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Investigações geométricas
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O senhor Swedenborg e as investigaes geomtricas, de Gonalo M. Tavares, inspirado na obra do cientista e telogo sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772), reconhecido como o precursor do espiritismo. O Swedenborg fruto do imaginrio de Tavares se utiliza das palestras que seus colegas e as pessoas que vivem no Bairro ministram para ajud-lo a repensar e dar a cabo de sua anlise geomtrica do mundo. Suas refl exes sobre memria, seduo, desejo, morte e dezenas de outros temas so agudas observaes sobre a vida, sempre de uma perspectiva matemtica e lgica, escritas no tom conhecidamente divertido do autor.
Gonalo M. Tavares O SENHOR SWEDENBORG E AS INVESTIGAES GEOMTRICAS
o senhor
SWEDENBORGe as investigaes
geomtricas
GONALO M. TAVARES
ISBN 978-85-7734-196-2
Obra apoiada pela Direco-Geral doLivro e das Bibliotecas / Ministrio daCultura de Portugal
Do vencedor dos prmios Jos Saramago e Portugal Telecom
o senhor
SWEDENBORGe as investigaes
geomtricas
GONALO M. TAVARES
Do vencedor dos prmios Jos Saramago e Portugal TelecomImagine um bairro de uma cidade qualquer, com novos
vi zinhos chegando a cada dia e outros se despedindo.
Agora imagine que esses vizinhos so personagens inspirados nas obras das mais geniais mentes criati-vas; escritores como T.S. Eliot, Paul Valry, Italo Calvino, Bertold Brecht, entre outros.
Pois na coleo O Bairro, de Gonalo M. Tavares, so-mos apresentados a esses moradores, um livro por vez. De maneira espirituosa, Tavares nos leva em uma via-gem pelo universo intelectual de escritores memor-veis. Delicie-se com essas homenagens.
GONALO M. TAVARES nasceu em Luanda em 1970 e foi criado em Portugal. Desde a publicao de seu primeiro livro em 2001, Tavares impressiona os leitores pela prolixidade e qualidade de sua escrita. Em 2005, foi agraciado com o Prmio Jos Saramago pelo livro Jerusalm. Durante o discurso de premiao, Saramago comentou que Tavares no tinha o direito de escrever to bem e ter apenas 35 anos. Entre seus livros lanados no Brasil esto O homem ou tonto ou mulher (Casa da Palavra) e Viagem ndia (LeYa).
www.casadapalavra.com.br
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O senhor Swedenborge as investigaes geomtricas
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O senhor Swedenborg acabara de sair da sala onde o senhor Brecht costumava contar as suas histrias (tempo que o senhor Swedenborg aproveitava para as suas in-vestigaes sobre astronomia), e dirigia-se agora, a passo rpido para no chegar atrasado, a mais uma conferncia do senhor Eliot. Conferncias essas em que o senhor Swe-denborg aproveitava para se concentrar mentalmente nas suas investigaes geomtricas.
Cruzou-se nessa altura com o senhor Calvino, que levava uma barra de ferro paralela ao solo. O esforo que o senhor Calvino fazia para que a barra se mantivesse paralela ao solo era evidente, mas a elegncia no modo de andar, nos gestos e na fala nunca era abandonada.
O senhor Calvino cumprimentou o senhor Swedenborg, mas este ia pensando em outra coisa.
O senhor Swedenborg no faltava a uma nica palestra do senhor Eliot. Os espectadores, de resto, no eram mui-tos. Os habituais senhor Borges, senhor Breton, senhor Balzac e o senhor Swedenborg. E ainda, por vezes, e de sada, o senhor Warhol. E poucos mais.
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Depois dos agradecimentos, o senhor Eliot comeou a sua conferncia intitulada:
Explicao de um verso de Sylvia Plath No sou ningum; no
tenho nada a ver com exploses
No se trata aqui de um assunto... comeou o senhor Eliot.
O senhor Swedenborg ainda escutou metade do ttulo da conferncia, mas de imediato a sua cabea retomou o ponto exato onde tinha cado nas suas investigaes geomtricas; investigaes que se encontravam suspensas, na sua prpria cabea, desde a anterior conferncia do senhor Eliot.
Com os olhos completamente xos e que pareciam aten-tos conferncia do senhor Eliot, a que assistia, o senhor Swedenborg avanava nos seus raciocnios interiores.
E, mais uma vez, as investigaes geomtricas do senhor Swedenborg s terminariam com o sobressalto provocado pelos aplausos no nal da conferncia do senhor Eliot. At l, enquanto durasse a conferncia, e tendo esta como uma msica de fundo, o senhor Swedenborg investigaria por conta prpria.
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Sobre o ofcio de um escritor
1. A escrita no tem um percurso uniforme
2. Escrever uma linha no espao...
3. ...no escrever
4. O ponto o incio de um livro: surge antes da primeira letra da primeira frase
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Seduo
1. O que a seduo?
2. Um ponto a caminhar frente de um quadrado. isto a seduo
3. O que ser seduzido?
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4. Os ngulos retos ganham formas curvas. isto ser seduzido
5. O que ser seduzido?
6. Ser seduzido perder a forma original
7. Ser seduzido bom ou mau?
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8. Ser seduzido perder a forma original e ganhar a forma do sedutor
9. bom ou mau?
10. Ser seduzido perder a forma original e ganhar a forma geral do sedutor
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Desejo
1. Todos os ngulos so desejo
2. possvel fechar o desejo
3. Mas o desejo apenas se fecha temporariamente. O desejo, com o tempo, reabre
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4. Dois ngulos so dois desejos
5. Para fechar dois desejos necessrio uma linha maior ( necessrio mais fora para travar)
6. Mas o desejo apenas se fecha temporariamente. O desejo, com o tempo, reabre
7. Trs ngulos so trs desejos
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8. Fechar, de novo, o desejo com uma linha
9. Mas o desejo apenas se fecha temporariamente. O desejo, com o tempo, reabre
10. Quatro ngulos so quatro desejos
11. Fechar, mais uma vez, o desejo com uma linha
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12. Mas o desejo apenas se fecha temporariamente. O desejo, com o tempo, reabre
13. Cinco ngulos so cinco desejos
14. A vida : contnua abertura e fechamento de desejos
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Biograa
1. Como fazer biograas?
2. Contar nmero de desejos fechados
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3. A biograa do viajante, do experimentador
4. E a biograa do sbio
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Depresso
1. No h nada a fazer
2. Mas voc pode fazer algo
3. 1, 2, 3, 4, 5, 6: seis possibilidades
4. Voc pode aumentar as possibilidades
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5. Aumentar as possibilidades
6. Aumentar as possibilidades
7. Mas h um limite: depois de fazer tudo ver que no h nada a fazer
8. Nada a fazer
9. Nada a fazer.
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