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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE INFORMÁTICA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO INTRODUÇÃO A SIG - SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS por JUGURTA LISBOA FILHO T.I. nº 491 CPGCC-UFRGS Dezembro 1995 Trabalho Individual I Prof. Dr. Cirano Iochpe Orientador Porto Alegre, dezembro de 1995

Introdução a SIG

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Page 1: Introdução a SIG

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE INFORMÁTICA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

INTRODUÇÃO A SIG - SISTEMAS

DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS

por

JUGURTA LISBOA FILHO

T.I. nº 491 CPGCC-UFRGS Dezembro 1995

Trabalho Individual I

Prof. Dr. Cirano Iochpe

Orientador

Porto Alegre, dezembro de 1995

Page 2: Introdução a SIG

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CIP - CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

LISBOA FILHO, JugurtaIntrodução a SIG - Sistemas de Informações

Geográficas / Jugurta Lisboa Filho. - Porto Alegre:CPGCC da UFRGS, 1995.

69p. - (TI - 491)

Trabalho orientado pelo Prof. Cirano Iochpe1. Informação Georeferenciada. 2. SIG. 3. Banco de

Dados Espacial. 4. Banco de Dados Geográfico. 5.Sistemas de Geoprocessamento. I. Iochpe, Cirano, II.Título. III. Série.

Page 3: Introdução a SIG

3

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. 6

RESUMO................................................................................................................ 7

ABSTRACT ............................................................................................................ 8

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9

1.1 Disciplinas e Tecnologias Envolvidas............................................................. 11

1.2 Principais Áreas de Aplicação........................................................................ 12

1.2.1 Ocupação Humana........................................................................................ 12

1.2.2 Uso da Terra ................................................................................................. 13

1.2.3 Uso de Recursos Naturais.............................................................................. 13

1.2.4 Meio Ambiente .............................................................................................. 13

1.2.5 Atividades Econômicas.................................................................................. 13

2 DADOS GEOGRÁFICOS ................................................................................ 14

2.1 Mapas e Conceitos de Cartografia................................................................. 14

2.2 Natureza dos Dados Geográficos ................................................................... 17

2.3 Fontes de Dados.............................................................................................. 18

2.4 Métodos para Aquisição de Dados................................................................. 19

2.5 Qualidade dos Dados...................................................................................... 20

3 ARMAZENAMENTO DE DADOS EM SIG ................................................... 22

3.1 Conceitos Básicos em BD Espaciais ............................................................... 23

3.1.1 Identidade ..................................................................................................... 23

3.1.2 Entidade........................................................................................................ 23

3.1.3 Objeto ........................................................................................................... 23

3.1.4 Tipo de Entidade ........................................................................................... 23

3.1.5 Tipo de Objeto Espacial ................................................................................ 23

3.1.6 Classe de Objeto............................................................................................ 24

3.1.7 Atributo ......................................................................................................... 24

3.1.8 Valor de Atributo........................................................................................... 24

3.1.9 Camada (layer) ............................................................................................. 24

3.2 Modelos de Dados para SIG........................................................................... 25

3.3 Tipos de Objetos Espaciais............................................................................. 27

Page 4: Introdução a SIG

4

3.3.1 Dados do Tipo Ponto..................................................................................... 27

3.3.2 Dados do Tipo Linha..................................................................................... 28

3.3.3 Dados do Tipo Área....................................................................................... 29

3.3.4 Representação de Superfícies Contínuas........................................................ 30

3.4 Tipos de Relacionamentos entre Objetos Espaciais ...................................... 31

3.4.1 Exemplos de Relacionamentos Espaciais ....................................................... 32

3.5 Topologia em Banco de Dados ....................................................................... 34

3.6 Modelos de Representação de Dados Georeferenciados ............................... 36

3.6.1 Modelo Matricial (ou Raster) ........................................................................ 38

3.6.1.1 Técnica Run-Length Encoding ................................................................... 39

3.6.1.2 Quadtrees ................................................................................................... 40

3.6.2 Modelo Vetorial............................................................................................. 41

3.6.2.1 Estrutura de Dados para Armazenar Pontos ................................................ 43

3.6.2.2 Estrutura de Dados para Armazenar Linhas ................................................ 43

3.6.2.3 Estrutura de Dados para Armazenar Polígonos ........................................... 44

3.6.3 Comparação entre os Modelos Raster &Vetorial........................................... 46

4 ANÁLISE DE DADOS ESPACIAIS EM SIG.................................................. 48

4.1 Classificação de Funções de Análise .............................................................. 48

4.1.1 Funções de Manutenção e Análise de Dados Espaciais ................................. 49

4.1.1.1 Transformações de Formato........................................................................ 49

4.1.1.2 Transformações Geométricas...................................................................... 50

4.1.1.3 Transformações entre Projeções Geométricas ............................................. 50

4.1.1.4 Casamento de Bordas.................................................................................. 51

4.1.1.5 Edição de Elementos Gráficos .................................................................... 51

4.1.1.6 Redução de Coordenadas............................................................................ 51

4.1.2 Manutenção e Análise de Atributos Descritivos ............................................. 52

4.1.2.1 Edição de Atributos Descritivos.................................................................. 52

4.1.2.2 Consulta a Atributos Descritivos................................................................. 52

4.1.3 Análise Integrada de Dados Espaciais e Descritivos...................................... 52

4.1.3.1 Funções de Recuperação/Classificação e Medidas....................................... 53

4.1.3.2 Funções de Sobreposição de Camadas (overlay) ......................................... 54

4.1.3.3 Funções de Vizinhança ............................................................................... 55

4.1.3.4 Funções de Conectividade .......................................................................... 57

4.1.4 Formatação de Saída..................................................................................... 59

4.1.4.1 Anotações em Mapas.................................................................................. 59

Page 5: Introdução a SIG

5

4.1.4.2 Posicionamento de Rótulos......................................................................... 59

4.1.4.3 Padrões de Textura e Estilos de Linhas ....................................................... 59

4.1.4.4 Símbolos Gráficos ...................................................................................... 59

4.2 Um Exemplo de Análise Espacial .................................................................. 60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 67

Page 6: Introdução a SIG

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Aspectos Tecnológicos de SIG [ANT 91] ........................................... 12

Figura 2.1 - Exemplo de Mapas Temáticos [RAM 94] ........................................... 15

Figura 3.1 - Tipos Básicos de Objetos Espaciais .................................................... 24

Figura 3.2 - Modelos de Dados - Visão de Campo ................................................. 26

Figura 3.3 - Tabela de Atributos com dados espaciais ............................................ 28

Figura 3.4 - Exemplos de Estrutura de Rede [NCG 90].......................................... 28

Figura 3.5 - Distribuição Espacial de Áreas ........................................................... 29

Figura 3.6 - Distribuição Espacial com "buracos" ou "ilhas" .................................. 30

Figura 3.7 - Elevações em projeção tridimensional ................................................ 31

Figura 3.8 - Processo de Construir Topologia ........................................................ 35

Figura 3.9 - Estrutura de dados com topologia ....................................................... 36

Figura 3.10 - Exemplo de representação raster e vetorial ....................................... 37

Figura 3.11 - Técnica Run-Length Encoding [ARO 89] ......................................... 39

Figura 3.12 - Exemplo de estrutura quadtree [RAM 94]......................................... 41

Figura 3.13 - Estrutura de Dados para Rede [NCG 90]........................................... 43

Figura 3.14 - Representação em Grafos Não-direcionados [LAU 92]..................... 44

Figura 3.15 - Relacionamento de Polígonos Adjacentes [NCG 90]......................... 45

Figura 3.16 - Modelo Raster X Modelo Vetorial.................................................... 47

Figura 4.1 - Classificação de Funções de Análise [ARO 89] .................................. 49

Figura 4.2 - Exemplo de Operação de Redução de Coordenadas ............................ 51

Figura 4.3 - Funções de Generalização .................................................................. 53

Figura 4.4 - Operações de Sobreposição de Camadas............................................. 54

Figura 4.5 - Exemplo de Operação de Interpolação................................................ 56

Figura 4.6 - Exemplo de zonas de buffer ............................................................... 58

Figura 4.7 - Exemplo de BD Geográfico................................................................ 60

Figura 4.8 - Passo 1 - Selecionar Espécies de Pinus ............................................... 61

Figura 4.9 - Passo 2 - Selecionar Solos Bem Drenados .......................................... 61

Figura 4.10 - Passos 3 e 4 - Identificar Áreas Longe de Lago................................. 62

Figura 4.11 - Passo 5 - Selecionar Espécies e Solos Adequados ............................. 62

Figura 4.12 - Passo 6 - Resultado Final do Processo de Análise Espacial ............... 63

Figura 5.1- Tipos de modelos relacionados com SIG ............................................. 65

Page 7: Introdução a SIG

7

RESUMO

Sistemas de Informações Geográficas (SIG) são sistemas computacionais

capazes de capturar, armazenar, analisar e imprimir dados referenciados espacialmente

em relação à sua localização sobre a superfície terrestre. Os SIG são usados no suporte

às aplicações na área de Geoprocessamento, uma área multidisciplinar que engloba

conhecimentos de diferentes campos, como Geografia, Cartografia, Geodésia,

Sensoriamento Remoto, Ciência da Computação e diversos ramos da Engenharia e

Matemática.

Este trabalho apresenta um estudo inicial dos diferentes conceitos empregados

em SIG, com ênfase nos tipos de dados manipulados, nos métodos de armazenamento de

dados usados e nos tipos de operações disponíveis nesses sistemas.

PALAVRAS-CHAVE : Informação Georeferenciada, SIG, Banco de Dados Espacial, Banco de Dados Geográfico, Sistemas de Geoprocessamento.

Page 8: Introdução a SIG

8

ABSTRACT

Geographic Information Systems (GIS) are computing systems able to capture,

store, analyse, and print spatially referenced data related with their position in the earth's

surface. GIS are used to support applications in Geomatics area, a multidisciplinary area

which includes knowledge of different fields as Geography, Cartography, Geodesy,

Remote Sensing, Computer Science and other branches of Engineering and Mathematics.

This work presents a beginning study of different concepts applied to GIS, with

emphasis in the manipulated data types, data management methods and the functions of

analysis available in these systems.

KEYWORDS : Geographically referenced data, GIS, Spatial Database, Geographic Database, Geoprocessing Systems.

Page 9: Introdução a SIG

9

1 INTRODUÇÃO

Sistemas de Informações Geográficas (SIG) são sistemas computacionais

capazes de capturar, armazenar, consultar, manipular, analisar, exibir e imprimir dados

referenciados espacialmente sobre/sob a superfície da Terra [RAP 92].

Diversas definições são encontradas na literatura, umas mais genéricas, como esta

e outras mais específicas, incluindo detalhes das aplicações ou tecnologias empregadas.

A seguir são listadas algumas definições encontradas em [NCG 90]:

"Um SIG é uma forma particular de Sistema de Informação aplicado a dados

geográficos".

"Um SIG manipula dados referenciados geograficamente assim como dados

não-espaciais e inclui operações para suportar análises espaciais".

"Um SIG pode ser visto como um sistema de hardware, software e

procedimentos projetados para suportar captura, gerenciamento,

manipulação, análise, modelagem e consulta de dados referenciados

espacialmente, para solução de problemas de planejamento e

gerenciamento".

Existem outros sistemas que também manipulam dados espaciais (ex. AutoCad e

pacotes estatísticos). Porém, os SIG se caracterizam por permitir ao usuário, a realização

de complexas operações de análise sobre os dados espaciais.

Uma das vantagens dos SIG é que eles podem manipular dados gráficos e não-

gráficos de forma integrada, provendo uma forma consistente para análise e consulta

envolvendo dados geográficos. Pode-se permitir, por exemplo, acesso a registros de

imóveis a partir de sua localização geográfica. Além disso, podem fazer conexões entre

diferentes entidades, baseados no conceito de proximidade geográfica.

Page 10: Introdução a SIG

10

Normalmente, os SIG são desenvolvidos de forma integrada ou suportados por

um SGBD - Sistema Gerenciador de Banco de Dados [ESR 91]. Os dados gerenciados

pelos SIG podem ser classificados em três categorias principais: dados convencionais,

dados espaciais e dados pictórios [Ooi 90]. Estas estruturas de dados possibilitam o

armazenamento de informações sobre a localização geográfica, características

estruturais, geométricas e topológicas de entidades pertencentes a um determinado

domínio.

Pesquisas na área dos SIG tiveram início na década de 60, variando em

terminologia de acordo com a área de aplicação a que se destinavam. Termos como

Land Information System (LIS), Automated Mapping/Facilities Management (AM/FM),

Computer-Aided Drafting and Design (CADD), Multipurpose Cadastre e outros, foram

usados para identificar sistemas, em diferentes áreas da atividade humana, que têm como

característica comum, o tratamento de informações geográficas, ou seja, informações

com atributos associados a uma localização determinada dentro de um sistema de

coordenadas.

O gerenciamento de informações geográficas teve sua origem na metade do

século XVIII, quando, a partir do desenvolvimento da cartografia, foram produzidos os

primeiros mapas com precisão. Os SIG começaram a ser pesquisados paralelamente, e de

forma independente, em diversos países como EUA, Canadá e Inglaterra. Desde a

década de 60, a tecnologia de SIG tem sido utilizada em diferentes setores como

agricultura, exploração de petróleo, controle de recursos naturais, sócio-econômicos e

controle do uso da terra [ANT 91].

Os primeiros SIG eram dirigidos, principalmente, para o processamento de

atributos de dados e análises geográficas, mas possuíam capacidades gráficas

rudimentares. A partir das décadas de 70 e 80, o aumento na capacidade de

processamento dos computadores, aliado à redução dos custos de memória e hardware

em geral influenciaram substancialmente o desenvolvimento dos SIG. Também o

desenvolvimento de dispositivos de alta tecnologia, como monitores de vídeo coloridos e

"plotters" a jato de tinta, contribuíram para disseminar o uso da tecnologia. Os primeiros

sistemas comerciais começaram a surgir no início da década de 80, o sistema ARC/INFO

da Environment Systems Research Institute (ESRI) foi um dos primeiros. A integração

com a tecnologia de gerenciamento de banco de dados foi outro marco importante no

desenvolvimento desses sistemas [ESR 91].

