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IV Simpósio Brasileiro de Geomática – SBG2017II Jornadas Lusófonas - Ciências e Tecnologias de Informação Geográfica - CTIG2017
Presidente Prudente - SP, 24-26 de julho de 2017p. 503-510
A. L. C. Souza; P. O. Camargo; V. A. P. Stuani ISSN 1981-6251
INVESTIGAÇÃO DA CORRELAÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL
ENTRE BOLHAS DE PLASMA E IRREGULARIDADES
IONOSFÉRICAS
ANA LUCIA CHRISTOVAM DE SOUZA 1
PAULO DE OLIVEIRA CAMARGO 1,2
VINÍCIUS AMADEU STUANI PEREIRA 1
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT, Presidente Prudente – SP 1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Cartográficas - PPGCC
2 Departamento de Cartografia
{a.lucia4, vi_stuani}@hotmail.com; [email protected]
RESUMO – Uma das maiores fontes de erros sistemáticos no posicionamento GNSS (Global Navigation
Satellite System) é causada pela ionosfera, uma vez que as observáveis são afetadas por inúmeras
condições ionosféricas devido às alterações do clima espacial. Desta forma, a procura pelo maior
entendimento da camada ionizada da atmosfera é de grande importância. No âmbito nacional e
internacional houve o interesse em compreender a influência do Sol no clima espacial e seu impacto nas
tecnologias. No Brasil o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) é responsável pelo programa
EMBRACE (Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial) cuja missão é o monitoramento do
espaço Sol-Terra para entender os impactos causados nas atividades tecnológicas e econômicas. Deste
modo, entender o comportamento da ionosfera para realizar previsões e desenvolver modelos, orientando
tomada de decisões, tornou-se uma das grandes tendências na área da Geodésia Espacial. Assim, o
trabalho visa à utilização dos dados GNSS provenientes da rede RBMC (Rede Brasileira de
Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS) na estimativa de índices de irregularidades da ionosfera,
além do uso dos imageadores ópticos “all-sky”, a fim de obter uma correlação espaço-temporal das
irregularidades e bolhas de plasma, onde uma análise feita ao longo dos anos, permitem uma melhor
compreensão do comportamento da ionosfera bem como do clima espacial.
Palavras chave: Análise Temporal, Imageadores Ópticos all-sky, Irregularidades Ionosféricas, GNSS.
ABSTRACT - One of the major sources of systematic errors in Global Navigation Satellite System
(GNSS) positioning is caused by the ionosphere, since the observables are affected by numerous
ionospheric conditions due to changes in space weather. In this way, the search for the greater
understanding of the ionized layer of the atmosphere is of great importance. At national and international
level, there was an interest in understanding the influence of the Sun on space climate and its impact in
technologies. In Brazil, INPE (National Institute of Space Research) is responsible for the EMBRACE
program (Study and Monitoring of Brazilian Space Weather), whose mission is to monitor the Sun-Earth
space to understand the impacts caused by technological and economic activities. Therefore,
understanding ionosphere behavior to make predictions and to develop models, guiding decision making,
has become one of the greatest tendencies in Space Geodesy. Thus, the work aims at the use of GNSS
data from RBMC (Brazilian Network for Continuous Monitoring of GNSS) network in the estimated
rates of irregularities of the ionosphere, as well as the use of “all-sky”, in order to obtain a space-temporal
correlation of irregularities and plasma bubbles, where an analysis made over the years, allow a better
understanding of the behavior of the ionosphere as well as the space climate.
Key words: Temporal Analysis, all-sky Optical Imagers, Ionospheric Irregularities, GNSS.
1 INTRODUÇÃO
O GNSS (Global Navigation Satellite System) é
uma das tecnologias mais avançadas que existem
atualmente, tendo impulsionado as atividades
relacionadas com posicionamento a partir de observações
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A. L. C. Souza; P. O. Camargo; V. A. P. Stuani ISSN 1981-6251
espaciais e pesquisas direcionadas ao comportamento e
irregularidades da atmosfera.
