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Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 1 INVESTIGACIÓN-SISTEMATIZACIÓN OSALA Nombre de la Experiencia Morada do Curupira: experiência agroecológica de camponês a camponês no assentamento Pirituba em Itapeva São Paulo Brasil. Lugar País Brasil, Estado de São Paulo, Município de Itapeva Assentamento Pirituba, Unidade Produtiva “Morada do Curupira” Resumen O município de Itapeva está localizado no sudoeste do estado de São Paulo, uma região que tem como atividades econômicas predominantes a mineração, o reflorestamento (floresta), culturas perenes e gramíneas, práticas que acarretam problemas já conhecidos como derivado da prática da monocultura, como a degradação ambiental, a concentração de renda e o êxodo rural. Agricultura familiar representa mais de metade do número total de propriedades rurais nessa região, sendo uma parte significativa assentados da reforma agrária. Dentro do assentamento Pirituba, a propriedade "Morada do Curupira" foi selecionada para a sistematização, pois ele está em processo de transição agroecológica avançado e possui três áreas de SAF (sistema agroflorestal), em diferentes estágios de formação. O SAF tem uma relação mais harmoniosa com a natureza, suas práticas são mais consistentes com a realidade local, o trabalho é da responsabilidade de todos da família, mulheres e jovens participar de todo o processo de planejamento e produção, sendo divididos benefícios e responsabilidades. As conquistas desta fazenda são a valorização da recuperação do trabalho camponês e a conquista gradual da autonomia, que permite ao produtor definir suas práticas de produção de alimentos, fatores importantes na busca da soberania alimentar. Esta família com sua forma de produzir vem contribuindo para a promoção da autonomia de produção, melhoria das condições ambientais, melhorias nas condições de trabalho e aumento da renda das populações rurais e contribuições para superar as deficiências de um passado recente, marcado por intensos conflitos agrários, problemas ambientais e sociais. Assim ela se apresenta como um modo alternativo de produção para as propriedades familiares nessa região, pode ser o guia de outras propriedades no cultivo agroecologico e no fortalecimento do processo transição agroecológica. Palabras clave Produção; Autonomia; Sistemas agroflorestais; Pequenos agricultores; Realidade local

INVESTIGACIÓN-SISTEMATIZACIÓN OSALA · amarelo, paineira com espinho e sem espinho, fumo bravo, jurubeba, ... Hoje a produção não sofre nenhum tipo de dano significativo causado

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Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 1

INVESTIGACIÓN-SISTEMATIZACIÓN OSALA

Nombre de la Experiencia

Morada do Curupira: experiência agroecológica de camponês a camponês no assentamento

Pirituba em Itapeva – São Paulo – Brasil.

Lugar

País Brasil, Estado de São Paulo, Município de Itapeva

Assentamento Pirituba, Unidade Produtiva “Morada do Curupira”

Resumen

O município de Itapeva está localizado no sudoeste do estado de São Paulo, uma região que tem

como atividades econômicas predominantes a mineração, o reflorestamento (floresta), culturas

perenes e gramíneas, práticas que acarretam problemas já conhecidos como derivado da prática da

monocultura, como a degradação ambiental, a concentração de renda e o êxodo rural.

Agricultura familiar representa mais de metade do número total de propriedades rurais nessa

região, sendo uma parte significativa assentados da reforma agrária. Dentro do assentamento

Pirituba, a propriedade "Morada do Curupira" foi selecionada para a sistematização, pois ele está

em processo de transição agroecológica avançado e possui três áreas de SAF (sistema

agroflorestal), em diferentes estágios de formação.

O SAF tem uma relação mais harmoniosa com a natureza, suas práticas são mais consistentes com

a realidade local, o trabalho é da responsabilidade de todos da família, mulheres e jovens participar

de todo o processo de planejamento e produção, sendo divididos benefícios e responsabilidades.

As conquistas desta fazenda são a valorização da recuperação do trabalho camponês e a conquista

gradual da autonomia, que permite ao produtor definir suas práticas de produção de alimentos,

fatores importantes na busca da soberania alimentar.

Esta família com sua forma de produzir vem contribuindo para a promoção da autonomia de

produção, melhoria das condições ambientais, melhorias nas condições de trabalho e aumento da

renda das populações rurais e contribuições para superar as deficiências de um passado recente,

marcado por intensos conflitos agrários, problemas ambientais e sociais.

