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intr Oduçã O O - vogais.ptvogais.pt/media/pdf/9789896682095.pdf · intr Oduçã O O s dados são do Instituto Nacional de Estatística: 121 418 portugueses escolheram o ano de 2012

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T í t u l o s d a s P a r t e s

intrOduçãO

Os dados são do Instituto Nacional de Estatística: 121 418 portugueses escolheram o ano de 2012 para en-contrarem um novo rumo. Empacotaram a vida numa

mala e partiram com o sonho de descobrirem pelo mundo fora o que, em muitos casos, Portugal já não lhes oferecia: trabalho.

Desde 2007, quando a crise económica começou a revelar contornos cada vez mais negros, com o aumento imparável dos níveis de desemprego, milhares de portugueses têm abandona-do o país: licenciados, doutorados, com currículos mais ou me-nos preenchidos. Quem emigra já não são, maioritariamente, portugueses idênticos aos que Linda de Suza identificou na célebre música Um Português, cuja letra retrata a história dos milhares de emigrantes que deixaram o país e a família apenas com uma mala de cartão.

E é preciso recuar até esses tempos, à década de 1970 antes do 25 de abril, e até mais para trás, para se encontrar números tão elevados de emigração — que, mesmo assim, não batem esta nova vaga. Em 1966, por exemplo, saíram de Portugal 120 239 pessoas, número que tinha sido até agora o mais elevado de sempre. Há mudanças? Sim. Há histórias

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T í t u l o s d a s P a r t e s

INTRODUÇÃO

Os dados são do Instituto Nacional de Estatística: 121 418 portugueses escolheram o ano de 2012 para en-contrarem um novo rumo. Empacotaram a vida numa

mala e partiram com o sonho de descobrirem pelo mundo fora o que, em muitos casos, Portugal já não lhes oferecia: trabalho.

Desde 2007, quando a crise económica começou a revelar contornos cada vez mais negros, com o aumento imparável dos níveis de desemprego, milhares de portugueses têm abandona-do o país: licenciados, doutorados, com currículos mais ou me-nos preenchidos. Quem emigra já não são, maioritariamente, portugueses idênticos aos que Linda de Suza identificou na célebre música Um Português, cuja letra retrata a história dos milhares de emigrantes que deixaram o país e a família apenas com uma mala de cartão.

E é preciso recuar até esses tempos, à década de 1970 antes do 25 de abril, e até mais para trás, para se encontrar números tão elevados de emigração — que, mesmo assim, não batem esta nova vaga. Em 1966, por exemplo, saíram de Portugal 120 239 pessoas, número que tinha sido até agora o mais elevado de sempre. Há mudanças? Sim. Há histórias

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de êxito tanto há 40 anos como agora? Claro. Há casos de famílias separadas? Também os há, tanto agora como antes da revolução. O que mudou foi o mundo: Portugal entrou na União Europeia, a globalização acelerou e proliferaram as empresas com filiais nos quatro cantos do planeta.

No entanto, se para uns emigrar é apenas mudar de casa, para outros é um «bicho de sete cabeças». Perante essa hipótese, al-guns colocam de imediato as questões mais recorrentes: «Como arranjo o visto?»; «Onde procuro casa?»; «Em que escola ponho os meus filhos?»; «Como sei que a oferta de trabalho que vi no jornal é verdadeira?»; «Tenho de tomar alguma vacina?»; «Que serviços de saúde posso esperar?»; «De que forma e como faço os descontos para a Segurança Social?»; «Que contactos úteis são obrigatórios na minha lista?»

Estas e outras perguntas, devidamente enquadradas em cada um dos 21 territórios analisados, são respondidas neste livro com detalhe. A acompanhar este guia prático encontrará, também para cada possível destino, casos reais de emigrantes portugue-ses. São histórias de maior ou menor êxito, exemplos de quem está ansioso por voltar e de quem pretende ficar no seu novo país para sempre, vidas cheias de aventuras ou de rea lidades calmas e serenas. São uma forma de aproximar e de motivar a reflexão de quem quer arriscar e partir.

Os 21 territórios apresentados neste livro não foram escolhidos aleatoriamente. Segundo dados do Observatório da Emigração e do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, estes são os destinos para os quais tem havido um maior fluxo de emigração nacional e/ou onde há atualmente mais oportunidades profissionais. Não correspondem necessa-riamente aos países que têm mais portugueses — embora em alguns casos o sejam. Por exemplo, há na Venezuela e na África do Sul uma enorme comunidade portuguesa, que é fruto da

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emigração dos anos 1960 e não desta nova vaga, para a qual estas nações não são relevantes.

