Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Intervenção multidisciplinar em indivíduos com htlv1
Multidisciplinary intervention in individuals with htlv1
Sarah Souza Pontes1 MaiaraBouzas2
Lilia Doria3 Arlenna Silva Damasceno Souza4
Renata Schulz5 Gabriele Maria da Silva6
Jéssica Magalhães Guedes7 Ramona Barqueiro8
Raiany Alves dos Santos9
RESUMO
Estudo de intervenção realizado emdoze pacientes com HTLV-1 em atendimento em
um centro de saúde multidisciplinar, onde foram avaliados quanto a aspectos
nutricionais, mobilidade e qualidade de vida. Os pacientes realizaram o Método
Pilates por nove semanas, duas vezes na semana com duração de 60 minutos,
totalizando dezoito sessões. A mobilidade foi avaliada através de versões brasileiras
das seguintes escalas funcionais: Teste de TINETTI, Índice de BARTHEL, Escala de
Incapacidade Neurológica IPEC – 1, Escala de Incapacidade Neurológica IPEC - 2
(EIPEC-2), Escala De Incapacidade de KURTZKE, Escala De Incapacidade de
OSAME, Escala de Incapacidade Expandida de KURTZKE, e Timedupand Go. E a
1Fisioterapeuta especialista em Neurofuncional - Pilates e Enfermeira. Especialista em Saúde do Trabalhador.
Mestre em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social. Aluna especial do Doutorado em Medicina e Saúde da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. 2Fisioterapeuta especialista em neonatal, Mestre em ciências da saúde, Doutora em Ciências da Saúde pela
Universidade Federal da Bahia. 3Enfermeira graduada pela Universidade Federal da Bahia, Mestre em Gestão em Educação pela Universidade
do estado da Bahia. 4Graduada pela UNIJORGE.
5Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde pela Universidade Federal Fluminense; Especialista em Clínica Cirúrgica pelo Hospital Universitáro Pedro Ernesto/UERJ; Enfermeira Graduada em Enfermagem e Licenciatura pela Universidade Federal Fluminense. 6Graduada pela UNIJORGE.
7Acadêmica do curso de graduação em Fisioterapia na UNIJORGE. Salvador-BA, Brasil.
8Possui graduação em Nutrição pela Universidade Federal da Bahia (2009) e mestrado em Medicina e Saúde (Curso Novo) pela
Universidade Federal da Bahia (2011). Atualmente é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde da Escola de Nutrição da UFBA. Atua como professora universitária no Centro Universitário Jorge Amado e no Centro Universitário Estácio da Bahia e como nutricionista na Clínica Cardiovascular Center 9Graduada pela UNIJORGE
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 059
qualidade de vida foi avaliada através do Questionário de Qualidade de Vida - SF-36
(questão 06) e Escala WHOQOL-BREF, a avaliação nutricional foi realizada de
acordo com medidas antropométricas e anamnese. Conclui-se que houve uma
melhora na mobilidade e na qualidade de vida nos sujeitos da pesquisa.
Palavras Chaves: HTLV1, Pilates, mobilidade, qualidade de vida.
ABSTRACT
Intervention study performed in twelve patients with HTLV-1 in a multidisciplinary health center, where they were evaluated regarding nutritional aspects, mobility and quality of life. Patients performed the Pilates Method for nine weeks, twice a week for 60 minutes, totaling eighteen sessions. The mobility was evaluated through Brazilian versions of the following functional scales: TINETTI Test, BARTHEL Index, IPEC - 1 Neurological Disability Scale, IPEC - 2 Neurological Disability Scale (EIPEC - 2), KURTZKE Disability Scale, OSAME disability, KURTZKE Expanded Disability Scale, WHOQOL-BREF Scale, and Timed up and Go. Quality of life was assessed using the Quality of Life Questionnaire - SF-36 (question 06) and BECK Depression Inventory. It was concluded that there was an improvement in the mobility and the quality of life in the subjects of the research.
