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19 Introdução à Administração Científica e à Teoria Clássica Objetivos da unidade Contextualizar os primórdios da Administração. Discutir os princípios da Administração Científica e da abordagem clássica. Traçar paralelos com a realidade organizacional atual. Evolução do pensamento administrativo Embora todos os livros de história do pensamento administrativo ressaltem que a Administração tem início com a Administração Científica, ou seja, com os estudos de tempos e movimentos de Frederick Winston Taylor, a humanidade não se desenvolveu em um “vácuo administrativo”. Várias práticas e conceitos já haviam sido implementa- dos por povos e civilizações antigas. Os exemplos a seguir evidenciam isso. Suméria – 5000 a.C.: região da antiga Mesopotâmia, território atualmen- te ocupado pelo Iraque e Kuwait (Oriente Médio). Os sacerdotes exerciam a função de organização, administrando bens e valores, como rebanhos, pro- priedades rurais e rendas e, posteriormente, prestavam contas ao sumo sacer- dote, colocando em prática a função controle. Egito – 2550 a.C.: a construção das pirâmides envolveu planejamento, orga- nização, direção/liderança e controle.

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Introdução à Administração Científica e à Teoria Clássica

Objetivos da unidade Contextualizar os primórdios da Administração.

Discutir os princípios da Administração Científica e da abordagem clássica.

Traçar paralelos com a realidade organizacional atual.

Evolução do pensamento administrativoEmbora todos os livros de história do pensamento administrativo ressaltem que

a Administração tem início com a Administração Científica, ou seja, com os estudos de tempos e movimentos de Frederick Winston Taylor, a humanidade não se desenvolveu em um “vácuo administrativo”. Várias práticas e conceitos já haviam sido implementa-dos por povos e civilizações antigas. Os exemplos a seguir evidenciam isso.

Suméria – 5000 a.C.: região da antiga Mesopotâmia, território atualmen-te ocupado pelo Iraque e Kuwait (Oriente Médio). Os sacerdotes exerciam a função de organização, administrando bens e valores, como rebanhos, pro-priedades rurais e rendas e, posteriormente, prestavam contas ao sumo sacer-dote, colocando em prática a função controle.

Egito – 2550 a.C.: a construção das pirâmides envolveu planejamento, orga-nização, direção/liderança e controle.

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Testando...Quais são os nomes das três principais pirâmides do Egito?

Queóps. )(

Chichén-Itza. )(

Quéfren. )(

Miquerinos. )(

Pirâmides do Louvre. )(

Para refletir

Procure relacionar cada uma das funções da Administração às diferentes ativi-dades que envolveram a construção das pirâmides do Egito. Certamente foi neces-sário um planejamento, que definiu o tamanho e a localização das pirâmides, bem como o número de homens envolvidos na logística da construção. Também foi pre-ciso uma organização de recursos, em especial dos homens envolvidos, implicando definição de equipes, hierarquia e expectativas de resultado, inclusive temporais.

A função direção também pode ser identificada na construção das pirâmides, pois foi necessário estimular a equipe e dirigi-los ao longo da execução da tarefa. Igualmente foi imprescindível controlar os resultados das equipes de modo que as diferentes tarefas estivessem alinhadas e que as entregas prometidas fossem, de fato, cumpridas.

Ao refletir sobre essas questões, que podem ser projetadas em várias outras situações, como o sítio arqueológico de Carnac (4000 a.C.) na Bretanha (França), Mu-ralha da China (205 a.C.), ou mais recentemente as estátuas Moais (1300 d.C.) na Ilha da Páscoa (Chile), entre outros exemplos, percebe-se que as funções se misturam e se sobrepõem muitas vezes e isso é inerente ao exercício da Administração. Por isso é importante perseguir constantemente uma clareza na definição da responsabili-dade das funções administrativas.

Babilônia – 2000 a 1700 a.C.: no reinado de Hamurabi foi criado o código ho-mônimo (Código de Hamurabi) cujo teor revela o desejo de colocar em prática as funções administrativas. O código, atualmente em exposição no Museu do

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Louvre em Paris, define uma série de questões, por exemplo, que a sociedade se divide hierarquicamente em três grupos: homens livres, subalternos e es-cravos, e que os salários variam segundo a natureza do trabalho realizado. As funções “organização” e “controle” são claramente identificadas na leitura do código.

