambeacutem eacute adotada internacionalmente a contagem padratildeo de micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos de 106 UFCg (ICMSF 1986) Os micro-organismos psicrotroacuteficos crescem bem

em temperaturas entre 0ordm e 7ordmC em diversos tipos de alimentos refrigerados sendo os principais

causadores da deterioraccedilatildeo de carnes pescado ovos frangos e outros (FRANCO e LANDGRAF

2008)

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal

O municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia eacute uma ocupaccedilatildeo antiga que surgiu no

iniacutecio da colonizaccedilatildeo brasileira (SANTOS 2004) Em 1618 por ordem do Conde de Linhares

foi construiacutedo no alto de um monte no Recocircncavo Baiano um convento e uma igreja onde

mais tarde surgiria a cidade de Satildeo Francisco do Conde em 1698 O nome homenageia o

padroeiro da cidade e o conde Fernatildeo Rodrigues que herdou o terreno do 3ordm governador geral do

Brasil Mem de Saacute A regiatildeo onde fica a cidade foi conquistada pelo impeacuterio portuguecircs por meio

de guerras travadas contra os iacutendios que viviam nas margens dos rios Paraguaccedilu e Jaguaribe

(IBGE 2013)

Satildeo Francisco do Conde localiza-se na regiatildeo metropolitana de Salvador-BA estaacute

situado a 67 km da Capital do estado ao norte da Baiacutea de Todos os Santos e tem como vizinhas

as cidades de Candeias Madre de Deus Santo Amaro da Purificaccedilatildeo e Satildeo Sebastiatildeo do Passeacute

contando com uma aacuterea de 262856 kmsup2 e 33183 habitantes A aacuterea ainda manteacutem reservas de

Mata Atlacircntica e riquiacutessimos manguezais que contribuem para a biodiversidade da regiatildeo

(SANTOS 2011 IBGE 2013)

26

Aleacutem da aacuterea terrestre o municiacutepio apresenta trecircs ilhas ndash Ilha de Cajaiacuteba Ilha das Fontes

e Ilha do Paty A Ilha das Fontes caracteriza-se como um local onde as aacuteguas do mar

apresentam-se tranquilas em todos os periacuteodos da mareacute fato explicado pela sua proximidade

com os rios Sergi e Subaeacute (MARTINS 2010)

A Ilha das Fontes eacute tambeacutem uma das comunidades pesqueiras existentes no municiacutepio

compreendendo um povoado que se localiza proacuteximo ao Porto Ferrolho da Petrobras e ao

povoado de Santo Estevatildeo com acesso apenas por barco A localidade dista aproximadamente 8

Km da sede e natildeo eacute totalmente urbanizada A populaccedilatildeo eacute de etnia negra e mesticcedila natildeo

Quilombola e possui 1654 habitantes juntamente com Engenho de Baixo A maioria dos

moradores desenvolve a atividade pesqueira tanto para comeacutercio quanto para consumo interno

(SAacute 2011) Dentre os habitantes da Ilha 54 mulheres atuavam na pesca conforme

levantamento recente (SANTOS 2013)

No passado a riqueza da cidade baseava-se nas plantaccedilotildees de cana de accediluacutecar que deram

iniacutecio ao desenvolvimento econocircmico da aacuterea Atualmente a extraccedilatildeo o refino e o

processamento de petroacuteleo satildeo as principais atividades econocircmicas da regiatildeo (SAtildeO

FRANCISCO DO CONDE 2013) Com a arrecadaccedilatildeo municipal de impostos relacionados agrave

produccedilatildeo e refino de petroacuteleo pela Refinaria Satildeo Francisco do Conde atingiu o maior Produto

Interno Bruto (PIB) per capita brasileiro nos anos de 2008 a 2010 (IBGE 2010 2011 2012)

Apesar disso a populaccedilatildeo da cidade sofre com o agravamento das desigualdades sociais

enfrentando problemas associados agrave pobreza agrave infraestrutura sanitaacuteria deficiente e ao

saneamento baacutesico ao analfabetismo entre outros

No municiacutepio muitas famiacutelias dependem da pesca e da mariscagem como fonte de

subsistecircncia sendo a pesca uma tradiccedilatildeo e heranccedila cultural Nesse contexto a atividade eacute

caracterizada pela rusticidade envolvendo tanto homens quanto mulheres em diversas

comunidades pesqueiras (ARGOcircLO 2012 SAacute 2011 SANTOS 2011 SANTOS 2013)

Segundo Saacute (2011) em Satildeo Francisco do Conde-BA observa-se o predomiacutenio de mulheres

(666) na atividade pesqueira fato que fortemente se vincula ao trabalho na mariscagem

No municiacutepio algumas comunidades pesqueiras possuem sistema puacuteblico de

abastecimento de aacutegua de esgotamento sanitaacuterio e coleta de lixo deficiente ou ausente o que

favorece condiccedilotildees improacuteprias agrave manipulaccedilatildeo dos mariscos Estes em geral satildeo beneficiados no

ambiente domiciliar permanecendo o pescado muitas vezes exposto agrave temperatura ambiente

por um longo periacuteodo de tempo em condiccedilotildees que natildeo atendem agraves Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de

alimentos (ARGOcircLO 2012)

27

Argocirclo (2012) ao estudar as condiccedilotildees de beneficiamento de mariscos em comunidades

de Satildeo Francisco do Conde observou que as marisqueiras manipulavam o pescado em bacias

dispostas sobre o chatildeo na proacutepria residecircncia sendo algumas com estrutura bastante precaacuteria

com a ausecircncia de aacutegua tratada (33) Segundo a autora ainda as marisqueiras acompanhadas

relataram nunca ter participado de atividades formativas relacionadas agraves Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o que poderiam favorecer a qualidade do pescado beneficiado

Na perspectiva da qualidade microbioloacutegica ao conduzir estudo com 96 amostras de

mariscos beneficiados em Satildeo Francisco do Conde (siri sururu e ostra) a referida autora

verificou que iacutendice de 468 de natildeo conformidade para as amostras sendo 364 para

Escherichia coli e 197 para estafilococos coagulase positiva No estudo natildeo foi identificada a

presenccedila de Salmonella spp (ARGOcircLO 2012)

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento

Na atualidade observa-se uma grande preocupaccedilatildeo com a qualidade dos alimentos a serem

consumidos e os riscos que esses podem ocasionar agrave sauacutede A possibilidade de contaminaccedilatildeo do

alimento pelo manipulador depende do maior ou menor contato deste com os produtos do tipo

de mateacuteria-prima a ser manipulada e dos cuidados adotados Segundo Jianu e Chis (2012)

alguns fatores como mateacuterias-primas contaminadas falta de higiene de equipamentos utensiacutelios

instalaccedilotildees e alimentos bem como praacuteticas inadequadas podem contribuir para a ocorrecircncia de

surtos de origem alimentar

De modo a reduzir a ocorrecircncia de doenccedilas veiculadas por alimentos eacute essencial que as

praacuteticas de manuseio e preparo dos alimentos pelos manipuladores de alimentos sejam corretas e

que existam treinamentos em seguranccedila de alimentos para estes uma vez que a falta de

conhecimentos sobre higiene e conservaccedilatildeo de alimentos entre os manipuladores contribui de

forma significativa para a sua contaminaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo o que justifica adoccedilatildeo de

treinamentos especiacuteficos (ROBERTSON et al 2013)

Segundo Andreotti et al (2003) os programas de treinamento orientados para

manipuladores de alimentos satildeo os mais recomendados e eficazes para transmissatildeo

conhecimentos e promoccedilatildeo de mudanccedilas de atitudes O treinamento consiste em uma accedilatildeo

educativa direcionada ao desempenho profissional a fim de adquirir conhecimentos habilidades

e atitudes necessaacuterias agrave execuccedilatildeo desta atividade (LACERDA e ABBAD 2003)

A atividade de treinamento de manipuladores de alimentos natildeo eacute uma tarefa faacutecil de ser

realizada Nesse sentido o reconhecimento de caracteriacutesticas singulares dos manipuladores

28

auxilia na compreensatildeo das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento das atividades de

treinamento por indicar que existem diferenccedilas no modo como os alimentos satildeo concebidos e as

informaccedilotildees trabalhadas tornam-se significativas Deste modo possibilita a melhor visibilidade

dos conflitos inerentes agraves relaccedilotildees sociais - principalmente agraves relaccedilotildees educativas - resultantes do

confronto de um grupo que pretende convencer o outro da necessidade de alterar suas praacuteticas

(COSTA LIMA e RIBEIRO 2002)

A escolha da metodologia de intervenccedilatildeo educativa tem grande importacircncia na qualidade

da capacitaccedilatildeo considerando resultados positivos tanto na dimensatildeo da representaccedilatildeo social

(opiniatildeo conhecimento e atitude ndash praacutetica declarada) e na dimensatildeo do comportamento dos

participantes (praacutetica observada) (BEZERRA 2008) Desta forma a seleccedilatildeo do tipo de atividade

educativa a ser utilizada deve levar em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo a

relaccedilatildeo entre o benefiacutecio e o custo dos materiais e a factibilidade de sua utilizaccedilatildeo A depender

do puacuteblico esta atividade deveraacute possuir um conteuacutedo simples e de faacutecil compreensatildeo e o meio

de comunicaccedilatildeo escolhido para a veiculaccedilatildeo das mensagens deveraacute considerar os aspectos

culturais da comunidade (ANDRADE e COELHO 1997)

Em relaccedilatildeo ao processo ensino-aprendizagem eacute recomendado o emprego de diversos

meacutetodos de ensino (aacuteudio visual praacutetico e sensibilizaccedilatildeo) para que a aprendizagem seja mais

eficiente Os meacutetodos ativos que exigem participaccedilatildeo do indiviacuteduo parecem ser mais eficazes

(BEZERRA 2008) Nesse sentido os recursos audiovisuais satildeo vantajosos pois orientam quanto

agrave direccedilatildeo do pensamento fornece o comportamento final desejado induz a transferecircncia de

aprendizagem e apresenta estiacutemulo para a mudanccedila de comportamento (GOUVEIA 1999)

Segundo Cardoso Santos e Silva (2009) entre as metodologias aplicadas para

manipuladores de alimentos adultos pode-se incluir liccedilotildees ao ar livre exposiccedilotildees cartazes

representaccedilotildees na rua projeccedilotildees de viacutedeos debates cursos para formaccedilatildeo de multiplicadores

sessotildees orientadas individualmente e programas educacionais puacuteblicos com uso da miacutedia de

massa Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de cartilhas ilustrativas evidenciando praacuteticas aceitaacuteveis

constitui material de apoio Para Soares et al (2013) ainda os treinamentos em alimentos devem

ser baseados em atividades teoacutericas e praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos podem

aplicar o conhecimento adquirido em praacutetica

Em linhas gerais os temas abordados pelos programas de treinamentos eou capacitaccedilotildees

de manipuladores de alimentos englobam a importacircncia da sauacutede individual e coletiva noccedilotildees

baacutesicas de higiene pessoal higiene de alimentos e ambiental e destacam os danos que a ausecircncia

desses cuidados causam sobre a sauacutede do consumidor conscientizando os manipuladores do seu

29

papel na prevenccedilatildeo das Doenccedilas Transmitidas por Alimentos ndash DTA (GHISLENI e BASSO

2008)

Medeiros et al (2011) ao realizarem uma revisatildeo sistemaacutetica sobre estrateacutegias

metodoloacutegicas adotadas por programas de treinamento em higiene de alimentos identificaram

como principal tema abordado a higiene pessoal seguido pela seguranccedila do alimento e melhoria

das praacuteticas Aleacutem disso foram referidos como temas de treinamento higiene local do trabalho

lavagem das matildeos noccedilotildees baacutesicas de microbiologia doenccedilas transmitidas pela aacutegua higiene dos

alimentos higiene dos utensiacutelios e a anaacutelise de Perigos e Pontos Criacuteticos de Controle - APPCC

dentre outros

Neste contexto cabe pontuar que a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

por meio da RDC nordm216 de 2004 estabelece que a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos

deve abordar pelo menos os temas de contaminantes alimentares Doenccedilas Veiculadas por

Alimentos manipulaccedilatildeo higiecircnica dos alimentos e Boas Praacuteticas (BRASIL 2004)

Na execuccedilatildeo de atividades de formaccedilatildeo ainda devem estar previstas etapas de avaliaccedilatildeo

Segundo Nieto-Montenegro Brown e Laborde (2008) a avaliaccedilatildeo do programa compreende

parte criacutetica de um treinamento em seguranccedila de alimentos uma vez que permite que os

implementadores avaliem a sua eficaacutecia Para verificaccedilatildeo da efetividade dos treinamentos alguns

autores tecircm recomendado a avaliaccedilatildeo em trecircs niacuteveis reaccedilatildeo aprendizagem e impacto de

treinamento no trabalho A reaccedilatildeo eacute o niacutevel de satisfaccedilatildeo dos participantes com a programaccedilatildeo o

apoio ao desenvolvimento do curso a aplicabilidade a utilidade e os resultados do treinamento

A aprendizagem refere-se ao grau de assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos ensinados no treinamento O

impacto do treinamento no trabalho eacute a auto-avaliaccedilatildeo feita pelo proacuteprio participante acerca dos

efeitos mediatos produzidos pelo treinamento em seus niacuteveis de desempenho motivaccedilatildeo auto-

confianccedila e abertura a mudanccedilas nos processos de trabalho (ABBAD GAMA e BORGES-

ANDRADE 2000)

No cenaacuterio da pesca artesanal ainda haacute poucas descriccedilotildees relativas agrave formaccedilatildeo de

pescadores e marisqueiras

Costa et al (2012) realizaram uma intervenccedilatildeo com pescadoras de uma associaccedilatildeo de um

municiacutepio do Recocircncavo baiano por meio de oficinas em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP)

tendo como preocupaccedilatildeo a temaacutetica da seguranccedila de alimentos e constataram que o processo

formativo se constituiu como uma das estrateacutegias para o fortalecimento das praacuteticas

organizacionais sendo uma das alternativas eficientes de faacutecil execuccedilatildeo e baixo custo que

podem ser aplicadas para atender agraves exigecircncias da inspeccedilatildeo sanitaacuteria Neste caso os

30

pesquisadores reportaram que 100 das pescadoras natildeo haviam recebido treinamento anterior

sobre as BPP

Noacutebrega (2013) desenvolveu estudo de intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade pesqueira do municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde-BA utilizando como temas de

treinamento a conservaccedilatildeo do pescado e a higiene do manipulador verificando a partir dos

padrotildees microbioloacutegicos que 970 das amostras de mariscos estavam em conformidade com a

legislaccedilatildeo apoacutes o treinamento representando uma melhoria na qualidade dos produtos

beneficiados

Menezes e Campos (2014) relatam trabalho de extensatildeo na comunidade pesqueira de

Mangue Seco Valenccedila-BA entre 2012 e 2014 por meio de cursos palestras e oficinas com o

objetivo de propiciar a difusatildeo de conhecimentos bem como o aprimoramento de praacuteticas

voltadas para a melhoria da mariscagem Entre as atividades foram realizados cursos sobre

tecnologia de pescado boas praacuteticas de produccedilatildeo e artesanato em escamas de peixe Segundo as

autoras apesar das oficinas proporcionarem melhorias dos processos produtivos mostrou

fragilidades na perspectiva da organizaccedilatildeo e coesatildeo do grupo na perspectiva do

desenvolvimento social

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39

Capiacutetulo II

FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA MARISQUEIRAS UMA

EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA BAIacuteA DE TODOS OS

SANTOS BRASIL

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Abner Victor da Silva Teixeirab Aline Natana da

Silva Machadob Suelen Giffoni Arauacutejob Joseacute Acircngelo Wenceslau Goacuteesc Ryzia de Caacutessia

Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

As marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo passadas de geraccedilatildeo

em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o pescado que

compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade Assim este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com as

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas estavam a exposiccedilatildeo dialogada as dinacircmicas

de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de fotos do trabalho na

mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade formativa

o que pode estar associado agraves metodologias utilizadas e agrave maior aproximaccedilatildeo entre os

instrutores e a comunidade com trocas de experiecircncias As estrateacutegias de intervenccedilatildeo

resultaram em mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos conquanto ainda

houvesse falhas que sinalizaram a necessidade de aperfeiccediloamentos e que a estrutura fiacutesica

dos locais de beneficiamento fosse inadequada Os resultados evidenciam a aplicabilidade de

estrateacutegia educativa em seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma

demanda de educaccedilatildeo continuada e de suporte estrutural agrave cadeia produtiva para o alcance de

maior eficaacutecia

Palavras-chave pesca artesanal treinamento qualidade de alimentos seguranccedila alimentar e

nutricional

40

Abstract

The shellfish pickers follow practices of fishing and processing that are passed from

generation to generation without specific training to work with seafood which comprises a

kind of animal product of high perishability This study aimed to describe a training strategy

in food safety for shellfish pickers of Ilha das Fontes community Satildeo Francisco do Conde

Brazil An intervention study was carried out following six stages survey of community

interest topics raising awareness in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers

before training training in Good Manufacturing Practices of food in situ monitoring of

routine work after training and conversation wheel with shellfish pickers Among the

methodologies dialogued exposure group dynamics the conversation wheel practical

simulations the exhibition of photos of the work in shellfishing and videos were used It was

verified a good adhesion of shellfish pickers to the formative activity which may be

associated with the methodologies used and the closer relationship between the teachers and

the community with exchanges of experience Intervention strategies resulted in positive

changes in the processing of shellfish although there were still failures that signaled the need

for improvements and that the physical structure of the places of processing were inadequate

The results showed the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing although it is registered a demand for continuing education and structural support to

the supply chain in order to achieve greater efficiency

Key words artisanal fishing training food quality food security

1Introduccedilatildeo

A pesca compreende importante cadeia na produccedilatildeo de alimentos em todo o mundo

Aleacutem de contribuir para a oferta de alimentos de elevada qualidade nutricional o setor

permite a inserccedilatildeo 583 milhotildees de trabalhadores diretos e indiretos o que tambeacutem colabora

para a renda e para promover a seguranccedila alimentar (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal participa com 45 da produccedilatildeo nacional de pescado -

com registro de 1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado e emprega cerca de um milhatildeo

de trabalhadores incluindo homens e mulheres (BRASIL 2014) Entretanto esta cadeia tem

sido marcada por fragilidades na sua conduccedilatildeo uma vez que historicamente natildeo contou com

poliacuteticas para apoio ao seu desenvolvimento Assim em grande parte do paiacutes registra-se a

atividade como um trabalho ruacutestico com baixa tecnologia de pesca e de conservaccedilatildeo do

pescado capturado o que implica em perda da qualidade do produto (VASCONCELLOS

DIEGUES e SALES 2004 SILVA 2011)

Dadas as caracteriacutesticas geograacuteficas do paiacutes a pesca artesanal inclui tanto aacutereas

costeiras quanto aquelas de bacias hidrograacuteficas Ainda inclui a coleta de pescado em aacutereas

de mangue onde eacute comum a atividade de mulheres Estas conhecidas popularmente como

41

marisqueiras satildeo responsaacuteveis pela coleta de mariscos para a complementaccedilatildeo da renda

familiar e tambeacutem para subsistecircncia (FREITAS et al 2012)

No seu ofiacutecio as marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo

passadas de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o

pescado que compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade

(VIEIRA 2004 FREITAS et al 2012) Assim ainda em que pese o conhecimento da

tradiccedilatildeo o pescado procedente desta atividade tem se configurado como uma preocupaccedilatildeo na

perspectiva da seguranccedila de alimentos De acordo com estudos realizados junto a essa cadeia

no paiacutes os mariscos obtidos tecircm apresentado alteraccedilotildees de natureza quiacutemica e

microbioloacutegica o que potencializa riscos para as proacuteprias comunidades e para os

consumidores (VIEIRA et al 2006 NASCIMENTO et al 2011)

Nesse cenaacuterio poliacuteticas recentes tecircm se voltado para o setor de modo a fortalecer esta

cadeia contribuindo para melhores condiccedilotildees de trabalho e a maior oferta de alimentos em

atendimento a requisitos sanitaacuterios Dentre as vertentes de apoio ao setor inclui-se o

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo que compreende importante estrateacutegia para

ensinar habilidades propiciar a aprendizagem ativa e aumentar a percepccedilatildeo de risco (NIETO-

MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 CUNHA et al 2013)

Entretanto sabe-se que programas de formaccedilatildeo que proporcionam apenas informaccedilotildees

teoacutericas natildeo resultam em mudanccedilas imediatas de comportamento dos manipuladores de

alimentos Deste modo as atividades formativas devem contemplar atividades teoacutericas e

praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos possam colocar em praacutetica o conhecimento

adquirido (SOARES et al 2013) Em adiccedilatildeo a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do programa conduzido

eacute uma parte criacutetica do treinamento uma vez que permite que os implementadores avaliem o

desempenho alcanccedilado (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008

MEDEIROS et al 2011)

Assim considerando a extensatildeo da praacutetica da pesca artesanal no litoral baiano o

contexto de rusticidade desta atividade e de baixa qualidade sanitaacuteria do pescado obtido este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos Brasil

42

2 Material e meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil como parte do

projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA

estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo1

O projeto conta com aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica da Escola de Nutriccedilatildeo da

Universidade Federal da Bahia (Parecer no 2265922014) (ANEXO I) e as atividades junto agrave

comunidade foram conduzidas no periacuteodo de marccedilo de 2014 a fevereiro de 2015

21 Seleccedilatildeo do local

A escolha da comunidade para a realizaccedilatildeo do estudo resultou de um conjunto de

condiccedilotildees que favoreceram o desenvolvimento das atividades de intervenccedilatildeo a atividade

pesqueira na Ilha ter atuaccedilatildeo marcada pela mariscagem a boa receptividade da equipe de

pesquisa pela comunidade e pelos liacutederes comunitaacuterios e a disponibilidade local de

instalaccedilotildees passiacuteveis de uso para a realizaccedilatildeo de atividades formativas - na Ilha conta-se com

uma sede comunitaacuteria com instalaccedilotildees fiacutesicas que permitiam os encontros com as

marisqueiras e a implementaccedilatildeo das atividades formativas

22 Programa de intervenccedilatildeo

A proposta de programa de intervenccedilatildeo foi planejada por uma equipe multidisciplinar

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e

contou com a participaccedilatildeo da comunidade

A intervenccedilatildeo consistiu em seis etapas (Figura 1)

I Sondagem de temas de interesse para a comunidade por meio da aplicaccedilatildeo de um

questionaacuterio semi-estruturado (ANEXO A)

II Encontro de sensibilizaccedilatildeo conduzido por meio de palestras atividades interativas e

relatos de experiecircncia de marisqueiras de outra comunidade jaacute qualificadas em processos

formativos com o objetivo de despertar a comunidade sobre a importacircncia da qualidade e da

seguranccedila do pescado

1 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

43

III Acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras desde a captura nos

manguezais ateacute o beneficiamento do pescado em casa Para avaliar as Boas Praacuteticas no

beneficiamento dos mariscos aplicou-se um check list (ANEXO B) elaborado com base na

RDC nordm2162004 (BRASIL 2004) e observando adaptaccedilotildees agrave realidade local contemplando

oito blocos 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4

Abastecimento de aacutegua 5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas

preparo dos mariscos e embalagens

IV Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos com desenvolvimento de

atividades educativas participativas para estimular o manuseio seguro do pescado nos

diferentes estaacutegios de processamento

V Novo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras realizado sessenta

dias apoacutes o treinamento com reaplicaccedilatildeo de check list

VI Roda de conversa com as marisqueiras desenvolvida com o auxiacutelio de roteiro de

perguntas para verificar a eficaacutecia da accedilatildeo educativa realizada identificando fatores que

facilitaram e dificultaram a mudanccedila de comportamento

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015

44

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias

Todo o planejamento das atividades de treinamento foi realizado por meio de reuniotildees

de consenso levando em conta as demandas dos participantes e incentivando-os a demonstrar

seus conhecimentos e praacuteticas de modo a aproveitar a experiecircncia local como base para a

construccedilatildeo de novos conhecimentos

De modo preacutevio ao treinamento foi feita a inscriccedilatildeo dos participantes com o

propoacutesito de levantar informaccedilotildees sobre o quantitativo de pessoas bem como dos dados

socioeconocircmicos do grupo considerando caracteriacutesticas quanto agrave idade agrave escolaridade agrave

renda e agrave participaccedilatildeo em treinamento anterior (APEcircNDICE A) No entanto metades dos

inscritos natildeo estiveram presentes no evento enquanto que outras pessoas que natildeo estavam

inscritas compareceram Assim para os novos interessados tambeacutem foram preenchidas fichas

com os referidos dados

As metodologias empregadas durante a realizaccedilatildeo das atividades compreenderam

exposiccedilatildeo dialogada usando um projetor multimiacutedia dinacircmicas de grupo rodas de conversa

simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de coleta e beneficiamento de mariscos e

viacutedeos Tambeacutem foram confeccionados materiais didaacuteticos de apoio e feita a gravaccedilatildeo da

atividade de roda de conversa para fins de registro e transcriccedilatildeo dos discursos das

marisqueiras Ao final da atividades formativa as marisqueiras receberam certificado de

realizaccedilatildeo do curso como forma de valorizaccedilatildeo e de incentivo pela participaccedilatildeo nas

atividades (APEcircNDICE B)

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias

Para conhecer a percepccedilatildeo dos participantes quanto aos meacutetodos utilizados na

formaccedilatildeo foi solicitado a eles apoacutes a atividade de formaccedilatildeo especiacutefica em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o preenchimento de um formulaacuterio de avaliaccedilatildeo (ANEXO D) que considerou os

seguintes itens explicaccedilatildeo dos assuntos recursos utilizados ritmo de atividades

esclarecimento de duacutevidas aprendizagem individual e sugestotildees para atividades futuras

Para avaliar os itens indicados utilizou-se uma escala estruturada com cinco

categorias de respostas peacutessimo ruim regular bom e excelente Para tratamento das

respostas as categorias tiveram valores numeacutericos equivalentes que variaram de um a cinco

na mesma ordem sendo a meacutedia aritmeacutetica de cada indicador calculada e as perguntas

restantes verificadas por frequecircncia de respostas

45

25 Anaacutelise de dados

Os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Excel e apresentados sob

a forma de estatiacutestica descritiva com uso de graacuteficos e tabelas para melhor explicaccedilatildeo dos

resultados alcanccedilados

3 Resultados e Discussatildeo

31 Programa de intervenccedilatildeo

311 Sondagem

A sondagem foi realizada com 32 marisqueiras da Ilha que atuavam ativamente na

pesca artesanal sendo possiacutevel obter uma descriccedilatildeo das expectativas de temas de interesse de

modo a abarcar melhor alguns destes no treinamento posto que determinados assuntos

escapavam ao foco de seguranccedila de alimentos Conforme os resultados foram levantados os

seguintes temas conservaccedilatildeo do pescado (30) benefiacutecios do pescado (225) informaccedilotildees

sobre o pescado (175) sauacutede do trabalhador (equipamentos de proteccedilatildeo - EPI) (15)

melhoria da qualidade do pescado (125) pesca e geraccedilatildeo de renda (cada um destes com

75 das indicaccedilotildees) e higienizaccedilatildeo do ambiente de processamento e artesanato com pescado

(cada um com 25)

Conforme Abushelaibi et al (2015) para que um programa de treinamento seja bem

sucedido eacute preciso que seja feito um planejamento cuidadoso devendo-se levar em

consideraccedilatildeo as necessidades dos participantes Deste modo a sondagem constituiu um dos

primeiros momentos de contato e de escuta agraves demandas de conhecimento junto agrave

comunidade Segundo Leite et al (2011) a sondagem possibilita uma construccedilatildeo mais

orientada do curso estimulando mudanccedilas positivas de comportamento jaacute que as

necessidades do populaccedilatildeo-alvo tornam-se conhecidas

312 Sensibilizaccedilatildeo

A atividade de sensibilizaccedilatildeo denominada ldquoEncontro com marisqueiras da Ilha das

Fontes um dedinho de prosa sobre trabalho e qualidade dos mariscosrdquo foi realizada em um

uacutenico dia com duraccedilatildeo de quatro horas e contou com a participaccedilatildeo de 15 marisqueiras que

natildeo foram necessariamente as mesmas que participaram da sondagem

46

O conteuacutedo programaacutetico apresentado compreendeu relato das marisqueiras da Ilha

do Paty sobre a atividade de formaccedilatildeo preacutevia realizada pelo projeto nesta Ilha valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras qualidade do marisco (indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) e resultados de diagnoacutestico de avaliaccedilatildeo da qualidade de mariscos de Satildeo

Francisco do Conde e especificamente a situaccedilatildeo da Ilha das Fontes

Nesse sentido a sensibilizaccedilatildeo dos participantes visava realccedilar a contribuiccedilatildeo social e

alimentar do trabalho na pesca artesanal promover maior conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia

da inocuidade dos alimentos envolvidos e despertar a comunidade para a possibilidade de

participar de programas de formaccedilatildeo profissional dentro de um grupo que compartilhava um

mesmo ambiente de vida e trabalho

Com o relato das marisqueiras da Ilha do Paty que viviam estaacutegio mais avanccedilado de

intervenccedilatildeo educativa (NOBREGA et al 2014) buscava-se demostrar uma experiecircncia

formativa exitosa em regiatildeo proacutexima motivando a comunidade para a atividade a ser

desenvolvida

O tema da valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras foi abordado a fim de ampliar a

percepccedilatildeo da comunidade sobre a importacircncia da profissatildeo para o abastecimento local de

pescado e para geraccedilatildeo de renda para muitas famiacutelias Nesse contexto Freitas et al (2012)

pontuam que o conhecimento das marisqueiras deve ser valorizado uma vez que haacute um

volume significativo de carne de mariscos sendo extraiacutedo com contribuiccedilatildeo para o

abastecimento de pescado Aleacutem disso a atividade desenvolvida deve ser considerada como

forma de dar reconhecimento agrave atividade e proteger do modo de vida dessas populaccedilotildees posto

que encerram tradiccedilotildees

Ainda foram apresentadas noccedilotildees referentes aos indicadores de qualidade do pescado -

sensorial microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica na perspectiva da seguranccedila do alimento Com este

conteuacutedo esperava-se melhorar a compreensatildeo dos resultados de estudo diagnoacutestico obtidos

pelo projeto maior que seriam apresentados considerando anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-

quiacutemicas de mariscos coletados no municiacutepio Posto que estes resultados natildeo eram bons

buscava-se despertar a comunidade quanto aos riscos sanitaacuterios dos produtos beneficiados na

regiatildeo e para a responsabilidade com a sauacutede dos consumidores

Onyeneho e Hedberg (2013) em estudo sobre seguranccedila de alimentos na Nigeacuteria

relatam que a sensibilizaccedilatildeo e a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos devem

inicialmente chamar a atenccedilatildeo das pessoas sobre o tamanho do problema e em seguida

treinaacute-las sobre como lidar com os alimentos corretamente e com seguranccedila explicitando a

melhor forma de manusear corretamente o alimento em ambiente higiecircnico

47

313 Acompanhamento in loco antes

O acompanhamento in loco foi feito com um grupo de quatro marisqueiras que se

propuseram a participar de todo o programa de intervenccedilatildeo Durante a atividade ainda nos

locais de captura dos mariscos constatou-se que o trabalho das marisqueiras compreendia um

esforccedilo muito grande posto que a pesca ocorria em aacutereas mais distantes da Ilha necessitando

caminhadas agrave peacute ou deslocamentos com canoas Ao mesmo tempo observou-se que a

movimentaccedilatildeo no mangue exige maior resistecircncia fiacutesica equiliacutebrio e praacutetica para identificar

os locais de apanha e que as posturas adotadas na realizaccedilatildeo do trabalho natildeo seguiam

qualquer padratildeo ergonocircmico sobrecarregando o corpo

Em estudo conduzido por Costa et al (2012) tambeacutem na Bahia similarmente

verificou-se que as marisqueiras se deslocavam com embarcaccedilotildees ou ateacute mesmo agrave peacute para a

coleta de mariscos e possuiacuteam uma longa jornada de trabalho sempre definida pela mareacute

Quanto ao trabalho Pena Freitas e Cardim (2011) pontuam que a exposiccedilatildeo das

marisqueiras aos riscos da pesca tem iniacutecio na infacircncia quando manuseiam os instrumentos

de pesca e caminham sobre as pedras e os mangues sob o sol e condiccedilotildees climaacuteticas adversas

sem qualquer proteccedilatildeo Os autores observam ainda que os riscos referentes aos fatores

externos se acumulam ao longo da vida laboral e se somam agraves condiccedilotildees de vida que

repercutem negativamente no crescimento

Conforme Pena Martins e Rego (2013) a precariedade da atividade artesanal impotildee

uma conformaccedilatildeo nociva do corpo ao trabalho com ritmos extenuantes movimentos

repetitivos sem pausas posturas inadequadas e outros condicionantes prejudiciais agrave sauacutede

resultando em quadros de doenccedilas associadas ao trabalho dentre estas a Lesatildeo por Esforccedilo

Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT)

Com relaccedilatildeo agraves praacuteticas com os mariscos em domiciacutelio a observaccedilatildeo da rotina de

beneficiamento dos mariscos e a aplicaccedilatildeo do check list permitiram identificar o natildeo

atendimento a diferentes requisitos sanitaacuterios

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios as principais falhas

incluiacuteram a presenccedila de objetos em desuso e de animais de estimaccedilatildeo na aacuterea de manipulaccedilatildeo

dos mariscos Ainda verificou-se que os utensiacutelios e a mesa utilizados natildeo apresentavam

superfiacutecies lisas e impermeaacuteveis propiciando contaminaccedilotildees

Quanto agrave higiene das instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios evidenciou-se que a aacuterea

de manipulaccedilatildeo dos mariscos compreendia o quintal da casa que era de difiacutecil higienizaccedilatildeo ndash

aacuterea de terra com vegetaccedilatildeo natural (mato) e animais circulando - galinhas e muitos objetos

48

em desuso natildeo sendo registrada a limpeza da aacuterea ao teacutermino do trabalho A higienizaccedilatildeo

dos utensiacutelios era procedida somente ao final das atividades em uma bacia

Em relaccedilatildeo ao abastecimento de aacutegua apesar dos reservatoacuterios estarem com tampa e

em bom estado de conservaccedilatildeo ficavam proacuteximos ao solo e de faacutecil acesso o que pode

favorecer a contaminaccedilatildeo Aleacutem disso natildeo havia registro e adequada frequecircncia de limpeza

desses reservatoacuterios Na Ilha era frequente o armazenamento da aacutegua em toneacuteis com tampa

proacuteximos ao chatildeo e por vezes o abastecimento de aacutegua natildeo acontecia de modo frequente

Quanto ao controle de vetores e pragas urbanas constatou-se a presenccedila de insetos e

animais na aacuterea de manipulaccedilatildeo Nos domiciacutelios se dispunha de inseticida devidamente

registrado contudo natildeo havia medidas preventivas para evitar a incidecircncia de vetores e

pragas no local

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos os recipientes de lixo estavam sem tampas e

localizados na aacuterea de manipulaccedilatildeo permitindo o acesso a pragas e animais constituindo

tambeacutem fonte de contaminaccedilatildeo A coleta de lixo na regiatildeo natildeo era realizada regularmente

sendo o lixo incinerado nos quintais diariamente

As marisqueiras apresentavam unhas longas com esmaltes e utilizavam adornos

(reloacutegio) Tambeacutem natildeo se observou a utilizaccedilatildeo de luvas e a lavagem das matildeos de forma

frequente e adequada

Quanto ao beneficiamento dos mariscos especificamente constatou-se que eram

lavados apenas com aacutegua do mar dispostos em panela de alumiacutenio jaacute desgastada pelo tempo

com aacutegua potaacutevel e submetidos agrave cocccedilatildeo em trempe com lenha - a sequecircncia das etapas desde

a captura ateacute o beneficiamento encontra-se ilustrada na Figura 2 A panela tinha tampa de

alumiacutenio para acelerar a cocccedilatildeo e durante este processo natildeo havia controle do tempo de

contato do marisco com a aacutegua fervente

Concluiacuteda a cocccedilatildeo para facilitar a retirada da carne seguia-se um raacutepido

resfriamento agrave temperatura ambiente em caixa vazada colocada dentro de uma bacia de

alumiacutenio disposta no chatildeo Para extraccedilatildeo da carne os mariscos eram colocados sobre

plaacutesticos que forravam o chatildeo ou dentro de bacias Nesta etapa tambeacutem natildeo havia controle do

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente desde a cocccedilatildeo ateacute o momento do

acondicionamento o que em muitos casos excedia uma hora

A carne extraiacuteda era colocada em bacias com aacutegua potaacutevel para lavagem Em seguida

os mariscos eram espremidos para remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com as matildeos nuas e

porcionados em embalagens plaacutesticas de um quilo Os produtos acondicionados entatildeo eram

levados para congelamento em refrigerador domeacutestico

49

Figura 2 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes antes da estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Ambiente de manipulaccedilatildeo dos mariscos 3-5Cocccedilatildeo dos

mariscos 6 Resfriamento agrave temperatura ambiente 7-8 Extraccedilatildeo da carne dos mariscos 9 Porcionamento da

carne extraiacuteda na embalagem

Pela descriccedilatildeo observa-se um contexto de trabalho muito ruacutestico rico em

oportunidades para contaminaccedilatildeo dos produtos o que em muito contribui para a perda da

qualidade dos mariscos produzidos compondo um quadro de precariedade que guarda

similaridades com relatos de outros autores no Nordeste (DIAS ROSA e DAMASCENO

2007 PENA FREITAS e CARDIM 2011 PENA MARTINS e REGO 2013) Ao mesmo

tempo haacute que se ter em mente que esta condiccedilatildeo foi histoacuterica e socialmente construiacuteda -

existe como parte da tradiccedilatildeo local A situaccedilatildeo do trabalho na comunidade apenas reflete o

contexto de baixo desenvolvimento social do municiacutepio e de insuficiecircncia de poliacuteticas de

apoio agrave pesca

1 2 3

4 5 6

7 8 9

50

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos

O treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos contou com a participaccedilatildeo

de 32 pessoas cujas caracteriacutesticas socioeconocircmicas encontram-se sumariadas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes do

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

CARACTERIacuteSTICAS N

SEXO

Feminino 31 969

Masculino 1 31

IDADE (em anos)

12-18 1 31

19- 59 28 875

ge 60 3 94

ESTADO CIVIL

Solteiro 10 312

Casado Uniatildeo Estaacutevel 17 531

SeparadoDivorciado 2 63

Viuacutevo 3 94

ESCOLARIDADE

Analfabeto 1 31

Ensino fundamental completoincompleto 14 438

Ensino meacutedio completoincompleto 17 531

Ensino superior completoIncompleto 0 00

RENDA

lt 1Salaacuterio Miacutenimo 20 625

1-2 Salaacuterios Miacutenimos 12 375

ge 3 Salaacuterios Miacutenimos 0 00

TREINAMENTO ANTERIOR EM BOAS PRAacuteTICAS

Sim 1 31

Natildeo 31 969

Verificou-se que a maioria dos participantes eram mulheres (969) com idade adulta

(875) casadas ou em uniatildeo estaacutevel (531) Nesse sentido argumenta-se que a

predominacircncia de mulheres no curso reflete a segmentaccedilatildeo de gecircnero para a mariscagem que

eacute historicamente descrita na regiatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011) embora homens

tambeacutem sejam encontrados na atividade

51

Na divisatildeo do trabalho da pesca artesanal a questatildeo do gecircnero eacute marcante na qual a

extraccedilatildeo de mariscos eacute realizada principalmente por mulheres e crianccedilas na praia e no

mangue sendo uma extensatildeo dos aspectos bioloacutegicos do corpo da mulher As mulheres

desenvolvem todo o procedimento de captura e beneficiamento do marisco em adiccedilatildeo ao

trabalho domeacutestico tradicional configurando uma dupla jornada (PENA FREITAS e

CARDIM 2011) Aleacutem disso eacute fato que as mulheres detecircm maior conhecimento sobre as

praacuteticas com os alimentos e a sua seguranccedila desenvolvendo melhor as praacuteticas de

manipulaccedilatildeo do alimento que os homens (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE

2008 CONTRERAS e GRACIA 2011)

No que concerne agrave idade os achados aproximam-se do estudo de Costa et al (2012)

que reportam a totalidade das mulheres na faixa etaacuteria entre 30 e 45 anos sendo que 803

destas sabiam ler e escrever e 667 tinham a pesca como uacutenica fonte de renda

Quanto agrave escolaridade constatou-se que as marisqueiras em sua maior parte tinham

ensino meacutedio incompleto ou completo (531) Freitas et al (2012) em Barra Grande-PI

evidenciaram que 4756 das marisqueiras possuiacuteam ensino fundamental completo ou grau

de escolaridade superior demonstrando um potencial para a captaccedilatildeo e repasse de

informaccedilotildees a serem disponibilizadas

Na Ilha das Fontes a maioria das marisqueiras apresentou renda familiar mensal

inferior a um salaacuterio miacutenimo (625) proveniente da comercializaccedilatildeo dos mariscos que era

complementada com benefiacutecio social do municiacutepio pelo Programa de Acolhimento Social de

Complementaccedilatildeo de Renda (PAS)

Pena Freitas e Cardim (2011) em seu trabalho na Ilha de Mareacute-BA entre os anos de

2005 e 2007 verificaram uma renda meacutedia mensal por marisqueira de apenas cinquenta

reais Dado o contexto os autores enfatizam a inexistecircncia de contrato de trabalho na pesca

artesanal uma vez que natildeo haacute emprego ou assalariamento pois a atividade eacute desenvolvida

individualmente ou em grupos familiares e dessa forma a precariedade social impotildee ritmo

intenso de trabalho para gerar mais produtos agrave venda

A quase totalidade (969) das marisqueiras da Ilha das Fontes natildeo tinha treinamento

preacutevio em Boas Praacuteticas na manipulaccedilatildeo de alimentos Resultados semelhantes foram

reportados por Costa et al (2012) que descrevem a ausecircncia de treinamento em Boas

Praacuteticas entre as pescadoras de uma comunidade pesqueira na Bahia

Nesse sentido a realidade observada contrasta com a RDC nordm 2162004 que dispotildee

sobre as Boas Praacuteticas para Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo estabelece que os manipuladores de

52

alimentos devem ser capacitados periodicamente em higiene pessoal em manipulaccedilatildeo

higiecircnica dos alimentos e em doenccedilas transmitidas por alimentos (BRASIL 2004)

O treinamento denominado ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo foi realizado em trecircs tardes consecutivas com duraccedilatildeo

total de 10 horas e teve como tema principal a manipulaccedilatildeo segura nos diferentes estaacutegios do

beneficiamento dos mariscos

Entre os temas trabalhados constaram as Boas Praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos

a higiene pessoal a higiene dos utensiacutelios e equipamentos e do ambiente a qualidade da aacutegua

os principais cuidados na captura manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo dos mariscos os aspectos de

sauacutede do trabalhador e o uso de EPI Aleacutem disso foram reforccedilados os temas relativos agrave

valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras e o diagnoacutestico da qualidade dos mariscos locais

bem como distribuiacutedos os seguintes materiais didaacuteticos de apoio texto de valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras Cartilha da marisqueira para a Boas Praacuteticas (ANEXO E) Cartilha

sobre LER e DORT (ANEXO F) e o Guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua (ANEXO G)

Durante o desenvolvimento dessa atividade foi feito o detalhamento das etapas do

beneficiamento dos mariscos com participaccedilatildeo ativa das marisqueiras dando-se foco agrave

necessidade de adoccedilatildeo de cuidados de higiene e conservaccedilatildeo com vistas agrave promoccedilatildeo da

seguranccedila do alimento e proteccedilatildeo da sauacutede dos consumidores A utilizaccedilatildeo de metodologias

como viacutedeos painel de praacuteticas jogo do certo e errado exposiccedilatildeo de fotos da realidade local e

os trabalhos em grupo contribuiacuteram para apreensatildeo do conhecimento acerca dos temas

abordados

Em estudos relacionados agrave formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos para manipuladores

foram observadas como metodologias de aprendizagem o uso de recursos audiovisuais como

fotos obtidas durante visitas anteriores mostrando situaccedilotildees e viacutedeos Aleacutem disso foram

reportadas a introduccedilatildeo de toacutepicos de discussatildeo e demonstraccedilotildees praacuteticas que contribuiacuteram

para apreensatildeo dos conhecimentos e melhoria dos haacutebitos de higiene (NIETO-

MOTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 SOARES et al 2013)

Soon e Baines (2012) em estudo no Reino Unido desenvolveram um treinamento

com agricultores e trabalhadores de fazendas utilizando quatro tipos de materiais educativos

de seguranccedila de alimentos incluindo a cartilha sobre a seguranccedila de alimento e na fazenda

slides viacutedeo sobre as praacuteticas de seguranccedila de produtos frescos e a demonstraccedilatildeo da praacutetica

de higienizaccedilatildeo das matildeos Os autores relataram que o programa de treinamento educacional

foi bem sucedido melhorando o conhecimento dos participantes acerca do tema

53

Na literatura consultada verificaram-se poucos estudos acerca da formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos no acircmbito da pesca artesanal cuja realidade de manipulaccedilatildeo dos

alimentos difere muitas de ambientes como escolas induacutestrias empresas e outros onde haacute a

possibilidade de maior controle dos fatores que podem estar influenciando na qualidade dos

produtos Apesar desse quadro alguns estudos relacionados agraves BPP foram realizados com

pescadoras e marisqueiras na Bahia

No trabalho de Costa et al (2012) que investigou conceitos e atitudes para produccedilatildeo

segura de alimentos por meio de entrevistas e observaccedilatildeo verificou-se que as BPP eram

percebidas como sinocircnimo de higiene e de permissatildeo para comercializaccedilatildeo do pescado sem

reclamaccedilotildees Contudo os autores notaram que as participantes natildeo detinham noccedilotildees quanto

aos procedimentos de BPP na implementaccedilatildeo das suas atividades

Noacutebrega et al (2014) realizaram uma intervenccedilatildeo em BPP empregando como

metodologias exposiccedilotildees dialogadas dinacircmicas de grupos oficinas teatro jogos com de

imagens atividades dirigidas e a distribuiccedilatildeo de materiais didaacuteticos Segundo os autores a

experiecircncia demonstrou o potencial de desenvolvimento de atividades educativas junto agraves

comunidades pesqueiras com resultados que contribuiacuteram para o fortalecimento da cadeia

produtiva local com promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Para Mcintyrea et al (2014) programas de intervenccedilatildeo que incluem a formaccedilatildeo

multidimensional com atividades praacuteticas e recursos de miacutedia interativa podem melhorar os

resultados de formaccedilatildeo Nessa direccedilatildeo Deon et al (2014) pontuam que uma variedade de

recursos audiovisuais podem ser utilizadas pelos educadores para difundir mensagens sobre a

seguranccedila dos alimentos e ajudar no desenvolvimento de programas educativos que abordam

diretamente o assunto

Para Medeiros et al (2011) cartazes e folhetos podem ser usados para lembrar aos

manipuladores das praacuteticas que devem ser executadas podendo ser postados em paredes em

locais apropriados no local de trabalho As fotografias por sua vez podem permitir que os

participantes identifiquem e analisem os problemas e outras questotildees que mais interessem em

suas comunidades (BAILEY e VAN HARKEN 2014) os viacutedeos podem enfatizar conceitos

importantes e manter o interesse dos telespectadores (SOON e BAINES 2012) e o uso de

jogos em treinamentos proporciona amplas oportunidades de exerciacutecio e praacutetica reforccedilando

assim a retenccedilatildeo de informaccedilotildees (MAC NAMEE et al 2006)

Conforme Robertson et al (2013) o propoacutesito do treinamento natildeo deve ser somente o

aumento de conhecimento das praacuteticas pelos manipuladores de alimentos mas sim capacitaacute-

los a praticar estes comportamentos em todos os momentos criando uma verdadeira cultura de

54

seguranccedila do alimento Nesse processo no entanto eacute necessaacuterio entender aspectos que afetam

o comportamento do manipulador de alimentos e como ele interage com as suas crenccedilas e os

niacuteveis de conhecimento (ABUSHELAIBI et al 2015)

Os resultados da avaliaccedilatildeo do treinamento realizada pelos participantes encontram-se

ilustrados na Figura 3 Como se verifica as notas de avaliaccedilatildeo foram satisfatoacuterias com

meacutedias acima de quatro demonstrando que os participantes consideraram o treinamento entre

bom e oacutetimo

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo do treinamento em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos realizado junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

Resultados similares foram reportados no estudo de Soon e Baines (2012) no qual

mais de 80 dos participantes consideraram o conteuacutedo de formaccedilatildeo satisfatoacuterio e de faacutecil

compreensatildeo e que nenhum deles considerou o treinamento longo ou complicado

Na formaccedilatildeo com as marisqueiras o item de avaliaccedilatildeo de maior meacutedia foi a

explicaccedilatildeo dos assuntos demonstrando que a forma de abordagem dos conteuacutedos tornou faacutecil

o entendimento favorecendo a apreensatildeo dos conhecimentos O item de menor meacutedia foi o

referente ao esclarecimento de duacutevidas o que pode estar relacionado a conteuacutedos mais

especiacuteficos ou teacutecnicos das BPP

Para Prado et al (2006) educar eacute contribuir para a formaccedilatildeo do ser humano criando

possibilidades para produccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Ainda compreende uma relaccedilatildeo

que envolve respeito eacutetica reconhecimento do outro e de si mesmo buscando autonomia

55

Em relaccedilatildeo agraves sugestotildees referidas pelas marisqueiras para melhorias futuras da

atividade educativa constaram o maior tempo para realizaccedilatildeo do curso a maior participaccedilatildeo

da comunidade no treinamento e a realizaccedilatildeo de mais atividades praacuteticas Noacutebrega (2013)

tambeacutem encontrou como sugestotildees para melhoria da atividade formativa a maior participaccedilatildeo

da comunidade no curso e um periacuteodo maior para realizaccedilatildeo das atividades com espaccedilo para

responder aos questionamentos o que expressa uma demanda da comunidade

Pelos resultados destaca-se uma preocupaccedilatildeo dos participantes para que outras

marisqueiras tambeacutem tivessem oportunidade de formaccedilatildeo o que pode ser interpretado como

uma valorizaccedilatildeo do curso Quanto ao tempo por outro lado ainda natildeo haacute estudos que

estabeleccedilam qual seria a carga horaacuteria ideal no contexto da pesca artesanal ndash entatildeo

considerando estudo preacutevio de Noacutebrega et al (2014) previu-se uma maior extensatildeo mas que

ainda foi pontuada como insuficiente pelo grupo

Nesse contexto considera-se que a avaliaccedilatildeo do programa de treinamento em

seguranccedila do alimento eacute uma parte criacutetica uma vez que permite que os implementadores

avaliem a sua eficaacutecia (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008) Ao mesmo

tempo compreende oportunidade para o aperfeiccediloamento do processo na perspectiva dos

vaacuterios elementos passiacuteveis de mensuraccedilatildeo ndash meacutetodos adotados conhecimento acumulado

mudanccedilas de comportamento e melhoria da qualidade do produto

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo

Essa etapa foi realizada com as quatro marisqueiras que participaram do

acompanhamento in loco anterior ao treinamento Os resultados do acompanhamento in loco

poacutes-intervenccedilatildeo em relaccedilatildeo aos resultados da avaliaccedilatildeo inicial satildeo exibidos na Figura 4

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios notou-se uma reduccedilatildeo

das inadequaccedilotildees apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda que objetos em desuso estivessem presentes os

animais foram isolados da aacuterea de manipulaccedilatildeo Nesse sentido observou-se que as residecircncias

onde o beneficiamento dos mariscos era feito muitas vezes apresentavam estrutura precaacuteria

Aleacutem disso as marisqueiras tinham baixo poder aquisitivo o que inviabilizava a construccedilatildeo

de local com instalaccedilotildees proacuteprias com equipamentos e utensiacutelios necessaacuterios agrave melhor

manipulaccedilatildeo do alimento Por isso o beneficiamento continuava sendo realizado na aacuterea

externa das residecircncias local onde eram realizadas tambeacutem outras atividades domeacutesticas

56

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto ao

atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das Fontes Satildeo

Francisco do Conde-BA 20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4 Abastecimento de aacutegua

5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas preparo dos mariscos e embalagens

Utensiacutelios em bom estado de conservaccedilatildeo passaram a ser utilizados conquanto a mesa

disponiacutevel fosse a mesma Deste modo as marisqueiras passaram a utilizar um plaacutestico

transparente sobre a mesa o que facilitava a higienizaccedilatildeo e diminuiacutea riscos de contaminaccedilatildeo

Nessa direccedilatildeo ressalta-se que a limpeza das superfiacutecies que entram em contato com os

alimentos compreende cuidado essencial para a seguranccedila do alimento e para a prevenccedilatildeo de

contaminaccedilatildeo cruzada enfatizando-se as etapas de limpeza e sanitizaccedilatildeo Todavia quando as

praacuteticas de higiene satildeo deficientes podem resultar na formaccedilatildeo de biofilmes na superfiacutecie de

equipamentosutensiacutelios comprometendo a seguranccedila dos produtos a serem processados

(LUES e VONDER 2007 NUNES et al 2010)

Embora a aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos fosse a mesma as marisqueiras passaram

a fazer a sua limpeza antes e apoacutes o uso natildeo havendo mais animais Os utensiacutelios tambeacutem

passaram a ser devidamente higienizados antes e apoacutes o uso Nesse sentido apesar da

observaccedilatildeo de reduccedilatildeo nas inadequaccedilotildees nesse quesito natildeo foi possiacutevel garantir que as

condiccedilotildees de limpeza observadas natildeo permitiam a contaminaccedilatildeo do produto posto que natildeo

havia pia para lavagem dos utensiacutelios A higienizaccedilatildeo era realizada em bacia de alumiacutenio que

57

tambeacutem era utilizada para lavagem de roupas Rowel et al (2013) em estudo em mercearias

tambeacutem registraram que com o treinamento houve maior conscientizaccedilatildeo dos funcionaacuterios

promovendo a correta higienizaccedilatildeo destes materiais

Com relaccedilatildeo ao controle de vetores e pragas no beneficiamento de mariscos o quadro

manteve-se inalterado pois o ambiente onde era realizado o beneficiamento dos mariscos era

aberto permitindo a presenccedila de vetores e pragas Nesse contexto a preocupaccedilatildeo para o

controle de insetos e pragas considera tanto as perdas econocircmicas quanto o risco sanitaacuterio

Segundo Dias et al (2011) insetos satildeo vetores de vaacuterios microrganismos conhecidos

inclusive de agentes patogeacutenicos alimentares

Quanto ao abastecimento de aacutegua tambeacutem natildeo foram observadas modificaccedilotildees apoacutes a

intervenccedilatildeo dado ser esta a realidade estrutural do abastecimento de aacutegua na Ilha Apesar da

existecircncia de abastecimento de aacutegua pela rede puacuteblica de abastecimento a maioria dos locais

de manipulaccedilatildeo dos mariscos natildeo possuiacutea aacutegua encanada sendo a aacutegua estocada em

recipientes como baldes e vasilhas plaacutesticas

Nesse sentido ressalta-se que a qualidade da aacutegua representa um requisito essencial

em locais que processam eou manipulam alimentos apresentando influecircncia direta sobre a

qualidade microbioloacutegica do produto final principalmente quando esta eacute utilizada na

preparaccedilatildeo de outros produtos (NUNES et al 2010)

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos natildeo foram constatadas mudanccedilas apoacutes a

intervenccedilatildeo Em geral as residecircncias das marisqueiras natildeo contavam com lixeiras com tampa

e sacos de polietileno e o chatildeo da aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos consistia de terra

impossibilitando a retirada total do lixo Ao mesmo tempo a coleta dos resiacuteduos na Ilha natildeo

era realizada com frequecircncia e os moradores natildeo tinham acesso faacutecil aos sacos de polietileno

para fazer o acondicionamento Dessa forma as marisqueiras como aos demais moradores da

Ilha costumavam incinerar os resiacuteduos

Conforme registram Nunes et al (2010) a presenccedila de lixo e resiacuteduos favorece a

presenccedila de diversos tipos de vetores que podem disseminar microrganismos patogecircnicos

para as superfiacutecies de preparaccedilatildeo e consequentemente para os alimentos

Por outro lado houve uma mudanccedila marcante na higiene pessoal das marisqueiras

com uso de roupas limpas proteccedilatildeo para os cabelos unhas curtas e sem esmaltes ausecircncia de

adornos e maior frequecircncia na higienizaccedilatildeo das matildeos Soares et al (2013) apoacutes o treinamento

de seguranccedila alimentar para manipuladores identificaram por meio de observaccedilatildeo in situ a

melhoria da higiene sugerindo que estes comeccedilaram a seguir regras de desinfecccedilatildeo das matildeos

de forma mais rigorosa

58

Cabe considerar que algumas das bacteacuterias podem ser encontradas nas matildeos de

manipuladores de alimentos como Escherichia coli e Staphylococcus aureus (LUES e

TONDER 2007) Por isso a boa higiene pessoal com lavagem das matildeos adequada antes e

apoacutes o manuseio dos alimentos juntamente com corretas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de

alimentos podem reduzir muito as chances de transferecircncia de microrganismos patogecircnicos

(ABUSHELAIBI et al 2015)

A Figura 5 exibe algumas das mudanccedilas observadas depois da intervenccedilatildeo Os

mariscos passaram a ser lavados com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo e colocados em panela de

alumiacutenio com tampa em bom estado de conservaccedilatildeo A cocccedilatildeo seguia os mesmos

procedimentos anteriores sem controle do tempo de contato do marisco com a aacutegua fervente e

o posterior resfriamento agrave temperatura ambiente em caixas vazadas proacuteximas ao chatildeo o que

evidenciou fragilidades no treinamento considerando mudanccedilas nas praacuteticas das

marisqueiras

Considerando a falta de controle do tempo de cozimento avalia-se que pode ser

devido ao conhecimento adquirido pelas marisqueiras ao longo dos anos quanto agraves mudanccedilas

que ocorrem durante a cocccedilatildeo como a abertura das conchas quando os moluscos bivalves

estatildeo cozidos e no caso dos crustaacuteceos a mudanccedila da coloraccedilatildeo

Quanto ao resfriamento apoacutes a cocccedilatildeo agrave temperatura ambiente e com recipientes

proacuteximos ao chatildeo talvez revele resistecircncia agrave mudanccedila pelas marisqueiras dado que o

conhecimento foi transmitido e que natildeo foi referido como um aspecto difiacutecil durante o curso

Na etapa de extraccedilatildeo da carne os mariscos eram dispostos sobre o plaacutestico que forrava

a mesa de madeira poreacutem ainda sem controle do tempo de exposiccedilatildeo agrave temperatura

ambiente ateacute o momento de acondicionamento Na rotina as marisqueiras natildeo controlavam o

tempo de realizaccedilatildeo de suas atividades e soacute quando concluiacuteam toda a etapa de extraccedilatildeo da

carne e os procedimentos finais submetiam os mariscos ao congelamento natildeo seguindo a

recomendaccedilatildeo de controle do binocircmio de tempo e temperatura enfatizado durante o

treinamento

Segundo Walter et al (2012) os catados de mariscos satildeo considerados produtos com

alta perecibilidade e criacuteticas tem sido feitas ao seu manuseio no processo de beneficiamento

realizado pelas mulheres uma vez que os produtos satildeo manipulados e armazenados em

condiccedilotildees inadequadas Deste modo haacute um receio quando do consumo eou comercializaccedilatildeo

desses mariscos em baixas condiccedilotildees sanitaacuterias

59

Figura 5 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes apoacutes a estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Lavagem com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo 3 Cocccedilatildeo

dos mariscos 4 Remoccedilatildeo da aacutegua de cocccedilatildeo para resfriamento 5 Resfriamento dos marisco agrave temperatura

ambiente 6 Extraccedilatildeo da carne de mariscos 7 Lavagem com aacutegua potaacutevel apoacutes a extraccedilatildeo da carne dos

mariscos 8 Porcionamento da carne extraiacuteda na embalagem 9 Lavagem dos utensiacutelios

A carne obtida dos mariscos era lavada em bacias com aacutegua potaacutevel e espremida para

remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com matildeos nuas mas que traziam unhas curtas e sem esmaltes O

porcionamento nas embalagens passou a ser realizado com o auxiacutelio de escumadeira sendo os

produtos acondicionados em seguidas levados para congelamento

Nessa direccedilatildeo pontua-se que o uso de luvas a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene e o

controle de temperaturas adequadas e resfriamento raacutepido reduzem o risco de contaminaccedilatildeo

no processamento Em adiccedilatildeo que a temperatura de conservaccedilatildeo constitui um paracircmetro

determinante da vida de prateleira de um produto uma vez que estaacute diretamente relacionada

com a velocidade da atividade microbiana sendo o seu controle fator importante nas Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo (VIEIRA et al 2006)

1 2 3

4 5 6

7 8 9

60

No caso de frutos do mar Ramos et al (2011) ressaltam que satildeo muito manipulados

no beneficiamento uma vez que haacute separaccedilatildeo manual da carne apoacutes a cocccedilatildeo e que a falta de

controle pode colocar em risco a sauacutede do consumidor Para os autores a qualidade dos frutos

do mar apoacutes o processamento eacute resultante das condiccedilotildees higiecircnicosanitaacuterias iniciais do

produto dos equipamentos do pessoal do tratamento teacutermico do controle de tempo e

temperatura das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo bem como precauccedilatildeo em embalagem e

congelamento

De acordo com Lima et al (2013) no caso de mexilhotildees assim como de outros

moluscos bivalves que satildeo organismos que filtram seletivamente pequenas partiacuteculas

presentes na aacutegua a higienizaccedilatildeo com aacutegua potaacutevel e o cozimento satildeo procedimentos que

ajudam no controle microbiano e na garantia de seguranccedila do produto

Mediante os achados do segundo acompanhamento in loco avalia-se que apesar das

falhas registradas foi tambeacutem possiacutevel evidenciar mudanccedilas no beneficiamento que podem

ser beneacuteficas no que se refere agrave qualidade final do marisco Estas mudanccedilas no entanto natildeo

se mostraram suficientes para garantir a seguranccedila desse alimento Nesse cenaacuterio vale

pontuar que parte das inadequaccedilotildees atrelava-se agrave falta de condiccedilotildees estruturais

Ao mesmo tempo considera-se que mesmo medidas simples como o uso de luvas

para a manipulaccedilatildeo dos mariscos cozidos natildeo satildeo de faacutecil implementaccedilatildeo pelas marisqueiras

em virtude do baixo poder aquisitivo das famiacutelias Deste modo sinaliza-se a necessidade de

apoio das autoridades locais para a aquisiccedilatildeo de equipamentos de proteccedilatildeo individual visando

a promoccedilatildeo da qualidade dos produtos

Dado o contexto e visando agrave melhoria da qualidade do produto indica-se a

necessidade de aperfeiccediloamento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo implementada incluindo maior

carga horaacuteria atividades praacuteticas que envolvam a higienizaccedilatildeo das matildeos o controle do

binocircmio tempo-temperatura durante o beneficiamento e uma comunicaccedilatildeo mais acessiacutevel ao

puacuteblico

Em paralelo sugere-se que o beneficiamento dos mariscos seja realizado em local

dotado de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios adequados Dado que foram verificadas

mudanccedilas significativas nos haacutebitos de higiene das marisqueiras podendo assim tornar o

alimento seguro a possibilidade de locais apropriados certamente contribuiria para melhor

condiccedilatildeo de trabalho e assunccedilatildeo de novas praacuteticas

Outrossim como elemento essencial ao processo formativo considera-se a

necessidade de educaccedilatildeo continuada e de acompanhamento teacutecnico junto agrave comunidade para

que possa alcanccedilar praacuteticas mais seguras Conforme reportado por Cunha et al (2013) as

61

visitas frequentes ajudam na motivaccedilatildeo e no acompanhamento dos locais de produccedilatildeo de

alimentos - assim podem melhorar as boas praacuteticas de higiene Nessa rotina a aplicaccedilatildeo de

uma lista de verificaccedilatildeo de boas praacuteticas constitui uma ferramenta que pode ser utilizada para

avaliar e monitorar a seguranccedila alimentar no ambiente de produccedilatildeo

316 Roda de conversa

A roda de conversa foi realizada durante uma tarde com a participaccedilatildeo de nove

marisqueiras - o menor quantitativo de participantes nessa atividade nestes caso decorreu de

dificuldade de divulgaccedilatildeo da atividade na Ilha No encontro foi retomado o propoacutesito das

atividades formativas para o grupo e em seguida foram feitas perguntas conforme roteiro

preacute-elaborado (ANEXO C)

De acordo com a exposiccedilatildeo foi possiacutevel observar que as participantes demonstraram-

se satisfeitas com a realizaccedilatildeo das atividades Aleacutem disso verificou-se que os assuntos

abordados foram apreendidos pelas participantes como pode ser observado nas respostas

abaixo

ldquoEu senti que a gente aprendeu o que a gente natildeo sabia Como manusear o marisco

E quer dizer que a gente eacute pintava a unha que diz que natildeo pode e tem que usar touca a

gente natildeo sabiardquo Marisqueira 2

ldquoEu aprendi neacute Por que muitas vezes a gente catava marisco agraves vezes assim

cachorro passava e a gente deixava neacute E lavar direitinho mesmo com a aacutegua doce que

muitas vezes a gente natildeo lavava com a aacutegua doce lavava com a aacutegua salgada E pra mim foi

oacutetimo por que o que eu natildeo sabia eu aprendirdquo Marisqueira 4

No que se refere agrave dificuldade de realizaccedilatildeo de mudanccedilas na forma de trabalho depois

do treinamento foi apontada apenas uma dificuldade pelas marisqueiras

[difiacutecil] ldquoSoacute a lavagem da ostra com aacutegua doce que vai dar muito trabalho Porque a

quantidade eacute muitardquo Marisqueira 4

Quando questionadas sobre o que havia sido mais faacutecil de fazer na mudanccedila das

praacuteticas algumas marisqueiras relataram

[faacutecil] ldquoA parte de ensacar [embalar] neacute Pega com a colher Isso ficou um pouco

mais faacutecil neacuterdquo Marisqueira 3

[faacutecil] ldquo A parte de lavar antes de cozinhar Porque quando a gente lavava a gente agraves

vezes lavava tem gente mesmo que soacute lava em duas aacuteguas E agora a gente aprendeu a

62

lavar em trecircs quatro aacuteguas ateacute aquela aacutegua sair mais limpinha Por que natildeo vai sair

totalmente limpa mas vai sair assim um pouquinho mais clarardquo Marisqueira 7

Quanto agraves sugestotildees para realizaccedilatildeo de novas atividades na Ilha foram citadas as

oficinas culinaacuterias e de artesanato Em adiccedilatildeo ao treinamento de BPP foi realizada uma

atividade acerca da alimentaccedilatildeo saudaacutevel com o propoacutesito de melhorar a qualidade de vida

das marisqueiras

4 Conclusatildeo

A atividade formativa conduzida evidenciou uma boa adesatildeo das marisqueiras quadro

que pode estar associado agraves metodologias utilizadas ao contexto de interaccedilatildeo com maior

aproximaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e agrave valorizaccedilatildeo dada ao curso No entanto

assume-se a necessidade de aprimoramento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo adotada incluindo o

aumento do tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e do controle de temperatura e do

tempo

No que se refere ao beneficiamento dos mariscos as atividades resultaram mudanccedilas

positivas nas praacuteticas de manipular os produtos Contudo a estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento ainda se mostrou inadequada configurando riscos agrave qualidade do alimento e

consequentemente para a sauacutede do consumidor - uma situaccedilatildeo que muitas vezes natildeo pode

ser solucionada pelas marisqueiras haja vista o seu baixo poder aquisitivo Assim acredita-se

que embora o conhecimento tenha sido apreendido pelos participantes este natildeo pode ser

inteiramente aplicaacutevel agrave realidade local

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividade formativa periodicamente reforccedilando os conceitos e as

praacuteticas a serem adotadas para garantir a inocuidade dos mariscos comercializados

Considerando a insuficiecircncia de publicaccedilotildees sobre a formaccedilatildeo em seguranccedila de

alimentos no acircmbito da pesca artesanal reforccedila-se a demanda de estudos que possam dar

melhor conformaccedilatildeo ao conhecimento na aacuterea trazendo contributos nas perspectivas

cientiacutefica tecnoloacutegica e social

Agradecimentos

63

Os autores gostariam de agradecer aos colegas Aacutequila Samara Iacutecaro Cazumbaacute Iacutesis Maria

Borges Juccedilara Soledade e Sirlana Assis pelo auxiacutelio na atividade de formaccedilatildeo e agrave Fundaccedilatildeo

de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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67

Capiacutetulo III

EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA MARISQUEIRAS

AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM INDICADORES

MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Alaiacutese Gil Guimaratildeesa Caroline Menezes da Silva

Matosb Taate Queacutezia dos Santos Arauacutejo Silvab Thayse Correcirca de Souzab Thatimila de Jesus

Pereirab Sara Bispo Oliveirab Ryzia de Cassia Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

No Brasil as marisqueiras apresentam papel importante no abastecimento de mariscos pois

aleacutem da coleta participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto realizando o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes em condiccedilotildees adversas Assim este estudo objetivou

avaliar a eficaacutecia de uma atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo realizada com

marisqueiras para melhoria da qualidade microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos

beneficiados Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo com desenvolvimento de atividade formativa

em seguranccedila de alimentos e em paralelo foram obtidas amostras de mariscos das espeacutecies

siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) para

anaacutelises sendo 48 antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram analisadas para a

contagem de microrganismos psicrotroacuteficos coliformes agrave 35ordmC Escherichia coli e

estafilococos coagulase positiva e para pesquisa de Salmonella spp Ainda foram

determinados o pH e as bases volaacuteteis totais (N-BVT) Verificou-se melhoria na qualidade

microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora 146 das amostras ainda

apresentassem contagens de estafilococos coagulase positiva superiores ao paracircmetro oficial

Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH em quase sua totalidade (99) mostrou-se

superior ao limite enquanto os valores de N-BVT estavam dentro da faixa Apesar da

melhoria evidenciada assume-se na perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no

beneficiamento dos mariscos sob o aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar

a natildeo conformidade para o conjunto de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo

abarca as diferentes espeacutecies estudadas Dessa forma sugere-se a continuidade da formaccedilatildeo

para as marisqueiras com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e a realizaccedilatildeo de novos

estudos que verifiquem o comportamento quiacutemico das diferentes espeacutecies de pescado

Palavras-chave pescado treinamento anaacutelises microbioloacutegicas seguranccedila de alimentos

68

Abstract

In Brazil shellfish pickers have an important role in the supply of shellfish because besides

collecting they participate in all phases of product handling performing minimal processing

often in adverse conditions Thus this study aimed to evaluate the effectiveness of a training

activity on Good Manufacturing Practices held with shellfish pickers in order to to improve

the microbiological and physico-chemical quality of benefitted shellfish An intervention

study was conducted with development of training activities in food safety and in parallel

samples of shellfish were obtained of the species crab (Callinectes sapidus) mussels (Mytella

falcata) and oyster (Crassostrea rhizophorae) for analysis 48 before the intervention and 48

after The samples were analyzed for quantification of psychrotrophic total coliforms

Escherichia coli and coagulase-positive staphylococcus and search of Salmonella spp

Moreover the pH and total volatile bases (N-TVB) were determined There was improvement

in the microbiological quality of shellfish after the intervention although 146 of the

samples still have presented staphylococcus coagulase countings higher than the official

parameter When compared to national standards the pH almost in totality (99) was

superior to the limit while the TVB-N values were within the range Despite the positive

results it is assumed on the microbiological perspective that failure occurred in the

processing of shellfish under the physico-chemical aspect however is not possible to affirm

the nonconformity to the set of samples since the Brazilian legislation does not cover all

different species Therefore we suggest the continuity of training for shellfish pickers with

orientation and more effective control and the new studies that verify the chemical behavior

of different species of seafood

Key words seafood training microbiological analysis food safety

1Introduccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da pesca artesanal para aliviar a pobreza e promover a seguranccedila

alimentar tem sido reconhecida internacionalmente Todavia sobretudo nos paiacuteses tropicais

parte expressiva desta produccedilatildeo de pescado eacute perdida ao longo desta cadeia produtiva tanto

pela falta de infraestrutura e condiccedilotildees de conservaccedilatildeo quanto pela maior suscetibilidade do

pescado (FAO 2014)

Em toda a costa brasileira a pesca artesanal tambeacutem constitui uma realidade marcada

por desafios que requerem atenccedilatildeo e suporte para trazer melhor produccedilatildeo e maiores

benefiacutecios agraves comunidades envolvidas (MARUYAMA et al 2009) Dentre as modalidades de

pesca artesanal no paiacutes tem destaque a mariscagem que consiste na coleta de mariscos -

crustaacuteceos e moluscos em regiotildees de manguezal Nesse cenaacuterio os manguezais

compreendem verdadeiras fontes de recursos para populaccedilotildees carentes que retiram dali o seu

sustento posto que a captura das diferentes espeacutecies tanto as que se destina ao consumo

proacuteprio quanto agrave comercializaccedilatildeo (ALVES e NISHIDA 2003 JESUS e PROST 2011)

69

Em geral a mariscagem eacute realizada por mulheres denominadas marisqueiras ou

mariscadeiras que atuam em aacutereas limitadas e utilizam instrumentos rudimentares para o

trabalho no mangue Aleacutem disso estas mulheres trabalham em todas as fases de manipulaccedilatildeo

do produto realizando o beneficiamento miacutenimo muitas vezes sem condiccedilotildees adequadas de

manuseio e conservaccedilatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011)

De acordo com estudos conduzidos junto a marisqueiras do Rio Grande do Norte

(DIAS ROSA DAMASCENO 2007) e da Paraiacuteba (NISHIDA 2008) tecircm-se constatado

precaacuterias condiccedilotildees de vida e de trabalho para este coletivo o que compreende preocupaccedilatildeo

na perspectiva ambiental e da oferta de alimentos seguros

No municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil a mariscagem eacute uma tradiccedilatildeo

e os mariscos satildeo beneficiados nas proacuteprias residecircncias que natildeo dispotildeem de infraestrutura

adequada para realizaccedilatildeo da atividade Em adiccedilatildeo as marisqueiras natildeo possuem treinamento

especiacutefico para a manipulaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos alimentos o que favorece contaminaccedilotildees e

alteraccedilotildees dos produtos beneficiados e coloca em risco a sauacutede dos consumidores (ARGOcircLO

2012)

Segundo Argocirclo (2012) que avaliou 96 amostras de mariscos beneficiados oriundas

de seis comunidades pesqueiras do municiacutepio 958 das amostras estavam improacuteprias ao

consumo no que se refere a qualidade microbioloacutegica enquanto que 906 das amostras

encontravam-se natildeo conformes para a avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica demonstrando um risco a

sauacutede do consumidor

Nesse cenaacuterio eacute importante destacar o papel dos manipuladores de alimentos uma vez

que estes manteacutem contato direto com o alimento observando-se muitas vezes praacuteticas de

manipulaccedilatildeo incorretas que se associam agrave ocorrecircncia de surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

(SEAMAN 2010) uma preocupaccedilatildeo que tambeacutem se aplica agrave realidade das marisqueiras na

cadeia da pesca artesanal

Em face ao problema o treinamento para manipuladores de alimentos tem sido

considerado como uma estrateacutegia essencial para promover a seguranccedila dos alimentos e evitar

surtos No entanto para que esta atividade educativa seja transformadora e promova

mudanccedilas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos deve-se considerar o puacuteblico-alvo e o uso

de diferentes metodologias (CUNHA et al 2014 GOMES et al 2014)

Assim considerando a contribuiccedilatildeo da pesca artesanal e a complexidade dos cenaacuterios

de obtenccedilatildeo de mariscos no paiacutes este estudo teve por objetivo avaliar a eficaacutecia de uma

atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) para melhoria da qualidade

70

microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos beneficiados junto agrave comunidade pesqueira de

Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

2 Material e Meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a 32 marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA no periacuteodo de marccedilo

de 2014 a fevereiro de 2015 como parte do projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em

comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e

promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo2

O estudo compreendeu trecircs etapas e teve seu desenvolvimento organizado em oito

atividades conforme descreve o Quadro 1

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas no planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

INTERVENCcedilAtildeO APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

1 Sondagem dos temas 5 Treinamento em Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo

6 Acompanhamento in loco da

captura e beneficiamento dos

mariscos

2 Encontro de sensibilizaccedilatildeo

7 Roda de conversa

3 Acompanhamento in loco

da captura e beneficiamento

dos mariscos

8 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras de

mariscos

4 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras

de mariscos

21 Atividade Educativa

Para o desenvolvimento da atividade de intervenccedilatildeo educativa considerando

levantamentos preacutevios que descreviam baixa escolaridade na comunidade pesqueira

2 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

71

(SANTOS 2013) e o uso de um formulaacuterio de sondagem para levantamento dos temas de

interesse foi planejado um treinamento com metodologias aplicaacuteveis a esse puacuteblico-alvo

Entre as metodologias empregadas constaram exposiccedilatildeo dialogada com projetor multimiacutedia

dinacircmicas de grupo roda de conversa simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de

coleta de mariscos e viacutedeos

No conteuacutedo formativo os seguintes temas foram trabalhados valorizaccedilatildeo do trabalho

das marisqueiras diagnoacutestico da qualidade inicial dos mariscos analisados Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos higiene pessoal higiene dos utensiacutelios higiene do ambiente

qualidade da aacutegua cuidados na captura manipulaccedilatildeo preparo e armazenamento dos

mariscos Tambeacutem foram apresentados conteuacutedos relativos agrave sauacutede do trabalhador e ao uso de

equipamentos de proteccedilatildeo individual (EPI)

Em adiccedilatildeo foram entregues como conteuacutedo complementar materiais didaacuteticos de

apoio sobre a valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras a cartilha da marisqueira para as boas

praacuteticas no trabalho com os mariscos o guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua a cartilha

sobre Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas

ao Trabalho (DORT)

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa

Para avaliar a eficaacutecia da atividade educativa na perspectiva da qualidade dos

alimentos foram realizadas anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas em amostras de

mariscos beneficiados pelas marisqueiras antes e apoacutes a etapa de intervenccedilatildeo As anaacutelises das

amostras no momento poacutes- intervenccedilatildeo foram realizadas aproximadamente seis meses apoacutes o

treinamento

Considerando praacuteticas locais neste caso o termo beneficiamento refere-se aos

procedimentos aos quais os mariscos satildeo submetidos antes da comercializaccedilatildeo

compreendendo etapas como lavagem cocccedilatildeo retirada da carne do interior da carapaccedila ou

concha embalagem e congelamento

Para fins de definiccedilatildeo das espeacutecies a serem estudadas conforme estudo preacutevio de Saacute

(2011) foram selecionadas as trecircs de maior captura no municiacutepio incluindo siri (Callinectes

sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) As amostras foram

adquiridas de oito marisqueiras de trabalho ativo na pesca e que acompanharam as atividades

formativas De cada uma delas foram obtidas duas amostras de cada uma das espeacutecies em

72

diferentes semanas ndash perfazendo seis amostrasmarisqueira e um conjunto de 48 amostras em

cada etapa

Deste modo posto que este procedimento foi realizado antes e apoacutes a intervenccedilatildeo um

total de 96 amostras de mariscos beneficiados foi obtido Em relaccedilatildeo agraves espeacutecies o total

compreendeu 32 amostras de ostras 32 amostras de sururu e 32 amostras de siri sendo

metade antes e metade apoacutes a intervenccedilatildeo

Cada amostra coletada continha meio quilo de marisco e encontrava-se congelada

sendo obtidas nas proacuteprias embalagens em que eram acondicionadas pelas marisqueiras As

amostras foram colocadas em caixas isoteacutermicas contendo gelo reciclaacutevel e transportadas

sendo armazenadas em um freezer ateacute o momento das anaacutelises O descongelamento das

amostras para as anaacutelises foi realizado sob refrigeraccedilatildeo agrave temperatura inferior a 5ordmC

As anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas foram realizadas nos laboratoacuterios de

Controle de Qualidade de Alimentos e de Bioquiacutemica dos Alimentos respectivamente da

Escola de Nutriccedilatildeo Universidade Federal da Bahia

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas

Para avaliaccedilatildeo da qualidade microbioloacutegica procedeu-se agrave contagem de coliformes agrave

35ordmC Escherichia coli Staphylococcus coagulase positiva e micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos e agrave pesquisa de Salmonella spp

As amostras foram pesadas em sacos esteacutereis em condiccedilotildees asseacutepticas e em seguida

foram procedidas agraves diluiccedilotildees das amostras em aacutegua peptonada 01 (Accumedia EUA)

para a pesquisa dos micro-organismos exceto para Salmonella spp (DOWNES ITO 2001)

As contagens de coliformes agrave 35ordmC e de Escherichia coli foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo

em Aacutegar Chromocult (Merck Alemanha) a 35degC durante 24h (AOAC 1995) A confirmaccedilatildeo

das colocircnias tiacutepicas de E coli foi realizada por testes bioquiacutemicos de Indol Vermelho de

metila Voges Proskauer e Citrato (IMViC) conforme estabelecido pela American Public

Health Association APHA (DOWNES ITO 2001)

As contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo em

Aacutegar Baird Parker (Accumedia EUA) a 37degC durante 48 horas As colocircnias suspeitas foram

submetidas ao teste de coagulase pelo uso de testes raacutepidos Staphclin Laacutetex (Laborclin

Brasil) (DOWNES ITO 2001)

73

As contagens de microorganismos aeroacutebios psicrotroacuteficos foram obtidas apoacutes

incubaccedilatildeo em Aacutegar Plate Count (Merck Alemanha) sob refrigeraccedilatildeo durante 10 dias

segundo metodologia da APHA (DOWNES ITO 2001)

As amostras foram submetidas agrave pesquisa de Salmonella spp de acordo com o

protocolo descrito por Downes e Ito (2001) e Silva et al (2010) Sob condiccedilotildees esteacutereis as

amostras de mariscos foram submetidas ao preacute- enriquecimento em Caldo lactosado (Merck

Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h Em seguida passaram-se inoacuteculos para caldos

de enriquecimento Tetrationato (Merck Alemanha) e Rappaport (Merck Alemanha) que

foram incubados a 37degC e a 42 degC durante 24 horas respectivamente e foram isolados em

placas contendo Xilose Lisina Aacutegar Desoxicolato (Merck Alemanha) e o Aacutegar Hecktoen

Enteacuterico (Merck Alemanha) incubando-se a 37degC durante 24h Colocircnias suspeitas de

Salmonella foram transferidas para Aacutegar Triacuteplice Accediluacutecar Ferro (Merck Alemanha) e Aacutegar

Lisina Ferro (Merck Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h

Reaccedilotildees tiacutepicas de Salmonella foram submetidas a testes bioquiacutemicos incluindo Teste

da Urease Indol Vermelho de metila Voges Proskauer e Citrato e testes soroloacutegicos de

confirmaccedilatildeo por teste de aglutinaccedilatildeo em lacircmina de vidro com uso de soro somaacutetico

polivalente e soro flagelar (Probac Brasil)

As anaacutelises microbioloacutegicas foram realizadas em duplicata e os resultados foram

comparados com os padrotildees microbioloacutegicos da Resoluccedilatildeo RDC n ordm122001 a Agecircncia

Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria - ANVISA (BRASIL 2001) Para micro-organismos

aeroacutebios psicrotroacuteficos foi adotado o limite para pescado de 106 UFCg estabelecido pela

Comissatildeo Internacional de Especificaccedilotildees Microbioloacutegicas para Alimentos (ICMSF 1986)

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas

Para determinaccedilatildeo do pH foram pesados 10g de cada amostra de marisco

homogeneizada e acrescidos de 50 ml de aacutegua destilada O valor de pH foi medido utilizando-

se o potenciocircmetro 210 MPA (NEOMED Brasil) previamente calibrado conforme descreve

Zenebon et al (2008)

