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Invertebrados Aquáticos como Bioindicadores Marcos Callisto 1 ; José Francisco Gonçalves Jr. 2 & Pablo Moreno 3 Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Biologia Geral, Laboratório de Ecologia de Bentos, CP. 486, CEP. 30.161-970, Belo Horizonte, MG, [email protected] - www.icb.ufmg.br/~bentos 1 Prof. Ecologia, Depto. Biologia Geral, Inst. Ciências Biológicas/UFMG – pesquisador 1C-CNPq 2 Doutorando Programa de Pós-Graduação ECMVS-ICB/UFMG 3 Mestrando Programa de Pós-Graduação ECMVS-ICB/UFMG Abstract Some aquatic invertebrates can indicate the quality of freshwater ecosystem habitats. Their presence or absence can be interpreted as signals of changes in the environment, or help to diagnose the causes of an environmental problem. Anthropogenic impacts are reducing water quality and freshwater biodiversity. Here, we discuss the value of benthic macroinvertebrates as example of potential ecological indicators in Environmental Biomonitoring Program developed in the das Velhas River watershed, Minas Gerais State, Brazil. Changes in characteristics and ecosystem services are discussed by comparing human impacted and natural freshwater ecosystems. Introdução Os ecossistemas aquáticos têm sido alterados de maneira significativa devido a múltiplos impactos ambientais resultantes de atividades mineradoras; construção de barragens e represas; retificação e desvio do curso natural de rios; lançamento de efluentes domésticos e industriais não tratados; desmatamento e uso inadequado do solo em regiões ripárias e planícies de inundação; exploração de recursos pesqueiros e introdução de espécies exóticas (Goulart & Callisto, 2003). O resultado dessas alterações representa uma queda acentuada da biodiversidade aquática, em função da desestruturação do ambiente físico, químico e alterações na dinâmica e estrutura das comunidades biológicas (Callisto et al., 2001b). Os rios recebem materiais, sedimentos e poluentes de toda sua bacia de drenagem, refletindo os usos e ocupação do solo nas áreas vizinhas. Os principais processos degradadores, resultantes das atividades humanas nas bacias de drenagem, causam o assoreamento e homogeneização do leito de rios e córregos, diminuição da diversidade de hábitats e microhábitats e eutrofização artificial (enriquecimento por aumento nas concentrações de fósforo e nitrogênio e conseqüente perda da qualidade ambiental) (Callisto et al., 2002; Goulart & Callisto, 2003). A bacia do rio das Velhas abrange 760 Km de extensão da cidade de Ouro Preto a Barra do Guaicuí (MG), sendo a maior sub-bacia do rio São Francisco. Cerca de 4,5 milhões de habitantes, em mais de 50 municípios dependem de suas águas em uma área de quase 30 mil Km 2 . Estas águas, além de serem hábitats 1

Invert Aquatic Os

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invertebrados aquáticos

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  • Invertebrados Aquticos como Bioindicadores

    Marcos Callisto1; Jos Francisco Gonalves Jr. 2 & Pablo Moreno3

    Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Cincias Biolgicas, Departamento de Biologia Geral, Laboratrio de Ecologia de Bentos, CP. 486, CEP. 30.161-970, Belo Horizonte, MG, [email protected] - www.icb.ufmg.br/~bentos 1 Prof. Ecologia, Depto. Biologia Geral, Inst. Cincias Biolgicas/UFMG pesquisador 1C-CNPq 2 Doutorando Programa de Ps-Graduao ECMVS-ICB/UFMG 3 Mestrando Programa de Ps-Graduao ECMVS-ICB/UFMG

    Abstract Some aquatic invertebrates can indicate the quality of freshwater ecosystem habitats. Their presence or absence can be interpreted as signals of changes in the environment, or help to diagnose the causes of an environmental problem. Anthropogenic impacts are reducing water quality and freshwater biodiversity. Here, we discuss the value of benthic macroinvertebrates as example of potential ecological indicators in Environmental Biomonitoring Program developed in the das Velhas River watershed, Minas Gerais State, Brazil. Changes in characteristics and ecosystem services are discussed by comparing human impacted and natural freshwater ecosystems.

