85
esthercardoso Introdução Crítica às Sagradas Escrituras ESCOLA DIOCESANA DE CATEQUESE ROBERTO BOCALETE

Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Introdução Crítica às Sagradas Escrituras

ESCOLA DIOCESANA DE CATEQUESE

ROBERTO BOCALETE

Page 2: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

“Toda escritura é inspirada por Deus e

é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para

educar na justiça, a fim de que

o homem de Deus seja perfeito,

preparado para toda boa obra” (II Timóteo 3, 16-17)

A Bíblia

Page 3: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

PROGRAMA

• INTRODUÇÃO GERAL: o que é a Bíblia, o texto bíblico, geografia bíblica.

• PALAVRA HUMANA: a formação da Bíblia,comunicação e interpretação, e gênero literário.

• PALAVRA DE DEUS: o cânon, a autoridadebíblica, a inerrância e a inspiração.

Page 4: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

BIBLIOGRAFIAARENS, Eduardo. A Bíblia sem mitos: uma Introdução crítica. 3ª Ed. São Paulo: Paulus, 2007.

ARTOLA, Antônio; CARO, José Manuel Sachez. Bíblia e Palavra de Deus. Introdução ao estudo da Bíblia.

FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: Conceitos fundamentais da teologia atual. Volume I – Adão – Dogma. São Paulo: Loyola, 1970.

BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições Paulinas, 1986.

RODRIGUES, Maria Paula; RODRIGUES, Elisa; GONÇALVES, Pedro Lima; SILVA, Rafael Rodrigues; LARA, Valter Luiz. Palavra de Deus, Palavra da Gente: As Formas Literárias na Bíblia. São Paulo: Paulus, 2004.

SILVA, Cássio Murilo Dias da. Leia a bíblia como literatura. São Paulo: Loyola, 2007.

Page 5: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• É preciso que o acesso à Sagrada Escritura sejaamplamente aberto aos fiéis. (DV 22)

• O conteúdo da palavra de Deus é palavra dagente que fez uma profunda experiência de fé.(RODRIGUES)

• A bíblia é um conjunto de testemunhos vividos,não de informações; conhecer a bíblia é entrar emseu mundo, é saber como e porque se relatouaquilo que se escreveu, é vibrar com seusautores. (ARENS)

Page 6: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

O que é a Bíblia

A palavra Bíblia significa "livrinhos", pois é o plural da palavra grega biblíon ("livrinho"),que por sua vez é o diminutivo da palavra biblos ("livro").

A Bíblia é um conjunto de escritos que são o produto eo testemunho da vida de um povo (Israel – AT) e de umacomunidade (cristianismo – NT) em diálogo com Deus.

A Bíblia é, assim, uma coleção de livros menores,diferentes entre si, cada qual contendo uma mensageme procurando iluminar a vida do povo de Deus deacordo com a realidade de quando foram escritos.

Page 7: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• Só se começará a conhecer e a compreender aSagrada Escritura:

• quando se estiver familiarizado com sua origem ecom sua formação;

• quando se souber porque e com que formaforam escritos os diferentes livros;

• quando se souber algo do mundo daqueles paraos quais foram escritos diretamente, sua cultura ecircunstancias (Oriente Médio);

• quando se entender que os escritos foramcompostos por pessoas concretas, num dadotempo.

Page 8: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Os livros da BíbliaFalam da história e da experiência deste povo de Deus,

ou povo de Israel. Escravo no Egito, este povo experimentou Deus como o Deus da vida e da liberdade.

Deus e o povo de Israel fizeram juntos uma Aliança, um pacto, um acordo:

Deus prometeu acompanhar e proteger sempre seu povo, e o povo prometeu

caminhar sempre segundo a vontade do seu Deus, vivendo na fraternidade, como

irmãos.

Page 9: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Muitos anos de história e vidaA Bíblia conta acontecimentos que cobrem um período de tempo que vai:

desde a experiência do primeiro pai, Abraão, por volta do ano 1850 a.C.,

até a experiência de perseguição dos primeiros cristãos, no livro do Apocalipse de João,

100 d.C

Mais de dois mil anos, portanto, estão presentes

nas páginas da Bíblia.

