IPM Sindicancia e IT

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SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL POLCIA MILITAR DE PERNAMBUCO APOSTILADE IPM, SINDICNCIA E INQURITO TCNICO

CURSO DE APERFEIOAMENTO DE SARGENTOS CAS 2010

Recife, 2010

CURSO DE APERFEIOAMENTO DE SARGENTOS 2010 LIES PRELIMINARES DE INQURITO POLICIAL MILITAR1

1. CONCEITO E FINALIDADE O Inqurito Policial Militar o procedimento administrativo, consistente no conjunto de diligncias realizadas pela Polcia Judiciria Militar, que se destina a reunir elementos de convico acerca da autoria e a materialidade de um crime militar, visando propiciar ao seu destinatrio imediato (o Ministrio Pblico) elementos suficientes para a propositura da ao penal. O Cdigo de Processo Penal Militar (CPPM), em seu art. 9, assim prescreve:O Inqurito Policial Militar a apurao sumria de fato, que, nos temos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o carter de instruo provisria, cuja finalidade precpua a de ministrar elementos necessrios propositura da ao penal.

2. PRINCIPAIS CARACTERSTICAS 2.1 PROVISORIEDADE O art. 9, caput, ltima parte, do CPPM, dispe que o IPM tem o carter de instruo provisria. A provisoriedade decorre da impossibilidade de aplicao, com base apenas no IPM, de sano ao infrator. O IPM no serve, por si s, de fundamento para uma condenao, exigindo-se, em juzo, a renovao ou ratificao das provas colhidas na fase de investigao, realizando-se na fase judicial, a instruo com a observncia da ampla defesa e do contraditrio. H de se destacar que, conforme o art. 9 pargrafo nico, do CPPM, os exames, percias e avaliaes realizados regularmente no curso do inqurito, so efetivamente s formalidades previstas no prprio CPPM. Em outras palavras, se essas provas forem realizadas sem vcios na fase do inqurito, sero admitidas em juzo.

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Autor: Cap PMPE Jos Franklin Barbosa Mendes Leite

2.2 PROCEDIMENTO ESCRITO As peas do IPM so por escrito, no se concebendo a existncia de uma investigao verbal, conforme se conclui da leitura do art. 21 do CPPM. 2.3 INQUISITORIEDADE As atividades investigatrias so realizadas pelo Oficial Encarregado do IPM, que age de ofcio, independentemente de provocao de quem quer que seja, pautando sua conduta pela discricionariedade, no se observando a ampla defesa e o contraditrio. A razo disso que o art. 5, LV, da CF/88, prescreve que os princpios da ampla defesa e do contraditrio so aplicveis aos processos judicial ou administrativo. Ocorre que o IPM fase pr-processual. No IPM no h acusao e nem partes, portanto, no se enquadra como processo, mas sim como procedimento. 2.4 INDISPONIBILIDADE Uma vez que instaurado o IPM, no poder a autoridade policial judiciria militar determinar o arquivamento dos autos, mesmo que conclusivo da inexistncia de crime ou inimputabilidade do indiciado, tendo em vista o insculpido no art. 24 do CPPM. 2.5 DISCRICIONARIEDADE NAS INVESTIGAES O Encarregado do IPM dever realizar as diligncias necessrias para reunir indcios da autoria e da materialidade do delito, porm, no fica adstrito observncia de um rio especfico, devendo praticar os atos necessrios para se chegar verdade real, conduzindo a investigao de acordo com as necessidades requeridas pelo fato que se apura. 2.6 INFORMATIVO O Ministrio Pblico vale-se das informaes contidas nos autos do IPM para a formao da sua opinio acerca do crime. O representante do Ministrio Pblico analisa as peas do IPM e verifica se h justa causa para a propositura da ao penal. 2.7 SIGILOSO O art. 16 do CPPM estabelece que o IPM sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dele tome conhecimento o advogado do investigado.

Esse mandamento do CPPM deve ser interpretado levando-se em considerao o art. 7, XIV, da Lei n. 8.906/94 (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil). Isso significa que o advogado do investigatrio tem o direito de acesso aos autos do IPM, porm, no quer dizer que tenha o direito de saber quais diligncias sero realizadas, sob o risco de, ressalvadas excees, comprometer as investigaes. 2.8 DISPENSABILIDADE O IPM um procedimento dispensvel, uma vez que a ao penal poder ser proposta com base em peas de informao (o que no significa que tenha que ser um IPM), bastando que demonstrem a existncia de indcios de autoria e da materialidade em relao ao autor e a delito. O art. 27 do CPPM assevera ainda que o auto de priso em flagrante delito se, por si s, for suficiente para a elucidao do fato e sua autoria, constituir o inqurito, dispensando outras diligncias, salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestgios, a identificao da coisa e a sua avaliao, quando seu valor influir na aplicao da pena. O IPM poder ainda ser dispensado com fundamento no art. 28 do CPPM. 3. PROVIDNCIAS ANTES DO INQURITO O aguardamento da delegao, conforme o art. 10 2, do CPPM, no obsta que o oficial responsvel por comando, direo ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de dia, de servio ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providncias cabveis, sempre que tenha conhecimento de infrao penal que lhe incumba reprimir ou evitar. Essas providncias esto insculpidas no art. 12 do CPPM que so: a. dirigir-se ao local do crime, providenciando para que no se alterem o estado e a situao das coisas, enquanto necessrio - a razo desse mandamento para que se preserve local especialmente protegido, no caso, local do crime. O militar que tomar conhecimento de local de crime dever: para ele se deslocar; determinar que a autoridade policial judiciria militar tome conhecimento do ocorrido; isolar o local do crime; arrolar testemunhas (tanto no crime quanto na preservao do local); aguardar a chegada de peritos.

H de se destacar que nos acidentes de trnsito, cuja atribuio para apurao seja da polcia judiciria militar, de acordo com o prescrito no art. 1 da Lei n. 6.174, de 09 de dezembro de 1974, o disposto no art. 12, alnea a, e art. 339 do CPPM, no impede que a autoridade ou agente policial possa autorizar, independentemente de exame do local, a imediata remoo de vtimas, com tambm dos veculos envolvidos nele, se estivessem no leito da via pblica e com prejuzo de trnsito. A autoridade ou agente que autorizar a remoo facultada no art. 1, da Lei n. 6.174/74, lavar boletim, no qual registrar a ocorrncia com todas as circunstncias necessrias apurao de responsabilidades, e arrolar as testemunhas que presenciaram, se as houver. b. apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relao com o fato esse mandamento deve ser observado para que se realize, nos termos do art. 345 do CPPM, exame nos instrumentos empregados na prtica de crime, a fim de lhes verificar a natureza e a eficincia e, sempre que possvel, a natureza e a propriedade. Pode ocorrer que os instrumentos e demais objetos que tenham relao com o fato no estejam no local do crime, sendo necessria a realizao de buscas para a apreenso. O encarregado ento dever observar as providncias concernentes busca e apreenso dispostas no art. 170 ao 189 do CPPM. Os instrumentos da infrao e os demais objetos que interessam sua prova devero acompanhar os autos do IPM. c. efetuar a priso do infrator, observado o disposto no art. 244 do CPPM - trata-se da priso em flagrante delito do autor da infrao. d. colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstncias - consiste em diligncias que devem ser realizadas, antes da instaurao do IPM, para o desvendamento do ato criminoso e suas circunstncias. 4. DA ATRIBUIO PARA A INSTAURAO DO IPM A atribuio para a autoridade militar estadual exercer a polcia judiciria militar encontra-se no art. 7, h, do CPPM, competindo-lhe o prescrito no art. 8 desse mesmo diploma.

Diferente do inqurito policial, no IPM a autoridade policial judiciria militar poder delegar as suas atribuies, obedecidas as normas regulamentares de jurisdio (ou melhor, circunscrio), hierarquia e comando, a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo determinado. Conclui-se de imediato que, de acordo com o art. 7, 1, do CPPM, o comandante, chefe ou diretor de OME, doravante apenas chamado de comandante, poder pessoalmente presidir um IPM. Tal ocorrncia rara em decorrncia da gama de atribuies que possui, optando, via de regra, pela designao de oficial da ativa, que servir sob sou comando, para proceder a um IPM. O Comandante dever observar que o oficial que receber a delegao para proceder ao IPM dever ter posto superior ao do investigatrio, seja este oficial da ativa ou inatividade. Agora, no sendo possvel, a designao, de acordo com o art. 7, 3 do CPPM, de oficial de posto superior ao do investigado, poder ser feita a de oficial mais antigo do mesmo posto, desde que mais antigo. O art. 7, 4, do CPPM, estabelece que se o investigado for oficial inativo, no prevalece para a delegao a antiguidade de posto. Se o oficial da ativa investigatrio for o mais antigo, conforme o art. 7 5, do CPPM, um outro da reserva dever ser convocado para proceder ao IPM. Tendo o infrator posto superior ou igual ao do comandante, diretor ou chefe de rgo ou servio, em cujo mbito de jurisdio militar. Haja ocorrido a infrao penal, ser feita a comunicao do fato autoridade superior competente, para que este tome efetiva a delegao, nos termos do 2 art. 7, do CPPM (art. 10 1 do CPPM). Se a infrao penal no for, evidentemente, de natureza militar, comunicar o fato autoridade policial competente, a quem far apresentar o infrator. Em se tratando de lei civil, menor de 18 (dezoito) anos, a apresentao ser feita DPCA. Se, no curso do inqurito, o seu encarregado verificar a existncia de indcios contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo, tomar as providncias necessrias para que as suas funes sejam delegadas a outro oficial, nos termos do 2, do art. 7 (art.10, 5, do CPPM).