Page 11: Introdução a SIG

11

1.1 Disciplinas e Tecnologias Envolvidas

O termo Geoprocessamento tem sido usado para caracterizar uma área

multidisciplinar, que envolve conhecimentos de diferentes disciplinas, como por exemplo,

Geografia, Cartografia, Ciência da Computação, Sensoriamento Remoto, Fotogrametria,

Levantamento de Campo, Geodésia, Estatística, Pesquisas Operacionais, Matemática,

Engenharia, etc.

Sistema de Geoprocessamento classifica os sistemas computacionais capazes de

capturar, processar e gerenciar dados geo-espaciais (ou georeferenciados), isto é,

objetos com atributos contendo informações sobre sua localização geográfica em relação

a um sistema de coordenadas. Como exemplos de sistemas de Geoprocessamento

podemos citar: Sistemas de Cartografia Automatizada (CAC), Sistemas de

Processamento de Imagens, Sistemas de CAD e principalmente, os SIG.

Bancos de Dados Espaciais é o nome atribuído aos sistemas capazes de

gerenciar dados com representação geométrica. São utilizados em diversas áreas não só

as ligadas a Geoprocessamento, como também Medicina, Astronomia, etc [MED 94]. O

termo Banco de Dados Geográficos caracteriza os sistemas de Banco de Dados

Espaciais utilizados em aplicações de Geoprocessamento, ou seja, são uma

especialização dos sistemas de Banco de Dados Espaciais [CAM 94].

O termo Geomatics, usado no Canadá, é um termo "guarda-chuva" que engloba

assuntos relacionados a cadastro, levantamento, mapeamento, sensoriamento remoto e

SIG [BEA 95]. Segundo [GEO 95], Geomatics é o campo de atividades que, utilizando

uma abordagem sistêmica, integra todos os meios empregados na aquisição e

gerenciamento de dados espaciais usados em aplicações científicas, administrativas,

legais e técnicas, envolvidas no processo de produção e gerenciamento de informação

espacial. No Brasil, o termo equivalente para Geomatics seria Geoprocessamento, que

também engloba diversas disciplinas relacionadas a dados referenciados geograficamente.

Segundo [ANT 91], os SIG constituem-se na integração de três aspectos

distintos da tecnologia computacional (Figura 1.1): Gerenciamento de Banco de Dados

(dados gráficos e não gráficos), Procedimentos para obtenção, manipulação, exibição e

impressão de dados com representação gráfica e, por último, Algoritmos e técnicas para

análise de dados espaciais.

Page 12: Introdução a SIG

12

SIG

Gerenciamento deBanco de Dados

Ferramentas paraAnálise Espacial

CapacidadesGráficas

Figura 1.1 - Aspectos Tecnológicos de SIG [ANT 91]

Dentro da área de Computação participam ainda, diversos outros domínios,

como por exemplo, Processamento de Imagens, Computação Gráfica, Banco de Dados,

Algoritmos, Interface com Usuário, Inteligência Artificial, Sistemas Distribuídos e

Engenharia de Software.

1.2 Principais Áreas de Aplicação

O universo de problemas onde os SIG podem atuar com contribuições

substanciais é muito vasto. Atualmente, estes sistemas têm sido utilizados principalmente

em órgãos públicos nos níveis federal, estadual e municipal, em institutos de pesquisa,

empresas de prestação de serviço de utilidade pública (ex. companhias de água, luz,

telefone, etc), na área de segurança militar e em diversos tipos de empresas privadas.

A seguir listamos diversas áreas de aplicação, classificadas em cinco grupos

principais, segundo [RAM 94].

1.2.1 Ocupação Humana

Planejamento e Gerenciamento Urbano - Redes de infra-estrutura como água,

luz, telecomunicações, gás e esgoto, Planejamento e supervisão de limpeza urbana,

Cadastramento territorial urbano e Mapeamento eleitoral;

Saúde e Educação - Rede hospitalar, Rede de ensino, Saneamento básico e

Controle epidemiológico;

Page 13: Introdução a SIG

13

Transporte - Supervisão de malhas viárias, Roteamento de veículos, Controle de

tráfego e Sistema de informações turísticas.

Segurança - Supervisão do espaço aéreo, marítimo e terrestre, Controle de

tráfego aéreo, Sistemas de cartografia náutica, Serviços de atendimentos emergenciais.

1.2.2 Uso da Terra

Planejamento agropecuário; Estocagem e escoamento da produção agrícola;

Classificação de solos e vegetação; Gerenciamento de bacias hidrográficas; Planejamento

de barragens; Cadastramento de propriedades rurais; Levantamento topográfico e

planimétricos; e Mapeamento do uso da terra.

1.2.3 Uso de Recursos Naturais

Controle do extrativismo vegetal e mineral; Classificação de poços petrolíferos;

Planejamento de gasodutos e oleodutos; Distribuição de energia elétrica; Identificação de

mananciais e Gerenciamento costeiro e marítimo.

1.2.4 Meio Ambiente

Controle de queimadas; Estudos de modificações climáticas; Acompanhamento

de emissão e ação de poluentes; e Gerenciamento florestal de desmatamento e

reflorestamento.

1.2.5 Atividades Econômicas

Planejamento de marketing; Pesquisas sócio-econômicas; Distribuição de

produtos e serviços; Transporte de matéria-prima e insumos.

Os capítulos seguintes estão organizados da seguinte forma: o capítulo 2

descreve os tipos de dados manipulados em SIG e também faz uma revisão dos

principais conceitos relacionados a Cartografia, que são freqüentemente mencionados na

literatura de Geoprocessamento. O capítulo 3 trata do armazenamento de dados,

descrevendo os diferentes modelos de dados conceituais e lógicos, utilizados nos SIG. O

capítulo 4 é dedicado à utilização dos SIG, onde são descritas as principais funções de

análise espacial. Por último algumas conclusões são apresentadas.

Page 14: Introdução a SIG

14

2 DADOS GEOGRÁFICOS

Dados geo-espaciais (ou georeferenciados) é o nome atribuído às informações

utilizadas pelas aplicações de Geoprocessamento. Conforme dito anteriormente, estes

dados recebem esta denominação, por possuírem atributos relacionados a sua localização

geográfica dentro de um sistema de coordenadas.

Devido às características das aplicações de Geoprocessamento, a obtenção dos

dados é feita, em sua maioria, a partir de fontes brutas de dados, ou seja, as aplicações

tratam com entidades ou objetos físicos distribuídos geograficamente como, por exemplo

rios, montanhas, ruas, lotes, etc. Isto torna o processo de obtenção de dados uma das

tarefas mais difíceis e importantes no desenvolvimento destes sistemas. Um SIG pode ser

alimentado por informações de diversas fontes, empregando tecnologias como

digitalização de mapas, aerofotogrametria, sensoriamento remoto, levantamento de

campo, etc [ROD 90].

Nas seções seguintes, estão descritos diversos conceitos relacionados com os

dados georeferenciados, que são normalmente empregados em SIG. Inicialmente são

apresentados os conceitos herdados da Cartografia, seguindo-se uma caracterização dos

tipos de dados georeferenciados. Uma descrição das principais fontes de dados e dos

métodos de aquisição empregados é dada a seguir e por último são descritos os

problemas relacionados com as imprecisões dos dados, decorrentes dos processos de

aquisição e representação.

2.1 Mapas e Conceitos de Cartografia

Os mapas, tradicionalmente, têm sido as principais fontes de dados para os SIG.

Um mapa é uma representação, em escala e sobre uma superfície plana, de uma seleção

de características abstratas sobre ou em relação à superfície da terra [NCG 90].

Page 15: Introdução a SIG

15

A confecção de um mapa requer, entre outras coisas, a seleção das características

a serem incluídas no mapa, a classificação dessas características em grupos, a

simplificação para representação, a ampliação de certas características para que possam

ser representadas e a escolha de símbolos para representar as diferentes classes.

Mapas topográficos têm sido tradicionalmente elaborados com o objetivo de

atender a uma infinidade de propósitos, enquanto que os mapas "temáticos" são

elaborados com objetivos mais específicos, como por exemplo para representar a

hidrografia de uma região, estradas de rodagem, tipos de solos, etc [BUR 86]. Em um

SIG, a idéia de mapas "temáticos" é implementada empregando-se o conceito de

camadas, onde, para uma mesma região podem ser criadas diversas camadas de dados,

uma para cada tema a ser representado (Figura 2.1). Isto facilita a realização de

operações de análise. Por exemplo, os SIG fornecem ferramentas de análise que são

capazes de obter resultados para consultas do tipo: "Identifique todas as áreas com um

determinado tipo de solo e que estejam acima de uma determinada altitude", o que seria

feito a partir da combinação de dois mapas temáticos, um sobre tipos de solos e outro

sobre altimetria.

3536373839

R.1R.2

solo

zoneamento

infraestrutura

propriedades

controle topográfico

planimetria

controle geodésico

distritamentopolítico-administrativo

Realidade Geo-Espacial

Figura 2.1 - Exemplo de Mapas Temáticos [RAM 94]

Page 16: Introdução a SIG

16

Dois conceitos relacionados com a construção de mapas, que são a escala e a

projeção utilizadas, precisam ser bem compreendidos.

A escala de um mapa é a razão entre as distâncias no mapa e suas

correspondentes distâncias no mundo real. Por exemplo, em um mapa de escala

1:50.000, um centímetro no mapa corresponde a 50.000 cm (ou 500m) na superfície da

terra. Uma escala grande como a de 1:10.000 (1cm no mapa corresponde a 100m reais),

é suficiente para representar o traçado urbano de ruas em uma cidade. Porém, é

insuficiente caso a aplicação necessite manipular informações a nível de lotes urbanos. Já

em uma escala pequena, tipo 1:250.000 ( 1cm no mapa corresponde a 2,5Km reais),

somente grandes características podem ser representadas, como por exemplo, tipos de

solos, limites municipais, rodovias, etc.

A superfície curva da terra, tem que ser representada em mapas, que

normalmente são confeccionados sobre uma superfície plana, o que inevitavelmente

ocasiona distorções. Projeção é um método matemático, pelo qual a superfície curva da

terra é representada sobre uma superfície plana. Existem diferentes tipos de projeções

utilizadas na confecção de mapas, estas projeções atendem a objetivos distintos, podendo

preservar a área (projeção equivalente) das características representadas, a forma das

características (projeção conformal) ou mesmo a distância ( projeção eqüidistante) entre

pontos no mapa [NCG 90].

Mapas podem ser usados para diferentes propósitos, sendo que os mais comuns

são: para exibição e armazenamento de dados (ex.: uma folha de mapa comum pode

conter milhares de informações que podem ser recuperadas visualmente); como índices

espaciais (ex.: cada área delimitada em um mapa pode estar associada a um conjunto de

informações em um manual separado); como ferramenta de análise de dados (ex.:

comparar a localizar áreas de terras improdutivas); ou mesmo como objeto decorativo

(ex.: mapas topográficos, mapas temáticos, mapas turísticos, etc são muitas vezes usados

para decorar ambientes em repartições, escolas, etc).

A Cartografia Computadorizada ("AM-Automated Mapping") tem como meta

principal a confecção de mapas, utilizando-se ferramentas sofisticadas para criação de

"layouts", posicionamento de rótulos, uso de bibliotecas de símbolos, etc. Porém, estes

sistemas diferem dos SIG porque não precisam armazenar os dados de forma a permitir

operações de análise.

Page 17: Introdução a SIG

17

2.2 Natureza dos Dados Geográficos

Segundo Aronoff [ARO 89], os dados georeferenciados possuem quatro

componentes principais, que armazenam informações sobre o que é a entidade, onde ela

está localizada, qual o relacionamento com outras entidades e em que momento ou

período de tempo a entidade é válida. São eles:

1) Atributos qualitativos e quantitativos - armazenam as características das

entidades mapeadas, podendo ser representados por tipos de dados

alfanuméricos. Estes atributos possuem aspectos não-gráficos e podem ser

tratados pelos SGBDs convencionais.

2) Atributos de localização geográfica - diz respeito à geometria dos objetos

e envolve conceitos de métrica, sistemas de coordenadas, distância entre

pontos, medidas de ângulos, posicionamento geodésico, etc.

3) Relacionamento topológico - representam as relações de vizinhança

espacial interna e externa dos objetos. Este aspecto requer a existência de

modelos e métodos de acesso não-convencionais para sua representação nos

SGBDs.

4) Componente tempo - diz respeito à características temporais, sazonais ou

periódicas dos objetos. O aspecto temporal em SGBD, segundo [NEW 92],

inclui suporte para três tipos de medida de tempo: instante de tempo,

intervalo de tempo e relacionamentos envolvendo o tempo, como noções de

antes, depois, durante, simultaneamente, etc.

Dentro de um SIG, estes componentes podem ser classificados em três categorias

principais [OOI 90]: dados convencionais - atributos alfanuméricos usados para

descrever os objetos (ex.: nome e população de uma cidade); dados espaciais -

descrevem a geometria, a localização e os relacionamentos topológicos dos objetos

geográficos; e dados pictórios - atributos que armazenam imagens (ex.: fotografia de

uma cidade).

Page 18: Introdução a SIG

18

2.3 Fontes de Dados

A obtenção de dados em aplicações de Geoprocessamento é um processo bem

mais complexo quando comparado com a maioria das aplicações convencionais [ARO

89]. Isto se deve ao fato da entrada de dados não se limitar a simples operações de

inserção. As dificuldades surgem por duas razões: primeiro por se tratar de informações

gráficas, o que naturalmente já é uma tarefa mais complexa do que a entrada de dados

alfanuméricos, embora os SIG também manipulem dados alfanuméricos. A segunda

razão, e principal, é devido a natureza das fontes de dados dessas aplicações.

