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CEUNSP Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio APOSTILA PARCIAL DA DISCIPLINA "INSTITUIÇÕES DE "INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E DIREITO PÚBLICO E PRIVADO (IDPP-II)" PRIVADO (IDPP-II)" (DE ACORDO COM O CÓDIGO CIVIL EM VIGOR) PROF° Adv. JOSÉ CARLOS CLEMENTINO

INTRODUÇÃO: A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADOdrackwolven.50webs.com/APOSTILA IDPP 2.doc  · Web viewapostila parcial da disciplina "instituiÇÕes de direito pÚblico e privado

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CEUNSPCentro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio

APOSTILA PARCIAL DA DISCIPLINA

"INSTITUIÇÕES DE"INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO EDIREITO PÚBLICO E PRIVADO (IDPP-II)"PRIVADO (IDPP-II)"

(DE ACORDO COM O CÓDIGO CIVIL EM VIGOR)

PROF° Adv. JOSÉ CARLOS CLEMENTINO

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APOSTILA DISPONÍVEL NO SITE: www.clementino.zip.net

1 - A IMPORTÂNCIA DO DIREITO CIVIL

Como ramo do direito privado, o direito civil tem por objetivo regular as relações jurídicas entre pessoas.

É direito comum ou ordinário, aplicável no dia-a-dia das pessoas, desde as relações familiares até as questões alusivas à posse e a propriedade de bem, bem como a celebração, execução e extinção de atos e negócios jurídicos.

De indiscutível importância, contém princípios e regras que acompanham a pessoa desde a sua concepção até a sua morte. Por vezes, preserva direitos do titular por toda a eternidade. Exemplo: os direitos morais de autor.

O direito civil estuda:a) os sujeitos do direito, considerando-se sujeito ativo aquele que possui um crédito e sujeito

passivo o que tem uma obrigação ou um dever a ser cumprido;b) A coisa, que é o objeto do direito;c) As relações jurídicas existentes entre os particulares.

ESTRUTURA DO DIREITO CIVIL

A principal fonte das normas do nosso Direito Civil é o Código Civil Brasileiro, Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002, que possui mais de 2000 Artigos. O Código é dividido em Parte Geral e Parte Especial possuindo as seguintes subdivisões:

a) Parte Geral: pessoas naturais, pessoas jurídicas, domicílio, os bens, os fatos jurídicos, os atos ilícitos, a prescrição, a decadência e a prova;

b) Parte Especial:

Livro I – Do direito das ObrigaçõesLivro II – Do direito de EmpresaLivro III – Do direito das coisasLivro IV – Do direito de famíliaLivro V – Do direito das sucessões

Serão destacados a seguir, alguns pontos importantes previstos no Código Civil Brasileiro.

AS PESSOAS

As pessoas podem ser titulares de direitos e passíveis de deveres, dividindo-se em duas espécies básicas:- Pessoa Física - são pessoas individualmente consideradas. A pessoa física também recebe o

nome de pessoa natural. Como exemplo de pessoa física podemos citar você, seu professor e todos aqueles que podem ser titulares de direitos e sofrer imposição de deveres. Logo no artigo 1º do Código Civil aparece o seguinte: toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

- Pessoa Jurídica - São exemplos de pessoas jurídicas as associações, as sociedades, as fundações no direito privado e a União, os Estados e os Municípios no direito público.

CAPACIDADE DA PESSOA FÍSICA

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Todo ser humano tem personalidade jurídica pois está dotado de aptidão básica para ser sujeito ativo ou passivo de direitos e deveres. Mas nem todos possuem a mesma capacidade jurídica para exercer direitos. A capacidade para o exercício pessoal de direitos depende de fatores como a idade e o estado de saúde que condicionam o grau de consciência e a formação da vontade humana.

Vejamos o que diz a lei 10.406/2002 (NCC) sobre a capacidade Jurídica das pessoas:

        Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:        I - os menores de dezesseis anos;        II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;        III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.        Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:         I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;        II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;        III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;        IV - os pródigos.        Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.        Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.        Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:        I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;        II - pelo casamento;        III - pelo exercício de emprego público efetivo;        IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;        V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

OBJETO DO DIREITO: BENS

A palavra "bem" apresenta significados diferentes para a Filosofia, a Economia e o Direito. Agora vamos analisar a palavra "bem" na linguagem jurídica.

Toda relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto um "bem", sobre o qual recaem direitos e obrigações. Esse bem pode assumir valor material, como dinheiro, um imóvel etc. ou pode ter valor imaterial, como a honra, a vida privada, a intimidade, a liberdade de consciência etc.

Os bens podem ser classificados de diversas maneiras. Vejamos alguns adotados pelo Código Civil:a) Móvel - é o bem que possui movimento próprio ou pode ser removido por força alheia. Exemplo: o

automóvel, a televisão, o cavalo etc.b) Imóvel - não pode ser removido . Exemplo: um terreno, uma casa etc.c) Fungível - é o bem que pode ser substituído por outro da mesma espécie, qualidade ou

quantidade. Exemplo: o dinheirod) Consumível - é o bem móvel cujo uso importa destruição imediata da própria substância.

Exemplo; produtos alimentíciose) Público - é bem que pertence à União, aos estados, aos Municípios etc. f) Particular - bem que não pertence ao patrimônio público.

RELAÇÃO JURÍDICA

Já estudamos o sujeito da relação jurídica que são as pessoas e o objeto da relação jurídica que são os bens. Vamos agora estabelecer a ligação entre as pessoas e os bens formando os elementos da relação jurídica.a) Sujeito ativo - titular ou beneficiário da relaçãob) Sujeito passivo - considerado o devedor , pessoa obrigada a respeitar o direito do sujeito ativoc) Vínculo jurídico - une uma pessoa a outra e que confere a cada um dos participantes da relação o poder de pretender ou exigir algo determinado ou determinável

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d) Objeto - o elemento em razão do qual a relação se constitui, e sobre o qual recai tanto a exigência do credor como a obrigação do devedor, podendo ser uma coisa (uma casa, por exemplo) ou então a própria pessoa, como nos direitos pessoais e da personalidade.

2 - DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

CONCEITO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

O Direito das obrigações compreende o conjunto de normas que tratam das relações jurídicas entre devedor e credor. Tais normas regulam a responsabilidade que o devedor assume, perante o credor, de cumprir determinada prestação de natureza econômica, garantindo o compromisso assumido mediante seu patrimônio.

Na hipótese da obrigação não ser cumprida, espontaneamente, pelo devedor, este poderá responder por perdas e danos causado ao credor. As perdas e danos devido ao credor abrangem, além do que se afetivamente perdeu (danos emergentes), o que razoavelmente deixou de lucrar, isto é, os lucros cessantes (artigos 402 a 405 do NCC).

Vejamos um exemplo do que pode ocorrer ao devedor que descumpre, levianamente, uma obrigação pactuada:

O dono de uma fábrica comprou de um fornecedor importantes máquinas industriais. O contrato de compra estabelecia, expressamente, que o vendedor do maquinário assumia, perante o comprador, a obrigação de entregar todas as máquinas, objeto de contrato em perfeito estado de funcionamento, no prazo máximo de dois meses.

Vencido a prazo, vendedor recusou se a entregar as máquinas compradas, desonrando a obrigação assumida, sem motivos justos.

Ao credor desta obrigação, cabe exigir do devedor a responsabilidade por suas perdas e danos. O prejuízo do credor abrange não somente os danos emergentes ( a quantia efetivamente já paga pela compra das máquinas ), como também os lucros cessantes ( as perdas decorrentes da inútil espera pelo maquinário).

TIPOS DE OBRIGAÇÕES PREVISTOS NO CÓDIGO CIVIL

a) Obrigações de darb) Obrigações de fazer e de não fazerc) Obrigações alternativasd) Obrigações divisíveis e indivisíveise) Obrigações solidárias

A EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

As obrigações são de caráter transitório, por isso nascem, vivem, se extinguem. Nascem de uma declaração de vontade ou em virtude da lei. Vivem por meio de suas várias modalidades: por exemplo, obrigações de dar, fazer ou não fazer. Extinguem-se por diversos modos: o pagamento, a prescrição e a execução judicial.

Vejamos algumas causas que extinguem a obrigação:

Pagamento: é cumprimento voluntário da obrigação. Pode ser em dinheiro ou por qualquer outra forma de prestação.

Prescrição: é o pagamento da dívida pelo decurso do prazo, durante qual o credor tinha o direito de exigí-la, judicialmente, do devedor.

