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[ORGS.] LEONARDO MACEDO POLI FERNANDA SÃO JOSÉ 3 DIREITO CIVIL NA CONTEMPORANEIDADE

ISBN 978-85-8425-425-5 · volvendo direitos reais. Para tanto, adotar-se-á a metodologia de pesquisa bibliográfica para analisar as principais aspirações do novo diploma processual,

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[ORGS . ]

LEONARDO MACEDO POL I FERNANDA SÃO JOSÉLEONARDO M

ACEDO POLI FERNANDA SÃO JOSÉ

DIREITO CIVIL NA CONTEMPORANEIDADE

A (des)necessidade de outorga do companheiro à luz do novo CPC

Isabela Farah ValadaresLuiza Helena Messias Soalheiro

A ascensão da supressio na jurisprudência brasileira

Ana Rachel Marcellos de Almeida

A constitucionalização do direito civil e as novas perspectivas dos

direitos da personalidadeJullyane Cristina Cheloni

A exigibilidade da autorização conjugal para alienar ou gravar de

ônus real os bens imóveisRenata Barbosa de Almeida

Juliana Evangelista de Almeida

Responsabilidade civil das escolas: Uma análise acerca da responsabilização

dos estabelecimentos de ensino nos casos de bullying

Renata Lourenço Pereira Abrão

A responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance

Cláudia Mara de Almeida Rabelo ViegasNeide Adriana das Chagas

Abandono afetivo e dano moral decorrente da relação paterno-filialMarina Lima Pelegrini Oliveira

Alguns apontamentos sobre os critérios de fixação dos alimentos legítimos no direito brasileiroPatrícia Andrade Perdigão Costa

A (in) aplicabilidade dos “alimentos” compensatórios no brasil: uma análise comparada com a prestação compensatória do direito francês Isabel Prates de Oliveira CamposWalsir Edson Rodrigues Júnior

Impedimentos matrimoniais: uma análise críticaLeonardo Macedo PoliFernanda São José

O abandono afetivo e a responsabilidade civil na parentalidadeMarcela Bernardes Leão

Responsabilidade civil dos provedores de serviços por ato de terceiroDaniel Evangelista Vasconcelos Almeida

“Como professor do Programa de Pós-Gradução em Direito da PUC/MINAS, expresso a alegria em coordenar e publicar mais uma obra, intitulada Direito Civil na Contemporaneidade 3, tendo meus alunos, muitos destes professores, como coautores.O Direito que buscamos agora talvez não seja usufruído por nossa geração, mas por gerações futuras. Assim, também registro o meu compromisso como professor e educador pela busca incessante de um Direito Privado baseado na reconstrução de paradigmas já insta-lados, sob a ótica transformadora do Estado Democrático de Direito.”

Leonardo Macedo Poli

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DIREITO CIVIL NA CONTEMPORANEIDADE

ISBN 978-85-8425-425-5

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LEONARDO MACEDO POLI FERNANDA SÃO JOSÉ

Ana Rachel Marcellos de AlmeidaCláudia Mara de Almeida Rabelo ViegasDaniel Evangelista Vasconcelos Almeida

Fernanda São JoséIsabel Prates de Oliveira Campos

Isabela Farah ValadaresJuliana Evangelista de Almeida

Jullyane Cristina CheloniLeonardo Macedo Poli

Luiza Helena Messias SoalheiroMarcela Bernardes Leão

Marina Lima Pelegrini OliveiraNeide Adriana das Chagas

Patrícia Andrade Perdigão CostaRenata Barbosa de Almeida

Renata Lourenço Pereira AbrãoWalsir Edson Rodrigues Júnior

DIREITO CIVILNA CONTEMPORANEIDADE

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Copyright © 2017, D’ Plácido Editora.Copyright © 2017, Os autores.

Editor ChefePlácido Arraes

Produtor EditorialTales Leon de Marco

Capa Letícia Robini de Souza

DiagramaçãoLetícia Robini de Souza

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, por quaisquer meios, sem a autorização prévia da D`Plácido Editora.

Catalogação na Publicação (CIP)Ficha catalográfica

Direito civil na contemporaneidade -- vol. 3. [Coleção Direito Civil na Contemporaneidade ] SÃO JOSÉ , Fernanda Moraes de; POLI, Leonardo Macedo. [Orgs] --- Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2017.