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estAtÍsticAs gerAis dA emigrAçãO pOrtuguesA

Os 21 territórios que apresentamos neste livro são aque-les para os quais o fluxo de emigração de portugueses é maior hoje em dia. A maior comunidade portuguesa

no estrangeiro encontra-se nos Estados Unidos da América, mas Reino Unido, Suíça, Alemanha e Espanha têm sido os destinos privilegiados dos emigrantes portugueses nos últimos dois anos.

territórioportugueses

emigrados entre 2011 e 2012

novos emigrantes portugueses

em 2012

união europeia

Alemanha 119 236 9054

Bélgica 36 082 3078 (inscrições consulares)

Espanha 128 795 6201

França 492 479 *

Holanda 16 430 1727

Luxemburgo 85 300 3505

Reino Unido 106 894 20 443

continua

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G u i a P r á t i c o d o E m i g r a n t e

territórioportugueses

emigrados entre 2011 e 2012

novos emigrantes portugueses

em 2012

África

Angola 113 194 *

Cabo Verde 1500 911

Moçambique 22 084 1716

São Tomé e Príncipe 1500 *

América

Brasil 276 703 2247

Canadá 410 850 523

Chile 1103 127

Estados Unidos da América 1 380 837 811

Ásia

China 831 *

Macau 5020 181

Emirados Árabes Unidos 2263 587

Outros

Austrália 15 328 76

Suíça 223 667 14 338

*Informação não disponível.Fonte: Ministério dos Negócios Estrangeiros, Direção-geral dos Assuntos

Consulares e Comunidades Portuguesas, Observatório da Emigração e embaixadas e postos consulares de Portugal nos diversos países.

continuação

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C o n t a c t o s Ú t e i s p a r a Q u e m P r e t e n d e E m i g r a r

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cOntActOs úteis pArA quem pretende emigrAr

2.1. Legislação

• eur-lex.europa.eu/n-lex-s/index_en.htm Portal institucional europeu que agrega informação sobre a

legislação de todos os países da União Europeia.

• www.acidi.gov.pt/es-imigrante/legislacao/legislacao-europeiae www.acidi.gov.pt/es-imigrante/legislacao/legislacao-internacional-nao-europeia

No site do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural poderá encontrar informações sobre a legisla-ção europeia e não europeia, útil para todos os que pretendam procurar trabalho fora de Portugal.

2.2. trabalho, formação e dicas práticas

• portal-gae.dgaccp.pt Site do Gabinete de Apoio ao Emigrante. Os objetivos do

GAE são, entre outros, informar os portugueses dos seus di-reitos nos países de acolhimento e apoiá-los no regresso e na

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reinserção em Portugal, contribuindo para a resolução dos problemas que se lhes apresentem e facilitando o seu con-tacto com outros serviços da administração pública portu-guesa. Estes gabinetes estão tecnicamente habilitados para tratarem de assuntos respeitantes à segurança social, equi-valência de estudos, investimentos, duplas tributações, pedi-dos de colocação no estrangeiro, informação jurídica geral e aconselhamento para quem pretenda emigrar.

• ec.europa.eu/eures/home.jsp?lang=en O Portal Europeu da Mobilidade Laboral é um site institu-

cional da Comissão Europeia que aborda o trabalho nos países europeus, incluindo a elaboração de currículos dos candidatos interessados e informações úteis sobre como viver e trabalhar na Europa.

• europa.eu/youth/pt O Portal Europeu da Juventude apresenta informações prá-

ticas e oportunidades de formação, educação, voluntariado e trabalho para os jovens na Europa.

• europa.eu/youreurope/citizens/work/index_en.htm Página da Comissão Europeia com informações relevantes

e úteis sobre legislação laboral, condições de trabalho, acesso às carreiras públicas e à reforma nos países europeus, bem como outros dados sobre a vida nos diferentes destinos.

• www.berlinda.org/Social/procurar-emprego-2 Site que reúne ofertas de trabalho para a Alemanha, dividi-

das por áreas profissionais. Inclui também indicações sobre como encontrar casa e escola, como aceder a serviços de saú-de, conselhos e dicas para os recém-chegados sobre a inte-gração e a burocracia em Berlim, entre outras informações práticas e úteis.

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C o n t a c t o s Ú t e i s p a r a Q u e m P r e t e n d e E m i g r a r

• www.emprego.lu Site com propostas de trabalho no Luxemburgo, com res-

postas a dúvidas relacionadas com a vida no país.

• www.facebook.com/EmpregoPeloMundo+ www.empregopelomundo.com

Estas páginas foram criadas para todos os que estão à pro-cura de uma oportunidade fora de Portugal. Têm como ob-jetivo ajudar os desempregados a encontrarem um trabalho em qualquer parte do mundo, para que possam construir o seu projeto de vida. Publicam diariamente vários anúncios.