Key Words: HTLV1, Pilates, mobility, quality of life.
INTRODUÇÃO
O vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) é um vírus da família
Retroviridae e é classificado em tipos I e II com tropismo preferencial para linfócitos
T CD4+. Mesmo sendo semelhantes, eles se comportam de maneiras diferentes no
organismo, enquanto o HTLV-I ocasiona complicações significativas que podem
prejudicar os indivíduos na realização das suas atividades de vida diária (AVD’s), o
HTLV-II frequentemente não ocasiona danos ao organismo infectado. Foi o primeiro
retrovírushumano, descrito em 1980, isolado de um paciente com linfoma cutâneo
de células T. No Brasil, o vírus foi descrito pela primeira vez em 1986, entre
imigrantes de Okinawa, Japão (REIS, 2007, p. 29-36; ROMANELLI, 2010, p. 340-
347; KITAGAWA, 1986; OMS, 1998).
A mielopatia associada ao HTLV-1 (HAM/TSP) tem ocorrência em 4% dos
casos. O quadro clínico tem evolução progressiva, porém geralmente lenta e mais
expressa no sexo feminino com proporção estimada de 2:1 a 3:1. As alterações
neuromotoras mais comuns são distúrbios de marcha, fraqueza e aumento do tônus
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 060
em membros inferiores de acordo com os miótomos acometidos(FIGUEIREDO,
2012, p. 143-155).
A transmissão do HTLV ocorre através do contato com linfócitos infectados,
podendo ser através de relação sexual, onde a maior frequência é do homem
infectado para a mulher, com uma taxa de 61%; por meio do aleitamento materno,
em que quanto maior o tempo de amamentação, maiores as chances de infecção,
com uma probabilidade de 18 a 30%; por transfusão sanguínea, de órgãos, e por
compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas (GONÇALVES, 2009, p. 99-
110; ROMANELLI, 2010, p. 340-347).
As principais manifestações clínicas da retrovirose são neurológicas e
hematológicas sendo, a mais frequente a Paraparesia Espástica Tropical/ Mielopatia
Associada ao HTLV-1 (PET/MAH). Não raramente se observa a associação de
várias manifestações, daí o termo “complexo neurológico” associado ao HTLV-1:
PET/MAH, miopatia, doença do neurônio motor, neuropatia periférica, disautonomia,
ataxia cerebelar e disfunção cognitiva (GOTUZZO, 2007, p. 223-30; COSTA, 2011,
p. 4-15).
A Mielopatia associada ao HTLV-1/Paraparesia Espástica Tropical
(PET/MAH) é uma doença desmielinizante, crônica e progressiva, de caráter
insidioso, afetando a medula espinhal, preferencialmente na região toracolombar,
ocasionando enfraquecimento do arco reflexo sacral (MAURO, 2013).
A sintomatologia da PET/MAH geralmente se expressa a partir dos 40 anos,
sendo rara a ocorrência na infância ou velhice. Caracteriza-se por diminuição de
força muscular, espasticidade, em membros inferiores, dificuldades de locomoção,
alterações sensitivas, principalmente nos membros inferiores, dores na região
lombar e disfunção autonômica, ocasionando diminuição da libido, disfunção erétil e
incontinência urinária, sendo as alterações miccionais presentes em 90% dos casos
(BARROSO, 2013).
A espasticidade ou hipertonia elástica é considerada o principal fator limitante.