China – 1100 a.C.: Constituição de Chou é um catálogo de todos os servidores civis do Imperador, desde o primeiro-ministro até os criados domésticos. Des-creve poderes, atribuições e responsabilidades de cada um, evidenciando o conceito de organização e controle.

China – 500 a.C.: a A Arte da Guerra, de Sun Tzu, é considerado o mais antigo tratado militar do mundo e, apesar das mudanças tecnológicas, é bastante atual. A leitura da obra evidencia claramente as funções de planejamento, or-ganização, direção e controle.

Grécia – 400 a.C.: desenvolveu o governo democrático, definindo as regras e regulamentos que permitissem seu funcionamento.

Roma – 27 a.C. a 476 d.C.: a expansão do Império Romano foi possível em razão de uma estrutura governamental e militar de grandes proporções que funcionou durante muitos anos. O Imperador Diocleciano (284 d.C.) dividiu o império em províncias agrupadas em dioceses, delegando autoridade para a administração civil. O controle militar, porém, permaneceu centralizado, ga-rantindo a manutenção do poder.

Nos anos posteriores, várias outras contribuições foram responsáveis pelo forta-lecimento das funções e perspectivas administrativa e organizacional. As organizações militares dos Impérios Romano, Grego e Macedônico – retratadas em grandes produ-ções cinematográficas, respectivamente, Gladiador, de Ridley Scott, A Odisseia, produ-zida por Francis Ford Coppola, e Alexandre, de Oliver Stone – marcaram fortemente as funções de planejamento, organização, direção e controle. O mesmo se pode afirmar a respeito da Igreja Católica e sua estrutura hierárquica, sobretudo no mundo ocidental.

Também o período medieval é célebre por evidenciar a organização inerente ao sistema feudal e o controle exercido pelos ofícios, espécie de sindicatos que regulavam horas de trabalho, salários, número de aprendizes, territórios de vendas, entre outros. É nesse período (século XV) que Nicolau Maquiavel escreve O Príncipe. A frase comu-mente atribuída a Maquiavel , “os fins justificam os meios”, não é encontrada ipsis litteris em sua obra, entretanto, resume o que se depreende desta. Maquiavel afirmou que os fins determinam os meios. Em outras palavras, descreveu com riqueza a função admi-nistrativa “planejamento”, ao esclarecer que é a partir de um objetivo que deverão ser traçados os planos para atingi-lo.

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O surgimento da Administração Científica O contexto histórico da Revolução Industrial marca o surgimento da Administra-

ção Científica. A Revolução Industrial iniciou na Grã-Bretanha, em 1760, e teve impli-cações muito fortes na economia e na sociedade ao longo dos anos que se seguiram. Alguns estudiosos dividem esse período em três grandes fases e assumem que a ter-ceira fase ainda está em progresso:

Primeira fase (1760-1850) – a Inglaterra explora de maneira crescente a energia do carvão que, por sua vez, dá origem ao motor a vapor, impulsio-nando a produção e exportação de produtos industrializados e a importa-ção de matérias-primas.

Segunda fase (1850-1900) – ocorre a difusão dos princípios da industriali-zação na Europa, Japão e Estados Unidos, com a expansão do uso de ener-gia elétrica, petróleo e a substituição do ferro pelo aço.

Terceira fase (1900 até os dias atuais) – surgimento de grandes comple-xos industriais, multinacionais, automação da produção, robótica, tecno-logia, biotecnologia, química fina, globalização e internacionalização dos mercados.

A Revolução Industrial marcou a evolução da economia de base artesanal para a economia produtiva e mecanizada e modificou a rede de transportes e de comunica-ção com o surgimento da máquina a vapor, das locomotivas e do telégrafo. Na sequên-cia, ganharam corpo as usinas siderúrgicas e a indústria automobilística.