• www.facebook.com/mandatempregos O Manda-te! pretende ser uma plataforma para a valori-

zação pessoal e profissional. Esta página presta informação sobre o trabalho no estrangeiro, através de pesquisas quanto às oportunidades mais vantajosas para os portugueses fora do nosso país.

• www.facebook.com/InovOfertasEstrangeiro + www.icote.pt

À semelhança das anteriores, a missão destas páginas é fa-cilitar o caminho a todas as pessoas que procuram trabalho no estrangeiro.

• www.facebook.com/ComoEmigrar + www.comoemigrar.net

Estas páginas visam dar resposta a algumas das questões mais relevantes que precisa de esclarecer para começar uma nova vida fora de Portugal. Nestes sites publicam-se, por áreas profissionais, propostas disponíveis pelo mundo fora. Têm muitas dicas úteis, e atualizadas com frequência, para quem pensa partir para outro país. Quem já emigrou pode partici-par na elaboração das respostas e contribuir assim, com um exemplo concreto, para quem ainda está a tomar decisões.

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• www.facebook.com/portugueses.a.volta.do.mundo Esta página apresenta anúncios de trabalho em todo o

mundo.

• www.portugalcaboverde.com Site que explica como obter residência e um visto de traba-

lho em Cabo Verde.

• www.tugasnabaviera.com/index.html Página com perguntas, respostas e sugestões para quem vive

ou pretende viver na Baviera.

2.3. comunidades portuguesas no estrangeiro e grupos de apoio

• www.facebook.com/groups/empregopelomundo Segundo os fundadores deste grupo do Facebook, a página ser-

ve de ponte entre as necessidades das pessoas e as oportuni-dades que existem no estrangeiro. Após solicitar a entrada no grupo (cujo acesso é, por norma, aceite), cada candidato deve apresentar-se num post, indicando a formação académica e a experiência profissional, os países ou zonas onde gostaria de trabalhar, a área ou a profissão que procura e os idiomas que domina. Os administradores da página responder-lhe-ão no mesmo post com as propostas disponíveis no momento.

• www.facebook.com/groups/oportunidades.pelomundo A ideia deste grupo é reunir e partilhar experiências em

muitas áreas profissionais. Aqui pode encontrar sugestões de trabalho, eventos relacionados, promover serviços ou di-vulgar informações de interesse comum. Não é uma agência de trabalho, mas quem criou a página quis fazê-lo para po-der ajudar todos os compatriotas, dado o momento de crise que o país atravessa.

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C o n t a c t o s Ú t e i s p a r a Q u e m P r e t e n d e E m i g r a r

• www.secomunidades.pt O portal da Secretaria de Estado das Comunidades Por tu-

guesas apresenta informações úteis, práticas e importantes, para todos os que querem emigrar. Inclui contactos telefó-nicos e sites específicos para cada país e posto consular.

• www.facebook.com/groups/emiaus Grupo para quem vive ou quer emigrar para a Austrália.

A ideia consiste em partilhar experiências de como correu todo o processo de emigração, divulgar dados sobre o esti-lo e o custo de vida no país, o processo de arrendamento de habitação e ofertas de trabalho, entre outros.

• www.facebook.com/groups/empregosdubai Grupo para portugueses à procura de emprego no Dubai e

Médio Oriente. Os residentes nesta região podem divulgar aqui as ofertas de trabalho de que tenham conhecimento.

• www.facebook.com/olondrino Criada a pensar em quem pretende emigrar para Londres,

esta página é gerida por pessoas que saíram de Portugal com destino à capital inglesa, pretendendo apoiar quem agora quiser dar esse passo.

• www.portuguesesnaholanda.blogs.sapo.pt Este é um blogue feito para os que já vivem na Holanda, mas

também para os que pensam emigrar para esse país. Inclui notícias, informações e um campo para colocar dúvidas.

• www.portugalnet.be Site sobre a comunidade portuguesa na Bélgica. Neste site

pode encontrar, entre outras coisas, informações sobre as-sociações, clubes desportivos, estabelecimentos comerciais, restaurantes, cafés, etc.

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2.4. cursos de línguas

• www.livemocha.com Página que dispõe de cursos em 38 idiomas, tanto gratui-

tos como pagos. O utilizador pode requerer a ajuda de es-pecialistas para as dúvidas que precisar de esclarecer.

• www.memrise.com Neste site encontra inúmeras técnicas de aprendizagem que

o ajudam a melhorar a sua fluência, caso já tenha conheci-mentos mínimos nalgum idioma. Tem uma base de 150 lín-guas, entre elas mandarim, japonês, inglês e alemão.

