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INTRODUÇÃO O tratamento de saúde e o acesso a medicamentos sempre foram grandes preocupações da humanidade, portanto ações para a sua manutenção são objeto de intenso esforço e pesquisa. Nas últimas décadas, um novo problema veio a somar-se aos já existentes: a disponibilidade de recursos para o custeio desse segmento. Os custos das ações em prol da saúde são altos e têm se elevado progressivamente, no entanto esse esforço tem sido recompensado com um aumento da expectativa e qualidade de vida de toda a humanidade. Entretanto, duas questões básicas devem ser consideradas ao discutir a relação entre os custos e os benefícios das ações de saúde: saber até quando haverá recursos para custear as novas tecnologias lançadas a preços mais altos do que as suas antecessoras e, por outro lado, é essencial reconhecer que não é apenas o volume de recursos que determina bons resultados, mas a sua melhor utilização, para que o rendimento de cada unidade monetária investida possa resultar no máximo benefício possível. Desde os anos 1970, vem sendo desenvolvida e aperfeiçoada uma ciência que busca entender as relações entre os custos e as consequências de ações em saúde, o que em seu sentido amplo se denomina avaliação econômica da saúde, enquanto em seu aspecto particular que envolve medicamento se chama farmacoeconomia. Sob o ponto de vista financeiro, os medicamentos representam parcelas significativas dos custos de um tratamento, e existe o fato de que há uma grande disponibilidade de fármacos, medicamentos e marcas, trazendo muitas opções diferentes para algumas indicações terapêuticas que por vezes apresentam substanciais diferenças entre os seus custos e os resultados clínicos obtidos. A farmacoeconomia busca ser exatamente a ciência que tenta balancear o custo com o resultado do tratamento, encontrando uma opção que traga o melhor resultado possível dentro de um contexto de recursos limitados; aplica- se como fator adicional de decisão para os participantes do sistema de saúde, ajudando a escolher produtos e processos que se revistam de maiores benefícios do que oferecem seus concorrentes.

INTRODUÇÃO grandes preocupações da humanidade, portanto ... · duas questões básicas devem ser consideradas ao discutir a relação entre os ... Para evitar que decisões dessa

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Page 1: INTRODUÇÃO grandes preocupações da humanidade, portanto ... · duas questões básicas devem ser consideradas ao discutir a relação entre os ... Para evitar que decisões dessa

INTRODUÇÃO

O tratamento de saúde e o acesso a medicamentos sempre foram

grandes preocupações da humanidade, portanto ações para a sua manutenção

são objeto de intenso esforço e pesquisa. Nas últimas décadas, um novo

problema veio a somar-se aos já existentes: a disponibilidade de recursos para

o custeio desse segmento.

Os custos das ações em prol da saúde são altos e têm se elevado

progressivamente, no entanto esse esforço tem sido recompensado com um

aumento da expectativa e qualidade de vida de toda a humanidade. Entretanto,

duas questões básicas devem ser consideradas ao discutir a relação entre os

custos e os benefícios das ações de saúde: saber até quando haverá recursos

para custear as novas tecnologias lançadas a preços mais altos do que as suas

antecessoras e, por outro lado, é essencial reconhecer que não é apenas o

volume de recursos que determina bons resultados, mas a sua melhor

utilização, para que o rendimento de cada unidade monetária investida possa

resultar no máximo benefício possível.

Desde os anos 1970, vem sendo desenvolvida e aperfeiçoada uma

ciência que busca entender as relações entre os custos e as consequências de

ações em saúde, o que em seu sentido amplo se denomina avaliação

econômica da saúde, enquanto em seu aspecto particular que envolve

medicamento se chama farmacoeconomia. Sob o ponto de vista financeiro, os

medicamentos representam parcelas significativas dos custos de um

tratamento, e existe o fato de que há uma grande disponibilidade de fármacos,

medicamentos e marcas, trazendo muitas opções diferentes para algumas

indicações terapêuticas que por vezes apresentam substanciais diferenças

entre os seus custos e os resultados clínicos obtidos.

A farmacoeconomia busca ser exatamente a ciência que tenta balancear

o custo com o resultado do tratamento, encontrando uma opção que traga o

melhor resultado possível dentro de um contexto de recursos limitados; aplica-

se como fator adicional de decisão para os participantes do sistema de saúde,

ajudando a escolher produtos e processos que se revistam de maiores

benefícios do que oferecem seus concorrentes.

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As análises farmacoeconômicas recebem várias denominações: custo-

efetividade, custo-utilidade e custo-benefício. A análise custo-efetividade tem

por objetivo identificar a opção terapêutica que consegue obter o melhor

resultado clínico por unidade monetária utilizada. Nesta pesquisa, compara-se

a efetividade de quatro anti-hipertensivos usados no programa HiperDia, do

Ministério da Saúde, analisando-se o custo do medicamento e sua capacidade

em reduzir em mmHg a pressão arterial do paciente. Comparando as opções

de tratamento, seria desejável uma maior efetividade com um menor custo. Em

situações econômicas favoráveis, pode-se optar por tratamentos de maior

efetividade e maiores custos, enquanto em situações absolutamente

indesejáveis haveria o uso de medicamentos de elevados custos e baixa

efetividade. A análise de custo-utilidade vem quantificar a satisfação do

paciente com relação ao tratamento empregado. Na pesquisa realizada, avalia-

se o grau de satisfação do usuário do medicamento anti-hipertensivo quanto à

melhora obtida no ponto de vista do paciente.

Um dos desafios mais recentes da indústria de cuidados à saúde é

estabelecer o valor econômico de novos produtos farmacêuticos. Não é

suficiente demonstrar apenas segurança e eficácia dos medicamentos. O

mercado demanda agora uma avaliação de benefícios econômicos, de custos e

do impacto na qualidade de vida.

O trabalho está dividido em seções. A primeira seção aborda o referencial

teórico, em que se apresentam trabalhos já publicados por outros autores e a

forma como serão enfocados o estudo de caso de farmacoeconomia na análise

de custo-efetividade e custo-utilidade de medicamentos anti-hipertensivos

usados na pesquisa e o programa HiperDia, do Ministério da Saúde, onde são

padronizados os medicamentos anti-hipertensivos usados por pacientes nesse

programa. A segunda seção trata da metodologia utilizada; como foi realizada a

pesquisa de campo, com definição de custo, efetividade e utilidade. A terceira

seção relata os resultados obtidos, o perfil do usuário e a análise de custo-

efetividade e custo-utilidade. Na quarta seção, tem-se a discussão.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

O interesse na contenção dos gastos em saúde não é recente, assim

como tampouco é recente o interesse em estudos que sejam capazes de

diminuí-los e de melhorar a qualidade da atenção dispensada ao paciente.

Dentro dessa complexa teia da atenção à saúde, um dos objetos mais

investigados, atualmente, é o medicamento. Isso ocorre porque o impacto

sanitário, social e econômico do uso racional do medicamento é acentuado e

porque o percentual do gasto com medicamentos, no gasto total em saúde, tem

aumentado sistematicamente (CASTRO et al., 2000).

Mota (2003) explica que no século passado os cuidados de saúde

prestados ao paciente eram centrados na atenção médica. Porém, nos últimos

anos, houve uma redução desse monopólio, e a assistência à saúde é

compartilhada também com outros profissionais de saúde, dentre eles o

farmacêutico, pois através da farmacoterapia é possível alcançar resultados

que melhorem a qualidade de vida do paciente.

A introdução dos métodos de avaliação econômica aplicada aos medicamentos, impulsionada pelo aparecimento de novos fármacos pela elevação do gasto farmacêutico, pelo aumento da morbi-mortalidade relacionadas com os medicamentos, pela variabilidade e incertezas na prática clínica, bem como pela necessidade de priorizar a utilização dos fármacos destinados a valorizar o progresso na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, passou a contribuir nas escolhas de alternativas farmacológicas a serem utilizadas no sistema de saúde. (MOTA, 2003: 73)

O esforço de promover e aperfeiçoar a oferta de produtos e serviços em

saúde tem sido recompensado com melhores resultados em saúde. As novas

tecnologias aplicadas à saúde têm conseguido de forma inegável aumentar a

duração e a qualidade de vida, aumentar as taxas de cura em situações

clínicas definidas, reduzir a dor e o sofrimento, recuperar a capacidade

funcional e profissional. No entanto, a ocorrência desses benefícios tem sido

frequentemente acusada de estar associada a aumentos dos custos em saúde.

