INTRODUÇÃO GENÉRICA

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    REPBLICA DE ANGOLA

    GOVERNO DA PROVNCIA DO UIGE

    I- INTRODUO GENRICA

    A Provncia do Uige disposto a estabelecer pontes que permitam a celebrao de Acordos de geminao com algumas cidades de alguns Pases dada a vontade manifestada por aquelas cidades, somos a apresentar os dados necessrios que vo permitir o conhecimento real da Provncia do Uige e concomitatemente vai facilitar uma ptima escolha nos domnios a intervir. Assim passaremos a descrever os objectivos aos quais se pretende atingir. A Provncia do Uge uma das regies mais populosas de Angola e uma das que possui muitas potencialidades do ponto de vista agrcola e industrial. Estes dois sectores sempre constituram a base fundamental da sua vida econmica, desenvolvendo-se inicialmente a agro-pecuria, e, posteriormente, a indstria que no passado, chegou a ser considerada o quarto parque industrial de Angola. As consequncias nefastas da guerra que se verificou durante os ltimos 30 anos, desarticularam a economia da Provncia em todas as suas vertentes. Praticamente todas as infra-estruturas sociais (escolas, postos de sade, sistemas de fornecimento de gua e energia elctrica, etc.) e produtivas (fbricas, roas de produo agrcola, etc.), foram destrudas, abandonadas ou saqueadas. A sua capital hoje, uma cidade em runas. O ambiente de devastao que a regio apresenta, contrasta com a sua potencial riqueza e a relativa prosperidade alcanada nos ltimos anos do perodo colonial. uma Provncia de caractersticas essencialmente agrcola, que atravs da explorao cafecola, alcanou a partir do ano 1940, um significado particular na economia angolana. Por esse facto, Angola era o quarto produtor mundial de caf depois do Brasil, Colmbia e Costa do Marfim. Na primeira metade da dcada de 70, a Provncia do Uge realizava 2/3 da produo nacional desta cultura.

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    O sector empresarial era o responsvel pela maior parte da produo, embora, a explorao camponesa tambm tivesse um protagonismo digno de realce. No entanto, aps a ascenso do pas a independncia, com o abandono das fazendas e roas por quase todos os agricultores portugueses e por uma boa parte dos trabalhadores rurais, a produo empresarial decaiu dramaticamente. As tentativas para a recuperao do sector por parte do estado em finais dos anos 70 fracassaram, por causa das dificuldades de gesto, da falta de mo de obra qualificada e no qualificada, das dificuldades do sistema centralizado de fornecimento de materiais e do sistema de propriedade social dos meios de produo. Ao mesmo tempo, a produo camponesa tambm entrou em declnio longo, provocado inicialmente, pelo desaparecimento da rede de comerciantes portugueses e agravado pela ineficincia das empresas estatais de comercializao que no conseguiam colocar no mercado os materiais e os bens de consumo procurados pelos camponeses. A extenso da guerra toda a dimenso da Provncia em finais da dcada de 80, tornou impossvel a revitalizao do sector cafecola, apesar da aplicao de novas polticas consubstanciadas da privatizao das empresas estatais de produo de caf e a liberalizao dos preos desse produtos. O processo de venda e transferncia das fazendas estatais para os agentes privados foi interrompido pelo recomeo da guerra em finais do ano de 1992. Para alm de arruinar o sector do caf, que significou a perda da principal fonte de rendimentos dos agentes econmicos e de receitas da economia provincial, a guerra teve um impacto devastador em todos os domnios da vida social e econmica, especialmente aps o seu reacender em 1992. A consequncia imediata de todas essas adversidades a reduo da produo do caf na ordem dos 70%, o desaparecimento da actividade industrial, o surgimento de um grande nmero de populao deslocada, constituda por grupos muito vulnerveis, fsica e economicamente, em estado de extrema pobreza num total de 1.383.136 habitantes. A comparao dos nmeros das principais produes, espelha bem a grandeza da recesso econmica que assola a Provncia nos ltimos trinta anos.

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    II- CARACTERIZAO GEOGRFICA MESOLGICA 2.1- Localizao geogrfica A Provncia do Uge situa-se na parte norte da Repblica de Angola, limitando-se a norte e a Leste com a Repblica Democrtica do Congo ex. Zaire, a sul com as Provncias do Zaire e Bengo. Sob o ponto de vista morfolgico distinguem-se duas zonas: o planalto a leste e a mata cafecola a ocidente. 2.2- Territrio A extenso do territrio compreende uma superfcie de 64.022 Km2 estendendo-se entre os paralelos 5 50 e 8 20 de latitude sul e os meridianos 14 50 e 17 10 de longitude este de Gruinch. 2.3 Clima A Provncia encontra-se confinada numa regio designada por zona trrida, de clima predominantemente tropical quente e hmido/sub-hmido, caracterizado por duas estaes bem definidas. A estao das chuvas com incio em Setembro/Outubro continua at Maio, sendo os meses de Novembro e Abril os mais chuvosos e a estao seca que vai de Junho Agosto. Os valores de precipitao atingem cerca de 1.500 mm por ano. Na estao seca, praticamente no chove, mas h valores elevados de humidade relativa. As temperaturas mdias anuais variam entre 22 25 Centgrados e a humidade relativa do ar varia entre 75 e 90%. A altitude varia da seguinte maneira: de 1.300 metros 800 metros no planalto, de 1.200 metros 1.100 metros nas serras e nos vales de 800 metros 600 metros. Toda a extenso do territrio da Provncia dispe de boas condies edafo-climticas que propiciam o desenvolvimento da actividade agro-pecuria. 2.4 Minerais Encontram-se na Provncia os seguintes minerais: cobre, cobalto, calcrio, enxofre e zinco.