Para a anaacutelise de bases volaacuteteis totais 1g da amostra triturada foi embalada em papel

de filtro e levada para o tubo de Kjeldahl Foram adicionados 30ml de aacutegua destilada e

algumas gotas de vaselina Em um erlenmeyer foram adicionados 5ml de aacutecido boacuterico

saturado (VETEC Brasil) e 3 gotas de indicador misto O tubo de Kjeldahl e o erlenmeyer

foram montados no destilador de nitrogecircnio que foi mantido a uma temperatura elevada ateacute

74

ao momento em ebuliccedilatildeo Apoacutes a mudanccedila de cor do conteuacutedo destilado para azul

esverdeado e mudanccedila do volume para 50ml o aparelho foi desligado e foi realizada a

titulaccedilatildeo com soluccedilatildeo de aacutecido cloriacutedrico 002 (Labimpex Brasil) O procedimento foi

realizado conforme teacutecnica descrita pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

(MAPA) (BRASIL 1997) Todas as anaacutelises quiacutemicas foram realizadas em triplicata

Os resultados das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram comparados e discutidos com base

nos criteacuterios estabelecidos pelo MAPA (BRASIL 1997) e na literatura teacutecnica da aacuterea de

alimentos

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos

Os dados foram processados e analisados estatisticamente utilizando-se o software

Statistical Package for the Social Sciences- SPSS versatildeo 200

Foi realizada a anaacutelise descritiva dos dados e o teste de U-Mann-Whitney para

comparar o perfil microbioloacutegico e fiacutesico-quiacutemico dos mariscos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo O

teste foi realizado em niacutevel de 5 de probabilidade Para verificar a existecircncia de correlaccedilatildeo

entre os paracircmetros estudados foi realizado o teste de Spearman

Em observacircncia agraves diretrizes para pesquisa com seres humanos este estudo foi

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de Nutriccedilatildeo da Universidade Federal

da Bahia (Parecer nordm 2265922014) (ANEXO I) sendo a participaccedilatildeo voluntaacuteria dos

pescadores e marisqueiras confirmada por meio de assinatura em Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO H)

3 Resultados e Discussatildeo

31 Anaacutelises microbioloacutegicas

Os resultados das anaacutelises microbioloacutegicas das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo estatildeo

apresentados na Tabela 1 e Tabela 2

Nesse sentido o resultado observado pode ser decorrente dos cuidados de manuseio

adotados pelas marisqueiras apoacutes a formaccedilatildeo incluindo uma maior preocupaccedilatildeo quanto ao

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente Ainda observa-se o fato das

amostras de mariscos serem conservadas congeladas

75

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea

de Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes apoacutes a atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de

Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Considerando como limite maacuteximo para psicrotroacuteficos o valor de 60 log UFCg

estabelecido pela ICMSF (1986) dado que inexiste paracircmetro na legislaccedilatildeo brasileira para os

alimentos estudados 100 das amostras analisadas apoacutes a intervenccedilatildeo apresentaram

atendimento ao criteacuterio internacional com contagens muito inferiores

Noacutebrega (2013) realizou formaccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade localizada tambeacutem em Satildeo Francisco do Conde para as mesmas espeacutecies

estudadas reportando igualmente contagens meacutedias de psicrotroacuteficos inferiores ao limite

ANTES DA INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 351

(235 ndash 428)

238

(118-279)

236

(116 ndash 404)

SURURU 290

(104 ndash 345)

130

(100 ndash 230)

100

(100 ndash 206)

OSTRA 355

(117 ndash 574)

156

(100 ndash 309)

220

(100 ndash 271)

APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 100

(lt100 ndash 178)

165

(lt100 ndash 203)

181

(lt100 ndash 321)

SURURU 100

(lt100 ndash 100)

120

(102 ndash 126)

100

(lt100 ndash 176)

OSTRA 100

(lt100 ndash 100)

139

(lt100 ndash 257)

100

(lt100 -232)

76

internacional apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda Cordeiro et al (2007) em pesquisa com mexilhotildees

(Perna perna) cozidos congelados e armazenados por 90 dias no municiacutepio de Ubatuba-SP

relatam que a contagem obtida para psicrotroacuteficos de 185 log UFCg situa-se abaixo dos

niacuteveis associados com a deterioraccedilatildeo do pescado

Songsaeng et al (2010) em estudo para avaliar o efeito do congelamento na qualidade

de ostras (Crassostrea belcheri) na Tailacircndia constataram reduccedilatildeo na contagem de

psicrotroacuteficos agrave medida em que aumentava o tempo de armazenamento possivelmente devido

agraves injuacuterias associadas agraves temperaturas de congelamento e armazenamento e agrave vulnerabilidade

desses microrganismos Segundo os autores durante o congelamento cristais de gelo intra e

extra-celulares induzem danos irreversiacuteveis nas membranas externa e citoplasmaacutetica das

bacteacuterias reduzindo a contagem de psicrotroacuteficos (DUAN CHERIAN e ZHAO 2010)

Resultados diferentes foram verificados no estudo de Ramos et al (2011) em Santa

Catarina cujas meacutedias de contagem de psicrotroacuteficos foram superiores agraves observadas nesse

estudo para carne de siri e mexilhotildees 745 e 558logUFCg respectivamente sendo a meacutedia

para o siri superior ao limite internacional preconizado

Com relaccedilatildeo aos coliformes a 35ordmC apesar de natildeo existir valor de referecircncia em

pescado pela legislaccedilatildeo brasileira foi possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da sua contagem apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa nas trecircs espeacutecies estudadas (siri sururu e ostra) embora natildeo

significativa A espeacutecie de marisco que apresentou maior contagem desses microrganismos

nos dois momentos foi o siri

Alguns autores tecircm reportado resultados semelhantes para coliformes agrave 35ordmC como o

de Cordeiro et al (2007) que observaram em mexilhotildees processados uma reduccedilatildeo na

contagem de coliformes agrave 35ordmC apoacutes o congelamento e durante o armazenamento Vieira et

al (2006) constataram uma elevada contagem de coliformes agrave 35ordmC em carne de siri antes da

adoccedilatildeo de medidas de boas praacuteticas com decreacutescimo dos valores apoacutes a implantaccedilatildeo destas

Noacutebrega (2013) descreve uma contagem meacutedia de coliformes a 35ordmC de 321 logUFCg em

carne de siri antes da atividade educativa que reduziu para 215 logUFCg apoacutes a realizaccedilatildeo

desta

Tendo em vista que microrganismos do grupo coliformes satildeo termosensiacuteveis avalia-se

que as contagens verificadas nesse estudo para esse grupo se devem agraves condiccedilotildees precaacuterias de

manuseio no local de beneficiamento resultando em recontaminaccedilatildeo poacutes-processamento

Segundo Holly Young et al (2014) diversos fatores podem determinar a presenccedila de

coliformes no pescado tais como o ambiente onde vivem e tambeacutem como eles foram

coletados e processados Nunes et al (2012) ainda reforccedilam que a presenccedila de coliformes no

77

pescado pode ser decorrente da manipulaccedilatildeo inadequada durante o processamento sem a

adoccedilatildeo de medidas de higiene e condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo insatisfatoacuterias podendo

tambeacutem indicar a eventual presenccedila de enteropatoacutegeno

No que se refere agrave E coli a legislaccedilatildeo brasileira determina que para a categoria de

alimento estudada natildeo seja ultrapassado o limite de 16 log UFCg observando-se nas

amostras de mariscos que a mediana registrada para esse microrganismo foi inferior ao

limite referido nos dois momentos Apenas 63 (n=3) das amostras antes da intervenccedilatildeo

apresentaram o microrganismo sendo duas de siri e uma de sururu natildeo sendo encontrada a

sua presenccedila apoacutes a intervenccedilatildeo

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty observou resultados semelhantes para E coli

constatando a presenccedila deste em 833 das amostras antes da intervenccedilatildeo e sua ausecircncia

apoacutes a intervenccedilatildeo

Escherichia coli eacute um indicador de contaminaccedilatildeo fecal e a sua presenccedila fornece uma

ideia sobre as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias inadequadas (RAMOS et al 2011) Por outro

lado apresenta baixa resistecircncia a tratamentos teacutermicos Em estudo conduzido por

Subramanian (2007) evidenciou-se a ausecircncia de E coli apoacutes o cozimento e o

congelamento de carne de caranguejo confirmando que o processamento realizado reduziu

significativamente a contagem dos microrganismos presentes

Deste modo os achados do presente estudo podem refletir uma melhoria nas

condiccedilotildees de manuseio dos mariscos como pode ser observado durante o acompanhamento

in loco realizado apoacutes a intervenccedilatildeo no qual as marisqueiras demonstraram haacutebitos de

higiene pessoal mais cuidadosos em virtude da atividade educativa recebida

Na anaacutelise dos resultados ainda verificou-se uma correlaccedilatildeo positiva entre

coliformes agrave 35ordmC e Escherichia coli (ρ=0219 plt005) Posto que Escherichia coli eacute um

microrganismo pertencente ao grupo dos coliformes pressupotildee-se uma tendecircncia de aumento

da sua contagem agrave medida que aumenta a contagem de coliformes agrave 35ordmC

Entre as amostras analisadas natildeo foi detectada a presenccedila de Salmonella spp para as

trecircs espeacutecies estudadas nos dois momentos estando a totalidade em conformidade com a

legislaccedilatildeo vigente para este indicador

No trabalho de Ramos et al (2011) similarmente natildeo foi identificada a presenccedila de

Salmonella spp em diferentes espeacutecies de frutos do mar bem como nos estudos de Vieira et

al (2006) com carne de siri beneficiada em Antonina-PR e no de Noacutebrega (2013) com

carne de siri sururu e ostra na Ilha do Paty Satildeo Francisco do Conde-BA ambos realizados

antes e apoacutes treinamento em BPP

78

A Salmonella spp quando presente em produtos da pesca e crustaacuteceos pode ser

proveniente da manipulaccedilatildeo no desembarque ou do processamento (DUARTE et al 2010)

No entanto a aplicaccedilatildeo correta de procedimentos no processamento e medidas de higiene e

sanitizaccedilatildeo contribuem para a prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo deste microrganismo (VIEIRA et

al 2006)

Em relaccedilatildeo aos estafilococos coagulase positiva verificou-se uma reduccedilatildeo da

mediana apoacutes a intervenccedilatildeo para o siri e a ostra poreacutem natildeo significativa Na legislaccedilatildeo

brasileira preconiza-se o valor de 30 log UFCg como limite maacuteximo para este

microrganismo nesse tipo de alimento Sendo assim 146 (n=7) das amostras ainda

apresentaram contagens superiores ao estabelecido para esse microrganismo apoacutes a

intervenccedilatildeo

No presente estudo apesar das melhorias observadas na manipulaccedilatildeo dos mariscos no

acompanhamento in loco apoacutes a intervenccedilatildeo principalmente no que se refere agrave higiene

pessoal natildeo foi verificado o uso de luvas medida que impede o contato direto das matildeos do

manipulador com o alimento Vale ressaltar ainda que as marisqueiras podem apresentar

ferimentos nas matildeos decorrentes da coleta dos mariscos no mangue e do trabalho de

beneficiamento o que pode ter contribuiacutedo para a presenccedila deste microrganismo mesmo apoacutes

a atividade educativa Aleacutem disso pode representar tambeacutem falha como exemplo o excesso

de manipulaccedilatildeo e abuso do tempo de exposiccedilatildeo desses produtos agrave temperatura ambiente ndash

sobretudo no caso do siri cuja extraccedilatildeo da carne eacute mais demorada depois da cocccedilatildeo

favorecendo o desenvolvimento microbiano

Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Noacutebrega (2013) no qual

evidenciou-se que 833 das amostras de siri apresentaram contagem superior ao preconizado

pela legislaccedilatildeo mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

No estudo de Vieira et al (2006) para verificar o efeito da adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas e

a qualidade de carne de siri beneficiado em Antonina-PR ao trabalhar com trecircs grupos de

manipuladores - que natildeo recebeu orientaccedilotildees que recebeu orientaccedilotildees quanto aos

procedimentos de higienizaccedilatildeo e que teve orientaccedilotildees referentes aos procedimentos de

higienizaccedilatildeo e ao tempo de exposiccedilatildeo do produto agrave temperatura ambiente - observaram

amostras com contagens de estafilococos coagulase positiva de 308 382 e 336 logUFCg

respectivamente sendo superior ao limite determinado pela legislaccedilatildeo Os referidos autores

apenas obtiveram contagem inferior ao limite no grupo que teve aleacutem das orientaccedilotildees quanto

as medidas de higienizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo do produto a temperatura ambiente a orientaccedilatildeo do

uso de luvas

79

Ramos et al (2011) em seu estudo encontraram contagem meacutedia de estafilococos

coagulase positiva dentro do limite estabelecido para carne de siri (256 log UFCg) e de

mexilhotildees (20 log UFCg) preacute-cozidos e refrigerados comercializados em uma ilha de Santa

Catarina Os referidos autores ressaltam que os mariscos satildeo muito manipulados uma vez que

a carne eacute separada manualmente apoacutes a cocccedilatildeo

Os estafilococos estatildeo amplamente envolvidos em surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

devido agrave manipulaccedilatildeo de alimentos cozidos por pessoas que carreiam este microrganismo Os

estafilococos tem por habitat natural o nariz do homem sendo transferidos para as matildeos e

dedos (LUES e VAN TONDER 2007) quando natildeo satildeo seguidos cuidados de higiene pessoal

Ainda podem passar a constituir parte da microbiota temporaacuteria das matildeos quando haacute

presenccedila de ferimentos e infecccedilotildees nestas (ABD-ELALEEM 2014)

As intoxicaccedilotildees causadas por estafilococos e doenccedilas relacionadas tecircm apresentado

aumento ao longo dos anos e nem mesmo o uso de luvas e a praacutetica da lavagem das matildeos

eliminam completamente o risco de contaminaccedilatildeo No entanto a combinaccedilatildeo do uso de luvas

com a lavagem adequada das matildeos pode reduzir o risco de contaminaccedilatildeo pelo microrganismo

(SOARES et al 2012)

De acordo com Ramos et al (2011) apoacutes o processamento a qualidade

microbioloacutegica de mariscos pode refletir a microbiota inicial do produto os equipamentos a

higiene pessoal o tratamento teacutermico aplicado o controle do binocircmio tempotemperatura a

utilizaccedilatildeo das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo assim como o cuidado com a embalagem e o

congelamento

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

321 pH

O pH de um alimento eacute determinado sobretudo por grupos livres carboxilo e amino

presentes em compostos de baixo peso molecular e em menor proporccedilatildeo por

macromoleacuteculas (proteiacutenas aacutecidos nucleicos polissacariacutedeos) (CRUZ-ROMERO et al

2007) Assim as alteraccedilotildees no pH podem ser utilizadas como um indicador de mudanccedila post-

mortem como a conversatildeo de glicogecircnio em aacutecido laacutectico e a degradaccedilatildeo de componentes

musculares como proteiacutenas e nucleotiacutedeos durante o armazenamento a longo prazo

(SONGSAENG et al 2010)

80

Os resultados de pH das amostras avaliadas nas etapas antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

encontram-se apresentados na Tabela 3

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha

das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Na anaacutelise dos resultados de pH antes e apoacutes a intervenccedilatildeo observou-se que o siri foi

a espeacutecie que apresentou maiores valores de mediana em ambos os momentos Contudo nos

dois momentos os valores de mediana de pH para as trecircs espeacutecies registraram valores de pH

proacuteximos a neutralidade e ainda valores alcalinos sugerindo uma deterioraccedilatildeo Poreacutem as

amostras analisadas natildeo estavam em seu estado in natura uma vez que foram processadas

submetidas a cozimento congelamento e armazenamento

A legislaccedilatildeo brasileira determina que o pH para a carne interna de peixes deve ser

inferior a 650 (BRASIL 1997) Todavia dado que a legislaccedilatildeo natildeo considera as

especificidades da composiccedilatildeo quiacutemica das diferentes espeacutecies de pescado estudadas natildeo se

pode classificar as amostras como natildeo conformes

Algumas faixas de pH satildeo citadas na literatura para as diferentes espeacutecies de pescado

70 para o caranguejo crustaacuteceo semelhante ao siri 65 para moluscos em geral e 63 para

ostra (JAY 2005)

Os moluscos em sua composiccedilatildeo apresentam um alto teor de carboidratos em sua

maior parte na forma de glicogecircnio e em menor parte de nitrogecircnio ocasionando um

processo de deterioraccedilatildeo basicamente fermentativo enquanto a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute

semelhante dos peixes com produccedilatildeo de compostos alcalinos (JAY 2005)

O sururu espeacutecie pertencente ao grupo dos moluscos bivalves receacutem-capturado

apresenta valor de pH em torno de 65 sem que esteja deteriorado e apoacutes a cocccedilatildeo observa-

pH

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

APOacuteS A

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 824

(801 ndash 839)1

830

(812 ndash 840)1

SURURU 718

(702 ndash 739)1

725

(712 ndash 740)1

OSTRA 671

(660 ndash 680)1

670

(660 ndash 680)1

81

se um pH com meacutedia de 70 (SOUZA et al 2014) Deste modo o pH elevado pode estar

relacionado agrave composiccedilatildeo quiacutemica da espeacutecie estudada e ao processo de cocccedilatildeo

Segundo Dhanapal et al (2012) apoacutes a cocccedilatildeo do pescado haacute um aumento do pH que

pode estar associado agrave quebra da ligaccedilatildeo de hidrogecircnio e interaccedilotildees eletrostaacuteticas Tambeacutem o

aquecimento do muacutesculo ou de miofibrilas isoladas geralmente resulta em um aumento de pH

Assim apesar das amostras de mariscos em quase sua totalidade apresentarem pH superiores

ao padratildeo natildeo eacute possiacutevel afirmar que estivessem improacuteprias para o consumo

Cordeiro et al (2007) observaram em mexilhotildees (Perna perna) submetidos agrave cocccedilatildeo

uma meacutedia de pH de 69 permanecendo estaacutevel apoacutes congelamento e armazenamento

Noacutebrega (2013) verificou valores de pH em sururu de 69 e 714 antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

respectivamente sendo semelhantes aos achados neste estudo Resultados divergentes foram

referidos por Lima et al (2013) cujo valor de pH em mexilhotildees (Perna perna) processados

em Santa Catarina foi de 656

Nesse contexto considera-se que a variaccedilatildeo de pH nas diferentes espeacutecies nem

sempre estaacute relacionada com a qualidade sensorial e microbioloacutegica do produto havendo uma

necessidade de estudos especiacuteficos para determinar o pH em moluscos bivalves uma vez que

durante o processo de decomposiccedilatildeo o pH difere entre as diversas espeacutecies de bivalves

(LIMA et al 2013)

Quanto aos resultados obtidos para ostras Noacutebrega (2013) registra valores de pH para

carne de ostra um pouco inferiores aos obtidos nesse estudo sendo 623 e 645 antes e depois

da intervenccedilatildeo respectivamente Cruz-Romero et al (2007) ao aplicarem diferentes

tratamentos teacutermicos em ostras do Paciacutefico (50degC durante 10 minutos e 75degC durante 8

minutos) verificaram valores meacutedios de pH de 645 e 658 respectivamente sendo inferiores

ao observado no atual estudo Apoacutes o uso do tratamento teacutermico houve um aumento do pH

que foi justificado pela reduccedilatildeo do nuacutemero de grupos aacutecidos em proteiacutenas musculares

No que concerne ao siri Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty relata valores meacutedios de pH

para carne de siri beneficiada de 812 antes da intervenccedilatildeo e de 815 apoacutes a intervenccedilatildeo

Anacleto et al (2011) constataram em carne de caranguejo cozido e congelado provenientes

de Portugal valores de pH em torno de 80 fato que segundo os autores pode ser relacionado

com a formaccedilatildeo de produtos de decomposiccedilatildeo baacutesicos

Lorentzen et al (2014) em avaliaccedilatildeo da carne de caranguejo (Paralithodes

camtschaticus) retirada do ombro e da perna do animal na Noruega observaram que o pH

aumentava durante o armazenamento refrigerado por quatorze dias variando entre 73 a 78 e

76 a 79 respectivamente sugerindo tambeacutem a produccedilatildeo de compostos baacutesicos a partir da

82

decomposiccedilatildeo das proteiacutenas Os autores salientaram ainda que o pH dos caranguejos eacute

geralmente mais elevado do que o de peixes devido a um teor mais elevado de compostos

nitrogenados natildeo proteicos ndash amoniacuteaco e trimetilamina

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT)

Os resultados de N-BVT obtidos antes e depois da intervenccedilatildeo encontram-se

apresentados na Tabela 4

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) (mgN100g) nas amostras de

mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e

apoacutes a intervenccedilatildeo educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Para todas as espeacutecies estudadas observou-se uma reduccedilatildeo nos valores de N-BVT

comparando-se os momentos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo registrando-se diferenccedila significativa

dos valores de N-BVT para o siri (plt005) e para a ostra (plt0001) Entre as espeacutecies notou-

se que o siri apresentou maior mediana em ambos os momentos No entanto a legislaccedilatildeo

brasileira determina apenas o limite para N-BVT na carne interna de peixes devendo ser

inferior a 30mgN100g (BRASIL 1997)

Os resultados observados para esse paracircmetro foram satisfatoacuterios podendo ser

decorrente da adoccedilatildeo das boas praacuteticas durante o beneficiamento No entanto como pode ser

constatado durante o acompanhamento in loco o siri dentre as espeacutecies estudadas tem maior

manipulaccedilatildeo para retirada da carne da carapaccedila tornando-se mais exposto a alteraccedilotildees

microbioloacutegicas e quiacutemicas

N-BVT

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

DEPOIS DA

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 1421

(1092 ndash 4750)1

743

(558 ndash 815)1

SURURU 553

(372 ndash 764)1

464

(371 ndash 465)1

OSTRA 600

(460 ndash 1000)1

373

(372 ndash 475)1

83

Nos crustaacuteceos ainda os valores altos de N-BVT podem decorrer da presenccedila de

elevadas quantidades de aminoaacutecidos livres e compostos nitrogenados que os tornam

susceptiacuteveis agrave degradaccedilatildeo raacutepida por deterioraccedilatildeo (ANACLETO et al 2011)

Subramanian (2007) ao analisar N-BVT em caranguejo cozido e congelado (Portunus

pelagicus) armazenado em sacos de polietileno a - 41ordmC notou um aumento de 27

mgN100g no dia zero de armazenamento para 3507 mgN100g apoacutes 120 dias de

armazenamento No entanto as amostras estudadas natildeo foram julgadas como improacuteprias para

o consumo posto que existem poucas informaccedilotildees disponiacuteveis sobre o limite de

aceitabilidade em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos em moluscos congelados e

mariscos

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty-BA verificou uma diferenccedila nos valores meacutedios de

N-BVT antes e apoacutes a intervenccedilatildeo em Boas Praacuteticas de 3290 para 1643 mgN100g no siri

de 480 para 387 mgN100g na ostra e de 519 para 484 mgN100g no sururu

Algumas espeacutecies de pescado como caccedilotildees raias e siris apresentam valores de bases

volaacuteteis totais elevados sem que necessariamente estejam deterioradas Aleacutem disso a

formaccedilatildeo de bases volaacuteteis totais em amostras cozidas tambeacutem pode ser agravada por

degradaccedilatildeo teacutermica durante o processo de cozimento e pelo congelamento que ocasiona

ruptura da membrana resultando na liberaccedilatildeo de componentes celulares apoacutes o

descongelamento e consequentemente a formaccedilatildeo de substratos para as accedilotildees enzimaacuteticas e

crescimento microbiano (ZENEBON et al 2008 ANACLETO et al 2011)

Considerando os dois indicadores fiacutesico-quiacutemicos - pH e N-BVT verificou-se uma

correlaccedilatildeo positiva (ρ=0421 plt001) ou seja agrave medida que o niacutevel de pH aumentava o niacutevel

de N-BVT aumentava tambeacutem

Verificou-se tambeacutem uma correlaccedilatildeo positiva entre as bases volaacuteteis totais e contagens

de psicrotroacuteficos (ρ=0338 plt001) coliformes agrave 35ordmC (ρ=0207 plt005) e estafilococos

(ρ=0319 plt001) que pode estar associada ao acuacutemulo de compostos alcalinos como

amocircnia e trimetilamina derivadas da accedilatildeo microbiana no pescado durante a sua deterioraccedilatildeo

e que tem sido atribuiacuteda como causa do aumento do pH (SUSANTO et al 2011)

4 Conclusatildeo

Ao avaliar a eficaacutecia da formaccedilatildeo para as marisqueiras por meio das anaacutelises

microbioloacutegicas verificou-se uma melhoria da qualidade dos mariscos analisados apoacutes a

intervenccedilatildeo no entanto ainda foram registradas proporccedilatildeo das amostras de mariscos natildeo

84

conformes para estafilococos coagulase positiva ainda decorrentes de falhas existentes

durante o beneficiamento poacutes-cocccedilatildeo

No que se refere aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos constatou-se que a legislaccedilatildeo vigente

natildeo contempla as espeacutecies estudadas Dessa forma natildeo foi possiacutevel afirmar a natildeo

conformidade das amostras de mariscos em relaccedilatildeo a esse padratildeo principalmente o pH uma

vez que os valores de bases volaacuteteis totais encontrados foram inferiores ao padratildeo brasileiro

que eacute especiacutefico para outras espeacutecies de pescado

Os resultados apontam a necessidade de maior conhecimento das caracteriacutesticas

proacuteprias das espeacutecies estudadas e das alteraccedilotildees que podem ocorrer com os mariscos durante

as diferentes etapas de processamento bem como de adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo vigente de

modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo

sugere-se a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e controles mais efetivos

utilizando sobretudo atividades praacuteticas visando o melhor aperfeiccediloamento do trabalho o

atendimento dos padrotildees teacutecnicos estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Aleacutem disso sugere-se que novos estudos devem ser conduzidos de modo a caracterizar

melhor o comportamento das diferentes espeacutecies de pescado in natura e apoacutes aplicaccedilatildeo de

processos de conservaccedilatildeo

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a Luiacutes Fernandes Pereira Santos pelo apoio teacutecnico e agrave

Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

6 Referecircncias

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Instituto Adolfo Lutz 2008p 1020

89

Consideraccedilotildees finais

Os resultados desse estudo demonstraram que a estrateacutegia de intervenccedilatildeo utilizada

favoreceu a boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade e interaccedilatildeo entre os instrutores e a

comunidade Por outro lado ainda foram identificadas necessidades de aperfeiccediloamento na

conduccedilatildeo da formaccedilatildeo incluindo o aumento tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e uma

maior ecircnfase na abordagem dos controles de temperatura e tempo

Apesar das mudanccedilas positivas observadas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo dos mariscos

durante o beneficiamento coexistiam inadequaccedilotildees na estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento dadas as condiccedilotildees de vida e o baixo poder aquisitivo das marisqueiras

Ao avaliar a eficaacutecia da atividade formativa por meio das anaacutelises microbioloacutegicas

evidenciou-se uma melhoria na qualidade dos mariscos registrando-se ainda proporccedilatildeo das

amostras de mariscos natildeo conformes o que decorre de falhas ainda existentes durante o

beneficiamento nas etapas poacutes-cocccedilatildeo Quanto aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos natildeo foi

possiacutevel afirmar a natildeo conformidade das amostras analisadas uma vez que a legislaccedilatildeo

vigente natildeo contempla as espeacutecies estudadas apontando-se a necessidade de adequaccedilatildeo desta

de modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo os

resultados sugerem tambeacutem a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e

controles mais efetivos visando o aprimoramento do trabalho o atendimento dos padrotildees

estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividades educativas e acompanhamentos periodicamente

reforccedilando os conceitos e as praacuteticas a serem adotadas com vistas a garantir a inocuidade dos

mariscos comercializados

90

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO

Qualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras fazendo melhor na Ilha das Fontes

Local Sede - Ilha das Fontes

Data 08 a 10 de julho de 2014 Horaacuterio 1400 agraves 1700 hs

FICHA DE INSCRICcedilAtildeO

Nome ____________________________________________

Sexo Masc ( ) Fem ( ) Idade _______ anos

Escolaridade ____________________________________

Profissatildeo __________________________________

Tempo de trabalho com mariscos ___________________anos

Comunidade Pesqueira __________________________

Telefone para contato _________________________________

OBS Ao final os participantes receberatildeo certificado

Universidade Federal da Bahia

Escola de Nutriccedilatildeo

91

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS PRAacuteTICAS

Certificamos que

___________________________________________ participou do

curso ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo realizado na Sede

Comunitaacuteria da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA

nos dias 08 09 e 10 de julho de 2014 com dez horas de duraccedilatildeo

CERTIFICADO

_________________________

Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Coordenadora do Curso

____________________________

Dalva Maria da Noacutebrega Furtunato

Vice-Coordenadora do Curso

92

ANEXOS

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS DOS ALIMENTOS

R Arauacutejo Pinho 32 ndash Canela CEP 40110-150 Tel (71) 3283-7700 Fax 3283-7701

Consulta aos pescadores e marisqueiras para fins de treinamento

Nome_______________________________________________________

Atividade Pescador ( ) Marisqueira ( )

1 Quais os assuntos que vocecirc considera mais importantes para serem estudados em

treinamento sobre a pesca e os cuidados com o pescado

______________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2 Como vocecirc gostaria que as aulas fossem dadas

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

3 Que local(ais) da sua comunidade pode(m) ser indicado(s) para realizaccedilatildeo deste

treinamento

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

93

4 Em quais dias da semana a realizaccedilatildeo do treinamento ficaria melhor

Nos dias uacuteteis ndash segunda a sexta ( ) No final de semana ( )

Se dias uacuteteis indicar os dois melhores __________________________________

5 Em que turno

Manhatilde ( ) Tarde ( ) Qualquer turno ( )

6 Vocecirc se tem interesse e disponibilidade para participar deste treinamento

Sim ( ) Natildeo ( )

94

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS

Responsaacutevel pela visita__________________________ Data da visita _________

IDENTIFICACcedilAtildeO DO (A) MARISQUEIRO(A)

01 Nome completo ________________________________________________________________________________

LISTA DE VERIFICACcedilAtildeO DE PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE MARISCOS

ADAPTADA RESOLUCcedilAtildeO - RDC Ndeg 216 DE 15092004

ITENS AVALIADOS SIM NAtildeO N A Observaccedilatildeo

1 EDIFICACcedilOtildeES INSTALACcedilOtildeES MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

11-A casa dispotildee de rede de esgoto ou fossa seacuteptica

12- As caixas de gordura e de esgoto estatildeo localizadas fora da aacuterea de

preparaccedilatildeo e armazenamento dos mariscos apresentando adequado estado de

conservaccedilatildeo e funcionamento

13- Os ralos satildeo tampados e sifonados

95

14- A aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos estaacute livre de objetos em desuso e

de animais de estimaccedilatildeo

15- Os equipamentos utilizados apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis

resistentes natildeo-absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

151- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

16- Os utensiacutelios apresentam superfiacutecies lisas resistentes natildeo absorventes

sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica e de material apropriado (natildeo

utilizaccedilatildeo de madeira)

161- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

17-As mesas apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis resistentes natildeo-

absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

171- Se mesa de madeira existe proteccedilatildeo com plaacutestico transparente

172- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

2 HIGIENIZACcedilAtildeO DE INSTALACcedilOtildeES EQUIPAMENTOS

MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

21-A aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos eacute higienizada sempre que necessaacuterio

e apoacutes o teacutermino do trabalho

22- As etapas de higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees satildeo cumpridas garantindo as

condiccedilotildees de limpeza

23- As etapas de higienizaccedilatildeo de utensiacutelios equipamentos satildeo cumpridas

garantindo as condiccedilotildees de limpeza

24- A higienizaccedilatildeo de utensiacutelios eacute realizada antes e apoacutes o uso

96

25- A frequecircncia de higienizaccedilatildeo do equipamento (geladeira eou freezer) eacute

adequada

26- Os panos de limpeza vassouras rodos esponjas e escovas satildeo de uso

exclusivo para a higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios

261- Satildeo higienizados apoacutes o uso e estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

262- Satildeo guardados em local adequado

3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS

31- Verifica-se a presenccedila de insetos animais de estimaccedilatildeo ou vestiacutegios

(fezes) de animais na aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos

32- Existe alguma medida preventiva (uso de rodapeacutes telas nas janelas

ralos com tampas ou sifonados lixeira com tampa) para evitar a incidecircncia

de vetores e pragas no local de preparaccedilatildeo dos mariscos

33-Eacute utilizado algum produto quiacutemico para controle de pragas

34- Os produtos quiacutemicos satildeo devidamente registrados

35- Os produtos quiacutemicos satildeo guardados separados dos alimentos

4 ABASTECIMENTO DE AacuteGUA

41- A aacutegua utilizada para a produccedilatildeomanipulaccedilatildeo dos mariscos eacute da rede

puacuteblica de abastecimento

42- Os reservatoacuterios de aacutegua possuem tampas e encontram-se em bom

estado de conservaccedilatildeo e protegidos de contaminaccedilatildeo

43 A limpeza dos reservatoacuterios de aacutegua eacute realizada semestralmente e esta

97

conduta eacute registrada

44- O gelo utilizado eacute produzido na residecircncia

45- O gelo eacute produzido com aacutegua potaacutevel e sob condiccedilotildees de higiene

46- O gelo produzido eacute acondicionado em recipiente higienizado

5 MANEJO DOS RESIacuteDUOS

51- Os recipientes para lixo satildeo de material adequado de faacutecil limpeza e

satildeo revestidos com sacos plaacutesticos

511- Satildeo higienizados com frequecircncia

52- O lixo eacute mantido em local que natildeo oferece risco de acesso a pragas e

animais e isolado das aacutereas de produccedilatildeomanipulaccedilatildeo de mariscos

521- Eacute descartadoincinerado com frequecircncia

6 MARISQUEIRAS (OS)

61- As (os) marisqueiras (os) apresentam higiene corporal adequada roupas

limpas cabelos protegidos e totalmente cobertos unhas curtas limpas e sem

esmalte e sem utilizaccedilatildeo de adornos (brincos aneacuteis reloacutegios)

62- As (os) marisqueiras (os) executam a higiene correta das matildeos sempre

que se fizer necessaacuterio e de forma adequada

63- As (os) marisqueiras (os) evitam comportamentos atitudes e gestos

incorretos (fumar tossir sobre os alimentos cuspir comer manipular

dinheiro etc) durante a manipulaccedilatildeo

64- As (os) marisqueiras (os) quando estatildeo com ferimentos lesotildees nas

98

matildeos nos braccedilos e infecccedilotildees respiratoacuterias natildeo manipulam os mariscos

7 MATEacuteRIAS-PRIMAS PREPARO DOS MARISCOS E

EMBALAGENS

71- Eacute realizada lavagem dos mariscos apoacutes captura para a remoccedilatildeo das

sujidades com aacutegua potaacutevel

72- Existe seleccedilatildeo dos mariscos antes do cozimento

73- Eacute utilizada aacutegua potaacutevel para lavagem e cozimento dos mariscos

74- Durante o cozimento existe controle do tempo de contato do marisco

com a aacutegua fervente

75- Apoacutes o cozimento os mariscos satildeo resfriados sob superfiacutecie limpa e

adequada (afastado do chatildeo e de animais)

76- Durante a cataccedilatildeo satildeo utilizados utensiacutelios limpos e em bom estado de

conservaccedilatildeo

77- As matildeos satildeo devidamente higienizadas

78- Satildeo utilizados utensiacutelios (escumadeira colher etc) limpos para o

porcionamento dos mariscos nas embalagens

79- As embalagens utilizadas satildeo limpas transparentes e adequadas para o

armazenamento dos mariscos

710- O tempo entre o cozimento e o acondicionamento dos mariscos sob o

frio excede 30 minutos

711- O marisco preparado e armazenado sob refrigeraccedilatildeo ou congelamento

possui identificaccedilatildeo

99

Lembrar as meninas para alguns detalhes

Natildeo Aplicaacutevel

OBS Observar e perguntar as marisqueiras quanto tempo o produto (marisco) fica em temperatura ambiente ateacute o resfriamento

100

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM

Cara (o) marisqueira ou pescador

Dando continuaccedilatildeo agraves atividades do Projeto aproveitamos o momento para conversarmos

sobre algumas questotildees que devem ser respondidas primeiramente em pequenos grupos e depois

compartilhadas com todos os participantes da nossa Roda de Conversa

Segue a tarefa

1 Como se sentiu com a realizaccedilatildeo do curso considerando o trabalho (mariscagem)

2 Apoacutes o curso houve mudanccedila no seu trabalho como marisqueira Se sim qual (ais)

3 O que jaacute era feito e vocecirc reforccedilou o seu cuidado

4 Vocecirc discorda de algo que foi mostrado de Boas Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo dos mariscos

5 Foi difiacutecil fazer mudanccedilas no seu modo de trabalhar

O que foi mais faacutecil O que foi mais difiacutecil

6 Como se sente com as mudanccedilas feitas

7 O que falta para ficar melhor

8 O que sugere para as proacuteximas atividades

Agradecemos pela sua participaccedilatildeo

Um abraccedilo

Equipe de Nutriccedilatildeo (UFBA) e Equipe de Fisioterapia (UNEB)

Mariscagem

101

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DAS ETAPAS DE SENSIBILIZACcedilAtildeO

E DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS

FICHA DE AVALIACcedilAtildeO

Sua opiniatildeo sobre o curso eacute muito importante para noacutes Por gentileza responda as questotildees

abaixo

1 Explicaccedilatildeo dos assuntos

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

2 Recursos utilizados

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

3 Ritmo das atividades

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

4 Resposta das perguntas feitas

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

5 Considero minha aprendizagem

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

6 O que poderia ser diferente

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 O que faltou ser abordado

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

102

8 O que vocecirc mais gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

9 O que vocecirc natildeo gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10 OBSERVACcedilOtildeES (Aqui vocecirc escreve o que quiser)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

103

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA E

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

REALIZACcedilAtildeO

APOIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

Maio - 2014

104

Esta cartilha tem como objetivo fornecer conceitos baacutesicos em

higiene de alimentos agraves marisqueiras que frequentaram o curso de

capacitaccedilatildeo ministrado por professores e alunos do Mestrado em

Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e do Mestrado em

Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Universidade Federal da Bahia

O curso visa aumentar a qualidade dos mariscos manipulados

e processados pelas marisqueiras que vivem em cidades e distritos

proacuteximos agrave regiatildeo da Baiacutea de Todos os Santos mais especificamente na

comunidade Ilha do Paty em Satildeo Francisco do Conde

A Cartilha da Marisqueira faz parte de uma das etapas da

dissertaccedilatildeo de mestrado em Ciecircncia de Alimentos do discente Raphael

Auguste Dantas e contou com a colaboraccedilatildeo das mestrandas Gabriela

Silva da Noacutebrega e Mary Daiane Fontes Santos

As imagens desta cartilha foram extraiacutedas da Cartilha do

Manipulador de Alimentos que faz parte do Projeto APPCC Mesa

organizado em parceria pelo

SENACSENAISEBRAESESCSESIANVISA

1

2 17

105

INTRODUCcedilAtildeO

O catado de marisco (sarnambi sururu ostra siri

caranguejo aratu) eacute um alimento pereciacutevel que pode causar

diversos tipos de doenccedilas caso seja produzido sem os devidos

cuidados de higiene

As condiccedilotildees da mateacuteria-prima equipamentos e utensiacutelios

aleacutem da conservaccedilatildeo do catado em refrigeradores satildeo

fundamentais para obter um alimento seguro entretanto as

etapas de preparo satildeo decisivas para a qualidade final dos

mariscos processados

Um bom preparo iraacute garantir a qualidade higiecircnico-

sanitaacuteria dos catados e esse manual apresenta dicas de como

proceder durante a manipulaccedilatildeo e o processamento desse

alimento

Um alimento de boa qualidade eacute aquele que natildeo oferece

nenhum tipo de perigo para as pessoas que vatildeo consumi-lo

CONCLUSAtildeO

A realizaccedilatildeo do mini-cursoevento de formaccedilatildeo em Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo para as marisqueiras eacute o resultado do

esforccedilo conjunto de comunidades ribeirinhas que vivem nos

municiacutepios e distritos do entorno da Baiacutea de Todos os Santos (em

especial na Ilha do Paty - SFC) e dos docentes e discentes do

Mestrado em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e

do Mestrado de Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Escola de

Nutriccedilatildeo da Universidade Federal da Bahia

Este trabalho buscou aproximar o conhecimento

cientiacutefico da sociedade estabelecendo e concretizando em

harmonia as trecircs dimensotildees de atuaccedilatildeo da UFBA o ensino a

pesquisa e a extensatildeo

106

PERIGOS tudo que pode pocircr em risco a sauacutede das pessoas

Perigos fiacutesicos cascas de mariscos fios de cabelos gratildeos

de areia espinhas de peixes resiacuteduos de esmalte outros

Perigos quiacutemicos desinfetantes detergentes venenos

para ratos baratas e formigas metais e poluentes

ambientais aditivos alimentares

Perigos microbioloacutegicos microrganismos (bacteacuterias

fungos viacuterus entre outros)

Os perigos alimentares tecircm sido referidos ao longo da

Histoacuteria como um problema para a sauacutede do homem Eacute

importante que os alimentos natildeo possuam nenhum tipo de perigo

pois alguns desses podem causar doenccedilas ou ateacute levar a morte

As etapas de lavagem do marisco antes do cozimento e a

cataccedilatildeo satildeo etapas fundamentais para evitar a presenccedila de perigos

fiacutesicos (areia lama resiacuteduo de esmalte) no catado de marisco

3 16

107

HIGIENE PESSOAL

Higiene pessoal significa cuidar da higiene da pele dos

cabelos das unhas da roupa que usa para preparar o marisco

entre outras coisas

Durante o preparo do marisco natildeo se deve utilizar aneacuteis

brincos colares ou esmalte nas unhas porque esses podem se

soltar e cair dentro do alimento

Muitos microrganismos perigosos satildeo transmitidos aos

alimentos pela falta de higiene pessoal durante o preparo a

manipulaccedilatildeo e o processamento dos alimentos

A higiene pessoal de quem trabalha diretamente no

preparo do catado de marisco eacute uma das mais importantes formas

para evitar a contaminaccedilatildeo deste tipo de alimento por microacutebios

A higiene pessoal aleacutem de ser importante para a sauacutede

tambeacutem eacute fundamental para a produccedilatildeo de um alimento seguro

Ter boa higiene pessoal significa

15

5

4

HIGIENE PESSOAL 14

108

13 6

109

110

7

LAVAGEM DAS MAtildeOS

Entre as formas de higiene pessoal a lavagem

correta das matildeos durante o preparo e manipulaccedilatildeo do

catado de marisco eacute sem duacutevida a que mais diminui o risco

de contaminar o alimento com microrganismos

Durante o preparo e manipulaccedilatildeo do catado de

marisco eacute importante lavar as matildeos

Antes de comeccedilar a catar os mariscos

Depois que utilizar o banheiro

Depois de tossir espirrar ou assoar o nariz

Depois de recolher o lixo

Depois de manusear dinheiro

Lembre-se de sempre utilizar sabatildeo ou sabonete para

lavar as matildeos e enxaguar bastante em aacutegua corrente para

natildeo deixar resiacuteduos

12

COMPORTAMENTO DENTRO DA COZINHA

111

LAVAGEM CORRETA DAS MAtildeOS 8

UTENSIacuteLIOS

Utensiacutelios satildeo todos os instrumentos como facas facatildeo

machadinho panelas baldes escorredor garfos bandejas e

vasilhas utilizadas durante o preparo do catado de marisco

O bom estado de conservaccedilatildeo e a higiene dos utensiacutelios

satildeo importantes para garantir a qualidade do produto final

Eles devem ser limpos antes e depois do preparo do

alimento quando deve ser realizada a lavagem com

detergente seguida da sanitizaccedilatildeo com soluccedilatildeo clorada feita a

partir da mistura de 1 colher de aacutegua sanitaacuteria em 1 litro de

aacutegua

O manipulador deve ficar atento para natildeo utilizar o mesmo

utensiacutelio no marisco cru e cozido para evitar a contaminaccedilatildeo

cruzada ou quando estiver manipulando dois tipos diferentes

de mariscos ao mesmo tempo

11

112

AMBIENTE DE TRABALHO

Aleacutem da higiene pessoal a higiene do ambiente de

trabalho tambeacutem eacute importante para a qualidade do alimento

produzido

Antes de comeccedilar a catar o marisco eacute importante limpar o

local onde vai ser feito o preparo e a manipulaccedilatildeo dos

mariscos

Locais fechados como a cozinha satildeo mais faacuteceis de limpar

do que locais abertos como quintais ou varandas

Evitar trabalhar em ambientes sujos na presenccedila de

animais de estimaccedilatildeodomeacutesticos e com lixo exposto e sempre

manter o lixo em vasilhas com a tampa fechada para evitar

atrair ratos e insetos

9

PRAGAS

Os ratos baratas e moscas satildeo atraiacutedos pelo lixo e pelo

forte cheiro do marisco

Eles podem contaminar os alimentos com microrganismos

e transmitir diversos tipos de doenccedilas graves

Outros animais como catildees e gatos tambeacutem podem

contaminar os alimentos com microacutebios por isso a cataccedilatildeo dos

mariscos deve ser realizada em um local bem afastado do lixo

e de animais domeacutesticos

Sempre deve ser realizado o combate dessas pragas

evitando que eles se alimentem dos restos dos alimentos e

possam se multiplicar

10

113

CINCO CHAVES PARA SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) haacute muito tempo adverte para a importacircncia da formaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos no que diz

respeito agrave sua responsabilidade na seguranccedila alimentar Em 2001 a OMS criou o Manual das ldquoCinco Chaves para uma Alimentaccedilatildeo mais Segurardquo que

compreende os seguintes princiacutepios

(1) Manter a limpeza das matildeos das superfiacutecies equipamentos e utensiacutelios utilizados na preparaccedilatildeo e manipulaccedilatildeo dos alimentos (mariscos)

(2) Separar os alimentos crus (carnes peixes e mariscos) de alimentos cozidos utilizar diferentes equipamentos e utensiacutelios como facas e taacutebuas de corte

para alimentos crus e cozidos e guardar os alimentos em recipientes ou embalagens fechadas para que natildeo haja contato entre esses alimentos

(3) Cozinhar bem os alimentos especialmente carne ovos peixe e mariscos em temperaturas acima de 70degC

114

(4) Manter os alimentos a temperaturas seguras fora da zona de perigo 5deg C a 65deg C Natildeo deixar alimentos cozidos por mais de 2 horas agrave temperatura

ambiente refrigerar rapidamente os alimentos cozidos eou pereciacuteveis preferencialmente abaixo de 5ordmC natildeo descongelar os alimentos agrave temperatura

ambiente

(5) Utilizar aacutegua e mateacuterias-primas seguras como por exemplo aacutegua potaacutevel ou trate-a para que se torne segura (ferver ou filtrar a aacutegua) selecionar

alimentos variados e frescos lavar frutas e vegetais especialmente se forem consumidos crus e natildeo utilizar alimentos com o prazo de validade expirado

(vencido)

115

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS

116

117

118

ANEXO G ndash GUIA DE HIGIENIZACcedilAtildeO DA CAIXA D`AacuteGUA

PASSO A PASSO COMO LIMPAR SUA CAIXA DrsquoAacuteGUA

1) Programe o dia da lavagem da sua caixa drsquoaacutegua Decirc preferecircncia ao fim de semana

2) Feche o registro da entrada da casa ou amarre a boia

3) Reserve aacutegua para uso durante o periacuteodo que estiver limpando

4) Deixe um palmo de aacutegua na caixa drsquoaacutegua que seraacute utilizada para a limpeza

5) Tampe a saiacuteda de aacutegua do fundo da caixa com um pano limpo Assim a sujeira natildeo desce pela

tubulaccedilatildeo

6) Esfregue as paredes e o fundo com escova de fibra vegetal ou bucha de fio plaacutestico macio

Nunca use sabatildeo detergente ou produto quiacutemico Natildeo usar palha de accedilo e vassoura

7) Remova a aacutegua suja da caixa drsquoaacutegua com balde caneco e pano Natildeo deixe essa aacutegua descer

pelos canos para natildeo contaminar

8) Deixe a saiacuteda do fundo tampada e deixe entrar mais um palmo de aacutegua Adicione 1 Litro de

aacutegua sanitaacuteria para cada 1000 Litros da caixa drsquoaacutegua

9) Usando luvas e botas de borracha limpos molhe as paredes com a soluccedilatildeo usando uma

brocha balde caneca ou pano Repita + 3 vezes a cada 30 minutos

10) Ainda com o registro fechado retire o pano da saiacuteda do fundo da caixa esvaziando totalmente

Abra as torneiras da casa e decirc descarga para desinfetar a rede interna

11) Abra o registro Enxague as paredes laterais com a aacutegua que estaacute entrando Deixe escoar essa

aacutegua pela rede interna Natildeo a utilize

12) Lave bem a tampa por dentro e feche a caixa direito para natildeo entrar pequenos animais insetos

ou sujeira

13) Anote a data da limpeza e programe a proacutexima limpeza a cada 6 meses

119

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO FACULDADE DE FARMAacuteCIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Projeto A cadeia produtiva de pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco

agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Prezado (a) Sr (a)

Eu fui convidado(a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada A cadeia produtiva de

pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar sob a responsabilidade da pesquisadora Profa Ryzia de

Cassia Vieira Cardoso

Fui esclarecido(a) que o objetivo da pesquisa eacute caracterizar a pesca e o comeacutercio de pescados em

Satildeo Francisco do Conde-BA visando contribuir para a melhoria da qualidade da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo dos pescados e da condiccedilatildeo de vida dos trabalhadores dessas atividades

Estou ciente que serei entrevistado pelos pesquisadores encarregados do Projeto no que se refere

agraves minhas condiccedilotildees de vida escolaridade sauacutede moradia e trabalho e as condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo conservaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do pescado de forma livre e de acordo com minha

vontade assinando esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Fui informado(a) que os dados seratildeo coletados no meu local de trabalho e tambeacutem que os

pesquisadores comprometem-se a utilizar as informaccedilotildees obtidas exclusivamente 117

120

para os fins estabelecidos no projeto incluindo a elaboraccedilatildeo de relatoacuterios que seratildeo entregues agrave

Prefeitura e a publicaccedilatildeo dos resultados sejam eles favoraacuteveis ou natildeo

Fui alertado(a) ainda que natildeo receberei nenhum pagamento nem equipamento de pesca ou outros

equipamentos pelas informaccedilotildees que prestarei aos pesquisadores podendo desistir em qualquer

etapa e retirar meu consentimento sem penalidades prejuiacutezo ou perdas e que os dados fornecidos

permaneceratildeo sob sigilo absoluto assegurando o meu anonimato

Estou ciente que terei acesso aos dados registrados e reforccedilo que natildeo fui submetido (a) a coaccedilatildeo

induccedilatildeo ou intimaccedilatildeo

Fui informado(a) que os resultados que seratildeo conseguidos nessa pesquisa auxiliaratildeo a Prefeitura

Municipal de Satildeo Francisco do Conde a tomar decisotildees para melhorar a seguranccedila alimentar e a

inclusatildeo social da comunidade envolvida

Informo ainda que concordo com o que foi dito e estou recebendo coacutepia deste papel

Finalmente fui informado(a) que em caso de duacutevida ou maiores esclarecimentos poderei entrar

em contato com a pesquisadora Profa Ryzia de Cassia Vieira Cardoso na Escola de Nutriccedilatildeo da

UFBA localizada na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador ou pelos telefones (71) 3283-

77007695 email ryziaufbabr ou no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de

NutriccedilatildeoUFBA na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador telefone 3283-7704 ou pelo email

cepnutufbabr

Local ________________ ___________ Data ________________

Nome do entrevistado __________________________________________________

Declaro que recebi de forma voluntaacuteria e apropriada o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para participaccedilatildeo nesta pesquisa

Local ________________ ___________ Data ________________

__________________________________________________

Pesquisador Responsaacutevel Ryzia de Cassia V Cardoso - Tel (71) 3283-77007695 E-mail

ryziaufbabr

121

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA

122

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 13

OBJETIVOS 15

Geral 15

Especiacuteficos 15

Capiacutetulo I ndash REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 16

1 Pesca artesanal 16

2 A mariscagem 18

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo 20

4 Indicadores de qualidade do pescado 22

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal 25

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento 27

REFEREcircNCIAS 30

Capiacutetulo II - FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA

MARISQUEIRAS UMA EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA

BAIacuteA DE TODOS OS SANTOS BRASIL 39

Resumo 39

Abstract 40

1Introduccedilatildeo 40

2 Material e meacutetodos 42

21 Seleccedilatildeo do local 42

22 Programa de intervenccedilatildeo 42

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias 44

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias 44

25 Anaacutelise de dados 45

3 Resultados e Discussatildeo 45

31 Programa de intervenccedilatildeo 45

311 Sondagem 45

312 Sensibilizaccedilatildeo 45

313 Acompanhamento in loco antes 47

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos 50

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo 55

316 Roda de conversa 61

4 Conclusatildeo 62

5 Referecircncias 63

Capiacutetulo III - EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA

MARISQUEIRAS AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM

INDICADORES MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS 67

Resumo 67

Abstract 68

1Introduccedilatildeo 68

2 Material e Meacutetodos 70

21 Atividade Educativa 70

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa 71

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas 72

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas 73

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos 74

3 Resultados e Discussatildeo 74

31 Anaacutelises microbioloacutegicas 74

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 79

321 pH79

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) 82

4 Conclusatildeo 83

6 Referecircncias 84

Consideraccedilotildees finais 89

APEcircNDICES 90

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO 90

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS

PRAacuteTICAS 91

ANEXOS 92

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM 92

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS 94

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM 100

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS 101

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA 103

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS 115

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 119

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA 121

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 43

Figura 2 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras antes da

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 49

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo da atividade educativa realizada

junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de Todos os

Santos Brasil 20142015 54

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto

ao atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das

Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA 20142015 56

Figura 5 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras apoacutes a

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 59

LISTA DE TABELAS

CAPIacuteTULO II

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes da

formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco

do Conde Brasil 20142015 51

CAPIacuteTULO III

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes depois da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da

Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa

20142015 80

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) nas amostras de mariscos

beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa 20142015 82

LISTA DE QUADROS

CAPIacuteTULO III

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas em planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil

20142015 70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA ndash Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APPCC ndash Anaacutelises de Pontos e Perigos Criacuteticos de Controle

BPF ndash Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo

BPP ndash Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo

DORT ndash Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho

DTA ndash Doenccedilas Transmitidas por Alimentos

EPI ndash Equipamentos de Proteccedilatildeo Individual

FAO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Alimentaccedilatildeo e a Agricultura

FAPESB - Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for Foods

LER - Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo

MAPA ndash Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

N-BVT ndash Bases Volaacuteteis Totais

pH ndash Potencial Hidrogeniocircnico

PIB ndash Produto Interno Bruto

RDC - Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RIISPOA - Regulamento da Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem Animal

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UFBA ndash Universidade Federal da Bahia

UNEB ndash Universidade do Estado da Bahia

APRESENTACcedilAtildeO DO TRABALHO

Esta dissertaccedilatildeo encontra-se dividida em Resumo Abstract Introduccedilatildeo Geral Objetivos

(geral e especiacuteficos) Capiacutetulo I (Revisatildeo Bibliograacutefica) Capiacutetulo II (Artigo Formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos para marisqueiras uma experiecircncia em comunidade pesqueira da

Baiacutea de Todos os Santos Brasil) Capiacutetulo III (artigo Eficaacutecia da formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas

para marisqueiras avaliando resultados com base em indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) Conclusatildeo Geral e Apecircndices e Anexos

RESUMO

No Brasil as marisqueiras desempenham papel importante no abastecimento de mariscos

participando de todas as fases do seu beneficiamento destes que compreendem produtos de

origem animal de elevada perecibilidade Os conhecimentos na mariscagem satildeo passados de

geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho sendo o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes realizado em condiccedilotildees adversas Assim este trabalho

teve por objetivo avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos

conduzida junto a marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos

Brasil Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas no treinamento constaram a exposiccedilatildeo

dialogada as dinacircmicas de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de

fotos do trabalho na mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave

atividade formativa com interaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e trocas de

experiecircncias Aleacutem disso observaram-se mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos

ainda que houvesse falhas sinalizando a necessidade de aperfeiccediloamentos Para avaliar a

eficaacutecia da atividade formativa na perspectiva do pescado beneficiado foram coletadas

amostras de mariscos das espeacutecies siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra

(Crassostrea rhizophorae) 48 amostras antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram

submetidas a anaacutelises microbioloacutegicas - contagem de microrganismos psicrotroacuteficos de

coliformes a 35ordmC Escherichia coli e de estafilococos coagulase positiva e (PARA) pesquisa

de Salmonella spp - bem como agrave determinaccedilatildeo de pH e de bases volaacuteteis totais (N-BVT)

Verificou-se melhoria na qualidade microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora

146 das amostras tivessem apresentado contagens de estafilococos coagulase positiva

superiores ao paracircmetro oficial Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH mostrou-se

superior ao limite para a quase totalidade das amostras (99) enquanto os valores de N-BVT

estavam dentro da faixa preconizada Apesar dos resultados positivos assume-se na

perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no beneficiamento dos mariscos sob o

aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar a natildeo conformidade para o conjunto

de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo estabelece paracircmetros para as diferentes

espeacutecies estudadas Os resultados evidenciam a aplicabilidade de estrateacutegia educativa em

seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma demanda de educaccedilatildeo

continuada com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e de suporte estrutural agrave cadeia

produtiva da pesca artesanal para o alcance de maior eficaacutecia Em adiccedilatildeo sugere-se a

realizaccedilatildeo de novos estudos que possam explicitar as caracteriacutesticas quiacutemicas das diferentes

espeacutecies de pescado

Palavras-chave pesca artesanal pescado treinamento qualidade de alimentos anaacutelises

microbioloacutegicas seguranccedila alimentar e nutricional

ABSTRACT

In Brazil shellfish pickers play an important role in supplying shellfish participating in all

phases of these processing comprising products of animal origin high perishability

Knowledge in shellfishing is passed from generation to generation without specific training

for the work the minimum processing often performed in harsh conditions This study aimed

to evaluate an educational intervention strategy in food safety conducted with ashellfish

pickers from Ilha das Fontes community Baiacutea de Todos os Santos Brazil It was carried out

an intervention study comprising six stages survey of community interest topics

sensibilization in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers before training

training in Good Practices of food production in situ monitoring of the work routine of

shellfish pickers after training and conversation wheel with the participants Among the

methodologies used in the training dialogued exposure group dynamics conversation wheel

practical simulations the exhibition of photos of the work in shellfish gathering and videos

were used It wasverified a good adhesion of shellfish pickers to the training with good

interaction between the instructors and the community and exchange of experiences In

addition there were positive changes in the processing of shellfish although there were

failures signalizing the need for improvements To evaluate the effectiveness of the training

activity from the perspective of processed seafood samples of shellfishes were collected

including the crab species (Callinectes sapidus) mussels (Mytella falcata) and oyster

(Crassostrea rhizophorae) 48 samples before the intervention and 48 after The samples were

submitted to microbiological analysis - psychrotrophic count coliforms at 35ordmC Escherichia

coli and coagulase-positive staphylococus and Salmonella spp search - and the determination

of pH and total volatile bases (TVB-N) It was verified improvement in the microbiological

quality of shellfish after the intervention although 146 of the samples had presented counts

of coagulase-positive staphylococcus higher than the official parameter When compared to

national standards the pH was superior to the limit for most samples (99) while the TVB-

N values were within the recommended range Despite the positive results it is assumed on

the microbiological perspective that failure occurred in the processing of shellfish on the

physical-chemical aspect however it is not possible to say the non-compliance to the set of

samples since the Brazilian legislation does not provide information for different species The

results evidence the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing even if they register a continuing education demand with directions and more

effective control and structural support to the supply chain in order to achieve greater

efficiency In addition it is suggested to conduct new studies that may explain the chemical

characteristics of different species of seafood

Keywords artisanal fishing seafood training food quality microbiological analysis

food security

13

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

Ao redor do mundo a pesca emprega aproximadamente 583 milhotildees de pessoas das quais

37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade complementar e o restante de

forma ocasional (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal eacute uma atividade tradicionalmente ligada agraves comunidades

costeiras constituindo a sua principal fonte de renda haja vista a baixa especializaccedilatildeo e os

elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (RODRIGUES e GIUDICE 2011) Em todo o

paiacutes cerca de 45 da produccedilatildeo anual de pescado (1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado)

procede da pesca artesanal (BRASIL 2011)

Um dos segmentos da pesca extrativa e artesanal eacute a mariscagem realizada por mulheres

que satildeo conhecidas como marisqueiras por coletarem mariscos Estas pescadoras participam de

todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto desde a coleta (captura) ateacute a comercializaccedilatildeo com

beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo (PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST

2011) Ao longo de toda a cadeia produtiva entretanto eacute frequente a falta de estrutura e a

precariedade observando-se condiccedilotildees incorretas de manipulaccedilatildeo armazenamento e transporte

que contribuem para a perda da qualidade sanitaacuteria e para a deterioraccedilatildeo do produto que eacute

disponibilizado ao consumidor (SANTOS 2006)

Nesse contexto uma das grandes preocupaccedilotildees com o pescado diz respeito agrave necessidade

de boa conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sua qualidade higiecircnicosanitaacuteria considerando os riscos da

ocorrecircncia das doenccedilas transmitidas por alimentos Deste modo torna-se indispensaacutevel conhecer

todas as etapas de seu processamento assegurando a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas dos

produtos

No acircmbito da pesca artesanal eacute fato que os pescadores e marisqueiras desenvolvem a

atividade de manipulaccedilatildeo do pescado de modo tradicional em um saber-fazer que foi

historicamente construiacutedo mas que apresenta prejuiacutezos agrave qualidade sobretudo em virtude da

insuficiecircncia de infraestruturas de apoio e de conhecimento teacutecnicos como a adoccedilatildeo das Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo (OLIVEIRA BRASIL e TADDEI 2008 STEFANELLO LINN e

MESQUITA 2009)

Em Satildeo Francisco do Conde Recocircncavo da Bahia a mariscagem compreende fonte de

subsistecircncia e oferta de alimentos para muitas famiacutelias No entanto observa-se rusticidade na

atividade e baixa qualidade sanitaacuteria do pescado comercializado para a populaccedilatildeo uma vez que

14

este permanece exposto por um longo periacuteodo de tempo agrave temperatura ambiente e sem a adoccedilatildeo

de maiores criteacuterios de higiene por parte dos manipuladores (ARGOcircLO 2012)

Deste modo o desenvolvimento de atividades educativas orientadas para marisqueiras

abordando princiacutepios de qualidade e seguranccedila do pescado torna-se importante estrateacutegia para

socializaccedilatildeo de conhecimentos que podem ser aplicados em toda a cadeia produtiva

contribuindo diretamente para a qualidade higiecircnicosanitaacuteria e a agregaccedilatildeo de valor ao produto e

para o reconhecimento e o fortalecimento do trabalho no setor pesqueiro artesanal

Este trabalho busca descrever o desenvolvimento de atividades formativas para

marisqueiras avaliando a contribuiccedilatildeo desta estrateacutegia para os participantes e para promoccedilatildeo da

qualidade dos produtos comercializados

15

OBJETIVOS

Geral

- Avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos conduzida junto a

marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

Especiacuteficos

- Identificar temas de formaccedilatildeo relativos agrave cadeia produtiva do pescado de interesse das

marisqueiras da comunidade

- Desenvolver programa de intervenccedilatildeo educativa junto aos atores sociais da pesca na

comunidade em observaccedilatildeo agrave realidade local

- Estimular a adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) no ambiente de trabalho da pesca

artesanal

- Contribuir com a formaccedilatildeo de multiplicadores em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo no contexto da

pesca artesanal

16

Capiacutetulo I

REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

1 Pesca artesanal

No Brasil a pesca eacute uma atividade exercida ao longo dos tempos herdada de ancestrais

nativos e colonizadores que era praticada principalmente pelos indiacutegenas e negros adotando

teacutecnicas rudimentares e que sofreram inovaccedilotildees a partir do contato com os portugueses e

espanhoacuteis (RODRIGUES E GIUDICE 2011) Ainda hoje esta atividade exerce papel essencial

no processo de desenvolvimento econocircmico contribuindo para a seguranccedila alimentar e para

reduccedilatildeo da pobreza uma vez que representa fonte vital de alimentos ocupaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

renda para as populaccedilotildees de todo o mundo e principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

como o Brasil (LOPES et al 2011a)

Segundo a legislaccedilatildeo a pesca consiste em

todo ato tendente a retirar extrair coletar apanhar apreender ou capturar espeacutecimes

dos grupos dos peixes crustaacuteceos moluscos e vegetais hidroacutebios suscetiacuteveis ou natildeo de

aproveitamento econocircmico ressalvadas as espeacutecies ameaccedilados de extinccedilatildeo constantes

nas listas oficiais de fauna e da florardquo (BRASIL 1998 Lei 9605 Art36)

A atividade pesqueira apresenta duas categorias artesanal e industrial No que se refere ao

processo de trabalho a pesca artesanal encontra-se em contraste com a pesca industrial por ter

caracteriacutesticas bastante diversificadas tanto em relaccedilatildeo ao habitat e estoques pesqueiros que

exploram quanto agraves teacutecnicas de pesca que utilizam (CLAUZET RAMIRES e BARRELLA

2005)

Na pesca industrial as embarcaccedilotildees possuem maior autonomia sendo capazes de operar

em aacutereas mais distantes da costa efetuando a exploraccedilatildeo de recursos pesqueiros que se

apresentam relativamente concentrados em niacutevel geograacutefico Em adiccedilatildeo apresenta mecanizaccedilatildeo

agrave bordo para a operacionalizaccedilatildeo dos petrechos de captura (BAHIA PESCA 2013)

A pesca artesanal por sua vez eacute realizada exclusivamente pelo trabalho manual do

pescador que utiliza embarcaccedilotildees de meacutedio e pequeno porte e equipamentos (petrechos) sem

nenhuma sofisticaccedilatildeo aleacutem de insumos adquiridos nos comeacutercios locais Tem como base os

conhecimentos dos pescadores adquiridos em famiacutelia a partir da transmissatildeo dos mais velhos da

comunidade ou pela interaccedilatildeo com os companheiros de pescaria uma vez que estes possuem o

conhecimento acerca da classificaccedilatildeo histoacuteria natural comportamento biologia e utilizaccedilatildeo dos

recursos naturais da regiatildeo onde vivem (SILVANO 1997 BAHIA PESCA 2013)

17

Esta atividade estaacute tradicionalmente ligada agraves comunidades costeiras representando a

principal fonte de renda - uma ocupaccedilatildeo importante no contexto socioeconocircmico haja vista a

baixa especializaccedilatildeo e os elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (GARCEZ e

SAacuteNCHEZ-BOTERO 2005 RODRIGUES e GIUDICE 2011)

Em todo o mundo a pesca eacute responsaacutevel por cerca de 583 milhotildees de empregos de acordo

com levantamentos do Fundo das Naccedilotildees Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO 2014) Do

total de pescadores 37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade

complementar e o restante de forma ocasional

No Brasil segundo dados do Ministeacuterio da Pesca e Aquicultura (BRASIL 2014a) existe

aproximadamente um milhatildeo pescadores artesanais registrados cujo trabalho resulta em 45 da

produccedilatildeo anual de pescado O setor representa uma das atividades de maior impacto social e

econocircmico no paiacutes usufruindo da grande extensatildeo litoracircnea e da biodiversidade pesqueira nas 12

grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras

Dentre as regiotildees do paiacutes o Nordeste eacute a maior produtora de pescado com 4542169

toneladas respondendo por 317 da produccedilatildeo nacional - a Bahia eacute o estado maior produtor

desta regiatildeo (592930 toneladas) (BRASIL 2011)

Nesse cenaacuterio estudos tecircm registrado uma visiacutevel divisatildeo sexual e social de trabalho na

pesca artesanal na qual os homens praticam a pesca de alto mar enquanto as mulheres se

ocupam de tarefas da terra Satildeo destinadas as mulheres atividades de pesca que compreendem

desde a captura eou coleta ao beneficiamento do pescado (MALDONADO 1986 LIMA 2003)

Em perspectiva global as mulheres representam 50 do total dos trabalhadores no setor

artesanal de captura de pescado ainda que em muitas comunidades de pesca artesanal

continuem a ser marginalizadas atuando muitas vezes em aacutereas remotas com acesso limitado

aos mercados e agrave sauacutede educaccedilatildeo e a outros serviccedilos sociais (BRASIL 2014b)

No Brasil entre os pescadores artesanais eacute fato comum o baixo grau de escolaridade

assim como o analfabetismo que constitui um dos fatores determinantes para que essa atividade

seja primitiva uma vez que pode acarretar em grandes dificuldades de contextualizaccedilatildeo da

atividade desenvolvida e de incentivo a melhores possibilidades na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas (COSTA 1977) Aleacutem disso consideram-se os maiores desafios relacionados agrave fraca

participaccedilatildeo dos pescadores nas organizaccedilotildees sociais ao desconhecimento da legislaccedilatildeo de base

e aos mecanismos de gestatildeo compartilhada e participativa da pesca (BRASIL 2014a)

Apesar de ser reconhecida como atividade econocircmica junto ao Estado a pesca artesanal

convive entre os limites da informalidade e da formalidade em virtude de diversos fatores

incluindo as dificuldades de modernizaccedilatildeo da atividade de infraestrutura de beneficiamento de

18

conservaccedilatildeo e armazenamento e de abastecimentocomercializaccedilatildeo do pescado com fragilidades

para a venda no mercado ampliado (atacado) Nesse cenaacuterio a perecibilidade do produto e a

dificuldade de organizaccedilatildeo do negoacutecio tornam os pescadores vulneraacuteveis aos negociantes

intermediaacuterios denominados de ldquoatravessadoresrdquo (BRASIL 2010 SILVA 2011)

A pouca organizaccedilatildeo do setor pesqueiro artesanal e outros problemas inerentes a este

segmento exacerbam as consequecircncias estruturais produtos finais com elevados preccedilos pouca

variedade e qualidade - inclusive sanitaacuteria ndash e baixo valor agregado e em geral unidades

produtivas e de comercializaccedilatildeo rejeitadas devido ao baixo rendimento e agrave informalidade

(BRASIL 2010) Dessa forma a pesca artesanal e a aquicultura familiar enfrentam dificuldades

em todos os elos da cadeia produtiva seja na captura produccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo (LOPES et

al 2011b)

2 A mariscagem

A mariscagem consiste em um dos segmentos pesqueiros realizado em aacuterea costeira Na

maioria das comunidades a atividade de mariscagem eacute extrativista e artesanal com pequena

infraestrutura de beneficiamento e pouca ou nenhuma organizaccedilatildeo voltada agrave comercializaccedilatildeo

(MAIA e NETO 2012) Entre os indiviacuteduos que realizam essa atividade estatildeo as mulheres de

pescadores conhecidas como marisqueiras ou mariscadeiras por coletarem mariscos para a

complementaccedilatildeo da renda familiar e tambeacutem para subsistecircncia constituindo quadro marcante na

regiatildeo Nordeste (FREITAS et al 2012)

As mulheres que atuam na mariscagem dispotildeem de um saber proacuteprio que se expressa no

universo simboacutelico de crenccedilas valores e mitos aprendidos atraveacutes de uma heranccedila cultural

secular inscrita em tradiccedilotildees de um modo de pensar e fazer o trabalho Elas atuam em aacutereas

limitadas e costumam trabalhar em grupos sendo a matildeo de obra familiar Estas mulheres detecircm

o saber e exercem praacuteticas em todas as etapas da extraccedilatildeo manual do marisco uma atividade

que somada ao trabalho domeacutestico tradicional configura uma dupla jornada de trabalho (PENA

FREITAS CARDIM 2011)

Na mariscagem a produccedilatildeo estaacute diretamente ligada ao movimento das mareacutes sendo a

vazante de lua cheia e nova consideradas as melhores pelas marisqueiras pois as aacuteguas atingem

maior variaccedilatildeo permitindo acesso a aacutereas propiacutecias agrave coleta dos mariscos (PENA FREITAS

CARDIM 2011) As teacutecnicas e instrumentos utilizados na coleta dos mariscos satildeo rudimentares

e adaptados agrave natureza consistindo basicamente em faca ou facatildeo para a coleta de mariscos

incrustados em pedras colher de pau ou alumiacutenio e mesmo pequenas enxadas para raspar eou

19

cavar a areia e identificar o marisco gerereacutes ou manzuaacutes utilizados para captura do siri panela

de alumiacutenio eou lata para armazenamento de mariscos coletados e balde para o transporte do

produto ateacute a residecircncia para o preparo final e a venda canoas a remo e agrave vela (traquete)

(PACHECO 2006)

As marisqueiras passam cerca de 5 a 6 horas na coleta dos mariscos e retornam quando a

mareacute comeccedila a encher caminhando com o peso dos mariscos nos ombros ou na cabeccedila ou com o

auxiacutelio de canoa Na residecircncia as marisqueiras lavam cozinham catam e congelam os mariscos

em sacos de um quilo para realizar a sua comercializaccedilatildeo Este processo de beneficiamento eacute

realizado na forma tradicional em cozinha domeacutestica com uso de fogatildeo agrave lenha (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Nesse fazer as marisqueiras participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto

desde a coleta ateacute a venda com beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo expondo-se a todos

os riscos inerentes ao ofiacutecio - ergonocircmicos ambientais fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos

(PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST 2011)

Os riscos ergonocircmicos configuram-se em sobrecarga muscular no pescoccedilo ombros dorso

membros superiores e regiatildeo lombar aleacutem do excesso de trabalho riacutetmico centrado no punho

nas atividades repetitivas (PENA FREITAS e CARDIM 2011) Entre os riscos de origem

ambiental natural estatildeo a incidecircncia do sol sobre a pele a friagem e o desgaste fiacutesico Os riscos

fiacutesicos podem ser representados pelas lesotildees em matildeos e peacutes por lacircminas de corte ou por partes

duras dos pescados Os riscos quiacutemicos incluem o contato com secreccedilotildees venenosas dos animais

ou com poluentes na aacutegua e os bioloacutegicos o contato com algas microrganismos e parasitas

(BAHIA 2010)

Algumas marisqueiras sobrevivem exclusivamente da exploraccedilatildeo de mariscos eou outros

moluscos e dessa forma sustentam famiacutelias criam filhos e adquirem alguns bens materiais

como uma moradia proacutepria (DIAS ROSA e DAMASCENO 2007)

No estudo de Pena Freitas e Cardim (2011) a renda meacutedia obtida pelas marisqueiras

atraveacutes da comercializaccedilatildeo dos mariscos foi de cinquenta reais por mecircs mostrando que este

trabalho eacute socialmente desvalorizado - sendo assim impotildee ritmo intenso de trabalho para gerar

mais produtos agrave venda Em paralelo natildeo proporciona condiccedilotildees para a aquisiccedilatildeo de

equipamentos de proteccedilatildeo individual e coletiva contra acidentes e doenccedilas do trabalho (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Vale ressaltar ainda que muitas dessas mulheres desconhecem seus direitos trabalhistas

e permanecem na informalidade agrave espera de melhorias que muitas vezes nunca chegam (DIAS

ROSA e DAMASCENO 2007 RIOS e GERMANI 2012)

20

Em estudo realizado no Recocircncavo baiano no municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde

com abordagem de 695 marisqueiras observou-se a maioria com faixa etaacuteria entre 20 e 40 anos

(56) ndash idade produtiva grande parte declarando-se solteira (412) ou em uniatildeo estaacutevel

(332) com meacutedia de 34 filhos (906) e que exerciam a chefia de famiacutelia (776) Quanto agrave

participaccedilatildeo em cursos relativos a pesca ou outra formaccedilatildeo profissional a maioria declarou

ausecircncia de formaccedilatildeo (757) (SANTOS 2013)

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo

De acordo com o Regulamento de Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem

Animal ndash RIISPOA (BRASIL 1997) o pescado compreende peixes crustaacuteceos moluscos

anfiacutebios e mamiacuteferos de aacutegua doce ou salgada utilizados na alimentaccedilatildeo humana Constitui uma

fonte alimentar de alta digestibilidade (acima de 95) e de composiccedilatildeo nutricional equilibrada

com cerca de 64 a 90 de umidade 8 a 23 de proteiacutena 05 a 25 de gordura 1 a 2 de

resiacuteduos minerais e menos que 1 de carboidratos (ANDRADE BISPO e DRUZIAN 2009)

O pescado eacute um componente importante da dieta de diversos grupos populacionais posto

que apresenta proteiacutenas de alto valor bioloacutegico com a presenccedila de todos aminoaacutecidos essenciais

Tambeacutem fornece em geral um baixo niacutevel de colesterol e uma reserva significativa de aacutecidos

graxos polinsaturados da seacuterie ocircmega 3 (ω-3) os quais possuem efeito cardioprotetor

proporcionando numerosos benefiacutecios agrave sauacutede humana (RAMOS FILHO et al 2008 SOARES

e GONCcedilALVES 2011) Aleacutem disso eacute rico em caacutelcio foacutesforo ferro e vitaminas do complexo B

(GODOY et al 2010 NUNES et al 2013)

O alto teor de nutrientes do pescado aliado ao pH proacuteximo agrave neutralidade e agrave elevada

atividade de aacutegua nos tecidos torna-o um dos produtos de origem animal mais susceptiacuteveis agrave

deterioraccedilatildeo que pode ser definida como alteraccedilotildees inaceitaacuteveis que ocorrem no muacutesculo poacutes-

morte originando produtos com sabores e odores desagradaacuteveis (VIEIRA 2004 MONTEIRO

MAacuteRSICO e VITAL 2010)

Essas alteraccedilotildees acontecem independente da forma como este produto eacute manipulado

contudo a velocidade com que elas se instalam pode ser reduzida ateacute uma certa extensatildeo pela

adoccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos especiacuteficos de modo a prolongar o grau de frescor (LEITAtildeO

1994) Segundo Anacleto et al (2011) a qualidade do pescado diminui devido a um processo

complexo no qual estatildeo implicados eventos fiacutesicos quiacutemicos e microbioloacutegicos de deterioraccedilatildeo

Em peixes a deterioraccedilatildeo pode ocorrer a partir de reaccedilotildees de autoacutelise pela atividade

bacteriana por oxidaccedilatildeo ou pela combinaccedilatildeo dos trecircs processos O processo de autoacutelise consiste

21

na accedilatildeo de enzimas tissulares e dos sucos digestivos sobre os tecidos musculares apoacutes a morte

do pescado resultando na sua decomposiccedilatildeo e consequentemente no amolecimento e

desintegraccedilatildeo da carne promovendo assim a disseminaccedilatildeo de micro-organismos que agem na

superfiacutecie do pescado nas guelras e no trato intestinal A oxidaccedilatildeo lipiacutedica manifesta-se por

mudanccedilas no cheiro cor textura valor nutritivo do pescado e possiacutevel produccedilatildeo de compostos

toacutexicos afetando sua aceitabilidade para o consumo (JENSEN LAURIDSEN e BERTELSEN

1998 JAY 2005 NOGALA-KALUCKA et al 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Nos crustaacuteceos a deterioraccedilatildeo parece ser semelhante agrave dos peixes tendo seu iniacutecio nas

superfiacutecies mais externas devido agrave sua anatomia Esse grupo de pescado apresenta altas

quantidades de aminoaacutecidos livres e extratos nitrogenados que os torna expostos ao raacutepido

ataque da microbiota deteriorante Aleacutem disso a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute acompanhada

pela produccedilatildeo de elevadas quantidades de bases nitrogenadas volaacuteteis como ocorre nos peixes

(JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Quanto aos moluscos a deterioraccedilatildeo difere daquela apresentada pelos peixes e crustaacuteceos

sendo um processo basicamente fermentativo em decorrecircncia de sua carne ser constituiacuteda de

alto teor de carboidratos sobretudo na forma de glicogecircnio e do menor teor de nitrogecircnio (JAY

2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem dos fatores intriacutensecos que satildeo inerentes ao pescado fatores externos como o tipo de

captura o tempo de armazenamento refrigeraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo inadequada podem facilitar a

degradaccedilatildeo do pescado e consequentemente as alteraccedilotildees bioquiacutemicas autoliacuteticas ou promovidas

pelo desenvolvimento de micro-organismos Estes fatores satildeo denominados extriacutensecos e podem

concorrer para o aumento dos riscos agrave sauacutede do consumidor (SILVA MATTEacute e MATTEacute 2008

AMARAL e FREITAS 2013 ROSSO 2013)

Deste modo salienta-se a importacircncia da anaacutelise de riscos no setor pesqueiro

considerando todas as etapas que vatildeo desde a captura ateacute a comercializaccedilatildeo uma vez que em

geral o pescado que chega ao consumidor possui uma carga microbiana elevada composta tanto

por micro-organismos deteriorantes como por patoacutegenos Nessa direccedilatildeo o grau de deterioraccedilatildeo

do pescado eacute determinado principalmente pela carga bacteriana inicial pela temperatura de

conservaccedilatildeo pelo tempo decorrido apoacutes a sua morte e pelas praacuteticas sanitaacuterias adotadas

(EIROA 1980 GONCcedilALVES 2009)

Alguns meacutetodos de conservaccedilatildeo satildeo aplicados ao pescado visando prolongar sua vida uacutetil

como a refrigeraccedilatildeo o congelamento e o processamento teacutermico A refrigeraccedilatildeo natildeo apresenta

accedilatildeo esterilizante apenas retarda as atividades microbianas jaacute existentes e impede o surgimento

de novos agentes deteriorantes enquanto que o congelamento emprega temperaturas que

22

reduzem ou paralisam a deterioraccedilatildeo causada por micro-organismos enzimas ou agentes

quiacutemicos O tratamento teacutermico dado ao produto cujo tempo de exposiccedilatildeo ao calor uacutemido eacute

variaacutevel conforme o tamanho velocidade de penetraccedilatildeo do calor e condiccedilotildees de aquecimento

reduz a carga microbiana e inibe o crescimento de bacteacuterias parasitas e viacuterus prejudiciais ao

homem (ANTONIOLLI 1999 CAMPOS e PAIVA 2011 CORDEIRO et al 2007)

4 Indicadores de qualidade do pescado

O processo de deterioraccedilatildeo do pescado eacute complexo envolvendo sobretudo processos de

natureza microbioloacutegica e quiacutemica razatildeo pela qual natildeo eacute aconselhaacutevel o uso de apenas um

meacutetodo para avaliar sua qualidade Nesse sentido para avaliaccedilatildeo da qualidade satildeo recomendadas

anaacutelises por indicadores sensoriais fiacutesico-quiacutemicos e microbioloacutegicos (NUNES BATISTA e

CARDOSO 2007 ALI 2011)

Os paracircmetros sensoriais compreendem meacutetodos usados para medir analisar e interpretar

reaccedilotildees e caracteriacutesticas dos alimentos os quais satildeo percebidos pelos sentidos Mesmo que se

desenvolvam meacutetodos instrumentais de faacutecil aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo do pescado a anaacutelise

sensorial continua a ser essencial pois fornece informaccedilatildeo completa sobre o estado do pescado

(NIELSEN 1997 STEVANATO et al 2007)

No que se refere agraves caracteriacutesticas sensoriais dos peixes no Brasil eacute estabelecido pela

legislaccedilatildeo que estes devem apresentar as seguintes caracteriacutesticas superfiacutecie do corpo limpa e

com relativo brilho metaacutelico olhos transparentes brilhantes e salientes ocupando

completamente as oacuterbitas guelras roacuteseas ou vermelhas uacutemidas e brilhantes com odor natural

proacuteprio e suave ventre roliccedilo firme natildeo deixando impressatildeo duradoura agrave pressatildeo dos dedos

escamas brilhantes bem aderentes agrave pele e nadadeiras apresentando certa resistecircncia aos

movimentos provocados e carne firme com consistecircncia elaacutestica de cor proacutepria agrave espeacutecie

(BRASIL 1997)

Os crustaacuteceos devem apresentar aspecto geral brilhante uacutemido corpo em curvatura

natural riacutegida artiacuteculos firmes e resistentes carapaccedila bem aderente ao corpo coloraccedilatildeo proacutepria

agrave espeacutecie sem qualquer pigmentaccedilatildeo estranha olhos vivos destacados e cheiro proacuteprio e suave