Governos, organizações e indivíduos vêm agindo de forma a pressionar os

fornecedores de produtos e serviços a reduzir seus preços, através de

pressões políticas, de concorrências e de muitas outras práticas.

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Essas pressões têm sido tão fortes que, por vezes, geram atitudes

paradoxais ou prejudiciais à saúde. Escolhas de itens mais baratos são

adotadas mesmo quando os resultados clínicos são inferiores ao desejável ou

sem o conhecimento do real impacto dessas medidas sobre os custos globais

da saúde.

Para evitar que decisões dessa natureza sejam tomadas sem uma

fundamentação adequada, na década de 1970, iniciou-se uma associação de

princípios de ciências administrativas com a medicina, tentando entender as

relações entre os custos e os benefícios das ações de saúde. Assim, iniciou-se

a farmacoeconomia (BRUMATTI, 1996). A aplicação dos métodos de avaliação

econômica para os medicamentos e produtos farmacêuticos é o que se chama

de farmacoeconomia, contribuindo na escolha de alternativas medicamentosas

a ser utilizadas nos sistema de saúde (TSUJI, 2007).

A Economia em Saúde é uma especialidade recente no Brasil e procura aliar os conhecimentos adquiridos pela Medicina tais como segurança do procedimento, eficácia e efetividade na intervenção ao conceito de eficiência, originado da economia, com o objetivo de instrumentalizar os gestores da saúde em suas tomadas de decisão, principalmente quanto a um melhor aproveitamento de recursos frente às necessidades da sociedade. (TSUJI 2007: 17)

As indústrias farmacêuticas estão muito empenhadas na utilização de

dados farmacoeconômicos, tanto em suas estratégias de marketing quanto

durante as primeiras fases de pesquisa clínica, quando análises preliminares

podem indicar se valerá a pena investir anos de pesquisa no lançamento de um

novo produto se o mesmo não puder representar um benefício clínico ou

econômico real (PFIZER, 2007). Os planos de saúde aplicam estudos

farmacoeconômicos na prática do “gerenciamento da doença”, que significa

estudar quais doenças crônicas (em especial) e opções de tratamento

permitem aumentar a sobrevida e reduzir custos globais. Enfim, existe em todo

o mundo uma franca abertura para essa área do conhecimento, que será,

seguramente, cada vez mais utilizada.

Segundo Pfizer (2007), alguns autores atuais entendem a

farmacoeconomia em dois contextos: um de visão mais abrangente, que

procura enxergar as relações macroeconômicas da utilização de medicamentos

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sobre as finanças de uma organização (indo desde uma empresa até um país

ou mesmo conjuntos de nações); outro de visão mais estrita, que tende a

analisar comparativamente as opções terapêuticas entre si, para uma mesma

indicação. Desse modo, é bastante comum encontrar publicações que vinculam

certa enfermidade com os custos que a mesma implica para a sociedade. Essa

é uma visão macrofarmacoeconômica, já que não está fazendo qualquer

comparação; no entanto, esses dados prestam grande auxílio para a definição

de prioridades em políticas de saúde, assim como subsidiam avaliações

comparativas entre custos e benefícios de ações.

Entretanto, diz Pfizer (2007), a farmacoeconomia não pode ser

confundida com a elaboração de cálculos de consumo, físico e/ou financeiro,

de medicamentos. Embora haja importância grande em conhecer os gastos

realizados com medicamentos e as variações que esses gastos podem

apresentar em função de intervenções que possam ser realizadas para

racionar ou racionalizar custos, tais estudos só se tornam farmacoeconômicos

quando se pode demonstrar, de maneira matemática e inequívoca, o tipo e a

magnitude do impacto causado nos resultados sanitários.

Um dos instrumentos empregados na avaliação farmacoeconômica é a

medida de resultado na análise custo-efetividade. As análises de custo-

efetividade têm por objetivo identificar a opção terapêutica que consegue obter

o melhor resultado clínico por unidade monetária aplicada. Uma melhor

compreensão de seus objetivos pode ser alcançada quando se define a

expressão rendimento de um processo (FOLLAND, 2008, p. 120).

Zanini et al. (2001) alertam para uma distinção entre eficácia e

efetividade. A eficácia representa a resposta a um tratamento obtida em

condições ideais, geralmente vistas em ensaios clínicos, cujas variáveis são

controladas para se obter a máxima fidedignidade dos resultados. A efetividade

compreende a obtenção de resultados em condições de rotina, onde múltiplas

interferências podem modificar a resposta esperada de um tratamento

(interações medicamentosas, adesão do paciente ao tratamento, comorbidades

e muitos outros fatores).

Os estudos farmacoeconômicos do tratamento anti-hipertensivo vêm

sendo há muito tempo alvo de pesquisadores nos países desenvolvidos. De

acordo com Tsuji (2007), Weinstein e Stason apresentaram nos anos 1970 a

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primeira grande análise econômica no tratamento de hipertensão. O estudo

tinha como objetivo calcular a razão custo-efetividade de diferentes estratégias

de tratamento no que se refere a idade, sexo e pressão arterial diastólica para

a população tratada. “Um dos principais achados desse estudo foi que a razão

C/E ficou menor quando o tratamento se estendeu aos pacientes com reduções

de pressão arterial mais acentuadas” (TSUJI, 2007: 20).

Um mapeamento do que já se escreveu sobre o tema mostra que no

Brasil são raros os estudos de custo-efetividade no tratamento da hipertensão.

Porém, descreve-se a seguir a obtenção de resultados expressivos por alguns

autores.

Rosana Tsuji (2007) realizou uma análise farmacoeconômica

retrospectiva do tipo custo-efetividade do tratamento medicamentoso em

hipertensos. O estudo tem como objetivo analisar o efeito do tratamento

“tradicional” (tendo como base a associação de diurético e betabloqueador) e

do tratamento “atual” (tendo como base a associação de antagonista e

bloqueador de canal de cálcio) no controle da pressão arterial e investigar a

frequência às consultas. A autora classificou os pacientes de acordo com a

presença ou não de co-morbidades. Assim, hipertensos estágio 1 e 2 são os

hipertensos não complicados, ou seja, aqueles pacientes hipertensos sem

outras doenças concomitantes, enquanto em relação aos hipertensos

complicados foram avaliados somente os hipertensos graves estágio 3.

Ao realizar análises econômicas do tratamento da hipertensão nesses

pacientes, Tsuji conclui que o tratamento “tradicional”, iniciado com diurético e

betabloqueador, foi custo-efetivo em relação ao “atual”, iniciado com

bloqueador com canais de cálcio e inibidor do receptor de angiotensina II nos

hipertensos estágio 1 e 2. Já nos hipertensos estágio 3 não houve diferença na

razão custo/efetividade entre os tratamentos.

A autora ressalta que vários estudos têm mostrado que a redução da PAD

média de uma população em 4 mmHg em um ano torna possível ter uma

redução de 35 a 42% de acidente vascular encefálico.

A medida de efetividade que melhor representa o tratamento anti-hipertensivo não deveria ser somente a redução em mmHg, mas principalmente a diminuição dos índices e desfechos cardiovasculares, como Acidente Vascular Encefálico e o Infarto Agudo do Miocárdio e o quanto essa

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redução pode influir nos sistemas de saúde no Brasil, seja ele público ou privado. (TSUJI, 2007: 64)

Entre os meses de dezembro de 1999 e abril de 2000, foi realizada em

Pelotas, RS, uma análise de custo-efetividade. Costa et al. (2002) conduziram

uma pesquisa que tinha como objetivo estudar as características associadas

com os sistemas de saúde e seus custos em famílias selecionadas através dos

dados do Censo, representando a população como um todo. A análise foi feita

a partir da resposta de 259 indivíduos hipertensos dessas famílias

selecionadas, os quais possuíam despesas mensais com medicamentos.

