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Introdução à Experimentação Prof. a Dr. a Simone Daniela Sartorio de Medeiros DTAiSeR-Ar 1

Introdução à Experimentação · 1) Premeditada: É ... Uso de máquinas agrícolas: Nos ensaios em que é necessário a utilização de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras,

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Introdução à Experimentação

Prof.a Dr.a Simone Daniela Sartorio de Medeiros

DTAiSeR-Ar

1

Experimentação

A experimentação tem por objetivo o estudo dos experimentos, isto é, seu

planejamento, execução, análise dos dados obtidos e interpretação dos resultados.

Experimento: é um processo que permite a coleta de observações sob

determinadas condições impostas pelo pesquisador.

Planejamento de Experimentos

É uma ferramenta essencial no desenvolvimento de novos

processos e no aprimoramento de processos em utilização.

Um planejamento adequado permite, além do aprimoramento de

processos, a redução da variabilidade de resultados, a redução

de tempos de análise e dos custos envolvidos.

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Planejamento

Técnicas de Amostragem

Coleta dos dados

Estatística Descritiva

Estatística Inferencial

Tabelas

Gráficos

Medidas de posição e dispersão

Estimação

(pontual e intervalar)

Testes de hipóteses 3

No campo

Um único detalhe esquecido pode

comprometer toda pesquisa proposta... 4

Na usina

5

Mal planejamento

E tem mais:

_ A história do ralo na fábrica....

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Fases que antecedem a instalação do experimento

1) Formulação das hipóteses (Hipóteses científicas)

2) Para se testar as hipóteses deve instalar o experimento e para isso deve-se

definir ANTES:

Selecionar os fatores e seus níveis;

As variáveis a serem medidas;

Definir a unidade experimental;

Definir o delineamento experimental, etc...

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Planejamento de Experimentos

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Conceitos básicos

a) Fator

b) Tratamento

c) Erro experimental

d) Variável resposta e Dado

f) Unidade experimental: tamanho, forma e bordadura

g) Delineamento experimental

h) Esquema de distribuição dos tratamentos

a) Fator: é uma variável cujo efeito se deseja conhecer no experimento.

Exemplos:

• Variedades de milho;

• Forma de plantio;

• Proteínas na ração;

• Temperaturas de pasteurização do leite.

CUIDADO: Não queira colocar tudo para analisar em um único

experimento! Tudo ficará mais complicado!!!

Conceitos Básicos

Fator

•Qualitativo. Ex: variedades, formas de plantio.

•Quantitativo. Ex: Doses de N.

•Fixo: Se é de desejo testar somente estes 3 tipos de região, por exemplo.

•Aleatório: Se é de desejo testar algo para representar uma região

(população) que tenha comportamento semelhante.

Se o número de fator for grande,

dificulta a instalação como

também a análise e conclusão!

A escolha de uma

determinada técnica

estatística depende do

tipo de fator e da

variável a ser analisada.

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Exemplos:

• Variedades de milho: V1, V2, V3 e V4.

• Formas de plantio: F1, F2, F3.

• Se selecionarmos os 2 fatores acima, teremos 12 tratamentos.

• Diferentes proteínas na ração: P1, P2 e P3.

• Diferentes temperaturas de pasteurização do leite: 70, 80, 90, 100 e 110oC

Conceitos Básicos

OBS: Tratamento é diferente de fator.

Tratamento é uma consequência ou não de combinação de fatores.

b) Tratamento: são os valores que assume o fator (para um fator em estudo)

ou as combinações entre os níveis dos fatores (para mais de um fator

simultaneamente), cujo efeito desejamos medir ou comparar em um

experimento.

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c) Erro experimental: O que nos obriga a utilizar a análise estatística para testar

hipóteses formuladas é a presença, em todas as observações, de efeitos de fatores

não controlados (que podem ou não ser controláveis), que causam variação.

Exemplos: • Pequenas diferenças de fertilidade do solo (manchas de solo).

• Ligeiras variações de espaçamentos.

• Profundidade de semeadura um pouco maior ou menor que a prevista no plano do

trabalho.

• Variação na constituição genética dos animais.

• Pequenas variações nas doses de adubos, inseticidas, fungicidas, herbicidas, entre outros.

Esses efeitos, que sempre ocorrem, não podem ser conhecidos individualmente e

tendem a mascarar o efeito do tratamento em estudo. O conjunto dos efeitos de

fatores não controlados é denominado variação do acaso ou variação aleatória.

