109
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE GISELLI SCAINI INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS COMPOSTOS ACUMULADOS NA DEFICIÊNCIA DA DESIDROGENASE DE ACILAS DE CADEIA MÉDIA (MCAD) EM CÉREBRO, FÍGADO E MÚSCULO DE RATOS DURANTE O SEU DESENVOLVIMENTO NA PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE HIPERAMONEMIA. CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2010

INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

GISELLI SCAINI

INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS

COMPOSTOS ACUMULADOS NA DEFICIÊNCIA DA DESIDROGENAS E

DE ACILAS DE CADEIA MÉDIA (MCAD) EM CÉREBRO, FÍGADO E

MÚSCULO DE RATOS DURANTE O SEU DESENVOLVIMENTO NA

PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE HIPERAMONEMIA.

CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2010

Page 2: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

GISELLI SCAINI

INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS

COMPOSTOS ACUMULADOS NA DEFICIÊNCIA DA DESIDROGENAS E

DE ACILAS DE CADEIA MÉDIA (MCAD) EM CÉREBRO, FÍGADO E

MÚSCULO DE RATOS DURANTE O SEU DESENVOLVIMENTO

NAPRESENÇA OU AUSÊNCIA DE HIPERAMONEMIA.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde

Orientador: Prof. Dr. Emílio Luiz Streck

Co-orientadora: Profa. Dra. Patrícia F. Schuck

CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2010

Page 4: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

Dedico este trabalho aos meus familiares, em

especial aos meus pais, Elcio e Adioni, que estão

presentes em todos os momentos da minha vida e

por serem sempre os maiores incentivadores de

todas as minhas escolhas.

Page 5: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

AGRADECIMENTOS

Considerando esta dissertação como resultado de uma caminhada que não começou

na UNESC, agradecer pode não ser tarefa fácil, nem justa. Para não correr o risco da

injustiça, agradeço de antemão a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e

contribuíram para a construção de quem sou hoje. E agradeço, particularmente, a algumas

pessoas pela contribuição direta na construção deste trabalho:

A Deus, que sempre olha por mim e que me concedeu tantas maravilhas. Por seu amor

incondicional, sua misericórdia, sua luz e, principalmente, por ter me dado força, coragem e

incentivo para que, nos momentos de fraqueza, eu me levantasse e continuasse a minha

jornada. Obrigada, Senhor!

Aos meus pais, Adione Cardoso Scaini e Elcio Scaini, pelas noites mal dormidas, pelas

angústias e preocupações, por todo amor, carinho e felicidade que me concederam. Obrigada

pela vida e por terem feito de mim o que sou hoje. Por terem me dado a melhor educação e

incentivo ao aperfeiçoamento constante. Por serem exemplos a ser seguidos e por serem tudo

aquilo que um dia eu quero ser para o meu filho. Muito obrigada. Amo vocês!

Aos meus irmãos, Junior e Giovanna, presenças alegres e incentivos constantes, pelo

carinho e força que me dão, por estarmos sempre juntos nos momentos mais importantes, por

"contar" com vocês! Agradeço também a minha cunhada e ao meu futuro sobrinho que com

certeza vai ser lindo e já é muito amado. Tenho certeza de que a minha alegria os faz alegres

também.

Page 6: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

Agradecimento muito especial, ao meu orientador, Prof. Dr. Emilio Luiz Streck,

obrigada primeiramente pela confiança depositada, pelo exemplo de profissionalismo e

comprometimento com o conhecimento científico, pelos ensinamentos, amizade, e,

principalmente, por nunca ter medido esforços para que esse trabalho acontecesse. O seu

apoio incondicional foi fundamental para que tudo desse certo. A você serei eternamente

grata. Minha eterna gratidão pela valiosa orientação que tornou real a concretização de um

sonho.

A Profa. Dra. Patrícia Fernanda Schuck, pela paciência, pelos ensinamentos no

âmbito profissional e pessoal, pelo incentivo, pela amizade e pela experiência profissional que

contribuíram para o meu crescimento. Agradeço imensamente o carinho em todos os

momentos.

Aos professores que compõem a banca examinadora dessa dissertação: Agradeço as

valiosas contribuições dadas durante a defesa do projeto, sua disponibilidade e abertura à

troca de conhecimentos.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, agradeço

pelo muito que aprendi nestes dois anos, pelas dúvidas e incertezas que por vocês foram

esclarecidas.

À Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), em especial ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Saúde, pela formação e pela possibilidade de realizar esse

trabalho de pesquisa. Agradeço também a CAPES, pelo auxílio financeiro.

Page 7: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

A todos os meus amigos pela amizade, carinho, companheirismo, cumplicidade e,

principalmente paciência e tolerância por todos os “nãos” recebidos a muitos dos seus

convites feitos a mim nesses dois últimos anos. São tantos os amigos que se encaixam nessas

palavras, que eu precisaria de muitas páginas para nomear a todos. Deixo aqui, meu muito

obrigada e minha eterna gratidão pelo simples fato de existirem.

As minhas companheiras de laboratório, em especial a Gabi, a Bela e a Gislaine, pelo

incentivo, força, amizade, carinho que partilhamos durante nosso caminhar... Muito

Obrigada!

Agradecimento muito especial as “minhas” aprimorandas, Nati, Joana (mesmo que

longe) e Meline, pela amizade, pela confiança que depositaram em mim, pelas coincidências e

reencontros em nossas vidas e também pelo auxílio na etapa final desse trabalho. Muito

obrigada!

À toda a família do Laboratório de Fisiopatologia Experimental pela grande amizade,

convivência e troca de experiência. Obrigada por tudo.

Page 8: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

“Qualquer caminho que você decida tomar,

sempre existe alguém para te dizer que você está

errado. Existem sempre dificuldades surgindo

que te tentam a acreditar que as críticas estão

corretas. Mapear um caminho de ação e segui-lo

até o fim requer coragem”

Ralph Waldo Emerson

Page 9: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

RESUMO

A deficiência da desidrogenase de acil-CoA de cadeia média (MCADD) é o mais frequente defeito da oxidação de ácidos graxos, caracterizado bioquimicamente pelo acúmulo tecidual predominante dos ácidos graxos de cadeia média, ácido octanóico (AO) e ácido decanóico (AD). Os pacientes afetados apresentam hipoglicemia hipoacetótica, rabdomiólise, hepatomegalia, hiperamonemia, letargia e convulsões, podendo rapidamente evoluir para o coma e morte. Atualmente, os mecanismos fisiopatológicos dos danos teciduais apresentados pelos pacientes afetados por esse distúrbio ainda não estão esclarecidos. Assim, no presente trabalho, investigamos o efeito in vitro dos ácidos octanóico (AO) e decanóico (AD) na ausência ou presença de acetato de amônia (AA) sobre parâmetros do metabolismo energético e de estresse oxidativo em córtex cerebral, fígado e músculo esquelético de ratos jovens.

Verificamos que o AO e AD diminuiu a atividade do complexo I-III, II, III e IV no fígado, e também inibiu a atividade do complexo IV no músculo esquelético. Além disso, o AD causou uma diminuição da atividade do complexo II-III no músculo esquelético. Verificamos também que o AO e AD aumentaram os níveis de TBA-RS e o conteúdo de carbonilas em ambos os tecidos. Finalmente, AD, mas não AO, diminuiu significativamente os níveis de GSH no músculo esquelético de ratos. Além disso, observamos que o AA inibiu a atividade do complexos II-III no fígado, e a atividade do complexo IV no músculo esquelético, cérebro e fígado. Por outro lado, houve um aumento na atividade do complexo II no fígado. Quanto à associação entre AA e os ácidos graxos, observamos uma inibição do complexo I-III e II no cérebro, e do complexo II no músculo esquelético quando o AD e o AA estiveram presentes simultaneamente no meio de incubação, sugerindo uma ação sinérgica entre AA e AD. Além disso, as evidências de efeitos aditivos entre AA e os ácidos graxos foram observadas, uma vez que o AA potencializou os efeitos inibitórios do AO e AD sobre a atividade do complexo IV em diferentes estruturas. Observou-se também que o AO, AD e AA, sozinhos ou associados, inibiram a atividade da citrato sintase no cérebro, mas somente a combinação do AD com AA inibiu a atividade da citrato sintase no fígado. Já a atividade da succinato desidrogenase no córtex cerebral foi reduzida pelo AD isolado ou associado com AA.

O presente estudo fornece evidências de que os AO e AD, os principais metabólitos acumulados na MCADD, alteram a bioenergética mitocondrial e causam estresse oxidativo em tecidos periféricos de ratos jovens. Esse estudo também demonstrou um efeito sinérgico/aditivo entre o AO, DA e a amônia, prejudicando a bioenergética mitocondrial no cérebro, fígado e músculo esquelético de ratos.

Palavras-chave: ácido octanóico; ácido decanóico; amônia; mitocôndrias; deficiência de MCAD.

Page 10: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

ABSTRACT

Medium-chain acyl-CoA dehydrogenase deficiency (MCADD) is the most frequent fatty acid oxidation disorder, leading to the accumulation of octanoic (AO), and decanoic (AD) acids. Affected patients present hypoketotic hypoglycemia, rhabdomyolysis, hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to coma and death. At present the pathophysiological mechanisms underlying tissues damage in affected patients are poorly known. Therefore, in the present study we investigated the in vitro effects of OA and DA in the absence or presence ammonium acetate (AA) on energy metabolism and oxidative stress parameters in rat cerebral cortex, liver and skeletal muscle. It was first verified that OA and DA decreased complex I-III, II-III and IV activities in liver, and also inhibit complex IV activity in skeletal muscle. In addition, DA decreased complex II-III activity in skeletal muscle. We also verified that OA and DA increased TBA-RS levels and carbonyl content in both tissues. Finally, DA, but not OA, significantly decreased GSH levels in rat skeletal muscle.

Moreover, we verified that AA inhibited complex II-III in liver, complex IV activity in the brain, liver and skeletal muscle. On the other hand, AA increased complex II activity in liver. Regarding the associations between AA and the fatty acids, we observed that inhibitions of complex I-III and II in the brain and complex II in skeletal muscle were detected only when DA plus AA were simultaneously present in the incubation medium, suggesting a synergistic action between AA and DA. In addition, evidences for additive effects between AA and the fatty acids were observed, since AA enhanced the effects of OA and DA on complex IV in the different structures. observed that OA, DA and AA, per se or associated, inhibited sitrate synthase activity in the brain, but only the combination of DA plus AA inhibited the same enzyme activity in liver. On the other hand, citrate synthase activity was not affected by these compounds in skeletal muscle. Succinate dehydrogenase activity was decreased by DA, but AA failed to enhance this inhibition.

The present study provides evidence that OA and DA, the major metabolites accumulating in MCADD, disturb mitochondrial bioenergetics and elicit oxidative stress in rat peripheral tissues. This study also demonstrated evidence for a synergistic/additive effect between OA, DA and ammonia impairing bioenergetics parameters in brain, liver and skeletal muscle of rats.

Keywords: octanoic acid; decanoic acid; ammonia; mitochondria; MCAD deficiency

Page 11: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

Lista de Figuras

Figura 1. Bloqueio de uma rota metabólica ........................................................... 15

Figura 2. Efeitos dos ésteres de CoA sobre a síntese da uréia .............................. 22

Figura 3. Destinos da glicose ................................................................................. 28

Figura 4. Ciclo de Krebs ........................................................................................ 29

Figura 5. Cadeia respiratória mitocondrial ............................................................ 31

Page 12: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

Lista de Abreviaturas

AD – Ácido decanóico

AcD – Ácido cis-4-decenóico

AO – Ácido octanóico

Acetil-CoA – acetil coenzima A

ATP – adenosina trifosfato

CK – creatina quinase

CO2 – gás carbônico

CoQ – coenzima Q

EIM – erros inatos do metabolismo

ERO – espécies reativas de oxigênio

ERN – espécies reativas de nitrogênio

FAD+ – flavina adenina dinucleotídeo (forma oxidada)

FADH2 – flavina adenina dinucleotídeo (forma reduzida)

GABA – ácido γ-aminobutírico

GTP – guanosina trifosfato

GSH – glutationa reduzida

H+ – próton

H2O – água

H2O2 – peróxido de hidrogênio

LCHAD – desidrogenases de 3-hidroxi-acil-CoA de cadeia longa

LDL – lipoproteína de baixa densidade (low density lipoprotein)

Page 13: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

MCAD – desidrogenase de acil-CoA de cadeia média

NAD+ – nicotinamida adenina dinucleotídeo (forma oxidada)

NADH – nicotinamida adenina dinucleotídeo (forma reduzida)

NADPH – nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (forma reduzida)

NMDA – N-metil-D-aspartato

NO• – óxido nítrico

NOS – óxido nítrico sintase

O2 – oxigênio

O2•- – ânion superóxido

OCl- - ânion hipoclorito

1O2 – oxigênio “singlet”

OH• – radical hidroxila

ONOO- – peroxinitrito

SDH – succinato desidrogenase

SOD – superóxido dismutase

Pi – fosfato inorgânico

PKC – proteína quinase C

SCAD – desidrogenases de acil-CoA de cadeia curta

SCHAD – desidrogenases de 3-hidroxi-acil-CoA de cadeia curta

SDH – succinato desidrogenase

SNC – Sistema nervoso central

VLCAD – desidrogenases de acil-CoA de cadeia muito longa

Page 14: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14

1. Erros Inatos do Metabolismo ....................................................................................... 14

1.1. Histórico ....................................................................................................................... 14

1.2. Defeitos da Oxidação de Ácidos Graxos ..................................................................... 15

1.3. Deficiência da Desidrogenase de Acil-CoA de cadeia média (MCAD) ...................... 16

1.3.1. Metabólitos Acumulados nos pacientes com deficiência de MCAD ........................ 18

1.3.2. Aspectos Moleculares da deficiência de MCAD ....................................................... 18

1.3.3. Fisiopatologia da deficiência de MCAD .................................................................. 19

2. Hiperamonemia ............................................................................................................. 21