Um dos fatores limitantes do posicionamento
GNSS de alta acurácia é a ionosfera, que passou a ser a
maior fonte de erro sistemático após a desativação da
técnica SA (Selective Availability) em 2000. O efeito
sistemático devido à ionosfera é diretamente proporcional
ao Conteúdo Total de Elétrons (TEC – Total Electron
Contents) e inversamente proporcional ao quadrado da
frequência. Uma característica importante é que o TEC
varia no tempo e no espaço, em razão do fluxo de
ionização solar, atividade geomagnética, ciclo solar,
ângulo zenital do Sol, estações do ano, hora local, direção
do raio vetor do satélite e localização geográfica
(CAMARGO, 1999; LEICK, 1995).
Além dessas variações, pode-se destacar os ciclos
de longos períodos, ou também conhecidos como ciclos
de 11 anos, que estão associados à ocorrência de manchas
solares, e por consequência o aumento de elétrons livres
na ionosfera, onde este aumento é proporcional ao
número de manvchas. As manchas solares são regiões
mais frias e escuras que surgem na superfície do Sol,
emitem uma alta radiação ultravioleta, acarretando uma
mudança na densidade de elétrons (MATSUOKA;
CAMARGO, 2007).
Atualmente, o Sol se encontra em baixa atividade
solar do ciclo 24, o seu último período de alta atividade
solar ocorreu em 2014.
Segundo Fedrizzi (2003), para períodos de máxima
atividade solar, o TEC diurno pode alcançar valores até
50% maiores do que em períodos de baixa atividade.
Neste artigo, será apresentado um estudo sobre a
correlação temporal e espacial existente entre as bolhas de
plasma, em períodos de alta e baixa do ciclo solar 24,
obtidas através dos imageadores ópticos, com os índices
de irregularidades FP (MENDILLO et al., 2000), IROT (PI
et al., 1997) e ROTI (WANNINGER, 1993), desde 2013
até 2016, o que permite fazer inferências sobre o
comportamento do clima espacial, sendo possível realizar
previsões e desenvolver modelos, orientando a tomada de
decisões.
2 OBJETIVO
Realizar uma investigação da existência de
correlação temporal e espacial entre as bolhas de plasma e
os índices de irregularidades ionosféricas, para fins de
monitoramento e desenvolvimento de modelos de
mitigação.
3 REVISÃO TEÓRICA
3.1 Ionosfera
A ionosfera é a parte ionizada da atmosfera
terrestre, situada, aproximadamente, entre 50 km de altura
até 1000 km acima da superfície terrestre constituída por
íons e elétrons, sendo assim, considerada a maior fonte de
erro sistemático no posicionamento GNSS após o
desligamento da técnica SA. (CAMARGO, 1999; LIN,
1997).
Por conta da propriedade dispersiva da ionosfera
para os sinais de rádio, a magnitude do efeito da camada
depende da frequência do sinal. Desta forma, as ondas de
rádio da banda L, utilizada pelo GNSS afeta a modulação
e a fase da portadora, fazendo com que sofram
respectivamente um retardo e um avanço (LEICK, 1995).
Segundo Matsuoka et al. (2009) o principal
parâmetro que descreve o efeito da ionosfera nos sinais
GNSS é o Conteúdo Total de Elétrons, o qual representa o
numero de elétrons contidos no caminho percorrido pelo
sinal do satélite ao receptor. O TEC é dado em
elétrons/m², porém por conta dos valores possuírem uma
grandeza muito elevada, adota-se como unidade o TECU
(TEC Unit), onde 1 TECU corresponde a 1x1016
eletrons/m².