É de suma importância verificar até que momento a espasticidade é benéfica e
quando ela vem a se tornar incapacitante para a realização das atividades de
desenvolvimento da autonomia pessoal e social. A marcha parietoespástica é o
padrão adotado pelo paciente com PET/MAH, devido à hipertonia elástica. Este
padrão de marcha requer maior consumo energético o que pode em casos
avançados gerar uma marcha não funcional no paciente incapacitando em outras
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 061
atividades de vida diária como, na higiene pessoal, ao subir e descer degraus e ao
vestir-se, fazendo com que o indivíduo necessite de auxílio progressivo tais como:
muletas, bengalas e andadores para realizar a deambulação, sendo a cadeira de
rodas o estágio final da evolução. As alterações sensoriais nem sempre
acompanham o quadro motor, mas, com frequência, há relato de disestesias e
parestesias (dormência, formigamentos) ao longo dos membros inferiores e
predominantemente distais (GONÇALVES, 2009, p. 99-110; GOTUZZO, 2007, p.
223-30; FERNANDES, 2014).
Além do tratamento medicamentoso para inibição do processo infeccioso e do
tratamento do tônus muscular, é de grande importância o trabalho da equipe
multidisciplinar para remissão dos sintomas. A reabilitação é um processo
restaurativo de manutenção contínua que se inicia na ocasião da lesão, sendo
prolongada até a integração do indivíduo à comunidade e está relacionada
diretamente com o papel do fisioterapeuta (FERNANDES, 2014).
A reabilitação promove a melhora da qualidade de vida e diminui a morbidade
da doença. Os exercícios que podem ser ativos e/ou passivos melhoram a
espasticidade e o equilíbrio e conservam a integridade articular. Ao melhorar a
deambulação, utilizando-se órteses ou auxílios como muletas e andadores, o
indivíduo retorna ao convívio de sua família e, com um melhor desempenho,
beneficia a adaptação do paciente às exigências do meio onde vive. O tratamento
fisioterapêutico parece eficaz no processo de reabilitação dos pacientes
sintomáticos, favorecendo a melhoria da qualidade de vida desses doentes ao
proporcionar uma maior independência funcional dentro de cada limitação
(NASCIMENTO, 2010).
Dessa maneira, embora a fisioterapia não possa intervir diretamente nos
aspectos patológicos da infecção, espera-se que ela possa reduzir os sintomas e
melhorar a funcionalidade, gerando um impacto positivo na condição de vida destes
indivíduos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foidescrever o perfil clínico de
pacientes acometidos com HTLV-1 e avaliar o impacto do MétodoPilatesna
capacidade funcional e qualidade de vida desses indivíduos.
METODOLOGIA
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 062
Estudo de caráter descritivo e prospectivo, realizado no estúdio de Pilates do
Instituto de Saúde doCentro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE), em pacientes
com diagnóstico médico de HTLV-1 de ambos os sexos, com idade superior a
dezoito anos e, com queixas cinético-funcionais, com capacidade de se manter em
sedestação de forma independente.
Foram excluídos os pacientes sem controle da pressão arterial (hipertensos
ou hipotensos), visto que ambos geram instabilidade hemodinâmica e podem ser
potencializados durante o exercício físico. A hipertensão é potencializada devido ao
aumento da frequência cardíaca (FC), aumento do débito cardíaco (DC) e aumento
da pressão arterial como resposta fisiológica, mas no hipertenso descompensado
aumentam o risco de ocorrência de um acidente vascular encefálico e infarto
(MONTEIRO, 2004). Apesar de todo mecanismo de aumento da pressão arterial
devido ao aumento da resistência vascular periférica, existe o fenômeno da
hipotensão pós exercício, o qual a pressão arterial diminui no período de
recuperação do exercício encontrando valores menores do que antes do início do
exercício físico e que pode perdurar as 24 horas subsequentes (BRUM, 2004).
O programa de reabilitação era composto por atendimentos duas vezes por
semana durante nove semanas, com duração de sessenta minutos através do
método Pilates totalizando dezoito sessões.
Foi explicado aos participantes os objetivos do estudo, informando-os sobre a
importância da pesquisa e os benefícios do trabalho com a leitura do Termo de
Consentimento Livre e Pré-esclarecido. Após a concordância em participar,
assinaram esse termo em duas vias de igual teor autorizando o uso dos dados a
serem coletados.