Assim ela se apresenta como um modo alternativo de produção para as propriedades familiares

nessa região, pode ser o guia de outras propriedades no cultivo agroecologico e no fortalecimento

do processo transição agroecológica.

Palabras clave

Produção; Autonomia; Sistemas agroflorestais; Pequenos agricultores; Realidade local

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Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 2

Persona(s) sistematizadora(s)

Sofia Alfredo de Campos

[email protected]

Fecha de fin de la Sistematización

02.12.2013

Descripción de la Experiencia

País Brasil, estado de São Paulo, Município de Itapeva.

Asentamiento Pirituba, unidad productiva “Morada do Curupira”.

Solo:argiloso Clima: tropical umido, vegetação: cerrado e mata atlantica

Coordenadas geográficas do SAF: UTM 22J 694827 / 7331583; altitude média de 870 m

Objetivo: Analisar a relação da família em relação à proposta de manejo segundo os princípios da

agroecologia

Objetivos específicos: Verificar a forma de manejo da propriedade “morada do Curupira”; analisar

a relação existente entre a propriedade e a comunidade vizinha; verificar aprendizagens e

oportunidades da propriedade.

Actores: Assentamento Rural Pirituba, propriedade “Morada do Curupira”

A forma de organização é o trabalho familiar e comunitário, a propriedade se relaciona com outros

assentados de forma cooperativa.

A propriedade do Sr. João Boieiro e Dona Eva localiza-se na Área I do assentamento

Pirituba, próximo à cidade de Itapeva.

É de mão de obra familiar (casal entre 40-50 anos, um filho adolescente sendo formado na

escola de agroecologia mantida pelo MST, outros dois filhos mais velhos formados em direito e

agronomia que não moram na propriedade) e tem como base produtiva o Sistema Agroflorestal.

A propriedade estudada iniciou suas atividades de acordo com o modo de produzir

convencional que era incentivado na região. No entanto a família não se sentia confortável em

trabalhar dessa forma e decidiu buscar uma forma alternativa de trabalhar. No ano de 2006 decide

implementar seu primeiro SAF, numa área escolhida em parceira com técnicos do INCRA e por

pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, para se tornar uma unidade experimental para

capacitação e formação de agricultores agroecológicos.

Essa primeira área foi de 0,6 ha, onde foram plantadas mudas de adubação verde, frutas,

grãos, madeira e árvores nativas. Já em 2007 a família conseguiu comercializar abacaxi e banana o

que incentivou a aumentar a área destinada a SAF. Possui certificação orgânica desde 2009 e

trabalha com os princípios da agroecologia. Hoje conta com uma área de SAF de

aproximadamente 1,3ha, os principais produtos comercializados são: frutas de época, banana,

abacaxi, mandioca, batata doce, pitaia.

Possui uma boa relação com os vizinho e se apresenta como uma propriedade modelo no

modo de produzir pautado nos princípios da agroecologia, disseminando essa proposta na região.

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Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 3

Metodología

A propriedade “Morada do Curupira” foi analisada através do uso de metodologias investi-

gativas participativas. Todo o trabalho de levantamento de dados ocorreu em processo de trabalho

contínuo de acompanhamento das atividades desenvolvidas na propriedade. O desenvolvimento de

um projeto de extensão rural agroecológica “Projeto Extensão Rural Agroecológica no âmbito da

Articulação Paulista de Agroecologia: unidades de referência, formação de formador, redes de

apoio técnico e de consumo e mecanismos participativos de garantia da qualidade orgânica”, inici-

ado em 2010 e terminado em 2012, através de uma parceria entre a Universidade Estadual Paulista

– UNESP - Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu e Instituto Giramundo Mutuando, do

qual foi bolsista durante o ano de 2012, foi o principal meio de acesso a formação. Periódicas visi-

tas foram realizadas pela equipe do projeto, dessas visitas foi sendo formado um banco de dados e

uma sequencia avaliativa que serviu de subsídio para a construção desta ficha.

