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Introdução à Análise de Conteúdo e Análise de Discurso Fonte: CAPPELLE, M. C. A.; MELO, M. C. O.; GONÇALVES, C. A. Análise de conteúdo e análise de discurso nas ciências sociais. Revista de Administração da UFLA, v. 5, n. 1, 2003.

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Introdução à Análise de Conteúdo e

Análise de Discurso

Fonte:

CAPPELLE, M. C. A.; MELO, M. C. O.; GONÇALVES, C. A. Análise de conteúdo e análise

de discurso nas ciências sociais. Revista de Administração da UFLA, v. 5, n. 1, 2003.

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Estudos da linguagem• Mais do que simples técnicas de análise: constituem campos de

conhecimento• Análise de conteúdo (AC) e análise de discurso (AD) diferem quanto

à fundamentação teórica. Ambas são usadas para análises de dados qualitativos

• AD é classificada por alguns autores como um tipo de AC• AD é usada principalmente quando se investigam as relações de

poder permeadas por mecanismos de dominação escondidos sob a linguagem

• Primórdios na hermenêutica (arte de interpretação dos textos sagrados ou místicos), na retórica (estudo das falas persuasivas) e lógica (análise dos argumentos e de seu encadeamento, conforme presentes nos discursos)

• Grande desenvolvimento com a evolução da lingüística e semiótica

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AC nas ciências sociais

• Usada intensamente na análise das comunicações

• Envolve técnicas quantitativas

• No primeiro estágio inclui contagem da manifestação dos elementos textuais

• Dados sistematizados e organizados subsidiam fase analítica

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Conceito de AC

“Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens” (BARDIN, 1979:42)

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Características da AC• AC oscila entre dois pólos: rigor da objetividade e

fecundidade da subjetividade• Visa revelar o sentido oculto ou latente, subtendido na

linguagem• Primeiros estudos da AC visaram examinar

comunicações jornalísticas (EUA, início do séc. XX); ampliação de estudos durante e após Segunda Guerra Mundial (propaganda nazista, análises estatísticas de valores, fins, normas, objetivos e símbolos)

• Valorização associada ao behaviorismo e positivismo• Descrédito após Segunda Guerra; retomada de

interesse e revitalização nos anos 1950

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Objetivo geral da AC

“Ultrapassar o nível do senso comum e do subjetivismo na interpretação e alcançar uma vigilância crítica em relação à comunicação de documentos, textos literários, biografias, entrevistas ou observação” (MINAYO, 2000)

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Fases da AC

1) Pré-análise – escolha de documentos, elaboração de objetivos, hipóteses e indicadores (etapas: leitura flutuante, organização do corpus, formulação de hipóteses e objetivos, elaboração de indicadores e preparação do material)

2) Exploração do material – codificação, recorte, contagem, classificação e enumeração

3) Tratamento dos resultados e interpretação – realização de inferências a partir de análise estatística, quadro teórico e objetivos propostos, com possibilidade de descoberta de novas dimensões teóricas

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Técnicas de AC (1/2)

a) Análise temática ou categorial (v. exemplo anterior) – forma mais comum, consiste no desmembramento do texto em unidades (categorias), para descobrir os núcleos de sentido e contar sua freqüência

b) Análise de avaliação ou representacional – visa medir as atitudes do locutor relativas aos objetos sobre os quais fala; baseia-se em indicadores explícitos na comunicação

c) Análise da expressão – explora indicadores (estrutura da narrativa) para fazer inferências sobre as relações entre discurso, locutor e seu meio; usa conhecimentos sobre locutor, sua situação social e dados culturais. Seu uso é intenso na verificação da autenticidade de documentos, na psicologia clínica e em discursos ideológicos

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Técnicas de AC (2/2)

d) Análise das relações – busca extrair do texto as relações entre os elementos da mensagem, completando a análise freqüencial simples. Inclui análise de co-ocorrências e análise estrutural

e) Análise da enunciação – apóia-se na comunicação como processo, trabalhando com as condições de produção da palavra e com as modalidades do discurso (análise sintática e paralingüística, análise lógica, análise dos elementos formais atípicos)

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Análise de Discurso• Falta de consenso entre os autores sobre a importância e

lugar da AD:

– Bardin (1979) sustenta que a AD pertence ao campo da AC, pois é uma técnica destinada a revelar uma estrutura profunda (processos de produção) a partir das manifestações semântico-sintáticas. A autora afirma que AD não consegue substituir a AC, pois lhe faltam realizações técnicas

– Minayo (2000) afirma que há pouca produção teórica e prática no campo da AD, mas a considera diferente da AC, situando-a entre esta e a lingüística tradicional

– Orlandi (2001) realça que a AD envolve a reflexão sobre as condições de produção dos textos analisados, situando-os num contexto histórico-ideológico mais amplo. Segundo a autora, a AD busca desvendar os mecanismos de dominação ocultos sob a linguagem, numa abordagem crítica, que não é nem teoria descritiva, nem teoria explicativa