O conteúdo total de elétrons pode ser obtido
utilizando as pseudodistâncias advindas dos códigos em
L1 e L2 ( sr2
s
r1PD ,PD ), a partir da seguinte combinação
linear (MATSUOKA et al., 2004):
12PD
s
r1
s
r22
2
2
1
2
2
2
1s
r ePDPDff40,3
ffTEC
, (1)
onde f1 e f2 são as frequências das portadoras L1e L2,
respectivamente, e 12PD
e são os erros sistemáticos não
eliminados combinação linear e erros aleatórios.
O TEC também pode ser determinado a partir da
combinação linear entre as medidas de fase das portadoras
L1 e L2 (s
r2
s
r1Φ ,Φ ) (MATSUOKA et al., 2004):
12Φ
s
r22
s
r11
s
r11
s
r222
2
2
1
2
2
2
1s
r eNλNλΦλΦλff40,3
ffTEC
(2)
sendo, λ1 e λ2, N1rs e N2rs, respectivamente, os
comprimentos de onda e ambiguidades das portadoras L1
e L2 e 12Φ
e os erros sistemáticos não eliminados na
combinação linear e erros aleatórios. O TEC obtido
através da pseudodistância é aproximadamente 10 vezes
ou mais ruidosos do que o obtido através da fase da onda
portadora. Isso ocorre, por conta da precisão da
pseudodistância ser da ordem métrica ao contrário da fase
que é da ordem centimétrica a milimétrica (HOFMANN-
WELLENHOF et al., 2008).
Existem diversas variáveis que influenciam no
comportamento do TEC, tais como: variações temporais
variações da radiação solar, campo geomagnético,
influência da localização geográfica, entre outras
(MATSUOKA, 2007; LEICK, 1995). A alteração na
densidade de elétrons está relacionada com as variações
temporais: variações diurnas, sazonais e ciclos de longos
períodos (SEEBER, 2003; CAMARGO, 1999).
As variações diurnas ocorrem devido à irradiação
solar, dependendo da densidade de elétrons, atingindo o
seu valor máximo entre as 12 a 16 horas local
(WEBSTER, 1993). Em baixas latitudes, esse valor
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máximo ocorre entre as 21 e 22 horas local, após o pôr do
Sol.
As variações sazonais ocorrem devido à variação
sazonal do ângulo zenital do Sol, sendo assim, a
densidade de elétrons varia de acordo com os meses do
ano (McNAMARA, 1991). Os menores valores de
densidade de elétrons ocorrem, aproximadamente, nos
meses de solstícios de verão e inverno, e os maiores
valores nos meses de março, abril, setembro e outubro
(equinócios de outono e primavera).
Já as variações de ciclos de longos períodos são
ciclos de aproximadamente 11 anos e estão associadas à
ocorrência de manchas solares, onde o aumento da
ionização da camada é proporcional ao número de
manchas existentes. Essas manchas solares são regiões
mais frias e escuras que surgem na superfície do Sol,
emitem uma alta radiação ultravioleta, acarretando uma
mudança na densidade de elétrons (MATSUOKA;
CAMARGO, 2007). O tempo de duração de uma mancha
solar, não é constante, uma vez que algumas manchas
surgem somente durante alguns dias, enquanto outras
permanecem por varias rotações solares, onde este
período correspondente a aproximadamente 27 dias.
(SCHAER, 1999 apud MATSUOKA, 2007).
A variação na quantidade de radiação
eletromagnética ocasionada pelo Sol provoca um efeito
no nível de ionização da atmosfera terrestre, com períodos
que variam de minutos a semanas. Três tipos de
fenômenos estão associados a esta variação: explosões
solares, buracos na coroa e manchas solares.
A variação no campo geomagnético também
exerce grande influência na variação na densidade de
elétrons, sendo assim, qualquer perturbação no campo
geomagnético ocasiona modificações no transporte do
meio ionizado. As variações mais comuns percebidas são
aquelas produzidas pelas correntes elétricas que fluem na
parte inferior da ionosfera. Podem ocorrer também
variações bruscas e intensas, provocadas pelas
tempestades solares (KIRCHHOFF, 1991).