A as metodologia contou com o processo de O DRP é realizado através do levantamento de

informações por parte do agricultor, o que permite aos proprietários rurais envolvidos, refletir a

situação econômica e socioambiental de sua propriedade. As reuniões têm como objetivo permitir

que os agricultores possam discutir livremente suas questões e amadurecer suas ideias, objetivando

ouvir seus problemas e, de forma democrática, buscar as soluções. Primeiramente deve ser

realizada a caracterização do perfil socioambiental dos moradores rurais das propriedades

selecionadas. A metodologia integra a análise quantitativa e qualitativa; assim, aspectos naturais e

atividades humanas fornecem informações utilizadas na análise das percepções ambientais dos

sujeitos. A análise qualitativa tem um destaque especial, considerando a inquestionável

participação humana no processo de caracterização, decorrente das percepções socioambientais.

Os aspectos naturais são elementos essenciais para uma abordagem quantitativa e integrados à

ação humana complementam o diagnóstico.

DRP intuito de possibilitar ao máximo a interação entre os diferentes atores dentro do pro-

cesso de desenvolvimento. As atividades desenvolvidas priorizaram o trabalho em grupo sempre

estimulando a participação das mulheres e dos jovens nas discussões, tomadas de decisões e ações,

para isso foram utilizadas atividades de dinâmica de grupo, visitas e comunicação oral, para plane-

jamento, discussão e atividades de mutirão par ações. Proporcionando um aprendizado rápido,

progressivo e interativo, propiciando a participação de todos os atores no processo e gerando assim

maior partilha mento de conhecimento, práticas e experiências

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Dimensiones de la Agroecología y Género

I. DIMENSIÓN ECOLÓGICO-PRODUCTIVA

A propriedade possui 16,8 hectares sendo 4,5 hectares destinados à produção

agroecológica. Possuem área de: horta; medicinais: capim cidreira, pulmonar, orégano, manjerona,

alfavaca, cana-de-açúcar, babosa, malva, mil folhas, poejo, hortelã, catinga-de-mulata, alecrim,

arruda, dente-de-leão, rubi, serralha, quebra pedra, mentraste (erva-de-são João); rotação de

culturas: (milho-grão, milho pipoca, feijão tremoço-branco, aveia-preta, nabo-forregeiro, girassol e

outros adubos verdes de verão) e sistema agroflorestal (SAF).

Trabalham na propriedade o casal dona Eva e seu João diariamente, dois filhos moram fora,

mas apoiam esporadicamente e em atividades mais concentradas, como plantio, colheita e podas,

mutirões são realizados com a presença de vizinhos e amigos.

O SAF é a principal área produtiva com aproximadamente 1,3 hectares e 100 espécies com

diferentes funções: adubação verde, madeireiras, frutíferas, medicinais, apícola, produção de

sementes, tubérculos, raízes, caules, grãos.

Vista do SAF mais antigo da propriedade, que serve de

inspiração para a formação das outras áreas

Dentre as espécies tem: Banana, café, abacaxi, ananás, pitanga, amora, jabuticaba, hibisco,

fruta-do-conde, Glyricídia, atemóia, nêspera, barbatimão, abacate, manga, oreia-de-macaco,

Guapuruvu, aroeira, graviola, pau-d’alho, pau viola, Genipapo, açoita-cavalo, sangra d água,

babosa branca, angico branco e vermelho, alecrinzeiro, ingá de metro e mirim, margaridão,

guandu, araucária, goiaba branca e vermelha, jequitibá branco e rosa, cedro, ipê roxo, rosa e

amarelo, paineira com espinho e sem espinho, fumo bravo, jurubeba, açaí, pupunha, pêssego

branco, casca-de-anta, pitaia, citros, batata-doce, mandioca, lichia. amora, canela sasafras,

canelinha, castanha paulista, , gabiroba, palmeira jerivá, palmito jussara, sabão de soldado, tarumã,

uvaia,uva, ameixa, pera,castanha portuguesa,figo, acerola, coco anão, caqui, cambuci, cana-de-

açucar.

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Destaque para o abacaxi, um dos principais produtos da

propriedade.

Como apoio ao equilíbrio ambiental possui madeiras destinadas a poda para reciclagem de

nutrientes e plantas nativas no intuito de gerar um ambiente propício para aves, resistente a pragas.

Hoje a produção não sofre nenhum tipo de dano significativo causado por pragas e doenças.

Destaque para o solo com cobertura vegetal.