Todas as informações coletadas foram resguardadas as identidades,
mantendo-se a ética e o sigilo quanto à identidade dos participantes. Este estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa conforme a Resolução nº 466 do
Conselho Nacional de Saúde (CAAE: 56230116.0.0000.0041).
Os atendimentos foram realizados por cinco alunos previamente treinados e
supervisionados por docente responsável.Os exercícios utilizados foram aplicados
no Solo e nos Equipamentos de Pilates, visando a extensão e a estabilização de
tronco, fortalecimento do Core, da porção glútea e quadríceps em todas as sessões
e aumentando o nível de complexidade de acordo com a performance individual de
cada paciente.
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 063
Antes e após o programa de reabilitação foramaplicados os seguintes testes
funcionais: Teste de TINETTI, Índice de BARTHEL, Escala de Incapacidade
Neurológica IPEC - 1 (EIPEC-1), Escala de Incapacidade Neurológica IPEC - 2
(EIPEC-2), Escala De Incapacidade de KURTZKE (DSS), Escala De Incapacidade
de OSAME, Escala de Incapacidade Expandida de KURTZKE (EDSS) e
Timedupand Go. E a avaliação da qualidade de vida foi realizada através do
Questionário de Qualidade de Vida - SF-36 (questão 06), do Inventário de
Depressão de BECK e da Escala WHOQOL-BREF.
Foram mensuradas as seguintes medidas: peso, circunferência do braço (CB)
e dobra cutânea tricipital (DCT) conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS)
(1995) e a altura do joelho (AJ). O peso atual foi aferido em balança eletrônica de
plataforma com capacidade máxima de 300 kg e escala de 100 g, da marca
Filizola®. A AJ foi medida formando um ângulo de 90º entre o joelho e o tornozelo
com o indivíduo na posição supina. Utilizou-se um paquímetro, com sensibilidade de
0,1 cm, constituído por uma parte fixa, posicionada na superfície plantar do pé e
uma parte móvel, pressionada sobre a patela. A DCT e a CB foram aferidas com o
uso do adipômetro Lange e de uma fita inelástica, respectivamente (CARVALHO,
2015).
A estatura foi estimada com o uso das equações propostas para adultos15e
idosos. O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado pela razão entre o peso e o
quadrado da estatura estimada (CARVALHO, 2015).
O cálculo da circunferência muscular do braço (CMB) foi feito pela seguinte
equação: CMB =CB (cm) – 3,14 x [PCT (mm) ÷ 10]. As adequações da PCT e CMB
foram obtidas utilizando a tabela com os valores de referência adaptados por
Blackburn & Thornton (1979). Para a avaliação do ritmo intestinal foi utilizada a
escala de Bristol, conforme sugerido pelo Consenso da Organização Mundial de
Gastroenterologia.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram tabulados em planilhas específicas do Microsoft Excel®.
Posteriormente serão analisados no software SPSS versão 16. Foram utilizadas
técnicas de estatística descritiva como as medidas de tendência central e dispersão
para as variáveis quantitativas e as frequências absoluta e relativa para as
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 064
qualitativas. Os resultados foram expressos em tabelas e gráficos adequados ao tipo
de informação.
Foram realizados procedimentos para a escolha do teste estatístico adequado
à comparação. As técnicas de estatística inferencial como: Testes T com medidas
repetidas, assumido como nível de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra de conveniência foi composta de 12 pacientes com média de idade
de 51,7 anos (mín. 24/máx. 66 anos). A média de idade foi semelhante àquela
encontrada nos estudos de Brito(2016)eRomanelli(2010)que apresentou uma média
de idade de 40 anos.
A média de idade elevada, pode estar associada à alta frequência do vírus
atrelada as transfusões sanguíneas no passado, o que indica que asinfecções
transmitidas pelo sangue eram um meio importante de infecção pelo HTLV antes da
implementação da triagem de doadores de sangue no Brasil (BRITO, 2016, p. 35-
41).