(BRASIL 1997)

Para os moluscos bivalves recomenda-se que sejam expostos agrave venda vivos com valvas

fechadas e com retenccedilatildeo de aacutegua incolor e liacutempida nas conchas cheiro agradaacutevel e pronunciado

carne uacutemida bem aderente agrave concha de aspecto esponjoso e de cor cinzenta-clara nas ostras e

amareladas nos mexilhotildees (BRASIL 1997)

23

Em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos no paiacutes os padrotildees mais utilizados para

avaliar o frescor do pescado incluem as determinaccedilotildees de pH bases nitrogenadas volaacuteteis totais

(N-BVT) bases volaacuteteis terciaacuterias e as reaccedilotildees de gaacutes sulfiacutedrico e de indol (BRASIL 1997)

Tendo em vista que o pH de um alimento eacute uma caracteriacutestica importante para a sua

conservaccedilatildeo o fato do pescado apresentar um pH proacuteximo da neutralidade propicia o

desenvolvimento tanto de micro-organismos deterioradores como de patoacutegenos O pH da

musculatura pode ser influenciado pela espeacutecie do pescado meacutetodos de captura manuseio e

armazenamento assim esta mateacuteria-prima requer cuidados especiais para sua conservaccedilatildeo O

paracircmetro de pH oficial estabelece que este deve ser inferior a 65 na parte interna do peixe

fresco no entanto natildeo haacute consideraccedilotildees das especificidades para as demais espeacutecies de pescado

(LEITAtildeO 1988 BRASIL 1997 GALVAtildeO et al 2006) Desta forma a literatura cientiacutefica

registra algumas faixas de pH para as outras espeacutecies de pescado entre 68 e 70 para camaratildeo

em torno de 70 para o siri crustaacuteceo semelhante ao caranguejo em torno de 65 para moluscos

e na faixa entre 48 e 63 para ostra (JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

As bases volaacuteteis totais tambeacutem satildeo utilizadas para avaliar o frescor do pescado

indicando a degradaccedilatildeo de compostos nitrogenados derivada da autoacutelise e da decomposiccedilatildeo

microbiana Os compostos nitrogenados mais frequentes satildeo a trimetilamina e a amocircnia A

legislaccedilatildeo estabelece que o limite se N-BVT no pescado seja inferior a 30mg de

N100g (ASHIE SMITH e SIMPSON 1996 BRASIL 1997 SCHERER et al 2004)

Em estudo conduzido por Argocirclo (2012) com anaacutelise de amostras de sururu e siri

beneficiados em Satildeo Francisco do Conde foi possiacutevel verificar valores meacutedios de pH de 69 e

81 respectivamente Em pesquisa realizada por Cordeiro et al (2007) observou-se valor meacutedio

de pH de 69 em mexilhotildees congelados comercializados no municiacutepio de Ubatuba (SP) Em

relaccedilatildeo agraves N-BVT Souza et al (2013) ao avaliar pescado congelado comercializado no

Mercado Municipal de Satildeo Francisco do Conde registrou valor de mediana em amostras de siri

de 45mgN100g enquanto que Argocirclo (2012) tambeacutem em amostras de siri observou valor

meacutedio de 287mgN100g

Quanto ao aspecto microbioloacutegico a seguranccedila do pescado eacute de extrema importacircncia

visto que as doenccedilas transmitidas por alimentos tecircm sido registradas em grande parte como

decorrecircncia da falta de cuidados e de controles desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima ateacute a

manipulaccedilatildeo e processamento (MARQUES SEABRE e DAMASCENO 2009) Desta forma no

Brasil a Resoluccedilatildeo RDC Ndeg 122001 da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

estabelece os padrotildees microbioloacutegicos para alimentos expostos agrave venda devendo ser o pescado

cru resfriado ou congelado ser analisado para estimativa de coliformes

24

termotolerantesEscherichia coli contagem de estafilococos coagulase positiva e pesquisa de

Salmonella spp (BRASIL 2001)

Nessa legislaccedilatildeo satildeo estabelecidos padrotildees relacionados ao pescado in natura congelado

natildeo consumido cru incluindo estafilococos coagulase positivag com toleracircncia de 10sup3 e

ausecircncia de Salmonella spp em 25g da amostra Para pescado preacute-cozido congelado constam

coliformes a 45ordmC com toleracircncia de 5x10 estafilococos coagulase positivag toleracircncia de 103

e para Salmonella spp ausecircncia em 25g da amostra (BRASIL 2001)

Argocirclo (2012) na anaacutelise de amostras de siri beneficiadas em Satildeo Francisco do Conde-

BA reportou valores meacutedios de 315 log UFCg de coliformes agrave 35ordmC 150 log UFCg de

Escherichia coli 270 log UFCg de estafilococos coagulase positiva e 522 log UFCg de

aeroacutebios psicrotroacuteficos

Staphylococcus aureus eacute uma bacteacuteria anaeroacutebia facultativa no entanto possui maior

crescimento sob condiccedilotildees aeroacutebias com produccedilatildeo de catalase Eacute mesoacutefila apresentando

temperatura oacutetima de crescimento entre 40ordm e 45ordmC tolerante a concentraccedilotildees de 10 a 20 de

NaCl e a nitratos e possui faixa de pH oacutetima de crescimento entre 6 e 7 S aureus eacute uma

bacteacuteria patogecircnica que natildeo faz parte da microbiota do pescado sendo normalmente transferido

para os alimentos por manipuladores Este grupo microbiano eacute responsaacutevel por

aproximadamente 45 das toxinfecccedilotildees alimentares no mundo (CUNHA NETO SILVA e

STAMFORD 2002 FRANCO E LANDGRAF 2008 GONCcedilALVES 2011)

O grupo dos coliformes agrave 35ordmC eacute um subgrupo da famiacutelia Enterobacteriaceae que

engloba apenas as bacteacuterias capazes de fermentar a lactose com produccedilatildeo de gaacutes em 24 a 48

horas a 35ordmC Nesse grupo encontram-se tanto bacteacuterias originaacuterias do trato gastrintestinal de

humanos e outros animais de sangue quente como tambeacutem bacteacuterias de origem natildeo enteacuterica

fazendo parte as bacteacuterias do gecircnero Escherichia Klebisiella Citrobacter e Enterobacter Os

coliformes podem fornecer informaccedilotildees sobre a provaacutevel presenccedila de microrganismos

patogecircnicos ou sobre a deterioraccedilatildeo potencial do alimento aleacutem das condiccedilotildees higiecircnicas dos

processos de fabricaccedilatildeo uma vez que satildeo facilmente inativados pelos sanitizantes por isso satildeo

utilizados como indicadores (SILVA 2010 FRANCO LANDGRAF 2008)

Os coliformes termotolerantes compreendem um subgrupo dos coliformes agrave 35ordmC que se

restringe aos membros capazes de fermentar a lactose em 24 horas a 45ordmC com produccedilatildeo de

gaacutes sendo usados como indicadores jaacute que satildeo isolados facilmente e se encontram em maior

proporccedilatildeo do que os patogecircnicos A Escherichia coli pertence aos dois grupos de coliformes

referidos e o seu habitat natural eacute o trato intestinal de animais de sangue quente contudo pode

ser introduzida nos alimentos a partir de fontes natildeo fecais (SILVA 2010)

25

De acordo com Silva et al (2010) a contagem de coliformes agrave 35ordmC e termotolerantes

em alimentos tecircm sido o meacutetodo mais indicado para avaliar as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

sendo tambeacutem utilizadas como indicadores de falhas durante o processamento ou a

contaminaccedilatildeo poacutes-processamento

O genecircro Salmonella compreende bacteacuterias anaeroacutebias facultativas natildeo produtoras de

esporo e que produzem gaacutes a partir da glicose com exceccedilatildeo da S Typhi sendo capazes de

utilizar o citrato como uacutenica fonte de carbono A temperatura e pH oacutetimos para seu crescimento

estatildeo em torno de 35ordm-37ordmC e 70 respectivamente Natildeo toleram concentraccedilotildees de sal superiores

a 9 O habitat natural da Salmonella eacute o trato intestinal de mamiacuteferos aves e reacutepteis podendo

alcanccedilar o ambiente aquaacutetico atraveacutes da contaminaccedilatildeo fecal e desta forma serem detectadas em

peixes e produtos pesqueiros (VIEIRA 2004 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem destes indicadores microbioloacutegicos no caso de pescados resfriados e congelados

tambeacutem eacute adotada internacionalmente a contagem padratildeo de micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos de 106 UFCg (ICMSF 1986) Os micro-organismos psicrotroacuteficos crescem bem

em temperaturas entre 0ordm e 7ordmC em diversos tipos de alimentos refrigerados sendo os principais

causadores da deterioraccedilatildeo de carnes pescado ovos frangos e outros (FRANCO e LANDGRAF

2008)

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal

O municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia eacute uma ocupaccedilatildeo antiga que surgiu no

iniacutecio da colonizaccedilatildeo brasileira (SANTOS 2004) Em 1618 por ordem do Conde de Linhares

foi construiacutedo no alto de um monte no Recocircncavo Baiano um convento e uma igreja onde

mais tarde surgiria a cidade de Satildeo Francisco do Conde em 1698 O nome homenageia o

padroeiro da cidade e o conde Fernatildeo Rodrigues que herdou o terreno do 3ordm governador geral do

Brasil Mem de Saacute A regiatildeo onde fica a cidade foi conquistada pelo impeacuterio portuguecircs por meio

de guerras travadas contra os iacutendios que viviam nas margens dos rios Paraguaccedilu e Jaguaribe

(IBGE 2013)

Satildeo Francisco do Conde localiza-se na regiatildeo metropolitana de Salvador-BA estaacute

situado a 67 km da Capital do estado ao norte da Baiacutea de Todos os Santos e tem como vizinhas

as cidades de Candeias Madre de Deus Santo Amaro da Purificaccedilatildeo e Satildeo Sebastiatildeo do Passeacute

contando com uma aacuterea de 262856 kmsup2 e 33183 habitantes A aacuterea ainda manteacutem reservas de

Mata Atlacircntica e riquiacutessimos manguezais que contribuem para a biodiversidade da regiatildeo

(SANTOS 2011 IBGE 2013)

26

Aleacutem da aacuterea terrestre o municiacutepio apresenta trecircs ilhas ndash Ilha de Cajaiacuteba Ilha das Fontes

e Ilha do Paty A Ilha das Fontes caracteriza-se como um local onde as aacuteguas do mar

apresentam-se tranquilas em todos os periacuteodos da mareacute fato explicado pela sua proximidade

com os rios Sergi e Subaeacute (MARTINS 2010)

A Ilha das Fontes eacute tambeacutem uma das comunidades pesqueiras existentes no municiacutepio

compreendendo um povoado que se localiza proacuteximo ao Porto Ferrolho da Petrobras e ao

povoado de Santo Estevatildeo com acesso apenas por barco A localidade dista aproximadamente 8

Km da sede e natildeo eacute totalmente urbanizada A populaccedilatildeo eacute de etnia negra e mesticcedila natildeo

Quilombola e possui 1654 habitantes juntamente com Engenho de Baixo A maioria dos

moradores desenvolve a atividade pesqueira tanto para comeacutercio quanto para consumo interno

(SAacute 2011) Dentre os habitantes da Ilha 54 mulheres atuavam na pesca conforme

levantamento recente (SANTOS 2013)

No passado a riqueza da cidade baseava-se nas plantaccedilotildees de cana de accediluacutecar que deram

iniacutecio ao desenvolvimento econocircmico da aacuterea Atualmente a extraccedilatildeo o refino e o

processamento de petroacuteleo satildeo as principais atividades econocircmicas da regiatildeo (SAtildeO

FRANCISCO DO CONDE 2013) Com a arrecadaccedilatildeo municipal de impostos relacionados agrave

produccedilatildeo e refino de petroacuteleo pela Refinaria Satildeo Francisco do Conde atingiu o maior Produto

Interno Bruto (PIB) per capita brasileiro nos anos de 2008 a 2010 (IBGE 2010 2011 2012)

Apesar disso a populaccedilatildeo da cidade sofre com o agravamento das desigualdades sociais

enfrentando problemas associados agrave pobreza agrave infraestrutura sanitaacuteria deficiente e ao

saneamento baacutesico ao analfabetismo entre outros

No municiacutepio muitas famiacutelias dependem da pesca e da mariscagem como fonte de

subsistecircncia sendo a pesca uma tradiccedilatildeo e heranccedila cultural Nesse contexto a atividade eacute

caracterizada pela rusticidade envolvendo tanto homens quanto mulheres em diversas

comunidades pesqueiras (ARGOcircLO 2012 SAacute 2011 SANTOS 2011 SANTOS 2013)

Segundo Saacute (2011) em Satildeo Francisco do Conde-BA observa-se o predomiacutenio de mulheres

(666) na atividade pesqueira fato que fortemente se vincula ao trabalho na mariscagem

No municiacutepio algumas comunidades pesqueiras possuem sistema puacuteblico de

abastecimento de aacutegua de esgotamento sanitaacuterio e coleta de lixo deficiente ou ausente o que

favorece condiccedilotildees improacuteprias agrave manipulaccedilatildeo dos mariscos Estes em geral satildeo beneficiados no

ambiente domiciliar permanecendo o pescado muitas vezes exposto agrave temperatura ambiente

por um longo periacuteodo de tempo em condiccedilotildees que natildeo atendem agraves Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de

alimentos (ARGOcircLO 2012)

27

Argocirclo (2012) ao estudar as condiccedilotildees de beneficiamento de mariscos em comunidades

de Satildeo Francisco do Conde observou que as marisqueiras manipulavam o pescado em bacias

dispostas sobre o chatildeo na proacutepria residecircncia sendo algumas com estrutura bastante precaacuteria

com a ausecircncia de aacutegua tratada (33) Segundo a autora ainda as marisqueiras acompanhadas

relataram nunca ter participado de atividades formativas relacionadas agraves Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o que poderiam favorecer a qualidade do pescado beneficiado

Na perspectiva da qualidade microbioloacutegica ao conduzir estudo com 96 amostras de

mariscos beneficiados em Satildeo Francisco do Conde (siri sururu e ostra) a referida autora

verificou que iacutendice de 468 de natildeo conformidade para as amostras sendo 364 para

Escherichia coli e 197 para estafilococos coagulase positiva No estudo natildeo foi identificada a

presenccedila de Salmonella spp (ARGOcircLO 2012)

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento

Na atualidade observa-se uma grande preocupaccedilatildeo com a qualidade dos alimentos a serem

consumidos e os riscos que esses podem ocasionar agrave sauacutede A possibilidade de contaminaccedilatildeo do

alimento pelo manipulador depende do maior ou menor contato deste com os produtos do tipo

de mateacuteria-prima a ser manipulada e dos cuidados adotados Segundo Jianu e Chis (2012)

alguns fatores como mateacuterias-primas contaminadas falta de higiene de equipamentos utensiacutelios

instalaccedilotildees e alimentos bem como praacuteticas inadequadas podem contribuir para a ocorrecircncia de

surtos de origem alimentar

De modo a reduzir a ocorrecircncia de doenccedilas veiculadas por alimentos eacute essencial que as

praacuteticas de manuseio e preparo dos alimentos pelos manipuladores de alimentos sejam corretas e

que existam treinamentos em seguranccedila de alimentos para estes uma vez que a falta de

conhecimentos sobre higiene e conservaccedilatildeo de alimentos entre os manipuladores contribui de

forma significativa para a sua contaminaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo o que justifica adoccedilatildeo de

treinamentos especiacuteficos (ROBERTSON et al 2013)

Segundo Andreotti et al (2003) os programas de treinamento orientados para

manipuladores de alimentos satildeo os mais recomendados e eficazes para transmissatildeo

conhecimentos e promoccedilatildeo de mudanccedilas de atitudes O treinamento consiste em uma accedilatildeo

educativa direcionada ao desempenho profissional a fim de adquirir conhecimentos habilidades

e atitudes necessaacuterias agrave execuccedilatildeo desta atividade (LACERDA e ABBAD 2003)

A atividade de treinamento de manipuladores de alimentos natildeo eacute uma tarefa faacutecil de ser

realizada Nesse sentido o reconhecimento de caracteriacutesticas singulares dos manipuladores

28

auxilia na compreensatildeo das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento das atividades de

treinamento por indicar que existem diferenccedilas no modo como os alimentos satildeo concebidos e as

informaccedilotildees trabalhadas tornam-se significativas Deste modo possibilita a melhor visibilidade

dos conflitos inerentes agraves relaccedilotildees sociais - principalmente agraves relaccedilotildees educativas - resultantes do

confronto de um grupo que pretende convencer o outro da necessidade de alterar suas praacuteticas

(COSTA LIMA e RIBEIRO 2002)

A escolha da metodologia de intervenccedilatildeo educativa tem grande importacircncia na qualidade

da capacitaccedilatildeo considerando resultados positivos tanto na dimensatildeo da representaccedilatildeo social

(opiniatildeo conhecimento e atitude ndash praacutetica declarada) e na dimensatildeo do comportamento dos

participantes (praacutetica observada) (BEZERRA 2008) Desta forma a seleccedilatildeo do tipo de atividade

educativa a ser utilizada deve levar em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo a

relaccedilatildeo entre o benefiacutecio e o custo dos materiais e a factibilidade de sua utilizaccedilatildeo A depender

do puacuteblico esta atividade deveraacute possuir um conteuacutedo simples e de faacutecil compreensatildeo e o meio

de comunicaccedilatildeo escolhido para a veiculaccedilatildeo das mensagens deveraacute considerar os aspectos

culturais da comunidade (ANDRADE e COELHO 1997)

Em relaccedilatildeo ao processo ensino-aprendizagem eacute recomendado o emprego de diversos

meacutetodos de ensino (aacuteudio visual praacutetico e sensibilizaccedilatildeo) para que a aprendizagem seja mais

eficiente Os meacutetodos ativos que exigem participaccedilatildeo do indiviacuteduo parecem ser mais eficazes

(BEZERRA 2008) Nesse sentido os recursos audiovisuais satildeo vantajosos pois orientam quanto

agrave direccedilatildeo do pensamento fornece o comportamento final desejado induz a transferecircncia de

aprendizagem e apresenta estiacutemulo para a mudanccedila de comportamento (GOUVEIA 1999)

Segundo Cardoso Santos e Silva (2009) entre as metodologias aplicadas para

manipuladores de alimentos adultos pode-se incluir liccedilotildees ao ar livre exposiccedilotildees cartazes

representaccedilotildees na rua projeccedilotildees de viacutedeos debates cursos para formaccedilatildeo de multiplicadores

sessotildees orientadas individualmente e programas educacionais puacuteblicos com uso da miacutedia de

massa Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de cartilhas ilustrativas evidenciando praacuteticas aceitaacuteveis

constitui material de apoio Para Soares et al (2013) ainda os treinamentos em alimentos devem

ser baseados em atividades teoacutericas e praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos podem

aplicar o conhecimento adquirido em praacutetica

Em linhas gerais os temas abordados pelos programas de treinamentos eou capacitaccedilotildees

de manipuladores de alimentos englobam a importacircncia da sauacutede individual e coletiva noccedilotildees

baacutesicas de higiene pessoal higiene de alimentos e ambiental e destacam os danos que a ausecircncia

desses cuidados causam sobre a sauacutede do consumidor conscientizando os manipuladores do seu

29

papel na prevenccedilatildeo das Doenccedilas Transmitidas por Alimentos ndash DTA (GHISLENI e BASSO

2008)

Medeiros et al (2011) ao realizarem uma revisatildeo sistemaacutetica sobre estrateacutegias

metodoloacutegicas adotadas por programas de treinamento em higiene de alimentos identificaram

como principal tema abordado a higiene pessoal seguido pela seguranccedila do alimento e melhoria

das praacuteticas Aleacutem disso foram referidos como temas de treinamento higiene local do trabalho

lavagem das matildeos noccedilotildees baacutesicas de microbiologia doenccedilas transmitidas pela aacutegua higiene dos

alimentos higiene dos utensiacutelios e a anaacutelise de Perigos e Pontos Criacuteticos de Controle - APPCC

dentre outros

Neste contexto cabe pontuar que a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

por meio da RDC nordm216 de 2004 estabelece que a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos

deve abordar pelo menos os temas de contaminantes alimentares Doenccedilas Veiculadas por

Alimentos manipulaccedilatildeo higiecircnica dos alimentos e Boas Praacuteticas (BRASIL 2004)

Na execuccedilatildeo de atividades de formaccedilatildeo ainda devem estar previstas etapas de avaliaccedilatildeo

Segundo Nieto-Montenegro Brown e Laborde (2008) a avaliaccedilatildeo do programa compreende

parte criacutetica de um treinamento em seguranccedila de alimentos uma vez que permite que os

implementadores avaliem a sua eficaacutecia Para verificaccedilatildeo da efetividade dos treinamentos alguns

autores tecircm recomendado a avaliaccedilatildeo em trecircs niacuteveis reaccedilatildeo aprendizagem e impacto de

treinamento no trabalho A reaccedilatildeo eacute o niacutevel de satisfaccedilatildeo dos participantes com a programaccedilatildeo o

apoio ao desenvolvimento do curso a aplicabilidade a utilidade e os resultados do treinamento

A aprendizagem refere-se ao grau de assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos ensinados no treinamento O

impacto do treinamento no trabalho eacute a auto-avaliaccedilatildeo feita pelo proacuteprio participante acerca dos

efeitos mediatos produzidos pelo treinamento em seus niacuteveis de desempenho motivaccedilatildeo auto-

confianccedila e abertura a mudanccedilas nos processos de trabalho (ABBAD GAMA e BORGES-

ANDRADE 2000)

No cenaacuterio da pesca artesanal ainda haacute poucas descriccedilotildees relativas agrave formaccedilatildeo de

pescadores e marisqueiras

Costa et al (2012) realizaram uma intervenccedilatildeo com pescadoras de uma associaccedilatildeo de um

municiacutepio do Recocircncavo baiano por meio de oficinas em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP)

tendo como preocupaccedilatildeo a temaacutetica da seguranccedila de alimentos e constataram que o processo

formativo se constituiu como uma das estrateacutegias para o fortalecimento das praacuteticas

organizacionais sendo uma das alternativas eficientes de faacutecil execuccedilatildeo e baixo custo que

podem ser aplicadas para atender agraves exigecircncias da inspeccedilatildeo sanitaacuteria Neste caso os

30

pesquisadores reportaram que 100 das pescadoras natildeo haviam recebido treinamento anterior

sobre as BPP

Noacutebrega (2013) desenvolveu estudo de intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade pesqueira do municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde-BA utilizando como temas de

treinamento a conservaccedilatildeo do pescado e a higiene do manipulador verificando a partir dos

padrotildees microbioloacutegicos que 970 das amostras de mariscos estavam em conformidade com a

legislaccedilatildeo apoacutes o treinamento representando uma melhoria na qualidade dos produtos

beneficiados

Menezes e Campos (2014) relatam trabalho de extensatildeo na comunidade pesqueira de

Mangue Seco Valenccedila-BA entre 2012 e 2014 por meio de cursos palestras e oficinas com o

objetivo de propiciar a difusatildeo de conhecimentos bem como o aprimoramento de praacuteticas

voltadas para a melhoria da mariscagem Entre as atividades foram realizados cursos sobre

tecnologia de pescado boas praacuteticas de produccedilatildeo e artesanato em escamas de peixe Segundo as

autoras apesar das oficinas proporcionarem melhorias dos processos produtivos mostrou

fragilidades na perspectiva da organizaccedilatildeo e coesatildeo do grupo na perspectiva do

desenvolvimento social

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Capiacutetulo II

FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA MARISQUEIRAS UMA

EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA BAIacuteA DE TODOS OS

SANTOS BRASIL

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Abner Victor da Silva Teixeirab Aline Natana da

Silva Machadob Suelen Giffoni Arauacutejob Joseacute Acircngelo Wenceslau Goacuteesc Ryzia de Caacutessia

Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

As marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo passadas de geraccedilatildeo

em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o pescado que

compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade Assim este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com as

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas estavam a exposiccedilatildeo dialogada as dinacircmicas

de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de fotos do trabalho na

mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade formativa

o que pode estar associado agraves metodologias utilizadas e agrave maior aproximaccedilatildeo entre os

instrutores e a comunidade com trocas de experiecircncias As estrateacutegias de intervenccedilatildeo

resultaram em mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos conquanto ainda

houvesse falhas que sinalizaram a necessidade de aperfeiccediloamentos e que a estrutura fiacutesica

dos locais de beneficiamento fosse inadequada Os resultados evidenciam a aplicabilidade de

estrateacutegia educativa em seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma

demanda de educaccedilatildeo continuada e de suporte estrutural agrave cadeia produtiva para o alcance de

maior eficaacutecia

Palavras-chave pesca artesanal treinamento qualidade de alimentos seguranccedila alimentar e

nutricional

40

Abstract

The shellfish pickers follow practices of fishing and processing that are passed from

generation to generation without specific training to work with seafood which comprises a

kind of animal product of high perishability This study aimed to describe a training strategy

in food safety for shellfish pickers of Ilha das Fontes community Satildeo Francisco do Conde

Brazil An intervention study was carried out following six stages survey of community

interest topics raising awareness in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers

before training training in Good Manufacturing Practices of food in situ monitoring of

routine work after training and conversation wheel with shellfish pickers Among the

methodologies dialogued exposure group dynamics the conversation wheel practical

simulations the exhibition of photos of the work in shellfishing and videos were used It was

verified a good adhesion of shellfish pickers to the formative activity which may be

associated with the methodologies used and the closer relationship between the teachers and

the community with exchanges of experience Intervention strategies resulted in positive

changes in the processing of shellfish although there were still failures that signaled the need

for improvements and that the physical structure of the places of processing were inadequate

The results showed the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing although it is registered a demand for continuing education and structural support to

the supply chain in order to achieve greater efficiency

Key words artisanal fishing training food quality food security

1Introduccedilatildeo

A pesca compreende importante cadeia na produccedilatildeo de alimentos em todo o mundo

Aleacutem de contribuir para a oferta de alimentos de elevada qualidade nutricional o setor

permite a inserccedilatildeo 583 milhotildees de trabalhadores diretos e indiretos o que tambeacutem colabora

para a renda e para promover a seguranccedila alimentar (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal participa com 45 da produccedilatildeo nacional de pescado -

com registro de 1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado e emprega cerca de um milhatildeo

de trabalhadores incluindo homens e mulheres (BRASIL 2014) Entretanto esta cadeia tem

sido marcada por fragilidades na sua conduccedilatildeo uma vez que historicamente natildeo contou com

poliacuteticas para apoio ao seu desenvolvimento Assim em grande parte do paiacutes registra-se a

atividade como um trabalho ruacutestico com baixa tecnologia de pesca e de conservaccedilatildeo do

pescado capturado o que implica em perda da qualidade do produto (VASCONCELLOS

DIEGUES e SALES 2004 SILVA 2011)

Dadas as caracteriacutesticas geograacuteficas do paiacutes a pesca artesanal inclui tanto aacutereas

costeiras quanto aquelas de bacias hidrograacuteficas Ainda inclui a coleta de pescado em aacutereas

de mangue onde eacute comum a atividade de mulheres Estas conhecidas popularmente como

41

marisqueiras satildeo responsaacuteveis pela coleta de mariscos para a complementaccedilatildeo da renda

familiar e tambeacutem para subsistecircncia (FREITAS et al 2012)

No seu ofiacutecio as marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo

passadas de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o

pescado que compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade

(VIEIRA 2004 FREITAS et al 2012) Assim ainda em que pese o conhecimento da

tradiccedilatildeo o pescado procedente desta atividade tem se configurado como uma preocupaccedilatildeo na

perspectiva da seguranccedila de alimentos De acordo com estudos realizados junto a essa cadeia

no paiacutes os mariscos obtidos tecircm apresentado alteraccedilotildees de natureza quiacutemica e

microbioloacutegica o que potencializa riscos para as proacuteprias comunidades e para os

consumidores (VIEIRA et al 2006 NASCIMENTO et al 2011)

Nesse cenaacuterio poliacuteticas recentes tecircm se voltado para o setor de modo a fortalecer esta

cadeia contribuindo para melhores condiccedilotildees de trabalho e a maior oferta de alimentos em

atendimento a requisitos sanitaacuterios Dentre as vertentes de apoio ao setor inclui-se o

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo que compreende importante estrateacutegia para

ensinar habilidades propiciar a aprendizagem ativa e aumentar a percepccedilatildeo de risco (NIETO-

MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 CUNHA et al 2013)

Entretanto sabe-se que programas de formaccedilatildeo que proporcionam apenas informaccedilotildees

teoacutericas natildeo resultam em mudanccedilas imediatas de comportamento dos manipuladores de

alimentos Deste modo as atividades formativas devem contemplar atividades teoacutericas e

praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos possam colocar em praacutetica o conhecimento

adquirido (SOARES et al 2013) Em adiccedilatildeo a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do programa conduzido

eacute uma parte criacutetica do treinamento uma vez que permite que os implementadores avaliem o

desempenho alcanccedilado (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008

MEDEIROS et al 2011)

Assim considerando a extensatildeo da praacutetica da pesca artesanal no litoral baiano o

contexto de rusticidade desta atividade e de baixa qualidade sanitaacuteria do pescado obtido este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos Brasil

42

2 Material e meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil como parte do

projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA

estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo1

O projeto conta com aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica da Escola de Nutriccedilatildeo da

Universidade Federal da Bahia (Parecer no 2265922014) (ANEXO I) e as atividades junto agrave

comunidade foram conduzidas no periacuteodo de marccedilo de 2014 a fevereiro de 2015

21 Seleccedilatildeo do local

A escolha da comunidade para a realizaccedilatildeo do estudo resultou de um conjunto de

condiccedilotildees que favoreceram o desenvolvimento das atividades de intervenccedilatildeo a atividade

pesqueira na Ilha ter atuaccedilatildeo marcada pela mariscagem a boa receptividade da equipe de

pesquisa pela comunidade e pelos liacutederes comunitaacuterios e a disponibilidade local de

instalaccedilotildees passiacuteveis de uso para a realizaccedilatildeo de atividades formativas - na Ilha conta-se com

uma sede comunitaacuteria com instalaccedilotildees fiacutesicas que permitiam os encontros com as

marisqueiras e a implementaccedilatildeo das atividades formativas

22 Programa de intervenccedilatildeo

A proposta de programa de intervenccedilatildeo foi planejada por uma equipe multidisciplinar

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e

contou com a participaccedilatildeo da comunidade

A intervenccedilatildeo consistiu em seis etapas (Figura 1)

I Sondagem de temas de interesse para a comunidade por meio da aplicaccedilatildeo de um

questionaacuterio semi-estruturado (ANEXO A)

II Encontro de sensibilizaccedilatildeo conduzido por meio de palestras atividades interativas e

relatos de experiecircncia de marisqueiras de outra comunidade jaacute qualificadas em processos

formativos com o objetivo de despertar a comunidade sobre a importacircncia da qualidade e da

seguranccedila do pescado

1 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

43

III Acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras desde a captura nos

manguezais ateacute o beneficiamento do pescado em casa Para avaliar as Boas Praacuteticas no

beneficiamento dos mariscos aplicou-se um check list (ANEXO B) elaborado com base na

RDC nordm2162004 (BRASIL 2004) e observando adaptaccedilotildees agrave realidade local contemplando

oito blocos 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4

Abastecimento de aacutegua 5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas

preparo dos mariscos e embalagens

IV Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos com desenvolvimento de

atividades educativas participativas para estimular o manuseio seguro do pescado nos

diferentes estaacutegios de processamento

V Novo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras realizado sessenta

dias apoacutes o treinamento com reaplicaccedilatildeo de check list

VI Roda de conversa com as marisqueiras desenvolvida com o auxiacutelio de roteiro de

perguntas para verificar a eficaacutecia da accedilatildeo educativa realizada identificando fatores que

facilitaram e dificultaram a mudanccedila de comportamento

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015

44

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias

Todo o planejamento das atividades de treinamento foi realizado por meio de reuniotildees

de consenso levando em conta as demandas dos participantes e incentivando-os a demonstrar

seus conhecimentos e praacuteticas de modo a aproveitar a experiecircncia local como base para a

construccedilatildeo de novos conhecimentos

De modo preacutevio ao treinamento foi feita a inscriccedilatildeo dos participantes com o

propoacutesito de levantar informaccedilotildees sobre o quantitativo de pessoas bem como dos dados

socioeconocircmicos do grupo considerando caracteriacutesticas quanto agrave idade agrave escolaridade agrave

renda e agrave participaccedilatildeo em treinamento anterior (APEcircNDICE A) No entanto metades dos

inscritos natildeo estiveram presentes no evento enquanto que outras pessoas que natildeo estavam

inscritas compareceram Assim para os novos interessados tambeacutem foram preenchidas fichas

com os referidos dados

As metodologias empregadas durante a realizaccedilatildeo das atividades compreenderam

exposiccedilatildeo dialogada usando um projetor multimiacutedia dinacircmicas de grupo rodas de conversa

simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de coleta e beneficiamento de mariscos e

viacutedeos Tambeacutem foram confeccionados materiais didaacuteticos de apoio e feita a gravaccedilatildeo da

atividade de roda de conversa para fins de registro e transcriccedilatildeo dos discursos das

marisqueiras Ao final da atividades formativa as marisqueiras receberam certificado de

realizaccedilatildeo do curso como forma de valorizaccedilatildeo e de incentivo pela participaccedilatildeo nas

atividades (APEcircNDICE B)

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias

Para conhecer a percepccedilatildeo dos participantes quanto aos meacutetodos utilizados na

formaccedilatildeo foi solicitado a eles apoacutes a atividade de formaccedilatildeo especiacutefica em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o preenchimento de um formulaacuterio de avaliaccedilatildeo (ANEXO D) que considerou os

seguintes itens explicaccedilatildeo dos assuntos recursos utilizados ritmo de atividades

esclarecimento de duacutevidas aprendizagem individual e sugestotildees para atividades futuras

Para avaliar os itens indicados utilizou-se uma escala estruturada com cinco

categorias de respostas peacutessimo ruim regular bom e excelente Para tratamento das

respostas as categorias tiveram valores numeacutericos equivalentes que variaram de um a cinco

na mesma ordem sendo a meacutedia aritmeacutetica de cada indicador calculada e as perguntas

restantes verificadas por frequecircncia de respostas

45

25 Anaacutelise de dados

Os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Excel e apresentados sob

a forma de estatiacutestica descritiva com uso de graacuteficos e tabelas para melhor explicaccedilatildeo dos

resultados alcanccedilados

3 Resultados e Discussatildeo

31 Programa de intervenccedilatildeo

311 Sondagem

A sondagem foi realizada com 32 marisqueiras da Ilha que atuavam ativamente na

pesca artesanal sendo possiacutevel obter uma descriccedilatildeo das expectativas de temas de interesse de

modo a abarcar melhor alguns destes no treinamento posto que determinados assuntos

escapavam ao foco de seguranccedila de alimentos Conforme os resultados foram levantados os

seguintes temas conservaccedilatildeo do pescado (30) benefiacutecios do pescado (225) informaccedilotildees

sobre o pescado (175) sauacutede do trabalhador (equipamentos de proteccedilatildeo - EPI) (15)

melhoria da qualidade do pescado (125) pesca e geraccedilatildeo de renda (cada um destes com

75 das indicaccedilotildees) e higienizaccedilatildeo do ambiente de processamento e artesanato com pescado

(cada um com 25)

Conforme Abushelaibi et al (2015) para que um programa de treinamento seja bem

sucedido eacute preciso que seja feito um planejamento cuidadoso devendo-se levar em

consideraccedilatildeo as necessidades dos participantes Deste modo a sondagem constituiu um dos

primeiros momentos de contato e de escuta agraves demandas de conhecimento junto agrave

comunidade Segundo Leite et al (2011) a sondagem possibilita uma construccedilatildeo mais

orientada do curso estimulando mudanccedilas positivas de comportamento jaacute que as

necessidades do populaccedilatildeo-alvo tornam-se conhecidas

312 Sensibilizaccedilatildeo

A atividade de sensibilizaccedilatildeo denominada ldquoEncontro com marisqueiras da Ilha das

Fontes um dedinho de prosa sobre trabalho e qualidade dos mariscosrdquo foi realizada em um

uacutenico dia com duraccedilatildeo de quatro horas e contou com a participaccedilatildeo de 15 marisqueiras que

natildeo foram necessariamente as mesmas que participaram da sondagem

46

O conteuacutedo programaacutetico apresentado compreendeu relato das marisqueiras da Ilha

do Paty sobre a atividade de formaccedilatildeo preacutevia realizada pelo projeto nesta Ilha valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras qualidade do marisco (indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) e resultados de diagnoacutestico de avaliaccedilatildeo da qualidade de mariscos de Satildeo

Francisco do Conde e especificamente a situaccedilatildeo da Ilha das Fontes

Nesse sentido a sensibilizaccedilatildeo dos participantes visava realccedilar a contribuiccedilatildeo social e

alimentar do trabalho na pesca artesanal promover maior conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia

da inocuidade dos alimentos envolvidos e despertar a comunidade para a possibilidade de

participar de programas de formaccedilatildeo profissional dentro de um grupo que compartilhava um

mesmo ambiente de vida e trabalho

Com o relato das marisqueiras da Ilha do Paty que viviam estaacutegio mais avanccedilado de

intervenccedilatildeo educativa (NOBREGA et al 2014) buscava-se demostrar uma experiecircncia

formativa exitosa em regiatildeo proacutexima motivando a comunidade para a atividade a ser

desenvolvida

O tema da valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras foi abordado a fim de ampliar a

percepccedilatildeo da comunidade sobre a importacircncia da profissatildeo para o abastecimento local de

pescado e para geraccedilatildeo de renda para muitas famiacutelias Nesse contexto Freitas et al (2012)

pontuam que o conhecimento das marisqueiras deve ser valorizado uma vez que haacute um

volume significativo de carne de mariscos sendo extraiacutedo com contribuiccedilatildeo para o

abastecimento de pescado Aleacutem disso a atividade desenvolvida deve ser considerada como

forma de dar reconhecimento agrave atividade e proteger do modo de vida dessas populaccedilotildees posto

que encerram tradiccedilotildees

Ainda foram apresentadas noccedilotildees referentes aos indicadores de qualidade do pescado -

sensorial microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica na perspectiva da seguranccedila do alimento Com este

conteuacutedo esperava-se melhorar a compreensatildeo dos resultados de estudo diagnoacutestico obtidos

pelo projeto maior que seriam apresentados considerando anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-

quiacutemicas de mariscos coletados no municiacutepio Posto que estes resultados natildeo eram bons

buscava-se despertar a comunidade quanto aos riscos sanitaacuterios dos produtos beneficiados na

regiatildeo e para a responsabilidade com a sauacutede dos consumidores

Onyeneho e Hedberg (2013) em estudo sobre seguranccedila de alimentos na Nigeacuteria

relatam que a sensibilizaccedilatildeo e a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos devem

inicialmente chamar a atenccedilatildeo das pessoas sobre o tamanho do problema e em seguida

treinaacute-las sobre como lidar com os alimentos corretamente e com seguranccedila explicitando a

melhor forma de manusear corretamente o alimento em ambiente higiecircnico

47

313 Acompanhamento in loco antes

O acompanhamento in loco foi feito com um grupo de quatro marisqueiras que se

propuseram a participar de todo o programa de intervenccedilatildeo Durante a atividade ainda nos

locais de captura dos mariscos constatou-se que o trabalho das marisqueiras compreendia um

esforccedilo muito grande posto que a pesca ocorria em aacutereas mais distantes da Ilha necessitando

caminhadas agrave peacute ou deslocamentos com canoas Ao mesmo tempo observou-se que a

movimentaccedilatildeo no mangue exige maior resistecircncia fiacutesica equiliacutebrio e praacutetica para identificar

os locais de apanha e que as posturas adotadas na realizaccedilatildeo do trabalho natildeo seguiam

qualquer padratildeo ergonocircmico sobrecarregando o corpo

Em estudo conduzido por Costa et al (2012) tambeacutem na Bahia similarmente

verificou-se que as marisqueiras se deslocavam com embarcaccedilotildees ou ateacute mesmo agrave peacute para a

coleta de mariscos e possuiacuteam uma longa jornada de trabalho sempre definida pela mareacute

Quanto ao trabalho Pena Freitas e Cardim (2011) pontuam que a exposiccedilatildeo das

marisqueiras aos riscos da pesca tem iniacutecio na infacircncia quando manuseiam os instrumentos

de pesca e caminham sobre as pedras e os mangues sob o sol e condiccedilotildees climaacuteticas adversas

sem qualquer proteccedilatildeo Os autores observam ainda que os riscos referentes aos fatores

externos se acumulam ao longo da vida laboral e se somam agraves condiccedilotildees de vida que

repercutem negativamente no crescimento

Conforme Pena Martins e Rego (2013) a precariedade da atividade artesanal impotildee

uma conformaccedilatildeo nociva do corpo ao trabalho com ritmos extenuantes movimentos

repetitivos sem pausas posturas inadequadas e outros condicionantes prejudiciais agrave sauacutede

resultando em quadros de doenccedilas associadas ao trabalho dentre estas a Lesatildeo por Esforccedilo

Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT)

Com relaccedilatildeo agraves praacuteticas com os mariscos em domiciacutelio a observaccedilatildeo da rotina de

beneficiamento dos mariscos e a aplicaccedilatildeo do check list permitiram identificar o natildeo

atendimento a diferentes requisitos sanitaacuterios

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios as principais falhas

incluiacuteram a presenccedila de objetos em desuso e de animais de estimaccedilatildeo na aacuterea de manipulaccedilatildeo

dos mariscos Ainda verificou-se que os utensiacutelios e a mesa utilizados natildeo apresentavam

superfiacutecies lisas e impermeaacuteveis propiciando contaminaccedilotildees

Quanto agrave higiene das instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios evidenciou-se que a aacuterea

de manipulaccedilatildeo dos mariscos compreendia o quintal da casa que era de difiacutecil higienizaccedilatildeo ndash

aacuterea de terra com vegetaccedilatildeo natural (mato) e animais circulando - galinhas e muitos objetos

48

em desuso natildeo sendo registrada a limpeza da aacuterea ao teacutermino do trabalho A higienizaccedilatildeo

dos utensiacutelios era procedida somente ao final das atividades em uma bacia

Em relaccedilatildeo ao abastecimento de aacutegua apesar dos reservatoacuterios estarem com tampa e

em bom estado de conservaccedilatildeo ficavam proacuteximos ao solo e de faacutecil acesso o que pode

favorecer a contaminaccedilatildeo Aleacutem disso natildeo havia registro e adequada frequecircncia de limpeza

desses reservatoacuterios Na Ilha era frequente o armazenamento da aacutegua em toneacuteis com tampa

proacuteximos ao chatildeo e por vezes o abastecimento de aacutegua natildeo acontecia de modo frequente

Quanto ao controle de vetores e pragas urbanas constatou-se a presenccedila de insetos e

animais na aacuterea de manipulaccedilatildeo Nos domiciacutelios se dispunha de inseticida devidamente

registrado contudo natildeo havia medidas preventivas para evitar a incidecircncia de vetores e

pragas no local

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos os recipientes de lixo estavam sem tampas e

localizados na aacuterea de manipulaccedilatildeo permitindo o acesso a pragas e animais constituindo

tambeacutem fonte de contaminaccedilatildeo A coleta de lixo na regiatildeo natildeo era realizada regularmente

sendo o lixo incinerado nos quintais diariamente

As marisqueiras apresentavam unhas longas com esmaltes e utilizavam adornos

(reloacutegio) Tambeacutem natildeo se observou a utilizaccedilatildeo de luvas e a lavagem das matildeos de forma

frequente e adequada

Quanto ao beneficiamento dos mariscos especificamente constatou-se que eram

lavados apenas com aacutegua do mar dispostos em panela de alumiacutenio jaacute desgastada pelo tempo

com aacutegua potaacutevel e submetidos agrave cocccedilatildeo em trempe com lenha - a sequecircncia das etapas desde

a captura ateacute o beneficiamento encontra-se ilustrada na Figura 2 A panela tinha tampa de

alumiacutenio para acelerar a cocccedilatildeo e durante este processo natildeo havia controle do tempo de

contato do marisco com a aacutegua fervente

Concluiacuteda a cocccedilatildeo para facilitar a retirada da carne seguia-se um raacutepido

resfriamento agrave temperatura ambiente em caixa vazada colocada dentro de uma bacia de

alumiacutenio disposta no chatildeo Para extraccedilatildeo da carne os mariscos eram colocados sobre

plaacutesticos que forravam o chatildeo ou dentro de bacias Nesta etapa tambeacutem natildeo havia controle do

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente desde a cocccedilatildeo ateacute o momento do

acondicionamento o que em muitos casos excedia uma hora

A carne extraiacuteda era colocada em bacias com aacutegua potaacutevel para lavagem Em seguida

os mariscos eram espremidos para remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com as matildeos nuas e

porcionados em embalagens plaacutesticas de um quilo Os produtos acondicionados entatildeo eram

levados para congelamento em refrigerador domeacutestico

49

Figura 2 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes antes da estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Ambiente de manipulaccedilatildeo dos mariscos 3-5Cocccedilatildeo dos

mariscos 6 Resfriamento agrave temperatura ambiente 7-8 Extraccedilatildeo da carne dos mariscos 9 Porcionamento da

carne extraiacuteda na embalagem

Pela descriccedilatildeo observa-se um contexto de trabalho muito ruacutestico rico em

oportunidades para contaminaccedilatildeo dos produtos o que em muito contribui para a perda da

qualidade dos mariscos produzidos compondo um quadro de precariedade que guarda

similaridades com relatos de outros autores no Nordeste (DIAS ROSA e DAMASCENO

2007 PENA FREITAS e CARDIM 2011 PENA MARTINS e REGO 2013) Ao mesmo

tempo haacute que se ter em mente que esta condiccedilatildeo foi histoacuterica e socialmente construiacuteda -

existe como parte da tradiccedilatildeo local A situaccedilatildeo do trabalho na comunidade apenas reflete o

contexto de baixo desenvolvimento social do municiacutepio e de insuficiecircncia de poliacuteticas de

apoio agrave pesca

1 2 3

4 5 6

7 8 9

50

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos

O treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos contou com a participaccedilatildeo

de 32 pessoas cujas caracteriacutesticas socioeconocircmicas encontram-se sumariadas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes do

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

CARACTERIacuteSTICAS N

SEXO

Feminino 31 969

Masculino 1 31

IDADE (em anos)

12-18 1 31

19- 59 28 875

ge 60 3 94

ESTADO CIVIL

Solteiro 10 312

Casado Uniatildeo Estaacutevel 17 531

SeparadoDivorciado 2 63

Viuacutevo 3 94

ESCOLARIDADE

Analfabeto 1 31

Ensino fundamental completoincompleto 14 438

Ensino meacutedio completoincompleto 17 531

Ensino superior completoIncompleto 0 00

RENDA

lt 1Salaacuterio Miacutenimo 20 625

1-2 Salaacuterios Miacutenimos 12 375

ge 3 Salaacuterios Miacutenimos 0 00

TREINAMENTO ANTERIOR EM BOAS PRAacuteTICAS

Sim 1 31

Natildeo 31 969

Verificou-se que a maioria dos participantes eram mulheres (969) com idade adulta

(875) casadas ou em uniatildeo estaacutevel (531) Nesse sentido argumenta-se que a

predominacircncia de mulheres no curso reflete a segmentaccedilatildeo de gecircnero para a mariscagem que

eacute historicamente descrita na regiatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011) embora homens

tambeacutem sejam encontrados na atividade

51

Na divisatildeo do trabalho da pesca artesanal a questatildeo do gecircnero eacute marcante na qual a

extraccedilatildeo de mariscos eacute realizada principalmente por mulheres e crianccedilas na praia e no

mangue sendo uma extensatildeo dos aspectos bioloacutegicos do corpo da mulher As mulheres

desenvolvem todo o procedimento de captura e beneficiamento do marisco em adiccedilatildeo ao

trabalho domeacutestico tradicional configurando uma dupla jornada (PENA FREITAS e

CARDIM 2011) Aleacutem disso eacute fato que as mulheres detecircm maior conhecimento sobre as

praacuteticas com os alimentos e a sua seguranccedila desenvolvendo melhor as praacuteticas de

manipulaccedilatildeo do alimento que os homens (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE

2008 CONTRERAS e GRACIA 2011)

No que concerne agrave idade os achados aproximam-se do estudo de Costa et al (2012)

que reportam a totalidade das mulheres na faixa etaacuteria entre 30 e 45 anos sendo que 803

destas sabiam ler e escrever e 667 tinham a pesca como uacutenica fonte de renda

Quanto agrave escolaridade constatou-se que as marisqueiras em sua maior parte tinham

ensino meacutedio incompleto ou completo (531) Freitas et al (2012) em Barra Grande-PI

evidenciaram que 4756 das marisqueiras possuiacuteam ensino fundamental completo ou grau

de escolaridade superior demonstrando um potencial para a captaccedilatildeo e repasse de

informaccedilotildees a serem disponibilizadas

Na Ilha das Fontes a maioria das marisqueiras apresentou renda familiar mensal

inferior a um salaacuterio miacutenimo (625) proveniente da comercializaccedilatildeo dos mariscos que era

complementada com benefiacutecio social do municiacutepio pelo Programa de Acolhimento Social de

Complementaccedilatildeo de Renda (PAS)

Pena Freitas e Cardim (2011) em seu trabalho na Ilha de Mareacute-BA entre os anos de

2005 e 2007 verificaram uma renda meacutedia mensal por marisqueira de apenas cinquenta

reais Dado o contexto os autores enfatizam a inexistecircncia de contrato de trabalho na pesca

artesanal uma vez que natildeo haacute emprego ou assalariamento pois a atividade eacute desenvolvida

individualmente ou em grupos familiares e dessa forma a precariedade social impotildee ritmo

intenso de trabalho para gerar mais produtos agrave venda

A quase totalidade (969) das marisqueiras da Ilha das Fontes natildeo tinha treinamento

preacutevio em Boas Praacuteticas na manipulaccedilatildeo de alimentos Resultados semelhantes foram

reportados por Costa et al (2012) que descrevem a ausecircncia de treinamento em Boas

Praacuteticas entre as pescadoras de uma comunidade pesqueira na Bahia

Nesse sentido a realidade observada contrasta com a RDC nordm 2162004 que dispotildee

sobre as Boas Praacuteticas para Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo estabelece que os manipuladores de

52

alimentos devem ser capacitados periodicamente em higiene pessoal em manipulaccedilatildeo

higiecircnica dos alimentos e em doenccedilas transmitidas por alimentos (BRASIL 2004)

O treinamento denominado ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo foi realizado em trecircs tardes consecutivas com duraccedilatildeo

total de 10 horas e teve como tema principal a manipulaccedilatildeo segura nos diferentes estaacutegios do

beneficiamento dos mariscos

Entre os temas trabalhados constaram as Boas Praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos

a higiene pessoal a higiene dos utensiacutelios e equipamentos e do ambiente a qualidade da aacutegua

os principais cuidados na captura manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo dos mariscos os aspectos de

sauacutede do trabalhador e o uso de EPI Aleacutem disso foram reforccedilados os temas relativos agrave

valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras e o diagnoacutestico da qualidade dos mariscos locais

bem como distribuiacutedos os seguintes materiais didaacuteticos de apoio texto de valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras Cartilha da marisqueira para a Boas Praacuteticas (ANEXO E) Cartilha

sobre LER e DORT (ANEXO F) e o Guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua (ANEXO G)

Durante o desenvolvimento dessa atividade foi feito o detalhamento das etapas do

beneficiamento dos mariscos com participaccedilatildeo ativa das marisqueiras dando-se foco agrave

necessidade de adoccedilatildeo de cuidados de higiene e conservaccedilatildeo com vistas agrave promoccedilatildeo da

seguranccedila do alimento e proteccedilatildeo da sauacutede dos consumidores A utilizaccedilatildeo de metodologias

como viacutedeos painel de praacuteticas jogo do certo e errado exposiccedilatildeo de fotos da realidade local e

os trabalhos em grupo contribuiacuteram para apreensatildeo do conhecimento acerca dos temas

abordados

Em estudos relacionados agrave formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos para manipuladores

foram observadas como metodologias de aprendizagem o uso de recursos audiovisuais como

fotos obtidas durante visitas anteriores mostrando situaccedilotildees e viacutedeos Aleacutem disso foram

reportadas a introduccedilatildeo de toacutepicos de discussatildeo e demonstraccedilotildees praacuteticas que contribuiacuteram

para apreensatildeo dos conhecimentos e melhoria dos haacutebitos de higiene (NIETO-

MOTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 SOARES et al 2013)

Soon e Baines (2012) em estudo no Reino Unido desenvolveram um treinamento

com agricultores e trabalhadores de fazendas utilizando quatro tipos de materiais educativos

de seguranccedila de alimentos incluindo a cartilha sobre a seguranccedila de alimento e na fazenda

slides viacutedeo sobre as praacuteticas de seguranccedila de produtos frescos e a demonstraccedilatildeo da praacutetica

de higienizaccedilatildeo das matildeos Os autores relataram que o programa de treinamento educacional

foi bem sucedido melhorando o conhecimento dos participantes acerca do tema

53

Na literatura consultada verificaram-se poucos estudos acerca da formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos no acircmbito da pesca artesanal cuja realidade de manipulaccedilatildeo dos

alimentos difere muitas de ambientes como escolas induacutestrias empresas e outros onde haacute a

possibilidade de maior controle dos fatores que podem estar influenciando na qualidade dos

produtos Apesar desse quadro alguns estudos relacionados agraves BPP foram realizados com

pescadoras e marisqueiras na Bahia

No trabalho de Costa et al (2012) que investigou conceitos e atitudes para produccedilatildeo

segura de alimentos por meio de entrevistas e observaccedilatildeo verificou-se que as BPP eram

percebidas como sinocircnimo de higiene e de permissatildeo para comercializaccedilatildeo do pescado sem

reclamaccedilotildees Contudo os autores notaram que as participantes natildeo detinham noccedilotildees quanto

aos procedimentos de BPP na implementaccedilatildeo das suas atividades

Noacutebrega et al (2014) realizaram uma intervenccedilatildeo em BPP empregando como

metodologias exposiccedilotildees dialogadas dinacircmicas de grupos oficinas teatro jogos com de

imagens atividades dirigidas e a distribuiccedilatildeo de materiais didaacuteticos Segundo os autores a

experiecircncia demonstrou o potencial de desenvolvimento de atividades educativas junto agraves

comunidades pesqueiras com resultados que contribuiacuteram para o fortalecimento da cadeia

produtiva local com promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Para Mcintyrea et al (2014) programas de intervenccedilatildeo que incluem a formaccedilatildeo

multidimensional com atividades praacuteticas e recursos de miacutedia interativa podem melhorar os

resultados de formaccedilatildeo Nessa direccedilatildeo Deon et al (2014) pontuam que uma variedade de

recursos audiovisuais podem ser utilizadas pelos educadores para difundir mensagens sobre a

seguranccedila dos alimentos e ajudar no desenvolvimento de programas educativos que abordam

diretamente o assunto

Para Medeiros et al (2011) cartazes e folhetos podem ser usados para lembrar aos

manipuladores das praacuteticas que devem ser executadas podendo ser postados em paredes em

locais apropriados no local de trabalho As fotografias por sua vez podem permitir que os

participantes identifiquem e analisem os problemas e outras questotildees que mais interessem em

suas comunidades (BAILEY e VAN HARKEN 2014) os viacutedeos podem enfatizar conceitos

importantes e manter o interesse dos telespectadores (SOON e BAINES 2012) e o uso de

jogos em treinamentos proporciona amplas oportunidades de exerciacutecio e praacutetica reforccedilando

assim a retenccedilatildeo de informaccedilotildees (MAC NAMEE et al 2006)

Conforme Robertson et al (2013) o propoacutesito do treinamento natildeo deve ser somente o

aumento de conhecimento das praacuteticas pelos manipuladores de alimentos mas sim capacitaacute-

los a praticar estes comportamentos em todos os momentos criando uma verdadeira cultura de

54

seguranccedila do alimento Nesse processo no entanto eacute necessaacuterio entender aspectos que afetam

o comportamento do manipulador de alimentos e como ele interage com as suas crenccedilas e os

niacuteveis de conhecimento (ABUSHELAIBI et al 2015)

Os resultados da avaliaccedilatildeo do treinamento realizada pelos participantes encontram-se

ilustrados na Figura 3 Como se verifica as notas de avaliaccedilatildeo foram satisfatoacuterias com

meacutedias acima de quatro demonstrando que os participantes consideraram o treinamento entre

bom e oacutetimo

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo do treinamento em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos realizado junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

Resultados similares foram reportados no estudo de Soon e Baines (2012) no qual

mais de 80 dos participantes consideraram o conteuacutedo de formaccedilatildeo satisfatoacuterio e de faacutecil

compreensatildeo e que nenhum deles considerou o treinamento longo ou complicado

Na formaccedilatildeo com as marisqueiras o item de avaliaccedilatildeo de maior meacutedia foi a

explicaccedilatildeo dos assuntos demonstrando que a forma de abordagem dos conteuacutedos tornou faacutecil

o entendimento favorecendo a apreensatildeo dos conhecimentos O item de menor meacutedia foi o

referente ao esclarecimento de duacutevidas o que pode estar relacionado a conteuacutedos mais

especiacuteficos ou teacutecnicos das BPP

Para Prado et al (2006) educar eacute contribuir para a formaccedilatildeo do ser humano criando

possibilidades para produccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Ainda compreende uma relaccedilatildeo

que envolve respeito eacutetica reconhecimento do outro e de si mesmo buscando autonomia

55

Em relaccedilatildeo agraves sugestotildees referidas pelas marisqueiras para melhorias futuras da

atividade educativa constaram o maior tempo para realizaccedilatildeo do curso a maior participaccedilatildeo

da comunidade no treinamento e a realizaccedilatildeo de mais atividades praacuteticas Noacutebrega (2013)

tambeacutem encontrou como sugestotildees para melhoria da atividade formativa a maior participaccedilatildeo

da comunidade no curso e um periacuteodo maior para realizaccedilatildeo das atividades com espaccedilo para

responder aos questionamentos o que expressa uma demanda da comunidade

Pelos resultados destaca-se uma preocupaccedilatildeo dos participantes para que outras

marisqueiras tambeacutem tivessem oportunidade de formaccedilatildeo o que pode ser interpretado como

uma valorizaccedilatildeo do curso Quanto ao tempo por outro lado ainda natildeo haacute estudos que

estabeleccedilam qual seria a carga horaacuteria ideal no contexto da pesca artesanal ndash entatildeo

considerando estudo preacutevio de Noacutebrega et al (2014) previu-se uma maior extensatildeo mas que

ainda foi pontuada como insuficiente pelo grupo

Nesse contexto considera-se que a avaliaccedilatildeo do programa de treinamento em

seguranccedila do alimento eacute uma parte criacutetica uma vez que permite que os implementadores

avaliem a sua eficaacutecia (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008) Ao mesmo

tempo compreende oportunidade para o aperfeiccediloamento do processo na perspectiva dos

vaacuterios elementos passiacuteveis de mensuraccedilatildeo ndash meacutetodos adotados conhecimento acumulado

mudanccedilas de comportamento e melhoria da qualidade do produto

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo

Essa etapa foi realizada com as quatro marisqueiras que participaram do

acompanhamento in loco anterior ao treinamento Os resultados do acompanhamento in loco

poacutes-intervenccedilatildeo em relaccedilatildeo aos resultados da avaliaccedilatildeo inicial satildeo exibidos na Figura 4

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios notou-se uma reduccedilatildeo

das inadequaccedilotildees apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda que objetos em desuso estivessem presentes os

animais foram isolados da aacuterea de manipulaccedilatildeo Nesse sentido observou-se que as residecircncias

onde o beneficiamento dos mariscos era feito muitas vezes apresentavam estrutura precaacuteria

Aleacutem disso as marisqueiras tinham baixo poder aquisitivo o que inviabilizava a construccedilatildeo

de local com instalaccedilotildees proacuteprias com equipamentos e utensiacutelios necessaacuterios agrave melhor

manipulaccedilatildeo do alimento Por isso o beneficiamento continuava sendo realizado na aacuterea

externa das residecircncias local onde eram realizadas tambeacutem outras atividades domeacutesticas

56

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto ao

atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das Fontes Satildeo

Francisco do Conde-BA 20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4 Abastecimento de aacutegua

5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas preparo dos mariscos e embalagens

Utensiacutelios em bom estado de conservaccedilatildeo passaram a ser utilizados conquanto a mesa

disponiacutevel fosse a mesma Deste modo as marisqueiras passaram a utilizar um plaacutestico

transparente sobre a mesa o que facilitava a higienizaccedilatildeo e diminuiacutea riscos de contaminaccedilatildeo

Nessa direccedilatildeo ressalta-se que a limpeza das superfiacutecies que entram em contato com os

alimentos compreende cuidado essencial para a seguranccedila do alimento e para a prevenccedilatildeo de

contaminaccedilatildeo cruzada enfatizando-se as etapas de limpeza e sanitizaccedilatildeo Todavia quando as

praacuteticas de higiene satildeo deficientes podem resultar na formaccedilatildeo de biofilmes na superfiacutecie de

equipamentosutensiacutelios comprometendo a seguranccedila dos produtos a serem processados

(LUES e VONDER 2007 NUNES et al 2010)

Embora a aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos fosse a mesma as marisqueiras passaram

a fazer a sua limpeza antes e apoacutes o uso natildeo havendo mais animais Os utensiacutelios tambeacutem

passaram a ser devidamente higienizados antes e apoacutes o uso Nesse sentido apesar da

observaccedilatildeo de reduccedilatildeo nas inadequaccedilotildees nesse quesito natildeo foi possiacutevel garantir que as

condiccedilotildees de limpeza observadas natildeo permitiam a contaminaccedilatildeo do produto posto que natildeo

havia pia para lavagem dos utensiacutelios A higienizaccedilatildeo era realizada em bacia de alumiacutenio que

57

tambeacutem era utilizada para lavagem de roupas Rowel et al (2013) em estudo em mercearias

tambeacutem registraram que com o treinamento houve maior conscientizaccedilatildeo dos funcionaacuterios

promovendo a correta higienizaccedilatildeo destes materiais

Com relaccedilatildeo ao controle de vetores e pragas no beneficiamento de mariscos o quadro

manteve-se inalterado pois o ambiente onde era realizado o beneficiamento dos mariscos era

aberto permitindo a presenccedila de vetores e pragas Nesse contexto a preocupaccedilatildeo para o

controle de insetos e pragas considera tanto as perdas econocircmicas quanto o risco sanitaacuterio

Segundo Dias et al (2011) insetos satildeo vetores de vaacuterios microrganismos conhecidos

inclusive de agentes patogeacutenicos alimentares

Quanto ao abastecimento de aacutegua tambeacutem natildeo foram observadas modificaccedilotildees apoacutes a

intervenccedilatildeo dado ser esta a realidade estrutural do abastecimento de aacutegua na Ilha Apesar da

existecircncia de abastecimento de aacutegua pela rede puacuteblica de abastecimento a maioria dos locais

de manipulaccedilatildeo dos mariscos natildeo possuiacutea aacutegua encanada sendo a aacutegua estocada em

recipientes como baldes e vasilhas plaacutesticas

Nesse sentido ressalta-se que a qualidade da aacutegua representa um requisito essencial

em locais que processam eou manipulam alimentos apresentando influecircncia direta sobre a

qualidade microbioloacutegica do produto final principalmente quando esta eacute utilizada na

preparaccedilatildeo de outros produtos (NUNES et al 2010)

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos natildeo foram constatadas mudanccedilas apoacutes a

intervenccedilatildeo Em geral as residecircncias das marisqueiras natildeo contavam com lixeiras com tampa

e sacos de polietileno e o chatildeo da aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos consistia de terra

impossibilitando a retirada total do lixo Ao mesmo tempo a coleta dos resiacuteduos na Ilha natildeo

era realizada com frequecircncia e os moradores natildeo tinham acesso faacutecil aos sacos de polietileno

para fazer o acondicionamento Dessa forma as marisqueiras como aos demais moradores da

Ilha costumavam incinerar os resiacuteduos

Conforme registram Nunes et al (2010) a presenccedila de lixo e resiacuteduos favorece a

presenccedila de diversos tipos de vetores que podem disseminar microrganismos patogecircnicos

para as superfiacutecies de preparaccedilatildeo e consequentemente para os alimentos

Por outro lado houve uma mudanccedila marcante na higiene pessoal das marisqueiras

com uso de roupas limpas proteccedilatildeo para os cabelos unhas curtas e sem esmaltes ausecircncia de

adornos e maior frequecircncia na higienizaccedilatildeo das matildeos Soares et al (2013) apoacutes o treinamento

de seguranccedila alimentar para manipuladores identificaram por meio de observaccedilatildeo in situ a

melhoria da higiene sugerindo que estes comeccedilaram a seguir regras de desinfecccedilatildeo das matildeos

de forma mais rigorosa

58

Cabe considerar que algumas das bacteacuterias podem ser encontradas nas matildeos de

manipuladores de alimentos como Escherichia coli e Staphylococcus aureus (LUES e

TONDER 2007) Por isso a boa higiene pessoal com lavagem das matildeos adequada antes e

apoacutes o manuseio dos alimentos juntamente com corretas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de

alimentos podem reduzir muito as chances de transferecircncia de microrganismos patogecircnicos

(ABUSHELAIBI et al 2015)

A Figura 5 exibe algumas das mudanccedilas observadas depois da intervenccedilatildeo Os

mariscos passaram a ser lavados com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo e colocados em panela de

alumiacutenio com tampa em bom estado de conservaccedilatildeo A cocccedilatildeo seguia os mesmos

procedimentos anteriores sem controle do tempo de contato do marisco com a aacutegua fervente e

o posterior resfriamento agrave temperatura ambiente em caixas vazadas proacuteximas ao chatildeo o que

evidenciou fragilidades no treinamento considerando mudanccedilas nas praacuteticas das

marisqueiras

Considerando a falta de controle do tempo de cozimento avalia-se que pode ser

devido ao conhecimento adquirido pelas marisqueiras ao longo dos anos quanto agraves mudanccedilas

que ocorrem durante a cocccedilatildeo como a abertura das conchas quando os moluscos bivalves

estatildeo cozidos e no caso dos crustaacuteceos a mudanccedila da coloraccedilatildeo

Quanto ao resfriamento apoacutes a cocccedilatildeo agrave temperatura ambiente e com recipientes

proacuteximos ao chatildeo talvez revele resistecircncia agrave mudanccedila pelas marisqueiras dado que o

conhecimento foi transmitido e que natildeo foi referido como um aspecto difiacutecil durante o curso

Na etapa de extraccedilatildeo da carne os mariscos eram dispostos sobre o plaacutestico que forrava

a mesa de madeira poreacutem ainda sem controle do tempo de exposiccedilatildeo agrave temperatura

ambiente ateacute o momento de acondicionamento Na rotina as marisqueiras natildeo controlavam o

tempo de realizaccedilatildeo de suas atividades e soacute quando concluiacuteam toda a etapa de extraccedilatildeo da

carne e os procedimentos finais submetiam os mariscos ao congelamento natildeo seguindo a

recomendaccedilatildeo de controle do binocircmio de tempo e temperatura enfatizado durante o

treinamento

Segundo Walter et al (2012) os catados de mariscos satildeo considerados produtos com

alta perecibilidade e criacuteticas tem sido feitas ao seu manuseio no processo de beneficiamento

realizado pelas mulheres uma vez que os produtos satildeo manipulados e armazenados em

condiccedilotildees inadequadas Deste modo haacute um receio quando do consumo eou comercializaccedilatildeo

desses mariscos em baixas condiccedilotildees sanitaacuterias

59

Figura 5 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes apoacutes a estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Lavagem com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo 3 Cocccedilatildeo

dos mariscos 4 Remoccedilatildeo da aacutegua de cocccedilatildeo para resfriamento 5 Resfriamento dos marisco agrave temperatura

ambiente 6 Extraccedilatildeo da carne de mariscos 7 Lavagem com aacutegua potaacutevel apoacutes a extraccedilatildeo da carne dos

mariscos 8 Porcionamento da carne extraiacuteda na embalagem 9 Lavagem dos utensiacutelios

A carne obtida dos mariscos era lavada em bacias com aacutegua potaacutevel e espremida para

remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com matildeos nuas mas que traziam unhas curtas e sem esmaltes O

porcionamento nas embalagens passou a ser realizado com o auxiacutelio de escumadeira sendo os

produtos acondicionados em seguidas levados para congelamento

Nessa direccedilatildeo pontua-se que o uso de luvas a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene e o

controle de temperaturas adequadas e resfriamento raacutepido reduzem o risco de contaminaccedilatildeo

no processamento Em adiccedilatildeo que a temperatura de conservaccedilatildeo constitui um paracircmetro

determinante da vida de prateleira de um produto uma vez que estaacute diretamente relacionada

com a velocidade da atividade microbiana sendo o seu controle fator importante nas Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo (VIEIRA et al 2006)

1 2 3

4 5 6

7 8 9

60

No caso de frutos do mar Ramos et al (2011) ressaltam que satildeo muito manipulados

no beneficiamento uma vez que haacute separaccedilatildeo manual da carne apoacutes a cocccedilatildeo e que a falta de

controle pode colocar em risco a sauacutede do consumidor Para os autores a qualidade dos frutos

do mar apoacutes o processamento eacute resultante das condiccedilotildees higiecircnicosanitaacuterias iniciais do

produto dos equipamentos do pessoal do tratamento teacutermico do controle de tempo e

temperatura das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo bem como precauccedilatildeo em embalagem e

congelamento

De acordo com Lima et al (2013) no caso de mexilhotildees assim como de outros

moluscos bivalves que satildeo organismos que filtram seletivamente pequenas partiacuteculas

presentes na aacutegua a higienizaccedilatildeo com aacutegua potaacutevel e o cozimento satildeo procedimentos que

ajudam no controle microbiano e na garantia de seguranccedila do produto

Mediante os achados do segundo acompanhamento in loco avalia-se que apesar das

falhas registradas foi tambeacutem possiacutevel evidenciar mudanccedilas no beneficiamento que podem

ser beneacuteficas no que se refere agrave qualidade final do marisco Estas mudanccedilas no entanto natildeo

se mostraram suficientes para garantir a seguranccedila desse alimento Nesse cenaacuterio vale

pontuar que parte das inadequaccedilotildees atrelava-se agrave falta de condiccedilotildees estruturais

Ao mesmo tempo considera-se que mesmo medidas simples como o uso de luvas

para a manipulaccedilatildeo dos mariscos cozidos natildeo satildeo de faacutecil implementaccedilatildeo pelas marisqueiras

em virtude do baixo poder aquisitivo das famiacutelias Deste modo sinaliza-se a necessidade de

apoio das autoridades locais para a aquisiccedilatildeo de equipamentos de proteccedilatildeo individual visando

a promoccedilatildeo da qualidade dos produtos

Dado o contexto e visando agrave melhoria da qualidade do produto indica-se a

necessidade de aperfeiccediloamento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo implementada incluindo maior

carga horaacuteria atividades praacuteticas que envolvam a higienizaccedilatildeo das matildeos o controle do

binocircmio tempo-temperatura durante o beneficiamento e uma comunicaccedilatildeo mais acessiacutevel ao

puacuteblico

Em paralelo sugere-se que o beneficiamento dos mariscos seja realizado em local

dotado de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios adequados Dado que foram verificadas

mudanccedilas significativas nos haacutebitos de higiene das marisqueiras podendo assim tornar o

alimento seguro a possibilidade de locais apropriados certamente contribuiria para melhor

condiccedilatildeo de trabalho e assunccedilatildeo de novas praacuteticas

Outrossim como elemento essencial ao processo formativo considera-se a

necessidade de educaccedilatildeo continuada e de acompanhamento teacutecnico junto agrave comunidade para

que possa alcanccedilar praacuteticas mais seguras Conforme reportado por Cunha et al (2013) as

61

visitas frequentes ajudam na motivaccedilatildeo e no acompanhamento dos locais de produccedilatildeo de

alimentos - assim podem melhorar as boas praacuteticas de higiene Nessa rotina a aplicaccedilatildeo de

uma lista de verificaccedilatildeo de boas praacuteticas constitui uma ferramenta que pode ser utilizada para

avaliar e monitorar a seguranccedila alimentar no ambiente de produccedilatildeo

316 Roda de conversa

A roda de conversa foi realizada durante uma tarde com a participaccedilatildeo de nove

marisqueiras - o menor quantitativo de participantes nessa atividade nestes caso decorreu de

dificuldade de divulgaccedilatildeo da atividade na Ilha No encontro foi retomado o propoacutesito das

atividades formativas para o grupo e em seguida foram feitas perguntas conforme roteiro

preacute-elaborado (ANEXO C)

De acordo com a exposiccedilatildeo foi possiacutevel observar que as participantes demonstraram-

se satisfeitas com a realizaccedilatildeo das atividades Aleacutem disso verificou-se que os assuntos

abordados foram apreendidos pelas participantes como pode ser observado nas respostas

abaixo

ldquoEu senti que a gente aprendeu o que a gente natildeo sabia Como manusear o marisco

E quer dizer que a gente eacute pintava a unha que diz que natildeo pode e tem que usar touca a

gente natildeo sabiardquo Marisqueira 2

ldquoEu aprendi neacute Por que muitas vezes a gente catava marisco agraves vezes assim

cachorro passava e a gente deixava neacute E lavar direitinho mesmo com a aacutegua doce que

muitas vezes a gente natildeo lavava com a aacutegua doce lavava com a aacutegua salgada E pra mim foi

oacutetimo por que o que eu natildeo sabia eu aprendirdquo Marisqueira 4

No que se refere agrave dificuldade de realizaccedilatildeo de mudanccedilas na forma de trabalho depois

do treinamento foi apontada apenas uma dificuldade pelas marisqueiras

[difiacutecil] ldquoSoacute a lavagem da ostra com aacutegua doce que vai dar muito trabalho Porque a

quantidade eacute muitardquo Marisqueira 4

Quando questionadas sobre o que havia sido mais faacutecil de fazer na mudanccedila das

praacuteticas algumas marisqueiras relataram

[faacutecil] ldquoA parte de ensacar [embalar] neacute Pega com a colher Isso ficou um pouco

mais faacutecil neacuterdquo Marisqueira 3

[faacutecil] ldquo A parte de lavar antes de cozinhar Porque quando a gente lavava a gente agraves

vezes lavava tem gente mesmo que soacute lava em duas aacuteguas E agora a gente aprendeu a

62

lavar em trecircs quatro aacuteguas ateacute aquela aacutegua sair mais limpinha Por que natildeo vai sair

totalmente limpa mas vai sair assim um pouquinho mais clarardquo Marisqueira 7

Quanto agraves sugestotildees para realizaccedilatildeo de novas atividades na Ilha foram citadas as

oficinas culinaacuterias e de artesanato Em adiccedilatildeo ao treinamento de BPP foi realizada uma

atividade acerca da alimentaccedilatildeo saudaacutevel com o propoacutesito de melhorar a qualidade de vida

das marisqueiras

4 Conclusatildeo

A atividade formativa conduzida evidenciou uma boa adesatildeo das marisqueiras quadro

que pode estar associado agraves metodologias utilizadas ao contexto de interaccedilatildeo com maior

aproximaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e agrave valorizaccedilatildeo dada ao curso No entanto

assume-se a necessidade de aprimoramento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo adotada incluindo o

aumento do tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e do controle de temperatura e do

tempo

No que se refere ao beneficiamento dos mariscos as atividades resultaram mudanccedilas

positivas nas praacuteticas de manipular os produtos Contudo a estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento ainda se mostrou inadequada configurando riscos agrave qualidade do alimento e

consequentemente para a sauacutede do consumidor - uma situaccedilatildeo que muitas vezes natildeo pode

ser solucionada pelas marisqueiras haja vista o seu baixo poder aquisitivo Assim acredita-se

que embora o conhecimento tenha sido apreendido pelos participantes este natildeo pode ser

inteiramente aplicaacutevel agrave realidade local

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividade formativa periodicamente reforccedilando os conceitos e as

praacuteticas a serem adotadas para garantir a inocuidade dos mariscos comercializados

Considerando a insuficiecircncia de publicaccedilotildees sobre a formaccedilatildeo em seguranccedila de

alimentos no acircmbito da pesca artesanal reforccedila-se a demanda de estudos que possam dar

melhor conformaccedilatildeo ao conhecimento na aacuterea trazendo contributos nas perspectivas

cientiacutefica tecnoloacutegica e social

Agradecimentos

63

Os autores gostariam de agradecer aos colegas Aacutequila Samara Iacutecaro Cazumbaacute Iacutesis Maria

Borges Juccedilara Soledade e Sirlana Assis pelo auxiacutelio na atividade de formaccedilatildeo e agrave Fundaccedilatildeo

de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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67

Capiacutetulo III

EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA MARISQUEIRAS

AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM INDICADORES

MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Alaiacutese Gil Guimaratildeesa Caroline Menezes da Silva

Matosb Taate Queacutezia dos Santos Arauacutejo Silvab Thayse Correcirca de Souzab Thatimila de Jesus

Pereirab Sara Bispo Oliveirab Ryzia de Cassia Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

No Brasil as marisqueiras apresentam papel importante no abastecimento de mariscos pois

aleacutem da coleta participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto realizando o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes em condiccedilotildees adversas Assim este estudo objetivou

avaliar a eficaacutecia de uma atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo realizada com

marisqueiras para melhoria da qualidade microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos

beneficiados Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo com desenvolvimento de atividade formativa

em seguranccedila de alimentos e em paralelo foram obtidas amostras de mariscos das espeacutecies

siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) para

anaacutelises sendo 48 antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram analisadas para a

contagem de microrganismos psicrotroacuteficos coliformes agrave 35ordmC Escherichia coli e

estafilococos coagulase positiva e para pesquisa de Salmonella spp Ainda foram

determinados o pH e as bases volaacuteteis totais (N-BVT) Verificou-se melhoria na qualidade

microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora 146 das amostras ainda

apresentassem contagens de estafilococos coagulase positiva superiores ao paracircmetro oficial

Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH em quase sua totalidade (99) mostrou-se

superior ao limite enquanto os valores de N-BVT estavam dentro da faixa Apesar da

melhoria evidenciada assume-se na perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no

beneficiamento dos mariscos sob o aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar

a natildeo conformidade para o conjunto de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo

abarca as diferentes espeacutecies estudadas Dessa forma sugere-se a continuidade da formaccedilatildeo

para as marisqueiras com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e a realizaccedilatildeo de novos

estudos que verifiquem o comportamento quiacutemico das diferentes espeacutecies de pescado

Palavras-chave pescado treinamento anaacutelises microbioloacutegicas seguranccedila de alimentos

68

Abstract

In Brazil shellfish pickers have an important role in the supply of shellfish because besides

collecting they participate in all phases of product handling performing minimal processing

often in adverse conditions Thus this study aimed to evaluate the effectiveness of a training

activity on Good Manufacturing Practices held with shellfish pickers in order to to improve

the microbiological and physico-chemical quality of benefitted shellfish An intervention

study was conducted with development of training activities in food safety and in parallel

samples of shellfish were obtained of the species crab (Callinectes sapidus) mussels (Mytella

falcata) and oyster (Crassostrea rhizophorae) for analysis 48 before the intervention and 48

after The samples were analyzed for quantification of psychrotrophic total coliforms

Escherichia coli and coagulase-positive staphylococcus and search of Salmonella spp

Moreover the pH and total volatile bases (N-TVB) were determined There was improvement

in the microbiological quality of shellfish after the intervention although 146 of the

samples still have presented staphylococcus coagulase countings higher than the official

parameter When compared to national standards the pH almost in totality (99) was

superior to the limit while the TVB-N values were within the range Despite the positive

results it is assumed on the microbiological perspective that failure occurred in the

processing of shellfish under the physico-chemical aspect however is not possible to affirm

the nonconformity to the set of samples since the Brazilian legislation does not cover all

different species Therefore we suggest the continuity of training for shellfish pickers with

orientation and more effective control and the new studies that verify the chemical behavior

of different species of seafood

Key words seafood training microbiological analysis food safety

1Introduccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da pesca artesanal para aliviar a pobreza e promover a seguranccedila

alimentar tem sido reconhecida internacionalmente Todavia sobretudo nos paiacuteses tropicais

parte expressiva desta produccedilatildeo de pescado eacute perdida ao longo desta cadeia produtiva tanto

pela falta de infraestrutura e condiccedilotildees de conservaccedilatildeo quanto pela maior suscetibilidade do

pescado (FAO 2014)

Em toda a costa brasileira a pesca artesanal tambeacutem constitui uma realidade marcada

por desafios que requerem atenccedilatildeo e suporte para trazer melhor produccedilatildeo e maiores

benefiacutecios agraves comunidades envolvidas (MARUYAMA et al 2009) Dentre as modalidades de

pesca artesanal no paiacutes tem destaque a mariscagem que consiste na coleta de mariscos -

crustaacuteceos e moluscos em regiotildees de manguezal Nesse cenaacuterio os manguezais

compreendem verdadeiras fontes de recursos para populaccedilotildees carentes que retiram dali o seu

sustento posto que a captura das diferentes espeacutecies tanto as que se destina ao consumo

proacuteprio quanto agrave comercializaccedilatildeo (ALVES e NISHIDA 2003 JESUS e PROST 2011)

69

Em geral a mariscagem eacute realizada por mulheres denominadas marisqueiras ou

mariscadeiras que atuam em aacutereas limitadas e utilizam instrumentos rudimentares para o

trabalho no mangue Aleacutem disso estas mulheres trabalham em todas as fases de manipulaccedilatildeo

do produto realizando o beneficiamento miacutenimo muitas vezes sem condiccedilotildees adequadas de

manuseio e conservaccedilatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011)

De acordo com estudos conduzidos junto a marisqueiras do Rio Grande do Norte

(DIAS ROSA DAMASCENO 2007) e da Paraiacuteba (NISHIDA 2008) tecircm-se constatado

precaacuterias condiccedilotildees de vida e de trabalho para este coletivo o que compreende preocupaccedilatildeo

na perspectiva ambiental e da oferta de alimentos seguros

No municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil a mariscagem eacute uma tradiccedilatildeo

e os mariscos satildeo beneficiados nas proacuteprias residecircncias que natildeo dispotildeem de infraestrutura

adequada para realizaccedilatildeo da atividade Em adiccedilatildeo as marisqueiras natildeo possuem treinamento

especiacutefico para a manipulaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos alimentos o que favorece contaminaccedilotildees e

alteraccedilotildees dos produtos beneficiados e coloca em risco a sauacutede dos consumidores (ARGOcircLO

2012)

Segundo Argocirclo (2012) que avaliou 96 amostras de mariscos beneficiados oriundas

de seis comunidades pesqueiras do municiacutepio 958 das amostras estavam improacuteprias ao

consumo no que se refere a qualidade microbioloacutegica enquanto que 906 das amostras

encontravam-se natildeo conformes para a avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica demonstrando um risco a

sauacutede do consumidor

Nesse cenaacuterio eacute importante destacar o papel dos manipuladores de alimentos uma vez

que estes manteacutem contato direto com o alimento observando-se muitas vezes praacuteticas de

manipulaccedilatildeo incorretas que se associam agrave ocorrecircncia de surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

(SEAMAN 2010) uma preocupaccedilatildeo que tambeacutem se aplica agrave realidade das marisqueiras na

cadeia da pesca artesanal

Em face ao problema o treinamento para manipuladores de alimentos tem sido

considerado como uma estrateacutegia essencial para promover a seguranccedila dos alimentos e evitar

surtos No entanto para que esta atividade educativa seja transformadora e promova

mudanccedilas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos deve-se considerar o puacuteblico-alvo e o uso

de diferentes metodologias (CUNHA et al 2014 GOMES et al 2014)

Assim considerando a contribuiccedilatildeo da pesca artesanal e a complexidade dos cenaacuterios

de obtenccedilatildeo de mariscos no paiacutes este estudo teve por objetivo avaliar a eficaacutecia de uma

atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) para melhoria da qualidade

70

microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos beneficiados junto agrave comunidade pesqueira de

Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

2 Material e Meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a 32 marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA no periacuteodo de marccedilo

de 2014 a fevereiro de 2015 como parte do projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em

comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e

promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo2

O estudo compreendeu trecircs etapas e teve seu desenvolvimento organizado em oito

atividades conforme descreve o Quadro 1

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas no planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

INTERVENCcedilAtildeO APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

1 Sondagem dos temas 5 Treinamento em Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo

6 Acompanhamento in loco da

captura e beneficiamento dos

mariscos

2 Encontro de sensibilizaccedilatildeo

7 Roda de conversa

3 Acompanhamento in loco

da captura e beneficiamento

dos mariscos

8 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras de

mariscos

4 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras

de mariscos

21 Atividade Educativa

Para o desenvolvimento da atividade de intervenccedilatildeo educativa considerando

levantamentos preacutevios que descreviam baixa escolaridade na comunidade pesqueira

2 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

71

(SANTOS 2013) e o uso de um formulaacuterio de sondagem para levantamento dos temas de

interesse foi planejado um treinamento com metodologias aplicaacuteveis a esse puacuteblico-alvo

Entre as metodologias empregadas constaram exposiccedilatildeo dialogada com projetor multimiacutedia

dinacircmicas de grupo roda de conversa simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de

coleta de mariscos e viacutedeos

No conteuacutedo formativo os seguintes temas foram trabalhados valorizaccedilatildeo do trabalho

das marisqueiras diagnoacutestico da qualidade inicial dos mariscos analisados Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos higiene pessoal higiene dos utensiacutelios higiene do ambiente

qualidade da aacutegua cuidados na captura manipulaccedilatildeo preparo e armazenamento dos

mariscos Tambeacutem foram apresentados conteuacutedos relativos agrave sauacutede do trabalhador e ao uso de

equipamentos de proteccedilatildeo individual (EPI)

Em adiccedilatildeo foram entregues como conteuacutedo complementar materiais didaacuteticos de

apoio sobre a valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras a cartilha da marisqueira para as boas

praacuteticas no trabalho com os mariscos o guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua a cartilha

sobre Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas

ao Trabalho (DORT)

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa

Para avaliar a eficaacutecia da atividade educativa na perspectiva da qualidade dos

alimentos foram realizadas anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas em amostras de

mariscos beneficiados pelas marisqueiras antes e apoacutes a etapa de intervenccedilatildeo As anaacutelises das

amostras no momento poacutes- intervenccedilatildeo foram realizadas aproximadamente seis meses apoacutes o

treinamento

Considerando praacuteticas locais neste caso o termo beneficiamento refere-se aos

procedimentos aos quais os mariscos satildeo submetidos antes da comercializaccedilatildeo

compreendendo etapas como lavagem cocccedilatildeo retirada da carne do interior da carapaccedila ou

concha embalagem e congelamento

Para fins de definiccedilatildeo das espeacutecies a serem estudadas conforme estudo preacutevio de Saacute

(2011) foram selecionadas as trecircs de maior captura no municiacutepio incluindo siri (Callinectes

sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) As amostras foram

adquiridas de oito marisqueiras de trabalho ativo na pesca e que acompanharam as atividades

formativas De cada uma delas foram obtidas duas amostras de cada uma das espeacutecies em

72

diferentes semanas ndash perfazendo seis amostrasmarisqueira e um conjunto de 48 amostras em

cada etapa

Deste modo posto que este procedimento foi realizado antes e apoacutes a intervenccedilatildeo um

total de 96 amostras de mariscos beneficiados foi obtido Em relaccedilatildeo agraves espeacutecies o total

compreendeu 32 amostras de ostras 32 amostras de sururu e 32 amostras de siri sendo

metade antes e metade apoacutes a intervenccedilatildeo

Cada amostra coletada continha meio quilo de marisco e encontrava-se congelada

sendo obtidas nas proacuteprias embalagens em que eram acondicionadas pelas marisqueiras As

amostras foram colocadas em caixas isoteacutermicas contendo gelo reciclaacutevel e transportadas

sendo armazenadas em um freezer ateacute o momento das anaacutelises O descongelamento das

amostras para as anaacutelises foi realizado sob refrigeraccedilatildeo agrave temperatura inferior a 5ordmC

As anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas foram realizadas nos laboratoacuterios de

Controle de Qualidade de Alimentos e de Bioquiacutemica dos Alimentos respectivamente da

Escola de Nutriccedilatildeo Universidade Federal da Bahia

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas

Para avaliaccedilatildeo da qualidade microbioloacutegica procedeu-se agrave contagem de coliformes agrave

35ordmC Escherichia coli Staphylococcus coagulase positiva e micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos e agrave pesquisa de Salmonella spp

As amostras foram pesadas em sacos esteacutereis em condiccedilotildees asseacutepticas e em seguida

foram procedidas agraves diluiccedilotildees das amostras em aacutegua peptonada 01 (Accumedia EUA)

para a pesquisa dos micro-organismos exceto para Salmonella spp (DOWNES ITO 2001)

As contagens de coliformes agrave 35ordmC e de Escherichia coli foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo

em Aacutegar Chromocult (Merck Alemanha) a 35degC durante 24h (AOAC 1995) A confirmaccedilatildeo

das colocircnias tiacutepicas de E coli foi realizada por testes bioquiacutemicos de Indol Vermelho de

metila Voges Proskauer e Citrato (IMViC) conforme estabelecido pela American Public

Health Association APHA (DOWNES ITO 2001)

As contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo em

Aacutegar Baird Parker (Accumedia EUA) a 37degC durante 48 horas As colocircnias suspeitas foram

submetidas ao teste de coagulase pelo uso de testes raacutepidos Staphclin Laacutetex (Laborclin

Brasil) (DOWNES ITO 2001)

73

As contagens de microorganismos aeroacutebios psicrotroacuteficos foram obtidas apoacutes

incubaccedilatildeo em Aacutegar Plate Count (Merck Alemanha) sob refrigeraccedilatildeo durante 10 dias

segundo metodologia da APHA (DOWNES ITO 2001)

As amostras foram submetidas agrave pesquisa de Salmonella spp de acordo com o

protocolo descrito por Downes e Ito (2001) e Silva et al (2010) Sob condiccedilotildees esteacutereis as

amostras de mariscos foram submetidas ao preacute- enriquecimento em Caldo lactosado (Merck

Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h Em seguida passaram-se inoacuteculos para caldos

de enriquecimento Tetrationato (Merck Alemanha) e Rappaport (Merck Alemanha) que

foram incubados a 37degC e a 42 degC durante 24 horas respectivamente e foram isolados em

placas contendo Xilose Lisina Aacutegar Desoxicolato (Merck Alemanha) e o Aacutegar Hecktoen

Enteacuterico (Merck Alemanha) incubando-se a 37degC durante 24h Colocircnias suspeitas de

Salmonella foram transferidas para Aacutegar Triacuteplice Accediluacutecar Ferro (Merck Alemanha) e Aacutegar

Lisina Ferro (Merck Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h

Reaccedilotildees tiacutepicas de Salmonella foram submetidas a testes bioquiacutemicos incluindo Teste

da Urease Indol Vermelho de metila Voges Proskauer e Citrato e testes soroloacutegicos de

confirmaccedilatildeo por teste de aglutinaccedilatildeo em lacircmina de vidro com uso de soro somaacutetico

polivalente e soro flagelar (Probac Brasil)

As anaacutelises microbioloacutegicas foram realizadas em duplicata e os resultados foram

comparados com os padrotildees microbioloacutegicos da Resoluccedilatildeo RDC n ordm122001 a Agecircncia

Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria - ANVISA (BRASIL 2001) Para micro-organismos

aeroacutebios psicrotroacuteficos foi adotado o limite para pescado de 106 UFCg estabelecido pela

Comissatildeo Internacional de Especificaccedilotildees Microbioloacutegicas para Alimentos (ICMSF 1986)

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas

Para determinaccedilatildeo do pH foram pesados 10g de cada amostra de marisco

homogeneizada e acrescidos de 50 ml de aacutegua destilada O valor de pH foi medido utilizando-

se o potenciocircmetro 210 MPA (NEOMED Brasil) previamente calibrado conforme descreve

Zenebon et al (2008)

Para a anaacutelise de bases volaacuteteis totais 1g da amostra triturada foi embalada em papel

de filtro e levada para o tubo de Kjeldahl Foram adicionados 30ml de aacutegua destilada e

algumas gotas de vaselina Em um erlenmeyer foram adicionados 5ml de aacutecido boacuterico

saturado (VETEC Brasil) e 3 gotas de indicador misto O tubo de Kjeldahl e o erlenmeyer

foram montados no destilador de nitrogecircnio que foi mantido a uma temperatura elevada ateacute

74

ao momento em ebuliccedilatildeo Apoacutes a mudanccedila de cor do conteuacutedo destilado para azul

esverdeado e mudanccedila do volume para 50ml o aparelho foi desligado e foi realizada a

titulaccedilatildeo com soluccedilatildeo de aacutecido cloriacutedrico 002 (Labimpex Brasil) O procedimento foi

realizado conforme teacutecnica descrita pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

(MAPA) (BRASIL 1997) Todas as anaacutelises quiacutemicas foram realizadas em triplicata

Os resultados das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram comparados e discutidos com base

nos criteacuterios estabelecidos pelo MAPA (BRASIL 1997) e na literatura teacutecnica da aacuterea de

alimentos

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos

Os dados foram processados e analisados estatisticamente utilizando-se o software

Statistical Package for the Social Sciences- SPSS versatildeo 200

Foi realizada a anaacutelise descritiva dos dados e o teste de U-Mann-Whitney para

comparar o perfil microbioloacutegico e fiacutesico-quiacutemico dos mariscos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo O

teste foi realizado em niacutevel de 5 de probabilidade Para verificar a existecircncia de correlaccedilatildeo

entre os paracircmetros estudados foi realizado o teste de Spearman

Em observacircncia agraves diretrizes para pesquisa com seres humanos este estudo foi

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de Nutriccedilatildeo da Universidade Federal

da Bahia (Parecer nordm 2265922014) (ANEXO I) sendo a participaccedilatildeo voluntaacuteria dos

pescadores e marisqueiras confirmada por meio de assinatura em Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO H)

3 Resultados e Discussatildeo

31 Anaacutelises microbioloacutegicas

Os resultados das anaacutelises microbioloacutegicas das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo estatildeo

apresentados na Tabela 1 e Tabela 2

Nesse sentido o resultado observado pode ser decorrente dos cuidados de manuseio

adotados pelas marisqueiras apoacutes a formaccedilatildeo incluindo uma maior preocupaccedilatildeo quanto ao

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente Ainda observa-se o fato das

amostras de mariscos serem conservadas congeladas

75

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea

de Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes apoacutes a atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de

Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Considerando como limite maacuteximo para psicrotroacuteficos o valor de 60 log UFCg

estabelecido pela ICMSF (1986) dado que inexiste paracircmetro na legislaccedilatildeo brasileira para os

alimentos estudados 100 das amostras analisadas apoacutes a intervenccedilatildeo apresentaram

atendimento ao criteacuterio internacional com contagens muito inferiores

Noacutebrega (2013) realizou formaccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade localizada tambeacutem em Satildeo Francisco do Conde para as mesmas espeacutecies

estudadas reportando igualmente contagens meacutedias de psicrotroacuteficos inferiores ao limite

ANTES DA INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 351

(235 ndash 428)

238

(118-279)

236

(116 ndash 404)

SURURU 290

(104 ndash 345)

130

(100 ndash 230)

100

(100 ndash 206)

OSTRA 355

(117 ndash 574)

156

(100 ndash 309)

220

(100 ndash 271)

APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 100

(lt100 ndash 178)

165

(lt100 ndash 203)

181

(lt100 ndash 321)

SURURU 100

(lt100 ndash 100)

120

(102 ndash 126)

100

(lt100 ndash 176)

OSTRA 100

(lt100 ndash 100)

139

(lt100 ndash 257)

100

(lt100 -232)

76

internacional apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda Cordeiro et al (2007) em pesquisa com mexilhotildees

(Perna perna) cozidos congelados e armazenados por 90 dias no municiacutepio de Ubatuba-SP

relatam que a contagem obtida para psicrotroacuteficos de 185 log UFCg situa-se abaixo dos

niacuteveis associados com a deterioraccedilatildeo do pescado

Songsaeng et al (2010) em estudo para avaliar o efeito do congelamento na qualidade

de ostras (Crassostrea belcheri) na Tailacircndia constataram reduccedilatildeo na contagem de

psicrotroacuteficos agrave medida em que aumentava o tempo de armazenamento possivelmente devido

agraves injuacuterias associadas agraves temperaturas de congelamento e armazenamento e agrave vulnerabilidade

desses microrganismos Segundo os autores durante o congelamento cristais de gelo intra e

extra-celulares induzem danos irreversiacuteveis nas membranas externa e citoplasmaacutetica das

bacteacuterias reduzindo a contagem de psicrotroacuteficos (DUAN CHERIAN e ZHAO 2010)

Resultados diferentes foram verificados no estudo de Ramos et al (2011) em Santa

Catarina cujas meacutedias de contagem de psicrotroacuteficos foram superiores agraves observadas nesse

estudo para carne de siri e mexilhotildees 745 e 558logUFCg respectivamente sendo a meacutedia

para o siri superior ao limite internacional preconizado

Com relaccedilatildeo aos coliformes a 35ordmC apesar de natildeo existir valor de referecircncia em

pescado pela legislaccedilatildeo brasileira foi possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da sua contagem apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa nas trecircs espeacutecies estudadas (siri sururu e ostra) embora natildeo

significativa A espeacutecie de marisco que apresentou maior contagem desses microrganismos

nos dois momentos foi o siri

Alguns autores tecircm reportado resultados semelhantes para coliformes agrave 35ordmC como o

de Cordeiro et al (2007) que observaram em mexilhotildees processados uma reduccedilatildeo na

contagem de coliformes agrave 35ordmC apoacutes o congelamento e durante o armazenamento Vieira et

al (2006) constataram uma elevada contagem de coliformes agrave 35ordmC em carne de siri antes da

adoccedilatildeo de medidas de boas praacuteticas com decreacutescimo dos valores apoacutes a implantaccedilatildeo destas

Noacutebrega (2013) descreve uma contagem meacutedia de coliformes a 35ordmC de 321 logUFCg em

carne de siri antes da atividade educativa que reduziu para 215 logUFCg apoacutes a realizaccedilatildeo

desta

Tendo em vista que microrganismos do grupo coliformes satildeo termosensiacuteveis avalia-se

que as contagens verificadas nesse estudo para esse grupo se devem agraves condiccedilotildees precaacuterias de

manuseio no local de beneficiamento resultando em recontaminaccedilatildeo poacutes-processamento

Segundo Holly Young et al (2014) diversos fatores podem determinar a presenccedila de

coliformes no pescado tais como o ambiente onde vivem e tambeacutem como eles foram

coletados e processados Nunes et al (2012) ainda reforccedilam que a presenccedila de coliformes no

77

pescado pode ser decorrente da manipulaccedilatildeo inadequada durante o processamento sem a

adoccedilatildeo de medidas de higiene e condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo insatisfatoacuterias podendo

tambeacutem indicar a eventual presenccedila de enteropatoacutegeno

No que se refere agrave E coli a legislaccedilatildeo brasileira determina que para a categoria de

alimento estudada natildeo seja ultrapassado o limite de 16 log UFCg observando-se nas

amostras de mariscos que a mediana registrada para esse microrganismo foi inferior ao

limite referido nos dois momentos Apenas 63 (n=3) das amostras antes da intervenccedilatildeo

apresentaram o microrganismo sendo duas de siri e uma de sururu natildeo sendo encontrada a

sua presenccedila apoacutes a intervenccedilatildeo

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty observou resultados semelhantes para E coli

constatando a presenccedila deste em 833 das amostras antes da intervenccedilatildeo e sua ausecircncia

apoacutes a intervenccedilatildeo

Escherichia coli eacute um indicador de contaminaccedilatildeo fecal e a sua presenccedila fornece uma

ideia sobre as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias inadequadas (RAMOS et al 2011) Por outro

lado apresenta baixa resistecircncia a tratamentos teacutermicos Em estudo conduzido por

Subramanian (2007) evidenciou-se a ausecircncia de E coli apoacutes o cozimento e o

congelamento de carne de caranguejo confirmando que o processamento realizado reduziu

significativamente a contagem dos microrganismos presentes

Deste modo os achados do presente estudo podem refletir uma melhoria nas

condiccedilotildees de manuseio dos mariscos como pode ser observado durante o acompanhamento

in loco realizado apoacutes a intervenccedilatildeo no qual as marisqueiras demonstraram haacutebitos de

higiene pessoal mais cuidadosos em virtude da atividade educativa recebida

Na anaacutelise dos resultados ainda verificou-se uma correlaccedilatildeo positiva entre

coliformes agrave 35ordmC e Escherichia coli (ρ=0219 plt005) Posto que Escherichia coli eacute um

microrganismo pertencente ao grupo dos coliformes pressupotildee-se uma tendecircncia de aumento

da sua contagem agrave medida que aumenta a contagem de coliformes agrave 35ordmC

Entre as amostras analisadas natildeo foi detectada a presenccedila de Salmonella spp para as

trecircs espeacutecies estudadas nos dois momentos estando a totalidade em conformidade com a

legislaccedilatildeo vigente para este indicador

No trabalho de Ramos et al (2011) similarmente natildeo foi identificada a presenccedila de

Salmonella spp em diferentes espeacutecies de frutos do mar bem como nos estudos de Vieira et

al (2006) com carne de siri beneficiada em Antonina-PR e no de Noacutebrega (2013) com

carne de siri sururu e ostra na Ilha do Paty Satildeo Francisco do Conde-BA ambos realizados

antes e apoacutes treinamento em BPP

78

A Salmonella spp quando presente em produtos da pesca e crustaacuteceos pode ser

proveniente da manipulaccedilatildeo no desembarque ou do processamento (DUARTE et al 2010)

No entanto a aplicaccedilatildeo correta de procedimentos no processamento e medidas de higiene e

sanitizaccedilatildeo contribuem para a prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo deste microrganismo (VIEIRA et

al 2006)

Em relaccedilatildeo aos estafilococos coagulase positiva verificou-se uma reduccedilatildeo da

mediana apoacutes a intervenccedilatildeo para o siri e a ostra poreacutem natildeo significativa Na legislaccedilatildeo

brasileira preconiza-se o valor de 30 log UFCg como limite maacuteximo para este

microrganismo nesse tipo de alimento Sendo assim 146 (n=7) das amostras ainda

apresentaram contagens superiores ao estabelecido para esse microrganismo apoacutes a

intervenccedilatildeo

No presente estudo apesar das melhorias observadas na manipulaccedilatildeo dos mariscos no

acompanhamento in loco apoacutes a intervenccedilatildeo principalmente no que se refere agrave higiene

pessoal natildeo foi verificado o uso de luvas medida que impede o contato direto das matildeos do

manipulador com o alimento Vale ressaltar ainda que as marisqueiras podem apresentar

ferimentos nas matildeos decorrentes da coleta dos mariscos no mangue e do trabalho de

beneficiamento o que pode ter contribuiacutedo para a presenccedila deste microrganismo mesmo apoacutes

a atividade educativa Aleacutem disso pode representar tambeacutem falha como exemplo o excesso

de manipulaccedilatildeo e abuso do tempo de exposiccedilatildeo desses produtos agrave temperatura ambiente ndash

sobretudo no caso do siri cuja extraccedilatildeo da carne eacute mais demorada depois da cocccedilatildeo

favorecendo o desenvolvimento microbiano

Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Noacutebrega (2013) no qual

evidenciou-se que 833 das amostras de siri apresentaram contagem superior ao preconizado

pela legislaccedilatildeo mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

No estudo de Vieira et al (2006) para verificar o efeito da adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas e

a qualidade de carne de siri beneficiado em Antonina-PR ao trabalhar com trecircs grupos de

manipuladores - que natildeo recebeu orientaccedilotildees que recebeu orientaccedilotildees quanto aos

procedimentos de higienizaccedilatildeo e que teve orientaccedilotildees referentes aos procedimentos de

higienizaccedilatildeo e ao tempo de exposiccedilatildeo do produto agrave temperatura ambiente - observaram

amostras com contagens de estafilococos coagulase positiva de 308 382 e 336 logUFCg

respectivamente sendo superior ao limite determinado pela legislaccedilatildeo Os referidos autores

apenas obtiveram contagem inferior ao limite no grupo que teve aleacutem das orientaccedilotildees quanto

as medidas de higienizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo do produto a temperatura ambiente a orientaccedilatildeo do

uso de luvas

79

Ramos et al (2011) em seu estudo encontraram contagem meacutedia de estafilococos

coagulase positiva dentro do limite estabelecido para carne de siri (256 log UFCg) e de

mexilhotildees (20 log UFCg) preacute-cozidos e refrigerados comercializados em uma ilha de Santa

Catarina Os referidos autores ressaltam que os mariscos satildeo muito manipulados uma vez que

a carne eacute separada manualmente apoacutes a cocccedilatildeo

Os estafilococos estatildeo amplamente envolvidos em surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

devido agrave manipulaccedilatildeo de alimentos cozidos por pessoas que carreiam este microrganismo Os

estafilococos tem por habitat natural o nariz do homem sendo transferidos para as matildeos e

dedos (LUES e VAN TONDER 2007) quando natildeo satildeo seguidos cuidados de higiene pessoal

Ainda podem passar a constituir parte da microbiota temporaacuteria das matildeos quando haacute

presenccedila de ferimentos e infecccedilotildees nestas (ABD-ELALEEM 2014)

As intoxicaccedilotildees causadas por estafilococos e doenccedilas relacionadas tecircm apresentado

aumento ao longo dos anos e nem mesmo o uso de luvas e a praacutetica da lavagem das matildeos

eliminam completamente o risco de contaminaccedilatildeo No entanto a combinaccedilatildeo do uso de luvas

com a lavagem adequada das matildeos pode reduzir o risco de contaminaccedilatildeo pelo microrganismo

(SOARES et al 2012)

De acordo com Ramos et al (2011) apoacutes o processamento a qualidade

microbioloacutegica de mariscos pode refletir a microbiota inicial do produto os equipamentos a

higiene pessoal o tratamento teacutermico aplicado o controle do binocircmio tempotemperatura a

utilizaccedilatildeo das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo assim como o cuidado com a embalagem e o

congelamento

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

321 pH

O pH de um alimento eacute determinado sobretudo por grupos livres carboxilo e amino

presentes em compostos de baixo peso molecular e em menor proporccedilatildeo por

macromoleacuteculas (proteiacutenas aacutecidos nucleicos polissacariacutedeos) (CRUZ-ROMERO et al

2007) Assim as alteraccedilotildees no pH podem ser utilizadas como um indicador de mudanccedila post-

mortem como a conversatildeo de glicogecircnio em aacutecido laacutectico e a degradaccedilatildeo de componentes

musculares como proteiacutenas e nucleotiacutedeos durante o armazenamento a longo prazo

(SONGSAENG et al 2010)

80

Os resultados de pH das amostras avaliadas nas etapas antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

encontram-se apresentados na Tabela 3

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha

das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Na anaacutelise dos resultados de pH antes e apoacutes a intervenccedilatildeo observou-se que o siri foi

a espeacutecie que apresentou maiores valores de mediana em ambos os momentos Contudo nos

dois momentos os valores de mediana de pH para as trecircs espeacutecies registraram valores de pH

proacuteximos a neutralidade e ainda valores alcalinos sugerindo uma deterioraccedilatildeo Poreacutem as

amostras analisadas natildeo estavam em seu estado in natura uma vez que foram processadas

submetidas a cozimento congelamento e armazenamento

A legislaccedilatildeo brasileira determina que o pH para a carne interna de peixes deve ser

inferior a 650 (BRASIL 1997) Todavia dado que a legislaccedilatildeo natildeo considera as

especificidades da composiccedilatildeo quiacutemica das diferentes espeacutecies de pescado estudadas natildeo se

pode classificar as amostras como natildeo conformes

Algumas faixas de pH satildeo citadas na literatura para as diferentes espeacutecies de pescado

70 para o caranguejo crustaacuteceo semelhante ao siri 65 para moluscos em geral e 63 para

ostra (JAY 2005)

Os moluscos em sua composiccedilatildeo apresentam um alto teor de carboidratos em sua

maior parte na forma de glicogecircnio e em menor parte de nitrogecircnio ocasionando um

processo de deterioraccedilatildeo basicamente fermentativo enquanto a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute

semelhante dos peixes com produccedilatildeo de compostos alcalinos (JAY 2005)

O sururu espeacutecie pertencente ao grupo dos moluscos bivalves receacutem-capturado

apresenta valor de pH em torno de 65 sem que esteja deteriorado e apoacutes a cocccedilatildeo observa-

pH

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

APOacuteS A

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 824

(801 ndash 839)1

830

(812 ndash 840)1

SURURU 718

(702 ndash 739)1

725

(712 ndash 740)1

OSTRA 671

(660 ndash 680)1

670

(660 ndash 680)1

81

se um pH com meacutedia de 70 (SOUZA et al 2014) Deste modo o pH elevado pode estar

relacionado agrave composiccedilatildeo quiacutemica da espeacutecie estudada e ao processo de cocccedilatildeo

Segundo Dhanapal et al (2012) apoacutes a cocccedilatildeo do pescado haacute um aumento do pH que

pode estar associado agrave quebra da ligaccedilatildeo de hidrogecircnio e interaccedilotildees eletrostaacuteticas Tambeacutem o

aquecimento do muacutesculo ou de miofibrilas isoladas geralmente resulta em um aumento de pH

Assim apesar das amostras de mariscos em quase sua totalidade apresentarem pH superiores

ao padratildeo natildeo eacute possiacutevel afirmar que estivessem improacuteprias para o consumo

Cordeiro et al (2007) observaram em mexilhotildees (Perna perna) submetidos agrave cocccedilatildeo

uma meacutedia de pH de 69 permanecendo estaacutevel apoacutes congelamento e armazenamento

Noacutebrega (2013) verificou valores de pH em sururu de 69 e 714 antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

respectivamente sendo semelhantes aos achados neste estudo Resultados divergentes foram

referidos por Lima et al (2013) cujo valor de pH em mexilhotildees (Perna perna) processados

em Santa Catarina foi de 656

Nesse contexto considera-se que a variaccedilatildeo de pH nas diferentes espeacutecies nem

sempre estaacute relacionada com a qualidade sensorial e microbioloacutegica do produto havendo uma

necessidade de estudos especiacuteficos para determinar o pH em moluscos bivalves uma vez que

durante o processo de decomposiccedilatildeo o pH difere entre as diversas espeacutecies de bivalves

(LIMA et al 2013)

Quanto aos resultados obtidos para ostras Noacutebrega (2013) registra valores de pH para

carne de ostra um pouco inferiores aos obtidos nesse estudo sendo 623 e 645 antes e depois

da intervenccedilatildeo respectivamente Cruz-Romero et al (2007) ao aplicarem diferentes

tratamentos teacutermicos em ostras do Paciacutefico (50degC durante 10 minutos e 75degC durante 8

minutos) verificaram valores meacutedios de pH de 645 e 658 respectivamente sendo inferiores

ao observado no atual estudo Apoacutes o uso do tratamento teacutermico houve um aumento do pH

que foi justificado pela reduccedilatildeo do nuacutemero de grupos aacutecidos em proteiacutenas musculares

No que concerne ao siri Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty relata valores meacutedios de pH

para carne de siri beneficiada de 812 antes da intervenccedilatildeo e de 815 apoacutes a intervenccedilatildeo

Anacleto et al (2011) constataram em carne de caranguejo cozido e congelado provenientes

de Portugal valores de pH em torno de 80 fato que segundo os autores pode ser relacionado

com a formaccedilatildeo de produtos de decomposiccedilatildeo baacutesicos

Lorentzen et al (2014) em avaliaccedilatildeo da carne de caranguejo (Paralithodes

camtschaticus) retirada do ombro e da perna do animal na Noruega observaram que o pH

aumentava durante o armazenamento refrigerado por quatorze dias variando entre 73 a 78 e

76 a 79 respectivamente sugerindo tambeacutem a produccedilatildeo de compostos baacutesicos a partir da

82

decomposiccedilatildeo das proteiacutenas Os autores salientaram ainda que o pH dos caranguejos eacute

geralmente mais elevado do que o de peixes devido a um teor mais elevado de compostos

nitrogenados natildeo proteicos ndash amoniacuteaco e trimetilamina

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT)

Os resultados de N-BVT obtidos antes e depois da intervenccedilatildeo encontram-se

apresentados na Tabela 4

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) (mgN100g) nas amostras de

mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e

apoacutes a intervenccedilatildeo educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Para todas as espeacutecies estudadas observou-se uma reduccedilatildeo nos valores de N-BVT

comparando-se os momentos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo registrando-se diferenccedila significativa

dos valores de N-BVT para o siri (plt005) e para a ostra (plt0001) Entre as espeacutecies notou-

se que o siri apresentou maior mediana em ambos os momentos No entanto a legislaccedilatildeo

brasileira determina apenas o limite para N-BVT na carne interna de peixes devendo ser

inferior a 30mgN100g (BRASIL 1997)

Os resultados observados para esse paracircmetro foram satisfatoacuterios podendo ser

decorrente da adoccedilatildeo das boas praacuteticas durante o beneficiamento No entanto como pode ser

constatado durante o acompanhamento in loco o siri dentre as espeacutecies estudadas tem maior

manipulaccedilatildeo para retirada da carne da carapaccedila tornando-se mais exposto a alteraccedilotildees

microbioloacutegicas e quiacutemicas

N-BVT

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

DEPOIS DA

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 1421

(1092 ndash 4750)1

743

(558 ndash 815)1

SURURU 553

(372 ndash 764)1

464

(371 ndash 465)1

OSTRA 600

(460 ndash 1000)1

373

(372 ndash 475)1

83

Nos crustaacuteceos ainda os valores altos de N-BVT podem decorrer da presenccedila de

elevadas quantidades de aminoaacutecidos livres e compostos nitrogenados que os tornam

susceptiacuteveis agrave degradaccedilatildeo raacutepida por deterioraccedilatildeo (ANACLETO et al 2011)

Subramanian (2007) ao analisar N-BVT em caranguejo cozido e congelado (Portunus

pelagicus) armazenado em sacos de polietileno a - 41ordmC notou um aumento de 27

mgN100g no dia zero de armazenamento para 3507 mgN100g apoacutes 120 dias de

armazenamento No entanto as amostras estudadas natildeo foram julgadas como improacuteprias para

o consumo posto que existem poucas informaccedilotildees disponiacuteveis sobre o limite de

aceitabilidade em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos em moluscos congelados e

mariscos

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty-BA verificou uma diferenccedila nos valores meacutedios de

N-BVT antes e apoacutes a intervenccedilatildeo em Boas Praacuteticas de 3290 para 1643 mgN100g no siri

de 480 para 387 mgN100g na ostra e de 519 para 484 mgN100g no sururu

Algumas espeacutecies de pescado como caccedilotildees raias e siris apresentam valores de bases

volaacuteteis totais elevados sem que necessariamente estejam deterioradas Aleacutem disso a

formaccedilatildeo de bases volaacuteteis totais em amostras cozidas tambeacutem pode ser agravada por

degradaccedilatildeo teacutermica durante o processo de cozimento e pelo congelamento que ocasiona

ruptura da membrana resultando na liberaccedilatildeo de componentes celulares apoacutes o

descongelamento e consequentemente a formaccedilatildeo de substratos para as accedilotildees enzimaacuteticas e

crescimento microbiano (ZENEBON et al 2008 ANACLETO et al 2011)

Considerando os dois indicadores fiacutesico-quiacutemicos - pH e N-BVT verificou-se uma

correlaccedilatildeo positiva (ρ=0421 plt001) ou seja agrave medida que o niacutevel de pH aumentava o niacutevel

de N-BVT aumentava tambeacutem

Verificou-se tambeacutem uma correlaccedilatildeo positiva entre as bases volaacuteteis totais e contagens

de psicrotroacuteficos (ρ=0338 plt001) coliformes agrave 35ordmC (ρ=0207 plt005) e estafilococos

(ρ=0319 plt001) que pode estar associada ao acuacutemulo de compostos alcalinos como

amocircnia e trimetilamina derivadas da accedilatildeo microbiana no pescado durante a sua deterioraccedilatildeo

e que tem sido atribuiacuteda como causa do aumento do pH (SUSANTO et al 2011)

4 Conclusatildeo

Ao avaliar a eficaacutecia da formaccedilatildeo para as marisqueiras por meio das anaacutelises

microbioloacutegicas verificou-se uma melhoria da qualidade dos mariscos analisados apoacutes a

intervenccedilatildeo no entanto ainda foram registradas proporccedilatildeo das amostras de mariscos natildeo

84

conformes para estafilococos coagulase positiva ainda decorrentes de falhas existentes

durante o beneficiamento poacutes-cocccedilatildeo

No que se refere aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos constatou-se que a legislaccedilatildeo vigente

natildeo contempla as espeacutecies estudadas Dessa forma natildeo foi possiacutevel afirmar a natildeo

conformidade das amostras de mariscos em relaccedilatildeo a esse padratildeo principalmente o pH uma

vez que os valores de bases volaacuteteis totais encontrados foram inferiores ao padratildeo brasileiro

que eacute especiacutefico para outras espeacutecies de pescado

Os resultados apontam a necessidade de maior conhecimento das caracteriacutesticas

proacuteprias das espeacutecies estudadas e das alteraccedilotildees que podem ocorrer com os mariscos durante

as diferentes etapas de processamento bem como de adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo vigente de

modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo

sugere-se a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e controles mais efetivos

utilizando sobretudo atividades praacuteticas visando o melhor aperfeiccediloamento do trabalho o

atendimento dos padrotildees teacutecnicos estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Aleacutem disso sugere-se que novos estudos devem ser conduzidos de modo a caracterizar

melhor o comportamento das diferentes espeacutecies de pescado in natura e apoacutes aplicaccedilatildeo de

processos de conservaccedilatildeo

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a Luiacutes Fernandes Pereira Santos pelo apoio teacutecnico e agrave

Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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89

Consideraccedilotildees finais

Os resultados desse estudo demonstraram que a estrateacutegia de intervenccedilatildeo utilizada

favoreceu a boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade e interaccedilatildeo entre os instrutores e a

comunidade Por outro lado ainda foram identificadas necessidades de aperfeiccediloamento na

conduccedilatildeo da formaccedilatildeo incluindo o aumento tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e uma

maior ecircnfase na abordagem dos controles de temperatura e tempo

Apesar das mudanccedilas positivas observadas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo dos mariscos

durante o beneficiamento coexistiam inadequaccedilotildees na estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento dadas as condiccedilotildees de vida e o baixo poder aquisitivo das marisqueiras

Ao avaliar a eficaacutecia da atividade formativa por meio das anaacutelises microbioloacutegicas

evidenciou-se uma melhoria na qualidade dos mariscos registrando-se ainda proporccedilatildeo das

amostras de mariscos natildeo conformes o que decorre de falhas ainda existentes durante o

beneficiamento nas etapas poacutes-cocccedilatildeo Quanto aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos natildeo foi

possiacutevel afirmar a natildeo conformidade das amostras analisadas uma vez que a legislaccedilatildeo

vigente natildeo contempla as espeacutecies estudadas apontando-se a necessidade de adequaccedilatildeo desta

de modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo os

resultados sugerem tambeacutem a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e

controles mais efetivos visando o aprimoramento do trabalho o atendimento dos padrotildees

estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividades educativas e acompanhamentos periodicamente

reforccedilando os conceitos e as praacuteticas a serem adotadas com vistas a garantir a inocuidade dos

mariscos comercializados

90

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO

Qualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras fazendo melhor na Ilha das Fontes

Local Sede - Ilha das Fontes

Data 08 a 10 de julho de 2014 Horaacuterio 1400 agraves 1700 hs

FICHA DE INSCRICcedilAtildeO

Nome ____________________________________________

Sexo Masc ( ) Fem ( ) Idade _______ anos

Escolaridade ____________________________________

Profissatildeo __________________________________

Tempo de trabalho com mariscos ___________________anos

Comunidade Pesqueira __________________________

Telefone para contato _________________________________

OBS Ao final os participantes receberatildeo certificado

Universidade Federal da Bahia

Escola de Nutriccedilatildeo

91

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS PRAacuteTICAS

Certificamos que

___________________________________________ participou do

curso ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo realizado na Sede

Comunitaacuteria da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA

nos dias 08 09 e 10 de julho de 2014 com dez horas de duraccedilatildeo

CERTIFICADO

_________________________

Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Coordenadora do Curso

____________________________

Dalva Maria da Noacutebrega Furtunato

Vice-Coordenadora do Curso

92

ANEXOS

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS DOS ALIMENTOS

R Arauacutejo Pinho 32 ndash Canela CEP 40110-150 Tel (71) 3283-7700 Fax 3283-7701

Consulta aos pescadores e marisqueiras para fins de treinamento

Nome_______________________________________________________

Atividade Pescador ( ) Marisqueira ( )

1 Quais os assuntos que vocecirc considera mais importantes para serem estudados em

treinamento sobre a pesca e os cuidados com o pescado

______________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2 Como vocecirc gostaria que as aulas fossem dadas

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

3 Que local(ais) da sua comunidade pode(m) ser indicado(s) para realizaccedilatildeo deste

treinamento

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

93

4 Em quais dias da semana a realizaccedilatildeo do treinamento ficaria melhor

Nos dias uacuteteis ndash segunda a sexta ( ) No final de semana ( )

Se dias uacuteteis indicar os dois melhores __________________________________

5 Em que turno

Manhatilde ( ) Tarde ( ) Qualquer turno ( )

6 Vocecirc se tem interesse e disponibilidade para participar deste treinamento

Sim ( ) Natildeo ( )

94

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS

Responsaacutevel pela visita__________________________ Data da visita _________

IDENTIFICACcedilAtildeO DO (A) MARISQUEIRO(A)

01 Nome completo ________________________________________________________________________________

LISTA DE VERIFICACcedilAtildeO DE PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE MARISCOS

ADAPTADA RESOLUCcedilAtildeO - RDC Ndeg 216 DE 15092004

ITENS AVALIADOS SIM NAtildeO N A Observaccedilatildeo

1 EDIFICACcedilOtildeES INSTALACcedilOtildeES MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

11-A casa dispotildee de rede de esgoto ou fossa seacuteptica

12- As caixas de gordura e de esgoto estatildeo localizadas fora da aacuterea de

preparaccedilatildeo e armazenamento dos mariscos apresentando adequado estado de

conservaccedilatildeo e funcionamento

13- Os ralos satildeo tampados e sifonados

95

14- A aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos estaacute livre de objetos em desuso e

de animais de estimaccedilatildeo

15- Os equipamentos utilizados apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis

resistentes natildeo-absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

151- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

16- Os utensiacutelios apresentam superfiacutecies lisas resistentes natildeo absorventes

sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica e de material apropriado (natildeo

utilizaccedilatildeo de madeira)

161- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

17-As mesas apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis resistentes natildeo-

absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

171- Se mesa de madeira existe proteccedilatildeo com plaacutestico transparente

172- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

2 HIGIENIZACcedilAtildeO DE INSTALACcedilOtildeES EQUIPAMENTOS

MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

21-A aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos eacute higienizada sempre que necessaacuterio

e apoacutes o teacutermino do trabalho

22- As etapas de higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees satildeo cumpridas garantindo as

condiccedilotildees de limpeza

23- As etapas de higienizaccedilatildeo de utensiacutelios equipamentos satildeo cumpridas

garantindo as condiccedilotildees de limpeza

24- A higienizaccedilatildeo de utensiacutelios eacute realizada antes e apoacutes o uso

96

25- A frequecircncia de higienizaccedilatildeo do equipamento (geladeira eou freezer) eacute

adequada

26- Os panos de limpeza vassouras rodos esponjas e escovas satildeo de uso

exclusivo para a higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios

261- Satildeo higienizados apoacutes o uso e estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

262- Satildeo guardados em local adequado

3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS

31- Verifica-se a presenccedila de insetos animais de estimaccedilatildeo ou vestiacutegios

(fezes) de animais na aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos

32- Existe alguma medida preventiva (uso de rodapeacutes telas nas janelas

ralos com tampas ou sifonados lixeira com tampa) para evitar a incidecircncia

de vetores e pragas no local de preparaccedilatildeo dos mariscos

33-Eacute utilizado algum produto quiacutemico para controle de pragas

34- Os produtos quiacutemicos satildeo devidamente registrados

35- Os produtos quiacutemicos satildeo guardados separados dos alimentos

4 ABASTECIMENTO DE AacuteGUA

41- A aacutegua utilizada para a produccedilatildeomanipulaccedilatildeo dos mariscos eacute da rede

puacuteblica de abastecimento

42- Os reservatoacuterios de aacutegua possuem tampas e encontram-se em bom

estado de conservaccedilatildeo e protegidos de contaminaccedilatildeo

43 A limpeza dos reservatoacuterios de aacutegua eacute realizada semestralmente e esta

97

conduta eacute registrada

44- O gelo utilizado eacute produzido na residecircncia

45- O gelo eacute produzido com aacutegua potaacutevel e sob condiccedilotildees de higiene

46- O gelo produzido eacute acondicionado em recipiente higienizado

5 MANEJO DOS RESIacuteDUOS

51- Os recipientes para lixo satildeo de material adequado de faacutecil limpeza e

satildeo revestidos com sacos plaacutesticos

511- Satildeo higienizados com frequecircncia

52- O lixo eacute mantido em local que natildeo oferece risco de acesso a pragas e

animais e isolado das aacutereas de produccedilatildeomanipulaccedilatildeo de mariscos

521- Eacute descartadoincinerado com frequecircncia

6 MARISQUEIRAS (OS)

61- As (os) marisqueiras (os) apresentam higiene corporal adequada roupas

limpas cabelos protegidos e totalmente cobertos unhas curtas limpas e sem

esmalte e sem utilizaccedilatildeo de adornos (brincos aneacuteis reloacutegios)

62- As (os) marisqueiras (os) executam a higiene correta das matildeos sempre

que se fizer necessaacuterio e de forma adequada

63- As (os) marisqueiras (os) evitam comportamentos atitudes e gestos

incorretos (fumar tossir sobre os alimentos cuspir comer manipular

dinheiro etc) durante a manipulaccedilatildeo

64- As (os) marisqueiras (os) quando estatildeo com ferimentos lesotildees nas

98

matildeos nos braccedilos e infecccedilotildees respiratoacuterias natildeo manipulam os mariscos

7 MATEacuteRIAS-PRIMAS PREPARO DOS MARISCOS E

EMBALAGENS

71- Eacute realizada lavagem dos mariscos apoacutes captura para a remoccedilatildeo das

sujidades com aacutegua potaacutevel

72- Existe seleccedilatildeo dos mariscos antes do cozimento

73- Eacute utilizada aacutegua potaacutevel para lavagem e cozimento dos mariscos

74- Durante o cozimento existe controle do tempo de contato do marisco

com a aacutegua fervente

75- Apoacutes o cozimento os mariscos satildeo resfriados sob superfiacutecie limpa e

adequada (afastado do chatildeo e de animais)

76- Durante a cataccedilatildeo satildeo utilizados utensiacutelios limpos e em bom estado de

conservaccedilatildeo

77- As matildeos satildeo devidamente higienizadas

78- Satildeo utilizados utensiacutelios (escumadeira colher etc) limpos para o

porcionamento dos mariscos nas embalagens

79- As embalagens utilizadas satildeo limpas transparentes e adequadas para o

armazenamento dos mariscos

710- O tempo entre o cozimento e o acondicionamento dos mariscos sob o

frio excede 30 minutos

711- O marisco preparado e armazenado sob refrigeraccedilatildeo ou congelamento

possui identificaccedilatildeo

99

Lembrar as meninas para alguns detalhes

Natildeo Aplicaacutevel

OBS Observar e perguntar as marisqueiras quanto tempo o produto (marisco) fica em temperatura ambiente ateacute o resfriamento

100

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM

Cara (o) marisqueira ou pescador

Dando continuaccedilatildeo agraves atividades do Projeto aproveitamos o momento para conversarmos

sobre algumas questotildees que devem ser respondidas primeiramente em pequenos grupos e depois

compartilhadas com todos os participantes da nossa Roda de Conversa

Segue a tarefa

1 Como se sentiu com a realizaccedilatildeo do curso considerando o trabalho (mariscagem)

2 Apoacutes o curso houve mudanccedila no seu trabalho como marisqueira Se sim qual (ais)

3 O que jaacute era feito e vocecirc reforccedilou o seu cuidado

4 Vocecirc discorda de algo que foi mostrado de Boas Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo dos mariscos

5 Foi difiacutecil fazer mudanccedilas no seu modo de trabalhar

O que foi mais faacutecil O que foi mais difiacutecil

6 Como se sente com as mudanccedilas feitas

7 O que falta para ficar melhor

8 O que sugere para as proacuteximas atividades

Agradecemos pela sua participaccedilatildeo

Um abraccedilo

Equipe de Nutriccedilatildeo (UFBA) e Equipe de Fisioterapia (UNEB)

Mariscagem

101

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DAS ETAPAS DE SENSIBILIZACcedilAtildeO

E DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS

FICHA DE AVALIACcedilAtildeO

Sua opiniatildeo sobre o curso eacute muito importante para noacutes Por gentileza responda as questotildees

abaixo

1 Explicaccedilatildeo dos assuntos

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

2 Recursos utilizados

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

3 Ritmo das atividades

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

4 Resposta das perguntas feitas

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

5 Considero minha aprendizagem

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

6 O que poderia ser diferente

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 O que faltou ser abordado

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

102

8 O que vocecirc mais gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

9 O que vocecirc natildeo gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10 OBSERVACcedilOtildeES (Aqui vocecirc escreve o que quiser)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

103

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA E

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

REALIZACcedilAtildeO

APOIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

Maio - 2014

104

Esta cartilha tem como objetivo fornecer conceitos baacutesicos em

higiene de alimentos agraves marisqueiras que frequentaram o curso de

capacitaccedilatildeo ministrado por professores e alunos do Mestrado em

Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e do Mestrado em

Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Universidade Federal da Bahia

O curso visa aumentar a qualidade dos mariscos manipulados

e processados pelas marisqueiras que vivem em cidades e distritos

proacuteximos agrave regiatildeo da Baiacutea de Todos os Santos mais especificamente na

comunidade Ilha do Paty em Satildeo Francisco do Conde

A Cartilha da Marisqueira faz parte de uma das etapas da

dissertaccedilatildeo de mestrado em Ciecircncia de Alimentos do discente Raphael

Auguste Dantas e contou com a colaboraccedilatildeo das mestrandas Gabriela

Silva da Noacutebrega e Mary Daiane Fontes Santos

As imagens desta cartilha foram extraiacutedas da Cartilha do

Manipulador de Alimentos que faz parte do Projeto APPCC Mesa

organizado em parceria pelo

SENACSENAISEBRAESESCSESIANVISA

1

2 17

105

INTRODUCcedilAtildeO

O catado de marisco (sarnambi sururu ostra siri

caranguejo aratu) eacute um alimento pereciacutevel que pode causar

diversos tipos de doenccedilas caso seja produzido sem os devidos

cuidados de higiene

As condiccedilotildees da mateacuteria-prima equipamentos e utensiacutelios

aleacutem da conservaccedilatildeo do catado em refrigeradores satildeo

fundamentais para obter um alimento seguro entretanto as

etapas de preparo satildeo decisivas para a qualidade final dos

mariscos processados

Um bom preparo iraacute garantir a qualidade higiecircnico-

sanitaacuteria dos catados e esse manual apresenta dicas de como

proceder durante a manipulaccedilatildeo e o processamento desse

alimento

Um alimento de boa qualidade eacute aquele que natildeo oferece

nenhum tipo de perigo para as pessoas que vatildeo consumi-lo

CONCLUSAtildeO

A realizaccedilatildeo do mini-cursoevento de formaccedilatildeo em Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo para as marisqueiras eacute o resultado do

esforccedilo conjunto de comunidades ribeirinhas que vivem nos

municiacutepios e distritos do entorno da Baiacutea de Todos os Santos (em

especial na Ilha do Paty - SFC) e dos docentes e discentes do

Mestrado em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e

do Mestrado de Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Escola de

Nutriccedilatildeo da Universidade Federal da Bahia

Este trabalho buscou aproximar o conhecimento

cientiacutefico da sociedade estabelecendo e concretizando em

harmonia as trecircs dimensotildees de atuaccedilatildeo da UFBA o ensino a

pesquisa e a extensatildeo

106

PERIGOS tudo que pode pocircr em risco a sauacutede das pessoas

Perigos fiacutesicos cascas de mariscos fios de cabelos gratildeos

de areia espinhas de peixes resiacuteduos de esmalte outros

Perigos quiacutemicos desinfetantes detergentes venenos

para ratos baratas e formigas metais e poluentes

ambientais aditivos alimentares

Perigos microbioloacutegicos microrganismos (bacteacuterias

fungos viacuterus entre outros)

Os perigos alimentares tecircm sido referidos ao longo da

Histoacuteria como um problema para a sauacutede do homem Eacute

importante que os alimentos natildeo possuam nenhum tipo de perigo

pois alguns desses podem causar doenccedilas ou ateacute levar a morte

As etapas de lavagem do marisco antes do cozimento e a

cataccedilatildeo satildeo etapas fundamentais para evitar a presenccedila de perigos

fiacutesicos (areia lama resiacuteduo de esmalte) no catado de marisco

3 16

107

HIGIENE PESSOAL

Higiene pessoal significa cuidar da higiene da pele dos

cabelos das unhas da roupa que usa para preparar o marisco

entre outras coisas

Durante o preparo do marisco natildeo se deve utilizar aneacuteis

brincos colares ou esmalte nas unhas porque esses podem se

soltar e cair dentro do alimento

Muitos microrganismos perigosos satildeo transmitidos aos

alimentos pela falta de higiene pessoal durante o preparo a

manipulaccedilatildeo e o processamento dos alimentos

A higiene pessoal de quem trabalha diretamente no

preparo do catado de marisco eacute uma das mais importantes formas

para evitar a contaminaccedilatildeo deste tipo de alimento por microacutebios

A higiene pessoal aleacutem de ser importante para a sauacutede

tambeacutem eacute fundamental para a produccedilatildeo de um alimento seguro

Ter boa higiene pessoal significa

15

5

4

HIGIENE PESSOAL 14

108

13 6

109

110

7

LAVAGEM DAS MAtildeOS

Entre as formas de higiene pessoal a lavagem

correta das matildeos durante o preparo e manipulaccedilatildeo do

catado de marisco eacute sem duacutevida a que mais diminui o risco

de contaminar o alimento com microrganismos

Durante o preparo e manipulaccedilatildeo do catado de

marisco eacute importante lavar as matildeos

Antes de comeccedilar a catar os mariscos

Depois que utilizar o banheiro

Depois de tossir espirrar ou assoar o nariz

Depois de recolher o lixo

Depois de manusear dinheiro

Lembre-se de sempre utilizar sabatildeo ou sabonete para

lavar as matildeos e enxaguar bastante em aacutegua corrente para

natildeo deixar resiacuteduos

12

COMPORTAMENTO DENTRO DA COZINHA

111

LAVAGEM CORRETA DAS MAtildeOS 8

UTENSIacuteLIOS

Utensiacutelios satildeo todos os instrumentos como facas facatildeo

machadinho panelas baldes escorredor garfos bandejas e

vasilhas utilizadas durante o preparo do catado de marisco

O bom estado de conservaccedilatildeo e a higiene dos utensiacutelios

satildeo importantes para garantir a qualidade do produto final

Eles devem ser limpos antes e depois do preparo do

alimento quando deve ser realizada a lavagem com

detergente seguida da sanitizaccedilatildeo com soluccedilatildeo clorada feita a

partir da mistura de 1 colher de aacutegua sanitaacuteria em 1 litro de

aacutegua

O manipulador deve ficar atento para natildeo utilizar o mesmo

utensiacutelio no marisco cru e cozido para evitar a contaminaccedilatildeo

cruzada ou quando estiver manipulando dois tipos diferentes

de mariscos ao mesmo tempo

11

112

AMBIENTE DE TRABALHO

Aleacutem da higiene pessoal a higiene do ambiente de

trabalho tambeacutem eacute importante para a qualidade do alimento

produzido

Antes de comeccedilar a catar o marisco eacute importante limpar o

local onde vai ser feito o preparo e a manipulaccedilatildeo dos

mariscos

Locais fechados como a cozinha satildeo mais faacuteceis de limpar

do que locais abertos como quintais ou varandas

Evitar trabalhar em ambientes sujos na presenccedila de

animais de estimaccedilatildeodomeacutesticos e com lixo exposto e sempre

manter o lixo em vasilhas com a tampa fechada para evitar

atrair ratos e insetos

9

PRAGAS

Os ratos baratas e moscas satildeo atraiacutedos pelo lixo e pelo

forte cheiro do marisco

Eles podem contaminar os alimentos com microrganismos

e transmitir diversos tipos de doenccedilas graves

Outros animais como catildees e gatos tambeacutem podem

contaminar os alimentos com microacutebios por isso a cataccedilatildeo dos

mariscos deve ser realizada em um local bem afastado do lixo

e de animais domeacutesticos

Sempre deve ser realizado o combate dessas pragas

evitando que eles se alimentem dos restos dos alimentos e

possam se multiplicar

10

113

CINCO CHAVES PARA SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) haacute muito tempo adverte para a importacircncia da formaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos no que diz

respeito agrave sua responsabilidade na seguranccedila alimentar Em 2001 a OMS criou o Manual das ldquoCinco Chaves para uma Alimentaccedilatildeo mais Segurardquo que

compreende os seguintes princiacutepios

(1) Manter a limpeza das matildeos das superfiacutecies equipamentos e utensiacutelios utilizados na preparaccedilatildeo e manipulaccedilatildeo dos alimentos (mariscos)

(2) Separar os alimentos crus (carnes peixes e mariscos) de alimentos cozidos utilizar diferentes equipamentos e utensiacutelios como facas e taacutebuas de corte

para alimentos crus e cozidos e guardar os alimentos em recipientes ou embalagens fechadas para que natildeo haja contato entre esses alimentos

(3) Cozinhar bem os alimentos especialmente carne ovos peixe e mariscos em temperaturas acima de 70degC

114

(4) Manter os alimentos a temperaturas seguras fora da zona de perigo 5deg C a 65deg C Natildeo deixar alimentos cozidos por mais de 2 horas agrave temperatura

ambiente refrigerar rapidamente os alimentos cozidos eou pereciacuteveis preferencialmente abaixo de 5ordmC natildeo descongelar os alimentos agrave temperatura

ambiente

(5) Utilizar aacutegua e mateacuterias-primas seguras como por exemplo aacutegua potaacutevel ou trate-a para que se torne segura (ferver ou filtrar a aacutegua) selecionar

alimentos variados e frescos lavar frutas e vegetais especialmente se forem consumidos crus e natildeo utilizar alimentos com o prazo de validade expirado

(vencido)

115

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS

116

117

118

ANEXO G ndash GUIA DE HIGIENIZACcedilAtildeO DA CAIXA D`AacuteGUA

PASSO A PASSO COMO LIMPAR SUA CAIXA DrsquoAacuteGUA

1) Programe o dia da lavagem da sua caixa drsquoaacutegua Decirc preferecircncia ao fim de semana

2) Feche o registro da entrada da casa ou amarre a boia

3) Reserve aacutegua para uso durante o periacuteodo que estiver limpando

4) Deixe um palmo de aacutegua na caixa drsquoaacutegua que seraacute utilizada para a limpeza

5) Tampe a saiacuteda de aacutegua do fundo da caixa com um pano limpo Assim a sujeira natildeo desce pela

tubulaccedilatildeo

6) Esfregue as paredes e o fundo com escova de fibra vegetal ou bucha de fio plaacutestico macio

Nunca use sabatildeo detergente ou produto quiacutemico Natildeo usar palha de accedilo e vassoura

7) Remova a aacutegua suja da caixa drsquoaacutegua com balde caneco e pano Natildeo deixe essa aacutegua descer

pelos canos para natildeo contaminar

8) Deixe a saiacuteda do fundo tampada e deixe entrar mais um palmo de aacutegua Adicione 1 Litro de

aacutegua sanitaacuteria para cada 1000 Litros da caixa drsquoaacutegua

9) Usando luvas e botas de borracha limpos molhe as paredes com a soluccedilatildeo usando uma

brocha balde caneca ou pano Repita + 3 vezes a cada 30 minutos

10) Ainda com o registro fechado retire o pano da saiacuteda do fundo da caixa esvaziando totalmente

Abra as torneiras da casa e decirc descarga para desinfetar a rede interna

11) Abra o registro Enxague as paredes laterais com a aacutegua que estaacute entrando Deixe escoar essa

aacutegua pela rede interna Natildeo a utilize

12) Lave bem a tampa por dentro e feche a caixa direito para natildeo entrar pequenos animais insetos

ou sujeira

13) Anote a data da limpeza e programe a proacutexima limpeza a cada 6 meses

119

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO FACULDADE DE FARMAacuteCIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Projeto A cadeia produtiva de pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco

agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Prezado (a) Sr (a)

Eu fui convidado(a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada A cadeia produtiva de

pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar sob a responsabilidade da pesquisadora Profa Ryzia de

Cassia Vieira Cardoso

Fui esclarecido(a) que o objetivo da pesquisa eacute caracterizar a pesca e o comeacutercio de pescados em

Satildeo Francisco do Conde-BA visando contribuir para a melhoria da qualidade da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo dos pescados e da condiccedilatildeo de vida dos trabalhadores dessas atividades

Estou ciente que serei entrevistado pelos pesquisadores encarregados do Projeto no que se refere

agraves minhas condiccedilotildees de vida escolaridade sauacutede moradia e trabalho e as condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo conservaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do pescado de forma livre e de acordo com minha

vontade assinando esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Fui informado(a) que os dados seratildeo coletados no meu local de trabalho e tambeacutem que os

pesquisadores comprometem-se a utilizar as informaccedilotildees obtidas exclusivamente 117

120

para os fins estabelecidos no projeto incluindo a elaboraccedilatildeo de relatoacuterios que seratildeo entregues agrave

Prefeitura e a publicaccedilatildeo dos resultados sejam eles favoraacuteveis ou natildeo

Fui alertado(a) ainda que natildeo receberei nenhum pagamento nem equipamento de pesca ou outros

equipamentos pelas informaccedilotildees que prestarei aos pesquisadores podendo desistir em qualquer

etapa e retirar meu consentimento sem penalidades prejuiacutezo ou perdas e que os dados fornecidos

permaneceratildeo sob sigilo absoluto assegurando o meu anonimato

Estou ciente que terei acesso aos dados registrados e reforccedilo que natildeo fui submetido (a) a coaccedilatildeo

induccedilatildeo ou intimaccedilatildeo

Fui informado(a) que os resultados que seratildeo conseguidos nessa pesquisa auxiliaratildeo a Prefeitura

Municipal de Satildeo Francisco do Conde a tomar decisotildees para melhorar a seguranccedila alimentar e a

inclusatildeo social da comunidade envolvida

Informo ainda que concordo com o que foi dito e estou recebendo coacutepia deste papel

Finalmente fui informado(a) que em caso de duacutevida ou maiores esclarecimentos poderei entrar

em contato com a pesquisadora Profa Ryzia de Cassia Vieira Cardoso na Escola de Nutriccedilatildeo da

UFBA localizada na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador ou pelos telefones (71) 3283-

77007695 email ryziaufbabr ou no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de

NutriccedilatildeoUFBA na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador telefone 3283-7704 ou pelo email

cepnutufbabr

Local ________________ ___________ Data ________________

Nome do entrevistado __________________________________________________

Declaro que recebi de forma voluntaacuteria e apropriada o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para participaccedilatildeo nesta pesquisa

Local ________________ ___________ Data ________________

__________________________________________________

Pesquisador Responsaacutevel Ryzia de Cassia V Cardoso - Tel (71) 3283-77007695 E-mail

ryziaufbabr

121

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA

122

313 Acompanhamento in loco antes 47

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos 50

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo 55

316 Roda de conversa 61

4 Conclusatildeo 62

5 Referecircncias 63

Capiacutetulo III - EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA

MARISQUEIRAS AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM

INDICADORES MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS 67

Resumo 67

Abstract 68

1Introduccedilatildeo 68

2 Material e Meacutetodos 70

21 Atividade Educativa 70

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa 71

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas 72

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas 73

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos 74

3 Resultados e Discussatildeo 74

31 Anaacutelises microbioloacutegicas 74

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 79

321 pH79

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) 82

4 Conclusatildeo 83

6 Referecircncias 84

Consideraccedilotildees finais 89

APEcircNDICES 90

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO 90

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS

PRAacuteTICAS 91

ANEXOS 92

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM 92

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS 94

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM 100

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS 101

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA 103

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS 115

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 119

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA 121

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 43

Figura 2 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras antes da

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 49

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo da atividade educativa realizada

junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de Todos os

Santos Brasil 20142015 54

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto

ao atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das

Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA 20142015 56

Figura 5 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras apoacutes a

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 59

LISTA DE TABELAS

CAPIacuteTULO II

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes da

formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco

do Conde Brasil 20142015 51

CAPIacuteTULO III

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes depois da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da

Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa

20142015 80

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) nas amostras de mariscos

beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa 20142015 82

LISTA DE QUADROS

CAPIacuteTULO III

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas em planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil

20142015 70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA ndash Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APPCC ndash Anaacutelises de Pontos e Perigos Criacuteticos de Controle

BPF ndash Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo

BPP ndash Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo

DORT ndash Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho

DTA ndash Doenccedilas Transmitidas por Alimentos

EPI ndash Equipamentos de Proteccedilatildeo Individual

FAO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Alimentaccedilatildeo e a Agricultura

FAPESB - Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for Foods

LER - Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo

MAPA ndash Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

N-BVT ndash Bases Volaacuteteis Totais

pH ndash Potencial Hidrogeniocircnico

PIB ndash Produto Interno Bruto

RDC - Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RIISPOA - Regulamento da Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem Animal

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UFBA ndash Universidade Federal da Bahia

UNEB ndash Universidade do Estado da Bahia

APRESENTACcedilAtildeO DO TRABALHO

Esta dissertaccedilatildeo encontra-se dividida em Resumo Abstract Introduccedilatildeo Geral Objetivos

(geral e especiacuteficos) Capiacutetulo I (Revisatildeo Bibliograacutefica) Capiacutetulo II (Artigo Formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos para marisqueiras uma experiecircncia em comunidade pesqueira da

Baiacutea de Todos os Santos Brasil) Capiacutetulo III (artigo Eficaacutecia da formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas

para marisqueiras avaliando resultados com base em indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) Conclusatildeo Geral e Apecircndices e Anexos

RESUMO

No Brasil as marisqueiras desempenham papel importante no abastecimento de mariscos

participando de todas as fases do seu beneficiamento destes que compreendem produtos de

origem animal de elevada perecibilidade Os conhecimentos na mariscagem satildeo passados de

geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho sendo o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes realizado em condiccedilotildees adversas Assim este trabalho

teve por objetivo avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos

conduzida junto a marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos

Brasil Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas no treinamento constaram a exposiccedilatildeo

dialogada as dinacircmicas de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de

fotos do trabalho na mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave

atividade formativa com interaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e trocas de

experiecircncias Aleacutem disso observaram-se mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos

ainda que houvesse falhas sinalizando a necessidade de aperfeiccediloamentos Para avaliar a

eficaacutecia da atividade formativa na perspectiva do pescado beneficiado foram coletadas

amostras de mariscos das espeacutecies siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra

(Crassostrea rhizophorae) 48 amostras antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram

submetidas a anaacutelises microbioloacutegicas - contagem de microrganismos psicrotroacuteficos de

coliformes a 35ordmC Escherichia coli e de estafilococos coagulase positiva e (PARA) pesquisa

de Salmonella spp - bem como agrave determinaccedilatildeo de pH e de bases volaacuteteis totais (N-BVT)

Verificou-se melhoria na qualidade microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora

146 das amostras tivessem apresentado contagens de estafilococos coagulase positiva

superiores ao paracircmetro oficial Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH mostrou-se

superior ao limite para a quase totalidade das amostras (99) enquanto os valores de N-BVT

estavam dentro da faixa preconizada Apesar dos resultados positivos assume-se na

perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no beneficiamento dos mariscos sob o

aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar a natildeo conformidade para o conjunto

de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo estabelece paracircmetros para as diferentes

espeacutecies estudadas Os resultados evidenciam a aplicabilidade de estrateacutegia educativa em

seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma demanda de educaccedilatildeo

continuada com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e de suporte estrutural agrave cadeia

produtiva da pesca artesanal para o alcance de maior eficaacutecia Em adiccedilatildeo sugere-se a

realizaccedilatildeo de novos estudos que possam explicitar as caracteriacutesticas quiacutemicas das diferentes

espeacutecies de pescado

Palavras-chave pesca artesanal pescado treinamento qualidade de alimentos anaacutelises

microbioloacutegicas seguranccedila alimentar e nutricional

ABSTRACT

In Brazil shellfish pickers play an important role in supplying shellfish participating in all

phases of these processing comprising products of animal origin high perishability

Knowledge in shellfishing is passed from generation to generation without specific training

for the work the minimum processing often performed in harsh conditions This study aimed

to evaluate an educational intervention strategy in food safety conducted with ashellfish

pickers from Ilha das Fontes community Baiacutea de Todos os Santos Brazil It was carried out

an intervention study comprising six stages survey of community interest topics

sensibilization in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers before training

training in Good Practices of food production in situ monitoring of the work routine of

shellfish pickers after training and conversation wheel with the participants Among the

methodologies used in the training dialogued exposure group dynamics conversation wheel

practical simulations the exhibition of photos of the work in shellfish gathering and videos

were used It wasverified a good adhesion of shellfish pickers to the training with good

interaction between the instructors and the community and exchange of experiences In

addition there were positive changes in the processing of shellfish although there were

failures signalizing the need for improvements To evaluate the effectiveness of the training

activity from the perspective of processed seafood samples of shellfishes were collected

including the crab species (Callinectes sapidus) mussels (Mytella falcata) and oyster

(Crassostrea rhizophorae) 48 samples before the intervention and 48 after The samples were

submitted to microbiological analysis - psychrotrophic count coliforms at 35ordmC Escherichia

coli and coagulase-positive staphylococus and Salmonella spp search - and the determination

of pH and total volatile bases (TVB-N) It was verified improvement in the microbiological

quality of shellfish after the intervention although 146 of the samples had presented counts

of coagulase-positive staphylococcus higher than the official parameter When compared to

national standards the pH was superior to the limit for most samples (99) while the TVB-

N values were within the recommended range Despite the positive results it is assumed on

the microbiological perspective that failure occurred in the processing of shellfish on the

physical-chemical aspect however it is not possible to say the non-compliance to the set of

samples since the Brazilian legislation does not provide information for different species The

results evidence the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing even if they register a continuing education demand with directions and more

effective control and structural support to the supply chain in order to achieve greater

efficiency In addition it is suggested to conduct new studies that may explain the chemical

characteristics of different species of seafood

Keywords artisanal fishing seafood training food quality microbiological analysis

food security

13

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

Ao redor do mundo a pesca emprega aproximadamente 583 milhotildees de pessoas das quais

37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade complementar e o restante de

forma ocasional (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal eacute uma atividade tradicionalmente ligada agraves comunidades

costeiras constituindo a sua principal fonte de renda haja vista a baixa especializaccedilatildeo e os

elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (RODRIGUES e GIUDICE 2011) Em todo o

paiacutes cerca de 45 da produccedilatildeo anual de pescado (1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado)

procede da pesca artesanal (BRASIL 2011)

Um dos segmentos da pesca extrativa e artesanal eacute a mariscagem realizada por mulheres

que satildeo conhecidas como marisqueiras por coletarem mariscos Estas pescadoras participam de

todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto desde a coleta (captura) ateacute a comercializaccedilatildeo com

beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo (PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST

2011) Ao longo de toda a cadeia produtiva entretanto eacute frequente a falta de estrutura e a

precariedade observando-se condiccedilotildees incorretas de manipulaccedilatildeo armazenamento e transporte

que contribuem para a perda da qualidade sanitaacuteria e para a deterioraccedilatildeo do produto que eacute

disponibilizado ao consumidor (SANTOS 2006)

Nesse contexto uma das grandes preocupaccedilotildees com o pescado diz respeito agrave necessidade

de boa conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sua qualidade higiecircnicosanitaacuteria considerando os riscos da

ocorrecircncia das doenccedilas transmitidas por alimentos Deste modo torna-se indispensaacutevel conhecer

todas as etapas de seu processamento assegurando a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas dos

produtos

No acircmbito da pesca artesanal eacute fato que os pescadores e marisqueiras desenvolvem a

atividade de manipulaccedilatildeo do pescado de modo tradicional em um saber-fazer que foi

historicamente construiacutedo mas que apresenta prejuiacutezos agrave qualidade sobretudo em virtude da

insuficiecircncia de infraestruturas de apoio e de conhecimento teacutecnicos como a adoccedilatildeo das Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo (OLIVEIRA BRASIL e TADDEI 2008 STEFANELLO LINN e

MESQUITA 2009)

Em Satildeo Francisco do Conde Recocircncavo da Bahia a mariscagem compreende fonte de

subsistecircncia e oferta de alimentos para muitas famiacutelias No entanto observa-se rusticidade na

atividade e baixa qualidade sanitaacuteria do pescado comercializado para a populaccedilatildeo uma vez que

14

este permanece exposto por um longo periacuteodo de tempo agrave temperatura ambiente e sem a adoccedilatildeo

de maiores criteacuterios de higiene por parte dos manipuladores (ARGOcircLO 2012)

Deste modo o desenvolvimento de atividades educativas orientadas para marisqueiras

abordando princiacutepios de qualidade e seguranccedila do pescado torna-se importante estrateacutegia para

socializaccedilatildeo de conhecimentos que podem ser aplicados em toda a cadeia produtiva

contribuindo diretamente para a qualidade higiecircnicosanitaacuteria e a agregaccedilatildeo de valor ao produto e

para o reconhecimento e o fortalecimento do trabalho no setor pesqueiro artesanal

Este trabalho busca descrever o desenvolvimento de atividades formativas para

marisqueiras avaliando a contribuiccedilatildeo desta estrateacutegia para os participantes e para promoccedilatildeo da

qualidade dos produtos comercializados

15

OBJETIVOS

Geral

- Avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos conduzida junto a

marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

Especiacuteficos

- Identificar temas de formaccedilatildeo relativos agrave cadeia produtiva do pescado de interesse das

marisqueiras da comunidade

- Desenvolver programa de intervenccedilatildeo educativa junto aos atores sociais da pesca na

comunidade em observaccedilatildeo agrave realidade local

- Estimular a adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) no ambiente de trabalho da pesca

artesanal

- Contribuir com a formaccedilatildeo de multiplicadores em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo no contexto da

pesca artesanal

16

Capiacutetulo I

REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

1 Pesca artesanal

No Brasil a pesca eacute uma atividade exercida ao longo dos tempos herdada de ancestrais

nativos e colonizadores que era praticada principalmente pelos indiacutegenas e negros adotando

teacutecnicas rudimentares e que sofreram inovaccedilotildees a partir do contato com os portugueses e

espanhoacuteis (RODRIGUES E GIUDICE 2011) Ainda hoje esta atividade exerce papel essencial

no processo de desenvolvimento econocircmico contribuindo para a seguranccedila alimentar e para

reduccedilatildeo da pobreza uma vez que representa fonte vital de alimentos ocupaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

renda para as populaccedilotildees de todo o mundo e principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

como o Brasil (LOPES et al 2011a)

Segundo a legislaccedilatildeo a pesca consiste em

todo ato tendente a retirar extrair coletar apanhar apreender ou capturar espeacutecimes

dos grupos dos peixes crustaacuteceos moluscos e vegetais hidroacutebios suscetiacuteveis ou natildeo de

aproveitamento econocircmico ressalvadas as espeacutecies ameaccedilados de extinccedilatildeo constantes

nas listas oficiais de fauna e da florardquo (BRASIL 1998 Lei 9605 Art36)

A atividade pesqueira apresenta duas categorias artesanal e industrial No que se refere ao

processo de trabalho a pesca artesanal encontra-se em contraste com a pesca industrial por ter

caracteriacutesticas bastante diversificadas tanto em relaccedilatildeo ao habitat e estoques pesqueiros que

exploram quanto agraves teacutecnicas de pesca que utilizam (CLAUZET RAMIRES e BARRELLA

2005)

Na pesca industrial as embarcaccedilotildees possuem maior autonomia sendo capazes de operar

em aacutereas mais distantes da costa efetuando a exploraccedilatildeo de recursos pesqueiros que se

apresentam relativamente concentrados em niacutevel geograacutefico Em adiccedilatildeo apresenta mecanizaccedilatildeo

agrave bordo para a operacionalizaccedilatildeo dos petrechos de captura (BAHIA PESCA 2013)

A pesca artesanal por sua vez eacute realizada exclusivamente pelo trabalho manual do

pescador que utiliza embarcaccedilotildees de meacutedio e pequeno porte e equipamentos (petrechos) sem

nenhuma sofisticaccedilatildeo aleacutem de insumos adquiridos nos comeacutercios locais Tem como base os

conhecimentos dos pescadores adquiridos em famiacutelia a partir da transmissatildeo dos mais velhos da

comunidade ou pela interaccedilatildeo com os companheiros de pescaria uma vez que estes possuem o

conhecimento acerca da classificaccedilatildeo histoacuteria natural comportamento biologia e utilizaccedilatildeo dos

recursos naturais da regiatildeo onde vivem (SILVANO 1997 BAHIA PESCA 2013)

17

Esta atividade estaacute tradicionalmente ligada agraves comunidades costeiras representando a

principal fonte de renda - uma ocupaccedilatildeo importante no contexto socioeconocircmico haja vista a

baixa especializaccedilatildeo e os elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (GARCEZ e

SAacuteNCHEZ-BOTERO 2005 RODRIGUES e GIUDICE 2011)

Em todo o mundo a pesca eacute responsaacutevel por cerca de 583 milhotildees de empregos de acordo

com levantamentos do Fundo das Naccedilotildees Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO 2014) Do

total de pescadores 37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade

complementar e o restante de forma ocasional

No Brasil segundo dados do Ministeacuterio da Pesca e Aquicultura (BRASIL 2014a) existe

aproximadamente um milhatildeo pescadores artesanais registrados cujo trabalho resulta em 45 da

produccedilatildeo anual de pescado O setor representa uma das atividades de maior impacto social e

econocircmico no paiacutes usufruindo da grande extensatildeo litoracircnea e da biodiversidade pesqueira nas 12

grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras

Dentre as regiotildees do paiacutes o Nordeste eacute a maior produtora de pescado com 4542169

toneladas respondendo por 317 da produccedilatildeo nacional - a Bahia eacute o estado maior produtor

desta regiatildeo (592930 toneladas) (BRASIL 2011)

Nesse cenaacuterio estudos tecircm registrado uma visiacutevel divisatildeo sexual e social de trabalho na

pesca artesanal na qual os homens praticam a pesca de alto mar enquanto as mulheres se

ocupam de tarefas da terra Satildeo destinadas as mulheres atividades de pesca que compreendem

desde a captura eou coleta ao beneficiamento do pescado (MALDONADO 1986 LIMA 2003)

Em perspectiva global as mulheres representam 50 do total dos trabalhadores no setor

artesanal de captura de pescado ainda que em muitas comunidades de pesca artesanal

continuem a ser marginalizadas atuando muitas vezes em aacutereas remotas com acesso limitado

aos mercados e agrave sauacutede educaccedilatildeo e a outros serviccedilos sociais (BRASIL 2014b)

No Brasil entre os pescadores artesanais eacute fato comum o baixo grau de escolaridade

assim como o analfabetismo que constitui um dos fatores determinantes para que essa atividade

seja primitiva uma vez que pode acarretar em grandes dificuldades de contextualizaccedilatildeo da

atividade desenvolvida e de incentivo a melhores possibilidades na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas (COSTA 1977) Aleacutem disso consideram-se os maiores desafios relacionados agrave fraca

participaccedilatildeo dos pescadores nas organizaccedilotildees sociais ao desconhecimento da legislaccedilatildeo de base

e aos mecanismos de gestatildeo compartilhada e participativa da pesca (BRASIL 2014a)

Apesar de ser reconhecida como atividade econocircmica junto ao Estado a pesca artesanal

convive entre os limites da informalidade e da formalidade em virtude de diversos fatores

incluindo as dificuldades de modernizaccedilatildeo da atividade de infraestrutura de beneficiamento de

18

conservaccedilatildeo e armazenamento e de abastecimentocomercializaccedilatildeo do pescado com fragilidades

para a venda no mercado ampliado (atacado) Nesse cenaacuterio a perecibilidade do produto e a

dificuldade de organizaccedilatildeo do negoacutecio tornam os pescadores vulneraacuteveis aos negociantes

intermediaacuterios denominados de ldquoatravessadoresrdquo (BRASIL 2010 SILVA 2011)

A pouca organizaccedilatildeo do setor pesqueiro artesanal e outros problemas inerentes a este

segmento exacerbam as consequecircncias estruturais produtos finais com elevados preccedilos pouca

variedade e qualidade - inclusive sanitaacuteria ndash e baixo valor agregado e em geral unidades

produtivas e de comercializaccedilatildeo rejeitadas devido ao baixo rendimento e agrave informalidade

(BRASIL 2010) Dessa forma a pesca artesanal e a aquicultura familiar enfrentam dificuldades

em todos os elos da cadeia produtiva seja na captura produccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo (LOPES et

al 2011b)

2 A mariscagem

A mariscagem consiste em um dos segmentos pesqueiros realizado em aacuterea costeira Na

maioria das comunidades a atividade de mariscagem eacute extrativista e artesanal com pequena

infraestrutura de beneficiamento e pouca ou nenhuma organizaccedilatildeo voltada agrave comercializaccedilatildeo

(MAIA e NETO 2012) Entre os indiviacuteduos que realizam essa atividade estatildeo as mulheres de

pescadores conhecidas como marisqueiras ou mariscadeiras por coletarem mariscos para a

complementaccedilatildeo da renda familiar e tambeacutem para subsistecircncia constituindo quadro marcante na

regiatildeo Nordeste (FREITAS et al 2012)

As mulheres que atuam na mariscagem dispotildeem de um saber proacuteprio que se expressa no

universo simboacutelico de crenccedilas valores e mitos aprendidos atraveacutes de uma heranccedila cultural

secular inscrita em tradiccedilotildees de um modo de pensar e fazer o trabalho Elas atuam em aacutereas

limitadas e costumam trabalhar em grupos sendo a matildeo de obra familiar Estas mulheres detecircm

o saber e exercem praacuteticas em todas as etapas da extraccedilatildeo manual do marisco uma atividade

que somada ao trabalho domeacutestico tradicional configura uma dupla jornada de trabalho (PENA

FREITAS CARDIM 2011)

Na mariscagem a produccedilatildeo estaacute diretamente ligada ao movimento das mareacutes sendo a

vazante de lua cheia e nova consideradas as melhores pelas marisqueiras pois as aacuteguas atingem

maior variaccedilatildeo permitindo acesso a aacutereas propiacutecias agrave coleta dos mariscos (PENA FREITAS

CARDIM 2011) As teacutecnicas e instrumentos utilizados na coleta dos mariscos satildeo rudimentares

e adaptados agrave natureza consistindo basicamente em faca ou facatildeo para a coleta de mariscos

incrustados em pedras colher de pau ou alumiacutenio e mesmo pequenas enxadas para raspar eou

19

cavar a areia e identificar o marisco gerereacutes ou manzuaacutes utilizados para captura do siri panela

de alumiacutenio eou lata para armazenamento de mariscos coletados e balde para o transporte do

produto ateacute a residecircncia para o preparo final e a venda canoas a remo e agrave vela (traquete)

(PACHECO 2006)

As marisqueiras passam cerca de 5 a 6 horas na coleta dos mariscos e retornam quando a

mareacute comeccedila a encher caminhando com o peso dos mariscos nos ombros ou na cabeccedila ou com o

auxiacutelio de canoa Na residecircncia as marisqueiras lavam cozinham catam e congelam os mariscos

em sacos de um quilo para realizar a sua comercializaccedilatildeo Este processo de beneficiamento eacute

realizado na forma tradicional em cozinha domeacutestica com uso de fogatildeo agrave lenha (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Nesse fazer as marisqueiras participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto

desde a coleta ateacute a venda com beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo expondo-se a todos

os riscos inerentes ao ofiacutecio - ergonocircmicos ambientais fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos

(PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST 2011)

Os riscos ergonocircmicos configuram-se em sobrecarga muscular no pescoccedilo ombros dorso

membros superiores e regiatildeo lombar aleacutem do excesso de trabalho riacutetmico centrado no punho

nas atividades repetitivas (PENA FREITAS e CARDIM 2011) Entre os riscos de origem

ambiental natural estatildeo a incidecircncia do sol sobre a pele a friagem e o desgaste fiacutesico Os riscos

fiacutesicos podem ser representados pelas lesotildees em matildeos e peacutes por lacircminas de corte ou por partes

duras dos pescados Os riscos quiacutemicos incluem o contato com secreccedilotildees venenosas dos animais

ou com poluentes na aacutegua e os bioloacutegicos o contato com algas microrganismos e parasitas

(BAHIA 2010)

Algumas marisqueiras sobrevivem exclusivamente da exploraccedilatildeo de mariscos eou outros

moluscos e dessa forma sustentam famiacutelias criam filhos e adquirem alguns bens materiais

como uma moradia proacutepria (DIAS ROSA e DAMASCENO 2007)

No estudo de Pena Freitas e Cardim (2011) a renda meacutedia obtida pelas marisqueiras

atraveacutes da comercializaccedilatildeo dos mariscos foi de cinquenta reais por mecircs mostrando que este

trabalho eacute socialmente desvalorizado - sendo assim impotildee ritmo intenso de trabalho para gerar

mais produtos agrave venda Em paralelo natildeo proporciona condiccedilotildees para a aquisiccedilatildeo de

equipamentos de proteccedilatildeo individual e coletiva contra acidentes e doenccedilas do trabalho (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Vale ressaltar ainda que muitas dessas mulheres desconhecem seus direitos trabalhistas

e permanecem na informalidade agrave espera de melhorias que muitas vezes nunca chegam (DIAS

ROSA e DAMASCENO 2007 RIOS e GERMANI 2012)

20

Em estudo realizado no Recocircncavo baiano no municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde

com abordagem de 695 marisqueiras observou-se a maioria com faixa etaacuteria entre 20 e 40 anos

(56) ndash idade produtiva grande parte declarando-se solteira (412) ou em uniatildeo estaacutevel

(332) com meacutedia de 34 filhos (906) e que exerciam a chefia de famiacutelia (776) Quanto agrave

participaccedilatildeo em cursos relativos a pesca ou outra formaccedilatildeo profissional a maioria declarou

ausecircncia de formaccedilatildeo (757) (SANTOS 2013)

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo

De acordo com o Regulamento de Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem

Animal ndash RIISPOA (BRASIL 1997) o pescado compreende peixes crustaacuteceos moluscos

anfiacutebios e mamiacuteferos de aacutegua doce ou salgada utilizados na alimentaccedilatildeo humana Constitui uma

fonte alimentar de alta digestibilidade (acima de 95) e de composiccedilatildeo nutricional equilibrada

com cerca de 64 a 90 de umidade 8 a 23 de proteiacutena 05 a 25 de gordura 1 a 2 de

resiacuteduos minerais e menos que 1 de carboidratos (ANDRADE BISPO e DRUZIAN 2009)

O pescado eacute um componente importante da dieta de diversos grupos populacionais posto

que apresenta proteiacutenas de alto valor bioloacutegico com a presenccedila de todos aminoaacutecidos essenciais

Tambeacutem fornece em geral um baixo niacutevel de colesterol e uma reserva significativa de aacutecidos

graxos polinsaturados da seacuterie ocircmega 3 (ω-3) os quais possuem efeito cardioprotetor

proporcionando numerosos benefiacutecios agrave sauacutede humana (RAMOS FILHO et al 2008 SOARES

e GONCcedilALVES 2011) Aleacutem disso eacute rico em caacutelcio foacutesforo ferro e vitaminas do complexo B