Ser encarregado do inqurito, sempre que possvel, oficial de posto no inferior ao de capito. Em se tratando de infrao penal contra a segurana nacional, s-lo- sempre que possvel, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado (art.15, do CPPM). 5. MODOS POR QUE PODE SER INICIADO O IPM 5.1 DE OFCIO O Art. 10, a, do CPPM, prescreve que o IPM iniciado mediante portaria, de ofcio, pela autoridade militar em cujo mbito de jurisdio ou comando haja ocorrido a infrao penal, atendida a hierarquia do infrator. O comandante sem sua labuta diria e sem provocao, dever instaurar IPM, sempre que tiver cincia da prtica de infrao, nos crimes de ao penal pblica incondicionada. Caso assim no proceder, poder incorrer no crime de prevaricao (art. 319, do CPM). 5.2 POR DETERMINAO OU DELEGAO DA AUTORIDADE MILITAR SUPERIOR, QUE, EM CASO DE URGNCIA, PODER SER FEITA POR VIA TELEGRFICA OU RADIOTELEFNICA E CONFIRMADA POSTERIORMENTE, POR OFCIO. O comandante que tenha a atribuio de apurao de determinada infrao penal militar poder pessoalmente, instaurar o IPM, requisitar, mediante, ofcio, que outro comandante proceda s apuraes; ou poder designar oficial para, por delegao, instaurar e proceder ao IPM. A instaurao do IPM feita pelo seu encarregado, por meio de portaria, praticando o comandante o ato de designao do encarregado. 5.3 EM VIRTUDE DE REQUISIO DO MINISTRIO PBLICO A requisio a mesma coisa que determinao. O Ministrio Pblico, em decorrncia do insculpido no art. 129, VIII, da Constituio Federal, c.c. o art. 10, c, do CPPM, poder requisitar a instaurao de IPM. 5.4 POR DECISO DO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR, NOS TERMOS DO ART 25

A competncia, nos Estados, recai sobre o Tribunal de Justia Militar, naqueles que o possurem, ou Tribunal de Justia do Estado, nos demais. 5.5 A REQUERIMENTO DA PARTE OFENDIDA OU DE QUEM LEGALMENTE A REPRESENTE, OU EM VIRTUDE DE REPRESENTAO DEVIDAMENTE AUTORIZADA DE QUEM TENHA CONHECIMENTO DE INFRAO PENAL, CUJA REPRESSO CAIBA JUSTIA MILITAR O ofendido ou seu representante legal, por meio de requerimento, observando analogicamente o art. 5 do CPP, poder provocar a instaurao do IPM. Qualquer pessoa poder tambm requerer (e no representar) a instaurao de IPM. Se o delator for militar, precisar estar devidamente autorizado pelo seu comandante. Caso a autoridade a quem o requerimento for encaminhado indefira o pleito ou silencie diante do oficiado, caber ao ofendido dirigir novo requerimento ao superior de quem recebeu originariamente o requerimento ou dirigir-se diretamente ao Ministrio Pblico que poder requisitar a instaurao do IPM com fulcro no art. 10, c, do CPPM. 5.6 QUANDO, DE SINDICNCIA FEITA EM MBITO DE JURISDIO MILITAR, RESULTE INDCIO DA EXISTNCIA DE INFRAO PENAL MILITAR Se o comandante depara-se com ato ilcito praticado por militar, que, a priori, no constitua crime, dever determinar a apurao, utilizando-se geralmente de sindicncia. Ocorre que no curso desse procedimento pode-se chegar concluso de que o fato constitua crime militar. Nesse caso, o comandante dever instaurar o devido IPM. Agora, o comandante no pode se abster de instaurar diretamente um IPM, sempre que se deparar com uma infrao penal militar em que no se configure mais um flagrante delito. 6. DA FORMAO DO INQURITO POLICIAL MILITAR O IPM pode ser presidido pela prpria autoridade policial judiciria militar ou por oficial por este designado, que recebe delegao para proceder ao IPM. Em se tratando de apurao de fato delituoso de excepcional importncia ou de difcil elucidao, de acordo com o art. 14 do CPPM, o encarregado do inqurito poder solicitar ao

Procurador Geral de Justia a indicao de promotor de justia para acompanhar as investigaes. 6.1 DAS ATRIBUIES DO ENCARREGADO 6.1.1 TOMAR AS MEDIDAS PREVISTAS NO ART. 12, SE AINDA NO AS TIVEREM SIDO O militar, mesmo sem receber as atribuies de polcia judiciria militar, dever tomar as medidas previstas no art. 12 do CPPM, no podendo, portanto, refugiar-se em questes burocrticas para no cumprir o seu dever. Destaque-se que o encarregado do IPM verificando que ainda no foram tomadas as medidas preliminares ao inqurito, dever providenci-las. 6.1.2 OUVIR OS ENVOLVIDOS O encarregado do IPM dever ouvir o ofendido, o indicado (ou melhor, o investigado) e as testemunhas, conforme o prescrito no art. 13, b, c, d do CPPM. Em relao ao ofendido, as suas declaraes so consideradas como prova, desde que se leve em considerao o conjunto probatrio carreado para os autos. As testemunhas e o investigado, exceto caso de urgncia inadivel, que constar da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em perodo que medeie entre as 7 (sete) e as 18 (dezoito) horas. Na assentada, o escrivo constar o dia e a hora do incio das inquiries ou depoimentos e, da mesma forma, do seu encerramento ou interrupes, no final daquele perodo. De acordo com o art. 19, 2, do CPPM, a testemunha no ser inquirida por mais de 4 (quatro) horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declaraes alm daquele termo. O depoimento que no ficar concludo s dezoito horas ser encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inqurito. No sendo til o dia seguinte, a inquirio poder ser adiada para o primeiro dia que o for, salvo caso de urgncia.

6.1.3 PROCEDER A RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS, E ACAREAES O procedimento a ser adotado para o reconhecimento de pessoa e coisa est descrito nos arts. 368 usque 370 do CPPM. O que se h de destacar que tal ato deve ser registrado por meio de termo, ao final assinado pelo encarregado, pela pessoa chamada para fazer o reconhecimento e por duas testemunhas. 6.1.4 DETERMINAR, SE FOR O CASO, QUE SE PROCEDA A EXAME DE CORPO DE DELITO E A QUAISQUER OUTROS EXAMES E PERCIAS H a necessidade do encarregado do IPM observar as prescries dos arts. 314 usque 346 do CPPM. Relembre-se que as percias e exames realizados com a observncia do art. 9, pargrafo nico do CPPM, so efetivamente instrutrias da ao penal. 6.1.5 DETERMINAR A AVALIAO E A IDENTIFICAO DA COISA SUBTRADA, DESVIADA, DESTRUDA OU DANIFICADA OU DA QUAL HOUVE INDBITA APROPRIAO A avaliao e a identificao da coisa de fundamental importncia para, muitas vezes, determinar se houve a presena de circunstncias agravadas ou atenuantes, a exemplo do que ocorre no crime de furto atenuado (art. 240, , do CPPM). O encarregado deve observar o insculpido nos arts. 314 usque art. 346 do CPPM, dando especial ateno ao art. 314 desse diploma. 6.1.6 PROCEDER A BUSCAS E APREENSES, NOS TERMOS DOS ARTS. 172 A 184 E 185 A 189 O encarregado deve dispensar especial ateno ao art. 5, XI da Constituio da Repblica Federativa do Brasil (CF/88), uma vez que a busca domiciliar, sem o consentimento do morador, somente poder ser realizada durante o dia, por determinao judicial. 6.1.7 TOMAR AS MEDIDAS PERITOS NECESSRIAS OU DO DESTINADAS PROTEO COACTOS DE OU

TESTEMUNHAS,

OFENDIDO,

QUANDO

AMEAAD0S DE COAO QUE LHES TOLHA A LIBERDADE DE DEPOR, OU A INDEPENDNCIA PARA A REALIZAO DE PERCIAS E EXAMES O objetivo maior do IPM de chegar verdade do que ocorreu. No momento em que testemunhas, peritos ou ofendido passam a ser coagidos, a verdade perseguida, possivelmente, no ser alcanada. O encarregado dever provocar o aparelho estatal com a finalidade de assegurar a incolumidade dos envolvidos. Diversas medidas podero ser tomadas, dentre elas destacamos a deteno prescrita no art. 18 do CPPM, a priso preventiva do pargrafo nico desse artigo, e a colocao em programa de proteo testemunha. 6.1.8 RECONSTITUIO DOS FATOS Para verificar a possibilidade de haver sido a infrao praticada de determinado modo, o encarregado do inqurito poder proceder reproduo simulada dos fatos, desde que esta no contrarie a moralidade e a ordem pblica, nem atente contra a hierarquia e a disciplina militar. O investigado no poder ser obrigado a participar da reconstituio, embora possa ser forado a se fazer presente ao ato. 6.2 DO ESCRIVO A designao de escrivo para o inqurito caber ao respectivo encarregado, se no tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegao para aquele fim, recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o investigado for oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos. Ao ser designado escrivo pelo encarregado do IPM, a autoridade delegante dever ser informada por meio de ofcio. O escrivo prestar o compromisso de manter o sigilo do inqurito e de cumprir fielmente as determinaes do CPPM. O escrivo poder ser substitudo em duas hipteses:

a. se o escrivo sargento ou subtenente, ser substitudo por oficial, sempre que os indcios recarem sobre oficial. b. em caso de doena, transferncia para a inatividade ou morte. O escrivo tem o dever de assistir ao encarregado na leitura do IPM, devendo ainda: a. autuar o IPM; b. numerar e rubricar as folhas dos autos; c. riscar os versos das folhas, rubricando-as, e colocando a inscrio em branco; d. cumprir os despachos do encarregado; e. fazer a guarda dos autos; f. lavrar o termo de juntada, mencionando a data, de cada documento juntado por determinao do encarregado; g. fazer a concluso dos autos ao encarregado sempre que determinado; h. aps o despacho, lavrar os termos de recebimento, certido e juntada; i. providenciar o termo de remessa, autoridade delegante, aps o recebimento dos autos com o relatrio do encarregado. 7. INCOMUNICABILIDADE, DETENO, PRISO PREVENTIVA E MENAGEM No h que se falar em incomunicabilidade de indiciado que estiver legalmente preso, conforme o estabelecido no art. 17 do CPPM, tendo em vista o direito fundamental do preso de assistncia familiar e de advogado. O CPPM, no seu art. 18, prev a possibilidade da deteno, decretada pelo encarregado do IPM, em face do indiciado. A CF/88 recepcionou essa norma jurdica, porm, somente possvel nos casos de crimes propriamente militares, definidos em lei. J a priso preventiva, tambm medida cautelar e excepcional de cerceamento da liberdade, ser decretada pelo Juiz de Direito do juzo militar durante o IPM, por representao motivada do seu encarregado, quando presente a materialidade delitiva e indcios de autoria.

Tal deciso deve ser fundamentada em uma das previses legais do art. 255 do CPPM, quais sejam: a. b. c. d. e. necessidade de garantia da ordem pblica; convenincia da instruo criminal; periculosidade do indiciado; segurana da aplicao da lei penal militar; exigncia de manuteno da hierarquia e da disciplina militares.