Com relação às regiões geográficas ionosféricas,
também possui forte influência na densidade de elétrons
na ionosfera. São conhecidas como: regiões de altas
latitudes, regiões de médias latitudes e região tropical
(FONSECA JÚNIOR, 2002). A Figura 1 apresenta a
localização geográfica dessas regiões no globo terrestre.
Figura 1 – Regiões geográficas da ionosfera.
Fonte: Adaptado de Fonseca Junior (2002).
A ionosfera nos Pólos Norte e Sul, denominadas
de ionosfera polar ou de altas latitudes, é extremamente
instável (McNAMARA, 1991). A região tropical é
caracterizada por um alto nível de densidade de elétrons, e
vários fenômenos ocorrem nessa região. Já as regiões de
latitudes médias são consideradas relativamente livres das
anomalias ionosféricas (WEBSTER, 1993).
A ionosfera pode causar um efeito denominado
cintilação ionosférica, onde essas cintilações são
flutuações da amplitude ou fase de uma onda de rádio,
resultante da sua propagação em uma região que existem
irregularidades na densidade de elétrons e,
consequentemente, do índice de refração. A cintilação
causa um enfraquecimento no sinal recebido pelos
receptores GNSS, fazendo com que ocorra em muitos
casos a perda do sinal (WEBSTER, 1993). Períodos de
cintilação estão associados com a existência de regiões de
irregularidades de pequena escala na densidade de
elétrons na camada ionosférica. Normalmente essas
irregularidades estão localizadas entre 200 e 600 km de
altura (DAVIES, 1990).
Cintilações ionosféricas também podem ocorrer
em regiões caracterizadas por depleções do plasma de
larga escala, geralmente conhecidas como bolhas
ionosféricas (MATSUOKA, 2007). As bolhas se
estendem ao longo das linhas de força do campo
geomagnético, alcançando extensões de 10.000 km e
cerca de 150 a 300 km na direção perpendicular,
estabelecendo-se na alta ionosfera (SANTOS, 2001).
Normalmente ocorrem após o pôr do Sol e principalmente
no período até meia-noite. A Figura 2 apresenta um
esquema da evolução temporal e espacial das bolhas
ionosféricas. No âmbito brasileiro, as bolhas ionosféricas
ocorrem com maior frequência entre os meses de outubro
a março e variam de características de acordo com o ciclo
de atividade solar.
Figura 2 – Ilustração da evolução temporal e espacial das
bolhas ionosféricas.
Fonte: Soares (2001) apud Matsuoka (2007).
3.2 Índices de irregularidades
Os índices de irregularidades da ionosfera possuem
a função principal de classificar o comportamento da
mesma, de acordo com um padrão estabelecido. As
estimativas desses índices se baseiam na taxa de variação
do TEC (ROT – Rate of Change of TEC) e há diversos
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índices de irregularidades da ionosfera, dentre os quais se
destacam: IROT, ROTI, fP e FP.
O ROT é calculado por meio da diferença entre os
TECs obtidos consecutivamente entre duas épocas,
dividido pelo intervalo de tempo entre suas
determinações:
Δt
ΔTEC
tt
TECTECROT
12
tt 12
(3)
O índice fP (phase fluctuation) é o valor da
mediana dos ROTs para um período de 15 minutos, onde
os ROTs são estimados a cada minuto. O índice fP é
calculado para cada satélite de uma determinada estação e
é sempre maior ou igual a zero. O uso do valor da
mediana efetivamente evita a influência de picos de
ruídos. Assim, para diversos satélites/estações ele
representa a resolução espacial das irregularidades
(MENDILLO et al., 2000):
ROTMedianaihr,n,fP (4)
onde n é o número do satélites, hr é a hora (0 a 24 horas
TU (Tempo Universal)) e i número da seção com duração
de 15 minutos dentro de uma hora, ou seja, i = 1, 2, 3 ou
4.