As fontes de dados variam de acordo com o tipo de aplicação. Como exemplo,

podemos pensar nas seguintes aplicações: Sistema de suporte a uma companhia de

distribuição de água, onde as entidades a serem representadas são canos, válvulas e

conexões de diversos tipos; Sistema de roteamento intermunicipal de veículos, que

manipula estruturas de rede, onde os nós representam as cidades e as ligações

representam possíveis caminhos entre duas cidades; ou um Sistema de gerenciamento

marítimo da costa brasileira, para o qual torna-se necessário o armazenamento dos

mapas de toda a costa brasileira, provavelmente em uma escala muito menor do que as

demais aplicações. Como se pode notar, algumas vezes os dados precisam ser obtidos

diretamente da realidade (fontes brutas), uma vez que nem sempre existe um mapa

pronto, na escala apropriada.

Os dados manipulados em um SIG podem ser entidades ou fenômenos

geográficos distribuídos sobre a superfície da terra, podendo pertencer a sistemas

naturais ou criados pelo homem, tais como tipos de solos, vegetação, cidades,

propriedades rurais ou urbanas, redes de telefonia, escolas, hospitais, fluxo de veículos,

aspectos climáticos, etc. Podem ser também objetos resultantes de projetos envolvendo

entidades que ainda não existam, como por exemplo, o planejamento de uma barragem

para a construção de uma usina hidroelétrica [RAM 94].

Os processos de coleta de dados são baseados em tecnologias tipo fotogrametria,

sensoriamento remoto e levantamento de campo, ou seja, os mesmos já empregados há

muito tempo em diversas áreas da Geociências e da Engenharia. Com isto, os produtos

resultantes desses processos de coleta de dados é que são as verdadeiras fontes de dados

dos SIG [ROD 90]. Os SIG possuem dispositivos de interface que permitem que esses

resultados sejam transferidos para um meio de armazenamento digital.

Page 19: Introdução a SIG

19

Até hoje, os mapas têm sido a principal fonte de dados para SIG, e o

levantamento de campo, o principal processo de coleta de dados. Porém, em um futuro

próximo, a aerofotogrametria e o sensoriamento remoto devem tornar-se cada vez mais

utilizados como tecnologia de coleta de dados geo-espaciais [ANT 91].

O problema da entrada de dados em SIG, é muito importante porque é a partir

destes dados que as análises são executadas e, consequentemente, as decisões são

tomadas. A transferência dos dados do meio externo (fontes brutas) para o meio interno

(representação digital) é apenas um passo no processo de aquisição dos dados. Muitas

operações posteriores são geralmente realizadas como, por exemplo, a associação entre

os objetos gráficos e seus atributos não-gráficos, operações para corrigir e padronizar os

dados com relação a projeções, escalas, sistemas de coordenadas, etc.

2.4 Métodos para Aquisição de Dados

Os métodos mais comuns de aquisição de dados são: a digitalização manual, a

leitura ótica através de dispositivos de varredura tipo "scanner", a digitação via teclado e

a leitura de dados provenientes de outras fontes de armazenamento secundário (ex. fitas

magnéticas, discos óticos, teleprocessamento, etc) [ARO 89]. Estes métodos permitem a

transferência dos dados obtidos através dos mecanismos de captura tipo levantamento de

campo, sensoriamento remoto, imagens de satélites, etc, para a base de dados dos SIG.

A digitalização é o método no qual uma folha de papel contendo um mapa é

colocada sobre uma mesa digitalizadora e, através de um dispositivo de apontamento

(ex. caneta ótica) um operador vai assinalando diversos pontos, que são calculados e

interpretados como pares de coordenadas x e y. Normalmente, no início do processo de

digitalização, três ou mais pontos de coordenadas conhecidas são cadastrados no sistema

para serem utilizados como pontos de referência no cálculo das coordenadas dos pontos

digitalizados [PAR 94].

A eficiência do processo depende da qualidade do software de digitalização e da

experiência do operador. Além da digitalização de pontos, outras tarefas também são

realizadas, como por exemplo, o ajuste de nós, a construção de topologia, a identificação

de objetos, etc. Digitalização é uma tarefa muito cansativa, normalmente consome muito

tempo e podem ocorrer erros. Por isso, os softwares de digitalização fornecem

Page 20: Introdução a SIG

20

mecanismos que auxiliam o operador a identificar e corrigir os possíveis erros

introduzidos.

O método de leitura ótica através de dispositivos de varredura ("scanner"),

permite a criação de imagens digitais a partir da movimentação de um detetor eletrônico

sobre um mapa. É um processo bem mais rápido que a digitalização, mas não é

adequado a todos os tipos de situações. Um mapa, para ser lido por um "scanner",

precisa apresentar algumas características que vão permitir a geração de imagens de boa

qualidade. Por exemplo, alguns textos podem ser lidos acidentalmente como se fossem

entidades, linhas de contorno podem ser quebradas por textos ou símbolos do mapa, etc

[NCG 90].

A digitação via teclado é usada para a inserção dos atributos não-gráficos.

Informações provenientes de levantamento de campo normalmente são inseridas no

banco de dados via teclado. Outro meio, também usado, é o emprego do GPS ("Global

Positioning Systems"), um sistema de posicionamento geodésico, baseado em uma rede

de satélites. Este sistema possibilita a realização de levantamentos de campo, com alto

grau de acurácia (ver seção seguinte) e com o registro dos dados podendo ser realizado

diretamente em meio digital.

Segundo [ARO 91], o custo inicial de construção da base de dados de um SIG,

muitas vezes é maior que o custo total de investimentos realizados na aquisição dos

componentes de hardware e de software. Para diminuir estes custos, a tendência atual

tem sido o compartilhamento de dados geo-espaciais já disponíveis em meio digital.

Diversos padrões de armazenamento de dados têm sido adotados para possibilitar a troca

desse tipo de informação. Algumas empresas se especializaram em produzir e

comercializar dados para SIG.

2.5 Qualidade dos Dados

Dados com erros podem surgir nos SIG, mas precisam ser identificados e

tratados. Os erros podem ser introduzidos no banco de dados de diversas formas: serem

decorrentes de erros nas fontes originais, serem adicionados durante os processos de

obtenção e armazenamento, serem gerados durante a exibição ou impressão dos dados

ou surgirem a partir de resultados equivocados em operações de análise dos dados [BUR

86].

Page 21: Introdução a SIG

21

Acurácia pode ser definida como a estimativa dos valores serem verdadeiros, ou

como a probabilidade de uma predição estar correta. Sempre existe, em algum grau, um

erro associado com todas as informações espaciais. O objetivo quando se trata de

identificar erros nem sempre é o de eliminá-los, mas sim de gerenciá-los [ARO 89].

Embora todos os dados espaciais sejam representados com erro em algum grau,

eles geralmente são representados computacionalmente com alta precisão. Precisão é

definida como o número de casas decimais ou dígitos significativos em uma medida. Se

um objeto espacial possui atributos de posicionamento com vários dígitos significativos

não implica que esta informação seja acurada [NCG 90].

A acurácia dos dados é crucial para que os usuários confiem no sistema. Dados

com erros significativos podem afetar os resultados de análises por diversos anos, antes

de serem descobertos [GRU 92].

A qualidade dos dados pode ser medida a partir da análise dos seguintes

componentes: acurácia posicional, acurácia dos atributos, consistência lógica

(relacionamentos topológicos), resolução da imagem, completude de informações, fator

tempo e histórico do processo de obtenção dos dados [ARO 89].

Page 22: Introdução a SIG

22

3 ARMAZENAMENTO DE DADOS EM SIG

Os SIG precisam armazenar grandes quantidades de dados e torná-los disponíveis

para operações de consulta e análise. Os Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados

(SBGD) são ferramentas fundamentais para os SIG, embora muitos ainda utilizem

sistemas de arquivos para fazer o gerenciamento dos dados. Isto dificulta por exemplo, o

intercâmbio de dados e ainda obriga os usuários a conhecerem as estruturas de

armazenamento de dados [FRA 88].

Grande quantidade de pesquisa tem sido realizada por parte da comunidade de

banco de dados, sob o tema de banco de dados espaciais, com o objetivo de buscar

soluções adequadas para o problema de gerenciamento de dados georeferenciados

[MED 94]. Atualmente, a arquitetura mais empregada na construção dos SIG é a que

utiliza um sistema dual, onde o SIG é composto de um SGBD relacional, responsável

pela gerência dos atributos não-gráficos, acoplado a um componente responsável pelo

gerenciamento dos atributos espaciais [CAM 94].

Neste capítulo são apresentados diversos assuntos relacionados com o emprego

de SGBDs em SIG. Na primeira seção são apresentadas algumas definições padrão,

conforme o proposto pelo US National Digital Cartographic Standart. Em seguida são

identificados os principais modelos de dados usados em SIG. Uma caracterização dos

tipos de objetos espaciais manipulados pelos SIG é feita na seção 3 e uma relação dos

tipos de relacionamentos existentes entre os objetos espaciais é descrita na seção 4. A

seção 5 caracteriza as diferenças entre banco de dados cartográfico e banco de dados

topológico e por último, na seção 6 são apresentados os modelos de representação de

dados mais utilizados, que são os modelos matricial (raster) e vetorial.

Page 23: Introdução a SIG

23

3.1 Conceitos Básicos em BD Espaciais

O conjunto de definições a seguir, é o resultado de um trabalho de padronização

de termos, que foi proposto pelo US National Digital Cartografic Standart. Estas

definições foram extraídas de [NCG 90]. Neste trabalho, procurou-se empregar os

conceitos de acordo com estas definições.

3.1.1 Identidade

Elementos da realidade modelados em um banco de dados geográfico têm duas

identidades: o elemento na realidade, denominado entidade e o elemento representado

no banco de dados, denominado objeto. Uma terceira identidade usada em aplicações

cartográficas é o símbolo usado para representar entidades/objetos como uma feição no

mapa.

3.1.2 Entidade

É um fenômeno de interesse na realidade que não pode ser subdividido em

fenômenos do mesmo tipo. Por exemplo, uma floresta pode ser dividida em florestas

menores, enquanto que uma cidade se for dividida, suas partes não serão cidades e sim

bairros ou distritos.

3.1.3 Objeto

É a representação digital de uma (ou parte de uma) entidade. A representação

digital varia de acordo com a escala utilizada (ex.: um aeroporto pode ser representado

por um ponto ou uma área, dependendo da escala em uso).

3.1.4 Tipo de Entidade

É a caracterização de um agrupamento de entidades similares que podem ser

representadas por objetos armazenados de maneira uniforme (ex: o conjunto das estradas

de uma região). Fornece uma estrutura conceitual para a descrição dos fenômenos.

3.1.5 Tipo de Objeto Espacial

Cada Tipo de Entidade em um Banco de Dados Espacial é representado de

acordo com um tipo de objeto espacial apropriado. A Figura 3.1 mostra os tipos básicos

Page 24: Introdução a SIG

24

de objetos espaciais, definidos pelo US National Digital Cartografic Standart e

classificados segundo suas dimensões espaciais:

dimensão tipo descrição

0D ponto Um objeto com posição no espaço, mas sem comprimento

1D linha Um objeto tendo comprimento. Composto de 2 ou maisobjetos 0D

2D área Um objeto com comprimento e largura. Limitado por pelomenos 3 objetos 1D

3D volume Um objeto de comprimento, largura e altura. Limitado por pelomenos 4 objetos 2D

Figura 3.1 - Tipos Básicos de Objetos Espaciais

3.1.6 Classe de Objeto

Descreve um conjunto de objetos que representa um conjunto de entidades (ex.:

o conjunto de pontos que representam um conjunto de nascentes, postes, etc ou o

conjunto de áreas representando lotes urbanos).

3.1.7 Atributo

Descreve características das entidades, normalmente de forma não-espacial.

Exemplos são o nome da cidade, diâmetro de um duto, etc.

3.1.8 Valor de Atributo

Valor quantitativo ou qualitativo associado ao atributo. (ex.: nome da cidade =

'Porto Alegre', Diâmetro do duto = 1 ½").

3.1.9 Camada (layer)

Os objetos espaciais em um BD Geográfico podem ser agrupados e dispostos

(apresentados) em camadas (ou temas). Normalmente, uma camada contém um único

tipo de entidade ou um grupo de entidades conceitualmente relacionadas (ex.: uma

camada pode representar somente as rodovias de uma região, ou pode representar

também as ferrovias).

Page 25: Introdução a SIG

25

3.2 Modelos de Dados para SIG

Um Banco de Dados Geográfico é uma coleção de dados referenciados

espacialmente, que funciona como um modelo da realidade. Um banco de dados é um

modelo da realidade por representar um conjunto selecionado de fenômenos da

realidade, que podem estar associados a diferentes períodos de tempo (passado, presente

ou futuro) [BAR 91]. Modelagem de dados geográficos é o processo de discretização

que converte uma realidade geográfica complexa em um conjunto finito de registros ou

objetos de um banco de dados [GOO 92].

Os modelos de dados existentes para SIG estão relacionados com as diferentes

formas de percepção da realidade que podem ser empregadas. Para Goodchild [GOO

90], estes modelos de dados podem ser divididos segundo duas visões: visão de campo e

visão de objetos.

Quando a realidade observada possui uma distribuição contínua no espaço, como

por exemplo temperatura ou relevo, os objetos do banco de dados são, na verdade,

criações do processo de modelagem e são representados usando-se o modelo de campos.

Por outro lado, muitas entidades existem independentemente de qualquer

processo de modelagem, como por exemplo, uma rua, que possui dimensões bem

definidas. Além disso, algumas vezes é necessário representar situações onde mais de um

objeto compartilha uma mesma posição geográfica (ex. um cruzamento de avenidas), o

que não é possível no modelo de campo. O modelo de objetos permite a representação

destes tipos de dados.