De acordo com o art. 18, pargrafo nico, do CPPM, o encarregado pode representar, em face do indiciado, perante o juiz de direito do juzo militar, para que haja a decretao da menagem. A menagem uma espcie de priso preventiva de liberdade fora do crcere, cujos requisitos e competncia para a decretao esto insculpidos no art. 263 usque 269 do CPPM. 8. DOS PRAZOS O IPM dever terminar dentro em 20 (vinte) dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de priso, ou no prazo de 40 (quarenta) dias, quando o indiciado estiver, solto contados a partir da data em que se instaurar o inqurito. O IPM somente poder ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela autoridade delegante, desde que no estejam concludos exames ou percias j iniciados, ou haja necessidade de diligncia, indispensveis elucidao do fato. A solicitao de prorrogao deve ser feita antes da terminao do prazo. O comandante poder, com base no art. 20, 2, do CPPM, prorrogar por, no mximo, mais 20 (vinte) dias, por analogia com o 1 desse artigo e com o art. 26, pargrafo nico, do mesmo diploma, o prazo para a terminao do IPM, sempre que houver dificuldade insupervel.

A partir da, o IPM dever ser encerrado pelo encarregado, devendo os laudos de percias ou exames no concludos nessa prorrogao, bem como os documentos colhidos depois dela, serem posteriormente remetidos ao juiz da AJME, para a juntada ao processo. So deduzidas dos prazos referidos no art. 20, do CPPM, as interrupes pelo motivo previsto no art. 10, 5. 9. RELATRIO E SOLUO DO IPM O relatrio ser elaborado nos moldes descritos no art. 21 do CPPM. Recomenda-se que seja elaborado com o IPM montado, mencionando o encarregado as folhas em que se encontram as provas das suas concluses. O relatrio uma sinopse do que se encontra nos autos, destacando-se os resultados obtidos (ou a anlise das provas), para ao final o encarregado apontar: a. se houve transgresso disciplinar; b. se houve transgresso disciplinar e indcio de crime; c. se h indcio de crime. Nos termos do art. 20, 2, in fine, do CPPM, no relatrio poder o encarregado indicar, mencionando se possvel, o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento. Se a autoridade policial judiciria militar presidir pessoalmente o IPM, este no ter soluo. Caso seja IPM instaurado por delegao, os autos do IPM sero enviados pelo encarregado, autoridade de quem recebeu a delegao, para que lhe homologue ou no a soluo, determine a instaurao de processo administrativo disciplinar, ou determine novas diligncias, se as julgar necessrias. Discordando da soluo dada ao inqurito, a autoridade que o delegou poder avoclo e dar soluo diferente.

10. REMESSA DO IPM AO MINISTRIO PBLICO Em Pernambuco, por uma questo de economia processual, os autos do IPM sero remetidos Central de Inquritos do Ministrio Pblico, acompanhados dos instrumentos desta, bem como dos objetos que interessem sua prova. 11. INSTAURAO DE NOVO IPM O arquivamento de IPM no obste a instaurao de outro, se novas provas aparecerem em relao ao fato, ao indiciado ou terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extino da punibilidade (art. 25, CPPM). 12. DEVOLUO DOS AUTOS DO IPM Os autos do IPM somente podero ser devolvidos autoridade policial judiciria militar, mediante requisio do Ministrio Pblico, para diligncias por ele consideras imprescindveis ao oferecimento da denncia. O juiz marcar prazo, no superior a 20 (vinte) dias, para a restituio dos autos. 13. DO FUNDAMENTO DE VALIDADE DA POLCIA JUDICIRIA MILITAR Segundo o que determina a Constituio Federal vedado o exerccio da polcia judiciria militar, ou seja, a apurao de infraes penais militares, por parte das polcias civis. Vejamos o que nos traz o texto constitucional em seu artigo 144, 4:s polcias civis, dirigidas por delegados de polcia de carreira, incumbem, ressalvada a competncia da Unio, as funes de polcia judiciria e a apurao de infraes penais, exceto as militares.

EXCERTOS DOS DIPLOMAS PERTINENTES A IPM DA CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: ................................................................................................................................................... LXI - ningum ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciria competente, salvo nos casos de transgresso militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; ................................................................................................................................................... Art. 144. A segurana pblica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio, atravs dos seguintes rgos: ................................................................................................................................................... 4 - s polcias civis, dirigidas por delegados de polcia de carreira, incumbem, ressalvada a competncia da Unio, as funes de polcia judiciria e a apurao de infraes penais, exceto as militares. ................................................................................................................................................... DO CDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR ................................................................................................................................................... TTULO II CAPTULO NICO DA POLCIA JUDICIRIA MILITAR Exerccio da polcia judiciria militar Art. 7 A polcia judiciria militar exercida nos trmos do art. 8, pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdies:

a) pelos ministros da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, em todo o territrio nacional e fora dle, em relao s fras e rgos que constituem seus Ministrios, bem como a militares que, neste carter, desempenhem misso oficial, permanente ou transitria, em pas estrangeiro; b) pelo chefe do Estado-Maior das Fras Armadas, em relao a entidades que, por disposio legal, estejam sob sua jurisdio; c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretrio-geral da Marinha, nos rgos, fras e unidades que lhes so subordinados; d) pelos comandantes de Exrcito e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos rgos, fras e unidades compreendidos no mbito da respectiva ao de comando; e) pelos comandantes de Regio Militar, Distrito Naval ou Zona Area, nos rgos e unidades dos respectivos territrios; f) pelo secretrio do Ministrio do Exrcito e pelo chefe de Gabinete do Ministrio da Aeronutica, nos rgos e servios que lhes so subordinados; g) pelos diretores e chefes de rgos, reparties, estabelecimentos ou servios previstos nas leis de organizao bsica da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica; h) pelos comandantes de fras, unidades ou navios; Delegao do exerccio 1 Obedecidas as normas regulamentares de jurisdio, hierarquia e comando, as atribuies enumeradas neste artigo podero ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado. 2 Em se tratando de delegao para instaurao de inqurito policial militar, dever aquela recair em oficial de psto superior ao do indiciado, seja ste oficial da ativa, da reserva, remunerada ou no, ou reformado. 3 No sendo possvel a designao de oficial de psto superior ao do indiciado, poder ser feita a de oficial do mesmo psto, desde que mais antigo. 4 Se o indiciado oficial da reserva ou reformado, no prevalece, para a delegao, a antiguidade de psto. Designao de delegado e avocamento de inqurito pelo ministro 5 Se o psto e a antiguidade de oficial da ativa exclurem, de modo absoluto, a existncia de outro oficial da ativa nas condies do 3, caber ao ministro competente a designao de oficial da reserva de psto mais elevado para a instaurao do inqurito policial militar; e, se ste estiver iniciado, avoc-lo, para tomar essa providncia. Competncia da polcia judiciria militar Art. 8 Compete Polcia judiciria militar:

a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, esto sujeitos jurisdio militar, e sua autoria; b) prestar aos rgos e juzes da Justia Militar e aos membros do Ministrio Pblico as informaes necessrias instruo e julgamento dos processos, bem como realizar as diligncias que por les lhe forem requisitadas; c) cumprir os mandados de priso expedidos pela Justia Militar; d) representar a autoridades judicirias militares acrca da priso preventiva e da insanidade mental do indiciado; e) cumprir as determinaes da Justia Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescries dste Cdigo, nesse sentido; f) solicitar das autoridades civis as informaes e medidas que julgar teis elucidao das infraes penais, que esteja a seu cargo; g) requisitar da polcia civil e das reparties tcnicas civis as pesquisas e exames necessrios ao complemento e subsdio de inqurito policial militar; h) atender, com observncia dos regulamentos militares, a pedido de apresentao de militar ou funcionrio de repartio militar autoridade civil competente, desde que legal e fundamentado o pedido. TTULO III CAPTULO NICO DO INQURITO POLICIAL MILITAR Finalidade do inqurito Art. 9 O inqurito policial militar a apurao sumria de fato, que, nos trmos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o carter de instruo provisria, cuja finalidade precpua a de ministrar elementos necessrios propositura da ao penal. Pargrafo nico. So, porm, efetivamente instrutrios da ao penal os exames, percias e avaliaes realizados regularmente no curso do inqurito, por peritos idneos e com obedincia s formalidades previstas neste Cdigo. Modos por que pode ser iniciado Art. 10. O inqurito iniciado mediante portaria: a) de ofcio, pela autoridade militar em cujo mbito de jurisdio ou comando haja ocorrido a infrao penal, atendida a hierarquia do infrator; b) por determinao ou delegao da autoridade militar superior, que, em caso de urgncia, poder ser feita por via telegrfica ou radiotelefnica e confirmada, posteriormente, por ofcio;

c) em virtude de requisio do Ministrio Pblico; d) por deciso do Superior Tribunal Militar, nos trmos do art. 25; e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virtude de representao devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infrao penal, cuja represso caiba Justia Militar; f) quando, de sindicncia feita em mbito de jurisdio militar, resulte indcio da existncia de infrao penal militar. Superioridade ou igualdade de psto do infrator 1 Tendo o infrator psto superior ou igual ao do comandante, diretor ou chefe de rgo ou servio, em cujo mbito de jurisdio militar haja ocorrido a infrao penal, ser feita a comunicao do fato autoridade superior competente, para que esta torne efetiva a delegao, nos trmos do 2 do art. 7. Providncias antes do inqurito 2 O aguardamento da delegao no obsta que o oficial responsvel por comando, direo ou chefia, ou aqule que o substitua ou esteja de dia, de servio ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providncias cabveis, previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento de infrao penal que lhe incumba reprimir ou evitar. Infrao de natureza no militar 3 Se a infrao penal no fr, evidentemente, de natureza militar, comunicar o fato autoridade policial competente, a quem far apresentar o infrator. Em se tratando de civil, menor de dezoito anos, a apresentao ser feita ao Juiz de Menores. Oficial general como infrator 4 Se o infrator fr oficial general, ser sempre comunicado o fato ao ministro e ao chefe de Estado-Maior competentes, obedecidos os trmites regulamentares. Indcios contra oficial de psto superior ou mais antigo no curso do inqurito 5 Se, no curso do inqurito, o seu encarregado verificar a existncia de indcios contra oficial de psto superior ao seu, ou mais antigo, tomar as providncias necessrias para que as suas funes sejam delegadas a outro oficial, nos trmos do 2 do art. 7. Escrivo do inqurito Art. 11. A designao de escrivo para o inqurito caber ao respectivo encarregado, se no tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegao para aqule fim, recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado fr oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos. Compromisso legal

Pargrafo nico. O escrivo prestar compromisso de manter o sigilo do inqurito e de cumprir fielmente as determinaes dste Cdigo, no exerccio da funo. Medidas preliminares ao inqurito Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prtica de infrao penal militar, verificvel na ocasio, a autoridade a que se refere o 2 do art. 10 dever, se possvel: a) dirigir-se ao local, providenciando para que se no alterem o estado e a situao das coisas, enquanto necessrio; b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relao com o fato; c) efetuar a priso do infrator, observado o disposto no art. 244; d) colhr tdas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstncias. Formao do inqurito Art. 13. O encarregado do inqurito dever, para a formao dste: Atribuio do seu encarregado a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda no o tiverem sido; b) ouvir o ofendido; c) ouvir o indiciado; d) ouvir testemunhas; e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareaes; f) determinar, se fr o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e percias; g) determinar a avaliao e identificao da coisa subtrada, desviada, destruda ou danificada, ou da qual houve indbita apropriao; h) proceder a buscas e apreenses, nos trmos dos arts. 172 a 184 e 185 a 189; i) tomar as medidas necessrias destinadas proteo de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaados de coao que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independncia para a realizao de percias ou exames. Reconstituio dos fatos Pargrafo nico. Para verificar a possibilidade de haver sido a infrao praticada de determinado modo, o encarregado do inqurito poder proceder reproduo simulada dos fatos, desde que esta no contrarie a moralidade ou a ordem pblica, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar.