O índice FP é calculado para cada estação, para
cada hora. Representa o valor médio de fP de todos os
satélites observados em uma estação dentro de uma hora.
FP destina-se a retratar o nível geral de irregularidades
presentes na vizinhança de uma determinada estação
(MENDILLO et al., 2000):
1000hrnsat
/kihr,n,fhrF
nsat
n
k
i P
P (5)
onde nsat é o número total de satélites observados dentro
de uma hora e k é o número de valores fP disponíveis
dentro de cada hora (k = 1, 2, 3 ou 4). A constante
multiplicativa 1000 é usada para tornar FP um índice
inteiro. Um valor FP ≤ 50 representa baixos níveis de
irregularidades; 50 < FP ≤ 200 significa a presença de
moderadas irregularidades, e quando FP > 200 representa
a ocorrência de fortes níveis de irregularidades
(MENDILLO et al., 2000).
O IROT é calculado para caracterizar flutuações da
fase como diagnóstico de irregularidades ionosféricas. O
índice, calculado para um período de 15 minutos, é
baseado no RMS (Root Mean Square) dos ROTs
(WANNINGER, 1993):
ROTRMS10IROT (6)
Valores IROT ≤ 0,5 representam baixos níveis de
irregularidades; 0,5 < IROT ≤ 2,0 significa a presença de
irregularidades moderadas, e quando os índices são
maiores que 2,0 representam a ocorrência de níveis de
irregularidades ionosféricas muito fortes (PEREIRA;
CAMARGO, 2014).
Devido ao fato de que as flutuações em pequena
escala não estavam sendo identificadas nos índices já
existentes, Pi et al. (1997) sugerem que um índice para a
taxa de variação do TEC (ROTI) poderia ser determinado
com base no desvio-padrão do TEC/min (ROT), em um
intervalo de 5 minutos. A equação para o cálculo do
índice ROTI é apresentado a seguir:
22 ROTROTROTI (7)
Um valor ROTI ≤ 0,05 representa baixos níveis de
irregularidades; 0,05 < ROTI ≤ 0,2 significa a presença de
irregularidade moderada, e quando ROTI > 0,2 representa
a ocorrência de níveis de irregularidades muito fortes
(PEREIRA; CAMARGO, 2014).
3.3 Imageadores ópticos all-sky
O imageador é um instrumento óptico composto
basicamente por uma lente do tipo olho de peixe, o qual
possui um campo de visão 180° azimutais, um sistema de
filtro e lentes, uma câmara CCD (Charge Couple Device)
de alta resolução (1024 x 1024 pixels), capaz de detectar
variações na aeroluminescência e registrá-las em imagens,
varrendo uma área relativamente grande (900 km de
diâmetro e 85 de altura), onde age através da “filtragem”
de imagens.
Para que o imageador all-sky funcione em
condições satisfatórias é necessário que as condições
ambientais também sejam favoráveis, dentre as quais
essas se destacam: céu limpo (sem presença de nuvem),
ausência de cerração ou neblina e sem a influência da luz
da Lua.
4 EXPERIMENTOS, RESULTADOS E ANÁLISES
Os índices de irregularidades da ionosfera (FP, IROT
e ROTI) foram estimados para a estação PBCG de
latitude 07° 12’ 49,24” S e de longitude 35° 54’ 25,69” O
da RBMC para o dia primeiro de março dos anos de 2013
a 2016, utilizando o programa Ion_Index (PEREIRA;
CAMARGO, 2016a e 2016b), dia estes também
caracterizados por altos níveis de irregularidades, devido
ao aumento da variação da densidade de elétrons próximo
ao equinócio de outono, e anos caracterizados por
ascensão, alta e declínio da atividade ionosférica.