    Introduo Os ecossistemas aquticos tm sido alterados de maneira significativa

    devido a mltiplos impactos ambientais resultantes de atividades mineradoras; construo de barragens e represas; retificao e desvio do curso natural de rios; lanamento de efluentes domsticos e industriais no tratados; desmatamento e uso inadequado do solo em regies riprias e plancies de inundao; explorao de recursos pesqueiros e introduo de espcies exticas (Goulart & Callisto, 2003).

    O resultado dessas alteraes representa uma queda acentuada da biodiversidade aqutica, em funo da desestruturao do ambiente fsico, qumico e alteraes na dinmica e estrutura das comunidades biolgicas (Callisto et al., 2001b). Os rios recebem materiais, sedimentos e poluentes de toda sua bacia de drenagem, refletindo os usos e ocupao do solo nas reas vizinhas. Os principais processos degradadores, resultantes das atividades humanas nas bacias de drenagem, causam o assoreamento e homogeneizao do leito de rios e crregos, diminuio da diversidade de hbitats e microhbitats e eutrofizao artificial (enriquecimento por aumento nas concentraes de fsforo e nitrognio e conseqente perda da qualidade ambiental) (Callisto et al., 2002; Goulart & Callisto, 2003). A bacia do rio das Velhas abrange 760 Km de extenso da cidade de Ouro Preto a Barra do Guaicu (MG), sendo a maior sub-bacia do rio So Francisco. Cerca de 4,5 milhes de habitantes, em mais de 50 municpios dependem de suas guas em uma rea de quase 30 mil Km2. Estas guas, alm de serem hbitats

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  • naturais para a vida silvestre, abastecem residncias e indstrias, so utilizadas em atividades de saneamento (diluio de esgotos), extrao mineral, hotelaria, dessedentao de animais, pesca, piscicultura, agricultura, gerao de energia eltrica, navegao, recreao de contato primrio. Entretanto, o desenvolvimento econmico e social dos municpios e o crescimento acelerado das populaes de entorno tm aumentado de maneira quase exponencial a emisso de efluentes no tratados de esgotos domsticos e industriais, superando a capacidade de tamponamento em grande parte da bacia, reduzindo a qualidade das guas na bacia.

    Os impactos ambientais nos ecossistemas aquticos tm diferentes origens e formas. Muitas vezes, o lanamento de compostos qumicos nas guas resulta em concentraes muito superiores quelas encontradas naturalmente (Tabela 1). Como conseqncia, observam-se modificaes no curso e composio fsico-qumica natural dos rios, na cobertura vegetal, nas margens, na cor da gua e na biota existente.

    A proteo dos mananciais de recursos hdricos deve ter uma alta prioridade na sociedade moderna. Estes mananciais localizam-se em crregos, rios, lagos e lagunas ou aqferos subterrneos e so utilizados para suprir as atividades das populaes humanas (domsticas, agrcolas e industriais). Impedir a contaminao de fontes de gua potvel importante para uma boa sade pblica, pois diminui os gastos com o tratamento de doenas de veiculao hdrica, e tambm garante a integridade e manuteno da vida silvestre. O tratamento de 1m3 de gua de boa qualidade custa quatro vezes menos do que gasto com o tratamento da mesma quantidade de gua de um rio poludo (Goulart & Callisto, 2003). Alm disso, cada real aplicado em gua e esgoto poupa R$ 4,30 em sade, o que certamente ajudaria a diminuir a mdia de 238 bitos/dia causados por doenas provocadas pela gua contaminada e dois teros das internaes hospitalares no SUS (includos os adultos) (informaes do Dr. Marcelo Chiaperini, mdico sanitarista, publicadas no Jornal O Tempo, Belo Horizonte, de 24/08/2003). Infelizmente, tem-se observado o crescimento de fontes poluidoras em especial o lanamento de esgotos e efluentes industriais nos leitos dos nossos rios. Com isso, a sociedade brasileira se v obrigada cada vez mais a investir mais recursos no tratamento da gua. Outro grave problema ambiental tambm observado ao longo dos crregos e rios, sobretudo nos que se localizam em plancies de inundao, a retirada das matas ciliares. A retirada da vegetao marginal na margem dos rios elimina as barreiras naturais que impedem o carreamento de fertilizantes e herbicidas, expe as margens eroso, facilita o transporte de sedimentos e o assoreamento do leito dos rios. Alm disso, aumenta o fluxo da correnteza, reduz a capacidade de reteno e infiltrao de gua no solo, e aumenta os efeitos das enchentes e inundaes.