Page 10: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

História do Povo de Deus

Jesus

Patriarcas

1850

1250

Êxodo

1030

Reis

587

Exílio da Babilônia

333

Período Grego

63

Período Romano

27

6 a.C.

Batismo

30

Paixão

Nascimento

538

Período Persa

Comunid. Jerusalém

34

36

Conversão Paulo

Comunid. Antioquia

49

Viagens pastorais

70

Destruição Jersusalém

Ev: Mc

80

115

Expansão da Igreja

Ev: Mt, Lc, Jo

Livro do ApocalipseOrigem do

Universo:12 a 20

bilhões de anos atrás

Page 11: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Para compreensão correta da bíblia é precisoconsiderar que se trata de um conjunto de livrosque se originaram e foram compostos há muitosséculos e em um ambiente cultural muitodiferente do nosso.

É do verdadeiro Deus que se fala na Bíblia. Neleos profetas e Jesus puseram sua fé e com eleentraram em íntima comunhão, um Deus que sevem manifestando na própria história humana.

Os livros da Bíblia

Page 12: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

O Hebraico era a língua original do povo de Israel (idioma sonoro, sem muita abstração e generalização: é instrumento)

O Aramaico era falado pelos povos da Mesopotâmia e aparece em alguns trechos do Primeiro Testamento ( trechos de Dn e Esd)

O Grego koiné é a língua do Novo Testamento: é polido, com gramática refinada, para reflexão: é arte.

( Deuterocanônicos: Tb, Jt, 1 Mac, 2 Mc, Eclo, Sb e Br)

Os livros antigos

Page 13: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Manuscrito em forma de códicePapiro enrolado

Os livros antigos

Argila cozida, pedrasCerâmica

Pergaminhos de couro de ovelhaPalimpsestos: reutilizados

Page 14: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Page 15: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

O texto e a sua história

•Os textos originais (autógrafos) daBíblia – tal como os da literaturaclássica antiga – perderam-se, nãose conserva nenhum.

•Conservamos alguma fontedocumental? Sim, conservam-semanuscritos, cópias dos originaisescritas à mão ainda que fossemais exato dizer, “cópias decópias”.

Page 16: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Um pouco do mundo (GEOGRAFIA)

Américas

Asia

Oceania

Africa

Europa

OrienteMédio

Page 17: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

IsraelPalestina

Page 18: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Os rios Nilo, e o Tigre e Eufrates Mesopotâmia

Egito

Page 19: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Rio Jordão

Mar da Galiléia*

Mar Morto

(*) Lago de Genezaré Tiberíades

Page 20: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Mar morto

Page 21: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

A Bíblia foi longamente preparada e gerada

Como um conjunto de testemunhosmultiformes da relação de diálogo entre Deus eos homens, relação histórica e humanamentevivida.

O único personagem que perdura é Deus; osoutros aparecem e morrem, e são julgadossegundo sua relação com Deus

Page 22: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Page 23: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

A FORMAÇÃO DA BÍBLIA1) ACONTECIMENTO OU EXPERIÊNCIA (FATO)

2) INTERPRETAÇÃO ( Qual o significado? olhar de fé)

3) FORMULACÃO (linguagem acessível para ser contada)

4) TRANSMISSÃO ORAL (A, B,C = X) elaboração do central

5) REINTERPRETAÇÃO (crise + novos fatos = repensar)

6) ESCRITURA do essencial (autor [retoque] e gênero literário)

7) CÂNON (inspiração bíblica/ normatividade)

8) TRADUÇÃO (formal e funcional/ interpretação) 9) LEITURA MULTIFACETADA... (oração, exegese analítica,

teologia, catequese, liturgia e pregação, ciências humanas)

Page 24: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

TRADIÇÃO ORAL• O tecer dos relatos mantinha viva a tradição do

povo.

• Tradição é um processo de crescimento no curso doqual se preserva o velho, mas interpretado comonovo (alterações).