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    2.5 Hidrografia Quadro n 1 Rios com maior caudal existentes na Provncia N/O Designao

    Municpios

    O1 Rio Cuango Quimbele e Milunga 02 Rio Cuho Milunga 03 Rio Cuilo Alto Cauale, Pri e Pombo 04 Rio Buengas Pombo, Buengas, Milunga 05 Rio Cauale Alto Cauale 06 Rio Lucala Negage e Alto Cauale 07 Rio Nzadi Damba e Zombo 08 Rio Nsanga Bungo e Damba 09 Rio Dange Negage e Dange 10 Rio Loge Uge e Ambuila 11 Rio Vamba Dange e Ambuila 12 Rio Calambinga Dange e Amuila 13 Rio Luquixi Uge e Negage 14 Rio Lo Uge e Songo 15 Rio Lulovo Negage, Alto Cauale e Pri 16 Rio Cagigi Negage e Uge Fonte: Governo da Provncia do Uge 2.6 Relevo A Provncia do Uge uma regio bastante acidentada, no diferindo muito das caractersticas gerais do Pas. Toda sua extenso constituda por grandes zonas montanhosas.

    a) Planaltica Constituda maioritariamente pela bacia dos Sub-afluentes do rio Zaire, cujas guas correm para o norte. Esta zona ondulada, mas, com ravinas fundas, principalmente nos rios de maior caudal, no sendo contudo navegvel em toda a sua extenso.

    b) Zona da Bacia do rio Mbrige- Situa-se a sudoeste da linha Pete

    Mucaba Songo Mabaia. Esta zona tambm ondulada e de ravinas profundas junto dos rios, baixa e pouco ondulada;

    c) Zona Montanhosa Abrange o interior da Provncia, sobretudo dos

    rios Loge e Dange, assim como as bacias dos afluentes. relevante considerar os seguintes aspectos que genericamente constituem o relevo da Provncia.

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    Um n-hidrogrfico no Negage com altitude de 1300 metros; O planalto central de 1.300 a 800 metros, com vertente para o norte (rio zaire) e sudoeste nos rios (Lucala e Kuanza), sendo que a orla oeste cai abruptamente sobre os vales da bacia dos rios Mbrige, Loge e Dange que vo directamente para o Oceano Alntico. Um conjunto de Serras paralelas no sentido NO-SE, entre os rios da bacia atlntica, com uma altitude de 1.200 1.100 metros. Nesta regio destacam-se seguintes serras: Cazundo Luege Ambuila Calambinga Quitoque Pingano Camanga Uige Mucaba Toto Lefunde Massarelo Quimbumba Estas serras constituem a linha divisria das bacias hidrogrficas mais importantes da Provncia do Uge. 2.7 - Fauna A Provncia do Uge uma regio de caa abundante, de uma maneira geral, h por toda parte um pouco de cada espcie de animais incluindo o elefante que pode ser encontrado em manadas nas margens dos rios Loge, Coge, Lucunga e Cuilo. 2.8 Flora O territrio possui grandes machas florestais e bastante arborizada. As regies cafecolas do Negage, Quitexe, e Damba so tpicas, ocupando grandes extenses de matas cerradas com rvores para o corte de madeira. Os Municpios de Milunga, Quimbele e Buengas tambm constituem importantes produtores de madeira.

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    3- CARACTERIZAO DEMOGRFICA 3.1 -Populao

    O ltimo recenseamento populacional data de 1970. A situao excepcional que o pas viveu nos ltimos 20 anos, no permite a existncia de dados actuais fiveis, sobre a dimenso e distribuio da populao. A populao da Provncia maioritariamente composta por Africanos de origem Banto e euro-africanos em pequeno nmero. A populao da Provncia do Uge estimada em, aproximadamente, 1.912.861 de habitantes distribuda como indica o quadro n 2. Quadro n 2 Distribuio da populao por Municpios/1991 Municpios Populao % da populao total Uge 281.551 14,75Ambula 37.000 1,94Songo 65.200 3,42Bembe 34.000 1,78Negage 230.180 12,06Bungo 47.620 1,82Maquela do Zombo 304.000 15,93Damba 175.000 9,17Alto Ca uale 86.391 4,53Sanza Pombo 103.420 5,42Dange 57.634 3,02Quimbele 299.262 15,68Milunga 53.542 2,80Pri 42.469 2,22Mucaba 29.623 1,56Buengas 65.969 3,45Total 1.912.861 100Fonte: Governo da Provncia do Uge 3.2- Caracterizao etno-Lingustica Embora a lngua que predomina toda a costa a maior parte da sociedade da Provncia seja KIKONGO, existem franges na sua extenso, deferindo de rea em rea.

