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Isabel Soares Univ. Porto F&A no Mercado Europeu de Electricidade: ONDE FALHA A REGULAÇÃO? UFRJ / NUCA 30-31 Agosto 2006

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Isabel SoaresUniv. Porto

F&A no Mercado Europeu de Electricidade:

ONDE FALHA A REGULAÇÃO?

UFRJ / NUCA30-31 Agosto 2006

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C.E.Estados-Membros

Maria Isabel R. T. Soares, 2006

FREQUENTEMENTE

Aumento poder mercado incumbentes

?

INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL NÃO ALHEIA

Teoria dos Campeões Nacionais na base da prática (velada) de Poder Político?

POUCO PREOCUPADOS COM PODER DE MERCADO GRANDES COMPANHIAS

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EVIDÊNCIA Empírica

Nec. Revisão Legislação Comunitária!

Directivas NÃO dão às autoridades nacionais o controlo da entrada e saída do mercado.

Equilíbrio D S depende apenas das forças de mercado.

Concorrência no mercado retalhista deixa peq.

consumidores muito vulneráveis.

Regulação por incentivos

gestão indústria subordinada à lógica de curto prazo

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A QUESTÃO DAS F&A nos sectores de Electricidade e Gás na Europa

surge com PRIORIDADE 1!

PORQUE:

Enquadramento jurídico comunitário da Energia IGNORA, PURA E

SIMPLESMENTE, AS F&A

e

não atribui a instituição reguladora sectorial, poder sobre o controlo

dessas F&A.

SÓ a D.G. da Concorrência U.E. tem controlo!

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Proc. de reestruturação da indústria electricidade concretizada em grande parte através de F&A.

Concentração mercado e participações cruzadas enorme desafio aos reguladores da concorrência!

CONCENTRAÇÃO ESTRUTURA PRODUÇÃO!

Fonte: Regulators’ and electricity market participants’ submissions. 4th Benchmarking report, EC, Brussels (2005)

Notas:

38 rounded to nearest 5%

39 Consolidation is currently occurring in Poland.

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ESPAÇO EUROPEU: 5 SUB-REGIÕES

Países Nórdicos Sul Centro-W

Noruega Finlândia

Suécia Dinamarca

Portugal Itália Aústria Bélgica

Espanha França Países Baixos

Alemanha

U.K.Centro-Leste

Rep. Checa Hungria

Eslovénia PolóniaRep. Eslovaca

?

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EMPRESAS DIMINANTES (4)

(*) Expandiram-se além-fronteiras na região, conservando a posição (FORTE) no mercado domésticos.

DINAMARCA: confirmação do seu Campeão Nacional através take-over

da ELSAM (maior companhia eléctrica nacional) pela DONG (companhia nacional de g.n.)

EMPRESA ENTRANTE: E.ON (alemã) mercado-alvo: Suécia.

UNBUNDLING completo. Porém: consolidação na Produção e no Varejo.

Países Nórdicos

DONG (Dinamarca)

FORTUM (Finlândia)(*)

STATKRAFT (Noruega)(*)

VATTENFALL (Suécia)(*)

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EMPRESAS DIMINANTES (4)

ENTRANTES: vários. A mais importante: EDF. Mercado-alvo: Itália.

UNBUNDLING do Transporte.

ENDESA, IBERDROLA e EDP: consolidação na produção e varejo. TENTATIVAS

RECORRENTES DE F&A.

ENEL: dominante em Itália. Mas tb:

EUROPA DO SUL ENEL (Itália)

EDP (Portugal)

ENDESA IBERDROLA (Espanha)

Intenção formulada (meios financeiros suficientes: OPA sobre SUEZ

(eléctrica franco-belga)

Reacção política imediata do Governo Francês Fusão entre SUEZ e

GAZ DE FRANCE. E tb: NO MESMO DIA: Parlamento Francês aprovou

Projecto-lei sobre OPA (23/03/06). Objectivo: dotar as empresas francesas

com + meios para se defenderem de OPA’s hostis.

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EMPRESAS DIMINANTES (5)

ENTRANTE exterior à região: VATTENFALL ↓

Objectivo: mercado ALEMÃO.

CENÁRIO ≠ DOS ANTERIORES ?