(GODOY et al 2010 NUNES et al 2013)

O alto teor de nutrientes do pescado aliado ao pH proacuteximo agrave neutralidade e agrave elevada

atividade de aacutegua nos tecidos torna-o um dos produtos de origem animal mais susceptiacuteveis agrave

deterioraccedilatildeo que pode ser definida como alteraccedilotildees inaceitaacuteveis que ocorrem no muacutesculo poacutes-

morte originando produtos com sabores e odores desagradaacuteveis (VIEIRA 2004 MONTEIRO

MAacuteRSICO e VITAL 2010)

Essas alteraccedilotildees acontecem independente da forma como este produto eacute manipulado

contudo a velocidade com que elas se instalam pode ser reduzida ateacute uma certa extensatildeo pela

adoccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos especiacuteficos de modo a prolongar o grau de frescor (LEITAtildeO

1994) Segundo Anacleto et al (2011) a qualidade do pescado diminui devido a um processo

complexo no qual estatildeo implicados eventos fiacutesicos quiacutemicos e microbioloacutegicos de deterioraccedilatildeo

Em peixes a deterioraccedilatildeo pode ocorrer a partir de reaccedilotildees de autoacutelise pela atividade

bacteriana por oxidaccedilatildeo ou pela combinaccedilatildeo dos trecircs processos O processo de autoacutelise consiste

21

na accedilatildeo de enzimas tissulares e dos sucos digestivos sobre os tecidos musculares apoacutes a morte

do pescado resultando na sua decomposiccedilatildeo e consequentemente no amolecimento e

desintegraccedilatildeo da carne promovendo assim a disseminaccedilatildeo de micro-organismos que agem na

superfiacutecie do pescado nas guelras e no trato intestinal A oxidaccedilatildeo lipiacutedica manifesta-se por

mudanccedilas no cheiro cor textura valor nutritivo do pescado e possiacutevel produccedilatildeo de compostos

toacutexicos afetando sua aceitabilidade para o consumo (JENSEN LAURIDSEN e BERTELSEN

1998 JAY 2005 NOGALA-KALUCKA et al 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Nos crustaacuteceos a deterioraccedilatildeo parece ser semelhante agrave dos peixes tendo seu iniacutecio nas

superfiacutecies mais externas devido agrave sua anatomia Esse grupo de pescado apresenta altas

quantidades de aminoaacutecidos livres e extratos nitrogenados que os torna expostos ao raacutepido

ataque da microbiota deteriorante Aleacutem disso a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute acompanhada

pela produccedilatildeo de elevadas quantidades de bases nitrogenadas volaacuteteis como ocorre nos peixes

(JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Quanto aos moluscos a deterioraccedilatildeo difere daquela apresentada pelos peixes e crustaacuteceos

sendo um processo basicamente fermentativo em decorrecircncia de sua carne ser constituiacuteda de

alto teor de carboidratos sobretudo na forma de glicogecircnio e do menor teor de nitrogecircnio (JAY

2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem dos fatores intriacutensecos que satildeo inerentes ao pescado fatores externos como o tipo de

captura o tempo de armazenamento refrigeraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo inadequada podem facilitar a

degradaccedilatildeo do pescado e consequentemente as alteraccedilotildees bioquiacutemicas autoliacuteticas ou promovidas

pelo desenvolvimento de micro-organismos Estes fatores satildeo denominados extriacutensecos e podem

concorrer para o aumento dos riscos agrave sauacutede do consumidor (SILVA MATTEacute e MATTEacute 2008

AMARAL e FREITAS 2013 ROSSO 2013)

Deste modo salienta-se a importacircncia da anaacutelise de riscos no setor pesqueiro

considerando todas as etapas que vatildeo desde a captura ateacute a comercializaccedilatildeo uma vez que em

geral o pescado que chega ao consumidor possui uma carga microbiana elevada composta tanto

por micro-organismos deteriorantes como por patoacutegenos Nessa direccedilatildeo o grau de deterioraccedilatildeo

do pescado eacute determinado principalmente pela carga bacteriana inicial pela temperatura de

conservaccedilatildeo pelo tempo decorrido apoacutes a sua morte e pelas praacuteticas sanitaacuterias adotadas

(EIROA 1980 GONCcedilALVES 2009)

Alguns meacutetodos de conservaccedilatildeo satildeo aplicados ao pescado visando prolongar sua vida uacutetil

como a refrigeraccedilatildeo o congelamento e o processamento teacutermico A refrigeraccedilatildeo natildeo apresenta

accedilatildeo esterilizante apenas retarda as atividades microbianas jaacute existentes e impede o surgimento

de novos agentes deteriorantes enquanto que o congelamento emprega temperaturas que

22

reduzem ou paralisam a deterioraccedilatildeo causada por micro-organismos enzimas ou agentes

quiacutemicos O tratamento teacutermico dado ao produto cujo tempo de exposiccedilatildeo ao calor uacutemido eacute

variaacutevel conforme o tamanho velocidade de penetraccedilatildeo do calor e condiccedilotildees de aquecimento

reduz a carga microbiana e inibe o crescimento de bacteacuterias parasitas e viacuterus prejudiciais ao

homem (ANTONIOLLI 1999 CAMPOS e PAIVA 2011 CORDEIRO et al 2007)

4 Indicadores de qualidade do pescado

O processo de deterioraccedilatildeo do pescado eacute complexo envolvendo sobretudo processos de

natureza microbioloacutegica e quiacutemica razatildeo pela qual natildeo eacute aconselhaacutevel o uso de apenas um

meacutetodo para avaliar sua qualidade Nesse sentido para avaliaccedilatildeo da qualidade satildeo recomendadas

anaacutelises por indicadores sensoriais fiacutesico-quiacutemicos e microbioloacutegicos (NUNES BATISTA e

CARDOSO 2007 ALI 2011)

Os paracircmetros sensoriais compreendem meacutetodos usados para medir analisar e interpretar

reaccedilotildees e caracteriacutesticas dos alimentos os quais satildeo percebidos pelos sentidos Mesmo que se

desenvolvam meacutetodos instrumentais de faacutecil aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo do pescado a anaacutelise

sensorial continua a ser essencial pois fornece informaccedilatildeo completa sobre o estado do pescado

(NIELSEN 1997 STEVANATO et al 2007)

No que se refere agraves caracteriacutesticas sensoriais dos peixes no Brasil eacute estabelecido pela

legislaccedilatildeo que estes devem apresentar as seguintes caracteriacutesticas superfiacutecie do corpo limpa e

com relativo brilho metaacutelico olhos transparentes brilhantes e salientes ocupando

completamente as oacuterbitas guelras roacuteseas ou vermelhas uacutemidas e brilhantes com odor natural

proacuteprio e suave ventre roliccedilo firme natildeo deixando impressatildeo duradoura agrave pressatildeo dos dedos

escamas brilhantes bem aderentes agrave pele e nadadeiras apresentando certa resistecircncia aos

movimentos provocados e carne firme com consistecircncia elaacutestica de cor proacutepria agrave espeacutecie

(BRASIL 1997)

Os crustaacuteceos devem apresentar aspecto geral brilhante uacutemido corpo em curvatura

natural riacutegida artiacuteculos firmes e resistentes carapaccedila bem aderente ao corpo coloraccedilatildeo proacutepria

agrave espeacutecie sem qualquer pigmentaccedilatildeo estranha olhos vivos destacados e cheiro proacuteprio e suave

(BRASIL 1997)

Para os moluscos bivalves recomenda-se que sejam expostos agrave venda vivos com valvas

fechadas e com retenccedilatildeo de aacutegua incolor e liacutempida nas conchas cheiro agradaacutevel e pronunciado

carne uacutemida bem aderente agrave concha de aspecto esponjoso e de cor cinzenta-clara nas ostras e

amareladas nos mexilhotildees (BRASIL 1997)

23

Em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos no paiacutes os padrotildees mais utilizados para

avaliar o frescor do pescado incluem as determinaccedilotildees de pH bases nitrogenadas volaacuteteis totais

(N-BVT) bases volaacuteteis terciaacuterias e as reaccedilotildees de gaacutes sulfiacutedrico e de indol (BRASIL 1997)

Tendo em vista que o pH de um alimento eacute uma caracteriacutestica importante para a sua

conservaccedilatildeo o fato do pescado apresentar um pH proacuteximo da neutralidade propicia o

desenvolvimento tanto de micro-organismos deterioradores como de patoacutegenos O pH da

musculatura pode ser influenciado pela espeacutecie do pescado meacutetodos de captura manuseio e

armazenamento assim esta mateacuteria-prima requer cuidados especiais para sua conservaccedilatildeo O

paracircmetro de pH oficial estabelece que este deve ser inferior a 65 na parte interna do peixe

fresco no entanto natildeo haacute consideraccedilotildees das especificidades para as demais espeacutecies de pescado

(LEITAtildeO 1988 BRASIL 1997 GALVAtildeO et al 2006) Desta forma a literatura cientiacutefica

registra algumas faixas de pH para as outras espeacutecies de pescado entre 68 e 70 para camaratildeo

em torno de 70 para o siri crustaacuteceo semelhante ao caranguejo em torno de 65 para moluscos

e na faixa entre 48 e 63 para ostra (JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

As bases volaacuteteis totais tambeacutem satildeo utilizadas para avaliar o frescor do pescado

indicando a degradaccedilatildeo de compostos nitrogenados derivada da autoacutelise e da decomposiccedilatildeo

microbiana Os compostos nitrogenados mais frequentes satildeo a trimetilamina e a amocircnia A

legislaccedilatildeo estabelece que o limite se N-BVT no pescado seja inferior a 30mg de

N100g (ASHIE SMITH e SIMPSON 1996 BRASIL 1997 SCHERER et al 2004)

Em estudo conduzido por Argocirclo (2012) com anaacutelise de amostras de sururu e siri

beneficiados em Satildeo Francisco do Conde foi possiacutevel verificar valores meacutedios de pH de 69 e

81 respectivamente Em pesquisa realizada por Cordeiro et al (2007) observou-se valor meacutedio

de pH de 69 em mexilhotildees congelados comercializados no municiacutepio de Ubatuba (SP) Em

relaccedilatildeo agraves N-BVT Souza et al (2013) ao avaliar pescado congelado comercializado no

Mercado Municipal de Satildeo Francisco do Conde registrou valor de mediana em amostras de siri

de 45mgN100g enquanto que Argocirclo (2012) tambeacutem em amostras de siri observou valor

meacutedio de 287mgN100g

Quanto ao aspecto microbioloacutegico a seguranccedila do pescado eacute de extrema importacircncia

visto que as doenccedilas transmitidas por alimentos tecircm sido registradas em grande parte como

decorrecircncia da falta de cuidados e de controles desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima ateacute a

manipulaccedilatildeo e processamento (MARQUES SEABRE e DAMASCENO 2009) Desta forma no

Brasil a Resoluccedilatildeo RDC Ndeg 122001 da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

estabelece os padrotildees microbioloacutegicos para alimentos expostos agrave venda devendo ser o pescado

cru resfriado ou congelado ser analisado para estimativa de coliformes

24

termotolerantesEscherichia coli contagem de estafilococos coagulase positiva e pesquisa de

Salmonella spp (BRASIL 2001)

Nessa legislaccedilatildeo satildeo estabelecidos padrotildees relacionados ao pescado in natura congelado

natildeo consumido cru incluindo estafilococos coagulase positivag com toleracircncia de 10sup3 e

ausecircncia de Salmonella spp em 25g da amostra Para pescado preacute-cozido congelado constam

coliformes a 45ordmC com toleracircncia de 5x10 estafilococos coagulase positivag toleracircncia de 103

e para Salmonella spp ausecircncia em 25g da amostra (BRASIL 2001)

Argocirclo (2012) na anaacutelise de amostras de siri beneficiadas em Satildeo Francisco do Conde-

BA reportou valores meacutedios de 315 log UFCg de coliformes agrave 35ordmC 150 log UFCg de

Escherichia coli 270 log UFCg de estafilococos coagulase positiva e 522 log UFCg de

aeroacutebios psicrotroacuteficos

Staphylococcus aureus eacute uma bacteacuteria anaeroacutebia facultativa no entanto possui maior

crescimento sob condiccedilotildees aeroacutebias com produccedilatildeo de catalase Eacute mesoacutefila apresentando

temperatura oacutetima de crescimento entre 40ordm e 45ordmC tolerante a concentraccedilotildees de 10 a 20 de

NaCl e a nitratos e possui faixa de pH oacutetima de crescimento entre 6 e 7 S aureus eacute uma

bacteacuteria patogecircnica que natildeo faz parte da microbiota do pescado sendo normalmente transferido

para os alimentos por manipuladores Este grupo microbiano eacute responsaacutevel por

aproximadamente 45 das toxinfecccedilotildees alimentares no mundo (CUNHA NETO SILVA e

STAMFORD 2002 FRANCO E LANDGRAF 2008 GONCcedilALVES 2011)

O grupo dos coliformes agrave 35ordmC eacute um subgrupo da famiacutelia Enterobacteriaceae que

engloba apenas as bacteacuterias capazes de fermentar a lactose com produccedilatildeo de gaacutes em 24 a 48

horas a 35ordmC Nesse grupo encontram-se tanto bacteacuterias originaacuterias do trato gastrintestinal de

humanos e outros animais de sangue quente como tambeacutem bacteacuterias de origem natildeo enteacuterica

fazendo parte as bacteacuterias do gecircnero Escherichia Klebisiella Citrobacter e Enterobacter Os

coliformes podem fornecer informaccedilotildees sobre a provaacutevel presenccedila de microrganismos

patogecircnicos ou sobre a deterioraccedilatildeo potencial do alimento aleacutem das condiccedilotildees higiecircnicas dos

processos de fabricaccedilatildeo uma vez que satildeo facilmente inativados pelos sanitizantes por isso satildeo

utilizados como indicadores (SILVA 2010 FRANCO LANDGRAF 2008)

Os coliformes termotolerantes compreendem um subgrupo dos coliformes agrave 35ordmC que se

restringe aos membros capazes de fermentar a lactose em 24 horas a 45ordmC com produccedilatildeo de

gaacutes sendo usados como indicadores jaacute que satildeo isolados facilmente e se encontram em maior

proporccedilatildeo do que os patogecircnicos A Escherichia coli pertence aos dois grupos de coliformes

referidos e o seu habitat natural eacute o trato intestinal de animais de sangue quente contudo pode

ser introduzida nos alimentos a partir de fontes natildeo fecais (SILVA 2010)

25

De acordo com Silva et al (2010) a contagem de coliformes agrave 35ordmC e termotolerantes

em alimentos tecircm sido o meacutetodo mais indicado para avaliar as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

sendo tambeacutem utilizadas como indicadores de falhas durante o processamento ou a

contaminaccedilatildeo poacutes-processamento

O genecircro Salmonella compreende bacteacuterias anaeroacutebias facultativas natildeo produtoras de

esporo e que produzem gaacutes a partir da glicose com exceccedilatildeo da S Typhi sendo capazes de

utilizar o citrato como uacutenica fonte de carbono A temperatura e pH oacutetimos para seu crescimento

estatildeo em torno de 35ordm-37ordmC e 70 respectivamente Natildeo toleram concentraccedilotildees de sal superiores

a 9 O habitat natural da Salmonella eacute o trato intestinal de mamiacuteferos aves e reacutepteis podendo

alcanccedilar o ambiente aquaacutetico atraveacutes da contaminaccedilatildeo fecal e desta forma serem detectadas em

peixes e produtos pesqueiros (VIEIRA 2004 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem destes indicadores microbioloacutegicos no caso de pescados resfriados e congelados

tambeacutem eacute adotada internacionalmente a contagem padratildeo de micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos de 106 UFCg (ICMSF 1986) Os micro-organismos psicrotroacuteficos crescem bem

em temperaturas entre 0ordm e 7ordmC em diversos tipos de alimentos refrigerados sendo os principais

causadores da deterioraccedilatildeo de carnes pescado ovos frangos e outros (FRANCO e LANDGRAF

2008)

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal

O municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia eacute uma ocupaccedilatildeo antiga que surgiu no

iniacutecio da colonizaccedilatildeo brasileira (SANTOS 2004) Em 1618 por ordem do Conde de Linhares

foi construiacutedo no alto de um monte no Recocircncavo Baiano um convento e uma igreja onde

mais tarde surgiria a cidade de Satildeo Francisco do Conde em 1698 O nome homenageia o

padroeiro da cidade e o conde Fernatildeo Rodrigues que herdou o terreno do 3ordm governador geral do

Brasil Mem de Saacute A regiatildeo onde fica a cidade foi conquistada pelo impeacuterio portuguecircs por meio

de guerras travadas contra os iacutendios que viviam nas margens dos rios Paraguaccedilu e Jaguaribe

(IBGE 2013)

Satildeo Francisco do Conde localiza-se na regiatildeo metropolitana de Salvador-BA estaacute

situado a 67 km da Capital do estado ao norte da Baiacutea de Todos os Santos e tem como vizinhas

as cidades de Candeias Madre de Deus Santo Amaro da Purificaccedilatildeo e Satildeo Sebastiatildeo do Passeacute

contando com uma aacuterea de 262856 kmsup2 e 33183 habitantes A aacuterea ainda manteacutem reservas de

Mata Atlacircntica e riquiacutessimos manguezais que contribuem para a biodiversidade da regiatildeo

(SANTOS 2011 IBGE 2013)

26

Aleacutem da aacuterea terrestre o municiacutepio apresenta trecircs ilhas ndash Ilha de Cajaiacuteba Ilha das Fontes

e Ilha do Paty A Ilha das Fontes caracteriza-se como um local onde as aacuteguas do mar

apresentam-se tranquilas em todos os periacuteodos da mareacute fato explicado pela sua proximidade

com os rios Sergi e Subaeacute (MARTINS 2010)

A Ilha das Fontes eacute tambeacutem uma das comunidades pesqueiras existentes no municiacutepio

compreendendo um povoado que se localiza proacuteximo ao Porto Ferrolho da Petrobras e ao

povoado de Santo Estevatildeo com acesso apenas por barco A localidade dista aproximadamente 8

Km da sede e natildeo eacute totalmente urbanizada A populaccedilatildeo eacute de etnia negra e mesticcedila natildeo

Quilombola e possui 1654 habitantes juntamente com Engenho de Baixo A maioria dos

moradores desenvolve a atividade pesqueira tanto para comeacutercio quanto para consumo interno

(SAacute 2011) Dentre os habitantes da Ilha 54 mulheres atuavam na pesca conforme

levantamento recente (SANTOS 2013)

No passado a riqueza da cidade baseava-se nas plantaccedilotildees de cana de accediluacutecar que deram

iniacutecio ao desenvolvimento econocircmico da aacuterea Atualmente a extraccedilatildeo o refino e o

processamento de petroacuteleo satildeo as principais atividades econocircmicas da regiatildeo (SAtildeO

FRANCISCO DO CONDE 2013) Com a arrecadaccedilatildeo municipal de impostos relacionados agrave

produccedilatildeo e refino de petroacuteleo pela Refinaria Satildeo Francisco do Conde atingiu o maior Produto

Interno Bruto (PIB) per capita brasileiro nos anos de 2008 a 2010 (IBGE 2010 2011 2012)

Apesar disso a populaccedilatildeo da cidade sofre com o agravamento das desigualdades sociais

enfrentando problemas associados agrave pobreza agrave infraestrutura sanitaacuteria deficiente e ao

saneamento baacutesico ao analfabetismo entre outros

No municiacutepio muitas famiacutelias dependem da pesca e da mariscagem como fonte de

subsistecircncia sendo a pesca uma tradiccedilatildeo e heranccedila cultural Nesse contexto a atividade eacute

caracterizada pela rusticidade envolvendo tanto homens quanto mulheres em diversas

comunidades pesqueiras (ARGOcircLO 2012 SAacute 2011 SANTOS 2011 SANTOS 2013)

Segundo Saacute (2011) em Satildeo Francisco do Conde-BA observa-se o predomiacutenio de mulheres

(666) na atividade pesqueira fato que fortemente se vincula ao trabalho na mariscagem

No municiacutepio algumas comunidades pesqueiras possuem sistema puacuteblico de

abastecimento de aacutegua de esgotamento sanitaacuterio e coleta de lixo deficiente ou ausente o que

favorece condiccedilotildees improacuteprias agrave manipulaccedilatildeo dos mariscos Estes em geral satildeo beneficiados no

ambiente domiciliar permanecendo o pescado muitas vezes exposto agrave temperatura ambiente

por um longo periacuteodo de tempo em condiccedilotildees que natildeo atendem agraves Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de

alimentos (ARGOcircLO 2012)

27

Argocirclo (2012) ao estudar as condiccedilotildees de beneficiamento de mariscos em comunidades

de Satildeo Francisco do Conde observou que as marisqueiras manipulavam o pescado em bacias

dispostas sobre o chatildeo na proacutepria residecircncia sendo algumas com estrutura bastante precaacuteria

com a ausecircncia de aacutegua tratada (33) Segundo a autora ainda as marisqueiras acompanhadas

relataram nunca ter participado de atividades formativas relacionadas agraves Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o que poderiam favorecer a qualidade do pescado beneficiado

Na perspectiva da qualidade microbioloacutegica ao conduzir estudo com 96 amostras de

mariscos beneficiados em Satildeo Francisco do Conde (siri sururu e ostra) a referida autora

verificou que iacutendice de 468 de natildeo conformidade para as amostras sendo 364 para

Escherichia coli e 197 para estafilococos coagulase positiva No estudo natildeo foi identificada a

presenccedila de Salmonella spp (ARGOcircLO 2012)

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento

Na atualidade observa-se uma grande preocupaccedilatildeo com a qualidade dos alimentos a serem

consumidos e os riscos que esses podem ocasionar agrave sauacutede A possibilidade de contaminaccedilatildeo do

alimento pelo manipulador depende do maior ou menor contato deste com os produtos do tipo

de mateacuteria-prima a ser manipulada e dos cuidados adotados Segundo Jianu e Chis (2012)

alguns fatores como mateacuterias-primas contaminadas falta de higiene de equipamentos utensiacutelios

instalaccedilotildees e alimentos bem como praacuteticas inadequadas podem contribuir para a ocorrecircncia de

surtos de origem alimentar

De modo a reduzir a ocorrecircncia de doenccedilas veiculadas por alimentos eacute essencial que as

praacuteticas de manuseio e preparo dos alimentos pelos manipuladores de alimentos sejam corretas e

que existam treinamentos em seguranccedila de alimentos para estes uma vez que a falta de

conhecimentos sobre higiene e conservaccedilatildeo de alimentos entre os manipuladores contribui de

forma significativa para a sua contaminaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo o que justifica adoccedilatildeo de

treinamentos especiacuteficos (ROBERTSON et al 2013)

Segundo Andreotti et al (2003) os programas de treinamento orientados para

manipuladores de alimentos satildeo os mais recomendados e eficazes para transmissatildeo

conhecimentos e promoccedilatildeo de mudanccedilas de atitudes O treinamento consiste em uma accedilatildeo

educativa direcionada ao desempenho profissional a fim de adquirir conhecimentos habilidades

e atitudes necessaacuterias agrave execuccedilatildeo desta atividade (LACERDA e ABBAD 2003)

A atividade de treinamento de manipuladores de alimentos natildeo eacute uma tarefa faacutecil de ser

realizada Nesse sentido o reconhecimento de caracteriacutesticas singulares dos manipuladores

28

auxilia na compreensatildeo das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento das atividades de

treinamento por indicar que existem diferenccedilas no modo como os alimentos satildeo concebidos e as

informaccedilotildees trabalhadas tornam-se significativas Deste modo possibilita a melhor visibilidade

dos conflitos inerentes agraves relaccedilotildees sociais - principalmente agraves relaccedilotildees educativas - resultantes do

confronto de um grupo que pretende convencer o outro da necessidade de alterar suas praacuteticas

(COSTA LIMA e RIBEIRO 2002)

A escolha da metodologia de intervenccedilatildeo educativa tem grande importacircncia na qualidade

da capacitaccedilatildeo considerando resultados positivos tanto na dimensatildeo da representaccedilatildeo social

(opiniatildeo conhecimento e atitude ndash praacutetica declarada) e na dimensatildeo do comportamento dos

participantes (praacutetica observada) (BEZERRA 2008) Desta forma a seleccedilatildeo do tipo de atividade

educativa a ser utilizada deve levar em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo a

relaccedilatildeo entre o benefiacutecio e o custo dos materiais e a factibilidade de sua utilizaccedilatildeo A depender

do puacuteblico esta atividade deveraacute possuir um conteuacutedo simples e de faacutecil compreensatildeo e o meio

de comunicaccedilatildeo escolhido para a veiculaccedilatildeo das mensagens deveraacute considerar os aspectos

culturais da comunidade (ANDRADE e COELHO 1997)

Em relaccedilatildeo ao processo ensino-aprendizagem eacute recomendado o emprego de diversos

meacutetodos de ensino (aacuteudio visual praacutetico e sensibilizaccedilatildeo) para que a aprendizagem seja mais

eficiente Os meacutetodos ativos que exigem participaccedilatildeo do indiviacuteduo parecem ser mais eficazes

(BEZERRA 2008) Nesse sentido os recursos audiovisuais satildeo vantajosos pois orientam quanto

agrave direccedilatildeo do pensamento fornece o comportamento final desejado induz a transferecircncia de

aprendizagem e apresenta estiacutemulo para a mudanccedila de comportamento (GOUVEIA 1999)

Segundo Cardoso Santos e Silva (2009) entre as metodologias aplicadas para

manipuladores de alimentos adultos pode-se incluir liccedilotildees ao ar livre exposiccedilotildees cartazes

representaccedilotildees na rua projeccedilotildees de viacutedeos debates cursos para formaccedilatildeo de multiplicadores

sessotildees orientadas individualmente e programas educacionais puacuteblicos com uso da miacutedia de

massa Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de cartilhas ilustrativas evidenciando praacuteticas aceitaacuteveis

constitui material de apoio Para Soares et al (2013) ainda os treinamentos em alimentos devem

ser baseados em atividades teoacutericas e praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos podem

aplicar o conhecimento adquirido em praacutetica

Em linhas gerais os temas abordados pelos programas de treinamentos eou capacitaccedilotildees

de manipuladores de alimentos englobam a importacircncia da sauacutede individual e coletiva noccedilotildees

baacutesicas de higiene pessoal higiene de alimentos e ambiental e destacam os danos que a ausecircncia

desses cuidados causam sobre a sauacutede do consumidor conscientizando os manipuladores do seu

29

papel na prevenccedilatildeo das Doenccedilas Transmitidas por Alimentos ndash DTA (GHISLENI e BASSO

2008)

Medeiros et al (2011) ao realizarem uma revisatildeo sistemaacutetica sobre estrateacutegias

metodoloacutegicas adotadas por programas de treinamento em higiene de alimentos identificaram

como principal tema abordado a higiene pessoal seguido pela seguranccedila do alimento e melhoria

das praacuteticas Aleacutem disso foram referidos como temas de treinamento higiene local do trabalho

lavagem das matildeos noccedilotildees baacutesicas de microbiologia doenccedilas transmitidas pela aacutegua higiene dos

alimentos higiene dos utensiacutelios e a anaacutelise de Perigos e Pontos Criacuteticos de Controle - APPCC

dentre outros

Neste contexto cabe pontuar que a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

por meio da RDC nordm216 de 2004 estabelece que a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos

deve abordar pelo menos os temas de contaminantes alimentares Doenccedilas Veiculadas por

Alimentos manipulaccedilatildeo higiecircnica dos alimentos e Boas Praacuteticas (BRASIL 2004)

Na execuccedilatildeo de atividades de formaccedilatildeo ainda devem estar previstas etapas de avaliaccedilatildeo

Segundo Nieto-Montenegro Brown e Laborde (2008) a avaliaccedilatildeo do programa compreende

parte criacutetica de um treinamento em seguranccedila de alimentos uma vez que permite que os

implementadores avaliem a sua eficaacutecia Para verificaccedilatildeo da efetividade dos treinamentos alguns

autores tecircm recomendado a avaliaccedilatildeo em trecircs niacuteveis reaccedilatildeo aprendizagem e impacto de

treinamento no trabalho A reaccedilatildeo eacute o niacutevel de satisfaccedilatildeo dos participantes com a programaccedilatildeo o

apoio ao desenvolvimento do curso a aplicabilidade a utilidade e os resultados do treinamento

A aprendizagem refere-se ao grau de assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos ensinados no treinamento O

impacto do treinamento no trabalho eacute a auto-avaliaccedilatildeo feita pelo proacuteprio participante acerca dos

efeitos mediatos produzidos pelo treinamento em seus niacuteveis de desempenho motivaccedilatildeo auto-

confianccedila e abertura a mudanccedilas nos processos de trabalho (ABBAD GAMA e BORGES-

ANDRADE 2000)

No cenaacuterio da pesca artesanal ainda haacute poucas descriccedilotildees relativas agrave formaccedilatildeo de

pescadores e marisqueiras

Costa et al (2012) realizaram uma intervenccedilatildeo com pescadoras de uma associaccedilatildeo de um

municiacutepio do Recocircncavo baiano por meio de oficinas em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP)

tendo como preocupaccedilatildeo a temaacutetica da seguranccedila de alimentos e constataram que o processo

formativo se constituiu como uma das estrateacutegias para o fortalecimento das praacuteticas

organizacionais sendo uma das alternativas eficientes de faacutecil execuccedilatildeo e baixo custo que

podem ser aplicadas para atender agraves exigecircncias da inspeccedilatildeo sanitaacuteria Neste caso os

30

pesquisadores reportaram que 100 das pescadoras natildeo haviam recebido treinamento anterior

sobre as BPP

Noacutebrega (2013) desenvolveu estudo de intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade pesqueira do municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde-BA utilizando como temas de

treinamento a conservaccedilatildeo do pescado e a higiene do manipulador verificando a partir dos

padrotildees microbioloacutegicos que 970 das amostras de mariscos estavam em conformidade com a

legislaccedilatildeo apoacutes o treinamento representando uma melhoria na qualidade dos produtos

beneficiados

Menezes e Campos (2014) relatam trabalho de extensatildeo na comunidade pesqueira de

Mangue Seco Valenccedila-BA entre 2012 e 2014 por meio de cursos palestras e oficinas com o

objetivo de propiciar a difusatildeo de conhecimentos bem como o aprimoramento de praacuteticas

voltadas para a melhoria da mariscagem Entre as atividades foram realizados cursos sobre

tecnologia de pescado boas praacuteticas de produccedilatildeo e artesanato em escamas de peixe Segundo as

autoras apesar das oficinas proporcionarem melhorias dos processos produtivos mostrou

fragilidades na perspectiva da organizaccedilatildeo e coesatildeo do grupo na perspectiva do

desenvolvimento social

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FORMACcedilAtildeO EM SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS PARA MARISQUEIRAS UMA

EXPERIEcircNCIA EM COMUNIDADE PESQUEIRA DA BAIacuteA DE TODOS OS

SANTOS BRASIL

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Abner Victor da Silva Teixeirab Aline Natana da

Silva Machadob Suelen Giffoni Arauacutejob Joseacute Acircngelo Wenceslau Goacuteesc Ryzia de Caacutessia

Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

As marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo passadas de geraccedilatildeo

em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o pescado que

compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade Assim este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com as

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas estavam a exposiccedilatildeo dialogada as dinacircmicas

de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de fotos do trabalho na

mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade formativa

o que pode estar associado agraves metodologias utilizadas e agrave maior aproximaccedilatildeo entre os

instrutores e a comunidade com trocas de experiecircncias As estrateacutegias de intervenccedilatildeo

resultaram em mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos conquanto ainda

houvesse falhas que sinalizaram a necessidade de aperfeiccediloamentos e que a estrutura fiacutesica

dos locais de beneficiamento fosse inadequada Os resultados evidenciam a aplicabilidade de

estrateacutegia educativa em seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma

demanda de educaccedilatildeo continuada e de suporte estrutural agrave cadeia produtiva para o alcance de

maior eficaacutecia

Palavras-chave pesca artesanal treinamento qualidade de alimentos seguranccedila alimentar e

nutricional

40

Abstract

The shellfish pickers follow practices of fishing and processing that are passed from

generation to generation without specific training to work with seafood which comprises a

kind of animal product of high perishability This study aimed to describe a training strategy

in food safety for shellfish pickers of Ilha das Fontes community Satildeo Francisco do Conde

Brazil An intervention study was carried out following six stages survey of community

interest topics raising awareness in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers

before training training in Good Manufacturing Practices of food in situ monitoring of

routine work after training and conversation wheel with shellfish pickers Among the

methodologies dialogued exposure group dynamics the conversation wheel practical

simulations the exhibition of photos of the work in shellfishing and videos were used It was

verified a good adhesion of shellfish pickers to the formative activity which may be

associated with the methodologies used and the closer relationship between the teachers and

the community with exchanges of experience Intervention strategies resulted in positive

changes in the processing of shellfish although there were still failures that signaled the need

for improvements and that the physical structure of the places of processing were inadequate

The results showed the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing although it is registered a demand for continuing education and structural support to

the supply chain in order to achieve greater efficiency

Key words artisanal fishing training food quality food security

1Introduccedilatildeo

A pesca compreende importante cadeia na produccedilatildeo de alimentos em todo o mundo

Aleacutem de contribuir para a oferta de alimentos de elevada qualidade nutricional o setor

permite a inserccedilatildeo 583 milhotildees de trabalhadores diretos e indiretos o que tambeacutem colabora

para a renda e para promover a seguranccedila alimentar (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal participa com 45 da produccedilatildeo nacional de pescado -

com registro de 1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado e emprega cerca de um milhatildeo

de trabalhadores incluindo homens e mulheres (BRASIL 2014) Entretanto esta cadeia tem

sido marcada por fragilidades na sua conduccedilatildeo uma vez que historicamente natildeo contou com

poliacuteticas para apoio ao seu desenvolvimento Assim em grande parte do paiacutes registra-se a

atividade como um trabalho ruacutestico com baixa tecnologia de pesca e de conservaccedilatildeo do

pescado capturado o que implica em perda da qualidade do produto (VASCONCELLOS

DIEGUES e SALES 2004 SILVA 2011)

Dadas as caracteriacutesticas geograacuteficas do paiacutes a pesca artesanal inclui tanto aacutereas

costeiras quanto aquelas de bacias hidrograacuteficas Ainda inclui a coleta de pescado em aacutereas

de mangue onde eacute comum a atividade de mulheres Estas conhecidas popularmente como

41

marisqueiras satildeo responsaacuteveis pela coleta de mariscos para a complementaccedilatildeo da renda

familiar e tambeacutem para subsistecircncia (FREITAS et al 2012)

No seu ofiacutecio as marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo

passadas de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o

pescado que compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade

(VIEIRA 2004 FREITAS et al 2012) Assim ainda em que pese o conhecimento da

tradiccedilatildeo o pescado procedente desta atividade tem se configurado como uma preocupaccedilatildeo na

perspectiva da seguranccedila de alimentos De acordo com estudos realizados junto a essa cadeia

no paiacutes os mariscos obtidos tecircm apresentado alteraccedilotildees de natureza quiacutemica e

microbioloacutegica o que potencializa riscos para as proacuteprias comunidades e para os

consumidores (VIEIRA et al 2006 NASCIMENTO et al 2011)

Nesse cenaacuterio poliacuteticas recentes tecircm se voltado para o setor de modo a fortalecer esta

cadeia contribuindo para melhores condiccedilotildees de trabalho e a maior oferta de alimentos em

atendimento a requisitos sanitaacuterios Dentre as vertentes de apoio ao setor inclui-se o

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo que compreende importante estrateacutegia para

ensinar habilidades propiciar a aprendizagem ativa e aumentar a percepccedilatildeo de risco (NIETO-

MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 CUNHA et al 2013)

Entretanto sabe-se que programas de formaccedilatildeo que proporcionam apenas informaccedilotildees

teoacutericas natildeo resultam em mudanccedilas imediatas de comportamento dos manipuladores de

alimentos Deste modo as atividades formativas devem contemplar atividades teoacutericas e

praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos possam colocar em praacutetica o conhecimento

adquirido (SOARES et al 2013) Em adiccedilatildeo a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do programa conduzido

eacute uma parte criacutetica do treinamento uma vez que permite que os implementadores avaliem o

desempenho alcanccedilado (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008

MEDEIROS et al 2011)

Assim considerando a extensatildeo da praacutetica da pesca artesanal no litoral baiano o

contexto de rusticidade desta atividade e de baixa qualidade sanitaacuteria do pescado obtido este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos Brasil

42

2 Material e meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil como parte do

projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA

estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo1

O projeto conta com aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica da Escola de Nutriccedilatildeo da

Universidade Federal da Bahia (Parecer no 2265922014) (ANEXO I) e as atividades junto agrave

comunidade foram conduzidas no periacuteodo de marccedilo de 2014 a fevereiro de 2015

21 Seleccedilatildeo do local

A escolha da comunidade para a realizaccedilatildeo do estudo resultou de um conjunto de

condiccedilotildees que favoreceram o desenvolvimento das atividades de intervenccedilatildeo a atividade

pesqueira na Ilha ter atuaccedilatildeo marcada pela mariscagem a boa receptividade da equipe de

pesquisa pela comunidade e pelos liacutederes comunitaacuterios e a disponibilidade local de

instalaccedilotildees passiacuteveis de uso para a realizaccedilatildeo de atividades formativas - na Ilha conta-se com

uma sede comunitaacuteria com instalaccedilotildees fiacutesicas que permitiam os encontros com as

marisqueiras e a implementaccedilatildeo das atividades formativas

22 Programa de intervenccedilatildeo

A proposta de programa de intervenccedilatildeo foi planejada por uma equipe multidisciplinar

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e

contou com a participaccedilatildeo da comunidade

A intervenccedilatildeo consistiu em seis etapas (Figura 1)

I Sondagem de temas de interesse para a comunidade por meio da aplicaccedilatildeo de um

questionaacuterio semi-estruturado (ANEXO A)

II Encontro de sensibilizaccedilatildeo conduzido por meio de palestras atividades interativas e

relatos de experiecircncia de marisqueiras de outra comunidade jaacute qualificadas em processos

formativos com o objetivo de despertar a comunidade sobre a importacircncia da qualidade e da

seguranccedila do pescado

1 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

43

III Acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras desde a captura nos

manguezais ateacute o beneficiamento do pescado em casa Para avaliar as Boas Praacuteticas no

beneficiamento dos mariscos aplicou-se um check list (ANEXO B) elaborado com base na

RDC nordm2162004 (BRASIL 2004) e observando adaptaccedilotildees agrave realidade local contemplando

oito blocos 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4

Abastecimento de aacutegua 5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas

preparo dos mariscos e embalagens

IV Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos com desenvolvimento de

atividades educativas participativas para estimular o manuseio seguro do pescado nos

diferentes estaacutegios de processamento

V Novo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras realizado sessenta

dias apoacutes o treinamento com reaplicaccedilatildeo de check list

VI Roda de conversa com as marisqueiras desenvolvida com o auxiacutelio de roteiro de

perguntas para verificar a eficaacutecia da accedilatildeo educativa realizada identificando fatores que

facilitaram e dificultaram a mudanccedila de comportamento

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015

44

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias

Todo o planejamento das atividades de treinamento foi realizado por meio de reuniotildees

de consenso levando em conta as demandas dos participantes e incentivando-os a demonstrar

seus conhecimentos e praacuteticas de modo a aproveitar a experiecircncia local como base para a

construccedilatildeo de novos conhecimentos

De modo preacutevio ao treinamento foi feita a inscriccedilatildeo dos participantes com o

propoacutesito de levantar informaccedilotildees sobre o quantitativo de pessoas bem como dos dados

socioeconocircmicos do grupo considerando caracteriacutesticas quanto agrave idade agrave escolaridade agrave

renda e agrave participaccedilatildeo em treinamento anterior (APEcircNDICE A) No entanto metades dos

inscritos natildeo estiveram presentes no evento enquanto que outras pessoas que natildeo estavam

inscritas compareceram Assim para os novos interessados tambeacutem foram preenchidas fichas

com os referidos dados

As metodologias empregadas durante a realizaccedilatildeo das atividades compreenderam

exposiccedilatildeo dialogada usando um projetor multimiacutedia dinacircmicas de grupo rodas de conversa

simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de coleta e beneficiamento de mariscos e

viacutedeos Tambeacutem foram confeccionados materiais didaacuteticos de apoio e feita a gravaccedilatildeo da

atividade de roda de conversa para fins de registro e transcriccedilatildeo dos discursos das

marisqueiras Ao final da atividades formativa as marisqueiras receberam certificado de

realizaccedilatildeo do curso como forma de valorizaccedilatildeo e de incentivo pela participaccedilatildeo nas

atividades (APEcircNDICE B)

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias

Para conhecer a percepccedilatildeo dos participantes quanto aos meacutetodos utilizados na

formaccedilatildeo foi solicitado a eles apoacutes a atividade de formaccedilatildeo especiacutefica em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o preenchimento de um formulaacuterio de avaliaccedilatildeo (ANEXO D) que considerou os

seguintes itens explicaccedilatildeo dos assuntos recursos utilizados ritmo de atividades

esclarecimento de duacutevidas aprendizagem individual e sugestotildees para atividades futuras

Para avaliar os itens indicados utilizou-se uma escala estruturada com cinco

categorias de respostas peacutessimo ruim regular bom e excelente Para tratamento das

respostas as categorias tiveram valores numeacutericos equivalentes que variaram de um a cinco

na mesma ordem sendo a meacutedia aritmeacutetica de cada indicador calculada e as perguntas

restantes verificadas por frequecircncia de respostas

45

25 Anaacutelise de dados

Os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Excel e apresentados sob

a forma de estatiacutestica descritiva com uso de graacuteficos e tabelas para melhor explicaccedilatildeo dos

resultados alcanccedilados

3 Resultados e Discussatildeo

31 Programa de intervenccedilatildeo

311 Sondagem

A sondagem foi realizada com 32 marisqueiras da Ilha que atuavam ativamente na

pesca artesanal sendo possiacutevel obter uma descriccedilatildeo das expectativas de temas de interesse de

modo a abarcar melhor alguns destes no treinamento posto que determinados assuntos

escapavam ao foco de seguranccedila de alimentos Conforme os resultados foram levantados os

seguintes temas conservaccedilatildeo do pescado (30) benefiacutecios do pescado (225) informaccedilotildees

sobre o pescado (175) sauacutede do trabalhador (equipamentos de proteccedilatildeo - EPI) (15)

melhoria da qualidade do pescado (125) pesca e geraccedilatildeo de renda (cada um destes com

75 das indicaccedilotildees) e higienizaccedilatildeo do ambiente de processamento e artesanato com pescado

(cada um com 25)

Conforme Abushelaibi et al (2015) para que um programa de treinamento seja bem

sucedido eacute preciso que seja feito um planejamento cuidadoso devendo-se levar em

consideraccedilatildeo as necessidades dos participantes Deste modo a sondagem constituiu um dos

primeiros momentos de contato e de escuta agraves demandas de conhecimento junto agrave

comunidade Segundo Leite et al (2011) a sondagem possibilita uma construccedilatildeo mais

orientada do curso estimulando mudanccedilas positivas de comportamento jaacute que as

necessidades do populaccedilatildeo-alvo tornam-se conhecidas

312 Sensibilizaccedilatildeo

A atividade de sensibilizaccedilatildeo denominada ldquoEncontro com marisqueiras da Ilha das

Fontes um dedinho de prosa sobre trabalho e qualidade dos mariscosrdquo foi realizada em um

uacutenico dia com duraccedilatildeo de quatro horas e contou com a participaccedilatildeo de 15 marisqueiras que

natildeo foram necessariamente as mesmas que participaram da sondagem

46

O conteuacutedo programaacutetico apresentado compreendeu relato das marisqueiras da Ilha

do Paty sobre a atividade de formaccedilatildeo preacutevia realizada pelo projeto nesta Ilha valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras qualidade do marisco (indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) e resultados de diagnoacutestico de avaliaccedilatildeo da qualidade de mariscos de Satildeo

Francisco do Conde e especificamente a situaccedilatildeo da Ilha das Fontes

Nesse sentido a sensibilizaccedilatildeo dos participantes visava realccedilar a contribuiccedilatildeo social e

alimentar do trabalho na pesca artesanal promover maior conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia

da inocuidade dos alimentos envolvidos e despertar a comunidade para a possibilidade de

participar de programas de formaccedilatildeo profissional dentro de um grupo que compartilhava um

mesmo ambiente de vida e trabalho

Com o relato das marisqueiras da Ilha do Paty que viviam estaacutegio mais avanccedilado de

intervenccedilatildeo educativa (NOBREGA et al 2014) buscava-se demostrar uma experiecircncia

formativa exitosa em regiatildeo proacutexima motivando a comunidade para a atividade a ser

desenvolvida

O tema da valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras foi abordado a fim de ampliar a

percepccedilatildeo da comunidade sobre a importacircncia da profissatildeo para o abastecimento local de

pescado e para geraccedilatildeo de renda para muitas famiacutelias Nesse contexto Freitas et al (2012)

pontuam que o conhecimento das marisqueiras deve ser valorizado uma vez que haacute um

volume significativo de carne de mariscos sendo extraiacutedo com contribuiccedilatildeo para o

abastecimento de pescado Aleacutem disso a atividade desenvolvida deve ser considerada como

forma de dar reconhecimento agrave atividade e proteger do modo de vida dessas populaccedilotildees posto

que encerram tradiccedilotildees

Ainda foram apresentadas noccedilotildees referentes aos indicadores de qualidade do pescado -

sensorial microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica na perspectiva da seguranccedila do alimento Com este

conteuacutedo esperava-se melhorar a compreensatildeo dos resultados de estudo diagnoacutestico obtidos

pelo projeto maior que seriam apresentados considerando anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-

quiacutemicas de mariscos coletados no municiacutepio Posto que estes resultados natildeo eram bons

buscava-se despertar a comunidade quanto aos riscos sanitaacuterios dos produtos beneficiados na

regiatildeo e para a responsabilidade com a sauacutede dos consumidores

Onyeneho e Hedberg (2013) em estudo sobre seguranccedila de alimentos na Nigeacuteria

relatam que a sensibilizaccedilatildeo e a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos devem

inicialmente chamar a atenccedilatildeo das pessoas sobre o tamanho do problema e em seguida

treinaacute-las sobre como lidar com os alimentos corretamente e com seguranccedila explicitando a

melhor forma de manusear corretamente o alimento em ambiente higiecircnico

47

313 Acompanhamento in loco antes

O acompanhamento in loco foi feito com um grupo de quatro marisqueiras que se

propuseram a participar de todo o programa de intervenccedilatildeo Durante a atividade ainda nos

locais de captura dos mariscos constatou-se que o trabalho das marisqueiras compreendia um

esforccedilo muito grande posto que a pesca ocorria em aacutereas mais distantes da Ilha necessitando

caminhadas agrave peacute ou deslocamentos com canoas Ao mesmo tempo observou-se que a

movimentaccedilatildeo no mangue exige maior resistecircncia fiacutesica equiliacutebrio e praacutetica para identificar

os locais de apanha e que as posturas adotadas na realizaccedilatildeo do trabalho natildeo seguiam

qualquer padratildeo ergonocircmico sobrecarregando o corpo

Em estudo conduzido por Costa et al (2012) tambeacutem na Bahia similarmente

verificou-se que as marisqueiras se deslocavam com embarcaccedilotildees ou ateacute mesmo agrave peacute para a

coleta de mariscos e possuiacuteam uma longa jornada de trabalho sempre definida pela mareacute

Quanto ao trabalho Pena Freitas e Cardim (2011) pontuam que a exposiccedilatildeo das

marisqueiras aos riscos da pesca tem iniacutecio na infacircncia quando manuseiam os instrumentos

de pesca e caminham sobre as pedras e os mangues sob o sol e condiccedilotildees climaacuteticas adversas

sem qualquer proteccedilatildeo Os autores observam ainda que os riscos referentes aos fatores

externos se acumulam ao longo da vida laboral e se somam agraves condiccedilotildees de vida que

repercutem negativamente no crescimento

Conforme Pena Martins e Rego (2013) a precariedade da atividade artesanal impotildee

uma conformaccedilatildeo nociva do corpo ao trabalho com ritmos extenuantes movimentos

repetitivos sem pausas posturas inadequadas e outros condicionantes prejudiciais agrave sauacutede

resultando em quadros de doenccedilas associadas ao trabalho dentre estas a Lesatildeo por Esforccedilo

Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT)

Com relaccedilatildeo agraves praacuteticas com os mariscos em domiciacutelio a observaccedilatildeo da rotina de

beneficiamento dos mariscos e a aplicaccedilatildeo do check list permitiram identificar o natildeo

atendimento a diferentes requisitos sanitaacuterios

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios as principais falhas

incluiacuteram a presenccedila de objetos em desuso e de animais de estimaccedilatildeo na aacuterea de manipulaccedilatildeo

dos mariscos Ainda verificou-se que os utensiacutelios e a mesa utilizados natildeo apresentavam

superfiacutecies lisas e impermeaacuteveis propiciando contaminaccedilotildees

Quanto agrave higiene das instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios evidenciou-se que a aacuterea

de manipulaccedilatildeo dos mariscos compreendia o quintal da casa que era de difiacutecil higienizaccedilatildeo ndash

aacuterea de terra com vegetaccedilatildeo natural (mato) e animais circulando - galinhas e muitos objetos

48

em desuso natildeo sendo registrada a limpeza da aacuterea ao teacutermino do trabalho A higienizaccedilatildeo

dos utensiacutelios era procedida somente ao final das atividades em uma bacia

Em relaccedilatildeo ao abastecimento de aacutegua apesar dos reservatoacuterios estarem com tampa e

em bom estado de conservaccedilatildeo ficavam proacuteximos ao solo e de faacutecil acesso o que pode

favorecer a contaminaccedilatildeo Aleacutem disso natildeo havia registro e adequada frequecircncia de limpeza

desses reservatoacuterios Na Ilha era frequente o armazenamento da aacutegua em toneacuteis com tampa

proacuteximos ao chatildeo e por vezes o abastecimento de aacutegua natildeo acontecia de modo frequente

Quanto ao controle de vetores e pragas urbanas constatou-se a presenccedila de insetos e

animais na aacuterea de manipulaccedilatildeo Nos domiciacutelios se dispunha de inseticida devidamente

registrado contudo natildeo havia medidas preventivas para evitar a incidecircncia de vetores e

pragas no local

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos os recipientes de lixo estavam sem tampas e

localizados na aacuterea de manipulaccedilatildeo permitindo o acesso a pragas e animais constituindo

tambeacutem fonte de contaminaccedilatildeo A coleta de lixo na regiatildeo natildeo era realizada regularmente

sendo o lixo incinerado nos quintais diariamente

As marisqueiras apresentavam unhas longas com esmaltes e utilizavam adornos

(reloacutegio) Tambeacutem natildeo se observou a utilizaccedilatildeo de luvas e a lavagem das matildeos de forma

frequente e adequada

Quanto ao beneficiamento dos mariscos especificamente constatou-se que eram

lavados apenas com aacutegua do mar dispostos em panela de alumiacutenio jaacute desgastada pelo tempo

com aacutegua potaacutevel e submetidos agrave cocccedilatildeo em trempe com lenha - a sequecircncia das etapas desde

a captura ateacute o beneficiamento encontra-se ilustrada na Figura 2 A panela tinha tampa de

alumiacutenio para acelerar a cocccedilatildeo e durante este processo natildeo havia controle do tempo de

contato do marisco com a aacutegua fervente

Concluiacuteda a cocccedilatildeo para facilitar a retirada da carne seguia-se um raacutepido

resfriamento agrave temperatura ambiente em caixa vazada colocada dentro de uma bacia de

alumiacutenio disposta no chatildeo Para extraccedilatildeo da carne os mariscos eram colocados sobre

plaacutesticos que forravam o chatildeo ou dentro de bacias Nesta etapa tambeacutem natildeo havia controle do

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente desde a cocccedilatildeo ateacute o momento do

acondicionamento o que em muitos casos excedia uma hora

A carne extraiacuteda era colocada em bacias com aacutegua potaacutevel para lavagem Em seguida

os mariscos eram espremidos para remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com as matildeos nuas e

porcionados em embalagens plaacutesticas de um quilo Os produtos acondicionados entatildeo eram

levados para congelamento em refrigerador domeacutestico

49

Figura 2 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes antes da estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Ambiente de manipulaccedilatildeo dos mariscos 3-5Cocccedilatildeo dos

mariscos 6 Resfriamento agrave temperatura ambiente 7-8 Extraccedilatildeo da carne dos mariscos 9 Porcionamento da

carne extraiacuteda na embalagem

Pela descriccedilatildeo observa-se um contexto de trabalho muito ruacutestico rico em

oportunidades para contaminaccedilatildeo dos produtos o que em muito contribui para a perda da

qualidade dos mariscos produzidos compondo um quadro de precariedade que guarda

similaridades com relatos de outros autores no Nordeste (DIAS ROSA e DAMASCENO

2007 PENA FREITAS e CARDIM 2011 PENA MARTINS e REGO 2013) Ao mesmo

tempo haacute que se ter em mente que esta condiccedilatildeo foi histoacuterica e socialmente construiacuteda -

existe como parte da tradiccedilatildeo local A situaccedilatildeo do trabalho na comunidade apenas reflete o

contexto de baixo desenvolvimento social do municiacutepio e de insuficiecircncia de poliacuteticas de

apoio agrave pesca

1 2 3

4 5 6

7 8 9

50

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos

O treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos contou com a participaccedilatildeo

de 32 pessoas cujas caracteriacutesticas socioeconocircmicas encontram-se sumariadas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes do

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

CARACTERIacuteSTICAS N

SEXO

Feminino 31 969

Masculino 1 31

IDADE (em anos)

12-18 1 31

19- 59 28 875

ge 60 3 94

ESTADO CIVIL

Solteiro 10 312

Casado Uniatildeo Estaacutevel 17 531

SeparadoDivorciado 2 63

Viuacutevo 3 94

ESCOLARIDADE

Analfabeto 1 31

Ensino fundamental completoincompleto 14 438

Ensino meacutedio completoincompleto 17 531

Ensino superior completoIncompleto 0 00

RENDA

lt 1Salaacuterio Miacutenimo 20 625

1-2 Salaacuterios Miacutenimos 12 375

ge 3 Salaacuterios Miacutenimos 0 00

TREINAMENTO ANTERIOR EM BOAS PRAacuteTICAS

Sim 1 31

Natildeo 31 969

Verificou-se que a maioria dos participantes eram mulheres (969) com idade adulta

(875) casadas ou em uniatildeo estaacutevel (531) Nesse sentido argumenta-se que a

predominacircncia de mulheres no curso reflete a segmentaccedilatildeo de gecircnero para a mariscagem que

eacute historicamente descrita na regiatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011) embora homens

tambeacutem sejam encontrados na atividade

51

Na divisatildeo do trabalho da pesca artesanal a questatildeo do gecircnero eacute marcante na qual a

extraccedilatildeo de mariscos eacute realizada principalmente por mulheres e crianccedilas na praia e no

mangue sendo uma extensatildeo dos aspectos bioloacutegicos do corpo da mulher As mulheres

desenvolvem todo o procedimento de captura e beneficiamento do marisco em adiccedilatildeo ao

trabalho domeacutestico tradicional configurando uma dupla jornada (PENA FREITAS e

CARDIM 2011) Aleacutem disso eacute fato que as mulheres detecircm maior conhecimento sobre as

praacuteticas com os alimentos e a sua seguranccedila desenvolvendo melhor as praacuteticas de

manipulaccedilatildeo do alimento que os homens (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE

2008 CONTRERAS e GRACIA 2011)

No que concerne agrave idade os achados aproximam-se do estudo de Costa et al (2012)

que reportam a totalidade das mulheres na faixa etaacuteria entre 30 e 45 anos sendo que 803

destas sabiam ler e escrever e 667 tinham a pesca como uacutenica fonte de renda

Quanto agrave escolaridade constatou-se que as marisqueiras em sua maior parte tinham

ensino meacutedio incompleto ou completo (531) Freitas et al (2012) em Barra Grande-PI

evidenciaram que 4756 das marisqueiras possuiacuteam ensino fundamental completo ou grau

de escolaridade superior demonstrando um potencial para a captaccedilatildeo e repasse de

informaccedilotildees a serem disponibilizadas

Na Ilha das Fontes a maioria das marisqueiras apresentou renda familiar mensal

inferior a um salaacuterio miacutenimo (625) proveniente da comercializaccedilatildeo dos mariscos que era

complementada com benefiacutecio social do municiacutepio pelo Programa de Acolhimento Social de

Complementaccedilatildeo de Renda (PAS)

Pena Freitas e Cardim (2011) em seu trabalho na Ilha de Mareacute-BA entre os anos de

2005 e 2007 verificaram uma renda meacutedia mensal por marisqueira de apenas cinquenta

reais Dado o contexto os autores enfatizam a inexistecircncia de contrato de trabalho na pesca

artesanal uma vez que natildeo haacute emprego ou assalariamento pois a atividade eacute desenvolvida

individualmente ou em grupos familiares e dessa forma a precariedade social impotildee ritmo

intenso de trabalho para gerar mais produtos agrave venda

A quase totalidade (969) das marisqueiras da Ilha das Fontes natildeo tinha treinamento

preacutevio em Boas Praacuteticas na manipulaccedilatildeo de alimentos Resultados semelhantes foram

reportados por Costa et al (2012) que descrevem a ausecircncia de treinamento em Boas

Praacuteticas entre as pescadoras de uma comunidade pesqueira na Bahia

Nesse sentido a realidade observada contrasta com a RDC nordm 2162004 que dispotildee

sobre as Boas Praacuteticas para Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo estabelece que os manipuladores de

52

alimentos devem ser capacitados periodicamente em higiene pessoal em manipulaccedilatildeo

higiecircnica dos alimentos e em doenccedilas transmitidas por alimentos (BRASIL 2004)

O treinamento denominado ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo foi realizado em trecircs tardes consecutivas com duraccedilatildeo

total de 10 horas e teve como tema principal a manipulaccedilatildeo segura nos diferentes estaacutegios do

beneficiamento dos mariscos

Entre os temas trabalhados constaram as Boas Praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos

a higiene pessoal a higiene dos utensiacutelios e equipamentos e do ambiente a qualidade da aacutegua

os principais cuidados na captura manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo dos mariscos os aspectos de

sauacutede do trabalhador e o uso de EPI Aleacutem disso foram reforccedilados os temas relativos agrave

valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras e o diagnoacutestico da qualidade dos mariscos locais

bem como distribuiacutedos os seguintes materiais didaacuteticos de apoio texto de valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras Cartilha da marisqueira para a Boas Praacuteticas (ANEXO E) Cartilha

sobre LER e DORT (ANEXO F) e o Guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua (ANEXO G)

Durante o desenvolvimento dessa atividade foi feito o detalhamento das etapas do

beneficiamento dos mariscos com participaccedilatildeo ativa das marisqueiras dando-se foco agrave

necessidade de adoccedilatildeo de cuidados de higiene e conservaccedilatildeo com vistas agrave promoccedilatildeo da

seguranccedila do alimento e proteccedilatildeo da sauacutede dos consumidores A utilizaccedilatildeo de metodologias

como viacutedeos painel de praacuteticas jogo do certo e errado exposiccedilatildeo de fotos da realidade local e

os trabalhos em grupo contribuiacuteram para apreensatildeo do conhecimento acerca dos temas

abordados

Em estudos relacionados agrave formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos para manipuladores

foram observadas como metodologias de aprendizagem o uso de recursos audiovisuais como

fotos obtidas durante visitas anteriores mostrando situaccedilotildees e viacutedeos Aleacutem disso foram

reportadas a introduccedilatildeo de toacutepicos de discussatildeo e demonstraccedilotildees praacuteticas que contribuiacuteram

para apreensatildeo dos conhecimentos e melhoria dos haacutebitos de higiene (NIETO-

MOTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 SOARES et al 2013)

Soon e Baines (2012) em estudo no Reino Unido desenvolveram um treinamento

com agricultores e trabalhadores de fazendas utilizando quatro tipos de materiais educativos

de seguranccedila de alimentos incluindo a cartilha sobre a seguranccedila de alimento e na fazenda

slides viacutedeo sobre as praacuteticas de seguranccedila de produtos frescos e a demonstraccedilatildeo da praacutetica

de higienizaccedilatildeo das matildeos Os autores relataram que o programa de treinamento educacional

foi bem sucedido melhorando o conhecimento dos participantes acerca do tema

53

Na literatura consultada verificaram-se poucos estudos acerca da formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos no acircmbito da pesca artesanal cuja realidade de manipulaccedilatildeo dos

alimentos difere muitas de ambientes como escolas induacutestrias empresas e outros onde haacute a

possibilidade de maior controle dos fatores que podem estar influenciando na qualidade dos

produtos Apesar desse quadro alguns estudos relacionados agraves BPP foram realizados com

pescadoras e marisqueiras na Bahia

No trabalho de Costa et al (2012) que investigou conceitos e atitudes para produccedilatildeo

segura de alimentos por meio de entrevistas e observaccedilatildeo verificou-se que as BPP eram

percebidas como sinocircnimo de higiene e de permissatildeo para comercializaccedilatildeo do pescado sem

reclamaccedilotildees Contudo os autores notaram que as participantes natildeo detinham noccedilotildees quanto

aos procedimentos de BPP na implementaccedilatildeo das suas atividades

Noacutebrega et al (2014) realizaram uma intervenccedilatildeo em BPP empregando como

metodologias exposiccedilotildees dialogadas dinacircmicas de grupos oficinas teatro jogos com de

imagens atividades dirigidas e a distribuiccedilatildeo de materiais didaacuteticos Segundo os autores a

experiecircncia demonstrou o potencial de desenvolvimento de atividades educativas junto agraves

comunidades pesqueiras com resultados que contribuiacuteram para o fortalecimento da cadeia

produtiva local com promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Para Mcintyrea et al (2014) programas de intervenccedilatildeo que incluem a formaccedilatildeo

multidimensional com atividades praacuteticas e recursos de miacutedia interativa podem melhorar os

resultados de formaccedilatildeo Nessa direccedilatildeo Deon et al (2014) pontuam que uma variedade de

recursos audiovisuais podem ser utilizadas pelos educadores para difundir mensagens sobre a

seguranccedila dos alimentos e ajudar no desenvolvimento de programas educativos que abordam

diretamente o assunto

Para Medeiros et al (2011) cartazes e folhetos podem ser usados para lembrar aos

manipuladores das praacuteticas que devem ser executadas podendo ser postados em paredes em

locais apropriados no local de trabalho As fotografias por sua vez podem permitir que os

participantes identifiquem e analisem os problemas e outras questotildees que mais interessem em

suas comunidades (BAILEY e VAN HARKEN 2014) os viacutedeos podem enfatizar conceitos

importantes e manter o interesse dos telespectadores (SOON e BAINES 2012) e o uso de

jogos em treinamentos proporciona amplas oportunidades de exerciacutecio e praacutetica reforccedilando

assim a retenccedilatildeo de informaccedilotildees (MAC NAMEE et al 2006)

Conforme Robertson et al (2013) o propoacutesito do treinamento natildeo deve ser somente o

aumento de conhecimento das praacuteticas pelos manipuladores de alimentos mas sim capacitaacute-

los a praticar estes comportamentos em todos os momentos criando uma verdadeira cultura de

54

seguranccedila do alimento Nesse processo no entanto eacute necessaacuterio entender aspectos que afetam

o comportamento do manipulador de alimentos e como ele interage com as suas crenccedilas e os

niacuteveis de conhecimento (ABUSHELAIBI et al 2015)

Os resultados da avaliaccedilatildeo do treinamento realizada pelos participantes encontram-se

ilustrados na Figura 3 Como se verifica as notas de avaliaccedilatildeo foram satisfatoacuterias com

meacutedias acima de quatro demonstrando que os participantes consideraram o treinamento entre

bom e oacutetimo

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo do treinamento em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos realizado junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

Resultados similares foram reportados no estudo de Soon e Baines (2012) no qual

mais de 80 dos participantes consideraram o conteuacutedo de formaccedilatildeo satisfatoacuterio e de faacutecil

compreensatildeo e que nenhum deles considerou o treinamento longo ou complicado

Na formaccedilatildeo com as marisqueiras o item de avaliaccedilatildeo de maior meacutedia foi a

explicaccedilatildeo dos assuntos demonstrando que a forma de abordagem dos conteuacutedos tornou faacutecil

o entendimento favorecendo a apreensatildeo dos conhecimentos O item de menor meacutedia foi o

referente ao esclarecimento de duacutevidas o que pode estar relacionado a conteuacutedos mais

especiacuteficos ou teacutecnicos das BPP

Para Prado et al (2006) educar eacute contribuir para a formaccedilatildeo do ser humano criando

possibilidades para produccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Ainda compreende uma relaccedilatildeo

que envolve respeito eacutetica reconhecimento do outro e de si mesmo buscando autonomia

55

Em relaccedilatildeo agraves sugestotildees referidas pelas marisqueiras para melhorias futuras da

atividade educativa constaram o maior tempo para realizaccedilatildeo do curso a maior participaccedilatildeo

da comunidade no treinamento e a realizaccedilatildeo de mais atividades praacuteticas Noacutebrega (2013)

tambeacutem encontrou como sugestotildees para melhoria da atividade formativa a maior participaccedilatildeo

da comunidade no curso e um periacuteodo maior para realizaccedilatildeo das atividades com espaccedilo para

responder aos questionamentos o que expressa uma demanda da comunidade

Pelos resultados destaca-se uma preocupaccedilatildeo dos participantes para que outras

marisqueiras tambeacutem tivessem oportunidade de formaccedilatildeo o que pode ser interpretado como

uma valorizaccedilatildeo do curso Quanto ao tempo por outro lado ainda natildeo haacute estudos que

estabeleccedilam qual seria a carga horaacuteria ideal no contexto da pesca artesanal ndash entatildeo

considerando estudo preacutevio de Noacutebrega et al (2014) previu-se uma maior extensatildeo mas que

ainda foi pontuada como insuficiente pelo grupo

Nesse contexto considera-se que a avaliaccedilatildeo do programa de treinamento em

seguranccedila do alimento eacute uma parte criacutetica uma vez que permite que os implementadores

avaliem a sua eficaacutecia (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008) Ao mesmo

tempo compreende oportunidade para o aperfeiccediloamento do processo na perspectiva dos

vaacuterios elementos passiacuteveis de mensuraccedilatildeo ndash meacutetodos adotados conhecimento acumulado

mudanccedilas de comportamento e melhoria da qualidade do produto

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo

Essa etapa foi realizada com as quatro marisqueiras que participaram do

acompanhamento in loco anterior ao treinamento Os resultados do acompanhamento in loco

poacutes-intervenccedilatildeo em relaccedilatildeo aos resultados da avaliaccedilatildeo inicial satildeo exibidos na Figura 4

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios notou-se uma reduccedilatildeo

das inadequaccedilotildees apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda que objetos em desuso estivessem presentes os

animais foram isolados da aacuterea de manipulaccedilatildeo Nesse sentido observou-se que as residecircncias

onde o beneficiamento dos mariscos era feito muitas vezes apresentavam estrutura precaacuteria

Aleacutem disso as marisqueiras tinham baixo poder aquisitivo o que inviabilizava a construccedilatildeo

de local com instalaccedilotildees proacuteprias com equipamentos e utensiacutelios necessaacuterios agrave melhor

manipulaccedilatildeo do alimento Por isso o beneficiamento continuava sendo realizado na aacuterea

externa das residecircncias local onde eram realizadas tambeacutem outras atividades domeacutesticas

56

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto ao

atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das Fontes Satildeo

Francisco do Conde-BA 20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4 Abastecimento de aacutegua

5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas preparo dos mariscos e embalagens

Utensiacutelios em bom estado de conservaccedilatildeo passaram a ser utilizados conquanto a mesa

disponiacutevel fosse a mesma Deste modo as marisqueiras passaram a utilizar um plaacutestico

transparente sobre a mesa o que facilitava a higienizaccedilatildeo e diminuiacutea riscos de contaminaccedilatildeo

Nessa direccedilatildeo ressalta-se que a limpeza das superfiacutecies que entram em contato com os

alimentos compreende cuidado essencial para a seguranccedila do alimento e para a prevenccedilatildeo de

contaminaccedilatildeo cruzada enfatizando-se as etapas de limpeza e sanitizaccedilatildeo Todavia quando as

praacuteticas de higiene satildeo deficientes podem resultar na formaccedilatildeo de biofilmes na superfiacutecie de

equipamentosutensiacutelios comprometendo a seguranccedila dos produtos a serem processados

(LUES e VONDER 2007 NUNES et al 2010)

Embora a aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos fosse a mesma as marisqueiras passaram

a fazer a sua limpeza antes e apoacutes o uso natildeo havendo mais animais Os utensiacutelios tambeacutem

passaram a ser devidamente higienizados antes e apoacutes o uso Nesse sentido apesar da

observaccedilatildeo de reduccedilatildeo nas inadequaccedilotildees nesse quesito natildeo foi possiacutevel garantir que as

condiccedilotildees de limpeza observadas natildeo permitiam a contaminaccedilatildeo do produto posto que natildeo

havia pia para lavagem dos utensiacutelios A higienizaccedilatildeo era realizada em bacia de alumiacutenio que

57

tambeacutem era utilizada para lavagem de roupas Rowel et al (2013) em estudo em mercearias

tambeacutem registraram que com o treinamento houve maior conscientizaccedilatildeo dos funcionaacuterios

promovendo a correta higienizaccedilatildeo destes materiais

Com relaccedilatildeo ao controle de vetores e pragas no beneficiamento de mariscos o quadro

manteve-se inalterado pois o ambiente onde era realizado o beneficiamento dos mariscos era

aberto permitindo a presenccedila de vetores e pragas Nesse contexto a preocupaccedilatildeo para o

controle de insetos e pragas considera tanto as perdas econocircmicas quanto o risco sanitaacuterio

Segundo Dias et al (2011) insetos satildeo vetores de vaacuterios microrganismos conhecidos

inclusive de agentes patogeacutenicos alimentares

Quanto ao abastecimento de aacutegua tambeacutem natildeo foram observadas modificaccedilotildees apoacutes a

intervenccedilatildeo dado ser esta a realidade estrutural do abastecimento de aacutegua na Ilha Apesar da

existecircncia de abastecimento de aacutegua pela rede puacuteblica de abastecimento a maioria dos locais

de manipulaccedilatildeo dos mariscos natildeo possuiacutea aacutegua encanada sendo a aacutegua estocada em

recipientes como baldes e vasilhas plaacutesticas

Nesse sentido ressalta-se que a qualidade da aacutegua representa um requisito essencial

em locais que processam eou manipulam alimentos apresentando influecircncia direta sobre a

qualidade microbioloacutegica do produto final principalmente quando esta eacute utilizada na

preparaccedilatildeo de outros produtos (NUNES et al 2010)

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos natildeo foram constatadas mudanccedilas apoacutes a

intervenccedilatildeo Em geral as residecircncias das marisqueiras natildeo contavam com lixeiras com tampa

e sacos de polietileno e o chatildeo da aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos consistia de terra

impossibilitando a retirada total do lixo Ao mesmo tempo a coleta dos resiacuteduos na Ilha natildeo

era realizada com frequecircncia e os moradores natildeo tinham acesso faacutecil aos sacos de polietileno

para fazer o acondicionamento Dessa forma as marisqueiras como aos demais moradores da

Ilha costumavam incinerar os resiacuteduos

Conforme registram Nunes et al (2010) a presenccedila de lixo e resiacuteduos favorece a

presenccedila de diversos tipos de vetores que podem disseminar microrganismos patogecircnicos

para as superfiacutecies de preparaccedilatildeo e consequentemente para os alimentos

Por outro lado houve uma mudanccedila marcante na higiene pessoal das marisqueiras

com uso de roupas limpas proteccedilatildeo para os cabelos unhas curtas e sem esmaltes ausecircncia de

adornos e maior frequecircncia na higienizaccedilatildeo das matildeos Soares et al (2013) apoacutes o treinamento

de seguranccedila alimentar para manipuladores identificaram por meio de observaccedilatildeo in situ a

melhoria da higiene sugerindo que estes comeccedilaram a seguir regras de desinfecccedilatildeo das matildeos

de forma mais rigorosa

58

Cabe considerar que algumas das bacteacuterias podem ser encontradas nas matildeos de

manipuladores de alimentos como Escherichia coli e Staphylococcus aureus (LUES e

TONDER 2007) Por isso a boa higiene pessoal com lavagem das matildeos adequada antes e

apoacutes o manuseio dos alimentos juntamente com corretas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de

alimentos podem reduzir muito as chances de transferecircncia de microrganismos patogecircnicos

(ABUSHELAIBI et al 2015)

A Figura 5 exibe algumas das mudanccedilas observadas depois da intervenccedilatildeo Os

mariscos passaram a ser lavados com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo e colocados em panela de

alumiacutenio com tampa em bom estado de conservaccedilatildeo A cocccedilatildeo seguia os mesmos

procedimentos anteriores sem controle do tempo de contato do marisco com a aacutegua fervente e

o posterior resfriamento agrave temperatura ambiente em caixas vazadas proacuteximas ao chatildeo o que

evidenciou fragilidades no treinamento considerando mudanccedilas nas praacuteticas das

marisqueiras

Considerando a falta de controle do tempo de cozimento avalia-se que pode ser

devido ao conhecimento adquirido pelas marisqueiras ao longo dos anos quanto agraves mudanccedilas

que ocorrem durante a cocccedilatildeo como a abertura das conchas quando os moluscos bivalves

estatildeo cozidos e no caso dos crustaacuteceos a mudanccedila da coloraccedilatildeo

Quanto ao resfriamento apoacutes a cocccedilatildeo agrave temperatura ambiente e com recipientes

proacuteximos ao chatildeo talvez revele resistecircncia agrave mudanccedila pelas marisqueiras dado que o

conhecimento foi transmitido e que natildeo foi referido como um aspecto difiacutecil durante o curso

Na etapa de extraccedilatildeo da carne os mariscos eram dispostos sobre o plaacutestico que forrava

a mesa de madeira poreacutem ainda sem controle do tempo de exposiccedilatildeo agrave temperatura

ambiente ateacute o momento de acondicionamento Na rotina as marisqueiras natildeo controlavam o

tempo de realizaccedilatildeo de suas atividades e soacute quando concluiacuteam toda a etapa de extraccedilatildeo da

carne e os procedimentos finais submetiam os mariscos ao congelamento natildeo seguindo a

recomendaccedilatildeo de controle do binocircmio de tempo e temperatura enfatizado durante o

treinamento

Segundo Walter et al (2012) os catados de mariscos satildeo considerados produtos com

alta perecibilidade e criacuteticas tem sido feitas ao seu manuseio no processo de beneficiamento

realizado pelas mulheres uma vez que os produtos satildeo manipulados e armazenados em

condiccedilotildees inadequadas Deste modo haacute um receio quando do consumo eou comercializaccedilatildeo

desses mariscos em baixas condiccedilotildees sanitaacuterias

59

Figura 5 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes apoacutes a estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Lavagem com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo 3 Cocccedilatildeo

dos mariscos 4 Remoccedilatildeo da aacutegua de cocccedilatildeo para resfriamento 5 Resfriamento dos marisco agrave temperatura

ambiente 6 Extraccedilatildeo da carne de mariscos 7 Lavagem com aacutegua potaacutevel apoacutes a extraccedilatildeo da carne dos

mariscos 8 Porcionamento da carne extraiacuteda na embalagem 9 Lavagem dos utensiacutelios

A carne obtida dos mariscos era lavada em bacias com aacutegua potaacutevel e espremida para

remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com matildeos nuas mas que traziam unhas curtas e sem esmaltes O

porcionamento nas embalagens passou a ser realizado com o auxiacutelio de escumadeira sendo os

produtos acondicionados em seguidas levados para congelamento

Nessa direccedilatildeo pontua-se que o uso de luvas a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene e o

controle de temperaturas adequadas e resfriamento raacutepido reduzem o risco de contaminaccedilatildeo

no processamento Em adiccedilatildeo que a temperatura de conservaccedilatildeo constitui um paracircmetro

determinante da vida de prateleira de um produto uma vez que estaacute diretamente relacionada

com a velocidade da atividade microbiana sendo o seu controle fator importante nas Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo (VIEIRA et al 2006)

1 2 3

4 5 6

7 8 9

60

No caso de frutos do mar Ramos et al (2011) ressaltam que satildeo muito manipulados

no beneficiamento uma vez que haacute separaccedilatildeo manual da carne apoacutes a cocccedilatildeo e que a falta de

controle pode colocar em risco a sauacutede do consumidor Para os autores a qualidade dos frutos

do mar apoacutes o processamento eacute resultante das condiccedilotildees higiecircnicosanitaacuterias iniciais do

produto dos equipamentos do pessoal do tratamento teacutermico do controle de tempo e

temperatura das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo bem como precauccedilatildeo em embalagem e

congelamento

De acordo com Lima et al (2013) no caso de mexilhotildees assim como de outros

moluscos bivalves que satildeo organismos que filtram seletivamente pequenas partiacuteculas

presentes na aacutegua a higienizaccedilatildeo com aacutegua potaacutevel e o cozimento satildeo procedimentos que

ajudam no controle microbiano e na garantia de seguranccedila do produto

Mediante os achados do segundo acompanhamento in loco avalia-se que apesar das

falhas registradas foi tambeacutem possiacutevel evidenciar mudanccedilas no beneficiamento que podem

ser beneacuteficas no que se refere agrave qualidade final do marisco Estas mudanccedilas no entanto natildeo

se mostraram suficientes para garantir a seguranccedila desse alimento Nesse cenaacuterio vale

pontuar que parte das inadequaccedilotildees atrelava-se agrave falta de condiccedilotildees estruturais

Ao mesmo tempo considera-se que mesmo medidas simples como o uso de luvas

para a manipulaccedilatildeo dos mariscos cozidos natildeo satildeo de faacutecil implementaccedilatildeo pelas marisqueiras

em virtude do baixo poder aquisitivo das famiacutelias Deste modo sinaliza-se a necessidade de

apoio das autoridades locais para a aquisiccedilatildeo de equipamentos de proteccedilatildeo individual visando

a promoccedilatildeo da qualidade dos produtos

Dado o contexto e visando agrave melhoria da qualidade do produto indica-se a

necessidade de aperfeiccediloamento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo implementada incluindo maior

carga horaacuteria atividades praacuteticas que envolvam a higienizaccedilatildeo das matildeos o controle do

binocircmio tempo-temperatura durante o beneficiamento e uma comunicaccedilatildeo mais acessiacutevel ao

puacuteblico

Em paralelo sugere-se que o beneficiamento dos mariscos seja realizado em local

dotado de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios adequados Dado que foram verificadas

mudanccedilas significativas nos haacutebitos de higiene das marisqueiras podendo assim tornar o

alimento seguro a possibilidade de locais apropriados certamente contribuiria para melhor

condiccedilatildeo de trabalho e assunccedilatildeo de novas praacuteticas

Outrossim como elemento essencial ao processo formativo considera-se a

necessidade de educaccedilatildeo continuada e de acompanhamento teacutecnico junto agrave comunidade para

que possa alcanccedilar praacuteticas mais seguras Conforme reportado por Cunha et al (2013) as

61

visitas frequentes ajudam na motivaccedilatildeo e no acompanhamento dos locais de produccedilatildeo de

alimentos - assim podem melhorar as boas praacuteticas de higiene Nessa rotina a aplicaccedilatildeo de

uma lista de verificaccedilatildeo de boas praacuteticas constitui uma ferramenta que pode ser utilizada para

avaliar e monitorar a seguranccedila alimentar no ambiente de produccedilatildeo

316 Roda de conversa

A roda de conversa foi realizada durante uma tarde com a participaccedilatildeo de nove

marisqueiras - o menor quantitativo de participantes nessa atividade nestes caso decorreu de

dificuldade de divulgaccedilatildeo da atividade na Ilha No encontro foi retomado o propoacutesito das

atividades formativas para o grupo e em seguida foram feitas perguntas conforme roteiro

preacute-elaborado (ANEXO C)

De acordo com a exposiccedilatildeo foi possiacutevel observar que as participantes demonstraram-

se satisfeitas com a realizaccedilatildeo das atividades Aleacutem disso verificou-se que os assuntos

abordados foram apreendidos pelas participantes como pode ser observado nas respostas

abaixo

ldquoEu senti que a gente aprendeu o que a gente natildeo sabia Como manusear o marisco

E quer dizer que a gente eacute pintava a unha que diz que natildeo pode e tem que usar touca a

gente natildeo sabiardquo Marisqueira 2

ldquoEu aprendi neacute Por que muitas vezes a gente catava marisco agraves vezes assim

cachorro passava e a gente deixava neacute E lavar direitinho mesmo com a aacutegua doce que

muitas vezes a gente natildeo lavava com a aacutegua doce lavava com a aacutegua salgada E pra mim foi

oacutetimo por que o que eu natildeo sabia eu aprendirdquo Marisqueira 4

No que se refere agrave dificuldade de realizaccedilatildeo de mudanccedilas na forma de trabalho depois

do treinamento foi apontada apenas uma dificuldade pelas marisqueiras

[difiacutecil] ldquoSoacute a lavagem da ostra com aacutegua doce que vai dar muito trabalho Porque a

quantidade eacute muitardquo Marisqueira 4

Quando questionadas sobre o que havia sido mais faacutecil de fazer na mudanccedila das

praacuteticas algumas marisqueiras relataram

[faacutecil] ldquoA parte de ensacar [embalar] neacute Pega com a colher Isso ficou um pouco

mais faacutecil neacuterdquo Marisqueira 3

[faacutecil] ldquo A parte de lavar antes de cozinhar Porque quando a gente lavava a gente agraves

vezes lavava tem gente mesmo que soacute lava em duas aacuteguas E agora a gente aprendeu a

62

lavar em trecircs quatro aacuteguas ateacute aquela aacutegua sair mais limpinha Por que natildeo vai sair

totalmente limpa mas vai sair assim um pouquinho mais clarardquo Marisqueira 7

Quanto agraves sugestotildees para realizaccedilatildeo de novas atividades na Ilha foram citadas as

oficinas culinaacuterias e de artesanato Em adiccedilatildeo ao treinamento de BPP foi realizada uma

atividade acerca da alimentaccedilatildeo saudaacutevel com o propoacutesito de melhorar a qualidade de vida

das marisqueiras

4 Conclusatildeo

A atividade formativa conduzida evidenciou uma boa adesatildeo das marisqueiras quadro

que pode estar associado agraves metodologias utilizadas ao contexto de interaccedilatildeo com maior

aproximaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e agrave valorizaccedilatildeo dada ao curso No entanto

assume-se a necessidade de aprimoramento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo adotada incluindo o

aumento do tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e do controle de temperatura e do

tempo

No que se refere ao beneficiamento dos mariscos as atividades resultaram mudanccedilas

positivas nas praacuteticas de manipular os produtos Contudo a estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento ainda se mostrou inadequada configurando riscos agrave qualidade do alimento e

consequentemente para a sauacutede do consumidor - uma situaccedilatildeo que muitas vezes natildeo pode

ser solucionada pelas marisqueiras haja vista o seu baixo poder aquisitivo Assim acredita-se

que embora o conhecimento tenha sido apreendido pelos participantes este natildeo pode ser

inteiramente aplicaacutevel agrave realidade local

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividade formativa periodicamente reforccedilando os conceitos e as

praacuteticas a serem adotadas para garantir a inocuidade dos mariscos comercializados

Considerando a insuficiecircncia de publicaccedilotildees sobre a formaccedilatildeo em seguranccedila de

alimentos no acircmbito da pesca artesanal reforccedila-se a demanda de estudos que possam dar

melhor conformaccedilatildeo ao conhecimento na aacuterea trazendo contributos nas perspectivas

cientiacutefica tecnoloacutegica e social

Agradecimentos

63

Os autores gostariam de agradecer aos colegas Aacutequila Samara Iacutecaro Cazumbaacute Iacutesis Maria

Borges Juccedilara Soledade e Sirlana Assis pelo auxiacutelio na atividade de formaccedilatildeo e agrave Fundaccedilatildeo

de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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67