Segundo Ferreira et al. (2002), as usinas siderúrgicas tornaram-se responsáveis pela contratação de cerca de 9 mil empregados. Para se ter uma ideia do crescimento exponencial da indústria automobilística, a Ford, em sua planta em Highland Park (Illi-nois), contava com 13 mil empregados em 1914, 33 mil dois anos depois, e 42 mil em 1924. A planta da Ford em River Rouge (Michigan), no ano de 1924, contabilizava 70 mil empregados, sendo considerada a maior fábrica do mundo.

Para refletir

Para efeito de comparação com a operação atual da Ford no Brasil, as unida-des de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e São Bernardo do Campo (SP) empregavam, no início de 2009, cerca de 10 mil empregados. Evidentemente, é preciso considerar, necessariamente, a evolução tecnológica e de automação, o que, de toda forma, fornece uma ideia do porte daquelas plantas.

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Essa escala de operações exigiu o desenvolvimento de métodos novos de Administração. Várias pessoas contribuíram nessa direção, com destaque para Frederi-ck Winslow Taylor e Henry Ford.

Taylor lançou, em 1911, a obra Princípios de Administração Científica. Engenheiro, foi um dos primeiros a oferecer o serviço de prestação de consultoria para empresas. Taylor trabalhou para uma empresa fabricante de bombas hidráulicas, sendo depois admitido na Midvale Steel, uma empresa siderúrgica. Trabalhou também em uma em-presa de papel e em outra companhia siderúrgica, a Bethlehem Steel (MAXIMIANO, 2006).

A experiência de Taylor permitiu-lhe observar e desenvolver grande parte dos princípios da Administração Científica.

Racionalização do trabalho: despender menos energia para obter o mesmo resultado do trabalho, tornando-o mais eficiente.

Divisão do trabalho: divisão de etapas e tarefas específicas da produção, con-tribuindo para a racionalização do trabalho e aumento da produtividade. Por exemplo, um único homem era capaz de produzir um sapato; ele modelava, cortava o couro, costurava e dava o acabamento ao sapato. A especialização do trabalho permitiu que diferentes indivíduos se dedicassem a cada uma dessas atividades, considerando suas habilidades, aptidões e treinamento na função, resultando em eficiência da produção.

Tempos e movimentos: provavelmente constituiu a primeira abordagem científica do trabalho. Taylor investigou as atividades dos operários, eliminan-do os movimentos inúteis e tornando mais simples e rápidas suas funções, definindo um tempo médio para a realização de cada tarefa com qualidade. Diminuiu o tempo de produção, alcançando um resultado eficiente de manei-ra eficaz.

Enfoque mecanicista do ser humano: ao serem fragmentadas as tarefas de-sempenhadas pelos indivíduos, o homem pode ser visto como parte integran-te de uma engrenagem, não sendo considerada a sua condição humana.

Homo economicus: esse conceito tem origem no fato de Taylor julgar que as recompensas e sanções financeiras eram as mais significativas para o trabalhador.

Abordagem fechada: a Administração Científica não faz referência ao am-biente da empresa. Em outras palavras, a organização é vista de forma fecha-da, desvinculada de seu mercado.

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Superespecialização do empregado: o operário executa tarefas repetitivas e monótonas, conduzindo-o à alienação como retratado no filme Tempos Modernos (1936), de Charlie Chaplin.

Exploração dos empregados: a falta de consideração do aspecto humano dos operários, reforçada pela ausência, na época, de legislação trabalhista digna, legitima a exploração da mão de obra em prol de interesses patronais.

Saiba mais...

Sites:

<http://www.youtube.com/watch?v=F6sGwgkneuU>.

Link para o filme Tempos Modernos: <http://www.youtube.com/watch?v=8-UiCnxARJY>.

Link para o vídeo com o apanhado das teorias taylorista e fordista e representa-ção de Tempos Modernos: <http://www.youtube.com/watch?v=XFXg7nEa7vQ>.

Outros autores que contribuíram para a Administração CientíficaTaylor é considerado o “Pai da Administração Científica”, mas outras personalida-

des contribuíram muito para a consolidação da abordagem científica. Henry Ford foi uma dessas pessoas. Ele não era engenheiro, nem economista. Era um empresário com visão bem pragmática.