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Características da AD (1/2)• Carece de uma definição precisa; consiste numa teoria que busca conhecer

uma gramática que preside a construção do texto, lidando com o acaso e com os processos de constituição do fenômeno lingüístico, problematizando as evidências, explicitando seu caráter ideológico, revelando as formas de dominação política ocultas no discurso

• Visa refletir sobre as condições de produção e apreensão da significação de textos e busca compreender o modo de funcionamento, os princípios de organização e as formas de produção social do sentido (MINAYO, 2000)

• Trabalha o ponto de articulação da língua com o político e procura explicitar o modo como se produzem as ilusões do sujeito e dos sentidos

• Na AD, o analista deve evidenciar a compreensão do que é a textualização do político, a simbolização das relações de poder, o modo de historização dos sentidos, o modo de existência dos discursos no sujeito, na sociedade e na história (ORLANDI, 2001)

• Necessita de conceitos adicionais (MINAYO, 2000): leitura e silêncio, tipos de discurso (lúdico, polêmico e autoritário), caráter recalcado da matriz do sentido, zona inconsciente e zona pré-consciente/consciente do sentido da fala que transcendem o sujeito na produção do discurso

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Características da AD (2/2)• Não se deve apreender o sentido de um texto com base apenas nas

palavras que o compõem (SITYIA, 1995)

• O quadro epistemológico da AD baseia-se na articulação entre o materialismo histórico (teoria das formações sociais e sua articulação), a lingüística (teoria dos mecanismos sintáticos e dos processos de enunciado) e a teoria do discurso (teoria da determinação histórica dos processos semânticos) (ORLANDI, 1996)

• Pressupostos (MINAYO, 2000): – o sentido de uma palavra expressa posições ideológicas em jogo no

processo sócio-histórico– não há sentido sem interpretação– a interpretação está presente nos níveis de quem fala e de quem analisa– a finalidade do analista de discurso não é interpretar, mas compreender

como um texto produz sentidos

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Operacionalização da AD (1/2)• Requer a apreensão de conceitos teóricos (FIORIN, 2000;

ORLANDI, 2001):– O texto - a unidade de análise - resulta da manifestação de um

conteúdo (discurso) por meio de um plano de expressão qualquer. Tanto pode ser oral ou escrito, incluindo linguagens não verbais. Contém três dimensões de argumentação: 1) relações de força, i.e., posições relativas do locutor (enunciador) e do interlocutor (enunciatário), 2) a relação de sentido existente entre esse e vários outros discursos, 3) a relação de antecipação, que envolve a experiência anteprojetada do locutor em relação ao lugar e à reação de seu ouvinte.

– O fundamental da AD é compreender o que significa o texto em sua filiação discursiva

– Há dois tipos de textos: 1) figurativo, que tem função descritiva, construindo um simulacro do mundo; 2) temático, que visa explicar a realidade, classificando-a e organizando-a

– Ao se analisar um texto figurativo é preciso descobrir o tema subjacente às figuras, que lhes dá sentido e reveste o esquema narrativo. O nível de figuras e temas é local privilegiado de manifestação de ideologia, que pode ser percebida em completude mediante análise de vários discursos que tratam de um mesmo tema de forma distinta

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Operacionalização da AD (2/2)• Etapas da AD:

- 1) análise da superfície lingüística, 2) análise do objeto discursivo e 3) análise do processo discursivo (PÊCHEUX, 1975)- 1) análise das palavras do texto (separação de adjetivos, substantivos, verbos e advérbios), 2) análise das construções de frases, 3) construção de uma rede semântica, 4) consideração da produção social do texto como constitutiva do seu sentido (ORLANDI,1987)

• A AD deve caminhar do nível mais concreto para o mais abstrato, enquanto a produção do discurso percorre o caminho inverso (FIORIN, 2000): inicia-se no nível profundo, passa ao narrativo e daí ao nível discursivo (v. exemplo seguinte)

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Exemplo

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• No nível mais concreto de percepção do sentido evidenciado no texto acima (nível do discurso), percebe-se uma oposição entre a percepção dos cavaleiros, que os leva ao desentendimento, e a do derviche, que conduz ao entendimento.

• Em um nível mais abstrato (nível narrativo), toma-se o escudo como qualquer objeto de conhecimento, que está condicionado ao ponto de vista em que cada um se coloca para apreendê-lo, estudá-lo, analisá-lo.

• Ao adquirir o saber a partir de uma certa perspectiva, cada um dos sujeitos atribui a seu conhecimento a marca da certeza, do saber, e confere ao outro a qualificação de não-saber.

• Essa polêmica é conciliada pelo derviche quando mostra que o saber de ambos era, ao mesmo tempo, certo e equivocado, por ter sido percebido apenas em relação a um de seus aspectos.