Goodchild [GOO 91] descreve seis tipos diferentes de modelos de dados

baseados na visão de campos, que são usados em SIG (Figura 3.2). São eles:

a) Amostragem Irregular de Pontos - o banco de dados contém um conjunto

de tuplas <x,y,z> representando valores coletados em um conjunto finito de

localizações irregularmente espaçadas. (ex.: estações de medição de

temperatura)

b) Contornos - o banco de dados contém um conjunto de linhas, cada uma

com um valor z associado. (ex.: curvas de nível)

Page 26: Introdução a SIG

26

c) Polígonos - a área é particionada em um conjunto de polígonos, onde cada

localização pertence a exatamente um único polígono. Cada polígono tem

um valor que é único em todas as posições dentro do polígono. Os limites

dos polígonos são descritos por pares ordenados de coordenadas x e y. (ex.:

tipos de solos)

d) Amostragem Regular de Pontos - como no item a, porém com pontos

distribuídos regularmente. (ex.: Modelo de elevação de terreno)

e) Grade de Células - a área é particionada em uma grade regular de células,

onde o valor da cada célula corresponde ao valor da variável para todas as

posições dentro da célula. (ex.: imagens de satélites)

f) Rede Triangular Irregular - a área é particionada em triângulos irregulares.

O valor da variável é definido em cada vértice do triângulo e varia

linearmente sobre o triângulo. (ex.: TIN - rede irregular triangularizada)

a) Amostragem Irregular

b) Curvas de nível

c) Polígonos

d) Amostragem Regular

e)Grade Regular

f) Rede Triangular Irregular (TIN)

Figura 3.2 - Modelos de Dados - Visão de Campo

Page 27: Introdução a SIG

27

Cada um desses modelos pode ser representado em um banco de dados como um

conjunto de pontos, linhas, áreas ou células. Normalmente, os modelos d e e são

mapeados no modelo matricial, enquanto os demais são mapeados no modelo vetorial

[GOO 91]. Os modelos de representação matricial e vetorial estão descritos na seção

3.6.

No Modelo de Objetos, os objetos são representados como pontos, linhas ou

áreas. Dois objetos podem estar localizados na mesma posição geográfica, ou seja,

podem possuir coordenadas idênticas. Muitas implementações não fazem distinção no

banco de dados, entre modelos de objetos e de campos. Por exemplo, um conjunto de

linhas pode representar contornos (modelo de campos) ou estradas (modelo de objetos),

embora as implicações das interseções sejam muito diferentes nos dois casos. O modelo

de objetos é mais adequado para aplicações sócio-econômicas, que tratam com entidades

criadas pelo homem (ex. rede de transporte, monumentos, escolas, etc), enquanto que os

modelos de campo são mais adequado para aplicações ambientais.

3.3 Tipos de Objetos Espaciais

Os objetos espaciais são as representações das entidades do mundo real,

armazenadas no BD Geográfico. A seguir, é descrito como os objetos primitivos

(pontos, linhas, áreas e superfícies) são usados para representar as complexas entidades

da realidade.

3.3.1 Dados do Tipo Ponto

A escolha das entidades que podem ser representadas como pontos depende da

escala em uso. Por exemplo, em um mapa de escala grande, uma escola poderia ser

representada como um ponto, já em um mapa de escala pequena, um ponto seria usado

para representar a localização central da cidade onde essa mesma escola está localizada.

As coordenadas dos objetos tipo ponto podem ser armazenadas como dois

atributos extras na tabela de atributos da entidade. Por exemplo, as coordenadas dos

pontos representando a localização de escolas municipais (Figura 3.3a) podem ser

armazenadas em uma tabela junto com os demais atributos descritivos (Figura 3.3b).

Page 28: Introdução a SIG

28

12

3

4 5

(a) Posição geográfica das escolas

ID Coord.X Coord.Y Nome da Escola Diretora Fundação N.alunos

1 4673000 252500 E.E.Sto Antonio Maria José 01/05/35 240

2 4674000 254500 E.E. Prof. Rambo Jose Silva 05/08/35 1100

3 4671000 253500 E.M. Imigrantes Rita reis 07/06/57 740

4 4667000 253500 E.E.Gabriela Mistral Rosa Maria 04/04/46 1250

5 4668000 254000 Instituto de Educação Ana Maria 28/05/68 2600

Figura 3.3b - Tabela de Atributos com dados espaciais

3.3.2 Dados do Tipo Linha

Linhas e pontos são usados para representar entidades cujas características se

baseiam em estruturas de redes (Figura 3.4). Aparecem normalmente em aplicações de

infra-estrutura (redes viárias), redes de utilidade pública (gás, eletricidade, água, etc),

linhas de tráfego aéreo, redes hidrográficas, etc.

As redes são formadas basicamente por dois construtores que são os nós (junções

e terminadores) e as ligações (arcos entre dois nós). Denota-se por valência de um nó, o

número de ligações no nó.

ligação

nó valência 3

valência 4

Figura 3.4 - Exemplos de Estrutura de Rede [NCG 90]

Page 29: Introdução a SIG

29

Os atributos dos dados em uma rede podem estar relacionados aos nós ou às

ligações. Como exemplo de atributos de ligações podemos citar: direção do sentido do

tráfego em uma rua, distância entre duas cidades, diâmetro de uma tubulação, voltagem

da rede elétrica, etc. Para atributos associados aos nós da rede podemos citar: existência

de semáforo em um cruzamento, tipo de válvula em um nó de rede de água, existência

de um transformador de voltagem em uma rede elétrica, etc.

3.3.3 Dados do Tipo Área

Entidades com características bidimensionais são representadas por objetos do

tipo área. Os limites das entidades podem ser definidos originalmente pelos próprios

fenômenos (ex. limites de um lago, região costeira, etc), ou podem ter sido criados pelo

homem (ex.: limites de um município, área de reserva florestal, etc).

Quanto à distribuição no espaço, as entidades podem ser representadas por áreas

isoladas com possibilidade de sobreposição, como mostra a Figura 3.5a (ex. área usada

para cultivo de cana-de-açúcar nas últimas décadas), ou cada posição pertence a

exatamente uma única entidade, exemplificado pela Figura 3.5b (ex. propriedades

rurais/urbanas).

1970

1980 19901960

125 126

129 130

127 128

131

(a) (b)

Figura 3.5 - Distribuição Espacial de Áreas

Uma entidade pode conter "buracos" ou outras entidades completamente

inseridas dentro da sua área, como mostra a Figura 3.6. Alguns sistemas permitem que

uma entidade possa ser representada por um objeto composto por mais de uma primitiva

de área, porém com um único conjunto de argumentos [NCG 90].

Page 30: Introdução a SIG

30

A B

CE

D

D

Figura 3.6 - Distribuição Espacial com "buracos" ou "ilhas"

A representação dos dados do tipo área, segundo as diferentes visões quanto a

distribuição no espaço, depende do modelo de dados suportado pelo sistema.

3.3.4 Representação de Superfícies Contínuas

Alguns fenômenos da natureza, como por exemplo, elevação de terreno, pressão

atmosférica, temperatura, densidade populacional, etc, são caracterizados por possuírem

variação contínua no espaço.

Segundo Burrough [BUR 86], a variação da elevação sobre uma área pode ser

modelada de diversas maneiras. Modelos de Elevação Digital, ou Modelos Digitais de

Terreno podem ser representados tanto por superfícies definidas matematicamente (ex.:

séries de Fourier) ou através de imagens de pontos/linhas.

As representações mais conhecidas, baseadas em imagens de pontos, são as

matrizes de altitude, onde os dados são coletados em intervalos regulares de pontos

(Figura 3.2d). Esta abordagem tem a desvantagem de introduzir redundância de dados,

quando a área observada possui comportamento estável e pode perder informações,

quando a área é muito acidentada.

Outra abordagem, também baseada em imagens de pontos (ou áreas, segundo

[NCG 90]), é o modelo de Rede Irregular Triangularizada ("TIN - Triangulated Irregular

Network"), onde os pontos são coletados mais densamente em áreas com maior variação

acidental e mais esporadicamente nas outras áreas (Figura 3.2f). Os pontos são

conectados formando faces triangulares, onde os valores coletados ficam associados aos

vértices dos triângulos.

O tipo de modelo de terreno mais utilizado, é formado por um conjunto de linhas

de contorno (linhas isométricas), que representam pontos de mesma elevação (Figura

3.2b).

Page 31: Introdução a SIG

31

Dentro de um SIG, os dados referentes à elevação podem ser convertidos de um

modelo para outro, mas podem ocorrer perdas de informações, reduzindo os detalhes da

superfície topográfica [ARO 89]. Projeções tridimensionais podem ser usadas para

permitir uma melhor visualização do relevo da área observada (Figura 3.7).

Figura 3.7 - Elevações em projeção tridimensional

3.4 Tipos de Relacionamentos entre Objetos Espaciais

Os objetos de um banco de dados espacial representam as entidades no mundo

real através do armazenamento de seus atributos (espaciais e não-espaciais) e seus

relacionamentos. A grande vantagem dos SIG está em possibilitar operações de análise

sobre os dados armazenados. Para isto, além da manutenção dos dados propriamente

dita, é necessário manter os diferentes tipos de relacionamentos envolvendo esses dados.

Existe uma enorme variedade de relacionamentos possíveis. Alguns são mantidos

através de estruturas de dados dos SIG, como por exemplo, os relacionamentos de

conectividade entre linhas e de adjacência entre áreas (polígonos), enquanto que outros

normalmente são calculados durante a execução das operações de análise espacial, como

por exemplo, o relacionamento de continência entre um ponto e uma área.

Uma entidade pode estar relacionada com outras entidades do mesmo tipo, como

por exemplo, dois bairros vizinhos em uma cidade, ou pode estar relacionada com

Page 32: Introdução a SIG

32

entidades de outros tipos, como por exemplo, bairros localizados num raio de 10 Km de

um centro de atendimento emergencial.

Segundo [NCG 90], existem três tipos de relacionamentos entre objetos

espaciais, são eles:

1) Relacionamentos usados para a construção de objetos complexos, a partir

de objetos mais simples. Exemplo, os polígonos são formados por um

conjunto de linhas, enquanto que uma linha é composta de um conjunto de

pares ordenados de coordenadas, que são os pontos.

2) Relacionamentos que podem ser calculados a partir das coordenadas dos

objetos. Por exemplo, se duas linhas se cruzam, se um ponto está dentro de

uma área, se duas áreas estão sobrepostas, etc.

3) Relacionamentos que precisam ser fornecidos no momento da entrada dos

dados. Por exemplo, duas linhas podem se cruzar, mas as rodovias

representadas por elas podem não estar conectadas devido a existência de

uma passagem elevada (um viaduto).

3.4.1 Exemplos de Relacionamentos Espaciais

A seguir são listados diversos tipos de relacionamentos entre objetos espaciais e

mostrados exemplos de consultas espaciais, que poderiam ser solucionadas através

desses relacionamentos.

A) Relacionamentos entre Pontos

- "vizinhança" - liste todos os postos de gasolina (representados por pontos)

existentes num raio de 20 Km de um quartel de bombeiros.

- "o mais próximo" - identifique o posto da policia rodoviária federal mais

próximo do local de um acidente.

Page 33: Introdução a SIG

33

B) Relacionamentos entre Ponto-Linha

- "termina em" - identificar o tipo de válvula existente nas extremidades de

um oleoduto.

- "o mais próximo" - identifique a rodovia mais próxima ao local da queda de

um avião.

C) Relacionamentos entre Ponto-Área

- "está contido" - identifique as escolas estaduais que se localizam em um

determinado bairro.

- "visibilidade" - calcule o número de agências bancárias que podem ser

alcançadas por uma torre de transmissão de microondas.

D) Relacionamentos entre Linhas

- "cruza" - verificar se duas rodovias se cruzam em algum ponto.

- "flui para/desemboca" - identificar quais os rios que deságuam em um rio

específico.

E) Relacionamentos entre Linha-Área

- "cruza" - identifique todas as linhas de ônibus que passam por um

determinado bairro.

- "limites/fronteira" - calcular se um rio faz parte da divisa de um município.

F) Relacionamentos entre Áreas

- "sobrepõe" - verificar se a área de incidência de doenças sobrepõe-se a uma

área sem infra-estrutura de água e esgoto.

- "mais próximo" - encontrar o lago mais próximo à área de incêndio

florestal.

- "é adjacente" - identificar os bairros adjacentes ao bairro Sant'Anna.

Page 34: Introdução a SIG

34

3.5 Topologia em Banco de Dados

Uma das características mais importantes dos SIG, é a capacidade desses

sistemas possuírem estruturas para o armazenamento dos relacionamentos (vizinhança,

proximidade e pertinência) entre os objetos espaciais [ARO 89]. Estes relacionamentos

são fundamentais para possibilitar a realização de diversos tipos de operações de análise

espacial.

Quando um mapa de uma região que está sobre a superfície curva da Terra, é

construído sobre uma superfície plana (ex.: folha de papel), algumas propriedades são

alteradas (ex.: ângulos e distâncias), enquanto que outras permanecem (ex.: adjacências e

pertinências). Estas propriedades que não se alteram quando o mapa sofre uma

transformação são conhecidas como propriedades topológicas [KEM 92].

O termo topologia é atribuído às estruturas de relacionamentos espaciais que

podem, ou não, ser mantidas no banco de dados. Um banco de dados espacial é dito

topológico se ele armazena a topologia dos objetos. Por outro lado, um banco de dados

é dito cartográfico se os objetos são vistos e manipulados somente de forma

independente [GOO 90].

Banco de dados cartográficos são usados em muitos pacotes para confecção de

mapas, onde as operações de análise são menos importantes do que rotinas que auxiliam

no posicionamento de rótulos, bibliotecas de símbolos cartográficos, etc.

Um banco de dados cartográfico pode ser convertido em um banco de dados

topológico através do cálculo e identificação dos relacionamentos entre objetos. Este

processo é conhecido como Construir Topologia (Building Topology) [LAU 92].