2.1. Hiperamonemia na deficiência de MCAD ................................................................... 22

2.2. Toxicidade da Amônia ................................................................................................. 23

3. Metabolismo Energético ............................................................................................... 27

3.1. Histórico ....................................................................................................................... 27

3.2. Destino da Glicose e Ciclo de Krebs ............................................................................ 27

3.3. Cadeia Respiratória e Fosforilação Oxidativa ............................................................. 30

3.4. Creatina Quinase .......................................................................................................... 32

4. Radicais Livres .............................................................................................................. 34

4.2. Defesa Antioxidante ..................................................................................................... 35

4.3. Estresse Oxidativo ....................................................................................................... 36

II. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 39

Objetivo Geral ..................................................................................................................... 39

Objetivos Específicos .......................................................................................................... 39

Page 15: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

III. RESULTADOS ............................................................................................................... 40

IV. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 83

V. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 90

Page 16: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

14

PARTE I - INTRODUÇÃO

1. Erros Inatos do Metabolismo

1.1. Histórico

Em 1908, Sir Archibald E. Garrod usou o termo erros inatos do metabolismo (EIM)

para designar doenças como a alcaptonúria, em que os indivíduos afetados excretam grandes

quantidades de ácido homogentísico na urina. Garrod observou uma maior frequência desta

doença em indivíduos de uma mesma família e maior incidência de consanguinidade entre os

pais dos pacientes. Baseando-se nas leis de Mendel e no fato de que os pais dos indivíduos

afetados não apresentavam a doença, Garrod propôs um modelo de herança autossômica

recessiva para este distúrbio. Através da observação de que o ácido homogentísico presente

em excesso na urina dos pacientes era um metabólito normal da degradação protéica, ele

relacionou este acúmulo a um bloqueio na rota de catabolismo da tirosina. Com o surgimento

de novos distúrbios relacionados a alterações genéticas e que envolviam o acúmulo de outras

substâncias nos líquidos biológicos dos pacientes, postulou-se que estas doenças resultavam

da síntese qualitativa ou quantitativamente anormal de uma proteína, enzimática ou não,

pertencente ao metabolismo (Scriver et al., 2001). Presumiu-se, então, que em consequência

deste bloqueio metabólico pode ocorrer o acúmulo de precursores da reação catalisada pela

enzima envolvida, com a formação de rotas metabólicas alternativas e a deficiência de

produtos essenciais ao organismo (Bickel, 1987).

Page 17: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

15

Figura 1. Bloqueio de uma rota metabólica (Adaptado de Scriver et al., 2001).

Até o momento foram descritos mais de 500 EIM, a maioria deles envolvendo

processos de síntese, degradação, transporte e armazenamento de moléculas no organismo

(Scriver et al., 2001). Embora individualmente raras essas doenças em seu conjunto afetam

aproximadamente 1 a cada 500/2.000 recém nascidos vivos (Baric et al., 2001).

1.2. Defeitos de Oxidação de Ácidos Graxos

A beta-oxidação mitocondrial de ácidos graxos é uma fonte de energia muito

importante para a síntese de ATP, principalmente em períodos de jejum, já que este processo

gera acetil-coenzima A (acetil-CoA) e energia na forma de ATP. A rota de oxidação dos

ácidos graxos é complexa e inclui muitos passos: captação celular de ácidos graxos, ativação

desses mesmos ácidos graxos a ésteres acil-CoA, trans-esterificação a acilcarnitinas,

translocação através da membrana mitocondrial, re-esterificação a acil-CoA, e a espiral da

beta-oxidação intramitocondrial, que fornece elétrons para flavoproteínas transferidoras de

elétrons e acetil-CoA. Cada etapa da espiral de oxidação é catalisada por enzimas específicas

para o comprimento da cadeia carbônica do ácido graxo (Smith et al., 2005).

Na década de setenta foram descritos os primeiros erros inatos do metabolismo

atribuídos a defeitos na oxidação dos ácidos graxos em pacientes com astenia ou rabdomiólise

Page 18: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

16

induzida por exercício. Pouco tempo depois foi descrita a deficiência sistêmica de carnitina e,

em 1982, a deficiência da desidrogenase de acil-CoA de cadeia média (MCADD) foi

diagnosticada em pacientes que apresentavam descompensação metabólica com sintomas

neurológicos durante o jejum (Kolvraa et al., 1982). Atualmente, já estão descritas pelo menos

23 diferentes entidades clínicas dentro deste grupo de doenças, incluindo defeitos no

transporte de carnitina na membrana plasmática, nas enzimas carnitina palmitoiltransferase I e

II, carnitina/acilcarnitina translocase, nas desidrogenases de acil-CoA de cadeia muito longa

(VLCAD), média (MCAD) e curta (SCAD), na 2,4-dienoil-CoA redutase e nas

desidrogenases de 3-hidroxi-acil-CoA de cadeia longa (LCHAD) e curta (SCHAD), bem

como na proteína trifuncional mitocondrial (Roe & Ding, 2001).

Acredita-se que a prevalência dessas doenças seja subestimada, visto que seu

diagnóstico depende da detecção dos metabólitos acumulados por métodos sofisticados e

equipamentos de alto custo que poucos laboratórios possuem (Walker, 1994). Além disso,

devido à semelhança do quadro clínico, uma parte considerável dos pacientes afetados por

defeitos de oxidação de ácidos graxos é diagnosticada erroneamente como síndrome de morte

súbita da infância, infecção bacteriana aguda (sepse), síndrome de Reye, fígado gorduroso da

gravidez ou síndrome de vômito cíclico (Rinaldo et al., 1998).

Dentre os defeitos de beta-oxidação, a MCADD é o mais frequente destes distúrbios,

com uma prevalência similar à da fenilcetonúria, o mais frequente erro inato do metabolismo.

1.3. Deficiência de Desidrogenase de Acil-CoA de Cadeia Média (MCAD)

A MCADD é um defeito hereditário metabólico de herança autossômica recessiva

cujos primeiros sinais clínico-laboratoriais geralmente aparecem entre os primeiros dias de

vida até os seis anos de idade (Wilcken et al., 2007), podendo, no entanto, ocorrer na fase

Page 19: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

17

adulta (Ruitenbeek et al., 1995). Os pacientes afetados pela MCADD geralmente são

assintomáticos e os sintomas são precipitados por períodos de jejum ou de outras formas de

estresse metabólico, usualmente associadas a infecções virais ou bacterianas ou mesmo à

vacinação (Derks et al., 2006). Pacientes afetados pela MCADD apresentam uma

sintomatologia muito variada, incluindo episódios de vômitos, letargia, apnéia e coma,

podendo levar à morte súbita (Grosse et al., 2006). Podem também apresentar atraso no

desenvolvimento psicomotor, rabdomiólise, paralisia cerebral, retardo no crescimento,

problemas comportamentais e déficit de atenção (Roe & Ding, 2001). Durante as crises mais

graves o coma, muitas vezes acompanhado de convulsões, e a hiperamonemia com disfunção

hepática são frequentes (Ruitenbeek et al., 1995).

Os principais achados neuropatológicos dos pacientes com MCADD são microcefalia,

edema cerebral e anomalias no lobo frontal (Egidio et al., 1989; Maegawa et al., 2008). Em

muitos casos ocorre acúmulo microvesicular de lipídeos no fígado, similar ao acúmulo

observado em pacientes com síndrome de Reye (Roe & Ding, 2001). Também pode ocorrer

rabdomiólise, acúmulo microvesicular de lipídeos entre as miofibrilas e de glicogênio

detectados por biópsia muscular (Ruitenbeek et al., 1995).

Se não diagnosticados precocemente, 20 a 25% dos pacientes afetados pela MCADD

morrem durante o primeiro episódio de crise metabólica (Grosse et al., 2006), enquanto o

risco de sofrer uma crise fatal estende-se por toda a vida (Roe & Ding, 2001).

Page 20: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

18

1.3.1. Metabólitos Acumulados nos Pacientes com Deficiência de MCAD

O defeito no catabolismo de ácidos graxos de cadeia média ocasiona o acúmulo destes

ácidos graxos e seus derivados que, principalmente durante os períodos de crise, encontram-se

muito aumentados no sangue e em outros tecidos, bem como na urina dos pacientes. Os

principais metabólitos acumulados são os ácidos graxos de cadeia média octanoato, decanoato

e cis-4-decenoato. Outro achado comum na doença é a elevação da concentração urinária de

hexanoilglicina, fenilpropionilglicina e suberilglicina (Costa et al., 2000).

1.3.2. Aspectos Moleculares da Deficiência de MCAD

A MCADD é uma doença autossômica recessiva, cuja mutação mais comum é uma

mutação ponto que resulta na substituição de lisina por ácido glutâmico no aminoácido 329 do

precursor da MCAD (K329E). Isso ocorre devido à adição de um nucleotídeo adenina (na

posição 985) no lugar de guanina no gene da MCAD (c.985A>G), mutação responsável por

aproximadamente 80-90% dos alelos mutantes em caucasianos. Deve-se considerar também

que o desenvolvimento dos sintomas deve ser influenciado pelo grau de estresse metabólico e

a combinação de fatores, tais como infecção e jejum (Matsubara et al., 1992). Por outro lado,

mais recentemente tem-se tentado correlacionar o tipo de mutação envolvida na doença com o

acúmulo de metabólitos nos pacientes, sendo que aparentemente a presença da mutação

c.985A>G parece estar correlacionada a maiores níveis de acúmulo neonatal de

octanoilcarnitina no plasma bem como de acilglicinas na urina. Além disso, as mutações

c.985A>G e c.583G>A parecem resultar em maior severidade, enquanto que a mutação

c.199T>C está associada a sintomas menos severos da doença (Waddell et al., 2006).

Page 21: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

19

1.3.3. Fisiopatologia na Deficiência de MCAD

A síntese diminuída de corpos cetônicos durante o jejum é uma característica da

MCADD, fazendo com que aumente a importância da glicose sanguínea como fonte de

energia celular, ocasionando hipoglicemia nos pacientes. Outra consequência da não-

utilização dos ácidos graxos de cadeia média na síntese de corpos cetônicos é o acúmulo de

acil-CoA de ácido graxo de cadeia média dentro das mitocôndrias. Eleva-se então a razão

acil-CoA:CoA, causando a inibição das enzimas piruvato desidrogenase e α-cetoglutarato

desidrogenase, que utilizam coenzima A como substrato. Assim, ocorre diminuição da

conversão do piruvato a acetil-CoA e diminuição na velocidade do ciclo de Krebs, visto que a

síntese do citrato e a conversão do α-cetoglutarato a sucinil-CoA também estão diminuídas.

Além disso, a sucinil-CoA ligase é inibida pelo ácido octanóico e também por intermediários

de acil-CoA. Com a baixa produção de acetil-CoA, há diminuição da síntese de citrato, o

citrato por sua vez é precursor de malato, substância necessária para a produção de glicose,

via gliconeogênese, e precursor de malonil-CoA, o principal regulador inibitório da carnitina

palmitoil transferase I, enzima responsável pela entrada de ácidos graxos de cadeia longa na

mitocôndria. Portanto, a diminuição dos níveis de citrato ocasionada pelo acúmulo do

octanoato e outros ácidos graxos na MCADD provoca também uma diminuição da

gliconeogênese e um aumento da entrada de ácidos graxos de cadeia longa na mitocôndria, o

que deve ser um agravante para a hipoglicemia e deve provocar o acúmulo de derivados de

acil-CoA graxos nos pacientes (Roe & Ding, 2001). Além disso, com a pouca disponibilidade

de substratos energéticos, há uma exacerbação de processos catabólicos, dentre os quais

podemos salientar a proteólise. Com a grande degradação de proteínas e utilização de

aminoácidos como substratos energéticos, há uma maior liberação de amônia, produto

resultante da degradação de aminoácidos (Smith et al., 2005), que apresenta alta toxicidade

Page 22: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

20

para os tecidos em geral, em especial para o sistema nervoso central (SNC) (Felipo &

Butterworth, 2002).

Por outro lado, acredita-se que o quadro de letargia, que pode evoluir a coma e morte,

seja devido, particularmente, ao acúmulo de ácidos graxos de cadeia média e seus derivados

(Gregersen et al., 2008). Até o presente momento, poucos estudos foram realizados sobre os

efeitos tóxicos dos ácidos graxos de cadeia média acumulados na MCADD. Foi demonstrado

que o octanoato causa um aumento do consumo de oxigênio (O2) e produção de monóxido de

carbono (CO2), sem causar um correspondente aumento na produção de ATP em fígado de

ratos (Berry et al., 1983; Scholz et al., 1984). Além deste, outros efeitos têm sido atribuídos

ao octanoato, quando testado in vitro, como inibição do controle do volume de astrócitos e da

Na+,K+-ATPase em cultura de células gliais (Olson et al., 1989), que poderiam estar

relacionados ao edema cerebral observado na deficiência de MCAD e também na síndrome de

Reye, ambas caracterizadas por acúmulo de octanoato nos tecidos dos pacientes afetados. Foi

também demonstrado que o octanoato e o decanoato são inibidores do transporte de ácidos

orgânicos através do plexo coróide em coelhos. Os autores do trabalho sugeriram que tal

efeito poderia impedir a depuração do octanoato e compostos relacionados, contribuindo para

o acúmulo desses compostos no cérebro e no líquido cerebroespinhal e para a encefalopatia

das doenças em que essas substâncias se acumulam (Kim et al., 1983).

Mais recentemente, foi demonstrado que os ácidos octanóico (AO), decanóico (AD) e

cis-4decenóico (AcD) inibem in vitro importantes parâmetros do metabolismo energético em

cérebro de ratos jovens, incluindo as atividades de complexos da cadeia respiratória, da

creatina quinase e Na+,K+-ATPase, bem como a produção de 14CO2 a partir de [U-

14C]glicose, [1-14C]acetato e [U-14C] citrato (de Assis et al., 2003; 2006; Reis de Assis et al.,

2004). Também foi demonstrado recentemente que esses mesmos compostos induzem

estresse oxidativo em córtex cerebral de ratos jovens (Schuck et al., 2007; 2009a).