• O que não tinha relevância era esquecido, por issona Bíblia encontramos enormes vazios deinformação que gostaríamos de conhecer (infânciade Jesus)

Page 25: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

O povo já estabelecido,consciente da identidade própria,preocupa-se por manter viva atradicão oral, suas histórias eexperiências.

A Escritura começa a ganharcorpo durante o reinado de Davi eSalomão (X-IX séc. a.). Toma forçaquando os assírios destroem o Reinode Isreal (730) e é frutuosa noperíodo do cativeiro da Babilônia(598) e na reconstrução.

DA TRADIÇÃO ORAL À ESCRITA

Page 26: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Para não esquecer o passadoe a história (identidade), Para transmitir a Revelaçãode Deus às gerações futuras(projetar-se no futuro), Para alimentar a fé, a

e para ser proclamada nascelebrações litúrgicas.

3O que ouvimos e aprendemos, o que nossos pais nos contaram, 4não oocultaremos aos seus descendentes; tudo contaremos às geraçõesvindouras: as glórias do Senhor e o seu poder, e as maravilhas que Elefez. (Sl 78,3-4)

Page 27: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

FIXAÇÃO ESCRITA

• Com o passar do tempo, e por razões diversas, asdiferentes tradições que circulavam e sepreservavam como unidades independentes umasdas outras foram reunidas em pequenos “livros”.

• Trabalho editorial do escritor: em alguns casos, aordem era cronológica; em outros, temática, ousegundo o que o escritor queria comunicar.

• O autor é considerado um autêntico autor literário,passou de receptor para emissor do atocomunicativo.

Page 28: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• É importante frisar que cada livro foi compostoindependentemente dos outros.

• Os autores não se propuseram em fixar seusescritos com a intenção de que eles fizessemparte de uma coleção (isso é posterior).

• Os textos escritos foram reinterpretados,retocados, revisados, tendo partes perdidas,outras acrescentadas, de acordo com o enfoque.

• A forma escrita permitia se dirigir ao texto comcaráter de norma, o que o rodeava de umasacralidade que a forma oral não tinha.

Page 29: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

COMUNICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO• Interpretar é perguntar-se pelo significado de tal

coisa, pelo seu valor ou importância. Interpretamosconforme os “óculos de nossa realidade cultural”.

• A Bíblia é uma interpretação do autor que arecebeu como tradição oral e depois a escreveu.Toda interpretação é apreciação ou valoração sobrealguém ou algum acontecimento: a morte de Jesus.

• Os textos bíblicos apresentam interpretaçõesprimordialmente religiosas, mas não exclusivamente

Page 30: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• As interpretações na Bíblia sobre os diversosacontecimentos relaciona-se ao nível deconhecimento e ao grau de cultura dos diversosintérpretes (exemplo: epilepsia nos evangelhos).

• Para entender um texto é necessáriocompreender o significado dos termos nocontexto (sócio-político-econômico-geográfico-cultural)

• Autor bíblico: é filho de seu tempo, estácondicionado e influenciado pela situação e pelacultura em que vive. Há de se destacar que aimportância está na mensagem (salvífica) enão em quem a escreve.

Page 31: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

COMUNICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO

• Os escritos da Bíblia são TESTEMUNHOS DAVIDA DA COMUNIDADE (judaica e cristã) emseu processo de formação, em suaafirmação de identidade – que distingue essacomunidade de outros povos – e na expressãode sua fé – que a distingue de outras religiões.

Page 32: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• O que entendemos por Gênero Literário? Podemosresumidamente dizer que Gênero Literáriodesigna os vários tipos ou modelos de textoque encontramos na Bíblia.

• Gênero Literário é uma abstração linguística quepermite associar na mesma categoria os textos quepossuem forma literária semelhante.

• Forma é o conjunto de dos elementos linguísticosque dão fisionomia precisa e única ao texto

GÊNEROS LITERÁRIOS

Page 33: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• A Bíblia é um conjunto de pequenos textos, que secaracterizam por suas formas e gêneros literáriosespecíficos (vasta biblioteca).

• O autor emprega o gênero literário adequado paraexpressar seu propósito.