Foram somados preços de medicamentos, convênio de saúde, exames de

laboratório, consultas médicas, raios-X, transporte e alimentação para calcular

os custos. Também foi calculado nessa análise o custo indireto, ou seja, um

cálculo feito a partir da renda mensal familiar e a perda de produtividade devido

à doença e o tempo para analisar exames e consultas. Essa soma resultou no

custo total do tratamento. Esse estudo concluiu que os diuréticos e

betabloqueadores foram os medicamentos mais usados em monoterapia, e as

associações mais comuns foram os diuréticos e betabloqueadores, seguidos

de diuréticos associados a inibidores da enzima conversora de angiotensina.

Mota (2003) argumenta sobre a importância da avaliação

farmacoeconômica como instrumento eficiente, favorecendo um uso justo dos

medicamentos nos sistemas de saúde. Em seu estudo, o autor apresenta

alguns conceitos básicos em farmacoeconomia, aponta métodos de avaliação

econômica aplicados à farmacoterapia e sintetiza as medidas dos resultados

terapêuticos em avaliação econômica. Ainda segundo o autor (MOTA, 2003:

76):

[...] nas análises custo-efetividade são utilizados unidades físicas ou naturais para medir os benefícios terapêuticos, como por exemplo: anos de vida ganhos, unidades de pressão arterial reduzidas, números de infarto evitados etc.

Na análise custo-efetividade, as consequências dos programas, ou

tratamentos, são medidas em unidades naturais ou físicas, como anos de vida

ganhos, casos corretamente diagnosticados ou dias de internação evitados.

Nessa situação, as terapias alternativas não apresentam os mesmos

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resultados e existe sempre a possibilidade de se obter melhores resultados

com os mesmos custos. Ugá (1987) utiliza essa metodologia para identificar a

melhor estratégia para se alcançar a cobertura universal dos programas de

vacinação brasileiros.

Mota (2003) conclui que a farmacoeconomia deve ser incentivada pelas

autoridades sanitárias, favorecendo a criação de espaços nos sistemas de

saúde para o desenvolvimento dessa ferramenta.

A atenção terapêutica é uma prática profissional eficiente que resulta em ganhos para o sistema de saúde em termos econômicos e terapêuticos e que, juntamente com a avaliação farmacoeconômica, pode produzir uma maior valorização do farmacêutico no processo de tomada de decisões quanto a utilização de recursos farmacológicos. Finalmente, a avaliação econômica de medicamentos por meio de diversas técnicas de medição dos efeitos/conseqüência pode contribuir como um instrumento para ajudar no estabelecimento definitivo da prática de atenção farmacêutica nos diferentes níveis de atenção à saúde. (MOTA, 2003: 80)

Em um estudo mais recente, Araujo et al. (2007) expõem uma revisão e

análise da assistência farmacêutica como parte integrante do sistema de

atenção primária à saúde, no qual a qualidade do uso de medicamentos está

diretamente relacionada à qualidade do serviço de saúde e aos elementos para

avaliação desta. O autor afirma que “a assistência farmacêutica no Brasil pode

ser considerada como parte indissociável do modelo assistencial existente

sendo de caráter multi-profissional e intersetorial” (ARAUJO et al., 2007: 612).

No Brasil, o Encontro Nacional de Assistência Farmacêutica e a Política de Medicamentos (1988) considerou a assistência farmacêutica como um conjunto de procedimentos necessários a promoção, prevenção e recuperação da saúde, individual e coletiva, centrada nos medicamentos, englobando as atividades de pesquisa, produção, distribuição, armazenamento, prescrição e dispensação, esta última entendida como o ato essencialmente de orientação quanto ao uso adequado dos medicamentos e sendo privativa do profissional farmacêutico. (ARAUJO et al., 2007: 612)

A sociedade espera dos tratamentos os melhores resultados para a saúde

dos indivíduos. Assim, por exemplo, se um brasileiro cujas despesas com

medicamentos estejam cobertas pelo Sistema Único de Saúde escolher o

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medicamento de menor preço, ou o médico prescrever esse medicamento,

pode parecer a decisão de melhor custo-efetividade, na perspectiva do

Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

Contudo, o uso de um medicamento mais barato, caso os resultados sejam

insatisfatórios, pode resultar em uma internação hospitalar e na utilização de

recursos mais custosos.

Vale, então, ressaltar que o esforço de promover e aperfeiçoar a oferta de

produtos e serviços em saúde tem sido recompensado com melhores

resultados em saúde. As novas tecnologias aplicadas à saúde têm conseguido

de forma inegável aumentar a duração e a qualidade de vida, aumentar as

taxas de cura em situações clínicas definidas, reduzir a dor e o sofrimento,

recuperar a capacidade funcional e profissional. No entanto, a ocorrência

desses benefícios tem sido frequentemente acusada de estar associada a

aumentos dos custos em saúde. Governos, organizações e indivíduos vêm

agindo de forma a pressionar os fornecedores de produtos e serviços a reduzir

seus preços, através de pressões políticas, de concorrências e de muitas

outras práticas.

Principalmente devido à escassez de estudos nessa área em nosso país,

decidimos realizar um estudo de custo-efetividade e custo-utilidade de

medicamentos anti-hipertensivos usados por pacientes cadastrados no

HiperDia, Programa de Saúde da Família em Picos, PI.

Entre as primeiras causas de morte no Brasil, estão as doenças

cardiovasculares, representando um problema de saúde pública para o país. A

hipertensão arterial e a diabetes mellitus constituem os principais fatores de

risco para as doenças do sistema circulatório. Dados do Ministério da Saúde

informam que doenças cardiovasculares são responsáveis por 1.150.000 das

internações/ano, com um custo de aproximadamente 475 milhões de reais.

O acompanhamento e o controle da hipertensão arterial e da diabetes no

âmbito da atenção básica da saúde podem evitar seu surgimento e

complicações, reduzindo o número de internações e agravos. O Ministério da

Saúde, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, vem

apoiar uma reorganização na rede de saúde, com uma melhoria da atenção

aos portadores de doenças cardiovasculares, através do Plano de

Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus.

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Uma das ações é a disponibilização de um sistema informatizado que

permite o cadastro do portador e seu acompanhamento, gerando informações

para os gestores das Secretarias Municipais e Estaduais e do Ministério da

Saúde.

Foram adotados pelo Ministério da Saúde como padrão para o tratamento

da hipertensão arterial medicamentos essenciais preconizados pela

Organização Mundial da Saúde, os quais são disponibilizados em toda a rede

pública de saúde do SUS. Foram estabelecidos os seguintes medicamentos

para o tratamento da hipertensão arterial: hidroclorotiazida 25 mg, captopril 25

mg, propranolol 40 mg e metildopa 250 mg, que são de eficácia terapêutica

comprovada e seguros.

O HiperDia tem como principais objetivos: facilitar o monitoramento dos

pacientes cadastrados no programa, gerar informações para a aquisição,

dispensação e distribuição de medicamentos de forma sistemática e garantir

medicamento a todos os pacientes cadastrados e acompanhados.

No presente estudo, o paciente foi submetido a um questionário fechado,

onde foi verificada a pressão arterial após cinco minutos de repouso. Foi

observada também a pressão arterial que estava na ficha do paciente no

momento em que este foi cadastrado no programa e foi verificado qual

medicamento era utilizado pelo paciente e sua posologia.

Em relação ao custo para essa análise, considerou-se apenas o direto,

que seria o valor do medicamento e a efetividade, ou seja, a capacidade do

medicamento em reduzir a pressão arterial em mmHg.