Page 23: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

21

Enfatize-se que, apesar de se ter investido muito no estudo dos defeitos da oxidação de

ácidos graxos com evidentes progressos no diagnóstico da maioria delas, poucas informações

estão disponíveis na literatura internacional sobre a etiopatogenia do dano neurológico nos

pacientes afetados por essas doenças (Lund et al., 2003). Assim, a expectativa é de que

estudos bioquímicos, como o presentemente proposto, sejam levados a efeito para clarificar a

associação do defeito genético e dos sintomas dos pacientes nos distúrbios propostos com a

finalidade precípua de contribuir mais decisivamente para o tratamento dos portadores dessas

doenças.

Neste contexto, apesar dos sintomas dos pacientes afetados pela MCADD piorarem

subitamente durante ou após crises metabólicas em que há exacerbação dos processos

catabólicos, levando uma parte deles a degeneração aguda ou crônica de estruturas cerebrais

durante esses episódios, praticamente nada tem-se investigado sobre a etiopatogenia da

disfunção neurológica e dano cerebral que acomete os indivíduos afetados pela MCADD

nestas situações de estresse metabólico. É possível que o acúmulo maior dos produtos tóxicos

nesses distúrbios durante as crises de descompensação metabólica possa ter um papel

importante na fisiopatologia dos danos apresentados pelos pacientes, embora não se possa

afastar a possibilidade de que um déficit de energia primário causado por hipoglicemia ou

pela impossibilidade de degradar ácidos graxos seja responsável por parte desse dano.

2. Hiperamonemia

A amônia é uma substância proveniente do metabolismo dos compostos nitrogenados,

sendo produto e/ou precursor de importantes compostos (Lehninger et al., 2007). Este

metabólito possui um papel importante na manutenção da homeostase do nitrogênio nos

Page 24: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

22

organismos vivos, mas quando em altas concentrações se torna extremamente tóxico,

principalmente para o SNC (Cooper & Plum, 1987).

2.1. Hiperamonemia na deficiência da MCAD

A MCADD é clinicamente caracterizada por alterações no SNC, fígado e músculo

esquelético e cardíaco, ocorrendo principalmente após situações de estresse metabólico

associado a catabolismo exacerbado. Desta forma, a hiperamonemia é um dos achados

clínicos encontrados em pacientes com a MCADD (Ruitenbeek et al., 1995). Segundo Fenton

& Rosenberg (1995), ésteres de CoA inibem diretamente a enzima carbamil fosfato sintetase

I, enzima responsável pelo primeiro passo do ciclo da uréia. Um bloqueio na síntese da uréia

resulta num acúmulo de amônia, justificando a hiperamonemia apresentada por estes

pacientes. Além disso, com a grande degradação de proteínas e utilização de aminoácidos

como substratos energéticos, há uma maior liberação de amônia, produto resultante da

degradação de aminoácidos (Smith et al., 2005).

Figura 2: Efeitos dos ésteres de CoA sobre a síntese da uréia (Adaptado de Fenton & Rosenberg, 1995) .

Page 25: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

23

A hiperamonemia é causa primária da neurotoxicidade em uma gama de doenças,

principalmente aquelas associadas à insuficiência hepática (Stewart & Walser, 1980; Smeltzer

& Bare, 1996), levando a dificuldades motoras, alterações comportamentais, convulsões,

coma e morte. Além disso, os pacientes que possuem níveis séricos elevados de amônia

podem apresentar diarréia, vômitos e acidose metabólica (Smeltzer & Bare, 1996).

Os mecanismos de neurotoxicidade da amônia ainda não estão bem esclarecidos.

Entretanto, existem evidências de que os distúrbios provocados pela amônia no SNC sejam

decorrentes da combinação de alterações bioquímicas, morfológicas, energéticas e físico-

químicas, tais como alterações no pH celular e consequente modificações na estrutura celular,

principalmente em astrócitos (Dolinska et al., 1996; Drewes & Leino, 1985; Noremberg et al.,

1991), alterações no metabolismo de alguns neurotransmissores (Felipo et al., 1994; Zhou et

al., 1999), produção de radicais livres (Kosenko et al., 1999) e possível depleção de alguns

intermediários do ciclo de Krebs e depleção de ATP (Cooper & Plum, 1987; Lai & Cooper,

1991; Felipo et al., 1994).

2.2. Toxicidade da Amônia

Os efeitos tóxicos provocados pela amônia parecem estar relacionados àqueles

envolvidos na neurotoxicidade glutamatérgica, uma vez que concentrações elevadas de

amônia induziram um aumento nos níveis extracelulares de glutamato por inibir a sua

captação (Felipo et al., 1994; Zhou & Noremberg, 1999), o acúmulo extracelular deste

neurotransmissor ativa receptores gtlutamatérgicos do tipo NMDA, levando à abertura dos

canais de íons a ele associados, permitindo o influxo neuronal de íons Ca+2 e Na+ (Lai &

Cooper, 1991; McDonald & Schoepp, 1993). Kosenko & colaboradores (2000) demonstraram

que a administração de amônia em ratos induziu uma importante alteração na homeostase de

Page 26: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

24

cálcio nas células do SNC, levando a um rápido aumento no conteúdo de cálcio

intramitocondrial, seguido por uma redução na capacidade e na taxa de captação desse íon,

além de aumentar o efluxo espontâneo deste íon da mitocôndria para o citosol. O aumento

intracelular de cálcio permite a ativação de algumas enzimas dependentes deste íon e de

outros mecanismos que desencadeiam injúria neuronal (Brorson et al., 1995; Pavlakovic et al.,

1995).

Kosenko & colaboradores (1995) demonstraram que administração de compostos que

previnem a toxicidade glutamatérgica do tipo NMDA, como os inibidores da enzima óxido

sintetase, atenuaram a toxicidade e as alterações nos metabólitos cerebrais provocadas pela

amônia. A nitroarginina, um inibidor da óxido nítrico sintetase (NOS), preveniu parcialmente

a morte dos animais, a depleção de ATP, o aumento no conteúdo da glicose, o aumento de

lactato e piruvato e o decréscimo no conteúdo de glicogênio. No entanto não preveniu o

aumento dos níveis de glutamina e a diminuição de glutamato. Estes dados sugerem o

envolvimento da produção de óxido nítrico via ativação de receptores NMDA nos efeitos

tóxicos causados pela amônia. Entretanto, estudos demonstram que o mecanismo de

toxicidade da amônia não está exclusivamente ligado aos efeitos mediados pelo receptor

NMDA, mas que a ativação deste receptor é um passo essencial no processo que levará a

depleção de ATP e morte (Marcaida et al., 1992; Kosenko et al., 1994; Felipo et al., 1994).

Um dos achados mais importantes nos estados de hiperamonemia é a depleção de

ATP. Recentemente foi proposto que a depleção de ATP é decorrente da ativação da enzima

Na+,K+-ATPase, induzida pela amônia (Felipo et al., 1994; Ratnakumari et al., 1995).

Kosenko & colaboradores (1994) demonstraram que a amônia induziu uma ativação da

enzima Na+,K+-ATPase, e que o MK-801 preveniu completamente este aumento, indicando

que este evento estava relacionado com ativação de receptores NMDA, e que poderia estar

envolvido na depleção de ATP. Foi proposto que a amônia pudesse ter influência sobre a

Page 27: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

25

fosforilação desta ATPase pela proteína quinase C (PKC) ou sobre a desfosforilação desta

enzima por uma fosfotase (Felipo et al., 1993).

Além disso, a depleção de ATP pela amônia também foi associada a incorporação dos

grupos amônio ao α-cetoglutarato, glutamato e glutamina, em uma sequência de reações que

culminaram no consumo de ATP pela glutamina sintetase. Além do consumo de ATP pela

glutamina sintetase, o seqüestro do α-cetoglutarato provavelmente resultaria em uma

interferência no funcionamento do ciclo de Krebs, já que este é um intermediário desse ciclo,

prejudicando assim a formação do ATP (Hertz & Kala, 2007).

Além das teorias já citadas para a depleção de ATP, alguns trabalhos demonstraram

que a amônia influência diretamente o funcionamento do ciclo de Krebs, uma vez que este

composto inibe algumas enzimas importantes deste ciclo, como a α-cetoglutarato

desidrogenase e a isocitrato desidrogenase (Lai & Cooper, 1986; Siegel et al., 1994). Outra

hipótese sugeriu que a amônia pudesse causar uma inibição da lançadeira de elétrons malato-

aspartato, uma vez que a diminuição no nível de glutamato total pode comprometer o

funcionamento desta lançadeira pela diminuição do fluxo de elétrons, e consequente causar

uma interferência no metabolismo energético (Fitzpatrick et al., 1983). Segundo Siegel &

colaboradores (1994) ratos com hiperamonemia apresentam as relações de lactato/piruvato e

NADH/NAD+ citoplasmáticas aumentadas, indicando assim que pode existir um

comprometimento no funcionamento da lançadeira de elétrons, através de uma diminuição na

translocação do glutamato-aspartato e pelo decréscimo nas atividades das aspartato

aminotransferases, principalmente a mitocondrial.

Por outro lado, estudos demonstraram que a amônia também interfere no metabolismo

da glicose. Muntz & Hurwitz (1951) verificaram que a amônia estimula a glicólise em

extratos cerebrais. A partir destes resultados os autores sugeriram que a amônia desinibia ou

ativava a fosfofrutoquinase, uma das enzimas marca-passo da via glicolítica in vivo e in vitro.

Page 28: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

26

Uma desinibição ou ativação dessa enzima pode estimular a utilização de glicose, fato esse

observado em animais que apresentaram hiperamonemia aguda (Hawkins et al., 1973; James

et al., 1974). Outra evidência que indica a interferência da amônia sobre a glicólise é o

aumento nos níveis de lactato cerebral e a relação lactato/piruvato de animais

hiperamonêmicos (Duffy et al., 1972; Lai et al., 1986).

Além dos mecanismos já descritos para a toxicidade da amônia, acredita-se que este

composto cause prejuízo na função mitocondrial através da produção de radicais livres.

Alguns estudos demonstraram que a amônia provocou uma diminuição na atividade das

enzimas antioxidantes e um aumento na produção de radicais superóxido no cérebro

(Kosenko et al., 1997).

Embora as causas das disfunções neurológicas provocadas pela amônia não sejam

totalmente conhecidas, acredita-se que parte das alterações ocorridas nas células do SNC seja

decorrente, além das alterações já citadas, do acúmulo de água, já que altos níveis de amônia

induzem um grande acúmulo mitocondrial de glutamina no cérebro (Dolinska et al., 1996),

um metabólito que promove retenção de água, causando assim um edema celular que aparece

principalmente nos astrócitos, embora algumas alterações possam ocorrer nos neurônios

(Drewes & Leino, 1985; Noremberg et al., 1991).

Drewes & Leino (1985) demonstraram que a exposição aguda a amônia e ao ácido

octanóico causou dano nos corpos celulares dos neurônios em preparações de cérebro de cães.

Neste estudo foi verificado que as mitocôndrias dos neurônios se apresentam alteradas e,

apesar do edema, as mitocôndrias dos astrócitos pareciam normais. A partir destas

observações, os autores concluíram que além dos astrócitos, os neurônios também podem

sofrer alterações nas síndromes hiperamonêmicas.

Page 29: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

27

3. Metabolismo Energético

3.1. Histórico

Hans Krebs propôs, em 1937, uma série de reações do metabolismo intermediário dos

carboidratos. Atualmente, o ciclo proposto por Krebs leva o seu nome. Há aproximadamente

meio século, Kennedy e Lehninger descobriram que as mitocôndrias contêm as enzimas do

ciclo de Krebs e as enzimas de oxidação dos ácidos graxos, além dos complexos respiratórios.

Alguns anos depois, Palade e Sjonstrand, através de microscopia eletrônica, mostraram que a

mitocôndria apresenta duas membranas, uma externa e uma interna, muito dobrada. Em 1961,

Peter Mitchell propôs a teoria quimiosmótica, sugerindo que o transporte de elétrons e a

síntese de ATP estão acoplados a um gradiente de prótons na membrana mitocondrial interna.

Mitchell sugeriu que bombas de prótons criariam este gradiente de prótons, que seria a força

motriz para a síntese de ATP (Berg et al., 2008).

3.2 Destinos da glicose e Ciclo de Krebs

Os seres vivos precisam de energia para realizar várias funções, como, por exemplo, o

transporte ativo de íons e moléculas, neurotransmissão, síntese de macromoléculas e outras

biomoléculas a partir de precursores simples e para a contração muscular. A energia

necessária para realizar essas funções é obtida com a oxidação de substâncias pela respiração

celular. O ATP é o principal combustível da célula na maioria dos processos que precisam de

energia, sendo a energia liberada pela hidrólise de ATP, que impulsiona uma série de reações

(Lehninger et al., 2007)

Page 30: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

28

A glicose é a principal fonte de energia utilizada pela maioria das células e ocupa uma

posição central no metabolismo. Ela é transportada para dentro das células por proteínas

transportadoras especificas, e ao entrar na célula, a glicose pode ser metabolizada em

diferentes rotas metabólicas. No entanto, a principal via de degradação da glicose é a

glicólise. Esta via é composta por uma sequência de 10 reações enzimáticas, cuja função no

metabolismo energético é fornecer parte da energia utilizada pelos organismos; este processo

ocorre no citoplasma e tem como produto final o piruvato (Lehninger et al., 2007; Berg et al.,

2008). Uma molécula de glicose gera duas moléculas de piruvato e de ATP. Além disso, a

glicose pode participar do ciclo das pentoses, que tem como objetivo formar NADPH, um

doador de elétrons de fundamental importância para as biossíntesses redutoras, e ribose-5-

fosfato, precursor da biossíntese de nucleotídios. Quando a célula está com elevados níveis de

ATP, a glicose pode ser armazenada na forma de glicogênio, que pode ser liberado e utilizado

rapidamente se a célula necessitar de energia (Clark et al., 1993; Lehninger et al., 2007; Berg

et al., 2008).

