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Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

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Introdução à Radiologia

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NOTA DA EDITORA: A área da saúde é um campo em constante mudança. As normas de segurança padronizadas precisam ser obedecidas; contudo, à medida que as novas pes­quisas ampliam nossos conhecimentos, tornam-se necessárias e adequadas modificações te­rapêuticas e medicamentosas. Os autores desta obra verificaram cuidadosamente os nomes genéricos e comerciais dos medicamentos mencionados, bem como conferiram os dados referentes à posologia, de modo que as informações fossem acuradas e de acordo com os patlrões aceitos por ocasião da publicação. Todavia, os leitores devem prestar atenção às informações fornecidas pelos fabricantes, a fim de se certificarem de que as doses preco­nizadas ou as contra-indicações não sofreram modificações. Isso é importante, sobretudo, em relação a substâncias novas ou prescritas com pouca freqüência. Os autores e a edito­ra não podem ser responsabi lizados pelo uso impróprio ou pela aplicação incorreta dos produtos apresentados nesta obra.

Os autores e a editora empenharam-se para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores dos direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo­se a possíveis acertos caso, inadvertidamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida.

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M265i

Marchiori, Edson introdução à radiologia/ Edson Marchiori , Maria Lúcia de OI iveira Santos. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2009. il.

Inclui índice ISBN 978-85-277-1561-4

1. Radiologia médica. 2. Diagnóstico radioscópico. l. Santos, Maria Lúcia de Oliveira. II. Título.

09- 11 13.

12.03.09 13.03.09

COO: 6 16.0757 CDU: 616-073.5

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O estudo radiológico do tórax é largamente utilizado e recomendado devido a sua importância no diagnóstico das doenças pulmonares, pl~urais, mediastinais e do arcabou­ço ósseo. A boa relação custo/benefício o torna o exame mais utilizado em muitos departamentos. A radiografia do tórax serve também para futuras comparações com exames subseqüentes, ao fornecer dados sobre a evolução da doença. Embora a radiografia de tórax não substitua a boa história clínica e o minucioso exame físico, ela pode demonstrar lesões não identificadas ao exame clínico ou em pacientes assintomáticos.

A

INCID~NCIAS

Rotina Mínima:

Edson Marchiori Felipe von Ranke

Flávio Azeredo Gláucia Zanetti

Póstero-anterior (PA) e Perfil

A rotina mínima para avaliação do tórax consiste na inci­dência em póstero-anterior (PA) (Fig. 5. lA) em conjunto com a incidência em perfil esquerdo (Fig. 5. lB), ambas realizadas em posição ortostática.

A incidência em póstero-anterior é assim denominada porque o feixe de raios X atravessa o paciente entrando pelo

B

Fig. 5.1 A e B, Radiografias do tórax em póstero-anterior (A) e perfil (8). Exame radiológico normal.

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dorso, estando o filme localizado em relação com a região anterior do tórax. Desta forma, o filme encontra-se mais próximo do coração e a imagem cardíaca torna-se mais fiel , já que ocorre menos divergência do feixe de raios X. Para evitar distorções da imagem, algumas regras precisam ser respeitadas, tais como: (1) o tórax do paciente deve estar o mais próximo possível do filme; (2) a distância da ampola de raios X (foco/filme) deve seguir o padrão de 1,80 m; (3) a radiografia deve ser obtida em apnéia inspiratória máxima.

Em pacientes muito debilitados e, portanto, impossibi­litados de realizar a incidência em PA, pode-se realizar a incidência em AP, no leito. O dorso do paciente estará mais próximo do filme. Neste caso, o observador deve estar aten­to para as distorções que podem ocorrer, tais como aumento da imagem cardíaca e horizontalização das costelas.

A incidência em perfil irá receber o nome do lado que está em contato com o filme. Na rotina mínima do tórax tem-se como padrão o perfil esquerdo, ficando o coração mais próximo do filme, minimizando as distorções de sua imagem. O perfil direito pode ser solicitado caso haja ne­cessidade de avaliar uma lesão encontrada do lado direito.

Por que é realizada a incidência em perfil? Para que possam.ser avaliadas as chamadas zonas mudas

do PA, ou seja, regiões torácicas que não são visíveis no PA. São e las: região retroesternal, região retrocardíaca, seios costofrênicos posteriores e regiões localizadas atrás das costelas: Sua importância está, também, na capacidade de auxiliar a localização no sentido ântero-posterior de certas lesões, uma vez que a incidência em PA não permite a per­cepção de profundidade. Por exemplo, nódulo localizado lateralmente ao coração: está no lobo inferior ou no lobo médio? O perfil irá esclarecer, na maioria das vezes.

Desta fonna, o estudo do tórax em apenas uma incidência (PA) é incompleto. Ainda hoje vemos médicos solicitando

A

"raio X de tórax em PA", ou "radiografia dos pulmões", ou, ainda, "radiografia dos campos pleuropulmonares". Esse tipo de requisição subentende apenas uma incidência. O pedido correto deve ser: " radiografias do tórax em PA e perfil".

Em condições especiais outras incidências complemen­tares podem ser realizadas, com indicações específicas. São elas:

Ápico-lordótica

A radiografia é adquirida no sentido ântero-posterior (AP). inclinando-se o paciente para trás (lordose), sobre o suporte da chapa, onde se encontra o filme. Em pacientes impossibi-1 itados de adotar a postura lordótica, pode-se fazer uma AP ereta, angulando-se o feixe de raios X cefalicamente cerca de 15 a 30 graus. Esta incidência é utilizada quando existe necessidade de avaliar os lobos superiores, médio e língula, evitando a superposição com estruturas ósseas do tórax su­perior, como a clavícula e as primeiras costelas (Fig. 5.2).

Decúbito Lateral com Raios Horizontais (Incidência de Laurell) ·

Esta incidência é feita com o paciente em decúbito lateral, ou seja, o seu flanco estará em contato com a mesa. O feixe de raios X irá penetrar em direção paralela à mesa, estando o filme perpendicular a ela. Serve para identificar pequenos derrames pleurais não localizados nas incidências em PA e perfil, auxiliando a diferenciação desta lesão em relação a um espessamento pleural (processo antigo). O lado suspeito deverá estar em contato com a mesa, permitindo que o líqui­do "corra" para a parede lateral do hemitórax. Com a modi­ficação da posição do paciente, o líquido também muda de posição, confirmando-se, assim, o derrame, já que o espes-

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Fig. 5.2 Em A, radiografia em PA mostrando pequena opacidade no lobo superio r direito. Em B, incidência em lordótica. definindo melhor a imagem nodular.

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Fig. 5.3 Radiografia feita em decúbito lateral direito com raios horizontais (incidência de Laurell), mostrando volumoso derrame pleural direito.

sarnento é fixo (Fig. 5.3). Outra indicação é a visualização da mobilidade do conteúdo de uma cavidade (p. ex., o as­pergiloma ou bola fúngica, que é uma bola de fungos móvel dentro de uma cavidade antiga, em geral tuberculosa).

Radiografias em Inspiração e Expiração

Radiografias obtidas em inspiração e expiração máximas aux iliam o estudo de:

A

., Aprisionamento aéreo. 'r Mobilidade dos diafragmas. , Expansibilidade pulmonar.

r ·

Em condições normais, utilizando-se esta técnica é ob­servada uma diferença de cerca de 5 a 1 O cm na altura dos diafragmas. Pode-se, com este estudo, fazer o diagnóstico de paralisias deste músculo, de processos que reduzem a e lasticidade pulmonar (enfisema, fibrose pulmonar etc.) e avaliar a presença de pequenos pneumotóraces (ar na cavidade pleural). Nas radiografias expiradas os pneumo­tóraces aparecem com muito mais nitidez, pois o pulmão na expiração está menos aerado e, por~anto, mais denso, aumentando seu contraste com o ar (Fig. 5.4). Além disso, a maior nitidez ocorre pelo fato de a redução do volume pulmonar na expiração aumentar, de forma relativa, o volu­me do pneumotórax. Ora, se o diafragma sobe e o pulmão

B

Fig. 5.4 Radiografias do tórax obtidas em inspiração (A) e expiração (B), evidenciando em B pneumotórax à direita, não identificado na fase i nspiratória.

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reduz de volume, obviamente irá parecer que o pneumo­tórax ocupa maior espaço.

Uma outra indicação seria o enfisema valvular obstru­tivo, causado, na maioria das vezes, por um processo çle obstrução brônquica. Este se faz em três diferentes fases: l.ª fase - a lesão (em geral um tumor) não tem ainda ta­manho suficiente parlt interferir na ventilação. Sabe-se que o calibre dos brônquios varia com a fase respiratória, sendo mais calibrosos na inspiração e reduzindo seu calibre na ex­piração; 2.ª fase - o tumor atinge tamanho suficiente para obstruir o brônquio na expiração, em que o calibre é menor, mas ainda permite a entrada de ar na inspiração (calibre maior); 3.ª fase - o tumor obstrui totalmente o brônquio, levando a uma atelectasia. Então, na 2.ª fase, a radiografia em expiração possui muita importância, porque mostrará uma zona do parênquima onde o ar entrará normalmente na inspiração (calibre maior), mas não sairá na expiração (calibre menor), ficando, assim, retido. Na radiografia em expiração poderá ser identificada uma zona hiperaerada, contrastando-se com o restante do parênquima que estará pouco aerado (enfisema valvular obstrutivo).

Radiografias Penetradas

Radiografias penetradas são obtidas com o uso de uma quilovoltagem maior do que a habitual. Usa-se, em geral, de 1 O a 20 kV acima da quilovoltagem da radiografia de rotina.

Esta radiografia "mais queimada" é útil na identificação das estruturas mediastinais e na tentativa de visibilização de estruturas através de opacidades, como, por exemplo, o estudo dos arcos costais na presença de derrame pleural ou de massa adjacente à parede.

Oblíquas

Incidências oblíquas são realizadas angulando-se o pa­ciente em relação ao PA ou perfil. No tórax, sua indicação principal é dissociar imagens encontradas no PA e perfil de planos vizinhos. Não há uma obliqüidade preestabele­cida para este estudo. Deve ser feita a angulação suficiente para dissociar-se a estrutura em questão. É também muito útil nos casos de traumatismos torácicos, para avaliação da \.~te.~tidade das costelas.

Es6fago Contrastado

O esôfago, em condições normais, não é visualizado, por ter densidade de partes moles, e, conseqüentemente, não contrastar com as outras estruturas mediastinais que, à ex­ceção da traquéia, têm todas a mesma densidade. Quando se ingere um meio de contraste (bário e, em casos excep­cionais, iodo), podemos ver um molde interno desse ór-

Fig. 5.5 Incidência em perfil com o esôfago opacificado, mostrando o órgão de topografia e calibre normais.

gão, estudando-se, então, suas relações com as estruturas adjacentes (Fig. 5.5).

Radiografias do tórax com esôfago contrastado são ex­tremamente úteis para o estudo do coração, devido a sua íntima relação com o átrio esquerdo, como será visto no capítulo sobre o aparelho cardiovascular. Basicamente o esôfago contrastado é utilizado para o estudo do medi a~­tino, observando-se a relação dele com os outros órgãos deste compartimento. Pode-se diagnosticar não só afecções do próprio esôfago (tumores, divertículos, megaesôfago, varizes etc.) como, também, compressões extrínsecas (átrio esquerdo, linfonodomegalias etc.).

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE OBTENÇÃO DA RADIOGRAFIA

Antes de iniciar a análise da radiografia em busca de aJte­rações, alguns parâmetros devem ser observados de forma a avaliar a qualidade das radiografias do tórax:

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~ A identificação da radiografia (data e códigos), por convenção, encontra-se à direita do paciente (esquerda do observador), orientando o posicionamento no negatos­cópio. Obviamente o posicionamento cardíaco (à direita do observador) também serve de orientação nesse senti­do, porém, é preciso lembrar que existem casos de situs inversus totalis, nos quais há inversão total da topografia dos órgãos. ~ Rotação: o posicionamento inadequado do paciente

pode levar à rotação da imagem radiográfica e, caso isto ocorra, podem ocorrer falhas de interpretação. Por exemplo, uma radiografia com posicionamento rodado pode simular aumento cardíaco. A rotação é avaliada da seguinte forma: as extremidades mediais das clavículas devem apresentar­se equidistantes aos processos espinhosos vertebrais. ·~ Penetração: quando a penetração do feixe de raios

X é adequada, não se observa a coluna torácica retrocar­díaca no PA. Na radiografia em perfil, devemos observar o gradiente de densidade da coluna vertebral, que vai de hipotransparente superiormente (devido à superposição de estruturas mediastinais, como os grandes vasos) a hiper­transparente inferiormente. ~ Fase respiratória: a radiografia deve ser realizada no

~nal da fase inspiratória (momento de inspiração máxima). E solicitado que o paciente encha o peito de ar e, poste­riormente, prenda a respiração (apnéia). Desta forma, as hemicúpulas frênicas localizam-se entre o 1 O.º e 11.º arcos costais posteriores. Caso a radiografia seja obtida na fase expiratória há possibilidade de erro diagnóstico. O coração irá parecer aumentado de tamanho em função da subida do diafragma. O pulmão, com menos ar, irá encontrar-se mais denso. ~ Centraliz~ão: devem ser incluídas na radiografia de

tórax a região cervical inferior, a porção proximal dos úme­ros e o abdome superior.

ROTEIRO PARA ANALISE DA RADIOGRAFIA DE TÓRAX

A análise da radiografia deve ser realizada de fora para den­tro, comparando-se um hemitórax com o outro. É de fun­damental importância a realização de um roteiro de análise para que alterações não passem despercebidas. Sugestão de roteiro de análise:

1. Partes moles. 2. Esqueleto torácico. 3. Abdome superior, cúpulas diafragmáticas e seios

costofrênicos. 4. Mediastino. 5. Hilos pulmonares. 6. Pleura. 7. Pulmões.

Estudo Rad iológico do Tórax 33

Partes Moles

Podem ser observadas as mamas, em alguns casos os ma­. milos, o músculo estemocleidomastóideo, as dobras axi­lares, as fossas supraclaviculares e a linha companheira da clavícula. Deve-se estar atento às imagens das mamas, uma vez que na paciente mastectomizada unilateralmen­te a mama restante poderá simular hipotransparência. Além disso, por tratar-se de paciente com história pato­lógica pregressa de carcinoma de mama, deve-se aten­tar às metástases pulmonares. Cuidado especial também deve ser dado à imagem dos mamilos, presente tanto em radiografias de homens como de mulheres, que podem simular nódulos nas bases. Nas partes moles podemos identificar calcificações patológicas (p. ex., linfonodos calcificados, cisticercose), presença de gás (abscesso, enfisema subcutâneo) e aumento de partes moles (p. ex., massa de tireóide).

Esqueleto Torácico

Observar as costelas, a coluna torácica, as escápulas, as clavículas, o esterno e a porção proximal dos úmeros. Es­tar atento à presença de fraturas, lesões esclerosantes ou osteoblásticas, que levam à formação de osso, aumentando sua densidade; ou, ainda, lesões líticas que, por estimula­rem a reabsorção óssea, constituem lesões com densidade diminuída.

As partes posteriores dos arcos costais têm aspecto mais denso, articulam-se à coluna vertebral e possuem concavidade inferior. As partes anteriores desaparecem na porção média ao juntarem-se às cartilagens costo­condrais, possuindo concavidade superior. As costelas devem ser avaliadas da seguinte forma: inicialmente os segmentos posteriores de 1 a 12, em seguida os anterio­res e, finalmente, os laterais de um lado e em seguida do outro lado. A contagem das costelas deve ser feita pelas costelas posteriores, por serem mais densas aos raios X, totalizando 12. Em certas condições este número pode estar alterado como, por exemplo, na síndrome de Down ( 11 costelas). As costelas podem apresentar-se bífidas no arco anterior (costela de Lushka), também podendo ocorrer a união de arcos costais. A ocorrência de cos­telas cervicais pode levar à compressão da raiz neural. Fraturas de costelas superiores podem associar-se a le­sões aórticas e de vasos braquiocefálicos; fraturas de costelas inferiores podem lesar órgãos abdominais. A ausência de costela pode indicar cirurgia prévia. Fraturas consolidadas de costela podem ser indicativas de maus tratos em crianças. Na artrite reuma~óide pode ocorrer

· reabsorção da porção distal das clavícu las. A coluna torácica e o esterno serão mais bem visualizados na in­cidência em perfil.

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Abdome Superior, Hemicúpulas Diafragmáticas e Seios Costofrênicos

Em condições normais a hemicúpula frênica direita é mais alta do que a esquerda, em função da presença do fígado · abaixo da primeira e do coração acima da última. As cú­pulas frênicas são convexas e se inserem na parede torá­

cica, formando os seios costofrênicos anterior, posterior e

laterais. Os recessos p\eurais justapostos ao coração são denominados seios cardiofrênicos. Os derrames pleurais, por força da gravidade, tendem a se acumular nos seios costofrênicos, especialmente no posterior. Uma das cúpulas diafragmáticas pode apresentar-se anormalmente alta tanto por redução do volume do pulmão como por paralisia do nervo frênico homolateral. A retificação das cúpulas ocorre

· em condições que levam a hiperinsuflação (p. ex., enfisema pulmonar). No perfil o hemidiafragma direito é visualiza­do inteiramente, pois contrasta com a hipertransparência pulmonar; já o esquerdo não pode ser visualizado em seu terço anterior devido à superposição de sua imagem com a do coração, que também tem densidade de partes moles. Na radiografia em posição ortostática observa-se a bolha gástrica, que nada mais é do que ar localizado no fundo gástrico. A distância entre a bolha gástrica e o pulmão de­ve ser menor do que 1 cm; o aumento desse espaço pode indicar doença gástrica (tumor de fundo gástrico com es­pessamento de parede) ou torácica (derrame pleural infra­pulmonar). No megaesôfago a bolha gástrica pode não ser observada. O barramento do contorno diafragmático, bem como o velamento dos seios costofrênicos e/ou cardiofrê­nicos, indicam presença de derrame pleural ou de doença parenquimatosa. Na avaliação do abdome superior deve-se observar·as lojas hepática e esplênica, que têm densida­de homogênea de partes moles. Presença de calcificações ou de coleções gasosas na "massa" desses órgãos é sinal de anormalidade. Hepatomegalia, esplenomegalia, cálcu­los biliares radiopacos e outras calcificações abdominais também podem ser observados. A presença de gás na re­gião subdiafragmática pode traduzir pneumoperitônio (ar na cavidade peritoneal , com o típico sinal do "crescente infradiafragmático") ou, ainda, abscesso subfrênico.

Mediastino

Mediastino é a região anatômica compreendida entre os dois pulmões. É uma região de estudo radiológico convencional muito difícil, uma vez que compreende um número grande de estruturas (coração, vasos de base, traquéia, nervos, linfo­nodos, esôfago etc.), praticamente todas (exceto a traquéia, que contém ar) com a mesma densidade radiológica.

Assim, nas radiografias de rotina, são vistos apenas. os limites externos desta região, contrastados com o parên­quima pulmonar.

Para a melhor classificação topográfica de suas lesões, o mediastino pode ser dividido em compartimentos. Das várias divisões propostas pelos autores, a mais adotada é a seguinte: mediastino superior e mediastino inferior, o qual se divide em anterior, médio e posterior.

O superior se separa do inferior por uma linha imaginá­ria, traçada da junção do manúbrio com o corpo esternal até o disco intervertebral de T4-T5.

lnferiormente, a face anterior do pericárdio separa o mediastino anterior do médio, linha esta que se prolonga pelo tronco vascular para o pescoço. O pericárdio posterior, continuando-se com a parede posterior da traquéia, separa o mediastino médio do posterior.

A goteira paravertebral, embora não faça parte do me­diastino, é estudada junto com o mediastino posterior, já que suas massas têm o mesmo comportamento topográfico.

É também conveniente separar o mediastino superior em anterior e posterior, com a traquéia como divisora. O rnediastino é assunto de um capítulo específico (Cap. 8).

É importante saber que o contorno do mediastino normal em PA é dado pelas seguintes estruturas: à direita, o átrio direito, inferiormente, e a veia cava, mais superiormente; à esquerda, crossa da aorta, superiormente, tronco da arté­ria pulmonar, no terço médio, e ventrículo esquerdo, infe­riormente. Já no perfil, seu contorno anterior é dado pelo ventrículo direito, inferiormente, e pelos vasos da base e timo, superiormente; o posterior, pelo esôfago e ramo des­cendente da aorta.

Hilos Pulmonares

Os hilos pulmonares são anatomicamente compostos pe las artérias pulmonares, brônquios e linfáticos. As veias pul­monares chegam ao coração em topografia mais baixa do que o hilo, num trajeto mais horizontalizado. Os brônquios nesta região não são vistos ao exame radiológico, e os lin­fonodos, a menos que aumentados de tamanho, também não aparecem. Assim, o que compõe a imagem radio lógi ca do hilo normal, na verdade, são os ramos principais das artérias pulmonares . O hilo direito é um pouco mais bai xo do que o esquerdo. Aumento de volume dos hilos pode se dar tanto por dilatação das artérias pulmonares (hipertensão arterial pulmonar) quanto por linfonodomegalias.

Pleura

Os folhetos parietal e visceral da pleura não são visíveis e m uma radiografia de tórax normal, já que suas imagens se mis­turam com a densidade de partes moles da parede torácica, mediastino e diafragma. Ocasionalmente, as cissuras pleu­rais podem estar visíveis na radiografia normal de tórax. Os folhetos pleurais são, porém, mai s bem identificados quando o espaço entre eles é ocupado por algum material, seja ele ar.

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como no pneumotórax, ou líquido, como no derrame pleu­ral; neste último, pode até simular pneumonia, como ocorre quando a cissura horizontal está comprometida.

Existem duas cissuras principais à direita, a oblíqua e a horizontal, que dividem o pulmão em três lobos, supe­rior, médio e inferior. À esquerda existe apenas uma, a oblíqua, que divide este pulmão em dois lobos, o superior e o inferior.

Podem ocorrer variantes anatômicas e cissuras acessó­rias podem ser observadas, criando lobos acessórios, como é o caso do lobo da veia ázigo.

Pode, também, ocorrer ausência de cissuras, mas isto não implica alteração na segmentação pulmonar; estudos feitos em cadáveres demonstram que as cissuras em gran­d~ número são incompletas e, em menor escala, são ine­xistente~.

Pulmões

A análise dos pulmões é feita basicamente em busca de diferenças de transparência: áreas hipotransparentes (con­densação ou opacidade) e áreas hipertransparentes. A ima­gem normal do pulmãG é hipertransparente, com algumas estrias densas que são os vasos pulmonares. Estes podem

Estudo Radiológico do Tórax 35

ser identificados até cerca de l ,5 cm das superfícies pleu­rais, exceto nos ápices, onde a distância pode ser de 3 cm da pleura. Na posição ereta, os vasos do lobo superior são

· visualizados com calibre menor do que aqueles das bases. Essa diferença de calibre reflete a distribuição do fluxo san­güíneo, maior na parte inferior dos pulmões. Além disso, o diâmetro ântero-posterior do tórax é maior inferiormente, de modo que há mais vasos superpostos nas bases, acen­tuando a diferença aparente de calibre e número de vasos entre essas duas regiões.

Anatomicamente, os pulmões são divididos em lobos e segmentos. A divisão lobar dos pulmões é dada por duas cissuras à direita (horizontal ou menor e oblíqua ou maior), formando os lobos superior, médio e inferior. À esquerda existe apenas a cissura oblíqua, delimitando os lobos su­perior e inferior. Toma-se importante que a topografia de cada segmento pulmonar seja exaustivamente revista nos livros básicos de anatomia.

É recomendado que o estudante compare os dois pul­mões, a cada espaço intercostal, até que o tórax normal seja inteiramente familiar. O conhecimento dos padrões da normalidade e suas variações anatômicas possibilitará, então, o reconhecimento de alterações sugestivas de pro­cessos patológicos.

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PADRÃO ALVEOLAR

O padrão alveolar ou do espaço aéreo é caracterizado por opacidade homogênea, a qual pode variar, de acordo com a extensão, de pequena, subsegmentar até o acometimen­to de todo um pulmão. Ocorre pela ocupação do espaço aéreo por outras substâncias que não o ar: exsudato nas pneumonias; transudato nos edemas pulmonares; sangue nas hemorragias; células neoplásicas no caso de linfoma e outros tumores; e materiais estranhos no caso de aspiração (afogamento, aspiração de óleo mineral etc.).

Os poros de Kohn e canais de Lambert permitem adis­seminaçã9 dessas substâncias para os alvéolos adjacentes. Essas comunicações alveolares não existem entre os lobos, já que estes são delimitados pelas cissuras lobares, imper­meáveis. Com a progressão da ocupação, os espaços aéreos individuais acometidos se superpõem, podendo levar a uma densidade uniforme do lobo ou pulmão afetado (Fig. 6.1 ). Quando ocorre essa consolidação, os brônquios em seu interior podem tornar-se visíveis, sendo então observado o "broncograma aéreo", que indica acometimento do pa­rênquima adjacente. O brônquio, preenchido com ar, que possui baixa densidade, se destaca em meio à consolidação, que possui densidade maior, de partes moles (Fig. 6.2).

PADRÃO INTERSTICIAL

O interstício pulmonar é todo o tecido conjuntivo de sus­tentação que mantém a arquitetura alveolar. Os vasos, brônquios e linfáticos situam-se no interstício que, dida­ticamente, pode ser dividido em: ( 1) tecido inteFsticial peribroncovascular (envolve vasos e brônquios); (2) te­cido intersticial subpleural (aderente ao fol heto visceral

Edson Marchiori Maria Lúcia Santos

Flávio Azeredo Gláucia Zanetti

da pleura); (3) tecido intersticial parenquimatoso (zona parenquimatosa).

No processo de infiltração intersticial peribroncovascu­lar, radiologicamente ocorre: ( L) borramento dos contornos brônquicos, vasculares e dos hilos pulmonares, por espes­samento das bainhas destas estruturas; (2) aparecimento das linhas B de Kerley logo acima dos seios costofrêni­cos. As linhas B de Kerley são linhas horizontais densas, que medem 1 ,5 a 2 cm de comprimento, sendo mais bem visualizadas na parte inferior do pulmão, junto aos seios costofrênicos, correspondendo a septos interlobulares es­pessados (Fig. 6.3). O envolvimento peribroncovascular geralmente decorre de processos de evolução rápida, como falência cardíaca.

O espessamento do tecido subpleural pode traduzir-se por cissuras pulmonares e limites pleurais marcados.

Infiltrações intersticiais parenquimatosas podem apare­cer na forma de padrão reticular (forma de rede ou trama), micronodular (forma de pequenos nódulos) e reticulono­dular (ambas as formas) (Figs. 6.4 e 6.5).

As lesões reticulares têm inúmeras causas: viroses, colit­genoses, paracoccidioidomicose, sarcoidose, asbestose etc. O padrão micronodular tem um número menor de causas: tuberculose, paracoccidioidomicose, histoplasmose, pneu­monias virais ou por germes atípicos (p. ex., Mycoplasma). sarcoidose e silicose.

De maneira geral, no padrão intersticial, a aeração pul­monar é mantida e o processo pode ser localizado ou ge­neralizado.

Vale ressaltar que combinações dos padrões alveolar e intersticial podem ocorrer, corrio pode ser observado no edema pulmonar e em determinadas pneumonias, como a causada pelo Mycoplasma.

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A B

Fig. 6.1 Em A, incidência frontal (PA). Pneumonia no lobo superior direito, com ocupação do espaço aéreo. Notar a cissura horizontal delimi­tando o processo. Em B, perfil demonstrando processo restrito ao segmento posterior do lobo superior do pulmão direito.

Fig. 6.2 Extensas consolidações pulmonares. Padrão de ocupação al­veolar. Observar os broncogramas aéreos à esquerda.

SINAL DA SILHUETA

Todas as linhas vistas nas radiografias (contornos) são da­das pelo contato entre duas densidades diferentes. Assim, o contorno cardíaco é visto pela diferença de densidade entre as partes moles do coração e o ar pulmonar. Uma lesão in­tratorácica que toca a borda do coração, aorta ou diafragma poderá obliterar essa borda na radiografia. Sempre que o

parênquima pulmonar adjacente a uma dessas estruturas sofre um processo patológico em que a densidade do ar é substituída pela de partes moles, aquele limite ou contor­no é perdido. Essa perda de contorno é chamada de "sinal da silhueta" (Fig. 6.6). Assim, se uma lesão (p. ex., pneu­monia) acomete o lobo médio, poderá borrar o contorno direito do coração. Outros exemplos:

>- Segmentos basais: borram o contorno do diafragma. >- Língula: apaga o contorno cardíaco esquerdo. >- Segmento anterior do lobo superior direito: altera a

aorta ascendente. >- Segmento ápico-posterior do lobo superior esquer­

do: apaga o botão aórtico.

ATELECTASIA

A atelectasia é o estado de expansão incompleta de um pulmão ou parte dele com perda do volume pulmonar, co­labamento e redução ou ausência de ar nos alvéolos.

Constitui-se em uma lesão secundária, sendo, na reali­dade, uma conseqüência, e não a doença em si.

Etiologicamente, a atelectasia pode ser classificada da seguinte maneira:

>- Atelectasia obstrutiva: por obstrução da luz brôn­quica, ocasionando a absorção do ar distalmente a esta obstrução.

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A B

Fig. 6.3 Em A, pacienre com insuficiência cardíaca congestiva, apresentando aumento da área cardíaca e edema intersticial. Observar as linhas de Kerley no detalhe (B) .

Fig. 6.4 infiltração nodular, padrão miliar (pequenos nódulos).

);;> Atelectasia por compressão: ocorre por proces­so compressivo que impede a expansão pulmonar. Exemplos: pneumotórax, derrame pleural, hernia­ção abdominal para o tórax e tumores extrapulmo­nares volumosos.

);;> Atelectasia por déficit de movimentação do esquele­to torácico ocasionada pela restrição de movimento devido à dor torácica. Exemplos: trauma, fratura de costela, dor pleurítica.

);;> Ate lectasia por deficiência de surfactante: essa de­ficiência causa colapso alveolar. É encontrada na

Fig. 6.5 Infiltração reticular.

síndrome da angústia respiratória do recém-nasci­do (membrana hialina), na síndrome do desconforto respiratório do adulto (SDRA), na embolia pulmo­nar e na pneumonite actínica.

Os achados radiográficos são: diminuição devo­lume do segmento, lobo ou pulmão afetado, com deslocamento de uma ou mai s cissuras interloba­res em direção à parte atelectasiada. Os brônquios também podem estar des locados. A presença de "bronco grama aéreo" é incomum (Figs. 6.7. 6.8 e 6.9).

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Fig. 6.6 Perda da definição do contorno cardíaco à esquerda devido a consolidação parenquimatosa (sinal da silhueta).

Fig. 6.7 Consolidação do lobo superior direito com componente ate­lectásico evidenciado por elevação da cissura horizontal. Observar também broncogramas aéreos.

~ Podem ocorrer também elevação do diafragma, des­vio do mediastino para o lado envolvido, desloca­mento hilar, estreitamento dos espaços intercostais e hiperinsuflação compensatória. São possíveis gran­des variações na opacidade causadas pela atelecta­sia, dependendo da quantidade relativa de pulmão aerado, colabado e cheio de líquido. A opacidade pode ser completa e homogênea quando a atelecta­sia envolve todo um pulmão. Tanto brônquios quan­to o parênquima podem ficar sem ar na atelectasia causada por obstrução. Geralmente, quando ocor­re desvio mediastinal, ocorre também herniação do pulmão oposto através da linha média do tórax.

Padrões Básicos em Radiologia Torácica 39

Fig. 6.8 Atelectasia do lobo superior direito com acentuado desvio da cissura horizontal.

Fig. 6.9 Perfil do tórax. Atelectasia do lobo médio.

LINFONODOMEGALIAS

A linfonodomegalia mediastinal e/ou hilar pode estar pre­sente em processos infecciosos, neoplásicos e de outras etiologias.

São causas de linfonodomegalia:

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~ Infecciosas: a disseminação linfática de doenças co­mo tuberculose e histoplasmose pode acarretar au­mento de tamanho dos linfonodos bilares e paratra­queais, reconhecidos radiograficamente como mas­sas mediastinais e/ou bilares.

Este sinal pode ser mais proeminente do que o aco­metimento do'parênquima. Esses linfonodos podem evoluir com calcificação. A tuberculose e a histoplas­mose estão entre as causas infecciosas mais comuns de broncolitíase, que ocorre quando um linfonodo calcificado erode a parede brônquica, devido aos mo­vimentos respiratórios, cardíacos ou de deglutição, originando um trajeto fistuloso entre o linfonodo e o brônquio, e permitindo que o seu conteúdo calcifi­cado passe para o brônquio.

~ Tumorais: quando ocorre disseminação metastática para o pulmão por via linfática pode haver linfono­domegalia, além de outros sinais. No caso de carci­noma broncogênico, o tumor primário pode ser visto no parênquima e estar associado a linfonodos bilares e mediastinais aumentados, indicando estágio avan­çado, não passível de ressecção. A linfonodomegalia pode ser o primeiro sinal de linfoma torácico.

~ Outras causas: na silicose, uma doença ocupacional, é comum o acometimento de linfonodos torácicos, que podem, inclusive, apresentar calcificação. Às vezes, os linfonodos são delineados por uma fina ca­mada periférica de cálcio, o que é denominado "cal­cificação em casca de ovo". Obs.: dentre as causas

Fig. 6.10 Linfonodomegalias hilares bilaterais e paratraqueal direita, por sarcoidose.

não-infecciosas de broncolitíase, a silicose é a mais freqüente.

Na sarcoidose, doença granulomatosa idiopática, pode haver linfonodomegalia bilar e paratraqueal , mesmo sem evidências de envolvimento do parênquima pulmonar (Fig. 6. l O). Outras vezes, a linfonodomegalia acompanha o aco­metimento parenquimatoso, como infiltração intersticial reticulonodular.

NÓDULOS

O nódulo pulmonar é uma lesão arredondada ou ovalada, de limites parcialmente precisos, com menos de 3 cm de diâmetro. Podem ser classificados em pequenos (aqueles com diâmetro igual ou menor do que 1 cm) e grandes nó­dulos (quando medem entre 1 e 3 cm de diâmetro).

Nódulo Pulmonar Solitário

Cerca de 40% dos nódulos pulmonares solitários são ma­lignos, sendo o restante, comumente, granulomas ou tu­mores benignos. Um nódulo deve ser avaliado quanto ao tamanho, forma e contorno, densidade, presença de calci­ficação ou escavação (Figs. 6.11 e 6. 12). Diversos critérios são utilizados para a distinção entre nódulos benignos e malignos. Os mais efetivos nessa distinção são as carac­terísticas da calcificação (quando existente) e a presença de crescimento.

CRIT~RIOS DE BENIGNIDADE

~ Observação do tempo de duplicação: pelo menos 2 anos sem crescimento.

~ Presença de gordura. ~ Calcificações: puntiformes (no centro); em alvo (em

camadas concêntricas) ; em casca (na periferia do nódulo); difusa; em forma de pipoca.

Obs.: A presença de contorno regular não permite clas­sificar o nódulo corno benigno.

Quando um nódulo pulmonar tem mais de 2,5 cm de diâmetro, não contém cálcio e tem contorno espiculado, é suspeito de malignidade, tratando-se, provavelmente, de um carcinoma broncogênico.

Outras causas de nódulo pulmonar solitário são: granu­lomas, que ocorrem em doenças corno tuberculose e his­toplasmose; abscessos pulmonares; metástase solitária; e tumores benignos, corno o harnartoma.

No pulmão, os tumores benignos são muito mais raros do que os malignos.

O hamartorna é o tumor pulmonar benigno mais comum. Pode conter cartilagem, músculo, tecido conectivo fibroso, tecido adiposo e elementos epiteliais. Sua característica é

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B

A

Fig. 6.11 A e B, Radiografias em PA (A) e perfil (B) mostrando nódulo na base pulmonar esquerda de contorno bem definido e regular, com calc ifi­cação em pipoca em seu interior (hamartoma).

Fig. 6.12 Nódulo calcificado, de contornos bem definidos à tomogra­fia computadorizada. Observar que a densidade é semelhante à do arco costal.

um nódulo pulmonar solitário, geralmente arredondado ou ovalado, bem circunscrito, podendo ser lobulado e apre­sentar calcificação em forma de pipoca.

Pequenos Nódulos Múltiplos

Algumas doenças, como tuberculose miliar, histoplasmo­se, pneumonias virais, silicose, sarcoidose e metástases hematogênicas, podem apresentar um padrão de pequenos

nódulos múltiplos (Fig. 6.4). Estes também devem ser ana­li sados quanto ao tamanho, contorno, densidade, presença de calcificação etc.

Os nódulos podem ser intersticiais ou do espaço aéreo. Tal distinção nem sempre é fácil. É válido saber que nó­dulos do espaço aéreo tendem a confluir, ao contrário dos nódulos intersticiais.

F ig. 6.13 Metástases pulmonares. Padrão de grandes nódulos múlti­plos, predominando nas metades inferiores dos pulmões.

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Grandes Nódulos Múltiplos

A principal causa são as metástases hematogênicas. Quan­do ocorre disseminação metastática para o pulmão, geral­mente se dá por via hematogênica. São mais freqüenie­mente encontradas nas bases e periferia dos pulmões (Fig. 6.13). Podem apresentar-se como nódulo único (raramente) ou nódulos múltiplos, de diferentes tamanhos e densidades. Outras causas são embolia séptica, outras doenças infec­ciosas (tuberculose, histoplasmose, aspergilose), granulo­matose de Wegener etc.

MASSAS

São lesões com as mesmas características atribuídas aos nódulos, porém, com mais de 3 cm de diâmetro. Massa parenquimatosa com mais de 4 cm de diâmetro sugere ma­lignidade (Figs. 6.14 e6. 15). Em raros casos, hamartomas ou granulomas podem atingir esse tamanho.

ESCAVAÇÃO

Cavidades ocorrem quando uma área de necrose comu­nica-se com uma Yia respiratória pérvia, proporcionan­do drenagem. É importante analisar localização, limites, espessura da parede, seu conteúdo, presença de nível lí­quido e de lesões satélites. A incidência de Laurell pode elucidar a presença de líquido ou bola fúngica no interior da lesão.

Cavidades são comumente encontradas em doenças como tuberculose, hi stoplasmose, câncer e infecções es­tafilocócicas (Figs. 6. 16 a 6. J 8) .

Fig. 6.14 Massa no terço superior do pulmão esquerdo; observar ades­truição de arcos costais.

Fig. 6.15 Massas paratraqueais comprimindo a traquéia, acarretando diminuição de seu calibre. Observar também sinais de hiperinsutlaçào pulmonar.

Fig. 6.16 Escavação em terço inferior do pulmão esquerdo com pare­des finas, contorno nítido e regular.

Fig. 6.17 Escavação em terço superior do pulmão esquerdo com bola fúngica em seu interior e sinal do menisco (ar em forma de crescente no espaço entre a parede fina da cavidade e a bola fúngica).

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Fig. 6.18 Cavidade de parede espessa com nível líquido em seu inte­rior, na base do pulmão direito (abscesso pulmonar). Observar aumen­to do volume cardíaco e inversão do padrão vascular pulmonar.

CALCIFICAÇÕES

Calcificações do parênquima pulmonar em geral indicam benignidade. Nódulos calcificados são, na maior parte das vezes, decorrentes de doença granulomatosa, como tuber­culose e histoplasmose (Fig. 6. 19), ou de tumores benignos,

Fig. 6.19 Nódulos de contornos regulares com calcificação no interior. No nódulo inferior a calcificação é em forma de alvo.

Padrões Básicos em Radiologia Torácica 43

como o hamartoma, embora o carcinoma broncogênico possa também mostrar calcificação.

Após a cura da tuberculose primária, freqüentemente permanece um nódulo ou parte do parênquima calcificado, constituindo o único resíduo da doença. O nódulo calcifi­cado do parênquima é denominado nódulo de Ghon, que se situa mais comumente nos lobos superiores. A combinação da opacidade primária do parênquima com calcificação dos linfonodos regionais é denominada "complexo de Ranke" . O foco primário do parênquima pulmonar é geralmente único, mas pode ser múltiplo.

O hamartoma pode apresentar calcificações típicas, em forma de pipoca. Calcificação é uma característica incomum de tumores malignos do pulmão, porém, al­gumas metástases, como as de sarcomas ósseos, podem contê-la.

Calcificações linfonodais costumam ocorrer na tuber­culose, histoplasmose, sarcoidose e silicose.

Espessamentos pleurais podem conter áreas irregulares de calcificação, cujas causas mais comuns são tuberculose e asbestose (Fig. 6.20).

A calcificação em partes moles é habitualménte encon­trada na cisticercose, nos tumores e também em linfono­dos calcificados.

Fig. 6.20 Extensa calcificação pleural. Seqüela de tuberculose.

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44 Introdução à Radiologia

ENFISEMA PULMONAR

O enfisema caracteriza-se por destruição dos espaços aéreos envolvidos na troca gasosa, comprometendo bronquíolos respiratórios, duetos alveolares e alvéolos.

Ocorre distensão permanente desses alvéolos, ruptura e coalescência de suas paredes, com destruição do Jeito capilar.

O tabagismo é o principal fator de risco para o desenvol­vimento de enfisema pulmonar. Outros fatores são: expo­sições ocupacionais, poluição do ar ambiente e deficiência da enzima a 1-antitripsina.

São achados radiográficos (Fig. 6 .2 1 ):

}> Aumento variável do volume pulmonar. }> Redução da expansibilidade pulmonar. }> Rebaixamento e retificação do diafragma nas radio­

grafias em PA, com obliteração dos ângulos costo­frênicos.

}> Achatamento ou concavidade do contorno do dia­fragma na radiografia em perfil do tórax, com ângu­lo esternodiafragmático de 90° ou mais.

}> Hiperinsuflação pulmonar compensatória. }> Hipertransparencia generalizada ou irregular, de

acordo com a distribuição da destruição tecidual. }> Atenuação das marcas vasculares, diminuição do

número e calibre dos vasos, além de vascularização periférica diminuída.

}> Sinais de hipertensão arterial pulmonar.

Fig. 6.21 Enfisema pulmonar. Hipertransparência acentuada nas bases pulmonares com hiperinsuflação e retificação da hemicúpula frênica direita.

}> Formações bolhosas, que são pequenas áreas de pa­redes delgadas hipertransparentes, situadas junto à pleura visceral e aos septos interlobulares, mais fre­qüentemente nos lobos superiores.

}> Enfisema cicatricial: observa-se presença de bolhas de enfisema junto às áreas de fibrose da doença de base.

PNEUMOTÓRAX

O pneumotórax caracteriza-se pela presença de gás de qual­quer origem no espaço pleural.

Pode ser espontâneo, ou de natureza traumática, hiper­tensivo ou não.

O espontâneo pode ser primário, isto é, sem causa iden­tificável, freqüentemente decorrente de ruptura de bolha intrapleural, ou ser secundário, com acometimento do pa­rênquima pulmonar subjacente.

O pneumotórax hipertensivo é uma emergência médica. Ocorre devido ao vazamento de ar por ruptura da pleura , com mecanismo valvular unidirecional. Assim, o ar pene­tra no espaço pleural e não sai, acumulando-sy e causando colabamento completo do pulmão, desvio do mediastino para o lado oposto e depressão diafragmática. Quando de grande volume, pode levar à compressão de grandes vasos e causar choque por baixo débito. Quando atinge 1/3 do hemitórax, torna-se necessária a drenagem de emer­gência para evitar a compressão de grandes vasos.

Os traumatismos penetrantes ou não-penetrantes são a causa da maioria dos pneumotóraces traumáticos, embora causas iatrogênicas também estejam relacionadas. Outra possível causa de pneumotórax é a fístula broncopleural , cuja etiologia mais freqüente é a tuberculose. O rompi­mento de lesão subpleural pela tuberculose pode levar a empiema e pneumotórax que, persistindo por longo tempo, pode levar a espessamento pleural.

São achados radiográficos:

}> Presença de espaço aéreo radiotransparente separan­do as pleuras parietal e visceral. Os vasos estendem­se até a margem da pleura visceral, mas não além. dela (Fig. 6.22).

}> A radiografia de tórax em expiração é importan­te. Nesta incidência há aumento relativo na área do tórax ocupada pelo pneumotórax com aumento do contraste entre o ar hipertransparente e o pulmão ad­jacente mais denso, o que aumenta a sensibilidade do exame.

}> Pode aparecer associado a líquido (hidropneumotó­rax), sendo possível, na maioria das vezes, visuali ­zar a presença de nível (Fig.' 6.23).

}> No pneumotórax hipertensivo ocorre o desvio cio mediastino para o lado oposto (Fig. 6.24).

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Fig. 6.22 Pneumotórax à direita. Observar linha marginal à parede to­rácica lateral (pleura visceral) delimitando ar e parênquima pulmonar. Lateralmente a esta linha não é possível visualizar a trama vascular periférica.

DERRA ME PLEURAL

Os derrames pleurais constituem a manifestação mais comum de doença pleural. Podem ser causados por um dos seguintes mecanismos: ( 1) aumento da pressão hidrostática capilar; (2)

A

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Fig. 6.24 Pneumotórax hipertensivo à di reita com desvio mediastinal contralateral.

diminuição da pressão coloidosmótica capilar; (3) aumento da permeabilidade microvascular; ( 4) difi culdade de drenagem linfática pleural; (5) diminuição da pressão na superfície pleu­ral; (6) passagem transdiafragmática de líquido peritoneal.

A análi se do líquido pleural possibilita classifi cá-lo em transudato ou exsudato.

);;>- Transudato: a pleura está normal e o derrame é cau­sado por outras afecções, como insuficiência cardía-

B

Fig. 6.23 A. Hidropneumotórax à direita, com colabamento do parênquima pulmonar e nível líquido; B, incidência de Laurell (decúbito lateral com raios hori zontais). O líquido "corre" livremente.

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ca congestiva, cirrose hepática, síndrome nefrótica etc. Pelo fato de essas doenças serem sistêmicas, o derrame pleural transudativo costuma ser bilateral.

);;>- Exsudato: revela alteração da superfície pleural com aumento da permeabilidade ou diminuição da dre­nagem linfática em conseqüência de uma inflama­ção ou condiçãô maligna. Neste caso é necessário prosseguir a investigação com outros procedimentos para elucidar a causa subjacente.

São achados radiográficos: em condições normais exis­tem cerca de l O a 15 mi de líquido entre as pleuras parietal e visceral. O líquido primeiramente acumula-se por gravida­de no seio costofrênico posterior (Fig. 6.25). Desse modo, pequenos derrames podem ser vistos apenas na incidência de perfil ou, ainda, em decúbito lateral com raios horizon­tais (Laurell). Nesta última incidência torna-se possível detectar derrames pleurais de volumes tão pequenos quanto 50 mi de líquido. Na radiografia de tórax em PA é neces­sário um acúmulo de pelo menos 200 mi de líquido pleu­ral para causar velamento dos seios costofrênicos laterais, sendo que, às vezes, 300 mi de líquido pleural podem não causar velamento desses seios. Grandes derrames pleurais podem passar despêrcebidos em uma radiografia de tórax em AP em decúbito dorsal, pois o líquido espalha-se pelas regiões posteriores, podendo não ser visualizado.

Os derrames podem ser:

);;>- Livres: causam geralmente opacidades delimitadas internamente por uma linha curva (si nal da "pará-

Fig. 6.25 Derrame pleural obliterando o seio costofrênico posterior.

bola de Damoiseau") (Fig. 6.26), apagamento dos seios costofrênicos, barramento do contorno do dia­fragma. Grandes derrames podem causar velamento total do hemitórax, com desvio do mediastino para o lado oposto.

);;>- Interlobares: resultam do acúmulo de líquido nas cissuras, sendo mais freqüentes na horizontal. Assu­mem caracteristicamente uma opacidade homogê­nea de forma biconvexa, esférica ou elíptica, afilan­do-se em suas extremi.dades.

);;>- Subpulmonares: podem passar despercebidos, pois moldam-se à superfície diafragmática. Sua identifi­cação deve ser feita pela presença do sinal do hemi­diafragma elevado. Quando bilaterais, o diagnóstico pode ser difícil. A medida da distância entre a face superior do diafragma esquerdo e a bolha gástrica pode ajudar (não deve ser maior do que 1 cm).

);;>- Laminares: são pequenos e podem ser confundidos com espessamento pleural residual. Neste caso, a in­cidência de Laurell pode ser útil, visto que o líquido "correrá" devido à força da gravidade.

);;>- Loculados: são acúmulos de líquido pleural nas cis­suras ou entre as camadas parietal e visceral da pleu­ra quando estas se encontram parcialmente aderidas. Neste caso, geralmente são necessários outros mé­todos para o diagnóstico, como ultra-sonografia ou tomografia computadorizada.

);;>- Outros sinais geralmente encontrados são: opacida­de indistinta em um hemitórax com preservação da

Fig. 6.26 Derrame pleural à esquerda com obliteração do seio costofr.!­nico e imagem parabólica típica (parábola de Damoiseau).

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trama vascular, silhueta do diafragma de difícil dis­tinção, espessamento de cissuras e alargamento de tecidos moles parietais.

}> Empiema pleural é o acúmulo de líquido denso, es- . pesso e purulento no espaço pleural. Esse material pode ser imóvel ou mover-se minimamente com o decúbito. •

O derrame pleural pode ser estudado também pela ultra­sonografia que, inclusive, é útil para orientar o procedimen­to de punção/drenagem.

Hemotórax

O hemotórax ocorre comumente como conseqüência de traumatismo; outras causas menos freqüentes são coagu­lopatias, doenças vasculares e iatrogenia.

A radiografia de tórax mostra, geralmente, um der­rame pleural sem características típicas. Loculações e corpos de fibrina formam-se pela coagulação do sangue no espaço pleural. Tais massas de fibrina são geralmente solitárias, ovais ou esféricas, homogêneas, bem circuns­critas e localizadas nas bases pulmonares, medindo, na maioria das vezes, menos de 4 cm de diâmetro. A drena­gem pleural é necessária para evitar espessamento pleural (fibrotórax). O paquipleuris é uma lesão res idual, deter­minada pelo espessamento fibroso dos folhetos parietal e visceral. Pode ser seguido de calcificação (paquipleuris calcificado).

HEMITÓRAX OPACO

Denomina-se sindromicamente hemitórax opaco o ve­iamente de.U'm hemitórax. Uma série de afecções pode ocasioná-lo e, para o diagnóstico diferencial, torna-se im­portante avaliar o volume do hemitórax lesado. Algumas causas aumentam este volume, outras o mantêm e outras, ainda, o reduzem.

São causas de hemitórax opaco com REDUÇÃO volu­métrica:

}> Atelectasia total. Obstrução do brônquio principal. Mais comumente causada por tumor ou corpo estra­nho (Fig. 6.27).

}> Pneumectomia (retirada cirúrgica do pulmão). Pro­curar sinais de toracoplastia.

}> Agenesia de pulmão. O pulmão contralateral é vica­riante.

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Fig. 6.27 Hemitórax opaco à direita com redução de volume (atelec­tasia).

}> Pulmão destruído por processo inflamatório (p. ex., tuberculose). Pesquisar história de doença inflama­tória crônica.

Obs.: Embora os outros sinais de redução volumétrica sejam válidos (aproximação dos arcos costais, elevação da hemicúpula frênica etc.), o principal sinal é a posição do mediastino.

São causas de hemitórax opaco com AUMENTO devo­lume:

}> Volumoso derrame pleural. É a grande causa. }> Tumor ocupando todo o hemitórax. Raro. Quando

acontece, é geralmente em crianças.

São causas de hemitórax opaco com volume MANTI­DO:

}> Associação de atelectasia com derrame pleural. De­ve tratar-se de um câncer brônquico. É a causa mais comum.

}> Pneumonia acometendo todo o pulmão. É pouco freqüente. Quando acontece, em geral tem bronco­grama aéreo.

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INTRODUÇÃO

Apresentada na década de 1970, a tomografia computa­dorizada do tórax·tem como vantagens sobre a radiologia convencional a ausência de sobreposição de imagens, me­lhor resolução espacial e maior di scriminação de densi­dades, as quais podem ser medidas em valores numéricos (unidades Hounsfield).

Em meados dos anos 1980 foi desenvolvida a tomogra­fia computadorizada de alta resolução (TCAR), tornando possíveis aquisições de imagens detalhadas, próximas à anatomia microscópica. As alterações observadas na TCAR refletem as mudanças morfológicas das doenças com fide-. ..., dignidade maior do que a observada na radiografia simples ou na tomografia convencional, sendo fundamentais para o estudo das doenças intersticiais difusas.

DADOS TÉCNICOS

As imagens são adquiridas no plano transversal, com o paciente em posição supina. Eventualmente, torna-se ne­cessária a aquisição de cortes com o paciente em decúbito ventral, para melhor avaliação das porções posteriores do parênquima (áreas gravidade-dependentes).

As aquisições são feitas em apnéia e em inspiração má­xima, o que reduz os artefatos de movimento e permite me­lhor avaliação do parênquima pulmonar. Entretanto, quan­do houver suspeita de aprisionamento aéreo, imagens em expiração devem ser adquiridas adicionalmente.

Para melhor avaliação das imagens utiliza-se, ainda, o recurso conhecido como "janelamento", que permite alte­rar o contraste entre as estruturas estudadas. Na tomogra­fia do tórax utilizam-se dois ajustes de janela: janela de

Edson Marchiori Rosana Rodrigues

Alberto Vianna Gláucia Zanetti

pulmão, que demonstra melhor a anatomia e as alterações do parênquima pulmonar; e janela de medic;i.stino, na qual há destaque das.estruturas com densidade de partes moles, sendo possível diferenciar tecido adiposo, líquidos, calci­ficações e estruturas vasculares.

DOSE DE RADIAÇÃO

A tomografia computadorizada é considerada um método diagnóstico com dose de radiação relativamente alta. Exi ste grande divergência na literatura quanto às doses às quais são expostos os pacientes submetidos a TC convencional , TC helicoidal e TCAR .

A dose de radiação medida na pele em uma TC conven­cional é cerca de 100 vezes maior do que a observada em uma radiografia simples. No entanto, a dose de radiação as­sociada à TC helicoidal e à TCAR é potencialmente inferior à utilizada na TC convencional. Mesmo a TCAR realizada com intervalos de 10 mm tem dose de radiação efetiva me­nor do que a TC convencional. Entretanto, a TCAR utiliza técnicas e protocolos muito variados. A TCAR utilizan90 técnica com baixa dose de radiação (baixo mAs) reduz ainda mais a exposição (cerca de 20%) e produz imagens com qualidade satisfatória. Esta técnica deve ser utilizada em mulheres jovens, visando minimizar a irradiação sobre as mamas, e em crianças.

PRINCIPAIS PADRÕES RADIOLÓGICOS NA TCAR

O diagnóstico de doença pulmonar difusa por meio da TCAR é baseado na detecção e no reconhecimento de achados anormais específicos. Essas anormalidades dopa-

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rênquima pulmonar podem ser divididas em seis padrões: septal, cístico, nodular, em vidro fosco, consolidação e reticular.