O processo de Construir Topologia é usado também, para identificar os objetos

em um mapa, a partir das linhas digitalizadas. Este processo é feito empregando-se o

conceito de Restrição Planar (Planar Enforcement), que consiste na aplicação de duas

regras, sobre os objetos usados para descrever a variação espacial.

Basicamente, as regras de Restrições Planar são as seguintes:

Regra 1: Dois objetos do tipo área não podem se sobrepor.

Regra 2: Cada posição no mapa pertence a uma única área, ou aum limite entre áreas adjacentes.

Page 35: Introdução a SIG

35

O processo de Construir Topologia, exemplificado na Figura 3.8, começa com

um conjunto de segmentos de linha não relacionados (a). Cada interseção de linhas ou

nodo terminal (nós) é identificado (b). Em seguida, cada segmento de linha existente

entre dois nós consecutivos (arestas) é identificado. Finalmente, cada polígono resultante

recebe um identificador, inclusive o polígono externo que pode receber um identificador

diferenciado (c).

1

2 3

4

5

6

78 9

10

A

BC

D

11121314

15 16

1718

19

(a) (b)

(c)

0

Figura 3.8 - Processo de Construir Topologia

Os pontos, as linhas e os polígonos identificados durante o processo de

construção da topologia são armazenadas em estruturas de dados adequadas, que variam

de acordo com a implementação de cada sistema.

A Figura 3.9 mostra uma estrutura de dados para armazenamento de topologia,

que é utilizada no sistema ARC/INFO [MOR 92]. A primeira tabela contém, para cada

polígono, o número total e a identificação dos arcos que formam o polígono (sinal

positivo no sentido da digitalização e negativo indicando sentido contrário). Uma

segunda tabela contém, para cada arco, os nós inicial e final que formam o arco e quais

os polígonos que estão à direita e à esquerda do arco. Neste método, arcos adjacentes a

dois polígonos são armazenados uma única vez no banco de dados.

Page 36: Introdução a SIG

36

AB

C D

1

a b

c

d

e

23

4

56

7

N.Polígono N.de Arcos Lista de ArcosA 3 -1,-2,3B 4 2,-7,5,0,-6C 3 -3,-5,4D 1 6

N.Arco NóInicial

NóFinal

Polígono àEsquerda

Polígono àDireita

1 c a A 02 b c A B3 b a C A4 d a 0 C5 d b C B6 e e B D7 d c B 0

Figura 3.9 - Estrutura de dados com topologia

3.6 Modelos de Representação de Dados Georeferenciados

A variação geográfica no mundo real é infinitamente complexa. Para serem

armazenados no banco de dados, os dados precisam ser reduzidos a uma quantidade

finita e gerenciavel, o que é feito através de processos de generalização ou abstração.

Um Modelo de Dados fornece um conjunto de regras para converter variações

geográficas no mundo real, em objetos discretos armazenados de forma digital [NCG

90].

Existem duas abordagens principais de representação dos componentes espaciais

associados às informações geográficas: o modelo matricial (ou raster) e o modelo

vetorial, exemplificados na Figura 3.10.

Page 37: Introdução a SIG

37

No modelo raster, a área em questão é dividida em uma grade regular de células,

normalmente quadradas ou retangulares. A posição da célula é definida de acordo com a

linha e a coluna onde está localizada. Cada célula contém um valor que corresponde ao

tipo de entidade que é encontrada naquela posição. Normalmente, uma área é

representada no modelo raster através de diferentes camadas (mapas temáticos), onde as

células de uma camada armazenam os valores associados a uma única variável ou tema

(ex.: tipo de solo, hidrologia, relevo, etc) [MAG 92]. O espaço é todo coberto, uma vez

que cada localização na área de estudo corresponde a uma célula no raster.

Formato Raster Formato Vetorial

ϖϖϖϖϖϖϖϖϖαϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖααααααϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖαββββββββαϖϖϖϖϖϖϖϖααβββββββββββααϖϖααααββββββββββββααααϖϖααββββββββββββαϖϖϖϖϖϖϖϖαββββββββαϖϖϖϖϖ

ϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖαϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖϖααααααϖϖϖϖϖϖϖ

Figura 3.10 - Exemplo de representação raster e vetorial

No modelo vetorial, as entidades do mundo real são representadas como pontos,

linhas e polígonos. A posição de cada objeto é definida por sua localização no espaço, de

acordo com algum sistema de coordenadas. Objetos vetoriais não preenchem todo o

espaço, ou seja, nem todas as posições do espaço necessitam ser referenciadas no

modelo.

Os polígonos, formados por uma cadeia de linhas, representam os limites das

entidades do tipo área (ex.: um lago, um lote urbano, etc), enquanto que no modelo

raster as entidades são representadas em toda a extensão da área dentro do polígono. As

linhas, além de servirem de construtores dos polígonos, também representam entidades

lineares como estradas, rios, redes elétricas, etc. A representação geométrica das

entidades varia de acordo com a escala em uso. Por exemplo, um lago pode ser

representado por um polígono em uma escala grande (ex. 1:10.000), ou por um ponto

em uma escala pequena (1:100.000).

Nas seções seguintes, são apresentados maiores detalhes dos modelos raster e

vetorial, respectivamente. Na seção 3.6.3 é apresentado um quadro comparativo desses

modelos, indicando vantagens e desvantagens de cada um.

Page 38: Introdução a SIG

38

3.6.1 Modelo Matricial (ou Raster)

Ao contrário do modelo vetorial, onde cada entidade do mundo real está

associada a um objeto espacial (ponto, linha ou polígono), no modelo raster as entidades

estão associadas a grupos de células de mesmo valor. O valor armazenado em uma célula

representa a característica mais marcante da variável em toda a área relativa à célula.

Dependendo do tipo de atributo observado e da potencialidade do sistema, as

células podem conter diferentes tipos de valores (ex.: inteiro, decimal, caractere, etc).

Muitos sistemas só permitem o tipo inteiro, enquanto outros restringem um único tipo de

valor por camada [PAR 94].

Dois conceitos importantes no modelo raster dizem respeito à resolução e à

orientação. A resolução corresponde à dimensão linear mínima da menor unidade do

espaço geográfico que está sendo considerado. A maioria dos sistemas utilizam unidades

(células) retangulares ou quadradas, embora existam modelos que utilizem hexágonos ou

triângulos [LAU 92]. Quanto menor a dimensão das células, maior a resolução da área e,

consequentemente, maior a quantidade de memória necessária para armazená-las.

A orientação de uma imagem raster corresponde ao ângulo entre o norte

verdadeiro e a direção definida pelas colunas da imagem. Normalmente, a localização

geográfica verdadeira de um ou mais vértices da imagem é conhecida.

No modelo raster cada célula armazena um único valor, que corresponde a uma

área específica na superfície terrestre. O número total de valores que precisam ser salvos

para o armazenamento de uma única imagem, é igual ao produto do número de linhas

pelo número de colunas da imagem raster. Assim, geralmente são gerados grandes

volumes de dados e por isso torna-se necessário o emprego de estruturas de dados que

utilizem técnicas de compactação de dados.

Como as entidades no modelo raster são representadas por um agrupamento de

células, todas contendo um mesmo valor, um número considerável de valores

redundantes ocorre em toda a extensão da imagem. Esta característica é muito explorada

nos métodos de compactação empregados nos SIG. Segundo Burrough [BUR 86],

existem quatro técnicas principais de compactação que são empregadas no

armazenamento de imagens raster. São elas:

Page 39: Introdução a SIG

39

a) Códigos de cadeia (Chain codes) - Os limites de cada região é

armazenado através de uma estrutura contendo uma célula de origem e uma

seqüência de vetores unitários, que são aplicados nas direções cardinais

(leste, oeste, norte e sul), percorridos no sentido horário.

b) Códigos em seqüência (Run-length codes) - Armazena, para cada linha, o

número de ocorrências de células de mesmo valor e o valor correspondente.

c) Códigos de bloco (Block codes) - Armazena, para cada quadrado que

pode ser formado por um conjunto de células de mesmo valor, as

coordenadas da célula inferior esquerda do quadrado, a quantidade de

células (tamanho) do lado do quadrado e o valor do atributo.

d) Árvores quaternárias (Quadtree) - Utiliza uma estrutura hierárquica

espacial, baseada no princípio de decomposição recursiva do espaço. Existe

uma grande variação de tipos de estruturas quadtree, um exemplo é

apresentado mais adiante.

A seguir são mostrados dois exemplos dessas técnicas de compressão de dados.

Uma descrição mais completa desse assunto foge ao escopo deste trabalho. Maiores

detalhes podem ser obtidos em [BUR 86] e [SAM 89].

3.6.1.1 Técnica Run-Length Encoding

Segundo Aronoff [ARO 89], existem diversas variações desta técnica e duas

delas são mostradas na Figura 3.11. Na técnica Run-Length Encoding (b), as células

adjacentes em uma mesma linha e que tenham o mesmo valor são tratadas como um

grupo. Ao invés do valor ser armazenado repetitivamente, ele é armazenado uma única

vez e a quantidade de vezes que o valor ocorre é também armazenada, juntamente com o

identificador da linha.

Uma variação desta técnica, conhecida como Value Point Encoding (c),

armazena somente os valores de cada grupo de células e a posição final dos grupos, com

relação à origem (canto superior esquerdo) da imagem. O grau de compressão obtidos

através desses métodos depende da complexidade da imagem.

Page 40: Introdução a SIG

40

Α Α Α Α Α Α Α Α Α ΑΑ Α Α Α Α Α Α Α Α ΑΑ Α Α Α Β Β Β Β Β ΒΑ Α Α Β Β Β Β Β Β Β∆ ∆ ∆ ∆ Β Β Β Β Β Β∆ ∆ ∆ ∆ ∆ Β Β Β Β Β∆ ∆ ∆ ∆ ∆ Χ Χ Χ Χ Χ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ Χ Χ Χ Χ Χ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ Χ Χ Χ Χ Χ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ Χ Χ Χ Χ Χ

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0123456789

VALOR COMP LINHA

Α 10 0Α 10 1Α 4 2

Α 3 3Β 7 3∆ 4 4Β 6 4∆ 5 5Β 5 5

Β 6 2

∆ 5 6Χ 5 6∆ 5 7Χ 5 7∆ 5 8Χ 5 8∆ 5 9Χ 5 9

VALOR PONTO

Α 23Β 29Α 32

∆ 43Β 49∆ 54Β 59∆ 64Χ 69

Β 39

∆ 74Χ 79∆ 84Χ 89∆ 94Χ 99

A. Raster Completo

(100 valores)

B. Método

Run-Length Encoding

(54 valores)

C. Método

Value Point Encoding

(32 valores)

Figura 3.11 - Técnica Run-Length Encoding [ARO 89]

3.6.1.2 Quadtrees

O termo quadtree é usado para descrever uma família de estruturas de dados

hierárquicas, todas baseadas no princípio de decomposição recursiva do espaço [SAM

89]. Elas são diferenciadas com base nos seguintes fatores: (1) tipo de dado que está

sendo representado (ex.: pontos, retângulos, regiões, curvas, superfícies e volumes); (2)

processo de decomposição empregado, que pode aplicar divisões em partes iguais ou

não; e (3) resolução da imagem, isto é, o número de vezes que a decomposição é

aplicada, que pode ser fixo ou variável.

A Figura 3.12 mostra a decomposição de uma imagem usando a estrutura

Region-quadtree, que é uma variação de quadtree para representação de regiões, onde

uma região (a), representada na matriz binária (b) é decomposta em blocos (c), gerando

a árvore correspondente.

Neste método, a raiz da árvore corresponde à imagem completa, ou seja, um

array de 2n x 2n valores de células. Cada nó da árvore pode ser um nó folha ou possuir

Page 41: Introdução a SIG

41

quatro ramos descendentes, compreendendo aos quatro quadrantes: nordeste (NE),

noroeste (NW), sudoeste (SW) e sudeste (SE). Nós folhas correspondem aos quadrantes

que não necessitam ser redivididos por possuírem somente células de mesmo valor. A

forma de decomposição espacial deste modelo possibilita a representação de imagens de

qualquer grau de resolução desejado [TIM 94].

1

2 3

67

1118

19

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

4 5

8

9 10

12

13 14

15 16

17

a b c

Level 3

Level 2

Level 1

Level 0

A

B C E

D F

NW NE SW SE

2 3 4 5 6

7 8 9 10

11 12 13 14

15 16 17 18

19

1

Figura 3.12 - Exemplo de estrutura quadtree [RAM 94]

3.6.2 Modelo Vetorial

O modelo de representação vetorial tem como primitiva principal o Ponto,

porém, são utilizados três construtores básicos: o ponto, a linha e o polígono. As

coordenadas x e y de um ponto correspondem à localização, em um sistema de

coordenadas específico, de entidades que são representadas sem dimensões espaciais. A

linha, formada por uma cadeia de segmentos de linha reta, ou mais especificamente, por

uma lista de coordenadas de pontos, é o objeto espacial usado para representar no banco

Page 42: Introdução a SIG

42

de dados, as entidades da realidade que possuem extensão linear. O polígono é o objeto

espacial que representa as entidades com extensões bidimensionais (área), através da

definição do contorno da área da entidade. O polígono é formado por uma cadeia

fechada de segmentos de linha, podendo ou não, ter outros polígonos embutidos em seu

interior.

Existe uma enorme variedade de técnicas de armazenamento de objetos espaciais,

que são baseadas no modelo vetorial [LAU 92]. Essas técnicas podem ser classificadas

de acordo com o tipo de objeto armazenado, ou seja, ponto, linha ou polígono.

Características do tipo de aplicações a que se destinam também são importantes. Por

exemplo, em um sistema de roteamento de veículos, uma característica fundamental é a

conectividade entre as arestas da rede viária, para possibilitar operações de análise de

melhor caminho.