Figura 3. Destinos da glicose (Nelson & Cox, 2000).

Em organismos superiores, o piruvato, formado na glicólise a partir de glicose, pode

seguir duas rotas metabólicas distintas. No metabolismo anaeróbico, o piruvato apresenta dois

Page 31: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

29

caminhos. Primeiro, e mais comum, o piruvato é reduzido a lactato pela lactato desidrogenase,

formando ATP e consumindo NADH. Segundo, nos organismos capazes de fazer fermentação

alcoólica, o piruvato perde dióxido de carbono produzindo acetoaldeído, que então será

reduzido a etanol. No metabolismo aeróbico, o piruvato é transportado para dentro da

mitocôndria e sofre ação do complexo enzimático da piruvato desidrogenase formando acetil-

CoA, que seguirá para o ciclo Krebs (Lehninger et al., 2007; Berg et al., 2008).

O ciclo de Krebs ocorre na matriz mitocondrial, onde uma molécula de acetil-CoA é

completamente oxidada a CO2, através de uma série de reações composta por oito passos,

onde cada um é catalisado por enzimas diferentes (Lehninger et al., 2007; Berg et al., 2008).

O ciclo de Krebs começa e termina com oxaloacetato e consiste de uma sequência de reações

onde, em cada volta do ciclo, são formadas três moléculas de NADH, uma de FADH2, duas

de CO2 e uma de GTP. O NADH e FADH2 produzidos no ciclo de Krebs são carreadores de

elétrons que serão posteriormente utilizados na cadeia transportadora de elétrons para a

produção de ATP na fosforilação oxidativa (Marks et al., 1996; Lehninger et al., 2007; Berg

et al., 2008).

Figura 4. Ciclo de Krebs (Nelson & Cox, 2000).

Page 32: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

30

Altos níveis de ATP inibem o ciclo de Krebs por mecanismos complementares em

vários locais do ciclo. Um dos pontos de controle é a conversão de piruvato a acetil-CoA pela

enzima piruvato desidrogenase, inibida por ATP, acetil-CoA e NADH (Smith et al., 2005;

Lehninger et al., 2007; Berg et al., 2008).

3.3. Cadeia respiratória e fosforilação oxidativa

A cadeia respiratória e a fosforilação oxidativa, assim como o ciclo de Krebs, ocorrem

nas mitocôndrias. A cadeia respiratória é formada por uma série de complexos protéicos, onde

ocorre a transferência de elétrons doados por NADH e FADH2. O fluxo de elétrons do NADH

e FADH2 até O2 se da através de complexos enzimáticos ancorados na membrana

mitocondrial interna, essa transferência de elétrons é impulsionada por um crescente potencial

redox entre as coemzimas NADH e FADH2, os complexos enzimáticos e oxigênio, o aceptor

final da cadeia respiratória (Lehninger et al., 2007; Berg et al., 2008).

A cadeia respiratória é composta de quatro complexos (I, II, III e IV). O complexo I,

conhecido como NADH desidrogenase ou NADH: ubiquinona oxidorredutase, transfere

elétrons do NADH para a ubiquinona, formando ubiquinol. Essa reação faz com que dois

prótons sejam bombeados para o espaço intermembrana. O complexo II, também denominado

de succinato: ubiquinona oxirredutase, é formado pela enzima succinato desidrogenase (SDH)

e três subunidades hidrofóbicas. Esse complexo participa do ciclo de Krebs e transfere

elétrons do succinato para a ubiquinona e também forma ubiquinol. O complexo III, ou

citocromo c oxirredutase, transfere elétrons do ubiquinol para o citocromo c, reação que serve

para o bombeamento de mais quatro prótons para o espaço intermembrana. O complexo IV,

mais conhecido como citocromo c oxidase, transfere elétrons do citocromo c reduzido para o

Page 33: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

31

oxigênio, reduzindo-o a H2O. Nessa etapa os últimos dois prótons são bombeados (Wallace,

1999; Murray, 2002; Voet et al., 2008).

O gradiente eletroquímico formado pelo bombeamento de prótons durante a cadeia

respiratória mitocondrial é utilizado como força-motriz para o complexo V, ou ATP sintase,

formar ATP (fosforilação oxidativa). Dessa forma, a oxidação de substratos energéticos está

acoplada ao processo de fosforilação do ADP, ou seja, quando o potencial de membrana é

dissipado pelo fluxo de prótons a favor do gradiente eletroquímico, a energia liberada é

utilizada pela ATP sintase, que atua como uma bomba de prótons ATP-dependente

(Lehninger et al., 2007).

Figura 5. Cadeia respiratória mitocondrial (Nelson & Cox, 2000).

Além da regeneração do ATP, a mitocôndria é a principal fonte de espécies reativas de

oxigênio e de defesas antioxidantes nas células (Cadenas & Davies, 2000), gerando ânions

Page 34: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

32

superóxido no espaço intermembrana pelo vazamento de elétrons que se combinam com

oxigênio molecular no complexo III em um processo que é dependente do potencial de

membrana, e na matriz, através do complexo I (Han et al., 2001). Além disso, a mitocôndria

participa ativamente da homeostase de cálcio (Nicholls & Akerman, 1982). Neste contexto,

alterações na função mitocondrial levam a uma rápida queda na produção de energia e morte

celular (Ankarcrona et al., 1995). Além disso, a diminuição do metabolismo energético pode

levar a apoptose através da liberação de citocromo c (Liu et al., 1996; Heales et al., 1999).

A redução de produção de energia no cérebro pode comprometer a síntese se

neurotransmissores (acetilcolina, glutamato, aspartato e GABA) e lipídios nesse tecido e

pode, por isso, levar ao dano neuronal (Di Donato, 2000). Acredita-se que a diminuição no

metabolismo energético pode estar envolvido na fisiopatologia de diversas doenças

neurodegenerativas, incluindo doença de Alzheimer, Parkinson, Huntington, isquemia

cerebral e esclerose amiotrófica lateral (Brennan et al., 1985; Beal et al., 1992; Heales et al.,

1999; Blass, 2001), e também de vários erros inatos do metabolismo (Schuck et al., 2002;

Reis de Assis et al., 2004; Latini et al., 2005; Ferreira et al., 2007; Viegas et al., 2008).

3.4 Creatina quinase

Outra forma de produção de ATP é a partir da enzima creatina quinase (CK). Esta

enzima foi descoberta em extratos de músculos por Karl Lohman, em 1934 (Wallimann et al.,

1992). A CK é uma enzima que possui um papel central no metabolismo energético,

principalmente para tecidos com alta demanda energética, como cérebro, músculo cardíaco e

esquelético, onde funciona como um efetivo sistema de tampão para os níveis celulares de

ATP, sendo assim é uma enzima crucial para a homeostase energética (Pilla et al., 2003). A

reação da CK catalisa a transferência metabolicamente reversível do grupamento N-fosforil da

Page 35: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

33

fosfocreatina para o ADP, regenerando o ATP (Wyss & Kaddurah-daouk, 2000; Pilla et al.,

2003; Berg et al., 2008).

Esta enzima possui cinco isoenzimas, três citoplasmáticas e duas mitocôndrias. As

isoenzimas citoplasmáticas são compostas por dois tipos de subunidades, a M de “muscle” e a

B de “brain”; os nomes são em função dos lugares de onde foram primeiramente isoladas.

Essas isoenzimas são conhecidas como CK-MM, encontrada no músculo esquelético, CK-BB,

encontrada no cérebro e CK-MB, encontrada no músculo cardíaco (Eppemberg et al., 1967;

Wallimann et al., 1992).

A CK consiste de dois domínios, um pequeno domínio de natureza α-helicoidal e um

amplo domínio contendo uma lâmina β antiparalela produzida por oito intermitências

franqueadas por sete α-hélices, o seu local ativo está localizado entre os dois domínios e é

coberto por resíduos que são conservados dentro da família CK. Além disso, as isoenzimas da

CK possuem no seu local ativo um grupo sulfidril que é altamente reativo, desta forma este

grupo pode ser uma maneira tanto para inibir a ativação da CK como proteger contra o dano

irreversível durante períodos de estresse oxidativo, entretanto as isoenzimas da CK foram

identificadas como alvos primários da modificação e inativação irreversível pelas espécies

reativas de oxigênio (Wyss & Kaddurah-daouk, 2000).

O sistema creatina quinase/creatina /fosfocreatina mostra diferentes funções integradas

em células cerebrais, isto é, tamponamento de energia, capacidade metabólica, transferência

de energia e controle metabólico. Desta forma este sistema é reconhecido como um regulador

metabólico importante entre a saúde e a doença (Pilla et al., 2003). A CK parece estar

envolvida em certas condições patológicas relacionadas com déficit de energia cerebral, foi

postulado que o prejuízo na função da CK possa ter um papel crítico no processo

neurodegenerativo que leva à perda neuronal. Além disso, a baixa atividade desta enzima está

Page 36: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

34

associada a doenças neurodegenerativas, como por exemplo, isquemia cerebral, transtorno

bipolar, doença de Alzheimer e outros estados patológicos (Tomimoto et al., 1993).

4. Radicais Livres

Os radicais livres são definidos como qualquer espécie química capaz de existir de

forma independente e que contenha um ou mais elétrons desemparelhados. Por isso, são muito

reativos e atacam moléculas, como lipídios, proteínas e DNA. Dentre os radicais livres,

podem-se destacar dois grupos: as espécies reativas de oxigênio (ERO) e as de nitrogênio

(ERN). As ERO mais importantes são o ânion superóxido (O2•-), radical hidroxila (OH•),

peróxido de hidrogênio (H2O2), ânion hipoclorito (OCl-) e o oxigênio “singlet” (1O2). O óxido

nítrico (NO•) e o peroxinitrito (ONOO-) constituem as principais ERN (Halliwell &

Gutteridge, 1999).

Em condições fisiológicas do metabolismo celular aeróbico, o oxigênio molecular

sofre redução tetravalente, com aceitação de quatro elétrons resultando na formação de água.

Cabe a citocromo oxidase mitocondrial a função de acrescentar quatro elétrons em cada

molécula de oxigênio para gerar duas moléculas de água (Bergendri et al., 1999). Porém,

devido a uma forte configuração eletrônica, o oxigênio tem uma forte tendência a receber um

elétron de cada vez, formando compostos intermediários altamente reativos, como o radical

ânion superóxido e o radical hidroxil (Babior, 1997; Güinçin et al., 2004). O radical ânion

superóxido é formado pela redução do oxigênio molecular por apenas um elétron mediante

aporte de energia (Bowles & Crapo, 2002). Apesar do radical ânion superóxido não poder

atacar diretamente o DNA, lipídeos e proteínas (Halliwell & Gutteredge, 1999); ele é

altamente reativo, devendo ser removido rapidamente dos tecidos pela reação da dismutação

realizada pela enzima superóxido dismutase, em que dois ânions superóxido reagem entre si;

Page 37: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

35

sendo um oxidado a oxigênio e outro reduzido a peróxido de hidrogênio (Bowles & Crapo,

2002; Forman & Torres, 2002).

As ERO ocorrem tanto em processos fisiológicos quanto em processos patológicos do

organismo. Fisiologicamente, essas espécies reativas apresentam diversas funções (Bergendi

et al., 1999). Assim, um aumento da liberação local de radicais livres pode ser benéfico, como

é o caso da liberação de radicais livres pelos neutrófilos, que podem atuar na defesa do

hospedeiro contra uma infecção (Delanty & Dichter, 1998; Halliwell & Gutteridge, 2007).

Participam ainda de processos de sinalização celular e também estão envolvidos na síntese e

regulação de algumas proteínas (Halliwell & Gutteridge, 2007).

Por outro lado, quando formadas em excesso, essas espécies altamente reativas têm o

potencial de oxidar moléculas (Maxwell, 1995). Com relação aos efeitos prejudiciais das

reações oxidantes ao organismo, os radicais livres podem promover lipoperoxidação, causar a

oxidação de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), reagir com proteínas, levando à sua

inativação e consequente alteração de sua função, e reagir com o DNA e RNA, levando a

mutações somáticas e a distúrbios de transcrição (Delanty & Dichter, 1998), dentre outros

efeitos.

4.1. Defesas antioxidantes

Os antioxidantes podem ser definidos como substâncias que, em baixas concentrações

em relação ao substrato oxidável, retardam ou previnem a oxidação desse substrato. Desse

modo, os antioxidantes atuam como protetores da oxidação de biomoléculas por radicais

livres e impedem a propagação da reação em cadeia provocada pelos mesmos (Halliwell &

Gutteridge, 1999; Fang et al., 2002).

Page 38: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

36

As principais defesas enzimáticas antioxidantes são a superóxido dismutase (SOD),

catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPX). Além disso, antioxidantes não-enzimáticos,

como a glutationa reduzida (GSH), tocoferol (vitamina E) e ácido ascórbico (vitamina C),

entre outros, auxiliam no combate às ERO. Os antioxidantes estão amplamente distribuídos

nos organismos vivos e constituem um sistema de defesa muito importante em condições

aeróbicas (Halliwell & Gutteridge, 1999; Fang et al., 2002).

4.2. Estresse oxidativo

Os radicais livres são formados normalmente no metabolismo celular. As defesas

antioxidantes, enzimáticas e não-enzimáticas, atuam contra a toxicidade dessas espécies e são

responsáveis pela manutenção da homeostase entre a produção e a eliminação de radicais

livres. No entanto, em determinadas condições patológicas pode haver um desequilíbrio entre

a produção de oxidantes e as defesas antioxidantes, favorecendo a ocorrência do estresse

oxidativo. Assim, o termo “estresse oxidativo” é usado para se referir à situação na qual a

geração de espécies reativas ultrapassa a capacidade das defesas antioxidantes disponíveis,

que pode resultar tanto de uma diminuição das defesas antioxidantes quanto de uma produção

aumentada de oxidantes, bem como da liberação de metais de transição ou a combinação de

quaisquer desses fatores (Bondy & Le Bel, 1993; Cadenas & Davies, 2000; Halliwell, 2006).