As principais práticas de manejo são as podas, a adubação verde e a nutrição orgânica das

espécies. Os insumos utilizados na produção de origem interna, esterco, adubação verde e

cobertura vegetal, apenas as cinzas vem de fora da propriedade, porém eles conseguem doações.

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João Boieiro mostrando a área de adubação verde ao lado

de uma área de cultivo de milho.

As ferramentas utilizadas na propriedade também são em sua maior parte de propriedade da

família, apenas a roçadeira para o capim e o pilão para o café são emprestados, porém são de

amigo e não acarretam custos. A família não possui nenhum implemento mecanizado para apoio a

produção.

A família pretende voltar a trabalhar com suínos, no momento possuem apenas um

galinheiro destinado a produção de ovos e carne para cosumo da família apenas.

A área destinada ao SAF não está em estagio homogênea, pois foi sendo implementada aos

poucos. Para tanto não foi adotado um modelo, conforme a própria lógica agroecológica, utilizou-

se conceitos básicos fundamentais, aproveitando os conhecimentos locais e desenhando sistemas

adaptados ao potencial nativo do lugar.

Além de desempenhar funções ecológicas o sistema produz diversos alimentos ricos em

fibras, vitaminas, amido e proteína essenciais à segurança alimentar da família. Como a produção é

realizada segundo os princípios da agroecologia garante um alimento sem agroquímicos e, por

isso, mais saudável a família. E devido a biodiversidade e a diferença de ciclos de cada cultura,

produz alimento durante todo o ano.

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Vista parcial da propriedade: a direta SAF mais antigo e ao

centro área do SAF recém plantado (foto dia 14/02/2012).

A área onde foi implementado o assentamento é uma região que possui destaque na

produção de grão uma atividade agrícola que é diretamente ligada a produção nos moldes

convencionais.. A propriedade estudada iniciou suas atividades de acordo com o modo de produzir

convencional que era incentivado na região. Antes da implantação do primeiro SAF em 2006, o

solo foi explorado por cerca de vinte anos de forma intensiva através de culturas de grãos,

mecanização pesada e agroquímicos. No entanto a família não se sentia confortável em trabalhar

dessa forma e decidiu buscar uma forma alternativa de trabalhar, já haviam realizado um curso de

agrofloresta, então no ano de 2006 decide implementar seu primeiro SAF, numa área escolhida em

parceira com técnicos do INCRA e por pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, para se tornar

uma unidade experimental para capacitação e formação de agricultores agroecológicos.

II. DIMENSIÓN SOCIO-ECONÓMICA

Dentro da propriedade que é definido o que vai ser produzido, no entanto geralmente fazem

uma pesquisa de mercado para saber quais produtos são mais vendidos e as demandas. Consideram

também a opinião da assistência técnica e fazem observações como, por exemplo, época de

plantio, sensibilidade e manejo da cultura.

As principais espécies de fim econômico são o abacaxi, a banana e o café mandioca,

abacaxi, batata doce, citros, banana, manga e a pitaia.

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Quadro com a produtividade média anual das principais espécies destinadas à alimentação

e com excedentes destinados as comércio.

As formas de venda são feitas pelas cooperativas que faz parte e venda direta em feiras. A

propriedade é cooperada de duas organizações da região, uma possui maior estabilidade e trabalha

com grãos e hortaliças, atende aos programas governamentais como PAA e PNAE. E a outra está

passando por um momento de crise no entanto ela possui uma política de venda onde produtos

convencionais e orgânicos são vendidos separadamente. Nos dois casos o preço de venda são

determinados pelas cooperativas, que consideram como base o valor estabelecido pela CONAB

(Companhia Nacional de Abastecimento), empresa oficial do governo, vincula ao MAPA

(Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento), encarregada de gerir as políticas agrícolas e

de abastecimento, visando assegurar o atendimento das necessidades básicas da sociedade,

preservando e estimulando os mecanismos de mercado.

O preço praticado pelas cooperativas está abaixo do preço praticado no mercado, por isso

decidiram complementar a renda com venda direta, apesar de não estar gerando muito lucro, estão

apostando no crescimento desse mercado.

Além da renda monetária a propriedade gera uma gama de produtos que fortalecem a renda

geral da família, segundo estudos da Embrapa na propriedade, eles produzem 70% dos alimentos

que consomem. Desejam criar porcos para aumentar a fonte de proteína animal e aumentar ainda

mais essa porcentagem.