Outra classificação existente leva em consideração se os relacionamentos

topológicos são, ou não, armazenados. Aronoff [ARO 89], divide os diversos modelos

vetoriais em dois grupos: Modelos de Dados Spaghetti e Modelos de Dados

Topológicos.

Os Modelos de Dados Spaghetti utilizam estruturas de dados que armazenam os

polígonos/linhas como seqüências de coordenadas de pontos. Nestes modelos, os limites

entre duas áreas adjacentes são registrados (digitalizados) e armazenados duas vezes,

uma para cada polígono. Estes modelos são utilizados em muitos pacotes de cartografia

automatizada, onde as informações sobre os relacionamentos entre as entidades não são

importantes [NCG 90].

A maioria dos SIG utilizam os Modelos de Dados Topológicos, os quais usam

estruturas de dados que possibilitam o armazenamento de alguns tipos de

relacionamentos, sendo que a ênfase principal é dada nos relacionamentos de

conectividade entre linhas de uma rede (contendo arestas interligadas por nós) e nos

relacionamentos de vizinhança entre áreas (representadas por polígonos) adjacentes.

Outros tipos de relacionamentos entre objetos espaciais, como por exemplo, se uma linha

"cruza" uma área ou se um ponto está "dentro" de uma área, são calculados a partir das

coordenadas desses objetos.

A seguir, são descritas algumas estruturas de dados vetoriais empregadas nos

SIG, de acordo com os tipos de objetos.

Page 43: Introdução a SIG

43

3.6.2.1 Estrutura de Dados para Armazenar Pontos

A princípio, as coordenadas (x,y) de posicionamento das entidades com

representação pontual podem ser adicionadas como dois atributos extras na tabela de

atributos (não-espaciais) que descrevem as entidades. A Figura 3.3, mostrada na seção

3.3, exemplifica esta alternativa. Porém, um objeto espacial do tipo ponto pode ter

diversos outros atributos associados a sua representação gráfica para impressão/exibição

em dispositivos de saída, como por exemplo, o tipo de símbolo que deve ser exibido, a

fonte, o tamanho e a orientação do texto que pode ser exibido próximo ao símbolo, etc.

Uma alternativa, é manter as informações espaciais em uma tabela e utilizar

identificadores de objetos para recuperar os demais atributos não-espaciais em uma

tabela do banco de dados textual [BUR 86].

3.6.2.2 Estrutura de Dados para Armazenar Linhas

As estruturas de armazenamento que visam manter os relacionamentos entre

objetos lineares são direcionadas a solucionar problemas em áreas de aplicações que são

baseadas em estruturas de rede, como por exemplo, redes de transporte, redes

hidrográficas, de distribuição de produtos, redes de infra-estrutura como água, luz e

telefone, etc.

A

B

C

D

1

23

4

5

Arco Nó de Nó deOrigem Destino

1 Β Α2 Χ Β3 ∆ Β4 Χ ∆5 Α Χ

Αρχοσ

Α 1 −5Β 3 2 −1Χ −4 −2 5∆ 4 −3

(a)

(b)(c)

Figura 3.13 - Estrutura de Dados para Rede [NCG 90]

Page 44: Introdução a SIG

44

As redes consistem de dois tipos de objetos espaciais: linhas (ligações, arestas ou

arcos) e pontos (nós, interseções ou junções) [NCG 90]. A Figura 3.13 mostra uma rede

composta de 4 nós e 5 arcos (a) e uma estrutura de dados simples (b), capaz de

possibilitar a navegação entre os diversos nós da rede.

Para melhorar a eficiência do algoritmo de navegação, pode ser acrescentada uma

nova tabela (c), contendo, para cada nó, a relação dos arcos adjacentes (números

positivos se os arcos atingem o nó e negativo para os arcos que partem do nó).

Uma estrutura de dados para o armazenamento de redes representadas por grafos

não-direcionados é mostrada na Figura 3.14. Neste exemplo, descrito em [LAU 92], são

empregadas três tabelas, contendo informações sobre os relacionamentos entre arco-

arcos, arco-nós e nó-arcos, possibilitando a navegação pela rede em qualquer sentido.

A

B

C

D

12

3

45

Arcos Adj.

Α 1 Β 2Χ 1,2,3∆ 3,4,5

EF

G

H

6

7

ArcoConectaaos arcos

1 2,32 1,33 1,2,4,54 3,55 3,4,6,76 5,77 5,6

ArcoConectaaos nós

1 Α,Χ2 Β,Χ3 Χ,∆4 Ε,∆5 ∆,Φ6 Γ,Φ7 Φ,Η

.

.

.

Figura 3.14 - Representação em Grafos Não-direcionados [LAU 92]

3.6.2.3 Estrutura de Dados para Armazenar Polígonos

O relacionamento de vizinhança entre entidades bidimensionais (áreas) é

representado através de estruturas de dados que armazenam informações sobre

polígonos adjacentes. A estratégia mais utilizada é baseada no armazenamento de

Page 45: Introdução a SIG

45

atributos dos arcos, acrescidos de dois apontadores extras, referentes aos polígonos

localizados à esquerda e à direita do arco, percorrido no sentido nó-origem-nó-destino.

A Figura 3.15 mostra um exemplo de uma estrutura de dados simples, que é

baseada em três tabelas. A primeira contém os atributos dos polígonos, a segunda os

atributos dos arcos e a terceira contém as coordenadas dos pontos que formam a

geometria dos arcos. Este método, utilizado no sistema ARC-INFO [ESR 91], tem a

desvantagem de não possibilitar a representação de entidades compostas de mais de um

polígono, como por exemplo, um arquipélago, que é uma entidade que precisa ser

representada como um conjunto de polígonos.

A

B

C1

2

3

4

5

6

Ι∆ Ατριβ1 Ατριβ2 Ατριβ3

Tab. Atributos de Polígonos

ΑΒΧ∆ (εξτεριορ)D

Αρχο ∆ιρ Εσθ Ορι ∆εσTab. Atributos de Arcos

1 Α ∆ α χ

α

β

2 Α Χ χ β 3 Α Β β α 4 ∆ Β α δ 5 Β Χ β δ 6 ∆ Χ δ χ

χ

δ

1 (ξ1,ψ1),(ξ2,ψ2),...

Tab. Geometria de Arcos

ετχ

2 (ξ1,ψ1),(ξ2,ψ2),...3 (ξ1,ψ1),(ξ2,ψ2),...

Figura 3.15 - Relacionamento de Polígonos Adjacentes [NCG 90]

Este tipo de estrutura possibilita a execução de operações de consulta de maneira

bastante eficiente, por não necessitar realizar operações com base nas coordenadas dos

objetos. Por exemplo, todos os polígonos adjacentes ao polígono B podem ser

encontrados a partir de consultas à Tabela de Atributos dos Arcos. Cada par de

apontadores (polígono à direita, polígono à esquerda), contendo o polígono B indica um

polígono adjacente a ele, por ter um arco em comum. Os arcos 3, 4 e 5 identificam os

Page 46: Introdução a SIG

46

polígonos adjacentes ao polígono B, sendo que o tratamento dado à área externa aos

polígonos (assinalada na figura como polígono D) varia de acordo com a implementação.

Existem muitas variações de estruturas de dados desenvolvidas para o

armazenamento da topologia de objetos espaciais. Um exemplo de estrutura mais

elaborada é a utilizada pelo sistema CanSIS - Canadian Soil Information System,

desenvolvida pelo Departamento de Agricultura do Canadá, que utiliza entre outras

coisas, uma estrutura para armazenar informações sobre objetos. Um objeto pode conter

uma lista de polígonos associada a um único conjunto de atributos, permitindo por

exemplo, um tratamento adequado à representação de um arquipélago [NCG 90].

3.6.3 Comparação entre os Modelos Raster &Vetorial

Os modelos de representação de dados raster e vetorial têm sido empregados de

acordo com o tipo de aplicações a que se destinam. Os modelos raster são mais

adequados para aplicações voltadas às áreas ambientais, enquanto os modelos vetoriais

são mais adequados para aplicações relacionadas às invenções humanas, como cadastro

de propriedades urbanas e rurais, redes de infra-estruturas, etc.

As aplicações onde as operações de análise espacial necessitam de informações

topológicas são normalmente desenvolvidas utilizando-se o modelo vetorial, enquanto

que as aplicações que necessitam realizar operações de sobreposição (overlay) a partir

de dois ou mais temas, utilizam o modelo raster. Os sistemas mais sofisticados fornecem

suporte para os dois modelos, incluindo procedimentos para a conversão entre os

modelos.

Como uma grande quantidade de dados normalmente é introduzida no sistema a

partir da digitalização de mapas disponíveis em folhas de papel, os dados muitas vezes

são armazenados no formato vetorial e convertidos para o formato raster para serem

utilizados em operações de overlay. Os resultados dessas operações também podem ser

convertidos para o formato vetorial para serem armazenados de forma mais eficiente.

No modelo raster, as informações sobre uma determinada área são organizadas

como um conjunto de camadas independentes, uma para cada tipo de variável, ou tema.

No modelo vetorial, os dados também podem estar divididos em diferentes camadas, o

que implica na existência de um conjunto de estruturas de armazenamento para cada

camada. Por exemplo, pode-se ter uma camada para armazenar os relacionamentos entre

arcos de uma rede em uma camada e os relacionamentos entre áreas em outra camada.

Page 47: Introdução a SIG

47

Pode-se ainda utilizar mais de uma camada de relacionamentos entre áreas, uma para

representar os lotes urbanos, outra para representar quadras e bairros. Estas escolhas são

definidas a nível de projeto das aplicações.

A Figura 3.16, adaptada de [ARO 89] e [COW 88], apresenta algumas vantagens

e desvantagens dos modelos raster e vetorial.

MODELO RASTER

Vantagens:

• Utiliza estrutura mais simples.

• Operações de overlay são implementadas mais eficientemente.

• Representação eficiente de áreas com alta variação espacial.

• Tratamento adequado de imagens produzidas por satélites.

Desvantagens:

• Estruturas de dados são menos compactas. Armazenam uma maior quantidadede dados, independente da utilização de métodos de compactação.

• Relacionamentos topológicos são mais difíceis de serem representados.

• Saída gráfica com menor resolução.

MODELO VETORIAL

Vantagens:

• Utiliza uma estrutura de dados mais compacta do que o modelo raster.

• Suporta o armazenamento de topologia.

• Permite a realização de cálculos de medidas espaciais mais precisos.

• Suporte adequado para operações que requerem informações topológicas.

• Gera saídas gráficas de melhor qualidade.

Desvantagens:

• As estruturas de dados são mais complexas que no modelo raster.

• Operações de overlay são mais difíceis de serem implementadas.

• A representação de áreas com alta variação espacial é ineficiente.

• Manipulação de imagens geradas por satélites é inadequado.

Figura 3.16 - Modelo Raster X Modelo Vetorial

Page 48: Introdução a SIG

48

4 ANÁLISE DE DADOS ESPACIAIS EM SIG

Segundo [ALV 90a], um SIG deve fornecer operações para a recuperação de

informações segundo critérios de natureza espacial e não-espacial. As linguagens de

consulta de SGBDs convencionais são adequadas para a recuperação de informações

segundo critérios não-espaciais. O SIG deve ser capaz de manipular dados espaciais e

recuperar informações com base em conceitos como proximidade, pertinência a uma

área, interseção entre objetos, etc.

Existe atualmente uma enorme variedade de funções de manipulação e análise de

dados, disponíveis nos sistemas. Além disso, novas funções estão sempre sendo

adicionadas ao conjunto das já existentes. Por outro lado, não existe uma padronização

dos nomes dessas funções, sendo comum a existência de funções com comportamento

idêntico, porém com nomes diferentes [NCG 90].

A seguir, é descrito um conjunto de funções que são freqüentemente encontradas

na maioria dos SIG. Existem diversos tipos de classificações de funções em um SIG, mas

nenhum é totalmente aceito. A classificação a seguir baseia-se na descrição feita em

[ARO 89].

4.1 Classificação de Funções de Análise

Na abordagem utilizada por Aronoff [ARO 89], as funções estão agrupadas em

quatro categorias principais, que são: (1) Manutenção e Análise de Dados Espaciais; (2)

Manutenção e Análise de Atributos Descritivos; (3) Análise Integrada de Dados

Espaciais e Descritivos; e (4) Formatação de Saída. Cada grupo desses é subdividido em

outros grupos, como mostra a Figura 4.1.

Page 49: Introdução a SIG

49

1.Manutenção e Análise de Dados Espaciais

-Transformações de Formato-Transformações Geométricas-Transformações entre Projeções-Casamento de Bordas-Edição de Elementos Gráficos-Redução de Coordenadas

2. Manutenção e Análise de Atributos Descritivos

-Edição de Atributos Descritivos-Consulta a Atributos Descritivos

3. Análise Integrada de Atributos Espaciais e Descritivos

-Recuperação, Classificação e Medidas

-Recuperação-Classificação e Generalização-Medidas

-Sobreposição (overlay)

-Vizinhança -Busca-Linha-em-Polígono e Ponto-em-Polígono-Funções Topográficas-Funções de Interpolação-Geração de Contornos

-Conectividade -Medidas de Contiguidade-Proximidade-Rede-Intervisibilidade

4. Formatação de Saída -Anotações em Mapa-Posicionamento de Rótulos-Padrões de Texto e Estilos de Linhas-Símbolos Gráficos

Figura 4.1 - Classificação de Funções de Análise [ARO 89]

4.1.1 Funções de Manutenção e Análise de Dados Espaciais

Neste grupo são incluídas as funções utilizadas na fase de pré-processamento dos

dados espaciais, ou seja, funções usadas na preparação ou reorganização dos dados para

que possam ser utilizados em operações de análise e consulta.

4.1.1.1 Transformações de Formato

Os dados obtidos a partir das diversas fontes de dados nem sempre estão no

formato adequado para o armazenamento nos SIG. Arquivos de dados externos

precisam ser convertidos para as estruturas de dados internas dos sistemas.