• www.busuu.com/pt Neste site pode aprender línguas, fazer exercícios interativos

ou até esclarecer questões com outros alunos, sempre online. Ensina idiomas como árabe, inglês ou mandarim.

• www.dw.de/learn-german/german-courses/s-2547 Neste site encontra um curso de alemão, com exercícios es-

critos e falados, vídeos e fotografias, que vão ajudá-lo a uma melhor compreensão da língua alemã.

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eurOpA dOs estAdOs-membrOs

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3.1. guiA prÁticO pArA A uniãO eurOpeiA

3.2. ALEMAnHA

3.3. BéLGICA

3.4. ESPAnHA

3.5. FRAnçA

3.6. HOLAndA

3.7. LUxEMBURGO

3.8. REInO UnIdO

3.8.1. Inglaterra

3.8.2. Escócia

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G u i a P r á t i c o d o E m i g r a n t e

Tal como nos anos 1960, e embora Angola e Moçambique sejam países cada vez mais apetecíveis para os portugue-ses, hoje em dia um dos grandes fluxos da emigração é

dirigido para dentro da Europa. Todos os cidadãos da União Europeia (UE) têm o direito de trabalhar e viver em qualquer dos estados-membros sem que a sua nacionalidade seja moti-vo de discriminação. A livre circulação de pessoas é uma das liberdades fundamentais garantidas pelo tratado da UE e pela legislação comunitária. Este capítulo responde a perguntas que têm respostas iguais para todos os países da UE aborda-dos neste livro.

Quedocumentossãonecessáriossequiserviajaretra-balharnaUniãoEuropeia?

Se quiser viajar para e dentro da UE basta ser portador de um documento válido de identificação pessoal (cartão do cidadão, bilhete de identidade ou passaporte). Os menores, quando não são acompanhados por quem sobre eles exerça o poder paternal, carecem ainda de autorização para via-jar sós ou acompanhados, conforme o caso. Como cidadão português não precisa de autorização de permanência nem de trabalho dentro da UE.

Ondepoderãoosmeusfilhosestudar,seeufortrabalharparaumdospaísesdaUniãoEuropeia?

Enquanto cidadãos da UE, os seus filhos têm o direito de frequentar uma escola em qualquer país e nas mesmas con-dições proporcionadas aos cidadãos nacionais desse país. Têm o direito de ser inseridos numa turma de alunos da mesma idade e de nível equivalente ao que frequentavam no país de origem, independentemente dos seus conhe-cimentos linguísticos. Nos termos da legislação europeia, os filhos dos cidadãos da UE que, por motivos profissio-nais, se instalam noutro país da UE têm direito a aulas gratuitas para aprenderem a língua, de forma a facilitar a adaptação ao novo sistema de ensino. Tenha em conta

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que o sistema de ensino no novo país de residência pode ser muito diferente daquele a que está habituado. Por isso, não existe um reconhecimento automático dos certifica-dos de habilitações do ensino secundário em toda a UE. Em alguns países, antes de poder inscrever os seus filhos numa escola local, deverá solicitar à entidade nacional competente o reconhecimento dos respetivos certificados de habilitações.

ExistealgumsegurodesaúdeválidoemtodaaUniãoEuropeia?

Antes de viajar para qualquer país da UE deverá subs-crever o Cartão Europeu de Seguro de Doença. Este cartão assegura aos viajantes a prestação de tratamentos urgentes e atos médicos, em estabelecimentos da rede pública, imediatamente necessários em situação de do-ença súbita, acidente ou maternidade. Para mais infor-mações sobre o Cartão Europeu de Seguro de Doença consulte o site www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/informacoes+uteis/saude+em+viagem/cartaoeuropeude-segurodoenca.html.

Possolevaromeucarro,seforviverparaumpaísdaUniãoEuropeia?

Pode, mas regra geral é obrigado a matricular o seu carro no prazo de seis meses. Antes de partir, deve averiguar junto das entidades do país de acolhimento quando começa o período de seis meses: se a partir do momento em que deixa o seu país ou da data em que chega ao novo destino. Informe-se também sobre os documentos justificativos necessários.

Alguns países membros requerem uma nova matrícula do automóvel no prazo de seis meses a partir da data em que começa a residir no país em questão. Antes de se mu-dar, averigue junto das entidades nacionais se são aplicáveis períodos mais curtos. Em alguns países pode beneficiar de uma isenção do imposto sobre a matrícula (se antes tiver

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vivido noutro país da UE, na condição de respeitar as de-vidas condições e prazos).

OmeudiplomaéválidoemtodosospaísesdaUniãoEuropeia?