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2 METODOLOGIA E BASE DE DADOS

2.1 PESQUISA DE CAMPO

Os dados utilizados para o estudo de custo-efetividade e custo-utilidade

de medicamentos anti-hipertensivos usados no programa HiperDia foram

obtidos através de uma pesquisa de campo realizada com pacientes

cadastrados no programa que realizam as consultas mensais e fazem uso dos

anti-hipertensivos. Vale ressaltar que a opção por tais pacientes se deu pelo

fato de fazerem uso de medicamentos anti-hipertensivos distribuídos pelo

governo federal, sendo, portanto, as pessoas mais indicadas para relatar sobre

o custo-efetividade e o custo-utilidade desses medicamentos.

Com o objetivo de conseguir respostas satisfatórias, foi utilizado um

questionário fechado e individualizado como procedimento de coleta dos

dados. Optou-se por esse tipo de questionário pelo fato de considerá-lo o

instrumento mais adequado ao modelo da pesquisa.

No questionário, constava o anti-hipertensivo do qual o paciente fazia uso,

sua pressão arterial no momento de seu cadastro no programa, questões pré-

determinadas como as relacionadas aos dados de identificação, seu grau de

satisfação com o uso do medicamento, além de outros dados importantes para

as análises farmacoeconômicas.

Durante a entrevista com o paciente, técnicos de enfermagem mediam

sua pressão arterial após cinco minutos de repouso, sendo os mesmos

responsáveis pela aplicação do questionário. O paciente que aceitasse

participar da pesquisa assinava um termo de consentimento livre e esclarecido

que explicava todos os procedimentos, métodos e objetivos da pesquisa.

Foi entrevistado um total de 473 pacientes, não havendo uma

amostragem aleatória, e sim de voluntários inscritos no programa, sendo que

parte ocorreu nas próprias unidades dos PSF (Programa de Saúde da Família),

como também em suas residências. Também foi verificado por parte do

entrevistador se o paciente estava realmente fazendo uso correto do

medicamento. A realização da pesquisa nas unidades básicas de saúde foi

autorizada pela Secretaria Municipal de Saúde.

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Conforme Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, este

projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Ceará.

2.2 DEFINIÇÃO DE CUSTO

O custo representa a primeira parte de uma análise econômica e é o

denominador da relação custo-efetividade C/E e custo-benefício C/B, o que

para leigos pode significar apenas comparar preços de produtos. Para a

farmacoeconomia, o custo vem a ser um dado complexo que envolve

elementos mensuráveis, tanto qualitativa como quantitativamente. Os custos de

um tratamento anti-hipertensivo podem ser divididos em custos diretos e custos

indiretos.

Custos diretos são aqueles pagamentos que implicam uma retirada

financeira real, como o uso de material e medicamentos, salários (horas

trabalhadas), exames realizados, entre outros.

Custos indiretos são representados por ganhos não realizados que

envolvem o paciente ou seus acompanhantes, como a perda da produtividade

devido ao tratamento.

Os custos usados nesta pesquisa foram apenas os custos diretos,

sobretudo aqueles relacionados ao preço dos medicamentos anti-hipertensivos;

os outros custos não foram quantificados, valorados nem incorporados à

análise. O preço do medicamento anti-hipertensivo para a análise foi o valor

que a Secretaria Municipal de Saúde de Picos – PI adota na compra de

fornecedores conforme o último processo licitatório realizado.

Preço dos Medicamentos

Captopril 25 mg_________________________ 0,03 centavos

Metildopa 500 mg _______________________ 0,34 centavos

Hidroclorotiazida 25 mg __________________ 0,08 centavos

Propranolol 40 mg ______________________ 0,03 centavos

Análises do tipo de custo são importantes para criar um conjunto de

informações necessárias tanto à decisão sobre prioridade de investimento em

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saúde quanto para verificar o impacto da implantação que modifique o curso do

problema analisado.

Os custos diretos dos medicamentos foram analisados, e levados em

consideração cinco grupos de prescrições monoterápicas ou politerápicas de

anti-hipertensivos, por ocorrerem com maior frequência entre os medicamentos

usados pelos pacientes. Na monoterapia, foi utilizado apenas um

medicamento: [HCTZ 25 mg], [Captopril 25 mg], [Propranolol 25 mg]; já na

terapia combinada, foram utilizadas duas combinações de medicamentos:

[HCTZ 25 mg/Captopril 25 mg], [HCTZ 25 mg/Propranolol 25 mg]. Na análise

do custo direto do medicamento anti-hipertensivo, foi verificada também a sua

posologia, uma vez que esta pode ser diferente entre os vários usuários

entrevistados.

2.3 DEFINIÇÕES DE EFETIVIDADE E UTILIDADE

A análise de custo-efetividade tem por objetivo definir a opção terapêutica

que consegue obter o melhor resultado clínico por unidade monetária aplicada,

utilizando os custos como definidos anteriormente, e a efetividade consiste nos

resultados levantados através de ensaios clínicos. Pela análise de custo-

efetividade, pode ser obtida uma das alternativas constantes da figura abaixo.

Figura 1: Relação custo-efetividade

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O que se busca são medicamentos anti-hipertensivos que estejam

situados na área D do gráfico, apresentando maior efetividade e menor custo

em relação aos seus concorrentes. Em situações econômicas favoráveis, pode-

se optar por produtos da área B, de máxima efetividade e custo, desde que

haja recursos para arca com tais despesas. Em outros casos, pode ser

necessário empregar produtos da área C do gráfico, quando não houver

recursos para o uso das melhores opções, considerando que essa escolha não

pode incidir em aspectos antiéticos. A única situação absolutamente

indesejável, logicamente, é o uso injustificado e continuado de produtos

situados na área A.

As análises de custo-efetividade são as preferidas dos profissionais de

saúde por lidarem com um tipo de avaliação e um universo que são

considerados mais ético.

Para a análise dos dados, a efetividade do tratamento foi determinada

pelo valor em mmHg da redução que o tratamento medicamentoso acarretou

na pressão arterial sistólica e diastólica por paciente.

Será determinado o percentual de pacientes com pressão arterial

controlada tendo como referência a PAS < 140 mmHg e PAD < 90 mmHg.

Outra forma de análise consiste no percentual de pacientes que mudaram de

estágio de hipertensão na matriz de transição. Por último, também será

analisada a variação da PAS e PAD no momento do cadastro do paciente no

programa com a verificada durante a entrevista.

O custo-utilidade é definido pela qualidade ajustada para anos de vida,

analisando-se pelo percentual de pacientes que declararam ter sentido uma

melhora acentuada com o tratamento.

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3 RESULTADOS

3.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO DO USUÁRIO

A análise dos dados da pesquisa mostra que entre os usuários do

programa HiperDia no município de Picos – PI predomina o sexo feminino

(74,2%). E o grau de escolaridade é composto por 51% de analfabetos e uma

renda que gira em torno de um a dois salários mínimos (86,5%).

Tabela 1 – Características socioeconômicas e demográficas dos usuários do Programa HiperDia – Picos-PI

Frequência Total Beneficiários 473 Idade (anos – média) 63,33 Sexo Homem 122 (25,8%) Mulher 351 (74,2%) Cor Branco 214 (45,2%) Negro 81 (17,2%) Pardo 178 (37,6%) Escolaridade Analfabeto 241 (51%) Fundamental Incompleto 146 (30,9%) Fundamental Completo 46 (9,7%)

Ensino Médio 34 (7,1%)

Superior 6 (1,3%) Renda Familiar Até 1 Salário Mínimo 44 (9,3%) Entre 1 e 2 Salários Mínimos 409 (86,5%) Mais que 2 Salários Mínimos 20 (4,2%)

A doença que mais acomete esses pacientes é a diabetes. Entre os

pacientes, 14,8% são diabéticos, sendo que 66,2% são sedentários. O

sedentarismo é um fator que pode ser considerado de risco para doenças

cardiovasculares. A PAS de maior freqüência, 34,7%, é 160 mmHg < = PAS <

179 mmHg, e a PAD 90 mmHg < = PAD < 99 mmHg.