CENTRO-W EUROPEU

VERBUND (Áustria)

ELECTRABEL (Bélgica)

EDF (França)

RWE e E.ON (Alemanha)

UNBUNDLINGainda incompleta

ELECTRABEL

EDF

RWE e E.ON

Concentração levada

dominantes nos mercados domésticos

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PIONEIRO LIBERALIZAÇÃO

NR. EMPRESAS MAIS REPRESENTATIVAS NO MERCADO: 6

ENTRANTES externas: EDG, E.ON, RWE.

Existe DE FACTO unbundling entre transporte e distribuição.

Provável consolidação no médio prazo, com as empresas internas sob ameaça de takeover.

U.K.

EDF E.ON RWE S&SE CENTRICA SP

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EM RÁPIDA MUDANÇA.

?

EDF, ENEL, E.ON e RWE aparecem como fortes concorrentes das empresas incumbentes: CEZ (Rep. Checa), MVM (Hungria), SE/ENEL (Eslováquia).

E tb porque:

CEZ e MVM estão a emergir como CAMPEÕES NACIONAIS.

CENTRO-LESTE EUROPEU

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CONCENTRAÇÃO DE MERCADO E CROSS-OWNERSHIP

Autoridades da Concorrência com muitos problemas! Intervenção – a nível nacional

e a nível da E.E. – e decisões emanadas NEM SEMPRE BEM ENTENDIDAS.

pelos agentes directamente envolvidos pelo cidadão comum

QUESTÃO MUITO DIFÍCIL E MUITO DELICADA

Lei da Concorrência e Política de Regulação

objectivos ≠s Princípios legais ≠s aplicação por autoridades ≠s

Diversidade de

procedimentos legislação perspectivas

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QUE DIFICULDADES? QUE DIFERENÇAS FACE A U.S.A.?

1.º Diferença-chave, a nível institucional, entre a Lei da Concorrência e a Regulação.

Lei Comunitária da Concorrência foi introduzida primeiro pela C.E. e só recentemente pelas Autoridades Nacionais da Concorrência

Porém: politicas europeias da concorrência têm sido implementadas APENAS pelas Autoridades Reguladoras Nacionais (embora no contexto das Directivas)

Em matéria de Regulação: a C.E. tem um papel operacional muito limitado, TANTO MAIS QUE: OPOSIÇÃO DOS ESTADOS-MEMBRO A HIP. DE DE REGULADORES A NÍVEL EUROPEU.

Burocracias processuais

Problemas e atrasos implementação decisões

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Decisões da C.E. sujeitas a passíveis de revisão pelos Tribunais da Comunidade

Decisões das autoridades Nacionais podem também ser revistas pelos Tribunais nacionais.

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2.º Artigo 10º do Tratado da União.

Deveres de cooperação entre

Consequências múltiplas

Autoridades Nacionais

Tribunais

InstituiçõesUE

de facto

em termos processuais

Artigo 10º obriga procedimentos disponíveis nos Tribunais Administrativos

nacionais que permitam às empresas privadas contestar a legislação nacional.

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Concentração e Poder de Mercado: as Ambiguidades

Potencial para exercer poder de mercado está directamente relacionado com as quotas de mercado.

Quanto maior for o nível de concentração, maior a probabilidade de haver problemas.

Porém, isto não nos permite traçar uma linha divisória clara entre os níveis aceitáveis e os não aceitáveis de concentração.

Neste ponto, a opção da Comissão Europeia – ao assinalar um benchmark de 40% para uma única empresa e de 70% de quota de mercado para as três maiores empresas – tem levantado muitas dúvidas aos economistas.

Porquê?

Ainda e sempre o caso da Califórnia.

De acordo com a Comissão Europeia, um mercado saudável seria aquele em que a maior empresa tivesse uma quota inferior a 20% e em que as três maiores não excedessem 40% de quota de mercado.

Ora, no caso da Califórnia, as três maiores empresas detinham 30% da capacidade total do Estado no momento da crise.

Mas não só: as cinco empresas que mais sofreram acusações de exercerem poder de mercado, detinham uma quota que não excedia os 32%.

Aliás, as duas maiores empresas em termos de capacidade de produção eram compradores líquidos e não tinham qualquer incentivo a aumentarem os preços (Green et all, 2005).

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Uma alternativa mais rigorosa à proposta da Comissão relativamente à avaliação da concentração de mercado, é o Índice de Herfindahl Hirschman (IHH):

em que:

Sj representa a quota de mercado da empresa

N representa o número total de empresas no mercado j.