Ford afirmava que o operário adaptava seus movimentos à velocidade da esteira rolante, adequando-se à velocidade e, por conseguinte, a um nível de produção pre-determinado. Ford se preocupava com a economia de material e tempo, perspectiva diferente de Taylor, que se preocupava com a economia do trabalho humano.

As principais contribuições de Ford para a Administração Científica foram:

Integração vertical e horizontal – conceitos adotados até hoje. Integração vertical significa produção integrada, envolvendo desde a matéria-prima até o produto final acabado. As esteiras rolantes constituem uma representação da operacionalização da integração vertical. A integração horizontal se materiali-za, por exemplo, na criação e estabelecimento de uma rede de distribuição de automóveis.

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Padronização – conceito operacionalizado por meio da linha de montagem, diferente do praticado comumente. Os operários não se locomoviam até o produto em produção (carro), os produtos (carros) é que se moviam na linha de montagem até o posto de trabalho do operário. A introdução de maqui-nário ao longo da linha de montagem também colaborou com o conceito de padronização, garantindo maior uniformidade aos produtos.

Redução de estoques e aceleração da produção – com a introdução da linha de montagem, Ford conseguiu reduzir o ciclo de produção cerca de 10 vezes, o que, por sua vez, permitiu a redução de estoques e a necessidade de inves-timento imobilizado em produtos. Essas condições permitiram a prática de preços mais competitivos, tornando os carros acessíveis a um maior número de pessoas.

Produção em massa – ou produção em série, tornada possível com a orga-nização eficiente do trabalho, que consistia na divisão do produto em partes, bem como na fragmentação do processo em etapas.

Elevação da produtividade – o aumento da intensidade de produção tornou possível obter economia máxima de material e de tempo. O automóvel era fabricado em 84 minutos e vendido antes do pagamento dos salários e dos insumos nele utilizados.

Para refletir

Tornou-se histórica a frase de que o consumidor poderia pedir qualquer carro Ford, desde que fosse um Thunderbird preto (modelo T) conhecido como “Ford Bigode”. A frase refletia as características da linha de produção, que não oferecia muita flexibilidade, não permitindo um número maior de opções aos consumidores. Muito tempo se passou e a linha de montagem das indústrias automobilísticas in-corporou o conceito de flexibilidade, que varia conforme a planta. A fábrica da GM, em São Caetano do Sul, é considerada uma das mais flexíveis do mundo, produzindo na mesma linha de montagem diferentes modelos de automóveis e uma cartela de cores ampliada.

Por outro lado, o Tucson, da Hyundai, fabricado no Brasil desde 2005 e suces-so de vendas devido ao preço competitivo na categoria, conta com apenas duas opções de cores disponíveis: bege e preto.

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Para refletir

Recentemente, o mundo foi envolvido em uma grave crise financeira cuja origem reside na concessão indiscriminada de crédito imobiliário nos Estados Unidos que envolveu vários bancos em operações financeiras para refinanciamento do cré-dito, culminando com o estouro da bolha. De maneira simplificada, o que aconteceu se assemelha ao conceito de corrente de lucros ou pirâmide financeira. Essa crise comprometeu profundamente a indústria automobilística americana, cuja trajetória pode ser visualizada no link: <http://veja.abril.com.br/cronologia/industria-automo-bilistica/index.swf>.

Curiosidade

Ford remunerava seu pessoal com elevados salários e se preocupava com pro-blemas que eles, eventualmente, apresentavam. Por esse motivo é considerado o precursor da Escola de Relações Humanas.

Afinal, os conceitos de Ford eram diferentes dos conceitos de Taylor?

Não. Os conceitos se integraram e, embora Taylor seja considerado o principal representante da Administração Científica, Ford exerceu um papel preponderante em um conjunto de perspectivas gerenciais válido até hoje. Analogamente, pode-se afirmar que Taylor abriu um caminho e Ford o percorreu com maestria.

O casal Frank e Liliam Gilbreth também contribuiu para a Administração Científi-ca, ao prover conceitos sobre a de redução do desperdício e a fadiga do trabalho.

Frank Gilbreth propôs a eliminação dos desperdícios como forma de aumentar a produtividade. Os desperdícios relacionam-se, sobretudo, ao estudo dos movimentos.