BibliografiaISBN: 978-85-8425-425-5

1. Direito Civil 2. Direito I. Título

CDU347 CDD 342.1

Editora D’PlácidoAv. Brasil, 1843 , SavassiBelo Horizonte - MGTel.: 3261 2801CEP 30140-002

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SUMÁRIO

Apresentação 9

Capítulo 1

A (des)necessidade de outorga do companheiro à luz do novo CPC

Isabela Farah ValadaresLuiza Helena Messias Soalheiro 11

Capítulo 2

A ascensão da supressio na jurisprudência brasileira

Ana Rachel Marcellos de Almeida 29

Capítulo 3

A constitucionalização do direito civil e as novas perspectivas dos direitos da personalidade

Jullyane Cristina Cheloni 45

Capítulo 4

A exigibilidade da autorização conjugal para alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis

Renata Barbosa de AlmeidaJuliana Evangelista de Almeida 63

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Capítulo 5

Responsabilidade civil das escolas: Uma análise acerca da responsabilização dos estabelecimentos de ensino nos casos de bullying

Renata Lourenço Pereira Abrão 77

Capítulo 6

A responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance

Cláudia Mara de Almeida Rabelo ViegasNeide Adriana das Chagas 105

Capítulo 7

Abandono afetivo e dano moral decorrente da relação paterno-filial

Marina Lima Pelegrini Oliveira 137

Capítulo 8

Alguns apontamentos sobre os critérios de fixação dos alimentos legítimos no direito brasileiro

Patrícia Andrade Perdigão Costa 155

Capítulo 9

A (in) aplicabilidade dos “alimentos” compensatórios no brasil: uma análise comparada com a prestação compensatória do direito francês

Isabel Prates de Oliveira CamposWalsir Edson Rodrigues Júnior 173

Capítulo 10

Impedimentos matrimoniais: uma análise crítica

Leonardo Macedo PoliFernanda São José 199

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Capítulo 11

O abandono afetivo e a responsabilidade civil na parentalidade

Marcela Bernardes Leão 223

Capítulo 12

Responsabilidade civil dos provedores de serviços por ato de terceiro

Daniel Evangelista Vasconcelos Almeida 243

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APRESENTAÇÃO

O Programa de Pós Graduação em Direito da Pontifícia Univer-sidade Católica de Minas Gerais (PUC/MINAS) foi criado em 1997. Desde então vem crescendo cada vez mais, contribuindo para a forma-ção acadêmica de mestres e doutores, visando, sobretudo, o respeito e a dedicação à pesquisa, com a conseguinte evolução do Direito perante a sociedade. O curso conta com nota 6 na CAPES.

Como professor do Programa de Pós-Gradução em Direito da PUC/MINAS, expresso a alegria em coordenar e publicar mais uma obra, intitulada Direito Civil na Contemporaneidade 3, tendo meus alunos, muitos destes professores, como coautores.

Objetivou-se abordar alguns temas do Direito Civil sob uma ótica contemporânea, revendo conceitos e paradigmas, na busca de um Direito Privado mais humano que consiga, ainda que a passos lentos e tortuosos acompanhar as necessidades sociais patrimoniais e extrapatrimoniais.

O Direito que buscamos agora talvez não seja usufruído por nos-sa geração, mas por gerações futuras. Assim, também registro o meu compromisso como professor e educador pela busca incessante de um Direito Privado baseado na reconstrução de paradigmas já instalados, sob a ótica transformadora do Estado Democrático de Direito.

Por fim, agradeço o empenho de todos os coautores em especial da minha orientanda, a professora e advogada Fernanda São José para a concretização dessa obra.

Belo Horizonte, 10 de dezembro de 2016.Leonardo Macedo Poli

Professor e coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito Privado da PUC/MINAS

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1A (DES)NECESSIDADE DE OUTORGA DO COMPANHEIRO À LUZ DO NOVO CPC

Isabela Farah Valadares1

Luiza Helena Messias Soalheiro2

“Como não se pode estabelecer um perfil ideal da família, tendo em vista as pressões externas a que está submetida e a variação de ideologia e aspiração

de seus membros, postula-se um modelo aberto, apto a responder ao mistério de amor e comunica-

ção que habita cada ser humano”

(VILLELA, 1980, p. 9).

1.1. IntroduçãoEste estudo examinará o tratamento dado pelo novo Código de

Processo Civil (CPC ou NCPC) à união estável, especialmente, quanto à necessidade ou não de outorga do companheiro nas demandas en-volvendo direitos reais.