N

1 j

2jS IHH

Se: IHH = 0 concorrência perfeita (concentração mínima)

IHH = 1 monopólio puro (ou 10 000) (concentração máxima)

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Caso Europeu: a grande desvantagem do IHH é a

DIFICULDADE EM TOMAR EM CONSIDERAÇÃO

A CAPACIDADE DAS INTERLIGAÇÕES.

Solução (preservando a utilidade do IHH)

Dividir a CAPACIDADE DE CADA INTERLIGAÇÃO

DE ACORDO COM AS QUOTA DE CAPACIDADE

NOS MERCADOS VIZINHOS (excluindo as X).

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Orientações gerais sobre fusões da Comissão Europeia se afirma expressamente

que “a identificação de preocupações a nível da concorrência horizontal

é improvável, se o IHH pós-fusão for inferior a 1 000, se aumentar menos que

150 devido à fusão ou aumentar menos do que 250 quando o IHH pós-fusão

estiver entre 1 000 e 2 000 (sendo este limite equivalente a cinco empresas

de idêntica dimensão).” Mesmo assim, a C.E. não deixa de alertar para

algumas excepções, em especial para uma situação que envolva uma das empresas

em processo de fusão com uma quota de mercado superior a 50% pré-fusão.

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Em termos de IHH,

O VALOR 1 800 SEPARA OS MERCADOS QUE PODEM

CONSIDERAR-SE aceitavelmente concorrenciais dos que o são pouco.

EXEMPLO:

IHH = 1 800 pode corresponder a um mercado com:

1 empresa leader com 35% de quota de mercado [352 = 1 225]

3 outras empresas com 15% de quota de mercado

4 pequenas empresas com 5% de quota de mercado

3

1

2 675 15

4

1

4 100 5

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Mercado Retalhista: C.E. tem procedimento semelhante

Medida de concentração de mercado fácil de construir e de interpretar.

Porém:Problemas valores estão numa base nacional.

Indicador actualmente utilizado para medir concentração deste segmento de mercado em substituição do IHH:

TAXA DE SWITCHING

Porquê mudar de indicador? Dificuldade em definir correctamente os novos mercados (comercialização, …)

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quota de mercado de maior empresa

quotas de mercado das 3 maiores

em termos de VND (TWh)

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TAXA DE SWITCHING

Define 1 mercado de referência para cada 1 dos fornecedores históricos medição das bases históricas da clientela que lhes corresponde evolução do mercado.

CONTUDO: é 1 Indicador de ESTRUTURA (tal como os indicadores de concentração).

LIMITAÇÕES Não dão informações sobre a

concentração da S a nível nacional

?

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Taxas Elevadas de Switching:

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Muitas vezes acompanhadas de forte re-concentração dos mercados retalhistas.

Não significam a entrada de novos concorrentes no mercado, mas tão-só:

RE-ALOCAÇÃO DOS CLIENTES ENTRE OS OPERADORES

HISTÓRICOS (QUE, ÀS VEZES, ADQUIREM OU CRIAM FILIAIS,

mesmo no estrangeiro).

Cenário muito frequente: Alemanha (Vattenfall, EDF)

U.K. (E.ON, RWE, EDF)

Noruega (FORTUM)

Suécia (E.ON, FORTUM)

Finlândia (Vattenfall, E.ON)

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POR ESTRANHO QUE PAREÇA………………………….

ESTE PROCESSO TEM FREQUENTEMENTE LEVADO A 1 AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DOS

MERCADOS REGIONAIS À ESCALA NACIONAL!

U.K.

2/3 dos fornecedores (históricos) regionais

desapareceram em menos de 10 anos !

Concentração local em cada 1 das 14 zonas tradicionais:

400 IHH < 5 000

Concentração nacional do mercado retalhista em termos de

IHH passou de:700 (1990) 1 800!

Valor Crítico!

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EVIDÊNCIA EMPÍRICA SUGERE QUE:

Switching de clientes entre ≠s fornecedores retalhistas é 1 RESTRIÇÃO

RELATIVAMENTE fraca em termos de poder de mercado

dos incumbentes.