• No nível profundo de análise, tem-se uma oposição semântica, constituída pelos termos /parcialidade/ versus /totalidade/, num processo de afirmação da /parcialidade/, quando cada um dos cavaleiros manifesta seu ponto de vista; e de negação dessa /parcialidade/, expressa pelo comentário do daroês, mostrando que o objeto tinha faces diferentes.

Explicação do exemplo (FIORIN, 2000)

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Esquemas narrativos

• A enunciação (produção do discurso) deixa marcas no discurso que constrói, que devem ser analisadas em três procedimentos:1) actorialização, 2) espacialização e 3) temporalização, i.e., constituição das pessoas, do espaço e do tempo do discurso

• Dois mecanismos básicos de análise: – Debreagem (projeção no enunciado da pessoa,

tempo e espaço do enunciado ou enunciação)– Embreagem (suspensão das oposições da pessoa,

de tempo ou de espaço)

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Exemplo: debreagem na AD

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Exemplo: embreagem na AD

• Quando o pai diz ao filho:- “O papai não quer que você faça isto”.

• Suspende-se a oposição entre eu e ele, empregando-se a terceira pessoa em lugar da primeira. O mesmo procedimento pode-se utilizar em relação às oposições temporais ou espaciais.

Adaptado de FIORIN (2000)

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Outros aspectos a considerar• Relações entre enunciador e enunciatário, em que o

primeiro visa persuadir o segundo, que o deseja interpretar (comunicação como jogo complexo de manipulação)

• Procedimentos argumentativos freqüentes: ilustração de uma afirmação geral através de exemplos para comprová-la; figuras retóricas (categóricas, representadas como afirmação/negação, e graduais, expressas como mais ou menos); elementos do texto que remetem à instância de enunciação (o eu inscrito no discurso) e elementos que se referem à instância do enunciado (o não eu)

• Na persuasão, o enunciador constrói discursos em que há acordo entre enunciado e enunciação ou discursos em que há conflitos entre essas instâncias

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Principais figuras de pensamento• No âmbito das oposições categóricas:

a) ironia ou antífrase – quando se afirma no enunciado e se nega na enunciação, visando a chamar atenção entre o que o objeto realmente é e o que se afirma sobre ele no enunciadob) lítotes – quando se nega no enunciado e se afirma na enunciação com efeito de atenuaçãoc) preterição – quando se afirma no enunciado e se nega explicitamente na enunciação, afirmando textualmente que não se pretende dizer o que foi ditod) reticência – quando não se diz no enunciado e se diz na enunciação, ou seja, suspende-se o enunciado e a enunciação é responsável por indicar o que seria dito

• No domínio das oposições graduais, utilizadas para modificar o sentido exato do texto:a) eufemismo – quando se atenua no enunciado e se intensifica na enunciaçãob) hipérbole – quando se intensifica (exagera) no enunciado e se atenua na enunciação

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Recomendações específicas• Na análise de entrevistas, atentar para rupturas,

contradições ou momentos em que o discurso do entrevistado perde o sentido; interpretar metáforas identificadas como fonte rica de múltiplos significados, e examinar os silêncios e pausas, ou o que ficou subentendido (MARTIN, 1990)

• É importante considerar, além do que foi externalizado, também os significados implícitos naquilo que não foi falado, bem como os elementos intertextuais do discurso (SITYIA, 1995)

• Quanto aos procedimentos a serem, ORLANDI (1996) ressalta que a linguagem deve ser apreendida como uma atividade de interação social, servindo apenas para ativar os conhecimentos contextuais e históricos dados pela formação discursiva em que estão inseridos. Esse

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Contraste entre AC e AD• AC toma o texto como documento restrito a ser compreendido e como

ilustração de uma situação, limitada a seu próprio contexto, por isso, parte da estrutura do texto para interpretá-lo

• AD pressupõe que a situação está atestada do texto e busca mais uma compreensão do processo produtivo do discurso do que a interpretação do texto como fim em si mesmo

• Os dois campos teóricos assumem sentidos distintos, tomando direções inversas: a AD parte da enunciação para o discurso e a AC, do discurso para a enunciação, i.e., a AD não visa o que o texto quer dizer, como é a posição da análise de conteúdo em face de um texto, mas como ele funciona diante de um determinado contexto social e histórico. Assim, a AD não interpreta os textos que analisa, mas sim os resultados da análise de que esses textos constituem o corpus (ORLANDI, 2001). Por outro lado, a AC busca o sentido do texto expresso em sua estrutura e procura interpretá-lo a partir daí

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Exercício

• Com base na leitura do artigo da Folha Online e do discurso do deputado, esbocem uma análise dos textos:

1) Definam objetivos2) Estabeleçam indicadores3) Analisem os dados4) Tirem conclusões válidas em função dos

objetivos e evidências