43
1

Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

1

Page 2: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

INDICECAPÍTULO 1 – 10 PRINCÍPIOS DA ECONOMIA 3

CAPITULO 2 – PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 5

CAPITULO 3 – INTERDEPENDECIA E GANHOS DE COMERCIO 13

CAPITULO 4 – AS FORÇAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA

16

CAPITULO 5 – ELASTICIDADE E SUAS APLICAÇÕES 22

CAPÍTULO 6 – OFERTA, DEMANDA E POLÍTICAS ECONOMICAS DO GOVERNO

33

A economia se baseia na sociedade e nas decisões tomadas por esta. Existem dois tipos de decisões: Individuais e em sociedade.

1. PESSOAS ENFRENTAM TRADEOFFS.Tradeoffs nada mais são do que decisões e conseqüências a serem tomadas

individualmente. Por exemplo, uma pessoa quer fazer duas universidades e possue 2 horas livres por dia. Essa pessoa pode decidir estudar 2 horas economia ou 2 horas medicina ou então estudar 1 hora cada matéria. Ou ainda assistir um jogo de futebol na TV. Cada uma dessas decisões vai afetando a vida de cada um.

2. O CUSTO DE ALGUMA COISA É DO QUE VOCÊ DESISTE PARA OBTÊ-LA.

Por exemplo, ao decidir fazer uma faculdade (ou qualquer outra coisa) é necessário ver os benefícios e os prejuízos. Os benefícios de fazer uma faculdade

2

PARTE 1 – INTRODUÇÃO 1.

Capítulo 1 - Dez Princípios de Economia.

PRINCÍPIOS INDIVIDUAIS

Page 3: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

são o aumento do conhecimento e o de poder atender melhor o mercado de trabalho. O prejuízo, além de moradia, alimentação, transporte e mensalidade é o tempo. Algumas vezes é necessário largar um emprego para se dedicar ao estudo por não ser possível conciliar os dois. Também explica porque muitos atletas têm baixo nível de escolaridade: Grande parte do tempo é dedicada ao treinamento (Benefício financeiro maior do que o estudo) e acabam largando o estudo.

3. PESSOAS RACIONAIS PENSAM NA MARGEM.Um prejuízo pequeno é melhor do que um grande. Por exemplo: Continuando

com as faculdades, digamos que uma faculdade gaste U$ 15.000,00/mês para manter uma turma com 50 alunos, e cobre R$350,00/mês por aluno. E que se um aluno sair da turma os gastos da universidade continuam os mesmos. Se 15 desses alunos forem carentes e só puderem pagar R$200,00/mês a faculdade estará operando quase sem lucro, mas deverá aceitar a proposta dos alunos carentes de R$200,00/mês para não operarem no prejuízo.

4. PESSOAS RESPONDEM A INCENTIVOSAs decisões das pessoas são tomadas analisando os custos e os benefícios.

Por exemplo, até a década de 60 os carros não possuíam cinto de segurança. Até que o congresso por pressão da população obrigou as montadoras a colocarem vários itens de segurança nos carros. Os benefícios foram a maior segurança ao motorista e aos passageiros, mas também houve certos custos. Como os motoristas se sentiam mais seguros, passaram a dirigir mais imprudentemente, aumentando o número de acidentes. Os mais prejudicados são os motoristas que continuaram a dirigir sem o cinto, os pedestres que são cada vez mais atropelados e os motoqueiros.

5. O COMÉRCIO PODE MELHORAR A SITUAÇÃO DE TODOS.É só pensar como o comércio atinge uma família quando um membro procura

emprego, ele concorre com membros de outras famílias. Apesar dessa competição, as famílias não estariam melhores se se isolasse. Pois teria que produzir suas próprias roupas, comida, etc. O comércio permite que cada pessoa atue na área que é mais apta. O mesmo ocorre com as empresas, nem sempre a concorrência é ruim, por exemplo, a Toyota, equipe da F1 corre com motor Ferrari, se corresse com o Toyota seu desempenho seria inferior.

6. OS MERCADOS SÃO, EM GERAL, UMA BOA FORMA DE ORGANIZAR A ATIVIDADE ECONÔMICA.

Assim como foi visto no socialismo, o governo não é a melhor forma de controlar a atividade econômica. Na economia atual ou ECONOMIA DE MERCADO são as milhões de famílias e empresas que decidem quem contratar, o que produzir, interagindo no mercado. O maior defeito da economia de mercado é o individualismo.

7. OS GOVERNOS PODEM ÀS VEZES MELHORAR OS RESULTADOS DO MERCADO.

Dois exemplos: Quando uma indústria está emitindo poluentes em excesso, o governo pode intervir com uma regulamentação ambiental. Quando um cientista faz uma descoberta importante, o governo subsidia a pesquisa. O governo, portanto deve intervir quando há alguma FALHA DE MERCADO (poluição, situações irregulares, apoio) e quando há PODER DE MERCADO (monopólio, cartel). A economia de mercado não garante recompensa de acordo com as capacidades das pessoas, mas sim pelo quanto às pessoas estão dispostas a pagar. Por exemplo, o

3

PRINCÍPIOS COLETIVOS

Page 4: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

melhor jogador de basquete do mundo ganha mais que o melhor jogador de xadrez, pois as pessoas pagam mais para ver basquete do que xadrez. Os impostos visam diminuir um pouco essa desigualdade de rendimentos e promover uma condição razoável a todos.

8. O PADRÃO DE VIDA DE UM PAÍS DEPENDE DE SUA CAPACIDADE DE PRODUZIR BENS E SERVIÇOS.

Nos Eua a renda anual per capita em média é de U$29.000,00, no México é de U$8 mil e na Nigéria de U$900,00. Para explicar essas enormes diferenças baseadas na produtividade é simples, quanto maior a quantidade de bens e serviços produzidos em uma hora de trabalho, maior é a produtividade e os lucros. Logo quanto melhores as ferramentas e a tecnologia disponível, o conhecimento do trabalhador, melhor é a produtividade e a renda para o país e o trabalhador. A maior causa de os países subdesenvolvidos não investirem em produtividade, é o déficit que estes possuem, os empréstimos que recebem, “só servem para pagar dívidas e juros”.

9. OS PREÇOS SOBEM QUANDO O GOVERNO EMITE MOEDA DEMAIS.

Em janeiro de 1921, um jornal custava 0,30 marco na Alemanha. Em novembro de 1922, o mesmo jornal custaria 70 milhões de Marcos e todos os outros produtos subiram de preço no mesmo ritmo. Esse é um dos episódios mais marcantes da inflação. Na maioria dos casos, o culpado é o aumento na quantidade de moeda emitida. Isso foi o que ocorreu na Alemanha na década de 20 e o oposto ocorre hoje com os Eua.

10. A POPULAÇÃO ENFRENTA UM TRADEOFF DE CURTO PRAZO ENTRE INFLAÇÃO E DESEMPREGO.

Se for tão fácil explicar a inflação, porque não se livrar dela? Porque a inflação sempre está relacionada com o desemprego, é a chamada Curva de Phillips. Aumenta a inflação, diminui o desemprego e vice-versa em curto prazo. O que acontece é que se se reduzir à emissão de moeda, visando diminuir a inflação, durante um período os preços não se alteram (Curto-Prazo), levam alguns meses até o restaurante ajustar o preço dos cardápios ou os postos diminuírem os preços dos combustíveis. Porém a quantidade de dinheiro na sociedade diminui na hora, então as pessoas gastam menos (já que os preços continuam os mesmos) e as empresas não vendendo demitem os trabalhadores.

Assim, a redução na quantidade de moeda aumenta o desemprego até que os preços se ajustem completamente a mudança. Essa mudança pode levar anos.

A primeira coisa a perceber-se é que economia é uma ciência (a formulação e o teste desapaixonados de teorias sobre o funcionamento do mundo). O método de estudo não é por experiências como na física, por não ser possível testar teorias econômicas a todo instante, por isso a história é muita analisada para que se possa ter idéias sobre os impactos econômicos. Além da história também se criam várias hipóteses sobre as conseqüências de uma nova teoria econômica.

Modelos econômicos Servem para ter uma idéia principal do funcionamento da economia.

4

A ECONOMIA COMO UM TODO

CAPÍTULO 2 - PENSANDO COMO UM ECONOMISTA

1º MODELO – O DIAGRAMA DO FLUXO CIRCULAR DE RENDA.

Page 5: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Baseia-se que existem 2 tipos de tomadores de decisão: Famílias e empresas. As empresas produzem bens e serviços usando o trabalho, terra, capital (Fatores de Produção). E as famílias são as proprietárias dos fatores de produção e consomem todos os bens e serviços. É baseado no diagrama de fluxo circular de renda: Ver o esquema na próxima pagina.

É um gráfico que mostra as várias combinações de produto que a economia pode produzir potencialmente, dados os fatores de produção e as tecnologias

disponíveis. Exemplo:

5

2º MODELO – FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO

-Neste exemplo só existem carros e computadores na economia-Se todo o recurso for investido em computadores, terão 3000 pc´s e zero carros-Se todos os recursos forem investidos em carros, existirão 1000 carros e 0 pc´s-O triângulo é inviável, pois a economia não tem recursos suficientes.

-O ponto Rosa é ineficiente, pois apresenta um nível de produção abaixo do limite.-A causa da ineficiência pode ser o desemprego, crise econômica entre vários outros fatores.-Sempre há um tradeoff na forma e quantidade de produzir-Os pontos sobre a curva azul representam situações eficientes (no limite de produção)

Page 6: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

DIAGRAMA DO FLUXO CIRCULAR DE RENDA. Setas Internas Indicam o fluxo de bens e serviçosSetas externas Indicam o fluxo de dólares.