O estresse oxidativo pode promover adaptação, dano ou morte celular, onde a

adaptação ocorre quando as células podem tolerar um estresse oxidativo moderado, que

geralmente resulta em um aumento da síntese de sistemas de defesa antioxidante a fim de

restaurar o balanço oxidante/antioxidante. Apesar disso, nem sempre o estresse oxidativo

precisa envolver um aumento das defesas antioxidantes. No dano celular, o estresse oxidativo

pode danificar alvos moleculares (DNA, proteínas, carboidratos e lipídios) (Halliwell &

Page 39: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

37

Gutteridge, 2007). A resposta à injúria pode ser reversível: a célula entra em um estado de

homeostase alterado temporário ou prolongado, que não leva à morte celular. Já a morte

celular pode ocorrer tanto por necrose quanto por apoptose. Na morte celular por necrose, a

célula incha e se rompe, liberando seu conteúdo para o meio extracelular. Pode haver a

liberação de antioxidantes, como a catalase e a glutationa reduzida, e também de pró-

oxidantes, como os íons cobre e ferro e proteínas do grupo heme, agentes esses que podem

afetar as células adjacentes, podendo até mesmo induzi-las a um estresse oxidativo. Já na

apoptose, o mecanismo de morte celular programada é ativado e não há a liberação do

conteúdo celular (Halliwell & Gutteridge, 2007).

Todos os tecidos humanos são suscetíveis ao dano oxidativo. No entanto, o cérebro

parece ser especialmente sensível a este tipo de lesão. Uma razão importante para isso seria o

alto consumo de oxigênio apresentado por este tecido. Além disso, as membranas neuronais

apresentam grande quantidade de lipídios poliinsaturados, altamente suscetíveis a

lipoperoxidação. Ainda, a autooxidação de muitos neurotransmissores, como dopamina e

noradrenalina, gera espécies reativas, sendo que esta autooxidação pode ser acelerada pela

presença de ferro, amplamente distribuído no cérebro. Por fim, o tecido cerebral apresenta um

baixo nível de defesas antioxidantes (Halliwell & Gutteridge, 2007).

Existem evidências crescentes sugerindo que as espécies reativas desempenham um

papel importante na patogênese de muitas doenças, como diabetes, neoplasias, aterosclerose,

doenças inflamatórias e doenças neurodegenerativas, em particular a doença de Alzheimer, a

doença de Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica (Reznick & Packer, 1993; Przedborski

et al., 1996; Bem–Menachem et al., 2000), sem, entretanto, obter até o momento uma explicação

completamente satisfatória para explicar o dano cerebral dessas doenças. No entanto, acredita-se

que possíveis mecanismos envolvam deficiência no metabolismo energético, estresse oxidativo e

Page 40: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

38

neurotoxicidade mediada por receptores glutamatérgicos do tipo NMDA (excitotoxicidade), ou,

possivelmente, um somatório desses fatores (Rose & Henneberry, 1994).

Tem também sido recentemente demonstrado que o estresse oxidativo atua em vários

erros inatos do metabolismo (Colomé et al., 2000, Wajner et al., 2004). A produção excessiva

de radicais livres e a redução das defesas antioxidantes ocorrem em algumas acidemias

orgânicas, como nas acidemias glutárica (Kolker et al., 2001; Latini et al., 2005; 2007),

propiônica e metilmalônica (Fontella et al., 2000), bem como em aminoacidopatias como na

homocistinúria (Streck et al., 2003; Stefanello et al., 2005), tirosinemia tipo I (Bird et al.,

1995) e fenilcetonúria (Artuch et al., 2001; Hagens et al., 2002; Artuch et al., 2004; Sirtori et

al., 2005; Sitta et al., 2006) e também na doença peroxissomal adrenoleucodistrofia ligada ao

X (Vargas et al., 2004; Deon et al., 2006), sugerindo que o estresse oxidativo possa estar

envolvido no dano neurológico observado nessas doenças. Embora o mecanismo responsável

pelo estresse oxidativo nos erros inatos do metabolismo não seja totalmente compreendido, é

possível que o acúmulo de metabólitos tóxicos induza a formação excessiva de radicais livres.

Page 41: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

39

PARTE II - OBJETIVOS

Objetivo Geral

Investigar os efeitos in vitro dos principais metabólitos que se acumulam na deficiência

de MCAD (ácidos octanóico e decanóico) na ausência ou presença de hiperamonemia

induzida pelo acetato de amônio (AA) sobre parâmetros de estresse oxidativo e de

metabolismo energético em córtex cerebral, fígado e músculo de ratos jovens.

Objetivos Específicos

Investigar o efeito in vitro dos ácidos octanóico e decanóico e do acetato de amônio

sobre parâmetros de estresse oxidativo e de metabolismo energético, através da determinação

dos seguintes parâmetros em córtex cerebral, fígado e músculo de ratos:

a) Substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS);

b) Carbonilação de proteínas;

c) Atividade da creatina quinase;

d) Atividade da succinato desidrogenase;

e) Atividade da citrato sintase;

f) Atividade dos complexos I, II, III e IV da cadeia respiratória;

Page 42: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

40

PARTE III – RESULTADOS

Artigo 1

Toxicity of octanoate and decanoate in rat peripheral tissues: evidence of

bioenergetic dysfunction and oxidative stress induction in liver and skeletal

muscle

Giselli Scaini, Kellen R. Simon, Anelise M. Tonin, Estela N. B. Busanello, Alana P. Moura,

Gustavo C. Ferreira, Moacir Wajner, Emilio L. Streck, Patrícia F. Schuck

Artigo submetido no periódico Archives of Biochemistry and Biophysics

Page 43: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

41

Artigo 2

Ammonia potentiates toxicity of octanoate and decanoate in rat tissues

Giselli Scaini, Natália Rochi, Bethânia M. Borges, Bruna W. Freitas, Isabela C. Jeremias,

Gustavo C. Ferreira, Emilio L. Streck, Patrícia F. Schuck

Artigo submetido no periódico Cellular Physiology and Biocehmistry

Page 44: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

42

Page 45: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

43

Page 46: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

44

Page 47: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

45

Page 48: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

46

Page 49: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

47

Page 50: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

48

Page 51: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

49

Page 52: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

50

Page 53: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

51

Page 54: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

52

Page 55: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

53

Page 56: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

54

Page 57: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

55

Page 58: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

56

Page 59: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

57

Page 60: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

58

Page 61: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

59

Page 62: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

60

Page 63: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

61

Page 64: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

62

Page 65: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

63

Page 66: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

64

Page 67: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

65

Page 68: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

66

Page 69: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

67

Page 70: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

68

Page 71: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

69

Page 72: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

70

Page 73: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

71

Page 74: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

72

Page 75: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

73

Page 76: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

74

Page 77: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

75

Page 78: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

76

Page 79: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

77

Page 80: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

78

Page 81: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

79

Page 82: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

80

Page 83: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

81

Page 84: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

82

Page 85: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

83

PARTE IV – DISCUSSÃO

A deficiência da MCAD é um EIM, sendo o mais frequente defeito da oxidação de

ácidos graxos, com uma prevalência estimada entre 1:6.500 e 1:17.000 recém-nascidos vivos,

dependendo da origem étnica da população. É caracterizado bioquimicamente por acúmulo

tecidual de ácidos graxos de cadeia média, principalmente os ácidos octanóico (AO),

decanóico (AD) e cis-4-decenóico (AcD), e seus derivados (Scriver et al., 2001); é causada

pela deficiência de atividade da desidrogenase de acil-CoA de cadeia média, uma enzima

envolvida na β-oxidação de ácidos graxos de cadeia média.

A apresentação clínica em pacientes com a MCADD tende a aparecer em resposta a

crises de estresse metabólico e normalmente inclui episódios de hipoglicemia hipoacetótica,

rabdomiólise, hepatomegalia e encefalopatia aguda, que pode rapidamente evoluir para o

coma e morte (Roe & Ding, 2001). Há um número considerável de estudos in vitro mostrando

que os efeitos tóxicos dos ácidos graxos poderiam estar envolvidos na fisiopatologia do dano

tecidual nos pacientes com MCADD, estando a maioria deles relacionados com um prejuízo

em etapas distintas do metabolismo energético (Parker et al., 1983; Davis et al., 1987; De

Assis et al., 2003; Reis de Assis et al., 2004; Schuck et al., 2009b). Neste contexto, especula-

se que o dano cerebral encontrado nos pacientes está associado aos efeitos dos AO e AD

relatados em estudos utilizando preparações de cérebro de ratos, que englobam rompimento

da via glicolítica e do funcionamento do ciclo de Krebs, inibição dos complexos da cadeia

respiratória e da creatina quinase, desacoplamento da fosforilação oxidativa e indução de

estresse oxidativo (Reis de Assis et al., 2004; Schuck et al., 2009a,b). Deve-se ainda enfatizar

que várias manifestações clínicas desta doença ocorrem sem a presença de hipoglicemia (Roe

& Ding, 2001) e que as com as concentrações dos ácidos graxos de cadeia média aumentam

drasticamente no plasma de pacientes durante as crises (Rinaldo et al., 2001); é concebível

Page 86: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

84

que esses metabólitos podem estar associados com a toxicidade periférica na MCADD. De

fato, estudos anteriores mostraram que o AO aumenta o consumo de oxigênio e diminui a

concentração citosólica de ATP e taxa glicolítica em fígado de ratos perfundidos (Scholz et

al., 1984; Sobool et al., 1984). Desta forma, o presente estudo estendeu as investigações,

inicialmente estudando o efeito dos AO e AD, os principais metabólitos acumulados

MCADD, sobre importantes parâmetros do metabolismo energético em fígado e músculo

esquelético de ratos jovens. Foi verificado que a pré-incubação de homogeneizados de fígado

com AO e AD diminuiu as atividades dos complexos I-III, II-III e IV. Além disso, a pré-

incubação de homogeneizados de músculo esquelético com AO e AD causou uma diminuição

da atividade do complexo IV, enquanto que altas concentrações de AD, mas não AO, inibiram

a atividade do complexo II-III. Estudos anteriores mostraram que o AO não afeta as

atividades dos complexos da cadeia respiratória in vitro (de Assis et al., 2003), e que o AD na

concentração de 3,0 mM inibe as atividades dos complexos II-III e IV em homogeneizados de

córtex cerebral (Reis de Assis et al., 2004). Em conjunto, estes dados indicam que a cadeia

respiratória nas células hepáticas apresenta uma maior vulnerabilidade para os AO e AD,

quando comparados ao córtex cerebral e músculo esquelético. A inibição da cadeia

respiratória causada pelos AO e AD pode ser parcialmente atribuída a diferenças entre os

tecidos, como isoformas das subunidades da cadeia respiratória codificadas pelo núcleo

(Rustin et al., 1994; Clay & Ragan, 1988; Merle & Kadenbach, 1980), ou, alternativamente,

pela regulação do fluxo de elétrons da cadeia respiratória mitocondrial específica para cada

órgão (Taylor et al., 1993). De fato, resultados semelhantes já foram relatados para o ácido

metilmalônico (Pettenuzzo et al., 2006). Observamos também que os AO e AD não alteraram

a atividade da creatina quinase em homogeneizados de músculo esquelético e fígado, estando

esses resultados em concordância com os resultados obtidos em homogeneizados cerebrais

(Reis de Assis et al., 2004).

Page 87: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

85

O próximo passo do nosso estudo foi investigar os efeitos dos AO e AD sobre alguns

parâmetros de estresse oxidativo em homogeneizados de fígado e músculo esquelético.

Enfatiza-se que alterações mitocondriais, especialmente inibições de complexos da cadeia

respiratória, podem levar a um aumento na geração de espécies reativas de oxigênio e

nitrogênio (Halliwell & Gutteridge, 1999). Observamos que os AO e AD aumentaram os

níveis de TBA-RS e o conteúdo de carbonilas no fígado e músculo esquelético. Como os

níveis de TBA-RS refletem a quantidade de malondialdeído (MDA) formado, um produto da

oxidação de ácidos graxos poliinsaturados de lipídios complexos (Halliwell & Gutteridge,

1999), e o conteúdo de carbonilas é um marcador para avaliar a oxidação protéica, pode-se

concluir que esses ácidos graxos causam dano oxidativo em lipídeos e proteínas do fígado e

músculo esquelético. No que diz respeito aos mecanismos pelos quais os AO e AD exercem

seus efeitos, foi demonstrado que a adição de melatonina e trolox foi capaz de impedir a

peroxidação lipídica causada por esses ácidos graxos de cadeia média no cérebro (Schuck et

al., 2009a), reforçando a idéia de um envolvimento de espécies reativas nos efeitos dos AO e

AD. Neste cenário, é tentador especular que o mesmo mecanismo ocorra no fígado e no

músculo esquelético. No entanto, não se pode excluir a participação de mecanismos

adicionais que levam ao dano oxidativo.

No que diz respeito às concentrações de GSH, o maior contribuinte para o estado

redox das células, o AD ocasionou uma diminuição nos níveis de GSH no músculo

esquelético, mas não no fígado. Em contraste, o AO não alterou os níveis de GSH em nenhum

dos tecidos estudados. Uma vez que este parâmetro é usado para avaliar a capacidade de um

tecido em responder e prevenir os danos causados pelos radicais livres (Lisse et al., 1995;

Halliwell & Gutteridge, 1999; Evelson et al., 2001), pode-se concluir que as defesas

antioxidantes do músculo esquelético foram comprometidas pelo AD. Visto que níveis

adequados de antioxidantes são essenciais para a proteção da célula contra dano oxidativo, e

Page 88: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

86

que um desequilíbrio na homeostase entre pró-oxidantes e antioxidantes induz estresse

oxidativo, é possível que a diminuição significativa dos níveis de GSH ocasionada pelo AD

esteja relacionada ao aumento da lipoperoxidação in vitro ocasionado por este ácido graxo.