PORQUÊ?

custos da procura Custos psicológicos e de incerteza

Custos de transacção

[E TB: quando subsistem áreas reguladas, o switching pode não aumentar

quando NÃO for possível baixar as tarifas reguladas através do mecanismo

de preços de mercado.]

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C.E. concorrência retalhista: última fronteira da abertura de mercado.

Porém:

PORÉM : disponibilização de informação adequada de preços aos consumidores – enquanto instrumento de estímulo da concorrência no mercado – levanta problemas. Quais?

QUEIXAS

Práticas anti-competitivas

descriminação / não-descriminação de preços

preços excessivos

comportamentos predatórios (de preços)

acordos anti-competitivos

Criação de condições mais fáceis para de colusão tácita entre fornecedores (retalhistas).

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F&A

Trade-off?

Entre os efeitos de

Nem sempre fácil de avaliar!

Economias de Escala na produção e no mercado retalhista,

E

Excedente do Consumidor

DAÍ QUE:

Política de Fusões deva ser restritiva, especialmente nos casos de aquisição de parte das posições accionistas e de participações cruzadas!

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PORQUÊ?

Argumentos baseados na questão da eficiência para tais aquisições

são geralmente FRACOS.

Pelo contrário: os argumentos de controlo de mercado e de incentivos

são FORTES.

MAS TB:

Análise subjacente autorização das F&A DEVE TB TRADUZIR-SE:

NA UTILIZAÇÃO DE INDICADORES DE CONCENTRAÇÃO

QUE INCLUAM ESSAS POSIÇÕES DE PROPRIEDADE NO

MERCADO ELÉCTRICO.

NA ANÁLISE CUIDADOSA DAS ESTRUTURAS DE CUSTOS

E DE PRODUÇÃO DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS

especialmente devido diferenças estruturais entre hidroeléctricas

e centrais eléctricas.

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AINDA O FACTOR LEGISLATIVO…

Desinvestimento: apenas uma parte dos instrumentos que as

Autoridades da Concorrência têm para corrigir o desvio estrutural

trazido por 1 posição dominante.

Porém: imposição de desinvestimento em activos só pode ser imposta

se e onde não houver uma alternativa de correcção de comportamento

no mercado igualmente eficaz ou, a existir, ela seja mais onerosa em

termos dos objectivos em causa.

legislação europeia da concorrência impõe o desinvestimento em

activos de 1 empresa dominante na maioria dos casos

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CONTUDO:

Realidade económica tem demonstrado que algumas das

correcções / remédios podem tornar-se

TÓXICOS!

Vejamos porquê e como…

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Do ponto de vista legal e económico,

as F&A só podem ser autorizadas se o BEM-ESTAR DOS

CONSUMIDORES NÃO FOR PREJUDICADO COM

ESTE TIPO DE TRANSACÇÕES.

Avaliação Económica consiste:

NA COMPARAÇÃO ENTRE:

OS GANHOS DE EFICIÊNCIA DECORRENTES DA TRANSACÇÃO

QUE IRÃO PASSAR PARA OS CONSUMIDORES (i)

e

OS EFEITOS ANTI-COMPETITIVOS DESSA F ou A (ii)

A TRANSACÇÃO DEVERÁ SER PROIBIDA SE:

(ii) > (i)

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Avaliação efeitos: complexa mas possível através dos div. instrumentos

analíticos

Porém, o grande problema que se levanta é, AINDA E SEMPRE…

está na origem de erros que as Autoridades da Concorrência podem cometer

A ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO

ERROS TIPO I↓

Qd as transacções pró-competitivas são proibidas

ERROS TIPO II↓

Qd as transacções anti-competitivas são autorizadas

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Atenção especial e indispensável sobre:

Como ELASTICIDADE DELECTRIC. É FRACA

Fusões convergentes: entre uma empresa de electricidade e uma

empresa de g.n.

Fusões Não-convergentes: entre duas empresas de electricidade

1 PEQ. REDUÇÃO APARENTE NA COMPETITIVIDADE DO MERCADO

PODE TER COMO CONSEQUÊNCIA, 1 ENORME TRANSFERÊNCIA DE

EXCEDENTE DOS CONSUMIDORES PARA OS PRODUTORES.

POR ISSO É QUE:

OS ERROS TIPO II PODEM SER TÃO PENALIZADORES

PARA OS CONSUMIDORES

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E OS ERROS TIPO I?