Capiacutetulo III

EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA MARISQUEIRAS

AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM INDICADORES

MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Alaiacutese Gil Guimaratildeesa Caroline Menezes da Silva

Matosb Taate Queacutezia dos Santos Arauacutejo Silvab Thayse Correcirca de Souzab Thatimila de Jesus

Pereirab Sara Bispo Oliveirab Ryzia de Cassia Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

No Brasil as marisqueiras apresentam papel importante no abastecimento de mariscos pois

aleacutem da coleta participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto realizando o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes em condiccedilotildees adversas Assim este estudo objetivou

avaliar a eficaacutecia de uma atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo realizada com

marisqueiras para melhoria da qualidade microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos

beneficiados Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo com desenvolvimento de atividade formativa

em seguranccedila de alimentos e em paralelo foram obtidas amostras de mariscos das espeacutecies

siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) para

anaacutelises sendo 48 antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram analisadas para a

contagem de microrganismos psicrotroacuteficos coliformes agrave 35ordmC Escherichia coli e

estafilococos coagulase positiva e para pesquisa de Salmonella spp Ainda foram

determinados o pH e as bases volaacuteteis totais (N-BVT) Verificou-se melhoria na qualidade

microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora 146 das amostras ainda

apresentassem contagens de estafilococos coagulase positiva superiores ao paracircmetro oficial

Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH em quase sua totalidade (99) mostrou-se

superior ao limite enquanto os valores de N-BVT estavam dentro da faixa Apesar da

melhoria evidenciada assume-se na perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no

beneficiamento dos mariscos sob o aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar

a natildeo conformidade para o conjunto de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo

abarca as diferentes espeacutecies estudadas Dessa forma sugere-se a continuidade da formaccedilatildeo

para as marisqueiras com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e a realizaccedilatildeo de novos

estudos que verifiquem o comportamento quiacutemico das diferentes espeacutecies de pescado

Palavras-chave pescado treinamento anaacutelises microbioloacutegicas seguranccedila de alimentos

68

Abstract

In Brazil shellfish pickers have an important role in the supply of shellfish because besides

collecting they participate in all phases of product handling performing minimal processing

often in adverse conditions Thus this study aimed to evaluate the effectiveness of a training

activity on Good Manufacturing Practices held with shellfish pickers in order to to improve

the microbiological and physico-chemical quality of benefitted shellfish An intervention

study was conducted with development of training activities in food safety and in parallel

samples of shellfish were obtained of the species crab (Callinectes sapidus) mussels (Mytella

falcata) and oyster (Crassostrea rhizophorae) for analysis 48 before the intervention and 48

after The samples were analyzed for quantification of psychrotrophic total coliforms

Escherichia coli and coagulase-positive staphylococcus and search of Salmonella spp

Moreover the pH and total volatile bases (N-TVB) were determined There was improvement

in the microbiological quality of shellfish after the intervention although 146 of the

samples still have presented staphylococcus coagulase countings higher than the official

parameter When compared to national standards the pH almost in totality (99) was

superior to the limit while the TVB-N values were within the range Despite the positive

results it is assumed on the microbiological perspective that failure occurred in the

processing of shellfish under the physico-chemical aspect however is not possible to affirm

the nonconformity to the set of samples since the Brazilian legislation does not cover all

different species Therefore we suggest the continuity of training for shellfish pickers with

orientation and more effective control and the new studies that verify the chemical behavior

of different species of seafood

Key words seafood training microbiological analysis food safety

1Introduccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da pesca artesanal para aliviar a pobreza e promover a seguranccedila

alimentar tem sido reconhecida internacionalmente Todavia sobretudo nos paiacuteses tropicais

parte expressiva desta produccedilatildeo de pescado eacute perdida ao longo desta cadeia produtiva tanto

pela falta de infraestrutura e condiccedilotildees de conservaccedilatildeo quanto pela maior suscetibilidade do

pescado (FAO 2014)

Em toda a costa brasileira a pesca artesanal tambeacutem constitui uma realidade marcada

por desafios que requerem atenccedilatildeo e suporte para trazer melhor produccedilatildeo e maiores

benefiacutecios agraves comunidades envolvidas (MARUYAMA et al 2009) Dentre as modalidades de

pesca artesanal no paiacutes tem destaque a mariscagem que consiste na coleta de mariscos -

crustaacuteceos e moluscos em regiotildees de manguezal Nesse cenaacuterio os manguezais

compreendem verdadeiras fontes de recursos para populaccedilotildees carentes que retiram dali o seu

sustento posto que a captura das diferentes espeacutecies tanto as que se destina ao consumo

proacuteprio quanto agrave comercializaccedilatildeo (ALVES e NISHIDA 2003 JESUS e PROST 2011)

69

Em geral a mariscagem eacute realizada por mulheres denominadas marisqueiras ou

mariscadeiras que atuam em aacutereas limitadas e utilizam instrumentos rudimentares para o

trabalho no mangue Aleacutem disso estas mulheres trabalham em todas as fases de manipulaccedilatildeo

do produto realizando o beneficiamento miacutenimo muitas vezes sem condiccedilotildees adequadas de

manuseio e conservaccedilatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011)

De acordo com estudos conduzidos junto a marisqueiras do Rio Grande do Norte

(DIAS ROSA DAMASCENO 2007) e da Paraiacuteba (NISHIDA 2008) tecircm-se constatado

precaacuterias condiccedilotildees de vida e de trabalho para este coletivo o que compreende preocupaccedilatildeo

na perspectiva ambiental e da oferta de alimentos seguros

No municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil a mariscagem eacute uma tradiccedilatildeo

e os mariscos satildeo beneficiados nas proacuteprias residecircncias que natildeo dispotildeem de infraestrutura

adequada para realizaccedilatildeo da atividade Em adiccedilatildeo as marisqueiras natildeo possuem treinamento

especiacutefico para a manipulaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos alimentos o que favorece contaminaccedilotildees e

alteraccedilotildees dos produtos beneficiados e coloca em risco a sauacutede dos consumidores (ARGOcircLO

2012)

Segundo Argocirclo (2012) que avaliou 96 amostras de mariscos beneficiados oriundas

de seis comunidades pesqueiras do municiacutepio 958 das amostras estavam improacuteprias ao

consumo no que se refere a qualidade microbioloacutegica enquanto que 906 das amostras

encontravam-se natildeo conformes para a avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica demonstrando um risco a

sauacutede do consumidor

Nesse cenaacuterio eacute importante destacar o papel dos manipuladores de alimentos uma vez

que estes manteacutem contato direto com o alimento observando-se muitas vezes praacuteticas de

manipulaccedilatildeo incorretas que se associam agrave ocorrecircncia de surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

(SEAMAN 2010) uma preocupaccedilatildeo que tambeacutem se aplica agrave realidade das marisqueiras na

cadeia da pesca artesanal

Em face ao problema o treinamento para manipuladores de alimentos tem sido

considerado como uma estrateacutegia essencial para promover a seguranccedila dos alimentos e evitar

surtos No entanto para que esta atividade educativa seja transformadora e promova

mudanccedilas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos deve-se considerar o puacuteblico-alvo e o uso

de diferentes metodologias (CUNHA et al 2014 GOMES et al 2014)

Assim considerando a contribuiccedilatildeo da pesca artesanal e a complexidade dos cenaacuterios

de obtenccedilatildeo de mariscos no paiacutes este estudo teve por objetivo avaliar a eficaacutecia de uma

atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) para melhoria da qualidade

70

microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos beneficiados junto agrave comunidade pesqueira de

Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

2 Material e Meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a 32 marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA no periacuteodo de marccedilo

de 2014 a fevereiro de 2015 como parte do projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em

comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e

promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo2

O estudo compreendeu trecircs etapas e teve seu desenvolvimento organizado em oito

atividades conforme descreve o Quadro 1

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas no planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

INTERVENCcedilAtildeO APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

1 Sondagem dos temas 5 Treinamento em Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo

6 Acompanhamento in loco da

captura e beneficiamento dos

mariscos

2 Encontro de sensibilizaccedilatildeo

7 Roda de conversa

3 Acompanhamento in loco

da captura e beneficiamento

dos mariscos

8 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras de

mariscos

4 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras

de mariscos

21 Atividade Educativa

Para o desenvolvimento da atividade de intervenccedilatildeo educativa considerando

levantamentos preacutevios que descreviam baixa escolaridade na comunidade pesqueira

2 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

71

(SANTOS 2013) e o uso de um formulaacuterio de sondagem para levantamento dos temas de

interesse foi planejado um treinamento com metodologias aplicaacuteveis a esse puacuteblico-alvo

Entre as metodologias empregadas constaram exposiccedilatildeo dialogada com projetor multimiacutedia

dinacircmicas de grupo roda de conversa simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de

coleta de mariscos e viacutedeos

No conteuacutedo formativo os seguintes temas foram trabalhados valorizaccedilatildeo do trabalho

das marisqueiras diagnoacutestico da qualidade inicial dos mariscos analisados Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos higiene pessoal higiene dos utensiacutelios higiene do ambiente

qualidade da aacutegua cuidados na captura manipulaccedilatildeo preparo e armazenamento dos

mariscos Tambeacutem foram apresentados conteuacutedos relativos agrave sauacutede do trabalhador e ao uso de

equipamentos de proteccedilatildeo individual (EPI)

Em adiccedilatildeo foram entregues como conteuacutedo complementar materiais didaacuteticos de

apoio sobre a valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras a cartilha da marisqueira para as boas

praacuteticas no trabalho com os mariscos o guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua a cartilha

sobre Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas

ao Trabalho (DORT)

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa

Para avaliar a eficaacutecia da atividade educativa na perspectiva da qualidade dos

alimentos foram realizadas anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas em amostras de

mariscos beneficiados pelas marisqueiras antes e apoacutes a etapa de intervenccedilatildeo As anaacutelises das

amostras no momento poacutes- intervenccedilatildeo foram realizadas aproximadamente seis meses apoacutes o

treinamento

Considerando praacuteticas locais neste caso o termo beneficiamento refere-se aos

procedimentos aos quais os mariscos satildeo submetidos antes da comercializaccedilatildeo

compreendendo etapas como lavagem cocccedilatildeo retirada da carne do interior da carapaccedila ou

concha embalagem e congelamento

Para fins de definiccedilatildeo das espeacutecies a serem estudadas conforme estudo preacutevio de Saacute

(2011) foram selecionadas as trecircs de maior captura no municiacutepio incluindo siri (Callinectes

sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) As amostras foram

adquiridas de oito marisqueiras de trabalho ativo na pesca e que acompanharam as atividades

formativas De cada uma delas foram obtidas duas amostras de cada uma das espeacutecies em

72

diferentes semanas ndash perfazendo seis amostrasmarisqueira e um conjunto de 48 amostras em

cada etapa

Deste modo posto que este procedimento foi realizado antes e apoacutes a intervenccedilatildeo um

total de 96 amostras de mariscos beneficiados foi obtido Em relaccedilatildeo agraves espeacutecies o total

compreendeu 32 amostras de ostras 32 amostras de sururu e 32 amostras de siri sendo

metade antes e metade apoacutes a intervenccedilatildeo

Cada amostra coletada continha meio quilo de marisco e encontrava-se congelada

sendo obtidas nas proacuteprias embalagens em que eram acondicionadas pelas marisqueiras As

amostras foram colocadas em caixas isoteacutermicas contendo gelo reciclaacutevel e transportadas

sendo armazenadas em um freezer ateacute o momento das anaacutelises O descongelamento das

amostras para as anaacutelises foi realizado sob refrigeraccedilatildeo agrave temperatura inferior a 5ordmC

As anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas foram realizadas nos laboratoacuterios de

Controle de Qualidade de Alimentos e de Bioquiacutemica dos Alimentos respectivamente da

Escola de Nutriccedilatildeo Universidade Federal da Bahia

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas

Para avaliaccedilatildeo da qualidade microbioloacutegica procedeu-se agrave contagem de coliformes agrave

35ordmC Escherichia coli Staphylococcus coagulase positiva e micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos e agrave pesquisa de Salmonella spp

As amostras foram pesadas em sacos esteacutereis em condiccedilotildees asseacutepticas e em seguida

foram procedidas agraves diluiccedilotildees das amostras em aacutegua peptonada 01 (Accumedia EUA)

para a pesquisa dos micro-organismos exceto para Salmonella spp (DOWNES ITO 2001)

As contagens de coliformes agrave 35ordmC e de Escherichia coli foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo

em Aacutegar Chromocult (Merck Alemanha) a 35degC durante 24h (AOAC 1995) A confirmaccedilatildeo

das colocircnias tiacutepicas de E coli foi realizada por testes bioquiacutemicos de Indol Vermelho de

metila Voges Proskauer e Citrato (IMViC) conforme estabelecido pela American Public

Health Association APHA (DOWNES ITO 2001)

As contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo em

Aacutegar Baird Parker (Accumedia EUA) a 37degC durante 48 horas As colocircnias suspeitas foram

submetidas ao teste de coagulase pelo uso de testes raacutepidos Staphclin Laacutetex (Laborclin

Brasil) (DOWNES ITO 2001)

73

As contagens de microorganismos aeroacutebios psicrotroacuteficos foram obtidas apoacutes

incubaccedilatildeo em Aacutegar Plate Count (Merck Alemanha) sob refrigeraccedilatildeo durante 10 dias

segundo metodologia da APHA (DOWNES ITO 2001)

As amostras foram submetidas agrave pesquisa de Salmonella spp de acordo com o

protocolo descrito por Downes e Ito (2001) e Silva et al (2010) Sob condiccedilotildees esteacutereis as

amostras de mariscos foram submetidas ao preacute- enriquecimento em Caldo lactosado (Merck

Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h Em seguida passaram-se inoacuteculos para caldos

de enriquecimento Tetrationato (Merck Alemanha) e Rappaport (Merck Alemanha) que

foram incubados a 37degC e a 42 degC durante 24 horas respectivamente e foram isolados em

placas contendo Xilose Lisina Aacutegar Desoxicolato (Merck Alemanha) e o Aacutegar Hecktoen

Enteacuterico (Merck Alemanha) incubando-se a 37degC durante 24h Colocircnias suspeitas de

Salmonella foram transferidas para Aacutegar Triacuteplice Accediluacutecar Ferro (Merck Alemanha) e Aacutegar

Lisina Ferro (Merck Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h

Reaccedilotildees tiacutepicas de Salmonella foram submetidas a testes bioquiacutemicos incluindo Teste

da Urease Indol Vermelho de metila Voges Proskauer e Citrato e testes soroloacutegicos de

confirmaccedilatildeo por teste de aglutinaccedilatildeo em lacircmina de vidro com uso de soro somaacutetico

polivalente e soro flagelar (Probac Brasil)

As anaacutelises microbioloacutegicas foram realizadas em duplicata e os resultados foram

comparados com os padrotildees microbioloacutegicos da Resoluccedilatildeo RDC n ordm122001 a Agecircncia

Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria - ANVISA (BRASIL 2001) Para micro-organismos

aeroacutebios psicrotroacuteficos foi adotado o limite para pescado de 106 UFCg estabelecido pela

Comissatildeo Internacional de Especificaccedilotildees Microbioloacutegicas para Alimentos (ICMSF 1986)

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas

Para determinaccedilatildeo do pH foram pesados 10g de cada amostra de marisco

homogeneizada e acrescidos de 50 ml de aacutegua destilada O valor de pH foi medido utilizando-

se o potenciocircmetro 210 MPA (NEOMED Brasil) previamente calibrado conforme descreve

Zenebon et al (2008)

Para a anaacutelise de bases volaacuteteis totais 1g da amostra triturada foi embalada em papel

de filtro e levada para o tubo de Kjeldahl Foram adicionados 30ml de aacutegua destilada e

algumas gotas de vaselina Em um erlenmeyer foram adicionados 5ml de aacutecido boacuterico

saturado (VETEC Brasil) e 3 gotas de indicador misto O tubo de Kjeldahl e o erlenmeyer

foram montados no destilador de nitrogecircnio que foi mantido a uma temperatura elevada ateacute

74

ao momento em ebuliccedilatildeo Apoacutes a mudanccedila de cor do conteuacutedo destilado para azul

esverdeado e mudanccedila do volume para 50ml o aparelho foi desligado e foi realizada a

titulaccedilatildeo com soluccedilatildeo de aacutecido cloriacutedrico 002 (Labimpex Brasil) O procedimento foi

realizado conforme teacutecnica descrita pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

(MAPA) (BRASIL 1997) Todas as anaacutelises quiacutemicas foram realizadas em triplicata

Os resultados das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram comparados e discutidos com base

nos criteacuterios estabelecidos pelo MAPA (BRASIL 1997) e na literatura teacutecnica da aacuterea de

alimentos

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos

Os dados foram processados e analisados estatisticamente utilizando-se o software

Statistical Package for the Social Sciences- SPSS versatildeo 200

Foi realizada a anaacutelise descritiva dos dados e o teste de U-Mann-Whitney para

comparar o perfil microbioloacutegico e fiacutesico-quiacutemico dos mariscos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo O

teste foi realizado em niacutevel de 5 de probabilidade Para verificar a existecircncia de correlaccedilatildeo

entre os paracircmetros estudados foi realizado o teste de Spearman

Em observacircncia agraves diretrizes para pesquisa com seres humanos este estudo foi

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de Nutriccedilatildeo da Universidade Federal

da Bahia (Parecer nordm 2265922014) (ANEXO I) sendo a participaccedilatildeo voluntaacuteria dos

pescadores e marisqueiras confirmada por meio de assinatura em Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO H)

3 Resultados e Discussatildeo

31 Anaacutelises microbioloacutegicas

Os resultados das anaacutelises microbioloacutegicas das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo estatildeo

apresentados na Tabela 1 e Tabela 2

Nesse sentido o resultado observado pode ser decorrente dos cuidados de manuseio

adotados pelas marisqueiras apoacutes a formaccedilatildeo incluindo uma maior preocupaccedilatildeo quanto ao

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente Ainda observa-se o fato das

amostras de mariscos serem conservadas congeladas

75

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea

de Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes apoacutes a atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de

Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Considerando como limite maacuteximo para psicrotroacuteficos o valor de 60 log UFCg

estabelecido pela ICMSF (1986) dado que inexiste paracircmetro na legislaccedilatildeo brasileira para os

alimentos estudados 100 das amostras analisadas apoacutes a intervenccedilatildeo apresentaram

atendimento ao criteacuterio internacional com contagens muito inferiores

Noacutebrega (2013) realizou formaccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade localizada tambeacutem em Satildeo Francisco do Conde para as mesmas espeacutecies

estudadas reportando igualmente contagens meacutedias de psicrotroacuteficos inferiores ao limite

ANTES DA INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 351

(235 ndash 428)

238

(118-279)

236

(116 ndash 404)

SURURU 290

(104 ndash 345)

130

(100 ndash 230)

100

(100 ndash 206)

OSTRA 355

(117 ndash 574)

156

(100 ndash 309)

220

(100 ndash 271)

APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 100

(lt100 ndash 178)

165

(lt100 ndash 203)

181

(lt100 ndash 321)

SURURU 100

(lt100 ndash 100)

120

(102 ndash 126)

100

(lt100 ndash 176)

OSTRA 100

(lt100 ndash 100)

139

(lt100 ndash 257)

100

(lt100 -232)

76

internacional apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda Cordeiro et al (2007) em pesquisa com mexilhotildees

(Perna perna) cozidos congelados e armazenados por 90 dias no municiacutepio de Ubatuba-SP

relatam que a contagem obtida para psicrotroacuteficos de 185 log UFCg situa-se abaixo dos

niacuteveis associados com a deterioraccedilatildeo do pescado

Songsaeng et al (2010) em estudo para avaliar o efeito do congelamento na qualidade

de ostras (Crassostrea belcheri) na Tailacircndia constataram reduccedilatildeo na contagem de

psicrotroacuteficos agrave medida em que aumentava o tempo de armazenamento possivelmente devido

agraves injuacuterias associadas agraves temperaturas de congelamento e armazenamento e agrave vulnerabilidade

desses microrganismos Segundo os autores durante o congelamento cristais de gelo intra e

extra-celulares induzem danos irreversiacuteveis nas membranas externa e citoplasmaacutetica das

bacteacuterias reduzindo a contagem de psicrotroacuteficos (DUAN CHERIAN e ZHAO 2010)

Resultados diferentes foram verificados no estudo de Ramos et al (2011) em Santa

Catarina cujas meacutedias de contagem de psicrotroacuteficos foram superiores agraves observadas nesse

estudo para carne de siri e mexilhotildees 745 e 558logUFCg respectivamente sendo a meacutedia

para o siri superior ao limite internacional preconizado

Com relaccedilatildeo aos coliformes a 35ordmC apesar de natildeo existir valor de referecircncia em

pescado pela legislaccedilatildeo brasileira foi possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da sua contagem apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa nas trecircs espeacutecies estudadas (siri sururu e ostra) embora natildeo

significativa A espeacutecie de marisco que apresentou maior contagem desses microrganismos

nos dois momentos foi o siri

Alguns autores tecircm reportado resultados semelhantes para coliformes agrave 35ordmC como o

de Cordeiro et al (2007) que observaram em mexilhotildees processados uma reduccedilatildeo na

contagem de coliformes agrave 35ordmC apoacutes o congelamento e durante o armazenamento Vieira et

al (2006) constataram uma elevada contagem de coliformes agrave 35ordmC em carne de siri antes da

adoccedilatildeo de medidas de boas praacuteticas com decreacutescimo dos valores apoacutes a implantaccedilatildeo destas

Noacutebrega (2013) descreve uma contagem meacutedia de coliformes a 35ordmC de 321 logUFCg em

carne de siri antes da atividade educativa que reduziu para 215 logUFCg apoacutes a realizaccedilatildeo

desta

Tendo em vista que microrganismos do grupo coliformes satildeo termosensiacuteveis avalia-se

que as contagens verificadas nesse estudo para esse grupo se devem agraves condiccedilotildees precaacuterias de

manuseio no local de beneficiamento resultando em recontaminaccedilatildeo poacutes-processamento

Segundo Holly Young et al (2014) diversos fatores podem determinar a presenccedila de

coliformes no pescado tais como o ambiente onde vivem e tambeacutem como eles foram

coletados e processados Nunes et al (2012) ainda reforccedilam que a presenccedila de coliformes no

77

pescado pode ser decorrente da manipulaccedilatildeo inadequada durante o processamento sem a

adoccedilatildeo de medidas de higiene e condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo insatisfatoacuterias podendo

tambeacutem indicar a eventual presenccedila de enteropatoacutegeno

No que se refere agrave E coli a legislaccedilatildeo brasileira determina que para a categoria de

alimento estudada natildeo seja ultrapassado o limite de 16 log UFCg observando-se nas

amostras de mariscos que a mediana registrada para esse microrganismo foi inferior ao

limite referido nos dois momentos Apenas 63 (n=3) das amostras antes da intervenccedilatildeo

apresentaram o microrganismo sendo duas de siri e uma de sururu natildeo sendo encontrada a

sua presenccedila apoacutes a intervenccedilatildeo

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty observou resultados semelhantes para E coli

constatando a presenccedila deste em 833 das amostras antes da intervenccedilatildeo e sua ausecircncia

apoacutes a intervenccedilatildeo

Escherichia coli eacute um indicador de contaminaccedilatildeo fecal e a sua presenccedila fornece uma

ideia sobre as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias inadequadas (RAMOS et al 2011) Por outro

lado apresenta baixa resistecircncia a tratamentos teacutermicos Em estudo conduzido por

Subramanian (2007) evidenciou-se a ausecircncia de E coli apoacutes o cozimento e o

congelamento de carne de caranguejo confirmando que o processamento realizado reduziu

significativamente a contagem dos microrganismos presentes

Deste modo os achados do presente estudo podem refletir uma melhoria nas

condiccedilotildees de manuseio dos mariscos como pode ser observado durante o acompanhamento

in loco realizado apoacutes a intervenccedilatildeo no qual as marisqueiras demonstraram haacutebitos de

higiene pessoal mais cuidadosos em virtude da atividade educativa recebida

Na anaacutelise dos resultados ainda verificou-se uma correlaccedilatildeo positiva entre

coliformes agrave 35ordmC e Escherichia coli (ρ=0219 plt005) Posto que Escherichia coli eacute um

microrganismo pertencente ao grupo dos coliformes pressupotildee-se uma tendecircncia de aumento

da sua contagem agrave medida que aumenta a contagem de coliformes agrave 35ordmC

Entre as amostras analisadas natildeo foi detectada a presenccedila de Salmonella spp para as

trecircs espeacutecies estudadas nos dois momentos estando a totalidade em conformidade com a

legislaccedilatildeo vigente para este indicador

No trabalho de Ramos et al (2011) similarmente natildeo foi identificada a presenccedila de

Salmonella spp em diferentes espeacutecies de frutos do mar bem como nos estudos de Vieira et

al (2006) com carne de siri beneficiada em Antonina-PR e no de Noacutebrega (2013) com

carne de siri sururu e ostra na Ilha do Paty Satildeo Francisco do Conde-BA ambos realizados

antes e apoacutes treinamento em BPP

78

A Salmonella spp quando presente em produtos da pesca e crustaacuteceos pode ser

proveniente da manipulaccedilatildeo no desembarque ou do processamento (DUARTE et al 2010)

No entanto a aplicaccedilatildeo correta de procedimentos no processamento e medidas de higiene e

sanitizaccedilatildeo contribuem para a prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo deste microrganismo (VIEIRA et

al 2006)

Em relaccedilatildeo aos estafilococos coagulase positiva verificou-se uma reduccedilatildeo da

mediana apoacutes a intervenccedilatildeo para o siri e a ostra poreacutem natildeo significativa Na legislaccedilatildeo

brasileira preconiza-se o valor de 30 log UFCg como limite maacuteximo para este

microrganismo nesse tipo de alimento Sendo assim 146 (n=7) das amostras ainda

apresentaram contagens superiores ao estabelecido para esse microrganismo apoacutes a

intervenccedilatildeo

No presente estudo apesar das melhorias observadas na manipulaccedilatildeo dos mariscos no

acompanhamento in loco apoacutes a intervenccedilatildeo principalmente no que se refere agrave higiene

pessoal natildeo foi verificado o uso de luvas medida que impede o contato direto das matildeos do

manipulador com o alimento Vale ressaltar ainda que as marisqueiras podem apresentar

ferimentos nas matildeos decorrentes da coleta dos mariscos no mangue e do trabalho de

beneficiamento o que pode ter contribuiacutedo para a presenccedila deste microrganismo mesmo apoacutes

a atividade educativa Aleacutem disso pode representar tambeacutem falha como exemplo o excesso

de manipulaccedilatildeo e abuso do tempo de exposiccedilatildeo desses produtos agrave temperatura ambiente ndash

sobretudo no caso do siri cuja extraccedilatildeo da carne eacute mais demorada depois da cocccedilatildeo

favorecendo o desenvolvimento microbiano

Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Noacutebrega (2013) no qual

evidenciou-se que 833 das amostras de siri apresentaram contagem superior ao preconizado

pela legislaccedilatildeo mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

No estudo de Vieira et al (2006) para verificar o efeito da adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas e

a qualidade de carne de siri beneficiado em Antonina-PR ao trabalhar com trecircs grupos de

manipuladores - que natildeo recebeu orientaccedilotildees que recebeu orientaccedilotildees quanto aos

procedimentos de higienizaccedilatildeo e que teve orientaccedilotildees referentes aos procedimentos de

higienizaccedilatildeo e ao tempo de exposiccedilatildeo do produto agrave temperatura ambiente - observaram

amostras com contagens de estafilococos coagulase positiva de 308 382 e 336 logUFCg

respectivamente sendo superior ao limite determinado pela legislaccedilatildeo Os referidos autores

apenas obtiveram contagem inferior ao limite no grupo que teve aleacutem das orientaccedilotildees quanto

as medidas de higienizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo do produto a temperatura ambiente a orientaccedilatildeo do

uso de luvas

79

Ramos et al (2011) em seu estudo encontraram contagem meacutedia de estafilococos

coagulase positiva dentro do limite estabelecido para carne de siri (256 log UFCg) e de

mexilhotildees (20 log UFCg) preacute-cozidos e refrigerados comercializados em uma ilha de Santa

Catarina Os referidos autores ressaltam que os mariscos satildeo muito manipulados uma vez que

a carne eacute separada manualmente apoacutes a cocccedilatildeo

Os estafilococos estatildeo amplamente envolvidos em surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

devido agrave manipulaccedilatildeo de alimentos cozidos por pessoas que carreiam este microrganismo Os

estafilococos tem por habitat natural o nariz do homem sendo transferidos para as matildeos e

dedos (LUES e VAN TONDER 2007) quando natildeo satildeo seguidos cuidados de higiene pessoal

Ainda podem passar a constituir parte da microbiota temporaacuteria das matildeos quando haacute

presenccedila de ferimentos e infecccedilotildees nestas (ABD-ELALEEM 2014)

As intoxicaccedilotildees causadas por estafilococos e doenccedilas relacionadas tecircm apresentado

aumento ao longo dos anos e nem mesmo o uso de luvas e a praacutetica da lavagem das matildeos

eliminam completamente o risco de contaminaccedilatildeo No entanto a combinaccedilatildeo do uso de luvas

com a lavagem adequada das matildeos pode reduzir o risco de contaminaccedilatildeo pelo microrganismo

(SOARES et al 2012)

De acordo com Ramos et al (2011) apoacutes o processamento a qualidade

microbioloacutegica de mariscos pode refletir a microbiota inicial do produto os equipamentos a

higiene pessoal o tratamento teacutermico aplicado o controle do binocircmio tempotemperatura a

utilizaccedilatildeo das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo assim como o cuidado com a embalagem e o

congelamento

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

321 pH

O pH de um alimento eacute determinado sobretudo por grupos livres carboxilo e amino

presentes em compostos de baixo peso molecular e em menor proporccedilatildeo por

macromoleacuteculas (proteiacutenas aacutecidos nucleicos polissacariacutedeos) (CRUZ-ROMERO et al

2007) Assim as alteraccedilotildees no pH podem ser utilizadas como um indicador de mudanccedila post-

mortem como a conversatildeo de glicogecircnio em aacutecido laacutectico e a degradaccedilatildeo de componentes

musculares como proteiacutenas e nucleotiacutedeos durante o armazenamento a longo prazo

(SONGSAENG et al 2010)

80

Os resultados de pH das amostras avaliadas nas etapas antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

encontram-se apresentados na Tabela 3

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha

das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Na anaacutelise dos resultados de pH antes e apoacutes a intervenccedilatildeo observou-se que o siri foi

a espeacutecie que apresentou maiores valores de mediana em ambos os momentos Contudo nos

dois momentos os valores de mediana de pH para as trecircs espeacutecies registraram valores de pH

proacuteximos a neutralidade e ainda valores alcalinos sugerindo uma deterioraccedilatildeo Poreacutem as

amostras analisadas natildeo estavam em seu estado in natura uma vez que foram processadas

submetidas a cozimento congelamento e armazenamento

A legislaccedilatildeo brasileira determina que o pH para a carne interna de peixes deve ser

inferior a 650 (BRASIL 1997) Todavia dado que a legislaccedilatildeo natildeo considera as

especificidades da composiccedilatildeo quiacutemica das diferentes espeacutecies de pescado estudadas natildeo se

pode classificar as amostras como natildeo conformes

Algumas faixas de pH satildeo citadas na literatura para as diferentes espeacutecies de pescado

70 para o caranguejo crustaacuteceo semelhante ao siri 65 para moluscos em geral e 63 para

ostra (JAY 2005)

Os moluscos em sua composiccedilatildeo apresentam um alto teor de carboidratos em sua

maior parte na forma de glicogecircnio e em menor parte de nitrogecircnio ocasionando um

processo de deterioraccedilatildeo basicamente fermentativo enquanto a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute

semelhante dos peixes com produccedilatildeo de compostos alcalinos (JAY 2005)

O sururu espeacutecie pertencente ao grupo dos moluscos bivalves receacutem-capturado

apresenta valor de pH em torno de 65 sem que esteja deteriorado e apoacutes a cocccedilatildeo observa-

pH

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

APOacuteS A

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 824

(801 ndash 839)1

830

(812 ndash 840)1

SURURU 718

(702 ndash 739)1

725

(712 ndash 740)1

OSTRA 671

(660 ndash 680)1

670

(660 ndash 680)1

81

se um pH com meacutedia de 70 (SOUZA et al 2014) Deste modo o pH elevado pode estar

relacionado agrave composiccedilatildeo quiacutemica da espeacutecie estudada e ao processo de cocccedilatildeo

Segundo Dhanapal et al (2012) apoacutes a cocccedilatildeo do pescado haacute um aumento do pH que

pode estar associado agrave quebra da ligaccedilatildeo de hidrogecircnio e interaccedilotildees eletrostaacuteticas Tambeacutem o

aquecimento do muacutesculo ou de miofibrilas isoladas geralmente resulta em um aumento de pH

Assim apesar das amostras de mariscos em quase sua totalidade apresentarem pH superiores

ao padratildeo natildeo eacute possiacutevel afirmar que estivessem improacuteprias para o consumo

Cordeiro et al (2007) observaram em mexilhotildees (Perna perna) submetidos agrave cocccedilatildeo

uma meacutedia de pH de 69 permanecendo estaacutevel apoacutes congelamento e armazenamento

Noacutebrega (2013) verificou valores de pH em sururu de 69 e 714 antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

respectivamente sendo semelhantes aos achados neste estudo Resultados divergentes foram

referidos por Lima et al (2013) cujo valor de pH em mexilhotildees (Perna perna) processados

em Santa Catarina foi de 656

Nesse contexto considera-se que a variaccedilatildeo de pH nas diferentes espeacutecies nem

sempre estaacute relacionada com a qualidade sensorial e microbioloacutegica do produto havendo uma

necessidade de estudos especiacuteficos para determinar o pH em moluscos bivalves uma vez que

durante o processo de decomposiccedilatildeo o pH difere entre as diversas espeacutecies de bivalves

(LIMA et al 2013)

Quanto aos resultados obtidos para ostras Noacutebrega (2013) registra valores de pH para

carne de ostra um pouco inferiores aos obtidos nesse estudo sendo 623 e 645 antes e depois

da intervenccedilatildeo respectivamente Cruz-Romero et al (2007) ao aplicarem diferentes

tratamentos teacutermicos em ostras do Paciacutefico (50degC durante 10 minutos e 75degC durante 8

minutos) verificaram valores meacutedios de pH de 645 e 658 respectivamente sendo inferiores

ao observado no atual estudo Apoacutes o uso do tratamento teacutermico houve um aumento do pH

que foi justificado pela reduccedilatildeo do nuacutemero de grupos aacutecidos em proteiacutenas musculares

No que concerne ao siri Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty relata valores meacutedios de pH

para carne de siri beneficiada de 812 antes da intervenccedilatildeo e de 815 apoacutes a intervenccedilatildeo

Anacleto et al (2011) constataram em carne de caranguejo cozido e congelado provenientes

de Portugal valores de pH em torno de 80 fato que segundo os autores pode ser relacionado

com a formaccedilatildeo de produtos de decomposiccedilatildeo baacutesicos

Lorentzen et al (2014) em avaliaccedilatildeo da carne de caranguejo (Paralithodes

camtschaticus) retirada do ombro e da perna do animal na Noruega observaram que o pH

aumentava durante o armazenamento refrigerado por quatorze dias variando entre 73 a 78 e

76 a 79 respectivamente sugerindo tambeacutem a produccedilatildeo de compostos baacutesicos a partir da

82

decomposiccedilatildeo das proteiacutenas Os autores salientaram ainda que o pH dos caranguejos eacute

geralmente mais elevado do que o de peixes devido a um teor mais elevado de compostos

nitrogenados natildeo proteicos ndash amoniacuteaco e trimetilamina

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT)

Os resultados de N-BVT obtidos antes e depois da intervenccedilatildeo encontram-se

apresentados na Tabela 4

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) (mgN100g) nas amostras de

mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e

apoacutes a intervenccedilatildeo educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Para todas as espeacutecies estudadas observou-se uma reduccedilatildeo nos valores de N-BVT

comparando-se os momentos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo registrando-se diferenccedila significativa

dos valores de N-BVT para o siri (plt005) e para a ostra (plt0001) Entre as espeacutecies notou-

se que o siri apresentou maior mediana em ambos os momentos No entanto a legislaccedilatildeo

brasileira determina apenas o limite para N-BVT na carne interna de peixes devendo ser

inferior a 30mgN100g (BRASIL 1997)

Os resultados observados para esse paracircmetro foram satisfatoacuterios podendo ser

decorrente da adoccedilatildeo das boas praacuteticas durante o beneficiamento No entanto como pode ser

constatado durante o acompanhamento in loco o siri dentre as espeacutecies estudadas tem maior

manipulaccedilatildeo para retirada da carne da carapaccedila tornando-se mais exposto a alteraccedilotildees

microbioloacutegicas e quiacutemicas

N-BVT

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

DEPOIS DA

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 1421

(1092 ndash 4750)1

743

(558 ndash 815)1

SURURU 553

(372 ndash 764)1

464

(371 ndash 465)1

OSTRA 600

(460 ndash 1000)1

373

(372 ndash 475)1

83

Nos crustaacuteceos ainda os valores altos de N-BVT podem decorrer da presenccedila de

elevadas quantidades de aminoaacutecidos livres e compostos nitrogenados que os tornam

susceptiacuteveis agrave degradaccedilatildeo raacutepida por deterioraccedilatildeo (ANACLETO et al 2011)

Subramanian (2007) ao analisar N-BVT em caranguejo cozido e congelado (Portunus

pelagicus) armazenado em sacos de polietileno a - 41ordmC notou um aumento de 27

mgN100g no dia zero de armazenamento para 3507 mgN100g apoacutes 120 dias de

armazenamento No entanto as amostras estudadas natildeo foram julgadas como improacuteprias para

o consumo posto que existem poucas informaccedilotildees disponiacuteveis sobre o limite de

aceitabilidade em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos em moluscos congelados e

mariscos

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty-BA verificou uma diferenccedila nos valores meacutedios de

N-BVT antes e apoacutes a intervenccedilatildeo em Boas Praacuteticas de 3290 para 1643 mgN100g no siri

de 480 para 387 mgN100g na ostra e de 519 para 484 mgN100g no sururu

Algumas espeacutecies de pescado como caccedilotildees raias e siris apresentam valores de bases

volaacuteteis totais elevados sem que necessariamente estejam deterioradas Aleacutem disso a

formaccedilatildeo de bases volaacuteteis totais em amostras cozidas tambeacutem pode ser agravada por

degradaccedilatildeo teacutermica durante o processo de cozimento e pelo congelamento que ocasiona

ruptura da membrana resultando na liberaccedilatildeo de componentes celulares apoacutes o

descongelamento e consequentemente a formaccedilatildeo de substratos para as accedilotildees enzimaacuteticas e

crescimento microbiano (ZENEBON et al 2008 ANACLETO et al 2011)

Considerando os dois indicadores fiacutesico-quiacutemicos - pH e N-BVT verificou-se uma

correlaccedilatildeo positiva (ρ=0421 plt001) ou seja agrave medida que o niacutevel de pH aumentava o niacutevel

de N-BVT aumentava tambeacutem

Verificou-se tambeacutem uma correlaccedilatildeo positiva entre as bases volaacuteteis totais e contagens

de psicrotroacuteficos (ρ=0338 plt001) coliformes agrave 35ordmC (ρ=0207 plt005) e estafilococos

(ρ=0319 plt001) que pode estar associada ao acuacutemulo de compostos alcalinos como

amocircnia e trimetilamina derivadas da accedilatildeo microbiana no pescado durante a sua deterioraccedilatildeo

e que tem sido atribuiacuteda como causa do aumento do pH (SUSANTO et al 2011)

4 Conclusatildeo

Ao avaliar a eficaacutecia da formaccedilatildeo para as marisqueiras por meio das anaacutelises

microbioloacutegicas verificou-se uma melhoria da qualidade dos mariscos analisados apoacutes a

intervenccedilatildeo no entanto ainda foram registradas proporccedilatildeo das amostras de mariscos natildeo

84

conformes para estafilococos coagulase positiva ainda decorrentes de falhas existentes

durante o beneficiamento poacutes-cocccedilatildeo

No que se refere aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos constatou-se que a legislaccedilatildeo vigente

natildeo contempla as espeacutecies estudadas Dessa forma natildeo foi possiacutevel afirmar a natildeo

conformidade das amostras de mariscos em relaccedilatildeo a esse padratildeo principalmente o pH uma

vez que os valores de bases volaacuteteis totais encontrados foram inferiores ao padratildeo brasileiro

que eacute especiacutefico para outras espeacutecies de pescado

Os resultados apontam a necessidade de maior conhecimento das caracteriacutesticas

proacuteprias das espeacutecies estudadas e das alteraccedilotildees que podem ocorrer com os mariscos durante

as diferentes etapas de processamento bem como de adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo vigente de

modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo

sugere-se a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e controles mais efetivos

utilizando sobretudo atividades praacuteticas visando o melhor aperfeiccediloamento do trabalho o

atendimento dos padrotildees teacutecnicos estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Aleacutem disso sugere-se que novos estudos devem ser conduzidos de modo a caracterizar

melhor o comportamento das diferentes espeacutecies de pescado in natura e apoacutes aplicaccedilatildeo de

processos de conservaccedilatildeo

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a Luiacutes Fernandes Pereira Santos pelo apoio teacutecnico e agrave

Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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89

Consideraccedilotildees finais

Os resultados desse estudo demonstraram que a estrateacutegia de intervenccedilatildeo utilizada

favoreceu a boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade e interaccedilatildeo entre os instrutores e a

comunidade Por outro lado ainda foram identificadas necessidades de aperfeiccediloamento na

conduccedilatildeo da formaccedilatildeo incluindo o aumento tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e uma

maior ecircnfase na abordagem dos controles de temperatura e tempo

Apesar das mudanccedilas positivas observadas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo dos mariscos

durante o beneficiamento coexistiam inadequaccedilotildees na estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento dadas as condiccedilotildees de vida e o baixo poder aquisitivo das marisqueiras

Ao avaliar a eficaacutecia da atividade formativa por meio das anaacutelises microbioloacutegicas

evidenciou-se uma melhoria na qualidade dos mariscos registrando-se ainda proporccedilatildeo das

amostras de mariscos natildeo conformes o que decorre de falhas ainda existentes durante o

beneficiamento nas etapas poacutes-cocccedilatildeo Quanto aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos natildeo foi

possiacutevel afirmar a natildeo conformidade das amostras analisadas uma vez que a legislaccedilatildeo

vigente natildeo contempla as espeacutecies estudadas apontando-se a necessidade de adequaccedilatildeo desta

de modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo os

resultados sugerem tambeacutem a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e

controles mais efetivos visando o aprimoramento do trabalho o atendimento dos padrotildees

estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividades educativas e acompanhamentos periodicamente

reforccedilando os conceitos e as praacuteticas a serem adotadas com vistas a garantir a inocuidade dos

mariscos comercializados

90

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO

Qualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras fazendo melhor na Ilha das Fontes

Local Sede - Ilha das Fontes

Data 08 a 10 de julho de 2014 Horaacuterio 1400 agraves 1700 hs

FICHA DE INSCRICcedilAtildeO

Nome ____________________________________________

Sexo Masc ( ) Fem ( ) Idade _______ anos

Escolaridade ____________________________________

Profissatildeo __________________________________

Tempo de trabalho com mariscos ___________________anos

Comunidade Pesqueira __________________________

Telefone para contato _________________________________

OBS Ao final os participantes receberatildeo certificado

Universidade Federal da Bahia

Escola de Nutriccedilatildeo

91

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS PRAacuteTICAS

Certificamos que

___________________________________________ participou do

curso ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo realizado na Sede

Comunitaacuteria da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA

nos dias 08 09 e 10 de julho de 2014 com dez horas de duraccedilatildeo

CERTIFICADO

_________________________

Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Coordenadora do Curso

____________________________

Dalva Maria da Noacutebrega Furtunato

Vice-Coordenadora do Curso

92

ANEXOS

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS DOS ALIMENTOS

R Arauacutejo Pinho 32 ndash Canela CEP 40110-150 Tel (71) 3283-7700 Fax 3283-7701

Consulta aos pescadores e marisqueiras para fins de treinamento

Nome_______________________________________________________

Atividade Pescador ( ) Marisqueira ( )

1 Quais os assuntos que vocecirc considera mais importantes para serem estudados em

treinamento sobre a pesca e os cuidados com o pescado

______________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2 Como vocecirc gostaria que as aulas fossem dadas

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

3 Que local(ais) da sua comunidade pode(m) ser indicado(s) para realizaccedilatildeo deste

treinamento

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

93

4 Em quais dias da semana a realizaccedilatildeo do treinamento ficaria melhor

Nos dias uacuteteis ndash segunda a sexta ( ) No final de semana ( )

Se dias uacuteteis indicar os dois melhores __________________________________

5 Em que turno

Manhatilde ( ) Tarde ( ) Qualquer turno ( )

6 Vocecirc se tem interesse e disponibilidade para participar deste treinamento

Sim ( ) Natildeo ( )

94

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS

Responsaacutevel pela visita__________________________ Data da visita _________

IDENTIFICACcedilAtildeO DO (A) MARISQUEIRO(A)

01 Nome completo ________________________________________________________________________________

LISTA DE VERIFICACcedilAtildeO DE PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE MARISCOS

ADAPTADA RESOLUCcedilAtildeO - RDC Ndeg 216 DE 15092004

ITENS AVALIADOS SIM NAtildeO N A Observaccedilatildeo

1 EDIFICACcedilOtildeES INSTALACcedilOtildeES MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

11-A casa dispotildee de rede de esgoto ou fossa seacuteptica

12- As caixas de gordura e de esgoto estatildeo localizadas fora da aacuterea de

preparaccedilatildeo e armazenamento dos mariscos apresentando adequado estado de

conservaccedilatildeo e funcionamento

13- Os ralos satildeo tampados e sifonados

95

14- A aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos estaacute livre de objetos em desuso e

de animais de estimaccedilatildeo

15- Os equipamentos utilizados apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis

resistentes natildeo-absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

151- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

16- Os utensiacutelios apresentam superfiacutecies lisas resistentes natildeo absorventes

sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica e de material apropriado (natildeo

utilizaccedilatildeo de madeira)

161- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

17-As mesas apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis resistentes natildeo-

absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

171- Se mesa de madeira existe proteccedilatildeo com plaacutestico transparente

172- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

2 HIGIENIZACcedilAtildeO DE INSTALACcedilOtildeES EQUIPAMENTOS

MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

21-A aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos eacute higienizada sempre que necessaacuterio

e apoacutes o teacutermino do trabalho

22- As etapas de higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees satildeo cumpridas garantindo as

condiccedilotildees de limpeza

23- As etapas de higienizaccedilatildeo de utensiacutelios equipamentos satildeo cumpridas

garantindo as condiccedilotildees de limpeza

24- A higienizaccedilatildeo de utensiacutelios eacute realizada antes e apoacutes o uso

96

25- A frequecircncia de higienizaccedilatildeo do equipamento (geladeira eou freezer) eacute

adequada

26- Os panos de limpeza vassouras rodos esponjas e escovas satildeo de uso

exclusivo para a higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios

261- Satildeo higienizados apoacutes o uso e estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

262- Satildeo guardados em local adequado

3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS

31- Verifica-se a presenccedila de insetos animais de estimaccedilatildeo ou vestiacutegios

(fezes) de animais na aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos

32- Existe alguma medida preventiva (uso de rodapeacutes telas nas janelas

ralos com tampas ou sifonados lixeira com tampa) para evitar a incidecircncia

de vetores e pragas no local de preparaccedilatildeo dos mariscos

33-Eacute utilizado algum produto quiacutemico para controle de pragas

34- Os produtos quiacutemicos satildeo devidamente registrados

35- Os produtos quiacutemicos satildeo guardados separados dos alimentos

4 ABASTECIMENTO DE AacuteGUA

41- A aacutegua utilizada para a produccedilatildeomanipulaccedilatildeo dos mariscos eacute da rede

puacuteblica de abastecimento

42- Os reservatoacuterios de aacutegua possuem tampas e encontram-se em bom

estado de conservaccedilatildeo e protegidos de contaminaccedilatildeo

43 A limpeza dos reservatoacuterios de aacutegua eacute realizada semestralmente e esta

97

conduta eacute registrada

44- O gelo utilizado eacute produzido na residecircncia

45- O gelo eacute produzido com aacutegua potaacutevel e sob condiccedilotildees de higiene

46- O gelo produzido eacute acondicionado em recipiente higienizado

5 MANEJO DOS RESIacuteDUOS

51- Os recipientes para lixo satildeo de material adequado de faacutecil limpeza e

satildeo revestidos com sacos plaacutesticos

511- Satildeo higienizados com frequecircncia

52- O lixo eacute mantido em local que natildeo oferece risco de acesso a pragas e

animais e isolado das aacutereas de produccedilatildeomanipulaccedilatildeo de mariscos

521- Eacute descartadoincinerado com frequecircncia

6 MARISQUEIRAS (OS)

61- As (os) marisqueiras (os) apresentam higiene corporal adequada roupas

limpas cabelos protegidos e totalmente cobertos unhas curtas limpas e sem

esmalte e sem utilizaccedilatildeo de adornos (brincos aneacuteis reloacutegios)

62- As (os) marisqueiras (os) executam a higiene correta das matildeos sempre

que se fizer necessaacuterio e de forma adequada

63- As (os) marisqueiras (os) evitam comportamentos atitudes e gestos

incorretos (fumar tossir sobre os alimentos cuspir comer manipular

dinheiro etc) durante a manipulaccedilatildeo

64- As (os) marisqueiras (os) quando estatildeo com ferimentos lesotildees nas

98

matildeos nos braccedilos e infecccedilotildees respiratoacuterias natildeo manipulam os mariscos

7 MATEacuteRIAS-PRIMAS PREPARO DOS MARISCOS E

EMBALAGENS

71- Eacute realizada lavagem dos mariscos apoacutes captura para a remoccedilatildeo das

sujidades com aacutegua potaacutevel

72- Existe seleccedilatildeo dos mariscos antes do cozimento

73- Eacute utilizada aacutegua potaacutevel para lavagem e cozimento dos mariscos

74- Durante o cozimento existe controle do tempo de contato do marisco

com a aacutegua fervente

75- Apoacutes o cozimento os mariscos satildeo resfriados sob superfiacutecie limpa e

adequada (afastado do chatildeo e de animais)

76- Durante a cataccedilatildeo satildeo utilizados utensiacutelios limpos e em bom estado de

conservaccedilatildeo

77- As matildeos satildeo devidamente higienizadas

78- Satildeo utilizados utensiacutelios (escumadeira colher etc) limpos para o

porcionamento dos mariscos nas embalagens

79- As embalagens utilizadas satildeo limpas transparentes e adequadas para o

armazenamento dos mariscos

710- O tempo entre o cozimento e o acondicionamento dos mariscos sob o

frio excede 30 minutos

711- O marisco preparado e armazenado sob refrigeraccedilatildeo ou congelamento

possui identificaccedilatildeo

99

Lembrar as meninas para alguns detalhes

Natildeo Aplicaacutevel

OBS Observar e perguntar as marisqueiras quanto tempo o produto (marisco) fica em temperatura ambiente ateacute o resfriamento

100

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM

Cara (o) marisqueira ou pescador

Dando continuaccedilatildeo agraves atividades do Projeto aproveitamos o momento para conversarmos

sobre algumas questotildees que devem ser respondidas primeiramente em pequenos grupos e depois

compartilhadas com todos os participantes da nossa Roda de Conversa

Segue a tarefa

1 Como se sentiu com a realizaccedilatildeo do curso considerando o trabalho (mariscagem)

2 Apoacutes o curso houve mudanccedila no seu trabalho como marisqueira Se sim qual (ais)

3 O que jaacute era feito e vocecirc reforccedilou o seu cuidado

4 Vocecirc discorda de algo que foi mostrado de Boas Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo dos mariscos

5 Foi difiacutecil fazer mudanccedilas no seu modo de trabalhar

O que foi mais faacutecil O que foi mais difiacutecil

6 Como se sente com as mudanccedilas feitas

7 O que falta para ficar melhor

8 O que sugere para as proacuteximas atividades

Agradecemos pela sua participaccedilatildeo

Um abraccedilo

Equipe de Nutriccedilatildeo (UFBA) e Equipe de Fisioterapia (UNEB)

Mariscagem

101

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DAS ETAPAS DE SENSIBILIZACcedilAtildeO

E DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS

FICHA DE AVALIACcedilAtildeO

Sua opiniatildeo sobre o curso eacute muito importante para noacutes Por gentileza responda as questotildees

abaixo

1 Explicaccedilatildeo dos assuntos

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

2 Recursos utilizados

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

3 Ritmo das atividades

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

4 Resposta das perguntas feitas

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

5 Considero minha aprendizagem

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

6 O que poderia ser diferente

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 O que faltou ser abordado

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

102

8 O que vocecirc mais gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

9 O que vocecirc natildeo gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10 OBSERVACcedilOtildeES (Aqui vocecirc escreve o que quiser)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

103

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA E

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

REALIZACcedilAtildeO

APOIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

Maio - 2014

104

Esta cartilha tem como objetivo fornecer conceitos baacutesicos em

higiene de alimentos agraves marisqueiras que frequentaram o curso de

capacitaccedilatildeo ministrado por professores e alunos do Mestrado em

Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e do Mestrado em

Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Universidade Federal da Bahia

O curso visa aumentar a qualidade dos mariscos manipulados

e processados pelas marisqueiras que vivem em cidades e distritos

proacuteximos agrave regiatildeo da Baiacutea de Todos os Santos mais especificamente na

comunidade Ilha do Paty em Satildeo Francisco do Conde

A Cartilha da Marisqueira faz parte de uma das etapas da

dissertaccedilatildeo de mestrado em Ciecircncia de Alimentos do discente Raphael

Auguste Dantas e contou com a colaboraccedilatildeo das mestrandas Gabriela

Silva da Noacutebrega e Mary Daiane Fontes Santos

As imagens desta cartilha foram extraiacutedas da Cartilha do

Manipulador de Alimentos que faz parte do Projeto APPCC Mesa

organizado em parceria pelo

SENACSENAISEBRAESESCSESIANVISA

1

2 17

105

INTRODUCcedilAtildeO

O catado de marisco (sarnambi sururu ostra siri

caranguejo aratu) eacute um alimento pereciacutevel que pode causar

diversos tipos de doenccedilas caso seja produzido sem os devidos

cuidados de higiene

As condiccedilotildees da mateacuteria-prima equipamentos e utensiacutelios

aleacutem da conservaccedilatildeo do catado em refrigeradores satildeo

fundamentais para obter um alimento seguro entretanto as

etapas de preparo satildeo decisivas para a qualidade final dos

mariscos processados

Um bom preparo iraacute garantir a qualidade higiecircnico-

sanitaacuteria dos catados e esse manual apresenta dicas de como

proceder durante a manipulaccedilatildeo e o processamento desse

alimento

Um alimento de boa qualidade eacute aquele que natildeo oferece

nenhum tipo de perigo para as pessoas que vatildeo consumi-lo

CONCLUSAtildeO

A realizaccedilatildeo do mini-cursoevento de formaccedilatildeo em Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo para as marisqueiras eacute o resultado do

esforccedilo conjunto de comunidades ribeirinhas que vivem nos

municiacutepios e distritos do entorno da Baiacutea de Todos os Santos (em

especial na Ilha do Paty - SFC) e dos docentes e discentes do

Mestrado em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e

do Mestrado de Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Escola de

Nutriccedilatildeo da Universidade Federal da Bahia

Este trabalho buscou aproximar o conhecimento

cientiacutefico da sociedade estabelecendo e concretizando em

harmonia as trecircs dimensotildees de atuaccedilatildeo da UFBA o ensino a

pesquisa e a extensatildeo

106

PERIGOS tudo que pode pocircr em risco a sauacutede das pessoas

Perigos fiacutesicos cascas de mariscos fios de cabelos gratildeos

de areia espinhas de peixes resiacuteduos de esmalte outros

Perigos quiacutemicos desinfetantes detergentes venenos

para ratos baratas e formigas metais e poluentes

ambientais aditivos alimentares

Perigos microbioloacutegicos microrganismos (bacteacuterias

fungos viacuterus entre outros)

Os perigos alimentares tecircm sido referidos ao longo da

Histoacuteria como um problema para a sauacutede do homem Eacute

importante que os alimentos natildeo possuam nenhum tipo de perigo

pois alguns desses podem causar doenccedilas ou ateacute levar a morte

As etapas de lavagem do marisco antes do cozimento e a

cataccedilatildeo satildeo etapas fundamentais para evitar a presenccedila de perigos

fiacutesicos (areia lama resiacuteduo de esmalte) no catado de marisco

3 16

107

HIGIENE PESSOAL

Higiene pessoal significa cuidar da higiene da pele dos

cabelos das unhas da roupa que usa para preparar o marisco

entre outras coisas

Durante o preparo do marisco natildeo se deve utilizar aneacuteis

brincos colares ou esmalte nas unhas porque esses podem se

soltar e cair dentro do alimento

Muitos microrganismos perigosos satildeo transmitidos aos

alimentos pela falta de higiene pessoal durante o preparo a

manipulaccedilatildeo e o processamento dos alimentos

A higiene pessoal de quem trabalha diretamente no

preparo do catado de marisco eacute uma das mais importantes formas

para evitar a contaminaccedilatildeo deste tipo de alimento por microacutebios

A higiene pessoal aleacutem de ser importante para a sauacutede

tambeacutem eacute fundamental para a produccedilatildeo de um alimento seguro

Ter boa higiene pessoal significa

15

5

4

HIGIENE PESSOAL 14

108

13 6

109

110

7

LAVAGEM DAS MAtildeOS

Entre as formas de higiene pessoal a lavagem

correta das matildeos durante o preparo e manipulaccedilatildeo do

catado de marisco eacute sem duacutevida a que mais diminui o risco

de contaminar o alimento com microrganismos

Durante o preparo e manipulaccedilatildeo do catado de

marisco eacute importante lavar as matildeos

Antes de comeccedilar a catar os mariscos

Depois que utilizar o banheiro

Depois de tossir espirrar ou assoar o nariz

Depois de recolher o lixo

Depois de manusear dinheiro

Lembre-se de sempre utilizar sabatildeo ou sabonete para

lavar as matildeos e enxaguar bastante em aacutegua corrente para

natildeo deixar resiacuteduos

12

COMPORTAMENTO DENTRO DA COZINHA

111

LAVAGEM CORRETA DAS MAtildeOS 8

UTENSIacuteLIOS

Utensiacutelios satildeo todos os instrumentos como facas facatildeo

machadinho panelas baldes escorredor garfos bandejas e

vasilhas utilizadas durante o preparo do catado de marisco

O bom estado de conservaccedilatildeo e a higiene dos utensiacutelios

satildeo importantes para garantir a qualidade do produto final

Eles devem ser limpos antes e depois do preparo do

alimento quando deve ser realizada a lavagem com

detergente seguida da sanitizaccedilatildeo com soluccedilatildeo clorada feita a

partir da mistura de 1 colher de aacutegua sanitaacuteria em 1 litro de

aacutegua

O manipulador deve ficar atento para natildeo utilizar o mesmo

utensiacutelio no marisco cru e cozido para evitar a contaminaccedilatildeo

cruzada ou quando estiver manipulando dois tipos diferentes

de mariscos ao mesmo tempo

11

112

AMBIENTE DE TRABALHO

Aleacutem da higiene pessoal a higiene do ambiente de

trabalho tambeacutem eacute importante para a qualidade do alimento

produzido

Antes de comeccedilar a catar o marisco eacute importante limpar o

local onde vai ser feito o preparo e a manipulaccedilatildeo dos

mariscos

Locais fechados como a cozinha satildeo mais faacuteceis de limpar

do que locais abertos como quintais ou varandas

Evitar trabalhar em ambientes sujos na presenccedila de

animais de estimaccedilatildeodomeacutesticos e com lixo exposto e sempre

manter o lixo em vasilhas com a tampa fechada para evitar

atrair ratos e insetos

9

PRAGAS

Os ratos baratas e moscas satildeo atraiacutedos pelo lixo e pelo

forte cheiro do marisco

Eles podem contaminar os alimentos com microrganismos

e transmitir diversos tipos de doenccedilas graves

Outros animais como catildees e gatos tambeacutem podem

contaminar os alimentos com microacutebios por isso a cataccedilatildeo dos

mariscos deve ser realizada em um local bem afastado do lixo

e de animais domeacutesticos

Sempre deve ser realizado o combate dessas pragas

evitando que eles se alimentem dos restos dos alimentos e

possam se multiplicar

10

113

CINCO CHAVES PARA SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) haacute muito tempo adverte para a importacircncia da formaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos no que diz

respeito agrave sua responsabilidade na seguranccedila alimentar Em 2001 a OMS criou o Manual das ldquoCinco Chaves para uma Alimentaccedilatildeo mais Segurardquo que

compreende os seguintes princiacutepios

(1) Manter a limpeza das matildeos das superfiacutecies equipamentos e utensiacutelios utilizados na preparaccedilatildeo e manipulaccedilatildeo dos alimentos (mariscos)

(2) Separar os alimentos crus (carnes peixes e mariscos) de alimentos cozidos utilizar diferentes equipamentos e utensiacutelios como facas e taacutebuas de corte

para alimentos crus e cozidos e guardar os alimentos em recipientes ou embalagens fechadas para que natildeo haja contato entre esses alimentos

(3) Cozinhar bem os alimentos especialmente carne ovos peixe e mariscos em temperaturas acima de 70degC

114

(4) Manter os alimentos a temperaturas seguras fora da zona de perigo 5deg C a 65deg C Natildeo deixar alimentos cozidos por mais de 2 horas agrave temperatura

ambiente refrigerar rapidamente os alimentos cozidos eou pereciacuteveis preferencialmente abaixo de 5ordmC natildeo descongelar os alimentos agrave temperatura

ambiente

(5) Utilizar aacutegua e mateacuterias-primas seguras como por exemplo aacutegua potaacutevel ou trate-a para que se torne segura (ferver ou filtrar a aacutegua) selecionar

alimentos variados e frescos lavar frutas e vegetais especialmente se forem consumidos crus e natildeo utilizar alimentos com o prazo de validade expirado

(vencido)

115

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS

116

117

118

ANEXO G ndash GUIA DE HIGIENIZACcedilAtildeO DA CAIXA D`AacuteGUA

PASSO A PASSO COMO LIMPAR SUA CAIXA DrsquoAacuteGUA

1) Programe o dia da lavagem da sua caixa drsquoaacutegua Decirc preferecircncia ao fim de semana

2) Feche o registro da entrada da casa ou amarre a boia

3) Reserve aacutegua para uso durante o periacuteodo que estiver limpando

4) Deixe um palmo de aacutegua na caixa drsquoaacutegua que seraacute utilizada para a limpeza

5) Tampe a saiacuteda de aacutegua do fundo da caixa com um pano limpo Assim a sujeira natildeo desce pela

tubulaccedilatildeo

6) Esfregue as paredes e o fundo com escova de fibra vegetal ou bucha de fio plaacutestico macio

Nunca use sabatildeo detergente ou produto quiacutemico Natildeo usar palha de accedilo e vassoura

7) Remova a aacutegua suja da caixa drsquoaacutegua com balde caneco e pano Natildeo deixe essa aacutegua descer

pelos canos para natildeo contaminar

8) Deixe a saiacuteda do fundo tampada e deixe entrar mais um palmo de aacutegua Adicione 1 Litro de

aacutegua sanitaacuteria para cada 1000 Litros da caixa drsquoaacutegua

9) Usando luvas e botas de borracha limpos molhe as paredes com a soluccedilatildeo usando uma

brocha balde caneca ou pano Repita + 3 vezes a cada 30 minutos

10) Ainda com o registro fechado retire o pano da saiacuteda do fundo da caixa esvaziando totalmente

Abra as torneiras da casa e decirc descarga para desinfetar a rede interna

11) Abra o registro Enxague as paredes laterais com a aacutegua que estaacute entrando Deixe escoar essa

aacutegua pela rede interna Natildeo a utilize

12) Lave bem a tampa por dentro e feche a caixa direito para natildeo entrar pequenos animais insetos

ou sujeira

13) Anote a data da limpeza e programe a proacutexima limpeza a cada 6 meses

119

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO FACULDADE DE FARMAacuteCIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Projeto A cadeia produtiva de pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco

agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Prezado (a) Sr (a)

Eu fui convidado(a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada A cadeia produtiva de

pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar sob a responsabilidade da pesquisadora Profa Ryzia de

Cassia Vieira Cardoso

Fui esclarecido(a) que o objetivo da pesquisa eacute caracterizar a pesca e o comeacutercio de pescados em

Satildeo Francisco do Conde-BA visando contribuir para a melhoria da qualidade da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo dos pescados e da condiccedilatildeo de vida dos trabalhadores dessas atividades

Estou ciente que serei entrevistado pelos pesquisadores encarregados do Projeto no que se refere

agraves minhas condiccedilotildees de vida escolaridade sauacutede moradia e trabalho e as condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo conservaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do pescado de forma livre e de acordo com minha

vontade assinando esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Fui informado(a) que os dados seratildeo coletados no meu local de trabalho e tambeacutem que os

pesquisadores comprometem-se a utilizar as informaccedilotildees obtidas exclusivamente 117

120

para os fins estabelecidos no projeto incluindo a elaboraccedilatildeo de relatoacuterios que seratildeo entregues agrave

Prefeitura e a publicaccedilatildeo dos resultados sejam eles favoraacuteveis ou natildeo

Fui alertado(a) ainda que natildeo receberei nenhum pagamento nem equipamento de pesca ou outros

equipamentos pelas informaccedilotildees que prestarei aos pesquisadores podendo desistir em qualquer

etapa e retirar meu consentimento sem penalidades prejuiacutezo ou perdas e que os dados fornecidos

permaneceratildeo sob sigilo absoluto assegurando o meu anonimato

Estou ciente que terei acesso aos dados registrados e reforccedilo que natildeo fui submetido (a) a coaccedilatildeo

induccedilatildeo ou intimaccedilatildeo

Fui informado(a) que os resultados que seratildeo conseguidos nessa pesquisa auxiliaratildeo a Prefeitura

Municipal de Satildeo Francisco do Conde a tomar decisotildees para melhorar a seguranccedila alimentar e a

inclusatildeo social da comunidade envolvida

Informo ainda que concordo com o que foi dito e estou recebendo coacutepia deste papel

Finalmente fui informado(a) que em caso de duacutevida ou maiores esclarecimentos poderei entrar

em contato com a pesquisadora Profa Ryzia de Cassia Vieira Cardoso na Escola de Nutriccedilatildeo da

UFBA localizada na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador ou pelos telefones (71) 3283-

77007695 email ryziaufbabr ou no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de

NutriccedilatildeoUFBA na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador telefone 3283-7704 ou pelo email

cepnutufbabr

Local ________________ ___________ Data ________________

Nome do entrevistado __________________________________________________

Declaro que recebi de forma voluntaacuteria e apropriada o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para participaccedilatildeo nesta pesquisa

Local ________________ ___________ Data ________________

__________________________________________________

Pesquisador Responsaacutevel Ryzia de Cassia V Cardoso - Tel (71) 3283-77007695 E-mail

ryziaufbabr

121

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA

122

ANEXOS 92

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM 92

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS 94

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM 100

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS 101

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA 103

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS 115

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 119

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA 121

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 43

Figura 2 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras antes da

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 49

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo da atividade educativa realizada

junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de Todos os

Santos Brasil 20142015 54

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto

ao atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das

Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA 20142015 56

Figura 5 Captura e beneficiamento dos mariscos realizado por marisqueiras apoacutes a

intervenccedilatildeo na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015 59

LISTA DE TABELAS

CAPIacuteTULO II

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes da

formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco

do Conde Brasil 20142015 51

CAPIacuteTULO III

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes depois da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde

Baiacutea de Todos os Santos Brasil 20142015 75

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da

Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa

20142015 80

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) nas amostras de mariscos

beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa 20142015 82

LISTA DE QUADROS

CAPIacuteTULO III

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas em planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil

20142015 70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA ndash Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APPCC ndash Anaacutelises de Pontos e Perigos Criacuteticos de Controle

BPF ndash Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo

BPP ndash Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo

DORT ndash Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho

DTA ndash Doenccedilas Transmitidas por Alimentos

EPI ndash Equipamentos de Proteccedilatildeo Individual

FAO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Alimentaccedilatildeo e a Agricultura

FAPESB - Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for Foods

LER - Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo

MAPA ndash Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

N-BVT ndash Bases Volaacuteteis Totais

pH ndash Potencial Hidrogeniocircnico

PIB ndash Produto Interno Bruto

RDC - Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RIISPOA - Regulamento da Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem Animal

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UFBA ndash Universidade Federal da Bahia

UNEB ndash Universidade do Estado da Bahia

APRESENTACcedilAtildeO DO TRABALHO

Esta dissertaccedilatildeo encontra-se dividida em Resumo Abstract Introduccedilatildeo Geral Objetivos

(geral e especiacuteficos) Capiacutetulo I (Revisatildeo Bibliograacutefica) Capiacutetulo II (Artigo Formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos para marisqueiras uma experiecircncia em comunidade pesqueira da

Baiacutea de Todos os Santos Brasil) Capiacutetulo III (artigo Eficaacutecia da formaccedilatildeo em Boas Praacuteticas

para marisqueiras avaliando resultados com base em indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) Conclusatildeo Geral e Apecircndices e Anexos

RESUMO

No Brasil as marisqueiras desempenham papel importante no abastecimento de mariscos

participando de todas as fases do seu beneficiamento destes que compreendem produtos de

origem animal de elevada perecibilidade Os conhecimentos na mariscagem satildeo passados de

geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho sendo o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes realizado em condiccedilotildees adversas Assim este trabalho

teve por objetivo avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos

conduzida junto a marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos

Brasil Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas no treinamento constaram a exposiccedilatildeo

dialogada as dinacircmicas de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de

fotos do trabalho na mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave

atividade formativa com interaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e trocas de

experiecircncias Aleacutem disso observaram-se mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos

ainda que houvesse falhas sinalizando a necessidade de aperfeiccediloamentos Para avaliar a

eficaacutecia da atividade formativa na perspectiva do pescado beneficiado foram coletadas

amostras de mariscos das espeacutecies siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra

(Crassostrea rhizophorae) 48 amostras antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram

submetidas a anaacutelises microbioloacutegicas - contagem de microrganismos psicrotroacuteficos de

coliformes a 35ordmC Escherichia coli e de estafilococos coagulase positiva e (PARA) pesquisa

de Salmonella spp - bem como agrave determinaccedilatildeo de pH e de bases volaacuteteis totais (N-BVT)

Verificou-se melhoria na qualidade microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora

146 das amostras tivessem apresentado contagens de estafilococos coagulase positiva

superiores ao paracircmetro oficial Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH mostrou-se

superior ao limite para a quase totalidade das amostras (99) enquanto os valores de N-BVT

estavam dentro da faixa preconizada Apesar dos resultados positivos assume-se na

perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no beneficiamento dos mariscos sob o

aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar a natildeo conformidade para o conjunto

de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo estabelece paracircmetros para as diferentes

espeacutecies estudadas Os resultados evidenciam a aplicabilidade de estrateacutegia educativa em

seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma demanda de educaccedilatildeo

continuada com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e de suporte estrutural agrave cadeia

produtiva da pesca artesanal para o alcance de maior eficaacutecia Em adiccedilatildeo sugere-se a

realizaccedilatildeo de novos estudos que possam explicitar as caracteriacutesticas quiacutemicas das diferentes

espeacutecies de pescado

Palavras-chave pesca artesanal pescado treinamento qualidade de alimentos anaacutelises

microbioloacutegicas seguranccedila alimentar e nutricional

ABSTRACT

In Brazil shellfish pickers play an important role in supplying shellfish participating in all

phases of these processing comprising products of animal origin high perishability

Knowledge in shellfishing is passed from generation to generation without specific training

for the work the minimum processing often performed in harsh conditions This study aimed

to evaluate an educational intervention strategy in food safety conducted with ashellfish

pickers from Ilha das Fontes community Baiacutea de Todos os Santos Brazil It was carried out

an intervention study comprising six stages survey of community interest topics

sensibilization in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers before training

training in Good Practices of food production in situ monitoring of the work routine of

shellfish pickers after training and conversation wheel with the participants Among the

methodologies used in the training dialogued exposure group dynamics conversation wheel

practical simulations the exhibition of photos of the work in shellfish gathering and videos

were used It wasverified a good adhesion of shellfish pickers to the training with good

interaction between the instructors and the community and exchange of experiences In

addition there were positive changes in the processing of shellfish although there were

failures signalizing the need for improvements To evaluate the effectiveness of the training

activity from the perspective of processed seafood samples of shellfishes were collected

including the crab species (Callinectes sapidus) mussels (Mytella falcata) and oyster

(Crassostrea rhizophorae) 48 samples before the intervention and 48 after The samples were

submitted to microbiological analysis - psychrotrophic count coliforms at 35ordmC Escherichia

coli and coagulase-positive staphylococus and Salmonella spp search - and the determination

of pH and total volatile bases (TVB-N) It was verified improvement in the microbiological

quality of shellfish after the intervention although 146 of the samples had presented counts

of coagulase-positive staphylococcus higher than the official parameter When compared to

national standards the pH was superior to the limit for most samples (99) while the TVB-

N values were within the recommended range Despite the positive results it is assumed on

the microbiological perspective that failure occurred in the processing of shellfish on the

physical-chemical aspect however it is not possible to say the non-compliance to the set of

samples since the Brazilian legislation does not provide information for different species The

results evidence the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing even if they register a continuing education demand with directions and more

effective control and structural support to the supply chain in order to achieve greater

efficiency In addition it is suggested to conduct new studies that may explain the chemical

characteristics of different species of seafood

Keywords artisanal fishing seafood training food quality microbiological analysis

food security

13

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

Ao redor do mundo a pesca emprega aproximadamente 583 milhotildees de pessoas das quais

37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade complementar e o restante de

forma ocasional (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal eacute uma atividade tradicionalmente ligada agraves comunidades

costeiras constituindo a sua principal fonte de renda haja vista a baixa especializaccedilatildeo e os

elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (RODRIGUES e GIUDICE 2011) Em todo o

paiacutes cerca de 45 da produccedilatildeo anual de pescado (1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado)

procede da pesca artesanal (BRASIL 2011)

Um dos segmentos da pesca extrativa e artesanal eacute a mariscagem realizada por mulheres

que satildeo conhecidas como marisqueiras por coletarem mariscos Estas pescadoras participam de

todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto desde a coleta (captura) ateacute a comercializaccedilatildeo com

beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo (PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST

2011) Ao longo de toda a cadeia produtiva entretanto eacute frequente a falta de estrutura e a

precariedade observando-se condiccedilotildees incorretas de manipulaccedilatildeo armazenamento e transporte

que contribuem para a perda da qualidade sanitaacuteria e para a deterioraccedilatildeo do produto que eacute

disponibilizado ao consumidor (SANTOS 2006)

Nesse contexto uma das grandes preocupaccedilotildees com o pescado diz respeito agrave necessidade

de boa conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sua qualidade higiecircnicosanitaacuteria considerando os riscos da

ocorrecircncia das doenccedilas transmitidas por alimentos Deste modo torna-se indispensaacutevel conhecer

todas as etapas de seu processamento assegurando a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas dos

produtos

No acircmbito da pesca artesanal eacute fato que os pescadores e marisqueiras desenvolvem a

atividade de manipulaccedilatildeo do pescado de modo tradicional em um saber-fazer que foi

historicamente construiacutedo mas que apresenta prejuiacutezos agrave qualidade sobretudo em virtude da

insuficiecircncia de infraestruturas de apoio e de conhecimento teacutecnicos como a adoccedilatildeo das Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo (OLIVEIRA BRASIL e TADDEI 2008 STEFANELLO LINN e

MESQUITA 2009)

Em Satildeo Francisco do Conde Recocircncavo da Bahia a mariscagem compreende fonte de

subsistecircncia e oferta de alimentos para muitas famiacutelias No entanto observa-se rusticidade na

atividade e baixa qualidade sanitaacuteria do pescado comercializado para a populaccedilatildeo uma vez que

14

este permanece exposto por um longo periacuteodo de tempo agrave temperatura ambiente e sem a adoccedilatildeo

de maiores criteacuterios de higiene por parte dos manipuladores (ARGOcircLO 2012)

Deste modo o desenvolvimento de atividades educativas orientadas para marisqueiras

abordando princiacutepios de qualidade e seguranccedila do pescado torna-se importante estrateacutegia para

socializaccedilatildeo de conhecimentos que podem ser aplicados em toda a cadeia produtiva

contribuindo diretamente para a qualidade higiecircnicosanitaacuteria e a agregaccedilatildeo de valor ao produto e

para o reconhecimento e o fortalecimento do trabalho no setor pesqueiro artesanal

Este trabalho busca descrever o desenvolvimento de atividades formativas para

marisqueiras avaliando a contribuiccedilatildeo desta estrateacutegia para os participantes e para promoccedilatildeo da

qualidade dos produtos comercializados

15

OBJETIVOS

Geral

- Avaliar uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos conduzida junto a

marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

Especiacuteficos

- Identificar temas de formaccedilatildeo relativos agrave cadeia produtiva do pescado de interesse das

marisqueiras da comunidade

- Desenvolver programa de intervenccedilatildeo educativa junto aos atores sociais da pesca na

comunidade em observaccedilatildeo agrave realidade local

- Estimular a adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) no ambiente de trabalho da pesca

artesanal

- Contribuir com a formaccedilatildeo de multiplicadores em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo no contexto da

pesca artesanal

16

Capiacutetulo I

REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

1 Pesca artesanal

No Brasil a pesca eacute uma atividade exercida ao longo dos tempos herdada de ancestrais

nativos e colonizadores que era praticada principalmente pelos indiacutegenas e negros adotando

teacutecnicas rudimentares e que sofreram inovaccedilotildees a partir do contato com os portugueses e

espanhoacuteis (RODRIGUES E GIUDICE 2011) Ainda hoje esta atividade exerce papel essencial

no processo de desenvolvimento econocircmico contribuindo para a seguranccedila alimentar e para

reduccedilatildeo da pobreza uma vez que representa fonte vital de alimentos ocupaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

renda para as populaccedilotildees de todo o mundo e principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

como o Brasil (LOPES et al 2011a)

Segundo a legislaccedilatildeo a pesca consiste em

todo ato tendente a retirar extrair coletar apanhar apreender ou capturar espeacutecimes

dos grupos dos peixes crustaacuteceos moluscos e vegetais hidroacutebios suscetiacuteveis ou natildeo de

aproveitamento econocircmico ressalvadas as espeacutecies ameaccedilados de extinccedilatildeo constantes

nas listas oficiais de fauna e da florardquo (BRASIL 1998 Lei 9605 Art36)

A atividade pesqueira apresenta duas categorias artesanal e industrial No que se refere ao

processo de trabalho a pesca artesanal encontra-se em contraste com a pesca industrial por ter

caracteriacutesticas bastante diversificadas tanto em relaccedilatildeo ao habitat e estoques pesqueiros que

exploram quanto agraves teacutecnicas de pesca que utilizam (CLAUZET RAMIRES e BARRELLA

2005)

Na pesca industrial as embarcaccedilotildees possuem maior autonomia sendo capazes de operar

em aacutereas mais distantes da costa efetuando a exploraccedilatildeo de recursos pesqueiros que se

apresentam relativamente concentrados em niacutevel geograacutefico Em adiccedilatildeo apresenta mecanizaccedilatildeo

agrave bordo para a operacionalizaccedilatildeo dos petrechos de captura (BAHIA PESCA 2013)

A pesca artesanal por sua vez eacute realizada exclusivamente pelo trabalho manual do

pescador que utiliza embarcaccedilotildees de meacutedio e pequeno porte e equipamentos (petrechos) sem

nenhuma sofisticaccedilatildeo aleacutem de insumos adquiridos nos comeacutercios locais Tem como base os

conhecimentos dos pescadores adquiridos em famiacutelia a partir da transmissatildeo dos mais velhos da

comunidade ou pela interaccedilatildeo com os companheiros de pescaria uma vez que estes possuem o

conhecimento acerca da classificaccedilatildeo histoacuteria natural comportamento biologia e utilizaccedilatildeo dos

recursos naturais da regiatildeo onde vivem (SILVANO 1997 BAHIA PESCA 2013)

17

Esta atividade estaacute tradicionalmente ligada agraves comunidades costeiras representando a

principal fonte de renda - uma ocupaccedilatildeo importante no contexto socioeconocircmico haja vista a

baixa especializaccedilatildeo e os elevados niacuteveis de pobreza dessas comunidades (GARCEZ e

SAacuteNCHEZ-BOTERO 2005 RODRIGUES e GIUDICE 2011)

Em todo o mundo a pesca eacute responsaacutevel por cerca de 583 milhotildees de empregos de acordo

com levantamentos do Fundo das Naccedilotildees Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO 2014) Do

total de pescadores 37 praticam a atividade de forma exclusiva 23 como atividade

complementar e o restante de forma ocasional

No Brasil segundo dados do Ministeacuterio da Pesca e Aquicultura (BRASIL 2014a) existe

aproximadamente um milhatildeo pescadores artesanais registrados cujo trabalho resulta em 45 da

produccedilatildeo anual de pescado O setor representa uma das atividades de maior impacto social e

econocircmico no paiacutes usufruindo da grande extensatildeo litoracircnea e da biodiversidade pesqueira nas 12

grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras

Dentre as regiotildees do paiacutes o Nordeste eacute a maior produtora de pescado com 4542169

toneladas respondendo por 317 da produccedilatildeo nacional - a Bahia eacute o estado maior produtor

desta regiatildeo (592930 toneladas) (BRASIL 2011)

Nesse cenaacuterio estudos tecircm registrado uma visiacutevel divisatildeo sexual e social de trabalho na

pesca artesanal na qual os homens praticam a pesca de alto mar enquanto as mulheres se

ocupam de tarefas da terra Satildeo destinadas as mulheres atividades de pesca que compreendem

desde a captura eou coleta ao beneficiamento do pescado (MALDONADO 1986 LIMA 2003)

Em perspectiva global as mulheres representam 50 do total dos trabalhadores no setor

artesanal de captura de pescado ainda que em muitas comunidades de pesca artesanal

continuem a ser marginalizadas atuando muitas vezes em aacutereas remotas com acesso limitado

aos mercados e agrave sauacutede educaccedilatildeo e a outros serviccedilos sociais (BRASIL 2014b)

No Brasil entre os pescadores artesanais eacute fato comum o baixo grau de escolaridade

assim como o analfabetismo que constitui um dos fatores determinantes para que essa atividade

seja primitiva uma vez que pode acarretar em grandes dificuldades de contextualizaccedilatildeo da

atividade desenvolvida e de incentivo a melhores possibilidades na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas (COSTA 1977) Aleacutem disso consideram-se os maiores desafios relacionados agrave fraca

participaccedilatildeo dos pescadores nas organizaccedilotildees sociais ao desconhecimento da legislaccedilatildeo de base

e aos mecanismos de gestatildeo compartilhada e participativa da pesca (BRASIL 2014a)

Apesar de ser reconhecida como atividade econocircmica junto ao Estado a pesca artesanal

convive entre os limites da informalidade e da formalidade em virtude de diversos fatores

incluindo as dificuldades de modernizaccedilatildeo da atividade de infraestrutura de beneficiamento de

18

conservaccedilatildeo e armazenamento e de abastecimentocomercializaccedilatildeo do pescado com fragilidades

para a venda no mercado ampliado (atacado) Nesse cenaacuterio a perecibilidade do produto e a

dificuldade de organizaccedilatildeo do negoacutecio tornam os pescadores vulneraacuteveis aos negociantes

intermediaacuterios denominados de ldquoatravessadoresrdquo (BRASIL 2010 SILVA 2011)

A pouca organizaccedilatildeo do setor pesqueiro artesanal e outros problemas inerentes a este

segmento exacerbam as consequecircncias estruturais produtos finais com elevados preccedilos pouca

variedade e qualidade - inclusive sanitaacuteria ndash e baixo valor agregado e em geral unidades

produtivas e de comercializaccedilatildeo rejeitadas devido ao baixo rendimento e agrave informalidade