Isto está de acordo com as observações de que o GSH é considerado uma importante defesa

contra o dano oxidativo a lipídios eliminando o peróxido de hidrogênio e radicais peroxil

formados durante este processo e que a suplementação de GSH em homogeneizados de córtex

atenuou o dano oxidativo induzido pelo AD (Schuck et al., 2009a). Por outro lado, não

podemos descartar a possibilidade de que o decréscimo nos níveis de GSH se deva a um

aumento na geração de espécies reativas causado pelo AD.

Embora tenha sido sugerido que os AO e AD exerçam efeitos neurotóxicos

importantes, afetando principalmente o metabolismo energético, muito pouco se sabe sobre a

contribuição da hiperamonemia para o dano neurológico, a hepatopatia e as alterações

musculares encontradas nos pacientes, uma vez que a hiperamonemia está relacionada com

uma série de condições patológicas. Neste contexto, decidiu-se avaliar os efeitos da amônia

sobre para parâmetros do metabolismo energético. Investigou-se a hipótese de que a amônia

pudesse alterar as atividades de enzimas do ciclo de Krebs, dos complexos da cadeia

respiratória mitocondrial e da creatina quinase em ratos jovens, e se essa atuaria

sinergicamente com os AO e AD, potencializando a inibição que esses ácidos causam.

Apesar dos mecanismos básicos pelos quais a amônia induz neurotoxicidade ainda não

estarem completamente esclarecidos, existem evidências de que tais mecanismos envolvam

falência no metabolismo energético e depleção de ATP (Felipo et al., 1994; Kosenko et al.,

1994; 1995; Ratnakumari et al., 1995), inibição de enzimas do ciclo de Krebs e sweeling

mitocondrial (Cooper & Plum, 1987; Lai & Cooper, 1987; Felipo et al., 1994; Dolisnka et al.,

1996), bem como a potenciação da inibição da α-cetoglutarato desidrogenase provocada pelos

acil-CoA graxos (McNaught et al., 1995), ativação de receptores glutamatérgicos (Felipo et

Page 89: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

87

al., 1994; Zhou et al., 1999; Bosman et al., 1992), geração de radicais livres (Kosenko et al.,

1997; 1999), alterações nas funções dos neurotransmissores (Cooper & Plum, 1987; Felipo et

al., 1994; Zhou et al., 1999), dentre outras alterações.

Neste contexto, decidiu-se no presente estudo, avaliar os efeitos do AO, AD e/ou AA

em vários parâmetros do metabolismo energético. Foi inicialmente verificado que o AO e AD

separadamente causaram uma inibição da atividade dos complexos da cadeia respiratória

mitocondrial no cérebro, fígado e músculo esquelético semelhante aos resultados obtidos em

estudos anteriores (de Assis et al., 2003; Reis de Assis et al., 2004). Posteriormente, foi

verificada a influência do AA sobre esses efeitos em diferentes estruturas centrais e

periféricas. Quando adicionado sozinho no meio de incubação, o AA inibiu a atividade dos

complexos II-III no fígado, e a atividade do complexo IV no músculo esquelético, cérebro e

fígado. Por outro lado, houve um aumento na atividade do complexo II no fígado. Quanto à

associação entre AA e os ácidos graxos, observamos uma inibição do complexo I-III e II no

cérebro, e do complexo II no músculo esquelético quando o AD e o AA estiveram presentes

simultaneamente no meio de incubação, sugerindo uma ação sinérgica entre AA e AD. Além

disso, as evidências de efeitos aditivos entre AA e os ácidos graxos foram observadas, uma

vez que AA potencializou os efeitos do AO e AD sobre a atividade do complexo IV em

diferentes estruturas. Tomados em conjunto, podemos verificar que a amônia potencializa os

efeitos dos AO e AD e que o complexo IV apresenta uma maior vulnerabilidade a esses

metabólitos, em comparação com os outros complexos da cadeia respiratória.

Nosso próximo passo foi investigar o efeito do AO, AD e AA sobre a atividade da

citrato sintase e da succinato desidrogenase, enzimas importantes do ciclo de Krebs.

Observou-se que o AO, AD e AA, sozinhos ou associados, inibiram a atividade da citrato

sintase no cérebro, mas somente a combinação do AD com AA inibiram a atividade da citrato

sintase no fígado. Por outro lado, a atividade da citrato sintase não foi afetada por esses

Page 90: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

88

compostos no músculo esquelético. A atividade da succinato desidrogenase no córtex cerebral

foi reduzida pelo AD isolado, e a sua associação com o AA não reforçou tal inibição. Nossos

dados sugerem que a atividade do ciclo de Krebs é prejudicada pela presença de AO, AD e/ou

AA, provavelmente gerando uma produção reduzida de NADH e FADH2 para alimentar a

cadeia respiratória, consequentemente, potencializando a depleção de ATP causada pela

inibição direta provocada pelos AO, AD e/ou AA. Finalmente, observamos que a creatina

quinase, uma enzima crucial para a homeostase energética, não foi afetada pelo AO, AD e

AA, estando esses resultados em concordância com os resultados obtidos anteriormente (Reis

de Assis et al., 2004).

Tem sido proposto que a amônia inibe a recaptação de glutamato e leva a um aumento

na concentração extracelular deste neurotransmissor (Felipo et al., 1994, Zhou & Noremberg,

1999), o que leva à ativação nos receptores glutamatérgicos NMDA. A ativação destes

receptores tem sido associada com a depleção de ATP induzida pela amônia, geração de

radicais livres e neurotoxicidade (Felipo et al., 1994; Kosenko et al., 1997). A amônia e o

glutamato induzem a conversão da enzima Na+,K+-ATPase para o estado ativo

(desfosforilado) (Marcaida et al., 1996), o que leva à depleção de ATP devido ao aumento do

consumo deste nucleotídeo. Segundo alguns autores, a atividade da Na+,K+-ATPase cerebral

está aumentada no cérebro de ratos com síndromes hiperamonêmicas congênitas ou

adquiridas (Ratnakumari et al., 1995). Além disso, tem sido demonstrado que a amônia inibe

algumas enzimas do ciclo de Krebs (Lai & Cooper, 1991), potencializa o efeito inibitório de

vários ésteres de CoA sobre a atividade da α-cetoglutarato desidrogenase (McNaught et al.,

1995), inibe a lançadeira malato-aspartato (Siegel et al., 1994) e induz swelling mitocondrial

em astrócitos devido ao acúmulo excessivo de glutamina na matriz e ativação do poro de

transição de permeabilidade, o qual colapsa o potencial de membrana (Schinlder et al., 1996;

White & Reynolds, 1996), um efeito que pode ser compartilhado pelo AO e AD, uma vez que

Page 91: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

89

esses alteram a homeostase energética mitocondrial (de Assis et al., 2003; 2006; Reis de Assis

et al., 2004; Schuck et al., 2007; 2009b) o que contribui para a depleção de ATP (Dolinska et

al., 1996).

Em conclusão, o presente estudo fornece evidências de que os AO e AD, os principais

metabólitos acumulados na MCADD, alteram a bioenergética mitocondrial e causam estresse

oxidativo em tecidos periféricos de ratos jovens em concentrações semelhantes (0,5 mM e

superior) aos encontrados nos pacientes com MCADD (cerca de 0,7 mM). Além disso,

durante as crises metabólicas as concentrações desses ácidos aumentam drasticamente nestes

pacientes, devido a uma lipólise aumentada e um bloqueio na reação da MCAD (Martínez et

al., 1997; Roe & Ding, 2001). Esse estudo também demonstrou um efeito sinérgico/aditivo

entre o AO, AD e a amônia, prejudicando a bioenergética mitocondrial no cérebro, fígado e

músculo esquelético de ratos.

Tomados em conjunto, nossos resultados dão origem à hipótese de que a

hiperamonemia, que é comumente encontrada em pacientes que sofrem de MCADD, agrava o

dano a células causado pelos ácidos graxos de cadeia média. No caso de nossos resultados

serem extrapolados para a condição humana, presume-se que estes efeitos poderiam ser

envolvidos no dano cerebral, na hepatopatia e nas alterações musculares, freqüentemente

encontradas em pacientes MCADD (Roe & Ding, 2001). Embora não sejam conhecidos os

mecanismos de interação entre a amônia e os ácidos graxos de cadeia média, o presente

achado pode ser de grande valor para a compreensão da fisiopatologia dos sintomas

observados nos pacientes e pode contribuir para o desenvolvimento de novas condutas para o

tratamento dos pacientes afetados.

Page 92: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

90

REFERÊNCIAS

ANKARCRONA M; DYPBUKT JM; BONFOCO E; ZHIVOTOVSKY B; ORRENIUS S;

LIPTON AS; NICOTERA P. Glutamate-induced neuronal death: a succession of

necrosis or apoptosis depending on mitochondrial function. Neuron 15: 961-973.

1995.

ARTUCH R; COLOME C; VILASECA MA; SIERRA C; CAMBRA FJ; LAMBRUSCHINI

N; CAMPISTOL J. Plasma phenylalanine is associated with decreased serum

ubiquinone-10 concentrations in phenylketonuria. Journal of Inherited Metabolic

Disease 24: 359-366. 2001.

ARTUCH R; COLOME C; SIERRA C; BRANDI N; LAMBRUSCHINI N; CAMPISTOL J;

UGARTE D; VILASECA MA. A longitudinal study of antioxidant status in

phenylketonuric patients. Clinical Biochemistry 37: 198-203. 2004.

BABIOR BM. Superoxide: a two-edged sword. Brazilian Journal of medical and Biological

Research 30: 141-155. 1997.

BARIC I; FURNIC K; HOFFMANN GF. Inborn errors of metabolism at the turn of the

millennium. Croatian Medical Journal 42: 379-383. 2001.

BEAL MF. Does impairment of energy metabolism result in excitotoxic neuronal death in

neurological ilnesses? Annals of Neurology 31: 119-130. 1992.

BEM–MENACHEM E; KYLLERMAN R; MARKLEIND S. Superoxide dismutase and

glutathione peroxidase function in progressive myoclonus epilepsies. Epilepsy

Research 40: 33-39. 2000.

BERG JM; TYMOCZKO JL; STRYER L. Bioquímica. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara,

2008.

Page 93: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

91

BERGENDINI L; BENES L; DURACKOVA Z; FERENCK M. Chemistry, physiology and

pathology of free radicals. Life Sciences 65: 1865-1874. 1999.

BERRY MN; CLARK DG; GRIVELL AR; WALLACE PG. The calorigenic nature of

hepatic ketogenesis: an explanation for the stimulation of respiration induced by fatty

acid substrates. European Journal of Biochemistry 131: 205-14. 1983.

BICKEL H. Early diagnosis and treatment of inborn errors of metabolism. Enzyme 38: 14-

26. 1987.

BIRD S; MILLER NJ; COLLINS JE; RICE-EVANS A. Plasma antioxidant capacity in two

cases of tirosinaemia type 1: one case treated with NTBC. Journal of Inherited

Metabolic Disease 18: 123-126. 1995.

BLASS JP. Brain metabolism and brain disease: is metabolic deficiency the proximate cause

of Alzheimer dementia? Journal of Neuroscience Research 66: 851-856. 2001.

BONDY SC; LE BEL CP. The relationship between excitotoxicity and oxidative stress in the

central nervous system. Free Radical Biology Medicine 14: 633-642. 1993.

BOSMAN DK; DEUTZ NEP; MAAS MAW; VAN EIJK HMH; SMIT JJH; HAAN JG;

CHAMULEAU RAFM. Amino acid releasefrom cerebral cortex in experimental acute

liver failure, studied by in vivo cerebral cortex microdialysis. Journal of

Neurochemistry 59: 591-599. 1992.

BOWLER R; CRAPO JD. Oxidative Stress in Airways: is there a role for extracellular

superoxide dismutase? American Journal of Respiratory and Critical Care

Medicine 166: 38-43. 2002.

BRENNAN WA; BIRD ED; APRILLE JR. Regional mitochondrial respiratory activity in

Huntington´s disease brain. Journal of Neurochemistry 44: 1948-1950. 1985.

BRORSON JR; MARCUCCILLI CJ; MILLER RJ. Delayed antagonism of calpain reduces

excitotoxicity in cultured neurons. Stroke 26: 1259-67. 1995.

Page 94: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

92

CADENAS E; DAVIES KJ. Mitochondrial free radical generation, oxidative stress, and

aging. Free Radical Biology Medicine 29: 222-230. 2000.

CLARK JB; BATES TE; CULLINGFORD T; LAND JM. Development of enzymes of

energy metabolism in the neonatal mammalian brain. Developmental Neuroscience

15: 174-180. 1993.

CLAY VJ; RAGAN CI. Evidence for the existence of tissue specific isoenzymes of

mitochondrial NADH dehydrogenase. Biochemical and Biophysical Research

Communications 157: 1423–1428. 1998.

COLOMÉ C; SIERRA C; VILASECA MA. Congenital errors of metabolism: cause of

oxidative stress? Medicine Clinical 115: 111-117. 2000.

COOPER AI; PLUM F. Biochemistry and physiology of brain ammonia. Physiological

Reviews 67: 440–519. 1987.

COSTA CG; GUÉRAND WS; STRUYS EA; HOLWERDA U; TEN BRINK HJ; TAVARES

DE ALMEIDA I; DURAN M; JAKOBS C. Quantitative analysis of urinary

acylglycines for the diagnosis of beta-oxidation defects using GC-NCI-MS. Journal of

Pharmaceutical and Biomedical Analysis 21: 1215-1224. 2000.

DAVIS FB; DAVIS PJ; BLAS SD; SCHOELN M. Action of long-chain fatty acids in vitro

on Ca2+-stimulatable, Mg2+-dependent ATPase activity in human red cell membranes.