A correta caracterização do padrão de infiltração e de sua di stribuição anatômica permite, na maioria dos casos, o diagnóstico de doenças pulmonares difusas, prescindin­do, por vezes, de biópsia pulmonar.

Padrão Septal (Espessamento do Interstício lnterlobular)

No pulmão sadio, apenas alguns poucos septos interlobu­lares são observados na TCAR. O padrão septal resulta do espessamento de septos interlobulares, os quais aparecem, então, como opacidades lineares, medi.ndo cerca de 2 cm. Na periferia estas opacidades têm distribuição perpendi­cular e contínua à superfície pleural ; nas porções centrais formam imagens poligonais. Principais causas: edema, in­filtração celular ou fibrose. O espessamento dos septos pode ser: (1 ) liso, como no edema pulmonar hidrostático e na linfangite carcinomatosa; (2) nodular, na sarcoido­se e também na linfangite carcinomatosa; e (3) irregular, traduzindo geralmente fib.rose. Se a alteração pulmonar predominante for o padrão septal , as hipóteses de edema pulmonar hidrostático e linfangite carcinomatosa tornam­se prováveis (Fig. 7.1).

Padrão Cístico

Cistos pulmonares na TCAR referem-se a espaços arre­dondados contendo ar, com paredes bem definidas , mas sem enfisema pulmonar associado. Histiocitose de células de Langerhans, linfangioliomiomatose, pneumonia inters­ticial linfocítica e pneumocistose são doenças que cursam com lesões císticas de paredes finas (Fig. 7.2). Faveola-

Fig. 7.1 Padrão septal com espessamento do interstício interlobular (linfangite carcinomatosa).

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Fig. 7.2 Padrão cístico (linfangioliomiomatose).

mento e bronquiectasias císticas também são exemplos de lesões císticas, porém possuem características de imagem que permitem o diagnóstico diferencial.

Padrão Nodular

Padrão nodular refere-se à presença de múltiplas opacida­des arredondadas, com densidade de partes moles, meno­res que l cm. A diferenciação de nódulos do interstício e do espaço aéreo pode ser difícil , mesmo com a TCAR. A distribuição no parênquima pulmonar é o dado de imagem de maior valor no diagnóstico diferencial das doenças que se apresentam com padrão nodular. Pode ser classificado, quanto à sua distribuição, em perilinfático, centrolobular ou randômico.

As doenças com distribuição perilinfática caracterizam­se, na TCAR, por pequenos nódulos que predominam em relação ao interstício peribroncovascular, aos septos in­terlobulares e às regiões subpleurais. Nódulos subpleurais são mais facilmente observados em relação às c issuras. Este padrão de distribuição é encontrado freq üentemente na sarcoidose, na silicose e na linfangite carcinomatosa. Na sarcoidose e na silicose os nódulos envolvem principal­mente as regiões peri-hilares nos terços médio e superior dos pulmões (Fig. 7.3).

Nódulos centrolobulares podem refletir anormalidades tanto do interstício quanto do espaço aéreo. Podem ter ate­nuação de vidro fosco ou densidade de partes moles, limites bem ou mal definidos e ser isolados ou agrupados (aspecto de roseta). Na TCAR, a distribuição centrolobular pode ser reconhecida pela presença de nódulos a poucos milímetros da pleura, septos interlobulares, brônquios ou grandes va­sos sem, no entanto, tocá-los. Preenchimento bronquiolar pode ser observado em associação aos nódulos, represen-

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Fig. 7.3 Nódulos perilinfáticos (sarcoidose).

tando impactação de bronquíolos centrolobulares, o que indica disseminação endobrônquica da doença. Pneumonite por hipersensibilidade, silicose, bronquiolites infecciosas, broncopneumonias, tuberculose e histoplasmose são exem­plos de doenças que cursam com nódulos de distribuição centrolobular (Fig. 7.4).

Fig. 7.4 Nódulos centrolobulares (silicose).

Fig. 7.5 Nódulos randômicos (tuberculose miliar).

O padrão randôrnico caracteriza-se pela presença de pe­quenos nódulos distribuídos aleatoriamente em relação ao lóbulo secundário. Na TCAR, observam-se nódulos disse­minados uniformemente pelos pulmões, sem respeitar as estruturas anatômicas. O envolvimento pulmonar tende a ser bilateral e simétrico. Doenças que se disseminam por via hematogênica e que cursam com nódulos pulmonares apresentam padrão randôrnico de distribuição. Exemplos: metástases e doenças granulomatosas miliares, principal­mente tuberculose e histoplasmose (Fig. 7.5).

Opacidade em Vidro Fosco

Opacidade em vidro fosco significa discreto aumento da atenuação do parênquima pulmonar, com preservação dos contornos vascul::rres e das paredes brônquicas (Fig. 7.6). Se houver obscurecimento dos vasos, utiliza-se o termo consolidação. Opacidade em vidro fosco pode ser causada pelo preenchimento parcial do espaço aéreo, espessamento dos septos alveolares ou colapso parcial dos alvéolos, com­binados ou isoladamente. Este padrão pode apresentar-se associado a reticulação. O aumento do volume sangüíneo capilar e a expiração normal podem ser causas de atenua­ção em vidro fosco. É o padrão mais inespecífico de todps e o diagnóstico diferencial das diversas doenças só pode ser feito mediante correlação com os dados clínicos e la­boratoriais.

Havendo faveolamento e bronquiectasias nas áreas de opacidade em vidro fosco, deve-se considerar o diagnóstico diferencial das doenças que se caracterizam por fibrose. No entanto, se áreas de atenuação em vidro fosco estiverem associadas a espessamento intra ou interlobular, considerar o diagnóstico diferencial de pavimentação em mosaico.

Opacidade em vidro fosco como único achado necessita ser avaliada conforme o padrão de distribuição, que pode ser periférico ou difuso.

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Fig. 7.6 Opacidades em vidro fosco (pneumocistose).

Consolidação do Espaço Aéreo

Consolidação do espaço aéreo refere-se a um aumento na atenuação do parênquima pulmonar que obscurece o contor­no das estruturas vasculares e das paredes das vias respirató­rias (Fig. 7. 7). Broncogramas aéreos podem estar presentes. Em geral, consolidação representa preenchimento do espaço alveolar (por líquido, células ou outros materiais), mas tam­bém pode ser observada em doenças intersticiais extensas. O diagnóstico diferencial se sobrepõe ao da opacidade em vidro fosco, sendo que, em muitas doenças, estes padrões estão associados. Pode ainda estar associada a nódulos do espaço aéreo, podendo significar confluência destes.

Se a consolidação não estiver associada a outros pa­drões, deve-s'e caracterizar seu tipo de distribuição em lo­bar, difuso, subpleural ou focal. Quando estiver associada

Fig. 7.7 Consolidação parenquimatosa (linfoma).

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Fig. 7.8 Reticulação intralobular (proteinose alveolar).

a outro padrão, deve-se utilizar o diagnóstico diferencial da outra alteração, pois consolidação é um padrão muito inespecífico.

Padrão Reticular (Espessamel')to do Interstício lntralobular)

As opacidades lineares que se encontram entrelaçadas e separadas entre si por alguns milímetros são a tradução do espessamento do interstício intralobular, configurando um aspecto de rede, originando os termos reticular e reti­culação (Fig. 7 .8).

Essas opacidades lineares intralobulares são observa­das principalmente em doenças crônicas que evoluem com fibrose, a qual leva à distorção da arquitetura do pa­rênquima e à dilatação dos brônquios (bronquiectasias) e bronquíolos (bronquiolectas ias) de tração. Estes são achados clássicos na fibrose pulmonar idiopática (FPI), na pneumonite por hipersensibilidade, na asbestose e na sarcoidose.

Na FPI a reticulação e o faveolamento comprometem preferencialmente a periferia dos lobos inferiores; na sar­coidose, as alterações fibróticas são mais evidentes ao lon­go do eixo peribroncovascular.

O padrão reticular também pode ser encontrado em algumas condições agudas, dentre elas pneumonia virai, pneumocistose, hemorragia e edema pulmonares, sendo liso o aspecto das opacidades lineares intralobulares. Nes­ses casos, a associação com o espessamento interlobular é muito freqüente.

TIPOS DE DISTRIBUIÇÃO DAS ANORMALIDADES P~LMONARES

A correta definição da distribuição das anormalidades no parênquima pulmonar é de grande importância na avalia-

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52 Introdução à Radiologia

ção da doença pulmonar difusa. Apesar de não ser um dado específico, contribui para estreitar o diagnóstico diferencial significativamente (Tabelas 7 .1 e 7 .2).

A TCAR, pela sua capacidade de detecção e caracteri­zação das anormalidades pulmonares, tomou-se o princi­pal método de imagem na investigação das pneumopatias

Tabela 7.1 Doenças pulmonares que freqüentemente têm distribuição preferencial cranial ou caudal

Predomínio nos Predomínio nos lobos superiores (cranial) lobos inferiores (caudal)

Sarcoidose Fibrose pulmonar idiopática Silicose Asbestose Pneumonia eosinofílica Doença vascular do colágeno Histiocitose de células de

Langerhans Pneumonite por

hipersensibilidade

Tabela 7.2 Doenças pulmonares que freqüentemente têm distribuição preferencial central ou periférica

Predomínio central Predomínio periférico (peribroncovascular)

Fibrose pulmonar idiopática Sarcoidose Asbestose Linfangite carcinomatosa Pneumonia eosinofílica Sarcoma de Kaposi Doença vascular do colágeno Edema pulmonar Pneumonia criptogênica em

organização

difusas. Porém, a análise isolada da TCAR apresenta baixa acurácia, sendo o diagnóstico de doença pulmonar difusa feito corretamente em apenas 36% dos casos. Quando há correlação com a radiografia simples, dados clínicos e labo­ratoriais, a acurácia da TCAR aumenta consideravelmente, de modo que o diagnóstico pode ser feito com alto grau de confiança em até cerca de 85% dos casos.

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INTRODUÇÃO

O mediastino é uma região anatômica situada entre os dois pulmões e se estende do esterno aos corpos vertebrais ân­tero-posteriormente, tendo como limite superior a abertura torácica, ao nível da sétima vértebra cervical, inferiormente o diafragma e, lateralmente, os bilos pulmonares e folhetos pleurais. Dentre as suas funções estão manter o equilíbrio anátomo-funcional dos hemitóraces por meio do isolamen­to e amortecimento de suas estruturas ; criar mecanismos para que o sistema respiratório propicie adequadamente o afluxo de sangue (na inspiração) e o aumento do débito cardíaco (na.e3piração); além das funções de defesa, dadas por estruturas como os linfonodos.

DIVISÃO

A fim de facilitar o agrupamento de tumores e doenças de acordo com o local e seu sítio de origem, o mediastino é dividido em compartimentos. Destacam-se aqui três das classificações propostas: a primeira divide o mediastino em andares superior e inferior, tendo como ponto de referên­cia uma linha imaginária horizontal que se origina ao nível da quarta vértebra dorsal e se dirige ao manúbrio. O andar inferior, por sua vez, é subdividido em compartimentos anterior, médio e posterior, tendo como centro referencial o coração (Fig. 8.1 ).

A segunda classificação, proposta por Heitzman, embora permita localizar com mais precisão as lesões, tem valor clínico pouco prático, não sendo usada corriqueiramente. É, na verdade, uma classificação radiológica, dividindo o mediastino em sete regiões, tendo como referência os grandes vasos. São elas: mediastino anterior, regiões supra-

Edson Marchiori Maria Lúcia Santos

Alair Santos Domenico Capone

ázigos, infra-ázigos, supra-aórtica, infra-aórtica e bilares direita e esquerda. .

A terceira classificação é a mais utilizada e tem sido adotada universalmente. De acordo com esta classificação, o mediastino é dividido em regiões anterior, média e poste­rior, tendo como referência o coração situado na região mé­dia. O mediastino anterior compreende a região delimitada pela face interna do esterno, anterior ao coração e vasos braquiocefálicos. Estende-se do opérculo torácico ao dia­fragma. As principais estruturas deste compartimento são representadas pelo timo, tecido fibroadiposo, linfonodos, extensão subestemal da tireóide e paratireóide. O medias­tino médio compreende a região que contém o coração e pericárdio. As principais estruturas deste compartimento

Compartimentos anatômicos do

mediastino

Compartimentos cirúrgicos do

mediastino

Fig. 8.1 Esquema da divisão do mediastino.

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54 Introdução à Radiologia

são estruturas vasculares, representadas pelas porções as­cendente e transversal da aorta, vasos braquiocefálicos, veia cava e ramos principais das artérias e veias pulmonares. Contém também a traquéia, brônquios principais, linfono­dos e os nervos frênico e vago. O mediastino posterior é limitado anteriormente pelo coração e traquéia e posterior­mente pela coluna dorsal, incluindo a goteira vertebral. As principais estruturas contidas nesta região são representa­das pela porção descendente da aorta, esôfago, veias ázi­gos e hemiázigos, dueto torácico, cadeia simpática, porção inferior do nervo vago, linfonodos e tecido adiposo.

CLINICA

Os sintomas provocados pela existência de massa mediasti-. nal estão diretamente relacionados à invasão ou à compres­

são das estruturas vizinhas. Dentre eles estão dor torácica, tosse, dispnéia, rouquidão (por lesão no nervo laríngeo), disfagia, odinofagia, síndrome da veia cava superior e sin­tomas de compressão medular.

Mais de 80% dessas massas são descobertas incidentais, demonstrando, portanto, caráter benigno. Porém, cerca de 30% delas são tumores malignos que podem cursar com poucos sintomas. Apenas 10% das lesões mediastinais são de origem vascular. As lesões mais freqüentes no adulto são os tumores do timo, da tireóide e o linfoma. Em crian­ças, são os tumores neurogênicos, de células germinati-

Fig. 8.2 Tórax em perfil com esôfago contrastado mostrando o trajeto normal do órgão.

vas e cistos extra-intestinais (duplicação do esôfago, por exemplo). As lesões do mediastino podem ser metastáticas, como por exemplo o aumento dos linfonodos mediastinais no câncer do pulmão, rim, testículo e de cabeça e pesco­ço. Os linfonodos hilares podem ser comprometidos, uni ou bilateralmente, por tumores primários ou metastáticos, doenças granulomatosas, inflamatórias e/ou infecciosas. A correlação com os dados clínicos favorece em muito o diagnóstico.

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

O mediastino é uma região de difícil avaliação pelo estudo radiológico convencional, uma vez que compreende um grande número de estruturas, praticamente todas com a mesma densidade radiológica, com a exceção da traquéia, que contém ar. Assim, o que é visto na radiografia de tórax são apenas os limites externos desta região, contrastados com o parênquima pulmonar.

A rotina de investigação diagnóstica das doenças do me­diastino foi completamente modificada com o advento da tomografia comp1,1tadorizada (TC). Exames contrastados como cavografia, linfografia e aortografia só raramente são indicados. Outros, também invasivos e desconfortávei s para os pacientes, como o pneumotórax provocado, broncografia, pneumomediastino e pneumoperitônio, fazem parte apenas de um contexto histórico.

Fig. 8.3 Ressonância magnética do mediastino mostrando a ramifica­ção arterial normal do tórax.

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A radiografia do tórax, complementada por algumas incidências, como o perfil com esôfago contrastado (Fig. 8.2), ápico-lordótica, penetrada para mediastino e decúbi­to lateral com raios horizontais, ainda ocupa um papel de destaque no diagnóstico radiológico das doenças medias­tinais e continua sendo o primeiro método na abordagem dessas doenças. •

A ressonância magnética pode ser utilizada em casos mais complexos, principalmente quando há lesões cardía­cas e vasculares, já que também permite a realização de estudos nos planos sagital, coronal e axial (Fig. 8.3). Em relação aos exames vasculares, como angiografia, aorto­grafia e venografia, a contrastação vascular pelo iodo per­mite o estudo das massas, suas relações com estruturas vizinhas, além de poder ser utilizado terapeuticamente, pàra embolizações.

Mediastino 55

A ultra-sonografia pode ser indicada para o estudo das lesões da tireóide, como o bócio mergulhante. A ultra-so­nografia transesofágica, além de ser utilizada para o estudo

. do esôfago (lesões intrínsecas e extrínsecas), fornece dados sobre o coração e pericárdio (Fig. 8.4).

Os exames de medicina nuclear, por serem métodos fun­cionais, melhor se aplicam na pesquisa de massas consti­tuídas de tecido ectópico, como na tireóide e paratireóide ectópicas (Fig. 8.5).

A tomografia computadorizada é considerada, atualmen­te, exame obrigatório na avaliação diagnóstica das doenças torácicas, permitindo de uma só vez, tanto o estudo paren­quimatoso quanto o mediastinal (Fig. 8.6). A disposição axial dos cortes permite eliminar a principal limitação da radiografia simples, representada pela superposição de es­truturas. Além disso, a medida da densidade possibilita, de

Fig. 8.4 Ultra-sonografia transesofágica demonstrando as cavidades cardíacas.

15MIN2

Fig. 8.5 Cintilografia evidenciando adenoma de paratireóide ectópica.

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56 Introdução à Radiologia

A B

Fig. 8.6 A , Corte axial de TC de tórax com janela para mediastino demonstrando aneurisma dissecante da aorta; B, reconstrução no plano coronal.

Tabela 8.1 Principais alterações mediastinais de acordo com seus compartimentos

Mediastino Timoma, teratoma, linfoma, aneurisma da anterior porção ascendente da aorta, bócio, adenoma

de paratireóide, higroma cístico, hérnia de Morgagni

Mediastino Cisto broncogênico, cisto pericárdico, médio aneurismas da croça, linfonodopatias

Mediastino Tumores neurogênicos, meningocele, hérnia de posterior Bochdaleck, hérnia de hiato, megaesôfago,

cisto gastroentérico, mal de Pott

forma inquestionável, saber se a lesão é líquida ou sólida, orientando o diagnóstico de forma mais segura. Pequenas alterações parenquimatosas não visualizadas no exame ra­diográfico podem ser demonstradas na TC e calcificações são mais bem avaliadas por esta técnica. Serão analisadas, a seguir, as principais doenças mediastinais, destacando os si­nais observados nos exames radiográficos e tomográficos.

De forma didática, a análise radiográfica permite agru­par as principais doenças mediastinais de acordo com o listado na Tabela 8.1.

PRINCIPAIS DOENÇAS MEDIASTINAIS

Tumores Tímicos

Os timomas, derivados de células tímicas e epiteliais, são os tumores mais freqüentes do mediastino anterior e represen­tam cerca de 20% de todos os tumores mediastinais. Incidem igualmente nos sexos masculino e feminino e predominam

na quarta década. Mais da metade dos pacientes com timo­ma apresentam doenças associadas, como miastenia gravis, colagenoses e anormalidades laboratoriais representadas por hipogamaglobulinemia e aplasia de células vermelhas. Cerca de um terço dos pacientes com timoma tem miaste­nia gravis, enquanto o contrário é observado em quase 15% dos casos. A maioria dos tumores exibe cápsula fibrosa que confina o tumor, porém alguns tipos podem invadir a gordura mediastinal, pleura, pericárdio e vasos, conferindo-lhe pior prognóstico. Do ponto de vista radiográfico apresentam­se como massa de limites bem definidos, ocasionalmente lobulada, localizada no mediastino anterior, projetando-se preferencialmente à direita da linha média, sendo raro o comprometimento bilateral (Fig. 8.7). Calcificações são ra­ramente observadas. A TC demonstra massa bem delimi­tada, de densidade homogênea ou heterogênea, em razão das alterações císticas ou necróticas associadas (Fig. 8.8). A forma invasiva tem as mesmas características densitomé­tricas porém a ausência de interfac~ com estruturas vizinhas denuncia o caráter invasivo, que pode estender-se aos vasas mediastinais, pleura e andar superior do abdome.

Tumores de Células Germinativas

Os teratomas representam o principal grupo de tumores germinativos, a maioria de natureza benigna. Podem ser sintomáticos, na dependência de seu tamanho, em razão de compressão de estruturas vizinhas ou devido a ruptu­ra dentro da árvore brônquica ou espaço pleural. Quando isto ocorre é possível a expectora:ção de pêlos ou material sebáceo que, embora rara, define o diagnóstico. A radio­grafia do tórax demonstra volumosa massa no mediastino

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A

e

A

Mediastino 57

Fig. 8.7 Rx de tórax em PA (A) e em perfil (B). Volumosa massa localizada no mediastino anterior (timoma). Em C, outro paciente, mostrando massa com menores dimensões na região paracardíaca à direita.

B

B

Fig. 8.8 A e B, TC de dois pacientes diferentes, com massas no mediastino anterior (timomas). Notar em B a presença de calcificações no inte­rior do tumor.

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58 Introdução à Radiologia

anterior, bem delimitada, lobulada ou não. Cerca de um terço dos casos exibe calcificações esparsas e, mais rara­mente, podem ser observados dentes, parcial ou totalmente formados. A TC revela massa de densidade diferente, de acordo com o tecido encontrado no tumor, variando entre parte mole, tecido adiposo, formação cística e osso. A com­binação dessas diferentes densidades, quando presente, é um achado tomográfico altamente sugestivo de teratoma. A degeneração maligna pode ocorrer, sendo a principal diferença tomográfica o comportamento invasivo que es­tes tumores, chamados teratocarcinomas, apresentam em relação aos teratomas.

O seminoma é um tumor maligno que incide em homens, predominando entre 30 e 40 anos de idade, cuja represen­tação radiográfica é de massa em mediastino anterior sem

A

e

caráter invasivo local, que freqüentemente envia metástase para linfonodos regionais.

O carcinoma de células embrionárias e o coriocarcinc ma representam o grupo de tumores não-seminomatoso que também se localizam no mediastino anterior e poder invadir a parede torácica, pleura ou pericárdio.

Tumores da Tireóide e Paratireóide

O bócio é o mais freqüente tumor da porção superior d mediastino, constituindo-se, na maior parte das vezes, nur achado radiológico, já que, freqüentemente, é assintomáf co. Cerca de 20% dos bócios mergulham no toráx, prove cando alterações radiográficas constituídas por alargament mediastinal superior associado a deslocamento da traquéi

B

D

Fig. 8.9 A, Rx de tórax em PA. Massa mediastinal deslocando a traqué ia para a direita; B, tomografia computadorizada com janela para m~diast no e reconstruções nos planos coronal (C) e sagital (D), mostrando que a massa é heterogênea, contendo pequenos focos de calcificação. e desv. as estruturas adjacentes principalmente para a frente e para a direita (bócio de tireóide).

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para o lado oposto (Fig. 8.9). Calcificações agrupadas gros­seiras ou puntiformes estão presentes em grande número de casos. A TC demonstra aumento da glândula, exibindo intensa impregnação pelo meio de contraste e áreas císti­cas de permeio.

O adenoma é o tumor mais comum da paratireóide e localiza-se predominantêmente na base do pescoço, po­dendo ser ectópico e ocupar o mediastino anterior. Devido ao seu diminuto tamanho não é visível radiograficamente, sendo quase sempre surpreendido pela TC ou ressonância magnética.

Linfonodomegalias

As causas mais comuns de linfonodomegalias medias­tinai s são de origem granulomatosa, representadas pela tuberculose, sarcoidose e histoplasmose, seguida das do­enças neoplásicas, incluindo os linfomas e metástases. As doenças granulomatosas acompanham-se, com mais freqüência, de lesões parenquimatosas, e têm caracte­rísticas de comprometimento linfonodal próprio como a unilateralidade na tuberculose e o envolvimento conco­mitante da cadeia paratraqueal e hilar bilateral na maioria dos casos de sarcoidose (Fig. 8.1 O). Os linfomas são os tumores mediastinais mais freqüentes e são classificados em Hodgkin e não-Hodgkin. Radiologicamente caracte­rizam-se por massas linfonodais de aspecto quase sem­pre bocelado, localizadas no mediastino anterior, sendo facilmente detectadas pela TC (Fig. 8.11 ).

Fig. 8.10 Rx de tórax em PA. Linfonodomegalias hilares bilaterais (sarcoidose).

Mediastino 59

A

B

Fig. 8.11 A e B, Volumosa massa em topografia anterior, projetando-se para os dois lados do mediastino (l infoma).

Aneurismas

Podem localizar-se na porção ascendente da aorta, na croça ou na porção descendente. Quando volumosos costumam apresentar sinais e sintomas em decorrência de compres­são de estruturas vizinhas, como vias respiratórias e feixes nervosos. As características radiográficas dessas alterações são representadas por opacidades arredondadas ou ovala­das, muito bem definidas, situadas no mediastino anterior, médio ou posterior, de acordo com o segmento arterial comprometido (Figs. 8.12, 8.13 e 8.14). A TC realizada obrigatoriamente após a administração venosa do meio de contraste define o di agnóstico, permitindo ainda avaliar a presença de dissecção e a extensão da mesma (Fig. 8. 15).

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60 Introdução à Radiologia

A B

Fig. 8.12 Rx do tórax em PA (A) e perfil (B). Massa mediastinal anterior, projetando-se para a esquerda (aneurisma de aorta).

B

Fig. 8.13 A e B, Massa no mediastino médio, à esquerda (aneurisma de aorta).

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Mediastino 61

B

Fig. 8.14 A e B. Aneurisma de aorta projetando-se no mcdiastino posterior.

A B

Fig. 8.15 A. Corte ax ial mostrando aneurisma de aorta descendente. Notar a desproporção entre o diâmetro do aneurisma e a luz da aorta: B, corte sagital demonstrando a medida do diâmetro do aneuri sma.

Cistos Broncogênico, de Duplicação do Esôfago e Neuroentérico

Representam, aproximadamente, um quinto das massas me­diastinais. São o resultado de transformações aberrantes do tubo digestivo primitivo, que incluem os cistos broncogê­nicos, os cistos de duplicação do esôfago e os cistos neuro­entéricos. Os cistos broncogênicos são os mais freqüentes e

originam-se do segmento ventral do tubo digestivo primitivo. Cerca de 85% dos casos são mediastinais e o restante, intra­parenquimatosos. Localizam-se predominantemente no me­diastino médio, na região paratraqueal e subcarinal, apresen­tando estreita relação com a traquéia e brônquios principai s, através de pedículos. Os cistos de duplicação do esôfago e neuroentéricos localizam-se no mediastino posterior, estando estes últimos quase sempre associados com anormalidades

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62 Introdução à Radiologia

Fig. 8.16 Massa cística, encapsulada, projetando-se posteriormente ao coração (cisto de duplicação do esôfago).

vertebrais. Radiologicamente todos esses cistos aparecem como massa esférica, às vezes alongada, de paredes lisas e bem definidas. A TC ressalta a natureza cística da lesão, determina o exato compartimento em que está localizado, e os cortes obtidos após administração venosa do meio de contraste permitem distinguir nitidamente a fina cápsula que a maioria deles apresenta (Fig. 8.16).

Lesões Pericárdicas

Cisto pericárdico é uma malformação benigna resultante da provável fusão aberrante do recesso pericárdico ante­rior. Tem conteúdo líquido cristalino e radiograficamente manifesta-se como massa bem delimitada, de aspecto ar­redondado, localizada em 70% dos casos no ângulo car­diofrênico direito, e, em cerca de 25%, no ângulo cardio-. ..,,

A

Fig. 8.17 Presença de líquido no saco pericárdico (derrame peridrdi­co). Notar também derrame pleural bilateral.

frênico esquerdo. Localização fora desses sítios é possíve l. porém muito rara. A imagem tomográfica é típica, repre­sentada por cisto de conteúdo líquido de baixa densidade, de paredes muito finas e bem definidas, junto ao coração. Derrame pericárdico é o acúmulo de líquido no saco peri­cárdico (Fig. 8.17).

Tumores Neurogênicos

Compreendem as principais alterações do mediastino pos­terior. São classificados em schwannoma ou neurilenoma e neurofibroma (tumores dos nervos periféricos), neuro­blastoma, ganglioneuroma e ganglioneuroblastoma (tu­mores dos gânglios simpáticos) e paraganglioma e feo­cromocitoma (tumores dos gânglios parassimpáticos) . Do

B

Fig. 8.18 A e B, Massa na região inferior do mediastino posterior (goteira paravertebral) (schwannoma).

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Mediastino 63

A

Fig. 8.19 A e B, Massa na região da goteira paravertebral, superiormente (neurofibroma).

ponto de vista radiográfico caracterizam-se por opacidades periféricas, bem delimitadas, de aspecto arredondado ou fusiforme, localizadas no mediastino posterior, na região paraespinhal (Figs. 8.18 e 8.19). Associam-se, freqüente­mente, com alterações erosivas de arcos costais e corpos vertebrais. A meningocele é uma formação cística rara, lo­calizada no mediastino posterior, que ocorre em razão da herniação pelo forame espinhal de tecido neural preenchido por liquor. Associa-se com freqüência a neurofibromatose. Radiologicamente aparece com massa arredondada, loca­lizada na região paraespinhal, também associada a erosão de corpo vertebral adjacente.

Hérnias Diafragmáticas

Podem ser congênitas ou adquiridas. As congênitas são representadas pela hérnia de Bochdaleck, a mais freqüen­te, localizada na região póstero-lateral do tórax, e a hérnia de Morgagni, localizada junto ao ângulo cardiofrênico direito (Fig. 8.20). A hérnia de hiato situa-se geralmente no mediastino posterior, junto à borda cardíaca, sendo, às vezes, confundida com abscesso de pulmão, por causa da imagem de nível líquido que a acompanha. O diagnóstico pode ser prontamente estabelecido pela radiografia do tó­rax realizada após ingestão de contraste oral baritado.

Megaesôfago

Consiste em distúrbio motor causado pelo não relaxa­mento do esfíncter posterior do esôfago durante a deglu­tição. Radiograficamente aparece como uma imagem que

acompanha o mediastino em toda a sua extensão, de cima para baixo, de aspecto moteado pela presença de restos alimentares no seu interior (Fig. 8.21). O exame contras­tado do esôfago estabelece prontamente o diagnóstico . A principal causa de megaesôfago no Brasil é a doença de Chagas.

Pneumomediastino

As causas mais comuns de pneumomediastino são as perfu­rações de esôfago após procedimento endoscópico, ou vô­mitos pro.longados, como na síndrome de Mallory-Weiss; ruptura de traquéia ou brônquios principais após broncos­copia ou trauma penetrante de tórax; uso de ventilação com pressão positiva intermitente; e asma. O ar no mediastino aparece como estrias radiotransparentes (gás) ao redor de vasos ou outras estruturas, com deslocamento lateral da pleura mediastinal (Fig. 8.22).

Mediastinites

Podem ser agudas ou crônicas. A mediastinite aguda re­presenta, em grande parte, complicações de procedimentos endoscópicos do esôfago e vias respiratórias. Quando há suspeita de ruptura de esôfago, esta pode ser rapidamente confirmada pelo extravasamento de contraste ingerido para o mediastino ou espaço pleural. Pode ocorrer também em contigüidade a processos infecciosos de estruturas vizinhas (coluna, esterno etc.). Os achados radíológicos incluem au­mento difuso da densidade e alargamento do mediastino em ambos os lados da linha média na região do acometi-

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64 Introdução à Radiologia

A B

e D

Fig. 8.20 A e 8 , Rx do tórax em PA e perfil. Presença de coleções gasosas no mediastino anterior, inferiormente; C e D, estudo contrastado ao tubo digestivo mostrando alça intestinal no interior do tórax (hérnia diafragmática tipo Morgagni).

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A B

. .,.,

e Fig. 8.21 A e B, Alargamento do mediastino à direita, em toda a sua extensão. Na incidência em perfil observa-se que a lesão é posterior, deslo­cando a traquéia para a frente (megaesôfago por doença de Chagas); C, perfil com esôfago contrastado de outro paciente, mostrando a grande dilatação do esôfago.

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66 Introdução à Radiologia

Fig. 8.22 Presença de gás no mediastino (pneumomediastino).

A

e

Fig. 8.23 Mediastinite aguda, com alargamento da região, deslocamen­to anterior da traquéia e áreas hipodensas de permeio, inclusive com presença de bolhas de gás.

Fig. 8.24 A e B, Rx do tórax em PA e perfil mos­trando massas mediastinais em topografia poste­rior, projetadas sobre a coluna vçrtebral; C , tomo­grafia mostrando massas bilaterais e simétricas na gote ira paravertebral , com conteúdo não-homogê­neo (hematopoiese extramedular).

B

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mento. Na tomografia podem ser observadas, além da in­filtração mediastinal, áreas hipodensas correspondendo à presença de gás ou de necrose (Fig. 8.23). As infecções do mediastino podem resultar na formação de abscessos que; quando se tornam crônicos, são grandes e bem definidos, o suficiente para simul~r um tumor.

A causa mais comum de mediastinite crônica (ou fibro­se mediastinal) é a radioterapia, mas também pode ocorrer por condições inflamatórias crônicas, como tuberculose e histoplasmose, ou ser idiopática. O envolvimento ocorre predominantemente na porção superior do mediastino, no nível dos hilos ou acima destes. O alargamento irregular do mediastino, mais evidente à direita, costuma ser o único achado radiológico .

. "

A

Mediastino 67

Hematopoiese Extramedular

É uma condição rara em que ocorre formação de tecido sangüíneo por expansão da medula na tentativa de suprir a anemia que está instalada; geralmente apresentam-seco­mo massas esféricas ou lobuladas na goteira paravertebral, de forma difusa ou localizada, sendo mais freqüente entre D6 e Dl2 (Fig. 8.24).

Mal de Pott

É uma espondilite de origem tuberculosa que determina destruição discal e do corpo vertebral, formando massa que alarga o mediastino posterior, deslocando as linhas paraver­tebrais, adquirindo o formato de um fuso (Fig. 8.25).

B

Fig. 8.25 A e B, Alargamento fusiforme das linhas paravertebrais, com redução do espaço discai e lise com irregularidades das bordas dos corpos vertebrais adjacentes (tuberculose vertebral).

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INTRODUÇÃO

Gradativamente a radiologia convencional perdeu espaço na avaliação cardíaca, devido aos avanços das técnicas de imagem, principalmente para a tomografia computadori­zada (TC) e a ressonância magnética (RM), métodos que permitem um estudo vascular e cardíaco de forma com­pleta e não-invasiva.

Alguns exemplos: tomografia computadorizada e angio­TC na avaliação vascular; ecocardiograma, incluindo o re­curso do Doppler, para medir o fluxo vascular; ressonância magnética, que é o exame de maior acurácia no estudo ana­tômico do coração; no estudo das artérias coronárias indica­se a arteriografia e, mais recentemente, a angiotomografia computadorízada multi-slice.

Apesar de todo esse avanço, o estudo do aparelho cardio­vascular a partir da radiologia convencional ainda é capaz de fornecer importantes informações anatômicas e fisioló­gicas, de maneira simples, segura e com baixo custo.

MÉTODOS DE IMAGEM

Em radiologia cardiológica empregam-se métodos de exa­mes não-invasivos e invasivos. Os não-invasivos mais utili­zados são: radiografias convencionais, TC e angio-TC, RM e angio-RM, cintilografia (raios gama) ou ultra-sonografia (ecocardiografia).

O método invasivo mais empregado é a cineangiocar­diografia ou cateterismo cardíaco (CAT).

Este livro abordará o estudo do aparelho cardiovascular em duas partes. A primeira do ponto de vista da radiologia convencional, devido a sua importância na abordagem ini­cial desse sistema, será discutida neste capítulo. A segunda, com a inserção dos novos métodos na cardiologia atual, será tema do Cap. 1 O.

Cristina Fontes Marcelo Nacif

Felipe von Ranke

Rotina Radiológica

Rotina mínima: Radiografias do tórax em póstero-anterior (PA) e perfil esquerdo (PE). Rotina completa: Acrescentar perfil esquerdo com esôfago contrastado.

Anatomia Radiológica do Coração

Ao exame radiológico o coração determina uma sombra densa, ovóide, dirigida anteriormente para a esquerda e ligeiramente para baixo, situada entre os pulmões. Esta sombra se confunde com a determinada pelos grandes va­sos que formam o pedículo vascular, sendo este constituído pelas veias cava superior e inferior, aorta, artérias e veias pulmonares.

A pleura mediastínica reflete-se sobre o coração e gran­des vasos ("brancos" aos raios X) formando saliências e re­entrâncias que se tornam marcadas pelo contato com os pu 1-mões expandidos ("pretos" aos raios X). As modificações dessas reflexões permitem ao radiologista detectar altera­ções de volume e topografia do coração e vasos da base .

Para melhor compreensão da projeção das câmaras car-. díacas nas diversas incidências é necessário que conhe­çamos a posição do coração e de seus componentes em relação ao tórax.

Em um corte horizontal do tórax as cavidades direitas representadas pelo átrio e ventrículo direitos (AD e VD) situam-se à direita e anteriormente, enquanto as cavidades esquerdas representadas pelo átrio e ventrículo esquerdos (AE e VE) situam-se à esquerda e posteriormente (Fig. 9.1 ). Anteriormente o coração se relaciona com o esterno e poste­riormente com o esôfago e a aorta descendente. O septo in­terventricular dirige-se para a esquerda formando um ângulo de aproximadamente 45° com a parede anterior do tórax.

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Fig. 9.1 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais com cortes de 6 mm, reconstrução padrão em 50% do ciclo cardíaco. Observar que o ventrículo direito (VD) é a cavidade cardíaca mais anterior e que possui relação com o esterno, e o átrio esquerdo (AE) é a cavidade cardíaca que possui relação com o esôfago. CD, co­ronária direita; DA, coronária descendente anterior; Cx, coronária circunflexa.

A incidência em PA é realizada com o paciente de frente para o filme, reduzindo a distância coração-filme e dimi­nuindo a ampliação geométrica da imagem. Nesta incidên­cia os raios X penetram no dorso do paciente e o chassi encontra-se à sua frente.

O AD é a cavidade direita que mais participa da forma­ção da silhueta cardíaca. O VD projeta-se no meio dases­truturas mediastínicas, não sendo, por isto, possível a sua avaliação direta em PA.

O VE tem a forma oval com ápice dirigindo-se para baixo e para.~esquerda. O AE é a câmara mais posterior, localizada abaixo do tronco da artéria pulmonar.

Nesta projeção (PA) (Fig. 9.2) a borda direita do coração compreende dois arcos:

• Arco superior (AS): é quase vertical, sendo formado pela veia cava superior (VCS). Em indivíduos idosos, a aorta tende a se dilatar e alongar, de modo que a margem su­perior direita torna-se mais convexa.

• Arco inferior (AI): é formado por uma curva ligeiramente convexa e corresponde à borda externa do AD.

A borda esquerda compreende três arcos:

• Arco superior (AS): representa o botão aórtico. • Arco médio (AM): é constituído pelo tronco da artéria

pulmonar e auriculeta esquerda. Na maioria dos adultos normais é reta ou ligeiramente convexa. Em mulheres jovens normais e crianças pode-se observar grande sa­liência do arco médio, não devendo ser considerado anormal.

• Arco inferior (AI): corresponde à borda lateral do VE.

Aparelho Cardiovascular - Parte 1 69

Fig. 9.2 Rx do tórax em póstero-anterior. Observar que à direita o arco su­perior (AS) é formado pela veia cava superior (VCS) e o arco inferior (AI) é formado pela borda externa do átrio direito (AD). Do lado esquerdo o arco superior (AS) representa o arco aórtico, o arco médio (AM) é cons­tituído pelo tronco da artéria pulmonar e pela auriculeta esquerda e o arco inferior (AI) corresponde à borda lateral do ventrículo esquerdo (VE).

A incidência em perfil esquerdo é realizada com o hemi­tórax esquerdo do paciente em contato com o filme. Nes­ta incidência o átrio direito projeta-se, e m parte, atrás do ventrículo direito. O corpo do ventrículo direito é a porção mais anterior e encontra-se em contato com o terço inferior do esterno. Acima do corpo do ventrículo direito encontra­mos o infundíbulo, que representa um conduto ligando o corpo à válvula pulmonar. O átrio esquerdo forma a bor-

Fig. 9.3 Rx do tórax em perfil. Note que o arco superior (AS) é for­mado pelo infundíbulo do ventrículo di reito. um pequeno segmento da artéria pulmonar e a aorta ascendente, e o arco inferior (Al) é formado pelo corpo do ventrícu lo direito em contato com o esterno. Já a porção posterior do coração é formada pela borda posterior do VE, na parte inferior, e pela borda posterior do AE, na parte superior.

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70 Introdução à Radiologia

da posterior do coração. O corpo do ventrículo esquerdo estende-se para baixo e anteriormente.

A imagem cardíaca, em perfil (Fig. 9.3), apresenta duas bordas principais: anterior e posterior.

A borda anterior compreende dois arcos:

• Arco superior (AS): é um arco convexo que corresponde ao infundíbulo do VD, um pequeno segmento da artéria pulmonar e a aorta ascendente.

• Arco inferior (AI): é vertical e representa o corpo do VD em contato com o esterno.

Borda posterior: É dada pela borda posterior do VE, na parte inferior, e

pela borda posterior do AE, na parte superior.

. ÁREA CARDIACA NORMAL

A análise da silhueta cardíaca fornece uma estimativa bas­tante confiável do tamanho das cavidades do coração. Os índices mais comumente utilizados para esta finalidade são o índice cardiotorácico (A+ B = C) e o da veia cava infe­rior. O primeiro é analisado em PA, sendo que a soma dos maiores diâmetros transversos do coração deve ser menor que o diâmetro transverso de um hemitórax. O segundo é analisado em perfil; a medida (A) representa a distância entre o local em que a cava inferior desemboca no átrio direito e, portanto, deixa de ser visível até a parede poste­rior do coração. A medida (B) é efetuada entre o ponto de início da cava na borda posterior do coração e o local em que a cava inferior cruza a hemicúpula frênica esquerda. A distância A não deve ser maior que 1,8 cm e a B, nunca menor que 0,5 cm (Fig. 9.4).

AUMENTCt DAS CAVIDADES CARDiACAS

Atrio Esquerdo O AE aumenta inicialmente para trás e o sinal mais preco­ce é o deslocamento posterior do esôfago, facilmente de­monstrável na radiografia em perfil com esôfago contras­tado. Aumenta também para a direita, determinando uma

Fig. 9.4 Esquema demonstrando as principais formas de medida dos aumentos cardíacos na radiografia, que são os índices cardiotorácico (A+ B = C) e o da veia cava inferior.

Fig. 9.5 Rx do tórax em PA e perfil com esôfago contrastado. Sinais de crescimento do AE. Em PA observa-se o aumento para a direita. determinando o sinal do duplo contorno, e, para a esquerda, fazendo abaulamento do arco médio. Em perfil ocorre deslocamento posterior do esôfago, facilmente demonstrável na radiografia feita com esôfago contrastado.

Fig. 9.6 Rx do tórax em PA. Note o aumento do AE para a esquerda. produzindo abaulamento da auriculeta esquerda, que pode projetar-se entre o tronco da pulmonar e o VE, constituindo o 4.0 arco cardíaco esquerdo.

dupla sombra no interior da imagem cardíaca, sendo que. ao ultrapassar o contorno do átrio direito, forma o "sinal do duplo contorno" (Fig. 9.5).

Aumenta para a esquerda, produzindo abaulamento da auriculeta esquerda, que pode projetar-se entre o tronco da pulmonar e o VE, constituindo o 4.º arco cardíaco es­querdo (Fig. 9.6).

Aumenta para cima e, devido a sua relação anatômica com a bifurcação brônquica, promove alargamento do ângulo da

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A

B .... Fig. 9.7 A e B, Rx do tórax em PA. Aumento do AE para cima, promo­vendo alargamento do ângulo de bifurcação brônquica. Notar também o duplo contorno à direita.

carina, constituindo o "sinal do passo da bailarina" (ângulo maior que 90º, quando o normal é 60º) (Fig. 9.7).

A doença valvar mitral de origem reumática é a causa mais comum de aumento do AE. Ocorre também nas do­enças cardíacas congênitas, especialmente na ocorrência de shunts intracardíacos e na insuficiência ventriculares­querda.

Ventrículo Esquerdo O VE forma o maior segmento da borda cardíaca na ra­diografia póstero-anterior. É uma cavidade que, frente a grandes sobrecargas, principalmente as de barreira, pode não apresentar modificações nas suas dimensões. O cora­ção permanece de volume normal e surgem apenas altera­ções do arco ventricular esquerdo na radiografia em PA.

Aparelho Cardiovascular - Parte 1 71

Sendo assim, podemos ter arredondamento do ápice es­querdo, sem aumento do diâmetro transverso (hipertrofia concêntrica). Por outro lado, a dilatação provoca aumento no tamanho do YE.

O crescimento para a esquerda leva ao aumento do diâmetro transverso do coração. No aumento para baixo o ápice cardíaco desloca-se caudalmente, mergulhando na cúpula diafragmática.

O aumento para trás promove ocupação do espaço retro­cardíaco, geralmente sem determinar compressão extrín­seca no esôfago, porém alterando a relação entre a VCI, a borda posterior do coração e a cúpula frênica esquerda.

O aumento mais acentuado do VE é causado pela hiper­tensão arterial sistêmica, seguida de insuficiência e este­nose aórtica. Outras lesões como doença aterosclerótica, hipertireoidismo e coarctação da aorta podem causar au­mento desta câmara.

Atrio Direito É a câmara cardíaca de mais difícil avaliação. Freqüente­mente apresenta-se muito dilatada e com pouca expressão na radiografia.

Quando ocorre aumento do AD para a direita, expande o contorno cardíaco inferior direito para este lado, acen­tuando a convexidade do arco inferior direito do coração e afastando a borda cardíaca direita da coluna.

O crescimento para cima eleva o ponto de interseção com a veia cava superior e, para baixo, altera o ângulo car­diofrênico (conhecido como "sinal da corda").

O AD está aumentado em defeitos do septo atrial, este­nose e insuficiência tricúspides e insuficiência ventricular direita.

Ventrículo Direito O sinal inicial de aumento do VD pode ser visto em perfil quando esta câmara cresce para a frente e para cima, au­mentando a superfície de contato com o esterno, diminuin­do o espaço hipertransparente retroesternal. Normalmente o VD deve tocar, no máximo, 1/3 do esterno em sua parte inferior. Esse tipo de aumento acentua a convexidade do contorno anterior por conta da dilatação do infundíbulo • e tronco da artéria pulmonar. Quando o aumento do VD acentua-se, o coração tende a ser rodado para a esquerda, determinando elevação da ponta do coração ("sinal do ta­manco holandês"). Um sinal indireto de sobrecarga do VD é a dilatação do tronco da artéria pulmonar (Fig. 9.8).

Nos grandes aumentos desta câmara há aumento do diâ­metro transverso do coração, simulando aumento de VE.

O aumento do VD é encontrado em doenças que es­timulam o trabalho desta câmara. Entre elas as doenças pulmonares, a hipertensão arterial pulmonar, estenose da valva pulmonar ou do infundíbulo e algumas lesões car­díacas congênitas.

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-72 Introdução à Radiologia

A

B

Fig. 9.8 A, Rx do tórax em PA. Grande dilatação do tronco da pulmo­nar (dilatação aneurismática) demonstrando sinal indireto de sobrecar­ga do VD; B, tomografia com contraste evidenciando grande dilatação do tronco da artéria pulmonar e dos ramos princ ipais.

CIRCULAÇÃO PULMONAR Há estreita relação entre as pressões das câmaras cardíacas e as pressões da circulação pulmonar. Doenças que alteram as pressões dessas câmaras acabam por interferir na fisiologia da circulação pulmonar. Assim, a avaliação da vasculariza­ção pulmonar por meio da radiologia convencional pode revelar parâmetros sobre a função de bomba do coração.

Fisiologia da Circulação Pulmonar Pressão Ventricular Direita, Arterial Pulmonar e Capilar Pul­

monar. Durante a sístole ventricular direita, a pressão na artéria pulmonar é essencialmente idêntica à do VD. Após o fechamento da válvula pulmonar, a pressão na artéria pul­monar cai lentamente à medida que o sangue fl ui pelos ca­pilares pulmonares. A pressão sistó lica na artéria pulmonar é de, em média, cerca de 25 mmHg. A pressão diastólica na artéria pulmonar é de cerca de 8 mmHg; a pressão mé­dia na artéria pulmonar é de cerca de 15 mmHg. A pressão capilar pulmonar estimada é de cerca de 7 mmHg.

Pressões A triai Esquerda e Venosa Pulmonar. A pressão atrial esquerda pode ser estimada com precisão moderada ao se medir a denominada pressão capilar pulmonar em cunha. Essa pressão é medida por um cateter que chega até peque­nos ramos da artéria pulmonar. A pressão capilar pulmonar é de cerca de 5 mmHg, sendo que esta pressão é aproxi­madamente 2-3 mmHg maior que a pressão do AE. Sen­do assim, em um ser humano em decúbito, a pressão mé­dia do AE e nas veias pulmonares principais é de cerca de 2 mmHg, variando de 1 mmHg até 5 mmHg.

Alterações na Circulação Pulmonar Estase. A estase é o distúrbio mais freqüente e reversível da circulação pulmonar, causada mais comumente pela insufi­ciência cardíaca ventricular esquerda e doença valvar mitral. Essas doenças elevam a pressão capilar pulmonar de seu ní­vel normal, cerca de 7 mmHg, causando primeiramente uma inversão do padrão vascular pulmonar no PA de tórax.

Normalmente, os vasos dos lobos inferiores são mais calibrosos que os dos lobos superiores na posição ortos­tática, devido à força da gravidade, que toma o flu xo san­güíneo mais elevado nos vasos das bases. Quando ocorre a inversão, os vasos dos lobos superiores tornam-se mais calibrosos que os vasos dos lobos inferiores e, então, pode­se estimar que a pressão capilar pulmonar encontre-se em tomo de 12 mmHg.

Edema Pulmonar. O edema pulmonar intersticia l precede o edema pulmonar alveolar. É necessário ser capaz de re­conhecer o líquido intersticial para determinar a presença de doença subj acente, como insufici ência cardíaca con­gestiva. Quando a pressão capilar pulmonar está entre 12 mmHg e 18 mmHg podem-se perceber alguns sinais de edema intersticial:

Achados radiográficos

• Borramento ou espessamento das paredes vasculares. As margens dos vasos tornam-se indistintas e alargadas na área para-hilar, estendendo-se para fora do hilo e envol­vendo vasos no parênquima pulmonar.

• Borramento ou espessamento peribrônquico, com perda da definição da parede brônquica externa. Borramento hilar com perda da definição dos grandes vasos pul mo­nares centrais, e pequeno aumento da opacidade devido ao edema intersticial anterior e posterior ao hilo.

• Aparecimento das linhas septais A e B de Kerley. As li­nhas B de Kerley são linhas horizontais densas que medem 1,5 a 2 cm de comprimento, sendo mais bem observadas na parte inferior e lateral do pulmão, junto aos seios cos­tofrênicos. Constituem septos interlobulares secundário (estruturas anatômicas normais) que se tomam visíveis quando espessados por líquido (Fig. 9.9). As linhas A de

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Fig. 9.9 Imagem localizada da base pulmonar direita cm PA demons­trando as linhas B de Kerley.

Kerley são mais longas e variam, quanto ao comprimento, de 5 a 1 O cm. Tendem a ser retas ou ligeiramente curvas e estendem-se dos hilos ou da área para-hilar em direção à periferia. São vistas nos lobos superiores e tendem a apare­cer no edema intersticial agudo. Indicam líquido nos septos interlobulare , principalmente nos lobos superiores.

O edema subpleural pode ser mais bem observado adja­cente à fissura menor à direita, mas também pode ser no­tado ao longo das fi ssuras maiores nas projeções laterais. Perifericamente pode haver líquido de edema sufic iente para simular espessamento pleural.

O edema da parede alveolar ocorre mais tardiamente, depois que os e~paços interstic iais alveolares estão cheios

Fig. 9.10 Rx de tórax em PA. mostrando aumento da área cardíaca e condensações alveolares nas regiões paracardíacas. configurando opa­drão em asa de borboleta.

Aparelho Cardiovascular - Parte 1 73

de líquido. Desse estágio em diante poderá haver, então, o enchimento alveolar, se o líquido continuar a acumular­se nos pulmões.

· Edema Alveolar. Com pressões capi lares pulmonares aci­ma de 18 mmHg ocorre a passagem do transudato para o interior dos alvéolos (edema a lveolar).

Achados radiográficos

• Os achados rad iográficos cláss icos do edema pulmonar alveolar são aqueles de opacidades bilaterais que se es­tendem externamente em leque a partir do hilo ("edema em asa de borboleta") (Fig. 9.10). As regiões pulmona­res periféricas ficam relativamente li mpas, o que inclu i tanto as bases quanto os ápices, exceto na insuficiência cardíaca congestiva (ICC), em que há edema basal bi­lateral.

Em caso de edema alveolar moderado, a opacidade é es­parsa, mas pode tornar-se bastante homogênea com a evo­lução do processo. Neste último caso, os alvéolos cheios de líquido que circundam brônquios cheios de ar podem, em conseqüência disso, permitir a visua li zação dos brônq uios como espaços radiotransparentes lineares ("broncograma aéreo") no interior da opacidade. A opacidade é, com fre­qüência, bilateral e relativamente simétrica.

O derrame pleural associa-se com umente ao edema, es­pecialmente na ICC (Fig. 9. 1 1) e na uremia.

As radiografias seriadas mostram, freqüentemente, alte­rações rápidas no volume e na distribuição do edema, per­ceptíveis de um dia para o outro. Um edema pulmonar, no início da evolução e de menor gravidade, pode produzir opa­cidades esparsas localizadas que simulam um acometimento nodular. Os supostos nódulos são, porém, mal delimitados e constituem, provavelmente, líquido de edema que enche os ácinos (partes do pulmão distalrnente aos bronquío los terminais).

Indicações da Causa do Edema Pulmonar. No edema secun­dário à insuficiência cardíaca, as observações de cardio­megalia, redistribuição vascular pu lmonar para os lobos superiores, edema basal e derrame pleural constituem fortes indicações de que o edema é decorrente de cardiopatia.

O edema pulmonar causado por insuficiência renal com uremia (edema azotêmico) produz opacidade peri -hilar central nos pulmões.

O edema pu lmonar causado pela inalação de gases ir­ritantes tende a ser mais general izado que os outros tipos e acarre ta urna aparência reticulada e esparsa que se es­tende mais para a periferia e com envolvimento central um pouco menor que aquele visto na uremia. Tende a ser, também, mais basal.

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74 Introdução à Radiologia

Fig. 9.11 Correlação entre a radiografia de tórax e a ultra-sonografia do tórax na identificação do derrame pleural. Estes métodos atualmente são complementares nesta abordagem e podem auxiliar a drenagem do derrame pleural.

Tromboembolia Pulmonar (TEP) A TEP ocorre quando um ou mais êmbolos impactam em ramos do leito arterial pulmonar. Esses êmbolos podem ser formados por materiais diversos, como gotas de gor­dura, bothas de ar, células neoplásicas, líquido amniótico; porém, mais freqüentemente, constituem-se de trombos sangüíneos que se desprendem de veias dos membros inferiores e veias pélvicas. Muitas vezes a isquemia cau­sada pela tromboembolia culmina em infarto do parên­quima pulmonar.