(BRASIL 2010) Dessa forma a pesca artesanal e a aquicultura familiar enfrentam dificuldades

em todos os elos da cadeia produtiva seja na captura produccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo (LOPES et

al 2011b)

2 A mariscagem

A mariscagem consiste em um dos segmentos pesqueiros realizado em aacuterea costeira Na

maioria das comunidades a atividade de mariscagem eacute extrativista e artesanal com pequena

infraestrutura de beneficiamento e pouca ou nenhuma organizaccedilatildeo voltada agrave comercializaccedilatildeo

(MAIA e NETO 2012) Entre os indiviacuteduos que realizam essa atividade estatildeo as mulheres de

pescadores conhecidas como marisqueiras ou mariscadeiras por coletarem mariscos para a

complementaccedilatildeo da renda familiar e tambeacutem para subsistecircncia constituindo quadro marcante na

regiatildeo Nordeste (FREITAS et al 2012)

As mulheres que atuam na mariscagem dispotildeem de um saber proacuteprio que se expressa no

universo simboacutelico de crenccedilas valores e mitos aprendidos atraveacutes de uma heranccedila cultural

secular inscrita em tradiccedilotildees de um modo de pensar e fazer o trabalho Elas atuam em aacutereas

limitadas e costumam trabalhar em grupos sendo a matildeo de obra familiar Estas mulheres detecircm

o saber e exercem praacuteticas em todas as etapas da extraccedilatildeo manual do marisco uma atividade

que somada ao trabalho domeacutestico tradicional configura uma dupla jornada de trabalho (PENA

FREITAS CARDIM 2011)

Na mariscagem a produccedilatildeo estaacute diretamente ligada ao movimento das mareacutes sendo a

vazante de lua cheia e nova consideradas as melhores pelas marisqueiras pois as aacuteguas atingem

maior variaccedilatildeo permitindo acesso a aacutereas propiacutecias agrave coleta dos mariscos (PENA FREITAS

CARDIM 2011) As teacutecnicas e instrumentos utilizados na coleta dos mariscos satildeo rudimentares

e adaptados agrave natureza consistindo basicamente em faca ou facatildeo para a coleta de mariscos

incrustados em pedras colher de pau ou alumiacutenio e mesmo pequenas enxadas para raspar eou

19

cavar a areia e identificar o marisco gerereacutes ou manzuaacutes utilizados para captura do siri panela

de alumiacutenio eou lata para armazenamento de mariscos coletados e balde para o transporte do

produto ateacute a residecircncia para o preparo final e a venda canoas a remo e agrave vela (traquete)

(PACHECO 2006)

As marisqueiras passam cerca de 5 a 6 horas na coleta dos mariscos e retornam quando a

mareacute comeccedila a encher caminhando com o peso dos mariscos nos ombros ou na cabeccedila ou com o

auxiacutelio de canoa Na residecircncia as marisqueiras lavam cozinham catam e congelam os mariscos

em sacos de um quilo para realizar a sua comercializaccedilatildeo Este processo de beneficiamento eacute

realizado na forma tradicional em cozinha domeacutestica com uso de fogatildeo agrave lenha (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Nesse fazer as marisqueiras participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto

desde a coleta ateacute a venda com beneficiamento miacutenimo para a conservaccedilatildeo expondo-se a todos

os riscos inerentes ao ofiacutecio - ergonocircmicos ambientais fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos

(PEDROZA-JUacuteNIOR et al 2002 JESUS e PROST 2011)

Os riscos ergonocircmicos configuram-se em sobrecarga muscular no pescoccedilo ombros dorso

membros superiores e regiatildeo lombar aleacutem do excesso de trabalho riacutetmico centrado no punho

nas atividades repetitivas (PENA FREITAS e CARDIM 2011) Entre os riscos de origem

ambiental natural estatildeo a incidecircncia do sol sobre a pele a friagem e o desgaste fiacutesico Os riscos

fiacutesicos podem ser representados pelas lesotildees em matildeos e peacutes por lacircminas de corte ou por partes

duras dos pescados Os riscos quiacutemicos incluem o contato com secreccedilotildees venenosas dos animais

ou com poluentes na aacutegua e os bioloacutegicos o contato com algas microrganismos e parasitas

(BAHIA 2010)

Algumas marisqueiras sobrevivem exclusivamente da exploraccedilatildeo de mariscos eou outros

moluscos e dessa forma sustentam famiacutelias criam filhos e adquirem alguns bens materiais

como uma moradia proacutepria (DIAS ROSA e DAMASCENO 2007)

No estudo de Pena Freitas e Cardim (2011) a renda meacutedia obtida pelas marisqueiras

atraveacutes da comercializaccedilatildeo dos mariscos foi de cinquenta reais por mecircs mostrando que este

trabalho eacute socialmente desvalorizado - sendo assim impotildee ritmo intenso de trabalho para gerar

mais produtos agrave venda Em paralelo natildeo proporciona condiccedilotildees para a aquisiccedilatildeo de

equipamentos de proteccedilatildeo individual e coletiva contra acidentes e doenccedilas do trabalho (PENA

MARTINS e REGO 2013)

Vale ressaltar ainda que muitas dessas mulheres desconhecem seus direitos trabalhistas

e permanecem na informalidade agrave espera de melhorias que muitas vezes nunca chegam (DIAS

ROSA e DAMASCENO 2007 RIOS e GERMANI 2012)

20

Em estudo realizado no Recocircncavo baiano no municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde

com abordagem de 695 marisqueiras observou-se a maioria com faixa etaacuteria entre 20 e 40 anos

(56) ndash idade produtiva grande parte declarando-se solteira (412) ou em uniatildeo estaacutevel

(332) com meacutedia de 34 filhos (906) e que exerciam a chefia de famiacutelia (776) Quanto agrave

participaccedilatildeo em cursos relativos a pesca ou outra formaccedilatildeo profissional a maioria declarou

ausecircncia de formaccedilatildeo (757) (SANTOS 2013)

3 Pescado definiccedilatildeo contribuiccedilatildeo nutricional deterioraccedilatildeo e conservaccedilatildeo

De acordo com o Regulamento de Inspeccedilatildeo Industrial e Sanitaacuteria de Produtos de Origem

Animal ndash RIISPOA (BRASIL 1997) o pescado compreende peixes crustaacuteceos moluscos

anfiacutebios e mamiacuteferos de aacutegua doce ou salgada utilizados na alimentaccedilatildeo humana Constitui uma

fonte alimentar de alta digestibilidade (acima de 95) e de composiccedilatildeo nutricional equilibrada

com cerca de 64 a 90 de umidade 8 a 23 de proteiacutena 05 a 25 de gordura 1 a 2 de

resiacuteduos minerais e menos que 1 de carboidratos (ANDRADE BISPO e DRUZIAN 2009)

O pescado eacute um componente importante da dieta de diversos grupos populacionais posto

que apresenta proteiacutenas de alto valor bioloacutegico com a presenccedila de todos aminoaacutecidos essenciais

Tambeacutem fornece em geral um baixo niacutevel de colesterol e uma reserva significativa de aacutecidos

graxos polinsaturados da seacuterie ocircmega 3 (ω-3) os quais possuem efeito cardioprotetor

proporcionando numerosos benefiacutecios agrave sauacutede humana (RAMOS FILHO et al 2008 SOARES

e GONCcedilALVES 2011) Aleacutem disso eacute rico em caacutelcio foacutesforo ferro e vitaminas do complexo B

(GODOY et al 2010 NUNES et al 2013)

O alto teor de nutrientes do pescado aliado ao pH proacuteximo agrave neutralidade e agrave elevada

atividade de aacutegua nos tecidos torna-o um dos produtos de origem animal mais susceptiacuteveis agrave

deterioraccedilatildeo que pode ser definida como alteraccedilotildees inaceitaacuteveis que ocorrem no muacutesculo poacutes-

morte originando produtos com sabores e odores desagradaacuteveis (VIEIRA 2004 MONTEIRO

MAacuteRSICO e VITAL 2010)

Essas alteraccedilotildees acontecem independente da forma como este produto eacute manipulado

contudo a velocidade com que elas se instalam pode ser reduzida ateacute uma certa extensatildeo pela

adoccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos especiacuteficos de modo a prolongar o grau de frescor (LEITAtildeO

1994) Segundo Anacleto et al (2011) a qualidade do pescado diminui devido a um processo

complexo no qual estatildeo implicados eventos fiacutesicos quiacutemicos e microbioloacutegicos de deterioraccedilatildeo

Em peixes a deterioraccedilatildeo pode ocorrer a partir de reaccedilotildees de autoacutelise pela atividade

bacteriana por oxidaccedilatildeo ou pela combinaccedilatildeo dos trecircs processos O processo de autoacutelise consiste

21

na accedilatildeo de enzimas tissulares e dos sucos digestivos sobre os tecidos musculares apoacutes a morte

do pescado resultando na sua decomposiccedilatildeo e consequentemente no amolecimento e

desintegraccedilatildeo da carne promovendo assim a disseminaccedilatildeo de micro-organismos que agem na

superfiacutecie do pescado nas guelras e no trato intestinal A oxidaccedilatildeo lipiacutedica manifesta-se por

mudanccedilas no cheiro cor textura valor nutritivo do pescado e possiacutevel produccedilatildeo de compostos

toacutexicos afetando sua aceitabilidade para o consumo (JENSEN LAURIDSEN e BERTELSEN

1998 JAY 2005 NOGALA-KALUCKA et al 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Nos crustaacuteceos a deterioraccedilatildeo parece ser semelhante agrave dos peixes tendo seu iniacutecio nas

superfiacutecies mais externas devido agrave sua anatomia Esse grupo de pescado apresenta altas

quantidades de aminoaacutecidos livres e extratos nitrogenados que os torna expostos ao raacutepido

ataque da microbiota deteriorante Aleacutem disso a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute acompanhada

pela produccedilatildeo de elevadas quantidades de bases nitrogenadas volaacuteteis como ocorre nos peixes

(JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Quanto aos moluscos a deterioraccedilatildeo difere daquela apresentada pelos peixes e crustaacuteceos

sendo um processo basicamente fermentativo em decorrecircncia de sua carne ser constituiacuteda de

alto teor de carboidratos sobretudo na forma de glicogecircnio e do menor teor de nitrogecircnio (JAY

2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem dos fatores intriacutensecos que satildeo inerentes ao pescado fatores externos como o tipo de

captura o tempo de armazenamento refrigeraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo inadequada podem facilitar a

degradaccedilatildeo do pescado e consequentemente as alteraccedilotildees bioquiacutemicas autoliacuteticas ou promovidas

pelo desenvolvimento de micro-organismos Estes fatores satildeo denominados extriacutensecos e podem

concorrer para o aumento dos riscos agrave sauacutede do consumidor (SILVA MATTEacute e MATTEacute 2008

AMARAL e FREITAS 2013 ROSSO 2013)

Deste modo salienta-se a importacircncia da anaacutelise de riscos no setor pesqueiro

considerando todas as etapas que vatildeo desde a captura ateacute a comercializaccedilatildeo uma vez que em

geral o pescado que chega ao consumidor possui uma carga microbiana elevada composta tanto

por micro-organismos deteriorantes como por patoacutegenos Nessa direccedilatildeo o grau de deterioraccedilatildeo

do pescado eacute determinado principalmente pela carga bacteriana inicial pela temperatura de

conservaccedilatildeo pelo tempo decorrido apoacutes a sua morte e pelas praacuteticas sanitaacuterias adotadas

(EIROA 1980 GONCcedilALVES 2009)

Alguns meacutetodos de conservaccedilatildeo satildeo aplicados ao pescado visando prolongar sua vida uacutetil

como a refrigeraccedilatildeo o congelamento e o processamento teacutermico A refrigeraccedilatildeo natildeo apresenta

accedilatildeo esterilizante apenas retarda as atividades microbianas jaacute existentes e impede o surgimento

de novos agentes deteriorantes enquanto que o congelamento emprega temperaturas que

22

reduzem ou paralisam a deterioraccedilatildeo causada por micro-organismos enzimas ou agentes

quiacutemicos O tratamento teacutermico dado ao produto cujo tempo de exposiccedilatildeo ao calor uacutemido eacute

variaacutevel conforme o tamanho velocidade de penetraccedilatildeo do calor e condiccedilotildees de aquecimento

reduz a carga microbiana e inibe o crescimento de bacteacuterias parasitas e viacuterus prejudiciais ao

homem (ANTONIOLLI 1999 CAMPOS e PAIVA 2011 CORDEIRO et al 2007)

4 Indicadores de qualidade do pescado

O processo de deterioraccedilatildeo do pescado eacute complexo envolvendo sobretudo processos de

natureza microbioloacutegica e quiacutemica razatildeo pela qual natildeo eacute aconselhaacutevel o uso de apenas um

meacutetodo para avaliar sua qualidade Nesse sentido para avaliaccedilatildeo da qualidade satildeo recomendadas

anaacutelises por indicadores sensoriais fiacutesico-quiacutemicos e microbioloacutegicos (NUNES BATISTA e

CARDOSO 2007 ALI 2011)

Os paracircmetros sensoriais compreendem meacutetodos usados para medir analisar e interpretar

reaccedilotildees e caracteriacutesticas dos alimentos os quais satildeo percebidos pelos sentidos Mesmo que se

desenvolvam meacutetodos instrumentais de faacutecil aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo do pescado a anaacutelise

sensorial continua a ser essencial pois fornece informaccedilatildeo completa sobre o estado do pescado

(NIELSEN 1997 STEVANATO et al 2007)

No que se refere agraves caracteriacutesticas sensoriais dos peixes no Brasil eacute estabelecido pela

legislaccedilatildeo que estes devem apresentar as seguintes caracteriacutesticas superfiacutecie do corpo limpa e

com relativo brilho metaacutelico olhos transparentes brilhantes e salientes ocupando

completamente as oacuterbitas guelras roacuteseas ou vermelhas uacutemidas e brilhantes com odor natural

proacuteprio e suave ventre roliccedilo firme natildeo deixando impressatildeo duradoura agrave pressatildeo dos dedos

escamas brilhantes bem aderentes agrave pele e nadadeiras apresentando certa resistecircncia aos

movimentos provocados e carne firme com consistecircncia elaacutestica de cor proacutepria agrave espeacutecie

(BRASIL 1997)

Os crustaacuteceos devem apresentar aspecto geral brilhante uacutemido corpo em curvatura

natural riacutegida artiacuteculos firmes e resistentes carapaccedila bem aderente ao corpo coloraccedilatildeo proacutepria

agrave espeacutecie sem qualquer pigmentaccedilatildeo estranha olhos vivos destacados e cheiro proacuteprio e suave

(BRASIL 1997)

Para os moluscos bivalves recomenda-se que sejam expostos agrave venda vivos com valvas

fechadas e com retenccedilatildeo de aacutegua incolor e liacutempida nas conchas cheiro agradaacutevel e pronunciado

carne uacutemida bem aderente agrave concha de aspecto esponjoso e de cor cinzenta-clara nas ostras e

amareladas nos mexilhotildees (BRASIL 1997)

23

Em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos no paiacutes os padrotildees mais utilizados para

avaliar o frescor do pescado incluem as determinaccedilotildees de pH bases nitrogenadas volaacuteteis totais

(N-BVT) bases volaacuteteis terciaacuterias e as reaccedilotildees de gaacutes sulfiacutedrico e de indol (BRASIL 1997)

Tendo em vista que o pH de um alimento eacute uma caracteriacutestica importante para a sua

conservaccedilatildeo o fato do pescado apresentar um pH proacuteximo da neutralidade propicia o

desenvolvimento tanto de micro-organismos deterioradores como de patoacutegenos O pH da

musculatura pode ser influenciado pela espeacutecie do pescado meacutetodos de captura manuseio e

armazenamento assim esta mateacuteria-prima requer cuidados especiais para sua conservaccedilatildeo O

paracircmetro de pH oficial estabelece que este deve ser inferior a 65 na parte interna do peixe

fresco no entanto natildeo haacute consideraccedilotildees das especificidades para as demais espeacutecies de pescado

(LEITAtildeO 1988 BRASIL 1997 GALVAtildeO et al 2006) Desta forma a literatura cientiacutefica

registra algumas faixas de pH para as outras espeacutecies de pescado entre 68 e 70 para camaratildeo

em torno de 70 para o siri crustaacuteceo semelhante ao caranguejo em torno de 65 para moluscos

e na faixa entre 48 e 63 para ostra (JAY 2005 FRANCO e LANDGRAF 2008)

As bases volaacuteteis totais tambeacutem satildeo utilizadas para avaliar o frescor do pescado

indicando a degradaccedilatildeo de compostos nitrogenados derivada da autoacutelise e da decomposiccedilatildeo

microbiana Os compostos nitrogenados mais frequentes satildeo a trimetilamina e a amocircnia A

legislaccedilatildeo estabelece que o limite se N-BVT no pescado seja inferior a 30mg de

N100g (ASHIE SMITH e SIMPSON 1996 BRASIL 1997 SCHERER et al 2004)

Em estudo conduzido por Argocirclo (2012) com anaacutelise de amostras de sururu e siri

beneficiados em Satildeo Francisco do Conde foi possiacutevel verificar valores meacutedios de pH de 69 e

81 respectivamente Em pesquisa realizada por Cordeiro et al (2007) observou-se valor meacutedio

de pH de 69 em mexilhotildees congelados comercializados no municiacutepio de Ubatuba (SP) Em

relaccedilatildeo agraves N-BVT Souza et al (2013) ao avaliar pescado congelado comercializado no

Mercado Municipal de Satildeo Francisco do Conde registrou valor de mediana em amostras de siri

de 45mgN100g enquanto que Argocirclo (2012) tambeacutem em amostras de siri observou valor

meacutedio de 287mgN100g

Quanto ao aspecto microbioloacutegico a seguranccedila do pescado eacute de extrema importacircncia

visto que as doenccedilas transmitidas por alimentos tecircm sido registradas em grande parte como

decorrecircncia da falta de cuidados e de controles desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima ateacute a

manipulaccedilatildeo e processamento (MARQUES SEABRE e DAMASCENO 2009) Desta forma no

Brasil a Resoluccedilatildeo RDC Ndeg 122001 da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

estabelece os padrotildees microbioloacutegicos para alimentos expostos agrave venda devendo ser o pescado

cru resfriado ou congelado ser analisado para estimativa de coliformes

24

termotolerantesEscherichia coli contagem de estafilococos coagulase positiva e pesquisa de

Salmonella spp (BRASIL 2001)

Nessa legislaccedilatildeo satildeo estabelecidos padrotildees relacionados ao pescado in natura congelado

natildeo consumido cru incluindo estafilococos coagulase positivag com toleracircncia de 10sup3 e

ausecircncia de Salmonella spp em 25g da amostra Para pescado preacute-cozido congelado constam

coliformes a 45ordmC com toleracircncia de 5x10 estafilococos coagulase positivag toleracircncia de 103

e para Salmonella spp ausecircncia em 25g da amostra (BRASIL 2001)

Argocirclo (2012) na anaacutelise de amostras de siri beneficiadas em Satildeo Francisco do Conde-

BA reportou valores meacutedios de 315 log UFCg de coliformes agrave 35ordmC 150 log UFCg de

Escherichia coli 270 log UFCg de estafilococos coagulase positiva e 522 log UFCg de

aeroacutebios psicrotroacuteficos

Staphylococcus aureus eacute uma bacteacuteria anaeroacutebia facultativa no entanto possui maior

crescimento sob condiccedilotildees aeroacutebias com produccedilatildeo de catalase Eacute mesoacutefila apresentando

temperatura oacutetima de crescimento entre 40ordm e 45ordmC tolerante a concentraccedilotildees de 10 a 20 de

NaCl e a nitratos e possui faixa de pH oacutetima de crescimento entre 6 e 7 S aureus eacute uma

bacteacuteria patogecircnica que natildeo faz parte da microbiota do pescado sendo normalmente transferido

para os alimentos por manipuladores Este grupo microbiano eacute responsaacutevel por

aproximadamente 45 das toxinfecccedilotildees alimentares no mundo (CUNHA NETO SILVA e

STAMFORD 2002 FRANCO E LANDGRAF 2008 GONCcedilALVES 2011)

O grupo dos coliformes agrave 35ordmC eacute um subgrupo da famiacutelia Enterobacteriaceae que

engloba apenas as bacteacuterias capazes de fermentar a lactose com produccedilatildeo de gaacutes em 24 a 48

horas a 35ordmC Nesse grupo encontram-se tanto bacteacuterias originaacuterias do trato gastrintestinal de

humanos e outros animais de sangue quente como tambeacutem bacteacuterias de origem natildeo enteacuterica

fazendo parte as bacteacuterias do gecircnero Escherichia Klebisiella Citrobacter e Enterobacter Os

coliformes podem fornecer informaccedilotildees sobre a provaacutevel presenccedila de microrganismos

patogecircnicos ou sobre a deterioraccedilatildeo potencial do alimento aleacutem das condiccedilotildees higiecircnicas dos

processos de fabricaccedilatildeo uma vez que satildeo facilmente inativados pelos sanitizantes por isso satildeo

utilizados como indicadores (SILVA 2010 FRANCO LANDGRAF 2008)

Os coliformes termotolerantes compreendem um subgrupo dos coliformes agrave 35ordmC que se

restringe aos membros capazes de fermentar a lactose em 24 horas a 45ordmC com produccedilatildeo de

gaacutes sendo usados como indicadores jaacute que satildeo isolados facilmente e se encontram em maior

proporccedilatildeo do que os patogecircnicos A Escherichia coli pertence aos dois grupos de coliformes

referidos e o seu habitat natural eacute o trato intestinal de animais de sangue quente contudo pode

ser introduzida nos alimentos a partir de fontes natildeo fecais (SILVA 2010)

25

De acordo com Silva et al (2010) a contagem de coliformes agrave 35ordmC e termotolerantes

em alimentos tecircm sido o meacutetodo mais indicado para avaliar as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

sendo tambeacutem utilizadas como indicadores de falhas durante o processamento ou a

contaminaccedilatildeo poacutes-processamento

O genecircro Salmonella compreende bacteacuterias anaeroacutebias facultativas natildeo produtoras de

esporo e que produzem gaacutes a partir da glicose com exceccedilatildeo da S Typhi sendo capazes de

utilizar o citrato como uacutenica fonte de carbono A temperatura e pH oacutetimos para seu crescimento

estatildeo em torno de 35ordm-37ordmC e 70 respectivamente Natildeo toleram concentraccedilotildees de sal superiores

a 9 O habitat natural da Salmonella eacute o trato intestinal de mamiacuteferos aves e reacutepteis podendo

alcanccedilar o ambiente aquaacutetico atraveacutes da contaminaccedilatildeo fecal e desta forma serem detectadas em

peixes e produtos pesqueiros (VIEIRA 2004 FRANCO e LANDGRAF 2008)

Aleacutem destes indicadores microbioloacutegicos no caso de pescados resfriados e congelados

tambeacutem eacute adotada internacionalmente a contagem padratildeo de micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos de 106 UFCg (ICMSF 1986) Os micro-organismos psicrotroacuteficos crescem bem

em temperaturas entre 0ordm e 7ordmC em diversos tipos de alimentos refrigerados sendo os principais

causadores da deterioraccedilatildeo de carnes pescado ovos frangos e outros (FRANCO e LANDGRAF

2008)

5 Satildeo Francisco do Conde-BA descriccedilatildeo histoacuterica e atual e a pesca artesanal

O municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia eacute uma ocupaccedilatildeo antiga que surgiu no

iniacutecio da colonizaccedilatildeo brasileira (SANTOS 2004) Em 1618 por ordem do Conde de Linhares

foi construiacutedo no alto de um monte no Recocircncavo Baiano um convento e uma igreja onde

mais tarde surgiria a cidade de Satildeo Francisco do Conde em 1698 O nome homenageia o

padroeiro da cidade e o conde Fernatildeo Rodrigues que herdou o terreno do 3ordm governador geral do

Brasil Mem de Saacute A regiatildeo onde fica a cidade foi conquistada pelo impeacuterio portuguecircs por meio

de guerras travadas contra os iacutendios que viviam nas margens dos rios Paraguaccedilu e Jaguaribe

(IBGE 2013)

Satildeo Francisco do Conde localiza-se na regiatildeo metropolitana de Salvador-BA estaacute

situado a 67 km da Capital do estado ao norte da Baiacutea de Todos os Santos e tem como vizinhas

as cidades de Candeias Madre de Deus Santo Amaro da Purificaccedilatildeo e Satildeo Sebastiatildeo do Passeacute

contando com uma aacuterea de 262856 kmsup2 e 33183 habitantes A aacuterea ainda manteacutem reservas de

Mata Atlacircntica e riquiacutessimos manguezais que contribuem para a biodiversidade da regiatildeo

(SANTOS 2011 IBGE 2013)

26

Aleacutem da aacuterea terrestre o municiacutepio apresenta trecircs ilhas ndash Ilha de Cajaiacuteba Ilha das Fontes

e Ilha do Paty A Ilha das Fontes caracteriza-se como um local onde as aacuteguas do mar

apresentam-se tranquilas em todos os periacuteodos da mareacute fato explicado pela sua proximidade

com os rios Sergi e Subaeacute (MARTINS 2010)

A Ilha das Fontes eacute tambeacutem uma das comunidades pesqueiras existentes no municiacutepio

compreendendo um povoado que se localiza proacuteximo ao Porto Ferrolho da Petrobras e ao

povoado de Santo Estevatildeo com acesso apenas por barco A localidade dista aproximadamente 8

Km da sede e natildeo eacute totalmente urbanizada A populaccedilatildeo eacute de etnia negra e mesticcedila natildeo

Quilombola e possui 1654 habitantes juntamente com Engenho de Baixo A maioria dos

moradores desenvolve a atividade pesqueira tanto para comeacutercio quanto para consumo interno

(SAacute 2011) Dentre os habitantes da Ilha 54 mulheres atuavam na pesca conforme

levantamento recente (SANTOS 2013)

No passado a riqueza da cidade baseava-se nas plantaccedilotildees de cana de accediluacutecar que deram

iniacutecio ao desenvolvimento econocircmico da aacuterea Atualmente a extraccedilatildeo o refino e o

processamento de petroacuteleo satildeo as principais atividades econocircmicas da regiatildeo (SAtildeO

FRANCISCO DO CONDE 2013) Com a arrecadaccedilatildeo municipal de impostos relacionados agrave

produccedilatildeo e refino de petroacuteleo pela Refinaria Satildeo Francisco do Conde atingiu o maior Produto

Interno Bruto (PIB) per capita brasileiro nos anos de 2008 a 2010 (IBGE 2010 2011 2012)

Apesar disso a populaccedilatildeo da cidade sofre com o agravamento das desigualdades sociais

enfrentando problemas associados agrave pobreza agrave infraestrutura sanitaacuteria deficiente e ao

saneamento baacutesico ao analfabetismo entre outros

No municiacutepio muitas famiacutelias dependem da pesca e da mariscagem como fonte de

subsistecircncia sendo a pesca uma tradiccedilatildeo e heranccedila cultural Nesse contexto a atividade eacute

caracterizada pela rusticidade envolvendo tanto homens quanto mulheres em diversas

comunidades pesqueiras (ARGOcircLO 2012 SAacute 2011 SANTOS 2011 SANTOS 2013)

Segundo Saacute (2011) em Satildeo Francisco do Conde-BA observa-se o predomiacutenio de mulheres

(666) na atividade pesqueira fato que fortemente se vincula ao trabalho na mariscagem

No municiacutepio algumas comunidades pesqueiras possuem sistema puacuteblico de

abastecimento de aacutegua de esgotamento sanitaacuterio e coleta de lixo deficiente ou ausente o que

favorece condiccedilotildees improacuteprias agrave manipulaccedilatildeo dos mariscos Estes em geral satildeo beneficiados no

ambiente domiciliar permanecendo o pescado muitas vezes exposto agrave temperatura ambiente

por um longo periacuteodo de tempo em condiccedilotildees que natildeo atendem agraves Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de

alimentos (ARGOcircLO 2012)

27

Argocirclo (2012) ao estudar as condiccedilotildees de beneficiamento de mariscos em comunidades

de Satildeo Francisco do Conde observou que as marisqueiras manipulavam o pescado em bacias

dispostas sobre o chatildeo na proacutepria residecircncia sendo algumas com estrutura bastante precaacuteria

com a ausecircncia de aacutegua tratada (33) Segundo a autora ainda as marisqueiras acompanhadas

relataram nunca ter participado de atividades formativas relacionadas agraves Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o que poderiam favorecer a qualidade do pescado beneficiado

Na perspectiva da qualidade microbioloacutegica ao conduzir estudo com 96 amostras de

mariscos beneficiados em Satildeo Francisco do Conde (siri sururu e ostra) a referida autora

verificou que iacutendice de 468 de natildeo conformidade para as amostras sendo 364 para

Escherichia coli e 197 para estafilococos coagulase positiva No estudo natildeo foi identificada a

presenccedila de Salmonella spp (ARGOcircLO 2012)

6 Estrateacutegias educativas e avaliaccedilatildeo do treinamento

Na atualidade observa-se uma grande preocupaccedilatildeo com a qualidade dos alimentos a serem

consumidos e os riscos que esses podem ocasionar agrave sauacutede A possibilidade de contaminaccedilatildeo do

alimento pelo manipulador depende do maior ou menor contato deste com os produtos do tipo

de mateacuteria-prima a ser manipulada e dos cuidados adotados Segundo Jianu e Chis (2012)

alguns fatores como mateacuterias-primas contaminadas falta de higiene de equipamentos utensiacutelios

instalaccedilotildees e alimentos bem como praacuteticas inadequadas podem contribuir para a ocorrecircncia de

surtos de origem alimentar

De modo a reduzir a ocorrecircncia de doenccedilas veiculadas por alimentos eacute essencial que as

praacuteticas de manuseio e preparo dos alimentos pelos manipuladores de alimentos sejam corretas e

que existam treinamentos em seguranccedila de alimentos para estes uma vez que a falta de

conhecimentos sobre higiene e conservaccedilatildeo de alimentos entre os manipuladores contribui de

forma significativa para a sua contaminaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo o que justifica adoccedilatildeo de

treinamentos especiacuteficos (ROBERTSON et al 2013)

Segundo Andreotti et al (2003) os programas de treinamento orientados para

manipuladores de alimentos satildeo os mais recomendados e eficazes para transmissatildeo

conhecimentos e promoccedilatildeo de mudanccedilas de atitudes O treinamento consiste em uma accedilatildeo

educativa direcionada ao desempenho profissional a fim de adquirir conhecimentos habilidades

e atitudes necessaacuterias agrave execuccedilatildeo desta atividade (LACERDA e ABBAD 2003)

A atividade de treinamento de manipuladores de alimentos natildeo eacute uma tarefa faacutecil de ser

realizada Nesse sentido o reconhecimento de caracteriacutesticas singulares dos manipuladores

28

auxilia na compreensatildeo das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento das atividades de

treinamento por indicar que existem diferenccedilas no modo como os alimentos satildeo concebidos e as

informaccedilotildees trabalhadas tornam-se significativas Deste modo possibilita a melhor visibilidade

dos conflitos inerentes agraves relaccedilotildees sociais - principalmente agraves relaccedilotildees educativas - resultantes do

confronto de um grupo que pretende convencer o outro da necessidade de alterar suas praacuteticas

(COSTA LIMA e RIBEIRO 2002)

A escolha da metodologia de intervenccedilatildeo educativa tem grande importacircncia na qualidade

da capacitaccedilatildeo considerando resultados positivos tanto na dimensatildeo da representaccedilatildeo social

(opiniatildeo conhecimento e atitude ndash praacutetica declarada) e na dimensatildeo do comportamento dos

participantes (praacutetica observada) (BEZERRA 2008) Desta forma a seleccedilatildeo do tipo de atividade

educativa a ser utilizada deve levar em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo a

relaccedilatildeo entre o benefiacutecio e o custo dos materiais e a factibilidade de sua utilizaccedilatildeo A depender

do puacuteblico esta atividade deveraacute possuir um conteuacutedo simples e de faacutecil compreensatildeo e o meio

de comunicaccedilatildeo escolhido para a veiculaccedilatildeo das mensagens deveraacute considerar os aspectos

culturais da comunidade (ANDRADE e COELHO 1997)

Em relaccedilatildeo ao processo ensino-aprendizagem eacute recomendado o emprego de diversos

meacutetodos de ensino (aacuteudio visual praacutetico e sensibilizaccedilatildeo) para que a aprendizagem seja mais

eficiente Os meacutetodos ativos que exigem participaccedilatildeo do indiviacuteduo parecem ser mais eficazes

(BEZERRA 2008) Nesse sentido os recursos audiovisuais satildeo vantajosos pois orientam quanto

agrave direccedilatildeo do pensamento fornece o comportamento final desejado induz a transferecircncia de

aprendizagem e apresenta estiacutemulo para a mudanccedila de comportamento (GOUVEIA 1999)

Segundo Cardoso Santos e Silva (2009) entre as metodologias aplicadas para

manipuladores de alimentos adultos pode-se incluir liccedilotildees ao ar livre exposiccedilotildees cartazes

representaccedilotildees na rua projeccedilotildees de viacutedeos debates cursos para formaccedilatildeo de multiplicadores

sessotildees orientadas individualmente e programas educacionais puacuteblicos com uso da miacutedia de

massa Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de cartilhas ilustrativas evidenciando praacuteticas aceitaacuteveis

constitui material de apoio Para Soares et al (2013) ainda os treinamentos em alimentos devem

ser baseados em atividades teoacutericas e praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos podem

aplicar o conhecimento adquirido em praacutetica

Em linhas gerais os temas abordados pelos programas de treinamentos eou capacitaccedilotildees

de manipuladores de alimentos englobam a importacircncia da sauacutede individual e coletiva noccedilotildees

baacutesicas de higiene pessoal higiene de alimentos e ambiental e destacam os danos que a ausecircncia

desses cuidados causam sobre a sauacutede do consumidor conscientizando os manipuladores do seu

29

papel na prevenccedilatildeo das Doenccedilas Transmitidas por Alimentos ndash DTA (GHISLENI e BASSO

2008)

Medeiros et al (2011) ao realizarem uma revisatildeo sistemaacutetica sobre estrateacutegias

metodoloacutegicas adotadas por programas de treinamento em higiene de alimentos identificaram

como principal tema abordado a higiene pessoal seguido pela seguranccedila do alimento e melhoria

das praacuteticas Aleacutem disso foram referidos como temas de treinamento higiene local do trabalho

lavagem das matildeos noccedilotildees baacutesicas de microbiologia doenccedilas transmitidas pela aacutegua higiene dos

alimentos higiene dos utensiacutelios e a anaacutelise de Perigos e Pontos Criacuteticos de Controle - APPCC

dentre outros

Neste contexto cabe pontuar que a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

por meio da RDC nordm216 de 2004 estabelece que a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos

deve abordar pelo menos os temas de contaminantes alimentares Doenccedilas Veiculadas por

Alimentos manipulaccedilatildeo higiecircnica dos alimentos e Boas Praacuteticas (BRASIL 2004)

Na execuccedilatildeo de atividades de formaccedilatildeo ainda devem estar previstas etapas de avaliaccedilatildeo

Segundo Nieto-Montenegro Brown e Laborde (2008) a avaliaccedilatildeo do programa compreende

parte criacutetica de um treinamento em seguranccedila de alimentos uma vez que permite que os

implementadores avaliem a sua eficaacutecia Para verificaccedilatildeo da efetividade dos treinamentos alguns

autores tecircm recomendado a avaliaccedilatildeo em trecircs niacuteveis reaccedilatildeo aprendizagem e impacto de

treinamento no trabalho A reaccedilatildeo eacute o niacutevel de satisfaccedilatildeo dos participantes com a programaccedilatildeo o

apoio ao desenvolvimento do curso a aplicabilidade a utilidade e os resultados do treinamento

A aprendizagem refere-se ao grau de assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos ensinados no treinamento O

impacto do treinamento no trabalho eacute a auto-avaliaccedilatildeo feita pelo proacuteprio participante acerca dos

efeitos mediatos produzidos pelo treinamento em seus niacuteveis de desempenho motivaccedilatildeo auto-

confianccedila e abertura a mudanccedilas nos processos de trabalho (ABBAD GAMA e BORGES-

ANDRADE 2000)

No cenaacuterio da pesca artesanal ainda haacute poucas descriccedilotildees relativas agrave formaccedilatildeo de

pescadores e marisqueiras

Costa et al (2012) realizaram uma intervenccedilatildeo com pescadoras de uma associaccedilatildeo de um

municiacutepio do Recocircncavo baiano por meio de oficinas em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP)

tendo como preocupaccedilatildeo a temaacutetica da seguranccedila de alimentos e constataram que o processo

formativo se constituiu como uma das estrateacutegias para o fortalecimento das praacuteticas

organizacionais sendo uma das alternativas eficientes de faacutecil execuccedilatildeo e baixo custo que

podem ser aplicadas para atender agraves exigecircncias da inspeccedilatildeo sanitaacuteria Neste caso os

30

pesquisadores reportaram que 100 das pescadoras natildeo haviam recebido treinamento anterior

sobre as BPP

Noacutebrega (2013) desenvolveu estudo de intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade pesqueira do municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde-BA utilizando como temas de

treinamento a conservaccedilatildeo do pescado e a higiene do manipulador verificando a partir dos

padrotildees microbioloacutegicos que 970 das amostras de mariscos estavam em conformidade com a

legislaccedilatildeo apoacutes o treinamento representando uma melhoria na qualidade dos produtos

beneficiados

Menezes e Campos (2014) relatam trabalho de extensatildeo na comunidade pesqueira de

Mangue Seco Valenccedila-BA entre 2012 e 2014 por meio de cursos palestras e oficinas com o

objetivo de propiciar a difusatildeo de conhecimentos bem como o aprimoramento de praacuteticas

voltadas para a melhoria da mariscagem Entre as atividades foram realizados cursos sobre

tecnologia de pescado boas praacuteticas de produccedilatildeo e artesanato em escamas de peixe Segundo as

autoras apesar das oficinas proporcionarem melhorias dos processos produtivos mostrou

fragilidades na perspectiva da organizaccedilatildeo e coesatildeo do grupo na perspectiva do

desenvolvimento social

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SANTOS BRASIL

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Silva Machadob Suelen Giffoni Arauacutejob Joseacute Acircngelo Wenceslau Goacuteesc Ryzia de Caacutessia

Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

As marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo passadas de geraccedilatildeo

em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o pescado que

compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade Assim este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo compreendendo seis etapas sondagem de temas de

interesse da comunidade sensibilizaccedilatildeo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das

marisqueiras antes do treinamento treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos

acompanhamento in loco da rotina de trabalho apoacutes o treinamento e roda de conversa com as

marisqueiras Entre as metodologias utilizadas estavam a exposiccedilatildeo dialogada as dinacircmicas

de grupo a roda de conversa as simulaccedilotildees praacuteticas a exposiccedilatildeo de fotos do trabalho na

mariscagem e os viacutedeos Verificou-se uma boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade formativa

o que pode estar associado agraves metodologias utilizadas e agrave maior aproximaccedilatildeo entre os

instrutores e a comunidade com trocas de experiecircncias As estrateacutegias de intervenccedilatildeo

resultaram em mudanccedilas positivas no beneficiamento dos mariscos conquanto ainda

houvesse falhas que sinalizaram a necessidade de aperfeiccediloamentos e que a estrutura fiacutesica

dos locais de beneficiamento fosse inadequada Os resultados evidenciam a aplicabilidade de

estrateacutegia educativa em seguranccedila de alimentos na pesca artesanal ainda que se registre uma

demanda de educaccedilatildeo continuada e de suporte estrutural agrave cadeia produtiva para o alcance de

maior eficaacutecia

Palavras-chave pesca artesanal treinamento qualidade de alimentos seguranccedila alimentar e

nutricional

40

Abstract

The shellfish pickers follow practices of fishing and processing that are passed from

generation to generation without specific training to work with seafood which comprises a

kind of animal product of high perishability This study aimed to describe a training strategy

in food safety for shellfish pickers of Ilha das Fontes community Satildeo Francisco do Conde

Brazil An intervention study was carried out following six stages survey of community

interest topics raising awareness in situ monitoring of the work routine of shellfish pickers

before training training in Good Manufacturing Practices of food in situ monitoring of

routine work after training and conversation wheel with shellfish pickers Among the

methodologies dialogued exposure group dynamics the conversation wheel practical

simulations the exhibition of photos of the work in shellfishing and videos were used It was

verified a good adhesion of shellfish pickers to the formative activity which may be

associated with the methodologies used and the closer relationship between the teachers and

the community with exchanges of experience Intervention strategies resulted in positive

changes in the processing of shellfish although there were still failures that signaled the need

for improvements and that the physical structure of the places of processing were inadequate

The results showed the applicability of educational strategy in food safety in the artisanal

fishing although it is registered a demand for continuing education and structural support to

the supply chain in order to achieve greater efficiency

Key words artisanal fishing training food quality food security

1Introduccedilatildeo

A pesca compreende importante cadeia na produccedilatildeo de alimentos em todo o mundo

Aleacutem de contribuir para a oferta de alimentos de elevada qualidade nutricional o setor

permite a inserccedilatildeo 583 milhotildees de trabalhadores diretos e indiretos o que tambeacutem colabora

para a renda e para promover a seguranccedila alimentar (FAO 2014)

No Brasil a pesca artesanal participa com 45 da produccedilatildeo nacional de pescado -

com registro de 1 milhatildeo e 240 mil de toneladas de pescado e emprega cerca de um milhatildeo

de trabalhadores incluindo homens e mulheres (BRASIL 2014) Entretanto esta cadeia tem

sido marcada por fragilidades na sua conduccedilatildeo uma vez que historicamente natildeo contou com

poliacuteticas para apoio ao seu desenvolvimento Assim em grande parte do paiacutes registra-se a

atividade como um trabalho ruacutestico com baixa tecnologia de pesca e de conservaccedilatildeo do

pescado capturado o que implica em perda da qualidade do produto (VASCONCELLOS

DIEGUES e SALES 2004 SILVA 2011)

Dadas as caracteriacutesticas geograacuteficas do paiacutes a pesca artesanal inclui tanto aacutereas

costeiras quanto aquelas de bacias hidrograacuteficas Ainda inclui a coleta de pescado em aacutereas

de mangue onde eacute comum a atividade de mulheres Estas conhecidas popularmente como

41

marisqueiras satildeo responsaacuteveis pela coleta de mariscos para a complementaccedilatildeo da renda

familiar e tambeacutem para subsistecircncia (FREITAS et al 2012)

No seu ofiacutecio as marisqueiras seguem praacuteticas de pesca e de beneficiamento que satildeo

passadas de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo sem que haja formaccedilatildeo especiacutefica para o trabalho com o

pescado que compreende um dos produtos de origem animal de elevada perecibilidade

(VIEIRA 2004 FREITAS et al 2012) Assim ainda em que pese o conhecimento da

tradiccedilatildeo o pescado procedente desta atividade tem se configurado como uma preocupaccedilatildeo na

perspectiva da seguranccedila de alimentos De acordo com estudos realizados junto a essa cadeia

no paiacutes os mariscos obtidos tecircm apresentado alteraccedilotildees de natureza quiacutemica e

microbioloacutegica o que potencializa riscos para as proacuteprias comunidades e para os

consumidores (VIEIRA et al 2006 NASCIMENTO et al 2011)

Nesse cenaacuterio poliacuteticas recentes tecircm se voltado para o setor de modo a fortalecer esta

cadeia contribuindo para melhores condiccedilotildees de trabalho e a maior oferta de alimentos em

atendimento a requisitos sanitaacuterios Dentre as vertentes de apoio ao setor inclui-se o

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo que compreende importante estrateacutegia para

ensinar habilidades propiciar a aprendizagem ativa e aumentar a percepccedilatildeo de risco (NIETO-

MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 CUNHA et al 2013)

Entretanto sabe-se que programas de formaccedilatildeo que proporcionam apenas informaccedilotildees

teoacutericas natildeo resultam em mudanccedilas imediatas de comportamento dos manipuladores de

alimentos Deste modo as atividades formativas devem contemplar atividades teoacutericas e

praacuteticas nas quais os manipuladores de alimentos possam colocar em praacutetica o conhecimento

adquirido (SOARES et al 2013) Em adiccedilatildeo a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do programa conduzido

eacute uma parte criacutetica do treinamento uma vez que permite que os implementadores avaliem o

desempenho alcanccedilado (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008

MEDEIROS et al 2011)

Assim considerando a extensatildeo da praacutetica da pesca artesanal no litoral baiano o

contexto de rusticidade desta atividade e de baixa qualidade sanitaacuteria do pescado obtido este

trabalho teve por objetivo descrever uma estrateacutegia de formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos

para marisqueiras da comunidade de Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos Brasil

42

2 Material e meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil como parte do

projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA

estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo1

O projeto conta com aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica da Escola de Nutriccedilatildeo da

Universidade Federal da Bahia (Parecer no 2265922014) (ANEXO I) e as atividades junto agrave

comunidade foram conduzidas no periacuteodo de marccedilo de 2014 a fevereiro de 2015

21 Seleccedilatildeo do local

A escolha da comunidade para a realizaccedilatildeo do estudo resultou de um conjunto de

condiccedilotildees que favoreceram o desenvolvimento das atividades de intervenccedilatildeo a atividade

pesqueira na Ilha ter atuaccedilatildeo marcada pela mariscagem a boa receptividade da equipe de

pesquisa pela comunidade e pelos liacutederes comunitaacuterios e a disponibilidade local de

instalaccedilotildees passiacuteveis de uso para a realizaccedilatildeo de atividades formativas - na Ilha conta-se com

uma sede comunitaacuteria com instalaccedilotildees fiacutesicas que permitiam os encontros com as

marisqueiras e a implementaccedilatildeo das atividades formativas

22 Programa de intervenccedilatildeo

A proposta de programa de intervenccedilatildeo foi planejada por uma equipe multidisciplinar

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e

contou com a participaccedilatildeo da comunidade

A intervenccedilatildeo consistiu em seis etapas (Figura 1)

I Sondagem de temas de interesse para a comunidade por meio da aplicaccedilatildeo de um

questionaacuterio semi-estruturado (ANEXO A)

II Encontro de sensibilizaccedilatildeo conduzido por meio de palestras atividades interativas e

relatos de experiecircncia de marisqueiras de outra comunidade jaacute qualificadas em processos

formativos com o objetivo de despertar a comunidade sobre a importacircncia da qualidade e da

seguranccedila do pescado

1 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

43

III Acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras desde a captura nos

manguezais ateacute o beneficiamento do pescado em casa Para avaliar as Boas Praacuteticas no

beneficiamento dos mariscos aplicou-se um check list (ANEXO B) elaborado com base na

RDC nordm2162004 (BRASIL 2004) e observando adaptaccedilotildees agrave realidade local contemplando

oito blocos 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4

Abastecimento de aacutegua 5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas

preparo dos mariscos e embalagens

IV Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos com desenvolvimento de

atividades educativas participativas para estimular o manuseio seguro do pescado nos

diferentes estaacutegios de processamento

V Novo acompanhamento in loco da rotina de trabalho das marisqueiras realizado sessenta

dias apoacutes o treinamento com reaplicaccedilatildeo de check list

VI Roda de conversa com as marisqueiras desenvolvida com o auxiacutelio de roteiro de

perguntas para verificar a eficaacutecia da accedilatildeo educativa realizada identificando fatores que

facilitaram e dificultaram a mudanccedila de comportamento

Figura 1 Etapas do programa de intervenccedilatildeo educativa em seguranccedila de alimentos para

marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil 20142015

44

23 Planejamento das atividades de treinamento e metodologias

Todo o planejamento das atividades de treinamento foi realizado por meio de reuniotildees

de consenso levando em conta as demandas dos participantes e incentivando-os a demonstrar

seus conhecimentos e praacuteticas de modo a aproveitar a experiecircncia local como base para a

construccedilatildeo de novos conhecimentos

De modo preacutevio ao treinamento foi feita a inscriccedilatildeo dos participantes com o

propoacutesito de levantar informaccedilotildees sobre o quantitativo de pessoas bem como dos dados

socioeconocircmicos do grupo considerando caracteriacutesticas quanto agrave idade agrave escolaridade agrave

renda e agrave participaccedilatildeo em treinamento anterior (APEcircNDICE A) No entanto metades dos

inscritos natildeo estiveram presentes no evento enquanto que outras pessoas que natildeo estavam

inscritas compareceram Assim para os novos interessados tambeacutem foram preenchidas fichas

com os referidos dados

As metodologias empregadas durante a realizaccedilatildeo das atividades compreenderam

exposiccedilatildeo dialogada usando um projetor multimiacutedia dinacircmicas de grupo rodas de conversa

simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de coleta e beneficiamento de mariscos e

viacutedeos Tambeacutem foram confeccionados materiais didaacuteticos de apoio e feita a gravaccedilatildeo da

atividade de roda de conversa para fins de registro e transcriccedilatildeo dos discursos das

marisqueiras Ao final da atividades formativa as marisqueiras receberam certificado de

realizaccedilatildeo do curso como forma de valorizaccedilatildeo e de incentivo pela participaccedilatildeo nas

atividades (APEcircNDICE B)

24 Avaliaccedilatildeo das metodologias

Para conhecer a percepccedilatildeo dos participantes quanto aos meacutetodos utilizados na

formaccedilatildeo foi solicitado a eles apoacutes a atividade de formaccedilatildeo especiacutefica em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo o preenchimento de um formulaacuterio de avaliaccedilatildeo (ANEXO D) que considerou os

seguintes itens explicaccedilatildeo dos assuntos recursos utilizados ritmo de atividades

esclarecimento de duacutevidas aprendizagem individual e sugestotildees para atividades futuras

Para avaliar os itens indicados utilizou-se uma escala estruturada com cinco

categorias de respostas peacutessimo ruim regular bom e excelente Para tratamento das

respostas as categorias tiveram valores numeacutericos equivalentes que variaram de um a cinco

na mesma ordem sendo a meacutedia aritmeacutetica de cada indicador calculada e as perguntas

restantes verificadas por frequecircncia de respostas

45

25 Anaacutelise de dados

Os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Excel e apresentados sob

a forma de estatiacutestica descritiva com uso de graacuteficos e tabelas para melhor explicaccedilatildeo dos

resultados alcanccedilados

3 Resultados e Discussatildeo

31 Programa de intervenccedilatildeo

311 Sondagem

A sondagem foi realizada com 32 marisqueiras da Ilha que atuavam ativamente na

pesca artesanal sendo possiacutevel obter uma descriccedilatildeo das expectativas de temas de interesse de

modo a abarcar melhor alguns destes no treinamento posto que determinados assuntos

escapavam ao foco de seguranccedila de alimentos Conforme os resultados foram levantados os

seguintes temas conservaccedilatildeo do pescado (30) benefiacutecios do pescado (225) informaccedilotildees

sobre o pescado (175) sauacutede do trabalhador (equipamentos de proteccedilatildeo - EPI) (15)

melhoria da qualidade do pescado (125) pesca e geraccedilatildeo de renda (cada um destes com

75 das indicaccedilotildees) e higienizaccedilatildeo do ambiente de processamento e artesanato com pescado

(cada um com 25)

Conforme Abushelaibi et al (2015) para que um programa de treinamento seja bem

sucedido eacute preciso que seja feito um planejamento cuidadoso devendo-se levar em

consideraccedilatildeo as necessidades dos participantes Deste modo a sondagem constituiu um dos

primeiros momentos de contato e de escuta agraves demandas de conhecimento junto agrave

comunidade Segundo Leite et al (2011) a sondagem possibilita uma construccedilatildeo mais

orientada do curso estimulando mudanccedilas positivas de comportamento jaacute que as

necessidades do populaccedilatildeo-alvo tornam-se conhecidas

312 Sensibilizaccedilatildeo

A atividade de sensibilizaccedilatildeo denominada ldquoEncontro com marisqueiras da Ilha das

Fontes um dedinho de prosa sobre trabalho e qualidade dos mariscosrdquo foi realizada em um

uacutenico dia com duraccedilatildeo de quatro horas e contou com a participaccedilatildeo de 15 marisqueiras que

natildeo foram necessariamente as mesmas que participaram da sondagem

46

O conteuacutedo programaacutetico apresentado compreendeu relato das marisqueiras da Ilha

do Paty sobre a atividade de formaccedilatildeo preacutevia realizada pelo projeto nesta Ilha valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras qualidade do marisco (indicadores microbioloacutegicos e fiacutesico-

quiacutemicos) e resultados de diagnoacutestico de avaliaccedilatildeo da qualidade de mariscos de Satildeo

Francisco do Conde e especificamente a situaccedilatildeo da Ilha das Fontes

Nesse sentido a sensibilizaccedilatildeo dos participantes visava realccedilar a contribuiccedilatildeo social e

alimentar do trabalho na pesca artesanal promover maior conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia

da inocuidade dos alimentos envolvidos e despertar a comunidade para a possibilidade de

participar de programas de formaccedilatildeo profissional dentro de um grupo que compartilhava um

mesmo ambiente de vida e trabalho

Com o relato das marisqueiras da Ilha do Paty que viviam estaacutegio mais avanccedilado de

intervenccedilatildeo educativa (NOBREGA et al 2014) buscava-se demostrar uma experiecircncia

formativa exitosa em regiatildeo proacutexima motivando a comunidade para a atividade a ser

desenvolvida

O tema da valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras foi abordado a fim de ampliar a

percepccedilatildeo da comunidade sobre a importacircncia da profissatildeo para o abastecimento local de

pescado e para geraccedilatildeo de renda para muitas famiacutelias Nesse contexto Freitas et al (2012)

pontuam que o conhecimento das marisqueiras deve ser valorizado uma vez que haacute um

volume significativo de carne de mariscos sendo extraiacutedo com contribuiccedilatildeo para o

abastecimento de pescado Aleacutem disso a atividade desenvolvida deve ser considerada como

forma de dar reconhecimento agrave atividade e proteger do modo de vida dessas populaccedilotildees posto

que encerram tradiccedilotildees

Ainda foram apresentadas noccedilotildees referentes aos indicadores de qualidade do pescado -

sensorial microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica na perspectiva da seguranccedila do alimento Com este

conteuacutedo esperava-se melhorar a compreensatildeo dos resultados de estudo diagnoacutestico obtidos

pelo projeto maior que seriam apresentados considerando anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-

quiacutemicas de mariscos coletados no municiacutepio Posto que estes resultados natildeo eram bons

buscava-se despertar a comunidade quanto aos riscos sanitaacuterios dos produtos beneficiados na

regiatildeo e para a responsabilidade com a sauacutede dos consumidores

Onyeneho e Hedberg (2013) em estudo sobre seguranccedila de alimentos na Nigeacuteria

relatam que a sensibilizaccedilatildeo e a capacitaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos devem

inicialmente chamar a atenccedilatildeo das pessoas sobre o tamanho do problema e em seguida

treinaacute-las sobre como lidar com os alimentos corretamente e com seguranccedila explicitando a

melhor forma de manusear corretamente o alimento em ambiente higiecircnico

47

313 Acompanhamento in loco antes

O acompanhamento in loco foi feito com um grupo de quatro marisqueiras que se

propuseram a participar de todo o programa de intervenccedilatildeo Durante a atividade ainda nos

locais de captura dos mariscos constatou-se que o trabalho das marisqueiras compreendia um

esforccedilo muito grande posto que a pesca ocorria em aacutereas mais distantes da Ilha necessitando

caminhadas agrave peacute ou deslocamentos com canoas Ao mesmo tempo observou-se que a

movimentaccedilatildeo no mangue exige maior resistecircncia fiacutesica equiliacutebrio e praacutetica para identificar

os locais de apanha e que as posturas adotadas na realizaccedilatildeo do trabalho natildeo seguiam

qualquer padratildeo ergonocircmico sobrecarregando o corpo

Em estudo conduzido por Costa et al (2012) tambeacutem na Bahia similarmente

verificou-se que as marisqueiras se deslocavam com embarcaccedilotildees ou ateacute mesmo agrave peacute para a

coleta de mariscos e possuiacuteam uma longa jornada de trabalho sempre definida pela mareacute

Quanto ao trabalho Pena Freitas e Cardim (2011) pontuam que a exposiccedilatildeo das

marisqueiras aos riscos da pesca tem iniacutecio na infacircncia quando manuseiam os instrumentos

de pesca e caminham sobre as pedras e os mangues sob o sol e condiccedilotildees climaacuteticas adversas

sem qualquer proteccedilatildeo Os autores observam ainda que os riscos referentes aos fatores

externos se acumulam ao longo da vida laboral e se somam agraves condiccedilotildees de vida que

repercutem negativamente no crescimento

Conforme Pena Martins e Rego (2013) a precariedade da atividade artesanal impotildee

uma conformaccedilatildeo nociva do corpo ao trabalho com ritmos extenuantes movimentos

repetitivos sem pausas posturas inadequadas e outros condicionantes prejudiciais agrave sauacutede

resultando em quadros de doenccedilas associadas ao trabalho dentre estas a Lesatildeo por Esforccedilo

Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT)

Com relaccedilatildeo agraves praacuteticas com os mariscos em domiciacutelio a observaccedilatildeo da rotina de

beneficiamento dos mariscos e a aplicaccedilatildeo do check list permitiram identificar o natildeo

atendimento a diferentes requisitos sanitaacuterios

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios as principais falhas

incluiacuteram a presenccedila de objetos em desuso e de animais de estimaccedilatildeo na aacuterea de manipulaccedilatildeo

dos mariscos Ainda verificou-se que os utensiacutelios e a mesa utilizados natildeo apresentavam

superfiacutecies lisas e impermeaacuteveis propiciando contaminaccedilotildees

Quanto agrave higiene das instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios evidenciou-se que a aacuterea

de manipulaccedilatildeo dos mariscos compreendia o quintal da casa que era de difiacutecil higienizaccedilatildeo ndash

aacuterea de terra com vegetaccedilatildeo natural (mato) e animais circulando - galinhas e muitos objetos

48

em desuso natildeo sendo registrada a limpeza da aacuterea ao teacutermino do trabalho A higienizaccedilatildeo

dos utensiacutelios era procedida somente ao final das atividades em uma bacia

Em relaccedilatildeo ao abastecimento de aacutegua apesar dos reservatoacuterios estarem com tampa e

em bom estado de conservaccedilatildeo ficavam proacuteximos ao solo e de faacutecil acesso o que pode

favorecer a contaminaccedilatildeo Aleacutem disso natildeo havia registro e adequada frequecircncia de limpeza

desses reservatoacuterios Na Ilha era frequente o armazenamento da aacutegua em toneacuteis com tampa

proacuteximos ao chatildeo e por vezes o abastecimento de aacutegua natildeo acontecia de modo frequente

Quanto ao controle de vetores e pragas urbanas constatou-se a presenccedila de insetos e

animais na aacuterea de manipulaccedilatildeo Nos domiciacutelios se dispunha de inseticida devidamente

registrado contudo natildeo havia medidas preventivas para evitar a incidecircncia de vetores e

pragas no local

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos os recipientes de lixo estavam sem tampas e

localizados na aacuterea de manipulaccedilatildeo permitindo o acesso a pragas e animais constituindo

tambeacutem fonte de contaminaccedilatildeo A coleta de lixo na regiatildeo natildeo era realizada regularmente

sendo o lixo incinerado nos quintais diariamente

As marisqueiras apresentavam unhas longas com esmaltes e utilizavam adornos

(reloacutegio) Tambeacutem natildeo se observou a utilizaccedilatildeo de luvas e a lavagem das matildeos de forma

frequente e adequada

Quanto ao beneficiamento dos mariscos especificamente constatou-se que eram

lavados apenas com aacutegua do mar dispostos em panela de alumiacutenio jaacute desgastada pelo tempo

com aacutegua potaacutevel e submetidos agrave cocccedilatildeo em trempe com lenha - a sequecircncia das etapas desde

a captura ateacute o beneficiamento encontra-se ilustrada na Figura 2 A panela tinha tampa de

alumiacutenio para acelerar a cocccedilatildeo e durante este processo natildeo havia controle do tempo de

contato do marisco com a aacutegua fervente

Concluiacuteda a cocccedilatildeo para facilitar a retirada da carne seguia-se um raacutepido

resfriamento agrave temperatura ambiente em caixa vazada colocada dentro de uma bacia de

alumiacutenio disposta no chatildeo Para extraccedilatildeo da carne os mariscos eram colocados sobre

plaacutesticos que forravam o chatildeo ou dentro de bacias Nesta etapa tambeacutem natildeo havia controle do

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente desde a cocccedilatildeo ateacute o momento do

acondicionamento o que em muitos casos excedia uma hora

A carne extraiacuteda era colocada em bacias com aacutegua potaacutevel para lavagem Em seguida

os mariscos eram espremidos para remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com as matildeos nuas e

porcionados em embalagens plaacutesticas de um quilo Os produtos acondicionados entatildeo eram

levados para congelamento em refrigerador domeacutestico

49

Figura 2 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes antes da estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Ambiente de manipulaccedilatildeo dos mariscos 3-5Cocccedilatildeo dos

mariscos 6 Resfriamento agrave temperatura ambiente 7-8 Extraccedilatildeo da carne dos mariscos 9 Porcionamento da

carne extraiacuteda na embalagem

Pela descriccedilatildeo observa-se um contexto de trabalho muito ruacutestico rico em

oportunidades para contaminaccedilatildeo dos produtos o que em muito contribui para a perda da

qualidade dos mariscos produzidos compondo um quadro de precariedade que guarda

similaridades com relatos de outros autores no Nordeste (DIAS ROSA e DAMASCENO

2007 PENA FREITAS e CARDIM 2011 PENA MARTINS e REGO 2013) Ao mesmo

tempo haacute que se ter em mente que esta condiccedilatildeo foi histoacuterica e socialmente construiacuteda -

existe como parte da tradiccedilatildeo local A situaccedilatildeo do trabalho na comunidade apenas reflete o

contexto de baixo desenvolvimento social do municiacutepio e de insuficiecircncia de poliacuteticas de

apoio agrave pesca

1 2 3

4 5 6

7 8 9

50

314 Treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos

O treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de Alimentos contou com a participaccedilatildeo

de 32 pessoas cujas caracteriacutesticas socioeconocircmicas encontram-se sumariadas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas de pescadores e marisqueiras participantes do

treinamento em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo de alimentos na Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

CARACTERIacuteSTICAS N

SEXO

Feminino 31 969

Masculino 1 31

IDADE (em anos)

12-18 1 31

19- 59 28 875

ge 60 3 94

ESTADO CIVIL

Solteiro 10 312

Casado Uniatildeo Estaacutevel 17 531

SeparadoDivorciado 2 63

Viuacutevo 3 94

ESCOLARIDADE

Analfabeto 1 31

Ensino fundamental completoincompleto 14 438

Ensino meacutedio completoincompleto 17 531

Ensino superior completoIncompleto 0 00

RENDA

lt 1Salaacuterio Miacutenimo 20 625

1-2 Salaacuterios Miacutenimos 12 375

ge 3 Salaacuterios Miacutenimos 0 00

TREINAMENTO ANTERIOR EM BOAS PRAacuteTICAS

Sim 1 31

Natildeo 31 969

Verificou-se que a maioria dos participantes eram mulheres (969) com idade adulta

(875) casadas ou em uniatildeo estaacutevel (531) Nesse sentido argumenta-se que a

predominacircncia de mulheres no curso reflete a segmentaccedilatildeo de gecircnero para a mariscagem que

eacute historicamente descrita na regiatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011) embora homens

tambeacutem sejam encontrados na atividade

51

Na divisatildeo do trabalho da pesca artesanal a questatildeo do gecircnero eacute marcante na qual a

extraccedilatildeo de mariscos eacute realizada principalmente por mulheres e crianccedilas na praia e no

mangue sendo uma extensatildeo dos aspectos bioloacutegicos do corpo da mulher As mulheres

desenvolvem todo o procedimento de captura e beneficiamento do marisco em adiccedilatildeo ao

trabalho domeacutestico tradicional configurando uma dupla jornada (PENA FREITAS e

CARDIM 2011) Aleacutem disso eacute fato que as mulheres detecircm maior conhecimento sobre as

praacuteticas com os alimentos e a sua seguranccedila desenvolvendo melhor as praacuteticas de

manipulaccedilatildeo do alimento que os homens (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE

2008 CONTRERAS e GRACIA 2011)

No que concerne agrave idade os achados aproximam-se do estudo de Costa et al (2012)

que reportam a totalidade das mulheres na faixa etaacuteria entre 30 e 45 anos sendo que 803

destas sabiam ler e escrever e 667 tinham a pesca como uacutenica fonte de renda

Quanto agrave escolaridade constatou-se que as marisqueiras em sua maior parte tinham

ensino meacutedio incompleto ou completo (531) Freitas et al (2012) em Barra Grande-PI

evidenciaram que 4756 das marisqueiras possuiacuteam ensino fundamental completo ou grau

de escolaridade superior demonstrando um potencial para a captaccedilatildeo e repasse de

informaccedilotildees a serem disponibilizadas

Na Ilha das Fontes a maioria das marisqueiras apresentou renda familiar mensal

inferior a um salaacuterio miacutenimo (625) proveniente da comercializaccedilatildeo dos mariscos que era

complementada com benefiacutecio social do municiacutepio pelo Programa de Acolhimento Social de

Complementaccedilatildeo de Renda (PAS)

Pena Freitas e Cardim (2011) em seu trabalho na Ilha de Mareacute-BA entre os anos de

2005 e 2007 verificaram uma renda meacutedia mensal por marisqueira de apenas cinquenta

reais Dado o contexto os autores enfatizam a inexistecircncia de contrato de trabalho na pesca

artesanal uma vez que natildeo haacute emprego ou assalariamento pois a atividade eacute desenvolvida

individualmente ou em grupos familiares e dessa forma a precariedade social impotildee ritmo

intenso de trabalho para gerar mais produtos agrave venda

A quase totalidade (969) das marisqueiras da Ilha das Fontes natildeo tinha treinamento

preacutevio em Boas Praacuteticas na manipulaccedilatildeo de alimentos Resultados semelhantes foram

reportados por Costa et al (2012) que descrevem a ausecircncia de treinamento em Boas

Praacuteticas entre as pescadoras de uma comunidade pesqueira na Bahia

Nesse sentido a realidade observada contrasta com a RDC nordm 2162004 que dispotildee

sobre as Boas Praacuteticas para Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo estabelece que os manipuladores de

52

alimentos devem ser capacitados periodicamente em higiene pessoal em manipulaccedilatildeo

higiecircnica dos alimentos e em doenccedilas transmitidas por alimentos (BRASIL 2004)

O treinamento denominado ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo foi realizado em trecircs tardes consecutivas com duraccedilatildeo

total de 10 horas e teve como tema principal a manipulaccedilatildeo segura nos diferentes estaacutegios do

beneficiamento dos mariscos

Entre os temas trabalhados constaram as Boas Praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos

a higiene pessoal a higiene dos utensiacutelios e equipamentos e do ambiente a qualidade da aacutegua

os principais cuidados na captura manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo dos mariscos os aspectos de

sauacutede do trabalhador e o uso de EPI Aleacutem disso foram reforccedilados os temas relativos agrave

valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras e o diagnoacutestico da qualidade dos mariscos locais

bem como distribuiacutedos os seguintes materiais didaacuteticos de apoio texto de valorizaccedilatildeo do

trabalho das marisqueiras Cartilha da marisqueira para a Boas Praacuteticas (ANEXO E) Cartilha

sobre LER e DORT (ANEXO F) e o Guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua (ANEXO G)

Durante o desenvolvimento dessa atividade foi feito o detalhamento das etapas do

beneficiamento dos mariscos com participaccedilatildeo ativa das marisqueiras dando-se foco agrave

necessidade de adoccedilatildeo de cuidados de higiene e conservaccedilatildeo com vistas agrave promoccedilatildeo da

seguranccedila do alimento e proteccedilatildeo da sauacutede dos consumidores A utilizaccedilatildeo de metodologias

como viacutedeos painel de praacuteticas jogo do certo e errado exposiccedilatildeo de fotos da realidade local e

os trabalhos em grupo contribuiacuteram para apreensatildeo do conhecimento acerca dos temas

abordados

Em estudos relacionados agrave formaccedilatildeo em seguranccedila de alimentos para manipuladores

foram observadas como metodologias de aprendizagem o uso de recursos audiovisuais como

fotos obtidas durante visitas anteriores mostrando situaccedilotildees e viacutedeos Aleacutem disso foram

reportadas a introduccedilatildeo de toacutepicos de discussatildeo e demonstraccedilotildees praacuteticas que contribuiacuteram

para apreensatildeo dos conhecimentos e melhoria dos haacutebitos de higiene (NIETO-

MOTENEGRO BROWN e LABORDE 2008 SOARES et al 2013)

Soon e Baines (2012) em estudo no Reino Unido desenvolveram um treinamento

com agricultores e trabalhadores de fazendas utilizando quatro tipos de materiais educativos

de seguranccedila de alimentos incluindo a cartilha sobre a seguranccedila de alimento e na fazenda

slides viacutedeo sobre as praacuteticas de seguranccedila de produtos frescos e a demonstraccedilatildeo da praacutetica

de higienizaccedilatildeo das matildeos Os autores relataram que o programa de treinamento educacional

foi bem sucedido melhorando o conhecimento dos participantes acerca do tema

53

Na literatura consultada verificaram-se poucos estudos acerca da formaccedilatildeo em

seguranccedila de alimentos no acircmbito da pesca artesanal cuja realidade de manipulaccedilatildeo dos

alimentos difere muitas de ambientes como escolas induacutestrias empresas e outros onde haacute a

possibilidade de maior controle dos fatores que podem estar influenciando na qualidade dos

produtos Apesar desse quadro alguns estudos relacionados agraves BPP foram realizados com

pescadoras e marisqueiras na Bahia

No trabalho de Costa et al (2012) que investigou conceitos e atitudes para produccedilatildeo

segura de alimentos por meio de entrevistas e observaccedilatildeo verificou-se que as BPP eram

percebidas como sinocircnimo de higiene e de permissatildeo para comercializaccedilatildeo do pescado sem

reclamaccedilotildees Contudo os autores notaram que as participantes natildeo detinham noccedilotildees quanto

aos procedimentos de BPP na implementaccedilatildeo das suas atividades

Noacutebrega et al (2014) realizaram uma intervenccedilatildeo em BPP empregando como

metodologias exposiccedilotildees dialogadas dinacircmicas de grupos oficinas teatro jogos com de

imagens atividades dirigidas e a distribuiccedilatildeo de materiais didaacuteticos Segundo os autores a

experiecircncia demonstrou o potencial de desenvolvimento de atividades educativas junto agraves

comunidades pesqueiras com resultados que contribuiacuteram para o fortalecimento da cadeia

produtiva local com promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Para Mcintyrea et al (2014) programas de intervenccedilatildeo que incluem a formaccedilatildeo

multidimensional com atividades praacuteticas e recursos de miacutedia interativa podem melhorar os

resultados de formaccedilatildeo Nessa direccedilatildeo Deon et al (2014) pontuam que uma variedade de

recursos audiovisuais podem ser utilizadas pelos educadores para difundir mensagens sobre a

seguranccedila dos alimentos e ajudar no desenvolvimento de programas educativos que abordam

diretamente o assunto

Para Medeiros et al (2011) cartazes e folhetos podem ser usados para lembrar aos

manipuladores das praacuteticas que devem ser executadas podendo ser postados em paredes em

locais apropriados no local de trabalho As fotografias por sua vez podem permitir que os

participantes identifiquem e analisem os problemas e outras questotildees que mais interessem em

suas comunidades (BAILEY e VAN HARKEN 2014) os viacutedeos podem enfatizar conceitos

importantes e manter o interesse dos telespectadores (SOON e BAINES 2012) e o uso de

jogos em treinamentos proporciona amplas oportunidades de exerciacutecio e praacutetica reforccedilando

assim a retenccedilatildeo de informaccedilotildees (MAC NAMEE et al 2006)

Conforme Robertson et al (2013) o propoacutesito do treinamento natildeo deve ser somente o

aumento de conhecimento das praacuteticas pelos manipuladores de alimentos mas sim capacitaacute-

los a praticar estes comportamentos em todos os momentos criando uma verdadeira cultura de

54

seguranccedila do alimento Nesse processo no entanto eacute necessaacuterio entender aspectos que afetam

o comportamento do manipulador de alimentos e como ele interage com as suas crenccedilas e os

niacuteveis de conhecimento (ABUSHELAIBI et al 2015)

Os resultados da avaliaccedilatildeo do treinamento realizada pelos participantes encontram-se

ilustrados na Figura 3 Como se verifica as notas de avaliaccedilatildeo foram satisfatoacuterias com

meacutedias acima de quatro demonstrando que os participantes consideraram o treinamento entre

bom e oacutetimo

Figura 3 Meacutedia das notas para os itens de avaliaccedilatildeo do treinamento em Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos realizado junto agraves marisqueiras da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do

Conde-BA Brasil 20142015

Resultados similares foram reportados no estudo de Soon e Baines (2012) no qual

mais de 80 dos participantes consideraram o conteuacutedo de formaccedilatildeo satisfatoacuterio e de faacutecil

compreensatildeo e que nenhum deles considerou o treinamento longo ou complicado

Na formaccedilatildeo com as marisqueiras o item de avaliaccedilatildeo de maior meacutedia foi a

explicaccedilatildeo dos assuntos demonstrando que a forma de abordagem dos conteuacutedos tornou faacutecil

o entendimento favorecendo a apreensatildeo dos conhecimentos O item de menor meacutedia foi o

referente ao esclarecimento de duacutevidas o que pode estar relacionado a conteuacutedos mais

especiacuteficos ou teacutecnicos das BPP

Para Prado et al (2006) educar eacute contribuir para a formaccedilatildeo do ser humano criando

possibilidades para produccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Ainda compreende uma relaccedilatildeo

que envolve respeito eacutetica reconhecimento do outro e de si mesmo buscando autonomia

55

Em relaccedilatildeo agraves sugestotildees referidas pelas marisqueiras para melhorias futuras da

atividade educativa constaram o maior tempo para realizaccedilatildeo do curso a maior participaccedilatildeo

da comunidade no treinamento e a realizaccedilatildeo de mais atividades praacuteticas Noacutebrega (2013)

tambeacutem encontrou como sugestotildees para melhoria da atividade formativa a maior participaccedilatildeo

da comunidade no curso e um periacuteodo maior para realizaccedilatildeo das atividades com espaccedilo para

responder aos questionamentos o que expressa uma demanda da comunidade

Pelos resultados destaca-se uma preocupaccedilatildeo dos participantes para que outras

marisqueiras tambeacutem tivessem oportunidade de formaccedilatildeo o que pode ser interpretado como

uma valorizaccedilatildeo do curso Quanto ao tempo por outro lado ainda natildeo haacute estudos que

estabeleccedilam qual seria a carga horaacuteria ideal no contexto da pesca artesanal ndash entatildeo

considerando estudo preacutevio de Noacutebrega et al (2014) previu-se uma maior extensatildeo mas que

ainda foi pontuada como insuficiente pelo grupo

Nesse contexto considera-se que a avaliaccedilatildeo do programa de treinamento em

seguranccedila do alimento eacute uma parte criacutetica uma vez que permite que os implementadores

avaliem a sua eficaacutecia (NIETO-MONTENEGRO BROWN e LABORDE 2008) Ao mesmo

tempo compreende oportunidade para o aperfeiccediloamento do processo na perspectiva dos

vaacuterios elementos passiacuteveis de mensuraccedilatildeo ndash meacutetodos adotados conhecimento acumulado

mudanccedilas de comportamento e melhoria da qualidade do produto

315 Acompanhamento in loco poacutes-intervenccedilatildeo

Essa etapa foi realizada com as quatro marisqueiras que participaram do

acompanhamento in loco anterior ao treinamento Os resultados do acompanhamento in loco

poacutes-intervenccedilatildeo em relaccedilatildeo aos resultados da avaliaccedilatildeo inicial satildeo exibidos na Figura 4

No que diz respeito agraves instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios notou-se uma reduccedilatildeo

das inadequaccedilotildees apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda que objetos em desuso estivessem presentes os

animais foram isolados da aacuterea de manipulaccedilatildeo Nesse sentido observou-se que as residecircncias

onde o beneficiamento dos mariscos era feito muitas vezes apresentavam estrutura precaacuteria

Aleacutem disso as marisqueiras tinham baixo poder aquisitivo o que inviabilizava a construccedilatildeo

de local com instalaccedilotildees proacuteprias com equipamentos e utensiacutelios necessaacuterios agrave melhor

manipulaccedilatildeo do alimento Por isso o beneficiamento continuava sendo realizado na aacuterea

externa das residecircncias local onde eram realizadas tambeacutem outras atividades domeacutesticas

56

Figura 4 Distribuiccedilatildeo dos blocos de avaliaccedilatildeo no beneficiamento de mariscos quanto ao

atendimento () de requisitos sanitaacuterios antes e depois da intervenccedilatildeo Ilha das Fontes Satildeo

Francisco do Conde-BA 20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios 2 Higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees

equipamentos moacuteveis e utensiacutelios 3 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 4 Abastecimento de aacutegua

5 Manejo dos resiacuteduos 6 Higiene Pessoal 7 Maacuteterias-primas preparo dos mariscos e embalagens

Utensiacutelios em bom estado de conservaccedilatildeo passaram a ser utilizados conquanto a mesa

disponiacutevel fosse a mesma Deste modo as marisqueiras passaram a utilizar um plaacutestico

transparente sobre a mesa o que facilitava a higienizaccedilatildeo e diminuiacutea riscos de contaminaccedilatildeo

Nessa direccedilatildeo ressalta-se que a limpeza das superfiacutecies que entram em contato com os

alimentos compreende cuidado essencial para a seguranccedila do alimento e para a prevenccedilatildeo de

contaminaccedilatildeo cruzada enfatizando-se as etapas de limpeza e sanitizaccedilatildeo Todavia quando as

praacuteticas de higiene satildeo deficientes podem resultar na formaccedilatildeo de biofilmes na superfiacutecie de

equipamentosutensiacutelios comprometendo a seguranccedila dos produtos a serem processados

(LUES e VONDER 2007 NUNES et al 2010)

Embora a aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos fosse a mesma as marisqueiras passaram

a fazer a sua limpeza antes e apoacutes o uso natildeo havendo mais animais Os utensiacutelios tambeacutem

passaram a ser devidamente higienizados antes e apoacutes o uso Nesse sentido apesar da

observaccedilatildeo de reduccedilatildeo nas inadequaccedilotildees nesse quesito natildeo foi possiacutevel garantir que as

condiccedilotildees de limpeza observadas natildeo permitiam a contaminaccedilatildeo do produto posto que natildeo

havia pia para lavagem dos utensiacutelios A higienizaccedilatildeo era realizada em bacia de alumiacutenio que

57

tambeacutem era utilizada para lavagem de roupas Rowel et al (2013) em estudo em mercearias

tambeacutem registraram que com o treinamento houve maior conscientizaccedilatildeo dos funcionaacuterios

promovendo a correta higienizaccedilatildeo destes materiais

Com relaccedilatildeo ao controle de vetores e pragas no beneficiamento de mariscos o quadro

manteve-se inalterado pois o ambiente onde era realizado o beneficiamento dos mariscos era

aberto permitindo a presenccedila de vetores e pragas Nesse contexto a preocupaccedilatildeo para o

controle de insetos e pragas considera tanto as perdas econocircmicas quanto o risco sanitaacuterio

Segundo Dias et al (2011) insetos satildeo vetores de vaacuterios microrganismos conhecidos

inclusive de agentes patogeacutenicos alimentares

Quanto ao abastecimento de aacutegua tambeacutem natildeo foram observadas modificaccedilotildees apoacutes a

intervenccedilatildeo dado ser esta a realidade estrutural do abastecimento de aacutegua na Ilha Apesar da

existecircncia de abastecimento de aacutegua pela rede puacuteblica de abastecimento a maioria dos locais

de manipulaccedilatildeo dos mariscos natildeo possuiacutea aacutegua encanada sendo a aacutegua estocada em

recipientes como baldes e vasilhas plaacutesticas

Nesse sentido ressalta-se que a qualidade da aacutegua representa um requisito essencial

em locais que processam eou manipulam alimentos apresentando influecircncia direta sobre a

qualidade microbioloacutegica do produto final principalmente quando esta eacute utilizada na

preparaccedilatildeo de outros produtos (NUNES et al 2010)

Em relaccedilatildeo ao manejo de resiacuteduos natildeo foram constatadas mudanccedilas apoacutes a

intervenccedilatildeo Em geral as residecircncias das marisqueiras natildeo contavam com lixeiras com tampa

e sacos de polietileno e o chatildeo da aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos consistia de terra

impossibilitando a retirada total do lixo Ao mesmo tempo a coleta dos resiacuteduos na Ilha natildeo

era realizada com frequecircncia e os moradores natildeo tinham acesso faacutecil aos sacos de polietileno

para fazer o acondicionamento Dessa forma as marisqueiras como aos demais moradores da

Ilha costumavam incinerar os resiacuteduos

Conforme registram Nunes et al (2010) a presenccedila de lixo e resiacuteduos favorece a

presenccedila de diversos tipos de vetores que podem disseminar microrganismos patogecircnicos

para as superfiacutecies de preparaccedilatildeo e consequentemente para os alimentos

Por outro lado houve uma mudanccedila marcante na higiene pessoal das marisqueiras

com uso de roupas limpas proteccedilatildeo para os cabelos unhas curtas e sem esmaltes ausecircncia de

adornos e maior frequecircncia na higienizaccedilatildeo das matildeos Soares et al (2013) apoacutes o treinamento

de seguranccedila alimentar para manipuladores identificaram por meio de observaccedilatildeo in situ a

melhoria da higiene sugerindo que estes comeccedilaram a seguir regras de desinfecccedilatildeo das matildeos

de forma mais rigorosa

58

Cabe considerar que algumas das bacteacuterias podem ser encontradas nas matildeos de

manipuladores de alimentos como Escherichia coli e Staphylococcus aureus (LUES e

TONDER 2007) Por isso a boa higiene pessoal com lavagem das matildeos adequada antes e

apoacutes o manuseio dos alimentos juntamente com corretas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de

alimentos podem reduzir muito as chances de transferecircncia de microrganismos patogecircnicos

(ABUSHELAIBI et al 2015)

A Figura 5 exibe algumas das mudanccedilas observadas depois da intervenccedilatildeo Os

mariscos passaram a ser lavados com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo e colocados em panela de

alumiacutenio com tampa em bom estado de conservaccedilatildeo A cocccedilatildeo seguia os mesmos

procedimentos anteriores sem controle do tempo de contato do marisco com a aacutegua fervente e

o posterior resfriamento agrave temperatura ambiente em caixas vazadas proacuteximas ao chatildeo o que

evidenciou fragilidades no treinamento considerando mudanccedilas nas praacuteticas das

marisqueiras

Considerando a falta de controle do tempo de cozimento avalia-se que pode ser

devido ao conhecimento adquirido pelas marisqueiras ao longo dos anos quanto agraves mudanccedilas

que ocorrem durante a cocccedilatildeo como a abertura das conchas quando os moluscos bivalves

estatildeo cozidos e no caso dos crustaacuteceos a mudanccedila da coloraccedilatildeo

Quanto ao resfriamento apoacutes a cocccedilatildeo agrave temperatura ambiente e com recipientes

proacuteximos ao chatildeo talvez revele resistecircncia agrave mudanccedila pelas marisqueiras dado que o

conhecimento foi transmitido e que natildeo foi referido como um aspecto difiacutecil durante o curso

Na etapa de extraccedilatildeo da carne os mariscos eram dispostos sobre o plaacutestico que forrava

a mesa de madeira poreacutem ainda sem controle do tempo de exposiccedilatildeo agrave temperatura

ambiente ateacute o momento de acondicionamento Na rotina as marisqueiras natildeo controlavam o

tempo de realizaccedilatildeo de suas atividades e soacute quando concluiacuteam toda a etapa de extraccedilatildeo da

carne e os procedimentos finais submetiam os mariscos ao congelamento natildeo seguindo a

recomendaccedilatildeo de controle do binocircmio de tempo e temperatura enfatizado durante o

treinamento

Segundo Walter et al (2012) os catados de mariscos satildeo considerados produtos com

alta perecibilidade e criacuteticas tem sido feitas ao seu manuseio no processo de beneficiamento

realizado pelas mulheres uma vez que os produtos satildeo manipulados e armazenados em

condiccedilotildees inadequadas Deste modo haacute um receio quando do consumo eou comercializaccedilatildeo

desses mariscos em baixas condiccedilotildees sanitaacuterias

59

Figura 5 Captura e beneficiamento de mariscos realizados por marisqueiras da Ilha das