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    Assim, ressalta-se que, no Municpio de Maquela do Zombo predomina os subgrupos Mbatas. No Municpio da Damba, encontramos os seguintes subgrupos etnolingusticos: Bachicongo, Bazombo e Bansoso. No Bembe e Ambuila, os Bassolongos, Bassundi e Bauoyo. Ao longo destes, possivel registar-se a grande diferena etnolingustica na expresso das populaes, no sentido descendentes do norte a sul, partindo de Maquela do Zombo a Comuna de Sacandica, da Damba, Nsoso, Bungo, as grandes e notveis diferenas distinguem-se em termos do sotaque ou pronncia. Na vertente nordeste, particularmente os Municpios do Pri, Cangola que agregamos ao grupo do Negage e Dange-Quitexe, encontramos, os do Sanza Pombo, Buengas igualmente alguns subgrupos para os Municpios de Milunga e Kimbele, com as seguintes denominaes:

    - Subgrupos etnlingusticos do Milunga, Bassosso, Bayaca, Pombo e Bassuku,

    - Para o Municpio de Kimbele encontramos igualmente os subgrupos etnolingusticos: Bakongo Bassosso, bacano, Balungi e Bayaka, cuja pronunciao vai diferindo de subgrupo para outro.

    - Verifica-se porm, casos muito particulares para os Municpios de Cangola, Puri, Negage e Dange-Quitexe em que h existncia de subgrupos etnolingusticos apresentam diversidade lingustica como sendo: uma frange de kikongo e outra de kimbundo, pela influncia que recebe das Provncias de Malange, KuanzaNorte e Bengo, em que suas populaes so predominantemente kimbundos.

    - Os Municpios do Songo e Mucaba por influncia dos Municpios de Ambuila e Bembe, ao primeiro dos Municpios do Bembe e Damba, ao segundo apresentam caractersticas etnolingusticas aproximadas, contendo o do Songo alguns subgrupos tais como os bahumbo, bawando e bayembo, sendo este ltimo maioritrio.

    - Apesar de grandes particularidades existentes entre estes subgrupos etnolingusticos reconhece-se outrossim, a existncia de alguns aspectos em comum, do Dange Maquela do Zombo e do Bembe Cangola sob o ponto de vista de usos e costumes.

    - Por exemplo a existncia dos subgrupos etnolingusticos (Bassosso) nos Municpios da Damba, Sanza Pombo, Milunga

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    e Quimbele, d-nos logo a entender que esta pequena etnia foi ramificando-se uma determinda rea para aqueles Municpios.

    - Este um sinal de partilha ou semelhana dos mesmos hbitos, usos e costumes qui a mesma cultura para todos os Municpios que fazendo Uige em todo.

    4- CARACTERIZAO INSTITUCIONAL 4.1- Poltica administrativa

    A Provncia do Uge tem como capital a cidade com o mesmo nome, que se situa na parte centro-sul da Provncia, perto da fronteira com o Kuanza Norte. Est dividida administrativa em 16 Municpios e 31 Comunas, conforme o quadro que se segue: Quadro n 3 Municpios da Provncia do Uge

    Municpios Comunas Uge Ambula Quipedro Songo Quinvuenga Bembe Lucunga e Quimaria Negage Dimuca e Kisseque Bungo Maquela do Zombo Quibocolo, Bu, Cuilo Futa e Sacandica Damba Nsosso, Lmboa, Camatambo e Petecusso Cangola Caiongo e Bengo Sanza Pombo Alfndega, Cuilo Pombo e Uamba Quitexe Aldeia Viosa, Vista Alegre e Cambamba Quimbele Icoca, Cuango e Alto Zaza Milunga Macocola, Macolo e Massau Pri Mucaba Uando Buengas Buenga Sul e Cuilo Cambozo Fonte: Governo da Provncia do Uge

    5- CARACTERIZAO ECONMICA A Economia da Provncia baseia-se fundamentalmente em 2 Sectores, a agricultura e comrcio. A indstria no representa uma percentagem elevada, porque das 412 Unidades antigamente existentes foram destrudas e saqueadas. Estes sectores empregam a maior parte da populao e

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    garantem o sustento das famlias. Em termos de estrutura assim que vai revelando ao longo da leitura. No passado o comrcio estava estreitamente ligado a comercializao do caf e outros produtos agrcolas. Uma rede de comerciantes portugueses comprava estes produtos nas aldeias e povoaes, vendia matria prima, equipamentos e bens de consumo aos produtores agrcolas concedendo-lhes crditos. Estes comerciantes locais por sua vez, eram financiados pelos bancos e jogavam um papel de intermedirios entre o sector agrcola e as grandes companhias de comrcio a nvel nacional. Aps a independncia, este sistema de comrcio desapareceu em consequncia da fuga dos portugueses. A extenso da guerra Provncia em meados da dcada de 80, agravou ainda mais a actividade comercial. Outro factor que contribuiu fortemente para a derrocada da actividade comercial e para o no relanamento do sector na Provncia, foi e continua a ser a falta de crdito bancrio aos agentes econmicos na sua generalidade. 5.1- Comrcio Interno O comrcio interno desenvolvido principalmente pelo mercado informal e em quantidades insuficientes para satisfazer a enorme procura de bens e servios por parte das populaes. A gama de produtos de consumo oferecidos pelos comerciantes igualmente insuficiente. Nesta conformidade, no existem estabelecimentos comerciais de grande e mdia dimenso, existindo apenas pequenas cantinas espalhadas por toda a Provncia. A fonte de abastecimento do mercado local a Provncia de Luanda, de onde provem, a preos muito altos, os seguintes produtos: acar, leite em p, latarias, arroz, sal, bebidas alcolicas e espirituosas. 5.2- Hotelaria Existem na Provncia 7 grandes Hotis, estando dois situados na cidade do Uge e trs na do Negage, todos paralisados, ou seja, no existem unidades hoteleiras em funcionamento na Provncia do Uge.