Tb significativos em termos do custo que implicam para os consumidores.

PORQUÊ?

Qd AUTORIDADES CONCORRÊNCIA INCORREM EM

ERROS TIPO I, isso significa que se impedem ganhos de eficiência

que poderiam levar a preços mais baixos.

Será isto tão importante do ponto de vista prático como o é do ponto de vista teórico?

Talvez não… porque os ganhos de eficiência resultantes de fusões SÃO DIFÍCEIS DE CONSEGUIR (dificuldades integração actividades, reduções de custo muito aquém do previsto …)

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PORQUE É QUE AS CONDIÇÕES IMPOSTAS PELA

AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA PODEM NÃO RESULTAR?

Assimetria de informação: empresas envolvidas no proc. de fusão têm

+ e melhor informação sobre activos a desinvestir do que a Autoridade

da Concorrência e potenciais compradores.

Condições impostas podem ser tais que não permitam ao comprador

ser um concorrente viável.

Condições impostas podem facilitar a colusão, porque o desinvestimento

em activos vai aumentar a simetria e os contactos multi-mercado

condições impostas pela Autoridade da Concorrência vão

provocar 1 redistribuição mais simétrica (da capacidade, quotas de

mercado, etc) aumento do risco de colusão. Principalmente

qd empresa compradora actua num mercado próximo – geográfico

ou de produto (gás e electricidade).

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A INCERTEZA PODE ANULAR A EFICÁCIA DAS

MEDIDAS / CONDIÇÕES IMPOSTAS!

Problema especialmente grave em mercados recentemente liberalizados

de g.n. e electricidade, porque:

NÃO HÁ ESTABILIZAÇÃO DE

FORMAS DE CONCORRÊNCIA

FRONTEIRAS DE MERCADO

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FUSÕES CONVERGENTES

2 fontes de energia simultaneamente substitutas e complementares

Autoridade da Concorrência encaram 1 TRADE-OFF entre

os efeitos anti-competitivos deste tipo de fusões

os benefícios que os consumidores poderão ter com a criação de 1 empresa que tem activos, capacidades e serviços ao cliente nos 2 tipos de energia.

EFEITO POSITIVO PARA OS CONSUMIDORES?

Depende do aumento (ou não) das pressões competitivas.

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CONTUDO: 4 efeitos anti-competitivos neste tipo de fusões que têm levado as Autoridades da Concorrência a vetarem-nos

2 EFEITOS HORIZONTAIS

2 EFEITOS VERTICAIS

NO MERCADO GROSSISTA DE ELECTRICIDADE, através da eliminação de 1 concorrente efectivo ou potencial, isto é, a actividade produtiva da empresa de g.n.

NOS MERCADOS RETALHISTAS DE ELECTRICIDADE E GÁS, através da eliminação de um concorrente efectivo ou potencial: a empresa de g.n. no mercado retalhista de electricidade e a empresa no mercado retalhista do gás.

NO MERCADO GROSSISTA DE ELECTRICIDADE, através da exclusão de 1 input. Por ex.: subindo o preço do g.n. aos produtores concorrentes de electricidade.

NO MERCADO GROSSISTA DE G.N., através da exclusão de 1 cliente; por exemplo, baixando a D para fornecedores de gás concorrentes.

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ALGUNS EXEMPLOS:

(i) Motivos invocados pela BUNDESKARTELLAMT para reprovar

a fusão E.ON / RUHRGAS (Janeiro 2002)

(ii) Motivos invocados pela C.E. para bloquear a fusão EDP/ENI/GDP

(Dezembro 2004)

(iii) Motivos invocados para impedir a fusão entre a companhia irlandesa

de electricidade ESB (dominante) e companhia de gás norueguesa

STATOIL para construção e gestão de 1 Central a Gás de 400 MW

em Dublin.

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CASO: FUSÃO E.ON / RUHRGAS

IRIA CRIAR 2 2º MAIOR FORNECEDOR, VERTICALMENTE INTEGRADO, DE ELECTRICIDADE E DE GÁS, ATRAVÉS DO CONTROLO DA RUHRGAS (a maior empresa alemã de g.n.)

Análise da Autoridade da Concorrência (Bundeskartellant):

Fusão iria reforçar o domínio em diversos

mercados por duas razões

as 2 empresas não iriam mais concorrer nos mercados em que ambas actuavam

as sinergias obtidas com a fusão iriam colocar em desvantagem (competitiva) outros concorrentes, tanto no mercado eléctrico como no mercado de g.n.