Fontes apoacutes a estrateacutegia de intervenccedilatildeo educativa Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

Legenda para os nuacutemeros 1 Captura dos mariscos 2 Lavagem com aacutegua potaacutevel antes da cocccedilatildeo 3 Cocccedilatildeo

dos mariscos 4 Remoccedilatildeo da aacutegua de cocccedilatildeo para resfriamento 5 Resfriamento dos marisco agrave temperatura

ambiente 6 Extraccedilatildeo da carne de mariscos 7 Lavagem com aacutegua potaacutevel apoacutes a extraccedilatildeo da carne dos

mariscos 8 Porcionamento da carne extraiacuteda na embalagem 9 Lavagem dos utensiacutelios

A carne obtida dos mariscos era lavada em bacias com aacutegua potaacutevel e espremida para

remoccedilatildeo do excesso de aacutegua com matildeos nuas mas que traziam unhas curtas e sem esmaltes O

porcionamento nas embalagens passou a ser realizado com o auxiacutelio de escumadeira sendo os

produtos acondicionados em seguidas levados para congelamento

Nessa direccedilatildeo pontua-se que o uso de luvas a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene e o

controle de temperaturas adequadas e resfriamento raacutepido reduzem o risco de contaminaccedilatildeo

no processamento Em adiccedilatildeo que a temperatura de conservaccedilatildeo constitui um paracircmetro

determinante da vida de prateleira de um produto uma vez que estaacute diretamente relacionada

com a velocidade da atividade microbiana sendo o seu controle fator importante nas Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo (VIEIRA et al 2006)

1 2 3

4 5 6

7 8 9

60

No caso de frutos do mar Ramos et al (2011) ressaltam que satildeo muito manipulados

no beneficiamento uma vez que haacute separaccedilatildeo manual da carne apoacutes a cocccedilatildeo e que a falta de

controle pode colocar em risco a sauacutede do consumidor Para os autores a qualidade dos frutos

do mar apoacutes o processamento eacute resultante das condiccedilotildees higiecircnicosanitaacuterias iniciais do

produto dos equipamentos do pessoal do tratamento teacutermico do controle de tempo e

temperatura das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo bem como precauccedilatildeo em embalagem e

congelamento

De acordo com Lima et al (2013) no caso de mexilhotildees assim como de outros

moluscos bivalves que satildeo organismos que filtram seletivamente pequenas partiacuteculas

presentes na aacutegua a higienizaccedilatildeo com aacutegua potaacutevel e o cozimento satildeo procedimentos que

ajudam no controle microbiano e na garantia de seguranccedila do produto

Mediante os achados do segundo acompanhamento in loco avalia-se que apesar das

falhas registradas foi tambeacutem possiacutevel evidenciar mudanccedilas no beneficiamento que podem

ser beneacuteficas no que se refere agrave qualidade final do marisco Estas mudanccedilas no entanto natildeo

se mostraram suficientes para garantir a seguranccedila desse alimento Nesse cenaacuterio vale

pontuar que parte das inadequaccedilotildees atrelava-se agrave falta de condiccedilotildees estruturais

Ao mesmo tempo considera-se que mesmo medidas simples como o uso de luvas

para a manipulaccedilatildeo dos mariscos cozidos natildeo satildeo de faacutecil implementaccedilatildeo pelas marisqueiras

em virtude do baixo poder aquisitivo das famiacutelias Deste modo sinaliza-se a necessidade de

apoio das autoridades locais para a aquisiccedilatildeo de equipamentos de proteccedilatildeo individual visando

a promoccedilatildeo da qualidade dos produtos

Dado o contexto e visando agrave melhoria da qualidade do produto indica-se a

necessidade de aperfeiccediloamento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo implementada incluindo maior

carga horaacuteria atividades praacuteticas que envolvam a higienizaccedilatildeo das matildeos o controle do

binocircmio tempo-temperatura durante o beneficiamento e uma comunicaccedilatildeo mais acessiacutevel ao

puacuteblico

Em paralelo sugere-se que o beneficiamento dos mariscos seja realizado em local

dotado de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios adequados Dado que foram verificadas

mudanccedilas significativas nos haacutebitos de higiene das marisqueiras podendo assim tornar o

alimento seguro a possibilidade de locais apropriados certamente contribuiria para melhor

condiccedilatildeo de trabalho e assunccedilatildeo de novas praacuteticas

Outrossim como elemento essencial ao processo formativo considera-se a

necessidade de educaccedilatildeo continuada e de acompanhamento teacutecnico junto agrave comunidade para

que possa alcanccedilar praacuteticas mais seguras Conforme reportado por Cunha et al (2013) as

61

visitas frequentes ajudam na motivaccedilatildeo e no acompanhamento dos locais de produccedilatildeo de

alimentos - assim podem melhorar as boas praacuteticas de higiene Nessa rotina a aplicaccedilatildeo de

uma lista de verificaccedilatildeo de boas praacuteticas constitui uma ferramenta que pode ser utilizada para

avaliar e monitorar a seguranccedila alimentar no ambiente de produccedilatildeo

316 Roda de conversa

A roda de conversa foi realizada durante uma tarde com a participaccedilatildeo de nove

marisqueiras - o menor quantitativo de participantes nessa atividade nestes caso decorreu de

dificuldade de divulgaccedilatildeo da atividade na Ilha No encontro foi retomado o propoacutesito das

atividades formativas para o grupo e em seguida foram feitas perguntas conforme roteiro

preacute-elaborado (ANEXO C)

De acordo com a exposiccedilatildeo foi possiacutevel observar que as participantes demonstraram-

se satisfeitas com a realizaccedilatildeo das atividades Aleacutem disso verificou-se que os assuntos

abordados foram apreendidos pelas participantes como pode ser observado nas respostas

abaixo

ldquoEu senti que a gente aprendeu o que a gente natildeo sabia Como manusear o marisco

E quer dizer que a gente eacute pintava a unha que diz que natildeo pode e tem que usar touca a

gente natildeo sabiardquo Marisqueira 2

ldquoEu aprendi neacute Por que muitas vezes a gente catava marisco agraves vezes assim

cachorro passava e a gente deixava neacute E lavar direitinho mesmo com a aacutegua doce que

muitas vezes a gente natildeo lavava com a aacutegua doce lavava com a aacutegua salgada E pra mim foi

oacutetimo por que o que eu natildeo sabia eu aprendirdquo Marisqueira 4

No que se refere agrave dificuldade de realizaccedilatildeo de mudanccedilas na forma de trabalho depois

do treinamento foi apontada apenas uma dificuldade pelas marisqueiras

[difiacutecil] ldquoSoacute a lavagem da ostra com aacutegua doce que vai dar muito trabalho Porque a

quantidade eacute muitardquo Marisqueira 4

Quando questionadas sobre o que havia sido mais faacutecil de fazer na mudanccedila das

praacuteticas algumas marisqueiras relataram

[faacutecil] ldquoA parte de ensacar [embalar] neacute Pega com a colher Isso ficou um pouco

mais faacutecil neacuterdquo Marisqueira 3

[faacutecil] ldquo A parte de lavar antes de cozinhar Porque quando a gente lavava a gente agraves

vezes lavava tem gente mesmo que soacute lava em duas aacuteguas E agora a gente aprendeu a

62

lavar em trecircs quatro aacuteguas ateacute aquela aacutegua sair mais limpinha Por que natildeo vai sair

totalmente limpa mas vai sair assim um pouquinho mais clarardquo Marisqueira 7

Quanto agraves sugestotildees para realizaccedilatildeo de novas atividades na Ilha foram citadas as

oficinas culinaacuterias e de artesanato Em adiccedilatildeo ao treinamento de BPP foi realizada uma

atividade acerca da alimentaccedilatildeo saudaacutevel com o propoacutesito de melhorar a qualidade de vida

das marisqueiras

4 Conclusatildeo

A atividade formativa conduzida evidenciou uma boa adesatildeo das marisqueiras quadro

que pode estar associado agraves metodologias utilizadas ao contexto de interaccedilatildeo com maior

aproximaccedilatildeo entre os instrutores e a comunidade e agrave valorizaccedilatildeo dada ao curso No entanto

assume-se a necessidade de aprimoramento da estrateacutegia de intervenccedilatildeo adotada incluindo o

aumento do tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e do controle de temperatura e do

tempo

No que se refere ao beneficiamento dos mariscos as atividades resultaram mudanccedilas

positivas nas praacuteticas de manipular os produtos Contudo a estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento ainda se mostrou inadequada configurando riscos agrave qualidade do alimento e

consequentemente para a sauacutede do consumidor - uma situaccedilatildeo que muitas vezes natildeo pode

ser solucionada pelas marisqueiras haja vista o seu baixo poder aquisitivo Assim acredita-se

que embora o conhecimento tenha sido apreendido pelos participantes este natildeo pode ser

inteiramente aplicaacutevel agrave realidade local

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividade formativa periodicamente reforccedilando os conceitos e as

praacuteticas a serem adotadas para garantir a inocuidade dos mariscos comercializados

Considerando a insuficiecircncia de publicaccedilotildees sobre a formaccedilatildeo em seguranccedila de

alimentos no acircmbito da pesca artesanal reforccedila-se a demanda de estudos que possam dar

melhor conformaccedilatildeo ao conhecimento na aacuterea trazendo contributos nas perspectivas

cientiacutefica tecnoloacutegica e social

Agradecimentos

63

Os autores gostariam de agradecer aos colegas Aacutequila Samara Iacutecaro Cazumbaacute Iacutesis Maria

Borges Juccedilara Soledade e Sirlana Assis pelo auxiacutelio na atividade de formaccedilatildeo e agrave Fundaccedilatildeo

de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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67

Capiacutetulo III

EFICAacuteCIA DA FORMACcedilAtildeO EM BOAS PRAacuteTICAS PARA MARISQUEIRAS

AVALIANDO RESULTADOS COM BASE EM INDICADORES

MICROBIOLOacuteGICOS E FIacuteSICO-QUIacuteMICOS

Mariana Martins Magalhatildees de Souzaa Alaiacutese Gil Guimaratildeesa Caroline Menezes da Silva

Matosb Taate Queacutezia dos Santos Arauacutejo Silvab Thayse Correcirca de Souzab Thatimila de Jesus

Pereirab Sara Bispo Oliveirab Ryzia de Cassia Vieira Cardosoc

a Departamento de Anaacutelises Bromatoloacutegicas da Faculdade de Farmaacutecia da Universidade

Federal da Bahia - UFBA Rua Baratildeo de Geremoabo Ondina CEP 40170970 Salvador

Bahia Brasil

b Programa Institucional de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - UFBA Brasil

c Departamento de Ciecircncias dos Alimentos da Escola de Nutriccedilatildeo - UFBA Rua Arauacutejo

Pinho 32 CEP 40110150 Salvador Bahia Brasil

Resumo

No Brasil as marisqueiras apresentam papel importante no abastecimento de mariscos pois

aleacutem da coleta participam de todas as fases de manipulaccedilatildeo do produto realizando o

beneficiamento miacutenimo muitas vezes em condiccedilotildees adversas Assim este estudo objetivou

avaliar a eficaacutecia de uma atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo realizada com

marisqueiras para melhoria da qualidade microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos

beneficiados Realizou-se estudo de intervenccedilatildeo com desenvolvimento de atividade formativa

em seguranccedila de alimentos e em paralelo foram obtidas amostras de mariscos das espeacutecies

siri (Callinectes sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) para

anaacutelises sendo 48 antes da intervenccedilatildeo e 48 apoacutes As amostras foram analisadas para a

contagem de microrganismos psicrotroacuteficos coliformes agrave 35ordmC Escherichia coli e

estafilococos coagulase positiva e para pesquisa de Salmonella spp Ainda foram

determinados o pH e as bases volaacuteteis totais (N-BVT) Verificou-se melhoria na qualidade

microbioloacutegica dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo embora 146 das amostras ainda

apresentassem contagens de estafilococos coagulase positiva superiores ao paracircmetro oficial

Quando comparados aos padrotildees nacionais o pH em quase sua totalidade (99) mostrou-se

superior ao limite enquanto os valores de N-BVT estavam dentro da faixa Apesar da

melhoria evidenciada assume-se na perspectiva microbioloacutegica que ocorreram falhas no

beneficiamento dos mariscos sob o aspecto fiacutesico-quiacutemico no entanto natildeo eacute possiacutevel afirmar

a natildeo conformidade para o conjunto de amostras uma vez que a legislaccedilatildeo brasileira natildeo

abarca as diferentes espeacutecies estudadas Dessa forma sugere-se a continuidade da formaccedilatildeo

para as marisqueiras com orientaccedilotildees e controle mais efetivos e a realizaccedilatildeo de novos

estudos que verifiquem o comportamento quiacutemico das diferentes espeacutecies de pescado

Palavras-chave pescado treinamento anaacutelises microbioloacutegicas seguranccedila de alimentos

68

Abstract

In Brazil shellfish pickers have an important role in the supply of shellfish because besides

collecting they participate in all phases of product handling performing minimal processing

often in adverse conditions Thus this study aimed to evaluate the effectiveness of a training

activity on Good Manufacturing Practices held with shellfish pickers in order to to improve

the microbiological and physico-chemical quality of benefitted shellfish An intervention

study was conducted with development of training activities in food safety and in parallel

samples of shellfish were obtained of the species crab (Callinectes sapidus) mussels (Mytella

falcata) and oyster (Crassostrea rhizophorae) for analysis 48 before the intervention and 48

after The samples were analyzed for quantification of psychrotrophic total coliforms

Escherichia coli and coagulase-positive staphylococcus and search of Salmonella spp

Moreover the pH and total volatile bases (N-TVB) were determined There was improvement

in the microbiological quality of shellfish after the intervention although 146 of the

samples still have presented staphylococcus coagulase countings higher than the official

parameter When compared to national standards the pH almost in totality (99) was

superior to the limit while the TVB-N values were within the range Despite the positive

results it is assumed on the microbiological perspective that failure occurred in the

processing of shellfish under the physico-chemical aspect however is not possible to affirm

the nonconformity to the set of samples since the Brazilian legislation does not cover all

different species Therefore we suggest the continuity of training for shellfish pickers with

orientation and more effective control and the new studies that verify the chemical behavior

of different species of seafood

Key words seafood training microbiological analysis food safety

1Introduccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da pesca artesanal para aliviar a pobreza e promover a seguranccedila

alimentar tem sido reconhecida internacionalmente Todavia sobretudo nos paiacuteses tropicais

parte expressiva desta produccedilatildeo de pescado eacute perdida ao longo desta cadeia produtiva tanto

pela falta de infraestrutura e condiccedilotildees de conservaccedilatildeo quanto pela maior suscetibilidade do

pescado (FAO 2014)

Em toda a costa brasileira a pesca artesanal tambeacutem constitui uma realidade marcada

por desafios que requerem atenccedilatildeo e suporte para trazer melhor produccedilatildeo e maiores

benefiacutecios agraves comunidades envolvidas (MARUYAMA et al 2009) Dentre as modalidades de

pesca artesanal no paiacutes tem destaque a mariscagem que consiste na coleta de mariscos -

crustaacuteceos e moluscos em regiotildees de manguezal Nesse cenaacuterio os manguezais

compreendem verdadeiras fontes de recursos para populaccedilotildees carentes que retiram dali o seu

sustento posto que a captura das diferentes espeacutecies tanto as que se destina ao consumo

proacuteprio quanto agrave comercializaccedilatildeo (ALVES e NISHIDA 2003 JESUS e PROST 2011)

69

Em geral a mariscagem eacute realizada por mulheres denominadas marisqueiras ou

mariscadeiras que atuam em aacutereas limitadas e utilizam instrumentos rudimentares para o

trabalho no mangue Aleacutem disso estas mulheres trabalham em todas as fases de manipulaccedilatildeo

do produto realizando o beneficiamento miacutenimo muitas vezes sem condiccedilotildees adequadas de

manuseio e conservaccedilatildeo (PENA FREITAS e CARDIM 2011)

De acordo com estudos conduzidos junto a marisqueiras do Rio Grande do Norte

(DIAS ROSA DAMASCENO 2007) e da Paraiacuteba (NISHIDA 2008) tecircm-se constatado

precaacuterias condiccedilotildees de vida e de trabalho para este coletivo o que compreende preocupaccedilatildeo

na perspectiva ambiental e da oferta de alimentos seguros

No municiacutepio de Satildeo Francisco do Conde Bahia Brasil a mariscagem eacute uma tradiccedilatildeo

e os mariscos satildeo beneficiados nas proacuteprias residecircncias que natildeo dispotildeem de infraestrutura

adequada para realizaccedilatildeo da atividade Em adiccedilatildeo as marisqueiras natildeo possuem treinamento

especiacutefico para a manipulaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos alimentos o que favorece contaminaccedilotildees e

alteraccedilotildees dos produtos beneficiados e coloca em risco a sauacutede dos consumidores (ARGOcircLO

2012)

Segundo Argocirclo (2012) que avaliou 96 amostras de mariscos beneficiados oriundas

de seis comunidades pesqueiras do municiacutepio 958 das amostras estavam improacuteprias ao

consumo no que se refere a qualidade microbioloacutegica enquanto que 906 das amostras

encontravam-se natildeo conformes para a avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica demonstrando um risco a

sauacutede do consumidor

Nesse cenaacuterio eacute importante destacar o papel dos manipuladores de alimentos uma vez

que estes manteacutem contato direto com o alimento observando-se muitas vezes praacuteticas de

manipulaccedilatildeo incorretas que se associam agrave ocorrecircncia de surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

(SEAMAN 2010) uma preocupaccedilatildeo que tambeacutem se aplica agrave realidade das marisqueiras na

cadeia da pesca artesanal

Em face ao problema o treinamento para manipuladores de alimentos tem sido

considerado como uma estrateacutegia essencial para promover a seguranccedila dos alimentos e evitar

surtos No entanto para que esta atividade educativa seja transformadora e promova

mudanccedilas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo de alimentos deve-se considerar o puacuteblico-alvo e o uso

de diferentes metodologias (CUNHA et al 2014 GOMES et al 2014)

Assim considerando a contribuiccedilatildeo da pesca artesanal e a complexidade dos cenaacuterios

de obtenccedilatildeo de mariscos no paiacutes este estudo teve por objetivo avaliar a eficaacutecia de uma

atividade formativa em Boas Praacuteticas de Produccedilatildeo (BPP) para melhoria da qualidade

70

microbioloacutegica e fiacutesico-quiacutemica dos mariscos beneficiados junto agrave comunidade pesqueira de

Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde Brasil

2 Material e Meacutetodos

Trata-se de estudo de intervenccedilatildeo educativa realizado junto a 32 marisqueiras da

comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA no periacuteodo de marccedilo

de 2014 a fevereiro de 2015 como parte do projeto ldquoA cadeia produtiva da pesca em

comunidades de Satildeo Francisco do Conde-BA estrateacutegias para transferecircncia de tecnologias e

promoccedilatildeo da sauacutede da mulherrdquo2

O estudo compreendeu trecircs etapas e teve seu desenvolvimento organizado em oito

atividades conforme descreve o Quadro 1

Quadro 1 Etapas e atividades compreendidas no planejamento de intervenccedilatildeo educativa

junto agrave comunidade pesqueira de Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA Brasil

20142015

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

INTERVENCcedilAtildeO APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

1 Sondagem dos temas 5 Treinamento em Boas

Praacuteticas de Produccedilatildeo

6 Acompanhamento in loco da

captura e beneficiamento dos

mariscos

2 Encontro de sensibilizaccedilatildeo

7 Roda de conversa

3 Acompanhamento in loco

da captura e beneficiamento

dos mariscos

8 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras de

mariscos

4 Anaacutelises microbioloacutegicas e

fiacutesico-quiacutemicas das amostras

de mariscos

21 Atividade Educativa

Para o desenvolvimento da atividade de intervenccedilatildeo educativa considerando

levantamentos preacutevios que descreviam baixa escolaridade na comunidade pesqueira

2 Projeto desenvolvido com apoio da Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ndash

TSC00202012

71

(SANTOS 2013) e o uso de um formulaacuterio de sondagem para levantamento dos temas de

interesse foi planejado um treinamento com metodologias aplicaacuteveis a esse puacuteblico-alvo

Entre as metodologias empregadas constaram exposiccedilatildeo dialogada com projetor multimiacutedia

dinacircmicas de grupo roda de conversa simulaccedilotildees praacuteticas exposiccedilatildeo de fotos do trabalho de

coleta de mariscos e viacutedeos

No conteuacutedo formativo os seguintes temas foram trabalhados valorizaccedilatildeo do trabalho

das marisqueiras diagnoacutestico da qualidade inicial dos mariscos analisados Boas Praacuteticas de

Produccedilatildeo de alimentos higiene pessoal higiene dos utensiacutelios higiene do ambiente

qualidade da aacutegua cuidados na captura manipulaccedilatildeo preparo e armazenamento dos

mariscos Tambeacutem foram apresentados conteuacutedos relativos agrave sauacutede do trabalhador e ao uso de

equipamentos de proteccedilatildeo individual (EPI)

Em adiccedilatildeo foram entregues como conteuacutedo complementar materiais didaacuteticos de

apoio sobre a valorizaccedilatildeo do trabalho das marisqueiras a cartilha da marisqueira para as boas

praacuteticas no trabalho com os mariscos o guia para higienizaccedilatildeo de caixas drsquoaacutegua a cartilha

sobre Lesatildeo por Esforccedilo Repetitivo (LER) e Doenccedilas Osteoarticulares Relacionadas

ao Trabalho (DORT)

22 Avaliaccedilatildeo da eficaacutecia da atividade educativa

Para avaliar a eficaacutecia da atividade educativa na perspectiva da qualidade dos

alimentos foram realizadas anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas em amostras de

mariscos beneficiados pelas marisqueiras antes e apoacutes a etapa de intervenccedilatildeo As anaacutelises das

amostras no momento poacutes- intervenccedilatildeo foram realizadas aproximadamente seis meses apoacutes o

treinamento

Considerando praacuteticas locais neste caso o termo beneficiamento refere-se aos

procedimentos aos quais os mariscos satildeo submetidos antes da comercializaccedilatildeo

compreendendo etapas como lavagem cocccedilatildeo retirada da carne do interior da carapaccedila ou

concha embalagem e congelamento

Para fins de definiccedilatildeo das espeacutecies a serem estudadas conforme estudo preacutevio de Saacute

(2011) foram selecionadas as trecircs de maior captura no municiacutepio incluindo siri (Callinectes

sapidus) sururu (Mytella falcata) e ostra (Crassostrea rhizophorae) As amostras foram

adquiridas de oito marisqueiras de trabalho ativo na pesca e que acompanharam as atividades

formativas De cada uma delas foram obtidas duas amostras de cada uma das espeacutecies em

72

diferentes semanas ndash perfazendo seis amostrasmarisqueira e um conjunto de 48 amostras em

cada etapa

Deste modo posto que este procedimento foi realizado antes e apoacutes a intervenccedilatildeo um

total de 96 amostras de mariscos beneficiados foi obtido Em relaccedilatildeo agraves espeacutecies o total

compreendeu 32 amostras de ostras 32 amostras de sururu e 32 amostras de siri sendo

metade antes e metade apoacutes a intervenccedilatildeo

Cada amostra coletada continha meio quilo de marisco e encontrava-se congelada

sendo obtidas nas proacuteprias embalagens em que eram acondicionadas pelas marisqueiras As

amostras foram colocadas em caixas isoteacutermicas contendo gelo reciclaacutevel e transportadas

sendo armazenadas em um freezer ateacute o momento das anaacutelises O descongelamento das

amostras para as anaacutelises foi realizado sob refrigeraccedilatildeo agrave temperatura inferior a 5ordmC

As anaacutelises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas foram realizadas nos laboratoacuterios de

Controle de Qualidade de Alimentos e de Bioquiacutemica dos Alimentos respectivamente da

Escola de Nutriccedilatildeo Universidade Federal da Bahia

221 Anaacutelises Microbioloacutegicas

Para avaliaccedilatildeo da qualidade microbioloacutegica procedeu-se agrave contagem de coliformes agrave

35ordmC Escherichia coli Staphylococcus coagulase positiva e micro-organismos aeroacutebios

psicrotroacuteficos e agrave pesquisa de Salmonella spp

As amostras foram pesadas em sacos esteacutereis em condiccedilotildees asseacutepticas e em seguida

foram procedidas agraves diluiccedilotildees das amostras em aacutegua peptonada 01 (Accumedia EUA)

para a pesquisa dos micro-organismos exceto para Salmonella spp (DOWNES ITO 2001)

As contagens de coliformes agrave 35ordmC e de Escherichia coli foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo

em Aacutegar Chromocult (Merck Alemanha) a 35degC durante 24h (AOAC 1995) A confirmaccedilatildeo

das colocircnias tiacutepicas de E coli foi realizada por testes bioquiacutemicos de Indol Vermelho de

metila Voges Proskauer e Citrato (IMViC) conforme estabelecido pela American Public

Health Association APHA (DOWNES ITO 2001)

As contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram obtidas apoacutes incubaccedilatildeo em

Aacutegar Baird Parker (Accumedia EUA) a 37degC durante 48 horas As colocircnias suspeitas foram

submetidas ao teste de coagulase pelo uso de testes raacutepidos Staphclin Laacutetex (Laborclin

Brasil) (DOWNES ITO 2001)

73

As contagens de microorganismos aeroacutebios psicrotroacuteficos foram obtidas apoacutes

incubaccedilatildeo em Aacutegar Plate Count (Merck Alemanha) sob refrigeraccedilatildeo durante 10 dias

segundo metodologia da APHA (DOWNES ITO 2001)

As amostras foram submetidas agrave pesquisa de Salmonella spp de acordo com o

protocolo descrito por Downes e Ito (2001) e Silva et al (2010) Sob condiccedilotildees esteacutereis as

amostras de mariscos foram submetidas ao preacute- enriquecimento em Caldo lactosado (Merck

Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h Em seguida passaram-se inoacuteculos para caldos

de enriquecimento Tetrationato (Merck Alemanha) e Rappaport (Merck Alemanha) que

foram incubados a 37degC e a 42 degC durante 24 horas respectivamente e foram isolados em

placas contendo Xilose Lisina Aacutegar Desoxicolato (Merck Alemanha) e o Aacutegar Hecktoen

Enteacuterico (Merck Alemanha) incubando-se a 37degC durante 24h Colocircnias suspeitas de

Salmonella foram transferidas para Aacutegar Triacuteplice Accediluacutecar Ferro (Merck Alemanha) e Aacutegar

Lisina Ferro (Merck Alemanha) e incubou-se a 37degC durante 24h

Reaccedilotildees tiacutepicas de Salmonella foram submetidas a testes bioquiacutemicos incluindo Teste

da Urease Indol Vermelho de metila Voges Proskauer e Citrato e testes soroloacutegicos de

confirmaccedilatildeo por teste de aglutinaccedilatildeo em lacircmina de vidro com uso de soro somaacutetico

polivalente e soro flagelar (Probac Brasil)

As anaacutelises microbioloacutegicas foram realizadas em duplicata e os resultados foram

comparados com os padrotildees microbioloacutegicos da Resoluccedilatildeo RDC n ordm122001 a Agecircncia

Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria - ANVISA (BRASIL 2001) Para micro-organismos

aeroacutebios psicrotroacuteficos foi adotado o limite para pescado de 106 UFCg estabelecido pela

Comissatildeo Internacional de Especificaccedilotildees Microbioloacutegicas para Alimentos (ICMSF 1986)

222 Anaacutelises Fiacutesico-quiacutemicas

Para determinaccedilatildeo do pH foram pesados 10g de cada amostra de marisco

homogeneizada e acrescidos de 50 ml de aacutegua destilada O valor de pH foi medido utilizando-

se o potenciocircmetro 210 MPA (NEOMED Brasil) previamente calibrado conforme descreve

Zenebon et al (2008)

Para a anaacutelise de bases volaacuteteis totais 1g da amostra triturada foi embalada em papel

de filtro e levada para o tubo de Kjeldahl Foram adicionados 30ml de aacutegua destilada e

algumas gotas de vaselina Em um erlenmeyer foram adicionados 5ml de aacutecido boacuterico

saturado (VETEC Brasil) e 3 gotas de indicador misto O tubo de Kjeldahl e o erlenmeyer

foram montados no destilador de nitrogecircnio que foi mantido a uma temperatura elevada ateacute

74

ao momento em ebuliccedilatildeo Apoacutes a mudanccedila de cor do conteuacutedo destilado para azul

esverdeado e mudanccedila do volume para 50ml o aparelho foi desligado e foi realizada a

titulaccedilatildeo com soluccedilatildeo de aacutecido cloriacutedrico 002 (Labimpex Brasil) O procedimento foi

realizado conforme teacutecnica descrita pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

(MAPA) (BRASIL 1997) Todas as anaacutelises quiacutemicas foram realizadas em triplicata

Os resultados das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram comparados e discutidos com base

nos criteacuterios estabelecidos pelo MAPA (BRASIL 1997) e na literatura teacutecnica da aacuterea de

alimentos

23 A anaacutelise dos dados e aspectos eacuteticos

Os dados foram processados e analisados estatisticamente utilizando-se o software

Statistical Package for the Social Sciences- SPSS versatildeo 200

Foi realizada a anaacutelise descritiva dos dados e o teste de U-Mann-Whitney para

comparar o perfil microbioloacutegico e fiacutesico-quiacutemico dos mariscos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo O

teste foi realizado em niacutevel de 5 de probabilidade Para verificar a existecircncia de correlaccedilatildeo

entre os paracircmetros estudados foi realizado o teste de Spearman

Em observacircncia agraves diretrizes para pesquisa com seres humanos este estudo foi

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de Nutriccedilatildeo da Universidade Federal

da Bahia (Parecer nordm 2265922014) (ANEXO I) sendo a participaccedilatildeo voluntaacuteria dos

pescadores e marisqueiras confirmada por meio de assinatura em Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO H)

3 Resultados e Discussatildeo

31 Anaacutelises microbioloacutegicas

Os resultados das anaacutelises microbioloacutegicas das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo estatildeo

apresentados na Tabela 1 e Tabela 2

Nesse sentido o resultado observado pode ser decorrente dos cuidados de manuseio

adotados pelas marisqueiras apoacutes a formaccedilatildeo incluindo uma maior preocupaccedilatildeo quanto ao

tempo de exposiccedilatildeo dos mariscos agrave temperatura ambiente Ainda observa-se o fato das

amostras de mariscos serem conservadas congeladas

75

Tabela 1 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes antes da atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea

de Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Tabela 2 Perfil microbioloacutegico (log UFCg) das amostras de mariscos beneficiados por

marisqueiras da Ilha das Fontes apoacutes a atividade educativa Satildeo Francisco do Conde Baiacutea de

Todos os Santos Brasil 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

PSI= Psicrotroacuteficos C= Coliformes agrave 35ordmC ECP= Estafilococos coagulase positiva

Considerando como limite maacuteximo para psicrotroacuteficos o valor de 60 log UFCg

estabelecido pela ICMSF (1986) dado que inexiste paracircmetro na legislaccedilatildeo brasileira para os

alimentos estudados 100 das amostras analisadas apoacutes a intervenccedilatildeo apresentaram

atendimento ao criteacuterio internacional com contagens muito inferiores

Noacutebrega (2013) realizou formaccedilatildeo educativa com marisqueiras da Ilha do Paty

comunidade localizada tambeacutem em Satildeo Francisco do Conde para as mesmas espeacutecies

estudadas reportando igualmente contagens meacutedias de psicrotroacuteficos inferiores ao limite

ANTES DA INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 351

(235 ndash 428)

238

(118-279)

236

(116 ndash 404)

SURURU 290

(104 ndash 345)

130

(100 ndash 230)

100

(100 ndash 206)

OSTRA 355

(117 ndash 574)

156

(100 ndash 309)

220

(100 ndash 271)

APOacuteS A INTERVENCcedilAtildeO

ESPEacuteCIES

PSI

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

C

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg 1

ECP

Mediana

(p25 ndash p75)

LogUFCg1

SIRI 100

(lt100 ndash 178)

165

(lt100 ndash 203)

181

(lt100 ndash 321)

SURURU 100

(lt100 ndash 100)

120

(102 ndash 126)

100

(lt100 ndash 176)

OSTRA 100

(lt100 ndash 100)

139

(lt100 ndash 257)

100

(lt100 -232)

76

internacional apoacutes a intervenccedilatildeo Ainda Cordeiro et al (2007) em pesquisa com mexilhotildees

(Perna perna) cozidos congelados e armazenados por 90 dias no municiacutepio de Ubatuba-SP

relatam que a contagem obtida para psicrotroacuteficos de 185 log UFCg situa-se abaixo dos

niacuteveis associados com a deterioraccedilatildeo do pescado

Songsaeng et al (2010) em estudo para avaliar o efeito do congelamento na qualidade

de ostras (Crassostrea belcheri) na Tailacircndia constataram reduccedilatildeo na contagem de

psicrotroacuteficos agrave medida em que aumentava o tempo de armazenamento possivelmente devido

agraves injuacuterias associadas agraves temperaturas de congelamento e armazenamento e agrave vulnerabilidade

desses microrganismos Segundo os autores durante o congelamento cristais de gelo intra e

extra-celulares induzem danos irreversiacuteveis nas membranas externa e citoplasmaacutetica das

bacteacuterias reduzindo a contagem de psicrotroacuteficos (DUAN CHERIAN e ZHAO 2010)

Resultados diferentes foram verificados no estudo de Ramos et al (2011) em Santa

Catarina cujas meacutedias de contagem de psicrotroacuteficos foram superiores agraves observadas nesse

estudo para carne de siri e mexilhotildees 745 e 558logUFCg respectivamente sendo a meacutedia

para o siri superior ao limite internacional preconizado

Com relaccedilatildeo aos coliformes a 35ordmC apesar de natildeo existir valor de referecircncia em

pescado pela legislaccedilatildeo brasileira foi possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da sua contagem apoacutes a

intervenccedilatildeo educativa nas trecircs espeacutecies estudadas (siri sururu e ostra) embora natildeo

significativa A espeacutecie de marisco que apresentou maior contagem desses microrganismos

nos dois momentos foi o siri

Alguns autores tecircm reportado resultados semelhantes para coliformes agrave 35ordmC como o

de Cordeiro et al (2007) que observaram em mexilhotildees processados uma reduccedilatildeo na

contagem de coliformes agrave 35ordmC apoacutes o congelamento e durante o armazenamento Vieira et

al (2006) constataram uma elevada contagem de coliformes agrave 35ordmC em carne de siri antes da

adoccedilatildeo de medidas de boas praacuteticas com decreacutescimo dos valores apoacutes a implantaccedilatildeo destas

Noacutebrega (2013) descreve uma contagem meacutedia de coliformes a 35ordmC de 321 logUFCg em

carne de siri antes da atividade educativa que reduziu para 215 logUFCg apoacutes a realizaccedilatildeo

desta

Tendo em vista que microrganismos do grupo coliformes satildeo termosensiacuteveis avalia-se

que as contagens verificadas nesse estudo para esse grupo se devem agraves condiccedilotildees precaacuterias de

manuseio no local de beneficiamento resultando em recontaminaccedilatildeo poacutes-processamento

Segundo Holly Young et al (2014) diversos fatores podem determinar a presenccedila de

coliformes no pescado tais como o ambiente onde vivem e tambeacutem como eles foram

coletados e processados Nunes et al (2012) ainda reforccedilam que a presenccedila de coliformes no

77

pescado pode ser decorrente da manipulaccedilatildeo inadequada durante o processamento sem a

adoccedilatildeo de medidas de higiene e condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo insatisfatoacuterias podendo

tambeacutem indicar a eventual presenccedila de enteropatoacutegeno

No que se refere agrave E coli a legislaccedilatildeo brasileira determina que para a categoria de

alimento estudada natildeo seja ultrapassado o limite de 16 log UFCg observando-se nas

amostras de mariscos que a mediana registrada para esse microrganismo foi inferior ao

limite referido nos dois momentos Apenas 63 (n=3) das amostras antes da intervenccedilatildeo

apresentaram o microrganismo sendo duas de siri e uma de sururu natildeo sendo encontrada a

sua presenccedila apoacutes a intervenccedilatildeo

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty observou resultados semelhantes para E coli

constatando a presenccedila deste em 833 das amostras antes da intervenccedilatildeo e sua ausecircncia

apoacutes a intervenccedilatildeo

Escherichia coli eacute um indicador de contaminaccedilatildeo fecal e a sua presenccedila fornece uma

ideia sobre as condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias inadequadas (RAMOS et al 2011) Por outro

lado apresenta baixa resistecircncia a tratamentos teacutermicos Em estudo conduzido por

Subramanian (2007) evidenciou-se a ausecircncia de E coli apoacutes o cozimento e o

congelamento de carne de caranguejo confirmando que o processamento realizado reduziu

significativamente a contagem dos microrganismos presentes

Deste modo os achados do presente estudo podem refletir uma melhoria nas

condiccedilotildees de manuseio dos mariscos como pode ser observado durante o acompanhamento

in loco realizado apoacutes a intervenccedilatildeo no qual as marisqueiras demonstraram haacutebitos de

higiene pessoal mais cuidadosos em virtude da atividade educativa recebida

Na anaacutelise dos resultados ainda verificou-se uma correlaccedilatildeo positiva entre

coliformes agrave 35ordmC e Escherichia coli (ρ=0219 plt005) Posto que Escherichia coli eacute um

microrganismo pertencente ao grupo dos coliformes pressupotildee-se uma tendecircncia de aumento

da sua contagem agrave medida que aumenta a contagem de coliformes agrave 35ordmC

Entre as amostras analisadas natildeo foi detectada a presenccedila de Salmonella spp para as

trecircs espeacutecies estudadas nos dois momentos estando a totalidade em conformidade com a

legislaccedilatildeo vigente para este indicador

No trabalho de Ramos et al (2011) similarmente natildeo foi identificada a presenccedila de

Salmonella spp em diferentes espeacutecies de frutos do mar bem como nos estudos de Vieira et

al (2006) com carne de siri beneficiada em Antonina-PR e no de Noacutebrega (2013) com

carne de siri sururu e ostra na Ilha do Paty Satildeo Francisco do Conde-BA ambos realizados

antes e apoacutes treinamento em BPP

78

A Salmonella spp quando presente em produtos da pesca e crustaacuteceos pode ser

proveniente da manipulaccedilatildeo no desembarque ou do processamento (DUARTE et al 2010)

No entanto a aplicaccedilatildeo correta de procedimentos no processamento e medidas de higiene e

sanitizaccedilatildeo contribuem para a prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo deste microrganismo (VIEIRA et

al 2006)

Em relaccedilatildeo aos estafilococos coagulase positiva verificou-se uma reduccedilatildeo da

mediana apoacutes a intervenccedilatildeo para o siri e a ostra poreacutem natildeo significativa Na legislaccedilatildeo

brasileira preconiza-se o valor de 30 log UFCg como limite maacuteximo para este

microrganismo nesse tipo de alimento Sendo assim 146 (n=7) das amostras ainda

apresentaram contagens superiores ao estabelecido para esse microrganismo apoacutes a

intervenccedilatildeo

No presente estudo apesar das melhorias observadas na manipulaccedilatildeo dos mariscos no

acompanhamento in loco apoacutes a intervenccedilatildeo principalmente no que se refere agrave higiene

pessoal natildeo foi verificado o uso de luvas medida que impede o contato direto das matildeos do

manipulador com o alimento Vale ressaltar ainda que as marisqueiras podem apresentar

ferimentos nas matildeos decorrentes da coleta dos mariscos no mangue e do trabalho de

beneficiamento o que pode ter contribuiacutedo para a presenccedila deste microrganismo mesmo apoacutes

a atividade educativa Aleacutem disso pode representar tambeacutem falha como exemplo o excesso

de manipulaccedilatildeo e abuso do tempo de exposiccedilatildeo desses produtos agrave temperatura ambiente ndash

sobretudo no caso do siri cuja extraccedilatildeo da carne eacute mais demorada depois da cocccedilatildeo

favorecendo o desenvolvimento microbiano

Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Noacutebrega (2013) no qual

evidenciou-se que 833 das amostras de siri apresentaram contagem superior ao preconizado

pela legislaccedilatildeo mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo com marisqueiras da Ilha do Paty

No estudo de Vieira et al (2006) para verificar o efeito da adoccedilatildeo das Boas Praacuteticas e

a qualidade de carne de siri beneficiado em Antonina-PR ao trabalhar com trecircs grupos de

manipuladores - que natildeo recebeu orientaccedilotildees que recebeu orientaccedilotildees quanto aos

procedimentos de higienizaccedilatildeo e que teve orientaccedilotildees referentes aos procedimentos de

higienizaccedilatildeo e ao tempo de exposiccedilatildeo do produto agrave temperatura ambiente - observaram

amostras com contagens de estafilococos coagulase positiva de 308 382 e 336 logUFCg

respectivamente sendo superior ao limite determinado pela legislaccedilatildeo Os referidos autores

apenas obtiveram contagem inferior ao limite no grupo que teve aleacutem das orientaccedilotildees quanto

as medidas de higienizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo do produto a temperatura ambiente a orientaccedilatildeo do

uso de luvas

79

Ramos et al (2011) em seu estudo encontraram contagem meacutedia de estafilococos

coagulase positiva dentro do limite estabelecido para carne de siri (256 log UFCg) e de

mexilhotildees (20 log UFCg) preacute-cozidos e refrigerados comercializados em uma ilha de Santa

Catarina Os referidos autores ressaltam que os mariscos satildeo muito manipulados uma vez que

a carne eacute separada manualmente apoacutes a cocccedilatildeo

Os estafilococos estatildeo amplamente envolvidos em surtos de intoxicaccedilatildeo alimentar

devido agrave manipulaccedilatildeo de alimentos cozidos por pessoas que carreiam este microrganismo Os

estafilococos tem por habitat natural o nariz do homem sendo transferidos para as matildeos e

dedos (LUES e VAN TONDER 2007) quando natildeo satildeo seguidos cuidados de higiene pessoal

Ainda podem passar a constituir parte da microbiota temporaacuteria das matildeos quando haacute

presenccedila de ferimentos e infecccedilotildees nestas (ABD-ELALEEM 2014)

As intoxicaccedilotildees causadas por estafilococos e doenccedilas relacionadas tecircm apresentado

aumento ao longo dos anos e nem mesmo o uso de luvas e a praacutetica da lavagem das matildeos

eliminam completamente o risco de contaminaccedilatildeo No entanto a combinaccedilatildeo do uso de luvas

com a lavagem adequada das matildeos pode reduzir o risco de contaminaccedilatildeo pelo microrganismo

(SOARES et al 2012)

De acordo com Ramos et al (2011) apoacutes o processamento a qualidade

microbioloacutegica de mariscos pode refletir a microbiota inicial do produto os equipamentos a

higiene pessoal o tratamento teacutermico aplicado o controle do binocircmio tempotemperatura a

utilizaccedilatildeo das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo assim como o cuidado com a embalagem e o

congelamento

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

321 pH

O pH de um alimento eacute determinado sobretudo por grupos livres carboxilo e amino

presentes em compostos de baixo peso molecular e em menor proporccedilatildeo por

macromoleacuteculas (proteiacutenas aacutecidos nucleicos polissacariacutedeos) (CRUZ-ROMERO et al

2007) Assim as alteraccedilotildees no pH podem ser utilizadas como um indicador de mudanccedila post-

mortem como a conversatildeo de glicogecircnio em aacutecido laacutectico e a degradaccedilatildeo de componentes

musculares como proteiacutenas e nucleotiacutedeos durante o armazenamento a longo prazo

(SONGSAENG et al 2010)

80

Os resultados de pH das amostras avaliadas nas etapas antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

encontram-se apresentados na Tabela 3

Tabela 3 Resultados de pH das amostras de mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha

das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e apoacutes a atividade educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Na anaacutelise dos resultados de pH antes e apoacutes a intervenccedilatildeo observou-se que o siri foi

a espeacutecie que apresentou maiores valores de mediana em ambos os momentos Contudo nos

dois momentos os valores de mediana de pH para as trecircs espeacutecies registraram valores de pH

proacuteximos a neutralidade e ainda valores alcalinos sugerindo uma deterioraccedilatildeo Poreacutem as

amostras analisadas natildeo estavam em seu estado in natura uma vez que foram processadas

submetidas a cozimento congelamento e armazenamento

A legislaccedilatildeo brasileira determina que o pH para a carne interna de peixes deve ser

inferior a 650 (BRASIL 1997) Todavia dado que a legislaccedilatildeo natildeo considera as

especificidades da composiccedilatildeo quiacutemica das diferentes espeacutecies de pescado estudadas natildeo se

pode classificar as amostras como natildeo conformes

Algumas faixas de pH satildeo citadas na literatura para as diferentes espeacutecies de pescado

70 para o caranguejo crustaacuteceo semelhante ao siri 65 para moluscos em geral e 63 para

ostra (JAY 2005)

Os moluscos em sua composiccedilatildeo apresentam um alto teor de carboidratos em sua

maior parte na forma de glicogecircnio e em menor parte de nitrogecircnio ocasionando um

processo de deterioraccedilatildeo basicamente fermentativo enquanto a deterioraccedilatildeo dos crustaacuteceos eacute

semelhante dos peixes com produccedilatildeo de compostos alcalinos (JAY 2005)

O sururu espeacutecie pertencente ao grupo dos moluscos bivalves receacutem-capturado

apresenta valor de pH em torno de 65 sem que esteja deteriorado e apoacutes a cocccedilatildeo observa-

pH

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

APOacuteS A

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 824

(801 ndash 839)1

830

(812 ndash 840)1

SURURU 718

(702 ndash 739)1

725

(712 ndash 740)1

OSTRA 671

(660 ndash 680)1

670

(660 ndash 680)1

81

se um pH com meacutedia de 70 (SOUZA et al 2014) Deste modo o pH elevado pode estar

relacionado agrave composiccedilatildeo quiacutemica da espeacutecie estudada e ao processo de cocccedilatildeo

Segundo Dhanapal et al (2012) apoacutes a cocccedilatildeo do pescado haacute um aumento do pH que

pode estar associado agrave quebra da ligaccedilatildeo de hidrogecircnio e interaccedilotildees eletrostaacuteticas Tambeacutem o

aquecimento do muacutesculo ou de miofibrilas isoladas geralmente resulta em um aumento de pH

Assim apesar das amostras de mariscos em quase sua totalidade apresentarem pH superiores

ao padratildeo natildeo eacute possiacutevel afirmar que estivessem improacuteprias para o consumo

Cordeiro et al (2007) observaram em mexilhotildees (Perna perna) submetidos agrave cocccedilatildeo

uma meacutedia de pH de 69 permanecendo estaacutevel apoacutes congelamento e armazenamento

Noacutebrega (2013) verificou valores de pH em sururu de 69 e 714 antes e apoacutes a intervenccedilatildeo

respectivamente sendo semelhantes aos achados neste estudo Resultados divergentes foram

referidos por Lima et al (2013) cujo valor de pH em mexilhotildees (Perna perna) processados

em Santa Catarina foi de 656

Nesse contexto considera-se que a variaccedilatildeo de pH nas diferentes espeacutecies nem

sempre estaacute relacionada com a qualidade sensorial e microbioloacutegica do produto havendo uma

necessidade de estudos especiacuteficos para determinar o pH em moluscos bivalves uma vez que

durante o processo de decomposiccedilatildeo o pH difere entre as diversas espeacutecies de bivalves

(LIMA et al 2013)

Quanto aos resultados obtidos para ostras Noacutebrega (2013) registra valores de pH para

carne de ostra um pouco inferiores aos obtidos nesse estudo sendo 623 e 645 antes e depois

da intervenccedilatildeo respectivamente Cruz-Romero et al (2007) ao aplicarem diferentes

tratamentos teacutermicos em ostras do Paciacutefico (50degC durante 10 minutos e 75degC durante 8

minutos) verificaram valores meacutedios de pH de 645 e 658 respectivamente sendo inferiores

ao observado no atual estudo Apoacutes o uso do tratamento teacutermico houve um aumento do pH

que foi justificado pela reduccedilatildeo do nuacutemero de grupos aacutecidos em proteiacutenas musculares

No que concerne ao siri Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty relata valores meacutedios de pH

para carne de siri beneficiada de 812 antes da intervenccedilatildeo e de 815 apoacutes a intervenccedilatildeo

Anacleto et al (2011) constataram em carne de caranguejo cozido e congelado provenientes

de Portugal valores de pH em torno de 80 fato que segundo os autores pode ser relacionado

com a formaccedilatildeo de produtos de decomposiccedilatildeo baacutesicos

Lorentzen et al (2014) em avaliaccedilatildeo da carne de caranguejo (Paralithodes

camtschaticus) retirada do ombro e da perna do animal na Noruega observaram que o pH

aumentava durante o armazenamento refrigerado por quatorze dias variando entre 73 a 78 e

76 a 79 respectivamente sugerindo tambeacutem a produccedilatildeo de compostos baacutesicos a partir da

82

decomposiccedilatildeo das proteiacutenas Os autores salientaram ainda que o pH dos caranguejos eacute

geralmente mais elevado do que o de peixes devido a um teor mais elevado de compostos

nitrogenados natildeo proteicos ndash amoniacuteaco e trimetilamina

322 Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT)

Os resultados de N-BVT obtidos antes e depois da intervenccedilatildeo encontram-se

apresentados na Tabela 4

Tabela 4 Resultados de Bases Volaacuteteis Totais (N-BVT) (mgN100g) nas amostras de

mariscos beneficiados por marisqueiras da Ilha das Fontes Baiacutea de Todos os Santos antes e

apoacutes a intervenccedilatildeo educativa 20142015

1 Mediana e percentis 25 e 75

Para todas as espeacutecies estudadas observou-se uma reduccedilatildeo nos valores de N-BVT

comparando-se os momentos antes e apoacutes a intervenccedilatildeo registrando-se diferenccedila significativa

dos valores de N-BVT para o siri (plt005) e para a ostra (plt0001) Entre as espeacutecies notou-

se que o siri apresentou maior mediana em ambos os momentos No entanto a legislaccedilatildeo

brasileira determina apenas o limite para N-BVT na carne interna de peixes devendo ser

inferior a 30mgN100g (BRASIL 1997)

Os resultados observados para esse paracircmetro foram satisfatoacuterios podendo ser

decorrente da adoccedilatildeo das boas praacuteticas durante o beneficiamento No entanto como pode ser

constatado durante o acompanhamento in loco o siri dentre as espeacutecies estudadas tem maior

manipulaccedilatildeo para retirada da carne da carapaccedila tornando-se mais exposto a alteraccedilotildees

microbioloacutegicas e quiacutemicas

N-BVT

ANTES DA

INTERVENCcedilAtildeO

DEPOIS DA

INTERVENCcedilAtildeO

SIRI 1421

(1092 ndash 4750)1

743

(558 ndash 815)1

SURURU 553

(372 ndash 764)1

464

(371 ndash 465)1

OSTRA 600

(460 ndash 1000)1

373

(372 ndash 475)1

83

Nos crustaacuteceos ainda os valores altos de N-BVT podem decorrer da presenccedila de

elevadas quantidades de aminoaacutecidos livres e compostos nitrogenados que os tornam

susceptiacuteveis agrave degradaccedilatildeo raacutepida por deterioraccedilatildeo (ANACLETO et al 2011)

Subramanian (2007) ao analisar N-BVT em caranguejo cozido e congelado (Portunus

pelagicus) armazenado em sacos de polietileno a - 41ordmC notou um aumento de 27

mgN100g no dia zero de armazenamento para 3507 mgN100g apoacutes 120 dias de

armazenamento No entanto as amostras estudadas natildeo foram julgadas como improacuteprias para

o consumo posto que existem poucas informaccedilotildees disponiacuteveis sobre o limite de

aceitabilidade em relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos em moluscos congelados e

mariscos

Noacutebrega (2013) na Ilha do Paty-BA verificou uma diferenccedila nos valores meacutedios de

N-BVT antes e apoacutes a intervenccedilatildeo em Boas Praacuteticas de 3290 para 1643 mgN100g no siri

de 480 para 387 mgN100g na ostra e de 519 para 484 mgN100g no sururu

Algumas espeacutecies de pescado como caccedilotildees raias e siris apresentam valores de bases

volaacuteteis totais elevados sem que necessariamente estejam deterioradas Aleacutem disso a

formaccedilatildeo de bases volaacuteteis totais em amostras cozidas tambeacutem pode ser agravada por

degradaccedilatildeo teacutermica durante o processo de cozimento e pelo congelamento que ocasiona

ruptura da membrana resultando na liberaccedilatildeo de componentes celulares apoacutes o

descongelamento e consequentemente a formaccedilatildeo de substratos para as accedilotildees enzimaacuteticas e

crescimento microbiano (ZENEBON et al 2008 ANACLETO et al 2011)

Considerando os dois indicadores fiacutesico-quiacutemicos - pH e N-BVT verificou-se uma

correlaccedilatildeo positiva (ρ=0421 plt001) ou seja agrave medida que o niacutevel de pH aumentava o niacutevel

de N-BVT aumentava tambeacutem

Verificou-se tambeacutem uma correlaccedilatildeo positiva entre as bases volaacuteteis totais e contagens

de psicrotroacuteficos (ρ=0338 plt001) coliformes agrave 35ordmC (ρ=0207 plt005) e estafilococos

(ρ=0319 plt001) que pode estar associada ao acuacutemulo de compostos alcalinos como

amocircnia e trimetilamina derivadas da accedilatildeo microbiana no pescado durante a sua deterioraccedilatildeo

e que tem sido atribuiacuteda como causa do aumento do pH (SUSANTO et al 2011)

4 Conclusatildeo

Ao avaliar a eficaacutecia da formaccedilatildeo para as marisqueiras por meio das anaacutelises

microbioloacutegicas verificou-se uma melhoria da qualidade dos mariscos analisados apoacutes a

intervenccedilatildeo no entanto ainda foram registradas proporccedilatildeo das amostras de mariscos natildeo

84

conformes para estafilococos coagulase positiva ainda decorrentes de falhas existentes

durante o beneficiamento poacutes-cocccedilatildeo

No que se refere aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos constatou-se que a legislaccedilatildeo vigente

natildeo contempla as espeacutecies estudadas Dessa forma natildeo foi possiacutevel afirmar a natildeo

conformidade das amostras de mariscos em relaccedilatildeo a esse padratildeo principalmente o pH uma

vez que os valores de bases volaacuteteis totais encontrados foram inferiores ao padratildeo brasileiro

que eacute especiacutefico para outras espeacutecies de pescado

Os resultados apontam a necessidade de maior conhecimento das caracteriacutesticas

proacuteprias das espeacutecies estudadas e das alteraccedilotildees que podem ocorrer com os mariscos durante

as diferentes etapas de processamento bem como de adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo vigente de

modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo

sugere-se a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e controles mais efetivos

utilizando sobretudo atividades praacuteticas visando o melhor aperfeiccediloamento do trabalho o

atendimento dos padrotildees teacutecnicos estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Aleacutem disso sugere-se que novos estudos devem ser conduzidos de modo a caracterizar

melhor o comportamento das diferentes espeacutecies de pescado in natura e apoacutes aplicaccedilatildeo de

processos de conservaccedilatildeo

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a Luiacutes Fernandes Pereira Santos pelo apoio teacutecnico e agrave

Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro

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89

Consideraccedilotildees finais

Os resultados desse estudo demonstraram que a estrateacutegia de intervenccedilatildeo utilizada

favoreceu a boa adesatildeo das marisqueiras agrave atividade e interaccedilatildeo entre os instrutores e a

comunidade Por outro lado ainda foram identificadas necessidades de aperfeiccediloamento na

conduccedilatildeo da formaccedilatildeo incluindo o aumento tempo da realizaccedilatildeo de atividades praacuteticas e uma

maior ecircnfase na abordagem dos controles de temperatura e tempo

Apesar das mudanccedilas positivas observadas nas praacuteticas de manipulaccedilatildeo dos mariscos

durante o beneficiamento coexistiam inadequaccedilotildees na estrutura fiacutesica dos locais de

beneficiamento dadas as condiccedilotildees de vida e o baixo poder aquisitivo das marisqueiras

Ao avaliar a eficaacutecia da atividade formativa por meio das anaacutelises microbioloacutegicas

evidenciou-se uma melhoria na qualidade dos mariscos registrando-se ainda proporccedilatildeo das

amostras de mariscos natildeo conformes o que decorre de falhas ainda existentes durante o

beneficiamento nas etapas poacutes-cocccedilatildeo Quanto aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos natildeo foi

possiacutevel afirmar a natildeo conformidade das amostras analisadas uma vez que a legislaccedilatildeo

vigente natildeo contempla as espeacutecies estudadas apontando-se a necessidade de adequaccedilatildeo desta

de modo a estabelecer criteacuterios especiacuteficos para as diferentes classes de pescado

Apesar da melhoria evidenciada na qualidade dos mariscos apoacutes a intervenccedilatildeo os

resultados sugerem tambeacutem a formaccedilatildeo continuada das marisqueiras com orientaccedilotildees e

controles mais efetivos visando o aprimoramento do trabalho o atendimento dos padrotildees

estabelecidos e a preservaccedilatildeo da sauacutede do consumidor

Deste modo sinaliza-se agraves autoridades locais a necessidade de um local dotado de

instalaccedilotildees adequadas ao beneficiamento dos mariscos dado que a pesca e a mariscagem

consistem em meios de subsistecircncia para as classes menos favorecidas da regiatildeo Em adiccedilatildeo

sugere-se a continuidade da atividades educativas e acompanhamentos periodicamente

reforccedilando os conceitos e as praacuteticas a serem adotadas com vistas a garantir a inocuidade dos

mariscos comercializados

90

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO DE INSCRICcedilAtildeO DO TREINAMENTO

Qualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras fazendo melhor na Ilha das Fontes

Local Sede - Ilha das Fontes

Data 08 a 10 de julho de 2014 Horaacuterio 1400 agraves 1700 hs

FICHA DE INSCRICcedilAtildeO

Nome ____________________________________________

Sexo Masc ( ) Fem ( ) Idade _______ anos

Escolaridade ____________________________________

Profissatildeo __________________________________

Tempo de trabalho com mariscos ___________________anos

Comunidade Pesqueira __________________________

Telefone para contato _________________________________

OBS Ao final os participantes receberatildeo certificado

Universidade Federal da Bahia

Escola de Nutriccedilatildeo

91

APEcircNDICE B ndash CERTIFICADO DE PARTICIPACcedilAtildeO NO TREINAMENTO EM BOAS PRAacuteTICAS

Certificamos que

___________________________________________ participou do

curso ldquoQualidade dos mariscos e sauacutede das marisqueiras

fazendo melhor na Ilha das Fontesrdquo realizado na Sede

Comunitaacuteria da Ilha das Fontes Satildeo Francisco do Conde-BA

nos dias 08 09 e 10 de julho de 2014 com dez horas de duraccedilatildeo

CERTIFICADO

_________________________

Ryzia de Cassia Vieira Cardoso

Coordenadora do Curso

____________________________

Dalva Maria da Noacutebrega Furtunato

Vice-Coordenadora do Curso

92

ANEXOS

ANEXO A ndash FORMULAacuteRIO DA ETAPA DA SONDAGEM

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS DOS ALIMENTOS

R Arauacutejo Pinho 32 ndash Canela CEP 40110-150 Tel (71) 3283-7700 Fax 3283-7701

Consulta aos pescadores e marisqueiras para fins de treinamento

Nome_______________________________________________________

Atividade Pescador ( ) Marisqueira ( )

1 Quais os assuntos que vocecirc considera mais importantes para serem estudados em

treinamento sobre a pesca e os cuidados com o pescado

______________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2 Como vocecirc gostaria que as aulas fossem dadas

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

3 Que local(ais) da sua comunidade pode(m) ser indicado(s) para realizaccedilatildeo deste

treinamento

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

93

4 Em quais dias da semana a realizaccedilatildeo do treinamento ficaria melhor

Nos dias uacuteteis ndash segunda a sexta ( ) No final de semana ( )

Se dias uacuteteis indicar os dois melhores __________________________________

5 Em que turno

Manhatilde ( ) Tarde ( ) Qualquer turno ( )

6 Vocecirc se tem interesse e disponibilidade para participar deste treinamento

Sim ( ) Natildeo ( )

94

ANEXO B - CKECK LIST DAS MARISQUEIRAS

Responsaacutevel pela visita__________________________ Data da visita _________

IDENTIFICACcedilAtildeO DO (A) MARISQUEIRO(A)

01 Nome completo ________________________________________________________________________________

LISTA DE VERIFICACcedilAtildeO DE PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE MARISCOS

ADAPTADA RESOLUCcedilAtildeO - RDC Ndeg 216 DE 15092004

ITENS AVALIADOS SIM NAtildeO N A Observaccedilatildeo

1 EDIFICACcedilOtildeES INSTALACcedilOtildeES MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

11-A casa dispotildee de rede de esgoto ou fossa seacuteptica

12- As caixas de gordura e de esgoto estatildeo localizadas fora da aacuterea de

preparaccedilatildeo e armazenamento dos mariscos apresentando adequado estado de

conservaccedilatildeo e funcionamento

13- Os ralos satildeo tampados e sifonados

95

14- A aacuterea de manipulaccedilatildeo dos mariscos estaacute livre de objetos em desuso e

de animais de estimaccedilatildeo

15- Os equipamentos utilizados apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis

resistentes natildeo-absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

151- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

16- Os utensiacutelios apresentam superfiacutecies lisas resistentes natildeo absorventes

sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica e de material apropriado (natildeo

utilizaccedilatildeo de madeira)

161- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

17-As mesas apresentam superfiacutecies lisas impermeaacuteveis resistentes natildeo-

absorventes sem riscos de contaminaccedilatildeo quiacutemica ou fiacutesica

171- Se mesa de madeira existe proteccedilatildeo com plaacutestico transparente

172- Estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

2 HIGIENIZACcedilAtildeO DE INSTALACcedilOtildeES EQUIPAMENTOS

MOacuteVEIS E UTENSIacuteLIOS

21-A aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos eacute higienizada sempre que necessaacuterio

e apoacutes o teacutermino do trabalho

22- As etapas de higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees satildeo cumpridas garantindo as

condiccedilotildees de limpeza

23- As etapas de higienizaccedilatildeo de utensiacutelios equipamentos satildeo cumpridas

garantindo as condiccedilotildees de limpeza

24- A higienizaccedilatildeo de utensiacutelios eacute realizada antes e apoacutes o uso

96

25- A frequecircncia de higienizaccedilatildeo do equipamento (geladeira eou freezer) eacute

adequada

26- Os panos de limpeza vassouras rodos esponjas e escovas satildeo de uso

exclusivo para a higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos e utensiacutelios

261- Satildeo higienizados apoacutes o uso e estatildeo em bom estado de conservaccedilatildeo

262- Satildeo guardados em local adequado

3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS

31- Verifica-se a presenccedila de insetos animais de estimaccedilatildeo ou vestiacutegios

(fezes) de animais na aacuterea de preparaccedilatildeo dos mariscos

32- Existe alguma medida preventiva (uso de rodapeacutes telas nas janelas

ralos com tampas ou sifonados lixeira com tampa) para evitar a incidecircncia

de vetores e pragas no local de preparaccedilatildeo dos mariscos

33-Eacute utilizado algum produto quiacutemico para controle de pragas

34- Os produtos quiacutemicos satildeo devidamente registrados

35- Os produtos quiacutemicos satildeo guardados separados dos alimentos

4 ABASTECIMENTO DE AacuteGUA

41- A aacutegua utilizada para a produccedilatildeomanipulaccedilatildeo dos mariscos eacute da rede

puacuteblica de abastecimento

42- Os reservatoacuterios de aacutegua possuem tampas e encontram-se em bom

estado de conservaccedilatildeo e protegidos de contaminaccedilatildeo

43 A limpeza dos reservatoacuterios de aacutegua eacute realizada semestralmente e esta

97

conduta eacute registrada

44- O gelo utilizado eacute produzido na residecircncia

45- O gelo eacute produzido com aacutegua potaacutevel e sob condiccedilotildees de higiene

46- O gelo produzido eacute acondicionado em recipiente higienizado

5 MANEJO DOS RESIacuteDUOS

51- Os recipientes para lixo satildeo de material adequado de faacutecil limpeza e

satildeo revestidos com sacos plaacutesticos

511- Satildeo higienizados com frequecircncia

52- O lixo eacute mantido em local que natildeo oferece risco de acesso a pragas e

animais e isolado das aacutereas de produccedilatildeomanipulaccedilatildeo de mariscos

521- Eacute descartadoincinerado com frequecircncia

6 MARISQUEIRAS (OS)

61- As (os) marisqueiras (os) apresentam higiene corporal adequada roupas

limpas cabelos protegidos e totalmente cobertos unhas curtas limpas e sem

esmalte e sem utilizaccedilatildeo de adornos (brincos aneacuteis reloacutegios)

62- As (os) marisqueiras (os) executam a higiene correta das matildeos sempre

que se fizer necessaacuterio e de forma adequada

63- As (os) marisqueiras (os) evitam comportamentos atitudes e gestos

incorretos (fumar tossir sobre os alimentos cuspir comer manipular

dinheiro etc) durante a manipulaccedilatildeo

64- As (os) marisqueiras (os) quando estatildeo com ferimentos lesotildees nas

98

matildeos nos braccedilos e infecccedilotildees respiratoacuterias natildeo manipulam os mariscos

7 MATEacuteRIAS-PRIMAS PREPARO DOS MARISCOS E

EMBALAGENS

71- Eacute realizada lavagem dos mariscos apoacutes captura para a remoccedilatildeo das

sujidades com aacutegua potaacutevel

72- Existe seleccedilatildeo dos mariscos antes do cozimento

73- Eacute utilizada aacutegua potaacutevel para lavagem e cozimento dos mariscos

74- Durante o cozimento existe controle do tempo de contato do marisco

com a aacutegua fervente

75- Apoacutes o cozimento os mariscos satildeo resfriados sob superfiacutecie limpa e

adequada (afastado do chatildeo e de animais)

76- Durante a cataccedilatildeo satildeo utilizados utensiacutelios limpos e em bom estado de

conservaccedilatildeo

77- As matildeos satildeo devidamente higienizadas

78- Satildeo utilizados utensiacutelios (escumadeira colher etc) limpos para o

porcionamento dos mariscos nas embalagens

79- As embalagens utilizadas satildeo limpas transparentes e adequadas para o

armazenamento dos mariscos

710- O tempo entre o cozimento e o acondicionamento dos mariscos sob o

frio excede 30 minutos

711- O marisco preparado e armazenado sob refrigeraccedilatildeo ou congelamento

possui identificaccedilatildeo

99

Lembrar as meninas para alguns detalhes

Natildeo Aplicaacutevel

OBS Observar e perguntar as marisqueiras quanto tempo o produto (marisco) fica em temperatura ambiente ateacute o resfriamento

100

ANEXO C ndash ROTEIRO DA RODA DE CONVERSA NA MARISCAGEM

Cara (o) marisqueira ou pescador

Dando continuaccedilatildeo agraves atividades do Projeto aproveitamos o momento para conversarmos

sobre algumas questotildees que devem ser respondidas primeiramente em pequenos grupos e depois

compartilhadas com todos os participantes da nossa Roda de Conversa

Segue a tarefa

1 Como se sentiu com a realizaccedilatildeo do curso considerando o trabalho (mariscagem)

2 Apoacutes o curso houve mudanccedila no seu trabalho como marisqueira Se sim qual (ais)

3 O que jaacute era feito e vocecirc reforccedilou o seu cuidado

4 Vocecirc discorda de algo que foi mostrado de Boas Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo dos mariscos

5 Foi difiacutecil fazer mudanccedilas no seu modo de trabalhar

O que foi mais faacutecil O que foi mais difiacutecil

6 Como se sente com as mudanccedilas feitas

7 O que falta para ficar melhor

8 O que sugere para as proacuteximas atividades

Agradecemos pela sua participaccedilatildeo

Um abraccedilo

Equipe de Nutriccedilatildeo (UFBA) e Equipe de Fisioterapia (UNEB)

Mariscagem

101

ANEXO D ndash FICHA DE AVALIACcedilAtildeO DAS ETAPAS DE SENSIBILIZACcedilAtildeO

E DO CURSO DE BOAS PRAacuteTICAS

FICHA DE AVALIACcedilAtildeO

Sua opiniatildeo sobre o curso eacute muito importante para noacutes Por gentileza responda as questotildees

abaixo

1 Explicaccedilatildeo dos assuntos

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

2 Recursos utilizados

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

3 Ritmo das atividades

( ) Oacutetimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessimo

4 Resposta das perguntas feitas

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

5 Considero minha aprendizagem

( ) Oacutetima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Peacutessima

6 O que poderia ser diferente

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 O que faltou ser abordado

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

102

8 O que vocecirc mais gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

9 O que vocecirc natildeo gostou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10 OBSERVACcedilOtildeES (Aqui vocecirc escreve o que quiser)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

103

ANEXO E - CARTILHA DA MARISQUEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA E

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

REALIZACcedilAtildeO

APOIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMAacuteCIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO

Maio - 2014

104

Esta cartilha tem como objetivo fornecer conceitos baacutesicos em

higiene de alimentos agraves marisqueiras que frequentaram o curso de

capacitaccedilatildeo ministrado por professores e alunos do Mestrado em

Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e do Mestrado em

Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Universidade Federal da Bahia

O curso visa aumentar a qualidade dos mariscos manipulados

e processados pelas marisqueiras que vivem em cidades e distritos

proacuteximos agrave regiatildeo da Baiacutea de Todos os Santos mais especificamente na

comunidade Ilha do Paty em Satildeo Francisco do Conde

A Cartilha da Marisqueira faz parte de uma das etapas da

dissertaccedilatildeo de mestrado em Ciecircncia de Alimentos do discente Raphael

Auguste Dantas e contou com a colaboraccedilatildeo das mestrandas Gabriela

Silva da Noacutebrega e Mary Daiane Fontes Santos

As imagens desta cartilha foram extraiacutedas da Cartilha do

Manipulador de Alimentos que faz parte do Projeto APPCC Mesa

organizado em parceria pelo

SENACSENAISEBRAESESCSESIANVISA

1

2 17

105

INTRODUCcedilAtildeO

O catado de marisco (sarnambi sururu ostra siri

caranguejo aratu) eacute um alimento pereciacutevel que pode causar

diversos tipos de doenccedilas caso seja produzido sem os devidos

cuidados de higiene

As condiccedilotildees da mateacuteria-prima equipamentos e utensiacutelios

aleacutem da conservaccedilatildeo do catado em refrigeradores satildeo

fundamentais para obter um alimento seguro entretanto as

etapas de preparo satildeo decisivas para a qualidade final dos

mariscos processados

Um bom preparo iraacute garantir a qualidade higiecircnico-

sanitaacuteria dos catados e esse manual apresenta dicas de como

proceder durante a manipulaccedilatildeo e o processamento desse

alimento

Um alimento de boa qualidade eacute aquele que natildeo oferece

nenhum tipo de perigo para as pessoas que vatildeo consumi-lo

CONCLUSAtildeO

A realizaccedilatildeo do mini-cursoevento de formaccedilatildeo em Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo para as marisqueiras eacute o resultado do

esforccedilo conjunto de comunidades ribeirinhas que vivem nos

municiacutepios e distritos do entorno da Baiacutea de Todos os Santos (em

especial na Ilha do Paty - SFC) e dos docentes e discentes do

Mestrado em Ciecircncia de Alimentos da Faculdade de Farmaacutecia e

do Mestrado de Alimentos Nutriccedilatildeo e Sauacutede da Escola de

Nutriccedilatildeo da Universidade Federal da Bahia

Este trabalho buscou aproximar o conhecimento

cientiacutefico da sociedade estabelecendo e concretizando em

harmonia as trecircs dimensotildees de atuaccedilatildeo da UFBA o ensino a

pesquisa e a extensatildeo

106

PERIGOS tudo que pode pocircr em risco a sauacutede das pessoas

Perigos fiacutesicos cascas de mariscos fios de cabelos gratildeos

de areia espinhas de peixes resiacuteduos de esmalte outros

Perigos quiacutemicos desinfetantes detergentes venenos

para ratos baratas e formigas metais e poluentes

ambientais aditivos alimentares

Perigos microbioloacutegicos microrganismos (bacteacuterias

fungos viacuterus entre outros)

Os perigos alimentares tecircm sido referidos ao longo da

Histoacuteria como um problema para a sauacutede do homem Eacute

importante que os alimentos natildeo possuam nenhum tipo de perigo

pois alguns desses podem causar doenccedilas ou ateacute levar a morte

As etapas de lavagem do marisco antes do cozimento e a

cataccedilatildeo satildeo etapas fundamentais para evitar a presenccedila de perigos

fiacutesicos (areia lama resiacuteduo de esmalte) no catado de marisco

3 16

107

HIGIENE PESSOAL

Higiene pessoal significa cuidar da higiene da pele dos

cabelos das unhas da roupa que usa para preparar o marisco

entre outras coisas

Durante o preparo do marisco natildeo se deve utilizar aneacuteis

brincos colares ou esmalte nas unhas porque esses podem se

soltar e cair dentro do alimento

Muitos microrganismos perigosos satildeo transmitidos aos

alimentos pela falta de higiene pessoal durante o preparo a

manipulaccedilatildeo e o processamento dos alimentos

A higiene pessoal de quem trabalha diretamente no

preparo do catado de marisco eacute uma das mais importantes formas

para evitar a contaminaccedilatildeo deste tipo de alimento por microacutebios

A higiene pessoal aleacutem de ser importante para a sauacutede

tambeacutem eacute fundamental para a produccedilatildeo de um alimento seguro

Ter boa higiene pessoal significa

15

5

4

HIGIENE PESSOAL 14

108

13 6

109

110

7

LAVAGEM DAS MAtildeOS

Entre as formas de higiene pessoal a lavagem

correta das matildeos durante o preparo e manipulaccedilatildeo do

catado de marisco eacute sem duacutevida a que mais diminui o risco

de contaminar o alimento com microrganismos

Durante o preparo e manipulaccedilatildeo do catado de

marisco eacute importante lavar as matildeos

Antes de comeccedilar a catar os mariscos

Depois que utilizar o banheiro

Depois de tossir espirrar ou assoar o nariz

Depois de recolher o lixo

Depois de manusear dinheiro

Lembre-se de sempre utilizar sabatildeo ou sabonete para

lavar as matildeos e enxaguar bastante em aacutegua corrente para

natildeo deixar resiacuteduos

12

COMPORTAMENTO DENTRO DA COZINHA

111

LAVAGEM CORRETA DAS MAtildeOS 8

UTENSIacuteLIOS

Utensiacutelios satildeo todos os instrumentos como facas facatildeo

machadinho panelas baldes escorredor garfos bandejas e

vasilhas utilizadas durante o preparo do catado de marisco

O bom estado de conservaccedilatildeo e a higiene dos utensiacutelios

satildeo importantes para garantir a qualidade do produto final

Eles devem ser limpos antes e depois do preparo do

alimento quando deve ser realizada a lavagem com

detergente seguida da sanitizaccedilatildeo com soluccedilatildeo clorada feita a

partir da mistura de 1 colher de aacutegua sanitaacuteria em 1 litro de

aacutegua

O manipulador deve ficar atento para natildeo utilizar o mesmo

utensiacutelio no marisco cru e cozido para evitar a contaminaccedilatildeo

cruzada ou quando estiver manipulando dois tipos diferentes

de mariscos ao mesmo tempo

11

112

AMBIENTE DE TRABALHO

Aleacutem da higiene pessoal a higiene do ambiente de

trabalho tambeacutem eacute importante para a qualidade do alimento

produzido

Antes de comeccedilar a catar o marisco eacute importante limpar o

local onde vai ser feito o preparo e a manipulaccedilatildeo dos

mariscos

Locais fechados como a cozinha satildeo mais faacuteceis de limpar

do que locais abertos como quintais ou varandas

Evitar trabalhar em ambientes sujos na presenccedila de

animais de estimaccedilatildeodomeacutesticos e com lixo exposto e sempre

manter o lixo em vasilhas com a tampa fechada para evitar

atrair ratos e insetos

9

PRAGAS

Os ratos baratas e moscas satildeo atraiacutedos pelo lixo e pelo

forte cheiro do marisco

Eles podem contaminar os alimentos com microrganismos

e transmitir diversos tipos de doenccedilas graves

Outros animais como catildees e gatos tambeacutem podem

contaminar os alimentos com microacutebios por isso a cataccedilatildeo dos

mariscos deve ser realizada em um local bem afastado do lixo

e de animais domeacutesticos

Sempre deve ser realizado o combate dessas pragas

evitando que eles se alimentem dos restos dos alimentos e

possam se multiplicar

10

113

CINCO CHAVES PARA SEGURANCcedilA DE ALIMENTOS

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) haacute muito tempo adverte para a importacircncia da formaccedilatildeo dos manipuladores de alimentos no que diz

respeito agrave sua responsabilidade na seguranccedila alimentar Em 2001 a OMS criou o Manual das ldquoCinco Chaves para uma Alimentaccedilatildeo mais Segurardquo que

compreende os seguintes princiacutepios

(1) Manter a limpeza das matildeos das superfiacutecies equipamentos e utensiacutelios utilizados na preparaccedilatildeo e manipulaccedilatildeo dos alimentos (mariscos)

(2) Separar os alimentos crus (carnes peixes e mariscos) de alimentos cozidos utilizar diferentes equipamentos e utensiacutelios como facas e taacutebuas de corte

para alimentos crus e cozidos e guardar os alimentos em recipientes ou embalagens fechadas para que natildeo haja contato entre esses alimentos

(3) Cozinhar bem os alimentos especialmente carne ovos peixe e mariscos em temperaturas acima de 70degC

114

(4) Manter os alimentos a temperaturas seguras fora da zona de perigo 5deg C a 65deg C Natildeo deixar alimentos cozidos por mais de 2 horas agrave temperatura

ambiente refrigerar rapidamente os alimentos cozidos eou pereciacuteveis preferencialmente abaixo de 5ordmC natildeo descongelar os alimentos agrave temperatura

ambiente

(5) Utilizar aacutegua e mateacuterias-primas seguras como por exemplo aacutegua potaacutevel ou trate-a para que se torne segura (ferver ou filtrar a aacutegua) selecionar

alimentos variados e frescos lavar frutas e vegetais especialmente se forem consumidos crus e natildeo utilizar alimentos com o prazo de validade expirado

(vencido)

115

ANEXO F - CARTILHA SOBRE LER E DORT PARA MARISQUEIRAS

116

117

118

ANEXO G ndash GUIA DE HIGIENIZACcedilAtildeO DA CAIXA D`AacuteGUA

PASSO A PASSO COMO LIMPAR SUA CAIXA DrsquoAacuteGUA

1) Programe o dia da lavagem da sua caixa drsquoaacutegua Decirc preferecircncia ao fim de semana

2) Feche o registro da entrada da casa ou amarre a boia

3) Reserve aacutegua para uso durante o periacuteodo que estiver limpando

4) Deixe um palmo de aacutegua na caixa drsquoaacutegua que seraacute utilizada para a limpeza

5) Tampe a saiacuteda de aacutegua do fundo da caixa com um pano limpo Assim a sujeira natildeo desce pela

tubulaccedilatildeo

6) Esfregue as paredes e o fundo com escova de fibra vegetal ou bucha de fio plaacutestico macio

Nunca use sabatildeo detergente ou produto quiacutemico Natildeo usar palha de accedilo e vassoura

7) Remova a aacutegua suja da caixa drsquoaacutegua com balde caneco e pano Natildeo deixe essa aacutegua descer

pelos canos para natildeo contaminar

8) Deixe a saiacuteda do fundo tampada e deixe entrar mais um palmo de aacutegua Adicione 1 Litro de

aacutegua sanitaacuteria para cada 1000 Litros da caixa drsquoaacutegua

9) Usando luvas e botas de borracha limpos molhe as paredes com a soluccedilatildeo usando uma

brocha balde caneca ou pano Repita + 3 vezes a cada 30 minutos

10) Ainda com o registro fechado retire o pano da saiacuteda do fundo da caixa esvaziando totalmente

Abra as torneiras da casa e decirc descarga para desinfetar a rede interna

11) Abra o registro Enxague as paredes laterais com a aacutegua que estaacute entrando Deixe escoar essa

aacutegua pela rede interna Natildeo a utilize

12) Lave bem a tampa por dentro e feche a caixa direito para natildeo entrar pequenos animais insetos

ou sujeira

13) Anote a data da limpeza e programe a proacutexima limpeza a cada 6 meses

119

ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE NUTRICcedilAtildeO FACULDADE DE FARMAacuteCIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Projeto A cadeia produtiva de pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco

agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar

Prezado (a) Sr (a)

Eu fui convidado(a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada A cadeia produtiva de

pescados em Satildeo Francisco do Conde-BA do barco agrave comercializaccedilatildeo na perspectiva da

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar sob a responsabilidade da pesquisadora Profa Ryzia de

Cassia Vieira Cardoso

Fui esclarecido(a) que o objetivo da pesquisa eacute caracterizar a pesca e o comeacutercio de pescados em

Satildeo Francisco do Conde-BA visando contribuir para a melhoria da qualidade da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo dos pescados e da condiccedilatildeo de vida dos trabalhadores dessas atividades

Estou ciente que serei entrevistado pelos pesquisadores encarregados do Projeto no que se refere

agraves minhas condiccedilotildees de vida escolaridade sauacutede moradia e trabalho e as condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo conservaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do pescado de forma livre e de acordo com minha

vontade assinando esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Fui informado(a) que os dados seratildeo coletados no meu local de trabalho e tambeacutem que os

pesquisadores comprometem-se a utilizar as informaccedilotildees obtidas exclusivamente 117

120

para os fins estabelecidos no projeto incluindo a elaboraccedilatildeo de relatoacuterios que seratildeo entregues agrave

Prefeitura e a publicaccedilatildeo dos resultados sejam eles favoraacuteveis ou natildeo

Fui alertado(a) ainda que natildeo receberei nenhum pagamento nem equipamento de pesca ou outros

equipamentos pelas informaccedilotildees que prestarei aos pesquisadores podendo desistir em qualquer

etapa e retirar meu consentimento sem penalidades prejuiacutezo ou perdas e que os dados fornecidos

permaneceratildeo sob sigilo absoluto assegurando o meu anonimato

Estou ciente que terei acesso aos dados registrados e reforccedilo que natildeo fui submetido (a) a coaccedilatildeo

induccedilatildeo ou intimaccedilatildeo

Fui informado(a) que os resultados que seratildeo conseguidos nessa pesquisa auxiliaratildeo a Prefeitura

Municipal de Satildeo Francisco do Conde a tomar decisotildees para melhorar a seguranccedila alimentar e a

inclusatildeo social da comunidade envolvida

Informo ainda que concordo com o que foi dito e estou recebendo coacutepia deste papel

Finalmente fui informado(a) que em caso de duacutevida ou maiores esclarecimentos poderei entrar

em contato com a pesquisadora Profa Ryzia de Cassia Vieira Cardoso na Escola de Nutriccedilatildeo da

UFBA localizada na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador ou pelos telefones (71) 3283-

77007695 email ryziaufbabr ou no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Escola de

NutriccedilatildeoUFBA na Av Arauacutejo Pinho 32 Canela Salvador telefone 3283-7704 ou pelo email

cepnutufbabr

Local ________________ ___________ Data ________________

Nome do entrevistado __________________________________________________

Declaro que recebi de forma voluntaacuteria e apropriada o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para participaccedilatildeo nesta pesquisa

Local ________________ ___________ Data ________________

__________________________________________________

Pesquisador Responsaacutevel Ryzia de Cassia V Cardoso - Tel (71) 3283-77007695 E-mail

ryziaufbabr

121

ANEXO I PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA

122