Assistncia de procurador Art. 14. Em se tratando da apurao de fato delituoso de excepcional importncia ou de difcil elucidao, o encarregado do inqurito poder solicitar do procurador-geral a indicao de procurador que lhe d assistncia. Encarregado de inqurito. Requisitos Art. 15. Ser encarregado do inqurito, sempre que possvel, oficial de psto no inferior ao de capito ou capito-tenente; e, em se tratando de infrao penal contra a segurana nacional, s-lo-, sempre que possvel, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado. Sigilo do inqurito Art. 16. O inqurito sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dle tome conhecimento o advogado do indiciado. Incomunicabilidade do indiciado. Prazo. Art. 17. O encarregado do inqurito poder manter incomunicvel o indiciado, que estiver legalmente prso, por trs dias no mximo. Deteno de indiciado Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poder ficar detido, durante as investigaes policiais, at trinta dias, comunicando-se a deteno autoridade judiciria competente. sse prazo poder ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Regio, Distrito Naval ou Zona Area, mediante solicitao fundamentada do encarregado do inqurito e por via hierrquica. Priso preventiva e menagem. Solicitao Pargrafo nico. Se entender necessrio, o encarregado do inqurito solicitar, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogao, justificando-a, a decretao da priso preventiva ou de menagem, do indiciado. Inquirio durante o dia Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgncia inadivel, que constar da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em perodo que medeie entre as sete e as dezoito horas. Inquirio. Assentada de incio, interrupo e encerramento 1 O escrivo lavrar assentada do dia e hora do incio das inquiries ou depoimentos; e, da mesma forma, do seu encerramento ou interrupes, no final daquele perodo. Inquirio. Limite de tempo

2 A testemunha no ser inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declaraes alm daquele trmo. O depoimento que no ficar concludo s dezoito horas ser encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inqurito. 3 No sendo til o dia seguinte, a inquirio poder ser adiada para o primeiro dia que o fr, salvo caso de urgncia. Prazos para terminao do inqurito Art 20. O inqurito dever terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver prso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de priso; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver slto, contados a partir da data em que se instaurar o inqurito. Prorrogao de prazo 1 ste ltimo prazo poder ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde que no estejam concludos exames ou percias j iniciados, ou haja necessidade de diligncia, indispensveis elucidao do fato. O pedido de prorrogao deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da terminao do prazo. Diligncias no concludas at o inqurito 2 No haver mais prorrogao, alm da prevista no 1, salvo dificuldade insupervel, a juzo do ministro de Estado competente. Os laudos de percias ou exames no concludos nessa prorrogao, bem como os documentos colhidos depois dela, sero posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao processo. Ainda, no seu relatrio, poder o encarregado do inqurito indicar, mencionando, se possvel, o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento. Deduo em favor dos prazos 3 So deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupes pelo motivo previsto no 5 do art. 10. Reunio e ordem das peas de inqurito Art. 21. Tdas as peas do inqurito sero, por ordem cronolgica, reunidas num s processado e dactilografadas, em espao dois, com as flhas numeradas e rubricadas, pelo escrivo. Juntada de documento Pargrafo nico. De cada documento junto, a que preceder despacho do encarregado do inqurito, o escrivo lavrar o respectivo trmo, mencionando a data. Relatrio

Art. 22. O inqurito ser encerrado com minucioso relatrio, em que o seu encarregado mencionar as diligncias feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicao do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em concluso, dir se h infrao disciplinar a punir ou indcio de crime, pronunciando-se, neste ltimo caso, justificadamente, sbre a convenincia da priso preventiva do indiciado, nos trmos legais. Soluo 1 No caso de ter sido delegada a atribuio para a abertura do inqurito, o seu encarregado envi-lo- autoridade de que recebeu a delegao, para que lhe homologue ou no a soluo, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infrao disciplinar, ou determine novas diligncias, se as julgar necessrias. Advocao 2 Discordando da soluo dada ao inqurito, a autoridade que o delegou poder avoc-lo e dar soluo diferente. Remessa do inqurito Auditoria da Circunscrio Art. 23. Os autos do inqurito sero remetidos ao auditor da Circunscrio Judiciria Militar onde ocorreu a infrao penal, acompanhados dos instrumentos desta, bem como dos objetos que interessem sua prova. Remessa a Auditorias Especializadas 1 Na Circunscrio onde houver Auditorias Especializadas da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, atender-se-, para a remessa, especializao de cada uma. Onde houver mais de uma na mesma sede, especializada ou no, a remessa ser feita primeira Auditoria, para a respectiva distribuio. Os incidentes ocorridos no curso do inqurito sero resolvidos pelo juiz a que couber tomar conhecimento do inqurito, por distribuio. 2 Os autos de inqurito instaurado fora do territrio nacional sero remetidos 1 Auditoria da Circunscrio com sede na Capital da Unio, atendida, contudo, a especializao referida no 1. Arquivamento de inqurito. Proibio Art. 24. A autoridade militar no poder mandar arquivar autos de inqurito, embora conclusivo da inexistncia de crime ou de inimputabilidade do indiciado. Instaurao de nvo inqurito Art 25. O arquivamento de inqurito no obsta a instaurao de outro, se novas provas aparecerem em relao ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extino da punibilidade. 1 Verificando a hiptese contida neste artigo, o juiz remeter os autos ao Ministrio Pblico, para os fins do disposto no art. 10, letra c. 2 O Ministrio Pblico poder requerer o arquivamento dos autos, se entender inadequada a instaurao do inqurito.

Devoluo de autos de inqurito Art. 26. Os autos de inqurito no podero ser devolvidos a autoridade policial militar, a no ser: I mediante requisio do Ministrio Pblico, para diligncias por ele consideradas imprescindveis ao oferecimento da denncia; II por determinao do juiz, antes da denncia, para o preenchimento de formalidades previstas neste Cdigo, ou para complemento de prova que julgue necessria. Pargrafo nico. Em qualquer dos casos, o juiz marcar prazo, no excedente de vinte dias, para a restituio dos autos. Suficincia do auto de flagrante delito Art. 27. Se, por si s, fr suficiente para a elucidao do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito constituir o inqurito, dispensando outras diligncias, salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestgios, a identificao da coisa e a sua avaliao, quando o seu valor influir na aplicao da pena. A remessa dos autos, com breve relatrio da autoridade policial militar, far-se- sem demora ao juiz competente, nos trmos do art. 20. Dispensa de Inqurito Art. 28. O inqurito poder ser dispensado, sem prejuzo de diligncia requisitada pelo Ministrio Pblico: a) quando o fato e sua autoria j estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais; b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicao, cujo autor esteja identificado; c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Cdigo Penal Militar. ................................................................................................................................................

SINDICNCIA14. O PROCESSO ADMINISTRATIVO2

O processo administrativo consiste no conjunto de atos coordenados para a obteno de deciso sobre uma controvrsia no mbito administrativo (MEIRELLES, 2004, p. 658). A tendncia que as pessoas considerem como processo toda compilao de documentos que serve de alicerce para a prtica de um ato administrativo. Na prtica administrativa, toda forma de atuao interna recebe a denominao de processo. Convm ressaltar que h o processo administrativo propriamente dito, em que se encerra um litgio entre a Administrao e o administrado ou agente pblico, e o processo administrativo impropriamente dito, caracterizado pela inexistncia de controvrsia entre os interessados (MEIRELLES, 2004, p. 659). Uma outra questo que merece destaque a distino entre processo e

procedimento. O processo o conjunto de atos coordenados para a obteno de deciso sobre uma controvrsia no mbito judicial ou administrativo, enquanto que o procedimento o modo de realizao do processo, isto , o rito processual (REIS, 1999, p. 56).

O processo administrativo o gnero, que se subdivide em espcies, sendo as mais freqentes: o processo administrativo disciplinar e o processo fiscal (MEIRELLES, 2004, p. 660). O processo administrativo pode ser: de expediente, caracterizado pela provocao por qualquer interessado ou pela prpria Administrao para, sem um rito especfico, receber a devida soluo; de outorga, que aquele em que algum pleiteia um direito individual, que dependa de deciso da autoridade; punitivo, que o promovido pela2

As consideraes sobre Processo Administrativo foram retiradas da Monografia PROPOSTA DE UM MODELO DE PROCESSO DE LICENCIAMENTO A BEM DA DISCIPLINA PARA PRAAS SEM ESTABILIDADE DA POLCIA MILITAR DE PERNAMBUCOde autoria do Cap PM Jos Franklin Barbosa Mendes Leite.

Administrao para impor ao administrado (no agente pblico) uma determinada penalidade, por violao de lei, regulamento ou contrato; disciplinar, que o meio de apurao de

transgresses disciplinares imputadas a agentes pblicos, podendo culminar na aplicao de sano disciplinar (REIS, 1999, p. 56).

14.1 O PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

O processo administrativo disciplinar uma espcie de processo administrativo, s que com o fim especfico de apurao de ilcitos administrativos praticados por agentes pblicos. Um dos alicerces do processo administrativo disciplinar a supremacia que a Administrao Pblica exerce sobre todos aqueles que a seus servios ou atividades, definitiva ou transitoriamente, vinculam-se, submetendo-se, portanto, sua disciplina. um processo punitivo, uma vez que promovido pela Administrao para a imposio de

penalidade, por descumprimento de lei, regulamento ou contrato, podendo ensejar at na demisso do servidor pblico estvel (MEIRELLES, 2004, p. 668-669). O processo administrativo disciplinar consiste numa sucesso de atos, seqenciados formalmente, com o objetivo de formar uma base legal sobre a qual ser

editado um ato administrativo punitivo. Diversas normas e princpios incidiro sobre essa base, dando-se nfase a estes ltimos, por serem normas vetoras de aplicao daquelas (COSTA, 1999, p. 50).