Apenas três (25%) pacientes trabalhavam de forma autônoma e os demais já
se encontravam aposentados. Todos os pacientes do sexo masculino eram casados
e nenhuma das mulheres mantinha nenhum tipo de relacionamento conjugal estável.
A incontinência urinária foi menos frequente que a constipação intestinal.
Quatro (33,3%) pacientes referiram ter incontinência urinária, sendo que um deles
também referiu ter polaciúria. A Incontinência urinária pode repercutir em diversas
situações cotidianas na vida da mulher, levando-as a uma baixa autoestima, perda
da autoconfiança e, consequentemente, uma negação da relação sexual e
incapacidade em ter um parceiro sexual (MILAGRE, 2002, p. 153-8; CASTRO,
2002).
Na avaliação Nutricional houve perda da amostra, foram avaliados no total 10
indivíduos que participaram do programa de Pilates. De acordo com a escala de
Bristol, 8de 10 pacientes referiram aspecto das fezes compatíveis com obstipação.
No trabalho realizado por Santos e Rodrigues20, 55,1% dos pacientes com HTLV-1 e
dos avaliados apenas 2relatavam apresentar obstipação. O HTLV-1 leva ao intestino
neuropático, levando a cronicidade do problema causado por falha motora.A
obstipação pode ser colônica, quando há alterações na função propulsória do cólon,
ou retal, na qual se verifica transtornos no reflexo da defecação na pelve ou ânus,
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 065
sendo que o paciente com HTLV-1 pode apresentar ambos. Além do
comprometimento neurológico, observa-se neste grupo de pacientes ouso frequente
de laxantes, baixo consumo hídrico em função da incontinência urinária e o baixo
consumo de fibras, que acentuam os distúrbios de motilidade intestinal (SANTOS,
2012, p. 25-32).
A avaliação antropométrica dos pacientes está descrita na tabela 1. Segundo
o IMC, 5 (41,6%) pacientes apresentam excesso de peso corporal. Em estudo
realizado em Salvador- Bahia com 54 pacientes com HTLV-1, verificou-se a
prevalência de 52% de pacientes com excesso de peso, segundo o IMC22.No
presente estudo, a prevalência de excesso de peso concorda com os resultados de
adequação da Dobra Cutânea Tricipital, que evidencia que 6 (50%) pacientes
apresentavam excesso de tecido adiposo (Tabela 1) (ANDROMANAKOS, 2006, p.
638-46).
Tabela 1. Caracterização antropométrica da população estudada.
Variáveis antropométricas n %
Índice de Massa Corporal
Excesso de peso 5
50
Eutrofia 4
40
Baixo Peso 1
10
Adequação da DCT
Obesidade 5
50
Sobrepeso 1
10
Adequado 1
10
Desnutrição Leve 1
10
Desnutrição Moderada 2
20
Adequação da CMB
Eutrofia 9
90
Desnutrição Leve 1 10
Pesquisa: Intervenção multidisciplinar em indivíduos com HTLV1
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 066
De forma contrária, a adequação da Circunferência Muscular do Braço
evidencia que a maior parte dos pacientes avaliados (75%) apresentam boa reserva
muscular e apenas 1 paciente apresenta depleção muscular leve (Tabela 1).
Sugere-se que isso se deva ao maior uso dos membros superiores para
movimentação, seja pelo uso de cadeiras de rodas ou muletas, o que permite o
desenvolvimento da musculatura de membros superiores.