Embolia Pulmonar Maciça. Ocorre quando um ou mais êm­bolos maiores impactam nas artérias pulmonares ou em seus ramos principais. Isso leva a uma rápida e importante obstrução do fluxo vascular, aumentando a pressão arterial pulmonar, que pode levar a dilatação e, em seguida, falên­cia ventricular direita.

O paciente, geralmente, apresenta-se taquipnéico, disp­néico, com dor torácica do tipo pleurítica, e, possivel­mente, hipotenso e cianótico. Hemoptóicos podem estar presentes. O exame físico pode revelar hipofonese do componente pulmonar da segunda bulha (P2), enquan­to o eletrocardiograma (ECG) pode revelar sobrecarga deVD.

Achados radiográficos

• Dilatação do tronco arterial pulmonar, levando a aumento do arco médio esquerdo do coração. Algumas vezes pode ser visto o aumento da artéria pulmonar lobar inferior direita (sinal de Palia) (Fig. 9.12).

Fig. 9.12 Detalhe do mediastino inferior em PA. Observar a retificação do arco médio e a di latação da artéria pulmonar lobar inferior direita (sinal de Palia).

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Fig. 9.13 Rx de tórax em AP, fe ito no leito. Observar o sinal de Wes­termark.

• Pode ser vista interrupção do trajeto vascular, com dimi­nuição abrupta do calibre, constituindo o "sinal do nó".

• A hipoperfusão de áreas pulmonares afetadas pode acar­retar hipertransparência por oligoemia (sinal de Wester­mark) (Fig. 9.13) .. Áreas poupadas podem apresentar-se

Aparelho Cardiovascular - Parte 1 75

hipotransparentes devido à hiperperfusão compensatória, sendo, às vezes, vista uma densidade periférica em for­ma de cunha com a base pleural e o ápice direcionado ao hilo pulmonar (sinal de Hampton) (Fig. 9.14).

• A área cardíaca pode estar moderadamente aumentada.

Embolia Pulmonar Leve a Moderada. Quando o(s) êmbolo(s) é(são) pequeno(s), de modo que não se desenvolve um cor pulmonale imediatamente, as mudanças na radiografia de tórax levam mais tempo para ocorrer. O paciente po­de apresentar-se em bom estado geral, ansioso, levemente dispnéico e com dor pleurítica.

Achados radiográficos

• A hipoperfusão das áreas afetadas pode levar a uma redu­ção de volume do pulmão. É comum observar elevação do diafragma do lado afetado. Poucos dias depois, podem ser observadas áreas de atelectasia, que são causadas por colapso alveolar conseqüente à hipoventilação.

Infartos Pulmonares. Um infarto pode desenvolver-se em decorrência da isquemia da área afetada pela embolia. Pode ser de difícil visualização e ser acompanhado de derrame

Fig. 9.14 Rx de tórax em PA e perfil. Opaci­dades pulmonares bilaterais. Observar o sinal de Hampton.

Fig. 9.15 Rx do tórax no leito, com monitorização cardíaca e cateter enteral. Notar os achados de elevação do hemidiafragma bilateralmen­te, com pequeno derrame pleural e atelectasia bibasal.

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76 Introdução à Radiologia

pleural hemorrágico, o qual pode ser visto como uma pe­quena coleção de fluido no seio costofrênico.

Os infartos costumam aparecer como áreas de consoli­dação de limites mal definidos, próxima à superfície pleu- . ral. Essas áreas comumente desaparecem com o tempo ou permanecem como uma estria linear, pelo processo de fibrose.

Os seguintes sinais sugerem infarto do parênquima pul­monar: elevação do hemidiafragma do lado afetado, indi­cando diminuição do volume pulmonar; derrame pleural unilateral, geralmente pequeno; consolidação do parênqui­ma pulmonar; atelectasia e sombras lineares (Fig. 9 .15). Os infartos ocorrem principalmente nas bases, com prevalência maior do lado direito.

· ~

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A radiologia convencional ainda é o primeiro exame na ava­liação por imagem do coração e da circulação pulmonar. O conhecimento dos principais sinais é de grande importân­cia, principalmente para o médico assistente, que, inúmeras vezes, irá traçar condutas sem o auxílio do radiologista.

A ecocardiografia é hoje o método mais utilizado na abordagem cardíaca por ser fácil, portátil e com grande potencial diagnóstico.

Assim, as radiografias simples permitem uma aborda­gem inicial na investigação por imagem do sistema cardio­vascular, além de fornecerem informações relativamente seguras da circulação pulmonar.

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INTRODUÇÃO

Com a utilização de aparelhos de tomografia computado­rizada de 64 fileiras de detectores e de aparelhos de res­sonância magnética com 1,5 tesla com softwares que pos­sibilitam o estudo do coração e das coronárias, este tema tem sido cada vez mais discutido e empregado no cenário nacional.

Como os futuros médicos são os alunos em graduação, estes deverão ter o mínimo de conhecimento da tecnologia para utilizá-la de forma consciente, evitando gastos inde­sejáveis em saúde pública.

Existem pelo menos 1 O tipos de exames que podem ser realizados pe1a TC e 1 O exames que podem ser realizados pela RM. São eles:

A. Tomografia computadorizada l . TC de coronárias 2. TC da aorta (torácica e abdominal) 3. TC da aorta e ilíacas 4. TC da aorta e ramos principais (tronco celíaco, me-

sentéricas e renais) 5. TC das artérias pulmonares 6. TC das veias cavas superior e inferior 7. TC das artérias ou das veias dos membros inferio­

res (coxas ou pernas) 8. TC do coração 9. TC das artérias e veias do pescoço

1 O. TC das artérias e veias do crânio B. Ressonância magnética

l . RM de coronárias 2. RM do coração 3. RM da aorta (torácica e abdominal) 4. RM da aorta e ilíacas

Marcelo Nacif Flávio Azeredo

5. RM da aorta e ramos principais (tronco celíaco, mesentéricas e renais)

6. RM das artérias pulmonares 7. RM das veias cavas superior e inferior 8. RM das artérias ou das veias dos membros inferio­

res (coxas ou pernas) 9. RM das artérias e veias do pescoço

10. RM das artérias e veias do crânio

Serão apresentadas, de maneira simples, as diversas for­mas de abordagem por esses métodos modernos, ressaltan­do que, atualmente, a RM de coronária ainda está sendo utilizada unicamente para pesquisa médica ou para identi­ficação de anomalias de origem desses vasos. No entanto, nunca devemos deixar de avaliar os exames mais simples, pois estes podem demonstrar a doença arterial coronária em inúmeras circunstâncias (Fig. 10.1 ).

Fig. 10.1 Radiografia do tórax em perfil, localizada, mostrando calci­ficações grosseiras nas coronárias.

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78 Introdução à Radiologia

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE CORONARIAS

A tomografia computadorizada com 64 colunas de detecto­res disponibiliza, hoje, para a prática clínica, um excelente método não-invasivo de visualização das artérias coroná­rias, de detecção e estimativa de estenoses ou dilatações vasculares (artérias e veias) e da patência de stents coro­nários e enxertos vasculares arteriais ou venosos.

PROTOCOLO BASICO O estudo das coronárias pela TC de 64 colunas de detec­tores é acoplado ao ECG e necessita de:

• Controle da freqüência cardíaca (abaixo de 65 bpm) Administrados até 20 mg de metoprolol (EV)

• Otimização da análise coronariana 5 mg de dinitrato de isossorbida SL

• Avaliação de escore de cálcio Aquisição convencional com trigger prospectivo e 2,5 mm de colimação

Angiografia Coronariana por TC

• Aquisição helicoidal com trigger retrospectivo, 0,625 mm de colimação, modulação automática de dose do tu-

bo com mínima de 450 mA e máxima de 800 mA entre as fases de 40 a 80% e voltagem de 120 a 140 kV

• Meio de contraste venoso Média de 70 m1 de contraste iodado não-iônico (fórmula) 60 mi de soro fisiológico Bomba injetora dupla com fluxo de 5,0 a 5,5 ml/s

• Reconstrução dos dados brutos Reconstruídas 20 fases cardíacas e selecionada a que apresenta o menor grau de movimento cardíaco no nível das artérias coronárias

Podem ser analisados cerca de 22 segmentos nas coro­nárias nativas (Fig. 10.2).

Comentários

O exame pode ser realizado em qualquer faixa etária, sen­do iniciado com o escore de cálcio e posteriormente ser realizado o estudo angiográfico.

A maioria dos estudos é de origem ambulatorial , mas na inserção hospitalar vários destes poderão ser rea­lizados no cenário da dor torácica. Sendo ass im, este exame não apenas pode analisar as coronárias, como também a aorta torácica e a artéria pulmonar, descar­tando qualquer evidência de doença de causa vascular torác ica.

Fig. 10.2 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais nos planos ax iais nas válvulas aórtica (Ao) e mitral. Reconstruções curvas das coronárias direita (CD) e descendente posterior (DP). Reconstruções curvas do tronco das coronárias esquerda (TCE), descendente anterior (DA) e circunflexa (Cx). Reconstrução angiográfica, imagem semelhante ao cateterismo e em 30 .

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Aparelho Cardiovascular - Parte 2 79

Fig. 10.3 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais com reconstruções superficiais das coronárias, 3D e curva demonstrando este­nose no terço proximal da DA. DA, descendente anterior; Dg 1, primeira diagonal ; Mg 1 e Mg2, primeira e segunda diagonais; Cx, circunflexa; TCE, tronco da coronária esquerda.

Quanto à análise luminaJ, em relação às estenoses, podem ser utilizados vários critérios mas, de forma geraJ, conside­ra-se discreta ~50%, moderada > 50% e < 70%, importante >70% e significativa (moderada ou importante). Observa­mos, na prática, que uma classificação discreta/moderada pode ser considerada e isto significa que existe estenose moderada mas ela está no limite inferior, algo próximo a 55 ou 60%. Na presença de estenose moderada/importante, o mesmo deve ser identificado. A lesão será moderada, porém no limiar superior, algo próximo a 70% (Fig. 10.3).

A maior importância da TC de coronária (TCCor) é o descarte da doença arterial coronária (DAC). Já está com­provado, em correlação com o cateterismo, que, na análise anatômica vascúlàr, existe alto valor preditivo negativo, isto é, quando o exame é normaJ, não existe doença coro­nária (Fig. 10.4).

Em relação ao estudo dos stents, isto depende da consti­tuição do material destes. Os que possuem materiaJ metá­lico mais denso (geralmente os mais antigos) são de difícil análise, quase impossível pelo método; já nos que possuem materiaJ metálico menos denso (geralmente os mais novos), a análise é perfeita e factível. Isto independe se são farma­cológicos ou não. Sendo assim, quando estivermos frente a um exame em que a análise foi possível, pode-se conside­rar a informação do laudo (Fig. 10.5). Se a análise não for possível, no laudo constará: "anáJise do stent prejudicada ou difícil" .

Em relação aos estudos dos enxertos, poderão ser reali­zados de forma simples e completa, desde os arteriais ou venosos, em sua origem, trajeto, anastomose com a coro­nária nativa e o leito distal (Fig. 10.6).

A tomografia computadorizada tornou-se um método de grande valia no estudo dos pacientes revascularizados. O es-

Fig. 10.4 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais. Re­construção angiográfica em cores com ventriculografia.

tudo do enxerto, da artéria nativa e do leito distal com um exa­me minimamente invasivo, rápido e com aJto valor preditivo negativo agrada aos pacientes e aos médicos assistentes.

Em relação aos segmentos coronários estudados, estes podem ser acessados de forma completá.

Sendo assim, a experiência atual com a TCCor demons­tra que esta pode ser útil não somente em excluir ou de-

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80 Introdução à Radiologia

Fig. IO.S Tomografia computadori zada cm aparelho de 64 canais. Estudo de stents pérvios seqüenciais na DA.

Fig. 10.6 Tomografia computadori zada em aparelho de 64 canais. Estudo de enxertos da mamária para DA (Mamária-DA) e suas anastomo~c~. Também é identificado o enxerto de veia safena para coronária direita (safena-CD) (secas).

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tectar estenoses significativas mas, também, em identificar presença de DAC incipiente com estenoses leves ou apenas placas. Isto poderá trazer possíveis benefícios no sentido da iniciação precoce ou otimização da terapêutica desses pacientes.

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DO CORAÇÃO

Com base no volume de informações adquiridas na hélice para a angio-TC de coronárias pode-se fazer reconstruções

Aparelho Cardiovascular - Parte 2 81

e um pós-processamento completo para identificar, de for­ma simples, a função ventricular (Fig. 10.7), os planos val­vares, o pericárdio e o miocárdio (Fig. 10.8).

Ainda estão em estudo protocolos para análise de viabi­lidade e doença isquêmica (perfusão) pela TC.

Já observamos, atualmente, a possibilidade de utilização do método em planejamento pré-operatório de algumas cirurgias cardíacas como, por exemplo, a reconstrução de aneurismas ventriculares.

Os avanços estão acontecendo e isto será realidade em pouco tempo.

Fig. 10.7 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais. Estudo da função do ventrículo esquerdo com fração de ejeção, volume sistó­lico, volume diastólico final e sistólico final.

Fig. 10.8 Ventriculogralia realizada na sala de hemodinãmica demonstrando formação diverticular na parede inferior do VE. Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais demonstrando a exata relação do miocárdio e da cavidade ventricular esquerda. Note que, no fundo do divertículo, o remanescente miocárdi­co é fino e pode ser responsável por rup­tura parietal. A tomografia pode ser uti­lizada para planejamento cirúrgico pois demonstra exatamente a topografia do divertículo e sua extensão.

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82 Introdução à Radiologia

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DA AORTA

A angiotomografia computadorizada disponibiliza, de for­ma prática e simples, uma análise completa da aorta em· todos os seus segmentos.

Podemos aqui analisar aneurismas, hematoma parietal, úlcera, dissecção, ruptura e complicações pós-cirúrgicas.

PROTOCOLO BÁSICO O estudo angiográfico por TC necessita de:

• Tempo para início da hélice: de 22 a 30 segundos • Aquisição helicoidal com modulação automática de dose

do tubo com mínima de 450 mA e máxima de 800 mA

e \ICl\taiem de \ 10 a \ 40 k \./ • Meio de contraste venoso

Média de 80 mi de contraste iodado não-iônico (fórmula) 60 mi de soro fisiológico

• Reconstrução dos dados brutos 30, volume rendering e MIP (ma.ximum intensity pro­jection)

. Comentários

O estudo pela TC da aorta vem sendo realizado há mais de uma década pelos radiologistas, em sua prática diária. É claro que a tecnologia chega mais rápido em alguns centros do que em outros, mas a realidade atual é de que qualquer aparelho helicoidal consiga realizar este tipo de exame.

Aneurismas

Alguns dados importantes sobre a aorta torácica seriam os diâmetros 1í serem considerados: diâmetro > 4,0 cm - ec-

tasia; diâmetro > 5,0 cm - aneurisma (Fig. 10.9); diâmetro > 6,0 cm - risco de ruptura.

Um dado a ser considerado em qualquer dilatação aór­tica é a velocidade de crescimento, o que faz de exames seriados no controle da dilatação algo importante para o conhecimento de um aneurisma (Fig. 10.1 O).

A existência de um pseudo-aneurisma pode se dar por dois mecanismos:

- ruptura focal contida pela adventícia com ou sem tecido fibroso e

- trauma - cirurgia, punção.

Úlceras

As úlceras da aorta (Fig. 10.11) podem ter vários compor­tamentos e isto dependerá da região da parede acometida. Sendo assim, podemos encontrar úlceras que atingem a íntima, poupando a média e a adventícia (Fig. 10.12). Ou­tras poderão atingir a média, poupando a adventícia, e, neste caso, poderemos ter três tipos de evolução: dissec­ção, hematoma contido ou aneurismas saculares. A outra forma de apresentação é a que atinge a adventícia: isto é igual a ruptura.

Dissecção

Existem duas classificações utilizadas: as de De Bakey e de Stanford.

Na classificação de De Bakey (Fig. 10.13) temos: Tipo 1 - ascendente e descendente (Fig. 10.14) Tipo II - ascendente (Fig. 10.15) Tipo III - descendente (Fig. 10.16)

Fig. 10.9 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais. Paciente com síndrome de Marfan e aneurisma da aorta ascendente que envolve a raiz aórtica e o ânulo valvar.

Page 57: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

Fig. 10.11 Esquema representando as diversas formas de apresentação da (ilcera de aorta.

lt Ili

A (\ (\

Aparelho Cardiovascular - Parte 2 83

Fig. 10.10 Tomografia computadoriza­da em aparelho de 64 canais. Aneurisma da aorta descendente com trombo mu­ral. Reconstruções cm MIP e MPR.

Fig. 10.12 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais. Observe a úlcera na aorta descendente (seta).

Fig. 10.13 Esquema representando a class ili cação de De Bakey.

Page 58: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

84 Introdução à Radiologia

Fig. 10.14 Tomografia computadori zada em apare lho de 64 canais demonstrando uma di ssecção tipo 1 de De Bakey.

Fig. 10.15 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais demonstrando uma dissecção tipo ll de De Bakey.

Na classificação de Stanford temos: Tipo A - ascendente Tipo B - descendente

Temos que ter em mente que nem todas as di ssecções são agudas ou emergências médicas; podemos encontrar, inúmeras vezes, dissecções crônicas e estabilizadas. Sendo assim, o encontro da dissecção deverá estar na vigência de

Fig. 10.16 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais demonstrando uma dissecção tipo Ili de De Bakey.

dor torácica ou instabilidade hemodinâmica para ser uma emergência médica.

Rupturas

As rupturas podem ser traumáticas, ·por trauma aberto ou fechado, posteriores a rupturas de aneurismas, na vigência de dissecção ou úlceras, como visto anteriormente.

Page 59: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

Aparelho Cardiovascular - Parte 2 85

Fig. 10.17 Tomografia computadorizada em apare­lho de 64 canais demonstrando ruptura para a pare­de e luz do esôfago.

Fig. 10.18 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais demonstrando ruptura da aorta descendente.

Fig. 10.19 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais demonstrando um pseudo-aneurisma pós-operatório na raiz da aorta.

Em inúmeras situações a ruptura poderá ser para o me­diastino, para o pericárdio, para o espaço pleural ou para o esôfago, como no caso apresentado na Fig. l 0.17.

A região de maior incidência de ruptura aórtica por trau­ma fechado é a origem da aorta descendente, com 88,8% (Fig. 10.18) e a aorta ascendente com 3,2%, sendo os ou­tros segmentos incluídos nos 8% restantes.

Com pi icações Pós-cirúrgicas

São acontecimentos raros embora possíveis mesmo em mãos experientes, por vezes evoluindo como pseudo-aneu-

rismas próximos ao local da manipulação cirúrgica ou ao botão aórtico (Fig. 10.19).

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DAS ARTÉRIAS PULMONARES

A angiotomografia computadorizada para estudo do trom­boembolismo pulmonar (TEP) é um método simples que basicamente demonstra falhas de enchimento vasculares. O TEP central ou proximal (Fig. 10.'20) pode ser visto em qualquer paciente; nos pacientes que possuem derrame pleural moderado a volumoso ou consolidações pulmonares,

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86 Introdução à Radiologia

Fig. 10.20 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais de­monstrando um grande trombo na artéria pulmonar direita.

o diagnóstico de TEP distal pode ser difícil. Já na ausência de um outro diagnóstico a ser avaliado, o estudo do TEP distal fica facilitado (Fig. 10.2 l).

Os diferentes aparelhos irão ajudar no diagnóstico do TEP distal. Todos os aparelhos helicoidais podem fazer este estu­do, mas os aparelhos de 64 canais são os mais precisos.

PROTOCOLO BÁSICO O estudo angiográfico por TC necessita de: .... • Tempo para início da hélice: de 13 a 18 segundos

• Aquisição helicoidal com modulação automática de dose do tubo com mínima de 450 mA e máxima de 800 mA e voltagem de 120 a 140 kY

• Meio de contraste venoso Média de 80 m1 de contraste iodado não-iônico 60 mi de soro fisiológico

• Reconstrução dos dados brutos 3D, volume rendering e MIP (maximum intensity pro­jection)

Comentários

No estudo do tromboembolismo pulmonar o diagnóstico dependerá do calibre do vaso com o trombo, isto é:

grandes vasos: sensibilidade- 90% especificidade - 90%

pequenos vasos: sensibilidade - 53% especificidade - 63%

Com os aparelhos multidetectores a sensibilidade para o diagnóstico em pequenos vasos está aumentando.

Alguns achados adicionais estão relacionados a maior incidência de embolia pulmonar. São eles:

- achados de falência ventricular direita, - dilatação ventricular direita e

abaulamento do septo interventricular em direção à ca­vidade esquerda.

Atualmente podem ser realizados dois estudos com uma única injeção de contraste, de apenas 80 mi, analisando os segmentos da artéria pulmonar e o retorno venoso dos membros inferiores. Assim, podem ser feitos o diagnóstico do TEP e da sua origem.

Fig. 10.21 Tomografia computadorizada em aparelho de 64 canais demonstrando múltiplas falhas de enchimento em ramos distais da artéria lo­bar inferior direita com infarto pulmonar associado e um pequeno derrame pleural.

Page 61: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

Aparelho Cardiovascular - Parte 2 87

Fig. 10.22 Ressonância magnética do coração com a técnica hole-heart demonstrando a coronária descendente anterior (DA), o tronco da coro­nária esquerda (TCE) e a coronária direita (CD). Exames realizados no Serviço de Ressonância Magnética do HUCFF- UFRJ.

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE CORONÁRIAS

Ainda em caráter experimental; oferece a perspectiva de se tomar o exame ideal, já que é um método não-invasivo, que não necessita de radiação ou contraste nefrotóxico pa­ra a sua realização.

Os avanços são promissores, pois a RM tem possibili­dade de diferenciar os diversos tecidos, como fibrose, gor­dura, hemorragia, entre outros. A avaliação da parede das artérias coronárias por este método poderá diferenciar as diversas placas (lipídicas, fibróticas ou hemorrágicas), mas isto ainda não é realidade em nossa prática diária.

O estudo de aneurismas coronários (Kawasaki) ou de anomalias de origem já é possível (Fig. 10.22).

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DO CORAÇÃO

Técnicas-padrão em Ressonância Magnética do Coração

Os recentes avanços da ressonância magnética (RM) cardíaca poderão ser utilizados para detectar e quanti­ficar as disfunções ventriculares, tornando-se de grande valia para estimar o prognóstico dos pacientes. Ademais, a capacidade de um estudo multimodal, isto é, em um único exame, proporcionar estudo da função segmentar e regional, em repouso ou em estresse farmacológico , fluxo valvar, realce tardio e perfusão miocárdica, seja em repouso ou em estresse, e o complemento angiográ­fico fazem da RM o método mais completo de análise cardiovascular.

As seguintes técnicas são empregadas:

SPIN-ECHO ACOPLADA AO ECG As seqüências de pulso spin-echo (SE) consistem em pul­sos de 90° com excitação da radiofreqüência seguidos de outro pulso com 180º capaz de decodificar os dados das imagens. Os contrastes das imagens poderão ser mudados desde um moderado T 1 (Fig. 10.23) a um pesado T2, de­pendendo dos valores de TE ou TR utilizados.

Fig. 10.23 Ressonância magnética do co(ação com a técnica de sangue escuro e sem supressão de gordura demonstrando o óstio da coronári a direita (CD). Exame realizado no Serviço de Ressonância Magnética do HUCFF-UFRJ.

Page 62: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

88 Introdução à Radiologia

Essas seqüências fornecem uma boa relação anatômica do coração e estão habilitadas em quase todos os apare­lhos de RM.

A dilatação dos ventrículos e o afilamento de suas pare­des podem ser detectados adequadamente por esta técnica. As imagens geradas em SE demonstram o sangue preto e as paredes do coraçãô em tons de cinza.

Fig. 10.24 Ressonância magnética do coração com a técnica de IR duplo. sangue escuro e sem supressâo de gordura demonstrando um plano em quatro câmaras. Exame realizado no Serviço de Ressonância Magnética do HUCFF-UFRJ.

Fig. 10.25 Ressonância magnética do coração com a técnica de IR triplo, sangue escuro e com supressão de gordura demonstrando um plano em quatro câmaras. Exame realizado no Serviço de Ressonância Magnética do HUCFF- UFRJ.

Novas seqüências de pulso, como as de inversão da re­cuperação (IR) dupla (Fig. 10.24) ou tripla (Fig. 10.25) em pulsos rápidos da técnica em SE produzem imagens anatômicas ainda melhores.

Essas técnicas permüem alta resolução espacial em múl­tiplos planos, tais como eixos curto e longo, imagens do coração com supressão do sangue (IR duplo) e com supres­são da gordura (IR triplo), e ainda demonstram claramente o afilamento miocárdico.

As seqüências em SE são estáticas, adquiridas em uma fase única durante a diástole média e basicamente são uti­lizadas para estudo anatômico. Recentemente esta técnica, particularmente o IR duplo e triplo com TE longo, passou a possibilitar a identificação do aumento da concentração de água no miocárdio (edema), podendo auxiliar o estudo da miocardite.

Gradient-echo {cine-RM) Acoplada ao ECG

A tradicional seqüência de gradient-recalled echo (GRE) consiste em pulsos de exc itação da radiofreqüênc ia com ângulo de inclinação O'. segu idos de um campo com po­laridade oposta ao campo do gradiente para trazer os spins dentro de uma formação coerente da imagem. Além da densidade protônica pesada em T 1 e T2, se­qüências GRE (Fig. 10.26) são pesadas em T2* porque a defasagem dos spins resulta de um campo magnético não-homogêneo que não é novamente focado com um gradiente reverso.

Fig. 10.26 Ressonância magnética do coração com a técnica cine-flash demonstrando um plano em quatro câmaras. Exame realizado no Ser­viço de Ressonância Magnética do HUCFF- UFRJ.

Page 63: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

Fig. 10.27 Ressonância magnética do coração com a técnica cine-truffi demonstrando um plano em quatro câmaras. Exame realizado no Ser­viço de Ressonância Magnética do HUCFF-UFRJ.

Recentemente o uso.da técnica SSFP (Fig. 10.27) (stea­dy-state free precession) gradient-echo substituiu completa­mente o uso das técnicas tradicionais de gradient-echo para o estudo dinâmico em cine-RM. Uma das principais razões para esta mudança foi o excelente contraste observado en­tre a cavidade ventricular e a parede, o que facilita o estudo do endocárdio (visualmente ou de forma automática). Isto é mandatório para o estudo dos volumes, massa e função pela

Aparelho Cardiovascular - Parte 2 89

cine-ressonância. As seqüências SSFP (Fig. 10.28) possuem grande dependência na relação teci dual entre T2!f l e são menos importantes para a entrada (in-flow) do sangue.

Isto tem melhorado a visualização das bordas do endo­cárdio e epicárdio por meio das imagens em SSFP para ava­liações do tamanho da câmara e do movimento da parede. Estas seqüências novas possuem tempos curtos de TR e TE (p. ex., TR!TE, 2/0,9) o que permite tempos rápidos de aquisição (p. ex., 6 segundos) e mesmo exames em tempo real. O método SSFP foi descrito primeiramente em me­ados dos anos 1980; entretanto, não foi utilizado até que melhorias técnicas nos equipamentos e nos gradientes dos aparelhos pudessem trazer esta técnica para o uso clínico rotineiro e significativo. Os parâmetros-padrão para esta seqüência de pulso são: TR 3,9 ms, TE l , 7 ms, FA 45°, 20 ciclos cardíacos, 8 imagens por segmento, matriz 256 X

128, ST 8 mm, abertura 2 mm e FOV 32-38 cm. Para as medidas dos volumes, fração de ejeção e massa,

usamos primeiramente as seqüências em eixo curto como dados de base para a análise. Os volumes e a fração de ejeção do VE são analisados usando os softwares espe­cificamente projetados, aplicando o método de .Simpson (uma análise 30 verdadeira) em imagens de eixo curto no final da sístole e final da diástole (Fig. 10.29). A função segmentar pode ser classificada como normal, hipocinéti­ca, acinética, assincrônica ou discinética.

As seqüências rápidas acopladas ao ECG em gradient-echo (cine-RM) são usadas tradicionalmente para o estudo da fun­ção cardíaca. Estas imagens permitem a análise da função ventricular global com medida exata do volume, da fração de

Fig. 10.28 Ressonância magnética do coração com a técnica cine-truffi demonstrando planos no eixo curto do VE. Exame realizado no Serviço de Ressonância Magnética do HUCFF- UFRJ.

Page 64: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

90 Introdução à Radiologia

Fig. 10.29 Ressonância magnética do coração demonstrando o cálculo da fração de ejeção. volumes diastólico final e sistólico final, débito car­díaco, volume sistólico e massa do VE. Exame realizado no Serviço de Ressonância Magnética do HUCFF-UFRJ.

ejeção e dos volumes ventriculares e atrial. Desde então, a RM cardíaca foi considerada o padrão-ouro para a avaliação da função cardíaca global, do volume e da massa (Fig. 10.30).

A cine-RM gera imagens do coração em que o sangue aparece como uma estrutura brilhante e o tecido cardíaco como escuro. A reprodutibilidade dos índices da função é melhor do que com a ecocardiografia, permitindo a ava­liação seriada dos pacientes. A função regional pode ser analisada de forma subjetiva (análise visual do movimen­to da parede) ou quantitativa (quantificação da parede que espessa), além de ser possível detectar facilmente aneuris­mas e afilamento da parede. As insuficiências ou estenoscs

valvulares podem também ser detectadas com esta técni­ca, particularmente se associada com a imagem latente de contraste de fase (técnica PC), reservada para as medidas da velocidade do fluxo .

Tagging Miocárdico (Quadricul~do)

O tagging miocárdico, combinado com a cine-RM, permite seguir os diversos pontos do tecido dentro do miocárdio e. conseqüentemente, dá uma avaliação mais exata da defor­mação miocárdica regional. É executado com saturações sec­cionais paralelas e finas do tecido dentro do ciclo cardíaco,

Fig. 10.30 Ressonância magnética do coração com o~ planos da via de saída do VE (A). eixo longo duas câ­maras (B ), quatro câmaras (C), e eixo curto (D ) com a técnica cine-trufti. Exame realizado no Serviço de Re~­

sonância Magnética do HUCFF- UFRJ.

Page 65: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

deforma ideal, imediatamente depois que o ECG detecta o início da onda R no complexo QRS. O tag deforma-se junto com o miocárdio durante a contração e o relaxamento. Os tags da saturação são modulações espaciais que utmzam-se das mais avançadas técnicas de magnetização.

A técnica do tagging miocárdico é particularmente útil na detecção e quantificação da disfunção regional (Fig. 10.31 ). Esta técnica permite a visualização da deformação de linhas do tag dentro do miocárdio, fazendo a visualização e as me­didas possíveis da deformação de segmentos durante o ciclo cardíaco. Além da análise subjetiva das imagens, o software dedicado (p. ex., HARP, Findtags) foi desenvolvido com su­cesso e usado para a análise quantitativa da função sistólica em modalidades em duas e três dimensões.

Realce Miocárdico Tardio

O agente de contraste extracelular gadolínio-pentetato de . ..,, dietilenotriamina encurta significativamente o tempo de relaxamento T 1 dos tecidos que contêm concentrações suficientes deste agente. As seqüências de pulso gradient­echo (GRE) são particularmente úteis para o estudo pós­contraste devido à possibilidade de tornar-se mais pesado em Tl e aos tempos de aquisição curtos com TR curto. Recentemente, uma seqüência específica de pulso para o estudo da necrose miocárdica ou para a detecção de fibro­se foi desenvolvida. Esta seqüência é constituída de um gradient-echo com pré-pulso de preparação em inversão­recuperação. É executada 10 a 20 minutos após a injeção IV de 0,2 mmol/kg de Gd-DTPA. Durante este tempo de espera, o miocárdio normal (com espaço extracelular bai­xo) lava-se rapidamente, enquanto o contraste em tecido l.esado demora a lavar, criando uma concentração dife­rencial elevada entre os dois tecidos. Na associação com as diferenças de concentração do contraste, a seqüência do pulso IR usada demonstra as diferenças de intensidade do sinal na imagem RM, gerando uma relação excelente contraste-ruído do miocárdio normal e lesado. No infarto

Aparelho Cardiovascular - Parte 2 91

Fig. 10.31 Ressonância magnética do coração com a técnica do ragging longitudinal e quadriculado para es­tudo quantitativo da contração seg­mentar do VE. Exame realizado no Serviço de Ressonância Magnética do HUCFF-UFRJ.

miocárdico, a seqüência tardia no estudo do miocárdio após injeção de gadolínio não só detecta e quantifica a fibrose miocárdica como também avalia a viabilidade do miocárdio, podendo antever a recuperação funcional das anormalidades contráteis da parede do VE após a revas­cularização.

O realce miocárdico tardio (Fig. 10.32) transformou-se no melhor método não-invasivo para avaliar a fibrose ou a necrose miocárdica causada pelo infarto do miocárdio agu­do ou crônico ou por outras doenças não-isquêmicas.

A análise quantitativa pela planimetria pode ser execu­tada para obter a massa do VE e a extensão total do realce tardio, apresentadas como porcentagens da massa do VE nas imagens em eixo curto em realce tardio. Uma análise

Fig. 10.32 Ressonância magnética do coração com a técnica do real­ce tardio em um plano no eixo curto basal. Observar que o segmento anterior possui um realce tardio transmural (imagem branca) e os seg­mentos ântero-septal e ântero-lateral possuem um realce tardio suben­docárdico, não-transmural. Nesta etapa do exame o que está preto (não possui realce tardio) é músculo viável e o que está branco (possui real­ce tardio) é músculo sem viabilidade. Exame realizado no Serviço de Ressonância Magnética do HUCFF-UFRJ.

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92 Introdução à Radiologia

semiquantitativa é uti lizada para a avaliação da transmu­ra lidade do realce tardio no modelo do segmento padrão 17 do ventrículo e squerdo. A transmuralidade miocárdica do realce é classificada geralmente como < 25%, 25-50%, 50-75% e > 75% da área visual de cada egmento que é realçado. Adic ionalmente, cada segmento pode ser classi­ficado como te ndo um de quatro tipos de padrões predomi­nantes do realce mi ocárdico (Fig . 10.33): (a) subendocár­dico; (b) mesocárdico; (c) subepicárdico; e (d) transmural. A lesão s·ubendocárdica representada é típica de um infarto do miocárdio no segmento inferior basal com viabilidade preservada. O realce miocárdico mesocárdico septal basal é típico das miocardiopatias dilatadas com fibrose. O realce miocárdico subepicárdico ínfero-lateral basal é caracterís-

Fig. 10.33 Ressonância magnética do coração com a técnica do realce tardio em planos e ixo cuno e quatro câmaras. Observar em A. subendocárdico: B, mesocárdico; C, subepicárdico; e D, transmural.

tico das miocardites. Os realces tardios transmural ântero­septal e anterior basa l são típicos de infartos miocárdicos com ausência de viabi lidade.

Mapa de Velocidade

A PC (phase contrast - contraste de fase), uma variante do gradient-echo usada para medir diretamente o fluxo, é útil para quantificar a gravidade do regurgitamento valvular e da estenose, estimar o tamanho da derivação e avaliar a gravidade da estenose vascular arterial. Os pacie ntes com doença de Chagas podem se beneficiar com esta técnica, particularmente para medidas do volume regurgitante val­var e da via de saída do YE (Fig. 10.34).

Fig. 10.34 Ressonância magnética do coração com a técnica phase contras/ (PC) para cálculo do mapa de velocidade. Estudo realizado na rai,' da aorta.

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ANGIORRESSONÂNCIA MAGNÉTICA NAS DOENÇAS CONGt:NITAS

A angiografia por RM é um excelente método para o es­tudo anatômico dos grandes vasos do tórax e suas anoma­lias que, em muitos casos, estão associadas a anomalias cardíacas. O estudo das ·anomalias congênitas não só está indicado para o diagnóstico como também para o acom­panhamento pós-operatório, sendo este de grande impor­tância. Dessa forma, torna-se extremamente relevante o conhecimento profundo dos principais achados em angio­grafias por RM nas anomalias congênitas, suas armadilhas e dificuldades técnicas.

A angio-RM do tórax pode observar todas as anomalias congênitas, incluindo as de origem arterial, aneurisma da aor­ta, coarctação da aorta (Fig. 10.35), achados pós-operatórios (Fontan e Glenn) (Fig. 10.36), retomo venoso anômalo, trans­posição dos grandes vasos (Fig. 10.37), shunts, entre outros.

Aparelho Cardiovascular - Parte 2 93

Fig. 10.35 Angio-RM com a técnica OE 30 com gadolín io. Observe o estudo pós-operatório de coarctação aórtica infundibular com di lata­ção pós-estenótica.

Fig. 10.36 RM do coração e angio-RM com a técni­ca OE 30 com gadolínio. Observe o estudo pós-ope­ratório de um Olenn e um Fontan em paciente com tetralogia de Fallot. *, comunicação interatrial.

Fig. 10.37 RM do coração e angio-RM com a técnica OE 30 com gadolínio. Estudo de uma transposição dos grandes vasos. **, artéria pulmonar; VD, ventrículo di reito;*, aorta ascendente; seta, Blalock­Taussin.

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94 Introdução à Radiologia

ANGIORRESSONÂNCIA MAGNÉTICA DAS ARTÉRIAS E VEIAS

A angiografia por ressonância magnética (angio-RM) é um método seguro e sensível na avaliação das artérias e veias, com as vantagens de não usar meio de contraste iodado e potencialmente alergênico, não usar radiação ionizante nem apresentar os riscos de uma cateterização.

O único estudo angiográfico sem contraste é o do crânio (Fig. 10.38); os demais vasos dependem da administração de gadolínio.

Dessa forma, após os ganhos recentes com a moderna técnica tridimensional com o uso do meio de contraste ve­noso, a angio-RM tornou-se o método de excelência mesmo nos centros com médicos experientes em ultra-sonografia e tomografia computadorizada. No passado, os pacientes que realizavam arteriografia, por apresentarem doenças relacio-

nadas às artérias, fossem renais ou qualquer outra, necessi­tavam ser pacientes com alto grau de suspeição clínica, pois não existia um método menos invasivo e de baixo risco para a obtenção de um diagnóstico definitivo. Atualmente, este pode ser feito por um método relativamente simples, segu­ro, de altas sensibilidade e especificidade, que gera imagens semelhantes à angiografia digital e com custo inferior a esta, que é a angio-RM. Ela pode ser utilizada como método de rastreio, por trazer informações anatômicas e funcionais.

A possibilidade de avaliar estruturas vasculares por um método menos invasivo, como a angio-RM, agrada aos médicos assistentes pois faci lita o diagnóstico e o acompa­nhamento dos pacientes. Além disso, a RM também estuda outras doenças que podem estar presentes concomitante­mente em um paciente com vascu lopatia arterial ou venosa (Figs. L0.39, L0.40 e L0.41 ).

Fig. 10.38 Angio-RM do crânio, estudo arterial no plano axial e coronal. Este exame é reali zado sem contraste venoso pela técnica TOF 3D.

Fig. 10.39 Angio-RM dos vasos do pescoço, aortas abdominal e torácica.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os avanços no diagnóstico não-invasivo cada vez mais estão fazendo da arteriografia e do estudo hemodinâmico ferra­mentas terapêuticas importantes, sendo o planejamento de endopróteses e stents ou outros métodos de revascularização reaJizados por um método não-invasivo, RM ou TC.

Aparelho Cardiovascular - Parte 2 95

Fig. 10.40 Angio-RM das artérias pulmonares, da aorta abdominal e dos membros inferiores.

Fig. 10.41 Angio-RM da veia porta, das artérias renais com agenesia do rim direito, de um trans­plante de rim normal , de uma dissecção aórtica com baixo fluxo na artéria renal direita e de um infarto no pólo rena! superior direito.

Sendo assim, com a possibilidade ampla de estudos em qualquer vaso no organismo, é conveniente que, antes de qualquer estudo por TC ou RM cardiovascular, o médico assistente entre em contato com a equipe de radiologistas para discutir qual o melhor exame para o paciente e a for­ma correta de solicitá-lo.

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Díanne Machado Maria Lúcia Santos

Flávio Azeredo Edson Marchiori

Abdome

ANÁLISE DO ABDOME POR MEIO DA RADIOGRAFIA SIMPLES

É de fundamental importância conhecer os padrões de uma radiografia normal do abdome (Fig. 11.1) pois, dessa for­ma, tem-se l}gI parâmetro de comparação para identificar a presença de alterações radiológicas em um paciente com abdome agudo.

Deve-se dirigir a atenção aos ossos, tecidos moles, ór­gãos abdominais e ao padrão de distribuição dos gases intestinais . As bases pulmonares são geralmente incluídas nas radiografias abdominais, as quais, por empregarem técnicas radiográficas diferentes, podem revelar lesões pul­monares não mostradas na radiografia de tórax de rotina em póstero-anterior (PA).

Nos ossos devem ser procuradas lesões blásticas ou lí­ticas (podem indicar diversas doenças, entre elas metásta­ses ), sinais de fraturas ou, ainda, de artrite. Muitos tipos de artrite afetam os quadris, as articulações sacroilíacas (local de acometimento extremamente comum na espondi­lite anquilosante) e a coluna. Deste modo, várias doenças, inclusive algumas não abdominais, podem ser observadas à radiografia simples de abdome.

Em seguida, avaliar-se-ão os órgãos abdominais e de­mais tecidos moles. Visto que diversas estruturas abdomi­nais apresentam a mesma densidade à radiografia conven-

Fig. 11.1 Radiografia do abdome normal. Observar os órgãos com densidade de partes moles: o fígado, no hipocôndrio direito; o baço, parcialmente visibilizado, no hipocôndrio esquerdo; os contornos re­nais e a borda do psoas, bi lateralmente. Em relação às vísceras ocas, podem-se identificar parte do estômago, gases e resíduos fecais nos cólons e na ampola retal.

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Fig. 11.2 Cálculo renal. Radiografia de abdome em que se observam contornos renais bem definidos e concreção cálcica (cálculo) projetada na metade inferior do rim esquerdo.

cional (partes moles ou densidade de líquido), a visuali­zação destas dependerá da contrastação entre densidades radiológicas distintas e contíguas. O fígado, por exemplo, aparece na radiografia como densidade de partes moles no hipocôndrio difeito. A visualização de sua borda posterior será possível apenas graças à existência de gordura no com­partimento pararrenal posterior. Portanto, a gordura (pre­ta) irá contrastar com o fígado (branco), permitindo a sua visualização. O apagamento da margem hepática inferior, em radiografias feitas em decúbito dorsal, pode indicar a presença de líquido livre na cavidade abdominal. O pân­creas normalmente não é visualizado, porém, podem ser identificadas calcificações em sua topografia em pacientes com pancreatite crônica. Os contornos renais podem ser vi­síveis devido à presença da gordura perirrenal. Entretanto, as glândulas supra-renais normais não são visíveis e apenas o serão na presença de calcificações. A bexiga cheia pode aparecer como uma massa arredondada na pelve.

A identificação da distribuição dos gases (bolha gástri­ca, bulbo duodenal, flexura hepática, flexura esplênica e ampola retal) é de grande importância, pois ajuda a loca­lizar estas estruturas e a identificar seus deslocamentos. Uma massa abdominal, por exemplo, pode deslocar uma alça intestinal. As a lças de delgado, em condi ções não-

Abdome e Abdome Agudo 97

Fig. 11.3 Colelitíase. Radiografia localizada do hipocôndrio direito apresentando múltiplas concreções cálcicas agrupadas (cálculos), com centro radiotransparente, na topografia da vesícula biliar.

patológicas, geralmente contêm pouco gás devido à rápi­da absorção do ar deglutido. Desta forma, o encontro de grande quantidade de gás e líquido neste nível pode indicar problemas de adinamia ou obstrução. Já o cólon, em geral, contém gás e fezes, estas apresentando-se com um aspecto moteado. A ausência de gás neste segmento costuma suge­rir obstrução proximal.

O apagamento da borda do músculo psoas, apesar de ocorrer em alguns pacientes hígidos, muitas vezes está re­lacionado à presença de massa tumoral retroperitoneal, abscesso ou líquido. Deste modo, o apagamento da bor­da direita pode corresponder à apendicite e o apagamento da borda esquerda às vezes está presente na pancreatite aguda.

Calcificações abdominais não são incomuns e, em al­guns casos, costumam ser muito sugestivas de afecções específicas como, por exemplo, apendicite aguda na pre­sença de apendicolito na fossa ilíaca direita. Entre outras imagens calcificadas que podem ocorrer estão os granu­lomas calcificados no baço e fígado, miomas calcificados na cavidade pélvica, calcificações vasculares, calcifica­ções de tumores mucinosos, cálculos renais (Fig. 11.2) e da vesícula biliar (Fig. 1 J .3) e calcificações da pancreatite crônica (Fig. 11.4 ).

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98 Introdução à Radiologia

A B

Fig. 11.4 Pancreatite crônica. A, Radiografia panorâmica do ahdome com várias calcificações no andar superior, ao longo da topografia do pân­creas; B, radiografia localizada da loja pancreática com maior destaque das calcificações vistas em A.

CONTEÚDO ABDOMINAL

Como o conteúdo da cavidade abdominal é formado por vísceras ocas e maciças, faremos um breve resumo sobre algumas vísceras maciças, já que as ocas serão abordadas quando do estudo do trato digestório.

As vísceras maciças apresentam-se na radiografia simples do abdome e à tomografia computadorizada (TC) como áreas de densidade de partes moles. As mais facilmente identifica­das são o fígado, o baço e os rins. O estudo do pâncreas e da vesícula biliar na radiografia é baseado na observação de suas lojas, principalmente quando apresentam calcificações.

Fígado

O fígado é um órgão intraperitoneal que possui dois lobos, o direito e o esquerdo, os quais são separados por uma li­nha que se estende da loja da vesícula biliar à veia cava inferior. O lobo direito corresponde a cerca de 70% do vo­lume hepático e sua porção póstero-inferior relaciona-se com o rim direito e o ângulo hepático do cólon; inferior­mente, relaciona-se com a vesícula biliar. O lobo esquerdo relaciona-se, posteriormente, com o estômago.

Na radiografia, sua densidade (geralmente homogênea sob as últimas costelas direitas), seu contorno regular (ou irregular) e suas dimensões devem ser analisados. Deve-se tomar cuidado para não ser confundida a presença do lobo de Riedel (variante anatômica em que o lobo direito estende-se inferiormente ao rim homolateral) com hepatomegalia, em que todo o órgão apresenta aumento das suas dimensões.

Por ser um órgão de estrutura sólida, geralmente per­mite boa avaliação ultra-sonográfica. A sua ecogenicidade está, geralmente, entre a da córtex renal (hipoecóica) e a do

pâncreas (mais ecogênico). Os seus lobos são subdivididos em segmentos tendo como referência as veias pepáticas, o que é de grande importância quando da orientação para procedimento cirúrgico. A tríade portal (vasos portai s, ar­téria hepática e duetos biliares) é observada dentro do pa­rênquima hepático com melhor nitidez do que os ramos da veia hepática, porque se encontra revestida por uma maior quantidade de colágeno, deixando-a mais ecogênica.

O acometimento do parênquima hepático pode ter na­turezas diferentes e a sua tradução à ultra-sonografia (US) dependerá da presença de elementos de ecogenicidade dis­tinta à sua. Áreas onde há necrose (tumoral ou inflamatória) são hipo ou anecóicas, mal ou bem definidas em relação ao tecido normal. As formações císticas são áreas anecóicas (Fig. 11.5). Massas ou nódulos tumorais (Fig. 11.6) podem ser homo ou heterogêneos, de contorno regular ou irregular. limitados à cápsula ou invadindo estruturas vizinhas. A in­filtração por gordura e por alguns outros elementos (p. ex., metais pesados) aumenta a ecogenicidade do fígado de forma difusa ou focal. O contorno hepático pode se alterar quando da hepatite crônica ou da presença de lesões expansivas.

O fígado também é muito bem analisado na TC, prin­cipalmente com o uso do contraste administrado por via endovenosa que permite que pequenos tumores possam ser diagnosticados, avaliando-se sua forma de apresenta­ção antes, durante e após a injeção do contraste. As lesões inflamatórias e os tumores impregnam-se pelo meio de contraste, tornando as regiões acometidas hiperdensas em relação ao parênquima. Coleções como hematomas e bi ­liomas são bem estudadas tanto pela US como pela TC e podem ser homo ou heterogêneas. ·

As lesões traumáticas do fígado também são adequada­mente estudadas por esses dois métodos, os quais permitem

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Abdome e Abdome Agudo 99

A B

Fig. 11.S Cistos hepáticos. Cortes ultra-sonográficos do fígado apresentando áreas anecóicas (cistos), uma cm A e duas em B, com paredes finas e refo rço acústico posterior.

A B

Fig. 11.6 Massas e nódulos hepáticos. Ullra-sonografia hepática evidenciando múltipla imagens nodulares (A e B) e mas~a (B) sólidas. ecogê­nicas, distribuídas difusame111e pelo parênquima, correspondendo a metástases.

que o diagnóstico e o acompanhamento sejam feitos com bastante precisão.

Vesícula Biliar

O estudo de eleição para a análi se da vesícula biliar é a ultra-sonografi a. O preparo de que necessi ta o paciente para a sua reali zação é um jej um de aprox imadamente 6 horas.

A vesícula biliar normal é vista como uma imagem ane­cóica (ou econegativa), homogênea, situada na projeção da região central do rebordo inferior do lobo direito do fígado. Sua parede é fi na quando distendida adequadamente pela bile. Seu volume é vari ável e suas maiores dimensões fi­cam em torno de 7 X 4 X 3 cm (L X T .x AP). Raramente identificam-se septos no seu interior.

A presença de doença crônica pode reduzir as suas di­mensões. A sombra acústica posterior é uma "mancha" ne-

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100 Introdução à Radiologia

Fig. 11.7 Coleli tíase à ultra-sonogralia. Corte ultra-sonográlico da ve­sícu la bil iar que e apresenta com parede fina e conteúdo anecóico (bi­le) em meio ao qual e observa foco ecogênico (cálculo) com sombra acústica posterior.

gra, defi nida, que se forma pela absorção das ondas sonares pelos cálcul os (Fig. ri .7). A não observação da vesícula biliar pode acontecer por: jejum inadequado, colecistecto­mia, agenesia, doença crônica da vesícula (vesícula escle­roatrótica) ou pelo seu preenchimento por massa litógena ou mesmo por cálcul os.

Em condições patológicas a vesícula biliar pode estar ocupada por lama biliar, cálculos, neoplasia e corpos

Fig.11.8 Colecistite e lama bi liar. Ultra-sonografia do abdome em que é possível identificar vesícu la biliar (VB) com espessamento parietal e totalmente ocupada por material hipoecóico (lama biliar).

estranhos (áscaris) que se traduzem por imagens eco­gênicas em seu interior. A lama (Fig. 1 1.8) e os cálcu­los são móveis e produzem sombra acústica posterior limpa; os tumores formam massas que vegetam para a luz do órgão ou infiltram sua parede, espessando-a, e não produzem sombra acústica; corpos estranhos como áscaris constituem formações lineares hiperecóicas em meio à bi le .

A parede da vesícula biliar pode se espessar difusa ou focal mente. Quando o espessamento é focal deve-se pensar em doenças de natureza proliferativa como as colecisto­ses, que se traduzem como pólipos, os quais se apresen­tam como nódulos hiperecóicos à US, porém, sem sombra acústica. Já o espessamento difuso (Fig. 11 .8) pode ocorrer por in fecções agudas ou crônicas da própria vesícula e em condições como ascite, hipoproteinemia, hepatite, insufi­ciências cardíaca e renal. Em processos agudos, a vesícula pode apresentar um halo anecóico ao redor de sua parede, que é a tradução de edema. O halo de edema perivesicul ar também é muito bem visto na TC.

É preciso estar atento porque alças intestinais distendi­das em situação subepática podem mascarar o.estudo da vesícula, levando a um falso diagnóstico de colelitíase.

Pâncreas

A US e a TC modificaram sobremane ira a avaliação do pâncreas, sendo a última o método de escolha .

Por se tratar de um órgão retroperitoneal s ituado trans­versalmente no andar superior do abdome, a interposição

Fig. 11.9 Pâncreas normal. Ultra-sonografia de abdome em que se no­ta estrutura sólida, alongada e homogênea, bem definida, locali zada anteriormente à veia esplênica. Pode-se observar, em seu interior, o canal de Wirsung.

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Fig. ·11.10 Pancreatite aguda. Corte de tomografia computadorizada que evidencia pâncreas aumentado de volume, com contorno irregular e mal definido devido ao barramento da gordura adjacente. Neste corte observam-se, ainda, fígado e vesícula biliar normais, além de cisto no rim esquerdo.

gasosa pode dificultar a sua avaliação pela ecografia. Isto pode ser minimizado pGr meio da ingesta de água pelo paciente, fazendo com que a distensão gástrica provocada pela repleção hídrica sirva de janela para o pâncreas.

Nos dois métodos a avaliação pancreática deve cons­tar da análise de todos os seus segmentos (cabeça, corpo e cauda), considerando o contorno, a homogeneidade de seu parênquima e o seu volume (Fig. 1 1.9).

O pâncreas no idoso apresenta-se lipossubstituído, redu­zido de volume e com contorno levemente irregular.

Doenças agudas e crônicas podem comprometer o pân­creas, alterando-a sua densidade/textura. Assim, na pancre­atite aguda (Fig. 11.10), ele se apresenta mais hipodenso/ hipoecóico, e, na crônica, hiperdenso/hiperecóico. Calcifi­cações também podem ser observadas na doença crônica e são mais bem identificadas à tomografia. Lesões tumorais deformam a estrutura pancreática e, à TC, impregnam-se pelo meio de contraste.

Pseudocistos são complicações que ocorrem com re­lativa freqüência, secundariamente a processos inflama­tórios, formando massas que podem ser vistas aos Rx, à US e à TC.

A ressonância magnética (RM) e a colangiopancreato­grafia retrógrada endoscópica (CPRE) são métodos de in­vestigação também utilizados no estudo das complicações das doenças biliar e pancreática.

Baço

O baço é o órgão mais volumoso do sistema reticuloendote­lial. Seu acometimento secundário por doenças sistêmicas é freqüente, sendo também uma víscera muito atingida no

Abdome e Abdome Agudo 101

Fig. 11.11 Esplenomegalia. Baço apresentando-se à ultra-sonografia com contorno regular e ecotextura homogênea, porém com pequeno aumento dos seus diâmetros longitudinal e ântero-posterior.

trauma abdominal fechado. Pode ser estudado tanto pela radiografia como pela US e TC.

Seu parênquima é homogêneo e seus bordos, regulares. Suas medidas são, em média, 12 X 7 X 4 cm (L X T X AP). Considera-se esplenomegalia quando duas dessas medidas estão aumentadas (Fig. 11.11 ), o que pode ocorrer, por exemplo, na leucemia, no !infama e na esquistossomose. A redução de suas dimensões é observada quando acome­tido por múltiplos infartos, como na anemia falciforme, podendo evoluir para auto-esplenectomia.