A renda não monetária é importante por diminuir as despesas e por garantir a qualidade de

vida e a segurança alimentar. Quando maior for a renda não monetária mais equilibrada está a

propriedade e mais autônoma. Na agroecologia esse é um indicador muito valorizado. Além da

produção são consideradas rendas não monetária todos os insumos e as matérias-primas que são

produzidos e utilizados dentro da propriedade. Ela considera em todo o processo produtivo a

possibilidade de redução de impactos ambientais, econômicos, sociais, políticos e culturais.

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Esterco sendo retirado do galinheiro para enriquecer o solo

antes do plantio.

A segurança alimentar dessa família está garantida pela sistema de produção diversificado

que produz alimentos ricos em fibras, vitaminas, amido e proteína, num sistema sem adição de

agroquímicos.

De forma geral a qualidade de vida, economicamente falando é boa e estável, mas necessi-

tam estruturar um pouco mais com a aquisição de equipamentos, como por exemplo um trato de

pequeno porte para apoiar o manejo, hoje utiliza como equipamento apenas a roçadeira de capim e

o pilão de café emprestados de vizinhos.

A relação existente entre a propriedade e os vizinho denota uma forma saudável de apoio,

além do empréstimo de equipamentos eles se organizam para apoiar na necessidade de mão de

obra, como em alguns períodos a demanda de mão de obra é muito maior do que a disponível pela

família os vizinhos se organizam em mutirões para realizarem por exemplo a colheita ou o manejo

dos SAF.

Como dito a propriedade possui SAFs em diferentes estágios de maturação, sendo a mais

antigo de 7 anos. Assim cada dia mais produtos e em maior quantidade são retirado da proprieda-

de. Assim como aumenta a oferta de alimentos aumenta a oferta de insumos para apoiar a produ-

ção, sementes e mudas para renovar a produção, sementes para adubação verde e matéria orgânica

para enriquecimento de solo. Diminuindo cada vez mais a dependência da propriedade de fatores

externos.

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Mutirão de plantio, onde é possível ver dois vizinhos (am-

bos com chapéu), um técnico (agachado) e um proprietário

(filho de João Boieiro).

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Mudas de abacaxi cultivadas dentro do próprio SAF.

Hoje não é realizado nenhum tipo de processo de transformação nos produtos, mas tem o

plano de construir um projeto de uma agroindústria de polpa, para melhor aproveitamento das fru-

tas e agregação de valor.

III. DIMENSIÓN POLÍTICO-CULTURAL

A “Morada do Curupira” possui relação com uma cooperativa que incentiva e comercializa

produtos orgânicos, no entanto o principal objetivo nessa relação é o apoio à venda da produção.

Possui também relação com outra cooperativa, mas também com objetivo especifico de viabilidade

de mercado.

Mas, apesar de não estar explicitada nem documentada existe uma organização de interação

social coletiva entre a “Morada do Curupira” e seus vizinhos, grupo chamado pelo técnicos de

“Novos Boieiros”, uma referência ao sobrenome da família que é possui a propriedade modelo que

está disseminando o desejo de transição agroecológica para as propriedades que se relacionam

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Na “Morada do Curupira”, onde a família juntamente com

os técnicos e os vizinhos planejam atividades no SAF.

.

A construção dessa organização coletiva foi percebida durante o desenvolvimento do proje-

to “Projeto Extensão Rural Agroecológica no âmbito da Articulação Paulista de Agroecologia:

unidades de referência, formação de formador, redes de apoio técnico e de consumo e mecanismos

participativos de garantia da qualidade orgânica”, iniciado em 2010 e terminado em agosto de

2013, através de uma parceria entre a Universidade Estadual Paulista – UNESP - Faculdade de

Ciências Agronômicas de Botucatu e Instituto Giramundo Mutuando, onde foi realizadas diversas

atividade que priorizaram o trabalho em grupo sempre estimulando a participação das mulheres e

dos jovens nas discussões, tomadas de decisões e ações.

Mulheres e homens fazendo o desenho de seus projetos de

sistemas agroflorestais.