Para avaliação do equilíbrio e mobilidade, foram utilizadas as escalas
TINETTI, TUG e OSAME e os resultadospré e pós intervenção podem ser
visualizados na figura 1. Foi aplicada a análise estatística através do Teste T. Foi
verificada uma reduçãosignificativa (p=0,012) do risco de queda após a intervenção,
de acordo com TUG, resultado semelhante ao encontrado no estudo de Figueiredo
Neto, realizado com 17 sujeitos de um centro de referência de HTLV da cidade de
Salvador. Neste trabalho, houve melhora estatisticamente significante do TUG com
redução da média de 15,68 ± 6,93 para 12,31 ± 3,69 com (p=0,26). FERREIRA et
al.(2004), observou uma melhora significativa no equilíbrio e na marcha – avaliadas
pelo Tinetti- após terapia com uso da técnica de facilitação neuromuscular
proprioceptivo em um indivíduo portador de Paraparesia Espástica Tropical (PET).
O teste de Tinetti foi traduzido e validado no Brasil por Gomes em 2003 e é
utilizado para avaliar o equilíbrio e marcha dos indivíduos. A escala é dividida em
duas partes (equilíbrio e marcha) em que as tarefas representam as atividades de
vida diária (AVD). A pontuação varia de 0 a 28 pontos, sendo que escores abaixo de
19 indicam alto risco de quedas, e escores entre 19 e 24 indicam risco moderado.
Figura 1. Impacto de 18 sessões de Pilates sobre a motricidade de pacientes
infectados
com HTLV-1.
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 067
Pesquisa: Intervenção multidisciplinar em indivíduos com HTLV1
Timedupand Go (TUG) é um teste que
indivíduo deve levantar de uma cadeira sem apoio, percorrer três metros e retornar
ao ponto de partida. O indivíduo que
éindependente, com mobilidade funcional totalmente livre. Aquele que realizada
intervalo de dez a dezenove segundos são caracterizados como independentes,
entre vinte a vinte e nove possuem dificuldad
de trinta segundos são considerados
A Escala de Disfunção
que garante ao paciente a maior parte de sua independência funcional, não
avaliando outras atividades da vida diária (AVD). O escore OMDS varia de 0 a 13,
sendo 0 marcha normal e 13 restrição ao leito com completa dependência motora
funcional. Pode ser utilizada uma versão reduzida em que o escore varia de 0 a 6,
sendo 0 normal e 6 restrição ao leito
A escala Barthel avalia a funcionalidade sendo seu escore de zero a cem,
quanto maior o indivíduo é mais independente.
pelo Índice de BARTHEL, não
que permaneceu o escore
mesmo aconteceu na avaliação da sexualidade, com aplicação da Escala ARIZONA
(MINOSSONO, 2010).
0
5
10
15
20
25
TUG
19p=0,012
Pesquisa: Intervenção multidisciplinar em indivíduos com HTLV1
(TUG) é um teste que avalia a mobilidade funcional
deve levantar de uma cadeira sem apoio, percorrer três metros e retornar
indivíduo que realiza este teste em até dez segundos
, com mobilidade funcional totalmente livre. Aquele que realizada
intervalo de dez a dezenove segundos são caracterizados como independentes,
entre vinte a vinte e nove possuem dificuldade nas atividades de vida diária e acima
são considerados dependentes (BETRAN, 2013).
A Escala de DisfunçãoMotora de Osame (OMDS) tem foco na marcha, função
que garante ao paciente a maior parte de sua independência funcional, não
do outras atividades da vida diária (AVD). O escore OMDS varia de 0 a 13,
sendo 0 marcha normal e 13 restrição ao leito com completa dependência motora
funcional. Pode ser utilizada uma versão reduzida em que o escore varia de 0 a 6,
trição ao leito com total dependência3.