Durante a instalação e a execução do experimento, experimentador deve procurar

diminuir (tornar mínima) o efeito dos fatores não controlados, de tal forma que

consiga isolar o efeito de todos os fatores que podem ser controlados.

Conceitos Básicos

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1) Premeditada: É aquela introduzida pelo pesquisador com a finalidade de

fazer comparações. Por exemplo: tratamentos.

2) Sistemática: Variações não intencionais, mas de natureza conhecida.

Variação inerente ao material experimental. Podem ser controladas pelo

pesquisador.

Por exemplo:

• heterogeneidade do solo,

• tamanho de semente, etc.

3) Aleatória: São variações de origem desconhecida, não podendo ser

controladas. Constituem o erro experimental. São devidas a duas fontes:

variações no material experimental e falta de uniformidade nas condições

experimentais.

Em um experimento podem ocorrer as seguintes fontes de variação:

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d) Variável resposta: é a variável mensurada usada para avaliar o efeito de

tratamentos. (O que medir?)

Exemplos:

• Peso da matéria seca.

• Altura.

• n.o de insetos vivos.

• Diâmetro de colunas.

e) Dado: é o “valor” da variável resposta mensurado na unidade amostral.

Conceitos Básicos

Usar sempre o bom senso para medir a variável!

Exemplo:

Se eu medir e uma outra pessoa medir a altura de uma árvore (sem derrubar ela)

iremos obter diferentes valores. É preciso padronizar!

O ideal é que o mesmo indivíduo faça a medição para todo o experimento.

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f) Unidade experimental, unidade amostral ou parcela: é a quantidade de

material experimental que recebe apenas um tratamento e fornece apenas um

dado.

Em qualquer pesquisa, é necessário que o pesquisador discuta com o

estatístico para definir adequadamente o que constituirá a unidade

experimental.

Conceitos Básicos

De um modo geral, a escolha da parcela deve ser orientada de forma a

minimizar o erro experimental, isto é, as parcelas devem ser o mais

uniforme possível, para que ao serem submetidas a tratamentos diferentes,

seus efeitos sejam detectados.

Exemplos:

• uma fileira de plantas com 3 metros de comprimento no campo;

• um leitão; e

• um litro de leite.

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a) Material com que se está trabalhando: em função da cultura que está sendo

estudada, devemos aumentar ou diminuir o tamanho das parcelas.

Exemplo: Parcelas para a cultura da cana-de-açúcar devem ser maiores que

aquelas para cultura de soja.

b) Objetivo da pesquisa: O objetivo da pesquisa também influencia no tamanho

da parcela.

Exemplo: Se desejamos estudar o efeito da profundidade de semeadura do sorgo

gravífero sobre o desenvolvimento inicial das plantas, não necessitamos trabalhar

com parcelas tão grandes quanto ao que seriam necessárias para um estudo de

produção da cultura.

c) Número de tratamentos em estudo: Quando o número de tratamentos é

muito grande, como ocorre com experimentos de melhoramento genético vegetal,

o tamanho das parcelas devem ser reduzidos, para diminuir a distância entre as

parcelas extremas, visando homogeneidade entre elas.

f.1.) Tamanho das parcelas

Na experimentação de campo, o tamanho e a forma das parcelas são bastante

variáveis, em função de:

Conceitos Básicos

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d) Quantidade disponível de sementes: É outro fator que pode limitar o

tamanho das parcelas, principalmente nos ensaios de introdução de novos

materiais genéticos. O tamanho da parcela será função da quantidade de

sementes disponíveis.

e) Uso de máquinas agrícolas: Nos ensaios em que é necessário a utilização de

máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, o tamanho das parcelas

deve ser obrigatoriamente grande.

f ) Área total disponível para a pesquisa: Frequentemente o pesquisador tem

que ajustar seu experimento ao tamanho da área disponível, que em geral é

pequena, o que resulta na utilização de parcelas pequenas.

g) Custo, tempo e mão-de-obra: São fatores que também limitam o tamanho

das parcelas. Algumas vezes, o fator limitante é o custo das parcelas muito

grandes; outras vezes, é a falta de tempo do pesquisador para poder obter as

observações em parcelas muito grandes e, outras ainda, a falta de mão-de-obra

para as operações durante a condução do experimento.

Conceitos Básicos

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Experimentos realizados em diversos países, com diferentes culturas, têm

mostrado que, para se obter maior precisão, as parcelas devem ser relativamente

compridas e estreitas, pois com esta forma é possível que um maior número de

parcelas estejam localizadas em qualquer mancha de alta ou baixa fertilidade do

solo que porventura possa haver, ao passo que uma parcela quadrada pode chegar

a coincidir com a mancha toda, apresentando por este motivo, produções

exageradamente altas ou baixas.