    Bioindicadores de Qualidade de gua

    Bioindicadores so espcies, grupos de espcies ou comunidades biolgicas cuja presena, quantidade e distribuio indicam a magnitude de impactos ambientais em um ecossistema aqutico e sua bacia de drenagem

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  • (Callisto & Gonalves, 2002). Sua utilizao permite a avaliao integrada dos efeitos ecolgicos causados por mltiplas fontes de poluio. Alm disso, o uso dos bioindicadores mais eficiente do que as medidas instantneas de parmetros fsicos e qumicos (p.ex. temperatura, pH, oxignio dissolvido, teores totais e dissolvidos de nutrientes, etc) que so normalmente medidos no campo e utilizados para avaliar a qualidade das guas. A Agncia de Controle Ambiental dos Estados Unidos (U.S. Environmental Protection Agency USEPA) e a Diretriz da Unio Europia (94C 222/06, 10 de agosto de 1994) recomendam a utilizao de bioindicadores como complemento s informaes sobre a qualidade das guas.

    Dentre os bioindicadores h grupos de espcies diretamente relacionados a um determinado agente poluidor ou a um fator natural potencialmente poluente (p.ex. altas densidades Oligochaeta (minhocas dgua) e de larvas vermelhas de Chironomus, Diptera, em rios com elevados teores de matria orgnica). Alm disso, so importantes ferramentas para a avaliao da integridade ecolgica (condio de sade de um rio, avaliada atravs da comparao da qualidade da gua e diversidade de organismos entre reas impactadas e reas de referncia, ainda naturais e a montante). Os bioindicadores mais utilizados so aqueles capazes de diferenciar entre fenmenos naturais (p.ex. mudanas de estao e ciclos de chuva-seca) e estresses de origem antrpica, relacionados a fontes de poluio pontuais ou difusas.

    A Abordagem Bioindicadores no Programa de Biomonitoramento Ambiental na Bacia do Rio das Velhas

    Para utilizar bioindicadores de qualidade de gua necessria a obteno de informaes cientficas. Especificamente, necessrio saber quais so as comunidades biolgicas que devem ser monitoradas em um ecossistema aqutico, como monitor-las, analisar estatisticamente e interpretar os dados, e tambm qual ser o custo do monitoramento (financeiro, recursos tcnicos, infra-estrutura). O desenvolvimento de um Programa de Biomonitoramento adequado depende de critrios, padres e avaliao dos riscos de ocorrncia de impactos ambientais. As informaes cientficas obtidas devem ser prontamente disponibilizadas para as agncias governamentais de controle ambiental (p.ex. FEAM, IBAMA e Secretarias de Meio Ambiente), por intermdio de relatrios sintticos, objetivos e de fcil compreenso, elaborados por especialistas com comprovada experincia, que relatem os resultados das pesquisas cientficas e de como estes devem ser utilizados para a solues de problemas ambientais (Figura 1). As informaes podero ajudar as Agncias Governamentais de controle ambiental (p.ex. FEAM, Comits de Bacia) na classificao da qualidade das guas e a orientar os diferentes segmentos da sociedade sobre seu uso adequado (Quadro 1). Atualmente, o enquadramento de nossos rios em classes de guas realizado segundo padres fsico-qumicos, considerando a toxicidade relativa ao consumo humano, sem levar em conta informaes sobre organismos bioindicadores de qualidade de gua.

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  • A utilizao dos bioindicadores extremamente til, especialmente para a avaliao de impactos ambientais decorrentes de descargas pontuais de esgotos domsticos e efluentes industriais. Monitorando-se estaes de amostragem a montante, no local de lanamento e a jusante da fonte poluidora, pode-se identificar as conseqncias ambientais para a qualidade da gua e sade do ecossistema aqutico.

    A composio em espcies e a distribuio espao-temporal dos organismos aquticos alteram-se pela ao dos impactos. Quanto mais intensos forem, mais pronunciadas sero as respostas ecolgicas dos organismos aquticos bioindicadores de qualidade de gua, podendo haver inclusive a excluso de organismos sensveis poluio (como as formas imaturas de muitas espcies de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera) (Callisto et al., 2001a).