Poderá ser necessário obter o reconhecimento oficial das suas qualificações e experiência profissional, caso a sua profissão esteja regulamentada no país em causa. As au-toridades competentes dispõem do prazo de um mês para confirmarem a receção do pedido de reconhecimento das suas qualificações profissionais e solicitarem os documen-tos necessários para o efeito. A decisão final tem de ser to-mada no prazo de quatro meses a contar da data em que receberem o seu pedido completo. Caso rejeitem o pedido, têm de fundamentar a sua decisão. As autoridades compe-tentes podem solicitar cópias autenticadas e/ou traduções certificadas de determinados documentos essenciais para a análise do seu pedido, tais como certificados que atestem as suas habilitações. (As traduções certificadas têm de ser feitas por um tradutor ajuramentado ou autenticadas por um notário ou advogado.)

Têm de aceitar traduções certificadas de outros países da UE e não podem solicitar traduções certificadas de di-plomas de médicos, enfermeiros de cuidados gerais, par-teiras, veterinários, cirurgiões dentistas, farmacêuticos ou arquitetos, tal como do bilhete de identidade ou passapor-te, ou ainda de outros documentos não relacionados com as qualificações.

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3.1. GUIA PRÁTICO PARA A UnIãO EUROPEIA

3.2. ALemAnhA

3.3. BéLGICA

3.4. ESPAnHA

3.5. FRAnçA

3.6. HOLAndA

3.7. LUxEMBURGO

3.8. REInO UnIdO

3.8.1. Inglaterra

3.8.2. Escócia

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dados e informações essenciais

território 357 021 km2

população 81,8 milhões de habitantes (229 habitantes/ /km2)

emigração é o terceiro país com mais imigrantes a nível mundial, e a nação da União Europeia que mais estrangeiros acolhe

Língua oficial Alemão

capital Berlim

moeda Euro

código da internet .de

código internacional de telefone

+49

Fuso horário + 1 hora no verão, + 2 horas no inverno

clima Temperado

religiões Luteranismo e Catolicismo

Alimentação Essencialmente baseada em carne de porco, bovina e de aves. Têm mais de 1500 tipos de salsichas. A bebida alcoólica mais consumida no país é a cerveja

contactos úteis

polícia: 110

bombeiros e emergência médica: 112

embaixada de portugal na Alemanha: www.botschaft portugal.de

embaixada da Alemanha em portugal: www.lissabon.diplo.de

Associações de portugueses: www.botschaftportugal.de/pt/comunidadeportuguesa/lista-de-associacoes-e-de-movimentos-associativos.html

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conselho das comunidades portuguesas na Alemanha: www.bots-chaftportugal.de/pt/comunidadeportuguesa/conselho-das-comuni-dades-portuguesas.html

instituto nacional de emprego: www.arbeitsagentur.de

bolsa de emprego (Jobbörse): jobboerse.arbeitsagentur.de

site institucional de apoio à procura de trabalho na Alemanha: www.make-it-in-germany.com/en

programa estatal de estágios remunerados para estrangeiros: www.thejobofmylife.de/en

Legislação alemã: cgerli.org/index.php?id=33

guia para a legislação alemã: www.lg2g.info/entry

departamento federal de emigração: auswaertiges-amt.de/En/Startseite_node.html

departamento federal para emigrantes e refugiados: www.bamf.de/En/Startseite/startseite-node.html

guia prático — perguntas e respostas

Dequedocumentosnecessito sequiser trabalharnaAlemanha?

Deverá efetuar o registo da sua morada nos serviços com-petentes da área de residência, no período de uma semana a contar desde a sua chegada. No formulário deve indicar o nome e a morada do senhorio, ou da pessoa em casa de quem está alojado. Deverá requerer o cartão de registo da situação fiscal na repartição de finanças. Aquando do re-gisto receberá um certificado que confirma o seu direito a viver no país de acolhimento, contendo também o seu nome, endereço e data de registo. O certificado de regis-to deve ser emitido imediatamente e o seu custo não deve exceder o preço do documento de identidade pago pelos nacionais. O certificado de registo deve ter uma validade

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ilimitada (renovação não necessária), embora possa ser pre-ciso comunicar às autoridades locais eventuais alterações do endereço. Caso não se registe não poderá ser expulso do país, mas terá de pagar uma multa. Para mais informações, consulte também o capítulo3.1 (na página 22).

É fácil encontrar casa naAlemanha?Onde possoprocurar?

Não é fácil encontrar uma casa na Alemanha, porque há muito mais procura do que oferta. Há dois sites — www.immobilienscout.de e www.immowelt.de — especializados em casas para arrendar, mas incluem duas dificuldades: são apresentados em alemão (sem tradução) e usam siglas im-percetíveis para quem não domina a língua. Também pode recorrer aos anúncios nos jornais ou a uma agência imobi-liária (à qual terá de pagar uma taxa).