Para parcelas de tamanho pequeno, o efeito da forma é muito pequeno, quase

nulo, porém em parcelas maiores, ele pode ser considerável. O tamanho e a forma

ótimos para a parcela serão aqueles que resultarem na menor variação entre

parcelas dentro de blocos.

≠ ≠ CUIDADO!!!

Conceitos Básicos

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f.2.) Forma das parcelas

Conceitos Básicos f.3.) Bordadura

Em alguns experimentos deve-se usar bordaduras, para evitar a influência

sobre a parcela dos tratamentos aplicados nas parcelas vizinhas e, neste caso,

teremos a área total e a área útil da parcela, sendo que os dados a serem

utilizados na análise estatística serão aqueles coletados apenas na área útil .

Área total

Área útil

Exemplo:

Aplicação de diferentes

herbicidas - via área

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Conceitos Básicos

f.4.) Casa de vegetação e laboratório

Para a constituição de uma parcela em casa de vegetação, podemos utilizar um

conjunto de vasos, ou então, um único vaso com 2 ou 3 plantas e, às vezes,

uma única planta constituindo a unidade experimental.

Em ensaios de laboratórios, uma simples amostra do material experimental

poderá constituir a parcela; porém, às vezes, é necessário utilizar amostra

composta. Na amostra obtida de cada parcela, devem ser feitas diversas

determinações, das quais é obtida uma média para representar o valor

observado nessa parcela.

Não devemos confundir as diversas

determinações da mesma amostra de material,

com as repetições do ensaio.

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g) Delineamento experimental: é a maneira como os tratamentos são

designados às unidades experimentais.

Principais Delineamentos:

• Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC);

• Delineamento Casualizado em Blocos (DCB); e

• Delineamento em Quadrado Latino (DQL)

h) Esquema: quando em um mesmo experimento são avaliados dois ou mais

fatores os níveis dos fatores podem ser combinados de maneiras diferentes. O

esquema é justamente a maneira utilizada pelo pesquisador ao combinar os

níveis dos fatores para se obter os tratamentos.

Principais esquemas:

• Esquema Fatorial; e

• Esquema em Parcelas subdivididas.

Conceitos Básicos

Depende do ambiente a escolha do tipo de delineamento

(homogêneo ou heterogêneo)

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Fases de um experimento

1) Instalação: obedecendo as fases que antecedem o experimento, o

experimento cabe no local?

2) Condução: chuva, imprevistos não planejados, etc.

3) Coleta e análise dos dados

4) Interpretação dos resultados

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Unidade

amostral

Dose do herbicida

(Glifosato) Fitotoxicidade Altura Clorofila

1 0 0 31 38,9

2 2,5 0 26 40

3 5 15 39,5 39,6

4 10 40 19 30,7

5 20 30 26 35,5

6 40 50 26 39,7

7 60 50 22 36,2

8 75 60 33,5 34,4

9 90 90 28,4 0

10 100 90 27 34,8

Para o estudo do efeito da deriva de glifosato no desenvolvimento inicial de Croton

floribundus Spreng, foi realizado um experimento inteiramente ao acaso, onde uma única

espécie arbórea será pulverizada com 10 subdoses do herbicida (glyphosate).

A avaliação do efeito do herbicida será realizada aos 15 dias após aplicação, por

meio de uma escala percentual de notas, em que zero corresponde a nenhuma injúria e

100 à morte das plantas (Fitotoxidade) e será determinada a altura e clorofila. Os dados

obtidos foram:

Experimento mal planejado 1

OBS: A ocorrência de deriva reduz a eficácia do herbicida no controle das plantas daninhas, fato que é contornado com

o aumento compensatório da dosagem, resultado em gastos desnecessários e contaminação ambiental. 23

Unidade

amostral

Geléia de

goiaba Tipo de açúcar

Acidez

(% de ácido Cítrico)

Ferro

(ppm)

1 A 50% Mascavo e 50% Cristal 0,96 17,00

2 B 100% Cristal (Laboratório) 1,15 -

3 C 100% Mascavo 0,96 39,00

4 D 100% Cristal (Comercial) 1,34 -

O açúcar é o componente essencial à fabricação de geléias, onde geralmente é utilizado

o açúcar cristal, entretanto, devido às etapas de seu preparo, acaba sendo adicionado

aditivos que permanecem no produto e ocorre também a perda de muitas qualidades

nutricionais, sendo assim uma alternativa não muito interessante para o consumidor.