Tabela 2 – Características de saúde e comportamento dos usuários do programa HiperDia –

Picos-PI Frequência

Total Beneficiários 473 Índice de Massa Corporal (IMC) Abaixo do peso (IMC < 18,5) 15 (3,2%) Normal (18,5 <= IMC < 25) 164 (34,7%) Acima do peso (25 <= IMC < 30) 190 (40,1%) Obeso (IMC > = 30) 104 (22%)

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Doença ou Enfermidade Diabetes 70 (14,8%) Doença do coração 45 (9,5%) Doença renal 18 (3,8%) AVC 28 (5,9%) Comportamentos regulares Fuma 49 (10,4%) Bebida Alcoólica 17 (3,6%) Sedentários 313 (66,2%) Pressão Arterial no Cadastro PAS < 140 50 (10,6%) 140 < = PAS < 159 141 (29,8%) 160 < = PAS < 179 164 (34,7%) 180 < = PAS < 209 111 (23,5%) PAS > = 210 7 (1,5%) PAD < 90 119 (25,2%) 90 < = PAD < 99 204 (43,1%) 100 < = PAD < 109 120 (25,4%) 110 < = PAD < 119 17 (3,6%) PAD > = 120 13 (2,7%)

3.2 ANÁLISE DE CUSTO-EFETIVIDADE E CUSTO-UTILIDADE

3.2.1 CASUÍSTICA

Foi entrevistado um total de 473 pacientes cadastrados no programa

HiperDia, sendo divididos em pacientes que faziam uso de apenas um

medicamento (monoterapia) e pacientes que faziam uso de mais de um anti-

hirpetensivo (terapia combinada). Foram excluídos das análises pacientes que

faziam uso de metildopa (monoterapia), metildopa/HCTZ (terapia combinada) e

captopril/HCTZ/propranolol (terapia combinada) por apresentarem um baixo

percentual de prescrições.

Tabela 3 – Terapias medicamentosas entre beneficiários do HiperDia – Picos-PI Monoterapias

Captopril Hidroclaratiazida Propranolol Metildopa N = 106 (22.4%)

N = 123 (26.0%)

N = 19 (4.0%)

N = 3 (0.6%)

Terapiais combinadas Captopril /HCTZ

Captopril /Propranolol

HCTZ /Propranolol

Metildopa /HCTZ

Captopril /HCTZ

/Propranolol N = 162 (34.2%)

N = 8 (1.7%)

N = 50 (10.6%)

N = 1 (0.2%)

N = 1 (0.2%)

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24

3.2.2 PERCENTUAL DE PESSOAS QUE MUDARAM DE ESTÁGIO DE HIPERTENSÃO – MATRIZ DE TRANSIÇÃO

Entre os pacientes que usavam apenas o captopril e possuíam uma PA

leve na entrada do programa, 87,5% mudaram para o estágio de PA normal e

12,5% permaneceram com PA leve. Entre os pacientes que estavam com PA

moderada na entrada do programa, 32,6% mudaram para normal, 55,8% para

PA leve e 11,6% se mantiveram com PA moderada.

Entre os pacientes com PA severa na entrada do programa, 12,5%

mudaram para estágio normal, 45,8% foram para estágio leve, 39,5% para

estágio moderado e 4,2% permaneceram com PA severa. Todos os pacientes

com PA muito severa na entrada do programa foram para estágio leve. O

tratamento com captopril obteve o menor percentual de melhora de nível de

hipertensão, com 90,57%. Ver Tabela 4.

Tabela 4 – Matriz de transição da pressão arterial – captopril Hipertensão Atual Hipertensão

Cadastro Normal Leve Moderada Severa Normal 6

(100%) 0

0

0

Leve 28 (87,5%)

4 (12,5%)

0

0

Moderada 14 (32,6%)

24 (55,8%)

5 (11,6%)

0

Severa 3 (12,5%)

11 (45,8%)

9 (37,5%)

1 (4,2%)

Muito Severa 0 1 (100%)

0 0

Quando o tratamento era feito apenas com HCTZ, entre os pacientes com

PA leve na entrada do programa, 89,4% passaram para o estágio de PA

normal e 10,6% continuaram com PA em estágio leve. Entre os pacientes que

apresentavam uma PA no estágio moderado na entrada do programa, 47,9%

mudaram para PA normal, 37,5% foram para o estágio leve e 14,6%

permaneceram com PA moderada. Entre os pacientes com PA severa na

entrada do programa, 14,3% mudaram para o estágio normal, 28,6% para o

estágio leve, 47,6% foram para o estágio moderado e 9,5% permaneceram

como severa.

Essa forma de tratamento mostrou que 93,5% dos usuários tiveram

alguma melhora de nível de hipertensão.Ver Tabela 5.

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Tabela 5 – Matriz de transição da pressão arterial – HCTZ Hipertensão Atual Hipertensão

Cadastro Normal Leve Moderada Severa Normal 6

(100%) 0 0 0

Leve 42 (89,4%)

5 (10,6%)

0 0

Moderada 23 (47,9%)

18 (37,5%)

7 (14,6%)

0

Severa 3 (14,3%)

6 (28,6%)

10 (47,6%)

2 (9,5%)

Muito Severa 1 (100%)

0 0 0

Pacientes que faziam uso de propranolol apresentaram um bom

desempenho na matriz de transição 94,74% dos usuários apresentaram

alguma melhora de nível de hipertensão, pacientes com PA leve na entrada do

programa 75% mudaram para estágio normal e 25% continuaram no estágio

leve. Entre os pacientes com PA moderada na entrada do programa, 66,7%

mudaram para estágio normal, 33,3% para estágio leve e nenhum permaneceu

no estágio de PA moderado. Entre os pacientes com PA severa na entrada do

programa, 50% foram para o estágio leve e 50% para o estágio moderado,

nenhum permanecendo no estágio de PA severa. Depois do uso do

medicamento, a grande maioria dos pacientes mudou de estágio e não mais

permaneceu no estágio de entrada no programa. Ver Tabela 6.

Tabela 6 – Matriz de transição da pressão arterial – propranolol Hipertensão Atual Hipertensão

Cadastro Normal Leve Moderada

Normal 3 (100%)

0 0

Leve 6 (75,0%)

2 (25,0%)

0

Moderada 4 (66,7%)

2 (33,3%)

0

Severa 0 1 (50%)

1 (50%)

No uso da terapia combinada captopril/HCTZ, 88,6% dos pacientes com

PA no estágio leve na entrada do programa mudaram para o estágio normal e

11,4% permaneceram no estágio leve. Entre os pacientes com PA moderada

na entrada do programa, 40,6% mudaram para PA normal, 55,1% para estágio

de PA leve e 4,3% continuaram no estágio moderado; apenas 17,4% dos

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pacientes com PA severa mudaram para o estágio de PA normal, 39,1%

mudaram para o estágio de PA leve, 39,1% para o estágio moderado e 4,3%

permaneceram no estágio de PA severa. A maior mudança de estágio ocorreu

do leve para o estágio de PA normal. Apresentou o segundo melhor

desempenho na melhora do nível hipertensivo dos usuários, com 95,06%. Ver

Tabela 7.

Tabela 7 – Matriz de transição da pressão arterial – captopril/HCTZ

Hipertensão Atual Hipertensão Cadastro Normal Leve Moderada Severa

Normal 3 (100%)

0 0 0

Leve 31 (88,6%)

4 (11,4%)

0 0

Moderada 28 (40,6%)

38 (55,1%)

3 (4,3%)

0

Severa 8 (17,4%)

18 (39,1%)

18 (39,1%)

2 (4,3%)

Muito Severa 1 (11,1%)

3 (33,3%)

3 (33,3%)

2 (22,2%)

Na terapia combinada de HCTZ/propranolol, veio apresentar um bom

desempenho na matriz de transição: 100% dos pacientes com PA leve na

entrada do programa mudaram para o estágio de PA normal. Entre os

pacientes com PA moderada na entrada do programa, 61,1% mudaram para o

estágio de PA normal, 33,3% para o estágio leve e 5,6% continuaram com PA

moderada. Entre os pacientes com PA severa na entrada do programa, 33,3%

mudaram para estágio de PA normal, 50% para estágio de PA leve, 16,7%

para estágio de PA moderado, nenhum permanecendo no estágio inicial.

Entre os pacientes com PA muito severa na entrada do programa, 20%

mudaram para estágio leve, 60% para estágio moderado e 20% para estágio

severo, sendo que nenhum paciente permaneceu no estágio original.

O melhor desempenho de mudança de estágio na matriz foi de pacientes

com PA leve para estágio de PA normal. Essa terapia combinada foi a que

apresentou o maior percentual de pacientes com alguma melhora do nível de

hipertensão (98%). Ver Tabela 8.

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Tabela 8 – Matriz de transição da pressão arterial – HCTZ/propranolol

Hipertensão Atual Hipertensão Cadastro Normal Leve Moderada Severa

Normal 3 (100%)

0 0 0

Leve 6 (100%)

0 0 0

Moderada 11 (61,1%)

6 (33,3%)

1 (5,6%)

0

Severa 6 (33,3%)

9 (50,0%)

3 (16,7%)

0

Muito Severa 0 1 (20,0%)

3 (60,0%)

1do (20,0%)

3.2.3 PERCENTUAL DE PESSOAS COM PA CONTROLADA < 140 mmHg/90 mmHg

O propranolol apresentou o melhor percentual em 68,4% dos pacientes

com PA controlada, seguido do HCTZ com 61% dos pacientes. A terapia

combinada HCTZ/propranolol controlou a PA de 52% dos pacientes, quando

com o uso somente de captopril o controle da PA foi em 48% dos usuários, e o

que teve o menor desempenho foi a combinação captopril/HCTZ, que controlou

a PA de 43,8% dos pacientes.

Quando comparamos essa efetividade, na capacidade de controle da PA,

com o custo do tratamento E/C, pode-se observar que o propranolol

apresentou o melhor custo-efetividade, 65,71, seguido pelo captopril, que ficou

com 36,27, e do HCTZ, com 23,87. As terapias combinadas mostraram um

custo-efetividade bem menor do que as monoterapias – HCTZ/propranolol com

13,82 e captopril/HCTZ – com a menor relação custo-efetividade, 10,88.

O propranolol apresentou-se nessa análise com o melhor resultado de

custo-efetividade, mas quando combinado com o HCTZ essa relação E/C cai

bastante devido ao custo do HCTZ ser bem elevado em comparação ao do

propranolol. Ver Tabela 9.

3.2.4 SOMA DA VARIAÇÃO DA PAS E DA PAD ENTRE A ENTRADA NO PROGRAMA E A CONDIÇÃO ATUAL

O anti-hipertensivo que apresentou a maior variação da PAS e PAD foi a

terapia combinada HCTZ/propranolol, com uma variação de 52,76 mmHg;

seguido da terapia combinada captopril/HCTZ, com 42,26 mmHg. Os

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tratamentos com monoterapia apresentaram uma efetividade menor,

destacando-se o HCTZ, com uma variação da PAS e PAD de 38,11 mmHg; o

captopril teve uma variação de 37,8 mmHg; e a menor efetividade foi a do

propranolol, com uma variação de 33,12 mmHg.

Ao se analisar a relação E/C, pode-se observar que o propranolol vem

novamente apresentar o melhor custo-efetividade em comparação aos outros

medicamentos, com 31,08; porém, quando combinado com o HCTZ, o custo-

efetividade cai bastante, para o valor de 13,99. O captopril obteve o segundo

melhor custo-efetividade dessa análise, com 28,97; no entanto, quando

associado ao HCTZ, essa combinação vem ter a mais baixa relação custo-

efetividade, com 10,56, devido ao custo do tratamento com o HCTZ ser

elevado. Ver Tabela 9.

3.2.5 PERCENTUAL DE PACIENTES QUE DECLARARAM TER TIDO UMA MELHORA ACENTUADA COM O TRATAMENTO: CUSTO-UTILIDADE

O medicamento que apresentou o melhor nível de utilidade foi o

propranolol. Entre os pacientes que faziam uso desse medicamento, 89,5%

declararam uma melhora acentuada; seguido do captopril, com uma utilidade

de 78,3%. A terapia combinada HCTZ/propranolol apresentou uma utilidade de

78%. E 75,9% dos usuários da captopril/HCTZ revelaram ter tido uma melhora

acentuada. O menor percentual de utilidade foi o anti-hipertensivo HCTZ, em

que a satisfação no tratamento foi de 73,2%.

Feita a análise farmacoeconômica, o propranolol vem apresentar a melhor

relação custo-utilidade em comparação com os outros anti-hipertensivos, sendo

o medicamento que apresenta o maior índice de melhora acentuada declarado

pelos usuários. Quando ocorre a associação do HCTZ/propranolol, surge a

mais baixa medida de custo-utilidade, em razão da elevação do tratamento

contendo a HCTZ. Ver Tabela 9.

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Tabela 9 – Efetividade e custos das terapias medicamentosas

Medida de Efetividade/Utilidade Terapia Medicamentosa Percentual de

participantes do programa

com PA controlada (%)

(I)

Percentual de pacientes

com alguma melhora de

nível hipertensivo

(%) (II)

Soma da variação da PAS e da

PAD entre a entrada no programa e a condição

atual1

(III)

Percentual de participantes do programa

que declararam

uma melhora acentuada (%)

(IV)

Custo Mensal

da Terapia

(R$)

Captopril (N = 106)

48,1 90,57 37,8 78,3 1,33

HCTZ (N = 123)

61,0 93,50 38,11 73,2 2,56

Propranolol (N = 19)

68,4 94,74 33,12 89,5 1,04

Captopril/HCTZ (N = 162)

43,8 95,06 42,26 75,9 4,03

HCTZ/Propranolol (N = 50)

52,0 98,00 52,76 78,0 3,76

Medida de Efetividade/Utilidade por Custo Captopril (N = 106)

36,27 68,30 28,97 58,8 -

HCTZ (N = 123)

23,87 36,58 14,86 28,5 -

Propranolol (N = 19)

65,71 91,01 31,01 86.0 -

Captopril/HCTZ (N = 162)

10,88 23,61 10,56 18,8 -

HCTZ/Propranolol (N = 50)

13,82 26,05 13,99 20,7 -

1 Para a medida de efetividade III, foram excluídos os beneficiários do HiperDia que entraram no programa com a PA abaixo de 140/90. Com isso, o número de usuários das terapias modificou da seguinte forma: Captopril (N =100), HCTZ (N =117), Propranolol (N = 16), Captopril/HCTZ (N =159), HCTZ/Propranolol (N = 47).

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4 DISCUSSÃO

O principal achado deste estudo foi que o anti-hipertensivo propranolol foi

custo-efetivo em relação aos outros medicamentos usados no programa

HiperDia, quando a análise farmacoeconômica tem como efetividade o

percentual de pacientes com PA controlada e soma da variação da PAS e da

PAD entre a entrada no programa e a condição atual. O propranolol apresentou

também um maior custo-utilidade; os pacientes declararam ter uma melhora

acentuada em relação à terapia com outros anti-hipertensivos. Na matriz de

transição, quem mais mudou de nível com alguma melhora da hipertensão foi a

terapia combinada HCTZ/propranolol, seguido da terapia combinada

captopril/HCTZ.

O modelo de análise farmacoeconômica apresentado neste estudo não

responde em relação ao custo do tratamento do hipertensivo no Brasil, pois

este não foi o objetivo, porém as respostas em relação ao comportamento do

tratamento anti-hipertensivo nos hipertensos brasileiros são dados

consideráveis.