Eis algumas siglas alemãs relacionadas com habitação:• Zi-Whg (zimmer/wohnung) — Quarto/ ambiente;• Möbl. (möbliert) — Mobilado;• Wfl. (wohnfläche) — Área útil;• BaWa (badewanne) — Banheira;• Bad mit Du. (bad mit dusche) — Casa de banho com

chuveiro;• BLK (balkon) — Varanda;• NK (nebenkosten) — Custos adicionais;• KT (kaution) — Caução;• MM (monatsmiete) — Aluguer mensal;• Tfg-Stpl (tiefgaragenstellplatz) — Garagem

subterrânea;• Wakü (waschküche) — Lavandaria.Há ofertas de casas mobiladas e não mobiladas. E quan-

do se fala em não mobiladas pode ser mesmo sem nada, até sem armários de cozinha. Os custos adicionais, como a água e o aquecimento, podem, ou não, integrar o valor do aluguer. Em média, é preciso pagar uma caução equivalente a três meses de arrendamento.

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Doqueprecisoparaabrirumacontabancária? Os documentos necessários para abrir uma conta bancária

na Alemanha diferem consoante as exigências de cada ins-tituição bancária. Pode ser pedido aos indivíduos estrangei-ros, ainda que cidadãos da União Europeia (UE), o bilhete de identidade, o cartão do cidadão ou o passaporte.

Ainda não domino a língua.Onde e como possoaprendê-la?

Em Portugal, o ensino do alemão é proporcionado tanto nos centros de formação ATEC, no Parque Industrial de Palmela (www.atec.pt), como também no quadro da for-mação profissional para a área da hotelaria (www.dual.pt), no Algarve. Em Lisboa, o Instituto Goethe (www.goethe.de/ins/pt/lis/ptindex.htm) também ministra cursos mais ou menos intensivos de alemão. Se já não tem tempo para fazer um curso em Portugal, na Alemanha tem a hipótese de fazer o Curso de Integração, do Departamento Federal de Emigrantes e Refugiados na Alemanha. Por norma, es-tas formações são mais completas e têm custos mais baixos do que os cursos de uma escola de línguas.

Têm uma duração total de 660 horas, podendo ser fei-tos de forma intensiva ou em part-time. Além de ensi-narem o alemão prático (para resolver problemas do dia a dia, como ir às compras, candidatar-se a um emprego, etc.), estes cursos de integração também incluem módu-los opcionais sobre o sistema legal alemão e os direitos e deveres dos emigrantes. Estas formações podem ser ace-didas de forma gratuita caso consiga provar que não tem possibilidade de pagar. O preço total é de aproximada-mente 800 €, podendo ser pago em prestações, consoante as suas possibilidades económicas.

Há vários cursos de integração por área. Consulte este site — www.bamf.de/SiteGlobals/Functions/WebGIS/EN/WebGIS_Integrationskursort.html?nn=1451894 — para descobrir qual a escola mais perto de sua casa. Para

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preencher o formulário de candidatura ao curso, pode pe-dir ajuda diretamente na escola pretendida (que poderá disponibilizar-lhe o formulário). A escola envia-o de-pois, já preenchido, para o Departamento de Emigrantes e Refugiados. Para mais informações, consulte também o capítulo2 (na página 18).

Ondepoderãoosmeusfilhosestudar? Quanto a este assunto, as leis aplicáveis na Alemanha são

as mesmas de todos os países na UE. Para mais informa-ções, consulte também o capítulo3.1 (na página 22).

EseomeufilhonascernaAlemanha? A licença de maternidade pode durar até três anos e duran-

te esse tempo a mulher recebe 80% do ordenado que tinha antes de nascer o bebé. Além deste valor, os pais ainda re-cebem um subsídio mensal por cada filho para garantir a sobrevivência da criança, com os seguintes valores: um fi-lho corresponde a 77 €; dois, 220 €; três, 432 €; cada filho adicional representa um apoio de mais 200 €. Estes valo-res são pagos até as crianças completarem 18 anos. Existe também um subsídio de 1800 €, que o casal recebe nos pri-meiros 14 meses de vida do bebé.

Quecuidadosde saúdedevo terparaemigrarparaaAlemanha?

Não se impõem quaisquer medidas de prevenção. A Alemanha dispõe de uma boa e extensa rede de estabelecimentos de saúde e hospitalares. Será prudente a subscrição de um se-guro que cubra a assistência médica não contemplada pelo Cartão Europeu de Seguro de Doença e os eventuais cus-tos de repatriamento sanitário. Encontra mais informações sobre o Cartão Europeu de Seguro de Saúde no capítulo3.1 (na página 23).