Execução Judicial: é o pagamento forçado em virtude de decisão judicial (sentença do juiz ou acórdão do tribunal).

OS CONTRATOS EM GERAL

O conceito de contrato

Contrato é trato com. Consiste no acordo de vontade de duas ou mais pessoas sobre um mesmo objeto ou objetivo.

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O contrato representa uma das principais fontes de obrigações, na medida em que estabelece normas para serem cumpridas entre os contratantes.

A validade dos contratos depende de requisitos primários como:

Capacidade das partes: qualquer pessoa pode celebrar contratos, desde que possua capacidade civil. Assim, o contrato eventualmente firmado por pessoa absolutamente incapaz, será considerado nulo.

Objeto lícito: o bem jurídico sobre o qual recai a manifestação da vontade dos contratantes deve ser lícito, isto é, autorizado pelas normas jurídicas pela moral e os bons costumes. Exemplos de contratos objetos lícitos: contrato de compra e venda de imóveis, contrato de locação residencial, contrato de trabalho etc. Não seriam juridicamente válidos contratos cujos os objetos fossem fatos definidos como crimes ou proibidos pela lei Civil.

Forma prescrita ou não proibida pela lei: ou o contrato deve obedecer a forma estabelecida pela lei (contrato solene), ou por esta não ser proibida (contratos não - solenes).

É bom lembrar que o atual Código Civil, no seu Art. 421, expressa a idéia de que o contrato tem também, uma função social.

A função social do contrato, prevista no artigo em referência, constitui cláusula geral, a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato e reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas. Isso leva ao entendimento de que todo contrato tem implícito uma cláusula de boa fé objetiva. Essa cláusula tem o condão ético de impor as partes o respeito e a lealdade recíprocos.

Daí, tem-se por conclusivo que em todos os contratos existem deveres, tais como os de:

a) informarO dever de informar é aquele através do qual nenhuma característica do produto pode ser negligenciada.

b) assistênciaO dever de assistência importa em comando normativo entre as partes, ante o negócio jurídico realizado, visando a consecução e fins previstos no contrato (fases pré, na execução e pós contratual).

Outra previsão do Código Civil, nos Artigos 478 e seguintes, é a de que o princípio da obrigatoriedade não é mais absoluto como antes, podendo se o contrato ser revisado em busca do equilíbrio contratual entre as partes.

É importante anotar ainda que o contrato com vício de lesão, não sendo revisado é passível de ser anulado.

Por vício de lesão entendemos, objetivamente o desequilíbrio contratual resultante de situações sócio-econômicas imprevisíveis no momento da celebração do contrato e subjetivamente o dolo de aproveitamento que se constitui em manifesta vantagem excessiva de uma das partes em relação a outra.

Vamos examinar algumas espécies de contrato, iniciando nosso estudo pela compra e venda.

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COMPRA E VENDA

Contrato de compra e venda: é aquele no qual o vendedor, em troca do preço ajustado, se obriga a transferir ao comprador o domínio de certa coisa. É o que diz, em outras palavras, o art. 481 do Código Civil:

Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.

Pelo conceito acima apresentado, percebemos que os elementos básicos da compra e venda são três:

a) O consentimento das partes: é a manifestação livre e consciente da vontade dos contratantes.

b) A coisa negociada: é o bem objetivado pelo contrato.

c) O preço ajustado: é o valor monetário estabelecido para a venda da coisa.

A LOCAÇÃO DE COISAS

Locação de coisas é o contrato pelo qual o locador, em troca do aluguel, se compromete alugar certa coisa ao locatário. Com precisão técnica, o Código Civil, no art. 565, assim define esse contrato:

"Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado, ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição".

Esse contrato envolve a existência das pessoas e elementos seguintes:

O locador: é a pessoa que se obriga a certa coisa, em troca do aluguel. O locatário: é a pessoa que recebe a coisa alugada, comprometendo-se a pagar o aluguel. O aluguel: é o preço estipulado no contrato de locação, cabendo ao locatário pagar ao locador. A coisa alugada: deverá ser não - fungível, isto é, não poderá ser substituída por outra da mesma

espécie. Mas a coisa pode ser móvel (ex. locação de veículos) ou imóvel (locação de casas, por exemplo ).

Vejamos o que diz o Código Civil sobre as obrigações do locador:

        Art. 566. O locador é obrigado:        I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário;        II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa.

Agora sobre o locatário:

        Art. 569. O locatário é obrigado:        I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse;        II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar;        III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em direito;        IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular.

O MANDATO E A PROCURAÇÃO

Mandato é o contrato pelo qual uma pessoa confere a outra poderes para agir em seu nome e praticar atos jurídicos. Esse contrato encontra-se previsto no Artigo 653 do Código Civil, nos seguintes termos:

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Opera-se o mandato, quando alguém recebe de outrém poderes, para, em seu nome, praticar atos, ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.

O contrato de mandato envolve dois sujeitos:

a) O mandante: pessoa que confere o mandato; é o sujeito que será representado.

b) O mandatário: pessoa que age em nome do mandante; é o sujeito que recebe poderes para ser representante.

Procuração é o instrumento pelo qual o mandante confere poderes ao mandatário para que este possa representá-lo nos atos jurídicos ou administração do seus intereses. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração (Código Civil, Art. 654).

Vejamos o que diz o Código Civil sobre as obrigações do mandatário e do mandante:

Das Obrigações do MandatárioArt. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do

mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.

Das Obrigações do Mandante        Art. 675. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesas necessárias à execução dele, quando o mandatário lho pedir.        Art. 676. É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as despesas da execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo o mandatário culpa.

A extinção do mandato Com base no art. 682 do Código Civil, podemos afirmar que :

Art. 682. Cessa o mandato:        I - pela revogação ou pela renúncia;        II - pela morte ou interdição de uma das partes;        III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer;        IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. Obs. Art. 683. Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o revogar, pagará perdas e danos.

A FIANÇA

Fiança é o contrato pelo qual o fiador assume, perante o credor, a responsabilidade de quitar uma obrigação, caso esta não seja cumprida pelo devedor. Esse contrato encontra-se devidamente previsto pelo art. 818 do Código Civil:

Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.

Obs. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.

O contrato de fiança envolve, portanto, três pessoas:

a) O devedor: é a pessoa que contraiu a dívida no contrato principal. Exemplo: o inquilino, no contrato de locação.

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b) O fiador: é a pessoa que,em contrato acessório, se responsabiliza pela obrigação assumida no contrato principal, caso o devedor não a pague.Exemplo: o fiador se compromete a pagar o aluguel, se o inquilino não o fizer.

c) O credor: é a pessoa que tem o direito a exigir o cumprimento da obrigação, primeiro do devedor e depois do fiador. Exemplo: o credor que alugou o imóvel pode exigir o pagamento do aluguel do inquilino ou do fiador.

CONTROVÉRSIAS SOBRE O PAPEL DO FIADOR Magnífica tem sido a discussão sobre os efeitos do Novo Código Civil (Lei nº 10.406), em

vigor desde 11.01.2003. As inúmeras inovações têm causado grandes discussões para interpretar as novas regras do cidadão comum. Esses estudos são imensamente benéficos pois trazem a discussão temas que a muito eram restritos aos círculos especializados dos profissionais de direito. O Novo Código, avivou o brasileiro, assim como fez o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), amadurecendo-o para as regras da sociedade civil. Um dos muitos pontos de discussão, trata da figura do fiador de locatários de imóveis residenciais, principalmente.

Os contratos de locação prevêem a figura do fiador como forma de assegurar o cumprimento das obrigações assumidas pelo inquilino/locatário, perante o locador, pelas prestações e danos ocasionados quando do uso do imóvel locado.Essa garantia era, na maioria das vezes limitada ao tempo de vigência do contrato de locação. Como em muitos casos os contratos evoluem por prazos superiores ao ajustado, vigendo por prazo indeterminado, fica excluída a garantia do fiador daí em diante. Nesses casos, seguindo as regras da Lei do Inquilinato (8.245/91, art. 40, I) o locador poderia exigir novo fiador.

Mas, assim como era difícil encontrar o primeiro, mais difícil ainda seria localizar os subseqüentes fiadores daqueles locatários que não conseguiam renovar sua fé perante aos fiadores iniciais. Passaram então, os contratos de locação, a expressar, ainda que unilateralmente, em entrelinhas, que a garantia prestada pelo fiador se estenderia além do prazo contratual, em perfeição com o art. 39 da Lei do Inquilinato, pelo prazo indeterminado, amarrando- o fiador até o momento da entrega das chaves.