O trabalho de Gilbreth colaborou com o trabalho de Taylor, que se dedicou, sobre-tudo, à questão dos tempos.

Liliam Gilbreth, oriunda da área de Letras, voltou-se para a Psicologia desenvol-vendo a tese intitulada The Psychology of Management, contribuindo para os estudos do marido e dedicando-se à redução da fadiga desnecessária, caracterizando um dos primeiros estudos acerca da condição humana na indústria, detalhado na obra Estudo da Fadiga, de 1916.In

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Henry Gantt também contribuiu para a Administração Científica, sobretudo com a criação do Gráfico de Gantt, que permite determinar com eficiência a operacionali-zação das atividades, tempo de execução, custos e metas. O gráfico permite controlar o desempenho em relação ao planejado, relacionando-o ao tempo e a outros insumos previstos. Os pressupostos do gráfico evidenciam as principais preocupações de Gantt: planejamento, tempo, custo e controle.

O gráfico de Gantt serviu de base para técnicas modernas de Planejamento e Con-trole de Produção (PCP).

Figura 1 – Exemplos de gráficos de Gantt.

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Curiosidades

Elton Mayo desenvolveu essa perspectiva dando origem, posteriormente, à Escola de Relações Humanas. Exemplo: para construir uma parede de tijolos, os tra-balhadores se abaixavam para apanhá-los. Ao propor a introdução de uma mesa para apoiar os tijolos, mantendo-os na altura dos operários, a fadiga dos emprega-dos diminuiu e a produtividade aumentou.

Joseph Wharton era um dos grandes acionistas da Bethlehem Steel e foi ele quem contratou Taylor para trabalhar na empresa. Fundou, em 1881, a primeira escola de Administração intitulada “Wharton School”, pertencente a University of Pensylvania e até hoje uma das instituições com maior des-taque no ensino de Administração.

Taylor era quaker, religião derivada do protestantismo que rejeita qualquer organização clerical e prega recolhimento, pureza moral, pacifismo, solida-riedade e filantropia. Os quakers emigraram da Inglaterra para os Estados Unidos, fixando-se, sobretudo, na Pensilvânia, cidade natal de Taylor.

Para refletir

Alguns aspectos da Administração Científica são passíveis de reflexão e crítica. Por exemplo, a mecanização proposta por Taylor não considerava o aspecto humano e desestimulava a iniciativa pessoal. Também o estudo dos tempos e movimentos, levado à última instância, conduz ao esgotamento físico do operário. Outro ponto crítico consiste na visão estreita de que aspectos relacionados à motivação circuns-crevem-se a incentivos salariais.

De toda forma, Taylor contribuiu enormemente para o desenvolvimento da ciência administrativa e a grande maioria dos seus conceitos ainda é válida atual-mente. Depois da Administração Científica, outras abordagens e teorias se segui-ram, agregando novas perspectivas aos estudos da Administração e garantindo seu desenvolvimento.

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Para refletir

Georges Seurat, pintor francês, é um dos fundadores do movimento neoim-pressionista do final do século XIX. Outro pintor relevante desse movimento foi Camille Pissarro. Os neoimpressionistas compunham um grupo distinto dos impres-sionistas, que evocam impressões da luz do Sol, cores e sombras. Pierre-Auguste Renoir e Paul Cézanne são grandes expoentes do impressionismo. Os neoimpressio-nistas caracterizavam-se por serem menos preocupados em pintar espontaneamen-te e mais preocupados com a preparação e aspectos técnicos de formas e design. De alguma forma, a Revolução Industrial e seus aspectos de repetição dos movimentos e mecanização da produção influenciaram os neoimpressionistas. Georges Seurat foi o pioneiro do pontilhismo, técnica de pintura a partir de diversos e repetidos pontos de tinta na tela.

Curiosidades

Henry Gantt foi assistente de Taylor na Bethlehem Steel.

Taylor foi chamado para depor no Congresso para explicar por que um au-mento de 300% na eficiência de um pedreiro correspondeu a aumento sala-rial de apenas 30%.