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Possolevaromeucarro? Sim, desde que o registe na Divisão de Registo de Veículos

mais próxima e que tenha um seguro automóvel que seja válido na Alemanha. Quanto a este assunto, as leis aplicá-veis na Alemanha são as mesmas que em todos os países da UE. Consulte o capítulo3.1 (na página 23).

Omeudiplomaéválidolá? Quanto a este assunto, as leis aplicáveis na Alemanha são

as mesmas que em todos os países da UE. Para mais infor-mações, consulte também o capítulo3.1 (na página 24).

TenhodefazerdescontosparaaSegurançaSocial?Comotratodisso?

A Segurança Social alemã inclui o sistema nacional de saúde, cuidados de infância, segurança em caso de acidente, pen-são e desemprego. A contribuição para o sistema de saúde é descontada do salário, numa percentagem de cerca de 7%.

Eosimpostos? Se permanecer na Alemanha durante mais de seis meses

por ano, pode passar a ser considerado residente fiscal des-se país. Assim, poderá tributar a totalidade dos seus rendi-mentos na Alemanha (quer sejam provenientes ou não do seu trabalho), mesmo sendo auferidos em qualquer outra parte do mundo. As condições de vida são tidas em conta na altura de pagar impostos. Pessoas solteiras pagam mais impostos, mas se só auferirem até 8004 € por ano estão isen tas deste pagamento, tal como os casais que ganharem menos de 15 328 € anualmente. Os casados com filhos têm mais regalias. Os impostos vão aumentando de acordo com o ordenado, ou seja: quem mais ganha, também paga mais. Para obter outras informações poderá consultar o site eu-ropa.eu/youreurope/citizens/work/abroad/taxes/germany/employed_en.htm.

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ÉfácilsairdePortugalsemtrabalhoeprocurarestandojánaAlemanha?

O ideal é sair de Portugal já com um contrato de traba-lho. Se não conseguir, não se esqueça de que tem de ter um bom pé-de-meia para conseguir suportar as despesas, principalmente de habitação, ou então conhecer algum amigo ou familiar que possa albergá-lo por uns tempos. Atualmente, as áreas nas quais existem mais vagas de em-prego na Alemanha são enfermagem, obstetrícia, assistência a idosos, construção civil, metalurgia, publicidade e marke-ting, de acordo com os dados apresentados pela Comissão Europeia no site ec.europa.eu/eures.

AAlemanhaéumpaísseguro? Por norma, a Alemanha é um país seguro. Mesmo assim,

nos grandes centros urbanos é importante manter as habi-tuais precauções contra os furtos, principalmente nos trans-portes públicos, espaços comerciais e esplanadas.

ComoéocustodevidanaAlemanha? Depende de cidade para cidade. Munique, por exemplo, a

nível de habitação, é das cidades mais caras do país. Um quarto de 20 metros quadrados nesta cidade pode chegar aos 450 €. Em Leipzig, outra cidade alemã, um quarto com o mesmo tamanho custa apenas 235 €. As casas ou quartos mais baratos estão fora de cidades como Munique e Berlim.

Na alimentação há supermercados que vendem um litro de leite a 0,5 € e um iogurte a 0,29 €, preços em conta e semelhantes aos portugueses. A rede de transportes é boa, mas pode chegar a custar 18,9 € por semana. Os bilhetes diários custam entre 2 € e 3 €, isto na cidade de Bremen. Os preços variam de cidade para cidade.

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testemunho

Foi por amor que Susana, com 26 anos, emigrou. Em Portugal tinha trabalho, família e amigos. Mas não tinha o na-morado. Não pôs na balança sentimentos, mas durante dois meses pensou no que seria melhor para si. E o melhor foi ar-rumar tudo numa mala e partir para Hamburgo, na Alemanha.

Antes de deixar Portugal para trás, Susana sabia que o mais importante quando chegasse à sua nova vida era começar a aprender a língua. Contactou a escola que estava mais per-to da sua futura área de residência e explicou a sua situação. «Perguntaram-me de que país vinha e disseram-me que ia co-meçar um curso a 12 de agosto», conta. A professora do 1.º ci-clo chegou à Alemanha a 1 de agosto de 2013 e pouco tempo depois dirigiu-se à escola com a qual já tinha estabelecido con-tacto. «Explicaram-me que o Estado alemão paga metade do meu curso de integração, pois existe um acordo com os países da UE.» Neste curso, Susana aprendeu não só a língua, como obteve também o conhecimento de questões culturais e políti-cas e da vida em sociedade. «Praticamente não precisei de tratar de nada. Forneci os meus dados e a fotocópia do passaporte, e o meu processo foi enviado ao governo alemão.» Se na sua an-tiga vida passava os dias a ensinar, agora passa-os a aprender. «Tenho quatro horas de alemão por dia, cinco dias por semana, e pago 1,2 € por hora. Acaba por ser irrisório.»