Para tanto, adotar-se-á a metodologia de pesquisa bibliográfica para analisar as principais aspirações do novo diploma processual, destacando

1 Mestre em Direito Privado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Ge-rais(2014/2015). Especialista em Direito de Família e Sucessões pela Escola Paulista de Direito (2011/2012). Bacharela em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010). Advogada, com experiência profissional na área de Direito Civil, com ênfase em Família e Sucessões. Professora.

2 Advogada. Professora. Mestre em Direito Privado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Especialista em Direito de Família e Sucessões pela Faculdade Arnaldo Janssen. Graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva.

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o exame de alguns dispositivos legais que incluíram o companheiro em seu rol, quando não havia menção a este no antigo codex processual.

De fato, há tempos, a união estável busca seu espaço no mundo jurídico, sendo longo o seu trajeto até ser reconhecida como entidade familiar pela Constituição Federal de 1988.

Em que pese a manutenção da regra no Código Civil de 1916 quanto à formação da família apenas por meio do casamento, isso não impediu que outros núcleos afetivos se formassem, por exemplo, o concubinato puro, que veio mais tarde a ser reconhecido como união estável, tirando-se sua carga anteriormente pejorativa.

Nesse contexto, ressaltam-se os seguintes questionamentos: A união estável deve receber o mesmo tratamento dado ao casamento? Os companheiros e cônjuges devem ter os mesmos direitos e deveres? A inclusão do companheiro em alguns dispositivos que antes o Código de Processo Civil não os mencionava trará alguma consequência jurídica?

Em síntese, o problema passa pela análise da intepretação dos efeitos do art. 73, § 3º, do CPC/15 e do art. 1.647, II, do CC/02. A doutrina se diverge quanto à necessidade ou não de outorga convencional nas situações dos incisos I, III e IV do art. 1.647, do CC/02.

Em outras palavras, à luz do novo Código de Processo Civil en-tende-se que há necessidade de outorga do companheiro nos casos do inciso II do art. 1.647 do CC/02, ou seja, é necessária a autorização do cônjuge ou companheiro para pleitear, como autor ou réu, acerca de bens imóveis ou direitos reais. Nesse sentido, questiona-se quanto as outras situações abarcadas pelos demais incisos do art. 1.647 do CC/02, se haverá ou não necessidade de outorga convencional do companheiro.

É nesta seara que o problema será enfrentado, apresentando-se no item 4 as principais correntes doutrinárias sobre o assunto, apontando-se os argumentos fáticos e/ou jurídicos em que cada um se sustenta para, ao final, apresentar a corrente que mais se adequa aos anseios do novo Código de Processo Civil.

1.2. As principais aspirações do novo CPCDe plano, é válido esclarecer que não se busca exaurir o rol de

novidades e aspirações do novo Código de Processo Civil, mas apre-sentar os principais pilares que sustentam o novo diploma, a fim de proporcionar uma melhor compreensão do presente estudo.

O NCPC inicia-se criando uma categoria nova, um capítulo com 12 artigos de normas fundamentais de rol não exaustivo, vez que

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é possível encontrar outras normas fundamentais espalhadas pelo Có-digo. Entre essas normas fundamentais previstas nos primeiros artigos do CPC/15, pode-se mencionar o Princípio da promoção pelo Estado da solução por autocomposição (art. 3º, §2º, do CPC/15)3.

Esse princípio consagra uma política pública de solução consensual promovida pelo Estado4. A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

Também previsto no capítulo I (“Das normas fundamentais do Processo Civil”) do NCPC está o Princípio da efetividade do processo. Este princípio estava antes implícito no Princípio do devido processo legal e, pela primeira vez, ganhou norma expressa (art. 4º CPC/15)5, consagrando o direito das partes à atividade satisfativa, isto é, o direito à efetividade do processo.

Outro princípio que não havia previsão expressa no CPC/73, também proveniente do Princípio do devido processo legal é o Prin-cípio da boa-fé processual, o qual passa a ser disciplinado pelo art. 5º do CPC/15, prevendo que “aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.” (BRASIL, 2015).