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Por se tratar de uma propriedade em processo de transição avançado foi sendo incentivadas

práticas de ação coletiva para discussões e mutirões juntamente com os vizinhos no intuito de

apresentar a esses a realidade da propriedade modelo dividir as experiências vivenciadas. Os guias

das atividades na figura dos agricultores (João, Eva, filhos) o que permite a dinamização de um

processo de multiplicação e de formação tipo agricultor para agricultor e agricultor para técnico

para agricultor.

O diálogo entre agricultores, técnicos e pesquisadores foi enriquecido pelas práticas de

mutirões realizados para elaboração de projetos e implantação, propiciando atender as principais

demandas e problemas dos agricultores e motivando a troca de experiência

Atividade com vizinhos e técnicos dentro do SAF, um dia

antes da atividade de construção dos Projetos do “Novos

Boieiros”

Proporcionando um aprendizado rápido, progressivo e interativo, propiciando a

participação de todos os atores no processo e gerando assim maior partilhamento de conhecimento,

práticas e experiências.

Projeto de um dos “novos Boieiros” onde já foi ini-

ciada a construção do SAF.

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As relações prévias entre os agricultores, amizades, apadrinhamento e proximidade

geográfica foram os primeiro elos criados. Esses são os responsáveis pelo apoio existente entre os

agricultores, disso surgiram às práticas de mutirões que serviram de disseminador da proposta de

transição agroecológica. As metodologias utilizadas nos encontros proporcionar um processo de

auto ajuda participativa, inovadora, criativa, experimental e comunicativa que permitiu buscar de

maneira recíproca e coletiva uma maneira de garantir a sustentabilidade e o desenvolvimento na

propriedade. As práticas buscam estimular a discussão e a reflexão e compartilhar os

conhecimentos locais e capacidades individuais como resultado foi gerado nos vizinhos o desejo

de implementar práticas de manejo espelhadas no modelo dos Boieiros. Organizou um dia de

trabalho coletivo onde foram desenhados projetos a partir do conhecimento acumulado dos

agricultores, das experiências de modelos de SAF já consolidados e de elementos técnicos levados

pelos extensionistas. Assim seis propriedades iniciaram o processo de implementação de SAF.

Construção coletivo do desenho do SAF a ser implementado.

O principal guia e mentor dessas seis novas propriedades, dos “Novos Boieiros” é a

propriedade “Morada do Curupira”.

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A região recebe a interferência de algumas políticas públicas, principalmente após a

introdução da agroecologia dentro das políticas federais. A lógica anterior que baseado o sistema

produtivo pregava a superioridade do sistema produtivo frente ao conhecimento das populações,

onde as técnicas agrícolas tradicionais acabaram se tornando sinônimo de atraso, o processo de

incorporação da agroecologia nas políticas públicas brasileiras possuem três fatores de extrema

importância: a adoção das extensão rural agroecológica pelas políticas federais; a criação das

políticas de PNATER (Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural) e PNAPO

(Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica) e a criação da política de incentivo a

produção de alimentos agroecológicos (PAA, PNAPO e a nível estadual PPAIS)

- PNAE - programa Nacional de alimentação Escola: orinetação para as redes escolares

comprarem alimentos que define um mínimo de 30% de alimentos da agricultura familiar.

- PAA - programa de aquisição de alimentos: direciona a produção da agricultura

familiar para instituições sociais da rede pública

PPAIS- Programa Paulista de Agricultura de Interesse Social: prevê que o uso de 30% da

verba do Estado destinada a alimentação deve ser direcionada a produtos oriundo da produção

familiar.

Os programas PAA, PNAE e PPAIS são os maiores responsáveis pelo apoio ao agricultor

familiar, servido como fator de estimulo a produção, além de incentivarem a organização de

coletivos. Ainda existem duas políticas de crédito que buscam apoiar a agricultura familiar:Crédito

RURAL - é um incentivo que complementa o mercado para orientar a produção e os investimentos

de longo prazo, tem baixa taxa de juros para financiamento de actividades agroganadera.

- PRONAF - programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar: serve os

micro e pequenos produtores rurais, seu objetivo é o fortalecimento da agricultura familiar através

de empréstimos para pagamento adequado à realidade do produtor.