Na região do hilo esplênico pode ser encontrada uma imagem nodular com características semelhantes ao baço: o baço acessório. O baço pode ser comprometido por doen­ças neoplásicas e inflamatórias, de forma focal ou difusa, aguda ou cronicamente. O estudo com contraste venoso durante a TC evidencia, pela forma de impregnação, este comprometimento, pois as áreas lesadas impregnar-se-ão mais fortemente que o restante do tecido.

A presença de calcificações no parênquima pode ser devi­da a doenças granulomatosas e vistas tanto no Rx, como na US e na TC.

O acompanhamento evolutivo das lesões traumáticas do baço geralmente é feito pela US. A imagem da cole­ção intraparenquimatosa ou subcapsular de um hematoma, inicialmente anecóica, vai se organizando e dando lugar a uma coleção hipoecóica, até retornar à textura original do parênquima quando já cicatrizado.

Rins

Os rins serão abordados no Cap. 13, que é relativo ao aparelho urinário.

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102 Introdução à Radiologia

Abdome Agudo

INTRODUÇÃO

O abdome agudo é uma sfudrome caracterizada fundamen­talmente por dor abdominal de início repentino, respondendo por cerca de 5-10% dos atendimentos em serviços de emer­gência e, por isso, de grande importância na prática médica. A dor pode vir acompanhada de vômitos, distensão abdomi­nal, rigidez muscular ou colapso. Diversas são as condições que cursam com dor abdominal aguda, gerando uma extensa lista de diagnósticos diferenciais. Conhecer essas condições e diferenciá-las é o grande objetivo para o médico, uma vez que a conduta terapêutica poderá variar de acordo com cada uma de suas etiologias, desde o tratamento clínico de suporte à ne­cessidade de cirurgia de urgência. Neste contexto, os exames de imagem aparecem como um instrumento de extrema impor­tância que, juntamente com o quadro clínico e os exames labo­ratoriais, auxiliarão o médico na busca da etiologia da doença.

CLASSIFICAÇÃO

Pode-se classificar o abdome agudo de acordo com a sua etiologia em inflamatório, perfurativo, obstrutivo, vascular, hemorrágico, obstétrico e ginecológico.

Inflamatório

• Apendicite aguda • Pancreatite aguda • Colecistite aguda • Diverticulite"'aguda • Doença inflamatória pélvica • Abscessos intracavitários

Perfurativo

• Úlcera péptica • Tumores com perfuração • Processos inflamatórios intestinais (amebíase, doença de

• Invaginação • Bolo de áscaris • Íleo biliar • Tumor • Abscesso • Doença de Crohn

Obstrutivo (Obstrução Cólica)

• Tumor • Diverticulite • Volvo • Invaginação • Fecaloma

Vascular Oclusivo

• Trombose da artéria mesentérica • Torção do grande omento • Torção do pedículo de cisto ovariano • Infarto esplênico • Embolias

Vascular Não-oclusivo

• Isquemia intestinal por diminuição do débito cardíaco • isquemia intestinal devido a choque • Isquemia intestinal por espasmo vascu lar

Hemorrágico

• Rotura de aneurisma de aorta abdominal • Traumatismo abdominal (p. ex., rotura de baço) • Rotura de neoplasias sólidas • Coagulopatias

Obstétrico

Crohn) • Abortamento

• Megacólon tóxico • Gravidez ectópica

• Perfuração de divertículo cólico • Neoplasia trofoblástica

• Trauma abdominal fechado com rotura de alça • Perfuração de apêndice

• Descolamento prematuro de placenta • Infecção puerperal

• Perfuração de vesícula • Rotura uterina

Obstrutivo (Obstrução de Delgado) Ginecológico

• Obstrução pilórica • Abscesso tubovariano • Hérnias • Lesões expansivas ovarianas complicadas • Brida • Mioma uterino

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MÉTODOS DE IMAGEM NA AVALIAÇÃO DO ABDOME AGUDO

A radiologia convencional é comumente utilizada como primeira etapa na avaliação do abdome agudo, pois trata-se de um exame barato, geralmente disponível nos serviços e de rápida realização. Apresenta boa sensibilidade, princi­palmente para os casos de obstrução e perfuração de víscera oca, devendo ser a primeira escolha nestes.

A TC, uma vez que demonstra as estruturas intra-abdo­minais com maior detalhe, é um método bastante sensível. Porém, não está disponível em muitos serviços, seu custo é mais elevado, devendo-se, ainda, considerar a possibili­dade de reações adversas ao meio de contraste iodado. É o método de escolha quando há suspeita de diverticulite e pancreatite aguda, sendo também realizada em casos de apendicite.

A ultra-sonografia desempenha papel importante no ab­dome agudo, incluindo a avaliação das vias biliares, as emergências ginecológicas e a apendicite. Tem como van­tagens o baixo custo, a disponibilidade em muitos serviços, a possibilidade de obtenção de cortes em múltiplos planos apenas com a movimentação do transdutor e a não utiliza­ção de radiação ionizante. Entretanto, em face da ocorrên­cia comum de distensão de alça intestinal em pacientes com abdome agudo, grandes áreas do abdome ficam inacessí­veis por causa do gás interposto. Pacientes obesos também não são bem avaliados à ultra-sonografia. Além disso, cabe lembrar que a eficácia diagnóstica deste método depende da experiência do médico radiologista, da qualidade do equipamento e das condições do paciente.

Fig. 11.12 Pneumoperitônio. Radiografia de tórax de uma criança em que se identifica presença de ar fora das alças intestinais: entre o diafrag­ma e o fígado (sinal do crescente) e sob a hemicúpula frênica esquerda.

Abdome e Abdome Agudo 103

Fig. 11.13 Decúbito lateral esquerdo com raios horizontais. Radiogra­fia de abdome realizada em DLERH, evidenciando ar fora das alças, entre a parede abdominal direita e as vísceras abdominais (pneumo­peritônio).

São sinais que devem ser buscados nas radiografias quando da suspeita de abdome agudo: ·

• Pneumoperitônio ou sinal do crescente (Figs. 11.12 a 11.14): traduz rotura de víscera oca. Quando se tem forte suspeita de pneumoperitônio e este não é encontrado na incidência PA do tórax em ortostase, deve-se fazer o de­cúbito lateral esquerdo com raios horizontais (DLERH), uma vez que o ar irá subir e contrastar com o fígado.

• Apagamento da gordura pré-peritoneal: traduz processo inflamatório.

• Velamento da borda externa do psoas: traduz acometi­mento do retroperitônio.

• Ausência de gás na ampola retal: traduz obstrução. • Presença de níveis líquidos (Fig. 11 .15): traduz obstrução.

Quando no delgado, são pequenos e múltiplos; quando no intestino grosso, são maiores e em menor número.

• Alça sentinela: é uma alça que se encontra fixa, edema­ciada e distendida.

• Volvo ou sinal do grão de café ou sinal do ômega (Fig. 11.16): ocorre secundariamente à torção da alça sobre seu próprio eixo.

• Sinal de Riegler (Fig. 11 .14): ocorre pela presença de ar entre as alças no caso de perfuração intestinal.

• Retropneumoperitônio: ar no espaço retroperitoneal. Po­de destacar bem os rins e o psoas.

• Sinal da chave inglesa: ocorre na invaginação intestinal (geralmente ileocecocólica).

• Escoliose antálgica (Fig. 11.17): a curvatura (conca­vidade) ocorre para o lado comprometido. Deve-se di­ferenciar da escoliose por alterações degenerativas ou posturais.

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104 Introdução à Radiologia

Fig. 11.14 Pneumoperi tônio e sinal de Riegler. Radiografia de tórax em PA de pacie nte com perfuração de víscera oca onde é possível obser­var pneumoperitônio e "sinal de Riegler". Este consiste em se identifi­carem, simultaneamente, os contornos interno e externo da parede de uma alça intest inal (observe as alças no mesogástrio), devido à presen­ça de ar livre na cav idade abdominal (pneumoperitônio).

Fig. 11.15 Abdome em ortostase e níveis líquidos. Radiografi a de ab­dome realizada em ortostase, podendo-se notar níveis líquidos em al­ças de intestino delgado, na região mais central do abdome.

Fig. 11.16 Volvo. Radiografia de abdome em que se destaca torção e distensão do sigmóide configurando volvo ou "sinal do grão de café'' Uü que a configuração da alça torcida asseme lha-se à forma deste grão).

Fig. 11.17 Alça sentinela e escoliose antálgica. Paciente com apendi ­c ite aguda apresentando, à radiografi a de abdome, alça de delgado fi xa no flanco direito e escoliose lombar com concavidade para este lado.

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Fig. 11.18 Obstrução de delgado. Radiografia de abdome em ortostase em que se detectam distensão e níveis líquidos em alças jejunais com presença do "sinal do empilhamento de moedas", caracterizado pelo espessamento do pregueado mucoso deste segmento de delgado.

• Apagamento das lojas renais: por comprometimento do retroperi tôn i o.

• Distensão de alças intestinais (Fig. 11.18): quando ocorre no jejuno, te11)1e o aspecto de empilhamento de moedas.

INCIDÊNCIAS PARA O ESTUDO DO ABDOME AGUDO - ROTINA DE

ABDOME AGUDO (RAA)

A rotina radiológica para estudo de abdome agudo é com­posta pelas seguintes incidências: radiografia de tórax em PA ortostática (Fig. 11.14 ), AP (ântero-posterior) de abdo­me em decúbito dorsal e AP de abdome em posição ortos­tática (visualiza os níveis líquidos - Fig. 11.15).

Por que é feita a radiografia de tórax em PA? Determi­nadas doenças do tórax podem cursar com dor abdominal aguda e simular uma moléstia abdominal. Alguns exem­plos são: pneumonia dos lobos inferiores, pleurite, infarto agudo do miocárdio, infarto pulmonar, insuficiência car­díaca congestiva, pericardite, pneumotórax e aneurisma dissecante de aorta.

Algumas morbidades abdominais podem apresentar complicações pulmonares como, por exemplo, a presença de derrame pleural em pacientes com pancreatite aguda e

Abdome e Abdome Agudo 105

de pneumonia por aspiração devido a períodos prolongados de vômitos na obstrução intestinal.

O pneumoperitônio pode ser observado no contorno in­ferior do diafragma, na incidência em PA do tórax (Figs. 11.12 e 11.14). O paciente deve permanecer em ortostase por pelo menos 1 O minutos antes da realização da radiogra­fia para que o gás livre ocupe a região subdiafragmática.

Outras alterações radiológicas torácicas podem ser evi­denciadas, como a hérnia diafragmática.

Os casos de abdome agudo em pacientes no pós-opera­tório com freqüência apresentam complicações torácicas. A radiografia de tórax prévia ao ato cirúrgico serve como parâmetro para comparações e detecção de alterações.

Outras incidências podem ser adicionadas à RAA com o intuito de prestar maiores esclarecimentos. O perfil do tó­rax pode ser solicitado quando se observa alguma alteração na incidência em PA. Os debilitados, incapazes de ficarem sentados ou em pé podem ser submetidos à radiografia de tórax em AP (em decúbito dorsal) e ao exame do abdome em DLERH, incidência esta que também pode demonstrar o pneumoperitônio (Fig. 11.13), inclusive em casos duvidosos nos quais o gás não foi individualizado nas outras incidências.

ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO

Apendicite Aguda

Os eventos fisiopatológicos envolvidos na apendicite aguda têm início com a obstrução do lúmen do apêndice (dentre as causas, hiperplasia de folículos, fecalito, áscaris, bário e corpos estranhos - sementes, restos vegetais).

O acúmulo progressivo de muco e a estase, em função da obstrução, levam à proliferação bacteriana com secre­ção de toxinas, ulcerando a mucosa e permitindo a pene­tração de bactérias nas camadas musculares, estabelecendo a inflamação. Com o aumento da pressão intraluminal e a distensão do apêndice há comprometimento do retorno venoso e do suprimento arterial, ocorrendo isquemia, que poderá gerar necrose e perfuração.

QUADRO CLINICO Na apresentação clássica o paciente apresenta dor abdomi­nal que se inicia de forma generaJizada, torna-se perium­bilical e, por fim, localiza-se na fossa ilíaca direita. Há também anorexia, náuseas e vômitos. A ausculta abdominal revela sons diminuídos. A febre, que geralmente é mode­rada, pode elevar-se com a rotura do órgão.

IMAGENOLOGIA O diagnóstico de apendicite aguda pode muitas vezes ser feito pelos dados clínicos e laboratoriais. No entanto, os métodos de imagem atuais, como a radiologia convencio­nal, a US e a TC, são importantes para concluir este diag-

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106 Introdução à Radiologia

nóstico, permitir o diagnóstico diferencial e reduzir pro­cedimentos cirúrgicos desnecessários. A RM por vezes é utilizada nas pacientes grávidas em que a ultra-sonografia não foi conclusiva.

RAA Apesar de não ser o método de maior especificidade, a RAA continua sendo muito utilizada na avaliação inicial da apendicite aguda. A demonstração de apendicolito na fossa ilíaca direita (possível em apenas 10% dos casos à RAA), somada a um quadro clínico compatível , é altamente sugestiva de apendicite. O apendicolito isoladamente, en­tretanto, pode ser encontrado em apêndices sem que haja processo inflamatório associado.

Sinais radiológicos encontrados na apendicite aguda:

• Escoliose antáJgica lombar de convexidade esquerda (Fig. 11.17).

• Íleo regional: quando a serosa que envolve uma mus­cu latura lisa sofre irritação, as fibras musculares subja­centes apresentam pares ia ou paralisia, comprometendo a peristalse e, conseqüentemente, ocorrendo dilatação das alças . A presença de uma alça distendida e fixa na proximidade do processo inflamatório é chamada "alça sentinela" (Fig. l l .17).

• Pode haver ape ndicolito na fossa ilíaca direita (Fig. 11.19).

• Apagamento da borda do psoas direito (Fig. 11.19). • Níveis líquidos na fossa ilíaca direita. • Apagamento da gordura pré-peritoneal.

A

Fig. 11.19 Apendicite aguda à radiografia. Presença de concreção cál­cica (apendicolito) na topografi a do apêndice vermiforme e apagamen­to da sombra do psoas direito.

Ultra-sonografia Método de grande sensibilidade e especificidade, sendo por isso considerado por muitos como o primeiro passo na avali ação radiológica inicial da apendicite aguda.

B

Fig. 11 .20 Apendicite aguda à ultra-sonografia. A, Corte longitudinal mostrando imagem tubuliforme, em fundo cego (apêndice), na fossa ilíaca direita; 8 , corte transversal do apêndice que apresenta di âmetro maior do que 6 mm.

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O diagnóstico pela ultra-sonografia é feito ao identificar imagem tubular de fundo cego, sem peristaltismo, com o diâmetro transverso superior a 6 mm (Fig. 11.20). O apen­dicolito, quando presente, mostra-se como um cálculo com sombra acústica. Complicações como abscessos e coleções podem também ser identificadas, assim como outras mor­bidades que fazem parte dÔ diagnóstico diferencial.

Tomografia Computadorizada Método de maior acurácia (discretamente superior à US), entretanto, de custo elevado, utiliza radiação ionizante e contraste iodado.

A TC é de grande importância para concluir o diagnóstico nos casos em que a ultra-sonografia apresenta limitações.

Vale ressaltar que a apendicite aguda é uma entidade de altà prevalência em crianças e mulheres grávidas e, por­tanto, os riscos inerentes da exposição à radiação devem ser considerados.

Sinais tomográficos:

1. Diâmetro apendicular maior que 7 mm 2. Espessamento da parede apendicular 3. Infiltração da gordura periapendicular 4. Coleções adjacentes ao apêndice 5. Apendicolito (demonstrável em 30-50% dos casos).

Pancreatite Aguda

A pancreatite aguda pode ser definida, de forma simplifi­cada, como a inflamação do tecido pancreático que ocorre em função da ativação e liberação de enzimas pancreáticas para o interstício do próprio órgão.

Como etiologia destacam-se duas condições que respon­dem pela mai0na dos casos: litíase biliar (devido à obs­trução da ampola de Vater por pequeno cálculo) e uso de álcool. Outras causas são: uso de drogas, pós-operatório, trauma, hipercalcemia, hipertrigliceridemia, pâncreas di­visum e como complicação da CPRE.

A pancreatite aguda pode apresentar-se sob a forma ede­matosa (pancreatite aguda leve), sem áreas extensas de ne­crose e sem complicações locais ou sistêmicas (cerca de 80-90% dos casos) ou, ainda, sob a forma grave, associada a necrose, formação de pseudocistos e abscesso, podendo haver acometimento multissistêmico com envolvimento de órgãos a distância, choque e morte.

QUADRO CLi NICO O paciente apresenta dor abdominal aguda localizada no andar superior do abdome com distribuição em barra e ir­radiação para o dorso. A dor torna-se mais intensa com o paciente em decúbito dorsal e pode ser atenuada na posição genupeitoral ou na posição fetal.

O abdome apresentar-se-á distendido (devido ao íleo paralítico que ocorre em função da inflamação intra-ab-

Abdome e Abdome Agudo 107

dominai) e doloroso (por vezes mesmo à palpação super­ficial). A dor quase sempre é acompanhada de náuseas e vômitos incoercíveis. Podem estar presentes: icterícia, febre, desidratação, hipotensão e taquicardia, em alguns casos evoluindo para choque e coma.

IMAGENOLOGIA

RAA e Estudos Contrastados A RAA e os estudos contrastados apresentam limitações co­mo, por exemplo, a incapacidade em demonstrar alterações de afecções inflamatórias que se desenvolvem na pancreatite aguda. Além disso, alguns sinais radiológicos como íleo pa­ralítico não são diagnósticos, pois podem ser encontrados em outras morbidades intra-abdominais. Na pancreatite aguda a maioria dos achados é inespecífica e em cerca de 2/3 dos casos as radiografias simples podem ser normais ou mostrar apenas discreta dilatação intestinal. Nestes casos a impor­tância da RAA está na exclusão de outras morbidades como a obstrução e a perfuração intestinais. No entanto, algumas alterações podem orientar o diagnóstico, tais como:

1. Derrame pleural bilateral 2. Atelectasia em bases pulmonares 3. Íleo paralítico inflamatório e "alça sentinela" 4. Sinal do cólon amputado (cut-ojj): ocorre dilatação

gasosa do cólon transverso até o nível da flex ura es­plênica, onde abruptamente a coluna gasosa desa­parece. O cólon transverso encontra-se dilatado em função do processo inflamatório (íleo regional). A infiltração inflamatória do ligamento frenocólico le­va ao espasmo do cólon na flexura esplênica onde ele passa de intra a retroperitoneal , levando a estrei­tamento neste ponto e reduzindo a passagem de gás

5. Perda do contorno do psoas esquerdo 6. Aumento da curvatura duodenal em função do ede­

ma da cabeça do pâncreas que se localiza dentro do arco duodenal. Isto pode ser observado na seriogra­fia de esôfago, estômago e duodeno

7. Aumento da distância entre estômago e cólon trans­verso devido ao edema do pâncreas. Radiologica­mente, esta distância é medida entre os gases pre­sentes no estômago e no cólon transverso

8. Elevação do estômago (também ocorre devido ao edema do pâncreas)

9. Calcificações pancreáticas (Fig. 11.4): embora indi­cativas de pancreatite crônica, podem escar presen­tes em casos de agudização de um processo crônico na pancreatite de etiologia alcoólica.

Tomografia Computadorizada A TC com contrastes oral e venoso é o exame padrão-ouro para pancreatite aguda. No entanto, uma vez que até 90%

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...

108 Introdução à Radiologia

dos casos de pancreatite aguda são da forma edematosa (forma leve), a realização da TC nem sempre é necessária. É reservada aos casos graves e àqueles em que a anamne­se, o quadro clínico e a avaliação laboratorial não foram suficientes para fechar o diagnóstico.

O exame é realizado em jejum, sendo ingerido o con­traste oral com o objetivo de opacificar as alças intestinais e permitir a diferenciação entre estas e o pâncreas que, sem o contraste, apresentam densidades semelhantes. Além disso, a opacificação das alças permite a detecção de es­pasmos, se houver acometimento inflamatório intestinal. Posteriormente, é feita a injeção de contraste venoso, que permitirá melhor visualização da glândula, diferenciando-a de coleções e do tecido inflamatório adjacentes.

Este exame tem grande importância na determinação do prognóstico (por meio dos critérios de Baltazar) na pan­creatite necro-hemorrágica, sendo capaz de visualizar e quantificar o acometimento do órgão e do tecido adjacente ao mesmo, bem como de detectar, com altas taxas de sen­sibilidade e especificidade, a presença de necrose pancre­ática. Sabe-se que os índices de mortalidade da pancreatite aguda são diretamente proporcionais ao desenvolvimento e à extensão da necrose do órgão.

Principais alterações encontradas à TC:

• Aumento focal ou difuso da glândula com perda da pre­cisão de seus limites (Fig. 11. lO).

• Redução da densidade da glândula. • Presença de líquido (coleções), principalmente no espa­

ço pararrenal anterior (espaço retroperitoneal que tem o peritônio parietal posterior como limite anterior e a lâmina anterior da fáscia renal como limite posterior) e no pequeno saco (espaço localizado posteriormente ao estômago e anteriormente ao pâncreas).

• Espessamento da fáscia renal (fáscia de Gerota). • Presença de derrame pleural à esquerda. • A presença de áreas não impregnadas após a infusão

de contraste venoso indica a possibilidade de necrose. Quando a microcirculação pancreática está intacta tem­se impregnação homogênea do contraste pela glândula, o que acontece na forma edematosa da doença. Entretanto, a ausência de impregnação do contraste reflete rotura da microcirculação, hipoperfusão e necrose. Esses pacien­tes apresentam maior risco de infecção e podem neces­sitar de acompanhamento clínico minucioso, repetição do exame e, eventualmente, procedimentos de aspiração, drenagem ou tratamento cirúrgico.

Colecistite Aguda

A colecistite aguda é a inflamação da vesícula que se segue à impactação permanente de um cálculo no dueto cístico desencadeando uma série de eventos fisiopatológicos que

irão culminar com inflamação química aguda do órgão. Deve-se, contudo, mencionar que em 5% dos casos a co­lecistite aguda pode se dar na ausência de cálculos, como ocorre após isquemia da artéria cística, cirurgias, traumatis­mos, queimaduras e em pacientes em hiperalimentação.

QUADRO CL( NICO A presença de cálculos no interior da vesícula biliar é de­nominada colelitíase. A grande maioria dos pacientes é assintomática, entretanto, 15% apresentam sintomas como náuseas, vômitos, sudorese, plenitude pós-prandial e dor no hipocôndrio direito. A obstrução transitória do dueto cístico por cálculo provoca dor que é devida a espasmos do cístico na tentativa de expulsão do cálculo. A dor biliar caracteriza-se por ser em fisgada, contínua, localizada no epigástrio ou hipocôndrio direito, podendo ou não se irra­diar para a escápula ou o ombro, chegando a durar cerca de 6 horas. Quando esse tempo de duração é maior a suspeita de colecistite deve ser levantada. Dos 15% de pacientes sintomáticos, apenas 15% apresentarão complicações co­mo colecistite aguda e coledocolitíase, ambos os eventos decorrendo da impactação de cálculos no dpcto cístico e no colédoco, respectivamente.

IMAGENOLOGIA

RAA. Principais Achados

• Cálculos biliares: apenas 10 a 15% são calcificados e identificáveis nas radiografias simples (Fig. 11 .3).

• Ar na parede da vesícula biliar na colecistite enfisemato­sa: infecção da vesícula por bactérias produtoras de gás, comum em pacientes diabéticos e idosos.

• Sinais torácicos: pequeno derrame pleural, elevação do diafragma, atelectasias laminares.

• Dilatação de alças em função do processo inflamatório (íleo regional).

Ultra-sonografia É o exame de escolha para detecção de litíase, com preci­são diagnóstica em torno de 95%. Deve ser realizada após 6 horas de jejum para que a vesícula esteja distendida coM'l bile, possibilitando sua análise adequada. Apesar de ser a cintilografia com 99mTc-HIDA o exame padrão-ouro para confirmação da suspeita clínica de colecistite aguda, abor­daremos aqui alguns achados ultra-sonográficos:

• Aumento significativo do diâmetro transverso do fundo da vesícula.

• Lama biliar (Fig. 11.8): esta pode estar associada à litíase e, portanto, também estar presente na colecistite. Além disso, a lama biliar é considerada precursora dos cálculos biliares, mas sua presença não implica, obrigatoriamente. a formação de cálculos.

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• Colelitíase (Fig. 11.7): imagens hiperecóicas (brancas) com sombra acústica posterior e móveis com as varia­ções de decúbito.

• Espessamento da parede da vesícula maior que 3 mm (Fig. 11 .8). Este sinal, entretanto, não é específico de colecistite, podendo ser encontrado em outras condições como hepatite, infecção por HIV, hipoalbuminemia e congestão hepática.

• Halo anecóico na espessura da parede da vesícula (sinal de edema).

• Sinal de Murphy ultra-sonográfico. • Eventual demonstração de abscesso pericolecístico ou

subfrênico à direita.

Diverticulite Aguda

A diverticulose adquirida, doença de prevalência maior em indivíduos idosos, consiste na herniação da mucosa intestinal através da parede muscular em locais de menor resistência (como, por exemplo, nos pontos de entrada das artérias retas cólicas), formando pequenas saculações que recebem a denominação de divertículos.

A fisiopatologia da div~rticulose pode envolver dois me­canismos: aumento da pressão intraluminal - relacionado a uma dieta pobre em fibras e tendo o sigmóide como re­gião mais acometida- e fraqueza da camada muscular por deficiência de fibras colágenas.

Denomina-se doença diverticular do cólon a presença de divertículos somada ao espessamento da parede intestinal, sendo o local de maior acometimento o sigmóide.

Trata-se de uma condição comum, principalmente em países industrializados (devido à escassez de fibras na die­ta), bastante prevalente na população idosa e, na maioria das vezes, assintomática.

QUADRO CLINICO A maioria dos indivíduos permanece assintomática, entre­tanto, cerca de 15% dos pacientes poderão apresentar he­morragia, sendo a doença diverticular do cólon a principal causa de sangramento intestinal inferior de grande mon­ta em indivíduos com mais de 50 anos. O sangramento é devido à rotura dos vasos retos adjacentes ao divertículo para a luz cólica.

Inicialmente deve-se descartar a possibilidade de hemor­ragia digestiva alta como causa da hematoquezia. O exame proctológico também é indicado para afastar a possibilida­de de hemorróidas como causa do sangramento. Pacientes com sangramento ativo e estáveis hemodinamicamente de­verão ser submetidos à arteriografia mesentérica seletiva de emergência. Em pacientes cujo sangramento cessou, deve ser realizada a colonoscopia ou clister opaco para demonstrar a presença de divertículos.

Abdome e Abdome Agudo 109

Entre 10 e 25% dos pacientes poderão sofrer perfuração do divertículo gerando um processo inflamatório pericóli­co, episódio denominado diverticulite .

. A fisiopatologia apóia-se na obstrução do colo dos diver­tículos, ocorrendo estase do material fecal em seu interior. Pode ocorrer infecção ocasionando a formação de absces­so, perfuração intestinal e formação de fístulas. O paciente apresentará um quadro clínico bastante inespecífico com febre, diarréia e dor na fossa ilíaca esquerda.

O diagnóstico clínico da diverticulite é comumente duvi­doso, com altas taxas de erros diagnósticos. Por essa razão e devido às importantes complicações pré e pós-operatórias, os exames radiológicos estão indicados.

A RAA é capaz de identificar pneumoperitônio ou cole­ção gasosa pélvica extraluminal quando há perfuração.

IMAGENOLOGIA A TC tem papel importante no diagnóstico da diverticuli­te e suas complicações. Já a rotina de abdome agudo tem limitação em demonstrar as alterações deste processo in­flamatório.

Clister Opaco Método de baixa morbidade quando se utiliza contraste iodado hidrossolúvel. Deve-se lembrar que a diverticu­lite aguda contra-indica o uso de contrastes baritados, uma vez que o bário na cavidade abdominal ocasiona importante reação inflamatória. Tem como limitações a baixa sensibilidade (o iodo tem densidade menor do que o bário) e baixa especific idade, não avaliando a extensão extracólica da doença e não fornecendo diag­nósticos alternativos. Observam-se os seguintes achados radiológicos:

1. Identificação de divertículos 2. Hipertrofia da parede muscular 3. Efeito de massa intramural ou extramural sobre a

coluna de contraste, gerado pelo abscesso 4. Obstrução cólica 5. Espasmo cólico 6. Extravasamento intramural ou peritoneal do meio de

contraste devido à perfuração de divertículo 7. Formação de fístulas para órgãos adjacentes (como

bexiga e vagina) opacificando-os.

Tomografia Computadorizada A TC é o método padrão-ouro na investigação da diverticulite aguda. São observados os seguintes aspectos tomográficos:

• Espessamento da parede cólica (> 4 mm). • Presença de divertículos: se associada ao espessamento

da parede apresenta sensibilidade e especificidade bas­tante altas.

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110 Introdução à Radiologia

• Densificação do tecido adiposo adjacente ao segmento acometido devido à inflamação.

• Líquido livre abdominal. • Pneumoperitônio em função da perfuração do divertículo. • Presença de fístulas. • Extravasamento do meio de contraste. • Abscesso: apresenta uma cápsula que se impregna pelo

meio de contraste venoso. O centro da lesão costuma exibir densidade de líquido.

ABDOME AGUDO PERFURATIVO

A presença de ar intraperitoneal é chamada de pneumo­peritônio. Dentre suas causas podem-se destacar o pós­operatório recente e todos os processos que levam à per­furação de alça intestinal, como a úlcera péptica, a doença de Crohn e a diverticulite. Pode haver extravasamento de secreções do TGI para a cavidade peritoneal, levando à peritonite.

lmagenologia

RAA A presença de pneumoperitônio é capaz de delinear estru­turas intraperitoneais com densidade de partes moles que estejam em contato com o ar. O que permite que isso ocorra é a diferença de densidade radiológica entre as partes moles (brancas) e o ar (preto), contrastando as estruturas.

A radiografia do tórax em PA ortostática, exame que faz parte da RAA, demonstrará ar infradiafragmático (sinal do crescente infradiafragmático) (Fig. 11.12). A posição ortostática permite que o ar suba e delineie o contorno in­ferior do diafragma. Observa-se uma meia-lua preta infe­rior ao di°afragma. A visualização de pequeno volume de ar infradiafragmático é sugestiva de perfuração duodenal enquanto volumes maiores sugerem perfuração de estô­mago ou cólon.

O achado de ar dentro e fora da alça intestinal, delinean­do tanto a face interna quanto a externa da parede da alça, é chamado de sinal de Riegler (Fig. 11.14). Do mesmo modo, a presença de ar ao redor do ligamento falciforme é capaz de gerar sua visualização.

Em paciente debilitado e, portanto, incapaz de assumir a posição ortostática· para a realização da PA de tórax, o decúbito lateral esquerdo com raios horizontais (Fig. 11.13) servirá de alternativa, como dito anteriormente. Nesta inci­dência, o ar livre poderá ficar aprisionado entre o fígado e a parede lateral do abdome, delineando a borda hepática, ou, ainda, sobre a pelve, quando este for o ponto mais ele­vado (mais provável em mulheres).

O hidropneumoperitônio é a concomitância de ar e líquido na cavidade peritoneal (p. ex., sangue e ar em perfuração de víscera por projetil de arma de fogo). A

incidência do abdome em AP ortostática pode evidenciar nível líquido.

São sinais radiológicos da perfuração de víscera oca:

• Sinal do crescente infradiafragmático. • Sinal de Riegler. • Exposição do ligamento falciforme do fígado . • Ar delineando a borda hepática no DLERH.

ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO

O abdome agudo obstrutivo pode ser dividido em funcio­nal e mecânico.

OBSTRUÇÃO FUNCIONAL

íleo Adinâmico

Caracteriza-se por distensão abdominal, ausência de eli­minação de gases e fezes, náuseas e vômitos, sem que haja obstrução mecânica do intestino. O distúrbio encontra-se na peristalse . Ocorre com mais freqüência no período pós­cirúrgico.

OBSTRUÇÃO MECÂNICA

A obstrução mecânica ocorre quando existe um obstáculo físico à passagem do bolo alimentar. Se ocorrer compro­metimento vascular (obstrução estrangulada) o quadro evolui para isquemia e necrose. As obstruções em alça fechada são aquelas nas quais a alça encontra-se ocluí­da em um ponto distal e outro proximal (p. ex., obstru­ção de intestino grosso com valva ileocecal competente e volvo). Neste tipo de obstrução tem-se maior dilatação da alça, uma vez que o líquido e o ar acumulam-se pro­gressivamente e ficam aprisionados sem a possibilida­de de refluir para segmentos proximais. Devido à maior distensão da alça comprometendo o fluxo sangüíneo, as obstruções em alça fechada evoluem mais rapidamente para o estrangulamento.

As causas, o quadro clínico e o tratamento da obstrução do intestino delgado divergem muito daqueles relacionado~ à obstrução do intestino grosso, portanto, é essencial que se faça a diferenciação entre essas obstruções.

As haustrações do intestino grosso distinguem-se das valvas coniventes do delgado por serem mais espessas e ma is espaçadas entre si do que estas. Apesar de o diâmetro do intestino ser extremamente variável na vi­gência de obstrução, quando esta ocorre no delgado é incomum que a alça tenha mais de 5 cm de di âmetro. exceto em casos de obstrução prolongada . Igualmen­te, é incomum, na obstrução do intestino grosso, que o seu calibre seja menor do que 5 cm, geralmente exce-

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dendo bastante esse valor. Obviamente, em função do posicionamento anatômico, as alças de delgado adotam uma localização mais central, e as do intestino grosso, mais periférica. O delgado, por ser um segmento mais · extenso, apresenta maior número de alças e, dessa for­ma, pode ser observada uma quantidade maior de níveis líquidos em suas obstr~ções, sendo estes em diferentes alturas. Devido também ao maior número de alças no delgado, estas, quando distendidas, podem apresentar­se com um aspecto arranjado, paralelas umas às outras. O intestino grosso pode ser identificado por apresentar fezes sólidas, com aspecto moteado.

OBSTRUÇÃO DO INTESTINO DELGADO

Dentre as causas de obstrução do intestino delgado desta­cam-se: bridas (aderências pós-cirúrgicas - principal cau­sa de obstrução de delgado), invaginação, tumor maligno, bolo de áscaris, íleo biliar, hérnias, abscessos intra-abdo­minais e lesões inflamatórias como diverticulite de Meckel e doença de Crohn.

Quadro Clínico

• Dor abdominal em cólica na região média do abdome. • Borborigmo audível. • Vômitos (mais precoces nas obstruções mais altas). • Constipação e não-eliminação de gases na obstrução

completa.

lmagenologia . .,.

• Distensão de alças (Fig. 11.18): mesmo com a obstrução, a deglutição do ar e a formação de gases permanecem e líquidos e eletrólitos continuam a ser secretados, levando à distensão da alça intestinal. Essa distensão estimula a atividade secretora intestinal sem estímulo correspon­dente da velocidade de absorção. Em condições normais, esse processo atuaria empurrando o quimo para baixo no intestino delgado com conseqüente alívio da disten­são. Todavia, e~ presença de obstrução, este mecanismo normal não ocorre e se estabelece um ciclo vicioso de distensão cada vez maior.

• Níveis líquidos (Fig. 11.18): ocorrem em diferentes alturas e com localização mais central, sendo obser­vados na incidência em AP ortostática. Formam-se em função da grande quantidade de líquido e gás acu­mulados a montante da obstrução intestinal. Nota-se, ainda, redução da quantidade de gás nos segmentos do cólon.

• Sinal do empilhamento de moedas (Fig. 11.18): ocorre em função do espessamento das pregas coniventes por

Abdome e Abdome Agudo 111

edema. Este é secundário à dificuldade do retomo venoso determinada pela distensão da alça intestinal.

• Sinal do colar de pérolas: ocorre quando há muito líquido e pouco gás na alça, identificando-se pequenas bolhas entre as pregas de Kerckring.

• Íleo biliar. Trata-se de uma complicação da colecisti­te. A vesícula inflamada adere ao intestino, fistuliza e permite a passagem de cálculos para o delgado que podem impactar no ângulo de Treitz ou na valva ileo­cecal e levar a obstrução. Alguns sinais radiológicos são:

- Passagem de ar e bário para as vias biliares durante o trânsito de delgado

- Sinais de obstrução do delgado - Falha de enchimento ovóide no local da obstrução

que representa o cálculo impactado no trânsito de delgado

- Gás em vias biliares.

INTUSSUSCEPÇÃO (INVAGINAÇÃO)

Quadro Clínico

Intussuscepção é uma das causas mais comuns de ab­dome agudo na infância. Depois da apendicite, é a se­gunda emergência abdominal mais comum na criança e consiste em uma invaginação do intestino proximal para dentro da luz intestinal distal. A porção invaginada é denominada intussuscepto e o intestino que a recebe, intussuscepiente.

Os principais sinais e sintomas são vômitos, dor ab­dominal em cólica, fezes em "geléia-de-framboesa" ou hematoquezia e massa abdominal palpável. A dor abdo­minal é caracterizada pelo choro da criança e pela flexão das pernas em direção ao abdome. Os paroxismos de dor (que costumam acompanhar-se de esforços para defecar) e a hematoquezia, de modo geral , aparecem nas primeiras 24 horas, mas em raras ocasiões surgem até dois dias após o início do quadro.

Ao exame físico, o sinal mais consistente é a presença de massa palpável, de aspecto tubular, no quadrante supe­rior direito do abdome ou em localização subcostal. Esta massa pode ser mal definida e de consistência amolecida. Um achado deste tipo em crianças, associado a outros si­nais clínicos de intussuscepção, praticamente confirma o diagnóstico.

A intussuscepção também pode ocorrer em adultos, quase sempre em conseqüência de um tumor polipôi­de intraluminal. O tumor dentro da luz funciona como. cabeça de invaginação, ou seja, o bolo fecal, ao pros­seguir, empurra o tumor para a frente e isso provoca a intussuscepção.

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112 Introdução à Radiologia

A B

Fig. 11.21 Invaginação intestina\ à ultra-sonografia. A, Corte longitudinal apresentando alça com parede espessada, centro ecogênico e periferia hipoecóica configurando o "sinal do pseudo-rim"; B, corte transversal no qual se identifica imagem configurando massa com anéis ~oncêntricos

de diferentes ecogenicidades ("sinal do alvo") .

lmagenologia

RAA O diagnóstico de intussuscepção é feito por meio de radio­grafia simples em cerca de 40-50% dos casos, podendo ser normal em 25%. Entretanto, mesmo quando as alterações não forem strgestivas da afecção em questão, sua aplica­ção é útil para excluir obstrução intestinal ou perfuração e para tentar diagnosticar outros processos patológicos. Os sinais radiológicos são:

• Massa de tecido mole freqüentemente identificada no qua­drante superior direito, obscurecendo o contorno hepático adjacente. Pode ser chamado de sinal do pseudo-rim quan­do apresenta formato oval, semelhante ao formato renal.

• Ausência de gás ou fezes no cólon ascendente. • Evidências de obstrução do intestino delgado: sinal do

empilhamento de moedas. • Sinal do alvo: s inal bastante sutil que consi ste em massa

de partes moles contendo áreas circulares concêntricas radiotransparentes, determinadas pela gordura mesenté­rica do intussuscepto, com aspecto de alvo.

• Sinal do crescente ou sinal do menisco: ocorre quando o intussuscepto ocupa uma alça cheia de gás. O ar envolve a parte invaginada que se destaca da parede da alça que o contém, o intussuscepiente.

ULTRA-SONOGRAFIA Este é o método de eleição para o diagnóstico da intussus­cepção (Fig. 11.2 1).

• Sinal do alvo: caracterizado por anéis concêntri cos de ecogenicidades diferentes. O anel mais ex terno é hipo­ecóico (mais escuro), cuja imagem é obtida no plano axial, formado pela parede da alça do intussuscepiente. Em seguida visuali za-se o anel formado pelo mesentério que é hiperecóico (mais claro). Depois, tem-se no centro, o anel (também hipoecóico) formado pela parede interna do intussuscepiente .

• Sinal do pseudo-rim: imagem obtida no plano longitu­dinal que se assemelha à imagem do rim.

CLISTER OPACO

• Sinal da mola em espiral: ocorre quando as pregas mu­cosas do intussuscepto são delineadas pela substância de contraste no interior do lúmen cólico, o qual insinua-se entre as paredes do complexo intussuscepto-intussusce­piente, gerando um aspecto em espiral.

• Sinal da chave ing lesa: é gerado pe la interrupção do meio de contraste ao atingir o intussuscepto. Este sinal é formado de forma análoga ao sinal do menisco da ra­diografia simples. Nesta, o ar contorna o intussuscepto. formando uma meia-lua hipertransparente (preta). No

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Abdome e Abdome Agudo 113

B

A

Fig. 11.22 Invaginação intestinal ao clister opaco. Dois casos de in­vaginação do intestino grosso, sendo possível identificar, em ambos, o "sinal da chave inglesa". A, Clister opaco; 8, clister com duplo contraste.

clister é o meio de contraste (branco) que contorna o in­tussuscepto, formando uma meia-lua (Fig. 11.22).

OBSTRUÇÃO DO CÓLON

O adenocarcinoma é a principal causa de obstrução cólica. Dentre outras causas destacam-se: diverticulite, volvo, in­vaginação e fecaloma. Divide-se a obstrução do intestino .... grosso em função do comportamento da vai va ileocecal. Deste modo, quando esta se encontra funcionante (com­petente) não ocorre retorno de conteúdo intestinal ou gás para o delgado. Nesses casos a obstrução passa a ser em alça fechada (possuindo dois pontos de oclusão) e o risco de estrangulamento e perfuração aumenta.

Em pacientes com valva incompetente pode ser obser­vada dilatação do íleo terminal.

Adenocarcinoma Colorretal

O adenocarcinoma de cólon é mais freqüente no segmento descendente e, por vezes, provoca obstrução intestinal de­vido às suas características infiltrantes e estenosantes, que são demonstradas ao clister opaco como imagem de maçã mordida.

QUADRO CLÍNICO O quadro clínico caracteriza-se por dor abdominal, altera­ção do hábito intestinal e sangramento retal, podendo levar à anemia ferropriva, hiporexia e perda de peso. Vômitos ocorrem tardiamente. A distensão do abdome e a parada da eliminação de gases e fezes surgem de acordo com o grau de redução da luz intestinal.

Vólvulo (Volvo)

Ocorre quando segmentos intraperitoneais como o ceco, o cólon transverso e o sigmóide giram ao redor do mesocólon levando a uma obstrução em alça fechada. Na radiografia simples pode-se observar a alça intestinal dilatada, com as­pecto de "U invertido" ou "grão de café" (Fig. 11.16). No enema de bário o aspecto é de "bico de pássaro".

O quadro de abdome agudo engloba um grande número de afecções, fazendo-se necessária uma conduta diagnósti­ca que tenha como base as manifestações clínicas.

O exame de imagem deverá se empregado de acordo com os dados clínicos do paciente, procurando-se manter o equilíbrio entre o custo e o benefício dos procedimentos utilizados.

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INTRODUÇÃO

O estudo do trato gastrointestinal (TGI) é realizado por meio de diversos métodos radiológicos e não-radiológicos. Dentre os radiológicos destacam-se a seriografia do esôfa­go, estômago e duodeno (SEED), o trânsito de delgado e o clister opaco. Dentre os não-radiológicos, a endoscopia alta e a colonoscopia.

A endoscopia é um método que, além de permitir a ava­liação da superfície mucosa do TGI com bastante acurácia, tem a vantagem de possibilitar a realização de biópsias em áreas comprometidas ou suspeitas.

Com a amyla utilização da endoscopia digestiva alta, aso­licitação de exames contrastados do TGI superior diminuiu, e seu emprego na avaliação das afecções do aparelho diges­tório superior ficou restrito. Entretanto, o exame contrastado é um método barato, rápido, simples e praticamente isento de maiores riscos para o paciente, apresentando, ainda, gran­de valia, principalmente para estudos pré e pós-operatórios. Além disso, possibilita uma análise dinâmica ou estática do ato da deglutição, e a observação das contrações esofági­cas, do esvaziamento gástrico e do peristaltismo das alças. · A SEED não deveria cair em desuso e, sim, funcionar como um método complementar à endoscopia.

Embora a endoscopia digestiva alta possa visualizar o jejuno proximal e a colonoscopia, muitas vezes, possa examinar o íleo terminal, esses exames não são capazes de avaliar todo o intestino delgado. Assim sendo, o estu­do contrastado permanece como método de escolha para o estudo deste segmento, notadamente quando realizado com duplo contraste.

Dois são os métodos mais utilizados para a análise do intestino delgado: o trânsito de delgado e a enteróclise con-

Maria Lúcia Santos Dianne Machado Edson Marchiori

Flávio Azeredo

vencional. No entanto, quando existe massa abdominal palpável, a ultra-sonografia (US) e a tomogrçifia compu­tadorizada (TC) costumam ser mais informativas. Outro método radiológico bastante promissor é a enteróclise por ressonância magnética.

A cápsula endoscópica (cápsula ingerida por via oral. que possui uma rnicrocâmera, capaz de gerar imagens do interior das alças intestinais) ainda é um método muito pouco acessível.

ESTUDO CONTRASTADO

A SEED, o trânsito de delgado, a enteróclise e o clister opaco com único ou duplo contraste são os principais mé­todos de estudo contrastado do TGI.

Os exames são feitos utilizando-se meio de contraste baritado (sulfato de bário) e um aparelho de fluoroscopia com intensificador de imagem. Este aparelho é capaz de converter os fótons de raios X em luz, produzindo imagens dinâmicas que poderão ser visualizadas através de um mo­nitor de televisão e registradas em filme, fita de vídeo ou. ser digitalizadas.

Na SEED e no trâns ito de delgado o meio de contras­te é administrado por via oral. Na enteróclise é infundido na junção duodenojejunal através de um tubo nasointesti­nal. No clister opaco é introduzido por via retal. Em todos os casos, o trajeto dessa substância no tubo digestório é acompanhado pelo monitor. Nos momentos convenientes, radiografias são obtidas para documentação das imagens fluoroscópicas.

O meio de contraste molda internamente a cavidade do órgão estudado e os exames podem ser realizados também com meio de contraste duplo, permitindo a detecção dele-

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sões mais sutis da mucosa. Neste momento, mais uma vez, torna-se importante o conceito da formação das imagens radiológicas, em que a contrastação entre diferentes den­sidades adjacentes permite a visualização das estruturas. O bário formará uma película fina radiopaca que revestirá a parede interna, a mucosa do órgão. A introdução de ar e de metilcelulose, ambos hipertransparentes, provocará distensão gasosa da alça intestinal e melhor aderência do meio de contraste à mucosa.

Contra-indicações ao Meio de Contraste Baritado

• Obstrução cólica: o bário administrado por via oral pode causar impactação, especialmente em pacientes desidra­tados.

• Diverticulite aguda, megacólon tóxico e outras compli­cações das doenças intestinais inflamatórias idiopáticas: há risco de perfuração intestinal.

• Pacientes muito debilitados: nesses pacientes a realiza­ção de estudos contrastados deve ser avaliada cuidado­samente, incluindo a relação risco/benefício, uma vez que alguns desses exa!lles podem ter duração de várias horas e ser, assim, desgastantes para o doente.

SEED

É o estudo contrastado do tubo digestório superior, com­preendendo esôfago, estômago e duodeno, até o ângulo de Treitz Uunção duodenojejunal).

PREPARO O paciente dev~Jicar em jejum absoluto desde a noite an­terior ao exame. Além disso, deve estar em abstinência de tabaco por pelo menos quatro horas antes do mesmo, di­minuindo o estímulo à secreção gástrica. Em geral, o exa­me é realizado no início da manhã para evitar o acúmulo fisiológico de secreção no estômago. Este preparo faz com que, no momento do exame, o estômago esteja completa­mente vazio, permitindo a boa aderência do contraste em suas paredes. Quando isto não é respeitado o contraste não ad~re bem e mistura-se às secreções gástricas, sofrendo flo­culação, isto é, separação de suas partículas, prejudicando a análise da superfície mucosa do órgão em questão.

TÉCNICA DE EXAME O exame pode ser feito com contraste único ou duplo. Quando com duplo contraste, além do bário, uma substân­cia efervescente é administrada ao paciente, gerando gás que distende o estômago e permite a dupla contrastação.

O paciente engole o meio de contraste e são feitas se­qüências de radiografias em posições predeterminadas. Ra­diografias localizadas (spotfilms) podem ser feitas quando

Aparelho Digestório 115

se observa alguma alteração. O médico radiologista pode comprimir o abdome do paciente, obtendo boa modelagem do órgão em estudo, por meio da compressão da parede anterior sobre a posterior, facilitando a visualização de pe­quenas irregularidades,

ANATOMIA RADIOLÓGICA

Esôfago O esôfago divide-se em 3 segmentos: cervical, torácico e ab­dominal. Na SEED normalmente não se faz análise do esô­fago cervical. Este requer estudo próprio, por vezes de difícil realização, dada a rapidez com que o alimento (e, conseqüen­temente, o meio de contraste) passa por esta região. Deve ser feito de frente e de perfil, de preferência filmado (cine).

O esôfago torácico é um tubo com paredes lisas e regu­lares, apresentando pregas mucosas longitudinais em toda a sua extensão. O estudo inclui radiografias com o órgão cheio, objetivando evidenciar melhor os seus contornos e compressões extrínsecas, e com o órgão vazio, para melhor observação do relevo mucoso (Fig. 12. I ).

É importante uma análise cuidadosa de sua porção termi­nal (a região esofagogástrica) em virtude da alta incidência de hérnia de hiato e refluxo a este nível.

Fig. 12.1 Esofagografia normal. Em A, observa-se o órgão cheio, com paredes lisas e regulares, sem fa lhas de enchimento. Note a jun­ção esofagogástrica abaixo do diafragma. Em B, o órgão vazio, des­tacando suas pregas mucosas; as imagens arredondadas e hipertrans­parentes em seu interior correspondem a bolhas de ar advindas da deglutição.

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116 Introdução à Radiologia

Estômago e Duodeno O estudo do estômago abrange a porção fúndica, o corpo (pequena e grande curvaturas) e a região antropilórica. Para tanto são utilizadas incidências especiais com o paciente em ortostase e em decúbito, sob compressão dosada e com o auxílio do duplo contraste. Devem-se obter radiografias localizadas do fundo: corpo, antro e piloro, panorâmica em ântero-posterior (AP) e oblíquas (anteriores direita e esquerda). Pode-se adicionar uma radiografia em perfil, especialmente na investigação de processo ulceroso ou de comprometimento pancreático.

O estudo do duodeno também é realizado por meio de radiografias localizadas, incluindo o bulbo e o arco. Este é subdividido em três porções: descendente ou segunda por-

. ção; horizontal ou terceira porção; e ascendente ou quarta porção (Fig. 12.2). O bulbo, por ser sítio freqüente de lesões ulcerosas e outras afecções, deve ser muito bem analisado. É importante que sejam feitas radiografias com ele cheio e com duplo contraste, em ortostase e em decúbito, e que se observe muito bem a posição do piloro, que em s itua­ção normal é centrado. A avaliação do grau de abertura do piloro também é importante, notadamente na investigação de estenose, uma dás causas de vômito e regurgitação em recém-natos.

As mucosas do estômago e do duodeno são mais irre­gulares do que a do esôfago. O bário preenche os sulcos formando linhas opacas (espaço entre as pregas) e linhas transparentes (as próprias pregas). O pregueado do fundo gástrico é o mais exuberante.

Fig. 12.2 Estômago e duodeno normais. Radiografia oblíqua do estô­mago realizada após ingestão de contraste baritado e ar (duplo contras­te}, pane integrante de uma SEED. Nesta incidência podemos identi­ficar o fundo gástrico, cheio de contraste; o corpo, com suas pregas mucosas, incluindo a grande e a pequena curvaturas; e todo o arco duodenal.

Trânsito de Delgado

Entre as indicações deste estudo podemos citar: dor abdo­minal inexplicada, diarréia, obstrução intestinal, hemorra­gia digestiva (após a origem do sangramento não ter sido localizada no esôfago, estômago, duodeno ou cólon), febre de origem desconhecida, pós-operatório e retardo no cres­cimento sem causa aparente.

PREPARO É o mesmo que o indicado para a realização da SEED.

TÉCNICA DE EXAME O paciente ingere o meio de contraste e radiografias são feitas periodicamente, acompanhando a sua progressão do duodeno à valva ileocecal.

O tempo de realização do trânsito de delgado é variável, podendo demorar de 30 minutos até quatro ou seis horas.

Habitualmente são feitas radiografias panorâmicas (Fig. 12.3), outras localizadas e com compressão, tentando-se individualizar as alças o máximo possível. É um exame que requer muita atenção já que todos os segmentos das alças devem ser estudados e a possibilidade de pequenas porções não serem avaliadas é muito grande.

Fig. 12.3 Trânsito de delgado normal. Radiografia panorâmica do ab­dome após ingestão de contraste baritado que opacificou todo o estô· mago; o arco duodenal ; o jejuno, com suas pregas transversais (pregas de Kerckring); e o íleo, com suas pregas longitudinais.

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Fig. 12.4 Íleo terminal normal. Radiografia localizada do íleo terminal demonstrando seu pregueado mucoso e sua relação com o ceco, parte fundamental do trânsito de delgado.

O exame só termina quando o íleo terminal e o fundo do ceco são estudados minuciosamente por meio de uma série de radiografias localizadas (Fig. 12.4), uma vez que estas são as regiões mais f.reqi.ientemente acometidas pelas doenças do intestino delgado.

Este exame também pode ser realizado com duplo con­traste. Para tal é necessário que o paciente esteja sob cate­terização com a extremidade da sonda na quarta porção do duodeno. O contraste (bário misturado a metilcelulose) é introduzido e, a seguir, feita a documentação radiográfica do jejuno e do íleo, incluindo uma panorâmica. Logo depois administra-se um antiespasmódico endovenoso e injeta-se ar pela sonda. A documentação engloba o jejuno, o íleo e o íleo terminal. Por esta técnica, as alças do delgado são mais bem estudadas porque ficam distendidas e o pregue­ado mucoso mais evidente, assim, lesões que passariam despercebidas na técnica habitual tornam-se passíveis de identificação. A única dificuldade é que o paciente precisa estar internado para que seja cateterizado.

ANATOMIA RADIOLÓGICA O jejuno pode ser diferenciado do íleo pelo tipo de pre­gueado mucoso e pela sua topografia. Pregas transver­sais (pregas coniventes ou de Kerckring), com pregueado mucoso exuberante (aspecto de "folha de samambaia"), localizadas no quadrante superior esquerdo são suges­tivas de jejuno. Por outro lado, o íleo apresenta pregas longitudinais, sendo estas mais tubulares, com pregueado mucoso menos exuberante, localizando-se no quadrante inferior direito.

A valva ileocecal, em condições normais, apresenta aspecto que lembra "bico de passarinho" (ou "cavalo­marinho").