Ocorre que a modalidade Fiança, é um instituto trazido do Código Civil de 1916, renovado pelo Novo Código Civil de 2002, que traz uma nova regra. Quando o contrato, neste caso de locação, estiver vigendo por prazo indeterminado, poderá o fiador se eximir dessa obrigação, notificando o locador do imóvel, ficando responsável por apenas 60 dias a mais, após a notificação (art. 835).

Embora no art. 2.036, expressamente constar que as regras de locação de imóveis urbanos continuarão sendo sujeita a lei especial (Lei do Inquilinato) as regras da garantia da Fiança são as do Código Civil.

Esse tipo de inovação fará com que contratos não mais sejam renovados automaticamente por prazo indeterminado, ante a possibilidade da saída do fiador, o que trará insegurança ao locador que para isso terá que redigir um novo contrato a cada vencimento, necessitando redigir sempre um novo contrato, ou, estipular prazos maiores de vigência.

OUTROS CONTRATOS PREVISTOS NO CÓDIGO CIVILa) Da Comissãob) Da doaçãoc) Da corretagemd) Da agência e distribuiçãoe) Do transporte pessoas/coisasf) Do Seguro.

TÍTULOS DE CRÉDITO

O Código Civil em vigor traz um novo título sobre o tema, inserido no livro das obrigações. Foi admitida a emissão de títulos de crédito usando caracteres criados em computador ou meio técnico, desde que sigam os requisitos mínimos. Isso quer dizer que as disposições do código devem ser analisadas em conjunto com as leis específicas aplicadas aos títulos de crédito

Diz o artigo 887 do Código Civil: O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

Vamos analisar os elementos desta sintética e precisa definição, de onde podemos extrair os requisitos básicos do título de crédito:

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a) Documento necessário: o título se exterioriza por meio de um documento . A exibição deste documento é necessária para o exercício do direito de crédito nele mencionado.

b) Literalidade: o título é literal, isto é, obedece ao que está rigorosamente escrito no documento. Desta maneira, o conteúdo do direito que o título confere a seu portador limita-se ao que nele estiver formalmente escrito.

c) Autonomia: o título é documento autônomo, isto é, independente de outras obrigações. Cada título vale por si mesmo. O direito de seu beneficiário atual não pode ser anulado em virtude das relações existente entre os seus antigos titulares e o devedor da obrigação.

CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Os títulos de crédito podem ser classificados segundo diversos critérios. Vejamos dois importantes critérios que se referem à estrutura formal e ao modo de circulação dos títulos.

Estrutura FormalAnalisando-se sua estrutura formal, os títulos de crédito podem assumir a feição de ordem de

pagamento ou promessa de pagamento.

a) Ordem de pagamento: nos títulos que contêm ordem de pagamento a obrigação deverá ser cumprida por terceiros. Exemplo desses títulos: cheque e letra de câmbio.

Na ordem de pagamento podemos identificar a presença de três personagens cambiários. Vejamos quem são esses personagens no caso do cheque: O emitente: é a pessoa que assina o cheque, dando, assim, a ordem de pagamento. Observe que

no cheque vem escrito: “pague por este cheque a quantia de ...”. Temos, então, uma ordem ao Banco que poderia ser traduzida nos seguintes termos: Bancos pague por este cheque a quantia de...

O sacado: é o Banco, ou seja, a pessoa jurídica que deve cumprir a ordem de pagamento expressa no cheque. É do Banco que será retirado (sacado) o valor escrito no título de crédito.

O Tomador ou Beneficiário: é a pessoa que se beneficia da ordem de pagamento. É quem recebe o valor expresso no cheque.

b) Promessa de pagamento: nos títulos que contêm promessa de pagamento a obrigação deverá ser cumprida pelo próprio emitente e não por terceiros. Exemplo desse título: a nota promissória. Observe que na nota promissória não vem escrito pague, mas pagarei: o verbo está na primeira pessoa do singular (eu pagarei).

Na promessa de pagamento podemos identificar a presença de, apenas, dois personagens cambiários:

emitente: é a pessoa que emite a promessa de pagamento em nome próprio, isto é, na primeira pessoa do singular (eu pagarei). O emitente é o devedor da obrigação.

beneficiário: é a pessoa que se beneficia da promessa de pagamento. É o credor do título.

Modo de Circulação

Analisando-se o modo comum de como circulam os títulos de crédito podemos dividi-los em: título ao portador e título nominativo.

a)Título ao portador: é aquele que circula com muita facilidade, transferindo-se de pessoa para pessoa pela simples entrega do título. Não consta deste título o nome da pessoa beneficiada. Por isso , o seu portador é, presumivelmente, seu proprietário. Exemplo desse título: cheque ao portador.

b)Título nominativo: é aquele cujo nome do beneficiário consta no registro do emitente. Trata-se, portanto, do título emitido em nome de pessoa determinada. Exemplo desse título: cheque nominal.

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PRINCIPAIS ATOS CAMBIÁRIOS

Entre os principais atos cambiários podemos destacar os seguintes: a) Saque: é o ato cambiário que tem por objetivo a criação de um título de crédito. Saque é sinônimo de emissão.

b) Aceite ou vista: é ato cambiário pelo qual o sacado reconhece a validade da ordem de pagamento. O aceite somente é utilizado no caso de ordem de pagamento a prazo.

c) Endosso: é o ato cambiário que tem por objetivo transferir o direito documentado pelo título de crédito de um credor para outro. O endosso pode ser em branco ou em preto.

Endosso em branco é aquele em que o endossante (pessoa que dá o endosso) não identifica a pessoa do endossatário (pessoa que dá o endosso). O endosso em branco consiste na assinatura do endossante, fazendo com que o título nominal passe a circular como se fosse título ao portador. Esse endosso deve ser conferido na parte de trás do título.

Endosso em preto é aquele em que o endossante identifica expressamente o nome do endossatário. Esse endosso pode ser conferido na frente (face ou anverso) ou atrás (dorso ou verso) do título.

d) Aval: é o ato cambiário pelo qual terceiro, denominado avalista, garante o pagamento do título de crédito.

e) Avalista: é a pessoa que presta o aval. Para isso, basta a sua assinatura, em geral, na frente do título. Devemos destacar que o avalista assume responsabilidade solidária pelo pagamento da obrigação. Isto significa que, se o título não for pago no dia do vencimento, o credor poderá cobrá-lo diretamente do avalista, se assim o desejar.

f) Avalizado: é o devedor que se beneficia do aval, tendo sua dívida garantida perante o credor. Se o avalizado não pagar o título, o avalista terá de fazê-lo. A Lei assegura, entretanto, ao avalista o direito de cobrar, posteriormente, o avalizado.

OS PRINCIPAIS TÍTULOS DE CRÉDITO

Existem diversos títulos de crédito no Direito brasileiro. De todos os existentes, iremos destacar quatro: a letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata.

A LETRA DE CÂMBIO

Conceito

A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, à vista ou a prazo. Como toda ordem de pagamento, nela encontramos três personagens cambiários:

1.O emitente ou sacador : pessoa que emite o título.

2.O sacado: pessoa que recebe a ordem e deve cumpri-la.

3.O tomador ou beneficiário: pessoa que se beneficia da ordem de pagamento.

Requisitos Legais

A letra de câmbio é documento formal, devendo, por isso, obedecer a diversos requisitos previstos em Lei. Esses requisitos são:

a) A denominação letra de câmbio escrita no texto do documento.b) A quantia que deve ser paga.a) O nome do sacado, isto é, a pessoa que deve pagar.b) O nome do tomador, isto é, a pessoa a quem o título deve ser pago.c) A data e o lugar onde a letra é sacada.d) A assinatura do sacador, isto é, a pessoa que emite o título.

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A NOTA PROMISSÓRIA

Conceito:

A nota promissória é uma promessa de pagamento pela qual o emitente se compromete diretamente com o beneficiário a pagar-lhe certa quantia em dinheiro.

A nota promissória é diferente da letra de câmbio, fundamentalmente, no seguinte aspecto: a nota promissória é promessa de pagamento, enquanto a letra de câmbio é ordem de pagamento.

Sendo promessa de pagamento a nota promissória envolve apenas dois personagens cambiários:

1 - O emitente: é a pessoa que emite a nota promissória, na qualidade de devedor do título.

2 - O beneficiário: é a pessoa que se beneficia da nota promissória, na qualidade de credor do título.

Requisitos Legais

A nota promissória é o documento formal, devendo, por esta razão, obedecer a diversos requisitos estabelecidos pela Lei.

Esses requisitos são:a) A denominação nota promissória escrita no texto do documento.b) A promessa pura e simples de pagar determinada quantia. c) A data do vencimento ( pagamento ). d) O nome do beneficiário ou à ordem de quem deve ser paga ( não se admite nota

promissória ao portador ).e) O lugar onde o pagamento deve ser realizado.f) A data em que a nota promissória foi emitida.g) A assinatura do emitente ou subscritor.

CHEQUE

Conceito

O cheque é uma ordem de pagamento, à vista, que pode ter como beneficiário o próprio emitente ou terceiros. Como toda ordem de pagamento, também encontramos no cheque três personagens cambiários:

1 - O sacador: é a pessoa que emite, passa ou saca o cheque.

2 - O sacado: é o banco que recebe o cheque tendo o dever de pagá-lo com base nos fundos à disposição do sacador.

3 - O tomador: é a pessoa em cujo beneficio o cheque é emitido. O tomador pode ser terceiro ou o próprio sacador.

Os Tipos de Cheque

Existem dois tipos de cheques quanto ao modo de circulação: cheque ao portador e cheque nominal.

a) O cheque ao portador é aquele que não indica expressamente o nome do beneficiário. Deve conter a expressão ao portador ou manter em branco o lugar que seria destinado ao nome do beneficiário.

b) O cheque nominal é aquele que indica expressamente o nome do beneficiário para que o banco, no momento da apresentação do cheque , possa conferi-lo . O cheque nominal pode ser:

Os requisitos do cheque

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O cheque também é um documento formal devendo ter requisitos essenciais impostos pela Lei. São requisitos legais do cheque:

a) A denominação cheque escrita no texto do documento.b) A ordem pura e simples de pagar determinada quantia.c) O nome do sacado, isto é, o nome do Banco. d) A assinatura do sacador, isto é, da pessoa que emite o cheque.e) A data em que é emitido.f) O lugar onde o cheque é emitido.g) Atualmente, data da abertura conta , RG,CPF Os cheques pós-datados

É interessante lembrarmos que, segundo a lei Uniforme sobre Cheques, este título é ordem de pagamento à vista. Desta maneira, os cheques com data futura ao dia real da emissão não devem ser levados em conta. A data futura não é considerada e o cheque sempre é pagável à vista.

De acordo com o art. 28 da Lei Uniforme, o cheque apresentado a pagamento antes do dia indicado como data da emissão é pagável no dia da apresentação.

Cheque cruzado e cheque visado

Entre as diversas espécie de cheques podemos destacar o cheque cruzado e o cheque visado.

a) Cheque cruzado: é aquele atravessado por duas linhas paralelas na face do título. Estas linhas podem ser lançada pelo emitente ou pelo portador do cheque. O cruzamento do cheque restringe a sua circulação, pois o titulo só poderá ser pago a um Banco. Assim, quando uma pessoa recebe cheque cruzado deverá depositá-lo em sua conta bancária, para que o título seja “ compensado” pelo serviço bancário.

b) Cheque visado: é aquele no qual o banco deve colocar seu “ visto “, certificando que existem fundos disponíveis na conta do emitente. Ao visar o cheque, o Banco imediatamente debita na conta do emitente o valor mencionado do respectivo cheque.

O cheque visado pelo Banco representada uma garantia para o portador de que o cheque tem fundos.

A DUPLICATA

Conceito

A duplicata é o título de crédito emitido com base em obrigação proveniente de compra e venda comercial ou prestação de certos serviços.

Vejamos um exemplo de como surge uma duplicata:Na venda de uma mercadoria, com prazo não inferior a 30 dias, o vendedor deverá extrair a

respectiva fatura para apresentá-la ao comprador. No momento da emissão da futura, ou após a venda, o comerciante poderá extrair uma duplicata que, sendo assinada pelo comprador, servirá como documento de comprovação da dívida.

Requisitos Legais

A duplicata, sendo titulo formal, apresenta os seguintes requisitos previstos em Lei:

a) A denominação duplicata, a data de sua emissão e o número de ordem. b) O número da fatura.c) A data do vencimento ou a declaração de ser duplicata à vista.d) O nome e o domicílio do vendedor e do comprador.e) A importância a pagar, em algarismos e por extenso.f) A praça de pagamento.g) A clausula à ordem.h) A declaração do recebimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada

pelo comprador, como aceite cambial.

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i) A assinatura do emitente.

A DUPLICATA SIMULADA

A duplicata é titulo cuja existência depende de um contrato de compra e venda comercial ou de prestação de serviço. Em outras palavras, toda duplicata deve corresponder a uma efetiva venda de bens ou prestação de serviços. A emissão de duplicatas que não tenham como origem essas atividades é considerada infração penal. Trata-se da chamada “ duplicata fria” ou duplicata simulada.

O Código Penal assim define essa infração:

Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponde à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.

Pena: detenção de dois quatro anos, e multa ( Código Penal, art. 172 ).

3 - DO DIREITO DE EMPRESA

O novo Código Civil, instituído pela Lei n° 10.406/02, entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, tendo revogado a Lei n° 3.017/1916 (Código Civil de 1916) e a Parte Primeira da Lei n° 556/1850 (Código Comercial de 1850), trazendo diversas inovações que regram a vida e os negócios desenvolvidos por pessoas e empresas.

Substituiu-se a expressão Direito Comercial por Direito Empresarial. E a de comerciante por empresário. Unificou-se as Obrigações Civis e Mercantis, acabando-se com a distinção entre sociedades civis e comerciais, criando-se em substituição as sociedades empresariais, que tem natureza econômica. Estabeleceram-se as normas gerais dos “Títulos de Crédito”, mantendo-se a legislação especial das diversas figuras já existentes, como a lei das letras de câmbio e notas promissórias, duplicata, cheque, etc.Criou-se o Livro II intitulado “Do Direito de Empresa”, que faremos a seguir breves comentários:

Este novo livro trata-se da fusão sem artifícios do Direito Civil com o Direito Comercial. É dividido em quatro títulos referentes aos arts. 966 a 1.195, disciplinando-se tudo que diga respeito ao “empresário”, “empresa”, “o estabelecimento”, e os “institutos complementares” que regulamentam e disciplinam a atividade empresarial.

Do EmpresárioO Código Civil considera empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica

organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, excluídos desse conceitoquem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda quecom o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituirelemento de empresa .

O Código não conceitua o que seja “atividade econômica organizada” ou o que seja“empresa”. Doutrinariamente, entretanto, tem se firmado o entendimento de que empresa ésinônimo de atividade econômica organizada, em que o empresário reúne um conjunto debens, corpóreos e incorpóreos, como sejam, capital, trabalho, marca, equipamento, matériaprima e tecnologia, para a produção ou circulação de bens ou de serviços, visando a obtençãode lucros.

É obrigatória a inscrição do empresário na Junta Comercial, mediante requerimento quecontenha :I - O seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;II - A firma, com a respectiva assinatura autógrafa;III - O capital;IV - O objeto e a sede da empresa.

SOCIEDADES

De acordo com o Código Civil as sociedades se classificam da seguinte maneira:

SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA1. Sociedade em Comum2. Sociedade em Conta de Participação

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SOCIEDADE PERSONIFICADA1. Sociedade Simples2. Sociedade Empresária

Tipos Jurídicosa. Sociedade em Nome Coletivob. Sociedade em Comandita Simplesc. Sociedade Limitadad. Sociedade Anônimae. Sociedade em Comandita por Ações

SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADAEmbora estabeleça o Novo Código Civil que a personalidade jurídica da sociedade começa

com o registro de seus atos constitutivos, possui dispositivos que regem o que denomina de sociedade não personificada, denominação sob a qual acolheu a sociedade em comum (antiga sociedade de fato) e sociedade por conta de participação.

Portanto, considera-se sociedade não personificada aquela cujo ato constitutivo ainda não foi registrado no órgão competente, ou seja, aquela que não possui personalidade jurídica.

Excetuam-se deste conceito, as sociedades anônimas e as sociedades em comandita por ações, uma vez que, de acordo com a legislação de regência, não podem funcionar sem que sejam arquivados e publicados os seus atos constitutivos (art. 982).

As sociedades não personificadas se subdividem em sociedade em comum e sociedade em conta de participação.

SOCIEDADE EM COMUMA sociedade em comum, embora não tenha, ainda, seus atos constitutivos registrados, é uma

sociedade de fato, cuja existência é comprovada, independente de ter ou não contrato escrito.Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade em comum, mas os terceiros podem prová-la de qualquer forma.

O novo Código Civil, em seus artigos 986 a 990, regula a relação entre os sócios da sociedade em comum e entre estes e terceiros, definindo que a responsabilidade dos sócios é solidária e ilimitada. SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO

A sociedade em conta de participação é um outro tipo de sociedade não personificada, diferenciando-se da sociedade em comum, uma vez que está dispensada do arquivamento de seus atos constitutivos no registro competente. Esta sociedade não possui patrimônio próprio e nem personalidade jurídica, sendo formada para realizar negócios de curta duração, extinguindo-se após sua concretização.

A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios em direito admitidos. O contrato social produz efeitos somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade (artigos 991 a 996).

SOCIEDADE PERSONIFICADAConsidera-se sociedade personificada aquela que possui personalidade jurídica, obtida

mediante registro de seus atos constitutivos no órgão competente.As sociedades personificadas se subdividem em sociedade simples e empresária.

SOCIEDADE SIMPLESÉ considerada sociedade simples aquela cujo objeto social seja decorrente de profissão

intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com concurso de auxiliares ou colaboradores, ou seja, considera-se sociedade simples a antiga sociedade civil.

Neste tipo de sociedade, os bens particulares dos sócios poderão ser executados por dívidas da sociedade, mas apenas depois de executados os bens sociais, se estes forem insuficientes para saldar as dívidas. Neste caso, os sócios responderam com o seu patrimônio social na proporção que participem das perdas sociais, salvo se houver no contrato social cláusula estipulando a responsabilidade solidária.

As cooperativas são consideradas sociedades simples, independentemente de seu objeto de funcionamento.

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SOCIEDADE EMPRESÁRIAÉ definida como sociedade empresária àquela que tem por objeto o exercício de atividade

econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, ou seja, considera-se sociedade empresária a antiga sociedade comercial.

Antes de iniciar a atividade econômica, o empresário individual ou a sociedade empresária, que a ela for se dedicar, deverá inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais (artigos 967, 968 e 1.150 do Código Civil), tendo como elemento essencial o nome empresarial.

TIPOS JURÍDICOS

SOCIEDADE EM NOME COLETIVOExceto pelo fato de poder exercer atividade empresária, este tipo de sociedade é

praticamente idêntico ao da sociedade simples. Nesta sociedade somente podem participar pessoas físicas, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.

SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLESNa sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias, a saber:

a) os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; eb) os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota.

As sociedades por comandita simples são regidas supletivamente pelas normas da sociedade em nome coletivo, cabendo ao sócios comanditados os mesmos direitos e obrigações dos sócios em nome coletivo. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de fiscalizar suas operações, não pode o comanditário praticar nenhum ato de gestão nem ter o nome da firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidade de sócio comanditado.

Neste caso, o contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários.

SOCIEDADE LIMITADANa sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas,

mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.Este tipo de sociedade passa a ter um regime consolidado em apenas um diploma legal, pois,

a sociedade antes denominada de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, tinha seu regime jurídico determinado pelo Decreto n° 3.708/19, revogado, e subsidiariamente pela Lei das Sociedades Anônimas (Lei n° 6.404/76).

A aplicação subsidiária da lei da sociedades anônimas continua sendo possível, desde que haja previsão expressa no contrato social.

SOCIEDADE ANÔNIMANa sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio

ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. A sociedade anônima rege-se por lei especial (Lei n° 6.404/76 e disposições posteriores), aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições do Novo Código Civil (artigos 1.088 e 1.089).

SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕESEsta sociedade tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à

sociedade anônima. Todavia, neste tipo societário, somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade (artigos 1.090 a 1.092).

FALÊNCIA E CONCORDATA

Solvência é a qualidade de quem pode solver, isto é, pagar, liquidar, cumprir uma obrigação. Insolvência é, justamente, o contrário. É o estado da pessoa que deve, mas não pode pagar sua dívida.

A insolvência, que é a falta de condições para pagar, gera o estado de falência, quando o devedor é comerciante.

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Perante o Direito brasileiro, o critério básico para indicar o estado de falência é a impontualidade. Desta maneira, o não - pagamento de uma obrigação no dia do seu vencimento é considerado sinal de alarme para os credores. Um sinal que manifesta pela impontualidade: um sinal que revela o devedor ao qual faltam condições ou recursos para cumprir suas obrigações nos prazos devidos.

Atualmente, no Brasil, a falência é regulada pelo Decreto-lei nº 7.661/45, que trata tanto da parte material quanto processual do instituto. Existe projeto de lei para alterar a regulamentação da falência em curso no Congresso Nacional.

Em termos gerais, a caracterização da falência se dá devido a interrupção juridicamente imotivada do pagamento das dívidas do comerciante. Quando ele não paga uma dívida, é impontual, ou seja, deixou de cumprir a obrigação no vencimento. Porém, se chamado, de modo inequívoco (protestado) a cumpri-la e não o faz sem apontar relevante razão de direito, o legislador presume a sua insolvência, a sua incapacidade de pagar, e por isso sua falência pode ser decretada judicialmente (art. 1º, Dec.-Lei 7.661/45). Ou quando o próprio devedor comerciante confessa sua insolvência (autofalência).

A CONCORDATAConcordata é o procedimento judicial pelo qual se reajustam as formas de pagamento entre o

devedor comerciante e seus credores, a fim de prevenir ou suspender a falência. A Concordata é produto de um estado de insolvência que pode ser suportado; uma

insolvência, digamos, mais suave, que não chegou a comprometer totalmente a vida econômica do devedor, podemos, portanto, ser corrigida.

Na concordata o devedor obtém dilatação no prazo para realizar o pagamento das dívidas. Permanece, entretanto, na direção dos seus negócios, embora sob a supervisão do juiz.

EspéciesExistem duas espécies de concordata: a preventiva e a suspensiva .

A concordata é preventiva quando requerida, em juízo, antes da declaração da falência. O que se pretende, neste caso, é evitar ou prevenir a declaração de falência.

No pedido de concordata preventiva, o devedor deve oferecer aos credores quirografários o pagamento mínimo de:

1> 50%, se for à vista;2>60%, 75%, 90% ou 100%, se o prazo, respectivamente, de 6, 12, 18, ou 24 meses,

devendo ser pago, pelo menos, 2/5 no primeiro ano, nas duas últimas hipóteses.

A concordata é suspensiva quando requerida, em juízo, depois da declaração de falência.No pedido de concordata suspensiva, o devedor deve oferecer aos credores quirografários o

pagamento mínimo de:

1>35%, se for à vista;2>50%, se for o prazo, o qual não poderá exceder de 2 anos, devendo ser pagos pelo menos 2/5 no primeiro ano.

CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS

Os diversos credores que se apresentam para recebimento, durante a falência, devem obedecer a uma hierarquia de preferência que decorre da categoria do seu crédito. Isto significa que nem todos os créditos são iguais em categoria ou natureza. Uns têm privilégio sobre outros. Por isso, a Lei de Falências, no art. 102, estabeleceu uma classificação dos créditos, determinando uma ordem de pagamento a ser obedecida.

A matéria sobre classificação dos créditos é complexa. Para obtermos a ordem exata a ser obedecida no pagamento dos créditos, o art. 102 da lei de Falências deve ser interpretados juntamente com outros textos legais.

Tendo por base os ensinamentos atuais de juristas renomados, podemos concluir que hierarquia de preferência dos créditos na falência é a seguinte :

1. Créditos trabalhistas: os créditos dos empregados, relativos a salários e indenizações, ocupam o primeiro lugar na ordem de preferência para pagamento.

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2. Créditos tributários e assemelhados: em segundo lugar, temos os créditos junto à Fazenda Pública. Trata-se do pagamento dos tributos em geral.

3. Créditos por encargos e dívidas da massa falida: esta categoria de créditos diz respeito ao pagamento dos credores da massa falida administrada pelo síndico. Constituem, por exemplo, encargos da massa: as custas judiciais do processo de falência: as despesas com a administração da massa, incluindo a comissão do síndico. Por outro lado, constituem dívidas da massa, por exemplo: as custas pagas ao credor que requereu a falência; as obrigações resultantes de atos jurídicos praticados pelo síndico.

4. Créditos com direito reais de garantia: esta categoria de crédito refere-se aos credores garantidos por meio de direitos reais como a hipoteca, o penhor e a anticrese.

5. Créditos com privilégio especial: abrangem os créditos aos quais a Lei confere certos privilégios que recaem sobre determinados bens do devedor. O privilégio é especial quando, especificamente, é endereçado a determinado bem. Exemplo de privilégio especial: o autor de livro tem privilégio, fixado em Lei, sobre os exemplares de sua obra existentes na massa do editor falido.

6. Créditos com privilégio geral: abrangem todos os bens existentes na massa falida não sujeitos a crédito real, nem a privilégio especial.

7. Créditos quirografários: são os créditos destituídos de quaisquer privilégios ou preferências. Somente se pagam os credores quirografários em último lugar, com os bens que sobrarem da massa falida. Exemplos de credores quirografários: o credor por duplicata, nota promissória etc.

4 - DIREITO DAS COISAS

CONCEITO DE DIREITO DAS COISAS

O Direito das Coisas abrange o conjunto de normas sobre as relações jurídicas que se referem, basicamente, aos bens materiais.

Entende-se por bens materiais todas as coisas que possuem valor econômico, isto é, coisas úteis e raras, capazes de despertar o interesse de apropriação pelo homem.

Assim, podemos dizer que uma jóia de ouro é um bem material porque possui valor econômico, atraindo a cobiça humana. Por outro lado, certas coisas que existem na natureza, como, por exemplo, a luz do sol e o ar que respiramos, embora sejam extremamente úteis, não se classificam como bens materiais, porque existem em grande abundância e são utilizadas por todos, não podendo ser apropriadas por uma só pessoa.

O direito das Coisas, no atual Código Civil, está normatizado nos artigos 1.196 a 1.510, assim distribuído: “Da Posse”; “Dos Direitos Reais”; “Da Propriedade”; “Da Superfície”; “Das Servidões”; “Do Usufruto”; “Do Uso”; “Da Habitação”; “Do Direito do Promitente Comprador”; “Do Penhor, da Hipoteca e da Anticrese”.

Vamos analisar os tópicos mais relevantes para o nosso curso:

DA POSSE

De um modo geral, podemos dizer que posse é a detenção material de uma coisa. Assim, considera-se possuidor toda pessoa que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade (Código Civil, art. 1196).

A posse não deve ser confundida com a propriedade. O inquilino, por exemplo, detém a posse do imóvel durante a vigência da locação, mas não a sua propriedade.

Embora a posse se origine de mera relação de fato, a lei procura protegê-la, assegurando ao possuidor a possibilidade de se converter em proprietário, por intermédio de usucapião. Ficou evidente que a posse é um fato com irradiação jurídica. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE

A posse pode ser classificada segundo diversos critérios, dentre os quais destacamos os seguintes:

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a) Posse direta e indireta.Posse direta é aquela exercida diretamente pelo possuidor com a autorização do proprietário.

Exemplos de possuidores diretos: o inquilino, o depositário etc. Posse indireta é aquela que o proprietário exerce, após ter transferido a coisa, por sua própria vontade, ao possuidor direto.

Exemplos: o locador do imóvel, o depositante etc.b) Posse justa e injusta.

Posse justa é aquela que não for violenta, clandestina ou precária (Código Civil, art. 1200). Violenta é a posse obtida mediante o uso da força. Clandestina é a posse obtida às escondidas do proprietário. Precária é a posse obtida por meio do abuso de confiança do possuidor direto que, tendo recebido a coisa do proprietário com a obrigação de devolvê-la depois de certo tempo, deixa de cumprir seu dever. Exemplo: o inquilino que não quer devolver o imóvel ao proprietário.

Posse injusta, portanto, é aquela que for violenta, clandestina ou precária.

AQUISIÇÃO DA POSSE

A posse de uma coisa adquire-se, de modo geral, pela obtenção do poder de fato sobre essa coisa. Isso ocorre, basicamente, mediante a apreensão.

No que se refere aos bens imóveis, a apreensão se dá por intermédio da ocupação. Neste caso, o possuidor se apropria do imóvel, passando a utilizá-lo.

Já em relação aos bens móveis, a apreensão se dá por meio da deslocação desse bem para a esfera de utilização e influência do possuidor.

OS EFEITOS DA POSSE

A posse produz efeitos no campo jurídico. Dentre estes efeitos destaca-se, por sua importância, a proteção possessória. Com base nesta proteção legal o possuidor tem direito a ser mantido na posse, em caso de turbação e restituição, no caso de esbulho.

Ocorre turbação quando alguém é perturbado na sua posse. Diante desse problema, a lei assegura ao possuidor o direito de mover contra o turbador ação de manutenção de posse.

Ocorre esbulho quando alguém é retirado de sua posse pelo uso de violência, clandestinidade ou abuso de confiança. O possuidor esbulhado tem o direito de mover ação de reintegração de posse para restituir judicialmente a coisa.

Como proteção preventiva da posse, a lei assegura ainda ao possuidor o interdito proibitório. Esse interdito visa a tranqüilizar o possuidor que esta sendo ameaçado de perturbação ou de esbulho em sua posse. Trata-se, portanto, de uma medida judicial cujo objetivo é fazer cessar a violência que está prestes a ocorrer.

PERDA DA POSSE

Perde-se posse de um bem desde o instante em que o possuidor deixa de agir como o dono do que era seu.

A perda da posse coincide com a cessação de seu exercício, ou seja, do poder sobre o bem, ainda que contra a vontade do possuidor. Se o possuidor não tiver mais essa capacidade de ter o bem em seu poder e, destarte, controlá-lo, expô-lo, ele perderá a posse segundo a disposição legal.5

DOS DIREITOS REAIS

Quanto à distinção entre os reais e pessoais podemos dizer que os primeiros incidem diretamente sobre a coisa; e a segue em poder de quem quer que a detenha (seqüela); é erga omnes; é perpétua enquanto que os segundos dependem de uma prestação de um devedor.Os Direitos Reais vêm enumerados no Código Civil:Art. 1.225. São direitos reais:        I - a propriedade;        II - a superfície;        III - as servidões;        IV - o usufruto;        V - o uso;

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        VI - a habitação;        VII - o direito do promitente comprador do imóvel;        VIII - o penhor;        IX - a hipoteca;        X - a anticrese.

A PROPRIEDADE

O primeiro dos direitos reais previstos no Código é o de propriedade. O Código traz um perfil bastante diferenciado, uma visão menos absoluta, do que a existente no antigo Código de 1.916 e que se afina com a Constituição de 1.988, onde priorizado o caráter social do instituto, embora se presuma pleno e exclusivo até prova em contrário.

Conceito e Função

A propriedade é caracterizada pelo domínio que o homem exerce sobre coisa que lhe pertence. No Código Civil temos o seguinte:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.

Função SocialA propriedade traz diversas responsabilidades sociais para seu dono. A função social da

propriedade é prevista na Constituição Federal de 1988: a propriedade atenderá a sua função social (art. 5º, XXIII). Esta função Social pode ser traduzida em "deveres para com o grupo social por parte do titular do direito de propriedade". O proprietário que não respeita a função social pode ser notificado para construir, seu imóvel penalizado e até sofrer desapropriação.

O conceito de propriedade, previsto no Código Civil em vigor no caput do art. 1228, transcrito acima, já apresenta uma diferença em relação ao antigo Código Civil. O proprietário ainda pode usar, gozar e dispor da coisa, bem como reavê-la de quem quer que injustamente a possua ou detenha, mas, agora, estas opções do proprietário são tratadas não mais como direito seu, e sim como faculdade (poder).

Acompanhando a tendência da Constituição federal, artigo (art. 5º, XXIII) citado acima, o art. 1228 do atual Código Civil, apresenta cinco parágrafos onde se percebe que o legislador preocupou-se com a questão social da propriedade. A primeira novidade surge no parágrafo 1º, que determina que o direito de propriedade deve ser exercido de acordo com suas finalidades econômicas e sociais, e chega a minúcias ao escrever a preservação da flora, fauna, equilíbrio ecológico, patrimônio histórico e artístico e até mesmo preocupar-se com a poluição do ar e das águas.

Aquisição da Propriedade

O Código Civil, ao tratar das formas de aquisição da propriedade, impõe condições diferentes para propriedade móvel e a imóvel, sendo que essa última é tratada com maior rigor e solenidade.

a) Se o bem for móvel, a tradição da coisa, isto é, a entrega ou transmissão do bem;

b) Se o bem for imóvel, o registro do título de translativo no Registro de Imóveis.