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    5.3 Indstria Este sector constitui uma das bases fundamentais da capacidade econmica da regio e encontra nas indstrias de construo, alimentar, bebidas e tabaco, os seus principais componentes. Durante o perodo colonial desenvolveu-se muito rapidamente, logo a seguir a agro-pecuria, levando naquela altura, a Provncia do Uge a ser classificada em quarto lugar no universo do parque industrial de Angola. A situao adversa a que o Pas esteve submetido durante aproximadamente 30 anos, desarticulou o sector conduzindo a que, de um modo geral, no seja observada com relevncia a prtica dessa actividade na Provncia. Este sector, aps a ascenso do pas independncia, foi-se degradando rapidamente chegando a atingir os 100% na escala da destruio. A ttulo de exemplo, das 412 unidades existentes at a proclamao da independncia do Pas, hoje apenas funciona uma padaria industrial das 106 anteriormente existentes. importante tambm referir que existem pequenas unidades de produo cujo equipamento encontra-se em estado praticamente obsoleto, portanto, fora de servio. Estas unidades de produo esto paralisadas ou semi paralisadas devido a falta de investimentos adequados e regulares, que possibilitem a reabilitao das suas infra-estruturas produtivas e administrativas, a aquisio de materiais de reposio ou de substituio e at de matrias primas. A semelhana do que se verifica nos outros sectores, estiveram na base desse retrocesso em termos de desenvolvimento econmico, a ausncia de polticas adequadas que provocaram um desinvestimento no sector, a guerra e a fuga macia quer dos antigos proprietrios da maior parte das unidades industriais, quer de todo capital humano especializado ento residente na Provncia. O parque industrial da Provncia do Uge, destrudo em 1992, era constitudo por industriais orientadas principalmente para o descasque do caf, produo de leo de palma e processamento de outros produtos

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    agrcolas, mais algumas empresas de materiais de construo como, serraes e cermicas. Destacava-se na altura uma Fbrica de gasosas (Bangola do Norte), uma fbrica de sumo de frutas e enchimento de vinho (Companhia Industrial de Frutas de Angola), uma fbrica de calados, uma empresa de vulcanizao de pneus (Vulcap), uma pequena empresa de Metalo-mecnica, uma Grfica, uma cermica, uma cerrao, uma fbrica de mobilirio (FAMOE) e algumas unidades de panificao. Nas outras sedes de Municpios, existiam unidades de descasque de caf, de produo de leo de palma, cermicas, serraes, pedreiras, padarias e outras empresas de pequena dimenso. No Negage existia uma fabrica de torrefaco de caf e uma grfica, ambas paralisadas antes de 1992. Em Sanza Pombo existia uma fabrica de descasque de arroz, que funcionou at l998. Objectivando repor a capacidade produtiva da Provncia, ao abrigo da Lei das Privatizaes (Lei n 10/94 e Decreto Lei n 60/91 de 18 de Outubro), o Governo da Provncia privatizou todas as unidades industriais. Entretanto, esse processo no surtiu os resultados esperados e acabou por agravar ainda mais o j dbil estado do sector. 6- TRANSPORTES CORREIOS E COMUNICAES Este sector caracterizado fundamentalmente por um insignificante parque automvel pesado e ligeiro, pela desactivao das estaes de telecomunicaes, dos correios, das estradas e das pontes. Atravs da INATEL foram repostas as estaes de rdio de comunicao em todas as sedes municipais. Os correios funcionam apenas na cidade do Uge e as estradas e pontes apresentam um estado de degradao bastante acentuado. 6.1- Estradas e Pontes De acordo com os dados estatsticos disponveis, a rede rodoviria da Provncia do Uge foi construda at finais de 1971, constituda por Rodovias principais e secundrias e comporta 6000 Km.

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    Quadro n 4 Rede rodoviria da Provncia do Uge DESIGNAO Km Rodovias Principais Estradas asfaltadas 494 Estradas terraplenadas 70 Estradas de terras beneficiadas 924 Estradas de terras no beneficiadas 258 Sub-total 1.746 Rodovias Secundrias Estradas de terra beneficiada 138 Estradas de terra no beneficiada 4.116 Sub-total 4.254 Total 6.000 FONTE: Gabinete do Plano do Governo Provincial do Uge As sete estradas existentes, a julgar pela dimenso territorial da Provncia, apresentam-se insuficientes em termos de numero, extenso e qualidade. Este quadro agravado com o facto de apenas 8,2% delas estarem asfaltadas, sendo os restantes 91,8% constitudas por estradas de terra batida. Assim, facilmente se pode inferir que a infra-estrutura rodoviria da Provncia do Uge apresenta caractersticas muito subdesenvolvidas que em pouca medida podem concorrer para o desenvolvimento da Provncia pelo que, urgente a reabilitao dos eixos existentes e a construo de novos, de modo a possibilitar a rpida e fcil circulao de pessoas e bens, factor importantssimo para o desenvolvimento scio-econmico de qualquer regio. 6.2- Principais Eixos Rodovirios Uge Negage Sanza Pombo Quimbele (asfaltada); Uge Bungo Damba, com sada para Bembe Maquela do Zombo com sada para Sacandica Mbanza Congo (terraplenada); Uge Songo Toto com sada para o Ambriz (asfaltada at Songo); Uge Negage Ndalatando Luanda (asfaltada); Uge Quitexe Aldeia Viosa Vista Alegre com sada para Luanda (totalmente asfaltada mas, em mau estado de conservao). 6.3- Pontes A quase totalidade das pontes da Provncia est destruda por aco da guerra, necessitando todas elas de reabilitao principalmente as sobre os rios Cuilo, Lucunga e Nzadi Quixi.