As imagens do imageador óptico all-sky de São
João do Cariri/PB, localizada a 45 km da estação PBCG,
foram obtidas na página do EMBRACE/INPE
(http://www2.inpe.br/climaespacial/portal/video-imagem-
original/). É importante salientar que a escolha da estação
distante 45 km se dá ao fato de, no Brasil, existir um
número reduzido de imageadores, onde a estação PBCG é
uma das mais próximas a São João do Cariri.
Utilizando o programa Ion_Index, com máscara de
elevação de 35°, foram determinados os índices de
irregularidades da ionosfera FP, IROT e ROTI (Figura 3).
As imagens do imageador óptico all-sky foram obtidas da
página do EMBRACE/INPE (Figura 4).
http://www2.inpe.br/climaespacial/
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Figura 3 - Índices FP, IROT e ROTI da estação PBCG/RBMC, 1 de março de 2013 a 2016.
Figura 4 - Imagens do imageador de São João do
Cariri/INPE, das 23-24 TU, 01/03 de 2013, 2014 e 2016
respectivamente.
A partir da observação do comportamento dos
índices, observa-se a ascensão (2013), ápice (2014) e a
partir de 2015 o declínio da atividade solar, influenciando
o nível das irregularidades ionosféricas. Para o ano de
2013, observa-se que em torno das 00-01h TU e 23-24h
TU os índices foram classificados como de alto níveis, já
para 2014 foi possível perceber que os índices foram
classificados em níveis fortes durante um período de
tempo muito maior, quando se comparado a 2014, assim
classificando este ano como de alta atividade solar, o qual
também pode-se classificar como o ápice do ciclo solar
24. Para 2015 observa-se que valores foram classificados
como baixos níveis de irregularidades da ionosfera, com
exceção para o período das 23-24h TU, sendo este ano
classificado como o início do declínio da atividade solar.
Já para o ano de 2016 os índices também foram
classificados como baixos e quando se comparado com
ano anterior percebe-se que os índices ainda continuaram
sendo classificados como baixos, até no mesmo nos
horários de pico (inicio e fim do dia).
Com relação às imagens all-sky, para o período
correspondente aos dos índices, o mesmo comportamento
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pode ser verificado por meio das bolhas de plasma
(Figura 4). No período de ascensão (2013) e baixa
atividade solar (2016) elas estão bem destacadas nas
imagens. Porém, no período de alta (2014) em função das
intensas irregularidades ionosféricas, as bolhas
contemplam toda imagem. Sendo assim, os resultados
apresentados mostram indícios que há correlações
temporais e espaciais dos índices e das bolhas
ionosféricas. Vale salientar que o ano de 2015 não foi
representado por meio de imagens devido à
indisponibilidade das mesmas; porém, somente por meio
dos índices é possível verificar a redução da atividade
solar.
A fim de evidenciar e comprovar os resultados,
principalmente para destacar o comportamento das bolhas
de plasma representados através dos imageadores, foi
feito o mesmo processo, agora para o dia 2 de janeiro,
caracterizado como dia de baixa atividade solar, dos
mesmos anos 2013 a 2016.
Assim, utilizando o programa Ion_Index, foram
novamente encontrados os índices de irregularidades FP,
IROT e ROTI (Figura 5).
Figura 5 - Índices FP, IROT e ROTI da estação PBCG/RBMC, 02/06 de 2013 à 2016.
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As imagens do imageador óptico all-sky foram
obtidas da página do EMBRACE/INPE (Figura 6).
Figura 6 - Imagens do imageador de São João do
Cariri/INPE, das 23-24 TU, 02/06 de 2013, 2014 e 2016
respectivamente
Desta forma, para o dia 2 de junho, observa-se o
mesmo comportamento tanto para os índices de
irregularidades, quanto para as imagens dos imageadores,
quando comparados com o dia primeiro de março, só que
agora de maneira menos acentuada devido a data,
evidenciando novamente a ascensão (2013), ápice (2014)
e declínio a partir de 2015 da atividade solar. Logo, os
resultados novamente, apresentaram indícios da
existência de correlações temporais e espaciais dos
dados, comprovando a utilização dos métodos como
possíveis fonte de monitoramento do clima especial.