Aprender a língua é imprescindível para trabalhar na Alemanha. E, embora seja uma aluna aplicada, Susana sabe que o alemão não é uma língua fácil. «É o que está a custar-me mais na adaptação. É mesmo uma barreira. Terei de atingir o nível B1 para conseguir trabalho. No comércio e serviços há muitas pessoas que falam in-glês, mas quando se trata de falar ao telefone ou de tratar de um assunto mais específico peço ao meu namorado, que fala alemão.»

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É só esta barreira linguística e as saudades que fazem com que o saldo não seja totalmente positivo. «Custou-me muito deixar a minha família, os amigos e o trabalho. A Alemanha tirou-me isso, assim como a possibilidade de exercer a minha profissão.» Mas o amor compensa tudo. «O melhor da minha vinda para aqui é poder viver com o meu namorado e partilhar todos os dias com ele», confidencia. E os elogios à mudança não se resu-mem apenas a fatores românticos. «É bom andar sozinha pela cidade, a rede de transportes públicos é muito boa, o que facilita imenso. Além disso é uma cidade muito segura. E depois é mui-to desafiante sentir-me turista na minha própria cidade. Todos os fins de semana há sítios novos para descobrir.»

O tempo de vivência nesta cidade alemã ainda não é muito, mas Susana já consegue dizer o que é melhor em Hamburgo do que em Portugal. «A rede de transportes, os serviços postais e sociais são eficientes, rápidos e bastante informativos. Há pouco tempo de espera e as pessoas que estão no atendimento são simpáticas e prestáveis. Além disso, parece-me que a Alemanha se encontra, de facto, atenta quanto à questão da imigração, dado que financia os cursos de integração para quem ainda não fala alemão e quer trabalhar cá. Esta é uma forte medida para combater a exclusão e a criminalidade. A título de exemplo, o governo alemão é infor-mado através da minha escola sobre a minha assiduidade.»

Por enquanto, Susana ainda não encontrou uma associa-ção de portugueses que pudesse ajudá-la na integração ou onde pudesse apenas ouvir falar a sua língua. Sabe que há o Instituto Camões, que tem muitas iniciativas para promover a língua e a cultura portuguesas. «Também existe um consu-lado português. Mediante a inscrição consular disponibilizam ajuda na procura de emprego ou formação. Tenho-os contac-tado através de e-mail, para colocar algumas questões, e têm sido prestáveis.»

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Como é um país da União Europeia, não há muitas burocra-cias a tratar antes de fazer a mala e partir. Susana revalidou o cartão de cidadão, pôs uma vida inteira em duas malas e entre-gou-se de corpo e alma a uma nova etapa do seu percurso. Pouco tempo antes o namorado já tinha partido e, por isso, coube a ele a árdua tarefa de encontrar casa. «Não é fácil encontrar casa aqui. Em Hamburgo há uma grande procura de apartamentos e de quartos para arrendar. Se estivermos interessados somos convidados para uma entrevista pelo proprietário, aquando da visita à casa. É normal haver 20 pessoas interessadas na mes-ma casa. O meu namorado passou por isso.» E viver numa casa arrendada nem sempre é o sonho de uma vida. «Preferimos ar-rendar uma casa já mobilada para facilitar a nossa adaptação, mas acabamos por não nos sentir tão à vontade…»

E é aqui que as saudades vão surgindo. Falta-lhe o seu canti-nho: «acho que vou olhar para Portugal sempre com saudades». E falta, claro, a boa comida portuguesa! «Continuo a comer à portuguesa. Consegui trazer comigo bacalhau e chouriço para matar saudades. Mas o único peixe fresco que há é sushi. Eu gosto, mas não me satisfaz da mesma maneira. Por vezes é im-possível encontrar certos ingredientes que utilizamos na nos-sa gastronomia, mas se procurarmos bem lá aparece algo que pode ser adaptado.»

Pode ser que as viagens que Susana pensa fazer, de dois em dois meses, a Portugal, ou que as visitas que espera ter — «Ai deles que não venham! Conto com isso» —, se traduzam em muitas malas cheias com mais postas de bacalhau, mais enchi-dos e mais mimos que possam levar um pouco do típico viver português até Hamburgo. Por enquanto, as saudades vão sen-do colmatadas através do Skype e do telefone, mas, à boa moda antiga, Susana quer escrever cartas e mandar postais nos ani-versários das pessoas que lhe são mais próximas.

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Um dia quer voltar. Agora é tempo de crescer e de aproveitar a lufada de ar fresco que esta oportunidade lhe deu. «É tempo de me dedicar mais à minha vida pessoal.»

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