The Biochemical Journal 248: 511-516. 1987.

DE ASSIS DR; RIBEIRO CA; ROSA RB; SCHUCK PF; DALCIN KB; VARGAS CR;

WANNMACHER CM; DUTRA-FILHO CS; WYSE AT; BRIONES P; WAJNER M.

Evidence that antioxidants prevent the inhibition of Na+,K+-ATPase activity induced

by octanoic acid in rat cerebral cortex in vitro. Neurochemical Research 28: 1255-

1263. 2003.

Page 95: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

93

DE ASSIS DR; MARIA RC; FERREIRA GC; SCHUCK PF; LATINI A; DUTRA-FILHO

CS; WANNMACHER CM; WYSE AT; WAJNER M. Na+,K+-ATPase activity is

markedly reduced by cis-4-decenoic acid in synaptic plasma membranes from cerebral

cortex of rats. Experimental Neurology 197: 143-149. 2006.

DELANTY N; DICHTER MA. Oxidative injury in the nervous system. Acta Neurologica

Scandinavica 98: 145-153. 1998.

DEON M; WAJNER M; SIRTORI LR; FITARELLI D; COELHO D; SITTA A;

BARSCHAK AG; FERREIRA GC; HAESER A; GIUGLIANI R; VARGAS CR. The

effect of Lorenzo’s oil on oxidative stress in X-linked adrenoleukodistrophy. Journal

of the Neurological Sciences 247: 157-164. 2006.

DERKS TG; REIJNGOUD DJ; WATERHAM HR; GERVER WJ; VAN DEN BERG MP;

SAUER PJ; SMIT GP. The natural history of medium-chain acyl CoA dehydrogenase

deficiency in the Netherlands. The Journal of Pediatrics 148: 665-670. 2006.

DI DONATO S. Disorders related to mitochondrial membranes: pathology of the respiratory

chain and neurodegeneration. Journal of Inherited Metabolic Disease 23: 247-263.

2000.

DOLINSKA M; HILGIER W; ALBRECHT J. Ammonia stimulates glutamine uptake to the

cerebral non-synaptic mitochondria of the rat. Neuroscience Letters 213: 45–48. 1996.

DREWES LR; LEINO RL. Neuron-specific mitochondrial degeneration induced by

hyperammonemia and octanoic acidemia. Brain Research 340: 211–218. 1985.

DUFFY TE; NELSON SR; LOWRY OH. Cerebral carbohydrate metabolism during acute

hypoxia and recovery. Journal of Neurochemistry 19: 959-977. 1972.

EGIDIO RJ; FRANCIS GL; COATES PM; HALE DE; ROESEL A. Medium-chain acyl-CoA

dehydrogenase deficiency. American Family Physician 39: 221-226. 1989.

Page 96: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

94

EPPENBERGER HM; DAWSON DM; KAPLAN NO. The comparative enzymology of

creatine kinases isolation and characterization from chicken and rabbit tissues.

Journal of biological chemistry 242: 204-209. 1967.

EVELSON P; TRAVACIO M; REPETTO M; ESCOBAR J; LLESUY S; LISSI EA.

Evaluation of total reactive antioxidant potential (TRAP) of tissue homogenates and

their cytosols. Archives of Biochemistry and Biophysics 388: 261-266. 2001.

FANG YZ; YANG S; WU GW. Free radicals, antioxidants, and nutrition. Nutrition 18: 872-

879. 2002.

FELIPO V; GRAU E; MIÑANA MD; GRISOLÍA S. Hyperammonemia decreases protein

kinase C-dependent phosphorilation of microtubule-associated protein 2 and increases

its binding to tubulin. European Journal of Biochemistry 214: 243-249. 1993.

FELIPO V; KOSENKO E; MINANA MD; MARCAIDA G; GRISOLIA S. Molecular

mechanism of acute ammonia toxicity and of its prevention by L-carnitine. Advances in

experimental medicine and biology 368: 65–77. 1994.

FELIPO V; BUTTERWORTH RF. Neurobiology of ammonia. Progress in Neurobiology

67: 259-279. 2002.

FENTON WA; ROSEMBERG LE. Disorders of propionate and methylmalonate metabolism.

In: The Metabolic Basis of Inherited Disease (SCRIVER CR; BEAUDET AL; SLY

WS; VALLE D. eds). New York, McGraw-Hill, 1423-1449. 1995.

FERREIRA GC; TONIN A; SCHUCK PF; VIEGAS CM; CEOLATO PC; LATINI A;

PERRY ML; WYSE AT; DUTRA-FILHO CS; WANNMACHER CM; VARGAS

CR; WAJNER M. Evidence for a synergistic action of glutaric and 3-hydroxyglutaric

acids disturbing rat brain energy metabolism. International Journal of

Developmental Neuroscience 25: 391-398. 2007.

Page 97: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

95

FITZPATRICK SM; COOPER AJL; DUFFY TE. Use of (-methylene-D,L-aspartate to assess

the role of aspartate aminotransferase in cerebral oxidative metabolism. Journal of

Neurochemistry 41: 1370-1383. 1983.

FONTELLA FU; PULROLNIK V; GASSE E; WANMECHER CMD; KLEIN AB; WAJNER

M; DUTRA-FILHO CS. Propionic and L-methylmalonic acids induce oxidative stress

in brain of young rats. Neurochemistry 11: 541-544. 2000.

FORMAN HJ; TORRES M. Reactive oxygen species and cell signaling respiratory burst in

macrophage signaling. American Journal of Respiratory and Critical Care

Medicine 166: 4-8. 2002.

GREGERSEN N; ANDRESEN BS; PEDERSEN CB; OLSEN RK; CORYDON TJ; BROSS

P. Mitochondrial fatty acid oxidation defects-remaining challenges. Journal of

inherited metabolic disease 31: 643-657. 2008.

GROSSE SD; KHOURY MJ; GREENE CL; CRIDER KS; POLLITT RJ. The epidemiology

of medium-chain acyl-CoA dehydrogenase deficiency: An update. Genetics in

Medicine 8: 205-212. 2006.

GÜNÇIN I; BEYDEMIR S; ALICI HA; ELMASTAS M; BÜYÜKUROGLU M. In Vitro

Antioxidant Properties of Morfine. Pharmacological Research 49: 59-66. 2004.

HAGENS MEK; PEDEREZOLLI CD; SGARAVATTI AM; BRIDI R; WAJNER M;

WANMACHER CMD; WYSE ATS; DUTRA-FILHO CS. Experimental

hyperphenylalaninemias provokes oxidative stress in rat brain. Biochimica et

Biophysica Acta 1586: 344-352. 2002.

HALLIWELL B; GUTTERIDGE JMC. Detection of free radicals and others reactive species:

trapping and fingerprinting. In: Free Radicals in Biology and Medicine

(HALLIWELL B; GUTTERIDGE JMC. eds.) Oxford University Press, Oxford, pp.

351–425. 1999.

Page 98: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

96

HALLIWELL B. Reactive species and antioxidants. Redox biology is a fundamental theme of

aerobic life. Plant Physiology 141: 312-322. 2006.

HALLIWELL B; GUTTERIDGE JMC. Oxygen is a toxic gas – an introduction to oxygen

toxicity and reactive species. In: Free Radicals in Biology and Medicine

(HALLIWELL B; GUTTERIDGE JMC. eds.) Oxford University Press, Oxford, pp. 1-

29. 2007.

HAN D; WILLIAMS E; CADENAS E. Mitochondrial respiratory chain-dependent generation

of superoxide anion and its release into the intermembrane space. The Biochemical

Journal 353: 411-416. 2001.

HAWKINS RA; MILLER AL; NIELSEN RC; VEECH RL. The acute action of ammonia on

rat brain metabolism in vivo. The Biochemical Journal 134: 1001–1008. 1973.

HEALES SJ; BOLAÑOS JP; STEWART VC; BROOKES PS; LAND JM; CLARK JB.

Nitric oxide, mitochondria and neurological disease. Biochimica et Biophysica Acta

1410: 215-228. 1999.

HERTZ L; KALA G. Energy metabolism in brain cells: effects of elevated ammonia

concentrations. Metabolic Brain Disease 22: 199-218. 2007.

JAMES IM; MAcDONNELL L; XANALATOS C. Effect of ammonium salts on brain

metabolism. Journal of Neurology, Neurosurgery, and Psychiatry 37: 948-953.

1974.

KIM CS; O’TUAMA LA; MANN JD; ROE CR. Effect of increasing carbon chain length on

organic acid transport by the choroid plexus: a potential factor in Reye’s syndrome.

Brain Research 259: 340–343. 1983.

KOLKER S; AHLEMEYER B; KRIEGLSTEIN J; HOFFMANN GF. Contribution of

reactive oxygen species to 3-hydroxyglutarate neurotoxicity in primary neuronal

cultures from chick embryo telencephalons. Pediatric Research 50: 76-82. 2001.

Page 99: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

97

KØLVRAA S; GREGERSEN N; CHRISTENSEN E; HOBOLTH N. In vitro fibroblast

studies in a patient with C6-C10-dicarboxylic aciduria: evidence for a defect in general

acyl-CoA dehydrogenase. Clinical Chimica Acta 126: 53-67. 1982.

KOSENKO E; KAMINSKY Y; GRAU E; MIÑANA MD; MARCAIDA G; GRISOLÍA S;

FELIPO V. Brain ATP depletion induced by acute ammonia intoxication in rats is

mediated by activation of the NMDA receptor and of Na+,K+-ATPase. Journal of

Neurochemistry 63: 2172-2178. 1994.

KOSENKO E; KAMINSKY Y; GRAU E; MIÑANA MD; GRISOLÍA S; FELIPO V.

Nitroarginine, an inhibitor of nitric oxido synthetase, attenuates ammonia toxicity and

ammonia-induced alterations in brain metabolism. Neurochemical Research 4: 451-

456. 1995.

KOSENKO E; KAMINSKY Y; KAMINSKY A; VALENCIA M; LEE L;

HERMENEGILDO C; FELIPO V. Superoxide production and antioxidant enzymes in

ammonia intoxication in rats. Free Radical Research 27: 637-644. 1997.

KOSENKO E; KAMINSKI Y; LOPATA O; MURAVYOV N; FELIPO V. Blocking NMDA

receptors prevents the oxidative stress induced by acute ammonia intoxication. Free

Radical Biology Medicine 26: 1369-1374. 1999.

KOSENKO E; KAMINSKY Y; STAVROSKAYA IG; FELIPO V. Alteration of

mitochondrial calcium homeostasis by ammonia-induced activation of NMDA

receptors in rat brain in vivo. Brain Research 880: 139-146. 2000.

LAI JK; COOPER AJL. Brain α-ketoglutarate dehydrogenase complex: kinetic properties,

regional distribution, and effects of inhibitors. Journal of Neurochemistry 47: 1376-

1386. 1987.

Page 100: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

98

LAI CK; COOPER AJL. Neurotoxicity of ammonia and fatty acids: differential inhibition of

mitochondrial dehydrogenases by ammonia and fatty acyl coenzyme A derivates.

Neurochemical Research 16: 795–803. 1991.

LATINI A; SCUSSIATO K; LEIPNITZ G; DUTRA-FILHO CS; WAJNER M. Promotion of

oxidative stress by 3-hydroxyglutaric acid in rat striatum. Journal of Inherited

Metabolic Disease 28: 57-67. 2005.

LATINI A; FERREIRA CG; SCUSSIATO K; SCHUCK PF; DUTRA-FILHO CS; VARGAS

CR; WAJNER M. Induction of oxidative stress by chronic and acute glutaric acid

administration to rats. Cellular and Molecular Neurobiology 27: 423-438. 2007.

LEHNINGER AL; NELSON DL; COX MM. Lehninger Princípios de Bioquímica. 5ª ed.

São Paulo: Sarvier. 2007.

LISSI E; SALIM-HANNA M; PASCUAL C; DEL CASTILLO MD. Evaluation of total

antioxidant potential (TRAP) and total antioxidant reactivity from luminol-enhanced

chemiluminescence measurements. Free Radical Biology and Medicine 18: 153-158.

1995.

LIU X; KIM CN; YANG J; JEMMERSON R; WANG X. Induction of apoptotic program in

cell-free extracts: requirement for dATP and cytochrome c. Cellular 86: 147-157.

1996.

LUND AM; DIXON MA; VREKEN P. What is the role of medium-chain triglycerides in the

management of long-chain 3-hydroxyacyl-CoA dehydrogenase deficiency? Journal of

inherited metabolic disease 26: 353-360. 2003.

MAEGAWA GH; POPLAWSKI NK; ANDRESEN BS; OLPIN SE; NIE G; CLARKE JT;

TESHIMA I. Interstitial deletion of 1p22.2p31.1 and medium-chain acyl-CoA

dehydrogenase deficiency in a patient with global developmental delay. American

Journal of Medical Genetics 146: 1581-1586. 2008.

Page 101: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

99

MARCAIDA G; FELIPO V; HERMENEGILDO C; MIÑANA MD; GRISOLÍA S. Acute

ammonia toxicity is mediated by the NMDA type of glutamate receptors. FEBS

Letters 296: 67-68. 1992.

MARKS DB; MARKS AD; SMITH CM. Basic Medical Biochemistry. Baltimore,

Lippincott Williams & Wilkins. 1996.

MARTÍNEZ G; JIMÉNEZ-SÁNCHEZ G; DIVRY P; VIANEY-SABAN C; RIUDOR E;

RODÉS M; BRIONES P; RIBES A. Plasma free fatty acids in mitochondrial fatty

acid oxidation defects. Clinica Chimica Acta 267: 143-154. 1997.

MATSUBARA Y; NARISAWA K; TADA K. Medium-chain acyl-CoA dehydrogenase

deficiency: molecular aspects. European Journal of Pediatric 151: 154-159. 1992.

MAXWELL SR. Prospects for the use of antioxidant therapies. Drugs 49: 345-361. 1995.