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    Quadro n 5 Pontes metlicas mais importantes da Provncia N/O

    RIOS ITINERRIO LARGURA CUMPRIMENTO

    CAPACIDADE

    01 LOMBA NSOSSO-CUILO POMBO 4.10m 18.40m 40 Toneladas 02 CUILO II PRI-SANZA POMBO 4.70m 36.70m 40 Toneladas 03 LUQUELA BEMBE-MABAIA 3.60m 36.59m 40 Toneladas 04 LOANGO CUIMBA-MAQUELA 4.10m 22.00m 40 Toneladas 05 LUCUNGA II SONGO-MUCABA 4.10m 36.00m 40 Toneladas 06 LUCUNGA I UGE-MUCABA 9.20m 53.74m 40 Toneladas 07 DIU III BUNGO-NEGAGE 5.45m 17.00m 40 Toneladas 08 LUCUNGA III SONGO-LUCUNGA 4.20m 47.85m 4o Toneladas 09 NZADI MAQUELA-BU 4.70m 65.00m 40 Toneladas 10 CUILO III SACANDICA-QUIMBELE 4.70m 36.70m 40 Toneladas 11 TASSA SACANDICA-QUIMBELE 8.50m 43.00m 40 Toneladas 12 LUIDI MAQUELA CUIMBA 4.20m 25.00m 40 Toneladas 13 QUIMBUNGO MAQUELA-QUIMBATA 3.00m 10.00 40 Toneladas 14 FULEGI MAQUELA-QUIMBATA 4.20m 12.00m 40 Toneladas 15 LOVO BEMBE-LUCUNGA 4.10m 12.00m 40 Toneladas 16 LUCUNGA IV BEMBE-LUCUNGA-DAMBA 7.29m 111.50m 40 Toneladas 17 NZADI QUIXI NSOSSO-DAMBA 4.7Om 22.00m 40 Toneladas FONTE: Governo da provncia do Uge 6.4- Pistas Existem varias pistas espalhadas pelas mais diversas localidades, mas, com muitas dificuldades e a necessitarem de reabilitao, esto em funcionamento as do Uge, Negage, Maquela do Zombo e Quicua em Milunga. 6.5- Telefones A rede telefnica limitada, apenas a cidade do Uge funciona com um nmero muito reduzido de consumidores e uma operacionalidade precria. 6.6- OBRAS PBLICAS E URBANISMO Este o sector que ao longo dos ltimos 25 anos mais profundamente foi afectado pela guerra, principalmente na destruio da rede rodoviria, das infra-estruturas administrativas e das pontes. As estradas secundrias e tercerias encontram-se em muito mau estado de conservao. A pista do aeroporto da cidade do Uge necessita de ampliao para poder suportar avies de grande porte, enquanto que a da cidade do Negage clama por reabilitao urgente. Os troos que ligam a cidade do Uge ao interior da Provncia necessitam de uma interveno por forma a permitir que a circulao de pessoas e bens seja um facto, pois a normalizao da vida neste sector passa necessariamente pela reabilitao e construo de infra-

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    estruturas de saneamento bsico, bem como de um estudo de urbanizao do actual sistema urbanstico dos Municpios da Provncia e tambm pela construo de casas econmicas que possam numa primeira fase atenuar as grandes dificuldades que o sector enfrenta. Em termos de vias de comunicao necessrio e urgente a reabilitao das vidas principais e secundrias com destaque para os seguintes troos: Vias principais Uge Maquela do Zombo Quimbele;

    Uge Quitexe Bengo; Maquela Bungo Songo; Milunga Quimbele; Uge Mukaba (misso incluindo 6 pontes); Maquela do Zombo Mbanza Congo; Kangola Milunga; Uge Bembe; Puri Kangola; Sanza Pombo Buenga Sul Buenga Norte Cuilo Cambozo; Negage Dimuca Cangola Sanza Pombo Buengas.

    Vias secundrias

    Songo Lucunga Bembe Damba Lucunga

    Enquadra-se ainda no objecto do sector o asseguramento da circulao de pessoas e bens entre:

    Uge Negage Puri Uge Songo Uge Quitexe

    7- LINHAS GERAIS PARA O DESENVOLVIMENTO A CURTO,

    MDIO E LONGO PRAZO DA PROVNCIA Para o seu desenvolvimento a Provncia do Uge conta com recursos suficientes indispensveis que resumidamente podemos enumerar:

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    7.1- Um enorme potencial Hdrico: Principais rios Bacia dos afluentes do rio Zare: Cunago, Buenga, Cuilo, Zadi, Luquiche, Cunho, Cauale. Bacia dos afluentes do rio Cuanza: Lulovo e Lucala Bacia Atlntica: Rios Mbrige, (e seus afluentes, Zadi Andimba, Bite Bite, Coge, Lucunga, Loge e Dange que na foz se designa por Dande. Os valores pluviomtricos oscilam entre 9000 1750 mm e a temperatura mdia varia entre 21 c no tempo chuvoso 13 a 18 no tempo frio (cacimbo). 7.2. POTENCIAL MINEIRO Em termos de prospeco e a explorao mineira a provncia do Uge considera-se virgem. Com pouca intensidade foram exploradas as Minas de cobre de Mavoio em Maquela do Zombo e Mrmore no Bembe. Muito recentemente iniciou-se a explorao do asfalto. Dados disponveis do conta de existncia na Provncia dos seguintes Mineiros (ver o quadro n 2). QUADRO N 2 POTENCIAL MINEIRO DA PROVNCIA DO UGE Nr TIPO DE MINERAL LOCALIZAO 1 Cu (Cobre) Avoio M. Zombo, Tetelo

    Damba 2 Cu (Cobre) Tetelo - Damba 3 Cu, Pb (Cobre e chumbo) Baua - Damba 4 Cu, Zn, Pb (Cobre, Zinco e Chumbo) Mbilo - Damba 5 Cu, Zn, Pb (Cobre, Zinco e Chumbo) Sefundo- Damba 6 Pb, V (Cumbo e vandio) Lueca - Damba 7 Pb, V (Chumbo e vandio Quimbumba M. Zombo 8 Cu (Cobre) Sumba e Kunganga, Bembe 9 Cu (Cobre) Lucossa Dongue, M. Zombo 10 Zn (Zinco) Nguingo M. Zombo MINERAIS COM RESERVAS NO DETERMINADAS Nr TIPO DE MINERAL LOCALIZAO 1 Zn (Zinco) Luide M. Zombo 2 Talco Quitexe j explorada 3 Talco Rio Lucunga, Uige e Negage 4 Laterite Negage j explorada

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    OCORRNCIAS DISPERSAS Nr TIPO DE MINERAL LOCALIZAO Zn (Zinco) Luide M. Zombo 2 Cu, Zn, Pb (Cobre, Zinco e Chumbo) Quinzo, Quibocolo M. Zombo 3 Pirite Catuhula - Uige EXISTNCIA DE PEDRAS PRECIOSA Nr TIPO DE MINERAL LOCALIZAO 1 Diamante (D) Quimbele, Bacia do Cuango 2 Diamante (D) Macocola, Bacia do Cuango 3 Diamante (D) S. Pombo Rio Lufige 4 Diamante (D) Cangola 5 Diamante (D) Rio Lucunga, Bungo e Negage 6 Diamante (D) Sacandica M. Zombo 7 Diamante (D) Bu M. do Zombo PEDRA CALCRIA E MRMORE Nr TIPO DE MINERAL LOCALIZAO 1 Mrmore e pedra calcria Mun. Uige (gde reserva) 2 Pedra Calcria Cabala, Cangundo - Negage 3 Pedra calcria e mrmore Ambuila (grande reserva) 4 Mrmore Bembe (gde reserva) 5 Pedra calcria Songo 6 Argila Negage, Uige e Songo 7 Caulino Damba, M.Zombo, Bungo,

    Quitexe Quanto aos recursos para o desenvolvimento, a Provncia do Uige conta tambm com um knowhow humano com a seguinte composio: (ver o Mapa n 3) bem como com recursos naturais espelhados nos mapas em anexo (Vide mapa n 3) MAPA N 3. DISPONIBILIDADE DOS RECURSOS QUALIFICADOS CATEGORIA PROF. M F TOTAL Tcnicos superior 61 2 63Tcnicos mdios 2.130 495 2.625Carreira tcnica 37 2 44 7.3. RECURSOS NATURAIS DE ORIGEM AGRCOLA E PECURIA A Provncia do Uge eminentemente agrcola. As suas caractersticas ecolgicas a abundncia de gua, alem de lhe proporcionarem condies ideais para a cultura de caf, conferem-lhe, tambm, por outro lado, vastas

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    possibilidades de atingir um nvel de ampla diversificao agrcola e industrial. A economia da Provncia tem como base agricultura produzindo quase tudo que cresce no mundo tropical, inclusive houve ensaios bem sucedidos de culturas de origem europeia como videiras, soja e trigo. A provncia produz Caf, madeira (segunda reserva de Angola), Cana de acar, citrinos (toranges, laranjas, tangerinas, limes), arroz, ginguba, bananas, mandioca, abacates, ananases, abacaxis, batata rena e doce, mames, maracuj, etc. Existe condies para produzir e exportar o cacau. Em relao a pecuria tambm as condies so favorveis contando com os planaltos de Ambaca que se estendem ate ao Negage, os do Bungo, Damba e Sanza Pombo. No passado j se exportou inclusive gado criado na Provncia. No ramo da extraco mineira a Provncia conserva grandes reservas de Cobre, Colbato, Zinco, Mrmore , Diamantes e outros. Em termos de infra-estruturas rodovirias e reas tm ligaes com a Capital do Pas e conta com estradas circulveis em condies precrias que ligam os Municpios e Comunas com a sede da Provncia. Quanto as pistas tem 3 grandes pistas (Negage, Uge, e Kikua em Kimbele e Toto no Bembe) e centenas espalhadas em sedes Comunais, Municipais e Fazendas. Todos estes factos referenciados conferem grandes oportunidades para o desenvolvimento da Provncia, podendo conseguir a curto prazo auto-suficiente alimentar para si e expandir para outras Provncias, j que as condies naturais o permitem. O grande calcanhar de Aquiles a falta de recursos financeiros e um Know-How a altura das exigncias da conjuntura para a Provncia alcanar o nvel de desenvolvimento que almeja. Apoios estes que deveriam abranger o equipamento agrcola, bem como a reactivao da rede de transportes e telecomunicaes, reabilitao da rede viria, infra-estruturas aeroporturias e outros sectores indispensveis a Provncia incluindo a disponibilizao de linhas de crditos. 8- SITUAO SOCIAL Durante a guerra a sede da Provncia albergou cerca de 32.874 agregados familiares num total de 197.192 Habitantes. Uma grande parte da Populao em n por determinar com exactido se encontra em Luanda.