Como ensina Fredie Didier (2015), o art. 5º do novo CPC tra-ta-se de uma cláusula geral processual, ou seja, trata de um dispositivo normativo construído de maneira indeterminada tanto em relação à sua hipótese normativa, quanto em relação à sua consequência. Ele não diz exatamente o que é a boa-fé, nem o que acontece quando o comportamento não está de acordo com esse parâmetro. Deve, portanto, ser concretizado pelos Tribunais, que vão dizer qual comportamento está ou não de acordo com a boa-fé. Outra inovação desse artigo diz respeito ao fato de ele ser dirigido a todos os sujeitos do processo, por

3 CPC/15: “Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.§ 3º A conciliação, a me-diação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimula-dos por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial”. (BRASIL, 2015).

4 O conteúdo deste Princípio já estava previsto na Resolução 125 do CNJ de 2010, a qual dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências.

5 CPC/15: “Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”. (BRASIL, 2015).

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exemplo, aos juízes, aos peritos, às testemunhas e aos advogados, não se limitando às partes.

Ao tratar do novo diploma processual civil, Fredie Didier (2015) também explica outra cláusula geral, a cláusula geral de igualdade, pre-vista no art. 7º do CPC/15 que, assim, dispõe: “é assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditó-rio.” (BRASIL, 2015).

Como se observa, a primeira parte do art. 7º do CPC/15 proclama o Princípio da igualdade no processo, que exige a sua observância, em pelo menos, quatro aspectos, sendo eles: 1) Imparcialidade do juiz (é um dever que decorre do Princípio da igualdade); 2) Igualdade no acesso à justiça (não pode haver discriminação); 3) Redução da dificuldade do acesso à justiça (redução da dificuldade econômica, geográfica e de comunicação, por exemplo); 4) Paridade de informações (as partes devem receber as mesmas informações). Tal princípio se manifesta, por exemplo, nas disposições do art. 1.048 do CPC/156 que prevê a regra de prioridade de tramitação do processo, por exemplo, para as demandas regidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90).

O novo CPC também dá maior relevância à autonomia privada das partes, consagrando o Princípio do respeito ao autorregramento da vontade. Dito de outra forma, o novo diploma prestigia a vontade das partes, por exemplo, permitindo que elas celebrem negócios processuais atípicos (cláusula geral de negociação), os quais deverão ser homologados pelos juízes para que produzam seus efeitos legais (DIDIER, 2015).

Pelo exposto, fica claro que o novo CPC traz inúmeras inovações que orientam os seus dispositivos ao longo do Código, por exemplo, a simplificação procedimental, a sistematização dos institutos, previsões de cláusulas gerais, igualdade de tratamento entre as partes, efetividade do processo, prestígio à autonomia privada, estímulo à uniformização da jurisprudência bem como a autocomposição, prevendo expressamente a possibilidade de mediação, conciliação e de arbitragem.

6 CPC/15: “Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tri-bunal, os procedimentos judiciais: I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei no7.713, de 22 de dezembro de 1988; II - regulados pelaLei nº8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). [...].” (BRASIL, 2015).

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Conquanto não se duvide da alta relevância do novo Código de Processo Civil, este não tem eficácia sozinho na atual situação brasileira, devendo-se, portanto,promover “uma abordagem profunda dos proble-mas das litigiosidades no Brasil. Sem isto, continuaremos a enxugar um enorme cubo de gelo com guardanapos”. (NUNES, 2015).

1.3. A inclusão do companheiro no novo CPCEntre as diversas mudanças adotadas pelo novo Código de Processo

Civil, também se pode destacar a opção do legislador de equalizar a união estável ao casamento em vários de seus dispositivos o que, sem dúvida, irá gerar consequências no âmbito do direito material, como se observará ao longo deste artigo.

Apesar de a doutrina e a jurisprudência pátria já adotarem interpretações semelhantes às abaixo expostas, o novo diploma processual civil faz menção expressa, em alguns casos, ao mesmo tratamento dispensado a união estável e casamento. Para iniciar, analisa-se o art. 144, III e IV, do CPC/2015, o qual ampliou o rol de impedimentos do juiz ao exercer suas funções incluindo, agora, o seu companheiro, observa-se:

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:[...] III - quando nele estiver postulando, como defensor públi-co, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive.VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consan-guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório [...]. (BRASIL, 2015, grifo nosso).

Na redação do Código de Processo Civil de 1973 não se falava nada sobre o companheiro, possivelmente porque a união estável só veio a ganhar o status de entidade familiar com a promulgação da Constituição Federal de 1988. Assim, o art. 134, IV e V, do CPC/73 estabelecia que:

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Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:[...] IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de al-guma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau [...].(BRASIL, 1973, grifo nosso).