14.1.1 Princpios norteadores do processo administrativo disciplinar

O processo administrativo disciplinar regido, alm de normas jurdicas, pelos princpios da legalidade, impessoalidade, publicidade, moralidade, eficincia, oficialidade,

ampla defesa, contraditrio, informalismo e verdade material. O princpio da legalidade no poderia deixar de ser norteador do processo administrativo disciplinar, uma vez que , juntamente com os da moralidade, impessoalidade, publicidade e eficincia, norteador da prpria Administrao Pblica, conforme o insculpido no art. 37 da CRF/88. Desde a instaurao, passando pela instruo e chegando at o

julgamento, o processo administrativo disciplinar deve estar pautado na legalidade, sob pena de, ocorrendo a inobservncia, ensejar na nulidade do feito e do ato administrativo punitivo subseqente. O princpio da impessoalidade orienta que os atos administrativos devem

procurar alcanar o interesse pblico. O administrador pblico fica impedido, portanto, de praticar ato com o objetivo de satisfazer interesse prprio ou de terceiros. Em decorrncia desse princpio, a prtica do ato administrativo deve ser imputada Administrao Pblica e no ao agente pblico que o efetivou. A publicidade deve estar presente no processo administrativo disciplinar. A sua observncia enseja que todos tomem conhecimento dos atos da Administrao, possibilitando o seu controle, alm do aspecto de que os atos administrativos somente produzirem efeitos aps devidamente publicados (MEIRELLES, 2004, p. 91). No que concerne ao princpio da moralidade, implica que os atos administrativos devem sempre ser pautados em padres ticos de conduta. No processo administrativo

disciplinar, a Administrao Pblica alm de agir nos limites da legalidade, dever observar o que honesto e desonesto (DI PIETRO, 2001, p. 78). O princpio da eficincia enseja na prtica de atos com presteza, perfeio e rendimento funcional, de tal forma que o agente pblico deve alcanar o melhor

desempenho possvel no exerccio de suas atribuies e a organizao administrativa proporcione alcanar os melhores resultados possveis (DI PIETRO, 2001, p. 83). O processo administrativo disciplinar deve ser feito de forma eficiente, a fim de que se d uma resposta rpida e adequada aos desvios de conduta de agentes pblicos. O princpio da oficialidade orienta que uma vez instaurado um processo

disciplinar, ainda que iniciado com base em expediente formalizado por particular, dever ser agitado por impulso oficial, at chegar ao seu termo final. Em que pese o impulso oficial ficar a cargo da Administrao Pblica, nada impede que sejam analisados diligncias formulados por particulares (COSTA, 1999, p. 51). O processado tem asseguradas pela CRF/88, em seu art. 5, LV, as garantias da ampla defesa e do contraditrio. Quaisquer violaes a esse princpios administrativo disciplinar administrativo punitivo. O princpio da ampla defesa confere ao processado o direito irrestrito da podero ensejar no processo pedidos de

na nulidade do feito e no subseqente ato

produo de sua defesa utilizando-se de todos os meios de prova em Direito admitidos. J o contraditrio consiste na audincia bilateral, isto , a desenvoltura do processo administrativo disciplinar deve ocorrer sob o influxo de uma relao processual disciplinar dialtica que assegure equilbrio entre a acusao e a defesa (COSTA, 1999, p. 52). O processo administrativo disciplinar no deve ficar engessado por rigores

formais. A esse respeito o princpio do informalismo ou instrumentalidade das formas orienta que desde que o ato praticado no traga substancial prejuzo para a defesa, no se h de cogitar a nulidade. O processo administrativo deve perseguir a verdade material. H uma distino doutrinria entre verdade formal e material. A verdade formal consiste na consignao nos autos do processo de uma verso produzida pelas partes, sem que necessariamente reflita o que efetivamente ocorreu. J a verdade material, que deve ser perseguida pela

Administrao Pblica num processo administrativo disciplinar, consiste na busca da descoberta do que ocorreu na realidade. O princpio da verdade material deve ser

especialmente observado pela Administrao Militar, uma vez que seus integrantes podero at sofrer cerceamento da liberdade como uma de suas penas.

14.1.2 As fases do processo administrativo disciplinar

O processo administrativo disciplinar composto por diversas fases, sendo elas: instaurao, instruo, defesa, relatrio e julgamento (REIS, 1999, p. 116). A instaurao a fase inicial do processo administrativo disciplinar em que a autoridade competente, diante de fato indicativo do desvio de conduta do agente pblico, dever instaurar um processo administrativo disciplinar, designando os agentes pblicos encarregados do procedimento, contendo a indicao das irregularidades disciplinares trazidas ao conhecimento da Administrao Pblica e a individuao dos acusados (COSTA, 1999, p. 132). A instruo consiste na fase processual em que se busca fazer a produo de provas que possibilite ao administrador pblico a formao de um juzo de convico para o julgamento de uma eventual conduta ilcita de um subordinado. Nessa fase devero ser tomadas todas as providncias necessrias ao

esclarecimento probatrio da verdade dos fatos, tais como: interrogatrio, colheita de provas documentais, oitiva de testemunhas, realizao de percias, acareaes e reconstituies (COSTA, 1999, p. 133). Essa fase de instruo, em regra, a que requer mais tempo e esforo dos encarregados dos processos administrativos disciplinares.

Uma cautela que deve ser tomada a observncia, em especial nessa fase de instruo, dos princpios da ampla defesa, do contraditrio e da publicidade, de tal forma que, havendo o desrespeito, o processo ser considerado nulo. Na fase destinada defesa, o processado dever ser citado (ou seja, ser informado formalmente que contra ele foi instaurado um processo administrativo disciplinar, com a especificao da acusao e indicao do encarregado), a fim de que apresente, antes da fase da instruo a defesa prvia, oportunidade em que poder j apresentar sua verso para as imputaes que lhe so feitas e requerer a produo de provas do seu interesse. A outra oportunidade para a defesa deve ser concedida aps a fase de instruo, ocasio em que o processado dever demonstrar, com base no que foi carreado para os autos do processo, que inocente. Pode acontecer que, decorrido o prazo para o oferecimento da defesa, o processado fique inerte. Neste caso ser considerado revel e ser-lhe- nomeado um defensor dativo para que este, em igual prazo, apresente a defesa em nome do processado. Tal medida visa respeitar o brocardo jurdico de que no poder haver condenao sem defesa (COSTA, 1999, p. 135). A fase destinada ao relatrio consiste na descrio, pelos encarregados do processo administrativo disciplinar, de todos os atos processuais realizados, das provas coligidas aos autos e das concluses acerca do apurado. Os encarregados do processo administrativo disciplinar devero, com base nas provas produzidas e carreadas aos autos, considerando a defesa apresentada, emitir suas concluses finais e submet-las autoridade competente. Caso os encarregados entendam pela responsabilidade do agente pblico processado, dever especificar a conduta ilcita, apontar a norma jurdica que foi infringida e submeter ao julgamento final pela autoridade competente.

A autoridade competente, uma vez recebidos os autos do processo administrativo disciplinar, dever emanar sua deciso, concordando ou discordando das concluses constantes do relatrio. Em caso de concordncia, por uma questo de economia processual, dever adotar os fundamentos do relatrio. J em caso de discordncia, obrigatoriamente dever expor as razes de fato e de direito que a levaram a essa deciso. O prazo para o julgamento, em regra, estipulado em norma jurdica, mas sua inobservncia no implicar em nulidade, mas sim em mera irregularidade por parte da

autoridade competente. Destaque-se que essa extrapolao deve ser razovel, possibilitando ao julgador o tempo suficiente impessoalidade. A esse respeito o Superior Tribunal de Justia, nos autos do Recurso Ordinrio em Mandado de Segurana n 8005/SC, entendeu que a extrapolao do prazo em processo administrativo disciplinar no causa de nulidade, uma vez que o princpio da instrumentalidade das formas, no mbito administrativo, veda o raciocnio simplista e para emanar deciso com justia, preciso tcnica e

exageradamente positivista. Entendeu ainda que a soluo est no formalismo moderado, uma vez que as formas tem por objetivo gerar segurana e previsibilidade e s nesta medida devem ser preservadas, de tal forma que a preocupao maior est com os resultados a serem obtidos e no com as formas preestabelecidas e engessadas tempos. O Supremo Tribunal Federal editou o Informativo n 159 acerca dessa matria, onde orientou que o julgamento fora do prazo de processo administrativo disciplinar no implica em sua nulidade. O que se deve concluir que a Administrao Pblica no deve sacrificar a verdade para atender a um prazo, pois isso representa agredir princpios de Direito, alm de com o passar dos

ser uma

conduta

que no encontra amparo na razoabilidade de nenhuma inteligncia

esclarecida (ALVES, 2000, p. 63)

14.2 A ANULAO JUDICIAL DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR O processo administrativo disciplinar o instrumento adequado para apurao e punio de faltas graves dos servidores pblicos e demais pessoas sujeitas ao regime

funcional de determinados estabelecimentos da Administrao (MEIRELLES, 2004, p. 669). Durante todo o processo disciplinar, tendo em vista o insculpido no art. 5, LV, da CRF/88, os agentes pblicos tero direito ao exerccio da ampla defesa e do contraditrio. Ao trmino da fase destinada ao relatrio, os autos so submetidos autoridade competente, que, com base nas provas e fundamento na lei, proferir seu julgamento. No caso da deciso ser pela aplicao de uma pena disciplinar,

consubstanciada em um ato administrativo punitivo, o administrador pblico, alm de analisar as questes atinentes ao mrito (convenincia e oportunidade) para a aplicao de determinada sano, dever dispensar especial ateno ao aspecto formal (que disciplinado por lei). A razo dessa preocupao porque o Estado brasileiro adotou o sistema de freios e contrapesos, de tal forma que um Poder Poltico (em que pese serem harmnicos e independentes), em determinadas circunstncias, poder fazer o controle em outro Poder. o caso do controle judicial da Administrao Pblica. De nada adiantaria sujeitar a Administrao Pblica lei se seus atos no pudessem ser controlados por um rgo dotado de garantias de imparcialidade que permitam apreciar e invalidar os atos ilcitos por ela praticados (DI PIETRO, 2001, p. 603). O controle judicial um controle a posteriori, unicamente de legalidade, restrito verificao da conformidade do ato administrativo com a norma legal que o rege. exercido

pelos rgos do Poder Judicirio sobre os atos administrativos dos trs Poderes Polticos, inclusive do prprio Poder Judicirio (MEIRELLES, 2004, p. 679). O controle judicial da Administrao Pblica um controle limitado, ficando

adstrito ao aspecto da legalidade e, pela lex fundamentallis de 1988, tambm o aspecto da moralidade deve ser observado, conforme o prescrito no art. 5, LXXIII (DI PIETRO, 2001, p. 604). Destaque-se que o fundamento para o controle judicial dos atos da

Administrao Pblica est no princpio da inafastabilidade do Poder Judicirio para apreciar qualquer ameaa ou violao a direito, positivado no art. 5, XXXV, da CRF/88. O Poder Judicirio, ao apreciar determinado ato administrativo (e no caso sob exame, ato administrativo punitivo), poder apenas, se for o caso, anul-lo. Essa afirmao decorre da impossibilidade do Poder Judicirio entrar na subjetividade da administrao pblica, conhecida por mrito. relevante frisar que a revogao de um ato administrativo incompatvel com a tutela jurisdicional, por se fundar no poder discricionrio de que dispe a Administrao Pblica para apreciar determinado ato administrativo sob o enfoque da convenincia e

oportunidade. Consiste na supresso de um ato administrativo legtimo e eficaz, realizada pela Administrao, por no mais lhe convir sua existncia. Toda revogao tem como

pressuposto um ato legal e perfeito, mas inconveniente ao interesse pblico (MEIRELLES, 2004, p. 197). Por outra banda, o Poder Judicirio pode (e deve) realizar o controle judicial dos atos administrativos, quando adequadamente provocado, ficando adstrito anlise da legalidade do ato administrativo. No caso de um ato administrativo punitivo, o Poder Judicirio pode declarar a nulidade, por inobservncia da legalidade, quando: o administrador pblico que o praticou no tinha competncia; no foram observados os princpios constitucionais da ampla defesa e do

contraditrio; a pena aplicada no estava prevista em lei; o ato praticado pelo agente pblico no estava previsto como transgresso disciplinar. Uma questo interessante e que atrai a ateno da comunidade jurdica diz respeito possibilidade ou no de uma pena disciplinar de cerceamento da liberdade de militar poder ou no ser apreciada pelo Poder Judicirio por meio de remdio herico (habeas corpus). A princpio poder-se-ia trilhar o caminho da interpretao literal da CRF/88, em seu art. 142, 2, que prescreve no caber habeas corpus em relao a punies disciplinares militares. Mas se a priso disciplinar (ato administrativo punitivo) for ilegal, ficaria o militar tendo o direito de liberdade cerceado? A origem do habeas corpus j remonta ao direito romano, com o interdictum de homine libero exhibendo, como uma ordem que o pretor dava para trazer o cidado ao seu julgamento apreciando a legalidade da priso. O interdictum de homine libero exhibendo e o interdictum de liberis exhibendis garantiram ao cidado romano a liberdade de ir, vir e ficar, o direito de locomoo, a plena liberdade individual. (FERREIRA, 1978, v. 2, p. 548). Mais uma vez o Poder Judicirio foi instado e socorreu aos que no dormiram. O Poder Judicirio interpretou a norma constitucional e entendeu que a ele no cabe analisar o mrito das punies disciplinares militares. Diante disso, firmou-se o entendimento de que a Constituio no veda que o Poder Judicirio examine os pressupostos de legalidade do ato administrativo punitivo, que so: hierarquia, poder disciplinar, ato ligado funo e pena susceptvel de ser aplicada disciplinarmente (MORAES, 2000, p. 142). Em concluso, verifica-se que o Poder Judicirio no pode revogar um ato administrativo punitivo, pois estaria entrando no mrito do ato, cabendo apenas Administrao Pblica tal medida. No entanto, caso a administrao pblica inobserve aspectos legais para a prtica de um ato administrativo punitivo, o Poder Judicirio poder ser instado a se pronunciar e, caso seja requerido, poder decretar a nulidade do ato administrativo que tenha sido praticado sem a observncia das cautelas legais.

15. DA SINDICNCIA

A Sindicncia, via de regra, uma espcie de processo administrativo disciplinar, porm de rito mais simples que os Conselhos de Disciplina e de Justificao, que so os processos administrativos disciplinares destinados apurao de desvios de conduta, respectivamente de praas com estabilidade e oficiais. Apesar de mais simples, no pode ensejar em prejuzo processual para o processado, que denominado de sindicado, devendo ser respeitado em especial os princpios constitucionais da ampla defesa e do contraditrio, sob pena de, ocorrncia de tal desrespeito, implicar em anulao do processo administrativo disciplinar.

PORTARIA N 202, DE 26 DE ABRIL DE 2000 Aprova as Instrues Gerais para a Elaborao de Sindicncia no mbito do Exrcito Brasileiro (IG 10-11). O COMANDANTE DO EXRCITO, no uso das atribuies que lhe confere o art. 29 da Estrutura Regimental do Ministrio da Defesa, aprovada pelo Decreto n 3.080, de 10 de junho de 1999, e de acordo com o que prope o Estado-Maior do Exrcito, resolve: Art. 1 Aprovar as Instrues Gerais para a Elaborao de Sindicncia no mbito do Exrcito Brasileiro (IG 10-11), que com esta baixa. Art. 2 Estabelecer que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicao.

INSTRUES GERAIS PARA ELABORAO DE SINDICNCIA NO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) NDICE DOS ASSUNTOS Art. CAPTULO I - DA FINALIDADE E DA COMPETNCIA 1/5 CAPTULO II - DOS PROCEDIMENTOS 6/8 CAPTULO III - DOS PRAZOS .9/14 CAPTULO IV - DO CONTRADITRIO E DA AMPLA DEFESA 15/18 CAPTULO V - DAS DISPOSIES GERAIS . 19/36 CAPTULO VI - DAS DISPOSIES FINAIS . 37/38 ANEXO A: MODELO DE PORTARIA DE INSTAURAO ANEXO B: MODELO DE CAPA ANEXO C: MODELO DE TERMO DE ABERTURA ANEXO D: MODELO DE JUNTADA DA PORTARIA DE INSTAURAO E ANEXOS ANEXO E: MODELO DE DESPACHOS ANEXO F: MODELO DE NOTIFICAO PRVIA ANEXO G: MODELO DE JUNTADA DE DOCUMENTOS EXPEDIDOS E RECEBIDOS ANEXO H: MODELO DE OFCIO PARA O SINDICADO ANEXO I: MODELO DE OFCIO PARA TESTEMUNHA ANEXO J: MODELO DE PRECATRIA ANEXO L: MODELO DE TERMO DE INQUIRIO DE TESTEMUNHA ANEXO M: MODELO DE TERMO DE INQUIRIO DE SINDICADO ANEXO N: MODELO DE SUBSTITUIO DE SINDICANTE ANEXO O: MODELO DE TERMO DE ACAREAO ANEXO P: MODELO DE TERMO DE ENCERRAMENTO DE INSTRUO ANEXO Q: MODELO DE VISTA DA SINDICNCIA ANEXO R: MODELO DE REQUERIMENTO PARA JUNTADA DE DEFESA ANEXO S: MODELO DE CERTIDO ANEXO T: MODELO DE RELATRIO ANEXO U: MODELO DE TERMO DE ENCERRAMENTO ANEXO V: MODELO DE OFCIO DE REMESSA ANEXO X: MODELO DE SOLUO DE SINDICNCIA

INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) CAPTULO I DA FINALIDADE E DA COMPETNCIA Art. 1 As presentes Instrues Gerais tm por finalidade normatizar, padronizar e orientar procedimentos para a realizao de sindicncia no mbito do Exrcito Brasileiro. Art. 2 A sindicncia o procedimento formal, apresentado por escrito, para a apurao, quando julgada necessria pela autoridade competente, de fatos de interesse da administrao militar ou de situaes que envolvam direitos. Pargrafo nico. A autoridade que tiver cincia de irregularidade obrigada a adotar as medidas necessrias para a sua apurao, mediante sindicncia. Art. 3 A sindicncia ser instaurada mediante portaria da autoridade competente, publicada em boletim interno (BI) da Organizao Militar (OM). Art. 4 competente para instaurar a sindicncia: I - o Comandante do Exrcito; II - o Oficial-General no cargo de comandante, chefe, diretor ou secretrio de OM; e

III - o comandante, chefe ou diretor de OM.Art. 5 Quando o fato a ser apurado envolver militares de organizaes diferentes, a competncia para determinar a instaurao da sindicncia ser da autoridade militar em cuja jurisdio se verificar a ocorrncia. CAPTULO II DOS PROCEDIMENTOS Art. 6 O sindicante dever observar os seguintes procedimentos: I - lavrar o termo de abertura da sindicncia; II - juntar aos autos os documentos por ordem cronolgica, numerando e rubricando as folhas no canto superior direito; III - indicar, na capa dos autos, seus dados de identificao e os do sindicado; IV - cumpridas as formalidades iniciais, promover a notificao do sindicado para conhecimento do fato que lhe imputado, acompanhamento do feito e cincia da data de sua inquirio; V - fazer constar, nos pedidos de informaes e nas requisies de documentos, referncias expressas ao fim a que se destinam e ao tipo de tramitao (normal, urgente ou urgentssima); VI - juntar, mediante termo, todos os documentos expedidos e recebidos; VII - se a pessoa ouvida for analfabeta ou no puder assinar o termo, pedir a algum que o faa por ela, depois de lido na presena de ambos, juntamente com mais duas testemunhas,

lavrar o respectivo termo com o motivo do impedimento e, caso no seja indicada pelo depoente a pessoa para assinar a seu rogo, consignar o fato nos autos; VIII - aps a leitura do termo e antes da assinatura, se for verificado algum engano, fazer constar, sem supresso do que foi alterado, a retificao necessria, bem como o seu motivo, rubricando-a juntamente com o depoente ou quem assinou o termo; IX - encerrar a instruo do feito com o respectivo termo, dele dando cincia ao sindicado; X - encerrar a apurao com um relatrio completo e objetivo, contendo o seu parecer conclusivo sobre a elucidao do fato; e XI - elaborar o termo de encerramento dos trabalhos atinentes ao feito e remeter os autos autoridade instauradora. Pargrafo nico. O relatrio do sindicante, mencionado no inciso X, dever ser apresentado em duas partes: uma expositiva, contendo um resumo conciso e objetivo dos fatos e da apurao, e outra conclusiva, em que, mediante anlise dos depoimentos, documentos e da defesa apresentada, emitir o seu parecer, mencionando se h ou no indcios de crime militar ou comum, transgresso disciplinar ou prejuzo ao errio, recomendando, se for o caso, a adoo de outras providncias. Art. 7 A soluo da sindicncia dever ser explcita, clara e coerente, com a indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, especialmente, quando importar em anulao, revogao, suspenso ou convalidao de ato administrativo. Art. 8 Quando o objeto da apurao for acidente ou dano com viatura, material blico, material de comunicaes ou outro material, dever ser observado o disposto nas normas especficas de cada rgo de Apoio. CAPTULO III DOS PRAZOS Art. 9 Na contagem dos prazos, excluir-se- o dia do incio e incluir-se- o do vencimento. Pargrafo nico. Os prazos se iniciam e vencem em dia de expediente na OM. Art. 10. A autoridade instauradora fixar na portaria o prazo inicial de 20 (vinte) dias corridos para a concluso da sindicncia. Pargrafo nico. O prazo se inicia na data de recebimento da portaria pelo sindicante. Art. 11. O prazo previsto no artigo anterior poder ser prorrogado por solicitao do sindicante, devidamente fundamentada, e a critrio da autoridade instauradora, a qual, levando em considerao a complexidade do fato a ser apurado, fixar novo prazo para a concluso dos trabalhos. 1 A solicitao de prorrogao de prazo deve ser feita, no mnimo, 48 (quarenta e oito) horas antes do trmino daquele inicialmente previsto.

2 O prazo mximo de apurao no poder ultrapassar 40 (quarenta) dias corridos. 3 A prorrogao do prazo dever ser publicada em BI da OM. Art. 12. O sindicado dever ser notificado, com a antecedncia mnima de 2 (dois) dias teis, de todos os atos da sindicncia, para que possa presenci-los. Art. 13. Ao sindicado ser facultado, no prazo de 3 (trs) dias teis, contados de sua inquirio, oferecer defesa prvia e arrolar testemunhas. 1 Encerrada a instruo do feito, com a oitiva de testemunhas e demais diligncias consideradas necessrias, ser lavrado o termo de que trata o inciso IX do art. 6, sendo o sindicado notificado pelo sindicante para, querendo, oferecer alegaes finais no prazo de 5 (cinco) dias corridos, contados do recebimento da notificao, a qual poder ser publicada em BI da OM. 2 Esgotado o prazo de que trata o pargrafo anterior, apresentadas ou no alegaes, o sindicante ter o prazo de 3 (trs) dias corridos para elaborar seu relatrio circunstanciado, com parecer conclusivo, remetendo os autos autoridade instauradora. Art. 14. Recebidos os autos, a autoridade instauradora, no prazo de 5 (cinco) dias corridos, dar soluo sindicncia ou determinar, independentemente do prazo fixado no 2 do art. 11, que sejam feitas diligncias complementares, fixando novo prazo, que no poder exceder 10 (dez) dias corridos. Pargrafo nico. Aps cumpridas as diligncias de que trata este artigo, a autoridade instauradora, no prazo de 5 (cinco) dias corridos, dar soluo sindicncia. CAPTULO IV DO CONTRADITRIO E DA AMPLA DEFESA Art. 15. A sindicncia obedecer aos princpios do contraditrio e da ampla defesa, com a utilizao dos meios e recursos a ela inerentes. Art. 16. Ser assegurado ao sindicado o direito de acompanhar o processo, apresentar defesa prvia, arrolar testemunhas, solicitar reinquirio de testemunhas, juntar documentos, obter cpias de peas dos autos e requerer o que entender necessrio ao exerccio de seu direito. 1 O sindicante poder indeferir, mediante despacho fundamentado, pedido do sindicado, quando o seu objeto for ilcito, impertinente, desnecessrio, protelatrio ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. 2 Ser assegurado ao sindicado, a qualquer tempo, constituir procurador. Art. 17. O procurador do sindicado poder presenciar os atos de inquirio do seu cliente e das testemunhas, bem como acompanhar os demais atos da sindicncia, sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, podendo, no entanto, reinquiri-las por intermdio do sindicante.

Pargrafo nico. O previsto neste artigo, no que couber, aplica-se ao sindicado. Art. 18. Ser asssegurado ao sindicado, no prazo de 5 (cinco) dias corridos a que se refere o 1 do art. 13, vista do processo em local designado pelo sindicante. CAPTULO V DAS DISPOSIES GERAIS Art. 19. Os participantes da sindicncia so: I - sindicante, o encarregado da sindicncia; II - sindicado, a pessoa envolvida no fato a ser esclarecido; III - testemunha, a pessoa que presta esclarecimentos acerca do fato; IV - tcnico ou pessoa habilitada, aquele que for indicado para proceder exame ou dar parecer; e V - denunciante ou ofendido, aquele que provoca a ao da Administrao Militar. Pargrafo nico. O sindicante poder, caso julgue necessrio, valer-se de um escrivo para auxili-lo nos autos. Art. 20. O sindicante ser oficial de maior precedncia hierrquica que o sindicado. Pargrafo nico. O Comandante da Regio Militar poder nomear subtenente ou sargento como sindicante nas guarnies militares localizadas em sua rea de jurisdio, em que no haja oficial pronto para o servio. (Alterado pela Portaria n 539, de 02/10/02) Art. 21. O denunciante ou ofendido dever ser ouvido em primeiro lugar. 1 Caso o denunciante ou ofendido se recuse a depor, o sindicante dever lavrar o competente termo, encaminhando cpia autoridade instauradora para conhecimento e providncias julgadas cabveis. 2 O sindicante dever alertar o denunciante sobre possvel conseqncia de seu ato na esfera penal e disciplinar, em caso de improcedncia da denncia. 3 O denunciante ou ofendido poder apresentar ou oferecer subsdios para o esclarecimento do fato, indicando testemunhas, requerendo a juntada de documentos ou indicando as fontes onde podero ser obtidos. Art. 22. A ausncia do sindicado na sesso de interrogatrio, sem justo motivo, constar de termo nos autos. Pargrafo nico. Comparecendo para depor no curso da sindicncia, o sindicado ser inquirido e acompanhar, a partir de ento, os demais atos da sindicncia, dando-se-lhe conhecimento dos atos j praticados. Art. 23. Quando a testemunha deixar de comparecer para depor, sem justo motivo, ou, comparecendo, se recusar a depor, o sindicante lavrar termo circunstanciado e mencionar tal fato no relatrio.

Art. 24. Ao comparecer para depor, a testemunha declarar seu nome, idade, estado civil, residncia, profisso, lugar onde exerce sua atividade, se parente de alguma das partes e, em caso positivo, o grau de parentesco. Art. 25. As pessoas desobrigadas por lei de depor, em razo do dever de guardar segredo relacionado com a funo, ministrio, ofcio ou profisso, desde que desobrigadas pela parte interessada, podero dar o seu testemunho. Art. 26. Quando a residncia do denunciante ou ofendido, da testemunha ou do sindicado estiver situada em localidade diferente daquela em que foi aberta a sindicncia e ocorrendo impossibilidade de comparecimento para prestar depoimento, a inquirio poder ser realizada por meio de precatria, expedida pelo sindicante. Art. 27. Constar da precatria, o ofcio com pedido de inquirio, a cpia da portaria de instaurao da sindicncia e a relao das perguntas a serem feitas ao inquirido. Art. 28. As testemunhas sero ouvidas, individualmente, de modo que uma no conhea o teor do depoimento da outra. Art. 29. Os depoimentos sero tomados durante o dia, no perodo compreendido entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, salvo em caso de urgncia inadivel, devidamente justificada pelo sindicante em termo constante dos autos. Art. 30. O denunciante ou ofendido e o sindicado podero indicar cada um, no mximo, 3 (trs) testemunhas, podendo o sindicante, se julgar necessrio instruo do procedimento, ouvir outras testemunhas. Art. 31. As testemunhas do denunciante ou ofendido sero ouvidas antes das do sindicado. Art. 32. Ser admitida a realizao de acareao sempre que houver divergncia em declaraes prestadas sobre o fato. Art. 33. O sindicante, ao realizar acareao, esclarecer aos depoentes os pontos em que divergem. Art. 34. Se o sindicado for menor de 18 (dezoito) anos, o sindicante dever comunicar o fato autoridade instauradora, para que seja ouvido com a presena do pai ou responsvel. Art. 35. No decorrer da sindicncia, se for verificado algum impedimento, o sindicante levar o fato ao conhecimento da autoridade instauradora para designar, por meio de portaria, novo sindicante para conclu-la. Art. 36. A sindicncia poder ser ostensiva ou sigilosa, conforme o fato em apurao, e dever ser classificada pela autoridade instauradora. CAPTULO VI DAS DISPOSIES FINAIS

Art. 37. Os recursos dos militares e os procedimentos aplicveis na esfera disciplinar so os prescritos no Regulamento Disciplinar do Exrcito. Art. 38. Integram as presentes Instrues Gerais os modelos exemplificativos anexos, que devero ser adaptados conforme cada caso.

ANEXO "A" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE PORTARIA DE INSTAURAO MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO ------------------------- (escalo superior) ------------------------- (escalo considerado) Portaria n .... Local e data Do (autoridade instauradora) Ao Sr (autoridade designada para a funo de sindicante) Assunto: instaurao de sindicncia Anexo: Parte n ...., de.........(ou outro documento que motivou a sindicncia) Tendo tomado conhecimento dos fatos constantes do(s) documento(s) anexo(s), que denunciou .......................... (sntese dos fatos), determino seja instaurada a respeito uma sindicncia, delegando-vos, para esse fim, as atribuies que me competem, devendo os trabalhos ser concludos no prazo de 20 (vinte) dias corridos. ________________________ nome, posto e funo da autoridade instauradora

ANEXO "B" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE CAPA MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO ------------------------- (escalo superior) ------------------------- (escalo considerado) AUTOS DE SINDICNCIA

SINDICANTE: ...... (nome e posto de quem proceder sindicncia) SINDICADO : ...... (nome e posto/graduao, ou relato sucinto do fato a ser apurado)

ANEXO "C" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE TERMO DE ABERTURA

Aos.......... dias do ms de...................do ano de..........., nesta cidade de..............., no quartel do(a).............................................................., em cumprimento ao determinado na Portaria n ........... de...........de................de......., do............................. (autoridade instauradora), fao a abertura dos trabalhos atinentes presente sindicncia, do que, para constar, lavrei o presente termo. ______________________ nome e posto do sindicante

ANEXO "D" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE JUNTADA DA PORTARIA DE INSTAURAO E ANEXOS

Aos.......dias do ms de................de............., nesta cidade........................., no quartel do(a) ......................, fao a juntada aos autos da presente sindicncia dos documentos a seguir especificados, do que, para constar, lavrei o presente termo. 1. Portaria n ..........., de................., do Sr............................. 2. Parte n .............., de ................., do Sr............................ _______________________ nome e posto do sindicante

ANEXO "E" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE DESPACHOS

Oficiar ao Dr Delegado .........................., solicitando a remessa da ocorrncia policial registrada em ..... de ............... de ....., envolvendo o Sr ............................ ou Oficiar ao Sr Comandante do(a) ......................., solicitando dois militares peritos para a realizao de uma percia tcnica (citar o material, local ou objeto) a realizar-se em........... (data), s........... horas, no quartel do (a).................. ......(OM). ou Oficiar ao Sr Comandante do(a) .............., para que sejam ouvidas, em precatria, as testemunhas ......................................... (citar nome completo, posto ou graduao). ou Oficiar ao Sr Comandante do(a) ........... solicitando a remessa das alteraes militares do ..................... (nome completo e posto). ou Designo o dia..........., s........ horas, a fim de ser ouvida a testemunha ................(nome completo), no ........................(local). ou Designo o dia................, s........... horas, a fim de ser ouvido o sindicado.....................(nome completo), no ..... (local). Registre-se para constar. Local e data _______________________ nome e posto do sindicante

ANEXO "F" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE NOTIFICAO PRVIA MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO ------------------------- (escalo superior) ------------------------- (escalo considerado) Of n .... Local e data Do (Sindicante) Ao Sr (Nome, posto/graduao do envolvido e nome da seo ou OM onde serve) Assunto: Notificao prvia.

1. Venho, por meio deste, notificar Vossa Senhoria sobre os fatos (ou irregularidades) a que se refere (ou a sindicncia deste instaurada documento, para vista apurar dos (indicao respectivos dos autos, fatos no pertinentes) ........................................ razo pela qual lhe facultada, a partir da data de cincia recebimento) local .................................., bem como assegurado o direito de, pessoalmente ou por intermdio de procurador constitudo, apresentar defesa prvia, arrolar testemunhas, assistir a depoimentos, oferecer alegaes finais e praticar todos os demais atos necessrios ao exerccio do contraditrio e da ampla defesa. 2. A audincia para sua inquirio est marcada para o dia.................., s........... (horas), no ..................... (local) (observar a antecedncia de dois dias teis quanto a data do comparecimento). ______________________ nome e posto do sindicante Declaro que tenho cincia Data/hora _________________________________ nome, posto ou graduao do sindicado

ANEXO "G" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE JUNTADA DE DOCUMENTOS EXPEDIDOS E RECEBIDOS

Aos ..........dias do ms de...................do ano de.............fao a juntada aos presentes autos dos documentos de fls.........., do que, para constar, lavrei o presente termo. _______________________ nome e posto do sindicante ou Datilografar no prprio documento juntado, na parte superior esquerda o seguinte: Junte-se aos autos Em ...../......./....... _______________________ nome e posto do sindicante

ANEXO "H" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE OFCIO PARA O SINDICADO MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO ------------------------- (escalo superior) ------------------------- (escalo considerado) Of n .... Local e data Do (Sindicante) Ao Sr (Cmt do sindicado) Assunto: Comparecimento de sindicado.

Solicito-vos autorizar o comparecimento do(a) ............... (nome, posto ou graduao), dessa OM, no dia .........de..................de............, s..........horas, no quartel do(a).........................., a fim de ser inquirido em sindicncia da qual sou encarregado. _______________________ nome e posto do sindicante

ANEXO "I" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE OFCIO PARA TESTEMUNHA MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO ------------------------- (escalo superior) ------------------------- (escalo considerado) Of n Local e data Do (Sindicante) Ao Sr (nome da testemunha) Assunto: Comparecimento de testemunha.

Solicito-vos comparecer no dia......de...................de........,s...........horas, no quartel do(a)..............., localizado(a).................................(endereo), a fim de prestar declaraes em sindicncia da qual sou encarregado. _______________________ nome e posto do sindicante Obs: - Quando a testemunha for militar, o ofcio deve ser endereado ao seu comandante. No caso de servidores pblicos, enderear o ofcio aos respectivos chefes.

ANEXO "J" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE PRECATRIA MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO ------------------------- (escalo superior) ------------------------- (escalo considerado) Of n .... Local e data Do (Sindicante) Ao Sr (Cmt da OM da testemunha, ofendido ou sindicado) Assunto: Inquirio de testemunha (ou ofendido ou sindicado) Anexo: - cpia da portaria de instaurao - relao dos quesitos a serem respondidos 1. Solicito-vos exarar na presente precatria o competente "cumpra-se" e determinar a um oficial que proceda inquirio da testemunha (ou ofendido ou sindicado) ................................................. (nome e grau hierrquico), dessa Organizao Militar, a respeito dos fatos que deram origem sindicncia da qual sou encarregado. 2. Solicito-vos, ainda, que seja remetido o respectivo Termo de Inquirio, contendo as respostas aos quesitos constantes da relao anexa, bem como outras informaes declaradas pela testemunha. _______________________ nome e posto do sindicante

ANEXO "L" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE TERMO DE INQUIRIO DE TESTEMUNHA

Aos ......dias do ms de ............do ano de ....., nesta cidade de ....................., no quartel do(a) .............. compareceu a testemunha (nome completo, profisso, posto ou graduao e OM onde serve se militar, idade, naturalidade, estado civil, filiao, residncia, documento de identidade), que foi inquirida pelo sindicante. Perguntado a respeito do fato que deu origem presente sindicncia, constante da............. (portaria, parte, etc.), de fls.........., a qual lhe foi lida, respondeu que......................................... (consignar as respostas transcrevendo, tanto quanto possvel, a exatido das palavras e o sentido dado ao fato pela testemunha; sempre atento ao que se est apurando, e com a maior objetividade, desenvolver a formulao das perguntas, procurando precisar datas, horas, locais e circunstncias do evento). Perguntado , ainda, se tem algo mais a declarar, respondeu que................ E como nada mais disse, nem lhe foi perguntado, dou por encerrado o presente depoimento, que depois de lido e achado conforme, vai devidamente assinado pelo sindicante, pelo inquirido e pelas testemunhas que presenciaram a inquirio. Local e data _______________________________ nome e posto do sindicante ________________________________ nome da testemunha __________________________________________ nome da(s) testemunha(s) da inquirio (se houver)

ANEXO "M" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE TERMO DE INQUIRIO DE SINDICADO Aos ......dias do ms de ............do ano de ....., nesta cidade de ....................., no quartel do(a) .............. compareceu o sindicado (nome completo, profisso, posto ou graduao e OM onde serve se militar, idade, naturalidade, estado civil, filiao, residncia, documento de identidade), o qual, interrogado pelo sindicante sobre os fatos constantes da (parte ou portaria, etc.).... de fls..., que lhe foi lida, respondeu: que..........., que............ (aps o sindicado ter prestado todos os esclarecimentos, o sindicante poder formular perguntas que julgar elucidativas do fato); perguntado se tinha algo mais a declarar sobre os fatos objeto da sindicncia, respondeu que ............ E como nada mais disse, nem lhe foi perguntado, dou por encerrada a presente inquirio que, depois de lida e achada conforme vai devidamente assinada pelo sindicante, sindicado e testemunhas que presenciaram a inquirio. ________________________________ nome e posto do sindicante _________________________________ nome, posto ou graduao do sindicado _________________________________ nome da(s) testemunha(s) da inquirio

ANEXO "N" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE SUBSTITUIO DE SINDICANTE MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO ------------------------- (escalo superior) ------------------------- (escalo considerado) Of n ....... Local e data ............................... Do (Sindicante) Ao Sr (Autoridade instauradora) Assunto: Substituio de sindicante. Anexo: Autos de sindicncia. 1. Estando encarregado de proceder a uma sindicncia instaurada pela da Portaria n ........ de ..... de .................... de ........., para apurar ...................... (relato sucinto) e tendo constatado, de acordo com o documento de fls. ......., que .......................(declinar o motivo), solicito-vos minha substituio para o prosseguimento do feito, entendendo encontrar-me impedido para tal. 2. Remeto-vos, em anexo, os autos da aludida sindicncia. _______________________ nome e posto do sindicante

ANEXO "O" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE TERMO DE ACAREAO

Aos............dias do ms de........................de.........., nesta cidade de........................., de ...................., no quartel do(a)...................................(OM), e.......................B(nome), presentes presente as o testemunhas...................A(nome)

sindicado........................ (nome), j inquiridos nestes autos, por este sindicante foram, vista das divergncias existentes nos seus depoimentos, nos pontos......................("tais e tais" declin-los), reperguntadas s mesmas testemunhas, uma em face da outra e do sindicado, para explicarem as ditas divergncias. E depois de lidos perante eles os depoimentos referidos nas partes divergentes, pela testemunha ..................A (nome completo) foi dito que ..................; pela testemunha...............B (nome completo) foi dito que....................., pelo sindicado..............(nome completo) foi dito que........................... E como nada mais declararam, lavrei o presente termo, que depois de lido e achado conforme, assinam juntamente com este sindicante. ________________________________ nome e posto do sindicante ___________________________________ nome completo da testemunha A ___________________________________ nome completo da testemunha B ________________________________ nome, posto ou graduao do sindicado

ANEXO "P" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE TERMO DE ENCERRAMENTO DE INSTRUO

Aos ...... dias do ms ......... do ano de .........., nesta cidade ..............., no quartel do(a).........................., encerro os trabalhos de instruo atinentes presente sindicncia, procedida em cumprimento ao determinado na Portaria n .............., de......................., do Sr ........., do que, para constar, lavrei o presente termo. ____________________ nome e posto sindicante

ANEXO "Q" s INSTRUES GERAIS PARA A ELABORAO DE SINDICNCIA NO MBITO DO EXRCITO BRASILEIRO (IG 10-11) MODELO DE VISTA DA SINDICNCIA MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO ------------------------- (escalo superior) ------------------------- (escalo considerado) Of n .... Local e data Do (Sindicante) Ao Sr (nome, posto ou graduao do sindicado) Assunto: Vista e apresentao de defesa. 1. Notifico Vossa Senhoria para, no prazo de cinco dias corridos, apresentar alegaes finais por escrito. 2. Informo, ainda, que os autos da Si