A família acredita que a propriedade ideal deve ser a mais sustentável e autônoma possível,

deve ser capaz de produzir no mínimo 50% das diversidades consumidas. Para isso acreditam que

trabalhar segundo os princípios da agroecologia seja a melhor solução, pois o trabalho não é

estressante e rotineiro, o agricultor está sempre em contato com a natureza, produz alimentos

saudáveis, melhora a qualidade de vida e tem maior autonomia na gestão da propriedade.

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Dona Eva plantando citros em mutirão de enriquecimento de SAF.

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Aprendizajes

A soberania alimentar prega que os agricultores tem o direito de produzir sua comida em

seu território de forma que os valores culturais e os conhecimentos tradicionais sejam reforçados.

O modelo agrícola exportador é o modelo econômico que vem no sentido oposto desse principio,

ele ocasiona uma crescente divisão internacional do trabalho, onde os países subdesenvolvidos se

colocam como fornecedores de recursos materiais,biológicos e de mão de obra barata, enquanto os

países mais desenvolvido são fornecedores dos serviços financeiros e tecnológicos.

Assim os países mais ricos orientam a produção dos países mais pobres desconsiderando as

características locais e culturais. Os pequenos produtores que tentam se inserir dentro modelo

exportador, muitas vezes por não ter condições e por não conhecerem formas alternativas de

manejo, acabam sendo absorvido pelas grandes corporações e muitas vezes perdem sua terra ou

sujeitam sua renda da terra aos grandes capitalistas.

Para que isso não ocorra deve ocorrer uma mudança a nível de consciência tanto dentro das

propriedade familiares sobre o modo de produzir no meio rural, como nas populações urbanas

consumidoras dessa produção.

A forma de produzir segundo os princípios da agroecologia indica um caminho alternativo

para o modo de produzir no meio rural que orienta para a soberania alimentar.

A propriedade estudada segue esses princípios e foi possível visualizar resultados segundo

os diversos atributos e dimensões. Assim, a diversidade foi visualizada a partir do numero de

produtos resultantes dos SAFs. A produtividade pode ser vista pelo aumento da produção com a

maturidade atingida pela agro floresta. A própria prática de intercalar a produção com nativas

garante um ambiente com características próximas do original do meio o que apoia na estabilidade,

flexibilidade/resiliência e adaptabilidade. A equidade e a autonomia estão ligadas com a não

dependência da propriedade de insumos externos.

Por terem uma produção mais diversificada, possuem condição de gerar o equilíbrio

ecológico necessário para que o ambiente se sustente e mantenha a produtividade com o passar do

tempo sem a necessidade de insumos químicos, fazendo uso apenas de insumos que podem ser

confeccionados na propriedade.

Além da questão ambiental, exposta acima com o equilíbrio do meio, podemos dizer que a

questão cultural também está englobada no fato da produção ser de acordo com conhecimentos

tradicionais que estão sendo passados ao entorno e para as novas gerações. A questão social fica

clara na manutenção dessas pessoas na área rural. O enfoque político está demonstrado na maior

autonomia da propriedade frente a imposições externas. E o econômico está garantido no aumento

da renda da propriedade gerando também do pela diversidade que possibilita a disponibilidade de

produtos durante todo o ano, segundo o clico de cada cultura.

A prática de mutirões é forma de apoiarem para as atividades de maior trabalho e

conseguirem discutir opiniões diversas e trocas experiências. Mas também uma importante

ferramenta na constituição de uma identidade local/cultural dos produtores. Quando essa pratica é

guiada por agricultores seu sucesso se dá em outro nível pois os agricultores ficam mais

convencidos e se apropria melhor dos conhecimentos e das práticas quando consegue ver as

mudanças e recebe orientações de outro agricultor.

Outro ponto que a experiência dessa propriedade destacou foi à formação de coletivos por

afinidades e não apenas necessidades. O sucesso do grupo “Novos Boieiros” está relacionado

diretamente com o prévio envolvimento entre os agricultores por locos de amizade e respeito.

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Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 18

Observando as atividades percebe-se o quanto devem ser consideradas importantes às

atividades de planejamento e avaliação do empreendimento como um todo durante o seu

funcionamento, devem ser pensadas metodologias condizente com a realidade da propriedade. As

atividades buscam abarcar questões que vão alem de simplesmente buscar atender a uma demanda

de mercado e manter o empreendimento financeiramente saudável.