Desse modo, “louva-se, sem dúvidas, a nova norma que passou a estender o impedimento para as situações em que figure como parte o cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente [...]” (TARTUCE, 2015, p. 390).

De igual modo, o CPC/73 não mencionava o companheiro ao tratar da suspeição do julgador. Observa-se:

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:[...] II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau [...].(BRASIL, 1973, grifo nosso).

O atual CPC inclui o companheiro ao lado do cônjuge, dando nova redação ao artigo:

Art. 145. Há suspeição do juiz:[...] III - quando qualquer das partes for sua credora ou de-vedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive. [...]. (BRA-SIL, 2015, grifo nosso).

Outra mudança, diz respeito ao direito ao luto da família, isto é, o antigo CPC previa que a citação não ocorreria, salvo para evitar o perecimento do direito ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes (Art. 217, II, do CPC/737).

7 CPC/73: “Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: [...] II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou

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Nada mais coerente do que o novo CPC no seu artigo 244, inciso II8, estender esse direito de personalidade aos companheiros, haja vista que os mesmos também desempenham determinada função e apoiam-se afetivamente como verdadeiros componentes de um núcleo familiar.

No que concerne às provas, “o companheiro não é obrigado a depor sobre fatos que gerem a desonra de seu consorte (art.388, inciso III, do CPC/2105), quando é certo que não se mencionava o convivente no CPC anterior ou no Código Civil de 2002.” (TAR-TUCE, 2015, p. 390). Igualmente, ainda quanto às provas, o art. 391, parágrafo único, do CPC/2015, dispõe que “nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens.” No artigo 350, parágrafo único, do CPC/739, mais uma vez, não havia menção aos companheiros.

A inclusão do companheiro nos artigos do novo CPC não para por aí, também é possível citar o artigo 447, §2º, I, do CPC/15 que estabelece impedimento do companheiro além do cônjuge, de alguma das partes, de testemunhar, “salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito” (BRASIL, 2015). A lei processual anterior tinha a mesma redação, contudo, sem fazer menção ao companheiro, o que pode ser percebido por meio da leitura do art. 405, §2º, I, do CPC/7310.

afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes [...]”. (BRASIL, 1973).

8 CPC/15: “Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: [...]II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes [...]”.(BRASIL, 2015).

9 CPC/73: “Art. 350. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não preju-dicando, todavia, os litisconsortes. Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro”. (BRASIL, 1973).

10 CPC/73: “Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. [...] § 2º São impedidos: I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou colateral, em terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito [...].” (BRASIL,1973, grifo nosso).

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direitos da personalidadeJullyane Cristina Cheloni

A exigibilidade da autorização conjugal para alienar ou gravar de

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Responsabilidade civil das escolas: Uma análise acerca da responsabilização

dos estabelecimentos de ensino nos casos de bullying

Renata Lourenço Pereira Abrão

A responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance

Cláudia Mara de Almeida Rabelo ViegasNeide Adriana das Chagas

Abandono afetivo e dano moral decorrente da relação paterno-filialMarina Lima Pelegrini Oliveira

Alguns apontamentos sobre os critérios de fixação dos alimentos legítimos no direito brasileiroPatrícia Andrade Perdigão Costa

A (in) aplicabilidade dos “alimentos” compensatórios no brasil: uma análise comparada com a prestação compensatória do direito francês Isabel Prates de Oliveira CamposWalsir Edson Rodrigues Júnior

Impedimentos matrimoniais: uma análise críticaLeonardo Macedo PoliFernanda São José

O abandono afetivo e a responsabilidade civil na parentalidadeMarcela Bernardes Leão

Responsabilidade civil dos provedores de serviços por ato de terceiroDaniel Evangelista Vasconcelos Almeida

“Como professor do Programa de Pós-Gradução em Direito da PUC/MINAS, expresso a alegria em coordenar e publicar mais uma obra, intitulada Direito Civil na Contemporaneidade 3, tendo meus alunos, muitos destes professores, como coautores.O Direito que buscamos agora talvez não seja usufruído por nossa geração, mas por gerações futuras. Assim, também registro o meu compromisso como professor e educador pela busca incessante de um Direito Privado baseado na reconstrução de paradigmas já insta-lados, sob a ótica transformadora do Estado Democrático de Direito.”

Leonardo Macedo Poli

[ORGS . ]

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DIREITO CIVIL NA CONTEMPORANEIDADE

ISBN 978-85-8425-425-5

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