Vejamos algumas formas de aquisição da propriedade imóvel:

Usucapião: é a aquisição de uma propriedade pela sua posse prolongada, por um tempo fixado na lei.

Registro do título de translativo no Registro do Imóvel: a escritura da compra e venda imobiliária necessita, como já vimos, ser devidamente registrada. Sem esse registro, o domínio do imóvel não se transfere.

Acessão: é o acréscimo sofrido por uma propriedade, devido a elementos externos. Exemplo de acessão: formação de ilhas em rios particulares.

Direito Hereditário: é a transmissão da propriedade pela sucessão que ocorre depois da morte do proprietário. Aberta a sucessão, a propriedade será transmitida por herança aos herdeiros legítimos e testamentários.

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Entre as formas de aquisição da propriedade móvel o Código Civil menciona as seguintes:

A Usucapião: para as coisas móveis ocorre a usucapião com a posse continuada e sem oposição durante três anos, desde que baseada em justo título e boa - fé. Por outro lado, se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião independentemente de título e boa - fé.

A Ocupação: é a posse de coisa abandonada, que não tenha dono. São coisas sem dono e sujeitas à apropriação, por exemplo, os animais bravios, enquanto entregues à sua natural liberdade.

A Tradição: é, de modo geral, a entrega material da coisa, das mãos do proprietário para o comprador.

A Especificação: é a transformação de matéria-prima em espécie nova, obtida pelo trabalho humano. Quem assim proceder será proprietário da espécie nova, se a matéria-prima era sua. Se a matéria-prima for alheia, caberá indenização ao seu proprietário.

ENTRE OS DIREITOS REAIS TEMOS O PENHOR E A HIPOTECA NOÇÃO DE PENHOR E HIPOTECA

O Penhor

O penhor é direito real que recai sobre coisa móvel, oferecida como garantia do pagamento de uma dívida.

A finalidade do penhor é fazer aumentar a probabilidade do cumprimento da obrigação por parte do devedor. Vejamos um exemplo: Manoel deve certa quantia em dinheiro a Joaquim. Como garantia de sua dívida, decide penhorar seu violão, entregando-o as mãos do credor. Se a dívida não for paga em seu vencimento, poderá o credor proceder à sua execução judicial fazendo recair a penhora sobre o instrumento musical.

Analisando o conceito do penhor podemos extrair as seguintes características básicas:

a) É direito real: o penhor é direito real de garantia. Isso significa que o penhor envolve uma relação entre a pessoa, o credor e a coisa entregue para penhora. Nessa relação, o credor torna-se titular de uma prerrogativa sobre a coisa, tem privilégio sobre ela.

b) Tem caráter acessório: o penhor só existe em função de uma obrigação principal, a qual se deseja garantir. Daí seu caráter acessório, isto é, dependente da obrigação principal.

Só se aperfeiçoa com a entrega da coisa: o penhor é contrato que somente se efetiva com a transferência real da coisa. Para a validade do penhor não basta o mero acordo de vontades entre as partes, pois além disso, é necessária a efetiva entrega da coisa em mãos do credor. Exceto o penhor rural, o industrial, o mercantil e o de veículos, que mesmo empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar.

A HipotecaA hipoteca é o direito real que recai sobre bem imóvel oferecido como garantia do pagamento

de uma dívida. Recai sobre a totalidade do imóvel, abrangendo suas acessões, melhoramentos ou construções.

Entre suas características destacamos as seguintes:

a) É um direito real: a hipoteca é um direito real de garantia que vincula o bem sobre o qual incide.b) Tem caráter acessório: a hipoteca não pode existir isolada de uma obrigação principal. Em

conseqüência do seu caráter acessório, a hipoteca segue o destino da obrigação principal. Se esta for extinta, aquela também se desfaz.

c) Deve ser registrada no Cartório: para sua validade, todas as hipotecas serão registradas no cartório do lugar do imóvel. Esse registro é elemento indispensável para que a hipoteca seja direito real de garantia.

* HIPOTECA E PENHOR: DISTINÇÃO BÁSICA *

A hipoteca distingue-se do penhor pelos seguintes aspectos básicos:

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a) A hipoteca é direito real que recai, basicamente, sobre bens imóveis. Já o penhor recai sobre bens móveis.

b) Na hipoteca o devedor conserva em seu poder a coisa dada em hipoteca. “Mas o seu direito de propriedade é menos pleno, pois a coisa está vinculada à solução da dívida”. Já no penhor a coisa penhorada deve ser efetivamente entregue ao credor. É bom lembrar que o novo Código Civil estabelece que no penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar.

5 - DIREITO DE FAMILIA

Direito de família no Brasil, até bem pouco tempo, era o complexo das normas que regulavam a celebração do casamento, sua validade e os efeitos dele resultantes; as relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, assim como a dissolução desta; as relações entre pais e filhos; o vínculo do parentesco; e os institutos complementares da tutela e da curatela.

Entretanto, com o advento da promulgação da Constituição Federal de 1988, houve uma profunda alteração nos conceitos de família e na própria realidade social. A regulamentação do § 3º do art. 226 - que reconhece a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, determinando que seja facilitada a sua conversão em casamento - feita por intermédio da Lei nº 8.971, de 29/12/94 e, posteriormente, da Lei nº 9.278, de 10/05/96, ainda que com suas imperfeições, estende o conceito de família à união estável, protegendo-a sob o manto legal. Com essas leis, foram introduzidas algumas outras modificações no Direito de Família: a equiparação dos cônjuges, a não-discriminação entre filhos e o regime da comunhão parcial de bens.

Além dessas, pode-se verificar diversas outras transformações ocorridas não apenas no campo do direito de família mas, também, em todos os demais ramos do Direito Civil. Assim, com o Novo Código Civil, tivemos uma atualização na seara do Direito de Familia.

DAS NOVIDADES OBJETIVASa) PARA EMPRESÁRIOS, SEUS FAMILIARES E TERCEIROS, CONTRATANTES E NUBENTES/PACTUANTES:

· Se casados na comunhão universal ou na separação legal de bens, os cônjuges não podem contratar sociedades entre si ou com terceiros. (art. 977)

· A maioridade começa aos 18 anos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil, mas aos 16 ela pode ocorrer pela emancipação. (art. 5º)

· O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar ou gravar os imóveis que integram o patrimônio da empresa. (art. 978)

· Além de no Cartório do Registro Civil, serão arquivados na Junta Comercial, os pactos antenupciais do empresário, o título de doação, herança ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Também a sentença que decretar ou homologar a sua separação judicial e o ato de reconciliação sob pena de não poderem ser opostos a terceiros. (arts. 979 e 980)

· Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos e costumes do lugar de sua celebração. A probidade e a boa-fé são princípios básicos do novo código. (art. 113)

· São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições de defesa se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. (art. 113)

b) PARA OS CÔNJUGES · A habilitação, a celebração e a primeira certidão do casamento civil são absolutamente

gratuitos para quem declarar, sob as penas da lei, a própria pobreza. O religioso terá efeito civil desde que os nubentes procedam à habilitação civil e levem, até 90 dias da sua celebração, a respectiva certidão ao Cartório do Registro. (arts. 1.512, 1.515, 1.516).

· Desde que autorizados pelos pais, o rapaz e a moça com 16 anos podem casar. Excepcionalmente o juiz poderá autorizar casamento de quem não tenha completado essa idade, em caso de gravidez ou para evitar pena criminal. (art. 1.520)

· Qualquer dos nubentes poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. (art. 1.565, § 1º) · A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher.