O uso do açúcar mascavo em geléias é uma forma de agregação de valor.

O experimento foi realizado com o objetivo de avaliar as características físico-

químicas de geléias de goiaba produzidas com açúcar cristal e mascavo. Os dados obtidos

foram:

Experimento mal planejado 2

OBS: A produção de geléia em si é uma alternativa interessante para um produtor agrícola, pois a goiaba processada na

forma de geléia apresenta melhor preço para o produtor. 24

Princípios básicos da

experimentação

A pesquisa científica está constantemente se utilizando de experimentos para

provar suas hipóteses. É claro que o procedimento para realizar um experimento

varia de acordo com a área para a qual está se fazendo uma pesquisa.

Porém, todo experimento deve seguir alguns princípios básicos, para que

as conclusões sejam válidas. Os princípios básicos da experimentação são:

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1) Repetição

2) Casualização

3) Controle local

A repetição consiste em aplicar o mesmo tratamento a várias unidades

experimentais, ou seja, consiste na reprodução do experimento básico. Não existe

uma regra dizendo qual deve ser o número mínimo de repetições. Isto depende

do conhecimento do pesquisador sobre o assunto e do conjunto de condições em

que será realizado o experimento.

Como regra prática, sugere-se que os experimentos tenham pelo menos 20

unidades experimentais e 10 graus de liberdade para o resíduo.

1) Repetição

Princípios básicos da experimentação

Quanto maior é o número de repetições, espera-se

que seja maior a precisão do experimento.

Em termos estatísticos, o uso do princípio da repetição tem por finalidade obter

uma estimativa do erro experimental. 26

O princípio da casualização consiste em distribuir ao acaso os tratamentos às

unidades experimentais. Este princípio tem por finalidade propiciar, a todos os

tratamentos, a mesma chance de serem designados a qualquer uma das unidades

experimentais, visando evitar que algum dos tratamentos seja sistematicamente

favorecido ou desfavorecido por fatores fora de controle do pesquisador. Assim com o

uso do princípio da casualização, as variações que contribuem para o erro

experimental são convertidas em variáveis aleatórias.

Estatisticamente, com o uso do princípio da casualização em um experimento:

a) obtém-se uma estimativa válida do erro experimental;

b) fica garantido o uso de testes de significância, pois os erros experimentais

atuam de forma independente nas diversas unidades experimentais.

2) Casualização

TODO experimento deve

conter no mínimo os

princípios básicos da

repetição e da casualização.

Princípios básicos da experimentação

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O uso do princípio do controle na casualização só é recomendado quando as

unidades experimentais não são ou não estão sob condições homogêneas devido a

influência de um ou mais fatores.

Princípios básicos da experimentação

3) Controle local

Para utilizar este princípio, é necessário inicialmente dividir as unidades

experimentais em blocos de unidades de tal forma que dentro de cada bloco haja

homogeneidade e um número de unidades igual ao número de tratamentos do

experimento. A distribuição dos tratamentos as unidades é feita então dentro de cada

bloco. Daí o nome do princípio controle na casualização.

A finalidade, do uso do princípio do controle na casualização, é reduzir o efeito do

erro experimental através do controle da variação existente entre as unidades

experimentais. Espera-se que com o controle na casualização a estimativa obtida

para o erro experimental seja menor. 28

“Consultar um estatístico depois

que os dados já foram colhidos é

como pedir uma autópsia para saber

do que o experimento morreu”

“To call in the statistician after the experiment is done may be no more then

asking him to perform a post-mortem examination: he may be able to say

what the experiment died of.”

(Ronald A. Fisher)

(Ronald A. Fisher : 1890-1962)

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Circularidade do método científico

Em uma pesquisa científica o procedimento geral é de formular hipóteses e verificá-

las, diretamente, ou através de suas consequências. Para tanto, é necessário um conjunto

de observações ou dados, e o planejamento de experimentos é essencial para indicar o

esquema sob o qual as hipóteses podem ser testadas.

As hipóteses são testadas por meio de métodos de análise estatística que dependem do

modo como as observações ou dados foram obtidos, e desta forma, o planejamento do

experimento e a análise dos resultados estão intimamente ligados e devem ser utilizados

em uma certa sequência nas pesquisas científicas:

(ii)

Observações

(iv)

Desenvolvimento

da teoria

(iii)

Teste das hipóteses

formuladas

(i)

Formulação

de hipóteses

Planejamento Análise estatística

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