A análise farmacoeconômica é de certa forma complexa e necessita da

participação de vários profissionais para desenvolvê-la. Apresentar resultados

de eficácia dos medicamentos comumente usados tanto em monoterapia

quanto em terapia associada e o custo dessas ações é um trabalho que visa

complementar as informações obtidas de outros estudos realizados em nosso

país.

O propranolol foi a monoterapia que veio ter o menor número de usuários,

totalizando 4% das prescrições médicas, porém apresentou um bom

desempenho custo-efetividade e custo-utilidade em relação aos outros

medicamentos anti-hipertensivos pelos resultados obtidos nesta pesquisa. É

proposta uma mudança no tratamento da hipertensão arterial para uma maior

quantidade de prescrição do propranolol por parte dos médicos como terapia

inicial no tratamento hipertensivo.

Por fim, é de se esperar que esta análise farmacoeconômica possa

representar uma ajuda suplementar nas tomadas de decisões e que, apesar da

complexidade de sua realização, possa fazer parte da rotina do sistema de

saúde brasileiro, visando garantir a melhor distribuição dos recursos escassos

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de saúde existentes e assim tornar disponível para o paciente hipertenso a

medicação necessária para o seu tratamento.

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REFERÊNCIAS

ABIFARMA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS. Apresenta dados sobre o mercado brasileiro de medicamentos. Disponível em: <http://www.abifarma.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2009. _______. II Seminário Pró-Genéricos. 20 de abril de 2001. Livro de resumos. Rio de Janeiro: Abifarma, 2001. _______. Apresenta dados sobre o mercado brasileiro de medicamentos genéricos e várias informações para o consumidor sobre estes medicamentos. Disponível em: <http://www.abifarma.com.br>. Acesso em: 14 mar. 2009. BASILE, A. C.; FOLLADOR, W.; OGA, S.; ZANINI, A. C. Guia de medicamentos 97/98. São Paulo: Ipex, 1997. BERMUDEZ, J. A. Z. Indústria farmacêutica, Estado e sociedade. São Paulo: Hucitec/Sobravime, 1995. BRASIL. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Diário Oficial da União, Seção 1, pág.1, 11/02/1999. _______. Ministério da Saúde. HiperDia – Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos. Coordenadoria Estadual de Doenças não Transmissíveis e Causas Externas. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/hipertensao>. Acesso em: 6 ago. 2009. BRUMATTI, V. C. Estudo farmacoeconômico da dispensação de medicamentos em um ambulatório de cardiologia. São Paulo, 1996 [Trabalho de conclusão de Estágio de Aprimoramento – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo]. CASTRO, C. S. G. O. de et al. Estudos de utilização de medicamentos: noções básicas. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000. DRUMMOND, J. P.; SILVA, E. Medicina baseada em evidências. São Paulo: Atheneu, 1998. FARHAT, F. C. L. G.; FOLLADOR, W.; RIBEIRO, E.; ZANINI, A. C. Farmacoeconomia: conceitos e aspectos operacionais. Rev. Brasil. Ciências Farmacêuticas, 2001. v. 37 (3), set-dez. FIUZA, E. P. S.; LISBOA, M. B. Bens credenciais e poder de mercado: um estudo econométrico da indústria farmacêutica brasileira. Texto para Discussão nº 846. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2001.

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FOLLAND, Sherman. A economia da saúde. Sherman Folland, Allen C. Goodman, Miro Stano. Trad. Cristina Bazan. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. FOLLADOR, W. Alguns aspectos da variação de preços de medicamentos no Brasil entre 1980 e 2001. São Paulo, 2001. [Tese de Doutorado – Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo]. FOLLADOR, W. Farmacoeconomia: unindo custos com qualidade de tratamento. Ver. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo. v. 8. n. 1 (supl. A), Jan/Fev 1998. LAPORTE, J. R.; ROSENFELD, S.; TOGNONI, G. Epidemiologia do medicamento: princípios gerais. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1989. LUCKI, B. Avaliação da utilização de medicamentos em uma unidade de assistência primária à saúde. São Paulo, 1991 [Dissertação de Mestrado – Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo]. PFIZER. Princípios básicos da farmacoeconomia. Artigo de 2007. Disponível em: <http://www.pfizer.com.br/farmacocinetica.asp?pag=conclusão>. Acesso em: 6 abr. 2009. UGÁ, M. A. D. Análise econômica das estratégias de vacinação adotadas no Brasil em 1982. Washington: Boletim OPS, ano 86, 103 (6), 1987.

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ANEXOS

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ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (T.C.L.E.)

Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Você não deve participar contra a sua vontade. Leia atentamente as informações abaixo e faça qualquer pergunta que desejar, para que todos os procedimentos desta pesquisa sejam esclarecidos.

1. Convite/ Título do projeto e Objetivo do Estudo: Você está sendo convidado a participar desta pesquisa para que seja realizado um estudo farmacoeconômico dos medicamentos anti-hipertensivos usados no Hiperdia, Programa do Ministério da Saúde, nos PSFs de Picos-PI.

2. Participantes da pesquisa: Os pacientes escolhidos para fazer parte desta pesquisa são cadastrados no Hiperdia e usam os remédios hipertensivos distribuídos pelo governo federal.

3. Envolvimento na pesquisa: Participando desta pesquisa você permitirá que o pesquisador Napoleão Dias estude o custo-efetividade dos medicamentos hipertensivos que você utiliza. Mas você tem toda liberdade de não aceitar participar como também não aceitar continuar participando da pesquisa, sem ter nenhum prejuízo. Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do telefone do (a) pesquisador e, se necessário através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa.

4. Sobre os questionários: Os questionários são individuais para colher dados, pois é a melhor forma para se conseguir bons resultados.

5. Riscos e desconforto: A participação nesta pesquisa não traz complicações e nem oferece riscos à sua dignidade. Esta pesquisa obedece aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

6. Direito de Confidencialidade: Todas as informações colhidas neste estudo são confidenciais. Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) terão conhecimento.

7. Benefícios para o participante: Ao participar desta pesquisa você não terá nenhum benefício. Mas esperamos que este estudo traga informações importantes sobre o custo-efetividade dos medicamentos que você utiliza no tratamento de doenças hipertensivas . E o pesquisador promete divulgar os resultados obtidos.

8. Despesas e Compensações: Você não terá nenhum tipo de despesa, nem beneficio financeira relacionada à sua participação na pesquisa.

9. Direito de se retirar do estudo: Você tem a liberdade de deixar de participar do estudo, sem prejuízo para seu tratamento.

10. Direito de ser mantido atualizado: Você tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados da pesquisa.

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11. Compromisso do pesquisador: O pesquisador deve utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa.

12. Garantia de Acesso:Você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para tirar dúvidas. O principal investigador é Napoleão Dias, que pode ser encontrado no endereço: ______________________________________; telefone ________________

Endereço d(os,as) responsável(l,is) pela pesquisa:

Nome: Napoleão Moura Dias Neto

Instituição: CAEN – UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Endereço: Rua São Sebastião nº 312

Telefones p/contato: 089 9413 1279

ATENÇÃO: Para informar qualquer questionamento durante a sua participação no

estudo, dirija-se ao:

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará

Rua Coronel Nunes de Melo, 1127 Rodolfo Teófilo

Telefone: 3366.8338

O abaixo-assinado, _____________________________, ___ anos, RG nº____________ declara que é de livre e espontânea vontade que está participando como voluntário da pesquisa. Eu declaro que li cuidadosamente este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e que, após sua leitura tive oportunidade de fazer perguntas sobre o conteúdo do mesmo, como também sobre a pesquisa e recebi explicações que responderam por completo minhas dúvidas. E declaro ainda estar recebendo uma cópia assinada deste Termo.