Barthel avalia a funcionalidade sendo seu escore de zero a cem,
o indivíduo é mais independente.No quesito funcionalidade
de BARTHEL, não houve diferença entre a avaliação i
escore mediano de 90 pontos, indicando maior independência.
avaliação da sexualidade, com aplicação da Escala ARIZONA
TINETTI OSAME
21
6
17 18
7
Antes Após 9 semanas
p=0,012 p=0,53
p=0,655
Pesquisa: Intervenção multidisciplinar em indivíduos com HTLV1
avalia a mobilidade funcional.O
deve levantar de uma cadeira sem apoio, percorrer três metros e retornar
até dez segundos
, com mobilidade funcional totalmente livre. Aquele que realizada no
intervalo de dez a dezenove segundos são caracterizados como independentes,
e nas atividades de vida diária e acima
, 2013).
tem foco na marcha, função
que garante ao paciente a maior parte de sua independência funcional, não
do outras atividades da vida diária (AVD). O escore OMDS varia de 0 a 13,
sendo 0 marcha normal e 13 restrição ao leito com completa dependência motora
funcional. Pode ser utilizada uma versão reduzida em que o escore varia de 0 a 6,
Barthel avalia a funcionalidade sendo seu escore de zero a cem,
funcionalidade, avaliada
entre a avaliação inicial e final, Em
de 90 pontos, indicando maior independência.O
avaliação da sexualidade, com aplicação da Escala ARIZONA
p=0,655
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 068
A qualidade de vida é comprometida pela falta de independência funcional,
reforçando a importância de se avaliar a mesma. Neste estudo, a qualidade de vida
foi mensurada através do Questionário SF-36 e pela Escala WHOQOL-BREF
apresentando resultados satisfatórios, se assemelhando ao estudo de KLAUTAU et
al27 onde avaliaram a qualidade de vida de pacientes submetidos ao Método Pilates,
tendo como resultado melhora de quase todos os domínios (SHUBLA, 2010, p. 144-
145).
O SF-36 é multidimensional, formado por 36 itens, dividido em oito escalas ou
domínios: capacidade funcional (CF), aspectos físicos (AF), dor física (DF), estado
geral de saúde (EGS), vitalidade (VT), aspectos sociais (AS), aspectos emocionais
(AE) e saúde mental (SM), em que cada componente ou domínio é avaliado
separadamente. O questionário pode ser dividido em dois componentes: o
componente físico envolve a capacidade funcional, a dor, o estado geral de saúde e
o aspecto físico. O componente mental abrange a saúde mental, o aspecto
emocional e o social e a vitalidade, que é avaliada por 35 questões. Além disso, há
mais uma questão comparativa entre a saúde atual e a do ano anterior. A finalidade
das questões foi transformar medidas subjetivas em dados objetivos, que permitem
ser analisadas de forma específica, global e reprodutível (KLAUTAU, 2014).
O WHOQOL-Brefé um instrumento genérico, desenvolvido pela Organização
Mundial de Saúde, numa versão abreviada do WHOQOL-100, que mede a
percepção dos indivíduos a respeito do impacto que as doenças causam em suas
vidas. É composto por 26 questões, sendo duas questões gerais de qualidade de
vida e as demais 24 representam cada uma das 24 facetas que compõem o
instrumento original (FERNANDES, 2009).
Figura 2. Impacto de 18 sessões de Pilates sobre a qualidade de vida de
pacientes
infectados com HTLV-1.
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 069
Pesquisa: Intervenção multidisciplinar em indivíduos com HTLV1
Na avaliação da severidade da doença e função corporal foram utilizadas as
escalas IPEC –1, IPEC – 2, EDSS e DSS não sendo verificadas mudanças
significativaspré e pós intervenção. EIPEC-1 - foi criada e validada em 2006, com o
propósito de ser um instrumento específico para mensuração da incapacidade nos
pacientes com MAH/PET.A avaliação do desempenho da escala EIPEC-2, em
relação a outras escalas já existentes, permite investigar se ela proporciona, ou não,
melhor acompanhamento clínico dos pacientes, com observação mais precisa do
grau de incapacidade e da resposta às intervenções terapêuticas, melhorando,
portanto, a qualidade assistencial do atendimento destes indivíduos.