Page 50: Introdução a SIG

50

Para dados no formato raster, por exemplo, pode ser necessário adicionar

informações como descrição (nome), origem, tamanho, entre outras coisas. Para dados

obtidos no formato vetorial pode ser necessário construir a topologia, identificar os

objetos, etc.

4.1.1.2 Transformações Geométricas

São funções utilizadas para definir ou ajustar as coordenadas terrestres em um

mapa ou nas camadas de dados em um SIG, com o objetivo de possibilitar operações de

sobreposição (overlay) de camadas.

O procedimento de registro de camadas é utilizado para registrar diferentes

camadas de dados sobre um sistema de coordenadas comum ou em relação a uma

camada de dados usada como padrão (mestre).

Duas abordagens podem ser utilizadas para registrar camadas: Registro por

Posição Relativa - cada camada é registrada em relação a uma camada mestre; e

Registro por Posição Absoluta - cada camada é registrada separadamente, com base em

um mesmo sistema de coordenadas geográficas (ex.: UTM, latitude/longitude, etc).

O ajuste de posições relativas é feito escolhendo-se feições que possam ser

identificadas precisamente nas duas camadas (ex.: uma ponte indicando uma interseção

de uma estrada com um rio) e igualando suas coordenadas. Ajustados alguns pontos de

referência, as demais coordenadas são calculadas matematicamente.

4.1.1.3 Transformações entre Projeções Geométricas

Segundo Aronoff, as camadas de dados que são processadas conjuntamente em

um SIG, devem ser representadas usando o mesmo sistema de projeção. Os sistemas

normalmente suportam mais de um tipo de projeção, fornecendo operações para

transformar as projeções dos mapas.

No Brasil [ALV 90], como nos E.U.A. [ARO 89], os tipos de projeções mais

utilizados são: UTM (Universal Transverse Mercator) para mapas em escalas até

1:500.000, Lambert para cartas em escalas próximas de 1:1.000.000 e Mercator nas

cartas náuticas. Para representação do território brasileiro, normalmente as cartas são

produzidas usando a projeção Policônica em escalas entre 1:5.000.000 e 1:15.000.000.

Page 51: Introdução a SIG

51

4.1.1.4 Casamento de Bordas

Muitas vezes, a impressão da área armazenada, em estudo, não cabe em uma

única folha de papel. Nestes casos, são gerados diversos mapas (chamados de coberturas

no sistema ARC/INFO [ESR 91]), para representar uma única camada de dados. Em

muitos SIG, essa divisão é transparente ao usuário, durante a realização de operações de

análise que envolvam mais de uma cobertura. Porém, ajustes precisam ser feitos durante

a fase de preparação (pré-processamento) dos dados. Esses ajustes são feitos através de

operações que realizam a união de bordas entre coberturas adjacentes, nas quais os

objetos que ultrapassam os limites de uma cobertura têm suas coordenadas limites

ajustadas, caso ocorra alguma discrepância.

4.1.1.5 Edição de Elementos Gráficos

São funções usadas para adicionar, eliminar e modificar posições geográficas das

feições nos mapas. Por exemplo, quando as arestas que separam dois polígonos são

digitalizadas duas vezes, ou quando uma camada é gerada a partir da sobreposição de

outras duas camadas, podem surgir pequenas fatias de áreas sobrepostas ou fatias de

áreas sem informações. Nestes casos os ajustes e acertos precisam ser realizados

manualmente.

4.1.1.6 Redução de Coordenadas

Devido aos processos de digitalização e de leitura através de dispositivos de

varredura (scanners), muitas vezes são gerados mais pontos que o necessário para

armazenar as coordenadas das linhas dos objetos espaciais. As funções de redução de

coordenadas têm como objetivo diminuir a quantidade de pares de coordenadas

pertencentes a linhas, reduzindo assim, a quantidade total de dados armazenados em

cada camada. A Figura 4.2 exemplifica esta operação.

Figura 4.2 - Exemplo de Operação de Redução de Coordenadas

Page 52: Introdução a SIG

52

4.1.2 Manutenção e Análise de Atributos Descritivos

Na maioria dos SIG, a manipulação dos atributos descritivos (não-gráficos) é

realizada através de linguagens de manipulação/consulta de dados disponíveis nos

SGBDs. Muitas operações de análise podem ser resolvidas sem que seja necessário

acessar os atributos espaciais. Nos sistemas vetoriais, por exemplo, as informações sobre

a área e o perímetro dos polígonos são, normalmente, armazenadas junto com os demais

atributos descritivos associados a esses polígonos. Nestes casos, uma operação de

análise envolvendo áreas de polígonos pode ser resolvida por métodos tradicionais de

consulta a banco de dados.

4.1.2.1 Edição de Atributos Descritivos

São funções que possibilitam alterações nos dados descritivos sem que os dados

gráficos sejam afetados. Como exemplos podemos citar: a atualização do número de

habitantes de uma cidade ou de um bairro, a inclusão do número de habitantes de um

novo bairro, a exclusão dos dados referentes a um vilarejo que tenha ficado submerso em

uma represa de uma usina hidroelétrica, etc.

4.1.2.2 Consulta a Atributos Descritivos

Se o SIG está interligado a um SGBD, então essas operações são executadas pela

própria linguagem de consulta do SGBD (ex.: linguagem SQL). Quando não estão, os

SIG fornecem funções que possibilitam o acesso aos dados através de programas de

emissão de relatórios.

4.1.3 Análise Integrada de Dados Espaciais e Descritivos

Segundo Burrough [BUR 86], a potencialidade de um SIG está na capacidade de

realização de operações de análise espacial, envolvendo os atributos espaciais e os

atributos descritivos. Isto também é um dos principais fatores que distingüem um SIG de

um sistema de Cartografia Automatizada ou de um software para CAD.

O conjunto de funções que se enquadram nesta categoria é muito amplo, estando

subdividido em quatro subgrupos: Recuperação/Classificação/Medidas; Sobreposição;

Vizinhança; e Conectividade, descritas a seguir.

Page 53: Introdução a SIG

53

4.1.3.1 Funções de Recuperação/Classificação e Medidas

Nesta categoria de funções, os dados espaciais e descritivos são consultados mas

não são modificados.

A) Recuperação de Dados

São funções que envolvem busca seletiva, manipulação e geração de resultados,

sem alterar os valores armazenados no banco de dados. Um exemplo seria a geração de

um mapa urbano mostrando a localização das residências com valor nominal acima de

R$200.000,00.

B) Classificação e Generalização

O procedimento de classificação é utilizado para agrupar entidades espaciais de

acordo com algum padrão. Um exemplo seria, criar um novo atributo descritivo na

classe que descreve as Residências, informando o tipo de residência (classe A, classe B

ou classe C) em relação ao valor nominal do imóvel. O procedimento de classificação em

um sistema raster, normalmente denominado recoding, cria uma nova camada de dados,

onde os valores das células correspondem ao valor da classificação.

Generalização é o processo inverso, no qual as classes mais específicas são

agrupadas para formar superclasses, mais genéricas. A Figura 4.3 mostra um exemplo de

operação de generalização.

UrbanaResidencial

UrbanaIndustrial

RuralCultivada

RuralFloresta

Urbana

Rural

Figura 4.3 - Operação de Generealização

C) Funções de Medidas

São executadas sobre os objetos espaciais (pontos, linhas, polígonos e conjunto

de células) e incluem funções como distância entre dois pontos, comprimento de linhas,

perímetro de áreas, etc.

Page 54: Introdução a SIG

54

Em operações de Modelos Numéricos de Terreno, medidas tridimensionais

também são executadas, como por exemplo, o cálculo do volume de terra a ser removido

em um trecho da estrada que esteja sendo projetado. Normalmente, cálculos de área,

perímetro e centróide (ponto central de um polígono) são realizados durante o processo

de criação de polígonos, ficando disponíveis para consultas posteriores.

4.1.3.2 Funções de Sobreposição de Camadas (overlay)

Um dos tipos de operações mais utilizados na realização de análise espacial, é o

das funções de sobreposição de camadas (ou overlay), que acessam e relacionam

informações de duas ou mais camadas de dados. Essas funções podem executar

operações aritméticas (soma, subtração, divisão, etc) ou lógicas ('e', 'ou', 'ou exclusivo',

etc), entre os valores dos atributos dos objetos localizados em coordenadas idênticas nas

diversas camadas envolvidas (Figura 4.4).

A implementação dessas operações, é feita de maneira diferente nos modelos

raster e vetorial. No modelo raster essas operações são implementadas de forma mais

simples que no modelo vetorial e muitas vezes são executadas de forma mais eficiente.

Isto ocorre, devido à regularidade do tamanho das células em uma imagem raster e à

simplicidade de suas estruturas de armazenamento. Imagens compactadas por estruturas

de dados do tipo quadtree aumentam a complexidade de implementação dessas

operações, mas podem diminuir, de forma significativa, o tempo de resposta dessas

operações [PEU 84].

2

3

3

2

1

1

1

1

3

10

10

30

10

10

30

20

20

30

12

13

11

12 21

11

31

21

33

S

S

S

S

N

S

N

N

S

N

N

N

S

S

N

N

S

S

N

N

N

S

N

N

N

N

S

'E'

Figura 4.4 - Operações de Sobreposição de Camadas

Page 55: Introdução a SIG

55

Alguns sistemas convertem as imagens do formato vetorial para o formato raster,

para a execução de operações de sobreposição, convertendo a imagem resultante para o

armazenamento no formato vetorial.

4.1.3.3 Funções de Vizinhança

São funções que avaliam as características de uma área circunvizinha em relação

a uma localização específica. As funções de vizinhança são executadas com base em três

parâmetros básicos:

1) Uma ou mais localizações alvo;

2) Uma definição da área circunvizinha (normalmente na forma de umquadrado, retângulo ou círculo); e

3) Uma função a ser executada sobre os objetos pertencentes à área definida.

Existem diversos tipos de operações de vizinhança, entre elas podemos citar:

funções de busca, identificação de linhas-em-polígonos e pontos-em-polígonos, funções

topológicas, funções de interpolação e geração de contorno.

A) Funções de Busca

São usadas para localizar/calcular elementos que satisfaçam à função escolhida,

dentro da região especificada. Por exemplo, calcular o número de escolas (ou alunos) em

um raio de 5 Km de um centro esportivo.

A região especificada, ou região de interesse, pode não ser regular, podendo ser

gerada por outras funções disponíveis, como por exemplo, o polígono referente a um

bairro ou a um município.

B) Identificação de Linhas-em-Polígonos e Pontos-em-Polígonos

No formato vetorial, essas operações podem ser resolvidas como uma função de

busca especializada, enquanto no formato raster equivale a uma operação de

sobreposição. Essas operações podem ser usadas na solução de problemas do tipo:

Identificar as linhas de ônibus que "cruzam" ou "atendem" a um determinado bairro;

Verificar quais as propriedades rurais por onde passa uma linha de transmissão de

energia; ou Identificar as propriedades que possuem nascentes de água potável.

Page 56: Introdução a SIG

56

C) Funções Topográficas

O termo topografia diz respeito às formas de relevo de uma região. Mapas

topográficos são construídos a partir da obtenção dos valores de altitude em cada

localização dentro de uma área. Nos SIG, a topografia pode ser representada por

diferentes Modelos Numéricos de Terreno, conforme mostrado na Figura 3.2.

Funções topográficas são usadas para calcular valores que descrevem a

topografia em uma localização geográfica ou região circunvizinha. Exemplos de funções

topográficas são: declive, aspecto, gradiente, ângulo azimutal, etc.

D) Funções de Interpolação

Interpolação (Figura 4.5) é o método matemático no qual valores não definidos

em uma localização podem ser calculados com base em estimativas feitas a partir de

valores conhecidos em localizações vizinhas.

1 2 3 4 5 6

1 2 3 4 5 6

1 2 3 4 5 6

1 2 3 4 5 6

1 3 4 6

2 5

1 3 6

1 3 4 5

Valores conhecidos Valores conhecidos eestimados após interpolação

Figura 4.5 - Exemplo de Operação de Interpolação

Funções matemáticas, como regressão polinomial, Série de Fourier, médias

ponderadas, etc, são aplicadas de acordo com a variável que está sendo analisada. A

qualidade dos valores calculados depende, entre outros fatores, da escolha do melhor

modelo matemático que retrate a realidade em questão.

E) Geração de Contorno

Mapas de linhas de contorno são usados para representar superfícies, onde cada

linha é formada por pontos de mesmo valor (curvas isométricas). Funções de geração de

contorno são usadas para construir os mapas topográficos a partir de um conjunto de

Page 57: Introdução a SIG

57

pontos conhecidos. Segundo Aronoff [ARO 89], funções de interpolação podem ser

usadas para estimar valores desconhecidos durante a geração de linhas de contorno.

4.1.3.4 Funções de Conectividade

A principal característica das funções de conectividade é que elas executam

operações que acumulam valores ao longo da área analisada, ou seja, a cada trecho

analisado (percorrido), valores de atributos são considerados segundo critérios

quantitativos (ex. distância total percorrida) ou qualitativos (ex. local de destino

alcançado).

As funções de conectividade estão baseadas em três tipos de argumentos:

1) Especificação do tipo de interconexão existente entre os objetos espaciais;

2) Conjunto de regras que especificam os tipos de movimentos possíveis;

3) Unidade de medida.

Por exemplo, para se calcular a distância a ser percorrida por um veículo de

entrega de mercadorias, no deslocamento de um ponto a outro dentro de uma cidade, os

seguintes parâmetros precisam ser considerados:

1) Uma estrutura em rede representando o mapa das ruas da cidade;

2) As regras poderiam incluir: observação do sentido do tráfego, velocidademáxima permitida, ruas com tráfego proibido para transporte de cargas, etc;

3) Unidade de medida: distância (Km).

Calcular a distância entre dois pontos em uma malha viária é uma operação bem

mais complexa do que simplesmente calcular a distância linear entre dois pontos de

coordenadas espaciais, pois envolve primeiro a seleção de um caminho e depois o

cálculo da distância total.