Microeconomia é o estudo da tomada de decisões individual de famílias e empresas e sua interação em mercados específicos e a macroeconomia é o estudo de fenômenos da economia como um todo (inflação, desemprego). É importante notar que o conjunto de fatos microeconômicos acabam formando um macro. Porém os dois são bem diferentes e devem ser estudados separadamente.

Muitas vezes o economista tem que tentar mudar a economia, nestes casos ele é consultor de políticas. Quando ele simplesmente tem que explicar os acontecimentos ele é cientista. Também existem 2 tipos de declaração, a positiva (declaração de como o mundo é) e as normativas (declaração de como deveria ser).

Os economistas podem discordar quanto à validade de teorias positivas alternativas a respeito do funcionamento do mundo ou quando os economistas têm valores diferentes e, portanto opiniões normativas diferentes a respeito dos possíveis objetivos das políticas. Estes são os dois motivos básicos das discordâncias.

Os economistas às vezes discordam porque têm diferentes intuições acerca da validade de teorias alternativas ou da dimensão de parâmetros importantes.Por exemplo, sobre se o governo deve estabelecer uma tributação sobre a renda ou sobre o consumo (despesa) das famílias.

6

Receita Despesa

Bens e serviços Bens e serviços vendidos comprados

Insumos Terra, Capital etrabalho

Salários, Alugueis e Lucros. Renda

EMPRESAS: Produzem e vendem Bens e Serviços Contratam e utilizam fatores de produção

FAMÍLIAS: Compram e consomem bens e serviços. São proprietárias de fatores de produção e os vendem

MERCADO DE BENSE SERVIÇOS: As empresas vendem As famílias compram

MERCADOS DE FATORES DE PRODUÇÃO: As famílias vendem As empresas compram

MICRO E MACROECONOMIA

O ECONOMISTA COMO CONSULTOR DE POLÍTICA ECONÔMICA

PORQUE OS ECONOMISTAS DISCORDAM?

DIFERENÇAS NO JULGAMENTO CIENTÍFICO.

Page 7: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Suponha que Pedro e Paulo apanham a mesma quantidade de água no poço da cidade. Para pagar a manutenção, a cidade cobra impostos sobre os residentes. Pedro tem uma renda de U$50 mil e paga U$5 mil de imposto (10%), Paulo tem uma renda de U$10 mil e paga U$2 mil (20%). Essa política é justa? Se não for, quem paga demais e quem paga de menos? Esse exemplo mostra por que às vezes os economistas discordam no que diz respeito às políticas públicas.

Uma vez que há diferenças quanto a julgamentos científicos e quanto aos valores, é inevitável a existência de desacordos entre economistas. Contudo não convém exagerar o destaque dado aos desacordos. Em muitos casos os economistas têm uma visão em comum:AFIRMAÇÕES E PERCENTUAL QUE OS ECONOMISTAS QUE CONCORDAMA fixação de um limite máximo para aluguéis reduz a quantidade e a qualidade das residências disponíveis (93%)Tarifas e quotas de impostos geralmente reduzem o bem estar econômico social. (93%)Taxas de câmbio flexíveis e flutuantes permitem uma organização monetária internacional efetiva. (90%)A política fiscal (por exemplo, cortes nos impostos e ou aumentos nas despesas do governo), tem um significativo impacto positivo sobre economias que não atingiram o pleno emprego (90%).Se for necessário equilibrar o orçamento federal, isto deve ocorrer dentro do ciclo econômico e não em bases anuais (85%).Pagamentos em dinheiro aumentam o bem-estar daqueles que os recebem mais do que transferências em gêneros de igual valor. (84%)Um déficit orçamentário elevado exerce um impacto negativo sobre a economia. (79%)O governo deveria reestruturar o sistema de assistência social em termos de um “imposto de renda negativo”. (79%)Impostos sobre a emissão de efluentes e licenças para poluição comercializáveis são um método de combate à poluição melhor do que a imposição de limites superiores à poluição (78%).

Quando se apresentam teorias econômicas, os gráficos oferecem uma forma de expressar visualmente idéias que pareceriam menos claras se descritas através de equações e palavras. Ao analisar dados econômicos, os gráficos oferecem uma forma de descobrir como as variáveis se relacionam de fato no mundo.

7

DIFERENÇAS NOS VALORES

PERCEPÇÃO X REALIDADE

GRÁFICOS – UMA BREVE REVISÃO.

Page 8: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

O SISTEMA DE COORDENADAS – Freqüentemente os economistas estão interessados nas relações entre variáveis. Para tanto, necessitam mostrar duas variáveis num mesmo gráfico. Isto se torna possível com o uso do sistema de coordenadas. Suponha que deseja examinar a relação entre o tempo de estudo e as notas obtidas na escola. Você poderia registrar para cada aluno da turma o número médio de horas de estudo semanal e a nota média obtida.

8

GRÁFICOS DE UMA ÚNICA VARIAVEL.

O gráfico pizza representa como a renda nacional dos Eua se distribui.

O gráfico compara a renda média em 4 países.

O gráfico de série temporal mostra o crescimento da produtividade do setor empresarial dos Eua de 1950 a 2000.

GRÁFICOS DE DUAS VARIAVEIS.

Page 9: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Este tipo de gráfico é chamado gráfico de dispersão porque registra pontos dispersos. Uma vez que o maior tempo de estudo está associado a notas mais altas, dizemos que há uma correlação positiva entre as duas variáveis. Se traçássemos um gráfico relativo a freqüência a festas e notas, verificaríamos que a maior freqüência a festas está associada a notas mais baixas e poderíamos dizer que se trata de uma correlação negativa.

Freqüentemente os economistas preferem observar como uma variável influencia a outra mantendo tudo o mais constante. Vejamos um dos gráficos mais importantes da economia: A curva de demanda. Este gráfico mostra o efeito de um preço de um bem sobre a quantidade do bem que os consumidores estão dispostos a comprar. Antes de apresentar uma curva de demanda vamos observar a tabela abaixo. É importante observar que a quantidade de livros vendidos a Leonardo depende de sua renda e dos preços dos livros.Preço Renda

U$20.000 U$30.000 U$40.000U$10 2 livros 5 livros 8 livros9 6 9 128 10 13 167 14 17 206 18 21 245 22 25 28

Temos agora três variáveis. O preço dos livros, a renda e o número de livros comprados. Para representarmos graficamente os dados da tabela precisamos manter uma das variáveis constante e representar a relação entre as outras duas. Como a curva de demanda representa a relação entre preço e a quantidade demandada, mantemos a renda de Leonardo constante e mostramos como o número de livros que ele compra vária com os preços dos livros supondo que a renda de Leonardo seja U$30.000/ano.

9

CURVAS EM UM SISTEMA DE COORDENADAS.

Page 10: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Suponha agora que a renda de Leonardo aumente para U$40 mil ao ano.

Quanto maior a sua renda mais livros comprará a qualquer preço dado e a curva de demanda se situará mais à direita. A curva central representa a curva de demanda inicial de Leonardo, quando sua renda era de 30 mil ao ano. Se sua renda aumentar a curva se desloca para a direita, de diminuir, para a esquerda.

Há uma maneira simples de saber quando é necessário deslocar uma curva. Quando o que muda é a variável que não está representada no gráfico (nos eixos x e y) a curva se desloca. Qualquer mudança que afete os hábitos de compra de Leonardo, alem da alteração no preço dos livros, resultará em um deslocamento na curva de demanda. Se por exemplo, a biblioteca fecha e Leonardo tiver que comprar todos os livros que deseja ler, ele comprará mais livros e a sua curva de demanda se deslocará para a direita. Já se o preço dos ingressos de cinema cair, e Leonardo passar a ir mais ao cinema e ler menos livros, ele demandará menos e sua curva de demanda se deslocará para a esquerda.

Para calcular a inclinação de uma curva de demanda devemos observar as alterações nas coordenadas dos eixos x e y, à medida que nos deslocamos do ponto

10

DESLOCAMENTO DAS CURVAS DE DEMANDA.

INCLINAÇÃO

Page 11: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

(21 livros, U$6,00) ao (13 livros, U$8,00). A inclinação da linha corresponde à razão entre a alteração da coordenada y (-2) e a alteração na coordenada x (+8) o que dá –1/4.

Usando outros dois pontos você deverá obter o mesmo resultado (-1/4). Uma das propriedades da linha reta é que sua inclinação é igual em todos os pontos. Isto não se aplica a outros tipos de curvas.

É importante notar que uma pequena inclinação significa que a curva de demanda é quase horizontal, neste caso as compras de livros variam bastante a mudanças nos preços. Uma inclinação maior significa que a curva de demanda é quase vertical, ou seja, suas compras de livros variam pouco quando os preços se alteram.

Quando se constroem gráficos a partir de dados no mundo real há mais dificuldades em estabelecer como uma variável afeta a outra.

O primeiro problema está em que é difícil manter tudo o mais constante. Se não for possível manter constantes as variáveis representadas no gráfico podemos concluir que uma das variáveis está provocando mudanças em outra variável quando o que de fato ocorre é que essas alterações estão sendo causadas por uma 3ª variável omitida. Que não aparece no gráfico. Mesmo se as duas variáveis forem corretamente identificadas podemos ter outro problema, a causalidade reversa. Em outras palavras podemos concluir que A causa B, quando na verdade, B causa A.

VÁRIÁVEIS OMITIDAS Para ver como uma variável omitida pode levar a um gráfico enganoso vejamos um exemplo. Imagine que o governo, atento às preocupações do público quanto ao grande número de mortes provocadas por câncer, contrate uma pesquisa exaustiva a Grande Irmão Serviços Estatísticos. Grande Irmão verifica que há uma relação forte entre duas variáveis: O número de isqueiros presentes nas residências e a probabilidade de que alguém da família sofra de câncer.