Aparelho Digestório 117

Clister Opaco e com Duplo Contraste

O enema de bário (clister) com único ou duplo meio de contraste é realizado para o estudo radiológico do intestino grosso. O exame com duplo contraste mostra-se superior na detecção de lesões sutis como pequenos pólipos, erosões superficiais e úlceras.

PREPARO O preparo adequado do paciente é fundamental para o êxito _ ..____,. do exame. Inclui uma dieta leve na antevéspera, sem resí-duos e abundante em líquidos na véspera, jejum a partir da noite anterior ao exame e uso de laxantes. A presença de restos alimentares prejudica o estudo da mucosa.

TÉCNICA DE EXAME Inicialmente realiza-se uma radiografia simples do abdome em AP, por meio da qual será avaliada a limpeza intestinal e a possível presença de outras alterações como calcifi­cações, por exemplo. Em seguida, introduz-se o bário de baixa densidade (dois copos de bário diluídos em um ou dois copos de água) no canal anal do paciente, que é en­tão girado na mesa para que o bário progrida com maior rapidez.

No momento em que o bário atinge o cólon transverso, próximo ao ângulo hepático, coloca-se a bolsa de clister no chão para que o excesso de contraste reflua enquanto se acompanha o restante de sua progressão até o ceco.

Esvazia-se a bolsa no lixo e, em seguida, infla-se lenta­mente o intestino grosso com ar, fazendo-se compressões repetidas e suaves na bolsa até que se atinja duplo contraste adequado em todos os segmentos intestinais. Deve-se pin­çar a cânula para que o ar não reflua.

Com o auxílio do fluoroscópio, o paciente é girado, con­forme necessário, de maneira que se desdobrem os diversos segmentos eólicos a serem estudados. Incidências locali­zadas são realizadas:

• Radiografia do reto com duplo contraste (incluir o sacro) em perfil e em póstero-anterior (PA).

• Radiografia angulada do reto (paciente em decúbito ven­tral, angular o tubo 35 graus caudalmente e centrar o raio ao nível de L5-S l; ou com o paciente em decúbito dorsal, angular o tubo 35 graus no sentido cranial com o raio centrado logo acima da sínfise púbica).

• Radiografia do sigmóide (Fig. 12.5). • Radiografia do ângulo esplênico. • Radiografia do ângulo hepático (Fig. 12.6). • Radiografia do ceco. • Radiografia panorâmica em PA. • Radiografia panorâmica em AP (Fig. 12.7).

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118 Introdução à Radiologia

Fig. 12.5 Clister opaço normal: retossigmóide. Radiografia localizada, com duplo contraste, do reto e sigmóide. Observe o contorno regular, paredes li sas. sem falhas de enchimento, estenoses ou compressões extrínsecas.

Fig. 12.6 Clister opaco normal: ângulo hepático. Radiografia localiza­da com duplo contraste do intestino grosso, ao nível do ângulo hepáti­co. Note as haustrações deste órgão.

Fig. 12.7 Clister opaco normal: radiografia panorâmica em AP. Nesta rad iografia foram incluídos todos os segmentos do intestino grosso: ceco; cólons ascendente, transverso e descendente; sigmóide e reto.

ANATOMIA RADIOLÓGICA O cólon faz o "emoldurado" das alças intestinais. Seus seg­mentos possuem um pregueado mais largo e com haustra­ções, sendo o responsável pela desidratação do bolo fecal.

O intestino grosso divide-se em ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, sigmóide e reto.

DOENÇAS DO TGI

Esôfago

As morbidades que acometem o esôfago manifestam-se principalmente por meio das seguintes lesões fundamen-

• tais: estenose, dilatação, falhas de enchimento, desvio, úl-ceras e divertículos.

A estenose pode ser irregular, apresentando transição abrupta entre a área estenosada e o esôfago normal , mani­festação habitual das lesões malignas (Fig. 12.8), ou apre­sentar transição gradual, como nas esofagites por ingestão de substâncias cáusticas (Fig. 12.9) ou por refluxo. O seg­mento do esôfago normal a montante da estenose mostra­se dilatado devido à dificuldade da passagem do meio de contraste pelo local comprometido.

Dentre as causas de dilatação do esôfago destaca-se a aca­lasia (Fig. 12.10), que será discutida adiante, neste capítulo.

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Aparelho Digestório 119

A B

Fig. 12.8 Estenose maligna do esôfago. Radiografias contrastadas do esôfago em posição oblíqua (A e B) que apresenta, em seu terço médio, área localizada de estenose com contorno irregular e transição abrupta com as partes normais (superior e infe riormente à lesão).

A B

Fig. 12.9 Estenose benigna do esôfago. Radiografias contrastadas do esôfago em perfil (A e B), em paciente com história de ingestão de soda cáustica. Observe. comparando com a Fig. 11 .8, que aqui o ór­gão encontra-se reduzido de calibre (estenosado) em quase toda a sua extensão, mas sem transições abruptas e grandes irregularidades parietais.

Fig. 12.10 Acalasia. Radiografia do esôfago em AP após ingestão de contraste baritado. Note o acentuado afilamento da sua extremidade distal (aspecto em "ponta de lápis") associado a importante dil atação e tortuosidade do órgão a montante.

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120 Introdução à Radiologia

B

Fig. 12.11 Leiomioma do esôfago. Esofagografia (A e B) demonstran­do volumosa falha de enchimento no terço médio do esôfago. O órgão permanece com contorno regular e pregueado mucoso preservado ce­falicamente e caudalmente à lesão.

O esôfago pode ser deslocado devido ao crescimento de estruturas no mediastino, como átrio esquerdo, linfonodo­megalias e neoplasias, dentre outras.

Nos exames contrastados de vísceras ocas como o esô­fago espera-se o preenchimento completo de sua luz pela

A

substância de contraste. Quando uma determinada área do órgão em questão não se opacifica como esperado ela é denominada "falha de enchimento" (Fig. 12.11). Esta falha, quando lisa e regular, freqüentemente corresponde a um tumor benigno, e, quando irregular e multilobulada, em geral representa um tumor maligno.

Imagens de adição são caracterizadas pelo acúmulo de meio de contraste além dos limites da luz do órgão, sen­do os divertículos (Fig. 12.12) e as úlceras os principais exemplos.

DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFAGICO (DRGE) Esta afecção caracteriza-se pelo refluxo do conteúdo gás­trico para o esôfago. A patogênese tem como principal fator o relaxamento transitório intermitente do esfíncter esofágico inferior. Como o esôfago não possui epitélio capaz de suportar o conteúdo ácido estomacal, surgem erosões, inflamação e edema. O exame de escolha é a endoscopia digestiva alta, entretanto, a esofagografia po­de detectar alterações em casos avançados, tais como es­pessamento das pregas mucosas, ulcerações · e estenose, estando no diagnóstico desta última o principal papel deste exame.

Após a ingestão do contraste em posição ortostática ve­rifica-se o refluxo com o paciente em decúbito dorsal.

A hérnia de hiato predispõe à DRGE. Em crianças com pneumonias de repetição deve-se in­

vestigar a DRGE, o que pode ser feito tanto pela SEED como pela US, de forma dinâmica.

Fig. 12.12 Divertículo de Zenker. Em A e B. imagem de adição (divertículo) na região cer­

B vical, à esofagografia.

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A CALAS IA Caracteriza-se por déficit no relaxamento fisiológico do esfíncter esofágico inferior durante a deglutição, obstruin­do a passagem do bolo alimentar, somado a alterações na · peristalse do órgão. O principal sintoma é a disfagia tanto para sólidos quanto para líquidos, de instalação insidio­sa. O esôfago retém material não digerido, dilatando-se e levando à halitose. Podem ocorrer regurgitação e bronco­aspiração.

Na esofagopatia chagásica ocorre a invasão do plexo mioentérico pelo Trypanosoma cruzi, lesando os neurô­nios responsáveis pelo relaxamento do esfíncter esofágico inferior e pela peristalse do órgão.

São sinais radiológicos:

•.Massa mediastínica tubular (dilatação) ao lado da aorta. • Ausência da bolha gástrica. • Nível líquido na região média do esôfago (líquido e ali­

mento retidos). • Estenose na topografia do esfíncter esofágico inferior (afi­

lamento distal, descrito como "em ponta de lápis" ou "rabo de rato", com dilatação a montante- Fig. 12.10).

A

Aparelho Digestório 121

DIVERTICULO DE ZENKER É causado pelo aumento da pressão intraluminal durante a fase faríngea da deglutição, provavelmente por um distúr­bio motor do esfíncter esofágico superior. A seguir, ocorre hemiação da mucosa (Fig. 12.12) através de uma área de maior fragilidade da parede muscular posterior da faringe, entre as fibras oblíquas do músculo faríngeo inferior e o músculo cricofaríngeo (triângulo de Killian).

OUTRAS DOENÇAS ESOFAGICAS

Varizes Esof ágicas Na hipertensão do sistema venoso porta ou na trombose do tronco esplenoporta, o sangue "procura caminho" através das veias esofágicas e do sistema ázigo para passar do sis­tema porta à veia cava. Ocorre dilatação dos plexos veno­sos submucosos do esôfago, formando varizes semelhantes àquelas observadas nos membros inferiores.

O exame de eleição é a endoscopia; no entanto, ao exa­me radiológico as varizes também podem ser demonstradas como falhas de enchimento tubulares, principalmente na porção distal do órgão (Fig. 12.13).

B

Fig. 12.13 Varizes esofágicas. Falhas de enchimento tubulares (varizes) ao longo do esôfago, visíveis em A e B.

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122 Introdução à Radiologia

Hérnia de Hiato É a passagem de um segmento gástrico para uma região acima do diafragma. Existem três tipos de hérnia de hiato (ou hiatal): por deslizamento (Figs. 12.14 e 12.15), parae­sofágica (ou por rolamento) e mista (Fig. 12.16). Na hér-

A

nia de hiato por deslizamento temos a passagem da junção esofagogástrica e do fundo gástrico para o tórax através do hiato esofágico. Por outro lado, na hérnia de hiato parae­sofágica, o fundo gástrico se hernia, mas a junção esofa­gogástrica permanece em seu local normal.

B

Fig. 12.14 Hérnia hiatal por deslizamento. Em A e B, radiografia do esôfago opaciticado pelo contraste baritado em que é possível identificar hérnia de hiato, com destaque, em A, para a presença do anel de Schatzki, cuja visualização é diagnóstica da doença.

A B

Fig.12.15 Hérnia hiatal por deslizamento. Outro exemplo de hérnia hiatal por deslizamento (A e B) em que, embora não se observe o anel de Schat7-ki. notam-se as pregas mucosas normais do estômago (mais grossas do que as do esôfago), localizadas acima do diafragma.

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Fig. iz.16 Hérnia hiatal mista. Radiografia do tórax em perfil com esôfago contrastado, observando-se a junção esofagogástrica e parte do estômago acima do diafragma.

Estômago

O estômago pode ser acometido por lesões inflamatórias e neoplásicas, as quais podem se traduzir radiologicamente como falhas de enchimento (Fig. 12.17), irregularidade no pregueado mucoso e perda da distensibilidade do órgão. Este pode, ainda, ser deslocado por lesões de comprome­timento parietal extramucoso.

Discorreremos a seguir sobre as lesões mais freqüentes na prática clínica.

ÚLCERA PÉPTICA É definida como &endo uma lesão escavada e profunda que atinge a submucosa, seja no estômago (Fig. 12.18) ou no

A

Aparelho Digestório 123

duodeno (Fig. 12.19). As lesões ulceradas pépticas mantêm estreita relação com a infecção pela bactéria Helicobacter pylori, presente na enorme maioria dos pacientes com úl­ceras. Outro fator associado é o uso de antiinflamatórios não-esteróides (AINE). Sabe-se que as prostaglandinas estimulam a formação das barreiras de defesa da mucosa (formação de muco, síntese de bicarbonato, entre outras). Ao inibirem a formação das prostaglandinas pela mucosa os AINE também se tornam importante fator de risco para a formação de úlceras.

É fundamental a diferenciação entre úlcera benigna e ulceração maligna, especialmente no caso das úlceras gás­tricas. O tumor maligno pode ser ulcerado e ter aspecto semelhante ao de uma úlcera. A biópsia faz-se necessária para concluir o diagnóstico.

A SEED pode sugerir se a lesão ulcerada é maligna ou benigna. O nicho é uma imagem puntiforme opaca, causada pelo acúmulo de bário numa cavidade formada na pare­de do órgão. Na úlceta benigna a imagem de depósito de bário projeta-se para fora do órgão. As pregas da mucosa convergem para as bordas da lesão. O contorno é regular, a úlcera é profunda e de formato ovóide (Fig. 12.lS). Por outro lado, a ulceração de um tumor gástrico projeta-se para "dentro" do órgão, o pregueado mucoso não chega até a lesão, o contorno é irregular e a úlcera é rasa e plana (Fig. 12.20).

CARCINOMA O câncer gástrico pode ser precoce ou avançado. Os sin­tomas são inespecíficos e incluem perda do apetite, ema­grecimento e dor epigástrica. A forma precoce é definida como um carcinoma no qual a invasão está limitada à mu­cosa e à submucosa, sem considerar a presença de linfo­nodos e metástases a di stância. Os tipos mais freqüentes

B

Fig. 12.17 Leiomioma gástrico. SEED com radiografias localizadas do estômago (A e B) que apresenta falha de enchimento ovalada, regular e bem definida na região fúndica.

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124 Introdução à Radiologia

Fig. 12.18 Úlcera gástrica benigna. SEED evidenciando imagem de adição (nicho) na pequena curvatura do estômago para onde conver­gem as pregas mucosas.

Fig. 12.19 Úlcera duodenal. Nesta SEED observa-se bulbo duodenal in­tensamente deformado, com imagem de pseudodivertículo resultante de uma úlcera crônica c icatrizada, resultando no sinal da "folha de trevo".

são o polipóide, o superficial e o escavado. A endoscopia digestiva é muito mais eficaz na detecção dessas lesões que a seriogra fia. A forma avançada é mais faci lmente diagnosticada pelo exame contrastado, e, entre seus si­nais, podemos observar perda da peri stalse, estreitamento, ulceração e falhas de enchimento no segmento compro-

Fig. 12.20 Úlcera gástrica maligna. SEED em que se pode observar úlcera na pequena curvatura cuja cratera (nicho) é intraluminal. isto é. não se projeta para fora da luz gástrica. Há perda do pregueado muco­so normal ao redor da cratera ulcerosa, sem convergênc ia das prega' na direção da mesma.

metido (Fig. 12.21 ). Deve-se destacar ainda uma forma difu sa de carcinoma cirroso, que pode comprometer todo o estômago, conhecida como linite plásti ca. Nesta, há um estreitamento de toda a luz do órgão, porém o meio de contraste passa por ele rapidamente, sem que se identifi­quem s inais de obstrução.

ESTÔMAGO OPERADO Há uma grande variedade de cirurgias envolvendo o estô­mago. Tradicionalmente, elas sempre foram realizadas para tratamento de úlceras pépticas ou de carcinomas. Dentre esses procedimentos cirúrgicos destacam-se as gastrec­tomias, que podem ser totais ou parciai s. Nestas últimas incluem-se as cirurgias de Billroth I (gastrectomia parcial com gastroduodenostomia) e Billroth II (gastrectomia par~ cial com gastrojejunostomia).

Atualmente, foi desenvolvido um novo e importante grupo de cirurgias gástricas relacionado ao tratamento da obesidade: as cirurgias bariátricas (Fig. 12.22). A obesi­dade é uma doença crônica muito comum nos países de­senvolvidos, constituindo um grave problema de saúde pública. Considera-se obesidade mórbida ou "obesidade severa" quando o índice de massa corporal (IMC) é maior ou igual que 40 kg/m2

• Essa doertça pode estar associada a várias outras, tais como: diabetes, dislipidemias e hi per­tensão arterial. Muitos são os tratamentos propostos. Den-

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A

e

Aparelho Digestório 125

B

Fig. 12.21 A, B e C , Carcinoma gástrico. SEED demonstrando em A área de redução de calibre do antro com espessamento parietal associado; em B, a mesma lesão observada em A, porém com duplo contraste; em C, um outro caso de carcinoma gástrico avançado no qual, além da redução de calibre e do espessamento parietal , é pos­sível identificar falhas de enchimento e ulcerações na mucosa.

Fig. 12.22 Cirurgia bariátrica. SEED de um paciente submetido à c i­rurgia bariátrica.

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' 126 Introdução à Radiologia

tre eles o "clínico", que inclui dietas e atividades físicas; o " balão intragástrico", no qual através da endoscopia, insufla-se um balão de silicone no estômago do paciente, com o objetivo de aumentar a saciedade; a "banda gástrica ajustável", que consiste na colocação de uma banda ou anel ao redor do estômago dividindo-o em dois comparti­mentos, permitindo também uma saciedade mais precoce; a "gastroplastia com derivação em Y de Roux'', técnica considerada atualmente a mais eficaz, com a qual , além de se reduzir o volume da câmara gástrica (método res­tritivo), se cria um desvio da mesma para uma parte do intestino de forma a diminuir a absorção do que foi inge­rido (método disabsortivo); e as cirurgias predominante­mente disabsortivas, como a "derivação biliopancreática" (cirurgia de Scopinaro) e o duodenal switch, que incluem anàstomose do estômago com segmentos específicos do intestino delgado.

Intestino Delgado

As alterações radiológicas são várias. Podemos destacar falhas de enchimento, perda do pregueado mucoso, este­noses, dilatações, divertjculos (Fig. 12.23), sinais de sín­drome de má absorção, floculação, espessamento das pre­gas e fístu las.

De um modo geral, as lesões do intestino delgado são muito parecidas e, por vezes, o diagnóstico diferencial tor­na-se difícil. A forma e a topografia da lesão são importan­tes e podem orientar a investigação etiológica. A infecção por Strongyloides stercoralis predomina no delgado proxi­mal, enquanto a doença de Crohn, o linfoma, a tuberculo­se intestinal, a paracoccidiose e as infecções por Yersinia enterocolitica, Salmonella sp. e Campylobacter fetus aco-

Fig. 12.23 Divert ículo de duodeno. Radiografia localizada do arco duodenal, o qual apresenta imagem de adição na sua concavidade, cor­respondendo a divertículo preenchido pelo contraste baritado.

Fig. 12.24 Tuberculose ileocecal. Note o espessamento e a irregulari­dade das pregas mucosas do íleo terrninal, com dilatação a montante, nesta radiografia de um trânsito de delgado.

metem, com maior freqüência, o íleo terminal. Geralmente o diagnóstico final é dado por biópsia.

TUBERCULOSE ILEOCECAL É uma doença cujas características clínicas e radiológicas são de difícil diferenciação com a doença de Crohn, ambas comuns no íleo terminal. O bacilo, proveniente da deglu­tição de escarro ou por via linfo-hematogênica, invade a parede intestinal, levando ao espessamento irregular das pregas e às ulcerações que, posteriormente, podem fistu­li zar (Fig. 12.24).

ENTERITE REGIONAL É uma doença inflamatória granulomatosa crônica de causa desconhecida, descrita por Crohn. Ela compromete todo o intestino delgado, principalmente o íleo terminal (Fig. 12.25), e pode levar à incompetência da valva ileocecal. O aspecto, ao estudo baritado, é de comprometimento mucoso com áre­as normais entremeadas a falhas de enchimento de aspecto nodular que, com o desenvolvimento da doença, levam ao espessamento assimétrico (aspecto em paralelepípedo) do segmento, formação de úlceras e fístulas.

Intestino Grosso

No intestino grosso, o enema de bário é capaz de identi­ficar falhas de enchimento, desde peq uenos pólipos a ex-

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A B

Fig. 12.25 Doença de Crohn. Radiografias localizadas do íleo terminal (A e B) em que se identificam redução de calibre e irregularidade deste segmento com comprometimento associado do ceco.

A B

Fig. 12.26 lmperfuração anal. Radiografia tóraco-abdominal de recém-nascido em AP (A) e em perfil (B) com marcador metálico na região anal. Observe a distância entre o gás do sigmóide e o marcador metálico. As radiografias devem ser obtidas com a cri ança de cabeça para baixo ..

tensas lesões vegetantes, áreas de estenose (secundárias a lesões parietais ou extraparietais) e anomalias congênitas como defeito de rotação, ânus imperfurado (Fig. 12.26) e agangl ionose.

As anormalidades mais comumente detectadas pelo clis­ter opaco ou com duplo contraste são os tumores benig­nos e malignos, os divertículos (Fig. 12.27) e as doenças infl amatórias.

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128 Introdução à Radiologia

Fig. 12.27 Diverliculose. Radiografia panorâmica do abdome durante a realização de um c lister com duplo contraste notando-se múltiplas pequenas imagens de adição (divertí­culo ) ao longo do intestino grosso, mais numerosas no cólon de cendente e sigmóide. Pode-se identilicar, ainda, o apêndice vermi forme normal, opacificado.

TUMORES

Benignos A grande maioria dos tumores benignos são pólipos ade­nomatosos, muitas vezes descobertos acidentalmente, pois quase não apresentam repercussão clínica. Entretanto, sua ressecção está indicada já que são passíveis de sofrer ma­lignização. Podem ser únicos (Fig. 12.28) ou múltiplos ou

estar associados a síndromes congênitas. O 'aspecto é de falha de enchimento, de base larga ou estre ita, e contorno regular, por vezes servindo de cabeça de invaginação no intestino.

Malignos O adenocarcinoma é o tumor maligno mai s freqüente no cólon e compromete preferencialmente o retossigmóide.

Fig. 12.28 Pólipo de intestino grosso. A , Clister com duplo contraste revelando falha de enchimento regular, pediculada, no sigmóide; B, radio· gralias seriadas da mesma lesão.

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Aparelho Digestório 129

Fig. 12.29 Adenocarcinoma de retossigmóide. Clister opaco em AP com área de estenose irregular no retossigmóide infiltrando a muco­sa, configurando o "sinal da maçã mordida" (A). Exame de outro pa­ciente, em perfü, com duplo contraste, em que se identificam estenose e irregularidade focais na parede posterior do retossigmóide (B).

Ele tem no pólipo adenomatoso e no adenoma viloso a sua condição pré-maligna, e as manifestações clínicas vão de­pender de sua topografia e extensão do comprometimento. Anemia, fraqueza, perda de peso e dor abdominal são as queixas principais. Quando acomete o reto os sintomas são mais precoces e o sangramento é mais freqüente. O aspecto ao estudo baritado é de falha de enchimento, geralmente irregular, que infiltra a mucosa, podendo ter ulceração (Fig. 12.29). Dependendo das dimensões da lesão, pode servir de cabeça de invaginação ou levar a obstrução.

O linfoma não-J-lpdgkin também é outro tumor maligno que acomete o cólon. Seu aspecto radiológico é variado, podendo corresponder a lesão polipóide difusa, áreas de estenose, de infiltração da mucosa e até de dilatação.

DOENÇAS INTESTINAIS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS São doenças inflamatórias crônicas do intestino, de etio­logia indeterminada e que são diferenciadas por meio de critérios clínicos, endoscópicos e histopatológicos. Podem apresentar manifestações extra-intestinais como, por exem­plo, alterações articulares, cutâneo-mucosas, oculares, he­pato-biliares, renais, ósseas e tromboembólicas. Dentre as complicações destaca-se o megacólon tóxico, caracterizado por dilatação cólica com diâmetro superior a 6 cm na ra­diografia simples do abdome associada a dor abdominal, febre alta e diminuição da peristalse.

RETOCOLITE ULCERATIVA (RCU) A RCU é uma doença que predomina no cólon, de aspec­to ascendente. Inicia-se pelo reto, em seqüência acomete

<

sigmóide, cólon descendente e cólon transverso, podendo ultrapassar a flexura hepática.

Ocorrem áreas de mucosa normal entre as áreas aco­metidas. Formam-se os pseudopólipos, que são ilhas de regeneração da mucosa circundadas por áreas ulceradas, apresentando-se como defeitos de enchimento ao clister. Observam-se, ainda, ulcerações que se apresentam radio­logicamente como uma imagem de "papel rasgado" (Fig. 12.30). Há também perda das haustrações e espessamento da musculatura lisa com aspecto de "cano de chumbo". O aumento do espaço pré-sacral, identificado na incidên­cia de perfil , mostra o reto reduzido devido a retração fibrótica.

Em alguns pacientes com RCU ocorre também compro­metido do íleo distal. O paciente queixa-se de diarréia com sangue, muco, pus, dores abdominais e febre.

DOENÇA DE CROHN A doença de Crohn pode acometer qualquer região do TGI, entretanto, o íleo terminal e o cólon ascendente são os seg­mentos mais comprometidos (Fig. 12.25). Não é uma do­ença com lesões contínuas, pois apresenta áreas de mucosa normal entre as áreas lesadas. As alterações transmurais acometem a parede da alça intestinal em toda a sua espessu­ra, incluindo a mucosa. Há, ainda, formação de fístulas, es­pessamento da parede intestinal e áreas de estenoses (sinal da corda). A parede espessada afasta as alças intestinais. A mucosa comprometida, intercalada com áreas preservadas, apresenta o aspecto de pedras de calçamento. A clínica po­de variar em função do segmento comprometido, das suas complicações e do tempo de evolução da doença.

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130 Introdução à Radiologia

A B

e Fig. 12.30 Retocolitc ulcerativa. Radiografias do abdome durante c lister com duplo contraste. Pode-se detectar perda das haustrações e presença de ulcerações na mucosa configurando o que se chama de aspecto cm "papel rasgado". A, Incidência panorâmica; B, radiografia localizada do retossigmóide; e. radiografi a localizada do ângulo esplênico.

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ANATOMIA RADIOLÔGICA

. Rins

Os rins localizam-se no retroperitônio, com seu pólo su­perior geralmente relacionado com T12 e seu pólo infe­rior podendo se estender até L4. Situam-se a cada lado da coluna vertebral, sendo que o rim direito encontra-se aproximadamente 2 cm abaixo do esquerdo . O rim nor­mal é uma estrutura em forma de feijão, cujo eixo longo direciona-se para baixo e lateralmente, paralelamente à borda lateral do músculo psoas de cada lado. Movem-se moderadamente com a respiração e mudança de posição. O tamanho é variável; em média, os rins masculinos me­dem: direito, 12,9 X 6,2 cm; esquerdo, 13,2 X 6 ,3 cm. Rins femininos: direito, 12,3 X 5,7 cm; esquerdo, 12,6 X 5,9 cm.

O contorno renal é geralmente liso, podendo ser lobu­lado em função da persistência das lobulações fetais uni­lateral ou bilateralmente.

Sistema Pielocalicinal

A pelve renal é a expansão achatada, infundibuliforme, da extremidade superior do ureter, possuindo capacidade volumétrica de 3 a 10 cm3• Possui uma porção intra-renal e outra extra-renal, sendo que esta última é, geralmente, maior e possui maior capacidade de dis tensão. O ápice da

pelve é co1Jtflluo com o w -eter. Esta recebe dois o u três cá-

lices maiores, cada um dos quais recebe dois ou três cálices menores, que possuem a forma de taça e são indentados pela papila renal , onde se inserem os túbulos renais (Figs. 13.l e 13.2).

Alberto Vianna Felipe von Ranke Edson Marchiori

Fig. 13.l Urografia demonstrando cálices e pelves renais normais.

Fig. 13.2 Urografia localizada demonstrando cálices e pelve renal nor­mais.

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132 Introdução à Radiologia

Fig. 13.3 Urografia. Radiografia panorâmica com 25 minutos demons­trando sistemas ureteropielocalicinais e bexiga de aspecto normal.

Ureteres

São estruturas tubulares, paralelas à coluna vertebral, com comprimento de 25-30 cm e lumens estreitos de cerca de 0,3 cm de diâmetro. Conduzem a urina desde a pelve renal até a bexiga urinária, onde terminam no trígono vesical, formando os óstios ureterais a cada lado dos ângulos supe­riores deste trígono. Os ureteres apresentam três reduções fisiológicas de calibre: na junção com a pelve renal, no cruzamento com as artérias ilíacas e em sua junção com a parede da bexiga (Fig. 13.3).

Bexiga

É uma víscera oca com paredes musculares fortes , carac­terizada por grande capacidade de distensão. Possui forma

Fig. 13.4 Bexiga de contorno liso, sem falha de enchimento.

Fig. 13.5 Uretrocistografia retrógrada. Bexiga e segmentos peniano, bulbomembranoso e prostático da uretra normais.

arredondada (homem) ou triangular (mulher), com capa­cidade média de 150 cm3. Na criança pode ter forma alon­gada. Quando pouco di stendida pode apresentar contorno com pregas grossas (Fig. 13.4).

Uretra

A uretra masculina conduz urina do óstio interno da ure­tra, situado na bexiga urinária, até o óstio externo da ure­tra, situado na ponta da glande do pênis. É clinicamen­te dividida em: posterior, compreendendo os segmentos bulbomembranoso e prostático ; e anterior, composta da porção penoescrotal e do segmento peniano. O segmento membranoso é aquele que passa através do músculo es­fíncter externo da uretra e da membrana do períneo. O calibre da uretra varia de 0,5 a 1,5 cm, de acordo com os segmentos e a pressão exercida sobre os mesmos (Fig. 13.5). A uretra feminina é curta e, portanto, não apre­senta subdivisões.

EXAMES RADIOLÓGICOS

Radiografia Simples do Abdome

Faz parte e precede todos os exames contrastados do si~e­ma urinário. Sua principal indicação é a pesquisa de calci­ficações ou massas na topografia deste sistema (Fig. 13.6). Havendo dúvida se uma calcificação está ou não no interior das vias urinárias, o estudo pode ser complementado com incidências oblíqua, de perfil ou com tomografia linear.

É válido relembrar que algumas calcificações podem pro­jetar-se sobre o sistema urinário sem dele fazerem parte:

• Porção lateral da apófise transversa das vértebras lom­bares.

• Calcificações condrocostais. • Calcificações pancreáticas (pancreatite crônica) .

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Aparelho Urinário 133

A B

Fig. 13.6 A, Abdome simples. Massa arredondada com densidade de partes moles na metade inferior do abdome e pelve; B, urografia. Massa comprimindo e desviando lateralmente os ureteres na sua metade inferior, com discreta distensão a montante. ·

• Calcificações na vesícula biliar (cálculos, bile calcária, calcificação das paredes).

• Calcificações linfonodais. • Calcificações vasculares (tlebólitos, placas de ateroma

e aneurisma). • Calcificações em partes moles. • Calcificações em massas tumorais. • Imagens opacas no tubo digestivo. • Artefatos. • Outras.

Urografia Excretora (UE)

O paciente deve fazer um preparo na véspera do exame, que consiste em jejum de 12 horas com mínima ingestão de líquidos e, em caso de necessidade, laxante por via oral para completar a limpeza intestinal.

INDICAÇÕES • Estudo da anatomia do sistema urinário e de qualquer

afecção que a modifique. • Estudo da função renal. • Estudo de relação do sistema urinário com massas ab­

dominais.

ROTINA • Radiografia simples do abdome em AP. É possível vi­

sualizar a loja renal devido à presença da gordura pe­rirrenal (Fig. 13.7 A).

• Injeção endovenosa (EV) do meio de contraste iodado. Os rins eliminarão o contraste após a filtração glomeru­lar, formando a urografia excretora, que possibilita a vi­sualização e o estudo da anatomia do sistema urinário.

• Cinco minutos após administrado o contraste, faz-se a radiografia localizada das lojas renais, na qual pode ser analisado o nefrograma (aumento da densidade do pa­rênquima renal) e o pielograma (aumento da densidade do sistema pielocalicial e ureter proximal).

• Utiliza-se, então, uma faixa adaptada à mesa do exame pa­ra fazer a compressão abdominal. Esta interrompe parcial­mente o fluxo urinário, promovendo distensão do sistema pielocalic ial que, assim, pode ser mais bem visibilizado.

• Aos 1 O minutos obtém-se outra radiografia localizada das lojas renais para, com a ajuda da compressão abdominal, estudar a anatomia do sistema pielocalicial.

• Após a descompressão obtêm-se radiografias panorâmi­cas, geralmente aos 15 e aos 25 minutos, para a obser­vação de todo o aparelho urinário (Fig. 13.78).

• Radiografia localizada da bexiga cheia (pré-miccional) para avaliar possíveis alterações como: compressões ex­trínsecas da bexiga, que podem ser normais, no caso do útero, ou anormais, como no tumor prostático, e outras alterações como falhas de enchimento, divertículos etc.

• Radiografia localizada da bexiga vazia (pós-miccional) para a avaliação do resíduo urinário.

• Filmes tardios: quando há aparente exclusão funcional renal ou nefrograma débil torna-se importante a obtenção de filmes tardios, com 180, 360 minutos ou até 24 horas.

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134 Introdução à Radiologia

Este artifício permite melhor avaliação das possíveis etio­logias e, por vezes, identificar um local de obstrução.

Urografia pelo Dripping (Bolo de Contraste)

É realizada por meio da injeção rápida de grande volume de meio de contraste iodado. Este exame permite melhor avaliação do rim debilitado, devido à maior quantidade de contraste infundido.

• v

INDICAÇÕES • Pacientes com redução da capacidade de concentrar o

contraste. • Estudo das hidronefroses, geralmente causadas por obs­

trução crônica do trato urinário, levando à dilatação dos cálices, com destruição progressiva potencial do parên­quima renal.

• Determinação da zona de obstrução ureteral. • Casos nos quais a urografia excretora deixou dúvidas e

torna-se necessário melhor visualização do sistema pie­localicinal (enchimento de cavidade).

Pielografia Retrógrada

A pielografia retrógrada costuma ser utilizada quando a visibilização do sistema coletor renal e dos ureteres, por meio da urografia excretora, é insatisfatória ou não-con­clusiva. Com o auxílio da cistoscopia, um cateter é intro­duzido na bexiga por via uretra! e conduzido à pelve renal através do ureter. Após a instilação direta de 3 a 5 mi de

Fig. 13.7 A, Abdome simples normal: B. urografia com 25 minutos.

contraste na pelve renal, são obtidas radiografias. O cateter é então retirado e obtém-se outra radiografia. Incidências oblíquas e frontais tardias também podem ser necessárias (Fig. 13.8A e B).

A pielografia retrógrada é cada vez menos utilizada de­vido à maior acurácia de outros métodos de imagem não­invasivos como a tomografia computadorizada, a ultra­sonografia e urorressonância magnética.

INDICAÇÕES • Quando não se obtém estudo satisfatório do sistema ure­

teropielocalicinal nas urografias. • Rim excluso (não visualizado) à urografia excretora. • Suspeita de tumores de urotélio (epitélio de revestimento

do trato urinário). • Falhas de enchimento na topografia do sistema pieloca­

licinal ou ureteral. • Para obter localização de fístula ureteral.

VANTAGENS • Melhor visualização radiográfica do sistema urinário devi­

do à concentração e à quantidade de contraste injetado. • Menor risco de reação ao contraste, j á que a via de ad­

ministração não é endovenosa.

DESVANTAGENS • Riscos inerentes à cistoscopia, como sangramentos, trau­

matismos de uretra etc. • Espasmo do ureter e pelve renál causado por irritação

pelo cateter. • Trauma e infecção.

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Arteriograf ia Renal

Utiliza um cateter vascular introduzido por via percutânea na artéria femoral pela técnica de Seldinger. Pode ser exe­cutada de duas formas:

• Aortografia: é feita uma injeção de 40-60 mi de contraste iodado na região da aorta abdominal, acima das artérias renais. É utilizada para estudo concomitante de ambas as artérias renais.

• Arteriografia renal seletiva: com a ajuda de um fluoros­cópio, introd4,Z-se a ponta do cateter na artéria renal, na qual instila-se pequeno volume de contraste ( 10-15 rnl) (Fig. J 3.9A e B). A vantagem deste método é a densa opacificação da artéria renal e de seus ramos, necessá-

Aparelho Urinário 135

Fig. 13.8 A, Pielografia retrógrada. Abdome simples com cateter na bexiga e no ureter até a pelve do rim direito; B, pielografia retrógrada. Estenose no terço inferior do ureter direito com distensão a montante.

ria para o estudo detalhado desses vasos. Registram-se filmes nas fases arterial (estudo da artéria renal e seus ramos), de nefrograma (contraste opacificando o parên­quima renal) e pielograma (visualização do contraste sendo eliminado pelo sistema pielocalicinal).

INDICAÇÕES • Estudo do número e localização das artérias renais. • Avaliação de lesões expansivas renais. • Suspeita de oclusão da artéria renal. • Pesquisa de estenose das artérias renais como possível

causa de hipertensão arterial sistêmica. • Estudo da integridade dos vasos renais. • Avaliação de doador renal. • Pré-operatório de cirurgia renal.

Fig. 13.9 A, Arteriografia renal direita pelo método de Seldinger. Artérias renal e intra­renais normais; B, arteriografia renal. Vascu­larização normal com efeito nefrográfico no parênquima renal.

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136 Introdução à Radiologia

Tomografia Computadorizada (TC)

Permite o estudo apurado dos rins e retroperitônio. É ajus­tada para a indicação clínica específica.

INDICAÇÕES A indicação mais comum de TC renal é a análise morfo­lógica à procura de massa renal após realização de ultra­sonografia, urografia excretora ou outro exame. Pode ser usada também na busca de processos infecciosos ou trau­matismos renais. A TC, para essas indicações, deve incluir um exame inicial sem meio de contraste, que é necessário para pesquisar calcificações, sangue e coleções de líquido. Após a realização dos cortes sem contraste, administra-se uma injeção EV rápida de, em média, 100 ml de contraste iodado a 60% e os rins são novamente avaliados. Com o advento da TC helicoidaJ pode-se avaliar o rim em múl­tiplos intervaJos de tempo, incluindo as fases cortical ou glomerular, a medular e a excretora (Fig. 13.1 OA a D).

Outra indicação é a suspeita de cálculos do sistema uri­nário, sendo este exame denominado uro-TC. É realizada sem meio de contraste, por técnica helicoidal , investigan­do o paciente desde o topo dos rins até a bexiga. Em caso de dor no flanco, esta técnica pode determinar se a causa é litiásica ou não.

A

e

Para a visibilização da vasculatura renal está indicada a angio-TC. Este exame é muito útil na avaJiação dos do­adores de transplante renal e, atualmente, substitui a arte­ri9grafia renal pré-operatória, com diminuição da taxa de morbidade. Obtêm-se, primeiramente, cortes sem meio de contraste através do rim para descartar a possibilidade de calcificações renais. Em seguida, faz-se uma rápida injeção de 150 mJ de meio de contraste, administrada a 5 ml/s atra­vés da veia mediana do cotovelo, sendo os rins rapidamente tomografados por técnica helicoidal. Uma radiografia sim­ples do abdome, obtida imediatamente após a TC, avalia o sistema coletor renal, os ureteres e a bexiga.

Ultra-sonografia (US)

É um método extremamente importante no estudo por ima­gem do aparelho urinário. A US é um exame dependente do operador, ou seja, o estudo adequado depende da destreza e da experiência prática do radiologista.

As melhores imagens são obtidas com apnéia ao fim da inspiração. A variação na posição do paciente pode forne­cer melhor visibilização da área de interesse nos planos axial e longitudinal. A porção distal dos ureteres costuma ser visibilizada com a bexiga cheia.

B

D

Fig. 13.10 Uro-TC. A, Sem contraste; B, com contraste, na fase nefrográfica; C, na fase arterial; D, na fase tardia. Cisco renal direito.

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Aparelho Urinário 137

A B

Fig. 13.11 US de vias urinárias. A, Rim esquerdo nos cortes longitudinal e transversal. Rim normal; 8 , litíase renal esquerda.

A US não possui contra-indicação, já que não utiliza radiação ionizante ou meio de contraste.

Vale lembrar que a obesidade e a distensão abdominal dificultam o exame ultra-sonográfico.

INDICAÇÕES • Permite um bom estudo da anatomia renal, independen­

temente da capacidade funcional dos rins. • A US renal é o exame mais importante para diferenciar

um nefropata crônico de um agudo, através do tamanho dos rins (rins de tamanho pequeno indicam doença crô­nica, com apenas algumas exceções).

• Excelente método para medir os diâmetros renais. • Permite diferenciar massas sólidas de líquidas (tumores,

cistos, abscessos, hematomas etc). • A ultra-sonografia com Doppler dúplex em cores po­

de ser utilizada para avaliar a vasculatura renal, o que é particularmente importante na avaliação do paciente submetido a transplante renal.

CARACTERISTICAS DOS RINS À US • São estruturas elípticas no plano sagital e ovalares no

plano axial. Possuem contorno regular e ecogenicidade homogênea em seu parênquima (Fig. 13. l lA e B).

• O parênquima renal periférico é hipoecogênico (mais preto), enquanto o seio renal, correspondente ao hilo, contendo os vasos e a pelve renal, é hiperecogênico (mais branco) , \Ynnc\\)almente \)Ot causa lia imliuta (\Ue c\t-cunda o sistema pielocalicinal. É possível diferenciar o córtex da medula, já que o primeiro possui menor eco­genicidade. O paciente com insuficiência renal crônica pode perder essa dissociação córtico-medular.

Cistografia

Pode ser feita durante a urografia com o contraste excre­tado pelos rins, possuindo a desvantagem de a quantidade

de contraste poder não ser suficiente para o bom estudo da bexiga, ou por estudo retrógrado (Fig. l 3. l 2A e B).

CISTOGRAFIA RETRÓGRADA É um outro método de estudo da bexiga. Após a micção, insere-se um cateter uretra!, por onde o contraste pode ser instilado em quantidades variáveis. O melhor enchi­mento e a opacificação da bexiga, com conseqüente me­lhor estudo, são uma vantagem em relação à cistografia simples.

Incidências • Ântero-posterior (AP). • Oblíquas. • Perfil : estudo de massas pélvicas. • AP pós-miccional: pesquisa de resíduo urinário.

Indicações • Suspeita de rotura vesical em vítimas de traumatismo. • Pacientes com divertículos, tumores ou cálculos vesi­

cais. • Estudo de massas pélvicas possivelmente relacionadas

com a bexiga, que possam promover compressão da mes­ma (p. ex., tumor prostático) (Fig. l 3. l 3A a E).

U1"et.1"odst.og1" a·f\a Retrógrada

É um exame realizado para o estudo de lesões uretrais. O conttas\e é \n)e\auo tetto~aliatne\\\e, ...endo fo\\a a docu­mentação contra o sentido fisiológico do fluxo.

INDICAÇÕES • Estudo pós-trauma de "queda a cavaleiro". • Suspeita de estreitamento uretra! (Fig. 13.14A a E).

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A

A

e

E

B

Fig. 13.12 Cistografia. A, Bexiga de contorno regular, sem fa lha de enchimento; B, bexiga piriforme (tuberculose).

B

D

Fig. 13.13 A e B. Cistografia. Falha de enchimento irregular. na metade di reita da be­xiga (carcinoma de bexiga); C e D, cistografia. Falha de enchimento de contorno liso, bem definido, na bexiga (ureterocele); E, urografi a. Dilatação da porção int ramural do ureter direito com aspecto de cabeça de cobra (ureterocele).

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Aparelho Urinário 139

A B

e

D

E

Fig. 13.14 Uretrocistografia retrógrada. A, Redução de calibre na porção posterior do segmento peniano; B, formação diverticular no terço médio do segmento peniano. C, Redução de calibre nos segmentos peniano e bulbo­membranoso da uretra. Refluxo de contraste para glândulas prostáticas; cál­culo vesical; D, acentuada redução de calibre de todos os segmentos ure­trais; E , estenose no segmento bulbar da uretra (pós-traumática).

Uretrocistografia Miccional

É feita durante a micção de contraste previamente intro­duzido por via retrógrada na bexiga.

INDICAÇÕES • Válvula de uretra posterior. • Pesquisa de refluxo vesicoureteral. • Pesquisa de obstrução do trato urinário inferior, cuja cau­

sa mais freqüente é o estreitamento da uretra prostática por hiperplasia prostática benigna.

• Pesquisa de outras lesões: estenoses cicatriciais, diver­tículos e infecção urinária de repetição em crianças.

ROTINA O paciente é examinado antes, durante e depois da mic­ção. O enchimento da bexiga é monitorado por radios­copia à medida que o meio de contraste é instilado. Spot-films são utilizados para documentar os achados. As radiografias são obtidas com o paciente em posição oblíqua posterior ou de perfil para melhor visibilização do colo vesical e da ure tra. Se houver refluxo vesicou­reteral, as radiografias deverão ser realizadas de modo a registrar o volume e o nível da ascensão do refluxo, além do tamanho dos ureteres e dos sistemas coletores renais (Fig. 13.15A e B) .

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140 Introdução à Radiologia

A

B

Fig. 13.15 A, Uretrocistografia miccional (criança). Redução de cali­bre na porção postefior da uretra (válvula de uretra posterior); B, uro­grafia. Refluxo vesicoureteral bilateral por válvula de uretra posterior.

MEIO DE CONTRASTE

É composto de sais orgânicos à base de iodo, o qual é res­ponsável por sua opacidade. É excretado pelos rins junta­mente com a urina e, devido à sua maior densidade, permite o estudo do parênquima renal, sistemas coletores, ureteres e bexiga. A densidade do contraste na urina é diretamente proporcional a sua concentração na corrente sangüínea e taxa de filtração glomerular.

Reações ao Meio de Contraste

IDIOSSINCRÁSICAS • Pequena intensidade: urticária. • Média intensidade: urticária acentuada, edema angioneu­

rótico, broncoespasmo, laringoespasmo, hipotensão. • Grande intensidade: Colapso cardiopulmonar, edema pul­

monar, broncoespasmo, laringoespasmo, hipotensão.

NÃO-IDIOSSINCRÁSICAS • Pequena intensidade: calor, náuseas, vômitos, dor local, taqui

ou bradicardia, efeitos em órgão (pulmão, coração e rins). • Média intensidade: hipotensão, disúria, anúria, azotemia,

isquemia miocárdica, arritmia, broncoespasmo. • Grande intensidade: taquicardia, fibrilação ventricular,

infarto do miocárdio.

PROFILAXIA DAS REAÇÕES Não é possível evitar a reação idiossincrásica, porque não é bem conhecido o mecanismo pelo qual ela se processa. Pode-se, entretanto, minimizá-la. O radiologista deve estar preparado e dispor de meios necessários ao tratamento das reações e suas possíveis complicações. Por meio da anam­nese deve-se determinar os grupos de risco.

Pacientes com história de alergia são quatro vezes mais propensos a desenvolver reações graves. História de rea­ção durante exame prévio com contraste iodado eleva este número para 11 vezes.

Para pacientes com perfil alérgico, faz-se a dessensibi­lização com o seguinte esquema: prednisona 20 mg, seis comprimidos, os quais devem ser tomados aos pares 12 horas, 6 horas e l hora antes do exame; e dextroclÓrfeni­ramina 2 mg, três comprimidos, que são tomados em con­junto l hora antes do exame.

O contraste iodado pode ser bastante tóxico para o rim e provocar lesões tubulares ou até necrose tubular aguda. Isto acontece principalmente em pacientes com creatinina maior do que 1,5 mg/dl, cardiopatas e portadores de rnielo­ma múltiplo. Por isso, na véspera do exame, o paciente de risco deve receber hidratação vigorosa com solução salina a 0,45% ou soro fisiológico 12 horas antes e 12 horas após o exame, na velocidade de l ml/kg/h.

Deve-se manter acesso venoso, ter à disposição todos os medicamentos e equipamentos necessários ao tratamento: oxigênio, ambu, dispositivos para intubação orotraqueal e cricotireoidostomia, soro fisiológico, ringer lactato, adre­nalina, atropina, anti-histamínicos, agonistas 132-adrenér­gicos, diazepam etc.

O exame deve ser realizado em ambiente apropriado, com equipe de ressuscitação presente.

O teste prévio não é eficaz. A reação anafilática indepen­de da velocidade de injeção e da quantidade de contraste, ao contrário das reações tóxicas.

Contra-indicações ao Contraste Iodado

• Hipersensibilidade ao contraste. • Oligúria. • Doenças hepática e renal concomitantes. • Insuficiência renal com creatinina maior do que 2,5 mg/dl. • Diabetes melito insulina-dependente combinado a insu­

ficiência renal cuja creatinina sérica seja maior do que 1,5 mg/dl.

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• No paciente com mieloma múltipo o contraste não deve ser utilizado, a menos que o paciente receba hidratação venosa generosa durante e após o exame.

• História de alergia grave. • O uso de metformina deve ser suspenso 48 horas antes da

realização do exame contrastado. Este medicamento anti­diabético tem como possí\!el efeito colateral a acidose láti­ca, a qual é compensada pelo rim por meio da retenção de bicarbonato. Sabe-se que o meio de contraste iodado pode causar lesão tubular direta, mas, principalmente, vasocons­trição da arteríola aferente, levando a isquemia e, conse­qüentemente, graus variados de insuficiência renal. Desta forma, o rim debilitado pelo contraste iodado pode não ser capaz de compensar adequadamente a acidose e, assim, é possível que o paciente desenvolva acidose lática grave.

DOENÇAS

Doenças Congênitas

No início da gestação, os rins situam-se em topografia pél­vica, com as pelves renais anteriores ao parênquima. Por volta da 20.ª semana, os rins já encontram-se em posição lombar. À proporção que ascende, o rim sofre rotação, tomando-se lateral ao ureter na região mesolombar.

AGENESIA RENAL (RIM ÚNICO) É uma anomalia rara, devendo-se estar atento a diagnós­ticos diferenciai s como nefrectomia, exclusão renal (rim não-funcionante, que não filtra o meio de contraste) e rim ectópico pélvico. No caso de agenesia renal, o rim único é vicariante, possuindo maior volume.

A B

Aparelho Urinário 141

Com o advento da TC, RM e US, o diagnóstico de age­nesia renal tornou-se mais fácil e a angiografia não é mais um procedimento rotineiro.

HIPOPLASIA E HIPERPLASIA As anomalias da forma dos rins são mais comuns do que as de número. A hipoplasia em um lado é, em geral, asso­ciada a hiperplasia do outro.

A hiperplasia é associada à agenesia ou hipoplasia no lado oposto. Entretanto, o aumento renal é causado, em geral, por outras condições, sendo denominado, de forma mais adequada, hipertrofia compensatória. Pode ser cau­sada por hidronefrose, doença policística, neoplasia, trom­bose da veia renal, infecção aguda, infarto arterial agudo etc. Muitas vezes o aumento é bilateral e achados clínicos, laboratoriais e urográficos auxiliam no diagnóstico. Suas causas são: glomerulonefrite aguda, linfoma, lúpus erite­matoso sistêmico, doença policística, trombose bilateral da veia renal , arniloidose, sarcoidose, anemia falciforme, entre outras.

ECTOPIA RENAL • Rim pélvico. Um defeito na migração para a pelve pode

ocasionar rim localizado na pelve. • Ectopia renal cruzada. No trajeto para a região lombar,

um dos rins migra para o lado oposto, podendo fundir-se ou não com o outro rim. Os ureteres e o trígono vesical, geralmente, estão em posição normal.

O rim ectópico é mal rodado e predisposto à tríade de Randall, que consiste em estase urinária, infecção e cálculo (Fig. 13. L6A, B e C).

e Fig. 13.16 Urografia. A, Rim esquerdo à direita da linha média, ao nível de L5-S 1 (ectopia renal cruzada); B, rim mal rodado; C , rim esquerdo na pelve (ectopia renal).

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142 Introdução à Radiologia

RIM EM FERRADURA É o tipo mais comum de anomalia de fusão. Nesta condi­ção, em sua migração para a região lombar, os rins fundem­se por seus pólos inferiores. Estes apresentam-se ligados

Fig. 13.17 TC do abdome. Rim em ferradura com tumor à esquerda.

A

por uma faixa de tecido mole, o istmo, que varia de massà parenquimatosa espessa, com a mesma largura dos próprios rins, a uma faixa de tecido fibroso . Os pólos superiores ra­ramente são envolvidos.

Nesta anomalia, o eixo longo do rim está invertido, de modo que o pólo inferior situa-se mais próximo da linha média do que o pólo superior. Os ureteres tendem a mos­trar-se um tanto estirados sobre o istmo. Obstrução parcial em um ou nos dois lados não é rara, provocando dilatação dos bacinetes e cálices, podendo levar a doença inflamató­ria crônica, estase e formação de cálculos (tríade de Ran­dall) (Fig. 13.J 7).

DUPLICAÇÃO PIELOURETERAL É uma anomalia do sistema coletor (ureter e pelve renal), o qual encontra-se duplicado de maneira completa ou in­completa. Os ureteres formam pelves separadas e não co­municantes. Na duplicação completa, um deles termina no trígono vesical e o outro ectopicamente. Na duplicação in­completa ocorre fusão dos ureteres antes de sua entrada na bexiga. O ureter fora do trígono é causa de refluxo (Fig. 13.l8A, B e C).

B

e Fig. 13.18 A, Duplicidade do sistema pielocalicinal direito; B e C, urografia. Du­plicidade dos sistemas ureteropielocalicinais.

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A

B

Fig. 13.19 A, Estenose da junção pieloureteral direita determinando di­latação a montante; B, estenose de junção pieloureteral bilateral.

ESTENOSE DA JtJNÇÃO PIELOURETERAL Pode ocorrer por causa congênita ou adquirida, secundária a processos inflamatórios, pela presença de tumores ou de cálculos. A área de estenose, por ser na junção da pelve renal com o ureter, leva a dilatação do sistema pielocalici­nal comprometido, o que clinicamente se traduz por estase urinária, possibilitando infecção (Fig. l 3. l 9A e B).

Doenças Adquiridas

DOENÇA LITIÁSICA URINÁRIA Cerca de 90% dos cálculos do trato urinário superior con­têm cálcio suficiente para serem visibilizados nas radio­grafias simples. Acredita-se que esses cálculos originem-se como placas situadas profundamente no revestimento dos duetos coletores nas papilas renais. Estas placas podem destacar-se e ser eliminadas no sistema coletor renal. Os cálculos podem alojar-se na região das papilas e cálices, onde podem permanecer e aumentar gradualmente de ta­manho, para formar um molde dos cálices, constituindo um cálculo coraliforme (Fig. l 3.20A).

Aparelho Urinário 143

Os cálculos podem ser múltiplos e ter tamanhos varia­dos. Infecção e estase urinária são fatores importantes em sua gênese. Tendem a ser assintomáticos até que causem obstrução, quando em geral acarretam sintomas típicos de cólica renal ou ureteral, com irradiação para testículo ou grandes lábios e face interna da coxa. Os cálculos mais comuns são os formados por fosfato de cálcio, oxalato de cálcio e estruvita. Os cálculos de cistina, xantina e urato são mais raros e possuem baixa densidade, sendo radio­transparentes.

Achados Radiográficos Consistem em opacidade de tamanho e forma variados no trato urinário. O cálculo coraliforme apresenta diag­nóstico fácil já que se constitui em um molde dos cálices renais.

A urografia excretora é utilizada para determinar com maior exatidão se a opacidade (possível cálculo) está ou não no sistema urinário e, ainda, para determinar suas im­plicações. Quando um cálculo promove obstrução ureteral, geralmente ocorre aumento de densidade do parênquima renal (nefrograma) causado pela redução do fluxo urinário através dos duetos coletores (estase). É comum a dilata­ção a montante da obstrução e o rim ipsilateral está, ge­ralmente, aumentado de volume. O local mais comum de impactação dos cálculos é a junção ureterovesical. Lembrar os locais de estreitamento fisiológico do ureter: junção da pelve renal com o ureter, cruzamento com as artérias ilíacas e junção ureterovesical, nos quais há maior probabilidade de impactação.