Fortaleza, ____/_____/_____

Nome do voluntário Data Assinatura

Nome do pesquisador Data Assinatura

Nome da Testemunha (se o voluntário não souber ler)

Data Assinatura

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Nome do profissional que aplicou o TCLE

Data Assinatura

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ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO

Data: ___/___/___ Unidade PSF:___________ Pesquisador:___________

QUESTIONÁRIO

Nome: ........................................................................................................................... Data Nasc.: .................................................................................................................. Endereço: ....................................................................... Bairro:................................. 1. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) 2. Raça/Cor: ( ) Branco ( ) Negro ( ) Pardo ( ) Índio 3. Pressão Arterial Sistólica (cadastro): ......................................... 3.1. Pressão Arterial Diastólica (cadastro): ....................................... 4. Pressão Arterial Sistólica (atual):.................................................. 4.1. Pressão Arterial Diastólica (atual): .............................................. 5. Peso (cadastro): ......................................... 5.1. Peso (atual): ............................................. 6. Cintura: ..................................... 7. Altura: ........................................... 8. Obesidade? ( ) Sim ( ) Não 9. Medicamento Anti-hipertensivo usado (cadastro): ............................................. 9.1. Posologia: ..................................................................... 9.2. Medicamento Anti-hipertensivo usado (atual): .......................................... 9.3: Posologia: .....................................................................

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10. Diabético? ( ) Sim ( ) Não Se “sim”, qual medicamento usado? ........................................................................ 10.1 Posologia: .......................................................... 11. Doenças coronarianas? ( ) Sim ( ) Não Se “sim”, qual medicamento usado? ........................................................................ 11.1. Posologia: ........................................................... 12. Doença renal? ( ) Sim ( ) Não Se “sim”, qual medicamento usado? ........................................................................ 12.1: Posologia: ...................................................... 13. A.V.C.? ( ) Sim ( ) Não Se “sim”, qual medicamento usado? ........................................................................ 13.1.Posologia: ................................................................ 14. Casos de Hipertensão na Família? ( ) Sim ( ) Não 15. Tabagismo? ( ) Sim ( ) Não Se “sim”,quantos cigarros por dia? ........................ 16. Bebida Alcoólica? ( ) Sim ( ) Não Se “sim”, com qual freqüência? .............................. 17. Sedentarismo? ( ) Sim ( ) Não 18. Após o uso do medicamento você sentiu: ( ) Melhora parcial ( ) Não houve melhora alguma ( ) Melhora acentuada 18.1. Caso tenha havido melhora ocorreu em quanto tempo de tratamento: ( ) 1 mês ( ) 2 meses ( ) 3 meses ( ) acima de 3 meses 19. Hospitalização por problema de saúde? ( ) Sim ( ) Não Se “sim”, quantas vezes e por quê? ..................................................................

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20. Encontrou alguma dificuldade na utilização do medicamento? ( ) Sim ( ) Não 20.1. Se “sim”, qual dificuldade encontrada? ( ) Esquecimento ( ) Outros fatores 21. Como se dá a disponibilidade a esse medicamento junto a SMS de Picos: ( ) Sempre encontro o medicamento ( ) As vezes falta o medicamento ( ) Não há medicamento disponível 22. Quando você não encontra o medicamento nas unidades o que faz: ( ) Não faz uso do medicamento ( ) Compra na rede privada ( ) Procura doação de terceiros 23. Freqüência de consultas regulares: ( ) Quantidade / mês 24. Freqüência de exames realizados: Mensal | Trimestral | Anual E.C.G __________________________________________________________ Sumário de Urina _________________________________________________ Hemoglobina Glicada_______________________________________________ Colesterol Total____________________________________________________ Glicemia de Jejum__________________________________________________ Creatinina_________________________________________________________ 25. Você precisou de consulta complementar: ( ) Sim ( ) Não Se “sim”, qual? ..................................................... 26. Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Ensino Fundamental completo

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( ) Ensino Fundamental incompleto ( ) Ensino Médio completo ( ) Ensino Médio incompleto ( ) Ensino Superior completo ( ) Ensino Superior incompleto 27. Renda familiar: ( ) Abaixo de 1 salário mínimo ( ) De 1 a 2 salários mínimos ( ) Acima de 2 salários mínimos ( ) Recebe bolsa família 27.1. Número de pessoas residentes na família: .........................

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ANEXO 3 – CARTA DE APRESENTAÇÃO DE PROJETO AO COMEPE

CARTA DE APRESENTAÇÃO DE PROJETO AO COMEPE.

Fortaleza, 04 de Agosto de 2009. Vimos, por meio desta, apresentar para apreciação o Projeto de Pesquisa: ESTUDO DE CUSTO-EFETIVIDADE E CUSTO-UTILIDADE DE ANTI-HIPERTENSIVOS USADOS NO HIPERDIA EM PICOS-PI, a ser desenvolvido sob a coordenação do Profº. Dr. Ricardo Brito Soares. A presente pesquisa pretende, Inicialmente, contar com 5.000 indivíduos participantes cadastrados no Sistema Hiperdia do município. A opção por tais pacientes se deu pelo fato de fazerem uso de medicamentos hipertensivos distribuídos pelo governo federal. Declaramos que conhecemos as normas vigentes e os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade. Comprometemo-nos a utilizar os dados coletados, exclusivamente, para os fins previstos no protocolo Ficamos no aguardo do respectivo parecer para dar início à mesma. Atenciosamente, _________________________________________ Napoleão Moura Dias Neto

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ANEXO 4 – FICHA DE CADASTRO DO HIPERTENSO OU DIABÉTICO – HIPERDIA

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ANEXO 5 – MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTI-HIPERTENSIVOS USADOS NO HIPERDIA

MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTI-HIPERTENSIVOS USADOS NO HIPERDIA PROPRANOLOL

É um fármaco anti-hipertensivo indicado para o tratamento e prevenção do infarto do miocárdio, da angina e de arritmias cardíacas. Pode ser utilizado associado ou não à outros medicamentos para o tratamento da hipertensão. É um bloqueador-beta adrenérgico. Este fármaco compete, de forma específica, com agentes estimuladores de receptores b-adrenérgicos, pelos receptores disponíveis. Quando o acesso aos sítios receptores b-adrenérgicos é bloqueado pela ação deste medicamento, as respostas cronotrópicas, inotrópicas, e vasodilatadora do estímulo b-adrenérgico são proporcionalmente diminuídas.diminui a frequencia cardiaca e a pressão arterial.

HIDROCLOROTIAZIDA

A Hidroclorotiazida atua diretamente sobre os rins, aumentando a excreção de cloreto de sódio e, consequentemente da água. Além disso, aumenta a excreção de potássio. Seu efeito é atribuído ao bloqueio do co-transporte de Na+ e Cl- eletroneutros, resultando que 90% no sódio filtrado é reabsorvido antes do líquido tubular chegar ao local de ação das tiazidas.

CAPTOPRIL Bloqueio da ação da enzima conversora da angiotensina. Menor formação de angiotensina II, potente vasoconstrictor e estimulador da aldosterona. O IECA é inibidora também da degradação da bradicinina, potente vasodilatador, que portanto tem sua ação aumentada. METILDOPA A Metildopa reduz a resistência vascular, sem causar grandes modificações na potência cardíaca em pacientes jovens com hipertensão essencial sem complicações. Pacientes idosos, no entanto, a potência cardíaca pode diminuir como resultado de uma redução na potência cardíaca ou de derrame, secundário ao relaxamento de veias e a uma redução na pré-carga. A queda da pressão arterial é no máximo 6-8 horas após a dose oral ou intravenosa.

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Embora a diminuição da pressão seja menor na posição deitada que de pé, a hipotensão ortostática é menos comum do que com outras drogas, isto porque a Metildopa atenua, mas não bloqueia completamente barorreceptores. Por esta razão, é melhor tolerada durante anestesia cirúrgica. Durante o tratamento com a Metildopa o fluxo sangüíneo e as funções renais são mantidos. A secreção de renina também é reduzida pela Metildopa, não sendo porém sua principal ação, nem tão pouco é necessário para a ação hipotensora. O uso prolongado da Metildopa, também pode gradualmente promover a retenção de sal e água pelo organismo, e isto tende a diminuir o efeito hipotensor. Este fato pode ser classificado como pseudotolerância e resolvido através do uso simultâneo de diuréticos.