Algumas funções pertencentes à categoria das funções de conectividade estão

descritas a seguir:

A) Medidas de Contiguidade

São funções que avaliam características de objetos espaciais que estão

conectados. Uma área contígua, por exemplo, compreende um conjunto de objetos bi-

dimensionais, que possuam uma ou mais características comuns, podendo ser tratados

Page 58: Introdução a SIG

58

como uma unidade. Um exemplo seria: “Localizar as áreas contíguas de 100 Km2,

apresentando tipo de solo A ou C”.

B) Funções de Proximidade

As funções que permitem análise de proximidade estão associadas à geração de

zonas de buffer. Uma zona de buffer é uma área de extensão definida, que é gerada ao

redor dos objetos espaciais, como mostra a Figura 4.6. Essas funções são úteis em

diversos tipos de análise espacial, como por exemplo: “Definir uma área de segurança em

volta de uma usina termo-elétrica.

Figura 4.6 - Exemplo de zonas de buffer

C) Funções de Rede

Estruturas de rede podem ser usadas para resolver problemas em uma grande

variedade de aplicações. Os principais tipos de problemas abordados podem ser

agrupados em: otimização de rota, alocação de recursos e prognósticos de carga da rede.

Algumas aplicações de rede possuem propriedades únicas que requerem funções

especiais de análise. Quanto mais sofisticadas as funções e as representações das redes,

menor o conjunto de aplicações que se adequam ao modelo.

D) Funções de Intervisibilidade

São funções que permitem a identificação de áreas que podem ser visíveis a partir

de localizações específicas. Podem ser usadas, por exemplo, em aplicações militares na

definição e cálculo do alcance de radares, em aplicações de telecomunicações, na

definição do posicionamento de antenas de retransmissão de imagens, etc. Funções de

Page 59: Introdução a SIG

59

intervisibilidade utilizam dados digitais de terreno para definir a topografia da área

circunvizinha.

4.1.4 Formatação de Saída

Os resultados das operações de análise espacial podem ser gerados na forma de

relatórios, gráficos ou, o mais comum, na forma de mapas. Diversas funções podem ser

usadas para melhorar a aparência dos mapas resultantes dessas operações, entre elas

pode-se citar: anotações em mapas, posicionamento de texto, símbolos, iluminação,

visões perspectivas, etc. Algumas dessas funções estão descritas a seguir.

4.1.4.1 Anotações em Mapas

Permitem adicionar aos mapas, informações como título, legendas, barra de

escala, orientação norte-sul, etc. Podem ser colocados fora dos limites do mapa ou

cobrindo alguma parte deste.

4.1.4.2 Posicionamento de Rótulos

Textos de rótulos normalmente são colocados juntos aos símbolos gráficos que

representam as entidades na mapa. Existem técnicas e padrões cartográficos para a

escolha do posicionamento de rótulos. A maioria dos SIG possuem ferramentas que

efetuam o posicionamento de forma automática ou manual, além disso, os rótulos podem

variar em tamanho e orientação.

4.1.4.3 Padrões de Textura e Estilos de Linhas

Os textos podem variar em tipo de fonte, tamanho, cor e estilo (negrito, itálico,

sublinhado, etc). A escolha dos tipos de letras devem obedecer convenções cartográficas,

assim como os estilos de linhas, que podem variar em espessura, cor e forma (ex.

tracejada, pontilhada, etc).

4.1.4.4 Símbolos Gráficos

Os símbolos gráficos são usados para representar classes de entidades em um

mapa. Alguns símbolos mais comuns são: símbolos de cidades (tamanho variando por

número populacional), pontes, aeroportos, hospitais, museus, escolas, etc. Alguns

sistemas utilizam o conceito de bibliotecas de símbolos, que podem ser adquiridas de

acordo com uma área de aplicação específica.

Page 60: Introdução a SIG

60

4.2 Um Exemplo de Análise Espacial

Nesta seção são descritas, passo-a-passo, as operações necessárias para a

execução de um procedimento de análise espacial, cujo objetivo é identificar áreas

adequadas para extração de árvores. Este exemplo foi adaptado de [NCG 90].

A área a ser identificada deve satisfazer os seguintes critérios:

1) Deve possuir, predominantemente, árvores da espécie Pinus;

2) Deve ter um tipo de solo bem drenado, para viabilizar a utilização de

equipamentos pesados como caminhões e tratores;

3) Deve estar distante pelo menos 500 m de qualquer curso d'água, para não

provocar danos ecológicos.

Para a solução deste problema, são utilizadas três camadas de dados, presentes

no BD Geográfico, que está definido conforme mostra a Figura 4.7.

BD Geográfico

.Camadas Temáticas:

-1) Lagos; 2) Espécies de Árvores; 3) Tipo de Drenagem do Solo

.Resolução: 500 m

.Cobertura total: 2,5 Km x 2,5 Km

.Orientação: colunas alinhadas na direção norte-sul

Camada 1: Lagos

1 1 0 0 0

1 1 0 0 0

1 0 0 0 0

0 0 0 0 0

0 0 0 0 0

1=lago

Camada 2: Espécies de Árvores

1=madeira de lei; 2=Pinus

0=sem lago 0=sem floresta

Camada 3: Tipo de Drenagem do Solo

1=pobre; 2=boa

0=alagado

0 0 2 2 2

0 0 2 2 2

0 1 1 1 2

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

0 0 2 2 2

0 0 1 1 2

0 0 1 1 2

0 1 1 1 2

1 1 1 2 2

Figura 4.7 - Exemplo de BD Geográfico

A estratégia de análise utilizada foi a de definir, para cada um dos critérios

descritos acima, uma nova camada contendo as áreas que satisfazem o critério,

assinaladas com valores lógicos ('S'-sim ou 'N'-não).

Page 61: Introdução a SIG

61

No primeiro passo (Figura 4.8), aplicou-se sobre a camada 2 (Espécies de

Árvores) a operação (recode), gerando uma nova camada (4 - Espécies Permitidas)

contendo as áreas de Pinus assinaladas com 'S'.

PASSO 1: recode camada 2SE valor = 2 (Pinus) ENTÃO 's' SENÃO 'n'

Camada 2: Espécies de Árvores Camada 4: Espécies Permitidas

0 0 2 2 2

0 0 2 2 2

0 1 1 1 2

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

n n s s s

n n s s s

n n n n s

n n n n n

n n n n n

Figura 4.8 - Passo 1 - Selecionar Espécies de Pinus

No segundo passo (Figura 4.9), de forma semelhante ao primeiro passo, criou-se

a camada 5 contendo áreas selecionadas com boa drenagem.

PASSO 2: recode camada 3SE valor = 2 (boa) ENTÃO 's' SENÃO 'n'

Camada 3: Tipo de Drenagem do Solo Camada 5: Solo Bem Drenado

0 0 2 2 2

0 0 1 1 2

0 0 1 1 2

0 1 1 1 2

1 1 1 2 2

n n s s s

n n n n s

n n n n s

n n n n s

n n n s s

Figura 4.9 - Passo 2 - Selecionar Solos Bem Drenados

O terceiro critério, que estabelece que as áreas devem estar distantes pelo menos

500 m de qualquer leito d'água, foi alcançado através dos passos 3 e 4 (Figura 4.10). No

passo 3 aplicou-se a operação de spread, ou seja, criação de zona de buffer de 500 m

(ou uma célula) sobre os objetos da camada 1 (Lagos), gerando uma nova camada (6 -

Áreas Perto de Lago). No passo 4, essa camada 6 foi recodificada criando a camada 7,

que contém as áreas que não estão próximas a lagos.

Page 62: Introdução a SIG

62

PASSO 3: spread camada 1

Camada 1: Lagos Camada 6: Perto de Lago

1 1 0 0 0

1 1 0 0 0

1 0 0 0 0

0 0 0 0 0

0 0 0 0 0

1 1 1 0 0

1 1 1 0 0

1 1 0 0 0

1 0 0 0 0

0 0 0 0 0

PASSO 4: recode camada 6

Camada 7: Longe de LagoCamada 6: Perto de Lago

n n n s s

n n n s s

n n s s s

n s s s s

s s s s s

1 1 1 0 0

1 1 1 0 0

1 1 0 0 0

1 0 0 0 0

0 0 0 0 0

SE valor = 1 (perto) ENTÃO 'n' SENÃO 's'

Figura 4.10 - Passos 3 e 4 - Identificar Áreas Longe de Lago

Após gerar as novas camadas de dados contendo as áreas que satisfazem cada um

dos critérios estabelecidos, são executados os passos 5 e 6 (Figuras 4.11 e 4.12), nos

quais as novas camadas são sobrepostas através da operação de sobreposição (overlay),

gerando finalmente a camada 9, contendo o resultado da análise, ou seja, as áreas que

são adequadas para a extração de árvores.

PASSO 5: overlay camadas 4 e 5

Camada 5:Camada 4:

n n s s s

n n n n s

n n n n s

n n n n s

n n n s s

Camada 8:

n n s s s

n n n n s

n n n n s

n n n n n

n n n n n

Espécies Permitidas Solo Adequado Espécies e Solos

'E' =

n n s s s

n n s s s

n n n n s

n n n n n

n n n n n

Figura 4.11 - Passo 5 - Selecionar Espécies e Solos Adequados

Page 63: Introdução a SIG

63

PASSO 6: overlay camadas 7 e 8

Camada 9:Camada 7:

n n n s s

n n n n s

n n n n s

n n n n n

n n n n n

Camada 8:

n n s s s

n n n n s

n n n n s

n n n n n

n n n n n

Longe de Lago Resultado FinalEspécies e Solos

'E' =

n n n s s

n n n s s

n n s s s

n s s s s

s s s s s

Figura 4.12 - Passo 6 - Resultado Final do Processo de Análise Espacial

Existem diversos algoritmos (seqüências de passos), que levariam ao mesmo

resultado. A escolha da melhor maneira vai depender das funções disponíveis no sistema

e da experiência do usuário.

Page 64: Introdução a SIG

64

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho apresentou-se uma visão geral dos diversos conceitos

relacionados à Sistemas de Informações Geográficas (SIG), com ênfase nos principais

tipos de dados manipulados, no armazenamento desses dados e nos diferentes tipos de

manipulações, consultas e análises que são realizadas com dados espaciais.

Devido ao perfil multidisciplinar dos usuários envolvidos com sistemas de

Geoprocessamento (geógrafos, geólogos, antropólogos, engenheiros, ambientalistas, etc)

e à ausência de uma padronização de conceitos, tanto no âmbito das pesquisas como no

âmbito comercial, surgem problemas que dificultam a comunicação e a troca de

experiências entre esses usuários. Por exemplo, dependendo do sistema utilizado, uma

mesmo conceito da realidade pode ser denominado de diferentes maneiras, como no caso

de temas, categorias, camadas, planos de informação, coberturas, mapas e feições

[PIRE95].

Um dos pontos críticos e de importância significativa no desenvolvimento de

aplicações de Geoprocessamento diz respeito à obtenção dos dados. Dependendo da

disponibilidade das fontes de dados, em escalas adequadas, o custo da aquisição, captura

e preparação dos dados pode ser muito superior aos custos de aquisição do hardware e

do software juntos. Outro fator importante é a dificuldade de compatibilização dos dados

provenientes de diversas fontes, que podem estar em diferentes formatos, escalas,

projeções, etc.

No tocante ao armazenamento de dados, a maioria dos SIG existentes atualmente

foram construídos baseados no tipo de arquitetura dual, onde dois componentes de

software são utilizados. Um SGBD relacional é o responsável pelo armazenamento dos

atributos descritivos das entidades e um outro módulo é o responsável pelo

armazenamento e manipulação dos atributos espaciais (geometria, localização e

topologia). Muitas pesquisas estão sendo realizadas com o objetivo de explorar as

Page 65: Introdução a SIG

65

potencialidades dos SGBDs Orientados a Objetos e Relacional Estendido, como

arquiteturas alternativas, mas existem ainda poucos resultados práticos, entre eles [VIJ

92], [SCH 92].

O termo modelo é empregado na literatura de forma generalizada, variando desde

a identificação de conceitos relacionados à descrição conceitual de entidades do mundo

real até a descrição de estruturas internas de armazenamento de dados. Um modelo,

conforme definido por Tsichritzis e Lochovsky (1977), citado em [GOO 92], é "um

conjunto de orientações para a representação da organização lógica dos dados em um

banco de dados... (consistindo) de unidades lógicas nomeadas de dados e dos

relacionamentos entre elas."

Com base nos conceitos de modelo conceitual, lógico e físico [NAV 92] e

segundo as duas diferentes visões (campo e objeto) dos usuários com relação a forma de

"ver" a realidade [GOO 90], pode-se elaborar as seguintes estruturas para classificar os

diferentes tipos de modelos utilizados em SIG:

Modelo decamadas

Modelosde campos

Modelosde objetos

Polígonos

Grade de células

Rede triangular

Linhas de contorno

Modelo geométrico

Modelo descritivo

Modelo simbólico

Estruturas de dadosespaciais

Modelo Modelo

Estruturas quadtree

Estruturas lineares

Modelo topológico

Rede

Modelo

MODELOS CONCEITUAIS MODELOS LÓGICOS

vetorialraster

spaghetti

Figura 5.1- Tipos de modelos relacionados com SIG

A continuidade deste trabalho se dará, inicialmente, através da realização de um

estudo mais aprofundado das diversas metodologias de modelagem de dados para SIG,

existentes atualmente, bem como no levantamento e identificação de requisitos de dados

das aplicações, tanto na área ambiental, como em aplicações de áreas sócio-econômicas.

Page 66: Introdução a SIG

66

Alguns tópicos, como por exemplo, linguagens de consulta envolvendo dados

espaciais, temporalidade de dados geográficos e padronização de formatos para

intercâmbio de dados, não foram cobertos neste trabalho, sendo também, tópicos para

futuras investigações.

Page 67: Introdução a SIG

67

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