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COMO REAGIRAM AS 2 EMPRESAS a esta recusa?

(1º) Recurso da decisão para o Ministério da Economia e Tecnologia.

Este recomendou 1 série de condições para que a fusão se efectuasse.

(2º) Posterior recurso aos Tribunais.

Empresas decidem retirar os seus recursos e iniciam negociações extra-judiciais

COMO RESOLVERAM A QUESTÃO?(1º) E.ON comprou TODAS as acções da Gelsenberg & Bergman

(2º) Em seguida, E.ON adquiriu TODAS as acções restantes da Ruhrgas à Deutsche

Shell A.G. e à Schubert GmbH.

De forma indirecta e directa, a E.ON tornou-se proprietária de TODAS AS ACÇÕES DA RUHRGAS!

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FICOU DEMONSTRADO QUE A ESTRUTURA FINANCEIRA DAS EMPRESAS,

O SEU ENQUADRAMENTO NOS MERCADOS FINANCEIROS, PODEM SER

UTILIZADOS PARA SUBVERTER COMPLETAMENTE AS INTENÇÕES DAS

AUTORIDADES DA CONCORRÊNCIA.

E.ON … Junho 2006: OPA sobre ENDESA (tirando da ribalta a OPA da Gás Natural

sobre a ENDESA e a anterior OPA da ENDESA sobre IBERDROLA em 2000.

?Condições impostas pela CNE obrigam a E:ON a vender suas participações em 7 centrais

nucleares e nas fábricas de carbono da ENDESA e a desistir do negócio de distribuição nas

Baleares e Canárias.

A E.ON aceitará?

Talvez sim! Estrategicamente, o desinvestimento nestes activos, valerá a pena,

porque aquisição da ENDESA será 1 plataforma para crescer no Sul da Europa

e uma porta de entrada na América Latina.

Page 42: Isabel Soares Univ. Porto F&A no Mercado Europeu de Electricidade: ONDE FALHA A REGULAÇÃO? UFRJ / NUCA 30-31 Agosto 2006

Maria Isabel R. T. Soares, 2006

CONCLUSÕESA experiência europeia demonstra que:

(1º) AS F&A nos mercados energéticos não deve passar apenas pelas Autoridades da Concorrência. A Legislação da Concorrência e a Regulação Sectorial PODEM e DEVEM ACTUAR EM CONJUNTO NESTA MATÉRIA.

(2º) Não faz mais sentido a avaliação da concorrência continuar a colocar a tónica nos mercados domésticos (que, aliás, na maioria dos países europeus, continuam altamente concentrados).

(3º) Medir o grau de concentração de mercado, EXIGE ENTRAR EM CONSIDERAÇÃO COM AS PARTICIPAÇÕES CRUZADAS entre ≠s empresas.

(4º) Para além da concentração horizontal, é FUNDAMENTAL ANALISAR O IMPACTO SOBRE A CONCORRÊNCIA DAS RELAÇÕES VERTICAIS entre o g.n. e a electricidade análise na perspectiva das ESTRATÉGIAS MULTI-UTILIDADES DAS INCUMBENTES. Impacto negativo da integração vertical dos negócios do gás e da electricidade NÃO DEVE SER MENOSPREZADO.

(5º) Nos mercados retalhistas, as incumbentes abusam frequentemente do seu poder de mercado quando têm quotas (de mercado) muito altas. Mas tb é nec. estar atento aos efeitos coordenados entre empresas semelhantes que conjugam acções em mercados próximos ou estreitamente relacionados.

(6º) Como não existe consenso, é nec. analisar caso a caso: a disponibilização de informação, correcta e adequada, sobre preços aos consumidores PODE REVELAR-SE PERVERSA, porque pode facilitar a colusão tácita entre fornecedores retalhistas.

Page 43: Isabel Soares Univ. Porto F&A no Mercado Europeu de Electricidade: ONDE FALHA A REGULAÇÃO? UFRJ / NUCA 30-31 Agosto 2006

ESPERANDO TER DADO UM CONTRIBUTO

AO DEBATE,

OBRIGADA PELA VOSSA ATENÇÃO!

Maria Isabel R. T. Soares, 2006