11

Inclinação = Δy/ Δx

CAUSA E EFEITO.

Page 12: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Se o gráfico não mantém constante o número de cigarros fumados, não informa o verdadeiro efeito da posse de um isqueiro.

A história ilustra um princípio importante: Quando vir um gráfico usado para sustentar um argumento de causa e efeito, é importante verificar se os movimentos de uma variável omitida podem explicar os resultados observados.

CAUSALIDADE REVERSA Os economistas também podem errar suas conclusões a respeito de causalidade por inverter a relação de causalidade.

Suponha que contratemos um estudo sobre o crime na América. Para conduzir o experimento determinaríamos de forma aleatória o número de policiais em diferentes cidades e depois examinaríamos a correlação entre polícia e crime.

Uma maneira simples de determinar a direção da causali-dade poderia ser a de verificar qual a variável que se move primei-ro. Se verificarmos que o crime aumenta e, só então, a força policial se expande chegaremos a uma conclusão. Se verificarmos que a força policial se expande e só depois o crime aumenta, chegamos à outra conclusão. Contudo há uma falha neste procedimento: Às vezes as pessoas não mudam seu comportamento em resposta de uma mudança nas condições atuais, mas sim a uma mudança em suas expectativas quanto a condições futuras. Uma cidade que espera uma grande onda de crimes no futuro, por exemplo, pode aumentar os efetivos policiais desde agora.

O problema é ainda mais fácil de entender no caso de crianças e camionetes. Muitas vezes os casais compram uma camionete antes do nascimento do filho: A camionete chega antes da criança, mas não concluiríamos daí que a venda de camionetes provoca o crescimento populacional.

Não há um conjunto de regras que especifique quando é adequado tirar conclusões causais de um gráfico. Portanto, lembre-se apenas de que isqueiros não

12

Gráfico com Variável Omitida- A curva com inclinação positiva mostra que os residentes em lares onde há mais isqueiros estão mais sujeitos ao câncer. Contudo não podemos concluir que a posse de isqueiros provoque câncer porque o gráfico não leva em consideração o número de cigarros fumados

Gráfico sugerindo causalidade reversa- A inclinação positiva da curva mostra que cidades com grandes efetivos policiais são mais perigosas. Contudo o gráfico não diz se a polícia causa o crime ou se as cidades infestadas pelo crime contratam mais policiais.

Page 13: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

provocam câncer (variável omitida) e camionetes não provocam filhos (causalidade reversa) para evitar cair em argumentos econômicos falhos.

Todo o dia você depende de muitas pessoas do mundo, a maioria das quais você nem conhece (carro japonês, motor alemão, suco americano...) para lhe fornecer os bens e serviços que você desfruta todos os dias. Essa interdependência só é possível porque as pessoas comerciam umas com as outras.

Neste capítulo examinaremos o que é que as pessoas ganham quando negociam entre si? Por que as pessoas escolhem tornar-se interdependentes?

Imagine que no mundo existam duas pessoas – um pecuarista e um agricultor. E dois bens – carne e batata. E ambos querem consumir carne e batata. depois de um certo tempo comendo apenas carne, assada, frita, grelhada e cozida, o pecuarista pensaria que a auto-suficiência não é tão vantajosa assim. A mesma coisa vale ao agricultor.

Os ganhos seriam semelhantes se o pecuarista e o agricultor pudessem produzir ambos os bens, mas há um custo alto. Suponha, por exemplo, que o agricultor pudesse criar gado e obter carne, mas que não tenha jeito para pecuária.

Os ganhos de comércio, contudo, são menos óbvios se alguém é melhor na produção de todos os bens. Por exemplo, suponha que o pecuarista é melhor na criação de gado e no cultivo de batatas. Nesse caso o pecuarista deveria escolher a auto-suficiência? Ou ainda há razões que justifiquem o comércio?

Suponha que o pecuarista e o agricultor trabalham cada um, 40 horas semanais.

Horas Necessárias para obter 1 Kg de:

CARNE Batatas

Quantidade produzida em 40 h.

CARNE Batatas

Quantidade produzida dedicando 20 h para cada atividade:CARNE Batatas

AGRICULTOR 20 10 2 4 1 2PECUARISTA 1 8 40 5 10 2,5 Essas possibilidades acima são apenas alguns exemplos de como os dois poderiam administrar suas produções. Vamos tomar no exemplo que ambos optaram por dedicar 20 horas semanais a cada atividade.

Após alguns anos produzindo desta forma, ambos perceberam que o comércio poderia melhorar a produção de ambos.

Produção e consumo (1)

Produção (2) Trocando (3) Consumo (4) Ganhos de cada um (5)

AGRICULTOR 1 kg de carne 0 kg de carne Ganha 3 kg de 3 kg de carne 2 kg de carne

13

CAPÍTULO 3 – INTERDEPÊNDENCIA E GANHOS DE COMÉRCIO.

UMA PARÁBOLA DA ECONOMIA MODERNA

POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO E COMÉRCIO

Page 14: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

2 kg de batatas 4 kg de batatas carne por 1kg de batatas

3 kg de batatas 1 kg de batatas

PECUARISTA 20 kg de carne2,5kg de batatas

24 kg de carne2 kg de batatas

Ganha 1 kg de batata por 3kg de carne

21 kg de carne3,0kg de batatas

1 kg de carne0,5kg de batatas

(1) Produção normal, dedicando 20h a cada atividade.(2) Ambos acordam mudar sua produção visando o comércio. O pecuarista passa

a dedicar 24h ao gado e 16h as batatas(3) Ocorre a troca acordada anteriormente, o pecuarista dá 3kg de carne e recebe

1kg de batata. (4) Indica qual é a nova produção mensal de cada um.(5) Todos ganham com o comércio, o menos eficiente e o mais eficiente.

O agricultor não parece estar fazendo alguma coisa melhor que o pecuarista.Para destrinchar o enigma, precisamos recorrer ao princípio da vantagem comparativa. No exemplo, quem pode produzir batatas a um custo menor?

É a comparação entre produtores de um bem levando em conta a sua produtividade. Em nosso exemplo, o pecuarista tem uma vantagem absoluta tanto na produção de carne quanto na de batatas porque precisa de menos tempo do que o agricultor para produzir uma unidade de qualquer um dos bens.

Custo de oportunidade é aquilo que abrimos mão para obter alguma coisa.Os economistas utilizam a expressão Vantagem Comparativa quando descrevem

os custos de oportunidade de dois produtores. Diz-se que o produtor que tem o menor custo de oportunidade de um bem tem uma vantagem comparativa na produção deste bem. Em nosso exemplo, o agricultor tem um custo de oportunidade menor do que o do pecuarista no cultivo de batatas e o pecuarista tem um custo de oportunidade menos na produção de carne. Observe que seria impossível para a mesma pessoa ter vantagem comparativa nos dois bens.Custo de oportunidade de 1 kg de:

AGRICULTOR

PECUARISTA

Carne

2

1/8

Batatas

1/2

8

1kg de carne custa 2 de batata1 kg de batata custa 0,5 de carne1 kg de carne custa 1/8 kg de batata1 kg de batata custa 8kg de carne

Diferenças em custos de oportunidade e vantagens comparativas criam os ganhos do comércio. Quando cada um se especializa naquilo em que tem vantagem comparativa, a produção total da economia cresce.

Há muito tempo os economistas já entendiam o princípio da vantagem comparativa. Veja a seguir como o grande economista Adam Smith apresentou o argumento:

“Eis uma máxima que todo chefe de família prudente deve seguir: nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar. O alfaiate não tenta

14

O PRINCÍPIO DA VANTAGEM COMPARATIVA.

VANTAGEM ABSOLUTA

CUSTO DE OPORTUNIDADES E VANTAGEM COMPARATIVA.

VANTAGEM COMPARATIVA E DE COMÉRCIO

Page 15: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

fabricar sapatos, mas os compra do sapateiro. Este não tenta confeccionar seu traje, mas recorre ao alfaiate”.

Os benefícios surgem porque cada pessoa se concentra na atividade em que seu custo de oportunidade é mais baixo. A moral da história é então: “O comércio pode beneficiar a todos na sociedade porque permite às pessoas se especializarem em atividades nas quais têm uma vantagem comparativa”.

Veremos a seguir dois exemplos, um imaginário e um real.TIGER WOODS DEVERIA CORTAR A GRAMA DE SEU JARDIM?

Woods, além de ser o melhor jogador de golfe do mundo, também é um ótimo aparador de gramas. Ele é capaz de cortar totó o seu gramado em 2 horas enquanto seu vizinho cortaria para ele em 4 horas e 20 dólares.

Para responder a pergunta podemos usar os conceitos de custo de oportunidade e vantagem comparativa. Nessas 2 horas que Woods passaria aparando a grama, ele poderia gravar um comercial e ganhar U$10 mil. Então neste exemplo, o custo de oportunidade do corte da grama é de U$ 10 mil para Woods, mas é de U$20,00 para o vizinho. Woods tem uma vantagem absoluta, pois corta a grama em menos tempo, mas o vizinho tem vantagem comparativa, pois tem um custo de oportunidade mais baixo.QUEM TEM VANTAGEM COMPARATIVA NA CRIAÇÃO DE CARNEIROS?

O exemplo real fala sobre tarifas sobre as importações.Os criadores de ovelhas americanos estão protestando contra a importação de

cordeiros da Nova Zelândia. Com inúmeras vantagens comparativas os cordeiros da Oceania não estão dando chance para os carneiros americanos nos Eua. Então a associação americana dos criadores de ovelhas exigiu do presidente Clinton uma medida protecionista (taxas) na importação de ovelhas. Assim o país mais poderoso do mundo que tanto pede o fim do protecionismo e a livre abertura do comércio acaba indo contra seus “princípios”. Quem perde com isso é o consumidor, que recebe um produto muito mais caro (40% tributação) e o vendedor da Nova Zelândia que perder mercado para os criadores locais dos Eua.OS ESTADOS UNIDOS DEVERIAM COMERCIAR COM OUTROS PAÍSES

É claro que sim. Suponhamos que os Eua e o Japão produzam carros e alimentos. Cada trabalhador de cada país produza 1 carro por mês. Já nos alimentos os Eua levam vantagem, pois tem mais terras e melhor qualidade. Então o americano produz 2 toneladas por mês e o Japão 1 tonelada.

O princípio da vantagem comparativa afirma que cada bem deve ser produzido pelo país que tem o menor custo de oportunidade. O custo do automóvel nos Eua é de 2 toneladas de alimento e no Japão de 1 tonelada (vantagem comparativa na produção de carros). Portanto o Japão deveria produzir mais carros e exportar. Da mesma forma que com 1 tonelada de alimentos os Eua comprar 1 carro no Japão, mas só ½ nos Eua.

Mas no mundo real essas trocas não são tão simples. O comércio internacional pode prejudicar muitas pessoas, como o agricultor japonês ou o trabalhador da industria americana.

15

APLICAÇÕES DA VANTAGEM COMPARATIVA

CAPÍTULO 4 – AS FORÇAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA

Page 16: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Oferta e demanda são as palavras que os economistas usam com mais freqüência. Elas são as forças que movem as economias de mercado. Determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual será vendido.

Um mercado é um grupo de compradores e vendedores de um dado bem ou serviço. Os compradores, em conjunto determinam a demanda do produto e os vendedores, em conjunto, determinam a oferta.

Um mercado competitivo é um mercado em que há muitos compradores e vendedores. De modo que cada um exerce um impacto pequeno sobre o preço do bem ou produto. Por exemplo, o mercado de sorvete é um mercado competitivo, onde existem vários vendedores e compradores. Cada vendedor de sorvete determina o preço para a casquinha e cada comprador decide quantos sorvetes vai comprar. Porém o preço e quantidade não são determinados por um único vendedor ou comprador, mas sim por todos, à medida que interagem no mercado. Então cada vendedor de sorvete tem um controle limitado sobre o preço sobre o qual outros vendedores oferecem o mesmo produto. Um vendedor tem poucos motivos para cobrar menos do que o concorrente, e se cobrar mais, os compradores irão comprar de outro vendedor.

De forma análoga, nenhum comprador individual de sorvete pode influenciar seu preço porque compra apenas uma pequena fração do total.

Os mercados perfeitamente competitivos se definem por duas características: Os bens oferecidos à venda são todos iguais e os compradores e vendedores são tão numerosos que nem um único comprador ou vendedor pode influenciar no preço de mercado.

O mercado de trigo é um exemplo de mercado com concorrência perfeita. Há milhares de agricultores que vendem e milhões de consumidores que usam o trigo. Contudo vários mercados não são perfeitamente competitivos. Um exemplo é o monopólio, onde só existe um vendedor para determinado produto, como a tv a cabo, por exemplo, caso só exista uma em sua cidade.

Também existe o mercado com poucos vendedores que se chama oligopólio. Exemplo: Companhias aéreas. E por último existe o mercado monopolisticamente competitivo, em que os vendedores oferecem produtos semelhantes e tem certo controle sobre o preço. Um exemplo são os sharewares como processadores de texto.

Veremos o que determina a quantidade demandada de qualquer bem, que é a quantidade do bem que os compradores desejam e podem comprar.

16

MERCADOS E CONCORRÊNCIA.

MERCADOS COMPETITIVOS.

CONCORRÊNCIA PERFEITA E OUTRAS.

DEMANDA

DETERMINANTES DA DEMANDA INDIVIDUAL.

Page 17: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Pense em sua demanda por sorvete. Como você decide quanto sorvete vai comprar todo o mês e que fatores influem em sua decisão? Aqui estão alguns

PREÇO Se o preço do sorvete aumentar para U$20,00, você compra menos sorvete. Se o preço cair para U$0,20 você compra muito mais. Já que a quantidade demandada cai quando o preço sobe e sobe quanto o preço cai, dizemos que a quantidade demandada se relaciona negativamente com o preço. Esta relação entre preço e quantidade demandada é valida para a maioria dos bens, e de fato é tão disseminada que os economistas a chamam de a lei da demanda: tudo o mais mantido constante, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada cai.

RENDA O que aconteceria com sua demanda por sorvete se você perdesse seu emprego no verão? Muito provavelmente cairia. Se a demanda por um bem cai, quando a renda cai, chamamos esse bem de bem normal.

PREÇOS DE PRODUTOS RELACIONADOS Suponha que o preço do iogurte congelado caia. A lei da demanda diz que você provavelmente comprará menos sorvete. Uma vez que o sorvete e o iogurte congelado são, ambos sobremesas frias, cremosas, elas satisfazem desejos semelhantes e por isso recebe o nome de Bem substituto. Outros pares de bens substitutos são, por exemplo, cachorros-quentes e hambúrgueres, suéteres de lã e casacos de moletom, ingressos para o cinema e locação de fitas de vídeo.

Suponha agora que o preço da cobertura de chocolate quente caia. De acordo com a lei da demanda, você comprará mais sorvete, porque em geral a cobertura e o sorvete são usados em conjunto. Quando a quedo no preço de um bem aumenta a demanda por outro bem, os bens são chamados de bens complementares. Outros pares de bens complementares são gasolina e automóveis, computadores e software, patins e ingressos para a pista de patinação.

GOSTOS O mais óbvio determinante para sua demanda são seus gostos. Se você gosta de sorvete você compra mais. Os economistas em geral, não tentam explicar os gostos das pessoas, porque estes se baseiam em forças históricas ou psicológicas que estão fora do campo de estudo da economia. Todavia, os economistas examinam o que acontece quando os gostos mudam. EXPECTATIVAS Suas expectativas em relação ao futuro podem afetar hoje a sua demanda por um bem ou serviço. Por exemplo, se você espera um aumento em sua renda a partir do mês que vem, você pode estar disposto a gastar parte de sua poupança na compra de sorvetes. Outro exemplo, se você espera uma queda no preço do sorvete para amanhã, você pode estar menos disposto a comprar hoje um sorvete.

Sempre que vir uma curva de demanda lembre que ela foi traçada mantendo muitos fatores constantes. Os economistas usam a expressão Ceteris Paribus para dizer que todas as variáveis relevantes, exceto a que estiver sendo estudada na ocasião, são mantidas constantes.

Embora a expressão ceteris paribus se refira a uma situação hipotética na qual algumas variáveis são mantidas constantes, no mundo real muitas coisas se alteram simultaneamente. Por isso, quando usarmos as ferramentas da oferta e da demanda para analisar fatos ou políticas, é importante ter em mente o que está sendo mantido constante e o que está mudando.

17

“CETERIS PARIBUS”.

DEMANDA DE MERCADO VERSUS DEMANDA INDIVIDUAL.

Page 18: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

A demanda de mercado é o somatório de todas as demandas individuais por um dado bem ou serviço. Assim, a quantidade demandada pelo mercado não depende apenas do preço do bem, mas também da renda, gostos e expectativas dos consumidores, bem como dos preços de bens relacionados. Trabalharemos, em geral, com a curva de demanda de mercado. Ela nos mostra como a quantidade total demandada de um bem varia quando o preço do bem varia.

Qualquer dúvida ver na pagina 9 em curvas em um sistema de coordenadas, fala sobre curva de demanda, o esquema, o gráfico e como ela se desloca. Na pagina 10 fala sobre sua inclinação. É o mesmo assunto destes 2 tópicos.

Uma delas é deslocar a curva de demanda por cigarros e outros produtos. Com publicidade contra o tabagismo, obrigação de fixar rótulos de advertência, proibição de anúncios na televisão, estas são políticas para reduzir a quantidade demandada a qualquer preço.

Outra forma seria aumentar o preço dos cigarros. Se o governo tributar as fábricas de cigarros, por exemplo, boa parte do aumento da tributação será repassada aos consumidores mediante elevação dos preços. Mas qual a resposta dos fumantes ao aumento de preços nos cigarros?

Um aumento de 10% no preço reduz em 4% a quantidade demandada. Os adolescentes são especialmente sensíveis ao preço dos cigarros: um aumento de 10% reduz em 12% a quantidade demandada nessa faixa etária.

Uma questão afim é como o preço dos cigarros afeta a demanda por drogas ilícitas, como a maconha. Aqueles que se opõem à tributação sobre os cigarros argumentam com freqüência que tabaco e maconha são substitutos, de modo que o aumento no preço dos cigarros incentiva o uso da maconha. Porém a maioria dos estudos feitos sobre dados é compatível com esta visão: Concluem que preços menores dos cigarros estão associados a um uso maior de maconha. Em outras palavras, tabaco e maconha parecem ser complementares e não substitutos.

Agora nos voltaremos para o outro lado do mercado e observaremos o comportamento dos vendedores. A quantidade oferecida de qualquer bem ou serviço é quantidade que os vendedores estão dispostos e podem vender. Mais uma vez, para concentrar o foco de nossa análise, consideremos o mercado de sorvetes e os fatores que determinam a quantidade oferecida.

O que determina a quantidade que você está disposto a produzir q colocar à venda?

PREÇO Quando o preço do sorvete é alto, a venda de sorvete é lucrativa e, portanto a quantidade oferecida é grande. E se o preço do sorvete for baixo, seu

18

ESQUEMA DE DEMANDA E CURVA DE DEMANDA/ DESLOCAMENTOS NA CURVA DE DEMANDA

ESTUDO DE CASO: DUAS MANEIRAS DE SE REDUZIR A QUANTIDADE DEMANDADA DE TABACO.

OFERTA.

DETERMINANTES DA OFERTA INDIVIDUAL.

Page 19: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

negócio será menos lucrativo e você produzirá menos sorvete. Se o preço cair mais ainda, você poderá achar mais conveniente encerrar as atividades da empresa e a quantidade oferecida cairá para zero.

Uma vez que a quantidade oferecida aumenta à medida que o preço aumenta e cai quando o preço se reduz, dizemos que a quantidade oferecida se relaciona positivamente com o preço do bem. A relação entre preço e quantidade oferecida é chamada lei da oferta.

PREÇO DOS INSUMOS Para produzir os sorvetes, são necessários vários insumos como: creme de leite, açúcar, máquinas, aluguel, funcionários. Quando o preço de um ou mais desses insumos aumenta, a produção de sorvetes se torna menos lucrativa e a empresa oferecerá menos sorvetes.

TECNOLOGIA A invenção da máquina de sorvetes mecanizada, por exemplo, reduziu a quantidade de trabalho necessário para fabricar sorvete. Ao reduzir os custos da empresa, os avanços tecnológicos aumentam a quantidade oferecida.

EXPECTATIVAS Se você espera que o preço do sorvete aumente no futuro, você estocará parte do sorvete que está sendo produzido e oferecerá menos hoje.

O esquema é o mesmo da demanda, que é a mesma coisa da pág.9. A única diferença que vale a pena citar é que a curva relaciona preço e quantidade oferecida é denominada curva de oferta. A curva se inclina para cima porque, ceteris paribus, um preço maior implica uma maior quantidade ofertada.

Oferta de mercado é o somatório de todas as ofertas individuais, ou seja, de todos os vendedores.

Deslocamento igual ao da curva de demanda. Um exemplo é que se o preço do açúcar cair, como ele é um dos insumos, isto torna as vendas mais lucrativas então aumenta a oferta e a curva se desloca para a direita. Em resumo, a curva de oferta mostra o que acontece com a quantidade oferecida de um bem quando seu preço varia, mantendo ceteris paribus.

Depois de ter analisado oferta e demanda em separado, vamos combina-las para observar como elas determinam a quantidade de um bem vendido ao seu mercado e seu preço.

19

ESQUEMA DE OFERTA E CURVA DE OFERTA/OFERTA DE MERCADO versus OFERTA INDIVIDUAL/ DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA

OFERTA E DEMANDA EM CONJUNTO

EQUILÍBRIO

Page 20: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

O gráfico mostra as curvas de oferta e demanda em um mesmo gráfico. Observe que há um ponto em que as curvas se cruzam; este ponto é chamado de equilíbrio de mercado. O preço no qual as curvas se cortam é o preço de equilíbrio e a quantidade, a quantidade de equilíbrio.

Ao preço de equilíbrio, a quantidade do bem que os compradores desejam e podem comprar é exatamente igual à quantidade que os vendedores desejam e podem vender. As ações dos compradores e vendedores conduzem naturalmente o mercado em direção ao equilíbrio. Para ver por que isto acontece, considere o que ocorre quando o preço de mercado não é igual ao preço de equilíbrio.

Suponha que o preço de mercado se encontra acima do preço de equilíbrio. Ao preço de U$2,50 por casquinha de sorvete, a quantidade oferecida (10 casquinhas) é superior à quantidade demandada (4 casquinhas).Esta situação é denominada excesso de oferta. Quando há excesso de oferta no mercado de sorvetes, por exemplo, os vendedores vêem seus congeladores abarrotados de sorvete que gostariam de vender, mas não conseguem. Eles respondem ao excesso de oferta reduzindo seus preços. E os preços continuam a cair até que o mercado atinja o equilíbrio.

Suponha agora que o preço de mercado se encontre abaixo do preço de equilíbrio. No caso U$1,50 cada casquinha e a quantidade demandada supera a quantidade oferecida. Esta situação é denominada escassez. Quando ocorre escassez no mercado de sorvete, por exemplo, os compradores fazem longas filas para poder comprar as poucas casquinhas disponíveis. Em vista dos muitos compradores atrás de poucos bens, os vendedores respondem à escassez aumentando os preços sem prejuízo das vendas.

A rapidez com que os preços atingem seu nível de equilíbrio difere de mercado para mercado. De fato, freqüentemente é denominado lei da oferta e da demanda.

Quando algum fato desloca a curva de demanda ou a de oferta, o equilíbrio de mercado se altera. A analise de tais mudanças é chamada estática comparativa porque envolve a comparação entre um equilíbrio antigo e um equilíbrio novo.

Ao analisar como algum evento afeta o mercado procedemos em três etapas. Primeira, verificamos se o fato desloca a curva de oferta, a curva de demanda ou ambas. Segunda, verificamos se a curva se desloca para a direita ou para a esquerda. Terceira, usamos o diagrama da oferta e demanda para examinar

20

TRÊS PASSOS PARA ANALISAR ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO.

Page 21: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

como o deslocamento afeta preço e quantidade de equilíbrio. Para mostrar como esta receita é usada, vejamos vários fatos que poderiam afetar o mercado de sorvetes.

EXEMPLO: UMA MUDANÇA NA DEMANDA Suponha que em um determinado verão faça muito calor. Vejamos as 3 etapas.

1. O clima altera a quantidade de sorvete que as pessoas desejam consumir a qualquer preço. A curva de oferta permanece inalterada porque o clima não afeta diretamente as empresas que vendem sorvete.

2. Como com o calor aumenta o consumo de sorvete, a curva de demanda se desloca para a direita.

3. O aumento na demanda aumenta o preço de equilíbrio de U$2,00 para U$2,50 e a quantidade de equilíbrio de 7 para 10 casquinhas.

DESLOCAMENTO DAS CURVAS VERSUS MOVIMENTOS AO LONGO DAS CURVAS.

Observe que quando o calor impulsiona o aumento dos preços de sorvete, a quantidade de sorvete oferecida pelas empresas aumenta, embora a curva de oferta se mantenha a mesma. Neste caso os economistas dizem que ocorreu um aumento na quantidade oferecida, mas não uma alteração na oferta.

EXEMPLO: UMA MUDANÇA NA OFERTA Suponha que num outro verão, um terremoto destrói várias fábricas de sorvete. Vejamos os 3 passos para analisar uma alteração do equilíbrio.

1. Ao reduzir o número de vendedores, o terremoto altera a quantidade de sorvete produzido.

2. A curva de oferta se desloca para a esquerda porque, a qualquer preço, a quantidade total de sorvete que as empresas desejam e podem vender é menor.

3. O deslocamento da curva de oferta provoca um aumento do preço de equilíbrio de U$2,00 para U$2,50 e reduz a quantidade de equilíbrio de 7 para 4 casquinhas.

EXEMPLO: UMA MUDANÇA SIMULTÃNEA NA OFERTA E NA DEMANDA Agora imaginemos que a onde de calor e o terremoto ocorram simultaneamente.

1. A onda de calor afeta a curva de demanda e o terremoto afeta a curva de oferta.

2. A curva de demanda se desloca para a direita e a curva de oferta para a esquerda

3. Há dois resultados possíveis. Um é que a demanda aumenta significativamente, enquanto a redução na oferta é pequena e a quantidade de equilíbrio aumenta. O outro é que a oferta se reduz substancialmente enquanto a demanda aumenta ligeiramente e a quantidade de equilíbrio diminui. Portanto, estes fatos certamente aumentam o preço do sorvete, mas seu impacto sobre a quantidade de sorvete vendido é ambíguo.

NENHUMA MUDANÇA NA OFERTA

UM AUMENTO DA OFERTA

UMA REDUÇÃO DA OFERTA

NENHUMA MUDANÇA NA DEMANDA

P igualQ igual

P caiQ aumenta

P aumentaQ cai

UM AUMENTO DA DEMANDA

P aumentaQ aumenta

P ambíguoQ aumenta

P aumentaQ ambígua

21

Page 22: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

UMA REDUÇÃO DA DEMANDA

P caiQ cai

P caiQ ambígua

P ambíguoQ cai

Q = quantidade P= Preço

FRENTE FRIA CASTIGA A CALIFÓRNIA DURANTE 4 DIAS: SAFRA DEVASTADA; AUMENTO NO PREÇO DOS CÍTRICOS.

Uma brutal geada que perdurou quatro dias destruiu mais de um terço da safra anual de cítricos da Califórnia, causando prejuízos de meio bilhão de dólares e levantou a perspectiva de que os preços da laranja tripliquem semana que vem nos supermercados. Porém o preço do suco de laranja deverá ser menos afetado porque a maior parte da laranja para a indústria é produzida na Flórida.

Imagine que você seja um triticultor (trigo). Um dia a Universidade estadual anuncia uma grande descoberta. Os pesquisadores do departamento de agronomia desenvolveram um novo híbrido de trigo que aumenta em 20% a produção do hectare plantado. Como você reagiria a novidade? Usaria o novo híbrido? A nova semente melhor ou piora a situação? Neste capítulo veremos que estas questões podem ter respostas surpreendentes. A surpresa advém da aplicação da mais básica das ferramentas econômicas – oferta e demanda – ao mercado de trigo.

A elasticidade mede a resposta dos compradores e vendedores às alterações nas condições do mercado, permitindo-nos analisar a oferta e a demanda com maior precisão.

Nossa análise da demando foi qualitativa, não quantitativa. Isto é, observamos a direção do movimento da quantidade demandada, mas não a dimensão da variação. Para medir a resposta da demanda às alterações em seus determinantes, os economistas usam o conceito da elasticidade.

A elasticidade-preço da demanda mede o quanto à quantidade demandada responde a variações no preço. Diz-se que a demanda de um bem é elástica se a quantidade demandada responde substancialmente a variações no preço. Diz-se que a demanda de um bem é inelástica se a quantidade demandada responde ligeiramente a variações no preço.

O que determina se a demanda por um bem é elástica ou inelástica?Depende de um grande número de forças econômicas, sociais e

psicológicas que moldam os desejos individuais. Contudo, é possível relacionar algumas regras gerais.

Necessidades versus supérfluos. Os bens necessários tendem a ter demandas inelásticas. Quando o preço da consulta médica sobe, as pessoas não alteram drasticamente a freqüência das visitas ao consultório. Por outro lado, quando o preço dos veleiros aumenta, a quantidade demandada de veleiros cai

22

DOS JORNAIS

CAPÍTULO 5 – ELASTICIDADE E SUAS APLICAÇÕES

A ELASTICIDADE DA DEMANDA.

A ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA E SEUS DETERMINANTES.

Page 23: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

substancialmente. A classificação de um bem como necessário ou supérfluo não depende das propriedades intrínsecas do bem, mas das preferências do comprador.

Disponibilidade de substitutos próximos bens que dispõem de substitutos próximos tendem a ter uma demanda mais elástica porque pe mais fácil para os consumidores trocar um bem por outro. Por exemplo, manteiga e margarina são substitutos próximos. Por outro lado, como os ovos não têm substituto muito próximo, a demanda por ovos é provavelmente menos elástica que a demanda por manteiga.

Definição de mercado Mercados definidos de forma restrita tendem a ter uma demanda mais elástica do que mercados definidos de forma ampla. por exemplo, comida, uma categoria ampla, tem uma demanda bastante inelástica porque não há cons substitutos para comida. Sorvete, uma categoria restrita, tem uma demanda mais elástica porque é fácil substituir o sorvete por outras sobremesas. O sorvete de baunilha, uma categoria muito mais restrita, tem uma demanda muito elástica porque outros sabores são substitutos quase que perfeitos para o sorvete de baunilha.

Horizonte temporal Quando o preço da gasolina aumenta, a demanda cai pouco nos primeiros meses. Com o passar do tempo, contudo, as pessoas compram carros que consomem menos gasolina. Em alguns anos, a quantidade demandada da gasolina cai substancialmente.

Elasticidade-preço = Variação percentual da quantidadeda demanda Variação percentual do preço

Por exemplo, suponha um aumento de 10% no preço da casquinha de sorvete provoque uma queda de 20% nas compras de sorvete. Elasticidade= 20%/10%= 2. Uma alta elasticidade-preço implica uma grande resposta da quantidade às variações no preço.

Se você tentar calcular a elasticidade-preço da demanda entre dois pontos de uma curva da demanda, observará, rapidamente, um problema desagradável: a elasticidade entre os pontos A e B, é diferente da elasticidade entre os pontos B e A. Por exemplo, considere estes números:

PONTO A: Preço= U$4,00 Quantidade=120PONTO B: Preço= U$6,00 Quantidade=80

De A para B, o preço aumenta 50% e a quantidade cai 33%, sugerindo que a elasticidade-preço da demanda é 33/50 ou 0,66. Já do ponto B para o ponto A, o preço cai 33% e a quantidade aumenta 50%, sugerindo que a elasticidade-preço da demanda é de 50/33 ou 1,5.

Ponto médio: Preço=U$5,00 Quantidade=100De acordo com o método do ponto médio, quando se passa do ponto A para o

ponto B, o preço aumenta 40% e a quantidade cai 40%. E do ponto B para o ponto A, o preço cai 40% e a quantidade aumenta 40%. Em ambas as direções à elasticidade-

23

CALCULANDO A ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA.

O MÉTODO DO PONTO MÉDIO: UMA FORMA MELHOR DE CALCULAR VARIAÇÕES PERCENTUAIS E ELASTICIDADES.

Page 24: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

preço da demanda é igual a 1. Para calcular a variação é só pegar a diferença (6-4) e dividir pelo valor inicial (4 ou 6).

A demanda é elástica quando é maior que 1. É inelástica quando é menor do que 1. Se a elasticidade for exatamente igual a 1, de modo que a variação da quantidade seja proporcionalmente igual à variação do preço, diz-se que a demanda possui elasticidade unitária.

A seguinte regra prática é bastante útil: quanto mais horizontal for uma curva de demanda, maior será a elasticidade-preço da demanda. Quanto mais vertical for uma curva de demanda que passa por um dado ponto, menor será a elasticidade-preço da demanda.

A receita total é a quantidade paga pelos compradores e recebida pelos vendedores do bem. Em qualquer mercado, a receita total é PxQ. Se a demanda é inelástica, um aumento no preço provoca um crescimento da receita total. Aqui, a subida do preço de U$1 para U$3 provoca um recuo da quantidade demandada de 100 para 80 e, portanto, a receita aumenta de U$100 para U$240.

Obtemos um resultado oposto se a demanda é elástica: um aumento no preço provoca uma redução na receita total. por exemplo, quando o preço aumenta de U$4, para U$5, a quantidade demandada cai de 50 para 20, e a receita total de U$200 para U$100.

Quando a elasticidade-preço da demanda é menor do que 1, um aumento de preços aumenta a receita total e uma queda nos preços a reduz.

Quando a elasticidade-preço da demanda é maior do que 1, um aumento de preços reduz a receita total e uma queda nos preços eleva a receita total.

No caso especial da demanda com elasticidade unitária, uma variação no preço não afeta a receita total.

Embora algumas curvas de demanda tenham a mesma elasticidade em todos os seus pontos, nem sempre isto é o caso. Um exemplo de curva de demanda em que a elasticidade muda é a linha reta.

24

A VARIEDADE DAS CURVAS DE DEMANDA.

RECEITA TOTAL E ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA.

ELASTICIDADE E RECEITA TOTAL AO LONGO DE UMA CURVA DE DEMANDA LINEAR

Page 25: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Preço (U$)

Quantidade Receita Total (PxQ)

Variação percentual do preço

Variação percentual da quantidade

Elasticidade Descrição

76543210

02468101214

01220242420120

151822294067200

200674029221815

133,71,810,60,30,1

ElásticaElásticaElásticaUnitáriaInelásticaInelásticaInelástica

O diretor financeiro informa que os recursos do museu estão se tornando insuficientes. Você aumentaria o preço do ingresso ou o reduziria?

A resposta depende da elasticidade da demanda. Se for inelástica, um aumento no preço do ingresso aumentaria a receita total. Mas se a demanda for elástica, um aumento no preço do ingresso poderia reduzir tanto o número de visitantes que a receita total diminuiria.

Para estimar a elasticidade-preço da demanda você teria de recorrer aos estatísticos. Estes poderiam usar séries históricas para observar como a freqüência ao museu variou de ano para ano. Ou eles poderiam usar dados de freqüência de vários museus em diferentes pontos do país. Para analisar quaisquer destes dados, os estatísticos precisam levar em consideração outros fatores que afetam a freqüência – Clima, população, tamanho da coleção e assim por diante.

Como é que uma empresa privada que opera uma rodovia deveria fixar o pedágio cobrado?

25

Elasticidade menor do que 1

Elasticidade maior do que 1

ESTUDO DE CASO: DETERMINANDO O PREÇO DOS INGRESSOS DE UM MUSEU

DOS JORNAIS

Page 26: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Agora mesmo, os responsáveis por uma nova rodovia privada estão à procura de um ponto mágico. O grupo considerou inicialmente que poderia cobrar cerca de U$2 pelo trajeto de 14 milhas, e atrair algo em torno de 34 mil viagens ao dia de pessoas que fugiriam de rodovias públicas congestionadas. Mas depois de gastar U$350 milhões para construir a muito anunciada “GreenWay”, descobriram com desgosto que apenas um terço desse contingente estava disposto a pagar aquela quantia para poupar 20 minutos. Somente quando a empresa em desespero baixou a taxa de pedágio para U$1, ela conseguiu atrair o trânsito desejado.

A receita média total alcança, hoje, cerca de U$22 mil, em comparação com os U$14.875 anteriores. Afinal, quando o preço foi reduzido em 45% na primavera passada, o volume de tráfego aumentou 200% trem meses depois. Se a mesma razão se aplicar novamente, a redução de outros 25% no pedágio faria com que o movimento passasse para 38 mil viagens ao dia e a receita para U$29 mil. O problema é que obviamente a mesma razão não se aplica a cada ponto de preço e por isso a tarefa de fixar preços é tão complexa. No ano passado, dois economistas realizaram uma pesquisa de mercado.

A conclusão é que as pessoas que atribuíam maior valor à redução de seu tempo de transporte já o tinham feito: a mudança para uma residência mais próxima ao local de trabalho ou à escolha de empregos que permitissem o deslocamento em horários alternativos. Por outro lado, aquelas que percorriam distâncias significativas entre o lar e o trabalho eram mais tolerantes aos congestionamentos e só estavam dispostas a pagar 20% de sua remuneração horária para poupar uma hora de seu tempo. A pesquisa indicou que apenas pessoas que ganhavam em torno de U$30 por hora estariam dispostas a pagar U$2 para poupar 20 minutos.

Elasticidade-renda da demanda Os economistas usam a elasticidade-renda da demanda para descrever como a quantidade demandada varia quando a renda dos consumidores varia. A elasticidade-renda é a variação percentual da quantidade demandada dividida pela variação percentual da renda, ou seja:

Elasticidade-renda = Variação percentual da quantidade demandadada demanda Variação percentual da renda.

Como foi visto no capítulo 4, a maior parte dos bens é bem normal. Os bens normais têm elasticidade-renda positiva. Alguns poucos bens, como passagens de ônibus, são bens inferiores, os bens inferiores têm elasticidade-renda negativa.

Mesmo entre os bens normais, as elasticidades-renda variam substancialmente em intensidade. Produtos básicos, como alimentos e vestuário, tendem a ter elasticidades-renda baixas porque os consumidores, por mais baixa que seja sua renda, compram alguns bens dessa categoria. Bens supérfluos, como caviar e casacos de pelo, tendem a ter grande elasticidade-renda porque os consumidores consideram que podem passar sem eles se sua renda for muito baixa.

Elasticidade cruzada da demanda Os economistas recorrem à elasticidade cruzada da demanda para medir como varia a quantidade demandada de um bem quando o preço de outro varia.

Elasticidade cruzada da demanda= Variação% da quantidade demandada do bem 1

26

OUTRAS ELASTICIDADES DA DEMANDA.

Page 27: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Variação % no preço do bem 2

A elasticidade cruzada será um número positivo ou negativo à medida que os bens sejam substitutos ou complementares. Como vimos no capítulo 4, bens substitutos são aqueles que podem ser utilizados um em lugar do outro tal como hambúrgueres e cachorro quente. Já os bens complementares são em geral usados em conjunto, como computadores e softwares.

Quando analisamos os determinantes da oferta no Capítulo 4, observamos que os vendedores de um bem aumentam a quantidade oferecida quando o seu preço aumenta, quando os preços dos insumos diminuem ou quando ocorre uma melhoria tecnológica.

A elasticidade-preço da oferta mede o quanto a quantidade oferecida responde às alterações nos preços. Diz-se que a oferta de um bem é elástica quando a quantidade oferecida reage substancialmente a uma variação nos preços. Diz-se a uma oferta de um bem é inelástica se a quantidade oferecida reage pouco a uma variação nos preços.

A elasticidade-preço da oferta dependa da possibilidade que os vendedores têm de alterar a quantidade do bem que produzem. Por exemplo, a orla marítima tem uma oferta inelástica porque é quase impossível aumenta-la. Por outro lado, os bens manufaturados como livros, automóveis e televisores têm oferta elástica porque as empresas que os produzem podem estender seu período de funcionamento para atender à oportunidade criada pelos preços mais altos.

Na maioria dos mercados, um determinante-chave da elasticidade da oferta é o período considerado. Em geral a oferta é mais elástica no longo prazo. Em curtos intervalos de tempo, as empresas não podem alterar com facilidade a dimensão de suas instalações para produzir mais ou menos de um bem.

Elasticidade-preço da oferta= variação percentual da quantidade oferecida variação percentual do preço

Suponha, por exemplo, que quando o preço do litro de leite aumenta de U$2,85 para U$3,15, os produtores de leite aumentem a sua produção de 9 mil litros/mês para 11 mil litros/mês. A elasticidade-preço da oferta seria: 20%/10% = 2.

No exemplo, a elasticidade, 2, reflete o fato de que a quantidade oferecida varia proporcionalmente mais que o preço.

Como a elasticidade-preço da oferta pode variar: Uma vez que, freqüentemente, as empresas têm uma capacidade máxima de produção, a elasticidade da oferta pode ser bastante alta quando a quantidade oferecida é pequena e muito baixa quando a quantidade oferecida é alta. Um exemplo é, uma elevação de U$3 parar U$4 aumenta a quantidade oferecida de 100 para 200. Como

27

ELASTICIDADE DA OFERTA.

ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA E SEUS DETERMINANTES

CALCULANDO A ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA

A VARIEDADE DAS CURVAS DE OFERTA

TRÊS APLICAÇÕES DA OFERTA, DA DEMANDA E DA ELASTICIDADE.

Page 28: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

o acréscimo da quantidade oferecida, 100%, é maior que o aumento do preço, 33%, a elasticidade da oferta neste trecho da curva é grande. Já no ponto em que o preço aumenta de u$12 para U$ 15, a quantidade aumenta de 500 para 525. Como o aumento da quantidade é de 5%, é menor do que do preço, 25%, neste trecho a curva de oferta é inelástica.

BOAS NOTÍCIAS PARA A AGRICULTURA PODEM SER MÁS NOTÍCIAS PARA OS AGRICULTORES?

Voltemos à pergunta colocada no início do capítulo: o que acontece com s triticultores e com o mercado do trigo quando pesquisadores das faculdades de agronomia desenvolvem um novo híbrido que é mais produtivo que as variedades existentes?

Neste caso, o desenvolvimento do novo híbrido afeta a curva da oferta. A curva da oferta se desloca para a direita. A curva de demanda permanece inalterada porque o desejo dos consumidores de comprar produtos a base de trigo é o mesmo a qualquer preço dado. Então a quantidade vendida de trigo aumenta de 100 para 110, e o preço cai de 3 para U$2.

Mas a nova variedade melhorou a situação dos agricultores? Vejamos, a receita total dos agricultores é PxQ. A nova variedade de trigo permite aos agricultores produzir mais trigo, mas cada saca de trigo é vendida a um preço menor.

O aumento ou a queda de receita total depende da elasticidade da demanda. E como o trigo, é, em geral, inelástica e quando a curva de demanda é inelástica, o preço do trigo cai substancialmente, enquanto a quantidade vendida aumenta um pouco. Portanto, o desenvolvimento do novo híbrido reduz a receita total auferida pelos agricultores.

Se os agricultores são prejudicados pelo novo híbrido, por que é que o adotam? A resposta a esta pergunta atinge o cerne do funcionamento dos mercados competitivos. Como cada agricultor é uma pequena fração do mercado de trigo, o preço é para ele um dado. A qualquer preço dado do trigo é melhor usar o novo híbrido para produzir e vender mais trigo. Contudo, quando todos os agricultores tiverem feito isso, o preço cai e eles são prejudicados.

Isto ajuda a explicar uma grande mudança registrada pela economia americana no século passado. Cem anos atrás, muitos americanos viviam no campo. O conhecimento dos métodos de cultivo eram suficientemente primitivos. Contudo, com o tempo, os avanços da tecnologia agrícola aumentaram a quantidade de alimentos que cada agricultor podia produzir. Este aumento da oferta de alimentos, aliado a uma demanda inelástica por alimentos, reduziu as receitas dos agricultores, o que, por sua vez, incentivou muita gente a abandonar a atividade agrícola.

Esta análise do mercado de produtos agrícolas também ajuda a explicar um aparente paradoxo das políticas públicas: certos programas de política agrícola tentam melhorar a situação dos agricultores incentivando-os a não plantar em toda sua terra. Por que fazem isso? O objetivo é diminuir a oferta de produtores agrícolas para elevar seus preços. Como a demanda é inelástica, os agricultores, como conjunto, obtêm uma receita total maior, se oferecem ao mercado uma safra menor. Nenhum agricultor isoladamente optaria por deixar suas terras em descanso, uma

28

Page 29: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

vez que considera o preço de mercado um dado. Mas se todos os agricultores agirem da mesma forma, cada um deles estará em melhor situação.

Ao analisar os efeitos da tecnologia ou da política agrícolas, é importante ter em mente que o que é bom para os agricultores não é, necessariamente bom para a sociedade como um todo. Melhorias na tecnologia agrícola podem ser prejudiciais aos agricultores, mas sem dúvida favorecem aos consumidores que pagam menos pelos alimentos. Da mesma forma, uma política destinada a reduzir a oferta de produtos agrícolas pode aumentar a renda dos produtores rurais, mas o faz a expensas do consumidor.

POR QUE A OPEP NÃO CONSEGUIU MANTER ALTOS OS PREÇOS DO PETRÓLEO?

Na década de 1970 os membros da Organização dos países exportadores de petróleo (OPEP) decidiram aumentar o preço mundial do petróleo para aumentar a renda de seus países. Para atingir tal objetivo reduziram conjuntamente a quantidade oferecida de oferecida de petróleo. O preço do petróleo aumentou mais de 50% 3 a 4 anos depois. Alguns anos depois, a OPEP fez o mesmo outra vez. O preço do petróleo aumentou 14% em 1979, 34% em 1980 e mais 34% em 1981.

Contudo, a OPEP encontrou dificuldades para manter a elevação dos preços. De 1982 a 1985 os preços do petróleo registraram um declínio constante de cerca de 10% ao ano. Seguiu-se um período de insatisfação e desorganização entre os países da OPEP. Em 1986 a cooperação entre os países da OPEP estava destruída e os preços do petróleo caíram 45%. Em 90 o preço do petróleo tinha voltado aos níveis de 1970 e assim permaneceu na maior parte da década. O episódio mostra como a oferta e a demanda podem ter comportamentos distintos no curto e no longo prazo. No curto prazo, tanto a oferta quanto à demanda do petróleo são bastante inelásticas. A oferta porque a quantidade conhecida de reservas petrolíferas e a capacidade de extração não podem ser alteradas rapidamente. A demanda é inelástica porque os hábitos de compra não respondem imediatamente às variações de preço. Muitos proprietários de carros antigos, bebedores de gasolina, por exemplo, continuaram a pagar os preços mais altos.

A situação é diferente em longo prazo. Os consumidores procuram conservar mais o combustível, substituindo, por exemplo, os carros mais velhos e ineficientes por novos automóveis mais eficientes.

A REPRESSÃO ÀS DROGAS AUMENTA OU DIMINUI OS CRIMES RELACIONADOS A DROGAS?

O uso de drogas provoca vários efeitos adversos. Os dependentes freqüentemente se voltam para o roubo e outros crimes violentos para obter o dinheiro necessário ao sustento da droga.

Imagine que o governo aumento o número de agentes federaisO preço de equilíbrio da droga aumenta, enquanto a quantidade de equilíbrio se reduz. A queda na quantidade de equilíbrio mostra que o combate às drogas reduz seu uso. Mas o que ocorre com o número de crimes relacionados às drogas? Para responder a esta questão, imagine o montante total que os usuários gastam com a droga. Como poucos usuários abandonarão seu hábito destrutivo em resposta ao aumento no preço, é provável que a demanda por drogas seja inelástica. Se a se a demanda é inelástica, então o aumento no preço aumenta a receita total do mercado de drogas.

29

Page 30: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

Viciados que já tinham que roubas para sustentar seu vício precisarão ainda mais de dinheiro rápido. Portanto, o combate às drogas poderia aumentar a incidência de crimes relacionados às drogas.

Em função deste efeito adverso do combate às drogas, alguns analistas defendem um tratamento alternativo para o problema da droga. Em lugar de tentar reduzir a oferta de drogas, seria preferível tentar reduzir a demanda através de uma política educacional específica. Um programa educativo bem-sucedido desloca a curva de demanda para a esquerda, a quantidade de equilíbrio cai e o preço de equilíbrio se reduz.

Os defensores do combate às drogas poderiam argumentar: A demanda por drogas é, provavelmente inelástica no curto prazo, mas a demanda pode ser mais elástica a longo prazo, porque os preços mais altos desestimulam a experimentação de drogas por parte dos mais jovens e, com o passar do tempo, levariam à redução do número de viciados. Sendo assim, o combate às drogas aumentaria os crimes relacionados a elas no curto prazo, mas os reduziria no longo prazo.

Os economistas exercem dois papéis. Como cientistas, desenvolvem e testam teorias para explicar o mundo que os cerca. Como formuladores de políticas públicas, usam suas teorias para tentar mudar e melhorar o mundo. Os dois capítulos anteriores se concentram em aspectos da ciência. Vimos como a oferta e a demanda determinam o preço e a quantidade de um bem vendido. Também observamos como alguns fatos deslocam a oferta e a demanda e, portanto, alteram preço e quantidade de equilíbrio.

Este Capítulo é nossa primeira incursão no campo da política econômica. Em primeiro lugar observaremos as políticas que controlam preços de forma direta. Por exemplo, as leis que regulamentam os aluguéis estabelecem o teto máximo que pode ser cobrado dos inquilinos. A legislação trabalhista determina o salário mínimo que as empresas podem pagar a seus trabalhadores. Os controles de preço são aplicados, em geral, quando os formuladores de políticas acreditam que o preço de mercado de um bem ou serviço é injusto para o comprador ou para o vendedor. Contudo, como veremos, essas políticas podem gerar outras injustiças.

Depois de examinar os controles de preço, passaremos ao impacto dos impostos. Os formuladores de política econômica usam a tributação para influir sobre resultados de mercado e para obter receita para atender a finalidades públicas. Embora o predomínio dos impostos na economia dos Estados Unidos seja óbvio, seus impactos não o são. Por exemplo, quando o governo fixa um imposto sobre os salários que as empresas pagam a seus funcionários, quem carrega o ônus do tributo, a empresa ou os trabalhadores? A resposta não é clara – até serem aplicadas as poderosas ferramentas da oferta e da demanda.

Para ver como os controles de preço afetam os resultados de mercado, observemos novamente o mercado de sorvetes. Imaginemos que o preço de equilíbrio da casquinha de sorvete seja de U$3,00.

Nem todo mundo ficará feliz com o desfecho deste processo de livre mercado. Digamos que a Associação dos Consumidores de Sorvete se queixe de que o preço de U$3,00 é demasiado alto para que todos possam usufruir de uma casquinha de

30

CAPÍTULO 6 - OFERTA, DEMANDA E POLÍTICAS ECONÔMICAS DO GOVERNO.

CONTROLES DE PREÇO

Page 31: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

sorvete por dia (dieta recomendada pela associação). Ao mesmo tempo, a Organização dos Produtores de Sorvete afirma que o preço de U$3 – resultado de uma “concorrência feroz” – está deprimindo a receita de seus associados. Cada um desses lobbies reivindica do governo leis destinadas a alterar o resultado do mercado através de um controle direto dos preços.

Naturalmente, como os consumidores de qualquer bem querem preços menores e os vendedores desejam preços maiores, há um conflito entre os interesses dos dois grupos. Se os consumidores de sorvete forem bem-sucedidos em suas pressões, o governo fixará um teto para o preço da venda do sorvete, isto é, um preço máximo. Se os produtores de sorvete forem atendidos, o governo aprovará um piso para o preço do sorvete, ou seja, um preço mínimo. Vejamos as conseqüências de cada uma destas políticas.COMO OS PREÇOS MÁXIMOS AFETAM OS RESULTADOS DE MERCADO:

Quando o governo, em resposta às reivindicações dos consumidores de sorvete fixa um preço máximo para o mercado de sorvetes, há duas conseqüências possíveis. O governo fixando um preço máximo de U$4,00 para a casquinha de sorvete. Neste caso, como o preço que equilibra a oferta e a demanda está abaixo do máximo, este não se torna compulsório. As forças de mercado deslocarão, naturalmente, a economia em direção ao equilíbrio e o preço máximo não terá conseqüências.

A outra possibilidade, bem mais interessante. Neste caso, o governo estabelece um preço máximo de U$2. Como o preço de equilíbrio está acima do preço máximo, este se torna compulsório. As forças da oferta e da demanda tendem a movimentar o preço a seu nível de equilíbrio, mas quando o preço de mercado bate no teto representado pelo preço máximo, não pode continuar sua ascensão. Portanto, o preço de mercado se iguala ao preço máximo. A este preço, a quantidade demandada de sorvete, excede a quantidade oferecida. Há uma escassez de sorvete.

Quando uma escassez de sorvete é provocada por esse preço máximo, terá de se desenvolver naturalmente algum mecanismo de racionamento de sorvete. Esse mecanismo pode tomar a forma de longas filas: os compradores dispostos a chegar cedo e esperar na fila conseguem o sorvete, os que não estiverem, ficam sem sorvete. Ou os vendedores podem racionar o sorvete de acordo com suas idiossincrasias, vendendo-o apenas para amigos, familiares ou pessoas de seu grupo étnico ou racial.

Este exemplo mostra um resultado geral: quando o governo fixa um preço máximo compulsório em um mercado competitivo, surge escassez do bem, e os vendedores precisam racionar o bem escasso entre o grande número de compradores potenciais.

Como foi visto no capítulo anterior, em 1973 a OPEP aumentou o preço do petróleo cru no mercado mundial. Como o petróleo cru é o principal insumo da gasolina. Longas filas nos postos se tornaram lugar-comum e os motoristas muitas vezes tinham que esperar várias horas para comprar alguns poucos litros de gasolina.

Quem é o responsável pelas longas filas? Muitos culparam a OPEP. Sem dúvida, se a OPEP não tivesse aumentado o preço do petróleo cru, a escassez da

31

ESTUDO DE CASO: FILAS NOS POSTOS DE GASOLINA.

Page 32: Introdu__o___Economia_-_Microeconomia_e_Macroeconomia-_resumo[1]

gasolina não teria ocorrido. Contudo, os economistas culparam a regulamentação governamental que limitava o preço que as empresas poderiam cobrar pela gasolina.

Antes que a OPEP aumentasse o preço do petróleo cru, o preço de equilíbrio da gasolina, estava abaixo do preço máximo. Portanto, os controladores de preço não causavam qualquer impacto. Quando o preço do petróleo cru aumentou, a situação se alterou. O aumento do preço do petróleo cru elevou o custo de produção da gasolina, e isto reduziu a sua oferta. A curva de oferta se deslocou, em um mercado não regulamentado, este deslocamento da oferta teria aumentado o preço de equilíbrio e nenhuma escassez teria se manifestado. Mas o preço máximo impediu que o preço aumentasse para seu nível de equilíbrio.

A seca no leste foi culpada pela falta dágua, mas isso é caluniar a mãe natureza. Certamente a seca é a causa imediata, mas os verdadeiros culpados são os regulamentos que não permitem que mercados e preços equilibrem demanda e oferta.

Cidades estão restringindo o uso da água; algumas foram ao ponto de proibir os restaurantes de servir água exceto aos clientes que solicitassem expressamente um copo do líquido. As forças do mercado poderiam assegurar farta disponibilidade de água mesmo em anos de seca. Nos países em desenvolvimento, apesar do crescimento populacional, o percentual de água com acesso à água potável aumentou de 44% em 1980 para 74% em 1994. O aumento da renda proporcionou a esses países os meios de oferecer água potável.

A oferta também, aumenta quando os usuários já existentes têm um incentivo para conservar o excedente à disposição do mercado. O banco permite aos agricultores fazer um leasing de água de outros usuários nos períodos de seca. O preço foi de U$125 por 1,23 milhões de litros, a oferta de água superou a demanda na proporção de dois para um. Isto é, muito mais pessoas queriam vender água do que compra-la.

Infelizmente, os consumidores de água do leste não pagam preços realistas pela água. De modo ainda mais geral, a legislação regional proíbe às pessoas comprar e vender água.

A transformar a água em uma commodity e liberar as forças de mercado, os formuladores de políticas públicas não fariam as secas sumirem, mas reduziriam os sacrifícios por elas impostos ao permitir que a bomba invisível aguasse os mercados.

Finalmente, as leis que regulamentavam o preço da gasolina foram revogadas. Os legisladores entenderam que eles eram responsáveis, em parte, pelas muitas horas que os americanos perderam nas filas à espera da gasolina. Hoje, quando há alterações no preço do petróleo cru, o preço da gasolina pode ajustar-se para equilibrar a oferta e a demanda.

32

DOS JORNAIS: Uma seca provoca necessariamente falta de água?