• O gênero literário é produto da necessidade decomunicar-se adequadamente – relação cominterpretação

Page 34: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Diversos géneros literários combinados no interior de cada livro:poesia e lendas, relatos históricos, leis e normas, discursos emeditações, genealogias, evangelhos, cartas, fábulas, parábolas,reflexão histórica, novelas, sagas, chamados vocacionais,apocalipses, profecias…

Diversos gêneros literários

Para falar de uma experiência religiosa : Deus que amae faz Aliança com o Seu povo e caminha com eleconduzindo-o da escravidão para a liberdade…

Page 35: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• Aspectos fundamentais para o estudo dosgêneros e formas literários:

• compreensão clara dos temas/assuntoscentrais do texto;

• análise da estrutura literária;• uso da linguagem/forma que em que o texto

se apresenta ou é apresentado;• e, sobretudo, a identificação do propósito do

texto.

Page 36: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

CONTEXTO• Compreensão do texto tem estreita relação com o

contexto vital em que foi escrito

• Contexto vital (âmbito mais amplo): contextohistórico, político, econômico, social, religioso,cultural, determinando por um momento e lugar.

• Situação vital (circunstância): circunstâncias queafetam a vida e ocasionam uma reação imediata(Sitz im Leben).

Page 37: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• Entender e conhecer a situação vital é essencialporque está estreitamente relacionada acompreensão dos textos, já que respondem asituações concretas.

CONTEXTO CULTURAL

• Destaque para mentalidade semítica x gregaGrego: admira, quer encontrar a essência,comtempla, é lógico e racional.Semita: aproxima, percebe, sente, é prático erelacional

Page 38: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• A mentalidade semita é percebida e sentida,prática e relacional; é uma mentalidade movidapela ação, por isso, muitas vezes tende a serexagerada (exemplo: parábolas).

• Sua linguagem é simples e rústica, porém, cheiade metáforas, imagens e relatos

• O grego analisa, quer definir, entender,sistematizar, aponta para perfeição das formas,busca a harmonia

Page 39: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

O CÂNON• O conceito cânon se refere à coleção dos escritos

bíblicos considerados “inspirados” por Deus,que constituem a regra ou norma para fé e paraa vida do crente.

• A origem da canonicidade deu-se por causa deuma crise de identidade tanto no judaísmo quantono cristianismo. Uma das principais causas foi acirculação de escritos de diversas índoles queofereciam uma visão equivocada da fé judaicae cristã.

Page 40: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• Para compreender a decisão de fixar o cânon é necessário ter presente:

1. Dimensão comunitária é importante e ja existiaantes de qualquer escrito.

2. Nenhum escrito foi composto com a decisão defazer parte do cânon: decisão foi bem posterior aoescrito.

3. A comunidade já reconhecia o livro comonormativo antes da decisão de compor o cânon

4. A decisão de fixar um cânon surgiu a partir desituações conflitivas (escritos duvidosos eproduções diversas)

Page 41: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• O cânon é um produto de um processohistórico (ganhando consistência até serfixado) e de uma decisão teológica(convicções de fé).

• A razão de oficializar o cânon, sobretudo doNT, estava no fato de assegurar a unidadeem torno de uma mesma confisão de fé

Page 42: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

CRITÉRIOS DE CANONICIDADE

• Regula fidei: identidade entre a fé vivida e oescrito

• Coerência com os demais escritos sagrados

• Antes de fazer parte do cânon já servia deconduta para comunidades e era aceito por outrascomunidades (tradição e universalidade).

• Serem escritos de época fundacional, situadosnum limite cronológico.

Page 43: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

CÂNONE HEBRAICO: TANAK

CRITÉRIOS

1. O livro não poderia ter sido escrito fora do territóriode Israel.

2. O livro não poderia conter passagens ou textos emaramaico ou grego, mas apenas em hebraico.

3. O livro não poderia ter sido redigido após a época deEsdras (458-428 aC).

4. O livro não poderia contradizer a Lei de Moisés(Pentateuco).

5. Inspiração divina e autor eram critérios importantes

Page 44: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• Septuaginta (Bíblia dos LXX) – cânon Alexandrino– tradução do hebraico para o grego (sec. II a.C.)feita por 70 sábios.