Taylor contra-argumentou que o dispêndio de energia do pedreiro passou a corresponder a 33% da energia despendida anteriormente. O veredicto proibiu o uso de cronômetros e incentivos financeiros.

Na década de 1930 foi fundado, em São Paulo, o Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort) motivado pelas ideias de Taylor. O Idort atua até hoje.

A Teoria ClássicaHenri Fayol, engenheiro francês, lançou a obra Administration Industrielle et

Générale, em 1916, que serviu de base ao que se intitulou Teoria Clássica da Admi-nistração. Taylor publicou, nos Estados Unidos, o livro Princípios de Administração

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Científica, em 1911, tendo como foco de estudo e análise a produção. Na Europa, Fayol estava alinhado com o pensamento de Taylor, porém com foco na gestão, so-bretudo com a alta administração.

Com a globalização, as informações percorrem longas distâncias em segundos, e um fato isolado imediatamente se torna de domínio mundial. Naquela época, porém, essa troca de informações não ocorria com facilidade. Ainda assim, os europeus tive-ram acesso aos princípios de Administração Científica; já os americanos conheceram a obra de Fayol em apenas 1949.

Fayol definiu alguns princípios básicos que, combinados com os conceitos de Administração Científica, constituem as bases da Teoria Clássica:

Divisão do trabalho – especialização das funções ao longo de toda a estrutura organizacional, desde a alta hierarquia até os operários, favorecendo a eficiên-cia e aumentando a produtividade;

Autoridade e responsabilidade – autoridade é o direito de um superior de dar ordens e, conceitualmente, ser obedecido. Responsabilidade, por sua vez, é a contrapartida da autoridade;

Unidade de comando – um empregado deve receber ordens de apenas um superior;

Unidade de direção – definição de um plano único para um grupo de ativida-des com objetivos comuns;

Disciplina – normas de conduta e trabalho válidas para todos, indistintamente;

Prevalência dos interesses gerais – em detrimento dos interesses individuais;

Remuneração – suficiente para garantir a satisfação dos funcionários;

Centralização – atividades essenciais na organização devem ser centralizadas;

Hierarquia – seguindo a cadeia de comando e respeitando a estrutura hierár-quica estabelecida;

Ordem – uma posição para cada indivíduo e cada indivíduo em sua posição;

Equidade – a justiça deve prevalecer na organização garantindo direitos iguais;

Princípio da estabilidade dos funcionários – a rotatividade deve ser evitada, uma vez que tem consequências negativas sobre o moral dos trabalhadores;

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Princípio da iniciativa – capacidade de conceber um plano ou ideia e cumpri--la efetivamente;

Princípio do espírito de equipe – capacidade de trabalho conjunto, consciên-cia de equipe e de classe.

Fayol definiu como funções da Administração:

planejar: estabelecer objetivos e a forma de alcançá-los;

organizar: os recursos da empresa (humanos, financeiros e materiais) alocan-do-os da melhor forma;

coordenar: atitudes e esforços de toda a organização, incluindo departamen-tos e pessoas;

comandar: fazer com que os subordinados executem o que deve ser feito;

controlar: definir padrões e medidas de desempenho de modo a corrigir even-tuais desvios.

Afinal, são cinco as funções da Administração?

As cinco funções da Administração definidas por Fayol transformaram-se em quatro ao longo do tempo, já que comandar e coordenar se fundiram, assumindo a função atualmente denominada dirigir, também denominada por alguns autores de liderar.

Para exercitar e refletir

Administração Científica Administração ClássicaPrincipal

representanteOrigem Chão de fábrica.

Ênfase• Estrutura formal da empresa.• Adoção de princípios administrati-vos pelo alto escalão.

Enfoque Gerência.

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Complete os espaços em branco utilizando as opções a seguir:

Frederick W. Taylor.

Henri Fayol.

Gerência Administrativa.

Adoção de métodos racionais e padronizados.

Máxima divisão de tarefas .

Produção.

Referências

CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração: edição compacta. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

FERREIRA, Ademir et al. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2002.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: L&PM, 2001. Coleção L&PM Pocket.

MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

______. Introdução à Administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

TZU, Sun. A Arte da Guerra. 30. ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.

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