    A aplicao de Programas de Biomonitoramento por meio de bioindicadores de qualidade de gua ocorre em etapas (Quadro 2). Como resultado destes programas, pode-se avaliar a eficincia de estaes de tratamento de esgotos (ETEs) e subseqentes lanamentos em corpos dgua, assoreamentos em rios, efeito de chuva cida e de prticas agrcolas, remoo da vegetao ripria e efeitos da introduo de espcies exticas sobre as espcies existentes no local.

    Os macroinvertebrados bentnicos so eficientes para a avaliao e monitoramento de impactos de atividades antrpicas em ecossistemas aquticos continentais (Callisto, 2000; Goulart & Callisto, 2003). So relativamente ssseis e muitos organismos bentnicos (benthos, do grego, fundo) alimentam-se de matria orgnica produzida na coluna dgua ou daquela proveniente da vegetao marginal que cai no leito dos rios. So importantes componentes da dieta de peixes, anfbios e aves aquticas e por isso transferem a energia obtida da matria orgnica morta retida no sedimento para os animais que deles se alimentam. O conjunto de organismos chamados macroinvertebrados bentnicos vive no fundo de corpos dgua continentais (rios e lagos). Dentre eles predominam as larvas de insetos aquticos, minhocas dgua, caramujos, vermes e crustceos, com tamanhos de corpo maiores que 0,2-0,5 mm (Callisto, 2000).

    Os macroinvertebrados bentnicos so bons bioindicadores da qualidade de gua porque so geralmente mais permanentes no ambiente, pois vivem de semanas a alguns meses no sedimento. Por este motivo, o seu monitoramento torna-se mais eficiente que o monitoramento baseado apenas na mensurao de parmetros fsicos e qumicos (Lenat & Barbout, 1994; Alba-Tercedor, 1996). O Programa de Biomonitoramento Ambiental ideal o que integra medies fsicas, qumicas e biolgicas, permitindo a caracterizao fsico-qumica dos ecossistemas aquticos de uma bacia hidrogrfica e o estudo da ecologia dos organismos bioindicadores de qualidade de gua. O uso destes organismos como bioindicadores baseado em um princpio simples: submetidos a condies adversas, os organismos se adaptam ou morrem. Portanto, os organismos que vivem em um dado ecossistema esto adaptados s suas condies ambientais e por isso devem refletir o nvel de preservao de condies naturais ou as

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  • alteraes provocadas pela emisso de poluentes ambientais (Hynes, 1974) (Figura 2). No Projeto Manuelzo, no mbito do sub-projeto S.O.S. Rio das Velhas, temos a integrao de pesquisadores do Instituto de Cincias Biolgicas da UFMG e do Laboratrio Metropolitano da COPASA, para o desenvolvimento do Programa de Biomonitoramento da bacia do rio das Velhas. Alm de parmetros fsico-qumicos (p.ex. temperatura, oxignio dissolvido, condutividade eltrica, P-total, N-total, N-NH4+, TDS, turbidez), tm sido realizadas coletas de parmetros microbiolgicos de qualidade de gua (p.ex. coliformes totais, coliformes termotolerantes, Escherichia coli, Estreptococos fecais) e amostragens qualitativas e quantitativas de fitoplncton e zooplncton, alm de peixes e macroinvertebrados bentnicos.

    Perspectivas Futuras A utilizao dos bioindicadores de qualidade de gua no Programa de

    Biomonitoramento Ambiental da bacia do rio das Velhas, contribuir para o diagnstico das condies ambientais e proporcionar informaes cientficas que subsidiem os tomadores de deciso (Figura 3). Esta abordagem baseada na busca do conhecimento da estrutura e funcionamento das comunidades de macroinvertebrados bentnicos bioindicadores de qualidade de gua; o entendimento da dinmica dos recursos hdricos na bacia do rio das Velhas; a formulao de modelos ecolgicos e no desenvolvimento e aplicao de ndices biticos calibrados para a realidade climtica brasileira. Acreditamos que estas ferramentas ecolgicas possam ser utilizadas na avaliao da sade, qualidade e preservao dos ecossistemas aquticos. O projeto Manuelzo poder ento contribuir para a formulao de um modelo de gesto dos recursos hdricos no Estado de Minas Gerais. A partir de ento, este modelo poder servir de exemplo para a formulao de projetos ambientais do mesmo porte em outras regies de nosso pas.

    Paralelamente, est sendo firmado um Acordo de Cooperao Cientfica entre a UFMG e a US-Environmental Protection Agency (EUA), que permitir o intercmbio de pesquisadores, ps-graduandos e graduandos para treinamento em Programas de Monitoramento Ambiental nos Estados Unidos. Esta parceria com o US-EPA nos ajudar a desenvolver este Programa de Biomonitoramento Ambiental na bacia do Rio das Velhas utilizando metodologias e tcnicas atuais e padronizadas internacionalmente.

    Os resultados obtidos serviro para apontar reas prioritrias para a preservao da vida silvestre e para decidir quais as medidas corretas para efetuar o manejo sustentado para a explorao racional pela sociedade, incluindo a pesca e o abastecimento domstico e industrial. Esse tipo de manejo sustentado prev a diminuio dos riscos sade das populaes que vivem ou dependem dos recursos hdricos da bacia do rio das Velhas. Agradecimentos Somos especialmente gratos aos colegas do Laboratrio de Ecologia de Bentos do ICB/UFMG (bilogos Juliana Frana, Wander Ribeiro e Karina Moreyra) pelo auxlio nas coletas de campo e processamento do material em laboratrio; s

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  • sugestes verso preliminar deste texto pelo Prof. Rogrio Parentoni Martins (UFMG), Prof. Leonardo Maltchik (UNISINOS, RS), Prof. Alex Enrich-Prast (UFRJ) e Prof. Michael Goulart (FEAM e FAPAM, MG); coordenao do Projeto Manuelzo pelo convite a participar deste livro; ao apoio financeiro, logstico e de infra-estrutura concedidos pelo CNPq, FAPEMIG, CAPES, US Fish & Wildlife Service, Pad Foundation, Pad Aware Foundation, CEMIG, COPASA e Petrobrs. Referncias Bibliogrficas ALBA TERCEDOR, J. 1996. Macroinvertebrados acuaticos y calidad de las

    aguas de los rios. IV Simposio del agua en Andaluzia (SIAGA), Almeria, v. 2, p. 203-13. IBSN: 84-784

    CALLISTO, M. 2000. Macroinvertebrados bentnicos. In: Bozelli, R.L.; Esteves, F.A. & Roland, F. Lago Batata: impacto e recuperao de um ecossistema amaznico. Eds. IB-UFRJ/SBL. Rio de Janeiro, 139-152pp.

    CALLISTO, M., FERREIRA, W., MORENO, P., GOULART, M. D. C., PETRUCIO, M. 2002. Aplicao de um protocolo de avaliao rpida da diversidade de habitats em atividades de ensino e pesquisa (MG-RJ). Acta Limnologica Brasiliensia. v.13: 91-98.

    CALLISTO, M. & GONALVES, J.F.Jr. 2002. A vida nas guas das montanhas. Cincia Hoje 31 (182): 68-71

    CALLISTO, M., MORENO, P., BARBOSA, F. 2001a. Habitat diversity and benthic functional trophic groups at Serra do Cip, Southeast Brazil. Brazilian Journal of Biology 61(2): 259-266.

    CALLISTO, M., MORETTI, M., GOULART, M. D. C. 2001b. Macroinvertebrados bentnicos como ferramenta para avaliar a sade de riachos. Revista Brasileira de Recursos Hdricos, 6 (1)71-82.

    GOULART, M.D. & CALLISTO, M. 2003. Bioindicadores de qualidade de gua como ferramenta em estudos de impacto ambiental. Revista FAPAM (no prelo).

    HYNES, H, B. N. 1974. Comments on taxonomy of Australian Austroperlidae and Gripopterygidae (Plecoptera). Australian Journal of Zoology. Csiro Publications, Collingwood. 1-52, Suppl. 9.

    LENAT, D. R. & BARBOUT, M. T. 1994. Using benthic macroinvertebrate communitie structure for rapid, cost effective, water quality monitoring: rapid bioassessment. In: Coeb, S. L. & Spacie, A. (eds) Biological Monitoring of aquatic systems. Lewis Publishers, Boca Ratom, Florida; p. 187-215

    U.S. Environmental Protection Agency (USEPA). On line site: http://www.epa.org

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  • Bioindicadores em Programas de Biomonitoramento Ambiental

    Etapa 1: Levantamento de dados

    Etapa 2: Identificao de parmetros fsicos e qumicos e de organismos bioindicadores

    Etapa 3: Avaliao da situao atual e proposio de medidas de controle ambiental, manejo de

    recursos naturais, recuperao de reas degradadas

    Etapa 4: Repasse de informaes para o pblico em geral (associaes de moradores, escolas,

    ONGs), rgos de controle ambiental, empresas e tomadores de deciso.

    Aval

    ia

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    Bioindicadores em Programas de Biomonitoramento Ambiental

    Etapa 1: Levantamento de dados

    Etapa 2: Identificao de parmetros fsicos e qumicos e de organismos bioindicadores

    Etapa 3: Avaliao da situao atual e proposio de medidas de controle ambiental, manejo de

    recursos naturais, recuperao de reas degradadas

    Etapa 4: Repasse de informaes para o pblico em geral (associaes de moradores, escolas,

    ONGs), rgos de controle ambiental, empresas e tomadores de deciso.

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    Figura 1: Etapas de um programa de biomonitoramento ambiental, utilizando os bioindicadores de qualidade de gua.

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  • Bioindicadores de guas

    de Boa Qualidade

    Bioindicadores de guasde M Qualidade

    Trichoptera Odontoceridae Vivem em guas correntes, limpas e bem oxigenadas. Constroem casas para se proteger.

    Plecoptera - Perlidae Altamente sensveis poluio. Vivem em guas de tima qualidade.

    Ephemeroptera - Oligoneuridae Vivem em guas limpas e correntes, com alta oxigenao.

    Coletoptera - Psephenidae Algumas espcies desenvolvem todo o seu ciclo de vida na gua, algumas possuem apenas larvas e pupas aquticas, e os adultos so areos. Intolerantes poluio.

    Diptera - Chironomidae Vivem em diferentes ambientes aquticos. Algumas espcies so tolerantes poluio orgnica (esgotos) e industrial, podendo viver em guas poludas.

    Oligochaeta Vivem em qualquer tipo de gua, sendo tolerantes poluio. Bem adaptados a sedimento lodoso com abundncia de detritos de plantas e animais.

    Figura 2: Exemplos de macroinvertebrados bentnicos bioindicadores de qualidade de gua em um ecossistema natural (crrego Congonhas, Parque Nacional da Serra do Cip, MG) e em um ecossistema impactado (crrego do Cardoso, regio metropolitana de Belo Horizonte, MG). (Fotos do acervo do Laboratrio de Ecologia de Bentos do ICB/UFMG).

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  • ECOSSISTEMAS NATURAIS

    DEGRADAO AMBIENTAL

    CARACTERSTICAS

    9 Alta diversidade de espcies9 Alta resilincia9 Alta resistncia

    SERVIOS

    9 Abastecimento domstico e industrial9 Irrigao9 Dessedentao de animais9 Preservao da fauna e flora9 Recreao e lazer9 Gerao de energia eltrica9 Recursos pesqueiros9 Transporte e navegao

    ECOSSISTEMAS IMPACTADOSCARACTERSTICAS

    DESSERVIOS

    9 Reduo da diversidade de espcies9 Eutrofizao artificial9 Contaminao ou poluio bacteriana9 Poluio qumica das guas9 Corroso de canalizaes9 Cor, sabor e odor desagradveis9 Formao de espumas9 Elevao do custo de tratamento

    9 Doenas9 Diluio de despejos9 Mortandades de peixes9 Reduo do valor econmico9 Destruio de plantaes

    ECOSSISTEMAS NATURAIS

    DEGRADAO AMBIENTAL

    CARACTERSTICAS

    9 Alta diversidade de espcies9 Alta resilincia9 Alta resistncia

    SERVIOS

    9 Abastecimento domstico e industrial9 Irrigao9 Dessedentao de animais9 Preservao da fauna e flora9 Recreao e lazer9 Gerao de energia eltrica9 Recursos pesqueiros9 Transporte e navegao

    ECOSSISTEMAS IMPACTADOSCARACTERSTICAS

    DESSERVIOS

    9 Reduo da diversidade de espcies9 Eutrofizao artificial9 Contaminao ou poluio bacteriana9 Poluio qumica das guas9 Corroso de canalizaes9 Cor, sabor e odor desagradveis9 Formao de espumas9 Elevao do custo de tratamento

    9 Doenas9 Diluio de despejos9 Mortandades de peixes9 Reduo do valor econmico9 Destruio de plantaes

    Figura 3: Quadro esquemtico das conseqncias da degradao ambiental a partir das caractersticas e servios de ecossistemas naturais e impactados.

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  • Tabela 1: Principais tipos de impactos ambientais em ecossistemas aquticos brasileiros.

    Tipos de Impactos Ambientais Descrio

    Hidrolgicos Mudanas no nvel da gua, assoreamento do curso natural dos rios e volume de aqferos (drenagem, diminuio do lenol fretico, mudanas globais do clima).

    Condies de Cobertura Vegetal Mudanas na cobertura e densidade de plantas, tanto natural quanto causada por fatores antrpicos (queimadas, pastoreio, aplicaes de herbicidas).

    Salinidade Mudanas nos teores de slidos totais dissolvidos na coluna dgua, solos, sedimentos, de origem natural ou antrpica.

    Sedimentao e Turbidez Mudanas fsicas no substrato de fundo e/ou mudanas na transparncia da gua e penetrao de luz causada pelo carreamento ou ressuspenso de matria orgnica ou (especialmente) inorgnica, adicionada de fontes naturais ou fatores antrpicos (p.ex. eroso das margens).

    Aumento da Carga de Nutrientes e Dficit de Oxignio

    (Anoxia)

    Aumento da disponibilidade de fsforo e nitrognio em concentraes maiores do que as naturais, normalmente devido introduo de esgotos domsticos sem tratamento, aplicao de fertilizantes, resultando no processo de eutrofizao artificial e subsequentes condies de anoxia na coluna dgua e sedimentos.

    Contaminao por Pesticidas e Metais Pesados

    Ocorrncia de inseticidas, herbicidas, fungicidas, metais pesados (p.ex. mercrio) em nveis superiores aos naturais, normalmente devido lixiviao de reas drenadas, irrigadas ou solos.

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  • Quadro 1: Vantagens da adoo de um Programa de Biomonitoramento Ambiental (US-EPA, 2003):

    9 As comunidades biolgicas refletem a integridade ecolgica (p.ex. condies fsicas, qumicas e biolgicas).

    9 As comunidades biolgicas refletem os efeitos de diferentes fatores ambientais estressantes, oferecendo portanto uma medida integradora dos impactos ambientais decorrentes de lanamentos de esgotos domsticos, efluentes industriais e agro-pastoris.

    9 Um programa de monitoramento de comunidades biolgicas pode ser relativamente de baixo custo, quando comparado aos custos da avaliao de poluentes txicos.

    9 O estado das comunidades biolgicas de interesse direto dos cidados e representa uma medida eficiente da sade de ecossistemas aquticos.

    9 Em monitoramentos de longo prazo, mudanas na qualidade da gua so facilmente diagnosticveis, utilizando macroinvertebrados bentnicos (insetos aquticos, moluscos, aneldeos) e peixes.

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  • Quadro 2: Etapas de desenvolvimento de um Programa de Biomonitoramento Ambiental.

    1- Definio e calibrao de indicadores biolgicos nos vrios tipos de ecossistemas;

    2- Planejamento e execuo de amostragens de indicadores biolgicos (p.ex. para estabelecer e caracterizar locais de coleta e condies naturais de referncia);

    3- Desenvolvimento e calibrao de parmetros de medio;

    4- Montagem e avaliao de banco de dados com informaes histricas de parmetros ambientais, para inferir sobre efeitos de agentes impactantes em diferentes ecossistemas;

    5- Anlise e interpretao de dados coletados para subsidiar as aes de conservao e manejo a serem implementadas pelas agncias de controle ambiental e pelos tomadores de deciso.

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