• Bíblia Hebraica (cânon palestinense) – cânonoficial do judaísmo até hoje (não inclui osdeuterocanônicos)

• Deuterocanônicos: não são aceitos nem pelojudaísmo e nem pelo protestantismo – retiradosno cânon palestinenses por serem escritos emgrego (Lutero assumiu a tradução palestinense)

Page 45: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Livros deuterocanônicosDeuteros (segundo) +canônico

Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, 1 Macabeus e 2 Macabeus, - seções gregas de Ester e

Daniel.

Vaticano I (1870): confirmou a validade dosdeuterocanônicos do Antigo Testamento, baseando-se naautoridade dos Apóstolos e da Sagrada Tradição.

Page 46: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Primeiro Testamento / Bíblia hebraicaPentateuco Livros históricos Livros sapienciais Livros proféticos

1. Gênesis-Gn 1. Josué-Js 1. Jó-Jo 1. Isaias-Is2. Êxodo-Ex 2. Juízes – Jz 2. Salmos-Sl 2. Jeremias-Jr3. Levítico-Lv 3. Rute-Rt 3. Provérbios-Pr 3. Lamentações-Lm4. Números-Nm 4. I Samuel-I Sm 4. Eclesiastes-Ecl 4. Baruc-Br5. Deuteronômio-Dt 5. II Samuel-II Sm 5. Cânt. dos Cânticos-Ct 5. Ezequiel-Ez

6. I Reis-I Rs 6. Sabedoria-Sb 6. Daniel-Dn 7. II Reis-II Rs 7. Eclesiástico-Eclo 7. Oséias-Os 8. I Crônicas-I Cr 8. Joel-Jl 9. II Crônicas-II Cr 9. Amós-Am 10. Esdras-Esd 10. Abdias-Ab 11. Neemias-Ne 11. Jonas-Jn 12. Tobias-Tb 12. Miquéias-Mq 13. Judite-Jt 13. Naum-Na 14. Ester-Est 14. Habacuc-Hab 15. I Macabeus-I Mc 15. Sofonias-Sf 16. II Macabeus-II Mc 16. Ageu-Ag 17. Zacarias-Zc

18. Malaquias

46 livros x 39 livros

Page 47: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

• A ordem em que se encontram os blocos da Bíbliahebraica, conhecidos como Torah, Profetas eEscritos, não correspondem ao período de suacomposição, mas à ordem na qual foram aceitoscomo normativos.

• A ordem dos proféticos obedece umaclassificação por importância e não cronológica

Page 48: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

CÂNONE CRISTÃOCRITÉRIOS

1.A proximidade do escrito com a missão de Jesus(limite cronológico).2.Origem apostólica (garantia de tradição).3.Papel formativo de um determinado texto cristãodentro da comunidade (regula fidei).4.Coerência do texto com os demais escritos noPrimeiro Testamento e voltados para a tradição e paraa catolicidade.5.Os textos só foram considerados como inspiradosdepois de serem canonizados (diferença com ojudaísmo).

Page 49: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• Vulgata: traduzida para o latim feita por S.Jerônimo (sec. IV), baseada na LXX.

• O Cânon do Novo Testamento ficoudefinitivamente fixado na segunda metade doséculo IV

• Concílio de Trento (1546) declarou como canônicaa Vulgata com os apocrífos.

Page 50: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

52/13

OS LIVROS APÓCRIFOS

Chama-se apócrifo a um livro de autor desconhecidoque tem certa afinidade com os livros sagrados noargumento ou no título mas ao qual a Igreja Universalnunca reconheceu autoridade canónica por não serinspirado.

Têm um certo valor porque mostram ideias religiosas e morais maisou menos difundidas nos tempos próximos de Jesus Cristo e porquerecolhem dados da Tradição que não se encontram nos Evangelhos;por exemplo, os nomes dos pais da Santíssima Virgem, a suaapresentação no Templo, etc.

O termo grego apokrypha, da raiz Kryphein (ocultar),no seu sentido primitivo significava coisas ocultas,ou mais exactamente livros ocultos ou secretos.

Page 51: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

A AUTORIDADE DA BÍBLIA

• Relação com o cânon e a inspiração

• O cristianismo não pode ser considerado comoreligião do livro, mas da Revelação. Nossa fé nãoestá na Bíblia (como conjunto de escritos), masnaquele a quem a Bíblia se refere: Deus.

• A autoridade da Bíblia está no fato de que o escritoremete a alguém que está na sua origem: Deusrevelador e inspirador.

• A autoridade tem relação com Revelação, depois févivida e em seguida escrita

Page 52: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• A Bíblia não tem autoridade por si mesma, masem relação a Deus

• Os escritos da Bílbia tem autoridade porquecontêm testemunhos da REVELAÇÃO quedeu origem a indentidade judeu-cristã econtêm testemunhos de FÉ FUNDANTE

• A Bíblia é o conjunto de testemunho devivências que foram interpretadas comoreveladoras de Deus

Page 53: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• A Bíblia é limitada e condicionada por diversosfatores (do tempo de sua composição), nelaencontram-se diversos erros científicos ehistóricos (NÃO TEM AUTORIDADESUPREMA).

• A Bíblia mostra sua autoridade em suacapacidade de questionar seriamente aspessoas.

• Sua autoridade está na eficácia e no impactoquem tem na vida das pessoas.

Page 54: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• A autoridade da Bíblia não reside nos escritoscomo tais, mas na autoridade de quem serevelou e continua se revelando, de queminspirou e continua inspirando: Deus.

• A autoridade da Bíblia continua eficaz, porquemostra o caminho da relação de fé entre Deus eo homem, o caminho de nossa salvação –felicidade e realização em plenitude.

• Sua autoridade se manifesta em seu poder dedar forma à nossa realidade, de transformá-lae conduzi-la pelo caminho traçado por Deus.

Page 55: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

RESUMINDO:

• Deus é fonte da Revelação e da Interpretação, issodá a dimensão de autoridade

• A fé está na pessoa (Deus) a quem se refere e nãono escrito

• Por detrás da Bíblia há valores humanos (estilo,língua, linguagem, ideologias humanas, contexto,interpretações)

• A Bíblia não é manual de respostas a todos osprobleas válidos para todos os tempos

• Autoridade da Bíblia está no fato de ser testemunhode fé fundante.

Page 56: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

A INERRÂNCIA BÍBLICA

• A inerrância (ausência de mentira) é umaqualidade da Bíblia que está estritamenterelacionada com a sua autoridade e com ainspiração divina

• A não-verdade acidental é denominada erro, epode ocorrer devido desconhecimento, distração,informação incorreta; a não-verdade intencional édenominada mentira: na Bíblia há erros e nãomentiras.

Page 57: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• A Bíblia chegou a nós mediante cópias de originaisque se perderam: possibilidade de alguns errosinvoluntários ou introduzidos intencionalmente peloscopistas ou também escritores bíblicos.

• A verdade que Deus quis manifestar na Bíblia é averdade salvífica; portanto, verdade na Bíblia nãoé sinônimo de exatidão informativa.

• Na Bíblia encontra-se uma série de erroscientíficos e históricos. As informações econhecimentos presentes são marcas doconhecimento que os autores humanos tinham naépoca, e não Deus: está aí a evidência de que aBíblia foi escrita por homens.

Page 58: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• Dentre os muitos erros presentes na Bíblia:• citações do Antigo Testamento por parte dos

escritores do Novo Testamento que não coincidem;• as discrepâncias entre textos ou ainda repetições;• conceitos teológicos divergentes e inconsistências

de ordem moral;• opiniões pessoais do autor, que não correspondem

a revelação divina;

• a Bíblia é livre de erro somente naquilo queconcerne à salvação, a dimensão religiosa,porém, não é um livro que expressa tudo o que dizrespeito a essa salvação, mas o indispensável.

Page 59: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• A Bíblia é filha de seu tempo e torna-se um grande equívocopensar que os textos foram escritos por uma espécie deditado sagrado à margem das pessoas e de sua vidahistórica real.

• A verdade da Bíblia, portanto, situa-se no âmbito religioso,concretamente no salvífico e os dados históricos ecientíficos não caem sob a inerrância bíblica

• Deve-se saber, portanto, distinguir entre verdade científica,que responde a perguntas referentes ao como, quando eonde, da verdade teológico-religiosa, que responde o que epara quê.

• A verdade da Bíblia é o encontro do homem com Deus, éverdade salvífica.

Page 60: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

INSPIRAÇÃO BÍBLICA

• Inspiração vem do latim que quer dizer soprar paradentro. No âmbito religioso remete ao sopro divino.

• Aplicado à Bíblia refere-se a comunicação poriniciativa divina a pessoas de algo vital

• A inspiração bíblica é um carisma ou dom deDeus dado as pessoas envolvidas no processodesde a tradição oral até a fixação escrita(comunidade)

Page 61: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• O autor inspirado: eram guiados de tal modo quereconhecessem, compreendessem e interpretassemdeterminados acontecimentos e vivências em suadimensão reveladora, os transmitissem correta eadequadamente ao seu auditório, para suaedificação e orientação na fé ao longo do tempo,pelo caminho que conduz à salvação (fundacional).

• Deus inspirou, iluminou, capacitou e guioucapacidades mentais para que reconhecessem, nosfatos da vida, sua presença libertadora.

Page 62: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• Texto inspirado: são entendidos comoinspirados somente a medida que seus autores oestiveram (a inspiração dirige a pessoas e não aescritos).

• Deus inspirador: os escritos bíblicos sãotestemunhos de vivências ou experiências dapresença ativa de Deus.

• Os textos bíblicos são produtos de pessoasinspiradas e, por isso mesmo, são capazes deinspirar outras pessoas (leitores atentos).

Page 63: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• A inspiração, no entanto, não eliminava aslimitações naturais dos autores humanos e,portanto, as de suas obras, que se dirigiam amomentos concretos com conceitos própriosdaquele tempo.

• A inspiração deu-se muito antes que seescrevesse uma só letra, e é a inspiraçãodivina que move as pessoas e comunidadesa compreenderem a mensagem salvífica quea Bíblia comunica.

Page 64: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

• A inspiração divina não pode ter concluído com acomposição do último livro da Bíblia: Deus nãodeixou de guiar seu povo.

• Para compreender o texto é preciso conhecer osentido pretendido pelo autor (fidelidade àintenção de quem escreve)

• A inspiração bíblica inclui a comunicação humana:o Espírito conduziu a fixação por escrito darevelação histórica, o que faz da Bíblia um livrode identidade

Page 65: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Page 66: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

BÍBLIA SAGRADA

HOJE

Page 67: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Primeiro Testamento

Pentateuco Livros históricos Livros sapienciais Livros proféticos1. Gênesis-Gn 1. Josué-Js 1. Jó-Jo 1. Isaias-Is2. Êxodo-Ex 2. Juízes – Jz 2. Salmos-Sl 2. Jeremias-Jr3. Levítico-Lv 3. Rute-Rt 3. Provérbios-Pr 3. Lamentações-Lm4. Números-Nm 4. I Samuel-I Sm 4. Eclesiastes-Ecl 4. Baruc-Br5. Deuteronômio-Dt 5. II Samuel-II Sm 5. Cânt. dos Cânticos-Ct 5. Ezequiel-Ez

6. I Reis-I Rs 6. Sabedoria-Sb 6. Daniel-Dn7. II Reis-II Rs 7. Eclesiástico-Eclo 7. Oséias-Os8. I Crônicas-I Cr 8. Joel-Jl9. II Crônicas-II Cr 9. Amós-Am10. Esdras-Esd 10. Abdias-Ab11. Neemias-Ne 11. Jonas-Jn12. Tobias-Tb 12. Miquéias-Mq13. Judite-Jt 13. Naum-Na14. Ester-Est 14. Habacuc-Hab15. I Macabeus-I Mc 15. Sofonias-Sf16. II Macabeus-II Mc 16. Ageu-Ag

17. Zacarias-Zc18. Malaquias-Ma

Page 68: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Segundo testamento

Evangelhos Escritos de Lucas Cartas de São Paulo Epístolas Católicas

1. Mateus-Mt 1. Atos dos Apóstolos-At 1. Romanos-Rm 1. Tiago-Tg2. Marcos-Mc 2. I Coríntios-ICor 2. I Pedro-I Pd 3. Lucas-Lc 3. II Coríntios-II Cor 3. II Pedro-II Pd 4. João-Jo 4. Gálatas-Gl 4. I João-I Jo

5. Efésios-Ef 5. II João-II Jo 6. Filipenses-Fl 6. III João-III Jo 7. Colossenses-Cl 7. Judas-Jd 8. I Tessalonicenses-I Ts 9. II Tessalonicenses-II Ts 10. I Timóteo-I Tm 11. II Timóteo-II Tm 12. Tito-Tt 13. Filemôn-Fm 14. Hebreus-Hb

Escritos de João1. Apocalipse-Ap

Page 69: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Page 70: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

A Bíblia, Palavra de Deus

Quem lê a Bíblia, percebe que ela não se trataantigo tesouro literário ou uma mina dedocumentação sobre a história das idéias moraise religiosas de um povo.

A Bíblia não é somente um livro no qual se fala deDeus; ela se apresenta como um livro no qual Deusfala ao homem, como atestam os autores bíblicos:

Não se trata de uma palavra sem importância para vós: é vossa vida

(Dt 32,47)

Page 71: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

I. A PALAVRA É COMO...

alimento para quem come, 11assim também acontece com minha palavra: El1111111-11).

CHUVA QUE FECUNDA A TERRA

Page 72: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

10E como a chuva e a neve que caem docéu para lá não voltam sem antes molhara terra e fazê-la germinar e brotar, a fimde produzir semente para quem planta ealimento para quem come, 11assim tambémacontece com minha palavra: Ela sai daminha boca e para mim não volta semproduzir seu resultado, sem fazer aquiloque planejei, sem cumprir com sucesso asua missão (Is 55,10-11)

Page 73: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

FOGO QUE QUEIMA POR DENTRO

Page 74: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Pensei: “Nunca mais hei de lembrá-lo,não falo mais em seu nome!” Masparecia haver um fogo a queimar-mepor dentro, fechado nos meus ossos (Jr20,9)

Page 75: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

ALUZ QUE ILUMINA A CAMINHADA

Page 76: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Lâmpada para meus passos é tuapalavra e luz para o meu caminho(Sl 119,105)

Page 77: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Pensei: “Nunca mais hei de lembrá-lo, não falo mais emseu nome!” Mas parecia haver um fogo a queimar-me pordentro, fechado nos meus ossos (Jr 20,9).

ESPADA AFIADA QUE CORTA

Page 78: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Fez de minha língua uma espadaafiada que ao alcance da mão eleguardou, fez de mim uma setapontiaguda e em sua aljava meescondeu (Is 49,2)

Page 79: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

ATLETA QUE CORRE VELOZ

Manda à terra a sua mensagem, suapalavra corre veloz (Sl 147,15)

Page 80: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

ALIMENTO QUE SACIA

Page 81: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

2Eu abri a boca e ele me fez comer o rolo,3dizendo: “Filho do homem, alimenta teu ventree sacia as entranhas com este rolo que te dou”.Eu o comi, e era doce como mel em minha boca(Ez 3,2-3)

Page 82: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

REMÉDIO QUE CURA

Page 83: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Enviou sua palavra para

curá-los e preservá-los de

descer ao túmulo(Sl 107,20)

Page 84: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

A PALAVRA ANIMA A VIDA E A PASTORAL

A PALAVRA NA TOTALIDADE DA VIDA

Page 85: Introdução Crítica às Sagradas Escrituras - · PDF fileIntrodução ao estudo da Bíblia. FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia: ... BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições

esthercardoso

Obrigado!

[email protected]