14
21.01.15 LIVRO 60 ANOS ISLA SEMENTES

Is 0007 15 livro 60 anos isla

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

21.01.15

LIVRO 60 ANOSISLA SEMENTES

SEMENTES

SEMENTES

01

01

Este não é um livro-reportagem. Não é, também, um livro de imagens soltas. E não pretende ser um livro institucional de uma empresa que completa 60 anos.

Este livro conta histórias. Algumas delas são pura verdade. Outras são ficção do início ao fim. E há também histórias que misturam as duas dimensões.

Mas tudo é verdade. É verdade porque construímos este livro com carinho. E o que é feito

com carinho só pode ser verdade, você não concorda?Página a página. Palavra após palavra. Imagens atuais e imagens

garimpadas em arquivos. Tudo foi pensado para homenagearmos a mais importante de todas as personagens: a semente.

A semente é o começo de tudo. Convidamos você a mergulhar nas próximas páginas de alma aberta.

Contemple as imagens. Leia as histórias. Ou vice-versa. E, claro, não é preciso seguir nenhuma ordem. Vá e volte à vontade.

Mas, de preferência, não olhe agora a página 98*. Lá, nós revelamos quais as histórias são ficcionais e quais foram baseadas em fatos reais. Deixe para matar a curiosidade em outro momento. Essa é a nossa dica.

Diana Werner presidente da Isla e amante da natureza

Jair Giacomini jornalista e contador de histórias

José Arlei Cardoso contador de histórias e jornalista

Carlos Edler fotógrafo cheio de ideias

AgORA, E cOM VOcE.TENhA uMA bOA VIAgEM.

01

01

– Se tivesse asas, fugia daqui!A frase resume o sentimento de muitos

agricultores que chegaram em Candiota, município da região sul do Rio Grande do Sul, no fim da década de 1980. Depois de vários anos morando em barracas de lona preta, eles estavam deixando a rotina de sem terra para começar uma nova vida. Mas a situação no Assentamento Nossa Senhora Aparecida, como foi batizado o local, não era nada alentadora. Não havia água, luz nem estrada. Agora eles tinham terra, mas não as condições para cultivá-la.

Entretanto, dias melhores estavam por vir.Distante dali, a empresa Isla Sementes, de

Porto Alegre, realizava uma intensa pesquisa para determinar as condições ideais para o desenvolvimento de um trabalho inovador. Essa pesquisa levou a empresa até a região de Candiota, onde começou a desenvolver seu projeto pioneiro, adquirindo uma área para o cultivo de hortaliças para a produção de sementes. A empresa buscava sua autossuficiência para diminuir a necessidade de importação de sementes.

Como precisava de profissionais dedicados a esse tipo de produção, acabou encontrando grandes parceiros nos assentados da reforma agrária. A Isla então investiu na capacitação desses agricultores e forneceu condições para que pudessem trabalhar e produzir de maneira adequada. Com o esforço e o empenho de todos, a região de Candiota se transformou num dos maiores polos produtores de sementes de hortaliças da América Latina.

Foi um encontro que acabou mudando a realidade das famílias dos agricultores e de toda a comunidade local, resultando num futuro bem mais promissor do que se imaginava.

O SuORDA TERRA

C o o p e r a n t e s

01

01

DEpOIS DE VARIOS ANOS MORANDO EM bARRAcAS DE LONA pRETA, ELES ESTAVAM DEIxANDO A ROTINA DE SEM TERRA pARA cOMEcAR uMA NOVA VIDA.

Lá, foram construídas três câmaras de segurança máxima, abertas apenas quatro vezes ao ano. Elas estão situadas no fim de um túnel de 125 metros, escavado nas rochas geladas da ilha de Spitsbergen, a 70 metros de profundidade e a uma temperatura de 18ºC abaixo de zero.

O banco tem capacidade para armazenar 4,5 milhões de amostras de sementes. E o Brasil também contribui com a iniciativa. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) enviou coleções nucleares (um grupo limitado de amostras que representam grande parte da variabilidade genética das espécies) de milho, arroz e feijão. A Embrapa possui o maior banco genético vegetal do Brasil e da América Latina, com mais de 110 mil amostras de sementes de cerca de 670 espécies agrícolas.

Fruto de uma cultura apocalíptica, as versões para o fim do mundo são diversas. De gigantescos meteoros a uma nova guerra mundial. Um colapso de energia, aquecimento global ou a vingança da natureza.

Dando pouco crédito ao pessimismo, mas sem perder a preocupação com o futuro do planeta, muitas pessoas trabalham duro para garantir a sobrevivência da humanidade nos próximos séculos. E uma das principais iniciativas tem a semente como personagem principal.

Em 2008, foi criado o Banco Mundial de Sementes, que pode garantir o recomeço da agricultura em caso de alguma catástrofe de escala mundial. O local onde estão armazenadas matrizes de sementes de todas as partes do mundo é o arquipélago de Svalbard, Noruega.

O bANcODE SEMENTES

H e r a n ç a G e n é t i c a

01

01

E uMA DAS pRINcIpAIS INIcIATIVAS TEM A SEMENTE cOMO pERSONAgEM pRINcIpAL.

cOMO pLANTARuM NEgOcIO

M e r c a d o P ú b l i c o

01

Se bem me lembro, o ano era 1943. Além das notícias de bombardeios a navios na costa brasileira e todas as outras coisas da grande guerra, minha preocupação era trabalhar para ajudar no sustento da família. Foi assim que conheci o mercado público. Era um mundo desconhecido, movimentado, complexo, que reunia armazéns, bares, açougues, restaurantes, fruteiras e todos os tipos de serviços. Muitos ali ainda se recuperavam de uma grande enchente que havia tomado o prédio dois anos antes. Mas esse era o espírito daquele lugar: recomeçar todo dia e sempre tentar melhorar. Foi ali que eu conheci o Plínio.

O Plínio veio do interior com 17 anos. Ele chegava para trabalhar cedo da manhã e corria para completar suas tarefas da melhor maneira possível, carregando caixas e transportando frutas. Sua marca era seu otimismo e um incrível desejo de conquistar seu espaço. E, aos poucos, foi isso que ele fez. Passado um tempo, já era atendente numa banca do mercado, pois tinha uma incrível capacidade de conquistar a confiança das pessoas.

Plínio trabalhou muito e guardou dinheiro suficiente para comprar uma banca, onde vendia frutas e mudas de árvores frutíferas. Assim, ele iniciou seu próprio negócio. E foi nesse ponto

que ele plantou a semente de sua vida e mudou a minha. Longe de ficar contente com o que era oferecido, ele começou a se relacionar com os produtores e descobriu que a falta de frutas e hortaliças no mercado público estava relacionada à indisponibilidade de sementes para o plantio.

Contrariando minha lógica comodista, Plínio pesquisou muito, economizou mais dinheiro e investiu num negócio que parecia impossível na época: abriu a primeira empresa brasileira de importação de sementes. Loucura? Não. Coragem. Isso fez com que eu percebesse que nada era impossível e resolvi também plantar minha semente: comecei meu próprio negócio, que cresceu muito. Hoje meus netos cuidam de tudo e eu apenas acompanho o futuro, com orgulho.

E as sementes do Plínio? Bem, isso é a jornada de uma outra história.

01