A urografia pode revelar, em pacientes com cálculo obs­truinte, achados clássicos de hidronefrose (ver adiante).

Cálculos de todos os tipos podem ser vistos na ultra­sonografia, desde que possuam mais de 5 a 1 O mm de­pendendo da localização no trato urinário e do biótipo do paciente.

A urografia com TC helicoidal não contrastada pode ser utilizada no diagnóstico dos cálculos renais e ureterais (Fig. 13.20B e C).

Os cálculos radiotransparentes, quando impactados no ureter, provocam dor em cólica e causam graus variados de obstrução.

HIDRONEFROSE Obstrução crônica do trato urinário, independentemente da causa, pode provocar hidronefrose. Esta é causada, inicial­mente, por dilatação dos bacinetes e cálices, aumentando progressivamente a pressão nos túbulos renais. Sob efeito da maior pressão, as células do epitélio tubular liberam fatores quimiotáticos, que atraem células inflamatórias, as quais causam destruição progressiva do parênquima renal, caracterizada por fibrose intersticial e atrofia do sistema tubular.

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144 Introdução à Radiologia

A B

e Fig. 13.20 A, Abdome simples com cálculo coraliforme à esquerda. 8 e C, TC do abdome em cortes coronais. Em 8 , litíase renal ; em C , litíase ureteral, ambas à esquerda.

A ultra-sonografia é o exame de escolha na avaliação dos pacientes com suspeita de hidronefrose, que é classi­ficada em leve, moderada e grave, de acordo com os acha­dos morfológicos, que podem acompanhar ou não o grau de obstrução.

A alteração urográfica mais precoce na hidronefrose é o achatamento da concavidade normal do cálice. À me­dida que a obstrução torna-se mais grave e prolongada, ocorre o "baqueteamento", no qual a concavidade produ­zida pela papila é invertida. A seguir, os cálices dilatam gradualmente, com progressiva destruição do parênqui­ma e aumento do sistema coletor. Por fim, a obstrução significativamente prolongada toma o rim hidronefrótico

não-funcionante, aumentado de tamanho e com a anato­mia radiológica alterada. Infecção pode associar-se a hi­dronefrose, provocando mais irregularidades nos cálices dilatados (Fig. 13 .2 L ).

Freqüentemente, a TC fornece informações mais espe­cíficas do que a urografia a respeito da causa da obstrução, sobretudo quando esta é extra-ureteral.

PIELONEFRITE As bactérias atingem o rim pela via hematogênica ou as­cendente, através do ureter. O curso da doença renal aguda é, assim, determinado pela agressividade do agente infec­cioso, pela resposta imune do paciente e pelas condições

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Fig. 13.21 Urografia. Cálculo no terço superior do ureter esquerdo de­terminando dilatação a montante. Hidronefrose.

predisponentes (p. ex., obstrução urinária). A pielonefrite aguda apresenta achados urográficos positivos em 25% dos casos não-complicado~. Os achados incluem aumen­to renal, intensidade reduzida do nefrograma, densidade reduzida do contraste e retardo no tempo de aparecimento calicial, distorção e atenuação dos cálices, além de ectasia pielocalicinal.

A TC revela melhor os achados positivos, principal­mente na fase contrastada.

A pielonefrite enfisematosa é uma forma rara da infec­ção, que pode acometer os diabéticos e os pacientes com

Fig. 13.22 Urografia. Assimetria renal com dilatação dos cálices e pel­ve renal direitos. Pielonefrite crônica.

Aparelho Urinário 145

obstrução do trato urinário. O achado de gás no rim e ao seu redor, no paciente com quadro agudo, sugere o diag­nóstico. O rim afetado, geralmente, não funciona bem. Os microrganismos que isoladamente formam gás são Esche­richia coli e Proteus vulgaris. Este tipo de pielonefrite é uma forma necrotizante grave, indicando destruição subs­tancial do parênquima renal.

A pielonefrite crônica é caracterizada pelos seguintes sinais: lesão predominante nas pirâmides, rins assimétri­cos, retração cortical, contorno irregular devido a fibrose e cálices renais abaulados (Fig. 13.22).

NECROSE DE PAPILA A necrose das papilas renais caracteriza-se pelo seu in­farto, resultando em necrose e descamação do tecido pa­pilar envolvido. O material necrótico pode ser eliminado ou permanecer no cálice renal, com possível calcificação periférica subseqüente, formando uma concreção triangu­lar típica. A necrose provavelmente se dá em decorrência da isquemia medular, que pode ter várias causas, como anemia falciforme, diabetes melito, uropatia obstrutiva, nefropatia analgésica e pielonefrite grave. É, geralmente, bilateral e pode envolver poucas ou diversas papilas. Na forma fulminante aguda, a função renal reduz ida torna a urografia excretora inútil, porém, na maioria dos ca­sos, o diagnóstico pode ser feito com este exame. Pode ser difícil avaliar o edema papilar precoce por meio da urografia.

As manifestações mais precoces à urografia consistem em necrose, com a formação de fístulas que se estendem até o parênquima, acompanhando o e ixo longo da pa­pila. Uma sombra radiotransparente triangular pode ser observada quando a papila separada continua no cálice. Papilas que não são eliminadas podem permanecer inse­ridas, diminuir de tamanho e, finalmente, calcificar. Por fim, ocorre uma concreção típica, que consiste em reves­timento calcificado denso envolvendo um centro radio­transparente. Em um estágio mais avançado da doença, a fibrose resulta em distorção arquitetural do cálice afe­tado. O diagnóstico é confirmado histopatologicamente quando uma papila descamada for eliminada na urina e recuperada.

Abscesso Renal

O abscesso supurado agudo do parênquima renal é uma condição rara, geralmente de origem hematogênica e que começa no córtex. Se não tratado precocemente, ocorre destruição significativa do parênquima renal. À radiogra­fia simples, pode ser visto aumento local do rim, levando a um contorno mal definido, com o músculo psoas indis­tinto e escoliose antálgica, com concavidade para o lado

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146 Introdução à Radiologia

envolvido. A urografia excretora será útil se houver função renal suficiente para delinear o sistema cal ic ial. Os achados consistem na compressão ou obli teração dos cálices pela massa produzida pelo abscesso. O abscesso cortical pode romper para o sistema coletor, aparecendo como uma ca­vidade que comunica-se com um cálice, simulando tuber­culose. Também pode romper-se através da cápsula renal e produzir um abscesso perirrenal.

A TC é o método de maior sensibilidade no diagnóstico, porém, a US também é muito característica.

Tuberculose Renal

A partir da infecção pulmonar por Mycobacterium tubercu­losis, o rim ou qualquer outro órgão pode ser atingido por via hematogênica, produzindo reação inflamatória granulomato­sa, com possível necrose caseosa, escavação e calcificação.

O Rx simples pode mostrar calcificações no rim, que variam desde pequenas áreas até todo o rim nos caso de autonefrectomia. Calcificações no ureter e na bexiga são raras. Não existe padrão típico de calcificação renal na tu­berculose, sendo sempre cabível o diagnóstico diferencial com outras doenças inflamatórias e tumorai s.

A tuberculose renal é essencialmente urna doença do parênquima. Ela pode ser diagnosticada com certeza quan­do ocorre ulceração para um cálice ou para a pele, com presença de bacteriúria, piúria e alterações detectáveis no sistema coletor.

As alterações na urografia variam desde hipoton ia dos cálices, distensão pielocalicinal e enchimento de cavida-

A B

de em relação com o sistema calicinal até rim aumentado não-funcionante (autonefrectomia) (Fig. l 3.23A e B). As alterações no ureter podem ocorrer com distensão, áreas de estreitamentos e distensão até sua retificação e perda do peristaltismo por fibrose.

A bexiga pode estar contraída, espástica e de capacidade reduzida.

Massas Renais

CISTOS O cisto renal s imples costuma ser uma lesão silenciosa, de pouca importância c línica, porém é a massa renal unifocal mais comum. Constitui-se em massa ovóide ou arredonda­da, com líquido em seu interior, contornos regulares e de­limitada por cápsula. Se houver crescimento, este costuma ser lento e pode determinar abaulamento do contorno renal com suave compressão do s istema pielocalicinal. Quando volumosos podem provocar dor lombar. Não é incomum o sangramento intracístico.

À urografia podem ser encontrados os seguintes sinais: lesão periférica, projetando-se para fora do rim; a· parede, se visível, é fina e lisa; a massa é bastante radiotranspa­rente, quando comparada ao parênq uima adjacente, e bem demarcada (Fig. l 3.24A a D).

A US é o exame de escolha para diagnóstico dos c istos renais simples, revelando lesão arredondada, de paredes lisas e limites bem definidos, de conteúdo anecóico e pre­sença de um reforço acústico posterior intenso.

Fig. 13.23 A, Urografia. Distensão de cálices do grupo superior do rim direito. Ausênc ia de vi­sualização dos demais cálices e da pelve renal. Rim esquerdo sem alterações. Autonefrcctomia por tuberculose renal ; B, urografia (estudo tar­dio). Distensão dos cál ices e do ureter direitos. Sistema urete ropielocal icinal esquerdo já vazio (tuberculose rena l).

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Aparelho Urinário 147

A B

e D

Fig. 13.24 A, Urografia. Volumosa massa no pólo inferior do rim direito, comprimindo cálices do grupamento correspondente; B, arteriografia renal direita. Vaso de aspecto normal contornando a massa do pólo inferior do rim direito (cisto renal); C, urografia. Massa no pólo inferior do rim esquerdo comprimindo cálices do grupamento inferior; D, nefrotomografia. Fase nefrográfica demonstrando a massa do pólo inferior do rim esquerdo com densidade menor do que a do restante do parênquima renal (cisto renal).

TUMORES BENIGNOS A maioria dos tumores renais benignos é assintomática e, na maior parte das vezes, descoberta em necropsia. Os tipos histológicos são: adenoma, fibroma, lipoma, leio­rnioma, hemangioma e hamartoma. Os tumores renais benignos, se pequenos, podem não ser vistos à UE, porém são vistos na TC ou na ultra-sonografia. Se atingirem ta­manho suficiente, a radiografia simples de abdome pode­rá revelar o aumento da sombra renal no local do tumor. A urografia poderá, então, mostrar distorção do sistema pielocalicinal, fazendo o diagnóstico de massa renal. O mais importante sobre esses tumores é sua diferenciação com tumores malignos que, em geral, não pode ser feita com exatidão por qualquer técnica de imagem. A maioria dos tumores benignos, exceto o hemangioma, é avascu­lar na angiografia. Atualmente a TC e a ultra-sonografia devem ser as técnicas de imagem utilizadas para avaliar as massas renais.

TUMORES MALIGNOS O carcinoma de células renais ou hipernefroma é o tumor maligno mais comum, podendo originar-se em qualquer porção do rim. Pode crescer bastante antes de tornar-se sintomático. Os achados à radiografia simples consistem em aumento local ou generalizado do rim, de tamanho variável. A borda renal pode encontrar-se preservada ou ser irregular e apresentar ruptura. As lesões são, em ge­ral, limitadas pela cápsula renal até atingirem estágio bem avançado. Não é raro observar calcificação, que pode ser irregularmente dispersa ou curvilínea, no interior do tu­mor ou em sua periferia. Pode ocorrer deslocamento renal ou inclinação do eixo em grandes tumores. As alterações urográficas (alongamento, estreitamento ou obliteração dos cálices renais) são causadas pela distorção provocada pela massa tumoral (Fig. l 3.25A e B).

Com freqüência invadem a veia renal , provocando trombose, e podem invadir também a veia cava inferior.

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148 Introdução à Radiologia

A B

Fig. 13.25 A, Massa deslocando e deformando os cálices do pólo inferior do rim esquerdo; B, massa compri mindo e distorcendo os 'cálices do ri m dire ito. Carcinoma renal:

Podem ser observadas áreas de necrose na região central do tumo r. Este aspecto é fac ilme nte vis ibilizado na TC contrastada e na arteriografia re na l. Neste caso, a massa tumoral periférica se impregna pelo contraste, enq uanto o centro é hipodenso.

O nefroblastoma ou tumor de Wilms é a neoplasia abdo­minal mais comum do lactente e da infância. A radiografia abdominal simp les eventualmente evidencia calcificações lineares, que costumam ser difusas e de tamanho pequeno, no interior de uma massa em topografi a renal.

Os achados urográfi cos são os de um grande tumor intra­renal que distorce os cálices e o bacinete, freqüentemente obstruindo parcialmente o ureter. A função renal pode en­contrar-se comprometida, mas geralmente é suficiente para delinear alguns cálices e, assim, diferenciar este tumor da hidronefrose, a qual causa aume nto renal maciço.

A US demonstra a localização renal do tumor. Este é visto como uma massa ecogênica e heterogênea, no interior da qual podem ser encontradas pequenas regiões hipoecói­cas, representando cistos.

A TC com contraste venoso é superior à US para con­firmar a presença de neoplasia do rim. Ajuda a delimitar a extensão do tumor, avali ar o comprometimento da veia cava in ferior, assim como confirmar ou afas tar o com­prometimento do rim contralateral. Eventua lmente, áreas hipode nsas, correspondentes a necrose tumoral, são en­contradas. O tumor apresenta realce com a admini stração

de contraste, destacando-se com c lareza do parênquima normal.

A ressonância magnética fornece informações precisas sobre o comprometime nto de troncos vasculares e pode complementar a TC.

Metástases pulmonares são observadas em 15% dos pa­cientes à época do diagnóstico.

Doença Renal Policística

É uma doença de origem genética, na qual os rins são pro­gressivamente ocupados por massas de natureza cística. O contínuo aumento de volume dos cistos leva a compressão e destruição das partes do parê nquima renal adjacente, re­duzindo gradativame nte as lacunas de parênquima entre os cistos, até o seu desaparecime nto. Esta doença culmi­na em insuficiê ncia renal e em rins em estágio terminal, tornando-se necessário transplante ou diáli se. A urografia excretora revela rins aume ntados de tamanho, com contor­nos lobulados bilateralmente, pelves alongadas e cálices achatados. Pode revelar retenção variável do contraste em torno dos c istos, correspondendo aos lúbulos coletores di­latados. Ocorre esti ramento das pelves e dos cálices renais por múltiplos cistos . O nefrograma é, geralmente, débil, tardio e prolongado . A US e a TC també m demonstram claramente os cistos . O diagnóstico é corroborado pelo achado concomitante de cistos hepáticos.

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INTRODUÇÃO

A coluna vertebral forma um eixo que, além de permitir a sustentação do peso das ·estruturas corporais, serve de pivô para a movimentação da cabeça, por meio da articulação atlanto-occipital. Além disso, desempenha importante pa­pel na locomoção e serve de proteção à medula espinhal e raízes nervosas.

O estudo das doenças e alterações da coluna vertebral pode ser feito por meio da radiologia convencional e é com­plementado ou, até mesmo, inicia-se com avaliação feita pela TC e/ou RM. A TC está mais indicada quando se suspeita de alteração óssea, ou quando se quer estudar a coluna lom-. ..,. bossacra, enquanto a RM é, hoje em dia, considerada o mé-todo de imagem de escolha, especialmente na avaliação dos segmentos cervical e dorsal, pois oferece importantes infor­mações não só sobre os corpos vertebrais e discos interverte­brais, como também pelo estudo do conteúdo intra-raquiano, sobretudo das alterações envolvendo a medula espinhal.

Na TC geralmente são obtidos cortes axiais, com pos­teriores reconstruções multiplanares, especialmente nos planos coronal e sagital. O estudo inicia-se com uma ra­diografia digital localizadora (topograma) que serve de orientação para o planejamento do exame.

Na RM são obtidas seqüências ponderadas em TI e T2 nos planos sagital e transversal (ou axial) e, eventualmente, são feitas imagens no plano coronal. Na suspeita de lesões inflamatórias ou tumorais é administrado meio de contraste por via venosa, sendo que na TC usa-se o contraste iodado e na RM o contraste paramagnético (gadolínio). Devem ser sempre obtidas imagens nos mesmos planos para efei­tos comparativos. Podem ainda ser feitas seqüências com técnicas de supressão de tecido gorduroso que melhoram

Alair Santos Sheila Crespo

Felipe von Ranke

a interpretação das lesões após o uso do meio de contraste paramagnético na RM.

ANATOMIA RADIOLÓGICA

A coluna vertebral é dividida em segmentos cervical, toráci­co (ou dorsal) e lombar, geralmente consistindo em 26 ossos, dos quais sete são vértebras cervicais, doze torácicas e cinco lombares, além do sacro e do cóccix. O corpo vertebral é de­signado pela letra inicial do segmento vertebral e pelo número correspondente (p. ex., C7 refere-se à sétima vértebra cervi­cal). Devido à terminologia usada em ressonância magnética, usa-se, na coluna torácica, a denominação dorsal (p. ex., D 1 ), para diferenciar dos tempos das seqüências de RM (TI e T2).

O estudo radiológico da coluna vertebral é dificultado pela relativa complexidade anatômica das vértebras. Des­te modo, é necessário domínio da sua anatomia para o en­tendimento das superposições dos diversos elementos de cada vértebra nas diversas incidências radiológicas (Figs. 14. l a 14.3). Basicamente, cada vértebra é constituída dos seguintes elementos:

);i- Corpo vertebral );i- Arco posterior: projeta-se para trás a partir do corpo ver­

tebral, compondo segmentos do canal raquiano, forma­do pela superposição de todos os arcos das vértebras.

);i- Pedículo: implante de cada extremidade do arco nas porções posterior e lateral do corpo vertebral. Na in­cidência em AP, aparecem corno imagens ovais de cada lado do corpo (correspondem à superfície de corte de cada lado do arco).

);i- Apófise espinhosa: encontro de cada porção do arco, posteriormente. Projeta-se, na incidência em AP, me­dial e ligeiramente inferior ao corpo correspondente.

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150 Introdução à Radiologia

Fig. 14.1 Rx de coluna lombar em AP. A, Corpo vertebral; B, pedículo; C, apófise espinhosa.

Fig. 14.2 Rx de coluna lombar em perfil , de­monstrando os corpos vertebrais, os espaços intervertebrais, os arcos posteriores e as arti­culações interapofisárias.

Fig. 14.3 Rx de coluna lombar em oblí­qua, evidenciando-se os pedículos e as lâ­minas.

~ Apófises articulares superiores: mais bem visualiza­das na incidência em perfil. Correspondem a prolon­gamentos superiores do arco.

~ Apófises articulares inferiores: também visualizadas mais facilmente na incidência em perfil. Correspon­dem a prolongamentos inferiores do arco. A articu­lação entre as apófises articulares superior e inferior de corpos adjacentes é visualizada nas incidências em perfil e oblíquas como prolongamento a partir da porção lateral do arco. Na incidência em AP, proje­tam-se mediaimente aos pedículos.

~ Forames ou buracos de conjugação: formados pe­los espaços entre as apófises articulares e os corpos vertebrais de duas vértebras adjacentes. Contêm as ramificações nervosas que saem da medula.

~ Apófises transversas: projetam-se para cada lado do corpo vertebral. São visualizadas na incidência em AP.

Cada corpo vertebral é separado dos adjacentes, supe­rior e inferiormente, pelo disco intervertebral. Este é cons­tituído de anéis fibrocartilaginosos concêntricos à volta do núcleo pulposo, constituído de material gelatinoso. Uma vez que o disco intervertebral não é visualizado no exame radiológico da coluna, valoriza-se o seu estado pelo espaço correspondente entre os corpos.

Já na ressonância magnética, pela degeneração usual , há perda progressiva do conteúdo aquoso, o que faz com

que o disco fique com um sinal reduzido (hipossinal) nas seqüências ponderadas e m T2 (Fig. 14.4).

As curvaturas fisiológicas da coluna são as cifoses (to­rácica e sacra) e as lordoses (cervical e lombar) (Figs. 14.5 e 14.6). Denomina-se escoliose a curvatura anormal no sentido lateral, sendo esta designada pelo lado convexo

Fig. 14.4 RM da coluna lombar, evidenciando-se os di scos interver­tebrais com sinal preservado até L4-L5 e a redução da intensidade de sinal do disco de L5-S 1 devido à degeneração.

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Fig. 14.S Lordose cervical fisiológica em paciente com alterações degenera­livas da coluna.

Fig. 14.6 Escoliose dorsal de convexidade esquerda.

da curvatura. Desta forma, denomina-se escoliose dorsal esquerda aquela na qual a convexidade está voltada para o lado esquerdo. Por causa da extensão e das curvaturas, cada segmento da coluna é estudado em incidências localizadas. Há exceção quando o objetivo é o estudo das escolioses. Neste caso, são feitas incidências panorâmicas em AP, com o paciente em posição ortostática.

Coluna Cervical

É composta por sete vértebras. Neste segmento da coluna, uma vez que a necessidade de sustentação de peso é menor (se comparada às vértebras torácicas e lombares), os cor­pos vertebrais são relativamente pequenos. São caracterís­ticas anatômicas particulares deste segmento os processos

Fig. 14.8 Incidência transoral evidenciando o atlas (C J) e o processo odontóide do áxis (C2).

Coluna Vertebral 151

Fig. 14.7 Rx de coluna cervical em AP e perfil.

unci formes e os forames transversos, que dão passagem à artéria vertebral (exceto em C7), às veias vertebrais e ao plexo simpático. Outra peculiaridade deste segmento são os processos espinhosos bífidos de C2 a C6 (observados na incidência em AP) e proeminentes em C2 e C7, ser­vindo de ponto de referência na incidência em perfil (Fig. 14.7). De C3 a C6 têm-se vértebras cervicais típicas, se­melhantes entre si. A sétima vértebra é considerada uma vértebra de transição. É relativamente freqüente a ausên­cia de soldadura do arco posterior em algumas vértebras

Fig. 14.9 Rx da coluna cervical em oblíqua, demonstrando os forames de conjugação. Observar a redução da amplitude do forame de conju­gação de C5-C6 (seta).

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152 Introdução à Radiologia

na coluna cervical. Não existe, muitas vezes, correlação clínica, tratando-se de "achados radiológicos", já que não determinam s intomatologia.

Uma vez que se encontram superpostos à mandíbula, . na incidência em AP, o estudo de CJ e C2 é feito com uma incidência especial (transoral ou transbucal), com a boca aberta (Fig. 14.8). Algumas situações requerem estudos tomográficos, quando são necessários maiores detalhes deste segmento.

Como os processos para os forames de conjugação são também laterais, há superposição destes com o forame transverso tanto em AP como em perfil. Por este motivo,

para visualização dos forames de conjugação, necessita-se de incidências oblíquas (Fig. 14.9). É fundamental que os forames de conjugação sejam avaliados de rotina.

Lateralmente, a coluna é estudada na incidência em perfil. Deste modo, as incidências de rotina para o estudo da

coluna cervical são: AP, perfil, transoral e oblíquas direita e esquerda.

O atlas (C l) e o áxis (C2) são vértebras diferenciadas, responsáveis pela sustentação e movimentação da cabeça. Esta é possível graças à existência de um prolongamenco superior no corpo vertebral do áxis - o processo odon­tóide - formando um pivô, que irá permitir a rotação

B

Fig. 14.10 Avaliação de C 1 e C2, por TC, nos planos coronal (A) e axial (B), observando-se, neste último, redução do espaço atlanto-axial com esclerose das superfícies limitantes.

A B

Fig. 14.11 RM da coluna cervical no plano sagital: em A, ponderada em TI; em B, ponderada em T2. Notar o espaço liquórico bem definido e a medula espinhal.

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do atlas juntamente com a cabeça. O atlas não apresenta espinha ou corpo. É constituído de duas massas laterais que superiormente se articulam com o côndilo occipital e inferiormente com o áxis. Unindo essas massas late­rais, tem-se um arco anteriormente (que possui articula-

Fig. 14.12 Rx da coluna dorsal: AP e perfil.

A

B

Fig. 14.13 TC de coluna dorsal: janela para partes moles (A) e para osso (B), demonstrando a relação do corpo vertebral dorsal com as costelas, o arco posterior, os pedículos e o canal raquiano. Observar que não há boa definição do conteúdo do canal, não se conseguindo individualizar a medula espinhal.

Coluna Vertebra l 153

ção para o processo odontóide de C2, denominada fóvea dentis ou do dente) e outro arco posteriormente. A ava­liação de Cl e C2 pode ser fe ita por meio da incidência transoral ou pela tomografia computadorizada nos planos ax ial e coronal (Fig. 14.10).

A ressonância magnética da coluna cervical é muito útil não só para demonstrar os corpos vertebrais, dis­cos e demais e lementos já citados anteriormente como também para avaliar a medula espinhal, que é envolvida pelo espaço liquórico, muito bem evidenciado no plano sagital (Fig. 14. l l ).

Coluna Torácica ou Dorsal

Em condições normais, é composta por doze vértebras, ten­do como principal característica a presença de fóveas costais para articulação das costelas, local izadas no corpo e pro­cesso transverso. De T2 a T8 têm-se as vértebras torácicas típicas. Estas apresentam corpo maior que o das vértebras cervicais, com formato de rim. Lateralmente, o proces o transverso direciona-se para trás e para cima, apresentando extremidade arredondada. Posteriormente, o processo espi­nhoso é longo e fi no, direcionado-se para baixo e sobrepon­do-se ao processo espinhoso da vértebra inferior.

As incidências de rotina para o estudo da coluna dor­sal são feitas em AP e em perfil (Fig. 14.12). Os fora­mes de conjugação são bem visualizados no perfil. A incidência oblíqua é utilizada quando se faz necessário dissociar o arco posterior.

Os mesmos achados anatômicos são observados com maiores detalhes na TC e na RM (Figs. 14. 13 a 14.18).

Fig. 14.14 RM da coluna dorsal: plano sagital ponderado em T2 (A) e em TI (B). Observar a definição dos corpos vertebrais, discos interver­tebrais e da medula espinhal.

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154 Introdução à Radiologia

Coluna lombar

As vértebras são em número de cinco, sendo as maiores da coluna. Não apresentam fóveas costais ou forames trans­versos. Posteriormente, apresentam processo espinhoso quadrilátero e horizontal (semelhante à lâmina de um ma­chado). Os processos transversos são longos e finos.

Assim como na coluná dorsal, os forames de conjugação são bem visualizados no perfil, sendo necessária a realiza­ção de incidências em oblíqua apenas quando se precisa dissociar as estruturas do arco posterior.

Particularmente o segmento lombar é sede de defeitos de segmentação no istmo (espaço entre os processos arti­culares superior e inferior). Uma fenda óssea neste local é denominada espondi lólise. Para a sua avaliação são fun­damentais as incidências em oblíqua.

Quando existe espondilólise bilateral, o corpo fica instá­vel, pois não há continuidade com o arco posterior. Eventu­almente o corpo pode escorregar, desnivelando-se do eixo normal da coluna. Esse "escorregamento" é denominado espondilolistese. Esta é quantificada utilizando-se a classi­ficação de Meyerding, na qual o corpo da vértebra inferior é dividido em quatro partes iguais. Se a medida do deslo-

Fig. 14.16 TC da coluna lombar no plano axial, evidenciando o corpo vertebral. os arcos posteriores e o disco intervertebral no nível de L l-L2.

Fig. 14.JS Comparação entre TC da coluna dorsal no nível de D 1 1-D 12 (A) e RM no mesmo nível (B), no plano transversal. Observar que, na RM, consegue-se visualizar a me­dula envolvida pelo liquor.

camento da vértebra superior for de um quarto do tamanho do corpo da vértebra inferior, tem-se uma espondilolistese grau 1. Se for de metade, tem-se uma espondilolistese grau II e assim por diante, até o grau fV.

A

B

Fig. 14.17 TC da coluna lombar. A, Disco normal ; B, protrusão me­diana do di sco.

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Coluna Vertebral 155

Fig. 14.18 RM da coluna lombar. Planos sagitais ponderados em T2 (A), em T 1 (B) e plano transversal ponderado em T 1 (C).

Sacro

O sacro é um osso de formato triangular, constituído de corpos vertebrais e processos laterais fundidos. Os espaços discais são rudimentares ou inexistentes. Os processos la­terais determinam espaços do mesmo modo que os demais segmentos (forames sacrais).

Devido à sua curvatura cifótica, é necessário fazer inci­dência especial para melhor avaliação das peças ósseas e das articulações sacroilíacas. São feitas incidências oblí­quas e em AP com angulação no sentido caudal (Fergun­son) (Fig. 14.19). Também faz parte da rotina o perfil.

É bastante comum a ausência de formação de alguns processos espinhosos no sacro, de natureza assintomáti­ca. Contudo, quando existem defeitos graves, com falta de peças ósseas (síndrome da regressão caudal), é necessário pesquisar malformações congênitas associadas, especial-

mente do trato urinário (Figs. 14.20 e 14.2 1 ) . Fig. 14.20 Defeito de fusão dos arcos posteriores de LS e do sacro.

Fig. 14.21 RM do sacro. Em A, no plano transversal; em B, no plano Fig. 14.19 Rx do sacro em AP e Fergunson. coronal, onde se evidenciam muito bem os forames sacrais.

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156 Introdução à Radiologia

Fig. 14.22 Rx em perfil demonstrando fratura no cóccix.

Cóccix

Geralmente é composto de quatro peças ósseas que, devi­do à sua localização, ery1 superposição com a ampola retal, freqüentemente são de difícil visualização em AP. Na ou­tra incidência de rotina, o perfil, sua identificação torna-se mais fácil (Fig. 14.22).

VISÃO GERAL ACERCA DAS PRINCIPAIS LESÕES QUE ACOMETEM A COLUNA

Inúmeras são as condições capazes de acometer a coluna vertebral. Desta forma, o seu estudo por métodos de ima­gem está indicado em diversas situações.

A doença articular degenerativa freqüentemente acomete a coluna vertebral, sendo observados osteófitos, esclerose do osso subcondral, redução do espaço discai, esclerose das articulações interapofisárias, estenose do canal verte-

Fig. 14.23 Rx de coluna cervical em AP e perfil demonstrando osteótitos, redução dos espaços intervertebrais de C5-C6 e C6-C7 e uncoa1trose.

Fig. 14.24 Rx de coluna cervical em perfil (A), demonstrando osteófi ­tos com redução dos espaços intervertebrais de C2 a C5, e, em oblíqua (B), redução dos forames de conjugação de C3-C4 e C4-C5.

Fig. 14.25 TC de coluna cervical mostrando, em A, uncoartrose redu­zindo a amplitude dos forames neurais bilateralmente, e, em B. osteó­fitos posteriores reduzindo o canal raquiano.

Fig. 14.26 RM da coluna cervical mostrando protrusões disco-osteo­fitárias comprimindo a medula espinhal e reduzindo a amplitude do canal raquiano nos níveis de C3 a C5.

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bral, diminuição dos forames de conjugação e cistos sub­condrais.

Estas alterações podem ser vistas tanto nas radiografias convencionais como na TC e mesmo na RM (Figs. 14.23 a 14.26).

. Doença Discai

A função do disco intervertebral é o amortecimento do pe­so que a coluna precisa suportar, moldando-se nas flexões, extensões e compressões da coluna, graças ao conteúdo gelatinoso do núcleo pulposo e ao grau de hidratação e turgência das fibras colágenas.

Quando se tem degeneração do disco intervertebral, ocorrem fissuras nas camadas internas do ânulo fibroso e desidratação do núcleo pulposo. Desta forma, o disco per­de turgor e elasticidade e tem reduzida sua capacidade de absorção de choques, permitindo que forças maiores sejam transmitidas diretamente para os corpos vertebrais adjacen­tes. Uma vez que as superfícies ósseas dos corpos não têm a proteção do disco, ocorre esclerose do osso subcondral e formação de osteófitos, observados à radiografia.

Em condições normais, os discos vertebrais cervicais e torácicos têm alturas semelhantes. Os discos lombares aumentam progressivamente de altura de Dl2-LI até L4-L5, sendo que o disco L5-S 1 tem altura variável. A desi­dratação discai pode levar à redução de sua altura, sendo observada, à radiografia, a redução do espaço entre corpos vertebrais adjacentes.

A ressonância magnética é o exame de eleição para o estudo da doença discai, sendo realizadas imagens ponde­radas em Tl e T2, com cortes axiais, sagitais e coronais e usando diferentes pulsos seqüenciais.

Este método demonstra precocemente a degeneração do disco, sendo capaz de detectar a desidratação discai, a redução de sua altura e, em algumas situações, fissuras no ânulo fibroso. A desidratação do disco é observada nas imagens em T2 como uma redução da intensidade do si­nal do núcleo pulposo (ou seja, o disco fica mais escuro se comparado com um disco normal). Também em T2, as fissuras podem ser observadas como focos puntiformes de sinal com intensidade de água, sendo denominadas zonas de alta intensidade.

O disco intervertebral degenerado pode sofrer, ainda, deslocamentos, classificados em abaulamento, protrusão e extrusão. A TC e especialmente a RM podem mostrar o material discai degenerado e deslocado, comprimindo o saco teca! e as estruturas nervosas.

O abaulamento discai pode ser difuso, quando há ex­tensão circunferencial além do bordo do corpo vertebral, sendo ainda classificado como simétrico ou assimétrico (Fig. 14.27).

Coluna Vertebral 157

O deslocamento focal do disco ultrapassa os limites dos corpos vertebrais adjacentes em menos de 50% de sua cir­cunferência. Pode ter base estreita (quando o deslocamen­

. to é de apenas 25% da circunferência) ou base larga (de 25 a 50%).

No caso de protrusão discai pode haver comprometi­mento da ra iz nervosa, sendo classificado segundo Pfirr­mann e cols. como:

• Grau O: Sem contato do material discai com a raiz nervosa.

• Grau 1: Contato do material discai com a raiz nervosa. Apagamento da gordura epidural entre o disco e a raiz, sem deslocamento da raiz dorsal (Fig. 14.28).

• Grau 2: Deslocamento da raiz dorsal por material discai (Fig. 14.29).

• Grau 3: Compressão da raiz entre o material discai e o canal raquiano (Fig. 14.30).

A extrusão discai ocorre quando, em qualquer plano (axial ou sagital), o comprimento do material discai protru­so é maior do que sua base. Em geral é associada a ruptura capsular (Figs. 14.31 e 14.32).

O material discai extruso pode se deslocar cranial ou caudalmente dentro do canal raquiano, denominando-se então seqüestro discai, sendo muito bem evidenciado nos estudos com RM (Fig. 14.33).

Outras doenças reumatológicas são capazes de acome­ter a coluna, como é o caso da espondilite anquilosante, na qual tem-se a formação de sindesmófitos, anquilose de articulações interapofisárias, calcificação de ligamentos interespinhosos e, em estágios mais avançados, pode ser

Fig. 14.27 TC da coluna lombar demonstrando abaulamento discai di ­fuso com gás intradiscal, decorrente de processo degenerativo (fenô­meno do vácuo - sinal de Knutson).

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158 Introdução à Radiologia

Fig. 14.29 RM da coluna lombar demonstrando protrusão foraminal esquerda reduzindo a amplitude do forame neural e comprimindo a raiz correspondente~

Fig. 14.30 RM da coluna lombar mostrando protrusão discai e m L5-S 1 fazendo compressão do saco durai.

Fig. 14.28 RM da coluna cervical de­monstrando protrusão focal mediana obliterando o espaço liquórico anterior (A) e tocando a face anterior da medula espinhal (B).

Fig. 14.31 RM da coluna lombar demonstrando extrusão di scai em L4-L5, com o material di scai ocupando todo o canal raquiano.

Fig. 14.32 TC da coluna lombossacra ev idenciando, no nível de S 1. material discai seqüestrado comprimindo o saco durai e a raiz corres­pondente e ocupando o recesso lateral esquerdo (sela ).

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Fig. 14.33 RM da coluna lombossacra evidenciando material di scai seqüestrado no nível de LS (seta). Observam-se, ainda, degeneração dos discos de L3-L4 e LS-S 1 e discreta anterolistese de LS sobre S 1 grau I de Meyerding. '

observado o aspecto de ,;coluna em bambu" (Figs. 14.34 e 14.35).

A coluna vertebral pode apresentar, ainda, outras es­pondiloartropatias, como a psoriática. Esta clinicamente é menos grave do que a espondilite anquilosante, sendo freqüente a artrite periférica (nas mãos principalmente). É comum na coluna cervical, apresentando ossificação para­marginal grosseira, subluxação atlanto-axial e sacroileíte assimétrica.

Na osteoporose, além da redução da densidade dos cor­pos vertebrais, observa-se o aumento da concavidade das vértebras. Os corpos vertebrais encontram-se enfraqueci­dos (desmineralizados) e o disco está são, com toda a sua

Fig. 14.34 Rx de coluna dorsolombar com aspecto de "coluna em bam­bu" por espondilite anquilosante.

Coluna Vertebral 159

Fig. 14.35 Rx de colunas cervical e dorsal em paciente com espondilo­artropatia psoriática evidenciando ossificação marginal e redução dos espaços intervertebrais.

capacidade de expansão e turgência, ocorrendo aumento do espaço di scai à custa da propulsão dos di scos contra os corpos, que assumem superfícies côncavas. Já na ane­mia falciforme, o aspecto bicôncavo vertebral (di'to "em H" ou em "boca-de-peixe") deve-se à isquemia do osso subcondral.

O hiperparatireoidismo é um conjunto de alterações sis­têmicas de origem endócrina, relacionadas à hiperfunção das glândulas paratireóides, havendo aumento do PTH (hor­mônio paratireoidiano) e do cálcio, com redução do fósfo­ro sangüíneo, acarretando distúrbios no metabolismo do cálcio e fósforo. O hiperparatireoidismo é classificado em primário, secundário e terciário. A causa mais freqüente do

Fig. 14.36 Rx de coluna em perfil demonstrando vértebra em camisa de rugby.

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160 Introdução à Radiologia

hiperparatireoidismo primário é o adenoma de paratireói­de. Já no secundário, em que há queda acentuada do cálcio sérico, com aumento do PTH, as principais causas são a in­suficiência renal crônica (levando a osteodistrofia renal), os estados malabsortivos (levando a esteatorréia), a deficiência de vitamina D e a ingestão inadequada de cálcio.

No hiperparatireoidismo.secundário, podem ser encon­tradas vértebras com áreas blásticas nas margens superior e inferior e áreas líticas na região central, assumindo aspecto de listras horizontais (branco, preto, branco). Na época da descrição deste sinal, achou-se este padrão semelhante às camisas listradas das equipes de rugby, sendo então deno­minada coluna em "rugger Jersey" (rugger = rugby,jersey =camisa) (Fig. 14.36).

J?oenças infecciosas também podem acometer a colu­na vertebral. Na osteomielite piogênica, a infecção pode se originar no trato urinário e atingir a coluna pelo plexo venoso. Outras fontes de bacteremia incluem endocardite, infecção de tecidos moles e cateter intravenoso contami­nado. O diabetes melito, a hemodiálise e o uso intraveno­so de drogas aumentam o risco de infecção. Os achados radiológicos incluem o estreitamento do espaço discai, a erosão dos platôs das véi:tebras adjacentes e as massas pa­ravertebrais dos tecidos moles, que são mais bem eviden­ciadas na RM.

Quando o processo inflamatório/infeccioso atinge ape­nas o corpo vertebral é denominado espondilite, mas quan­do também atinge o disco passa a ser chamado de espondi­lodiscite. A espondilite pode ocorrer sem infecção no espa­ço discai por di sseminação hematogênica diretamente para o corpo vertebral. Não é incomum haver sinais e sintomas

A

Fig. 14.37 RM da coluna lombar demonstrando, em A, hipossinal em T 1 no corpo vertebral de L5 e, em B, hipersinal em T2 neste corpo, por espondilite.

medulares sem compressão epidural (Fig. 14.37). A causa mais provável é vasculite das artérias e veias medulares.

A espondilodiscite é mais comum no sexo masculino, na quinta e na sexta década. Geralmente inicia-se no cor­po vertebral, sendo mais comum na coluna lomb(\f e, por ordem decrescente de freqüência, nos segmentos dorsal , cervi.cal e sacra] (Fig. 14.38).

Na história clínica deve-se sempre pesquisar infecção prévia, procedimentos diagnósticos ou terapêuticos e/ou instrumentação e cirurgia de coluna. Os sintomas são, em geral, lombalgia, perda de peso e febre. Eventualmente pode ocorrer dor no quadril, quando há comprometimento inflamatório do músculo psoas. É muito raro a espondilo­discite levar a paraplegia ou tetraplegia (Fig. 14.39).

e Fig. 14.38 RM da coluna lombossacra demonstrando hiposs inal nos corpos vertebrais de L4 e L5 em A, que se impregna após administração do gadolínio em B. Em C, plano axial demonstrando fenda discai à direita e larninectornia. Espondilodiscite pós-cirúrgica.

r !

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Fig. 14.39 Espondilodiscite pós-cirúrgica acometendo de L2 a L4. Em A (seqüência sagital ponderada em Tl ), mostrando hipossinal nos cor­pos vertebrais e redução dos espaços discais correspondentes. Em B (seqüência sagital ponderada em T2), mostrando hipersinal nos discos envolvidos, devido ao processo inflamatório. Em C (seqüência Tl pós­administração venosa de gadolínio), evidenciando a intensa impregna­ção dos corpos vertebrais e discos envolvidos com material estenden­do-se para o interior do canal raquiano, determinando compressão do saco dural, notadamente no nível de L2 e L3.

O agente mais comum é o Staphylococcus. Outros agen­tes que podem ocasionar esta doença são: Streptococcus, E. coli e Proteus. A RM é o método mais específico, embora a medicina nuclear com gálio seja também altamente sen­sível, porém de pouco acesso em nosso meio.

A tuberculose também pode acometer a coluna vertebral, sendo denominada espondilite tuberculosa ou mal de Pott. No início desta doença, o espaço discai pode estar preser­vado, pois o proc;;esso começa com um abscesso intra-ósseo no corpo vertebral. Pode passar despercebida em muitos casos, mas se estende para vários níveis e compromete as

Fig. 14.40 Rx da coluna dorsal em AP demonstrando massa paraver­tebral e, em perfil, colapso parcial de corpo vertebral com redução dos espaços discais em correspondência, por espondilodiscite tuber­culosa.

Coluna Vertebral 161

Fig. 14.41 RM de espondilodiscite tuberculosa demonstrando o com­prometimento dos corpos vertebrais e dos discos na transição toraco­lombar com grande e extensa massa paravertebral de partes moles e re­alce perifér ico pelo meio de contraste que se estende da coluna dorsal até o músculo ileopsoas à direita.

regiões paravertebrais, formando grandes massas, sendo comum o acometimento dos elementos posteriores dos cor­pos vertebrais. A sua localização preferencial é na região toracolombar e, com menor freqüência, na região cervical (Figs. 14.40 e 14.41 ).

Outras lesões inflamatórias que podem ocorrer na co­luna são o abscesso epidura l e as lesões intramedul ares, especialmente em pacientes com AIDS/SIDA (síndrome da imunodeficiência adquirida).

O abscesso epidural pode ocorTer na coluna cervical por contaminação direta de infeccção na orofaringe. Nos de­mais segmentos pode ocorrer na evolução da espondilodis­cite (Fig. J 4.42).

Fig. 14.42 RM da coluna cervical evidenciando abscesso epidural no nível de C l-C2 que se impregna intensamente após a administração venosa de gadolínio, levando a compressão da medula espinhal em correspondência.

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162 Introdução à Radiologia

Fig. 14.43 RM da coluna cervical após administração venosa de gado­línio evidenciando lesão nodular intramedular no nível de C5-C6, com realce periférico e imagem de "alvo excêntrico" devido a toxoplasmo­se intramedular em paciente com AIDS/SIDA.

A AIDS/SIDA propiciou o comprometimento inflama­tório intramedular por vários patógenos como citomegalo­vírus, vírus do herpes simples e herpes zoster, treponema da sífilis, toxoplasma (Fig. 14.43), bacilo da tuberculose e, também, neoplasias como o linfoma não-Hodgkin. Foram descritas, ainda, lesões intramedulares graves, como a mie­lopatia necrotizante subaguda e a mielopatia vacuolar.

Neoplasias ósseas podem ser observadas nas vértebras, sob a forma de lesões líticas, blásticas ou mistas (Figs. 14.44 a 14.46). São classificadas em benignas ou malignas, pri­márias ou metastáticas. Estas últimas, sendo a classe mais comum de tumores ósseos, originam-se de neoplasias de diversos orgãos., porém, mais freqüentemente, da próstata,

Fig. 14.44 TC de coluna dorsal demonstrando metástase blástica de carcinoma de próstata.

mama e pulmão. Em radiografias de tórax em perfil, a co­luna vertebral apresenta um gradiente de densidade que vai do hipotransparente superiormente ao hipertransparente in­feriormente. O encontro de uma vértebra hipotransparente em meio a vértebras hipertransparentes pode representar uma metástase blástica. Lesões líticas nos corpos vertebrais, geralmente poupando os pedículos, podem ser observadas no mieloma múltiplo.

Enquanto nos processos infecciosos que acometem o corpo vertebral pode haver disseminação para o disco in­tervertebral e para vértebras adjacentes, nos processos neo­plásicos malignos as lesões ósseas entre corpos vertebrais adjacentes não afetam o disco.

Outro dado da semiologia radiológica importante é que nas metástases é freqüente o acometimento dos pedícu­los, sendo este um sinal radiológico que deve sempre ser pesquisado.

No diagnóstico diferencial dos tumores e pseudotumores da coluna vertebral a localização da lesão é o dado mais importante, sempre associado à apresentação clínica e à faixa etária do paciente.

Fig. 14.45 TC demonstrando, em A, múltiplas lesões líticas, e, em B. lesões lít icas comprometendo o corpo vertebral e os pedículos.

Fig. 14.46 TC de coluna lombar com metástase lítica rompendo a cor­tical.

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Quanto à localização as lesões tumorais são classifi­cadas em extradurais (60% dos casos), intradurais extra­medulares (30%) e intramedulares (mais raras- 10% de todas as lesões).

As massas extradurais localizam-se fora do saco du­rai. As metástases são a principal causa nesta localização (Fig. 14.47).

Os tumores intradurais extramedulares localizam-se dentro do saco durai, mas fora da medula. Cerca de 90% deles são

Fig. 14.47 RM da coluna lombar evidenciando volumosa lesão extradu­ral acometendo o arco posterior e o corpo vertebral , bem como os pedí­culos, envolvendo totalmente o saco durai. Metástase de tumor renal.

Fig. 14.48 Schwannoma em L4 à direita. A, TC demonstrando massa com densidade de partes moles ocupando o forame neural direito; B. RM no plano ax ial ponderada em TI no mesmo nível, demonstrando a massa; C, após administração do meio de contraste paramagnético (gadolínio) observa-se intensa impregnação.

Fig. 14.49 RM da coluna cervical com schwannoma alargando o fora­me neural esquerdo e rechaçando a medula.

Coluna Vertebral 163

meningiomas e tumores da bainha nervosa. Dentre os tumores da bainha nervosa, os mais freqüentes são os schwannomas (si­nonímia: neurinomas ou neurilemomas) (Figs. 14.48 a 14.50). O segundo tipo mais comum são os neurofibromas e, mais raramente, podem ocorrer os ganglioneuromas (Fig. 14.51).

Tumores intramedulares são aqueles que se localizam dentro da medula, acometendo o parênquima medular e a pia-máter. O s principais tumores são o ependimoma e o astrocitoma. Podem ainda ocorrer o hemangioblastoma, metástases piai s e, muito raramente, o oligodendroglioma, o ganglioglioma e o schwannoma intramedular.

O astrocitoma é o tumor intramedular mais comum, não tendo predileção por sexo, ocorrendo com maior freqüência entre a terceira e a quarta década, com pico de incidência aos 30 anos, podendo também ocorrer em crianças. Mais de 50% acometem a coluna dorsal, mas podem ocorrer e m múltiplos locais (Fig. 14.52). A sintomatologia pode variar

Fig. 14.50 RM da coluna cervical com meningioma. Observar a base meníngea da lesão no plano coronal.

Fig. 14.51 RM da coluna lombossacra em paciente com neurofibroma­tose demonstrando vários neurofibromas na cauda eqüina, hipointen­sos em T2 (A), isointensos em T I (B) e com intenso realce após admi­nistração venosa de gadolínio (C).

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164 Introdução à Radiologia

Fig. 14.52 RM da coluna cervical demonstrando astrocitoma intrame­dular. A, Seqüência sagital ponderada em TI sem contraste mostrando alargamento da medula com lesão hipointensa mal delimitada; B. se­qüência sagital ponderada em TI após gadolínio mostrando o realce da lesão pelo contraste; C, seqüência coronal pós-contraste confirmando a topografia intramedular da lesão.

Fig. 14.53 RM da coluna lombar demonstrando ependimoma no co­ne medular. A, Seqüência sagi tal ponderada em T 1 com massa isoin­tensa no cone medular; 8 , plano sagital pós-gadolínio, observando­se intensa impregnação; C, plano coronal pós-contraste mostrando a lesão.

Fig. 14.54 RM da coluna cervical evidenciando ependimoma intra­medular.

de dor local ou irradiada até alterações motoras e inconti­nência urinária ou fecal nos estágios tardios da doença.

Os ependimomas têm pico de incidência na quarta e na quinta década, também sem predileção por sexo. Sua loca­lização mais comum é no cone medular e filum terminal e, depois, na medula cervical. O tipo mixopapilar é o mais co­mum, ocorrendo em até 95% dos casos. A apresentação clí­nica é inespecífica (dor local ou irradiada, disfunção motora ou esfincteriana apenas em 25% dos casos). São comuns a formação cística e a hemorragia dentro da lesão (Figs. 14.53 e 14.54).

Trauma

O trauma da coluna vertebral pode levar a fraturas, luxa­ções, lesões penetrantes e hemorragias, podendo determi­nar contusão, secção, avulsão de raízes nervosas ou efeito de massa sobre a medula.

A radiografia em perfil da coluna cervical, além de fazer parte da rotina radiológica para trauma fechado (tórax em AP + pelve em AP + perfil de coluna cervical), deve sempre ser incluída no estudo radiológico de pacientes com traumatismo acima da clavícula, principalmente naqueles com traumatis­mo cranioencefálico (TCE). Entretanto, deve-se mencionar que a realização de radiografias em pacientes vítimas de trauma não pode prejudicar o processo de reanimação.

A radiografia deve ser realizada tracionando-se os om­bros do paciente para baixo, de forma que lesões da colu­na cervical baixa não passem despercebidas, desde que as condições clínicas do paciente assim o permitam. Não deve ser feita esta manobra quando da suspeita de lesão medular ou mesmo nos traumas graves. Devem ser observadas todas as sete vértebras cervicais, bem como a base do crânio e a transição cervicotorácica. Caso esta última não seja obser­vada na radiografia em perfil da coluna cervical, deve-se obter uma radiografia lateral em posição do nadador.

Fig. 14.55 Rx de coluna dorsolombar em AP e perfil demonstrando fratura com colapso e escorregamento de D 12-L 1.

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Coluna Vertebral 165

tebral, a lesão decorrente do uso do cinto de segurança, e as fraturas-luxações. Nesta avaliação costuma-se dividir o corpo vertebral em três segmentos: anterior, médio e posterior.

Na fratura por compressão apenas o segmento anterior da coluna é comprometido. Já na fratura por explosão os seg­mentos anterior e médio do corpo vertebral são atingidos.

A

Em relação às lesões traumáticas na medula espinhal, pode haver contusão com edema intramedular, contusão com hemorragia e até mesmo transecção medular levando

B a tetraplegia ou paraplegia defi nitiva, dependendo do nível da lesão. Estas lesões medulares são mais bem estudadas Fig. 14.56 TC de coluna lombar. A, Topograma em perfil mostrando

colapso parcial de LI ; B, múltiplas fraturas neste corpo com compres­são do saco durai.

Fig. 14.57 TC da coluna lombar com reconstruções trid imensionais demonstrando colapso parcial de corpo vertebral.

Posteriormente, caso ainda haja suspeita clínica (sem que lesões sejam detectadas no perfil), podem ser realizadas ra­diografias em transoral, AP e oblíquas da coluna cervical, além de radiografia de tórax. A TC pode ser solicitada para detectar a presença de fragmentos ósseos no canal medular.

Radiografias em AP das colunas torácica e lombar de­vem ser realizadas quando houver suspeita de lesões nesses segmentos e, obrigatoriamente, quando for detectada lesão na coluna cervical (Fig. 14.55).

A TC é, hoje em dia, método fundamental de avaliação do traumatismo raquimedular (TRM), não só para demons­trar as fraturas e luxações, como também para confirmar o comprometimento para dentro do canal raquiano.

O exame deve ser feito de maneira contínua, sem inter­valos, preferencialmente usando equipamentos helicoidais que permitem reconstruções multiplanares e tridimensionais com excelente resolução de imagem (Figs. 14.56 e 14.57).

É importante também procurar saber a causa do trauma pois, dependendo das forças envolvidas, as lesões podem variar, desde simples até as mais complexas.

Os principais mecanismos de fraturas na região toracolom­bar são as lesões por compressão, por explosão do corpo ver-

por RM, devido a sua superior resolução espacial e capa­cidade multipl anar (Figs. 14.58 e 14.59).

Fig. 14.58 RM da coluna cervical: trauma grave com secção da medula e fratura-luxação no nível de C7-D 1.

Fig. 14.59 RM da coluna cervical demonstrando transecção medular no nível de C 1-C2.

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Na avaliação do crânio e da face, pode-se realizar desde exames radiológicos convencionais a exames contrastados especiais (p. ex., sialografia, que é o estudo radiológico das glândulas salivares), mas atualmente os dois métodos de imagem mais utilizados são a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM).

A tomografia computadorizada foi desenvolvida por Ambrose e Hounsfield, em 1973, o que rendeu a ambos o prêmio Nobel em 1979.

Antes do advento da TC, a avaliação do crânio era fei­ta basicamente enfocando as alterações ósseas na calota craniana, como as anomalias congênitas, tipo craniossi­nostose (fechamento precoce das suturas), podendo-se, ainda, avaliar fraturas, lesões calcificadas ou sinais indi­retos de hipertensão intracraniana como, por exemplo, as impressões digitiformes ou o desvio da glândula pineal calcificada na radiografia em póstero-anterior (PA) do crânio.

Neste capítulo serão abordados o estudo radiológico convencional e os principais achados em TC e RM.

RADIOLOGIA CONVENCIONAL

Para o estudo radiológico adequado do crânio e face, tor­nam-se necessários os seguintes elementos:

• Conhecimento da anatomia dessas regiões. • Exame clínico minucioso para caracterizar especifica­

mente a(s) possível( eis) região(ões) lesada(s). • Conhecimento das diversas incidências para que sejam

solicitadas as mais adequadas às diferentes regiões a se­rem estudadas.

Alair Santos Maria Lúcia Santos

Felipe von Ranke Alberto Vianna

Rotina Mínima

A rotina mínima para o estudo do crânio consta de duas in­cidências básicas: PA (póstero-anterior) e perfil (lateral).