Além disso, pode-se destacar o comportamento das
bolhas, uma vez que, a data da tomada das imagens foi
realizada em dia caracterizado como baixa atividade solar,
deste modo, as bolhas não contemplam as imagens, sendo
possível ver imagens de “céu limpo”.
Enfatizando novamente, que para o ano de 2015
não foi possível representar as bolhas de plasma através
dos imageadores, devido a indisponibilidade das mesmas.
5 CONCLUSÕES
Para o monitoramento e desenvolvimento de
modelos de mitigação, foi feita uma investigação
ocorrência de correlação temporal e espacial entre as
bolhas de plasma e os índices de irregularidades
ionosféricas. Para isto, é importante ressaltar que todas as
escolhas feitas, tais como: a estação da RBMC, as datas,
bem como o horário do experimento, foram escolhidos de
modo que se obtivesse uma alta e baixa variação na
densidade de elétrons, para que pudesse ser feita uma
análise mais rigorosa.
Deste modo, os resultados apresentam fortes
indícios da existência de correlação temporal e espacial
entre bolhas e as irregularidades ionosféricas. Além disso,
uma análise feita ao longo dos anos tanto por meio dos
índices quanto através das imagens geradas pelos
imageadores, permitem uma melhor compreensão do
comportamento da ionosfera bem como do clima espacial,
sendo assim é possível realizar previsões e desenvolver
modelos, orientando a tomada de decisões.
AGRADECIMENTOS
Os autores da pesquisa agradecem ao CNPq pela
Bolsa de Mestrado/PPGCC, de Apoio Financeiro a Proposta
de Natureza Científica, Tecnológica e/ou de Inovação e
Bolsa PQ (processos 479965/2013-7 e 309924/2013-8), e à
FAPESP (processo n° 2015/20522-7) pela Bolsa de
Doutorado/PPGCC, ao Laboratório de Geodésia Espacial da
FCT/UNESP e ao INPE pelo fornecimento das imagens dos
imageadores “all-sky”.
REFERÊNCIAS
CAMARGO, P. O. Modelo regional da ionosfera para
uso em posicionamento com receptores de uma
frequência. 1999. 191 f. Tese (Doutorado em Ciências
Geodésicas) – Setor de Ciências da Terra, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba.
DAVIES, K. Ionospheric radio. London: Peter
Peregrinus Ltd., 1990. 580 p.
FEDRIZZI, M. Estudo do efeito das tempestades
magnéticas sobre a ionosfera utilizando dados GPS.
2003. 223p. Tese (Doutorado em Geofísica Espacial) –
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos
Campos.
FONSECA JUNIOR, E. S. O sistema GPS como
ferramenta para avaliação da refração ionosférica no
Brasil. 2002. 176 f. Tese (Doutorado em Engenharia de
Transportes) – Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo.
HOFMANN-WELLENHOF, B.; LICHTENEGGER, H.;
WASLE, E. GNSS – Global Navigation Satellite
Systems: GPS, GLONASS, Galileo, and more. New
York: Springer- Verlag Wien, 2008. 516 p.
KIRCHHOFF, V. W. J. H. Introdução à geofísica
espacial. São Paulo: Nova Stella, Ed. USP/FAPESP,
1991. 149 p.
LEICK, A. GPS satellite surveying. 2. ed. New York:
John Wiley & Sons, 1995. 560 p.
LIN, L. S. A novel approach to improving the accuracy of
real-time ionospheric delay estimation using GPS. In:
INTERNATIONAL TECHNICAL MEETING OF THE
IV Simpósio Brasileiro de Geomática – SBG2017II Jornadas Lusófonas - Ciências e Tecnologias de Informação Geográfica - CTIG2017
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