Assim como a EDSS, a DSS foi criada para avaliação depacientes com
esclerose múltipla. Além de avaliar a função deambulatória, esta escalainclui
também a avaliação de sistemas funcionais, muitos dos quais raramente
sãoafetados nos casos de MAH/PET como, por exemplo, a função cerebelar, visual
ou detronco cerebral. A EDSS apresenta uma série deproblemas. Primeiramente,
ela não é uma medida pura de incapacidade, mas sim umacombinação de medidas
de disfunção (nos graus mais baixos da escala) e deincapacidade (nos graus mais
altos). Ressalta-se, também, a baixa concordância entreexaminadores e a baixa
sensibilidade às mudanças clínicas no decorrer do tempo (AGUIAR, 2011).
p=0,524
p=0,007
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 070
Figura 3. Impacto de 18 sessões de Pilates sobre
função
corporal de pacientes infectados com HTLV
Pesquisa: Intervenção multidisciplinar em indivíduos com HTLV1
CONCLUSÃO
A hipertonia elástica característica das manifestações da infecção pelo HTLV
1 e o padrão de marcha adquirido
considerados os fatores de maior limitação e/ou incapacidade funcional para os
indivíduos portadores do HTLV
2007).
Por ser um quadro crônico
ao tratamento medicamentoso se faz imprescindível para a manutenção da
qualidade de vida e independência funci
2014).
Desta forma, concluímos a partir dos resultados demonstrados que
pacientes portadores de HTLV
apresentaram melhora significativa na qualidade de vida, equilíbrio,
funcional, marcha e na diminuição do risco de quedas.
0
5
10
15
20
25
IPEC-1
2022
p=0,05
. Impacto de 18 sessões de Pilates sobre a severidade da doença e
corporal de pacientes infectados com HTLV-1.
Pesquisa: Intervenção multidisciplinar em indivíduos com HTLV1
A hipertonia elástica característica das manifestações da infecção pelo HTLV
adquirido pelas limitações que esta hipertonia acarreta são
considerados os fatores de maior limitação e/ou incapacidade funcional para os
portadores do HTLV-1 (GONÇALVES, 2009, p. 99-
Por ser um quadro crônico-progressivo, a intervenção multidisciplinar atrelada
ao tratamento medicamentoso se faz imprescindível para a manutenção da
qualidade de vida e independência funcional destes indivíduos (FERNANDES,
Desta forma, concluímos a partir dos resultados demonstrados que
pacientes portadores de HTLV-1 submetidos a intervenção multidisciplinar
apresentaram melhora significativa na qualidade de vida, equilíbrio,
funcional, marcha e na diminuição do risco de quedas.
IPEC-2 DSS EDSS
13
64
13
6
Antes Após 9 semanas
p=0,231p=0,18
p=0,86
a severidade da doença e
Pesquisa: Intervenção multidisciplinar em indivíduos com HTLV1
A hipertonia elástica característica das manifestações da infecção pelo HTLV-
pelas limitações que esta hipertonia acarreta são
considerados os fatores de maior limitação e/ou incapacidade funcional para os
-110; GOTUZZO,
progressivo, a intervenção multidisciplinar atrelada
ao tratamento medicamentoso se faz imprescindível para a manutenção da
onal destes indivíduos (FERNANDES,
Desta forma, concluímos a partir dos resultados demonstrados que os
tidos a intervenção multidisciplinar
apresentaram melhora significativa na qualidade de vida, equilíbrio, mobilidade
EDSS
7p=0,231
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 071
REFERÊNCIAS MONTEIRO, M.F., FILHO, D. C. S. Exercício físico e o controle da pressão arterial. Revista brasileira de medicina do esporte. V. 10, n. 6, Niterói, Nov./Dez. 2004. BRUM, P. C., FORJAZ C. L. M., TINUCCI, T., NEGRÃO, C. E. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular. Rev. paul. Educ. Fís., v.18, p.21-31, São Paulo, 2004.
Revista Intercâmbio - vol. IX - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 072