(art. 1.567)

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· Ambos são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial. (art. 1.568)

· É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão. (art. 499)

c) PARA OS COMPANHEIROS · É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,

configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. A união estável poderá se constituir se a pessoa for casada mas separada de fato ou judicialmente. (art. 1.723)

· É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato. (art. 793)

· Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. (art. 1.725)

· A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. (art. 1.726)

· Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte, comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade. (art. 1.562)

· As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. E, para configurar a chamada sociedade de fato entre os simples concubinos, mas que somam esforços na aquisição de patrimônio, poderá ser aplicável o princípio constante do novo direito de empresa: o de que celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. (arts. 1.727, 981)

d) QUANTO AO REGIME DE BENS · É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o

que lhes aprouver. Esse princípio enseja a celebração de pacto antenupcial que “mistura” normas de vários regimes de bens, ou convencione a opção por determinado regime: os especificados são o da comunhão universal de bens; o da comunhão parcial de bens; o da separação convencional de bens; o da separação obrigatória de bens; e o novidadeiro regime de “participação final nos aqüestos”, que certamente jamais será escolhido pelos noivos. (art. 1.639)

· E, na ausência - ou nulidade - do pacto, prevalecerá o da comunhão parcial. Será obrigatório o regime da separação legal de bens quando o casamento for de nubente maior de 60 anos, independe do seu sexo, ou de menor que se case por necessária autorização judicial. (arts. 1.640, 1641, II)

· É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. (art. 1.653)

· O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento, mas, agora passou a ser admissível a sua alteração mediante autorização judicial em pedido motivado, formalizado por ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. (art. 1.639)

· Os pactos antenupciais farão parte do processo de habilitação para o casamento no Cartório do Registro Civil, mas somente terão efeito perante terceiros depois de inscritos, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges e, se empresário qualquer deles, na Junta Comercial. (art. 1.640, § único)

e) QUANTO Á SEPARAÇÃO E AO DIVÓRCIO · Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação judicial, a

de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte, comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade. (art. 1.562)

· A qualquer tempo após a celebração do casamento, um dos cônjuges poderá ajuizar contra o outro ação de separação litigiosa desde que lhe impute - e comprove - ato que importe em grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum. Também pode pedir a separação litigiosa, mas sem necessidade de acusar o outro de qualquer infração, o cônjuge que estiver a mais de um ano com ruptura da vida em comum. (art. 1.572)

· Agora será possível, depois de apenas um ano da celebração do casamento, e não mais dos dois que eram exigidos, a separação judicial consensual. (art. 1.572, § 1º)

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· O divórcio por conversão continua possível após decorrido um ano da sentença da separação judicial ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos. O “divórcio direto” poderá ser decretado após comprovada separação de fato há mais de dois anos. O novo casamento do divorciado não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos, nem importará em restrições aos seus direitos e deveres. (arts. 1.580, 1.579)

f) QUANTO À GUARDA DE FILHOS · A guarda de filhos será na conformidade do acordo entre os pais; no caso de litígio, será

atribuída pelo juiz a quem revelar melhores condições (não são financeiras) para exercê-la. Considerando ambos sem condições, o juiz deferirá a guarda à pessoa (de preferência parente próximo) que revele compatibilidade com a natureza da medida. (art. 1.584)

· O pai, ou a mãe, que não detenha a guarda, poderá visitar os filhos e tê-los em sua companhia segundo o que acordar com o outro cônjuge ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação. Essas disposições quanto aos filhos menores se estendem aos maiores incapazes. (arts. 1.589, 1.590)

g) QUANTO AO PARENTESCO · Agora, somente são considerados, para os fins legais, parentes - além daqueles em linha

direta e que não tem limites (pais, avós, bisavós, trisavós, etc., e filhos, netos, bisnetos, trinetos, etc.) - os parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau (tio avô, “primo irmão”, sobrinho neto) as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. O “parentesco” por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. (arts. 1.591 a 1.595)

h) QUANTO À FILIAÇÃO· Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. Ou seja, sobrevive “filho” como substantivo e permanecem (desde a Constituição Federal/88) proibidos quaisquer adjetivos que pudessem discriminá-los positiva, ou negativamente. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; ou, nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; ou, os havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; ou, os havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; ou, finalmente, os havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. (arts. 1.596 e 1.597)· Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo de 10 meses da viuvez ou casamento desfeito por nulidade, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período. (art. 1.598)· Cabe ao marido o direito de contestar - a qualquer tempo - a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação. (art. 1.601)· A ação de investigação e prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo. (art. 1.606)i) QUANTO À ADOÇÃO

· O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento. (art. 1.610)

· Só a pessoa maior de dezoito anos pode adotar. A adoção por ambos os cônjuges ou companheiros poderá ser formalizada, desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade, comprovada a estabilidade da família. O adotante há de ser pelo menos dezesseis anos mais velho que o adotado. (arts. 1.618, 1.619)

· Ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem marido e mulher, ou se viverem em união estável. Os divorciados e os judicialmente separados poderão adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância da sociedade conjugal. (art. 1.622)

· A adoção obedecerá a processo judicial, observados os requisitos estabelecidos neste Código. A adoção de maiores de dezoito anos dependerá, igualmente, da assistência efetiva do Poder Público e de sentença constitutiva. (1.623)

j) QUANTO AO PODER FAMILIAR

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· Não se fala mais em “pátrio poder”; agora, os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. (art. 1.631)

· Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. (art. 1.637) j) QUANTO AOS ALIMENTOS

· Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. (arts. 1.694, 1.695)

· O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. (art. 1.696, 1.697)

· Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. (art. 1.698)

· Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. (art. 1.699)

· A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor. (art. 1.700) · Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos,

prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar. (art. 1.702) · Se um dos cônjuges separados judicialmente (torna-se óbvia a urgência - do cônjuge

desobrigado de prestar alimentos ao outro - de se divorciar) vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. (art. 1.704)

· Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos. (art. 1.703)

· Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se processe em segredo de justiça. (art. 1.705)

· Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual. (art. 1.706) · Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o

respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. (art. 1.707) · Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar

alimentos. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante da sentença de divórcio. (arts. 1.708, 1.709) As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido. (art. 1.710)

6 - DIREITO DAS SUCESSÕES

Direito das Sucessões é o conjunto de normas que regulam a transmissão do patrimônio dealguém que morreu. Podemos dizer que:

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a) A transmissão dos bens constitui a sucessão.b) O patrimônio transmitido é a herança ou espólioc) Quem recebe a herança é herdeiro ou legatário.d) A pessoa que morre é o de cujus.

SUCESSÃO LEGÍTIMA E TESTAMENTÁRIA

O Direito brasileiro prevê duas formas básicas de sucessão: a legítima e a testamentária.

SUCESSÃO LEGÍTIMASucessão legítima é aquela que ocorre de acordo com as regras previstas na lei. Assim, se o

de cujus não deixou testamento, a lei manda que seu patrimônio seja transferido aos herdeiros legítimos, indicados expressamente Código Civil.

Sucessão testamentária é aquela que ocorre em virtude de testamento. Considera-se testamento o contrato solene, gratuito e revogável, no qual a pessoa dispõe sobre seus bens e outros atos de última vontade, para depois de sua morte. O testador que tiver herdeiros necessários (descendente, ascendente ou conjuge) não poderá dispor de mais da metade de seus bens (Art. 1789 NCC).

Devemos observar que entre os brasileiros, a sucessão legítima é enormemente preferida sobre a sucessão testamentária. As estatísticas sobre o assunto demonstram que a esmagadora maioria dos brasileiros, ao falecer, não deixa testamento. Seus bens, portanto, transmitem-se pela sucessão legítima.

VEJAMOS ALGUMAS REGRAS DO CÓDIGO CIVIL QUANTO À SUCESSÃO HEREDITÁRIA · São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. (art. 1.845) · Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança,

constituindo a legítima. (art. 1.846) · Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer

cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima. (art. 1.848)

· O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima. (art. 1.849)

· Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar. (art. 1.850)

· A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. (art. 1.790)

· Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão. (art. 1.797)

· Não pode ser nomeado herdeiro nem legatário o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos. (art. 1.801, III)

· São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro. (art. 1.814, II e II)

· A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; ao cônjuge sobrevivente; aos colaterais. (art. 1.829)

· Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois

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anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. (art. 1.830)

· Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. (art. 1.831)

· Em concorrência com os descendentes caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. (art. 1.832)

· Se não houver cônjuge sobrevivente serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. (art. 1.839)

INVENTÁRIO E PARTILHAPara que o patrimônio do de cujus seja transmitido a seus herdeiros, torna-se necessário o

inventário e a partilha dos bens da herança.Inventário é o processo judicial pelo qual o cônjuge sobrevivente, ou qualquer outro herdeiro

legalmente habilitado, requer ao juiz a abertura da sucessão dos bens deixados pelo falecido e a partilha dos mesmos entre os herdeiros. Simplificando, é a relação detalhada e precisa de todos os bens que constituem a herança.

Partilha é divisão dos bens da herança, na proporção que compete a cada herdeiro.Auto de partilha - Formal de partilha - termo no qual se discriminam os bens da herança e

seus respectivos herdeiros, formalizando a partilha mediante homologação judicial. Por isso, usa-se mais a expressão formal de partilha.

Bibliografia Básica:

LEI Nº 10.406, DE DE JANEIRO DE 2002 - NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

www.clementino.zip.net

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