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    As cifras citadas cerca de 90% j regressou as suas zonas de origem sem apoio prometido para a sua reinsero. Os que permanecem esto concentrados no campo de acolhimento de Quituma (268) e Bengo em Negage (452), nas imediaes da cidade do Uge e outros se integram na comunidade citadina. No que concerne aos habitantes da Provncia que se encontram no exterior a Provncia espera-se receber e j comeou a receber cerca de 16.616 refugiados provenientes maioritariamente do Congo Democrtico. Entre estes refugiados j regressaram a Provncia 1620. Quanto aos desmobilizados das Ex-foras militares da UNITA regressaram a Provncia aps assinatura de memorando de entendimento do Luena 2.828 desmobilizados, com 4.498 dependentes num total de 7.326 desmobilizados. Nesta conjuntura a situao social caracteriza-se de seguinte forma:

    - Regresso espontneo de deslocados sem apoio prometido por enquanto

    - Apoio insuficiente dos que optaram ficar - Dificuldades na rea de fixao (falta de residncias; meios de

    trabalho; dificuldade de circulao por suspeita de minas) - Ausncia de actividades comerciais e mercados - Estradas esburacadas e pontes partidas - Ausncia de meios de transporte, infra-estruturas escolares e de

    sade, inexistncia do pessoal qualificado. Para os que ficaram sentem dificuldades de adaptao e falta de emprego. 9-CARACTERIZAO HISTRICA DA PROVNCIA ANTES DA INDEPENDNCIA NACIONAL Uige, parcela do actual territrio angolano, outrora pertencente a uma das formaes scio econmicas de frica Central e, no s, uma das mais organizadas e estruturadas do ponto de vista econmico poltico, social e cultural, pode-se afirmar que a evoluo histrica do Uige remota a partir desta formao O Reino do Congo. As mudanas que o Reino do Congo sofreu no decorrer das suas mltiplas fases do seu desenvolvimento mormente no respeitante a sua formao,

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    evoluo, colonizao, esto intrinsecamente ligadas ao actual panorama poltico e geogrfico que Uige, hoje apresenta. O Kongo, Reino incontestvel nos sculos que se seguiram aps a sua formao (sculo XII), conheceu um desenvolvimento prodigioso. Contudo, o drama que assolou o continente, a presena colonialista, mudou o panorama que o Kongo apresenta. A espoliao das suas riquezas e o bem mais precioso que a frica possua o homem foram objecto de uma feronha e hedionda explorao que a histria da humanidade jamais registou. Descoberto o Ngola, os interesses dos portugueses viraram-se mais para esta regio. Assim sendo, o Kongo esquecido, isolado, roendo-se em lutas intestinais, sem administrao e sem coeso. Esta situao mantm-se quase at ao sculo XX. O interesse que a Europa dedicou a frica no ltimo quartel do sculo XIX fez com que Angola se recorda do Kongo. A Conferncia de Berlim (1884-1885) escorteja o velho Reino, d um pedao a Frana, forma com outro um fictcio Estado independente do Kongo, em breve transformado em colnia Belga e deixa-nos uns restos (1) Portugus, Carmona, 1958. Foi com estes restos que se formou o ex-Distrito do Congo Portugus. Iniciada a ocupao efectiva e militar com o sculo XX, completada mais tarde com a civil, depressa se completou sem necessidades de grandes lutas em algumas reas renhidas em outras, que s a superioridade tcnica militar dos invasores colonialistas soube sobrepor-se e por outro lado fruto das lutas intestinais atrs j descritas contriburam para o desmoronamento do Reino. A abolio na Conferncia de Berlim, dos direitos histricos, como condio de posse do Kongo Portugus que foi organizado por Decreto de 31 de Maio de 1887 e instalado em Julho desse mesmo ano. Para Capital escolheu-se Cabinda onde em 14 de Julho desembarcou o 1 Governador, o Capito-Tenente NEVES FERREIRA. O Distrito abrangia a actual Provncia de Cabinda, os territrios da margem esquerda do rio Zaire, at ao rio Loje, ao sul, e at ao Cuango a leste.

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    A concretizao da medida legislativa que criou o Distrito teve lugar em breve com a ocupao efectiva do territrio que, se encontrava praticamente abandonado. Na verdade, o Distrito foi legalmente constitudo, raros eram ainda os pontos ocupados. A parte de algumas feitorias comerciais no litoral e na margem esquerda do Zaire, existiam apenas as misses religiosas do Pinda, em Sazaire e de S Salvador e duas ou trs casas comerciais no Bembe. A ocupao militar e administrativa do Distrito fez-se com certa lentido o que muito contribui para a constante exiguidade dos efectivos empregues e das guarnies dos Postos montados. Lentamente, porque as condies da poca no permitiam outra coisa, a verdade que a ocupao portuguesa foi-se tornando realidade com a criao de alguns fortes militares e o esmagamento das constantes sublevaes dos nativos que se rebelavam. Por exemplo:

    - Os nativos da Damba e Bembe opuseram-se ao pagamento de imposto de Palhota ou Cubata.