Por fim verificou que a agroecologia é uma importante aliada na busca do

desenvolvimento rural, gerando renda ao produtor e contribuindo para evitar o êxodo rural. Bem

como a questão de manutenção do jovem no campo. Os filhos dessa propriedade estão morando

fora para estudos que complementam o conhecimento acerca da produção agroecológica.

Plan de Acción y retos

Observados os principais fatores de sucesso da propriedade o plano de ações vem na

intenção de fortalecer os pontos positivos destacados na observação da experiências e minimizar

os pontos de riscos ao sucesso.

Dessa forma percebe-se a necessidade de fortalecimento da interação entre os “Novos

Boieiros”, pois se apresenta como um coletivo de sucesso, visto que possui como base a identidade

entre os agricultores.

A comercialização da produção está ainda muito dependente das cooperativas que a

propriedade faz parte, o que não garante um retorno financeiro satisfatório, pois o preço é mínimo

e pouca valor é agregado pela fato do produto ter o diferencial de agroecológico. Deve-ser

pensando em uma melhor estratégia de venda, através da comercialização direta.

A área destinada a SAF é boa e a propriedade garante 70% do seu consumo com sua

produção, mas a propriedade ainda possui área ociosa que pode ser convertida em sistemas

agroecológicos produtivos. Já foi realizado um projeto indicando essa nova área.

Agregar valor na produção é outro ponto que ainda não foi muito explorado pela

propriedade, além de buscar colocar no mercado seu produto com o rotulo de produto

agroecologico, um projeto de construção de uma micro empreendimento agroindustrial de polpas

de frutas está sendo estudado.

Conclusiones hacia la Soberanía alimentaria

As propriedades rurais de agricultura familiar que seguidamente, acabaram por se sujeitar

ao grande capital para não serem expulsos do campo vendendo sua força de trabalho e sua renda

da terra, devem buscar uma forma alternativa de gerir sua propriedade que não se sujeite aos

princípios da agricultura convencional, pautada pela Revolução Verde, pacote tecnológico adotado

a partir da década de 1960 contendo mecanização no campo e melhoramento genético.

A forma de produção seguindo os princípios da agroecologia sugere uma forma alternativa

ao produtor familiar, pois ela estimula a busca do equilíbrio da propriedade e não apenas da

produtividade, ele considera aspectos que vão além do meramente produtivo e econômico, como

os aspectos, sociais, culturais, ambientais e políticos.

Dentro da atual configuração capitalista ao qual as propriedades rurais então inseridas deve

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Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 19

ser pensada uma forma de aproveitar ao máximo todas as possibilidades e pensar nas característi-

cas de cada propriedade como uma estratégia de sucesso.

As propriedades de agricultura familiar por estarem inseridas num cenário desfavorável ao

seu desenvolvimento, dentro dos padrões impostos pela revolução verde, devem pensar numa for-

ma de organizar sua propriedade mais condizente com sua realidade.

Pois, dentro da lógica capitalista a forma de pensar é que as propriedades devem atender à

demanda do mercado independente do esforço que isso pode gerar, as pequenas propriedades aca-

bam por ficarem dependentes de agentes e fatores externos, o que acaba levando, na maioria dos

casos, a endividamento e a perda da autonomia.

Diferente da realidade das propriedades inserida no modelo convencional, está propriedade

apresenta uma divisão do trabalho sustentável, onde homens, mulheres e jovens participam de

forma equivalente tanto nas atividades práticas de manejo quanto no processo de construção e

avaliação das estratégias a serem adotadas. Outra notória diferença que merece destaque está na

relação entre os vizinhos, à cooperação e não a competição é o alicerce, o que permite o

compartilhamento e a disseminação dos conhecimentos tradicionais e apoia na manutenção da

cultura local, isso fortalecido pela prática de inserção dos jovens nos processos.

Desse modo, acredita-se que a organização da propriedade deve estar pautada na realidade

da família, considerando seu sucesso em diferentes graus, satisfação, autonomia, segurança

alimentar, manutenção da cultura, inserção da família no processo e manutenção do jovem no

campo.

Assim o modo de trabalhar a propriedade de agricultura familiar segundo os princípios da

agroecologia e a utilização dos Sistemas Agroflorestais como práticas de manejo são uma

excelente ferramenta no caminho para a soberania alimentar, e garantem a satisfação aos

agricultores, conforme foi possível verificar nesta propriedade.