O recurso utilizado para dissociar estruturas específicas do crânio e face nas radiografias convencionais é a dife­rença de inclinação do raio central. Todas as incidências são feitas com variações de angulação, de acordo com a estrutura a ser estudada.

Assim, na técnica radiológica do crânio e face são uti­lizadas algumas linhas básicas, sobre as quais essas angu­lações se baseiam. A principal delas é a linha horizontal alemã (LHA), que vai do teto do conduto auditivo ex­terno até a borda inferior da órbita. É também conheci­da como linha infra-orbitomeatal. Com o corpo humano em posição anatômica, a LHA deve ficar perpendicular ao maior eixo longitudinal do corpo. O plano horizontal que passa por esta linha é denominado plano horizontal alemão (PHA).

Na incidência em PA o raio central incide paralelamen­te à LHA, a qual fica perpendicular ao filme. No perfil, a LHA fica paralela ao filme e o raio central incide perpen­dicularmente.

As estruturas mais importantes que se deve identificar nas radiografias são:

• Na incidência em PA Calota craniana (tábua interna, tábua externa e díploe) Rebordo orbitário superior Fenda esfenoidal Asas maior e menor do esfenóide Seios paranasais (frontais, etmoidais e maxilares) Fossas nasais (septo nasal, cometos)

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Palato duro Suturas cranianas Rochedo (condutos auditivos, estruturas do ouvido) Células da mastóide Linha inominada Crista galli Processo maxilar do osso frontal Espinha nasal anterior Mandíbula (mento, ramos horizontais e verticais, ângu­

los, côndilos) Processo zigomático Articulações (atlantoaxial, occipitoatlântica, odon­

tóide) Ossos da calota (frontal, temporais, parietais e occi­

pital) Assoalho da sela turca

• Na incidência em perfil Mandíbula Teto das órbitas Seios da face (frontais, maxilares, esfenoidais e células

etmoidais) Palato duro Lâmina crivosa do etmóide Glabela Maxilar Vértebras cervicais Sela turca (processos clinóides anteriores e posteriores,

fossa hipofisária, clivo) Rochedo Células da mastóide Ossos da calota Suturas craniánas Sulcos vasculares

É recomendada a revisão das estruturas anatômicas do crânio nos livros básicos de anatomia.

Crânio e Face 167

Outras incidências para o estudo do crânio • Reverchon (Bretton, Towne)

Utilizada para o estudo a região occipital. É muito im­portante nos casos de traumatismo em que fraturas do oc­cipital podem não ser vistas nas duas incidências básicas. É feita com o raio central de 25º a 30°, inclinado podalica­mente em relação à LHA que está paralela ao filme.

Outras áreas estudadas nesta incidência são: Forame magno Dorso da sela turca Rochedo (estruturas do ouvido, conduto auditivo interno) Côndilos mandibulares Mandíbula: ramos verticais e articulação temporoman­

dibular (ATM) Células da mastóide

• Hirtz Nesta incidência, o pescoço do paciente é hiperestendido.

O raio central penetra perpendicularmente no meio da LHA, quando esta estiver paralela ao plano da mesa. É uma incidên­cia excelente para a base do crânio, mostrando as três fossas cranianas com boa definição e os forames por onde passam importantes estruturas anatômicas, como os nervos e vasos.

É possível analisar: Processo odontóide Arco anterior do atlas Meato acústico interno Meato acústico externo Células da mastóide Forame oval e espinhoso Mandíbula Seio esfenoidal Vômer Osso occipital

Serão apresentados alguns casos de Rx do crânio para exemplificar as principais alterações (Figs. 15.l a 15.8).

Fig. 15.1 Rx do crânio nas incidências em PA, perfil e Reverchon evidenciando calcifi­cações intracranianas na região parietal es­querda, determinadas por lesão tumoral.

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168 lntroduç~o à Radiologia

Fig. 15.4 Rx do crânio em perfil com microcefalia. Observar a despro­porção crânio- facial.

Fig. 15.2 Rx do crânio em perfil mostrando diástase da sutura coronal e fratura na região parietal.

Fig. 15.3 Rx do crânio em PA e perfil mostran­do impressões digiti formes na calota craniana (sinal indireto de hipertensão intracraniana).

Fig. 15.5 Rx do crânio em perfil com macrocefalia.

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A

Crânio e Face 169

Fig. 15.6 Rx do crânio em PA e perfi l evidenciando calcificações amorfas na região fronto-parietal por tumor calcificado (oligodendroglioma).

Fig. 15.7 Rx do crânio em PA e perfil com lesão cal­cificada fronto-parietal (meningioma calcificado).

B

Fig.15.8 Rx do crânio em PA (A) e perfi l (8 ) com lesão lí­tica na região parietal esquerda (granuloma eosinófilo).

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170 Introdução à Radiologia

ESTUDOS CONTRASTADOS

Angiografia Cerebral por Cateterismo

Neste exame é utilizado meio de contraste iodado, inje­tado após punção das artérias femoral ou braquial, usan­do a técnica de Seldinger, na qual coloca-se um cateter radiopaco guiado por radioscopia ascendendo pela aorta, onde, na croça, entra seletivamente até a emergência das artérias carótidas internas e vertebrais. Possui fases arte­rial e venosa, permitindo o estudo de ambos os sistemas. No crânio deve sempre ser feito o estudo dos quatro va­sos (artérias carótidas e vertebrai s). O exame atualmente é feito em equipamentos com subtração digital de forma a melhorar a qualidade das imagens, retirando as estru­turas ósseas e ficando apenas as imagens dos vasos, por meio de computação, deixando a árvore arterial ou ve­nosa isolada.

Antes do advento da TC e da RM era o principal exame em Neurorradiologia. As principais indicações são o estu-

do de alterações vasculares específicas (oclusões arteriais, aneurismas, fístulas arteriovenosas, vasos patológicos) e o estudo de vasos em lesões expansivas, especialmente tumores.

Tem como fatores limitantes o alto custo do equipamen­to e dos insumos (cateteres, fios-guia), a necessidade de pessoal com treinamento específico e de material especia­lizado, além de ser necessário o uso de meio de contraste iodado, que tem contra-indicações, como pacientes com insufici ência renal, diabetes descompensado ou com an­tecedentes alérgicos.

Atualmente tem decaído muito a sua utilização como mé­todo diagnóstico, com uma grande tendência a ser substituí­da pela angiotomografia computadorizada e pela angiorres­sonância magnética. Entretanto, tem grande aplicação nos procedimentos intervencionistas, como na embolização de aneurismas ou tumores e no tratamento precoce do aciden­te vascular cerebral isquêmico (AYCi) por meio do uso de trombólise intra-arterial nos casos com menos de seis horas do início do quadro (ictus) (Figs. 15.9 a 15.13).

Fig. 15.9 Angiografia cerebra l convenc ional do sistema carotfdeo à direita demonstrando pequena di latação sacular por aneuri sma (seta).

Fig. 15.10 Comparação entre angiografias convencional e digital em PA mostrando aneuri sma na carótida direita (seras).

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Outros estudos contrastados que podem ser fei tos para me lhor avaliação de estruturas do crânio e face são abor­dados a seguir.

Sialografia

É o estudo contrastado dos duetos e glândulas salivares. O dueto é cateterizado em sua desembocadura no interior da boca e o contraste é injetado. Pode ser da parótida (dueto de Stensen) e das submandibulares (dueto de Wharton) (Figs. 15.14 e 15.1 5).

Crânio e Face 171

Fig. 15.11 Comparação entre angiografias convencional e digital em perfil mostrando aneurisma na carótida direita (setas). Mesmo caso da Fig. 15. 1 O.

Fig. 15.12 Angiografia digital demonstrando malformação arteriovenosa (MAY) no hemis­fério cerebral direito. Observar vasos tortuosos e serpiginosos.

Fig. 15.13 Angiografia digital demonstrando aneurisma da artéria cerebelar póstero-infe­rior em A. Observar noutra incidência em B (pré-embolização) e em e (pós-embolização) o desaparecimento do aneuri sma após o pro­cedimento intervencionista (setas).

Da cri oci stog r afia

É o estudo contrastado dos canais lacrimais. Atualmente tem muito pouco uso, haja vista o avanço da TC e da RM no estudo das doenças das glândulas lacrimais.

Outros Métodos de Imagem

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA A TC proporciona a visualização de estruturas invis íveis à radiologia convencional e utili za uma escala de tons de cin-

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172 Introdução à Radiologia

Fig. 15.14 Sialografia normal nas incidências em perfil e oblíqua mostrando a opacificação dos duetos principal e secundários e da glândula submandibular.

za (unidades de Hounsfield- UH) que permite diferenciar as diversas estruturas do corpo humano de acordo com sua densidade. O meio de contraste iodado pode ser usado por via endovenosa, aumentando a acurácia do método.

A TC possibilita cortes nos planos axial (transverso) e coronal. No plano axial, ~ão feitos cortes supratentoriais e infratentoriais, ambos traçados paralelamente à linha orbi­tomeatal (linha que se estende do canto da órbita ao meato acústico externo).

O plano coronal é utilizado principalmente para o es­tudo da sela turca, das mastóides e seios paranasais. O to­mógrafo pode fazer ainda reconstruções multiplanares e tridimensionais ou magnificação da imagem (ampliação setorial), de acordo com a necessidade.

O estudo é realizado antes e após a administração venosa de meio de contraste iodado, o que é importante para dife­renciar melhor as lesões, devendo ser usado rotineiramente em toda TC de crânio. Em algumas situações, está dispen­sado o uso do meio de contraste, como no traumatismo

Fig. 15.15 Ectasia ductal submandibular - sialoadenite.

Fig. 15.16 TC de crânio sem e com contraste. Observar a opacificação do polígono de Willis pelo meio de contraste.

cranioencef álico (TCE) ou no AVE hemorrágico agudo em paciente sabidamente hipertenso, ou, ainda, quando há al­guma contra-indicação ao uso do contraste (Fig. 15.16).

São descritas as seguintes vantagens da TC:

• Avalia muito bem o conteúdo intracraniano. • Define as relações anatômicas entre as diversas estruturas. • Diagnostica diversos tipos de alterações, desde lesões

congênitas, traumáticas, vasculares, inflamatórias/infec­ciosas até tumorais benignas e malignas.

• Com a utilização do meio de contraste iodado, administra­do por via venosa, permite o estudo da perfusão parenqui­matosa cerebral, diferenciando áreas sãs de lesões, além de permitir o estudo dos vasos arteriais e seios venosos.

• Com o desenvolvimento da TC helicoidal, os exames são cada vez mais rápidos e dinâmicos, permitindo a reali­zação de angiotomografias (angio-TC) que estudam as lesões vasculares, como aneurismas e MAV.

• Podem ser feitas reconstruções em vários planos e tri­dimensionais, auxiliando o diagnóstico das alterações (Fig. 15.17).

Page 147: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

A

e . ...

As desvantagens da TC são poucas, mas podem ser ci­tadas:

• É um exame que usa radiação ionizante, de forma que deve sempre ser indicado criteriosamente, sobretudo em crianças, pois a radiação é cumulativa, podendo gerar problemas futuros, como o desenvolvimento de catarata precoce ou mesmo de neoplasias. Em crianças deve-se usar rotineiramente a linha infra-orbitomeatal para serem feitas as imagens.

• O uso de meio de contraste iodado tem seus problemas, como citado anteriormente, mas é um recurso muito im­portante na adequada avaliação das lesões intracranianas, especialmente lesões vasculares e tumorais.

A TC de crânio usa como cortes básicos o plano axial (transversal), sendo possível a obtenção de cortes coro­nais. Com o uso de equipamentos helicoidai.s com múlti­plos detectores (TC multi-slice) já é possível , atualmente,

Crânio e Face 173

Fig. 15.17 TC de crânio no plano axial (A) e reconstruções nos planos coronal e sagital (B e C) demonstrando volumo­sa lesão expansiva tumoral , intraventricular, com intensa im­pregnação pelo meio de contraste.

B

obterem-se imagens em todos os planos (axial, coronal e sagital) sem necessidade de novos cortes, bastando fazer as reconstruções a partir das imagens adquiridas.

Na TC as imagens podem ser:

• Hipodensas: baixos coeficientes de atenuação. São ima­gens com tons que variam do preto ao cinza-escuro. Exemplos: liquor, cistos, AVE isquêmico antigo.

• Hiperdensas: elevados coeficientes de atenuação. Apre­sentam tons que variam do branco ao cinza-claro. Exem­plos: placas ateromatosas calcificadas, hemorragia agu­da.

• Heterogêneas: associação entre imagens hipodensas e hiperdensas. Exemplo: tumor de densidade mista.

• lsodensas: imagens com coeficiente de atenuação seme­lhante ao do parênquima cerebral. Exemplos: um hemis­fério cerebral comparado com o contralateral, AVE isquê­mko recente (menos de 6 horas) (Figs. 15.18 a 15.23).

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174 Introdução à Rad iolog ia

Fig. 15.18 Lesões hipodensas no lobo occipital direito e fronto-parietal esquerdo (infartos isquêmicos antigos).

Fig. 15.19 Lesão hiperde n a (hematoma intraparenquimatoso em nú­cleos da base à direita) com sangue no sistema ventricular e nível líqui­do nos cornos occipitais. AVE hemorrágico.

Fig. 15.20 Lesão expansiva no lobo frontal esquerdo com calcificações dete rminando desvio contralateral das estruturas da linha média. Tu­mor cerebral (oligodendroglioma).

Fig. 15.21 Múltiplas calc ificações dispersas pelo parênquima cerebral bilateralmente com acentuada dilatação dos ventrículos cerebrais (hi­drocefalia) . Infecção congênita.

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Em relação ao meio de contraste as lesões podem ser:

• Hipercaptantes: captam muito contraste, muito vascula­rizadas, como angiomas.

• Hipocaptantes: captam pouco contraste, como tumores necrosados.

• Não-captantes: como em lesões císticas.

RESSONÃNCIA MAGNÉTICA A RM apresenta diversas vantagens sobre os outros méto­dos de imagem, sobretudo em relação à tomografia com­putadorizada:

• Excelente resolução espacial e de contraste entre as es­truturas.

• Capacidade multi planar (obtenção de imagens em diver­sos planos sem mobilizar o paciente- sagital, coronal, axial, oblíquo).

Crânio e Face 175

Fig. 15.22 TC de crânio sem e com contraste venoso. Observar lesão heterogênea no lobo parietal esquerdo com impregnação periféri­ca pelo meio de contraste, conteúdo central hipodenso por necrose e edema perilesional. Tumor cerebral (glioblastoma multiforme).

Fig. 15.23 Importância do uso de meio de contraste venoso em TC: sem contraste são observadas pequenas áreas hipodensas nos lo­bos frontal direito e temporal esquerdo que. após o uso do meio de contraste, revelam pe­quenas lesões nodulares que se impregnam intensamente. Sem o contraste o aspecto to­mográfico poderia sugerir áreas de infartos ou de seqüelas, mas o meio de contraste demons­trou lesões em atividade (neurotoxoplasmose em paciente HIV-positivo).

• Não utiliza radiação ionizante. • O meio de contraste paramagnético (gadolíneo) prati­

camente não tem contra-indicação, não apresentando as reações adversas comuns ao contraste iodado.

Principais seqüências obtidas na RM de crânio (vertam-bém o Cap. 4):

• T l (tempo de relaxamento longitudinal): O liquor, o tecido ósseo e os vasos sangüíneos com fluxo apresen­tam ausência de sinal em T 1. As cores das substâncias branca e cinzenta não sofrem modificações. Estas ima­gens são excelentes para demonstração da anatomia e avaliação de alterações morfológicas. Os componentes cranianos em Tl apresentam-se com os seguintes tons (intensidades):

Calcificações e osso - preto - Liquor - preto

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176 Introdução à Radiolog ia

Substância cinzenta - cinza-escuro Substância branca - c inza-claro Gordura - branco.

• T2 (tempo de re laxamento transversal): nas imagens em T2 a substânc ia branca mostra-se escura e a cinzenta, cinza-claro. O Jiquor apresenta-se branco. Os componentes cranianos em T2 apresentam-se com

os seguintes tons ( inte nsidades):

Calcificações - preto Liquor e e truturas ricas em água - branco Substância cinzenta - cinza-claro

Fig. 15.25 RM do crânio no plano sagi tal ponderada em TI. Observar a diferença entre o~ su lcos nos hemisférios cerebrais e os sulcos no cerebelo.

Fig. 15.24 RM do crânio no plano ax ial pon­derada em T 1 e em T2. Observar que cm T 1 o liquor (no sistema ventricular) é preto, ou sej a, hipointenso. e em T2 é branco (hiperintenso).

Substância branca - cinza-escuro Gordura - menos branca que em T 1 (Figs. 15.24 a 15.26).

Estudos por Imagem de Regiões Espeéíficas

SEIOS DA FACE (PARANASAIS) A rotina radiológica completa para estudo dos seios da face consta de quatro incidências: fronto-naso (FN), mento-naso (MN), perfil e Hirtz.

A inc idência em fronto-naso é importante para avaliar os seios frontai s e as células etmoidais . É realizada apoiando­se na mesa a região fronta l e o nariz.

Fig. 15.26 RM do crânio no plano coronal ponderada cm T2.

Page 151: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

Crânio e Face 177

A B

Fig. 15.27 Radiografias dos seios da face em fronto-naso (A) e mento-naso (B) de um paciente com sinusite. As seras indicam as células etmoi­dais veladas.

A incidência em mento-naso é utili zada principalmente para a avaliação dos seios maxilares. É realizada apoiando­se na mesa a região mentoniana e o nariz.

As incidências em perfil e Hirtz são importantes para a análise dos seios esfenoida.is, podendo também complementar a análise dos seios frontais, maxilares e células etmoidais.

O ideal é que essas radiografias (pelo menos a mento-naso) sejam feitas em posição ortostática para que possa ser avalia­da a presença de níveis líquidos. Elas permitem um estudo dos seios, cujo principal comprometimento é a inflamação (sinusite). As alterações mais comumente observadas são os espessamentos da mucosa, as formações polipóides, os ve­lamentos (ocupação total do seio) e os níveis líquidos (único sinal definitivo d,e sinusite aguda) (Fig. 15.27).

Quando o estudo radiológico convenciona l não elucida satisfatoriamente o diagnóstico, a tomografia computado­rizada é de grande valia.

MANDIBULA A rotina radiológica para o estudo da mandíbula consta das incidências em PA, perfil e oblíquas direita e esquer­da. O estudo das articulações temporomandibulares deve ser feito sempre de forma comparativa (bilateral). A rotina é a seguinte:

- Incidência de Schuller bilateral, com boca aberta e boca fechada.

- Reverchon , para côndilos mandibulares. - Eventualmente este estudo é complementado com to-

mografias lineares.

ÓRBITAS A rotina radiológica consta de incidências em mento-naso, perfil e oblíquas. Para o estudo dos buracos ópticos usa-se a incidência de Rheese.

O estudo convencional da órbita é limitado ao estudo das estruturas ósseas, não informando praticamente nada sobre seu conteúdo.

A TC permite identificar o globo ocu lar, sua ~uscu­latura extrínseca, nervo óptico, paredes orbitárias, entre outras estruturas, tornando possível avaliar morfologia, densidade e topografia das mesmas. São utilizados cortes nos planos axial e coronal , podendo-se realizar reconstru­ções multiplanares.

OSSOS PRÓPRIOS DO NARIZ As incidências mais importantes para o estudo de fraturas nos ossos próprios do nariz são mento-naso e perfi l. Deve­se ter atenção à espinha nasal anterior que freqüentemente se quebra nas fraturas de nariz. Na incidência em perfil, deve-se utilizar pouca penetração (kV).

CAVUM Seu estudo normalmente é feito na investi gação de tumores ou na suspeita de hipertrofia das adenóides ou das amíg­dalas palatinas, as quais, quando aumentadas, poderão es­treitar esta região, prejudicando a passagem do ar. As inci­dências habituais são perfil (Fig. 15.28) e Hirtz.

SELA TURCA O estudo da sela turca é de fundamental importância para o diagnóstico dos tumores da hipófise. Normalmente são feitas inc idênci as em PA, perfil e Reverchon (radiografias localizadas - spot-films), além da tomografia linear em PA e perfil. Importante é não só a análi se da integridade óssea, como também do volume selar. A técnica mais usada para a medição do volume selar é a seguinte:

• Volume selar = V2 h X 1 X c. (h = altura, 1 = largura, c = comprimento).

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178 Introdução à Radiologia

Fig. 15.28 Radiografia em perfil observando-se a coluna aérea do ca­vum reduzida, com aumento das partes moles (seta).

• Valores normais: máximo = 1.092 mm3; médio 594 mm3; mínimo = 396 mm3•

Embora a TC avalie melhor a estrutura óssea da sela, o padrão-ouro de imagem para as doenças selares é a resso­nância magnética, que possui as seguintes vantagens sobre a TC: possibilidade de cortes sagitais, estudo detalhado da adeno-hipófise e neuro-hipófise, maior eficácia na identi­ficação dos microadenomas, melhor avaliação da extensão das doenças hipofisárias e uso do meio de contraste (gado­líneo ), isento de reação alérgica.

ROCHEDO E MASTÓIDES O rochedo contém as estruturas de ouvido e os condutos auditivos. A rotina para o estudo do ouvido interno consta das seguintes incidências:

• Transorbitária - é a mais importante • Schuller • Stenvers

• Chaussé III • Guillen • Tomografias lineares em transorbitária

Para o estudo dos condutos auditivos internos, importan­te sede de tumores do tipo neurinoma do acústico, devem ser feitas as seguintes incidências:

• Transorbitária • Stenvers • Reverchon • Tomografias em transorbitária

Este estudo é útil também nos casos de traumatismo com sangramento pelo ouvido (otorragia), quando se suspeita de fratura no rochedo.

As alterações que mais freqüentemente são diagnosti­cadas no estudo dos rochedos são:

• Infecções crônicas do ouvido (otites crônicas) • Colesteatomas - tumores benignos que podem complicar

devido às lesões que seu crescimento gera em estruturas adjacentes

• Otosclerose • Tumores outros do rochedo (neurinoma do acústico, glo­

mo da jugular etc.).

Atualmente o principal método de imagem para o es­tudo das mastóides é a tomografia computadorizada. É de grande importância que o estudo desta região seja feito bilateralmente para possibilitar a comparação entre am­bos os lados.

Podem ser identificadas as seguintes estruturas:

• Conduto auditivo externo • Esporão de Chaussé • Membrana e caixa timpânicas • Cadeia ossicular • Células da mastóide • Ouvido interno • Vestíbulo • Canais semicirculares • Conduto auditivo interno

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INTRODUÇÃO

O tecido ósseo, além das doenças próprias e localizadas, co­mo as neoplasias, infecçôes e malformações, talvez seja o te­cido mais afetado na ocorrência de disfunções sistêmicas.

Em conseqüência de sua fisiologia, é significativamente alterado nos distúrbios metabólicos, carenciais, hematoló­gicos e nas doenças do sistema reticuloendotelial. É fun­damental que, para a interpretação das diversas alterações ósseas, seja feita uma breve revisão da estrutura, função e metabolismo ósseos.

A estrutura anátomo-histológica do osso é constituída pela parte mineyal e pela matriz protéica. As células ósseas estão distribuídas de permeio a substâncias fibrocolágenas e compostos polissacarídeos, que se dispõem de maneira a formar verdadeiras redes, onde se depositam os cristais de sais de cálcio (carbonato de cálcio e fosfato de cálcio). As alterações deste complexo osteoprotéico (malformação, envelhecimento, doenças localizadas ou sistêmicas) têm reflexos imediatos na estrutura do osso.

Além das funções de sustentação e suporte do corpo, o osso tem, ainda, as de equilíbrio do meio interno, por meio da manutenção dos níveis de cálcio, fósforo, magnésio e citrato, com conseqüente influência sobre o pH e o equilíbrio iônico do sangue. Além disso, em condições normais, é o único ór­gão responsável pela hematopoiese após o nascimento.

Seu metabolismo intrínseco é dependente da sua ativi­dade de formação e reabsorção ósseas, mediadas, respec­tivamente, pelos osteoblastos e osteoclastos. É influencia­do, também, por fatores externos, tais como hormônios, vitaminas e proteínas. A integridade anátomo-histológica do osso dependerá do equilíbrio perfeito entre as funções de aposição e a neoformação óssea.

Alberto Vianna Flávio Azeredo

Edson Marchiori

ANATOMIA RADIOLÓGICA

Além dos aspectos anatômicos próprios de cada Ósso, ob­serva-se, também, na radiografia, uma porção central me­nos densa formada de osso esponjoso (medular), circun­dada por osso compacto (cortical).

Os ossos são divididos em três partes: diáfise, epífise e metáfise. A diáfise é a parte alongada do osso, apresen­tando bordos espessos e densos (cortical). As epífises são as extremidades e as metáfises correspondem às porções alargadas entre a diáfise e as epífises. As epífises e as me­táfises são constituídas de osso esponjoso, sendo limitadas por mínima cortical (Fig. 16. J ).

Nos ossos em fase de crescimento as epífises e as me­táfises são separadas, no exame radiológico, por uma fai­xa radiotransparente. Estas regiões correspondem à placa cartilaginosa de crescimento (cartilagem de conjugação, placa epifisária ou fises) (Fig. 16.2).

Fig. 16.1 Metacarpos de adulto com aspecto radiológico normal.

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180 Introdução à Radiologia

Fig. 16.2 Melacarpos de criança mostrando área radiotransparente entre a epífise e a metáfise, correspondendo à cartilagem de crescimenlo.

às metáfises (logo abaixo das fises) correspondem a re­giões de formação ativa do osso. Gradualmente a placa epifisá­ria vai se adelgaçando, à medida que o crescimento prossegue, até que finalmente se ossifica. Ocorrendo a fusão da epífise com a diáfise, completa-se o crescimento em extensão do osso.

O crescimento no diâmetro transverso ocorre por for­mação óssea a partir da camada interna do periósteo. O periósteo é uma membrana que forra o osso externamente e, por ter densidade de partes moles, não é visualizado em condições normais ao exame radiológico. Está aderido ao osso subjacente por fibras colágenas (fibras de Sharpey).

A formação óssea externa é proporcionalmente contra­balançada por equivalente absorção na parte interna do

osso, junto ao canal medular, a partir do endósteo (que forra o canal).

A articulação entre dois ossos adjacentes se faz por ma­terial fibrocartilaginoso entre as superfícies das extremi­dades ósseas, preenchendo o espaço articular. Como este material tem densidade de partes moles (é radiotranspa­rente), aparece na radiografia como um "espaço" entre as extremidades ósseas. O osso imediatamente abaixo da car­tilagem é denominado osso subcondraJ.

Ao exame radiológico de uma articulação, é de funda­mental importância observar, além das estruturas das ex­tremidades ósseas, também o espaço articular, o osso sub­condral e as partes moles periarticulares, que são alterados nos diversos processos patológicos articulares.

SEMIOLOGIA ÓSSEA E ARTICULAR ELEMENTAR

No exame radiológico, a neoformação determina imagem radiopaca em conseqüência do maior contingente de cál­cio da região. Estas imagens de maior densidade são deno­minadas "osteoblásticas" ou "esc leróticas" (Fig. 16.3). A destruição ou reabsorção óssea determina, na radiografia, imagem de rarefação em conseqüência da menor quantida­de de cálcio, sendo denominada "osteolítica" (Fig. 16.4 ).

A semiologia das lesões ósseas pode se resumir em três tipos de anomalias (densidade, estrutura e forma) isoladas ou associadas.

Fig. 16.3 Áreas de esclerose óssea nas epífises e metáfises dos ossos longos ( osteopetrose ).

Fig. 16.4 Lesão lítica insuflante no 2.º metatar­so (encondroma).

Fig. 16.5 Aspecto bicôncavo de cor­pos vertebrais, com afilamento da cortical (osteoporose).

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Fig. 16.6 Lesão lítica de limites mal definidos com ruptura da cortical no terço médio do úmero esquerdo (metástase de câncer de mama).

A densidade óssea é diretamente proporcional à quan­tidade de cálcio contida por unidade de volume. São ob­servadas as seguintes alterações:

• Diminuição de densidade óssea generalizada (osteopo­rose) (Fig. 16.5). Denuncia processo sistêmico de ori­gem hematológica (anemias, leucemia, linfoma, mie­loma múltiplo etc.) ou de origem endócrina (doença de Cushing, hiperparatireoidismo etc.) ou, ainda, de origem carencial (ra~itismo, desnutrição grave). Ocorre, ainda, secundariamente a osteodistrofia renal.

• Diminuição de densidade óssea localizada. Ocorre em processos infecciosos, tumorais ou traumáticos ou, ainda, pelo desuso do segmento ósseo em casos de impotência funcional e/ou imobilização.

• Focos de destruição óssea (áreas osteolíticas) (Fig. 16.6). Distribuídas em vários ossos, ocorrem nas me­tástases, nas neoplasias, em osteomielites por dissemi­nação hematogênica e em malformações ósseas (dis­plasias), malformações do s istema linfático (linfan­giectasias) ou do sistema vascular (hemangiomas) e na histiocitose X. As lesões destrutivas focais, ao exame radiológico, determinam uma lacuna do osso. É im­portante observar a sua forma, a existência ou não de limites nítidos e de esclerose perifocal, além de sua localização (epifisária, metafisária ou diafisária) para estabelecer hipóteses diagnósticas.

• Aumento de densidade óssea generalizado. É observado nas metástases osteoblásticas, intoxicações por metai s pesados, doença de Paget etc. (Fig. 16.7 A e B).

Ossos e Articulações 181

Aumento da densidade óssea localizado: pode ocorrer como reação óssea à disseminação de processo infeccioso ou tumoral (reação perifocal). Ocorre, ainda, secundaria­mente a tumores ósseos ou cartilaginosos e na consolidação de fraturas (calo ósseo) (Fig. 16.8).

A

B

Fig. 16.7 A, Áreas de esclerose nos ossos da bacia e dos fêmures, algu­mas nodulares (metástase de câncer de próstata); B, áreas de esclerose nodulares na calota craniana, com espessamento da díploe. Doença de Paget.

Fig. 16.8 Fraturas diafisárias da tíbia e fíbula, com áreas de esclerose reacional. Calo ósseo.

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182 Introdução à Radiologia

Devido à complexidade do estudo radiológico das di­versas doenças ósseas, é fundamental a associação com dados da história clínica, faixa etária do paciente e dados laboratoriais. Muitas vezes o diagnóstico só é conclusivo por meio de biópsia da lesão.

Anomalias de forma podem ser secundárias a fraturas, malformações congênitas oú, ainda, a distúrbios de mode­lagem ou crescimento (displasias).

DOENÇAS ÓSSEAS

Osteomielite/Artrite Séptica

É a infecção óssea que acomete desde a medular até a cortical do osso. Esta infecção pode se processar por três mecanismos: ( 1) disseminação hematogênica, ou seja, secundária a um foco de infecção distante (p. ex., infecções de pele, amígda­las, vesícula biliar, trato urinário); (2) disseminação por foco contíguo (p. ex., infecções dentárias atingindo a mandíbula, infecções dos seios paranasais levando à osteomielite na ca­lota craniana, osteomielite pélvica subjacente a uma úlcera de decúbito); (3) implantação direta (p. ex., fratura exposta, con­taminação cirúrgica). O traumatismo, a isquemia e os corpos estranhos acentuam a suscetibilidade à invasão microbiana, expondo locais onde as bactérias podem se fixar.

Por terem densidade de partes moles, a membrana sino­vial e a cápsula articular não são visualizadas na radiogra­fia. No entanto, quando a cápsula articular é distendida por excesso de líquido e/ou reação inflamatória, seus limites externos podem ser visualizados, caso haja gordura nos

Fig. 16.9 Lesões líticas e escleróticas, com periostite no úmero esquer­do de uma criança (osteomie lite).

Fig. 16.10 Lesões Líticas e escleróticas na tíbia com fragmento ósseo den­so destacado na face anterior, compatível com seqüestro (osteomielite).

tecidos periarticulares para fornecer o contraste. Este é o primeiro sinal radiológico detectável.

A infecção determina destruição do osso e conseqüente área de rarefação óssea ou lítica. À volta do foco infeccioso, pode desenvolver esclerose óssea reacional (Figs. 16.9 e 16.1 O). As lesões líticas intra-ósseas, quando secundárias a doenças de baixa virulência ou de baixa malignidade, têm reação esclerótica perifocal e bordos nítidos escleróticos, configurando um processo de evolução lenta ou crônica, que deu tempo ao osso sadio para reagir contra a agressão (Fig. 16. l l).

Fig. 16.11 Lesão lítica com halo de esclerose irregular no ilíaco es­querdo (osteomielite crônica).

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Ao atingir a periferia, a infecção desloca o periósteo. Este, uma vez deslocado do osso, sofre calcificação e será visualizado ao exame radiológico como fina linha radio­paca adjacente ao osso, podendo ser o primeiro sinal ósseo da osteomielite na radiografia.

Outros processos poderp produzir aspecto semelhante, como hematoma subperiosteal ou infiltração por tecido tu­moral. Ocorrendo deslocamentos e calcificações sucessivas, várias camadas superpostas do periósteo calcificado vão se formando, com conseqüente engrossamento da cortical. Do­enças de baixa virulência ou de baixa malignidade podem determinar esse tipo de reação periosteal (contínua e espes­sada). Ao contrário, nos processos rapidamente destrutivos (infecciosos ou tumorais malignos) o periósteo é rompido, formando reação periosteal irregular e/ou espiculada.

Os fagócitos, na tentativa de conter a infecção, acabam por liberar enzimas que lisam o osso. O pus se espalha para dentro dos canais ósseos, elevando a pressão intra-óssea e, com isso, têm-se comprometimento do fluxo sangüíneo e is­quemia. Com a cronicidade do processo, devido ao não-tra­tamento, pode ocorrer necrose. O osso necrótico é envolvido por tecido de granulação e é lentamente expulso do local de origem, dando lugar à formação de osso que reconstituirá o local lesado. Esse fragmento do osso morto é denominado seqüestro ósseo. É separado do tecido sadio ao seu redor por tecido de granulação, sangue e pus, todos com densidades de partes moles, que determinam um halo radiotransparente à sua volta. Pode ser expulso através de fístulas cutâneas ou, quando muito pequeno, ser reabsorvido.

A infecção óssea, uma vez atingindo a epífise, disse­mina-se pela articulação (Fig. 16.12). Ocorre a liberação de enzimas proteolíticas, destruindo a cartilagem articular e podendo atingir o osso articular adjacente. No osso em crescimento, a cartilagem de conjugação geralmente cons­titui uma barreira à disseminação do processo infeccioso para a epífise e, deste modo, a infecção se dissemina mais acentuadamente pela diáfise.

Fig. 16.12 Lesões líticas e escleróticas no acetábulo e na cabeça femo­ral direitos (artrite séptica).

Ossos e Articulações 183

A artrite infecciosa pode também ocorrer por dissemi­nação hematogênica de foco infeccioso a distância, princi­palmente na vigência de infecções estafilocócicas e estrep­tocócicas e, menos freqüentemente, por tuberculose.

MÉTODOS DIAGNÓSTICOS O exame padrão-ouro para a avaliação da osteomielite na fase inicial é a cintilografia óssea. Nesta fase, a radiografia convencional muitas vezes não é capaz de demonstrar anor­malidades. Entretanto, é por ela que se inicia a avaliação devido a sua fácil disponibilidade e baixo custo.

SINAIS RADIOLÓGICOS • Edema de partes moles: pode ser o primeiro sinal detec-

tável • Áreas líticas com esclerose óssea reacional • Reação periosteal • Seqüestro ósseo • Osteoporose das extremidades ósseas: secundária a hi ­

peremia e/ou ao desuso • Estreitamento do espaço articular: ocorre devido à des­

truição da cartilagem • Anquilose: em casos graves pode seguir-se formação de

pontes ósseas que unem os segmentos ósseos.

DOENÇAS ARTICULARES

São diversas as doenças que cursam com artrite, bem como as suas etiologias. Na artrite infecciosa estafilocócica, por exemplo, uma infecção cutânea pode originar disseminação hematogênica do patógeno para as articulações. Na gota, cristais de urato monossódico depositam-se na articulação e são fagocitados por neutrófilos, levando a sua ativação. Os neutrófilos ativados irão liberar substâncias inflamatórias na cavidade articular. Na osteoartrose, a idade continua sendo importante fator de risco para a degeneração articular. Em outras condições, como na artrite reumatóide e na espon­dilite anquilosante, o mecanismo ainda não é totalmente esclarecido. Acredita-se que haja um potencial genético dis­parado por determinados estímulos ambientais (patógenos, por exemplo), levando ao descontrole do sistema imune.

O diagnóstico pode ser estabelecido somando-se clínica, exames laboratoriais e aspecto radiológico.

O padrão de acometimento articular pode ser bastante característico de determinada doença. Deve-se determinar se o processo é monoarticular ou poliarticular, se simétrico (envolvimento da articulação e da correspondente do lado oposto) ou assimétrico, se há edema dos tecidos moles (derrame articular), se há osteoporose ou erosões periarti­culares e a presença de osteófitos.

De grande importância também na investigação diagnós­tica é a localização da doença. A espondilite anquilosante acomete preferencialmente o esqueleto axial, enquanto a

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184 Introdução à Radiologia

artrite reumatóide, em sua forma clássica de apresentação, acomete as pequenas articulações das mãos e punhos. A artrite reativa da síndrome de Reiter geralmente acomete apenas os membros inferiores, diferenciando-se da artrite

psoriática que acomete mãos e pés.

Doença Articular Degenerativa (Osteoartrite ou Osteoartrose)

A doença articular degenerativa, também chamada de os­teoartrose, ou, ainda, de osteoartrite, caracteriza-se pela degeneração progressiva da cartilagem nas articulações sinoviais, sendo a mais comum das doenças articulares na população. Justifica-se o uso do termo osteoartrose uma vez que o processo inflamatório, embora presente (sinovi­te), não é acentuado nesta doença.

Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimen­to de doença articular degenerativa. Dentre eles, o mais importante é a idade do paciente, sendo que a prevalência aumenta progressivamente com o avanço da idade, a partir dos 45 anos. Outros fatores importantes são história fami­liar positiva (predisposição genética), obesidade, ativida­des esportivas e profissionais que levem a sobrecarga da articulação, trauma, alterações ortopédicas (p. ex., doença de Legg-Perthes, genu valgo ou varo etc.) e doenças asso­ciadas (hiperparatireoidismo, acromegalia etc).

Divide-se a doença articular degenerativa em duas for­mas principais: primária ou secundária. A forma primária é de causa desconhecida, mas acredita-se estar relacionada à idade e ao desgaste articular. A forma secundária ocorre em conseqüência a traumatismo intra-articular prévio, outra doença articular ou alterações no osso subcondral.

As articulaçQ.es mais atingidas são as articulações sus­tentadoras de peso da coluna vertebral, as interfalangeanas (sobretudo as distais), a coxofemoral e as dos joelhos.

As principais manifestações clínicas são a dor articular opressiva que piora com o uso da articulação e pode perma­necer por horas após o repouso, e a rigidez articular, com limitação progressiva da movimentação da articulação à medida que a doença avança.

O diagnóstico baseia-se na clínica do doente somada aos achados radiológicos. São eles:

• Osteófitos. São pequenos esporões ósseos encontrados principalmente nas margens das articulações acometi­das.

• Esclerose óssea subcondral. É o aumento de densidade do osso logo abaixo da cartilagem. A explicação está na degeneração da cartilagem articular, levando ao trauma permanente do osso subcondral, o que estimula os osteo­blastos a produzirem matriz óssea.

• Estreitamento do espaço articular. Corresponde a de­generação da cartilagem articular. Esse estreitamento é assimétrico e, assim, tende a ser maior na porção da ar-

Fig. 16.13 Osteófitos, redução de espaços articulares e esclerose sub­condral em articulações interfalangeanas (artrose).

Fig. 16.14 Redução do espaço articular femorotibial medial, com es­clerose subcondral (artrose).

ticulação onde se tem maior sustentação de peso (Figs. 16.13 e 16.14).

• Cistos subcondrais. São rarefações ósseas arredondadas, com bordos escleróticos, que se localizam nas superfícies articulares.

• Corpos livres. Correspondem a fragmentos ósseos des­tacados e fragmentos da cartilagem que sofreram calci­ficação ou ossificação.

• Subluxação. Manifestação tardia da doença. Corresponde ao relaxamento da cápsula articular e estruturas ligamen­tares, causando perda parcial do contato entre os ossos da articulação.

• Luxação. Perda total do contato entre os óssos da articu­lação.

Artrite Reumatóide

A artrite reumatóide (AR) é uma doença inflamatória crôni­ca, mais comum em mulheres, capaz de acometer diversos órgãos e sistemas. No entanto, é o acometimento articular o marco da doença.

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Fig. 16.15 Redução simétrica dos espaços femorotibiais com pequena erosão óssea no bordo articular do côndilo medial das tíbias (artrite reum~tóide).

Inicialmente, tem-se a inflamação das membranas sino­viais, com hipertrofia e hiperplasia celular, infiltração por células inflamatórias, derrame e edema das articulações.

Com a progressão da doença, a sinóvia torna-se espes­sada, projetando vilosidades para dentro da cavidade arti­cular.Forma-se o pannus, tecido de granulação constituído principalmente por células mononucleares e fibroblastos em proliferação. Este é capaz de produzir, por si só, enzi­mas líticas, bem como citocinas que estimularão os condró­citos a produzi-las. As citocinas também irão estimular os­teoclastos, contribuindo para a desmineralização do osso.

A artrite reumatóide tem potencial para acometer diver­sas articulações. No entanto, classicamente, ocorre acome­timento das articulações metacarpofalangeanas e interfa­langeanas proximais das mãos e das articulações cárpicas do punho, poupando as interfalangeanas distais. O acome­timento tende a ser bilateral e simétrico.

Outras articulações que podem ser acometidas são: joe­lhos, pés, cotovelos, ombros e coluna cervical (articulação atlantoaxial). Na incidência em transoral (paciente de boca aberta com o feixe de raios X entrando pela boca), pode­se observar a erosão do processo odontóide. Pode ocorrer, também, subluxação atlantoaxial, com aumento da distância (maior que 2,5 mm) entre o arco posterior de C l e o processo odontóide. Isto pode levar a compressão medular ou, ainda, da artéria vertebral, ocasionando sintomatologia importante.

Os achados radiológicos irão variar de acordo com o estágio da doença. São eles:

• Edema de tecidos moles. Evidência radiológica mais pre­coce da doença. De pouca validade para o estabelecimento do diagnóstico, uma vez que o exame físico já o revela.

• Osteoporose periarticular. Aumento da radiotransparên­cia óssea adjacente à articulação envolvida em função da desmineralização do osso. Esta ocorre devido às enzimas líticas e ao estímulo osteoclástico gerado pelo pannus. Nos metacarpos e falanges envolve a base e as cabeças do osso,

Ossos e Articulações 185

poupando as diáfises. Nos punhos pode envolver todos os ossos do carpo, bem como porções distais do rádio e da ulna. Em estágios avançados pode haver osteoporose gene­·ralizada, explicada não apenas pela doença, mas também pelo desuso e tratamento crônico com corticóides.

• Estreitamento simétrico do espaço articular (Fig. 16.15). Ocorre devido à proliferação do pannus sobre a carti­lagem articular, levando à sua degeneração. O estreita­mento na AR é simétrico, ou seja, a redução do espaço articular é uniforme por toda a extensão da articulação. A osteoartrose também cursa com redução do espaço articular; entretanto, nesta doença ele é assimétrico, não há osteoporose periarticular e, sim, esclerose subcondral, cistos subcondrais e osteófitos marginais.

Fig. 16.16 Anquilose de ossos do carpo (artrite reumatóide).

Fig. 16.17 Pequenas erosões em ossos do carpo e na base dos metacar­pos; redução de espaços articulares (artrite reumatóide).

j

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186 Introdução à Radiologia

• Anquilose óssea (Fig. 16.16). Após a destruição com­pleta da cartilagem pode ocorrer anquilose óssea (fusão óssea), fato observado principalmente nas articulações do carpo e radiocárpicas.

• Erosões marginais. São áreas de destruição óssea locali­zadas nas margens das arti~ulações. Inicialmente, podem ser observadas apenas pequenas erosões nas chamadas "áreas nuas" do osso articular. Recebem este nome pois localizam-se entre a inserção da cápsula e o bordo peri­férico da cartilagem, ou seja, são áreas de osso dentro da cápsula articular e sem a proteção da cartilagem articular, logo, mais suscetíveis ao processo lítico (Fig. 16.17).

Espondiloartropatias Soronegativas

As espondiloartropatias soronegativas são artrites relacionadas à presença do antígeno HLA-827. São denominadas sorone­gativas visto que apresentam negatividade nos testes de fator reumatóide. Acometem principalmente indivíduos do sexo masculino, ao contrário da artrite reumatóide, que predomina nas mulheres. Dividem-se em espondilite anquilosante, artrite psoriásica, artrite reativa (componente da síndrome de Rei ter) e artropatias enteropáticas (associada às doenças intestinais inflamatórias idiopáticas ê a outras condições intestinais).

Essas artrites agrupam-se em função de apresentarem diversos aspectos comuns, dentre os quais se destacam, além dos achados imunológicos e laboratoriais típicos ci­tados anteriormente, aspectos fisiopatológicos, clínicos e radiológicos bastante semelhantes.

Caracterizam-se por inflamação crônica de enteses (in­serções ósseas de ligamentos, aponeuroses, tendões e cáp­sulas articulares), seguida de um processo também crônico

de reparação tecidual , com neoformação óssea, podendo evoluir para fusão óssea (anquilose).

O acometimento das articulações sacroilíacas pode ocor­rer em qualquer uma dessas doenças. Na espondilite an­quilosante e na artrite enteropática tende a ser bilateral e simétrico. Entretanto, na síndrome de Reiter e na artrite psoriásica pode ser assimétrico (muito embora a presença de sacroileíte simétrica não exclua estas condições).

Na coluna, ocorre a formação de sindesmófitos (osteófitos que desenvolvem-se formando "pontes ósseas" entre corpos vertebrais adjacentes). Na espondilite anquilosante os sin­desmófitos são finos e simétricos, enquanto na síndrome de Reitere, mais freqüentemente, na artrite psoriásica, obser­vam-se sindesmófitos largos, grosseiros e assimétricos.

Pode ser observada periostite com reação periosteal que, no sítio de fixação da fáscia plantar, pode formar um espo­rão na superfície plantar do calcâneo.

ESPONDILITE ANQUILOSANTE Do grego spóndylos que significa vértebra; portanto, espon­dilite significa inflamação da vértebra. Anquilose significa fusão. Deste modo, a espondilite anquilosante é uma do­ença que se caracteriza por inflamação crônica de enteses, podendo evoluir para fusão óssea.

A doença acomete principalmente as articulações sacroi­líacas e a coluna, sendo mais comum em homens jovens. Uma importante alteração radiológica a ser visualizada (e que se encontra sempre presente na doença) é a sacroileíte bilateral e simétrica, caracterizada radiologicamente por erosões, esclerose óssea reacional, redução do espaço ar­ticular e anquilose nos estágios mais avançados.

Fig. 16.18 A, Finas calcificações do ligamento lateral no segmento lombar, erosões e áreas de anquilose nas arti­culações sacroilíacas; B, retificação do bordo anterior de corpos vertebrais lombares, esclerose triangular no bor­do superior do corpo de Ll , calcificação do ligamento anterior e anqui lose de articulações interapofisárias. Es­pondilite anquilosante.

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O comprometimento da coluna inicia-se na região lom­bossacra e ascende, acometendo progressivamente segmen­tos mais altos da coluna. A manifestação inicial observada é o aspecto quadrangular dos corpos vertebrais na incidência lateral, com perda da concavidade normal das vértebras. O processo inflamatório crônico leva a ossificação de ca­madas externas do ânulo fibroso do disco intervertebral, acarretando o surgimento de sindesmófitos. Este processo tende a evoluir para anquilose e, em estágios avançados da doença, poderá ocorrer ossificação dos ligamentos, dando à coluna um "aspecto em bambu" (Fig. 16.18A e B).

O acometimento da coluna torácica leva a prejuízo da inspiração, evoluindo com fibrose das regiões apicais. O aspecto radiológico é semelhante ao da fibrose apical que ocorre como seqüela da tuberculose pós-primária.

O quadro clínico caracteriza-se por dor lombar persis­tente e rigidez matinal que melhora com os exercícios.

S(NDROME DE REITER A síndrome de Reiter é composta por conjuntivi te, uretrite, lesões cutâneo-mucosas e artrite reativa. A artrite é assim denominada uma vez que a inflamação articular origina-se de um foco infeccio.so a distância. Este pode ser entérico (diarréia infecciosa) ou venéreo (cervicite, uretrite).

O comprometimento é oligoarticular e assimétrico, en­volvendo principalmente as articulações dos membros in­feriores (pés, tornozelos e joelhos), sendo raro o acometi­mento dos membros superiores.

ARTRITE PSORIASICA A psoríase caracteriza-se por lesões cutâneas nas superfí­cies extensoras e alterações ungueais. Menos de 10% dos pacientes desenvolvem um quadro de artrite psoriásica.

Fig. 16.19 Pequenas erosões e neoformações ósseas (osteófitos) em ar­ticulações metacarpofalangeanas, com redução de espaços articulares. Erosões ósseas em articulações interfalangeanas distais (psoríase).

Ossos e Articulações 187

Esta é assimétrica e tende a envolver pequenas articula­ções das mãos e dos pés, sobretudo as interfalangeanas distais (Fig. 16.19), diferentemente da artrite reumatóide, que tende a poupar estas articulações. Pode ocorrer anqui­lose das articulações interfalangeanas, o que raramente é observado nas outras espondiloartropatias soronegativas ou na artrite reumatóide.

ARTRITE SÉPTICA O comprometimento de uma articulação por microrganis­mos piogênicos pode determinar destruição da cartilagem hialina que, uma vez destruída, não se regenera. A perda da cartilagem articular é caracterizada, na radiografia, pela diminuição do espaço articular.

Em alguns casos a inflamação sinovial é leve e o pro­cesso regride sem seqüelas. Pode, entretanto, evoluir para

Fig. 16.20 Lesões líticas nos ossos do pé com redução de espaços arti ­culares e grande aumento de partes moles (artrite fúngica).

Fig. 16.21 Lesões líticas em ossos do carpo e no 4.º metacarpo com redução de espaços articu lares (artrite tuberculosa).

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188 Introdução à Radio logia

infecção purulenta, causando pioartrose com rápida des­truição cartilaginosa. A evolução rápida ou arrastada carac­teriza o processo em artrite aguda ou crônica, respectiva­mente. A artrite tuberculosa tem caráter crônico, enquanto as artrites piogênicas secundárias à infecção estafilocócica ou pneumocócica são de natureza aguda.

Os sinais radiológicos mãis comumente observados são edema dos tecidos moles, estreitamento do espaço articular, destruição óssea e anquilose em estágios avançados (Figs. 16.20 e 16.21 ).

DOENÇAS PERIARTICULARES

São alterações inflamatórias dos vários tecidos em torno da ~iculação. Na radiografia observa-se depósito de cá!-

A

cio amorfo em topografia de bursas e tendões (bursite ou tendinite calcificante).

O tendão do supra-espinhoso é local de ocorrência bas­tante comum e aparece na radiografi a acima do trocanter umeral.

Cerca de 50% dos pacientes com clínica característica (dor e incapacidade de movimento do ombro) terão cal­cificação no exame radiológico . No restante, embora com clínica típica, pode ainda não haver calcificação.

Calcificações semelhantes podem ser encontradas em correspondência à bursa do trocanter maior do fêmur, nos tecidos periarticulares do cotovelo e ao longo das articu­lações interfalangeanas (Fig. 16.22A e B).

Atualmente a RM é o método de escolha para o estudo do sistema esquelético devido às características obtidas na

Fig. 16.22 A, Calci ficação em partes moles jun­to ao trocanter umeral; B, calcificação em partes moles junto ao trocanter maior do fêmur. Peri­tendinite calcárea.

B

Fig. 16.23 A, Necrose da cabeça femoral esquerda. Aos Rx, achatamento e esclerose da cabeça femoral com preservação do espaço articular; B, RM com imagem ponderada em TI mostrando áreas de redução da intensidade de sinal e irregularidade da cabeça femoral. Osteonecrose.

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Fig. 16.24 US do cotovelo mostrando líquido (área anecóica) intra­arti,cular.

formação de imagem por reconstrução multiplanar (Fig. 16.23A e B).

A ultra-sonografia também pode ser usada no estudo do sistema musculoesquelético e é aplicada mais freqüen­temente na pesquisa de alterações conseqüentes a lesões de repetição, como a sí~drome do túnel do carpo, ruptura de tendão etc., já que é um método mais barato e de mais rápida realização. Além disso, auxilia na investigação de lesões expansivas como o cisto de Baker (que ocorre na fos­sa poplítea), cistos gangliônicos, hematomas pós-traumas, abscessos etc. (Fig. 16.24 ).

AVALIAÇÃO DA IDADE ÓSSEA

A avaliação da idade óssea é um recurso freqüentemente utilizado por pediatras, endocrinologistas e ortopedistas e

Ossos e Articulações 189

baseia-se na comparação do desenvolvimento das estrutu­ras das mãos e punhos e, algumas vezes, dos joelhos.

O estudo correlacionado das mãos e punhos nas inci­dências em oblíqua e AP possibilita a visibilização das fises, núcleos epifisários e restante das estruturas osteoar­ticulares, o que permite a avaliação aproximada da idade óssea do paciente.

Atualmente, o método mais utilizado para avaliação da idade óssea é o estudo das mãos e punhos comparando-se com a tabela de Greulich-Pyle.

TUMORES ÓSSEOS

Benignos

FORMADORES DE TECIDOS ÓSSEOS

Osteomas (Enostose e Ilhotas de Osso Denso) (Fig. 16.25A e B) · • Idade - Qualquer idade, predominando no adulto jo­

vem. • Localização preferencial - Locais de ossificaç~o mem­

branosa como crânio, bacia e diáfise de ossos longos. • Radiologia - Lesão esclerótíca bem definida. Quando

na cortical externa, apresenta plano de clivagem com o osso.

Osteoma Osteóide (Fig. 16.26A e B) • Idade - l.ª e 2.ª décadas. • Localização preferencial - Diáfise de ossos longos (tíbia

e fêmur). • Radiologia - Lesão lítica com, no máximo, 2 cm de diâ­

metro, circundada por halo de esclerose.

Fig. 16.25 A, Lesão esclerótica, lo­bulada, bem definida no seio fron­tal. Osteoma; B, ilhota de osso den­so na cabeça do fêmur. Enostose.

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190 Introdução à Radiologia

A B

Fig. 16.26 A, Lesão lítica arredondada com cerca de 1 cm na metáfise superior do fêmur esquerdo com esclerose marginal; B, lesão lítica no bordo medial da metáfise superior do fêmur esquerdo com acentuada esclerose marginal (osteoma osteóide).

Osteoblastoma • Idade - Mais freqüente nas 2.ª e 3.ª décadas. • Localização preferenci~l - Mais freqüente na coluna ver­

tebral, podendo ocorrer em qualquer osso. • Radiologia - Lesão lítica com halo de esclerose perifé­

rica, podendo ocorrer calcificações na área lítica, o que facilita o diagnóstico. Em alguns casos pode simular le­são maligna com ruptura da cortical.

FORMADORES DE CARTILAGEM

Osteocondroma (Fig. 16.27A e B) • Idade - L .ªe 2.ª décadas. • Localização preferencial - Metáfi se de ossos longos.

A

• Radiologia - Exostose óssea que cresce em sentido con­trário ao crescimento do osso, com capa de cartilagem que normalmente é radiotransparente, podendo, entre­tanto, calcificar.

Encondroma (Fig. 16.28A, B e C) • Idade - 2.ª e 3.ª décadas. • Localização preferencial - Ossos tubulares das mãos e

ossos longos. Não ocorre em locais de ossificação mem­branosa como a calota craniana.

• Radiologia - Quando na cavidade medular (encondro­ma) aparece como lesão lítica bem definida com halo de esclerose, podendo apresentar focos de calcificação na

B

Fig. 16.27 A, Exostose pediculada na face medial da metáfise distal do fêmur (osteocondroma); B, exostoses de base larga nas metáfises das tíbias e das fíbulas (osteocondromatose).

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Ossos e Articulações 191

A B e Fig. 16.28 A, Lesão lítica insuflante no l .º metacarpo (encondroma); 8 , lesões líticas com calcificações do tipo condróide na metáfase dos fêmu­res e das tíbias (encondromatose); C , calcificação arredondada em partes moles junto à cortical da diálise distal do rádio com periosfite laminar associada ( condroma justacortical).

área lítica. Pode ocorrer em partes moles junto à cortical, formando massas que podem levar a erosão da cortical externa (condroma de partes moles).

Condroblastoma (Fig. 16.29) • Idade - 2.ª década. • Localização preferencial - Epífise de ossos longos, ossos

do tarso e pàtela. • Radiologia - Lesão lítica arredondada com halo de escle­

rose. Quando volumoso e sem calcificação, pode simular TCG (tumor de células gigantes).

Fig. 16.29 Lesão lítica bem definida, com esclerose marginal na epífi­se superior do fêmur esquerdo (condroblastoma).

Condroma Fibromixóide (Fig. 16.30) • Idade - 2.ª e 3.ª décadas. • Localização preferencial - Metáfise de ossos longos,

principalmente da tíbia. Com o crescimento do paciente, pode migrar para a diáfise.

• Radiologia - Lesão lítica excêntrica, podendo ser insu­flante, com esclerose marginal. Pode apresentar calcifi­cações na área lítica.

Fig. 16.30 Lesão lítica insuflante, com calcificações do tipo condróide na diáfise do fêmur (condroma fibromixóide).

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192 Introdução à Radiologia

Tumor de Células Gigantes (TCG) (Fig. 16.31) • Idade - Início da 3.ª década até a 4.ª década. • Localização preferencial - Epífise/metáfise de ossos lon­

gos, principalmente no joelho; pode ocorrer em ossos tubulares curtos.

• Radiologia - Lesão lítica na epífise de osso longo, po­dendo acometer a metáflse. Pode ter contorno bem de­finido, ser excêntrico ou ter contorno mal definido. As formas agressivas podem apresentar ruptura da cortical e invasão de partes moles.

Fig. 16.31 Lesão lítica insuflante no 1.0 metatarso. Tumor de célula~ gi­gantes (TCG).

A

FORMADORES DE TECIDO CONJUNTIVO

Fibroma Não-ossificante (Defeito Fibroso Cortical) (Fig. 16.32A e B) ~ Idade - l .ªe 2.ª décadas. • Localização preferencial - Metáfise de ossos longos. • Radiologia- Lesão lítica de contorno lobulado com fino

halo de esclerose na cortical. Pode, com o tempo, involuir e tornar-se esclerótica. Grandes lesões podem apresentar fratura.

Fibroma Desmoplástico • Idade - Mais freqüente nas 2.ª e 3.ª décadas, podendo

ocorrer em qualquer idade. • Localização preferencial - Metáfise de ossos longos,

mandíbula e ilíaco. • Radiologia - Lesão lítica, podendo ser insuflante ou ex­

cêntrica. Pode simular lesões malignas, quando mal de­finida.

FORMADORES DE TECIDO ADIPOSO

Lipoma (Fig. 16.33) • Idade - Qualquer idade. • Localização preferencial - Ossos longos, podendo ocor­

rer em partes moles e envolver o osso. Outro local é o calcâneo.

• Radiologia - Lesão lítica geralmente bem definida, po­dendo apresentar calcificações grosseiras no seu inte­rior.

B

Fig. 16.32 A, Lesão lítica com fino halo de esclerose, excêntrica, na metáfise distal da líbia. com fratura patológica. Presença de fratura também na fíbula; B, lesão lítica bem definida com fino halo de esclerose na cortical da face lateral da metáfise distal da tíbia. Fibroma não­ossificante.

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Fig. 16.33 Lesão lítica bem definida com calcificação grosseira no cal­câneo (lipoma intra-ósseo).

TUMORES RAROS

Cordoma (Fig. 16.34) • Idade-Os intracraneanos, 3.ª e 4.ª décadas, os de sacro­

cóccix, 5.ª e 6.ª décadas. • Localização preferen~ial - Sacrocóccix e região esfeno­

occipital. • Radiologia - Lesão lítica sem nenhuma particularidade.

O diagnóstico é suspeitado pela localização.

Ossos e Articulações 193

Malignos

FORMADORES DE OSSO

Osteossarcoma (Fig. 16.35A, B e C) • Idade - 2." e 3.ª décadas; em pacientes com mais de 54

anos, secundariamente à doença de Paget. • Localização preferencial - Metáfise de ossos longos. • Radiologia - Lesões líticas e escleróticas de limites mal

definidos, com ruptura da cortical, periostite e massa em partes moles. Pode ser totalmente esclerótico ou total­mente lítico.

Adamantinoma de Ossos Longos A • Idade - Qualquer idade, sendo mais freqüente nas 3 .8 e

4 .ª décadas. • Localização preferencial - Cortical anterior da diáfise

tibial. Pode, em casos raros, ser multicêntrico.

Fig. 16.34 Lesões líticas e escleróticas insuflantes no sacro (cordoma).

B

e Fig. 16.35 A, Lesão esclerótica no terço superior da tíbia com ruptu­ra da cortical e periostite em raios de sol; B, grande lesão esclerótica no sacro e em partes moles à esquerda; C, lesão esclerótica na diáfise distal do fêmur com descolamento periosteal (triângulo de Codman) e invasão das partes moles. Osteossarcoma.

Page 168: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

194 Introdução à Radiologia

A

B

e Fig. 16.36 A, Lesões líticas na porção anterior de arco costal inferior com ruptura da cortical e calcificações em partes moles (condrossar­coma); B, Lesões líticas e escleróticas no ilíaco esquerdo e ramos ileal e isquiopubianos com massas calcificadas em partes moles (calcifica­ções condróides). Condrossarcoma; C, lesão lítica bem definida com calcificações do ti po condróide na diáfise superior do fêmur esquerdo (condrossarcoma de células claras).

Na variante paraosteal, imagem cálcica junto à cortical externa do osso, com ou sem sinais de invasão óssea.

F.ORMADORES DE CARTILAGEM

Condrossarcoma {Fig. 16.36A e B) • Idade -Acima da 5.ª década, podendo ocorrer em qual­

quer idade, principalmente como malignização de lesão cartilaginosa benigna.

• Localização preferencial - Metáfise do osso longo. Po­de ocorrer em ossos chatos como costelas, escápulas e il íacos.

• Radiologia - Lesão lítica de limites mal definidos, po­dendo ocorrer calcificação na área lítica e periostite. A variante de células claras apresenta comportamento pou­co agressivo, simulando lesão benigna. Pode ocorrer em partes moles como massa com calcificações do tipo con­dróide (Fig. l 6.36C).

Fibrossarcoma (Fig. 16.37) • Idade - Qualquer idade, porém mais freqüente acima da

5.ª década. • Localização preferencial - Metáfise de osso longo. • Radiologia - Lesão lítica pura com margem mal defini­

da. Pode romper cortical, levando a periostite e massa de partes moles.

TUMORES DA MEDULA ÓSSEA

Sarcoma de Ewing {Fig. 16.38) • Idade - I .ªe 2.ª décadas. • Localização preferencial - Diáfise de ossos longos, ossos

chatos como costelas, escápulas e ilíacos.

Fig. 16.37 Lesão lítica insuflante bem defini da na diáfi se da tíbia. Fi­brossarcoma.

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Fig. 16.38 Lesões líticas permeativas na metade distal da tíbia com ruptura da cortical e massa em partes moles. Sarcoma de Ewing.

A . ~

e

Ossos e Articulações 195

• Radiologia - Lesões líticas permeativas, podendo ocor­rer esclerose devido à reação óssea. Periostite em raios de sol e massa em partes moles. Pode ocorrer periostite

. em camadas superpostas. O principal diagnóstico diferencial é a osteomielite.

Mieloma (Fig. 16.39A, B e C} • Idade - Acima da 6.ª década, podendo ocorrer em pa­

cientes mais jovens. • Localização preferencial - Qualquer osso, principal­

mente ossos chatos como crânio, coluna e bacia. • Radiologia - Lesão lítica pura que pode ser bem defi­

nida, mal defi nida, permeativa ou se apresentar como osteoporose.

B

Raramente pode se apresentar como lesão esclerótica, devido à reação óssea, quando associado com amiloidose ou em uso de corticóide.

Fig. 16.39 A, Lesões líticas na calota craniana; 8 , lesões líticas disseminadas nos ossos da bacia e nos fêmures; C , lesões líticas no úmero esquerdo com fratura patológica (mieloma).

j

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A

Abdome - agudo, 102-113 - - características do, 102 - - classificação, 102 - - incidências para estudo do, 103-105 - - inflamatório, 105-1 10 - - - apendicite aguda, 105-107 - - - colecistite aguda, 108, 109 - - - diveniculite aguda. 109. l IO - - - pancreatite aguda, 107, 108 - - intussuscepção (invaginação), 11 1-113 - - método de imagem nu avaliação do, 103-105 - - obstrução - - - do cólon, 11 3 - - -do intestino delgado. 111 , 112 - - obstrutivo, 11 O, 11 1 - - - funcional, 110 - - - mecânica, li O, 111 - - perfurativo, 103, 104, 110 - - radiologia convenciOrtál, 103 - - tomografia computadorizada, 103 - - ultra-sonografia, 103 - anál ise por meio de radiografia simples do, 96. 97 - conteúdo do, 98- 1O1 - - baço. !OI - - fígado, 98. 99 - - pâncreas. 100, 101 - - rins. 101 - - vesícula biliar, 99, 100 - superior, procedimentos na análise da radiografia do, 34 Abscessos - epidural, 161 - intra-ósseo, no corpo venebral, 161 - pulmonares, 40 - renal, 145, 146 Acalasia, 11 8, 119, 121 - sinais radiológicos, 121 Adamantinoma de ossos longos. 193 Adenocarc i noma(s) - colorretal, 113 - de retossigmóide, 128. 129 Adenoma, para paratireóide, 59 Agenesia - de pulmão, em hemitórax opaco, 4 7 - renal (rim único), 141 Ampola de Crookes, 1 Aneurisma(s) - coronários, 87 - da aon a. 60, 61, 82. 83, 93 - - com trombo mural, 83 - - tomografia computadorizada. 82, 83 - mediastinais, 59-61 - - caracteósticas radiográficas. 59

- na carótida, 170, 171 - saculares, 82, 170 - ,·entriculares, 8 1 Angiografia. 7, 55, 78-81 - cerebral - - convencional, 170 - - por cateterismo, 170, 171 - coronariana por TC, 78-81 - - comentários, 78-8 1 Angiorressonância magnética, 27 - da aona, 94, 95 - das an érias e veias. 94, 95 - nas doenças congêni tas, 93 Angiotomografia computadorizada da tromboembolia

pulmonar (TEP), 85. 86 - comentários, 86 - protocolo básico, 86 Anorrnalidade(s) - cardiovasculares - - aumento das cavidades cardíacas, 70-72 - - - do átrio direito. 7 1 - - - do átrio esquerdo, 70. 71 - - - do ventóculo direito, 71, 72 - - - do ventóculo esquerdo. 71 - - da circulação pulmonar. 72-76 - - - edema alveolar, 73. 74 - - - edema pulmonar, 72. 73 - - - estase, 72 - - - tromboembolia pulmonar (TEP), 74-76 - pulmonares. tipos de distribuição das, 51 , 52 - - central (peribroncovascular), 52 - - nos lobos inferiores (caudal), 52 - - nos lobos superiores (cranial), 52 - - periférica, 52 Anquilose, de aniculações interapofisárias, 157 Ao na - abdominal. angiorressonância magnética da, 94, 95 - aneurisma da, 82, 83 - angiorressonância magnética. 94, 95 - coarctação da, 93 - color Doppler de, 20 - dissecção da, 82-84 - - classificação, 82-84 - rupturas. 84, 85 - - complicações pós-cirúrgicas. 85 - tomografia computadorizada da, 82-85 - - comentários, 82-85 - - protocolo básico, 82 - torácica. angiorressonância magnética da, 94 - úlceras da, 82, 83 - - esquema de apresentação da, 83 Aonografia, 54. 55, 135 Aparelho card.iovascular, 68-95 - angiorressonância magnética, 93-95 - - das anérias e veias, 94, 95

- - nas doenças congênitas. 93 - área cardíaca normal. 70 - aumento das cavidades cardíacas. 70-72 - - átrio direito, 7 1 - - át rio esquerdo, 70, 71 - - ventrículo direito, 71, 72 - - ventrículo esquerdo, 71 - circulação pulmonar, 72-76 - - alterações na. 72. 73 - - fisiologia da. 72 - - tromboembolia pulmonar (TEP), 74-76 - métodos de imagem, 68-70 - - anatomia radiológica do coração, 68-70 - - rotina radiológica, 68 - ressonância magnética. 77, 87-95 - - das coronárias, 87 - - do coração. 87-92 - tomografia computadorizada. 77-86 - - da aona, 82-85 - - - comentários, 82-85 - - - protocolo básico, 82 - - das artérias pulmonares. 85, 86 - - - comentários, 86 - - - protocolo básico, 86 - - de coronárias, 78-81 - - - comentários, 78-81 - - - protocolo básico, 78 - - do coração, 81 Aparelho digestório, 114-130 - doenças do trato gastrointestinal. 11 8-130 - - do esôfago. 1 18- 123 - - - doenças. 120-123 - - - lesões do, 118-120 - - do estômago, 123-126 - - - lesões inflamatórias, 123 - - - lesões neoplásicas, 123 - - do intestino, 126-130 - - - delgado, 126, 127 - - - grosso, 126- 130 - esôfago, 118-123 - - acalasia, 121 - - anatomia radiológica, 11 5 - - diven fculo de Zenker, 120, 12 1 - - doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), 120 - - hérnia de hiato, 122, 123 - - lesões do, 11 8-1 20 - - - desvio ou deslocamento. 120 - - - dilatação do, 118, 119 - - - divenfculos. 120 - - - estenose, 118, 11 9 - - - falhas de enchimento, 120 - - - úlceras. 120 - - varizes esofágicas, 121 - estômago, 123-126 - - anatomia radiológica do. 116

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··carcinoma. 123-125 • • operado, 124-126 · · úlcera péptica. 123. 124 · estudo contra~tado. 1 14 · ·clister opaco • • • anatomia radiológica. 1 17 • - · preparo. 117 · - - técnica de exame. 117, 118 • - contra-indicações ao meio de contras te baritado. 11 5 .. SEED. 114-1 16 • - - anatomia radiológica, 115. 11 6 . • - preparo. 115 • ··técnica de exame. 115 • • trânsito de delgado ... anatomia radiológica, 1 17 • • • preparo, 1 16 • • ·técnica de exame, 11 6, 11 7 . intestino, 126- 130 .. delgado. 126, 127 · · · enterite regional, 126, 127 • • • tuberculose ileocecal, 126 .. grosso. 126-130 ... defeito de rotação. 127 ... divenículos, 127, 128 • • • doença de Crohn, 129 • · · doenças intestinais inflamatórias idiopáticas, 129 ... estenose. 127 · - · falhas de enchimento, 126 • • · imperfuraçào anal, 127 • • · retocolite ulcerativa (RCU), 129. 130 . • · tumores. 128, 129 Aparelho urinário. 13 1-148 • anatomia radiológica. 131 , 132 ·· bexiga, 132 .. rins, 131 · - s istema piclocalicinal, 131 • • ureteres, 132 .. uretra, 132 ·doenças. 141- 148 • • abscesso renal, 145. 146 .. adquiridas, 143- 148 · ·· doença litiás ica urinária, 143. 144 • • • hidronefrose. 143-145 ·· · necrose de papila, 145. 146 - .• pielonefrite, 144. 145 .. congênitas, 141-143 • • • agenesia renal (rim único), 141 ···duplicação pieloureteral, 142 • . • ectopia renal, 14 1 · - ·estenose da j unção pieloureteral. 143 ··· rim em ferradura, 142 · · doença renal polidstica, 148 · • massas renais. 146- 148 • • • cistos. 146. 147 · • • tumores benignos, l_.47 · - - tumores malignos, 147, 148 • • tuberculose renal, 146 ·exames radiológicos. 132-140 · • aneriografia renal, 135 • • cistografia retrógrada, 137-140 . - pielografia retrógrada, 134, 135 · · radiografia simples do abdome, 132, 133 · • tomografia computadorizada (TC). 136 · • ullru-sonografia (US), 136, 137 . • orografia excretora (UE), 133. 134 · • orografia pelo dripping (bolo de contraste}. 134 · meios de contras te, 140. 14 1 • • contra-indicações ao contraste iodado, 14 I, 142 .. profilaxia das reações. 140. 141 . • reações aos, 140 · • • idiossincrásicas. 140 · • • não-idiossincrásicas, 140 Apendici te aguda. 105-107 · causas. 105 • imagenologia, 105-107 · • rotina de abdome agudo (RAA), 106 · · · sinais radiológicos na, 106 · - tomografia computadorizada em. 107 · · ultra-sonografia em. 106, 107 ·quadro clínico. 105 Anéria(s) · angiorressonãncia magnética das. (angio-RM). 94. 95 · pulmonares • • angiorressonância magnética da~. 94. 95 • • tomografia computadorizada das. 85. 86 • • • comentários. 86 · · · protocolo básico. 86 . renais. angiorressonância magnética das, 95 • umbilical. color Doppler de. 20

Aneriografia • cerebral, em perfil, 6 · mesentérica, 109 · renal, indicação, 135 Articulações e ossos, 179-195 ·anatomia radiológica, 179, 180 · doenças aniculares, 183-188 • • anrite reumatóide, 184- 186 · ·doença articular degenerativa, 184 • - espondiloanropatias soronegativas, 186. 187 • • • artrite psoriásica. 187 .. • artrite séptica, 187, 188 • · • espondilite anquilosante, 186, 187 • • ·síndrome de Reiter. 187 • doenças ósseas, 182. 183 . • métodos diagnósticos, 183 • • osteomielite (anrite séptica), 182, 183 ··sinais radiológicos, 183 . doenças perianiculares, 189 • próprios do nariz, rotina radiológica, 177 • semiologia óssea e anicular elementar. 180-182 - tumores ósseos. 189-195 . • benignos, 189-193 • · • formadores ... ·de canilagem, 190-192 • · • • de tecido adiposo, 192, 193 · • • • de tecido conjuntivo, 192 -- .. de tecidos ósseos, 189, 190 · - ·tumores raros, 193 .. malignos. 193- 195 · - · formadores de cani lagem, 194 · · · formadores de osso, 193. 194 • • • tumores da medula óssea. 194, 195 Anrite . psoriásica, 187 • reumatóide. 184-186 • séptica, 182, 183, 187, 188 Anrografia. 7 Asbesto, 43, 52 Atelectasia, 37-39 · achados radiográficos, 38 ·com derrame pleural, em hemitórax opaco, 47 • obstrutiva, 37 . por compressão, 38 · por deficiência de surfactante, 38. 39 · por déficit de movimentação. 38 · por elevação do diafragma. 39 ·total. em hemitórax opaco, 47

B

Baço ·características do, 101 . esplenomegalia, 1O 1 · radiografia do, 1O1 - tomografia computadorizada do, 1O1 - ultra-sonogratia. 101 Bexiga. 16, 132- 134. 137, 138 · anatomia radiológica. 132 · carcinoma de, 138 · cistografi a retrógrada, 137, 138 · · incidências, 137 .. indicações, 137 · piriforme. 138 . ultra-sonografia da. 16 · • com cálculo, imagem hiperecóica, 16 · • imagem anecóica, 16 • orografi a excretora (UE), 133 .. indicações. 133 .. rotina. 133, 134 Bíceps. ultra-sonografia do, 19, 21 Bócio de tireóide, 58 Broncografia, 54 Broncograma aéreo, 36-39, 47, 51, 73 Broncolitíase. 40 Broncopneumonia. 50 Bronquiectasia. 5 1 Bronquiolectas ia, 5 1 Bronquiolite infecciosa, 50

e Calcificação(ões) · de ligamentos interespinhosos, 157 · "em casca de ovo" . 40 . em partes moles, 43 · linfo nodais, 43 · nódulos com. 43

Índice Alfabético 197

· pleural, 43 Cálculo renal, em radiologia abdominal, 97 Câncer brõnquico. 47 Carcinoma(s) • broncogênico, 40, 43 · de células embrionárias, 58 . de células renais. 147 - gástrico, 123-125 Cateterismo cardíaco (CAT). 68 Cavografia. 54 Cavwn. rotina radiológica, 177 Cérebro . angiografia ··convencional. 170 .. por cateterismo do, 1 70, 17 1 • arteriogratia, em perfil , 6 Cineangiocardiografia, 68 Cintilador(es) ·cristal. 11 • fluoreto de césio. 12 · iodeto de césio. 12 · tungsta to de cádmio. 12 Cintilogratia, 13, 68 Circulação pulmonar. 72-76 ·alterações na. 72, 73 · - edema alveolar. 73, 74 • · · achados radiológicos, 73, 74 · · · derrame pleural associado ao, 73. 74 ··edema pulmonar. 72, 73 · - · achados radiológicos. 72, 73 • • • indicações da causa do, 73 · · estase, 72 - · tromboembolia pulmonar (TEP), 74-76 · fi siologia da · · pressão atrial esquerda e venosa pulmonar. 72 · · pressão ventricular direita, arterial pulmonar e capi lar

pu 1 monar, 72 · tromboembolia pulmonar (TEP), 74-76 Cisto(s) · hepáticos, 99 · mediasti nais · · broncogênico. 61. 62 • · de duplicação do esôfago, 61, 62 • • neuroentérico, 6 1. 62 · pericárdico. 62 ·renal. 146, 147 Cistografia. 137. 138 · retrógrada, 137. 138 .. incidências. 137 · · indicações, 137 Clisteropaco.5,6. 109, 112-114, 11 7, 118 · do aparelho digestório · - anatomia radiológica, 117 · - preparo, 11 7 • • técnica de exame, 1 17, 1 18 ·em diverticulite aguda. 109 · em intussuscepção (invaginação). 112, 11 3 Coarctação da aona, 93 Coeficiente · de atenuação. 9 · de Hounsficld. 9 Colangiografia, 6 Colecistite aguda, 108, 109 · imagenologia. 108. 109 - • rotina de abdome agudo (RAA). 108 . • . achados radiológicos. 108 · quadro clínico. 108 · ultra-sonografia em. 108. 109 Colelitíase · à ultra-sonografi a, 100 ·em radiologia abdominal, 97 · lama biliar e, 100 Colonoscopia. 114 Color Doppler. 20. 21 · da anéria umbilical, 20 · de aorta e veia cava, 20 ·de nódulo tireoideano. 20, 21 Coluna venebral, 149- 165 • anatomia radiológica. 149- 156 · - cóccix. 156 · - coluna cervical, 151 - 153 · · coluna lombar, 154, 155 .. coluna torácica ou dorsal, 153. 154 ··sacro, 155 · lesões que acometem a, 156-165 ··doença discai, 157- 164 ···abaulamento discai, 157 • • · abscesso epidural. 161 · · · degeneração do disco. 157

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198 Introdução à Radiologia

- - - deslocamento do disco. 157 - - - esclerose do osso subcondral, 157 - - - extrusão discai, 157, 158 ---protrusãodiscal, 157.158 - - trauma. 164. 165 - - - fratura da, com colapso. 164. 165 - - - lesões traumáticas, 164, 165 - - - luxação da, 164. 165 - ressonância magnética da, 149 - romografia computadorizada da, 149 Complexo de Ranke. 43 Condroblastoma. 19 1 Condroma libromixóide. 19 1 Condrossarcoma. 194 Cor pulmo1111/e, 15 Coração · anatomia radiológica do, 68-70 - - área cardíaca normal, 70 • - aumento das cavidades cardíacas. 70-72 - - circulação pulmonar. 72-76 - ressonância magnética, 87 -92 - - técnicas-padrão - - - gradient-echo (cine-RM) acoplada ao ECO, 88-90 - - - mapa de velocidade. 92 - - - realce miocárdico tardio, 91, 92 - - - spin-echo acoplada ao ECG. 87. 88 - - - wgging miocárdico (quadriculado). 90, 9 1 - tomografia computadorizada de, 81 Cordoma. 193 Coronária(s) - ressonância magnética, 87 - tomografia computadorizada de. 78-81 - - angiografia por. das. 78-81 - - comentários, 78-81 - - protocolo básico. 78 Crânio e face, 166- 178 - angiorressonância magnética do, 94 - estudos contrastados, 170-178 - - angiografia cerebral por cateterism9. 170, 171 - - dacriocistografia. 17 1 - - em regiões específicas, 176- 178 - - - cavum, 177. 178 - - - mandíbula. 177 - - - órbitas. 177 - - - ossos próprios do nariz, 177 - - - rochedo e mastóides, 178 - - - seios faciai s (paranasais), 176. 177 - ·- sela turca, 177, 178 - - ressonância magnética, 175. 176 - - - seqüências obtidas na. 175. 176 - - - vantagens, 175 - . sialografia. 171. 172 - . tomogralia computadorizada. 17 1-175 - - - desvantagens. 173 - - - lesões em relação ao meio de contraste, 175 - - - tipos de imagens. 1 n. 174 - - - vantagens, 172 - radiologia convencional. 166- 169 - - rotina mínima, 166-1 69 Cristal cintilador. 11 Crookes, ampola de. 1

D

Dacriocistografia. 171 Densidade radiológica. 2 Derrame - pericárdico, 62 - pleural, 45-4 7 - - achados radiológicos, 46 - - atelectasia com, em hemitórax opaco, 4 7 - - causas. 45 - - classificação do líquido pleural - - - exsudam. 46 · - - transudato. 45, 46 - • empiema pleural, 47 - - interlobares. 46 - - laminares. 46 - - livres. 46 - - loculados, 46 - - opacidade indistinta. 46. 47 - - subpulmonares. 46 . - ultra-sonografia e. 47 Desvio (ou deslocamento) do esôfago, 120 Detectores, 9. 12 - de cintilação. 9, 12 Difusão. 27 Dilatação do esôfago, 11 8. 11 9 - causas, 118

Disco intervenebral, doença do, 157- 164 Dissecçào da aona. 82-84 - classificação, 82-84 - - de De Bakey, 82-84 - - de Stanford , 84 Diverticulite aguda. 109. 110 - achados radiológicos. 109 - imagenologia, 109, 110 - - clister opaco, 109 - - tomografia computadorizada em, 109, 11 O - quadro clínico. 109 Divenículo(s) - do duodeno, 126 - do esôfago, 118, 120, 12 1 - -de Zenker, 120. 121 - do intestino grosso, 127, 128 Diveniculose, 128 Doença(s) - an erial coronária (DAC). 77. 79 - aniculares. 183-188 - - anrite reumatóide, 184-186 - - doença anicular degenerativa. 184 - - espondiloartropatias soronegativas. 186. 187 - - - am ite psoriásica. 187 - - - anrite séptica. 187. 188 - - - espondilite anquilosante, 186. 187 - - - síndrome de Reiter, 187 - de Crohn, 129 - discai, 157-164 - - abaulamento discai, 157 - - abscesso epidural, 161 - - degeneração do d isco, 157 - - deslocamento do disco, 157 - - esclerose do osso subcondral, 157 - - extrusão discai. 157. 158 - - protrusão discai, 157, 158 - divenicular do cólon, 109 - do aparelho urinário, 141-148 - - adquiridas, 143-148 - - - doença li tiásica urinária, 143, 144 - - - hidronefrose, 143-145 - - - massas renais. 146-148 - - - necrose de papila, 145, 146 - - - pielonefrite, 144, 145 - - congênitas, 141 - 143 - - - agenesia renal (rim único), 141 - - - duplicação pieloureteral, 142 -- - ectopia renal, 141 - - - estenose da j unção pieloureteral. 143 - - - rim em ferradura. 142 - do refluxo gastroesofágico (DRGE). 120 - intestinais inflamatórias idiopáticas, 129 - liliásica urinária, 143, 144 - . achados radiológicos, 143 - mediastinais. 56-67 - - aneurismas. 59-6 1 - . cis1os - - - broncogênico, 6 1, 62 - - - de duplicação do esôfago, 6 1, 62 - - - neuroentérico, 61. 62 - - hematopoiese extramedular, 67 - - hérnias diafragmáticas, 63, 64 - - lesões pericárdicas. 62 - - linfonodomegalias. 59 - - mal de Pott. 67 - - mediastinites. 63, 66. 67 - - megaesôfago. 63. 65 - - pneumomediastino. 63, 66 - - rumores - - - da tireóide e paratireóide, 58, 59 - • - de células germinativas, 56. 58 - - - neurogênicos, 62. 63 - - - tímicos, 56. 57 - ósseas, 182. 183 - - métodos diagnósticos. 183 - - osteomielite (anrite séptica). 182, 183 - - sinais radiológicos, 183 - perianiculares. 189 - renal policfstica. 148 - vascular do colágcno, 52 Doppler, calor. 20, 2 1 · da anéria umbilical, 20 - de aona e veia cava. 20 - de nódulo tireoideano, 20, 21 Duodeno - anatomia radiológica do. 116 - diveniculite do, 126 - SEED do, 11 5 - úlcera do. 123. 124

E

Ecocardiografia, 19, 68 Ectopia renal, 141 Edema - alveolar, 73, 74 - - achados radiológicos, 73. 74 - - derrame pleural associado ao, 73. 74 - azotêmico, 73 - "em asa de borboleta". 73 - interst icial, 72 - pulmonar, 49, 52, 72, 73 - - achados radiológicos. 72, 73 - - indicações da causa do, 73 Eletrocardiograma (ECG) - do coração, 87-90 - - acoplada às técnicas-padrão de ressonância magnética - - - gradient-echo (cine-RM), 88-90 - - - spin-echo. 87, 88 - tomografia computadorizada e, em estudo das

coronárias, 78 Embolia pulmonar, 74, 75 - de leve a moderada - - achados radiográficos. 75 - maciça - - achados radiográficos. 74, 75 Empiema pleural, 47 Encondroma, 190 Endocardite, 160 Endoscopia. 1 14 Enfisema pulmonar, 44 - achados radiográficos, 44 - característica do. 44 • cicatricial, 44 - fatores de risco. 44 Entcrite regional, 126. 127 Enteróclise - convencional, 114 - por ressonância magnética. 1 14 Escavação, 42, 43 - do pulmão - - com bola fúngica. 42 - - com presença de líquido, 43 Esclerose do osso subcondral. 157 Escoliose · antálgica, 103, 104 - dorsal. 151 Esofagite - por ingestão de substâncias cáusticas. 1 18 - por refluxo, 118 Esôfago, 118-123 - acalasia, 1 18, 12 1 - anatomia radiológica do - - abdominal, 115 - - cervical. 1 15 - - torácico, 115 - cisto mediastinal de duplicação do, 61, 62 - conlrastado. 32 - desvio ou deslocamento do, 120 - dilatação do, 11 8. 119 - - causas. 118 - diven ículos do, 118. 120, 12 1 - -de Zenker, 120. 12 1 • doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), 120 - estenose do, 118. 119 - - benigna. 119 - - maligna, 119 - falhas de enchimento do. 120 - hérnia de hiato, 122, 123 - leiomioma do, 120 - lesões do. 1 18- 120 - SEED do, 115 - úlceras, 120 - varizes esofágicas. 121 Esofagografia - em doença do refl uxo gastroesofágico (DRGE), 120 - normal. 115 Espectroscopia. 27 Espessamento do interstício - interlobular, 49 - intralobular, 51 Espondilite, 160 - anquilosante. 157. 159, 186, 187 - tuberculosa, 161 Espondiloanropatia(s) soronegativa(s). 186. 187 - anrite psoriásica. 159, 187 -anrite séptica, 187, 188 · espondilite anquilosante, 186, 187 · síndrome de Reiter. 187

Page 173: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

Espondilodiscite. 160. 161 - pós-cirúrgica. 160. 161 - tuberculosa. 161 Espondilólise, 154 Espondi lolistese. 154 Esqueleto torácico. procedimentos na análise da

radiografia do. 33 Estenose -da j unção pielo ureteml. 143 - do esôfago. 118, 11 9 - - benigna. 11 9 - - maligna. 11 9 - do intestino grosso, 127 Estômago. 123-1 26 - anatomia radiológica do, 1 16 - carcinoma. 123-125 - endoscopia digestiva. 124 - lesões inflamató rias. 123 - lesões neoplásicas, 123 - operado, 124- 126 - - c irurgias bariátricas, 124, 125 - - gastrcc tomia parcial - - - com gastroduodenostomia. 124 - - - com gas trojejunostomia. 124 - SEEDdo. 116. 123 - úlcera.péptica. 123. 124

F

Face e c rânio. 166-178 - angiorressonância magnética de. 94 - estudos contrasiados, 170-178 - - a ngiografia cerebral por cateterismo. 170, 171 - - dacriocistografia, 17 1 - - em regiões específicas. 176- 178 - - - cavum. 177, 178 - - - mandíbula, 177 - - - ó rbitas. 177 - - - ossos pró prios do nariz, 177 - - - rochedo e mastóides. 178 - - - seios faciais (parunasais). 176, 177 ---sela turca, 177. 178 - - ressonância magnética. 175. 176 - - - seqüências obtidas na. 175, 176 - - - vantagens, 175 - - sialogralia, 171. 172 - - tomografia computadorizada. 17 1- 175 - - - desvantagens. 173 - - - lesões em relação ao me io de contraste. 175 - - - tipos de imagens, 173. 174 - - - vantagens, 172 - radiologia convencional, 166-169 - - rotina mínima. 166-169 Falhas de e nc himento - do esôfago. 120 - do intestino grosso. 126 ~ Feocromocitoma, 62 Fibroma(s) - desmoplást ico. 192 - não-ossifi cante. 192 Fibrose pulmonar idiopática, 5 1, 52 Fibrossarcoma. 194 Fibrotórax, 4 7 Fígado - características do, 98 - radiografia do, 98 - tomografia computadorizada do. 98 - ultra-sonografia do. 98 - - com c istos hepáticos, 99 - - com hepatite. 98 - - - imagem hipoecóica. 18 - - com massas e nódulos hepáticos. 98. 99 - - nonnal. 18 Fluxometria. ultra-sonografia e. 21 Fotodiodo. 12 Fotomultiplicador. 11 , 12

G

Gadolíneo. 28 Gang lioneuroblastoma. 62 Ganglioneuroma. 62

H

Hamanoma, 40. 41 Hematopoiese extramedular. 67 Hemicúpulas diafragmáticas. procedimentos na análise

da radiografia das. 34

Hemitórax opaco. 47 - causas - - aumento de volume. 4 7 - - redução de volume. 47 - - volume mantido. 47 Hemotórax - causas, 47 - drenagem pleural. 47 Hémia(s) diafragmática(s), 63, 64 - adquiridas, 63 - congênitas, 63 - de Bochdaleck, 63 - de hiato, 63. 122, 123 - - mista, 122, 123 - - paraesof:lgica, 122 - - por deslizamento. 122 - de Morgagni. 63. 64 Hidro nefrose, 143 Hidropneumotórax, 44, 45 Hilos pulmonares. procedimentos na a ná lise da

radiografia dos, 34 Hiperinsuflação pulmonar compensatória. 44 Hipemefroma. 147 Hiperparatireoidismo. 159, 160 Hiperplas ia do rim, 14 1 Hipenensão arterial pulmonar, 44 Hipoplasia do rim, 14 1 Histiocitose de células de Langerhans. 52 Hounsfield. 8. 9 - coeficiente. 9 - unidade, 9

Íleo - adinâmico, 11 O - biliar. 111 lmagem(ns) -deRM - - ausência de sinal, 28 - - hiperintensa , 28 - - hipointensa , 28 - - sinal intennediário. 28 -de US - - anecóica. 15, 16 - - hiperecóica . 15- 17 - - hipoecóica. 15-18 - fonnação de - - e m radiologia . 2-4 - - - equipamentos, 3 - - - qua lidade da. 3. 4 - - e m tomografia co mputadorizada (TC). 8, 1 1-13 - - - aquisição de dados, 12 - - - detectores. 12 - - - dosagem de radiação. 12 - - - meios de cont raste. 12, 13 - plano de, e m TC - - axial (ou transverso). 9, 1 O - - coronal, 9. 1 O - - sagital (ou perfil), 9. 10 - qualidade da, e m radiologia. 3. 4 lmperfuração a nal. 127 lncidê ncia(s) - de Laurell, 4 , 30. 3 1 - do tórax - - ápico-lordótica. 4, 30 - - decúbito lateral, 4, 30. 31 - - - com raios horizontais. 30, 3 1 - - oblíquas, 4. 32 - - perfi l, 4 , 5. 29, 30 - - póstero-anterior (PA), 4 , 5. 29. 30 lnfano{s) - do miocárdio. 91. 92 - pulmonares, 74-76 lnfiltração(ões) intersticia l(is) - nodular. 38 - parenquimatosas. 36 - peribroncovascular, 36. 38 - reticular, 38 - subpleural, 36 Insuficiênc ia cardíaca congesliva (ICC). 75 - em infiltração intersticial peribroncovascular, 36, 38 Intestino, 126-130 - delgado, 126. 127 - - anatomia radiológica, 117 - - enterite regional. 126, 127 - - lesões do, 116 - - trânsito de delgado, 116, 117 - - - preparo. 11 6

Índice Alfabético 199

- - - técnica de exame. 116. 117 - - tuberculose ileocecal, 126 - grosso, 126-130 - - anatomia radiológica, 11 8 - - c lister opaco e com duplo contraste, 117 - - - pre paro, 117 - - - técnica de exame. 11 7, 118 - - de fe ito de rotação, 127 - - d ivertículos. 127, 128 - - doença de Crohn. 129 - - doenças intestinais inflamató rias idiopáticas. 129 - - este nose, 127 - - falhas de enchimento, 126 - - imperfuração anal, 127 - - pólipo de. 128 - - retocolite ulcerativa (RCU), 129, 130 - - tumores, 128. 129 lntussuscepção (invaginação). 11 1-11 3 - imagenologia, 11 2. 11 3 - - clister opaco, 112, 11 3 - - rotina de abdome agudo (RAA). 11 2 - - ultra-sonogra fia. 11 2 - quadro clínico. 111 lodo, 28

J

Janelamento. 9. 11 Junção - duode nojejunal , 115 - esofagogástrica . 1 15 - pieloureteral - - duplicação. 142 - - este nose da. 143

K

Kaposi, sarcoma, 52

L

Laure ll. incidência de. 4, 30, 3 1 Leiomioma(s) - do esôfago, 120 - gástrico, 123 Lesão{ões) - do esôfago. 118-123 - - desvio ou deslocamento. 120 - - di latação do. 118. 1 19 - - diven ículos. 120 - - estenose. 118. 119 - - falhas de enchimento, 120 - - úlceras. 120 - pericárdicas. 62 - residual, 4 7 Linfangioliomiomatose. 49 Linfangite carcinomatosa. 49. 52 Linfografi a, 54 Linfoma(s) - consolidação parenquimatosa. 5 1 - Hodgkin, 59 - não-Hodgkin, 59, 129 - torácico, 40 Linfonodomegalia(s). 39. 40. 59 - causas - - em silicose. 40 - - infecciosas. 40 - - por sarcoidose. 40 - - tumorais. 40 - hi lar, 39, 40 - mediastinais, 39, 59 - paratraqueal, 40 Linite plástica, 124 Lipoma. 192 - intra-ósseo, 193 Loculações, 46, 47 Lordose cervical, 151

M

Magnetização lo ngitudina l. 23 Mal de Pott. 67. 16 1 Mama - punção biópsia da. 21 - ultra-sonogratia da, 20 Mandíbula, rotina radiológ ica . 177

Page 174: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

200 Introdução à Radiologia

Massa(s) - do pulmão. 42 - hepáticas, 98, 99 - paratraqueais, 42 - renais. 146-148 Mastóides. rotina radiológica. 178 Mediastinites, 63. 66, 67 - achados radiográficos. 63. 67 - agudas. 63 - causas, 67 - crônicas. 63 Mediastino. 53-67 - anatomia, 53 - classificações. 53. 54 - dados c línicos, 54 - diagnóstico por imagem, 54-56 - - cintilografia, 55 - - radiografia de tó rax. 54. 55 - - ressonância magnética, 54, 55 - - tomografia computadorizada. 55. 56 - - ultra-sonogralia. 55 - - - transesofágica, 55 - divisão. 53, 54 - doenças do, 56-67 - - aneurismas. 59-61 • • ciitO - - - broncogênico, 6 1, 62 - - - de dupl icação do esôfago, 6 1. 62 - - - neuroentérico, 6 1. 62 - - hematopoiese extramedular. 67 - - hérnias diafragmáticas, 63. 64 - - lesões pericárdicas. 62 - - linfonodomegalias, 59 - - mal de Poli. 67 - - mediastinites. 63, 66. 67 - - megaesôfago, 63, 65 - - pneumomediastino. 63, 66 - - tumores - - - da tireóide e paratireóide. 58, 59 · - - - de células germinativas. 56, 58 - - - neurogênicos. 62. 63 - - - tímicos, 56. 57 - funções, 53 - procedimentos na anál ise da radiografia do. 34 Megaesôfago, 63. 65 - por doença de Chagas, 63. 65 Meios de contraste, 5-7 - anificiais, 5-7 - - à base de iodo. 6. 7 - - à base de sulfato de bário. 5. 6 - em aparelho urinário, 140, 141 - - contra-indicações ao contraste iodado, 140. 14 1 - - reações aos - - - idiossincrásicas, 140 - - - não-idiossincrásic?s~ 140 - - - profi laxia das, 140 - naturais (ar), 5, 6 -usoemTC - - orais, 12. 13 - - reiais. 12 - - venosos. 12. 13 Meningocele, 63 M11/1islices. 11

N

Nariz, ossos do, rotina radiológica. 177 Necrose das papi las renais. 145 Nefroblastoma, 148 Neurilemoma, 62 Neuroblastoma, 62 Neurofibroma, 62 Nódulos. 40-42 - centrolobulares. 50 - com calcificação do parênquima, 43 - de Ghon. 43 - grandes e múltiplos. 41. 42 - - causas. 42 - hepáticos, 98. 99 - pequenos e múhiplos. 38. 4 1 - - do espaço aéreo. 4 1 - - intersticiais, 41 - perilinfáticos. 50 - pulmonar solitário. 40. 41 - - causas. 40 - - cri1érios de benignidade. 40. 41 - randômicos, 50 - tireoideano. 20. 2 1

o Obstrução. 11 O - do cólon - - adenocarcinoma colorretal. 11 3 - - causa. 113 - - quadro clínico, 1 13 - do intestino delgado - - imagcnologia, 1 1 1 - - quadro c lfnico. 11 1 - em abdome agudo - - funcional. 11 O - - mecânica, 110, 111 Opacidade cm vidro fosco. 50. 5 1 Órbitas. rotina radiológica, 177 Ossos e aniculações, 179-195 - anatomia radiológica. 179. 180 - doenças anicularcs. 183-188 - - anrite reumatóide, 184-1 86 - - doença anicular degenerativa, 184 - - espondiloanropatias soronegativas, 186. 187 - - - anrite psoriásica. 187 - - - artrite séptica. 187. 188 - - - espondilite anquilosante. 186, 187 - - - síndrome de Reiter. 187 - doenças ósseas. 182. 183 - - métodos diagnósticos. 183 - - osteomielite (anrite séptica). 182. 183 - - sinais radiológicos. 183 - doenças perianicularcs, 189 - próprios do nariz. rotina radiológica. 177 - semiologia óssea e anicular e lementar, 180- 182 - tumores ósseos. 189-195 - - benignos. 189-193 - - - formadores - - - - de can ilagem, 190- 192 - - - - de tecido adiposo, 192, 193 - - - - de tecido conjuntivo. 192 - - - - de tecidos ósseos. 189. 190 - - - tumores raros, 193 - - malignos, 193-195 - - - formado res de canilagem. 194 - - - formadores de osso. 193. 194 - - - tumores da medula óssea. 194. 195 Osteoblastoma, 190 Osteocondroma, 190 Osteodistrofia renal. 160 Osteoma(s) - enostosc e ilhotas de osso denso. 189 - osteóide. 189 Ostcomielite (anrite séptica ), 182. 183 - crônica. 182 - na calota craniana. 182 - pélvica. 182 - piogênica. 160 Osteoporose, 159, 180 Osteossarcoma, 193

p

Padrão(ões) de tempo. em ressonância magnética - de eco (TE). 26 - de relaxamento 1 (TI), 23, 26 - de relaxamento 2 (T2), 23, 26 - de repetição (TR). 25, 26 Padrão(ões) radiológico(s) - do tórax - - alveolar. 36 - - intersticial, 36 - na TCAR. 48-51 - - cístico. 49 - - consolidação do espaço aéreo. 5 1 - - nodular, 49. 50 - - opacidade em vidro fosco. 50. 51 - - reticular. 51 - - septal. 49 Pâncreas - colangiopancreatogralia ret rógrada endoscópica (CPRE)

do, 101 ·ressonância magnética do, 101 - tomografi a computadorizada. 100, 101 - ultra-sonografia do. 100. 101 - - normal. 100 - - - imagem hipoecóica, 16 Pancreatite - aguda. em abdome agudo inflamatório. 107. 108 - - características da. 107 - - etiologia, 107 - - imagenologia

- - - estudos contrastados. 107 - - - rotina de abdome agudo (RAA). 107 - - - tomografia computadorizada, 107, 108 - - quadro clínico. 107 - crônica, em radiologia abdominal. 98 Paquipleuris. 47 - calcificado. 47 Paraganglioma. 62 Paratireóide - adenoma de, 59 - tumor da. 58, 59 Panes moles. procedimentos na análise da radiografia

das. 33 Pielografia, 6. 7. 134. 135 - retrógrada, 134. 135 - - desvantagens. 134 - - indicações. 134 - - vantagens. 134 Pielonefrite. 144, 145 Pleura, procedimentos na análise da radiografia da. 34. 35 Pneumectomia. em hemitórax opaco, 47 Pneumocitose. 51 Pneumomediastino. 54, 63. 66 Pneumonia - criptogênica cm organi1,ação. 52 - em todo o pulmão. em hemitórax opaco. 47 - eosinóli la. 52 Pneumonite por sensibilidade, 52 Pneumoperitônio. 54. 104 Pneumotórax. 31. 44. 45 ·achados radiográficos. 44, 45 - característica, 44 - causas. 44 - de natureza traumática, 44 - espontâneo. 44 - hipenensivo, 44, 45 - não-hipertensivo. 44 - provocado, 54 Pólipo de intestino grosso. 128 Proteinosc alveolar, 5 1 Pseudo-aneurisma. 82. 85 Pseudocisto. 1O1 Pulmão(ões) - agenesia de, em hemitórax opaco. 47 - anérias do. tomografia computadorizada das, 85. 86 - - comentários, 86 - - protocolo básico. 86 - destruído por inflamação, em hemitórax opaco, 47 - procedimentos na análise da radiografia dos. 35 - tumor de - - c inti lografia. 13 - - mapeamento de metástascs de. 13 - - TC com c intilogralia. 13 Punção(õcs) - aspirativas. 21 - biópsia da mama. 2 1 - drenagem, 21

R

Radiação X. 1 - dose de, 12, 48 - efeitos bio lógicos da. 4 - - meios de proteção. 4 - produção da. 2 Radiografia(s) - avaliação da qualidade da. do tórax. 32, 33 - - centra lização. 33 - - fase respiratória. 33 - - identificação da radiografia, 33 - - penetração, 33 - - rotação, 33 - do abdome - - agudo. 103 - - normal, 96-98 - - - apagamento da borda do músculo psoas. 97 - - - calcificações abdominais. 97. 98 - - - distribuição dos gases. 97 - cm ápico-lordótica, 30 - em decúbito lateral com raios horizontais. 30, 3 1 - em inspiração e expiração. 3 1. 32 - em PA, 29, 30 - em perli l. 29, 30 - penetradru>, 32 Radiologia - histórico. 1

- no Brasil. 1 - rot ina mínima de exames em. 7

Page 175: Introdução à Radiologia -Edson Marchiori & Maria Lucia Santos (1)

202 Introdução à Radiologia

- - ápico-lordótica, 4, 30 - - decúbito lareral. 4, 30, 3 1 - - - com raios horizonrais, 30 - - oblíquas, 4 - - perfil , 4. 5, 29. 30 - - póstero-anrerior (PA), 4. 5. 29, 30 - padrões básicos da radiologia do. 36 - - alveolar. 36, 37 - - atelectasia. 37-39 - - calcificações. 43 - - derr:ime pleural, 45-47 - - enfisema pulmonar, 44 - - escavação, 42, 43 - - hemitórax opaco, 47 - - hemotórax. 47 - - intersticial, 36, 38 - - linfonodomegal ias, 39, 40 - - massas. 42 - - nódulos, 40-42 - - - critérios de benignidade, 40, 41 - - - grandes e múltiplos, 42 - - - pequenos e múltiplos. 41 - - - pulmo nar solilário, 40 - - pnewmotórax. 44. 45 - - sinal da silhueta, 37. 39 - raios X do, 4, 5 - - em ortostase. 5 - - cm PA, 4, 5 - - em perfil, 4, 5 - romografia linear do, com nódulo - -em PA, 8 - -em perfil, 8 Tractografia, 27 Trânsito de delgado, 1 14, 1 16, 1 17 - anatomia radiológica, 117 - preparo. 116 - técnica de exame, 11 6, 117 Trauma, da coluna vertebral, 164. 165 - fratura, com colapso, 164, 165 - lesões traumáticas, 164, 165 - luxação da, 164, 165 Tromboembolia pulmonar (TEP), 74-76, 85 - angiotomografia compuiadorizada para estudo

da, 85, 86 - - comentários, 86 - - protocolo básico, 86 - embolia pulmonar leve a moderada - - achados radiográficos, 75 - embolia pulmonar maciça - - achados radiográficos, 74. 75 - infartos pulmonares. 75, 76 Tuberculose. 47 - ileocecal, 126 - miliar, 50 - renal. 146 - vertebral, 67, 161 Tumor(es) - da medula óssea, 194. 195 - - mieloma, 195 - - sarcoma de Ewing. 194. 195 - de pulmno - - cint ilografia, 13 - - em hemitórax opaco. 4 7 - - mapeamento de metástases de, 13

- - TC com cintilografia. 13 - do intestino grosso. 128, 129 - - benignos, 128 - - malignos. 128. 129 - dos gânglios - - parassimpáticos, 62 - - simpáticos. 62 - dos nervos periféricos, 62 - mediastinais - - da tireóide e paratireóide, 58, 59 - - de células germinativas, 56, 58 - - neurogênicos, 62, 63 - - - classificação. 62 - - tímicos, 56, 57 - ósseos, 189-195 - - benignos. 189-193 - - - formadores - - - - de carti lagem, 190-192 - - - - de recido adiposo, 192, 193 - - - - de recido conjuntivo, 192 - - - - de tecidos ósseos, 189, 190 - - - rumores raros, 193 - - malignos. 193-195 - - - formadores de cartilagem, 194 - - - formadores de osso, 193. 194 - - - rumores da medula óssea, 194, 195 - raros - - adamantinoma de ossos longos, 193 - - cordoma, 193 - renais - - benignos. 147 - - malignos. 147. 148

u Úlcera(s) - da nona, 82. 83 - - esquema de apresentação da. 83 - do esôfago. 120 - duodenal, 124 - gástrica - - benigna, 124 - - maligna. 124 - péprica, 123, 124 Ultra-som (US), 1 Ultra-sonografia. 1, 14-22 - aparelho de, 15 - da bexiga, 16 - da mama, 20, 21 - da tireóide. 16, 18 - da vesícula biliar, 16, 17 - do fígado, 18 - do pâncreas, 16 - dos rins. 17, 19, 136, 137 - - características à, 137 - - com cálculo, imagem hiperecóica, 17 - - com insufic iência crônica, imagem hiperecóica, 19 - - cortical, imagem hipoecóica. 17 - - indicações. 137 - - no seio renal, imagem hipoecóica, 17 - - normal, 19 - imagem - - anecóica, 15. 16 - - hiperecóica, 15-17

- - hipoecóica, 15- 18 - - q ualidade da, 15 - obstérrica, 2 1. 22 - princípios de, 14 - procedimentos, 14, 15 - transdutores, 15 Ureter(es) - anatomia radiológica, 132 - pielografia retrógrada. 134. 135 - - desvaniagens, 134 - - indicações, 134 - - vantagens, 134 Uretra, 132. 137-140 - anaiomia radiológica, 132 - uretrocistografia - - miccional. 139, 140 - - - indicações, 138 - - - rorina. 139, 140 --retrógrada, 137, 139 - - - indicações, 137, 138 Uretrocistografia, 6, 137-140 - miccional. 139. 140 - - indicações, 138 - - rotina, 139, 140 - retrógrada. 137, 139 - - indicações. 137, 138 Urografia, 6, 133. 134, 145-1 47 - excretora (UE), 133 - - indicações, 133 - - rotina, 133, 134 - pelo drippi11g (bolo de contraste). indicações, 134

V

Valva ileocecal. 116, 11 7 Varizes esofágicas. 121 Vasculopatia arterial , 94. 95 Vasos do pescoço. angiorressonância magnética dos. 94 Veia(s) - angiorressonânc ia magnética das, 94, 95 - cava, color Doppler de. 20 - dos membros inferiores, angiorressonância magnérica

das. 95 Venografia, 55 Ventriculografia. 79, 81 Vesícula biliar (VB). 99. 100 - colelirfase, 100 - - e lama biliar. 100 - escleroatrófica, 100 - ultra-sonografiada. 16. 17. 99. 100 - - com cálculo, imagem hiperecóica. 16 - - normodistendida, imagem anecóica, 16 Vólvulo (volvo). 103. 104. 113

w Westermark. sinal radiológico. 75 Wilms. tumor de, 148

z Zenker. divertículo de, 120, 121