    - As povoaes de regies de Quivuenga, situadas ao sul do Bembe, em Junho de 1912 revoltaram-se atacando a fortaleza e ameaaram a misso protestante de Mabaia que se encontrava situada entre Quindje e Bembe, misso essa que se instalou em 1905.

    - Em 1913 registaram-se combates na Regio de Sanza Pombo quando se procedia a tentativa de ocupao da rea, tendo sido morto num desses combates, o Capito e o Sargento MAREIROS NETO.

    - Em 1917, apesar de derrotas, devido da superioridade tecnolgica, blica militar dos Portugueses, as populaes da Regio do Negage, mais concretamente as do Quituia e Dimuca ofereceram no princpio resistncia ao invasor e foram as ltimas dessa Regio a serem submetidas.

    - Ainda em 1917, os nativos do alto Cauale rebelaram-se e a onda de sublevao vinda da vizinha regio do Cuango. Sobas mais influentes procuraram mobilizar as suas populaes que, em Outubro, iriam iniciar os ataques ao Posto de Alto Cauale. Aqui, a guarnio portuguesa numa primeira fase repeliu os primeiros ataques mas a fria dos nativos manteve-se e a 12 de Outubro, os portugueses tiveram que deixar o Posto em debandada e dirigiram-se para Sanza Pombo.

    Os Postos militares passavam a civis ou estendiam-se quando o local no era propcio fixao pacfica.

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    Os Comandos militares transformaram-se em circunscries civis que progrediram at se tornarem em Concelhos. Em 1913 1915, registou-se o perodo mais agitado e turbulento nesses territrios, com a insurreio do soba Buta, antigo aluno protestante de S. Salvador. Na poca, a ilha de S. Tom era um dos maiores produtores mundiais de cacau e no poucas Companhias lhe levantaram os Chocolateiras Ingleses, rivais dos portugueses. E o Cacau de S. Tom era cultivada com a mo de obra arrancada no Kongo onde existiam (3) misses protestantes Ingleses: S. Salvador, Quibocolo e Mabaia. Assim, Buta, alm de ter incitado os nativos de no pagarem os impostos principalmente o de Cubata ou palhota pressionava tambm os Sobas a no permitirem o angariamento de pessoal para S. Tom. aqui onde residiam as bases ou causas da rebeldia dos nativos. Essa insurreio notabilizou-se pelo facto de ter retardado e impedido parcialmente por um tempo a penetrao portuguesa na regio. Para a Provncia do Uige a revolta foi vivida intensamente nos Municpios de Maquela do Zombo, Damba, Sanza-Pombo, Quimbele, Buengas, Bembe, Bungo, Mucaba, Milunga, Negage e Kangola. Essa revolta despertou as conscincias de outras reas da actual Provncia do Uige, pois, servindo de exemplo, posteriormente, outras sublevaes tiveram lugar como as de Mbianda Ngunga, Mbemba Ngango e outras. Recuando um pouco no tempo e no espao, desde 1887 data que foi localizado em Cabinda a sede do Congo Portugus, inclua, alm de Cabinda, os territrios compreendidos entre os rios Loge, Zaire e Kuango, at 1961, ano em que o Congo voltou a constituir nova alterao que criou o ex-Distrito do Uige, com sede em Carmona. Houve transformaes de grande vulto concernentes sua diviso administrativa. Assim sendo, Cabinda que foi a Sede do Congo portugus em 1887, em 1917 a sede do Distrito do Congo passou para Maquela do Zombo, deixando Cabinda de exercer a chefia do territrio. Em 1919, foi dividido o Distrito ficando Cabinda e as Ilhas do Zaire a constituir o Distrito de Cabinda. Em 1921 voltou-se diviso anterior, com a diferena de Cabinda ficar como Intendncia.

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    Em 1922, de novo formaram dois Distritos, mas desta vez dos denominados Congo e Zaire absorvendo este a Intendncia de Cabinda. Com a criao da Provncia de Luanda, em 1934, o Distrito do Kongo foi incorporado naquele. Em 1946, foi formado o Distrito do Uige, com sede no Uige, mas dependendo directamente da Provncia do Congo. E, em 1961, o ex-Distrito foi criado pelo Diploma Legislativo Ministerial n 6, de 1 de Abril de 1961, que desdobou o antigo Distrito do Kongo em dois UIGE e ZAIRE. Foi com o estatuto de 1961 que se criou o Distrito do Uige com sede em Carmona que chegou at 1975, ano da proclamao da Independncia de Angola. Fazendo parte global da Provncia de Angola colonial, passando pelas mesmas agruras em relao as outras regies que foram vtimas por parte de Portugal da ocupao efectiva, a instalao de roas de caf nesta Provncia e a introduo do trabalho forado e de contrato aos outrora chamados indgenas, provocou a mais violenta e vil ira das populaes contra a explorao colonial. Foi assim que eclodiu a rebelio de 1961.