McDONALD JW; SCHOEPP DD. Aminooxyacetic acid produces excitotoxic brain injury in

neonatal rats. Brain Research 624: 239-244. 1993.

McNAUGHT KSP; ALTOMARE C; CELLAMARE S; CAROTTI A; THULL U;

CARRUPT PA; TESTA PJ; MARSDEN CD. Inhibition of α-ketoglutarate

dehydrogenase by isoquinoline derivates structurally related to 1-methyl-4-phenyl-

1,2,3,6-tetrahydropyridine (MPTP). Neuroreport 6: 1105–1108. 1995.

MERLE P; KADENBACH B. On the heterogeneity of vertebrate cytochrome c oxidase

polypeptide chain composition. Hoppe-Seyler's Zeitschrift Für Physiologische

Chemie 361: 1257–1259. 1980.

MUNTZ JA; HURWITZ J. The effect of ammonium ions upon isolated reactions of the

glycolytic scheme. Archives of Biochemistry and Biophysics 32: 137-149. 1951.

MURRAY RK; MAYES DKG; RODWELL VW. Harper: bioquímica. 9.ed São Paulo:

Atheneu. 2002.

Page 102: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

100

NELSON DL; COX MM. Lehninger: principles of biochemistry. 3rd ed. New York, USA:

Worth publischers, p. 1152. 2000.

NICHOLLS D; AKERMAN K. Mitochondrial calcium transport. Biochimica et Biophysica

Acta 683: 57-88. 1982.

NOREMBERG MD; BAKER L; NOREMBERG L-OB; BLICHARSKA J. Ammonia-

induced astrocyte swelling in primary culture. Neurochemical Research 16: 833-836.

1991.

OLSON JE; HOLTZMAN D; SANKAR R; LAWSON C; ROSENBERG R. Octanoic acid

inhibits astrocyte volume control: implications for cerebral edema in Reye's syndrome.

Journal of Neurochemistry 52: 1197-1202. 1989.

PARKER WD; HAAS R; STUMPF DA; EGUREN LA. Effects of octanoate on rat brain and

liver mitochondria. Neurology 33: 1374–1377. 1983.

PAVLAKOVIC G; EYER CL; ISOM GE. Neuroprotective effects of PKC inhibition against

chemical hypoxia. Brain Research 676: 205-211. 1995.

PETTENUZZO LF; FERREIRA GC; SCHMIDT AL; DUTRA-FILHO CS; WYSE AT;

WAJNER M. Differential inhibitory effects of methylmalonic acid on respiratory

chain complex activities in rat tissues. International Journal of Developmental

Neuroscience 24: 45-52. 2006.

PILLA C; CARDOZO RFD; DUTRA CS; WYZE ATS; WAJNER M; WANNMACHER

CMD. Effect of leucine administration on creatine kinase activity in rat brain.

Metabolic Brain Disease 18: 17-25. 2003.

PRZEDBORSKI S; DONALDSON DBS; JAKOWEC M; KISH JS; GUTTMAN M;

ROSOKLIJA G; HAYS AP. Brain Superoxide Dismutase, Catalase and Glutathione

Peroxidase Activities in Amyotrophic Lateral Sclerosis. Annals of Neurology 39:

158-165. 1996.

Page 103: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

101

RATNAKUMARI L; AUDET R; QURESHI IA; BUTTERWORTH RF. Na+,K+-ATPase

activities are increased in brain in both congenital and acquired hyperammonemic

syndromes. Neuroscience Letters 197: 89–92. 1995.

REIS DE ASSIS D; MARIA RC; BORBA ROSA R; SCHUCK PF; RIBEIRO CA; DA

COSTA FERREIRA G; DUTRA-FILHO CS; TEREZINHA DE SOUZA WYSE A;

DUVAL WANNMACHER CM; SANTOS PERRY ML; WAJNER M. Inhibition of

energy metabolism in cerebral cortex of young rats by the medium-chain fatty acids

accumulating in MCAD deficiency. Brain Research 1030: 141-151. 2004.

REZNICK AZ; PACKER L. Free radicals and antioxidants in muscular neurological diseases

and disorders. In: Free Radicals: from Basic Science to Medicine (POLI G;

ALBANO E; DIANZANI MU. eds.). Basel: Birkhäuser Verlag, pp. 425-437. 1993.

RINALDO P; RAYMOND K; AL-ODAIB A; BENNETT M. Clinical and biochemical

features of fatty acid oxidation disorders. Current Opinion in Pediatrics 10: 615–621.

1998.

RINALDO P. Fatty acid transport and mitochondrial oxidation disorders. Seminars Liver

Disease 21: 489-500. 2001.

ROE CR; DING J. Mitochondrial fatty acid oxidation disorders. In: The Metabolic and

Molecular Bases of Inherited Disease (SCRIVER CR; BEAUDET AL; SLY WS;

VALLE D. eds). New York: McGraw-Hill, New York, pp. 1909–1963. 2001.

ROSE CD; HENNEBERRY RC. Etiology of the neurodegenerative disorders: a critical

analysis. Neurobiology Aging 15: 233-234. 1994.

RUITENBEEK W; POELS PJ; TURNBULL DM; GARAVAGLIA B; CHALMERS RA;

TAYLOR RW; GABREELS FJ. Rhabdomyolysis and acute encephalopathy in late

onset medium chain acyl-CoA dehydrogenase deficiency. Journal of Neurology

Neurosurgery and Psychiatry 58: 209-214. 1995.

Page 104: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

102

RUSTIN P; CHRETIEN D; BOURGERON T; GÉRARD B; RÖTIG A; SAUDUBRAY JM.

A Biochemical and Molecular investigations in respiratory chain deficiencies. Clinica

Chimica Acta 228: 35-51. 1994.

SCHINLDER AF; OLSON EC; SPITZER NC; MONTAL M. Mitochondrial dysfunction is a

primary event in glutamate neurotoxicity. Journal of Neuroscience 16: 6125-6133.

1996.

SCHOLZ R; SCHWABE U; SOBOLL S. Influence of fatty acids on energy metabolism.

Stimulation of oxygen consumption, ketogenesis and CO2 production following addition

of octanoate and oleate in perfused rat liver. European Journal Biochemistry 141:

223-230. 1984.

SCHUCK PF; LEIPNITZ G; RIBEIRO CA; DALCIN KB; ASSIS DR; BARSCHAK AG;

PULROLNIK V; WANNMACHER CM; WYSE AT; WAJNER M. Inhibition of

creatine kinase activity in vitro by ethylmalonic acid in cerebral cortex of young rats.

Neurochemical Research 27: 1633-1639. 2002.

SCHUCK PF; CEOLATO PC; FERREIRA GC; TONIN A; LEIPNITZ G; DUTRA-FILHO

CS; LATINI A; WAJNER M. Oxidative stress induction by cis-4-decenoic acid:

relevance for MCAD deficiency. Free Radical Research 41: 1261-1272. 2007.

SCHUCK PF; FERREIRA GC; MOURA AP; BUSANELLO EN; TONIN AM; DUTRA-

FILHO CS; WAJNER M. Medium-chain fatty acids accumulating in MCAD deficiency

elicit lipid and protein oxidative damage and decrease non-enzymatic antioxidant

defenses in rat brain. Neurochemistry International 54: 519-525. 2009a.

SCHUCK PF; FERREIRA GDAC; TONIN AM; VIEGAS CM; BUSANELLO EN; MOURA

AP; ZANATTA A; KLAMT F; WAJNER M. Evidence that the major metabolites

accumulating in medium-chain acyl-CoA dehydrogenase deficiency disturb

Page 105: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

103

mitochondrial energy homeostasis in rat brain. Brain Research 1296: 117-126.

2009b.

SCRIVER CR; BEAUDET AL; SLY WS; VALLE D (Eds). The Metabolic and Molecular

Bases of Inherited Disease. 8ª ed. New York: McGraw-Hill, 3-45. 2001.

SIEGEL GJ; AGRANOFF BW; ALBERS RW; MOLINOFF PB. Basic neurochemistry:

molecular, cellular and medical aspects. 5º ed. Raven Press, New York. 1994.

SIRTORI LR; DUTRA-FILHO CS; FITARELLE D; SITTA A; HAESER A; BARSCHAK

AG; WAJNER M; COELHO DM; LLESUY S; BELLÉ-KLEIN A; GIUGLIANI R;

DEON M; VARGAS CR. Oxidative stress in patient with phenyketonuria.

Biochimica et Biophysica Acta 1740: 68-73. 2005.

SITTA A; BARSCHAK AG; DEON M; TERROSO T; PIRES R; GIUGLIANI R; DUTRA-

FILHO CS; WAJNER M; VARGAS CR. Investigation of oxidative stress parameters

in treated phenylketonuric patients. Metabolic Brain Disease 20: 287-296. 2006.

SMELTZER SC; BARE BG. Brunner e Suddarth’s textbook of medical-surgical nursing.

8ª ed. Philadelphia, USA, p. 825-872. 1996.

SMITH CM; MARKS AD; LIEBERMAN MA. Marks’ Basic Medical Biochemistry: A

Clinical Approach. 2ª ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins. 2005.

SOBOLL S; GRÜNDEL S; SCHWABE U; SCHOLZ R. Influence of fatty acids on energy

metabolism. 2. Kinetics of changes in metabolic rates and changes in subcellular

adenine nucleotide contents and pH gradients following addition of octanoate and

oleate in perfused rat liver. European Journal of Biochemistry 141: 231-236. 1984.

STEFANELLO FM; FRANZON R; TAGLIARI B; WANNMACHER L; WAJNER M;

WYSE AT. Reduction of butyrylcholinesterase activity in rat serum subjected to

hyperhomocysteinemias. Metabolic Brain Disease 20: 97-103. 2005.

Page 106: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

104

STEWART PM; WALSER M. Failure of the normal ureagenic response in organic acid

loaded rats. Proposed mechanism for the hyperamonemia of propionic and

methylmalonic acidemia. Journal of Clinical Investigation 66: 484-492. 1980.

STRECK EL; VIEIRA PS; WANMACHER CM; DUTRA-FILHO CS; WAJNER M; WYSE

AT. In vitro effect of homocysteine on some parameters of oxidative stress in rat

hippocampus. Metabolic Brain Disease 18: 147-154. 2003.

TAYLOR RW; BIRCH-MACHIN MA; BARTLETT K; TURNBULL DM. Succinate-

cytochrome c reductase: assessment of its value in the investigation of defects of the

respiratory chain. Biochimica et Biophysica Acta 1181: 261–265. 1993.

TOMIMOTO H; YAMAMOTO K; HOMBURGER HA; YANAGIHARA T.

Immunoelectron microscopic investigation of creatine kinase BB-isoenzyme after

cerebral ischemia in gerbils. Acta Neuropathologica 86: 447– 455. 1993.

VARGAS CR; WAJNER M; SIRTORI LR; GOULART L; CHIOCHETTA M; COELHO D;

LATINI A; LLESUY S; BELLÓ-KLEIN A; GIUGLIANI R; DEON M; MELLO CF.

Evidence that oxidative stress in increased in patients with x-linked

adrenoleukodystrophy. Biochimica et Biophysica Acta 1688: 26-32. 2004.

VIEGAS CM; DA COSTA FERREIRA G; SCHUCK PF; TONIN AM; ZANATTA A; DE

SOUZA WYSE AT; DUTRA-FILHO CS; WANNMACHER CM; WAJNER M.

Evidence that 3-hydroxyisobutyric acid inhibits key enzymes of energy metabolism in

cerebral cortex of young rats. International Journal of Developmental

Neuroscience 26: 293-299. 2008.

VOET D; VOET JG; PRATT CW. Fundamentos de bioquímica. 2 ed. Porto Alegre:

Artmed, p. 931. 2008.

WADDELL L; WILEY V; CARPENTER K; BENNETTS B; ANGEL L; ANDRESEN BS;

WILCKEN B. Medium-chain acyl-CoA dehydrogenase deficiency: genotype-

Page 107: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

105

biochemical phenotype correlations. Molecular Genetics and Metabolic 87: 32-39.

2006.

WAJNER M; LATINI A; WYSE ATS; DUTRA-FILHO CS. The role of oxidative damage in

the neuropathology of organic acidurias: Insights from animal studies. Journal of

Inherited Metabolic Disease 27: 427-448. 2004.

WALKER V. Inherited organic acid disorders. In: Clinical Biochemistry and the Sick Child

(CLAYTON BE; ROUND JM. eds.) Oxford: Blackwell. 1994.

WALLACE DC. Mitochondrial diseases in man and mouses. Science 283: 1482-1487. 1999.

WALLIMANN T; WYSS M; BRDICZKA D; NICOLAY K; EPPENBERGER HM.

Intracellular compartmentation, structure and function of creatine kinase isoenzymes

in tissues with high and fluctuating energy demands: the 'phosphocreatine circuit' for

cellular energy homeostasis. The Biochemical Journal 281: 21-40. 1992.

WHITE RJ; REYNOLDS IJ. Mitochondrial depolarization in glutamate-stimulated neurons:

an early signal specific to excitotoxin exposure. The Journal of Neuroscience 16:

5688-5697. 1996.

WILCKEN B; HAAS M; JOY P; WILEY V; CHAPLIN M; BLACK C; FLETCHER J;

MCGILL J; BONEH A. Outcome of neonatal screening for medium-chain acyl-CoA

dehydrogenase deficiency in Australia: a cohort study. Lancet 369: 37-42. 2007.

WYSS M; KADDURAH-DAOUR R. Creatine and creatinine metabolism. Physiological

reviews 80: 1107–1213. 2000.

ZHOU BG; NOREMBERG MD. Ammonia downregulates GLAST mRNA glutamate

transporter in rat astrocyte cultures. Neuroscience Letters 276: 145–148. 1999.

Page 108: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 109: INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS DE TOXICIDADE DOS …livros01.livrosgratis.com.br/cp152203.pdf · hepatomegaly, hyperammonemia, seizures and lethargy, which may quickly progress to

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo